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FERNANDA GONÇALVES CAMPANHA
DISCRIMINAÇÃO DE ESPÉCIES DE CAFÉ (COFFEA ARABICA E
COFFEA CANEPHORA) PELA COMPOSIÇÃO DE DITERPENOS
Londrina
2008
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1
FERNANDA GONÇALVES CAMPANHA
Discriminação de espécies de café (Coffea arabica e Coffea
canephora) pela composição de diterpenos
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação, em Ciência de Alimentos,
da Universidade Estadual de Londrina,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Marta de Toledo
Benassi
Londrina
2008
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FERNANDA GONÇALVES CAMPANHA
Discriminação de espécies de café (Coffea arabica e
Coffea canephora) pela composição de diterpenos
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação, em Ciência de Alimentos,
da Universidade Estadual de Londrina,
como requisito à obtenção do título de
Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Profª Drª Marta de Toledo Benassi
Universidade Estadual de Londrina
______________________________________
Dr. Marcelo Caldeira Viegas
Companhia Iguaçu de Café Solúvel
Prof. Dr. Rui Sérgio dos Santos Ferreira
da Silva
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, ___ de _____________ de 2008.
3
Aos meus pais, que sempre
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força, o incentivo e o apoio que
necessitei, especialmente nos
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4
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, sempre, por não me dar tudo o que pedi, e sim, força para lutar e
vencer, família e amigos, para amar, abraçar e fazer meu coração sorrir.
À querida professora, orientadora e admirável fonte de apoio e confiança Dr
a
. Marta
de Toledo Benassi, que sempre com muita calma, orientou e foi amiga.
Ao professor Dr. Rui Sérgio dos Santos Ferreira da Silva, pelo apoio ao meu trabalho
e vasto conhecimento. Agradeço também, o empréstimo do programa Statistica 7.1.
Ao irmão científico e doutorando Rafael Carlos Eloy Dias, pela dedicação, estímulo e
pelo trabalho em equipe. Foi admiravelmente bom trabalhar com você.
À Café Iguaçu, pela doação das amostras utilizadas para desenvolvimento deste
trabalho, em especial, à Josi. Agradecimentos também à Maria Brígida dos Santos
Scholz, pelo fornecimento das amostras e apoio intelectual.
Ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, pelo apoio
financeiro.
Aos professores e funcionários do Depto. de Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Aos meus amigos, que fazem diferença na minha vida, e que, na ausência me
deixarão saudades.
E por fim, mas não menos importante, aos meus pais João e Ivete e meus irmãos
Gio e Dú, pela torcida e por fazerem parte da minha vida, rirem e chorarem comigo
sempre. Camila, Rita e Cris, vocês também são minha família. Amo vocês!!! Mais
importante do que eu tenho na vida, são as pessoas que levo comigo em meu
coração.
Muito obrigada!
5
Eu aprendi que para crescer como pessoa é preciso
me cercar de gente mais inteligente do que eu.
William Shakespeare
6
CAMPANHA, Fernanda Gonçalves. Discriminação de espécies de café (Coffea
arabica e Coffea canephora) pela composição de diterpenos. 2008, 84f. Dissertação
(Mestrado em Ciência de Alimentos) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
2008.
RESUMO
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, destacando-se as
espécies Coffea arabica e Coffea canephora (conilon). O café conilon, de menor
valor comercial, é muitas vezes adicionado ao arábica, no entanto apresenta
qualidade e aceitabilidade inferior. Após a torra e moagem, não é possível distinguir
visualmente as espécies, sendo necessários outros critérios para discriminação.
Técnicas cromatográficas têm sido utilizadas, especialmente a Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (CLAE), devido à versatilidade e possibilidade de
quantificação de componentes termolábeis. Dentre os compostos estudados, os
diterpenos caveol e cafestol são relatados como potenciais indicadores pelo fato de
estarem presentes em diferentes proporções nas espécies e terem maior
estabilidade à temperatura que a maioria dos componentes hidrossolúveis. A
avaliação da estabilidade à torra e da composição de diterpenos em grãos de café
defeituosos é importante para verificar a possibilidade de emprego de caveol e
cafestol como discriminadores de espécies em amostras de mercado, onde o nível
de defeitos e torra não são conhecidos. O trabalho objetivou a discriminação de
espécies de café arábica e conilon através dos teores de diterpenos. Utilizou-se
amostras de café arábica, conilon e misturas com diferentes torras (clara, média e
escura) e proporções de defeitos. Para extração, realizou-se saponificação direta,
extração com terc-butil metil éter e limpeza com água. Empregou-se CLAE de fase
reversa, eluição isocrática (acetonitrila 55% em água) e detecção no UV. Os
resultados foram utilizados para estudo da estabilidade dos diterpenos (ANAVAR) e
para gerar e validar um modelo preditivo da proporção de café conilon adicionado ao
arábica (regressão múltipla). O teor de caveol variou de 661 a 933 mg/100 g nos
cafés arábica, e não foi observada sua presença nos conilon. O cafestol variou de
275 a 478 no arábica e de 163 a 275 mg/100 g no conilon. A adição de conilon
reduziu o teor de diterpenos, mas o efeito foi diferenciado dependendo do grau de
torra e defeitos. O aumento na intensidade de torra não implicou em maior
degradação dos diterpenos. Entre os modelos estudados, o que utilizou apenas
cafestol como parâmetro de discriminação teve baixo poder preditivo. Ao utilizar o
teor de caveol para construção do modelo, obteve-se bom ajuste (R
2
= 0,91), que foi
melhorado (R
2
= 0,93) ao considerar os compostos caveol e cafestol em conjunto.
Avaliando as amostras de diferentes torras separadamente, observou-se que os
modelos para as torras média e escura tiveram melhor ajuste, interessante uma vez
que no Brasil os cafés são comercializados com grau de torra mais intenso. Na
validação com amostras externas, o modelo proposto não se mostrou satisfatório,
necessitando-se a introdução de mais amostras para aumentar a abrangência e
obter um modelo com melhor capacidade preditiva. Verificou-se que não houve
diferença nos teores de caveol e cafestol comparando-se grãos defeituosos ou não.
Os parâmetros caveol e cafestol mostraram-se promissores como discriminadores
das espécies na avaliação de amostras com diferentes graus de defeitos e torra.
Palavras-chave: caveol, cafestol, defeitos, grau de torra, modelo
7
ABSTRACT
CAMPANHA, Fernanda Gonçalves. Discrimination between coffee species (Coffea
arabica and Coffea canephora) by the content of diterpenes. 2008, 84f. Dissertação
(Mestrado em Ciência de Alimentos) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
2008.
ABSTRACT
Brazil is the major coffee producing and exporting country and the most important species
are Coffea arabica and Coffea canephora (robusta). Because of its lower commercial value
the robusta coffee is often blended to arabica, but presents inferior quality and
acceptability. Visual indicators are eliminated after roasting and grinding, so an alternative
method to identification of the species is required. Chromatographic techniques have been
used, particularly High Performance Liquid Chromatography (HPLC), due to the versatility
and the ability to quantify thermolabile compounds. The diterpenes kahweol and cafestol
are reported as potential indexes because they are present in different contents in species
and they have thermal stability greater than the majority of the water-soluble compounds.
The evaluation of the roasting effect and the composition of diterpenes in defective beans
are important in order to use these compounds to discriminate species in commercial
coffees, in which the level of defects and roasting degree are unknown. The aim of the work
was to discriminate arabica and robusta coffee species by their contents of diterpenes.
Samples of arabica and robusta coffees and blends of these species with different roasting
degree (light, medium and dark) and levels of defective beans were used. Direct
saponification, extraction with tert-Butyl methyl ether and clean up with water were applied
for extraction. Reverse-phase HPLC, isocratic elution (55% acetonitrile in water) and UV
detection were used. The results were used to study the stability of diterpenes (ANOVA)
and to generate and validate a predictive model to estimate the proportion of robusta added
to arabica coffee (multiple regression). The content of kahweol varied between 661 and 933
mg/100 g in arabica coffee, but it was not found in robusta. Cafestol ranged from 275 to
478mg in arabica and from 163 to 275 mg/100 g in robusta coffee. The addition of robusta
coffee reduced the diterpenes content. However the effect was differently depending on the
roasting degree and level of defects. The degradation of diterpenes did not increase with
the increasing severity of roast. The model which used cafestol as a single variable had low
predictive power. The used of the content of kahweol in the model allowed a good fit (R
2
=
0.91), which was improved (R
2
= 0.93) by the combined use of the compounds kahweol
and cafestol. Considering samples of each roasting degree independently, it was observed
that medium and dark roasting models had better fit. This is interesting because coffees are
usually commercialized with darker roast in Brazil. Validation using external samples shows
the necessity to add more samples to increase the limits the model and its predictive
power. There were no differences between kahweol and cafestol levels comparing
defective or regular beans. The parameters kahweol and cafestol showed potential for
discrimination of species on samples with different roasting degrees and level of defects.
Keywords: kahweol, cafestol, defective beans, roasting degree, model
8
LISTA DE FIGURAS
Figura II.1 – Diferentes tipos e quantidades de defeitos em amostras de café...
24
Figura II.2 – Estrutura química dos compostos cafestol, caveol e 16-O-
metilcafestol..........................................................................................................
27
Figura IV.1 – Fluxograma da extração da matéria insaponificável do café.........
38
Figura V.1 – Cromatogramas típicos de café torrado em nível médio................
44
9
LISTA DE TABELAS
TABELA II.1 – Quantidade de defeitos permitida em 300 gramas para as
diferentes classificações de café segundo tabela oficial para classificação.. 23
TABELA II.2 – Quantificação de diterpenos em amostra de café verde e
torrado das espécies arábica e robusta......................................................... 28
TABELA IV.1 – Amostras utilizadas para construção do modelo de
discriminação das misturas de café conilon ao arábica................................. 34
TABELA IV.2 – Amostras utilizadas para verificação do modelo.................. 35
TABELA IV.3 – Porcentagem dos diferentes defeitos presentes em uma
amostra (A6) de grãos defeituosos de café arábica...................................... 35
TABELA IV.4 – Parâmetros da regressão linear das curvas de calibração
dos diterpenos............................................................................................... 39
TABELA V.1 – Umidade (g/100 g) de café arábica e conilon....................... 41
TABELA V.2 – Luminosidade dos cafés das espécies arábica e conilon
submetidos a diferentes torras....................................................................... 42
TABELA V.3 – Tonalidade cromática dos cafés das espécies arábica e
conilon submetidos a diferentes torras.......................................................... 42
TABELA V.4. Teor de caveol dos cafés das espécies arábica e conilon
submetidos a diferentes torras e misturas de conilon em arábica................. 45
TABELA V.5. Teor de cafestol (mg/100 g de amostra em base seca) dos
cafés das espécies arábica e conilon submetidos a diferentes torras (clara,
média e escura) e misturas de conilon em arábica (20%, 30% e 50%)........ 46
10
TABELA V.6. Valores de R
2
ajustado, erro e modelos multilineares para
os ajustes feitos dos teores de caveol; cafestol; caveol e cafestol................ 51
TABELA V.7. Teor de caveol (mg/100 g de amostra em base seca) em
misturas de conilon em arábica em diferentes níveis de torra....................... 52
TABELA V.8. Teor de cafestol (mg/100 g de amostra em base seca) em
misturas de conilon em arábica em diferentes níveis de torra....................... 52
TABELA V.9. Modelo preditivo ajustado para mistura entre 20 e 50% de
conilon ao arábica.......................................................................................... 53
TABELA V.10. Valores de R
2
ajustado, erro e modelos multilineares para
diferentes graus de torra (clara, média e escura).......................................... 54
TABELA V.11. Teores de caveol e de cafestol (mg/100 g de amostra em
base seca) em amostras puras e misturas de 20 e 40% de conilon em
arábica (A3/C3) em diferentes torras (clara, média e escura)....................... 56
TABELA V.12. Valores previstos para o modelo multilinear nas amostras
de café arábica, conilon e misturas............................................................... 56
TABELA V.13. Valores de R
2
ajustado, erro e novo modelo empregando
amostras de arábica (A1, A2 e A3), conilon (C1, C2 e C3) e misturas.......... 57
TABELA V.14. Valores previstos para o modelo multilinear nas amostras
de café arábica A4 e A5................................................................................. 58
TABELA V.15. Teores de caveol e de cafestol (mg/100 g de amostra em
base seca) em café arábica (A5) com 0, 10, 20, 30 e 100 % de defeitos..... 60
11
TABELA V.16. Teores de caveol e de cafestol em café arábica (A5 com
10, 20 e 30 % de defeitos) com mistura de 40% de café conilon (C3)..........
60
TABELA V.17. Valores previstos médios para o modelo multilinear nas
amostras de café arábica (10, 20 e 30% de defeitos), conilon e misturas
de 40% de café conilon ao arábica, para as torras clara, média e escura.... 61
TABELA 1 – Umidade (g/100 g) das misturas de cafés arábica (A1, A2,
A3, A4, A5, A6) e conilon (C1, C2 e C3) submetidos a diferentes torras...... 75
TABELA 2 – Luminosidade das misturas de cafés arábica (A1, A2, A3,
A4, A5, A6) e conilon (C1, C2 e C3) submetidos a diferentes torras............. 76
TABELA 3 – Tonalidade cromática das misturas de cafés arábica (A1, A2,
A3, A4, A5, A6) e conilon (C1, C2 e C3) submetidos a diferentes torras...... 77
TABELA 4. Valores preditos para as misturas de espécies de café (A1,
A2, C1 e C2) com diferentes torras utilizando o modelo para caveol............ 79
TABELA 5. Valores preditos para as misturas de espécies de café (A1,
A2, C1 e C2) com diferentes torras utilizando o modelo para cafestol.......... 81
TABELA 6. Valores preditos para as misturas de espécies de café com
diferentes torras utilizando o modelo para caveol e cafestol......................... 83
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Resíduos para modelo com caveol utilizando amostras A1, A2,
C1, C2 e misturas: resíduo x valor previsto (a); resíduo x valor observado
(b); valor observado x valor previsto (c).........................................................
78
Gráfico 2. Resíduos para modelo com cafestol utilizando amostras A1,
A2, C1, C2 e misturas: resíduo x valor previsto (a); resíduo x valor
observado (b); valor observado x valor previsto (c).......................................
80
Gráfico 3. Resíduos para modelo com caveol e cafestol utilizando
amostras A1, A2, C1, C2 e misturas: resíduo x valor previsto (a); resíduo x
valor observado (b); valor observado x valor previsto (c)..............................
82
Gráfico 4. Resíduos x valor observado para modelo multilinear (caveol e
cafestol) utilizando amostras A1, A2, A3, C1, C2, C3 e misturas..................
84
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a* – Componente vermelho-verde
ACGs – Ácido clorogênicos totais
ANOVA – Análise de Variância
b* – Componente amarelo-azul
caf – cafestol
cav – caveol
cav/caf – modelo multilinear utilizando caveol e cafestol como parâmetros
CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
H* – Tonalidade Cromática
IV – Infravermelho
KI – Iodeto de Potássio
KOH – Hidróxido de potássio
L* – Luminosidade
LD – Limite de Detecção
LQ – Limite de Quantificação
ACN – Acetonitrila
MI – Matéria Insaponificável
t-BME – Terc-butil metil éter
UV – Região do espectro - Ultravioleta
VIS – Região do espectro - Visível
%PP – Porcentagem de perda de peso das amostras
16-OMC – 16-Orto-Metilcafestol
14
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................... 6
ABSTRACT........................................................................................................ 7
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... 8
LISTA DE TABELAS ........................................................................................ 9
LISTA DE GRÁFICOS ...................................................................................... 12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................ 13
I – INTRODUÇAO……………………………………………………………………. 16
II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 19
II.1 – HISTÓRICO, CONSUMO E BENEFÍCIOS........................................ 19
II.2 – COMPOSIÇAO E QUALIDADE DO CAFÉ........................................ 21
II.3 – CAVEOL E CAFESTOL..................................................................... 26
II.4 – DISCRIMINAÇÃO ENTRE ESPÉCIES DE CAFE............................. 29
III – OBJETIVOS…………………………………………………………………...… 32
III.1 – OBJETIVO GERAL…………………………………………….............. 32
III.2 – OBJETIVO ESPECIFICO…………………………………………….. 32
IV – MATERIAL E MÉTODOS........................................................................... 33
IV.1 – MATERIAL ...................................................................................... 33
15
IV.2 – CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS........................................... 36
IV.2.1 – Análise de umidade................................................................. 36
IV.2.2 – Análise de cor.......................................................................... 36
IV.3 – REAGENTES……………………………………………….................. 37
IV.4 – EQUIPAMENTOS…………………………………………………….… 37
IV.5 – DETERMINAÇÃO DE CAVEOL E CAFESTOL POR HPLC............ 37
IV.5.1 – Preparo de amostra…….……………………………………….. 37
IV.5.2 – Condições cromatográficas.............………………………….... 38
IV.6 – ANÁLISE DAS VARIEDADES E MISTURAS……………………….. 39
V – RESULTADOS E DISCUSSÃO ………………………………………………. 41
V.1 – CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS............................................ 41
V.2 QUANTIFICAÇÃO DE CAVEOL E CAFESTOL NAS ESPÉCIES
PURAS E MISTURAS........................................................................................ 43
V.3 MODELOS PARA AVALIAR OS TEORES DE CAFÉ CONILON
EM BLENDS DE CAFÉ ATRAVÉS DOS TEORES DE CAVEOL E
CAFESTOL......................................................................................................... 51
V.3.1 – AVALIAÇÂO E ESCOLHA DO MODELO................................ 51
V.3.2 VERIFICAÇÂO E ADAPTAÇÂO DO MODELO COM
AMOSTRAS EXTERNAS................................................................................... 55
V.3.3 INFLUÊNCIA DOS DEFEITOS NA CAPACIDADE
PREDITIVA DO MODELO.......................................................................…….... 59
VI – CONCLUSÃO............................................................................................. 63
VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………… 64
ANEXOS............................................................................................................. 73
ANEXO 1. Esquema empregado para análise de variância para parcela
subdividida de caveol em amostra com maior número de defeitos.................... 74
ANEXO 2. Caracterização de umidade e cor das misturas........................ 75
ANEXO 3. Análise de resíduos e estimativa dos preditos dos modelos.... 78
16
I- INTRODUÇÃO
O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, conhecida pelo
sabor e odor fortes e característicos (ABIC, 2008). O Brasil é o maior produtor e
exportador mundial do grão. É também o segundo mercado consumidor do mundo,
perdendo apenas para os Estados Unidos (ABIC, 2008). No primeiro semestre de
2007, o consumo interno brasileiro (53% do volume produzido) ultrapassou 17
milhões de sacas (média de 5,52 kg por habitante/ano), com aumento médio de 79
mil sacos (60 kg) por mês (CONAB, 2008; GRUPO CULTIVAR, 2008; RANK
BRASIL, 2008).
A bebida do café se caracteriza pelo efeito estimulante, auxiliando no
desenvolvimento de concentração e atenção (ABIC, 2008). Atualmente, grande parte
das pesquisas desenvolvidas tem destacado a ação dos compostos da bebida na
saúde humana (CAVIN et al., 1998; POSTE et al., 2000; KURZROCK & SPEER,
2001a e b; BOEKSCHOTEN et al., 2003). Estudos relacionando a ingestão de café
com incidência de doenças coronarianas, prevenção de oxidação do DNA, redução
do risco de desenvolvimento da doença de Parkinson, cirrose, diabetes e câncer de
fígado, têm sido realizados (FERRARI & TORRES, 2003; MCCARTY, 2005;
HIGDON & FREI, 2006; LANG, 2006; PRINCE et al., 2006; LARSSON & WOLK,
2007; SOFI et al., 2007). Na maioria dos casos, há poucos relatos sobre riscos a
saúde e diversas evidências de benefícios no consumo moderado de café.
Um grande número de trabalhos tem sido desenvolvido também
enfocando aspectos sensoriais da bebida. Estas características são afetadas por
fatores como: safra, espécie, colheita, local de cultivo, umidade, fermentação,
secagem, tipos de torra, composição química, moagem e armazenamento dos grãos
(FERNANDES et al., 2003; RUBAYIZA & MEURENS, 2005).
Quanto às espécies de café, destacam-se pelo maior cultivo Coffea
arabica e Coffea canephora (conilon), que se distinguem quanto ao preço, qualidade
e aceitabilidade (CARVALHO et al., 2001; CONAB, 2008; CEPLAC, 2008). O café
arábica produz uma bebida de melhor qualidade, alcançando os maiores preços. O
café conilon, de menor valor comercial, é muito empregado em indústrias de café
solúvel (MENDES, 1999; CARVALHO et al., 2001; SOUZA et al., 2004).
Outros fatores de grande influência quanto às características sensoriais
do café, são a torra e a composição química dos grãos, que muitas vezes são
17
estudados em conjunto. O óleo dos grãos, por exemplo, durante a torrefação atua
como peneiras seletivas na retenção de substâncias aromáticas do grão,
melhorando a qualidade do produto (FERNANDES et al., 2003). Além dos lípidios, o
grão apresenta centenas de constituintes voláteis e não-voláteis, de diversas classes
de compostos químicos, como ácidos, aldeídos, cetonas, açúcares, proteínas,
aminoácidos, ácidos graxos, compostos fenólicos e cafeína (SILVA, 1997).
A fração lipídica dos grãos de café contém em sua composição um teor
significativo de álcoois diterpênicos (20%), que apresentam efeitos conhecidos na
saúde humana, como ação hipercolesterolêmica, mas atuando também como
anticarcinogênicos e antioxidantes. Dentre os diterpenos, destacam-se caveol e
cafestol (URGERT et al., 1995; CAVIN et al., 1998; KURZROCK & SPEER, 2001a;
LAGO, 2001; HIGDON & FREI, 2006; SPEER & KÖLLING-SPEER, 2006). O café
arábica possui maior teor de diterpenos do que o conilon; o caveol aparece em
concentrações mais elevadas nos grãos de arábica enquanto que apenas alguns
traços são detectados no conilon. O cafestol é encontrado em ambas as espécies
(KURZROCK & SPEER, 2001b; RUBAYIZA & MEURENS, 2005).
A qualidade sensorial da bebida está também relacionada a quantidade e
tipo de defeitos presentes nos grãos (MENDES, 1999; FARAH et al, 2006b;
CEPLAC, 2008; DELIZA et al., 2007). Os grãos PVA (pretos, verdes e ardidos), cuja
presença se deve a problemas na colheita e operações de pré-processamento,
podem ser eliminados através de catação eletrônica (FRANÇA et al., 2005a;
URAICAFÉ, 2008). A porcentagem de defeitos encontradas em uma amostra de café
indica a tipificação do produto comercializado (escala de 2 a 8), sendo o tipo 4,
considerado base, já que a maioria dos cafés comercializados está nessa faixa
(ABIC, 2008; SECRETARIA DA FAZENDA, 2008).
São poucos os trabalhos sobre a composição dos grãos defeituosos
(FRANÇA et al., 2005b). Teor de umidade, lipídios, proteínas, cafeína, sacarose e
acidez foram estudados (MAZZAFERA, 1999; FRANÇA et al., 2005a e b; FARAH et
al., 2006b; OLIVEIRA et al., 2006; AGRESTI et al., 2007; TOCI et al., 2007), mas
não se encontrou dados sobre a concentração de diterpenos nesses grãos.
O café conilon é um produto atraente para a adição ao arábica, podendo
ser utilizado em blends comerciais para padronização de sabor e diminuição dos
custos do produto (ROOS et al., 1992; MENDES, 1999; BRAGANÇA et al., 2001;
CARVALHO et al., 2001; SOUZA et al., 2004; CEPLAC, 2008). Em grãos crus, as
18
espécies podem ser distinguidas visualmente, já que a coloração e forma dos grãos
são diferenciadas (KEMSLEY et al., 1995). Depois de torrados e moídos, essa
distinção não é mais possível, sendo necessárias então, outras formas de
discriminação (KEMSLEY et al., 1995; LAGO, 2001).
Assim, o desenvolvimento de metodologia para discriminação de
diferentes espécies de café é importante para detectar adição fraudulenta ou
acidental de café conilon ao arábica, e caracterização do teor de cada espécie no
produto comercial, que é requerida pela própria legislação nacional.
Os diterpenos poderiam ser utilizados como ferramenta de identificação
das espécies arabica e canephora, por estarem presentes em diferentes teores
(NACKUNSTZ & MAIER, 1987; PETTITT, 1987; FREGA et al., 1994; URGERT et al.,
1995; KURZROCK & SPEER, 2001a e b; LAGO, 2001; RUBAYIZA & MEURENS,
2005). Além disso, a literatura relata que os diterpenos têm relativa estabilidade à
temperatura, o que facilitaria seu uso como potencial discriminador em cafés
torrados em diferentes graus (LERCKER et al., 1996; DIAS et al., 2005).
Dentre as muitas metodologias que têm sido desenvolvidas para avaliação
de diterpenos em grãos de diferentes origens geográficas, misturas de espécies e
ainda em bebidas obtidas por diferentes métodos, têm-se principalmente as técnicas
de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) e Cromatografia Gasosa (CG). A
CLAE destaca-se pela versatilidade e possibilidade de emprego em compostos com
certo grau de instabilidade a temperatura (PETTITT, 1987; LERCKER et al., 1995;
URGERT et al., 1995; CASTILLO et al., 1999; KURZROCK & SPEER, 2001b).
Considerando-se que existe diferença nas concentrações de diterpenos
presentes nas espécies arábica e conilon, e que esses compostos são
possivelmente mais estáveis à torra que alguns componentes hidrossolúveis
usualmente utilizados como discriminadores, caveol e cafestol poderiam representar
uma alternativa na estimativa da porcentagem de café conilon adicionado.
A avaliação da estabilidade de caveol e cafestol à torra e da composição
destes em cafés com diferentes níveis de defeitos é de grande importância para
analisar a possibilidade de emprego dos teores de diterpenos como indicadores de
proporção de café conilon em café arábica em amostras de mercado, onde o nível
de defeitos e a torra não são conhecidos.
19
II- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
II.1 – HISTÓRICO, PRODUÇÃO E BENEFÍCIOS À SAÚDE
O café é uma planta que provém do gênero Coffea, da família Rubiaceae,
cujo grão é obtido do cafeeiro, uma pequena árvore de folhas verdes, tipo arbusto,
de origem tropical. Sabe-se que há mais de 6 mil espécies espalhadas pelo mundo.
Destas, há pelo menos 25 de grande importância, originárias da África e de ilhas do
Oceano Índico (BASILICO, 2008).
Não há evidência real sobre a descoberta do café, já que as lendas se
misturam com a história. A versão mais aceita é a de que um pastor, Kaldi, que viveu
na Absínia (hoje Etiópia) há cerca de mil anos, observando suas cabras, notou que
seu rebanho conseguia se deslocar por vários quilômetros sempre que mastigavam
os frutos de coloração amarelo-avermelhado dos arbustos existentes em alguns dos
campos do pastoreio. Essa descoberta se espalhou rapidamente entre os
monastérios, criando uma demanda para o fruto (ABIC, 2008).
O café chegou ao Brasil em 1727 (mais precisamente no norte, em
Belém) e naquela época já possuía grande valor comercial. Por quase um século, o
café foi a grande riqueza brasileira, acelerando o desenvolvimento e inserindo o país
nas relações internacionais de comércio. Além disso, a cultura do café ocupou vales
e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e importantes centros urbanos,
por todo o interior do estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná.
Para substituição do transporte animal, construíram-se ferrovias, promovendo
comércio inter-regional de outras mercadorias importantes. Além disso, a vinda do
café contribuiu para imigração no país e expansão da classe média, entre outros
benefícios (ABIC, 2008).
Atualmente no Brasil, os principais territórios da economia cafeeira estão
localizados em regiões do estado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito
Santo, Bahia e Rondônia. O país é o maior produtor e exportador de café no mundo
(2,3 milhões de hectares de área cultivada), colhendo aproximadamente 40,62
milhões de sacas por safra, sendo responsável por 30% do mercado internacional,
equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países produtores
(CONAB, 2008; RANK BRASIL, 2008).
20
No estado do Paraná, a previsão de produção na safra deste ano é entre
2,12 e 2,34 milhões de sacas (representando 5,2% da produção e 4,7% da área total
nacional), sendo que 105,6 mil hectares de terras são dedicados ao cultivo de café,
porém esse número já foi bem mais elevado. Este cultivo está presente em
aproximadamente 210 municípios, sendo responsável por 3,2% da renda agrícola do
estado (CEPLAC, 2008; CONAB, 2008).
O café é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo. Apresenta
sabor e odor fortes e característicos, e conta na composição com substâncias que
proporcionam ação estimulante sobre o sistema nervoso, auxiliando no
desenvolvimento de concentração e atenção para realização de atividades
intelectuais (ABIC, 2008).
O interesse pelo produto e seu consumo hoje também estão associados
com a discussão e divulgação dos efeitos na saúde, atribuídos à bebida. Essas
implicações têm sido em grande parte, verificadas através de estudos
epidemiológicos (HIGDON & FREI, 2006).
Durante os últimos 30 anos, foram desenvolvidos diversos trabalhos com
resultados conflitantes avaliando o consumo de café com incidência de doenças
coronarianas. SOFI et al. (2007) em análise desses estudos, não verificaram
correlação entre o consumo da bebida e aumento de risco a essas patologias.
Há relatos de que o consumo de café pode ter efeito preventivo contra
oxidação do DNA e redução do risco de desenvolvimento da doença de Parkinson
(FERRRARI et al., 2003), o último associado a um maior consumo de cafeína
(HIGDON & FREI, 2006).
LARSSON & WOLK (2007) descreveram em um estudo de meta-análise,
que foi observada correlação entre o consumo de café e a redução do risco de
câncer de fígado. É também relatada a relação entre o consumo da bebida e a
redução no risco de cirrose (LANG, 2006).
MCCARTY (2005) relata que o consumo de café diminui o risco de
diabetes, sendo que os prováveis responsáveis por esse efeito são os ácidos
clorogênicos, principal composto fenólico presente. Muitos estudos abordam o
potencial antioxidante dessa classe de compostos (PRINCE et al., 2006) e das
melanoidinas (DELGADO-ANDRADE & MORALES, 2005).
Outros autores observaram para os diterpenos caveol e cafestol,
presentes no café, propriedades antioxidantes e antiinflamatórias (KIM et al., 2006;
21
LEE & JEONG, 2007), efeitos hepatoprotetor (LEE et al., 2007) e anticarcinogênico
em humanos (CAVIN et al., 2002). URGERT & KATAN (1997) relataram, no entanto,
que esses diterpenos também podem ter efeitos indesejáveis, como a elevação da
taxa de colesterol sanguíneo no organismo humano, que é atribuída principalmente
ao cafestol. O consumo dos diterpenos é dependente do preparo: bebida preparada
no estilo escandinavo e turco contém os maiores teores de caveol e cafestol,
enquanto que café espresso contém quantidades intermediárias e, café filtrado,
valores desprezíveis (GROSS et al., 1997).
Além das avaliações citadas acima, HIGDON & FREI (2006), em sua
revisão, descreveram que é ideal que gestantes limitem a ingestão da bebida de
café (máximo 3 xícaras diárias) para evitar aborto espontâneo ou prejudicar o
crescimento fetal e recomendam mais estudos sobre o efeito do consumo de cafeína
em crianças e adolescentes. No geral, os autores relatam que existem poucas
evidências de risco a saúde e consideráveis evidências de benefícios para adultos
no consumo moderado de café.
II.2 – COMPOSIÇÃO E QUALIDADE DO CAFÉ
A composição do café depende de muitos fatores, destacando-se a
espécie empregada. Somente 10 das 100 espécies conhecidas do gênero Coffea,
são cultivadas mundialmente. As de maior interesse econômico são o Coffea arabica
e o Coffea canephora (robusta), que constituiu 76% e 24%, respectivamente, do total
da produção brasileira, no ano de 2007 e se distinguem quanto ao preço, qualidade
e aceitabilidade (CONAB, 2008 e CEPLAC, 2008, CARVALHO et al., 2001).
O café arábica produz uma bebida de melhor qualidade, mais fina, com
aroma intenso e sabores diversificados e inúmeras variações de corpo e acidez,
alcançando os maiores preços no mercado. Os cultivares mais indicados para
plantio são: Mundo Novo, Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho, Acaiá e Icatu,
adaptadas a regiões de temperatura entre 18 e 22 ºC e altitude elevada (450 – 800
m), sendo que as maiores produções brasileiras desta espécie se destacam em
quatro estados: Minas Gerais, Bahia, parte do Espírito Santo, São Paulo e Paraná
(MENDES, 1999; CEPLAC, 2008).
22
Já o café robusta é altamente resistente à ferrugem, produz uma matéria-
prima de qualidade inferior ao arábica, mas tem grande aceitação no mercado, por
ter menor preço e ser de grande interesse em indústrias de café solúvel, por
apresentar elevado teor de sólidos solúveis (MENDES,1999; CARVALHO et al.,
2001; SOUZA et al., 2004).
No Brasil, o cultivar mais difundido do café robusta, é o conilon
(BRAGANÇA et al., 2001). Esse café é descrito por provadores treinados por
produzir bebida de “sabor único”. O conilon é adaptado a regiões de menores
altitudes (até 450 m) e temperaturas na faixa de 22 a 26 ºC. Os grãos são de grande
rusticidade, vigor e resistência às deficiências hídricas prolongadas (600-1500 mm
de precipitação anual bem distribuída são suficientes). A produção de conilon ocorre
principalmente nos estados de Rondônia e Espírito Santo (CEPLAC, 2008).
Em estudo da composição química de diferentes safras de cafés arábica e
conilon, FERNANDES et al. (2003) verificaram que o café arábica possui teores de
proteína bruta, fibra bruta e pH mais elevados.
O teor de lipídios é de aproximadamente 11 e 6%, para grãos de cafés
arábica e conilon, respectivamente (LERCKER et al., 1996a). FERNANDES et al.
(2003) também relataram que o café arábica apresentou maiores teores de extratos
etéreos que o conilon.
Os cafés arábica e conilon podem ser caracterizados pelo conteúdo de
minerais, substâncias voláteis, ácidos clorogênicos, cafeína e lipídios (ácidos graxos,
esteróis, tocoferóis, diterpenos) (GONZÁLEZ, 2001; MARTÍN, 1998; RUBAYIZA &
MEURENS, 2005; SPEER, 2006). RUBAYIZA & MEURENS (2005) observaram que
o café arábica possui teor de lipídios, em base seca, mais elevado (13,9 ± 1%) do
que o conilon (9,3 ± 1%).
KY et al. (2001) estudaram as diferenças de composição e relataram
variações nos teores de cafeína, ácidos clorogênicos totais (ACGs) e ácidos 3-
cafeoilquínico, 4,5-dicafeoilquínico e 5-feruoilquínico entre as diferentes espécies.
No geral, o café conilon apresenta maiores teores de compostos fenólicos
e sólidos solúveis, enquanto que o café arábica possui maiores concentrações de
cafeína, carboidratos, lipídios e proteínas (LOPES, 2000; EMBRAPA, 2008).
Além das variações observadas com as espécies de café empregadas, a
quantidade de defeitos é de grande importância e é um dos critérios utilizados para
avaliar a qualidade da bebida (MENDES, 1999; CEPLAC, 2008; DELIZA et al.,
23
2007). No processo de seleção dos grãos crus do café brasileiro, cerca de 20% da
produção é considerada imprópria e sem qualidade técnica para exportação (TOCI
et al., 2007).
Os tipos de café variam com o número de defeitos por peso de amostra
(Tabela II.1; Figura II.1). A classificação prevê ainda uma equivalência de defeitos
segundo a sua gravidade, por exemplo, 5 grãos quebrados ou 1 grão preto
equivalem a 1 defeito (SECRETARIA DA FAZENDA, 2008).
TABELA II.1 – Quantidade de defeitos permitida em 300 gramas para as diferentes
classificações de café segundo tabela oficial para classificação.
Tabela oficial para classificação*
Tipos Defeitos
2 4
3 12
4 (base) 26
5 46
6 86
7 160
8 360
*SECRETARIA DA FAZENDA (2008)
Segundo a ABIC (2008), cafés com qualidade recomendável são
constituídos por grãos de café tipo 8 ou melhores, segundo a COB (Classificação
Oficial Brasileira), com um máximo de 20% em peso de grãos com defeitos pretos,
verdes e ardidos (PVA). A presença de PVA está associada à problemas específicos
da colheita e operações de pré-processamento e podem ser eliminados através de
catação eletrônica (FRANÇA et al., 2005a; URAICAFÉ, 2008).
Tanto os grãos pretos quanto os ardidos (Figura II.1) ocorrem devido à
ação de processos indesejáveis (fermentativos) e resultam em produtos com perda
das características aromáticas. Os grãos pretos são resultados de frutos que caíram
no chão pela ação da chuva ou por ultrapassar o estágio de maturação durante a
colheita, entrando em contato com o solo e sendo submetidos à fermentação
microbiana, enquanto que os grãos ardidos sofrem fermentação devido ao
processamento impróprio durante a secagem ou colheita de grãos pós-maturação
24
(MAZZAFERA, 1999; FRANÇA et al., 2005a; FARAH et al., 2006a; OLIVEIRA et al.,
2006; AGRESTI et al., 2007; TANIWAKI et al., 2007; TOCI et al., 2007;
VASCONCELOS et al., 2007).
Quanto aos grãos verdes (Figura II.1), estes provêm de colheitas
realizadas em estágio precoce de maturação (devido aos diversos tempos de
maturação dos grãos) e contribui negativamente com o efeito adstringente da bebida
(MAZZAFERA, 1999; FRANÇA et al., 2005a; FARAH et al., 2006a; OLIVEIRA et al.,
2006; AGRESTI et al., 2007; TOCI et al., 2007; VASCONCELOS et al., 2007).
FIGURA II.1: Diferentes tipos e quantidades de defeitos em amostras de café
Apesar da importância desses defeitos na qualidade da bebida, é limitado
o número de trabalhos realizados a respeito da composição físico-química dos grãos
defeituosos (FRANÇA et al., 2005b).
RAMALAKSHMI et al. (2007) estudaram a composição físico-química de
grãos defeituosos de café e a compararam com os grãos não defeituosos. Em seu
estudo, eles relataram que os grãos defeituosos possuem maior teor ACGs que os
Fonte: ABIC, 2008
Preto
V
erde
A
rdido Fermentado
800 defeitos 600 defeitos Tipo 8 Tipo 6
25
não defeituosos, além de menores quantidades de cafeína, polifenóis, proteínas e
lipídios. FARAH & DONANGELO (2006) também relacionaram a presença de grãos
defeituosos a maior concentração de ACGs.
Outros trabalhos na literatura descrevem que os grãos não defeituosos de
café verde e torrado apresentaram maior teor de umidade, lipídios, proteínas,
cafeína, sacarose e menor acidez (MAZZAFERA, 1999; FRANÇA et al., 2005b;
OLIVEIRA et al., 2006; VASCONCELOS et al., 2007). MAZZAFERA (1999) justificou
o maior teor de açúcar pelo maior grau de maturação dos grãos não defeituosos
(ausência de grãos verdes), e a maior acidez dos defeituosos, à ocorrência de
fermentação. Não foi encontrada na literatura informação sobre a composição da
fração lipídica dos grãos PVA.
A quantidade e o tipo de defeitos presentes na bebida de café podem
alterar significativamente as suas características sensoriais pela diferença no perfil
de composição dos voláteis (DELIZA et al., 2007; FARAH et al., 2006b). TOCI et al.
(2007) relataram que amostras com PVA apresentaram maiores quantidades de
compostos voláteis (47 compostos) do que amostras de bebida estritamente mole de
melhor qualidade (41 compostos).
O processo de torra é a etapa determinante para o desenvolvimento do
sabor e aroma do café, que depende de compostos voláteis presentes nos grãos
(antes e principalmente os formados durante a torra) (TRUGO, 2001). É também a
etapa mais importante na definição da composição do produto. Durante a torra
(pirólise) são observadas transformações físicas e químicas nos grãos, ocorrendo
reações de desidratação, hidrólise, fracionamento e catálise, que liberam gases e
formam princípios aromáticos.
Em uma torra convencional, a faixa de temperatura utilizada varia entre
200 e 230 ºC, com tempo variando entre 12 e 20 minutos, e pode ser classificada
como leve, média e escura. A primeira produz um café de maior acidez, aroma e
sabor suaves, com menos amargor e maior preservação de lipídios aromáticos e
açúcares. A torra média acentua o sabor e aroma. A torra escura diminui a acidez e
dá maior evidência ao amargor, produzindo grãos com aspecto oleoso devido à
perda de lipídeos aromáticos, quebra e interação de aminoácidos, decréscimo de
açúcares totais e formação de açúcares redutores (FRANÇA et al., 2001).
Há diversas formas de se monitorar o grau de torra. Entre elas, através do
aspecto visual da amostra, de medida de cor, tempo e temperatura de torra,
26
porcentagem de perda de peso dos grãos (%PP), desenvolvimento de aroma e
sabor e mudanças químicas de alguns componentes (URGERT et al., 1995;
CLARKE & VITZTHUM, 2001; MENDES et al., 2001; MORAES & TRUGO, 2001;
MONTEIRO et al., 2002; OOSTERVELD et al., 2003; MINAMISAWA et al., 2004;
DIAS, 2005). Além dos sistemas internacionais utilizados para medida de cor
(Hunter, CIELAB) existem medidas mais tradicionalmente utilizadas pelas indústrias
da área. A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC, 2008) recomenda, para
classificar os graus de torra, utilizar os discos Agtron considerando para torra clara, o
disco n
o
65; média, o n
o
55; e escura, o n
o
45.
Dependendo das condições de torra utilizadas em grãos de café, teores
entre 12 e 40% de polissacarídeos são degradados, sendo que a estabilidade
térmica é afetada pelo diferentes tipos de açúcares. Monossacarídeos e
oligossacarídeos são os primeiros a serem degradados pelo fato de serem
convertidos rapidamente em produtos de reação de pirólise e Maillard. A celulose é o
polissacarídeo mais estável (REDGWELL et al., 2002; OOSTERVELD et al., 2003).
Pode-se observar durante o processo de torra, que a cafeína (principal
alcalóide presente no café) é relativamente estável às temperaturas do processo
(MOREIRA et al., 2000). Já o teor de ACGs, principais compostos fenólicos não
voláteis presentes no café, trigonelina e compostos voláteis diminuem devido
degradação no processo (MOREIRA et al., 1999; MOREIRA et al., 2000; FARAH et
al., 2006a; FARAH et al., 2006b). Além disso, há um aumento proporcional nos
teores de lipídios após a torra (LAGO, 2001). LERCKER et al. (1996a) reportaram
que isso ocorre pela destruição dos carboidratos durante o processo: teores de 11,4
e 6,1% de lipídios de café arábica e conilon, respectivamente, aumentaram para
15,4 e 9,6%. GONZÁLEZ et al. (2001) relataram também o aumento do teor de
tocoferóis com aumento da intensidade da torra.
II.3 – CAVEOL E CAFESTOL
Os grãos de café contêm uma concentração média de lipídios entre 7 e
20%, sendo que café arábica usualmente apresenta teores em torno de 15%,
enquanto que o conilon possui cerca de 10%. O principal componente dos lipídios
27
são os triacilgliceróis (75%) seguido dos diterpenos (aproximadamente 20%) (LAGO,
2001; SPEER & KÖLLING-SPEER, 2006).
O teor de matéria insaponificável (MI) no óleo de café é muito superior
(entre 9 e 13,4%) ao teor da maioria dos óleos vegetais (cerca de 1%), sendo que os
principais constituintes são dois álcoois diterpênicos: cafestol e caveol (LAGO,
2001), que não são detectados em outros alimentos. Esses compostos estão
recebendo maior atenção nos últimos anos devido às suas propriedades sensoriais
e fisiológicas (RUBAYIZA & MEURENS, 2005; HIGDON & FREI, 2006; SPEER &
KÖLLING-SPEER, 2006).
Os diterpenos são normalmente esterificados com diferentes ácidos
graxos e apenas pequena quantidade destes está presente na forma livre
(KURZROCK & SPEER, 2001b; SPEER & KÖLLING-SPEER, 2006). Geralmente, as
concentrações dos diterpenos nos grãos (verdes e torrados) e bebidas são
reportadas como teores totais, sem diferenciá-los na forma livre ou esterificada
(KÖLLING-SPEER et al., 1999).
O caveol é encontrado no café arábica e apenas alguns traços estão
presentes no café conilon. O cafestol é encontrado em ambas as espécies
(KURZROCK & SPEER, 2001b; RUBAYIZA & MEURENS, 2005). Um terceiro
diterpeno, o 16-O-Metilcafestol (16-OMC), é detectado apenas no café conilon
(PETTITT, 1987), numa faixa de 1 a 3 g/kg em base seca (KURZROCK & SPEER,
2001a), mas a sua quantificação é dificultada pelo fato de não existir padrão
comercial para esse composto (Figura II.2).
FIGURA II.2: Estrutura química dos compostos Cafestol (A), Caveol (B) e 16-O-
Metilcafestol (C)
28
Para o café arábica, estudos reportaram uma faixa entre 100 e 736 mg de
caveol e entre 100 a 700 mg de cafestol em 100 gramas de café torrado. Já para o
café conilon, que possui menor teor de lipídios, encontrou-se uma faixa de cafestol
entre 76 e 370 mg em 100 gramas do café. Quanto ao teor de caveol no café
conilon, alguns autores descreveram a ausência deste diterpeno, enquanto outros
encontraram apenas traços (concentrações inferiores a 13 mg por 100 g de café
torrado) (NACKUNSTZ & MAIER, 1987; PETTITT, 1987; FREGA et al., 1994;
URGERT et al., 1995; KURZROCK & SPEER, 2001a; LAGO, 2001; RUBAYIZA &
MEURENS, 2005).
As variações dos diterpenos podem ocorrer não apenas entre diferentes
espécies de café, mas em cafés de mesma espécie e diferentes origens geográficas
(KURZROCK & SPEER, 2001b). LERCKER et al. (1995), estudando as espécies
arábica e conilon de diferentes origens geográficas, detectaram uma faixa de 414,8
a 672,7 mg e 3,6 a 12,5 mg de caveol em 100 g destes cafés, respectivamente. Para
esses mesmos cafés, a faixa encontrada para cafestol foi de 299,4 a 583,6 e 76,4 a
190,1 mg/100 gramas.
A estabilidade do caveol e cafestol durante a torra ainda é discutível.
LERCKER et al. (1996b) estudaram a composição diterpênica em lipídios de café,
comparando valores das espécies arábica e robusta antes e após a torra (Tabela
II.2).
TABELA II.2 – Quantificação de diterpenos em amostra de café verde e torrado das
espécies arábica e robusta.
Café arábica Café robusta
Componente
Verde Torrado Verde Torrado
Dehidrocafestol
n.q. 30,0 – 79,2 n.d. n.q.-0,5
Dehidrocaveol
2,6-3,4 46,9-83,3 n.d. 14,8-32,4
Caveol
431,2-663,6 371,1-672,7 14,2 3,6-12,5
Cafestol
414,2-533,7 299,4-583,6 113,0 76,4-190,1
Não identificado
0,8-1,7 0,9-3,2 n.d. n.q.-0,4
16-O-metilcafestol
24-3,0 1,8-14,5 70,7 45,3-138,9
Fonte: LERCKER et al. (1996b)
n.q. = valores não quantificados nas condições de análise
n.d. = compostos não detectados nas condições de análise
29
Para diterpenos na forma livre, KÖLLING-SPEER et al. (1999) relataram
que o aumento da temperatura diminuiu o teor de caveol, cafestol e 16-O-
metilcafestol em até 80% da quantidade inicial. No entanto, somente uma pequena
fração dos diterpenos (menos de 3,5%) encontra-se livre no grão antes da torra
(SPEER & KÖLLING-SPEER, 2006).
Em estudos com a fração esterificada, há relatos de que caveol e cafestol
foram degradados durante o processo de torra enquanto que 16-O-metilcafestol
aparentou ser relativamente estável (KURZROCK & SPEER, 2001a e b; RUBAYIZA
& MEURENS, 2005). Alguns autores justificam que caveol e cafestol têm boa
estabilidade a altas temperaturas, mas podem formar dehidroderivados
(dehidrocafestol e dehidrocaveol) em pequenas quantidades no final do processo de
torra (CLARKE & VITZTHUM, 2001; LAGO 2001; SPEER & KÖLLING-SPEER,
2006). SPEER & KÖLLING-SPEER (2006) citaram a presença de outros produtos de
decomposição como caveal, cafestal, isocaveol e dehidroisocaveol.
URGERT et al. (1995) avaliaram o comportamento de caveol e cafestol
em espécie arábica com até 26,5 de %PP e concluíram que a torra não reduz a
concentração destes compostos. DIAS (2005) utilizou técnica espectrofotométrica
para avaliação da concentração de caveol, e estudou a estabilidade deste diterpeno
em diferentes graus de torra (190 a 230 ºC por tempo de 5 a 10 minutos). Não foram
observadas alterações significativas no teor do composto com aumento do grau de
torra, relatando uma estabilidade ao processo de torra.
II.4 – DISCRIMINAÇÃO ENTRE ESPÉCIES DE CAFÉ
A Portaria nº. 377, item 9, do Ministério da Saúde (26 de abril de 1999)
que aprova o “Regulamento Técnico para Fixação de Identificação e Qualidade de
Café Torrado em Grão e Café Torrado e Moído”, menciona que no rótulo pode
constar a variedade, origem e/ou denominação específica do café (ANVISA, 2008).
Considerando-se qualidade, sabor, preço, defeitos e espécies, o café
pode ser classificado em diferentes tipos. Em ordem crescente de qualidade: cafés
Tradicionais, Superiores, Gourmet (ou Premium) e Especiais. Para essa
classificação, são sugeridas diferentes concentrações de café conilon nos blends do
30
produto, porcentagem máxima de defeitos e pontuação mínima na análise sensorial
(ABIC, 2008; EMBRAPA, 2008).
Apesar de tradicionalmente serem utilizadas misturas de café arábica e
conilon em produtos de mercado, uma das dificuldades para a classificação
adequada dos produtos está relacionada à discriminação das diferentes espécies.
Em grãos crus, as espécies arábica e conilon podem ser distinguidas, já que os
grãos do café arábica possui coloração verde clara, de forma oval, enquanto que os
do conilon são mais arredondados e castanhos (KEMSLEY et al., 1995). Depois de
torrados e moídos, não é mais possível distinguir os grãos, nem pela coloração, nem
pela forma, sendo necessárias então, outras formas de discriminação (KEMSLEY et
al., 1995; LAGO, 2001).
Para obter-se a discriminação entre Coffea arabica e Coffea canephora,
diferentes técnicas analíticas vêm sendo estudadas.
Métodos que utilizam espectroscopia no infravermelho (IV) para
discriminação entre espécies têm sido citados (KEMSLEY et al., 1995; ESTEBAN-
DIEZ et al., 2007; PIZZARO et al., 2007). Existe ainda um trabalho propondo o uso
de Espectroscopia Raman (RUBAYIZA & MEURENS, 2005), baseado na diferença
de espectros pelos diferentes teores de caveol. Esses equipamentos, porém, não
são usualmente utilizados na área de análise de alimentos e necessitam calibração
complexa, exigindo um grande número de análises (BRIANDET et al., 1996;
DOWNEY & BOUSSION, 1996).
SPANIOLAS et al. (2006) fizeram um estudo com abordagem genética
utilizando a técnica de PCR, mas trabalharam apenas com a discriminação das
espécies em amostras de café verde.
No geral, um maior número de trabalhos tem se concentrado na
determinação de componentes químicos que possam funcionar como indicadores ou
discriminadores, de forma isolada ou em conjunto. Técnicas cromatográficas, que
permitem a quantificação simultânea de vários compostos, com destaque para a
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, são as mais utilizadas.
Entre os compostos já estudados como diferenciadores dos cafés do tipo
arábica e conilon, pode-se relatar o teor de minerais, metais, aminoácidos totais,
compostos voláteis, ACGs, cafeína, trigonelina, cafeoiltirosina, ácidos
hidroxicinâmicos, sacarose e composição de lipídios (esteróis, ácidos graxos, álcoois
diterpênicos, tocoferóis, triglicerídios) (BICCHI et al., 1995; ANDRADE et al., 1998;
31
MARTIN et al., 1998; CASAL et al., 2000; GONZALES et al., 2001; KURZROCK &
SPEER, 2001a; KY et al., 2001; LAGO, 2001; MAETZU et al., 2001; CAMPA et al.,
2004; DIAS, 2005; RUBAYIZA & MEURENS, 2005; SPEER & KÖLLING-SPEER,
2006).
Comparando a eficiência de diferentes compostos hidrossolúveis na
capacidade de discriminação das espécies arábica e conilon em café torrado, DIAS
(2005) verificou dificuldades no emprego de variáveis que apresentavam
instabilidade a temperatura e variação com a torra, como ACG, nicotínico e
trigonelina, e o melhor desempenho de um parâmetro estável ao processo, como a
cafeína.
Com relação ao emprego de diterpenos na discriminação da porcentagem
de café robusta adicionada em blends comerciais, através de cromatografia gasosa,
FREGA et al. (1994) encontraram faixas de 414,8 a 672,7 mg de caveol e 299,4 a
583,6 mg de cafestol para café arábica e 3,6 a 12,5 mg de caveol e 76,4 a 190,1 mg
de cafestol para café robusta, todos verdes e moídos. Além disso, eles concluíram
no estudo, que os álcoois diterpênicos permitiram medir a quantidade de café
robusta (5 a 10%) adicionada aos blends de café arábica.
DIAS (2005) estudou a utilização do caveol para discriminação das
espécies de conilon e arábica, adaptando uma metodologia espectrofotométrica
desenvolvida por ALVES (2004). Após extração da MI com terc-butil metil éter (t-
BME), foi utilizado iodeto de potássio (KI) como reagente colorimétrico. A
intensidade de absorvância foi determinada a 620 nm e relacionada com o teor de
caveol. Verificou-se que as respostas não se alteraram significativamente para uma
mesma espécie em diferentes graus de torra, sugerindo a estabilidade do caveol ao
tratamento térmico e sua viabilidade como um parâmetro de discriminação.
Uma vez que existe diferença nos teores de caveol e cafestol encontrados
na espécie arábica e conilon e que esses compostos são possivelmente mais
estáveis à torra que alguns componentes hidrossolúveis usualmente estudados
como discriminadores, os diterpenos poderiam representar uma alternativa como
indicadores da porcentagem de café conilon adicionado em amostras de mercado,
onde o nível de torra e defeitos não são conhecidos.
32
III – OBJETIVOS
III.1 - OBJETIVO GERAL
Discriminação das espécies de café Coffea arabica e Coffea canephora
(variedade conilon) através da composição de diterpenos.
III.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Determinação quantitativa de caveol e cafestol presentes nas misturas
de diferentes proporções das espécies Coffea arábica e Coffea
canephora em diferentes graus de torra e quantidades de defeitos;
- Avaliação da estabilidade do caveol e cafestol ao processo de torra;
- Avaliação da importância de caveol e cafestol na discriminação das
misturas aplicando-se Análise de Variância (ANOVA) e Regressão
Multilinear;
- Verificação do modelo proposto para discriminação;
- Avaliação do efeito da presença de defeitos na eficiência do modelo.
33
IV - MATERIAL E MÉTODOS
IV.1 – MATERIAL
Em uma primeira etapa, para construção dos modelos matemáticos, foram
utilizadas amostras de café torrado e moído das espécies Coffea arabica e Coffea
canephora (variedade conilon) fornecidas da Companhia Iguaçu de Café Solúvel
(Cornélio Procópio – PR).
Foram empregados dois tipos de grãos comerciais de cada espécie, aqui
denominados arábica 1 e 2 e conilon 1 e 2. Os grãos utilizados têm diferentes níveis
de qualidade (com relação ao conteúdo de defeitos) e distintas origens geográficas,
com o objetivo de apresentar uma maior heterogeneidade entre as amostras e gerar
um modelo mais abrangente. O café arábica 1 (A1) é composto por grãos de café
arábica oriundos do estado de Minas Gerais, com menor número de defeitos; o
arábica 2 (A2) é composto por grãos de café do estado do Paraná e apresenta maior
número de defeitos, portanto, qualidade de bebida inferior ao arábica 1. As amostras
de café conilon 1 e 2 são blends de grãos provenientes dos estados de Rondônia e
Espírito Santo. A nomenclatura 1 e 2 também se refere à quantidade de defeitos:
conilon 1 (C1) apresenta menor número de defeitos do que o conilon 2 (C2). Cada
um desses quatro tipos de amostras foi submetido às torras clara, média e escura,
gerando assim, doze amostras. Os parâmetros de classificação do número de
defeitos e torra são específicos da empresa.
A partir dessas 12 amostras puras (sem mistura de espécies), foram
realizadas as misturas de 20, 30 e 50% de café conilon (C) ao café arábica (A), para
as diferentes torras (clara, média e escura) e quantidades de defeitos nos grãos de
café (1 e 2).
Assim, as amostras obtidas são correspondentes as misturas de 0, 20, 30,
50 e 100% de conilon 1 ao arábica 1 (A1/C1) para as três torras e o mesmo número
de amostras para as misturas arábica 2 e conilon 2 (A2/C2). As amostras originais e
as misturas (A1/C1, A2/C2) foram utilizadas para desenvolvimento do modelo.
Foram também feitas misturas A1/C2 e A2/C1, nas mesmas proporções citadas
anteriormente, utilizadas para uma primeira verificação dos valores previstos e do
ajuste do modelo. Todas as amostras (Tabela IV.1) permaneceram acondicionadas
34
em câmara fria, à temperatura de, no máximo, 0 ºC, até a realização do
experimento.
TABELA IV.1 – Amostras utilizadas para construção do modelo de discriminação
das misturas de café conilon ao arábica.
Espécies Puras Misturas
A1c, A1m, A1e
A2c, A2m, A2e
C1c, C1m, C1e
C2c, C2m, C2e
A1C1c20, A1C1c30, A1C1c50,
A1C1m20, A1C1m30, A1C1m50,
A1C1e20, A1C1e30, A1C1e50,
A2C2c20, A2C2c30, A2C2c50,
A2C2m20, A2C2m30, A2C2m50,
A2C2e20, A2C2e30, A2C2e50
A1C2c20, A1C2c30, A1C2c50,
A1C2m20, A1C2m30, A1C2m50,
A1C2e20, A1C2e30, A1C2e50,
A2C1c20, A2C1c30, A2C1c50,
A2C1m20*, A2C1m30, A2C1m50,
A2C1e20, A2C1e30, A2C1e50.
*Exemplo legenda: A2C1m20 – mistura de arábica mais defeitos (80%) com conilon menos defeitos
(20%), torra média.
Na segunda etapa, após a construção do modelo foram utilizadas outras
amostras para verificação do mesmo. Os grãos de café arábica da variedade IAPAR
– 59 e café conilon comercial, tipo 4, cedidos pelo Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR), foram denominados A3 e C3, respectivamente.
Os grãos de café foram torrados em um torrador (Rod-Bel, São Paulo)
com aquecimento a gás e capacidade para 300 g, com o tempo de processo
variando de 5 a 10 minutos, e temperatura de 190 a 230 ºC de acordo com a
variedade de café a ser analisada e o tipo de torra desejada (clara, média ou
escura). A definição de cada nível de torra foi definida considerando-se a
porcentagem de perda de peso (%PP): 13% - torra clara; 17% - torra média e 20% -
torra escura. Logo após a torra, realizou-se moagem das amostras a uma
granulometria de 0,84 mm (peneira ABNT 20) e, em seguida, preparou-se misturas
de 20 e 40% de conilon adicionado ao café arábica, para quantificação dos
diterpenos, além da análise das amostras puras (Tabela IV.2).
35
Na terceira etapa, para verificar a eficiência do modelo de predição,
amostras com diferentes proporções de defeitos, também cedidas pelo IAPAR,
foram utilizadas. Obteve-se uma quarta amostra de café arábica (A4), com
classificação conhecida com relação ao número de defeitos (tipo 8) A partir dessa
amostra, os grãos defeituosos foram retirados gerando as amostras A5 (amostra de
café arábica A4 sem defeitos) e A6 (defeitos da amostra de café arábica A4) (Tabela
IV.2).
TABELA IV.2 – Amostras utilizadas para verificação do modelo.
Espécies Puras Misturas
A3c, A3m, A3e
A4c, A4m, A4e
A5c, A5m, A5e
A51m, A52m*, A53m
A6
C3c, C3m, C3e
A3C3c20, A3C3m20, A3C3e20,
A3C3c40, A3C3m40, A3C3e40,
A51C3m40**, A52C3m40, A53C3m40,
A6m
*Exemplo legenda: A52m – mistura de café arábica sem defeitos (A5) com 20% de defeitos (A6), torra
média.
**Exemplo legenda: A51C3m40 – mistura de 60% de café arábica sem defeitos (A5) com 10% de
defeitos (A6) e 40% de café conilon, torra média.
Com as amostras de café arábica sem defeitos (A5) e grãos defeituosos
de café arábica (A6), pôde-se realizar misturas de defeitos no café arábica, nas
proporções de 10, 20 e 30% (amostras A51, A52 e A53, respectivamente). Em
seguida, utilizando a amostra de café conilon (C3) e as amostras com porcentagens
conhecidas de defeitos (A51, A52 e A53), produziu-se misturas com 40% de café
conilon (C3) (A51C3m40, A52C3m40, A53C3m40) (Tabela IV.2). Em seguida, os
defeitos da amostra A6 foram classificados conforme descrito na tabela IV.3.
TABELA IV.3 – Porcentagem dos diferentes defeitos presentes em uma amostra
(A6) de grãos defeituosos de café arábica.
Tipo de defeito % defeitos (amostra A6)
Ardido 37
Preto 16
Verde 15
Brocado 22
Quebrado 10
36
Um ponto importante, a ser considerado nesta etapa do estudo é que a
amostra A6 foi submetida somente ao processo de torra média. Optou-se por
trabalhar apenas com um parâmetro de torra pelo fato do modelo já ter sido
construído com outras amostras sob diferentes condições de torra e a influência
deste processamento na composição diterpênica ter sido avaliado previamente.
Assim, o objetivo desta etapa do trabalho foi verificar a influência dos
defeitos, independentemente do grau de torra utilizado, minimizando a interferência
deste fator. Considerando-se que, usualmente no Brasil, as amostras
comercializadas são de torra média à escura, optou-se por trabalhar com a torra
média.
IV.2 – CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS
IV.2.1 - Análise de Umidade
Para caracterização das amostras e cálculo da concentração dos
diterpenos, em base seca, quantificou-se o teor de umidade dos cafés torrados e
moídos. Através do equipamento de infravermelho (OHAUS-MB200, EUA), foi
determinada a umidade utilizando-se programação de modo normal a 105 ºC, por 7
minutos, considerando-se 0,01 g como diferença de perda de peso (DIAS, 2005).
IV.2.2 - Análise de cor
A determinação de cor foi realizada empregando-se um colorímetro Byk
Gardner GmbH, com iluminante D65 (luz natural do dia) e geometria 45/0. A leitura
das amostras de café foi realizada em triplicata (BYK GARDNER, 2008). O
colorímetro fornece diretamente os valores de L* (luminosidade), a* (componente
vermelho-verde) e b* (componente amarelo-azul). A partir destes dados calculou-se
o valor da tonalidade cromática (H*) (equação 1) (BERBERICH, 2002).
=
*
*
arctan*
a
b
H
equação (1)
37
IV.3 – REAGENTES
Como solventes para as etapas de extração e preparo da fase móvel,
foram utilizados: hidróxido de potássio (Synth), terc-butil metil éter (Vetec) de grau
analítico e acetonitrila (Carlo Erba) de grau cromatográfico. A água empregada no
preparo de padrões e soluções foi obtida por sistema de purificação e filtração Milli-Q
(Millipore). As fases móveis utilizadas foram filtradas em sistema Millipore de
filtração a vácuo, utilizando-se membranas de 0,45 µm (Millipore) e degaseificados,
por 2 minutos antes de sua utilização em degaseificador (Shimadzu, modelo DGU-14
Avp).
Nas análises foram empregados padrões (de grau analítico) de caveol e
cafestol (Axxora, San Diego).
IV.4 – EQUIPAMENTOS
Para a análise cromatográfica, utilizou-se um cromatógrafo a líquido
(Shimadzu), constituído de um sistema de bombeamento de solvente (quatro
bombas modelo LC10ATvp), degaseificador DGU-14 Avp, válvula injetora Rheodyne,
com alça de amostragem de 20 µL e forno para coluna cromatográfica modelo CTO-
10 ASvp. O sistema está acoplado a um detector espectrofotométrico UV/VIS
(Shimadzu modelo SPD-M10 Avp), de arranjo de diodo (varredura de 190 a 800 nm)
e sensibilidade de 0,8x10
-5
UA, conectado por uma interface (SCL-10Avp) a um
microcomputador (Samsung) para processamento de dados.
IV.5 - DETERMINAÇÃO DE CAVEOL E CAFESTOL POR
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA
IV.5.1 - Preparo de amostra
As amostras sofreram saponificação direta com KOH e, em seguida,
ocorreu extração da MI com t-BME, em duplicata. Após extração, realizou-se
limpeza com água conforme trabalho prévio desenvolvido por ALVES et al. (2003),
38
por uso de análise espectrofotométrica e posteriormente, adaptado por DIAS et al.
(2006). O fluxograma do preparo das amostras está representado na Figura IV.1.
FIGURA IV.1: Fluxograma da extração da matéria insaponificável do café (DIAS et
al., 2006).
IV.5.2 - Condições cromatográficas
Em trabalho preliminar (DIAS et al., 2006), as condições cromatográficas
utilizadas para análise das amostras foram estudadas e adaptadas às amostras em
estudo. Empregou-se fase reversa (coluna Spherisorb ODS1, 250 x 4,6 mm, 5 micra)
com eluição isocrática de ACN/água (55:45) na vazão de 0,9 mL/min. A detecção foi
feita a 230 e 290 nm, para cafestol e caveol, respectivamente, com tempo de corrida
de 20 minutos. A temperatura do forno empregada foi de 25 ºC.
A identificação dos compostos foi feita no próprio cromatógrafo a líquido,
baseando-se nos tempos de retenção dos solutos eluídos da coluna e comparados
com o tempo de retenção do padrão, através de co-cromatografia.
O método utilizado foi validado em trabalho prévio (DIAS et al., 2007)
apresentando linearidade na faixa estudada (Tabela IV-4) e boa precisão
(repetibilidade de 5 extrações de uma mesma amostra sob mesmas condições de
extração e análise), com valores de coeficiente de variação (CV) para caveol e
cafestol inferiores a 5,4%. Para exatidão, foi obtida recuperação adequada: 109% e
106%, para caveol e cafestol, respectivamente. Quanto à sensibilidade, observaram-
2 mL de Tercbutil metil éter
Recolher fase orgânica em
um tubo tarado (Repetir 3
vezes)
Pesar 0,2 g de amostra macerada
em um frasco de vidro para
centrífuga
Adicionar 2 mL de KOH 2,5 M
(em etanol 96 %)
Aquecer no banho a
80ºC por 1 h
Adicionar 2 mL de
H
2
O destilada
Adicionar 2 mL de H
2
O ao extrato.
Homogeneizar e descartar a fase aquosa
Centrifugar por 2 min a 3000
RPM
Evaporar no banho a 70ºC
Extrato etéreo
Ressuspensão em 4
mL de fase móvel
CLAE
Filtração 0,45 µm
2 mL de Tercbutil metil éter
Recolher fase orgânica em
um tubo tarado (Repetir 3
vezes)
Pesar 0,2 g de amostra macerada
em um frasco de vidro para
centrífuga
Adicionar 2 mL de KOH 2,5 M
(em etanol 96 %)
Aquecer no banho a
80ºC por 1 h
Adicionar 2 mL de
H
2
O destilada
Adicionar 2 mL de H
2
O ao extrato.
Homogeneizar e descartar a fase aquosa
Centrifugar por 2 min a 3000
RPM
Evaporar no banho a 70ºC
Extrato etéreo
Ressuspensão em 4
mL de fase móvel
CLAE
Filtração 0,45 µm
39
se limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) de 2,3 e 7,1 mg/100g para caveol e
de 3,0 e 9,1 mg/100g para cafestol.
A quantificação foi feita por padronização externa, construindo-se curvas
de calibração para os compostos a serem estudados (caveol e cafestol), com 6
diferentes concentrações de padrões (em triplicata), na faixa de 50 a 1000 mg/100 g
de café. Essa faixa de concentração foi determinada baseada em análises prévias e
dados da literatura (Item II.3 e V.2) e observou-se linearidade (Tabela IV.4).
TABELA IV.4 – Parâmetros da regressão linear das curvas de calibração dos
diterpenos.
Parâmetros Caveol** Cafestol**
Equação* y = 0,00051991x + 79,5875 y = 0,000477975x + 12,3132
R
2
; p 0,977; <0,001 0,995; <0,001
*y = quantidade da substância em mg/100 g amostra; x = área do pico cromatográfico; n=18 amostras
(6 concentrações em triplicata).
** Faixa de linearidade: 50 a 1000 mg/100 g de amostra
IV.6 - ANÁLISE DAS VARIEDADES E MISTURAS
Para análise das amostras, em cada etapa do estudo, empregou-se um
delineamento inteiramente ao acaso.
Para avaliação do efeito da torra e da espécie nos teores de diterpenos
das amostras arábica e conilon (1 e 2) e misturas (A1/C1 e A2/C2), os resultados
foram submetidos à análise variância e teste de Tukey (p 0,05) através do
programa SISVAR (Sistema de Análise de Variância de Dados Balanceados)
(SISVAR, 2007). Considerou-se como tratamentos, a espécie de café
(principal/parcela) e a torra (secundária/sub-parcela) em um esquema de parcelas
subdivididas (exemplo no Anexo 1).
Quando os teores de diterpenos nas espécies sofreram influência em
relação ao grau de torra, pode-se dizer que houve interação (p 0,05) entre as
causas de variações, espécie (pura ou mistura) e torra. Assim, o efeito da torra em
cada espécie foi estudado separadamente. Para interações não significativas (p >
0,05), as espécies não sofreram alterações com relação à torra, comparando-se as
40
médias globais das espécies em cada torra e das médias globais das torras em cada
espécie.
A partir dos resultados das amostras de arábica e conilon (1 e 2) e
misturas (A1/C1 e A2/C2) foram construídos modelos que correlacionaram a espécie
em função dos teores de caveol e cafestol, com as torras tratadas separadamente
ou em conjunto, empregando-se regressões multilineares pelo procedimento
“Multiple regression” do programa Statistica 7.1 (STATSOFT, 2006). A espécie de
café foi expressa pela porcentagem de café conilon (0, 20, 30, 50 e 100%). Foram
comparados modelos considerando-se os parâmetros individualmente ou em
conjunto.
Para verificar a eficiência, foram também avaliados os valores previstos
pelo modelo para misturas diferentes das empregadas inicialmente: A1/C2 e A2/C1,
nas proporções de 20, 30 e 50% de café conilon ao café arábica. Ao fornecer o teor
dos diterpenos de uma amostra, com utilização do modelo construído, o programa
estima a porcentagem da mistura, permitindo avaliar sua eficiência.
O melhor ajuste foi escolhido baseado na análise dos resíduos (gráfico de
resíduo x valor previsto e resíduo x valor observado; Gráficos 1 a 4), coeficiente de
determinação (R
2
) e nível de significância (p) da correlação, bem como na resposta
observada para os valores previstos.
Para o modelo escolhido, foi então verificada a eficiência com amostras
de cafés arábica e conilon de outra procedência. As amostras A3 e C3 em diferentes
graus de torra, bem como suas misturas (adição de 20 e 40% de conilon C3 ao
arábica A3) foram utilizadas para nessa etapa.
Para a terceira etapa do trabalho, utilizou-se o mesmo procedimento para
verificar se o modelo seria eficiente para previsão trabalhando-se com amostras com
diferentes porcentagens de defeitos (A51, A52 e A53 com 0 e 40% de conilon C3).
Utilizou-se também ANOVA e teste de médias (Tukey, p 0,05) (Statistica 7.1), para
comparação dos teores de diterpenos em amostras de café arábica (A5 e A6) e
misturas com diferentes porcentagens de defeitos.
41
V – RESULTADOS E DISCUSSÃO
V.1 - CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS
As amostras de café arábica (A1, A2, A3, A4, A5 e A6) e conilon (C1, C2 e
C3) em diferentes graus de torra foram caracterizadas por medidas de umidade e
cor (Tabelas V.1, V.2 e V.3). Encontram-se, ainda, no Anexo 2 os valores de
umidade, luminosidade (L*) e tonalidade cromática (H*) para todas as misturas
empregadas no estudo.
Os cafés apresentaram umidade variando de 1,2 a 4,0 g/100 g de produto,
considerando-se as diferentes espécies (arábica e conilon) e graus de torra (Tabela
V.1).
TABELA V.1 – Umidade* (g/100 g) do café arábica (A1, A2, A3, A4 e A5) e conilon
(C1, C2 e C3) submetidos a diferentes torras.
Espécie / Torra Clara Média Escura
A1
3,2 ± 0,0 1,6 ± 0,1 2,4 ± 0,1
A2
2,0 ± 0,1 1,4 ± 0,0 2,0 ± 0,1
A3
3,0 ± 0,0 2,2 ± 0,0 2,0 ± 0,1
A4
3,0 ± 0,1 2,2 ± 0,1 2,2 ± 0,0
A5
2,9 ± 0,0 2,6 ± 0,1 2,3 ± 0,0
A6
- 2,4 ± 0,0 -
C1
4,0 ± 0,0 3,0 ± 0,1 1,5 ± 0,0
C2
1,5 ± 0,0 1,4 ± 0,1 1,2 ± 0,0
C3
2,5 ± 0,0 2,2 ± 0,0 2,6 ± 0,1
*Média ± desvio padrão das amostras realizadas em duplicata.
Ao caracterizar a cor, observou-se que para todas as amostras, os valores
de L* diminuíram com o aumento do grau de torra. Foi possível notar também que,
para cada tipo de torra, L* esteve dentro de uma faixa característica, tanto para as
amostras puras quanto para as misturas. Na torra clara, esta faixa variou entre 29 e
40, enquanto que para as torras média e escura, as luminosidades estiveram na
faixa de 20 a 30 e 14 a 21, respectivamente (Tabela V.2 e Anexo 2).
42
TABELA V.2 – Luminosidade* dos cafés das escies arábica (A) e conilon (C)
submetidos a diferentes torras.
Espécie / Torra Clara Média Escura
A1
29,0 ± 0,5 20,1 ± 0,1 14,7 ± 0,5
A2
31,9 ± 0,4 21,1 ± 0,2 16,6 ± 1,0
A3
30,0 ± 0,3 27,6 ± 0,2 20,8 ± 0,1
A4
32,1 ± 0,5 26,8 ± 0,7 19,1 ± 0,4
A5
31,5 ± 0,6 26,8 ± 0,4 19,7 ± 0,2
A6
- 27,7 ± 0,8 -
C1
39,3 ± 1,2 28,9 ± 0,5 19,9 ± 0,1
C2
32,7 ± 0,4 21,7 ± 0,3 13,6 ± 0,7
C3
39,7 ± 0,2 29,7 ± 0,6 20,4 ± 0,1
*Média ± desvio padrão dos valores de luminosidade das amostras obtidas em triplicata.
Os valores de tonalidade cromática (H*) descrevem uma relação entre os
componentes amarelo e vermelho. As amostras que sofreram processos térmicos
mais brandos mostraram-se mais amareladas (maiores valores de H*) enquanto que
tratamentos mais severos tornaram as amostras mais vermelhas (redução nos
valores de H*) (Tabela V.3).
TABELA V.3 – Tonalidade cromática* dos cafés das espécies arábica (A) e conilon
(C) submetidos a diferentes torras.
Espécie / Torra Clara Média Escura
A1
63,8 ± 0,8 58,7 ± 0,3 50,8 ± 0,4
A2
63,0 ± 0,4 62,7 ± 0,8 50,0 ± 0,8
A3
63,1 ± 0,3 59,8 ± 0,5 55,4 ± 0,4
A4
65,8 ± 0,7 60,8 ± 0,5 53,6 ± 0,2
A5
65,2 ± 0,2 61,8 ± 0,4 52,0 ± 0,3
A6
- 61,4 ± 0,8 -
C1
66,9 ± 0,9 64,4 ± 0,5 57,7 ± 3,1
C2
67,6 ± 0,4 62,1 ± 0,1 55,2 ± 2,0
C3
69,6 ± 0,2 65,3 ± 0,4 58,9 ± 0,5
*Média ± desvio padrão dos valores de tonalidade cromática das amostras obtidas em triplicata.
43
Para H*, também se observou uma faixa de valores para cada um dos
diferentes graus de torra, porém menos definida do que o constatado para L*. Para
as torras claras, obteve-se valores de H* superiores a 63 enquanto que para a torra
escura estes foram inferiores a 59, chegando até 50. Valores entre 59 e 65 foram
encontrados para H* nas amostras de torra média (Tabela V.3 e Anexo 2).
No geral, os valores de L* e H* observados (Tabelas V.2 e V.3) foram
próximos aos dados descritos na maior parte dos trabalhos encontrados na
literatura. A maior dificuldade de comparação deve-se aos diferentes critérios
empregados para caracterizar o nível de torra.
MONTEIRO et al. (2002), para amostras de café arábica com %PP de 14
a 17%, relataram valores de L* de 6,5 a 11, inferiores aos obtidos neste trabalho.
DUARTE et al. (2005) descrevem valores de L* na torra clara entre 35 e 37,
enquanto que para as torras médias e escuras estiveram na faixa de 32 a 34 e 29 a
30, respectivamente.
DIAS (2005), caracterizando os graus de torra por diferentes perdas de
peso (13, 17 e 20%), para as torras, clara, média e escura, relatou faixas de L*
variando entre 28 e 38; 15 e 25; 13 e 18, para as respectivas torras. Os valores de
H* reportados neste mesmo trabalho, estiveram na faixa de 57 a 63, para torra clara;
45 a 56, para torra média; e 41 a 49, para torra escura.
BORGES et al. (2002) trabalhando com uma torra de aquecimento alto,
por tempos de 5 a 10 minutos, descreveram variação de L* de 20 a 37 e de H* de 35
a 55 para café arábica. Para café conilon, MENDES et al. (2001) relata valores de 37
a 41 para L* e 50 a 57 para H* para um processo de torra de 225 a 330ºC por 22 a
28 minutos.
V.2 – QUANTIFICAÇÃO DE CAVEOL E CAFESTOL NAS ESPÉCIES
PURAS E MISTURAS
Cromatogramas típicos de café arábica, conilon e mistura de 50% de café
conilon em arábica, torrados em nível médio, podem ser observados na Figura V.1.
44
FIGURA V.1. Cromatogramas típicos de café torrado em nível médio: café arábica
(a), café conilon (b) e mistura de 50% de café conilon ao arábica (c). Detecção a 230
() e 290 nm (---). Picos de caveol (1) e cafestol (2).
-1000
5000
11000
17000
23000
29000
35000
05101520
tr (min)
UA
-1000
6000
13000
20000
27000
34000
0 5 10 15 20
tr (min)
UA
12
2
c
b
-1000
14000
29000
44000
59000
74000
89000
05101520
tr (min)
UA
2
1
a
-1000
5000
11000
17000
23000
29000
35000
05101520
tr (min)
UA
-1000
6000
13000
20000
27000
34000
0 5 10 15 20
tr (min)
UA
12
2
c
b
-1000
14000
29000
44000
59000
74000
89000
05101520
tr (min)
UA
2
1
a
45
A quantificação foi feita a 230 e 290 nm, valores de máxima absorvância
para os compostos cafestol e caveol, respectivamente. Os tempos de retenção dos
diterpenos foram próximos a 16 (caveol) e 17 minutos (cafestol). Para as condições
cromatográficas utilizadas, observou-se que os interferentes foram eluídos em até 8
minutos, ou seja, afastados do tempo de retenção dos compostos em estudo. Além
disso, verificou-se um perfil cromatográfico com resolução e eficiência satisfatórias.
O teor total de diterpenos (mg/100 g de amostra em base seca) variou de
1021 a 1344 nos cafés da espécie arábica, e de 163 a 275 nos conilon,
considerando-se os diferentes graus de torra (clara, média e escura) (Tabelas V.4 e
V.5). Esses valores são coincidentes com a literatura que menciona que os
diterpenos corresponderiam de 10 até 20% da fração lipídica do café torrado
(GROSS et al., 1997; SPEER & KÖLLING-SPEER, 2006). São relatados teores
totais de diterpenos de 1,3% para café arábica e 0,2% para conilon (URGERT et al.,
1995; LAGO, 2001).
TABELA V.4. Teor* de caveol (mg/100 g de amostra em base seca) dos cafés das
espécies arábica (A1 e A2) e conilon (C1 e C2) submetidos a diferentes torras (clara,
média e escura) e misturas de conilon em arábica (20%, 30% e 50%).
Espécie/Torra** Clara Média Escura
0 %
829
Aa
± 16 744
Ba
± 8 800
Aba
± 28
20 %
530
Ab
± 2 507
Ab
± 59 516
Ab
± 18
30 %
410
Ac
± 12 428
Ab
± 1 478
Ab
± 26
50 %
327
Ac
± 33 308
Ac
± 18 294
Ac
± 20
A1 / C1
p = 0,13
100 %
0
Ad
± 0 0
Ad
± 0 0
Ad
± 0
Espécie/Torra** Clara Média Escura
0 %
699
Ba
± 8 866
Aa
± 21 661
Ba
± 16
20 %
622
Bab
± 34 744
Ab
± 17 544
Cb
± 45
30 %
557
Bb
± 28 717
Ab
± 3 391
Cc
± 29
50 %
462
Ac
± 56 393
Ac
± 3 267
Bd
± 34
A2 / C2
p 0,05
100 %
0
Ad
± 0 0
Ad
± 0 0
Ae
± 0
*Média ± desvio padrão dos valores das amostras quantificadas em duplicata.
**Letras distintas, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, indicam diferença significativa (p
0,05).
46
O teor de caveol no café arábica variou entre 661 a 866 mg/100g na
amostras submetidas aos diferentes tratamentos térmicos, enquanto que no café
conilon não foi observada a presença desse composto (Tabela V.4). No geral,
observou-se que a adição de café conilon ao arábica reduziu significativamente os
teores de caveol nas torras clara, média e escura, mas o comportamento foi
diferenciado dependendo da torra e do tipo de amostra de café (1 ou 2) utilizados.
Comparando-se o teor de cafestol encontrado nas diferentes amostras
(Tabela V.5), constatou-se que para o café arábica esteve em uma faixa entre 360 e
478 mg/100 g, enquanto que para o conilon a faixa variou de 163 a 275 mg/100 g
para os diferentes graus de torra. Também para o cafestol observou-se que, no
geral, a adição de conilon ao café arábica reduziu significativamente o teor deste
diterpeno.
TABELA V.5. Teor* de cafestol (mg/100 g de amostra em base seca) dos cafés das
espécies arábica (A1 e A2) e conilon (C1 e C2) submetidos a diferentes torras (clara,
média e escura) e misturas de conilon em arábica (20%, 30% e 50%).
Espécie/Torra** Clara Média Escura
0 %
463
Aa
± 4 398
Ba
± 46 420
ABa
± 4
20 %
368
Ab
± 10 340
Aab
± 0 314
Abc
± 8
30 %
336
Abc
± 1 307
Abc
± 6 315
Ab
± 16
50 %
295
Ac
± 38 286
Abc
± 4 281
Abc
± 30
A1 / C1
p 0,05
100 %
163
Bd
± 24 250
Ac
± 8 242
Ac
± 6
Espécie/Torra** Clara Média Escura
0 %
455
Aa
± 1 478
Aa
± 6 360
Ba
± 3
20 %
369
Ab
± 28 346
ABb
± 11 309
Bab
± 32
30 %
351
Ab
± 5 327
ABb
± 17 283
Bb
± 31
50 %
304
Abc
± 32 259
Abc
± 1 247
Bbc
± 17
A2 / C2
p = 0,12
100 %
275
Ac
± 10 235
ABc
± 31 188
Bc
± 6
*Média ± desvio padrão dos valores das amostras quantificadas em duplicata.
**Letras distintas, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, indicam diferença significativa (p
0,05).
Na literatura encontrou-se grande variabilidade nos valores descritos para
concentração dos compostos estudados, além de controvérsias com relação à
presença ou ausência do composto caveol no café conilon.
47
Em café da espécie arábica, foram descritos teores de caveol em uma
ampla faixa, desde 100 mg até quantidades superiores a 736 mg/100 g de café
(FREGA et al., 1994; URGERT et al., 1995; KURZROCK & SPEER, 2001a; LAGO,
2001; RUBAYIZA & MEURENS, 2005).
URGERT et al. (1995) utilizaram uma amostra de café arábica torrado e
moído, contendo 573 mg de cafestol e 736 mg de caveol em 100 g de café torrado,
para estudar o impacto nos níveis de colesterol sanguíneo após o preparo de
bebidas de café de diferentes formas. Os mesmos autores relatam que a média dos
diterpenos (caveol e cafestol) no café consumido nos EUA e Europa variam entre
400 e 500 mg/ 100g de grãos torrados.
Enquanto alguns autores mencionam a ausência de caveol em café
conilon (NACKUNSTZ & MAIER, 1987; DIAS, 2005), outros relatam ter encontrado,
mesmo que em pequena quantidade. Foram detectadas quantidades de caveol
menores que 13 mg/100 g de café (FREGA et al., 1994) e alguns autores detectaram
apenas traços (KURZROCK & SPEER, 2001a; RUBAYIZA & MEURENS, 2005).
Considerando-se o limite de detecção e quantificação do método
empregado (2,3 e 7,1 mg/100 g de café, respectivamente), é justificado o fato de não
ter sido observada a presença de caveol nas amostras de café conilon utilizadas no
presente estudo.
Quanto aos teores de cafestol, na literatura encontraram-se valores entre
76 e 300 mg/100 g de café conilon e 100 a 700 mg/100 g de café arábica (FREGA et
al., 1994; KURZROCK & SPEER, 2001a; RUBAYIZA & MEURENS, 2005).
FREGA et al. (1994) utilizaram diferentes tipos de café para produzir
blends de café arábica e robusta. Os autores relataram que, em um blend em que foi
adicionado 20% de café robusta ao arábica, foi encontrado teores de 357 e 405,4
mg de caveol e cafestol, respectivamente, em 100 gramas da mistura. Para mesma
proporção de adição de conilon ao arábica, no presente estudo observou-se para as
diversas torras, em 100 gramas da mistura, valores de caveol na faixa de 507 a 744
mg e cafestol entre 309 e 369 mg (Tabelas V.4 e V.5).
No geral, os valores determinados para os diterpenos foram próximos aos
descritos na maioria dos trabalhos encontrados na literatura. Observaram-se
concentrações elevadas de caveol em café arábica, coincidentes com os maiores
valores relatados na literatura. No entanto, para cafestol, os valores encontrados
foram coincidentes com os valores intermediários descritos.
48
Essa variação de valores pode ser justificada por alguns fatores. Deve-se
considerar que existe muita divergência quanto aos procedimentos de extração
adotados nos diferentes métodos empregados na quantificação dos diterpenos.
Vários trabalhos descrevem o emprego de extração preliminar (com solventes a frio
ou Soxlet) para posterior saponificação, havendo maior possibilidade de oxidação
dos componentes (LERCKER et al., 1995; RUBAYIZA & MEURENS, 2005;
KÖLLING-SPEER & SPEER, 2006). A saponificação direta tem sido descrita como
uma alternativa eficiente na extração de outros compostos insaponificáveis, como
colesterol e óxidos de colesterol, evitando a formação de produtos de oxidação
(SALDANHA et al., 2006). A metodologia analítica empregada no trabalho utiliza
saponificação direta seguida de extração (Figura IV.1). Considerando-se que o
caveol apresenta uma dupla ligação a mais que o cafestol, em sua estrutura (Figura
II.2), sendo portanto, mais sensível à oxidação, é provável que alterações no método
de análise afetem mais os valores de caveol.
Mesmo sem considerar as possíveis diferenças na eficiência das
metodologias analíticas, existe a variabilidade da matéria-prima empregada. A
princípio, estima-se que a origem geográfica e as variedades do café utilizadas por
cada autor são os fatores que gerariam as maiores variações dos teores dos
diterpenos.
A grande variabilidade relacionada ao teor total de lipídios no grão de café
já implica em provável variação na concentração dos componentes lipossolúveis.
AGUIAR et al. (2005) estudaram a variação do teor de lipídios em grãos de 47
plantas pertencentes às variedades: Robusta, Conilon 6, Apoatã, Guarini, Laurentii e
Bukobensis. Como resultado do estudo, eles observaram diferenças significativas no
teor médio entre as plantas de mesma variedade e entre variedades distintas, sendo
que os grãos de variedade robusta apresentaram os maiores teores de lipídios
(média de 11%) enquanto que a média do conilon foi de 7%.
KURZROCK & SPEER (2001a), em sua revisão, relataram variações
significativas nas concentrações de ésteres dos diterpenos caveol e cafestol, em
cafés verdes de diferentes origens (diversos países da Ásia, África e América do
Sul).
FREGA et al. (1994) avaliaram as concentrações de diversos álcoois
diterpênicos das espécies arábica (12 origens distintas) e conilon (8 origens) em
grãos verdes e torrados, além dos blends das duas espécies. Neste estudo, os
49
autores relataram variações entre 414,8 a 672,7 mg de caveol e 299,4 a 583,6 mg
de cafestol por 100g de lipídios, em diferentes amostras de café arábica torrado de
distintas origens. Para as variedades do café robusta, os teores estiveram entre 3,6
a 12,5 mg de caveol e 76,4 a 190,1 mg de cafestol em 100 g de lipídios.
Outro fator que poderia ser responsável pelas variações detectadas nos
diterpenos estudados é o processo de torra do café, uma vez que existe na literatura
divergência quanto à estabilidade desses compostos quando submetidos a
tratamentos térmicos. Alguns autores relatam que os diterpenos têm boa
estabilidade a altas temperaturas, mas podem formar dehidroderivados
(dehidrocafestol e dehidrocaveol) em pequenas quantidades no final do processo de
torra (CLARKE & VITZTHUM, 2001; LAGO 2001; SPEER & KÖLLING-SPEER,
2006). SPEER & KÖLLIG-SPEER (2006) citam ainda a presença de outros produtos
de decomposição como caveal, cafestal, isocaveol e dehidroisocaveol e reportam
mudanças nos teores de ésteres de cafestol e caveol com o aumento do grau de
torra.
URGERT et al. (1995) avaliaram o comportamento de caveol e cafestol
em espécie arábica de torras intensas, com até 26,5 de %PP, e concluíram que a
torra não reduziu a concentração destes compostos.
DIAS (2005), utilizando uma metodologia espectrofotométrica para
detecção de caveol (reação com KI e leitura a 620 nm), também avaliou a
estabilidade do composto em amostras da espécie arábica e conilon em diferentes
graus de torra (190 a 230 ºC por tempo de 5 a 10 minutos). Não foi observada
interação entre as variáveis espécies de café e intensidade de torra, e constatou-se
que o diterpeno apresentou estabilidade do caveol ao tratamento térmico.
Nas Tabelas V.4 e V.5 e exemplo no Anexo 1 podem-se observar que
ocorreu interação significativa (p0,05) entre espécie e torra para a concentração de
caveol na amostras 2 (espécies puras e misturas) e para os valores de cafestol na
amostra 1 (espécies puras e misturas).
Para os teores de caveol nas amostras 1 (A1, C1 e misturas A1/C1) e
cafestol nas amostras 2 (A2, C2 e misturas A2/C2) (exemplificado no Anexo 1) não
ocorreram interações significativas (p=0,13 e p=0,12 para as amostras 1 de caveol e
2 de cafestol respectivamente), indicando que sua concentração depende apenas da
proporção das espécies de café, ou seja, não sofreram alterações com diferentes
parâmetros de torra. Assim, as comparações foram feitas com as médias gerais das
50
espécies em cada torra e com as médias gerais das torras em cada espécie. As
amostras de torra escura apresentaram menor teor de cafestol do que as de torra
clara e média. Verificando-se assim que essas amostras sofreram efeitos diferentes
em relação à torra.
Dessa forma, apesar de em todos os casos a adição de café conilon ter
reduzido o conteúdo dos diterpenos, o efeito foi diferenciado dependendo da torra e
da amostra. Não se observou, no entanto nenhuma evidência de que a torra
implicou necessariamente em degradação significativa dos diterpenos: os teores
encontrados nas torras média e escura não foram sistematicamente menores do que
os observados na torra clara, e em alguns casos foram superiores.
É interessante considerar que o teor total de lipídios também é
influenciado pela torra, mesmo que se utilizem dados em base seca. O conteúdo de
lipídios pode aumentar proporcionalmente no decorrer deste processo devido
principalmente, à destruição de carboidratos. Essa destruição ocorre porque o
processo de torra rompe a matriz da parede celular resultando na solubilização dos
polissacarídeos acarretando diminuição do peso molecular destes (LAGO, 2001;
OOSTERVELD, 2003). REDWELL et al. (2002) em seu estudo, relataram que,
dependendo do processamento empregado, entre 12 e 40% dos polissacarídeos dos
grãos de café foram degradados. Foi descrita para o café arábica, uma elevação de
11,4% para 15,4% no teor de lipídios totais, e, para o conilon, alteração de 6,1 até
9,6% (LAGO, 2001).
Nessa etapa do trabalho as amostras foram obtidas por um
processamento em bateladas, em que o critério para determinação do grau de torra
foi a cor, como ocorre no produto, industrialmente (EMBRAPA, 2008). No entanto, o
processo para obter amostras com torra clara, por exemplo, não ocorreu
necessariamente, exatamente nas mesmas condições de operação. Assim, mesmo
entre amostras caracterizadas como sendo de mesmo grau de torra, pode ter
ocorrido alguma diferença na severidade do tratamento térmico aplicado, o que
poderia implicar em diferença na degradação de carboidratos. Dessa forma, a
variabilidade no teor de lipídios, poderia justificar as variações dos diterpenos em
alguns dos resultados relatados nas Tabelas V.4 e V.5.
Tendo em vista essas considerações, optou-se por fazer inicialmente as
estimativas para avaliação dos teores de café conilon utilizando-se em conjunto os
51
resultados para as duas espécies de café arábica e conilon e suas misturas nos
diferentes graus de torra.
V.3 – MODELOS PARA AVALIAR OS TEORES DE CAFÉ CONILON EM
BLENDS DE CAFÉ ATRAVÉS DOS TEORES DE CAVEOL E CAFESTOL
V.3.1 – AVALIAÇÃO E ESCOLHA DO MELHOR MODELO
A partir das concentrações dos diterpenos caveol e cafestol nas amostras
(Tabelas V.4 e V.5), foram construídos modelos matemáticos para estimar a
porcentagem de café conilon (%C) adicionado ao café arábica. Optou-se pelo estudo
de três modelos: utilizando apenas caveol como parâmetro de discriminação (cav);
apenas cafestol (caf); e, caveol e cafestol, em conjunto (cav/caf) (Tabela V.6).
Para comparação dos modelos, avaliou-se análise de resíduos (Anexo 3),
coeficiente de determinação (R
2
) e nível de significância das correlações (p).
TABELA V.6. Valores de R
2
ajustado, erro e modelos multilineares para os ajustes
feitos dos teores de caveol (cav), cafestol (caf), e caveol e cafestol (cav/caf).
Modelo* R
2
ajustado CV (%)** Regressão Multilinear
Cav
0,91 0,02 % C = 92,7310 - 0,1208*cav
Caf
0,55 0,07 % C = 138,0529 - 0,3019*caf
Cav/Caf
0,93 0,03 % C = 96,7130 - 0,1162*cav + 0,0188*caf
* p<0,001; N=60.
** Coeficiente de Variação
Para uma verificação inicial da eficiência dos três modelos propostos,
foram utilizadas as mesmas amostras base (A1, A2, C1 e C2), mas com misturas
diferentes das empregadas inicialmente para obtenção das equações. Foram feitas
adições de 20, 30 e 50 % de café conilon ao café arábica, mas utilizando-se misturas
de A1 com C2 e de A2 com C1 e quantificados os teores de caveol e cafestol
(Tabelas V.7 e V.8).
52
TABELA V.7. Teor* de caveol (mg/100 g de amostra em base seca) em misturas de
conilon em arábica (A1/C2, A2/C1) em diferentes torras (clara, média e escura).
Espécie/Torra Clara Média Escura
20 %
505 ± 20 517 ± 77 490 ± 26
30 %
470 ± 10 480 ± 1 498 ± 7
A1 / C2
50 %
373 ± 6 319 ± 5 334 ± 26
Espécie/Torra Clara Média Escura
20 %
604 ± 27 617 ± 21 518 ± 12
30 %
528 ± 6 586 ± 69 465 ± 18
A2 / C1
50 %
384 ± 2 346 ± 23 314 ± 45
*Média ± desvio padrão dos valores analisados em duplicata.
TABELA V.8. Teor* de cafestol (mg/100 g de amostra em base seca) em misturas
de conilon em arábica (A1/C2, A2/C1) em diferentes torras (clara, média e escura).
Espécie/Torra Clara Média Escura
20 %
272 ± 9 349 ± 27 299 ± 5
30 %
317 ± 5 304 ± 21 317 ± 21
A1 / C2
50 %
284 ± 11 157 ± 6 264 ± 39
Espécie/Torra Clara Média Escura
20 %
393 ± 17 402 ± 23 346 ± 2
30 %
385 ± 1 388 ± 7 333 ± 14
A2 / C1
50 %
356 ± 42 332 ± 22 334 ± 4
*Média ± desvio padrão dos valores analisados em duplicata.
Os valores previstos médios (% de conilon) para as misturas de 20%,
30% e 50% dos cafés conilon nos arábica (Tabela V.9) foram obtidos através das
médias das três torras nas duas misturas (A1/C2 e A2/C1), gerando um total de seis
dados para cada previsão. Encontram-se, ainda, no Anexo 3 os valores previstos
para cada torra e mistura, bem como os valores com limite de confiança ao nível de
95%.
53
TABELA V.9. Modelo preditivo ajustado para mistura entre 20 e 50% de conilon ao
arábicaValores previstos*.
Porcentagem de conilon
Modelo
Valor observado Valor previsto*
Desvio do
modelo**
20
27,3 ± 6,6
5,16
30
31,8 ± 5,6
1,27
Cav
50
51,1 ± 3,4
0,78
20
34,4 ± 15,4
10,18
30
35,2 ± 11,1
3,68
Caf
50
51,2 ± 21,9
0,85
20
27,3 ± 4,2
5,16
30
31,7 ± 4,2
1,20
Cav/Caf
50
51,2 ± 6,6
0,85
*média ± desvio padrão de 6 valores (3 torras, 2 misturas).
**Desvio entre valor observado e previsto.
As piores estimativas, em todos os casos, foram na faixa de 20% de
adição de conilon ao arábica, onde os valores previstos superestimaram a
porcentagem de conilon adicionada na mistura. Para misturas com 30 e 50%, os
modelos estimaram melhor os resultados (Tabela V.9 e Anexo 3).
Utilizando-se apenas os dados do composto cafestol para a estimativa da
variável dependente (% de conilon), obteve-se o pior ajuste (R
2
=0,55) (Tabela V.6),
provavelmente pelo fato deste composto ser encontrado em menores variações nas
diferentes espécies de café utilizadas. Enquanto que, para o composto caveol, foram
encontrados valores desde não detectáveis para conilon até 866 mg/100 g café
arábica, para o composto cafestol, a faixa de variação ocorreu entre 163 e 478 mg/
100 g para as duas espécies. Verifica-se que esse modelo (caf) foi o que
apresentou, no geral, maior variabilidade nas respostas e maior diferença
comparando-se os valores observados e previstos (Tabela V.9).
Para o modelo utilizando somente o diterpeno caveol (cav), foi obtido um
bom ajuste (R
2
= 0,91) (Tabela V.6). O modelo foi ainda adequado na estimativa dos
valores previstos (Tabela V.9). Interessante observar que Dias (2005), utilizando
uma metodologia colorimétrica semi-quantitativa para estimativa de caveol, já havia
reportado que com os valores dos dados espectrofotométricos obteve-se uma
54
equação com bom ajuste (R
2
= 0,91 e p0,001, para N=15) para avaliar a proporção
de conilon em cafés arábica com diferentes graus de torra.
O melhor modelo foi ajustado utilizando-se os teores de caveol e cafestol
(R
2
= 0,93) (Tabela V.6). O modelo estimou adequadamente os valores previstos e
apresentou a menor variabilidade nas respostas (Tabela V.9).
Mesmo obtendo-se bom resultado ao empregarmos apenas o teor de
caveol, verificamos que o melhor resultado foi conseguido no modelo multilinear com
os dois compostos (cav/caf), demonstrando a importância do estudo dos parâmetros,
em conjunto, para obter melhor eficiência na discriminação e prever a porcentagem
de café conilon obtida em uma mistura com café arábica com maior precisão.
Como a metodologia cromatográfica empregada já estima
simultaneamente os dois diterpenos, não implicando em nenhum tempo ou etapa
analítica adicional para determinação do teor de cafestol, a obtenção de dados para
qualquer um dos modelos empregados (Tabela V.6) apresenta o mesmo nível de
dificuldade.
Uma vez que o modelo com as duas variáveis independentes, caveol e
cafestol, apresentou o melhor ajuste, avaliou-se também a eficiência desse tipo de
modelo estudando-se em separado as amostras em cada grau de torra (clara, média
e escura) (Tabela V.10). Observou-se que houve ajuste adequado nos três modelos,
mostrando que a escolha dos parâmetros caveol e cafestol para uma equação de
previsão do teor de café conilon adicionado ao arábica independe do grau de torra
das amostras estudadas.
TABELA V.10. Valores de R
2
ajustado, erro e modelos multilineares utilizando como
parâmetros caveol e cafestol (cav/caf) para diferentes graus de torra (clara, média e
escura).
Torra R
2
ajustado* CV (%)** Regressão Multilinear
Clara
0,93 0,02 % C = 99,0553 – 0,1227*cav + 0,0139*caf
Média
0,95 0,02 % C = 32,2032 – 0,1636*cav + 0,2364*caf
Escura
0,96 0,02 % C = 73,8106 – 0,1638*cav + 0,1092*caf
* p<0,001; N=20.
** Coeficiente de Variação
55
Observou-se para as torras média e escura maior valor de R
2
ajustado e
menor erro (Tabela V.10), indicando que a probabilidade de se predizer valores
precisos poderia melhorar para amostras com maior grau de torra. Essa constatação
é interessante, considerando-se que no Brasil, usualmente, os cafés comerciais de
mercado, onde o modelo será aplicado posteriormente, apresentam torra mais
intensa (MOURA et al., 2007).
Para continuar o estudo, será empregado o modelo (Tabela V.6) que
utiliza todas as torras e os dois diterpenos em conjunto. Uma vantagem é a maior
abrangência pelo maior número de dados utilizados, trabalhando-se com diferentes
tipos de café dentro de uma mesma espécie. Deve-se considerar ainda a dificuldade
de definir um parâmetro adequado para caracterização do grau de torra das
amostras, o que seria necessário para aplicação de modelos distintos. Assim, como
se pretende aplicar posteriormente a metodologia em amostras comerciais, de
diferentes origens geográficas e graus de torra, é mais seguro trabalhar com um
modelo geral e abrangente.
V.3.2 – VERIFICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO MODELO COM AMOSTRAS
EXTERNAS
Após obtenção e escolha do melhor modelo para discriminação das
espécies de café, verificou-se a eficiência deste modelo através da quantificação dos
diterpenos em amostras externas (A3, C3 e misturas de 20 e 40 % de C3 ao A3)
(Tabela V.11).
Para isso, a partir do modelo gerado anteriormente e dos dados dos
diterpenos obtidos para amostras externas (que não fazem parte do modelo), foi
estimada a porcentagem de café conilon misturada ao arábica (valor previsto), além
de seus limites de confiança ao nível de 95% (Tabela V.12). Verificou-se que o
modelo não conseguiu estimar, adequadamente, a porcentagem de conilon
adicionada ao café arábica, prevendo inclusive valor negativo.
56
TABELA V.11. Teores* de caveol e de cafestol (mg/100 g de amostra em base
seca) em amostras puras (A3 e C3), misturas de 20 e 40% de conilon em arábica
(A3/C3) em diferentes torras (clara, média e escura).
Espécie/Torra Clara Média Escura
A3
787 ± 9 850 ± 43 933 ± 18
Mistura 20% (A3/C3)
681 ± 1 682 ± 34 761 ± 1
Mistura 40% (A3/C3)
564 ± 22 630 ± 6 584 ± 50
Caveol
C3
0 ± 0 0 ± 0 0 ± 0
Espécie/Torra Clara Média Escura
A3
282 ± 6 280 ± 11 275 ± 11
Mistura 20% (A3/C3)
277 ± 10 267 ± 2 270 ± 1
Mistura 40% (A3/C3)
258 ± 10 255 ± 1 249 ± 15
Cafestol
C3
225 ± 4 221 ± 10 211 ± 8
*Média ± desvio padrão dos valores analisados em duplicata.
TABELA V.12. Valores previstos para o modelo multilinear nas amostras de café
arábica, conilon e misturas de café conilon ao arábica (20% e 40%), para as torras
clara, média e escura.
Amostras
Torra
Valor
observado
Valor
previsto
L.C.*(±
95%)
Desvio do
modelo**
Clara 0 0 0 / 0 0,0
Média 0 -7 -8 / -7 5,2
A3
Escura 0 -17 -18 / -16 11,9
Clara 20 12 12 / 13 5,4
Média 20 12 12 / 13 5,3
Mistura 20% (A3/C3)
Escura 20 3 3 / 3 11,9
Clara 40 26 25 / 28 9,7
Média 40 19 18 / 20 15,1
Mistura 40% (A3/C3)
Escura 40 24 23 / 25 11,2
Clara 100 92 88 / 97 5,3
Média 100 93 88 / 97 5,3
C3
Escura 100 93 88 / 97 5,1
*Limite de confiança de ± 95%.
**Desvio entre valor observado e previsto.
57
No desenvolvimento do modelo empregou-se blends comerciais das duas
espécies, com diferentes níveis de qualidade e origens geográficas em três graus de
torra, com o objetivo de apresentar grande heterogeneidade entre as amostras. No
entanto, esse cuidado não bastou para gerar um modelo suficientemente
abrangente. Nessa etapa de verificação, trabalhou-se com amostras que
apresentaram valores de diterpenos em cada espécie fora das faixas de
concentração do modelo original (Tabelas V.4 e V.5). Para café arábica, os valores
de cafestol quantificados (275 a 282 mg/100 g de amostra) foram inferiores ao
menor valor reportado na primeira fase do experimento (360 mg/100 g) (Tabela
V.11).
Além disso, para a amostra externa pura (A3), torra escura, o valor
extrapolou o limite extremo superior do modelo. O teor máximo de caveol no café
arábica atingiu valor de 933 mg/100 g de café, acima do teor máximo encontrado
(866 mg/100 g) na primeira etapa do trabalho (Tabela V.4).
Para não extrapolar os limites do modelo definido anteriormente, optou-se
por incorporar ao modelo, as amostras da segunda etapa, previamente definidas
para serem usadas na verificação do modelo, com o intuito de obter uma equação
multilinear com maior amplitude.
As amostras A3, C3 e misturas de 20 e 40% de C3 ao A3, para as torras
clara, média e escura (12 amostras em duplicata) foram adicionadas ao melhor
modelo (cav/caf, Tabela V.6) e com isso, obteve-se um modelo mais abrangente,
mas com menores valores de coeficiente de determinação (R
2
= 0,90) (Tabela V.13,
Anexo 3). A redução dos valores do R
2
ajustado pode ser também atribuída ao
aumento no número de amostras (de 60 para 84).
TABELA V.13. Valores de R
2
ajustado, erro e novo modelo empregando amostras
de arábica (A1, A2 e A3), conilon (C1, C2 e C3) e misturas.
Modelo novo* R
2
ajustado CV (%)** Regressão Multilinear
Cav/Caf
0,92 0,03 % C = 91,5348 – 0,0930*cav - 0,0233*caf
* p<0,001; N=84.
** Coeficiente de Variação
58
Para verificação deste novo modelo, utilizaram-se duas novas amostras
de café arábica pura (A4 e A5), da mesma variedade estudada anteriormente (A3),
mas com diferentes níveis de defeitos (item IV.1).
Na Tabela V.14 pode-se confirmar que essas amostras apresentaram teor
de diterpenos similares aos das amostras estudadas anteriormente: média de 859 ±
53 mg de caveol e 453 ± 31 mg de cafestol, em 100g de amostra de café arábica (A4
e A5) para as três torras. Todos os valores obtidos estão dentro da faixa utilizada
para construção da equação (Tabela V.13) e o modelo forneceu valores previstos
numa faixa adequada (Tabela V.14, Anexo 3).
TABELA V.14. Valores previstos* para o modelo multilinear nas amostras de café
arábica (A4 e A5) para as torras clara, média e escura.
Amostra
Torra
Caveol Cafestol
Valor
observado
Valor
previsto
LC ±
95%**
Desvio do
modelo***
Clara
817 ± 5 453 ± 15
0 5 5/5 3,5
Média
855 ± 8 473 ± 17
0 1 1/1 0,7
A4
Escura
780 ± 56 472 ± 8
0 8 8/8 5,7
Clara
878 ± 33 427 ± 20
0 0 0/0 1,4
Média
923 ± 12 459 ± 3
0 -5 -5/-5 1,4
A5
Escura
901 ± 21 432 ± 19
0 -2 -2/-2 1,4
*Teor em mg/100g, média de duplicata ± desvio padrão.
**Limite de confiança de ± 95%.
***Desvio entre valor observado e previsto.
Comparando-se os resultados das Tabelas V.12 e V.14 para as amostras
de café arábica puro, observa-se diferença entre os valores previstos e os
observados, especialmente, se compararmos os valores de desvio (de 0,0 a 15,1%
para 0,7 a 5,7%), justificando o uso do novo modelo (Tabela V.13), mesmo
apresentando menor coeficiente de determinação. Os resultados mostram que a
introdução das amostras A3, C3 e misturas, contribuiu para aumentar o poder
discriminatório do modelo.
Uma vez que os parâmetros caveol e cafestol mostraram-se promissores
como discriminadores das espécies, destaca-se a importância de continuar o estudo
da caracterização da composição diterpênica do café. Um banco de dados mais
amplo, cobrindo um maior número de variedades nacionais dos cafés arábica e
59
conilon, permitiria a criação de um modelo mais abrangente e com maior capacidade
preditiva.
V.3.3 – INFLUÊNCIA DOS DEFEITOS NA CAPACIDADE PREDITIVA DO
MODELO
Um outro ponto de interesse no trabalho é estimar se a quantidade de
defeitos pode interferir no modelo construído, uma vez que é limitada a informação a
respeito da composição química nos grãos de café defeituosos.
A legislação nacional admite a presença de defeitos no café, uma vez que
delibera sobre limites para quantidade e tipos de defeitos permitidos (SECRETARIA
DA FAZENDA, 2008). A ABIC (2008) recomenda que os cafés sejam constituídos
por grãos de café tipo 8 ou melhores, com um máximo de 20% em peso de grãos
PVA. Considerando-se que os cafés comercializados no mercado vão apresentar
certo grau de defeitos e que essa porcentagem pode ser bastante variada, é
importante verificar se a presença de defeitos afeta significativamente o teor dos
diterpenos além de avaliar se isso reflete numa alteração na capacidade preditiva do
modelo proposto.
Indiretamente, ao longo do trabalho, a presença de defeitos já vinha
sendo considerada no desenvolvimento e validação do modelo. Os cafés arábica
(A1 e A2) e conilon (C1 e C2) utilizados para construção do modelo original,
apresentavam, além de diferentes procedências e variedades, diversidade com
relação à presença de defeitos. Os cafés A3 e C3, incluídos posteriormente na
equação, apresentavam classificação conhecida com relação ao número de defeitos
(tipo 4), bem como as amostras A4 (tipo 8) e A5 (sem defeitos) usadas para avaliar o
modelo. Assim, ao longo do trabalho, o modelo foi desenvolvido e validado com
produtos que apresentavam diferenciação com relação aos defeitos, de maneira a
se aproximar do que poderia ser depois, encontrado em cafés comerciais de
mercado.
Para avaliar mais detalhadamente a influência dos defeitos, empregou-se
uma amostra de café arábica sem defeitos (A5) e uma amostra composta apenas
por defeitos de arábica (A6) (item IV.1). Foram adicionadas à amostra A5, diferentes
60
porcentagens de defeitos (10, 20 e 30%), e, em seguida, quantificados os diterpenos
caveol e cafestol (Tabela V.15). Essas amostras também foram caracterizadas
quanto ao teor de diterpenos após mistura com 40% de café conilon (C3) (Tabela
V.16). Para minimizar a interferência de outros efeitos, nessa etapa do trabalho
empregaram-se apenas amostras com grau de torra média.
TABELA V.15. Teores* de caveol e de cafestol (mg/100 g de amostra em base
seca) em café arábica (A5) com 0, 10, 20, 30 e 100 % de defeitos (A6).
Amostra** % A6*** Caveol Cafestol
A5
0
923
a
± 12 459
a
± 3
A51
10
895
a
± 3 449
a
± 7
A52
20
913
a
± 24 462
a
± 10
Mistura
A5/A6
A53
30
863
a
± 17 430
a
± 6
A6
100
932
a
± 55 434
a
± 15
*Média ± desvio padrão dos valores analisados em duplicata.
**Letras distintas, em uma mesma coluna, indicam diferença significativa (p 0,05).
***Amostra A6 (defeitos) de café arábica.
TABELA V.16. Teores* de caveol e de cafestol (mg/100 g de amostra em base
seca) em café arábica (A5 com 10, 20 e 30 % de defeitos) com mistura de 40% de
café conilon (C3).
Amostra** % A6*** Caveol Cafestol
A51
10
525
a
± 35 394
a
± 13
A52
20
543
a
± 1 402
a
± 10
A5/A6
com 40%
C3
A53
30
529
a
± 23 408
a
± 3
*Média ± desvio padrão dos valores analisados em duplicata.
**Letras distintas, em uma mesma coluna, indicam diferença significativa (p 0,05).
***Amostra A6 (defeitos) de café arábica.
Com os resultados obtidos na ANOVA (Tabelas V.15 e V.16), verificou-se
que não houve diferença significativa entre as amostras com diferentes quantidades
de defeitos (com e sem a mistura de 40% de café conilon), ou seja, diferentes
quantidades de defeitos nas amostra de café não influenciaram o teor dos
diterpenos analisados.
61
Considerando que, podemos verificar no mercado, a comercialização de
cafés desde tipo 2 até tipo 8, devido as diferentes proporções de defeitos, a opção
de construir um modelo genérico com amostras diversificadas quanto ao teor destes
foi interessante. Com isso, o modelo gerado tem grande possibilidade de ser
adequado para avaliação de amostras diferenciadas no teor de defeitos.
Para confirmarmos essa hipótese, a tabela V.17 mostra os valores
previstos e observados para cada amostra com as diferentes proporções de defeitos,
bem como os limites de confiança (ao nível de 95%) e os desvios do modelo para as
amostras.
TABELA V.17. Valores previstos* para o modelo multilinear nas amostras de café
arábica (10, 20 e 30% de defeitos), conilon e misturas de 40% de café conilon ao
arábica, para as torras clara, média e escura.
Amostra
% (A6)
defeitos
Valor
observado
Valor
previsto
L.C.± 95%**
Desvio do
modelo***
A5
0 0 -5 -5/-5 3,5
A51
10 0 -2 -2/-2 1,4
A52
20 0 -4 -4/-4 2,8
Mistura
A5/A6
A53
30 0 1 1/1 0,7
A6
100 0 -5 -6/-5 3,5
A51
10 40 34 32/35 4,2
A52
20 40 32 30/33 5,7
A5/A6
com
40% C3
A53
30 40 33 32/34 4,9
*Média ± desvio padrão dos valores analisados em duplicata.
**Limite de confiança de ± 95%.
***Desvio entre valor observado e previsto.
Verificou-se que a maioria dos valores previstos para as amostras (com
ou sem adição de café conilon) foram subestimados. No entanto, esses desvios
foram independentes da porcentagem de defeitos das amostras, podendo ser
atribuídos a variações experimentais ou a necessidade de um modelo melhor
ajustado. Dessa forma, observou-se que o teor de diterpenos parece ser um
parâmetro para discriminação independentemente do grau de defeitos da amostra.
Os resultados obtidos na discriminação das misturas, bem como a
constatação que a presença de grãos defeituosos não afeta as concentrações de
62
diterpenos no produto e a informação de que esses compostos apresentam
estabilidade ao processo de torra, demonstram que caveol e cafestol têm um
potencial como discriminadores das espécies. Assim, o modelo proposto, baseado
na concentração de diterpenos, apesar de não apresentar ainda uma capacidade
preditiva adequada, destaca-se por ser robusto podendo-se prever sua aplicação a
produtos com diferentes graus de torra e de defeitos.
63
VI – CONCLUSÃO
A quantificação dos diterpenos das amostras (puras e misturas de café
conilon ao arábica de diferentes torras, origens e quantidades de defeitos) permitiu a
construção de modelos matemáticos para estimativa dos teores de conilon.
Os diterpenos caveol e cafestol apresentam potencial para serem
utilizados como compostos discriminadores das espécies Coffea arabica e Coffea
canephora em blends comerciais de café. O caveol apresentou um poder
discriminatório maior do que o cafestol, já que este diterpeno possui uma faixa mais
ampla de variação entre as espécies. No entanto, quando os diterpenos foram
avaliados em conjunto, a eficiência do modelo foi aprimorada, estimando-se melhor
o teor de conilon adicionado. Pelo fato da metodologia cromatográfica utilizada
quantificar simultaneamente os dois diterpenos, é interessante trabalhar com os dois
compostos aumentando a eficiência da previsão.
Estudando-se as torras separadamente, pôde-se verificar que os modelos
mais eficientes foram obtidos para as torras média e escura, indicando que a
discriminação poderá eventualmente ser mais eficiente do que o descrito, já que no
Brasil, as torras usuais de café estão entre os parâmetros de torra média e escura.
Uma vez que se observou a relativa estabilidade ao processo de torra que
os diterpenos apresentam, e que a presença de grãos defeituosos não afeta as
concentrações de caveol e cafestol, pode-se afirmar que um modelo baseado nos
diterpenos possui certa robustez podendo ser aplicado a amostras com diferentes
graus de torra e de defeitos.
Na validação e estudo da capacidade preditiva do modelo, observou-se
que, devido a grande variabilidade das concentrações diterpênicas nos cafés de
diferentes origens geográficas e variedades, a inclusão de mais amostras foi
necessária para um melhor ajuste. Dessa forma destaca-se a importância de
continuar o estudo da caracterização da composição diterpênica do café, uma vez
que, com banco de dados amplo, cobrindo um maior número de variedades
nacionais dos cafés arábica e conilon, permitiria a criação de um modelo mais
abrangente e com maior capacidade preditiva.
64
VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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73
ANEXOS
74
ANEXO 1. Esquema empregado para análise de variância para parcela
subdividida de caveol em amostra com maior número de defeitos.
Causa de
variação
Graus de
liberdade
Soma de
quadrados
Quadrado
médio
Fc Pr>Fc
Repetição 1 1748,03 1748,03 3,39 0,1393
Espécie
(parcela)
4 2033039,13 508259,78 986,37 0,0000
Resíduo 1 4 2061,13 515,28
Torra (sub-
parcela)
2 146984,07 73942,03 115,13 0,0000
Interação
espécie x
torra
8 85779,27 10722,41 16,80 0,0001
Resíduo 2 10 6383,33 638,33
Total 29 2275994,97
CV 1 (%) (parcelas) = 4,92
CV 2 (%) (sub-parcelas) = 5,47
Média geral = 461,63 Número de observações = 30
75
ANEXO 2. Caracterização de umidade e cor das misturas.
TABELA 1 – Umidade* (g/100 g) das misturas de cafés arábica (A1, A2, A3, A4, A5,
A6) e conilon (C1, C2 e C3) submetidos a diferentes torras.
Mistura
A3/C3
20% 40%
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
2,9 ± 0,0 2,2 ± 0,0 2,1 ±0,1 2,8 ±0,0 2,2 ± 0,1 2,2 ± 0,1
Mistura
A5/A6
com C3
0% C3 40% C3
% de A6
10% 20% 30% 10% 20% 30%
2,6 ± 0,1 2,6 ± 0,1 2,6 ± 0,0 2,5 ± 0,0 2,4 ± 0,1 2,4 ± 0,0
*Média ± desvio padrão de duplicata.
Mistura A1 / C1 A2/C2
Espécie /
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
20%
3,4 ± 0,0 1,8 ± 0,1 2,2 ± 0,1 1,9 ± 0,1 1,4 ± 0,1 1,8 ± 0,1
30%
3,4 ± 0,0 2,0 ± 0,1 2,1 ± 0,1 1,9 ± 0,1 1,4 ± 0,1 1,7 ± 0,1
50%
3,6 ± 0,0 2,2 ± 0,1 1,9 ± 0,1 1,8 ± 0,1 1,4 ± 0,1 1,6 ± 0,1
Mistura A1 / C2 A2 / C1
Espécie /
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
20%
2,9 ± 0,0 1,5 ± 0,1 2,1 ± 0,0 2,4 ± 0,1 1,7 ± 0,1 1,9 ± 0,1
30%
2,7 ± 0,0 1,5 ± 0,1 2,0 ± 0,0 2,6 ± 0,1 1,9 ± 0,1 1,8 ± 0,1
50%
2,4 ± 0,0 1,4 ± 0,1 1,8 ± 0,0 3,0 ± 0,1 2,2 ± 0,1 1,7 ± 0,1
76
TABELA 2 – Luminosidade* das misturas de cafés arábica (A1, A2, A3, A4, A5, A6)
e conilon (C1, C2 e C3) submetidos a diferentes torras.
Mistura A1 / C1 A2 / C2
Espécie /
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
20%
29,4 ± 0,4 23,0 ± 0,5 16,1 ± 0,5 32,1 ± 0,3 22,8 ± 0,2 16,8 ± 0,1
30%
29,6 ± 0,3 24,7 ± 0,2 15,9 ± 0,4 31,4 ± 0,4 24,5 ± 0,4 15,0 ± 0,4
50%
30,8 ± 0,5 24,7 ± 0,4 17,2 ± 0,8 32,0 ± 0,4 23,1 ± 0,1 15,0 ± 0,1
Mistura A1 / C2 A2 / C1
Espécie /
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
20%
31,6 ± 0,4 21,3 ± 0,2 16,0 ± 0,5 30,9 ± 0,5 25,9 ± 0,5 17,1 ± 0,3
30%
31,4 ± 0,3 21,2 ± 0,2 15,3 ± 0,3 31,8 ± 0,1 26,6 ± 0,3 16,7 ± 0,1
50%
30,3 ± 0,7 22,5 ± 0,2 15,4 ± 0,5 33,6 ± 0,3 28,9 ± 0,4 16,6 ± 0,2
Mistura
A5/A6
com C3
0% C3 40% C3
% de A6
10% 20% 30% 10% 20% 30%
26,5 ± 25,2 ± 25,0 ± 26,5 ± 25,2 ± 28,5 ±
*Média ± desvio padrão de duplicata.
Mistura
A3/C3
20% 40%
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
30,3 ± 23,2 ± 17,8 ± 28,7 ± 28,6 ± 21,0 ±
77
TABELA 3 – Tonalidade cromática* das misturas de cafés arábica (A1, A2, A3, A4,
A5, A6) e conilon (C1, C2 e C3) A1 e A2) submetidos a diferentes torras.
Mistura A1 / C1 A2 / C2
Espécie /
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
20%
64,7 ± 0,8 58,1 ± 0,8 50,1 ± 2,1 64,3 ± 1,2 58,0 ± 1,1 49,5 ± 1,0
30%
65,1 ± 1,0 58,2 ± 1,0 50,4 ± 0,3 65,0 ± 0,3 58,9 ± 0,7 47,0 ± 1,4
50%
66,2 ± 0,4 59,9 ± 0,4 52,3 ± 1,1 65,2 ± 0,9 61,1 ± 0,6 51,1 ± 1,3
Mistura A1 / C2 A2 / C1
Espécie /
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
20%
64,4 ± 1,1 58,9± 3,3 50,4 ± 1,0 64,5 ± 2,0 60,0 ± 0,8 53,1 ± 1,3
30%
64,7 ± 1,1 59,2 ± 0,5 50,8 ± 0,5 65,0 ± 0,8 59,0 ± 1,2 51,0 ± 1,1
50%
64,8 ± 0,6 59,7 ± 2,1 51,1 ± 0,5 65,9 ± 1,1 60,9 ± 1,3 53,3 ± 0,7
Mistura
A3/C3
20% 40%
Torra
Clara Média Escura Clara Média Escura
66,5 ± 0,7 63,9 ± 0,5 59,9 ± 0,2 67,1 ± 0,5 63,4 ± 0,4 57,6 ± 0,1
Mistura
A5/A6
com C3
0% C3 40% C3
% de A6
10% 20% 30% 10% 20% 30%
60,0 ± 0,6 62,5 ± 0,3 63,3 ± 0,3 62,6 ± 63,8 ± 64,9 ±
*Média ± desvio padrão de duplicata.
78
ANEXO 3. Análise de resíduos e estimativa dos preditos dos modelos
Resíduo x Valor Previsto
-20 0 20 40 60 80 100
Valor Previsto
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Resíduo
95% confiança
Resíduo x Valor Observado
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Observado
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Resíduo
95% confiança
Valor Observado x Valor Previsto
-20 0 20 40 60 80 100
Valor Previsto
-20
0
20
40
60
80
100
120
Valor Observado
95% confiança
Gráfico 1. Resíduos para modelo com caveol utilizando amostras A1, A2, C1, C2
e misturas: resíduo x valor previsto (A); resíduo x valor observado (B); valor
observado x valor previsto (C).
(A)
(B)
(C)
79
TABELA 4. Valores preditos para as misturas de espécies de café (A1, A2, C1 e C2)
com diferentes torras utilizando o modelo para caveol.
Amostras
Torra
Valor
observado
Valor previsto
(%)
Limite de
confiança (±
95%)
Clara
20 31 30 – 33
Média
20 30 29 – 32
A1/C2
Escura
20 34 32 – 35
Clara
20 20 19 – 21
Média
20 18 17 – 19
A2/C1
Escura
20 30 29 – 32
Clara
30 36 34 – 38
Média
30 35 33 – 36
A1/C2
Escura
30 33 31 – 34
Clara
30 29 27 – 30
Média
30 22 21 – 23
A2/C1
Escura
30 37 35 – 38
Clara
50 48 45 – 50
Média
50 54 51 – 57
A1/C2
Escura
50 46 44 – 49
Clara
50 46 44 – 49
Média
50 51 48 – 54
A2/C1
Escura
50 55 52 – 58
80
Resíduo x Valor Previsto
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Previsto
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
Resíduo
95% confiança
Resíduo x Valor Observado
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Observado
-60
-40
-20
0
20
40
60
80
Resíduo
95% confiança
Valor Observado x Valor Previsto
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Previsto
-20
0
20
40
60
80
100
120
Valor Observado
95% confiança
Gráfico 2. Resíduos para modelo com cafestol utilizando amostras A1, A2, C1,
C2 e misturas: resíduo x valor previsto (A); resíduo x valor observado (B); valor
observado x valor previsto (C).
(B)
(A)
(C)
81
TABELA 5. Valores preditos para as misturas de espécies de café (A1, A2, C1 e C2)
com diferentes torras utilizando o modelo para cafestol.
Amostras
Torra
Valor
observado
Valor previsto
(%)
Limite de
confiança (±
95%)
Clara
20 56 53 – 59
Média
20 33 31 – 34
A1/C2
Escura
20 48 45 – 50
Clara
20 19 18 – 20
Média
20 17 16 – 18
A2/C1
Escura
20 34 32 – 35
Clara
30 42 40 – 44
Média
30 46 44 – 48
A1/C2
Escura
30 42 40 – 44
Clara
30 22 21 – 23
Média
30 21 20 – 22
A2/C1
Escura
30 38 36 – 39
Clara
50 52 49 – 55
Média
50 91 86 – 95
A1/C2
Escura
50 58 55 – 61
Clara
50 31 29 – 32
Média
50 38 36 – 40
A2/C1
Escura
50 37 35 – 39
82
Resíduo x Valor Previsto
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Predito
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Resíduo
95% confiança
Resíduo x Valor Observado
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Observado
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Resíduo
95% confiança
Valor Observado x Valor Previsto
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Previsto
-20
0
20
40
60
80
100
120
Valor Observado
95% confiança
Gráfico 3. Resíduos para modelo com caveol e cafestol utilizando amostras A1,
A2, C1, C2 e misturas: resíduo x valor previsto (A); resíduo x valor observado (B);
valor observado x valor previsto (C).
(A)
(B)
(C)
83
TABELA 6. Valores preditos para as misturas de espécies de café (A1, A2, C1 e C2)
com diferentes torras utilizando o modelo para caveol e cafestol.
Amostras
Torra
Valor
observado
Valor previsto
(%)
Limite de
confiança (±
95%)
Clara
20 24 23 – 26
Média
20 29 28 – 31
A1/C2
Escura
20 24 22 – 25
Clara
20 22 21 – 23
Média
20 21 20 – 22
A2/C1
Escura
20 30 29 – 32
Clara
30 34 33 – 36
Média
30 31 30 – 33
A1/C2
Escura
30 30 29 – 32
Clara
30 33 31 – 34
Média
30 24 23 – 25
A2/C1
Escura
30 37 35 – 38
Clara
50 45 43 – 48
Média
50 40 38 – 42
A1/C2
Escura
50 49 47 – 51
Clara
50 51 48 – 53
Média
50 54 51 – 57
A2/C1
Escura
50 59 56 – 62
84
Resíduo x Valor Observado
-20 0 20 40 60 80 100 120
Valor Observado
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Resíduo
95% confiança
Gráfico 4. Resíduos x valor observado para modelo multilinear (caveol e cafestol)
utilizando amostras A1, A2, A3, C1, C2, C3 e misturas.
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