Download PDF
ads:
ANDRESSA DA SILVA KUWANA
ESTUDO MORFOLÓGICO E DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DE UMA RESINA COMPOSTA À DENTINA BOVINA NORMAL,
DESMINERALIZADA E HIPERMINERALIZADA APÓS IRRADIAÇÃO
COM OS LASERS ER:YAG E ND:YAG, EMPREGANDO UM SISTEMA
ADESIVO AUTOCONDICIONANTE
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos,
Universidade Estadual Paulista, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação
em ODONTOLOGIA RESTAURADORA,
Especialidade em Dentística.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ANDRESSA DA SILVA KUWANA
ESTUDO MORFOLÓGICO E DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO
DE UMA RESINA COMPOSTA À DENTINA BOVINA NORMAL,
DESMINERALIZADA E HIPERMINERALIZADA APÓS IRRADIAÇÃO
COM OS LASERS ER:YAG E ND:YAG, EMPREGANDO UM SISTEMA
ADESIVO AUTOCONDICIONANTE
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para
a obtenção do título de MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação em
ODONTOLOGIA RESTAURADORA, Especialidade em Dentística.
Orientador: Prof
a
. Titular Maria Amelia Maximo de Araujo
São José dos Campos
2005
ads:
DEDICATÓRIA
“O Senhor é meu pastor: nada me faltará.”
Salmo 23(1)
À Deus,
Que sempre presente permitiu que subíssemos mais um degrau em
nossas vidas profissionais, vencendo com galhardia as dificuldades do
caminho.
Obrigada por esta conquista.
Aos Pais
Eziqueu e Vera Lúcia,
Que com muito amor e dedicação possibilitaram a minha formação
pessoal e profissional, sempre me encorajando nas horas difíceis.
A vocês todo meu amor, respeito e principalmente, eterna gratidão por
contribuírem tanto para concretização do meu ideal.
Ao meu marido André,
Pelo seu amor, paciência e principalmente pelas horas e horas de muita
ajuda e companheirismo. Sem você certamente seria muito mais difícil.
Meu amor e agradecimento.
A Prof
a
. Titular Maria Amelia Maximo de Araujo,
Por me orientar com tanta dedicação e paciência. Pelo incentivo e
colaboração para construção deste trabalho.
Minha gratidão e admiração.
Ao amigo Prof. Dr. Carlos Alberto Dotto,
Minha admiração e respeito por me apoiar e incentivar, sempre me
transmitindo seu conhecimento e experiência.
Obrigada pelas oportunidades, por acreditar em minha capacidade e
principalmente por toda colaboração.
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, pela oportunidade
de realizar minha Graduação e o curso de Pós Graduação.
Ao Prof. Dr. Clóvis Pagani, Coordenador do programa de Pós Graduação
em Odontologia Restauradora, em especial pelo seu apoio e amizade.
À grande amiga Rosehelene Marotta Araújo, pelo incentivo constante.
Aos Professores do curso de Pós Graduação.
Ao Prof. Ivan Balducci pela colaboração na análise estatística, pela
paciência e disposição em ajudar.
Aos amigos do curso de Mestrado: Ana Carolina, Cristiani, Janaina, Lia,
Maristela, Patrícia Marra, Patrícia Itocazo, Paula Elaine, Renato, Rodrigo,,
Samira, Teresa, Thais e Valdeci, pelo companheirismo, respeito e pela
agradável convivência, em especial à amiga de todas as horas Leily.
Aos amigos Rander e Fabíola, pela dedicação e ajuda para realização do
teste de cisalhamento.
Ao Prof. Dr. Carlos Rocha Gomes Torres, pelo apoio e colaboração.
À Maria Lucia do INPE pela colaboração na realização da Microscopia
Eletrônica de Varredura.
À Ângela Brito Bellini, pela revisão bibliográfica deste trabalho.
Às amigas Fernanda, Margarete e Sandra, pelo auxilio nas horas difíceis,
incentivo e amizade.
Ao amigo José Scarso Filho pela colaboração e por todo incentivo.
Às secretarias do Departamento de Odontologia Restauradora.
Às técnicas de laboratório Josiane e Michelle, por sempre estarem
prontas a ajudar.
Às secretarias do curso de Pós Graduação Erena, Rosemary e Cida, pela
colaboração durante o curso.
Ao Carlos Guedes sempre muito atencioso e prestativo.
Á Ana Paula de Almeida Lourenço pelo auxílio na realização das
fotografias.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................. 9
LISTA DE TABELAS................................................................................ 11
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................... 12
RESUMO ................................................................................................. 15
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 17
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................. 21
2.1 Adesão............................................................................................... 21
2.2 Laser Er:YAG..................................................................................... 56
2.3 Laser Nd:YAG.................................................................................... 84
3 PROPOSIÇÃO...................................................................................... 98
4 MATERIAL E MÉTODO........................................................................ 99
4.1 Materiais empregados ....................................................................... 99
4.2 Preparo das amostras...................................................................... 100
4.3 Divisão dos grupos em relação ao substrato ................................... 102
4.3.1 Subdivisão dos grupos : irradiação com laser............................... 103
4.4 Preparo das amostras para MEV..................................................... 106
4.4.1 Colagem das amostras nos stubs e metalização.......................... 106
4.5 Preparo das amostras para o teste de cisalhamento....................... 107
4.6 Teste de resistência ao cisalhamento.............................................. 108
4.7 Seqüência da metodologia............................................................... 109
4.8 Análise estatística............................................................................ 110
5 RESULTADOS.................................................................................... 111
5.1 Análise estatística............................................................................ 111
5.2 Análise morfológica em MEV........................................................... 116
6 DISCUSSÃO....................................................................................... 119
6.1 Metodologia ..................................................................................... 119
6.2 Resultados....................................................................................... 129
7 CONCLUSÃO ..................................................................................... 139
7.1 Quanto a morfologia ........................................................................ 139
7.2 Quanto a resistência adesiva........................................................... 139
8 REFERÊNCIAS .................................................................................. 141
APÊNDICE............................................................................................. 152
ABSTRACT............................................................................................ 155
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Delineamento experimental .............................................................. 105
Figura 2 - Distribuição das amostras e delineamento experimental: a) dente
bovino cortado e embutido; b) amostra; c) delimitação da área de
adesão; d) aplicação do sistema adesivo: primer; e) aplicação do
sistema adesivo: bond; f) amostra posicionada na matriz; g)
inserção da resina composta; h) matriz bipartida; i) restauração com
resina composta-vista frontal; j) restauração com resina composta-
vista lateral; k) teste de cisalhamento; l) teste de cisalhamento......... 109
Figura 3 - Gráfico de colunas (média±desvio padrão) dos dados de
resistência obtidos no ensaio de cisalhamento para as seis
condições experimentais. ................................................................... 112
Figura 4 - Gráfico das médias das seis condições experimentais
estabelecidas pelas variáveis: Laser e Dentina.................................. 114
Figura 5 - Dentina bovina normal. Verifica-se a presença de túbulos
dentinários abertos e outros obliterados por smear layer...................116
Figura 6 - Dentina bovina desmineralizada. Verifica-se a ampliação da
abertura dos túbulos, alguns obliterados por smear layer e
irregularidade da dentina peritubular, característica de fragilidade. ...116
Figura 7 - Dentina bovina hipermineralizada. Visualizamos a presença de
túbulos dentinários abertos e outros obliterados por smear layer ou
depósitos minerais..............................................................................117
Figura 8 - Dentina bovina normal irradiada por laser: a) Laser Er:YAG,
visualiza-se a presença de túbulos dentinários abertos e superfície
irregular apresentando-se em desníveis; b) Laser Nd:YAG,
visualiza-se superfície heterogênea, com áreas obliteradas por
fusão e áreas sem fusão apresentando túbulos dentinários abertos. 117
Figura 9 - Dentina bovina desmineralizada irradiada: a) Laser Er:YAG,
verifica-se a presença de túbulos dentinários abertos e desnível de
superfície em maior profundidade; b) Laser Nd:YAG, verifica-se
superfície homogênea com características de fusão, presença de
túbulos dentinários abertos e microrachaduras..................................118
Figura 10 - Dentina bovina hipermineralizada irradiada: a) Laser Er:YAG,
visualiza-se a presença de túbulos dentinários abertos com
característica de dentina peritubular mais mineralizada e desnível
de superfície; b) Laser Nd:YAG, visualiza-se superfície heterogênea
com áreas obliteradas por fusão e áreas sem fusão com a presença
de túbulos dentinários abertos e desnível de superfície..................... 118
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Média (±desvio padrão) dos dados de resistência ao cisalhamento
(MPa) obtidos nos dentes restaurados sob dois tipos de laser em
três tipos de dentina .................................................................................... 112
Tabela 2 - ANOVA para os dados de resistência ao cisalhamento (MPa)
obtidos ........................................................................................................... 113
Tabela 3 - Resultado da comparação de médias das seis condições
experimentais, após a aplicação do teste de Tukey (5%)..................... 115
Tabela 4 - Dados de resistência ao cisalhamento (MPa) obtidos nos dentes
restaurados sob dois tipos de laser em três tipos de dentina............... 152
LISTA DE ABREVIATURAS
4-META = 4-metacriloxietil trimelitato anidrido
ANOVA = análise de variância
Er:YAG = laser de érbio:ítrio-alumínio-granada
FTIR = Fourier Transform Infrared (Espectroscopia de Infravermelho de
Transformada de Fourier)
HEMA = hidroxi etil metacrilato
INPE = Instituto de Pesquisa Espaciais
MET = microscopia eletrônica de transmissão
MEV = microscopia eletrônica de varredura
MEV-EC = microscopia eletrônica de varredura por emissão de campo
MFA = microscopia de força atômica
MMA/TBB = metil metacrilato/tri-n-nbutil burano
MTRX = Microscópico Tomográfico Raio X
NaOCl = hipoclorito de sódio
Nd:YAG = laser de neodímio: ítrio-alumínio-granada
µ = micro (10
-6
)
µm = micrometro
µs = microssegundo
Ca = cálcio
cmH
2
0 = centímetro de água
CO
2
= dióxido de carbono
G= giga (10
9
)
gf = grama força
GPa = giga Pascal
h = hora
HCl = ácido clorídrico
Hz = hertz
J/cm
2
= joule por centímetro quadrado
K= quilo (10
3
)
Kg = quilograma
Kgf /cm
2
= quilograma força por centímetro quadrado
KV = quilo volt
m = mili (10
-3
)
M= mega (10
6
)
min = minuto
mJ = milijoule
mJ/min = mili joule por minuto
ml = mililitro
ml/s = mililitro por segundo
mm = milímetro
mM = milimol
mm/min = milímetro por minuto
mm
2
= milímetro quadrado
mmHg = milímetro de mercúrio
MN/m² = mega newton por metro quadrado
mol/L = mol por litro
MPa = mega Pascal
mW/cm
2
= miliwatt por centímetro quadrado
N = newton
N = normal
nm = nanômetro
ºC = grau Celsius
p = pico(10
-12
)
ps = picossegundos
rpm = rotações por minuto
s = segundo
W = watt
η = nano (10
-9
)
λ = comprimento de onda
χ² = teste de qui-quadrado
KUWANA, A. S. Estudo morfológico e da resistência ao cisalhamento de
uma resina composta à dentina bovina normal, desmineralizada e
hipermineralizada após irradiação com os laseres Er:YAG e Nd:YAG,
empregando um sistema adesivo autocondicionante. 2005. 157f. Dissertação
(Mestrado em Odontologia, Especialidade em Dentística) – Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, São
José dos Campos, 2005.
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi o de avaliar em MEV o efeito da irradiação com os
lasers Er:YAG e Nd:YAG na superfície da dentina bovina normal,
desmineralizada e hipermineralizada, bem como a resistência da união entre
estas e uma resina composta sobre um sistema adesivo autocondicionante .Para
tanto, foram utilizados 84 incisivos bovinos, despolpados e incluídos em resina
acrílica. Em seguida, a superfície vestibular foi desgastada até a obtenção da
dentina de profundidade média. As amostras foram divididas em três grupos de
28 amostras cada, de acordo com as seguintes variáveis: GI – dentina normal,
GII – dentina desmineralizada (gel desmineralizante por 7 dias) e GIII – dentina
hipermineralizada (solução hipermineralizante por 14 dias). Em todas as
amostras, uma área de 3mm de diâmetro foi delimitada para a aplicação dos
lasers. Logo após, os 3 grupos, foram divididos em 2 subgrupos (A e B). O
subgrupo A, recebeu a irradiação com laser Er:YAG no modo não contato com
40mJ de energia/pulso, 6Hz por 30s e o B, recebeu a irradiação com laser
Nd:YAG no modo contato com 60mJ de energia/pulso, 10Hz por 30s. Em
seguida, 72 amostras receberam o sistema adesivo Clearfil SE Bond (Kuraray) e
inserção da resina composta híbrida Tetric Ceram (Vivadent) pela técnica
incremental, utilizando-se matriz bipartida, sobre a área irradiada. Após 24h de
armazenagem em água destilada a 37ºC, as amostras foram submetidas ao
teste de resistência ao cisalhamento em máquina universal (EMIC) a uma
velocidade de 1,0mm/min. Duas amostras de cada subgrupo (12), tiveram a
superfície analisada em MEV, antes e após o tratamento com laser. Os
resultados foram submetidos aos testes estatísticos de Análise de Variância
(ANOVA) e de Tukey. Independentemente do tipo de dentina, a união adesiva
das amostras que sofreram irradiação pelo laser Nd:YAG foram mais resistentes
do que irradiadas pelo laser Er:YAG; a maior resistência adesiva foi encontrada
no grupo do laser Nd:YAG na dentina hipermineralizada e a menor resistência,
foi encontrada no grupo do laser Er:YAG sobre a dentina hipermineralizada. Na
análise morfológica, a dentina desmineralizada apresentou a região peritubular
irregular, sugerindo fragilidade e a dentina hipermineralizada obliteração de
túbulos sugerindo deposição de minerais. A irradiação com laser Er:YAG
promoveu nos três tipos de dentina, abertura de túbulos, irregularidades e
desníveis com maior profundidade na dentina desmineralizada. A irradiação
com laser Nd:YAG promoveu nos três tipos de dentina, áreas de fusão e outras
com abertura de túbulos dentinários. Na dentina desmineralizada ocorreram
microrachaduras e na hipermineralizada desníveis de superfície
.
PALAVRAS-CHAVE: Lasers; adesivos dentinários; resistência ao cisalhamento;
resinas compostas; in vitro; dentina.
1 INTRODUÇÃO
A evolução de materiais e técnicas na Odontologia,
juntamente com os avanços tecnológicos, propicia principalmente a
Dentística Operatória e Restauradora uma gama de novas opções, as
quais têm sido propostas e avaliadas de maneira a cumprir as exigências
de estética e função , bem como o conforto para o paciente.
Frente às inovações, temos o uso dos equipamentos a
laser. Estes têm sido usados para várias aplicações como diagnóstico de
cárie (LUSSI et al.
46
, 1999; SHI et al.
77
, 2000), tratamento de cáries
iniciais (KAWASAKI et al.
41
, 1999), remoção da cárie (MYERS &
MYERS
53
, 1985), tratamento da hipersensibilidade dentinária (GELSKEY
et al.
30
, 1993; SCHWARZ et al.
76
, 2002), tratamento de canais radiculares
(DEDERICH et al.
20
, 1984), clareamento dental (GARBER
28
, 1997),
prevenção de cárie em esmalte (PELINO
62
, 1999) e preparo cavitário
(COZEAN et al.
17
, 1997).
Não obstante, muitos estudos têm sido realizados,
buscando elucidar os efeitos que a irradiação a laser provoca na
morfologia do esmalte e da dentina e as possíveis alterações causadas
pela interação da luz laser com estes tecidos, principalmente no processo
de adesão.
Sabemos que a dentina é uma estrutura complexa,
diferente do esmalte pela variação em sua composição. Estudos sobre
adesão em dentina mostram dificuldades devido à maior quantidade de
componentes orgânicos e à variação das estruturas química e
morfológica. Profundidade cavitária, idade dentária, tipo e intensidade de
18
injúrias podem determinar a variação no comportamento deste substrato.
(MARSHALL JÚNIOR.
47
, 1993; GONÇALVES et al.
32
, 1999).
A dentina pode apresentar-se desmineralizada em
decorrência de ácidos bacterianos provenientes do processo carioso e
apesar da matriz orgânica manter-se intacta, a morfologia tubular pode
apresentar-se deformada com perda mineral (CONSOLARO et al.
15
,
1996).
Por outro lado, uma resposta pulpar a estímulos como
cárie, abrasão, erosão e também preparos cavitários, pode gerar uma
esclerose dentinária, caracterizada pela deposição de dentina peritubular,
obliteração dos túbulos por cristais maiores e irregulares de hidroxiapatita,
formando uma camada hipermineralizada ácido resistente (CONSOLARO
et al.
15
, 1996; YOSHIYAMA et al.
100
, 1996).
Tais alterações, tornam a dentina capaz de se apresentar
como diferentes substratos com características próprias, que influenciam
o processo de adesão (SANO et al.
71
,1999). O estudo da adesão iniciou-
se com Buonocore
9
em 1955, que propôs a realização de microretenções
no esmalte dental pela técnica de condicionamento ácido da superfície.
Alguns anos após, outros autores introduziram o condicionamento ácido
da dentina (FUSAYAMA et al.
26
, 1979) e mais recentemente o conceito de
hibridização (NAKABAYASHI et al.
55
, 1982; NAKABAYASHI et al.
56
,
1991). O condicionamento ácido total da dentina causa a remoção da
smear layer, abertura dos túbulos dentinários e desmineralização da
superfície, expondo uma densa trama de fibras colágenas. A interação
desta dentina desmineralizada com monômeros resinosos forma, a
camada híbrida, descrita por Nakabayashi em 1982.
Neste contexto, com o intuito de promover o
condicionamento das superfícies dentárias , propiciando à adesão destas
aos materiais restauradores, os lasers têm sido utilizados, principalmente
o de Er:YAG e o Nd:YAG (SHIGETANI et al.
78
, 2002).
19
Visuri et al.
92
(1996), verificaram que a irradiação com
laser Er:YAG na dentina, criou uma superfície similar àquela condicionada
por ácidos , melhorando a efetividade da adesão sem causar danos ao
tecido pulpar.
Morfologicamente, a superfície da dentina irradiada com
Er:YAG apresenta-se irregular, com túbulos dentinários abertos e
ausência de smear layer (TANJI
82
, 1998; ARMENGOL et al.
5
, 1999).
Outros estudos mostraram que a adesão da resina
composta à estrutura dental tratada somente com Er:YAG ou combinada
com condicionamento ácido, apresentou uma resistência adesiva igual ou
melhor do que apenas o condicionamento ácido (MORITZ et al.
52
, 1996).
A associação da utilização do laser Er:YAG com o
condicionamento ácido em dentina, promove a abertura dos túbulos
dentinários e melhora a penetração dos monômeros resinosos (ODA et
al.
59
, 2001).
Entretanto, microfendas na estrutura da dentina ou
denaturação do colágeno dental em conseqüência do tratamento com
Er:YAG, podem gerar baixos valores de adesão (KAMEYAMA
38
, 2000).
Estes fatos corroboram com os estudos de Schein et al.
75
(2003) que
verificaram na morfologia da dentina irradiada com Er:YAG, ausência de
uma matriz de colágeno propícia à interdifusão do adesivo.
No caso do laser Nd:YAG, Wigdor
97
(1992), analisando o
efeito deste tipo de laser na morfologia da dentina, verificou a fusão da
dentina intertubular e a variação dos túbulos dentinários. A recristalização
da dentina com conseqüente obliteração de alguns túbulos, também foi
relatada por DEDERICH et al.
20
(1984) e TANJI et al.
82
(1998).
Oda et al.
59
(2001), verificaram que a morfologia da
dentina irradiada com laser Nd:YAG e submetida à aplicação de sistema
adesivo, apresentava túbulos dentinários fechados, impedindo a
penetração do adesivo, não havendo formação de tags de resina e que
20
mesmo com a realização do condicionamento ácido esta situação não era
revertida.
Conforme os parâmetros empregados com o laser
Nd:YAG haverá uma variação na resistência aos ácidos aplicados na
dentina, sendo que segundo Schaller et al.
74
(1997), parâmetros na faixa
de 120mJ apresentam a maior resistência.
Muitas pesquisas têm se voltado a esclarecer dúvidas
ainda existentes e permitir o emprego de forma mais ampla e eficiente dos
laseres na Odontologia. O laser Er:YAG é indicado para aplicação em
tecidos dentais, devido ao seu mecanismo de ablação termomecânica e a
alta absorção do seu comprimento de onda pela água (MIDDA
51
, 1992;
AOKI et al.
2
, 1996). O laser Nd: YAG é altamente absorvido por tecidos
pigmentados e tecidos dentais (WHITE et al.
95
, 1987; HECHT
33
, 1992).
A efetividade da adesão à dentina inclui não só as suas
características e tratamentos como os tipos de sistemas adesivos
empregados. Com a evolução dos sistemas adesivos surgiram os
autocondicionantes, que promovem simultaneamente a desmineralização
e infiltração do monômero adesivo na dentina (KWONG et al.
44
, 2000),
aumentando a probabilidade de penetração entre as fibras colágenas
(WATANABE et al.
93
, 1994). Os questionamentos existentes na literatura
motivaram-nos a realizar este estudo com o objetivo de avaliar os efeitos
da irradiação laser quando o tecido dentinário sofre alterações como
desmineralização decorrente de um processo de cárie, bem como uma
hipermineralização devido a uma resposta fisiológica pulpar a estímulos
externos, criando um tecido, em que a composição é diferente do normal.
Em relação ao sistema adesivo eleito, consideramos o crescente uso dos
sistemas autocondicionantes e a necessidade de comprovação de sua
efetividade, especialmente em substratos com características diferentes
às do normal, o que pode influenciar as interações adesivas.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Adesão
Buonocore
9
em 1955, apresentou um método para
aumentar a adesão da resina acrílica às estruturas dentárias. Para tanto,
utilizou substâncias químicas, dentre elas o ácido fosfórico a 85%, sobre a
superfície do esmalte vestibular de incisivos humanos, in vitro, com o
intuito de que um processo de descalcificação pudesse remover sua
estrutura superficial, produzindo uma superfície mais reativa. Foi realizada
a avaliação da resistência à remoção da resina acrílica, influenciada
também pela armazenagem em água. O autor constatou um aumento da
retenção de discos de resina acrílica aderidos ao esmalte quando da
realização prévia do condicionamento com ácido fosfórico, utilizando
como explicação para o fato, o grande aumento de área superficial reativa
aliado ao aumento do umedecimento superficial, os quais contribuíram
fisicamente para um melhor contato entre os substratos.
Garberoglio & Brannstrom
29
, em 1976, com objetivo de
examinar em microscopia eletrônica de varredura (MEV) a estrutura da
dentina coronária de dentes humanos hígidos, utilizaram diferentes
grupos de idade e com variações na distância da polpa. Os autores
observaram que, o número de túbulos por mm², nas proximidades da
polpa foi de 45.000, e diâmetro de 2,5µm, na porção mediana da coroa
foram encontrados 29.500 túbulos por mm² e diâmetro de 1,2µm e na
região periférica encontraram 20.000 túbulos por mm², com 0,9µm de
22
diâmetro. Concluíram os autores que o número e diâmetro dos túbulos
dentinários aumentam quanto maior for a proximidade com a polpa.
Fusayama et al.
26
, em 1979, introduziram uma nova
metodologia para avaliar a resistência adesiva. O novo sistema adesivo,
Clearfil Bond System F (Kuraray), foi empregado sobre o esmalte e
dentina hígida e cariada, submetidos ou não ao condicionamento ácido. A
comparação foi realizada com os sistemas Adaptic Total System (Johnson
& Johnson), Concise Enamel Bond (3M) e Palakan (Kulzer). As
superfícies vestibulares de incisivos e oclusais de molares foram
desgastadas, condicionadas ou não, recebendo em seguida os sistemas
adesivos, seguindo as recomendações dos fabricantes e as respectivas
resinas compostas foram aplicadas por meio de uma matriz de teflon de
5mm de diâmetro, contendo uma alça que possibilitou a ligação com a
máquina de tração. Os autores concluíram que o novo sistema adesivo foi
superior aos demais oferecendo maior resistência adesiva; o
condicionamento ácido de esmalte e dentina aumentou significativamente
a resistência adesiva em ambos os tecidos e que o sistema adesivo
Clearfil Bond System F (Kuraray) mostrou forte adesão a todos os
substratos.
Na busca pela efetividade adesiva entre resina e estrutura
dental Nakabayashi et al.
55
, em 1982, avaliaram a efetividade do 4-
metacriloxietil trimelitato anidrido (4-META), na adesão ao esmalte e à
dentina condicionados por ácidos. Foram utilizados neste estudo dentes
humanos e bovinos, preparados com lixas de granulação 800 para criar
uma superfície onde seria realizada a adesão. A área de adesão foi
delimitada por meio de uma fita adesiva com uma perfuração de 5mm de
diâmetro aplicada à superfície. As amostras foram divididas em dois
grupos, submetidos aos seguintes tratamentos superficiais: ácido cítrico 1
% e cloreto férrico 1% (1:1) ou nas concentrações, respectivas dos
mesmos ácidos, de 10% e 3% (10:3). Após lavagem das superfícies,
aplicou-se o sistema 4-META-metil-metacrilato/tri-n-butilburano oxidizado
23
(MMA/TBB-O) e seguiu-se a armazenagem em água destilada a 37°C por
24h para realização do teste de resistência à tração. Para a análise da
estabilidade da adesão foi realizada a termociclagem dos espécimes. Os
resultados revelaram uma efetividade adesiva significativa no grupo 10:3,
tanto para esmalte como para dentina. Observou-se a presença do
monômero polimerizado na dentina condicionada peri e intertubular e nos
túbulos, justificando este aumento da força de união. Os autores
concluíram que a penetração e polimerização de monômero no interior do
substrato dental reforçam a estrutura dental.
Com o intuito de achar um substituto para dentes
humanos em testes de adesão, Nakamichi et al.
58
, em 1983, compararam
a força adesiva em dentes bovinos, com dentes humanos, usando três
cimentos de policarboxilato, um cimento de ionômero de vidro, um
cimento de fosfato de zinco e duas resinas compostas na dentina
profunda e superficial. O esmalte dos dentes humanos foi preparado
lixando as superfícies vestibulares de incisivos centrais superiores e a
superfície oclusal de primeiros molares superiores. As superfícies
vestibulares de esmalte e dentina de dentes inferiores de bovinos foram
preparadas da mesma forma com espessura de dentina residual de 0,2 -
0,9mm para a camada profunda e 1.4 - 2.1mm de espessura de dentina
residual para a camada superficial. (medidas para humano e bovino,
respectivamente). Os espécimes foram comparados para investigar a
influência da profundidade e do tempo de armazenamento na adesão.
Foram realizadas cavidades na face vestibular dos dentes, em seguida, a
resina ou mistura de cimento foi inserida na cavidade, sem pressão com
uma seringa, e um gancho foi inserido na superfície da resina para a
prova de ruptura por tração. Os espécimes foram armazenados primeiro
em estufa a 37° C por 10min. E então, em água a 37°C por uma semana
até a realização do teste de tração. A morfologia do substrato de esmalte
e dentina dos dentes, humano e bovino, foi analisada por MEV. Os
autores concluíram que a adesão no esmalte e na dentina superficial não
24
mostrou nenhuma diferença estatisticamente significante, entre os dentes
humano e bovino, embora os valores médios sempre fossem ligeiramente
menores para dentes bovinos; a adesão à dentina bovina diminuiu
consideravelmente com a profundidade; os dentes que ficaram mais
tempo estocados apresentaram valores de adesão ligeiramente mais
altos; e que os dentes bovinos foram úteis no teste de adesão como
substitutos para dentes humanos para testes no esmalte e camada
superficial de dentina.
Causton
11
, em 1984, avaliou o sistema adesivo
Scotchbond (3M Dental Products) aplicado na dentina superficial e
profunda, tratada ou não, com uma solução remineralizadora. O adesivo
foi aplicado sobre as superfícies de dentina, de modo que apresentassem
um aspecto brilhante. Com base nos resultados, o autor concluiu que a
resistência adesiva à dentina profunda (3,9MN/m²) foi menor do que
aquela obtida na dentina superficial (10,2MN/m²), ambas sem tratamento
com a solução remineralizadora. Entretanto, com a aplicação de uma
solução remineralizadora na dentina profunda, houve uma melhora na
eficiência do agente adesivo (6,6MN/m²), sendo que não ocorreu o
mesmo na dentina superficial (10,3MN/m²).
Saunders
73
, em 1988, comparou a resistência adesiva de
quatro sistemas adesivos à dentina humana e bovina. As superfícies de
esmalte vestibular foram desgastadas e a dentina exposta. Os dentes
foram incluídos em resina autopolimerizável e divididos em quatro grupos,
que receberam os sistemas adesivos Scotchbond (3M Dental Products),
Topaz (Davis), Gluma (Bayer Dental) e 3M Experimental sob orientações
dos fabricantes. Após a aplicação do adesivo, os espécimes receberam a
resina composta Prisma-Fil (Dentsply) e foram submetidos a
termociclagem por 24h, em temperaturas de 5°C e 37°C, por 2.400 ciclos,
aproximadamente. O autor observou diferença significante entre os
sistemas adesivos em cada substrato, porém não observou diferença
significante entre os dois tipos de substrato. Concluiu que a dentina
25
bovina pode ser considerada como substituta da dentina humana para
estudos em laboratório.
A correlação entre profundidade de dentina,
permeabilidade dentinária e resistência de união ao cisalhamento foram
investigadas em 1990 por Tagami et al.
81
, empregando superfícies
dentinárias de incisivos bovinos. A superfície vestibular dos dentes foi
desgastada no terço cervical até a exposição da dentina, em várias
profundidades. Foi realizada a simulação da pressão hidráulica pulpar e o
fluxo dentinário, através da conexão de um aparelho na região radicular.
Foram utilizados os sistemas adesivos Clearfil New Bond (Kuraray),
Scotchbond (3M), e Superbond C&B (Sun Medical). A permeabilidade
dentinária foi determinada através de um dispositivo para medir a
condutância hidráulica executada antes da aplicação do adesivo. No
grupo do Scotchbond, a smear layer criada com lixa de granulação 320
não foi tratada. No grupo do sistema adesivo Clearfil New Bond foi feito o
condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 60s, e no grupo do
sistema adesivo Superbond C&B, a dentina foi pré-tratada com a solução
10:3 (ácido cítrico a 10%, cloreto férrico a 3%). Após a mensuração da
permeabilidade dentinária, as superfícies foram lavadas, secas e
receberam a aplicação dos sistemas adesivos, seguindo as orientações
dos fabricantes. Posteriormente foram estocados por 24h a 37%. Os
autores observaram que à medida que a profundidade aumentava,
principalmente após a remoção da smear layer, havia um aumento na
permeabilidade e uma redução significativa da resistência adesiva para
todos os materiais avaliados. Os autores concluíram que a presença ou
ausência de smear layer determinou a relação entre permeabilidade
dentinária e profundidade de dentina. O Clearfil New Bond apresentou
uma relação mais baixa (0-4,5 MPa) quando relacionou a resistência de
união ao cisalhamento e a espessura de dentina. Verificaram que a
resistência de união na dentina superficial foi mais alta que na dentina
profunda, diferença estatisticamente significativa. O Scotchbond produziu
26
valores ligeiramente superiores (0 - 6,6 MPa) na resistência de união;
entretanto, na relação de profundidade da dentina e resistência de união
obtiveram valor mais baixo e estatisticamente significativo. O valor mais
alto de resistência de união foi atribuído ao Superbond C&B (0-25MPa).
Acima de 15MPa muitas falhas coesivas de resina ou dentina foram
encontradas nos valores de resistência de união, todas as outras falhas
de união foram adesivas. Nos grupos Scothbond e Clearfil New Bond, a
relação entre dentina superficial e resistência de união foi similar;
porém,em todas as outras profundidades, a resistência de união do
Scotchbond foi mais alta que a do Clearfil New Bond, cujos valores
diminuíram com o aumento da profundidade de dentina. Entre a
resistência de união e permeabilidade dentinária, o grupo Scotchbond não
apresentou variáveis com diferença estatisticamente significante, e nos
grupos Superbond C&B e Clearfil New Bond houve uma relação inversa
estatisticamente significativa.
Nakabayashi et al
56
. em 1991, observaram a formação da
chamada "camada híbrida" em dentina e esmalte em MEV, após a
utilização de adesivos contendo 4-META em sua composição. A
microscopia do esmalte revelou que o prévio tratamento com ácido
fosfórico criou retenções mecânicas devido à dissolução do material
interprismático, onde o adesivo penetra resultando em união mecânica.
Os autores observaram uma penetração do adesivo ao redor dos prismas
que os mantinham encapsulados. Uma análise química desta interface
mostrou que os tags são formados puramente por resina e que em sua
porção final há a presença de uma fina camada onde a resina impregnou
o material aprismático, formando uma mistura de resina e esmalte. Eles
denominaram esta zona de transição de "camada híbrida" em esmalte,
muito resistente à dissolução com ácido clorídrico, e talvez, denotando
uma certa resistência à cárie. Os autores estudaram também a ação do 4-
META em dentina que, inicialmente, mostrou-se ineficaz pela
desnaturação do colágeno dentinário com o uso do ácido fosfórico em
27
esmalte e dentina. Resolveram realizar o condicionamento com a solução
10:3 (ácido cítrico a 10% e oxalato férrico a 3%), que resultou em um
aumento de 200% na resistência de união. Houve uma formação de tags
idêntica sendo usado o ácido fosfórico ou a solução 10:3. Com o uso da
solução 10:3, observou-se à formação de uma camada intermediária
formada por resina e dentina, denominada "camada híbrida". Os autores
concluíram que quando ocorre a hibridização a resistência de união
aumenta significativamente em esmalte e dentina, além do que há a
formação de um selamento da dentina e esmalte, prevenindo a
hipersensibilidade e cárie secundária.
Nakabayashi et al.
54
, em 1992, estudaram in vivo a
adesão do 4-META/MMA/TBB e a influência do pré-tratamento da dentina
íntegra e afetada por cárie com a solução 10:3 (ácido nítrico a 10% e
cloreto férrico a 3%). Foram analisados três dentes, dos quais, um era
cariado e dois íntegros. A solução 10:3 foi aplicada por 10s e 30s. Com
base nos resultados, os autores concluíram que, uma pequena
intensidade de desmineralização da dentina, desde que não remova
quantidade excessiva de hidroxiapatita, irá resultar em aumento da
estabilidade e durabilidade da união adesiva ao dente. Segundo os
autores, a explicação se deve ao fato de que uma pequena diminuição da
quantidade de mineral da dentina retém mais hidroxiapatita que, por sua
vez, protege os peptídeos dentinários, incluindo o colágeno. O
envolvimento e impregnação do colágeno e da hidroxiapatita pela resina
4-META/MMA/TBB cria uma camada que diminui a hidrólise dos
peptídeos do colágeno com o passar do tempo, melhorando, desta forma,
a durabilidade da união adesiva da resina à dentina.
Van Meerbeek et al.
91
em 1992, publicaram uma revisão
de literatura sobre os fatores que afetam a adesão aos tecidos
mineralizados. Um dos fatores está relacionado a constituição peculiar do
tecido dentinário, composto de 70% de hidroxiapatita, 18% de material
orgânico e 12% de água, em peso. A dentina apresenta ainda muitos
28
túbulos que aumentam de diâmetro e de número à medida que se
aproximam da polpa. Na dentina superficial, 96% da área é ocupada pela
dentina intertubular, 3% pela dentina peritubular e apenas 1% pelo fluido
dentinário. Próximo à polpa, essa situação inverte-se, pois a dentina
peritubular passa a ocupar 66% dessa área, a dentina intertubular 12% e
22% de fluido dentinário. Concluíram os autores que, frente à essa
composição e estrutura peculiares, não seria possível uma união
micromecânica nos mesmos padrões à encontrada para o esmalte.
A organização estrutural e as variações microestruturais
da dentina refletem influências formativas, como tamanho e forma do
dente e alterações causadas por idade, estímulos e doença. Porém,
detalhes das relações de estrutura, composição química e propriedades
da dentina estão limitados. Assim, Marshall Júnior
47
, em 1993, realizou
um estudo para analisar a microestrutura da dentina. O autor relatou as
variações estruturais e a dependência na preparação de espécime, tipo
de dente, localização, condições de armazenamento e modificações
químicas e físicas. Segundo o autor, estudos deveriam conduzir aos
refinamentos principais em modelos de estrutura e propriedade da
dentina, necessários para contínuo avanço das resinas compostas e dos
adesivos dentais. São citadas as estratégias para a união dentinária tais
como: união química à fase mineral, ao colágeno, ou precipitados com
modificação química; uma variedade de união micromecânica por
formação de tags nos túbulos ; modificação de áreas intertubulares por
desmineralização parcial e formação de uma estrutura híbrida dentina-
polímero por impregnação e polimerização de monômeros na dentina
parcialmente desmineralizada; e penetração na dentina modificada por
laser. De acordo com o autor, a dentina pode ser considerada como um
complexo hidratado, formado pela combinação de quatro elementos: a)
túbulos dentinários b) uma área peritubular altamente mineralizada,
embutida em matriz intertubular que consiste em grande parte de c)
colágeno com cristais de apatita ; d) fluido dentinário. Outras proteínas
29
não colágenas estão presentes em quantidades menores e têm funções
específicas. Estes componentes básicos são bem conhecidos, sua
composição em volume é 50% de minerais, 30% de matriz orgânica (dos
quais , 90%, são colágenos) e 20% de fluido. A permeabilidade da dentina
é altamente variável e depende da localização no dente; é maior perto da
polpa; existem irregularidades tubulares associadas com depósitos
minerais, componentes orgânicos dos processos de odontoblastos, ou
depósitos de colágeno intratubular. Estes fatores fazem com que o
tamanho funcional do túbulo seja menor do que o tamanho aparente. Há
fluxo externo dentinário que acontece por causa de uma pequena, mas
positiva pressão pulpar, calculada em aproximadamente 10mmHg ou
15cmH
2
0. A umidade da dentina e variabilidade em suas características
de permeabilidade causam dificuldades significativas que serão
dependentes da localização na dentina, a menos que o agente de união
possa deslocar ou possa se misturar no fluido. Em áreas onde a dentina é
muito permeável, será difícil alcançar uma união estável e duradoura.
Para a realização de testes de resistência com a dentina, devemos
considerar que ela estará afastada de seu ambiente natural; um período
de seis meses após a extração é indicado, embora os efeitos do tempo
parecem ser relativamente secundários; a substituição por dentina animal
pode apresentar vantagens, mas sua estrutura pode diferir da humana;
três soluções de armazenamento parecem ser as mais comuns: água em
várias formas (destilada, deionizada, com ou sem agentes
antibacterianos), solução salina e formalina; foi sugerido que o teste seja
realizado depois que o dente fosse seccionado 1,0mm acima da polpa ou
1,0mm abaixo da junção esmalte-dentina para controle das variáveis para
a prova comparativa. O autor concluiu, com este trabalho, que detalhes na
estrutura e composição da dentina são vitais para o sucesso dos sistemas
de união.
Para avaliar a resistência ao cisalhamento de sistemas
adesivos a diferentes substratos dentinários, Perdigão et al.
64
, em 1994,
30
utilizaram o All-bond 2 (Bisco), o Amalgambond Plus (Parkell), o Prisma
Universal Bond 3 (Caulk/Dentsply) e o Scotchbond Multi-Purpose (3M) em
dentina normal, hipermineralizada e desmineralizada, simulando dentina
hígida, esclerótica e cariada, respectivamente. Para tanto, 120 molares
humanos, livres de cáries foram selecionados, desgastados com lixas
240, 400 e 600 até a exposição de dentina, a qual foi condicionada com
ácido fosfórico por 5s para remoção da smear layer obtida com o
desgaste. Posteriormente, o primeiro grupo foi imerso em solução
mineralizante, contendo 1,5mM de cálcio, 0,9mM de fosfato e 0,15M de
cloreto de potássio, por 14 dias, em trocas diárias. O segundo grupo foi
imerso em solução desmineralizante, contendo 0,1mol/L de ácido acético,
que remove mineral, mas não dissolve o colágeno, por sete dias. Os
demais dentes, pertencentes ao terceiro grupo, foram imersos em água
destilada. Depois de completados o período de armazenamento,
procedeu-se à obtenção padronizada da camada de smear layer,
aplicação do sistema adesivo, resina composta e testes laboratoriais de
resistência ao cisalhamento e exame da interface em MEV. Para todos os
sistemas adesivos, a média de resistência em dentina normal foi
significativamente maior em relação aos outros substratos. A resistência
em dentina hipermineralizada foi significativamente maior do que a
desmineralizada para todos os sistemas, com exceção do Prisma
Universal Bond 3. A avaliação morfológica possibilitou concluir que a
dentina hipermineralizada, pela alta concentração mineral da dentina peri
e intertubular, não permite um condicionamento ideal para que haja uma
penetração efetiva dos sistemas adesivos, afetando significativamente a
adesão, sendo sugerido, portanto que se confeccione, nestes casos,
retenções adicionais.
Sano et al.
70
, em 1994, estudaram as propriedades
elásticas da dentina humana e bovina, mineralizada e desmineralizada, e
testaram a hipótese de que a matriz de dentina desmineralizada
(colágeno), tem pouca contribuição na resistência à tração da dentina
31
mineralizada. Empregaram fatias de dentina bovina e humana (0,5mm de
espessura) obtidas na porção média da dentina dos dentes coletados. As
amostras foram testadas em um dispositivo de microtração (Bencor Multi-
T modificado). Os dados coletados foram submetidos aos testes de Barlett
(homogeneidade de discrepância), de análise de variância e de
comparações múltiplas de Duncan. A dentina coronária humana
mineralizada apresentou uma média de resistência a tração de 104MPa;
a dentina coronária de incisivos bovinos exibiu média de resistência a
tração de 91MPa e a radicular fraturou a 129MPa. Os módulos de
elasticidade de dentina humana e bovina mineralizada variaram de 13 a
15MPa: Quando as amostras de dentina bovina e humana foram
desmineralizadas em ácido etilenodiamino tetraacético (EDTA) a média
de resistência a tração e módulo de elasticidade caíam à 26 - 32MPa e
0,25 - 0,26GPa, respectivamente, aproximadamente um-qüinqüagésimo
dos valores encontrados para dentina mineralizada. Com base nestes
resultados os autores concluíram que o colágeno contribui em 30% da
média de resistência a tração da dentina mineralizada e que a hipótese de
que o colágeno da dentina tem pouca contribuição na máxima resistência
à tração de dentina deve ser rejeitada.
Grande parte dos estudos laboratoriais sobre sistemas
adesivos utiliza dentes hígidos. No entanto, a condição clínica de
exposição da superfície dentinária ao meio bucal desencadeia diferenças
na composição e na morfologia destas superfícies e, sobretudo revela um
substrato de maior dificuldade na adesão. Nesse sentido Van Meerbeek
et al.
90
em 1994, objetivaram neste estudo, caracterizar a morfologia da
interface adesiva em dentina cervical normal e esclerótica. Para tanto,
foram utilizados dez dentes humanos, incisivos, caninos e pré-molares,
com lesão não-cariosa cervical sobre os quais foi aplicado o sistema
adesivo Clearfil Liner Bond (Kuraray). Após a secção das interfaces foi
realizado um condicionamento com corrente de íon-argônio antes da
análise em MEV, sendo revelada uma camada híbrida de menor extensão
32
e poucos tags (por vezes ausentes) em dentina esclerótica. Estas
observações foram associadas a obliterações tubulares devido à aposição
de dentina peritubular e à deposição irregular de minerais dentro dos
túbulos, formando trajetos tubulares escleróticos. Segundo os autores,
torna-se aceitável predizer um resultado menos efetivo em dentina
esclerótica comparada à normal, considerando que a principal estratégia
de adesão envolve o entrelaçamento micromecânico entre dentina e
resina com a formação de tags resinosos. Estes resultados contribuem
para a explicação da dificuldade de adesão neste tipo de dentina e abre
uma discussão a respeito da necessidade de adaptação de um sistema
adesivo indicado para este tipo de substrato.
Watanabe et al.
93
, em 1994, realizaram um estudo no qual
grandes concentrações de Phenil-P (20%) foram usadas, associadas a
30% de hidroxi etil metacrilato (HEMA) e empregadas sobre a dentina
bovina fraturada, coberta por smear layer. Os resultados demonstraram
que esta solução desmineralizou a smear layer e a camada superficial de
dentina, criando uma camada híbrida que contém a smear layer original.
Os autores concluíram que este sistema apresentou vantagens por não
desmineralizar excessivamente a dentina, evitando a criação da zona de
fragilidade pela discrepância entre desmineralização ácida e penetração
do adesivo, além de manter baixa a permeabilidade e constituir-se de um
único passo de condicionamento e primer, garantindo de forma mais
efetiva o não-colapso do colágeno frente à remoção dos minerais e
secagem pós-condicionamento ácido. A permeabilidade manteve-se baixa
pela preservação dos smear plugs.
Muitos agentes adesivos requerem que a superfície da
dentina seja previamente condicionada por ácido para que haja adesão. O
conhecimento da estabilidade e morfologia da superfície da dentina
condicionada é importante para melhorar a resistência adesiva e
confiabilidade destes sistemas. Assim, Kinney et al.
42
em 1995, realizaram
um estudo para quantificar através da microscopia de forca atômica
33
(MFA), mudanças dimensionais que ocorrem na dentina totalmente
hidratada durante desmineralização com um gel de ácido lático de pH 4,0.
Foram utilizados seis terceiros molares humanos recém extraídos. Os
dentes foram esterilizados por radiação gama e armazenados em água
filtrada a 4ºC até serem preparados. As coroas foram seccionadas
paralelamente à superfície oclusal com 1,5mm de espessura. Três
espécimes foram escolhidas aleatoriamente para análise em Microscópico
Tomográfico Raio X (MTRX). Para o estudo em MTRX o esmalte foi
eliminado e a superfície da dentina foi polida com pasta de alumina de
granulação 0,05µm e limpas em ultra-som com água deionizada. Não foi
detectada nas superfícies a presença de smear layer. Em seguida, uma
resina fotolitográfica positiva foi colocada sobre a superfície, deixando
regiões de dentina exposta e regiões cobertas para proporcionar uma
referência para o mensuramento de contração durante a
desmineralização. As três amostras do MFA foram identicamente
preparadas, embora o esmalte tenha sido removido. Foi utilizado o MFA
Digital Instruments Nanoscope III (Digital Instruments, Santa Bárbara, CA,
EUA) para mensuração das mudanças na dentina peritubular e
intertubular durante a desmineralização em gel, contendo 25mM de ácido
cítrico, 100mM de ácido lático, 10% de gelatina e 0,1% de timol em pH
4,0. Foi também utilizado o MTRX para mapear a distribuição mineral no
dente com o mesmo gel desmineralizante. As amostras foram submetidas
à desmineralização por aproximadamente 10, 20, 40 e 80h em
temperatura constante de 37ºC. A dentina intertubular diminuiu para
menos de 0,5µm durante a desmineralização, enquanto a dentina
peritubular recuou em um rápido índice linear inicialmente. A superfície da
dentina manteve sua morfologia inicial, embora tenha ficado mais porosa
com a remoção da dentina peritubular. Abaixo da superfície atacada
houve três zonas mais caracterizadas pelas diferenças de densidade
mineral. A primeira zona foi uma camada de colágeno totalmente
desmineralizada, subjacente a qual foi uma zona parcialmente
34
desmineralizada de densidade mineral irregularmente constante.
Imediatamente subjacente a camada parcialmente mineralizada estava a
dentina normal. Os autores concluíram que a presença de camada
parcialmente mineralizada pode ser explicada em termos de índices
diferentes de transporte na dentina peritubular e intertubular.
Nakajima et al.
57
, em 1995 julgando ser a adesão à
dentina afetada por cárie, ainda, um assunto não esclarecido, realizaram
um estudo com o objetivo de testar a hipótese de que a adesão à dentina
afetada por cárie é inferior àquela conseguida para dentina normal e que
a qualidade da camada híbrida desempenha papel principal numa boa
adesão. Foram utilizados 47 terceiros molares humanos com lesões de
cárie na superfície oclusal da coroa, os quais foram armazenados em
solução salina a 4ºC. A superfície oclusal dos dentes foi desgastada com
lixa d’água de granulação 320 sob refrigeração, para expor e aplainar a
lesão de cárie. Para obter dentina afetada por cárie, foi realizado o
desgaste usando o critério combinado de exame visual, dureza da
superfície e solução detectora de cárie (CDS, Kuraray, Japão). Usando
estes procedimentos, foi removido o tecido amolecido e a dentina cariada
corada, ficando de um lado do dente dentina afetada por cárie e do outro,
dentina normal. Em seguida, a dentina foi polida com lixa d’água de
granulação 600 e cada dente foi aleatoriamente designado para um dos 3
sistemas adesivos testados: G1: All Bond 2 (Bisco Inc, Itália); G2:
Scotchbond Multi-Purpose (3M Dental Products, St. Paul); G3: Clearfil
Liner Bond II System (Kuraray Co, Ltda, Japão). G1: sendo a dentina
mantida úmida após o condicionamento ácido; G2: usando dentina seca
seguindo indicação do fabricante e G3: não houve lavagem com água
após condicionamento da dentina com o primer autocondicionante. Em
G1, G2 e G3, o adesivo foi fotopolimerizado de acordo com as instruções
do fabricante, em seguida foi feita a restauração em resina composta
inserida incrementalmente em quatro camadas com Silux Plus (3M Dental
Products, St. Paul) com 3 a 5mm de altura. Cada incremento foi
35
polimerizado por 20s. As amostras foram armazenadas em água a 37ºC
por 24h. De cada dente foram obtidas de quatro a seis fatias verticais
perpendiculares à superfície aderida, de aproximadamente 1mm de
espessura das duas porções: normal e com cárie. Estas fatias foram
cortadas e desgastadas por meio de uma broca diamantada super fina (c-
16ff, GC Ltda, Japão). As amostras foram fixadas em um dispositivo
Bencor-Multi-T (Danirlle Engineering Co, Danirlle) por meio de adesivo
cianoacrilato (Zapit, DVA, Anahein). Em seguida foram levadas a
máquina universal (AG 500B, Shimadzu, Japão) para teste de
microresistência adesiva com velocidade de 1mm/min. Após o teste, as
interfaces adesivas foram polidas, preparadas e avaliadas em MEV (JXA-
840, JEOL, Tóquio, Japão) para observar a qualidade da camada híbrida.
Os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA). A adesão à
dentina normal com All Bond 2 (26,9 ± 8,8MPa) ou Clearfil Liner Bond II
(29,5 ± 10,9MPa) foi maior do que a obtida em dentina afetada por cárie
(13,0 ± 3,6MPa e 14,0 ± 4,3MPa) respectivamente. As resistências
adesivas obtidas com Scotchbond Multi-Purpose foram similares em
dentina normal e afetada por cárie (20,3 ± 5,5MPa e 18,5 ± 4,0MPa).
respectivamente. Os autores concluíram que a resistência adesiva à
dentina depende tanto do sistema adesivo usado como do tipo de dentina.
e que a qualidade da camada híbrida pode nem sempre contribuir
significantemente para a resistência adesiva
Pashley et al.
61
, em 1995, realizaram um estudo na busca
pelo estabelecimento de melhores condições para os testes in vitro, a fim
de fornecerem resultados mais precisos e padronizados. Os autores
discutiram inúmeras variáveis, tais como: o substrato para a adesão, a
estocagem dos espécimes, a técnica de uso do primer, condicionamento
e adesivo, a pressão do fluido pulpar simulado, os métodos de teste
(cisalhamento, tração e microtensão), o modo de fratura e a estabilidade
da adesão. Os autores acreditam que os trabalhos recentes refletem o
desenvolvimento dos atuais sistemas adesivos, que apresentam
36
resultados de resistência adesiva à dentina da ordem de 20-30MPa,
quase sempre com fratura coesiva do substrato. Concluíram, porém, que
esses resultados não refletem a realidade, já que a resistência da dentina
é três vezes maior que esses valores, além do que o que realmente
interessa é a resistência da interface de adesão. Logo, propuseram a
mudança do método de teste de cisalhamento para a microtensão, que
oferece maiores vantagens e fidelidade dos resultados, apesar da
dificuldade técnica e aparelhagem especializada sofisticada.
Camps et al.
10
, em 1996, avaliaram a microinfiltração de
dois adesivos dentinários. Foram utilizados terceiros molares recém-
extraídos (usados no máximo 2h após extração), criopreservados (em
nitrogênio líquido à -180°C) ou armazenados em solução de cloramina
0,5%, à 4°C. Foram realizados preparos classe V nas faces vestibular e
lingual dos dentes, que em seguida foram restaurados com Scotchbond
Multi-Uso Plus e Z100 (3M Dental Products) ou com Gluma 2000 e Pekafil
(Bayer Dental). Após a termociclagem, os corpos-de-prova foram corados
com nitrato de prata e avaliados em microscópio óptico. Para a avaliação
do padrão de infiltração os dentes foram submetidos à MEV. Com a
análise estatística os autores observaram que: a criopreservação por 13
semanas ou o armazenamento em refrigerador por 12 dias, não
promoveram diferenças significantes no padrão de infiltração e que não
houve influência do tempo de estocagem na microinfiltração.
Tay et al.
83
em 1996, avaliaram o efeito da hidratação
excessiva da superfície dentinária, condicionada por ácido previamente à
aplicação de um adesivo à base de acetona. Discos de dentina foram
obtidos de molares humanos e divididos em grupos, conforme a
hidratação superficial após o condicionamento ácido: a) dentina seca com
jato de ar por três segundos; b) dentina visivelmente úmida; c) dentina
excessivamente úmida pela adição de 40ml de água destilada
previamente à aplicação do adesivo. Embora a camada híbrida tenha sido
observada em todos os grupos, foram detectadas falhas seqüenciais ao
37
longo da interface adesiva, além da perda de um efetivo selamento
tubular, conforme o aumento da umidade superficial. No grupo 1 foram
observados entre curtos tags de resina, glóbulos de resina intratubular.
Pequenas bolhas incluídas dentro da camada de resina, adjacentes à
camada híbrida, foram encontradas no grupo 2, aumentando em número
e tamanho no grupo 3. Tais defeitos podem explicar a redução na
resistência adesiva na presença de umidade associada com adesivos
baseados em acetona. Os túbulos incompletamente selados, com a
presença de bolhas, poderiam ser a explicação para o fenômeno de
sensibilidade pós-operatória reportados, em especial, para este tipo de
sistema adesivo, já que estes espaços representariam uma via para a
movimentação hidrodinâmica de fluidos.
Tonami et al.
86
, em 1996, realizaram um estudo para
avaliar os efeitos das condições de estocagem na resistência ao
cisalhamento da dentina bovina. Foram utilizados sessenta incisivos
recém extraídos divididos em quatro grupos: a) controle - 0h após a
extração; b) armazenamento em freezer por uma semana; c)
armazenamento em freezer por quatro semanas; d) 45min em água
fervente. Foi utilizada uma máquina Instron para a realização do teste de
resistência ao cisalhamento e os resultados foram expressos em MPa.
Não foi verificada diferença significante entre os grupos controle, uma e
quatro semanas em freezer (77; 78 e 79MPa). Para o grupo submetido à
água fervente, houve uma diminuição na resistência adesiva (70MPa). O
autor concluiu que o armazenamento em freezer pode ser indicado para
manter a integridade do tecido dentinário bovino, para a realização de
testes in vitro.
Yoshiyama et al.
100
, em 1996 avaliou a resistência
adesiva regional de três sistemas adesivos em defeitos cervicais naturais
ou criados artificialmente. Os sistemas utilizados foram: All Bond 2
(Bisco), Clearfil Liner Bond 2 (Kuraray) e Scotchbond Multi-Purpose-Plus
(3M). Como controle foram considerados dentes hígidos sobre os quais
38
foram preparadas, com instrumento cortante rotatório, cavidades com o
formato de defeitos cervicais. O teste de microtração foi aplicado nas
margens oclusais e gengivais das lesões, não apresentando diferença
estatística entre as regiões embora, especialmente as lesões naturais
tenham apresentado valores médios inferiores (20% a 40%) em relação
às lesões escleróticas artificiais. A camada híbrida foi mais espessa na
gengival do que na oclusal, sendo muito delgada para o Clearfil (0,5µm
em lesões naturalmente escleróticas e 1µm em lesões artificiais). O
exame em MEV revelou que o Clearfil Liner Bond 2 criou camadas
híbridas de menores espessuras, as quais foram muito difíceis de
mensurar em lesões escleróticas naturais. Os autores concluíram que
embora o desempenho destes adesivos tenha sido inferior em dentina
esclerótica, os valores absolutos (16 a 17MPa) foram superiores aos
sistemas utilizados previamente.
Para verificar o efeito de vários métodos de estocagem na
resistência ao cisalhamento de uma resina composta à dentina bovina,
Titley et al.
85
, em 1998, realizaram um trabalho onde foram usados dentes
frescos, divididos em grupos de dez dentes e armazenados por dois
meses, seguindo os seguintes métodos testados: água destilada;
formalina tamponada; hipoclorito de sódio; cloramina T; homofix; timol,
metanol, irradiação, glutaraldeído, freezer em água destilada. Dentes
frescos foram usados como controle. Terminado o período de estocagem,
os dentes foram embutidos em resina acrílica, em um molde de 2,5 X
2,0mm, mantidos em água por duas horas até a aplicação de resina. Os
dentes foram preparados pelo desgaste do esmalte, expondo-se a dentina
com lixas de granulação 600. A camada superficial de dentina foi
empregada no teste. A dentina foi condicionada com ácido maleico a 10%
por 15s e lavada com água destilada por 60s. Após a aplicação do
sistema adesivo Scotchbond Multi Purpose (3M) os dentes receberam a
resina composta Z100 (3M) com auxílio de um cilindro. Foram realizados
os testes de resistência ao cisalhamento. Os resultados observados
39
mostraram que: sete dos onze métodos tiveram resultados semelhantes
em resistência adesiva e falha de adesão; a irradiação ou estocagem em
timol, metanol e glutaraldeído exibiram resistência adesiva
significantemente menor e falha de adesão atípica, indicando que estes
devam ser os últimos métodos usados em armazenamento de dentes
para estudos deste tipo. Os autores concluíram que: um número
insuficiente de dentes frescos está disponível para estudos de resistência;
o congelamento é o método preferido de armazenamento para o registro
de resistências altas; são necessárias investigações adicionais para
examinar que alterações acontecem na dentina após a extração, se estas
alterações são modificadas através de várias condições de
armazenamento e se têm qualquer efeito significante na união de resinas
compostas.
Em 1999, Araújo et al.
4
, compararam o efeito de
diferentes meios de armazenamento de dentes humanos recém-extraídos
e de bovinos na infiltração marginal de restaurações de resina composta.
Foram selecionados trinta dentes terceiros molares humanos extraídos
hígidos e vinte dentes bovinos, divididos em oito grupos e armazenados
nas seguintes condições: Grupo I - dentes humanos em freezer até vinte
dias; Grupo II - dentes humanos em formol a 10% em geladeira; Grupo III
- dentes humanos em azida sódica 0,02% em geladeira; Grupo IV -
dentes humanos em soro fisiológico em geladeira; Grupo V - dentes
humanos em água destilada à temperatura ambiente; Grupo VI - dentes
humanos deixados secos durante dois meses e re-hidratados uma
semana em água comum à temperatura ambiente; Grupo VII - dente
bovino em freezer por um ano; Grupo VIII - dente bovino em freezer por
vinte dias. Foram realizados preparos Classe V em esmalte nas faces
vestibular e lingual de cada dente humano e na face vestibular do dente
bovino com a ponta diamantada 1092 (KG Sorensen), num total de oitenta
preparos. Os preparos foram restaurados com o sistema Single Bond e a
resina composta Z100 (3M). Os dentes foram submetidos à
40
termociclagem de 300 ciclos entre ± 5°C e 55°C. O corante utilizado foi a
Rodamina B- 0,2% e o grau de infiltração marginal foi analisado em Lupa
Estereoscópica utilizando escores de 0 a 4. Foi aplicada a análise
estatística de Kruskal-Wallis. Concluíram que dentes bovinos
armazenados em freezer por vinte dias mostraram o menor grau de
infiltração marginal; dentes humanos armazenados em água destilada e
dentes secos re-hidratados induziram o maior grau; os demais meios de
armazenamento mostraram desempenho intermediário.
Gonçalves et al.
32
, em 1999, realizaram um estudo com o
objetivo de avaliar os efeitos do pré-tratamento da dentina com irradiação
a laser, condicionamento ácido e hipermineralização na resistência
adesiva ao cisalhamento do agente de união Scotchbond Multi-Uso Plus
(3M). Para tanto, utilizaram superfícies dentinárias vestibulares de
incisivos bovinos divididas em dois grupos: controle, armazenado em
água destilada até o experimento e hipermineralizado, imerso em solução
mineralizante por 14 dias. Cada um destes grupos citados foi subdividido
em três grupos, de acordo com o pré-tratamento da dentina: segundo
normas do fabricante – F (condicionamento ácido+ primer + adesivo); AL
(condicionamento ácido+ primer + adesivo + laser) e LA (laser +
condicionamento ácido + primer + adesivo). Após a inserção dos cilindros
de resina composta, procedeu-se o teste, de resistência adesiva. Os
dados foram submetidos ao teste estatístico ANOVA. Os resultados
demonstraram que o pré-tratamento da dentina com laser após a
aplicação do sistema adesivo, grupo AL, foi promissor na criação de um
novo substrato, originando os maiores valores de resistência adesiva.
Em 1999, Huhtala
35
comparou a efetividade de três
cimentos: Cimento Resinoso (3M), Variolink (Vivadent) e Fuji Plus (GC
Corp.) na adesão de discos de porcelana (Fortune, Williams) e de um
polímero de vidro (Artglass, Kulzer), à dentina bovina. Foram utilizados
120 incisivos bovinos, incluídos em resina acrílica que tiveram a dentina
exposta e regularizada com lixas de papel, sob refrigeração constante.
41
Sobre estas superfícies foram cimentados discos de porcelana ou do
polímero de vidro, que haviam recebido um alívio de 40µm em sua base
para conter o cimento e padronizar sua espessura. Os espécimes foram
divididos aleatoriamente em grupos de dez; cada dois grupos receberam
o mesmo material e cimento; sendo que destes, um foi testado após 24h e
outro após seis meses, quanto à resistência ao cisalhamento, em
máquina universal Instron. Os dados obtidos foram submetidos aos testes
estatísticos ANOVA e de Tukey, 0,05% e as superfícies fraturadas foram
observadas em estereomicroscópio. Os resultados demonstraram que o
Cimento Resinoso (3M) foi o que apresentou os maiores valores médios
de resistência adesiva; que a adesão à porcelana foi superior; que houve
influência do tempo, apresentando a avaliação após seis meses,
resultados maiores que após 24h; as fraturas foram predominantemente
mistas e concluiu que os Cimentos Resinosos empregados, ofereceram
uma razoável resistência ao cisalhamento, tanto à porcelana, quanto à
dentina.
Prati et al.
65
, (1999) avaliaram a morfologia dos tags
resinosos e da camada de dentina infiltrada por resina de vários sistemas
adesivos em dentina humana normal e esclerótica de jovens e adultos,
superficial e profunda. Discos dentinários foram obtidos da oclusal de
molares extraídos, condicionados com ácido fosfórico 35-37% e
receberam a aplicação dos seguintes sistemas adesivos: OptiBond FL
(Kerr); Prime&Bond 2.0 (Dentsply); Scotchbond Multi-Purpose Plus (3M),
Scotchbond 1 (3M) e One Step (Tokuyama), Em seguida, cada espécime
foi seccionado ao meio, sendo uma das partes polida com lixas abrasivas
600, 1000, 1200 e 4000, tratadas com NaOCI 1,5%, lavadas, limpas em
ultra-som por dois min e, finalmente, secas ao ar antes da metalização
com ouro. Este protocolo foi seguido para visualização da espessura e
morfologia da camada híbrida em MEV, sendo a outra metade das
amostras desmineralizada em ácido fosfórico 20% por 70h, lavada e
desproteinizada para a avaliação da morfologia dos tags resinosos e de
42
suas extensões laterais. A camada híbrida. apresentou-se mais
homogênea, espessa e livre de gaps em dentina jovem e sadia quando
comparada à dentina senil e esclerótica. Os autores atribuíram este
resultado à dificuldade do ácido fosfórico em penetrar na dentina
intertubular esclerótica no tempo recomendado pelo fabricante.
Independente do tipo de dentina, a espessura da camada híbrida foi
menor na dentina superficial comparada à profunda. A dentina esclerótica
e adulta mostraram as menores espessuras de camada híbrida, com tags
curtos, e poucas ramificações laterais em relação à dentina normal. Ainda
observaram uma alta incidência de gaps nas interfaces adesivas em
dentina esclerótica, confirmando a premissa de que este substrato
apresentaria um comportamento adesivo inferior em relação à dentina
jovem e sadia.
Ribeiro et al.
69
, em 1999 compararam a adesão em
dentina decídua cariada e hígida. Para tanto, submeteram 48 lesões de
cáries à avaliação clínica, radiográfica e em MEV, após a restauração dos
dentes. Os dentes foram divididos em dois grupos (n=24): a) grupo 1
(controle)- lesões de cárie infectadas e totalmente removidas antes do
procedimento adesivo e restaurador; b) grupo 2 (experimental)- lesões de
cárie infectadas parcialmente removidas antes dos procedimentos de
adesão e restauração. Houve monitoração clínica e radiográfica a cada
três e doze meses após a restauração dos dentes. Ao redor do tempo de
esfoliação, os dentes foram extraídos. As interfaces receberam o desafio
ácido-base com ácido clorídrico 6N por 30s seguido de NaOCI 2% por
10min e foram processadas para exame em MEV. A taxa de retenção, de
integridade marginal e de sintomas pulpares foram idênticos para os dois
grupos. Radiograficamente, a área radiolúcida presente no grupo
experimental não aumentou com o tempo em 75% dos casos. Para o
grupo controle, o sistema adesivo formou camada híbrida. No grupo
experimental, houve uma evidência morfológica de formação de uma
camada híbrida alterada e resistente ao desafio químico. Um tecido ácido-
43
resistente, resultado da interdifusão do sistema adesivo com o tecido
cariado, foi observado adjacente e abaixo da camada híbrida alterada.
Concluíram que a aplicação de restaurações adesiva sobre lesões
cariosas infectadas irreversíveis não afeta a performance clínica destas
restaurações, com a ressalva da existência de esmalte nas margens
destas restaurações.
Sano et al.
71
em 1999, baseados na importância da
durabilidade da interação resina-dentina para a longevidade das
restaurações, realizaram um estudo de um ano para avaliar a estabilidade
em longo prazo da adesão resina-dentina na cavidade oral, bem como
testar a hipótese que a interface adesiva pode mostrar modificações
morfológicas in vivo com o tempo. Cavidades rasas em dentina foram
confeccionadas em dentes hígidos de macacos, restauradas com Clearfil
Liner Bond II (Kuraray) e Clearfil Photo Posterior (Kuraray). Os dentes
foram extraídos após três diferentes períodos: imediatamente, 180 e 360
dias após a colocação das restaurações e foram submetidos ao teste de
microtração. As superfícies adesivas, após a fratura, foram observadas
em MEV. A resistência adesiva foi estável em aproximadamente 19MPa
durante um ano de teste. As observações em MEV das superfícies
fraturadas revelaram, no topo da camada híbrida e dentro da resina
adesiva, porosidades que aumentaram com o tempo. Os autores
validaram o método que utiliza teste de resistência com observações
morfológicas em MEV, na avaliação da durabilidade da adesão.
Cunha et al.
18
, em 2000, compararam a resistência à
tração dos sistemas Single Bond (3M) e Scotchbond Multipurpose (3M)
em sessenta dentes bovinos, aos 10min e 24h da adesão. Os dentes
foram divididos aleatoriamente em quatro grupos; as faces vestibulares
foram desgastadas para obtenção de uma superfície plana e a área de
união foi delimitada por uma fita adesiva em 4,0mm de diâmetro; todos os
espécimes foram condicionados com ácido fosfórico a 35% por 15s,
lavados e o excesso de água removido. Os grupos 1 e 2 receberam o
44
Single Bond (3M) seguido da resina composta Z100 (3M) e nos grupos 3
e 4 foi aplicado o Scotchbond Multipurpose (3M) e a resina Z100 (3M),
procedimentos que seguiram as instruções dos fabricantes. Os autores
posicionaram, sobre a área de união, um cilindro de resina composta que
foi fotopolimerizado por 20s, em três posições na interface, para realizar o
ensaio de tração. Os grupos 1 e 3 foram submetidos ao ensaio de tração
após 10min da união e os grupos 2 e 4 foram armazenados em água
destilada a 37°C e tracionados após 24h. Foi utilizada uma máquina
universal Instron para o ensaio de tração, na velocidade de 0,5mm/min.
Após o ensaio, o tipo de fratura foi observado ao MEV. O teste de Tukey
(p < 0,05) e análise de variância foram aplicados para análise estatística
dos resultados e os valores em MPa da resistência à tração foram: Grupo
1 - 8,56 ± 2,97; Grupo 2 - 7,99 ± 2,12; Grupo 3 - 7,69 ± 1,40 e Grupo 4 -
7,86 ± 2,66. Não houve diferença estatisticamente significante entre os
grupos e o tipo de fratura foi predominantemente coesiva no adesivo. Os
autores concluíram que a resistência à tração dos sistemas adesivos
testados foi similar aos 10min. e 24h.
Um estudo ultraestrutural sobre a adesão ocorrida entre
um sistema adesivo autocondicionante, precedido ou não por
condicionamento ácido, e a dentina esclerótica foi desenvolvido por
Kwong et al.
44
, em 2000. Foram consideradas lesões cervicais não-
cariosas, sem preparos cavitários adicionais e, para o grupo controle
foram preparadas cavidades simulando lesões cervicais em formato de
cunha em pré-molares hígidos. Dois tratamentos foram realizados nos
grupos tratado (dentina esclerótica) e controle (dentina hígida): a) sistema
adesivo autocondicionante Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray). b)
condicionamento com ácido fosfórico a 40% seguido da aplicação do
mesmo sistema adesivo. Para a análise em MEV, os dentes foram crio-
fraturados em duas partes a partir de uma fenda pré-confeccionada na
lingual dos dentes, após os respectivos tratamentos de condicionamento.
Diferentes regiões da lesão foram observadas após a realização do
45
condicionamento ácido e/ou primer ácido, lavagem e desidratação dos
espécimes. Para a investigação em MET, interfaces de união dentina-
resina foram processadas em cortes ultrafinos obtidos da oclusal, gengival
e região central mais profunda da lesão. Os resultados obtidos revelaram
a presença de uma camada superficial hipermineralizada na dentina
esclerótica condicionada. Esta camada era bastante espessa na região
mais profunda das lesões escleróticas, onde a colonização bacteriana na
superfície da lesão também foi aparente. Ambos os protocolos de
tratamento foram incapazes de dissolver os trajetos escleróticos que
ocluíam os túbulos dentinários. Detectou-se uma autêntica camada
híbrida de menor espessura na dentina hígida tratada somente com o
adesivo autocondicionante. Esta observação também pôde ser feita em
relação à região mais profunda da lesão quando da aplicação adicional de
ácido fosfórico. Nesta região, não foi possível observar a presença de
uma camada híbrida autêntica, para ambos tratamentos. Tags resinosos
foram esporadicamente detectados em todas as regiões observadas. Os
autores concluíram que as estratégias adesivas baseadas somente na
retenção micro-mecânica podem ser comprometidas pela ausência de
camada híbrida e de tags resinosos na dentina esclerótica. Baseados nas
características morfológicas apresentadas, sugerem que a introdução de
estratégias, como a remoção superficial de dentina esclerosada e a
extensão do tempo de condicionamento, pode não ser completamente
eficaz na adesão resinosa à dentina altamente esclerótica, sendo
recomendada a continuidade de estudos interdisciplinares que visem
otimizar esta interação.
Sendo a dentina esclerótica um substrato complexo para
se alcançar resistência adesiva efetiva, Tay et al.
84
em 2000 examinaram
as características ultraestruturais da interface resina-dentina em lesões
cervicais não-cariosas seguido da aplicação de um sistema adesivo
autocondicionante Clearfil Liner Bond II (Kuraray, Japão), além de avaliar
a resistência adesiva em diferentes regiões de lesões cervicais, naturais e
46
artificiais. Para a avaliação morfológica, aplicaram o adesivo em lesões
cervicais profundas e examinaram várias regiões dentro destas lesões em
MEV e em MET. As características ultra-estruturais foram comparadas
com a interface adesiva obtida em lesões artificiais criadas em dentina
normal. Foi avaliada a resistência adesiva das porções oclusais, gengivais
e porção centrais mais profunda de lesões cervicais naturais e artificiais.
Uma camada hipermineralizada destituída de fibras colágenas intactas foi
invariavelmente encontrada nas interfaces de lesões naturais.
Dependendo da espessura desta camada em diferentes regiões da lesão,
a ação do primer autocondicionante mostrou-se limitada a esta superfície,
produzindo uma camada híbrida superficial hipermineralizada. Quando
houve uma penetração do sistema adesivo além da extensão da camada
hipermineralizada, ocorreu a formação de um complexo hibridizado,
formado pela camada híbrida superficial hipermineralizada e pela camada
híbrida sub-superficial intertubular. A colonização bacteriana da superfície
da lesão resultou em uma camada adicional sob a superfície de adesão,
denominada zona hibridizada com a matriz intermicrobiana. Os túbulos
dentinários apresentaram-se bloqueados por trajetos escleróticos e os
tags resinosos foram raramente observados. Os resultados de resistência
adesiva regional mostraram que, no geral, houve uma diferença de cerca
de 20% a menos nos valores para a dentina esclerótica natural em
comparação com a dentina hipermineralizada artificialmente. Com isso,
quatro fatores foram postulados por interferirem com a redução da
resistência adesiva na dentina esclerótica: a) a presença da camada
hibridizada com a matriz intermicrobiana misturada com bactérias pode
enfraquecer a união adesiva; b) a inabilidade do autocondicionante
penetrar através da camada espessa e hipermineralizada; c) presença de
uma camada de colágeno desnaturado, possivelmente remineralizado, na
base da superfície hipermineralizada; d) a formação de trajetos
escleróticos no lúmen tubular que evitam a formação dos tags resinosos.
47
Anido
1
, em 2001 comparou a resistência adesiva da
dentina humana e bovina em três diferentes espessuras de
remanescente, frente ao teste de cisalhamento, a fim de estabelecer uma
possível relação de profundidade entre os substratos visando a
substituição da dentina humana em testes de adesão. Empregou 48
dentes humanos (H) e 48 dentes bovinos (B), recém - extraídos,
armazenados em água destilada e congelados a -18°C. As superfícies
vestibulares dos dentes foram desgastadas com lixas de granulação 240,
400 e 600, polidas com lixa 800 em politriz, para expor a dentina e
padronizar a smear layer. Os grupos foram divididos com espessuras de
dentina remanescente de 0,5mm, 1mm e 2mm, e a área de adesão foi
delimitada em 4mm de diâmetro. Foi utilizado o sistema adesivo
Scotchbond Multi-Uso Plus (3M) aplicado na superfície de dentina
condicionada, seguida da aplicação de três camadas incrementais de
resina composta Z-100 (3M). Os resultados submetidos à análise
estatística demonstraram que houve diferença significativa entre a
resistência adesiva em dentes humanos e bovinos, sendo os maiores
valores para os H; houve diferença significativa de resistência para as
profundidades analisadas, sendo os maiores valores para a dentina
superficial, seguida da média e profunda, para ambos os substratos.
Conclui que há semelhança nos valores de resistência adesiva entre os
substratos H e B, e que o substrato bovino presta-se aos estudos
laboratoriais de resistência adesiva como indicativo da performance inicial
de novos produtos, observando-se a relação de profundidade entre os
substratos.
Bouillaguet et al.
8
em 2001, compararam a adesividade
dentinária entre sistemas adesivos de condicionamento ácido total de três
passos clínicos, condicionamento ácido total de dois passos e
autocondicionantes, por meio de um teste de microtração seguido da
observação dos espécimes fraturados em MEV. O grupo do Scotchbond
Multipurpose Plus (3M) apresentou os maiores valores de adesão com
48
significância estatística em relação a todos os outros. Os outros materiais
foram classificados em ordem decrescente de valores de adesão:
Optibond FL (Kerr), Scotchbond 1(3M) , Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray),
Primer & Bond NT (Denstply), Asba S.A.C (Lamaison Dentaire)., Excite
(Vivadent) e Prompt L-Pop (3M ESPE). A observação em MEV dos
espécimes mostrou que a maioria das fraturas foi adesiva (70%),
ocorrendo entre a resina e a camada híbrida. Alguns espécimes (20%)
mostraram fraturas mistas, adesivas e coesivas. Apenas alguns
espécimes mostraram fraturas coesivas, sendo que em 72% ocorreram na
resina e, em 28%, ocorreram na dentina. Para o Scotchbond Multipurpose
Plus (3M) observou-se uma zona de camada híbrida bem desenvolvida
(24µm) coberta por camada uniforme de adesivo (30µm), havendo fratura
adesiva na maior parte. Os dois sistemas adesivos autocondicionantes
mostraram diferenças significativas na performance em termos de
adesividade e modo de fratura. O estudo em MEV mostrou infiltração
pobre dentro da smear layer.
Marshall Júnior et al.
48
em 2001, realizaram um estudo
para verificar em MFA o índice de recessão de dentina peritubular e
intertubular em solução de ácido cítrico na dentina transparente afetada
por cárie comparando com dentina não cariada. Foram utilizados dentes
humanos extraídos com lesões de cárie, os quais foram esterilizados por
radiação gama e armazenados em água destilada a 4ºC até a utilização.
Os dentes foram seccionados longitudinalmente e utilizados os cinquenta
que apresentavam áreas contendo dentina transparente afetada por cárie.
Foram feitos cortes paralelos à superfície oclusal para expor as áreas de
dentina a serem examinadas. O grupo controle foi composto por discos de
corte paralelos a superfície oclusal de terceiros molares não cariados. As
superfícies cortadas foram polidas por meio de uma pasta aquosa de
alumina com granulação de 0,05µm e limpas em ultra-som. Em seguida
os discos de dentina foram imersos em solução de ácido cítrico em
concentração de 0,018M e pH 2,5. O condicionamento foi realizado para
49
vários intervalos por tempo cumulativo de 30min. Inicialmente os
intervalos foram de 5s de duração para os primeiros 20s, enquanto os
intervalos subseqüentes foram de maior duração, nesta fase pequena
mudança pode ser detectada nos espécimes. Em seguida as amostras
foram avaliadas em MFA. Na linha de base da dentina transparente foi
identificado que a dentina tubular foi largamente ocluída por depósitos
minerais que no condicionamento demonstraram ser ácido resistentes. A
dentina peritubular foi atacada rápida e linearmente durante o tempo até
que não pode mais ser mensurada, permitindo um índice de
condicionamento para dentina transparente que não pôde ser distinguido
na dentina normal. Na superfície da dentina normal e transparente o
condicionamento começou aproximadamente no mesmo índice, mas
quando a recessão da superfície estabilizou após profundidade menor do
que 1µm, o índice mudou para ambos tipos de dentina. Os autores
concluíram que a dentina peritubular e intertubular normal e afetada por
cárie, exibiram comportamento similar. A maior diferença foi a presença
de mineral ácido resistente em maior numero de túbulos na dentina
transparente.
Dias et al.
21
, 2002 compararam a força de adesão à
microtração de três sistemas adesivos à dentina humana preparada com
brocas carbides (C), pontas diamantadas (D) e discos de papel abrasivo
(SIC). Foram utilizados 27 molares humanos, divididos em três grupos de
tratamento aleatoriamente, com os seguintes sistemas adesivos: Single
Bond (3M - ESPE) Clearfil SE Bond (Kuraray), e One-Up Bond F
(Tokuyama). Uma resina composta, com 4mm de diâmetro, foi inserida
sobre a superfície dentinária após aplicação do adesivo e armazenada em
água, por 24h, a 37°C. Os corpos-de-prova foram cortados em fatias de
0,7mm de espessura e submetidos à fratura em uma velocidade de 1
mm/min. Os valores obtidos foram: Single Bond utilizando SIC (31,7± 7,5),
D (28,6 ± 6,5) e C (36,8 ± 9,8); One-Up Bond F utilizado SIC (33,S ± 6,1),
D(35,O ± 4,1) e C (41,9 ± 7,9) e SE Bond utilizando SIC (59,3 ± 12,5), D
50
(59,1 ± 8,0) e c (71,5 ± 10,1), em MPa. Concluíram os autores que todos
os preparos com brocas de carbide obtiveram significativamente maior
força de adesão à microtração do que os preparos com pontas
diamantadas ou papel abrasivo. Os diferentes tipos de brocas utilizadas
no preparo cavitário podem afetar o desempenho dos sistemas adesivos à
dentina. Os adesivos autocondicionantes e primers autocondicionantes
tiveram a força de adesão a microtração maior ou igual ao sistema de
condicionamento total.
Strukowska et al.
79
em 2002 compararam a resistência ao
cisalhamento da dentina e esmalte humano in vitro, utilizando vários
sistemas adesivos autocondicionantes. Os dentes foram embutidos e
desgastados com lixa de granulação 320, expondo a superfície dentinária
e o esmalte onde foram aplicados os sistemas adesivos: One-Up Bond F
(OU) - (Tokuyama), Prompt L-Pop (LP) – (3M ESPE), Clearfil SE Bond
(SE) - (Kuraray), Etch & Prime (EP) – (Degussa), e o sistema Adesivo
Experimental Autocondicionante (ES)- (Bisco), seguindo instruções do
fabricante. Na superfícies tratadas com os adesivos receberam a resina
composta Bisfil All Purpose (Bisco). Os corpos-de-prova foram
armazenados em água a 37°C por 2h e submetidos a teste mecânico na
máquina Instron (Modelo 4466) com velocidade 5mm/min, sendo a carga
de fratura convertida em MPa. A força de resistência ao cisalhamento
média foi respectivamente para dentina e esmalte: OU 18,0 ± 3,3; 14,8 ±
3,2; LP 13,6 ± 2,5; 11,8 ± 2,4; SE 25,0 ± 3,0; 21,7 ± 2,7; EP 12,5 ± 2,2; 9,8
± 2,9; ES 6,5 ± 2,1; 23,2 ± 3,5. Concluíram que os sistemas adesivos
Experimental Autocondicionante e Clearfil SE Bond mostraram resultados
de força de resistência ao cisalhamento excelentes na superfície da
dentina e esmalte sendo que o melhor deles foi o Clearfil SE Bond. Para
todos os casos, a força de resistência ao cisalhamento no esmalte foi
ligeiramente menor do que na dentina.
Alguns resultados relatados na literatura acabam por
colocar em prova a efetividade adesiva dos sistemas autocondicionantes,
51
dado ao seu limitado potencial desmineralizador. Dessa forma, Torii et
al.
87
, (2002), investigaram o efeito do condicionamento ácido dentinário
precedente à utilização do adesivo autocondicionante. Para tanto, os
dentes bovinos foram aleatoriamente divididos em quatros grupos de vinte
espécimes ,cada. Os tratamentos superficiais foram os seguintes: a)grupo
1: esmalte desgastado com lixa de granulação 600; b) grupo 2: esmalte
desgastado e condicionado com ácido fosfórico a 35% por 15s; c) grupo
3: dentina desgastada; d) grupo 4: dentina condicionada da mesma forma
que o grupo 2. Subseqüentemente, cada grupo foi dividido em dois
subgrupos, com dez espécimes cada, sendo aplicado duas marcas de
sistema adesivo autocondicionante: UniFil Bond(UB) e Clearfil SE Bond
(SE) (Kuraray), seguido da aplicação de uma camada de resina composta
(AP-X), conforme normas do fabricante. Para avaliação das performances
foi realizado o teste de tração, por meio do qual obtiveram os seguintes
resultados: 11,2MPa (Grupo 1-UB), 14,3MPa (Grupo 1-SE), 16,3MPa
(Grupo 2-UB), 20,5MPa (Grupo 2-SE), 13,4MPa (Grupo 3-UB), 16,7MPa
(Grupo 3-SE), 9,3MPa (Grupo 4-UB) e 12,6MPa (Grupo 4-SE). Os testes
estatísticos revelaram um aumento significativo nos valores de resistência
adesiva para o esmalte, enquanto que para a dentina houve um
decréscimo, também significativo.
Asmussen & Peutzfeldt
7
em 2003, investigaram a curta e
longa duração de adesão ao esmalte e dentina de um adesivo
autocondicionante de um passo, com e sem polimerização separada do
adesivo. As resistências adesivas de ambos foram mensuradas com uma
resina composta fotopolimerizável e uma resina composta quimicamente
ativada. Os sistemas adesivos multi passos serviram como controle.
Molares humanos foram incluídos em resina acrílica e em seguida um
desgaste na superfície do esmalte ou dentina foi feito com disco de
carborundum de granulação 1000 sob refrigeração. Foram selecionados
os sistemas adesivos: Prompt L-Pop (3M ESPE, Seefeld, Alemanha),
Solobond M (Voco, Alemanha), Solobond Plus (Voco, Alemanha) e
52
Optibond FL (Kerr, Orange, CA, EUA). O Prompt L-Pop é um sistema
adesivo de um passo, Solobond M é de dois passos nos quais o esmalte
e dentina são condicionados simultaneamente com ácido fosfórico a 37%
por 15s. Solobond Plus é um sistema de três passos, com
condicionamento do esmalte separado com ácido fosfórico a 37% por 30s,
aplicação de primer na dentina por 30s e aplicação do adesivo no esmalte
e na dentina. O Prompt L-Pop foi usado com e sem polimerização
separada do adesivo antes da aplicação e polimerização da resina
composta. Os outros sistemas adesivos foram usados de acordo com as
especificações dos fabricantes. As resinas compostas utilizadas foram
Rebilda LC fotopolimerizável (Voco, Alemanha), e Rebilda quimicamente
ativada (Voco, Alemanha). Sobre as amostras foram construídos cilindros
de resina composta de 3,6mm de diâmetro e 2,5mm de altura, por meio
de uma matriz de teflon. A resina composta quimicamente ativada foi
misturada por 20s e inserida na matriz em incrementos, a resina
fotopolimerizável foi inserida em incrementos e irradiada por 40s com o
fotopolimerizador XL 3000 (3M, ESPE). Após 15min as amostras foram
removidas da matriz e armazenadas em água destilada a 37ºC por um dia
ou um ano. A resistência ao cisalhamento foi determinada com uma
Máquina Universal de Teste (Instron, Jliger Wycombe, UK) com uma
velocidade de 1mm/min. A média do valor e o desvio padrão foram
calculados para seis amostras em cada grupo experimental. Os testes
estatísticos foram análise de variância e teste de Newman Keul, onde
p=0,05. A resistência de adesão do Prompt L-Pop para o esmalte
aumentou com o tempo na água, enquanto que a resistência adesiva dos
outros sistemas não mudou de maneira estatisticamente significante. Não
houve diferença na resistência adesiva para dentina mensurada após um
dia e um ano em água. A resina composta quimicamente ativada não
aderiu ao Prompt L-Pop. A polimerização separada do Prompt L-Pop não
teve influência na resistência adesiva. Os autores concluíram que o
sistema adesivo de um passo Prompt L-Pop embora menos eficiente que
53
o sistema de três passos Optibond FL, parece ser uma opção viável
comparado aos sistemas multi-passos, exceto quando há necessidade de
mediar adesão a resina composta quimicamente ativada é empregada.
Em 2003, Correa et al.
16
, realizaram um estudo
micromorfológico das dentinas humana e bovina, com o objetivo de
normalizar o uso de dentes bovinos como substitutos dos dentes
humanos em pesquisas científicas. Os autores utilizaram dentes bovinos
recém-extraídos que foram fixados em formol a 10%, por 24h. e
conservados em formol a 2% até o momento da preparação das lâminas;
dez lâminas foram preparadas pelo método de desgaste e cem lâminas
foram preparadas por descalcificação e coradas pelos métodos de HE e
Tricrômico de Masson. Com base no estudo das lâminas os autores
concluíram que a dentina bovina apresenta maior número de túbulos
dentinários nas proximidades do tecido pulpar e menor número próximo
ao limite amelodentinário, como ocorre na dentina humana. Com relação
ao diâmetro dos túbulos, foi observado, que ao contrário do que ocorre na
dentina humana os túbulos dentinários da dentina bovina têm maior
diâmetro próximo do limite amelodentinário, sendo que o diâmetro diminui
nas proximidades da polpa. A distribuição da dentina intertubular bovina
nas proximidades da polpa não é uniforme ao longo do dente e a dentina
bovina possui estruturas tubulares que foram denominadas estruturas
tubulares dentinárias. que estão presentes tanto na coroa como na raiz,
sendo mais freqüentes na coroa e não apresentam distribuição regular.
Os autores observaram também que, quando se utilizam dentes bovinos
na região próxima à polpa, simulando procedimentos de hibridização
dentinária, há menor permeabilidade devido ao menor diâmetro dos
túbulos dentinários e maior área de dentina intertubular, ao contrário do
que ocorre na dentina humana. Nas áreas próximas ao esmalte
encontraram menor número de túbulos com maior diâmetro, tornando esta
região menos mineralizada e mais permeável. Estas diferenças de
permeabilidade e quantidade de conteúdo aquoso no fluido dentinário
54
podem influenciar nos testes de microinfiltração e resistência à tração e
cisalhamento, pois estão diretamente ligados à eficiência da hibridização.
Verificaram que os dentes bovinos utilizados em incidência e
profundidade aleatórias podem alterar os resultados em testes de adesão
e microinfiltração, quando comparados à dentina humana; não há,
morfologicamente, na dentina bovina uma região idêntica à dentina
humana; a região que a dentina bovina mais se assemelha à dentina
humana é em corte transversal, na região mediana, área de dentina
primária próximo à polpa; e que são necessários outros estudos para
complementaram seus achados.
Rauscher
68
, em 2003, avaliou in vitro a qualidade da
interface adesiva em dentina normal e hipermineralizada frente a dois
sistemas adesivos de abordagens adesivas distintas, convencional e
autocondicionante. Para tanto, quarenta incisivos bovinos tiveram suas
coroas seccionadas ao meio de modo a se separarem as porções mesiais
e distais, obtendo-se oitenta hemi-secções. Em seguida, a superfície
vestibular foi desgastada até a obtenção de 1,5mm de dentina
remanescente e os espécimes foram divididos em dois grupos: (N)
dentina normal, mantidos em água destilada a 37°C e (H)
hipermineralizados, mantidos em solução hipermineralizante a 37°C por
14 dias. A seguir, cada grupo foi subdividido, de acordo com o sistema
adesivo utilizado (n=20) : S (condicionamento ácido + Single Bond, 3M) e
O (One-Up Bond F, Tokuyama). Uma resina micro-híbrida foi
posteriormente aplicada em todos os grupos, conforme normas do
fabricante (Tetric-Ceram, Vivadent), seguido do armazenamento por duas
semanas. Após os perfis de adesão serem polidos e submetidos a um
desafio ácido-base, foram processados para análise em MEV, sendo
atribuídos escores segundo o grau de porosidade e presença de gap
nestas interfaces. Os dados foram analisados estatisticamente com os
testes de Kruskal-Wallis, Dunn e exato de Fishter (α = 5%). determinando
a melhor interação para ON, sendo que o grupo H obteve o resultado
55
mais desfavorável quanto à qualidade da interface adesiva para os dois
sistemas. Estes resultados sugerem que: a) os adesivos
autocondicionantes aplicados à dentina normal são promissores em
substituir os sistemas convencionais: b) estudos mais profundos devem
ser ainda conduzidos em busca de melhores resultados para ambos os
sistemas adesivos aderidos em dentina hipermineralizada.
Susin et al.
80
em 2003, avaliaram comparativamente a
espessura de camada híbrida proporcionada por sistemas adesivos atuais
sob influência de diferentes condições de substrato dentinário (úmido,
desidratado e reumidificado), utilizando para este estudo 180 terceiros
molares humanos, hígidos, seccionados na altura do terço médio da coroa
dental, obtendo 18 grupos de dez fragmentos cada, para testar a
eficiência de seis sistemas adesivos Scotchbond Multi Uso (3M); Single
Bond (3M); Prime&Bond 2.1 (Dentsply); One Coat Bond (Tokuyama);
Clearfil SE Bond (Kuraray) e One Up Bond F (Tokuyama). As técnicas
adesivas foram aplicadas nos respectivos substratos de acordo com as
orientações dos fabricantes e duas camadas de 1mm cada, de resina
composta Z250 (3M) foram aplicadas sobre a área de teste. Os
fragmentos foram seccionados e preparados para observação em MEV.
Os resultados quanto a espessura de camada híbrida, mostraram que os
sistemas adesivos que empregaram condicionamento ácido
separadamente tiveram comportamentos semelhantes em função dos
substratos, sendo que em dentina úmida a espessura de camada híbrida
encontrada foi maior do que em dentina desidratada e reumidificada.
Porém os sistemas adesivos autocondicionante apresentaram diferentes
performances, quando comparados aos primeiros, apresentando
melhores resultados em dentina reumidificada. Entende-se que as
condições de substrato dentinário e os sistemas adesivos apresentaram
interação e isso determina que as técnicas adesivas realizadas em
dentina previnam o colapso das fibras colágenas, que ocorre pela
utilização de ar comprimido como meio de secagem da mesma.
56
2.2 Laser Er:YAG
Visuri et al.
92
em 1996, utilizaram um aparelho de laser de
Er:YAG para verificar a efetividade na remoção dos tecidos duros
dentais. O laser foi acoplado a um sistema de refrigeração por vapor
d’água. Os dentes foram distribuídos, aleatoriamente em quatro grupos
experimentais para comparar a adesão da resina à dentina após o
preparo da superfície da dentina com laser de Er:YAG (λ=2,94µm) ou
broca dental, com e sem tratamento de condicionamento ácido
subseqüente. Foi removida a superfície de esmalte das coroas de molares
humanos extraídos, deixando à mostra a dentina subjacente. Removeram
uma espessura de material com peça de mão ou laser de Er:YAG (350
mJ/pulso e 6 Hz). Foram obtidas superfícies com asperezas comparáveis.
Algumas amostras de cada grupo receberam condicionamento ácido.
Foram utilizados primer e o bond ProBond (Dentsply). Um cilindro de
resina composta TPH (Dentsply), de 3mm foi aderido à superfície
preparada. As amostras foram mantidas em água deionizada à 37°C e
submetidas à força de cisalhamento até a ruptura em máquina universal
de testes (Instron). Os resultados indicaram que as amostras irradiadas
com laser melhoraram a força de adesão quando comparadas com as
tratadas com condicionamento ácido e preparadas com peça de mão.
Fotografias em MEV das superfícies mostraram túbulos expostos após o
tratamento com laser; os túbulos também foram expostos após o
condicionamento com ácido. Os autores concluíram que os preparos com
laser resultam em uma dentina com uma superfície adequada para uma
forte adesão com resina.
Cozean et al.
17
, em 1997 realizaram um estudo clínico
para avaliar a eficácia e segurança do laser Er:YAG para a remoção de
57
cárie e preparo cavitário em esmalte e dentina comparado com a eficácia
e segurança da alta rotação. Também foram avaliados a necessidade do
uso de anestésico com laser, comparado a alta rotação. Foram
realizadas cavidades tipo Classe I, II, III, IV e V para amalgama ou resina
composta. O estudo foi dividido em duas fases: a) fase I – os dentes
tratados foram extraídos em período de tempos variados para exame
histológico do tecido pulpar; b) fase II – os dentes tratados não foram
extraídos e foi realizado um acompanhamento nos pacientes em um
período de 18 meses. Os pacientes foram aleatoriamente divididos em
dois grupos: grupo tratado com laser e grupo controle tratado com alta
rotação. Fase I: incluídos pacientes com idade entre 12 e sessenta anos e
que tinham dentes indicados para extração. Critério de exclusão incluiu
cárie perto de 1mm da polpa, historia de alergia a anestésico local,
inexistência de doença gengival na área do dente indicado para a
extração e patologia pulpar direta. Um total de sessenta pacientes
participaram da Fase I sendo 24 para o grupo laser e 36 para o grupo
controle. Nestes sessenta pacientes, 350 procedimentos foram realizados
em 62 dentes no grupo do laser e 63 dentes no grupo controle. Ambos os
grupos foram submetidos a avaliação histológica padrão para determinar
os efeitos do laser no tecido dental subjacente. Fase II: os dentes não
foram extraídos. Participaram pacientes de dois a 84 anos de idade num
total de 107 pacientes. O grupo laser teve 53 pacientes e o grupo controle
54. Nestes 107 pacientes, 512 procedimentos a laser e 357
procedimentos controle foram realizados em 168 dentes no grupo laser e
146 dentes no grupo controle. Procedimentos clínicos: o laser Er:YAG foi
utilizado nos preparos para restaurações a amalgama e resina composta
com os seguintes parâmetros: a) condicionamento ácido, 25mJ e 5 a 10
Hz; b) remoção de cárie, 50mJ e 5 a 10Hz; c) remoção de dentina, 80mJ
e 5 a 10Hz; d) remoção de esmalte, 120mJ e 5 a 10Hz. Após preparadas,
as cavidades foram restauradas com o material de escolha. A avaliação
da efetividade do laser Er:YAG e da alta rotação foi realizada para cada
58
procedimento: remoção de cárie, preparo cavitário e condicionamento a
laser. Os dados foram submetidos ao teste estatístico ANOVA. Na Fase I
não houve diferença significante entre o laser e a alta rotação. Na Fase II,
os resultados mostraram que o laser pode executar os procedimentos
clínicos testados tão bem quanto a alta rotação. Tanto na fase I como na
fase II, alguns pacientes no grupo laser relataram desconforto durante o
preparo cavitário (menos de 2%). Os autores concluíram que o uso do
laser Er:YAG para tratar tecido duro dental é seguro e efetivo para a
remoção de cárie, preparo cavitário e condicionamento do esmalte. Não
houve diferença significante entre a efetividade do laser para estes
procedimentos quando comparados com a alta rotação, também não
houve diferenças significantes entre a histologia pulpar dos dentes no
grupo laser e grupo controle.
Armengol et al.
5
1999, analisaram em MEV tecidos
dentais duros sadios e cariados, com métodos convencionais ou laser de
Er:YAG e compararam os resultados. Trinta dentes humanos cariados
extraídos foram selecionados e divididos em dois grupos: G1 - dentes
foram preparados pela técnica convencional com broca diamantada em
alta velocidade com spray para esmalte e dentina sadia, e broca carbide
em baixa velocidade e escavadores para dentina cariada; G2 laser de
Er:YAG com parâmetros recomendados pelo fabricante (Kavo - λ =
2,94µm, intensidade de energia variou de 60- 500mJ energia de pulso
variou de 14Hz). Os resultados em MEV mostraram que em dentina
cariada utilizando escavadores, a superfície ficou irregular; com brocas
em baixa rotação a superfície ficou homogênea e com smear layer. Nos
dentes tratados com laser de Er:YAG a superfície variou de acordo com a
orientação dos túbulos dentinários que apresentaram abertos, com
superfície dentinária limpa e sem fraturas; em dentina sadia utilizando
brocas carbide em alta velocidade apresentou superfície lisa com restos
smear layer, porém com laser desníveis de superfície foram vistos. Em
esmalte sadio com brocas diamantadas em alta velocidade, superfície
59
limpa com cavo - superficial irregular, e com laser o cavo -superficial foi
irregular com escamas. O laser Er:YAG pode ablacionar a dentina cariada
com energia de 250mJ a 2Hz. A dentina consistente pode ser tratada a
300mJ e 2Hz; para o esmalte, 350mJ e 3Hz, são requeridos. O laser de
Er:YAG parece ser efetivo no tratamento de lesões cariosas e no preparo
cavitário in vitro.
Hossain et al.
34
, em 1999, determinaram a taxa de
ablação e avaliaram as mudanças morfológicas no esmalte e dentina em
dentes humanos irradiados com laser de Er:YAG, com e sem spray de
água. Foi utilizado o Er:YAG (Key Laser 1242, Kavo Dental- Alemanha)
usando a energia de pulso entre 100 e 400mJ, 2Hz de freqüência por 5s.
Foram utilizados quarenta incisivos humanos para o estudo no esmalte e
quarenta molares para dentina. A ablação, com ou sem água, com
diferentes energias de pulso foi medida e as alterações morfológicas
foram observadas no MEV. Os autores observaram uma relação quase
linear entre a profundidade de ablação e energia utilizada para o esmalte
e a dentina. A irradiação empregada com água reduziu a profundidade da
ablação, porém muito pouco quando comparada com a irradiação sem
água. As observações no MEV indicaram que o emprego do laser com
água produziram cavidades sem sinal de danos térmicos à volta do
esmalte e da dentina. Os autores concluíram que a adição de um spray
fino de água direto no local da ablação, não a diminui e não causa
carbonização ou fusão nos tecidos duros adjacentes.
Para verificar o efeito da irradiação com laser Er:YAG na
ácido resistência da dentina bovina desmineralizada, Kameyama et al.
38
,
em 2000 realizaram um estudo in vitro, comparando os resultados com a
dentina não irradiada. Foram utilizados sete dentes bovinos, extraídos e
mantidos congelados até o momento da utilização. Os foram cortados e
no sentido vestíbulo-lingual e tiveram a dentina exposta de cada
superfície (V e L). Em seguida, as amostras foram divididas em dois
grupos: Grupo laser, onde a superfície da dentina foi irradiada com laser
60
Er:YAG (J.Morita Mfg. Corp, Kyoto, Japão) no comprimento de onda de
2,94µm. A energia utilizada foi de 100 mJ/pulso e 10Hz sob refrigeração,
e Grupo controle que não foi irradiado por laser. As placas de dentina
foram embutidas em resina acrílica e uma janela foi preparada na
superfície da dentina não irradiada. As amostras foram imersas em 1ml de
solução de ácido lático 0,1M (pH 4,0) e mantidas a 37ºC por 1h, a solução
foi trocada por uma nova e as amostras foram lavadas com água
destilada, secas e imersas novamente na solução. Esta troca de solução
ocorreu novamente nos períodos de 3, 6, 12 e 24h até que o processo de
desmineralização fosse completado. Neste estudo, foram realizadas
também análises quantitativas de Ca e P presentes em 0,1ml da solução
usada para a desmineralização. A quantidade de cálcio dissolvido foi
mensurada por espectrômetro de absorção atômica (508A, Hitachi, Tókio,
Japão). O P dissolvido foi mensurado por espectrofotômetro (MPS – 2000,
Shimadzu Co, Kyoto, Japão) e a porcentagem molar de Ca/P foi
calculada. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste t
(p<0,05). Foi realizada análise em MEV com campo de emissão antes e
após a desmineralização. Seis dentes bovinos extraídos foram
preparados com o mesmo método usado para análise do Ca e P, por 0, 1,
3, 6, 12 ou 24h e examinados em microscopia eletrônica de varredura por
emissão de campo (MEV-EC) (JSM 634of; JEOL, Tókio, Japão). A análise
quantitativa de Ca e P mostrou que a diferença entre o grupo laser e o
controle não foi significante, independente do tempo de imersão, mas o
grupo laser teve menor liberação de Ca que o grupo controle. Em relação
a porcentagem molar de Ca/P, as diferenças entre os grupos também
foram insignificantes. A análise em MEV mostrou que quando a solução
não foi aplicada, a smear layer esteve presente e a dentina tubular não foi
vista claramente no grupo controle. Mas no grupo laser ao contrario, não
houve presença de smear layer e a dentina tubular foi claramente
observada. Os autores concluíram que a dentina tratada com laser
apresenta pequena ou nenhuma resistência à solução desmineralizante e
61
que para a ácido resistência não houve diferença estatisticamente
significante entre a dentina irradiada pelo laser Er:YAG e a não irradiada.
Ceballos et al.
12
, 2001, realizaram um estudo para
comparar a microinfiltração em restaurações de classe V seguidas de
ataque ácido, ou diferentes tratamentos a laser Er:YAG ou ambos, a fim
de avaliar se esse laser pode substituir o ataque ácido como um pré-
tratamento para adesividade da resina composta. Foram utilizados 18
terceiros molares humanos recém extraídos, limpos e estocados numa
solução salina por mais de um mês à 4°C. Em cada dente foi preparada
uma cavidade de classe V na face vestibular e outra na lingual com a
margem gengival localizada na junção amelo-cementária, medindo 5mm
de largura, 3mm de espessura e 2mm de profundidade. O bisel da
margem oclusal foi feito com uma ponta diamantada fina 45° e 0,5mm de
largura. Todas as cavidades foram preparadas com alta rotação com
broca carbide n° 329, e posteriormente usado o laser Er:YAG e/ou ácido
para modificar as superfícies do esmalte e da dentina. Os dentes foram
escolhidos ao acaso e separados em três grupos de 6. No primeiro grupo,
o esmalte e a dentina foram tratados com gel de ácido fosfórico a 35% por
15s e lavados por 10s. A superfície da dentina foi então seca pela técnica
de absorção. O grupo 2 teve a superfície da dentina e do esmalte
condicionado usando o laser pulsátil Er:YAG com comprimento de onda
de 2,94µm, uma duração de 250µs de pulso e refrigeração. Para preparar
o esmalte a energia pulsátil usada foi de 300mJ e na dentina de apenas
250mJ. A taxa de repetição foi de 2Hz. O raio laser foi entregue com um
braço articulado com uma peça de mão a 90° de modo a não manter
contato, e o tamanho da área focal foi a cerca de 0,7mm de diâmetro. O
raio laser não foi focalizado e a distância de trabalho foi maior que 15mm
para que se reduzisse a ablação. Esse tratamento foi realizado durante
2min. Já no grupo 3, o esmalte e a dentina foram tratados como descrito
anteriormente, acrescido porém de ataque com ácido fosfórico por 15s e
lavados por 10s. Todas as restaurações foram realizadas utilizando
62
sistema adesivo Scotchbond I (3M) e resina composta Z100 (3M). Os
dentes restaurados foram estocados em água destilada por um dia e
termociclados com temperatura de 6°C e 60°C por 500 ciclos com
duração de 30s cada banho. Os ápices dos dentes foram selados com
cimento de óxido de zinco e eugenol e cobertos com esmalte de unha,
1mm aquém da restauração. Os espécimes foram imersos em solução de
fucsina a 0,5% durante 24h à temperatura ambiente. Os dentes foram
embutidos em resina e seccionados longitudinalmente em fatias de
0,6mm para avaliar a penetração do corante. As secções foram
separadas e a porção mais mesial, central e distal das interfaces
restauradas, foram examinadas na margem oclusal e gengival com o
estereomicroscópio. A análise dos espécimes, foi realizada por dois
observadores que desconheciam a natureza exata da avaliação. O critério
utilizado foi escores de 0 a 3, de acordo com a profundidade de
penetração do corante. Os dados foram analisados usando testes
estatísticos não paramétricos Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Observou-
se que na parede oclusal das cavidades que sofreram ataque ácido, a
microinfiltração foi significantemente mais baixa que aquelas tratadas com
laser, ou com ambos tratamentos. Já na parede gengival não foram
encontradas diferenças estatísticas. Todos os grupos mostraram maior
infiltração na parede gengival do que na oclusal. Os autores concluíram
que a irradiação à laser não é uma alternativa muito válida no esmalte
pois um pré-tratamento com condicionamento ácido tem uma melhor
efetividade.
Francischone et al.
25
em 2001, com objetivo de
verificaram o efeito do laser de Er:YAG na adesão da resina composta à
dentina. Utilizaram cinqüenta terceiros molares humanos recém-extraídos
que tiveram a superfície dentinária exposta através da remoção do terço
oclusal. Nesta superfície, foram realizados: Controle - condicionamento
com ácido fosfórico a 35%, por 15s; G1 - laser com 60mJ de energia e
10Hz ; G2 - laser com 100mJ de energia e 10Hz; G3 - tratamento nas
63
mesmas condições do grupo 1, acrescido do condicionamento com ácido
fosfórico por 15s e G4 - tratamento nas mesmas condições do grupo 2
com condicionamento ácido. Em seguida, para todos os grupos, foi
aplicado o sistema adesivo Single Bond (3M) e confeccionados cilindros
de resina composta Z100 (3M). Após 24h de armazenagem em água
destilada a 37°C, os espécimes foram submetidos à força de
cisalhamento, em uma máquina de ensaios universal Kratos, a uma
velocidade de 0,5mm/min. Os valores observados e analisados
estatisticamente pelo método ANOVA a dois critérios permitiram concluir
que o tratamento da superfície dentinária com laser de Er:YAG apresenta
valores de adesão inferiores aos obtidos com condicionamento ácido, e
que o condicionamento com ácido fosfórico, realizado após o tratamento
com laser, aumenta significativamente os valores de adesão,
principalmente quando utilizado com 60mJ de energia.
Oda et al.
59
em 2001, revisaram na literatura o emprego
do laser Er:YAG e laser Nd:YAG em Dentística Restauradora, como
tratamento operatório prévio ao procedimento adesivo e restaurador,
avaliando morfologicamente a união adesivo/resina composta e dentina
tratada com irradiação por meio de um estudo comparativo por MEV.
Utilizaram dentes bovinos recém-extraídos, submetidos a uma profilaxia e
armazenados em soro fisiológico a 0,9% até o início dos trabalhos. Foram
preparadas cavidades de classe V, (na face vestibular dos dentes com
dimensões de aproximadamente 4mm de altura, 6mm de largura e 3 mm
profundidade), com ponta diamantada cilíndrica no 1092 (KG Sorensen)
em alta rotação e total refrigeração. Os espécimes foram divididos em
quatro grupos: G1 - os preparos receberam um tratamento na superfície
da dentina com laser Er:YAG, seguido dos procedimentos adesivos
(Single Bond - frasco único - 3M) e material restaurador (resina composta
Z100 - 3M), ambos seguindo as instruções do fabricante; G2 - teve o
tratamento idêntico ao anterior, porém com laser Nd:YAG; G3 - teve o
tratamento com laser Er:YAG, procedimento adesivo, sem o
64
condicionamento ácido, e finalmente o restaurador; G4 - teve o tratamento
idêntico ao anterior, porém com laser Nd:YAG. Nesse trabalho, foi
utilizado o laser Nd:YAG Pulse Máster 1000 com comprimento de onda de
1,064µm, com parâmetros 0,6W, 15Hz, 40mJ. O tempo de irradiação foi
de 30s, a uma distância de 1mm, com refrigeração a ar. O laser Er:YAG
utilizado foi o modelo Kavo Key Laser, com comprimento de onda de
2,94µm, com parâmetro de 2Hz, 80mJ focados durante 30s em varredura.
O foco ideal foi estabelecido entre 12 e 15mm da lente até o tecido
irradiado. A refrigeração deste aparelho ocorreu através de um spray de
água, que atuou no processo de ablação. Todos os elementos dentais
foram seccionados no sentido longitudinal com auxílio de cinzel e martelo,
no centro da restauração e foram adequados para a leitura em MEV,
através de secagem em estufa a 37°C, por 12h e montados em "stubs".
Em seguidas as amostras foram metalizadas com ouro num aparelho
Balzers SCD - 040, e analisados em MEV. Na análise observou-se que o
grupo 1 (laser Er:YAG com condicionamento ácido) houve a penetração
do adesivo na dentina. No grupo 2 (laser Nd:YAG com condicionamento
ácido) foi possível observar a linha de união da dentina com o adesivo,
não havendo abertura de túbulos dentinários, sugerindo que os túbulos
estavam vedados. No grupo 3 (laser Er:YAG sem condicionamento ácido),
notou-se que a superfície dentinária encontrava-se com abertura de
túbulos, porém a resina estava espalhada, sem penetração. No grupo 4
(laser Nd:YAG sem condicionamento ácido), foi possível observar a falta
de abertura dos túbulos dentinários. Comparativamente, em todas as
amostras tratadas com Er.YAG, as com condicionamento ácido, a resina
não se encontrava espalhada na superfície dentinária, já as sem
condicionamento ácido, apesar da abertura dos túbulos, a resina
encontrava-se espalhada, sem penetração. Com base nas observações
microscópicas, concluiram que ocorreu a penetração nos espécimes
tratada com laser Er:YAG e condicionamento ácido, portanto deve-se
fazer o procedimento adesivo completo quando se utilizar o laser Er:YAG.
65
Yamada et al.
98
em 2001, realizaram um estudo in vitro
com o propósito de comparar a efetividade da remoção de dentina cariada
usando irradiação com laser de Er:YAG, Nd:YAG e o tratamento
mecânico convencional, sendo todos com irrigação contínua de spray de
água. Foram utilizados vinte dentes humanos extraídos com cárie nas
superfícies próximas da raiz. As lesões de cárie foram selecionadas de
acordo com a cor e a consistência, e tiveram sua extensão medida por
meio do laser Diagnodent 2095 (Kavo Dental GmbH, Alemanha), com
λ=655nm, sendo considerado os critérios: 0-20 não cárie; mais do que 20,
profundidade da cárie entre esmalte e dentina. As lesões de cárie que
refletiram mais do que 26 foram usadas neste estudo. Inicialmente dois
pontos foram marcados na borda de cada lesão com tinta preta, ao longo
da linha central que divide longitudinalmente a lesão em duas metades.
Primeiro, uma metade de dez lesões de cárie foi removida com tratamento
mecânico e a outra metade com laser Er:YAG. As outras dez lesões de
cárie receberam em uma metade tratamento mecânico e na outra
tratamento com laser Nd:YAG. O tratamento mecânico foi realizado
utilizando brocas de aço esféricas de tamanho entre 0,05 a 0,14
montadas em micromotor de baixa rotação. O laser de Er:YAG utilizado
foi o sistema KavoKey Laser 1242 (Kavo Dental GmbH, Alemanha),
emitindo λ=2,94 µm e diâmetro da fibra de 0,63mm; a irradiação foi de
200mJ de energia/pulso, com freqüência de 2Hz com contínua
refrigeração de spray de água (1ml/min) até a lesão ser totalmente
removida. Para o tratamento com laser Nd:YAG, foi utilizado um laser
pulsado d-Laser 300 (American Dental Laser, Birmingham). Este sistema
emite λ=1,074µm e fibra óptica de diâmetro 0,32nm. A irradiação foi
realizada com potência de 6W e freqüência de 20Hz, também com
refrigeração contínua de spray de água (120ml/min). Após toda cárie ser
removida a cavidade foi verificada com explorador de acordo com a cor e
dureza. Quando a remoção de cárie progrediu e o assoalho da cavidade
tratada tornou-se profundo e próximo demais da camada de dentina
66
intacta subjacente, a cavidade tratada foi cuidadosamente acessada por
meio do Diagnodent. O procedimento foi repetido até o Diagnodent
mostrar valores menores do que 20. O tempo utilizado para a remoção da
cárie foi determinado para cada tratamento, não incluindo o tempo de
trabalho para inspeção da lesão residual. As diferenças no tempo
requerido para cada grupo de tratamento, foram estatisticamente
analisadas por ANOVA e um valor de p<0,01 foi considerado significante.
A mudança térmica no tempo da irradiação laser foi mensurada pelo
sistema thermovision 870 (AGEMA, Suíça). Cada lesão foi examinada
antes e após o tratamento para verificar as características da superfície
macroscopicamente usando estereomicroscópio (SMZ-16, Nikon, Japão).
Ainda, os espécimes foram preparados e analisados em MEV (JSM-T220
A, JEOL, Japão) a 20KV. O tempo de irradiação do laser de Er:YAG ou
Nd:YAG para remoção da cárie foi aproximadamente 2 ou 3 vezes maior
do que o tratamento com broca, respectivamente. Nos grupos tratados
com laser, o aumento de temperatura não excedeu 3-4ºC.
Macroscopicamente, o assoalho da cavidade se apresentou relativamente
liso com o tratamento mecânico, já após a irradiação com laser, a
superfície apresentou-se irregular sem carbonização ou fendas na
dentina. A análise em MEV demonstrou no grupo do tratamento mecânico
superfície plana, coberta por smear layer e orifício dos túbulos fechados.
No grupo Nd:YAG vários padrões de irregularidade foram notados, não
houve presença de smear layer e sim, exposição dos túbulos dentinários.
O grupo Er:YAG também mostrou microirregularidades sem presença de
smear layer com exposição dos orifícios dos túbulos dentinários. Os
autores concluíram que pode ser sugerido que sobre adequada
refrigeração e com uma técnica de irradiação cuidadosa as cavidades
podem ser preparadas com laser de Er:YAG e Nd:YAG, sem sinal de
injuria térmica para os tecidos circundantes bem como para a polpa
dental.
67
Ceballos et al.
13
, em 2002 testaram a hipótese de que a
adesão à dentina é afetada pelo condicionamento com laser Er:YAG.
Utilizaram 60 terceiros molares humanos, livres de cárie, armazenados
em água a 4ºC. Metade dos dentes foram seccionados abaixo da junção
amelodentinária e a superfície da dentina foi regularizada em lixa de
granulação 180, umedecida com água. Os outros trinta dentes foram
seccionados 1,1 ± 0,1mm abaixo da JAD e regularizados até a exposição
da dentina profunda. As dentinas superficial e profunda foram distribuídas
em três grupos: G1: condicionamento com gel ácido fosfórico a 35%
(Scotchbond Etchant, 3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) por 15s e lavagem
por 10s. G2: superfície tratada com laser Er:YAG pulsado (Modelo
002532, Kavo, Alemanha) com um comprimento de onda de 2,94µm, a
duração de pulso de 250µs, 180mJ/pulso e freqüência de 2Hz, sob
refrigeração. O feixe de laser foi utilizado no modo não contato,
perpendicular a superfície da dentina, numa distância de 20mm; G3: a
superfície da dentina foi inicialmente tratada com laser e em seguida com
ácido fosfórico gel a 35%, do mesmo modo que já descrito no G2 e G1.
Em todas as amostras foi aplicado o sistema adesivo Single Bond (3M,
ESPE) pela técnica da adesão úmida e fotopolimerizado por 10s. Em
seguida, a resina composta Z100 (3M, ESPE) foi inserida em incrementos
de 1 a 1,5mm e fotopolimerizada por 40s cada, resultando numa
espessura de aproximadamente 3mm. Todas as amostras foram
armazenadas em água corrente a 37ºC por um dia e termocicladas por
500 ciclos entre 6ºC e 60ºC com intervalo de 30s cada. O teste de
cisalhamento foi realizado na máquina Instron Universal (Modelo 411,
Instron Corp, EUA) a uma velocidade de 0,75mm/min. Os dados foram
submetidos ao teste estatístico ANOVA e comparações múltiplas pelo
teste Student-Newmam-Keuls. Foi revelado que o condicionamento e
interação entre tratamento e profundidade da dentina influenciaram
significativamente os resultados de resistência ao cisalhamento, sendo os
maiores valores na dentina superficial. O condicionamento ácido sozinho
68
produziu valores de resistência ao cisalhamento maiores do que os
encontrados com o laser aplicado sozinho. Os autores concluíram que o
laser Er:YAG criou uma camada laser modificada desfavorável para a
adesão à dentina, e que assim, não constitui uma alternativa para o
condicionamento ácido convencional.
De Munck et al.
19
em 2002, realizaram um estudo para
avaliar a hipótese de que a irradiação laser é igualmente efetiva para a
adesão como procedimentos convencionais de condicionamento ácido e
que o substrato dental preparado por laser de Er:YAG ou broca
diamantada é igualmente receptivo aos procedimentos adesivos. Foram
utilizados 36 terceiros molares humanos hígidos armazenados em
solução de cloramina 0,5% a 4ºC por um mês. Os dentes foram
aleatoriamente divididos em 6 grupos experimentais e 6 grupos controle.
Um adesivo convencional Optibond FL (Kerr, Orange, CA, EUA) e um
autocondicionante Clearfil SE Bond (Kuraray, Osaka, Japão) foram
utilizados. O Optibond FL foi usado com e sem condicionamento por ácido
fosfórico a 37,5%. O esmalte lingual e ou vestibular foi aplainado com
broca diamantada (842, Komet, Alemanha) em alta rotação. Para as
superfícies tratadas com laser foi obtida uma smear layer padronizada
através do desgaste do esmalte com lixa d’água granulação 600 sob
refrigeração por 60s. Então a superfície toda foi uniformemente irradiada
sob refrigeração contínua usando laser Er:YAG (Fidelis, Fotona Medical
Lasers, Eslovênia) com potência de 15W, ponta de safira de 0,8mm de
diâmetro em leve contato. Os parâmetros para o condicionamento do
esmalte foram 120mJ de energia, 10Hz. Em seguida, os adesivos foram
aplicados nas superfícies seguindo as recomendações do fabricante.
Após a polimerização dos adesivos, as superfícies foram reconstruídas
com Z100 (3M, St. Paul, MN, EUA) em três ou quatro incrementos,
totalizando 5 a 6mm de altura. A resina foi fotopolimerizada com Optilux
500 (Demetron/Kerr, Danbury, CT, EUA) com intensidade de 550mW/cm
2
. Para a preparação das amostras de dentina a superfície oclusal foi
69
removida. As amostras foram cortadas com broca e a smear layer foi
padronizada por meio de broca diamantada de granulação 100µm (842,
Komet). As superfícies irradiadas por laser de Er:YAG, tiveram a smear
layer padronizada por ablação com 80mJ de energia e 10Hz. Os adesivos
e a resina composta foram aplicados como descrito anteriormente. Em
seguida as amostras foram armazenadas por 24h em água a 37ºC. Os
dentes foram seccionados perpendicularmente à superfície restaurada
obtendo-se amostras retangulares de aproximadamente 2x2mm de
largura e de 8-9mm de comprimento. As amostras foram submetidas ao
teste de microresistência adesiva a uma velocidade de 1mm/min até a
fratura, usando célula de carga de 100N, em máquina LRX (Lloyd,
Hlampshire, UK). Os dados foram submetidos aos testes estatísticos
Kruskall-Wallis e Dwass-Steel-Chritchrow-Fligner (p=0,05). Os padrões de
fratura (coesiva, adesiva ou mista) foram analisados usando
estereomicroscópio. Ainda, as amostras de esmalte e dentina preparadas
por laser foram examinadas em MEV-EC (FE, SEM, Philips XL30, Philips,
Eindhoven, Holanda). Seis superfícies de dentina foram irradiadas com 10
Hz, e 60, 80 ou 100mJ e seis superfícies de esmalte foram irradiadas com
10 Hz e 100, 120 ou 140mJ. Como controle, duas superfícies dentinárias
foram fraturadas mas não irradiadas. A adesão com adesivo convencional
foi significativamente menos efetiva para esmalte e dentina preparados
com laser do que preparados por broca. O condicionamento por laser foi
claramente menos efetivo do que por ácido. Alem disso, o ataque ácido
do esmalte e dentina preparados por laser aumentou significativamente a
microresistência adesiva do Optibond FL. O adesivo autocondicionante
teve desempenho igual para esmalte preparado por laser ou broca, mas
significativamente menos efetivo para dentina preparada por laser do que
a preparada por broca. Os autores concluíram que as cavidades
preparadas por laser parecem menos receptivas aos procedimentos
adesivos do que as cavidades convencionais preparadas por broca.
70
Eguro et al.
23
em 2002, investigaram se a aplicação de
vários tratamentos na superfície irradiada por laser de Er:YAG afeta a
resistência adesiva entre dentina e resina composta. Foram utilizados 50
pré-molares humanos hígidos, extraídos e armazenados em solução de
Timol 0,1%; os quais tiveram a superfície de esmalte vestibular
desgastada até a obtenção da dentina. Através de fita adesiva de
alumínio (Nichiban, Tókio, Japão) foi delimitada uma área de 2,4mm de
diâmetro. O laser Er:YAG utilizado foi o Kavo Key 1242 (Kavo Biberach,
Alemanha), o diâmetro do feixe foi aproximadamente 0,7mm, a duração
do pulso 250-500ms, a ponta utilizada foi 2051 a uma distância de 12mm
da superfície irradiada. Os parâmetros foram 100mJ de energia por pulso
e 4Hz sob refrigeração constante (3ml/min). Após a irradiação, a
superfície foi lavada por 15s e seca com jato de ar. Em seguida os dentes
receberam os seguintes tratamentos da dentina: a) USSE - Ultrassom
com cureta (Shofu, Kyoto, Japão) foi aplicado em dez dentes com
freqüência de 27.000Hz, energia 6J, irrigação de 15ml/s e pressão de
contato de 20 a 30gf por 5s; b) ASSE - Cureta a ar (Rooty 560-LVX-
Yoshida, Tóquio, Japão) foi aplicada em dez dentes com freqüência de
6Hz, irrigação de 15ml/s e pressão de contato de vinte a 30gf por 5s; c)
PHSE - Ácido fosfórico 37% (K-Etchant, Kuraray, Japão) aplicado em dez
dentes por 15s e lavado por 15s; d) QJSE - jato de carbonato de sódio
(Yoshida, Tóquio, Japão), aplicado em dez dentes por 5s com pressão de
ar de 3Kgf /cm
2
a uma distância de 5mm. Todos os dentes foram lavados
por 15s e secos com breve jato de ar, em seguida, receberam o sistema
adesivo Clearfil SE Bond (Kuraray), sendo o primer aplicado por 20s,
breve jato de ar e em seguida o Bond e fotopolimerizado por 10s com GC
New Light VLII (GC, Tóquio, Japão). Foi aplicada a resina composta
Clearfil AP-X (Kuraray) por meio de uma matriz transparente com
espessura de 1mm e fotopolimerizada por 40s. Os dentes foram divididos
em 5 grupos: G1: grupo controle; G2: USSE; G3: ASSE; G4: PHSE e G5:
QJSE e armazenados em umidade a 37ºC por 24h. Foi realizado o teste
71
de resistência adesiva em máquina Autograph AG-I (Shimadzu, Japão),
com velocidade de 0,5mm/min. Os dados foram submetidos ao teste
estatístico de comparação múltipla Bonferroni (p<0,05). As superfícies
fraturadas foram observadas em microscópio-6300 a 100X (Keyence,
Japão). A resistência adesiva do G5 foi maior em 18,45 ± 3,72MPa e o
menor valor foi o grupo controle (G1) em 12,56 ± 4,38MPa. O modo de
fratura mais exibido foi coesiva no agente adesivo. Os autores concluíram
que a resistência adesiva no G5 e no G4 foram significativamente maior
do que o grupo somente irradiado por laser de Er:YAG.
Gonçalves et al.
31
em 2002, verificaram a resistência
adesiva nas interfaces do sistema dentina-resina condicionadas por
irradiação com laser Er:YAG. Foram utilizadas 42 superfícies dentinárias
vestibulares de terceiros molares humanos extraídos e mantidos em
solução aquosa de cloramina 5% sob refrigeração. Os sistemas
restauradores escolhidos foram: Alert (Jeneric-Pentron, Inc Flow It,
Wallingford), Prodigy (Kerr Corp, Orange) e Z-100 (3M Dental Products,
St. Paul) com os adesivos correspondentes da mesma marca Bond 1,
Optibond Solo e Single Bond, respectivamente. O laser de Er:YAG
utilizado possui λ=2,94µm ( Fidelis, Fotona Latin Méd Inc, Stuart) com
140mJ/pulso e freqüência de 4Hz num ângulo de 90º durante 15s. As
amostras foram divididas em seis grupos: G1: Er:YAG + ácido fosfórico
37% + Bond 1 + Flow It + Alert; G2: ácido fosfórico 37% + Bond 1 + Flow
It + Alert; G3: Er:YAG + ácido fosfórico 37% + Optibond Solo + Prodigy;
G4: ácido fosfórico 37% + Optibond Solo + Prodigy; G5: Er:YAG + ácido
fosfórico 37% + SIngle Bond + Z-100; G6: ácido fosfórico 37% + Single
Bond + Z-100. O ácido fosfórico foi aplicado por 15s e lavado. Os
sistemas adesivos foram aplicados seguindo a recomendação do
fabricante e fotopolimerizados. Foi delimitada uma área circular de 3mm
para o teste de adesão. Com a utilização de uma matriz bipartida foram
confeccionados cilindros de resina composta de 5mm de altura e
fotopolimerizados com aparelho XL 3000 (3M Dental Products) por 40s
72
em 3 diferentes posições, totalizando 120s. As amostras ficaram
armazenadas em umidade relativa a temperatura ambiente por 48h. Em
seguida, foram levadas a máquina universal de teste 2000 (EMIC,
Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda, São José dos Pinhais, Paraná,
Brasil) regulada a velocidade de 5mm/min e célula de carga de 200Kg. Os
dados foram submetidos ao teste estatístico Kruskal-Wallis. Para G1 a
média foi 18,89MPa diferindo consideravelmente de G2, cuja média foi de
8,03MPa (p<0,1), mas não diferiu dos outros grupos. O G4 com média de
19,88MPa, diferiu do grupo G3: 12,57MPa (p<0,05) mas não diferiu do
G5: 14,11MPa e G6: 19,58MPa. O G5 não teve diferença estatisticamente
significante do G6. Os autores concluíram que o tratamento com laser
Er:YAG prévio na estrutura da dentina somente melhorou a resistência
adesiva do sistema restaurador Alert.
Ishizaka et al.
36
em 2002, investigaram os efeitos da
irradiação de laser Er:YAG na dentina humana. Quinze pré-molares
humanos intactos recém extraídos receberam na superfície mésio-
proximal duas cavidades de 30mm de largura e 1,5mm de profundidade,
sendo uma na metade vestibular e outra na metade lingual. Metade das
cavidades foi preparada por meio de brocas e a outra metade pelo laser
Er:YAG. Para o grupo tratado por broca, o esmalte foi cortado com ponta
cilíndrica diamantada FG301 (Shofu, Japão) em alta rotação e a dentina
foi desgastada usando broca de aço esférica de 1mm em baixa rotação.
Para o grupo tratado com laser, foi utilizado o Er:YAG Kavo Key laser
1242 (Kavo, Alemanha), a energia de irradiação foi ajustada em 250mJ
para o esmalte e reduzido de 140 a 80mJ para a dentina dependendo da
profundidade da cavidade, a freqüência foi 4Hz sob refrigeração contínua
(3ml/min). O feixe laser foi focado perpendicularmente a superfície
irradiada a uma distância de aproximadamente 12mm. Os dentes foram
preparados para a análise histológica do soalho da cavidade. Oito dentes
foram preparados para análise em microscópio de luz polarizada Eclipse
E600 Pol (Nikon, Japão), microradiografia CRM X-ray (Softex, Japão) com
73
corante fucsina-carbol. Cinco dentes foram colocados no corante eosina
para análise em microscópio de luz e dois dentes foram analisados em
microespectrômetro infravermelho (Spectra – Tech, Inc, WI, EUA). No
grupo tratado por laser, foi observada uma camada basofílica
profundamente corada, enquanto que no grupo tratado com broca não. O
numero de processos odontoblásticos presentes foi menor no grupo laser
do que no tratado com broca. Os autores concluíram que a irradiação com
laser Er:YAG pode ter desnaturado o material orgânico da dentina.
Kohara et al.
43
, 2002, investigaram a morfologia das
superfícies cavitárias em MEV e compararam a microinfiltração em
cavidades preparadas com irradiação a laser Er:YAG e com aquelas
preparadas pelo método mecânico convencional, ambos restaurados com
resina. Foram utilizados trinta dentes decíduos humanos com lesões de
cárie, (dez incisivos e vinte molares). Cada uma das lesões de cáries foi
selecionada de acordo com a coloração, tamanho, localização e dureza,
dentes com tamanho semelhante de lesão de cárie com coloração
marrom a preta e com resistência semelhante à sondagem, foram
selecionados e estocadas em formalina neutra a 10%. Os dentes foram
divididos em dois grupos de 15. Um grupo teve o preparo feito com
sistema de laser Er:YAG, emitido com um comprimento de onda de
2,94µm num feixe de luz com diâmetro de 0,63mm. Cada lesão de cárie
foi irradiada com energia de 300mJ a 4Hz, sob refrigeração com água, até
ser totalmente removida. No outro grupo, os preparos foram realizados
com ponta diamantada de alta rotação n° 3411 até que a lesão fosse
totalmente removida. As investigações foram executadas durante e depois
dos preparos cavitários. O tempo gasto para a preparação da cavidade foi
mensurado em cada tratamento, sem incluir o tempo para inspeção de
resíduos na lesão. Cada espécime foi examinado antes e depois do
preparo cavitário, para avaliar as características macroscópicas, num
estereomicroscópio. Para melhor análise, três amostras de cada grupo
foram biseccionadas, desidratadas numa série graduada de etanol
74
aquoso (70%, 80%, 90%, 100% etanol) por 24h em cada solução e secos
com CO
2
líquido, em seguida revestido com uma camada de platina e
observados em MEV a 15 ou 20kV. Duas amostras de cada grupo foram
descalcificadas, desidratadas numa série graduada de etanol aquoso,
embebido em celoidim. Seccionados em série de espessura de 4-6µm.
Essas fatias foram então coradas com eosina-hematoxicilina, e
observados num microscópio ótico para exame histopatológico. Dez
cavidades de cada grupo foram submetidas a testes de microinfiltração.
Essas cavidades foram preenchidas com resina composta
fotopolimerizável Clearfil Foto Bond (Kuraray) de acordo com as
instruções do fabricante. Depois da aplicação do primer por 30s as
cavidades foram secas com jato de ar, logo em seguida aplicado o agente
adesivo e fotopolimerizado por 20s. Após o preenchimento com resina
composta, fotopolimerizada por 40s, as restaurações foram polidas com
ponta branca (Shofu White Points). Nenhum desses espécimes foi tratado
com ácido. Todas as superfícies dos dentes, com exceção de 1mm
aquém da restauração, foram cobertas com duas camadas de esmalte de
unha e depois imersas em uma solução de Rodamina B a 0,6%, sob um
banho termociclável por 48h. A temperatura foi fixada em 50°C por 12h,
seguida de 4°C por outras 12h, e este ciclo foi repetido. Após o enxágüe
com água de torneira as amostras foram biseccionadas num plano
vestíbulo-lingual, com um disco diamantado (Isomet). O grau de
microinfiltração foi realizado pela atribuição de escores baseada em 4
graus, em estereomicroscópio, feito por um técnico que não foi informado
sob a real natureza e propósito desses experimentos. Assim o julgamento
de microinfiltração foi cego. As amostras que tiveram diferentes escores
em ambos os lados, considerou-se o mais elevado. Para análise
estatística foi usado o teste de Mann Whitney. Para avaliação dos gaps
entre o material restaurador e o tecido dental de cada amostra, as
superfícies foram polidas e observadas em MEV. Observou-se que o
tempo requisitado para o preparo de uma classe V por irradiação à laser
75
Er:YAG foi de 1,85 ± 0,82min, em quanto que o preparo com tratamento
mecânico foi de 0,41 ± 0,10min. Macroscopicamente, as superfícies
cavitárias, mostraram ângulos e faces cavitárias mais delimitadas,
margens nítidas e assoalho relativamente mais uniforme. Por outro lado,
superfícies preparadas com laser revelaram rugosidades e irregulares
sem qualquer carbonização ou rachaduras do esmalte e dentina. Na
observação em MEV, a parede cavitária preparada com broca mostrou
uma superfície plana e coberta com smear layer, prismas de esmalte não
visíveis e os túbulos dentinários obstruídos. Por outro lado, vários traços
de micro irregularidade foram notados devido a irradiação do laser. A
dentina tratada com laser quase não apresentou camada de smear layer,
quando comparada com as realizadas com broca, e foi acompanhada
com explosões dos orifícios dos túbulos dentinários. No histopatológico,
observou-se que as cavidades preparadas com laser, tinham as paredes
irregulares sem divisão nítidas entre as paredes e o assoa lho e continha
microfragmentos como debris depositados nas superfícies. Nos escores
de microinfiltração, 20% do grupo laser e 10% do grupo controle
mostraram microinfiltração entre a restauração e o dente. Em ambos os
grupos, as amostras com o pior grau, de microinfiltração tinham fendas
maiores entre a resina composta e o dente. Concluiu-se que superfícies
cavitárias preparadas com laser Er:YAG, são mais rugosas e irregulares,
porém a microinfiltração é menor do que nas preparadas com brocas.
Para avaliar os efeitos do laser de Er:YAG na resistência
adesiva à dentina de um adesivo autocondicionante (Clearfil Liner Bond
2V- CLB2V) e dois sistemas de frasco único (Excite - Ex e Gluma One
Bond - GOB), Ramos et al.
67
em 2002, utilizaram trinta molares humanos
extraídos e mantidos em soro fisiológico a 4ºC por seis meses. As raízes
foram seccionadas e as coroas foram cortadas longitudinalmente na
direção mésio-distal, originando sessenta metades. Os espécimes foram
incluídos em resina poliéster, desgastados e polidos com lixa d’água de
granulação 120-600 em Politriz (Struers AIS Kopenhagen, DK-2610,
76
Dinamarca) sob refrigeração por 30s para expor e aplainar a superfície
média da dentina e padronizar a smear layer. Foi delimitada a área para a
adesão por meio de uma fita adesiva com perfuração de 3mm de
diâmetro. Os espécimes foram divididos em três grupos de acordo com o
sistema adesivo usado. G1: Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray Co. Ltda,
Japão); G2: Excite (Vivadent Ets, Liechtenstein) e G3: Gluma One Bond
(Heraeus Kulzer, Inc., South Bend). Cada grupo foi dividido em dois
subgrupos: A – a área de adesão foi tratada de maneira convencional e B-
a dentina foi previamente tratada por laser Er:YAG (Kavo Key Laser 2,
Alemanha) com emissão de λ=2,94µm, no modo desfocado com
80mJ/pulso e 2Hz de freqüência a uma distância de 17mm, durante 10s.
A fibra óptica foi de 0,63mm e a ponta utilizada foi a 2051. Para GI (A e
B) : foi aplicado inicialmente o primer autocondicionante, aguardado 30 s
e breve jato de ar. Em seguida, o bond foi aplicado e fotopolimerizado por
20s com aparelho XL 3000 (3M Dental Products, St.Paul) com intensidade
de 450mW/cm
2
. Para GII (A e B): foi feito condicionamento com ácido
fosfórico 37% por 10s, lavado e seco delicadamente com papel
absorvente e aplicado o sistema adesivo sob recomendações do
fabricante e fotopolimerização por 20s como o GI. Para GIII (A e B): foi
realizado condicionamento com ácido fosfórico 20% (Gluma Etch 20 gel,
Heraeus Kulzer, Inc, South Bend) por 20s, lavado por 20s e seco com
papel absorvente. O adesivo foi aplicado e fotopolimerizado por 20s. Em
seguida, as amostras foram posicionadas em uma matriz de teflon de 3
mm de diâmetro e foram confeccionados blocos de resina composta. A
resina composta Filtek Z250 (3M Dental Products) foi inserida em 3
incrementos, e cada um polimerizado por 40s. As amostras ficaram
armazenados em água destilada a 37ºC por 24h. Foi realizado o teste de
resistência adesiva na máquina universal de teste (Mod. MEM 2000,
EMIC Ltda, SJ Pinhais) com célula de carga de 50Kgf e velocidade de
0,5mm/min até a fratura. Os dados obtidos em MPa foram analisados
estatisticamente pelo teste de Tukey sendo nível de significância 0,05.
77
Ainda, a interface dentina-adesiva foi analisada em estereomicroscópio
em 40X para verificar se o tipo de falha foi adesiva, coesiva ou mista. A
análise dos dados mostrou uma diminuição na resistência adesiva quando
a superfície da dentina foi tratada com Er:YAG, sendo mais evidente para
o grupo 2. Dentre os sistemas adesivos testados, o CLB2V apresentou a
maior média de resistência adesiva. O melhor resultado foi de CLB2V
aplicado em dentina tratada convencionalmente e o mais baixo no grupo
em que foi aplicado laser Er:YAG mais Excite. A falha adesiva que mais
ocorreu foi mista. Os autores concluíram que o laser Er:YAG pode ter
efeito adverso na resistência adesiva em maior ou menor grau,
dependendo do sistema adesivo usado.
Com o propósito de observar e mensurar as mudanças
morfológicas que ocorrem no tecido duro dental após aplicação de laser
Er:YAG, Shigetani et al.
78
, em 2002. do estudo avaliaram e compararam a
duração de aplicação do laser e da alta rotação no preparo cavitário.
Foram utilizados esmalte e dentina de pré-molares extraídos. As
superfícies foram regularizadas com lixa na seqüência de granulação de
600 a 1200, umedecidas com água. O aparelho utilizado foi o laser de
Er:YAG (Erwin, Hoya Corp, Japão e J.Morita Corp, Japão). Os parâmetros
de irradiação foram: 20, 25, 50, 100, 150, 200 e 250mJ de energia por
pulso, 1Hz de freqüência, o tempo variou de 5 a 10s de aplicação e o
volume de água de 5ml/min. As cavidades foram preparadas em esmalte
e dentina pela irradiação com laser usando uma ponta de diâmetro de
0,4mm. Em seguida, a microestrutura das superfícies irradiadas, foram
observadas em microscópio de varredura a laser (OLS 1100, Olympus
Optical Corp, Tókio, Japão). O diâmetro máximo, profundidade e volume
da cavidade foram mensurados e observados em MEV. Também foram
extraídos dentes cariados, nos quais, metade das lesões de cárie foi
removida por instrumento rotatório em alta rotação e baixa rotação, e a
outra metade por laser Er:YAG. A alta rotação utilizada para remover o
esmalte (Super ZB, Par – Ehi, J.Morita Corp, Japão) e a broca foi uma
78
esférica carbide (MANI Corp, Tókio, Japão). A dentina cariada foi
removida em baixa rotação (Torx TR-81, J.Morita Corp, Tókio, Japão) com
broca esférica de aço (MAILLEFER, Suíça). As lesões de cárie foram
removidas por irradiação laser usando ponta de diâmetro 0,4 ou 0,6mm
com spray de água/ar, com 200mJ/pulso e 10Hz no esmalte e de
100mJ/pulso e 10Hz na dentina. Os dados foram avaliados
estatisticamente pelo teste ANOVA e também por Mann-Whitney, U-Test
(p<0,05). Os resultados mostraram que a irradiação laser apropriada foi
de 200mJ/pulso no esmalte e 100mJ/pulso na dentina. O tempo levado
para remover a cárie em esmalte pela irradiação laser foi
insignificantemente maior se comparado ao instrumento rotatório,
entretanto, não há diferença entre os dois métodos no caso de dentina
cariada.
Armengol et al.
5
em 2003, realizaram um estudo para
determinar os efeitos dos lasers de Er:YAG e Nd:YAP na rugosidade e
energia livre da superfície de esmalte e dentina. Foram utilizados 67
terceiros molares humanos recém extraídos hígidos, armazenados em
solução aquosa de T-cloramina a 4ºC para descontaminação e depois em
soro fisiológico a 4ºC até a utilização. Os dentes foram embutidos em
resina acrílica quimicamente ativada (Meliodent, Gema, ACD, França).Um
desgaste padronizado foi feito na superfície das faces lingual e vestibular
usando uma broca cilíndrica diamantada no esmalte (ref 837KR 314014,
Komet, Alemanha). Os dentes foram lavados em água destilada em ultra-
som por 5min e armazenados em soro fisiológico a 37ºC por 24h até o
tratamento. Quarenta dentes foram distribuídos aleatoriamente em 8
grupos para o estudo da rugosidade sendo os grupos 1, 2, 3 e 4 as faces
de esmalte e os grupos 5, 6, 7 e 8 as faces de dentina. Para grupos 1 e 5:
as amostras foram secas com leves jatos de ar e tratadas com ácido
fosfórico 37ºC (Dentsply De Trey) sendo 30s em esmalte e 15s na
dentina. Em seguida foram lavadas com água e secas com leves jatos de
ar. Grupos 2 e 6: as superfícies foram irradiadas pelo laser Er:YAG (Key
79
III 1242 Kavo, Alemanha) com 200mJ e 4Hz no esmalte e densidade de
energia de 83,16J/cm
2
; 140mJ e 4Hz na dentina e densidade de energia
de 72,76 J/cm
2
. A irradiação laser foi aplicada perpendicular a superfície a
uma distância de 10mm. Grupos 3 e 7: as superfícies foram irradiadas
com laser Nd:YAP com 310mJ e 10Hz no esmalte e densidade de
322J/cm
2
; 240mJ e 10 Hz na dentina e densidade de energia de
250J/cm
2
. A irradiação laser foi aplicada no modo contato com fibra óptica
de 320µm num ângulo de 45º. Grupos 4 e 8: Controle, não receberam
tratamento, foram secos com jatos de ar. As amostras foram então
preparadas para MEV (BSE; JEOL JSM 6300, 10KV, 15mm). Para análise
da energia livre de superfície, 27 dentes foram aleatoriamente distribuídos
em nove grupos sendo 1, 2, 3 e 4 superfície de esmalte, 5, 6, 7, 8 e 9
superfície de dentina. Os tratamentos para os grupos de 1 a 8 foram os
mesmos que para a avaliação da rugosidade. No grupo 9, as superfícies
de dentina foram condicionadas por ácido fosfórico 37% (Dentsply, De
Trey conditions 36) por 15s lavados com água e secas com ar antes do
primer ser aplicado (Scotchbond Multi-purpose, 3M, Dental Products, St.
Paul) por 30s. As energias livres das superfícies foram estimadas por
meio de mensurações dos ângulos de contato (Center of Transfer
Technology, CTTM, Le Mans, França). Os dados foram analisados
usando teste de Bartlett para homogeneidade de variância e o teste
estatístico não paramétrico Kruskal-Wallis. Mudanças morfológicas no
esmalte e dentina foram maiores com condicionamento ácido e laser
Er:YAG do que com Nd:YAP. A energia livre de superfície foi
significantemente maior com condicionamento ácido ou Er:YAG do que
com Nd:YAP (p<0,001). Os autores concluíram que o Er:YAG aumentou a
energia livre de superfície e a rugosidade, entretanto o laser Nd:YAP teve
pequena influência em ambas. Ainda, os lasers operados sobre condições
deste estudo não produziram uma morfologia de superfície desejável em
esmalte e dentina e não podem ser recomendados como uma alternativa
viável para a técnica de condicionamento ácido convencional.
80
Schein et al.
75
, em 2003 realizaram um estudo para
descrever o padrão de interação formado entre dentina e resina composta
em cavidades preparadas com laser Er:YAG e a morfologia da dentina
irradiada após o condicionamento ácido. Foram utilizados dez terceiros
molares humanos extraídos e livres de cárie mantidos em soro fisiológico
0,9% a 4ºC até a utilização para o estudo. Após o seccionamento das
raízes na junção amelocementária e do esmalte oclusal, foram obtidos
dez discos de dentina de aproximadamente 2mm de espessura. Em cada
disco foram preparadas duas cavidades similares próximas de 2x2mm
2
por 1mm de profundidade, uma com uma broca diamantada esférica
(1012 KG Sorensen) em alta rotação (Roel Air 3, Kavo Brasil), sob
refrigeração de spray ar/água e a outra com laser de Er:YAG (Kavo Key,
Kavo, Alemanha) com a ponta 2051. O comprimento de onda do laser
Er:YAG foi de 2940nm, com os seguintes parâmetros: energia de 250mJ
por pulso e freqüência de 4Hz, resultando em uma densidade de energia
de 83,3J/cm
2
no modo não contato, focado e sob refrigeração. Em
seguida, os discos foram divididos em dois grupos: grupo 1 – análise
morfológica da superfície da dentina condicionada por ácido; grupo 2 –
análise do padrão de interação entre dentina e adesivo. No grupo I, as
cavidades foram condicionadas com ácido fosfórico 35% por 15s e
lavados com spray água/ar por 10s. Em seguida foram preparados para
análise morfológica em MEV. No grupo II, os discos receberam uma
camada de esmalte de unha (Colorama LTDA) no lado pulpar para
prevenir o escape de solvente orgânico através dos túbulos dentinários e
as cavidades receberam ácido fosfórico 35% por 15s e foram restauradas
com Single Bond (3M) e resina Z100 (3M) de acordo com orientações do
fabricante. Os discos foram incluídos em resina epóxi (Redefibra LTDA) e
seccionados em máquina de corte (Labaet 1010 – Extec) expondo a
interface dentina-resina de ambas cavidades laser e broca. As amostras
foram desmineralizadas em 6 NHCl por 1min, lavadas com água destilada
e em seguida foram preparadas para análise em MEV. Os resultados
81
obtidos mostraram que o padrão de interação entre dentina-resina em
cavidades preparadas com laser Er:YAG e ácido, foram diferentes
daqueles encontrados tipicamente em cavidades preparadas
convencionalmente. Os autores concluíram que o aspecto morfológico da
dentina condicionada por ácido em cavidades preparadas pelo laser
Er:YAG não mostrou a presença de uma matriz colágena aberta
necessária para a interdifusão do adesivo. O padrão de interação entre
dentina e resina quando a dentina foi tratada com laser Er:YAG, foi
caracterizada por hibridização indefinida.
Em 2004, Coelho
14
avaliou a resistência adesiva de resina
composta em dentina bovina, tratado com hipoclorito de sódio, laser de
Er:YAG e Nd:YAG, empregando sistema adesivo convencional e
autocondicionante. Utilizou–se 120 dentes bovinos que tiveram as raízes
seccionadas. Após embutimento em resina acrílica, tiveram as superfícies
vestibulares desgastadas com lixas numa seqüência de granulação
decrescente para padronizar a smear layer e expor a dentina até a
espessura de 2mm. A área de adesão foi delimitada em 3mm de
diâmetro. Os espécimes foram divididos em oito grupos, de acordo com o
sistema adesivo e tratamento dentinário realizado: G1- SB - Single Bond
(3M); G2 - CSEB - Clearfil SE Bond (Kuraray); G3 - SBH - após
condicionamento ácido foi utilizado o hipoclorito de sódio a 10% durante
60s, em seguida o Single Bond; G4 - CSEBH - após condicionamento
ácido foi utilizado o hipoclorito de sódio a 10% durante 60s, em seguida
CSEB; G5 - Laser Er:YAG - 60mJ de energia por pulso e 10Hz por 60s e
Single Bond; G6 - Laser Er:YAG por 60mJ de energia por pulso e 10Hz
por 60s e CSEB; G7 - Laser Nd:YAG - 60mJ de potência e 10Hz por 20s e
Single Bond; G8 - Laser Nd:YAG- 60mJ de potência e 10Hz por 20s e
CSEB. A resina composta TPH (Dentsply) foi inserida pela técnica
incremental, em matriz bipartida, sobre a área preparada. Após 24h de
armazenagem em água destilada a 37°C, os espécimes foram
submetidos à força de cisalhamento, em uma máquina de ensaios
82
universal (EMIC), a uma velocidade de 0,5mm/min. Para análise
estatística foram empregados os testes t (Student), comparação múltipla
de Dunnet e Tukey, e análise de variância (ANOVA). Concluiu que o
sistema adesivo autocondicionante apresentou resistência adesiva,
significativamente maior que o monocomponente; que o tratamento da
dentina com NaCIO e laser de Er:YAG apresentou resistência adesiva
maior e estatisticamente significante com o sistema adesivo
autocondicionante (CSEB), e que o tratamento da dentina com laser de
Nd:YAG apresentou resistência adesiva maior e estatisticamente
significante, com o sistema monocomponte (SB).
Ramos et al.
66
em 2004, investigaram o efeito do laser
Er:YAG na adesão à dentina e o padrão de interação de diferentes
sistemas adesivos com o substrato irradiado pelo laser. A resistência
adesiva de um sistema autocondicionante Clearfil SE Bond (Kuraray,
Osaka, Japão) e dois convencionais Single Bond (3M, ESPE, EUA) e
Gluma One Bond (Heraeus Kulzer, Alemanha) para dentina irradiada ou
não por laser foi avaliada e a morfologia da interface adesiva foi
examinada em MEV. Foram utilizados 57 dentes, sendo 45 molares
humanos hígidos utilizados para o teste de adesão, os quais tiveram a
raiz cortada e a coroa seccionada longitudinalmente na direção mésio-
distal, promovendo noventa metades. As metades foram incluídas em
resina poliéster (Milflex Industria Química Ltda, SP, Brasil). Os blocos de
resina foram desgastados em Politriz (DP.9U2, Struers, AIS) sob
refrigeração com lixa de papel siliconado de granulação 320 e 400 até a
exposição da dentina superficial. Em seguida as superfícies foram polidas
com granulação 600 por 30s para padronização da smear layer. A área de
adesão foi delimitada por meio de uma fita adesiva com perfuração central
de 3mm de diâmetro. As amostras foram divididas em três grupos (n=30):
G1: Clearfil SE Bond.; G2: Single Bond e G3: Gluma One Bond. Cada
grupo foi dividido em dois sub-grupos : A – protocolo convencional de
adesão recomendado pelo fabricante; B – a dentina foi irradiada com
83
laser Er:YAG no comprimento de onda de 2,94µm, 80mJ de energia por
pulso e 2Hz de freqüência e em seguida o protocolo de adesão foi
realizado. O laser Er:YAG utilizado foi o Kavo Key Laser 2 model (Kavo
Dental GmbH e Co, Alemanha). O feixe laser foi aplicado no modo não
contato e desfocado sob refrigeração (5ml/min) com a ponta 2051
perpendicular a superfície da amostra, a uma distância de 17mm. O
tempo de irradiação foi 40s. Os sistemas adesivos foram aplicados de
acordo com as recomendações do fabricante e polimerizados pelo
aparelho XL 3000 (3M/ESPE) com intensidade de 450mW/cm
2
. Para G1
foi aplicado o primer por 20s, delicadamente seco com ar, uma camada
do adesivo com leve jato de ar e fotopolimerizado por 10s. G2: a
superfície da dentina foi condicionada com ácido fosfórico a 35%
(Scotchbond etchant, 3M/ESPE) por 15s, lavado e seco com papel
absorvente mantendo a umidade. Duas camadas do sistema adesivo
foram aplicadas e um leve jato de ar e fotopolimerizadas por 10s. G3: a
dentina foi condicionada com ácido fosfórico 20% (Gluma etch 20 gel,
Heraeus Kulzer, Inc) por 20s, lavada e seca. O sistema adesivo foi
aplicado por 10s e uma segunda camada foi aplicada, jato de ar e
fotopolimerização por 20s. As amostras foram fixadas em uma matriz de
teflon no formato de cone invertido e os blocos de resina composta Z250
(3M/ ESPE) foram confeccionados em três incrementos polimerizados por
40s cada. As medidas 6mm e 3mm de diâmetro e 4mm de altura. Após
24h de armazenamento em água destilada a 37ºC, as amostras foram
submetidas ao teste de resistência adesiva em Máquina Universal de
Teste (MEM 2000, EMIC Ltda, Pr, Brasil) com uma velocidade de
0,5mJ/min e célula de carga de 50Kgf. A média e o desvio padrão foram
calculados e os dados analisados pelo teste ANOVA e comparação
múltipla de Tukey, p=0,05. As amostras fraturadas foram observadas em
Estereomicroscópio com 40X de aumento e as falhas classificadas em
adesiva, coesiva e mista. Doze dentes foram utilizados para análise em
MEV (JSM T330 JEOL, Tóquio, Japão) das interfaces dentina-adesivo
84
para a formação ou não de camada híbrida, sua integridade e
homogeneidade ao longo da interface. As médias de resistência adesiva
(MPa), foram : G1(A) 20,05 ± 1,81; (B) 14,06 ± 1,88; G2 (A) 18,36 ± 1,48,
(B) 16,19 ± 1,9; G3: (A) 16,58 ± 1,94; (B) 14,07 ± 2,13. A análise
estatística mostrou que a dentina irradiada por laser teve uma diminuição
significante na resistência adesiva (p<0,05). Nos sub-grupos não
irradiados por laser, o Clearfil SE Bond teve maior resistência adesiva do
que os adesivos convencionais (p<0,05). Inversamente, nas amostras
tratadas com laser, o Clearfil SE Bond teve a menor resistência adesiva,
enquanto o Single Bond teve os maiores valores (p<0,05). Camadas
híbridas consistentes foram observadas para amostras tratadas
convencionalmente, em contra partida, ausência ou zonas escassas de
hibridização foram vistas para os sub-grupos tratados com laser. Os
autores concluíram que a irradiação com laser Er:YAG, rigorosamente
não determina a formação de zonas consistentes de hibridização resina-
dentina e promove menores resistências adesivas. o Clearfil SE Bond
pareceu ser o mais afetado pela irradiação laser no substrato dentinário,
resultando na adesão mais fraca.
2.3 Laser Nd:YAG
Dederick et al.
20
, em 1984 com o propósito de avaliar a
capacidade do laser Nd:YAG em promover a fusão da parede dentinária
do canal radicular, utilizaram oito primeiros e segundos molares inferiores
humanos extraídos, que foram instrumentados até a lima nº 25. A dentina
circundante dos canais foi pintada com tinta de cor preta para aumentar a
absorção pelo laser. Foi utilizado o Nd:YAG com níveis de potência de
25W, 37W e 50W , com fibra óptica de 600µm de diâmetro, a 3mm da
85
dentina com um tempo de aplicação da ordem de 0,5s. Após a avaliação
dos espécimes em MEV constataram que ocorreu fusão e recristalização
tanto dos plugs dentinários quanto da dentina circundante. Observaram
que, o grau de fusão variava de mínimo a completo. Foi relatada ainda a
presença de espaços e trincas em alguns espécimes, sendo necessários
mais estudos para determinar parâmetros de exposição capazes de
promover fusão da dentina sem produzir espaços, trincas e calor no
tecido.
White et al.
96
, em 1992, realizaram um estudo sobre a
temperatura e a profundidade de penetração do laser de Nd:YAG em
esmalte e dentina, utilizando terceiros molares livres de cárie submetidos
à irradiação do mesmo laser. Os parâmetros variaram de 0,3 a 3,0W, 10 a
30Hz e 30 a 150mJ/pulso. A temperatura de superfície após irradiação
sobre o esmalte foi de 57ºC ± 11ºC (parâmetros: 1W e 10Hz, 1s) e para
dentina, todas as potências e freqüências testadas, no tempo de 1s,
apresentaram temperaturas inferiores à 50°C. Segundo os autores
quando a potência e tempo de exposição aumentaram, ambos,
temperatura de superfície e penetração térmica aumentaram. O laser
aumentou a temperatura em menores níveis, para tratamentos rápidos
com freqüências e potências baixas, quando comparado com pontas
montadas. Os autores concluíram que o laser de Nd:YAG pode ser
utilizado em esmalte e dentina sem efeitos térmicos pulpares e, além
disso, a temperatura criada pela irradiação seria capaz de ablacionar
tecidos orgânicos do esmalte e da dentina. Os autores ressaltam que
apesar das temperaturas atingidas com a irradiação, o diâmetro da área
quente na superfície e, a distância de penetração em direção à polpa
foram significativamente inferiores àquelas obtidas com brocas.
White & Goodis
94
(1996) utilizaram a espectroscopia de
Infravermelho de Transformada de Fourier (Fourier Transform Infrared -
FTIR) para analisar a composição química da dentina normal e
desmineralizada após a irradiação com o laser de Nd:YAG em contato
86
com o tecido dental em questão. Os parâmetros utilizados foram: 4W,
10Hz, 400mJ/pulso, largura de pulso de 150µs, e densidade de energia
de 203J/cm2. Os autores observaram que o espectro infravermelho obtido
(de 4400 a 400 número de onda) com medidas repetidas, antes e depois
do tratamento com laser de Nd:YAG revelou que ocorreram modificações,
nas superfícies de dentina sadia, em relação à concentração de fosfato e
também remoção de colágeno. A modificação provocada pelo laser de
Nd:YAG nas superfícies de dentina desmineralizada produziram uma
alteração no fosfato com algum remanescente de colágeno. Foi
observado que tanto a dentina sadia quanto a desmineralizada, quando
modificada pelo laser de Nd:YAG, demonstrou picos de mineral a 1100 e
1033 cm
-1
, similares ao do controle de hidroxiapatita. Em suma, a análise
por FTIR indicou que o laser foi capaz de remover o componente orgânico
da dentina, primariamente o colágeno. Este estudo demonstrou que os
picos de colágeno no espectro desapareceram e que os autores
observaram um aumento no picos de minerais após o tratamento a laser
quando comparado com a desmineralização que pareceu similar a
hidroxiapatita.
Schaller et al.
74
, em 1997 investigaram os efeitos do
tratamento com laser Nd:YAG na permeabilidade da dentina. Foram
utilizados quarenta discos de dentina, obtidos pela seção horizontal da
coroa de terceiros molares recém-extraídos e livres de cárie. Os discos
foram regularizados com lixa d’água de granulação 600 até a espessura
de 3,5mm e colocados em um dispositivo para mensurar a mudança na
permeabilidade da dentina antes e após o tratamento com o laser. A
mensuração foi realizada através do grau de filtração dos túbulos
dentinários, por meio de uma solução radioativa de Ringer sobre uma
pressão de 30cmH
2
O. Em seguida, os discos foram aleatoriamente
divididos em quatro grupos. Em três grupos a dentina recebeu tratamento
com o laser Nd:YAG (American Dental Laser Inc – Troy EUA) -
comprimento de onda de 1,060µm, no modo contato com fibra óptica de
87
320µm nos seguintes parâmetros: Grupo 1: 60mJ e 10Hz, Grupo 2: 90mJ
e 10Hz e Grupo 3: 120mJ e 15Hz. O grupo 4 (controle) não recebeu
tratamento com laser. Todos os grupos receberam condicionamento com
ácido fosfórico 32% por 60s. A permeabilidade dentinária foi quantificada
três vezes antes do tratamento, três vezes imediatamente após o
tratamento com laser e seis vezes após a aplicação de ácido fosfórico. O
teste ANOVA mostrou uma significante influência do tratamento com o
laser Nd:YAG na permeabilidade da dentina (p<0,001). O coeficiente
médio do grupo controle e o grupo tratado com laser foi 2,19 ± 0,86 para o
parâmetro de 60mJ, 1,49 ± 0,88 para o parâmetro de 90mJ e 2,04 ± 2,17
para o de 120 mJ. O condicionamento ácido da superfície tratada com
laser teve significante influencia estatística na permeabilidade da dentina
somente no grupo 1 (p<0,001). Os autores concluíram que o tratamento
com laser Nd:YAG modifica a superfície da dentina causando um
aumento na ácido resistência, mais evidente para o parâmetro de 120mJ.
Kawabata et al.
40
, em 1999 testaram in vitro os efeitos dos
laseres de CO
2
, Nd:YAG e Er:YAG na morfologia da dentina por meio do
selamento dos túbulos dentinários. Foram utilizados trinta pré-molares
humanos, hígidos, recém extraídos mantidos congelados em soro
fisiológico até o uso. O esmalte foi removido até a exposição da dentina. A
dentina foi polida com lixa d’água de granulação 400 a 800 e uma área de
4x3mm
2
foi delimitada para a irradiação com laser. os dentes foram
divididos em três grupos de acordo com o laser utilizado. G1: foi utilizado
laser CO
2
LX-20SP (Novapulse, Luxar Co, EUA) para aplicação em pulso
normal (PN) e super pulso (SP) com potência de 2W, faixa de 10 a 100ms
e freqüência variando de 2 a 20Hz. O laser foi aplicado em cinco padrões
para cada tipo de pulso: PN1: 10ms e 10Hz; PN2: 10ms e 20Hz, PN3:
20ms e 20Hz; PN4: 50ms e 2Hz e PN5: 100ms e 2Hz. Para o super pulso
(SP) a potência foi de 2W, a faixa de 10 a 15ms e a freqüência de 2 a
30Hz. Os padrões de irradiação foram: SP1: 10ms e 10Hz; SP2: 10ms e
20Hz; SP3: 10ms e 30Hz; SP4: 15ms e 2Hz e SP5: 15ms e 5Hz. Ambos
88
PN e SP foram aplicados a uma distância de 1mm, usando uma ponta
cerâmica de 0,8mm de diâmetro. G2: uma tinta foi aplicada na área a ser
irradiada. O laser utilizado foi Nd:YAG DOL8 (SLT, Japão) aplicado a uma
distância de 1mm e um nível de energia de 50 a 200mJ/pulso e
freqüência de 10Hz, usando fibra óptica de 0,6mm de diâmetro. G3: O
Er:YAG utilizado Erwin (Hoya and Morita) foi aplicado usando modo
contato sob refrigeração. O nível de energia foi de 50-200mJ/pulso,
freqüência de 10Hz e uma ponta de 0,6mm em contato foi empregada. As
amostras foram preparadas para a análise em MEV (JCXA-733, JEOL)
em 12Kv. Metade das amostras foram usadas para observar a superfície
irradiadas. A outra metade foi cortada verticalmente na superfície
irradiada para observar suas secções longitudinais. Para avaliar os efeitos
dos laseres na dentina tubular, cinco amostras foram preparadas,
expostas a cada tipo de laser sob cada série de condições. Na dentina
não irradiada, os túbulos não foram visíveis devido a presença de smear
layer. A aplicação de laser de CO
2
resultou em selamento dos túbulos
dentinários, sendo que os do super pulso também apresentaram na
superfície rugosidade e rachadura. A aplicação de laser Nd:YAG na
energia de 50 a 100 mJ/pulso resultou na formação de estrutura fundida,
com fendas e irregularidades. Quando a energia foi de 150mJ/pulso foram
observadas umas estruturas esféricas em adição ao aspecto de fundição.
No corte longitudinal foi observado selamento dos túbulos dentinários. No
grupo Er:YAG os túbulos dentinários permaneceram abertos após a
aplicação do laser em todas as condições, a superfície irradiada ficou
irregular; a secção longitudinal também revelou túbulos dentinários não
selados. No teste de penetração do corante quando o laser de CO
2
foi
aplicado no pulso de 50ms para o normal e 15ms para o SP, a penetração
do corante foi profunda comparada com os outros pulsos, mas não
alcançou a cavidade pulpar. Quando o Nd:YAG foi aplicado no nível de
energia de 50-100mJ/pulso, o corante não alcançou a cavidade pulpar e
sua penetração foi suprimida se comparada as amostras não irradiadas;
89
quando o nível de energia foi de 150mJ/pulso, o corante penetrou a
cavidade pulpar. No Er:YAG ocorreu penetração de corante na cavidade
pulpar em todas as condições. Os autores concluíram que o laser Er:YAG
não selou os túbulos dentinários, já o laser Nd:YAG selou os túbulos, mas
produziu microrachaduras de vários tamanhos, enquanto o laser CO
2
se
mostrou capaz de selar os túbulos dentinários, sendo o SP
particularmente proveitoso uma vez que não induziu carbonização e
fendas excessivas. Também observaram que o uso do CO
2
foi mais
adequado para o selamento dos túbulos para o propósito de revestimento
e que as condições ótimas foi largura do pulso de 10 a 20ms e freqüência
de 10 a 20Hz no PN e largura de 10ms e freqüência de 10 a 30Hz para o
SP.
Matos et al.
49
em 1999, avaliaram a resistência adesiva de
uma resina composta a dentina tratada com laser Nd:YAG antes e após o
procedimento adesivo. Foram utilizados trinta incisivos humanos recém
extraídos e não cariados, incluídos em resina acrílica com a superfície
vestibular voltada para cima. A superfície foi desgastada até a exposição
da dentina, em baixa rotação, em seguida, a superfície foi aplainada por
disco de lixa d’água de granulação 600 por 1min. As amostras foram
divididas em três grupos de acordo com o tratamento da dentina. G1:
Controle – aplicação de ácido fosfórico 35% por 20s, lavado e
delicadamente seco mais duas camadas Single Bond (3M), sendo cada
uma fotopolimerizada por 20s; G2: a superfície da dentina foi irradiada
com laser Nd:YAG e os mesmos procedimentos que G1; G3: mesmo que
G1, porém a segunda camada de Single Bond não foi fotopolimerizada. A
amostra foi irradiada com laser Nd:YAG Pulse Máster 1000 (American
Dental Technology, MI, EUA) com comprimento de onda de 1,064µm,
0,6W, 15Hz e 40mJ/ pulso com fibra óptica de 400µm, no modo contato a
1mm de distância por 30s. Sobre as amostras, espécimes em resina
composta Z100 (3M, St. Paul, MW) foram construídas com 3mm de
diâmetro por meio de uma matriz de teflon. A resina composta foi inserida
90
em três incrementos sendo cada um polimerizado por 40s com uma
intensidade de luz de 460mW/cm
2
. As amostras foram armazenadas em
água destilada por 24h a 37ºC. Em seguida foi realizado o teste de
resistência adesiva em máquina universal Instron, modelo 4442 (Instron
Corp, Canton, MA) a uma velocidade de 0,5mm/min. A análise de
variância p<0,05 determinou que o tipo de tratamento dentinário usado
teve influência na resistência adesiva. O teste de Tukey determinou,
entretanto, que o G1(15,46MPa) e G3 (15,67MPa) tiveram resultados
similares, ambos maiores do que o G2 (4,57MPa). Os autores concluíram
que o tipo de tratamento dentinário, especialmente o uso do laser
Nd:YAG, teve influência na resistência adesiva da resina composta.
Araújo
3
, 2000 avaliaram a microinfiltração através da
Microscopia Óptica e a nanoinfiltração, através de MEV em restaurações
de resina composta sob influência do laser no preparo cavitário e no pré-
tratamento dentinário. utilizaram para o preparo com laser de Er:YAG
(Kavo Key, Alemanha) 350mJ, 4Hz e 116,7J/cm² , e para pré-tratamento
dentinário com laser de Nd:YAG (Pulse Máster 1000-ADT) foi utilizado
60mJ, 10s e densidade de energia de 74,6J/cm². Utilizaram oitenta dentes
bovinos com preparos nas faces vestibular e lingual, totalizando 160
preparos que foram divididos em oito grupos de vinte dentes cada um. G-I
(preparo com laser de Er:YAG + Prime & Bond NT + TPH), G-II (preparo
com laser Er:YAG + Single Bond +Z100), G-III (preparo com laser Er:YAG
+ Single Bond + laser de Nd:YAG + Z100), G-IV (preparo com laser
Er:YAG + Prime & Bond NT + laser de Nd:YAG + TPH), G-V (preparo
convencional + Prime & Bond NT + TPH), G-VI (preparo convencional+
Single Bond + Z100), G-VII (preparo convencional + Single Bond + laser
de Nd:YAG + Z100), G- VIII (preparo convencional + Prime & Bond NT +
laser de Nd:YAG + TPH). Os dentes restaurados foram termociclados por
300 ciclos nas temperaturas entre 5°C ± 2°C e 55°C ± 2°C(30s cada
temperatura). Em seguida foram colocados no nitrato de prata 50% por
24h, em total ausência de luz e colocados em solução foto-reveladora sob
91
luz fluorescente por 6h, para o teste de infiltração marginal. Foram
seccionados no sentido inciso gengival obtendo três fatias. A avaliação da
microinfiltração na margem gengival foi feita através de lupa
estereomicroscópica segundo escores de zero a quatro. A fatia mediana
foi polida e preparada para avaliação da nanoinfiltração em MEV. Os
resultados foram submetidos à análise estatística de Kruskal-Wallis e
teste de Miller, através dos quais o grupo G3 (LSNd), preparo com laser
Er:YAG + Single Bond + laser Nd:YAG, apresentou os menores valores
quanto a microinfiltração e nanoinfiltração.
Matos et al.
50
, em 2000 realizaram um estudo com o
objetivo de avaliar a resistência adesiva de uma resina composta em
esmalte e dentina tratados com laser de Nd:YAG antes e após
procedimento de adesão, utilizando um sistema adesivo
autocondicionante. Foram utilizados 48 dentes humanos hígidos recém
extraídos os quais foram submetidos a profilaxia e armazenados em água
destilada a 37ºC até a sua utilização. Os dentes foram embutidos em
resina acrílica com a superfície vestibular voltada para cima e tiveram a
superfície do esmalte exposta por meio de lixa d’água de granulação 180.
Após a realização dos testes de resistência adesiva no esmalte, os
mesmos dentes tiveram a superfície desgastada até obtenção da dentina
superficial, sendo a smear layer padronizada para realização dos testes
de adesão, por meio de lixa d’água de granulação 600 por 1min. As
amostras foram divididas em 6 grupos, de acordo com o substrato e o tipo
de tratamento: GI (controle) – esmalte com Clearfil Liner Bond 2V
(J.Morita Corp, Osaka, Japão). (CLB2V) seguindo recomendações do
fabricante; GII – irradiação do esmalte com Nd:YAG + CLB2V; GIII –
esmalte + CLB2V sem fotopolimerização + irradiação com Nd:YAG; GIV
(controle) – dentina + CLB2V; GV – dentina + Nd:YAG + CLB2V; GVI –
dentina + CLB2V sem fotopolimerização + Nd:YAG. O laser Nd:YAG
Pulse Máster 1000 (American Dental Technology, MI) com λ=1,064µm e
150µs de duração do pulso. Os parâmetros usados foram 0,6W, 15Hz e
92
40mJ/pulso com fibra óptica de 320µm perpendicular a superfície dental,
a 1mm da superfície por 30s. Em seguida, foram feitos dois incrementos
cilíndricos de 3mm de diâmetro da resina composta Clearfil APX (J.Morita,
Japão), com auxilio de uma matriz de teflon. Cada incremento foi
fotopolimerizado por 40s com aparelho XL 1500 com 460W/cm
2
de
intensidade de luz (Demetron Research Corp, Danbury). As amostras
foram armazenadas em água destilada por 24h a 37ºC e, então,
submetidas ao teste de resistência adesiva em máquina universal Instron
modelo 4442 (Instron Corp, Canton, MA), com uma velocidade constante
de 0,5mm/min. Os dados foram submetidos aos testes ANOVA e Tukey. A
média para o esmalte foi de 15,54MPa, menor do que a média para a
dentina 20,38MPa. A resistência adesiva dos grupos em que o laser foi
aplicado na dentina antes do adesivo, foi em média 15,73MPa sendo
menor do que os grupos em que o laser foi depois do adesivo 20,6MPa. A
interação dos resultados entre os grupos GI x GIII; GII x GIII; GIV x GI; GII
x GV foi estatisticamente significante. Os autores concluíram que a
resistência adesiva da resina composta com o sistema adesivo
autocondicionante foi maior em dentina do que em esmalte e que o
melhor momento para a aplicação do Nd:YAG é após o uso do sistema
adesivo. O sistema adesivo autocondicionante testado pode ser usado
juntamente com o laser Nd:YAG sem comprometer a adesão à dentina.
Sazak et al.
72
, em 2001 realizaram um estudo para
verificar o efeito do laser de Nd:YAG, abrasão, jateamento e
condicionamento ácido no conteúdo mineral e morfologia da dentina e
esmalte. Foram utilizados dez terceiros molares humanos recém
extraídos, limpos e armazenados em solução de formalina a 10% (pH 7),
por no máximo um mês Foram seccionados transversalmente na junção
esmalte-cemento com disco diamantado em baixa rotação. De cada
coroa, foram obtidos quatro fatias de esmalte e dentina, resultando em
quarenta superfícies. As fatias de esmalte foram obtidas através de dois
cortes longitudinais nas coroas dos molares. Já as fatias de dentina foram
93
obtidas através de uma secção transversal no meio oclusal da coroa e
dois cortes longitudinais. Em seguida, as fatias foram embutidas em
blocos de resina acrílica quimicamente ativada e divididas em quatro
grupos. G1- controle : não recebeu tratamento; G2: a superfície foi
atacada por ácido fosfórico 37% (3M Dental Products, EUA) sendo 60s
em esmalte e 30s em dentina em seguida as superfícies foram lavadas
com água e secas com jato de ar. G3: foi utilizado o laser de Nd:YAG
Pulse Máster 600 (American Dental Technology Corp., EUA) com
λ=1,064µm com fibra óptica de 320µm de diâmetro em contato, os
parâmetros foram 0,75J de energia e 15Hz de freqüência por 2s. Antes da
aplicação do laser, a superfície do esmalte foi pintada com tinta preta para
melhor absorção da luz laser. G4: foi feito jateamento com partículas de
oxido de alumínio de 50µm a uma pressão de 60psi no aparelho KCP
1000 Whispyet (American Dental Technology Inc) o tempo de aplicação
foi de 2s em esmalte e 1s na dentina a uma distância de 2mm da
superfície. As amostras foram preparadas para análise morfológica em
MEV (JEOL JSM T330, Japão) em 20Kv. O conteúdo de cálcio, fósforo,
enxofre e potássio no esmalte de cada amostra foi mensurada por meio
de MEV e um Espectrômetro de energia dispersiva (Tracor Northen Inc, X
Ray Detectors, WI53562, EUA) simultaneamente. As diferenças no
conteúdo do mineral entre controle e os grupos tratados foram analisadas
usando o teste de Mann-Whitney V. Morfologicamente, a dentina tratada
com laser mostrou uma superfície aparentemente fundida com obstrução
parcial dos túbulos dentinários, bem como rachaduras ao longo da sua
extensão. O jateamento criou uma superfície muito irregular no esmalte e
na dentina, além da obliteração dos túbulos dentinários. Já na dentina
condicionada por ácido foram observados túbulos dentinários. O conteúdo
de cálcio no esmalte tratado por laser foi maior do que do grupo controle,
embora não significante. A única mudança significante no conteúdo
mineral a redução de Ca na dentina do grupo controle em relação a
dentina tratada por laser. Os autores concluíram que o Nd:YAG e o
94
jateamento criaram uma irregularidade de superfície maior, em menos
tempo do que o condicionamento com ácido fosfórico no esmalte e
dentina. Entretanto, a irradiação com laser causou mudanças no conteúdo
mineral da superfície de esmalte e dentina. Mais estudos devem ser
realizados para determinar o exato relacionamento do grau de
irregularidades na superfície, resistência adesiva e microinfiltração.
Lizarelli & Bagnato
45
em 2002, realizaram um estudo para
determinar que a eficiência da ablação com laser Nd:YAG através de um
regime de picossegundos minimiza a destruição do material adjacente
devido a formação de plasma e ataque. Isso previne a geração excessiva
de ondas de choque e promove uma considerável diminuição nos efeitos
mecânicos. Nesse estudo foi utilizado um laser de Nd:YAG em
picossegundo “Q-switched” e “mode-locked” (Antares 76-s, Coherent,
Palo Alto, CA), que emite trens de pulsos de 70ps em 1,064µm. Três
molares humanos recém extraídos tiveram a raiz removida e a coroa
seccionada no sentido ocluso-cervical resultando em seis metades que
foram embutidas em resina epóxica Cristal, ficando as faces vestibular e
lingual para cima. Foi feito aplainamento das superfícies para exposição
dentinária com lixas d’água de granulações 80, 120, 200, 400 e 600
(Norton) de forma manual. Em seguida foram realizadas 15
microcavidades em esmalte e nove em dentina. Os parâmetros para
irradiar o esmalte seguiram uma freqüência fixa de 100Hz e potência
média de 1,3W; enquanto que para a dentina, a freqüência foi fixa em
15Hz e a potência média variou em 800, 700 e 600mW. O esmalte
demonstrou ser mais capaz de dissipar as ondas de choque do que a
dentina, uma vez que as trincas originadas nas microcavidades foram
mais freqüentes em tecido dentinário, diferentemente do esmalte. Em
conclusão, parece que para manter os aspectos de definição de bordas é
importante escolher tempos de irradiação mais curtos, quando as
potências médias forem mantidas mais altas, ou seja, energia total
entregue deve ser mais baixa e bem localizada.
95
Pelino
63
em 2002, caracterizou as propriedades ópticas,
cor e química do esmalte e dentina em diferentes condições (sadia,
cariada e reparadora) antes e depois da irradiação com lasers de Nd:YAG
e Er:YAG (no modo contato) dentro dos parâmetros do limiar de
modificação física tanto para o esmalte como para a dentina. Foram
utilizadas secções de coroas de molares, sadios e cariados, com
diferentes espessuras (0,50; 0,75 e 1,0mm) cortadas no sentido sagital.
Cinco secções foram utilizadas para cada condição. Os espectros de
Refletância (R) e Transmitância (T) das secções de esmalte e dentina
foram obtidos de 200 a 2500nm utilizando um espectrofotômetro com uma
esfera integradora. Os padrões de Refletância (NIST) de 2, 50, 75 e 99%
foram utilizados para calibrar o espectrofotômetro. A Absorbância (A) foi
calculada a partir da seguinte fórmula: A = 1-R-T para cada secção e uma
média do espectro foi obtida para a realização das curvas espectrais para
cada condição de esmalte e dentina. As medidas de Refletância (R) de
400 a 700nm foram utilizadas para a determinação dos valores de cor de
CIE L*a*b* com parâmetros de 2° para um observador padrão para um
iluminante D65. Um microscópio de FTIR de precisão analítica também foi
utilizado para a determinação das possíveis alterações dos componentes
químicos após a irradiação com os lasers de Nd:YAG e Er:YAG. Os
valores obtidos através do espectrofotômetro e do FTIR foram analisados
estatisticamente através do teste de análise de variância (ANOVA) e
teste-t (p<0,05). Foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes para as diferentes condições de esmalte e dentina quando
analisados nas regiões do ultravioleta, visível e infravermelho próximo e
também quando os valores de L*a*b* foram comparados entre si. Para os
valores de FTIR, não foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes quando picos na região orgânica (1630, 1538, 1445 e 1395
cm
-1
) e inorgânica (1030 cm
-1
) foram analisados, com raras exceções. Os
resultados mostraram que as propriedades ópticas tanto do esmalte como
da dentina são dependentes da espessura e também que mudanças na
96
porção orgânica da dentina são mais observadas quando comparadas
com o esmalte. Apesar das curvas espectrais de FTIR apresentarem
diferenças na intensidade dos picos na porção orgânica e inorgânica, a
análise estatística revelou diferenças significantes mínimas.
Yazici et al.
99
, em 2002 avaliaram em MEV os efeitos de
diferentes técnicas topográficas na remoção de dentina humana cariada.
Utilizaram 36 molares humanos cariados e extraídos, os quais foram
divididos em seis grupos de acordo com a técnica de remoção de cárie:
GI – O tecido cariado foi removido com cureta dentinária (A-145, Maillefes
Instruments, Dentsply); GII – com broca de aço esférica tamanho 4
(Hages e Meisinge, GmbHD-40018, Alemanha) em baixa rotação sob
refrigeração; GIII – por abrasão com oxido de alumínio a ar PrepStar
(Danville Engineering, CA 94583, EUA), usando partículas de oxido de
alumínio de 50µm com fluxo de 120psi de pressão a uma distância de
aproximadamente 3mm da superfície cariada; GIV – laser de Nd:YAG
pulsado (Medilas 4060, Medizintechnik GmbH, Alemanha) com λ=1,06
µm, potência de 1,5W, freqüência de 2Hz, no modo não contato e a uma
distância de 3mm do tecido cariado; GV – Carisolv gel (MediTeam Dental
AB, Suécia) foi aplicado na dentina cariada por 30s. A dentina amolecida
foi removida com uma cureta especialmente desenhada (Carisolv
Instruments 2, Star 3/ Multistar H S nr 901841, Suíça); GVI – Sistema
Sonicsys (Sonicsys Micro, Kavo, Kaltenbach&Voight and Vivadent,
Liechtenstein) com uma ponta diamantada oscilando na região sônica
(<65KHz) com diâmetro de granulação 40µm. Os dentes foram
longitudinalmente seccionados em duas metades através do meio da
cavidade com disco de diamante. Em seguida as superfícies seccionadas
foram examinadas em MEV (JEOL JSM – 6400, Tókio, Japão) em 20Kv.
Os resultados mostraram que a aparência da morfologia da dentina e da
smear layer variou distintamente nas diferentes técnicas de remoção de
cárie sendo que para o GI: a superfície foi irregular, sem evidencia de
estrutura tubular da dentina apresentando áreas de microrachaduras e a
97
smear layer formada não foi continua; GII: aparência de uma smear layer
homogênea cobrindo a dentina, rugosidade uniforme com obliteração dos
túbulos; GIII: a dentina se apresentou porosa com uma superfície muito
irregular e abertura dos túbulos ocluida por debris; GIV: presença de
debris ocluindo mais a abertura dos túbulos com uma textura bem
irregular; GV: presença de estriações , dentina tubular parcial e encoberta;
GVI: não houve evidencia de smear layer sobre a superfície da dentina
que se mostrou irregular, um padrão de ondulação foi observado e os
orifícios tubulares claramente visíveis. Os autores concluíram que
somente a técnica de abrasão sônica removeu dentina cariada sem a
formação de smear layer e com a presença evidente dos túbulos
dentinários.
3 PROPOSIÇÃO
a) Analisar e comparar em MEV a morfologia da dentina
bovina normal, desmineralizada e hipermineralizada antes e após o
emprego dos lasers Er:YAG e Nd:YAG.
b) Avaliar a resistência ao cisalhamento entre sistema
adesivo autocondicionante/resina composta à dentina bovina normal,
desmineralizada e hipermineralizada, após a irradiação com os lasers
Er:YAG e Nd:YAG.
4 MATERIAL E MÉTODO
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos –
UNESP, sob protocolo nº 027/2003-PA/CEP para pesquisa envolvendo
animal, sendo aprovado para sua realização.
4.1 Materiais empregados
Os materiais utilizados neste experimento, suas
respectivas características e composições, encontram-se relacionados no
Quadro 1:
100
Quadro 1 - Materiais empregados, fabricantes, características do produto e composição
Nome Fabricante Características do produto / Composição
Clearfil
SE Bond
Kuraray
Japão
Sistema Adesivo Autocondicionante.
Primer: MDP, HEMA, dimetacrilatos hidrofílicos,
dicanforoquinona, N, N-Dietanol p-toluidina, água.
Adesivo: MDP, BisGMA, dimetacrilatos hidrofóbicos,
dicanforoquinona, N, N-Dietanol p-toluidina,Sílica coloidal
silanizada.
Laser de
Er:YAG
KAVO Key III
Alemanha
Comprimento de onda de 2,94µm, possui energia
ajustável de 60 a 500 mJ taxa de repetição de 1 a 15Hz,
duração de pulso de 250 a 500 µs e potência de 10W
com
ponta especial para preparo cavitário nº 2060,
utilizado no modo não contato.
Laser de
Nd: YAG
Pulse Master
600 IQ
(American
Dental
Technology-
USA)
Comprimento de onda de 1,064µm e fibra óptica de
320µm, utilizado no modo contato
Tetric
Ceram
Ivoclar
Vivadent
Liechtenstein
Resina composta híbrida de partículas finas, radiopaca e
fotopolimerizável, indicada para uso em dentes anteriores
e posteriores. Tamanho médio das partículas 0,7µm.
Composta de BisGMA, dimetacrilato de uretano e
trietilenoglicol dimetacrilato e uma carga inorgânica de
vidro de bário, trifluoreto de itérbio, vidro de fluorsilicato
de alumínio e bário, dióxido de silício altamente disperso
e óxidos mistos esferoidais, pigmentos e catalisadores.
4.2 Preparo das amostras
Foram empregados nesta pesquisa 84 incisivos inferiores,
hígidos e irrompidos, recém extraídos de bovinos, limpos, armazenados
em água destilada e congelados em freezer a -18ºC até a sua utilização
(ARAÚJO et al.
4
, 1999; CAMPS et al.
10
, 1996).
As raízes foram seccionadas no terço cervical, com
auxílio de um disco de carborundum e desprezadas. Em seguida, a polpa
101
coronária foi extirpada através de curetas dentinárias, a câmara pulpar foi
irrigada com água destilada e seca com breves jatos de ar.
Com o auxílio de uma ponta diamantada esférica, foi
realizada uma abertura na face lingual destes dentes, na região do
cíngulo, até a exposição da câmara pulpar, para que pudesse ser
padronizada a profundidade dentinária da área a ser utilizada para
adesão.
O orifício lingual e a câmara pulpar foram obliterados com
silicona por condensação leve (Xantoprem – Bayer) para evitar a
penetração da resina acrílica utilizada no embutimento subseqüente
(GONÇALVES et al.
32
, 1999; HUHTALA
35
, 1999).
Os dentes foram embutidos em resina acrílica, por meio
de um molde confeccionado em silicona pesada Rodhorsil (Horus Herpo
Produtos Dentários Ltda), com 4cm de comprimento, 2cm de largura e
1cm de profundidade, com a face lingual apoiada na sua base e a face
vestibular voltada para cima, mantendo a superfície paralela ao plano
horizontal. A resina acrílica incolor de rápida polimerização (Clássico
Artigos Odontológicos – Ind. Bras.) foi vertida na fase gel, na cavidade da
matriz até o completo preenchimento. O conjunto foi imerso em água,
para evitar elevação da temperatura da resina por reação exotérmica
(HUHTALA
35
, 1999).
A abertura da câmara pulpar foi desobstruída para que a
espessura da dentina remanescente fosse medida com o auxílio de um
espessímetro. A espessura de dentina padronizada foi correspondente à
dentina média de cada dente, por ser esta a porção dentinária bovina
mais semelhante à humana (CORREA et al.
16
, 2003).
As superfícies dentárias foram desgastadas por meio de
uma lixa d’água de carbeto de silício de granulação 80, adaptada a um
recortador de gesso (Kohl Bach Motores Elétricos), sob refrigeração com
água, para a remoção do esmalte e exposição da dentina. Durante este
procedimento, foi utilizado um espessímetro (Otto-Arminger & Cia Ltda.
102
RS, Brasil), verificando-se constantemente a espessura da dentina até se
chegar a porção média. Em seguida, a abertura da câmara foi vedada
com guta-percha em bastão aquecida e resina acrílica incolor de rápida
polimerização (Clássico Artigos Odontológicos – Ind. Bras.) para impedir a
posterior penetração de substâncias pela face lingual da dentina.
As superfícies dentinárias expostas foram regularizadas
com lixas d’água seqüenciais de granulação 100, 180, 240, 320, 400 e
600 por 30s em cada , em Politriz (Dp-10 Panambra Industrial e Técnica
AS) a 600 rotações por minuto (rpm), refrigeradas à água. Na seqüência,
as superfícies dentinárias foram limpas com pedra pomes e água, com o
auxílio de escova de Robinson montada em micromotor em baixa rotação,
por 10s, para a remoção de possíveis detritos e com Tergensol para a
eliminação de resíduos oleosos provenientes do micromotor.
4.3 Divisão dos grupos em relação ao substrato
Os corpos-de-prova foram divididos em três grupos de 28
amostras cada, de acordo com o substrato a ser estudado:
a) grupo I: Dentina normal;
b) grupo II: Dentina desmineralizada;
c) grupo III: Dentina hipermineralizada.
No grupo I a dentina não foi tratada, as amostras foram
mantidas em água destilada até o próximo passo laboratorial.
No grupo II, as amostras ficaram imersas em uma solução
desmineralizante. Esta solução consiste de um gel ácido, composto por
Carboximetilcelulose 5%, Ácido lático 0,1M e Hidróxido de potássio
(regulagem do pH = 4,5) (DIONYSOPOULOS et al.
22
, 1994). Os dentes
foram imersos em recipiente contendo o gel ácido e permaneceram sete
103
dias sem troca ou agitação, para simular a formação de lesão cariosa
(PERDIGÃO et al.
64
,1994)
No grupo III, as amostras foram imersas em uma solução
hipermineralizante, composta de 1,5mM de cálcio (proveniente do
CaCl
2
.2H
2
O), 0,9mM de fosfato (proveniente do K
2
PO
4
) e 0,15M de
cloreto de potássio, durante 14 dias com trocas diárias da solução
(PERDIGÃO et al.
64
, 1994).
Em todas as amostras foi delimitada uma área de teste na
superfície, empregando-se uma fita adesiva de teflon com perfuração de
3mm de diâmetro, fixada sobre a região da dentina exposta de cada dente
para receber a irradiação a laser.
4.3.1 Subdivisão dos grupos : irradiação com laser
Os três grupos já citados foram subdivididos em dois
subgrupos (A e B), com 14 espécimes cada. O subgrupo A, recebeu a
irradiação com laser Er:YAG, no modo sem contato, nos seguintes
parâmetros: 40mJ de energia por pulso, freqüência de 6Hz, duração de
30s, resultando na densidade de energia de 12,83J/cm
2
e o subgrupo B,
recebeu a irradiação com laser Nd:YAG no modo contato, nos seguintes
parâmetros: 60mJ de energia por pulso, freqüência de 10Hz, duração de
30s, resultando na densidade de energia de 74,72J/cm
2
Em todos os grupos, a escolha do parâmetro teve o
propósito de promover o condicionamento da dentina, com o objetivo de
avaliar a resistência adesiva.
Assim, os grupos ficaram esquematizados da seguinte
maneira:
a) grupo I A: Dentina normal irradiada com laser Er:YAG;
b) grupo I B: Dentina normal irradiada com laser
Nd:YAG;
c) grupo II A: Dentina desmineralizada irradiada com
laser Er:YAG;
104
d) grupo II B: Dentina desmineralizada irradiada com
laser Nd:YAG;
e) grupo III A: Dentina hipermineralizada irradiada com
laser Er:YAG;
f) grupo III B: Dentina hipermineralizada irradiada com
laser Nd:YAG.
Na Figura 1 apresentamos o delineamento experimental
da pesquisa, para melhor compreensão das etapas seguidas.
105
8
4
dentes
bovinos
Secção das rzes
Embutimento em RAAQ
empregando matriz de Silicona
Pesad
a
Grupo I
Dentina Normal
28 dentes
Grupo III
Dentina Hiperm.
28 dentes
Grupo II
Dentina Desm.
28 dentes
A
Laser
Er:YAG
14
dentes
B
Laser
Nd:YAG
14
dentes
A
Laser
Er:YAG
14
dentes
B
Laser
Nd:YAG
14
dentes
B
Laser
Nd:YAG
14
dentes
A
Laser
Er:YAG
14
dentes
2 dentes de cada sub-grup
o
-MEV
12 dentes
12 dentes de cada sub-grup
o
Teste de Cisalhamento
72 dentes
Figura 1 - Delineamento experimental
106
4.4 Preparo das amostras para MEV
Em todos os subgrupos, duas amostras foram preparadas
para análise da superfície dentinária em MEV, antes e após a irradiação
com o laser. As superfícies dentinárias foram polidas com lixa d’água de
granulação 800 e lixas de silicone, 1200 e 4000, por 30s, em politriz (Dp-
10 Panambra Industrial e Técnica AS) a 600rpm, refrigeradas a água.
Após seccionamento da amostra com disco de diamante,
sob refrigeração, para a redução de sua extensão a cerca de 4mm, foi
realizada limpeza em aparelho ultra-som (Ultrasonic Cleaner, Thornton
Unique) para a remoção de possíveis detritos sobre a superfície dentinária
(VAN MEERBEEK et al.
91
, 1992; TORRES
88
, 2002).
4.4.1 Colagem das amostras nos stubs e metalização
Após a fixação em suporte metálico de alumínio (stub),
com o auxílio de fita adesiva de carbono (3M), as superfícies dentinárias
receberam uma camada de ouro em aparelho metalizador (MED 010,
Balzers), por 3min. Este procedimento é realizado com o objetivo de se
obter um anteparo para os elétrons gerados pelo microscópio,
possibilitando a captação da imagem superficial. Posteriormente, as
amostras foram examinadas em MEV (DSM 940 A, Zeiss), em 10KV, a
uma distância de trabalho variando de 7 a 10mm. A microscopia foi
realizada no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos
Campos-SP
107
4.5 Preparo das amostras para o teste de cisalhamento
Nas 72 amostras selecionadas para o teste de
cisalhamento, na área irradiada pelo laser, foi aplicado o sistema adesivo
Clearfil SE Bond (Kuraray) de acordo com as recomendações do
fabricante sendo:
a) aplicação do Primer autocondicionante na superfície
dentinária da amostra, espera de 20s e aplicação de um breve jato de ar;
b) aplicação do Bond, seguido de um breve jato de ar;
c) fotopolimerização por 10s.
A fotopolimerização foi feita com aparelho XL 3000 (3M
ESPE) com intensidade de 500mW/cm
2
. Uma matriz bipartida de teflon
com perfuração de 3mm de diâmetro por 4mm de altura, foi adaptada
sobre os corpos-de-prova e imobilizada sobre a área delimitada pela fita
adesiva, onde foi inserida a resina composta Tetric Ceram (Vivadent).
A inserção e condensação da resina composta foram
feitas em dois incrementos fotopolimerizados por 40s, conforme
especificações do fabricante. A matriz foi então separada e a
fotopolimerização completada, deslocando-se a ponta fotopolimerizadora
em todas as faces do cilindro de resina composta por 40s.
A seguir, as amostras foram imersas em água destilada e
armazenadas em estufa bacteriológica (MA 032- Marconi) a 37ºC (±2ºC)
por 24h, para serem submetidas ao teste de cisalhamento.
108
4.6 Teste de resistência ao cisalhamento
O teste de resistência ao cisalhamento foi realizado em
uma máquina universal de ensaios (EMIC), munida de uma célula de
carga de 10Kg, aplicando-se a carga próxima à interface dentina/resina,
através de um dispositivo metálico em forma de cinzel com velocidade de
1,0mm/min, até o rompimento da união adesiva.
Os resultados da resistência adesiva foram obtidos
através de um computador acoplado à máquina que efetuou a leitura e
coleta dos dados, impressos juntamente com um gráfico representando a
relação de carga em função do deslocamento. Os valores finais da carga
necessária para o rompimento da união adesiva foram expressos em
MPa.
109
4.7 Seqüência da metodologia
Figura 2 - Distribuição das amostras e delineamento experimental: a) dente bovino
cortado e embutido; b) amostra; c) delimitação da área de adesão; d)
aplicação do sistema adesivo: primer; e) aplicação do sistema adesivo:
bond; f) amostra posicionada na matriz; g) inserção da resina composta; h)
matriz bipartida; i) restauração com resina composta-vista frontal; j)
restauração com resina composta-vista lateral; k) teste de cisalhamento; l)
teste de cisalhamento.
A
B
C
D
E
F
G H I
J
K
L
110
4.8 Análise estatística
Os dados obtidos no ensaio de cisalhamento foram
submetidos aos testes estatísticos de Análise de Variância (ANOVA) e de
Tukey para verificar a diferença entre os grupos de estudo.
5 RESULTADOS
5.1 Análise estatística
Tendo em vista o nosso interesse em analisar o efeito do
tipo de laser sob três diferentes tipos de dentina no mesmo experimento,
efetuamos o experimento fatorial do tipo 2 x 3. Consideramos duas
variáveis independentes; os fatores: laser e dentina. O primeiro fator
relativo ao tipo de laser apresentou duas categorias: Er:YAG e Nd:YAG.
O segundo fator, relativo ao tipo de dentina, apresentou três categorias:
Normal, Hipermineralizada e Desmineralizada.
A variável dependente (resposta) foi a resistência ao
cisalhamento, medida operacionalmente pelos valores de tensão de
ruptura (MPa) obtidos nos ensaios de cisalhamento.
A unidade experimental foi o dente bovino restaurado.
Um experimento fatorial 2 x 3 apresenta seis tratamentos,
ou condições experimentais, em comparação. Efetuamos 12 réplicas em
cada condição experimental.
Em cada réplica, selecionamos de forma casual uma
condição experimental para cada unidade experimental. Obtivemos,
portanto, 72 dados a serem analisados pelo método estatístico da análise
de variância (ANOVA) a dois critérios fixos.
A influência dos dois tipos de laser e dos três tipos de
dentina, sobre a resistência ao cisalhamento, constituiu seis condições
experimentais estudadas.
112
Os dados obtidos nessas condições estão apresentados
no Apêndice. A estatística descritiva dos mesmos está apresentada na
Tabela 1 e representada pelo gráfico de colunas (Figura 3), mostrados a
seguir.
Tabela 1 - Média (±desvio padrão) dos dados de resistência ao cisalhamento (MPa)
obtidos nos dentes restaurados sob dois tipos de laser em três tipos de
dentina
LASER Dentina
N D H
linha (m±dp)
Er:YAG 7,32±2,50* 7,35±2,56 6,43±2,47 7,03±2,47
Nd:YAG 8,24±2,18 9,12±2,47 9,45±1,37 8,94±2,07
coluna (m±dp) 7,78±2,34 8,23±2,62 7,94±2,48
Figura 3 - Gráfico de colunas (média±desvio padrão) dos dados de resistência obtidos no
ensaio de cisalhamento para as seis condições experimentais.
113
Verifica-se, com as informações acima, que as condições
experimentais apresentam mesma dispersão: valores próximos de desvio
padrão. E, também, que os valores médios de cisalhamento do laser
Nd:YAG são superiores aos valores obtidos para o laser Er:YAG,
independentemente do tipo dentina.
Quando se aplica o teste ANOVA para avaliar a influência
das variáveis: laser e tipo de dentina, verifica-se que o efeito conjunto
dessas duas variáveis é estatisticamente não significante (Tabela 2).
Tabela 2 - ANOVA para os dados de resistência ao cisalhamento (MPa) obtidos
Efeito gl SQ QM F p
Dentina 2 2,517 1,2584 0,24 0,7886
Laser 1 65,056 65,0560 12,32 0,0008*
Interação 2 13,372 6,6861 1,27 0,2887
Resíduo 66 348,548 5,2810
Total 71 429,493
*p < 0,05
Pelo teste ANOVA, não se pôde rejeitar a hipótese de
nulidade do efeito de interação entre as variáveis.
O efeito interação, estatisticamente não significante,
indicou que a diferença de resistência de 3,11MPa entre o laser Nd:YAG
(9,45) e o laser Er:YAG (6,34) para dentina Hipermineralizada não difere
dos valores obtidos nos demais tipos de dentina, como se pode observar
na Figura 3.
114
Figura 4 - Gráfico das médias das seis condições experimentais estabelecidas pelas
variáveis: Laser e Dentina.
Obteve-se um valor de diferença de resistência de
1,77MPa na dentina Desmineralizada (9,12 – 7,35) e um valor de
0,92MPa para a dentina Normal (8,24 – 7,32).
Tendo em vista que o efeito interação das duas variáveis
é estatisticamente não significante considera-se, agora, o efeito principal
Laser que foi estatisticamente significante. Pode-se afirmar que,
independentemente do tipo de dentina, a união adesiva das amostras que
sofreram irradiação pelo laser Nd:YAG (8,94±2,07MPa) foi mais
resistente do que a das amostras irradiadas pelo laser Er:YAG
(7,03±2,47MPa).
Quando se comparam as médias das seis condições
experimentais, por meio do teste de Tukey (5%), Tabela 3, tem-se que a
condição de menor resistência é aquela estabelecida pelo laser Er:YAG,
sob o tipo de dentina Hipermineralizada, que difere estatisticamente da
condição de maior resistência estabelecidas pelo laser Nd:YAG com a
dentina tipo Hipermineralizada.
115
Tabela 3 - Resultado da comparação de médias das seis condições experimentais, após
a aplicação do teste de Tukey (5%)
Laser Dentina Média (MPa)
Grupos
Homogêneos
Nd H 9,450 A
Nd D 9,121 A B
Nd N 8,242 A B
Er D 7,350 A B
Er N 7,325 A B
Er H 6,434 B
A diferença quanto à resistência ao cisalhamento ocorreu
entre os grupos dos lasers Er:YAG e Nd:YAG, sobretudo, na dentina
Hipermineralizada. Os demais grupos obtiveram valores intermediários.
116
5.2 Análise morfológica em MEV
Figura 5 - Dentina bovina normal. Verifica-se a presença de túbulos dentinários abertos
e outros obliterados por smear layer.
Figura 6 - Dentina bovina desmineralizada. Verifica-se a ampliação da abertura dos
túbulos, alguns obliterados por smear layer e irregularidade da dentina
peritubular, característica de fragilidade.
117
Figura 7 - Dentina bovina hipermineralizada. Visualizamos a presença de túbulos
dentinários abertos e outros obliterados por smear layer ou depósitos
minerais.
Figura 8 - Dentina bovina normal irradiada por laser: a) Laser Er:YAG, visualiza-se a
presença de túbulos dentinários abertos e superfície irregular apresentando-
se em desníveis; b) Laser Nd:YAG, visualiza-se superfície heterogênea, com
áreas obliteradas por fusão e áreas sem fusão apresentando túbulos
dentinários abertos.
a b
118
Figura 9 - Dentina bovina desmineralizada irradiada: a) Laser Er:YAG, verifica-se a
presença de túbulos dentinários abertos e desnível de superfície em maior
profundidade; b) Laser Nd:YAG, verifica-se superfície homogênea com
características de fusão, presença de túbulos dentinários abertos e
microrachaduras.
Figura 10 - Dentina bovina hipermineralizada irradiada: a) Laser Er:YAG, visualiza-se a
presença de túbulos dentinários abertos com característica de dentina
peritubular mais mineralizada e desnível de superfície; b) Laser Nd:YAG,
visualiza-se superfície heterogênea com áreas obliteradas por fusão e áreas
sem fusão com a presença de túbulos dentinários abertos e desnível de
superfície.
a
b
a
b
6 DISCUSSÃO
6.1 Metodologia
O estudo do processo de adesão às estruturas dentais é
fundamental para análise do comportamento e aprimoramento dos
sistemas adesivos. Assim, são necessários teste laboratoriais que
comprovem a eficiência e confiabilidade dos materiais (VAN MEERBEEK
et al.
89
, 1994). Porém, a utilização dos estudos in vitro demanda a
necessidade de padronização na metodologia e principalmente dos
substratos dentais utilizados, possibilitando a comparação dos resultados
a outros estudos, bem como a pesquisa in vivo (MARSHALL JÚNIOR
47
,
1993). Na literatura observamos que além do substrato, outros fatores
podem interferir nos resultados dos testes de adesão como o tempo de
utilização do dente após extração e as condições de armazenamento
(PASHLEY et al.
61
, 1995, CAMPS et al.
10
, 1996 e ARAÚJO et al.
4
, 1999).
Devido à dificuldade na obtenção de dentes humanos
para realização das pesquisas cientificas in vitro, há uma constante busca
por um substrato que se apresente como um substrato
caracteristicamente semelhante. Neste contexto, a alternativa mais
utilizada é o dente bovino, principalmente em estudos sobre adesão de
materiais às estruturas dentais. Segundo Nakamichi et al.
58
(1983), a
utilização de dentes bovinos é possível devido à semelhança encontrada
na força de união de resina ao esmalte e dentina superficial de dentes
bovinos e humanos. Muitos autores compararam os dentes bovinos aos
120
dentes humanos em estudos de resistência adesiva (NAKABAYASHI et
al.
55
, 1982; SAUNDERS
73
, 1988; TAGAMI et al.
81
, 1990; GONÇALVES et
al.
32
, 1999; CUNHA et al.
18
, 2000).
Apesar das diferenças morfológicas, Anido
1
(2001)
concluiu que o substrato bovino presta-se aos estudos laboratoriais desde
que observada a relação de profundidade entre os substratos. Corrêa et
al.
16
(2003), verificaram em estudo micromorfológico que a região da
dentina bovina que mais se assemelha a dentina humana é a região
mediana.
No presente estudo, utilizamos a dentina bovina,
embasados na literatura de que este é um substrato aceitável como
substituto à dentina humana em testes de adesão (NAKAMICHI et al.
58
,
1983; SANO et al.
70
, 1994; ANIDO
1
, 2001). Foram utilizados neste estudo,
84 dentes bovinos, os quais permaneceram armazenados em freezer a -
18ºC por ate vinte dias, com a finalidade de manter a integridade do
substrato o mais próximo possível das condições in vivo (ARAÚJO et al.
4
,
1999; TITLEY et al.
85
, 1998).
Escolhemos a dentina como substrato por ser uma
estrutura complexa, diferente do esmalte pela variação em sua
composição (GARBEROGLIO & BRÂNNSTROM
29
, 1976). Para obtermos
resultados que pudessem ser extrapolados para dentes humanos,
padronizamos a utilização da porção média da dentina por ser a região
que mais se assemelha micromorfologicamente à dentina humana
(CORRÊA et al.
16
, 2003). A complexidade da dentina se deve à
variabilidade química e física traduzidas pela quantidade de componentes
orgânicos e inorgânicos, diâmetro e orientação dos túbulos conforme a
profundidade e permeabilidade (GARBEROGLIO & BRÂNNSTROM
29
,
1976; TAGAMI et al.
81
, 1990). Além disso, a profundidade cavitária, idade
dentária, tipo e intensidade de injúrias podem determinar a variação no
comportamento deste substrato (MARSHALL JÚNIOR
47
, 1993;
GONÇALVES et al.
32
, 1999).
121
Segundo Consolaro et al.
15
(1996), a dentina pode sofrer
variações em seus níveis minerais apresentando-se desmineralizada em
decorrência de ácidos bacterianos provenientes do processo de cárie, ou
ainda, hipermineralizada pela deposição de dentina peritubular e
obliteração dos túbulos por cristais maiores e irregulares de hidroxiapatita
devido a uma esclerose dentinária.
Em decorrência destas alterações, a dentina pode se
apresentar com características próprias, inerentes às variações minerais,
que influenciam o processo de adesão (SANO et al.
70
, 1994).
Perdigão et al.
64
(1994), avaliaram a resistência ao
cisalhamento de sistemas adesivos a diferentes substratos dentinários:
dentina normal, hipermineralizada e desmineralizada, simulando dentina
hígida, esclerótica e cariada, respectivamente. Verificaram que a
resistência em dentina normal foi significativamente maior em relação aos
outros substratos e que a resistência em dentina hipermineralizada foi
significativamente maior do que a desmineralizada.
Com relação às propriedades elásticas e resistência à
tração da dentina humana e bovina, mineralizada e desmineralizada, de
acordo com Sano et al.
70
(1994), a dentina humana e bovina mineralizada
apresentaram médias de resistência à tração de 104MPa e 91MPa e
módulos de elasticidade de 13GPa e 15GPa respectivamente, enquanto
as amostras de dentina humana e bovina desmineralizadas apresentaram
resistência à tração de 32MPa e 26MPa e módulos de elasticidade de
0,26GPa e 0,25GPa respectivamente.
Durante a desmineralização da dentina, ocorrem
variações minerais em níveis diferentes na dentina peritubular e
intertubular, sendo a intertubular mais resistente. Kinney et al.
42
(1995)
concluíram em seus estudos que a superfície da dentina manteve sua
morfologia inicial, embora tenha ficado mais porosa com a remoção da
dentina peritubular. Em concordância com estes achados, Marshall Júnior.
et al.
48
(2001) verificaram que durante a desmineralização, a dentina
122
peritubular é atacada rapidamente sendo que na dentina cariada, este
fato permite um índice de condicionamento que não pode ser distinguido
da dentina normal.
Comparando a adesão em dentina cariada e hígida,
Ribeiro et al.
69
(1999), verificaram a formação de camada híbrida na
dentina hígida e a evidência morfológica de formação de uma camada
híbrida alterada e resistente ao desafio químico da dentina cariada, um
tecido ácido-resistente, resultado da interdifusão do sistema adesivo com
o tecido cariado, foi observado adjacente e abaixo da camada híbrida
alterada. A aplicação de restaurações adesivas em lesões cariosas não
afeta a performance clinica destas restaurações. A presença de tecido
ácido resistente na dentina cariada também foi encontrado por Marshall
Júnior et al.
48
(2001), na forma de depósitos minerais ocluindo a dentina
tubular, resistentes ao condicionamento ácido.
Uma pequena intensidade de desmineralização da
dentina, desde que não remova quantidade excessiva de hidroxiapatita,
irá resultar em aumento da estabilidade da união adesiva ao dente.
Segundo Nakabayashi et al.
54
(1992), a explicação se deve ao fato de que
uma pequena diminuição da quantidade de mineral retém mais
hidroxiapatita que, por sua vez, protege os peptídeos dentinários,
incluindo o colágeno.
Frente a hipótese de que a adesão à dentina afetada por
cárie é inferior àquela conseguida para dentina normal, Nakajima et al.
57
(1995) verificaram que a resistência adesiva depende tanto do sistema
adesivo usado como do tipo de dentina, encontrando valores de adesão
similares em dentina normal e afetada por cárie para um sistema adesivo
e valores discrepantes mais altos para dentina normal com utilização de
outros adesivos.
Com relação à dentina hipermineralizada, Causton
11
(
1984) verificou que a remineralização em dentina profunda melhorou a
123
eficiência do agente adesivo, porém o mesmo não ocorreu em dentina
superficial.
A dentina hipermineralizada, pela alta concentração
mineral da dentina peri e intertubular não permite um condicionamento
ideal para que haja uma penetração efetiva dos sistemas adesivos,
afetando significativamente a adesão (PERDIGÃO et al.
64
, 1994; PRATI et
al.
65
, 1999).
Van Meerbeek et al.
90
(1994) verificaram a formação de
uma camada híbrida de menor extensão e poucos tags (por vezes
ausentes) em dentina esclerótica, associada a obliteração tubular devido
à aposição de dentina peritubular e deposição irregular de minerais dentro
dos túbulos. Da mesma maneira, Tay et al.
84
(2000) encontraram na
dentina esclerótica características ultraestruturais que possivelmente
reduzem a resistência adesiva: presença de uma camada de colágeno
desnaturado, possivelmente remineralizado na superfície
hipermineralizada e formação de trajetos escleróticos no lúmen tubular
que evitam a formação de tags resinosos.
Estratégias adesivas baseadas somente na retenção
micromecânica podem ser comprometidas pela ausência de camada
híbrida e de tags resinosos na dentina esclerótica e pela presença de uma
camada superficial hipermineralizada na dentina esclerótica condicionada
(KWONG et al.
44
, 2000).
Os autores ressaltam a importância da discussão a
respeito da necessidade de adaptação de um sistema adesivo indicado
para o substrato hipermineralizado, bem como a continuidade de estudos
interdisciplinares que visem otimizar esta interação (VAN MEERBEEK et
al.
90
, 1994; KWONG et al.
44
, 2000).
Frente aos contrastes da literatura com relação aos
processos adesivos nos substratos dentinários que apresentam variações
minerais e, ainda, a incessante busca por procedimentos que melhorem a
efetividade de adesão, nos propusemos a verificar o comportamento
124
morfológico e a resistência adesiva da dentina normal, desmineralizada e
hipermineralizada após o emprego do laser de Er:YAG e Nd:YAG na
superfície dentinária como pré-tratamento.
O laser de Er:YAG é indicado para aplicação em tecidos
dentais, devido ao seu mecanismo de ablação termomecânica e a alta
absorção do seu comprimento de onda pela água (MIDDA
51
, 1992; AOKI
et al.
2
, 1996). O laser Nd: YAG é altamente absorvido por tecidos
pigmentados e tecidos dentais (WHITE et al.
95
, 1987; HECHT
33
, 1992). O
modo de ação destes lasers, nos motivou a realizar este estudo para
avaliar os efeitos quando o tecido dentinário sofre alterações como
desmineralização decorrente de um processo de cárie, bem como uma
hipermineralização devido a uma resposta fisiológica pulpar a estímulos
externos (CONSOLARO et al.
15
, 1996), criando um tecido, em que a
composição é diferente do normal. É fundamental estudar o
comportamento da irradiação laser nestes substratos, uma vez que
sabemos que a interação destes, depende das propriedades ópticas
relacionadas à composição dos tecidos, principalmente a quantidade de
água, pois a absorção da luz pela água é de fundamental importância,
assim como a dos elementos que exibem um alto coeficiente de absorção
de um particular comprimento de onda, os chamados cromóforos, no caso
da dentina, as proteínas e a hidroxiapatita.
Neste estudo foi utilizado o laser de Er:YAG com
comprimento de onda de 2,94µm nos parâmetros de 40mJ de energia por
pulso, 6Hz, distância de 12mm, durante 30s, baseando-se na pesquisa de
Pelino
63
(2002), que caracterizou as propriedades de esmalte e dentina
em diferentes condições (sadia, cariada e reparadora) antes e após a
irradiação com lasers de Er:YAG e Nd:YAG dentro dos parâmetros do
limiar de modificação física destes tecidos.
Utilizamos o laser de Er:YAG sob refrigeração constante
com spray de água em concordância a Hossain et al.
34
(1999) cujas
observações em MEV indicaram que o emprego do laser de Er:YAG com
125
spray de água, produziu cavidades sem sinais de danos térmicos e
carbonização à volta do esmalte e dentina e sem diminuir a ablação.
Yamada et al.
98
(2001), sugeriram que as cavidades
dentárias podem ser preparadas com laser Er:YAG e Nd:YAG sem sinais
de injúria térmica para os tecidos circundantes bem como para a polpa
dental, desde que ocorra adequada refrigeração e técnica de irradiação
cuidadosa. O uso do laser Er:YAG para tratar tecido duro dental é seguro
e efetivo para a remoção de cárie, preparo cavitário e condicionamento do
esmalte e dentina (COZEAN et al.
17
, 1997). Em contrapartida Ishizaka et
al.
37
(2002) verificaram que o laser Er:YAG quando aplicado sobre a
dentina com energia de 140 a 80mJ pode desnaturar o material orgânico.
Em seus estudos, Ceballos et al.
12
(2001), verificaram que
a irradiação com laser Er:YAG não é uma alternativa muito válida no
esmalte para substituir o condicionamento ácido como um pré-tratamento
para adesividade da resina composta.
Segundo Eguro et al.
23
(2002), o tratamento com ácido
melhora as propriedades adesivas da superfície dentinária irradiada por
laser Er:YAG.
Oda et al.
59
(2001) verificaram que na superfície da
dentina irradiada por laser Er:YAG e condicionada por ácido, houve a
penetração do adesivo. Já a superfície irradiada sem condicionamento
ácido encontrava-se com túbulos abertos porém a resina estava
espalhada, sem penetração.
Também foi utilizado nesta pesquisa o laser Nd:YAG com
comprimento de onda de 1,064µm e parâmetros de 60mJ de energia por
pulso, 10Hz e 0,6W de potência (ARAÚJO
3
, 2000), em varredura no modo
contato por 30s.
O laser Nd:YAG pode ser utilizado em esmalte e dentina
sem efeitos térmicos pulpares, sendo a temperatura criada pela irradiação
capaz de ablacionar tecidos orgânicos do esmalte e dentina (WHITE et
al.
96
, 1992).
126
Segundo Schaller et al.
74
(1997), o tratamento com laser
Nd:YAG modifica a superfície da dentina causando um aumento na
resistência ao ácido.
A aplicação de laser Nd:YAG na dentina com energia de
50 a 100mJ por pulso resulta na formação de estrutura fundida, com
fendas e irregularidades (KAWABATA et al.
40
, 1999).
Segundo Matos et al.
49
(1999) o tratamento dentinário
com uso do laser Nd:YAG influencia a resistência adesiva da resina
composta.
A irradiação com laser Nd:YAG causa mudanças no
conteúdo mineral da superfície da dentina (SCHALLER et al.
74
, 1997)
tanto sadia como desmineralizada, sendo o laser capaz de remover
componentes orgânicos da dentina, principalmente o colágeno (WHITE &
GOODIS
94
, 1996).
Utilizamos os lasers de Er:YAG e Nd:YAG conforme as
instruções dos fabricantes e seguindo todas as normas de segurança
preconizadas pela Academy of Laser Dentistry.
Frente as observações de vários autores de que a
associação do tratamento com laser e condicionamento ácido é mais
efetiva do que somente o pré-tratamento com laser para melhoria das
propriedades adesivas da dentina (CEBALLOS et al.
12
, 2001;
FRANCISCHONE et al.
25
, 2001; ODA et al.
59
, 2001; CEBALLOS et al.
13
,
2002; DE MUNCK et al.
19
, 2002; GONÇALVES et al.
31
, 2002;
ARMENGOL et al.
5
, 2003), utilizamos neste estudo o preparo das
superfícies dentinárias com laser e sistema adesivo autocondicionante.
Segundo Francischone et al.
25
(2001), a utilização de
sistemas adesivos autocondicionantes sobre a superfície dentinária pré-
tratada com laser Er:YAG pode trazer resultados promissores.
O sistema adesivo autocondicionante pode ser usado
juntamente com o laser Nd:YAG sem comprometer a adesão à dentina
(MATOS et al.
50
, 2000).
127
Optamos pelo sistema adesivo autocondicionante por ser
uma evolução dos sistemas adesivos que promovem simultaneamente a
desmineralização e infiltração do monômero adesivo na dentina (KWONG
et al.
44
, 2000), diminuindo a probabilidade de incompleta penetração entre
as fibras colágenas (WATANABE et al.
93
, 1994). Muitos autores testaram
a resistência adesiva de adesivos autocondicionantes à superfície
dentinária, normal (SANO et al.
71
, 1999; TAY et al.
84
, 2000;
BOUILLAGUET et al.
8
, 2001; DIAS et al.
21
, 2002; STRUKOWSKA et al.
79
,
2002; TORII et al.
87
, 2002; ASMUSSEN & PEUTZFELDT
7
, 2003; SUSIN
et al.
80
, 2003), desmineralizada (NAKAJIMA et al.
57
, 1995),
hipermineralizada (VAN MEERBEEK et al.
90
, 1994; YOSHIYAMA et al.
100
,
1996) e associado ao pré-tratamento com laser (MATOS et al.
50
, 2000;
DE MUNCK et al.
19
, 2002; RAMOS et al.
66
, 2002; COELHO
14
, 2004;
RAMOS et al.
67
, 2004).
Em concordância com muitos autores, optamos pelo teste
de resistência ao cisalhamento por ser o mais empregado e o que
apresenta melhor desempenho em estudos de resistência adesiva,
favorecendo a comparação entre os mesmos (TAGAMI et al.
81
, 1990;
PERDIGÃO et al.
64
, 1994; TONAMI et al.
86
, 1996; TITLEY et al.
85
, 1998;
HUHTALA
35
, 1999; ANIDO
1
, 2001; STRUKOWSKA et al.
79
, 2002;
ASMUSSEN & PEUTZFELDT
7
, 2003), no pré-tratamento dentinário com
laser de Er:YAG e Nd:YAG (VISURI et al.
92
, 1996; FRANCISCHONE et
al.
25
, 2001; GONÇALVES et al.
32
, 1999; COELHO
14
, 2004).
Em contrapartida, alguns autores empregam em seus
estudos testes de microtração ou microtensão (MATOS et al.
50
, 2000;
RAMOS et al.
67
, 2002; DE MUNCK et al.
19
, 2002; RAMOS et al.
66
, 2004) e
tração (FUSAYAMA et al.
26
, 1979; NAKABAYASHI et al.
55
, 1982; CUNHA
et al.
18
, 2000; TORII et al.
87
, 2002) para análise da resistência adesiva.
Frente a relatos na literatura que comprovam a
metodologia de outros testes adesivos, optamos pelo teste convencional
de resistência ao cisalhamento.
128
O instrumento de análise morfológica utilizado foi o
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) pois possui grande resolução,
profundidade de foco, facilidade de preparação e interpretação da
imagem de superfícies não-planas (ESTRELA
24
, 2001). Assim a
combinação dessas propriedades tornou o MEV especialmente indicado
para o estudo das superfícies, sendo uma ferramenta indispensável em
pesquisas e desenvolvimento científico no campo de estudo dos materiais
(GABRIEL
27
, 1985). Dentro dos estudos odontológicos, vários autores
utilizaram este instrumento para o estudo da superfície do substrato
dentinário (GARBEROGLIO & BRÂNNSTROM
29
, 1976; NAKAMICHI et
al.
58
, 1983; VAN MEERBEEK et al.
91
, 1992; PERDIGÃO et al.
64
,1994; TAY
et al.
83
, 1996; CORRÊA et al.
16
, 2003) e o tratamento deste substrato com
laser Er:YAG (VISURI et al.
92
, 1996; ARMENGOL et al.
5
, 1999; HOSSAIN
et al.
34
, 1999; KAMEYAMA et al.
38
, 2000; ODA et al.
59
, 2001; YAMADA et
al.
98
, 2001; KOHARA et al.
43
, 2002; SCHEIN et al.
75
, 2003) e Nd:YAG
(DEDERICK et al.
20
, 1984; KAWABATA et al.
40
, 1999; ARAÚJO
3
, 2000;
SAZAK et al.
72
, 2001; YAZICI et al.
99
, 2002).
129
6.2 Resultados
Nossos resultados evidenciaram que os lasers Er:YAG e
Nd:YAG diferem quanto ao mecanismo de adesão à dentina bovina
normal, desmineralizada e hipermineralizada.
Neste estudo, os resultados de resistência adesiva da
resina composta com o sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE
Bond (Kuraray) sobre diferentes tipos de dentina bovina pré-tratada com
laser Er:YAG ou Nd:YAG, revelaram valores médios de cisalhamento para
o laser Nd:YAG superiores aos valores obtidos para o laser Er:YAG,
independente do tipo de dentina.
Para o laser Er:YAG as médias foram: na dentina normal
7,32MPa, dentina desmineralizada 7,35MPa e dentina hipermineralizada
6,34MPa. Já para o laser Nd:YAG as médias foram na dentina normal
8,24MPa, dentina desmineralizada 9,12MPa e dentina hipermineralizada
9,45MPa.
Numa comparação descritiva dos grupos experimentais
(Tabela 3), observamos que os tipos de dentina não apresentaram
diferença média de resistência adesiva, entretanto para os tipos de laser
empregados, houve diferença com superioridade para o laser Nd:YAG. A
interação laser X tipo de dentina foi estatisticamente não significante.
Nesta pesquisa o adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond foi
empregado após o condicionamento com o laser e verificamos menores
valores de resistência adesiva para o Er:YAG corroborando com as
pesquisas de Francischone et al.
25
(2001) e Oda et al.
59
(2001), e
discordando com Visuri et al.
92
(1996).
Visuri et al.
92
(1996) constataram que o tratamento da
dentina com laser Er:YAG favorece a retenção da resina composta. Os
130
resultados de adesão da dentina condicionada pelo laser foram
superiores aos da dentina sem tratamento com laser.
Em contrapartida, Ceballos et al.
12
(2001) concluíram que
a irradiação com laser Er:YAG não é uma alternativa muito válida em
esmalte e dentina pois um pré-tratamento com condicionamento ácido
tem uma melhor efetividade. Em concordância, estão os resultados de
Armengol et al.
5
(2003), que verificaram que o laser Er:YAG aumentou a
energia livre de superfície e a rugosidade do esmalte e dentina, porém
não produziu uma morfologia de superfície desejável ao processo
adesivo. Outros autores concluíram que tratamento da superfície
dentinária com laser de Er:YAG apresenta valores de adesão inferiores
aos obtidos com condicionamento com ácido fosfórico (FRANCISCHONE
et al.
25
, 2001; CEBALLOS et al.
13
, 2002; DE MUNCK et al.
19
, 2002 ). Estes
resultados concordam com as observações de Oda et al.
59
(2001) que
verificaram na morfologia da dentina tratada com laser Er:YAG e sistema
adesivo uma superfície dentinária com túbulos abertos porém sem
penetração da resina. Segundo os autores a associação do laser Er:YAG
com condicionamento ácido como tratamento da superfície, permite a
penetração do adesivo na dentina (ODA et al.
59
, 2001), aumentando
significativamente os valores de adesão (FRANCISCHONE et al.
25
, 2001;
DE MUNCK et al.
19
, 2002). Em discordância, Schein et al.
75
(2003)
verificaram que o aspecto morfológico da dentina condicionada por ácido
em cavidades preparadas pelo laser Er:YAG, não mostrou a presença de
uma matriz colágena aberta necessária para a interdifusão do adesivo e
que o padrão de interação entre dentina e resina quando a dentina foi
tratada com laser Er:YAG, foi caracterizada por hibridização indefinida.
Em nosso estudo fizemos a associação do tratamento
dentinário com laser Er:YAG e sistema adesivo autocondicionante. Outros
autores também utilizaram esta mesma associação e os resultados entre
seus estudos são contrastantes. De Munck et al.
19
(2002), utilizaram um
adesivo autocondicionante na dentina preparada por laser Er:YAG ou
131
broca e verificaram que este apresentou desempenho significativamente
menos efetivo para dentina preparada por laser do que a preparada por
broca. Eguro et al.
23
(2002), investigaram a resistência adesiva entre
dentina e resina composta após a aplicação de vários tratamentos na
superfície irradiada por laser de Er:YAG e o sistema adesivo
autocondicionante Clearfil SE Bond (Kuraray). Os autores concluíram que
o grupo tratado com o laser Er:YAG obteve resistência adesiva
significativamente menor do que os outros grupos. Estas observações
estão de acordo com os resultados deste estudo.
Ramos et al.
67
(2002), compararam um adesivo
autocondicionante e dois sistemas de frasco único na resistência adesiva
à dentina tratada por laser Er:YAG e verificaram diminuição na resistência
adesiva quando a superfície da dentina foi tratada com Er:YAG, sendo
mais evidente para o frasco único. Dentre os sistemas adesivos testados,
o autocondicionante apresentou a maior média de resistência adesiva. Os
autores concluíram que o laser Er:YAG pode ter efeito adverso na
resistência adesiva em maior ou menor grau, dependendo do sistema
adesivo usado. Estes resultados corroboram com os de Coelho
14
(2004)
que verificou que o sistema adesivo autocondicionante apresentou
resistência adesiva, significativamente maior que o adesivo
monocomponente e que o tratamento da dentina com NaCIO e laser de
Er:YAG apresentou resistência adesiva maior e estatisticamente
significante com o sistema adesivo autocondicionante.
Com a utilização do laser Er:YAG e o adesivo
autocondicionante, obtivemos os menores valores de adesão
independente do tipo de dentina. Tal resultado pode ser explicado pelos
estudos de Ramos et al.
66
(2004), que verificaram que a irradiação com
laser Er:YAG na dentina, não determina a formação de zonas
consistentes de hibridização resina-dentina, promovendo menores
resistências adesivas e que o adesivo autocondicionante pareceu ser o
132
mais afetado pela irradiação laser no substrato dentinário, resultando na
adesão mais fraca.
Com base nos nossos resultados, podemos afirmar que
independente do tipo de dentina, a união adesiva das amostras que
sofreram irradiação pelo laser Nd:YAG (8,94±2,07MPa) foi mas resistente
do que a das amostras irradiadas pelo laser Er:YAG (7,03±2,47MPa).
O laser Nd:YAG pode ser utilizado para realização de
preparo cavitário, fusão da parede dentinária do canal radicular, remoção
do tecido cariado demonstrado em estudos de White et al.
96
(1992),
Dederick et al.
20
(1984), Lizarelli & Bagnato.
45
(2002).
Segundo White et al.
96
(1992), o laser Nd:YAG pode ser
usado em esmalte e dentina sem efeitos térmicos pulpares e, além disso,
a temperatura criada pela irradiação seria capaz de ablacionar tecidos
orgânicos do esmalte e da dentina. Em concordância com este estudo
estão as observações de White & Goodis
94
(1996), que avaliaram a
composição química da dentina normal e desmineralizada após a
irradiação com laser Nd:YAG e verificaram que o laser provocou
modificações nas superfícies da dentina normal e desmineralizada em
relação à concentração de fosfato e também de colágeno, sendo capaz
de remover o componente orgânico da dentina, principalmente o
colágeno. Estes estudos corroboram com os de Sazak et al.
72
(2001), que
verificaram que a irradiação com laser Nd:YAG causou mudanças no
conteúdo mineral da superfície de esmalte e dentina.
Wigdor et al.
97
(1992) verificaram na morfologia da dentina
tratada com laser Nd:YAG, a fusão da dentina intertubular e a variação
dos túbulos dentinários. A recristalização da dentina, com conseqüente
obliteração de alguns túbulos também foi relatada (DEDERICK et al.
20
,
1984; TANJI et al.
82
, 1998).
Schaller et al.
74
(1997) verificaram que o tratamento com
laser Nd:YAG influencia a permeabilidade da dentina causando um
aumento na ácido resistência da superfície.
133
Os estudos de Oda et al.
59
(2001), mostraram que a
irradiação a laser isoladamente não propicia condições similares de
adesão ao condicionamento com ácido fosfórico. A dentina irradiada pelo
laser Nd:YAG sem aplicação de ácido mostrou falha de abertura dos
túbulos, sendo indicado pelos autores o condicionamento ácido após a
irradiação com laser para melhora na adesão.
Neste estudo, fizemos a associação do tratamento das
superfícies dentinárias normal, desmineralizada e hipermineralizada com
laser Nd:YAG e aplicação do sistema adesivo autocondicionante. Matos et
al.
50
(2000), também utilizaram em seus estudos esta associação e
concluíram que a resistência adesiva da resina composta com o sistema
adesivo autocondicionante foi maior em dentina do que em esmalte e que
o melhor momento para a aplicação do Nd:YAG é após o uso do sistema
adesivo. O sistema adesivo autocondicionante pode ser usado juntamente
com o laser Nd:YAG sem comprometer a adesão à dentina.
Matos et al.
49
(1999), avaliaram a resistência adesiva de
uma resina composta à dentina tratada com laser Nd:YAG antes e após o
procedimento adesivo. O uso do laser Nd:YAG como tratamento
dentinário influenciou negativamente a resistência adesiva da resina
composta com média de valores de 4,57MPa. Estes resultados diferem
dos nossos em que a média de valores das amostras irradiadas pelo laser
Nd:YAG independente do tipo de dentina foi 8,94MPa. Em contrapartida
obtivemos média semelhante à encontrada por Coelho
14
(2004) em seus
estudos onde avaliou a resistência adesiva de resina composta em
dentina bovina, tratada com hipoclorito de sódio, laser de Er:YAG e
Nd:YAG, empregando sistema adesivo convencional e autocondicionante.
Para as amostras irradiadas pelo laser Nd:YAG e tratadas com o adesivo
autocondicionante a média de valores em cisalhamento foi 8,67MPa,
muito próximo do valor obtido em nossa pesquisa.
Sazak et al.
72
, (2001) concluíram que mais estudos devem
ser realizados sobre os efeitos da irradiação com laser Nd:YAG nos
134
tecidos dentais a fim de determinar o exato relacionamento do grau de
irregularidade na superfície, resistência adesiva e microinfiltração.
Neste estudo também realizamos a análise morfológica
em MEV da dentina bovina normal, desmineralizada e hipermineralizada
antes e após a irradiação com os lasers Er:YAG e Nd:YAG.
Segundo Van Meerbeek et al.
90
(1994), as diferenças na
composição e morfologia da dentina, revelam substratos favoráveis ou
não ao processo adesivo.
Em nossa análise morfológica da dentina bovina normal,
verificamos a presença de túbulos dentinários abertos e alguns
obliterados por smear layer.
Na dentina desmineralizada verificamos a ampliação da
abertura dos túbulos dentinários sendo alguns obliterados e irregularidade
da dentina peritubular, característica de fragilidade.
Em seus estudos, Marshall Júnior et al.
48
(2001)
verificaram na dentina transparente afetada por cárie, a presença de
depósitos minerais ocluindo a dentina tubular. Os autores sugerem que
na dentina cariada a desmineralização proveniente do condicionamento
ácido pode ser mais profunda, impedindo a penetração do adesivo em
toda extensão, podendo ainda ser prejudicada pela presença dos
depósitos minerais que obliteram os túbulos dentinários, impedindo a
formação de uma camada híbrida adequada à adesão. Segundo Ogawa
et al.
60
(1983), a dentina afetada por cárie apresenta dentina tubular
ocluida com mineral e a dentina intertubular hipomineralizada. Em nossa
análise da dentina desmineralizada também encontramos túbulos
dentinários obliterados sugestivos de depósitos minerais (MARSHALL
JÚNIOR et al.
48
, 2001; OGAWA et al.
60
, 1983).
Na dentina bovina hipermineralizada visualizamos alguns
túbulos dentinários abertos e outros obliterados por smear layer ou
depósitos minerais. Segundo Van Meerbeek et al.
90
(1994), a análise
morfológica da dentina esclerótica mostrou obliterações tubulares que
135
foram associadas à aposição de dentina peritubular e à deposição
irregular de minerais dentro dos túbulos, formando trajetos tubulares
escleróticos. Rauscher
68
(2003), em seus estudos, também observou na
dentina bovina hipermineralizada a obliteração dos túbulos dentinários.
Devido a seus túbulos serem preenchidos com cristais
ácido-resistentes de fosfato de cálcio , a dentina hipermineralizada é
menos permeável aos ácidos do que a dentina normal, sendo também a
smear layer mais ácido-resistente (YOSHIYAMA et al.
100
, 1996).
Baseados na literatura, podemos deduzir que a
obliteração observada nos túbulos dentinários pode significar depósitos
minerais de fosfato de cálcio.
Na análise das superfícies de dentina bovina normal após
a irradiação com laser Er:YAG, obtivemos resultados semelhantes aos
encontrados por Wigdor et al.
97
(1992); Ishikawa et al.
36
(1996); Visuri et
al.
92
(1996); Tanji et al.
82
(1998) e Kawabata et al.
40
(1999) que
descrevem um aspecto morfológico compatível com maior permeabilidade
pela presença de túbulos dentinários abertos sem smear layer e
carbonização. Outra característica visualizada em nosso estudo é a
superfície irregular, apresentando-se em desníveis em concordância com
as observações de Armengol et al.
5
(1999).
Kameyama et al.
38
(2000), verificaram na dentina irradiada
por laser Er:YAG ausência de smear layer e a dentina tubular claramente
observada.
Kohara et al.
43
(2002), investigaram a morfologia das
superfícies cavitárias em MEV preparadas por laser Er:YAG e broca e
verificaram que as superfícies preparadas com laser revelaram
rugosidades e irregularidades sem qualquer carbonização de esmalte e
dentina, e que a dentina tratada com laser quase não apresentou camada
de smear layer.
Na dentina desmineralizada irradiada por laser Er:YAG
verificamos a presença de túbulos dentinários abertos e desnível de
136
superfície em maior profundidade. Podemos sugerir que na dentina
desmineralizada o laser Er:YAG teve seu efeito ampliado em relação à
dentina normal, devido a uma maior profundidade de ação do laser neste
substrato. Talvez este efeito possa ser comparado ao do condicionamento
ácido na dentina desmineralizada que segundo alguns autores, provoca
desmineralização mais profunda do que na dentina normal (MARSHALL
JÚNIOR et al.
48
, 2001;NAKAJIMA et al.
57
, 1995).
Armengol et al.
5
(1999), analisaram em MEV tecidos
dentários, sadios e cariados, preparados com broca e condicionados com
ácido ou laser Er:YAG. Verificaram que na dentina cariada os túbulos que
se apresentaram abertos, com a superfície dentinária limpa, sem fraturas,
porém irregular e com desníveis.
Yamada et al.
98
(2001), observaram na dentina cariada
após o laser Er:YAG microirregularidades, ausência de smear layer com
exposição dos orifícios dos túbulos dentinários, concordando com nossos
achados.
Na dentina bovina hipermineralizada irradiada pelo laser
Er:YAG, visualizamos a presença de túbulos dentinários abertos com
característica de dentina peritubular mais mineralizada e com desníveis
de superfície.
Em comparação à dentina hipermineralizada, podemos
sugerir que o laser Er:YAG removeu parte dos depósitos minerais que
obliteravam o orifício dos túbulos dentinários. Comparando os três tipos
de dentina sugerimos que a profundidade de ação do laser Er:YAG foi
maior no substrato desmineralizado.
Não encontramos na literatura consultada relatos sobre os
efeitos do laser Er:YAG na morfologia da dentina hipermineralizada para
que pudéssemos confrontar com nossas observações.
Relativo aos efeitos da irradiação com laser Nd:YAG,
encontramos na dentina bovina normal, uma superfície heterogênea, com
áreas obliteradas por fusão e áreas sem fusão apresentando túbulos
137
dentinários abertos. Nossos resultados discordam com os de Tanji
82
(1998) e Oda et al.
59
(2001) que encontraram superfície fundida com
ausência total de túbulos dentinários abertos.
Dederick et al.
20
(1984), com o propósito de avaliar em
MEV a capacidade do laser Nd:YAG em promover a fusão da parede
dentinária do canal radicular, constataram que ocorreu fusão e
recristalização tanto dos plugs dentinários quanto da dentina circundante.
Foi relatada ainda, a presença de espaços e trincas em alguns
espécimes.
Segundo Kawabata et al.
40
(1999), a aplicação do laser
Nd:YAG na energia de 50 a 100mJ/pulso resultou na formação de
estrutura fundida, com rachaduras e irregularidades, e selamento dos
túbulos dentinários. Neste estudo, utilizamos a energia de 60mJ/pulso,
porém não encontramos superfície totalmente fundida com completo
selamento de túbulos, discordando parcialmente dos estudos de
Kawabata et al.
40
(1999).
Nossos resultados concordam com os de Sazak et al.
72
(2001) que observaram após a irradiação com laser Nd:YAG a
superfície da dentina aparentemente fundida com obstrução parcial dos
túbulos dentinários.
Na dentina bovina desmineralizada irradiada pelo laser
Nd:YAG, encontramos superfície homogênea com características de
fusão, presença de túbulos dentinários abertos e microrachaduras.
Yazici et al.
99
(2002) verificaram na dentina cariada, após
a irradiação com laser Nd:YAG, presença de debris ocluindo abertura dos
túbulos dentinários com uma textura bastante irregular.
Yamada et al.
98
(2001), verificaram vários padrões de
irregularidades sem presença de smear layer e exposição dos túbulos
dentinários após irradiação com laser Nd:YAG na dentina cariada. Estes
relatos concordam parcialmente com nossas observações pois além da
138
presença de túbulos encontramos também características de fusão e
presença de microrachaduras que não foram citadas pelos autores.
Com relação ao efeito do laser Nd:YAG na dentina bovina
hipermineralizada visualizamos superfície heterogênea com áreas
obliteradas por fusão e áreas sem fusão, com presença de túbulos
dentinários abertos e desnível de superfície.
Comparando os diferentes tipos de dentina podemos
sugerir que a ação do laser Nd:YAG foi mais intensa nas dentinas
desmineralizada e hipermineralizada em comparação com a dentina
normal, porém com padrões diferentes. No substrato desmineralizado
pudemos constatar a presença de microrachaduras e no substrato
hipermineralizado, superfície em desnível. Porém nos três tipos de
dentina encontramos superfície parcialmente fundida e presença de
túbulos dentinários.
Os estudos realizados nos mostram que variações na
dentina interferem com a resistência adesiva, assim como o
condicionamento das superfícies com diferentes lasers , porém com
diferenças médias pouco discrepantes. Denota-se a divergência de
resultados na literatura e a necessidade de mais pesquisas sobre o
assunto para confirmação dos efeitos observados.
7 CONCLUSÃO
7.1 Quanto a morfologia
a) a dentina desmineralizada apresentou a região peritubular irregular,
sugerindo fragilidade e a dentina hipermineralizada obliteração de
túbulos sugerindo deposição de minerais;
b) a irradiação com laser Er:YAG promoveu nos três tipos de dentina,
abertura de túbulos, irregularidades e desníveis com maior
profundidade na dentina desmineralizada;
c) a irradiação com laser Nd:YAG promoveu nos três tipos de
dentina, áreas de fusão e outras com abertura de túbulos
dentinários. Na dentina desmineralizada ocorreram
microrachaduras e na hipermineralizada desníveis de superfície.
7.2 Quanto a resistência adesiva
a) a união adesiva das superfícies irradiadas pelo laser Nd:YAG foi
mais resistente ao cisalhamento do que as superfícies irradiadas
pelo laser Er:YAG, independente do tipo de dentina;
b) não há diferença significativa entre as dentinas normal,
desmineralizada e hipermineralizada nos resultados de resistência
adesiva ao cisalhamento;
140
c) o condicionamento da dentina hipermineralizada com laser Nd:YAG
apresentou valores maiores de resistência adesiva em comparação
ao laser Er:YAG.
___________________________
*Baseado em:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro. Informação
e documentação: referências, elaboração, NBR 6023. Rio de Janeiro, 2002. 23p.
8 REFERÊNCIAS*
1. ANIDO, A.A. Dentina humana e bovina, estudo comparativo da
resistência adesiva em três diferentes profundidades: teste de
cisalhamento. 2001. 160f. Dissertação (Mestrado em Odontologia,
Área de Concentração em Odontologia Restauradora) – Faculdade
de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual
Paulista, São José dos Campos.
2. AOKI, A. et al. In vitro studies on laser scaling of sub gingival
calculus with an Er:YAG laser. J Periodontol, v.65, p.1097-1106,
1996.
3. ARAÚJO, R.M. Avaliação da microinfiltração em restaurações
de resina composta, influência do laser no preparo cavitário e
no pré-tratamento dentinário. 2000. 220f. Tese (Livre Docência
em Dentística) - Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos, Universidade Estadual Paulista, São José dos Campos,
2000.
4. ARAÚJO, R.M. et al. Influência de diferentes meios de
armazenamento de dentes extraídos na infiltração marginal. J Bras
Clin Estet Odontol, v.3, n.14, p.31-5, 1999.
5. ARMENGOL, V. et al. Effects of Er:YAG and Nd:YAG laser
irradiation on the surface roughness and free surface energy of
enamel and dentin: A in vitro study. Oper Dent, v.28, n.1, p.67-74,
2003.
142
6. ARMENGOL, V. et al. Scanning electron microscopic analysis of
diseased and healthy dental hard tissue after Er:YAG laser
irradiation: in vitro study. J Endod, v.25, n.8, p.543-6, 1999.
7. ASMUSSEN, E.; PEUTZFELDT, A. Short and long term bonding
efficacy of a self-etching, one-step adhesive. J Adhes Dent, v.5,
n.1, p.41-5, 2003.
8. BOUILLAGUET, S. et aI. Bond strength of composite to dentin
using conventional, one step, and self-etching adhesive systems. J
Dent, v.29, n.1, p.55-61, 2001.
9. BUONOCORE, M. G. A simple method of increasing the adhesion
of acrylic filling materials to enamel surfaces. J Dent Res, v.34,
p.849-53, 1955.
10. CAMPS, J. et al. Influence of tooth cryopreservation and storage
time on microleakage. Dent Mater, v.12, p.121-6, Mar. 1996.
11. CAUSTON, B.E. Improved bonding of composite restorative to
dentine. Br Dent J, v.156, p.93-5, Feb. 1984.
12. CEBALLOS, L. et al. Microleakage of composite restorations after
acid or Er:YAG laser cavity treatments. Dent Mater, v.17, n.4,
p.340-6, 2001.
13. CEBALLOS, L. et al. Bonding to Er:YAG-laser-treated dentin. J
Dent Res, v.81, n.2, p.119-22, 2002.
14. COELHO, L.G.C. Avaliação da resistência adesiva de resina
composta em dentina bovina, tratada com hipoclorito de
sódio, laser de Er:YAG e Nd:YAG, empregando sistema
adesivo convencional e autocondicionante: teste de
cisalhamento. 2004. 177f. Tese (Doutorado em Odontologia, Área
de Concentração em Odontologia Restauradora) – faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual
Paulista. São José dos Campos.
15. CONSOLARO, A. Cárie dentária: histopatologia e correlações
clínico-radiográficas. Bauru: consolaro, 1996. 48p.
143
16. CORRÊA, M.D. et al. Estudo micromorfológico comparativo entre
dentina bovina e humana ao MEV. Rev Pós Grad, v.10, n.4, p.312-
6, 2003.
17. COZEAN, C. et al. Dentistry for the 21St century? Erbium:YAG
laser for teeth. J Am Dent Assoc, v.128, n.79, p.1080-7, 1997.
18. CUNHA, M.R.B.; DE GOES, M.F.; MONTES, M.A.J.R. Comparação
da resistência de união de sistemas adesivos sobre a dentina aos
10 minutos e 24 horas. Pesq Odontol Bras, v.14, supl, p.71, 2000.
(Apresentado à 17º Reunião Anual da SBPqO-Resumo A083).
19. DE MUNCK, J. et aI. Micro-tensile bond strength of two adhesives
to Er:YAG - lased vs. bur-cut enamel and dentin. Eur J Oral Sci,
v.110, n.4, p.322-9, Aug 2002.
20. DEDERICH, D. N. et al. Scanning electron microscopic analysis of
canal wall dentin following neodymium Yttrium-Aluminum-Garnet
laser irradiation. J Endod, v.10, n.9, p.428-31, 1984.
21. DIAS, W.R.L.; PEREIRA, P.N.R.; SWIFT JUNIOR, E.J. Effect of bur
type on bond strengths of adhesive systems to dentin. J Dent Res,
v.81, sp. iss, p.35, 2002. (Abstract 0051).
22. DIONYSOPOULOS, P. et al. Secondary caries formation in vitro
around fluoride-releasing restorations. Oper Dent, v.19, n.5, p.183-
8, 1994.
23. EGURO, T. et al. Adhesion of Er:YAG laser-irradiated dentin and
composite resins: Application of various treatments on irradiated
surface. Laser Surg Med, v.30, p.267-72, 2002.
24. ESTRELA, C. Metodologia cientifica. São Paulo: Artes Médicas,
2001. 483 p.
25. FRANCISCHONE, C.E. et al. Efeito do laser de Er:YAG na adesão
da resina composta à dentina. J Bras Clin Odont Int, v.5, n.29,
p.430-32, set./out. 2001.
26. FUSAYAMA, T. et al. Non-pressure adhesion of a new adhesive
restorative resin. J Dent Res, v.58, n.4, p.1364-70, 1979.
144
27. GABRIEL, B. L. SEM: a user´s manual for materials science. 3.ed.
Ohio: Carnes Publication Services, 1985. 173p.
28. GARBER, D.A. Dentist-monitored bleaching: a discussion of
combination and laser bleaching. J Am Dent Assoc, v.128, suppl.,
p.26-30, 1997.
29. GARBEROGLlO, R.; BRÂNNSTROM, M. Scanning electron
microscopic investigation of human dentinal tubules. Archs Oral
Biol, v.21, n.6, p.355-62, June 1976.
30. GELSKEY, S.C. et al. The effectiveness of the Nd:YAG laser in the
treatment of dental hypersensitivity. J Canad Dent Assoc, v.59,
p.377, 1993.
31. GONÇALVES, M. et al. Tensile bond strength of dentin-resin
system interface conditioned with Er:YAG laser irradiation. J Clin
Laser Med Surg, v.20, n.2, p.89-93, 2002.
32. GONÇALVES, S.E.P.; DAMIÃO, A.J.; ARAÚJO, M.A.M. Dentin
bond strength: influence of laser irradiation, acid etching and
hypermineralization. J Clin Laser Med Surg, v.17, n.2, p.77-85,
1999.
33. HECHT, J. Nd:YAG lasers prove versatile over three decades.
Laser Focus World, v.4, p.126-32, 1992.
34. HOSSAIN, M. et al. Ablation dephts and morphological changes in
human enamel and dentin after Er:YAG laser irradiation with or
without water mist. J Clin Laser Med Surg, v.17, n.3, p.105-9,
1999.
35. HUHTALA, M.F.R.L. Avaliação laboratorial da resistência ao
cisalhamento de discos de porcelana e de um polímero de
vidro à dentina bovina com o emprego de cimentos adesivos.
1999. 216f. Tese (Doutorado em Odontologia, Área de
Concentração em Odontologia Restauradora) – Faculdade de
Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual
Paulista, São José dos Campos.
145
36. ISHIKAWA, H. et al. Er:YAG laser: the promising procedure for root
caries treatment. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON OPTICAL
ENGINEERING, 1996. Bellingham: Wash. Proceedings…
Bellingham: wash, 1996. p.131-4..
37. ISHIZAKA, Y. et al. Effects of Er:YAG laser irradiation on human
dentin: polarizing microscopic, light microscopic and
microradiographic observations, and FT-IR analysis. Laser Surg
Med, v.31, p.171-6, 2002.
38. KAMEYAMA, A. et al. Effect of Er:YAG laser irradiation on acid
resistance to bovine dentin in vitro. Bull Tokyo Dent Coll, v.41,
n.2, p.43-8, 2000.
39. KAMEYAMA, A. et al. Effect of HEMA on bonding of Er:YAG laser-
irradiated on bovine dentin and 4-META/MMA-TBB resin. J Oral
Rehabil, v.29, p.749-55, 2002.
40. KAWABATA, A. et al. Effects of laser irradiation on dentin in vitro
morphological study following application of various type of laser.
Pediatr Dent, v.9, n.1, p.83-9, 1999.
41. KAWASAKI, K.; TAKAGI, O.; ARENDS, J. Influence of laser
irradiation and APF on root dentine remineration in vitro. J Dent
Hlth, v.49, p.304-09, 1999.
42. KINNEY, J.H. et al. Mineral distribution and dimension changes in
human dentin during demineralization. J Dent Res, v.74, n.5,
p.1179-84, 1995.
43. KOHARA, E.K. et aI. Morphological and microleakage studies of the
cavities prepared by Er:YAG laser irradiation in primary teeth. J
Clin Laser Med Surg, v.20, n.3, p.141-7, 2002.
44. KWONG, S.M. et al. Micro-tensile bond strengths to sclerotic dentin
using a self-etching and a total-etching technique. Dent Mater,
v.18, n.5, p.359-69, 2000.
146
45. LIZARELLI, R.F.Z.; BAGNATO, V.S. Análise micromorfológica de
esmalte e dentina expostos ao laser de Nd:YAG em regime de
picossegundos. Pesq Odontol Bras, v.16, n.3, p.227-33, Jul. 2002.
46. LUSSI, A. et al. Performance and reproducibility of a laser
fluorescence system for detection of occlusal caries in vitro. Caries
Res, v.33, n.4, p.261-6, July/Aug. 1999.
47. MARSHALL JUNIOR, G.W. Dentin: microstructure and
characterization. Quintessence Int, v.24, n.9, p.606-17, 1993.
48. MARSHALL JUNIOR, G.W. et al. Demineralization of caries-
affected transparent dentin by citric acid: an atomic force
microscopy study. Dent Mater, v.17, p.45-52, 2001.
49. MATOS, A.B. et al. Nd:YAG laser influence sound dentin bond
strength. J Clin Laser Med Surg, v.17, n.4, p.165-9, 1999.
50. MATOS, A.B. et al. Nd:YAG laser influence on tensile bond strength
os self-etching adhesive system. J Clin Laser Med Surg, v.18, n.5,
p.253-7, 2000.
51. MIDDA, M. The use of lasers in periodontology. Curre Opini Dent,
v.2, p.104-8, 1992.
52. MORITZ, A. et al. Alternatives in enamel conditioning: a comparison
of conventional and innovative methods. J Clin Laser Med Surg,
v.14, n.3, p.133-6, 1996.
53. MYERS, T.D.; MYERS, W.D. The use of a laser for debridement of
incipient caries. J Prosthet Dent, v.53, p.776-9, 1985.
54. NAKABAYASHI, N.; ASHIZAWA, M.; NAKAMURA, M. Identification
of a resin-dentin hybrid layer in vital human dentin created in vivo:
durable bonding to vital dentin. Quintessence Int, v.23, n.2, p.135-
41, 1992.
55. NAKABAYASHI, N.; KOJIMA, K.; MASUHARA, E. The promotion of
adhesion by the infiltration of monomers into tooth substrate. J
Biomed Mater Res, v.16, p.265-73, 1982.
147
56. NAKABAYASHI, N.; NAKAMURA, M.; YASUDA, N. Hybrid layer as
a dentin bonding mechanism. J Esthet Dent, v.3, n.4, p.133-8,
1991.
57. NAKAJIMA, M. et al. Tensile Bond Strength and SEM evaluation of
caries-affected dentin using dentin adhesives. J Dent Res, v.74,
n.10, p.1679-88, Oct. 1995.
58. NAKAMICHI, I.; IWAKU, M.; FUSUYAMA, T. Bovine teeth as
possible substitutes in the adhesion test . J Dent Res, v.62, n.10,
p.1076-81, 1983.
59. ODA, M.; OLIVEIRA, D.C.; LIBERTI, E.A. Avaliação morfológica da
união entre adesivo/resina composta e dentina irradiada com laser
Er:YAG e laser Nd:YAG: estudo comparativo por microscopia de
varredura. Pesq Odontol Bras, v.15, n.4, p.283-9, 2001.
60. OGAWA, K. et al. The ultrastructure and hardness of the
transparent lasyer of human carious dentin. J Dent Res, v.62, p.7-
10, 1983.
61. PASHLEY, D.H. et aI. Adhesion testing of dentin bonding agents: a
review. Dent Mater, v.11, p.117-25, 1995.
62. PELINO, J.E.P. et al. In vitro study of the Nd:YAG laser effect on
human dental enamel: optical and scanning electron microscope
analysis. J Clin Laser Med Surg, v.17, n.4, p.171-7, 1999.
63. PELINO, J.E.P. Análise morfológica e espectrofotométrica do
esmalte e dentina irradiados com lasers de Nd:YAG e Er:YAG –
estudo in vitro. 2002. 224f. Tese (Doutorado em Odontologia,
Área de Concentração em Dentística) – Faculdade de Odontologia
da Universidade de São Paulo, São Paulo.
64. PERDIGÃO, J. et al. In vitro bond strength and SEM evaluation of
dentin bonding systems to different dentin substrates. J Dent Res,
v.73, n.1, p.44-55, Jan. 1994.
148
65. PRATI, C. et al. Thickness and morphology of resin-infiltrated
dentin layer in young, old, and sclerotic dentin. Oper Dent, v.24,
n.2, p.66-72, Mar./Apr. 1999.
66. RAMOS, R. et al. Bonding of self-etching and total-etch systems to
Er:YAG laser-irradiated dentin. Tensile bond strength and scanning
electron microscopy. Br Dent J, v.15, p.9-20, 2004.
67. RAMOS, R.P. et al. Effect of Er:YAG laser on bond strength to
dentin of a self-etching primer and two single-bottle adhesive
systems. Laser Surg Med, v.31, p.164-70, 2002.
68. RAUSCHER, F.C. Avaliação in vitro da qualidade da interface
de adesão formada entre um sistema adesivo convencional e
um autocondicionante e a dentina bovina normal e
hipermineralizada: estudo em MEV. 2003. 155f. Dissertação
(Mestrado em Odontologia Restauradora, Área de Concentração
em Odontologia Restauradora) – Faculdade de Odontologia de São
José dos Campos, Universidade Estadual Paulista, São José dos
Campos.
69. RIBEIRO, C.C.C. et al. A clinical, radiographic, and scanning
electron microscopic evaluation of adhesive restorations on carious
dentin in primary teeth. Quintessence Int, v.30, n.9, p.591-9, 1999.
70. SANO, H. et al. Tensile properties of mineralized and demineralized
human and bovine dentin. J Dent Res, v.73, n.6, p.1205-11, June,
1994.
71. SANO, H. et al. Long-term durability of dentin bonds made with a
self-etching primer, in vivo. J Dent Res, v.78, n.4, p.906-11, 1999.
72. SAZAK, H.; TÜRKMEN, C.; GÜNDAY, M. Effects of Nd:YAG laser
air-abrasion and acid-etching on human enamel and dentin. Oper
Dent, v.26, n.5, p.476-81, 2001.
73. SAUNDERS, W.P. The shear impact retentive strengths of four
dentine bonding agents to human and bovine dentine. J Dent, v.16,
n.5, p.233-8, 1988.
149
74. SCHALLER, H.G.; WEIHING, T.; STRUB, J.R. Permeability of
dentine after Nd:YAG laser treatment: an in vitro study. J Oral
Rehabil, v.24, p.274-81, 1997.
75. SCHEIN, M.T. et al. SEM evaluation of the interaction pattern
between dentin and resin after cavity preparation using Er:YAG
laser. J Dent, v.31, n.2, p.127-35, 2003.
76. SCHWARZ, F. et al. Desensitizing effects of Er:YAG laser on
hypersensitive dentine: a controlled, prospective clinical study. J
Clin Periodontol, v.29, n.3, p.211-5, 2002.
77. SHI, X-Q.; WELANDER, U.; ANGMAR-MANSSON, B. Occlusal
caries detection with Kavo Diagnodent and radiography: A in vitro
comparision. Caries Res, v.34, n.2, p.151-8, Mar./Apr. 2000.
78. SHIGETANI, Y. et al. A study of cavity preparation by Er:YAG laser:
Observation of hard tooth structures by laser scanning microscope
and examination of the time necessary to remove caries. Dent
Mater J, v.21, n.1, p.20-31, 2002.
79. STRUKOWSKA, A; WANG, Y.; SHARP, L. Shear bond strength
(SBS) of five self-etching adhesive systems on dentin and enamel.
J Dent Res, v.81, Sp. Iss., p.74, 2002.
80. SUSIN, A.H.; OLIVEIRA JUNIOR; O.B.; ACHUTTI, M.A.C.
Espessura de camada híbrida: influência de sistemas adesivos e
condições do substrato dentinário. J Bras Dent Estét, v.2, n.7,
p.226-35, jul./set. 2003.
81. TAGAMI, J.; TAO, L.; PASHLEY, D.H. Correlation among dentin
depth, permeability and bond strength of adhesive resins. Dent
Mater, v.6, p.45-50, Jan. 1990.
82. TANJI, E.Y. Alterações morfológicas do esmalte e dentina de
cavidades classe I preparadas com laser de Er:YAG – estudo in
vitro. 1998. Dissertação de Mestrado em Dentística, Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1998.
150
83. TAY, F.R.; GWINNETT, J.A.; WEI, S.H.Y. Micromorphological
spectrum from overdrying to overwetting acid-conditioned dentin in
water-free, acetone-based, single-bottle primers/adhesives. Dent
Mater, v.12, p.236-44, July 1996.
84. TAY, F.R. et al. Bonding of a self-etching primer to non-carious
cervical sclerotic dentin: interfacial ultrastructure and microtensile
bond strength evaluation. J Adhes Dent, v.2, n.1, p.9-28, 2000.
85. TITLEY, K.C. et aI. The effect of various storage methods and
media on shear-bond strengths of dental composite resin to bovine
dentine. Arch Oral Biol, v.43, p.305-11, 1998.
86. TONAMI, K. Effect of storage on tensile strength of bovine dentin. J
Dent Res, v.75, Sp.iss., p.288, 1996. (Abstract 2161).
87. TORII, Y. et al. Effect of phosphoric acid etching prior to self-
etching primer application on adhesion of resin composite to
enamel and dentin. Am J Dent, v.15, n.5, p.305-8, Oct. 2002.
88. TORRES, C.R.G. Avaliação da microinfiltração marginal em
restaurações de resina composta, quando o colágeno
dentinário é mantido ou eliminado após o condicionamento
ácido, alterando-se o período de armazenamento e a
termociclagem. 2002. 217f. Tese (Doutorado em Odontologia,
Área de Concentração em Odontologia Restauradora) – Faculdade
de Odontologia de São José dos Campos, Universidade Estadual
Paulista, São José dos Campos, 2002.
89. VAN MEERBEEK, B. et al. Clinical status of ten dentin adhesive
systems. J Dent Res, v.73, n.11, p.1690- 702, Nov. 1994.
90. VAN MEERBEEK, B. et al. Morphological characterization of the
interface between resin and sclerotic dentine. J Dent, v.22, n.3,
p.141-6, 1994.
91. VAN MEERBEEK, B. et al. Factors affecting adhesion to
mineralized tissues. Oper Dent, Suppl.5, p.111-24, 1992.
151
92. VISURI, S.R. et al. Shear strength of composite bonded to Er:YAG
laser-prepared dentin. J Dent Res, v.75, n.1, p.599-605, 1996.
93. WATANABE, I.; NAKABAYASHI, N.; PASHLEY, D.H. Bonding to
ground dentin by a phenyl-P self-etching primer. J Dent Res, v.73,
n.6, p.1212-20, 1994.
94. WHITE, J.M.; GOODIS, H.E. Laser interactions with dental hard
tissues-effects on the pulp/dentin complex. In: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON DENTIN/PULP COMPLEX, 95, 1996, Tokyo.
Proceedings…, Tokyo: Quintessence, p.11, 1996.
95. WHITE, J.M.; GOODIS, H.E.; ROSE, C.L. Use of the pulsed
Nd:YAG laser for intraoral soft tissue surgery. Lasers Surg Med,
v.7, p.207-213, 1987.
96. WHITE, J.M. et al. Surface temperature and thermal penetration
depth of Nd:YAG laser applied to enamel and dentin. SPIE, v.1643,
p.423-36, 1992.
97. WIGDOR, H.; ASHRAFI, S.; ABT, E. SEM evaluation of CO2,
Nd:YAG and Er:YAG laser irradiation of dentin in vitro. In:
INTERNATIONAL CONGRESS ON LASERS IN DENTISTRY,
1992, Salt Lake City. Proceedings…, Salt Lake City: International
Society of Lasers in Dentistry, 1992. p. 131-32.
98. YAMADA, Y. et al. Comparison between the removal effect of
mechanical, Nd:YAG, and Er:YAG lasers systems in carious dentin.
J Clin Laser Med Surg, v.19, n.5, p.239-43, 2001.
99. YAZICI, A.R.; ÖZGÜNALTAY, G.; DAYANGAÇ, B. A scanning
electron microscopic study of different caries removal techniques on
human dentin. Oper Dent, v.27, n.4, p.360-6, 2002.
100. YOSHIYAMA, M. et al. Regional strengths of bonding agents to
cervical sclerotic root dentin. J Dent Res, v.75, n.6, p.1404-13,
1996.
152
APÊNDICE
Apêndice A – Dados complementares
Tabela 4 - Dados de resistência ao cisalhamento (MPa) obtidos nos dentes restaurados
sob dois tipos de laser em três tipos de dentina.
N D H
Er:YAG
Nd:YAG
Er:YAG
Nd:YAG
Er:YAG
Nd:YAG
10,36 4,95 5,89 12,47 10,14 7,12
12,14 6,91 7,49 10,84 5,54 9,95
8,87 7,90 4,69 8,92 9,69 11,01
3,51 7,76 6,01 5,88 4,58 8,13
8,37 11,29 12,54 5,75 8,93 8,40
8,93 11,54 4,52 9,48 4,17 11,75
4,75 11,60 8,45 11,27 9,31 9,14
6,47 6,99 4,56 7,11 7,49 10,26
6,55 6,10 7,59 8,71 4,51 9,08
4,71 8,78 9,67 10,68 4,29 11,06
6,83 8,14 6,19 12,31 4,40 8,66
6,42 6,95 10,60 6,03 4,16 8,84
153
Apêndice B - Cópia de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa-
Local envolvendo animais
154
155
KUWANA, A. S. Morphological study and shear bond strength of composite
resin to normal, demineralized and hypermineralized dentin bovine after
Er:YAG and Nd:YAG laser irradiation and self-etching adhesive system.
2005. 157f. Dissertação (Mestrado em Odontologia, Especialidade em
Dentística) – Faculdade de Odontologia de São José dos Campos, Universidade
Estadual Paulista, São José dos Campos, 2005.
ABSTRACT
The aim of this research was to evaluate the effect of Er:YAG and Nd:YAG laser
irradiation on the surface of the normal, demineralized and hypermineralized
bovine dentin using SEM, and the shear bond strength between these dentins
and a composite resin on self-etching adhesive system. Eight four bovine incisors
were used, where the pulp was removed and built-in in acrylic resin. The dentinal
buccal surface was exposed until reach the dentin medium depth. The samples
were divided into three groups of 28 samples each: GI - normal dentin, GII -
demineralized dentin (the demineralized gel was used for 7 days) and GIII -
hypermineralized dentin (hypermineralized solution was used for 14 days). In all
samples, an area of 3mm of diameter was delimited for the laser application.
These three groups were subdivided into two subgroups (A and B). The A
subgroup, was Er:YAG laser irradiated, using non contact application method
with 40mJ/pulse, 6Hz for 30s and the B subgroup, was Nd:YAG laser irradiated
using the contact application method with 60mJ/pulse, 10Hz for 30s. Afterwards,
72 samples received the adhesive system Clearfil SE Bond (Kuraray) and
insertion the composite resin Tetric Ceram (Vivadent) by incremental technique,
using a bipartite matrix on the irradiated area. After 24h storage in distilled water
at 37ºC, the samples were submitted to shear strength in a universal test
machine (EMIC) at speed of 1,0mm/min. The surface of two samples of each
subgroup was analyzed using SEM, before and after the laser treatment. The
data was submitted to the statistical tests of Analysis of Variance (ANOVA) and
Tukey. Independently of the type of dentine, the adhesive union of the samples
irradiated with Nd:YAG laser were more resistant than those irradiated with
Er:YAG laser. The major adhesive resistance was found in the samples Nd:YAG
laser irradiated and hypermineralized dentine. The demineralized dentin
presented a irregular peritubular region, suggesting fragility and hypermineralized
dentin, presented sealing of dentinal tubules suggesting mineral deposits. The
Er:YAG laser irradiation promoted in the three types of dentin, opening dentinal
tubules, irregularities and unevenness. The Nd:YAG laser irradiation promoted in
the three types of dentin, melting areas and others with opening of dentinal
tubules, being observed as well on the demineralized dentin surface unevenness.
KEYWORDS: Lasers; dentin-bonding agents; shear strength; composite resins;
animals; dentin; in vitro.
156
Autorizo a reprodução xerográfica deste trabalho
São José dos Campos, 29 de Julho de 2005.
Andressa da Silva Kuwana
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo