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O automanejo da asma é reconhecido como estratégia efetiva na redução da morbidade
(GIBSON, 2000). Em um estudo realizado pelo autor, no qual foi instituído um programa
educativo para adolescentes, em que a intervenção foi liderada pelos próprios adolescentes,
resultou em melhoria na qualidade de vida, do absenteísmo escolar, das exacerbações de asma
e conseqüentemente diminuição da morbidade, sugerindo que o benefício é inestimável ante a
magnitude do problema.
Essas idéias e concepções estão de acordo com as proposições filosóficas da atenção
farmacêutica a qual diz que o foco é o paciente, sendo respeitadas suas características e suas
preocupações e desejos quanto ao tratamento medicamentoso proposto. O seguimento
farmacoterapêutico pretende melhorar a educação dos pacientes sobre a enfermidade e a
utilização adequada dos medicamentos antiasmáticos, assim como prevenir e resolver os
problemas relacionados com medicamentos, o que leva a uma melhora na sua qualidade de
vida concernente à saúde. Nesse contexto, nossos resultados identificaram PRM,
exemplificados anteriormente, e que merecem ser comentados como o PRM de efetividade
onde os pacientes utilizavam o medicamento com uma freqüência inapropriada, não
obedecendo a ás orientações da prescrição médica, sendo assim, o medicamento não estava
sendo efetivo, uma vez que sintomas da asma persistiam e não foram sequer amenizados.
No que se refere aos problemas relacionados aos medicamentos, a maior parte dos
pacientes apresentou algum tipo de PRM, no qual a maioria era de cumprimento ou adesão,
que foi causada, principalmente, pelo não entendimento da técnica correta no uso dos
medicamentos inalatórios (broncodilatadores e corticósteróides), bem como a não obediência
à prescrição médica, ou seja, os pacientes muitas vezes só usavam o medicamento quando
estava em crise.
A adesão ao tratamento, abordada em vários estudos envolvendo pacientes crônicos,
revela resultados variáveis uma vez que a metodologia utilizada e os grupos estudados são
heterogêneos. Teixeira (1998), em estudo sobre adesão ao tratamento da hipertensão,
mediante duas metodologias, apontou que a adesão pelo método da entrevista foi de 62 % e,
por contagem de comprimidos, 38,4. Rantucci (1998) comenta que, dependendo do grupo
estudado, do tipo de medicação e de outros fatores, os estudos revelam índices de não
cumprimento/não adesão de terapias farmacológicas entre 13 e 93%.
As intervenções farmacêuticas tiveram como objetivo resolver a maioria dos PRMs.
Durante o processo de resolução, as estratégias de intervenção buscaram estar em sintonia
com a realidade de cada paciente enquanto ser humano, tentando, numa visão holística,
enxergar o todo e não apenas os sinais, sintomas e PRMs existentes. Desse modo, ao
estabelecer os planos de cuidados, foi preciso perceber a situação existencial de cada um dos
pacientes, bem como as sua realidades econômicas, sociais e culturais. Os planos de cuidados
individuais e as intervenções farmacêuticas, previamente elaborados, foram atualizados e
documentados a cada atenção farmacêutica.
Jiménez (2003) afirma com certeza que quando a causa de PRM é a não adesão, o
farmacêutico vai intervir diretamente com seu paciente, sem necessitar obrigatoriamente da
intervenção de outro profissional de saúde para solucionar o PRM, muito mais do que no
restante das outras causas (interação, duplicidade e outras, como os erros de medicação) em
que outros profissionais de saúde, como médico e enfermeiro, devem ser acionados para
solucionar estes PRMs. Nas demais causas, busca-se a lógica de uma elevada parceria com o
médico para resolver os PRMs, já que, na maioria das ocasiões, é necessário trocar o
tratamento estabelecido, adicionar novos, suspender outros, trocar doses e posologias. Estas
competências são, no Brasil, assim como na Espanha, de ordem médica, atuando o
farmacêutico como um profissional de saúde há mais neste processo, sendo novamente