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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO FARMÁCIA CLÍNICA
ROSEMARIE BRANDIM MARQUES
ESTUDO DO PERFIL EPIDEMILÓGICO E AVALIAÇÃO DO
TRATAMENTO PROPOSTO AOS PACIENTES COM INTOXICAÇÃO
AGUDA POR INSETICIDA ORGANOFOSFORADO, ATENDIDOS NO
CENTRO DE ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA DO CEARÁ (CEATOX),
NO PERÍODO DE FEVEREIRO A JULHO DE 2004.
FORTALEZA/CEARA
2005
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18
ROSEMARIE BRANDIM MARQUES
M32e Marques, Rosemarie Brandim
Estudo do perfil epidemiológico e avaliação do
tratamento proposto aos pacientes com intoxicação
aguda, atendidos no Centro de Assistência Toxicológica
do Ceará (CEATOX), no período de fevereiro a julho de
2004.
96f.:il.
Orientadora: Profa. Dra. Flávia Almeida Santos
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do
Ceará. Faculdade de Farmácia, Odontologia e
Enfermagem.
1.Envenenamento 2.Inseticidas organofosforados-
envenenamento 3.Inibidores de colinesterase
I.Santos, Flávia Almeida (orient.) II.Título
CDD:615.908
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19
ESTUDO EPIDEMILÓGICO E AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO
PROPOSTO AOS PACIENTES COM INTOXICAÇÃO AGUDA POR
INSETICIDA ORGANOFOSFORADO, ATENDIDOS NO CENTRO DE
ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA DO CEARÁ (CEATOX), NO PERÍODO
DE FEVEREIRO A JULHO DE 2004
Dissertação submetida ao Mestrado em Ciências
Farmacêuticas, Área de concentração Farmácia Clínica, do
Departamento de Farmácia, da Faculdade de Farmácia,
Odontologia e Enfermagem, da Universidade Federal do Ceará,
como requisito para obtenção do grau de Mestre.
Orientadora: Prof
a
. Dra. Flávia Almeida Santos
Co-orientadora: Prof
a
. Dra. Veralice Meireles Sales de Bruin
FORTALEZA/CE
2005
ROSEMARIE BRANDIM MARQUES
ESTUDO EPIDEMILÓGICO E AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO
PROPOSTO AOS PACIENTES COM INTOXICAÇÃO AGUDA POR
INSETICIDA ORGANOFOSFORADO, ATENDIDOS NO CENTRO DE
ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA DO CEARÁ (CEATOX), NO PERÍODO
DE FEVEREIRO A JULHO DE 2004
20
Dissertação submetida ao Mestrado em Ciências
Farmacêuticas, Área de concentração Farmácia Clínica, do
Departamento de Farmácia, da Faculdade de Farmácia,
Odontologia e Enfermagem, da Universidade Federal do Ceará,
como requisito para obtenção do grau de Mestre.
Data da Defesa:____/____/____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Prof
a
Dra. Flávia Almeida Santos (Orientadora)
Departamento de Fisiologia e Farmacologia/UFC
____________________________________________________
Prof
a
Dra. Geanne Matos de Andrade Cunha
Departamento de Fisiologia e Farmacologia/UFC
____________________________________________________
Prof
a
Dra. Nylane Maria Nunes Alencar
Departamento de Fisiologia e Farmacologia/UFC
21
À Deus, em primeiro lugar;
Aos meus pais, por acreditarem em mim e me apoiarem
sempre;
Aos meus irmãos e sobrinhas;
Ao Edson, meu marido, pelo amor e apoio na realização
deste trabalho;
E à mais nova integrante da família, Júlia, minha filha
querida e muito amada.
AGRADECIMENTOS
À prof
a
. Flávia Almeida Santos, minha orientadora, pela atenção e
amizade dispensadas ao longo do curso.
À prof
a
Veralice Meireles Sales de Bruin, minha co-orientadora, pela sua
importante colaboração na realização desse trabalho.
À prof
a
Helena Lutéscia Luna Coelho, coordenadora do curso de Mestrado
em Ciências Farmacêuticas, pela sua dedicação ao mestrado.
À prof
a
Marta Maria de França Fonteles, pelo apoio e amizade desde os
primeiros contatos, antes mesmo da seleção para o mestrado.
22
A todos os professores do mestrado, em especial aos que tive maior
contato: Aparecida Dias, Mary Anne Bandeira, Maria Goretti Queiroz, Alice Martins,
Paulo Sérgio Arraes, Marcelo Florentino, Romélia Gonçalves e Pedro Bruin.
À Raimunda Gomes (Raimundinha), secretária do mestrado, por sua
amizade e dedicação na resolução de todas as etapas burocráticas.
Ao Sr. Ivomar e Sra. Aureni, funcionários do Departamento de Farmácia,
pelos favores que prestaram a mim sempre que precisei.
Aos colegas de turma Carla Solange, Leonardo, Rita, Raquel, Patrícia,
Penha, Marta, Camila e Mira; e também René, Sueli, Patrícia Fernandes, Henry
Pablo, Mariana, Thais, Ana Lúcia, Pablo, Emérita, Fernanda e Sandra.
À Jamille Dias Gonçalves, bolsista do CEFACE, pela ajuda na pesquisa.
À equipe do CEATOX, Dr. Ambrósio (e Betiene), Farmacêuticas Socorro e
Eliane, às funcionárias Luzia e Cleide, e, aos estagiários (1º semestre de 2004)
Gustavo, Raquel, Sâmia, Yana, Luciana, Iracema e Fábio, pela amizade e ajuda
durante a pesquisa.
A Eudiana Vale Francelino e bolsistas do Centro de Farmacovigilância do
Ceará (CEFACE), pelo auxílio oferecido durante o curso de mestrado.
A Ana Cláudia Teixeira e bolsistas do Grupo de Prevenção ao Uso
Inadequado de Medicamentos (GEPUIM), pelo auxílio oferecido durante o curso de
mestrado.
A todos os pacientes que fizeram parte deste estudo.
Aos professores João Batista Lopes (CCA) e João Batista Teles (CCS) da
Universidade Federal do Piauí, pela assessoria estatística.
A CAPES pelo apoio financeiro.
23
RESUMO
A importância dos praguicidas como agente causal de intoxicações e óbitos é
evidenciado pelo número de ocorrências registradas, principalmente nos países em
desenvolvimento. No Brasil, os praguicidas ocupam a terceira posição dentre os
agentes responsáveis por intoxicações agudas. Eles agem por inibição enzimática
(acetilcolinesterase) de modo irreversível, podendo provocar aparecimento de sinais
e sintomas colinérgicos característicos. Podem causar ainda o aparecimento da
síndrome intermediária e da polineuropatia tardia. Este estudo teve como objetivos
traçar o perfil epidemiológico dos pacientes intoxicados no estado do Ceará, no
período de fevereiro a julho de 2004, atendidos no Centro de Assistência
Toxicológica do Ceará (CEATOX); avaliar o tratamento proposto; verificar os sinais e
sintomas das síndromes colinérgica e intermediária e analisar os fatores de risco
associados à evolução dos pacientes. Foi realizado um levantamento de dados
preliminares referentes a janeiro de 2002 até junho de 2003. A coleta dos dados foi
realizada a partir dos prontuários médicos, fichas de notificação do CEATOX e
24
entrevista com o paciente ou responsável. Foram analisados 19 pacientes, sendo 10
(52,6%) do sexo masculino e 9 (47,4%) do feminino. A média de idade foi 27,8±11,4
anos. A ocupação trabalhador agrícola representou 42,1% (8/19). As tentativas de
suicídio representaram 84,2% (16/19) dos casos. Houve 4 (21,1%) óbitos. As
principais manifestações clínicas foram diarréia (78,9%), miose (57,9%) e
sialorréia(52,6%). Fez-se dosagem da AChE na admissão dos pacientes intoxicados,
sendo média e desvio-padrão 1,06±1,50 UI/mL. As demais dosagens foram feitas no
decorrer do internamento de cada paciente. Dentre as complicações clínicas, as do
trato respiratório foram as mais importantes (57,2%). Atropina foi administrada em 16
(84,2%) dos pacientes. A média de internação foi 8,6±8,5dias. Houve associação
estatística quando se comparou ventilação, tempo de UTI e tipo de intoxicação com
o surgimento de complicações clínicas (p<0,05) (teste do qui-quadrado e exato de
Fisher). A regressão logística não mostrou significância estatística quando analisou
risco de óbito a partir das variáveis em estudo. Os resultados mostraram que se faz
necessário uma reestruturação no protocolo de atendimento e tratamento dos
pacientes intoxicados com IOF, bem como sua divulgação no hospital Instituto Dr.
José Frota e em outras unidades hospitalares. Os resultados demonstram ainda a
situação crítica quanto ao uso inadequado de praguicidas organofosforados no
estado do Ceará e a necessidade de orientação ao consumidor e adequada
vigilância sanitária quanto ao uso e comercialização dos mesmos.
Palavras-chave: intoxicação aguda, organofosforados, acetilcolinesterase.
.
25
ABSTRACT
The importance of the pesticides causal agent of intoxication and deaths is
clearly shown by the number of registered cases, mainly in developed countries. In
Brazil, pesticides places the third more important group of substances responsible for
acute intoxication. They act through enzymatic inhibition (acetylcholinesterase) in an
irreversible way, leading to characteristic cholinergic signs and symptoms. They are
also able to cause the intermediary syndrome and the delayed polyneuropathy. This
study aimed to set out the poisoning patients’ epidemiological outline in Ceará state,
observed from February to July 2004, who received medical care at Centro de
Assistência Toxicológica do Ceará (CEATOX); evaluating the proposed treatment;
verifying the signs and symptoms related to the cholinergic and intermediary
syndromes; analyzing the risk factors matched to patients recovery. Some
preliminary data were obtained from January 2002 to June 2003 concerning to these
poisoning events. The data collection was performed from medical recording,
CEATOX notification files and patients or their companion interviews. 19 patients
were analyzed, 10 (52,6%) men and 9 (47,4%) women. The average age was 27,8 ±
11,4. Agriculturists represented 42,1% (8/19) of all cases. Attempted suicide
constituted 84,2% (16/19). There were 4 (21,1%) deaths. The main clinical
26
observations were diarrhea (78,9%), myosis (57,9%) and sialorrhea (52,6%). The
AChE levels were measured immediately after admission and expressed in terms of
mean ± standard deviation (1,06 ± 1,50 UI/mL). The other AChE measurements were
performanced during the permanence of the patients in the hospital. Among clinical
complications, those ones related to the respiratory tract were the most relevant
(57,2%). Atropine was administered to 16 (84,2%) patients. The average time of
admission was 8,6 ± 8,5 days. There was statistical association when were
compared ventilation, time spent in the ICU and type of intoxication with clinical
complications (p<0,05) (Chi-square test and Fisher’s test). The logistic regression did
not show statistical differences when the death risk was analyzed comparing to the
studied variables. The results stress the need to adopt more suitable measures with
a restructured protocol in handling patients intoxicated with IOF, giving ample
publicity at the hospital units of Dr. José Frota Institute and others. The data obtained
also point out the critical situation in Ceará State in the use, misure or inappropriate
vigilance by the sanitary authorities.
Key words: acute poisoning, organophosphate, acetylcholinesterase.
27
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
LISTA DE FLUXOGRAMAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
1. INTRODUÇÃO
17
1.1.Aspectos gerais 17
1.2.Praguicidas 18
1.3.Inseticidas Organofosforados 21
1.3.1.Manifestações Clínicas da Intoxicação 26
1.3.2.Diagnóstico da Intoxicação 28
1.3.3.Tratamento da Intoxicação 29
1.4.Dados preliminares referentes ao período de janeiro de 2002 a
junho de 2003
32
2. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
38
3. OBJETIVOS
39
3.1.Objetivo Geral 39
3.2.Objetivos Específicos
39
4. MÉTODO
40
4.1.Descrição do Estudo 40
28
4.1.1. Local do Estudo 40
4.1.2.Aspectos Éticos 41
4.1.3.Tipo de Estudo 41
4.1.4.Pacientes 41
4.2.Coleta dos Dados 42
4.2.1.Critérios de Inclusão dos Pacientes 42
4.2.2.Critério de Exclusão dos Pacientes 42
4.2.3.Sistemática Geral da Coleta dos Dados 43
4.3.Análise Estatística dos Dados 47
5. RESULTADOS
48
5.1.Características da População Estudada 48
5.2.Características da Intoxicação 50
5.3.Tratamento 55
5.4.Análise das Variáveis de Risco sobre a Mortalidade
57
6. DISCUSSÃO
61
7. CONCLUSÕES
72
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
74
ANEXOS
83
ANEXO I – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Ceará
84
ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
86
ANEXO III – Bula do Kit Doles®
87
ANEXO IV – Fichas de Acompanhamento e Entrevista Realizados com os
pacientes Intoxicados por IOF
91
ANEXO V – Distribuição dos pacientes intoxicados, segundo o sexo, idade,
ocupação, procedência, circunstância, tipo de intoxicação,
tempo de exposição, internação e permanência na UTI, uso de
atropina, suporte ventilatório, evolução e complicações, 2004
95
ANEXO VI – Distribuição das dosagens de AChE dos pacientes
intoxicados, 2004
96
29
LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
FIGURA 1 – Fórmula Geral dos Inseticidas Organofosforados
22
FIGURA 2 – Fórmula estrutural da Pralidoxima
25
FIGURA 3 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, segundo a regiã
o
de origem, 2002-2003
34
FIGURA 4 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, segundo a região
de origem, 2004
49
FIGURA 5 – Distribuição dos tipos de envenenamento dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004
51
QUADRO 1 – Valores de referência para as dosagens de AChE nos sexos
masculino e feminino, de acordo com o Kit Doles®
43
QUADRO 2 – Classificação dos tipos de intoxicação baseada no quadro clínico
da intoxicação com IOF
44
QUADRO 3 – Outras características observadas nos pacientes intoxicados com
IOF, 2004
50
TABELA 1– Principais tipos de notificações registradas pelo SINITOX, por
região do Brasil, 2001
18
TABELA 2– Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF quanto ao sexo,
idade e via de exposição, 2002-2003
33
TABELA 3– Distribuição dos pacientes intoxicados por faixa de idade(2002-
2003)
34
TABELA 4 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, segundo a
circunstância do envenenamento e o sexo, 2002-2003
35
TABELA 5– Principais manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes
intoxicados com IOF, 2002-2003
36
30
TABELA 6– Distribuição da evolução clínica dos pacientes intoxicados com
IOF, 2002-2003
37
TABELA 7 – Distribuição das características dos pacientes intoxicados com
IOF, quanto ao sexo, idade, estado civil e ocupação, 2004
49
TABELA 8 – Tipo de intoxicação e evolução clínica dos pacientes intoxicados
com IOF, 2004
51
TABELA 9 – Distribuição das médias das dosagens de AChE dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004
52
TABELA 10– Distribuição das principais manifestações clínicas apresentadas
pelos pacientes intoxicados com IOF, 2004
53
TABELA 11– Complicações clínicas apresentadas pelos pacientes intoxicados
com IOF, 2004.
54
TABELA 12 – Influência do sexo, tentativa de suicídio, tipo do envenenamento,
ventilação mecânica e internação em UTI sobre aparecimento
de complicações clínicas nos pacientes intoxicados com IOF,
2004.
.
55
TABELA 13 – Tratamentos instituídos aos pacientes intoxicados com IOF,
2004.
56
T
TABELA 14– Tratamentos não farmacológicos instituídos aos pacientes
intoxicados com IOF, 2004
57
TABELA 15 – Distribuição dos fatores de risco e mortalidade dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004
58
TABELA 16 – Distribuição das dosagens de AChE e evolução dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004.
59
TABELA 17 – Influência dos fatores de risco sobre a evolução dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004
60
31
LISTA DE FLUXOGRAMAS
FLUXOGRAMA 1 – Atendimento ao Paciente 45
FLUXOGRAMA 2 – Coleta dos Dados 46
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
32
AChE – Acetilcolinesterase
Bu-ChE – Butirilcolinesterase
CEATOX – Centro de Assistência Toxicológica
CIT – Centro de Informação Toxicológica
EPI – Equipamento de Proteção Individual
f – Freqüência
FAO – Food and Agriculture Administration (EUA)
FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz
IARC – International Agency of Research in Câncer
IJF – Instituto Dr. José Frota
IOF – Inseticida Organofosforado
MgSO
4
– Sulfato de magnésio
MS – Ministério da Saúde
NADPH – Nicotinamida dinucleotídeofosfato
NaHCO
3
– Bicarbonato de sódio
NTE – Neuro Toxic Esterase
O – Átomo de oxigênio da fórmula geral dos inseticidas organofosforados
OMS – Organização Mundial de Saúde
P – Átomo de fósforo da fórmula geral dos inseticidas organofosforados
P=O – Ligação covalente entre os átomos de fósforo e oxigênio
P=S – Ligação covalente entre os átomos de fósforo e enxofre
R1/R2 – Radicais 1 e 2 da fórmula geral dos inseticidas organofosforados
SF – Soro fisiológico
SINITOX – Sistema Nacional de Informação Toxicológica
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
33
UI/mL – Unidade Internacional por mililitros
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
X – Grupo químico presente na fórmula geral dos inseticidas organofosforados
χ
2
– Qui-quadrado de Pearson
1. INTRODUÇÃO
34
1.1. Aspectos Gerais
As intoxicações são causas freqüentes de procura por atendimento
médico em serviços de urgência e emergência em todo mundo (ANDRADE-FILHO et
al., 2001; GUPTA et al., 2002; NISSE et al. 2002). Apesar do grande número de
casos de intoxicações registradas, a taxa de letalidade é aparentemente baixa. Isto
não significa que intoxicações sejam sempre casos benignos, pois alguns óbitos não
são registrados ou podem ocorrer antes do atendimento médico. A grande maioria
dos óbitos secundários à intoxicação pode ser relacionada aos seguintes grupos de
substâncias: antidepressivos tricíclicos (MORGAN et al., 2004), analgésicos,
sedativos/hipnóticos, drogas de abuso (PRETI et al., 2002), medicamentos
cardiovasculares, toxinas animais, gases (DUENAS-LAITA et al., 2001), pesticidas,
substâncias cáusticas e simpatomiméticas (ANDRADE-FILHO et al., 2001).
No Brasil, o Ministério da Saúde criou, em 1980, o Sistema Nacional de
Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), com sede na Fundação Oswaldo
Cruz (FIOCRUZ) (BORTOLLETO & BOCHNER, 1999), e tem como principal
atividade consolidar o número de atendimentos dos Centros de Informação
Toxicológica (CITs) que fornecem dados realistas a respeito do assunto (número de
intoxicações, envenenamentos e reações adversas) (ANDRADE-FILHO et al., 2001).
No país existem 32 CITs. Em Fortaleza, o CIT corresponde ao Centro de Assistência
Toxicológica de Fortaleza (CEATOX), localizado no Hospital Instituto Dr. José Frota,
servindo de referência para o atendimento de intoxicações no estado do Ceará.
O SINITOX, em 2001, registrou 75.293 casos de intoxicações humanas
em todo o Brasil. Destes, 17,28% foram por praguicidas (Tabela 1).
No Ceará, em 2003, foram registrados 3.283 casos de intoxicações
atendidos pelo CEATOX, sendo que as principais notificações foram por praguicidas
(29,30%), medicamentos (22,01%) e animais peçonhentos (18,39%) (CEATOX/CE,
2003). Dados semelhantes são encontrados na tabulação nacional apresentada pelo
SINITOX (2001) (Tabela 1).
35
TABELA 1 – Principais tipos de notificações registradas pelo SINITOX, por região
do Brasil, 2001.
Região do Brasil
Medicamentos
(%)
Praguicidas
(%)
Animais
Peçonhentos
(%)
Norte 11,72 12,96 26,42
Nordeste 16,11 19,72 36,80
Sudeste* 33,87 20,07 10,06
Sul 25,91 14,78 28,62
Centro Oeste 18,97 14,11 43,12
Nacional 27,27 17,28 26,16
Fonte: Tabela formulada a partir da tabulação nacional do Ministério da Saúde/FIOCRUZ/SINITOX.
* Dados referentes somente aos centros de informação toxicológica do estado de São Paulo.
1.2. Praguicidas
Os praguicidas, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization, EUA)
são produtos químicos ou quaisquer substâncias ou mistura de substâncias
destinadas à prevenção, destruição ou controle de qualquer praga que cause
prejuízo ou que interfira de qualquer outra forma na produção, elaboração,
armazenamento, transporte ou comercialização de alimentos, produtos agrícolas,
madeira e produtos de madeira, ou que possam ser administrados aos animais para
combater insetos, aracnídeos ou outras pragas dentro ou sobre seus corpos
(ALONZO & CORRÊA, 2002).
Definição semelhante à da FAO é usada na legislação brasileira para
agrotóxico, que substitui o termo defensivo agrícola. Essa definição exclui os
fertilizantes e os produtos químicos administrados aos animais para estimular o
crescimento ou modificar o comportamento reprodutivo (ALONZO & CORRÊA,
36
2002). De acordo com o Decreto Nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, consideram-se
agrotóxicos e afins:
IV – agrotóxicos e afins – produtos e agentes de processos físicos, químicos
ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de
crescimento;
Existem diferentes classes de praguicidas, baseadas nos padrões de uso
e no tipo de praga a que se destina, e as principais são os inseticidas, herbicidas,
fungicidas e os raticidas (ALONZO & CORRÊA, 2002).
Por serem substâncias químicas amplamente utilizadas no mundo e
também responsáveis por inúmeros casos de intoxicações, os praguicidas
constituem importante tópico de estudo dentro da Toxicologia.
Um levantamento epidemiológico realizado na Coréia, em 2001, mostrou
que os praguicidas representaram 50,9% dos agentes causadores de intoxicação no
país (SHIN et al., 2004).
A partir de um programa de notificação dos riscos ocupacionais
(SENSOR), nos EUA, Calvert et al. (2004) mostraram que 49% das doenças
notificadas tinham relação com o uso de praguicidas e que essas doenças ainda são
um importante problema de saúde pública.
As intoxicações por praguicidas, em particular os inseticidas
organofosforados (IOF), têm sido causa de mortes em vários países do mundo,
principalmente naqueles em desenvolvimento (PAJOUMAND et al., 2004; BUCKLEY
et al., 2005; ROBERTS & BUCKLEY, 2005).
37
Estudo realizado no Laboratório de Patologia Forense, em Portugal,
mostrou que os IOF foram responsáveis por 63% dos casos de intoxicações dentre
os praguicidas (TEIXEIRA et al., 2004). No Sri Lanka, um estudo de coorte
estabelecido no ano de 2002, registrou que mais de 2.000 pacientes intoxicados
com anticolinesterásicos (organofosforados e ou carbamatos) foram tratados neste
país (WHO, 2003; EDDLESTON et al., 2004).
No Brasil, as intoxicações agudas por praguicidas ocupam a terceira
posição dentre os agentes causais, sendo a maioria dos casos por inseticidas
organofosforados, piretróides, carbamatos e organoclorados (73%), raticidas (15,3%)
e herbicidas (9,7%) (ALONZO & CORRÊA, 2002).
As principais circunstâncias que ocasionam as intoxicações são as
ocupacionais, as tentativas de suicídio e os acidentes (ALONZO & CORRÊA, 2002).
No estado do Ceará, no ano de 2003, foram notificados 768 (23,4%) casos como
tentativas de suicídio e 180 (5,0%) casos como acidentes (CEATOX, 2003).
As intoxicações por praguicidas proporcionam custos sociais e
econômicos bastante elevados, principalmente nos países subdesenvolvidos.
Segundo a Organização Internacional das Uniões de Consumidores, a cada 4 horas
morre um trabalhador do setor agrícola de algum país em desenvolvimento. De
acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 14% das lesões
ocupacionais, nesse mesmo setor, são ocasionadas por praguicidas. Nos EUA, os
custos anuais chegam a US$ 79.529.000 (setenta e nove milhões e quinhentos e
vinte e nove mil dólares) (GARCÍA, 1998).
No Brasil os custos também são altos, pois é um dos maiores
consumidores de agrotóxicos do mundo. São utilizados agrotóxicos de uso agrícola,
os domésticos (domissanitários) e os usados em campanhas de saúde pública. Para
cada caso de intoxicação há um gasto de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), o que
significa um total estimado de R$ 45.000.000,00 (quarenta e cinco milhões de reais)
por ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
38
Diel et al. (2003) caracterizaram o padrão de uso de inseticidas
domésticos e sua relação com a renda per capita em Pelotas (RS) e demonstraram
que em 79% dos domicílios havia um ou mais inseticidas disponíveis e que as
famílias de melhor nível de renda dispunham com maior freqüência de inseticidas do
grupo piretróide enquanto que as de menor renda dispunham mais de inseticidas
inibidores de colinesterase.
1.3. Inseticidas Organofosforados
As propriedades inseticidas dos organofosforados foram descobertas em
1937 por Shrader que, em 1941, desenvolveu o inseticida sistêmico OMPA –
octametil pirofosforamida (Shadran) e, em 1944, o primeiro praguicida
organofosforado a ser comercializado, cujo princípio ativo era o tetraetil pirofosfato
(TEPP). Posteriormente foram sintetizados compostos com maior estabilidade, como
o paration e o paraoxon, e compostos de menor toxicidade, entre eles, o fention,
clortion e o malation. Na década de 1950, foram sintetizados os compostos
heterocíclicos, aromáticos e naftilcarbamatos, com potente ação anticolinesterásica
e maior seletividade contra os insetos (ALONZO & CORRÊA, 2002).
Os IOF possuem fórmula geral (Figura 1), onde é possível uma grande
variedade de substituintes. O R1 e o R2 podem constituir um grupo alquil, alcóxi,
arilóxi, amido, mercaptano ou outros grupos, e o X, o grupo que sai na ligação
enzimática, uma base conjugada de um ácido fraco, é encontrado como grupo
haleto, cianeto, tiocianato, fenóxi, tiofenóxi, fosfato, tiocolina ou carboxilato
(TAYLOR, 2003).
39
FIGURA 1 – Fórmula Geral dos Inseticidas Organofosforados.
Os IOF são ésteres amido ou tiol-derivados dos ácidos fosfórico,
fosfônico, fosforotióico e fosfonotióico. São rapidamente hidrolisados e altamente
lipossolúveis, com alto coeficiente de partição óleo/água. São absorvidos pela pele,
trato respiratório e trato gastrintestinal, e muitas vezes sua absorção é favorecida
pelos solventes presentes na formulação (ALONZO & CORRÊA, 2002).
Nos casos de ingestão voluntária (tentativas de suicídio) e involuntária
(acidentes, geralmente com crianças, contaminação de alimentos e/ou água,
homicídios), o principal local de absorção é o trato digestivo. A absorção por essa via
também ocorre em ambientes de trabalho com higiene precária ou quando os
trabalhadores se alimentam em áreas contaminadas (ALONZO & CORRÊA, 2002).
Depois de absorvidos, os IOF e seus produtos de biotransformação são
rapidamente distribuídos por todos os tecidos. Sofrem biotransformação,
principalmente hepática, formando produtos menos tóxicos e mais polares, que são
eliminados facilmente do organismo. Porém, a dessulfuração oxidativa, ou seja, a
oxidação de P=S (forma tions) para P=O (forma oxons), resulta na formação de
metabólitos com maior toxicidade para insetos e mamíferos. No entanto, esses
análogos oxidados podem ser rapidamente hidrolisados por hidrolases encontradas
nos tecidos dos mamíferos. Também ocorrem reações de desalquilação e
desarilação oxidativa envolvendo a coenzima NADPH, o sistema citocromo P-450 e
o sistema de regeneração NADPH como provedores de elétrons e oxigênio para
produzir metabólitos polares (ALONZO & CORRÊA, 2002).
40
A eliminação desses compostos ocorre principalmente pela urina e fezes,
sendo que de 80% a 90% da dose absorvida é eliminada em 48 horas. Uma
pequena proporção destas substâncias e de suas formas ativas (oxons) é eliminada,
sem modificação, na urina (ALONZO & CORRÊA, 2002).
A meia-vida destes praguicidas, após administração única, varia de
minutos a poucas horas, dependendo do composto e da via de entrada (ALONZO &
CORRÊA, 2002).
Os IOF agem principalmente pela inibição enzimática, o que determina
sua toxicidade. Dentre as enzimas, as esterases (mais especificamente, a
acetilcolinesterase-AChE) são o principal alvo da toxicidade. A inibição da AChE leva
ao acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas, porque esta enzima realiza a
hidrólise da acetilcolina produzindo colina e ácido acético. As duas enzimas
importantes na hidrólise da acetilcolina são (ALONZO & CORRÊA, 2002; HOFFMAN
& TAYLOR, 2003).
a) A acetilcolinesterase (AChE) é encontrada nos neurônios
colinérgicos, placa terminal pós-sináptica da junção neuromuscular e
nos glóbulos vermelhos, sendo sintetizada na eritropoese, com
renovação de 90 a 120 dias.
b) A butirilcolinesterase (Bu-ChE) tem a capacidade de hidrolisar uma
grande variedade de ésteres, incluindo a acetilcolina. Está localizada
principalmente no plasma, no fígado, no pâncreas, na mucosa
intestinal e no sistema nervoso central (células gliais ou satélites). È
sintetizada no fígado, com renovação de 30 a 60 dias.
A AChE e a BuChE se diferenciam tipicamente pelas taxas relativas de
hidrólise da acetilcolina e da butirilcolina e pelos efeitos dos inibidores seletivos
(TAYLOR, 2003).
41
Três domínios distintos na AChE constituem os locais de ligação para ligantes
inibitórios que formam a base para as diferenças de especificidade entre a AChE e a
BuChE: a bolsa acil do centro ativo, o subsídio colina do centro ativo e o local
aniônico periférico (TAYLOR, 2003).
Os inibidores organofosforados atuam como verdadeiros heme-substratos,
visto que o conjugado resultante com o centro ativo de serina fosforilada é
extremamente estável. O oxigênio fosforil liga-se no interior da cavidade axianiônica
do centro ativo. Se os grupos alquil da enzima fosforilada forem etil ou metil, a
regeneração espontânea da enzima ativa requer várias horas. Os grupamentos
alquil secundários ou terciários aumentam ainda mais a estabilidade da enzima
fosforilada, e, em geral, não se observa uma regeneração significativa da enzima
ativa. Por conseguinte, o retorno da atividade da AChE depende da síntese de nova
enzima. A estabilidade da enzima fosforilada aumenta ainda mais com o
envelhecimento, que resulta da perda de um dos grupos alquil (TAYLOR, 2003).
Apesar de o local esterásico fosforilado da AChE sofrer regeneração
hidrolítica numa velocidade lenta ou insignificante, constata-se que os agentes
nucleofílicos, como as oximas (RCH=NOH) reativam a enzima mais rapidamente
que a hidrólise espontânea. A oxima efetua um ataque nucleofílico sobre o fósforo,
formando uma fosforiloxima, deixando a enzima regenerada (TAYLOR, 2003). No
Brasil, a oxima utilizada é a pralidoxima (Figura 2).
A velocidade de reativação da AChE fosforilada por oximas depende de seu
acesso à serina do centro ativo. Além disso, certas AChE fosforiladas podem sofrer
um processo bastante rápido de “envelhecimento”, de modo que, em poucos
minutos ou horas, tornam-se completamente resistentes aos reativadores. O
“envelhecimento” provavelmente se deve à perda de um grupo alcóxi (TAYLOR,
2003).
42
N
+
CH
3
CH
N
OH
FIGURA 2 – Fórmula estrutural da Pralidoxima
Determinados IOF contendo flúor podem levar ao desenvolvimento de uma neuropatia tardia, onde o quadro clínico é de
polineuropatia grave, que surge vários dias após uma única exposição ao composto tóxico. Ocorre independente da inibição da AChE ou
de outras colinesterases. As evidências apontam para a fosforilação de uma esterase específica do tecido nervoso, denominada esterase
neurotóxica (Neuro Toxic Esterase – NTE). Após essa fosforilação, há um segundo passo, que é a transformação do alvo fosforilado
numa forma envelhecida, resultado da liberação de um grupo ligado ao fósforo, sendo que um grupo fosforil, com carga negativa,
permanece unido à proteína (ANDRADE-FILHO et al., 2001; ALONZO & CORRÊA, 2002; TAYLOR, 2003).
A reação de envelhecimento é tempo-dependente e ocorre somente com os IOF dos grupos dos fosfates, dos fosfonatos
e dos fosforamidatos. A atividade fisiológica da NTE é desconhecida. No homem, ela está presente no tecido nervoso, no fígado, no
tecido linfático, nos linfócitos e nas plaquetas (ALONZO & CORRÊA, 2002).
A maioria dos IOF não são teratogênicos em animais, porém, alguns são associados com baixo peso e/ou mortalidade
neonatal elevada. Têm sido descritos casos de malformações congênitas relacionadas, mas os estudos não são conclusivos na
determinação da exposição a estes compostos (ALONZO & CORRÊA, 2002).
A grande maioria dos IOF freqüentemente utilizados, teoricamente, não é carcinogênica. Porém, existem controvérsias
a esse respeito. Por exemplo, cinco compostos (malation, metilparation, paration, tetraclorinfos e triclorfon) foram considerados com
poucas evidências de carcinogênese pela International Agency of Research in Câncer (IARC), mas esta classificação é contestada
(ALONZO & CORRÊA, 2002).
1.3.1. Manifestações Clínicas da Intoxicação
Os sintomas da intoxicação podem aparecer em poucos minutos ou até 12 horas depois da exposição. A intensidade
dos sintomas depende da toxicidade, da quantidade, da taxa de absorção, da taxa de biotransformação e de exposições prévias a
inibidores da colinesterase. O quadro clínico é constituído por efeitos muscarínicos, nicotínicos e do sistema nervoso central. Estes
efeitos são o resultado do acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas decorrente do bloqueio da AChE. Os sinais e sintomas são
característicos, sendo que no início ocorre estimulação da transmissão colinérgica, seguida da depressão da transmissão, e finaliza com a
paralisia das sinapses nervosas nas terminações motoras (SILVA et al., 1996; ALONZO & CORRÊA, 2002; KARALLIEDDE et al.,
2003).
A seqüência clínica da intoxicação por IOF pode ser dividida em três passos (VASCONCELLOS et al., 2002):
a) A Síndrome Tipo 1 – caracteriza-se por uma excessiva estimulação dos
receptores muscarínicos e é responsável pelo intenso efeito colinérgico, que é
sempre aparente dentro de um dia da exposição, muitas vezes dentro de horas. Os
sintomas colinérgicos incluem miose, sudorese, sialorréia, lacrimejamento, náuseas,
vômitos, cólicas abdominais, diarréia e bradicardia. A seguir, surgem as
43
manifestações nicotínicas caracterizadas por fasciculações, cãimbras, hipertensão
arterial, taquicardia, arritmias cardíacas e insuficiência respiratória. Em alguns casos,
as manifestações nicotínicas ocorrem concomitantemente com as muscarínicas.
Associadas a este quadro podem ocorrer manifestações decorrentes do
comprometimento do Sistema Nervoso Central, como ansiedade, cefaléia, tremores,
convulsões, depressão do centro respiratório e coma. O coma profundo é também
critério de gravidade na intoxicação pelos agentes anticolinesterásicos (BARDIN et
al., 1994; ANDRADE-FILHO & ROMANO, 2001; SHAHAR & ANDRAWS, 2001;
VASCONCELLOS et al, 2002).
b) A Síndrome Tipo 2 ou Síndrome Intermediária – segue-se à intensa
crise colinérgica e ocorre em 20% a 50% dos casos dependendo do grau de
intoxicação, sua duração e tipo de IOF envolvido. Não há fenômeno autoimune.
Caracteriza-se pelo aparecimento de fraqueza proximal e paralisia, que ocorrem de
12 horas a 7 dias depois da exposição. O quadro clínico inclui dificuldade para
movimentar o pescoço e levantar a cabeça, oftalmoparesia, movimentos oculares
lentos, fraqueza dos músculos da face, dificuldade para deglutir, fraqueza nas
extremidades (principalmente proximal), arreflexia, paralisia da musculatura
respiratória e morte. Nesta fase não há correlação da sintomatologia com a atividade
da colinesterase (SHAHAR & ANDRAWS, 2001; ANDRADE-FILHO & ROMANO,
2001; VASCONCELLOS et al., 2002; ALONZO & CORRÊA, 2002; JOHN et al.,
2003).
c) A Síndrome Tipo 3 ou Polineuropatia Tardia – geralmente aparece de 6
a 21 dias depois da exposição por qualquer via, envolvendo extremidades inferiores
e eventualmente superiores. Inicia-se com dores musculares, fraqueza distal
progressiva, ataxia e diminuição dos reflexos tendinosos, seguida de paralisia
flácida, espasticidade e quadriplegia. Também pode haver perda da sensibilidade,
sensação de queimação e formigamento. Os casos graves podem progredir para
paralisia completa, problemas respiratórios e morte. O quadro patológico é típico de
axonopatia distal com degeneração nervosa proximal progressiva. A recuperação
pode ser lenta (semanas a meses) e incompleta (SHAHAR & ANDRAWS, 2001;
JOKANOVIC et al., 2002; VASCONCELLOS et al., 2002; ALONZO & CORRÊA,
2002; SEVIM et al., 2003; ABOU-DONIA, 2003).
44
Foram apontadas algumas seqüelas, meses depois da intoxicação aguda
ou por exposições repetidas, caracterizadas por cefaléia persistente, perda da
memória, confusão, fadiga e testes neuropsicológicos alterados (MARONI et al.,
2003; ALONZO & CORRÊA, 2002).
Foram ainda descritos pancreatite hemorrágica aguda, nefropatia de
complexos imunes, insuficiência renal, proteinúria e cristalúria. Ainda, reações de
hipersensibilidade, como urticária, angiodema e eritema. Hiperglicemia em casos
graves de crianças intoxicadas, que pode ser resultado da pancreatite aguda.
Também pode ser observada a hipoglicemia (ALONZO & CORRÊA, 2002) e
parkinsonismo extrapiramidal agudo (SHAHAR & ANDRAWS, 2001; SALVI et al.,
2003; KAMEL & HOPPIN, 2004; RUSYANIAK & NANAGAS, 2004).
As complicações cardíacas aparecem durante as primeiras horas. Hipoxemia,
acidose e desequilíbrio eletrolítico são fatores predisponentes (SAADEH et al.,
1997).
Também foram relatados casos de contaminação secundária em profissionais
do serviço de emergência de hospitais, com apresentação de sintomas agudos,
após tratamento de pacientes intoxicados com IOF (GELLER et al., 2001; STACEY
et al., 2004).
1.3.2. Diagnóstico da Intoxicação
O diagnóstico da intoxicação aguda por IOF é geralmente baseado na
história da intoxicação relatada pelo paciente ou acompanhante, seguida de
anamnese, combinação das manifestações clínicas, diminuição dos níveis da AChE
e resposta ao tratamento (BARDIN et al., 1994; BAJGAR, 2004). Para Aygun (2004),
o diagnóstico é baseado essencialmente na evolução clínica e exames laboratoriais.
45
Os níveis da AChE são dosados utilizando-se amostra sanguínea e o
método de dosagem é o descrito na bula do kit usado no laboratório de análises
clínicas do hospital.
Quando os casos são moderados ou graves, torna-se importante a
realização de outros exames para um melhor acompanhamento clínico, tais como,
radiografia de tórax, eletrocardiograma, gasometria arterial, ionograma, glicemia,
função renal e hepática (ANDRADE FILHO et al., 2001). Os métodos de
cromatografia gasosa ou líquida são úteis para identificação do tipo de
organofosforado, pois auxilia na escolha do tratamento adequado (BARDIN et al.,
1994).
Deve-se levar em consideração que existem algumas doenças que
também proporcionam diminuição dos níveis da AChE, como a hepatite, cirrose,
uremia, câncer, alergias, gravidez, policitemias e desnutrição (BARDIN et al., 1994;
ANDRADE FILHO et al., 2001). Por isso, a importância da realização de uma
anamnese detalhada e exames complementares para um diagnóstico diferencial
(HOLLIS, 1999).
1.3.3. Tratamento da Intoxicação
O tratamento das intoxicações agudas por IOF pode ser dividido em
medidas gerais e medidas específicas (SILVA et al., 1996; HAYWOOD &
KARALLIEDDE, 2000; ALONZO & CORRÊA, 2002).
As medidas gerais correspondem à manutenção da função cárdio-
respiratória, desobstrução e aspiração das secreções. É necessária a proteção da
via respiratória e, nos pacientes torporosos ou em coma, deve-se realizar entubação
orotraqueal e ventilação mecânica, sempre que necessário (ALONZO & CORRÊA,
2002).
46
Antes de qualquer manobra de descontaminação é obrigatório controlar
as convulsões, inicialmente usando diazepam. A lavagem gástrica é indicada para
ingestão ocorrida até 24 horas. Não se deve provocar êmese, devido à evolução do
quadro clínico, à toxicidade dos compostos e porque estes praguicidas
freqüentemente são formulados juntamente com solventes orgânicos, cujos vapores,
ao serem inalados e/ou aspirados, podem levar ao desenvolvimento de pneumonite
química. Deve-se administrar carvão ativado depois de terminada a lavagem
(ANDRADE-FILHO et al., 2001; ALONZO & CORRÊA, 2002).
Nos casos de exposição ocular, respiratória e cutânea, depois das
medidas de urgência e da descontaminação, e segundo o quadro clínico, deve-se
derivar os procedimentos específicos e o tratamento sintomático apresentado a
seguir (ALONZO & CORRÊA, 2002).
As medidas específicas iniciam-se com a atropinização, que é feita ao
mesmo tempo em que as medidas de descontaminação. A atropina é um fármaco de
ação anticolinérgica, de efeito antimuscarínico. Este fármaco não reverte os efeitos
nicotínicos. Inicialmente, a dose é de 2-5 mg (0,03-0,05 mg/kg para criança) por via
intravenosa, a cada 10 ou 15 minutos, até conseguir manter atropinização, que é
indicada pela recuperação da bradicardia e pela diminuição da quantidade de
secreção pulmonar (ANDRADE-FILHO & ROMANO, 2001; ALONZO & CORRÊA,
2002; PAJOUMAND et al., 2004).
A pralidoxima (Contrathion
®
) é a oxima disponível no Brasil. Este fármaco
reativa a AChE. De preferência, deve ser usada precocemente, pois é incapaz de
reativar a AChE envelhecida. A dose recomendada é de 1-2 g (20-40 mg/kg para
crianças, dose máxima 1 g) diluídos em 100-150 mL de soro fisiológico (SF) a 0,9%
ou glicosado(SG) a 5% e aplicada por via intravenosa em 30 minutos. Esta dose
pode ser repetida uma hora depois se a fraqueza muscular ou diafragmática e o
coma não melhorarem. Depois, administra-se em intervalos de 6 a 12 horas durante
24-48 horas para garantir a distribuição para todos os locais afetados.
Ocasionalmente esta dose deve ser mantida por períodos mais longos, dependendo
da gravidade do caso. A terapia prolongada (vários dias) com oximas é indicada: nos
casos de exposição a compostos lipossolúveis, como fention e clorfention, e aos que
47
são ativados após reações de biotransformação como o paration (KASSA, 2002;
ALONZO & CORRÊA, 2002).
SANTOS et al. (2002) estudaram o efeito do tempo da administração de
pralidoxima sobre a necrose do diafragma induzida por intoxicação aguda por IOF
em ratos e demonstraram que a administração de pralidoxima 1-6 horas após a
intoxicação é capaz de proteger contra a necrose muscular, contudo esse efeito não
é observado quando é administrada 12 horas após a intoxicação. Os pesquisadores
mostram que quanto mais precocemente a pralidoxima é administrada maior é a
proteção contra a necrose do diafragma.
As colinesterases voltam aos níveis basais em períodos diferentes. A
AChE eritrocitária recupera-se de 5 a 7 semanas. Em pacientes que não receberam
tratamento, esta enzima aumenta em torno de 1% por dia. A colinesterase
plasmática volta aos níveis basais de 4
a 6 semanas (ALONZO & CORRÊA, 2002).
Alguns pesquisadores trabalham com a terapia genética na prevenção da
intoxicação por IOF (COWAN et al., 2001).
Tratamentos alternativos foram testados para evitar ou amenizar os sinais
e sintomas das intoxicações. Roberts & Buckley (2005) usaram bicarbonato de sódio
(NaHCO
3
) para alcalinização do plasma, porém sem muito sucesso. A administração
de sulfato de magnésio (MgSO
4
), na dose de 4 g/dia em conjunto com terapia
convencional, mostrou redução no tempo de internação e no número de óbitos
(PAJOUMAND et al., 2004).
A OMS apontou a necessidade de que seja introduzida uma nova prática
terapêutica com a intenção de melhorar os resultados do tratamento convencional
das intoxicações com IOF. A administração de fosfotriesterases é um tratamento
promissor na terapia e profilaxia nesse tipo de intoxicação (SOGORB et al., 2004).
Güven et al. (2004) realizaram um estudo com administração de plasma
fresco aos pacientes intoxicados, em conjunto com terapia convencional, ou seja,
48
atropina e pralidoxima. Concluíram que o plasma fresco pode aumentar os níveis de
BuChE e prevenir o aparecimento de síndrome intermediária.
1.4. Dados preliminares referentes ao período de
janeiro de 2002 a junho de 2003.
Realizamos um estudo retrospectivo das intoxicações por IOF no estado
do Ceará registradas no período de janeiro de 2002 a junho de 2003, onde os dados
foram coletados somente das fichas de notificação do CEATOX, já que os
prontuários dos pacientes não foram disponibilizados pelo hospital.
Este estudo teve por finalidade demonstrar a importância das intoxicações por IOF no estado do Ceará, bem como
caracterizar essas intoxicações quanto aos seus aspectos epidemiológicos mais relevantes.
Os aspectos epidemiológicos estudados foram sexo, idade, via de
exposição, cidade de origem, circunstâncias dos envenenamentos, as manifestações
clínicas, complicações clínicas e evolução do paciente.
Foram analisados 133 fichas de pacientes intoxicados, sendo 78 (58,6%)
homens e 55 (41,4%) mulheres, numa proporção de 1,42:1. Quanto à idade, as
crianças menores de 12 anos representaram 14% dos casos. A via de exposição
mais relevante foi a oral com 85,7% (114/133) dos casos, seguida das vias
respiratória e cutânea com 9,0% (12/133) e 3,8% (5/133) dos casos,
respectivamente (Tabela 2).
49
TABELA 2 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF quanto ao sexo, idade
e via de exposição, 2002-2003.
f (%)
Sexo
Masculino 78 (58,6)
Feminino 55 (41,4)
Idade (1-92 anos)
Média±DP 28,9 ± 16,4
Via de exposição
Oral 114 (85,7)
Respiratória 12 (9,0)
Cutânea 5 (3,8)
Ignorado 2 (1,5)
De acordo com a Tabela 3, a distribuição das intoxicações nas faixas de idade mostrou 13 casos de envenenamento por
acidente individual com crianças cujas idades variaram de 0 a 11 anos, o que representa um número alto e chama atenção para o fácil
acesso que as mesmas têm aos inseticidas e até mesmo a outros produtos como medicamentos, domissanitários, plantas tóxicas e
produtos químicos industriais (MORAES, 1999).
TABELA 3 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, por faixa de idade,
2002-2003.
50
Idade (anos) f (%)*
0 11 13 (10,0)
11 28 60 (45,6)
28 44 38 (28,9)
44 60 16 (12,3)
60 76 3 (2,4)
76 92 2 (1,6)
*01 paciente teve sua idade ignorada na ficha de notificação.
A maioria dos pacientes notificados era das cidades do interior do estado, sendo 53 (39,8%) da cidade de Fortaleza, 77
(57,9%) do interior e 3 (2,3%) não identificadas. Das cidades do interior, 47 (35,3%) delas apresentaram apenas um caso de intoxicação
cada (Figura 3).
39,8%
57,9%
2,3%
Fortaleza
Interior
Ignorado
FIGURA 3
– Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, segundo a região de
origem, 2002-2003.
Com relação ao tempo compreendido entre a intoxicação e o atendimento médico obteve-se uma média de 7,8 horas
com desvio padrão de 13,9 horas, sendo a variação do tempo de 15 minutos a 99 horas.
Entre as circunstâncias das intoxicações, a tentativa de suicídio foi a mais importante, sendo 99 (74,4%) casos dos 133
notificados (Tabela 4). Destes, os homens representaram o maior número dos casos.
TABELA 4 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, segundo a
circunstância do envenenamento e o sexo, 2002-2003.
Circunstância Sexo Total
Feminino Masculino
f (%) f (%) f (%)
51
Tentativa de suicídio 46 (46,5) 53 (53,5) 99 (74,4)
Acidente individual 7 (24,1) 22 (75,9) 29 (21,8)
Outro 2 (40,0) 3 (60,0) 5 (3,8)
Total 55 (41,4) 78 (58,6) 133 (100,0)
Entre os 133 pacientes, 121 (91%) apresentaram manifestações clínicas, 11 (8,3%) pacientes encontravam-se
assintomáticos e 1 (0,7%) paciente teve essa informação ignorada. Dentre as manifestações colinérgicas, a miose apareceu em um maior
número de pacientes (47/133) (Tabela 5).
TABELA 5 – Principais manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes
intoxicados com IOF, 2002-2003.
Manifestações clínicas
f (%)
Miose 47 (38,8)
Náuseas/Vômitos 44 (36,4)
Sialorréia 36 (29,8)
Dor abdominal 33 (27,3)
Sudorese 29 (23,9)
Diarréia/Incontinência fecal 29 (24,0)
Fasciculações 24 (19,8)
Insuficiência respiratória 18 (14,9)
Tonturas 17 (14,0)
52
Incontinência urinária 15 (12,4)
Visão turva 13 (10,7)
Cefaléia 11 (9,1)
Bradicardia 10 (8,3)
Desorientação 7 (5,8)
Coma 7 (5,8)
As complicações clínicas apareceram em 6 (4,5%) pacientes. Desses, 4 (3,0%) tiveram infecção do trato respiratório e
2 (1,5%) tiveram parada cárdio-respiratória (PCR).
Com relação ao tratamento específico, 67 (50,4%) pacientes usaram atropina e 5 (3,8%) usaram também a pralidoxima.
Dos pacientes que usaram a pralidoxima 1 (20,0%) foi a óbito.
Com relação à evolução clínica dos pacientes, constatou-se cura em 66
(49,6%) pacientes e 22 (16,5%) foram a óbito (
Tabela 6).
TABELA 6 – Distribuição da evolução clínica dos pacientes intoxicados com IOF,
2002-2003.
Tipo de Evolução
f (%)
Cura 66 (49,6)
Cura não Confirmada 45 (33,9)
Óbito 22 (16,5)
Total 133 (100,0)
O tempo de internação observado teve média de 5,8 dias e desvio padrão
de 5,2 dias.
53
2. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
De acordo com a tabulação nacional (Tabela 1), os praguicidas
apresentam um alto percentual dentre os principais tipos de causas de intoxicação
humana. Dentre os praguicidas envolvidos, os Inseticidas Organofosforados (IOF)
merecem uma atenção especial, pois a sua ação inibidora irreversível da enzima
AChE pode acarretar o aparecimento de síndromes graves ou até mesmo a morte
do paciente, principalmente por insuficiência respiratória.
Vários trabalhos foram realizados no Brasil sobre IOF, onde incluem além
da intoxicação, aspectos socioeconômicos, sintomatologia, tratamento, seqüelas ou
complicações clínicas e uso indiscriminado dos inseticidas no ambiente doméstico.
Esses estudos foram realizados em algumas cidades do país, como Rio de Janeiro
(OLIVEIRA-SILVA
et al., 2001), São Paulo (SANTOS et al., 2002), Florianópolis
(SILVA
et al., 1996), Belo Horizonte (SOARES et al., 2003) e Pelotas (RS) (DIEL et
al., 2003). No Ceará não existiam estudos a respeito do assunto. Realizou-se, então,
54
um levantamento de dados a respeito das intoxicações por IOF no estado do Ceará,
no período de janeiro de 2002 a junho de 2003. Estes dados preliminares serviram
de subsídio para a realização do trabalho.
A relevância desta pesquisa foi caracterizar epidemiologicamente os
pacientes intoxicados com IOF, atendidos no CEATOX/CE, e também quanto ao
aparecimento das síndromes colinérgica e intermediária, bem como avaliar o
tratamento instituído aos pacientes. Deste modo, contribuir para o melhor
atendimento e acompanhamento dos pacientes intoxicados com IOF no estado do
Ceará.
3. OBJETIVOS
3.1.Objetivo Geral
¾
Estudo do perfil epidemiológico e avaliação do tratamento proposto
aos pacientes com intoxicação aguda por inseticida
organofosforado (IOF), atendidos no Centro de Assistência
Toxicológica do Ceará, no período de fevereiro a julho de 2004.
3.2.Objetivos Específicos
¾
Caracterização de uma população de pacientes intoxicados por
IOF, atendidos no CEATOX/CE, quanto aos aspectos sexo, faixa
55
etária, motivo da intoxicação, manifestações clínicas apresentadas,
tipo de evolução.
¾ Análise do perfil clínico e dosagem laboratorial (acetilcolinesterase)
dos pacientes.
¾ Verificação da freqüência dos sinais e sintomas da síndrome
colinérgica.
¾ Verificação da freqüência dos sinais e sintomas da síndrome
intermediária.
¾ Análise dos fatores de risco associados à morbidade e mortalidade
dos pacientes intoxicados.
4. MÉTODO
4.1. Descrição do Estudo
4.1.1. Local do Estudo
O estudo foi realizado no Hospital Instituto Dr. José Frota – IJF, onde está
instalado o Centro de Assistência Toxicológica do Ceará – CEATOX.
O Hospital é uma Autarquia Pública Municipal de Fortaleza, com
atendimentos de urgência, emergência e atendimento terciário às vítimas de trauma,
o que o intitula como um centro de referência terciária e abrangência estadual e
regional. Possui 425 leitos instalados, onde 36 destes são de UTI.
56
O CEATOX é um órgão filiado à FIOCRUZ, e também recebe assistência
da Federação Mundial dos Centros de Assistência Toxicológica que assessora a
Organização Mundial de Saúde – OMS. Destina-se a prestar informações técnicas
sobre os vários tipos de intoxicação aos profissionais que atendem às vítimas, a fim
de auxiliá-los no diagnóstico, prognóstico, tratamento e prevenção das causas e
seqüelas. Também presta informações por uma central telefônica. Está integrado
aos demais serviços do IJF, principalmente à emergência e ao laboratório de
toxicologia. Funciona com plantão de 24 horas, durante os sete dias da semana.
4.1.2.Aspectos Éticos
O projeto foi submetido à Superintendência Geral do Instituto Dr. José
Frota e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, pelo
protocolo de nº06/04 (
ANEXO I).
Os pacientes, responsáveis e ou acompanhantes receberam todas as
informações necessárias sobre os objetivos deste trabalho e convidados a
assinarem um termo de consentimento livre e esclarecido (
ANEXO II).
4.1.3. Tipo de Estudo
Foi um estudo do tipo observacional, descritivo e longitudinal, realizado
por um período de 6 meses, de fevereiro a julho de 2004.
57
4.1.4. Pacientes
A amostra do estudo foi composta por 19 pacientes atendidos com
história de intoxicação aguda por IOF, no setor de emergência do IJF, no período de
1º de fevereiro a 31 de julho de 2004.
4.2. Coleta dos Dados
4.2.1. Critérios de Inclusão dos Pacientes
Os pacientes foram selecionados sem restrições para a idade, sexo e
situação sócio-econômica, desde que fossem atendidos no período do estudo e que
apresentassem história de envenenamento agudo com IOF.
A presença de pelo menos um dos sintomas, aumento de secreções,
fasciculação, bradicardia.
Também se levou em consideração os níveis de AChE plasmática abaixo
dos valores normais. O
Kit Doles® foi utilizado para dosagem desta enzima. O
método e os valores de referência encontram-se em anexo (
ANEXO III).
58
A permissão do paciente, responsável ou acompanhante para participar
do estudo, através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido
(
ANEXO II). O responsável ou acompanhante era convocado a participar quando o
paciente estava impossibilitado de responder às perguntas, ou por estar agitado,
entubado ou inconsciente.
4.2.2. Critério de Exclusão
Os pacientes, responsáveis e ou acompanhantes que se recusassem em
assinar o termo de consentimento livre e esclarecido seriam excluídos do estudo,
contudo, não houve exclusão de pacientes para o presente estudo.
4.2.3. Sistemática Geral da Coleta dos Dados
Durante o período do estudo, realizou-se, diariamente, uma busca ativa
por pacientes intoxicados com IOF, nas notificações do CEATOX/CE. Na maioria
das vezes, o paciente com história de envenenamento por IOF era localizado ainda
no setor de emergência do Hospital, recebendo o primeiro atendimento do médico e
do plantonista do CEATOX. Após avaliação, o mesmo recebia tratamento inicial e
era feita coleta de sangue para dosagem da AChE, que era realizada no laboratório
de análises clínicas do IJF. Quando o resultado da dosagem se encontrava abaixo
dos níveis normais (
Quadro 1), o paciente era submetido a tratamento específico
(
Fluxograma 1).
QUADRO 1 – Valores de referência para as dosagens de AChE nos sexos
masculino e feminino, de acordo com o
Kit Doles®.
Sexo Dosagem da AChE (UI/mL)
59
Masculino 5,0 – 10,5
Feminino 6,1 – 12,1
UI/mL=unidade internacional por mililitros.
Alguns pacientes graves eram imediatamente transferidos para a sala de
ressuscitação ou UTI do hospital.
Os pacientes eram acompanhados e submetidos a uma entrevista, onde
as perguntas se referiam aos dados pessoais (sexo, idade, ocupação, procedência)
e relacionados ao evento (via de intoxicação, tipo de intoxicação, tempo decorrido da
intoxicação ao atendimento médico, circunstância) (ANEXO IV). Inicialmente, esta
entrevista era uma conversa informal. Num segundo momento, propunha-se a
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido ao paciente. Caso o
paciente estivesse impossibilitado de se comunicar, ou por estar entubado,
inconsciente ou agitado, o responsável e ou acompanhante era convidado a assinar
o termo, bem como responder às perguntas do questionário (
Fluxograma 2).
Com relação ao tipo de intoxicação, utilizou-se a classificação de
gravidade baseado no quadro clínico do paciente descrito por Andrade-Filho
et al.
(2001) (
Quadro 2).
QUADRO 2 – Classificação dos tipos de intoxicação baseada no quadro clínico da
intoxicação com IOF.
Intoxicação Leve Intoxicação Moderada Intoxicação Grave
Deambulação normal Não deambula
gravamento dos sinais e
sintomas verificados na
intoxicação moderada
Fadiga Fasciculações Inconsciência
Miose Sudorese profusa Pupilas puntiformes
Náusea Miose Insuficiência respiratória
Cólicas abdominais Vômitos Convulsões
Sialorréia discreta Cólicas abdominais Arritmias cardíacas
Diarréia
Dificuldade respiratória
60
Broncoespasmo
Crepitações pulmonares
Bradicardia
Fonte: Andrade-Filho et al., 2001.
As informações sobre manifestações clínicas, dosagens da AChE,
complicações clínicas e tratamento específico foram coletadas a partir das fichas de
notificação do CEATOX e prontuário do paciente. Para verificar associações entre as
dosagens de AChE e evolução clínica utilizou-se o valor de 5 UI/mL como referência
para melhor visualizar os cálculos estatísticos.
Fluxograma 1 – Atendimento ao Paciente
Recepção do Paciente
no setor de
Emer
g
ência/IJF
Avaliação médica e do
CEATOX
Início do
Processo
61
Fluxograma 2 – Coleta dos Dados
Encaminhado a
Ressuscita
ç
ão
Permanece na
Emer
g
ência
Encaminhado
p
ara UTI
Encaminhado
p
ara Enfermaria
Tratamento Inicial e Dosagem da
AChE
Tratamento de suporte ou
específico
Paciente
intoxicado
Consegue
falar?
Início do
Processo
Não
Sim
Responsável
ou
acom
p
anhante
Conversa
inicial
Assinatura do
Termo de
Consentimento
Entrevista
Fim do
Processo
62
4.3. Análise Estatística dos Dados
A análise estatística dos dados foi realizada utilizando-se os programas
estatísticos Epi Info 6.04b (DEAN
et al., 1996) e SPSS (MERINO & DÍAZ, 2002).
A análise descritiva dos dados foi apresentada em forma de tabelas e
gráficos.
O teste do qui-quadrado de Pearson (
χ
2
) foi usado para verificar
associações existentes entre as variáveis estudadas.
O teste exato de Fisher foi utilizado devido ao tamanho da amostra ser
pequeno.
Fez-se uma regressão logística para avaliar o risco de óbito a partir das
variáveis estudadas.
Alta
63
Estimaram-se intervalos de 95% de confiança e 5% (p 0,05) de
significância estatística em todos os testes.
5. RESULTADOS
5.1. Características da População Estudada
Durante o período do estudo, que foi de fevereiro a julho de 2004, foram
analisados 19 pacientes intoxicados com IOF, atendidos no setor de emergência do
IJF (
ANEXO V).
Dos 19 pacientes, 10 (52,6%) eram do sexo masculino e 9 (47,4%) do
sexo feminino, sendo uma proporção de 1,1:1. A idade teve como média e desvio-
padrão 27,8 e 11,4 anos, com variação de 15 a 58 anos. Com relação ao estado civil
desses pacientes, a proporção entre casados e solteiros foi de 1:1,7, sendo que 8
(42,1%) pacientes omitiram seu estado civil. Quanto à ocupação profissional, a maior
freqüência foi no setor agrícola com 8 (42,1%) trabalhadores (
Tabela 7).
64
TABELA 7 – Distribuição das características dos pacientes intoxicados co IOF,
quanto ao sexo, idade, estado civil e ocupação, 2004.
f (%)
Sexo
Masculino 10 (52,6)
Feminino 9 (47,4)
Idade (anos)
(média, desvio padrão)
27,8
± 11,4
Estado Civil
Casado 4 (21,1)
Solteiro 7 (36,8)
Ignorado/Outro 8 (42,1)
Ocupação Profissional
Agricultor 8 (42,1)
Ignorado 5 (26,3)
Dona de casa 3 (15,8)
65
Estudante 3 (15,8)
O Hospital IJF atende pacientes de todo o estado do Ceará (
ANEXO V).
Sendo que dos 19 pacientes analisados, 13(68,4%) eram de cidades do interior,
enquanto que apenas 6(31,6%) eram de Fortaleza (
Figura 4).
31,6%
68,4%
Fortaleza
Interior
FIGURA 4 – Distribuição dos pacientes intoxicados com IOF, segundo a região de
origem, 2004.
Alguns questionamentos foram realizados aos pacientes como gravidez, uso
de algum medicamento (
Quadro 3).
QUADRO 3 – Outras características observadas nos pacientes intoxicados com IOF,
2004.
f (%)
História pré-clínica psiquiátrica
3 (15,8)
Gravidez
0 (0,0)
Medicamentos de uso contínuo
Anticoncepcional
1 (5,3)
Motivos das tentativas de suicídio
Dificuldade financeira 2 (10,5)
Problemas no relacionamento afetivo 3 (15,8)
Afastamento de parentes queridos 1 (5,3)
66
Tempo decorrido entre exposição e atendimento médico
(1-48 horas); 7,9±12,0 horas -
5.2. Características da Intoxicação
A via de exposição ao IOF foi a oral nos 19(100,0%) pacientes do estudo.
Dentre os tipos de envenenamento houve 9 (47,4%) casos graves,
seguidos de 8 (42,1%) casos moderados (
Figura 5).
47,4%
42,1%
10,5%
Grave
Moderada
Leve
FIGURA
5 – Distribuição dos tipos de envenenamento dos pacientes intoxicados
com IOF, 2004.
Com relação às circunstâncias das intoxicações, a tentativa de suicídio foi
a causa predominante apresentada em 16 (84,2%) dos 19 pacientes. Entre os que
tentaram suicídio, 9 (56,3%) eram do sexo masculino e 7 (43,8%) tiveram
intoxicação grave. Não houve significância estatística quando comparados a
circunstância com sexo e tipo de envenenamento (p
>0,05) (Tabela 8).
TABELA 8
– Tipo de intoxicação e evolução clínica dos pacientes intoxicados com
IOF, 2004.
67
Sexo
Tipo
envenenamento
M
f (%)
F
f (%)
G
f (%)
Mod
f (%)
L
f (%)
Total
p*
Circunstânci
a
Tentativa
suicídio
9(56,3) 7(43,7) 7(43,8) 7(43,8) 2(12,4) 16
Acidente 0 2(100) 1(50,0) 1(50,0) 0 2
Outro 1(100) 0 1(100) 0 0 1
>0,05
Total
10 9 9 8 2 19
M=masculino; F=feminino; G=grave; Mod=moderado; L=leve; *teste de Fisher
Todas as dosagens de AChE podem ser visualizadas no
ANEXO VI. A
distribuição das médias e desvios-padrão podem ser vistos na
Tabela 9, onde se
pode observar os dados da 1
a
até 8
a
dosagens. A 1
a
dosagem foi realizada na
admissão do paciente e as demais realizadas no decorrer do internamento. Para a
primeira dosagem de AChE a média foi de 1,06 UI/mL, com variação de 0,12 UI/mL
a 3,85 UI/mL e foi registrada em 18 (94,7%) dos 19 pacientes.
TABELA 9 – Distribuição das médias das dosagens de AChE dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004.
Dosagens
(variação em UI/mL))
Média ± Desvio padrão f (%)
1
a
(0,12-3,85)
1,06 ± 1,50 18 (94,7)
2
a
(0,09-2,89)
1,02 ± 0,92 16 (84,2)
3
a
(0,43-2,96)
1,54 ± 0,77 14 (73,7)
4
a
(0,28-4,75)
1,54 ± 1,30 11 (57,9)
5
a
(0,17-6,80)
2,39 ± 1,98 10 (52,6)
68
6
a
(1,13-4,39)
2,61 ± 1,31 8 (42,1)
7
a
(1,80-4,00)
2,98 ± 0,85 6 (31,6)
8
a
(3,00-6,41)
4,23 ± 1,43 5 (26,3)
1
a
=primeira dosagem; 2
a
=segunda dosagem; 3
a
=terceira dosagem; 4
a
=quarta dosagem; 5
a
=quinta
dosagem; 6
a
=sexta dosagem; 7
a
=sétima dosagem; 8
a
=oitava dosagem.
Dentre os sinais e sintomas característicos da crise colinérgica, a diarréia
apareceu em 78,9% (15/19) dos pacientes, seguida de miose com 57,9% (11/19)) e
sialorréia com 52,6% (10/19). Com relação ao aparecimento da síndrome
intermediária, apareceu em 2 (10,5%) pacientes (
Tabela 10).
TABELA 10 – Distribuição das principais manifestações clínicas apresentadas
pelos pacientes intoxicados com IOF, 2004.
Manifestações clínicas
f (%)
Diarréia 15 (78,9)
Miose 11 (57,9)
Sialorreia 10 (52,6)
Incontinência urinária 9 (47,4)
Taquicardia 9 (47,4)
Dor abdominal 8 (42,1)
Insuficiência respiratória 8 (42,1)
Vômitos 7 (36,8)
Sudorese 6 (31,6)
Agitação 6 (31,6)
Coma 5 (26,3)
69
Fasciculações 5 (26,3)
Hipertensão arterial 5 (26,3)
Bradicardia 4 (21,1)
Síndrome Intermediária
2 (10,5)
Dentre as complicações clínicas, as infecções do trato respiratório foram
as mais relevantes, e apareceram em 4 (57,2%) pacientes (
Tabela 11).
TABELA 11 – Complicações clínicas apresentadas pelos pacientes intoxicados com
IOF, 2004.
Complicações clínicas
f (%)
Infecções do trato respiratório 4 (57,2)
Encefalopatia tóxica 1 (14,3)
Hipóxia cerebral 1 (14,3)
Infecção urinária 1 (14,3)
Total 7 (100,0)
Através da
Tabela 12, pode-se observar que não houve associação
estatística entre o sexo e tentativa de suicídio sobre o aparecimento das
complicações clínicas (p>0,05). O uso de ventilação mecânica, tipo de
70
envenenamento grave e internação em UTI mostraram significância estatística
(p<0,05).
TABELA 12 – Influência do sexo, tentativa de suicídio, tipo do envenenamento,
ventilação mecânica e internação em UTI sobre aparecimento de
complicações clínicas nos pacientes intoxicados com IOF, 2004.
Complicações clínicas
Sim
f (%)
Não
f (%)
Total
p (Fisher)
Sexo
Feminino 4 (44,4) 5 (55,6) 9 0,649
Masculino 3 (30,0) 7 (70,0) 10
Tentativa suicídio
Sim 6 (37,5) 10 (62,5) 16
Não 1 (33,3) 2 (66,7) 3
1,000
Tipo envenenamento
Grave 6 (66,7) 3 (33,3) 9 0,036
*
Ventilação
Sim 4 (80,0) 1 (20,0) 5
Não 3 (21,4) 11(78,6) 14
0,037
*
71
UTI
Sim 6 1 7
Não 1 11 12
0,002
*
5.3.Tratamento
O tratamento inicial para 15 (78,9%) pacientes consistiu de lavagem
gástrica com SF 0,9% e em seguida, administração de carvão ativado, na dose de
40mg diluídos em 150 mL de SF 0,9%. Dos pacientes, 16 (84,2%) receberam
atropina, em doses variadas. Nenhum paciente usou pralidoxima durante tratamento
(
Tabela 13).
TABELA 13 – Tratamentos instituídos aos pacientes intoxicados com IOF, 2004.
Tratamento f (%)
Lavagem gástrica
15 (78,9)
Carvão ativado
15 (78,9)
Atropina*
0,25mg 96 amp EV + 154mL de SF 4 (25,0)
0,25mg 96 amp + 154mL SG 5% (BIC) 3 (18,9)
0,25mg 2 amp EV 2 (12,5)
0,25mg 50 amp + SF 200mL (BIC) 2 (12,5)
4 amp se pulso 70bpm 2 (12,5)
SG + atropina 96 amp 21mL/h EV 1 (6,2)
4 amp 4/4h se pulso 70bpm 1 (6,2)
se FC<60bpm 1 (6,2)
72
Pralidoxima
0 (0,0)
*Doses prescritas.
amp=ampolas; BIC=bomba de infusão contínua; bpm=batimentos por minuto; EV=endovenoso;
FC=freqüência cardíaca; SF=soro fisiológico; SG=soro glicosado.
A média dos dias de internação foi de 8,6 dias, com desvio padrão de 8,5
dias, e variação de 1 a 36 dias. Dos 19 pacientes, 7 (36,8%) foram transferidos para
UTI, onde a permanência nesta unidade de assistência teve média de 13 dias e
desvio padrão de 6,1 dias, com variação de 7 a 25 dias. Cinco pacientes (26,3%)
receberam de suporte ventilatório durante a internação (
Tabela 14).
TABELA 14 – Tratamentos não farmacológicos instituídos aos pacientes intoxicados
com IOF, 2004.
f(%) Média ± Desvio padrão
Internação (1-36 dias) 19 (100,0) 8,6 ± 8,5
UTI (7-25 dias) 7 (36,8) 13,0 ± 6,1
Suporte ventilatório
5 (26,3) -
5.5. Análise das Variáveis de Risco sobre a
Mortalidade
73
Utilizou-se teste do qui-quadrado (χ
2
) e o exato de Fisher para analisar as
possíveis associações entre as variáveis de risco e a evolução dos pacientes. Foram
consideradas variáveis de risco o sexo, a idade, a circunstância, o uso de atropina, o
suporte ventilatório, o tempo entre a exposição e o atendimento médico,
complicações clínicas e tempo de internação. Não houve significância estatística
quando as variáveis de risco foram associadas ao óbito (p>0,05) (
Tabela 15).
74
TABELA 15 – Distribuição dos fatores de risco e mortalidade dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004.
F=feminino; M=masculino; TS=tentativa de suicídio; G=grave; M=moderado; L=leve;
Texposição=tempo entre exposição e atendimento médico; Tinternação=tempo de internação.
Óbito Não óbito p (Fisher)
Sexo
M/F
3/1 7/8 0,582
Idade
(15-58 anos)
4 15 0,523
Circunstância
TS
2 14 0,097
Tipo
envenenamento
G 3 6
M 0 2
L 1 7
0,133
Ventilação
Sim 2 3
Não 2 12
0,272
Uso Atropina
Sim 3 13
Não 1 2
0,530
Texposição
(1-48 horas)
2 12 1,000
Complicações
Sim 1 6
Não 2 9
1,000
Tinternação
(1-36 dias)
4 14 0,775
75
As dosagens de AChE também não apresentaram significância estatística
(p
>0,05), tanto no teste do qui-quadrado quanto no exato de Fisher, quando
associadas à evolução para o óbito dos pacientes (
Tabela 16).
TABELA 16 – Distribuição das dosagens de AChE e evolução dos pacientes
intoxicados com IOF, 2004.
AChE
(UI/mL)
Óbito Não óbito
p (χ
2
)
p (Fisher)
D1
< 5,0 4 13
5,0 0 1
0,582 1,000
D5
<5,0 1 8
5,0 0 1
0,725 1,000
D8
< 5,0 1 3
5,0 0 1
0,576 1,000
D1=1
a
dosagem; D5=5
a
dosagem; D8=8
a
dosagem.
Fez-se também uma regressão logística para avaliar o risco de evolução para
o óbito dos pacientes a partir das variáveis sexo, idade, uso de atropina, ventilação
mecânica, surgimento das complicações clínicas e o tempo de internação. Não
houve significância estatística (p
>0,05) (Tabela 17).
76
TABELA 17 – Influência dos fatores de risco sobre a evolução para o óbito dos
pacientes intoxicados com IOF, 2004.
Fatores Coeficiente angular (β) p (Fisher)
Sexo
1,2654 0,3302
Idade
1,7917 0,1609
Ventilação 1,3863 0,2441
Uso de Atropina 0,7731 0,5759
Complicações
0,6926 0,5852
Tempo internação 0,9651 0,4457
77
6. DISCUSSÃO
A contaminação por agrotóxicos atinge cerca de 3 milhões de pessoas em
todo o mundo, sendo até 13 vezes maior a incidência de intoxicações agudas nos
países em desenvolvimento do que nos industrializados (PERES
et al., 2001;
DELGADO & PAUMGARTTEN, 2004; BUCKLEY
et al., 2005).
No Brasil, as intoxicações por praguicidas constituem importante causa de
morbimortalidade, de acordo com dados oficiais do SINITOX (LIMA & PEREIRA,
1996). No Ceará, as intoxicações representaram 29,3% das notificações registradas
no ano de 2003(CEATOX/CE, 2003).
O uso indiscriminado dessas substâncias afeta a saúde humana e os
ecossistemas naturais. A exposição aos agrotóxicos pode acarretar sérios
problemas de saúde como, por exemplo, os respiratórios, musculares e motores
(SOARES
et al., 2003).
Dentre os praguicidas, os IOF representam um grande risco à saúde do
homem, pois eles têm como mecanismo de ação a inibição irreversível da AChE, o
que determina a sua toxicidade (ALONZO & CORRÊA, 2002).
Neste estudo foram observados 19 pacientes intoxicados com IOF,
atendidos no IJF, um hospital de referência no estado do Ceará e onde está
instalado o CEATOX. O período do estudo foi de fevereiro a julho de 2004.
Vários dados sobre o paciente e o evento foram coletados. Inicialmente
fez-se uma caracterização epidemiológica da população em estudo. As variáveis
analisadas foram sexo, idade, ocupação, estado civil e procedência.
78
A literatura científica não relata uma padronização quanto aos aspectos
epidemiológicos sexo e idade. Tanto o levantamento dos dados preliminares quanto
a pesquisa mostraram um percentual maior de intoxicações no sexo masculino,
sendo 58,6% e 52,6%, respectivamente. Estes dados confirmaram os encontrados
por outros autores com relação ao maior percentual de intoxicações no sexo
masculino, como por exemplo, 57% (SHOBHA & PRAKASH, 2000), 53% (AYGUN
et
al., 2002) e 74% (TEIXEIRA et al., 2004). No entanto, outros estudos revelaram uma
percentagem maior de intoxicações no sexo feminino como 52% (DONG & SIMON,
2001), 54% (KARKI
et al., 2001), 53% (SUNGUR & GÜVEN, 2001) e 55% (NESIME
et al., 2004).
A pesquisa mostrou uma média de idade de 28,9 anos, com uma variação
de 15 a 58 anos, o que não difere muito de outros estudos, como um realizado por
Karki
et al. (2001) que encontrou média de 26,9 anos, sendo 65% das idades
referentes a uma variação de 15 a 30 anos. Resultado semelhante foi encontrado
por Goswamy
et al. (1994) com média de 26,6 anos, com uma variação de 14 a 65
anos.
O estado civil dos pacientes serviu apenas para complementar a
caracterização epidemiológica, pois não há dados na literatura que relacionem este
fator com a gravidade da intoxicação aguda com IOF.
Quanto à ocupação profissional dos pacientes, pôde-se observar que 8
(42,1%) eram agricultores, o que pode justificar o fácil acesso destes aos
agrotóxicos, no caso os IOF.
Na pesquisa observou-se que 3 (15,8%) pacientes apresentaram história
pré-clínica psiquiátrica e não faziam uso de medicamentos. Não houve casos de
gravidez. Apenas 1 (5,3%) paciente relatou uso contínuo de anticoncepcional. Estes
dados não tiveram relevância para o estudo, ao contrário de Faria
et al. (1999) que
encontraram associação entre o uso de medicamentos psiquiátricos e a intoxicação
aguda com IOF.
79
O hospital IJF é referência no estado do Ceará em atendimento
toxicológico, pois nele funciona o CEATOX. Observou-se que a maioria dos
pacientes era procedente do interior do estado e representaram 68,4% (13/19).
Resultado semelhante foi encontrado nos dados preliminares deste estudo que
foram de 57,9% (77/133). Pode-se justificar tal achado a partir da atividade
profissional desempenhada, pois 8 (42,1%) dos pacientes eram agricultores.
Quanto às características do evento, foram analisadas a via de
intoxicação, a circunstância, o tipo de envenenamento, a evolução, as
manifestações e complicações clínicas e as dosagens de AChE. Os IOF são
substâncias lipossolúveis e bem absorvidas pela pele, mucosa oral e conjuntiva,
bem como pelos tratos gastrintestinal e respiratório (BARDIN
et al., 1994). Os IOF se
apresentam em formas líquidas, podendo ser absorvidos pela pele e mucosas,
enquanto que as formas pó e aerossóis podem ser absorvidos pelo trato respiratório
(RUBÍ
et al., 1995). No entanto, observou-se que 100,0% das intoxicações se deram
pela via oral, tanto nas tentativas de suicídio quanto nos casos de acidentes
individuais. No levantamento dos dados preliminares a via oral foi representada em
85,7% (114/133) dos envenenamentos.
Quanto às circunstâncias dos suicídios, não foi objetivo do trabalho
buscar explicações sobre as suas causas, porém, algumas considerações devem
ser feitas. Vários estudos apontam a tentativa de suicídio como a principal
circunstância dos envenenamentos (SUNGUR & GÜVEN, 2001; LEE & TAI, 2001;
AYGUN
et al., 2002; TEIXEIRA et al., 2004).
Neste trabalho a tentativa de suicídio foi a mais relevante das
circunstâncias, com 84,2% dos casos. Resultado semelhante foi registrado nos
dados preliminares desta pesquisa, em que as tentativas de suicídio ocorreram em
74,4% (99/133) dos pacientes.
Vale ressaltar as características das tentativas de suicídio, que são, por
exemplo, a busca de soluções, a interrupção da consciência dos fatos, a intolerável
dor psicológica, a frustração às demandas psicológicas, desesperança e desamparo,
dentre outras (FEDOSSI & CALDAS, 1998). Na pesquisa, alguns pacientes quando
80
interrogados sobre o motivo que os levaram à tentativa de suicídio, relataram
problemas de relacionamento com namorado(a) ou companheiro(a), dificuldade
financeira e afastamento de parentes queridos.
Estudo epidemiológico, realizado no México, com 33 pacientes tratados
em UTI mostrou que entre os indivíduos que tentam o suicídio há um predomínio do
sexo masculino (82% dos 33 casos), com idade de 34
±15,8 anos. (DURAN-NAH &
COLLÍ-QUINTAL, 2000). Observou-se no nosso trabalho, que dos 16 pacientes que
tentaram o suicídio, o predomínio foi do sexo masculino com 56,3% (9/16) dos
casos.
O acesso facilitado aos praguicidas pode ser uma das justificativas para
que ocorram as tentativas de suicídio com estes produtos, entre eles os IOF,
principalmente no ambiente agrícola (RUBÍ
et al., 1995).
O tipo de intoxicação classifica-se em leve, moderado e grave, de acordo
com o quadro clínico do paciente (ANDRADE-FILHO
et al., 2001). Neste trabalho,
houve 9 (47,4%) pacientes que apresentaram manifestações clínicas condizentes
com estado grave.
As tentativas de suicídio geralmente acarretam envenenamentos graves
(KARKI
et al., 2001) e são um fator agravante no que diz respeito à demora na
busca de atendimento médico, impedindo o início das medidas terapêuticas
necessárias (CUNHA
et al., 1995). A pesquisa mostrou que, dos 16 pacientes que
tentaram o suicídio, 7 (43,8%) tiveram intoxicação do tipo grave.
De acordo com Cunha
et al. (1995), os níveis de colinesterase na
admissão do paciente, ou no primeiro dia de internação serve como parâmetro de
diagnóstico, pois valores muito abaixo do nível normal se correlacionaram com um
prognóstico mais grave. Para Silva
et al. (1996) a inibição da AChE se correlaciona
com o aparecimento das manifestações clínicas.
Na pesquisa, observou-se que 18 (94,7%) pacientes no primeiro dia de
internação apresentaram nível de colinesterase abaixo dos valores normais, sendo
81
que o maior valor de AChE foi de 3,85 UI/mL. E, em contrapartida, observou-se o
aparecimento das manifestações clínicas em mais de 50% dos pacientes (Tabela
10). Estes pacientes apresentaram pelo menos um dos sintomas como diarréia,
miose ou sialorréia.
As manifestações clínicas agudas são bem características na maioria das
intoxicações por IOF, pois resultam do aumento da atividade colinérgica secundária
à inibição da AChE nas placas motoras e nas sinapses (CUNHA
et al., 1995).
Dentre os sinais e sintomas da crise colinérgica observou-se, em nosso
trabalho, que a diarréia apareceu em 15 (78,9%) pacientes, seguida de miose
(57,9%) e sialorréia (52,6%). Também não existe uma padronização quanto a maior
freqüência de uma determinada manifestação colinérgica. Um estudo com 506
pacientes, realizado na Espanha por Cunha
et al. (1995), mostrou que os vômitos
(65,0%), sialorréia (63,0%) e miose (57,0%) foram as manifestações mais
freqüentes. Em outro estudo com 23 pacientes, a sialorréia se manifestou em 19
(83,0%) pacientes e miose em 15 (65,0%) (LEE & TAI, 2001).
A Síndrome Intermediária (SI) foi citada pela primeira vez no
New England
Journal of Medicine em 1987. Até esta data apenas a síndrome colinérgica e a
polineuropatia haviam sido detectados e estudados (BLEECKER
et al., 1993). A
partir de então, outros estudos sobre intoxicações com IOF já começaram a
mencionar o aparecimento da SI. De acordo com Servía
et al. (2001), o
aparecimento da SI é imprevisível quando o paciente apresenta insuficiência
respiratória, sugerindo-se, portanto, que todos os pacientes intoxicados com IOF
recebam tratamento intensivo e que sejam monitorados por pelo menos 96 horas.
De acordo com Cunha
et al. (1995), a observação do aparecimento de SI
parece depender do tipo de IOF e da interrupção precoce do tratamento específico.
Também relatou em seu estudo que é muito difícil reconhecê-la quando os pacientes
estão ventilados, sedados e sob terapêutica múltipla durante período definido para o
aparecimento da síndrome.
Dandapani
et al. (2002) concluíram que na intoxicação aguda por IOF a
inibição grave e prolongada da AChE está associada com o estresse oxidativo que
82
ocorre no início da intoxicação e que pode contribuir para o desenvolvimento e
gravidade da Síndrome Intermediária, a principal causa de morbidade devido a
intoxicação por IOF.
A SI pode ocorrer 12 horas após envenenamento até 7 dias no mesmo.
Dentre as várias características desta síndrome estão oftalmoparesia e fraqueza nas
extremidades, principalmente proximal (SHAHAR & ANDRAWS, 2001; ANDRADE
FILHO & ROMANO, 2001; VASCONCELLOS
et al., 2002; ALONZO & CORRÊA,
2002; JOHN
et al., 2003).
Na pesquisa realizada, apenas 2 (10,5%) pacientes apresentaram sinais
de SI. Ambos tiveram intoxicação do tipo grave, síndrome colinérgica característica,
e, no segundo dia de internação, um deles apresentou fraqueza dos membros
inferiores e o outro oftalmoparesia. Em um estudo realizado por Lee & Tai (2001) 5
(22%) dos pacientes com intoxicação grave apresentaram fraqueza e paralisia
muscular.
As infecções do trato respiratório, principalmente a pneumonia, são as
complicações mais freqüentes entre os pacientes internados, e, estão associadas ao
aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes (BONTEN
et al., 1999).
No período do estudo houve um sério problema de falta de leitos na UTI
do hospital, o que fez com que alguns pacientes fossem tratados mesmo na
emergência ou na sala de ressuscitação.
Neste trabalho, dentre os pacientes intoxicados tratados em UTI, 7
(36,8%) desenvolveram complicações clínicas durante o período de internação,
sendo uma associação significante. Destes 4 (57,2%) apresentaram infecções do
trato respiratório e eram pacientes ventilados. Em estudo realizado por Elward
et al.
(2002) verificou-se que o aparecimento de pneumonia foi significante entre os
pacientes ventilados. Outros estudos não demonstraram diferença significante, com
relação às infecções do trato respiratório, entre os pacientes ventilados (LEROY
et
al., 2001). Houve associação significante entre os pacientes com intoxicação do tipo
grave e aparecimento de complicações clínicas.
83
Dos pacientes internados em UTI de um hospital em Portugal, 88,5%
(46/52) tiveram complicações, onde a mais freqüente foi infecção respiratória,
seguida de septicemia (CUNHA
et al., 1995).
Outra complicação importante que geralmente aparece nos pacientes
intoxicados é a falha respiratória. Contudo, alguns estudos mostraram não haver
correlação estatística significante entre tempo de exposição e falha respiratória
(GOSWAMY, 1994). A insuficiência respiratória observada em 8 (42,1%) pacientes é
um número pequeno se comparado a um estudo realizado por Goswamy
et al.
(1994) que foi de 65,5% (34/52).
O tratamento dos sintomas da intoxicação deve ser conduzido de forma
rápida para que outras complicações, principalmente as do trato respiratório
(JOHNSON
et al., 2000) ou até mesmo a morte do paciente sejam evitadas, em
particular nos casos de intoxicação grave. Por isso, é necessário que o tempo entre
a exposição e o atendimento médico seja o menor possível.
A pesquisa mostrou que o tempo entre a exposição e o atendimento
médico teve média de 7,9 horas e desvio padrão de 12,1 horas. Outros estudos
apresentaram tempos médios variados, menores ou maiores que o observado, tais
como, 4 horas (GOSWAMY
et al., 1994), 90 minutos (RUBÍ et al., 1995), 4 horas e 5
minutos (SILVA
et al., 1996), 9,4 horas (SUNGUR & GÜVEN, 2001) e nas primeiras
6 horas após envenenamento (AYGUN
et al., 2002).
O intervalo de tempo decorrente entre a exposição ao IOF e o
atendimento médico é considerado um importante co-fator de risco inerente ao
aumento da mortalidade (LIMA & PEREIRA, 1996).
Na presente pesquisa, não foi realizada uma análise entre o tempo de
exposição e falha respiratória, contudo fez-se com a evolução do paciente, onde não
houve associação estatística entre o tempo de exposição e evolução para o óbito.
Resultado semelhante foi encontrado por Cunha
et al. (1995), onde em seu estudo
concluíram que o tempo que mediou entre o contato com o IOF e as primeiras
84
manobras terapêuticas, conhecido em apenas 20 pacientes, não foi significante
entre os grupos dos óbitos e não óbitos.
Um suporte intensivo em UTI, uma boa assistência respiratória,
administração de atropina em doses adequadas e oximas são importantes na
redução da mortalidade entre os intoxicados com IOF (SAADEH
et al., 1997; KARKI
et al., 2004).
O tratamento inicial dos pacientes se dá basicamente por uma lavagem
gástrica com soro fisiológico e administração de carvão ativado por via oral ou sonda
naso ou orogástrica (ANDRADE-FILHO
et al., 2001; ALONZO & CORRÊA, 2002).
A lavagem gástrica deve ser indicada somente aos pacientes que
ingeriram altas doses de inseticida e ser realizada 1 a 2 horas após a intoxicação
(EDDLESTON
et al., 2004).
O uso do carvão ativado é preconizado em dose de ataque de 50 g para
maiores de 12 anos, seguido de doses seriadas de 25 g de quatro em quatro horas
(ANDRADE-FILHO
et al., 2001). Observou-se prescrição na dose de 40 mg em 150
mL de soro fisiológico 0,9% aos pacientes intoxicados com IOF, durante a pesquisa.
Green
et al. (2004) sugeriram que o carvão ativado tem uma ação mais
eficaz na presença de drogas anticolinérgicas, como a atropina, bem como máxima
eficácia quando administrado até 1 hora após ingestão do agente tóxico. No entanto,
não existem evidências satisfatórias de que o carvão ativado em doses simples ou
múltiplas possam trazer benefícios clínicos após envenenamento com IOF
(ANDRADE-FILHO
et al., 2001; EDDLESTON et al., 2004).
Os pacientes graves necessitam de suporte ventilatório e internação em
UTI dentro das primeiras 72 horas (MUNIDASA
et al., 2004; CAVALIERE et al.,
1996).
85
Wang et al. (2004) fizeram estudo sobre tratamento sistemático prévio aos
pacientes intoxicados e que mostrou bons resultados, sendo recomendado como
estratégia para minimizar vários sintomas, dentre eles a falha respiratória.
O tratamento específico para as intoxicações com IOF envolve o uso de
atropina e oximas. A atropina age como inibidor competitivo da acetilcolina nos
receptores muscarínicos, mas não tem ação nos receptores nicotínicos. As oximas
aumentam a hidrólise da acetilcolina através da AChE (CAVALIERE
et al., 1996;
PAJOUMAND
et al., 2004).
O uso de atropina já está bem estabelecido, porém a efetividade das
oximas ainda está em debate (JOHNSON
et al., 2002; RASZEWSKI & FILIP, 2004).
Para Raszewski & Fillip (2004), a atropina é considerada o principal tratamento nas
intoxicações com IOF.
O CEATOX dispõe de um guia prático para tratamento onde preconiza
que a atropina deve ser administrada em adultos na dose de 1 a 4 mg (4 a 16
ampolas de 2mL cada) por via endovenosa, e, em crianças na dose de 0,01 a 0,05
mg/Kg/vez. Essas doses devem ser repetidas a cada 10, 15 ou 30 minutos, até
atropinização. No caso de infusão contínua recomenda-se usar 96 ampolas em 154
mL de soro fisiológico (GUIMARÃES
et al., 2002).
Observou-se uma variação nas prescrições de atropina (Tabela 13), e que
em alguns casos fugiu do protocolo padrão de doses para casos de intoxicação com
IOF. Dawson (2004) também observou uma variação no protocolo de uso da
atropina. No entanto, a variação das doses de atropina pode ser justificada pelo
aparecimento dos sinais de atropinização, servindo de critério para a reavaliação das
doses (GOSWAMY
et al., 1994). Para Cunha et al. (1995) as doses da atropina
também são baseadas na intensidade dos sinais colinérgicos.
De acordo com Eddleston
et al. (2004) há a necessidade de chegar a um
consenso sobre a terapêutica dos pacientes intoxicados com IOF, principalmente em
relação às doses de atropina que geralmente são bastante variadas.
86
A oxima comercializada no Brasil é a pralidoxima (ALONZO & CORRÊA,
2002) e é recomendada numa dose inicial de 30 mg/Kg durante 10 a 20 minutos,
seguida de infusão contínua de 8 a 10 mg/Kg de acordo com a gravidade do caso
(EDDLESTON
et al., 2004). Nenhum paciente usou pralidoxima no tratamento
farmacológico, pois este medicamento tão importante estava em falta no período da
realização do estudo.
Existe uma controvérsia em relação à eficácia das oximas (RASZEWSKI
& FILLIP, 2004), mas para alguns estudiosos, o uso inadequado ou tardio pode
acarretar o aparecimento de SI e também contribuir para um maior tempo do uso de
ventilação mecânica (BUCKLEY
et al., 1994; LEE & TAI, 2001; SANTOS et al.,
2002).
Para Cavaliere
et al. (1996), a pralidoxima impede a inibição da
colinesterase plasmática e previne o desenvolvimento de lesão da musculatura
respiratória (miopatia). Para Santos
et al. (2002), deve-se administrar oxima o mais
cedo possível para evitar necrose do diafragma, pois isto acarretaria uma diminuição
da função respiratória.
Doses mínimas de oximas podem contribuir para uma diminuição da taxa
de mortalidade, bem como da incidência de SI (KARKI
et al., 2001).
Estudos mostram que a insuficiência respiratória é a maior causa de
morte entre os pacientes intoxicados com IOF (CAVALIERE
et al., 1996; SUNGUR &
GÜVEN, 2001), e, geralmente há uma necessidade de suporte ventilatório, sendo
um percentual alto de pacientes, como 59,6% (GOSWAMY
et al., 1994) e 81,0%
(CUNHA
et al., 1995).
A falha respiratória também pode estar relacionada com aspiração do
conteúdo gástrico, secreções em excesso, pneumonia e septicemia (SUNGUR &
GÜVEN, 2001).
87
A mortalidade pode estar associada com infecções (pneumonia,
septicemia) ou ainda complicações relacionadas ao período de ventilação mecânica
e permanência na UTI (BARDIN
et al., 1994).
Na pesquisa, a mortalidade não sofreu influência do sexo e idade. Cunha
et al. (1995) também não encontraram associação estatística do sexo e idade sobre
a mortalidade. A mortalidade dos pacientes não sofreu influência quando a
circunstância foi a tentativa de suicídio. Em estudo realizado por rás
et al. (1995) o
óbito se relacionou com a tentativa de suicídio.
O suporte ventilatório instituído em 5 (26,3%) pacientes não influenciou na
evolução para óbito. Mas nem sempre a mortalidade sofre influência do uso da
ventilação mecânica, sendo que estudos mostraram não haver significância
estatística entre ventilados e não ventilados (CUNHA
et al., 1995; SUNGUR &
GÜVEN, 2001; AYGUN, 2002).
No entanto, dos 5 pacientes ventilados 4 (80,0%) apresentaram
complicações clínicas, sendo um resultado significante. Estudo realizado por
Goswamy
et al. (1994) mostrou a relação entre ventilação mecânica e o
aparecimento de complicações clínicas, em cerca de 64,5% dos pacientes. Algumas
dessas complicações foram pneumonia e pneumotórax.
Em estudo realizado por Cunha
et al. (1995), a mortalidade na UTI foi de
28,9% (15/52). Sendo que neste caso, a mortalidade não foi influenciada pela idade,
sexo, nem pela toxicidade do IOF envolvido e, dentre as complicações observadas,
a infecção respiratória foi a mais comum.
Nosso estudo demonstrou a importância das intoxicações agudas por
inseticidas organofosforados no estado do Ceará, que acometem principalmente os
trabalhadores agrícolas no interior no estado, sendo a tentativa de suicídio a
principal circunstância do envenenamento. Apesar de não ter sido observada
relação entre os fatores em estudo e a evolução para o óbito dos pacientes, torna-se
necessário medidas de informação quanto ao uso e riscos dos inseticidas
organofosforados frente aos seus usuários, como também propor a revisão do
manejo e tratamento destes pacientes intoxicados ao corpo clínico das unidades
88
hospitalares, visando a melhor eficácia clínica do tratamento assim como a redução
das complicações clínicas e das complicações tardias deste envenenamento.
7. CONCLUSÕES
No período do estudo, os casos de intoxicação com Inseticida
Organofosforado (IOF) foram caracterizados por um predomínio do sexo
masculino, de trabalhadores agrícolas e a procedência do interior do estado
do Ceará.
A principal circunstância de envenenamento foi a tentativa de suicídio.
Não houve influência dos fatores em estudo sobre a evolução para o óbito
dos pacientes.
Não houve correlação estatisticamente significante quando se compararam as
dosagens de AChE e os casos de óbito.
Faz-se necessário uma revisão do protocolo de atendimento dos pacientes,
principalmente com relação à realização de um diagnóstico diferencial das
manifestações clínicas apresentadas.
Faz-se também necessário uma revisão do tratamento proposto aos
pacientes intoxicados, principalmente com relação ao suporte ventilatório e
assistência em UTI.
89
É necessário que o hospital mantenha estoque do medicamento pralidoxima.
Torna-se importante a elaboração de um manual mais detalhado sobre as
síndromes da intoxicação por IOF. Este manual poderia ser apresentado a
todas as equipes médicas do Instituto Dr José Frota (IJF) assim como de
outras unidades hospitalares.
Faz-se necessário medidas de informação quanto aos usos e riscos de
inseticidas organofosforados frente aos consumidores e adequada vigilância
sanitária quanto ao uso e comercialização dos mesmos.
90
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99
ANEXOS
100
ANEXO I – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Ceará
(Próxima Folha)
101
102
ANEXO II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
ESTUDO DOS PACIENTES COM INTOXICAÇÃO AGUDA POR INSETICIDAS
ORGANOFOSFORADOS, ATENDIDOS NO CENTRO DE ASSISTÊNCIA
TOXICOLÓGICA (CEATOX-CE), DE FEVEREIRO A JULHO DE 2004.
Você está sendo convidado para participar de um projeto de pesquisa, cujo
objetivo é acompanhar os pacientes com intoxicação por inseticida organofosforado,
atendidos no Centro de Assistência Toxicológica do Instituto Dr. José Frota.
Para ajudar nesta pesquisa, solicito a você que responda algumas perguntas
sobre seus dados pessoais e seu estado de saúde.
Todas as informações anotadas serão tratadas de forma sigilosa.
Sua participação é importante, mas você tem o direito de se negar a continuar
contribuindo com suas informações a qualquer momento.
Qualquer dúvida poderá entrar em contato com a Farmacêutica Rosemarie
Brandim Marques, telefone 283-0074.
1- Você declara estar ciente das informações apresentadas neste termo de
consentimento esclarecido e concorda em participar da pesquisa?
( ) Sim ( )Não
Fortaleza, ______ de __________________ de 2004.
Assinatura do paciente: ____________________________________________
Assinatura do responsável legal: _____________________________________
Assinatura do responsável pela coleta da Informação: ____________________
103
ANEXO III – Bula do Kit Doles®
(Próxima Folha)
104
105
106
107
ANEXO IV – Fichas de Acompanhamento e Entrevista
Realizados com os pacientes Intoxicados por
IOF de fevereiro a julho de 2004
.
Dados de identificação pessoal
1-Nome: _____________________________________ Código: ____________
2-Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
3-Gestante: ( )Não ( )Sim Período: _________________________________
4-Data de Nascimento: ___/___/___ Idade _______________
5-Estado Civil: ( )Casado(a) ( )Solteiro(a) ( )Viúvo(a) ( )Outro
6-Profissão/Ocupação: ______________________________
7-Endereço: _____________________________________________________
Bairro: _____________________________ Cidade: ___________________
Telefone/contato: ____________________
Evento
8-Tempo decorrido da exposição: __________ Duração: _________________
9-Circunstância do envenenamento:
10-Via de administração:
( )Acidente individual ( )Tentativa de suicídio
( )Acidente coletivo ( )Tentativa de aborto
( )Acidente ambiental ( )Ignorada
( )Ocupacional ( )Outra: ___________________________
( )Oral ( )Ocular
( )Cutânea ( )Ignorada
( )Respiratória ( )Outra: ____________________________
( )Nasal
Data: ___/___/___ Hora: _______________ Ficha nº _____
108
Entrevista
11-Tem outra(s) doença(s)? ( ) Sim ( ) Não
Quais___________________________________________________________
12-Usa medicamentos? ( ) Sim ( ) Não
Quais?__________________________________________________________
13-Motivo do envenenamento:
_______________________________________________________________
109
Sinais e Sintomas
1
a
FASE 2
a
FASE 3
a
FASE
( )ansiedade ( )fraqueza proximal ( )dores musculares
( )arritmias ( )paralisia ( )fraqueza distal progressiva
( )bradicardia ( )dificuldade para
movimentar o pescoço
( )ataxia
( )cãimbras ( )dificuldade para
movimentar a cabeça
( ) diminuição dos reflexos
tendinosos
( )cefaléia ( )oftalmoparesia ( )paralisia flácida
( )cólicas ( )movimentos oculares
lentos
( )espasticidade
( )convulsões ( )fraqueza dos músculos
faciais
( )quadriplegia
( )depressão
respiratória
( )dificuldade para deglutir ( )diminuição da sensibilidade
( )diarréia ( )fraqueza nas
extremidades
( )perda da sensibilidade
( )fasciculações ( )arreflexia ( )sensação de queimação
( )hipertensão
arterial
( )paralisia na musculatura
respiratória
( )formigamento
( )insuficiência.
respiratória
( )lacrimejamento
( )miose
( )náuseas
( )sialorréia
( )sudorese
( )taquicardia
( )tremores
( )vômitos
110
Controle da atropina e/ou pralidoxima
Medicamento Data Esquema Tempo de Infusão Nº de ampolas
Dosagem da Colinesterase Plasmática
Data Hora Valor(UI/mL)
Tipo de Envenenamento
Envenenamento Leve ( )
Envenenamento Moderado ( )
Envenenamento Grave ( )
Outro ( ) _______________________________________________
111
Tipo de Evolução
Cura ( ) Cura Não Conhecida ( )
Seqüela ( ) Óbito ( )
Evasão ( ) Transferido ( )
Ignorado ( ) Outro ( ) ____________________________________
112
ANEXO V – Distribuição dos pacientes intoxicados, segundo o sexo, idade, ocupação, procedência, circunstância, tipo de intoxicação,
tempo de exposição, internação e permanência na UTI, uso de atropina, suporte ventilatório, evolução e complicações, 2004.
Pac Sexo/
Idade
(anos)
Ocup Proced Circuns TIntox. TE
(h)
Inter/UTI
(dias)
Atropina SV Evolução Compl.
Clínica
01 M/28 Agricultor Orós TS Grave 48 36/25 S S NOB Encefalopatia
02 M/21 Agricultor Quixeló TS Grave 8 11/9 S S NOB Inf. Respirat
03 M/42 Agricultor Palmácia IG Grave - 8/7 S S OB -
04 F/37 IG Fortaleza AI Moderad 4 4/- N N NOB -
05 M/20 Agricultor Horizonte TS Moderad - 7/- S N NOB -
06 F/18 Dona de casa Morada
Nova
TS Moderad 13 15/- S N NOB Inf. Urinária
07 F/20 Dona de casa Aquiraz TS Grave 5 12/10 S S NOB Inf. Respiratór
08 F/28 IG Fortaleza AI Grave 2 14/14 S S OB Hipóxia
09 M/- IG Fortaleza TS Grave - 4/- S N NOB -
10 M/17 IG Russas TS Moderad 2 9/- S N NOB -
11 M/24 Agricultor Paracuru TS Grave 4 14/10 S N NOB Inf.
Respiratória
12 M/24 Agricultor Morada
Nova
TS Moderad 7 - S N OB -
13 F/38 Dona de casa Aquiraz TS Moderad 4 4/- S N NOB -
14 F/22 Estudante Fortaleza TS Grave 2 16/16 S N NOB Pneumonia
15 M/58 Agricultor Pacoti TS Moderad - 2/- N N OB -
16 F/15 Estudante Fortaleza TS Leve 1 - S N NOB -
17 F/30 IG Fortaleza TS Moderad 1 - N N NOB -
18 M/45 Agricultor Morada
Nova
TS Grave - 1/- S N NOB -
19 F/16 Estudante Itatira TS Leve 10 7/- S N NOB -
Pac=paciente; Ocup=ocupação; Proced=procedência; Circuns=circunstância; Tintox.=tipo intoxicação; TE=tempo de exposição;
Inter=internação; SV=suporte ventilatório; M=masculino; F=feminino; IG=ignorado; TS=tentativa de suicídio; AI=acidente individual;
S=sim; N=não; NOB=não óbito; OB=óbito;
113
114
ANEXO VI – Distribuição das dosagens de AChE dos pacientes intoxicados, 2004.
Pac D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8
01 0,97 1,39 0,90 0,57 2,7 4,39 3,29 6,41
02 1,05 0,57 1,56 0,82 1,07 1,48 1,8 3,45
03 3,85 1,15 1,23 - - - - -
04 0,49 2,66 2,41 4,75 - - - -
05 0,30 0,30 0,68 1,77 1,72 2,68 - -
06 0,26 0,41 1,18 2,56 4,24 4,00 4,00 -
07 0,36 0,64 0,92 1,30 0,98 1,60 2,58 3,35
08 0,26 0,77 1,16 0,70 0,17 1,13 2,44 3,00
09 0,36 0,27 1,78 - - - - -
10 0,12 0,64 2,80 2,18 1,83 3,90 - -
11 0,13 0,43 0,43 0,44 0,98 1,70 3,76 4,96
12 0,48 - - - - - - -
13 1,26 2,72 1,75 - - - - -
14 1,85 2,89 2,96 1,56 6,80 - - -
15 0,92 0,92 - - - - - -
16 5,90 - - - - - - -
17 - - - - - - - -
18 0,36 0,09 - - - - - -
19 0,18 0,46 1,74 0,28 3,39 - - -
Pac=paciente; D=dosagem de AChE (UI/mL).
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