A Paisagem de Rios Urbanos. A presença do Rio Itajaí-Açu na cidade de Blumenau.
Capítulo 2 – Referencial Teórico
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Franco (1997, p. 136) diz que a paisagem deve ser entendida como um
sistema ecológico onde a topografia, o tipo de solos, a vegetação, a fauna, o clima e
também as intervenções antrópicas são elementos fundamentais. Essa classificação
deve estar correlacionada com a geologia, a geomorfologia e o clima. Para a autora,
as diferentes partes desse sistema de paisagem constituem as unidades de
paisagem que estão mais relacionadas com a escala de percepção humana.
Um dos elementos básicos da configuração do desenho da paisagem urbana
é o espaço livre - ruas, praças, largos, pátios, quintais, parques, jardins, terrenos
baldios, corredores externos, vilas, vielas e outros, onde são desenvolvidas as
atividades de trabalho e lazer (MACEDO, 1995, p. 16). Porém, a paisagem é
também constituída “pelo relevo, pelas águas, construções, estradas, formas de
propriedade do solo, ações humanas decorrentes (como plantios e edificações) e,
finalmente, pelo comportamento (individual e coletivo) dos seres humanos”
(MACEDO, 1999, p.15).
A qualidade dos espaços livres urbanos está vinculada à sua utilização pelo
público. Quanto mais e melhor possa ser utilizado, desde que devidamente mantido,
maior será sua aceitação social e por mais tempo será mantida a sua identidade
morfológica. Para Leite (1994, p. 49), a paisagem pode ser identificada a partir de
relações econômicas e naturais, mas seu processo de qualificações parte de
critérios de enorme poder subjetivo, ligados, em particular, ao desenvolvimento
cultural da sociedade.
Na cidade, ocorrem mudanças em termos de economia, política, relações
sociais e também no âmbito espacial, com adaptação às novas exigências e
características da sociedade. Isto explica a existência de várias cidades dentro de
uma cidade: diferenças arquitetônicas, de usos, de cores, de tempos, de
intensidade, de movimentos, de desigualdades e contradições (CARLOS, 1992).
Nas palavras de Rodrigues (1986, p. 14), “o espaço urbano é, por excelência, o
espaço do confronto de interesses, do processo histórico de definição dos direitos do
indivíduo e da coletividade, permanentemente escrito e reescrito na arquitetura da
cidade”.
Com essas transformações torna-se necessário o desenho urbano, que é
um processo de planejamento urbano que “trata a dimensão físico-ambiental da
cidade, enquanto conjunto de sistemas físico-espaciais e sistemas de atividades que
interagem com a população através de suas vivências, percepções e ações