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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ESTIMATIVA DO FLUXO DE NUTRIENTES PELO TRATO
DIGESTIVO DE BOVINOS DE CORTE ALIMENTADOS COM
Brachiaria brizantha (Hochst A. Rich) Stapf. cv. Marandu EM
DUAS IDADES DE REBROTA
Maria Fernanda Soares Queiroz
Orientador: Profa. Dra. Telma Teresinha Berchielli
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias
e Veterinárias Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte
das exigências para obtenção do título de Mestre em
Zootecnia (Nutrição e Alimentação Animal).
Jaboticabal – SP – Brasil
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Fevereiro – 2007
Queiroz, Maria Fernanda Soares
Q3e Estimativa do fluxo de nutrientes pelo trato digestivo de bovinos
de corte alimentados com
Brachiaria brizantha (Hochst A. Rich) Sapf
cv. Marandu em duas idades de rebrota / Maria Fernanda Soares
Queiroz. – – Jaboticabal, 2007
x, 57 f. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2007
Orientador: Telma Teresinha Berchielli
Banca examinadora: Adriana de Souza Martins, Ana Claudia
Ruggieri
Bibliografia
1. Ruminantes. 2. Nutrição. 3. Forragem. I. Título. II. Jaboticabal-
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.2:636.085.2
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da
Informação Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de
Jaboticabal.
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DADOS CURRICULARES DO AUTOR
MARIA FERNANDA SOARES QUEIROZ - Nascida em 10 de maio de 1980, na
cidade de Marília (SP), filha de José Vilas Boas Queiroz e Maria Eliza Soares Queiroz,
ingressou no curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá em março de
1999, onde em maio de 2004 obteve o grau de Zootecnista. Em março de 2005,
ingressou no curso de Mestrado em Zootecnia na área de concentração Nutrição e
Alimentação Animal na Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias da Universidade
Estadual Paulista (FCVA/UNESP Jaboticabal), concluindo o trabalho em fevereiro de
2007.
A DEUS,
Agradeço as dificuldades e as vitórias com as quais aprendi a viver.
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar a fazer um novo fim.”
(Chico Xavier)
Aos meus pais Zezo e Maria Eliza;
Aos meus irmãos Maria Cecília, Maria Heloisa e José Eduardo;
Aos cunhados (a) Luiz Fernando, Pedro e Daiane;
Aos meus amigos.
Amo muito todos vocês !!!
DEDICO
OFEREÇO
Aos meus sobrinhos Lucas, Júlia e Felipe. Três
anjinhos na minha vida.
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/UNESP Jaboticabal) e
ao Departamento de Zootecnia, pela oportunidade de realização do curso.
À FAPESP (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), pela
concessão da bolsa de estudo e pelo financiamento do projeto, fundamentais para a
execução deste trabalho.
À minha orientadora Prof. Dra. Telma Teresinha Berchielli pela contribuição,
ensinamentos, oportunidades oferecidas, pelo exemplo de profissionalismo e pela
confiança no meu trabalho.
Aos professores Dr. Ricardo Andrade Reis, Dra. Ana Claudia Ruggieri e Dra.
Elma N. V. M. Carrilho pela amizade e valiosas contribuições e ensinamentos durante o
desenvolvimento do projeto.
À Dra. Adriana de Souza Martins, pesquisadora do IAPAR pela presença e
contribuições como integrante da banca de defesa.
Ao professor Dr. Euclides Braga Malheiros pela contribuição nas análises
estatísticas.
Aos Profs. Dr. Alexandre Vaz Pires e Dr. Juliano José de Resende Fernandes,
pela realização da cirurgia nos animais, possibilitando a realização do experimento.
Aos demais professores do Departamento de Zootecnia, pela colaboração e
ensinamentos.
Aos novos amigos Eduardo Eifert e Laudí Cunha Leite pela ajuda,
disponibilidade, ensinamentos, atenção e paciência.
Aos pesquisadores Msc. Antonio Faciola e Dr. Graham Faichney, que mesmo
longe, muito longe e sem me conhecerem se dispuseram a me ajudar nos momentos
mais difíceis dessa dissertação.
Ao Dr. Gabriel M. P. de Melo do Laboratório de Biogeoquímica, Departamento de
Tecnologia da FCAV/UNESP por se apresentar sempre disponível a me ajudar.
À amiga Prof. Drª. Simone Oliveira que me ajudou muito, mesmo à distância.
Aos funcionários Ana Paula e sr. Orlando do Laboratório de Nutrição Animal,
pela ajuda nas análises, paciência, convivência e à Magali pelo bom humor de sempre.
Aos funcionários do Setor de Digestibilidade, Vladimir Mássimo (Vlad) e Antonio
Turco (Toninho), pela amizade e colaboração na execução do experimento.
A doutoranda e amiga Juciléia Ap. Morais, a Juci, por toda a ajuda e participação
no desenvolvimento do projeto, pela amizade nascida nestes anos de trabalho e pelos
momentos hilários que passamos juntas.
À amiga, enfermeira, cozinheira e sempre presente Cíntia Loureiro por tudo.
Aos amigos Juliana Duarte, Leilane, Rodrigo Vidal, Paula Toro, Daniel (Sassá),
Pedro Watanabe, Vivian Maia, André Leão, Beto (Antonio Roberto), Márcio Cinachi,
André (Murote), Helenara, Josemir, Leonardo, Ellen (Judoca), Daphinne, Simara,
Juliana S.,Viviane Santos, Rosemarie, Felipe e Daniel Rume, sem vocês por perto
minha vida teria tido pouca graça!!
As minhas vizinhas Bruna, Gilda, Priscila, Adriana e Dani (Vampira) pelas horas
de conversa na sacada... extremamente divertidas.
Aos estagiários do Setor de Digestibilidade, Bidê, Marissol e Tulipa durante o
experimento e Caxão, Refugo, 100 bola, Pinto e Zóin pela imensa ajuda, sem vocês os
animais não entrariam nas gaiolas...
Aos também amigos, que moram longe, mas sempre presentes, Fabiana, Olívia,
Márcia, Adriana, Regina, Rita, Fabrizio, Rafael, Luciana, Bruna, Sabrina, Karina, Kleber,
Oscar entre outros, pelo apoio, telefonemas, visitas e amizade.
Aos meus pais por agüentarem as lamentações sem perder a paciência e aos
meus irmãos e cunhados pela compreensão, amor, carinho e apoio.
Ao Giancarlo pela companhia e muita paciência!!! Obrigada pelas alegrias.
Aos queridos animais experimentais: Príncipe, Lambão, Juci, Fernandinha,
Tonto, nº 1, nº 5 e Grandão.
À todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho.
OBRIGADA
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................. iii
ABSTRACT .............................................................................................................. iv
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................... 01
1 Introdução ............................................................................................................ 01
2 Revisão de literatura ............................................................................................ 02
2.1 A Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich) Stapf cv. Marandu na
alimentação animal ............................................................................................... 02
2.2 Fluxo de digesta ............................................................................................. 03
2.3 Indicadores ..................................................................................................... 05
2.3.1 Classificação dos indicadores ................................................................ 07
2.3.2 Técnicas e utilização de indicadores no estudo de digestão ................. 08
2.3.3 Óxido de cromio (Cr
2
O
3
) ........................................................................ 09
2.3.4 Fibras indigestíveis em solução detergente ........................................... 10
2.4 Digesta duodenal ........................................................................................... 11
3 Objetivos gerais ................................................................................................... 12
CAPÍTULO 2 – EFEITO DE DUAS IDADES DE REBROTA DO CAPIM Brachiaria
brizantha cv. Marandu NO CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE TOTAL
DOS NUTRIENTES E PARÂMETROS RUMINAIS EM BOVINOS DE CORTE ...... 14
1 Introdução ............................................................................................................ 15
2 Material e métodos ............................................................................................... 16
2.1 Piquetes ......................................................................................................... 17
2.2 Determinação do consumo real e da digestibilidade aparente ..................... 19
2.3 Parâmetros ruminais ..................................................................................... 19
2.4 Análises químicas .......................................................................................... 20
2.5 Análise estatística .......................................................................................... 21
3 Resultados e Discussão ....................................................................................... 21
3.1 Consumo ........................................................................................................ 24
3.2 Digestibilidade ................................................................................................ 25
3.3 Parâmetros ruminais ...................................................................................... 27
4 Conclusões .......................................................................................................... 32
CAPÍTULO 3 - FLUXO DE NUTRIENTES PELO TRATO DIGESTIVO DE
BOVINOS DE CORTE ALIMENTADOS COM Brachiaria brizantha cv. Marandu
EM DUAS IDADES DE REBROTA .......................................................................... 33
1 Introdução ............................................................................................................ 34
2 Material e métodos ............................................................................................... 35
2.1 Determinação do consumo, da digestibilidade aparente e produção fecal .... 38
2.2 Procedimentos com os indicadores ............................................................... 38
2.2.1 Amostras de duodeno ............................................................................ 38
2.3 Análises químicas .......................................................................................... 39
2.4 Cálculos .......................................................................................................... 40
2.5 Análise estatística .......................................................................................... 41
3 Resultados e Discussão ....................................................................................... 42
3.1 Produção fecal ............................................................................................... 42
3.2 Fluxo duodenal de nutrientes ......................................................................... 44
3.3 Digestibilidades ruminal e pós-ruminal ........................................................... 46
4 Conclusões ........................................................................................................... 47
CAPÍTULO 4 – IMPLICAÇÕES ................................................................................ 48
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 49
ESTIMATIVA DO FLUXO DE NUTRIENTES PELO TRATO DIGESTIVO DE BOVINOS
DE CORTE ALIMENTADOS COM Brachiaria brizantha (Hochst A. Rich) Stapf. cv.
Marandu EM DUAS IDADES DE REBROTA
RESUMO Avaliou-se o efeito de 30 e 60 dias de rebrota do capim Brachiaria
brizantha cv. Marandu sobre o consumo e digestibilidade aparente da matéria seca e
nutrientes, parâmetros ruminais e fluxo de nutrientes duodenal pelo método de único
indicador em bovinos de corte. Foram utilizados os indicadores óxido de cromio (Cr
2
O
3
),
fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e fibra em detergente ácido indigestível
(FDAi) para a estimativa de fluxo de nutrientes. Entre os principais resultados
observados nota-se que os consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) não foram
influenciados pela idade de rebrota do capim e a digestibilidade da proteína bruta (PB),
FDN e FDA foram menores para o capim aos 60 dias de rebrota. O pico de
concentração de nitrogênio amoniacal no rúmen foi observado 2 h após a alimentação e
foi maior em animais alimentados com capim aos 30 dias de rebrota. A concentração de
acetato:propionato:butirato observada foi 74:18:8 (%), esperada para dietas exclusivas
de forragens. Bovinos consumindo o capim Brachiaria brizantha nas idades de rebrota
de 30 e 60 dias apresentaram fluxo duodenal de nutrientes semelhantes. Os
indicadores Cr
2
O
3
, FDNi e FDAi superestimaram a produção fecal e apresentaram
baixa recuperação nas fezes. Na estimativa do fluxo de nutrientes pelo duodeno o
indicador FDNi apresentou a estimativa mais adequada. O indicador Cr
2
O
3
superestimou o fluxo duodenal de nutrientes.
Palavras-Chave: consumo, digestibilidade, fluxo duodenal, indicadores, nitrogênio
amoniacal, produção fecal
NUTRIENTS FLOW BY THE DIGESTIVE TRACT OF BEEF CATTLE FED WITH
Brachiaria brizantha (Hochst A. Rich) Stapf. cv. Marandu IN TWO REGROWTH
AGES
SUMMARY Trials were carried out to evaluate the effect of 30 and 60 days of
regrowth of the grass Brachiaria brizantha cv. Marandu in intake and apparent
digestibility of dry matter and nutrients, in ruminal parameters and in duodenal flow of
nutrients by single marker method in beef cattle. The markers chromium oxide (Cr
2
O
3
),
indigestible neutral detergent fiber (INDF) and indigestible acid detergent fiber (IADF)
were used for estimate the flow of nutrients. Among the main observed results is that the
intake of dry matter (DM), organic (OM), neutral detergent fiber (NDF) and acid
detergent fiber (ADF) were not influenced by the regrowth ages of the grass and the
digestibilities of crude protein (CP), NDF and ADF were smaller for the grass to the 60
days of regrowth. After 2 hours of the feeding the pick of concentration of amoniacal
nitrogen was observed in the rumen and was bigger in animals fed with grass to the 30
days of regrowth. The concentration of acetate:propionate:butirate observed was
74:18:8 (%), inside of the expected for forages exclusive diets. Bovines consuming the
grass Brachiaria brizantha in regrowth ages of 30 and 60 days presented similar
duodenal flow of nutrients. The markers Cr
2
O
3
, INDF and IADF overestimated the fecal
production and they presented low recovery in the feces. In the duodenal nutrients flow
estimate with results of the total fecal output, the marker INDF presented the most
appropriate estimate while the marker Cr
2
O
3
overestimated the duodenal flow.
Keywords: amoniacal nitrogen, digestibility, duodenal flow, fecal output, intake, markers
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1 Introdução
Os ruminantes são animais herbívoros que possuem sistema enzimático próprio
para degradação da fibra, o constituinte principal da maior parte da sua alimentação.
Esse sistema envolve um consórcio entre bactérias, protozoários e fungos anaeróbicos
encontrados no rúmen, característica particular desses animais. Mesmo sendo
especializados na degradação da fibra alimentar, eles dependem do tempo de
exposição desta fibra dentro do seu trato digestivo para que a degradação ocorra.
Possivelmente os alimentos fibrosos de melhor qualidade deixarão o rúmen mais
rápido, enquanto os de fibras com pior qualidade permanecerão por maior tempo neste
compartimento.
A produtividade dos ruminantes não depende apenas da qualidade da dieta e do
consumo voluntário. Ela também é dependente das propriedades relacionadas à
composição da dieta, ao conteúdo e as características da fibra, do tamanho e da taxa
de degradação das partículas do alimento, da taxa de passagem do alimento pelo trato
gastrintestinal, entre outros. Assim, o acompanhamento e o monitoramento das
transformações ocorridas na digesta, ao longo do trato digestivo dos ruminantes, fazem-
se necessários quando o objetivo é a produtividade animal.
O estudo do fluxo de nutrientes em bovinos começou aproximadamente 40
anos e, neste período, o aperfeiçoamento de materiais e métodos para coleta da
digesta vem sendo continuamente pesquisado, objetivando diminuir o estresse causado
aos animais e aumentar a acurácia nas estimativas.
No Brasil, onde a maior parte da pecuária de corte ainda é baseada em
forragens, o estudo do fluxo duodenal de nutrientes em dietas exclusivas de forrageira é
inédito e, o comportamento das forrageiras pelo trato gastrintestinal se torna essencial
na área da nutrição animal visto que a maturidade da forrageira pode influenciar a
qualidade da fibra disponível à degradação ruminal.
2 Revisão de literatura
2.1 A Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich) Stapf cv. Marandu na alimentação
animal
A Brachiaria brizantha é uma planta cespitosa e ereta, com 1,0 – 1,5 m de altura,
e é a espécie forrageira mais encontrada em pastagens brasileiras. O cultivar
“Marandu” foi trazido do Zimbábue e amplamente disseminado e promovido no Brasil.
Possui boa resistência ao pisoteio, bom desenvolvimento em locais elevados e alta
capacidade de rebrota em condições favoráveis. Diante dessas características a
espécie é utilizada em larga escala, principalmente nas regiões centro-oeste, sudeste e
na Amazônia brasileira. Essa forrageira possui uma qualidade nutritiva considerada de
moderada a boa e produção de matéria seca por hectare média de 3,2 toneladas.
No Brasil, a criação de bovinos em pastejo é caracterizada pelo sistema
extensivo de exploração, reduzindo-se o custo na criação, mas também a diminuição da
produtividade animal por área, tornando-se necessário, portanto, um manejo de pastejo
adequado. Basicamente, são utilizados dois sistemas de pastejo: o de lotação contínua
e o de lotação rotacionada. O pastejo de lotação rotacionada se caracteriza pela
utilização da pastagem em intervalos de tempo, permitindo o descanso da pastagem
antes desta ser novamente utilizada pelos animais. O período de descanso é o tempo
necessário para a planta voltar a crescer, favorecendo a produção de forragem e
permitindo o desenvolvimento de raízes, perfilhos e reservas orgânicas, sendo variável
em função da espécie forrageira. Apesar do período de descanso ser variável por
depender do ritmo de crescimento da planta e influenciado pelas condições ambientais,
como temperatura, luz, presença de nutrientes e água no solo, é observado em maior
freqüência a adoção de intervalos entre 15 e 60 dias como período de descanso no
sistema rotacionado.
Nas forrageiras tropicais o valor nutricional diminui com a maturidade, mas na
medida em que o tempo de crescimento é prolongado a produção de matéria seca por
unidade de área aumenta. Com o crescimento ocorrem alterações que resultam na
elevação dos teores de compostos estruturais, como a celulose, a hemicelulose e a
lignina e, paralelamente, diminuição do conteúdo celular (MINSON, 1990; VAN SOEST,
1994). Com isso, o valor nutricional decai significativamente e altera a composição
bromatológica e o comportamento desta no trato digestivo dos animais.
O espessamento da parede celular e o aumento da área ocupada pelo tecido vascular
lignificado afetam a digestibilidade. ALVES DE BRITO et al. (2003) relatam que a
deposição de lignina aumenta com a maturação fisiológica e diminui a digestibilidade
dos polissacarídeos estruturais pelos ruminantes. Essa relação negativa tem sido mais
claramente observada em gramíneas tropicais.
Com essas modificações de composição, observadas com a maturidade das forragens,
é necessário realizar estudos mais profundos para que se verifique também possíveis
modificações na fibra indigestível em detergente neutro (FDNi) e a fibra indigestível em
detergente ácido (FDAi), que são utilizadas em metodologias de predição de fluxo de
nutrientes pelo trato digestivo animal como indicadores internos presentes na forragem.
2.2 Fluxo de Digesta
O conhecimento da partição da digesta dentro do trato gastrintestinal é essencial para
determinar a quantidade e a proporção de absorção do alimento ingerido pelos animais.
Depois de sua passagem pelo rúmen, o alimento ingerido, também chamado de
digesta, constituído de partículas de vários tamanhos suspensas em fluido, alcança o
duodeno e fica disponível para absorção e utilização dos nutrientes pelo animal
hospedeiro. A absorção em qualquer parte do trato digestivo, ou em toda sua extensão,
pode ser determinada pela diferença entre a quantidade de fluxo que entra e a
quantidade deste mesmo fluxo que sai de determinada seção do trato digestivo.
Portanto, o fluxo de digesta, através dos compartimentos do trato digestivo, é um dos
parâmetros que caracteriza de forma mais importante o comportamento cinético da
dieta.
O conhecimento do fluxo de digesta e dos fatores que o afetam no trato gastrintestinal
dos ruminantes é importante, não somente pelo seu papel no processo de digestão e
absorção, mas também na ingestão de alimentos (FAICHNEY, 1993), visto que no
mecanismo físico de controle de consumo, quanto maior for o tempo de permanência
de fibras dentro do rúmen, menor será o consumo dos animais.
Uma forma de se quantificar o fluxo de digesta, especialmente no duodeno, antes que
ocorra a maior parte da absorção de nutrientes pelo animal hospedeiro, é a coleta total
do fluxo neste segmento. Entretanto, para que ocorra essa coleta total do fluxo no
duodeno é necessário o abate dos animais, o que inviabiliza as pesquisas nessa área.
Na busca por métodos para se estudar o fluxo de nutrientes no duodeno sem a
necessidade do abate dos animais iniciaram-se as pesquisas com animais canulados
nessa seção do trato gastrintestinal.
A cânula é implantada, através de cirurgia nos animais, na região proximal do duodeno.
Dois tipos de cânula são os mais conhecidos, a cânula re-entrante e a cânula tipo T. A
cânula re-entrante permite uma coleta de digesta duodenal real, visto que, após
abertura, todo o fluxo passante naquele momento por este segmento do trato digestivo
é recolhido. Porém, não é muito usada por apresentar problemas pós-operatórios como
dúvidas relativas a normalidade do fluxo de digesta, distúrbios na atividade elétrica
gastroduodenal e dificuldade de manutenção dos animais por longos períodos
(FAICHNEY, 1975 e 1993) . A cânula do tipo T, bem mais usada, não permite uma
coleta real da digesta duodenal, pois, após sua abertura, provavelmente não são
obtidas amostras que contenham a parte fluida e a particulada nas mesmas proporções
que aquela presente na digesta passante pela cânula e, dessa forma, a estimativa do
fluxo de digesta, através da coleta em cânulas do tipo T, pode ser diferente em relação
ao valor real do fluxo de digesta no duodeno.
A estimativa errada do fluxo de digesta implica em conseqüências na predição de
suprimento de nutrientes aos animais, uma vez que, a maioria dos modelos para
predição do fornecimento de nutrientes aos animais é baseada em medidas de fluxo
duodenal de nutrientes e, de acordo com AHVENJÄRVI et al. (2003), ao melhorar a
precisão na estimativa de fluxo duodenal, os erros de predição do suprimento de
nutrientes para o animal hospedeiro serão reduzidos.
Em estudos de fluxo, não basta à cânula nos animais para estimar o fluxo de digesta
pelo duodeno, também a necessidade de marcar a digesta para o monitoramento
desta ao longo do trato digestivo dos animais. A forma usualmente conhecida de
marcar a digesta é o uso de substâncias para essa finalidade, conhecidas como
indicadores.
Através do emprego dos indicadores, tanto na nutrição humana quanto na nutrição
animal, as pesquisas se tornaram mais consistentes e o comportamento dos alimentos
dentro do trato gastrintestinal pôde ser estudado de forma mais complexa e acurada,
permitindo, portanto, os avanços na nutrição animal, observados através dos anos, e a
diminuição do estresse animal durante os experimentos.
Nos estudos realizados para estimativa de fluxo de nutrientes para o intestino, vários
fatores influenciam os resultados, como a ingestão de alimentos, o indicador utilizado, o
delineamento estatístico (TITGEMEYER, 1997), as recuperações incompletas de
marcadores, a variação na taxa de passagem do rúmen e as amostragens não
representativas. Dessa forma, o que se busca na área da nutrição animal são
metodologias que consigam minimizar esses efeitos e possam ser reproduzidas
facilmente.
2.3 Indicadores
Indicador é o termo utilizado para denominar compostos de referência utilizados na
estimativa qualitativa ou quantitativa de fenômenos fisiológicos (SALIBA, 1998) ou
nutricionais, monitorando aspectos metabólitos, químicos (hidrólise e síntese de
compostos) e físicos da digestão (como o fluxo de digesta) (OWENS & HANSON,
1992). Indicadores são substâncias indigestíveis, geralmente administradas com o
alimento ou diretamente em algum segmento do trato digestivo podendo,
posteriormente, serem identificadas e quantificadas nas fezes ou ao final do segmento
em estudo (WARNER, 1981). São, rotineiramente, utilizadas para estimar consumo,
fluxo da digesta, digestibilidade, produção fecal e a utilização de nutrientes ou alimentos
(KOTB & LUCKEY, 1972), em diversas espécies animais. Comparativamente, com
processos invasivos, os indicadores minimizam a interferência com os padrões de
comportamento animal e simplificam os procedimentos, tendo em vista a não
necessidade de utilização de cânulas re-entrantes no trato digestivo, sacolas de coleta
de fezes e até mesmo esvaziamento do trato digestivo ou abate dos animais
(RODRIGUEZ et al., 2006).
Para que uma substância ou material seja empregado como indicador deve
atender algumas premissas e para ser considerado ideal, possuir as seguintes
propriedades: ser inerte e não tóxico, não apresentar função fisiológica, não ser
absorvido nem metabolizado, misturar-se bem ao alimento e permanecer
uniformemente distribuído na digesta, não influenciar secreções intestinais, absorção ou
motilidade, nem a microflora do trato digestivo, apresentar método específico e sensível
de determinação e apresentar baixo custo (RODRIGUEZ et al., 2006). Apesar das
pesquisas na área, ainda não foi encontrada substância ou componente químico que se
assemelhe mais às características de indicador perfeito. Segundo BERCHIELLI et al.
(2005), marcador ideal é aquele que prediz precisamente a digestibilidade no trato total
e, em particular, fornece informações exatas sobre a extensão e direção dos efeitos
induzidos pelas dietas, sem modificar o sentido dos efeitos dos tratamentos. Ainda,
segundo MERCHEN (1993), nenhuma das substâncias usadas como indicador
preenchem todas as características, mas várias são suficientemente adequadas para
fornecer dados importantes. OWENS & HANSON (1992) salientam ainda que nenhum
indicador conhecido é ideal e assim, não devem ser utilizados para fins diversos. Um
indicador para estimar a produção fecal pode não ser adequado para estimar a cinética,
em função de problemas de migração de partículas, separação de fases, inibição da
digestão, efeito osmótico no intestino etc. Por esta razão, a procura por indicadores
ideais constitui um dos assuntos de grande interesse na pesquisa de técnicas que
facilitem estudos de nutrição animal (VALADARES FILHO et al., 2006) e possam ser
administrados com confiabilidade aos animais em pastejo.
2.3.1 Classificação dos indicadores
Os indicadores são classificados de diversas formas: segundo sua origem, seus
compostos, sua absorção no trato digestivo e até mesmo de acordo com a sua
preferência por partes da digesta. Numa classificação mais simples tem-se os
indicadores internos e os externos (KOTB & LUCKEY, 1972; OWENS & HANSON,
1992).
Indicadores internos são substâncias que estão presentes no alimento e
indigestíveis no trato digestivo animal, como exemplo, a sílica, o nitrogênio fecal, o
cromogênio e as frações fibrosas dos alimentos como a lignina, os alcanos, as fibras
indigestíveis tanto em detergente neutro (FDNi) como em detergente ácido (FDAi),
pigmentos e as cinzas insolúveis em ácido (CIA) e em detergente ácido (CIDA). Os
indicadores internos mais utilizados são os ligados à porção indigestível da parede
celular dos alimentos, obtidos após a incubação in situ ou in vitro. Dentre essas
porções, as que têm demonstrado maior potencialidade são as fibras em detergente
neutro (FDNi) e em detergente ácido (FDAi) (BERCHIELLI, 2003). Esse grupo de
indicadores apresenta a vantagem de já estar presente nos alimentos e, de modo geral,
permanecerem uniformemente distribuídos na digesta durante o processo de digestão e
excreção (PIAGGIO et al., 1991), minimizando o problema relacionado à variação
diurna na excreção.
Os indicadores externos são substâncias ou compostos inertes que são
adicionadas de forma artificial à dieta do animal como, por exemplo, são citados os
óxidos de crômio, de ferro e de titânio, as terras raras lantânio, samário, cério, disprósio
e itérbio (na forma de óxido, cloreto ou acetato), o crômio mordantado, o
polietilenoglicol (PEG), quelatos como o Co-EDTA, Cr-EDTA, e alguns alcanos, entre
outros.
Recentemente, uma nova classe de indicadores foi proposta, os intra-
indicadores. De acordo com esta nova denominação, não se designam substâncias
únicas, mas sim grupamentos constituintes de substâncias que podem ser utilizadas
como indicadores, tendo em vista que atendem as regras de um indicador
característico. Como exemplo de intra-indicadores tem-se grupamentos químicos como
a metoxila, as unidades guaiacílicas, as hidroxilas fenólicas e grupamentos da molécula
da lignina (SALIBA, 2005; RODRIGUEZ et al., 2006).
Entre os indicadores citados, internos e externos, alguns possuem maior
afinidade com determinada parte da digesta a ser marcada. Outros são considerados
marcadores da fase fluida da digesta (Co-EDTA, PEG, Cr-EDTA) enquanto alguns são
considerados marcadores da fase sólida (óxidos de crômio, ferro e titânio, crômio
mordantado, itérbio).
2.3.2 Técnicas e utilização de indicadores nos estudos de digestão
O princípio que rege a utilização dos indicadores baseia-se no fato de que na
medida em que o alimento transita pelo trato gastrintestinal, a concentração do
indicador aumenta progressivamente pela remoção de constituintes do alimento por
digestão e absorção (ASTIGARRAGA, 1997). O aumento na concentração é
proporcional a digestibilidade e, esta, pode ser calculada a partir das concentrações do
indicador no alimento e nas fezes.
Para que as metodologias que utilizam indicadores possam ser validadas, elas
devem ser sempre comparadas com um padrão. No caso da digestibilidade aparente
este padrão é a coleta total de fezes. Ao relacionar matematicamente a concentração
ou a quantidade ingerida do indicador pelo animal com a concentração do indicador nas
fezes, encontram-se resultados de digestibilidade semelhantes e confiáveis, em
comparação com o método de coleta total (RODRIGUEZ et al., 2006).
Nas estimativas de fluxo de digesta, não um método considerado padrão,
como a coleta total o é na estimativa de digestibilidade, e o resultado estimado através
de indicadores para fluxo é considerado adequado quando o indicador apresentar boa
recuperação (quociente da concentração do indicador nas fezes pela concentração do
mesmo indicador consumido pelo animal) e o valor estimado (gramas/dia) for menor do
que a quantidade de alimento ingerida pelo animal.
As técnicas que utilizam indicadores em nutrição animal podem ser consideradas
quanto ao método de administração dos indicadores e ao método de amostragem.
Quanto à administração, o indicador pode ser fornecido continuamente por infusão, a
uma taxa constante, ou então dosado ao animal. Para amostragem, podem ser
realizadas sucessivas coletas em alguma seção do trato gastrintestinal ou, após a
morte do animal, coletas em qualquer parte ou em todo trato (FAICHNEY, 1975) e,
ainda, coleta única diária ou coleta total.
Para o estudo da digestibilidade do alimento e produção fecal em animais onde
a possibilidade de contenção, a administração do indicador pode ser contínua, por
infusão; através do alimento ou fornecida em algumas doses diárias. A amostragem
nesse caso pode ser por coleta total, coleta parcial das fezes dos animais e coletas
diretamente no reto dos animais.
A infusão contínua com coletas sucessivas no dia é muito utilizada para a
estimativa de fluxo de digesta. Para essa técnica, a necessidade de animais
canulados no rúmen, para a infusão do indicador e também cânula após a seção do
trato digestivo em que se deseja estudar o comportamento da digesta.
Independente do tipo de indicador e técnica utilizada, a sua meta é distribuir –se
uniformemente, de modo a permitir uma concentração constante e quantificável na
digesta (RODRIGUEZ et al., 2006), atingindo o chamado estado de equilíbrio o mais
rapidamente possível. O estado de equilíbrio, também conhecido como steady-state, é
o momento em que a concentração do indicador em qualquer local de amostragem do
trato digestivo seja constante.
2.3.3 Óxido de crômio (Cr
2
O
3
)
O óxido crômico é um indicador externo muito utilizado na estimativa da
produção fecal, fluxo de matéria seca no trato digestivo e digestibilidade da dieta, sendo
um indicador com maior afinidade por partículas em estudos de fluxo de digesta. Possui
como características a insolubilidade em água, álcool e acetona e solubilidade parcial
em ácidos e álcalis. Dessa forma, sua administração aos animais geralmente é feita
através de cápsulas, cartuchos, peletes ou misturado aos alimentos que compõem a
dieta, na quantidade de 1 a 10g de Cr
2
O
3
.
De acordo com TITGEMEYER (1997), o Cr
2
O
3
tornou-se preferência nas
pesquisas com indicadores por apresentar vantagens como, custo razoável, se
incorporar facilmente às dietas e ser analisado com relativa facilidade. Porém, vários
problemas têm sido relatados na literatura com relação ao uso de Cr
2
O
3
como, por
exemplo, a incompleta mistura com a digesta ruminal, passagem mais rápida pelo
rúmen que o material fibroso, possibilidade de acúmulo em alguma parte do trato
digestivo (Schneider & Flatt, 1975, citados por PEREIRA et al., 1983; VAN SOEST,
1994), sua baixa recuperação fecal principalmente em função à variabilidade dos
resultados obtidos pela metodologia de análise (Curran et al., 1967 citados por
RODRIGUEZ et al., 2006) e variação diurna de sua excreção nas fezes, ocasionando
superestimação ou subestimação dos valores obtidos nos parâmetros avaliados.
A propriedade carcinogênica também é citada como uma desvantagem no uso
deste indicador. Em função desses inconvenientes, novos indicadores têm sido
estudados e vêm freqüentemente substituindo o óxido crômico em estudos de
digestibilidade (RODRIGUEZ et al., 2006).
2.3.4 Fibras indigestíveis em solução detergente
Dentre os indicadores internos, a fibra indigestível, tanto em detergente neutro
(FDNi) quanto em detergente ácido (FDAi), obtida após 144 horas de incubação in vitro
ou in situ (BERCHIELLI et al., 2000) vem sendo empregada em estudos de digestão na
nutrição animal para estimativa de consumo de matéria seca, digestibilidade, produção
fecal e fluxo de digesta. Entretanto, os autores justificam que as contradições nos
resultados são decorrentes do tempo de incubação, tipo da incubação (in vitro ou in
situ), solução detergente empregada (ácida ou neutra) e também quanto ao tipo de
alimento estudado.
De acordo com LIPPKE et al. (1986), a porção indigestível do alimento pode ser
representada após incubação in vitro por 144 horas, resultado confirmado por
BERCHIELLI et al. (2000). MORAIS et al. (2005) que compararam tempos de incubação
in situ, de 288 horas (HUHTANEN et al., 1994) e 144 horas e concluíram que 144 horas
de incubação são suficientes para reproduzir a porção indigestível da fibra. Nesse
mesmo trabalho, os resultados de produção fecal foram superestimados utilizando-se
FDAi e FDNi quando comparados aos resultados obtidos pela coleta total. FREITAS et
al. (2002) concluíram que os indicadores FDAi incubados in situ e in vitro podem ser
utilizados para estimativa de produção fecal, enquanto os indicadores FDNi in situ e
FDNi in vitro sub e superestimaram, respectivamente, a produção fecal. ZEOULA et al.
(2002) verificaram a eficiência da FDNi como indicador para estimativa de recuperação
fecal e digestibilidade da matéria seca e orgânica, enquanto a FDAi foi adequada
somente na estimativa da digestibilidade.
Na estimativa de fluxo duodenal de digesta, BERCHIELLI et al. (1998)
concluíram que os indicadores internos FDAi e FDNi podem ser usados com alguma
confiabilidade, assim como ÍTAVO et al. (2002) concluíram que o FDAi também pode
ser utilizado como indicador na estimativa de fluxo de digesta no abomaso e no íleo,
enquanto BERCHIELLI (2003) relatou que os indicadores internos apresentam bons
resultados na estimativa da digestibilidade, mas não para trânsito.
Para alguns autores, boa parte da variabilidade dos resultados obtidos com
indicadores internos indigestíveis pode ser atribuída à falta de padronização no método
de determinação (RODRIGUEZ et al., 2006).
2.4 Digesta duodenal
A digesta animal é composta por um número de fases, com componentes em
cada fase apresentando propriedades de fluxo similares, porém, cada fase possui uma
característica de fluxo diferente (FRANCE & SIDDONS, 1986). A digesta procedente do
rúmen consiste em uma fase fluida, contendo solutos e pequenas partículas, e uma
particulada, contendo material de tamanho médio e grandes partículas.
A amostragem da digesta é considerada representativa quando possui a mesma
composição química da digesta passante pela cânula durante o período de equilíbrio e,
essa amostragem representativa, é um dos principais problemas na determinação do
fluxo de nutrientes, visto que a tendência da digesta se separar durante a coleta.
Esse problema torna-se ainda maior quando o emprego de um único indicador para
estimar a digesta. O emprego simultâneo de indicadores que apresentam afinidades
pelas diferentes fases da digesta (líquida e sólida), conhecido como método de duplo
ou triplo indicador, e o cálculo de coeficientes de reconstituição, podem compensar a
amostragem não representativa (FAICHNEY, 1975). também o indício de que as
frações do alimento apresentam diferentes afinidades por uma ou outra fase da digesta.
Para corrigir esses erros, AHVENJÄRVI et al. (2003) sugeriram o uso do método de
triplo indicador, como o do óxido de crômio ou FDNi, com afinidade pelas grandes
partículas da digesta, juntamente com itérbio (Yb), que apresentou boa afinidade com
as pequenas partículas e com os componentes nitrogenados, e também o cobalto como
indicador para a fase líquida, infundidos no rúmen, continuamente, para uma estimativa
mais precisa do fluxo total da digesta.
Em vista do exposto, observa-se a dificuldade de optar por um ou outro indicador
devido à grande variabilidade de resultados e contradições que existem na literatura e
verifica-se, como proposto por BERCHIELLI et al. (2005), a necessidade de mais
estudos e da validação das metodologias existentes, principalmente em forrageiras
tropicais.
3 Objetivos gerais
O presente trabalho teve como objetivo geral estimar o fluxo duodenal de digesta
através do uso do indicador externo Cr
2
O
3
, e dos indicadores internos, FDNi e FDAi, em
bovinos alimentados com o capim Brachiaria brizantha (Hochst. Ex A. Rich) Stapf cv.
Marandu aos 30 e 60 dias de rebrota.
Os objetivos específicos foram:
a) Determinar a composição bromatológica e as frações protéicas do capim
braquiária cv. Marandu aos 30 e 60 dias de idade de rebrota;
b) Avaliar o consumo e a digestibilidade da matéria seca e dos nutrientes do
capim fornecidos aos animais aos 30 e 60 dias de idade de rebrota;
c) Determinar os parâmetros de fermentação ruminal: nitrogênio amoniacal e
ácido graxo de cadeia curta;
d) Estimar a produção fecal, através do uso de indicadores;
e) Determinar a recuperação dos indicadores administrados Cr
2
O
3,
FDNi e FDAi;
f) Estimar o fluxo duodenal de matéria seca pelo método de único indicador.
CAPÍTULO 2 EFEITO DE DUAS IDADES DE REBROTA DA Brachiaria brizantha
cv. Marandu NO CONSUMO E DIGESTIBILIDADE APARENTE TOTAL DOS
NUTRIENTES E PARÂMETROS RUMINAIS EM BOVINOS DE CORTE
RESUMO O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da idade de rebrota (30 e 60
dias) da forrageira Brachiaria brizantha (Hochst A. Rich.) Stapf. cv. Marandu sobre o
consumo e digestibilidade aparente total da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA) e os parâmetros ruminais nitrogênio amoniacal e ácidos graxos de cadeia curta
(AGCC) em bovinos. Também foram determinados a composição bromatológica e o
fracionamento da proteína da forragem. Foram utilizados 7 animais da raça Nelore,
castrados, com peso médio de 250 kg, canulados no rúmen. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2 (2 idades de rebrota
da forrageira x 2 períodos experimentais) para consumo e digestibilidade e em
esquema de parcelas subdivididas para parâmetros ruminais. Os consumos de MS,
MO, FDN e FDA não foram influenciados pela idade de rebrota da forrageira. As
digestibilidades da MS e MO foram maiores no segundo período experimental enquanto
a digestibilidade da PB, FDN e FDA apresentaram efeito de interação para idade de
rebrota e período experimental. Após 2 horas da alimentação foi observado o pico de
concentração de nitrogênio amoniacal no rúmen, sendo maiores (15,81 e 12,26 mg/100
mL) em animais alimentados com o cultivar aos 30 dias de rebrota nos dois períodos
experimentais. A concentração de acetato:propionato:butirato média observada foi
74:18:8 (%), sendo o esperado para dietas exclusivas de forragens.
Palavras-Chave: ácidos graxos de cadeia curta, fracionamento da proteína,
parâmetros ruminais
1 Introdução
O consumo voluntário é regulado pelo balanço entre a taxa de passagem do
alimento e a quantidade de energia disponível ao animal em relação à sua capacidade
de utilizá-la (WESTON, 1982) e, de acordo com MERTENS (1993) no controle de
ingestão de alimentos o consumo voluntário de forragens de média qualidade talvez
seja limitado pela distensão do rúmen enquanto em forragens de melhor qualidade
outros fatores podem se tornar importantes para a saciedade. O teor de fibra em
detergente neutro está relacionado com o espaço ocupado pelo alimento no rúmen,
principalmente quando a dieta consiste em forragens frescas, possivelmente inibindo
consumo quando em altos teores no alimento (VAN SOEST, 1994).
De acordo com REIS et al. (2005), as frações químicas que estão associadas
com a ingestão e a digestibilidade incluem a fibra, lignina e a proteína, e, a análise
química da forragem, fornece informações importantes, que podem promover melhor
entendimento dos fatores que limitam o desempenho animal. Dessa forma, torna-se
mais seguro atender aos requerimentos dos ruminantes e possibilitar toda a expressão
do seu potencial genético.
A Brachiaria brizantha (Hochst. ex A Rich) Stapf. cultivar Marandu é uma
gramínea tropical difusa por todo o país, com boa adaptação nas diversas regiões
brasileiras e apresenta boa produtividade de matéria seca e teores protéicos médios.
Porém, como toda gramínea tropical, com a maturidade, suas características
qualitativas e digestibilidade tendem à diminuição podendo afetar o consumo por
animais. No Brasil, sistemas de lotação rotacionada com essa forrageira são
comumente adotados na pecuária e com grande freqüência, é observado a adoção do
intervalo entre 15 e 60 dias como período de descanso para rebrota da forrageira. A
adoção de um período de descanso correto, nesse sistema de pastejo, visa aumentar a
utilização dos piquetes, aproveitando uma forragem de qualidade sem prejudicar o
crescimento da planta.
SOARES (2002) ao comparar o consumo de vacas de vacas em lactação
alimentadas com o Capim-elefante nas idades de corte de 30, 45 e 60 dias, observou
menor consumo de matéria seca para a forrageira aos 30 dias de idade e semelhante
consumo para a forrageira aos 45 e 60 dias de idade de corte.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de 30 e 60 dias de rebrota
da Brachiaria brizantha cv. Marandu em dois períodos experimentais durante o verão
sobre o consumo e digestibilidade aparente total da matéria seca e nutrientes e os
parâmetros ruminais nitrogênio amoniacal e ácidos graxos de cadeia curta em bovinos
alimentados com a Brachiaria brizantha cv. Marandu.
2 Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Setor de Avaliação de Alimentos e
Digestibilidade pertencente ao Departamento de Zootecnia da FCAV/UNESP,
Jaboticabal SP, localizada a 21º15’22” de latitude sul, 48º18’58” de longitude oeste e
a 595 metros de altitude, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2006, com duração
de 30 dias, dividido em dois períodos experimentais de 15 dias cada.
Os primeiros 10 dias de cada período experimental foram destinados à
adaptação dos animais à dieta e, do 11º ao 15º dia foram realizadas coletas para
determinação do consumo e estimativa da digestibilidade. O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2 (duas idades de rebrota da
forrageira x 2 períodos experimentais) para análise dos dados de consumo e
digestibilidade. Para análise dos dados de parâmetros ruminais foi utilizado um
delineamento inteiramente casualizado em subparcelas, sendo um fatorial 2x2 (duas
idades de rebrota da forrageira x 2 períodos experimentais) nas parcelas e o tempo de
coleta (0, 2, 6 e 10 horas após alimentação) na subparcela.
Foram utilizados 7 bovinos Nelore machos, com peso vivo médio de 250 kg,
castrados, com cânulas de rúmen e duodeno. Os animais ficaram alojados em baias
individuais de aproximadamente 12m
2
com cocho, bebedouro e piso de concreto
durante o período de adaptação ao alimento e, durante o período de coleta
experimental esses animais foram alojados em gaiolas para estudos de metabolismo
com piso ripado, comedouro e bebedouro individuais e bandejas adaptadas para coleta
de fezes.
Os animais foram alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu com 30 ou
60 dias de rebrota, numa oferta de 2,5% do peso corporal do animal. A forrageira era
cortado pela manhã e fornecida aos animais no cocho às 7 e 19 h. Durante o período
em que os animais permaneciam nas gaiolas de metabolismo a alimentação era
dividida ao longo do período diurno, no intervalo das 7 às 19 h, devido ao fato do cocho
das gaiolas não comportar todo capim em uma única vez e, às 19 h era fornecida a
última alimentação aos animais.
2.1 Piquetes
Foram preparados 20 piquetes de Brachiaria brizantha (Hochst ex A. Rich.)
Stapf. cv. Marandu para a alimentação dos animais dentre os quais, 10 piquetes foram
destinados à idade de rebrota de 60 dias e 10 piquetes destinados à idade de rebrota
de 30 dias.
Cada piquete possuía dimensão aproximada de 20x20m e forneceu o volumoso
necessário para alimentação dos animais por três dias. A cada três dias, um novo
piquete era cortado, simulando uma lotação rotacionada. O corte da forrageira para
fornecimento aos animais foi a 20cm do solo, para simular o pastejo por bovinos.
No preparo dos piquetes com idade de 60 dias foi realizado um corte de
uniformização nos 10 piquetes. Posteriormente, a cada três dias, foi realizado o corte
individual em cada um dos outros 9 piquetes destinados a este tratamento, de modo
que o piquete usado no dia de fornecimento aos animais tivesse 60 dias de rebrota.
Após 30 dias do corte de uniformização dos piquetes destinados à idade de rebrota de
60 dias, foi realizado o corte de uniformização nos 10 piquetes destinados à idade de
rebrota de 30 dias. Posteriormente, a cada três dias, foi realizado um corte individual
em cada um dos outros 9 piquetes destinados a este tratamento, de modo que o
piquete usado no dia de fornecimento aos animais tivesse 30 dias de rebrota.
No dia do corte individual de cada piquete foi realizada adubação nitrogenada a
lanço com 80kg de N/hectare, utilizando-se como fonte de nitrogênio a uréia.
Figura 1. Esquema de corte dos piquetes experimentais
Médias da precipitação pluviométrica e temperatura durante o experimento
Mês
Nov/2005 Dez/2005 Jan/2006 Fev/2006
atividade
Preparo dos
piquetes com
60 dias de
rebrota
Preparo dos
piquetes com
30 dias de
rebrota
Utilização dos
piquetes com
30 e 60 dias
de rebrota
Utilização dos
piquetes com
30 e 60 dias
de rebrota
Precipitação (mm) 41,7 242,6 237,0 416,4
Temperatura (ºC) 24,3 23,5 25,0 24,2
Fonte: Estação Agroclimatológica do Departamento de Ciências Exatas da FCAV/UNESP – Jaboticabal
Após o primeiro período experimental, os animais foram sorteados novamente
dentro do tratamento idade de rebrota do cultivar fornecido.
7º 10º 13º 16º 19º 22º 25º 28º
30 DIAS DE REBROTA
60 DIAS DE REBROTA
7º 10º 13º 16º 19º 22º 25º 28º
Dia de corte e fornecimento da forragem
2.2 Determinação do consumo real e da digestibilidade aparente
As sobras da dieta fornecida no dia anterior foram pesadas e amostradas
diariamente antes do fornecimento da dieta, pela manhã, durante os cinco dias de
coleta, para cálculo do consumo de matéria seca (CMS), matéria orgânica (CMO),
proteína (CPB), fibra em detergente ácido (CFDA) e fibra em detergente neutro (CFDN).
Para determinação da digestibilidade aparente no trato digestivo total, foi
realizada a coleta total diária de fezes, da bandeja. A coleta e pesagem das fezes foram
iniciadas 24 horas após o fornecimento do alimento aos animais. Após pesagem e
homogeneização das fezes, uma amostra foi coletada e mantida sob refrigeração (-10
ºC). Ao final do período experimental formou-se uma amostra composta por animal e
período.
As amostras foram descongeladas e em seguida secas em estufa com circulação
de ar forçado a 55 ºC por 72 horas, sendo, posteriormente, moídas em moinho de facas
com peneira de 1mm, para posterior análise laboratorial.
2.3 Parâmetros ruminais
No dia do período de coleta o conteúdo ruminal foi coletado nos tempos 0 h
(antes da alimentação matinal), 2 , 6 e 10 h após a alimentação para determinação do
N-amoniacal e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) ruminais.
O conteúdo ruminal foi coletado manualmente em diversos pontos do rúmen
através da cânula ruminal, formando uma amostra de aproximadamente 2kg. Essa
amostra foi filtrada em tecido duplo de algodão, a fim de se obter 100mL de líquido
ruminal e, posteriormente, devolveu-se o resíduo de conteúdo ruminal ao rúmen.
Aproximadamente 20mL deste líquido foi analisado em laboratório para determinação
de N-amoniacal (CHANEY & MARBACH, 1962) e outra alíquota de aproximadamente
20mL foi armazenada sob refrigeração (-10 ºC) para posterior análise dos AGCC
(LEVENTINI et al.,1990).
2.4 Análises químicas
Diariamente, foram coletadas amostras da forrageira fornecida aos animais e no
final de cada período experimental constituída uma amostra composta. As amostras
foram secas até peso constante em estufa com ventilação de ar forçado a 55 ºC, por 72
horas e, posteriormente, moídas em moinho de facas com peneira de 1mm. Nessas
amostras foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
nitrogênio (N) e energia bruta (EB) de acordo com AOAC (1990), descrito por SILVA &
QUEIROZ (2002) e, para conversão em proteína bruta, foi utilizado o fator de correção
de 6,25.
A fibra em detergente ácido (FDA) e a fibra em detergente neutro (FDN) foram
determinadas pelo método de VAN SOEST et al. (1991), com as amostras submetidas
à digestão em solução detergente, por 40 minutos em autoclave a 111ºC e 0,5 atm
(DESCHAMPS, 1999).
Os mesmos procedimentos foram realizados com as sobras e fezes, para
determinação das respectivas análises.
O fracionamento dos compostos nitrogenados foi realizado de acordo com o
protocolo descrito por KRISHNAMOORTHY et al. (1982). A fração “A” ou compostos
nitrogenados não protéicos (NNP) das amostras foi obtida pela diferença entre o teor de
N total e o teor de N insolúvel em ácido tricloroacético (TCA). Para determinação da
fração “B
1
a amostra foi tratada com tampão borato-fosfato (TBF) e, da diferença entre
o N total e o N insolúvel em TBF determinou-se o N solúvel total. A fração “B
1
é a
diferença, portanto, entre o N solúvel total e a fração “A”. A fração “B
3
foi determinada
pela diferença entre o N insolúvel em detergente neutro (NIDN) e o N insolúvel em
detergente ácido (NIDA). A fração “C” foi obtida pela determinação do NIDA e, a fração
“B
2
” foi então determinada subtraindo-se de 100 as somas das frações A, B
1
, B
3
e C.
As amostras foram analisadas, em duplicata, no Laboratório de Nutrição Animal
da FCAV/UNESP - Jaboticabal.
2.5 Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas através do programa computacional
SAS (1990) e para comparação de médias foi utilizado o teste F a 5% de probabilidade.
3 Resultados e discussão
A composição bromatológica e o fracionamento do nitrogênio do cultivar
Marandu com 30 e 60 dias de rebrota, nos diferentes períodos experimentais são
apresentados nas Tabela 1 e 2, respectivamente.
Tabela 1. Composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu em
duas idades de rebrota
Nutrientes (%MS)
Período
experimental
Idade de
rebrota
MSO MO MM PB FDN FDA
ED
(Mcal/kg)
30 dias 19,53 89,36 10,64 11,43 66,74 35,39 2,72
1º Período
(janeiro)
60 dias 24,95 91,31 8,69 7,51 69,64 37,45 2,47
30 dias 23,14 90,15 9,85 12,81 62,82 33,22 2,92
2º Período
(fevereiro)
60 dias 30,08 91,49 8,51 5,63 72,69 38,85 2,89
MSO= matéria seca original, MO= matéria orgânica, MM= matéria mineral, PB= proteína bruta, FDN= fibra em
detergente neutro, FDA= fibra em detergente ácido, ED= energia digestível
Os valores médios encontrados para o cultivar Marandu com 60 dias de rebrota
quanto ao teor de FDN são semelhantes aos encontrados por FRANCO et al. (2002),
71,26% e aos encontrados por ALVES DE BRITO et al. (2003), 71,95% para o mesmo
cultivar aos 75 dias de rebrota, e, aos 30 dias de rebrota os valores encontrados são
inferiores ao encontrado por GERDES et al. (2000) de 72,75% aos 35 dias de rebrota
durante o verão. O teor de FDA obtido neste experimento foi semelhante ao encontrado
por FRANCO et al. (2002), 35,73% e, o teor de PB, semelhante ao encontrado por
GERDES et al. (2000), 11,40% aos 35 dias e inferior ao encontrado por ALVES de
BRITO et al. (2003), 13,27% aos 75 dias.
Tabela 2. Teores das frações protéicas da Brachiaria brizantha cv. Marandu em duas
idades de rebrota
Frações protéicas (% N total)
Fração
1
Período
experimental Idade de rebrota
A B
1
B
2
B
3
C
30 dias 42,56 8,43 31,51 10,94 3,28
1º Período
(janeiro)
60 dias 45,02 11,16 28,00 9,16 3,33
30 dias 38,68 16,92 26,87 10,71 3,41
2º Período
(fevereiro)
60 dias 38,29 14,65 22,52 8,92 7,81
1
Frações: A= nitrogênio não protéico (fração solúvel); B
1
= peptídeos e oligopeptídeos (fração de rápida degradação
ruminal); B
2
= proteína verdadeira (degradabilidade intermediária); B
3
= proteína associada à fibra em detergente
neutro (lenta degradabilidade ruminal) e fração C= proteína insolúvel em detergente ácido indigestível (indegradável)
A concentração de FDN é uma medida interessante para se avaliar a
participação da parede celular na composição dos tecidos. O espessamento da parede
celular secundária observado com a maturação dos tecidos vegetais resulta no
incremento da concentração da FDN em detrimento do conteúdo celular.
Especialmente em gramíneas e pela natureza distinta de seus tecidos, o conteúdo de
FDN é maior no caule em relação às folhas (ALVES de BRITO et al., 2003), o que pode
explicar o maior valor de FDN para o cultivar aos 60 dias de rebrota, especialmente no
segundo período experimental, visto que, foi visível nos piquetes o espessamento e
alongamento do caule em relação às folhas. De acordo com o referido autor, com a
rápida elongação da haste das gramíneas no verão, a participação dos constituintes da
parede celular é maior e, conseqüentemente, a concentração de proteína bruta é mais
baixa, o que demonstra a análise bromatológica do cultivar Marandu nos diferentes
períodos neste experimento.
O fracionamento da proteína, de acordo com sua biodisponibilidade e taxa de
degradação, que pode ser dividida em A= nitrogênio não protéico (fração solúvel); B
1
=
peptídeos e oligopeptídeos (fração de rápida degradação ruminal); fração B
2
= proteína
verdadeira (degradabilidade intermediária); fração B
3
= proteína associada à fibra em
detergente neutro (lenta degradabilidade ruminal) e fração C= proteína insolúvel em
detergente ácido indigestível (SNIFFEN et al., 1992), permite prever, de forma
adequada, o comportamento dos alimentos consumidos por ruminantes e a
disponibilidade de nitrogênio e compostos nitrogenados aos microrganismos do rúmen.
A forrageira aos 30 e 60 dias de idade de rebrota, apresentou altas concentrações das
frações A (rápida degradação) e B
2
(degradação intermediária) e baixa concentração da
fração C (não degradável) (Tabela 2), o que o torna um volumoso interessante na
alimentação de ruminantes. Alguns autores relatam na literatura deficiência da fração B
1
na proteína de forrageiras (RUSSEL et al., 1992; SNIFFEN et al., 1992), porém tal fato
não foi observado nesse experimento para o cultivar Marandu, o qual apresentou
valores entre 8,43 e 16,92 % N total aos 30 dias e entre 11,16 e 14,65 % N total aos 60
dias de rebrota durante o verão.
Segundo RUSSELL et al. (1992), os microrganismos ruminais fermentadores de
carboidratos estruturais utilizam amônia como fonte de nitrogênio para o seu
crescimento e, de acordo SNIFFEN et al. (1992) a fração A juntamente com a fração B
1
da proteína, que é considerada como sendo degradada no rúmen, são utilizados pela
microbiota ruminal. Porém, altas proporções de nitrogênio não-protéico podem resultar
em maiores perdas nitrogenadas devido à falta do esqueleto de carbono prontamente
disponível para que a síntese de proteína microbiana ocorra. Nos resultados deste
experimento pode-se observar que a proporção de nitrogênio não-protéico é alta (em
média 41% do N total) na forrageira aos 30 e 60 dias de rebrota. Entretanto, não foi
feito o fracionamento do carboidrato na forrageira, impossibilitando, assim, um
detalhamento de possíveis perdas nitrogenadas por falta de esqueleto de carbono no
rúmen, afetando a síntese microbiana. Contudo, as gramíneas tropicais, como o caso
da forrageira utilizada neste experimento, apresentam baixos teores de carboidratos
solúveis e maiores teores de carboidratos insolúveis, mas potencialmente degradáveis,
porém, não foram observadas alterações no funcionamento ruminal dos animais.
3.1 Consumo
Os dados relativos ao consumo de matéria seca e nutrientes são apresentados
na Tabela 3.
Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para a interação idade de rebrota
e período experimental sobre o CMS, CMO, CFDN e CFDA, da forrageira Brachiaria
brizantha cv. Marandu. No CPB houve efeito significativo (P<0,05) para a idade de
rebrota da forrageira, sendo que o CPB da forrageira aos 60 dias de rebrota foi inferior
ao da forrageira aos 30 dias de rebrota devido aos teores de PB serem inferiores na
composição da forrageira (Tabela 1).
Tabela 3. Consumo de matéria seca (CMS), matéria orgânica (CMO), proteína bruta
(CPB), fibra em detergente neutro (CFDN) e fibra em detergente ácido
(CFDA) por bovinos alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu em
duas idades de rebrota
CMS CMO CPB CFDN CFDA
Período
experimental
Idade de
rebrota
kg/dia
30 dias 3,99
a
3,59
a
0,47
a
2,67
a
1,42
a
1º Período
(janeiro)
60 dias 3,46
a
3,15
a
0,29
b
2,31
a
1,23
a
30 dias 4,62
a
4,17
a
0,59
a
2,89
a
1,53
a
2º Período
(fevereiro)
60 dias 4,39
a
4,04
a
0,24
b
3,19
a
1,70
a
CV (%) 17,8 17,9 17,4 18,6 18,9
Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si, pelo Teste F (P>0,05)
CV = coeficiente de variação.
Segundo VAN SOEST (1994), eficiência e consumo mostram maior variação
entre animais, e por isso, estabelecer valores relativos aos alimentos para esses
componentes é mais difícil que para digestibilidade. O referido autor menciona também
que, para o consumo, coeficiente de variação até 30% pode ser atribuído às variações
entre animais enquanto coeficiente de variação de 50% pode ser atribuído à dieta.
As idades de rebrota da forrageira não influenciaram o consumo de matéria seca
e nutrientes, com exceção a PB, no intervalo proposto no presente experimento. Dessa
forma, em sistemas de lotação rotacionada, o período de descanso de 30 dias dos
piquetes permite a reutilização em menor tempo dessa área. Em casos onde não seja
possível a utilização da forragem aos 30 dias de rebrota é possível a utilização desta no
intervalo proposto sem prejuízos, considerando-se o consumo animal.
3.2 Digestibilidade
Os dados relativos a digestibilidade aparente total de nutrientes são
apresentados na Tabela 4.
Digestibilidade ruminal é o produto do tempo de retenção no rúmen pelas
características de degradação do alimento. As partículas maiores dos alimentos
permanecem mais tempo no rúmen, até que sejam reduzidas a tamanhos adequados à
ação dos microrganismos ruminais e, dessa forma, afetam a digestibilidade dos
alimentos. Segundo VAN SOEST (1994) para a digestibilidade, coeficiente de variação
até 3% pode ser atribuído às variações entre animais enquanto coeficiente de variação
de 30% pode ser atribuído à dieta. No presente experimento foram observados
coeficientes de variação abaixo de 3% para as digestibilidades dos nutrientes,
permitindo, portanto, a afirmação que a variação nesta foi mais dependente do animal
que da dieta.
Na digestibilidade aparente total da matéria seca (DMS) e da matéria orgânica
(DMO) foi observado efeito significativo (P<0,05) para o período experimental. Em
janeiro (período primeiro período experimental) a forrageira apresentou DMS inferior ao
fevereiro (segundo período experimental). O mesmo comportamento foi observado para
a DMO. Segundo ALVES de BRITO et al. (2003) a concentração de FDN se
correlaciona negativamente com a digestibilidade da matéria seca, o que não foi
observado nesse experimento, visto que a DMS foi maior no segundo período
experimental, justamente o momento em que a forrageira apresentava maior
concentração de FDN. MOORE & MOTT (1973), afirmam que a digestibilidade das
forrageiras tropicais varia de 55 a 60%, podendo diminuir, se a concentração de
proteína bruta da forragem for da ordem de 4 a 6%. No presente experimento, a
forrageira apresentou valor de digestibilidade de 22 a 25% superior que o encontrado
pelos autores citados, mesmo com teores protéicos próximos aos referidos pelos
autores como prejudiciais à digestibilidade das forrageiras tropicais.
Tabela 4. Valores médios da digestibilidade aparente total da matéria seca (DMS),
matéria orgânica (DMO), proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro
(DFDN) e fibra em detergente ácido (DFDA) observado para a Brachiaria
brizantha cv. Marandu em duas idades de rebrota
DMS DMO DPB DFDN DFDA
Período
experimental
Idade de
rebrota
%
30 dias 80,21
a
74,81
b
70,25
b
1º Período
(janeiro)
60 dias
73,08
b
75,26
b
74,86
b
70,63
c
65,80
c
30 dias 83,63
a
74,51
ab
69,30
ab
2º Período
(fevereiro)
60 dias
75,04
a
77,27
a
68,44
c
76,16
a
73,16
a
CV % 1,8 1,6 2,4 2,1 2,6
Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si, pelo Teste F (P>0,05)
CV = coeficiente de variação
Foi observado efeito significativo (P<0,05) para a interação idade de rebrota e
período experimental para a digestibilidade aparente total da proteína bruta (DPB), da
fibra em detergente neutro (DFDN) e da fibra em detergente ácido (DFDA). Na DFDN e
DFDA foram observados os menores valores aos 60 dias de rebrota durante o primeiro
período experimental.
A DPB da forrageira aos 30 dias de rebrota, independente do período
experimental, foi maior que aos 60 dias de rebrota. De acordo com MILFORD &
MINSON (1966) teores de proteína bruta inferiores a 7% na matéria seca de algumas
gramíneas tropicais, como observado nesse experimento para a idade de rebrota de 60
dias no segundo período experimental, promoveram redução na digestão das mesmas,
devido a inadequados níveis de nitrogênio para os microrganismos do rúmen. Além do
teor inferior da proteína bruta da forrageira, a fração C da proteína aos 60 dias de
rebrota (Tabela 2), que é indegradável, foi maior no segundo período experimental,
explicando também o resultado observado para a digestibilidade da proteína bruta, que
aos 60 dias do segundo período foi em média 6,4% menor que no primeiro período
experimental.
Quanto à digestibilidade das fibras (FDN e FDA), os maiores valores foram
observados para a forrageira aos 60 dias de rebrota no segundo período experimental,
enquanto os menores valores foram observados para o mesmo cultivar durante o
primeiro período experimental. A digestibilidade das fibras aos 30 dias de idade foi
semelhante em ambos os períodos.
3.3 Parâmetros ruminais
Na Figura 2, é apresentada a produção de nitrogênio amoniacal antes (0 h) e 2,
4, 6 e 10 h, após a alimentação dos animais. As concentrações de nitrogênio amoniacal
no rúmen apresentaram efeitos significativos (P<0,05) para as interações período
experimental e tempo, período experimental e idade de rebrota e também para a
interação idade de rebrota e tempo. Foi observado que durante o primeiro período
experimental ocorreu queda na concentração de N-NH
3
dez horas após alimentação,
assim como, no mesmo horário ocorreu queda na concentração de N-NH
3
para as
idades de rebrota 30 e 60 dias.
De acordo com MERCHEN (1993) quantidades significativas de amônia são
produzidas no rúmen pela degradação microbiana da proteína da dieta, hidrólise do
nitrogênio não protéico proveniente da dieta e por via endógena e da passagem e
degradação de células microbianas. A amônia produzida pode então ser utilizada como
fonte de N para a biossíntese de aminoácidos pelos microrganismos ruminais ou ser
absorvida pela parede do rúmen por difusão passiva. A quantidade absorvida é
relacionada positivamente com a concentração de amônia e pH ruminal. Segundo
OWENS & ZINN (1988), existe variação na concentração de N-NH
3
nos horários após a
alimentação, cuja intensidade depende do tipo de alimento. Com uréia, as
concentrações máximas de N-NH
3
ocorrem entre uma e duas horas após seu
fornecimento, enquanto rações ricas em proteína vegetal propiciaram o pico entre três e
quatro horas após o consumo. No presente experimento, os dados apresentaram pico
de concentração máxima de N-NH
3
duas horas após alimentação, provavelmente pelo
alto valor da Fração A da proteína (o nitrogênio não protéico) da forrageira, de rápida
degradação pelos microrganismos do rúmen.
Figura 2. Valores médios da concentração de nitrogênio amoniacal ruminal 0, 2, 6 e 10 horas
após alimentação dos animais
A Brachiaria brizantha cv. Marandu aos 30 e 60 dias de idade de rebrota,
apresentou altos teores da fração A (38,29 a 45,02% do nitrogênio total), com rápida
3,0
6,0
9,0
12,0
15,0
18,0
0 2 6 10
Tempo (h) após alimentação
N-NH3 (mg/100ML)
30 dias P1
60 dias P1
30 dias P2
60 dias P2
taxa de degradação e disponibilidade aos microrganismos ruminais. A fração B
1
, de
rápida degradação, foi baixa (8,43 a 16,92% do nitrogênio total) e a fração B
2
, de
degradabilidade intermediária, com valores de 22,52 a 31,51% do nitrogênio total.
Essas frações juntas (A, B
1
e B
2
) garantiriam nitrogênio suficiente aos microrganismos
do rúmen por várias horas após a ingestão do alimento, permitindo dessa forma, na
presença de esqueleto de carbono disponível, um ótimo aproveitamento do alimento.
Entretanto, foi observado menor digestibilidade da proteína para a forrageira aos 60
dias de rebrota (Tabela 2) que pode ter ocasionado os baixos valores na concentração
de nitrogênio amoniacal no rúmen principalmente durante o segundo período
experimental. Dessa forma a concentração de nitrogênio amoniacal, observada com a
forrageira aos 60 dias de rebrota no segundo período experimental ficou aquém do
mínimo necessário sugerido por SATER & SLYTER (1974) que é de 5 mg/100mL, para
adequada fermentação da fibra no rúmen. Quando se considera o valor de
concentração de amônia ruminal preconizado por LENG (1990), 20 mg de N-NH
3
/100
mL de líquido ruminal, como ideal para maximização do consumo voluntário em
condições tropicais, verificou-se que, em todos os tempos observados, tanto aos 30
quanto aos 60 dias de idade de rebrota da forrageira, as concentrações se
apresentaram inferiores a esse valor. Os valores de N-NH
3
/100 mL preconizados para
adequada fermentação ruminal da fibra apresentam amplitude devido a fatores como
eficiência de síntese microbiana e taxa de passagem de líquidos.
Os valores médios da concentração dos ácidos graxos de cadeia curta totais são
apresentados na Figura 3.
Foi observado efeito significativo (P<0,05) para a interação período experimental
e idade de rebrota da forrageira. A maior concentração de AGCC total no rúmen ocorreu
no primeiro período experimental para o cultivar aos 30 dias de rebrota. Durante o
segundo período experimental a concentração de AGCC total foi semelhante para as
duas idades de rebrota.
50,0
75,0
100,0
125,0
0 2 6 10
Tempo (h) após alimentação
AGCC total (mmol/L)
30 dias P1
60 dias P1
30 dias P2
60 dias P2
Figura 3. Valores médios da concentração de ácidos graxos de
cadeia curta (AGCC) no rúmen 0, 2, 6 e 10 horas
após alimentação dos animais
De acordo dom CHURCH (1988) a quantidade de ácidos graxos de cadeia curta
no fluido ruminal é reflexo da atividade microbiana e da taxa de absorção destes pela
parede ruminal. Além disso, segundo o autor, a proporção entre eles varia com o tipo
de substrato, nível de ingestão, freqüência de alimentação, taxa de diluição e
osmolaridade.
A concentração de acetato, propionato, butirato e relação acetato:propionato são
apresentadas na Figura 4.
Foi observado efeito significativo (P<0,05) para a interação período experimental
e idade de rebrota. A maior concentração dos AGCC, individualmente, foi observada
aos 30 dias de rebrota, durante o primeiro período experimental. Pôde-se verificar que
os ácidos graxos de cadeia curta apresentaram pico de concentração seis horas após
alimentação.
A relação acetato:propionato pode ser utilizada como um indicador de
estabilidade ruminal (OLIVEIRA Jr., 2002). No presente experimento foi observado
queda na relação acetato:propionato 6 horas após a alimentação. Nesse horário a
Figura 4. Valores médios da concentração de acetato, propionato, butirato e relação acetato:propionato no rúmen 0,
2, 6 e 10 horas após alimentação dos animais e relação acetato:propionato
concentração de propionato é maior quando comparada com os horários anteriores, o
que não ocorreu com o acetato, que apresentou pequeno aumento em sua
concentração ao comparar o tempo de seis horas após a alimentação com os horários
anteriores.
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
0 2 6 10
Tempo (h) após alimentação
Acetato (mmol/L)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
22,0
24,0
26,0
0 2 6 10
Tempo (h) após alimentação
Propionato (mmol/L)
30 dias P1
60 dias P1
30 dias P2
60 dias P2
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
0 2 6 10
Tempo (h) após alimentação
Butirato (mmol/L)
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
0 2 6 10
Tempo (h) após alimentação
Relação
Acetato:Propionato
Em uma dieta exclusiva de forragem, a relação esperada na concentração de
acetato, propionato e butirato sobre o total de AGCC produzidos no rúmen é em torno
de 70%, 20% e 10%, respectivamente. As análises dos resultados obtidos nesse
experimento demonstraram que as concentrações médias foram 74% de acetato, 18%
de propionato e 8% de butirato, em animais recebendo Brachiaria brizantha cv.
Marandu no intervalo de rebrota de 30 e 60 dias.
Os parâmetros ruminais observados N-NH
3
e AGCC estiveram dentro do
esperado para dietas exclusivas de gramíneas.
4 Conclusões
A idade de rebrota da forrageira não influenciou consumo de matéria seca e
nutrientes no intervalo proposto no presente experimento. Considerando-se o consumo
animal, em locais onde não seja possível a utilização da forragem aos 30 dias de
rebrota é possível sua utilização até 60 dias de rebrota.
Em sistemas de lotação rotacionada com Brachiaria brizantha cv. Marandu o
período de descanso de 30 dias dos piquetes permite a reutilização em menor tempo
dessa área.
CAPÍTULO 3 FLUXO DE NUTRIENTES PELO TRATO DIGESTIVO DE BOVINOS
DE CORTE ALIMENTADOS COM Brachiaria brizantha cv. Marandu EM DUAS
IDADES DE REBROTA
RESUMO O indicador externo óxido de crômio (Cr
2
O
3
) e os indicadores
internos, fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e fibra em detergente ácido
indigestível (FDAi) foram utilizados na estimativa de fluxo de nutrientes pelo duodeno
no método de único indicador. Também foram determinadas a recuperação dos
indicadores e a produção fecal estimada foi comparada com os resultados obtidos na
coleta total. A dieta dos animais foi a forrageira Brachiaria brizantha (Hochst ex. A. Rich)
Stapf. cv. Marandu em duas idades de rebrota (30 e 60 dias). O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2x4 (2 idades de
rebrota da forrageira x 2 períodos experimentais x 4 indicadores) para produção fecal e
2x2x3 (2 idades de rebrota da forrageira x 2 períodos experimentais x 3 indicadores)
para cálculo do fluxo de nutrientes duodenal. Bovinos consumindo a forrageira
Brachiaria brizantha nas idades de rebrota de 30 e 60 dias apresentaram fluxo
duodenal de nutrientes semelhantes. Os indicadores Cr
2
O
3
, FDNi e FDAi
superestimaram a produção fecal e apresentaram baixa recuperação nas fezes,
entretanto, o Cr
2
O
3
foi o indicador que mais se aproximou da coleta total de fezes. Na
estimativa do fluxo de nutrientes pelo duodeno com os resultados da coleta total de
fezes, o indicador FDNi apresentou a estimativa mais adequada (média de 1,58 kg/MS
dia), enquanto o indicador Cr
2
O
3
superestimou o fluxo duodenal de nutrientes.
Palavras-Chave: indicador externo, indicador interno, matéria seca fecal, produção
fecal
1 Introdução
A digestão no trato gastrintestinal (TGI) multicompartimental dos ruminantes é o
resultado de um número de processos dinâmicos, que devem ser individualmente
medidos para sua correta compreensão (ELLIS et al., 1980). A técnica dos indicadores
pode promover a estimativa da extensão da digestão e do tempo de retenção nas
diversas partes do trato gastrintestinal, podendo ser extremamente útil na função de
partição digestiva dentro do trato (FAICHNEY, 1975).
Quando se utiliza a técnica de único indicador na estimativa do fluxo da digesta e
seus constituintes, assume-se que a composição da digesta coletada na cânula é
idêntica à da digesta que está passando pela cânula e que o indicador será totalmente
recuperado, sem absorção ou modificação no TGI animal. Diversos indicadores têm
sido utilizados nas pesquisas de fluxo de digesta duodenal (FAICHNEY, 1975, 1980,
1993; FRANCE & SIDDONS, 1986; BERCHIELLI et al., 1998; FREGADOLLI et al.,
2001; LADEIRA et al., 2001; FREITAS et al., 2002; ÍTAVO et al., 2002; BERCHIELLI et
al., 2005), sempre em busca do indicador que possa ser considerado ideal, seja este
interno ou externo.
Para os indicadores externos, substâncias adicionadas artificialmente à dieta, a
maior preocupação nos estudos de fluxo é referente à sua completa recuperação após
passagem pelo TGI animal e, alcançada essa condição, sua utilização na estimativa de
produção fecal permite que seja calculado o fluxo em qualquer parte do trato. Quando
não há a recuperação satisfatória dos indicadores para estimativa da produção fecal, há
a necessidade da coleta total de fezes para cálculo do fluxo de digesta. Dessa forma,
um indicador com boa recuperação pode diminuir a quantidade de coletas durante os
experimentos e ser empregado em ensaios de pastejo. BERCHIELLI et al. (1998)
relataram baixa recuperação para o Cr
2
O
3
que superestimou os valores obtidos para o
fluxo de matéria seca duodenal, concordando com os resultados obtidos por FREITAS
et al. (2002).
Os indicadores internos apresentam maiores problemas que apenas a
recuperação fecal dos mesmos. Esses, por serem indicadores indigestíveis
componentes do alimento, e representarem em sua maioria a porção indigestível da
fibra, podem apresentar comportamento diferenciado em sua recuperação, dependendo
do tipo de dieta à qual o animal for submetido. BERCHIELLI et al. (2005) encontraram
produção fecal subestimada quando comparada com a coleta total usando indicadores
internos (FDNi e FDAi) em animais alimentados com feno de Tifton-85 como volumoso,
enquanto a produção fecal estimada com os mesmos indicadores internos não diferiu
da coleta total em animais alimentados com silagem de milho. Em animais alimentados
com cana-de-açúcar como volumoso, os indicadores internos superestimaram a
produção fecal.
O volumoso da dieta pode influenciar o comportamento dos indicadores internos
nas estimativas de fluxo de digesta e considerando-se esse fator ao se optar pela
utilização da fibra em detergente neutro à utilização da fibra em detergente ácido ou
qualquer outro indicador interno no estudo de fluxo, talvez as estimativas de fluxo de
digesta possam ser estimadas com maior confiabilidade. As modificações das
gramíneas, decorrentes do amadurecimento da planta também podem promover
alterações na composição de suas fibras prejudicando a recuperação dos indicadores
internos FDAi e FDNi, além de não serem encontrados pesquisas de fluxo de digesta
em dietas exclusivas de forragem fresca para bovinos.
O objetivo do presente trabalho foi estimar o fluxo de digesta duodenal com o
indicador externo Cr
2
O
3
e indicadores internos FDNi e FDAi, pelo método de único
indicador em dois períodos experimentais. Foram adotadas, para efeito de comparação
dos indicadores internos, duas idades de rebrota (30 e 60 dias) da forrageira Brachiaria
brizantha cv. Marandu.
2 Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Setor de Avaliação de Alimentos e
Digestibilidade pertencente ao Departamento de Zootecnia da FCAV/UNESP,
Jaboticabal SP, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2006, com duração de 30
dias, dividido em dois períodos experimentais de 15 dias cada.
Os primeiros 10 dias de cada período experimental foram destinados à
adaptação dos animais à dieta e, do 11º ao 15º dia foram realizadas coletas para
determinação do consumo e estimativa da digestibilidade e fluxo de nutrientes pelo
duodeno. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema
fatorial 2x2x4 (duas idades de rebrota da forrageira x 2 períodos experimentais x 4
“indicadores” (3 indicadores + coleta total)) para a variável produção fecal e fatorial
2x2x3 (duas idades de rebrota da forrageira x 2 períodos experimentais x 3 indicadores)
para estimativa de fluxo de digesta duodenal.
Foram utilizados 7 bovinos Nelore machos, com peso vivo médio de 250 kg,
castrados, com cânulas de rúmen e duodeno. Os animais ficaram alojados em baias
individuais de aproximadamente 12m
2
com cocho, bebedouro e piso de concreto
durante o período de adaptação ao alimento e, durante o período de coleta
experimental esses animais foram alojados em gaiolas para estudos de metabolismo
com piso ripado, comedouro e bebedouro individuais e bandejas adaptadas para coleta
de fezes.
Os animais foram alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu com 30 ou
60 dias de rebrota, numa oferta de 2,5% do peso corporal do animal. A forrageira era
cortada pela manhã e fornecida aos animais no cocho às 7 e 19 h. Durante o período
em que os animais permaneciam nas gaiolas de metabolismo, a alimentação dos
animais era dividida ao longo do período diurno, no intervalo das 7 às 19 h, devido ao
fato do cocho das gaiolas não comportar todo alimento em uma única vez e, às 19 h era
fornecida a última quantia diária do alimento aos animais.
Foram preparados 20 piquetes de Brachiaria brizantha (Hochst ex A. Rich.)
Stapf. cv. Marandu para a alimentação dos animais dentre os quais, 10 piquetes foram
destinados à idade de rebrota de 60 dias e 10 piquetes destinados à idade de rebrota
de 30 dias.
Cada piquete possuía dimensão aproximada de 20x20m e forneceu o volumoso
necessário para alimentação dos animais por três dias. A cada três dias, um novo
piquete era cortado, simulando uma lotação rotacionada. O corte da forrageira para
fornecimento aos animais foi a 20cm do solo, para simular o pastejo por bovinos.
No preparo dos piquetes com idade de 60 dias foi realizado um corte de
uniformização nos 10 piquetes. Posteriormente, a cada três dias, foi realizado o corte
individual em cada um dos outros 9 piquetes destinados a este tratamento, de modo
que o piquete usado no dia de fornecimento aos animais tivesse 60 dias de rebrota.
Após 30 dias do corte de uniformização dos piquetes destinados à idade de rebrota de
60 dias, foi realizado o corte de uniformização nos 10 piquetes destinados à idade de
rebrota de 30 dias. Posteriormente, a cada três dias, foi realizado um corte individual
em cada um dos outros 9 piquetes destinados a este tratamento, de modo que o
piquete usado no dia de fornecimento aos animais tivesse 30 dias de rebrota.
No dia do corte individual de cada piquete foi realizada adubação nitrogenada a
lanço com 80kg de N/hectare, utilizando-se como fonte de nitrogênio a uréia.
Figura 1. Esquema de corte dos piquetes experimentais
Após o primeiro período experimental, os animais foram sorteados novamente
dentro do tratamento idade de rebrota do cultivar fornecido.
7º 10º 13º 16º 19º 22º 25º 28º
30 DIAS DE REBROTA
60 DIAS DE REBROTA
7º 10º 13º 16º 19º 22º 25º 28º
Dia de corte e fornecimento da forragem
2.1 Determinação do consumo, da digestibilidade aparente e produção fecal
As sobras da dieta fornecida no dia anterior foram pesadas e amostradas
diariamente antes do fornecimento da dieta, pela manhã, durante os dias de coleta,
para cálculo do consumo de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), fibra em
detergente ácido (FDA) e fibra em detergente neutro (FDN).
Para determinação da digestibilidade aparente no trato digestivo total, foi
realizada a coleta total diária de fezes, da bandeja, durante os 5 dias de coleta. A coleta
e pesagem das fezes foram iniciadas 24 horas após o fornecimento do alimento aos
animais. Após pesagem e homogeneização das fezes, uma amostra foi coletada e
mantida sob refrigeração (-10 ºC). Ao final do período experimental formou-se uma
amostra composta por animal e período.
As amostras foram descongeladas e em seguida secas em estufa de ar forçado
a 55 ºC por 72 horas, sendo, posteriormente, moídas em moinho de facas em peneira
de 1mm.
2.2 Procedimentos com os indicadores
O óxido de crômio foi fornecido nos horários de alimentação dos animais, às 7 e
19 h, na quantidade de 10g Cr
2
O
3
/dia, acondicionado em cartuchos de papel toalha
contendo 5g Cr
2
O
3
cada e, fornecidos via cânula ruminal aos animais.
A administração do indicador Cr
2
O
3
iniciou-se 7 dias antes do período de coleta e
se estendeu até o final do período experimental.
2.2.1 Amostras de duodeno
Durante quatro dias, foram realizadas as coletas de 300mL de digesta duodenal,
no esquema: no dia, as amostras foram coletadas às 08, 14 e 20 h, no dia, as
amostras foram coletadas às 02 e 11 h, no dia, as amostras foram coletadas às 17 e
23 h e, no dia, as amostras foram coletadas às 05 h. Após a coleta, as amostras
foram secas em estufa a 55 ºC por 72 h, moídas em moinho de facas com peneira de
1mm e formada uma amostra composta (considerando-se o peso individual de cada
amostra) por animal e período.
Foram determinadas a MS, MO, FDN, FDA e a concentração dos indicadores
crômio (Cr), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e fibra em detergente ácido
indigestível (FDAi) nas amostras compostas.
Foram considerados FDNi e FDAi na dieta, digesta duodenal e fezes, o resíduo
obtido após 144 h de incubação in situ segundo BERCHIELLI et al. (2000). Para a
incubação, foram utilizados 4 bovinos com peso corporal médio de 200kg. Foram
incubadas amostras em duplicata.
2.3 Análises químicas
Diariamente, foram coletadas amostras da forrageira fornecida aos animais e no
final de cada período experimental, constituída uma amostra composta. As amostras
foram secas até peso constante em estufa com ventilação de ar forçado a 55 ºC, por 72
horas, e, posteriormente, moídas em moinho de facas com peneira de 1mm. Nessas
amostras foram determinados os teores de MS, MO, N e EB de acordo com AOAC
(1990), descrito por SILVA & QUEIROZ (2002) e para determinação da PB foi adotado
o valor de conversão de 6,25. A fibra em detergente ácido e a fibra em detergente
neutro foram determinadas pelo método de VAN SOEST et al. (1991), com as amostras
submetidas à digestão em solução detergente por 40 minutos em autoclave a 111 ºC e
0,5 atm (DESCHAMPS, 1999). O mesmo procedimento foi realizado com as sobras,
fezes e digesta duodenal. A composição química e teor de indicadores internos da
forrageira fornecida podem ser observados na Tabela 1.
A concentração de Cr nas amostras foi determinada conforme WILLIANS et al.
(1962) e as leituras realizadas em espectrofotômetro de absorção atômica VARIAN AA
220FS com chama de ar-acetileno. Na digestão do indicador Cr não foi realizada
análise em duplicata. As amostras foram analisadas em duplicata no Laboratório de
Nutrição Animal da FCAV/UNESP – Jaboticabal.
Tabela 1. Composição química (% MS) e teor de indicadores internos da
Brachiaria brizantha cv. Marandu em duas idades de rebrota
MSO MO MM PB FDN FDA FDNi
1
FDAi
1
Idade de
rebrota
(%)
30 dias 19,53 89,36 10,64 11,43 66,74 35,39 52,30 16,38
1º Período
(janeiro)
60 dias 24,95 91,31 8,69 7,51 69,64 37,45 55,28 17,60
30 dias 23,14 90,15 9,85 12,81 62,82 33,22 48,36 15,23
2º Período
(fevereiro)
60 dias 30,08 91,49 8,51 5,63 72,69 38,85 59,26 18,40
MSO= matéria seca original, MO=matéria orgânica, MM=matéria mineral, PB=proteína bruta, FDN= fibra em
detergente neutro, FDA= fibra em detergente ácido, FDNi= fibra em detergente neutro indigestível, FDAi= fibra em
detergente ácido indigestível
1
Teores corrigidos para MS
2.4 Cálculos
Na estimativa do fluxo duodenal de matéria seca no método de único indicador a
equação em função do indicador foi:
- Indicador externo:
Fluxo Duodenal de MS = Gramas de indicador fornecido ______
Concentração do indicador (g) / MS duodenal (g)
- Indicador interno:
Fluxo Duodenal de MS = MS fecal x % FDNi (ou FDAi) nas fezes
% FDNi (ou FDAi) na MS duodenal
Na estimativa da produção fecal a equação utilizada foi:
Produção fecal (g/dia) = Quantidade de indicador ingerido (g)
Concentração do indicador nas fezes (g)
Para cálculo de recuperação fecal:
Recuperação de MS fecal (%) = MS fecal estimada (g) x 100
MS coleta total (g)
Na estimativa de recuperação dos indicadores:
Recuperação do indicador = 1 x 100
Recuperação de MS fecal (%)
Na estimativa das digestibilidades ruminal e pós ruminal as equações utilizadas
foram:
Digestibilidade (%) = Consumo (kg) - Fluxo estimado pelo indicador (kg) x 100
ruminal Consumo (kg)
Digestibilidade (%) = Fluxo duodeno (kg) – Produção fecal (kg) x 100
pós -ruminal Consumo (kg)
2.5 Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas através do programa computacional
SAS (1990) e para comparação de médias foi utilizado o teste F a 5% de probabilidade.
3 Resultados e discussão
3.1 Produção fecal
Os dados referentes à produção fecal são apresentados na Tabela 2.
Não houve efeito significativo (P>0,05) para as interações período experimental e
indicador e, idade de rebrota e indicador utilizado na estimativa de produção fecal.
Houve efeito significativo (P<0,05) para indicador na estimativa da produção
fecal. Todos indicadores diferiram entre si e dos resultados obtidos com a coleta total de
fezes. A produção fecal foi superestimada tanto pelo indicador interno quanto pelos
indicadores externos quando comparada à coleta total. O indicador FDNi foi o pior na
estimativa da produção fecal.
A superestimativa na produção fecal obtida pelo uso dos indicadores
possivelmente ocorreu devido a baixa recuperação dos indicadores nas fezes. Todos os
indicadores utilizados apresentaram baixa recuperação (54%, 27% e 36% para Cr
2
O
3
,
FDNi e FDAi, respectivamente).
Tabela 2. Médias de produção fecal estimadas pelos indicadores óxido de crômio
(Cr
2
O
3
), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e fibra em detergente
ácido indigestível (FDAi) e recuperação fecal desses indicadores
Indicadores
Parâmetro Cr
2
O
3
FDNi FDAi Coleta total CV(%)
Produção fecal
(MS kg/dia)
1,92
c
4,17
a
3,35
b
1,04
d
25,6
Recuperação de MS
fecal (%)
186,8
c
395,1
a
315, 1
b
15,2
Recuperação fecal
Indicador
0,54
a
0,27
c
0,36
b
Médias seguidas de letras iguais nas linhas não diferem entre si, pelo Teste F (P>0,05)
De acordo com Curran et al. (1967) citados por RODRIGUEZ et al. (2006), a
baixa recuperação fecal do indicador Cr
2
O
3
pode ser em função da variabilidade dos
resultados obtidos pelas metodologias de análise. Considerando-se os métodos de
digestão das amostras para determinação da concentração do crômio, RIBEIRO (1999)
e IMAIZUMI (2000) utilizaram a metodologia de FENTON & FENTON (1979) enquanto
RABELO (2002) utilizou a metodologia de WILLIANS et al. (1962) e, considerando-se o
método de leitura RIBEIRO (1999), IMAIZUMI (2000) e RABELO (2002) utilizaram a
espectrofotometria de absorção atômica enquanto OLIVEIRA Jr. (2002) utilizou a
fluorescência de raios X. Apesar das diferentes metodologias para digestão e leitura da
concentração de crômio nas amostras, os autores observaram recuperações
insatisfatórias e impossibilidade de utilização deste indicador nas estimativas de
digestibilidade dos nutrientes.
ZEOULA et al. (2002) relataram recuperação de 101,6% para o indicador FDNi e
89,76% para o FDAi nas fezes utilizando como componente da ração o volumoso feno
de Tifton 85 colhido aos 42 dias. Esses autores concluíram que a FDNi foi eficiente na
estimativa da produção fecal, diferente dos resultados obtidos no presente trabalho.
Resultados diferentes foram obtidos por BERCHIELLI et al. (2000) em relação à
recuperação fecal do indicador FDAi com a ração composta por silagem de milho ou
híbrido de milho. Os autores concluíram que este indicador apresentou resultado
semelhante ao da coleta total de fezes na estimativa da produção fecal, assim como
FREITAS et al. (2002) que concluíram que a FDAi e o Cr
2
O
3
podem ser utilizados na
estimativa da produção fecal.
BERCHIELLI et al. (2005) relataram que a FDAi in situ não diferiu da coleta total
utilizando o feno de Tifton 85 como volumoso enquanto a FDNi in situ e o Cr
2
O
3
superestimaram a produção fecal. Para silagem de milho, apenas as estimativas por
meio do FDAi in vitro não diferiram da coleta total e as estimativas de produção fecal
utilizando os indicadores FDAi e FDNi diferiram da coleta total para a cana-de-açúcar,
enquanto o indicador Cr
2
O
3
não apresentou diferença. Esses autores relataram,
portanto, que os indicadores apresentam comportamento diferenciado de acordo com
cada volumoso estudado e, entre as razões para essa diferença, possivelmente seria a
constituição da fibra de cada volumoso a qual desempenha importante papel, podendo
afetar a taxa e extensão de degradação.
No presente experimento não foi observado efeito significativo para a interação
período experimental e indicador utilizado, e, os resultados demonstram que os
indicadores FDNi e FDAi não foram eficientes na estimativa da produção fecal para a
forrageira Brachiaria cv. Marandu aos 30 e aos 60 dias de rebrota. A idade de rebrota e,
conseqüentemente, os teores de FDNi e FDAi não influenciaram o comportamento
desses indicadores em um mesmo volumoso, possivelmente por apresentarem
arranjamento da molécula de lignina semelhantes. Contudo, como proposto por
BERCHIELLI et al. (2005), em dietas compostas por diferentes volumosos e que, dessa
forma, possuam diferente arranjamento da molécula de lignina, o comportamento dos
indicadores internos FDNi e FDAi nas estimativas podem ser diferentes em função da
dieta fornecida aos animais.
Apesar da superestimativa, o indicador externo Cr
2
O
3
foi o indicador que mais se
aproximou ao valor obtido com a coleta total de fezes e, caso a coleta total de fezes não
fosse realizada durante o período experimental, o Cr
2
O
3
seria o indicado para a
estimativa do fluxo de digesta duodenal por apresentar os valores mais adequados.
Os indicadores internos foram considerados os menos indicados para estimar a
recuperação de matéria seca fecal (395,1% e 315,1% para FDNi e FDAi,
respectivamente) e diferiram significativamente (P<0,05) entre si e do indicador externo
Cr
2
O
3
.
Possivelmente, a quantidade de coletas realizadas durante os períodos
experimentais tenha influenciado a recuperação do indicador nas fezes, visto que foram
realizadas coleta de omaso, duodeno e coleta de fezes na ampola retal, além da coleta
total de fezes, durante o experimento.
3.2 Fluxo de digesta duodenal
O cálculo do fluxo de digesta duodenal foi estimado através dos valores obtidos
com a coleta total de fezes.
Os dados referentes à estimativa de fluxo de digesta duodenal e digestibilidade
ruminal estimada com os indicadores são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Médias de fluxo duodenal e digestibilidade ruminal da matéria seca
estimadas com os indicadores Cr
2
O
3
, FDNi e FDAi à partir da coleta total
de fezes
Cr
2
O
3
FDNi FDAi
CMS
(kg/dia)
Fluxo duodenal de MS (kg/dia) 3,57
a
1,60
b
0,88
c
4,11
Digestibilidade ruminal da MS (%)
1
10,7
a
61,3
b
78,6
c
Médias seguidas de letras minúsculas iguais nas linhas não diferem entre si, pelo Teste F (P>0,05), * não diferem
estatisticamente entre si para esta variável (P>0,05)
1
Digestibilidade obtida com as médias de fluxo duodenal estimadas com cada indicador
CMS= consumo de matéria seca, FDNi= fibra em detergente neutro indigestível, FDA= fibra em detergente ácido
indigestível
Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para a idade de rebrota da
forrageira e do período experimental e das interações na estimativa de fluxo de digesta
duodenal. Os valores de fluxo de matéria seca duodenal diferiram, significativamente
(P<0,05), em função do indicador utilizado.
Não há relato, na literatura, de valores de fluxo de digesta em bovinos recebendo
dieta exclusiva de volumoso fresco. No intervalo proposto com as idades de corte desse
experimento, o esperado seria o menor fluxo de nutrientes para a forrageira mais velha,
visto que, com o aumento na proporção de fibra da dieta decorrente da maturidade da
forrageira, diminuição na taxa de passagem do alimento e, conseqüentemente, do
fluxo de digesta. Entretanto, nesse experimento foi observado valor semelhante de fluxo
de nutrientes duodenal para as idades de rebrota de 30 e 60 dias da Brachiaria
brizantha cv. Marandu. A ausência de efeito significativo (P>0,05) para a digestibilidade
ruminal das fibras nesse intervalo de rebrota provavelmente seja responsável pela
semelhança do fluxo de nutrientes duodenal.
O Cr
2
O
3
como indicador externo superestimou o fluxo de matéria seca duodenal.
O indicador FDNi na estimativa do fluxo duodenal de matéria seca em bovinos
alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu apresentou valores biologicamente
mais adequados considerado-se uma digestibilidade ruminal média da matéria seca em
torno de 65% (VALADARES FILHO et al., 1990). O indicador FDAi não foi considerado
adequado na estimativa do fluxo de matéria seca duodenal por estimar a digestibilidade
ruminal da matéria seca em 78,6%, considerada alta para uma dieta exclusiva de
forragem. LEÃO et al. (2004) relataram digestibilidade ruminal da matéria seca de
73,2% em animais alimentados com feno e mistura concentrada na proporção de
60:40%, respectivamente; assim como TIBO et al. (2000) relataram a digestibilidade
ruminal da matéria seca em 73,2% em dietas contendo 37,5% de concentrado.
3.3 Digestibilidades ruminal e pós-ruminal
Como o indicador FDNi estimou de forma mais adequada o fluxo de digesta
duodenal, o mesmo foi utilizado para o cálculo das digestibilidades ruminal e pós-
ruminal dos nutrientes. Na Tabela 4 são apresentados os dados de digestibilidade
ruminal e pós-ruminal da forrageira Brachiaria brizantha cv. Marandu, estimadas por
FDNi. Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para a idade de rebrota da
forrageira, para o período experimental e interações na estimativa das digestibilidades
ruminal e pós-ruminal.
Segundo TITGEMEYER (1997), valores de digestão ruminal e no trato total
dependem da dieta consumida e do nível de ingestão e, em dietas basicamente
constituídas de forragem, a digestão ruminal é quase igual à digestão no trato total. No
experimento em questão foram observados, para a digestibilidade ruminal da matéria
seca e da matéria orgânica, valores superiores, porém, próximos aos da digestibilidade
aparente total no trato gastrintestinal.
Em ruminantes alimentados com forragens e subprodutos de boa qualidade,
acima de 80% da digestão da fibra ocorre no rúmen. Os resultados observados na
estimativa da digestibilidade ruminal neste experimento, demonstraram a digestibilidade
ruminal da FDA e FDN entre 96,66 e 99,39%, respectivamente, evidenciando que as
fibras foram quase totalmente digeridas no rúmen e, portanto, que a forrageira
Brachiaria brizantha cv. Marandu pode ser considerada uma forragem de boa
qualidade.
Tabela 4. Médias das digestibilidades ruminal e pós-ruminal da matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA) estimadas pelo indicador FDNi em bovinos
alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu
1
% do total digerível
4 Conclusões
Bovinos de corte consumindo Brachiaria brizantha cv. Marandu em idades de
rebrota de 30 ou 60 dias, durante o verão, apresentaram fluxo de matéria seca
semelhantes.
Na estimativa do fluxo duodenal de nutrientes o indicador FDNi apresentou o
resultado mais adequado, porém o mesmo não foi eficiente na estimativa de produção
fecal dos animais.
O indicador Cr
2
O
3
superestimou tanto o fluxo de duodenal quanto a produção
fecal, porém, foi o que mais se aproximou a coleta total de fezes em bovinos
alimentados com Brachiaria brizantha cv. Marandu, enquanto o indicador FDAi
superestimou a produção fecal dos bovinos.
Coeficientes de digestibilidade dos nutrientes
(%)
MS MO FDN FDA
Digestibilidade Aparente Total 74,06 75,27 74,03 69,63
Digestibilidade Ruminal
1
79,47 86,17 99,39 96,66
Digestibilidade Pós Ruminal
1
20,53 12,98 0,61 3,34
CAPÍTULO 4 – IMPLICAÇÕES
O resultado obtido na estimativa do fluxo duodenal de nutrientes, através do
método de único indicador, apesar de ser biologicamente adequado poderia ter maior
confiabilidade caso fosse empregado métodos mais acurados e já existentes como o de
duplo e triplo indicadores. Os dois métodos citados, de duplo e triplo indicadores na
estimativa de fluxo de nutrientes, estão sendo estudados e aprimorados por
pesquisadores estrangeiros justamente por tentar recuperar, ou reconstituir, através do
cálculo, a digesta duodenal verdadeira que se sabe não ser idêntica à coleta amostrada
durante a coleta com a utilização da cânula do tipo T. No Brasil, entretanto, ainda não
pesquisa com esses métodos na estimativa de fluxo duodenal, que nos permitiria
além de resultados mais acurados a padronização da metodologia da estimativa de
fluxo duodenal de nutrientes, apesar de serem matematicamente mais complexos.
A quantidade de coletas realizadas durante os períodos experimentais visto que
foram realizadas coleta de omaso, duodeno e coleta de fezes na ampola retal, além da
coleta total de fezes, durante o experimento, teve efeito sob a recuperação do indicador
nas fezes, associando erros a uma metodologia que encontra problemas em sua
utilização, a dos indicadores. Há, portanto, a necessidade de atenção quanto ao
número de coletas além das necessárias para o parâmetro a ser estimado, durante os
experimentos, visando não desmerecer a metodologia dos indicadores por possíveis
problemas na recuperação e determinação dos mesmos nas amostras.
Os resultados obtidos no experimento, com as diferentes idades de rebrota da
forrageira, não demonstram claramente a falta de influência do volumoso utilizado na
dieta sobre os indicadores internos, ficando a hipótese que não o teor do indicador, mas
o arranjamento das fibras que compõem o volumoso é que poderiam influenciar a
recuperação dos indicadores internos.
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