Download PDF
ads:
CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR DOS
CARCINOMAS GÁSTRICOS
MARIA DIRLEI BEGNAMI
Tese apresentada à Fundação Antônio Prudente
para a obtenção do Título de Doutorado em
Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Prof. Dr. Fernando Augusto Soares
São Paulo
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca da Fundação Antônio Prudente
Begnami, Maria Dirlei
Classificação molecular dos carcinomas gástricos /
Maria Dirlei Begnami
São Paulo, 2007.
135p.
Tese (Doutorado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências-Área de Concentração: Oncologia.
Orientador: Fernando Augusto Soares
Descritores: 1. CÂNCER GÁSTRICO/classificação. 2. CÂNCER
GÁSTRICO/diagnóstico. 3. TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO MOLECULAR. 4.
IMUNOHISTOQUÍMICA. 5. BIOLOGIA MOLECULAR/métodos.
ads:
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Begnami MD. Classificação molecular dos carcinomas gástricos. São Paulo; 2007.
[Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente]
Embora tenhamos observado uma queda importante de sua incidência nos últimos
anos, o carcinoma gástrico continua sendo uma das principais causas de morte por
câncer no mundo. O prognóstico dos carcinomas gástricos não mudou muito nos
últimos anos e é dependente principalmente do estadiamento e do grau histológico do
tumor, porém estes indicadores não são preditivos de progressão tumoral. Variáveis
ligadas ao paciente, ao tratamento e a biologia tumoral podem fornecer maiores
informações em relação ao comportamento destas neoplasias. O tratamento dos
carcinomas gástricos é eminentemente cirúrgico e há um consenso que o tipo de
excisão cirúrgica é relevante à sobrevida. Análises moleculares recentes têm
demonstrado que muitas alterações genéticas como nos genes p53, β-catenina, E-
caderina e c-erbB-2 entre outros, estão associadas à carcinogênese gástrica. Estudos
anteriores mostraram que há genes diferencialmente expressos na mucosa tumoral
em comparação à normal e nos carcinomas gástricos do tipo intestinal, mas uma
classificação dos tumores gástricos baseada nos padrões de expressão protéica de
múltiplos genes ainda não foi proposta. Nosso estudo demonstrou por
imunoistqouímica que os carcinomas gástricos frequentemente expressam proteínas
associadas ao ciclo celular, fatores de crescimento, adesão, transcrição e
diferenciação celulares, além das sintases do óxido nítrico e através das análises
clusterizadas destes resultados caracterizamos 2 grupos de carcinomas gástricos.
Estes resultados são importantes, pois fornecem novas bases moleculares para
desvendar os mecanismos biológicos da carcinogênese gástrica, além de oferecer
novos marcadores diagnósticos bem como alvos terapêuticos para o desenvolvimento
de drogas específicas.
SUMMARY
Begnami MD. [Molecular classification of gastric cancer]. São Paulo; 2007. [Tese
de Doutorado-Fundação Antônio Prudente]
Although its incidence is declining in the last years, gastric cancer remains one of the
leading causes of cancer death in the world. The prognosis of gastric cancer did not
change and depends mainly of staging and tumor histological grade, but these
indicators are not preditive of tumoral progression. Features concerning to patient,
treatment, and tumoral biology may provide more evidence regarding tumoral
behavior. The surgical treatment is mainstay and there is a consensu about the
excision type and better prognosis.Recently, molecular investigations have provided
evidence that multiple genetic alterations such as p53, β-catenina, E-caderina e c-
erbB-2 are involved in gastric carcinogenesis. Previous studies showed differentially
expressed genes in gastric tumors in comparison to normal mucosae, and in intestinal
type of gastric carcinoma, but a classification of gastric carcinomas based on patterns
of protein expression of multiple gens have not ever been demonstrated.Using
immunohistochemistry, our study showed frequently expression of proteins related
with cell cycle, growth factors, cell adhesion, transcription, cell differentiation and
oxide nitric synthases. Two groups of gastric cancer were identified by clustering
analyses. These results are important not only providing new molecular basis for
understanding biological properties of gastric carcinogenesis, but also useful
resources for diagnostic markers and therapeutic targets for new drugs development.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Gráfico de seqüência e passos da carcinogênese gástrica e os principais
mecanismos moleculares associados 6
Figura 2 Esquema representativo da montagem dos blocos de TMA 19
Figura 3 Design do TMA 33
Figura 4 Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica das proteínas
associadas a apoptose 34
Figura 5 Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica de proteínas de
genes associados ao ciclo celular 36
Figura 6 Carcinomas intestinais e difusos com expressão imunoistoquímica de
proteínas de genes associados a fatores de crescimento 37
Figura 7 Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica de proteínas dos
genes associados à adesão, diferenciação e transcrição celular 38
Figura 8 Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica para
APC,clatrina, β-catenina e E-caderina 39
Figura 9 Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica das proteínas das
sintases do óxido nítrico 40
Figura 10 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos de até 60 anos e com mais de 60
anos 70
Figura 11 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos positivos e negativos para TGFβII 70
Figura 12 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos em relação ao estádio clínico 71
Figura 13 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas intestinais em relação ao estádio clínico 73
Figura 14 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas intestinais positivos e negativos para clatrina73
Figura 15 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas difusos em relação ao estádio clínico 75
Figura 16 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas intestinais positivos e negativos para P53 76
Figura 17 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas difusos de até 60 anos e com mais de 60
anos 76
Figura 18 Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas difusos positivos e negativos para TGFβII 77
Figura 19 Classificação dos carcinomas gástricos usando a análise clusterizada dos
marcadores imunoistoquímicos 82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais alterações genéticas descritas nos carcinomas gástricos 7
Tabela 2 Anticorpos analisados por imunoistoquímica, clones, origem, diluição
e padrão de expressão considerada 25
Tabela 3 Principais características demográficas e histopatológicas dos carcinomas
gástricos 30
Tabela 4 Resultados das expressões imunoistoquímicas das proteínas dos genes
associados ao ciclo celular, fatores de crescimento e apoptose 35
Tabela 5 Resultados das expressões imunoistoquímicas das proteínas dos genes
associados à transcrição de sinal, adesão e diferenciação celular 39
Tabela 6 Resultados das expressões imunoistoquímicas das proteínas das sintases
do óxido nítrico 40
Tabela 7 Comparações entre as principais características demográficas e
histopatológicas e os tipos de carcinomas gástricos 43
Tabela 8 Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes de transcrição de sinal, adesão e diferenciação celular e os tipos de
carcinomas gástricos 49
Tabela 9 Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes associados a apoptose e os tipos de carcinomas gástricos 50
Tabela 10 Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes associados ao ciclo celular e os tipos de carcinomas gástricos 50
Tabela 11 Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes associados a fatores de crescimento e os tipos de
carcinomas gástricos 51
Tabela 12 Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas das
sintases do óxido nítrico e os tipos de carcinomas gástricos 51
Tabela 13 Análise univariada dos parâmetros clínicos e histológicos em relação à
sobrevida global em 5 anos dos pacientes com carcinomas gástricos 54
Tabela 14 Análise univariada das proteínas estudadas por imunoistoquímica em
relação à sobrevida global dos 482 pacientes em 5 anos 56
Tabela 15 Análise univariada dos parâmetros clínicos e histológicos em relação à
sobrevida global dos pacientes com carcinomas gástricos do tipo
intestinal 59
Tabela 16 Análise univariada das expressões imunoistoquímicas das proteínas em
relação à sobrevida global em 5 anos dos pacientes com
carcinomas gástricos intestinais 61
Tabela 17 Análise univariada dos parâmetros clínicos e histológicos em relação à
sobrevida global dos pacientes com carcinomas gástricos do tipo
difuso 64
Tabela 18 Análise univariada das expressões imunoistoquímicas das proteínas em
relação à sobrevida global em 5 anos dos pacientes com
carcinomas gástricos disfusos 66
Tabela 19 Análise multivariada dos 482 carcinomas gástricos. Modelo de regressão
de Cox com as variáveis: idade, estádio e expressão de TGFβII 68
Tabela 20 Análise multivariada dos 234 carcinomas intestinais. Modelo de regressão
de Cox com as variáveis: expressão de clatrina e estádio clínico 72
Tabela 21 Análise multivariada dos 166 carcinomas difusos. Modelo de regressão
de Cox com as variáveis: idade, estádio clinico, expressão de TGFβII
e p53 74
Tabela 22 Associações entre as variáveis clínicas e histológicas e os grupos
clusterizados pelo teste exato de Fisher ou qui-quadrado 81
LISTA DE ABREVIATURAS
H pylori Helicobacter pylori
LOH perda de heterozigozidade
EGFR receptor do fator de crescimento epitelial
EGF fator de crescimento epitelial
TGF fator de crescimento transformante
APC polipose adenomatose cólica
Tcf fator de reconhecimento linfóide de células T
GSK glicogênio sintase quinase
Kb kilobyte
Rb retinoblastoma
Cdk ciclina dependente de quinase
TMA tissue microarray
VEGF fator de crescimento endotelial vascular
MMP metaloproteinase
MUC mucina
NOS sintase do óxido nítrico
H&E hematoxilina e eosina
n número de casos
NS não significante
OMS Organização Mundial de Saúde
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Mecanismos Moleculares da Carcinogênese Gástrica
1.1.1 Genes Supressores de Tumor
1.1.2 Moléculas de Adesão Celular (E-Caderina)
1.1.3 Oncogenes
1.1.4 Reguladores do Ciclo Celular
1.1.5 Fatores de Crescimento e Citocinas
1.1.6 Mucinas
2 OBJETIVOS
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Casuística
3.2 Construção dos TMAS
3.3 Imunoistoquímica
3.4 Avaliação das Expressões Imunoistoquímicas
3.5 Análises Estatísticas
3.6 Clusterização
4 RESULTADOS
4.1 Casuística e dados da Amostra
4.1.1 Dados demográficos e morfológicos
4.1.2 Resultados das expressões imunoistoquímicas
4.2 Associações entre as Expressões Imunoistoquímicas e os Tipos Histológicos
4.2.1 Associações entre as variáveis clínicas e morfológicas dos carcinomas
gástricos e os tipos histológicos
4.2.2 Associações entre as expressões imunoistoquímicas dos marcadores e os
tipos histológicos
4.3 Análises Univariadas
4.3.1 Análises univariadas do grupo de carcinomas gástricos
4.3.2 Análises univariadas dos carcinomas gástricos intestinais
4.3.3 Análise univariada dos carcinomas difusos
4.4 Análise Multivariada
4.4.1 Análise multivariada no grupo de carcinomas gástricos
4.4.2 Análise multivariada dos carcinomas intestinais
4.4.3 Análise multivariada dos carcinomas difusos
4.5 Clusterização Hierárquica
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
INTRODUÇÃO
2
1 INTRODUÇÃO
Embora tenhamos observado uma significativa queda da incidência de câncer
gástrico nos últimos 20 anos (PARKIN 2004), este tumor ainda é uma das neoplasias
mais comuns, ocupando a quarta posição dentre as neoplasias malignas mais
freqüentes, sendo responsável pela segunda causa de morte por câncer no mundo
(PISANI et al. 1999). No Brasil, é o terceiro tipo de câncer mais comum, sendo
estimados para 2006, 14.970 novos casos de câncer gástrico entre os homens e 8.230
entre as mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 16 casos
novos a cada 100 mil homens e 9 para cada 100 mil mulheres (Ministério da Saúde
2005). Aproximadamente dois terços dos tumores gástricos ocorrem na população
dos países em desenvolvimento (STEWART e KLEIHUES 2003). A infecção pelo
Helicobacter pylori bem como fatores associados a hábitos alimentares são as
principais causas associadas à etiologia do câncer gástrico (CREW e NEUGUT
2006). Países com altas taxas de incidência de câncer gástrico apresentam altos
índices de infecção pelo H pylori e o declínio da incidência destas neoplasias
observada nos países desenvolvidos estão diretamente associados à queda da
incidência do H pylori (HOWSON et al. 1986; PARSONNET et al. 1995).
A infecção pelo H pylori, estimada atualmente em três a quatro bilhões de
pessoas no mundo, é a causa mais comum de gastrite ativa crônica (MARSHALL e
WARREN 1984). A associação entre a infecção crônica pelo H pylori e o
desenvolvimento do câncer gástrico já está bem estabelecida (CORREA 1988). No
modelo de carcinogênese gástrica proposto por CORREA (1996), a infecção pelo H
3
pylori dá início a uma seqüência progressiva de lesões gástricas que se inicia na
mucosa normal, seguida de gastrite crônica, gastrite atrófica, metaplasia intestinal,
displasia, e finalmente carcinoma. A grande maioria dos indivíduos infectados pelo
H pylori é assintomática. O desenvolvimento do câncer gástrico em pessoas
infectadas pelo H pylori é dependente de fatores que incluem principalmente a
virulência bacteriana e a resposta pró-inflamatória do hospedeiro (EL-OMAR et al.
2003). Maior virulência e conseqüentemente maior risco de câncer gástrico são
atribuídos aos tipos de H pylori associados às citotoxinas do gene A (cagA) (TOMB
et al. 1997; ALM et al. 1999). Vários estudos demonstraram que infecções por H
pylori cag A+ apresentam maior risco de desenvolver gastrite atrófica severa e
câncer gástrico distal quando comparadas com as infecções por H pylori cagA-
(KUIPERS et al. 1995; BLASER et al. 1995; HUANG et al. 2003).
Além da infecção pelo H pylori, associações com fatores ambientais e
dietéticos como o consumo de alimentos ricos em sal, defumados ou crus, a
exposição da mucosa gástrica a nitrosaminas, e o baixo consumo de frutas frescas e
vegetais aumentam o risco de câncer gástrico (CORREA 1992; LEE SA et al. 2003).
Estudos prospectivos têm demonstrado uma significante relação entre fumo e
câncer gástrico (GONZALEZ et al. 2003; KOIZUMI et al. 2004). A obesidade
também tem sido considerada como fator de risco para os carcinomas gástricos da
região da cárdia (LAGERGREN et al. 1999). O refluxo gastro-esofágico causado
pela obesidade predispõe ao desenvolvimento do esôfago de Barrett, lesão precursora
dos adenocarcinomas de esôfago e da junção gastro-esofágica (ISHAQ e
JANKOWSKI 2001). Outros fatores menos comuns relacionados à etiologia do
câncer gástrico incluem radiação (THOMPSON et al. 1994), anemia perniciosa
4
(HSING et al. 1993), tipo sanguíneo A (AIRD et al. 1953), cirurgias gástricas prévias
por condições benignas (STALNIKOWICZ e BENBASSAT 1990), fumo (NISHINO
et al. 2006) e infecção pelo vírus de Epstein Barr (UEMURA et al. 1994; LEVINE et
al. 1995). Além disso, história familiar positiva para câncer gástrico é um fator de
risco importante, principalmente nas Síndromes genéticas como nos casos de Câncer
de Cólon Hereditário Não-Polipose (HNPCC) e Síndrome de Li-Fraumeni (LA
VECCHIA et al. 1992).
Aproximadamente 95% dos tumores gástricos são adenocarcinomas. Diversas
classificações histológicas têm sido propostas, incluindo GOSEKI et al. (1992),
CARNEIRO (1997) e MING et al. (1977), sendo as mais utilizadas as de LAUREN
(1965) e da Organização Mundial da Saúde-OMS (HAMILTON e AALTONEN
2000). A classificação histológica dos carcinomas gástricos da OMS é baseada no
padrão histológico predominante, sendo os principais tipos os carcinomas tubulares,
papilares, mucinosos e em anel de sinete. Na classificação histológica de Lauren, os
carcinomas gástricos são subdivididos em dois principais tipos: 1) bem diferenciados
ou tipo intestinal, e 2) pouco diferenciados ou tipo difuso. O tipo intestinal está
associado à gastrite atrófica e metaplasia intestinal, enquanto que o tipo difuso
usualmente tem origem em pangastrites não atróficas.
Histologicamente, os carcinomas do tipo intestinal são constituídos por
estruturas glandulares ou papilares bem formadas, são geralmente bem delimitados, e
mais comuns em indivíduos mais velhos, com predomínio no gênero masculino e da
raça negra. Os carcinomas do tipo difuso são constituídos por células menos coesas,
infiltram difusamente a parede gástrica e são mais comuns em indivíduos mais
jovens, com discreto predomínio no gênero feminino (MING et al. 1998). Nos
5
últimos anos, temos observado uma importante queda na incidência dos carcinomas
do tipo intestinal, por outro lado, um aumento na incidência dos carcinomas difusos,
principalmente os em anel de sinete, tem sido relatado mundialmente (HENSON et
al. 2004).
O prognóstico dos carcinomas gástricos não mudou muito nos últimos anos e
é dependente principalmente do estadiamento e do grau histológico do tumor, porém
estes indicadores não são preditivos de progressão tumoral. Variáveis ligadas ao
paciente, ao tratamento e a biologia tumoral podem fornecer maiores informações em
relação ao comportamento destas neoplasias (ALLGAYER et al. 1997; SAITO et al.
2006a e b; ALICI et al. 2006). O tratamento dos carcinomas gástricos é
eminentemente cirúrgico e há um consenso que o tipo de excisão cirúrgica é
relevante a sobrevida (DEN DULK et al. 2006; CHO et al. 2007; SAITO et al.
2007a). A ressecção cirúrgica completa do tumor ainda representa a maior chance de
cura para os pacientes com carcinoma gástrico, mas aproximadamente 80% dos
pacientes com margens cirúrgicas adequadas terão recorrência com morte decorrente
da doença (MIDDLETON e CUNNINGHAM 1995). Embora com resultados ainda
não satisfatórios, tem se observado nos últimos anos, um grande empenho no
desenvolvimento e uso de novos esquemas quimio e radioterápicos mais eficientes
que possam ser usados no tratamento adjuvante dos pacientes com carcinoma
gástrico (MACDONALD et al. 2001; VAN DE VELDE e PEETERS 2003).
Pacientes com câncer gástrico estádio IV ainda apresentam prognóstico sombrio com
taxa de sobrevida em 5 anos em torno de 11% mesmo após tratamento cirúrgico e
quimioterápico (HANSSON et al. 1999).
6
A carcinogênese gástrica é um processo multifatorial e de múltiplos passos,
durante os quais múltiplas alterações genéticas e epigenéticas estão envolvidas
(YASUI et al. 2006). Anormalidades nos fatores/ receptores de crescimento
(TAHARA 2004), fatores associados à angiogênese (TZANAKIS et al. 2006),
reguladores do ciclo celular (XIA et al. 2006), moléculas associadas à adesão celular
(ZHENG et al. 2006), genes de reparo de DNA (HAYASHI et al. 2006), oncogenes e
genes supressores de tumor (TAMURA 2006) têm sido associadas ao
desenvolvimento e progressão dos carcinomas gástricos. A patologia molecular nos
oferece informações que permitem a compreensão da patogênese tumoral, bem como
a descoberta de marcadores moleculares que possam ser úteis no diagnóstico e
prognóstico dos tumores, permitindo o diagnóstico mais preciso e o estabelecimento
de terapia mais seletiva.
1.1 MECANISMOS MOLECULARES DA CARCINOGÊNESE
GÁSTRICA
Inúmeras alterações genéticas têm sido associadas à desregulação da
proliferação e diferenciação das células da mucosa gástrica normal que levam a
formação do câncer (WRIGHT et al. 1992; TAHARA 1993; CORREA e SHIAO
1994; TAHARA 1995) (Figura 1). Embora diferentes mecanismos genéticos têm
sido descritos como envolvidos na carcinogênese dos principais tipos de carcinomas
gástricos, alguns mecanismos são comuns tanto para os carcinomas do tipo intestinal
como para os difusos (YASUI et al. 2006; SMITH et al. 2006; VAUHKONEN et al.
7
2006) (Tabela 1). Descreveremos a seguir os principais mecanismos e vias
associadas à carcinogênese gástrica.
Fonte: VAUHKONEN et al. (2006).
Figura 1 - Gráfico de seqüência e passos da carcinogênese gástrica e os principais
mecanismos moleculares associados.
8
Tabela 1 - Principais alterações genéticas descritas nos carcinomas gástricos.
Fonte: TAHARA (1997).
1.1.1 Genes Supressores de Tumor
Anormalidades genéticas no gene p53 estão entre as mais freqüentes na
tumorigênese humana. A inativação deste gene leva a perda funcional da proteína
que reconhece os danos do DNA e prolonga o ciclo celular até que seja feito o
reparo.
O gene supressor de tumor p53 está frequentemente inativo nos carcinomas
gástricos pela perda de heterozigozidade (LOH), mutações missense e deleções do
tipo frame shift. Cerca de 60% dos carcinomas gástricos mostram alterações no gene
Alteração genética Função Difuso (%) Intestinal (%)
Reparo de DNA Instabilidade genética 16-39 -
Mutação K-ras Transdução de sinal 0 10
Amplificação de
c-met
Receptor de fator de crescimento 39 19
Amplificação de
K-sam
Receptor de fator de crescimento 33 0
Amplificação de
c-erbB-2
Receptor de fator de crescimento 0 20
Superexpressão de EGFR Receptor de fator de crescimento 25 50
Superexpressão de EGF Fator de crescimento 20 40
Superexpressão de TGF-
alfa
Fator de crescimento 55 60
Superexpressão de VEGF Fator de crescimento 12 46
Mutação/LOH de
P53
Fator de transcrição 20-38 -
Mutação/LOH de
APC
Transdução de sinal 30 40-60
LOH de DCC Adesão cellular 0 50
Perda de expressão
de p16
Inibidor do ciclo celular 31 12
Mutação de
e-caderina
Adesão cellular 50 0
Mutação de
Β- catenina
Adesão celular/ transdução de sinal 0 27
Splices anormais de CD44 Adesão cellular 100 100
LOH de Bcl-2 Inibidor de apoptose 0 43
Antígeno SC-1 Receptor de apoptose 50 24
Amplificação de
Ciclina-E
Regulador do ciclo celular 10 20
Atividade de telomerase Envelhecimento 90 100
9
p53 independentemente do tipo histológico, sendo as alterações mais comuns em
lesões precursoras como metaplasias intestinais, adenomas e displasias (YOKOZAKI
et al. 1992; SAKURAI et al. 1995; TAMURA 2006).
Mutações no gene APC, primeiramente associadas à polipose coli familial,
são também observadas nos carcinomas gástricos. Mutações do tipo missense têm
sido encontradas em cerca de 60% dos carcinomas gástricos do tipo intestinal
(KINZLER et al. 1991). Estas alterações são raras nos carcinomas do tipo difuso,
mas podem estar associadas aos carcinomas de células em anel de sinete
(NAKATSURU et al. 1992). O produto do gene APC se liga a uma proteína
multifuncional, β-catenina, que normalmente encontra-se livre e em baixas
concentrações nas células. Quando na inativação do gene APC e/ ou mutações da β-
catenina, a quantidade de β- catenina livre se eleva e acumula no citoplasma. A β-
catenina então se transloca para o núcleo e interage com as proteínas da família dos
fatores de reconhecimento linfóide de células T (Tcf/LEF) ativando a transcrição de
genes alvos (PEIFER et al. 1999). É reconhecido que o complexo β- catenina/Tcf
pode ativar vários genes alvos que estão diretamente associados a progressão e
crescimento tumoral, como o c-myc e ciclina D1, bem como outros genes envolvidos
nos mecanismos de proliferação celular, proteólise, diferenciação, angiogênese e
migração celular (BRABLETZ et al. 2002). O gene APC e a β- catenina são
constituintes do mecanismo de transdução de sinal chamado Wnt, que está alterado
em 90% dos cânceres colorretais. Na ausência do sinal da via Wnt, ocorre a ativação
do GSK-3β que fosforila a β- catenina através de interações funcionais com a axina e
APC (WILLERT e NUSSE 1998). Subsequentemente, a β- catenina é degradada
pelo mecanismo de ubiquitina/proteossoma. Mutações da β- catenina tem sido
10
descritas principalmente nos carcinomas gástricos do tipo intestinal
(UTSUNOMIYA et al. 2000; GULMANN et al. 2003b).
1.1.2 Moléculas de Adesão Celular (E-Caderina)
A E-caderina é um membro da família das glicoproteínas transmembrana
envolvidas no mecanismo de adesão célula-célula cálcio dependentes, que
aparentemente exercem um papel importante na organogênese e morfogênese
(TAKEICHI et al. 1991). Mutações do gene da E-caderina afetam os exons 8 ou 9 e
induzem a alteração morfológica, perda da adesão celular e aumento da mobilidade
celular contribuindo para o processo de formação do câncer (HANDSCHUH et al.
1999). Mutações germinativas do gene da E-caderina tem sido relatadas em
carcinomas gástricos do tipo difuso familiares (GUILFORD et al. 1998).
Aproximadamente 50% dos carcinomas gástricos do tipo difuso mostram mutações
do gene da E-caderina (BECKER et al. 1994). A adesão célula-célula mediada pela
E-caderina aparentemente exerce um importante papel na proteção das células contra
a apoptose (METCALFE e STREULI 1997). Recentemente foi demonstrado que a
expressão de E-caderina reduz a expressão de bcl-2, um gene muito importante na
regulação da apoptose (SASAKI et al. 2000).
1.1.3 Oncogenes
Muitos proto-oncogenes são ativados nos carcinomas gástricos, com algumas
diferenças de acordo com os tipos histológicos. O gene c-met, codificador do fator de
crescimento do hepatócito, está amplificado em 19% dos carcinomas gástricos do
tipo intestinal e em 39% do tipo difuso (KUNIYASU et al. 1992). A maioria dos
11
carcinomas gástricos expressa 2 tipos de transcritos do gene c-met, de 7.0 kb e 6.0
kb. Expressão dos transcritos de 6.0 kb tem sido associada a fatores prognósticos
como estádio, profundidade de invasão tumoral e metástases em linfonodos
(KUNIYASU et al. 1993).
Outro proto-oncogene c-erbB-2, uma glicoproteína de 185 KDa com
atividade tirosina quinase, tem sido encontrada amplificada em 20% dos carcinomas
do tipo intestinal e raramente nos carcinomas do tipo difuso (YOKOTA et al. 1988).
A super-expressão deste gene está também associada a prognóstico ruim e metástases
hepáticas (YONEMURA et al. 1991).
1.1.4 Reguladores do Ciclo Celular
Há evidências de que o processo de carcinogênese gástrica freqüentemente
envolve anormalidades na expressão de ciclinas e outras células reguladoras do ciclo
celular, especialmente durante a regulação da fase G1 do ciclo (DOKI et al. 1997).
Tem sido demonstrado que proteínas reguladoras do ciclo celular, especialmente no
checkpoint G1, como Rb, cdk4, ciclina D1 e ciclina E bem como as perdas das
expressões de p16 e p27 têm uma participação importante na carcinogênese gástrica
(MYUNG et al. 2000; ZHAO et al. 2003).
O gene da ciclina E está amplificado em 15 a 20% dos carcinomas gástricos.
Amplificação do gene da ciclina E e a super- expressão da sua proteína estão
associados a maior agressividade e metástases em linfonodos (AKAMA et al. 1995).
A superexpressão da proteína ciclina D1 e a perda de expressão da proteína p16
ocorrem em aproximadamente 1/2 e em 1/3 dos carcinomas gástricos
12
respectivamente, mas não são fatores que influenciam no prognóstico destes tumores
(FEAKINS et al. 2003).
A redução da expressão da proteína p27 correlaciona com invasão tumoral e
metástases em linfonodos, sendo mais comuns nos carcinomas gástricos avançados
independentemente do tipo histológico (YASUI et al. 1997).
1.1.5 Fatores de Crescimento e Citocinas
As células do carcinoma gástrico expressam uma grande variedade de fatores
de crescimento, hormônios e citocinas que agem nos mecanismos autócrinos e
parácrinos que modulam interações complexas entre as células tumorais e células
estromais. A família dos receptores do fator de crescimento epidérmico, que incluem
EGF, TGFα, IGF II e bFGF, são freqüentemente expressos nos carcinomas gástricos
do tipo intestinal, enquanto TGFβ, IGF II e bFGF são predominantemente expressos
nos carcinomas do tipo difuso (TAHARA 2004). O fator de crescimento TFGβ é
freqüentemente expresso nos carcinomas gástricos, particularmente nos carcinomas
do tipo difuso com fibrose (YOSHIDA et al. 1989).
Fatores angiogênicos como o fator de crescimento vascular endotelial
(VEGF) promove a angiogênese e progressão dos carcinomas gástricos
particularmente nos carcinomas do tipo intestinal, enquanto que os fatores de
crescimento de fibroblastos (FGF) mostram uma forte associação com os carcinomas
do tipo difuso (TANIMOTO et al. 1991; YAMAMOTO et al. 1998).
13
1.1.6 Mucinas
Uma consideração final a ser realizada é a participação das mucinas na
gênese dos carcinomas gástricos. As mucinas são glicoproteínas de alto peso
molecular e podem ser classificadas em secretoras (MUC2, MUC5AC e MUC6) e de
membranas (MUC1 e MUC3). A expressão de MUC1 foi detectada na maioria dos
epitélios, incluindo mama e pâncreas, bem como no trato gastrointestinal,
respiratório e urinário (CAO et al. 1998). MUC2 é uma mucina secretora expressa no
cólon, intestino delgado e vias aéreas. MUC1, MUC5AC e MUC6 são conhecidas
como mucinas gástricas normais, enquanto a MUC2 não é usualmente expressa na
mucosa gástrica normal (REIS et al. 1997). Nos carcinomas gástricos, tem se
observado uma forte expressão de MUC1 e baixa expressão de MUC5AC e MUC6
(BALDUS et al. 1998). A expressão de MUC1 é aparentemente relacionada com pior
prognóstico (AKYUREK et al. 2002). Por outro lado, a expressão de MUC2 é mais
comum nos carcinomas do tipo mucinoso e não se correlaciona com o
comportamento biológico (PINTO-DE-SOUSA et al. 2002). Recentemente, a
expressão de mucinas tem sido utilizada para a determinação de fenótipos que
possam correlacionar com a histogênese do carcinoma gástrico. O fenótipo gástrico é
determinado pela expressão de MUC1 e ausência de expressão de MUC2
(MUC1+/MUC2-), o fenótipo intestinal é determinado pela expressão de MUC2 e
ausência de MUC1 (MUC-/MUC2+) e finalmente o fenótipo gastrointestinal ou
misto apresenta expressão de ambas as mucinas (MUC1+/MUC2+). Estudos têm
demonstrado que os fenótipos gástricos e intestinais não correspondem aos tipos
histológico difuso e intestinal, respectivamente, porém estão associados à
14
agressividade tumoral durante o estágio precoce de desenvolvimento tumoral
(BARRESI et al. 2006).
Como podemos observar, os carcinomas gástricos dos tipos intestinal e difuso
estão envolvidos em mecanismos moleculares distintos, mas algumas vias são
comuns a ambos. Recentemente, a procura de uma ‘assinatura molecular’ baseada
em expressão gênica que possa definir subgrupos de tumores com características
clínicas e biológicas semelhantes tem sido demonstrada por diversos autores
(GOLUB et al. 1999; ALIZADEH et al. 2000; BITTNER et al. 2000; SORLIE et al.
2001; DOLLED-FILHART et al. 2006; HOMMA et al. 2006). Em relação aos
carcinomas gástricos, estudos têm sido realizados na tentativa de estabelecer novos
parâmetros clínicos e biológicos que possam determinar o comportamento biológico
destes carcinomas, mas os resultados são na maioria das vezes contraditórios e
inconclusivos (SCARTOZZI et al. 2004). Além disso, a pesquisa de uma única
proteína isolada ou o estudo de um pequeno grupo de marcadores moleculares não
oferece parâmetros adequados e suficientes para a avaliação segura do prognóstico e
do comportamento biológico dos tumores. A pesquisa de uma grande variedade ou
grupos maiores de marcadores moleculares é mais eficaz na determinação de grupos
de tumores com características clínicas e histológicas distintas (CALLAGY et al.
2003; GARCIA et al. 2003; SHI et al. 2005).
Embora tecnologias avançadas como cDNA arrays sejam capazes de analisar
milhares de genes em um número pequeno de amostras, correlações entre os dados
moleculares com as informações clínicas e histopatológicas só poderão ser
fornecidas após a análise de um número maior de amostras (MEIRELES et al. 2004).
O método de tissue microarray (TMA), descrito por KONONEN et al. (1998), é um
15
método eficiente e econômico que permite a análise de diversos genes ou proteínas
em uma centena de amostras de um mesmo tecido ou de origens diferentes
(KONONEN et al. 1998; ZHANG DH et al. 2003; HANS et al. 2004; ABD EL-
REHIM et al. 2005). O TMA tem sido utilizado em técnicas como hibridação in situ
(ISH), hibridação in situ por cromógeno (CISH), hibridação in situ fluorescente
(FISH) e imunoistoquímica na pesquisa de marcadores diagnóstico e prognósticos de
diversos tumores (KONONEN et al. 1998; MOCH et al. 2001; BUBENDORF et al.
2001; BHARGAVA et al. 2004; SAPINO et al. 2006). A crítica que cabe a este
método é a representatividade da pequena amostra (core) do tumor em relação ao
método tradicional das lâminas individuais, uma vez que os tumores de uma maneira
geral são muito heterogêneos e podem exibir áreas distintas em uma mesma amostra.
Estudos recentes mostram que duas ou mais amostras (cores) de tumores são
suficientes para representar as lesões na pesquisa de fatores prognósticos pelo TMA
(CAMP et al. 2000; GULMANN et al. 2003a; SAPINO et al. 2006). Mesmo em
tumores muito heterogêneos, como nos carcinomas ovarianos, o resultado das
análises pelo TMA de um único core coincidiu em 90% com os resultados do método
tradicional e em 95% quando foram utilizados dois cores destes tumores (CAMP et
al. 2000; ROSEN et al. 2004).
Portanto, decidimos neste estudo analisar as expressões imunoistoquímicas de
várias proteínas de genes envolvidos em diversos mecanismos moleculares, em uma
grande amostra de carcinomas gástricos, utilizando-se a técnica do TMA. E, a partir
destes achados, classificar através de análise clusterizada de dados, os carcinomas
gástricos em subgrupos que apresentem padrão de expressão imunoistoquímica
semelhantes.
16
OBJETIVOS
17
2 OBJETIVOS
Os objetivos deste estudo são:
Determinar as principais características demográficas e histopatológicas dos
carcinomas gástricos da nossa amostra;
Estudar as expressões imunoistoquímicas de proteínas associadas à adesão
celular, apoptose, ciclo celular, reparo de DNA, diferenciação celular e
oncogenes e genes supressores de tumor nos carcinomas gástricos dispostos
em TMA;
Determinar o padrão de expressão imunoistoquímica das proteínas associadas
a diversos mecanismos moleculares nos carcinomas gástricos do tipo
intestinal e difuso;
Determinar grupos (clusters) de carcinomas gástricos de acordo com o padrão
de expressão imunoistoquímica, através de análises clusterizadas dos
marcadores;
Determinar as correlações entre os grupos (clusters) de carcinomas gástricos
com os principais achados clínicos e morfológicos; e sua importância no
prognóstico.
18
MATERIAL E MÉTODOSS
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 CASUÍSTICA
Foi realizada a seleção de casos de carcinomas gástricos a partir do Banco de
Dados do Departamento de Anatomia Patológica. Foram excluídos os casos de
biópsia e os casos de revisão de lâminas. Foram então selecionados 482 carcinomas
gástricos, produtos de gastrectomias realizadas no Centro de Pesquisa e Tratamento
Hospital A C Camargo no período de 1988 a 1998 que continham materiais
emblocados em parafina suficientes para o estudo. Foram resgatadas todas as lâminas
e blocos de parafina dos arquivos da anatomia patológica. Blocos representativos do
tumor foram separados e novos cortes histológicos foram realizados e corados pela
técnica de hematoxilina-eosina. Foram realizadas as revisões das lâminas e a
classificação histopatológica dos tumores de acordo com as classificações de
LAUREN (1965), CARNEIRO (1997) e HAMILTON e AALTONEN (2000).
Os dados demográficos (idade e gênero) dos pacientes bem como as
características histopatológicas dos casos selecionados como: localização e tamanho
tumoral, profundidade de infiltração da parede gástrica e presença de metástases em
linfonodos foram obtidos através da revisão dos prontuários e dos laudos anátomo-
patológicos. A idade foi estratificada em dois grupos: pacientes de até 60 anos e
acima de 60 anos. O tamanho tumoral foi determinado pela medida macroscópica do
maior diâmetro da lesão e para as análises estatísticas, os casos foram agrupados em
2 grupos: tumores de até 5 cm de diâmetro ou maiores que 5 cm. O estadiamento
20
anátomo-patológico dos tumores foi categorizado de acordo com o sistema TNM da
União Internacional contra o Câncer. O seguimento clínico dos pacientes teve início
a partir da data da cirurgia até a data do óbito ou da última consulta em até 5 anos (60
meses).
O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do Centro de
Tratamento e Pesquisa Hospital A C Camargo em 3 de março de 2004; Projeto de
Pesquisa n° 578/04.
3.2 CONSTRUÇÃO DOS TMAS
Os tissue microarrays (TMAs) foram construídos utilizando-se somente casos
de carcinomas gástricos. Os casos foram resgatados do arquivo de anatomia
patológica e blocos representativos do tumor foram separados. Novos cortes
histológicos foram realizados e corados pela técnica de H&E. As áreas mais
representativas do tumor foram identificadas através do exame microscópico das
lâminas e as áreas de interesse foram marcadas com caneta permanente e
identificadas nos blocos de parafina correspondentes (blocos doadores). Usando o
tissue microarrayer (Beecher Instrument, Silver Springe, MD,USA) cilindros das
áreas de interesse previamente identificada nos blocos doadores foram retiradas e
transferidas em novos blocos de parafina (blocos receptores). Os cortes obtidos
destes blocos de TMA foram dispostos em lâminas com adesivos Microsystems Inc
®
(Figura 2).
Para cada caso foram retirados dois cilindros de 0.6mm (cores) de duas áreas
distintas do tumor, gerando um total de 964 cores. As cores foram distribuídos em
21
três blocos de parafina contendo 176, 105 e 201 casos de carcinomas gástricos,
respectivamente. A partir de tabelas em Excel, um sistema de coordenadas foi usado
para a determinação da posição exata dos casos nos blocos tendo como referência um
fragmento de fígado. Os casos foram dispostos em ordem numérica crescente (de
acordo com o registro anátomo-patológico).
Figura 2 - Esquema representativo da montagem dos blocos de TMA, através da
retirada de cilindros de 0.6mm de diâmetro dos blocos receptores e colocação dos
mesmos nos blocos doadores.
22
3.3 IMUNOISTOQUÍMICA
As reações imunoistoquímicas foram realizadas em duas lâminas de cada
bloco de TMA com níveis de profundidades diferentes de pelo menos 25 cortes de
diferença. Esta estratégia garante a observação de áreas distintas da neoplasia. Como
os casos foram inseridos em duplicada, as análises dos resultados para cada anticorpo
foram realizadas em pelo menos quatro áreas (spots) representativas de cada caso.
Foi utilizado o método do complexo de streptavidina-biotina-peroxidase
(StreptABC, DAKO
®
). Os passos técnicos realizados foram os já tradicionalmente
descritos na literatura e podem ser vistos em livros texto (SANTOS et al. 1999).
O protocolo seguido está descrito passo a passo:
1. Desparafinização dos cortes histológicos com 3μm de espessura, do material
incluído em parafina e colocados em lâminas silanizadas (3-aminopropyl-
triethoxy-silane – SIGMA), e deixados estufa a 60
o
C por 24 horas.
2. Xilol à temperatura ambiente por 20 minutos.
3. Três passagens em etanol (100%, 95%, 70%) a 30 segundos cada.
4. Lavagem das lâminas em água corrente e destilada.
5. Recuperação antigênica por calor (panela de pressão) em tampão citrato por 5
minutos.
6. Bloqueio da peroxidase endógena com H
2
O
2
a 3% (água oxigenada 10
volumes).
7. Lavagem das lâminas em água corrente e destilada.
8. Bloqueio das proteínas inespecíficas (Protein Block-serum free, DAKO
®
) por
20 minutos.
23
9. Incubação com anticorpo primário, diluído em título estabelecido em tampão
PBS contendo albumina bovina BSA a 1% (SIGMA) e azida sódica (NaN
3
)
0,1%, à 4ºC em câmara úmida (16 a 18 horas).
10. Lavagem em tampão PBS.
11. Incubação com o anticorpo biotinilado-reagente C, do kit
StreptABComplex/HRP Duet (DAKO).
12. Lavagem em tampão PBS.
13. Incubação das lâminas em solução substrato cromógeno: 3,3’
Diaminobenzidine Tetrahydrochloride (DAB) 60mg (SIGMA);
Dimetilsulfóxido (DMSO) 1ml; H
2
O
2
a 6% (água oxigenada 20 volumes) 1
ml, PBS 100ml (5min, 37
o
C, ao abrigo da luz).
14. Lavagem das lâminas em água corrente e destilada.
15. Contracorar com hematoxilina de Harris.
16. Imersão em água amoniacal (solução de hidróxido de amônio a 0,5%),
lavando em seguida em água corrente e destilada.
17. Desidratação das lâminas (6 passagens em etanol a 50%, 80%, 95% e 100%,
sendo três delas em 100%).
18. Montagem das laminas em Entellan neu (Merck, 1.07961, Germany).
Os anticorpos pesquisados, clones, origens, diluições utilizadas e os
respectivos padrões de marcação considerados podem ser vistos na Tabela 2.
As reações foram acompanhadas de controles positivos, em tecidos
sabidamente positivos para os anticorpos testados, e dois controles negativos. O
primeiro deles realizado pelo não uso do anticorpo primário e o segundo através da
retirada do anticorpo secundário durante os passos da reação. A leitura das lâminas
24
foi realizada em microscópio óptico comum e o critério utilizado para positividade
foi estabelecido de acordo com a categorização descrita para cada anticorpo
pesquisado.
3.4 AVALIAÇÃO DAS EXPRESSÕES IMUNOISTOQUÍMICAS
Para as proteínas de marcação nuclear, p53, p21, p27, p16, Rb, ciclina D1,
ciclina A1 e MSH2 utilizamos critérios previamente descritos, que definem como
positivos os casos com coloração marrom inequívoca nos núcleos das células
tumorais observados em mais de 10% das células neoplásicas (LIU et al. 2001;
CHETTY e SITTI 2003; FEAKINS et al. 2003).
Para as proteínas de marcação citoplasmática, a positividade foi avaliada de
acordo com um escore considerando-se a intensidade da marcação e a quantidade de
células marcadas.
A intensidade de marcação foi avaliada, utilizando-se a seguinte graduação:
0: sem reação detectável
1: marcação fraca ou discreta
2: marcação de moderada intensidade
3: marcação forte
A porcentagem das células marcadas foi dividida em cinco graus de acordo
com o número de células, a saber:
0: sem reação detectável
1: positividade em menos de 25% das células
25
2: positividade em 25-50% das células
3: positividade em 50-75% das células
4: positividade em mais de 75% das células
O escore final foi obtido através da somatória das duas graduações. Casos
com escore maior que 4 foram considerados positivos.
As proteínas que se expressam na membrana, foram avaliadas de acordo com
critérios previamente publicados (ELLIS et al. 2004):
0: Marcação ausente ou presente em menos de 10% das células neoplásicas
1: Marcação de membrana fraca e parcial em mais de 10% das células
2: Marcação completa da membrana, fraca ou moderada em mais de 10% das
células
3: Marcação completa e forte de membrana em mais de 10% das células
Os casos positivos foram considerados aqueles com escore 2 ou 3.
Quanto à análise imunoistoquímica dos padrões de marcação de expressão da
E-caderina, foram utilizados critérios previamente descritos, sendo determinados
dois aspectos (UTSUNOMIYA et al. 2000):
Preservada: marcação na membrana celular presente em mais de 75%
das células neoplásicas (padrão similar ao observado em células não-
neoplásicas)
Perda parcial ou total: ausência de expressão ou positividade
observada em menos de 75% das células neoplásicas.
A marcação citoplasmática e intensidades de marcação não foram
consideradas.
26
A expressão de β-catenina foi determinada de acordo com a localização da
marcação, independente da intensidade da coloração (NABAIS et al. 2003), e foi
categorizada como:
Preservada: marcação de membrana em mais de 90% das células
Alterada: ausência de marcação ou positividade citoplasmática e/ou
nuclear em mais de 90% das células.
Como citado anteriormente, as reações imunoistoquímicas para cada
anticorpo foram realizadas em duas lâminas de TMA, sendo analisados quatro cores
de cada caso. O resultado final foi dado após o cálculo da média aritmética dos
quatro eventos.
27
Tabela 2 – Anticorpos analisados por imunoistoquímica, clones, origem, diluição e
padrão de expressão considerada.
CICLO CELULAR
Anticorpos Clones Origem Diluição Padrão de expressão
p16
p27
p21
Ciclina D1
Ciclina A
Ciclina B1
Rb
p53
C-20
SX53G8
SX118
RBT-14
Policlonal
V152
Rb 1
DO7
MTM Laboratories
DAKO
DAKO
BIO SB
Santa Cruz
DAKO
DAKO
DAKO
1:25
1:200
1:30
Pré diluída
1:40
1:50
1:50
1:100
Nuclear
Nuclear
Nuclear
Nuclear
Nuclear
Citoplasmático
Nuclear
Nuclear
SINTASES DO ÓXIDO NÍTRICO
Anticorpos Clones Origem Diluição Padrão de expressão
NOS 1
NOS 2
NOS 3
nNOS
iNOS
eNOS
Santa Cruz
Santa Cruz
Santa Cruz
1:200
1:40
1:100
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
FATORES DE CRESCIMENTO
Anticorpos Clones Origem Diluição Padrão de expressão
c-met
VEGF
c-erbB-2
TGFβI
TGFβII
MSH2
Policlonal
Policlonal
Policlonal
Policlonal
Policlonal
Policlonal
Novocastra
Santa Cruz
Dako
Santa Cruz
Santa Cruz
Santa Cruz
1:50
1:500
1:500
1:50
1:200
1:25
Membrana
Citoplasmático
Membrana
Citoplasmático
Citoplasmático
Nuclear
28
Cont/ Tabela 2
APOPTOSE
Anticorpos Clones Origem Diluição Padrão de expressão
Bcl-2
Bax
Bak
Bcl-x
124
Policlonal
Policlonal
Policlonal
DAKO
DAKO
DAKO
DAKO
1:40
1:50
1:400
1:50
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
ADESÃO CELULAR, TRANSCRIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR
Anticorpos Clones Origem Diluição Padrão de expressão
APC
Clatrina
E-caderina
β- catenina
MUC 1
MUC 2
MUC 5AC
MUC 6
MMP-2
MMP-9
Policlonal
23
36B5
17C2
Ma 695
CC p58
CLH2
CLH5
75-7F7
56-2A4
Santa Cruz
Transduction
Novocastra
Novocastra
Novocastra
Novocastra
Novocastra
Novocastra
Oncogene
Oncogene
1:800
1:2000
1:50
1:100
1:500
1:1000
1:500
1:600
1:40
1:80
Citoplasmático
Citoplasmático
Membrana
Membrana
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
Citoplasmático
3.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
As informações coletadas dos prontuários médicos e os dados
imunoistoquímicos dos marcadores biomoleculares foram armazenados em um
banco de dados informatizado (Excel®, versão 2003, Microsoft) e posteriormente
analisados com o programa de computador SPSS 10.0 (SPSS Inc., Chicago, IL,
USA). Para a caracterização da população do estudo, utilizou-se a estatística
29
descritiva, empregando porcentagens, médias e medianas. A comparação das
diversas variáveis entre os tipos histológicos intestinal e difuso (classificação de
Laurén) foi realizada pelo teste de qui-quadrado ou pelo teste exato de Fisher,
dependendo dos valores esperados nas tabelas de contingência. Realizou-se a análise
dos fatores prognóstico separadamente para os grupos histológicos intestinal e
difuso. Na análise univariada, calculou-se a taxa de sobrevida global em 5 anos para
as diversas variáveis, sendo as curvas comparadas pelo teste de log-rank. Para tanto,
considerou-se o intervalo transcorrido entre a data da cirurgia e a data do óbito de
qualquer natureza. Classificaram-se sob censura os casos que permaneceram vivos
até o término do estudo. As variáveis cujo nível descritivo do teste foi de até 25%
foram selecionadas para o modelo de riscos proporcionais de Cox, para o qual se
empregou a técnica a modelagem do tipo stepwise forward selection. Estimou-se o
risco relativo através do hazard ratio obtido a partir do modelo multivariado. Para
todas as análises estatísticas estabeleceu-se o nível de significância em 5%.
3.6 CLUSTERIZAÇÃO
As análises clusterizadas dos resultados dos marcadores imunoistoquímicos
foram realizadas utilizando-se o programa TMEV. Foi utilizado um algorítimo para
clusterização hierárquica não supervisionada dos marcadores. Usamos a distância
Eclideana e complete linkage. Esta análise é realizada através da identificação de
pares de proteínas que apresentam maior similaridade determinada pelas correlações
entre todas as proteínas estudadas. Uma proteína é acrescentada ao cluster quando
esta possui o máximo de similaridade com as proteínas do cluster em relação a todas
30
as demais. Cada ponto é representado por uma cor que quantitativamente refletem os
resultados.
31
RESULTADOS
32
4 RESULTADOS
4.1 CASUÍSTICA E DADOS DA AMOSTRA
4.1.1 Dados demográficos e morfológicos
Os principais dados demográficos dos carcinomas gástricos estudados podem
ser vistos na Tabela 3. A idade dos 482 pacientes estudados variou de 26 a 84 anos
(média de 61.7; mediana de 64 anos). Em relação aos grupos de faixa etária,
observamos um equilíbrio com discreto predomínio (56%) de pacientes com até 60
anos, 44% dos pacientes pertenciam ao grupo com mais de 60 anos. 64% dos
pacientes eram do gênero masculino, enquanto 36% eram do gênero feminino. Os
tumores localizavam-se preferencialmente na região distal do estômago (84%) em
relação à região proximal (10%) e 27 casos (6%) ocupavam todo o estômago. 358
casos (75%) apresentavam metástases em linfonodos, 119 casos não tinham
metástases linfonodais e em 4 casos os linfonodos não foram examinados. O
tamanho macroscópico do maior diâmetro tumoral variou de 0.6 a 19.0 cm (média
6,4 e mediana 6,0 cm) sendo que 59% dos carcinomas eram maiores que 5.0 cm. Os
tumores que infiltravam a camada muscular própria, subserosa, serosa ou além da
serosa foram agrupados em tumores com nível de infiltração profunda e
corresponderam a 455 casos (95%). Os carcinomas superficialmente invasivos, cujo
nível de infiltração da parede era mucosa e submucosa, corresponderam a apenas 5%
dos casos.
33
Em relação aos tipos histológicos observou-se maior frequência dos tipos
intestinal (48.5%), glandular (46%) e tubular (40%) nas classificações de Lauren,
Carneiro e da OMS, respectivamente.
Tabela 3 - Principais características demográficas e histopatológicas dos carcinomas
gástricos.
VARIÁVEIS CATEGORIA NÚMERO DE CASOS (%)
Gênero
Masculino
Feminino
308 (64%)
174 (36%)
Idade
Até 60 anos
> 60 anos
273 (56%)
209 (44%)
Tamanho do tumor
Até 5 cm
> 5 cm
198 (41%)
284 (59%)
Localização
Proximal
Distal
Prox+Distal
48 (10%)
407 (84%)
27 (6%)
Nível de
Infiltração
Superficial
Profunda
27 (6%)
455(94%)
Metástases em
Linfonodos
Presente
Ausente
358 (75%)
119 (25%)
Tipo histológico
Laurèn
Intestinal
Difuso
Misto
Inclassificável
234 (48.5%)
166 (34%)
60 (12%)
22 (4.5%)
Tipo histológico
Carneiro
Glandular
Células isoladas
Misto
Inclassificável
221 (46%)
157 (32%)
55 (11%)
49 (10%)
Tipo histológico OMS
Tubular
Papilífero
Células em anel de sinete
Mucinoso
Carcinoma indiferenciado
Adenocarcinoma SOE
191(40%)
37 (8%)
102 (21%)
43 (9%)
74 (15%)
35 (7%)
34
4.1.2 Resultados das expressões imunoistoquímicas
Os resultados das expressões das proteínas pesquisadas pela
imunoistoquímica podem ser vistos na Tabela 4. Todas as lâminas de TMA utilizadas
para os diversos marcadores continham pelo menos 90% dos casos, com uma
representação mínima de 10% da área tumoral (Figura 3).
A imunopositividade para as proteínas da família do Bcl-2, representadas por
Bax, Bak, Bcl-2 e Bcl-x foi observada em 303 (67%) de 453 casos, em 350 (77%)
dos 456 casos, em 82 (18%) de 451 casos e em 398 (89%) de 448 casos examinados,
respectivamente. A Figura 4 mostra casos positivos para as proteínas Bcl-2, Bak, Bax
e Bcl-x.
As expressões das proteínas dos genes envolvidos no ciclo celular p53, p27,
p16, p21 e Rb foram observadas em 137 (30%) de 458 casos, 231 (50%) de 457
casos, 50 (10.8%) de 463, em 64 (14%) de 458 casos, e em 313 (68%) de 458 casos,
respectivamente.
Observamos positividade imunoistoquímica para a ciclina D1 em 220 (49%)
de 449 casos. 316 (69%) de 458 casos foram positivos para ciclina A e positividade
para ciclina B1 foi observada em 229 (49%) de 460 casos estudados de carcinomas
gástricos. Casos representativos das expressões das proteínas do ciclo celular podem
ser vistos na Figura 5.
Somente 56 (12%) de 462 casos mostraram positividade na membrana das
células para a proteína do oncogene c-erbB-2. O mesmo padrão de expressão foi
observada em 409 (89%) de 458 casos analisados para a proteína do gene c-Met,
enquanto que expressões para MSH2, VEGF, TGFβI e TGFβII foram observadas
em 427 (92%) de 463 casos, em 399 (91%) de 438 casos, em 382 (82%) de 464 casos
35
e em 446 (97%) de 459 casos, respectivamente. Na Figura 6 podemos encontrar
carcinomas gástricos com expressões destas proteínas.
A Tabela 5 mostra os resultados das expressões imunoistoquímicas das
proteínas dos genes envolvidos nos mecanismos de transcrição de sinal, adesão e
sinalização celular.
Em relação às expressões das metaloproteases, MMP2 e MMP9, observamos
que 181 (40%) de 458 casos foram positivos para MMP2 e 205 (45.5%) de 451 casos
para MMP9. Positividade para MUC1 foi observada em 77 (17%) de 448 casos. A
expressão de MUC2 foi encontrada em 50 (11%) de 462 casos. Observamos que 92
(20%) de 463 casos expressaram MUC5AC e somente 9 (2%) de 458 casos foram
positivos para MUC6 (Figura 7).
Expressão para a proteína do gene da E-caderina, na membrana celular,
presente em mais de 75% das células tumorais foi observada em 112 (25%) de 457
carcinomas gástricos. Por outro lado, observamos que a maioria dos casos estudados,
345/ 457 (75%), mostrou este padrão de expressão em menos de 75% das células
tumorais. A expressão na membrana celular para β-catenina foi observada em
somente 27 (6%) de 457 casos analisados. A expressão desta proteína no citoplasma
e/ou núcleo das células tumorais foi detectada em 94% (430/457) dos casos. 293
(63%) de 464 carcinomas gástricos e 301 (63%) de 454 casos mostraram expressão
de clatrina e APC, respectivamente. Ilustrações de carcinomas gástricos com
expressão de APC, clatrina, E-caderina e β-catenina podem ser vistas na Figura 8.
Em relação aos resultados das expressões das sintases de óxido nítrico,
observamos que 461 (99%) de 465 casos foram positivos para NOS1; 166 (36%) de
36
465 casos foram positivos para NOS2 e 423 (97%) de 437 casos de carcinomas
gástricos foram positivos para NOS3 (Figura 8 e Tabela 6).
Legenda: (A) Distribuição dos cilindros dos cores do TMA. Preservação da morfologia em um dos
cilindros de carcinoma do tipo intestinal, corado pela técnica do H&E (B). Preservação dos antígenos
corados pelo p53 (C), tamanho original x40, detalhe, x60
Figura 3 - Design do TMA
Legenda: Casos positivos para Bcl-2 (x60), Bak (x20, detalhe x60), Bax (20x, detalhe x60), Bcl-x
(40x)
Figura 4 - Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica das proteínas
associadas a apoptose
A B C
Bcl
-
Bak
Bax
Bcl
-
37
Tabela 4 - Resultados das expressões imunoistoquímicas das proteínas dos genes associados
ao ciclo celular, fatores de crescimento e apoptose
CICLO CELULAR
ANTICORPOS NÚMERO DE CASOS CASOS POSITIVOS
p16
p27
p21
Ciclina D1
Ciclina A
Ciclina B1
Rb
p53
463
457
458
449
458
460
458
458
50 (11%)
231 (50.5%)
64 (14%)
220 (49%)
316 (69%)
229 (49%)
313 (68%)
137 (30%)
FATORES DE CRESCIMENTO
ANTICORPOS NÚMERO DE CASOS CASOS POSITIVOS
c-met
VEGF
c-erbB-2
TGFβI
TGFβII
MSH2
459
438
462
464
459
463
409 (89%)
399 (91%)
56 (12%)
382 (82%)
446 (97%)
427 (92%)
APOPTOSE
ANTICORPOS NÚMERO DE CASOS CASOS POSITIVOS
Bcl-2
Bax
Bak
Bcl-x
451
453
456
448
82 (18%)
303 (67%)
350 (77%)
398 (89%)
38
Legenda: Casos positivos para p21 (x20, detalhe x60), p27 (x40), p16 (x60), ciclina A (x60), ciclina
B1 (x60), ciclina D1 (x40), Rb (x40).
Figura 5 - Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica de proteínas de
genes associados ao ciclo celular.
Ciclina A Ciclina B1
Ciclina D1
Rb
p21
p16 p53
p27
39
Legenda: carcinomas gástricos positivos para c-Met (x20, detalhe x60), VEGF (x40), TGFβI (x20,
detalhe x60), TGFβII (x20, detalhe x60), c-erbB-2 (x60) e MSH2 (x40)
Figura 6 - Carcinomas intestinais e difusos com expressão imunoistoquímica de
proteínas de genes associados a fatores de crescimento.
C-Met VEGF
c-erbB-2 MSH2
TGF
β
I
TGF
β
II
40
Legenda: Carcinomas gástricos positivos para mucinas e MMPs, aumento original x40 (MUC1) e x60
(MUC2, MUC5AC, MUC6, MMP2 e MMP9)
Figura 7 - Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica de proteínas dos
genes associados à adesão, diferenciação e transcrição celular
MUC 1
MUC 5AC
MUC 2
MUC 6
MMP2
MMP9
41
Legenda: Carcinomas gástricos positivos para APC (x40), clatrina (x60), β- catenina (x60), e E-
caderina (x60)
Figura 8 - Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica para
APC,clatrina, β-catenina e E-caderina
Tabela 5 - Resultados das expressões imunoistoquímicas das proteínas dos genes
associados à transcrição de sinal, adesão e diferenciação celular.
TRANSCRIÇÃO DE SINAL, ADESÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR
ANTICORPOS NÚMERO DE CASOS CASOS POSITIVOS (%)
APC
Clatrina
E-caderina
β- catenina
MUC1
MUC2
MUC5AC
MUC6
MMP2
MMP9
454
464
457
457
448
462
463
458
458
451
301 (66%)
293 (63%)
112 (25%)
27 (6%)
77 (18%)
50 (11%)
92 (20%)
9 (2%)
181 (40%)
205 (45.5%)
APC
E-caderina
Clatrina
β- catenina
42
Legenda: Carcinomas gástricos positivos para NOS1 (x60), NOS2 (x60), NOS3 (x40)
Figura 9 - Carcinomas gástricos com expressão imunoistoquímica das proteínas das
sintases do óxido nítrico.
Tabela 6 - Resultados das expressões imunoistoquímicas das proteínas das sintases
do óxido nítrico
SINTASES DO OXIDO NÍTRICO
ANTICORPOS NÚMERO DE CASOS CASOS POSITIVOS (%)
NOS1 465 461 (99%)
NOS2 465 166 (36%)
NOS3 437 423 (97%)
NOS1
NOS3
NOS2
43
4.2 ASSOCIAÇÕES ENTRE AS EXPRESSÕES
IMUNOISTOQUÍMICAS E OS TIPOS HISTOLÓGICOS
4.2.1 Associações entre as variáveis clínicas e morfológicas dos carcinomas
gástricos e os tipos histológicos
As análises das associações das variáveis clínicas, histológicas e de expressão
imunoistoquímica foram realizadas em 400 casos, constituídos por 166 carcinomas
difusos e 234 carcinomas intestinais. Os principais resultados podem ser vistos na
Tabela 7.
Em relação as variáveis demográficas idade e gênero, observamos
associações estatisticamente significantes entre estas variáveis e os tipos de
carcinomas (p=0.03 e p=0.003, respectivamente). Embora haja um predomínio do
gênero masculino em ambos os tipos de carcinomas, observamos que nos carcinomas
do tipo intestinal há uma maior freqüência de carcinomas em homens em
comparação com o tipo difuso. Em relação à idade, vimos que os carcinomas do tipo
difuso são mais comuns no grupo de pacientes com até 60 anos. Por outro lado, os
carcinomas do tipo intestinal apresentaram a mesma freqüência nos grupos de faixa
etária.
Os carcinomas gástricos intestinais e difusos eram tumores
macroscopicamente grandes e a grande maioria deles pertencia ao grupo de tumores
com diâmetro máximo maior de 5 cm, não mostrando associação estatística entre tipo
histológico e tamanho macroscópico máximo do diâmetro tumoral.
44
Os carcinomas do tipo intestinal e difuso localizavam-se preferencialmente na
região distal do estômago, porém os carcinomas da região proximal eram
freqüentemente do tipo intestinal com associação estatística significante (p=0.015).
O grupo de carcinomas gástricos estudados era constituído principalmente
por tumores avançados, vimos que mais de 90% dos carcinomas intestinais e difusos
apresentavam nível profundo de infiltração da parede gástrica. Estes achados não
mostraram associação estatística. Outro dado muito semelhante foi em relação à
presença de metástase linfonodal. A presença de metástase foi detectada em 71% e
em 77% dos carcinomas intestinais e difusos, respectivamente, sem associação
estatística entre estas variáveis.
Associação estatística foi observada entre os tipos histológicos e
estadiamento clínico. A maioria dos casos estádio I e II eram do tipo intestinal,
enquanto que os casos estádio III e IV eram predominantemente do tipo difuso
(p<0.001).
45
Tabela 7 – Comparações entre as principais características demográficas e
histopatológicas e os tipos de carcinomas gástricos.
4.2.2 Associações entre as expressões imunoistoquímicas dos marcadores e os
tipos histológicos
Como já previamente descrito, as associações foram feitas somente entre as
expressões imunoistoquímicas das proteínas e os carcinomas gástricos do tipo
intestinal e difuso (n=400).
Os resultados das associações entre as expressões imunoistoquímicas das
proteínas dos genes associados aos mecanismos de transcrição de sinal, adesão e
diferenciação celular e os carcinomas intestinais e difusos podem ser vistos na
Tabela 8.
A maioria dos carcinomas gástricos estudados apresentou perda total ou
parcial da proteína E-caderina, sendo este padrão observado em 61% (137/224) dos
TIPO HISTOLÓGICO
VARIÁVEL
CATEGORIA
INTESTINAL DIFUSO TOTAL
VALOR DE P
Masculino 155 (66%) 92 (55%) Gênero
Feminino 79 (34%) 74 (45%)
247 (100%)
153 (100%)
0.037
Até 60 anos 120 (52%) 110 (68%) 230 (100%) Idade
>60 anos 114 (48%) 56 (32%) 170 (100%)
0.003
Até 5 cm 98 (42%) 72 (43%) 170 (100%) Tamanho do
tumor > 5 cm 136 (58%) 94 (57%) 230 (100%)
NS
Distal 190 (82%) 146 (88%) 336 (100%)
Proximal 34 (15%) 10 (6%) 44 (100%)
Localização
Proximal+Distal 9 (3%) 10 (6%) 19 (100%)
NS
Profunda 218 (93%) 157 (95%) 375 (100%) Nível de
infiltração Superficial 16 (7%) 9 (5%) 25 (100%)
NS
Presente 168 (72%) 128 (77%) 296 (100%) Metástases em
linfonodos Ausente 63 (28%) 38 (33%) 101 (100%)
NS
I e II 147 (71%) 75 (51%) 222 (100%) Estádio
Clínico III e IV 59 (29%) 74 (49%) 133 (100%)
< 0.001
46
carcinomas intestinais e em 83% (144/155) dos difusos. Os carcinomas com
expressão preservada de E-caderina eram principalmente do tipo intestinal 89%
(87/98). Somente 11/98 (11%) casos de carcinomas difusos mostraram expressão de
E-caderina em mais de 75% das células. Esta diferença de expressão foi
estatisticamente significativa (p<0.001).
A expressão de β-catenina na membrana das células tumorais (preservada) foi
observada somente em 8% (18/215) dos carcinomas intestinais e em 3% (5/154) dos
carcinomas difusos. A grande maioria dos casos apresentou expressão citoplasmática
e/ ou nuclear deste marcador, correspondendo a 92% e 97% dos carcinomas
intestinais e difusos respectivamente. Estes dados não foram estatisticamente
significantes.
Os carcinomas gástricos de ambos os tipos foram em sua grande maioria
negativos para as mucinas. Negatividade para MUC 1 foi observada em 75%
(168/222) dos carcinomas intestinais e em 87% (139/158) dos difusos. MUC 2
negativa foi encontrada em 93% (212/226) dos carcinomas intestinais e em 81%
(128/157) dos difusos. Os carcinomas intestinais foram negativos para MUC5AC em
178/226 (78%) dos casos e os difusos em 132/157 (84%). Positividade para MUC 6
foi observada somente em 4/225 (2%) dos carcinomas do tipo intestinal e 100% dos
difusos foram negativos para MUC 6. Associação estatística entre estas variáveis foi
encontrada somente entre a positividade para MUC2 e os carcinomas difusos. Dentre
os casos positivos para MUC2, 67% (29/43) deles eram do tipo difuso, este resultado
mostrou-se estatisticamente significativo (p<0.001).
Uma molécula que revelou associação estatística entre a expressão da
proteína e o tipo histológico foi a clatrina. Observamos que 75 % (172/228) dos
47
carcinomas do tipo intestinal foram positivos para esta proteína. Por outro lado,
somente 45% (73/159) dos difusos mostraram esta expressão. Esta diferença
mostrou-se estatisticamente significante (p<0.001).
Os resultados da expressão imunoistoquímica da proteína do gene APC nos
carcinomas intestinais e difusos não mostraram associações estatísticas. Positividade
para esta proteína foi observada em 64% (144/224) dos carcinomas intestinais e em
66% (103/154) dos difusos.
A expressão imunoistoquímica para MMP2 foi mais frequentemente
observada nos carcinomas intestinais do que nos difusos. Dentre os casos positivos
para MMP2, 68% (107/172) deles eram do tipo intestinal e 32% (51/155) do tipo
difuso. Estes dados foram estatisticamente significantes (p=0.019). Por outro lado, a
expressão imunoistoquímica de MMP9 não mostrou diferenças importantes em
relação aos tipos histológicos. Imunopositividade para MMP9 foi detectada em 47%
(107/225) dos carcinomas intestinais e em 42% (65/153) dos difusos.
Para os marcadores de apoptose, observamos que os carcinomas intestinais e
difusos foram positivos para Bax em 69% (153/223) e 65% (100/154) dos casos
respectivamente. Positividade para Bak foi observada em 78% dos carcinomas
intestinais e em 72% dos difusos. Os carcinomas intestinais foram positivos para Bcl-
x em 91 % (202/221) dos casos e os difusos em 84% (129/152). A maioria dos casos
foram frequentemente negativos para Bcl-2. 79% dos carcinomas intestinais e 82%
dos difusos não mostraram expressão imunoistoquímica para esta proteína. Estes
resultados não mostraram diferenças estatísticas significantes (Tabela 9).
Na Tabela 10 podemos observar as associações estatísticas entre os
carcinomas gástricos e as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos genes
48
associados ao ciclo celular. Os carcinomas gástricos dos tipos intestinal e difuso não
mostraram associações estatíticas com a expressão de ciclina D1. Positividade para
esta proteína foi vista em 112/223 (50%) carcinomas intestinais e em 84/149 (56%)
carcinomas difusos. A freqüência observada de carcinomas gástricos positivos para
ciclina A foi muito semelhante entre os tipos intestinal e difuso (70% e 65%,
respectivamente), não mostrando associações estatísticas significantes. A
imunoexpressão de ciclina B1 foi observada em 107/226 (47%) dos carcinomas
intestinais e em 92/156 (58%) dos carcinomas difusos, esta diferença de expressão
foi estatísticamente significante (p=0.029). Em relação a expressão da proteína Rb,
detectamos que os carcinomas gástricos expressam esta proteína em mais de 60%
(138/224) dos carcinomas intestinais e em mais de 70% (121/157) dos carcinomas
difusos. Porém, associação estatística foi observada entre a perda de expressão de
pRb e o tipo histológico (p=0.002). Vimos que dentre os casos negativos para esta
proteína, a maioria deles (70%) era do tipo intestinal.
Perdas das expressões protéicas detectadas por imunoistoquímica para p27,
p21 e p16 foram encontradas em 51% (114/224), 83% (189/226) e em 87%
(200/228) dos carcinomas intestinais e em 45% (71/156), 92% (144/ 155) e em 91%
(144/ 158) dos carcinomas difusos. Associação estatística entre as expressões destas
proteínas e o tipo histológico foi observada somente entre a expressão de p21 e o tipo
intestinal, pois vimos que no grupo de carcinomas gástricos positivos para p21, a
maioria deles 77% (37/48) era constituída por carcinomas do tipo intestinal
(p=0.007). A maioria dos carcinomas gástricos estudados foram negativos para a
proteína p53. Detectamos que 146/226 (65%) dos carcinomas intestinais foram
negativos para p53 e 118/154 (76%) dos carcinomas difusos também foram
49
negativos para esta proteína. Mas, semelhante ao observado com a proteína p21,
notamos que dentre os casos positivos para p53, 70% (80/116) era do tipo intestinal e
estes achados foram estatísticamente significativos (p=0.001).
As associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas
associadas aos fatores de crescimento e os tipos histológicos de carcinomas gástricos
estão na Tabela 11. Observamos associações estatísticas entre as expressões
imunoistoquímicas de TGF βI, TGF βII, c-erbB-2 e c-Met e o tipo histológico de
carcinoma gástrico. As expressões de TGF βI e TGF βII foram observadas em 86%
(197/228) e 98% (223/226) dos carcinomas intestinais e em 74% (117/157) e 94%
(147/156) dos difusos. Embora, tenhamos observado que a maioria dos casos de
ambos os tipos histológicos são positivos para estas proteínas, considerando somente
os carcinomas positivos, notamos que 197/314 (63%) dos carcinomas positivos para
TGF βI e 223/370 (60%) dos positivos para TGF βII são do tipo intestinal. Estes
achados foram estatísticamente significantes (p= 0.005 e p= 0.018). 92 % (208/226),
95% (207/217) e 97% (220/226) dos carcinomas intestinais foram positivos para c-
Met, VEGF e MSH2 respectivamente. Os carcinomas difusos mostraram 83%
(129/154), 84% (126/149) e 85% (136/160) casos positivos para c-Met, VEGF e
MSH2. Porém, se analisarmos os grupos de carcinomas positivos para c-Met, VEGF
e MSH2 vimos que 62% (208/333), 62% (207/333) e 62% (220/356) deles são do
tipo intestinal, mostrando uma associação estatística entre a expressão
imunoistoquímica destes marcadores e os tipos histológicos (p= 0.0012, p= <0.001 e
p=<0.001). Em relação a expressão imunoistoquímica de c-erbB-2, notamos que
78% (177/226) e 97% (154/159) dos carcinomas intestinais e difusos não mostraram
expressão desta proteína. Seguindo os critérios de interpretação já descritos, a
50
expressão imunoistoquímica de c-erbB-2 foi observada em 54 casos do grupo total
de 385 carcinomas gástricos estudados. Destes, 90% (49/54) eram carcinomas
intestinais, mostrando uma forte associação deste tipo de carcinoma gástrico com a
expressão de c-erbB-2 (p<0.001).
As análises das expressões imunoistoquímicas de NOS1, NOS2 e NOS3 nos
carcinomas gástricos mostraram que mais de 90% dos carcinomas gástricos do tipo
intestinal e difuso foram positivos para NOS1 e NOS3. Somente 2/ 229 (1%) dos
carcinomas intestinais e 2/158 (2%) dos carcinomas difusos foram negativos para
NOS1. Negatividade para NOS3 foi observada em 2/217 (1%) dos carcinomas
intestinais e em 11/148 (8%) dos carcinomas difusos. Os resultados das análises
estatísticas mostraram associação entre a expressão de NOS3 e o tipo histológico de
carcinoma, uma vez que a freqüência (60%) de carcinomas intestinais positivos para
NOS3 foi maior em comparação com os carcinomas difusos (40%) considerando-se
o total de casos positivos para NOS3 (p=0.002). Imunopositividade para NOS 2 foi
observada em 92/229 (40%) dos carcinomas intestinais e em 50/157 (32%) dos
carcinomas difusos, sem diferenças estatísticamente significantes. Estes dados
podem ser vistos na Tabela 12.
51
Tabela 8 - Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes de transcrição de sinal, adesão celular e diferenciação celular e os tipos de
carcinomas gástricos.
TIPO HISTOLÓGICO
ANTICORPO
CATEGORIA
INTESTINAL DIFUSO TOTAL
VALOR
DE P
E-caderina Preservada 87 (39%) 11 (7%) 98 (100%)
0.001
Perda total ou parcial 137 (61%) 144 (93%) 281 (100%)
Β-catenina Preservada 18 (8%) 5 (4%) 23 (100%) NS
Alterada 207 (92%) 149 (96%) 356 (100%)
MUC1 Negativo 168 (75%) 139 (93%) 307 (100%) NS
Positivo 54 (25%) 9 (7%) 63 (100%)
MUC2 Negativo 212 (93%) 128 (82%) 340 (100%)
0.001
Positivo 14 (7%) 29 (18%) 43 (100%)
MUC5AC Negativo 178 (78%) 132 (84%) 310 (100%) NS
Positivo 48 (22%) 25 (16%) 73 (100%)
MUC6 Negativo 221 (98%) 152 (100%) 373 (100%) NS
Positivo 4 (2%) 0 4 (100%)
Clatrina Negativo 56 (25%) 86 (54%) 142 (100%)
< 0.001
Positivo 172 (75%) 73 (46%) 245(100%)
APC Negativo 80 (36%) 51 (33%) 131 (100%) NS
Positivo 144 (64%) 103 (67%) 247 (100%)
MMP2 Negativo 123 (54%) 101 (66%) 224 (100%)
0.019
Positivo 104 (46%) 51 (34%) 155 (100%)
MMP9 Negativo 118 (52%) 88 (57%) 206 (100%) NS
Positivo 107 (48%) 65 (43%) 172 (100%)
52
Tabela 9 - Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes associados a apoptose e os tipos de carcinomas gástricos.
TIPO HISTOLÓGICO
ANTICORPO
MARCAÇÃO
INTESTINAL DIFUSO TOTAL
VALOR DE P
Bax Negativo 70 (32%) 54 (35%) 124 (100%) NS
Positivo 153 (68%) 100 (65%) 253 (100%)
Bak Negativo 48 (22%) 43 (28%) 91 (100%) NS
Positivo 177 (78%) 112 (72%) 289 (100%)
Bcl-2 Negativo 179 (80%) 125 (82%) 304 (100%) NS
Positivo 45 (20%) 27 (18%) 72 (100%)
Bcl-x Negativo 19 (9%) 23 (16%) 42 (100%) NS
Positivo 202 (91%) 129 (84%) 331 (100%)
Tabela 10 – Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes associados ao ciclo celular e os tipos de carcinomas gástricos.
TIPO HISTOLÓGICO
ANTICORPO
MARCAÇÃO
INTESTINAL DIFUSO TOTAL
VALOR DE P
Ciclina D1 Negativo 112 (51%) 84 (56%) 196 (100%) NS
Positivo 111 (49%) 65 (44%) 176 (100%)
Ciclina A Negativo 66 (30%) 51 (33%) 117 (100%) NS
Positivo 160 (70%) 102 (67%) 262 (100%)
Ciclina B1 Negativo 119 (52%) 64 (41%) 183 (100%)
0.029
Positivo 107 (48%) 92 (59%) 199 (100%)
Rb Negativo 86 (39%) 36 (23%) 122 (100%)
0.002
Positivo 138 (61%) 121 (77%) 259 (100%)
p27 Negativo 114 (51%) 71 (45%) 185 (100%) NS
Positivo 110 (49%) 85 (55%) 195 (100%)
p21 Negativo 189 (84%) 144 (93%) 333 (100%)
0.007
Positivo 37 (16%) 11 (7%) 48 (100%)
p16 Negativo 200 (88%) 144 (92%) 344 (100%) NS
Positivo 28 (12%) 14 (8%) 42 (100%)
p53 Negativo 146 (65%) 118 (76%) 264 (100%)
0.001
Positivo 80 (35%) 36 (24%) 116 (100%)
53
Tabela 11 – Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas dos
genes associados a fatores de crescimento e os tipos de carcinomas gástricos.
Tabela 12 – Associações entre as expressões imunoistoquímicas das proteínas das
sintases de óxido e os tipos de carcinomas gástricos.
TIPO HISTOLÓGICO
ANTICORPO
MARCAÇÃO
INTESTINAL DIFUSO TOTAL VALOR DE P
NOS1 Negativo 2 (1%) 2 (2%) 4 (100%) NS
Positivo 227 (99%) 156 (98%) 383 (100%)
NOS2 Negativo 137 (60%) 107 (68%) 244 (100%) NS
Positivo 92 (40%) 50 (32%) 142 (100%)
NOS3 Negativo 2 (1%) 11 (8%) 13 (100%)
0.002
Positivo 215 (99%) 137 (92%) 352 (100%)
TIPO HISTOLÓGICO
ANTICORPO
MARCAÇÃO
INTESTINAL DIFUSO TOTAL
VALOR DE P
TGFβI Negativo 31 (14%) 40 (25%) 71 (100%)
0.005
Positivo 197 (86%) 117 (75%) 314 (100%)
TGFβII Negativo 3 (2%) 9 (6%) 12 (100%)
0.018
Positivo 223 (98%) 147 (94%) 370 (100%)
c-erbB-2 Negativo 177 (78%) 154 (97%) 331 (100%)
< 0.001
Positivo 49 (22%) 5 (3%) 54 (100%)
c-Met Negativo 17 (8%) 25 (16%) 42 (100%)
0.012
Positivo 208 (92%) 129 (84%) 333 (100%)
VEGF Negativo 10 (8%) 23 (15%) 33 (100%)
< 0.001
Positivo 207 (92%) 126 (85%) 333 (100%)
MSH2 Negativo 6 (3%) 24 (15%) 30 (100%)
< 0.001
Positivo 220 (97%) 136 (85%) 356 (100%)
54
4.3 ANÁLISES UNIVARIADAS
4.3.1 Análises univariadas do grupo de carcinomas gástricos
A Variáveis clínicas e histológicas
As análises univariadas foram calculadas em relação à sobrevida global em
cinco anos (60 meses) dos 482 pacientes com carcinomas gástricos. Neste período,
164 pacientes estavam vivos e 318 mortos, destes 292 casos morreram
específicamente por câncer e 26 morreram por outras causas. As análises univariadas
de sobrevida dos pacientes em relação aos parâmetros clínicos podem ser vistas na
Tabela 13. Observamos associações estatísticas das análises entre as variáveis: nível
de infiltração da parede gástrica, presença de metástase em linfonodos, localização
da lesão, estádio clínico e a sobrevida global em cinco anos dos pacientes com
carcinomas gástricos. As demais variáveis, gênero, idade, tamanho do tumor, tipo
histológico de Lauren, Carneiro e OMS não mostraram associações estatísticas nas
análises univariadas em relação à sobrevida global em cinco anos dos pacientes.
Pacientes com tumores localizados na região proximal mostraram uma melhor taxa
de sobrevida em cinco anos (34.4%) em comparação a aqueles localizados nas
regiões distal (19.2%) ou proximal+distal do estômago (19.2%). Esta diferença nas
análises univariadas foram estatísticamente significantes (p=0.024). Os pacientes
com carcinomas gástricos e nível de infiltração profunda da parede do estômago,
apresentaram taxa de sobrevida diferente daqueles com infiltração superficial. A
chance de sobrevida em cinco anos no grupo de pacientes com carcinomas com nível
de infiltração profunda foi de 29.5%, por outro lado, aqueles com infiltração
superficial mostraram taxa de 79.5% de sobrevida neste mesmo período de tempo (p
55
<0.001). Os pacientes com carcinomas com metástases em linfonodos, apresentaram
taxa de sobrevida em cinco anos nas análises univariadas de 22.4%. Esta taxa foi de
62.1% para os pacientes com carcinomas sem metástases em linfonodos. Esta
diferença mostrou-se estatisticamente significante (p<0.001). Pacientes com estádio
clínico avançado (III ou IV) tiveram pior taxa de sobrevida em cinco anos (14.8 % e
5.3%, respectivamente) em comparação aos pacientes com estádios clínicos iniciais I
ou II (70.3% e 34.6%, respectivamente), sendo estas diferenças estatisticamente
significantes (p<0.001).
56
Tabela 13 - Análise univariada dos parâmetros clínicos e histológicos em relação à
sobrevida global em 5 anos dos pacientes com carcinomas gástricos.
VARIÁVEIS CATEGORIAS
NÚMERO
DE CASOS
SOBREVIDA
GLOBAL EM 5
ANOS (%)
VALOR
DE P
Masculino 308 33.1
Gênero Feminino 174 35.2 0.191
até 60 anos 273 33.9
Idade
> 60 anos 209 29.4
0.113
até 5 cm 198 32.4
Tamanho > 5 cm 284 31.7 0.94
Proximal 407 34.4
Distal 48 19.2
Localização
Prox + Distal 26 19.2
0.024
Profunda 455 29.5
Nível de
infiltração Superficial 27 76.5
<0.001
Presente 358 22.4
Metástases em
linfonodos Ausente 119 62.1
<0.001
I 107 70.3
II 161 34.6
III 133 14.8
Estadio Clínico IV 19 5.3
<0.001
Intestinal 234 33.8
Difuso 166 31.3
Misto 60 21.8
Tipo
Histológico de
Lauren Inclassificável 22 43.8 0.301
Glandular 221 34.5
Células isoladas 157 27.2
Misto 55 20
Tipo
Histológico
Carneiro Inclassificável 49 48 0.072
Tubular 191 34.9
Papilífero 102 33.3
Células em anel de
sinete 37 27
Mucinoso 43 23.6
Carcinoma
indiferenciado 74 34.3 Tipo
Histológico
OMS
Adenocarcinoma
SOE 35 22.3 0.875
B Expressão imunoistoquímica de proteínas
As análises univariadas de sobrevida global em cinco anos dos pacientes com
carcinomas gástricos em relação aos resultados das expressões imunoistoquímicas
das proteínas pesquisadas mostraram associação somente entre a expressão
imunoistoquímica de ciclina B1 e a taxa de sobrevida em cinco
anos. Pacientes com
carcinomas gástricos negativos para ciclina B1 mostraram taxa de sobrevida em
57
cinco anos de 40%, enquanto que esta taxa cai para 22,6% nos pacientes com
carcinomas gástricos positivos para esta proteína. Esta diferença foi estatisticamente
significativa (p<0.001). As análises univariadas das demais proteínas estudadas não
mostraram associações estatísticas entre a expressão imunoistoquímica e a taxa de
sobrevida global em cinco anos dos pacientes com carcinomas gástricos. A Tabela 14
mostra os resultados das análises univariadas das expressões imunoistoquímicas de
cada proteína estudada em relação à sobrevida global em cinco anos dos 482
pacientes com carcinomas gástricos.
58
Tabela 14 - Análise univariada das proteínas estudadas por imunoistoquímica em
relação à sobrevida global dos 482 pacientes em 5 anos.
APOPTOSE
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 369 32,6
Bcl-2
Positivo 82 24,8
0,31
Negativo 106 35,5
Bak
Positivo 350 29,4
0,33
Negativo 150 36,2
Bax
Positivo 303 28,1
0,78
Negativo 50 27,2
Bcl-x
Positivo 398 31,4
0,47
CICLO CELULAR
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 413 31,6
p16
Positivo 50 31,3
0,74
Negativo 226 28,7
p27 Positivo 231 31,9 0,21
Negativo 394 31,3
p21 Positivo 64 27,5 0,99
Negativo 229 30,4
Ciclina D1 Positivo 316 29,5 0,60
Negativo 142 32,7
Ciclina A Positivo 316 29,5 0,40
Negativo 231 40
Ciclina B1 Positivo 229 22,6
<0,001
Negativo 145 36,2
Rb Positivo 313 27,9 0,06
Negativo 321 31,2
p53 Positivo 137 31 0,41
FATORES DE CRESCIMENTO
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 49 36.7
c-Met
Positivo 409 29.9
0.29
Negativo 39 34.6
VEGF Positivo 399 30 0.59
Negativo 406 30.4
c-erbB-2 Positivo 56 38.3 0.30
Negativo 82 28.2
TFGβI
Positivo 382 31.9 0.38
Negativo 13 60.6
TGFβII
Positivo 446 30.5 0.06
Negativo 36 41.3
MSH2 Positivo 427 29.9 0.19
59
Cont. Tabela 14
ADESÃO, TRANSCRIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 153 29.8
APC
Positivo 301 30.9
0.54
Negativo 171 36.3
Clatrina
Positivo 293 29.4
0.17
Negativo 345 30.5
E-caderina
Positivo 112 30.6
0.75
Negativo 430 31.4
β-catenina
Positivo 27 27.4
0.31
Negativo 371 30.7
MUC1
Positivo 77 29.7
0.69
Negativo 412 32.1
MUC2
Positivo 50 27.2
0.42
Negativo 371 31.3
MUC5AC
Positivo 92 28.4
0.85
Negativo 449 30.8
MUC6
Positivo 9 51.8
0.39
Negativo 277 30.4
MMP2
Positivo 181 31.6
0.97
Negativo 246 30.7
MMP9
Positivo 209 31.3
0.96
SINTASES DO ÓXIDO NITRICO
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 4 50
NOS1
Positivo 461 31,4
0,49
Negativo 299 31,9
NOS2
Positivo 166 31,6
0,32
Negativo 14 30,9
NOS3
Positivo 423 30
0,90
4.3.2 Análises univariadas dos carcinomas gástricos intestinais
A Variáveis clínicas e histológicas
As análises univariadas foram calculadas em relação à sobrevida global em
cinco anos (60 meses) dos 234 pacientes com carcinomas gástricos do tipo intestinal.
As análises univariadas de sobrevida dos pacientes em relação aos parâmetros
clínicos podem ser vistas na Tabela 15. Observamos associações estatísticas das
análises entre as variáveis: nível de infiltração da parede gástrica, presença de
60
metástase em linfonodos, estádio clínico e a sobrevida global em cinco anos dos
pacientes com carcinomas intestinais. As demais variáveis: gênero, idade e tamanho
do tumor não mostraram associações estatísticas nas análises univariadas em relação
à sobrevida global em cinco anos dos pacientes. Os pacientes com carcinomas
intestinais e nível de infiltração profunda da parede do estômago, apresentaram taxa
de sobrevida em 5 anos de 31.6%, sendo esta taxa de 65.4% para os pacientes com
carcinomas intestinais e infiltração superficial da parede gástrica. Sendo estes dados
estatísticamente significativos (p=0.01). Os pacientes com carcinomas intestinais
com metástases em linfonodos, apresentaram taxa de sobrevida em cinco anos nas
análises univariadas de 24%. Esta taxa foi de 62.1% para os pacientes com
carcinomas intestinais sem metástases em linfonodos. Esta diferença mostrou-se
estatisticamente significante (p<0.001). Assim como o observado no grupo total de
carcinomas gástricos, os pacientes com carcinomas intestinais e estádio clínico
avançado (III ou IV) tiveram pior taxa de sobrevida em cinco anos (0% e 12.5%,
respectivamente) em comparação aos pacientes com estádios clínicos iniciais I ou II
(72.8% e 35%, respectivamente), sendo estas diferenças estatisticamente
significantes (p<0.001).
61
Tabela 15 - Análise univariada dos parâmetros clínicos e histológicos em relação a
sobrevida global dos pacientes com carcinomas gástricos do tipo intestinal.
VARIÁVEIS CATEGORIAS
NÚMERO DE
CASOS
SOBREVIDA GLOBAL
EM 5 ANOS (%)
Valor de P
Gênero
Masculino
Feminino
155
79
32.1
37.0
0.36
Idade
até 60 anos
> 60 anos
120
114
32.1
35.6
0.70
Tamanho
até 5 cm
> 5 cm
98
136
35.8
32.3
0.62
Localização
Proximal
Distal
Prox + Distal
34
190
9
20.5
37.0
22.2
0.10
Nível de
infiltração
Profunda
Superficial
218
16
31.6
65.4
0.01
Metástases em
linfonodos
Presente
Ausente
168
63
24.0
62.1
<0.001
Estádio Clínico
I
II
III
IV
54
93
54
5
72.8
35.0
12.5
0
<0.001
B Análises das expressões das proteínas
As análises univariadas de sobrevida global em cinco anos dos pacientes com
carcinomas intestinais em relação aos resultados das análises das proteínas
pesquisadas por imunoistoquímica mostraram a mesma associação anteriormente
descrita no grupo de carcinomas gástricos entre a expressão imunoistoquímica de
ciclina B1 e índice de sobrevida em cinco
anos. Pacientes com carcinomas intestinais
negativos para ciclina B1 mostraram taxa de sobrevida em cinco anos de 41.2%,
enquanto que esta taxa cai para 24.9% nos pacientes com carcinomas intestinais
62
positivos para esta proteína. Esta diferença foi estatisticamente significativa
(p=0.002). As análises univariadas das demais proteínas estudadas não mostraram
associações estatísticas entre a expressão imunoistoquímica e a taxa de sobrevida
global em cinco anos dos pacientes com carcinomas intestinais. A Tabela 16 mostra
os resultados das análises univariadas das expressões imunoistoquímicas de cada
proteína estudada em relação à sobrevida global em cinco anos dos 234 pacientes
com carcinomas gástricos do tipo intestinal.
Tabela 16 - Análise univariada das expressões imunoistoquímicas das proteínas em
relação à sobrevida global em 5 anos dos pacientes com carcinomas gástricos
intestinais.
APOPTOSE
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 179 35.3
Bcl-2
Positivo 45 24.0
0.16
Negativo 48 39.5
Bak Positivo 177 31.1 0.22
Negativo 70 38.4
Bax Positivo 153 30.2 0.12
Negativo 19 26.3
Bcl-x Positivo 202 33.7 0.63
CICLO CELULAR
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 200 32.7
p16
Positivo 28 38.3
0.35
Negativo 114 31.2
p27 Positivo 110 34.0 0.64
Negativo 189 33.9
p21 Positivo 37 26.6 0.56
Negativo 112 31.9
Ciclina D1 Positivo 111 33.6 0.75
Negativo 66 36.4
Ciclina A Positivo 160 31.1 0.22
Negativo 119 41.2
Ciclina B1 Positivo 107 24.9
0.002
Negativo 86 33.1
Rb Positivo 138 31.4 0.50
Negativo 146 31.2
p53 Positivo 80 36.7 0.81
63
Cont. Tabela 16
FATORES DE CRESCIMENTO
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 17 35.2
c-Met
Positivo 208 32.7
0.52
Negativo 10 36.0
VEGF
Positivo 207 32.6
0.55
Negativo 177 33.2
c-erbB-2
Positivo 49 33.4
0.88
Negativo 31 34.1
TFGβI Positivo 197 33.2
0.77
Negativo 3 33.3
TGFβII Positivo 223 33.7
0.90
Negativo 6 66.6
MSH2
Positivo 220 32.3
0.11
ADESÃO, TRANSCRIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 80 32.6
APC
Positivo 144 32.6
0.95
Negativo 56 45.5
Clatrina Positivo 172 30.0 0.07
Alterada 137 35.8
E-caderina Preservada 87 27.3 0.25
Alterada 207 33.7
β-catenina Preservada 18 25.0 0.25
Negativo 168 32.8
MUC1 Positivo 54 31.3 0.60
Negativo 212 33.2
MUC2 Positivo 14 41.6 0.76
Negativo 178 34.4
MUC5AC Positivo 48 26.2 0.20
Negativo 221 33.1
MUC6 Positivo 4 50.0 0.48
Negativo 123 33.4
MMP2 Positivo 104 32.5 0.74
Negativo 118 31.7
MMP9 Positivo 107 34.3 0.80
SINTASES DO ÓXIDO NITRICO
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 2 50.0
NOS1
Positivo 227 33.5
0.65
Negativo 137 34.3
NOS2 Positivo 92 33.8 0.82
Negativo 2 50.0
NOS3 Positivo 215 31.5 0.71
64
4.3.3 Análise univariada dos carcinomas difusos
A Variáveis clínicas e histológicas
As análises univariadas foram calculadas em relação à sobrevida global em
cinco anos (60 meses) dos 166 pacientes com carcinomas gástricos do tipo difuso.
Observamos associações estatísticas das análises entre as variáveis: idade, nível de
infiltração da parede gástrica, presença de metástase em linfonodos, estádio clínico e
a sobrevida global em cinco anos dos pacientes com carcinomas intestinais. As
variáveis gênero e tamanho do tumor não mostraram associações estatísticas nas
análises univariadas em relação à sobrevida global em cinco anos dos pacientes. Os
pacientes com carcinomas difusos de até 60 anos de idade mostraram taxa de
sobrevida em 5 anos de 35.7%, um pouco maior em relação aos pacientes com mais
de 60 anos, cuja taxa de sobrevida foi de 22.3%. Esta diferença foi estatisticamente
significativa (p=0.01). Os pacientes com carcinomas difusos exibindo nível de
infiltração profunda da parede do estômago, apresentaram taxa de sobrevida em 5
anos de 28%, sendo esta taxa de 88.8% para os pacientes com carcinomas difusos e
infiltração superficial da parede gástrica. Estes dados foram estatísticamente
significativos (p=0.006). Os pacientes com carcinomas difusos com metástases em
linfonodos, apresentaram taxa de sobrevida em cinco anos nas análises univariadas
de 21.1%. Esta taxa foi de 66.3% para os pacientes com carcinomas difusos sem
metástases em linfonodos. Esta diferença mostrou-se estatisticamente significante
(p<0.001). Assim como o observado nos outros grupos carcinomas gástricos, os
pacientes com carcinomas difusos e estádio clínico avançado (III ou IV) tiveram pior
taxa de sobrevida em cinco anos (8.3% e 18.7%, respectivamente) em comparação
aos pacientes com estádios clínicos iniciais I ou II (70.2% e 33.3%,
65
respectivamente), sendo estas diferenças estatisticamente significantes (p<0.001).
Estes resultados podem ser vistos na Tabela 17.
Tabela 17 - Análise univariada dos parâmetros clínicos e histológicos em relação à
sobrevida global dos pacientes com carcinomas gástricos do tipo difuso.
B Análises das expressões das proteínas
As análises univariadas de sobrevida global em cinco anos dos pacientes com
carcinomas difusos em relação aos resultados das análises das proteínas pesquisadas
por imunoistoquímica mostraram associações entre as expressões imunoistoquímicas
de p16, ciclina B1, Rb, p53 e índice de sobrevida. A taxa de sobrevida dos pacientes
com carcinomas difusos negativos para a proteína p16 foi de 32.6%. Esta taxa foi de
apenas 7.1% para aqueles com carcinomas gástricos positivos para este marcador.
Diferença estatisticamente significativa foi encontrada nestes casos (p=0.01).
Pacientes com carcinomas difusos negativos para ciclina B1 mostraram taxa de
sobrevida em cinco anos de 45.3%, esta taxa cai para 20% nos pacientes com
VARIÁVEIS CATEGORIAS NÚMERO
DE CASOS
SOBREVIDA GLOBAL
EM 5 ANOS (%)
Valor de P
Gênero Masculino
Feminino
92
74
27.0
36.8
0.25
Idade até 60 anos
> 60 anos
110
56
35.7
22.3
0.01
Tamanho até 5 cm
> 5 cm
72
94
31.3
31.1
0.77
Localização Proximal
Distal
Prox + Distal
10
146
10
22.5
32.6
20.0
0.49
Nível de
infiltração
Profunda
Superficial
157
9
28.0
88.8
0.006
Metástases em
linfonodos
Presente
Ausente
128
38
21.1
66.3
<0.001
Estádio Clínico I
II
III
IV
36
39
62
12
70.2
33.3
18.7
8.3
<0.001
66
carcinomas difusos positivos para esta proteína. Esta diferença foi estatisticamente
significativa (p<0.001). Pacientes com carcinomas gástricos difusos negativos para
Rb mostraram taxa de sobrevida em 5 anos de 52.3 %, e aqueles com
imunopositividade para esta proteína exibiram taxa de sobrevida de 24.1%, com
resultados estatisticamente significativos (p=0.006). A perda de expressão
imunoistoquímica para a proteína p53 nos carcinomas difusos mostrou nas análises
univariadas taxa de sobrevida em 5 anos de 35.0% dos pacientes. Por outro lado esta
taxa foi de 14.1% para os pacientes com carcinomas difusos positivos para este
marcador, mostrando associação entre a expressão de p53 e a sobrevida em 5 anos
dos pacientes com carcinomas difusos (p=0.005). As análises univariadas das demais
proteínas estudadas por imunoistoquímica não mostraram associações estatísticas
entre as expressões imunoistoquímicas e a taxa de sobrevida global em cinco anos
destes pacientes. A Tabela 18 mostra os resultados das análises univariadas das
expressões imunoistoquímicas de cada proteína estudada em relação à sobrevida
global em cinco anos dos 166 pacientes com carcinomas gástricos do tipo difuso.
67
Tabela 18 - Análise univariada das expressões imunoistoquímicas das proteínas em
relação à sobrevida global em 5 anos dos pacientes com carcinomas gástricos
difusos.
APOPTOSE
Anticorpo Categoria
Número de
casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 125 31.7
Bcl-2
Positivo 27 27.0
0.86
Negativo 43 38.8
Bak
Positivo 112 26.8
0.33
Negativo 54 39.7
Bax
Positivo 100 25.3
0.08
Negativo 23 33.6
Bcl-x
Positivo 129 29.4
0.91
CICLO CELULAR
Anticorpo Categoria
Número de
casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 144 32.6
p16
Positivo 14 7.1
0.01
Negativo 71 26.0
p27
Positivo 85 31.8
0.09
Negativo 144 30.5
p21
Positivo 11 23.5
0.80
Negativo 84 32.3
Ciclina D1
Positivo 65 22.6
0.33
Negativo 51 38.0
Ciclina A
Positivo 102 24.8
0.15
Negativo 64 45.3
Ciclina B1
Positivo 92 20.0
<0.001
Negativo 36 52.3
Rb
Positivo 121 24.1
0.006
Negativo 118 35.0
p53
Positivo 36 14.1
0.005
FATORES DE CRESCIMENTO
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 25 44.8
c-Met
Positivo 129 26.6
0.12
Negativo 23 43.4
VEGF Positivo 126 26.2 0.27
Negativo 154 29.7
c-erbB-2 Positivo 5 60.0 0.15
Negativo 40 28.7
TFGβI
Positivo 117 31.0 0.47
Negativo 9 64.8
TGFβII
Positivo 147 27.7 0.05
Negativo 24 41.2
MSH2 Positivo 136 27.7 0.24
68
Cont. Tabela 18
ADESÃO, TRANSCRIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%) Valor de P
Negativo 51 34.5
APC
Positivo 103 27.2
0.78
Negativo 86 37.3
Clatrina
Positivo 73 25.9
0.26
Alterada 144 29.4
E-caderina
Preservada 11 40.0
0.33
Alterada 149 30.2
β-catenina
Preservada 5 40.0
0.84
Negativo 139 29.2
MUC1
Positivo 9 22.2
0.81
Negativo 128 32.8
MUC2
Positivo 29 24.1
0.36
Negativo 132 30.4
MUC5AC
Positivo 25 26.1
0.99
Negativo 152 30.1
MUC6
Positivo 0 NA
NA
Negativo 101 28.4
MMP2
Positivo 51 30.2
0.61
Negativo 88 35.2
MMP9
Positivo 65 24.2
0.16
SINTASES DO ÓXIDO NITRICO
Anticorpo Categoria Número de casos
Sobrevida global
Em 5 anos (%)
Valor de P
Negativo 2 50.0
NOS1
Positivo 156 29.9
0.61
Negativo 107 32.1
NOS2
Positivo 50 26.7
0.81
Negativo 11 30.3
NOS3
Positivo 137 29.5
0.87
4.4 ANÁLISE MULTIVARIADA
As análises multivariadas semelhante às análises univariadas, foram
realizadas em 3 grupos. O primeiro grupo compreendia toda a casuística de nosso
estudo e era constituído por 482 carcinomas gástricos (234 intestinais, 166 difusos,
60 mistos e 22 inclassificáveis de acordo com a classificação de Lauren). O segundo
69
grupo era constituído por 234 carcinomas intestinais e o terceiro grupo por 166
carcinomas difusos.
Todas as variáveis clínicas ou moleculares com nível de significância na
análise univariada menor que 0.25 participaram da análise multivariada através do
modelo de regressão de Cox.
4.4.1 Análise multivariada no grupo de carcinomas gástricos
Os fatores de risco independentes para morte identificados pelo modelo de
Cox nos 482 carcinomas gástricos estudados foram: idade, estádio clínico e
expressão imunoistoquímica de TGFβII. Estes dados estão expostos na Tabela 19.
Tabela 19 - Análise multivariada dos 482 carcinomas gástricos. Modelo de regressão
de Cox com as variáveis: idade, estádio e expressão de TGFβII.
Variável Categoria Hazard ratio Intervalo de Confiança 95% do Hazard ratio
Até 60 anos 1.0 Ref
Idade
>60 anos 1.3 1.1-1.7
TGFβII
Negativo
Positivo
1.0
3.0
Ref
1.0-8.2
I 1.0 Ref
II 3.2 2.1-4.9
III 6.0 3.9-9.2
Estádio clínico IV 9.3 5.0-17.2
De acordo com estes dados observamos que pacientes com carcinomas
gástricos com mais de 60 anos apresentam um discreto aumento no risco de morte
(1.3x) comparado aos pacientes com idade até 60 anos. Em relação à expressão de
TGFβII, notamos que os pacientes com carcinomas gástricos positivos para esta
proteína têm um risco maior de até 3x de morrer em relação aos pacientes com
carcinomas gástricos negativos para TGFβII. Como já estabelecido na literatura
70
nossos casos também mostraram que à medida que aumenta o estádio clínico (I, II,
III e IV), há também o aumento do risco de óbito de 3.2 para o estádio II, 6.0 para o
estádio III e 9.3 para o estádio IV. As curvas de sobrevida estão ilustradas nas
Figuras 10,11 e 12.
Figura 9 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos de até 60 anos (verde) e com mais de 60 anos
(azul). Os pacientes com até 60 anos mostraram uma discreta melhora da sobrevida
em relação aos pacientes com mais de 60 anos.
71
Figura 10 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos positivos para TGFβII (verde) e negativos para
TGFβII (azul). Os casos TGFβII positivos mostraram curva de sobrevida pior em
relação aos casos TGFβII negativos.
Figura 11 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos em relação ao estádio clínico. Estádios clínicos
avançados (III e IV) apresentam baixa curva de sobrevida em relação aos estádios
iniciais (I e II).
72
4.4.2 Análise multivariada dos carcinomas intestinais
No grupo constituído por 234 carcinomas intestinais, os fatores de risco
identificados pelo modelo de Cox foram o estadiamento clínico e a expressão
imunoistoquímica de clatrina. A Tabela 20 mostra estes resultados.
Tabela 20 - Análise multivariada dos 234 carcinomas intestinais. Modelo de
regressão de Cox com as variáveis: expressão de clatrina e estádio clínico.
Variável Categoria Hazard ratio Intervalo de Confiança 95% do Hazard ratio
Clatrina
Negativo
Positivo
1.0
1.6
Ref
1.0-2.5
Estádio clínico
I
II
III
IV
1.0
3.6
7.2
10.6
Ref
1.9-6.6
3.8-13.6
3.7-30.1
Observamos que os pacientes com carcinomas gástricos do tipo intestinal
positivos para clatrina apresentam risco de morte de 1.6x maior do que aqueles com
carcinomas intestinais negativos para esta proteína. Vimos que o risco de morte dos
pacientes com carcinomas intestinais também aumentou à medida que aumenta o
estádio clínico. Tendo como referência o estádio clínico I, as chances de óbito é 3.6x
maior para os pacientes com carcinomas intestinais e estádio clínico II, 7.2 x maior
para aqueles com estádio clínico III e finalmente 10.6x maior para aqueles com
estádio clínico IV. As curvas de sobrevida das análises multivariadas dos pacientes
com carcinomas intestinais estão ilustradas nas Figuras 12 e 13.
73
Figura 12 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas intestinais em relação ao estádio clínico. Estádios clínicos
avançados (III e IV) apresentam baixa curva de sobrevida em relação aos estádios
iniciais (I e II).
Figura 13 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas intestinais positivos para clatrina (verde) e negativos para
clatrina (azul). Os casos clatrina positivos mostraram curva de sobrevida pior em
relação aos casos clatrina negativos.
Estádio I
Estádio II
Estádio III
Estádio I
V
P < 0,001
Clatrina -
Clatrina +
P = 0,072
74
4.4.3 Análise multivariada dos carcinomas difusos
No grupo constituído por 166 carcinomas difusos, observamos que através do
modelo de Cox foram identificados 4 fatores de risco independentes para morte:
idade, estádio clínico, expressão imunoistoquímica de p53 e TGFβII. Estes dados
podem ser vistos na Tabela 21.
Tabela 21 - Análise multivariada dos 166 carcinomas difusos. Modelo de regressão
de Cox com as variáveis: idade, estádio clinico, expressão de TGFβII e p53.
Variável Categoria Hazard ratio Intervalo de Confiança 95% do Hazard ratio
Idade
Até 60 anos
>60 anos
1.0
2.9
Ref
1.8-4.7
TGFβII
Negativo
Positivo
1.0
3.7
Ref
1.1-12.5
P53
Negativo
Positivo
1.0
1.8
Ref
1.1-2.9
Estádio clínico
I
II
III
IV
1.0
5.3
7.5
14.7
Ref
2.3-11.9
3.5-15.9
5.5-39.4
Os carcinomas gástricos do tipo difuso apresentaram nas análises
multivariadas diversos fatores independentes para o risco de morte dos pacientes.
Observamos que pacientes com carcinomas gástricos do tipo difuso pertencentes ao
grupo de faixa etária maior que 60 anos apresentaram aumento do risco de morte em
60 meses de 2.9x em relação aos pacientes de até 60 anos. Os pacientes com
carcinomas difusos que expressam TGFβII e p53 por imunoistoquímica apresentaram
3.7x e 1.8x maior chance de óbito em 60 meses em comparação aos carcinomas
difusos que não expressaram estas proteínas. Em comparação aos pacientes com
carcinomas difusos e estádio clínico I, aqueles com carcinomas difusos e estádios
clínicos II, III e IV apresentaram respectivamente, aumento de 5.3x, 7.5x e 14.7x do
75
risco de óbito dos pacientes em 60 anos. As Figuras 14, 15, 16 e 17 mostram as
curvas de sobrevida das análises multivariadas dos pacientes com carcinomas
difusos.
Figura 14 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas difusos em relação ao estádio clínico. Pacientes com
estádios clínicos avançados (III e IV) apresentam baixa curva de sobrevida em
relação aos pacientes com estádios iniciais (I e II).
76
Figura 15 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas difusos positivos para p53 (verde) e negativos para p53
(azul). Os casos p53 positivos mostraram curva de sobrevida pior em relação aos
casos p53 negativos.
Figura 16 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas gástricos de até 60 anos (verde) e com mais de 60 anos
(azul). Os pacientes com até 60 anos mostraram uma discreta melhora da sobrevida
em relação aos pacientes com mais de 60 anos.
77
Figura 17 - Curvas de sobrevidas de Kaplan Méier das análises multivariadas dos
pacientes com carcinomas difusos positivos para TGFβII (verde) e negativos para
TGFβII (azul). Os casos TGFβII positivos mostraram curva de sobrevida pior em
relação aos casos TGFβII negativos.
4.5 CLUSTERIZAÇÃO HIERÁRQUICA
Aplicando o algorítimo de clusterização hierárquica não supervisionada nos
resultados das expressões protéicas e aos tumores (clusterização bi-dimensional),
podemos agrupar: 1. Marcadores protéicos de acordo com o seu padrão de expressão
nos tumores, e 2. Grupos de tumores de acordo com a similaridade de expressão dos
marcadores (Figura 12).
Os marcadores protéicos de acordo com o seu padrão de expressão nos
tumores separaram-se em dois grupos. O primeiro grupo foi formado pelos
marcadores: p53, E-caderina, MUC5AC, MUC1, MUC2, MUC6, p21, p16, p27,
ciclina D1, Bcl-2, c-erbB-2, β-catenina, MMP2 e NOS2 e o segundo grupo foi
78
constituído pelos marcadores: clatrina, MMP9, ciclina B1, ciclina A, Bax, Bak, Bcl-
x, Rb, APC, VEGF, c-met, TGFβI, TGFβII, NOS1, NOS3 e MSH2.
De acordo com a expressão dos marcadores biológicos estudados, as análises
clusterizadas definiram dois grandes grupos de carcinomas gástricos. O grupo 1 é
formado por carcinomas gástricos que frequentemente mostram perda de expressão
de: VEGF, TGFβI, TGFβII, Bcl-x, Bak, Bax, clatrina, Rb, ciclina B1, ciclina A,
APC, c-Met, NOS1, NOS3 e MSH2. Por outro lado, o grupo 2 é formado por
carcinomas gástricos que frequentemente são positivos para p21, p27, p16, ciclina
D1, Bcl-2, p53, c-erbB-2, MUC5Ac, MUC6, E-caderina, MMP2, MMP9 e NOS2.
As expressões imunoistoquímicas para MUC1, MUC2 e β-catenina não mostraram
diferenças de expressões entre os dois grupos, estando os casos uniformemente
distribuídos entre os 2 grupos. As correlações entre os 2 grupos definidos pelas
análises clusterizadas e as demais variáveis clínicas e histológicas podem ser vistos
na Tabela 22.
Após a identificação dos grupos pela clusterização, fizemos as análises
estatísticas de associação entre os grupos clusterizados e variáveis clínicas e
histológicas através do teste do qui-quadrado ou exato de Fisher, sendo considerados
significantes os resultados com valor de p< 0.005. Os resultados podem ser vistos na
Tabela 22.
Nossos resultados mostraram que os grupos não se correlacionam com as
variáveis clínicas e histológicas estudadas. Em relação ao gênero, 48% do gênero
masculino estavam no grupo 1 e 52% no grupo 2. 54% dos casos do grupo1 eram do
gênero feminino enquanto que no grupo 2 observamos 46% deles. Pacientes com até
60 anos estavam igualmente distribuídos nos grupos 1 e 2 (50% cada), e o mesmo se
79
observou nos pacientes com mais de 60 anos de idade, 49% eram do grupo 1 e 51%
do grupo 2. 54% dos tumores com até 5 cm de maior diâmetro macroscópico eram
do grupo 1 e 46% do grupo 2. Os tumores maiores de 5 cm estavam assim
distribuídos: 46% no grupo 1 e 54% no grupo 2. Tumores localizados na região
distal estavam igualmente distribuídos nos grupos 1 e 2 (50% cada). 48% dos
carcinomas de região distal pertenciam ao grupo 1 e os 52% restantes eram do grupo
2. O inverso foi observado nos tumores que ocupavam as regiões proximais e distais,
52% eram do grupo 1 e 48% do grupo 2. Os tumores de nível de infiltração profunda
da parede gástrica estavam 50% presentes no grupo 1 e 50% no grupo 2, porém
aqueles com infiltração superficial correspondiam a 33% no grupo 1 e 67% no grupo
2. Esta diferença não foi estatisticamente significativa. Em relação a presença de
metástases em linfonodos, 51% dos casos com metástases em linfonodos eram do
grupo 1 e 49% do grupo 2. A freqüência de carcinomas gástricos sem metástases
linfonodais correspondiam a 46% do grupo 1 e 54% dos casos do grupo 2. Em
relação as classificações histológicas dos carcinomas gástricos, observamos que pela
clasificação da OMS os carcinomas do tipo tubular (55%), células em anel de sinete
(64%) e adenocarcinoma SOE (59%) predominaram no grupo 2, enquanto que os
carcinomas dos tipos papilífero (51%), mucinoso (79%) e carcinoma indiferenciado
(54%) predominaram no grupo 1. Utilizando a classificação de Lauren observamos
que os carcinomas do tipo intestinal (56%) e misto (52%) predominaram no grupo 2
e os carcinomas do tipo difuso (56%) e inclassificável (60%) foram freqüentes no
grupo 1. Na classificação de Carneiro, os carcinomas do tipo glandular
predominaram no grupo 2, os de células isoladas e inclassificável foram freqüentes
no grupo 1 e os carcinomas mistos estavam uniformemente distribuídos nos dois
80
grupos. Apesar destas diferenças, as análises estatísticas não mostraram associações
entre os grupos de clusterização e o tipo histológico de acordo com as classificações
da OMS, Lauren e Carneiro. A única variável que mostrou correlação estatística foi o
estádio clínico. Os carcinomas gástricos com estádio clínico I e II predominaram no
grupo 1 e os carcinomas com estádio clínico II e IV foram mais freqüentes no grupo
2. Esta diferença foi estatisticamente significativa (p=0.046) e mostra que os
carcinomas gástricos do grupo 2 tem um comportamento mais agressivo que os
carcinomas do grupo 1.
As análises de sobrevida em 5 anos dos carcinomas gástricos estudados pelo
teste de Kaplan Méier não mostraram alterações estatisticamente significativas nas
curvas de sobrevida dos dois grupos determinados pela clusterização.
81
Tabela 22 - Associações entre as variáveis clínicas e histológicas e os grupos
clusterizados pelo teste exato de Fisher ou qui-quadrado.
VARIÁVEIS CATEGORIA GRUPO 1 GRUPO 2 TOTAL
VALOR
DE P
Gênero
Masculino
Feminino
138 (48%)
90 (54%)
154 (52%)
78 (46%)
292 (100%)
168 (100%)
NS
Idade
Até 60 anos
> 60 anos
129 (50%)
99 (49%)
130 (50%)
102 (51%)
259 (100%)
201 (100%)
NS
Tamanho do tumor
Até 5 cm
> 5 cm
102 (54%)
126 (46%)
86 (46%)
146 (54%)
188 (100%)
272 (100%)
NS
Nível de infiltração
Profundo
Superficial
221(50%)
7 (33%)
218 (50%)
14 (67%)
340 (100%)
21 (100%)
NS
Metástase
em linfonodos
Presente
Ausente
175 (51%)
52 (46%)
167 (49%)
61 (54%)
342 (100%)
113 (100%)
NS
Localização
Distal
Proximal
Prox+Distal
192 (50%)
23 (48%)
13 (52%)
194 (50%)
25 (52%)
12 (48%)
386 (100%)
48 (100%)
25 (100%)
NS
Tipo histológico
OMS
Tubular
Papilífero
Células em anel
de sinete
Mucinoso
Carcinoma
Indiferenciado
Adenocarcinoma
SOE
82 (45%)
48 (51%)
13 (36%)
33 (79%)
38 (54%)
14 (41%
102 (55%)
46 (49%)
23 (64%)
9 (21%)
32 (46%)
20 (59%)
184 (100%)
94 (100%)
36 (100%)
42 (100%)
70 (100%)
34 (100%)
NS
Tipo histológico
Lauren
Intestinal
Difuso
Misto
Inclassificável
100 (44%)
88 (56%)
28 (48%)
12 (60%)
126 (56%)
68 (44%)
30 (52%)
8 (40%)
226 (100%)
156 (100%)
58 (100%)
20 (100%)
NS
Tipo histológico
Carneiro
Glandular
Células isoladas
Misto
Inclassificável
92 (43%)
85 (58%)
27 (50%)
24 (52%)
122 (57%)
62 (42%)
26 (50%)
22 (48%)
214 (100%)
147 (100%)
53 (100%)
46 (100%)
NS
Estádio clínico
I e II
III e IV
135 (53%)
61 (42%)
121 (47%)
83 (58%)
256 (100%)
144 (100%)
0.046
82
Legenda: as linhas representam os casos de carcinomas gástricos e cada coluna representa um
marcador. Para cada tumor a expressão protéica é representada por uma cor. O vermelho representa
positivo e o verde negativo. O comprimento e padrão dos dendogramas verticais e horizontais
correspondem aos padrões de expressão dos marcadores e dos tumores. As cores dos ramos dos
dendogramas representam o suporte da clusterização sendo preto 100% (Bootstrop com 1000
interações). As colunas coloridas à direita da figura representam os grupos de tumores definidos pela
clusterização
.
Figura 18 - Classificação dos carcinomas gástricos usando a análise clusterizada dos
marcadores imunoistoquímicos.
Escore de
p
ositividade
Grupo 1
Grupo 2
83
DISCUSSÃO
84
5 DISCUSSÃO
Embora dados a respeito da patologia molecular do câncer gástrico tenha
aumentado consideravelmente nos últimos anos, estes ainda são confusos e
controversos. Ainda não foram demonstradas diferenças consistentes na patologia
molecular entre os diferentes tipos histológicos de carcinomas gástricos de acordo
com a classificação de Lauren, apesar disto, a utilização de técnicas de patologia
molecular disponíveis pode ajudar na identificação de subtipos de carcinomas com
grande potencial de agressividade e de comportamento sombrio, que não são
identificados utilizando-se somente os critérios morfológicos.
Utilizando-se a técnica de tissue microarray, estudamos a expressão
imunoistoquímica de 31 proteínas envolvidas em mecanismos moleculares distintos
como ciclo celular, adesão, proliferação, diferenciação e reparo de DNA em 422
carcinomas gástricos.
A técnica de tissue microarray tem sido utilizada com grande eficiência em
diversos estudos para a pesquisa da expressão de proteínas e validação de
marcadores tumorais em um grande número de tumores. Em nosso estudo,
construímos TMAs com cores de 0.6 mm de diâmetro em duplicata. Estudos em
carcinomas de mama (CAMP et al. 2000), estômago (GULMANN et al. 2003b) e
linfomas (HEDVAT et al. 2002) entre outros têm demonstrado que este design de
TMA é bastante representativo da área tumoral. Em estudo prévio, realizado pelo
nosso grupo, demonstramos que existe uma excelente correlação entre a expressão de
p53 analisadas no TMA e em cortes tradicionais contendo todo o fragmento
85
(BEGNAMI et al. 2005). As perdas nas análises das expressões imunoistoquímicas
dos anticorpos, devido à escassez ou não representatividade tumoral foram de 10 a
15% para cada anticorpo, dependendo do nível do corte examinado. Esta freqüência
está de acordo com o descrito em literatura que considera aceitável a não
representação tumoral em até 20% dos casos (HOOS et al. 2001; TORHORST et al.
2001).
Embora nosso objetivo principal fosse a análise clusterizada dos resultados
imunoistoquímicos de diversas proteínas e a determinação de grupos de carcinomas
gástricos baseados no padrão destas expressões, discutiremos a seguir os resultados
das análises dos marcadores imunoistoquímicos estudados neste estudo, bem como
as associações encontradas entre estas expressões e os carcinomas do tipo intestinal e
difuso.
Dentre os vários grupos de proteínas que estudamos, as expressões
imunoistoquímicas das proteínas associadas ao mecanismo de adesão celular
mostraram importantes associações entre os tipos histológicos de carcinomas
gástricos. Um grande problema no tratamento dos carcinomas gástricos é a
disseminação metastática. Para isto, as células neoplásicas adquirem a capacidade de
modificar suas propriedades relacionadas à adesão e aos componentes da matriz
extracelular. Nos carcinomas gástricos, um dos mecanismos mais descritos e
estudados é a perda de expressão da E-caderina. Esta molécula é indispensável para o
início e manutenção das junções aderentes epiteliais (GUMBINER et al. 1988) e da
adesão célula-célula (SURIANO et al. 2003). A inativação da E-caderina tem sido
associada ao desenvolvimento da maioria dos tumores de origem epitelial
(BIRCHMEIER e BEHRENS 1994). Perdas totais ou parciais da expressão desta
86
proteína em carcinomas gástricos têm sido demonstradas numa freqüência de 17 a
92%, dependendo do método utilizado para pesquisa (SHIMOYAMA e
HIROHASHI 1991; MAYER et al. 1993). Na nossa casuística, observamos perda
total ou parcial da expressão de E-caderina em cerca de 75% dos casos, com uma
evidente associação com os carcinomas do tipo difuso. Esses achados apóiam a
hipótese de que a adesão celular mediada pela E-caderina atua como um sistema
supressor de invasão. A perda da expressão desta proteína causa a redução da adesão
célula-célula, desorganização da morfologia glandular normal e redução da
diferenciação (TAKEICHI et al. 1991; BIRCHMEIER e BEHRENS 1994),
correspondendo aos achados histológicos dos carcinomas difusos que se caracterizam
pela presença de células isoladas, com caráter infiltrativo e grande potencial
disseminativo.
Para a manutenção da adesão celular, a E-caderina mantém a β- catenina na
membrana celular, formando um complexo de adesão intercelular. Alterações no
gene da E- caderina leva a ruptura deste complexo permitindo que a β- catenina
adquira forma livre no citoplasma. Após a ativação pela via Wnt, a porção
citoplasmática livre da β- catenina é translocada para o núcleo e atua como fator de
transcrição (WILLERT e NUSSE 1998). Na ausência de sinalização da via Wnt, a β-
catenina é degradada. No nosso estudo, os carcinomas gástricos do tipo intestinal e
difuso mostraram na grande maioria dos casos alteração da expressão de β- catenina.
Muitos destes casos também exibiam perda de expressão de E-caderina,
demonstrando que alterações no complexo E-caderina/ β- catenina são freqüentes nos
carcinomas gástricos. Estes achados são similares aos já previamente demonstrados
87
por outros autores através do estudo imunoistoquímico destas proteínas (JAWHARI
et al. 1997; RAMESH et al. 1999; JOO et al. 2002; NABAIS et al. 2003).
Fisiologicamente, o nível da β- catenina no citoplasma é baixo, devido a sua
degradação pelo sistema ubiquitina-proteossomo através da ativação do gene APC.
Mutações no gene APC podem levar ao aumento do nível citoplasmático e nuclear da
β- catenina livre (INOMATA et al. 1996). Embora sem valor estatístico observamos
que a grande maioria dos carcinomas gástricos expressaram a proteína APC no
citoplasma das células neoplásicas, sugerindo uma possível associação entre acúmulo
citoplasmático desta proteína e mutação genética, que poderia causar o acúmulo
citoplasmático ou nuclear da β- catenina que também foi observada na maioria dos
carcinomas gástricos.
Outra molécula associada ao complexo caderina-catenina é a clatrina. A
clatrina é um peptídeo associado à endocitose da E-caderina. Estudos anteriores
demonstraram que redução nos níveis de clatrina leva à redução da reciclagem de E-
caderina, diminuindo sua concentração na superfície celular e conseqüentemente o
recrutamento da β- catenina no complexo caderina-catenina. Assim, a β- catenina
ficaria disponível no citoplasma para seguir a via de sinalização nuclear (LE et al.
1999). O acúmulo de β- catenina no citoplasma com subseqüente translocação para o
núcleo observada nos carcinomas gástricos pode estar também associada a perda de
expressão de clatrina. Nossos resultados mostraram que a perda de expressão de
clatrina foi mais freqüente nos carcinomas difusos onde o complexo caderina-
catenina mostrava-se alterado. Na literatura, há poucos trabalhos direcionados a esta
via e os resultados quanto ao papel da clatrina na reciclagem da E-caderina são
contraditórios (AKHTAR et al. 2001; IVANOV et al. 2004). Nas análises
88
multivariadas de sobrevida em 5 anos, observamos uma pequena diferença entre as
curvas de sobrevida dos pacientes com carcinomas gástricos do tipo intestinal
positivos para clatrina em comparação com carcinomas intestinais negativos para
esta proteína. Ainda não temos uma explicação para este achado e novos estudos são
necessários para confirmar estes dados.
Como citado anteriormente, para facilitar a invasão tumoral e disseminação,
os carcinomas sólidos freqüentemente alteram os elementos de sua matriz
extracelular. Nos carcinomas gástricos, alterações na expressão de metaloproteinases
de matriz (MMP), responsáveis por modulações na matriz extracelular, são
freqüentemente descritas (HASEGAWA et al. 2002; HIPPO et al. 2002). O nosso
estudo demonstrou expressão de MMP2 e MMP9 em 40 e 45.5% dos casos,
respectivamente. Esta freqüência é baixa em comparação com dados de literatura que
mostram positividade para MMP2 em torno de 83.3% a 90% dos carcinomas
gástricos (ALLGAYER et al. 1998a; KO et al. 1998; MURRAY et al. 1998).
Observamos também que a positividade de MMP2 foi mais freqüentemente
observada nos carcinomas do tipo intestinal em comparação aos carcinomas do tipo
difuso. Esta associação não está totalmente estabelecida e resultados contraditórios
têm sido descritos por outros autores. A associação entre a expressão de MMPs e
tumores pouco diferenciados já foi demonstrada (ALLGAYER et al. 1998b;
KABASHIMA et al. 2000), porém há outros trabalhos que não mostraram
associações entre os tipos histológicos de carcinomas gástricos e as expressões de
MMPs (KO et al. 1998; MONIG et al. 2001). O aumento da expressão de MMPs e
enzimas remodeladoras de matriz extracelular tem sido demonstrada em carcinomas
pulmonares, mamários e colônicos, tendo importância prognostica nestes tumores
89
(PYKE et al. 1993; TRYGGVASON et al. 1993; PASSLICK et al. 2000). No nosso
estudo, as análises das expressões imunoistoquímicas destas proteínas não mostraram
associações com a sobrevida dos pacientes, mas estas proteínas têm sido
consideradas alvos terapêuticos e o tratamento com inibidores de MMPs podem
representar uma alternativa para os pacientes com carcinomas gástricos positivos
para MMPs (COLASANTI et al. 1998).
Os carcinomas gástricos frequentemente mostram alterações na camada de
gel mucoso que revestem os epitélios. As mucinas, proteínas de alto peso molecular e
oligossacarídeos, são as maiores constituintes deste gel mucoso (CORFIELD et al.
2000). Sob condições fisiológicas, MUC1 e MUC2 não são expressas no epitélio
gástrico, mas MUC1 é expressa nas glândulas mamárias em lactação e MUC2 está
presente nos epitélios colônicos (GENDLER et al. 1990; HO et al. 1995). Expressões
imunoistoquímicas de MUC1 e MUC2 têm sido relatadas em alguns carcinomas
gástricos (TANAKA et al. 2003; SCARTOZZI et al. 2004). Em nossos casos,
estudamos as expressões imunoistoquímicas de MUC1, MUC2, MUC5A e MUC6 e
observamos baixa freqüência de expressão destes marcadores. Semelhante aos
nossos achados, a baixa freqüência de expressão de MUC5AC nos carcinomas
gástricos já foi demonstrada previamente (ZHANG et al. 2004). Em relação à
associação com o tipo histológico, mostramos que a expressão de MUC2 está
aumentada nos carcinomas do tipo difuso, com associação estatísticamente
significante. A correlação entre o aumento da expresssão de MUC2 e tipos
histológicos de carcinomas gástricos foi previamente descrita em carcinomas
gástricos do tipo mucinosos (PINTO-DE-SOUSA et al. 2002), papilares
(AKYUREK et al. 2002) e em intestinais (LEE et al. 2001). A correlação com os
90
tipos difusos e em anel de sinete foi descrita por SAKAMOTO et al. (1997). Embora
MUC2 tenha sido descrita como um marcador de fenótipo intestinal, a sua expressão
em carcinomas de células em anel de sinete ou difusos sugerem que ocorra um
processo de ‘intestinalização’ como mecanismo patogenético alternativo para o
desenvolvimento destes tumores. Além disso, alguns carcinomas de células em anel
de sinete podem mostrar vários padrões de diferenciação como para superfície
mucosa, glândula pilórica, epitélio do tipo microcístico ou secretor, que são
detectados somente por exames ultraestruturais (YAMACHIKA et al. 1997).
ZHANG et al. (2004) propuseram que as expressões de MUC1 e MUC2 interferem
nas funções da E-caderina, facilitando a progressão tumoral, sendo estas alterações
comumente observadas nos carcinomas do tipo difuso. Nossos resultados não
mostraram associação com o prognóstico, mas a importância da expressão destas
proteínas no prognóstico dos pacientes com carcinomas gástricos ainda é controversa
(REIS et al. 1998; ZHANG et al. 2004).
Outro importante mecanismo de sinalização celular cujas expressões das
proteínas mostraram-se frequentemente alteradas no nosso estudo é o mecanismo do
TGF-β. Nos tumores, o TGF-β exerce uma ação bifásica. Nos estágios iniciais da
carcinogênese, TGF-β atua como supressor de tumor através da supressão da
proliferação (WAKEFIELD e ROBERTS 2002). Em estágios mais avançados da
carcinogênese, o TGF-β aparentemente age na progressão tumoral, pela produção de
matriz extracelular, supressão do sistema imune ou promoção da angiogênese (HAN
et al. 2004). Nós demonstramos as expressões imunoistoquímicas de TGF-βI e TGF-
βII em 82 e 97% dos carcinomas gástricos. Quando comparamos a expressão de
TFG-β e os tipos histológicos de carcinomas gástricos, vimos associação entre a
91
expressão de TGF-βII e os carcinomas do tipo intestinal. Em concordância com
nossos dados, SAITO et al. (2007b) demonstraram a expressão de TGF-βI em
carcinomas bem diferenciados e associação com tumores avançados. Contrariamente,
a perda de expressão de TGF-βI associada à hipermetilação de CpG na região 5’
deste gene foi demonstrada em carcinomas avançados do tipo intestinal (TAHARA
2004). Outros estudos não encontraram associação entre a expressão de TGF-β com
o tipo histológico de carcinoma gástrico, mas observaram associação entre esta
expressão e tumores gástricos avançados (TATEISHI et al. 2000). A correlação entre
o prognóstico dos carcinomas gástricos e a expressão de TGF-β ainda não está
esclarecida, embora tenha sido demonstrada em tumores do pulmão (TAKANAMI et
al. 1997) e da próstata (KIM et al. 1998). Nós demonstramos que os pacientes do
grupo de carcinomas gástricos, bem como os pacientes com carcinomas gástricos
difusos negativos para TGFβII apresentaram melhor curva de sobrevida em cinco
anos em comparação com aqueles carcinomas gástricos ou difusos positivos para
TGFβII. Este dado foi demonstrado previamente por TATEISHI et al. (2000) que
associaram a expressão deste marcador a maior capacidade de invasão, progressão e
pior resposta ao tratamento dos carcinomas gástricos. Adicionalmente, alterações no
mecanismo de sinalização do TGF-β têm sido associadas a fenômenos epigenéticos e
estão associados a mutações de p53 e amplificações da ciclina D1 (GERWIN et al.
1992; OKAMOTO et al. 1994).
Alterações nos fatores de crescimento e seus receptores têm sido
demonstradas nos carcinomas gástricos. A expressão da proteína, bem como a
amplificação gênica do receptor do fator de crescimento c-erbB-2, um receptor de
tirosina quinase, tem sido observada em 10 a 15% dos carcinomas gástricos
92
(USHIJIMA e SASAKO 2004). No nosso estudo, 12% dos carcinomas gástricos
foram positivos para c-erbB-2, principalmente os carcinomas do tipo intestinal. Esta
associação tem sido observada mais comumente nos carcinomas bem diferenciados,
intestinais ou tubulares, avançados e tem sido associado à pior prognóstico
(YONEMURA et al. 1991; NAKAJIMA et al. 1999; KIMURA et al. 2004). Quanto
ao valor prognóstico da expressão de c-erbB-2 nos carcinomas gástricos, os dados de
literatura não são conclusivos, mas a amplificação deste gene tem sido um
importante alvo terapêutico sobretudo nos carcinomas de mama (YONEMURA et al.
1991; UCHINO et al. 1993).
Outro mecanismo frequentemente alterado nos carcinomas gástricos é o
mecanismo que envolve HGF/c-Met. O c-Met é um receptor de fator de crescimento
do hepatócito (HGF), composto por uma subunidade α e uma subunidade β com
atividade de tirosina fosfatase (PARK et al. 1987; BOTTARO et al. 1991). A
sinalização do complexo GHF/c-Met está associada à proliferação, migração e
morfogênese (BIRCHMEIER e BIRCHMEIER 2003). A positividade para c-Met foi
observada em 88% dos carcinomas gástricos estudados, indicando que a expressão
desta proteína é um evento comum nestes tumores. Dados na literatura confirmam a
amplificação gênica e a super-expressão da proteína c-Met em câncer gástrico e em
linhagem celular de carcinomas gástricos (PONZETTO et al. 1991; HASEGAWA et
al. 2002). HUANG et al. (2001) mostraram a amplificação gênica e a expressão da
proteína c-Met em 71% dos carcinomas gástricos em comparação com a mucosa
gástrica normal. Nós encontramos diferença estatísticamente significativa entre a
expressão imunoistoquímica de c-Met e o tipo histológico de carcinoma gástrico. A
expressão de c-Met foi mais frequentemente encontrada nos carcinomas intestinais.
93
Em concordância com estes achados, alguns autores mostraram associação entre a
expressão de c-Met e carcinomas gástricos do tipo intestinal (WU et al. 1998), por
outro lado, associações entre a expresão de c-Met e carcinomas do tipo difuso
também tem sido demonstradas (TAHARA 1995; NAKAJIMA et al. 1999).
Neovascularização através da indução da angiogênese é um pré-requisito para
a expansão dos tumores sólidos (BOUCK et al. 1996; HANAHAN et al. 1996). O
VEGF é um fator de indução de angiogênese cuja expressão é frequentemente
demonstrada nos carcinomas gástricos (ICHINOE et al. 2004). A expressão de
VEGF nos carcinomas gástricos tem sido associada a metástases em linfonodos
(KABASHIMA et al. 2001) e parece correlacionar-se com mutações do gene p53,
uma vez que em condições normais, o gene p53 regula a expressão de VEGF,
impedindo a angiogênese (SCARTOZZI et al. 2004). Demonstramos a expressão
imunoistoquímica de VEGF em cerca de 90% dos carcinomas gástricos de nosso
estudo. Nossos resultados mostraram que a expressão de VEGF está associada ao
carcinoma gástrico do tipo intestinal, similar ao encontrado em relação à expressão
da proteína p53, demonstrando uma possível relação entre VEGF e p53 nos
carcinomas intestinais.
Instabilidade de microsatélite (MSI) tem origem no processo de reparação de
DNA defeitoso que leva a instabilidade genética. A maior causa para a instabilidade
de microsatélite em carcinomas gástricos é o ‘silenciamento’ do gene de reparo
humano MuL homologo 1 (hMLH1) através de sua metilação (FANG et al. 2003).
Porém perdas de expressão do hMSH2 têm sido observadas (HALLING et al. 1999).
Em nossos casos, estudamos a expressão de somente um dos genes de reparo
(hMSH2) e observamos que mais de 90% dos carcinomas gástricos mostraram a
94
expressão desta proteína, estando à perda desta expressão associada aos carcinomas
do tipo difuso. Tem sido demonstrado que mutações nos genes hMSH2 e hMLH1
são raras nos carcinomas gástricos, justificando a freqüente expressão de hMSH2
encontrada no nosso estudo (TAMURA et al. 1995; AKIYAMA et al. 1996). A
correlação entre a perda de expressão de hMSH2 e carcinomas do tipo difuso já foi
previamente demonstrada em carcinomas pouco diferenciados do estômago
(ZHANG QX et al. 2003) e de bexiga (JIN et al. 1999), mostrando que quanto menor
a diferenciação tumoral maior será a instabilidade genética (ZHANG QX et al.
2003).
Nos carcinomas gástricos, o controle do ciclo celular é afetado diretamente e
indiretamente. A modulação direta é feita pela ativação ou inibição da expressão de
moduladores como as ciclinas, ciclinas dependentes de quinase (CDKs) ou seus
inibidores. Nossos dados mostraram que os carcinomas gástricos frequentemente
expressam ciclina A, ciclina B1 e pRb. A perda de expressão imunoistoquímica de
ciclina D1 e pRb foi associada aos carcinomas do tipo intestinal, quando comparadas
aos carcinomas difusos. Perdas das expressões de inibidores de CDK, como p15, p21
e p27 têm sido observadas nos carcinomas gástricos (KANG et al. 1999; TAHARA
2004; HAN et al. 2004). Nossos resultados estão de acordo com estes dados e perdas
de expressões das proteínas p27 e p21 por imunistoquímica foram observadas em 50
e 86% dos casos, respectivamente. Demonstramos ainda que a perda de expressão de
p21 está associada com os carcinomas do tipo difuso. Em relação à expressão da
proteína p16, observamos perda de expressão imunoistoquímica em cerca de 90%
dos casos. Dados de literatura mostram que cerca de 52 a 90% dos casos de
carcinomas gástricos apresentam perdas de expressão desta proteína. Estas perdas
95
têm sido associadas à hipermetilação e mais raramente a mutação deste gene (OUE et
al. 2002; ZHAO et al. 2003; DING et al. 2003). Em relação à expressão da proteína
Rb, proteína relacionada ao ciclo celular, dados na literatura mostra que os
carcinomas gástricos expressam esta proteína em torno de 60% dos casos (FEAKINS
et al. 2003; SONG et al. 2005; HE et al. 2005). Nosso estudo demonstrou a expressão
da proteína Rb em 68% dos casos dos carcinomas gástricos e a perda desta expressão
mostrou-se associada aos carcinomas do tipo intestinal. MATTAR et al. (2004) e
FEAKINS et al. (2003) também encontraram associação entre a perda de expressão
de Rb e os carcinomas do tipo intestinal através do uso de PCR. Estes autores
sugeriram que a perda de expressão do Rb pode estar associada à infecção pelo H
pylori, uma vez que esta infecção é muito comum neste tipo de carcinoma. No nosso
trabalho não estudamos a infecção pelo H pylori e não pudemos confirmar esta
associação.
Alterações da proteína p53, regulador central do ciclo celular e apoptose, têm
sido comumente descritas nos carcinomas gástricos. Estas alterações incluem
mutações, perda de heterozigozidade (LOH) e acúmulo de proteína (FENOGLIO-
PREISER et al. 2003; SARBIA et al. 2004). De acordo os dados previamente
descritos, demonstramos a expressão da proteína p53 em 30% dos casos, sendo esta
expressão associada ao tipo intestinal. Outros estudos têm mostrado freqüência de
expressão de p53 em carcinomas gástricos entre 13 a 54% (RENAULT et al. 1993;
MONIG et al. 1997; ROVIELLO et al. 1999). Em concordância com nossos
resultados, a associação com o tipo intestinal também foi demonstrada por outros
autores (OCHIAI et al. 1996; ROVIELLO et al. 1999; LEE KE et al. 2003), porém
resultados discordantes têm sido descritos (MONIG et al. 1997; PINTO-DE-SOUSA
96
et al. 2004). As análises multivariadas das curvas de sobrevida mostraram que os
pacientes com carcinomas difusos positivos p53 apresentaram pior curva de
sobrevida em comparação com aqueles com carcinomas difusos negativos para p53,
corfirmando a participação do gene p53 como fator prognóstico independente nos
carcinomas gástricos do tipo difuso.
As características clínicas e histológicas encontradas nos carcinomas
gástricos de nosso estudo foram semelhantes às descritas previamente por outros
autores (CREW e NEUGUT 2006). Em concordância com dados de literatura, na
nossa casuística, os carcinomas intestinais foram mais freqüentes em pacientes do
gênero masculino e com mais de 60 anos. Os carcinomas difusos apresentaram uma
distribuição semelhante entre os gêneros masculino e feminino, sendo mais comuns
em pacientes com menos de 60 anos (LAUREN 1965; CORREA et al. 1973). Os
tipos mais comuns de carcinomas gástricos de nosso estudo foram os intestinais,
glandulares e tubulares, segundo as classificações de Lauren, Carneiro e OMS, e
estão de acordo com dados de literatura (SMITH et al. 2006). Como já observado por
outros autores, a maioria dos carcinomas gástricos são diagnosticados em estádio
clínico avançado. Nossos casos eram constituídos principalmente por tumores
grandes (maiores de 5 cm), infiltrativos, com metástases em linfonodos e estádio
clínico III ou IV. Estes dados podem ter obscurecido a importância de algumas
variáveis nas análises das curvas de sobrevida, uma vez que estes casos apresentam
pior prognóstico, independente de qualquer outro fator associado. Demonstramos que
as variáveis clínicas idade e estádio clínico foram associadas a pior sobrevida em 5
anos dos pacientes com carcinomas gástricos. A importância do estádio clínico no
prognóstico já está bem estabelecida e demonstrada na literatura e vários estudos
97
mostraram que as curvas de sobrevida são piores quanto mais avançado for o
estadiamento clínico dos pacientes com carcinomas gástricos. A associação com a
idade deve ser vista com cautela, uma vez que quanto maior a idade maior o risco de
morte mesmo não associada ao câncer.
Em resumo, o número de estudos visando à pesquisa da expressão gênica nos
carcinomas gástricos está cada vez maior. Estes estudos têm revelado que embora os
carcinomas gástricos tenham diversas etiologias, certos padrões de expressão gênica
permanecem estáveis. De acordo com nossos resultados observamos que os
carcinomas difusos e intestinais mostraram expressões ou perdas de expressão de
diversas proteínas envolvidas em diferentes mecanismos moleculares. Os carcinomas
do tipo intestinal têm sido caracterizados pela superexpressão de genes associados à
divisão e proliferação (HASEGAWA et al. 2002). De fato, observamos que dentre os
casos positivos para ciclinas D1, ciclina A, ciclina B1, Bcl-2, Bax e Bak a maioria
era constituída por carcinomas intestinais, que mostraram também perdas das
expressões de p27 e Rb. Estes carcinomas também mostraram aumento de expressão
de oncogenes e genes supressores de tumor tais como p53, c-erbB-2, c-Met e p16. O
aumento de expressão de proteínas associadas à matriz extracelular tem sido
associado aos carcinomas difusos, nossos resultados foram divergentes em relação a
estes dados. Dentre os casos positivos para TGFβ, MMP2 e MMP9 a maioria era
constituída por carcinomas do tipo intestinal. No nosso estudo, os carcinomas do tipo
difuso se caracterizaram somente pela perda de expressão de proteínas envolvidas no
mecanismo de adesão celular (E-caderina, β-catenina e clatrina), reparo de DNA
(hMSH2) e mucinas. Embora a correlação entre expressão destas proteínas com o
prognóstico não tenha sido estabelecida para a maioria dos marcadores, vimos que a
98
expressão de p53 e TGF βII está associada a pior curva de sobrevida nos pacientes
com carcinomas gástricos do tipo difuso, enquanto que os carcinomas gástricos do
tipo intestinal positivos para clatrina mostraram pior curva de sobrevida dos
pacientes em comparação aos carcinomas intestinais negativos para este marcador.
Os carcinomas gástricos apresentam uma variedade de padrões histológicos e
comportamentos biológicos. A classificação de Lauren, proposta em 1965 e até hoje
utilizada, divide os carcinomas gástricos em 2 principais tipos: intestinal e difuso.
Esta classificação tem sido utilizada também para predizer o comportamento
biológico dos carcinomas gástricos. Baseados somente em critérios histológicos,
embora não confimado pelos nossos resultados, têm sido demonstrado que os
carcinomas difusos apresentam pior prognóstico em relação aos carcinomas
intestinais no mesmo estádio clínico (LEE et al. 2001). Estudos prévios em biologia
molecular, incluindo os resultados deste estudo, têm demonstrado que múltiplas
alterações genéticas nos genes como K-ras, c-erbB-2, K-sam, ciclinas, p53, Rb, APC,
dentre outros, estão frequentemente alterados nos carcinomas gástricos, mas a
classificação dos carcinomas gástricos baseados no perfil de expressão protéica de
múltiplos genes ainda não foi estabelecida. A definição de marcadores moleculares
em subgrupos de carcinomas gástricos pode definir grupos de tumores com padrões
histopatológicos e biológicos distintos e estabelecer terapêuticas específicas para
estes tumores. Recentemente, HASEGAWA et al. (2002) demonstrou o padrão de
expressão gênica nos carcinomas intestinais através de microdissecção e
amplificação genética, porém estas técnicas exigem equipamentos sofisticados e de
alto custo que dificultam sua utilidade na prática diária.
99
A clusterização hierárquica dos resultados é um método de análise que utiliza
grupos de dados e é capaz de definir grupos de tumores baseados em imunofenótipos
complexos. Este tipo de técnica tem sido utilizada na análise de dados de expressão
gênica, e é eficaz na determinação de grupos de tumores de acordo com o padrão de
expressão destes genes.
No nosso estudo, a clusterização hierárquica baseada nos padrões de
expressão protéica por imunoistoquímica definiu 2 grupos de carcinomas gástricos.
O grupo 1 foi constituído principalmente por carcinomas freqüentemente negativos
para marcadores associados a fatores de crescimento TGFβI e II, VEGF, marcadores
de apoptose (Bcl-x, Bak, Bax), marcadores do ciclo celular (Rb, ciclina A, APC), c-
Met, MSH2 e sintases do óxido nítrico (NOS1 e NOS3). Por outro lado, os
carcinomas do grupo 2 foi constituído por carcinomas gástricos com freqüente
positividade para os marcadores do ciclo celular (p21, p27, p16, ciclina B1, ciclina
D1), Bcl-2, p53, c-erbB-2, MUC5AC, MUC6, E-caderina, MMP2, MMP9 e NOS2.
Em relação aos tipos histológicos, observamos um predomínio dos tipos histológicos
difusos no grupo1 e intestinais no grupo 2, porém sem associação estatística
significante. Associações estatísticas significantes foram observadas entre o grupo 2
de carcinomas gástricos e estádios clínicos mais avançados (III e IV), sugerindo que
estes carcinomas são mais agressivos, porém as análises estatíticas univariadas e
multivariadas não mostraram diferenças nas curvas de sobrevida global em 5 anos
dos pacientes de ambos os grupos (1 e 2). Embora a clusterização hierárquica de
marcadores imunoistoquímicos tenha sido útil na classificação de carcinomas da
mama (CALLAGY et al. 2003), endométrio (ALKUSHI et al. 2003) e de linfomas
(ALIZADEH et al. 2000), não há dados na literatura em relação a este tipo de
100
classificação nos carcinomas gástricos. Nossos achados são inéditos e representam
uma primeira tentativa de estabelecer grupos de carcinomas gástricos através do
padrão de expressão proteica. A definição de 2 grupos de carcinomas gástricos e a
associação entre estádios clínicos avançados e o grupo 2 mostra que alterações
genéticas envolvendo as proteínas do ciclo celular e de adesão e diferenciação
celulares são frequentemente envolvidas no processo de carcinogênese gástrica. De
fato, alterações nos genes envolvidos no ciclo celular mostram um aumento da
atividade proliferativa das células cancerosas, por outro lado, alterações dos genes de
adesão e diferenciação celulares refletem reações das células estromais tumorais que
estão associadas ao aumento do potencial de invasão e metástases. De acordo com
nossos resultados, novas classificações dos carcinomas gástricos baseadas em
expressões protéicas de múltiplos genes podem ser propostas. Estas novas
classificações podem ser importantes não somente na determinação de novos tipos de
tumores gástricos, mas também podem ter impacto no prognóstico dos pacientes pela
identificação de novos alvos terapêuticos específicos.
101
CONCLUSÃO
102
6 CONCLUSÃO
Os carcinomas gástricos de nosso estudo se caracterizaram pelo
acomentimento mais freqüente em homens de até 60 anos. Localizaram-se
preferencialmente na região distal do estômago, sendo na sua maioria maiores que 5
cm, infiltrando profundamente a parede gástrica e com metástases em linfonodos. Os
tipos histológicos mais comuns foram os Intestinais, Glandulares e Tubulares de
acordo com as classificações de Lauren, Carneiro e OMS, respectivamente.
Na nossa casuística de 422 casos de carcinomas gástricos, observamos as
seguintes marcações imunoistoquímicas:
Marcadores do ciclo celular: os carcinomas gástricos foram freqüentemente
positivos para p27, ciclina D1, ciclina A, ciclina B1, Rb e p53 e
frequentemente negativos para p16 e p21.
Fatores de crescimento: os carcinomas gástricos foram freqüentemente
positivos para c-met, VEGF, TGFβI, TGFβII e MSH2; e negativos para c-
erbB-2.
Apoptose: os carcinomas gástricos expressam freqüentemente Bax, Bak e
Bcl-x e são na maioria dos casos negativos para Bcl-2.
Transcrição de sinal, adesão e diferenciação celular: os carcinomas
gástricos expressam freqüentemente APC, clatrina, MMP2 e MMP9; sendo
freqüentemente negativos para E-caderina, β-catenina, MUC1, MUC2,
MUC5AC e MUC6.
103
Sintases do óxido nítrico: os carcinomas gástricos freqüentemente são
positivos para NOS1 e NOS3 e negativos para NOS2.
As proteínas diferencialmente expressas, através de imunoistoquímica, entre
os carcinomas gástricos do tipo intestinal e difuso foram: E-caderina, MUC2,
clatrina, MMP2, ciclina B1, pRb, p21, p53, TGFβII, c-erbB-2, c-Met, VEGF, MSH2
e NOS3.
Idade, estadiamento clínico e expressão imunoistoquímica de TFGβII são
fatores associados ao prognóstico dos carcinomas gástricos.
Estadiamento clínico e expressão imunoistoquímica de TFGβII são fatores
associados ao prognóstico dos carcinomas gástricos do tipo intestinal.
Idade, estadiamento clínico e expressão imunoistoquímica de TFGβII E p53
são fatores associados ao prognóstico dos carcinomas gástricos do tipo difuso.
A clusterização hierárquica dos marcadores determinou 2 grupos de
carcinomas gástricos de acordo com o padrão de expressão imunoistoquímica.
O grupo 1 de tumores determinado pela clusterização é constituído
predominantemente por carcinomas do tipo difuso e inclassificável (segundo a
classificação de Lauren) e caracteriza-se pela negatividade imunoistoquímica da
maioria dos marcadores associados ao ciclo celular, apoptose, difrenciação e adesão
celular. O grupo 2 é formado principalmente por carcinomas do tipo intestinal e são
frequentemente positivos para os marcadores imunoistoquímicos estudados.
Os grupos de carcinomas gástricos determinados pela clusterização não
demonstrou associação ou impacto na sobrevida dos pacientes.
104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
105
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abd El-Rehim DM, Ball G, Pinder SE, et al. High-throughput protein expression
analysis using tissue microarray technology of a large well-characterised series
identifies biologically distinct classes of breast cancer confirming recent cDNA
expression analyses. Int J Cancer 2005; 116:340-50.
Aird I, Bentall HH, Roberts JA. A relationship between cancer of stomach and the
ABO blood groups. Br Med J 1953; 1:799-101.
Akama Y, Yasui W, Yokozaki H, et al. Frequent amplification of the cyclin E gene
in human gastric carcinomas. Jpn J Cancer Res 1995; 86:617-21.
Akhtar N, Hotchin NA. RAC1 regulates adherens junctions through endocytosis of
E-cadherin. Mol Biol Cell 2001; 12:847-62.
Akiyama Y, Nakasaki H, Nihei Z, et al. Frequent microsatellite instabilities and
analyses of the related genes in familial gastric cancers. Jpn J Cancer Res 1996;
87:595-1.
Akyurek N, Akyol G, Dursun A, Yamac D, Gunel N. Expression of MUC1 and
MUC2 mucins in gastric carcinomas: their relationship with clinicopathologic
parameters and prognosis. Pathol Res Pract 2002; 198:665-74.
Alici S, Kaya S, Izmirli M, et al. Analysis of survival factors in patients with
advanced-stage gastric adenocarcinoma. Med Sci Monit 2006; 12:CR221-9.
Alizadeh AA, Eisen MB, Davis RE, et al. Distinct types of diffuse large B-cell
lymphoma identified by gene expression profiling. Nature 2000; 403:503-11.
106
Alkushi A, Irving J, Hsu F, et al. Immunoprofile of cervical and endometrial
adenocarcinomas using a tissue microarray. Virchows Arch 2003; 442:271-7.
Allgayer H, Heiss MM, Schildberg FW. Prognostic factors in gastric cancer. Br J
Surg 1997; 84:1651-64.
Allgayer H, Babic R, Beyer BC, et al. Prognostic relevance of MMP-2 (72-kD
collagenase IV) in gastric cancer. Oncology 1998a; 55:152-60.
Allgayer H, Babic R, Grutzner KU, et al. Tumor-associated proteases and inhibitors
in gastric cancer: analysis of prognostic impact and individual risk protease patterns.
Clin Exp Metastasis 1998b; 16:62-73.
Alm RA, Ling LS, Moir DT, et al. Genomic-sequence comparison of two unrelated
isolates of the human gastric pathogen Helicobacter pylori. Nature 1999; 397:176-
80.
Baldus SE, Zirbes TK, Engel S, et al. Correlation of the immunohistochemical
reactivity of mucin peptide cores MUC1 and MUC2 with the histopathological
subtype and prognosis of gastric carcinomas. Int J Cancer 1998; 79:133-8.
Barresi V, Vitarelli E, Grosso M, Tuccari G, Barresi G. Relationship between
immunoexpression of mucin peptide cores MUC1 and MUC2 and Lauren's
histologic subtypes of gastric carcinomas. Eur J Histochem 2006; 50:301-10.
Becker KF, Atkinson MJ, Reich U, et al. E-cadherin gene mutations provide clues to
diffuse type gastric carcinomas. Cancer Res 1994; 54:3845-52.
Begnami MD, Campos AHJFM, Silva EG, et al. Expressão imuno-histoquímica de c-
erbB-2 e p53 em carcinomas gástricos. J Bras Patol Med Lab 2005; 41:279-86.
107
Bhargava R, Lal P, Chen B. Feasibility of using tissue microarrays for the
assessment of HER-2 gene amplification by fluorescence in situ hybridization in
breast carcinoma. Diagn Mol Pathol 2004; 13:213-6.
Birchmeier W, Behrens J. Cadherin expression in carcinomas: role in the formation
of cell junctions and the prevention of invasiveness. Biochim Biophys Acta 1994;
1198:11-26.
Birchmeier C, Birchmeier W, Gherardi E, Vande Woude GF. Met, metastasis,
motility and more. Nat Rev Mol Cell Biol 2003; 4:915-25.
Bittner M, Meltzer P, Chen Y, et al. Molecular classification of cutaneous malignant
melanoma by gene expression profiling. Nature 2000; 406:536-40.
Blaser MJ, Perez-Perez GI, Kleanthous H, et al. Infection with Helicobacter pylori
strains possessing cagA is associated with an increased risk of developing
adenocarcinoma of the stomach. Cancer Res 1995; 55:2111-5.
Bottaro DP, Rubin JS, Faletto DL, et al. Identification of the hepatocyte growth
factor receptor as the c-met proto-oncogene product. Science 1991; 251:802-4.
Bouck N, Stellmach V, Hsu SC. How tumors become angiogenic. Adv Cancer Res
1996; 69:135-74.
Brabletz T, Jung A, Kirchner T. Beta-catenin and the morphogenesis of colorectal
cancer. Virchows Arch 2002; 441:1-11.
Bubendorf L, Nocito A, Moch H, Sauter G. Tissue microarray (TMA) technology:
miniaturized pathology archives for high-throughput in situ studies. J Pathol 2001;
195:72-9.
108
Callagy G, Cattaneo E, Daigo Y, et al. Molecular classification of breast carcinomas
using tissue microarrays. Diagn Mol Pathol 2003; 12:27-34.
Camp RL, Charette LA, Rimm DL. Validation of tissue microarray technology in
breast carcinoma. Lab Invest 2000; 80:1943-9.
Cao Y, Karsten U, Hilgers J. Immunohistochemical characterization of a panel of 56
antibodies with normal human small intestine, colon, and breast tissues. Tumour
Biol 1998; 19 Suppl 1:88-99.
Carneiro F. The distinction between dysplasia and truly invasive cancer:
classification of gastric carcinomas. Curr Diag Pathol 1997; 4:51-9.
Chetty R, Sitti CW. Cyclin E immunoexpression in gastric cancer does not correlate
with clinicopathological parameters. Histopathology 2003; 42:66-9.
Cho BC, Jeung HC, Choi HJ, et al. Prognostic impact of resection margin
involvement after extended (D2/D3) gastrectomy for advanced gastric cancer: a 15-
year experience at a single institute. J Surg Oncol 2007; 95:461-8.
Colasanti M, Persichini T, Venturini G, Menegatti E, Lauro GM, Ascenzi P. Effect
of gabexate mesylate (FOY), a drug for serine proteinase-mediated diseases, on the
nitric oxide pathway. Biochem Biophys Res Commun 1998; 246:453-6.
Corfield AP, Myerscough N, Longman R, Sylvester P, Arul S, Pignatelli M. Mucins
and mucosal protection in the gastrointestinal tract: new prospects for mucins in the
pathology of gastrointestinal disease. Gut 2000; 47:589-94.
Correa P, Sasano N, Stemmermann GN, Haenszel W. Pathology of gastric carcinoma
in Japanese populations: comparisons between Miyagi prefecture, Japan, and Hawaii.
J Natl Cancer Inst 1973; 51:1449-59.
109
Correa P, Shiao YH. Phenotypic and genotypic events in gastric carcinogenesis.
Cancer Res 1994; 54:1941s-3.
Correa P. A human model of gastric carcinogenesis. Cancer Res 1988; 48:3554-60.
Correa P. Human gastric carcinogenesis: a multistep and multifactorial process--First
American Cancer Society Award Lecture on Cancer Epidemiology and Prevention.
Cancer Res 1992; 52:6735-40.
Correa P. Helicobacter pylori and gastric cancer: state of the art. Cancer Epidemiol
Biomarkers Prev 1996; 5:477-81.
Crew KD, Neugut AI. Epidemiology of gastric cancer. World J Gastroenterol
2006; 12:354-62.
den Dulk M, Verheij M, Cats A, Jansen EP, Hartgrink HH, Van de Velde CJ. The
essentials of locoregional control in the treatment of gastric cancer. Scand J Surg
2006; 95:236-42.
Ding Y, Le XP, Zhang QX, Du P. Methylation and mutation analysis of p16 gene in
gastric cancer. World J Gastroenterol 2003; 9:423-6.
Doki Y, Imoto M, Han EK, Sgambato A, Weinstein IB. Increased expression of the
P27KIP1 protein in human esophageal cancer cell lines that over-express cyclin D1.
Carcinogenesis 1997; 18:1139-48.
Dolled-Filhart M, Ryden L, Cregger M, et al. Classification of breast cancer using
genetic algorithms and tissue microarrays. Clin Cancer Res 2006; 12:6459-68.
Ellis IO, Bartlett J, Dowsett M, et al. Best Practice No 176: Updated
recommendations for HER2 testing in the UK. J Clin Pathol 2004; 57:233-7.
110
El-Omar EM, Rabkin CS, Gammon MD, et al. Increased risk of noncardia gastric
cancer associated with proinflammatory cytokine gene polymorphisms.
Gastroenterology 2003; 124:1193-201.
Fang DC, Wang RQ, Yang SM, et al. Mutation and methylation of hMLH1 in gastric
carcinomas with microsatellite instability. World J Gastroenterol 2003; 9:655-9.
Feakins RM, Nickols CD, Bidd H, Walton SJ. Abnormal expression of pRb, p16, and
cyclin D1 in gastric adenocarcinoma and its lymph node metastases: relationship
with pathological features and survival. Hum Pathol 2003; 34:1276-82.
Fenoglio-Preiser CM, Wang J, Stemmermann GN, Noffsinger A. TP53 and gastric
carcinoma: a review. Hum Mutat 2003; 21:258-70.
Garcia JF, Camacho FI, Morente M, et al. Hodgkin and Reed-Sternberg cells harbor
alterations in the major tumor suppressor pathways and cell-cycle checkpoints:
analyses using tissue microarrays. Blood 2003; 101:681-9.
Gendler SJ, Lancaster CA, Taylor-Papadimitriou J, et al. Molecular cloning and
expression of human tumor-associated polymorphic epithelial mucin. J Biol Chem
1990; 265:15286-93.
Gerwin BI, Spillare E, Forrester K, et al. Mutant p53 can induce tumorigenic
conversion of human bronchial epithelial cells and reduce their responsiveness to a
negative growth factor, transforming growth factor beta 1. Proc Natl Acad Sci U S
A 1992; 89:2759-63.
Golub TR, Slonim DK, Tamayo P, et al. Molecular classification of cancer: class
discovery and class prediction by gene expression monitoring. Science 1999;
286:531-7.
111
Gonzalez CA, Pera G, Agudo A, et al. Smoking and the risk of gastric cancer in the
European Prospective Investigation Into Cancer and Nutrition (EPIC). Int J Cancer
2003; 107:629-34.
Goseki N, Takizawa T, Koike M. Differences in the mode of the extension of gastric
cancer classified by histological type: new histological classification of gastric
carcinoma. Gut 1992; 33:606-12.
Guilford P, Hopkins J, Harraway J, et al. E-cadherin germline mutations in familial
gastric cancer. Nature 1998; 392:402-5.
Gulmann C, Butler D, Kay E, Grace A, Leader M. Biopsy of a biopsy: validation of
immunoprofiling in gastric cancer biopsy tissue microarrays. Histopathology 2003a;
42:70-6.
Gulmann C, Grace A, Leader M, Butler D, Patchett S, Kay E. Adenomatous
polyposis coli gene, beta-catenin, and E-cadherin expression in proximal and distal
gastric cancers and precursor lesions: an immunohistochemical study using tissue
microarrays. Appl Immunohistochem Mol Morphol 2003b;11:230-7.
Gumbiner B, Stevenson B, Grimaldi A. The role of the cell adhesion molecule
uvomorulin in the formation and maintenance of the epithelial junctional complex. J
Cell Biol 1988; 107:1575-87.
Halling KC, Harper J, Moskaluk CA, et al. Origin of microsatellite instability in
gastric cancer. Am J Pathol 1999; 155:205-11.
Hamilton SR, Aaltonen LA. Pathology and genetics of tumours of the digestive
system. Lyon: IARC Press; 2000. livro todo???????
112
Han SU, Kim HT, Seong DH, et al. Loss of the Smad3 expression increases
susceptibility to tumorigenicity in human gastric cancer. Oncogene 2004; 23:1333-
41.
Hanahan D, Christofori G, Naik P, Arbeit J. Transgenic mouse models of tumour
angiogenesis: the angiogenic switch, its molecular controls, and prospects for
preclinical therapeutic models. Eur J Cancer 1996; 32A:2386-93.
Handschuh G, Candidus S, Luber B, et al. Tumour-associated E-cadherin mutations
alter cellular morphology, decrease cellular adhesion and increase cellular motility.
Oncogene 1999; 18:4301-12.
Hans CP, Weisenburger DD, Greiner TC, et al. Confirmation of the molecular
classification of diffuse large B-cell lymphoma by immunohistochemistry using a
tissue microarray. Blood 2004; 103:275-82.
Hansson LE, Sparen P, Nyren O. Survival in stomach cancer is improving: results of
a nationwide population-based Swedish study. Ann Surg 1999; 230:162-9.
Hasegawa S, Furukawa Y, Li M, et al. Genome-wide analysis of gene expression in
intestinal-type gastric cancers using a complementary DNA microarray representing
23,040 genes. Cancer Res 2002; 62:7012-7.
Hayashi T, Arai M, Ueno M, et al. Frequency of immunohistochemical loss of
mismatch repair protein in double primary cancers of the colorectum and stomach in
Japan. Dis Colon Rectum 2006; 49:S23-9.
He XS, Rong YH, Su Q, et al. Expression of p16 gene and Rb protein in gastric
carcinoma and their clinicopathological significance. World J Gastroenterol 2005;
11:2218-23.
113
Hedvat CV, Hegde A, Chaganti RS, et al. Application of tissue microarray
technology to the study of non-Hodgkin's and Hodgkin's lymphoma. Hum Pathol
2002; 33:968-74.
Henson DE, Dittus C, Younes M, Nguyen H, Albores-Saavedra J. Differential trends
in the intestinal and diffuse types of gastric carcinoma in the United States, 1973-
2000: increase in the signet ring cell type. Arch Pathol Lab Med 2004; 128:765-70.
Hippo Y, Taniguchi H, Tsutsumi S, et al. Global gene expression analysis of gastric
cancer by oligonucleotide microarrays. Cancer Res 2002; 62:233-40.
Ho SB, Shekels LL, Toribara NW, et al. Mucin gene expression in normal,
preneoplastic, and neoplastic human gastric epithelium. Cancer Res 1995; 55:2681-
90.
Homma T, Fukushima T, Vaccarella S, et al. Correlation among pathology,
genotype, and patient outcomes in glioblastoma. J Neuropathol Exp Neurol 2006;
65:846-54.
Hoos A, Urist MJ, Stojadinovic A, et al. Validation of tissue microarrays for
immunohistochemical profiling of cancer specimens using the example of human
fibroblastic tumors. Am J Pathol 2001; 158:1245-51.
Howson CP, Hiyama T, Wynder EL. The decline in gastric cancer: epidemiology of
an unplanned triumph. Epidemiol Rev 1986; 8:1-27.
Hsing AW, Hansson LE, McLaughlin JK, et al. Pernicious anemia and subsequent
cancer: a population-based cohort study. Cancer 1993; 71:745-50.
Huang JQ, Zheng GF, Sumanac K, Irvine EJ, Hunt RH. Meta-analysis of the
relationship between cagA seropositivity and gastric cancer. Gastroenterology
2003; 125:1636-44.
114
Huang TJ, Wang JY, Lin SR, Lian ST, Hsieh JS. Overexpression of the c-met
protooncogene in human gastric carcinoma--correlation to clinical features. Acta
Oncol 2001; 40:638-43.
Ichinoe M, Mikami T, Shiraishi H, Okayasu I. High microvascular density is
correlated with high VEGF, iNOS and COX-2 expression in penetrating growth-type
early gastric carcinomas. Histopathology 2004; 45:612-8.
Inomata M, Ochiai A, Akimoto S, Kitano S, Hirohashi S. Alteration of beta-catenin
expression in colonic epithelial cells of familial adenomatous polyposis patients.
Cancer Res 1996; 56:2213-7.
Ishaq S, Jankowski JA. Barrett's metaplasia: clinical implications. World J
Gastroenterol 2001; 7:563-5.
Ivanov AI, Nusrat A, Parkos CA. Endocytosis of epithelial apical junctional proteins
by a clathrin-mediated pathway into a unique storage compartment. Mol Biol Cell
2004; 15:176-88.
Jawhari A, Jordan S, Poole S, Browne P, Pignatelli M, Farthing MJ. Abnormal
immunoreactivity of the E-cadherin-catenin complex in gastric carcinoma:
relationship with patient survival. Gastroenterology 1997; 112:46-54.
Jin TX, Furihata M, Yamasaki I, et al. Human mismatch repair gene (hMSH2)
product expression in relation to recurrence of transitional cell carcinoma of the
urinary bladder. Cancer 1999; 85:478-84.
Joo YE, Rew JS, Choi SK, Bom HS, Park CS, Kim SJ. Expression of e-cadherin and
catenins in early gastric cancer. J Clin Gastroenterol 2002; 35:35-42.
Kabashima A, Maehara Y, Kakeji Y, Baba H, Koga T, Sugimachi K.
Clinicopathological features and overexpression of matrix metalloproteinases in
115
intramucosal gastric carcinoma with lymph node metastasis. Clin Cancer Res 2000;
6:3581-4.
Kabashima A, Maehara Y, Kakeji Y, Sugimachi K. Overexpression of vascular
endothelial growth factor C is related to lymphogenous metastasis in early gastric
carcinoma. Oncology 2001; 60:146-50.
Kang SH, Bang YJ, Jong HS, Seo JY, Kim NK, Kim SJ. Rapid induction of
p21WAF1 but delayed down-regulation of Cdc25A in the TGF-beta-induced cell
cycle arrest of gastric carcinoma cells. Br J Cancer 1999; 80:1144-9.
Kim IY, Ahn HJ, Lang S, et al. Loss of expression of transforming growth factor-
beta receptors is associated with poor prognosis in prostate cancer patients. Clin
Cancer Res 1998; 4:1625-30.
Kimura M, Tsuda H, Morita D, et al. A proposal for diagnostically meaningful
criteria to classify increased epidermal growth factor receptor and c-erbB-2 gene
copy numbers in gastric carcinoma, based on correlation of fluorescence in situ
hybridization and immunohistochemical measurements. Virchows Arch 2004;
445:255-62.
Kinzler KW, Nilbert MC, Su LK, et al. Identification of FAP locus genes from
chromosome 5q21. Science 1991; 253:661-5.
Ko BK, Cho HR, Choi DW, et al. Reduced expression of tissue inhibitor of
metalloproteinase in nodal metastasis of stomach cancer. J Korean Med Sci 1998;
13:286-90.
Koizumi Y, Tsubono Y, Nakaya N, et al. Cigarette smoking and the risk of gastric
cancer: a pooled analysis of two prospective studies in Japan. Int J Cancer 2004;
112:1049-55.
116
Kononen J, Bubendorf L, Kallioniemi A, et al. Tissue microarrays for high-
throughput molecular profiling of tumor specimens. Nat Med 1998; 4:844-7.
Kuipers EJ, Perez-Perez GI, Meuwissen SG, Blaser MJ. Helicobacter pylori and
atrophic gastritis: importance of the cagA status. J Natl Cancer Inst 1995; 87:1777-
80.
Kuniyasu H, Yasui W, Kitadai Y, Yokozaki H, Ito H, Tahara E. Frequent
amplification of the c-met gene in scirrhous type stomach cancer. Biochem Biophys
Res Commun 1992; 189:227-32.
Kuniyasu H, Yasui W, Yokozaki H, Kitadai Y, Tahara E. Aberrant expression of c-
met mRNA in human gastric carcinomas. Int J Cancer 1993; 55:72-5.
La Vecchia C, Negri E, Franceschi S, Gentile A. Family history and the risk of
stomach and colorectal cancer. Cancer 1992; 70:50-5.
Lagergren J, Bergstrom R, Nyren O. Association between body mass and
adenocarcinoma of the esophagus and gastric cardia. Ann Intern Med 1999;
130:883-90.
Lauren P. The Two Histological Main Types of Gastric Carcinoma: Diffuse and So-
Called Intestinal-Type Carcinoma. an Attempt at a Histo-Clinical Classification.
Acta Pathol Microbiol Scand 1965; 64:31-49.
Le TL, Yap AS, Stow JL. Recycling of E-cadherin: a potential mechanism for
regulating cadherin dynamics. J Cell Biol 1999; 146:219-32.
Lee HS, Lee HK, Kim HS, Yang HK, Kim YI, Kim WH. MUC1, MUC2, MUC5AC,
and MUC6 expressions in gastric carcinomas: their roles as prognostic indicators.
Cancer 2001; 92:1427-34.
117
Lee KE, Lee HJ, Kim YH, et al. Prognostic significance of p53, nm23, PCNA and c-
erbB-2 in gastric cancer. Jpn J Clin Oncol 2003; 33:173-9.
Lee SA, Kang D, Shim KN, Choe JW, Hong WS, Choi H. Effect of diet and
Helicobacter pylori infection to the risk of early gastric cancer. J Epidemiol 2003;
13:162-8.
Levine PH, Stemmermann G, Lennette ET, Hildesheim A, Shibata D, Nomura A.
Elevated antibody titers to Epstein-Barr virus prior to the diagnosis of Epstein-Barr-
virus-associated gastric adenocarcinoma. Int J Cancer 1995; 60:642-4.
Liu XP, Kawauchi S, Oga A, et al. Combined examination of p27 (Kip1), p21
(Waf1/Cip1) and p53 expression allows precise estimation of prognosis in patients
with gastric carcinoma. Histopathology 2001; 39:603-10.
MacDonald JS, Smalley SR, Benedetti J, et al. Chemoradiotherapy after surgery
compared with surgery alone for adenocarcinoma of the stomach or gastroesophageal
junction. N Engl J Med 2001; 345:725-30.
Marshall BJ, Warren JR. Unidentified curved bacilli in the stomach of patients with
gastritis and peptic ulceration. Lancet 1984; 1:1311-5.
Mattar R, Nonogaki S, Silva C, Alves V, Gama-Rodrigues JJ. P53 and Rb tumor
suppressor gene alterations in gastric cancer. Rev Hosp Clin Fac Med Sao Paulo
2004; 59:172-80.
Mayer B, Johnson JP, Leitl F, et al. E-cadherin expression in primary and metastatic
gastric cancer: down-regulation correlates with cellular dedifferentiation and
glandular disintegration. Cancer Res 1993; 53:1690-5.
Meireles SI, Cristo EB, Carvalho AF, et al. Molecular classifiers for gastric cancer
and nonmalignant diseases of the gastric mucosa. Cancer Res 2004; 64:1255-65.
118
Metcalfe A, Streuli C. Epithelial apoptosis. Bioessays 1997; 19:711-20.
Middleton G, Cunningham D. Current options in the management of gastrointestinal
cancer. Ann Oncol 1995; 6 Suppl 1:17-25; discussion 25-16.
Ming SC. Gastric carcinoma: a pathobiological classification. Cancer 1977;
39:2475-85.
Ming SC. Cellular and molecular pathology of gastric carcinoma and precursor
lesions: A critical review. Gastric Cancer 1998; 1:31-50.
Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Secretaria Nacional de
Assistência à Saúde. Estimativa/2006: incidência de câncer no Brasil. Rio de
Janeiro: INCA; 2005.
Moch H, Kononen T, Kallioniemi OP, Sauter G. Tissue microarrays: what will they
bring to molecular and anatomic pathology? Adv Anat Pathol 2001; 8:14-20.
Monig SP, Eidt S, Zirbes TK, Stippel D, Baldus SE, Pichlmaier H. p53 expression in
gastric cancer: clinicopathological correlation and prognostic significance. Dig Dis
Sci 1997; 42:2463-7.
Monig SP, Baldus SE, Hennecken JK, et al. Expression of MMP-2 is associated with
progression and lymph node metastasis of gastric carcinoma. Histopathology 2001;
39:597-602.
Murray GI, Duncan ME, Arbuckle E, Melvin WT, Fothergill JE. Matrix
metalloproteinases and their inhibitors in gastric cancer. Gut 1998; 43:791-7.
Myung N, Kim MR, Chung IP, Kim H, Jang JJ. Loss of p16 and p27 is associated
with progression of human gastric cancer. Cancer Lett 2000; 153:129-36.
119
Nabais S, Machado JC, Lopes C, Seruca R, Carneiro F, Sobrinho-Simoes M. Patterns
of beta-catenin expression in gastric carcinoma: clinicopathological relevance and
mutation analysis. Int J Surg Pathol 2003; 11:1-9.
Nakajima M, Sawada H, Yamada Y, et al. The prognostic significance of
amplification and overexpression of c-met and c-erb B-2 in human gastric
carcinomas. Cancer 1999; 85:1894-902.
Nakatsuru S, Yanagisawa A, Ichii S, et al. Somatic mutation of the APC gene in
gastric cancer: frequent mutations in very well differentiated adenocarcinoma and
signet-ring cell carcinoma. Hum Mol Genet 1992; 1:559-63.
Nishino Y, Inoue M, Tsuji I, et al. Tobacco Smoking and Gastric Cancer Risk: An
Evaluation Based on a Systematic Review of Epidemiologic Evidence among the
Japanese Population. Jpn J Clin Oncol 2006; 36:800-7.
Ochiai A, Yamauchi Y, Hirohashi S. p53 mutations in the non-neoplastic mucosa of
the human stomach showing intestinal metaplasia. Int J Cancer 1996; 69:28-33.
Okamoto A, Jiang W, Kim SJ, et al. Overexpression of human cyclin D1 reduces the
transforming growth factor beta (TGF-beta) type II receptor and growth inhibition by
TGF-beta 1 in an immortalized human esophageal epithelial cell line. Proc Natl
Acad Sci U S A 1994; 91:11576-80.
Oue N, Motoshita J, Yokozaki H, et al. Distinct promoter hypermethylation of
p16INK4a, CDH1, and RAR-beta in intestinal, diffuse-adherent, and diffuse-
scattered type gastric carcinomas. J Pathol 2002; 198:55-9.
Park M, Dean M, Kaul K, Braun MJ, Gonda MA, Vande Woude G. Sequence of
MET protooncogene cDNA has features characteristic of the tyrosine kinase family
of growth-factor receptors. Proc Natl Acad Sci U S A 1987; 84:6379-83.
120
Parkin DM. International variation. Oncogene 2004; 23:6329-40.
Parsonnet J. The incidence of Helicobacter pylori infection. Aliment Pharmacol
Ther 1995; 9:45-51.
Passlick B, Sienel W, Seen-Hibler R, et al. Overexpression of matrix
metalloproteinase 2 predicts unfavorable outcome in early-stage non-small cell lung
cancer. Clin Cancer Res 2000; 6:3944-8.
Peifer M. Signal transduction. Neither straight nor narrow. Nature 1999; 400:213-5.
Pinto-de-Sousa J, David L, Reis CA, Gomes R, Silva L, Pimenta A. Mucins MUC1,
MUC2, MUC5AC and MUC6 expression in the evaluation of differentiation and
clinico-biological behaviour of gastric carcinoma. Virchows Arch 2002; 440:304-
10.
Pinto-de-Sousa J, Silva F, David L, et al. Clinicopathological significance and
survival influence of p53 protein expression in gastric carcinoma. Histopathology
2004; 44:323-31.
Pisani P, Parkin DM, Bray F, Ferlay J. Estimates of the worldwide mortality from 25
cancers in 1990. Int J Cancer 1999; 83:18-29.
Ponzetto C, Giordano S, Peverali F, et al. C-met is amplified but not mutated in a cell
line with an activated met tyrosine kinase. Oncogene 1991; 6:553-9.
Pyke C, Ralfkiaer E, Tryggvason K, Dano K. Messenger RNA for two type IV
collagenases is located in stromal cells in human colon cancer. Am J Pathol 1993;
142:359-65.
121
Ramesh S, Nash J, McCulloch PG. Reduction in membranous expression of beta-
catenin and increased cytoplasmic E-cadherin expression predict poor survival in
gastric cancer. Br J Cancer 1999; 81:1392-7.
Reis CA, David L, Nielsen PA, et al. Immunohistochemical study of MUC5AC
expression in human gastric carcinomas using a novel monoclonal antibody. Int J
Cancer 1997; 74:112-21.
Reis CA, David L, Seixas M, Burchell J, Sobrinho-Simoes M. Expression of fully
and under-glycosylated forms of MUC1 mucin in gastric carcinoma. Int J Cancer
1998; 79:402-10.
Renault B, van den Broek M, Fodde R, et al. Base transitions are the most frequent
genetic changes at P53 in gastric cancer. Cancer Res 1993; 53:2614-7.
Rosen DG, Huang X, Deavers MT, Malpica A, Silva EG, Liu J. Validation of tissue
microarray technology in ovarian carcinoma. Mod Pathol 2004; 17:790-7.
Roviello F, Marrelli D, Vindigni C, De Stefano A, Spina D, Pinto E. P53
accumulation is a prognostic factor in intestinal-type gastric carcinoma but not in the
diffuse type. Ann Surg Oncol 1999; 6:739-45.
Saito H, Osaki T, Murakami D, et al. Effect of age on prognosis in patients with
gastric cancer. ANZ J Surg 2006a; 76:458-61.
Saito H, Osaki T, Murakami D, et al. Macroscopic tumor size as a simple prognostic
indicator in patients with gastric cancer. Am J Surg 2006b; 192:296-300.
Saito H, Fukumoto Y, Osaki T, et al. Prognostic Significance of Level and Number
of Lymph Node Metastases in Patients with Gastric Cancer. Ann Surg Oncol 2007a;
14:1688-93.
122
Saito H, Osaki T, Murakami D, et al. Prediction of sites of recurrence in gastric
carcinoma using immunohistochemical parameters. J Surg Oncol 2007b; 95:123-8.
Sakamoto H, Yonezawa S, Utsunomiya T, Tanaka S, Kim YS, Sato E. Mucin antigen
expression in gastric carcinomas of young and old adults. Hum Pathol 1997;
28:1056-65.
Sakurai S, Sano T, Nakajima T. Clinicopathological and molecular biological studies
of gastric adenomas with special reference to p53 abnormality. Pathol Int 1995;
45:51-7.
Santos RTM, Watamatsu A, Kanamura CI, Nonogaki S, Pinto GA. Procedimentos
laboratoriais em imunohistoquímica e hibridização in situ. In: Alves VAF, Bacchi
CE, Vassalo J, editores. Manual de imunoistoquímica. São Paulo: Sociedade
Brasileira de Patologia; 1999. p.237-59.
Sapino A, Marchio C, Senetta R, et al. Routine assessment of prognostic factors in
breast cancer using a multicore tissue microarray procedure. Virchows Arch 2006;
449:288-96.
Sarbia M, Becker KF, Hofler H. Pathology of upper gastrointestinal malignancies.
Semin Oncol 2004; 31:465-75.
Sasaki CY, Lin H, Passaniti A. Expression of E-cadherin reduces bcl-2 expression
and increases sensitivity to etoposide-induced apoptosis. Int J Cancer 2000; 86:660-
6.
Scartozzi M, Galizia E, Freddari F, Berardi R, Cellerino R, Cascinu S. Molecular
biology of sporadic gastric cancer: prognostic indicators and novel therapeutic
approaches. Cancer Treat Rev 2004; 30:451-9.
123
Shi T, Seligson D, Belldegrun AS, Palotie A, Horvath S. Tumor classification by
tissue microarray profiling: random forest clustering applied to renal cell carcinoma.
Mod Pathol 2005; 18:547-57.
Shimoyama Y, Hirohashi S. Expression of E- and P-cadherin in gastric carcinomas.
Cancer Res 1991; 51:2185-92.
Smith MG, Hold GL, Tahara E, El-Omar EM. Cellular and molecular aspects of
gastric cancer. World J Gastroenterol 2006; 12:2979-90.
Song HS, Kim IH, Sohn SS, Kwon KY, Lee WS. Prognostic significance of
immunohistochemical expression of p53 and retinoblastoma gene protein (pRB) in
curatively resected gastric cancer. Korean J Intern Med 2005; 20:1-7.
Sorlie T, Perou CM, Tibshirani R, et al. Gene expression patterns of breast
carcinomas distinguish tumor subclasses with clinical implications. Proc Natl Acad
Sci U S A 2001; 98:10869-74.
Stalnikowicz R, Benbassat J. Risk of gastric cancer after gastric surgery for benign
disorders. Arch Intern Med 1990; 150:2022-6.
Stewart BW, Kleihues P. World Cancer Report. Lyon: IARC Press; 2003. Livro
todo?
Suriano G, Mulholland D, de Wever O, et al. The intracellular E-cadherin germline
mutation V832 M lacks the ability to mediate cell-cell adhesion and to suppress
invasion. Oncogene 2003; 22:5716-9.
Tahara E. Molecular mechanism of stomach carcinogenesis. J Cancer Res Clin
Oncol 1993; 119:265-72.
124
Tahara E. Molecular biology of gastric cancer. World J Surg 1995; 19:484-8;
discussion 489-90.
Tahara E. Genetic pathways of two types of gastric cancer. IARC Sci Publ 2004:
327-49.
Takanami I, Tanaka F, Hashizume T, et al. Transforming growth factor-beta
isoforms expressions in pulmonary adenocarcinomas as prognostic markers: an
immunohistological study of one hundred and twenty patients. Oncology 1997;
54:122-8.
Takeichi M. Cadherin cell adhesion receptors as a morphogenetic regulator. Science
1991; 251:1451-5.
Tamura G, Sakata K, Maesawa C, et al. Microsatellite alterations in adenoma and
differentiated adenocarcinoma of the stomach. Cancer Res 1995; 55:1933-6.
Tamura G. Alterations of tumor suppressor and tumor-related genes in the
development and progression of gastric cancer. World J Gastroenterol 2006;
12:192-8.
Tanaka M, Kitajima Y, Sato S, Miyazaki K. Combined evaluation of mucin antigen
and E-cadherin expression may help select patients with gastric cancer suitable for
minimally invasive therapy. Br J Surg 2003; 90:95-101.
Tanimoto H, Yoshida K, Yokozaki H, et al. Expression of basic fibroblast growth
factor in human gastric carcinomas. Virchows Arch B Cell Pathol Incl Mol Pathol
1991; 61:263-7.
Tateishi M, Kusaba I, Masuda H, Tanaka T, Matsumata T, Sugimachi K. The
progression of invasiveness regarding the role of transforming growth factor beta
receptor type II in gastric cancer. Eur J Surg Oncol 2000; 26:377-80.
125
Thompson DE, Mabuchi K, Ron E, et al. Cancer incidence in atomic bomb
survivors. Part II: Solid tumors, 1958-1987. Radiat Res 1994; 137(2 Suppl):S17-67.
Tomb JF, White O, Kerlavage AR, et al. The complete genome sequence of the
gastric pathogen Helicobacter pylori. Nature 1997; 388:539-47.
Torhorst J, Bucher C, Kononen J, et al. Tissue microarrays for rapid linking of
molecular changes to clinical endpoints. Am J Pathol 2001; 159:2249-56.
Tryggvason K, Hoyhtya M, Pyke C. Type IV collagenases in invasive tumors.
Breast Cancer Res Treat 1993; 24:209-18.
Tzanakis N, Gazouli M, Rallis G, et al. Vascular endothelial growth factor
polymorphisms in gastric cancer development, prognosis, and survival. J Surg
Oncol 2006; 94:624-30.
Uchino S, Tsuda H, Maruyama K, et al. Overexpression of c-erbB-2 protein in
gastric cancer. Its correlation with long-term survival of patients. Cancer 1993;
72:3179-84.
Uemura Y, Tokunaga M, Arikawa J, et al. A unique morphology of Epstein-Barr
virus-related early gastric carcinoma. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 1994;
3:607-11.
Ushijima T, Sasako M. Focus on gastric cancer. Cancer Cell 2004; 5:121-5.
Utsunomiya T, Doki Y, Takemoto H, et al. Clinical significance of disordered beta-
catenin expression pattern in human gastric cancers. Gastric Cancer 2000; 3:193-
201.
van de Velde CJ, Peeters KC. The gastric cancer treatment controversy. J Clin
Oncol 2003; 21:2234-6.
126
Vauhkonen M, Vauhkonen H, Sipponen P. Pathology and molecular biology of
gastric cancer. Best Pract Res Clin Gastroenterol 2006; 20:651-74.
Wakefield LM, Roberts AB. TGF-beta signaling: positive and negative effects on
tumorigenesis. Curr Opin Genet Dev 2002; 12:22-9.
Willert K, Nusse R. Beta-catenin: a key mediator of Wnt signaling. Curr Opin
Genet Dev 1998; 8:95-102.
Wright PA, Quirke P, Attanoos R, Williams GT. Molecular pathology of gastric
carcinoma: progress and prospects. Hum Pathol 1992; 23:848-59.
Wu CW, Li AF, Chi CW, et al. Hepatocyte growth factor and Met/HGF receptors in
patients with gastric adenocarcinoma. Oncol Rep 1998; 5:817-22.
Xia HH, He H, De Wang J, et al. Induction of apoptosis and cell cycle arrest by a
specific c-Jun NH2-terminal kinase (JNK) inhibitor, SP-600125, in gastrointestinal
cancers. Cancer Lett 2006; 241:268-74.
Yamachika T, Inada K, Fujimitsu Y, et al. Intestinalization of gastric signet ring cell
carcinomas with progression. Virchows Arch 1997; 431:103-10.
Yamamoto S, Yasui W, Kitadai Y, et al. Expression of vascular endothelial growth
factor in human gastric carcinomas. Pathol Int 1998; 48:499-506.
Yasui W, Kudo Y, Semba S, Yokozaki H, Tahara E. Reduced expression of cyclin-
dependent kinase inhibitor p27Kip1 is associated with advanced stage and
invasiveness of gastric carcinomas. Jpn J Cancer Res 1997; 88:625-9.
Yasui W, Sentani K, Motoshita J, Nakayama H. Molecular pathobiology of gastric
cancer. Scand J Surg 2006; 95:225-31.
127
Yokota J, Yamamoto T, Miyajima N, et al. Genetic alterations of the c-erbB-2
oncogene occur frequently in tubular adenocarcinoma of the stomach and are often
accompanied by amplification of the v-erbA homologue. Oncogene 1988; 2:283-7.
Yokozaki H, Kuniyasu H, Kitadai Y, et al. p53 point mutations in primary human
gastric carcinomas. J Cancer Res Clin Oncol 1992; 119:67-70.
Yonemura Y, Ninomiya I, Ohoyama S, et al. Expression of c-erbB-2 oncoprotein in
gastric carcinoma. Immunoreactivity for c-erbB-2 protein is an independent indicator
of poor short-term prognosis in patients with gastric carcinoma. Cancer 1991;
67:2914-8.
Yoshida K, Yokozaki H, Niimoto M, Ito H, Ito M, Tahara E. Expression of TGF-
beta and procollagen type I and type III in human gastric carcinomas. Int J Cancer
1989; 44:394-8.
Zhang DH, Salto-Tellez M, Chiu LL, Shen L, Koay ES. Tissue microarray study for
classification of breast tumours. Ann Acad Med Singapore 2003; 32:S75-6.
Zhang QX, Ding Y, Le XP, Du P. Studies on microsatellite instability in p16 gene
and expression of hMSH2 mRNA in human gastric cancer tissues. World J G
astroenterol 2003; 9:437-41.
Zhang HK, Zhang QM, Zhao TH, Li YY, Yi YF. Expression of mucins and E-
cadherin in gastric carcinoma and their clinical significance. World J Gastroenterol
2004; 10:3044-7.
Zhao GH, Li TC, Shi LH, et al. Relationship between inactivation of p16 gene and
gastric carcinoma. World J Gastroenterol 2003; 9:905-9.
128
Zheng H, Takahashi H, Murai Y, et al. Expressions of MMP-2, MMP-9 and VEGF
are closely linked to growth, invasion, metastasis and angiogenesis of gastric
carcinoma. Anticancer Res 2006; 26:3579-83.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo