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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA
A CASA MODERNA EM PORTO ALEGRE:
PROJETOS RESIDENCIAIS DE
EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF
1949 - 1961
Carlos Henrique Goldman
Porto Alegre, dezembro de
2003
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ARQUITETURA
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA
A CASA MODERNA EM PORTO ALEGRE:
PROJETOS RESIDENCIAIS DE
EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF
1949 - 1961
Carlos Henrique Goldman
Dissertação apresentada ao
Programa de Pesquisa e Pós-
Graduação em Arquitetura da
Universidade Federal do Rio Grande
do Sul como requisito para
qualificação e obtenção do grau de
Mestre em Arquitetura.
ORIENTADOR
Prof. Cláudio Calovi Pereira.
Ph. D.
Porto Alegre, dezembro de
2003
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A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
3
AGRADECIMENTOS
A Ele toda a glória, honra e louvor sejam dados, ao nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta pesquisa de dissertação é o fruto do apoio de muitas pessoas que fazem
parte da minha vida. Pessoas que em maior ou menor parcela, cooperaram
com meu trabalho. Dentre elas agradeço:
Ao meu orientador, pela direção e auxílio precioso no desenvolvimento e
conclusão desta pesquisa.
Aos meus colegas, aos professores e aos funcionários do Programa de
Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
Ao CAPES e ao CNPq que financiaram os meus estudos ao longo mestrado.
Ao arquiteto Nelson Souza, pela sua inestimável cooperação, que sempre se
constituiu em uma valiosa fonte de informações.
A arquiteta Elena Graeff, pelas suas orientações, as quais foram essenciais
para a realização deste trabalho.
Aos proprietários das residências, que permitiram o registro e a observação
das mesmas.
A Aglaé e ao Cláudio, pelo suporte e estimulo em todos os momentos.
Ao “Chia”, que já não está mais conosco, mas teve papel fundamental na
minha formação e trajetória acadêmica.
A Cidriana, que com seu incentivo e carinho trouxe ânimo e disposição para
mim nas etapas finais deste trabalho.
Aos meus amigos, Jairo e Lica, Cláudio e Nara, Sérgio e Eva, Cezar e Kátia,
André e Carmem, Margit e Priscila, José Gustavo e Madalena, Edith e Salmos,
Dona Zilma, Franscisco Laitano, Alci Bubols e tantos outros.
Aos meus colegas da TRAMA, Paulo, Flávio e Adriano, pelo grande suporte e
cobertura nos momentos mais críticos.
Deus e pelo grande amor de seu filho Jesus.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
4
SUMÁRIO
RESUMO. 6
ABSTRACT.
7
1 – INTRODUÇÃO.
9
2 - ARQUITETURA BRASILEIRA NO CONTEXTO DE UMA ÉPOCA.
11
3 - OS CAMINHOS DA ARQUITETURA MODERNA EM PORTO ALEGRE.
16
4- A CASA MODERNA EM PORTO ALEGRE.
27
5 - EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF: BIBLIOGRAFIA RESUMIDA
33
6 - PROJETOS RESIDENCIAIS DE EDGAR A. GRAEFF (mapa).
35
6.1 - RESIDÊNCIA EDVALDO PEREIRA PAIVA.
36
6.2 - RESIDÊNCIA F. BORBA.
44
6.3 - RESIDÊNCIA DO ARQUITETO.
50
6.4 - RESIDÊNCIA VICTOR GRAEFF.
58
6.5 - RESIDÊNCIA EDUARDO FARACO.
64
6.6 - RESIDÊNCIA ISRAEL IOCHPE.
70
6.7 - RESIDÊNCIA HARRI GRAEFF.
78
7 – ALGUMA RESIDÊNCIAS NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL
89
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
5
8 – CONCLUSÃO: LINGUAGEM E PENSAMENTO ARQUITETÔNICO MODERNO. 99
9 - RELAÇÃO DAS OBRAS DE EDGAR GRAEFF.
104
10 LISTA DE FIGURAS.
105
11 - BIBLIOGRAFIA CITADA.
114
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
6
RESUMO
Esta pesquisa tem como núcleo o estudo de residências projetadas pelo
arquiteto Edgar Albuquerque Graeff em Porto Alegre. Formado em 1947 pela
Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil no Rio de
Janeiro, Graeff revelou grande influência da arquitetura moderna carioca em
seu trabalho. Partindo do estudo mais abrangente da produção residencial em
Porto Alegre entre 1940 e 1960, em seu contexto e suas peculiaridades, busca-
se uma compreensão dos caminhos da arquitetura moderna na cidade de Porto
Alegre em sua origem e desenvolvimento. Pretende-se sustentar através de
registros históricos, depoimentos e dos próprios projetos, o caráter pioneiro e
singular do trabalho de Edgar Graeff em Porto Alegre, sua contribuição para o
surgimento local de uma arquitetura moderna com fortes referências à obra de
Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e outros expoentes da escola carioca.
O trabalho compreende a revisão e o estudo das diferentes influências e
orientações arquitetônicas locais nas primeiras décadas do século XX,
registrando a evolução do cenário porto-alegrense até o momento de
introdução do modernismo na cidade. Na década de 40 Edgar Graeff contribuiu
para a evolução desta arquitetura, sendo arquiteto praticante, teórico e
professor do curso de arquitetura da UFRGS. O impacto de residências como a
projetada para Edvaldo P. Paiva foi um marco divisor no campo das idéias, dos
costumes e da cultura arquitetônica em Porto Alegre, transpondo para o nosso
contexto local estratégias e elementos de arquitetura que até então eram
usadas principalmente por arquitetos do Rio de Janeiro e São Paulo. Tais
propostas arquitetônicas manifestaram localmente o pensamento moderno
preconizado por Le Corbusier.
Palavras chaves: Projetos residenciais
Arquitetura moderna em Porto Alegre.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
7
ABSTRACT
This dissertation is centered on the study of houses designed by the architect
Edgar Graeff in Porto Alegre, Brazil. Graduated in 1947 in the Faculdade
Nacional de Arquitetura of the Universidade do Brasil in Rio de Janeiro, Graeff
was greatly influenced by the modern architecture of this city at that time. The
main intention is to understand the affirmation of modern architecture in Porto
Alegre through the study of his houses designed between 1949 and 1960.
Historical data, interviews, drawings and buildings are analyzed in order to
clarify the importance of Graeff’s work as a local pioneer of modern architecture
according to the interpretation of the “Carioca school” (Lúcio Costa, Oscar
Niemeyer and others). The dissertation presents a brief picture of the different
architectural trends in the beginning of the 20th century in Porto Alegre, until the
appearance of the first buildings clearly affiliated with modern architecture. In
the forties, Edgar Graeff gave a fundamental contribution to the local affirmation
of modern values in architecture, as a practitioner, as a professor and as a
theoretician. In expressing the principles of architecture being used then in Rio
and São Paulo, the house designed for Edvaldo Paiva became a landmark in
the architectural context of Porto Alegre. Such principles established the
modern thought of Le Corbusier and his Brazilian reinterpretation in Porto
Alegre.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
8
“O arquiteto, como ser humano, encarna uma herança
cultural ligada e constantemente enriquecida pela
sociedade a que pertence. Sua sensibilidade e sua
vontade, ainda que parecem inteiramente livres e
individuais ao se manifestarem numa situação concreta,
expressam sua formação cultural e refletem sempre
vigorosos traços do que poderia se chamar de
sensibilidade e vontades sociais.”
1
1
Graeff, Edgar Albuquerque. Sem data. Arquivo pessoal do arquiteto Nelson Souza.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
9
1 - INTRODUÇÃO
Ao final dos anos 30 os projetos residenciais executados em Porto Alegre,
antes da atuação de Edgar Graeff, possuíam características e soluções via de
regra tradicionais, alinhadas com alguma tendência estilística formal vigente na
época. As casas populares adotavam dois partidos básicos: o chalé isolado no
terreno e o partido da casa-fita, ocupando toda a extensão até as divisas
laterais. Já os antigos casarões e mansões por sua vez localizavam-se nas
zonas mais elitizadas e tradicionais da cidade, exibindo traços classicistas,
ecléticos e protomodernos.
O arquiteto Edgar A. Graeff teve participação efetiva na introdução do
pensamento arquitetônico moderno no estado. Seu vinculo e admiração pela
arquitetura moderna foi muito importante para o surgimento de uma produção
arquitetônica local identificada com este movimento. A importância de sua
produção residencial pode ser afirmada pelo caráter inovador dos elementos e
estratégias compositivas empregadas em seus projetos. As residências de
Edgar Graeff são exemplares que refletem um momento de mudança na
história da arquitetura gaúcha, materializando aqui no estado a renovação da
mentalidade e do pensamento arquitetônico.
No cenário local, da cidade de Porto Alegre, Graeff desenvolveu projetos
residenciais de estilo moderno em um período que ainda não existia nada com
estas características estéticas
2
.
2
Ver capitulo A casa moderna em Porto Alegre, pág. 23.
Fig.1 – Casa neocolonial, na rua
Marquês do Herval, década de 30.
Fig.2 – Residência Brasil Cezar,
1929 (Fernando Corona).
Fig.3 – Casa protomoderna à rua
Álvaro Nunes Pereira, década de 40.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
10
As inovações promovidas por Graeff, além das soluções de plantas, estão
presentes principalmente no aspecto plástico das fachadas. Sua arquitetura se
caracteriza pela criativa adoção dos temas da tradição arquitetônica brasileira
em leitura moderna como os treliçados em madeira, brises fixos, telhados
borboletas, azulejos, muros e elementos vazados de alvenaria, além do
paisagismo “tropical”.
A residência será o objeto deste estudo porque sintetiza padrões estilísticos e
projetuais da obra de Graeff e por também constituir um tema de projeto do
qual há um numero considerável de exemplares para a pesquisa. Através do
estudo dos projetos residenciais de Graeff é possível identificar as
características do movimento moderno no Rio Grande do Sul, assim como as
peculiaridades da sua interpretação. Suas técnicas construtivas e materiais
empregados revelam a manipulação das tecnologias disponíveis.
O trabalho irá focalizar os projetos residenciais do arquiteto Edgar Graeff em
Porto Alegre, além de algumas obras desenvolvidas no interior do estado,
todos eles realizados em época marcada pelo surgimento e afirmação de uma
nova concepção arquitetônica na cidade: a arquitetura moderna. Graeff atuou
no Rio Grande do Sul, desenvolvendo numerosos trabalhos, não somente no
campo da edificação, mas também no campo teórico da arquitetura, com uma
extensa produção intelectual e participação docente que alcançaram amplitude
nacional.
O registro e estudo das residências de Edgar Graeff se faz necessário pelo fato
de que pela ação do tempo e da especulação imobiliária, tais obras estão se
perdendo tanto como entidades físicas e também na sua forma documental,
tornando cada vez mais difícil o seu estudo. Revisitar estes projetos por meio
de levantamentos, catalogação e analise significa a oportunidade de resgatar
uma parte da nossa história arquitetônica, registrando as lições e os princípios
de uma experiência arquitetônica.
Através deste estudo pretende-se identificar a importância e a contribuição da
arquitetura de Graeff para a afirmação da arquitetura moderna em Porto Alegre
e no Rio Grande do Sul, pela representatividade original e pioneira do conjunto
de sua obra, ao mesmo tempo em que se procura examinar o advento dessa
produção em nosso estado.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
11
2 - ARQUITETURA BRASILEIRA NO CONTEXTO DE UMA ÉPOCA
O final da 2º guerra mundial gerou no cenário mundial a ascensão dos Estados
Unidos, e com isso uma nova ordem política e econômica, fruto da polarização
do poder entre capitalismo e comunismo.
No Brasil, o surgimento de poderosas companhias estatais, como a Petrobrás e
a Companhia Siderúrgica Nacional, além da implantação da industria
automobilística nacional, alavancadas por acordos com os Estados Unidos,
geraram um clima de euforia no país. O desenvolvimento e a modernização se
tornaram objetivos encorajados e financiados pelo governo federal, que de
igual forma desejava expressar na arquitetura estatal esta mesma vocação
para o desenvolvimento e modernização do Brasil.
Nesta mesma época, entre os anos 30 e 40, um grupo de arquitetos radicados
no Rio de Janeiro, egressos da Escola Nacional de Belas-Artes (ENBA)
sediada naquela cidade, se notabilizou pela produção de uma arquitetura
identificada com as vanguardas européias. Faziam parte desse grupo Lúcio
Costa, Oscar Niemeyer, Affonso E. Reidy, Marcelo e Milton Roberto entre
outros. As tendências de vanguarda que definiam o que se configurava como
arquitetura moderna, tinham como idéia a transformação da arquitetura e a
ruptura com os padrões vigentes do fazer arquitetônico, em um movimento de
renovação. Foi através de um dos apóstolos do modernismo o Suíço radicado
na França, Le Corbusier, que esta arquitetura foi implantada de forma definitiva
no Brasil.
Fig. 4 - Painel de Portinari, Ministério da
Educação, 1937/42.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
12
Os preceitos da arquitetura defendidos por Corbusier se baseavam nos cinco
pontos da nova arquitetura: 1º os pilotis; 2º os telhados planos com jardins; 3º o
plano livre gerado pela independência das paredes quanto à estrutura de
concreto; 4º fachada livre e independente da estrutura; 5º janelas
longitudinais
3
. Exemplos das aplicações destes preceitos nas obras de
Corbusier são as residências de Ville Stein em Garches (1927) e Villa Savoye,
construída em Poissy (1929), ambas na França
4
.
Em 1936, Le Corbusier chega ao Brasil, mais especificamente no Rio de
Janeiro, e com ele a modernidade de um estilo. Nesta passagem pelo Brasil,
Le Corbusier ministra uma série de conferências onde expõe suas idéias e
trabalhos. Simultaneamente, ele atua como consultor e coordenador de dois
importantes projetos que marcaram o evento do modernismo em nosso país: o
projeto para a nova sede do Ministério da Educação e Saúde e do novo
campus da Universidade do Brasil. Vinculados diretamente à estadia de Le
Corbusier pelo país estavam os arquitetos Lúcio Costa, Oscar Niemeyer,
Affonso Eduardo Reidy e Jorge Moreira. Depois da passagem de Le Corbusier
pelo Brasil, estes arquitetos, influenciados pelo mestre, passaram a difundir e a
desenvolver a “nova arquitetura”, a qual ainda não se constituía em uma
unanimidade no país. Como conseqüência, estes arquitetos passam a
representar aqui a vanguarda da arquitetura de vertente corbusiana. Este grupo
de arquitetos cariocas veio a conquistar um reconhecimento que ultrapassou
nossas fronteiras, sendo sua arquitetura internacionalmente reconhecida pela
sua qualidade, singularidade e capacidade de incorporar as nossas referências
nacionais.
O novo estilo arquitetônico “moderno” começava a se desenvolver e a dividir a
atenção com as demais correntes arquitetônicas, tais como o neocolonial o
eclético e o neoclássico. Esta coexistência entre diferentes estilos pode ser
caracterizada pelo evento da construção, na mesma época, de dois projetos
distintos para o governo federal no Rio de Janeiro: um o Ministério da Fazenda,
edifício classicizante, outro o Ministério da Educação e Saúde, de linguagem
moderna e inovadora.
3
Publicado originalmente em francês em 1926.
4
Boesinger, Willy. Le Corbusier / Willy Boesinger; [tradução Julio Fisher]. – São Paulo: Martins Fontes. 1994. –
(Coleção Arquitetos).
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
13
Fig. 5 - Ministério da Educação, 1937/43.
O projeto e a posterior construção do edifício do Ministério da Educação e
Saúde, no Rio de Janeiro, em 1936 foi a grande oportunidade de expressão e
afirmação dos arquitetos modernos no Brasil. A equipe do projeto era formada
pelos arquitetos Lúcio Costa, Affonso E. Reidy, Carlos Leão, Ernani
Vasconcelos, Jorge Machado Moreira e Oscar Niemeyer e com a consultoria
de Le Corbusier. Este prédio do Ministério se converteu em uma síntese
monumental dos elementos de arquitetura de Le Corbusier (Comas 1987),
assim como o primeiro nesta escala de prédios com múltiplos pavimentos.
“É a partir da aliança entre função,
materiais e procedimentos
construtivos que Le Corbusier havia
estabelecido os seus cinco pontos
de uma arquitetura nova, defendido
o pano de vidro e inventado o brise-
soleil. Concretizado como pilotis,
teto-terraço, pano de vidro, brise-
soleil, plantas e fachadas livres, o
Ministério se vê igualmente elogiado
como solução exemplar de
aplicação, em edifício de grande
porte, dos elementos de arquitetura
e esquemas compositivos
corbusianos, enfatizando-se a
pertinência de seu emprego em
nosso meio, dadas as condições
ambientais dominantes no país
5
.”
A arquitetura moderna brasileira, em especial aquela feita no Rio de Janeiro,
bastante marcada pela influência de Le Corbusier, logo demonstra uma
identidade própria a nível internacional.
5
Comas, Carlos Eduardo Dias. Protótipo e monumento: um ministério, o ministério. Projeto, São Paulo, nº 102, p. 141,
ago 1987.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
14
O pavilhão brasileiro na Feira Internacional de Nova York, em 1939-1940, pode
ser considerado como a manifestação madura de uma arquitetura moderna
brasileira, de elementos e linguagem própria. Vemos nele a materialização para
o mundo da inventividade e da personalidade da arquitetura brasileira. Na
citação abaixo feita por Comas (1989), o autor nos descreve a originalidade de
Lucio Costa e Niemeyer no uso dos elementos arquitetônicos na composição
do pavilhão:
Não há precedente para um
pavimento térreo como o do
Pavilhão, em que a exibição da
profundidade total do “pilotis” se
alterna com episódios onde paredes
ocultam colunas periféricas e
episódios onde paredes se dispõem
por trás dessas colunas a distintas
distâncias. Tampouco há
precedente corbusiano para o
contraste entre uma elevação que
expõe colunata de ordem simples
suportando balanço e parede sob
seu bordo e elevação que expõe
colunata de ordem colossal
superposta à vedação exterior.
6
6
Comas, Carlos Eduardo Dias. Arquitetura moderna, estilo corbu, pavilhão brasileiro. In: AU arquitetura e urbanismo.
São Paulo, vol 5, nº26 (out / nov. 1989) p. 92-101.
Fig. 6 – Vista geral Pavilhão do Brasil / Feria Mundial Nova
York. Lucio Costa e Oscar Niemeyer, 1938/39.
Fig. 8 – Vista interna colunas do Pavilhão do Brasil.
Fig. 7 – Vista área externa do Pavilhão
do Brasil.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
15
Outro marco importante da arquitetura moderna brasileira foi à construção do
Conjunto da Pampulha no lago de mesmo nome, na cidade de Belo Horizonte,
autoria de Oscar Niemeyer em 1940/44. O conjunto arquitetônico da Pampulha
é formado por um cassino, iate clube, Casa de Baile e igreja, que pontuam as
margens do lago artificial. O que tornou esta obra tão importante foi a sua
singularidade plástica dentro dos preceitos da arquitetura moderna. Na
Pampulha, Oscar Niemeyer apresenta um farto repertório de possibilidades
estéticas para a arquitetura moderna. Comas (2000) descreve o êxito de
Niemeyer no uso dos elementos e princípios formais:
A diferenciação compositiva,
material e significativa dos edifícios
da Pampulha é uma demonstração
contundente - porque
territorialmente condensada – da
versatilidade de um número limitado
de elementos e princípios formais. A
inegável unidade estilística não
exclui a variedade da manifestação
singular, que se legitima mais por
sua correspondência com
programas de natureza diferente
que com características de
situação. A singularidade se
acentua, no mais extraordinário dos
programas, pela eleição de um
sistema estrutural especial, que não
se enquadra na regra do esqueleto
independente: declaração de
riqueza de meios técnicos, mas
também da racionalidade de
relacionar e de relativizar a regra
frente as circunstâncias múltiplas do
século.
7
7
Comas, Carlos Eduardo Dias. O encontro da contradição: Conjunto da Pampulha, de Oscar Niemeyer. In: Arquitextos.
Vitruvius. Disponível em http://www.vitruvius.com.br/arquitextos
. São Paulo, vol 5, nº26 (set. 2000).
Fig. 9 - Vista entrada do Cassino / Pampulha. Oscar Niemeyer,
1942.
Fig.10 - Vista Igreja de São Francisco de Assis / Pampulha.
Oscar Niemeyer, 1943.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
16
3 - OS CAMINHOS DA ARQUITETURA MODERNA EM
PORTO ALEGRE
Fig. 11 - Edifício Guaspari – Fernando Corona/ 1936.
No final dos anos 30 em Porto Alegre, com o processo de modernização do
país, novas influências arquitetônicas já podiam ser observadas na cidade.
Porto Alegre estava passando por grandes transformações urbanas. Em 1938
a pedido do então prefeito Loureiro da Silva
8
, o arquiteto Arnaldo Gladosch
recebeu a incumbência de elaborar o estudo e confecção de um Plano Diretor
para Porto Alegre. Gladosch, em seu plano, elaborou diversas preposições que
contemplavam em linhas gerais as aspirações de crescimento,
desenvolvimento e gerenciamento da metrópole que surgia. No plano de
Gladosch se destacam as mudanças de ordem viária que configuram
aproximadamente o atual sistema de Porto Alegre.
Esta nova configuração viária fez com que Porto Alegre entrasse em um
processo de mudança de escala. Ao longo dos novos eixos viários (avenidas
Salgado Filho, Borges de Medeiros e outras) surgiram uma série de prédios de
grande altura, verticalizando sensivelmente o centro da cidade. São prédios
como os edifícios União, Guaspari (fig.11), Sulacap, Sulamérica e Reunidos,
que começam a dominar a paisagem da cidade.
O cenário da construção civil demonstrava grande vitalidade e a demanda
nesta área crescia sensivelmente. Macedo assim descreve esta situação:
Foi, portanto, na segunda parte da década de 30 e nos primeiros
anos da de 40 que se executaram as maiores obras viárias de
Porto Alegre. Para isso concorreram duas condições favoráveis:
8
Edvaldo Pereira Paiva Um Urbanista. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 1985: pág. 13.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
17
primeiro, a ditadura instalada em 1937 colocou na chefia do poder
executivo o senhor José Loureiro da Silva que, aproveitando a
oportunidade de uma época discricionária realiza rapidamente as
desapropriações necessárias que em outra ocasião teriam sido
impossíveis; segundo, a declaração de guerra favoreceu certos
empréstimos que seriam bem menores e muito difíceis em outras
circunstâncias
9
.
Essa nova atividade construtiva busca referências de uma linguagem
contemporânea. Junto com esta necessidade de construir se estabelece a
questão: qual seria o caráter arquitetônico que representaria as transformações
e a busca pela modernidade? A tendência mais freqüente em Porto Alegre nos
anos 30 foi àquela vinculada ao art déco: edifícios constituídos por volumes
com formas mais puras e despojados de ornamentos, prédios com referências
“aerodinâmicas e náuticas”, com uma linguagem mais geométrica e
racionalizada, utilizando o concreto e o revestimento com pó de mica. Alguns
autores chamam esta arquitetura de proto-moderna
10
.
Um grande marco deste momento de especulação estilística foi a Exposição do
Centenário Farroupilha em 1935-36, no Parque da Redenção de Porto Alegre,
onde os pavilhões exibiam um conjunto de linguagens arquitetônicas que
guardando suas particularidades partilhavam um intento modernizador comum.
9
Macedo, F. Riopardense de. Porto Alegre: origem e crescimento (2º edição). Porto Alegre: Prefeitura Municipal, 1999:
p.30
10
Conde, Luis Paulo et. Al. “Protomodernismo em Copacabana, in Arquitetura Revista nº 3. Rio de Janeiro: FAU –
UFRJ, 1985-86: P.44.
Fig. 12 - Cassino da Exposição do Centenário Farroupilha – Christiano de La Paix Gelbert / 1935-36.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
18
Nos anos 40, um dos importantes fatos ocorridos no estado, que pode ter
contribuído para a propagação do movimento moderno no Rio Grande do Sul,
foi a realização de projetos de orientação modernista por conhecidos arquitetos
cariocas. Este grupo de arquitetos era constituído por Oscar Niemeyer, Affonso
Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira, um grupo ilustre de arquitetos com
reconhecimento internacional, representantes da escola carioca. Estes
arquitetos contribuíram aqui com diferentes projetos de grande envergadura,
talvez suprindo a carência de profissionais que projetassem no novo estilo.
Pereira (1990), comenta este cenário:
“Ao buscarmos encontrar as razões que trouxeram aqui tais
arquitetos, precisamos verificar quais eram as condições vigentes
no meio arquitetônico local. Embora o primeiro curso de
arquitetura do estado tenha sido criado somente em 1945, houve
ensino da matéria na Escola de Engenharia desde 1903. Fundado
por Afonso Hebert, o curso contava com um significativo número
de disciplinas específicas. Todavia, a partir de 1917, reformas
sucessivas foram esvaziando estes conteúdos e empobrecendo a
formação de projetistas. Restou uma conceituação de arquitetura
como “embelezamento exterior de uma concepção técnica...”. Este
problema, com seus evidentes resultados na capacitação dos
formados para o projeto, deixou um espaço aberto na construção
civil para a contratação de profissionais estrangeiros, o que era
permitido por lei. Dentre os muitos arquitetos alemães, italianos e
franceses que aqui trabalharam, talvez o nome mais destacado
seja o de Theo Wiedersphan, que marcou definitivamente a
paisagem urbana da cidade com obras como a Delegacia Fiscal,
os Correios e Telégrafos, o Edifício Ely, o Hotel Majestic e a
Cervejaria Bopp (atual Brahma). Todavia, a grande contribuição
destes arquitetos foi golpeada mortalmente com a regulamentação
profissional surgida em 1933, que reduziu suas atribuições à de
“construtores licenciados”. Desse modo, no momento em que as
condições eram propícias à construção civil, haviam engenheiros
civis despreparados, arquitetos estrangeiros afastados, poucos
brasileiros diplomados e nenhuma escola de arquitetura. Em todo
esse contexto reside uma das hipóteses que explicaria os projetos
de arquitetos do Rio de Janeiro em Porto Alegre nos anos 40
11
.”
11
Pereira, Cláudio Calovi. Primórdios da arquitetura moderna no Rio Grande do Sul: a presença dos arquitetos
cariocas. Porto Alegre: UFRGS. Trabalho Acadêmico (Mestrado em Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1990.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
19
Dentre os três projetos realizados pelos arquitetos do Rio de Janeiro, o primeiro
projeto foi o do Hospital das Clinicas da Universidade do Rio Grande do Sul,
em de Porto Alegre, autoria de Jorge Machado Moreira (1942), sendo o único
edifício que foi construído dos três referidos. O projeto desenvolvido por Jorge
Moreira não foi seguido na execução, tendo sido bastante descaracterizado.
Trata-se de um prédio de grandes proporções erguido em amplo terreno na
esquina das avenidas Protásio Alves e Ramiro Barcelos. Sua implantação se
constitui em uma interessante conjugação entre tradição e modernidade, pois
dialoga de forma distinta com o tecido urbano da cidade. Além de isolado em
meio ao terreno, o prédio está geometricamente em posição diagonal às
avenidas acima descritas, evitando assim a disposição em paralelo aos limites
do quarteirão. Isso poderia ser interpretado como uma abordagem típica de
desenho urbano modernista.
Fig. 14 – Hospital de Clinicas, Jorge Machado Moreira. Maquete proj. original, 1942.
Fig. 13 – Hospital de Clinicas, Jorge Machado Moreira. Maquete proj. original, 1942.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
20
De outra sorte este mesmo prédio monumental se coloca frontalmente para a
rua Jerônimo de Ornellas, como fechamento perspectivo desta rua,
caracterizando uma abordagem tradicional do edifício como coroamento de um
eixo viário importante
12
. Basicamente a volumetria do prédio traduz o complexo
programa de necessidades do Hospital de Clinicas, ou seja, seu bloco vertical
com quinze pavimentos contém setores administrativos, consultórios,
enfermarias, salas de cirurgia e de aula. Já no grande volume baixo estão os
ambulatórios e serviços técnicos. O bloco principal do prédio previa grelhas e
brises nas suas fachadas, apoiado em colunas circulares de dupla altura no
térreo, que demarcam o acesso. A solução de cobertura faz alusões a
Pampulha: cascas hiperbólicas, caixas d` água com bordos sinuosos e telhado
borboleta. Estes elementos aplicados no projeto de Jorge Moreira para do
Hospital de Clinicas de Porto Alegre podem ser considerados típicos do
modernismo carioca.
Em 1943, o governo do estado do Rio Grande do Sul encomendou o projeto
para a sede do Instituto Previdenciário do Estado (IPE) ao arquiteto Oscar
Niemeyer. A sede seria erguida na esquina da avenida Borges de Medeiros
com a rua Andrade Neves, uma localização privilegiada e muito tradicional de
Porto Alegre. Antes da proposta de Oscar Niemeyer havia sido realizado um
concurso que fora vencido por Fernando Corona em 1936
13
. O projeto de
Corona não veio a ser executado, sendo Niemeyer posteriormente chamado
para elaborar novo estudo. A foto da maquete (ver fig. 15) na próxima página é
o único documento disponível do projeto até o momento. O prédio se
caracteriza por sua massa prismática, embasada por leves colunas que
sustentam o conjunto. De forma sintética, este volume poderia ser dividido em
três partes distintas: base em pilotis, corpo principal revestido por sistemas de
proteção solar e um coroamento que faz referência à arquitetura moderna
carioca. As duas fachadas principais receberam um tratamento distinto,
embora o tema da reticula de proteção fosse comum a ambas, variando o
elemento de proteção e o grão do reticulado. Este projeto continha em si uma
12
Pereira, Cláudio Calovi. Primórdios da arquitetura moderna no Rio Grande do Sul: a presença dos arquitetos
cariocas. Porto Alegre. Cadernos de Arquitetura Ritter dos Reis. V. 2, out. 2000. – Porto Alegre ; Faculdades Integradas
Ritter dos Reis, 2000. pág. 57.
13
Canez, Anna Paula. Fernando Corona e os caminhos da arquitetura moderna em Porto Alegre. Porto Alegre, UE /
Porto Alegre / Faculdades Integradas do Instituto Ritter dos Reis, 1998: p. 26.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
21
série de recursos compositivos e elementos de arquitetura típicos da
linguagem modernista carioca, conforme se observa na foto da maquete.
O projeto do edifício sede da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS) foi
vencedor de um concurso a nível nacional realizado em 1944, tendo como
autores os arquitetos Affonso Eduardo Reidy e Jorge Machado Moreira.
Pereira (2000) comenta
14
que ambos voltavam a trabalhar em conjunto, pois já
haviam formando a equipe do projeto para o concurso do Ministério da
Educação e Saúde no Rio de Janeiro (1936). Fato importante, pois reafirma o
momento de coesão e influência da escola carioca no cenário nacional.
Primeiramente concebido para ser construído na avenida Farrapos esquina
com a rua Barros Cassal, o projeto foi modificado devido a alteração de sua
localização. O novo local proposto para sua implantação seria o do antigo
Mercado Livre, hoje estação Mercado do Trensurb (metrô de superfície de
Porto Alegre). O projeto consistia de um prédio de vinte pavimentos, sobre
pilotis com o corpo principal de planta em hexágono e um teto jardim que se
distingue pela forma de sua cobertura, tratada com volumes alusivos aos
edifícios da Pampulha (Niemeyer, 1940/44). Internamente este projeto
14
Pereira, 2000. pág. 63.
Fig. 15 – Edifício do IPE, Oscar Niemeyer. Proj. original, 1943.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
22
apresenta interessantes elementos de composição do espaço. No térreo,
mezanino e cobertura, a sinuosidade, o duplo pé-direito e o teto-jardim
evidenciam o vocabulário arquitetônico moderno empregado no projeto.
Nenhum dos três projetos descritos acima foi executado, o que não permite
conclusões sobre os caminhos que a arquitetura moderna em Porto Alegre
poderia ter seguido, se de fato estas obras se concretizassem. Não resta
dúvida, porém, de que a passagem destes arquitetos pelo Rio Grande do Sul
provocou repercussão. Pereira comenta:
Não foi possível aos arquitetos modernistas radicados no Rio de
Janeiro materializar de forma significativa sua concepção de
arquitetura em solo gaúcho. A influência da escola carioca veio a
ser revelada posteriormente na obra de arquitetos locais como
Greaff, Fayet, Canarim, Mendonça e Bered. Contudo, a análise
dos projetos de Moreira, Niemeyer e Reidy para Porto Alegre na
Fig. 16 - Edifício do VFRGS. Reidy e Moreira. Maquete do
projeto original, 1944.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
23
década de 40 propicia o estudo de uma poética de arquitetura de
grande repercussão internacional aplicada ao contexto local
15
.
Este processo de abertura e renovação acabou por influenciar um grupo de
arquitetos e pessoas do meio cultural, dispostas a romper com os modelos
estilísticos daqueles anos, que ainda mantinham uma relação muito forte com
aquilo que foi definido por Demétrio Ribeiro com “um ecletismo simplificado
16
.
Este grupo estava interessado em uma nova alternativa para a arquitetura, com
uma linguagem mais contemporânea e atual. Dentre estas pessoas, o escultor
e arquiteto autodidata Fernando Corona foi um dos personagens mais
atuantes. Segundo Carlos Maximiliano Fayet; “foi através de Fernando Corona,
por volta de 1945, que Porto Alegre veio saber a respeito do arquiteto Le
Corbusier”
17
.
Em Porto Alegre, o contexto não parecia muito favorável para os arquitetos
locais que se identificavam com o movimento moderno. A não-realização dos
projetos dos arquitetos cariocas já sinalizava um tipo de rejeição a esta
arquitetura. Outro componente desta situação relacionava-se ao ensino de
arquitetura no estado, que na época se encontrava subordinado a Escola de
Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Tasso Correa, diretor do Instituto de Belas Artes, com apoio federal, organizou
e fundou um curso superior de arquitetura em 1944, reunindo um corpo
docente formado por arquitetos, dentre os quais Demétrio Ribeiro, Edvaldo
Paiva (engenheiro especializado em urbanismo no Uruguai) e Edgar
Albuquerque Graeff, (que concluiria sua graduação no Rio de Janeiro em
1947). Parte deste contexto de formação do curso superior de arquitetura foi a
passagem de arquitetos uruguaios, provavelmente por influência de Paiva e
Ribeiro, que estudaram em Montevidéu. À partir de 1946 se iniciaram estas
visitas, as quais incluíram os arquitetos e professores Mauricio Cravotto, Carlos
Gomes Gavazzo, e Ildefonso Aroztegui.
“... foi organizado o currículo de arquitetura da Escola de Belas Artes
do Rio Grande do Sul pelos arquitetos Edgar Graeff e Demétrio
Ribeiro, que estudaram respectivamente no Rio de Janeiro e
15
Pereira, 2000. pág. 68.
16
Xavier, Alberto, 1936 – Arquitetura moderna em Porto Alegre / Alberto Xavier, Ivan Mizoguchi. – São Paulo: Pini,
1987 p. 26.
17
Entrevista a Demétrio Ribeiro feita em 30/01/03.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
24
Montevidéu. A proximidade e importância cultural desta última
cidade conferiram ao ensino da arquitetura em Porto Alegre uma
característica peculiar, ao acrescentar ao estudo de Le Corbusier e
dos pioneiros brasileiros a discussão do realismo socialista”
18
.
Neste momento é que a figura de Graeff torna-se relevante no cenário da
arquitetura do Rio Grande do Sul. Egresso da Faculdade Nacional de
Arquitetura da Universidade do Brasil no Rio de Janeiro em 1947, Edgar Graeff
veio a atuar como um militante da arquitetura moderna no estado, tornando-se
personagem importante deste processo. Sua participação se deu tanto na
prática profissional, quanto no ensino da arquitetura.
Ao contrário das outras influências arquitetônicas, tais como o ecletismo tardio,
o estilo californiano e o art déco, a arquitetura de Graeff representava uma
linha direta de conexão com a arquitetura moderna mais em evidência no
cenário nacional, naquele momento liderada por Lucio Costa, Oscar Niemeyer
e Affonso Reidy.
Weimer (1992), comenta o contexto da chegada de Graeff sob o enfoque do
ensino. Ele afirma que o contingente de professores uruguaios, além de Ribeiro
e Paiva que lá estudaram
19
, estabeleceram aqui um vinculo com Montevidéu.
Segundo Weimer (1992), a chegada de Graeff no curso de arquitetura,
organizado por Tasso Corrêa, exerceu importante influência:
“Este panorama iria mudar, aos poucos, com a integração de
Edgar Graeff no corpo docente. Este havia feito seus estudos na
Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro e haveria de
abrasileirar” os estudantes gaúchos.”
20
A expressão abrasileirar, usada por Weimer, para definir a influência de Graeff
sobre os estudantes gaúchos se explica na origem carioca de sua formação.
Anos mais tarde, em 1954, o curso de arquitetura fundiu-se com o curso
existente na Escola de Engenharia e veio a se tornar de forma definitiva a
Faculdade de Arquitetura, incorporado a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul como faculdade independente. Este fato propiciou um incremento
intelectual e formativo para o contexto arquitetônico da cidade. Com o
18
Ficher, Silva. Arquitetura moderna brasileira: Projeto. São Paulo. 1982.
19
Curso de Urbanismo da Faculdad de Arquitectura de Montevideo / Uruguay.
20
Weimer, Günter. As relações arquitetônicas entre o Rio Grande do Sul e o Prata. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade
de Arquitetura, 1992. 20p.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
25
surgimento do curso de arquitetura, houve a demanda por professores, que
deveriam ser profissionais de arquitetura. Paralelo a isso, nossos arquitetos
progressivamente começaram a conquistar certo reconhecimento e
estabilidade. Ribeiro e Weimer comentam este momento:
“A década de 50 foi uma fase de grandes progressos para a
arquitetura no Rio Grande do Sul. Concursos públicos de
anteprojetos para edificações públicas, criação da carreira de
arquiteto na função pública e promoção de planos diretores
urbanos.”
21
“Apesar de todos esses percalços, devagar os arquitetos locais
conseguiram se firmar profissionalmente. A razão básica deste
fato foi o ”bomm” imobiliário que se apoderou da nação e do
qual o Rio Grande do Sul não foi o exemplo mais eloqüente
mas, nem por isso, deixou de sentir seus efeitos”.
22
Dentre os pioneiros da arquitetura moderna que atuaram naquela época cabe
citar concretize , além de Graeff, os nomes de Carlos Alberto de Holanda
Mendonça (alagoano, radicado no Rio Grande do Sul, também formado no Rio
de Janeiro), Demétrio Ribeiro, Enilda Ribeiro, Emil Bered, Salomão Kruchin,
Lincoln Ganzo de Castro, Moacyr Moojen Marques, Luiz Fernando Corona,
Carlos Maximiliano Fayet, Román Fresnedo Siri, Irineu Breitman e Nelson
Souza, entre outros.
Foram executados inúmeros projetos residenciais na cidade, e neles aplicados
os preceitos da arquitetura moderna.
21
Ribeiro, Demétrio. A arquitetura no período 45-50. In Xavier, Alberto; Mizoguchi, Ivan. Arquitetura moderna em Porto
Alegre. São Paulo: Pini, 1987, p.28.
22
Weimer, Günter. A arquitetura. Porto alegre. Ed. Da Universidade / UFRGS, 1992. p. 117.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
26
Fig. 17 – Quadro cronológico de algumas das obras de arquitetura moderna em Porto alegre, (1949 –1960).
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
27
4 - A CASA MODERNA EM PORTO ALEGRE
Fig. 18 - Residência E. P. Paiva – Edgar A. Graeff / 1949.
Como já referido anteriormente, no início do capitulo anterior, a arquitetura
residencial em Porto Alegre nas quatro primeiras décadas do século XX
apresentava uma ampla variedade de filiações estilísticas. Talvez a forma mais
abrangente de agrupar esta produção seja uma divisão em três grupos: 1) a
arquitetura eclética, constituída de citações historicistas diversificadas; 2) a
arquitetura neocolonial ou em “estilo californiano”, onde uma referência local é
buscada; 3) a arquitetura de algum modo identificada com as vanguardas
européias, que tem sido identificada como “art déco” ou “protomoderna”.
Arquitetos como Fernando Corona projetam casas ora vinculadas a uma
tendência (edifício J. Ibañez, neocolonial), ora a outra (residência Cezar,
eclética).
No que diz respeito aos projetos residenciais em Porto Alegre, existiu um
processo de renovação da arquitetura. Sendo que o projeto residencial se
transformou em um verdadeiro “campo de provas”, um laboratório em menor
escala, de estilos arquitetônicos e na arquitetura moderna não foi diferente.
Contudo, a nova geração de arquitetos (Graeff, Fayet, Mendonça, dentre
outros) tem na arquitetura moderna européia e na inspiração carioca sua
referência definitiva. No caso de Fayet e Mendonça, isso se manifesta nas
casas Azevedo (pág. 30), Vieira (pág. 31) e Norberto (pág. 32), que manifestam
as referências formais da arquitetura de Niemeyer, Costa, Reidy e irmãos
Roberto.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
28
Sem tentar analisar o desenvolvimento da cada um destes três grupos na
história da arquitetura da cidade, pode-se dizer que a produção listada na
tabela – representa o advento de uma nova concepção de arquitetura em Porto
Alegre. Tardiamente, as influências da arquitetura moderna carioca surgida no
final dos anos 30 fazem sua aparição em Porto Alegre. Tendo estudado
arquitetura no Rio de Janeiro (1943 / 47), Graeff testemunhou os primeiros
triunfos da escola carioca, tais como a construção e inauguração do Ministério
da Educação e Saúde (1937 / 44), e a conclusão do aeroporto Santos Dumont
(1944) dos irmãos Roberto. Ao retornar a Porto Alegre, Graeff trouxe estas
influências e as manifestou em sua atuação profissional. O grande número de
residências projetadas por Graeff o faz um pioneiro na introdução da
arquitetura moderna no estado.
Fig. 19 – Quadro cronológico de casas modernas em Porto alegre, (1949 –1952).
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
29
RESIDÊNCIA GUILHERMINO CEZAR – 1950
Rua Vinte e Quatro de Maio, 43 - Centro
Fernando Corona.
Fig. 20 – Residência Guilhermino Cezar,
Fernando Corona, 1950.
Fig. 21 – Residência Guilhermino Cezar,
Fernando Corona, 1950.
Fig. 22 – Residência Guilhermino Cezar, Fernando Corona,
planta baixa do térreo e superior, 1950.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
30
RESIDÊNCIA JORGE CASADO D’ AZEVEDO – 1950
Rua Comendador Caminha, 60 - Moinhos de Vento.
Carlos Alberto de Holanda Mendonça.
Fig. 23 e 24 – Residência Jorge C. D´ Azevedo, 1950.
Fig. 25 – Residência Cândido, Residência Jorge C. D´ Azevedo, planta baixa do térreo, 1950.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
31
RESIDÊNCIA MARIA FLOR VIEIRA – 1950
Avenida Montenegro, 108 – Petrópolis
Carlos Maximiliano Fayet.
Fig. 26 e 27 – Residência Maria Flor Vieira, Carlos M. Fayet, 1950.
Fig. 28 – Residência Maria Flor Vieira, Carlos M. Fayet, planta baixa do térreo e superior, 1950.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
32
RESIDÊNCIA CÂNDIDO N. – 1952
Av. Praia de Belas, esq. Av. Bastian.
Luis Fernando Corona e Carlos M. Fayet.
Fig. 29 – Residência Cândido, Carlos M. Fayet, 1950.
Fig. 30 – Residência Cândido, Carlos M. Fayet, 1950.
Fig. 31 – Residência Cândido, Carlos M. Fayet, planta baixa do térreo, 1950.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
33
5 - EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF: BIOGRAFIA RESUMIDA
Fig.32 - Edgar Graeff
Edgar Graeff nasceu em 1921, em Carazinho no estado do Rio Grande do Sul.
Em 1943 ingressou na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do
Brasil no Rio de Janeiro (FNA-UNB), formando-se arquiteto no ano de 1947.
Graeff estudou arquitetura num momento importante da história, do ponto de
vista dos acontecimentos que viriam a marcar a arquitetura no Brasil. A escola
que cursou havia formado poucos anos antes uma geração de arquitetos que
fariam época no panorama nacional e internacional, tais como Lúcio Costa,
Oscar Niemeyer, Afonso Reidy, Luiz Nunes, Álvaro Vital Brazil, Jorge Moreira,
Marcelo e Milton Roberto. Quando Graeff inicia seus estudos, a sede do
Ministério da Educação e Saúde (Lúcio C. e equipe) e o Aeroporto Santos
Dumont (Marcelo e Milton Roberto), encontram-se em adiantado estado de
construção, enquanto a sede da Associação Brasileira de Imprensa (A.B.I.,
Marcelo e Milton Roberto, 1936/38), a obra do Berço (Oscar Niemeyer, 1937) e
a Estação de Hidroaviões (Attílio Corrêa Lima, 1937) já estavam concluídas.
Portanto, Graeff tinha diante de si uma série de obras capitais da afirmação da
arquitetura moderna no Brasil, as quais certamente conheceu pessoalmente.
Também em seu período de estudante, Graeff vivenciou a construção dos
edifícios de Oscar Niemeyer na Pampulha em Belo Horizonte (1942 – 44) e a
realização da exposição “Brazil Builds”, que deu grande relevância à
arquitetura moderna carioca no Museum of Modern Art de Nova Yorque, em
1943. Além destas vivências Graeff deve a oportunidade de fazer parte da
Revista Anteprojeto, da FNA–UNB, onde publicou artigos como “ Arquitetura
Contemporânea no Brasil” (nº 11, jul. 1947).
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
34
A experiência de Graeff no ambiente do Rio de Janeiro tem direta relação com
sua arquitetura nos anos 50. Comparando-se a experiência de Demétrio
Ribeiro (que estudou em Montevideo) com a de Graeff no Rio, pode-se
perceber que o ambiente da formação de ambos repercutiu na obra construída.
Demétrio Ribeiro estudou com professores vinculados ao “Art Déco” e ao
racionalismo estrutural de Perret e Garnier, tendo a oportunidade de conhecer
obras importantes dessas correntes (Faculdade de Engenharia de Vilamajó,
Prefeitura de Montevideo de Cravotto, etc.). Isso veio a se refletir na
sobriedade e contenção formal de sua obras (Colégio Júlio de Castilhos, 1955
e Colégio Venezuela, 1946). Já a experiência de Graeff é de outra natureza,
tendo sua base na doutrina de Le Corbusier, interpretada de forma singular
pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Tal alinhamento franco com
as vanguardas modernas e sua plasticidade explica a distinção da arquitetura
de Graeff.
Fig. 33 - Edgar Graeff e Nelson Souza. Fig. 34 - Da dir. para a esq. Pirajibe, Virginia,
Demétrio, Enilda, Nelson, Priscilla, Cândida Graeff,
Edgar Graeff e Eduardo Graeff.
Fig. 35 - Edgar Graeff e Carlos M. Fayet.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
35
6 - PROJETOS RESIDENCIAIS DE EDGAR GRAEFF
Mapa Geral de Localização: Porto Alegre
1. RESIDÊNCIA EDVALDO PEREIRA PAIVA / 1949
2. RESIDÊNCIA F. BORBA / 1950
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
36
3. RESIDÊNCIA DO ARQUITETO / 1951
4. RESIDÊNCIA VICTOR GRAEFF / 1952
5. RESIDÊNCIA EDUARDO FARACO / 1953
6. RESIDÊNCIA ISRAEL IOCHPE / 1954
7. RESIDÊNCIA HARRI GRAEFF / 1961
6.1 - RESIDÊNCIA EDVALDO PEREIRA PAIVA
Tv. Otávio Corrêa, 48 / Cidade Baixa - Porto Alegre - RS.
Ano do Projeto: 1949
Área do Terreno: 301.25 m2
Área Total Construída (aprox.): 324.75m2
A residência para o urbanista Edvaldo Pereira Paiva, projetada por Graeff em
1949, marcou a introdução do modernismo na arquitetura de Porto Alegre. Esta
casa foi um protótipo das idéias e técnicas modernistas de projeto, com
elementos e soluções estilísticas até então exclusivas de outras partes do
Brasil, onde a arquitetura moderna já havia sido introduzida. Conforme
depoimento do próprio Graeff, este foi o seu “primeiro trabalho completo
envolvendo desde a elaboração do programa de necessidades até os retoques
finais de mobiliário e decoração.”
Neste caso, o cliente era um amigo e colega de Graeff, compartilhando ambos
a simpatia pela arquitetura moderna. Este fato foi preponderante para a
concretização do projeto, pois através do apoio e incentivo de Edvaldo Paiva
foi possível introduzir conceitos inovadores da arquitetura moderna na cidade
de Porto Alegre.
Os conceitos de arquitetura funcional, ditadas pela
“Carta de Atenas” e aliada à construção de elementos
característicos da época colonial brasileira, moldaram
alguns padrões arquitetônicos de então. Os jovens
arquitetos Edgar Graeff, Nelson Souza, Enilda Ribeiro,
Luiz Fernando Corona, Carlos Maximiliano Fayet,
Francisco Riopardense de Macedo e outros, eram
entusiastas da renovação dos espaços na arquitetura,
cujo marco foi sem dúvida, a residência do Prof. Edvaldo
Fi
g
. 37 - Vista mezanino. Foto Nestor Nastruz.
Fig. 36 – Mapa de localização das residências em Porto Alegre.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
37
P. Paiva. Quando o urbanista convidou o Arq. Graeff para
a elaboração do projeto de sua residência à rua Otávio
Correa, já demonstrava sua natureza renovadora, ao
propiciar àquele profissional e amigo, a oportunidade de
aplicar as novas idéias, em voga. O gabinete que se vê
na foto, era o local de reunião e discussão das metas que
a equipe de trabalho visava nos projetos urbanísticos
coordenados pelo saudoso mestre”
23
.
O terreno está localizado no bairro Cidade Baixa, perto da zona central da
cidade. Sendo o lote estreito e profundo, com uma testada de 8.50m, Graeff
concebeu um partido onde o tema são os cheios e vazios alternados na planta.
A área de entrada, área social e o setor de serviço são separados pelos pátios
internos, dispostos de forma intercalada, sendo que amplas esquadrias de vidro
fazem a separação entre áreas abertas e fechadas. Em um terreno
relativamente pequeno, os espaços foram tratados de maneira a criar um
percurso onde o observador ao deslocar-se consegue perceber vários episódios
diferentes na seqüência de espaços da casa, vistos tanto de dentro como de
fora, como conseqüência da permeabilidade dos ambientes.
23
Edvaldo Pereira Paiva Um Urbanista. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 1985. Pág. 38.
Fig. 39 - Le Corbusier. Casas Citrohan –
interior. 1922.
Fig. 40 - Le Corbusier, Ville Savoie – vista sala.
1929.
Fig. 38 – Res. Paiva, vista sala de jantar. Foto Nestor Nastruz.
1949
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
38
As imagens da residência (fig.37 e 38) evidenciam o parentesco e as
similaridades da casa Paiva, de Edgar Graeff, com as novas propostas de Le
Corbusier (fig. 39 e 40). Graeff, assim como Le Corbusier, explorou os planos
envidraçados nos ambientes, introduziu o pé-direito duplo utilizando o mezanino
e promoveu a integração visual e espacial dos espaços da casa. A linguagem
arquitetônica contemporânea usada na casa Paiva expressou sua ligação com a
modernidade.
O trecho a baixo é parte de um comentário que Graeff faz referência às reuniões
que fazia com Paiva, para definirem o programa da residência. Neste
comentário, Graeff de forma simbólica, define o conceito que iria nortear o
projeto da pequena casa aberta e transparente.
“... síntese que tentei fazer do programa, que nos consumira
tantos dias de trabalho, intermináveis trocas de idéias e tão
longas charlas amenas, de quem se põe a andar ao redor do
ponto, olhando de esguelha, sem pressa de chegar: você
precisa então de uma casa transparente, como você”.
24
24
Comentário de Graeff, a respeito das conversas entre ele e Paiva. Edvaldo Pereira Paiva Um Urbanista. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 1985. Pág. 29.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
39
Fig. 41 – Implantação.
No acesso da casa existe uma área abrigada lateral à garagem, concebida como
um primeiro pátio interno, fazendo uma espécie de transição entre o passeio
público e a área privada da casa. Este pátio coberto oferece três opções: o
acesso à casa, à garagem e ao primeiro pátio interno, que serve como acesso
de serviço à cozinha. O vestíbulo da casa, em parte ocupado pela escada de
acesso ao pavimento superior, se torna estreito. Essa sensação é amenizada
pela ampla abertura envidraçada para o pátio lateral e pelo formato da escada
(degraus sem espelhos apoiados em viga central). O vestíbulo é o acesso
principal ás principais dependências da casa, tanto da área intima quanto da
área social. Sobre a sala de estar e jantar existe um mezanino, criando um
ambiente de pé direito duplo. Este mezanino por sua vez foi concebido como
uma área de estúdio e de reuniões. Os quartos estão localizados na parte
superior da casa no volume que está sobre a garagem e o pátio coberto da
entrada da casa. Dotados de varanda voltada para o norte, estes quartos
receberam um tratamento com elementos de proteção solar em madeira. Trata-
se de uma reticula que combina treliçado ortogonal e quadros com persianas,
servindo como solução ambiental e recurso estético (fig. 46).
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
40
Fig. 42 - Planta da Casa Edvaldo Paiva projeto de Edgar Graeff em 1949.
O sistema de circulação da casa ocorre margeando os pátios internos, o que
torna o sentido de deslocamento mais sinuoso do que linear. Existe uma
dinâmica na seqüência dos ambientes: conforme os percorremos, se alternam
espaços estreitos e de pé direito simples, espaços mais amplos e de pé-direito
duplo, paredes laterais ora murais, ora panos de vidro. Afora os muros nas
divisas laterais do terreno (que cumprem papel estrutural), quase não há
divisões no térreo da casa. Os planos de fechamento são principalmente
definidos por grandes esquadrias envidraçadas, enfatizando a transparência e
favorecendo a iluminação e a ventilação no terreno longo e estreito. Mesmo no
pavimento superior, de natureza mais privada, nota-se a presença mínima de
paredes e a ênfase nos grandes panos envidraçados. Estas estratégias e
situações usadas por Graeff na residência Paiva fazem referência ao principio
da promenade architecturale
25
ou passeio arquitetônico, preconizado por Le
Corbusier e usado em suas casas.
25
Frampton, Kenneth. História crítica de la arquitetura moderna. Barcelona, GG, 1981. p. 259.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
41
Fig. 43 - Res. E. Paiva, vista hall. Foto Nestor Nastruz, 1949 Fig. 44 - Res. E. Paiva, vista do estúdio 2º pav.
Há de se salientar quanto à fachada da casa,
mais precisamente no pavimento superior,
onde se encontra a varanda dos quartos, o
interessante trabalho em madeira dos
elementos de proteção solar (fig. 45 e 46), que
incorporam um importante elemento estético e
funcional da arquitetura moderna brasileira. A
fachada projetada por Graeff é constituída de
um treliçado em retícula ortogonal combinada
com quadros contendo persianas, tal como o
edifício MMM Roberto no Rio de Janeiro
(1945). O volume da fachada como um todo
também revela grande similaridade com as
unidades habitacionais do Centro Tecnológico
da Aeronáutica de São José dos Campos em
São Paulo (fig. 47), projeto de Oscar
Niemeyer. As obras de construção do CTA
tiveram seu início em janeiro de 1948. No
mesmo ano Oscar Niemeyer visita Porto
Alegre, numa promoção do Curso de
arquitetura da Escola de Belas Artes
26
, ano
também que Graeff regressa a Porto Alegre.
No CTA, assim como na casa Paiva, a fachada
possui perfil inclinado com varanda no
pavimento superior. A proteção solar da
varanda nos dois projetos é feita por um
elemento dividido em três módulos principais
26
Edvaldo Pereira Paiva Um Urbanista. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 1985. Pág. 36.
Fig. 46 - Fachada inclinada. Vista parcial varanda
do pavimento superior, 1949.
Fig. 45 – Elevação principal – residência Edvaldo Paiva.
Fig. 47 - Oscar Niemeyer. Unidade habitacional tipo A
CTA 1948
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
42
de quadros de madeira. Em ambas as
residências existe um módulo (o primeiro da
direita) fixo que contrasta com outros dois
módulos vazados ou que permitem o controle
da insolação a partir de persianas móveis (fig.
45 e 47).
Para a cobertura da residência, Graeff
adotou a solução do telhado borboleta,
assim chamado pelo aspecto de asas de
borboleta, que as duas águas (superfícies
inclinadas do telhado) com pendente
convergente conferem ao perfil da casa.
O telhado borboleta, aqui usado por Graeff,
pode ser considerado como um elemento
típico da arquitetura moderna carioca,
transposto para o nosso contexto. O primeiro
projeto a apresentar tal solução de cobertura
foi o da casa Errazuriz (fig. 49), projetada no
ano de 1930 por Le Corbusier para um
cliente no Chile. Já no Brasil, o primeiro
precedente para o uso do telhado borboleta
foi o do Iate Clube (fig. 50), projeto de Oscar
Niemeyer para o conjunto da Pampulha, em
Fig. 48 – Corte longitudinal - residência Edvaldo Paiva.
Fig. 49 - Casa Errazuriz, Chile. Le Corbusier e
P. Jeanneret / 1930.
Fig
50
Lagoa da Pampulha Iate Clube Oscar Niemeyer / 1942
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
43
Belo Horizonte no ano de 1942. Em Porto
Alegre não se tem registro de uma outra
residência, anterior a 1949, que utilize esta
mesma solução na cobertura.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
44
6.2 - RESIDÊNCIA F. BORBA
Rua Borges do Canto, 85 / Alto Petrópolis – Porto Alegre – RS.
Ano do Projeto: 1950
Área do Terreno: 396.60m2
Área Total Construída: 157.64m2
Fig. 52 - Vista varanda quartos. Foto Carlos H. Goldman. 2001
Residência projetada em 1950 por Edgar Graeff, trata-se de um projeto que
apesar de sua simplicidade, dá continuidade a uma orientação estilística já
iniciada pelo arquiteto no projeto anterior feito para Edvaldo Paiva (1949).
A casa situa-se no bairro Alto Petrópolis, uma zona bem arborizada com
característica eminentemente residencial, com o predomínio de casas
unifamíliares de até dois pavimentos e edifícios residenciais de baixa densidade.
As casas em sua maioria refletem uma ocupação destinada a pessoas de classe
média e média alta. As tipologias arquitetônicas que mais se destacam no
contexto são as das casas em estilo californiano e as proto-racionalistas, estas
com volumes mais regulares e de forma mais abstrata, com revestimento em pó
de mica.
O terreno em questão está situado em meio de quarteirão, fazendo divisas
respectivamente com outra residência e com uma praça. O terreno apresenta
Fig. 51 – Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
45
uma topografia plana, possuindo 11,20m de testada, por 33,00m de
profundidade. Sua fachada esta orientada para o leste, assim como os quartos
no segundo pavimento, para o norte estão as áreas sociais e as de serviço para
o sul e oeste. Quanto a sua ocupação, o projeto de Graeff utilizou-se de menos
da metade da área útil do terreno, a partir do recuo de jardim.
As paredes laterais da casa foram ligeiramente afastadas das divisas, deixando
o volume da casa solto em relação ao lote (fig. 53).
Fig. 53 - Implantação.
Fig. 54 - Vista da casa.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
46
O programa consiste numa residência unifamiliar para uma família de classe
média. Tal programa foi distribuído em dois pavimentos. O primeiro pavimento
consiste de uma área social, voltada para o norte, com vestíbulo e sala de estar,
sendo estes separados da sala de jantar por uma diferença de nível. Em seguida
há um jardim que se comunica com as salas de estar e de jantar. O jardim lateral
se ajusta aos níveis diferentes das salas de estar e jantar, tendo conexão direta
com ambos. No final da sala de jantar está localizado o atelier e o lavabo
(toalete). A zona de serviço, voltada para o sul, consiste de garagem para um
carro, cozinha, área de serviço, despensa, lavabo e banheiro de empregada. No
piso superior encontra-se a área íntima da casa; contendo os dormitórios,
circulação e banheiro orientados para o norte. Este programa de necessidades
simples e compacto, se expressa no partido adotado para o projeto que consiste
num prisma trapezoidal que abriga todas as atividades. Esse prisma constitui o
volume da casa, contém uma subtração na área correspondente ao jardim e
também é animado pela cobertura inclinada e pala fachada em ângulo.
Fig. 55 - Vista lateral.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
47
Fig. 57 - Vista fachada – desenho original dos arquivos da prefeitura Fig. 58 - Detalhe do vestíbulo – Planta baixa
térreo
Fig. 59 - Vista lateral – desenho original dos arquivos da prefeitura.
A opção adotada por Graeff foi de posicionar as dependências sociais e íntimas
orientadas na direção norte e leste, e as áreas de serviço voltadas para o sul e
oeste. Com isso Graeff, posiciona as áreas de maior permanência de modo que
recebam insolação pela manhã e parte da tarde.
O tratamento plástico da fachada frontal e das laterais lança mão de
conhecidos elementos estilísticos da arquitetura moderna: a projeção do
volume do pavimento superior que enfatiza uma continuidade horizontal na
fachada, os
Fig. 56 - Planta da casa feita por Edgar Graeff em 1950.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
49
Ao lado e acima dois exemplos das unidades
do Centro Tecnológico da Aeronáutica, um
corte da unidade tipo A e um alinhamento de
fachadas da unidade tipo C-1.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
50
6.3 - RESIDÊNCIA DO ARQUITETO
Tv. Desembargador Vieira Pires, 58 / Rio Branco – Porto Alegre - RS
Ano do Projeto: 1951
Área do Terreno: 376.35m2
Área Total Construída: 198.00m2
A residência em questão foi a casa do próprio arquiteto, tendo sido projetada
ano de 1951. Está localizada na travessa Desembargador Vieira Pires em Porto
Alegre, no bairro Rio Branco. Este bairro está situado ao leste do centro da
cidade, sobre um morro e por isto privilegiado pela topografia, que permite a
visão panorâmica da cidade. O bairro é uma região de alto padrão. A casa está
encravada na face voltada para o sul, desenvolvendo-se de modo escalonado,
acompanhando o aclive do terreno, que na projeção plana possui, as
dimensões de 13,00m por 29,30m, na sua maior profundidade. A casa foi
concebida tendo seu volume principal recuado do alinhamento predial existente,
localizando-se no ponto mais alto do terreno, enquanto a garagem configura-se
em um volume isolado da residência, junto ao nível da calçada, com isso
evitando a necessidade de rampas para o acesso de veículos. Como resultado,
Fig. 64 - Vista parcial da fachada. Edgar Graeff. 1951.
Fig. 63 – Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
51
é obtida uma aproximação de todo o conjunto edificado através da garagem,
que está ao nível do pedestre.
Fig. 65 - Implantação.
Fig. 66 - Vista da casa.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
52
A garagem possui na sua cobertura um terraço jardim. Este terraço jardim está
no mesmo nível que o estúdio do arquiteto, que faz parte do corpo principal da
casa e também da escada estruturada em concreto que conduz a varanda de
acesso da residência que está um nível acima. Neste caso do terraço jardim,
que está no mesmo nível do estúdio do arquiteto, é interessante constatar a
semelhança da estratégia adotada por Graeff e o terraço jardim do Ministério da
Educação e Saúde de Lucio Costa e equipe (1937-1945). No caso do
Ministério, também existe um terraço jardim disposto como cobertura em um
volume mais baixo que se projeta do volume principal, que está diretamente
ligado ao gabinete (sala de trabalho) do ministro.
A escadaria que liga o nível da rua (e da garagem), com o nível da residência é
transformada pelo arquiteto num passeio através de situações espaciais e
plásticas distintas. O percurso na escadaria vence uma altura de
aproximadamente cinco metros e trinta centímetros, sendo constituído de dois
tramos de escadas. O primeiro está ao ar livre, enquanto o segundo já se
encontra sob a proteção do volume da casa que se projeta no piso superior,
sem encerrar a escada no nível intermediário. A escada, girada em 90º em
direção ao primeiro tramo e agora se desenvolvendo paralelamente à fachada
principal, ascende rumo ao volume em projeção, no qual finalmente penetra.
Este volume constitui uma varanda com planos de fechamento permeáveis: são
laminas de madeira formando uma espécie de “muxarabi”, que serve mais
como solução plástica e parapeito, já que a orientação é sul (sem insolação
direta) e a vista panorâmica da cidade não admitiria muito bloqueio.
O percurso, criado por Graeff, oferece uma progressão que se inicia no espaço
aberto, (desde a rua até o plano do pavimento do escritório do arquiteto) e
segue pelo segundo lance de escada já sob a projeção do pavimento superior,
culminando com o ingresso no avarandado. Este permite a vista panorâmica
mais elevada, já dentro do volume da casa mas em contato com o exterior,
Fig. 67 - Vista da casa. Fig. 68 - Vista da casa.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
53
devido ao fechamento apenas virtual do plano de fachada da varanda. Deste
ponto, ocorre o ingresso ao interior da casa.
Graeff também tira partido da topografia acidentada do terreno para dispor em
níveis sucessivos os setores da casa (profissional, social e íntimo), com isto
expressando uma hierarquia de usos.
Fig. 69 - Reprodução da planta baixa e pavimento superior.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
54
O estúdio do arquiteto, que faz parte do volume principal da residência, possui
ainda um acesso independente da mesma, o que é extremamente conveniente,
se imaginarmos que o arquiteto usa este espaço para desenvolver suas rotinas
profissionais, podendo receber clientes para discutir projetos, fazer reuniões com
representantes e vendedores em geral, e desenvolver seus trabalhos com certa
privacidade do resto da casa. Ainda assim, o arquiteto dispõe de uma ligação
privativa entre a residência e o pequeno estúdio através de uma escada interna.
Existem diferenças entre o projeto aprovado para execução e a residência
construída. No projeto aprovado nota-se um parapeito em alvenaria. Na versão
construída pelo arquiteto o plano de fachada é tratado de forma mais unitária:
Graeff abdica de toda forma de vedação cega, tratando o plano apenas com
lâminas de madeira em disposição alternada (horizontal e vertical).
Fig. 70 - Vista fachada – desenho original dos arquivos da prefeitura.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
55
O próximo nível da casa, como comentado anteriormente, é alcançado pelo
segundo lance de escada paralelo ao estúdio. Aqui se observa novamente a
causa e conseqüência das decisões de projeto, onde programa, lugar, técnica e
repertório são combinados de tal forma e estratégia pelo arquiteto, que acabam
se tornando os definidores da forma arquitetônica. Faz-se este comentário para
constatar que, devido a escolha de Graeff de escalonar a residência de acordo
com a inclinação do terreno, tem-se como resultado um percurso que explora
diferentes situações espaciais, desde o portão de acesso até a chegada à
varanda que antecede o vestíbulo da casa. Esta exploração de experiências
espaciais em seqüência encontra paralelo na “promenade architecturale” ou
passeio arquitetônico, empregado por Le Corbusier em suas residências da
década de 20 (Ville Savoye e Ville Stein)
1
.
Seguindo na seqüência, a área social é composta de uma sala de estar, que
está diretamente sobre o estúdio. A sala possui uma pequena abertura na sua
face sul, cuja solução de ventilação e iluminação foi comentada por Mizoguchi e
Xavier:
“A grande varanda que caracteriza a residência é batida pelos
ventos frios do sul, mas se debruça sobre a bela paisagem do
vale que abriga o arroio do Sabão e o bairro Partenon, com o
Morro da Polícia erguendo-se na outra vertente. Daí a alvenaria
quase cega da sala de estar a contrastar com a abertura plena
da varanda, onde se acha belo painel de azulejo pintado por
Petrucci e queimado pela ceramista Luiza Prado”.
Tal solução revela a sensibilidade de Graeff com questões de conforto e
habitabilidade, pois a incidência do vento frio vindo do sul traria mais malefícios
1
Frampton, Kenneth. História critica de la arquitectura moderna. Barcelona: Gili, 1993.
2
Xavier, Alberto. Arquitetura moderna em Porto Alegre. São Paulo: UFRGS, 1987. pag. 77.
Fig. 71 - Vista fachada lateral – desenho original dos arquivos da prefeitura.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
56
do que benefícios para os moradores da casa. Graeff fecha ao máximo as
aberturas para o sul (permitindo que a vista seja contemplada desde a
varanda) e abre ao máximo os planos de fachada para o leste onde estão as
salas de estar e jantar (orientação onde há insolação adequada e vento menos
intenso). Para aumentar a eficácia deste recurso, Graeff dispõe um jardim
íntimo que cria um espaço paisagístico entre o setor social da casa e a divisa
do terreno.
O setor social da casa contém as salas de estar e jantar, sendo que o segundo
terraço jardim se posiciona lateralmente a elas. Este segundo terraço tem um
caráter mais íntimo e está voltado também para a face sul do terreno. Graeff
criou entre o jardim e as salas já citadas um interessante corredor que promove
a transição entre os espaços interno e externo e permite a introdução dos
“combogós”, (elemento vazado de cerâmica), outro componente recorrente da
arquitetura moderna carioca. Internamente, logo após a sala de jantar,
chegasse aos dormitórios, cujo acesso se dá através de uma pequena escada
na sala de jantar, configurando-se assim no nível mais elevado da casa. Os
dormitórios ficam assim dispostos em linha na face oposta a fachada principal,
isto é, com orientação norte.
A zona de serviço conta com uma cozinha, área de serviço e rouparia,
localizadas na ala oeste da residência, que pode ser acessada por um caminho
lateral composto de rampa e escada, o qual inicia no portão de entrada da casa.
Já a cobertura da casa de Graeff consiste num telhado tipo “borboleta” (duas
águas convergentes), de forma assimétrica. Este elemento era muito difundido
na produção dos arquitetos que seguiam o movimento moderno brasileiro nos
anos 40 e 50. Observado o corte do projeto (fig. 72), nota-se a adequada
concordância da inclinação da cobertura com os desníveis do projeto, evitando
com isto pés-direitos demasiadamente altos.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
57
Fig. 72 - Corte longitudinal – desenho a partir do original dos arquivos da prefeitura
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
58
6.4 - RESIDÊNCIA VICTOR GRAEFF
Rua Cônego Viana, 240 / Rio Branco – Porto Alegre - RS
Ano do Projeto: 1952
Área do Terreno: 510 m2
Área Total Construída: 252 m2
A residência Victor Graeff estava localizada no final da rua Cônego Viana, uma
rua tranqüila e bem arborizada do bairro Rio Branco, que possui característica
predominantemente residencial e de elevado poder aquisitivo. A casa possui
fachada com orientação sudoeste e fundos voltados para nordeste. O terreno
não possuía muita profundidade, porém contava com uma considerável largura
(17,60m de testada). A casa estava elevada aproximadamente a um metro e
meio do nível do passeio, sendo este desnível vencido por uma rampa que
dava acesso à garagem e por uma escada social que contornava o jardim, o
qual possuía um tratamento paisagístico. A percepção do observador
posicionado na calçada é a de uma casa de grandes proporções, o que não é
Fig. 74 - Vista da casa.
Fig. 73 – Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
59
exatamente o caso, já que esta casa tem um programa de necessidades
relativamente simples e de proporções moderadas. O jardim de inverno no
térreo e o ateliê no segundo pavimento são os únicos espaços que poderiam
ser considerados de exceção no conjunto das necessidades de uma residência
de médio porte.
O partido adotado por Graeff é composto por um grande volume retangular
que preside a composição, ao qual se conectam outros dois. Esta composição
por adição pode ser descrita como dois volumes paralelos de tamanhos
diferentes que se conectam por intermédio de um terceiro volume de ligação.
Verifica-se que a proporção espacial e o posicionamento destes volumes
acabam sendo representativos e hierárquicos de cada função, ou seja, a maior
proporção e a posição frontal no terreno são reservadas às funções sociais e
íntimas. A seguir, no volume de junção estão a circulação e a copa e na
retaguarda, estão as áreas de serviço, em volume menor do que o primeiro.
Fig. 75 - Implantação
Fig. 15 –
Edifício do IPE,
Oscar
Niemeyer. Proj.
original, 1943.
Oscar Niemeyer.
Fig. 4 - Painel
de Portinari,
Ministério da
Educação,
1937/42.
Fig. 14 –
Hospital de
Clinicas, Jorge
Machado
Moreira.
Maquete proj.
ori
g
inal, 1942.
Fig.1 – Casa
neocolonial, na
rua Marquês do
Herval, década
de 30.
Fig. 13 –
Hospital de
Clinicas, Jorge
Machado
Moreira.
Maquete proj.
ori
g
inal, 1942.
Fig. 16 -
Edifício do
VFRGS. Reidy
e Moreira.
Maquete do
projeto original,
1944.
Fig. 5 -
Ministério da
Educação,
1937/43.
Fig. 19 –
Quadro
cronológico de
casas
modernas em
Porto alegre,
(
1949
1952
)
.
Fig. 20 –
Residência
Guilhermino
Cezar,
Fernando
Corona, 1950.
Fig. 21 –
Residência
Guilhermino
Cezar,
Fernando
Corona, 1950.
Fig. 22 –
Residência
Guilhermino
Cezar,
Fernando
Corona, planta
baixa do térreo
Fig. 26 e 27 –
Residência
Maria Flor
Vieira, Carlos
M. Fayet, 1950.
Fig. 28 –
Residência
Maria Flor
Vieira, Carlos
M. Fayet,
planta baixa do
térreo e
Fig. 29 –
Residência
Cândido,
Carlos M.
Fayet, 1950.
Fig. 30 –
Residência
Cândido,
Carlos M.
Fayet, 1950.
Fig. 31 –
Residência
Cândido,
Carlos M.
Fayet, planta
baixa do térreo,
1950.
Fig. 25 –
Residência
Cândido,
Residência
Jorge C. D´
Azevedo,
p
lanta baixa do
Fig. 23 e 24 –
Residência
Jorge C. D´
Azevedo, 1950.
Fig. 36 – Mapa
de localização
das residências
em Porto
Alegre.
Fig. 38 – Res.
Paiva, vista
sala de jantar.
Foto Nestor
Nastruz. 1949
Fig. 6 – Vista
geral Pavilhão
do Brasil / Feria
Mundial Nova
York. Lucio
Costa e Oscar
Nieme
y
er,
Fig. 7 – Vista
área externa do
Pavilhão
do Brasil.
Fig. 8 – Vista
interna colunas
do Pavilhão do
Brasil.
Fig. 9 - Vista
entrada do
Cassino /
Pampulha.
Oscar
Niemeyer,
1942.
Fig.10 - Vista
Igreja de São
Francisco de
Assis /
Pampulha.
Oscar
Nieme
y
er,
Fig. 12 -
Cassino da
Exposição do
Centenário
Farrou
p
ilha
Fig. 49 - Casa
Errazuriz,
Chile. Le
Corbusier e
P. Jeanneret /
1930.
Fig. 50 - Lagoa
da Pampulha,
Iate Clube
.Oscar
Niemeyer /
1942.
Fig. 56 - Planta
da casa feita por
Edgar Graeff em
1950.
Fig.2 –
Residência
Brasil Cezar,
1929
(Fernando
Corona).
Fig.3 – Casa
protomoderna à
rua Álvaro
Nunes Pereira,
década de 40.
Fig. 17 –
Quadro
cronológico de
algumas das
obras de
arquitetura
moderna em
Fig. 33 - Edgar
Graeff e Nelson
Souza.
Fig. 34 - Da
dir. para a esq.
Pirajibe,
Virginia,
Demétrio,
Fig. 35 - Edgar
Graeff e Carlos
M. Fayet.
Fig. 51 –
Quadro de
taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
60
O acesso a residência é feito por intermédio de um pequeno vestíbulo central, o
qual é passagem obrigatória de ingresso, inclusive para saída e chegada da
garagem e jardim de inverno. O térreo do bloco principal é articulado por pilotis
que, contudo, não constituem uma trama estrutural unitária, já que parte do
apoio ocorre nos muros. O térreo contém a garagem, jardim de inverno, hall de
acesso e a sala de estar. Esta sala de estar é marcada na fachada por uma
grande pano de vidro, protegido por tijolos vazados de igual proporção, recurso
plástico que contempla a segurança e a privacidade. Na seqüência da sala de
estar existe uma escada que conecta a sala de estar à copa, já em outro nível.
Toda a parte posterior da casa está em uma espécie de meio nível, numa altura
intermediária. A escada possui dois lanços e o que seria seu patamar vem a ser
o piso deste pavimento intermediário. Ali se encontra a copa (sala de jantar),
cozinha e demais áreas de serviço.
Fig. 76 - Vista fachada da casa. Fig. 77 - Vista interna escada.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
61
A elevação frontal da residência apresenta o volume bipartido horizontalmente,
em térreo e segundo pavimento de proporções equivalentes. Esta estratégia
compositiva é muito recorrente nos projetos de Graeff. Na base deste volume
térreo existe um conjunto de elementos arquitetônicos combinados entre si.
Fazem parte destes elementos uma colunata parcialmente oculta, uma parede
curva revestida por cerâmica decorada, que encobre parte das colunas, uma
parede de tijolos vazados, um trecho de parede revestido de pedras e as demais
aberturas. É interessante observar que a parede curva ao envolver uma das
colunas quebra o ritmo da colunata, inserindo um elemento de plasticidade não
ortogonal e não linear na composição. Trata-se de um elemento estético
difundido pelos arquitetos modernistas da escola carioca.
A fachada do pavimento superior configura-se como um grande retângulo em
balanço. Ressalta-se no pavimento superior a inserção das janelas, que não
foram tratadas como aberturas isoladas do contexto: elas estão inseridas em
uma coordenação modular que forma doze segmentos de mesma proporção,
cujo tratamento diferenciado anima a fachada. Este efeito evita a obviedade com
que geralmente são tratadas as aberturas. Formalmente, este pavimento tem
aparência mais homogênea e ordenada, diferente do térreo onde a difusão dos
elementos contribui para fragmentação do conjunto. No térreo, a parede sinuosa
revestida com cerâmica em estilo português faz a transição entre o plano
recuado e o plano avançado do pavimento superior. O uso do muro em
curvatura encontra precedente no térreo da ABI (1936), projeto dos irmãos
Roberto e no Banco Boavista (1946) de Oscar Niemeyer.
Como elementos de arquitetura destaca-se o uso do combogós na abertura
correspondente ao banheiro e dos treliçados em madeira (muxarabis) nas
aberturas dos dormitórios deste pavimento.
Fig. 78 - Reprodução da planta da casa.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
62
Conforme o corte abaixo, os planos da casa foram escalonados e se adaptam
de forma mais natural a inclinação do terreno. Como resultado têm-se três
diferentes níveis interligados por uma escada de apenas dois lanços. Um curioso
elemento de iluminação existente nesta residência, e já usadas por Graeff na
residência Borba (1950), são as aberturas circulares muito similares às utilizadas
por Niemeyer nas unidades do CTA (1948).
O telhado de uma água foi usado para compor a cobertura. Esteticamente, ele
vem a constituir-se em mais um elemento formal de repertório moderno. Do
ponto de vista compositivo, a cobertura de uma água promove a integração
volumétrica da residência, conferindo continuidade espacial às dependências e
acomodando satisfatoriamente as diferenças de níveis entre os pisos da casa.
Uma platibanda encobre o caimento negativo da cobertura, o que acentua o
caráter estético adotado por Graeff.
Fig. 80 - Corte longitudinal – desenho a partir do original dos arquivos da prefeitura.
Fig. 79 - Elevação principal – desenho reproduzido a partir das plantas.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
63
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
64
6.5 - RESIDÊNCIA EDUARDO FARACO
Rua Dario Pederneiras, 46 / Petrópolis – Porto Alegre - RS
Ano do Projeto: 1953
Área do Terreno: 546.00m2
Área Total Construída: 262.00 m2
A residência Faraco está situada no bairro Petrópolis, próxima de outros bairros
onde Graeff viria a edificar a maioria de suas casas. A rua Dario Pederneiras
mantém ainda hoje um perfil eminentemente residencial.
Atualmente, o projeto de Graeff para a casa encontra-se alterado, pois a casa
sofreu uma reforma significativa. Tanto externamente quanto no seu interior, a
residência já não guarda muitos traços do projeto original. O estudo desta casa
foi feito com base nos arquivos do projeto aprovado na Prefeitura Municipal de
Porto Alegre em 1952. Esta casa foi encomendada a Graeff pelo médico e
professor Eduardo Faraco.
Fig. 81 – Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
65
O terreno tem 40 metros de profundidade por 13,65 metros de largura. Este
terreno possui uma inclinação no sentido da sua profundidade, conformando
um aclive de mais de cinco metros até o fundo do terreno. A casa está nivelada
em um plano de cota médio em relação à inclinação do terreno. A implantação
adotada por Graeff dispôs a casa em dois volumes conectados e distinguidos
pelas coberturas. O programa de necessidades, além das dependências
básicas de uma residência de médio porte, possuía um atelier, um laboratório
e um estúdio (consultório médico particular). A casa tem a sua circulação de
acesso, desde o passeio público até a varanda de ingresso, feita por uma
rampa em forma de “s”, sem patamares. Esta situação é similar à usada por
Graeff na sua própria residência (pág. 50), onde o percurso do deslocamento é
explorado de forma não convencional, ou seja, sem a utilização de escadarias.
Graeff usou o trajeto como um componente da experimentação arquitetônica,
tal como Le Corbusier preconizava na promenade architecturale. Outra
similaridade com a residência do arquiteto é o posicionamento do volume da
garagem em relação a casa. Em ambas as residências, a garagem se encontra
avançada em relação ao volume principal das mesmas. Graeff usa este
prolongamento da garagem dando utilidade para a laje de cobertura, que passa
a ser usada como piso da varanda de ingresso.
Fig. 82– Implantação.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
66
A varanda de ingresso possui um plano vazado por combogós que delimita a
projeção coberta do alpendre. Este plano vazado é constituído por três
retângulos definidos por combogós, intercalados por para-peitos em madeira.
Um dos planos de combogós está aparentemente isolado, ao ser colocado na
varanda da entrada principal. Esta articulação das paredes vazadas
proporciona diferentes percepções: em uma visada a partir do passeio, a
percepção do conjunto das paredes vazadas é unitária, porém dentro da
varanda, apenas uma parede de combogós protagoniza o espaço. Outro
aspecto interessante desta varanda diz respeito a sua acessibilidade. Graeff, a
partir de um único elemento de cobertura cria duas situações de acessibilidade:
uma para acesso e ingresso à casa (varanda de ingresso) e outra privativa dos
ocupantes da casa (acesso à varanda da sala de estar).
Ao ingressar na casa uma pequena saleta atua ao mesmo tempo como hall
social e sala de espera para o consultório particular do proprietário. Graeff
configurou na casa uma área de trabalho para o seu cliente, constituída pelo
consultório, um laboratório e um jardim interno. A sala de estar e jantar tem
acesso para a varanda privativa e para o jardim lateral. Novamente aqui Graeff,
Fig. 83 - Planta baixa do pavimento térreo.
Fig. 84– Ilustração da fachada..
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
67
como em outras residências (Paiva e Borba, dentre outras) posiciona o jardim
lateralmente a estas dependências. Após a sala de jantar, a copa faz a
transição para a área íntima, subindo quatro degraus de escada. A área íntima
possui apenas dois quartos, um banheiro e um atelier. A existência de apenas
dois quartos na área íntima da casa provavelmente deve-se ao fato do casal
Faraco não possuir filhos, sendo apenas necessário um quarto extra para
hóspedes. A área de serviço se encontra na parte posterior do terreno, tendo
acesso restrito pela parte externa do terreno e conexão interna através da
copa.
A residência Faraco apresenta uma solução formal simples e despojada de
requintes estéticos. Esta simplicidade formal da casa e o uso de elementos da
tradição arquitetônica nacional, lembram a arquitetura residencial de Lucio
Costa. A experiência espacial do alpendre da varanda remete a uma
reinterpretarão desse elemento da casa colonial brasileira. As paredes vazadas
de combogós, o rendilhado dos treliçados em madeira (muxarabis), os grandes
planos envidraçados da sala de estar e os círculos vazados nas paredes
combinam citações da tradição arquitetônica brasileira com elementos de
nossa linguagem moderna.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
68
Apesar da simplicidade desta residência, Graeff consegue introduzir dinamismo
na fachada. Este dinamismo é alcançado através das diferentes alturas e
proporções dos volumes da casa, para o alpendre, dos muros e das
justaposições destes volumes. O alpendre da fachada está deslocado em
relação ao volume da casa (ver residência Fetzer, 1954), e parcialmente em
balanço (fig. 84 e 86). Este deslocamento do alpendre reconstitui a unidade da
fachada, pois integra tanto o corpo principal da casa quanto a porção de área
aberta referente ao jardim. Este posicionamento de varanda a frente do corpo
da casa já fora anteriormente usado por Graeff na sua própria residência (pág.
52).
A fachada principal da residência Faraco tem orientação oeste. As
dependências sociais são voltadas para o norte e todos os dormitórios,
inclusive o de serviço, tem janelas voltadas para o leste. As áreas do
consultório e de serviço têm orientação sul.
A cobertura da casa foi projetada em telhas de fibrocimento, o que
provavelmente possibilitou a mínima inclinação da cobertura. Esta inclinação
mínima do telhado confere um aspecto mais plano ao volume da casa,
acentuando a horizontalidade da cobertura, fato enfatizado em muitas das
casas de Graeff no período estudado.
Fig. 85– Ilustrações das fachadas laterais.
Fig. 86– Corte longitudinal.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
69
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
70
6.6 - RESIDÊNCIA ISRAEL IOCHPE
Tv. Desembargador Vieira Pires, 58 / Rio Branco – Porto Alegre - RS
Ano do Projeto: 1954
Área do Terreno : 560,00 m2
Área Total Construída : 406,00 m2
O entorno da residência Israel Iochpe é basicamente constituído por residências
de classe média alta e esta também próximo a uma grande área pertencente ao
Colégio Americano de Porto Alegre. A casa está à frente da residência do
arquiteto (ver pág. 52).
O terreno possui três fachadas e está em um aclive a partir do nível da garagem.
O partido adotado por Graeff foi de um grande prisma, de base retangular, que
se assenta praticamente no centro geométrico do terreno. Este terreno
apresenta um desnível de aproximadamente três metros entre os níveis
verificados nas faces norte e sul. Desse modo, a residência é disposta ao longo
da dimensão maior do terreno, num volume retangular de dois pisos. O volume
está assentado no solo na face norte, e à medida que aumenta a declividade
nas faces oeste e sul, surge um embasamento de pedra. Esta base é,
inicialmente, um arrimo para o terrapleno do jardim, mas ao fim torna-se um
volume que abriga convenientemente uma garagem com três vagas.
Fig. 88 - Vista parcial do segundo
Fig. 87 – Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
71
O volume que abriga a garagem forma uma espécie de base niveladora do
terreno, feita de blocos de pedra. Para demarcar a garagem, Graeff utiliza uma
malha que faz a moldura das portas, em pastilha cerâmica branca. Esta grelha
contrasta com a rusticidade da textura e a cor das pedras do muro da garagem,
porém ela recompõe a noção de conjunto e unidade com o terraço-jardim acima,
induzindo uma continuidade que contribui para a unificação do volume.
O acesso da casa é feito através do jardim, na face mais extensa da casa. Este
acesso corresponde a um eixo central de organização da composição, cuja
alusão à simetria fica mais evidente na composição da fachada do segundo
pavimento, fachada que hierarquiza o centro da casa pelas proporções do
volume e pelo tratamento dado nas aberturas (fig. 95 e 98).
Fig. 89 - Implantação.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
72
As funções da casa se dividem em três níveis, sendo os principais nos
pavimentos térreo e superior, já que o pavimento inferior abriga apenas as
garagens ao nível da rua Prof. Álvaro Alvim.
No pavimento térreo, um pequeno vestíbulo demarca a entrada da casa. À sua
frente, uma parede solta preserva a privacidade da casa, impedindo a visão
direta mas sinalizando os acessos à parte social (direita) e de serviço
(esquerda). No térreo as áreas sociais são amplas, com grande permeabilidade
visual para ambos os jardins (frente e fundos). Esta é uma característica
constante nas casas de Graeff: as áreas sociais se abrem para frente da casa e
(ou) para um jardim interno (fig. 91). Veja-se, por exemplo, as casas Paiva,
Borba e a residência do arquiteto. A área social é subordinada em dois níveis
diferentes (aproximadamente um metro), aproveitando a declividade do terreno.
O ambiente de estar fica em nível mais baixo, com visuais para três lados da
casa: jardins á frente e aos fundos e terraço com vista ampla ao sul. O pano de
vidro que esta voltado para o jardim da fachada, com orientação oeste, tem à
frente a proteção de um plano de combogós (fig. 92).
Ainda no pavimento térreo, um elemento curvo, parede divisória do gabinete,
confere um fechamento perspectivo do ponto de vista do observador,
posicionado na sala de estar, ao mesmo tempo em que configura
encaminhamento de circulação. Na maioria dos casos, Graeff emprega a
curvatura nos passeios dos jardins (casa Borba e casa do arquiteto), mas
também aparece no bordo do mezanino e na entrada da casa Paiva e na
parede térrea do acesso da casa Victor Graeff. Aqui, o tema é transposto para
o interior da casa. A parede curva é mais um elemento da arquitetura moderna
carioca usado por Graeff. Tal como Niemeyer, Reidy e os irmãos Roberto,
Graeff usa o perfil curvo como contraponto isolado numa estrutura de planta
regular. O uso mais intenso da curva vulgarizaria a solução da planta.
Na ala norte do pavimento térreo estão as dependências de serviço, cozinha,
lavanderia, adega e dormitório de empregada, os quais possuem acesso externo
independente. O terraço, o jardim e área de churrasqueira (ver fig. 91)
constituem os espaços externos de lazer da casa. Estes espaços permitem
Fig. 90 - Vista da garagem e do pátio pergolado do pavimento superior.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
73
diferentes possibilidades de aproveitamento, em distintas condições climáticas,
pois espacialmente variam entre coberto, semicoberto e descoberto (fig. 91).
Através do vestíbulo está a escada para o pavimento superior, onde se
encontram os quartos. O pavimento superior pode ser descrito como uma barra
alongada com os dormitórios distribuídos paralelamente no sentido transversal
do volume e convenientemente orientados para o leste. No lado oeste Graeff
posicionou o vestíbulo e as antecâmaras, isso criou uma câmara de ar entre a
fachada oeste (mais quente no verão) e os dormitórios. A distribuição dos
quartos cria um sentido de divisão que é representado em fachada por Graeff na
forma de marcação modular. Esta marcação reforça a noção de simetria da
fachada descrita anteriormente. O módulo central da fachada é assinalado por
uma esquadria em treliçados de madeira (muxarabi) que compreende quase
todo o vão. Nas laterais, Graeff dispõe um vão menor nas extremidades e outro
vão (similar ao central) na porção intermediária. Nestes quatro vãos laterais,
reaparecem as janelas emolduradas por planos de alvenaria.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
74
É interessante perceber que o volume do
pavimento superior projeta-se ligeiramente
sobre o térreo, criando um balanço, ficando o
térreo por conseqüência ligeiramente recuado
e sombreado em relação ao pavimento
superior (ver fig. 92). Numa casa que parece
apelar mais fortemente às tradições
residenciais brasileiras, esse fator é
contrastante pois torna a base atectônica (o
que aponta para a arquitetura moderna). Esta
manipulação confere um descolamento visual
entre os dois pavimentos, como se o
pavimento superior fosse independente e
autônomo do térreo, um conceito que não
deixa de ter alguma familiaridade com a idéia
do piloti, ou seja um volume compacto apoiado
em base recuada que libera o solo (fig. 94 e
95).
Fig. 91 - Diagrama das plantas e legendas.
Fig. 93 - Vista da pérgula do pátio interno.
Fig. 92 - Trecho da fachada frontal.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
75
A cobertura da residência é feita por telhado
de quatro águas com telhas de cerâmica e
beiral, suscitando uma linguagem colonial ao
aspecto formal do conjunto. O tema dos
planos de fechamento com os elementos
vazados, que havia sido empregado na
residência vizinha (do próprio arquiteto) é
desenvolvido na parte sul da casa. Na sua
residência (pág.50), Graeff usou uma
superfície de elementos vazados como parte
da experimentação espacial de ingresso na
casa. Aqui, esta experimentação espacial é
transposta para a área do terraço, onde um
volume virtual delimitado por muros,
esquadrias e combogós constitui um mirante
de visualização da paisagem, ligado à sala
de estar, ao jardim e a churrasqueira (fig.97).
Graeff costuma prolongar uma ala da casa
para criar um fechamento que guarnece o
jardim interno, essa pode ser o próprio estar
(casa Borba), uma varanda (casa do
arquiteto) ou o mirante neste caso.
Fig. 94 Estudo volumétrico do partido. Fig. 95 Vista da residência na época de sua construção.
Fig. 96- Vista a partir do pátio interno.
Fig. 97– Vista interna da sala de estar.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
76
Fig. 98 Elevação frontal da residência.
Fig. 99– Vista da residência.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
77
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
78
6.7 - RESIDÊNCIA HARRI GRAEFF
Rua Cônego Viana, 247 / Rio Branco – Porto Alegre - RS
Ano do Projeto: 1961
Área do Terreno: 1002.23m2
Área Total Construída: 569.04m2
Trata-se de uma residência construída oito anos após a casa anterior
(residência. Iochpe). Tal distanciamento cronológico revela mudanças na
arquitetura residencial de Graeff que firmaram-se nesse intervalo de tempo.
A residência localiza-se no bairro Rio Branco, uma zona de alto relevo na
encosta sul deste morro, próximo do centro da cidade de Porto Alegre.
A rua Cônego Viana, onde esta situada a casa, é uma rua sem saída, calma e
bem arborizada, onde as casas térreas e de dois pavimentos predominam no
contexto. O conjunto de casas da rua não é marcado por nenhum estilo
arquitetônico dominante, sendo bastante heterogêneo, e representativo de
épocas distintas
1
. Percebe-se, através do elevado padrão das casas, que ali
vivem famílias de alto poder aquisitivo.
O terreno do projeto, está situado no extremo de uma rua sem saída, em uma
pendente de morro. Este terreno possui cerca de 1.000 m², tendo forma de
1
Cabe mencionar que nos últimos anos tem ocorrido um gradual processo de substituição, onde devido a especulação
imobiliária o perfil da rua tem sido transformado pelo aparecimento de prédios residenciais de grandes alturas (de dez a
quinze pavimentos).
Fig. 100– Quadro de taxonomia.
Fig. 101– rua Cônego Viana.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
79
trapézio regular. A pendente do terreno não é acentuada (ver corte longitudinal,
fig. 109), medindo aproximadamente 3,80 m de desnível entre frente e fundos.
Fig. 102– Implantação.
Fig. 104- Vista parcial acesso garagem.
Fig. 103- Vista rua Cônego Viana
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
80
Graeff tratou com um programa de necessidades extenso, cujas atividades
incluem sala de jogos, salão de festas, pátio com piscina e área social com
churrasqueira.
O programa extenso caracteriza uma residência de grande porte. A casa
possui área construída de 554,04 m², divididos em dois níveis. No primeiro, ao
nível do passeio, está o acesso principal, constituído de um passadiço,
elemento de ingresso e de transição entre o público e o privado, que conduz ao
vestíbulo, e este às circulações da casa. Neste mesmo piso predominam as
dependências de uso social e íntimo da casa, com três dormitórios, uma suíte,
banheiros e um gabinete, todos posicionados na ala direita da casa, (fig. 105).
Na ala esquerda, há uma sala íntima, varanda, jardim, estar e jantar. Junto à
sala de jantar, encontra-se a cozinha, única dependência de serviço neste
nível, que se conecta verticalmente com as outras dependências de serviço
abaixo, através de uma ampla escada.
Fig. 105 - Planta baixa 1º pavimento ao nível do passeio.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
81
O pavimento inferior é ligado por uma escada em “L”, vinda diretamente do
vestíbulo de entrada. Neste pavimento, com área praticamente igual ao
superior, estão distribuídas as demais dependências. Há aqui um pátio coberto,
provavelmente para abrigar dois veículos, copa-cozinha, sala de jogos, adega,
lavanderia, depósito, dois quartos de empregadas, além de um outro quarto
(provavelmente de hóspedes) e uma Segunda sala de estar e jantar, com
acesso e visuais para o pátio aberto, onde o projeto paisagístico, que junto com
a piscina cria um ambiente de lazer, evita que o pátio posterior torne-se um
resíduo do terreno.
Fig. 106 – Planta baixa pavimento inferior.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
82
Um interessante elemento no sistema de circulações é o passadiço de acesso
a casa, que inicia perpendicularmente no passeio público e se conecta com o
vestíbulo. O passadiço compõe com a parede de combogós do jardim interno
uma grande varanda, um espaço de transição e uma ante-sala a céu aberto
(fig. 105).
Internamente, no primeiro piso da residência, existem duas circulações
verticais, uma de serviço e outra social, esta última um tanto acanhada em
relação à escada de serviço. Ainda neste nível, existe um único corredor de
circulação, conectando as salas de estar e jantar e cozinha, e pelo seu
prolongamento mais extenso, distribuindo para os dormitórios, gabinetes e
banheiros (a área intima da casa). Lateralmente ao volume de casa, à
esquerda, existe uma entrada autônoma de serviço, que se encaminha
diretamente para a área de serviço, e à direita, o acesso para veículos.
Fig. 107– Passadiço acesso hall de entrada.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
83
A estrutura da casa é constituída de elementos construtivos aparentes, que por
sua vez, acabam contribuindo para o resultado formal do conjunto arquitetônico
como um todo.
Lâminas de concreto, paredes de pedra aparentes ou tijolos à vista, panos de
vidro com caixilharia de madeira e tijolos vazados (combogós), pelo fato de
serem materiais distintos (em seu tamanho, cor e textura), acabam por formar
uma espécie de mosaico, uma “paleta de cores”. Esta foi trabalhada por Graeff
na composição estética do conjunto, onde a solução construtiva das partes é
protagonista do resultado formal do todo, sem comprometer a unidade.
A cobertura da casa é feita por telhado inclinado de fibrocimento, em quatro
águas, e sua inclinação é mínima, além de ser quase imperceptível ao nível do
observador no passeio, visto existir apenas uma pequena platibanda que a
oculta. Esta platibanda é uma laje impermeabilizada que se projeta 1,60 m
adiante da viga de bordo do telhado.
Fig. 108 – Vista da fachada principal.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
84
O resultado é que o volume da casa assume a aparência de um grande prisma
horizontal, decomposto pelos planos verticais de pedra e pala diversidade dos
materiais empregados nos demais fechamentos, os quais mantém sua unidade
através das lâminas de concreto no sentido horizontal, percebidas na fachada
principal da casa (fig. 108). No que diz respeito à solução estrutural
propriamente dita, ela é composta de lajes e vigas de concreto apoiadas em
paredes portantes. Nos cortes (fig. 109) se pode observar o engaste das vigas,
que é feito diretamente nas grandes paredes de pedra laterais.
Fig. 109– Cortes transversal e longitudinal.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
85
Existe uma fachada de vidro seguida de uma varanda com esquadrias de
madeira que antecede os quartos da frente. Além da varanda, a projeção da
marquise protege os quartos da insolação norte. Um detalhe na seção
transversal (fig. 110), onde é indicada uma canaleta junto ao forro (sanca), que
sugere uma iluminação artificial de luz indireta, já prevista na estrutura.
Fig. 110– Seção do corte transversal, mostrando detalhe. sanca no forro.
Um terreno em forma de trapézio apresenta uma pendente, onde o volume da
casa é basicamente um grande paralelepípedo de dois níveis: o primeiro ao
nível do passeio e o segundo abaixo, acompanhando o desnível. A ligação da
casa com o logradouro público é feita através de um passadiço, um eixo de
penetração transversal, que é um importante elemento plástico e funcional da
casa. Este constitui a ligação e a continuidade espacial do percurso e
deslocamento dos moradores e visitantes, com o volume. O passadiço é uma
esplanada de acesso, tendo de um lado fechamento mural, do outro guarda-
corpo com vista do jardim em desnível no piso inferior, á frente, o acesso
principal no recesso sombreado sob à laje em projeção.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
86
Fig. 111– Ilustração da fachada, conforme projeto.
O aspecto monolítico que a casa poderia assumir, devido a sua forma de
grande prisma, é amenizado e potencializado pela manipulação de diferentes
materiais de revestimento e estruturais. Duas lâminas horizontais de concreto
acentuam a linearidade da fachada principal, ao mesmo tempo em que
emolduram um ritmo compositivo de janelas, tijolos, muros e portas. Estas
lâminas representam uma realidade estrutural da casa exteriorizada, sendo que
são respectivamente lajes de piso e cobertura.
Acima desta laje de cobertura, que assume a forma de marquise, Graeff
executou uma pequena platibanda recuada, uma espécie de coroamento que
oculta o sutil caimento do telhado existente. Isso evidencia a preocupação do
arquiteto em solucionar aspectos funcionais e plásticos do projeto até o seus
detalhes.
Existem ainda duas lâminas, configuradas por espessas paredes de pedra,
dispostas verticalmente em cada extremidade da casa, que atuam como
delimitadoras do volume. A característica da residência é a sua horizontalidade,
porém existe um equilíbrio formal que evidência o controle da composição por
parte de Graeff. A pureza do volume é deliberadamente trabalhada por ele, ao
introduzir planos e materiais com diferentes texturas, porém sem desfigurar a
leitura da composição primária. O jardim frontal se caracteriza por estar ao
mesmo tempo dentro e fora do volume da casa, devido à integração do piso
inferior com a área verde. Possuindo muros com diferentes níveis de
permeabilidade, como o muro lateral vazado por combongós e coberto por
pérgolas.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
87
Fig. 112 – Fotos da época logo após sua construção.
Fig. 113 – Fotos da época logo após sua construção.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
88
Fig. 114– Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
89
7 - ALGUMAS RESIDÊNCIAS NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL
Além da capital, Edgar Graeff também realizou outras obras pelo interior do
estado do Rio Grande do Sul, sendo estas obras projetos residenciais em sua
grande maioria. Observado o período de abrangência dos estudos (1949-
1961), foram incluídos neste estudo um grupo de residências executadas por
Graeff nas cidades de Carazinho (três residências) e Passo Fundo (uma
residência). Estas cidades estão localizadas no centro-norte do estado,
relativamente próximas entre si.
É conveniente relembrar que Carazinho é a cidade natal de Graeff e de outros
membros de sua família, e este fato deve ter contribuído para o surgimento de
um numero significativo de encomendas de projetos residenciais nesta cidade.
As residências a seguir abordadas foram selecionadas por se tratarem de um
conjunto representativo do período determinado pela pesquisa, além de
configurarem um núcleo de trabalho de Graeff fora da capital.
Foi realizado um levantamento fotográfico com objetivo de registrar nestas
obras os elementos arquitetônicos considerados relevantes e ilustrativos dentro
do repertório moderno utilizado por Graeff. Devido ao número de obras na
capital e interior, as residências vêm a se constituir um importante elemento de
estudo e análise para o entendimento da arquitetura de Graeff.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
90
RESIDÊNCIA FETZER - 1954
Rua Pedro Vargas, 895 – Carazinho - RS.
Esta residência esta localizada na principal
rua de Carazinho, no centro da cidade. Sua
fachada sofreu modificações quanto ao
projeto original e atualmente ali funciona a
secretária de educação do município. O
terreno possui configuração retangular com
maior dimensão na sua profundidade,
quanto a sua orientação é de norte na
fachada principal, de frente para a rua
Pedro Vargas. A casa esta implantada na
parte anterior do terreno e afastada das
divisas, provavelmente já seguindo um
alinhamento de recuo pré-existente.
É interessante observar a linguagem
arquitetônica utilizada por Graeff: trata-se
de uma proposta alinhada a da casa
Iochpe (pág.70), que incorpora elementos
da tradição arquitetônica brasileira. Os
beirais do telhado dotados de contratelhas,
a varanda contornando a parte frontal da
casa e o estilo muxarabi nas janelas
superiores, conferem alguma familiaridade
com a estética arquitetônica neocolonial.
Nos anos 30 e 40, a arquitetura residencial
de Lúcio Costa já combinara alguns
elementos da arquitetura colonial com
outros elementos da arquitetura
modernista, criando uma síntese
arquitetônica, que marcou um aspecto de
singularidade da arquitetura moderna
brasileira.
Fig.115 - Residência Fetzer, projeto original, fachada
principal.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
91
Este estética de inspiração colonial é mais
percebida na fachada, do que no restante
da casa.
Na fachada da casa um alpendre articula
os acessos, ameniza a escala e massa do
volume principal, além de unificar a
extensão lateral da casa. Sendo a
orientação da fachada voltada para o norte,
este alpendre cria uma generosa área
sombreada externa. A projeção do
alpendre até a divisa do terreno provê
abrigo para a chegada de carro,
conformando um vestíbulo protegido de
ingresso a sala de estar. Além disso, a
projeção do alpendre confere maior
privacidade à parte posterior do pátio.
Os pilares que dão sustentação para o
alpendre tem seção retangular e possuem
revestimento de cerâmica nas faces interna
e externa. Cabe lamentar a substituição
das aberturas originais no segundo
pavimento. No pavimento superior, Graeff
dispôs duas aberturas que se assemelham
aquelas empregadas nas casas Victor
Graeff e Israel Iochpe. Trata-se de
esquadrias com entramado de madeira,
conformando uma espécie de “muxarabi”
típico da tipologia colonial brasileira. A
parte central é móvel (sistema de
guilhotina) enquanto as partes inferiores e
superiores são fixas.
Fig. 116 - Vista atual residência Fetzer.
Fig. 117– Vista atual, varanda residência Fetzer.
Fig. 118– Vista atual, fundos residência Fetzer.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
92
RESIDÊNCIA THEODOMIRO GRAEFF - 1957
Rua Pedro Vargas, 895 – Carazinho - RS.
O terreno desta residência é plano e possui
sua maior extensão na largura do que na
sua profundidade. A orientação de sua
fachada principal é leste. O entorno
imediato da residência, apesar de estar
próxima a zona central, não é muito
densificado, sendo constituído
predominantemente por residências e
pequenos prédios habitacionais.
Observa-se neste porjeto uma enfase
numa distribuição mais horizontal, em
virtude do terreno mais amplo. O mesmo se
verifica na residência Harry Grraef em
Porto Alegre. Trata-se de casas de perfil
baixas dispostas na extensão longitudinal
do terreno. O projeto é esteticamente
planar e explora a linearidade como tema
de composição. Nesta casa, os elementos
de arquitetura utilizados e o partido
adotado nos remetem a fazer associação
com a arquitetura produzida por Mies Van
Der Rohe, arquiteto alemão que radicou-se
nos Estados Unidos. Mies por sua vez, no
cenário mundial, foi um representante de
uma vertente moderna diferente da
vertente Corbusiana, na qual a escola
carioca e Edgar Graeff tinham filiação mais
próxima. Isso indica que Graeff
provavelmente estava manifestando outras
influências nesse momento de sua carreira.
A casa é composta de apenas um
pavimento, possuindo, três quartos,
Fig. 119– Vista residência.
Fig. 121– Vista residência, varanda de entrada.
Fig. 120– Vista residência, varanda de entrada.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
93
gabinete, sala de estar e jantar,
dependências de empregada, área de
serviço, jardim, garagem e um pátio
interno.
O formato e dimensões do terreno parecem
ter favorecido este tipo de partido
horizontalizado. Em essência o partido se
desenvolve no formato de “L”, assim
dispondo suas dependências. A fachada,
ao mesmo tempo em que sugere
ordenação dos elementos em organização
simétrica (através do pórtico central
encimado pelo volume da lareira), a
subverte nas fenestrações, pois estas não
estão subordinadas à simetria da fachada,
além disso a barra do lado esquerdo
(volume relativo às dependências de
serviço) é mais estreita que a do direito
(volume relativo às dependências sociais).
No pórtico, portas e janelas possuem um
arranjo independente, porém o plano
recuado da fachada, acomoda a falta de
simetria. Logo na entrada, o volume central
da lareira forma um anteparo que
resguarda a sala de estar, um recurso
apropriado já empregado por Graeff nas
casas Borba, Iochpe e Harry Graeff. A
centralidade e a dimensão da lareira
afirmam sua importância no aspecto
compositivo da residência. Cabe ressaltar a
solução que foi dada para o beiral da
cobertura da casa, que consiste num
exemplo interessante de solução técnica e
plástica aliados, que vem a contribuir para
Fig. 122– Vista residência, detalhe volume lareira sobre
a cobertura.
Fig. 123– Vista pátio interno.
Fig. 124 - Vista pátio interno.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
94
o conjunto do projeto. Invertendo a viga de
bordo e projetando uma aba em balanço,
Graeff cria uma platibanda que oculta o
telhado de fibrocimento, e pela projeção da
lamina além da viga, confere leveza e para
o coroamento da casa. Outro elemento que
merece ser destacado no projeto são as
duas delgadas colunas metálicas que
sustentam a marquise do pátio interno,
além do muro vazado executado em tijolos
no projeto original e que posteriormente foi
alterado pelos proprietários atuais. Este
muro vazado é característica constante nos
projetos residenciais de Graeff, tendo sido
empregado na maioria deles para definir
jardins internos, pátios e áreas de serviço.
Fig. 125 - Residência T. Graeff. Carazinho /
Rio Grande do Sul. Edgar Graeff – 1957
Fig. 126 – Planta baixa, diagrama dos
ambientes.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
95
RESIDÊNCIA TEIXEIRA - 1960
Rua Independência, 784 – Passo Fundo - RS.
Esta casa está situada na zona central de
Passo Fundo. O lote atualmente se encontra
entre diversos prédios de mais altura, sendo
uma das últimas residências remanescentes
no local. O terreno é profundo e plano,
estando um pouco acima do nível do passeio
público. Sua fachada principal, voltada para a
avenida Independência tem orientação norte
e por isso está exposta ao sol por grande
parte do dia. A casa possui uma de suas
laterais alinhada sobre a divisa oeste, ficando
assim dispostas as janelas e portas para o
leste, com isso configurando um pátio aberto
e passagem de carro. O partido da
residência tem a forma de um “U” (fig. 130),
no qual dois blocos extremos contém as
partes social e de serviços, enquanto o tramo
de ligação abriga um hall mais privativo e a
escadaria para o setor íntimo. Esta
disposição é muito similar à da residência
Victor Graeff (1951).
No pavimento do térreo estão concentradas
as dependências sociais e de serviço, na
frente e nos fundos da casa respectivamente.
Já no segundo pavimento, o qual é acessado
por uma escadaria localizada no centro da
casa, está a zona íntima com os dormitórios,
gabinetes e banheiros. É interessante
destacar neste pavimento a varanda em
frente aos dormitórios, que resulta no volume
em balanço da fachada.
Fig. 128 – Vista residência
Fig. 127 – Vista residência a partir do jardim
de acesso.
Fig. 129– Vista interna varanda
quartos pavimento superior.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
96
Esta varanda é totalmente fechada por quatro esquadrias em entramado de
madeira. São quatro planos verticais dispostas lado a lado, compondo um
grande painel que confere apelo estético a fachada.
Cada esquadria possui tramos fixos nas extremidades superior e inferior
(fig.128/129). Estes tramos possuem peças horizontais intercaladas, propiciando
ventilação e conformando um parapeito. No centro da esquadria existe um tramo
móvel, diferenciado pela grelha do tipo “muxarabi”. Esta varanda conforma ao
mesmo tempo uma galeria diante do quartos e um corredor para dispersão do
calor que incide sobre a fachada norte (fig. 129). A varanda desta residência
encontra analogia nas fachadas das casas Paiva (1949), Borba (1950), na casa
do arquiteto (1951), e nas casas Israel Iochpe (1953) e Harri Graeff (1961).
Fig. 130 – Planta baixa do térreo diagrama dos ambientes.
Fig. 131 – Vista interna sala de estar, porta de
acesso.
Fig. 132 – Vista interna da
residência.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
97
Formalmente, a residência apresenta um
conjunto fragmentado, pois existem
claramente dois momentos distintos no
projeto: um é a fachada principal, e o outro,
as demais elevações. Esteticamente, a
residência parece ter um melhor equilíbrio e
resolução formal na sua fachada principal,
pois lateralmente, as soluções de
revestimento, proporções de aberturas e as
relações entre as partes parecem menos
harmônicas e coordenadas. Na fachada, o
balanço usado por Graeff projeta o
pavimento superior de forma proeminente
sobre o térreo, e este é sinalizado como
entrada pelo senso de profundidade
conferido pelo sombreamento. Ali estão
localizadas as portas de entrada do escritório
e da casa. A porta principal da casa está
colocada sobre um plano branco, cuja
desmaterialização atectônica é acentuada
pela janela longitudinal que descola o muro
branco do forro da varanda em projeção. No
térreo, o volume referente ao escritório, que
externamente está revestido com pedras de
granito irregular pretas, atua como volume de
compensação na hierarquia das massas,
conferindo suporte e atenuando visualmente
a prevalência do grande prisma dominante
que é a varanda do pavimento superior.
Graeff usa nesta casa um jogo de volumes e
planos em projeção e recuo com diferente
tratamento de superfícies. Através deles o
arquiteto visa criar efeitos de dinamismo
espacial na estreita extensão da fachada
Fig. 133 – Vista volume do segundo
pavimento.
Fig. 134 – Vista pátio interno.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
98
principal. Exemplos anteriores dessa busca
já haviam sido expressados na casa do
arquiteto e na residência Victor Graeff.
Neta casa Graeff soluciona a visualização do
telhado através de uma delgada laje em leve
projeção, sugerindo uma cobertura plana. Tal
recurso também será usado na residência
Harri Graeff (1961).
Fig. 135 – Vista pátio interno, detalhe
parede revestida em cerâmica.
Fig. 136 – Volume pavimento superior.
Fig. 137 – Volume pavimento superior.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
99
8 - CONCLUSÃO:
UMA LINGUAGEM E UM PENSAMENTO MODERNO
EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF
Pode-se afirmar que Edgar Graeff, entre os anos de 1649 e 1961 foi dentre os
arquitetos gaúchos, um pioneiro do movimento moderno em Porto Alegre e no
estado do Rio Grande do Sul. Graeff contribuiu de forma significativa para o
processo de renovação de nossa produção arquitetônica. Sua contribuição se
deu através de sua militância na educação superior e na atividade profissional
como arquiteto. Ele foi figura importante na medida em que seu trabalho foi
marcado pela incorporação de conceitos e elementos até então pouco
utilizados, de forma ampla e sistemática, na prática arquitetônica desta época
em Porto Alegre.
Ao proceder a pesquisa deste conjunto de residências, projetadas por Graeff,
tanto na capital como no interior do estado, verificou-se em sua obra a
existência e a adoção de um expressivo repertório de linguagem arquitetônica
moderna. Tal adoção estava expressa através de aspectos formais,
hierárquicos, compositivos, estilísticos, estratégias de circulação, técnicas
construtivas, aspectos de controle solar, ventilação e ainda no emprego do
tratamento paisagístico como elemento estético arquitetônico.
O PIONEIRISMO DE UMA LINGUAGEM MODERNA
A contribuição brasileira ao movimento moderno internacional pode ser
compreendida a partir da junção entre modernidade e tradição, onde a ruptura
arquitetônica é vista como literal, e as lições e virtudes de uma arquitetura de
um contexto não podem ser apagadas.
Elementos como a rusticidade traduzida em simplicidade da nossa arquitetura
colonial, o virtuosismo e criatividades do barroco brasileiro e o rigor compositivo
do estilo acadêmico, todos de alguma forma presentes nesta combinação de
influências, contribuíram para a apropriação em forma de releitura de
elementos significativos da nossa história arquitetônica.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
100
Reconhecida além de nossas fronteiras nacionais, esta arquitetura moderna
brasileira tem recebido a denominação de “escola carioca”
2
. Tal denominação
resulta da liderança e influência que este estado exerceu sobre nosso país
naqueles anos. Arquitetos como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Reidy,
Irmãos Roberto e outros grandes nomes, foram expoentes de um estilo
arquitetônico que marcou nossa história definitivamente. Na arquitetura
produzida por Graeff, constata-se sua filiação ao repertório inovador e criativo
da arquitetura moderna brasileira. Assim como descrito em livros de sua
autoria
3
, Graeff nas suas residências dava ênfase para uma arquitetura que
fosse moderna e brasileira.
Após o seu retorno em 1948, Graeff produziu uma série de residências em
Porto Alegre e no interior, tendo sido a sua primeira encomenda a casa do
urbanista Edvaldo Pereira Paiva em 1949. Antes desta data não foram
encontrados registros de que tenha existido algum precedente arquitetônico
deste gênero na cidade. Portanto a residência Paiva é uma casa moderna
pioneira na cidade de Porto Alegre. Nas suas demais obras, Graeff seguiu
incorporando novos elementos de estética moderna ao seu repertório.
Observando a produção arquitetônica no estado, constatou-se que a produção
de arquitetura moderna teve melhor acolhida nos temas residenciais. O cliente
particular parece ter demonstrado mais abertura ao novo estilo do que os
organismos corporativos ou estatais. Sendo assim, as casas se tornaram o
meio possível de veicular a arquitetura moderna no contexto gaúcho.
OS ELEMENTOS DO ESTILO MODERNO DE GRAEFF
Alguns itens podem ser reunidos num catálogo de elementos usados por Edgar
Graeff. Os planos vazados foram extensivamente empregados por Graeff em
suas obras. Estes planos vazados sempre atuavam como elemento de controle
de permeabilidade, seja para a proteção solar (muxarabis) ou para o controle
da privacidade (combogós e tijolos vazados). Fora estas funções, estes
elementos desempenhavam um importante papel estético nas fachadas e
2
Ver Segawa, p. 103 (Mario de Andrade, 1943, falou em “ Escola do Rio de Janeiro”).
3
Graeff, Edgar Albuquerque. Brasília: dois caminhos da arquitetura contemporânea. Brasília: Faculdade de Arquitetura,
(1960).
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
101
demais planos das residências, permitindo interessantes combinações nas
superfícies.
Junto com o muxarabis, as esquadrias de inspiração colonial eram recorrentes
nas obras de Graeff, sendo vistas nas residências Victor Graeff, Eduardo
Faraco, Israel Iochpe, Fetzer e Teixeira. Nos planos de fachada, as esquadrias
com muxarabis também faziam parte do sistema de proteção e controle da
insolação. Em muitos casos (residências Paiva, Borba, Iochpe, Harri Graeff e
Teixeira), Graeff utilizava as varandas com os planos vazados para criar
corredores de dispersão de calor, pois protegiam os quartos da insolação
direta. Estas esquadrias também refletem a intenção que Graeff tinha de
incorporar elementos da tradição arquitetônica nacional em suas obras.
Outro forte elemento de arquitetura moderna, incorporado nas obras de Graeff
são as coberturas com telhados borboleta ou de uma água. Estes dois tipos de
coberturas foram usados a partir da casa Paiva (telhado borboleta) em 1949
até 1951 na casa Victor Graeff (apenas uma água), quando então foram
abandonados pelo arquiteto. Mais tarde vemos que a abordagem das
coberturas feitas por Graeff começa a explorar, em alguns casos, a
horizontalidade (residências Teixeira, Harri Graeff e Theodomiro Graeff). A
cobertura destas casas ainda possui o telhado inclinado, porém feitos de
fibrocimento e com uma inclinação mínima, sendo ocultados por lajes de bordo
planas. Estas lajes são superfícies horizontais que se prolongam além da
projeção do plano da fachada. Com isso, tem-se a impressão de uma cobertura
horizontal por completo.
Nas casas, o tratamento dos planos sempre apresentava um diferencial, com
texturas, vazados e materiais distintos. O revestimento cerâmico é um destes
materiais usados por Graeff e está presente quase na totalidade das suas
obras residenciais. O emprego do revestimento cerâmico é uma influência
direta da escola carioca na arquitetura de Graeff .
AS QUESTÕES COMPOSITIVAS:
Além de itens referentes a um “estilo moderno”, Graeff também introduz
conceitos relativos à composição em sua arquitetura.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
102
O passeio arquitetônico foi habilmente explorado por Graeff em suas
residências. Ele utilizou o percurso como uma experiência espacial
significativa. A casa projetada para Edvaldo Paiva demonstra esta estratégia
compositiva, pois nela Graeff explora o sentido dos deslocamentos com
diferentes alturas (mezanino), espaços estreitos que se tornam amplos
(contração e expansão), planos envidraçados e pátios abertos e intercalados
que se comunicam com vários ambientes da casa. Já na casa do arquiteto os
deslocamentos se articulam ao longo de um plano inclinado. Graeff tira partido
de rampas, escadas e acessos para conduzir a pessoa em uma experiência
espacial através dos diferentes níveis que envolvem câmbios direcionais,
diferentes possibilidades visuais e distintas situações de abertura ou
fechamento.
Um aspecto que chamou a atenção ao longo da pesquisa dos casos foi o do
dinamismo das fachadas. Graeff explora nas fachadas inúmeros recursos que
promovem animação nos planos. O emprego de ressaltos, modulações,
recuos, retículas, volumes em projeção, curvaturas reentrantes, planos
vazados e planos inclinados, formam o repertório de Graeff usado nestas
residências.
Os projetos residenciais executados por Graeff revelam uma simplicidade e
uma economia de recursos. O arquiteto demonstra uma produção de
arquitetura moderna que foi feita em cima dos meios possíveis da encomenda
doméstica da classe média. Os recursos disponíveis eram manejados para que
servissem a um propósito funcional e estético. Exemplo disso são as suas
coberturas, feitas com telhas de fibrocimento, que em muitos casos não eram
ocultadas nos planos de fachada, porém ficavam expostas revelando partes
menos “nobres” da casa (residência Paiva e residência do arquiteto).
PIONEIRISMO MODERNISTA
Muitos arquitetos se destacaram na introdução da arquitetura moderna em
Porto Alegre nos anos 50. Dentre eles podemos citar Emil Bered, Demétrio
Ribeiro, Enilda Ribeiro, Salomão Kruchin, Carlos Alberto de Holanda
Mendonça, Lincon Ganzo de Castro, Irineu Breitman, Luiz Fernando Corona,
Carlos Maximiliano Fayet, Nelson Souza e Moacyr Moojen Marques entre
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
103
outros. Contudo, Edgar Graeff é cronologicamente o pioneiro no uso de uma
linguagem arquitetônica moderna, com a construção da residência Edvaldo
Pereira Paiva (1949). Graeff não é apenas pioneiro cronologicamente, mas
reafirma essa posição com um numero significativo de obras que realiza na
década de 50.
Ainda sim, o mero pioneirismo não seria virtude suficiente para conferir valor à
obra de Edgar Graeff. O estudo de sua produção residencial entre 1949 e 1961
serviu para demonstrar que a obra do arquiteto possui méritos de ordem
arquitetônica que justificam seu resgate e preservação documental.
Como já mencionado anteriormente, as residências do período abordado estão
desaparecendo rapidamente, algumas dando lugar a novos edifícios, outras em
função de reformas e alterações.
Na produção de Graeff pós 60 se observa o abandono da linguagem moderna
por ele usada até então, fruto da busca de outras referências por parte do
arquiteto. Não se verifica na sua produção posterior o do uso dos treliçados de
madeira, dos elementos vazados, dos revestimentos cerâmicos, e das
estratégias compositivas mencionadas anteriormente. Tal fato acentua o valor
do estudo das residências abordadas nessa dissertação. O conjunto das obras
residenciais de Graeff em sua representatividade enquanto casas de
orientação moderna, em Porto Alegre e no interior do estado do Rio Grande do
Sul, justificam o resgate desta produção.
Tanto em obras construídas como em documentação, o presente trabalho
objetivou dar início ao resgate dessa produção e a seu estudo crítico, na
expectativa de contribuir para o aprofundamento do estudo da arquitetura
moderna em Porto Alegre.
Espera-se que este estudo suscite outras abordagens da arquitetura
residencial moderna em Porto Alegre, com a intenção de delinear um quadro
analítico abrangente dessa produção que já deixa poucos vestígios. A
contribuição de Edgar Graeff demonstra méritos que instigam a continuidade
das investigações nesta área.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
104
9 - RELAÇÃO DAS OBRAS DE EDGAR GRAEFF
1. Residência Edvaldo Paiva – Porto Alegre 1949.
2. Residência F. Borba – Porto Alegre 1950.
3. Edifício de Apartamentos “Humaitá – Porto Alegre 1950.
4. Residência Edgar Graeff – Porto Alegre 1951.
5. Residência Victor Graeff – Porto Alegre 1952.
6. Residência Eduardo Faraco – Porto Alegre 1953.
7. Ed. de Apartamentos “Pres. A. Carlos”– Porto Alegre 1953.
8. Residência Israel Iochpe – Porto Alegre 1954.
9. Residência H. Fetzer – Carazinho 1954.
10. Edifício Comercial “De Cezaro” – Porto Alegre 1954.
11. Ed. de Apartamentos “Querência”– Atlântida 1955.
12. Residência G. Santos – Carazinho 1955.
13. Jazigo Carazinho 1956.
14. Residência Theodomiro Graeff – Carazinho 1957.
15. Residência Israel Iochpe – Porto Alegre 1959.
16. Residência R. Teixeira – Passo Fundo 1960.
17. Residência Harri Graeff – Porto Alegre 1961.
18. Estância Alvorada – Carazinho
1961.
19. Ed. de Apartamentos “Tapejara”– Porto Alegre
1961.
20. Hospital de Traumatologia – Porto Alegre
1961.
21. Residência C. Martinez – Carazinho 1966.
22. Residência A. Graeff – Brasília, DF
1973.
23. Residência Funcional – Brasília, DF 1974.
24. Hotel Lage de Pedra – Canela, RS 1975.
25. Pórtico Parque Res. Laje de Pedra – Canela, RS 1975.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
105
10 - LISTA DE FIGURAS
CAPA
A. Casa Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Vista varanda quartos
pavimento superior. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 60.
B. Casa Victor Graeff, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1951. Vista fachada. Fonte:
Xavier; Mizoguchi, 1987.p. 78.
C. Casa do Arquiteto, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1951. Vista varanda
pavimento superior. Fonte: Foto Carlos Henrique Goldman.
D. Casa Harri Graeff, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1961. Vista passadiço acesso
principal. Fonte: Foto Carlos Henrique Goldman.
INTRODUÇÃO
1. Casa neocolonial, à rua Marquês do Herval, Porto Alegre, (Década de 30).
Vista fachada principal. Fonte: Foto Jornal Zero Hora. 28/02/2000.
2. Residência Brasil Cezar, Fernando Corona, Porto Alegre, (1929). Vista
fachada principal. Fonte: Foto Jornal Zero Hora. 28/02/2000.
3. Casa Protomoderna, à rua Álvaro Nunes Pereira, Porto Alegre, (Década de
40). Vista fachada principal. Fonte: Foto Jornal Zero Hora. 28/02/2000.
ARQUITETURA BRASILEIRA NO CONTEXTO DE UMA ÉPOCA
4. Ministério de Educação e Saúde, Lúcio Costa e equipe, Rio de Janeiro,
1936/ 1943. Vista painel de Portinari. Fonte: Quando o Brasil era moderno: guia
de Arquitetura 1928 – 1960 / Organização de Lauro Cavalcanti, p. 13.
5. Ministério de Educação e Saúde, Lúcio Costa e equipe, Rio de Janeiro,
1936/1943. Vista. Fonte: Quando o Brasil era moderno: guia de Arquitetura 1928
– 1960 / Organização de Lauro Cavalcanti, p. 374.
6. Pavilhão do Brasil na Feria Mundial Nova York. Lucio Costa e Oscar
Niemeyer, Nova York, 1938/1939. Vista geral Pavilhão do Brasil. Fonte: Quando
o Brasil era moderno: guia de Arquitetura 1928 – 1960 / Organização de Lauro
Cavalcanti, p. 382.
7. Pavilhão do Brasil na Feria Mundial Nova York. Lucio Costa e Oscar
Niemeyer, Nova York, 1938/1939. Vista jardim interno. Fonte: Quando o Brasil
era moderno: guia de Arquitetura 1928 – 1960 / Organização de Lauro
Cavalcanti, p. 378.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
106
8. Pavilhão do Brasil na Feria Mundial Nova York. Lucio Costa e Oscar
Niemeyer, Nova York, 1938/1939. Vista interna. Fonte: Quando o Brasil era
moderno: guia de Arquitetura 1928 – 1960 / Organização de Lauro Cavalcanti, p.
381.
9. Pampulha. Oscar Niemeyer. Belo Horizonte, 1942/1943. Vista entrada do
Cassino. Fonte: Papadak, 1950. p. 70-77
10. Pampulha. Oscar Niemeyer. Belo Horizonte, 1942/1943. Vista Igreja de São
Francisco de Assis. Fonte: Papadak, 1950. p. 92-103.
OS CAMINHOS DA ARQUITETURA MODERNA EM PORTO ALEGRE
11. Edifício Guaspari, Fernando Corona, Porto Alegre, 1936. Vista. Fonte:
Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 46.
12. Cassino da Exposição do Centenário Farroupilha, Christiano de La Paix
Gelbert. Porto Alegre, 1935/1936. Vista noturna. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987.
p. 44.
13. Hospital de Clinicas, Jorge Machado Moreira. Porto Alegre, 1942. Maquete
proj. original. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 27.
14. Hospital de Clinicas, Jorge Machado Moreira. Porto Alegre, 1942. Maquete
proj. original. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 27.
15. Edifício do IPÊ, Oscar Niemeyer. Porto Alegre, 1943. Maquete do projeto.
Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 27.
16. Edifício do VFRGS, Reidy e Moreira. Porto Alegre, 1944. Maquete do
projeto original. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 27.
17. Quadro cronológico comparativo de algumas das obras de arquitetura
moderna em Porto alegre.
A CASA MODERNA EM PORTO ALEGRE
18. Casa Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Vista varanda
quartos pavimento superior. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 60.
19. Quadro cronológico de casas modernas em Porto alegre, (1949 –1952).
20. Residência Guilhermino Cezar, Fernando Corona, Porto Alegre, 1950. Vista
pavimento superior. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 74.
21. Residência Guilhermino Cezar, Fernando Corona, Porto Alegre, 1950. Vista
balcão quartos. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 75.
22. Residência Guilhermino Cezar, Fernando Corona, Porto Alegre, 1950.
Plantas baixas. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 75.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
107
23. Residência Jorge Casado D´ Azevedo, Carlos Alberto de Holanda
Mendonça, Porto Alegre, 1950. Vista fachada. Fonte: Lucas, Luis Henrique Hass
(arquivo pessoal).
24. Residência Jorge Casado D´ Azevedo, Carlos Alberto de Holanda
Mendonça, Porto Alegre, 1950. Vista pavimento térreo. Fonte: Xavier; Mizoguchi,
1987. p. 72.
25. Residência Jorge Casado D´ Azevedo, Carlos Alberto de Holanda
Mendonça, Porto Alegre, 1950. Plantas baixas e corte. Fonte: Xavier; Mizoguchi,
1987. p. 73.
26. Residência Maria Flor Vieira, Carlos Maximiliano. Fayet, Porto Alegre, 1950.
Vista fachada. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 70.
27. Residência Maria Flor Vieira, Carlos Maximiliano, Porto Alegre, 1950. Vista
fachada. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 71.
28. Residência Maria Flor Vieira, Carlos Maximiliano, Porto Alegre, 1950.
Plantas. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 71.
29. Residência Cândido Norberto, Luiz Fernando Corona e Carlos Maximiliano.
Fayet, Porto Alegre, 1952. Vista fachada. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 99.
30. Residência Cândido Norberto, Luiz Fernando Corona e Carlos Maximiliano.
Fayet, Porto Alegre, 1952. Vista fachada. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 98.
31. Residência Cândido Norberto, Luiz Fernando Corona e Carlos Maximiliano.
Fayet, Porto Alegre, 1952. Planta Baixa. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 99.
EDGAR ALBUQUERQUE GRAEFF: BIOGRAFIA RESUMIDA
32. Foto Edgar Albuquerque Graeff. Fonte: Nelson Souza (arquivo pessoal).
33. Foto Edgar Graeff e Nelson Souza. Fonte: Nelson Souza (arquivo pessoal).
34. Foto almoço com amigos. Fonte: Nelson Souza (arquivo pessoal).
35. Foto Edgar Graeff e Carlos M. Fayet em Brasília. Fonte: Nelson Souza
(arquivo pessoal).
PROJETOS RESIDENCIAIS DE EDGAR GRAEFF
36. Mapa de localização das residências em Porto Alegre.
37. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Vista
mezanino. Fonte: Foto Nestor Nastruz.
38. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Vista sala de
jantar. Fonte: Foto Nestor Nastruz.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
108
39. Casas Citrohan, Le Corbusier, 1922. Desenho do interior. Fonte: Boesinger,
Willy. Le Corbusier. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 12.
40. Ville Savoie, Le Corbusier, 1929. Vista sala. Fonte: Boesinger, Willy. Le
Corbusier. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 45.
41. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Implantação.
Fonte: Diagramação a partir de documentos de prefeitura.
42. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Planta baixa
térreo e segundo pavimento. Fonte: Foto Nestor Nastruz.
43. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Vista interna do
Hall. Fonte: Foto Nestor Nastruz.
44. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Vista interna do
estúdio no 2º pavimento. Fonte: Foto Nestor Nastruz.
45. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff, Porto Alegre, 1949. Elevação
principal.
46. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1949. Vista parcial
varanda do pavimento superior. Fonte: Foto Nestor Nastruz.
47. Unidade habitacional tipo A CITA. Oscar Niemeyer. São José dos Campos,
1948. Vista fachada. Fonte: Papadak, 1950.
48. Residência Edvaldo Paiva, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1949. Corte
longitudinal.
49. Casa Errazuriz, Le Corbusier e P. Jeanneret. Chile,1930. Vista geral. Fonte:
Frampton, Kenneth. História critica da arquitetura moderna. G. Gili. 1993. p. 186.
50. Iate Clube na Lagoa da Pampulha, Oscar Niemeyer. Belo Horizonte, 1942.
Vista Geral. Fonte: Quando o Brasil era moderno: guia de Arquitetura 1928 –
1960 / Organização de Lauro Cavalcanti, p. 395.
51. Quadro de taxonomia.
52. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Vista varanda quartos.
Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
53. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Implantação.
54. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Vista fachada. Fonte:
Foto Carlos H. Goldman. 2001.
55. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Vista lateral. Fonte:
Foto Carlos H. Goldman. 2001.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
109
56. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Planta baixa térreo e
segundo pavimento. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
57. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Elevação principal.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
58. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Detalhe planta baixa
térrea. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
59. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Elevação lateral. Fonte:
Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
60. Residência Borba, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1950. Corte longitudinal.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
61. Unidades habitacionais do CTA, Oscar Niemeyer. São José dos Campos,
1948. Corte de uma das unidades. Fonte: Papadak, 1950.
62. Unidades habitacionais do CTA, Oscar Niemeyer. São José dos Campos,
1948. Fachadas . Fonte: Bruand, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil, 3.
ed. São Paulo: Perspectiva, 1998. p.398.
63. Quadro de taxonomia.
64. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Vista parcial da
varanda do segundo pavimento. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
65. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Implantação.
66. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Vista da casa.
Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
67. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Vista parcial da
fachada. Fonte: Foto Jornal Zero Hora. 28/02/2000.
68. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Vista da casa.
Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 76.
69. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Planta baixa.
70. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Elevação
principal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
71. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Elevação lateral.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
72. Residência do Arquiteto, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1951. Corte
longitudinal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
73. Quadro de taxonomia.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
110
74. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Vista parcial da
casa. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 78.
75. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Implantação.
76. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Vista fachada da
casa. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 78.
77. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Vista escada
interna da casa. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 79.
78. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Planta baixa.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
79. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Elevação
principal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
80. Residência Victor Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1952. Corte
longitudinal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
81. Quadro de taxonomia.
82. Residência Eduardo Faraco, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1953. Implantação.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
83. Residência Eduardo Faraco, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1953. Planta baixa.
Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
84. Residência Eduardo Faraco, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1953. Fachada
principal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
85. Residência Eduardo Faraco, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1953. Fachadas
laterais. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
86. Residência Eduardo Faraco, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1953. Corte
longitudinal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
87. Quadro de taxonomia.
88. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista parcial do
segundo pavimento. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
89. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Implantação.
90. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista da
garagem e do pátio pergolado do pavimento superior. Fonte: Foto Carlos H.
Goldman. 2001.
91. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Planta baixa
pavimentos térreo e superior.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
111
92. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista da fachada
principal, parede combogós. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
93. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista da pérgula
do pátio interno. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
94. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Estudo
volumétrico do partido.
95. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista da
residência na época de sua construção. Fonte: Xavier; Mizoguchi, 1987. p. 102.
96. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista a partir do
pátio interno. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
97. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista interna da
sala de estar. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
98. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Elevação
principal.
99. Residência Israel Iochpe, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1954. Vista geral da
casa. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
100. Quadro de taxonomia.
101. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Vista casa.
Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
102. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Implantação.
103. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Vista rua
Cônego Viana. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
104. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Vista parcial
acesso garagem. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
105. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Planta baixa 1º
pavimento ao nível do passeio. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre.
106. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Planta baixa
pavimento inferior. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
107. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Passadiço
acesso hall de entrada. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
108. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. da fachada
principal.. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
112
109. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Cortes
longitudinal e transversal. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre.
110. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Seção do corte
transversal, mostrando detalhe sanca no forro. Fonte: Arquivo da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre.
111. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Elevação
principal. Fonte: Reprodução da Arquivo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
112. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Vista geral da
residência. Fonte: Foto pertencentes à Família de Harri Graeff.
113. Residência Harri Graeff, Edgar Graeff. Porto Alegre, 1961. Vista geral da
residência. Fonte: Foto pertencentes à Família de Harri Graeff.
114. Quadro de taxonomia.
ALGUMAS RESIDÊNCIAS NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL
115. Residência Fetzer, Edgar Graeff. Carazinho, 1954. Vista parcial da fachada.
Fonte: Revista da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Brasília, Brasília, nº
01. p. 42.
116. Residência Fetzer, Edgar Graeff. Carazinho, 1954. Vista atual da fachada.
Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
117. Residência Fetzer, Edgar Graeff. Carazinho, 1954. Vista varanda. Fonte:
Foto Carlos H. Goldman. 2001.
118. Residência Fetzer, Edgar Graeff. Carazinho, 1954. Vista elevação posterior.
Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
119. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Vista
fachada. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
120. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Vista
varanda de acesso. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
121. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Vista
varanda de acesso. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
122. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Detalhe do
volume da lareira sobre a cobertura. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
123. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Vista pátio
interno. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
124. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Vista pátio
interno. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
113
125. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Vista
original do pátio interno, muro vazado. Fonte: Revista da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo de Brasília, Brasília, nº 01. p. 24.
126. Residência Theodomiro Graeff, Edgar Graeff. Carazinho, 1957. Planta
baixa.
127. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista fachada
principal. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
128. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista residência a
partir do jardim de acesso. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
129. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista interna
varanda quartos pavimento superior. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
130. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Planta baixa.
131. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista interna sala
de estar, porta de acesso. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
132. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista interna do hall
íntimo. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
133. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista do volume
do segundo pavimento. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
134. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista pátio interno.
Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
135. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista
do volume do
segundo pavimento. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
136. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista
do volume do
segundo pavimento. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
137. Residência Teixeira, Edgar Graeff. Passo Fundo, 1960. Vista pátio interno,
detalhe parede revestida em cerâmica. Fonte: Foto Carlos H. Goldman. 2001.
A Casa Moderna em Porto Alegre: Projetos Residenciais de Edgar Albuquerque Graeff
114
11 - BIBLIOGRAFIA
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2-Teoria e Critica:
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e Urbanismo. São Paulo, nº 38, 1991 p. 69 – 74.
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115
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5.9-Graeff, Edgar Albuquerque. Arte e técnica na formação do arquiteto. São
Paulo: Studio Nobel, Fundação Vilanova Artigas, 1995. 142p. : il.
(Cidade aberta)
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