Download PDF
ads:
ESTUDO FUNCIONAL DE PROTEÍNAS PRION
CELULAR MUTANTES NO DOMÍNIO DE
LIGAÇÃO À STI1 E A VITRONECTINA
PAMELA ANDRADE LOURENÇO PEREDA
Dissertação apresentada à Fundação Antônio
Prudente para obtenção do título de Mestre em
Ciências
Área de Concentração: Oncologia
Orientador: Dra. Vilma Regima Martins
São Paulo
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Pereda, Pamela Andrade Lourenço
Estudo funcional de proteínas prion celular mutantes no domínio
de ligação à STI1 e a vitronectina / Pamela Andrade Lourenço Pereda
– São Paulo, 2007.
80p.
Dissertação (Mestrado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências - Área de concentração:
Oncologia.
Orientadora: Vilma Regina Martins
Descritores: 1. DOENÇAS DE PRION. 2. PROTEINAS MUTANTES. 3.
SÍNDROME DE GERSTMANN-STRAUSSLER-SCHEINKER. 4.
PROTEINAS PRPC. 5. VITRONECTINA.
ads:
Ao meu marido Camilo Pereda e ao meu filho Caíque
Pereda por serem a razão da minha felicidade.
Eu amo vocês!
AGRADECIMENTOS
À Dra. Vilma R. Martins, pela orientação, por seu compromisso com o
ensino e pela oportunidade de integrar um dos mais respeitados grupos de
pesquisa do Brasil;
Às Dras Marilene Lopes e Gláucia Hajj, pela excencial contribuição no
desenvolvimento deste trabalho.
Ao Dr. Luiz Fernando L. Reis, pela excelência na condução desta pós-
graduação e pelo 7 na Capes;
Aos amigos do laboratório de Biologia Celular e Molecular: Camila,
Cinthia, Cleiton, Eliane, Gabriel, Michele, Zanith, Flávio e Tiago por todos os
momentos compartilhados, amizade, carinho, lições e ajuda;
À Regina Nomizo, pela valiosa ajuda nos experimentos de citometria de
fluxo;
A todos os funcionários e colegas do Instituto Ludwig, que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, e em especial para
Sra. Conceição, Isabel, Leia, Sr. Eudes, Sampaio;
A Capes, FAPESP e ao Howard Hughes Medical Institute pelo apoio
financeiro;
À minha família, por toda a ajuda, por todo o amor;
Especialmente, ao meu marido por sempre estar ao meu lado para tudo;
E a Deus, o meu imenso obrigada!!!
RESUMO
Pereda PAL. Estudo funcional de proteínas prion celular mutantes no
domínio de ligação à STI1 e a vitronectina. São Paulo; 2007. [Dissertação
de Mestrado-Fundação Antônio Prudente].
A proteína prion celular (PrP
C
) é a isoforma normal da proteína infecciosa
denominada prion ou PrP
Sc
. A forma infecciosa está envolvida em doenças
neurodegenerativas transmissíveis, tanto em homens (doença de
Creutzfeldt-Jakob, doença de Gerstmann-Sträussler-Scheinker ou GSS e
Insônia Familial Fatal), quanto em animais (scrapie, encefalopatia
espongiforme bovina, etc). Nosso grupo recentemente caracterizou dois
ligantes que interagem com PrP
C
através do domínio 105-128. A proteína
STI1 (“Stress inducible protein 1”), uma co-chaperonina que associa-se aos
resíduos 113-128 de PrP
C
levando a neuritogênese e neuroproteção por vias
de sinalização distintas. Além disso, está envolvida com a proliferação
celular em gliomas. A segunda, vitronectina (Vn), uma proteína de matriz
extracelular, interage com os aminoácidos 105-119 de PrP
C
modulando o
crescimento axonal. Mutações em PrP
C
nos códons Pro102leu, Pro105Leu e
Ala117Val (correspondentes aos aminoácidos 101, 104 e 116 na seqüência
de camundongos) estão contidas no sítio de interação com STI1 e
vitronectina e estão associadas à síndrome de Gerstmann-Straussler-
Scheinker (GSS), uma doença priônica hereditária. É interessante notar que
camundongos transgênicos com alta expressão do gene de PrP
C
contendo a
mutação Pro101Leu apresentam neurodegeneração espontânea, enquanto
que sua expressão em níveis normais causa maior susceptibilidade à
infecção por PrP
Sc
. Já a mutação Ala117Val produz uma forma
transmembrânica de PrP
C
que, no entanto, não causa deposição de PrP
Sc
nem infecção. Diante destes dados, pode-se propor que mutações nestes
domínios de PrP
C
estejam associadas à perda de função de PrP
C
. A
modulação da interação de PrP
C
com STI1 e vitronectina pode ainda ter um
papel relevante em outras doenças humanas relacionadas a proliferação e
morte celular, como o câncer. Desta forma, é bastante relevante conhecer o
papel das alterações no domínio de PrP
C
contido entre os aminoácidos 102
a 128 sobre os eventos biológicos desencadeados pela sua interação com
STI1 e vitronectina. Vetores de expressão contendo construções de PrP
C
tipo selvagem ou com mutações nos codons 102, 105 e 117 associadas com
os polimorfismos 129Met ou 129Val fusionadas a GFP foram geradas e
expressas em células eucarióticas. Através de microscopia confocal
mostramos que as construções GFP-PrP
C
129Met, GFP-PrP
C
129Val, GFP-
PrP
C
102Leu/129Met; GFP-PrP
C
102Leu/129Val; GFP-PrP
C
105Leu/129Met;
GFP-PrP
C
105Leu/129Val; GFP-PrP
C
117Val/129M são corretamente
endereçadas à membrana plasmática e região perinuclear. E que a
construção GFP-PrP
C
117Val/129Val fica retida no citoplasma celular e a
forma detectada em ensaios de western blotting tem uma massa molecular
de cerca de 45KDa que contrasta com aquelas de 60KDa presente nas
outras contruções. As contruções transfectadas em células N2a foram
selecionadas e clones com expressão semelhante das proteínas foram
isolados. Ensaios de migração à vitronectina mostraram que não havia
diferença etre os clones expressando a proteína tipo selvagem ou os
mutantes. Ensaios de migração à STI1 não foram realizados uma vez que
esta proteína não induziu migração em ensaios de haptotaxia. No entanto,
este ensaio não é suficiente para afirmar que as mutações não afetam a
função normal da proteína. Assim, outras abordagens devem ser realizadas
a fim de melhor avaliar o impacto destas mutações na função normal de
PrP
C
.
SUMMARY
Pereda PAL. [Functional study of mutant prion proteins in ligation
domain STI1 and vitronectin]. São Paulo; 2007. [Dissertação de Mestrado-
Fundação Antônio Prudente].
The cellular prion protein (PrP
C
) is a normal isoform of the infectious protein
denominated prion or PrP
Sc
(scrapie prion protein). The infectious form is
envolved in fatal neurodegenerative disorders, such as Creutzfeldt- Jakob
disease (CJD), Gerstman-Straussler-Scheinker syndrome (GSS) and Fatal-
Familial- Insomnia (FFI) in humans, or scrapie and bovine spongiform
encephalopathy (BSE) in animals. Recently, our group characterized two
ligands that interact with PrP
C
through 105-128 aminoacids domain. The first
ligand, STI1 protein (Stress-Inducible-Protein 1), a co-chaperone, binds PrP
C
at the residues 113-128 promoting neuritogenesis and neuroprotection
through distintic signaling pathway. Moreover, PrP
C
-STI1 interaction is
involved in the Glioma cellular proliferation. The second ligand, Vitronectin
(Vn), an extracellular matrix protein, interacts with PrP
C
at the aminoacids
105-119 modulating the axonal growth. PrP
C
mutations at codons Pro102Leu
and Ala117Val (corresponding to aminoacids 101, 104 and 116 in mice
sequence) represents the STI1 and VN binding sites in the PrP
C
molecule
and are associated to Gerstmann-Straussler-Scheinker syndrome (GSS), an
hereditary prion disease. Interestingly, transgenic mice expressing high
levels of PrP
C
mutant (Pro101Leu) showed spontaneous neurodegeneration,
while its expression in basal level causes more susceptibility the PrP
Sc
. On
the other hand, PrP
C
mutation Ala117Val produces a PrP
C
transmembrane
form that does not cause neither deposition of PrP
Sc
nor infection. Taken
together, these data suggest that PrP
C
mutation might be associated to PrP
C
loss-of-function. The modulation of PrP
C
interaction with STI1 and Vitronectin
can still play a relevant role in other human disease related to proliferation
and cellular death, like cancer. Indeed, it is relevant to know the role of the
altered PrP
C
molecule within aminoacids 102-128 and to investigate the
biological events triggered by STI1 and Vitronectin interaction. xpression
vectors presenting wild-type or mutated PrP
C
at codons 102, 105 and 117
combined with the polymorphism 129Met or 129Val and fused do GFP were
generated and expressed in eucariotic cells. Using confocal microscopy, we
showed that GFP-PrP
C
129Met, GFP-PrP
C
129Val, GFP-PrP
C
102Leu/129Met; GFP-PrP
C
102Leu/129Val; GFP-PrP
C
105Leu/129Met;
GFP-PrP
C
105Leu/129Val; GFP-PrP
C
117Val/129M were correctly localized
on the plasma membrane and perinuclear region while GFP-PrP
C
117Val/129Val remained stuck in the cytoplasm. Using western blot assays
we observed that the GFP-PrP
C
117Val/129Val presented a main form or
45KDa while all of the other constructions had 60KDa. N2a cells were stably
transfected with these constructions and selected clones with similar
expression of PrP
C
or its mutated forms were isolated. In migration assays
promoted by vitronectin the cells expressing the mutated PrP
C
protein
presented the same migratory activity of those expressing the mutated
proteins. Migration assays induced by STI1 were not preformed since this
protein was unable to induce migration. Nonetheless, these preliminary
observations do not preclude that PrP
C
mutations do not affect the normal
function of the protein. Further work, with different approaches, should be
addressed for a better evaluation of the impact of these mutations on the
normal functions of the cellular prion protein.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Gel agarose, purificação de vetor 32
Figura 2 Vetor pEGFP-C1 33
Figura 3 Sequenciamento do clone de PrP
C
P102L 34
Figura 4 Sequenciamento do clone de PrP
C
P102L com polimorfismo
no códon 129. 34
Figura 5 PCR recombinante. 36
Figura 6 Digestão diagnóstica. 37
Figura 7 Sequenciamento dos clones de PrP
C
P102L, P105L. 38
Figura 8 Sequenciamento do clone de PrP
C
A117V, M129V. 39
Figura 9 Linhagem F14 expressa PrP
C
. 40
Figura 10 Linhagem F14 expressa PrP
C
endógeno. 41
Figura 11 Curva de seleção celular com blasticidina. 42
Figura 12 CF10 não expressa PrP
C
endógeno. 43
Figura 13 Imagem em microscopia confocal da sublocalização das
proteínas quimeras. 47
Figura 14 Western Blotting do pool de células HEK 293T transfectadas
com os mutantes. 48
Figura 15 As células N2a expressam as construções transfectadas. 50
Figura 16 Histograma representativo de ensaios de citometria de fluxo. 51
Figura 17 Histograma representativo de ensaios de citometria de fluxo. 52
Figura 18 Clones de células N2a transfectadas (polimorfismos no códon
129). 53
Figura 19 Clones das células transfectadas (mutações). 54
Figura 20 Citometria de fluxo N2a. 55
Figura 21 Citometria de fluxo dos clones de N2a com o anticorpo 3F4. 56
Figura 22 Anticorpo M235 reconhece PrP
C
humano em células
HEK293. 57
Figura 23 Gráfico dos ensaios de migração contra Vn com os
clones #1. 61
Figura 24 Gráfico dos ensaios de migração contra Vn com os
clones # 2. 62
Figura 25 Gráfico comparativo das médias independentes entre os
clones 1 e 2. 63
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1 Média de intensidade de fluorescência dos Clones 1. 58
Tabela 2 Média geométrica para distribuição de eventos dos clones 2. 59
Quadro 1 Resumo das principais mutações descritas no gene do PrP
C
. 10
Quadro 2 Linhagens celulares testadas. 45
LISTA DE ABREVIATURAS
Ala Alanina
Asn Asparagina
Asp Aspartato
BSA Albumina Sérica Bovina
CJD Creutzfeldt-Jakob Disease
DNA Ácido Desoxirribonucléico
FFI Insônia Familial Fatal
GFP Proteína fluorescente verde
GPI Glicosilfosfatidilinositol
GSS Gerstmann-Sträussler-Scheinker
IPTG Isopropyl-beta-D-thiogalactopyranoside
Kd Constante de dissociação
KDa kilodaltons
LB Meio Luria-Bertani
Leu Leucina
LN Laminina
MAPK Proteína Quinase Ativada por Mitógenos
Met Metionina
PBS Tampão Salina Fosfato
PCR Reação em cadeia da polimerase
PI3K Fosfatidil-inositol 3 quinase
PKA Proteína Quinase dependente de cAMP
Prnp Gene da Proteína Prion Celular
Pro Prolina
PrP
C
Proteína Prion Celular
PrP
SC
Proteína Prion Celular Scrapie
RNA Ácido Ribonucléico
SDS Duodecil Sulfato de Sódio
SFB Soro Bovino Fetal
STI1 Stress inducible protein 1
TBS/TBST Tris Buffered Saline/ Tris Buffered Saline Tween
TE Tris-EDTA
TSE Encefalopatia espongiforme transmissível
UV Ultravioleta
Val Valina
Vn Vitronectina
Xgal 5-bromo-4-chloro-3-indolyl-beta-D-galactopyranoside
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis 1
1.2 Descoberta do agente infeccioso 3
1.3 Proteína Prion Celular (PrP
C
) 5
1.4 Associação de mutações no gene de PrP
C
e TSEs 9
2 OBJETIVOS 14
2.1 Objetivo geral 14
2.2 Objetivos específicos 14
3 MATERIAL E MÉTODOS 15
3.1 Clonagem dos mutantes de PrP
C
102L/129M e do alelo normal com
129V em vetor pGEM
15
3.1.1 Extração de DNA plasmidial 17
3.2 Construção dos mutantes 102Leu/129Val, 105Leu/129Val,
105Leu/129Met 117Val/129Met, 117Val/129Val em vetor que
expressa proteína fluorescente verde
19
3.2.1 Preparo do Vetor pGFP para clonagem do peptídeo sinal humano 19
3.2.2 Preparo do vetor peptídeo sinal-pEGFP para clonagem dos
mutantes
20
3.2.3 Desenho dos iniciadores com mutação na seqüência de interesse 20
3.2.4 Extração de DNA em larga escala 22
3.3 Padronização da transfecção das construções dos mutantes de
PrP
C
em pGFP
24
3.3.1 Transfecção com CaCl2 24
3.3.2 Transfecção com Lipofectamina 25
3.3.3 Eletroporação 25
3.3.4 Transfecção com Effectene 26
3.3.5 Linearização dos Vetores 26
3.4 Imunodetecção 27
3.5 Seleção com antibiótico 28
3.6 Citometria de fluxo 29
3.7 Análise de distribuição sub-celular de PrP
C
29
3.8 Ensaio de Migração
3.9 Microscopia Confocal
4 RESULTADOS 31
4.1 Construção dos mutantes de PrP
C
em vetor que expressa a
proteína fluorescente verde (GFP)
31
4.2 Padronização das transfecções de mutantes fusionados a pEGFP
em diferentes linhagens celulares
39
4.3 Avaliação da localização sub-celular de PrP
C
46
4.4 Geração de clones celulares de células N2a transfectadas com
pEGFP associatdo aos mutantes de PrP
C
49
4.4 Análise quantitativa da expressão de PrP
C
nos clones de células
N2a transfectadas com os mutantes de PrP
C
58
4.5 Ensaios de migração célular induzida por vitronectina nos clones de
N2a expressando PrP
C
mutantes
60
4.6 Ensaios de migração celular à STI1 dos clones de N2a
expressando PrP
C
mutantes
63
5 DISCUSSÃO 64
6 CONCLUSÕES 70
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71
Pamela Andrade Lourenço Pereda
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 ENCEFALOPATIAS ESPONGIFORMES TRANSMISSÍVEIS
Encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs) são doenças
neurodegenerativas caracterizadas pela morte neuronal e vacuolização
cerebral. Essas enfermidades acometem homens e animais e apresentam
caráter hereditário, infeccioso ou esporádico.
A doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD) assim chamada por ter sido
descrita primeiramente por Creutzfeldt em 1920 e por Jakob em 1921, é a
mais comum das TSEs, pode apresentar caráter autossômico dominante, e
neste caso acomete uma em um milhão de pessoas. CJD também pode
manifestar-se através de contágio iatrogênico ou apresentar caráter
esporádico. Os sintomas apresentados resumem-se em desordens visuais,
perda da memória e movimentos mioclônicos, sendo que estes sintomas
evoluem até a morte num período de 12 meses (RICHARDSON e
MASTERS 1995).
Há relatos de transmissão iatrogênica de CJD por transplante de
dura-máter e córnea de indivíduos com TSE (LANG et al. 1998), foi
constatada também a contaminação por material cirúrgico mal esterilizado
(FLECHSIG et al. 2001). Segundo trabalhos recentemente publicados, há
possibilidade também da transmissão de CJD por transfusão de
hemocomponentes (LLEWELYN et al. 2004).
Pamela Andrade Lourenço Pereda
2
Os casos esporádicos da doença foram assim denominados pela
impossibilidade de associá-la a mutações gênicas, exposição a agentes
infecciosos ou qualquer indício que justifique sua causa (WILL 2003).
A síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker (GSS) é uma outra
TSE, também hereditária e autossômica dominante. Possui como
sintomatologia: ataxia, tremores, dificuldades de locomoção, distúrbios da
fala, irritabilidade, comportamento descontrolado e redução da capacidade
intelectual.
A última TSE descrita é a Insônia Familial Fatal, que se manifesta em
idade menos avançada que a CJD, por volta dos 48 anos de idade e
costuma causar distúrbios do sono, do sistema endócrino e motor causando
por último a demência (MEDORI et al. 1992).
Em animais, a TSE mais conhecida é a encefalopatia espongiforme
bovina (BSE), também chamada de “doença da vaca louca”, que é causada
pela contaminação do gado através de ração suplementada com proteína de
carne e ossos de ovelhas contaminadas por scrapie (PRUSINER et al.
1991). O scrapie é outra TSE que se manifesta em ovelhas e cabras,
causando perda de coordenação e intenso prurido (PRUSINER 1982;
BASLER et al. 1986).
Por sua vez, a doença mais preocupante, particularmente na América
do Norte é a “Chronic Wasting disease” e a “Transmissible Mink
Encephalopathy” que afetam animais de vida livre como o visão, cervos,
antílopes e martas respectivamente.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
3
1.2 DESCOBERTA DO AGENTE INFECCIOSO
Diferentes modelos experimentais foram realizados na tentativa de
melhor compreender o mecanismo de transmissão das TSEs e de purificar o
seu agente etiológico.
Estes modelos tornaram possível a obtenção de grandes quantidades
de extratos protéicos provenientes de cérebro de animais portadores da
doença. Assim através de diversas técnicas como a centrifugação
diferencial, extrações com detergentes, proteólise limitada, precipitação com
sulfato de amônio e eletroforese, pôde-se constatar que este agente tratava-
se de uma partícula infecciosa exclusivamente protéica. Uma característica
muito interessante do agente infeccioso é a sua resistência parcial à
digestão proteolítica.
A descoberta de que as TSEs eram causadas por um agente protéico
provocou uma quebra de paradigma, ao se contrastar com a afirmação da
biologia de que doenças infecciosas são causadas por microorganismos que
contêm ácidos nucléicos (DNA e RNA) (PRUSINER 1982).
Através de anticorpos produzidos a partir do agente infeccioso
purificado, pode-se reconhecer uma proteína de 27-30kDa em extratos
protéicos de cérebro de animais infectados. Entretanto, em extratos
protéicos de cérebro de animais não infectados, os anticorpos também
reconheciam uma proteína com cerca de 30-35kDa, ou seja, foi observado
que havia uma isoforma normal do agente infeccioso (OESCH et al. 1985).
Pamela Andrade Lourenço Pereda
4
Desta forma, os estudos possibilitaram o sequenciamento da proteína
reconhecida por este anticorpo, tornando possível assim a clonagem do
gene homólogo ao agente infeccioso (OESCH et al. 1985; CHESEBRO et al.
1985). Esta isoforma normal foi denominada proteína prion celular ou PrP
C
e
a forma infecciosa proteína prion scrapie ou PrP
Sc
(BASLER et al. 1986).
Supõe-se que PrP
Sc
seja capaz de converter moléculas de PrP
C
em
moléculas resistentes à digestão proteolítica. A maior evidência para esta
hipótese é dada pelo fato de animais deficientes para o gene de PrP
C
não
apresentarem a doença (BUELER et al. 1992).
Devido a grande insolubilidade de PrP
Sc
, é provável que seu acúmulo
seja um dos motivos que levem à morte neuronal e deposição de material
amilóide, degenerando assim as células do sistema nervoso.
Vários modelos tem sido propostos para explicar a formação de
aglomerados de PrP
Sc
, porém a proposta geral é que a proteína se
desestabilize em consequência da infecção com PrP
Sc
e se converta de
PrPc em PrPsc. O acúmulo de PrP
Sc
leva a
progressão rápida dessas
doenças
.
(HUANG et al. 1994; COHEN et al. 1994).
Entretanto, há ainda muitas questões em aberto, pois já foram
descritos casos de doenças causadas por prion onde não são encontrados
tais aglomerados.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
5
1.3 PROTEÍNA PRION CELULAR (PrP
C
)
PrP
C
é uma proteína de superfície celular, codificada pelo gene (Prnp)
presente no cromossomo 20 em humanos e 2 em camundongos (OESCH et
al. 1985; CHESEBRO et al. 1985). PrP
C
possui aproximadamente 250
aminoácidos, dos quais os primeiros 22 na extremidade amino-terminal
sinalizam o endereçamento ao retículo endoplasmático rugoso, onde o
peptídeo sinal N-terminal (resíduo 1-22) e o segmento hidrofóbico C terminal
(resíduos 231-253) são clivados, seguindo-se a adição da âncora de
glicosilfosfatidilinositol (GPI). Esta é então encaminhada para o complexo de
Golgi e transportada até a superfície celular (PRUSINER et al. 1991;
HARRIS 1999).
A estrutura tridimensional da proteína prion foi determinada por
ressonância magnética em pH ácido (RIEK et al. 1996, 1997).
A expressão de PrP
C
é mais abundante em neurônios, mas também
ocorre em outros tipos celulares como os gânglios simpáticos e células
componentes do sistema imune (FORD et al. 2002). A distribuição sub-
celular se dá em membranas celulares pré-sinápticas (HERMS et al. 1999),
em axônios em crescimento (SALES et al. 2002) e no citoplasma de alguns
tipos neuronais (MIRONOV et al. 2003).
PrP
C
é constitutivamente expresso em diferentes tecidos de animais
adultos (BASLER et al. 1986) e suas concentrações são altamente
reguladas durante o desenvolvimento. Em camundongos, PrP
C
pode ser
encontrado a partir do nono dia de vida intra-uterina e, após o nascimento a
Pamela Andrade Lourenço Pereda
6
expressão da proteína aumenta atingindo um pico de expressão no dia 14º
pós-natal. Dependendo da região do cérebro, estas concentrações de PrP
C
se mantêm ou diminuem no animal adulto (SALES et al. 2002).
A função de PrP
C
ainda não foi completamente desvendada, porém
sua conservação evolutiva sugere um importante papel fisiológico. PrP
C
pode desempenhar funções tanto isoladamente quanto associado a outras
proteínas e está relacionado a muitos fenômenos biológicos desde estresse
oxidativo até ativação de linfócitos, apresentando também várias funções em
células neuronais (MARTINS e BRENTANI 2002).
A principal hipótese sobre a função de PrP
C
é que a proteína prion
seja uma plataforma de superfície celular dinâmica para reunir a modulação
de sinais baseados na seletividade de interações moleculares e sinalizações
transmembrana, traduzindo desta forma uma vasta gama de consequências
fisiológicas e comportamentais (revisado por LINDEM et al. 2007).
PrP
C
possui dois sítios altamente conservados de glicosilação, sendo
que pode ser encontrado na forma não glicosilada, monoglicosilada ou
diglicosilada. O papel da glicosilação foi atribuido a suscetibilidade de
conversão conformacional, bem como a diversidade das TSEs (LAW SON et
al. 2005). Algumas simulações de dinâmica molecular sugerem que os
glicanos N-ligados podem modular a estabilidade de PrP
C
(ZUEGG e
GREADY 2000; ERMONVAL et al. 2003; DEMARCO e DAGGERT 2005).
Recentemente, CHEN et al. (2003), mostraram que PrP
C
participa no
estímulo de vias de sinalização envolvidas em sobrevivência e diferenciação
neuronal como: Fyn quinase, fosfatidil-inositol 3 quinase (PI3K), proteína
Pamela Andrade Lourenço Pereda
7
quinase dependente de cAMP (PKA) e proteína quinase ativada por
mitógenos (MAPK).
Nosso grupo caracterizou a interação entre PrP
C
e a proteína de
matriz extracelular laminina (LN). Esta interação possui alta afinidade (Kd
2x10
-8
M) e especificidade e se dá entre o decapeptídeo da região carboxi-
terminal da cadeia γ1 de LN (GRANER et al. 2000) e o domínio entre os
aminoácidos 173 ao 182 de PrP
C
(COITINHO et al. 2006).
Sugere-se que a interação PrP
C
-LN possa ter um importante papel
fisiológico em uma variedade de tecidos onde ambas são expressas. Nosso
grupo identificou que esta interação induz neuritogênese ex vivo, em culturas
primárias de neurônios hipocampais. Entretanto neurônios derivados de
animais deficientes para PrP
C
(Prnp
0/0
) apresentaram neuritogênese
reduzida em resposta a LN. Além disso, quando estes neurônios foram
plaqueados sobre o peptídeo carboxi-terminal da cadeia γ1 de LN, apenas
aqueles do tipo selvagem apresentavam neuritogênese (GRANER et al.
2000). Isto indica que a ligação de PrP
C
à LN é um processo importante na
diferenciação neuronal.
Outros dados demonstram ainda que o bloqueio da interação PrP
C
-LN
usando anticorpos específicos impede a consolidação da memória de longa
duração (COITINHO et al. 2006).
Nosso grupo também demonstrou através de ensaios de ligação in
vitro a interação de alta afinidade (Kd de 10
-7
M) entre PrP
C
e uma co-
chaperonina denominada STI1 (“Stress inducible protein 1) (ZANATA et al.
2002). Os domínios de interação foram mapeados entre os aminoácidos
Pamela Andrade Lourenço Pereda
8
113-128 de PrP
C
e entre os resíduos 230-245 de STI1 (ZANATA et al. 2002).
Além de observarmos a expressão de STI1 na superfície celular, também
demonstramos que STI1 depende de PrP
C
para induzir um efeito protetor
contra apoptose em um modelo já estabelecido de neurônios da retina. STI1
estimula tanto a via de MAPK quanto a de PKA, no entanto somente esta
última é relevante para o fenômeno de neuroproteção (CHIARINI et al. 2002;
ZANATA et al. 2002).
Dados recentes do grupo mostraram que a interação entre PrP
C
e
STI1 apresenta efeito neuroprotetor não apenas em neurônios retinianos
mas também em neurônios hipocampais ao ativar a via de PKA; além disso,
promove crescimento neurítico através da via de MAPK nestas células
(LOPES et al. 2005).
Após a observação que PrP
C
interage com a proteína de matriz
extracelular LN (GRANER et al. 2000) o grupo avaliou se PrP
C
poderia agir
como um receptor pleiotrópico, ligando-se a outras proteínas de matriz. De
fato, observou-se a interação da PrP
C
com a proteína denominada
vitronectina. Por outro lado a interação não ocorre com outras proteínas da
matriz extracelular como fibronectina e colágeno IV (HAJJ et al. 2007).
A vitronectina (Vn) é uma glicoproteína multifuncional de 459
aminoácidos e massa molecular de 75kDa, que está relacionada a
processos metabólicos como adesão celular, mecanismos de defesa
humoral, invasão e migração celulares (SEGER e SHALTIEL 2000). É
possível observar a presença de Vn em vários tecidos como músculo
esquelético, rins, tecido conjuntivo e nervoso (HAYMAN et al. 1983).
Pamela Andrade Lourenço Pereda
9
Vn possui a capacidade de interagir com integrinas e provocar a
formação de “clusters” na membrana celular, o que leva à interação com
proteínas de citoesqueleto acionando cascatas de sinalização intracelulares
(HYNES 2002).
Através de ensaios de ligação semelhantes aos já feitos
anteriormente pelo nosso grupo com PrP
C
, LN e STI1 foi possível
demonstrar a ligação de PrP
C
com Vn como específica e de alta afinidade
(kd 10
-8
M). O sítio de interação entre ambas as proteínas foi mapeado e
reside entre os aminoácidos 105-119 em PrP
C
e 309-322 em Vn. Além disso,
foi possível evidenciar que essa interação é importante no mecanismo de
crescimento axonal de gânglios da raiz dorsal (HAJJ 2004).
Deste modo, alterações na molécula de PrP
C
podem privar o tecido
nervoso de sinais neuroprotetores e de diferenciação neuronal, o que estaria
relacionado ao aparecimento de patologias associadas à perda de função
desta proteína.
1.4 ASSOCIAÇÃO DE MUTAÇÕES NO GENE DE PrP
C
E TSES
Existe uma série de mutações no gene de PrP
C
que levam ao
aparecimento das TSEs. O Quadro 1 fornece-nos uma visão panorâmica a
respeito de todas as mutações já descritas, onde se pode observar que
estas ocorrem em toda a extensão da proteína. Além disso, a razão para
uma mutação causar uma sintomatologia específica associada à uma
doença e não a outra, ainda, não foi estabelecida. Neste aspecto é
Pamela Andrade Lourenço Pereda
10
interessante notar que a mutação que ocorre no resíduo Asp178Asn pode
levar ao aparecimeto de FFI ou CJD, o que determina o desenvolvimento de
uma das doenças é um polimorfismo no aminoácido 129, que varia entre
valina ou metionina. A mutação no códon 178 acompanhada do genótipo
Val129 no mesmo alelo determina o desenvolvimento de CJD, enquanto que
a mutação acompanhada de Met129 causa FFI (MEDORI et al. 1992).
Quadro 1 - Resumo das principais mutações descritas no gene do PrP
C
.
Códon Mutação Patologia associada Referências
51-91 Inserção 48 a 216 pb CJD /GSS GOLDFARB et al. (1993)
102 ProLeu GSS HSIAO et al. (1989)
105 ProLeu GSS YAMADA et al. (1993)
117 AlaVal GSS DOH-URA et al. (1989)
145 TyrSTOP GSS GHETTI et al. (1996)
171 AsnSer Esquizofrenia SAMAIA et al. (1997)
178 AspAsn IFF/CJD GOLDFARB (1991); MEDORI
et al. (1992)
180 Val Ile CJD KITAMOTO et al. (1993)
183 ThrAla CJD NITRINI et al. (1997)
187 HisArg GSS CERVENAKOVA et al. (1999)
188 TrhLys Demência FINCKH et al. (2000)
196 GluLys CJD PEOC’H et al. (2000)
198 PheSer GSS HSIAO et al. (1992 )
200 GluLys CJD GOLDFARB et al. (1991)
202 AspAsn GSS PICCARDO et al. (1998)
208 ArgHis CJD MASTRIANNI et al. (1996)
210 Val Ile CJD POCCHIARI et al. (1993)
211 Glu Gln CJD PEOC’H et al. (2000)
212 Gln Pro GSS PICCARDO et al. (1998)
217 Gln Arg GSS HSIAO et al. (1989)
232 Met Arg CJD KITAMOTO et al. (1994)
Pamela Andrade Lourenço Pereda
11
Diferentes mutações associadas a GSS entre elas Pro102Leu,
Pro105Leu e Ala117Val foram notificadas no domínio 102-125, que
representa o sítio de interação de PrP
C
à Vn e STI1. Uma vez que a
interação de PrP
C
com estas moléculas está envolvida com distintos
fenômenos biológicos como a diferenciação neuronal e a neuroproteção
(ZANATA et al. 2002; CHIARINI et al. 2002; LOPES et al. 2005; HAJJ et al.
2007), torna-se indispensável investigar se essas mutações estão
associadas a perda de função de PrP
C
.
102 (Pro102Leu): Mutação típica de pacientes portadores de GSS, a
doença costuma se apresentar por volta da quarta a sexta década de vida,
os sintomas são síndrome cerebelar progressiva e lenta, com perda da
capacidade mental e distúrbios comportamentais no estágio mais avançado
da doença. Pode-se observar através da análise microscópica depósitos de
material amilóide no cerebelo e no córtex cerebral, associados à alterações
espongiformes (HSIAO et al. 1989).
105 (Pro105Leu): Esta mutação costuma tornar-se evidente em pacientes
com idade média entre 40 e 50 anos de idade, pôde ser observado
clinicamente através de sintomas como a hiperreflexia nos membros
inferiores e sinal de Babinski. Uma análise histológica do córtex cerebral
mostra deposição de PrP
Sc
principalmente no córtex motor, corpo estriado,
tálamo e no cerebelo (YAMADA et al. 1993).
117(Ala117Val): Descrita em pacientes de uma família francesa e de duas
famílias inglesas. A faixa etária de manifestação da doença se apresentou
ampla entre 19 e 64 anos de idade, com uma evolução da doença de 2 a 6
Pamela Andrade Lourenço Pereda
12
anos. Os sintomas apresentados foram a demência pré-senil associada a
sinais extra-piramidais, parkisonismo e ataxia. Histologicamente foi
observada no córtex, gânglio basal, tálamo a deposição de material amilóide,
associados à degeneração espongiforme (DOH-URA et al. 1989).
129(Met129Val): Sabe-se que o polimorfismo (Met129Val) no códon 129 de
PRNP está relacionado à susceptibilidade ao desenvolvimento da doença
esporádica ou adquirida de Creutzfeldt-Jakob (CJD) (WADSWORTH et al.
2004). Este polimorfismo foi identificado pela primeira vez através de um
estudo da doença Gerstmann-Straussler em uma família francesa (DOH-
URA et al. 1989). Posteriormente o mesmo polimorfismo foi determinado em
um estudo no Reino Unido com 22 casos de pacientes com Creutzfeldt-
Jakob. Neste estudo foi encontrado uma maior freqüência de homozigotos
para metionina na posição 129, sendo que 90% dos casos esporádicos de
CJD apresentavam este polimorfismo comparados a 51% de homozigotos
na população normal. Este resultado ressalta a importância do estudo dos
diferentes alelos polimórficos do códon 129 em combinação com as
diferentes mutações patológicas.
DEL BO et al. (2004) mostraram uma associação entre polimorfismo
no códon 129 do gene PRNP e prejuízos cognitivos em indivíduos com
síndrome de Down. Foi encontrada uma diferença significativa na taxa de
declínio da habilidade intelectual em um subgrupo de pacientes que
carregava pelo menos um alelo valina comparado com aqueles com
metionina/metionina. Portanto levando a conclusão que a variabilidade no
Pamela Andrade Lourenço Pereda
13
gene PRNP pode contribuir para acelerar a taxa de declínio cognitivo nestes
indivíduos.
O genótipo Met/Met ou Met/Val no códon 129 do gene PRNP foi ainda
associado a uma melhora na performance na memória de longa duração em
indivíduos jovens normais quando comparados com um grupo semelhante
apresentando Val em homozigose (PAPASSOTIROPOULOS et al. 2005).
Desta forma, sugerindo a importância do códon 129 nas funções celulares
de PrP
C
.
Portanto, o presente trabalho avaliará as mutações em PRNP
associadas a GSS presentes nos códons 102, 105, 117 em combinação com
os polimorfismos valina ou metionina no códon 129.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
14
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Expressar proteínas PrP
C
contendo mutações Pro102Leu, Pro105Leu
e Ala117Val associadas com o polimorfismo 129Met or 129Val e avaliar sua
interação com Vn e STI1, sua distribuição, compartimentalização e
sinalização celular.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Construção dos mutantes de PrP
C
Pro102Leu, Pro105Leu e
Ala117Val associados com polimorfismo no códon 129 metionina ou
valina fusionados a proteína fluorescente verde (GFP),
2. Avaliação da distribuição celular destes mutantes de PrP
C
;
3. Avaliação da interação destes mutantes de PrP
C
com as proteína
STI1 e vitronectina por ensaios de migração por haptotaxia.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
15
3 MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi submetido a Comissão de ética em pesquisa (CEP)
do Hospital do Câncer na reunião do dia 31/05/2005, os membros da
comissão aprovaram a realização do estudo. Projeto de pesquisa nº: 699/05.
3.1 CLONAGEM DOS MUTANTES DE PrP
C
102L/129M E DO
ALELO NORMAL COM 129V EM VETOR PGEM
Para a clonagem do mutante de PrP
C
102L/129M e do alelo normal
129V em vetor pGEM foram utilizados os seguintes iniciadores sintetizados
pela empresa IDT (“Integrated DNA Technologies”) baseados na seqüência
de PrP
C
humano depositada no -GenBank sob o número AY=008282 (www.
ncbi.nlm.nih.gov):
1 Forward: F1seq 5’ATG CTG GTT CTC TTT GTG 3
2 Reverse:F2seq CTC CCT CAA GCT GGA AAA AGA 3’
Foi utilizado como molde o DNA genômico de pacientes portadores de
doenças hereditárias por prion ou DNA de indivíduos adultos normais
possuem os códons respectivamente 102L/129M ou 102P/129V e de PrPc
mutados. Esses pacientes fazem parte de um estudo conduzido por outra
aluna de nosso grupo (LANDEMBERGER 2006). O gene de PrP
C
com as
Pamela Andrade Lourenço Pereda
16
devidas mutações foi amplificado via PCR (reação em cadeia da polimerase)
utilizando Taq polimerase Platinum (Invitrogem). A identificação dos
produtos de PCR foi feita através de gel de agarose 0,8% em tampão
contendo brometo de etídio (10ng/mL). Os fragmentos de DNA foram
visualizados sob luz UV.
Posteriormente foi feita uma purificação dos fragmentos de DNA
amplificados segundo o protocolo fornecido pelo Kit Wizard® SV Gel and
PCR clean-up system (Promega). O produto da purificação foi visualizado
novamente através do gel de agarose 0,8%, corado com brometo de etídio
(10ng/ml). Este produto de PCR purificado foi utilizado em uma reação de
ligação com 400 unidades T4 ligase no vetor pGEM T Easy vector-system
(Promega), por 16 horas. O produto desta reação (3µl) foi empregado na
transformação de 100µl de bactérias competentes DH5α, e incubado por 30
minutos no gelo, juntamente com o tubo controle apenas com bactérias.
Após este período transferimos os tubos para um banho seco a 42ºC por
dois minutos para que ocorra a transformação. Em seguida os tubos foram
colocados no gelo por 3 minutos, e logo após foi acrescentado 1ml de LB
(para 100ml: 1g Triptona, 0,5g extrato de levedura,1g NaCl) (Meio Luria-
Bertani) (Sambrook, 2001) e foi deixado no banho à 37ºC por 1 hora para
recuperação da parede celular da bactéria.
Neste intervalo foram feitas placas de Petri com 14mL de LB ágar
acrescido de XGal (5-bromo-4-chloro-3-indolyl-beta-D-galactopyranoside),
IPTG (isopropyl-beta-D-thiogalactopyranoside) e 50µg/mL de Ampicilina para
que se pudesse fazer a seleção das colônias através da triagem azul/branca,
Pamela Andrade Lourenço Pereda
17
uma vez que o vetor utilizado codifica a β-galactosidase na região do sítio de
clonagem.
Após o período de 1 hora em que as bactérias foram deixadas no
banho, os tubos foram centrifugados por 1 minuto a 1700 xg. O
sobrenadante foi descartado e o pellet da bactéria foi ressuspendido em
100µl de LB semeado sobre o LB ágar. As placas foram incubadas a 37ºC
durante 16 horas.
Para selecionar os clones que receberam a construção inserto + vetor
corretamente, as colônias foram removidas da placa com auxílio de uma
alça plástica estéril (Fisherbrand®Bac-Loops®) e inoculadas em 50µl de LB
acrescido de 50µg/ml de ampicilina para serem amplificadas via PCR. Os
iniciadores usados foram os mesmos utilizados na amplificação anterior. O
resultado deste PCR foi analisado através de gel de agarose como já citado
anteriormente, um fragmento de 800pb foi identificado e as colônias
positivas foram selecionadas para gerar um pré-inóculo para purificação de
DNA.
3.1.1 EXTRAÇÃO DE DNA PLASMIDIAL
Através deste inóculo foi feita uma extração de DNA com o sistema
“Minipreps DNA Purification System” (Promega) seguindo o protocolo do
fabricante. Brevemente, centrifugou-se este inóculo a 9700 xg por 10
minutos, o sobrenadante foi descartado e o precipitado foi ressuspendido em
300ul de “cell ressuspension solution”. Em seguida adicionou-se 300µl de
Pamela Andrade Lourenço Pereda
18
Cell Lysis solution e o tubo foi invertido algumas vezes para homogenização.
A solução de lise foi inativada com 300µl de “neutralization solution”.
O lisado foi centrifugado por 10 minutos a 20800 xg para separar
debris celulares e DNA genômico. O sobrenadante foi recuperado, foi
adicionado 1ml de resina e a mistura foi incubada por 20 minutos à
temperatura ambiente. A resina foi empacotada em colunas fornecidas pelo
Kit e lavadas com “wash solution” (2mL). Logo após este procedimento a
coluna foi transferida para um tubo e centrifugada a 9700 xg por 2 minutos
para eliminar o tampão de lavagem restante. O DNA foi eluído da resina com
50µl de água quente livre de nucleases com centrifugação por 2 minutos a
9700xg.
O DNA extraído foi analisado através de gel de agarose 0,8%, corado
com Brometo de etídio (10ng/mL). Com esta preparação fez-se o
sequenciamento utilizando o Kit Big Dye e os iniciadores utilizados
anteriormente. A reação foi colocada no termociclador e as ciclagens
utilizadas foram 95ºC por 20 segundos, 60ºC por 1 minuto e 15 segundos e
isto se repetiu por 24 vezes. Após o término das ciclagens, foi feita a
precipitação do DNA com 1µl de acetado de sódio 1,5mM e 40ul de Etanol
95%, incubando-se 15 minutos no gelo. Após a centrifugação de 10 minutos
a 4ºC, aspirou-se todo o sobrenadante, adicionou-se 250ul de Etanol 75% e
centrifugou-se por mais 10 minutos à 9700 xg. Descartou-se novamente o
sobrenadante e o tubo foi colocado na estufa a 56ºC para secar. Após estes
procedimentos foi feito o sequenciamento e para isso foi utilizado o “kit”
“Dynamic
TM
ET terminator cycle sequencing” (Amersham Pharmacia),
Pamela Andrade Lourenço Pereda
19
conforme instruções do fabricante, e o processamento das mesmas foi
realizado no sequenciador automático ABI Prism 377 DNA Sequencer
(Perkin Elmer).
Finalizando assim a construção da mutação 102P/129V no vetor
pGEM que foi usada como molde para as subclonagens em vetor pEGFP.
3.2 CONSTRUÇÃO DOS MUTANTES 102LEU/129VAL,
105LEU/129VAL, 105LEU/129MET 117VAL/129MET,
117VAL/129VAL EM VETOR QUE EXPRESSA PROTEÍNA
FLUORESCENTE VERDE
3.2.1 PREPARAÇÃO DO VETOR PGFP PARA CLONAGEM DO
PEPTÍDEO SINAL HUMANO
Para que PrP
C
seja endereçado corretamente para a superfície celular
fusionado a GFP é necessário inserir o fragmento de DNA que codifica para
essa sequência na região à montante (5´) da sequência que codifica GFP.
Para esse fim, usamos como molde DNA genômico humano para
amplificarmos o fragmento de PrP
C
que codifica a sequência do peptídeo
sinal. Os iniciadores usados foram:
Foward (FHpepsinal)(5’-3’)CCACCGGTAGCAGTCATTATGCGAA
CCT
Reverse (RHpepsinal)(5’-3’)AAACCGGTAAGCAGAGGCCCAGG
TCACT
Pamela Andrade Lourenço Pereda
20
A ciclagem usada na PCR, com ciclos de 95ºC (desnaturação) 1
minuto, 60ºC (hibridação) 1 minuto, 68ºC (extensão) 1 minuto, repetidos 34
vezes e 68ºC para extensão final por 5 minutos .
O fragmento de DNA correspondente ao peptídeo sinal humano, foi
digerido com enzima Age-I, e purificado para a sua ligação ao vetor pEGFP
previamente digerido com Age-I e desfosforilado.
As etapas de ligação, transformação e sequenciamento foram
realizadas como citado anteriormente (item 3.1).
3.2.2 PREPARAÇÃO DO VETOR PEPTÍDEO SINAL-PEGFP PARA
CLONAGEM DOS MUTANTES
O vetor pGFP-C1 (Clontech) com o peptídeo sinal humano já clonado,
foi purificado com o Kit Clean-Up (Promega) após digestão enzimática com
EcoRI e BamHI, foi desfosforilado durante 30 minutos a 37°C com 10
unidades (U) da enzima Calf Intestinal Alkaline Phosphatase (Invitrogen). A
reação foi então inativada por 10 minutos a 72°C e novamente purificada. O
vetor digerido, desfosforilado e purificado foi utilizado nas clonagens dos
mutantes.
3.2.3 DESENHO DOS INICIADORES COM MUTAÇÃO NA SEQÜÊNCIA
DE INTERESSE
Foram desenhados iniciadores a serem utilizados nas construções
das mutações sítio dirigidas nos códons Pro105Leu, Ala117Val e Met129Val
Pamela Andrade Lourenço Pereda
21
de PrP
C
. Foi utilizado o software Oligo tech para analisar se os iniciadores
formavam dímeros e para verificar a temperatura de annealing dos mesmos.
Iniciador Fw105L
5’-CCGAGTAAGCTAAAAACCAACATG-3’
Iniciador Rv 105L
5’-GTTGGTTTTTAGCTTACTCGGCTT-3’
Iniciador Fw117V
5’-GGTGCAGCAGTAGCAGGGGCAGTG-3’
Iniciador Rv117v
5’-AGCCCCAGCTACTGCAGCACCAGC-3’
Iniciadores que flanqueiam as extremidades 5’ e 3’ do gene de PrPc
(FHIIPrPc):5'CAT GAA TTC T AAG AAG CGC CCG AAG CCT GGA3'
(RHIIPrPc):5'ACT GGA TCC TCA ACC TAC TAT CAG AAA GAT3'
A técnica de PCR recombinante (AUSUBEL et al. 1994) foi utilizada
para construir as mutações sítio dirigidas.
Foram feitas duas reações de PCR uma utilizando o iniciador
FHIIPrPc juntamente com o reverse de cada mutação para amplificarmos a
1ª. Metade da ORF de Prnp e a outra utilizando o iniciador Foward de cada
mutação juntamente com o RHIIPrPc para amplificação da 2ª. Metade da
ORF de Prnp.
Os iniciadores internos se sobrepõem em 7 códons, fazendo com que
as fitas sintetizadas por eles sejam coesivas. O próximo passo foi fazer uma
reação de ligação e extensão destas duas metades sem o uso de
iniciadores, pois cada metade é o próprio iniciador da outra metade. Para
Pamela Andrade Lourenço Pereda
22
isso usa-se ciclagem apenas de desnaturação, uma hibridação e uma
extensão. Logo depois os iniciadores externos são inseridos no sistema
(FHIIPrP
C
e RHIIPrP
C
) para amplificação da nova fita contendo a mutação
desejada.
O produto de PCR foi purificado e em seguida foi feita uma digestão
com as enzimas de restrição EcoRI e BamH, para a ligação ao vetor pEGFP-
C1 (Clontech) digerido previamente com as mesmas enzimas, como já
descrito anteriormente. Após a purificação do produto de digestão o vetor e o
inserto foram ligados utilizando 400 unidades da enzima T4 Ligase, tampão
apropriado da enzima, 25ng vetor, 125ng do inserto e a quantidade
suficiente de água para completar 20ul de reação. Após a adição de cada
um destes componentes a reação foi incubada a 4ºC 16 horas. Foi feita a
transformação como já descrito anteriormente e 16 horas depois foram
selecionadas algumas colônias da placa de transformação. Em seguida, foi
feita uma PCR a fim de verificar quais colônias possuíam o inserto de PrP
C
.
As colônias que mostraram-se positivas apresentando uma banda do
tamanho de PrP
C
, aproximadamente 800 pares de bases, foram inoculadas
em 5ml de LB acrescidos de Kanamicina 50µg/ul, para extração de DNA,
como já descrita anteriormente. A partir desta preparação fez-se a reação de
sequenciamento para verificar se as mutações estavam corretas.
Após a verificação do sequenciamento os clones selecionados foram
submetidos a uma extração de DNA em larga escala.
3.2.4 EXTRAÇÃO DE DNA EM LARGA ESCALA
Pamela Andrade Lourenço Pereda
23
Para a realização desta preparação de DNA foi utilizado o Kit
Qiagen® Plasmid Maxi seguindo as instruções do fabricante. Brevemente, a
cultura foi centrifugada por 10 minutos a 4ºC e 2700 xg e o sobrenadante foi
descartado. O precipitado foi ressuspendido com 10 ml de tampão P1, e
adicionado 10ml de tampão P2, a solução foi invertida gentilmente e em
seguida deixada à temperatura ambiente por 5 minutos. Em seguida foi
acrescentado 10ml de tampão P3 gelado e o tubo foi invertido novamente. A
solução foi deixada no gelo por 15 minutos, enquanto isso a coluna para
filtrar a solução foi equilibrada com tampão QBT, separadamente foi
montado um outro filtro com uma membrana de 0,2µm e acoplado a uma
mangueira de sucção a vácuo com um tubo falcon de 50ml embaixo.
A solução foi filtrada por meio de sucção, e este filtrado foi passado
pela coluna já equilibrada com QBT, o eluato foi desprezado, e a coluna foi
lavada duas vezes com 30ml de tampão QC, o lavado e o DNA foi eluído
com 15ml de tampão QF que desta vez foi armazenado foi desprezado em
um tubo falcon de 50ml. O DNA foi precipitado com 10,5 ml de isopropanol,
e centrifugado por 30 minutos a 4ºC a 8600 xg. O sobrenadante foi
descartado, foi acrescentado etanol 70%, e então foi centrifugado
novamente por 40 minutos a 8600 xg a 4ºC. O sobrenadante foi descartado
e o tubo foi colocado para secar na estufa a 56ºC.
O DNA foi ressuspendido com 500µl de TE (Tris-EDTA) e quantificado
através de absorbância em 260nm e sua qualidade analisada em gel de
agarose 0,8%. Todos os clones selecionados foram armazenados no freezer
-70ºC, com LB 10% glicerol.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
24
3.3 PADRONIZAÇÃO DA TRANSFECÇÃO DAS CONSTRUÇÕES
DOS MUTANTES DE PRP
C
EM PEGFP
As linhagens celulares utilizadas foram HEK293 (ATCC
®
Number:
CRL-1573™): linhagem embrionária proveniente de rim humano, cultivada
em meio MEM
®
(Gibco™) ,F14 (cedida pelo Dr. David Brown) linhagem
proveniente de fusão de células da linhagem N18TG2 de neuroblastoma
murino e neurônios cerebelares de camundongos deficientes para o gene de
PrP
C
. Cultivada em meio DMEM
®
-High Glucose (Gibco™), (BROWN 2001),
MEF
0/0 ‘
Mice embrionic Fibroblast’’ (linhagem proveniente de fibroblastos
embrionários de camundongos deficientes para o gene de PrP
C
. Cultivadas
em meio DMEM
®
(Gibco™). CF10 (cedida pela Dra. Sue Priola) células
derivadas de cérebro de embriões de camundongos deficientes para o gene
de PrP
C
. Cultivadas em meio Opti-MEM
®
(Gibco) e 1% de antibióticos
Penicilin/streptavidine (Gibco™), SN56 (fusão de neurônio septal e
neuroblastoma
de camundongo) e N2a (ATCC
®
Number: CCL-131™) clone
estabelecido a partir de neuroblastoma murino. Cultivadas em meio MEM
®
(Gibco™) contendo piruvato monossódico 1mM.
3.3.1 TRANSFECÇÃO COM CACL2
As células (4x10
4
) para transfecção foram semeadas em uma placa
de 35mm e mantidas em cultura por 16 horas. Foram adicionados os
reagentes na seguinte ordem: 3µg de DNA, 187ul H
2
O, 62,5ul CaCl
2
1M e
Pamela Andrade Lourenço Pereda
25
250ul de BBS após 5 minutos de incubação o meio foi aspirado das placas
em cultivo e foi acrescentada a mistura. As células foram incubadas na
estufa úmida a 37ºC com 3% CO
2
por 5 horas.
Após este período todo o meio das placas foi aspirado e as mesmas
foram lavadas duas vezes com PBS. Em seguida foi colocado meio
apropriado (2ml) nas placas e foram incubadas por mais 24 horas a 37ºC em
estufa úmida com 5% CO
2.
As imagens das células transfectadas foram adquiridas através de um
microscópio de fluorescência utilizado para excitar a molécula fluorescente
(GFP) sob luz ultravioleta (488nm).
3.3.2 TRANSFECÇÃO COM LIPOFECTAMINA
Foram plaqueadas 4x10
4
células em uma placa de 6 poços usando
Optimem completo acrescido com 10% Soro Fetal Bovino (Invitrogen) e 1%
penicilina e estreptomicina 5000µ/ml (Gibco). Em seguida as células foram
incubadas em estufa úmida 37ºC com 3% CO
2
por 16 horas.
Para transfectar, foi usado um tubo para diluir 1 e 2 µg de vetor em
150µl de meio Optimem sem soro e sem antibiótico. Em outro tubo foram
diluídas concentrações de 2,5µg, 5 e 10µg de lipofectamina em 150µl de
meio sem soro e sem antibiótico.
As duas soluções foram incubadas separadamente por 5 minutos e
então foram misturadas e incubadas por 20 minutos à temperatura ambiente.
Neste intervalo as placas foram lavadas com meio sem soro e foi
adicionado 1,5 ml de meio Optimem sem soro e sem antibiótico.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
26
Foram adicionados os 300ul da solução (lipofectamina e vetor) sobre
a placa de cultivo contendo 1,5 ml de meio de maneira que a solução ficasse
homogeneizada. Após o período de incubação de 4 horas a 37ºC em estufa
úmida com 5% CO
2
, o meio foi trocado por Optimem completo e a placa foi
incubada novamente na mesma condição anterior por 24 a 48 horas.
O pico máximo de expressão da quimera GFP-PrP
C
mutantes se dá
de 24 a 48 horas após a transfecção.
3.3.3 ELETROPORAÇÃO
As cubetas de eletroporação devem ficar expostas a luz ultravioleta
por 15 minutos para esterilização. As células em cultura foram tripsinizadas
e centrifugadas por 5 minutos a 3800 xg e ressuspendidas em 1ml de meio
DMEM 10% soro. Foi colocado em cada cubeta: 2,5ul de tampão BES 0,5M
pH 7,2 na parede no fundo da cubeta, adicionamos também 10µg/ul de DNA
de esperma de salmão, 15µg de DNA e 1X10
6
de células. As cubetas foram
colocadas no eletroporador (170V, capacitância 950, constante entre 40 e
50). Após estes procedimentos as células foram plaqueadas e mantidas em
estufa úmida a 37ºC por 24 horas com 5% CO
2
, para posteriormente serem
analisadas através de um microscópio de fluorescência.
3.3.4 TRANSFECÇÃO COM EFFECTENE
A transfecção com Effectene Transfection Reagent 2002 Qiagen, foi
realizada conforme instrução dos fabricantes (ARNOLD et al. 2006).
Pamela Andrade Lourenço Pereda
27
3.3.5 LINEARIZAÇÃO DOS VETORES
Os vetores foram linearizados com enzimas cuidadosamente
escolhidas de modo que cortassem apenas um único sítio e que não
prejudicasse nenhuma função importante do vetor. As enzimas de restrição
selecionadas foram a ClaI e ScaI para os vetores pEGFP e pEF6 (vetor de
blasticidina) respectivamente. Os vetores foram digeridos 16 horas à 37ºC, e
purificados com Kit clean Up e dosados no espectrofotômetro (NanoDrop-
1000 Spectrophotometer).
3.4 IMUNODETECÇÃO
As linhagens F14 e HEK293T foram lisadas com PBS NP40 1% (para
100ml- 1% NP-40 1 mL;10% Glicerol 10mL;135Mm NaCl 2,7mL; 20Mm Tris
Ph 8,0 2mL) acrescido de inibidor de proteases. O extrato celular foi
centrifugado por 10 minutos a 15300 xg e 4ºC, o sobrenadante foi passado
para um novo tubo e o precipitado desprezado. A concentração de proteína
foi dosada através de reação colorimétrica pelo reagente de Bradford.
O reagente de Bradford foi diluído 5 vezes em H
2
O e 200ul da solução
foi adicionada em poços de placas de 96 poços. Foi feita uma curva padrão
com uma proteína de massa conhecida, BSA (Albumina Sérica Bovina) que
foi utilizada como referência para dosagem do extrato protéico celular. Em
seguida a placa foi levada a um leitor de Elisa.
Um total de 50µg de proteína por poço foi aplicada juntamente com
tampão redutor 4x (240mM TRIS HCl, 0,8% SDS, 200mM 2 Mercaptoetanol,
Pamela Andrade Lourenço Pereda
28
traços de bromo fenol blue, 40% Glicerol, H
2
O quantidade suficiente para
12mL). Como controle positivo foi usado um extrato de encefalo fração 30%
(ZANATA et al. 2002)e como marcador foi usado o High Mass Ladder
(Invitrogen). Todos os tubos foram fervidos por 10 minutos antes da
aplicação em gel acrilamida 10% que em seguida foi submetido a uma
eletroforese com SDS Page.
Após a eletroforese o gel foi submetido a transferência para
membrana de nitrocelulose (Amersham Biosciences) em uma amperagem
de 0,04A por 60 minutos.
Após a transferência, a membrana foi corada com Ponceau (0,1%
Ponceau,10% ácido acético) e lavada com H
2
O para verificar a eficiência da
transferência protéica.
Na etapa de imunodetecção a membrana foi bloqueada com leite
Molico 5% diluído em TBST por 1 hora. Posteriormente foram feitas 3
lavagens com TBST, e incubada com 1mL de leite molico e 1:1000 de
anticorpo primário de mouse anti-PrPc produzido no laboratório (ZANATA et
al. 2002).
A membrana foi incubada na câmara fria a 4ºC por 16 horas e após
este período foi lavada por 3 vezes com TBST (10Mm Tris
pH7,4NaCl150Mm, 0,05% Tween), e incubada com anticorpo secundário
anti-mouse HRP (Amersham) diluído 1:5000 em leite molico por 1 hora à
temperatura ambiente.
A membrana foi revelada com uma solução 1:1 de ECL Western
Blotting Detection Reagents (Amershan Biosciences). O filme “High
Pamela Andrade Lourenço Pereda
29
performance autoradiography Amershan Biosciences” foi colocado sobre a
membrana e exposto por 5 minutos. Em seguida o filme foi colocado na
solução reveladora (Kodak), na água e na solução fixadora (Kodak) e
colocado para secar.
3.5 SELEÇÃO COM ANTIBIÓTICO
As células foram selecionadas com 600µg/mL de Geneticina
(Gibco), ao qual o vetor pEGFP-C1 confere resistência. E foram
acompanhadas durante o período de tempo necessário para que todas
morressem, aproximadamente 15 dias.
3.6 CITOMETRIA DE FLUXO
As células foram retiradas da placa de cultura através de tripsina, a
tripsina foi inativada com meio MEM, 10% soro fetal bovino e 1% piruvato de
sódio (20ml de soro fetal bovino, 2ml de Piruvato (concentração), para 200ml
de meio MEM), e as células foram incubadas a 37ºC por 1 hora para o
restabelecimento da membrana.
As células foram centrifugadas novamente, o sobrenanadante
descartado e as mesmas ressuspensas em PBS 0,5% BSA contendo o
anticorpo anti-PrP
C
e (1µg/µl) diluído 1:100 e incubada a 4ºC por 1 hora.
Após este período as células foram lavadas 3 vezes com PBS. O
anticorpo secundário anti-mouse FITC (Pharmingen) 1/200 foi diluído em
Pamela Andrade Lourenço Pereda
30
100ul de PBS 0,5% BSA e incubado por 1 hora a 4ºC. Em seguida as
células foram lavadas 3 vezes com com PBS e a fluorescência 2
(ficoeretrina-PE) foi medida no citômetro (Fac Scan- Becton Dickinson).
3.7 ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO SUBCELULAR DE PRP
C
Para analisar a distribuição celular dos mutantes de PrP
C
, foram
realizadas transfecções em células SN56, uma linhagem celular originária da
fusão de neurônios septais e neuroblastoma de cérebro de camundongo
neonatal. Estas células foram utilizadas devido ao seu amplo uso em
estudos de tráfego de proteínas. As células foram transfectadas com
lipofectamina numa concentração de 2,5µg/µl e 2µg de DNA conforme o
protocolo descrito no item 3.3.2. As células foram plaqueadas em lamínulas
de vidro para microscopia de 22mm, transfectadas e em seguida
diferenciada com Adenosina monofosfato cíclico (AMPc) 2mM em meio
DMEM sem soro com 1% L-glutamina por 48 horas. As lamínulas foram
montadas em aparato próprio e as imagens das células vivas foram
adquiridas em microscópio (Nikon) confocal (Biorad). Os núcleos celulares
foram corados com DAPI 0,14',6-Diamidina-2-fenilindole (0,1µg/ml).
3.8 ENSAIO DE MIGRAÇÃO
Os ensaios foram realizados em câmaras de Boyden (Transwell® –
Corning) com membranas de 6,5mm de diâmetro contendo poros de 8,0µm.
As membranas foram sensibilizadas com 10µg/ml de VN ou 0,5% de BSA
Pamela Andrade Lourenço Pereda
31
por 1 hora a 37°C. Para evitar ligações inespecíficas, em seguida as
membranas foram bloqueadas com BSA 0,5% por 30 minutos a 37°C. Em
cada poço foram plaqueadas 2x10
5
células, que permaneceram incubadas
por 6 horas em estufa com atmosfera constante de 5% de CO
2
a 37ºC.
Encerrado o período de migração, os poços foram lavados com PBS e as
células fixadas com paraformaldeído (4%) e coradas com intercalante de
DNA DAPI (0,1µg/ml). As células que não migraram, ficando na face
superior da membrana, foram removidas para possibilitar a quantificação.
Imagens de 10 campos aleatórios de cada membrana foram capturadas em
microscópio Olympus IX70 sob flitro UV (SWB). A contagem do número de
células por campo foi realizada com o auxílio de um programa de
processamento de imagem (Image J
®
).
Para comparação entre as amostras, os valores de média de número
de células por campo foram normalizados em relação à média obtida das
células N2a transfectadas com o vetor vazio. As análises estatísticas da
média de 3 experimentos independentes foram feitas através da análise de
variância (ANOVA) e teste de comparação múltiplas Tukey-HSD.
3.9 MICROSCOPIA CONFOCAL
As análises feitas sob microscopia confocal (BioRad Radiance) foram
realizadas em microscópio Nikon TE 2000 utilizando laser de argônio
488nm.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
32
4 RESULTADOS
4.1 CONSTRUÇÃO DOS MUTANTES DE PRPC EM VETOR QUE
EXPRESSA A PROTEÍNA FLUORESCENTE VERDE (GFP)
Os mutantes de PrP
C
foram clonados no vetor pGFP para que fosse
possível analisar a distribuição celular das quimeras GFP-PrP
C
e
posteriormente estudar o comportamento desses mutantes em distintos
ensaios biológicos.
A clonagem da mutação no códon Pro102Leu de PrP
C
no vetor pGEM
se deu a partir da amplificação de DNA genômico de um paciente portador
de GSS que apresentava a mutação de interesse.
Para que fosse possível selecionar os dois alelos do gene de PrP
C
que apresentasse a mutação P102L associada ou não ao polimorfismo
129M, clonamos o fragmento mutado primeiramente em vetor pGEM
utilizando o sistema de clonagem pGEM T-Easy Vector System (Promega).
Esse sistema foi utilizado na clonagem de fragmentos de DNA
diretamente do produto de PCR que pode ser visualizado na Figura 1.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
33
Legenda: Produto amplificado e purificado do fragmento de PRNP contendo a mutação
Pro102Leu M- marcador de peso molecular 100 pares de bases, 1 e 2 duplicatas da
construção P102L.
Figura 1 - Gel agarose fragmento amplificado de PrP
C.
Após analisados e conferidos os clones contendo 102Leu/129Met e
102Pro/129Val foram selecionados e utilizados como molde para
subclonagem em vetor pEGFP.
Primeiramente, para que PrP
C
seja endereçado corretamente para a
membrana plasmática faz-se necessário clonar o peptídeo sinal humano que
sinaliza para sua compartimentalização na superfície celular. Como todos os
nossos mutantes contêm a sequência de PrP
C
humano, desenhamos
iniciadores para clonar o peptídeo sinal humano a partir de cDNA humano
através de PCR com iniciadores específicos.
M
12
Pamela Andrade Lourenço Pereda
34
A sequência que representa o peptídeo sinal humano foi inserido no
sítio de AgeI do vetor pEGFP a 5’ da sequência do vetor que codifica EGFP
(veja Figura 2).
Legenda: Figura ilustrativa do vetor pEGFP-C1, em destaque o sítio de AgeI.
Figura 2 - Vetor pEGFP-C1.
A construção pEGFP peptídeo sinal humano foi conferida através de
reação de sequenciamento para confirmarmos a ausência de erros na
adição nucleotídica.
Os clones pEGFP-PrPc Pro102 foram então analisados e o sítio
mutado associado ou não ao polimorfismo 129 pode ser verificado nas
Figuras 3 e 4.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
35
Legenda: Eletroferograma representativo do sequenciamento do clone não mutado
(Leu102) com o polimorfismo Met129.
Figura 3 - Sequenciamento do clone Leu102/Met129.
Legenda: Eletroferograma representativo do sequenciamento do clone que apresenta a
mutação/polimorfismo nos códons Pro102 e Val129.
Figura 4 - Sequenciamento do clone Pro102/Val129.
102 L
129 M
102 P
129 V
Pamela Andrade Lourenço Pereda
36
Já para as construções das mutações 102L/129M, 105L/129M,
105L/129V, 117V/129M, 117V/129V, WT/129V, WT/129M utilizamos a
técnica de PCR recombinante para alterar a sequência nucleotídica e
consecutivamente o aminoácido de interesse, já que não tínhamos DNA
genômico de pacientes que apresentavam essas mutações.
A técnica de PCR recombinante foi utilizada para que as duas
metades da ORF de PRNP sejam amplificadas separadamente.
Primeiramente é feita uma PCR para amplificar a primeira metade da ORF
com iniciador FHIIPrPc (primer F5’) juntamente com o iniciador reverse
(Primer R3’) que possui a mutação de interesse. A seguir uma segunda
reação foi realizada para amplificar a segunda metade da ORF de PRNP
com o primer RHIIPrPc juntamente com o foward de cada mutação de
interesse. Os iniciadores internos sobrepõem-se em sete códons, fazendo
com que as fitas sintetizadas sejam coesivas, o próximo passo foi fazer uma
reação de ligação e extensão destas duas metades.Um esquema da técnica
pode ser observado na Figura 5.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
37
Legenda: Esquema ilustrativo de PCR recombinante
Figura 5 - PCR recombinante.
Desta maneira, todos os mutantes Pro102/129M e Pro105, Ala117
associados com polimorfismo 129M ou V foram clonados no vetor pEGFP.
As construções pEGFP- PrP
C
mutantes foram digeridas com EcoRI e
BamHIII para confirmação do tamanho dos insertos (Figura 6) e além disso a
os produtos clonados foram re-sequenciados para descartarmos a
possibilidade de alteração de bases nucleotídicas. Desta forma, todas as
mutações em PrP
C
associadas ao polimorfismo no 129 (Met ou Val) foram
construídas no vetor pEGFP e sequênciadas.
PCR das metades
Reação de
extensão
PCR das metades
unidas
PCR recombinante
Ponto para inserção
db
Primer F ext.
Primer R ext.
Primer R int.
Primer F int.
Primer R int.
Primer F ext.
Primer R ext.
Primer F int.
Primer F ext.
Primer R ext.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
38
Legenda: Figura ilustrativa da digestão diagnóstica das construções pEGFP- PrP
c
mutantes
digeridas com Eco RI e Bam HIII para liberação do inserto. Da esquerda para a direita:
Marcador de peso molecular 100 pares de bases, (uncut) não digerido, 1- 102Leu/129Met,
2-102Leu/129Val, 3-105Leu/129Met, 4-105Leu/129Val, 5-117Val/129Met, 6- 117Val/129Val,
7-WT/129Val, 8-WT/129Met e + controle positivo.
Figura 6 - Digestão diagnóstica.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
39
Legenda: Eletroferograma representativo do sequenciamento dos clones Pro102, Leu102,
Pro105 e Leu105.
Figura 7 - Sequenciamento dos clones P102L, P105L.
Os eletroferogramas mostrando os códons Pro102, Leu102,
Pro105 e Leu105 nos produtos de PRNP amplificados por PCR e clonados
no vetor de expressão estão ilustrados na figura 7. As variantes dos códons
117 e 129 são mostradas na Figura 8.
Após a conferência de todas as seqüências das construções
GFP-PrP
C
mutados foram feitas as preparações de DNA plasmidial que
foram usadas em ensaios de transfecção celular.
102 P 102 L
105 P 105 L
Pamela Andrade Lourenço Pereda
40
Legenda: Eletroferograma representativo do sequenciamento dos clones que apresentam
as mutações Ala117, Val117 e os polimorfismos Met129 e Val129.
Figura 8 - Sequenciamento dos clones Ala117, Val117, Met129 e Val129.
4.2 PADRONIZAÇÃO DAS TRANSFECÇÕES DE MUTANTES
FUSIONADOS A PEGFP EM DIFERENTES LINHAGENS
CELULARES.
Primeiramente, a nossa célula de escolha foi a linhagem F14
originada a partir da fusão de neurônios cerebelares com neuroblastomas de
camundongo deficiente para Prnp (BROWN et al, 2001). Essa célula foi
escolhida pois não expressa PrP
C
, e portanto a proteína endógena não
interfereria em experimentos biológios nos quais as quimeras GFP-PrP
C
exógenas estariam sendo expressas.
117 V
117 A
129 M
129 V
Pamela Andrade Lourenço Pereda
41
Estas células foram transfectadas com o vetor de expressão para a
proteína tipo selvagem com Val no códon 129. Após seleção com G418 foi
realisado um ensaio de imunodeteção para a proteína PrP
C
.
Na Figura 9 podemos observar a expressão da proteína recombinante
(GFP-PrPc129V) na altura de 66KDA. Para nossa surpresa pudemos
observar que as células F14 expressam a proteína PrP
C
endógena.
Portanto, ao contrário do que se esperava essa linhagem não é desprovida
de PrP
C
.
Legenda: Imunodetecção de PrP
C
em extrato de célula da linhagem F14 fusionada a GFP
(F14pEGFP), extrato de célula transfectada polimorfismo Val129 fusionado a GFP
(GFPPrPc129V),) e extrato de célula F14 revelado com anticorpo anti-PrP
C
(esquerda) e
com anti-GFP (direita).
Figura 9 - Linhagem F14 expressa PrP
C.
Para confirmar que esta linhagem realmente expressava PrP
C
, um
ensaio de citometria de fluxo foi realizado. Como pode ser visto, através do
gráfico da Figura 10, um aumento importante da fluorescência na superfície
Pamela Andrade Lourenço Pereda
42
celular foi observado quando as células foram avaliadas com um anticorpo
policlonal contra PrP
C
(M228). Portanto, este resultado confirma a presença
de PrP
C
na linhagem F14. O soro pré-imune de camundongo não reconhece
nenhum antígeno (SN) (Figura 10).
Legenda: Célula F14 foi reagida com soro pré-imune (SN) e com anticorpo anti-PrP
C
(M228).
Figura 10 - Linhagem F14 expressa PrP
C
endógeno na superfície.
Desta forma, após a constatação de que a célula F14 expressa PrP
C
,
e que não poderia ser utilizada para os próximos experimentos, foi
necessário fazer uma nova pesquisa afim de se encontrar uma outra célula
deficiente para PrP
C
.
Nosso grupo imortalizou uma linhagem celular originária de cultura
primária de fibroblasto embrionário de camundongo deficiente para PrP
C
.
Essa foi imortalizada por passagem serial na cultura e denominada de
Pamela Andrade Lourenço Pereda
43
MEF
0/0
(“Mice Embrionic Fibroblast”) (MURAS 2005). Foram feitas
padronizações para a co-transfecção destas células com DNA, através do
método de lipofectamina, das construções GFP ou GFP-PrP
C
tipo-selvagem
mais o vetor que confere resistência a blasticidina. A eficiência de
transfecção foi de aproximadamente 10%. Além disso, iniciamos a
padronização de seleção celular pelo antibiótico realizando uma curva dose-
resposta como mostra a Figura 11.
Legenda: a- Painéis A, B e C células MEF
0/0
tratadas respectivamente com 5, 10, 15 µg/ml
de blasticidina, D controle sem tratamento.
Figura 11 - Curva dose-resposta da sensibilidade a blasticidina de células
MEF
0/0
.
Depois de várias tentativas verificamos que a transfecção das
construções GFP-PrP
C
em MEF
0/0
apresentaram uma eficiência muito baixa
e decidimos prosseguir com outra linhagem. A doutora Suzette A. Priola nos
cedeu células CF10 derivadas de cérebro de embrião de camundongos
Prnp
0/0
, imortalizadas com pSV3-neo e selecionadas com G418. Sendo
assim, iniciamos novas padronizações de transfecção com estas células,
Pamela Andrade Lourenço Pereda
44
porém antes dos experimentos fizemos uma imunodetecção para confirmar
a ausência de PrP
C
nestas células, como mostra a Figura 12.
Extrato de CF10, F14 (controle positivo, pois expressa PrP
C
), e
extrato de cérebro precipitado com 30% de sulfato de amônio foram
submetidos a SDS-PAGE 10% seguido por imunodetecção com anticorpo
contra PrP
C
. Como mostrado na Figura 12, apenas os controles positivos
F14 e extrato de encefalo 30% (sulfato de amônio) reagiram contra o
anticorpo anti-PrPc, indicando que a linhagem CF10 é desprovida de PrP
C
.
Legenda- Linhagem F14 (controle positivo), extrato de encefalo fração 30% em sulfato de
amônio (controle positivo) e linhagem celular CF10.
Figura 12 - Células CF-10 não expressam PrP
C
endógeno.
30% F14 CF10
66
30
27
kDa
Pamela Andrade Lourenço Pereda
45
Portanto, seguimos com os ensaios de transfecção na linhagem
CF10, uma vez que a mesma é desprovida de PrP
C
endógeno, como
confirmado através de imunodetecção (Figura 12) e citometria de fluxo (dado
não mostrado).
A transfecção pelo método de cálcio como já padronizado para as
outras linhagens, mostrou-se bastante tóxica para CF10 (dado não
mostrado) A melhor condição de transfecção encontrada foi com
lipofectamina 2,5µg e 2µg de DNA em placa de 35mm com 4x10
4
células. As
células foram, co-transfectadas com uma concentração 10 vezes menor do
vetor que confere resistência a blasticidina. A eficiência de transfecção de
CF10 com lipofectamina foi de aproximadamente 10%. Porém, em busca de
uma maior eficiência na transfecção de CF10, foram testadas outras
abordagens como: eletroporação e effectene (reagente comercial utilizado
em transfecções que promete uma maior eficiência, usado juntamente com
um tampão Enhancer, o Effectene atua formando micelas, englobando o
DNA facilitando sua entrada na célula). A eletroporação, cuja metodologia
está detalhadamente descrita em material e métodos, não repercutiu numa
boa eficiência de transfecção. Desta forma, seria necessário re-padronizar
todo o protocolo preexistente para esse tipo celular, o que exigiria muito
tempo. Partimos então para uma segunda alternativa que pensava-se ser
menos tóxica para a célula: transfectá-la com effectene (Qiagen). Células
CF10 foram transfectadas com effectene, conforme material e métodos. Os
dados não serão apresentados, pois os resultados não foram satisfatórios.
Desta forma, optamos por utilizar uma linhagem celular provinda de
Pamela Andrade Lourenço Pereda
46
neuroblastoma murino (ATCC CAT Nº CCL-131) a Neuro-2a ou N2a, já que
esta apresentou melhor eficiência de transfecção com lipofectamina na
concentração de 2,5 µg/µl mas que apresenta expressão de PrP
C
endógena.
Além disso, observamos que células SN-56 (neurônios septais
imortalizados) apresentam uma eficiência de transfecção semelhante às
N2a, mas com a vantagem de apresentarem uma relação nucleo/citoplasma
menor que células N2a. Isto permite analisar com mais precisão a
distribuição celular das moléculas quimeras GFP/PrP
C
.
Portanto, as células SN-56 foram transfectadas transitoriamente e
usadas para avaliação da distribuição celular das proteínas mutantes de
PrP
C
. Já as células N2a foram transfectadas e clones expressando as
proteínas de interesse foram isolados e avaliados em ensaios de migração.
Quadro 2 - Linhagens celulares testadas.
Linhagem
Celular
Método de
Transfecção
Eficiência de
Transfecção
Aplicação
Hek 293
Cálcio
40% Imunodetecção
F14
Lipofectamina
40% Não utilizada
MEF%
Lipofectamina
10% Não utilizada
CF10
Todos
5% Não utilizada
N2a
Lipofectamina
40% Migração Celular
SN56
Lipofectamina
40% SublocalizaçãoCelular
Pamela Andrade Lourenço Pereda
47
4.3 AVALIAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO SUB-CELULAR DE PRP
C
Células da linhagem SN56 foram transfectadas com as construções
de PrP
C
e após 2 dias de diferenciação a compartimentalização subcelular
das quimeras foi avaliada utilizando um microscópio (Nikon) confocal
(Biorad) (Figura 13).
Como podemos observar PrP
C
fusionado a GFP é corretamente
endereçado a membrana, e cicla entre esta estrutura e uma região
perinuclear previamente mostrada como sendo o complexo de Golgi (Lee et
al. 2001) (seta, imagem G, Figura 14).
As mutações nos códons 102 e 105 parecem não exercer nenhum
efeito na localização subcelular de PrP
C
, que continua sendo corretamente
enviado a membrana e acumulando no complexo de Golgi. A mutação no
códon 117, quando associada ao códon 129Met, tampouco apresenta
alteração na distribuição subcelular. No entanto quando esta última está
associada ao códon 129Val, apresenta distribuição completamente alterada,
encontrando-se dispersa pelo citoplasma da célula Figura 13 (P e Q). Esta
alteração da distribuição já sugere, per se uma alteração na função da
proteína. Além disso, o não endereçamento correto desta proteína ao
retículo endoplasmático e Complexo de Golgi deve necessariamente implicar
no comprometimento de sua glicosilação.
Avaliamos ainda a expressão de PrP
C
nas células transfectadas com
os mutantes através de imunodetecção, a fim de confirmarmos sua massa
Pamela Andrade Lourenço Pereda
48
molecular. Para essa análise utilizamos a linhagem HEK293, devido a sua
alta eficiência de transfecção.
Legenda: Proteínas quimeras GFP-PrP
C
transfectadas em SN56. A-B WT/129Met, C-D
WT/129Val, E-F 102Leu/129Met, G-H 102Leu/129Val, I-J 105Leu/129Met, L-M
105Lleu/129Val, N-O 117Val/129Met, P-Q 117Val/129Val (PrP
C
encontra-se disperso no
citoplasma). A Seta branca na figura G indica a região perinuclear.
Figura 13 - Imagem em microscopia confocal da sub-localização das
proteínas quimeras.
Na Figura 14 pode-se observar que todos os mutantes exceto o
117Val/129Val apresentam-se com a massa molecular semelhante
PQPQ
Pamela Andrade Lourenço Pereda
49
(aproximadamente 66 kDa) devido a fusão com GFP. Já a proteína com
mutação no códon 117Val/129Val parece estar sendo degradada, sua
localização no gel está em torno de 45 kDa. Essa alteração na massa
molecular pode ser causada por uma degradação da proteína. Que poderia
ocorrer devido a localização citoplasmática desta proteína PrP
C
mutante e
sua possível exposição a maior degradação por processamento proteolítico.
Legenda: Western blot obtido a partir de extratos de células HEK 293 transfectadas com os
mutantes de PrP
C
e revelado com anticorpo anti-PrP
C
policlonal (M235). 1-HEK sem
transfectar, 2- HEK GFP, 3- WT/129Met, 4- WT/129Val, 5-102Pro/129Met, 6-
102Leu/129Val, 7-105Leu/129Met, 8-105Leu/129Val, 9-117Val/129Met e 10-117Val/129Val.
Figura 14 - Western blotting do pool de células HEK 293 transfectadas com
os mutantes.
4.4 GERAÇÃO DE CLONES CELULARES DE CÉLULAS N2A
TRANSFECTADAS COM pEGFP ASSOCIADO AOS MUTANTES DE
PRP
C
97
66
45
kDa
123
4
567
89
10
Pamela Andrade Lourenço Pereda
50
As células N2a transfectadas com as quimeras pEGFP-PrP
c
tipo
selvagem e mutantes e selecionadas com antibiótico (G418), foram
analisadas inicialmente através do ensaio de citometria de fluxo apenas pela
fluorescência emitida por GFP. Como observado na Figura 15, todas as
células que receberam as construções emitem fluorescência quando
comparadas ao controle (célula não transfectada). Conseqüentemente, isso
indica que as células expressam tanto PrP
C
tipo selvagem como mutantes,
uma vez que GFP está sob o mesmo promotor de PrP
C
.
Após verificar que as células N2a transfectadas com as quimeras
estavam expressando as construções GFP-PrP
C
, confirmamos a expressão
de PrP
C
através de ensaios de citometria de fluxo utilizando o anticorpo
monoclonal anti-PrP
C
humano (3F4). Este anticorpo reconhece somente o
PrP
C
humano, possibilitando o reconhecimento apenas da proteína exógena
na superfície celular (PrP
C
humano fusionado a GFP) mas não de PrP
C
endógeno murino.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
51
Legenda: Histogramas representativos de ensaios de citometria de fluxo mostrando o
deslocamento do pico de fluorescência de GFP em relação a célula N2a não transfectada
(curva cinza), células transfectadas com A-102Leu/129Met, B-102Leu/129Val, C-
105Leu/129Met, D-105Leu/129Val e a direita E-117Val/129Met, F-117Val/129Val e G-GFP.
Figura 15 - Expressão das construções GFP-PrP
C
nas células N2a.
Na Figura 16 estão representados os histogramas das células
transfectadas com o PrP
C
tipo selvagem com metionina ou valina no códon
polimórfico 129. Podemos notar um deslocamento das curvas que
representam a expressão de PrP
C
humano (quimeras GFP) nas células
transfectadas.
Intensidade de Fluorescência
Número de Células
Intensidade de Fluorescência
Número de Células
Pamela Andrade Lourenço Pereda
52
Legenda: As células N2a foram incubadas com IgG Pré Imune (curva azul) ou anticorpo
monoclonal anti-PrPc humano 3F4 (curva cinza) . Painel A- a quimera pEGFP WT/129Met
e painel B- WT/129Val.
Figura 16 - Histograma representativo do ensaio de citometria de fluxo.
Já na Figura 17 estão representados os histogramas do ensaio de
citometria de fluxo das células transfectadas com as construções pEGFP-
PrP
C
contendo as mutações selecionadas, em combinação com as duas
variantes do alelo polimórfico 129. Como podemos notar as células
expressando os mutantes tiveram o pico de fluorescência deslocado,
indicando sua expressão na superfície celular.
Durante a análise das células transfectadas, observamos que a
população de células era bastante heterogênea quanto a expressão de
PrP
C
.
A
B
Intensidade de Fluorescência
Número de células
3F4 3F4
WT
WT/V
IgG IgG
3F4 3F4
WT
WT/V
IgG IgG
Quantidade de Células
Pamela Andrade Lourenço Pereda
53
Legenda: As células foram incubadas com anticorpo monoclonal anti-PrP
C
humano 3F4
(curva azul), mostrando o deslocamento do pico de fluorescência em relação ao controle
negativo IgG (curva cinza). Em A-102Leu/129Met, B-102Leu/129Val, C-105Leu/129Met, D-
105Leu/129Val, E-117Val/129Met e F-117Val/129Val.
Figura 17 - Histograma representativo dos ensaios de citometria de fluxo
Há um deslocamento indicando que há células expressando a
proteína mutante, mas também há células com níveis muito baixos de
expressão. Com o intuito de selecionar somente as células com maior
quantidade das proteínas mutantes, optamos por isolar clones celulares
através de diluição seriada. Sendo assim, partindo de células transfectadas
e selecionadas com G418, foram feitas diluições seriadas para a obtenção
de aproximadamente 150 células que foram depositadas em placas de 96
poços, sempre sob seleção positiva com o antibiótico G418. Após o
plaqueamento, os poços foram analisados ao microscópio e aqueles que
102L/M 102L/V
105L/M
105L/V
117V/M
117V/V
A
B
CD
EF
102L/129M 102L/129V
105L/129M
105L/129V
117V/129M
117V/129V
A
B
CD
EF
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
0
30
60
0
30
60
90
0
30
60
0
30
60
90
0
30
60
0
30
60
90
102L/M 102L/V
105L/M
105L/V
117V/M
117V/V
A
B
CD
EF
102L/129M 102L/129V
105L/129M
105L/129V
117V/129M
117V/129V
A
B
CD
EF
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
0
30
60
0
30
60
90
0
30
60
0
30
60
90
0
30
60
0
30
60
90
Pamela Andrade Lourenço Pereda
54
apresentavam apenas uma célula foram marcados e tiveram a multiplicação
celular acompanhada. Quando as células atingiram a confluência foram
transferidas para poços de 15mm e posteriormente para garrafas de cultura
celular de 25cm
2
. Estas células foram então analisadas por citometria de
fluxo para a fluorescência de GFP.
Legenda: Histograma representativo de ensaios de citometria de fluxo com a leitura apenas
da fluorescência de GFP. Mostrando o deslocamento do pico de fluorescência (curva azul)
com relação a N2a não transfectada. Painel A clone pEGFP PrP
C
WT/129Met e painel B
pEGFP- PrP
C
WT/129Val.
Figura 18 - Clones de células N2a transfectadas com PrP
C
(polimorfismos
no codon 129).
A Figura 18 apresenta os histogramas obtidos pela citometria de fluxo
de dois clones de células transfectadas com PrP
C
tipo selvagem contendo
metionina ou valina no códon 129., derivados de clones isolados por diluição
limitante.
N2a
WT HUMANO 3F4
N2a
WT/V HUMANO 3F4
N2a
WT HUMANO 3F4
N2a
WT/V HUMANO 3F4
A B
Pamela Andrade Lourenço Pereda
55
Legenda:Histograma representativo de ensaios de citometria de fluxo com leitura apenas
da fluorescência de GFP. Deslocamento do pico de fluorescência das células que
expressam os mutantes (curva azul) em relação a N2a não transfectada (curva cinza).
Figura 19 - Clones das células transfectadas com PrP
C
(GFP ou mutações
nos codons 102, 105 e 117).
A Figura 19 apresenta os histogramas obtidos por citometria de fluxo
de seis clones de células transfectadas com PrP
C
apresentando as
mutações nos códons 102, 105 e 117 em associação ao polimorfismo no
AB
CD
E
F
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
117V/129M 117V/129V
105L/129V
105L/129M
102L/129M
102L/129V
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
AB
CD
E
F
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
10
0
10
1
10
2
10
3
117V/129M 117V/129V
105L/129V
105L/129M
102L/129M
102L/129V
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
0
30
60
90
Pamela Andrade Lourenço Pereda
56
códon 129. Cabe ressaltar que após a seleção clonal a expressão das
quimeras se manteve homogênea.
Foram selecionados e analisados, um total de 110 clones. Destes,
alguns dos que apresentavam fluorescência de GFP semelhante foram
selecionados para a realização do experimento de migração. Dos clones
analisados, obtivemos 26 com expressão adequada das quimeras.
Para nos certificarmos quanto a expressão dos mutantes na superfície
celular dos clones foi realizada um segundo ensaio de citometria de fluxo
com o anticorpo 3F4que reconhece a proteína PrP
C
humana, (Figuras 20 e
21).
Legenda: PrP
C
endógeno (camundongo) não é reconhecimento de pelo anticorpo 3F4.
Figura 20 - Expressão de PrP
C
em células N2a.
Para avaliar a expressão de PrP
C
(endógeno mais ectópico) entre os
clones testamos um anticorpo que reconhecesse tanto a proteína endógena
(PrP
C
murino) quanto a proteína exógena (PrP
C
humano). Desta forma
N2a
Pamela Andrade Lourenço Pereda
57
poderíamos estimar quanto de PrP
C
total há na superfície celular e o quanto
de PrP
C
foi acrescentado a célula.
O anticorpo escolhido foi o policlonal (M235) que produzimos em
nosso laboratório inoculando PrP
C
recombinante em camundongos
deficientes para o gene de PrP
C
(ZANATA et al. 2002). Como controle do
reconhecimento do anticorpo utilizamos o anticorpo 3F4.
Legenda: Histograma representativo do ensaio de citometria de fluxo com o anticorpo 3F4
para avaliar a expressão de PrP
C
exógeno. N2a- célula controle, WT/129Met, WT/129Val,
102Leu/129Met, 102Leu/129Val, 105Leu/129Met, 105Leu/129Val, 117Val/129Met e
117Val/129Val.
Figura 21 - Citometria de fluxo dos clones de N2a com o anticorpo 3F4.
Pode-se observar na Figura 22 onde foram testadas células HEK 293,
derivadas de rim de embrião humano), que o anticorpo policlonal (M235)
apresentou um deslocamento maior do que o anticorpo monoclonal 3F4.
Indicando que o anticorpo M235 reconhece tanto a proteína PrP
C
de
camundongo como a proteína ectópica humana.Cabe ressaltar que foi
N2a N2a
N2a
N2aN2a
N2aN2a
N2a
WT/129M WT/129V 102/129M
102/129V
105/129M
105/129V 117/129M
117/129V
N2a N2a
N2a
N2aN2a
N2aN2a
N2a
WT/129M WT/129V 102/129M
102/129V
105/129M
105/129V 117/129M
117/129V
Pamela Andrade Lourenço Pereda
58
realizada uma curva de titulação para ambos anticorpos e o melhor título foi
representado nas Figuras 20, 21 e 22.
Legenda:Teste em células humanas HEK 293 para avaliar se o anticorpo policlonal M235
reconhece PrP
C
humano à semelhança do anticorpo monoclonal 3F4. O gráfico demonstra
que o M235 apresenta um deslocamento de fluorescência maior que o anticorpo 3F4 e que
portanto deve reconhecer tanto a PrP endógena, como a ectópica.
Figura 22 - Anticorpo policlonal M235 reconhece PrP
C
humano.
Com esse resultado, prosseguimos os experimentos quantitativos da
expressão de PrP
C
nos clones isolados usando o anticorpo M235. A
vantagem do seu uso neste estudo se dá devido a capacidade deste
anticorpo em reconhecer tanto a proteína endógena quanto ectópica,
permitindo realizar análises comparativas e determinar valores de expressão
relativa da proteína PrP
C
humana.
Controle
3F4
M235
Controle
3F4
M235
Pamela Andrade Lourenço Pereda
59
4.5 ANÁLISE QUANTITATIVA DA EXPRESSÃO DE PRPC NOS
CLONES DE CÉLULAS N2A TRANSFECTADAS COM OS
MUTANTES DE PRPC
Inicialmente foi avaliado um clone de células N2a por mutação de
interesse (denominados clones #1). Os valores de fluorescência média para
cada clone obtidos a partir de dois ensaios independentes estão colocados
na Tabela 1. O valor de fluorescência para o clone de células N2a que
recebeu o vetor vazio (apenas o vetor de expressão de GFP) foi considerado
igual a 1 e os outros valores são relativos a este. Podemos observar que os
clones expressam no máximo 3 vezes mais proteína ectópica do que
endógena. Este é um ponto positivo uma vez que uma superexpressão da
proteína ectópica pode causar alterações na funcionabilidade celular. Por
outro lado, há clones como o Leu105/129Met e o Val117/129Val cuja
expressão da proteína PrP
C
é semelhante ao da célula que recebeu apenas
o vetor vazio, portanto que não expressa PrP
C
ectópico.
Tabela 1 - Média de intensidade de fluorescência dos Clones #1 através de
citometria de fluxo.
Média de intensidade de Fluorescência
GFP WT WT/V 102 102V 105 105V 117 117V
Ensaio 1
60,43 97,34 119,7 187,69 128,64 61,4 129,8 82,49 57,25
Valor Relativo 1
GFP
1 1,61 1,97 3,11 2,13 1,02 2,15 1,37 0,95
Ensaio 2
14,2 31,62 50,03 32,2 57,23 22,47 38,2 31,06 11,86
Valor relativo 2
GFP
1 2,23 3,52 2,27 4,03 1,58 2,69 2,19 0,84
Valores (média de intensidade de fluorescência) de dois ensaios independentes.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
60
Um segundo grupo de clones (clones #2) foi também avaliado por
citometria de fluxo para quantificação da expressão de PrP
C
onde foram
quantificadas as intensidades de fluorescência (valor médio de intensidade
de fluorescência dos eventos lidos) fornecida pelo programa BD CellQuest
Pro. A Tabela 2 mostra estas quantificações bem como os valores relativos
de expressão de PrP
C
em comparação com as células N2a que receberam o
vetor vazio. Este último clone (N2a-GFP) é differente daquele usado como
controle na Tabela 1. Para este segundo grupo de clones pode-se verificar a
expressão ectópica de PrP
C
quando comparados ao clone apenas com GFP,
com excessão dada aos clones WT e ao 117Val/129Val.
Tabela 2 - Média de intensidade de fluorescência dos Clones #2 através de
citometria de fluxo.
Média de intensidade de
Fluorescência
N2a GFP WT WT/V 102 102V 105 105V 117
117V
Ensaio 1
51,63
42,64 29,47 146,66 111,66 190,19 74,44 90,9 39,83
39,16
Valor
Relativo 1
WT
1,21 1 0,69 3,43 2,61 4,46 1,74 2,13 0,93 0.92
Ensaio 2 83,27 68,18 69,02 188,12 217,91 191,34 103,11 159,75 95,72
72,32
Valor
relativo 2
WT
1,22 1 1,01 2,75 3,19 2,80 1,51 2,34 1,40 1,06
Valores (média de intensidade de fluorescência) de dois ensaios independentes.
A expressão de PrP
C
não foi alterada quando as células N2a
receberam o vetor vazio e expressaram apenas a proteína GFP (células
transfectadas apenas com o vetor vazio), indicando que esta proteína não
Pamela Andrade Lourenço Pereda
61
interfere nas concentrações endógenas de PrP
C
. Por outro lado, o mutante
117Val 129Val tanto do grupo de clones #1 (tabela 1) como do grupo #2
(Tabela 2) não apresentam aumento de PrP
C
na superfície célular. Este fato
pode ser explicado por este mutante ficar retido no citoplasma (Figura 13,
figura 19F) e apresentar uma alta degradação (Figura 14).
4.6 ENSAIOS DE MIGRAÇÃO CÉLULAR À VITRONECTINA DOS
CLONES DE N2A EXPRESSANDO PRP
C
MUTANTES
A Figura 23 mostra resultados de ensaios independentes de migração
celular à vitronectina do primeiro grupo de clones isolado contendo cada
uma das mutações WT/129Met, WT/129Val, 102LeuL/129Met,
102Leu/129Val, 105Leu/129Met, 105Leu/129Val, 117Val/129Met,
117Val/129Val e clones com vetor vazio (GFP).
Os resultados de todos os ensaios foram normalizados em relação
aos clones GFP. Este parece ser o melhor controle uma vez que leva em
conta a possibilidade da expressão de GFP interferir na migração celular.
Não houve diferença de migração das células à vitronectina quando
os clones com os mutantes de PrP
C
foram comparados com aquele
expressando a proteína normal (Figura 23).
O mesmo experimento de migração à vitronectina foi realizado para o
grupo de clones #2 e novamente não houve diferença entre eles (figura 24).
Também foi realizado o teste Mann-Whitney para a comparação das médias
independentes entre os clones 1 e clones 2, que mostrou não haver
Pamela Andrade Lourenço Pereda
62
diferença estatística entre estes valores (Figura 25). Isso indica que os
resultados obtidos não foram dados por efeitos clonais entre as células.
Portanto, estes dados apontam que mutações nos aminoácidos 102,
105 e 117, localizados dentro do sítio de interação de PrP
C
a vitronectina,
combinadas com o polimorfismo 129Met ou 129Val em PrP
C
não alteram a
capacidade das células de migração à vitronectina.
Legenda: Gráficos representativos de 6 ensaios independentes de migração celular com os
clones N2a (controle de célula sem transfectar), GFP (controle de célula transfectada
apenas com o vetor GFP), WT/129Met, WT/129Val, 102Leu/129Met, 102Leu/129Val,
105Leu/129Met, 105Leu/129Val, 117Val/129Met, 117Val/129Val. A migração do clone
tansfectado apenas com GFP foi considerada igual a um e o valor dos clones é relativo a
este. Análise de variância (ANOVA) e teste de comparação múltipla Tukey-HSD.
Considerou-se uma diferença estatisticamente significativa quando p<0,05 em relação a
migração dos clones que expressam PrP
C
WT.
Figura 23 - Ensaio de migração à vitronectina com os clones N2a #1.
Clones 1Clones 1
Pamela Andrade Lourenço Pereda
63
Legenda: Gráficos representativos de 3 ensaios independentes de migração celular
com os clones N2a (controle de célula sem transfectar), GFP (controle de célula
transfectada apenas com o vetor GFP), WT/129Met, WT/129Val, 102Leu/129Met,
102Leu/129Val, 105Leu/129Met, 105Leu/129Val, 117Val/129Met, 117Val/129Val. A
migração do clone tansfectado apenas com GFP foi considerada igual a um e o valor dos
clones é relativo a este. Análise de variância (ANOVA) e teste de comparação múltipla
Tukey-HSD. Considerou-se uma diferença estatisticamente significativa quando p<0,05 em
relação a migração dos clones que expressam PrP
C
WT.
Figura 24 - Ensaio de migração à vitronectina com os clones N2a #2.
Clones 2Clones 2
Pamela Andrade Lourenço Pereda
64
Legenda: N2a (controle de célula sem transfectar), GFP (controle de célula transfectada
apenas com o vetor GFP), WT/129Met, WT/129Val, 102Leu/129Met, 102Leu/129Val,
105Leu/129Met, 105Leu/129Val, 117Val/129Met, 117Val/129Val. Comparação entre médias
independentes pelo teste Mann-Whitney. Considerou-se uma diferença estatisticamente
significativa quando p<0,05.
Figura 25 - Gráfico comparativo dos valores relativos de migração à
vitronectina dos clones N2a #1 e #2.
4.7 ENSAIOS DE MIGRAÇÃO CELULAR À STI1 DOS CLONES
DE N2A EXPRESSANDO PRP
C
MUTANTES
O presente trabalho previa a realização de ensaios de migração à
STI1 uma vez que estes mutantes estão inseridos dentro ou muito próximos
ao sítio de PrP
C
que liga esta proteína. Entretanto, nenhuma capacidade
migratória das células foi observada quando se usava STI1 em ensaios de
haptotaxia. Portanto, esta abordagem ficou impossibilitada no presente
trabalho.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
65
5 DISCUSSÃO
Inúmeros trabalhos sobre mutações no gene de PrP
C
já foram
publicados,
porém, a grande maioria destes referem-se ao fenótipo das
doenças de prion, biossíntese e processamento das proteínas mutadas.
Uma das hipóteses, que é largamente aceita é que o acúmulo de PrP
sc
ou de
uma forma tóxica da molécula de prion seja a principal causadora da doença
(HETZ et al. 2003). A natureza da partícula tóxica ainda é alvo de grande
discussão (SILVEIRA et al. 2005).
Entretanto, dois fatos importantes devem ser levados em conta: a
descrição de que em algumas formas das doenças por prions há
degeneração neuronal sem que se detecte depósitos de PrP
Sc
(DORANDEU
et al. 1998; GRAY et al. 1999; CHRÉTIEN et al. 1999), e o número crescente
de descrições de funções celulares de PrP
C
(MARTINS et al. 2002).
Portanto, reforçando a hipótese de que a perda de função de PrP
C
pode
contribuir para a patogênese desta doença.
Uma vez que existem formas da doença causadas por mutações
específicas no gene PRNP, fica evidente que verificar a perda de função
nestas moléculas é uma abordagem bastante promissora.
Neste estudo foram geradas construções GFP- PrP
C
apresentando as
mutações Pro102Leu, Pro105Leu e Ala117Val combinadas com os
polimorfismos 129Met ou 129Val, sendo que todas estas formas mutantes
Pamela Andrade Lourenço Pereda
66
estão relacionadas a GSS. Estas mutações localizam-se no sítio de ligação
a STI1 e a Vitronectina.
Nossos resultados mostraram que as construções GFP- PrP
C
do tipo
selvagem 129Met/WT e 129Val/WT assim como os mutantes
129Met/102Leu, 129Val/102Leu, 129Met/105Leu, 129Val/105Leu e
129Met/117Val estão localizadas corretamente na membrana plasmática e
na região perinuclear. Já o mutante 129Val/117Val apresentou-se disperso
pelo citoplasma da célula.
A alteração na compartimentalização celular do mutante 117 é um
dado inédito na literatura. É de particular interesse o fato deste mutante só
ter sua compartimentalização alterada quando associado ao polimorfismo
129Val. Este dado é extremamente relevante e a modificação ocorrida deve
alterar a função fisiológica de PrP
C
, apesar de não termos observado nada
específico com relação à migração em vitronectina.
Há dados na literatura que mostram que mesmo o PrP
C
tipo selvagem
pode ser ocasionalmente retido no citosol mas não se sabe se esta
compartimentalização tem alguma função fisiológica. Não há um consenso
se a forma citoplasmática de PrP
C
é ou não tóxica e se isso pode ser
associado com alguma patogênese neuronal (MA e LINDQUIST 2001; MA et
al. 2002; MIRONOV et al. 2003; FIORITI et al. 2005; CAMPANA et al. 2006;
ORSI et al. 2006; WANG et al. 2006). De fato, em cultura de neurônios
humanos PrP
C
citosólico não é tóxico e pode contrariamente ter funções
anti-apoptóticas (ROUCOU et al. 2003).
Pamela Andrade Lourenço Pereda
67
Nossos dados indicam que a presença da proteína no citoplasma não
parece ser tóxica uma vez que as células proliferam normalmente e sua
aderência a placa de cultura não foi alterada.
Por outro lado, é bastante conhecido que o polimorfismo do codon129
no gene PRNP podem afetar a susceptibilidade a doença, porém o
mecanismo preciso pelo qual isto ocorre ainda não foi estabelecido
(ALPEROVITCH et al. 1999). O códon 129 no gene PRNP pode afetar o
fenótipo clínico-patológico de CJD e Insonia Familial Fatal (CORTELLI et al.
1999). O genótipo Met129Met aumenta a suceptibilidade à doenças por
prions (VALLERON et al. 2001) enquanto Val129Val proteje contra a BSE e
vCJD (WADSWORTH et al. 2004).
O endereçamento incorreto de PrP
C
ao retículo endoplasmático e
Complexo de Golgi deve necessariamente implicar no comprometimento de
sua glicosilação. Na literatura há muitos trabalhos que estudam o possível
papel da glicosilação na localização subcelular de PrP
C
e diferentes
resultados foram mostrados. Em geral a forma não glicosilada de PrP
c
não é
detectada na superfície celular, permanecendo presa no citoplasma
(ROGERS et al. 1990; DEARMOND et al. 1997; LEHMANN e HARRIS
1997). Mas a forma não glicosilada já foi detectada na superfície de
diferentes linhagens celulares quando transfectadas com alguns mutantes
no sítio de glicosilação (KORTH et al. 2000; NEUENDORF et al. 2004). Isso
sugere que a mutação no aminoácido e não a falta de glicosilação pode
influenciar o destino intracelular de PrP
C
.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
68
Nossos dados sugerem que não há uma variação importante no
padrão de glicosilação dos mutantes estudados. Mas deve-se salientar, no
entanto, que as nossas observações sobre o padrão de glicosilação são
apenas circuntânciais, uma vez que não foi realizado nenhum ensaio
enzimático de deglicosilação específico a fim de nos certificarmos que as
diferentes bandas vistas próximas a altura esperada para GFP-PrP
C
são
realmente as distintas formas di-, mono- e não-glicosiladas da proteína.
Para a avaliação funcional das proteínas mutantes, as construções
GFP-PrP
C
foram transfectadas em células da linhagem N2a, que foram
selecionadas com geneticina gerando populações com expressão
heterogênea das proteínas de interesse. Destas foram selecionados clones
através do método de diluição limitante. Estes clones foram utilizados nos
ensaios de migração celular.
O conceito de migração celular envolve um ciclo de diversos passos
altamente coordenados e regulados. Em resposta a diversos estímulos
migratórios, o movimento direcional é iniciado quando, a polimerização de
actina direciona uma protusão da membrana, que é estabilizada pela ligação
à matriz extracelular (MEC). O conceito de haptotaxia foi estabelecido há
muitos anos e reflete a motilidade direcional ou projeção de células contra
um gradiente de sítios de adesão celular ou quimioatrativos ligados a um
substrato. Estes gradientes estão naturalmente presentes na matriz
extracelular ou podem ser estabelecidos artificialmente pela alteração da
concentração de sítios de adesão em um substrato (CARTER 1967).
Pamela Andrade Lourenço Pereda
69
Os estimulos migratórios utilizados neste trabalho foram a
Vitronectina e STI1, respectivamente uma glicoproteína multifuncional
relacionada a processos metabólicos como adesão e migração celular entre
outros (SEGER e SHALTIEL 2000) e uma co-chaperonina relacionada a
processos de neuroproteção (CHIARINI et al. 2002; ZANATA et al. 2002). O
sítio de ligação de vitronectina e STI1 à PrP
C
estão embricados (aas 106 a
128 na molécula de camundongo) e as mutações de PrP
C
estudadas neste
trabalho estão inseridas ou muito próximas a este domínio. Portanto, nossa
idéia inicial era que estas proteínas mutantes apresentassem uma alteração
na interação com vitronectina ou STI1 afetando a resposta celular
desencadeada por cada um destes complexos.
Uma observação importante com relação aos clones gerados é que
não há superexpressão da proteína selvagem e nem das mutantes de PrP
C
.
Consideramos isso vantajoso uma vez que a superexpressão de qualquer
proteína pode levar a um desbalanço celular e a resultados que poderiam
não refletir nos mecanismos fisiológicos de PrP
C
.
Não foram detectadas diferenças nos experimentos de migração
realizados com o estímulo de Vitronectina a partir de dois clones diferentes
expressando a proteína tipo selvagem ou as mutantes combinadas aos
polimorfismos em 129. Indicando portanto, que estes resultados não foram
ocasionados por diferenças clonais.
Chamou nossa atenção que a expressão de mais moléculas de PrP
C
do tipo selvagem (GFP-PrP
C
), nas células que já expressavam PrP
C
endógeno (N2A), não foi capaz de alterar as taxas de migração. Isso pode
Pamela Andrade Lourenço Pereda
70
significar que PrP
C
tenha uma menor participação nos processos de
migração quando comparado a outros ligantes de vitronectina, como as
integrinas. Além disso, é possível que as vias de sinalização responsáveis
por tal fenômeno estejam saturadas com a presença por exemplo de de
integrinas e do próprio PrP
C
endógeno.
Os experimentos de migração por haptotaxia usando STI1 mostraram
que esta proteína não tem atividade atraente. Uma possibilidade é que
quando aderida a um substrato STI1 oculte o sítio de ligação a PrP
C
. Vale
ressaltar que em todos os experimentos abordados pelo grupo STI1 sempre
foi usada na forma solúvel. Estudos futuros abordarão outras atividades do
complexo PrP
C
-STI1 como sobrevivência e diferenciação celulares nos
mutantes de PrP
C
.
Vale ressaltar que nosso grupo mostrou que outros mutantes de PrP
C
,
localizados no sítio de interação com laminina (códons 171 e 178)
apresentaram deficiência na migração celular quando esta molécula da
matriz extracelular foi usada em ensaios de haptotaxia (MACHADO 2007).
Portanto, parece que ensaios específicos devem ser usados para abordar
cada um destes mutantes e seu respectivo ligante.
Desta forma, este trabalho contribuiu de forma importante na geração
de ferramentas importantes para continuação destes estudos além de
apontar que ensaois biológicos diferentes deverão ser usados na tentativa
de identificar a perda de função de proteínas mutantes de PrP
C
.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
71
6 CONCLUSÕES
As construções GFP-PrP
C
129Met, GFP-PrP
C
129Val, GFP-PrP
C
102Leu/129Met; GFP-PrP
C
102Leu/129Val; GFP-PrP
C
105Leu/129Met; GFP-PrP
C
105Leu/129Val; GFP-PrP
C
117Val/129Met
foram corretamente endereçadas à membrana plasmática e
apresentam uma massa molecular de cerca de 60KDa.
A construção GFP-PrP
C
117Val/129Val fica retida no citoplasma
celular e a forma predominante detectada em ensaios de western
blotting tem uma massa molecular de cerca de 45KDa.
Células N2A transfectadas com as quimeras GFP-PrP
C
129Met, GFP-
PrP
C
129Val, GFP-PrP
C
102Leu/129Met; GFP-PrP
C
102Leu/129Val;
GFP-PrP
C
105Leu/129Met; GFP-PrP
C
105Leu/129Val; GFP-PrP
C
117Val/129Met e GFP-PrP
C
117Val/129Val não apresentam alteração
na migração celular desencadeada por vitronectina.
STI1 não foi capaz de induzir migração celular quando usada em
ensaios de haptotaxia.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
72
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alperovitch A, Zerr I, Pocchiari M, et al. Codon 129 prion protein genotype
and sporadic Creutzfeldt-Jakob disease. Lancet 1999; 353:1673-4.
Arnold AS, Laporte V, Dumont S, et al. Comparing reagents for efficient
transfection of human primary myoblasts: Fugene 6, Effectene and ExGen
500. Fundam Clin Pharmacol 2006; 20:81-9.
Ausubel FM, Brent R, Kingston RE. Current protocols in molecular
biology. New York: John Wiley & Sons; 1994. The polymerase chain
reaction; p.15.0.3-15.8.8.
Basler K, Oesch B, Scott M, et al. Scrapie and cellular PrP isoforms are
encoded by the same chromosomal gene. Cell 1986; 46:417-28.
Brown DR. Prion and prejudice: normal protein and synapse review. Trends
Neurosci 2001; 24:85.
Bueler H, Fischer M, Lang Y, et al. Normal development and behaviour of
mice lacking the neuronal cell-surface PrP protein. Nature 1992; 356:577-82.
Campana V, Sarnataro D, Fasano C, Casanova P, Paladino S, Zurzolo C.
Detergent-resistant membrane domains but not the proteasome are involved
in the misfolding of a PrP mutant retained in the endoplasmic reticulum. J
Cell Sci 2006; 119:433-42.
Carter SB. Haptotaxis and the mechanism of cell motility. Nature 1967;
213:256-60.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
73
Cervenakova L, Buetefisch C, Lee HS, et al. Novel PRNP sequence variant
associated with familial encephalopathy. Am J Med Genet 1999; 88: 653-6.
Chen ZL, Indyk JA, Strickland S. The hippocampal laminin matrix is dynamic
and critical for neuronal survival. Mol Biol Cell 2003; 14:2665-76.
Chesebro B, Race R, Wehrly K, et al. Identification of scrapie prion protein-
specific mRNA in scrapie-infected and uninfected brain. Nature 1985;
315:331-3.
Chrétien F, Dorandeu A, Adle-Biassette H, et al. A process of programmed
cell death as a mechanisms of neuronal death in prion diseases. Clin Exp
Pathol 1999; 47:181-91.
Chiarini LB, Freitas AR, Zanata SM, Brentani RR, Martins VR, Linden R.
Cellular prion protein transduces neuroprotective signals. EMBO J 2002;
21:3317-26.
Cortelli P, Gambetti P, Montagna P, Lugaresi E. Fatal familial insomnia:
clinical features and molecular genetics. J Sleep Res 1999; 8 (Suppl 1):23-9.
Cohen FE, Pan KM, Huang Z, Baldwin M, Fletterick RJ, Prusiner SB.
Strutural clues to prion replication. Science 1994; 264:530-1.
Coitinho AS, Freitas AR, Lopes MH, et al. The interaction between prion
protein and laminin modulates memory consolidation. Eur J Neurosci 2006;
24:3255-64.
Dearmond SJ, Sanches H, Yehily F, et al. Selective neuronal targeting in
prion disease. Neuron 1997; 19:1337-48.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
74
Del Bo R, Comi GP, Giorda R, et al. The 129 codon polymorphism of the
prion protein gene influences earlier cognitive performance in Down
syndrome subjects. J Neurol 2003; 250:688-92.
DeMarco ML, Daggett V. Local environmental effects on the structure of the
prion protein. C R Biol 2005; 328:847-62.
Doh-Ura K, Tateishi J, Sasaki H, Kitamoto T, Sakaki Y. Pro---Leu change at
position 102 of prion protiein is the most common but not the sole mutation
related to GSS. Biochem Biophys Res Commun 1989; 163:974-9.
Dorandeu A, Wingertsmann L, Chrétien F, et al. Neuronal apoptosis in fatal
familial insomnia. Brain Pathol 1998; 8:531-7.
Ermonval M, Mouillet-Richard S, Codogno P, Kellermann O, Botti J. Evolving
views in prion glycosylation: functional and pathological implications.
Biochimie 2003; 85:33-45.
Finckh U, Muller-Thomset T, Mann U et al. High prevalence of pathogenic
mutation in patients with early onset dementia detected by sequence
analyses of four different genes. Am J Hum Genet 2000; 66:110-7.
Fioriti L, Dossena S, Stewart LR, et al. Cytosolic prion protein (PrP) is not
toxic in N2a cells and primary neurons expressing pathogenic PrP mutations.
J Biol Chem 2005; 280:11320-8.
Flechsig E, Hegyi I, Enari M, Schwarz P, Collinge J, Weissmann C.
Transmission of scrapie by steel-surface-bound prions. Mol Med 2001;
7:679-84.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
75
Ford MJ, Burton LJ, Graham CH, et al. A marked disparity between the
expression of prion protein and its message by neurones of the CNS.
Neuroscience 2002; 111:533-51.
Ghetti B, Piccardo P, Spillantini MG, et al. Vascular variant of prion protein
cerebral amyloidosis with tau-positive neurofibrillary tangles: the phenotype
of the stop codon 145 mutation in PRNP. Proc Natl Acad Sci USA 1996;
93:744-8.
Graner E, Mercadante AF, Zanata SM, et al. Cellular prion protein binds
laminin and mediates neuritogenesis. Mol Brain Res 2000; 76:85-92.
Gray F, Chrétien F, Adle-Biassette H, et al. Neuronal apoptosis in
Creutzfeldt-Jakob disease. J Neuropathol Exp Neurol 1999; 58:321-8.
Goldfarb LG, Brown P, McCombie WR, et al. Transmissible familial
Creutzfeldt-Jakob disease associated with five, seven, and eight extra
octapeptide coding repeats in the PRNP gene. Proc Natl Acad Sci USA
1991; 88:10926-30.
Goldfarb LG, Brown P, Little BW, et al. A new (two-repeat) octapeptide
coding insert mutation in Creutzfeldt-Jakob disease. Neurology 1993;
43:2392-4.
Harris DA. Cellular biology of prion diseases. Clin Microbiol Rev 1999;
12:429-44.
Hajj GNM. A proteina prion celular e seus ligantes-Vitronectina, STI1 e
Laminina- nos mecanismos de plasticidade neuronal. São Paulo; 2004.
[Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente].
Pamela Andrade Lourenço Pereda
76
Hajj GN, Lopes MH, Mercadante AF, et al. Cellular prion protein interaction
with vitronectin supports axonal growth and is compensated by integrins. J
Cell Sci 2007; 120:1915-26.
Hayman EG, Pierschbacher MD, Ohgren Y, Ruoslahti E. Serum spreading
factor (vitronectin) is present at the cell surface and tissues. Proc Natl Acad
Sci USA 1983; 80:4003-7.
Herms J, Tings T, Gall S, et al. Evidence of presynaptic location and function
of the prion protein. J Neuroscience 1999; 19:8866-75.
Hetz C, Maundrell K, Soto C. Is loss of function of the prion protein the cause
of prion disorders? Trends Mol Med 2003; 9:237-43.
Holme A, Daniels M, Sassoon J, Brown, DR. A novel method of generating
neuronal cell lines from gene-knockout mice to study prion protein membrane
orientation.Eur J Neurosci 2003; 18:571-9.
Hsiao K, Baker HF, Crow TJ, et al. Linkage of a prion protein missense
variant to Gerstmann-Straussler syndrome. Nature 1989; 338:342-5.
Hynes RO. Integrins: bidirectional, allosteric signaling machines. Cell 2002;
110:673-87.
Huang Z, Gabriel JM, Baldwin MA, Fletterrick RJ, Prusiner SB, Cohen FE.
Prroposed three-dimensional structure for the celular prion protein. Proc Natl
Acad Sci USA 1994; 91:7139-43.
Kitamoto T, Ohta M, Doh-Ura K, Hitoshi S, Terao Y, Tateishi J. Novel
missense variants of prion protein in Creutzfeldt-Jakob disease or
Gerstmann-Straussler syndrome. Biochem Biophys Res Commun 1993;
191:709-14.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
77
Korth C, Kaneko K, Prusiner SB. Expression of unglycosylated mutated prion
protein facilitates PrP(Sc) formation in neuroblastoma cells infected with
different prion strains. J Gen Virol 2000; 81:2555-63.
Landemberger MC. The role of cellular prion in models of experimental
seizure and evaluation of PRNP gene polymorphisms in patients with
epilepsy. São Paulo; 2006. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio
Prudente].
Lang CJG, Heckmann JG, Neundorfer B. Creutzfeldt-Jakob disease via dural
and corneal transplants. J Neurological Sc 1998; 160:128-39.
Lawson VA, Collins SJ, Masters CL and Hill AF. Prion Protein glycosylation.
J Neurochem 93. 793-801, 2005.
Lehmann S, Harris DA. Blockade of glycosylation promotes acquisition or
scrapie properties by the prion protein in culture cells. J Biol Chem 1997;
272:21479-87.
Linden R, Martins VR, Prado A M, Cammarola M, Isquierdo I A, Brentani R
R, Physiology of Prion Protein
Llewelyn CA, Hewitt PE, Knight RSG, et al. Possible transmission of variant
Creutzfeldt-Jakob disease by blood transfusion. Lancet 2004; 363:417-21.
Lopes MH, Hajj GN, Muras AG, et al. Interaction of cellular prion and stress-
inducible protein 1 promotes neuritogenesis and neuroprotection by distinct
signaling pathways. J Neurosci 2005; 25:11330-9.
Machado FC. Determinação da atividade funcional da proteína prion
celular com o polimorfismo N171S e a mutação D178N presentes no
Pamela Andrade Lourenço Pereda
78
domínio de ligação à laminina. São Paulo, 2007. [Dissertação de
Mestrado-Fundação Antônio Prudente].
Ma J, Lindquist S. Wild-type PrP and a mutant associated with prion disease
are subject to retrograde transport and proteasome degradation. Proc Natl
Acad Sci USA 2001; 98:4955-60.
Ma J, Wollmann R, Lindquist S. Neurotoxicity and neurodegeneration when
PrP accumulates in the cytosol. Science 2002; 298:1781-5.
Martins VR, Linden R, Prado MA, et al. Cellular prion protein: on the road for
functions. FEBS Lett 2002; 512:25-8.
Martins VR, Brentani RR. The biology of the celular prion protein.
Neurochem Int 2002; 41:353-5.
Mastrianni JA, Iannicola C, Myers RM, DeArmond S, Prusiner SB. Mutation
of the prion protein gene at codon 208 in familial Creutzfeldt-Jakob disease.
Neurology 1996; 47:1305-12.
Medori R, Montagna P, Tritschler HJ, et al. Fatal familial insomnia - a 2Nd
kindred with mutation of prion protein gene at codon-178. Neurology 1992;
42:669-70.
Mironov A, Latawiec D, Wille H, et al. Cytosolic prion protein in neurons. J
Neuroscience 2003; 23:7183-93.
Muras GA. Avaliação da participação de PrPc em fenômenos
associados a tumorigênese experimental. São Paulo; 2005. [Tese de
Doutorado-Fundação Antônio Prudente].
Neuendorf E, Weber A, Saalmueller A, et al. Glycosylation deficiency at
either one of the two glycan attachment sites of cellular prion protein
Pamela Andrade Lourenço Pereda
79
preserves susceptibility to bovine spongiform encephalopathy and scrapie
infections. J Biol Chem 2004; 279:53306-16.
Nitrini R, Rosemberg S, Passos-Bueno MR et al. Familial spongiform
encephalopathy associated with a novel prion protein gene mutation. Ann
Neurol 1997; 42:138-46.
Oesch B, Westaway D, Walchli M, et al. A cellular gene encodes scrapie Prp
27-30 Protein. Cell 1985; 40:735-46.
Orsi A, Fioriti L, Chiesa R, Sitia R. Conditions of endoplasmic reticulum
stress favor the accumulation of cytosolic prion protein. J Biol Chem 2006;
281:30431-8.
Papassotiropoulos A, Wollmer MA, Aguzzi A, Hock C, Nitsch RM, de
Quervain DJ. The prion gene is associated with human long-term memory.
Hum Mol Genet 2005; 14:2241-6.
Piccardo P, Dlouhy SR, Lievens PM, et al. Phenotypic variability of
Gerstmann-Straussler-Scheinker disease is associated with prion protein
heterogeneity. J Neuropathol Exp Neurol 1998; 57:979-88.
Peoc'h K, Manivet P, Beaudry P, et al. Identification of three novel mutations
(E196K, V203I, E211Q) in the prion protein gene (PRNP) in inherited prion
diseases with Creutzfeldt-Jakob disease phenotype. Hum Mutat 2000;
15:482.
Pocchiari M, Salvatore M, Cutruzzola F, et al. A new point mutation of the
prion protein gene in Creutzfeldt-Jakob disease. Ann Neurol 1993; 34:802-7.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
80
Prusiner SB, Torchia M, Westaway D. Molecular-biology and genetics of
prions - implications for sheep scrapie, mad cows and the bse epidemic.
Cornell Veterinarian 1991; 81:85-101.
Prusiner SB. Novel proteinaceous infectious particles cause scrapie.
Science 1982; 216:136-44.
Richardson EP, Masters CL. The nosology of Creutzfeldt-Jakob-Disease and
conditions related to the accumulation of prpcjd in the nervous-system. Brain
Pathol 1995; 5:33-41.
Riek R, Hornemann S, Wider G, Billeter M, Glockshuber R and Wuthrich K.
NMR structure of the mouse prion protein domain PrP( 121-321). Nature
1996; 382:180-2.
Riek R, Hornemann S, Wider G, Glockshuber R, Wuthrich K. NMR
caracterization of the full-length recombinant murine prion protein, mPrP(23-
231). FEBS Lett 1997; 413:282-8.
Rogers M, Taraboulos A, Scott M, Groth D, Prusiner SB. Intracellular
accumulation of the cellular prion protein after mutagenesis of its Asn-linked
glycosylation sites. Glycobiology 1990; 1:101-109.
Roucou X, Guo Q, Zhang Y, Goodyer CG, LeBlanc AC. Cytosolic prion
protein is not toxic and protects against Bax-mediated cell death in human
primary neurons. J Biol Chem 2003; 278:40877-81.
Sales N, Hassig R, Rodolfo K, et al. Developmental expression of the cellular
prion protein in elongating axons. Eur J Neuroscience 2002; 15:1163-77.
Salès N, Hässig R, Rodolfo K, Di Giamberardino L, Traiffort E, Ruat M,
Frétier P, Moya KL. Developmental expression of the cellular prion protein in
elongating axons Eur J Neurosci. 2002 -1163-77.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
81
Samaia HB, Mari JJ, Vallada HP, Moura RP, Simpson AJ, Brentani RR. A
prion-linked psychiatric disorder. Nature 1997; 390:241.
Seger D, Shaltiel S. Evidence showing that the two-chain form of vitronectin
is produced in the liver by a selective furin cleavage. FEBS Lett 2000;
480:169-74.
Silveira JR, Raymond GJ, Hughson AG, et al. The most infectious prion
protein particles. Nature 2005; 437:257-61.
Valleron AJ, Boelle PY, Will R, Cesbron JY. Estimation of epidemic size and
incubation time based on age characteristics of vCJD in the United Kingdom.
Science 2001; 294:1726-8.
Yamada M, Itoh Y, Fujigasaki H, et al. A missense mutation at codon 105
with codon 129 polymorphism of the prion protein gene in a new variant of
Gerstmann-Straussler-Scheinker disease. Neurology 1993; 43:2723-4.
Wadsworth JD, Asante EA, Desbruslais M, et al. Human prion protein with
valine 129 prevents expression of variant CJD phenotype. Science 2004;
306:1793-6.
Wang Y, Qiao XY, Zhao CB, Gao X, Yao ZW, Qi L, Lu CZ. Report on the first
Chinese family with Gerstmann-Straussler-Scheinker disease manifesting the
codon 102 mutation in the prion protein gene. Neuropathology 2006;
26:429-32.
Will RG. Acquired prion disease: iatrogenic CJD, variant CJD, Kuru. Br Med
Bull 2003; 66:255-65.
Pamela Andrade Lourenço Pereda
82
Zanata SM, Lopes MH, Mercadante AF, et al. Stress-inducible protein 1 is a
cell surface ligand for cellular prion that triggers neuroprotection. EMBO J
2002; 21:3307-16.
Zuegg J, Gready JE. Molecular dynamics simulation of human prion protein
including both N-linked oligosaccharides and the GPI anchor. Glycobiology
2000; 10:959-74.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo