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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem
Mestrado em Ciências Farmacêuticas
Área Concentração - Farmácia Clínica
SOLANGE CECILIA CAVALCANTE DANTAS
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS CLÍNICOS E
HUMANÍSTICOS DE UM PLANO DE ATENÇÃO
FARMACÊUTICA EM PACIENTES ASMÁTICOS
FORTALEZA
2007
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D215a Dantas, Solange Cecília Cavalcante
Avaliação dos resultados clínicos e humanísticos
de um plano de atenção farmacêuticva em pacientes
asmáticos/ Solange Cecília Cavalcante Dantas. 2007.
134f. : il
Orientadora: Profa. Dra. Marta Maria de França
Fonteles
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do
Ceará
Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem,
Fortaleza, 2007.
1. Asma. 2. Assistência Farmacêutica 3. Avaliação
de Resultados (Cuidados de Saúde). I Fonteles,
Marta Maria de França (Orient.). II. Título
CDD 616.238
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2
SOLANGE CECILIA CAVALCANTE DANTAS
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS CLÍNICOS E
HUMANÍSTICOS DE UM PLANO DE ATENÇÃO
FARMACÊUTICA EM PACIENTES ASMÁTICOS
Dissertação submetida à
Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Ciências
Farmacêuticas, área de concentração
Farmácia Clínica, da Universidade
Federal do Ceará, como parte dos
requisitos para a obtenção do título
de Mestre.
Orientadora:
Prof.ª Drª. Marta Maria de França
Fonteles
FORTALEZA
2007
SOLANGE CECILIA CAVALCANTE DANTAS
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS CLÍNICOS E HUMANÍSTICOS DE UM PLANO DE
ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM PACIENTES ASMATICOS
Dissertação apresentada ao Curso
de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas, área de
concentração Farmácia Clínica, da
Universidade Federal do Ceará,
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre.
Defesa em: 12 de setembro de 2007
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profª. Drª. Marta Maria de França Fonteles
Orientadora – Universidade Federal do Ceará
_______________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Alcântara Holanda
Membro - Universidade Federal do Ceará
_______________________________________________
Prof. Dr. Paulo César Almeida
Membro - Universidade Estadual do Ceará
____________________________________________
Profª. Drª. Miriam Parente Monteiro
Membro - Universidade Federal do Ceará
Dedico este trabalho:
Aos meus pais, Íris e Zenite, razão de minha
existência e de grande parte do que sou hoje
“... é tão estranho... assim parece ser quando
me lembro de vocês que acabaram indo
embora cedo demais”.
Ao meu marido Cleuton e aos meus filhos
Rafael e Raquel, que compreenderam a minha
ausência e o meu silêncio, enquanto eu me
dedicava a este trabalho.
Aos pacientes do ambulatório do Hospital de
Messejana, verdadeira razão deste estudo, por
tudo que me ensinaram, pelo carinho e
confiança.
AGRADECIMENTOS
Deus, pela vida, pelas oportunidades e pela coragem e sabedoria que me concedeu na
conclusão de mais uma etapa da vida. Sinto-me privilegiada. Sua presença permite-me ter
força, sonhar e conquistar os meus ideais de vida.
Aos meus pais, Íris e Zênite, pelos ensinamentos, fundamentais à minha existência.
Aos meus grandes amores, Cleuton, Rafael e Raquel, que me proporcionam a cada dia viver a
experiência de amar e ser amada, obrigada por cada gesto de carinho, atenção e estímulo e por
fazerem parte da minha vida.
Aos meus queridos irmãos, Flavio, Sonia, Sandra e Simone, e cunhada Gláucia, que durante
esse processo sempre me apoiaram, as alegrias de hoje também são de vocês.
À minha querida profª. Dra. Marta Maria Fonteles, pela orientação e a grande confiança
dispensada a mim, pela sua generosidade, humildade, simplicidade e amizade sincera, os
quais foram decisivos na realização deste trabalho.
Ao profº. Dr. Paulo César Almeida, pela atenção e inestimável colaboração no tratamento
estatístico da Dissertação.
A Laura Ranier pela sua contribuição na resolução dos problemas de informática.
Aos farmacêuticos do Hospital de Messejana, principalmente a Dra. Gláucia Maria Serra e
Maria Eneida Fernandes, pela grande colaboração no desenvolvimento desta Dissertação.
Aos estagiários de Farmácia, Érika e Filipe, pela imensurável e relevante ajuda durante a
realização deste trabalho.
Aos profissionais lotados no Ambulatório do Hospital de Messejana em especial a Belinha,
Conceição, Elbinha e Francisca, pela acolhida, apoio e colaboração durante todo o trabalho.
Ao fisioterapeuta Rogério que gentilmente cedeu os aparelhos de medidas do pico de fluxo
expiratório, o meu muito obrigada.
Aos colegas de pós-graduação, Alisson, Ana Raquel, Deuzilane, Eudiana, Fábio, Maira,
Nívia, Paulo César, Socorro, Vânia, pelo convívio amigável e tão rico de experiência durante
esta jornada.
Ao meu filho Rafael minha gratidão pela tradução para o inglês que muito gentilmente
realizou.
A secretária do mestrado Raimundinha, por estar sempre disposta a nos ajudar.
E a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram neste trabalho.
“Aprender é como remar contra a corrente:
sempre que se para, anda-se para trás”.
Confúcio
RESUMO
A elevada prevalência da asma e a morbimortalidade tem sido associada, principalmente, ao
sub-diagnóstico e ao tratamento inadequado, representando um custo significativo sobre o
orçamento com os cuidados à saúde. As conseqüências do baixo controle da asma estão
relacionados às repetidas visitas aos consultórios médicos, varias entradas nas unidades de
emergência e repetidas internações hospitalares. Na maioria das vezes as crises de asma são
resultantes da falta de conhecimentos e habilidades dos profissionais de saúde, pacientes e
familiares sobre a doença e a terapia inalatória, principalmente sobre o manuseio dos
dispositivos inalatórios. Entretanto a educação e o acompanhamento destes pacientes pelo
farmacêutico são medidas de impacto no controle dos sintomas da asma. Objetivo: descrever
e analisar a influência de um serviço de Atenção Farmacêutica (AF) nos resultados clínicos e
humanísticos, através do acompanhamento farmacoterapêutico (AFT) de um grupo de
pacientes asmáticos assistido no ambulatório de um hospital de referência do Estado do
Ceará. Método: trinta pacientes participaram de um estudo descritivo, longitudinal e
prospectivo, no período de agosto de 2006 a maio de 2007. Foram usados na coleta de
informações: instrumento para caracterização do perfil farmacoepidemiológico e de
seguimento farmacoterapêutico, questionário de qualidade de vida específico para asma (na
versão em português), diária de sintomas da asma e questionário de satisfação com os serviços
farmacêuticos. O AFT e a classificação dos problemas relacionados com os medicamentos
(PRM) foram feitos segundo os critérios de Cipolle et al. 1998, adotando a sistemática do
método do PWDT (Pharmacist's Workup of Drug Therapy). Resultados: a maioria dos
pacientes era do sexo feminino (80%) com baixa escolaridade, idade média de 46±11,9 anos,
casada, aposentada (30%) e com renda de dois salários mínimos. Utilizavam em média dois
medicamentos inalatórios (corticosteróide e broncodilatador)/dia e mais de 50% dos doentes
não utilizavam seus dispositivos inalatórios de forma correta. Foram identificados sessenta e
quatro PRMs, dos quais 31,25% foram relacionados ao problema de cumprimento do
tratamento proposto. Após o AFT através da estratégia do método do PWDT 66,6% dos
pacientes não apresentaram sintomas da asma e não utilizaram broncodilatador de curta ação.
Ao final do estudo, foi observada uma melhora significativa (p<0,05) nos quatro domínios,
avaliados no questionário de qualidade de vida para pacientes com asma. No questionário de
avaliação da satisfação com os serviços farmacêuticos um índice superior a 95% foi
observado em todos os domínios. Conclusão: a melhora observada em todos os aspectos
avaliados, incluindo clínicos e humanísticos após a prestação de uma atenção farmacêutica,
mostra o papel do farmacêutico no monitoramento do paciente asmático, utilizando uma
abordagem educativa sobre a farmacoterapia, o cumprimento da orientação médica e as
intervenções farmacêuticas, conduzem à racionalização da terapêutica e a minimização dos
problemas relacionados aos medicamentos.
Palavras - chave: Asma, Assistência farmacêutica, Avaliação de resultados (cuidados de saúde)
ABSTRACT
The high prevalence of poorly controlled asthma and the associated high morbimortality have
been shown to be related, mainly, to under-diagnosis and inadequate treatment of this
condition. This present significant cost adding further burden on the healthcare budget. The
consequences of poorly controlled asthma are repeated clinic visits, repeated emergency room
admissions, and repeated hospital admissions. In extreme, but numerous occasions, asthma
attacks resulting from poor management lead to deaths. Therefore, it had been stated that a
key component of many asthma management guidelines is the recommendation for patient
education and regular medical review. These (patient education and regular
medication/medical reviews) are primary areas for the pharmacist to make an impact.
Objective: To describe and to analyze the influence of a Pharmaceutical Care (PC) service in
the clinical and humanistic outcomes, through the pharmacotherapeutic follow-up (PF) of a
group of asthmatic patients attending an ambulatory care facility by hospital referral in the
State of the Ceará. Methods: Thirty patients participated of this longitudinal prospective and
descriptive study, in the period from August 2006 to May 2007. Instruments used to collect
information from patients were an asthma-specific quality of life questionnaire (The Brazilian
version of the Asthma Quality of Life Questionnaire- AQLQ), daily records of symptoms of
the asthma and a questionnaire to assess satisfaction with Pharmaceutical Care services. The
PF and the classification of drug related problems (DPR) followed Cipolle et al. criteria
(2004) and adopted a systematic PWDT (Pharmacist’s Work up of Drug Therapy) approach in
identifying and resolving DPR. Results: The majority of patients were females (80%), 10%
completed primary school level only, mean age was 46 ± x 11,9, 30% were on married social
pension, and with income of two minimum salaries. Patients used an average of two inhaled
medications (corticosteroids and bronchodilator) /day and more than 50% of patients did not
use their inhaler medication devices correctly. Sixty four DPR were identified, of which
31.25% were related to poor compliance with drug therapy. After the provision of
Pharmaceutical Care and through following a PWDT strategy, 66,6% of the patients did not
report nocturnal symptoms of asthma, and did not have to use short-acting bronchodilator for
asthma symptoms. By the conclusion of the study, a significant improvement (p< 0,05) was
observed in the four domains of the AQLQ. In the questionnaire assessing satisfaction with
the Pharmaceutical Care services, a superior index of 95% was observed in all its domains.
Conclusion: The improvement seen in all aspect of the outcomes measured, including
clinical and humanistic outcomes, after the provision of PC has provided evidence for the role
of the pharmacist in asthma management using a structured approach to educate the patient
about the pharmacotherapy regimen, address compliance issues, and making drug therapy
interventions that lead to rationalizing therapy and minimizing DPR.
Key words: Asthma, Pharmaceutical Care, Outcome assessment (Health care).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Classificação da Asma – III Consenso Brasileiro da Asma .............................22
QUADRO 2Níveis de controle do paciente com asma ........................................................23
QUADRO 3 – Principais causas de dificuldades de adesão ao tratamento da asma................24
QUADRO 4 – Classificação de PRM, de acordo com Cipolle, Strand, Morley (1998) ..........44
QUADRO 5 – Procedimentos realizados para o seguimento e intervenções
farmacoterapêuticas dos pacientes durante o estudo........................................47
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Fluxo de pacientes atendidos durante o estudo no Ambulatório do Hospital
de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Período de agosto de
2006 a maio de 2007............................................................................................42
FIGURA 2 – Farmácia de dispensação e consultório farmacêutico do Ambulatório do
Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Maio, 2007.............49
FIGURA 3 – Espaço interno da farmácia ambulatorial do Hospital de Messejana Dr. Carlos
Alberto Studart Gomes. Maio, 2007......................................................................50
FIGURA 5 Intervenção farmacêutica educativa sobre a asma. Ambulatório do Hospital
Carlos Alberto Studart Gomes. Abril, 2007...........................................................55
FIGURA 4 – Orientação no manejo do aparelho de Pico de Fluxo Expiratório no
Ambulatório do Hospital Carlos Alberto Studart Gomes....................................57
FIGURA 6 – Distribuição da incidência dos tipos de PRM dos pacientes do
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto
Studart Gomes. Foram identificados 64 PRMs durante o acompanhamento
farmacoterapêutico, no período de agosto de 2006 a maio de 2007....................59
FIGURA 7 – Intervenção farmacêutica educativa na utilização dos dispositivos
inalatórios dos pacientes do Ambulatório de Pneumologia do Hospital de
Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Agosto de 2006 a maio de
2007. ....................................................................................................................61
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Distribuição da população de estudo de acordo com as
características demográficas e socioeconômicas............................................51
TABELA 2 Distribuição da população de estudo, segundo hábitos de vida .....................52
TABELA 3 Distribuição da população de estudo, segundo indicadores de
saúde...............................................................................................................52
TABELA 4 – Indicadores de asma, nos últimos seis meses, dos pacientes em
estudo..............................................................................................................53
TABELA 5 – Levantamento farmacoterapêutico dos pacientes do estudo ..........................55
TABELA 6 – Distribuição das classes farmacológicas mais freqüentes
durante o estudo..............................................................................................56
TABELA 7 – Indicadores de controle dos sintomas da asma dos pacientes em
estudo..............................................................................................................58
TABELA 8 - Comparação das médias do Pico de Fluxo Expiratório, diurno e
noturno, na primeira quinzena x média do Pico de Fluxo
Expiratório, diurno e noturno, na segunda quinzena......................................58
TABELA 9 - Total de PRM identificados no grupo de pacientes do estudo,
conforme classificação de Cipolle, Strand, Morley (1998)............................59
TABELA 10 - Distribuição do número de pacientes, segundo o número de
PRM................................................................................................................59
TABELA 11 Distribuição da população de estudo, segundo a medida de
qualidade de vida, avaliada pelo instrumento específico AQLQ
Asthma Quality of Life Questionnair...........................................................61
TABELA 12 – Distribuição do número de pacientes, segundo a avaliação da
satisfação dos cuidados prestados pelo farmacêutico, no
programa de Atenção Farmacêutica...............................................................63
TABELA 13 - Distribuição do número de pacientes, segundo o tempo
dispensado ao paciente durante o atendimento farmacêutico ........................63
LISTA DE ABREVIATURAS
AF Atenção farmacêutica
AFT Acompanhamento Farmacoterapeutico
AQLQ Asthma Quality of Life Questionnaire
CNS Conselho Nacional de Saúde
GINA Global Initiative for Asthma
IF Intervenção Farmacêutica
IMC Índice de Massa Corporal
ISSAC International Study for Asthma and Allergies in Childhood
MS Ministério da Saúde
NAEPP Nacional Asthma Education and Prevention Program
NHLBI National Institute of Health National Heart, Lung and Blood Institute
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan-americana da Saúde
PNM Plano Nacional de Medicamentos
PRM Problemas Relacionados aos Medicamentos
RENAME Relação Nacional de Medicamentos
PFE Pico de Fluxo Expiratório
PWDT Phamacist' Workup of Drug Therapy
SOAP Subjetivo Objetivo Avaliação Plano
SPSS Statistic Package for Social Sciences
SF Seguimento Farmacoterapeutico
TOM Therapeutic Outcomes Monitoring
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................16
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................19
2.1 Considerações gerais sobre a asma..................................................................................19
2.2 A educação em saúde na asma ........................................................................................24
2.3 Contextualização histórica da prática farmacêutica no Brasil.........................................25
2.4 A assistência farmacêutica no Brasil...............................................................................26
2.5 Atenção farmacêutica: um novo paradigma para a profissão farmacêutica....................27
2.5.1 Conceitos referentes à prática da atenção farmacêutica ........................................31
2.5.2 Metodologias de seguimentos farmacoterapêuticos aplicadas para a
prática da atenção farmacêutica............................................................................32
2.5.3 Classificação dos problemas relacionados a medicamentos..................................35
2.6 Atenção farmacêutica em pacientes asmáticos................................................................36
3 OBJETIVOS..........................................................................................................................39
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS................................................................................................40
4.1 Tipo de estudo .................................................................................................................40
4.2 Local do estudo................................................................................................................40
4.3 População do estudo........................................................................................................41
4.4 Critérios de inclusão e exclusão ......................................................................................41
4.5 Seleção dos pacientes ......................................................................................................41
4.6 Plano de atenção farmacêutica ........................................................................................42
4.6.1 Indicadores de estrutura e processo para o desenvolvimento do
plano de atenção farmacêutica no local do estudo ...............................................42
4.6.2 Acompanhamento farmacoterapêutico ..................................................................43
4.6.3 Identificação dos problemas relacionados aos medicamentos...............................42
4.6.4. Folhetos educativos, diário de sintomas da asma, medida do pico de
fluxo expiratório (PFE)..........................................................................................44
4.6.5 Avaliação da qualidade de vida .............................................................................46
4.6.6 Análise da satisfação do paciente asmático com relação ao
farmacêutico - pesquisador e ao serviço de atenção farmacêutica
prestado.................................................................................................................46
13
4.7 Variáveis envolvidas no estudo.......................................................................................47
4.8 Análise estatística ............................................................................................................48
4.9 Aspectos éticos ................................................................................................................48
5 RESULTADOS .....................................................................................................................49
5.1 Avaliação dos indicadores de estrutura e processo para o desenvolvimento
do serviço de atenção farmacêutica ................................................................................49
5.2 Características demográficas e socioeconômicas, hábitos de vida,
indicadores de saúde e sintomas de asma da população em estudo................................50
5.3 Caracterização do levantamento farmacoterapêutico......................................................54
5.4 Materiais educativos........................................................................................................57
5.5 Diário de sintomas da asma.............................................................................................57
5.6 Influência do serviço de atenção farmacêutica nos resultados clínicos dos
pacientes asmáticos.........................................................................................................58
5.7 A Influência do serviço de atenção farmacêutica, nos resultados
humanísticos dos pacientes asmáticos ............................................................................61
5.8 Análise da satisfação dos pacientes asmáticos com relação ao
farmacêutico-pesquisador e ao programa de AF.............................................................62
6 DISCUSSÃO.........................................................................................................................66
6.1 Da estruturação ao serviço de atenção farmacêutica.......................................................66
6.2 Delineamento do perfil farmacoepidemiológico dos pacientes cadastrados
no Programa da Asma, atendidos no Ambulatório do Hospital de
Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes................................................................67
6.3 Resultados clínicos ..........................................................................................................71
6.4 Resultados humanísticos .................................................................................................74
6.5 Análise da satisfação do pacientes asmáticos com relação ao farmacêutico
pesquisador e ao programa de atenção farmacêutica......................................................77
6.6 Atenção farmacêutica: uma estratégia humanística de atendimento aos pacientes
asmáticos..........................................................................................................................79
7 CONCLUSÕES.....................................................................................................................82
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................84
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................85
APÊNDICES ............................................................................................................................99
ANEXOS................................................................................................................................128
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o aumento da prevalência da asma, seu impacto na saúde das
pessoas e a sobrecarga dos sistemas públicos de saúde têm despertado a atenção de pesquisadores,
profissionais da área e autoridades sanitárias para a necessidade de desenvolver ações efetivas
visando o seu controle (NHLBI, 1997; OMS, 2004). A asma é uma doença que atinge quase todas
as idades, principalmente os primeiros anos de vida, sendo que cerca de 50% dos casos são
desenvolvidos até os dez anos de idade (NHLBI, 1997; MCFADDEN, 1998). É considerada uma
doença heterogênea e complexa, que resulta de fatores genéticos e ambientais, e que se manifesta
com um amplo espectro de formas clínicas (FONSECA et al., 2004).
Nos últimos anos, um notável avanço no conhecimento da fisiopatologia da asma e
seu tratamento têm sido observados (CHATKIN, 2004). Está estabelecido o importante papel
da inflamação na sua patogênese, definindo-a como uma doença inflamatória crônica. Os
principais marcadores da evolução da asma estão associados às condições individuais do
paciente: história familiar positiva para a asma, rinite alérgica, dermatite atópica e presença de
atopia (FONSECA et al., 2004)
A asma representa uma grande parcela dentro das despesas com cuidados à saúde em
vários países. Estima-se que 30% dos custos diretos com essa doença, representados por
medicamentos, consultas médicas e custos hospitalares, derivam de um controle inadequado
e, portanto, passíveis de serem evitados ou reduzidos. Adiciona-se a esses os custos indiretos
relacionados ao absenteísmo ao trabalho e à escola, a perda de produtividade, a morte precoce
e o sofrimento humano envolvido, de valores incalculáveis, que afetam o paciente e sua
família, e devem ser consideradas partes do impacto socioeconômico dessa doença (BARNE;
JONSSON; KLIM, 1996).
Existem tratamentos efetivos que têm demonstrado reduzir de maneira extraordinária
a morbidade por asma, porém somente são efetivos quando utilizados de forma adequada
pelos pacientes (OMS, 2004). O uso de medicamentos antiinflamatórios por via inalatória
permitiu o controle da doença, com melhora evidente na qualidade de vida dos pacientes e de
seus familiares (FONSECA et al., 2004). Por outro lado, o subdiagnóstico e o tratamento
inadequado ainda têm sido considerados os principais fatores contribuintes para a
morbimortalidade por asma (NHLBI/WHO, 1997; ISAAC, 1998; GINA, 2004).
Como enfatizam Hepler e Strand (1990), os medicamentos são administrados com o
propósito de alcançar a cura da patologia, eliminação ou redução dos sintomas, interromper
17
ou controlar o processo de uma doença e também para prevenção de uma patologia. No
entanto, o risco da morbimortalidade relacionado com os medicamentos é grande,
constituindo uma séria preocupação para os profissionais de saúde.
Diante de tantos danos decorrentes do uso de medicamentos em vários locais no
mundo, ante a necessidade de diminuir os problemas relacionados a medicamentos (PRM) e
programar o seu uso racional, os farmacêuticos repensaram o seu papel na sociedade, deixando
de ser meros dispensadores de medicamentos industrializados (OSHIRO; CASTRO, 2006).
Cipolle, Strand e Morley (1998) constataram que esta mudança contribuiu para que a prática
farmacêutica se voltasse para o paciente, enfocando todas as ações do antes, durante e depois do
tratamento, para assegurar uma terapia efetiva. Nos Estados Unidos, Hepler e Strand (1990)
elaboraram um conceito de prática profissional em que o paciente é o principal beneficiário das
ações do farmacêutico, chamada atenção farmacêutica (AF). Nesse novo paradigma, o
farmacêutico colabora com outros profissionais para elaboração, execução e acompanhamento
de um plano terapêutico com o objetivo de alcançar resultados concretos que melhorem a
qualidade de vida do paciente, especialmente em ocasiões em que a terapêutica farmacológica
esteja falhando, não conseguindo atingir seu objetivo ou produzindo efeitos indesejáveis
(OSHIRO; CASTRO, 2006). Posteriormente, a OMS entendeu que a AF tem papel essencial na
atenção à saúde da comunidade, no que tange a garantir uma farmacoterapia efetiva e a
promoção da saúde (OMS, 1993). Strand, Cipolle e Morley (1998) afirmam que a AF é uma
atividade prospectiva que objetiva prevenir problemas concernentes a medicamentos, que são
eventos ou circunstâncias concretas, que podem interferir no êxito da terapia medicamentosa.
Para alguns autores, a AF nas suas dimensões filosóficas e de atenção profissional
tem sido colocada como estratégia de “re-profissionalização” do farmacêutico (HEPLER,
1997, CIPOLLE et al, 2004). A filosofia do exercício profissional é uma série de valores que
orienta os comportamentos associados a determinados atos, bem como definem as regras,
funções, relações e as responsabilidades do profissional para com a sociedade (CIPOLLE;
STRAND; MORLEY, 2000). Dentre as características da filosofia da AF, é imprescindível se
reconhecer como profissional de saúde, incorporar a missão de cuidar do paciente e trabalhar
em prol da saúde e da qualidade de vida. Nesse contexto, o farmacêutico deverá satisfazer as
necessidades sociais, por meio da visão humanística, do enfoque centrado no paciente, na
abordagem holística do estabelecimento de relações terapêuticas e na tomada da consciência
(LYRA JR., 2005).
Muito embora no Brasil esta prática venha assumindo crescente importância nas
discussões dos rumos e perspectivas da profissão, a pesquisa em AF ainda é incipiente.
18
Igualmente, a já citada “re-profissionalização” passa pela formação de uma massa crítica
capaz de multiplicar os conhecimentos clínico-humanisticos necessários à prática deste novo
paradigma e a consolidação do farmacêutico, enquanto profissional inserido no Sistema Único
de Saúde (SUS) e responsável pelo cuidado da saúde dos indivíduos. No entanto, a carência
de diretrizes conceituais e metodológicas sólidas tornou esse processo heterogêneo e
suscetível às distorções. (LYRA JR., 2005).
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Considerações gerais sobre a asma
O termo “asma” tem origem no vocabulário grego “asthma”, que significa
“sufocação”. Nos escritos de Hipócrates (460-377 a.C.), há poucas referências sobre asma
brônquica. As primeiras observações sobre a enfermidade são devidas a Arateus, no segundo
século da Era Cristã. Os conhecimentos atuais, entretanto, foram conseguidos com o
progresso da fisiopatologia e da imunologia, ocorrido nas duas últimas décadas. Por outro
lado, o surgimento de novas medidas terapêuticas e o melhor entendimento do mecanismo de
ação dos fármacos possibilitaram o progresso na terapêutica empregada. (SILVA, 1991).
A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiperresponsividade das
vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com
tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto
no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar. Resulta de uma interação entre
genética, exposição ambiental a alergénicos e irritantes, e outros fatores específicos que levam ao
desenvolvimento e manutenção dos sintomas. (DIRETRIZES, 2006). Ainda permanece obscuro
se a asma é um distúrbio único, com uma causa única, ou uma síndrome de múltiplos distúrbios
com vários mecanismos etiológicos. A contribuição exata dos seguintes fatores permanece
controversa: a) fatores genéticos; b) estado atópico; c) fatores ambientais, incluindo exposição a
alérgeno, poluentes de atmosfera e d) infecções virais. (KUVURU, 1998).
O mais importante fator fisiopatogênico da asma é uma inflamação brônquica, que
está presente em pacientes com asma de início recente, em pacientes com formas leves da
doença e mesmo entre os assintomáticos. É resultante de interações complexas entre células
inflamatórias, mediadores e células estruturais das vias aéreas (BOUSQUET et al., 2000). É
uma doença de etiologia variada, resultante da interação entre genética, exposição ambiental e
outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e à manutenção de sintomas e do
processo inflamatório crônico, muitas vezes responsável pela perpetuação das manifestações
clínicas da obstrução. (COOKSON, 1999).
Estudo multicêntrico (International Study of Asthma and Allergies in Childhood -
ISACC), publicado em 1998, realizado em 56 países, permitiu avaliar a prevalência dos
sintomas de asma e de doenças alérgicas. Participaram desse estudo 156 centros colaboradores,
totalizando uma amostra de 721.601 crianças e adolescentes, divididos em dois grupos etários,
20
Nesse estudo, foram observadas acentuadas variações na prevalência dos sintomas, com taxas
oscilando entre 2,4 a 37,62%, e uma prevalência mundial média de asma de 11,6% entre os
escolares (seis a sete anos) e prevalência média de 13,7% entre os adolescentes (treze e catorze
anos), que oscilou entre 1,5% a 32,6%. A prevalência foi alta para os países da América Latina,
bastante similar àquelas relatadas para os países industrializados e que mostrou uma
variabilidade de asma ativa de 1,6% a 36,8%. No Brasil, os índices ainda permanecem elevados,
com uma prevalência média em torno de 20% (DIRETRIZES, 2006). Na Região Nordeste, na
cidade de Fortaleza (Ceará), inquérito envolvendo 2.339 crianças, na faixa etária de 12 a 14
anos, revelou que 15,8% possuíam diagnósticos de asma.
(CAVALCANTE, 1998).
A mortalidade por asma é baixa, mas apresenta uma magnitude crescente em
diversos países e regiões. Nos países em desenvolvimento, a mortalidade por asma vem
aumentando nos últimos 10 anos, correspondendo a 5-10% das mortes por causa respiratória,
com elevada proporção de óbitos domiciliares. No Brasil, em 2000, a taxa de mortalidade por
asma como causa básica ou associada foi de 2,29/100.000 habitantes e mortalidade
proporcional foi de 0,41%, predominando no adulto jovem e em ambiente hospitalar. Dados
de 2005 mostram que as hospitalizações por asma corresponderam a 18,7% daquelas por
causa respiratória e a 2,6% de todas as internações no período, com um acréscimo em relação
a década anterior. Nesse ano (2005), os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) com
internações por asma foram de 96 milhões de reais, o que correspondeu a 1,4% do gasto total
anual com todas as doenças. (DIRETRIZES, 2006).
Campos (1994) considera que a asma não provoca apenas sofrimento e morte também
acarreta graves prejuízos sociais e financeiros, causando angústia e sofrimento ao paciente e
familiares, sendo responsável por elevados gastos com tratamento médico-hospitalar,
medicamentos, pensões e benefícios. Informa que, no Reino Unido, a asma foi responsável pela
perda de 5,7 milhões de homens/dia de trabalho, ou seja, 1,6% de todos os homens/dia de
trabalho perdidos em 1988, o que representa um gasto de 802 milhões de libras esterlinas.
O tratamento da asma não se resume apenas ao uso de medicamentos, necessita ser
visto de forma ampla e deve englobar as seguintes etapas:
1. Fármacos para tratamento dos sintomas agudos: beta 2 agonistas com rápido
início de ação (salbutamol, fenoterol), brometo de ipatrópio e aminofilina.
2. Fármacos para manutenção, usados para prevenir os sintomas: corticosteróides
inalatórios e sistêmicos, cromonas, antagonistas de leucotrienos, beta 2 agonista
de longa duração e teofilina de liberação lenta.
21
3. Prevenção da inflamação e das crises: controle da poeira, dos ácaros e de outros
fatores desencadeantes, educação do asmático e de seus familiares e controle do
mecanismo alérgico através de imunoterapia (SBPT, 2002).
Por ser uma doença crônica, o descontrole leva a freqüentes hospitalizações e visitas
ao pronto socorro (PS), eleva a morbidade e impõe grande impacto na vida social e
econômica dos pacientes, piorando sua qualidade de vida. A educação dos asmáticos é um dos
pilares de sustentação de seu tratamento, que só será efetivo se baseado em medicação
antiinflamatória regular. (OLIVEIRA et al., 2002).
Cada vez mais, considera-se de fundamental importância para a assistência médica a
uniformização das condutas mediante protocolos embasados em documentos validados por
entidades representativas – consensos, diretrizes, recomendações ou normas técnicas. Dessa
forma, tornam-se disponíveis aos médicos, de maneira sintética e acessível, conhecimentos
atualizados que possibilitam tomar condutas com adequada relação custo – beneficio.
(SILVA, et al., 2002a).
Apesar de publicações de consensos para tratamento da asma, importantes pontos em
sua condução não são observados com uma freqüência muito grande. Dados simples de
caracterização de gravidade de crise, como a oximetria de pulso e a medida do pico de fluxo
expiratório (PFE), nem sempre são realizados. O corticosteróide sistêmico, droga fundamental
para o tratamento da crise de asma, não é usado em todos os casos. O tratamento preventivo não
é priorizado e as medidas simples de educação em asma não são tidas como importantes, o que
leva a crer que existem erros na condução da crise de asma. (HILLIARD et al., 2000).
Um estudo, no qual os autores investigaram os fatores associados a uma maior
freqüência de internações e visitas aos serviços de emergência em adultos, com asma
moderada ou grave, realizado de junho a dezembro de 1997, em dois hospitais da Austrália,
chegou a resultados de forma previsível. Associaram-se à pior evolução os pacientes que
tinham um perfil psicológico de negação, a ausência de um plano escrito de condutas às crises
de asma, a ausência de iniciativa do paciente em ajustar sua medicação na crise de asma e a
resistência ao uso da medicação de manutenção. (ADAMS; SMILTH; RUFFEN, 2000).
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2002), o diagnóstico da
asma deve ser baseado em condições clínicas e funcionais e na avaliação da alergia. São
indicativos de asma um ou mais dos seguintes sintomas: dispnéia, tosse crônica, sibilância,
aperto no peito ou desconforto torácico, particularmente à noite ou nas primeiras horas da
manhã; sintomas episódicos; melhora espontânea ou pelo uso de medicações específicas para
22
asma (broncodilatadores, antiinflamatórios esteróides) e diagnósticos alternativos. Apesar de a
maior importância no diagnóstico ser dada ao histórico da doença e ao quadro clínico, dispõe-se
de exames laboratoriais e complementares que podem colaborar na conclusão diagnóstica da
asma, sendo eles: provas in vivo (provas cutâneas) ou in vitro (determinação de concentração
sangüínea de IgE especifica) como testes cutâneos realizados utilizando-se extratos
biologicamente padronizados. A classificação da asma, conforme o III Consenso Brasileiro no
Manejo da Asma, 2002, está representada no Quadro 1.
QUADRO 1 - Classificação da Asma – III Consenso Brasileiro da Asma
Intermitente Persistente
leve
Persistente
moderada
Persistente grave
Sintomas
falta de ar, aperto no
peito, chiado e tosse
1 vez/semana 1 vez/semana
e < 1 vez/dia
Diários, mas não
contínuos
Diários contínuos
Atividades Em geral, normais
Falta ocasional ao
trabalho ou escola
Limitação para
grandes
esforços
Faltas
ocasionais ao
trabalho ou
escola.
Prejudicadas
Algumas faltas
ao trabalho ou
escola.
Sintomas com
exercício
moderado.
(subir escada)
Limitação diária
Falta freqüente ao
trabalho e escola.
Sintomas com
exercícios leves,
(andar no plano).
Crises* Ocasionais (leves)
Controladas com
broncodilatadores,
sem ida à
emergência.
Infreqüentes
Algumas
requerendo
curso de
corticóide.
Freqüentes
Algumas com ida
à emergência, uso
de corticóides,
sistêmicos ou
internação.
Freqüentes – graves
Necessidade de
corticóide sistêmico,
internação ou com
risco de vida.
Sintomas
Noturnos**
Raros 2 vezes/mês Ocasionais > 2
vezes/mês e
1vez/semana
Comuns > 1
vez/semana
Quase diários > 2
vezes/semana
Broncodilatador
para alívio
1 vez/semana 2
vezes/semana
> 2 vezes/semana
e < 2 vezes/dia
2 vezes/dia
PFE ***ou
VEF****
1
nas
consultas
80% previsto 80% previsto 60% - 80%
previsto
60% previsto
*Pacientes com crises infreqüentes, mas que coloquem a vida em risco, devem ser classificados como portadores
de asma persistente grave.
** Despertar noturno regular com chiado ou tosse é um sintoma grave.
*** Pico de Fluxo Expiratório.
**** Volume Expiratório Forçado
Fonte: III Consenso Brasileiro da Asma - J. Pneumologia vol. 28 suppl. 1 São Paulo June 2002.
O manejo atual da asma baseia-se em três pontos principais: educação dos pacientes e
seus familiares, controle ambiental e terapia medicamentosa. O conjunto desses três pontos tem
como objetivo: controlar os sintomas, evitar crises, idas à emergência e hospitalizações; manter
a função pulmonar normal ou a melhor possível; reduzir os efeitos adversos da medicação;
fornecer ao pacientes condições de desempenhar suas atividades normalmente; contribuir para
uma menor utilização de broncodilatadores para alívio e evitar a morte. (CONSENSO, 2002).
23
Todos os pacientes com asma e seus familiares devem receber orientações concernentes à
doença, como também noções de como eliminar ou controlar fatores desencadeantes,
especialmente os domiciliares e ocupacionais. O tratamento ideal é o que mantém o paciente
controlado e estável com a menor dose de medicação possível. O controle da asma pode ser
caracterizado de acordo com parâmetros clínicos e funcionais em três níveis: asma controlada,
asma parcialmente controlada e asma não controlada (Quadro 2). (DIRETRIZES, 2006).
QUADRO 2Níveis de controle do paciente com asma
Parâmetro Controlado
Parcialmente controlado (pelo
menos 1 em qualquer semana
Não controlado
Sintomas diurnos Nenhum ou
mínimo
2 ou mais/semana
Despertares noturnos Nenhum Pelo menos 1
Necessidade de
medicamento de
resgate
Nenhum 2 ou mais por semana
Limitação de
atividades
Nenhum Presente em qualquer momento
PFE ou VEF
1
Normal ou
próximo do normal
< 80% predito ou do melhor
individual, se conhecido.
3 ou mais parâmetros
presentes em qualquer
semana
Exacerbação Nenhum 1 ou mais por ano 1 em qualquer semana
Adaptada da revisão do GINA, 2006.
Fonte: IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma. J. Bras Pneumologia 2006; 32 (Sup 7):S 447-
S 474.
Prevenção primária da asma brônquica não é factível. Para evitar ocorrência de novas
crises, controlam-se fatores desencadeantes como alérgenos, sinusite, refluxo gastresofágico,
exposição ao frio e uso de fármacos favorecedores de broncoespasmo, como beta-
bloqueadores e o ácido acetilsalisílico. Exercício também pode desencadear crises em
pacientes predispostos, mas a administração prévia de antiasmáticos permite sua realização.
(FUCHS; AMARAL, 2004). Se o controle esperado não for obtido, antes de quaisquer
mudanças terapêuticas, deve-se considerar: a adesão do paciente ao tratamento; os erros na
técnica de uso dos dispositivos inalatórios; a presença de fatores desencadeantes e/ou
agravantes. (DIRETRIZES, 2006).
Segundo a IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma (2006), a adesão ao
tratamento é essencial para um resultado positivo. Ela é sempre considerada um item bastante
difícil, principalmente em doenças crônicas como a asma. Por esse motivo, é fundamental
avaliá-las e tentar estratégias práticas para aumentá-la. No Quadro 3 estão resumidas as
principais causas de dificuldades de adesão ao tratamento da asma.
Cerca da metade dos pacientes, mesmo com o recebimento gratuito dos
medicamentos, não adere ao tratamento, geralmente por desconhecimento da importância do
tratamento regular de manutenção. Os programas de educação visam sanar estas dificuldades
(DIRETRIZES, 2006). De fato, a educação do asmático pode ser realizada adequadamente
24
por uma equipe multidisciplinar, onde a inserção do farmacêutico é de suma importância.
Estudos têm demonstrado que o acompanhamento e a orientação dos portadores de asma e
seus familiares, por profissionais farmacêuticos, são relevantes para o sucesso do tratamento e
melhora a qualidade de vida do paciente (GONZÁLEZ-MARTINN; JOO; SÁNCHEZ, 2003).
QUADRO 3 – Principais causas de dificuldades de adesão ao tratamento da asma
Má identificação dos sintomas e dos agentes
desencadeantes
Indicação inadequada de broncodilatadores
Falta de treinamento das técnicas inalatórias e de
prescrição de medicamentos preventivos
Diversidades nas formas de tratamento
Ligadas ao médico
Falta de conhecimento dos consensos
Interrupção da medicação na ausência de sintomas
Uso incorreto da medicação inalatória
Complexidade dos esquemas terapêuticos
Suspensão da medicação devida a efeitos indesejáveis
Ligadas ao paciente
Falha no reconhecimento da exacerbação dos sintomas
Fonte: IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma. J. Bras.Pneumol 2006; 32. (Supl.7):S 447-S 474.
2.2 A educação em saúde na asma
A educação do paciente e a seus familiares têm sido consideradas um dos pilares do
tratamento da asma em vários consensos nacionais e internacionais. Tem como objetivo
habilitar o paciente a participar ativamente do seu tratamento e assim, maximizar a resposta a
ele, aprimorando as técnicas de uso dos medicamentos, aumentando o conhecimento sobre a
doença e as medidas de controle ambiental, além de desenvolver habilidades para o
automanejo. (FRADE, 2006).
A educação é fundamental para o sucesso do controle da asma, tendo um impacto
positivo na mudança ativa de comportamento perante a doença (CONSENSO, 2002). Em
países em desenvolvimento, a implantação de programas de educação para pessoas com asma
é uma forma de reduzir os índices de morbidade e de direcionar recursos sempre escassos
(FERNANDEZ, 2004). Diferentes profissionais de saúde têm sido envolvidos em trabalhos
dessa natureza, como por exemplo: médicos, enfermeiros e farmacêuticos, em atuação
individual ou multiprofissional. Resultados positivos por meio de suas intervenções têm sido
descritos na literatura. (FRADE, 2006).
Vários países já acumularam experiências em programas de educação em asma com
resultados positivos. Os modelos que demonstraram melhores resultados são aqueles em que o
processo de educação e acompanhamento dos pacientes é mais longo. Isto demonstra que
todas as etapas do processo devem ser revisadas continuamente e por tempo teoricamente
indeterminado (KERN; COLE, 1999). Em 2002, o National Asthma Education and
25
Prevention Program – NAEPP publicou algumas diretrizes para o tratamento da asma,
revendo algumas de suas posições, e pontos específicos foram discutidos com base nas
evidências da literatura, gerando pequenas mudanças nas orientações. No Canadá, Cote et al.
(2000), conduziram um programa de educação em asma no qual incluíram 180 pacientes e
observaram, após 12 meses de acompanhamento, significante diminuição dos sintomas diários
de asma, melhora da qualidade de vida e controle do meio ambiente.
A diversidade dos sistemas de saúde, particularmente de cada país, fez com que em 1995
fosse publicado o “Global Initiative for Asthma” (GINA). Este consenso sobre asma teve a
participação de colaboradores de todo o mundo e objetivou disseminar conhecimentos sobre
asma, além de métodos e condutas para melhorar o seu manejo. A utilização de material
educativo auxiliar pode ser uma estratégia para organizar a entrevista com o paciente e minimizar
alguns fatores interferentes contextuais, além de servir de referencial de consulta do paciente em
caso de esquecimento, incompreensão ou procura de otimização do aprendizado.
Sua forma de apresentação pode se dar por meios visuais – cartões, folhetos, guias,
publicações, programas de base de dados, meios audiovisuais – cinemas, vídeo ou televisão ou
misto. Em nosso meio, o ideal seria a utilização de material impresso, na forma de folhetos ou
guia, condicionado ao número de informações necessárias. (CASTRO, 2004). Os programas de
educação, cujas mensagens educativas são fornecidas por escrito ou por computador, apresentam
resultados mais consistentes como o realizado por Osman et al. (1994), que estudaram 801
asmáticos. Os autores constataram que houve redução das hospitalizações e da morbidade quando
comparados aos pacientes que receberam informações educativas de forma oral.
2.3 Contextualização histórica da prática farmacêutica no Brasil
Até o início do século XX, o farmacêutico, em todo o mundo, foi o principal
responsável pelo desenvolvimento e manufatura artesanal dos medicamentos. Nos países
pobres e em desenvolvimento, pertencentes à África e América Latina, a industrialização dos
medicamentos foi fator determinante para a perda do prestígio do farmacêutico e para o
estabelecimento de uma crise na farmácia (IVAMA, 1999). No Brasil, o impacto da
industrialização de medicamentos foi muito grande. Houve neste período um crescimento da
sociedade de consumo, o que exigiu um perfil de formação profissional diferenciado do
modelo vigente: “Triste destino teve o boticário (farmacêutico), sem recursos para sobreviver
num mundo de remédios prontos. Foi devorado pelo banquete antropofágico das
multinacionais”. (ALVES, 2002).
26
A década de 70 foi marcada por sérios conflitos sociais para a profissão, devidos à
formação curricular científico-tecnológica deficiente, a legalização da drogaria, da livre
propriedade da farmácia e da responsabilidade técnica (Lei, 5991/1973). Esse cenário foi
configurado pela mercantilização da farmácia comunitária, o seu domínio por entidades de índole
diversa, a caracterização do farmacêutico como “profissional desnecessário” e a política de baixos
salários, proporcionando condições favoráveis para atitudes esdrúxulas e antiprofissionais, como
o costume de “assinar” farmácias (prática compactuada com os donos de farmácia, no
recebimento do salário, sem ir trabalhar) e a difusão da “empurroterapia” (LYRA JR., 2005).
Ao longo das décadas de 80 e 90, perdurou a imagem do medicamento enquanto bem
de consumo que não fazia mal, e a concepção do farmacêutico como “profissional
desnecessário” na farmácia comunitária e drogaria. Do mesmo modo, a negligência dos
profissionais, nas farmácias comunitárias, deixou a sociedade por diversas vezes à mercê dos
interesses econômicos, como a problemática dos medicamentos falsificados (1997), venda de
medicamentos em supermercados (1997), dúvidas sobre a qualidade dos genéricos (1999) e,
mais recentemente, a CPI dos medicamentos (2000). Ademais, o farmacêutico também deixou
de ser percebido pelos demais profissionais de saúde como ator essencial para o planejamento
e execução das políticas de saúde (LYRA JR., 2005).
A convergência desses acontecimentos foi relevante para que diversas mudanças e
conquistas fossem alcançadas pela profissão e pela sociedade, no final do século passado e
início deste, como: Portaria 3916/98 – Política Nacional dos Medicamentos, da Lei 9797/1999
– Lei dos Genéricos, do Currículo Nacional de Graduação em Farmácia – Farmacêutico
Generalista (2001), Resoluções do CFF: nº 357/ 2001 – Boas Práticas em Farmácia, RDC nº
33/2001 – Boas Práticas em Farmácia Magistral, como também da realização da Conferência
Nacional de Assistência Farmacêutica, em 2003. Essa “revolução silenciosa” desencadeou um
processo de reconstrução da unidade profissional e de discussão sobre a humanização da
assistência farmacêutica, como pilar essencial das políticas sanitárias. (LYRA JR., 2005).
2.4 A assistência farmacêutica no Brasil
O modelo de assistência farmacêutica é brasileiro, surgiu há, aproximadamente, 30
anos como um processo que visa à proteção ou recuperação da saúde, em nível individual e
coletivo (DUPIM, 1999). Com o passar dos anos, os novos rumos propostos para o SUS, a
trajetória e a situação dos investimentos e recursos destinados às políticas publicas de saúde, a
extinção da Central de Medicamentos (CEME) e o processo de municipalização, as mudanças
27
epidemiológicas e demográficas apontaram para a necessidade da adoção e implementação de
novas estratégias no campo da assistência farmacêutica no país. (LYRA JR., 2005).
Após uma ampla discussão, em 1998, foi então aprovada a Política Nacional de
Medicamentos (PNM), que passou a nortear todas as ações do Ministério da Saúde, na gestão
de medicamentos do setor público. Segundo a PNM (1999), a assistência farmacêutica pode
ser conceituada como o:
Grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações
de saúde demandadas por uma comunidade, envolvendo o abastecimento de
medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e
controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o
acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação
sobre o medicamento e a educação permanente dos profissionais da saúde, do
paciente e da comunidade para assegurar o uso racional dos medicamentos.
Conforme a PNM, algumas diretrizes foram aprovadas como: a reorientação da
assistência farmacêutica, a adoção da relação de medicamentos essenciais (RENAME), a
regulação sanitária, produção, garantia da segurança, eficácia, qualidade e promoção do uso
racional de medicamentos, desenvolvimento científico e tecnológico, e o desenvolvimento e
capacitação de recursos humanos.
A reorientação da assistência farmacêutica deve ser considerada como uma das
atividades prioritárias da assistência à saúde. Por ser de caráter sistêmico, não pontual e
multiprofissional, não se restringe à garantia do acesso aos medicamentos, segundo as
necessidades da população, identificadas com base em critérios epidemiológicos, mas também
por ações que garantam sua qualidade, seu uso racional e contribuam para a resolutividade das
ações de saúde. (DUPIM, 1999).
A partir dessa reorientação, a organização da assistência farmacêutica implica em
promover a articulação necessária dos vários componentes, ou etapas, relacionados à oferta
dos medicamentos, nos três níveis de atenção à saúde, que compreendem: a seleção, a
programação, a aquisição, o armazenamento, a distribuição, a prescrição e a dispensação, bem
como a Farmácia Clínica e a Atenção Farmacêutica. (LYRA JR., 2005).
2.5 Atenção farmacêutica: um novo paradigma para a profissão farmacêutica
No final dos anos 80 do século passado, Hepler publicou uma série de artigos (1988)
que propunham a necessidade de mudanças na prática profissional farmacêutica. Os autores
apresentam-nos três períodos importantes vividos pela farmácia no século XX. No início
daquele século, o papel social dos boticários estava ligado ao preparo e à venda de
28
medicamentos; sua função era procurar preparar e avaliar produtos medicinais. Sua principal
obrigação era garantir que os medicamentos fossem vendidos puros, sem adulteração, e
preparados “sucudum arte”. Como obrigação secundária deveria proporcionar informações
adequadas aos clientes que solicitavam a prescrição de medicamentos. Esse papel dos
boticários começou a desaparecer à medida que as preparações dos medicamentos foram
sendo gradualmente realizadas pelas indústrias farmacêuticas e a prescrição dos
medicamentos passou a ser feita pelos médicos. Esses fatores somente contribuíram para que
os farmacêuticos passassem a ter um papel muito limitado na sociedade, ou seja, um mero
dispensador de medicamentos pré-fabricados.
Após uma década de discussões, a aprovação de um novo perfil curricular (voltado
para a clínica), no inicio dos anos 60, transformou a atuação do farmacêutico nos hospitais e
farmácias comunitárias (HOLAND; NIMMO, 1999). Nessa direção, ressalte-se que algumas
definições, propostas para a farmácia clínica, situam o medicamento em primeiro plano e
somente mencionam o paciente. Com os relatos de Brodie (1967), para “o controle do uso de
medicamentos”, parece ter sido entendido que a preocupação do farmacêutico era
prioritariamente o produto e, em seguida, as pessoas. Neste contexto, novos serviços
farmacêuticos vinham se desenvolvendo como a farmacocinética clínica, embora as atividades
continuassem centradas nos insumos e sua distribuição em sistemas biológicos abstratos em
vez de pacientes individualmente. (BRODIE, 1967).
Durante as décadas de 70, o ensino voltado para a clínica foi fortalecido, com a
difusão dos Cursos de PharmD (Doctor of Pharmacy) e com o maior enfoque nas áreas
sociais e comportamentais. As associações e universidades americanas também investiram na
ampliação da consciência social, na melhor preparação dos profissionais, na aprovação de leis
específicas e na discussão de consensos (HIGBY, 1997). Com isso, o farmacêutico clínico
passou a ser progressivamente mais solicitado nas deliberações médicas sobre a
farmacoterapia e, em conseqüência, a ser reconhecido como um profissional de saúde
(HOLLAND; NIMMO, 1999). A partir do aprofundamento da prática profissional e da
consolidação da farmácia clínica, surgiu a atenção farmacêutica.
A filosofia da atenção farmacêutica inclui diversos elementos. Começa com uma
afirmação de uma necessidade social, continua com um enfoque centrado no paciente para
satisfazer esta necessidade, tem como elemento central a assistência à outra pessoa, mediante
o desenvolvimento e a manutenção de uma relação terapêutica, e finaliza com uma descrição
das responsabilidades concretas do profissional. (CIPOLLE et al., 2000, REIS, 2003).
29
A partir da década de 90, a AF tem sido considerada como uma prática mais adequada,
para aperfeiçoar os resultados da farmacoterapia de forma a satisfazer a necessidade social
relacionada à morbimortalidade causada pelos medicamentos (HEPLER, 1997). O conceito
mais difundido dessa nova prática de cuidado ao paciente foi proposto por Hepler e Strand, que
consideram a AF como: “A provisão responsável da farmacoterapia com o propósito de obter
resultados definidos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes” (HEPLER; STRAND,
1990, FAUS; MARTINEZ, 1999). Essa prática se difere profundamente das anteriores,
principalmente por ter como perspectiva atender às necessidades dos usuários, enquanto seres
humanos, respeitando a individualidade de cada um. Em 1998, Strand, em colaboração com
outros autores, altera o conceito inicial de AF e propõe: “a prática na qual o profissional
responsabiliza-se pelas necessidades relacionadas a medicamentos do paciente e responde por
esse compromisso”. (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 1998).
A Organização Mundial de Saúde (Word Health Organization, 1993) também
assumiu as idéias preconizadas por Hepler e Strand, entendendo que o principal beneficiário
das ações do farmacêutico é o paciente, pois a atenção farmacêutica deve ter como foco
principal a obtenção de resultados terapêuticos definidos para a saúde e a qualidade de vida
deste último. No entanto, achou por bem estender o caráter de beneficiário à comunidade, pois
vê o farmacêutico também como um dispensador de atenção à saúde, podendo participar
ativamente da prevenção de enfermidades e da promoção de saúde, junto com outros
membros da equipe. Em 1994, o Europharm Fórum, entidade de cooperação entre a OMS e
diversas organizações nacionais profissionais, fundou a Pharmaceutical Care Network
Europe (PCNE) com o propósito de implantar e desenvolver a prática de AF na Europa, por
intermédio da realização de projetos multicêntricos. (BERNSTEN et al., 2001).
Em 1998, o grupo de Minnesota, que passou a definir a AF como uma prática de
saúde, composta de uma filosofia, um processo de cuidado ao paciente e um sistema de
condutas, como sendo: “uma prática na qual o farmacêutico assume a responsabilidade de
atender as necessidades do paciente, no que concerne a sua farmacoterapia e assume
compromisso de resolvê-las”. Um dos resultados mais positivos obtidos com o conceito de AF
foi a mudança de atitude dos médicos que passaram a considerar o farmacêutico, como um
componente complementar e totalmente necessário à equipe de saúde. (CIPOLLE; et al., 2000).
Um grupo de farmacêuticos, agremiações e universidades espanholas iniciaram uma
série de atividades visando implementar esse novo paradigma, o que resultou na constituição,
em 1999, da Fundación Pharmaceutical Care España. Esta se propunha a coordenar as
atividades da profissão farmacêutica, além de disponibilizar um periódico estimulando a
30
pesquisa e a divulgação de seus achados (BONAL, 1999). Também se iniciaram cursos na área
em nível de pós-graduação, destacando-se o da Universidad de Granada pelo desenvolvimento
do Método Dáder de seguimento farmacoterapêutico de pacientes (MACHUCA, 2003). No ano
de 2001, um consenso de especialistas da área, sob o patrocínio do Ministério de Sanidad y
Consumo da Espanha, propôs um modelo de atenção farmacêutica, definido como “a
participação ativa do farmacêutico para a assistência na dispensação e no seguimento de um
tratamento farmacoterapêutico, cooperando com o médico e outros profissionais da saúde, com
resultados que melhorem a qualidade de vida do paciente”. Também reconheceu o papel do
farmacêutico “em atividades que proporcionem boa saúde e previnam enfermidades”.
(DIRECCIÓN GENERAL DE FARMACIA Y PRODUCTOS SANITÁRIOS, 2001).
No final de 1999, foi criado o Fórum Farmacêutico das Américas baseado no modelo
do Fórum europeu. Este faz parte do programa de trabalho da Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS). Dentre suas finalidades, encontra-se o fortalecimento da prática farmacêutica
na região, por meio da promoção e coordenação de atividades e projetos, que buscam
envolver o farmacêutico nas políticas de saúde públicas dos países. (WHO; OPAS, 2005).
De acordo com a revisão da literatura “Pharmaceutical Care: 10 anos”, realizada na
década de 90, foi publicado e posteriormente indexado, nas fontes secundárias mais
atualizadas, um total de 2.510 trabalhos com a palavra-chave “pharmaceutical care”. Dentre
os países que mais contribuíram na produção de trabalhos, apareceram os EUA, com 1.894;
Reino Unido, com 139; Holanda, com 107; Canadá, com 92; Alemanha, com 61; Espanha,
com 40; dentre outros. (FERNÁNDEZ-LIMÓS; FAUS; MARTIN, 2001).
No Brasil, farmacêuticos e outras instituições representativas de saúde e da categoria,
tendo á frente a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), participaram de um processo de
discussão sobre as diversidades dos conceitos e da prática profissional. Assim, foi organizada uma
oficina de trabalho para apresentação de experiências e reflexões sobre AF, em 2001, em
Fortaleza (CE). Das atividades empreendidas resultou a proposta de um Consenso Brasileiro de
Atenção Farmacêutica, sendo esta considerada como “um modelo de prática farmacêutica,
desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica”. (IVAMA et al., 2002).
Em 2002, foi lançada a proposta do Consenso Brasileiro, que definiu a AF como sendo:
Atenção Farmacêutica é modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da
Assistência Farmacêutica. E que compreende atitudes, valores éticos, comportamentos,
habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças promoção e
recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do
farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados
definidos e mensuráveis voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação
também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades
bio-psicossociais sob a ótica da integralidade das ações de saúde. (OPAS/OMS, 2002).
31
O conceito brasileiro destaca-se por considerar a promoção da saúde, incluindo a
educação em saúde, como componente da AF, o que constitui um diferencial marcante em
relação às definições adotadas em outros países (OPAS, 2002; REIS, 2003). Os
macrocomponentes resultantes da busca do consenso foram: a educação em saúde; a
orientação farmacêutica; a dispensação; o atendimento farmacêutico, o
acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico e o registro sistemático das atividades,
mensuração e avaliação dos resultados. (LYRA, 2005).
A proposta do Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica foi apresentada na Primeira
Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, realizada em Brasília, em
setembro de 2003. O Conselho Nacional de Saúde, em 2004, considerando as deliberações da
referida Conferência, aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, a qual, em seu
inciso IV, artigo primeiro da Resolução n° 338, dispõe que as ações de assistência farmacêutica
envolvem aquelas referentes à atenção farmacêutica. Esta aprovação configura a tendência ao
reconhecimento da atenção farmacêutica como política de saúde pública.
No Brasil, porém, assim como no Estado do Ceará, ainda não há uma prática de
forma sistemática e contínua da atenção farmacêutica como um serviço de saúde. As
experiências vivenciadas restringem-se, na maioria dos casos, a pesquisas científicas e ao
campo da docência. Deve ser ressaltado, porém, o interesse para a difusão dessa prática no
país por diversas entidades, como a Organização Pan-americana de Saúde
(OPAS)/Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde, Conselho Federal de
Farmácia, Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, Universidades, dentre outras. A busca
pela promoção da atenção farmacêutica no Brasil não é e não pode ser entendida como um
fato isolado. Este movimento, que vem ganhando o centro das discussões entre pesquisadores,
formuladores de políticas e profissionais, tem-se introduzido no Brasil com diferentes
vertentes e compreensões. (OPAS/OMS, 2002).
2.5.1 Conceitos referentes à prática da atenção farmacêutica
Para o melhor entendimento do presente trabalho, faz-se necessário explicitar os
conceitos referentes à prática da atenção farmacêutica, como seguimento farmacoterapêutico,
problemas relacionados com medicamentos e intervenção farmacêutica (IVAMA, 2002), o
que é feito a seguir:
1. Seguimento Farmacoterapêutico (SF): “É um componente da Atenção
Farmacêutica e configura um processo no qual o farmacêutico se
32
responsabiliza pelas necessidades do usuário relacionadas ao medicamento, por
meio de detecção, da prevenção e da resolução dos PRMs, de forma
sistemática, contínua e documentada com o objetivo de alcançar resultados
definidos, buscando a melhoria da qualidade de vida do usuário. A promoção
da saúde também é componente da Atenção Farmacêutica, e, ao se fazer o
acompanhamento, é imprescindível que se faça também essa promoção.
Entende-se por resultado definido a cura, o controle ou o retardamento de uma
enfermidade, compreendendo os aspectos referentes à efetividade e
segurança”.
2. Problema Relacionado ao Medicamento (PRM): “É um problema de saúde,
relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia, que interfere nos
resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário. O PRM é real, quando
manifestado, ou potencialmente, quando houver uma possibilidade de sua
ocorrência. Pode ser ocasionado por diferentes causas, tais como as relacionadas
ao sistema de saúde, ao usuário e seus aspectos bio-psicossociais, às condutas
dos profissionais de saúde e aos medicamentos. A identificação de PRMs segue
os princípios de necessidade, efetividade e segurança, próprios da
farmacoterapia”.
3. Intervenção Farmacêutica (IF): “É um ato planejado, documentado e realizado
junto ao usuário e aos profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir
problemas que interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte
integrante do processo de acompanhamento / seguimento farmacoterapêutico”.
2.5.2 Metodologias de seguimentos farmacoterapêuticos aplicadas para a prática da atenção
farmacêutica
Existem várias metodologias para a prática de atenção farmacêutica, quase tanto
quanto as escolas ou grupos de trabalho. Estes métodos são fundamentados na tradição de
ensino norte-americano da farmácia clínica (OMS, 1993, HURLEY, 2007; WHO, 1998), mas
tendo em comum o seguimento farmacoterapêutico de pacientes. Tais métodos foram gerados
devido à lacuna existente no que se refere à prática do seguimento farmacoterapêutico,
entendido como AF. Resumidamente, propõe-se um sistema de atenção farmacêutica em que
prescritores identificam e avaliam os problemas de saúde do paciente e estabelece um plano
33
terapêutico, a partir do qual o farmacêutico inicia seu processo de seguimento
farmacoterapêutico. (CASTRO, 2004).
Alguns métodos foram desenvolvidos ou adaptados de outros já existentes, mas ainda
não se demonstrou qual deles possui melhor desempenho. Todos colocam a necessidade de o
farmacêutico possuir habilidades de comunicação, estabelecendo, assim, adequada relação
terapêutica com o paciente. (HEPLER et al., 1990; CIPOLLE et al., 1998). Por meio dessa
melhor relação, pode-se obter a confiança do paciente, de modo que ele preste informações
sobre sua situação e o uso de medicamentos, permitindo uma análise mais fidedigna desses
dados e a identificação mais precisa dos problemas. Estabelecida a relação e identificados os
problemas, firma-se um acordo visando à resolução destes problemas fundamentados na
autonomia do paciente e na busca de maior qualidade de vida. (CASTRO, 2004).
Em princípio, poder-se-ia agrupar o que pareciam duas formas distintas de entender o
seguimento do tratamento farmacológico, as chamadas atenção farmacêutica global e a
atenção farmacêutica em grupos de riscos. A seguir, resumem-se os métodos mais utilizados:
1. SOAP (Subjetivo, Objetivos, Avaliação e Plano) - este método é amplamente
empregado por profissionais da saúde, tendo como ponto positivo seu
entendimento por qualquer um desses profissionais (HURLEY, 2007; ROVERS,
2003). Cada termo refere-se a uma parte do processo de atendimento do
paciente, com atividades especificas a serem realizadas.
2. Estudo Farmacêutico da Terapia Farmacológica (Pharmacist's Workup of
Drug Therapy ou PWDT) – foi desenvolvido em Universsity of Minnesota por
Strand e colaboradores para utilização em farmácias comunitárias sendo aplicável
em qualquer paciente (STRAND et al., 1988; CIPOLLE et al., 1998; HURLEY,
2004). Possui como objetivos: (a) avaliação das necessidades do paciente referente a
medicamentos e instauração de ações, segundo os recursos disponíveis para suprir
aquelas necessidades e (b) realização de seguimento para determinar os resultados
terapêuticos obtidos. Para que essas atividades sejam realizadas, é necessário
sempre estar na presença de uma relação terapêutica otimizada entre farmacêutico e
paciente, bem como considerar o caráter interativo do processo de cuidado do
paciente. Seus principais componentes são:
a) Análise de dados – é constituída por coleta de dados e caracterização de
adequação, efetividade e segurança da farmacoterapia em uso. Procura
caracterizar se esta é conveniente para as necessidades do paciente, com relação
34
aos fármacos, e identificar problemas relacionados com medicamentos que
interfiram ou possam interferir nos objetivos terapêuticos.
b) Plano de atenção – levando em consideração os dados obtidos na análise, o
farmacêutico deve procurar resolver os problemas relacionados com
medicamentos, estabelecendo objetivos terapêuticos e prevenindo outros
possíveis problemas. Os objetivos terapêuticos devem ser claros, passíveis
de aferição e atingíveis pelo paciente. Quando apropriado, o plano pode
conter informações sobre terapêutica não farmacológica.
c) Monitorização e avaliação – quando da monitorizarão do plano de atenção,
o farmacêutico deve verificar em que níveis estão os resultados
farmacoterapêuticos obtidos, reavaliando as necessidades do paciente diante
deles e se novas situações não estão em voga, como novos PRMs ou novos
problemas de saúde, tratados ou não.
3. Monitorização de Resultados Terapêuticos (Therapeutic Outcomes
Monitoring ou TOM) – esse método foi desenvolvido por Charles Hepler, em
University of Florida, para dar apoio às atividades do farmacêutico na prática em
nível comunitário. Deriva-se do PWDT e leva em consideração os achados de
Lawrence Weed. (HEPLER, 1993b).
4. Método Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico - foi desenvolvido pelo
Grupo de Investigación en Atencion Farmacêuitica da Universidade de Granada,
Espanha, para ser utilizado em farmácias comunitárias, sendo aplicável a
qualquer paciente. Também segue as diretrizes propostas no PWDT, procurando
tornar mais factível a coleta de dados do paciente, bem como possibilitar espaço
de tempo para análise desses dados e aprendizagem da metodologia empregada.
(MACHUCA 2003).
Os métodos PWDT e Dáder pretendem facilitar a aprendizagem da realização do
seguimento farmacoterapêutico de pacientes. Esse enfoque resulta em documentação mais
estruturada para o atendimento clínico (CIPOLLE, 1998; HURLEY, 2004). No entanto, isso
aumenta o tempo dos encontros. O método Dáder tem como ponto positivo o fato de
proporcionar tempo para a avaliação das informações em conjunto com a fase de estudo, o
que propicia análise mais criteriosa da literatura disponível. A abordagem inicial para
obtenção das informações é extensa, mas bastante completa. Já o PWDT possui muito bem
35
desenvolvida a parte de planejamento dos cuidados a serem ofertados ao paciente. (STRAND,
1988; CIPOLLE, 1998).
O método SOAP não tem um formulário específico e, conseqüentemente, exige
maior experiência do profissional na sua realização, pois não existem itens que sirvam de guia
para os passos a serem realizados (HURLEY, 2004). As informações são registradas como
texto livre e não são codificadas ou padronizadas.
O ponto positivo é a simplificação de documentação e registro, mas há
conseqüentemente dificuldade para consultas posteriores ou análises do plano proposto de
maneira lógica e estruturada (McANAW et al.., 2001). Isto ocorre porque o método foi
desenvolvido para diagnóstico médico e não para avaliação de farmacoterapia ou PRM.
(HURLEY, 2007).
O método TOM é muito voltado para doenças específicas, necessitando de
desenvolvimento de formulários para cada tipo de atendimento que vai realizar (HURLEY,
2004; WHO, 1998). Há risco de não considerar o paciente de forma integral, mesmo que uma
parte do formulário complete esses dados. No entanto, facilita quanto à análise de uma
enfermidade especifica e serve de diretriz para as atividades focadas em uma doença, como
também é uma medida dos resultados terapêuticos e de qualidades de vida do paciente.
2.5.3 Classificação dos problemas relacionados a medicamentos
Além do desenvolvimento de métodos para a prática da atenção farmacêutica se torna
necessário estabelecer uma classificação dos PRM. Este entendimento e a sua classificação
facilitam a documentação dos resultados na prática da atenção farmacêutica. Esta identificação
segue os princípios de necessidade, efetividade e segurança, próprios da farmacoterapia.
Strand et al. (1990) definiram PRM como: “[...] uma experiência indesejável do
paciente que esteja envolvido com a farmacoterapia e que interfere real ou potencialmente
com os resultados desejados para o paciente”.
Sendo que o evento indesejável que interfere ou pode interferir no resultado esperado
não se restringe em enfermidades e sintomas, mas também a qualquer problema relacionado com
aspectos psicológicos, fisiológicos, socioculturais ou econômicos (CIPOLLE et al., 2000).
Para organizar o processo cognitivo necessário para identificar os PRM apresentados
pelos pacientes e para garantir que possa ser realizada a prevenção dos PRM potenciais, eles
são divididos em categorias (CIPOLLE, 1998). A classificação dos PRM tem sido
constantemente avaliada, de forma que várias classificações podem ser encontradas na
36
literatura científica. A primeira foi proposta em 1990 por Cipolle, Strand, e Moley, sendo
composta por oito categorias. Em 1998, o mesmo grupo modificou o conceito de PRM como:
“[...] qualquer evento indesejável experimentado pelo paciente que envolva ou se suspeite que
envolva a farmacoterapia e que interfira real ou potencialmente com um resultado esperado.”
(CIPOLLE; STRAND; MOLEY, 1998).
E na classificação de PRM, sugeriu o emprego de apenas sete categorias agrupadas
então em quatro necessidades relacionadas com a farmacoterapia dos pacientes (indicação,
efetividade, segurança e comodidade), que emanam de quatro expressões do paciente, a saber:
entendimento, expectativas, preocupações e atitudes (REIS, 2005). Buscando a harmonização
conceitual, a OPAS/OMS, por meio do Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, define
PRM como: “[...] um problema de saúde relacionado ou suspeito de estar relacionado a
farmacoterapia, que interfere ou pode interferir nos resultados terapêuticos e na qualidade de
vida do usuário.” (OPAS/OMS, 2002).
Para Machuca et al. (2003), o termo PRM potencial pode ser entendido como um
problema que ainda não se manifestou no momento de sua detecção, podendo existir em duas
possibilidades:
a) Os que já afetaram a capacidade funcional do paciente, sendo reconhecido por
meio de provas diagnósticas, e invalidam o uso de determinado medicamento em
qualquer situação para o paciente.
b) Os que podem afetar a capacidade funcional do paciente. Nesta situação, é
necessário avaliar o risco-benefício da utilização do medicamento.
A classificação do PRM pode ser complementada com a identificação de sua causa,
que pode ser unifatorial ou multifatorial e que a partir dela, em combinação com os resultados
terapêuticos desejados, procede-se ao planejamento de intervenção. Quando forem necessárias
mudanças de medicamentos, dose ou duração de uso ou mesmo suspensão de tratamento, o
paciente deverá ser encaminhado ao prescritor para avaliar a adequação dessas sugestões.
Quando tais modificações não forem necessárias, o farmacêutico pode estabelecer diretamente
com o paciente o plano devido. (CASTRO, 2004).
2.6 Atenção farmacêutica em pacientes asmáticos
Um serviço gerenciado por um farmacêutico clínico com um protocolo aprovado por
médicos tem se mostrado uma fonte valiosa para acompanhar pacientes que possuem asma
crônica de maneira eficiente e econômica. Vários trabalhos da literatura médica e
37
farmacêutica têm demonstrado os benefícios para o paciente deste relacionamento
multiprofissional em organizações de saúde (CONSENSO, 2002; EMERSON, 1998;
SPALEK, 1999; SINGHAL, 2002; PAULEY, 1995). Este tipo de atividade provou melhorar a
adesão ao tratamento medicamentoso, reduzir as consultas de emergência, monitorar o
tratamento e detectar os problemas relacionados com medicamentos (reações adversas,
interações, falhas terapêuticas, duplicação terapêutica, etc.), que diretamente afetam a
qualidade de vida dos pacientes (BISSON, 2003; JÁCOME, 2003; GONZÁLEZ, 2003;
KHEIR, 2003).
Recentes estudos foram publicados apresentando uma avaliação do impacto de um
programa de atenção farmacêutica em pacientes asmáticos (PAULEY, 1995; JÁCOME, 2003;
GONZALEZ, 2003; KHEIR, 2003; SHAW, 2000; CORDINA, 2001). Foi relatado um maior
grau de conhecimento sobre a doença e tratamento, bem como na qualidade de vida, tanto em
crianças (JACOME, 2003; GONZALEZ, 20003; SHAW, 1993),
como em adultos (JACOME,
2003; SHAW, 1993; CORDINA, 2001). Também foi expresso o grau de satisfação dos
pacientes quanto aos serviços de atenção farmacêutica prestados em nível ambulatorial e em
farmácias comunitárias (SINGHAL, 2002; GONZÁLEZ, 2003; CORDINA, 2001; FISCHER
et al., 2000; SCHULZ, 2001)
Um estudo randomizado, realizado na Columbia Britânica (Canadá), comparou os
resultados de um atendimento convencional dos farmacêuticos com outro que possibilitava
aos profissionais intervenções específicas no caso de asma. Verificou-se neste estudo que a
intervenção farmacêutica contribui para a mudança de comportamento dos pacientes à medida
que os ajudou a assumirem sua doença. Nesse grupo, observou-se um aumento nos resultados
de pico de fluxo, uma melhora nos sintomas, nos conhecimentos sobre a doença e tratamento
e na qualidade de vida, além de uma redução na dose de beta agonista. Ocorreu também uma
redução significativa no número de visitas à urgência, nas consultas médicas e em perdas de
dias de trabalho e ou escola. Os autores concluíram que farmacêuticos treinados podem
contribuir para melhorar significativamente os resultados clínicos, humanísticos e econômicos
dos pacientes (MCLEAN; GILLIS; WALTER, 2003).
Em 1997, foi conduzido um estudo por Betsy et al. dirigido a pacientes que usavam
mais de quatro agonistas beta 2 adrenérgico de ação curta e dois de ação longa ao longo do
ano, inscritos em um seguro de saúde entre janeiro a fevereiro de 1995. Após a intervenção, o
custo com agonistas beta 2 adrenérgico e todos os medicamentos antiasmáticos diminuíram
significativamente para o grupo, envolvendo médicos e farmacêuticos, ao contrário dos
grupos acompanhados somente por médicos. O autor concluiu que a participação do
38
farmacêutico pode contribuir para o melhor controle dos pacientes com asma (ANRES;
IÑESTA, 2004).
Uma recente publicação na Revista Respirology (2004) avaliou de forma positiva a
possibilidades de atuação compartilhada entre farmacêuticos e médicos em uma região rural
da Austrália. Após serem treinados, os farmacêuticos mostraram-se aptos a realizar testes de
espirometria em uma região onde muitas vezes são escassos os profissionais especializados
(BURTON et al., 2004).
A educação do asmático é um dos pilares de sustentação de seu tratamento. O
conhecimento adequado de sua doença e do seu tratamento melhora o seu controle e permite
uma vida normal
3 OBJETIVOS
Geral
Descrever e analisar os efeitos de um plano de atenção farmacêutica sobre os
resultados clínicos (identificação, resolução e prevenção dos problemas relacionados aos
medicamentos, pico de fluxo expiratório e sintomas da asma) e humanísticos (qualidade de
vida e satisfação do paciente com a atenção prestada pelo farmacêutico) a um grupo de
pacientes asmáticos, assistido no ambulatório de pneumologia de um hospital de referência do
Ceará.
Específicos
Analisar os indicadores de estrutura e processo para a implementação da Atenção
Farmacêutica no Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr.
Carlos Alberto Studart Gomes.
Delinear o perfil farmacoepidemiológico do grupo de pacientes asmáticos.
Identificar, resolver e prevenir os problemas relacionados aos medicamentos.
Analisar e avaliar, através de indicadores, a influência do plano de atenção
farmacêutica sobre os resultados clínicos (identificação do PRM, medidas de
fluxo expiratório e sintomas) e humanísticos (qualidade de vida, e satisfação
pelos serviços farmacêuticos prestados) dos pacientes asmáticos do estudo.
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 Tipo de estudo
O modelo de investigação aplicado foi de um estudo descritivo, longitudinal,
prospectivo e intervencionista, no qual cada paciente foi seu próprio controle. Foi utilizada a
metodologia PWDT (Pharmacist's Workup of Drug Therapy) descrita por Cipolle et al.
(1998). Foram avaliadas as mudanças na farmacoterapia, os resultados clínicos (indicadores:
medidas do Pico de Fluxo Expiratório, Diário de Sintomas) e humanísticos (indicadores:
qualidade de vida antes e depois das intervenções farmacêuticas), no período de agosto de
2006 a maio de 2007. No final do estudo, foi observada e avaliada a satisfação dos pacientes
com relação à participação no plano de atenção farmacêutica desenvolvido, funcionando
como outro indicador da abordagem humanística que foi estudada.
4.2 Local do estudo
O estudo foi desenvolvido no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart
Gomes, oriundo da rede de hospitais federais do ex-INAMPS, tendo sido estadualizado desde
a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). É um hospital terciário, especializado em
doenças do coração e do pulmão. Funciona atualmente com 306 leitos de internação, sendo 51
destinados a cuidados intensivos, conforme a seguir descrito: UTI cardiopulmonar, UTI pós-
operatória para adulto, UTI pós-operatória infantil, unidade coronariana, UTI respiratória,
UTI pediátrica, e unidades semi-intensiva, e os demais servem à internação de leitos tipo
enfermaria. Dispõe ainda do serviço de ambulatório, que funciona de segunda a sexta-feira,
das 7 às 18 h, um serviço de emergência 24 horas, realiza transplante cardíaco e encontra-se
em fase de implantação de transplante pulmonar. Dentre os métodos diagnósticos, conta com
serviços de ecocardiograma ergometria, espirometria, estudo eletrofisiológico, e
hemodinâmica.
O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes foi selecionado,
juntamente com mais dois hospitais, como referência para o Programa da Asma –
Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional, no Estado do Ceará, como
também é um dos seis hospitais incluídos no Projeto Hospitais Sentinela da ANVISA, nas
áreas de Farmacovigilância, Teconovigilância e Hemovigilância.
41
4.3 População do estudo
A população estudada referiu-se aos pacientes cadastrados no Ambulatório de
Pneumologia do Hospital de Messejana, de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de asma
moderada e grave, e inscritos no Programa de Componente de Medicamentos de Dispensação
Excepcionais (Alto Custo) do Ministério da Saúde (Portaria 2.577/2006).
4.4 Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos no estudo os pacientes com idades entre 18 e 65 anos, com
diagnóstico clínico de asma moderada e grave, em tratamento regular, no período superior a
dois meses do inicio da pesquisa, com prontuário cadastrado no ambulatório de asma, com
condições de responder aos questionários, e que concordaram em assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
de Messejana após esclarecimentos do direito de, a qualquer momento, poder retirar-se
espontaneamente do estudo, sem prejuízo no tratamento, estar consciente dos objetivos e
metodologia do estudo.
Foram considerados inelegíveis para a pesquisa os pacientes com idade não incluída
na faixa etária selecionada, fumante, paciente com menos de dois meses de tratamento
(contados a partir do momento do início deste estudo), pacientes grávidas, como também os
que não concordaram com a pesquisa e os que não compareceram às consultas agendas de
seguimento farmacoterapêutico, bem como todos os que não apresentaram condições de
responder aos questionários.
4.5 Seleção dos pacientes
A amostra estudada foi selecionada de forma aleatória, durante o mês de agosto de
2006, no período da manhã, nas segundas e quartas-feiras, onde os pacientes eram convidados
a participar do estudo quando vinham receber os medicamentos no ambulatório, após a
avaliação médica. O convite foi feito verbalmente pelo estagiário de farmácia, sendo entregue
uma carta (APÊNDICE A), no momento da dispensação do medicamento na farmácia do
ambulatório do Hospital de Messejana. Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Após a aceitação,
era realizado o agendamento do horário da primeira entrevista, conforme a disponibilidade do
paciente.
42
Foram convidados a fazer parte do estudo cinqüenta pacientes, no entanto, onze não
concordaram em participar. Dos trinta e nove que concordaram, seis foram excluídos após a
primeira entrevista por não estarem dentro dos critérios de inclusão; dois por não
comparecerem ao segundo encontro e uma foi excluída por ter ficado grávida durante o
estudo. Assim, um total de 30 pacientes perfez o estudo. (Fig. l).
FIGURA 1 – Fluxo de pacientes atendidos durante o estudo no Ambulatório do Hospital de Messejana Dr.
Carlos Alberto Studart Gomes. Período de agosto de 2006 a maio de 2007.
4.6 Plano de atenção farmacêutica
4.6.1 Indicadores de estrutura e processo para o desenvolvimento do plano de atenção
farmacêutica no local do estudo
A farmácia ambulatorial foi avaliada quanto aos indicadores de estrutura e processo
necessários à implementação de um programa de AF. A escolha dos indicadores de estrutura
foi fundamentada nas condições necessárias ao desenvolvimento da AF (PEREIRA, 2005).
Isto incluiu a disponibilidade de local de atendimento privado, fontes de informações sobre
medicamentos, recursos de informática e de internet. Os processos do plano de AF incluíram:
acompanhamento farmacoterapêutico, documentação, elaboração e distribuição de folder
informativo sobre a doença e manuseio dos inaladores, intervenção farmacêutica educativa,
11 pacientes não
concordaram em
artici
a
39 pacientes concordaram
em
p
artici
p
a
r
6 pacientes excluídos
na 1ª entrevista
30 pacientes completaram
o estudo
3 pacientes excluídos
a
p
ós a 1ª entrevista
50 pacientes foram convidados a
p
artici
p
ar do estudo
43
diário de sintomas da asma e medida do pico de fluxo expiratório (PFE) durante um mês,
estes dois últimos como indicadores clínicos.
4.6.2 Acompanhamento farmacoterapêutico
O plano de atenção farmacêutica foi um processo sistemático, contínuo e
documentado, que teve como meta o alcance de resultados terapêuticos positivos para o
controle da asma. No estudo, foi realizada uma entrevista inicial seguida de outras durante o
acompanhamento farmacoterapêutico. (Quadro 5).
Na primeira entrevista, o paciente foi orientado quanto à finalidade e duração do
acompanhamento, os concordantes em participar assinaram o Termo de Consentimento
(APÊNDICE B). Em seguida, foi aplicado um instrumento de investigação para a
caracterização do perfil farmacoepidemiológico (APÊNDICE C). Para tanto, foi administrado
um inquérito semi-estruturado, composto pelos aspectos demográficos, socioeconômicos e
dos hábitos sociais, além de outros dados importantes relacionados aos indicadores dos
sintomas da asma e anamnese farmacológica. Ainda na primeira entrevista, foi feita uma
observação da realidade do paciente com análise da situação inicial e a revisão global dos
problemas de saúde existentes.
Ainda na primeira entrevista foi avaliado o grau de conhecimento do paciente
asmático sobre os medicamentos utilizados para a asma e outra co-morbidade, incluindo o
número de medicamentos prescritos ou não, se esses medicamentos eram de uso contínuo ou
ocasional, as indicações, existência de automedicação e suas possíveis contra-indicações, bem
como o comportamento ante a farmacoterapia.
Durante a entrevista, as informações foram dispostas em uma Ficha de Seguimento
Farmacoterapêutico (AFT) (APÊNDICE D), para que fossem estudados os problemas de
saúde e sua farmacoterapia correspondente.
4.6.3 Identificação dos problemas relacionados aos medicamentos
A identificação dos PRM seguiu os princípios próprios da farmacologia clínica,
baseando-se na idéia de que um medicamento deve ser necessário, efetivo e seguro, como
também o paciente deve cumprir o tratamento indicado. O não preenchimento desses critérios
estabeleceu a presença de PRM. Após a identificação do PRM e sua(s) causa(s), foram
44
estabelecidas medidas visando sua resolução, buscando acordar com o paciente a solução
mais adequada a cada caso.
Atualmente, existem cerca de treze diferentes classificações de PRM, em todo o
mundo (VAN MIL et al., 2000). No presente estudo, foi adotada a categorização de PRM
descrita por Cipolle, Strand, Morley (1998). A classificação compreendeu os aspectos
referentes à indicação, à efetividade, segurança e cumprimento (Quadro 4).
Vale enfatizar que a pesquisadora considerou que para um evento ser qualificado
como PRM devem ser identificadas duas condições: 1) o paciente estar experimentando ou ser
possível que experimente uma enfermidade ou sintomatologia e 2) este evento deve ter uma
relação causal, provada ou suspeita, com a terapia farmacológica. Após a identificação, o
farmacêutico-pesquisador avaliou as alternativas viáveis para a solução dos PRM, procurando
a obtenção dos resultados definidos. Os resultados definidos foram entendidos como: PRM
totalmente resolvido, parcialmente resolvido e não resolvido.
QUADRO 4 – Classificação de PRM, de acordo com Cipolle, Strand, Morley (1998)
Indicação
PRM 1 – O paciente apresenta um problema de saúde que requer a instauração de um tratamento
farmacológico ou o emprego de um tratamento adicional.
PRM 2 – O paciente está sendo submetido a tratamento farmacológico desnecessário.
Efetividade
PRM 3 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual esta tomando um medicamento inadequado
PRM 4 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual toma uma quantidade muito pequena do
medicamento correto.
Segurança
PRM 5 – O paciente apresenta um problema de saúde devido a uma reação adversa a um medicamento
PRM 6 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual usa uma quantidade muito alta do
medicamento correto.
Cumprimento
PRM 7 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual não toma o medicamento de maneira
apropriada
Fonte: El Ejercicio de La Atencioón Farmacêutica – McGraw-Hill. Interamericana
4.6.4. Folhetos educativos, diário de sintomas da asma, medida do pico de fluxo expiratório (PFE)
Considerou-se neste estudo a necessidade de elaboração de um material educativo
para poder promover a interlocução e troca de saberes e experiências. A utilização de material
educativo em procedimentos de educação de pacientes tem contribuído para o aumento do
conhecimento sobre as necessárias mudanças comportamentais no que se refere a cuidados de
saúde.
Nesse sentido, atendendo a alguns princípios básicos estabelecidos na literatura,
como: exatidão científica das informações, imparcialidade dos conteúdos, apresentação das
45
informações de forma inteligível, legível, oportuna, atualizada e útil, elaboraram-se alguns
materiais educativos como produtos desta dissertação. (CASTRO, 2004).
Para o acompanhamento da efetividade da orientação farmacêutica foi utilizado um
diário de sintomas, validado por Campos (2004) e adaptado para este estudo, sendo entregue
ao paciente por ocasião da segunda visita com o farmacêutico-pesquisador. Nesta consulta
foram também distribuídos dois folhetos educativos ilustrados: o Guia de Orientação à Pessoa
Asmática (APÊNDICE D), constando informações, tais como: o que é asma, os sintomas, a
fisiopatologia, causas da doença, fatores desencadeantes, importância da adesão ao tratamento
e orientações de como proceder durante uma crise (exacerbação), como também folhetos com
orientações de como utilizar os dispositivos inalatórios (APÊNDICE E).
Por ocasião da entrega do material educativo foi feita uma abordagem ao paciente,
explicando detalhadamente o conteúdo dos folhetos, para que não ficassem dúvidas quanto à
leitura e entendimento deste material. Este folheto foi elaborado numa linguagem acessível à
compreensão do paciente, com figuras ilustrativas e coloridas.
Nesta segunda consulta também foi entregue ao paciente o formulário de Registro
Diário de Sintomas (APÊNDICE F), que tinha por objetivo avaliar o desfecho primário
estabelecido no estudo, que era a o controle dos sintomas da asma a partir da orientação do
farmacêutico. Neste diário de sintomas era feito um registro simples, durante um mês, no qual
o paciente anotava a ausência ou presença de sintomas, no período diurno e noturno, bem
como a quantidades de vezes que usava o broncodilatador de alívio. As medidas do PFE
foram realizadas no domicilio, pelo próprio paciente, utilizando o aparelho para medição do
PFE, modelo ASSESS - Peak Flow Meter (60-880L/min.) (ANEXO A). Cada paciente foi
treinado individualmente pelo pesquisador na realização da medida. O maior valor obtido em
três manobras foi considerado para análise.
A medida do PFE ou “Peak Flow” é o fluxo máximo alcançado durante manobras
expiratória forçadas, partindo do volume pulmonar máximo (capacidade pulmonar total),
permite avaliar a intensidade da dificuldade na saída do ar dos pulmões, ou seja, o grau de
obstrução dos brônquios e bronquíolos naquele momento (II CONSENSO, 1999). Esta
medida faz parte de um dos indicadores quantitativos de controle do paciente com a asma.
O PFE é importante para o diagnóstico, monitorização e controle da asma. A
variação diurna do PFE pode ser utilizada para se documentar a obstrução do fluxo aéreo. São
indicativos de asma: aumento de pelo menos 15% no PFE, após inalação de um
broncodilatador ou em curso oral de corticosteróide; variação diurna no PFE maior que 20%
46
(diferença entre a maior e a menor medida do período) considerando medidas feitas pela
manhã e à tarde, ao longo de um período de duas a três semanas. (DIRETRIZES, 2006).
4.6.5 Avaliação da qualidade de vida
A qualidade de vida foi definida como “a percepção do individuo sobre a sua posição
na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a
seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (FLECK et al., 2000). E esta concepção
embasou o presente estudo onde a qualidade de vida foi avaliada através de um instrumento
especifico para asma: AQLQ (Asthma Quality of Life Questionnaire), elaborado pela profª.
Elizabeth F. Juniper (Departamento de Epidemiologia Clinica e Bioestatística da Faculdade
de Ciências da Saúde da Universidade de McMaster, Ontário, Canadá). Este questionário
(ANEXO B) foi traduzido por especialistas para mais de trinta línguas (incluindo o
português), consta uma seqüência de 32 itens em quatro domínios: sintomas (11 itens, função
emocional (5 itens), estímulo ambiental (4 itens) e limitação de atividades (12 itens),
desenvolvidas para avaliar os danos funcionais, que são os mais importantes para paciente
adulto (17-70 anos) com asma. Aos pacientes era perguntado como eles haviam estado
durante as duas últimas semanas com relação à asma. Cada pergunta apresenta sete opções de
resposta, onde 1 representa muitíssimo ou sempre, 7, nenhum ou nunca e a escala de 2 a 6
constituí graduações intermediárias. (JUNIPER, et al., 1994, TELLES FILHO, 2007).
O instrumento específico de medida da qualidade de vida na asma (AQLQ) foi
aplicado na primeira entrevista do paciente com o farmacêutico-pesquisador, sendo o mesmo
questionário aplicado novamente na terceira visita após o acompanhamento
farmacoterapeutico e as intervenções farmacêuticas. A análise dos resultados foi realizada
pela diferença da soma das médias dos quatro domínios (dos dois questionários), segundo é
descrito em Juniper et al. (1994). Tendo sido, dessa forma, o paciente é controle dele mesmo.
4.6.6 Análise da satisfação do paciente asmático com relação ao farmacêutico - pesquisador e
ao serviço de atenção farmacêutica prestado
A satisfação do paciente foi conceituada como uma avaliação pessoal dos serviços de
atenção à saúde, como a AF e dos provedores dos cuidados (HERNANDEZ et al., 2000). A
satisfação dos pacientes asmáticos é um método de análise que ressalta os serviços de atenção
à saúde, em que o farmacêutico pesquisador e a AF podem ser avaliados por instrumento
47
específico. Para tanto foi utilizado um instrumento estruturado e validado na língua inglesa a
partir da literatura, validado por Lyra Jr, 2005, composto de duas dimensões (competência e
interesse do farmacêutico-pesquisador, e o manejo da farmacoterapia) e formado por uma
escala composta por cinco alternativas (sempre=5, quase sempre=4, às vezes=3, quase
nunca=2, nunca=1) (LARSON, ROVERS, MACKEIGAN, 2002). Também foram incluídas
duas perguntas abertas para permitir maior compreensão da percepção do paciente asmático e
o significado do farmacêutico-pesquisador e do programa de AF na sua saúde (ANEXO C).
As respostas foram transcritas, tendo o cuidado de usar as palavras dos próprios pacientes.
Quadro 5 - Procedimentos realizados para o seguimento e intervenções farmacoterapêuticas dos pacientes
durante o estudo
Primeiro encontro
1. Orientação sobre a finalidade do estudo
2. Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
3. Aplicação do questionário para caracterização do perfil farmacoepidemiológico.
4. Orientação sobre o uso dos medicamentos inalatórios
5. Intervenção farmacêutica, quando necessária
6. Aplicação do questionário de qualidade de vida específico para asma
7. Agendamento do próximo encontro
Segundo encontro
1. Entrega do formulário do Diário de Sintomas da Asma e do aparelho de medida do Pico de
Fluxo Expiratório (PFE)
2. Orientação no preenchimento do Diário de Sintomas da Asma e na utilização do PFE
3. Distribuição das cartilhas educativas: sobre a asma e de orientação do uso dos dispositivos
inalatórios
4. Monitorização da farmacoterapia e intervenção farmacêutica quando necessária
5. Agendamento do novo encontro após 1 mês
Terceiro encontro
1. Recebimento do diário de sintomas da asma
2. Monitorização da farmacoterapia
3. Aplicação do questionário de qualidade de vida específico da asma.
4. Aplicação do questionário de satisfação do paciente com relação ao farmacêutico
pesquisador e ao programa de atenção farmacêutica
4.7 Variáveis envolvidas no estudo
As variáveis envolvidas no estudo foram: idade, sexo, estado civil, co-habitação,
escolaridade, ocupação, renda familiar, número de co-morbidades, tempo de diagnóstico,
antecedentes familiares, hábitos de vida (tabagismo, etilísmo, atividades físicas), número de
48
medicamentos por pacientes, número de PRM identificados, resolvidos e prevenidos, tipos de
PRM, intervenções farmacêuticas realizadas, pico de fluxo expiratório, sintomas da asma
medidas de qualidade de vida, medidas de satisfação do paciente.
4.8 Análise estatística
A análise dos resultados foi realizada após o processamento dos dados usando o
programa Statistic Package for Social Sciences (SPSS) versão 11.0 e incluiu os seguintes
procedimentos:
de acordo com o estudo das variáveis, os dados foram analisados de modo
descritivo, apresentado por meio de tabelas e/ou gráficos.
para os resultados humanísticos referentes à qualidade de vida foi realizado o
teste Zolmogorov-Simirnov Z para verificar a normalidade dos escores antes e
depois, conforme se verificou pelos valores de p, os escores antes e depois
seguem uma distribuição normal, portanto, as médias foram comparadas pelo
teste t de Student para dados emparelhados.
o nível de rejeição da hipótese nula foi fixado em cinco por cento (0,05). Todos
os valores médios descritos vêm seguidos do respectivo desvio padrão (DP).
4.9 Aspectos éticos
Este estudo foi projetado de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras
de pesquisas envolvendo seres humanos (Portaria do Conselho Nacional de Saúde - CNS,
Resolução nº 196/96).
O protocolo de pesquisa foi submetido à aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, após concordância do
responsável pela instituição onde foi desenvolvido este projeto (ANEXO D).
Os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido após
explicação dos objetivos da pesquisa.
5 RESULTADOS
5.1 Avaliação dos indicadores de estrutura e processo para o desenvolvimento do serviço
de atenção farmacêutica
Enquanto serviço de saúde, a AF precisa de condições mínimas de estrutura para ser
realizada. A estrutura envolve as características estáveis de tais serviços, como recursos
humanos, instalações e equipamentos.
No que tange aos recursos humanos, na farmácia do ambulatório do Hospital de
Messejana havia um farmacêutico (carga horária de vinte horas semanais) e duas auxiliares de
farmácia (carga horária quarenta horas semanais). Quanto às instalações, possui um ambiente
privativo (consultório), ao lado da farmácia de dispensação, com mesa, cadeiras e armário, o
qual não era utilizado pelo farmacêutico. A dispensação era realizada por meio de uma janela
envidraçada, sem contato direto entre o farmacêutico e o paciente. (Fig. 2).
FIGURA 2 – Farmácia de dispensação e consultório farmacêutico do Ambulatório do
Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Maio, 2007.
A primeira providência tomada para a execução deste estudo foi solicitar a
disponibilização da sala, anexa a farmácia, para se poder realizar a prática farmacêutica
individualizada de orientação farmacêutica. A ocupação do consultório facilitou o
aprofundamento da interação com os pacientes e a construção das relações terapêuticas.
Embora já existisse uma infra-estrutura mínima, foram necessárias algumas ações para que se
pudesse iniciar o serviço de atenção farmacêutica, tais como: recrutamento de dois estagiários
voluntários do Curso de Farmácia para ajudar na captação dos pacientes para a pesquisa; a
garantia dos medicamentos durante todo o período da pesquisa (corticosteróides inalatórios e
50
broncodilatadores), a organização do cadastramento dos pacientes no Programa da Asma
(elaboração de formulários, fluxograma do processo, treinamento do pessoal de apoio e
divulgação da pesquisa aos médicos e enfermeiros).
FIGURA 3 Espaço interno da farmácia ambulatorial do Hospital de
Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Maio, 2007.
5.2 Características demográficas e socioeconômicas, hábitos de vida, indicadores de
saúde e sintomas de asma da população em estudo.
Os resultados descritos a seguir representam as características demográficas do grupo
em estudo, quanto ao sexo, idade, estado civil, moradia, escolaridade, renda. (Tabela 1). A
média de idade, do grupo em estudo, foi de 46,13 ± 11,9 anos, com uma predominância do
sexo feminino (80,0%) em relação ao masculino (20,0%). Quanto ao estado civil, a maioria
dos entrevistados era casada ou vivia em união consensual (63,3%). Os dados também
demonstram que 20% eram solteiros(as), os demais foram divididos em separados(as) ou
divorciados(as) 13,3% e viúvo(a) 3,3%. No que concerne à avaliação antropométrica, o grupo
de estudo possui um Índice de Massa Corpórea (IMC), em média, de 25,5 ±
4,0, classificado
pela OMS, 1997, como excesso de peso.
Em relação à escolaridade, o estudo mostrou que 43,4% dos pacientes não
terminaram o ensino fundamental, já 30,0% possuiam o ensino médio completo e 16,7%, o
ensino médio incompleto. A maioria dos participantes do estudo (80,0%) co-habitavam com
esposo(a) e/ou filho(as). E quanto à ocupação, 30,0% eram aposentados/pensionistas,
enquanto 23,3% trabalhavam em empresa privada e 16,7% eram desempregados. Quanto às
características socioeconômicas, a renda média familiar do grupo de estudo foi de R$ 702,00
± 470, 00, ou seja, dois salários- mínimos (valor vigente na época R$ 350,00).
51
Foi observado que a maioria dos pacientes não pratica atividades físicas (76,7%) e
aqueles que praticam (23,3%) preferem a caminhada como principal exercício. Com relação
ao consumo de bebida alcoólica, a maioria relata não fazer uso de tais bebidas (83,3%).
Quanto ao consumo de tabaco, 63,3 % do grupo em estudo destacou nunca ter feito o uso de
cigarro (Tabela 2).
TABELA 1 Distribuição da população de estudo de acordo com as características demográficas e
socioeconômicas
Caracterização sociodemográfica dos pacientes asmáticos %
Sexo
Masculino 6 20,0
Feminino 24 80,0
Idade(anos)
15-25 2 6,6
26-35 5 16,6
36-45 6 20,0
46-55 9 30,0
56-65 8 26,8
ÍMC (kg/m
2
)
< 24,9 13 43,3
25 – 29,9 12 40,0
30 – 34,9 5 16,7
Estado Civil
Casado (a) ou união consensual 19 63,3
Solteiro (a) 6 20,0
Viúvo (a) 1 3,3
Separado (a)/Divorciado(a) 4 13,3
Escolaridade
Lê/ escreve 2 6,7
Fundamental incompleto 11 36,7
Fundamental completo 3 10,0
Médio incompleto 5 16,7
Médio completo 9 30,0
Moradia
Pais 3 10,0
Esposo (a) 4 13,3
Sozinho (a) 1 3,3
Esposo (a) filhos (as) 14 46,7
Filho (a) 6 20,0
Outra pessoa 2 6,7
Ocupação
Desempregado 5 16,7
Aposentado/pensionitsa 9 30,0
Funcionário Público 1 3,3
Empregada doméstica 1 3,3
Funcionário empresa privada 7 23,3
Estudante 1 3,3
Outros 6 20,0
Renda Familiar
Ate 2 salários- mínimos * 19 63,3
De 2 a 8 salários-mínimos 11 36,7
* valor vigente Cr$ 350,00
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a
maio 2007.
52
TABELA 2 - Distribuição da população de estudo, segundo hábitos de vida
Hábitos Sociais %
Atividade Física *
Não pratica 23 76,7
Menos de três vezes por semana 1 3,3
Três ou mais vezes por semana 6 20,0
*Tipo de atividade física - caminhada
Consumo de tabaco
Ex-fumante 11 36,7
Nunca fumou 19 63,3
Consumo de bebida alcoólica
Sim, com freqüência 1 3,3
Moderadamente 4 13,3
Não
25 83,3
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Albeto Studart Gomes, agosto de 2006 a maio 2007.
Com relação aos indicadores de saúde, foram observados os resultados referentes,
co-morbidades, antecedentes familiares, número de hospitalização nos últimos seis meses e
tempo de diagnóstico da asma. (Tabela 3).
Cerca de 43,3% dos pacientes asmáticos apresentavam uma co-morbidade. As
doenças mais apresentadas foram: rinite (26,6%) e distúrbio cardiovascular (23,3%). Quanto
aos aspectos de hereditariedade, 13,3% relataram possuir filhos com asma, quanto aos
antecedentes familiares, 16,7% informaram que a mãe tinha asma; e 3,3% referiram que a avó
era portadora da doença. A maioria dos pacientes asmáticos do estudo apresentou um tempo
de diagnóstico da asma superior a dez anos (76,5%) e, dentre estes, 16,6% relataram ter asma
há mais de mais de quarenta anos. Quanto ao número de internações, 80,0% dos pacientes não
estiveram hospitalizados nos últimos seis meses.
TABELA 3Distribuição da população de estudo, segundo indicadores de saúde
Indicadores de Saúde %
Co-morbidade
Sim 13 43,3
Não 17 56,7
Tipos co-morbidade
Distúrbio cardiovascular 7 23,3
Rinite 8 26,6
Diabete 2 6,6
Reumatológico 3 10,0
Psiquiátrico 1 3,3
Antecedentes/descendentes
Mãe 5 16,7
Avó 1 3,3
Filho 4 13,3
Irmão 2 6,7
Tempo diagnóstico de asma (anos)
< 10 7 23,3
10 a 20 7 23,3
21 a 30 8 26,6
31 a 40 3 10,0
> 40 5 16,6
53
Indicadores de Saúde %
Hospitalizado últimos seis meses por asma
Nenhuma vez 24 80,0
Uma vez 2 6,7
Duas vezes 1 3,3
Três vezes 2 6,7
Cinco vezes 1 3,3
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Agosto de 2006 a maio de 2007.
No que tange aos indicadores de asma nos últimos seis meses, foram avaliados os
resultados referentes a sintomas da asma, faltas ao trabalho/escola, sintomas de asma após
atividade física, despertar noturno devido aos sintomas da asma e o uso de broncodilatadores
de curta duração (Tabela 4).
A freqüência dos sintomas da asma (nos últimos seis meses), antes da pesquisa,
mostra que 36,7% apresentavam sintomas contínuos, entretanto, o percentual de pacientes que
apresentava sintomas menor ou igual a duas vezes por semana e mais de duas vezes por
semana foi igual a 30,0%. Por sua vez, quanto à falta ao trabalho/escola, os resultados
mostram que 53,3% dos pacientes estudados não trabalham/não estudam e que 20,0% tiveram
algumas faltas.
TABELA 4 – Indicadores de asma, nos últimos seis meses, dos pacientes em estudo
Indicadores de asma nos últimos seis meses %
Sintomas asma
Menor ou igual a duas vezes por semana 9 30,0
Mais de duas vezes por semana 9 30,0
Sintomas contínuos 11 36,7
Não soube informar 1 3,3
Falta ao trabalho/escola
Uma falta ocasional 4 13,3
Algumas faltas 6 20,0
Faltas freqüentes 3 10,0
Não estuda/ não trabalha 16 53,3
Sintomas de asma nos últimos seis meses após atividade física
Não apresentou sintomas 5 16,7
Apresentou após correrem 7 23,3
Subir escada 9 30,0
Andar no plano 3 10,0
Quantas vezes acordaram à noite cansados ou com tosse/ chiado nos
últimos seis meses
Até duas vezes ao mês 5 16,7
Mais de duas vezes ao mês e menos de duas vezes por semana 10 33,3
Três ou mais vezes por semana 13 43,3
Usou bombinha alívio nos últimos seis meses
Não usou 4 13,3
Menos de duas vezes por semana 5 16,7
Mais de duas vezes por semana, menos de duas vezes ao dia 5 16,7
Duas ou mais vezes ao dia 16 53,3
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a maio, 2007.
54
Com relação a sintomas da asma após atividade física, a maioria (30,0%) informou
que apresentou sintomas após subir escada, enquanto 23,3% apresentaram sintomas após
correr (andar mais apressado), 16,0% não apresentaram sintomas e 10% têm sintomas
andando no plano. A maioria dos pacientes asmáticos apresentou tosse contínua (40,0%),
sendo que apenas 10,0% dos pacientes não apresentaram sintomas da asma e 30,0% da
população em estudo apresentou sintomas leves da asma. Em se tratando do despertar
noturno, devido à asma nos últimos seis meses, 43,3% responderam que acordavam três ou
mais vezes por semana; 33.3% mais de duas vezes ao mês e menos de duas vezes semana
devido aos sintomas de asma.
No que se refere ao uso de medicamento de alívio (agonista β adrenérgico de curta
ação), 53,3% dos pacientes informaram que utilizaram nos últimos seis meses mais de duas
vezes por dias para alívio dos sintomas da asma.
5.3 Caracterização do levantamento farmacoterapêutico
Com relação à anamnese farmacológica, foram observados os resultados referentes
ao: número de medicamentos utilizados pelos pacientes, número de medicamentos prescritos
para asma, se o paciente recebeu orientação médica de como utilizar o medicamento, se
conseguia ler a receita, se tinha conhecimento do porquê de estar utilizando aquele
medicamento, que fontes de informação utilizavam para administrar o medicamento, a adesão
ao tratamento e quais as dificuldades encontradas concernentes ao uso do medicamento
(Tabela 5).
No que se refere ao número de medicamentos consumidos, em média, por paciente/dia,
o estudo revelou que 36,7% dos pacientes usavam dois medicamentos/dia, seguidos de 16,7%
utilizando três medicamentos. Foi observado ainda que 70% dos pacientes empregavam duas
especialidades farmacêuticas para asma: corticosteróide e broncodilatador de curta ação ambos
por via inalatória. (o número de medicamentos prescritos variou de 1 a 12).
Cerca de 86,7% dos pacientes receberam orientação médica de como utilizar o
medicamento; 70,0% conseguem ler a receita e 96,7% desses pacientes têm conhecimento do
porquê de estarem tomando o medicamento. Quanto à fonte de informação sobre os
medicamentos que fazem uso, 56,0% dos pacientes responderam que recebem orientação do
médico/enfermeiro/farmacêutico, sendo que 40,0% buscam informação na receita médica,
30%, na bula e 23% pedem ajuda a parente/amigo.
55
No que se refere à adesão ao tratamento, 56,7% revelaram que algumas vezes
deixaram de utilizar o medicamento (prescrito pelo médico) para asma.
FIGURA 5 Intervenção farmacêutica educativa sobre a asma.
Ambulatório do Hospital Carlos Alberto Studart Gomes.
Abril, 2007.
Com relação às dificuldades encontradas no uso dos medicamentos, 36,6% dos
pacientes informaram que sua principal dificuldade é adquirir o medicamento. Por sua vez,
30% disseram não possuir dificuldade, contudo, cerca de 17,0% dos pacientes asmáticos
relataram não saber usar os dispositivos inalatórios. Em torno de 13,0% dos pacientes referem
ter dificuldade em lembrar de tomar o medicamento e algumas vezes evita usá-los dados os
efeitos colaterais que eles sentem ao utilizar o medicamento (13,3%).
TABELA 5 – Levantamento farmacoterapêutico dos pacientes do estudo
Nº %
Nº de medicamentos utilizados diariamente
2 11 36,6
4 a 12 10 33,4
3 6 20,0
1 3 10,0
Número de medicamentos utilizados para asma
2 21 70,0
3 a 4 05 16,7
1 4 13,3
Recebe orientação médica de como utilizar o medicamento?
Sim 26 86,7
Não 4 13,3
Consegue ler a receita
Sim 21 70,0
Não 9 30,0
Sabe por que está tomando o medicamento
Sim 29 96,7
Não 1 3,3
Fonte de informação sobre o medicamento*
Orientação medico/enfermeiro/farmacêutico 17 56,0
A receita 12 40,0
A bula 9 30,0
Parente/amigo 7 23,0
56
Deixam de usar alguma vez a medicação para asma
Sim 17 56,7
Não 13 43,3
Dificuldade em relação ao uso do medicamento(**)
Adquirir o medicamento 11 36,6
Não tem dificuldade 9 30,0
Não sabe utilizar os dispositivos inalatórios 5 16,6
Efeitos colaterais 4 13,3
Lembrar de tomar 4 13,3
Adaptar-se aos horários 3 10,0
(*) paciente deu mais de uma resposta
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a
maio de 2007.
O estudo mostra ainda que o grupo em estudo utilizou cento e trinta e quatro
especialidades farmacêuticas, distribuídas em vinte e quatro classes farmacológicas, e que todos
os pacientes faziam uso de corticosteróides inalatórios, seguidos dos agonistas β adrenérgicos
curta ação (86,7%), agonistas β adrenérgicos de longa ação + corticosteróides inalatórios
(36,6%). Já os antihipertensivos corresponderam a 33,4%, seguidos ainda da classe dos
corticóides sistêmicos (26,7%) analgésicos e diuréticos (20,0%). Outros antiasmáticos
corresponderam a 16,7% (exemplo: metilxantinas, anticolinérgicos associado com agonistas β
adrenérgicos de curta e longa ação). Os antiulcerosos e vasodilatadores representaram 13,4%, os
antidepressivos, ansioliticos, e antiagregantes plaquetários corresponderam cada a 10,0%,
seguidos dos redutores do colesterol, hipoglicemiantes, suplemento de cálcio e contraceptivos
hormonais, com 6,7%, dentre os mais citados (Tabela 6).
TABELA 6 - Distribuição das classes farmacológicas mais freqüentes durante o estudo
Distribuição das classes farmacológicas mais freqüentes %
Corticosteróides inalatórios 30 100,0
Agonistas β adrenérgicos de curta ação
26 86,7
Agonistas β adrenérgicos de longa ação + corticosteróides inalatórios
11 36,6
Antihipertensivos 0 33,4
Corticosteróides sistêmicos 8 26,7
Analgésicos 6 20,0
Diuréticos 6 20,0
Outros antiasmáticos 5 16,7
Antiulcerosos 4 13,4
Vasodilatadores 4 13,4
Antidepressivos 3 10,0
Ansiolíticos 3 10,0
Antiagregante plaquetário 3 10,0
Redutores do colesterol 2 6,7
Hipoglicemiantes 2 6,7
Suplemento de cálcio 2 6,7
Contraceptivos hormonais 2 6,7
Outros 4 13,4
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Agosto de 2006 a maio, 2007.
57
5.4 Materiais educativos
Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram elaboradas três materiais educativos,
para auxiliar na educação do paciente durante a prática diária no manejo da asma: Guia de
Orientação à Pessoa Asmática, constando informações sobre a patologia, e dois folhetos com
orientações de como utilizar os dispositivos inalatórios. O texto foi construído a partir de
informações de diversos, artigos, manuais, protocolos de sociedades médicas, bem como das
orientações presentes em bulas e materiais educativos produzidos pelo próprio fabricante.
Foram também consultados diversos documentos disponíveis em sites na Internet.
Após a revisão do material educativo, realizada por alguns pneumologistas e outros
profissionais envolvidos no tratamento dos pacientes asmáticos, esse foi entregue aos
pacientes, que participaram da pesquisa durante a segunda entrevista com o farmacêutico
pesquisador. (APÊNDICE E e F).
5.5 Diário de sintomas da asma
FIGURA 4 – Orientação no manejo do aparelho de Pico de Fluxo Expiratório no
Ambulatório do Hospital Carlos Alberto Studart Gomes
A Tabela 7 apresenta os dados obtidos a partir do registro de sintomas da asma e
freqüência no uso do broncodilatador de curta ação, realizados pelo paciente durante um mês.
Os resultados do diário de sintomas mostraram que 66,6% dos pacientes não tiveram sintomas
noturnos de asma e 56,6% não apresentaram sintomas diurnos. Em relação ao uso de
medicamento de alívio (broncodilatador de curta ação) durante a noite, 56,6% não utilizaram,
como também 56,6% dos pacientes do grupo de estudo informaram não ter utilizado o
broncodilatador de alívio durante o dia. Em relação ao uso de outros medicamentos para o
58
controle dos sintomas da asma, 83,4% dos pacientes comunicaram que não foi necessário usar
outro antiasmático além do que já estava sendo utilizado.
TABELA 7 – Indicadores de controle dos sintomas da asma dos pacientes em estudo
Sintomas noturnos %
Sem sintomas 20 66,6
Acordou l vez 07 23,4
Acordou mais de l vez 03 10,0
Uso de broncodilatador à noite
Não usou 17 56,6
Usou diariamente 08 26,7
Mais de 2 vezes/mês 05 16,7
Sintomas diurnos
Sem sintomas 17 56,6
Sintomas pouco intensos 11 36,7
Sintomas incomodaram ou prejudicaram atividades 02 6,7
Uso de broncodilatador durante dia
Não usou 17 56,6
Usou diariamente 09 30,0
Mais de 3 vezes/mês 04 13,4
Uso de outro medicamento para asma
Não usou 25 83,4
Mais de 1 vez/mês 05 16,6
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a maio de 2007.
No que concerne à medida diurna do PFE, na primeira quinzena, a média obtida
pelos pacientes do estudo foi de 277,5 (± 99,0) l/s e, na segunda quinzena, foi de 277,3 (±
97,5) l/s, sem diferença estatisticamente significativa entre a primeira e segunda quinzena
(teste t de Student, p= 0,175). Com relação à medida noturna do PFE, na primeira quinzena, a
média obtida pelo grupo foi de 284,2(±102,4) l/s e, na segunda quinzena, foi de 754,3(±272,1)
l/s, o que mostra que houve uma diferença estatisticamente significativa (teste t de Student, p=
0,000) do PFE noturno do grupo de estudo na segunda quinzena, comparada com a primeira
quinzena. (Tabela 8)
TABELA 8 - Comparação das médias do Pico de Fluxo Expiratório, diurno e noturno, na primeira quinzena x
média do Pico de Fluxo Expiratório, diurno e noturno, na segunda quinzena
PFE diurno PFE noturno
1ª quinzena 2ª quinzena p 1ª quinzena 2ª quinzena p
277,5
(±99,0)
277,3
(±97,5)
0,175 284,2
(±102,4)
754,3
(±272,1)
0,000*
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Agosto de 2006 a maio de 2007
5.6 Influência do serviço de atenção farmacêutica nos resultados clínicos dos pacientes
asmáticos
Durante o acompanhamento farmacoterapêutico da população estudada, foram
identificados 64 PRM, numa média de 1,8 ± 1,2 PRM por paciente, obedecendo à
categorização de Cipolle et al., 1998 (Tabelas 9 e 10).
59
TABELA 9 - Total de PRM identificados no grupo de pacientes do estudo, conforme classificação de Cipolle,
Strand, Morley (1998)
Necessidades relacionadas com
medicamentos
Tipo de problema relacionado
com o medicamento
N
Cumprimento PRM 7 20
Segurança PRM 5 16
Indicação PRM 2 9
Indicação PRM 1 8
Efetividade PRM 3 4
Efetividade PRM 4 4
Segurança PRM 6 3
Total 64
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
TABELA 10 - Distribuição do número de pacientes, segundo o número de PRM
Nº PRM
Nº paciente %
1 11 36,7
3 8 26,6
2 7 23,3
Nenhum 3 10,0
5 1 3,4
Total 30 100,0
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
A Figura 6 apresenta que, no estudo, houve maior incidência de PRM 7
(cumprimento), que correspondeu a 31,0%, ante os PRMs 5 e 6 (segurança), que
representaram 30,0%. O estudo apontou ainda uma incidência de 27,0% de PRM 1 e 2
(indicação), seguida do valor percentual de 12% dos PRM 3 e 4 ( efetividade)
PRM 1
13%
PRM 2
14%
PRM 3
6%
PRM 4
6%
PRM 5
25%
PRM 6
5%
PRM 7
31%
FIGURA 6 – Distribuição da incidência dos tipos de PRM dos pacientes do
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos
Alberto Studart Gomes. Foram identificados 64 PRMs durante o
acompanhamento farmacoterapêutico, no período de agosto de
2006 a maio de 2007.
Dentre as principais causas de PRM 1 e 2 (indicação), pode-se citar a dupla terapia,
ou seja, o paciente fazia uso de dois fármacos da mesma classe terapêutica, ex: dois
broncodilatadores - formoterol / budesonida e teofilina / efedrina, simultaneamente. Pode-se
60
mencionar ainda o uso de dois antiagregantes plaquetários – ticlopidina e ácido
acetilsalicílico, usados ao mesmo tempo pelo paciente. Outro exemplo de PRM de indicação:
o paciente possui uma patologia além da asma que não era tratada: ex: a rinite, gastrite e
insuficiência cardíaca.
Quanto aos PRMs 3 e 4 (efetividade), o grupo em estudo apresentou uma
incidência de 12,0%, ou seja, os pacientes utilizavam o medicamento com uma freqüência
inapropriada, não obedecendo às orientações da prescrição médica, como também o
medicamento não estava sendo efetivo, uma vez que os sintomas da asma persistiam e não
foram sequer amenizados.
Com relação aos PRMs 5 e 6 (segurança), os mais comuns identificados foram PRM
5 (25,0%), onde o paciente fazia uso de medicamento contra-indicado para o asmático (ex:
ácido acetilsalicílico e propranolol) ou apresentava reação adversa, como a tosse no uso de
captopril, como também o uso de doses altas de broncodilatador ao dia (PRM 6).
A maior incidência foi relacionada ao PRM 7 (cumprimento ou adesão) que
correspondeu a 31,0%.
As intervenções farmacêuticas para resolução dos PRMs foram principalmente:
orientação para não utilizar os medicamentos contra-indicados para os asmáticos (ex: AAs e
propranolol), neste caso, os pacientes faziam uso de fármacos que são contra-indicados para
o asmático. Nestes casos, o paciente era orientado a procurar o médico, que havia prescrito
o medicamento, e informar a sua condição de paciente asmático. Outra intervenção
realizada pelo farmacêutico-pesquisador consistiu na orientação para que o paciente
suspendesse o medicamento, no caso, a prometazina, uma vez que este fármaco não tem
indicação para o tratamento da rinite. Outra intervenção farmacêutica realizada foi a
orientação ao paciente o quanto é importante, para o controle dos sintomas da asma, a
adesão ao tratamento, ou seja, ele deverá sempre observar os intervalos e as doses
recomendadas pelo médico
Uma das mais importantes intervenções farmacêuticas realizadas neste estudo foi a
orientação quanto à técnica correta no uso dos dispositivos inalatórios. (Figura 7). Outras
intervenções realizadas foram a de que os pacientes seguissem recomendações
complementares, como a suspensão do medicamento (teofilina + efedrina), por duplicidade de
terapia já que fazia uso de um broncodilatador (formoterol), como também o alerta sobre os
riscos da prática da automedicação.
61
FIGURA 7 - Intervenção farmacêutica educativa na utilização dos
dispositivos inalatórios dos pacientes do Ambulatório de
Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos
Alberto Studart Gomes. Agosto de 2006 a maio de 2007.
5.7 A Influência do serviço de atenção farmacêutica, nos resultados humanísticos dos
pacientes asmáticos.
O questionário de qualidade de vida (AQLQ) foi aplicado antes e depois da prestação
dos serviços de atenção farmacêutica. Os valores expressaram a média e desvio padrão dos
escores obtidos pelos pacientes. As comparações da média e desvio padrão foram feitas
usando teste t de Student, estando os valores de t e p também expressos na Tabela 11. Após a
análise estatística, o resultado dos quatro domínios (sintomas, limitações de atividades,
funções emocionais e estímulos ambientais) foi estatisticamente significativo (p<0,05).
TABELA 11 Distribuição da população de estudo, segundo a medida de qualidade de vida, avaliada pelo
instrumento específico AQLQ Asthma Quality of Life Questionnair
Valores
Domínios
Antes
Média ± DP
Depois
Média ± DP
t p
Sintomas 3,77 ±1,74 5,28 ±1,56 -4,962 0,000*
Limitação de atividades 4,14±1,25 5,37 ±1,27 -5,338 0,000*
Funções emocionais 3,75±2,58 5,42±1,77 -3,380 0,002*
Estímulos ambientais 2,70±1,90 5,26±1,69 -7,491 0,000*
Total 3,76±1,46 5,36±1,33 -6,140 0,000*
DP = desvio padrão
*p <0,05
t = teste de Student
O questionário AQLQ foi aplicado antes e depois da prestação dos serviços de atenção farmacêutica, no
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a
maio de 2007.
62
5.8 Análise da satisfação dos pacientes asmáticos com relação ao farmacêutico-
pesquisador e ao programa de AF
O questionário de avaliação dos serviços farmacêuticos prestados pelo farmacêutico-
pesquisador foi aplicado no final do acompanhamento farmacoterapêutico. A Tabela 12
mostra os resultados da satisfação do grupo de estudo com relação ao farmacêutico-
pesquisador. Em todos os domínios, a satisfação do paciente com o farmacêutico-pesquisador
e com o programa apresentou altos escores.
No domínio da qualidade da orientação (questões 3, 4, 6 e 11), a maioria dos
pacientes considerou que o farmacêutico-pesquisador “sempre” aconselhou sobre o uso
adequado dos medicamentos. Para tornar as orientações mais acessíveis e facilitar a
compreensão dos pacientes, foram empregadas diversas estratégias e habilidades de
comunicação (visual, verbal, não verbal, escrita e tátil). As percepções das estratégias foram
espontaneamente relatadas pelos pacientes:
Escuta e confiabilidade: “Eu tenho a farmacêutica como um orientador, que ajuda
no acompanhamento do uso do medicamento, eu venho com dúvidas que é esclarecida, ela
passa tranqüilidade para mim”. (MRN, mulher, 26 anos);
Escuta ativa e demonstração de interesse: “A farmacêutica para mim é como uma
segunda mãe pois se interessou por mim, pergunta como eu estou, ligou para minha casa
para saber como eu estava, se tomei o remédio” (JVPT, homem, 43 anos);
Empatia e uso adequado de termos ao nível de entendimento: “Se todos os
profissionais fossem iguais a senhora seria ótimo, sabe explicar, sabe se expressar, é sem
defeito, parece mais uma psicóloga, parece que eu estava na seção de psicologia”. (VLTP,
mulher, 53 anos);
Oferecimento de informação escrita e demonstração de interesse “Eu não entendia
bem como usar os medicamentos, recebi os folhetos explicando sobre a doença e como tomar
o remédio, e como eu estou praticando, a minha asma melhorou, a farmacêutica representou
muito para mim”. (MIMP, mulher, 50 anos).
Na questão 11, apenas 10% dos pacientes relataram dificuldade de entender as
orientações do farmacêutico-orientador, talvez pela baixa escolaridade, características do
nível sociocultural e da faixa etária.
63
TABELA 12 – Distribuição do número de pacientes, segundo a avaliação da satisfação dos cuidados prestados
pelo farmacêutico, no programa de Atenção Farmacêutica
Itens Nº %
1. O farmacêutico fica com o(a) sr(a) tanto tempo quanto necessário 29 96,7
2. O farmacêutico explica os possíveis efeitos colaterais que um novo medicamento
pode causar ao(a) sr(a)
29
96,7
3. Se o(a) sr(a) tem alguma dúvida sobre sua prescrição, existe sempre um farmacêutico
disponível para lhe orientar
30
100,0
4. O farmacêutico sabe explicar as coisas de um modo que o(a) sr(a) entenda 29 96,7
5. O farmacêutico não é tão detalhista quanto poderia ser 0 0,0
6. O farmacêutico confirma se o(a) sr(a) entendeu como tomar os medicamentos? 30 100,0
7. O farmacêutico às vezes não fica tempo suficiente com o(a) sr(a)? 2 6,7
8. O farmacêutico é amigável com o(a) sr(a)? 30 100,0
9. O farmacêutico é um profissional competente? 30 100,0
10. O(a) sr(a) tem que esperar muito tempo antes que consiga ser atendido pelo
farmacêutico?
2
6,7
11. O(a) sr(a) tem dificuldade de entender o farmacêutico? 3 10,0
12. O farmacêutico se interessa sinceramente pelo sr(a), como pessoa? 30 100,0
13. Há muitas distrações (na sala de AF) que fazem com que o sr(a) não receba um bom
atendimento?
0
0,0
14. O(a) sr(a) está satisfeito com o atendimento que está recebendo do farmacêutico? 30 100,0
O questionário de avaliação dos serviços farmacêuticos prestados foi aplicado no final do acompanhamento
farmacoterapêutico, realizado no Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto
Studart Gomes, agosto de 2006 a maio de 2007.
Com relação ao domínio de consideração com o paciente (questões 1,7,8,10 e 12), os
pacientes afirmaram que o farmacêutico-pesquisador foi “sempre” amigável e interessado em
sua melhora clínica e na qualidade de vida. A alta satisfação dos pacientes demonstrou uma
preferência racional, mas também um vínculo emocional com o farmacêutico-pesquisador,
que resultou na construção da relação terapêutica:
“Eu nunca tinha sido atendida igual como fui atendida aqui, nem em consultório
particular, foi a primeira vez. Não é demagogia por estar na sua presença, mas é muito bom,
para a gente que é pobre. Ai meu Deus como é bom! A gente se sente outra pessoa”. (MEOS,
mulher, 65 anos).
Nas questões 1 e 7, a maioria dos pacientes considerou que o tempo com o
farmacêutico, que durou, em média, 59±19,0 minutos, foi suficiente para receber as
orientações adequadas. (Tabela 13)
TABELA 13 - Distribuição do número de pacientes, segundo o tempo dispensado ao paciente durante o
atendimento farmacêutico
Tempo (minutos) Nº pacientes %
15 - 30 3 10,0
40 – 55 9 30,0
60 - 70 13 43,3
75 - 105 5 16,7
Total 30 100,0
Tempo disponibilizado pelo farmacêutico no atendimento aos pacientes, durante a pesquisa no Ambulatório de
Pneumologia do Hospital de Messejana. Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a maio de 2007.
64
Na questão 1, somente 3,3% afirmaram ser necessário passar mais tempo com o
farmacêutico-pesquisador. Outro aspecto abordado no domínio da consideração com o
paciente foi a pontualidade (questão 10). Apenas 6,7% afirmaram ter esperado algum tempo
para ser atendido.
Foi verificado um aumento nas ações do autocuidado, na co-responsabilidade da
saúde e na obtenção de resultados positivos:
“Só em ter conversado com a farmacêutica eu me senti muito bem, melhorei 100%
das minhas crises, estou me sentindo mais forte para fazer as coisas. Eu venho com prazer,
mesmo tendo tarefas em casa, eu deixo tudo para vir à consulta com a farmacêutica”.
(RASB, mulher, 60 anos).
Quanto ao domínio de competência profissional e o manejo da farmacoterapia
(questões 2, 5, 9 e 13), foi observado que o farmacêutico-pesquisador explicou os possíveis
efeitos colaterais que os medicamentos poderiam causar, prevenindo riscos de PRM, e foi
considerado competente por 100% dos pacientes:
“Este programa foi fundamental para mim, tive respostas de como usar a minha
medicação, pois antes eu não sabia usar de forma correta, pois o médico não tem tempo de
explicar como o farmacêutico faz. Eu gostei muito e gostaria que continuasse, inclusive para
outras pessoas, que dependem deste medicamento para viver”. (MRSN, mulher, 44 anos).
Com relação à questão 13, não ocorreram distrações durante a realização da AF,
confirmado por 100% dos pacientes,
Na primeira questão aberta do instrumento, o farmacêutico-pesquisador foi
considerado um profissional comprometido com os cuidados sanitários e que representou
“cuidado”, conforme as narrativas:
“Ela está me ajudando e cuidando de mim muito bem, só a atenção que eu estou
recebendo é tudo”. (MAOS, mulher, 65 anos),
“A farmacêutica está me ajudando muito no meu tratamento [...] agora estou tendo
orientação que antes eu não tinha”. (MCFS, mulher, 56 anos),
“Eu recebi muitas orientações [...] ajudaram a fazer o meu tratamento correto”.
(MIVL, mulher, 53 anos),
“A farmacêutica se mostra preocupada com a nossa saúde” (MBS, mulher, 40 anos),
“Ela sabe orientar, só em se preocupar com a gente, eu ficou muito feliz”. (JPS,
homem, 60 anos);
“Se todo paciente fossem acompanhado pelo farmacêutico, as pessoas se cuidavam
melhor”. (MEM, mulher, 45 anos).
65
Na segunda questão aberta, os pacientes reconheceram a AF importante para o
conhecimento da sua doença e principalmente por saber como tratá-la:
“Me ajudou muito, estou fazendo o tratamento direitinho”. (MEM, mulher, 45 anos),
“Acho que vai me ajudar muito no meu tratamento”. (MFA, mulher, 28 anos);
“Foi bom porque fiquei sabendo sobre a minha doença, como é o tratamento
correto, o que representou uma melhora muito significante da minha doença”. (JAD, mulher,
46 anos);
“Este programa significou tudo de bom, foi proveitoso, fiquei sabendo como é minha
doença e como devo tratá-la”. (JAP, homem, 63 anos),
“O programa foi um céu, passei a respirar melhor, tinha época que não podia nem
andar. Agora, a minha vida está normal, a minha bombinha é o meu pulmão”. (FLMC,
mulher, 46 anos).
“Acho muito importante porque melhorou a minha vida”. (MLHS, mulher, 59 anos).
“Eu aprendi a conviver melhor com a doença”. (FFC, mulher, 43 anos).
6 DISCUSSÃO
6.1 Da estruturação ao serviço de atenção farmacêutica
Fez-se necessário, no inicio do estudo, uma estruturação mínima para o
desenvolvimento da pesquisa. Como não existia um local privativo para atendimento individual
dos pacientes, foi necessária a viabilização deste espaço, o qual foi possível utilizando o
consultório anexo à farmácia (que era utilizado pelo médico), já que se pretende implantar esse
serviço no Ambulatório do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. Também
foi essencial elaborar um programa de computador para o cadastramento e acompanhamento
dos pacientes no programa da asma, como também foram elaborados os formulários para a
realização deste cadastro e formulários de acompanhamento farmacoterapêutico.
As rotinas desenvolvidas na farmácia ambulatorial do Hospital de Messejana Dr.
Carlos Alberto Studart Gomes são procedimentos de controle de estoque, solicitação de
medicamentos à farmácia central e balanço mensal, caracterizando o farmacêutico como um
profissional envolvido em atividades não clínico-humanísticas. A dispensação e orientação
farmacêutica são prejudicadas, pois o farmacêutico não trabalha todos os dias da semana
(somente na segunda e sexta-feira), ficando três dias sem o profissional, enquanto a dispensa
dos medicamentos é realizada nos dois turnos, de segunda a sexta feira. Para a solução
provisória deste problema (até que seja contratado um outro profissional), foi deslocado para
a farmácia do ambulatório um farmacêutico de outro setor para cobrir a escala, possibilitando,
assim, a presença do farmacêutico em todo o horário de funcionamento da farmácia.
Na farmácia, não existiam materiais disponíveis como fontes de informação de
medicamentos (primárias e secundárias). A única fonte terciária de consulta disponível é o
Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF). Apesar de a farmácia dispor de um
computador, o equipamento é subutilizado, além deste não dispor de impressora e nem acesso
à Internet. Tais fatores impossibilitam o acesso às informações atualizadas, disponíveis na
rede, o que dificulta a documentação de um programa de AF.
Desse modo, melhorar as condições de trabalho, reformular as funções do
farmacêutico e dos auxiliares, viabilizar um farmacêutico em tempo integral, alterar os
procedimentos na dispensação, individualizar o atendimento e investir na capacitação clínico-
humanistica dos profissionais poderiam democratizar a informação, racionalizando o acesso
aos medicamentos e contribuindo para o desenvolvimento de uma nova prática.
67
A capacitação de auxiliares constitui uma estratégia relevante para a melhoria da
qualidade de dispensação e promoção do uso racional de medicamentos. (CORRER et al.,
2004). No entanto, o envolvimento com diferentes processos constitui, freqüentemente, uma
barreira à atenção farmacêutica, no que diz respeito ao tempo disponível para os pacientes.
(VAN MILL, 2000).
Faz quase 20 anos que o paradigma SPO (sigla inglesa de estrutura, processo e
resultados), proposto por Donabedian, foi definido como forma de análise da atuação na
atenção médica e, mais recentemente, foi adaptado à atenção farmacêutica (COMITÉ DO
CONSENSO, 2002). Embora nos últimos anos as investigações tenham sido centradas na
estrutura e nos processos de atenção, não houve destaque para o impacto sobre os resultados
na saúde dos pacientes (GARCIA, 2001). Para Donabedian (1990), a atenção à saúde deve ser
sempre analisada por três componentes: o ambiente no qual se desenvolve o processo da
atenção, o manejo das relações interpessoais e a atenção técnica. Recentemente alguns
modelos de acreditação foram criados, possibilitando o estabelecimento de estrutura e
processos adequados para a prática da atenção farmacêutica e para a qualidade dos serviços de
saúde (ELLIS et al., 2000; SILVA, 2002). Assim sendo, foi uma meta do presente estudo
utilizar a estrutura mais comparável possível à nossa realidade. Dessa forma, foi possível
avaliar os resultados de um serviço de atenção farmacêutica nos resultados da farmacoterapia,
clínicos e humanísticos, nos pacientes asmáticos.
Sob o ponto de vista do processo, o presente estudo tomou como base a proposta do
Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, ressaltando a educação em saúde como
diferencial marcante em relação ao conceito adotado por outros países (IVAMA et al., 2002).
6.2 Delineamento do perfil farmacoepidemiológico dos pacientes cadastrados no
Programa da Asma, atendidos no Ambulatório do Hospital de Messejana Dr. Carlos
Alberto Studart Gomes
A asma é uma doença muito comum. Estima-se que 4 a 5% da população norte-
americana seja acometida. As estimativas de prevalência da asma baseiam-se,
predominantemente, em inquéritos populacionais, que investigam sinais e sintomas sugestivos
da doença na vida, ou nos últimos doze meses, diagnóstico médico prévio e emprego de
medicação antiasmática. As diferenças nos critérios diagnósticos e na seleção dos
participantes poderiam explicar parte da variação na prevalência da asma. (FUCHS et al.,
2004). Números semelhantes foram relatados em outros países. (MACFADDEN, 2002). No
68
Brasil, os índices ainda permanecem elevados, com uma prevalência média em torno de 20%
(DIRETRIZES 2006). Ocorre em todas as idades, com predominância no início da vida.
Cerca de metade dos casos se desenvolve antes dos 10 anos e perto de um terço ocorre antes
dos 40 anos. Na infância, há uma preponderância entre o sexo masculino: feminino de 2:1,
mas a razão entre os sexos se iguala aos 30 anos de idade. (MACFADDEN, 2002). De fato,
neste estudo, onde a faixa etária estava em torno de 46 anos, as mulheres predominaram. Em
relação à idade, nossos achados concordaram com Macfadden (2002), no qual a média de
idade de casos de asma apareceu na população adulta jovem. Também isto ficou evidenciado
quanto aos nossos critérios de exclusão previamente estabelecidos na pesquisa.
É difícil tirar conclusões relativas aos fatores causais do aumento da prevalência da
asma. Aumento de prevalência tem ocorrido em uma ampla gama de populações com
diferentes estilos de vida. As tendências da morbidade mundial da asma foram examinadas
em dois estudos internacionais recentes: European Community Respiratory Health Survey
ECRHS, que verificou a prevalência e a morbidade da asma em adultos de 20 a 44 anos de
idade, em 48 centros (ECRHS, 1996). The International Study of Asthma na Allergies in
Childhod – ISAAC, avaliou as tendências em crianças de 6 a 7 anos de idades, em 91 centros,
e de 13 a 14 anos de idade, em 155 centros (ISAAC, 1998). Ambos os estudos revelaram
variações geográficas significantes, provavelmente em relação aos fatores ambientais.
Com base nos dados dos estudos, ECRHS e ISAAC, podem ser feitas três
observações corroboradas por levantamentos menores em populações isoladas: l) A mais alta
prevalência da asma tende a ocorrer em países economicamente desenvolvidos (Austrália,
Reino Unido, Estados Unidos e Nova Zelândia) (BEASLEY, 2002; GRANT, 1999); 2) A
prevalência da asma aumenta à medida que as comunidades em desenvolvimento adotam um
estilo de vida mais urbano. A prevalência de asma ou sintomas asmáticos em Gana, no
Zimbábue e no Quênia, foi significativamente mais alta nas crianças que viviam em centros
urbanos do que nas que residiam nas zonas rurais (SIBANDA, 2003; ADDO-YOBO, 2001).
3) As alterações da prevalência da asma podem refletir um aumento mundial geral das
doenças alérgicas (GRANT, 1999; AL FRAYH, 2001).
Quanto aos hábitos sociais, verificou-se que a maioria dos pacientes não praticava
uma atividade física, não consumia bebida alcoólica, nem tabaco. Os dados obtidos
demonstram também que poucos pacientes praticam atividade física. Isto pode ser explicado
pelo fato de os pacientes asmáticos se sentirem limitados e com receio de que o esforço, ao
fazerem o exercício físico, possa desencadear uma crise asmática. Existe uma necessidade de
se trabalhar mais sobre esses aspectos, com os pacientes asmáticos, para que esses possam
69
alcançar melhores resultados no controle da doença. Por outro lado, é importante ressaltar que
eles possuem a consciência de hábitos saudáveis de vida, não aderindo à bebida e ao fumo.
Nesse contexto, os farmacêuticos têm alcançado papel de destaque, em outros países,
participando ativamente, em ambulatórios e farmácias, de programas para o abandono do
tabagismo (WILLIAMS; NEWSOM; BROCK, 2000; KENNEDY; SMALL, 2002). Essa é a
nova visão do profissional farmacêutico, focalizado não só nas formulações medicamentosas
e atividades de saúde pública, mas na saúde pública e no paciente como todo, conforme
pressuposto na prática da atenção farmacêutica.
No que tange aos indicadores de saúde, os resultados referentes à co-morbidade
mostraram que 26,6% dos pacientes apresentavam rinite. A rinite alérgica está freqüentemente
associada à hiper-reatividade brônquica. Em artigo de revisão, Camargo et al. (2002)
descreveram sobre asma e rinite alérgica como expressão de uma única doença e que
evidências epidemiológicas sugerem fortemente que os elos entre rinite alérgica e asma não
são devidos ao acaso, sendo inúmeras as constatações desta co-morbidade. A literatura dá
conta de que 28 a 50% dos asmáticos têm rinite alérgica associada, enquanto rinite alérgica
isolada é encontrada em 20% da população geral. Por outro lado, a asma coexiste em 13 a
38% dos pacientes com rinite alérgica, ao passo que, na população geral, esta proporção varia
entre 5 e 15%. Essas percentagens estão provavelmente subestimadas, já que em estudos mais
recentes, usando questionários padronizados e validados, a rinite foi relatada em 98,9% dos
pacientes asmáticos com evidências de atopia, enquanto esta proporção reduziu-se para 78,4%
entre asmáticos sem essas evidências). Em média, 75% dos pacientes com asma acompanhada
por marcadores de atopia têm rinite associada, e até 20% dos pacientes, com rinite alérgica,
muito particularmente aqueles com a forma perene ou persistente, padecem de asma de forma
concomitante (CAMARGO et al., 2002).
Quanto ao tempo da doença, a maioria dos pacientes relatou possuir asma há mais de
20 anos. Pouco se sabe sobre progressão da asma através da infância e da adolescência.
Embora estudos epidemiológicos tenham evidenciado possibilidade de remissão ou redução
dos sintomas desta, entre os 10 e 20 anos, os índices de recrudescimento observados, após o
intervalo assintomático, foram elevados. Assim, nos estudos longitudinais, estima-se que,
embora a asma possa “desaparecer” na puberdade, em 30 a 50% das crianças, o
recrudescimento é freqüente e os sintomas persistem em 30 a 80% dos pacientes adultos
(NUNES; SOLÉ, 2001).
Ações de educação em saúde configuram-se cada vez mais como uma das mais
importantes ferramentas dentro do manejo de pacientes portadores de várias doenças,
70
principalmente as de natureza crônica, como a asma. As estratégias utilizadas devem ser
adequadas ao perfil dos pacientes acompanhados, levando em consideração uma simbiose de
fatores diversos, tais como: nível de escolaridade, idade, características intrínsecas da doença,
percepção do paciente e de sua família, quanto à doença e ao respectivo tratamento, fatores
socioeconômicos e culturais, até mesmo as crenças que o paciente tem sobre o que venha a ser
saúde (CONSENSO, 2002; CIPOLLE et al., 1998). Essas idéias e concepções vêm de acordo
com as proposições filosóficas da atenção farmacêutica a qual diz que o foco é o paciente, sendo
respeitadas suas características e suas preocupações e desejos quanto ao tratamento
medicamentoso proposto. Nesse contexto, a presente pesquisa também visa contribuir para essa
nova visão do profissional farmacêutico, no que se refere à atividade clínica e humanística/social.
Em se tratando do aspecto clínico, a meta principal do tratamento da asma é a
obtenção e a manutenção do controle da doença. O controle pode ser caracterizado de acordo
com parâmetros clínicos e funcionais em três diferentes níveis: asma controlada, parcialmente
controlada e asma não controlada. O controle completo é freqüentemente obtido com os
tratamentos atualmente disponíveis. O objetivo do tratamento é manter o controle da asma por
períodos prolongados, levando-se sempre em consideração efeitos adversos potenciais,
interações medicamentosas e custos dos medicamentos. Todos os pacientes com asma e seus
familiares devem receber orientações sobre sua doença e noções de como eliminar ou
controlar fatores desencadeantes, principalmente os domiciliares e ocupacionais. O paciente
deve entender a doença e seu tratamento. O tratamento ideal é o que mantém o paciente
controlado e estável com a menor dose de medicação possível. (DIRETRIZES, 2006).
No nosso estudo, a maioria dos pacientes apresentou sinais de controle da asma, mais
de 50% não tiveram sintomas noturnos, não usaram broncodilatador à noite nem durante o
dia. Ressalte-se que todos dispunham da corticoterapia inalatória e de agonista β adrenégico
de curta ação, recebidos gratuitamente no decorrer da pesquisa, e as consultas regulares com
acompanhamento supervisionado provavelmente contribuíram no desfecho favorável deste
estudo. Saliente-se, ainda, que estes pacientes demonstraram boa vontade em participar desta
pesquisa e esta atitude pode-se dever, dentre outros aspectos, pela facilidade de aquisição da
medicação, sem ônus para eles.
Estudo prospectivo, realizado em Hong Kong por Hui et al. (2002), avaliou os
efeitos de um programa interativo de educação em asma em 106 crianças e adolescentes
abaixo de 8 anos, asmáticos e acompanhados em serviço especializado sobre asma, ministrado
por enfermeira durante duas horas, dentro do programa de manuseio da asma. Sintomas
clínicos, faltas à escola, idas a serviços de emergência e consumo de corticosteróides
71
inalatórios foram avaliados à admissão e aos seis e doze meses de seguimento. Essa
população de crianças e adolescentes chinesas com asma moderada utilizou corticosteróides
inalados, de modo significativamente maior, resultando em redução da tosse noturna, das
crises agudas de sibilância, do atendimento em consultas não agendadas, das visitas a serviços
de urgência, das faltas escolares e do número de hospitalizações.
O automanejo da asma é reconhecido como estratégia efetiva na redução da
morbidade (GIBSON, 2000). Em um estudo realizado pelo autor, no qual foi instituído um
programa educativo para adolescentes, em que a intervenção foi liderada pelos próprios
adolescentes, resultou em melhoria na qualidade de vida, do absenteísmo escolar, das
exacerbações de asma e conseqüentemente diminuição da morbidade, sugerindo que o
benefício é inestimável em virtude da magnitude do problema.
6.3 Resultados clínicos
As intervenções de educação em saúde, observadas neste estudo, consistiram: 1) na
orientação sobre a doença e mudanças no estilo de vida; 2) no cuidado com o ambiente,
principalmente o doméstico; 3) no reconhecimento de sinais e sintomas da asma e 4) no
estímulo à participação ativa diante da farmacoterapia proposta. Todas estas intervenções
foram conscientizadoras, implicando na troca de experiências e humanização, e não em ações
educativas dominadoras, informativas e distantes da realidade dos pacientes asmáticos. Os
folderes educativos foram uma ótima estratégia, principalmente no que se referiu ao manuseio
dos broncodilatadores e corticóides inalatórios. Frade (2006) publicou um livro ensinando a
técnica para os profissionais e vários artigos já focalizam essa temática para garantir o
cumprimento do tratamento. Os folderes educativos foram elaborados para servir como
instrumento nesta pesquisa, a partir da necessidade constatada na primeira entrevista, da falta
de informação e orientação dos pacientes sobre a doença e de como utilizar os dispositivos
inalatórios. Foi utilizada uma linguagem simples de forma que fosse útil ao paciente. O
entendimento do material educativo foi averiguado após cada explicação para assegurar a
compreensão e a otimização do manuseio das “bombinhas”.
Um dos principais trabalhos publicados sobre educação em asma para adultos foi
realizado por Green (1974), no Hospital Johns Hopkins, onde os doentes participaram de
uma sessão em grupo, conduzida por estudantes de medicina, demonstrando uma redução
dramática no número de visitas ao pronto-socorro dos doentes que participaram do
programa.
72
Maiman et al. (1979) observaram resultados semelhantes utilizando como educador uma
enfermeira que tinha asma. Neste trabalho, houve uma redução maior no número de visitas ao
pronto-socorro, quando a educadora era a enfermeira asmática se comparada a uma não asmática,
sugerindo uma comunicação mais eficaz, com a similaridade da condição do educador.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu documento El papel del
farmacêutico em el Sistema de Atención de Salud (OPAS, 1990; OPAS, 1993), definiu como
uma das metas para melhorar as condições de saúde da população a inserção do farmacêutico
na equipe de saúde, recomendando que suas atividades sejam de assessoria desta, bem como
sua função central ser assessorar e informar aos pacientes sobre o uso de medicamentos. A 47ª
Assembléia Mundial de Saúde (OPAS, 1994) reforçou estas afirmações por meio de resolução
na qual ressalta que os farmacêuticos devem “[...] fornecer ao público, informação
documentada e objetiva sobre os medicamentos e sua utilização e facilitar o assessoramento
técnico aos demais profissionais da saúde e aos órgãos de regulamentação farmacêutica [...]”.
Alguns fatores podem interferir no processo de comunicação entre o orientador e
paciente e conseqüentemente na aprendizagem do último. Os fatores chamados contextuais
são definidos como qualquer estímulo que possa afetar o processo cognitivo e o
comportamento dos envolvidos no processo de aprendizagem. O domínio desses estímulos
inclui o processo usado para proceder à orientação, a área onde é realizada e as características,
atitudes, crenças, expectativas e condutas no processo de comunicação do paciente e do
farmacêutico (SCHOMMER, 1997).
O aconselhamento com material auxiliar educativo pode favorecer o processo de
tomada de decisão do paciente, aumentando sua adesão ao tratamento. A orientação com
material educativo está intimamente relacionada a esse processo, desde o passo “estar
informado e estar interessado” até “tomar uma decisão”, além de permitir a interatividade em
outros passos, quando necessário. (CASTRO, 2004).
No que se refere aos problemas relacionados aos medicamentos, a maior parte dos
pacientes apresentou algum tipo de PRM onde a maioria era de cumprimento ou adesão e
que foi causada, principalmente, pelo não entendimento quanto à técnica correta no uso dos
medicamentos inalatórios (broncodilatadores e corticosteróides), bem como a não
obediência à prescrição médica, ou seja, os pacientes muitas vezes só usavam o
medicamento quando estavam em crise.
A adesão ao tratamento, abordado em vários estudos envolvendo pacientes crônicos,
revela resultados variáveis uma vez que a metodologia utilizada e os grupos estudados são
heterogêneos. Teixeira (1998) em estudo sobre adesão ao tratamento da hipertensão,
73
verificado por duas metodologias, apontou que a adesão pelo método da entrevista foi 62 % e
por contagem de comprimidos, 38,4. Rantucci (1998) comenta que dependendo do grupo
estudado, do tipo de medicação e de outros fatores os estudos revelam índices de não
cumprimento/não adesão de terapias farmacológicas entre 13 e 93%.
Segundo a OMS a baixa adesão ao tratamento das doenças crônicas é um problema
mundial crescente, apontando a falta de adesão como fator determinante para o surgimento de
complicações médicas e psicossociais, redução da qualidade de vida, aumento da
probabilidade de resistência aos medicamentos e desperdício de recursos assistenciais.
Promover índices crescentes de adesão ao tratamento pode gerar resultados tão expressivos
para a melhoria da qualidade de vida, quanto à introdução de novas tecnologias. Desenvolver
habilidades de comunicação e empregar todos e quaisquer recursos disponíveis, financeiros
ou não, no sentido de promover índices crescentes de adesão ao tratamento, poderia desonerar
os gastos com saúde pública (OMS, 2002).
As intervenções farmacêuticas tiveram como objetivo resolver a maioria dos PRMs.
Durante o processo de resolução, as estratégias de intervenção buscaram estar em sintonia
com a realidade de cada paciente, enquanto ser humano, tentando numa visão holística,
enxergar o todo e não apenas os sinais, sintomas e PRM existentes. Desse modo, ao
estabelecer os planos de cuidados, foi preciso perceber a situação existencial de cada um dos
pacientes, bem como as sua realidades econômicas, sociais e culturais. Os planos de cuidados
individuais e as intervenções farmacêuticas, previamente elaboradas, foram atualizados e
documentados a cada atenção farmacêutica.
Jiménez (2003) afirma com certeza que quando a causa de PRM é a não adesão, o
farmacêutico vai intervir diretamente com seu paciente, sem necessitar obrigatoriamente da
intervenção de outro profissional de saúde para solucionar o PRM, muito mais do que no
restante das outras causas (interação, duplicidade e outras, como os erros de medicação) em
que outros profissionais de saúde, como médico e enfermeiro, devem ser acionados para
solucionar estes PRM. Nas demais causas, tem-se a lógica de uma elevada parceria com o
médico para resolver os PRMs, já que na maioria das ocasiões é necessário trocar o
tratamento estabelecido, adicionar novos, suspender outros, trocar doses e posologias. Estas
competências são, no Brasil, assim como na Espanha, de ordem médica, atuando o
farmacêutico como um profissional de saúde a mais neste processo, sendo novamente
confirmada sua necessidade para a sociedade e os pacientes para provê-los de uma
farmacoterapia ideal. Uma das diferenças mais importantes que o farmacêutico tem para
favorecer a farmacoterapia é a sua fácil acessibilidade e disponibilidade (JIMÉNEZ, 2003).
74
O projeto de pesquisa TOM, proposto por Hepler, testado na Europa usando a asma
como piloto, obteve resultados importantes nos cuidados relacionados à asma. Foi um estudo
prospectivo, controlado e multicêntrico, e desenvolvido para avaliar o efeito do método TOM.
Foram envolvidas 31 farmácias e 500 pacientes com asma, com idade entre 16 a 60 anos,
distribuídos entre o grupo controle e de intervenção. Os resultados demonstraram que o
método TOM, realizado por farmacêuticos comunitários, é uma estratégia para melhorar a
qualidade do tratamento dos pacientes com asma no nível primário (HERBORG et al.,
2001a). O estudo sugere que médicos, farmacêuticos e pacientes, trabalhando em conjunto,
podem melhorar a prescrição, resolver problemas de farmacoterapia e melhorar o controle de
pacientes com asma moderada a grave (HERBORG et al., 2001b).
A escolha do método a ser utilizado depende da formação e da prática profissional.
Deve-se iniciar com métodos mais detalhados, que propiciem suporte à prática do seguimento
farmacoterapêutico. Com o tempo e o desenvolvimento de habilidades, podem ser utilizados
processos mais simples, desde que não se perca a qualidade do atendimento ao paciente. No
entanto, os métodos mais detalhados permitem uma melhor condução do processo, provavelmente
reduzindo erros de medicação, passíveis de ocorrer em métodos mais flexíveis. (CASTRO, 2004).
Segundo Jiménez (2003), não existe uma relação diretamente implicada entre a via
de comunicação empregada e a aceitação da intervenção, tampouco há relação entre a via de
comunicação e a sua resolução. Isto quer dizer que, independentemente da via de
comunicação empregada nas intervenções, tende-se a resolver os PRMs implicados em um
percentual considerável. Recomenda-se, contudo, que a via escrita seja sempre priorizada
como forma documental da ação e para que sejam minimizados os bias, as falhas e viézes na
comunicação, principalmente quando feita verbalmente. (MACHUCA; FERNÁNDEZ-
LLIMÓS; FAUS, 2003, MACHUCA; MARTÍNEZ; FAUS. 2003, SILVA-CASTRO, 2003).
6.4 Resultados humanísticos
A asma é uma doença crônica que pode causar consideráveis restrições físicas,
emocionais e sociais. Estas limitações podem modificar profundamente a vida dos pacientes,
interferindo drasticamente em suas realizações e sua carreira. As interferências são
proporcionalmente maiores à medida que os sintomas não são adequadamente controlados.
Além disso, as próprias características da doença, com a ocorrência de exacerbações súbitas e
inesperadas, mantêm os doentes em constante estresse e insegurança (FERNANDES;
OLIVEIRA, 1997).
75
Pacientes com asma severa tendem a ter pior qualidade de vida relacionada à saúde do
que pacientes com doença leve, porém há evidências demonstrando que, muitas vezes, não há
correlação entre os parâmetros fisiopatológicos e a atuação dos pacientes nas atividades diárias,
visto que tal correlação é de fraca a moderada (ROWE, OXMAN, 1993). Dessa forma, para se
obter um quadro completo do “status” do paciente, a qualidade de vida relacionada à saúde
deve ser avaliada em conjunção com os índices clínicos e fisiopatológicos convencionais.
Atualmente, a qualidade de vida é um tema de pesquisa imprescindível na área da
saúde, visto que os seus resultados contribuem para avaliar a efetividade do cuidado prestado
e para aprovar recursos nas áreas sociais e sanitárias (OKANO et al., 2001). Nesse contexto, a
qualidade de vida está inserida na essência da filosofia da AF, fazendo parte do conceito da
prática mais difundido em todo o mundo (HEPLER; STRAND, 1990).
Segundo Dantas, Sawada e Malerbo (2003), existem duas formas de mensurar a
qualidade de vida, por meio de instrumentos genéricos e instrumentos específicos. Houve na
ultima década uma proliferação de instrumentos de avaliação de qualidade de vida e afins, a
maioria desenvolvida nos Estados Unidos com um crescente interesse em traduzi-los para
aplicação em outras culturas. A aplicação transcultural, através da tradução de qualquer
instrumento de avaliação, é um tema controverso. Autores criticam a possibilidade de que o
conceito de qualidade de vida possa ser não-ligado à cultura. Por outro lado, em um nível
abstrato, alguns autores têm considerado que existe um “universo cultural” de qualidade de
vida, isto é; que independente da nação, cultura ou época, é importante que as pessoas se
sintam bem psicologicamente, possuam boas condições físicas e sintam-se socialmente
integradas e funcionalmente competentes. (TELLES FILHO, 2007).
Pelo menos cinco estudos independentes demonstraram as fortes propriedades,
validade do teste e discriminação do questionário de qualidade de vida na asma (JUNIPER et
al., 1993; RUTTEN-VAN et al., 1995; APTER et al., 1999). Foi usado em um grande número
de experimentações clínicas e na prática clínica, sendo considerado “gold standard” pelo
FDA (TELLES FILHO, 2007). Na prática diária, a qualidade de vida pode ser utilizada para
mensurar a contribuição do manejo clínico para diminuição do impacto das doenças crônicas
no dia-a-dia do paciente, mostrando-se útil, também, na monitorizarão do tratamento do ponto
de vista da efetividade versus efeitos indesejáveis. (SILVA; NASPITZ; SOLÉ, 2000).
Na última década, a incorporação da medida de qualidade de vida, utilizando
questionários específicos, vem modificando a abordagem do paciente asmático e novos trabalhos
são publicados a cada ano. De acordo com Thooner et al. (2000), o automanejo da doença
interfere positivamente na qualidade de vida como demonstrado em estudo com 38 pacientes
76
portadores de asma, que receberam treinamento individual por um período de 3 meses e
instruções de como usar um plano de tratamento individualizado por escrito. Houve melhora da
qualidade de vida neste grupo com resposta clínica relevante no domínio das emoções, indicando
que os pacientes sentem-se inseguros quanto a sua doença, o que interfere na vida diária.
Outro estudo realizado na Espanha, com desenho quase-experimetal multicêntrico
controlado, cujo objetivo era avaliar se o serviço de AF melhoraria os resultados em saúde de
pacientes com asma. Neste estudo, participaram 96 pacientes como grupo de intervenção e 69
como grupo controle, todos recrutados em 37 farmácias. Os pacientes do grupo intervenção
encontravam-se regularmente com os farmacêuticos, que atuavam como educadores visando o
uso correto dos medicamentos. Quando identificavam algum PRM, propunham uma solução
para a sua resolução. No grupo controle, os farmacêuticos prestavam informações somente
quando estas eram solicitadas pelos pacientes. Observou-se uma melhora, estatisticamente
significante, no grupo intervenção, nas medidas de qualidade de vida e nos sinais de baixo
controle da asma. (ANDRES, 2003).
No nosso estudo foi aplicado o questionário AQLQ de Juniper, versão atualizada de
outubro 2000, onde foram avaliados os quatro domínios: sintomas, limitações de atividades,
funções emocionais e estímulos ambientais. As conseqüências da intervenção foram
demonstradas através da intensificação desses domínios de mensuração significante na vida
dos pacientes estudados, que mostraram melhora estatisticamente significante, nos quatros
domínios, após intervenção farmacêutica.
Estudo realizado durante um período de dois anos, em cinco farmácias comunitárias
na região sul da Nova Zelândia, em um grupo de 63 adultos asmáticos acima de 17 anos, onde
o farmacêutico forneceu educação individualizada para os pacientes na sua farmacoterapia,
demonstração das técnicas corretas de inalação e maneiras de identificar e evitar o
desencadeamento da asma, aplicou o questionário de qualidade de vida AQLQ, cujos
resultados apresentaram uma mudança significativa na qualidade de vida relacionada à asma
após intervenção do farmacêutico (KHEIR; EMMERTON; SHAW, 2001).
Naturalmente, a avaliação da qualidade de vida apenas por instrumentos específicos
também apresenta limitações (MALONE, et al. 2001). Segundo Kheir et al. (2004), os
instrumentos específicos não são adequados para avaliar o estado geral da saúde em idosos
e nem em pacientes submetidos a uma polifarmácia. Nesses casos, os instrumentos
genéricos comprovaram maior eficácia. Logo, os instrumentos específicos devem, sempre
que possível, estar associados a outros instrumentos genéricos. (DANTAS; SAWADA;
MALERBO, 2003).
77
A literatura mais recente discute que a principal causa para a falha na obtenção de
resultados positivos na qualidade de vida não é o instrumento utilizado, mas a natureza das
intervenções (KHEIR et al., 2004). Segundo os autores, as intervenções tradicionais,
puramente farmacológicas, podem ser muito evasivas para produzir mudanças efetivas nos
domínios da qualidade de vida e serem detectadas em instrumentos com menor sensibilidade.
Em comparação, a AF é uma intervenção basicamente comportamental que pode alcançar
resultados positivos, com mudanças sutis nos domínios da qualidade de vida. Na verdade,
intervenções cujos objetivos são influenciar o comportamento e a tomada da consciência
requer períodos longos de seguimento e a construção de relações terapêuticas para que
alcancem mudanças significativas e mensuráveis. Assim, no presente estudo, as intervenções
fundamentadas no método da educação conscientizadora, provavelmente, foram as
responsáveis pela obtenção de muitos resultados positivos na qualidade de vida dos pacientes
asmáticos e este foi o principal diferencial com relação às demais publicações da área.
Também nossos resultados nos estimularam a pesquisa neste nível, ainda que no
mesmo foco, mas fazendo um acompanhamento dos pacientes asmáticos com maior duração
e/ou um estudo multicêntrico nos hospitais pertencentes ao Programa de Asma do Ceará.
6.5 Análise da satisfação do pacientes asmáticos com relação ao farmacêutico
pesquisador e ao programa de atenção farmacêutica
A satisfação do paciente é um outro importante resultado que reflete o grau de
envolvimento do farmacêutico, durante o cuidado clínico-humanístico, como também as
percepções e expectativas do paciente durante os atendimentos recebidos. (SINGHAL et al.,
2002). As percepções e expectativas dos pacientes podem ser vistas como determinantes para
a satisfação, enquanto os elementos dos cuidados prestados, como a competência profissional
e os aspectos interpessoais, são componentes da satisfação. (LARON; ROVERS;
MACKEIGAN, 2002).
Este tipo de avaliação tem crescido muito nos últimos anos, nos países
desenvolvidos, sendo reconhecida como um indicador de qualidade dos serviços
farmacêuticos e de saúde (LARSON, 1998; NUAN et al., 2000). Desse modo, nas pesquisas
sobre a qualidade nos serviços de saúde, realizadas no país, a avaliação da satisfação dos
pacientes é incipiente.
Para Ried et al. (1999), a qualidade da orientação, em muitas ocasiões não é algo
material, mas uma apreciação. Segundo Nau et al. (2000), a satisfação é um conjunto de
78
fatores que interagem, dos quais a atenção pessoal se sobrepõe a qualquer nível da AF
prestada, pois, no processo de orientação, não se discute apenas questões de saúde, mas as
inter-relações com a realidade (esporte, clima e a família) (RIED et al., 1999). Tal premissa só
reforçou a importância da troca de experiências e da interação social no processo de atenção
aos pacientes asmáticos.
No presente estudo, o instrumento de avaliação foi administrado na última visita do
paciente ao farmacêutico-pesquisador. Este instrumento utilizado foi traduzido e adaptado ao
contexto cultural da população brasileira, pois cada cultura oferece um padrão ideal de
comportamento, atitudes e reações que seus membros devem seguir, inclusive com relação à
saúde e doença (LYRA JR., 2005). Assim, o instrumento foi multidimensional e avaliou
quatro domínios, referentes à: qualidade da orientação, consideração do farmacêutico com o
paciente, competência profissional e manejo da farmacoterapia, bem como satisfação geral
com o programa.
No nosso estudo, a satisfação, em todos os domínios, com o farmacêutico-
pesquisador e com o programa apresentou altos escores. No domínio da qualidade da
orientação, a maioria dos pacientes considerou que o farmacêutico-pesquisador sempre
aconselhou sobre o uso adequado dos medicamentos.
De acordo com Ried et al. (1999), estudos de satisfação demonstraram que os
pacientes não são competentes para julgar a qualidade técnica dos processos de cuidados
realizados pelos profissionais de saúde, mas estão perfeitamente aptos para avaliar as
interações sociais com eles. Em resumo, a construção das relações terapêuticas é essencial
para o sucesso da AF. (BERGER, 2002).
Na verdade, os pacientes asmáticos buscam na atenção farmacêutica uma forma de
aliviar os seus problemas, principalmente de ordem emocional. De um modo geral, a troca de
experiências e a atenção dispensada aos pacientes de maneira integral favoreceram a tomada
de consciência e o conhecimento da sua doença.
A medida de satisfação geral dos pacientes asmáticos foi fundamental para avaliar o
sucesso dos cuidados prestados pelo farmacêutico-pesquisador e do programa de Atenção
Farmacêutica. A análise dos dados demonstrou que o modelo de atendimento foi eficiente,
com alto grau de satisfação dos pacientes, e com a real melhora de sua saúde. A informação e
o seguimento do tratamento farmacológico constituem necessidades sociais. Segundo Jimènez
(2001), o farmacêutico ocupa um lugar estratégico não somente para garantir o uso racional
dos medicamentos, como também para realizar seguimento farmacoterapêutico aos pacientes,
atuando coordenada e juntamente com outros profissionais da saúde, como o médico, o
79
enfermeiro e outros, para que possam ser alcançados os objetivos terapêuticos e resultados
desejados do tratamento farmacológico.
Conforme Lyra Jr., (2005), a promoção da saúde é um trabalho de implicações
filosóficas, éticas e existenciais, portanto, é preciso que a profissão assuma verdadeiramente o
paradigma humanístico, sistematize as discussões sobre os métodos, os instrumentos e os
conhecimentos mais adequados à sua realidade, como também a natureza das intervenções.
Desse modo, será possível conscientizar os pacientes, melhorar a farmacoterapia e
proporcionar resultados clínico-humanísticos positivos.
Quanto ao domínio de competência profissional e o manejo da farmacoterapia, foi
observado que o farmacêutico-pesquisador explicou os possíveis efeitos colaterais que os
medicamentos poderiam causar, prevenindo riscos de PRM, e foi considerado competente
para manejar o programa de AF. Para Alsuwaidan et al. (1998), à medida que os
farmacêuticos ganharem mais conhecimentos e experiência clinica, a AF poderá alcançar
resultados ainda mais importantes para a sociedade.
A AF pode funcionar como uma ponte entre os pacientes e os profissionais de saúde.
Logo, é uma atribuição da atenção farmacêutica “o cuidar” e atravessar as fronteiras que separam
as profissões de saúde, estando relacionado ao compromisso com o ser humano. Além disso, a
interação dos farmacêuticos com outros profissionais de saúde tem contribuído para o
aprimoramento das suas habilidades clínico-humanisticas com os pacientes. (LYRA JR., 2005).
O farmacêutico-pesquisador foi considerado pelos pacientes do estudo um
profissional comprometido com os cuidados sanitários e que simbolizou “proteção”.
Segundo Cerulli (2003), 80% dos pacientes sentem que o farmacêutico cuida da saúde e esta
percepção é muito relevante para o estabelecimento das relações terapêuticas. Os pacientes
acompanhados nesta pesquisa reconheceram a atenção farmacêutica como uma prática
relevante para a promoção da sua saúde e no controle da sua doença. Desse modo, será
possível conscientizar os pacientes, melhorar a farmacoterapia e proporcionar resultados
clínicos e humanísticos positivos (LYRA JR., 2005).
6.6 Atenção farmacêutica: uma estratégia humanística de atendimento aos pacientes asmáticos
Segundo a OMS (1993), prática é o instrumento pelo qual uma profissão fornece
conhecimento e produtos para a sociedade. A ação central da prática farmacêutica deve ser o
uso racional de medicamentos. A prática profissional de uma categoria da área de saúde
80
recebe influência direta do processo educacional, das diretrizes das políticas sanitárias e de
trabalho, da estrutura do sistema de saúde e do modelo assistencial. (REIS, 2003).
A utilização de medicamentos é um processo complexo, com múltiplos
determinantes, e envolve diferentes atores. As diretrizes farmacoterápicas adequadas para a
condição clínica do indivíduo são elementos essenciais para a determinação do emprego dos
medicamentos. Entretanto, é importante ressaltar que a prescrição e o uso de medicamentos
são influenciados por fatores de natureza cultural, social, econômica e política. (FUAS, 2000;
PERINI et al., 1999).
A atenção farmacêutica, um novo modelo centrado no paciente, surge como
alternativa que busca melhorar a qualidade do processo de utilização de medicamentos,
alcançando resultados concretos (REIS, 2003). Segundo vários autores, entre eles Hepler
(1999), a atenção farmacêutica, nas suas dimensões filosóficas e de atuação profissional, tem
sido posta como estratégia de “reprofissionalização” do farmacêutico. (OPAS, 2001).
A atenção farmacêutica possui diferenças marcantes em relação às praticas tradicionais,
pois é, na realidade, um acordo de cooperação entre o paciente e o farmacêutico, buscando a
otimização dos resultados terapêuticos. O impacto positivo da AF foi mostrado por intermédio de
pesquisas realizadas em vários países, demonstrando ser importante agente de promoção do uso
racional de medicamentos (REIS, 2003). Em uma revisão sistemática sobre os efeitos dos novos
papéis assumidos pelo farmacêutico, o autor chama a atenção para a importância dos profissionais
continuarem avaliando essas novas atuações, por meio de pesquisas rigorosas, para se conseguir
demonstrar à sociedade os reais benefícios de suas ações. (INESTA, 2001).
A reatividade à participação de profissionais farmacêuticos na educação de pacientes
deve-se basicamente ao modelo de prática profissional adotada no Brasil, o da distribuição de
medicamentos. A adoção de novo paradigma – o da AF, que é uma das recomendações da
Organização Mundial da Saúde (WHO, 1994; WHO, 1993) pode vir a contribuir para a
solução de problemas de saúde relacionados ao uso de medicamentos.
Em estudo de Culbertoson e colaboradores (1998), realizado em estabelecimentos
farmacêuticos nos EUA, 96%, de 317 pessoas pesquisadas, apontaram a orientação, realizada
no ato da dispensação, como de grande valia para o seu tratamento, 93% indicaram que
preferiam utilizar semelhante programa novamente e 62% gostariam de receber uma
orientação combinada, com informações orais e escrita. Para 45% dos pacientes, as
informações foram de tal magnitude que resultaram na mudança de hábitos de administração
de seu(s) medicamento(s). Outro estudo multicêntrico, realizado na Europa, mostrou a
redução de custos e aumento da qualidade de vida. Os pacientes do grupo intervenção
81
manifestaram melhor controle da doença e alto nível de satisfação. A opinião dos médicos e
farmacêuticos foi favorável à atenção farmacêutica. (BERNSTEN et al., 2001).
A filosofia do exercício profissional é uma série de valores, que orientam os
comportamentos, associados a determinados atos, bem como definem as regras, funções,
relações e as responsabilidades do profissional para com a sociedade (CIPOLLE; STRAND;
MORLEY, 2000). A filosofia poderá ser entendida como o coração à mente da prática, o que
definirá todos os componentes e termos relacionados à AF (IVAMA et al., 2003). Dentre as
características da filosofia da AF, é imprescindível se reconhecer profissional de saúde,
incorporar a missão de cuidar do paciente e trabalhar em prol da sua saúde e da qualidade de
vida. Nesse contexto, o farmacêutico deverá satisfazer as necessidades sociais, por meio da:
visão humanística, do enfoque centrado no paciente, na abordagem holística do
estabelecimento de relações terapêuticas e na tomada de consciência.
A atenção farmacêutica é um novo modelo de prática e pode haver diferenças na sua
implementação, com o emprego de diferentes métodos para se chegar ao mesmo objetivo
(KASSAM et al., 2001). Segundo Renovato (2002), a reapresentação do conhecimento sofre a
interferência em como o farmacêutico vê o processo da AF. Sob esse prisma, os programas de
AF devem ser sistemas abertos, cujo método dependerá do sistema de saúde e da realidade
nacional ou mesmo regional. Os planos devem ser norteados por um objetivo simbólico
essencial, que é o ser humano composto das suas espeficidades bio-psicossociais. Além disso,
devem ser baseados na complementaridade da evidência científica, da experiência prática do
farmacêutico e do conhecimento empírico dos pacientes. (LYRA JR., 2005).
Os resultados contidos na presente pesquisa demonstraram a importância de o plano de
atenção farmacêutica, por meio de uma sistemática de otimização da farmacoterapia e de
educação ao paciente asmático atendido em uma unidade terciária do sistema único se saúde. Os
resultados mostram que o seguimento farmacoterapêutico e a educação em saúde são fatores de
impacto na melhora clínica e humanística desses pacientes, Com estas informações, pretende-se
estimular o exercício da atenção farmacêutica, particularmente em nível ambulatorial, que foi
objeto do nosso estudo, e que isso seja uma prática usual, adequadamente inserida nos serviços.
Reconhece-se que muito ainda deve ser feito para sua viabilização.
7 CONCLUSÕES
Poucas modificações foram realizadas em termos de infra-estrutura, apenas a
disponibilização do consultório para atendimento farmacêutico, a melhoria da
documentação e registro das atividades, para a implantação do Serviço de Atenção
Farmacêutica no ambulatório do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto
Studart Gomes. Com relação aos recursos humanos, houve uma conscientização
dos profissionais farmacêuticos sobre a importância de sua inserção na equipe
multidisciplinar.
O perfil farmacoepidemiológico dos pacientes mostrou que a maioria pertence ao
sexo feminino, com baixa escolaridade, com média de idade de 46 anos, casada e
aposentada, com renda média de dois salários-mínimos, e co-habitam com esposo e
filhos. A maioria não pratica atividade física, como também nunca fumou e não bebe.
O grupo pesquisado utilizava, em média, dois medicamentos para asma, sendo
que todos os pacientes usavam broncodilatador de curta ação e corticosteróide
inalatório.
A farmacoterapia empregada de forma inadequada causou o aparecimento dos
diversos PRMs. Foram identificados 64 problemas relacionados a medicamentos
(PRM), sendo que a maioria se referiu a problemas de adesão ou cumprimento
(PRM 7); ou seja, apesar de ter recebido orientação de como utilizar o
medicamento, mais da metade não cumpria as ordens médicas ou as seguia, mas
de forma incorreta.
Mais da metade dos pacientes, após intervenção farmacêutica, apresentaram uma
diminuição dos sintomas de asma noturna, como também diurna; isto fez com que
não fosse necessário o uso de broncodilatador de curta ação.
As intervenções farmacêuticas humanísticas e comportamentais influenciaram,
significativamente, na qualidade de vida dos pacientes asmáticos do estudo, bem
como promoveram a satisfação dos pacientes com o serviço de AF prestado e com
o farmacêutico-pesquisador.
A comunicação e as intervenções educativas humanizadas foram instrumentos
relevantes para a construção de relações terapêuticas, fundamentadas na confiança
e na co-responsabilidade, influenciando no cuidado efetivo, na obtenção de
resultados positivos e na satisfação dos pacientes asmáticos.
83
Portanto, os achados do presente estudo apontam para um efetivo e satisfatório
serviço de AF, em nível ambulatorial, evidenciado através do acompanhamento
farmacoterapêutico de pacientes com asma. Instigam a continuar as investigações,
no sentido de aprimorar as técnicas empregadas e no rigor quanto aos mecanismos
de avaliação das intervenções propostas para a resolução dos PRMs. Deve ser
corretamente elucidado o grau de beneficio que essas atividades trazem aos
pacientes, não somente para os asmáticos, mas também para os que são portadores
de enfermidades crônicas em geral.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados alcançados nesta pesquisa correspondem ao primeiro passo rumo a um
melhor atendimento das pessoas com asma na rede pública, mas vale ressaltar que mudanças
organizacionais, sobretudo a redefinição do papel do farmacêutico, fazem-se necessárias, para
que estes profissionais tenham mais tempo, preparo e recursos para atuar com os pacientes.
No acompanhamento ao paciente asmático, considera-se importante também sensibilizar toda
a equipe de saúde quanto à necessidade de desenvolver ações, individuais e integradas, que
produzam melhores índices de adesão ao tratamento.
No âmbito da assistência farmacêutica, considera-se necessário definir critérios que
viabilizem a implantação de um programa de Atenção Farmacêutica, fundamentado nos
modelos existentes, mas acima de tudo adaptado à realidade do Sistema Único de Saúde –
SUS, que venha a desenvolver habilidades de comunicação e aconselhamento na implantação
e condução do tratamento, que possa promover a adesão ao tratamento farmacológico,
inibindo ou prevenindo o surgimento de problemas relacionados aos medicamentos,
contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes asmáticos.
Necessita-se de um modelo de prática farmacêutica, que realmente seja aplicável a
nossa realidade e que contribua, sobretudo, para transformá-la. Uma prática para cumprir esse
papel precisa estar ancorada em um processo educativo que, além de contemplar as dimensões
do conhecimento (SABER) e das habilidades (SABER FAZER), possa FAZER/AGIR.
Precisa-se, enquanto profissionais de saúde, aprender a valorizar o “saber” e as “experiências”
dos que carecem de nosso cuidado.
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APÊNDICES
100
APÊNDICE A
CARTA CONVITE PARA PARTICIPAR DO
PROGRAMA DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA
Fortaleza, _______/______/______
Prezado(a) Senhor (a):_______________________________________________________
Estamos realizando um trabalho de pesquisa no Ambulatório de Pneumologia, do
Hospital de Messejana juntamente com a Universidade Federal do Ceará e com o Serviço de
Farmácia deste hospital onde o(a) sr(a) recebe seus medicamentos. Este trabalho tem como
objetivo melhorar a utilização dos seus remédios e colaborar com a sua saúde.
Sua participação é muito importante onde poderemos conversar tirar as suas dúvidas e
orientá-lo para que seu remédio traga o resultado esperado no combate a sua doença. Com
essas informações o Sr (a) poderá ajudar outras pessoas que venham a usar os mesmos
medicamentos. Durante todos os atendimentos o Sr (o) será acompanhado por um
Farmacêutico.
Para isso, solicitamos que o Sr (a) compareça às _______ horas da manhã do
dia___/____/____, _________ - feira na sala n° 5 do Ambulatório do Hospital de Messejana
para iniciar o atendimento com a Farmacêutica Solange Cecília Cavalcante Dantas. Traga
anotado em um papel, o nome de todos os remédios que tem em casa.
Na certeza de sua presença no dia e horário marcados agradecemos desde já.
Dra. Solange Cecília Cavalcante Dantas
Farmacêutica – CRF- 846
Fone: 3101.4136 ou 8802.0149
Traga esta carta nos dias dos atendimentos farmacêuticos e procure chegar 10 minutos antes
da hora marcada. Muito obrigada!
101
APÊNDICE - B
TERMO DE CONSENTIMENTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem
Curso de Mestrado em Ciências Farmacêuticas - Concentração: Farmácia Clínica
Convidamos o (a) Sr (a)__________________________________________________
___________________________________________________________________________
para participar da pesquisa sobre minha responsabilidade intitulada “AVALIAÇÃO DOS
RESULTADOS CLÍNICOS E HUMANÍSTICOS DE UM PLANO DE ATENÇÃO
FARMACÊUTICA PARA PACEINTES COM ASMA MODERADA E GRAVE” que tem
como objetivo descrever e analisar os efeitos resultantes de um Plano de Atenção
Farmacêutica em um grupo de pacientes asmáticos assistidos no ambulatório de pneumologia
de hospital público terciário.
Para isso, estamos solicitando a sua autorização para que possamos ter acesso as
informações constantes no seu prontuário, assim como pedimos sua colaboração para nos
informar alguns dados sobre suas condições de vida, da família, condições de saúde,
medicamentos que já usou ou usa atualmente, história de alergia e alguns dados sobre seu
tratamento no atendimento que será realizado pelo Farmacêutico pesquisador.
Toda e qualquer informação será guardada de forma sigilosa. O (a) Sr (a) poderá ter
acesso a todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu
consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Seu nome não
aparecerá em qualquer momento no estudo, pois será identificado apenas com um numero.
Pedimos ainda a sua autorização para utilização destes dados para a elaboração da
disssertação de mestrado e sua posterior publicação, em forma de livro e/ou artigo.
Para qualquer dúvida relacionada às questões éticas envolvidas nessa pesquisa você
poderá contacta o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto
Studart Gomes.
Fone: 3101.83.38.
Antecipadamente agradecemos por sua atenção e colaboração
FICHA N°______
102
CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
Declaro que após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que me foi explicado, concordo voluntariamente em participar do presente estudo.
Assinatura do paciente: ___________________________________________________
Fortaleza, ______ de ___________________ de 200____.
Pesquisadora: Solange Cecília Cavalcante Dantas
Telefone: 31014136 (Farmácia do Hospital de Messejana)
Orientadora: Marta Maria França Fonteles
Telefone: 3366.8274
103
APÊNDICE C
INSTRUMENTO PARA CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL
FARMACOEPIDEMIOLÓGICO E DE SEGUIMENTO
FARMACOTERAPÊUTICO
Data da Aplicação do questionário ___/___/___
Questionário
____/____
Identificação do entrevistado
Nome:_______________________________________ Prontuário:______________________
Endereço: ____________________________________________________________________
Telefone: _________________________
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
1. SEXO: 1=M 2=F 1.___________
2. PESO:_________ ALTURA:__________ 2.___________
3. IDADE: _____ANOS DATA DE NASC._______/______/______ 3.___________
4. ESTADO CIVÍL 4.___________
1=CASADO 2=UNIÃO CONSENSUAL
3=SOLTEIRO 4=VIÚVO
5=SEPARADO/DIVORCIADO
5. ESCOLARIDADE 5.___________
1=ANALFABETO 2=LÊ E ESCREVE
3=FUND. INCOMPL 4=FUND.COMPLETO
5=MÉDIO INCOMPL 6=MEDIO COMPLETO
7=SUP. INCOMPL 8=SUP.COMPLETO
9=PÓS-GRAD.
6.MORADIA/FAMILIA 6.__________
1=PAIS 2=ESPOSO(A)
3=SOZINHO 4=ESPOSO(A) E FILHOS
5=OUTRA PESSOA
7.OCUPAÇÃO 7.__________
1=DESEMPREGADO 2=APOSENTADO
3=PENSIONISTA 4=FUNC. PÚBLICO
5=EMP. DOMÉSTICA 6=FUNC. EMP. PARTICULAR
7=ESTUDANTE 8=PROF. LIBERAL
9=OUTRO: ______________
8. RENDA MENSAL PESSOAL = CR$___________________ 8.__________
9. RENDA FAMILIAR = CR$______________________ 9.__________
HÁBITOS DE VIDA
10. NUMERO DE VEZES POR SEMANA QUE PRATICA ATIVIDADE FÍSICA? 10._________
0 = NÃO PRATICA
1=SIM, MENOS DE 3 VEZES POR SEMANA
2=SIM, 3 OU MAIS VEZES POR SEMANA
11. DURAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA____________________________ 11._________
12.QUE TIPO DE EXERCÍCIO? 12__________
1=CAMINHADA 2=HIDROGINASTICA
3=OUTRO:____________________________
13.É FUMANTE? 13._________
1=SIM 2=EX-FUMANTE 3=NUNCA
104
14.CONSOME BEBIDA ALCOÓLICA? 14._________
1=SIM, COM FREQUÊNCIA
2=MODERADAMENTE
3=NÃO
ANAMNES E CLASSIFICAÇÃO DA ASMA
15. TEMPO DE DIAGNÓSTICO DA ASMA ____________MESES 15._________
16. POSSUI OUTRAS CO-MORBIDADES 16._________
1=SIM 2=NÃO 3=ESPECIFIQUE:____________________
17. ANTECEDENTES / DESCENDENTES FAMILIARES COM ASMA 17._________
1=PAI 2=MÃE
3=AVÔ 4=AVÓ
5=FILHO 6=FILHA
7=IRMÃO 8=SOBRINHO
18.QUANTAS VEZES VOCÊ TEVE SINTOMAS COMO TOSSE, CHIADO, 18._________
APERTO NO PEITO,FALTA DE AR NOS ÚLTIMOS 6 MESES?
1=MENOS OU IGUAL A 2 VEZES POR SEMANA
2=MAIS DE 2 VEZES POR SEMANA, MAS NÃO CONTÍNUOS
3=SINTOMAS CONTÍNUOS
4=NÃO SOUBE INFORMAR
5=NÃO RESPONDEU
19.VOCÊ FALTOU NO TRABALHO/ESCOLA POR CAUSA DA ASMA NOS 19._________
ÚLTIMOS 6 MESES?
1=NO MÁXIMO UMA FALTA OCASIONAL
2=ALGUMAS
FALTAS
3=FALTAS FREQUENTES
4=NÃO TRABALHA/ESTUDA
5=NÃO SOUBE INFORMAR
6=NÃO RESPONDEU
20. VOCÊ APRESENTOU SINTOMAS DE ASMA APÓS ALGUMA DAS 20._________
SEGUINTES ATIVIDADES FÍSICAS NOS ÚLTIMOS 6 MESES?
1=NÃO APRESENTOU SINTOMAS DE ASMA APÓS
ATIVIDADE FÍSICA
2=CORRER
3=SUBIR ESCADA
4=NÃO SOUBE INFORMAR
5=NÃO RESPONDEU
6=ANDAR NO
PLANO
21. COMO VOCÊ FICA ENTRE UMA CRISE E OUTRA? 21_________
1=SEM SINTOMAS
2=SINTOMAS LEVES
3=SINTOMAS LEVES E PERSISTENTES
4=TOSSE E CHIADO
CONTÍNUOS
5=NÃO SOUBE INFORMAR
6=NÃO RESPONDEU
22. QUANTAS VEZES VOCÊ ACORDOU À NOITE CANSADO(A) OU COM 22._________
TOSSE/CHIADO NOS ÚLTIMOS 6 MESES?
1=ATÉ 2 VEZES AO MÊS
2=MAIS DE 2 VEZES POR MÊS, MAS MENOS DE 2 VEZES POR
SEMANA
3=3 OU MAIS VEZES POR SEMANA
105
4=NÃO SOUBE INFORMAR
23. VOCÊ TEVE ALGUMA DOENÇA ALÉRGICA ALÉM DA ASMA? 23._________
1=SIM
2=NÃO SOUBE INFORMAR
3=CONJUTIVITE ALÉRGICA
4=ALERGIA DE
PELE
5=NÃO
6=NÃO RESPONDEU
7=RINITE
8=ALERGIA ALIMENTAR
24. QUANTAS VEZES ESTEVE HOSPITALIZADO POR CAUSA DA ASMA 24._________
NOS ÚLTIMOS 6 MESES?___________________ VEZES
ANAMNESE FARMACOLÓGICA
25. QUANTAS VEZES EM MÉDIA, VOCÊ UTILIZOU BOMBINHA OU BRON- 25._________
CODILATADOR DE ALÍVIO NOS ÚLTIMOS 6 MESES?
1=NÃO USOU
2=MENOS DE 2 VEZES POR SEMANA
3=MAIS DE 2 VEZES POR SEMANA, MAS MENOS QUE 2
VEZES AO DIA
4=NÃO SOUBE INFORMAR
5=NÃO RESPONDEU
6=2 OU MAIS VEZES AO DIA
26.NÚMEROS DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS DIARIAMENTE __________ 26._________
27.NÚMEROS DE MEDICAMENTOS PRESCRITOS PARA ASMA __________ 27._________
28.OS MÉDICOS ORIENTAM COMO USAR CORRETAMENTE O(S) 28._________
MEDICAMENTO(S)
1=SIM 2=NÃO
29.CONSEGUE LER A RECEITA 29._________
1=SIM 2=NÃO
30.VOCÊ SABE PARA QUÊ ESTÁ TOMANDO ESSES REMÉDIOS? 30._________
1=SIM 2=NÃO
31. QUANTO A FORMA DE UTILIZAR OS MEDICAMENTOS, QUAL A SUA 31._________
FONTE DE INFORMAÇÃO?
1=LÊ RECEITA
2=PEDE AJUDA AOS PARENTES / AMIGOS
3=RECEBE ORIENTAÇÃO DE MÉDICO, ENFERMEIRO, FARMA-
CÊUTICO
4=OUTRAS FONTES:______________________________________
32.CUMPRE A POSOLOGIA 32._________
1=SIM 2=NÃO
3= SOMENTE NAS CRISES
33 DEIXOU DE USAR ALGUMA VEZ SUA MEDICAÇÃO PARA ASMA ? 33._________
1=SIM 2=NÃO
34. VOCÊ TENTOU OUTROS TRATAMENTOS PARA SUAS CRISES DE 34._________
ASMA?
1=NÃO
2=SIM. ESPECIFIQUE:____________________________________
106
DIFICULDADES ENFRENTADAS DURANTE O TRATAMENTO
35. EM RELAÇÃO AO USO DOS MEDICAMENTOS QUAL A SUA MAIOR 35.________
DIFICULDADE
1=ACEITAR O TRATAMENTO
2=SABER COMO UTILIZAR OS MEDICAMENTOS
3=EFEITOS COLATERAIS
4=LEMBRAR DE TOMAR
5=IDENTIFICAR O MEDICAMENTO
6=SE ADAPTAR AOS HORÁRIOS DE ADMINISTRAR
7=ADQUIRIR OS MEDICAMENTOS
8=NÃO TEM DIFICULDADE
9=OUTROS. ESPECIFIQUE_________________________________
36. MEDICAMENTOS UTILIZADOS
Medicamentos Prescritos
Morbidade Medicamento Dose/dia Frequência Inicio Fim Médico
Tipo
PRM
Medicamentos Não - Prescritos
Morbidade Medicamento Dose/dia Frequência Inicio Fim Médico
Tipo
PRM
107
FICHA DE SEGMENTO FARMACOTERAPÊUTICO
Prontuário:________ Farmacêutico:____________________________________________________
Produto
(Quem Indicou)
Indicação
Regime Posológico*
(dose, via, frequência,
duração)
Data
Início
Resposta
(efetividade/segurança)
Parâmetros de
Monitorização
Condições médicas e medicamentos atuais
História médica atual
108
FICHA DE SEGMENTO FARMACOTERAPÊUTICO
Prontuário:_________ Farmacêutico:______________________________________________________
Problemas relacionados a medicamentos a serem resolvidos
Problemas de saúde e farmacoterapia envolvida Indicação
1- Medicamento Desnecessário
__Não há Indicação
__Terapia dupla
__Terapia não-farmacológica indicada
__RAM previsível e previnível ADR
__Uso recreativo de drogas
2- Necessita Farmacoterapia Adicional
__Condição não tratada
__Preventiva / profilática
__Sinergismo / potenciação
Problema de saúde e farmacoterapia envolvida Efetividade
3- Necessita Medicamento/Produto Diferente
__Medicamento mais efetivo disponível
__Condição refratária ao medicamento
__Forma farmacêutica inapropriada
__Não efetivo para a condição
4- Dose Baixa
__Dose errada
__Frequencia inapropriada
__Interação Medicamentosa
__Duração inapropriada
Problema de saúde e farmacoterapia envolvida Segurança
5- Reação Adversa à Medicamento
__Efeito Indesejável
__Medicamento inseguro para o paciente
__Interação medicamentosa
__Administração muitop rápida
__Reação alérgica
__Contra-indicação presente
6- Dose Alta
__Dose incorreta
__Frequencia inapropriada
__Duração inapropriada
__Interação
__Administração incorreta
Problema de saúde e farmacoterapia envolvida Cumprimento
7- Não Segue as Instruções
__Não entende as instuções
__Paciente prefere não tomar
__Paciente esquece de tomar
__Produto muito caro
__Não consegue engulir ou administrar
__Produto não disponível no mercado
Problemas relacionados a medicamentos
O Não apresenta problemas relacionados a medicamento(s) neste momento
109
Prontuário: Farmacêutico: Data: / /
PLANO DE CUIDADO
Problema de saúde
Objetivo terapêutico
Medicamento
(dose, via, freqüência,
duração) Parâmetros de
efetividade e segurança
Dados subjetivos e objetivos
PRM
(descrição)
Planos e condutas
110
Prontrio: Farmacêutico: Data: / /
EVOLUÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA
Problema de saúde
Objetivo terapêutico
Medicamento
(dose, via, freqüência,
duração) Parâmetros de
efetividade e segurança
Dados subjetivos e objetivos
(evolução)
PRM
(descrição)
Planos e condutas Situação
111
APÊNDICE D
GUIA DE ORIENTAÇÃO A PESSOA ASMÁTICA
112
113
APÊNDICE E
GUIA DE ORIENTAÇÃO NO USO DOS DISPOSITIVOS INALATÓRIO
114
APÊNDICE F
DIÁRIO DE SINTOMAS DE ASMA
NOME DO PACIENTE: _________________________________________________________
DO PRONTUÁRIO: __________________________
DIA
1 2 3 4 5 6 7891011 12 13 14 15 16 171819202122232425262728293031
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1. SINTOMAS NOTURNOS DA ASMA:
0 = SEM SINTOMAS.
1 = ACORDOU 1 VEZ À NOITE OU PRECISOU ACORDAR CEDO PARA USAR A BOMBINHA.
2 = ACORDOU MAIS DE 1 VEZ POR CAUSA DA ASMA.
3 = NÃO DORMIU POR CAUSA DA ASMA.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
2. QUANTAS VEZES USOU BOMBINHAS DE ALIVÍO À NOITE?
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
3. PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO PELA MANHÃ.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
4. SINTOMAS DIURNOS DE ASMA.
0 = SEM SINTOMAS.
1 = SINTOMAS POUCO INTENSO QUE NÃO INTERFERIU COM ATIVIDADES HABITUAIS.
2 = SINTOMAS INCOMODARAM OU PREJUDICARAM ATIVIDADES (ANDAR, VESTIR).
3 = SINTOMAS FORTES QUE IMPEDIRAM ALGUMA ATIVIDADE.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
5. QUANTAS VEZES USOU BOMBINHA DE ALIVIO AO DIA?
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
6. PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO À NOITE.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
7. TOMOU OUTRA MEDICAÇÃO?
1 = SIM 2 = NÃO
* MEÇA O PICO DE FLUXO EXPIRATORIO, PELA MANHÃ E À NOITE, ANTES DE ADMINISTRAR O SEU MEDICAMENTO.
* AO MEDIR SEU PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO, FAÇA-O 3 VEZES E ANOTE NO DIARIO DE SINTOMAS O MAIOR VALOR.
Adaptado, Campos, 2004
116
APÊNDICE G
ARTIGO ENVIADO PARA PUBLICAÇÃO
ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPEUTICO DE PACIENTES
ASMÁTICOS: PERFIL FARMACOEPIDEMIOLOGICO, PROBLEMAS
RELACIONADOS AOS MEDICAMENTOS E INTERVENÇÕES
FARMACÊUTICAS
Solange Cecília Cavalcante Dantas
1,5,6;
Kheir, Nadir
2,6
; Filipe Ferreira Lima Dantas
3
Paulo César Almeida
4
; Marta Maria França Fonteles*
5,6
1
Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
2
University of Qatar
3
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
4
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
5
Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Ceará (UFC)
6
Grupo de Pesquisa em Atenção Farmacêutica (GRUPATF)/CNPq
Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF)/UFC
* Correspondência:
Marta Maria de França Fonteles
Depto. de Farmácia
Centro de Estudos em AF (CEATENF)
Faculdade de Farmácia /Universidade Federal do Ceará
Rua: Padre Roma, 1055, Ed. Villa Jardim, apt° 704-A Bairro de Fátima
CEP – 60.040-360
Fortaleza - Ceará
Resumo
A asma é uma doença crônica, de alta prevalência no mundo, e seu baixo controle tem sido
associado à falta de conhecimentos e habilidades dos profissionais de saúde, pacientes e
familiares sobre a doença, incluindo a dificuldade na utilização adequada dos dispositivos
inalatórios. Neste cenário a atenção farmarmacêutica surgiu como prática focada no paciente e
que pretende contribuir com a qualidade do atendimento de pacientes ambulatoriais e
hospitalizados. Assim, este estudo teve como objetivos: 1) delinear o perfil
farmacoepidemiologico de um grupo de pacientes asmático, 2) descrever os PRM observados
durante o AFT e 3) analisar os resultados das intervenções farmacêuticas neste grupo e. Para
tanto, trinta pacientes participaram do estudo descritivo, longitudinal e prospectivo, e aplicado o
método de AFT proposto por Cipolle et al., 1998, focalizando principalmente o uso de
broncodilatadores e corticóides inalatórios e o seu manuseio adequado e, quando necessário,
foram realizadas intervenções farmacêuticas. A maioria dos pacientes apresentou algum tipo de
PRM (90%), com uma média de 1,8 PRM/paciente. A farmacoterapia inadequada ocasionou 64
PRMs, destacando-se os problemas de cumprimento do tratamento proposto (31,25%). As
questões relacionadas com a efetividade ocorreram devido à freqüência inapropriada dos
medicamentos inalatórios. A administração incorreta e a dose incorreta foram as principais
causas do aparecimento do PRM de segurança; e o não atendimento ás instruções foi o
responsável pelo PRM de cumprimento que ocorreu devido ao não entendimento pelo paciente
das instruções recebidas do médico. Verificou-se que as intervenções farmacêuticas otimizaram
o uso de medicamentos, diminuíram os sintomas causados e melhoraram o estado de saúde dos
pacientes. Nossos achados indicam que o AFT e as intervenções farmacêuticas, destacando
117
àquelas relacionadas à educação do paciente, foram importantes e capazes de promover
melhoria nos resultados clínicos da população estudada.
UNITERMOS: Asma. Acompanhamento Farmacoterapêutico. Problemas Relacionados aos
Medicamentos. Intervenção Farmacêutica.
Introdução
Nas últimas décadas, o aumento da prevalência da asma, seu impacto na saúde das pessoas
e a sobrecarga dos sistemas públicos de saúde têm despertado a atenção de pesquisadores,
profissionais da área e autoridades sanitárias para a necessidade de desenvolver ações efetivas
visando o seu controle (NHLBI, 1997, OMS, 2004). A asma é uma doença que atinge quase todas
as idades, principalmente nos primeiros anos de vida, sendo que cerca de 50% dos casos são
desenvolvidos até os dez anos de idade (NHLBI, 1997; MCFADDEN, 1998). É considerada uma
doença heterogênea e complexa, que resulta de fatores genéticos e ambientais, e que se manifesta
com um amplo espectro de formas clínicas (FONSECA et al., 2004).
Existem tratamentos efetivos que têm demonstrado reduzir de maneira extraordinária a
morbidade por asma, porém somente são efetivos quando utilizados de forma adequada pelos
pacientes (OMS, 2004). O uso de medicamentos antiinflamatórios por via inalatória permitiu
o controle da doença, com melhora evidente na qualidade de vida dos pacientes e de seus
familiares (FONSECA et al., 2004). Por outro lado, o subdiagnóstico e o tratamento
inadequado ainda têm sido considerados os principais fatores contributivos para a
morbimortalidade por asma (NHLBI/WHO, 1997; ISAAC, 1998; GINA, 2004).
Cerca da metade dos pacientes, mesmo com o recebimento gratuito dos medicamentos,
não adere ao tratamento, geralmente por desconhecimento da importância do tratamento
regular de manutenção. Os programas de educação objetivam sanar estas dificuldades. De
fato, a educação do asmático pode ser realizada adequadamente por uma equipe
multidisciplinar, na qual a inserção do farmacêutico é de suma importância. Estudos têm
demonstrado que o acompanhamento e a orientação dos portadores de asma e seus familiares,
por profissionais farmacêuticos, são relevantes para o sucesso do tratamento e melhoria da
qualidade de vida do paciente (GONZÁLEZ-MARTINN; JOO; SÁNCHEZ, 2003).
Diante de tantos danos decorrentes do uso de medicamentos em vários locais no mundo,
ante a necessidade de diminuir os problemas relacionados a medicamentos (PRM) e programar o
seu uso racional, os farmacêuticos repensaram o seu papel na sociedade, deixando de ser meros
dispensadores de medicamentos industrializados. Cipolle, Strand e Morley (1998) constataram
que esta mudança contribuiu para que a prática farmacêutica se voltasse para o paciente,
enfocando todas as ações do antes, durante e depois do tratamento, para assegurar uma terapia
efetiva. Nos Estados Unidos, Hepler e Strand (1990) elaboraram um conceito de prática
profissional em que o paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico, chamada
Atenção Farmacêutica (AF). Nesse novo paradigma, o farmacêutico colabora com outros
profissionais para elaboração, execução e acompanhamento de um plano terapêutico com o
objetivo de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente,
especialmente em ocasiões em que a terapêutica farmacológica esteja falhando, não conseguindo
atingir seu objetivo ou produzindo efeitos indesejáveis (OSHIRO; CASTRO, 2006).
Atenção Farmacêutica é um novo paradigma profissional que pretende contribuir com a
qualidade do atendimento de pacientes ambulatoriais e hospitalizados. O principal objetivo da
atenção farmacêutica é a identificação, a prevenção e o controle de problemas relacionados
com medicamentos (HEPLER; STRAND, 1990). Ensaios clínicos que avaliam serviços
clínicos prestados por farmacêuticos evidenciaram aumento da adesão ao tratamento, por
parte dos pacientes, e do conhecimento dos aspectos relacionados à utilização correta do
118
medicamento prescrito, além do ajuste do uso, segundo um calendário otimizado, e o
reconhecimento precoce de reações adversas (ROUGHEAD et al., 2003; LIPTON; BIRD,
1994). O objetivo final de qualquer intervenção é o aumento da eficácia terapêutica, visando
atingir resultados clínicos esperados.
Os registros de problemas relacionados com medicamentos (PRM) e intervenções
farmacêuticas fazem parte do exercício da Atenção Farmacêutica, que visa à obtenção da
máxima efetividade dos tratamentos farmacológicos, bem como, busca minimizar os riscos
associados ao uso dos medicamentos e, portanto, melhorar a segurança da farmacoterapia,
contribuir ao uso racional dos medicamentos e ainda melhorar a qualidade de vida do
paciente. A Atenção Farmacêutica inova como estratégia necessária de assistência sanitária,
sem invadir competências de outros membros da equipe de saúde, pois para se proporcionar
uma assistência sanitária global e completa é imprescindível uma colaboração
multidisciplinar. (CORDEIRO; REYNAUD, 2005).
Desta feita, o presente trabalho objetivou apresentar e descrever o perfil
sociodemografico de pacientes asmáticos pertencentes ao programa de asma do Ceará e
atendidos no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, bem como, os PRM
identificados e as intervenções feitas durante o acompanhamento farmacoterapeutico.
1 Material e métodos
O Hospital de Messejana Carlos Alberto Studart Gomes, localizado em Fortaleza -
Ceará – Brasil, é um hospital público, terciário, da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará,
especializado em doenças do coração e do pulmão. O estudo foi realizado no ambulatório de
Pneumologia do referido hospital, no período de agosto de 2006 a maio de 2007, e foram
convidados a participar do estudo pacientes adultos (18 a 65 anos), que recebiam tratamento
farmacológico para asma. O modelo de investigação aplicado pertence a área de Atenção
Farmacêutica, sendo um estudo descritivo, longitudinal, prospectivo e intervencionista, no
qual cada paciente foi seu próprio controle. O acompanhamento farmacoterapeutico (AFT) e a
classificação dos problemas relacionados com os medicamentos (PRM) foram executados
segundo Cipolle et al. 2004, utilizando o método de acompanhamento farmacoterapeutico
PWDT (Pharmacist's Workup of Drug Therapy), sendo feitas adaptações na ficha
farmacoterapeutico.
Os critérios de inclusão utilizados para selecionar a população-alvo foram: ambos os
sexos, com diagnóstico clínico de asma, e inscritos no Programa de Componente de
Medicamentos de Dispensação Excepcionais (Alto Custo) do Ministério da Saúde, em
tratamento regular, em período superior a dois meses do inicio da pesquisa, e concordantes
em participar da pesquisa. Foram considerados inelegíveis para a pesquisa os pacientes com
idade não incluída na faixa etária selecionada, fumante, paciente com menos de dois meses de
tratamento (contados a partir do momento do início deste estudo), pacientes grávidas, como
também os que não concordaram com a pesquisa e os que não compareceram às consultas
agendadas de acompanhamento farmacoterapêutico, bem como todos os que não
apresentaram condições de responder aos questionários.
Um total de trinta pacientes foi selecionado aleatoriamente, durante o mês de agosto de
2006, no período da manhã, nas segundas e quartas-feiras, no momento da dispensação dos
medicamentos na farmácia do ambulatório após a avaliação médica. Apresentação do serviço
de atenção farmacêutica foi um processo sistemático, contínuo e documentado, que envolveu
três atendimentos farmacêuticos, agendados pessoalmente ou por contato telefônicos, de
acordo com a disponibilidade do pacientes, e que teve como meta o alcance de resultados
terapêuticos positivos para o controle da asma. O primeiro atendimento se referiu uma
119
entrevista inicial seguida de dois outros acompanhamentos. Na primeira entrevista, foi
aplicado um instrumento de investigação para a caracterização do perfil
farmacoepidemiologico. Ainda neste momento, foi feita uma observação da realidade do
paciente com análise da situação inicial e a revisão global dos problemas de saúde existentes e
o grau de conhecimento sobre os medicamentos utilizados para a asma e outras co-
morbidades, a existência de automedicação e suas possíveis contra-indicações, bem como o
comportamento ante a farmacoterapia.
A identificação dos PRM seguiu os princípios próprios da farmacologia clínica,
baseando-se na idéia de que um medicamento deve ser necessário, efetivo e seguro, como
também o paciente deve cumprir o tratamento indicado. O não preenchimento desses critérios
estabeleceu a presença de PRM (QUADRO 1). Após a identificação do PRM e sua(s)
causa(s), intervenções foram feitas na forma verbal e escrita, visando sua resolução e
buscando acordar com o paciente a solução mais adequada a cada caso.
QUADRO 1 – Classificação de PRM, de acordo com Cipolle, Strand, Morley (1998)
Indicação
PRM 1 – O paciente apresenta um problema de saúde que requer a instauração de um tratamento farmacológico ou o
emprego de um tratamento adicional.
PRM 2 – O paciente está sendo submetido a tratamento farmacológico desnecessário.
Efetividade
PRM 3 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual esta tomando um medicamento inadequado
PRM 4 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual toma uma quantidade muito pequena do medicamento
correto.
Segurança
PRM 5 – O paciente apresenta um problema de saúde devido a uma reação adversa a um medicamento
PRM 6 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual usa uma quantidade muito alta do medicamento correto.
Cumprimento
PRM 7 – O paciente apresenta um problema de saúde para o qual não toma o medicamento de maneira apropriada
Fonte: El Ejercicio de La Atencioón Farmacêutica – McGraw-Hill. Interamericana
O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos
do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
2 Resultados
A Tabela 1 apresenta o perfil sociodemográfico do grupo estudado. A média de idade
foi de 46,13 ± 11,9 anos, com uma predominância do sexo feminino sendo a maioria casada.
Quanto à escolaridade, cerca de 43% dos pacientes não terminou o ensino fundamental. A
maioria dos participantes do estudo (80%) co-habitava com esposo (a) e/ou filho (as). E
quanto à ocupação, a prevalência era de aposentados/pensionistas e a renda média familiar de
dois salários-mínimos.
No que se refere aos hábitos sociais, foi observado que a maioria dos pacientes não
praticava atividades físicas (76,7%) e aqueles que praticavam (23,3%) preferiam a caminhada
como principal exercício. A maioria relatou não fazer uso de bebida alcoólica e nem consumo
de tabaco (TABELA I).
120
TABELA I - Distribuição da população de estudo de acordo com as características demográficas
e socioeconômicas
Caracterização sociodemográfica dos pacientes asmáticos %
Sexo
Masculino 6 20,0
Feminino 24 80,0
Idade (anos)
15-25 2 6,6
26-35 5 16,6
36-45 6 20,0
46-55 9 30,0
56-65 8 26,8
ÍMC (kg/m
2
)
< 24,9 13 43,3
25 – 29,9 12 40,0
30 – 34,9 5 16,7
Estado Civil
Casado (a) ou união consensual 19 63,3
Solteiro (a) 6 20,0
Viúvo (a) 1 3,3
Separado (a)/Divorciado(a) 4 13,3
Escolaridade
Lê/ escreve 2 6,7
Fundamental incompleto 11 36,7
Fundamental completo 3 10,0
Médio incompleto 5 16,7
Médio completo 9 30,0
Moradia
Pais 3 10,0
Esposo (a) 4 13,3
Sozinho (a) 1 3,3
Esposo (a) filhos (as) 14 46,7
Filho (a) 6 20,0
Outra pessoa 2 6,7
Ocupação
Desempregado 5 16,7
Aposentado/pensionitsa 9 30,0
Funcionário Público 1 3,3
Empregada doméstica 1 3,3
Funcionário empresa privada 7 23,3
Estudante 1 3,3
Outros 6 20,0
Renda Familiar
Ate 2 salários- mínimos * 19 63,3
De 2 a 8 salários-mínimos 11 36,7
* valor vigente Cr$ 350,00
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
No que se refere ao levantamento farmacoterapeutico (TABELA III) cerca de 37% dos
pacientes usavam dois medicamentos/dia e 70% da população estudada empregava duas
especialidades farmacêuticas para asma por via inalatória: corticosteróide e broncodilatador
de curta ação. Quase todos (87%) relataram receber a orientação médica de como utilizar o
medicamento; 70% conseguiam ler a receita e cerca de 97% desses pacientes tinham
conhecimento do porquê de estarem tomando o medicamento. Quanto à adesão ao tratamento,
56,7% revelaram que algumas vezes deixaram de utilizar o medicamento (prescrito pelo
médico) para asma.
121
TABELA II - Distribuição da população de estudo, segundo hábitos de vida
Hábitos Sociais %
Atividade Física *
Não pratica 23 76,7
Menos de três vezes por semana 1 3,3
Três ou mais vezes por semana 6 20,0
*Tipo de atividade física - caminhada
Consumo de tabaco
Ex-fumante 11 36,7
Nunca fumou 19 63,3
Consumo de bebida alcoólica
Sim, com freqüência 1 3,4
Moderadamente 4 13,3
Não 25 83,3
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
Com relação às dificuldades encontradas no uso dos medicamentos, 36,6% dos
pacientes informaram que sua principal dificuldade era adquirir o medicamento. Por sua vez,
30% disseram não possuir dificuldade, contudo, cerca de 17% dos pacientes asmáticos
relataram não saber usar os dispositivos inalatórios. Em torno de 13% dos pacientes
afirmaram ter dificuldade em lembrar de tomar o medicamento e algumas vezes evitavam usá-
los dados os efeitos colaterais que sentiam ao utilizar o medicamento (13,3%).
TABELA III – Levantamento farmacoterapêutico dos pacientes do estudo
Nº %
Nº de medicamentos utilizados diariamente
2 11 36,6
4 a 12 10 33,4
3 6 20,0
1 3 10,0
Número de medicamentos utilizados para asma
2 21 70,0
3 a 4 05 16,7
1 4 13,3
Recebe orientação médica de como utilizar o medicamento?
Sim 26 86,7
Não 4 13,3
Consegue ler a receita
Sim 21 70,0
Não 9 30,0
Sabe por que está tomando o medicamento
Sim 29 96,7
Não 1 3,3
Fonte de informação sobre o medicamento*
Orientação medico/enfermeiro/farmacêutico 17 56,0
A receita 12 40,0
A bula 9 30,0
Parente/amigo 7 23,0
Deixam de usar alguma vez a medicação para asma
Sim 17 56,7
Não 13 43,3
Dificuldade em relação ao uso do medicamento(**)
Adquirir o medicamento 11 36,6
Não tem dificuldade 9 30,0
Não sabe utilizar os dispositivos inalatórios 5 16,6
Efeitos colaterais 4 13,3
Lembrar de tomar 4 13,3
Adaptar-se aos horários 3 10,0
(*) número de pacientes que utilizavam medicamentos
(**) paciente deu mais de uma resposta
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
122
Durante o acompanhamento farmacoterapêutico da população estudada, foram
identificados e classificados 64 PRMs, numa média de 1,8 ± 1,2 PRM por paciente, seguindo
à categorização de Cipolle et al,2004 (TABELAS IV e V).
TABELA IV - Total de PRMs identificados no grupo de pacientes asmáticos, conforme
classificação de Cipolle, Strand, Morley (1998)
Necessidades relacionadas com
medicamentos
Tipo de problema relacionado com
o medicamento
N
Cumprimento PRM 7 20
Segurança PRM 5 16
Indicação PRM 2 9
Indicação PRM 1 8
Efetividade PRM 3 4
Efetividade PRM 4 4
Segurança PRM 6 3
Total 64
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes
TABELA V - Distribuição dos pacientes, segundo a quantidade de PRM
Nº PRM Nº paciente %
1 11 36,7
3 8 26,6
2 7 23,3
Nenhum 3 10,0
5 1 3,4
Total 30 100,0
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.
A maior incidência de problemas relacionados aos medicamentos foi o de cumprimento
(PRM 7; 31%), seguido pelo PRM 5 e 6 (problema de segurança; 30%), e PRM 1 e 2 (indicação;
27%). O valor percentual de 12% foi relacionado aos problemas de efetividade (PRM 3 e 4 ).
PRM 1
13%
PRM 2
14%
PRM 3
6%
PRM 4
6%
PRM 5
25%
PRM 6
5%
PRM 7
31%
FIGURA 1 - Distribuição da incidência dos tipos de PRM dos pacientes do
ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr. Carlos
Alberto Studart Gomes Foram identificados 64 PRMs durante o
acompanhamento farmacoterapêutico, no período de agosto de 2006
a maio de 2007.
Dentre as principais causas de PRM de indicação, pode-se citar a dupla terapia, ou seja,
o paciente fazia uso de dois fármacos da mesma classe terapêutica, exemplo: dois
broncodilatadores - formoterol / budesonida e teofilina / efedrina, simultaneamente. Pode-se
mencionar ainda o uso de dois antiagregantes plaquetários – ticlopidina e ácido
123
acetilsalisílico, usados ao mesmo tempo pelo paciente. Outro exemplo de PRM de indicação
observado: o paciente possui uma patologia, além da asma, que não era tratada: exemplo: a
rinite, gastrite e insuficiência cardíaca. Quanto aos PRMs de efetividade, o paciente utilizava
o medicamento com uma freqüência inapropriada ou seja, não seguia às orientações da
prescrição médica. Com relação aos PRMs de segurança, o paciente fazia uso de
medicamento contra-indicado para o asmático, exemplo: ácido acetilsalisílico e propranolol
ou apresentava reação adversa, como a tosse, no uso de captopril, como também o utilizava
doses alta de broncodilatador ao dia. Em relação ao PRM de cumprimento, o paciente não
utilizava o medicamento, ou seja, deixava de tomar o medicamento.
Na TABELA VI estão relacionadas as principais intervenções farmacêuticas para
resolução dos PRMs.
TABELA VI - Principais intervenções farmacêuticas realizadas para resolução dos PRM
PRM identificado Intervenção farmacêutica realizada
Uso de AAS e propranolol Paciente orientado a procurar o médico prescritor e
informar a sua condição de asmático e não fazer uso
de analgésico que tivesse o acido acetilsalisílico na
sua formula.
Uso de AAS e ticlopidina Paciente orientado a suspender o AAS
Uso de prometazina nas crises de rinite Paciente orientado a suspender o medicamento, bem
como procurar o pneumologista e não se
automedicar.
Uso de corticosteróide inalatórios somente nas crises
de asma
Paciente orientado a utilizar o medicamento
diariamente e nos intervalos prescrito pelo médico.
Uso de β bloqueador de curta ação em doses elevadas Paciente orientado quanto ao risco da super dosagem
dos β bloqueadores e somente utilizar conforme
orientação médica.
Técnica incorreta no uso dos dispositivos inalatórios Disponibilizado ao paciente folder educativo de
orientação do uso dos dispositivos inalatórios, e feito
treinamento no manuseio destes dispositivos.
Uso de dois medicamentos broncodilatador (um deles
por automedicação)
Paciente orientado a suspender uma droga
broncodilatadora (automedicação)
Ambulatório de Pneumologia do Hospital de Messejana Dr.Carlos Alberto Studart Gomes, agosto de 2006 a
maio de 2007.
3 Discussão
Nossos resultados confirmam a importância do acompanhamento farmacoterapêutico,
para pacientes asmáticos para uma vez que problemas relacionados a medicamentos foram
identificados e resolvidos. As intervenções de educação em saúde consistiram na orientação
sobre a doença e mudanças no estilo de vida, no reconhecimento de sinais e sintomas
causados pelos medicamentos, bem como no estímulo à participação ativa dos pacientes
asmáticos na farmacoterapia proposta.
Ações de educação em saúde configuram-se cada vez mais como uma das mais
importantes ferramentas dentro do manejo de pacientes portadores de várias doenças,
principalmente as de natureza crônica, como a asma. As estratégias utilizadas devem ser
adequadas ao perfil dos pacientes acompanhados, levando em consideração uma simbiose de
fatores diversos, tais como: nível de escolaridade, idade, características intrínsecas da doença,
percepção do paciente e de sua família quanto à doença e ao respectivo tratamento, fatores
socioeconômicos e culturais, até mesmo as crenças que o paciente tem sobre o que venha a ser
saúde (CONSENSO, 2002; CIPOLLE et al., 1998).
124
O automanejo da asma é reconhecido como estratégia efetiva na redução da morbidade
(GIBSON, 2000). Em um estudo realizado pelo autor, no qual foi instituído um programa
educativo para adolescentes, em que a intervenção foi liderada pelos próprios adolescentes,
resultou em melhoria na qualidade de vida, do absenteísmo escolar, das exacerbações de asma
e conseqüentemente diminuição da morbidade, sugerindo que o benefício é inestimável ante a
magnitude do problema.
Essas idéias e concepções estão de acordo com as proposições filosóficas da atenção
farmacêutica a qual diz que o foco é o paciente, sendo respeitadas suas características e suas
preocupações e desejos quanto ao tratamento medicamentoso proposto. O seguimento
farmacoterapêutico pretende melhorar a educação dos pacientes sobre a enfermidade e a
utilização adequada dos medicamentos antiasmáticos, assim como prevenir e resolver os
problemas relacionados com medicamentos, o que leva a uma melhora na sua qualidade de
vida concernente à saúde. Nesse contexto, nossos resultados identificaram PRM,
exemplificados anteriormente, e que merecem ser comentados como o PRM de efetividade
onde os pacientes utilizavam o medicamento com uma freqüência inapropriada, não
obedecendo a ás orientações da prescrição médica, sendo assim, o medicamento não estava
sendo efetivo, uma vez que sintomas da asma persistiam e não foram sequer amenizados.
No que se refere aos problemas relacionados aos medicamentos, a maior parte dos
pacientes apresentou algum tipo de PRM, no qual a maioria era de cumprimento ou adesão,
que foi causada, principalmente, pelo não entendimento da técnica correta no uso dos
medicamentos inalatórios (broncodilatadores e corticósteróides), bem como a não obediência
à prescrição médica, ou seja, os pacientes muitas vezes só usavam o medicamento quando
estava em crise.
A adesão ao tratamento, abordada em vários estudos envolvendo pacientes crônicos,
revela resultados variáveis uma vez que a metodologia utilizada e os grupos estudados são
heterogêneos. Teixeira (1998), em estudo sobre adesão ao tratamento da hipertensão,
mediante duas metodologias, apontou que a adesão pelo método da entrevista foi de 62 % e,
por contagem de comprimidos, 38,4. Rantucci (1998) comenta que, dependendo do grupo
estudado, do tipo de medicação e de outros fatores, os estudos revelam índices de não
cumprimento/não adesão de terapias farmacológicas entre 13 e 93%.
As intervenções farmacêuticas tiveram como objetivo resolver a maioria dos PRMs.
Durante o processo de resolução, as estratégias de intervenção buscaram estar em sintonia
com a realidade de cada paciente enquanto ser humano, tentando, numa visão holística,
enxergar o todo e não apenas os sinais, sintomas e PRMs existentes. Desse modo, ao
estabelecer os planos de cuidados, foi preciso perceber a situação existencial de cada um dos
pacientes, bem como as sua realidades econômicas, sociais e culturais. Os planos de cuidados
individuais e as intervenções farmacêuticas, previamente elaborados, foram atualizados e
documentados a cada atenção farmacêutica.
Jiménez (2003) afirma com certeza que quando a causa de PRM é a não adesão, o
farmacêutico vai intervir diretamente com seu paciente, sem necessitar obrigatoriamente da
intervenção de outro profissional de saúde para solucionar o PRM, muito mais do que no
restante das outras causas (interação, duplicidade e outras, como os erros de medicação) em
que outros profissionais de saúde, como médico e enfermeiro, devem ser acionados para
solucionar estes PRMs. Nas demais causas, busca-se a lógica de uma elevada parceria com o
médico para resolver os PRMs, já que, na maioria das ocasiões, é necessário trocar o
tratamento estabelecido, adicionar novos, suspender outros, trocar doses e posologias. Estas
competências são, no Brasil, assim como na Espanha, de ordem médica, atuando o
farmacêutico como um profissional de saúde há mais neste processo, sendo novamente
125
confirmada sua colaboração para a sociedade, como também para os pacientes no sentido de
provê-los de uma farmacoterapia ideal. Uma das diferenças mais importantes que o
farmacêutico tem para favorecer a farmacoterapia é a sua fácil acessibilidade e
disponibilidade (JIMÉNEZ, 2003).
O projeto de pesquisa TOM, proposto por Hepler, testado na Europa usando a asma
como piloto, obteve resultados importantes nos cuidados relacionados a essa doença. Foi um
estudo prospectivo, controlado e multicêntrico, e desenvolvido para avaliar o efeito do
método TOM. Foram envolvidas 31 farmácias e 500 pacientes com asma, com idade entre 16
a 60 anos, distribuídos entre o grupo controle e de intervenção. Os resultados demonstraram
que o método TOM, realizado por farmacêuticos comunitários, é uma estratégia para
melhorar a qualidade do tratamento dos pacientes com asma no nível primário (HERBORG et
al., 2001a). O estudo sugere que médicos, farmacêuticos e pacientes, trabalhando em
conjunto, podem melhorar a prescrição, resolver problemas de farmacoterapia e melhorar o
controle de paciente com asma moderada a grave (HERBORG et al., 2001b).
Conclusão
A farmacoterapia empregada de forma inadequada causou o aparecimento de diversos
PRMs. Apesar de ter recebido orientação de como utilizar o medicamento, mais da metade
não cumpriam as ordens médicas ou as seguiam, porém de forma incorreta. As intervenções
farmacêuticas foram efetivas favorecendo a otimização do uso de medicamentos, diminuindo
os sintomas causados pela farmacoterapia e melhorando o estado de saúde dos pacientes
asmáticos.
Os resultados contidos nesta pesquisa demonstram que um serviço de Atenção
Farmacêutica pode melhorar a educação dos pacientes sobre a sua doença e a utilização
adequada dos medicamentos antiasmáticos, assim também, como evitar e resolver PRM o que
conduz eventualmente a um melhor controle da doença.
Abstract
The pharmacotherapeutic follow-up (PF) of patients constitutes an essential component of
practice of Pharmaceutical Care (PC) and allows to identify, to decide and to prevent the Drug
Related Problems (DPR) evaluating and guaranteeing the necessity, the security and the
effectiveness, as well as the comfort and satisfaction of the individual with the process of
medicine use. In this vision, the PC seems to interact, strategically, with the one of the rational
medicine use. In turn, the asthma is a chronic illness of high prevalence in the world and its low
control has been associated to the lack of knowledge and abilities of the professionals of health,
patients and family members about the illness, including the difficulty in the adequate use of the
inhalation devices. Thus, this study had as objectives: 1) to delineate the
pharmacoepidemiologic profile of an asthmatic group of patients, 2) to describe the DRP
observed during the PF 3) to analyze the results of the pharmaceutical interventions in this
group. For that 30 patients participated of the study descriptive, longitudinal and prospective,
and applied the method of PF according to Cipolle et al., 1998. The main focus was on the use
of inhalation medicines (corticosteroids and bronchodilator) and its adequate use and
pharmaceutical interventions were made. The majority of the patients presented some type of
DRP (90%) with a average of 1,8 DRP/pacient. The inadequate pharmacotherapy caused 64
DRP, distinguishing the problems related to compliance of proposed treatment (31.25%). The
questions related with the effectiveness occurred due to inappropriate frequency of inhalation
medicines. The incorrect administration and incorrect dose had been the main causes of the
appearance of the DPR of security; and the non attendance of the instructions was the
126
responsible for the DPR of compliance that occurred due to the non agreement for the patient of
the instructions received from the doctor. It was verified that the pharmaceutical interventions
optimized the medicine use, decreased the caused symptoms and improved the state of health of
the patients. Our findings indicate that the PF and the pharmaceutical interventions mainly those
related to the education of the patient were important and capable of promoting improvement in
the clinical results of the studied population.
UNITERMS: Asthma. Pharmacotherapeutic follow-up. Pharmaceutical intervention. Drug
related problems.
Agradecimentos
Aos pacientes que participaram desta pesquisa, sem as suas colaborações este trabalho não seria
possível. Aos profissionais do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, que
muito contribuíram para este estudo e a Secretaria de Saúde do Ceará pela efetivação do programa
de Medicamentos de Dispensação Excepcional – Alto Custo, beneficiando a dispensação dos
medicamentos para o programa da asma inserido nesse contexto.
Referências bibliográficas
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Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, 2005. 189p.
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127
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adherencia.htm>. Acesso em: 8 nov. 2005.
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Willian&Wilkins, 1998. 281p.
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TEIXEIRA, A. C. A. Adesão ao tratamento farmacológico da hipertensão arterial e seus
determinantes em pacientes de ambulatório. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal do Ceará, 1998.
ANEXOS
129
ANEXO A
APARELHO DE MEDIDA DO PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO
130
ORIENTAÇÃO PARA A MEDIDA DO PICO DE FLUXO EXPIRATORIO
O objetivo deste aparelho é medir o pico de fluxo respiratório a fim de monitorar as
condições respiratórias do paciente asmático.
Quando se tem um episódio de asma ou crise, os pulmões ficam bloqueados e o ar não
consegue se mover facilmente. Por isso o medidor de fluxo vai ajudá-lo, a saber, o quanto os
pulmões estão bloqueados.
Medidas de fluxo diárias podem detectar sutis mudanças na função dos pulmões,
algumas vezes antes mesmo de você sentí-las.
Este aparelho mede o pico de fluxo respiratório (PFR) que é a velocidade com que o ar
passa pelos pulmões no momento da expiração (saída do ar).
Quando você assopra no aparelho a respiração empurra o ar para cima, empurrando o
pistão (em vermelho) dentro da escala, quando este sobe carrega um indicador com ele, que
fica posicionado na medida máxima do fluxo de ar expirado. Quanto mais alto este pistão se
posicionar, indica a facilidade com que o ar flui nos seus pulmões.
Modo de usar:
1- Coloque a peça branca no bico.
2- Certifique-se de que o indicador vermelho esta na parte de baixo da escala.
3- Use o aparelho para cima, tendo cuidado para que seus dedos não bloqueiem a
abertura atrás.
4- Fique de pé, inspire (puxe o ar com a boca aberta) o mais profundo possível, coloque
a boca com firmeza no bocal, certifique-se para que os lábios fiquem bem colados no
bocal.
5- Assopre o mais forte e rápido que puder isso vai fazer com que o indicador vermelho
suba na escala. A posição final indica o pico do fluxo de ar.
6- Repita por mais duas vezes e anote o valor maior no Diário de Sintomas da Asma.
7- Para repetir o teste, mova o indicador vermelho para a base.
Cuidados com o aparelho:
Não é necessário limpar o seu aparelho pessoal após cada uso. Uma vez por semana é o
suficiente. A limpeza é simples, mas é muito importante para manter o aparelho.
A parte branca removível pode ser limpa com água morna e depois secar bem.
O resto do instrumento pode ser lavado com sabão liquido. Depois enxágüe com
água morna. Escorra o aparelho para e deixe secar naturalmente antes do próximo
uso.
Nunca ferva o instrumento.
Você deve examinar se o seu aparelho está funcionando periodicamente. Como o
aparelho é feito de plástico transparente é fácil de examinar. Não deve ser usado se estiver
quebrado.
131
ANEXO B
QUESTIONARIO DE QUALIDADE DE VIDA
Identificação do
paciente:_______________________________________________
Instrumento avaliação de qualidade de
vida em asma (AQLQ)
Data: __________________
Por favor complete toda as questões, circulando o número que descreve melhor como vc tem se sentido durante as últimas 2
semanas devido a sua asma
Quais limitações você tem sentido durante as 2 últimas semanas, nestas atividades?
Totalmente
limitado
Extremamente
limitado
Muito
Limitado
Moderadamente
limitado
Pouco
limitado
Muito pouco
limitado
Nada
limitado
37. Atividades vigorosas
37._____
(apressar o passo, fazer
exercícios, subir escadas
correndo, praticar
esportes)
1 2 3 4 5 6 7
38. Atividades moderadas
38._____
(caminhar, trabalho de
casa, cuidar do
jardim/quintal, fazer
compras, subir escadas)
1 2 3 4 5 6 7
39. Atividades sociais
39._____
(como falar, brincar com
crianças/animais de
estimação, visitar
amigos/parentes)
1 2 3 4 5 6 7
40._____
40. Atividades
relacionadas ao trabalho*
*Se você não estiver
empregado ou
trabalhando por conta
própria, estas tarefas
devem ser aquelas que
você tem que fazer na
maioria dos dias
1 2 3 4 5 6 7
41. Quando dorme
1 2 3 4 5 6 7
41.____
Quanto mal estar ou aflição você tem sentido nas 2 últimas semanas?
Muitíssimo Muito Bastante Moderado Algum Muito pouco Nenhum
42._____
42. Quanto mal estar ou
aflição você tem sentido
nas 2 últimas semanas
como resultado de um
aperto no peito
1 2 3 4 5 6 7
132
De modo geral, com que freqüência, durante as 2 últimas semanas, você:
Sempre Quase sempre
Bastante
tempo
Algum tempo
Pouco
tempo
Quase nunca Nunca
43._____
43. Se sentiu preocupado
por ter asma?
1 2 3 4 5 6 7
44._____
44. Se sentiu com falta de
ar por causa de sua asma?
1 2 3 4 5 6 7
45._____
45. Teve sintomas da
asma devido ao fato de ter
sido exposto à fumaça de
cigarro
1 2 3 4 5 6 7
46. Teve chiado no peito? 1 2 3 4 5 6 7
46._____
47._____
47. Sentiu que teve que
evitar uma situação ou um
ambiente devido a fumaça
de cigarro
1 2 3 4 5 6 7
Quanto mal estar ou aflição você sentiu nas 2 últimas semanas:
Muitíssimo Muito Bastante Moderado Algum Muito pouco Nenhum
48._____
48. Quanto mal estar ou
aflição você tem sentido
nas 2 últimas semanas
devido a Tosse?
1 2 3 4 5 6 7
De modo geral, quanto tempo durante as 2 últimas semanas você:
Sempre Quase sempre
Bastante
tempo
Algum tempo
Pouco
tempo
Quase nunca Nunca
49._____
49. Se sentiu frustrado
(por que você não pode
fazer o que vc gosta) por
causa de sua asma?
1 2 3 4 5 6 7
50._____
50. Teve uma sensação de
peso no peito?
1 2 3 4 5 6 7
51._____
51. Se sentiu preocupado
quanto a necessidade de
usar medicação para
asma?
1 2 3 4 5 6 7
52._____
52. Sentiu a necessidade
de pigarrear?
1 2 3 4 5 6 7
53._____
53. Sentiu sintomas da
asma como resultado de
estar exposto a poeira?
1 2 3 4 5 6 7
54._____
54. Teve dificuldade para
soltar o ar por causa de
sua asma?
1 2 3 4 5 6 7
55._____
55. Teve que evitar uma
situação ou um ambiente
devido a poeira?
1 2 3 4 5 6 7
56._____
56. Acordou de manhã
com sintomas da asma?
1 2 3 4 5 6 7
57._____
57. Sentiu medo de não
ter disponível sua
medicação para asma?
1 2 3 4 5 6 7
133
De modo geral, quanto tempo durante as 2 últimas semanas você:
Sempre Quase sempre
Bastante
tempo
Algum tempo
Pouco
tempo
Quase nunca Nunca
58._____
58. Se sentiu incomodado
pela respiração difícil?
1 2 3 4 5 6 7
59._____
59. Teve os sintomas da
asma devido ao tempo
ruim ou a poluição do ar?
1 2 3 4 5 6 7
60. Acordou-se a noite
por causa da sua asma?
1 2 3 4 5 6 7
60._____
61._____
61. Evitou sair devido ao
tempo ruim ou a poluição
do ar
1 2 3 4 5 6 7
62._____
62. Teve sintomas de
asma devido a exposição
a cheiros fortes ou
perfume?
1 2 3 4 5 6 7
63. Teve receio de perder
fôlego?
1 2 3 4 5 6 7
63._____
64._____
64. Sentiu que teve que
evitar uma situação ou um
ambiente devido a cheiros
fortes ou perfumes?
1 2 3 4 5 6 7
65._____
65. Sua asma interferiu
em que você tivesse uma
boa noite de sono?
1 2 3 4 5 6 7
66. Teve a sensação de ter
que brigar pelo ar?
1 2 3 4 5 6 7
66._____
Quão limitado você tem estado durante as 2 últimas semanas?
A maioria
não feitas
Algumas
não feitas
Muito
poucas
não
feitas
Sem
limitação
67._____
67. Pense em todo tipo de
atividade que você
gostaria de ter feito
durante as 2 últimas
semanas. O quanto suas
atividades têm sido
limitadas por causa de sua
asma?
1 2 3 4 5 6 7
Totalmente
limitado
Extremamente
limitado
Muito
Limitado
Moderadamente
limitado
Pouco
limitado
Muito pouco
limitado
Nada
limitado
68._____
68. De modo geral, entre
todas as atividades que
você tem feito durante as
2 últimas semanas, quão
limitado você tem estado
por causa de sua asma?
1 2 3 4 5 6 7
Instrumento específico de qualidade de vida em asma (AQLQ) de Elizabeth Juniper, 1998
134
ANEXO C
QUESTIONÁRIO SATISFAÇÃO DO PACIENTE COM RELAÇÃO AO
FARMACÊUTICO PESQUISADOR E AO PROGRAMA DE ATENÇÃO
FARMACÊUTICA
INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM RELAÇÃO AO FARMACÊUTICO-PESQUISADOR E AO
PROGRAMA DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA
69. O farmacêutico fica com o(a) sr(a) tanto tempo quanto necessário? 67._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
70. O farmacêutico explica os possíveis efeitos colaterais que um novo medicamento pode causar 68._______
ao sr.(a)?
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
71. Se o(a) sr.(a) tem uma dúvida sobre sua prescrição (receita), o farmacêutico está disponível para 69._______
lhe orientar?
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
72.O farmacêutico sabe explicar as coisas de um modo que o(a) sr.(a) entenda? 70._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
73.O farmacêutico é tão detalhista quanto poderia ser? 71._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
74.O farmacêutico confirma se o(a) sr(a) entendeu como tomar os medicamentos? 72._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
75.O farmacêutico não fica tempo suficiente com o(a) sr(a)? 73._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
76.O farmacêutico é amigável com o(a) sr(a)? 74._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
77.O farmacêutico é um profissional competente? 75._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
78.O(a) sr(a) tem que esperar muito tempo antes que consiga ser atendido pelo farmacêutico? 76._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
79.O(a) sr(a) tem dificuldade de entender o farmacêutico? 77._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
80.O farmacêutico se interessa sinceramente pelo sr(a), como pessoa? 78._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
81.Há muitas distrações (na sala de atendimento) que fazem com que o sr(a) não receba um bom 79._______
atendimeto?
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
82.O(a) sr(a) está satisfeito com o atendimento que está recebendo do farmacêutico? 80._______
1=SEMPRE 2=QUASE SEMPRE 3=AS VEZES 4=QUASE NUNCA 5=NUNCA
QUESTÕES ABERTAS
83. Qual o significado do farmacêutico para o Sr(a). e para a sua saúde?
135
84. O que significou para o(a) Sr(a). e para a sua saúde participar desse programa?
Instrumento estruturado e validado na língua inglesa a partir da literatura por LARSON, ROVERS, MACKEIGAN, 2002.
Adaptado, traduzido para o português e validado por LYRA, JR, 2005
Escore: sempre=5, quase sempre=4, às vezes=3, quase numca=2, nunca=1
136
ANEXO D
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO HOSPITAL
DE MESSEJANA Dr. CARLOS ALBERTO STUDART GOMES
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