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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo
ECOVILAS: UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO DA SUSTENTABILIDADE
Dissertação de Mestrado
PAULA MIYUKI AOKI BISSOLOTTI
Florianópolis
2004
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PAULA MIYUKI AOKI BISSOLOTTI
ECOVILAS: UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO DA SUSTENTABILIDADE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Orientador: Alina Gonçalves Santiago, Dra.
Co-orientador: Roberto de Oliveira, PhD.
Florianópolis, dezembro, 2004.
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III
FOLHA de aprovação
Paula Miyuki Aoki Bissolotti
ECOVILAS: UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA SUSTENTABILIDADE
Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura
e Urbanismo, área de concentração Projeto e Tecnologia do Ambiente Construído, linha de
pesquisa Desenho Urbano e Paisagem e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-
Graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 16 de dezembro de 2004.
Profª Sônia Afonso, Arquiteto, Dra.
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Banca Examinadora:
Profª Alina Gonçalves Santiago, Profº Roberto de Oliveira,
Arquiteto, Dra (Orientadora) Engenheiro Civil, PhD (Co-orientador)
Profº Juan Antonio Zapatel, Arquiteto, PhD
Profª Marta Dischinger, Arquiteto, Dra
Profº Wilson Jesus da Cunha Silveira, Arquiteto, Dr.
IV
Dedico este trabalho a meu filho Gabriel,
à todas as gerações futuras deste planeta
e à Presença Divina de toda a humanidade.
V
AGRADECIMENTOS
O percurso desse trabalho, suas dificuldades e motivações não podem ser desvinculadas
do grande Arquiteto do Universo, que me auxilou em todos os momentos, me orientando e
acalentando e tornando possível a conclusão deste trabalho.
Agradeço à minha amiga e orientadora Alina Gonçalves Santiago pelas orientações e
pela mão sempre estendida e ao Profº Roberto de Oliveira pela co-orientação e por acreditar
nesta pesquisa.
Meus agradecimentos se estende aos professores Marta Dischinger e Juan Antonio
Zapatel pelas enormes contribuições à pesquisa.
Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro à minha pesquisa de campo, à ecovila
Fundação Terra Mirim pelas informações prestadas e à May East pelo auxílio na compreensão
do viver em ecovila.
Agradeço especialmente a meus pais pelo apoio no meu caminho, à meu marido Fábio
pela paciência, carinho e ajuda nas traduções, aos meus familiares: Marilene Spalato Bissolotti
e Flávio Bissolotti pelo auxílio na revisão e diagramação deste trabalho e à Eliane Maria da
Silva e Silda Ern eternas amigas do meu caminho.
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
VI
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS VIII
LISTA DE GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS IX
LISTA DE ABREVIATURAS X
RESUMO XI
ABSTRACT XII
1. INTRODUÇÃO 13
2. BASES TEÓRICAS 19
2.1 CONCEITO DE ECOVILAS 20
2.1.1 Evolução das Ecovilas 21
2.1.2 Ecovilas no Mundo 23
2.1.3 Ecovilas no Brasil 27
2.2 SUSTENTABILIDADE 30
2.2.1 Evolução do Conceito de Sustentabilidade 30
2.2.2 Desafios da sustentabilidade 34
2.2.3 Os desafios da sustentabilidade nas cidades brasileiras 35
2.2.3 O conceito de sustentabilidade aplicado às Ecovilas 38
2.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL 44
2.4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 47
2.4.1 Dimensões 49
2.4.2 Atributos 51
2.4.3 Grau de Satisfação Relativa (GSR) 53
2.4.3 Fatores Críticos do Sucesso (FCS) 54
3. ÁREA ESTUDADA 56
3.1 ESCOLHA DA ECOVILA 57
3.2 A CIDADE: SIMÕES FILHO 57
3.2.1 Evolução da Expansão Urbana de Simões Filho 60
3.2.2 Aspectos Geológicos e Climatológicos de Simões Filho 61
3.3 a ECOVILA e sua História 62
3.4 Localização Espacial 63
3.5 ASPECTOS FÍSICOS 63
3.5.1 Área Comum 65
3.5.2 Condomínios Residenciais 66
3.6 Diretrizes e Políticas da Ecovila 67
3.7 Programas, Projetos E EVENTOS 68
4. METODOLOGIA 70
4.1 O Método 71
4.2 Levantamento QUANTITATIVO 72
4.2.1 Matriz de Avaliação 74
4.2.2 Levantamentos via Questionário Preliminar e Questionário Definitivo 76
4.2.3 Roteiro para Elaboração dos Questionários 77
4.2.4 Conteúdo dos Questionários 79
4.2.6 Elaboração das Intersecções 80
4.2.7 Questionário Preliminar de Pesquisa (pré-teste) 82
4.2.8 Questionário de Pesquisa 83
4.3 Cálculo do Grau de Satisfação Relativa (GSR) 84
4.3.1 Exemplo de Cálculo do GSR para um morador 84
4.3.2 Interpretação do Grau de Satisfação Relativa (GSR) 88
4.4 Fatores Críticos do Sucesso (FCS) 89
5 RESULTADOS E ANÁLISES 91
5.1 Dados sócio-econômicos 92
5.2 A Sustentabilidade na Ecovila 94
5.2.1 Grau de Satisfação Relativa e Fatores Críticos do Sucesso 95
5.2.2 Áreas de Maior Satisfação 97
5.2.3 Áreas de Média Satisfação 102
5.2.4 Áreas de Menor Satisfação (Fatores Críticos do Sucesso) 105
6 CONCLUSÕES 111
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 112
Referências Bibliográficas 119
APÊNDICES 125
Apêndice A: Questionário Preliminar de Pesquisa 126
Apêndice B: Questionário Definitivo 129
Apêndice C : Tabela- Questões relacionando a Dimensão Abrigo e a
Sustentabilidade Ecológica 133
Apêndice D: Tabela- Questões relacionando a Dimensão Acesso e a
Sustentabilidade Ecológica 134
Apêndice E: Tabela- Questões relacionando a Dimensão Ocupação e a
Sustentabilidade Ecológica 135
Apêndice F: Tabela- Questões relacionando a Atributo Ambiental e a
Sustentabilidade Ecológica 136
Apêndice G : Tabela- Questões relacionando a Atributo Simbólico e a
Sustentabilidade Ecológica 137
Apêndice H: Tabela- Questões relacionando o Atributo Técnico com
Sustentabilidade Ecológica 138
Apêndice I: Tabela- Questões relacionando o Atributo Humano
e a Sustentabilidade Ecológica 139
Apêndice J: Tabela Questões relacionando a Atributo Econômico
e a Sustentabilidade Ecológica 140
Apêndice K: Tabela- Questões relacionando a Atributo Social
e a Sustentabilidade Ecológica 141
Apêndice L: Tabela- Notas atribuídas pelos moradores
ao questionário de pesquisa 142
Apêndice M: Gráficos- Freqüência das questões individuais 143
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
VII
SUMÁRIO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 01- Ecovila de Los Angeles 21
Figura 02 – Jardim da Ecovila de Findhorn 21
Figura 03 – Ecovila de Findhorn 21
Figura 04 – Construção de Telhado de Palha 23
Figura 05 – Ecovila Colufifa 24
Figura 06 – Matrimandir 24
Figura 07 – Vitral do Templo da Humanidade 25
Figura 08- Casas feitas a partir de barris de whisky 25
Figura 09 – Ecovila Huehuecoyotl 26
Figura 10 – Mutirão para construção de residências 28
Figura 11 Lago de águas servidas 29
Figura 12 – Telhados Verdes 41
Figura 13 – Localização da Área em estudo: Estado, Município e Comunidade
Situação Sem Escala 60
Figura 14 – Refeitório 63
Figura 15 – Implantação da Comunidade 64
Figura 16 Ambiental 65
Figura 17 – Casa do recolhimento e casa das artes 65
Figura 18 – Casa do Sol 65
Figura 19 – Reuniões 65
Figura 20 Jardim de ervas 65
Figura 21 Templo do ar 65
Figura 22 Templo da água 65
Figura 23 – Construção condenada 66
Figura 24 Vista da Fundação para o condomínio 66
Figura 25 – Residência 66
Figura 26 – Residência 66
Figura 27 – Residência 66
Figura 28 – Residência 67
Figura 29 – Residência 67
Figura 30 – Residência 67
Figura 31 – Escola 68
Figura 32 – Rio Itamboatá 68
Figura 33 – Rio Itamboatá 68
Figura 34 – Chalé para hóspedes 69
Figura 35 Adaptação de Organograma 71
Figura 36 Adaptação do Fluxograma do Método 73
Figura 37: Fluxograma – Roteiro para Elaboração dos Questionários 78
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
IX
Figura 38: Chalé 100
Figura 39: Interno chalé 100
Figura 40 – Vista dos chalés e da Lagoa 109
Figura 41 – Drenagem 109
Figura 42 – Passarela de acesso de pedestres 110
LISTA DE GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS
Quadro 01- Principais elementos da degradação ambiental 32
Quadro 02: Exemplos de satisfação do usuário com a habitação
englobando as dimensões abrigo, acesso e ocupação. 50
Tabela 01: Relação entre os níveis de sustentabilidade e os atributos
e dimensões. Matriz de avaliação com o grau de satisfação relativa. 74
Tabela 02: Relação entre a sustentabilidade ecológica e os atributos
e dimensões. Matriz de avaliação com o grau de satisfação relativa. 75
Tabela 03: Fator comum das intersecções entre dimensões/atributos
e a sustentabilidade ecológica. 76
Tabela 04: GSR para o morador 01. 88
Tabela 05: Matriz de avaliação com os GSR dos moradores 1 a 11,
os GSR médios e a média final 96
Gráficos 01 e 02: Resultados obtidos com a aplicação do questionário
definitivo: Quanto ao sexo dos usuários e o tamanho das famílias. 92
Gráficos 03 e 04: Resultados obtidos com a aplicação do questionário
definitivo: Quanto ao tamanho e ao material construtivo das residências. 93
Gráfico 05: Forma de deslocamento. 93
Gráficos 06 e 07: Resultados obtidos com a aplicação do questionário
definitivo: Quanto ao tempo de moradia e a cidade de origem dos usuários. 94
Gráfico 08: Desempenho geral do questionário de pesquisa. 94
Gráfico 09: Freqüência para o atributo social. 97
Gráfico 10: Freqüência para a dimensão abrigo. 99
Gráfico 11: Freqüência para o atributo humano. 101
Gráfico 12: Freqüência para a dimensão acesso. 103
Gráfico 13: Freqüência para a atributo ambiental. 104
Gráfico 14: Freqüência para a atributo simbólico. 105
Gráfico 15: Freqüência para o atributo econômico. 106
Gráfico 16: Freqüência para a dimensão ocupação. 107
Gráfico 17: Freqüência para a atributo técnico. 109
LISTA DE FIGURAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
X
LISTA DE ABREVIATURAS
AAM - Atributo Ambiental (AAM)
ABRA 144 - Aldeia Bioregional Amazônica
AEC - Atributo Econômico
AHU - Atributo Humano
AMVCM - Associação dos Moradores do Mapiá
APA - Área de Proteção Ambiental
APO - Avaliação Pós-Ocupação
ASI - Atributo Simbólico
ASO - Atributo Social
ATE - Atributo Técnico
DAB - Dimensão Abrigo
DAC - Dimensão Acesso
DOC - Dimensão Ocupação
EC - Sustentabilidade Ecológica
ENA - Ecovillage Network of the Americas
FCS - Fatores Críticos do Sucesso
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Serrado
GEN - Global Ecovillage Network
GSR - Grau de Satisfação Relativa
GSR
EC x AAM
- GSR com a Atributo Ambiental x SustentabilidadeEcológica
GSR
EC x AEC
- GSR com a Atributo Econômico x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x AHU
- GSR com a Atributo Humano x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x ASI
- GSR com a Atributo Simbólico x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x ASO
- GSR com a Atributo Social x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x ATE
- GSR com a Atributo Técnico x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x DAB
- GSR com a Dimensão Abrigo x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x DAC
- GSR com a Dimensão Acesso x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x DOC
- GSR com a Dimeno Ocupação x Sustentabilidade Ecológica
ONU - Organização das Nações Unidas
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura
LISTA DE ABREVIATURAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
XI
RESUMO
BISSOLOTTI, Paula Miyuki Aoki. Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desem-
penho da Sustentabilidade. Florianópolis, 2004. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e
Urbanismo) Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal
de Santa Catarina.
A sustentabilidade norteia as atividades de uma ecovila, desde sua concepção, implanta-
ção, uso e gerenciamento. Este estudo expõe um método de avaliação de desempenho, que foi
adaptado para esses assentamentos, para avaliar os graus de sustentabilidade alcançados pelos
mesmos. Essas comunidades esforçam-se em busca de um modo de vida sustentável, onde os
moradores possam ter mais harmonia com os outros e com a natureza. O texto aborda a sus-
tentabilidade ecológica aplicada às ecovilas, os conceitos de desempenhos simbólico, humano,
técnico, ambiental, econômico, social e as dimensões abrigo, acesso e ocupação, o Grau de
Satisfação Relativa e os Fatores Críticos do Sucesso. O método foi aplicado em uma ecovila
para avaliar a satisfação do usuário quanto à sustentabilidade e gerenciamento do assentamen-
to. A partir desse estudo é possível verificar a real situação da sustentabilidade das ecovilas,
objetivando-se aplicar os conceitos citados como parâmetros de avaliação de desempenho e
gerenciamento dessas comunidades.
RESUMO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
XII
ABSTRACT
BISSOLOTTI, Paula Miyuki Aoki. Ecovillages: A Sustainability Evaluation Method.
Florianópolis, 2004. Dissertation Tesis (Master´s Degree in Architecture and Urbanism) Post-
Graduate program in Architecture and Urbanism, Universidade Federal de Santa Catarina.
Sustainability guides the activities in ecovillages beginning from its conception, implanta-
tion, use and management. This study shows a performance evaluation methodology, which was
adapted to these settlements, to measure the sustainability levels reached by them. These com-
munities incite to look for a sustainable way of living, giving to the dwellers harmony between
people and the nature. This work deals with ecologic sustainability applied to ecovillages, the
symbolic, human, technical, environment, economic and social performances, shelter, access and
occupation kinds of dimensions, the Relative Satisfaction Degree and Critical Success Factors.
The method was applied in an ecovillage to evaluate the user satisfaction to the sustainability and
settlement management. From this study is possible to verify the real situation of the ecovillages
sustainability, due to set the mentioned concepts leading the performance evaluation and manage-
ment of those communities.
ABSTRACT
13
1 INTRODUÇÃO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
14
1. INTRODUÇÃO
O século XX foi caracterizado por muitas mudanças para a humanidade. Ao lado do
grande desenvolvimento da tecnologia e da indústria houve um processo de intensa urbaniza-
ção, que nem sempre ocorreu de maneira ordenada. As cidades crescem de foma mais rápida e
compulsiva do que as áreas rurais, influenciando diretamente no microclima pela demanda de
energia e recursos naturais que exigem, além de apresentarem algumas características, como
forte impermeabilização do solo, abundância de materiais altamente refletores, absorventes e
transmissores de energia além de reduzida cobertura vegetal.
O excessivo consumo de energia e matéria com correspondente geração de resíduos,
poluição atmosférica, hídrica, sonora e visual, afetam e interferem negativamente no ambiente
urbano, na qualidade de vida de suas populações e atuam de forma local e regional (HOUGH,
1995). Os problemas urbanos remontam às cidades antigas e se alteram segundo à toxici-
dade, ao grau e à persistência de novos contaminantes e à extensão da terra que está agora
urbanizada. Esses fatos sobrepõem-se na maneira como a cidade é percebida e continua a afe-
tar o modo como ela é construída. Tais questões são tratadas como fenômenos isolados e não
como se fossem interligados e resultantes de intervenções humanas sem considerações com os
processos da natureza.
A natureza tem sido vista como um embelezamento superficial e não como integrante
essencial da paisagem. A cidade, sua periferia e o campo precisam ser vistos como um único
sistema em evolução dentro da natureza e o poder social da natureza deve ser aproveitado, em
vez de combatido (SPIRN, 1995, p. 21).
Esse panorama insustentável das cidades levou algumas comunidades a se organizar e
formar o conceito de ecovila, na tentativa de promover uma nova forma de viver a seus morado-
res. Essas comunidades surgiram, através do exercício de uma consciência regional e local; uma
estragia de equilíbrio entre as disfuões de uma economia mundializada, na qual os valores
humanos e ambientais são esquecidos. Esses assentamentos visam a preservação da natureza, a
aproximão do ambiente construído com a paisagem natural e o bem-estar do cidao.
A sustentabilidade norteia as atividades de uma ecovila, desde sua concepção, até
sua implantação, uso e gerenciamento. A partir desse panorama, ressalta-se a necessidade de
1 INTRODUÇÃO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
15
investigar o conceito de ecovila, a sustentabilidade nos assentamentos e analisá-los, a fim de
auxiliar seu gerenciamento e uso, partindo da seguinte questão: “como avaliar a sustentabili-
dade nas ecovilas?”
Como resposta à pergunta citada surge a hipótese principal que é: “através da utiliza-
ção de um método de avaliação de desempenho do ambiente e da sustentabilidade é possível
analisar a satisfação do usuário com o ambiente em estudo, gerando índices capazes de auxi-
liar os assentamentos para a manutenção e melhoria da sustentabilidade nas ecovilas”.
Esse trabalho procura preencher esta lacuna existente através da avaliação do desempe-
nho sob a ótica do usuário. Neste sentido o objetivo geral desta pesquisa consiste em “elaborar
um método de avaliação de desempenho para a análise da sustentabilidade nas ecovilas”.
Para alcançar esse objetivo principal foram estabelecidas perguntas e hipóteses secun-
dárias. As perguntas secundárias são:
Como entender os níveis de sustentabilidade defendidos pelas ecovilas?
Como avaliar os fatores favoráveis (positivos) e desfavoráveis (negativos) na susten-
tabilidade das ecovilas?
Como avaliar se os conceitos de ecovila e sustentabilidade estão incorporados pelos
membros da comunidade?
As respostas a essas perguntas secundárias são as hipóteses secundárias, que são, res-
pectivamente:
É possível entender os vários níveis de sustentabilidade das ecovilas através dos seus
conceitos e da análise histórica sobre o processo de formação dos assentamentos.
Acredita-se que, na opinião dos usuários, as dimensões, atributos que possuírem os
menores desempenhos são os fatores que se destacam como negativos na sustentabilidade
do assentamento. as dimensões, atributos que possuírem os maiores desempenhos são os
aspectos mais favoráveis na ecovila.
É possível avaliar a incorporação dos conceitos de ecovila e sustentabilidade pelos
membros da comunidade através da confrontação entre a observação técnica do pesquidor no
local com as respostas dadas pelos moradores à pesquisa via questionário.
Assim, pretende-se alcançar os seguintes objetivos específicos:
1 INTRODUÇÃO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
16
Compreender o conceito de ecovilas;
Refletir sobre os níveis de sustentabilidade propostos pelas ecovilas;
Compreender os conceitos de atributos e dimensões;
Analisar o Grau de Satisfação Relativa do morador com o ambiente;
Apontar os aspectos positivos e negativos do assentamento através dos Fatores Críticos
do Sucesso.
Este trabalho abrange muitos conceitos e princípios que compõem uma fundamentação
teórica ampla e complexa. A percepção ambiental e a sustentabilidade por si são temas em
constante evolução. Portanto, a pesquisa não propõe uma análise desses temas em sua totali-
dade, abordando somente seus conceitos.
A sustentabilidade aplicada às ecovilas engloba três níveis: ecológica, social/comu-
nitária e cultural/espiritual. Esses níveis também estão em constante processo de evolução e
adaptação. Dessa forma, levando em conta as questões temporais da pesquisa de campo como
o tempo das entrevistas e tamanho dos questionários, este trabalho se limita a avaliar somente
a sustentabilidade ecológica, priorizando as informações desse setor como as mais relevantes
neste trabalho. Este fato propicia a continuidade desta pesquisa em estudos futuros, possibili-
tando sua evolução.
No que se refere às entrevistas, o pesquisador se deparou com um fato que dificultou a
obtenção dos questionários. Ou seja, a maior parte dos moradores da ecovila preferiu que, ao
invés do questionário ser aplicado individualmente, fosse primeiramente explicado em forma
de seminário pelo pesquisador à toda comunidade. Isso posto, os moradores também optaram
por refletir um pouco mais sobre cada questão, levando consigo os questionários e comprome-
tendo-se a devolvê-los em data posterior. Entretanto alguns questionários não foram devolvi-
dos, limitando a abrangência da pesquisa que tinha como proposta trabalhar com a aplicação
na população total da comunidade. Mesmo assim os resultados obtidos foram representativos,
atendendo plenamente aos objetivos desse trabalho.
A pesquisa foi estruturada em duas partes para uma melhor abordagem do tema apresentado:
1 INTRODUÇÃO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
17
A primeira refere-se às bases teóricas que fundamenta toda a pesquisa e se encontra
num único capítulo que se subdivide em três partes.
- A primeira parte desse capítulo refere-se ao conceito, histórico e os desafios das ecovi-
las com exemplos de comunidades no mundo e no Brasil.
- A segunda parte trata do conceito de sustentabilidade, seus desafios e algumas estra-
tégias para a sustentabilidade nas cidades brasileiras. Essa parte também aborda a referência
desse conceito para as ecovilas colocando os três níveis de sustentabilidade propostos pelas
comunidades.
- Como o método utilizado nesse trabalho parte da avaliação de desempenho sob o ponto de
vista do usuário, é necessário que se fa uma abordagem sobre a perceão ambiental e medida
de desempenho. É disso que trata a terceira parte desse capítulo. Aborda a percepção ambiental,
os conceitos de atributos, dimensões, medida de desempenho, Grau de Satisfação Relativa (GSR)
do usuário e Fatores Críticos do Sucesso (FCS). O trabalho procura fornecer essa base teórica
para o desenvolvimento do método a ser utilizado na avaliação da área estudada.
Na segunda fase, o trabalho expõe a comunidade estudada, o método a ser utilizado
para a avaliação de desempenho da ecovila e as análises da pesquisa e recomendações. Essa
parte do trabalho engloba quatro capítulos, sendo o terceiro capítulo subdividido em duas par-
tes, conforme descritos a seguir:
- A primeira parte do terceiro capítulo expõe o histórico da cidade de Simões Filho,
região metropolitana de Salvador-BA, onde está localizada a comunidade estudada. A segun-
da parte desse capítulo é dedicado a apresentar a ecovila Fundação Terra Mirim, com suas
características físico-geográficas, seu histórico, as diretrizes e políticas que norteiam a ecovila
e seus principais programas, projetos e eventos.
- O quarto capítulo trata da metodologia utilizada na pesquisa que parte de um método
existente para avaliação de ambientes urbanos. Esse método foi adaptado para as ecovilas,
incorporando a sustentabilidade na avaliação de desempenho do estudo de caso.
- O quinto capítulo apresenta a análise dos dados da aplicação dos questionários preli-
minar e de pesquisa através das interpretações do Grau de Satisfação Relativa e dos Fatores
Críticos do Sucesso.
1 INTRODUÇÃO
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
18
- O sexto e último capítulo conclui a pesquisa e faz recomendações para futuros trabalhos.
O trabalho se justifica na medida em que parte de uma metodologia existente de avalia-
ção de ambientes urbanos para o desenvolvimento de um método a ser aplicado nas ecovilas. O
método existente engloba os conceitos de atributos e dimensões e para a aplicação nas ecovilas
essa metodologia foi adaptada incorporando a sustentabilidade, aproximando o campo científi-
co do campo empírico dos assentamentos. Desta forma foi possível desenvolver um método de
avaliação de desempenho e avaliar a sustentabilidade alcançada pela aplicação desse método
em uma comunidade, auxiliando o gerenciamento desse e de qualquer outro ambiente, tais
como: ecovilas, comunidades sustentáveis, bairros e cidades.
1 INTRODUÇÃO
19
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
20
2.1 CONCEITO DE ECOVILAS
As ecovilas englobam um modo de vida embasado em um profundo entendimento de
que todos os seres e todas as coisas estão interconectados e que os valores e ações da sociedade
causam, de alguma forma, impacto sobre o meio ambiente. São comunidades que se esforçam
na direção da sustentabilidade e propõem uma nova estrutura social que vai além da dicotomia
entre os assentamentos urbanos e rurais. (JACKSON & SVESSON, 2002: 10). Representam
um modelo flexível, aplicável em qualquer desses ambientes independente de país, região,
clima ou ecossistema (BRAUN, 2001:40).
Segundo Soares (2002):
... uma ecovila é um assentamento completo, de proporções humanamente
manejáveis, que integre as atividades humanas no ambiente natural sem
degradação, e que sustente o desenvolvimento humano saudável de forma
contínua e permanente.
Para Braun (2001:39):
As ecovilas são comunidades intencionais baseadas num modelo ecológico
que focaliza a integração das questões culturais e socioeconômicas como
parte de um processo de crescimento espiritual compartilhado.
São comunidades que se esforçam na direção da sustentabilidade e propõem uma nova
estrutura social que vai além da dicotomia entre os assentamentos urbanos e rurais. (JACKSON
& SVESSON, 2002, p.10). Representam um modelo flexível, aplicável em qualquer desses
ambientes independente de país, região, clima ou ecossistema (BRAUN, 2001, p. 40).
As ecovilas têm sido implementadas por grupos espalhados pelo planeta e muitas vezes con-
tam com recursos limitados e mínimo apoio institucional ou governamental. Podem ser construí-
das com as finalidades descritas acima, ou para ocuparem lugares ispitos como, por exemplo,
a ecovila de Los Angeles (instalada em um bairro violento; vide figura 01) e algumas ecovilas na
Alemanha implantadas em extintos campos de concentração. Também podem estar em meio à
natureza, como o caso da Fundação Findhorn, Escócia, conforme mostram as figuras 02 e 03.
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
21
Por serem, as ecovilas, na maioria
das vezes, de iniciativa dos cidadãos e não
dependerem economicamente do Estado para
sua implantação mostram que a força de von-
tade de cidadãos comuns alterou, de forma
significativa, o modo de viver e observar a
natureza, através do respeito e da convivência
harmônica com o meio ambiente.
As ecovilas são um produto das forças
sociais, políticas, econômicas, intrincadas nos ambientes rural ou urbano contemporâneo e
também podem ser espirituais, espontâneas, informais, criativas, experimentais e inclusivas.
São pontuais, porém uma implementação de várias comunidades intrincadas numa rede e
inter-relacionadas no espaço urbano podem representar uma resposta ao possível planejamento
sustentável (EAST, 2002: 03).
2.1.1 Evolução das Ecovilas
Após a Segunda Guerra Mundial, as novas formas de se pensar sobre fontes de energias
renováveis surgiram em pesquisas de energias eólicas, solar e térmica em contraponto ao uso
de energia nuclear. Esses tempos foram de otimismo na ciência e tecnologia, onde a natureza
deveria estar à disposição da ciência para uma maior eficácia de seu uso para a humanidade.
(RUANO, 1999, p.08)
Figura 01- Ecovila de Los Angeles
Fonte: LOS ANGELES ECOVILLAGE, 2002
Figura 03 – Ecovila de Findhorn
Fonte: FINDHORN FOUNDATION, 2002
Figura 02 – Jardim da Ecovila de Findhorn
Fonte: FINDHORN FOUNDATION, 2002
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
22
No final dos anos 60 surgiu o movimento hippie de negação da sociedade de consumo,
pregando o retorno à natureza, com inspiração nas culturas orientais baseado na harmonia das
pessoas, onde a natureza é considerada essencial para o bem estar humano.
A crise do petróleo dos anos 70 retomou os pensamentos sobre energias renováveis não-
fósseis. Desde eno a palavra ecologia tem sido muito utilizada nos meios de comunicação e
despontou na sociedade o início de uma conscientização ambiental (RUANO, 1999, p.08-09).
Nesse peodo surgiram as comunidades alternativas. Muitas não progrediram pela falta de pre-
paro dos seus membros e principalmente pelas dificuldades na harmonização de conflitos entre
os moradores. Algumas perduram até hoje, amadurecidas, com uma nova visão e dimensão.
O conceito de ecovilas como movimento ecológico, político, espiritual e social, surgiram
como uma resposta consciente à questão da necessidade de mobilizar o planeta em direção a
uma sociedade de comunidades auto-sustentáveis, sob a ótica das Conferências das Nações
Unidas, a Eco 92 que ocorreu no Rio de Janeiro.
Em 1995, num encontro entre as comunidades sustenveis em Findhorn, Escia, emergiu
o conceito de ecovila que foi amplamente discutido e lançado globalmente. Foi estabelecida a
Global Eco-Village Network GEN (Rede Global de Ecovilas) que é uma confederação global
de pessoas e comunidades com secretariados espalhados pelo planeta. Essa Rede visa estabelecer
comunicão entre as ecovilas, mantê-las atualizadas e informadas sobre a dinâmica que ocorre
nos assentamentos, aperfeoar e expandir o conceito de ecovila pelo mundo. Atualmente es
sendo administrada por uma sede principal na Dinamarca e por mais três secretariados regionais
que são: Rede de Ecovilas das Américas (ENA- Ecovillage Network of the Americas) com sede
nos Estados Unidos; GEN Europa e África com sede na Alemanha e GEN Oceania com sede na
Austrália (BRAUN, 2001, p.41; GLOBAL ECOVILLAGE NETWORK). Desde eno muitos
indivíduos e centenas de iniciativas de ecovilas de diversas partes do mundo filiaram-se à Rede,
evidenciando uma revolão no modo de viver urbano e tem sido chamado globalmente de
“Revolução do Habitat” (CENTRO DE VINCIAS NAZA, 2002, p.02).
O conceito de ecovila foi incorporado pela Organização das Nações Unidas (ONU)
no Programa de Desenvolvimento de Comunidades Sustentáveis (Sustainable Community
Development Programme – SCDP) com um projeto piloto no Nepal, em 1996, que teve como
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
23
objetivo apoiar as comunidades rurais locais, visando o desenvolvimento sustentável através
do uso de energias alternativas e o gerenciamento ambiental (BRAUN, 2001, p. 41-42).
2.1.2 Ecovilas no Mundo
As ecovilas crescem em números vertiginosos. Em 1995, quando houve o estabelecimen-
to do GEN, haviam nove ecovilas cadastradas na Rede. Em 2002 esse mero passou a 15.000.
Dentre as mais conhecidas que fazem parte do GEN são: Fundação Findhorn, na Escócia;
Lebensgarten Steyerberg, Stamm Füssen Eins e Sieben Linden, na Alemanha; Wilhelmina Terrein,
na Holanda; Torri Superiori, Damanhur e Elfi Casa Sarti, La Comune di Bagnaia e Upacchi,
todas essas na Ilia; Kathumba na África do Sul; Associacn Gaia na Argentina; La Eco Village,
na Califórnia; Eco-village of Keuruu na Finlândia; Dabrówka, na Polônia; Tamera em Portugal;
Ekoboforeningen, na Suécia; Ces, na Suíça; Green Kibutz em Israel; Hjorshøj, Christianiana,
Folkecenter e LØS na Dinamarca; Hocamköy, na Turquia; Auroville na Índia; G Alapitavany,
na Hungria; Terre d´Enneille, na lgica; Ecotopia, na Romênia; The Sarvodaya Shramadana
Movement, no Sri Lanka; Burdautien, na Irlanda; Phokies, na Gcia; Nevo Ecoville, na Rússia e
no Brasil a Ecovila de Pirenópolis, em Goiás (BRAUN, 2001, p. 42)
As comunidades cadastradas na Global Ecovillage Network (GEN) incluem tanto gran-
des organizações quanto pequenas ecovilas. Algumas grandes organizações podem ser exem-
plificadas a seguir:
Movimento Sarvodaya para a Paz (The Sarvodaya Shramadana Movement)
Consiste em um modelo de desenvolvimento social baseado na espiritualidade como
norteador filosófico e engajou nas últimas qua-
tro décadas 12.000 vilas no Sri Lanka. É o
maior membro da Rede Global de Ecovilas com
um movimento filosófico e espiritual derivado
do budismo (JACKSON & SVENSSON, 2002,
p.117). A figura 04 mostra a construção de um
telhado de palha, material local e de baixo custo.
Figura 04 – Construção de Telhado de Palha
Fonte: SARVODAYA SHRAMADANA MOVEMENT OF
SRI LANKA, 2003)
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
24
EcoYoff e Colufifa
o redes de ecovilas no Senegal e contam
com 350 comunidades. Colufifa (figura 05) con-
siste em uma rede de vilas iniciadas há trinta anos
com o intuito de desenvolver o Senegal com progra-
ma de combate à fome. Tem sua sede em Faune.
EcoYoff tem sua sede em Yoff-Dakar. Iniciada em
1996 é bem sucedida com comércio pela internet e iniciou a construção de uma eco cidade
(JACKSON & SVENSSON, 2002, p.120-121).
Auroville
Instalada no sul da Índia na baía de Bengala num clima seco, que de uma pequena comu-
nidade com pouca água disponível, um índice de miséria e fome crescente nos seus arredores,
iniciada em 1968, tornou-se uma ecocidade com 2.000 pessoas e 90 assentamentos em aproxi-
madamente 3.000 acres.
Nessa ecovila foram plantadas cerca de 2 milhões de árvores. É composta por mais de
doze fazendas, 24 escolas experimentais e mais de cem pequenos negócios na área artesanal.
É reconhecida pelo governo indiano e pela Unesco como uma comunidade internacional.
Na ecovila existe um centro de pesquisas de energias alternativas e bio-arquitetura
com baixos custos, um centro de cura, um progra-
ma de artes marciais, um centro de estudos india-
nos, um centro de idiomas, incluindo o Sânscrito
e um laboratório de pesquisas de transformação da
consciência.
O Matrimandir (Casa da Mãe, como mostra a
figura 06), um enorme domo no centro da cidade,
é um espaço para contemplação e o centro da aten-
ções dos muitos visitantes da ecovila. (JACKSON &
SVENSSON, 2002, p.111).
Figura 05 – Ecovila Colufifa
Fonte: COLUFIFA, 2004
Figura 06 – Matrimandir
Fonte: AUROVILLE, 2004
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
25
Federação de Damanhur
Fundada em 1977 no nordeste da Itália é um centro para pes-
quisa espiritual internacionalmente reconhecido. É uma federação
de comunidades e regiões com mais de 1.000 moradores; política e
socialmente estruturada com Constituição própria, com cerca de 50
atividades econômicas, escolas e um jornal. A federação é dividida
em quatro comunidades: Tentyris, Etulte, Damjl e Rama com estrutu-
ras políticas e sociais independentes, tendo todas como base a arte e
a estética como expressão espiritual vista no Templo da Humanidade
como mostra o vitral da figura 07. (JACKSON & SVENSSON,
2002, p.107)
Fundação Findhorn
A Fundação Findhorn é uma das eco-
vilas pioneiras, implantada mais de 30
anos. Atualmente é associada ao Depar-
tamento de Informação Pública das Nações
Unidas e tornou-se uma comunidade ecoló-
gica modelo em termos sustentáveis pois
produz 27% de sua energia elétrica. Foi
construída com materiais ecológicos, tem
tratamento de esgoto, cultiva cerca de 60%
dos alimentos consumidos na ecovila, tem gestão administrativa democrática através da lide-
rança circular e conta com escolas e muitos pequenos negócios sustentáveis que mantêm a
comunidade. A ecovila foi fundada por três pessoas e atualmente possui uma população de 500
moradores de mais de 40 países, além de receber muitos visitantes. (FINDHORN, 2002)
Nessa comunidade existem 27 edificações ecológicas que foram construídas desde sua
fundação. Algumas residências foram construídas a partir de madeira reutilizada de barris de
whisky das grandes destilarias que a Escócia possui, como mostra a figura 08, propiciando um
bom conforto térmico na parte interna da edificação.
Figura 07 – Vitral do
Templo da Humanidade
Fonte: FEDERATION OF
DAMANHUR, 2004
Figura 08- Casas feitas a partir de barris de whisky
Fonte: FINDHORN FOUNDATION, 2002
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
26
Com a utilização da bioconstrução houve a criação de tecnologias construtivas visan-
do a utilização de materiais naturais como a madeira, o feno, a argila, a , entre outros.
(BRAUN, 2001, p. 53)
Nem todas as ecovilas são grandes e com a sustentabilidade em vias de se tornar realida-
de. Pequenas ecovilas são exemplificadas a seguir:
Associação Gaia em Navarro à 110 kms de Buenos Aires, Argentina. Vem definindo o
projeto para geração de recursos e concretização da ecovila desde 1992. Em 1996 adquiriu um
terreno com 20,3 hectares para a construção da comunidade que pertencia a uma antiga fábri-
ca de produtos lácteos. As construções existentes foram recicladas ao longo dos anos e hoje
conta com área para visitantes e estudantes, habitações, cozinha e copa comunitária, sala para
cursos, galpão para ferramentas e materiais, biblioteca e sala de múltiplo uso. Poucas pessoas
habitam o local de maneira integral, levando adiante os diferentes programas propostos pela
ecovila através de cursos de permacultura, construção natural, energias renováveis, vida comu-
nitária, alimentação natural, danças circulares, aromaterapia, entre outros. É membro da Rede
Global de Ecovilas e da Rede de Ecovilas das Américas, sendo a sede sul-americana da Rede.
(ASSOCIACIÓN GAIA, 2004)
• Huehuecoyotl, fundada no México em 1982, conta com aproximadamente 20 membros
residentes. Também conta com dezenas de membros informais que trabalham como voluntá-
rios com afinidades aos projetos da ecovila. Essa comunidade iniciou-se por um grupo de
artistas nômades e alguns de seus membros ainda viajam na “La Caravana” desde 1998 pela
América do Sul com seu teatro móvel, levando sua
arte e cursos sobre permacultura a esses países.
A figura 09 retrata a preparação do teatro
da ecovila para uma apresentação. (JACKSON &
SVENSSON, 2002, p.124).
Esses o somente alguns exemplos de ecovi-
las no mundo. Tais assentamentos m características
diversas e alguns de seus coordenadores crêem que o
futuro do desenvolvimento das ecovilas em diferentes
Figura 09 – Ecovila Huehuecoyotl
Fonte: JACKSON & SVENSSON, 2002, p.124
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
27
bio-reges permitirá um rico intercâmbio de recursos, conhecimentos, cnicas e habilidades,
gerando a troca de experiências e pessoas trabalhando em rede. (ASSOCIACIÓN GAIA, 2004)
2.1.3 Ecovilas no Brasil
As ecovilas brasileiras ainda não contam com o mínimo de 50 habitantes nos assentamen-
tos, mas vem crescendo o número de pessoas interessadas nessa nova forma de viver. O pro-
cesso ainda é incipiente, pois para se tornar um morador de ecovila é necessário uma mudança
no estilo de vida moderno, retornando à simplicidade e ao contato maior com a natureza. A
maioria dessas comunidades são rurais e sete estão cadastradas na Global Ecovillage Network.
São elas: Céu do Mapiá, no Acre; ABRA 144 (Aldeia Bioregional Amazônica), no Amazonas;
Comunidade Lar Nicanor em Brasília; Comunidade Vale Dourado em Pirenópolis, Goiás;
Fundação Terra Mirim em Simões Filho, na Bahia; Instituto de Permacultura e Ecovilas do
Serrado – IPEC em Pirenópolis, Goiás e Lothlorien em Palmeiras, Bahia. O Parque Ecológico
Visão do Futuro em São Paulo ainda não está cadastrado na Rede, mas pelo seu porte e pelo
trabalho de sustentabilidade que vem fazendo, pode ser considerada um ecovila. Dentre essas
comunidades algumas serão mais detalhadas a seguir:
Parque Ecológico Visão do Futuro – São Paulo
O Parque Ecológico Visão Futuro está situado numa área de 65 hectares próximo a
Porongaba, interior do estado de São Paulo. A iniciativa dessa ecovila surgiu a partir da II
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (“Eco-92”), no Rio
de Janeiro, em 1992, com doações dos governos sueco e alemão (Agência Internacional de
Desenvolvimento – SIDA - e a Fundação de Tecnologia Alternativa em Frankfurt, através do
ONG Fundação Globetree, da Suécia). É baseado na Bioeconomia que visa “aplicação dos
princípios operacionais dos sistemas biológicos da natureza, tanto na vida social quanto na
econômica” (INSTITUTO VISÃO DO FUTURO, 2004) e tem como objetivo tornar-se um
modelo de desenvolvimento integrado seguindo a filosofia de máxima utilização do mestre
indiano Prabhat Rainjan Sarkar.
No início de sua implementação (1993 - 1994) o Parque consistia de uma casa com sete
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
28
cômodos e um barracão e serviu como centro de educação ambiental para grupos de adultos,
jovens e crianças de escolas da região. Atualmente o Parque tem infraestrutura para acomodar
até 100 visitantes, possui uma sala de meditação, lagos, trilhas na mata, centro de artes e músi-
ca e oferece produtos orgânicos de sua própria horta e pomar.
A população fixa do Parque conta com 15 pessoas, mais 7 flutuantes e 2 crianças. O
Parque emprega 15 trabalhadores fixos e mais 10 que periodicamente vão ao assentamento
para cumprir determinadas funções.
Dentre as atividades do parque destacam-se as de educação ambiental com crianças
através do Projeto Crescer, o Projeto Visão do Futuro com jovens universitários que utilizam
treinamentos de desenvolvimento integrado do ser humano para adultos através do curso sobre
Biopsicologia. Esses projetos são apoiados pelo Unibanco Ecologia (Projeto Crescer) e pela
UNESCO (Projeto Visão do Futuro).(INSTITUTO VISÃO DO FUTURO, 2004)
• Vila Céu do Mapiá - Santo Daime Acre
A Associação dos Moradores do Mapiá
(AMVCM) se encontra dentro de uma área de
preservação ambiental, a Floresta Nacional do
Purus e Mapi –Inauini, no Acre. A AMVCM
é responsável, junto com o IBAMA, da admi-
nistração da área florestal onde está inserida.
Com mais de vinte anos de existência é inte-
grada por vários segmentos sociais, desde pro-
fissionais liberais e trabalhadores de centros urbanos até a população tradicional do local que
seguem a doutrina espiritual do Santo Daime (SANTO DAIME, 2004).
A vila tem mais de cem residências e vários prédios públicos como escola, posto de
saúde, casa de artesanato e de ofícios femininos, oficina de motores, casa de farinha, cozinha
comunitária e se caracteriza tanto pela sustentabilidade ecológica (vide figura 10 que mostra
um mutirão para a construção de uma residência) quanto pelo grande trabalho social. A região
tem uma grande incidência de doenças típicas de países tropicais como malária, hepatite,
Figura 10 – Mutirão para construção
de residências
Fonte: SANTO DAIME, 2004.
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
29
lechimoniose, hanseníase e a comunidade tem trabalhado para fixar seus habitantes na região,
impedindo o êxodo rural.
A comunidade dispensa atenção especial às quase duzentas crianças e jovens para auxi-
liá-los em sua capacitação profissional condizentes com a realidade em que se encontram.
(SANTO DAIME, 2004)
Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC) - Goiás
O Instituto de Permacultura e Ecovilas
do Cerrado (IPEC) está localizado próximo a
Pirenópolis, Goiás, a 160 kilometros de Brasília.
Foi fundado em Junho de 1998 com o intuito de
estabelecer modelos de sustentabilidade voltados à
realidade do Cerrado e do Brasil, desenvolvendo,
adaptando e utilizando tecnologias ecologicamente
viáveis com base na permacultura. Tem como obje-
tivos inspirar, informar e capacitar indivíduos para as práticas sustentáveis e experimentar
novas idéias e invenções ecológicas.
O IPEC oferece um programa educacional com cursos de permacultura, design de ecovi-
las, sistemas alternativos de construção, técnicas de energias renováveis, agricultura orgânica
e alimentação natural.
O Instituto mantém um banco de sementes e produção de mudas para reflorestamento,
conta com programa de voluntários para estágio no IPEC, promove apoio às comunidades
rurais em todo o Brasil, procura desenvolver a sustentabilidade nas comunidades circunvizi-
nhas e oferece consultoria e apoio técnico nos projetos sustentáveis. A única revista de per-
macultura em português é publicada pelo Instituto. O IPEC está aberto para visitas grupais
educativas, recebendo escolas primárias e secundárias e grupos de famílias para o ensino de
sistemas sustentáveis. (IPEC, 2002)
As acomodações contam com a Casa Mãe, que acomoda 12 pessoas; a Casa de Cob,
construída com barro, palha e madeira (método gaulês do século XVI) que tem espaço para 5
Figura 11 Lago de águas servidas
Fonte: IPEC, 2002.
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
30
pessoas e as cabanas que também demonstram algumas técnicas ecológicas como o adobe, taipa
leve, taipa de pilão, superadobes, fardos de palha, telhados vivos, ferrocimento, entre outras.
Muitas técnicas permaculturais são utilizadas no IPEC como a produção intensiva, inte-
grada e orgânica de alimentos; a produção integrada de animais que são essenciais na restau-
ração dos solos e no controle dos insetos e plantas invasoras. Manejo ecológico da água com
reservatórios para captação da água das chuvas utilizando-a na cozinha e economizando a água
da nascente. Bio-remediação de efluentes, ou seja, as águas servidas de chuveiros e da cozinha
passam por tanques de ferrocimento com plantas aquáticas (ou por filtros de cascalho e areia e
depois vão para pequenos lagos com plantas) e se transformam em micro-clima para espécies
de moluscos, peixes, pássaros e anfíbios como mostra o pequeno lago na figura 11; sanitários
compostáveis sem a utilização de água.
O IPEC é membro do conselho da Rede de Ecovilas das Américas (ENA) e da Rede
Global de Ecovilas (GEN). (IPEC, 2002)
Deve-se considerar as difereas entre as ecovilas mais desenvolvidas e as brasileiras. As
grandes ecovilas, como por exemplo, Auroville e o Movimento Sarvodaya para a Paz têm um forte
cunho social. A primeira pode ser considerada uma cidade sustenvel e a segunda é caracterizada
por ser a maior rede de ecovilas existente, além da grande capacidade de transformação social de
regiões pobres do país onde está inserida (Sri Lanka). No Brasil o movimento ainda é pontual e
recente. As comunidades ainda não m foa política e social para movimentar as reges e poder
ser uma das respostas à desigualdade social no nosso país. O processo de implementação das eco-
vilas ainda está sendo fomentado a partir de grupos de que têm intenções de tornarem-se ecovilas,
das pequenas ecovilas existentes além das várias comunidades alternativas e outras tantas inicia-
tivas como a Ecovila Clareando, em Piracaia, São Paulo, prestes a iniciar sua constrão. Porém
para que pequenos assentamentos humanos possam alcaar a categoria de ecovila, conforme
conceituada, é necesrio o desenvolvimento humano com vínculo ambiental, social ou espiritual,
sendo a implementão de uma ecovila um grande processo que pode levar vários anos.
2.2 SUSTENTABILIDADE
2.2.1 Evolução do Conceito de Sustentabilidade
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
31
A segunda metade do século XX foi marcada por dúvidas a respeito do futuro do meio
ambiente decorrente de várias transformações que ocorreram no planeta causadas por grandes
desastres ambientais como, por exemplo, o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na extin-
ta União Soviética, o acidente na Baía de Minamata, Japão e o acidente de Bhopal, na Índia.
Esses acontecimentos levaram a sociedade a uma tomada de consciência ambiental, principal-
mente na Europa e na América do Norte. Com a evolução dessa consciência, a problemática
ambiental deixa de ser localizada para se tornar mais global (VAN BELLEN, 2002, p.6).
Surgem algumas alternativas no relacionamento da sociedade com o meio ambiente através da
proposta de redução de impacto que os seres humanos causam no meio que os cerca, levando
a considerações acerca da qualidade ambiental estar diretamente relacionada ao processo de
desenvolvimento dos países (SEQUINEL, 2002, p. 12). A geosfera tem uma capacidade limi-
tada de oferecer seus serviços à sociedade e quando essa capacidade de carga é ultrapassada
uma redução na oferta desses serviços. Essa inter-relação homem-ambiente pode chegar a
um extremo onde os impactos ambientais são enormes. O quadro 01 cita os principais veto-
res determinantes da degradação ambiental segundo o German Advisory Council of Global
Change (VAN BELLEN, 2002, p.7 apud WBGU, 1996)
O crescimento econômico baseado na exploração da natureza, acaba por prejudicar o
2. BASES TEÓRICAS
Cultivo excessivo das terras marginais
Exploração excessiva dos ecosistemas naturais
Degradação ambiental decorrente do abandono de práticas de agricultura tradicionais
Utilização não-sustentável, pelos sistemas agro-industriais, dos solos e dos corpos de água
Degradação ambiental decorrente da depleção de recursos não-renováveis
Degradação da natureza para fins recreacionais
Destruição ambiental em função do uso de armas e decorrente dos conflitos militares
Dano ambiental da paisagem natural a partir da introdução de projetos de grandes escalas
Degradação ambiental decorrente da introdução de métodos de agricultura inadequados e/ou
impróprios
Indiferenças dos padrões ambientais em função do rápido crescimento econômico
Degradação ambiental decorrente do crescimento urbano descontrolado
Destruição da paisagem natural em função da expansão planejada da infra-estrutura urbana
Desastres ambientais antropogênicos com impactos ecológicos de longo prazo
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
32
próprio crescimento, uma vez que diminui o capital natural e, conseqüentemente reduz a qua-
lidade de vida da sociedade, não sendo possível ser chamado de desenvolvimento. Portanto
as noções de crescimento e desenvolvimento foram reavaliadas, evoluindo até o conceito de
desenvolvimento sustentável (SEQUINEL, 2002, p.13-15)
Existem inúmeros aspectos sobre o conceito de desenvolvimento sustentável e, embora a
expressão esteja ganhando um cater popular, está longe de se ter uma unanimidade sobre a questão,
uma vez que é definida de uma forma na área científica e praticada de outro modo pelo Poder Público.
Além de ser encarada de maneiras diversas pelos ambientalistas e pelos setores econômicos.
O Relatório Meadows, definido pelo Clube de Roma e a Conferência de Estocolmo,
ambos em 1972, para as relações existentes entre o crescimento ecomico, o desenvolvimento
científico e tecnogico e as perdas ambientais. Em 1973, o conceito de ecodesenvolvimento,
elaborado por Ignacy Sachs aumentou ainda mais a perceão da problemática ambiental dentro
do contexto do desenvolvimento (VAN BELLEN, 2002, p. 7). Sachs relacionou cinco diferentes
dimensões do ecodesenvolvimento: sustentabilidade social, sustentabilidade ecomica, susten-
tabilidade ecológica, sustentabilidade espacial e sustentabilidade cultural (SACHS, 1993, p.25-
27). O ecodesenvolvimento foi mais uma alternativa ao crescimento ecomico internacional
reforçando a necessidade de desenvolvimento de modelos locais, principalmente rurais, através
de tecnologias apropriadas para cada região para reduzir a dependência técnica e cultural.
Em 1987 houve a divulgação do Relatório Brundtlandt, resultado do trabalho de uma
comiso da ONU, que se baseia num tripé que fundamenta o desenvolvimento sustentável: ativi-
dade econômica, meio-ambiente e bem-estar social. A partir dessa tríade e das cinco dimenes
propostas por Ignacy Sachs (1993) (ratificadas pela Agenda 21), surgiram nove dimensões que
ampliaram esses conceitos para serem considerados pelo Estado nas suas relões com a sociedade
e dessa com o meio ambiente, conforme aponta o Ministério do Meio Ambiente (2000, p. 45-46).
2. BASES TEÓRICAS
Quadro 01- Principais elementos da degradação ambiental
Fonte: VAN BELLEN, 2002, p.7 apud WBGU, 1996
Degradação ambiental que ocorre a partir da difusão contínua e em grande escala de
substâncias na biosfera
Degradação ambiental decorrente da disposição controlada e descontrolada de resíduos
Contaminação local de propriedades onde se localizam plantas industriais
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
33
Sustentabilidade Ecológica: refere-se à base física do processo de crescimento e tem como
objetivo a manutenção do estoque do capital natural incorporados às atividades produtivas;
Sustentabilidade Ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos
ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas
em face das interferências antrópicas;
Sustentabilidade Social: tem como referência o desenvolvimento e como objeto a melho-
ria da qualidade de vida da população. Em países com desigualdades, implica a adoção
de políticas distributivas e/ou redistributivas e a universalização do atendimento na área
social, principalmente na saúde, educação, habitação e seguridade social;
Sustentabilidade Política: refere-se ao processo de constrão da cidadania, em seus rios
ângulos, e visa garantir a plena incorporação dos indiduos ao processo de desenvolvimento;
Sustentabilidade Econômica: implica uma gestão eficiente dos recursos em geral e carac-
teriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado o que quer
dizer que a eficiência pode e precisa ser avaliada por processos macrossociais;
Sustentabilidade Demográfica: revela os limites da capacidade de suporte de determina-
do território e de sua base de recursos; implica cotejar os cenários ou tendências de cres-
cimento econômico com as taxas demográficas, sua composição etária e contingentes de
população economicamente ativa;
Sustentabilidade Cultural: relaciona-se com a capacidade de manter a diversidade de
culturas, valores e práticas no planeta, no país e/ou numa região, que compõem ao longo
do tempo a identidade dos povos;
Sustentabilidade Institucional: trata de criar e fortalecer engenharias institucionais e/ou
instituições que considerem critérios de sustentabilidade;
Sustentabilidade Espacial: norteada pela busca de maior eqüidade nas relações inter-regionais.
O Relatório Brundtlandt, elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento das Nões Unidas em 1987, propõe um equilíbrio entre as dimensões
sociais, econômicas e ambientais. Nessa ocasião estabeleceu-se o conceito de desenvolvi-
mento sustentável mais difundido que trata do atendimento das necessidades das gerações
presentes, sem prejzos para o atendimento das necessidades das gerações futuras (VAN
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
34
BELLEN, 2002, p. 10).
Para Pesci (1999, p.104) pode-se definir o desenvolvimento sustentável como cresci-
mento econômico com justiça distributiva e equilíbrio ecológico, tratando de desenvolvimento
econômico em harmonia com a exploração adequada e prudente dos recursos naturais incorpo-
rando a dimensão social e ética da justiça social. Franco (2001:26) afirma que a sustentabilida-
de, sob a perspectiva ecológica, baseia-se em três princípios fundamentais:
[...] a conservação dos sistemas ecológicos sustentadores da vida e da bio-
diversidade; a garantia da sustentabilidade dos usos que utilizam recursos
renováveis e o manter as ações humanas dentro da capacida de de carga dos
ecossistemas sustentadores.
Em 1992, numa nova conferência da ONU, realizada no Rio de Janeiro – ECO 92 - foi
formulada a Agenda 21. Esse documento é o marco do conceito de desenvolvimento sustentá-
vel e estabelece uma relação de atividades para a implantação da sustentabilidade, a saber:
Maior eficiência no uso de energia e dos recursos;
Uso ecologicamente sustentável dos recursos naturais renováveis;
Redução da geração de dejetos ao mínimo possível;
Assistência para adoção de compra de insumos ecologicamente corretos;
Fortalecimento dos valores que apóiem o consumo sustenvel (FRANCO, 2001, p. 161).
Ou seja, o conceito de cidade sustentável se traduz na manutenção da diversidade bio-
lógica, da qualidade do ar, da água, do solo e da qualidade de vida, preservando o bem-estar
da humanidade e respeitando a natureza. O desenvolvimento sustentável é possível se o
consumo dos recursos e o crescimento da população estão de acordo com as possibilidades
de produção do ecossistema, perdendo todo o sentido se não for aliado à igualdade e à justiça
social (SAMEK, 1999).
2.2.2 Desafios da sustentabilidade
Para a implantação dos princípios sustentáveis exigem-se mudanças fundamentais na maneira
de pensar, viver, produzir, consumir e de se relacionar com o meio ambiente. Para isso é necessário
uma educação para gerar sociedades sustentáveis incluindo a responsabilidade humana e tomada de
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
35
consciência do indivíduo. Somente através de uma mudança de mentalidade, a sociedade poderá
desejar construir uma cidade sustentável visando a preservação dos recursos para as próximas gera-
ções. Sequinel (2002, p. 23-24) aponta Hall (1993) e suas oito dimensões necessárias para o apoio
de uma educação ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável, a seguir:
Sistema de formação e orientação da opinião pública;
• Sistema de capacitação e formação de recursos humanos para a educação e administra-
ção política;
Sistema sócio-econômico capaz de satisfazer as necessidades básicas de trabalho,
saúde, alimentação, moradia, educação da sociedade;
Sistema científico-tecnológico com a inserção de tecnologias alternativas de energia;
• Sistema de Administração Pública e privada capaz de promover e controlar a sustenta-
bilidade nas atividades de desenvolvimento;
Política com a participação da sociedade nas tomadas de decisões e fiscalização das
atividades de desenvolvimento;
Sistema jurídico que considere e cumpra a sustentabilidade nas ações necessárias;
• Sistema financeiro que garanta os recursos necessários para o desenvolvimento de uma
educação ambiental formal e não-formal.
Para que o processo de educação de sociedades sustentáveis possa ser eficiente, este deve
ser connuo ao longo de toda a vida com a integrão de todas as áreas do conhecimento.
Outro desafio da sustentabilidade está em analisar conjuntamente o tema em termos glo-
bais, nacionais, regionais e locais, pois o mercado global ignora as tradições e raízes territoriais
com critérios de produção em massa de bens intelectuais, aspirando a uniformização da socie-
dade. Segundo Sequinel (2002, p. 22): “o desenvolvimento sustentável pode ser entendido
como um projeto social de afirmação das diferenças nacionais, regionais e locais no interior
da unidade globalizada”. Estabelecer a inter-relação entre as identidades nacionais, regionais
e locais com o processo econômico global é, talvez, o maior desafio da sustentabilidade.
2.2.3 Os desafios da sustentabilidade nas cidades brasileiras
A humanidade caminha para uma urbanização generalizada. Este fato confirma-se pelas
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
36
diversas projeções dos indicativos de tendência da população mundial condensar-se em áreas
urbanas e pela crescente centralidade nos centros urbanos dos processos econômicos, sócio-
políticos e culturais da sociedade. A urbanização tem papel essencial na reprodução social
(modos de produção, hábitos de vida e consumo) da sociedade, interferindo diretamente nas
estruturas ambientais paisagísticas. Essa significativa urbanização revela um quadro onde não
mais separação entre rural e urbano, uma vez que em meios urbanos incluem áreas agrícolas
e áreas agrícolas que incluem meios urbanos.
Em 1975 habitavam sobre o planeta 4, 068 bilhões de pessoas; esse número passou a
6,225 bilhões em 2002, com uma projeção de 7,197 bilhões para 2015. Desse total, em 1975
cerca de 37,2% era população urbana, passando para 47,8% em 2002 com a projeção de
53,5% em 2015. No Brasil esses números são de 37,2% para 1975, 47,8% em 2002 e 53,5%
para 2015 (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2004, p.155).
A urbanização ocorre no mundo todo, porém nas regiões que prevalecem áreas rurais
como a África e a Ásia a previsão que se tem é de intensificação de urbanização nesses locais.
no Brasil e na América Latina existem cidades muito urbanizadas e os maiores impactos
ocorrerão por causa da metropolização das cidades e das conurbações com mais de 10 milhões
de habitantes. Essa intensa urbanização coloca as cidades do Brasil e do mundo num patamar
de grandes problemas urbanos que usualmente são ocasionados pelas ações a seguir descritas
(SEQUINEL, 2002, p. 36-37):
Crescimento desordenado e às vezes concentrado;
Carência ou ausência de planejamento;
Serviços e recursos de toda ordem que não correspondem à demanda da sociedade;
Estrutura física obsoleta;
Padrões atrasados de gestão e
Agressões ao ambiente urbano.
Segundo o documento Habitat II, formulado na Conferência sobre Assentamentos
Humanos ocorrida em Istambul em 1996, a tendência dessa intensa urbanização nos países em
desenvolvimento é a de não sustentabilidade da qualidade de vida de muitas cidades. Essa
tendência foi prevista em função dos problemas urbanos descritos acima, pela destruição dos
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
37
recursos naturais e do seu patrimônio cultural. Para que as cidades possam ser sustentáveis
a necessidade de inverter a lógica de lugar de consumo em usufruto do lugar, superando a
degradação do ambiente natural (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2000, p. 80).
No Brasil existe uma série de questões a serem levantadas como necessárias para a
implementação da sustentabilidade nas cidades. Os maiores desafios estão listados a seguir,
conforme consta no documento da Agenda 21 – Bases para discussões do Ministério do Meio
Ambiente (2000, p. 37-39):
Reforma urbana: a necessidade de uma reforma urbana que comece pela reordena-
ção do uso solo e pela descentralização administrativa com a participação da sociedade
nas decisões e fiscalização da aplicação dos recursos.
Sistemas de transporte: a questão da prioridade dos sistemas de transporte coletivo tam-
bém é de vital importância, porém com uma solução que não apele por mais transporte
e sim através de um reordenamento das atividades urbanas, com a ocupação de espaços
vazios e a descentralização das atividades econômicas e serviços; com a priorização de
deslocamento à pé ou de bicicleta; com a redução do tráfego de passagem e a criação de
espaços de convívio; promoção de restrições do uso de automóvel; com a substituição
de combustíveis fósseis por combustíveis menos poluentes.
Sistemas de limpeza urbana: os desafios da sustentabilidade urbana também incluem
mudanças nos sistemas de limpeza urbana. Em 2000 produção média de resíduos domés-
ticos era de um quilo por habitante/dia. A coleta diária chegava a mais de cem mil tonela-
das por dia, considerando que cerca de 20% do lixo doméstico não são coletados. Desse
total 25% do lixo vão para aterros adequados, 50% vão para lixões e menos que 1%
são destinados para a reciclagem. Com esse quadro, a necessidade de políticas que
induzam a redução do lixo, com uma legislação que atenda o ciclo do produto, para que
os produtores possam receber de volta as embalagens e sucatas utilizadas para uma
redução do consumo dos recursos naturais com punições para a produção e destinação
inadequadas de resíduos tóxicos e resíduos industriais.
Saneamento básico (abastecimento de água, esgoto sanitário e disposição final de
resíduo): com relação ao saneamento básico o desafio está na universalização do acesso
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
38
aos serviços. Essa medida “pressupõe a garantia de fornecimento e o cumprimento de
normas de qualidade e de preços dos serviços prestados”.
Custos ambientais: repasse dos custos ambientais para as indústrias com um rigoro-
so cumprimento de impostos e multas às empresas que poluírem ou não cuidarem de
seus resíduos.
Conforme destaca o Ministério do Meio Ambiente (2000, p.81):
É necessária uma profunda reformulação no desenho das políticas públicas
de intervenção no território e nas áreas urbanas, para conferir importância
estratégica ao planejamento do desenvolvimento regional, que deve ser o eixo
estruturador das políticas voltadas para a transformação das cidades brasilei-
ras em cidades sustentáveis.
Evidencia-se que sem a resolução dos princípios colocados a sustentabilidade nas cida-
des brasileiras dificilmente irá avançar.
2.2.3 O conceito de sustentabilidade aplicado às Ecovilas
Após a Segunda Guerra Mundial uma nova ordem geopolítica se estabeleceu. Essa
mudança ocorreu no mundo todo, principalmente nas questões econômicas e políticas, com a
estimulação de uma integração econômica cada vez maior entre os países, através da criação
de blocos econômicos, como o Mercosul, por exemplo. Esses megamercados eliminaram dis-
tâncias, diminuindo as diferenças entre as pessoas, as culturas, o perfil de consumo. Como res-
salta Milton Santos (1997, p.14) essa globalização universalizou desde a cultura, os modelos
de vida social, o espaço, a sociedade mundial e o homem como indivíduo. Esse último com
grandes possibilidades de uma total alienação decorrente desse fenômeno.
Na contra-mão da globalização eso as ecovilas, com uma proposta de auto-sustentabilidade.
Cada comunidade intencional tem características próprias conforme a ênfase dada pela ecovila. O
Movimento Sarvodaya para a Paz, conforme citado, têm como característica marcante o trabalho social
e espiritual. O Parque Visão do Futuro, em São Paulo, enfatiza a sustentabilidade ecogica, além da
espiritual. Essas características determinam a identidade de cada comunidade que podem ser as mais
diversas posveis. Entretanto para as ecovilas existem três grandes veis de sustentabilidade que
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
39
devem figurar e estabelecer a harmonia dos assentamentos (JACKSON & SVENSSON, 2002, p.10-
12; EAST, 2002, p. 10-18) que são: sustentabilidade ecológica, sustentabilidade social/comunitária e
sustentabilidade cultural/espiritual, conforme descritos a seguir:
Sustentabilidade Ecológica
A sustentabilidade ecológica pode ser caracterizada pelos seguintes aspectos:
Senso de local e lugar
Conexão dos membros da ecovila com o local em que vivem, suas fronteiras, ritmos,
aspectos frágeis e fortes do ambiente. Convivência em harmonia e sincronismo com o sistema
ecológico ao qual estão inseridos.
Produção e Distribuição de Alimentos
Os alimentos são preferencialmente produzidos nas ecovilas de forma orgânica, biodinâ-
mica, sem uso de agrotóxicos.
Esquemas de reciclagem
Nas ecovilas o consumo e a geração de lixo são minimizados. Utilizam-se sistemas de
reciclagem, reutilização e restauração.
Água e esgoto
Existe o cuidado, a proteção e a conservação das fontes de água. Utilizam-se sistemas
biológicos no tratamento de esgoto para que a água possa sair da ecovila com uma qualidade
igual ou melhor da que entrou.
Sistemas integrados de energia renovável
Utilizam-se fontes renováveis (energia solar, eólica, biomassa ou geotérmica), não tóxi-
cas, para o consumo da ecovila.
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
40
Restauração ecológica
Ênfase na percepção da natureza e seu ritmo, trabalhando a partir das áreas onde o ecos-
sistema está mais próximo de sua condição natural estabelecendo as conexões saudáveis entre
a comunidade e o ambiente.
Entre os aspectos abordados, surge o conceito de infra-estrutura que engloba a permac-
ultura e a bio-construção.
Permacultura:
A Permacultura foi desenvolvida no começo dos anos 70 pelos australianos Bill
Mollison e David Holmgren, como uma síntese das culturas ancestrais sobreviventes com os
conhecimentos da ciência moderna. Desde então, os inúmeros casos de sucesso na aplicação
da Permacultura têm provado que essa prática é uma solução viável. Os conceitos de agricultu-
ra permanente começaram a ser expandidos como uma cultura permanente, envolvendo fatores
sociais, econômicos e sanitários para desenvolver uma verdadeira disciplina holística de orga-
nização de sistemas (SOARES, 1998).
Segundo Soares (1998):
[...] o projeto permacultural envolve o planejamento, a implantão e a manuten-
ção conscientes de ecossistemas produtivos que tenham a diversidade, a estabilida-
de e a resisncia dos ecossistemas naturais. Ele resulta na integração harmoniosa
entre as pessoas e a paisagem, provendo alimentão, energia e habitão, entre
outras necessidades materiais e o-materiais, de forma sustenvel. [...] A perma-
cultura visa a soluções que venham de encontro às realidades culturais, sociais e
ambientais decada rego. Solões sismicas, acessíveis e simples, que tragam
seguraa à falia e um potencial de desenvolvimento humano sustentável.
Além da agricultura orgânica, a permacultura engloba também sistemas de captação e
tratamento de água, tecnologia solar, economia e ética, integrando todos os aspectos da sobre-
vivência e da existência de comunidades humanas. Para tanto é necessário adotar uma ética
específica de sustentabilidade que exija um repensar dos hábitos de consumo e dos valores de
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
41
uma forma geral (MOLLISON, 1994, p. 13-15).
Para Soares (1998) um bom planejamento permacultural deverá incluir:
estratégias para a utilização da terra sem desperdício ou poluição;
sistemas estabelecidos para a produção de alimentos saudáveis;
restauração de paisagens degradadas;
• integração, na propriedade, de todos os organismos vivos em um ambiente de interação
e cooperação em ciclos naturais;
mínimo consumo de energia;
captação e armazenamento de água e nutrientes, a partir do ponto mais alto da propriedade.
Bioconstrução:
A bioconstrução visa a arquitetura e con-
struções ecológicas, ou seja, a inclusão de materiais
e técnicas construtivas alternativas que causam baixo
impacto, aliados ao conforto ambiental.
Os materiais são de custo mais baixo do que os tra-
dicionais e, preferencialmente, localmente encontrados.
A bioconstrução pode ser exemplificada pela
figura 12 com a utilização de telhados verdes em Findhorn para um controle natural da tempe-
ratura interna do abrigo e integrando a edificação com o meio circundante.
Sustentabilidade Social/Comunitária
Esse nível de sustentabilidade engloba:
Saúde Sustentável
Para as ecovilas os cuidados básicos com a saúde são acessíveis e disponíveis localmen-
te com opções para restauração, manutenção e melhoria da saúde (física, emocional, mental e
espiritual), incluindo a integração entre Medicina Ortodoxa e Complementar.
2. BASES TEÓRICAS
Figura 12 – Telhados Verdes
Fonte: FINDHORN FOUNDATION, 2002
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
42
Economia Sustentável
Prioridade na economia local e regional através da circulação de recursos monetários,
com partilha dos excedentes.
Encorajamento e apoio aos membros da comunidade para criarem negócios que enrique-
çam a economia local, que não gerem poluição e não explorem recursos humanos ou naturais.
Sob o enfoque econômico, as ecovilas alteram os princípios de economia clássica (que
parte do pressuposto de que a natureza é fonte inesgotável de recursos), pois priorizam a uti-
lização de sistemas alternativos de moeda como troca, voluntariado.
Política Sustentável
Os assentamentos devem ter o tamanho certo para que todos os membros da comunidade
possam ser ouvidos diretamente. Segundo East (2002:18) as ecovilas devem ter 2000 membros
no máximo para que a comunicação seja eficiente.
Ênfase nos processos de tomada de decisões inclusivas, processos de facilitação de conflitos
e no senso de governança, promovendo estabilidade social e dinamismo na vida comunitária.
Aplicação de princípios e prática de democracia profunda e de liderança circular.
Educação Sustentável
O crescimento pessoal, o aprendizado e a criatividade são valorizados. As oportunidades
para o ensino e aprendizado são disponíveis para todas as faixas etárias através de uma varie-
dade de formas educacionais que normalmente são implantadas nas ecovilas.
Comunicação sustentável
Desenvolvimento de habilidades adequadas para comunicação em diferentes níveis:
interna, interpessoal, grupal, interinstitucional.
Sustentabilidade Cultural/Espiritual
A atividade cultural de uma ecovila é traduzida pelo incentivo às atividades artísticas
(dança, pintura, escultura, tecelagem, música), celebrações, festivais e encontros. A herança e
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
43
as raízes da ecovila são pontos importantes para a cultura da comunidade e são celebrados atra-
vés de histórias, cerimônias e da arte. A união entre o velho e o novo, os idosos e as crianças
é imprescindível para a sustentabilidade cultural das comunidades.
A arquitetura e o design da ecovila enfatizam seu caráter cultural através da valorização
de um bom desenho. É dada ênfase no tempo para atividades recreativas, de esporte e de lazer
e na transmissão das habilidades criativas para as gerações futuras. No âmbito espiritual existe
apoio e respeito para que a espiritualidade possa se manifestar de diversas formas, caminhos e
práticas para todos os membros da ecovila.
O desenvolvimento sustentável quando aplicado isoladamente e em pequenas escalas,
opõe-se à globalização e a sustentabilidade apresenta-se além das questões ambientais, tec-
nológicas e econômicas. Engloba também uma dimensão cultural, espiritual e política que
exige a participação de todos na tomada de decisões para as mudanças necessárias para a
implementação da sustentabilidade.
Os níveis de sustentabilidade defendidos pelas ecovilas são suas metas de desenvolvi-
mento. Dependendo da ênfase dada pela comunidade um ou outro nível destaca-se como mais
sustentável ou em vias de tornar-se ideal. Cada comunidade tem sua base em um ou vários
desses princípios e nem sempre estão perto da meta a ser alcançada, mas estão em constante
evolução e aprimoramento para findarem seus objetivos.
A Agenda 21 – Bases para discussão, refere-se ao crescimento do paradigma da susten-
tabilidade ecológica e da necessidade de se formular estratégias e indicadores a fim de funda-
mentar a formulação, monitorar a implementação da sustentabilidade e avaliar os resultados
dessas políticas. Esse documento descreve a dimensão urbana da sustentabilidade, porém é
extremamente pertinente no caso das ecovilas, que se propõem a uma conquista da sustentabi-
lidade como assentamento humano independente da malha urbana (uma vez que as ecovilas
no Brasil se encontram em ambiente rural), pois pode-se iniciar uma discussão local e pontua-
da nas ecovilas e aos poucos englobar outras escalas (regional, nacional e global) a respeito
da sustentabilidade em assentamentos humanos. Assim, as estratégias podem ser em qualquer
escala e são assim discriminados:
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
44
• busca de equilíbrio dinâmico entre uma determinada população e a sua base ecológico-
territorial, diminuindo significativamente a pressão sobre os recursos disponíveis;
ampliação da responsabilidade ecológica, aumentando a capacidade dos atores sociais
de identificar as relações de interdependência dos fenômenos e aceitar o princípio da
co-responsabilidade de países, grupos e comunidades na gestão dos recursos e dos ecos-
sistemas compartilhados, como o ar, oceanos, florestas e bacias hidrográficas;
• busca da eficiência energética, implicando redução significativa nos níveis de consumo
atual, sobretudo dos combustíveis fósseis e busca de fontes energéticas renováveis;
desenvolvimento e utilização de tecnologias brandas ou eco compatíveis, alterando pro-
gressiva e significativamente os padrões atuais do setor produtivo;
alteração nos padrões de consumo e diminuição significativa na produção de resíduos
e uso de bens ou materiais não recicláveis;
recuperação de áreas degradadas e reposição do estoque dos recursos estratégicos (solo,
água, cobertura vegetal); e
manutenção da biodiversidade existente (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2000, p.52)
2.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL
O ambiente físico afeta seus usuários de várias formas, enriquecendo ou piorando a vida
das pessoas. Os usuários dos ambientes podem ter sensações de estimulação, de relaxamento,
de tensão, dependendo do local onde estiverem.
A psicologia ambiental estuda essas relações entre o meio ambiente e os seres humanos:
como, por que e de que forma se propagam essas relações e o que fazer para incrementar os
aspectos construtivos e amenizar as conseqüências destrutivas. O estudo dessa área do con-
hecimento inclui a percepção dos níveis cognitivos, afetivos, interpretativos e de avaliação de
bons e maus aspectos do meio. Esses elementos operam todos ao mesmo tempo. A forma como
o indivíduo percebe o ambiente através do processo cognitivo envolve as imagens (visão), os
sons (audição) e os sentimentos ou sensações que o ambiente transmite ao indivíduo e que
contribuem para a percepção do lugar (BAUM, A.; BELL, P.; FISCHER, J, 1984, p. 5 - 22).
Os processos cognitivos são dirigidos pelos estímulos externos e captados pelos cinco
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
45
sentidos (visão, audição, tato, olfato e háptico), sendo a visão o sentido mais utilizado nesse
processo. É um processo mental de interação do indivíduo com o meio ambiente, com a contri-
buição da inteligência para a percepção do ambiente que chega através dos sentidos. As motiva-
ções, valores, repertório cultural, necessidades, humores, julgamentos e expectativas também
contribuem para a percepção do meio (DEL RIO, V.; OLIVEIRA, L., 1996, p.3).
Existem três características da percepção ambiental conforme citam Baum, A.; Bell, P.;
Fischer, J, (1984, p.22). A primeira relaciona-se com a percepção do ambiente como um todo
pelo indivíduo, que por sua vez traz metas e valores para suas experiências perceptivas. Essas
experiências consistem de “significâncias” a partir do todo e não somente de um ângulo de
visão. A segunda característica envolve as informações que o indivíduo tem do ambiente que,
usualmente, tem muito mais informações do que a mente humana é capaz de compreender
prontamente, sendo necessário um processo seletivo para que isso ocorra. Parte desse processo
condiz com a forma que o indivíduo interpreta esses dados, que são influenciados pela perso-
nalidade, pelo repertório cultural e pelos valores que cada um traz. A terceira característica é
que o processo perceptivo requer ação por parte do observador. Parte dessa ação é através da
simples exploração que nos orienta no ambiente; outra parte é designada a traçar necessida-
des e metas como estratégias através do uso do meio; e a outra parte dessa ação diz respeito
ao senso de segurança que o ambiente proporciona ao usuário. Essas atividades também são
influenciadas pela procura de um significado do ambiente, pelos sentimentos e sensações que
o meio proporciona aos usuários e a forma que as pessoas avaliam o meio que as circunda.
Na década de 60 alguns autores iniciaram pesquisas a respeito da percepção ambiental.
Cullen (1971) cujo teor principal dos seus conceitos são a ótica, atras das experiências visuais
urbanas, exemplifica a influência social e cultural na percepção através da poética visual. Lynch
(1997) destaca com suas teorias de legibilidade através da clareza manifestada pelo espo urba-
no, identidade, estrutura, significado e ainda da imaginabilidade (identificação, organização, distri-
buão e a capacidade da cidade de transmitir sensações emocionais aos usuários).
Obras recentes indicam que o processo de construção da imagem paisagística significa
criar lugares e reproduzir sua identidade. Segundo Leite (1988), a paisagem é também “pro-
cesso e produto, estrutura e espírito, e o lugar é o signo que revela não o entrelaçamento entre
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
46
ambos, mas o ambiente resultante, a acumulação, a memória coletiva”. Segundo o mesmo
autor (1982, p.61) a compreensão da paisagem é enfatizada como uma criação de extrema
importância no desenrolar da vida das pessoas, pois a paisagem é promotora de encontros
sociais e sua forma, em determinado momento, “possui qualidades que resultam da organiza-
ção de elementos controlados e de elementos não controlados ou indeterminados [...] e refe-
re-se à dinâmica social da paisagem.”
E complementa afirmando que:
o enriquecimento da vida cotidiana se através da possibilidade de desloca-
mento pelos espaços da paisagem e entre seus edifícios. Isso permite múltiplas
visões do ambiente e a descoberta de emoções e encantos sempre renovados.
Dessa forma a natureza sica e social do espaço arquitenico e urbanístico caracteriza o
conceito de lugar. Koklsdorf (1995) considera o espaço arquitenico como o espaço natural modi-
ficado apenas pela presea humana, o que o torna em espaço social, am de objeto cognitivo.
Deve-se considerar também as queses culturais e as relações sociais na qualificação da paisagem
e na criação de lugares.
As relões sociais também são referenciadas pelo tempo e espo e a integrão desses
dois sistemas auxiliam no entendimento do mundo e seu processo de representação. Essa relão
de tempo-espo, segundo Leite (1998) é a
transformão do espaço em tempo e sua retransformação em espaço, que
comanda o modo de pensar o lugar. (...) A incapacidade de entender ou reproduzir um
contexto é, portanto, uma ruptura do processo cultural de construção do processo da
0 paisagem (...)
Além da relação de tempo-espaço, os fatores humanos, ecológicos e sócio-poticos são
questões que também influenciam na constituição e determinação das paisagens.
Segundo Milton Santos (1997, p.64-67) a paisagem é heterogênea e formada por elemen-
tos naturais e artificiais. Considerando que a paisagem artificial é a que foi transformada, a natu-
ral seria a intocada pelo homem e praticamente o existe mais. A complexidade da vida social
afasta cada vez mais a população do mundo natural, permitindo assim, uma maior afinidade com
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
47
a paisagem artificial. Segundo esse autor, esse parece ser o caminho da evolução. Na produção
do espaço, ao longo da história, têm-se a relão entre os instrumentos de trabalho, a circulão,
distribuição, consumo e a paisagem. Essa se organiza conforme as mudaas das exincias do
espaço, que eso vinculadas aos próprios processos de prodão espacial e relacionados aos
fatores: capital, tecnologia e organização.
Outros estudos mostram rias abordagens sobre a percepção ambiental e vale a pena
ressaltar que existem diferentes tipos de impreses mentais quando se olha para uma cidade con-
temponea. Alguns autores expõem a visão ecogica na percepção do ambiente, como Hough
(1995). Segundo esse autor a ecologia urbana enriquece a percepção sensorial das cidades e é uma
nova vertente de desenho urbano para garantir a sustentabilidade para as gerões futuras, mos-
trando que é urgente a discuso sobre novas maneiras de se projetar futuras paisagens assumindo
os problemas ambientais, produtivos e sociais da cidade com a consciência da interdepenncia
entre cidade e campo.
Dentro do contexto exposto, ressalta-se a visão rontica da paisagem e a visão român-
tica de ecovila como lugares perfeitos e em equilíbrio entre o meio, os usrios e os processos de
produção espacial. Essa visão está longe da realidade atual, pois conforme visto a tenncia da
ocupação espacial está para a paisagem artificial e mesmo a ecovila tem uma paisagem artificial,
no sentido dos lugares não serem intocados pelo homem. O que se procura é um equibrio entre
esses sistemas para que as ecovilas possam alcaar o patamar de paisagem integrada plena.
2.4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Este estudo se valerá da medida de desempenho nas ecovilas e para tanto é necessário
uma introdução a esse conceito, bem como aos conceitos de atributos, dimensões, Grau de
Satisfação Relativa e Fatores Críticos do Sucesso.
Qualquer tipo de serviço ou produto é avaliado, às vezes intuitivamente, pelo seu usrio
e esta avaliação pode se dar de forma inconsciente, de maneira informal ou formal. O usrio avalia
empiricamente o produto e decide se o consumirá novamente ou não. Os certificados de qualidade
auxiliam o usrio a identificar e julgar a qualidade do produto/servo, sendo uma ferramenta de
controle sobre a produção com qualidade. Pesquisas apontaram que as empresas dos mais variados
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
48
setores estão se preocupando com a qualidade oferecida pelos seus produtos/serviços e que a satis-
fação do usuário deve ser levada em conta em todas as fases de prodão do produto/serviço. Em
decorncia dessas pesquisas, os produtos/serviços passaram a ter um desempenho compatível com
a qualidade determinada pela satisfação do seu usuário (LUZ, 1997, p. 56-59).
A definição de desempenho, segundo Rosen e Bennet, citados por Oliveira e posterior-
mente por Luz (1997, p. 57) é:
[...] desempenho é a habilidade do produto em responder às necessidades dos
usuários e aos impactos ambientais. Ele é a maneira de cumprir todos os con-
juntos de requisitos importantes diante do cliente.O conceito de desempenho
é uma ferramenta básica para a avaliação e investigação de materiais, produ-
tos e sistemas para os quais não há padrões conhecidos.
Para se avaliar um determinado produto que não pode ser padronizado desenvolvem-se
mecanismos de avaliação do seu desempenho. Isto se aplica às ecovilas, pois os assentamentos
não apresentam padrões de formação e construção conforme visto anteriormente.
Segundo Rocha Meira (1998, p. 4):
Vale ressaltar a importância dos estudos referentes as necessidades dos usrios,
entretanto, o se pode esquecer a temporalidade dos mesmos, visto que cons-
tantes mudaas ocorrem nas vidas das pessoas, significando que determinado
item pode satisfazer o usrio hoje, não o satisfazendo amanhã. Isto enfatiza a
necessidade de uma constante inter-relão entre pesquisadores, usuários e pro-
jetistas.[...] Além do mais, há casos em que todos os pametros de um produto
correspondem as expectativas do avaliador, embora não sejam satisfarios para
o usuário, como acontece em uma edificação, que pode estar com a estrutura
em ótimo estado, com as instalações funcionando perfeitamente, sem apresentar
qualquer risco de vida as pessoas que dela fazem uso e com ambientes limpos,
no entanto, pode ser ruim sob a ótica do usuário.
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
49
2.4.1 Dimensões
Turner citado por Oliveira (1994, p. 43- 63) argumenta que a habitação é vista pelo usrio em
função das qualidades e das prioridades, que ela pode oferecer a ele e não somente pela aparência da
construção, ou como ela é vista por outras pessoas. As necessidades de habitação são estabelecidas
por prioridades que determinam o entendimento ou desentendimento das necessidades das pessoas
em termos habitacionais e sua satisfão com o ambiente construído. Essas prioridades devem estar
equilibradas para que a habitação possa satisfazer totalmente o usuário. Sob a luz desse conceito
consideram-se três as necessidades universais de habitação: abrigo, acesso e ocupação, ampliando a
visão da moradia como simplesmente uma estrutura física, detalhados a seguir:
Dimensão Abrigo: Refere-se à habitação com suas características físicas, técnicas e
humanas locais. Em seu aspecto físico a habitação deve corresponder às aspirações e/ou aos
desempenhos mínimos exigidos pelos seus usuários em termos de conforto físico, mental e
de segurança. Essa dimensão abrange também ambientes de trabalho, pois devem garantir
conforto e segurança para os usuários por se tratar de um ambiente de permanência razoável
(média de oito horas diárias). A dimensão abrigo deve ser planejada de acordo com as normas
específicas e com a garantia do conforto ambiental para assegurar a saúde física e mental dos
cidadãos. (LUZ, 1997, p.88)
Dimensão Acesso: Refere-se ao direito do homem de ter acesso às pessoas como os
familiares, amigos e vizinhos, aos lugares, como os espaços verdes e construídos, às ativida-
des humanas essenciais como o trabalho e a moradia, aos serviços urbanos como financeiros,
médicos, educativos, recreativos e religiosos e à informação através dos meios de comunica-
ção. Essas atividades são obtidas basicamente por intermédio dos sistemas de água, energia e
comunicação. (LUZ, 1997, p. 88-89)
Dimensão Ocupação: Compreende o uso e ocupão que o ser humano faz dos equi-
pamentos, estrutura física e serviços urbanos. Permite identificar a extensão e a forma com que
o homem utiliza os recursos naturais e materiais oferecidos pelo ambiente. Nessa dimensão
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
50
es implícito o uso do investimento público em servos e equipamentos e sua viabilidade para
implantão. Está relacionado com as dimenes abrigo e acesso (LUZ, 1997, p. 89-90). Essa rela-
ção entre as dimensões pode ser exemplificada pelo quadro 02, que mostra como as necessidades
influem na satisfação do usrio, a interdependência das dimensões abrigo, acesso e ocupão e
as discordâncias entre as prioridades dos moradores e as das habitões.
2. BASES TEÓRICAS
Descrição das principais caractesticas
FAMÍLIA: Pintor de carros e falia que
ganha, aproximadamente, 20% a mais do
que o mínimo absoluto para a subsistência.
ABRIGO: Casa simples: telhado, paredes
e repartições improvisadas.;
ACESSO: Custos em transportes e com
moradia são insignificantes. A casa é bem
localizada, próxima ao comércio, às
atividades sociais e ao trabalho;
OCUPAÇÃO: Os moradores sentem-se
seguros, porque não pagam aluguel e
transportes e podem, assim, fazer econo-
mia para melhorar o abrigo.
SATISFAÇÃO: A família está motivada e
sua estratégia é minimizar seus gastos diá-
rios com moradia; suas economias estão
sob controle e sentem-se seguros com a
ocupação dos serviços e equipamentos e
têm liberdade de antever seus próximos
movimentos.
BARRACO APOIATIVO
Descrição das principais caractesticas
FAMÍLIA: Pedreiro e família, que residam em
uma”favela” e que mudaram-se recentemente.
Pagam 55% de suas rendas em aluguel e utilidades
e 5% com transporte público;
ABRIGO: casa moderna, amplamente melhorada e
equipada, recentemente alugada;
ACESSO: A casa é distante do trabalho, conseqüen-
temente, dos outros serviços e equipamentos urba-
nos. Com a mudança, a falia teve que abandonar
uma fonte de renda (servo tustico);
OCUPÃO: Sentem-se felizes com a melhoria da
qualidade de vida, mas angustiados com o custo de
manuteão para manter o novo pado de moradia.
SATISFÃO: Apesar de terem perdido uma fonte
de renda (acesso ao trabalho) e da preso familiar
surgida daí, paradoxalmente, estas pessoas apre-
ciam o conforto da residência de alto pado. Está
clara a satisfação dessa família com a dimeno
abrigo, atras da “proteção” psicológica que causa.
Apesar das outras dimensões (acesso e ocupação)
estarem severamente afetadas, estas pessoas eso
“iludidas” com sua satisfação com a habitão, uma
vez que os altos custos para mantê-la, o permitem
que eles economizem para, por exemplo, adquiri-la.
CASA OPRESSIVA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
51
CONCLUSÃO: Apesar de não estarem
satisfeitos com nenhum aspecto da habita-
ção (estética, segurança, conforto, etc), os
moradores possuem um local para “abriga-
rem-se” e o barraco é, portanto, um suporte
admivel para sua situação (econômica)
atual e é um veículo para a realização de
suas expectativas. Possuem acesso ao
trabalho (seguraa ecomica), aos siste-
mas urbanos (dimensão ocupação) e a uma
perspectiva promissora no futuro.
BARRACO APOIATIVO
CONCLUO: Dois aspectos podem ser consi-
derados:
1) A melhoria do padrão de moradia trouxe, de um
lado, satisfação, e por outro, insegurança econômi-
ca-social-psicológica;
2) A auncia de ou baixo vel de descontentamen-
to é interpretado como alto ou em vel aceitável de
satisfão. A relatividade da idéia de satisfação apa-
rece quando as pessoas podem adaptar-se em seu
ambiente de vida, portanto, um certo grau de conformi-
dade ou aceitação atenua alguns descontentamentos
iniciais. A iia de satisfação, na extensão medida de
extremo descontentamento, passado o ponto dio
de indiferença, e finalmente, para extrema satisfação.
CASA OPRESSIVA
Quadro 02: Exemplos de satisfação do usuário com a habitação englobando as dimensões abrigo,
acesso e ocupação.
Fonte: LUZ, 1997, p. 61.
2.4.2 Atributos
Os atributos do ambiente construído são classificados por Handler e mencionado por Luz
(1997, p. 62) como “conjunto de atributos interconectados (ou dependentes) que servem como
diretrizes para uma construção ou plano”. Tais atributos tratam da avaliação comportamental
no método a ser utilizado neste trabalho, que são:
• Atributo Simbólico: Refere-se à percepção do ambiente pelos usuários, ou seja, con-
sidera-se que o ambiente urbano, enquanto objeto simbólico e genérico e por sua formação e
distribuição espacial deva transmitir aos cidadãos um sentimento de segurança, reconhecimen-
to do lugar. Com esse atributo pode-se descobrir se o espaço está sendo percebido como meio
ambiente comum pelos usuários. (LUZ, 1997, p. 90-92)
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
52
Atributo Ambiental: Refere-se, basicamente, a três abordagens:
1) As relações entre o usuário e o uso dos materiais construtivos disponíveis nesse
ambiente (homem e a disponibilidade de materiais).
2) As relações entre o usuário e as técnicas construtivas adotadas no local (homem e a
intervenção no habitat).
3) A conscientização da necessidade da manutenção de um ambiente sustentável (homem
e a sustentabilidade ambiental).
Neste atributo pretende-se avaliar a conscientização e envolvimento dos usuários com
os recursos naturais. (LUZ, 1997, p. 92-94)
Atributo Humano: Esse atributo refere-se à avaliação do atendimento efetivo das
necessidades humanas em relação à sobrevivência dos cidadãos no ambiente urbano “viabili-
zada pela garantia de um abrigo saudável, que proporcione bem-estar geral e eficiência opera-
cional nas tarefas desenvolvidas no ambiente”. (ROCHA MEIRA; OLIVEIRA, 1998, p.5).
Conjuntamente com os atributos ambiental e técnico, é um atributo de prioridade vital
para o ser humano. Abrange tanto os aspectos técnicos quanto os subjetivos como a satisfação
fisiológica, psicológica, sociológica (usuário com a habitação), com a vizinhança e serviços
públicos oferecidos (LUZ, 1997, p. 94-95).
Ainda segundo LUZ (1997, p. 94) esse atributo:
pretende por meio de dados sociais e técnicos, viabilizar a garantia de
um ambiente sauvel aos moradores, assegurando assim, um bem-
estar geral e um bom convio familiar e comunirio, que o condi-
ções básicas para uma boa saúde mental e psicogica da população.
Atributo Técnico: Refere-se à verificação do impacto das tecnologias implantadas nos
assentamentos urbanos. Está ligado ao atributo ambiental, pois é no ambiente natural que as
tecnologias são aplicadas.
Este atributo tem enfoque no atendimento das exigências técnicas desde a elaboração
até a implantação dos projetos, neste caso das ecovilas, e sua adaptação ao meio ambiente .
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
53
Essas atividades técnicas podem ser caracterizadas pelos impactos nas seguintes situações:
Climático (temperatura, precipitação e ilhas de calor);
Hidrológico e hidrogeológico (diminuição da capacidade de infiltração das águas no
solo pela ampliação das áreas urbanizadas);
Morfológico (mudanças nas condições do sítio pela ocorrência de aterros, terraplena-
gens, retificações de canais, etc.);
Biogeográfico (diminuição das áreas verdes, diminuindo a bio-diversidade de plantas
e animais)
Com este atributo pretende-se verificar se as técnicas construtivas nas ecovilas estão de acor-
do com as exigências de segurança, conforto e com os recursos naturais (LUZ, 1997, p. 95-96).
• Atributo Econômico: O atributo econômico viabiliza a existência e a manutenção de
todos os outros atributos e também define, ou não, o uso desse ambiente pelo usuário. O poder
aquisitivo do usuário determinará o grau de abrangência desse atributo, que tem caráter agre-
gador e permeia todas as dimensões e os atributos mencionados (LUZ, 1997, p. 96-97).
Neste atributo, o usuário é o agente principal do assentamento como fornecedor de
recursos. O retorno destes recursos ocorre em forma de implantação de serviços e equipamen-
tos e melhorias para a comunidade em geral.
Atributo Social: Refere-se a duas abordagens:
Ambiente externo: avalia se o arranjo urbano propicia o encontro entre as pessoas e, ao
mesmo tempo, preserva a privacidade das pessoas.
Ambiente interno: avalia se a habitação propicia o encontro entre as pessoas, preser-
vando a privacidade das mesmas. (ROCHA MEIRA; OLIVEIRA, 1998, p.5-6).
2.4.3 Grau de Satisfação Relativa (GSR)
O Grau de Satisfação Relativa (GSR) é um índice que expressa o grau de satisfão dos usuá-
rios com o ambiente estudado. Através da interseão entre atributos, dimenes com os níveis de
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
54
sustentabilidade, esses índices representarão, sob o enfoque do usuário, a significância relativa
de cada uma das intersões para o desempenho geral do assentamento”. (LUZ ,1997, p.107)
Após os cálculos dos GSR, obtêm-se uma matriz de avaliação e por análise visual
chega-se aos Fatores Críticos de Sucesso que podem ser conhecidos através da geração de uma
matriz da média de todos os moradores (LUZ, 1997, p. 109).
2.4.4 Fatores Críticos do Sucesso (FCS)
Fatores Críticos do Sucesso são derivados da teoria dos sistemas de informação para
uma abordagem gerencial. Inicialmente utilizado por Rockart (1979), a ferramenta auxilia exe-
cutivos, otimizando tempo e determinando as necessidades de dados mais importantes para
tomada de decisões. O conceito foi adaptado para aplicações em administração de projetos e
construções na engenharia civil (OLIVEIRA, 1996, p. 01-02).
Os Fatores Críticos do Sucesso incluem dois tipos de conceitos. O primeiro, utilizado
por Rockart que menciona que os FCS são, independente do tipo de negócio, um número limi-
tado de áreas, que se forem satisfatórias, podem trazer um desempenho bem sucedido para os
sistemas de informação. O segundo foi adaptado por Oliveira e está sendo utilizado nas área de
administração de empresas e no gerenciamento da engenharia civil. Os FCS facilitam o suces-
so da intervenção administrativa, otimizando recursos, sendo fatores seletivamente tratados e
fundamentais para a tomada de decisão. Se os FCS forem negligenciados, há o risco de fracas-
so e/ou desperdício de recursos. Esses dados estão intimamente relacionados à satisfação do
usuário, e segundo o exposto por LUZ (1997) em sua metodologia de avaliação para ambientes
urbanos, o grau de satisfação do morador é o agente determinador do “sucesso” ou “insucesso”
do produto e/ou serviço, ou seja, a satisfação do usuário define os FCS para o assentamento e
o pesquisador pode determinar a forma como os usuários avaliam e como decidem suas neces-
sidades e prioridades (LUZ, 1997, p. 63-64).
Os atributos e dimensões definidos por Handler e Turner mencionados são subsídios
para identificar um conjunto de Fatores Críticos de Sucesso (FCS). Por meio de questionamen-
to aplicado diretamente aos usuários das ecovilas será provável que se identifique na susten-
tabilidade ecológica qual o grau de satisfação e em que patamares se encontra esse nível de
2. BASES TEÓRICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
55
sustentabilidade na ecovila. Entretanto, nem todos os atributos devem ser encarados da mesma
maneira, pois alguns dentre os demais podem ser irrelevantes.
Os FCS a serem tratados neste trabalho são, na verdade os Fatores Críticos do Insucesso,
pois, ao invés de salientarmos as áreas de maior sucesso, tomaremos as áreas de menor satisfa-
ção como áreas que necessitam de intervenção.
2. BASES TEÓRICAS
56
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
57
3.1 ESCOLHA DA ECOVILA
Neste capítulo faz-se uma breve descrição da comunidade escolhida para a aplicação do
método proposto. São apresentadas somente características relevantes à compreensão da forma
e da evolução histórica tanto da ecovila estudada quanto do município onde está inserida.
Dentre as ecovilas brasileiras, três foram indicadas por May East, brasileira, membro da
Rede Global de Ecovilas e moradora de Findhorn, Escócia, oito anos. Ela está no Brasil
divulgando o conceito de ecovilas, ministrando cursos e visitando as comunidades e vários
grupos que estão se formando para implementação de novas ecovilas no país. Como conhece
a maioria dos assentamentos do Brasil, pôde indicar as ecovilas mais organizadas e estrutura-
das para estudo de caso. São elas: IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado) em
Pirenópolis, Goiás; Instituto Parque Visão do Futuro, próximo a Porongaba, interior de São
Paulo e Fundação Terra Mirim em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, Bahia.
As três ecovilas foram contatadas para permissão de pesquisa de campo, porém o IPEC
negou que uma pesquisa acadêmica fosse realizada na ecovila, alegando que está passando
por reestruturação e que uma pesquisa externa não era de interesse dos coordenadores; o
Parque Visão do Futuro a princípio mostrou-se interessado no trabalho, mas negou receber
pesquisador acadêmico. Entretanto, a resposta positiva para pesquisa acadêmica foi limitada à
Fundação Terra Mirim, o que impossibilitou a essa pesquisa o estudo comparativo entre dois
ou mais estudos de caso.
Este capítulo possui o intuito de apresentar a área estudada, permitindo dar uma idéia de
sua localização, partindo de uma introdução do município e, posteriormente, da comunidade
com seus programas e projetos para uma correlação entre a área de estudo e o método propos-
to, que será apresentado no próximo capítulo.
3.2 A CIDADE: SIMÕES FILHO
A comunidade estudada foi a Fundação Terra Mirim que situa-se no município de
Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, Bahia.
O município foi criado em 1961, quando foi desmembrado de Salvador. Possui uma área
de 207 km2, correspondente a 9,4% da superfície da Região Metropolitana de Salvador com
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
58
uma população, segundo o IBGE (2004), de 105.117 habitantes, sendo o município mais pró-
ximo da capital, à distância de apenas 20 km.
Seus limites são: ao norte os municípios de Candeias e Camaçari; ao sul os municípios
de Salvador e Lauro de Freitas; a leste o município de Camaçari e a oeste o município de
Candeias (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA, 1990, p.23)
A figura 13 mostra a localização do município na Região Metropolitana de Salvador e a
localização da comunidade no município.
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
60
3.2.1 Evolução da Expansão Urbana de Simões Filho
O município de Simões Filho tem sua história marcada por uma herança colonialista
portuguesa que, ao longo dos séculos XVI e XVII através da produção canavieira e com a
devastação das matas e criação de engenhos, marcou a paisagem local. Sua população era
caracterizada por trabalhadores rurais que prestavam serviços nas fazendas de cana. (SECRE-
TARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA, 1990, p.25)
A expansão urbana do município está ligada à implantação da atual Divisão Leste da
Rede Ferroviária Federal S.A., partindo de Salvador e que teve início em 1853 através da con-
cessão do governo imperial. Em 1891, uma concessão do governo do Estado da Bahia permitiu
a construção de outra ferrovia Centro-Oeste, partindo de Mapele e chegando em Minas Gerais
(CONDER, s/d, p. 43).
Com a construção dessas duas ferrovias surgiram povoados que se desenvolveram
expandindo-se nos arredores das estações ferroviárias. A ocupação se efetuou de forma grada-
tiva pois a atividade econômica da região era basicamente de subsistência, não atraindo a fixa-
ção da população no local. Não existia a centralização de atividades comerciais e de serviços
pela falta de demanda e pela proximidade com o distrito sede, Salvador. Essa centralização
de atividades econômicas iniciou-se com a construção da rodovia Salvador-Feira de Santana
(atual BR-234) que atravessa o distrito. Em decorrência desses fatos, a partir da década de
1950, iniciou-se um incipiente processo de industrialização na região. (CONDER, s/d, p. 43)
Em 1961, após o desmembramento do município de Salvador, houve um grande fluxo
migratório com a implantação de um centro industrial, que fez com que se firmasse um núcleo
habitacional na área decorrente da mão-de-obra utilizada na indústria. A zona habitacional foi
planejada para adensamentos populacionais de variados tipos, intercalados com áreas verdes,
para a preservação do meio ambiente e para recreação e lazer. Podem ser descritas como:
Habitações populares com crescimento horizontal, de ocupação radial concêntrica;
Habitações com crescimento vertical com gabarito limitado, de ocupação linear;
• Habitações com crescimento vertical com gabarito ilimitado de ocupação linear (CON-
DER, s/d, p. 44)
Nessa área existia somente a sede municipal com características de adensamento
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
61
populacional urbano. A partir desse plano (elaborado em 1965), resincias em áreas cir-
cunvizinhas comaram a se adensar, surgindo algumas aglomerões periféricas que se dis-
tanciavam da sede municipal aproximadamente 3km, compondo uma única malha urbana.
Esse processo de agrupamento de vilas é verificado através da ocupação de áreas adjacentes
às rodovias e ferrovias, direcionando-se para a sede municipal, como cleo central. Por
essa característica formaram-se grandes vazios na área peritrica urbana que podem ser
futuramente ocupados. A tendência atual de expano urbana é pluridirecional, a partir da
prefeitura (CONDER, s/d, p. 44).
Esse município encontra-se localizado entre Camaçari e Salvador, que são duas cidades
importantes na Região Metropolitana. Camaçari caracteriza-se por ter um grande pólo indus-
trial e Salvador além de capital do estado, caracteriza-se por serviços e turismo. A proximidade
entre essas cidades aumentou o fluxo de população flutuante, estimando-se em cerca de 80.000
pessoas. (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA, 1990, p.15-24)
3.2.2 Aspectos Geológicos e Climatológicos de Simões Filho
Segundo Conder (s/d, p.21-22), o relevo do município de Simões Filho é caracterizado por:
• Área costeira: na faixa litorânea, com largura variável cujo aspecto peculiar é uma pla-
nície inundável pelas águas marinhas;
Áreas de colinas: localizada na parte rebaixada entre as superfícies mais elevadas, cons-
tituídas por colinas e outeiros, formando vales largos com relevo suave e ondulado;
Área de tabuleiros: domina a planície costeira e as partes rebaixadas com forma típica
tabular ou de mesa, caracterizada pelo topo plano. Mantêm altitude uniforme e pode-se
observar vários alinhamentos ou terraços mais altos em direção ao interior;
Área movimentada: encontra-se acima da superfície das colinas com elevações do topo
anguloso e às vezes arredondado, originando relevo forte e ondulado.
A vegetação predominante no litoral é de manguezal. Nas formações campestres
ocorrem os campos de rzea em áreas mal drenadas, até alagadas, e estão intimamente
ligadas aos solos hidrorficos. Os campos secundários sofreram desmatamento, uso ag-
cola e posterior transformação em pastagens e se caracterizam pela paisagem de cerrado.
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
62
Existem algumas formações florestais, representadas pela Floresta Tropical Sempre Verde
e a Tropical Atntica encontra-se alterada e reduzida em virtude da utilizão da terra
para fins agrícolas.
Nas áreas cultivadas têm-se as culturas de banana, do coco, cana-de-açúcar, feijão e man-
dioca e pequenos reflorestamentos de eucalipto.
O clima no nordeste do município é de transição, quente e úmido com chuvas no inver-
no, atingindo uma pluviosidade entre 1.600 e 1.800 mm. Próximo ao litoral, voltado para a
Baía de Todos os Santos o clima é de selvas, quente e úmido com pluviosidade superior à
1.300 mm (CONDER,s/d, p.21-22).
Os ventos predominantes são de sudeste, que atravessam a costa oceânica e a zona eleva-
da antes de chegarem aos terrenos baixos.
A rede hidrográfica apresenta duas áreas distintas quanto ao divisor de águas pluviais: a
oeste voltado para a baía de Aratu, próxima da baía de Todos os Santos, com pequenos rios e
outra a leste, composta de rios e córregos que deságuam no rio Joanes, que serve de limite de
município com Camaçari (CONDER,s/d, p.21-22).
3.3 A ECOVILA E SUA HISTÓRIA
A Fundação Terra Mirim é uma instituição sem fins lucrativos, criada em 1992, num sítio
de 2,5 hectares para o início de um trabalho originalmente centrado na educação e no auto
conhecimento, tendo como base a experiência da vida comunitária. Em 1994, foi reconhecida
como Utilidade Pública Municipal, Estadual e Federal, tendo como linha mestra de suas ações
a Ecologia Integrativa, concepção que considera a proteção à natureza e o desenvolvimento
humano como um único e indissociável processo.
Nos seus primeiros cinco anos, sua área foi reflorestada, as áreas construídas foram
ampliadas para o acolhimento de grandes grupos de vivências e cursos, com a integração de
seus membros em trabalho cotidiano de partilha de responsabilidades e auto-conhecimento,
apoiados na vida comunitária (FUNDAÇÃO TERRA MIRIM, 2001).
Em 1997, foi constituída uma comunidade residencial com seus voluntários, iniciando-
se diversas experiências piloto em desenvolvimento comunitário, economia solidária e educa-
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
63
ção através da natureza e da arte. Atualmente atende, com seus projetos, um público consti-
tuído por crianças, adolescentes e adultos, ONGs, instituições públicas e empresas da Região
Metropolitana de Salvador, desenvolvendo cursos, workshops, eventos e projetos sociais. A
instituição, ainda recebe, com seu serviço de hospedagem, pessoas de outros estados e de dife-
rentes países, interessadas em conhecer a experiência comunitária e as ações sócio-ambientais
(FUNDAÇÃO TERRA MIRIM, 2001).
3.4 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL
A sede localiza-se no munipio de Simões Filho (ver figura 13), na sub-bacia do rio
Itamboatá, afluente do rio Joanes, no Km 07 da Rodovia BA 093 (FUNDAÇÃO TERRA
MIRIM, 2001). Esta região encontra-se inserida na Área de Proteção Ambiental (APA)
Joanes Ipitanga, que foi criada pela Resolução CEPRAM No 2974 de 24 de maio de 2002
e é integrante do Sistema de Áreas Protegidas do Litoral Norte, definida no Art. 77 do
Decreto Nº 7.967 de 05 de junho de 2001, que regulamenta a Lei Nº 7.799 de 07 de feverei-
ro de 2001, abrangendo parte dos municípios de Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias,
o Sebastião do Passé, Camaçari, Dias D'Ávila, São Francisco do Conde e Salvador, cujo
objetivo maior é a preservão das nascentes, das represas dos rios Joanes e Ipitanga, pro-
piciando a preservação, conservação e recuperação dos ecossistemas existentes na área
preservada.
3.5 ASPECTOS FÍSICOS
A implantação da comunidade mostra a loca-
lização das áreas construídas no tio que foi sendo
construída ao longo dos anos de existência e conta
com duas ocupações distintas: uma área comum e
uma área reservada aos condomínios residenciais
(ver figura 15). Entretanto a área residencial o
faz parte do patrimônio da instituição, pertencendo
aos moradores da comunidade.
Figura 14 – Refeitório
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
65
3.5.1 Área Comum
Essa área consiste de 2,5 hectares inclui os prédios:
administrativo com biblioteca, cozinha e refeitório, como
mostra a figura 14, espaço para estudos e projetos voltados
para o meio ambiente,
chamado de Ambiental
Terra Mirim, lavanderia,
cozinha de apoio para
hóspedes, banheiros,
casa das artes e casa de
recolhimento (hospeda-
gem - figura 17), casa
da lua (reuniões), casa
do sol (eventos figura
18), 2 templos de medi-
tação, sala de reuniões
(figura 19), casa de fun-
cionários, galinheiro.
Os hóspedes indi-
viduais concentram-se na casa do recolhimento e as famí-
lias nos chalés, sendo que alguns desses chalés servem de
residência para moradores que ainda não construíram suas
casas nos condomínios.
Além dos espaços
construídos, os espaços
livres da área comum da
comunidade o compos-
to de pomar, jardim de
ervas medicinais em for-
Figura 18 – Casa do Sol
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004
Figura 19 – Reuniões
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 20 – jardim de ervas
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 21 – templo do ar
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 17 – Casa do recolhimento
e casa das artes
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004
Figura 16 – Ambiental
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004
Figura 22 – templo da água
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
66
mas de mandalas (vide figura 20), local destinado para
mudas de árvores nativas e templos em espos abertos, com
pouca interveão construtiva. o eles: templo do fogo, tem-
plo do água, templo do ar e templo da terra.
A figura 21 exemplifica o templo do ar e a figura 22
o templo da água, próximo ao rio Itamboatá.
3.5.2 Condomínios Residenciais
São três os condomínios residenciais que também
tomaram forma ao longo da evolução da comunidade,
como mostra a implantação da comunidade na figura 15.
O primeiro deles localiza-se dentro da área comum
da Fundação e foi o primeiro a ser instaurado, contando
com cinco residências. Sua proximidade com a rodovia BR
324 e o intenso movimento de tráfego fez com que as estru-
turas de duas residências fossem totalmente prejudicadas
como mostra a figura 23.
Os condomínios 2 e 3 englobam mais 2,5h e são sepa-
rados da área comum.
A figura 24 mostra a vista da Fundação para o condo-
mínio 2, que o separados por uma cerca. As figuras 25, 26,
27 e 28 exemplificam as casas dos residentes da ecovila.
O condomínio 2 é com-
posto por cinco residências e
é o mais habitado.
O condomínio 3 inse-
re-se numa área onde, em
épocas de chuva, alaga, tanto
pela composição do solo
Figura 26 – Residência
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 27 – Residência
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 24 – Vista da Fundação
para o condomínio
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 25 – Residência
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
3. ÁREA ESTUDADA
Figura 23 –
Construção condenada
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
67
como pelo transbordamento do rio Itamboatá que fica próximo ao condomínio e é composto
por quatro residências.
As residências do condomínio 3 são exemplificadas pelas figuras 29 e 30. Essas casas
foram construídas sobre uma laje, permitindo que as construções ficassem elevadas do solo,
evitando as inundações do rio e dos alagamentos da área em épocas de chuva.
O acesso a esse condomínio é feito por uma passarela para pedestres. Em nenhum desses
condomínios existe acesso para automóveis, que se restringe à área comum da Fundação.
3.6 DIRETRIZES E POLÍTICAS DA ECOVILA
A Fundação Terra Mirim tem como um dos objetivos desenvolver programas de
Educação, com base na Ecologia Integrativa, priorizando o desenvolvimento integral do ser
humano e o cuidado com a Terra.
Para as relações entre os membros da comunidade o desafio é fortalecer as áreas de tra-
balho, através de uma política de gestão por colegiado, com rotatividade de lideranças, numa
tentativa de gestão coletiva. A Fundação é mantida através de recursos provindos de doações
dos residentes da comunidade, de entidades, empresas, de hospedagem, cursos e parcerias.
A comunidade também tem como objetivos ampliar suasões voltadas para o público em
geral e para a atuação social nas cinco comunidades do Vale do Rio Itamboa, onde se localiza.
Além de atuar com crianças e adolescentes, a instituição atende as mulheres, mães des-
sas crianças, através do projeto Arte e Sustentabilidade (produção de artesanato e formação
cidadã); alguns pais participam do Programa Ambiental e de Sustentabilidade da instituição,
em atividades como: mutirões ecológicos nas comunidades, cursos na área agrícola, curso de
Figura 28 – Residência
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 29 – Residência
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 30 – Residência
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
68
apicultura. As ações sociais são informadas, discutidas e avaliadas nas diversas atividades rea-
lizadas, promovendo a participação das comunidades em seu próprio processo de mobilização
e crescimento (FUNDAÇÃO TERRA MIRIM, 2001).
3.7 PROGRAMAS, PROJETOS E EVENTOS
Projetos:
Projeto Aprender com a Natureza educação
complementar para criaas e adolescentes carentes,
foi iniciado em 1999 com 10 educandos. Hoje esse
projeto conta com 88 alunos que participam de ativi-
dades artísticas, educação sobre ecologia integrativa,
vida comunitária e saúde. A escola situa-se na área
comum da comunidade e é ilustrada pela figura 31.
Grupos de Teatro oficinas de teatro com adultos da fundação e adolescentes das comu-
nidades circunvizinhas.
Projeto Ser Adolescente – atividades vivenciais e reflexivas sobre adolescência, sexuali-
dade, relacionamentos e saúde.
Projeto Águas Puras re-vegetação de 13,5
hectares de Matas Ciliares e plantio de 10.000 mudas
de árvores nativas. ões de recuperação e educação
ambiental em 4 escolas municipais. Realização de 20
mutirões ecológicos: limpeza do rio Itamboatá (ilus-
trado nas figuras 32 e 33) e plantio de árvores com
participão de 450 pessoas. Formão contínua de
professores; constituão de rede de parceria e resga-
te de manifestações culturais do Vale: Queimada da
Palhinha e Fonte da Guia. Este projeto recebeu finan-
ciamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente para
o período de 2001 a 2003.
Figura 31 – Escola
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 32 – Rio Itamboatá
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 33 – Rio Itamboatá
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
3. ÁREA ESTUDADA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
69
Projeto Arte e Sustentabilidade Oficinas de
artesanato com mulheres e adolescentes para a comer-
cialização dos produtos em feiras populares.
Projeto Queimada da Palhinha - Oficinas
com adolescentes para transmissão da cultura popu-
lar típica do Vale do Rio Itamboatá (FUNDAÇÃO
TERRA MIRIM, 2001).
Programas
Programa de Voluntários
A ecovila recebe colaboradores para diversas áreas de trabalho na comunidade, propician-
do a vivência de um processo de formação humana e descoberta de talentos.
Programa Acolhimento Participativo
Programão permanente para acolhimento de pessoas em experiências de vida comuni-
ria. Os visitantes são hospedados na casa do recolhimento e nos chalés, ilustrados na figura 34.
Eventos:
Ecoart – evento anual com debates e discussões sobre meio ambiente, economia solidá-
ria e cidadania.
Natal Feliz – Celebração Natalina com as comunidades ribeirinhas do Itamboatá.
(FUNDAÇÃO TERRA MIRIM, 2001).
Figura 34 – Chalé para hóspedes
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
3. ÁREA ESTUDADA
70
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
71
4.1 O MÉTODO
Neste capítulo são relatados os procedimento adotados neste trabalho para a elaboração
de um método de avaliação de desempenho das ecovilas.
A otimização do método ocorreu a partir da experiência de campo, na ocasião da apli-
cação do questionário definitivo, pois o questionário preliminar foi enviado pelo correio.
Inicialmente, previa-se a utilização de um método de avaliação de desempenho existente
e elaborado por Luz (1997), aplicando-se questionários para levantamentos quantitativos.
Entretanto, este procedimento foi ampliado acrescentando-se a avaliação qualitativa proposta
por Zapatel (1992), que obteve sucesso na elaboração de um método para Avaliação Pós-
Ocupação nas superquadras de Brasília. Conjuntamente, os dois métodos servem para uma
análise mais aprofundada em pontos de maior relevância para este trabalho.
A conduta adotada pelo pesquisador na pesquisa de campo foi de observador, participando
de algumas das atividades comunitárias, o que contribuiu para o entendimento do “viver em eco-
vila, porém sem a adoção de uma pesquisa participativa, onde pressue-se o engajamento e
empatia do pesquisador tanto nas atividades quanto nas relações sociais e políticas que embasam o
objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa não há separação entre observador e o objeto observado,
neste caso entre pesquisador e a comunidade (TOULMIN; GUSTAVEN, 1997, p. 204-209).
O organograma da figura 35, proposto por Zapatel (1992, p. 31), ilustra de forma gráfica
as atividades desenvolvidas no trabalho.
Método de avaliação de desempenho para ecovilas
Levantamento Qualitativo
Levantamento Quantitativo
Observações técnicas
Questionário preliminar e de pesquisa
Interpretação dos Resultados
Figura 35 – Adaptação
de Organograma
Fonte: ZAPATEL, 1992, p. 31
4. METODOLOGIA
Tabulação e Cruzamento
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
72
O organograma mostra uma avaliação integrada de levantamentos quantitativos e quali-
tativos com o cruzamento dessas informações para a análise da área estudada. Esses levanta-
mentos envolveram conversas com pessoas-chave da comunidade, observação do pesquisador
quanto aos aspectos sustentáveis e aplicação de questionários, que abrangeram questões gerais
e específicas, objetivas e subjetivas, para uma ampla avaliação da sustentabilidade ecológica
do assentamento e da satisfação declarada pelos moradores.
Durante a pesquisa de campo, através da aplicação do questionário definitivo, foi pos-
sível obter dados mais precisos sobre as perguntas objetivas, permitindo a realização de
uma análise quantitativa para tais questões. O levantamento qualitativo foi desenvolvido por
observações técnicas realizadas durante o período de pesquisa de campo e de entrevistas com
pessoas-chave. O levantamento quantitativo foi efetuado por meio de questionários (pré-teste
e definitivo).
4.2 LEVANTAMENTO QUANTITATIVO
O método, proposto por Luz (1997) parte das definições de atributos (características)
e das dimensões ou desempenho (mensuração) para habitações, desenvolvidos por Handler,
Turner e Oliveira (ver seção 2.4) e adaptados para assentamentos em escala urbana ao invés
de um enfoque somente na habitação. O mesmo método foi adaptado às ecovilas, que em ter-
mos de dimensões está entre a habitação e a escala urbana. Os conceitos de atributos e dimen-
sões foram cruzados com os de sustentabilidade ecológica a fim de se obterem definições em
comum entre esses fatores para a avaliação da sustentabilidade dessas comunidades.
A figura 36 mostra de forma esquemática as etapas sugeridas para o método e aplicação
dos questionários pré-teste e definitivo. Esse levantamento consiste em identificar um conjun-
to de fatores que se sobressaem no ambiente. São os Fatores Críticos do Sucesso (FCS), que
por meio de questionamento direto aos usuários aferem o grau de satisfação que o ambiente
proporciona. Os FCSs são definidos através de análise de desempenho dos Graus de Satisfação
Relativos (GSR), gerados a partir de cálculos envolvendo as notas atribuídas ao questionário
pelos usuários.
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
73
Definição teórica dos atributos, dimensões e níveis de
sustentabilidade para avaliação da ecovila
Adotar como questionário
de pesquisa
Aplicação do questionário
na área em estudo
Cálculo do Grau de Satisfação
Relativa (GSR)
Tomada de decisão para
o planejamento e gerenciamento
da sustentabilidade da
área estudada
Interpretação do GSR
Regiões de avaliação GSR
Fatores Críticos do Sucesso FCS
SIM
NÃO
Definição das intersecções de avaliação
Desenvolvimento do questionário preliminar de pesquisa
Matriz de Avaliação
O questionário atendeu às
necessidades da pesquisa?
Figura 36 – Adaptação do Fluxograma do Método
Fonte: LUZ, 1997, p. 87.
Novo Questionário
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
74
4.2.1 Matriz de Avaliação
A relação entre os atributos e dimensões vistos anteriormente, com os níveis de sustenta-
bilidade, é proposta neste estudo por uma matriz de avaliação, conforme matriz elaborada por
Oliveira (1996), porém adaptada para as ecovilas. A matriz proposta por Oliveira relaciona os
atributos com as dimensões. A matriz proposta neste estudo relaciona as dimensões e os atribu-
tos com os níveis de sustentabilidade a fim de caracterizar os fatores a serem avaliados e que,
posteriormente, serão identificados como os principais determinantes nas tomadas de decisão
administrativas e gerenciais para as ecovilas conforme tabela a seguir:
Tabela 01: Relação entre os níveis de sustentabilidade e os atributos e dimensões.
Matriz de avaliação com o grau de satisfação relativa.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti
Dimensão Abrigo (DAB)
Dimensão Acesso (DAC)
Dimensão Ocupação (DOC)
Atributo Simbólico (ASI)
Atributo Ambiental (AAM)
Atributo Humano (AHU)
Atributo Técnico (ATE)
Atributo Econômico (AEC)
Atributo Social (ASO)
SC x DAB
SC x DAC
SC x DOC
SC x ASI
SC x AAM
SC x AHU
SC x ATE
SC x AEC
SC x ASO
EC x DAB
EC x DAC
EC x DOC
EC x ASI
EC x AAM
EC x AHU
EC x ATE
EC x AEC
EC x ASO
CE x DAB
CE x DAC
CE x DOC
CE x ASI
CE x AAM
CE x AHU
CE x ATE
CE x AEC
CE x ASO
Social/
Comunitária (SC)
Ecológica
(EC)
Cultural/Espiritual
(CE)
GRAU DE SATISFAÇÃO RELATIVA
NÍVEIS DE SUSTENTABILIDADE
ATRIBUTOS E DIMENSÕES
4. METODOLOGIA
Entretanto esse trabalho enfocará somente as intersecções entre a sustentabilidade ecoló-
gica e as dimensões e atributos conforme mostra a tabela 02 a seguir:
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
75
A partir da tabela 02, podem-se estabelecer os fatores comuns entre as intersecções
(célula ou casela) ou a influência mútua exercida entre essas qualidades, conforme mostra
a tabela 03. Esta tabela representa a relação entre os aspectos principais, as limitações e a
abrangência das dimensões, atributos e níveis de sustentabilidade. Para cada célula da matriz
de avaliação foi elaborada uma tabela que relaciona os números das questões correspondentes
à cada intersecção (ver apêndices C, D, E, F, G, H, I, J e K). As questões elaboradas avaliam
mais de uma célula, o que possibilita um maior número de questões para a avaliação de cada
intersecção. Estas células serão a base para a análise do grau de satisfação e do índice de sat-
isfação do morador com o ambiente.
Tabela 02: Relação entre a sustentabilidade ecológica e os atributos e dimensões.
Matriz de avaliação com o grau de satisfação relativa.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti
Dimensão Abrigo (DAB)
Dimensão Acesso (DAC)
Dimensão Ocupação (DOC)
Atributo Simbólico (ASI)
Atributo Ambiental (AAM)
Atributo Humano (AHU)
Atributo Técnico (ATE)
Atributo Econômico (AEC)
Atributo Social (ASO)
Sustentabilidade Ecológica (EC)
GSR
SEC x DAB
GSR
SEC x DAC
GSR
SEC x DOC
GSR
SEC x ASI
GSR
SEC x AAM
GSR
SEC x AHU
GSR
SEC x ATE
GSR
SEC x AEC
GSR
SEC x ASO
GRAU DE SATISFAÇÃO RELATIVA GSR
ATRIBUTOS E DIMENSÕES
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
76
4.2.2 Levantamentos via Questionário Preliminar e Questionário Definitivo
Fundamentado nos princípios de sustentabilidade ecológica propostos por essas comuni-
dades e partir das definições das intersecções da tabela 03, considerando o objeto de estudo
estar cadastrado nessa Rede Global de Ecovilas, tendo como parâmetros os princípios sustentá-
veis também como meta de cada assentamento, foram definidos os tópicos a serem abordados
nos questionários.
Tabela 03: Fator comum das intersecções entre dimensões/atributos e a sustentabilidade ecológica.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti
Dimensão/Atributo
xSustent. Ecológica
Dimensão Abrigo
Dimensão Acesso
Dimensão Ocupação
Atributo Ambiental
Atributo Simbólico
Atributo Técnico
Atributo Humano
Atributo Econômico
Atributo Social
Fator Comum da Intersecção
Analisa se os materiais e/ou as técnicas utilizados na construção das
casas são ecológicos e racionalizados a fim de caracterizar o abrigo
de forma ecologicamente correta.
Verifica se os acessos estão integrados ao ambiente da ecovila sem
que haja destruão ou manejo desnecessário de recursos ambientais.
Analisa os impactos da ocupação da ecovila no meio e do meio no
arranjo urbano.
Verifica a utilização de técnicas permaculturais e/ou sustentáveis na
construção da ecovila.
Verifica a percepção da ecovila pelos seus moradores como assenta
-
mento sustentável.
Verifica os impactos da utilização de tecnologias no assentamento,
em qualquer dimensão.
Analisa se há integração ambiental entre os usuários e o meio e se
esse fator atende às necessidades dos moradores com o mínimo de
degradação para o ambiente.
Analisa a ênfase nos negócios com princípios ecológicos e a auto-
suficiência financeira da comunidade.
Avalia se a ênfase ecológica da comunidade propicia encontros ao
ar livre entre as pessoas e, ao mesmo tempo preserva a privacidade
dos moradores. Sob a mesma ênfase, avalia se a habitação e/ou a
estrutura física propiciam encontro entre pessoas.
GRAU DE SATISFAÇÃO RELATIVA GSR
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
77
Propõe-se uma avaliação da sustentabilidade ecológica nas ecovilas abordando-se
questões referentes à unidade residencial, à comunidade e à sustentabilidade ecológica. As
interações entre o homem e o meio ambiente, construído ou não, as atitudes favoráveis ou
desfavoráveis em relação à habitação, à comunidade e à sustentabilidade ecológica indicarão
a satisfação do morador da ecovila.
4.2.3 Roteiro para Elaboração dos Questionários
Determinou-se um roteiro para a elaboração dos questionários (pré-teste e definitivo)
conforme Zapatel (1992, p. 39) com base nos seguintes tópicos:
a) Informação Pretendida: Dados junto aos moradores do assentamento sobre o desem-
penho da ecovila.
b) Seqüência das perguntas: O primeiro conjunto de informações refere-se aos dados
sócio-econômicos; o segundo apresenta-se por blocos de informações: da residência,
passando pela comunidade e para a sustentabilidade ecológica, ou seja, do particular
para o geral. Cada agrupamento apresenta questões conforme o item abordado e contêm
perguntas objetivas e subjetivas a fim de ampliar os dados qualitativos da pesquisa e o
terceiro grupo de informações são perguntas abertas.
c) Estrutura Geral: Dados sócio-econômicos, 1º, 2º e Blocos de Informões e perguntas
abertas (num total de cinco queses no questiorio preliminar e duas no definitivo).
d) Forma de mensuração das variáveis: optou-se por uma escala de avaliação numérica
de cinco pontos. As opiniões são expressas com notas de 1 a 5 que correspondem a:
1 – Péssimo (totalmente insatisfeito);
2 – Precário (insatisfeito);
3 – Regular;
4 – Bom (satisfeito);
5 – Ótimo (totalmente satisfeito).
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
78
O fluxograma da figura 37 mostra esse roteiro de forma gráfica.
Além do roteiro para a elaboração dos questionários outros atributos foram levados em
consideração, como segue:
a) Forma de pesquisa: via correio no questionário preliminar e pessoalmente no ques-
tionário de pesquisa.
b) Amostra adotada: Os estudos em APO (Avaliação Pós-Ocupação) indicam uma
porcentagem mínima de 10% (dez por cento) para a amostra (ORNSTEIN; ROMERO,
1992:26 apud BECHTEL, 1990, p.26). Para este estudo, no questionário pré-teste foi
adotado 30% da população adulta da ecovila (5 pessoas), num universo de 15 moradores,
e no questionário definitivo 73,33% da população, ou seja 11 residentes.
c) Delimitação do questionário: A intenção inicial deste trabalho seria englobar todo
o universo dos moradores da ecovila com um amostra de 100% da população, porém
somente 11 moradores responderam à pesquisa, o que impossibilitou a cobertura da
Figura 37: Fluxograma Roteiro para Elaboração dos Questionários
Fonte: adaptado de ZAPATEL, 1992, p. 40
Questionário
Avaliação de desempenho nas ecovilas
Dados sócio-Econômicos
Bloco de Informação - Unidade Residencial
Bloco de Informação - Comunidade
Bloco de Informação- Sust. Ecológica
Perguntas Abertas
Informação
Pretendida
Seqüência
Perguntas
Estrutura
Geral
Forma de Mensuração
das Variáveis
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
79
população total da comunidade estudada. Este trabalho tem caráter exploratório, ou seja,
é um prelúdio no intento de auxiliar o gerenciamento dessas comunidades e enfatiza a
sustentabilidade ecológica, propiciando a continuidade dessa pesquisa com a integração
da sustentabilidade social/comunitária e a sustentabilidade cultural/espiritual em estudos
futuros, possibilitando sua evolução.
O conjunto desses dados possibilitou a construção dos questionários.
4.2.4 Conteúdo dos Questionários
Tanto o pré-teste quanto o questionário definitivo buscam três tipos de informações, apre-
sentando três tipos distintos de questões com a seguinte estruturação:
1) Questões de caráter sócio-econômico:
Essa primeira parte dos questiorios conm perguntas sobre a origem do morador, tempo
de moradia na ecovila, materiais utilizados nas constrões e tamanho da resincia, principal
atividade remunerada, quantas pessoas moram na habitão, quantas trabalham fora, quantas des-
tas pessoas são crianças, quantas estudam ou freentam creche e escolas. Essas questões foram
elaboradas para caracterizar a área e obter alguns dadoscio-ecomicos dos usuários.
2) 1º, 2º e Blocos de informações:
A segunda parte dos questionários referem-se às questões relacionadas com as células
(intersecções) entre os atributos e dimensões e níveis de sustentabilidade para a medição de
desempenho e para mensurar o grau de satisfação do usuário com o ambiente. Nesta parte, o
primeiro bloco de informações refere-se à unidade residencial, o segundo à comunidade e o
terceiro à sustentabilidade ecológica da ecovila. Os moradores serão convidados a avaliar as
questões em função das opiniões que os mesmos possuem sobre esses itens.
Questões sobre a permacultura, os materiais utilizados nas construções, reciclagem de
lixo, conservação da água, utilização de energia renovável, poluição sonora e lumínica, auto-
nomia econômica, áreas verdes, pretendem descobrir se o usuário tem e/ou utiliza o acesso a
esses sistemas e se a ecovila propicia adequadamente as condições necessárias para um bom
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
80
nível de sustentabilidade ecológica.
Questões relacionadas aos aspectos físicos da residência e da ecovila, ao sistema de aces-
sos e circulação determinam, por exemplo, a forma que as pessoas vêem a ecovila, de forma
generalizada, ou seja, enfatizam o atributo simbólico.
Como o assentamento estudado está cadastrado na Rede Global de Ecovilas foram
acrescentadas questões subjetivas, como por exemplo, as que tratam do consumo pessoal do
morador, envolvimento dos moradores na economia, saúde geral do ambiente, entre outras, no
sentido de entender se a comunidade incorporou os conceitos de ecovila e suas definições de
sustentabilidade. Essas questões também foram desenvolvidas basendo-se nos conceitos de
ecovilas e de sustentabilidade citados no trabalho (ver itens 2.1 e 2.2.3).
3) Questões abertas:
Tanto no questionário definitivo quanto no pré-teste existem duas questões abertas que
referem-se aos aspectos que o morador mais gosta e menos gosta na ecovila, na tentativa
de avaliar a veracidade das respostas dadas ao questionário com escala de classificação. No
questionário pré-teste essa terceira parte engloba mais três questões, que referem-se ao enten-
dimento, clareza, objetividade das questões e da tabela de classificação e sobre sugestões para
melhoria do questionário definitivo (ver apêndice A).
4.2.5 Elaboração das Intersecções
Após a definição dos questionários foram definidas as questões pertinentes a cada inter-
seão a partir dos fatores comuns entre o atributo/dimensão e a sustentabilidade ecológica (ver
tabela 03).
Exemplifica-se a escolha das questões relacionadas às intersecções com a célula da
Dimeno Abrigo e a Sustentabilidade Ecológica (ver apêndice C). Foram selecionadas 16
questões para avaliar essa interseão. No bloco de informações sobre a resincia as questões
referentes à relação mútua entre a sustentabilidade e a dimensão foram:
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
81
Essas questões foram escolhidas pois auxiliam a caracterizar o abrigo quanto ao conforto
transmitido ao usuário, ou seja se o abrigo é visto pelo seu usuário como uma resincia que atende
ao conforto ambiental, uma vez que as queses envolvem a satisfação do morador quanto à tem-
peratura , ventilão, iluminão, instalações e ruídos.
As queses referentes ao bloco de informações da comunidade foram:
questão
Residência
1
2
3
4
5
6
7
Descrição da Pergunta
Temperatura no verão
Temperatura no inverno
Ventilação
Iluminação
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas (água e esgoto)
Isolamento de ruídos (internos e externos)
Essas queses visam avaliar a satisfão do usrio em relação apancia, tamanho, plane-
jamento e construção da comunidade. Dessa forma é possível entender se a comunidade, como
uma vio ampliada do abrigo residencial, é vista pelos usrios como um ambiente que atende ao
conforto ambiental e, ao mesmo tempo, se é ecologicamente correta em sua constrão.
Foram selecionadas algumas questões referentes ao bloco de informações da sustentabili-
dade ecológica. Essas questões o amplas, mas nesta insterseão avaliam a sustentabilidade do
abrigo e sua satisfação pelos moradores. As questões escolhidas abrangem conceitos sobre água e
esgoto, infra-estrutura e sde a fim de ampliar a extensão da sustentabilidade do abrigo, que neste
questão
Comunidade
9
10
11
18
Descrição da Pergunta
Aparência externa
Tamanho
Planejamento da comunidade (organização das construções)
Construção de forma comunitária
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
82
caso contempla tanto a resincia quanto a comunidade e a percepção da sustentabilidade pelos
usrios em relão a estes ambientes. As perguntas selecionadas são listadas a seguir:
4. METODOLOGIA
O mesmo racionio foi utilizado para a selão das questões de cada interseão ou célula.
Essas queses se encontram nos apêndices C, D, E, F, G, H, I, J e K.
A selão das queses para as células fortalecem a análise qualitativa desse trabalho que
é uma base para a aplicão do todo em outras comunidades. Quando da aplicação dos ques-
tionários nas ecovilas deverão ser formuladas queses e selecionadas as que caracterizam cada
lula contemplando perguntas pontuais e ao mesmo tempo amplas, objetivas e subjetivas, que
possam englobar os vários fatores a serem avaliados em cada comunidade.
4.2.6 Questionário Preliminar de Pesquisa (pré-teste)
O questiorio preliminar (ver andice A) que tem como objetivos testar a objetividade, as
possíveis ambigüidades, a clareza, a abrangência das questões, a relencia ou não das mesmas
na pesquisa e analisar o desempenho da escala de classificação quanto à facilidade de utilização,
clareza e entendimento dos pontos de graduação. A aplicão do questionário possibilita detectar
falhas ou falta de clareza nas questões e melho-lo para o questionário final de pesquisa.
Como o questionário preliminar foi enviado pelo correio, foram acrescentadas três
questões para avaliar o entendimento das perguntas e da tabela de classificação pelos usuários.
questão
Sustentabilidade Ecológica
Água e Esgoto
31
Infra-estrutura
34
35
Saúde
40
41
Descrição da Pergunta
Conservação dos recursos naturais
Utilização da permacultura (sistema de aproximação integral)
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
Saúde geral do ambiente
Poluição sonora
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
83
Os moradores da amostra fizeram sugestões para melhoria do questionário e opinaram sobre
possíveis dúvidas quanto à clareza e objetividade das questões.
Foi pedido ao morador para que expressasse se haviam perguntas de difícil entendi-
mento, que não estavam claras ou que não fossem objetivas. Três pessoas dentre as cinco da
amostra opinaram sobre: rever questões relacionadas à residência e aspectos físicos da comu-
nidade, pois essa ecovila se encontra no meio rural; falta de clareza no início do questionário,
pois não houve entendimento na colocação da tabela de classificação e entendimento dúbio nas
questões 16, 41, 42 e 47 (ver apêndice A).
As opiniões sobre a tabela de classificação são: alteração da opção regular (indiferente),
pois causou dúvidas na resposta das questões, devendo ser somente regular (segundo a opinião
dos entrevistados). As sugestões para a melhoria do questionário são: caracterizar a idade das
crianças; acrescentar a presença ou convívio com os animais; acrescentar mais questões ref-
erentes à paisagem (presença de lagos, rios, lagoa, entre outros) e acrescentar mais questões
relacionadas às áreas comuns, sistemas de acesso e circulação.
Pretendeu-se, com a inclusão dessas perguntas, uma maior interação com os usuários,
que essa etapa foi realizada à distância.
4.2.7 Questionário de Pesquisa
Além das considerações para a melhoria do questionário relatados no pré-teste, obser-
vou-se a necessidade de otimizar algumas questões:
Tipo de vocabulário empregado: algumas questões tiveram o seu vocabulário alterado
para que a pesquisa fosse mais direta e menos informal.
• Agrupamento de questões por assunto e com uma linha de raciocínio permitindo uma
certa continuidade nas questões do questionário.
A partir desse conjunto de atributos, elaborou-se o questionário definitivo de pesquisa.
A coleta de dados foi efetuada pessoalmente objetivando o grau de cooperação espontâ-
nea dos moradores ao responder as questões, sua receptividade nesse tipo de levantamento de
dados e a observação direta das características, tipologia, distribuição do assentamento e da
percepção do pesquisador frente à incorporação dos conceitos de sustentabilidade ecológica
4. METODOLOGIA
pela comunidade. Essa observação direta fez parte do levantamento qualitativo da pesquisa,
que será exposto na análise dos dados.
O trabalho foi apresentado à comunidade e os questionários (ver andice B) foram entre-
gues à população. Os moradores sugeriram um tempo maior de refleo para responder à pesqui-
sa, devolvendo o questiorio preenchido à pesquisadora em data posterior. Entretanto, conforme
citado, somente 11 dos 15 questionários foram entregues para análise e tabulão de dados.
4.3 CÁLCULO DO GRAU DE SATISFAÇÃO RELATIVA (GSR)
O GSR para um determinado morador é a soma das notas por ele atribuídas para um
certo número de questões, que correspondem à intersecção de uma determinada dimensão ou
atributo com um determinado nível de sustentabilidade. O cálculo destes índices para a avalia-
ção da ecovila foram baseados em fórmulas matemáticas, desenvolvidas por Onibukun, que
estuda a habitabilidade dos projetos públicos de habitação no Canadá e citada por Luz (1997,
p. 107-108). Em expressão matemática, tem-se:
Onde: GSRx = grau de satisfação relativa de um morador qualquer em relação a uma
intersecção x qualquer;
N = número de questões envolvendo a intersecção x;
qi = notas atribuídas pelo morador, dentro da escala de valores adotada, para as questões
que representam a intersecção x;
Qi = resultado máximo possível, dentro da escala de valores adotada, para as questões
envolvendo a intersecção x.
4.3.1 Exemplo de Cálculo do GSR para um morador
Para exemplificar o cálculo do GSR com a ecovila estudada, um morador foi sorteado
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
84
GSR
x
= (1)
[
]
N
qi
i=1
N
Qi
i=1
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
85
(sorteio simples) dentre as 11 amostras do questionário definitivo. O morador sorteado foi o
morador 1, portanto os GSR foram calculados da seguinte forma:
GSR com a Dimensão Abrigo x Sustentabilidade Ecológica
Para o cálculo deste GSR, adaptou-se a fórmula (1), que resultou na fórmula (2) (LUZ,
1997, p.110), a seguir:
onde: GSRx = grau de satisfação relativa de um morador qualquer em relação a uma
intersecção x qualquer;
N = número de questões envolvendo a sustentabilidade ecológica e a dimensão abrigo;
ec x dab
a
= nota atribuída pelo morador 1 para as questões envolvendo a sustentabilidade
ecológica e a dimensão abrigo;
EC x DAB
a
= resultado máximo possível, dentro da escala de valores adotada, para as
questões envolvendo a intersecção x.
As questões referentes à esta intersecção estão apresentadas no apêndice C. Para esse
morador (ver questionário de pesquisa no apêndice B) tem-se:
GSR com a Dimensão Acesso x Sustentabilidade Ecológica
GSR
EC x DAB 1
= x 100 (2)
N
ecxdab
a
a=1
N
ECxDAB
a
a=1
[
]
GSR
EC x DAB 1
=
x 100
(das notas para as questões 1 à 7,9 à 11, 18, 31, 34, 35, 40 e 41)
16 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x DAB 1
=
x 100 = 83,75%
x 100 =
10 (5) + 3 (4) + 1 (3) + 2 (1)
16 x 5
67
80
[
]
[
]
GSR
EC x DAC 1
=
x 100
(das notas para as questões 14, 16, 26, 27, 29 à 31, 34 35, 40, 41)
12 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x DAC 1
=
x 100 = 71,66%
x 100 =
6 (5) + 1 (4) + 1 (3) + 2 (2) + 2 (1)
12 x 5
43
60
[
]
[
]
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
86
Como no cálculo anterior, substituindo-se os valores (notas) atribuídas pelo morador 1
para as questões selecionadas (ver apêndice D) para essa intersecção, tem- se que:
GSR com a Dimensão Ocupação x Sustentabilidade Ecológica
Da fórmula (2), para esta intersecção (ver perguntas representativas no apêndice E),
tem- se que:
GSR com a Atributo Ambiental x Sustentabilidade Ecológica
Para esta intersecção, 27 perguntas foram selecionadas como representativas (ver apêndi-
ce F). Para o cálculo do GSR foi adaptada a fórmula (1), como segue:
GSR com a Atributo Simbólico x Sustentabilidade Ecológica
Considerando-se as questões do apêndice G e utilizando-se de uma adaptação da fórmula
(1), tem-se:
GSR
EC x DOC 1
=
x 100
(das notas para as questões 8, 17 à 20, 26, 27, 29 à 32, 34 35, 40, 41)
15 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x DOC 1
=
x 100 = 73,33%
x 100 =
5 (5) + 1 (4) + 1 (3) + 3 (2) + 2 (1)
15 x 5
55
75
[
]
[
]
GSR
EC x AAM 1
=
x 100
(das notas para as questões 1 à 7, 17, 19, 23 à 35, e 40 à 43)
27 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x AAM 1
=
x 100 = 75,55%
x 100 =
15 (5) + 1 (4) + 3 (3) + 6 (2) + 2 (1)
27 x 5
102
135
[
]
[
]
GSR
EC x ASI 1
=
x 100
(das notas para as questões 1 à 7, 9, 10, 12, 13, 17, 19 à 21 à 33, 35, 40, 41 e 43)
30 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x ASI 1
=
x 100 = 73,33%
x 100 =
5 (5) + 1 (4) + 1 (3) + 3 (2) + 2 (1)
15 x 5
55
75
[
]
[
]
4. METODOLOGIA
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
87
GSR com a Atributo Técnico x Sustentabilidade Ecológica
Substituindo-se os valores (notas) atribuídos pelo morador 1 para as questões seleciona-
das (ver apêndice H) para esta intersecção, tem-se que:
GSR com a Atributo Humano x Sustentabilidade Ecológica
Considerando-se as 13 questões do apêndice I e substituindo-se os valores (notas) na
adaptação da fórmula (1), tem-se:
GSR com a Atributo Econômico x Sustentabilidade Ecológica
Para esta intersecção, 11 perguntas foram selecionadas como representativas como mos-
tra o apêndice J. Para o cálculo do GSR foi adaptada a fórmula (1), como segue:
GSR com a Atributo Social x Sustentabilidade Ecológica
Por fim, substituindo-se os valores (notas) atribuídos pelo morador 1 para as questões
GSR
EC x AHU 1
=
x 100
(questões 8, 17 à 22, 26, 28, 29, 31, 35, 42)
13 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x AHU 1
=
x 100 = 84,61%
x 100 =
9 (5) + 1 (4) + 1 (3) + 1 (2) + 1 (1)
13 x 5
55
65
[
]
[
]
GSR
EC x AEC 1
=
x 100
(questões 23, 24, 26 à 29, 36à 39)
11
(questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x AEC 1
=
x 100 = 69,09%
x 100 =
3 (5) + 2 (4) + 3 (3) + 3 (2)
11 x 5
38
55
[
]
[
]
4. METODOLOGIA
GSR
EC x ATE 1
=
x 100
(das notas para as questões 1 à 7, 11, 17 à 19, 23, 26, 27, 29 à 35)
15 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x ATE 1
=
x 100 = 72,38%
x 100 =
10 (5) + 2 (4) + 2 (3) + 5 (2) + 2 (1)
21 x 5
76
105
[
]
[
]
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
88
4. METODOLOGIA
selecionadas como representativas (ver apêndice K), para esta intersecção tem-se:
Apresenta-se na tabela 4, os cálculos dos GSR para este morador em uma matriz de avaliação.
GSR
EC x ASO 1
=
x 100
(questões 12 à 22, 37)
12 (questões selecionadas) x 5 (nota máxima de escala)
[
]
GSR
EC x ASO 1
=
x 100 = 96,66%
x 100 =
10 (5) + 2 (4)
12 x 5
58
60
[
]
[
]
Tabela 04: GSR para o morador 01.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti
Dimensão Abrigo (DAB)
Dimensão Acesso (DAC)
Dimensão Ocupação (DOC)
Atributo Ambiental (AAM)
Atributo Simbólico (ASI)
Atributo Técnico (ATE)
Atributo Humano (AHU)
Atributo Econômico (AEC)
Atributo Social (ASO)
Sustentabilidade Ecológica (EC)
83,75%
71,66%
73,33%
75,55%
80,00%
72,38%
84,61%
69,09%
96,66%
GRAU DE SATISFAÇÃO RELATIVA GSR (PARA MORADOR 01)
ATRIBUTOS E DIMENSÕES
Os GSR dos 11 moradores são apresentados na tabela 5, nos resultados e análises que
estão contidos no próximo capítulo.
4.3.2 Interpretação do Grau de Satisfação Relativa (GSR)
Para interpretar os GSR para a ecovila estudada e para cada morador, é necessário
delimitar áreas de níveis de análise para os graus de satisfação resultantes que deverão estar
inseridas entre um grau mínimo e máximo de satisfação. A escala de valores adotada no ques-
tionário preliminar varia de 1 a 5. Considerando que o morador tenha atribuído a nota mínima
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
89
4. METODOLOGIA
(1) para todas as questões selecionadas de uma determinada intersecção, o grau mínimo pode
ser calculado através da fórmula (LUZ, 1997:117):
Onde: N = número de questões referentes a uma determinada intersecção;
n = nota dada pelo morador e
= nota máxima possível para as questões.
Dessa forma, o grau médio de satisfação que um morador possa ter de um ambiente é
60% (todas as notas iguais a 3). Considerando a variação em porcentagem entre o grau mínimo
(com a substituição da nota mínima 1 na fórmula, obtêm-se 20%) e máximo (100%) que é de
80% e somando a terça parte desse valor (26,67%) com o grau mínimo (20%) obtêm-se as três
áreas de satisfação (baixa, média e alta satisfações do usuário com o ambiente) definidas por
Luz (1997, p.118), como segue:
GSR < 50% = área de baixa satisfação com a ecovila;
50 ≤ GSR < 75% = área de média satisfação com a ecovila e
GSR ≥ 75% = área de alta satisfação com a ecovila.
Pode-se concluir que os ambientes que obtiverem altos índices de satisfação podem ser
considerados ambientes de satisfação positiva.
4.4 FATORES CRÍTICOS DO SUCESSO (FCS)
Após os cálculos dos GSR, tem-se uma matriz de avaliação resultante, na qual, por
meio de análise visual, podem-se extrair os Fatores Críticos do Sucesso (FCS) para cada mora-
dor. Neste trabalho, o procedimento para se conhecer os FCS foi através de uma matriz da
média dos moradores.
A análise dos GSR define os FCS em duas vertentes: os gerados para cada morador,
que fornecem os FCS a serem considerados nas situações locais em determinadas situações e as
médias geradas para o assentamento, que fornecem os FCS a serem considerados como fatores
críticos nas intervenções de planejamento. Os FCS serão as intersecções cujos GSR tenham sido
N n
N
(
)
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
90
menores ou dentro da região de baixo grau de satisfação. Para o primeiro caso, identificam-se
os fatores que devem ser decisivos no planejamento para uma situação local e específica. No
segundo caso, a abordagem é mais abrangente, considerando aspectos de gerenciamento da eco-
vila como um todo, melhorando a qualidade de vida dos moradores da comunidade.
A análise dos dados obtidos no levantamento de campo será mostrada no capítulo a seguir.
4. METODOLOGIA
91
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
92
5.1 DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS
Os estudos da população alvo permite-nos conhecer a interação desses moradores com a
ecovila e a sustentabilidade ecológica através de suas características, usos e costumes.
Com a amostra de 11 pessoas (73,33% do total da população adulta) tem-se uma idéia
da tipologia sócio-econômica da comunidade estudada. Do total da população pesquisada,
81,81% (09 pessoas) são do sexo feminino e o colegiado por representação para as tomadas de
decisão é composto somente por mulheres. Das 11 pessoas, 6 mulheres moram sozinhas com
idades que variam entre 26 e 45 anos. A maioria dessas mulheres são aposentadas, educadoras
ou trabalham com arte e psicologia. Pode-se considerar que o restanteo casais e famílias com
filhos. Essas famílias têm uma média de 3 a 4 pessoas, como mostram os gráficos 01 e 02.
Esses dados mostram que essa ecovila é caracterizada pela presença marcante das
mulheres, evidenciando, inclusive o trabalho espiritual xamânico e de devoção à Mãe Terra e
o sagrado feminino. A maioria das mulheres que residem nesta ecovila tem como formação a
psicologia, inclusive a líder espiritual da comunidade.
Gráficos 01 e 02: Resultados obtidos com a aplicação do questionário definitivo:
Quanto ao sexo dos usuários e o tamanho das famílias.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Feminino
Masculino
Gráfico 01 - Quanto ao sexo
Gráfico 02 - Tamanho da Família
5 RESULTADOS E ANÁLISES
81.81%
18.18%
Até 2 pessoas
Mais de 6 pessoas
3 à 5 pessoas
72.72%
27.27%
0.00%
Somente uma das casas têm materiais mistos, o restante das residências (ver gráficos 03
e 04) foram construídas em alvenaria (90,90%). A maioria das construções têm um tamanho
reduzido, pois 54,54% dos usuários moram em residências com até 50 m2, ou seja nos chalés
que ocupam a área comum da ecovila. Três das 11 pessoas residem em um ambiente entre 50
e 100 m2 e duas pessoas possuem casas acima de 100 m2.
Os questionários foram distribuídos a todos os moradores da ecovila, portanto, podem
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
93
O deslocamento dos moradores são, em sua maioria (54,54%), realizados com trans-
portes públicos e com veículos automotores (36,36%),como mostra o gráfico 05, que a
ecovila se encontra à 8 km do centro de Simões Filho e à margem de uma rodovia federal.
O acesso de automoveis não é permitido nas áreas de condomínios residenciais, evitando a
degradação da paisagem natural local.
Gráficos 03 e 04: Resultados obtidos com a aplicação do questionário definitivo:
Quanto ao tamanho e ao material construtivo das residências.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 3 - Tamanho da Residência
Gráfico 4 - Material Construtivo
da Residência
Até 50 m
2
50 à 100 m
2
Acima de 100 m
2
54.54%
27.27%
18.18%
Alvenaria
Mista
Madeira
90.90%
9.09%
0.00%
haver mais de uma pessoa residindo na mesma casa. Esse fato não prejudicou a tabulação dos
dados, pois a maioria das pessoas que responderam ao questionário moram sozinhas nos chalés
da área comum.
Gráfico 05: Forma de deslocamento.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 5 - Forma de deslocamento
Ônibus
Carro
Ônibus/Carro
Carro/a pé
a pé
Ônibus/a pé
Outros
54.54%
36.36%
9.09%
0.00%
0.00%
0.00%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
A maioria dos residentes (dez pessoas) moram na ecovila entre 5 e 10 anos. Somente
uma pessoa mora no local há mais de 10 anos, relembrando que o assentamento foi instituído
12 anos, caracterizando que a maioria dos usuários estão vivendo comunitariamente desde
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
94
5.2 A SUSTENTABILIDADE NA ECOVILA
Com a aplicação do questionário de pesquisa pôde-se elaborar o gráfico 8, que mostra
o desempenho geral do ambiente através da freqüência absoluta das notas dadas pelos mora-
dores, a seguir:
Gráficos 06 e 07: Resultados obtidos com a aplicação do questionário definitivo: Quanto ao tempo
de moradia e a cidade de origem dos usuários.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Gráfico 6 - Tempo de moradia
Gráfico 7 - Cidade de origem
5 à 10 anos
Mais de 10 anos
90.90%
9.09%
Salvador
Interior da Bahia
Outros Estados
Simões Filho
63.63%
18.18%
18.18%
0.00%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
4.00%
9.38%
18.62%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 8: Desempenho geral do questionário de pesquisa.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 08 - Freqüencia Absoluta
40.00%
28.00%
o princípio de sua fundação. Quanto à cidade de origem: 63,63% (7 pessoas) não são naturais
de Simões Filho e sim da capital: Salvador. Dois dos usuários são de outros Estados e dois do
interior da Bahia. Os dados explanados podem ser visualizados através dos gráficos 06 e 07.
O gráfico 8 evidencia que a maioria dos entrevistados, quando da aplicação do questio-
nário, estavam satisfeitos com a ecovila e seus aspectos de sustentabilidade ecológica, pois
68,00% das respostas foram atribuídas às notas 4 (satisfeito) e 5 (totalmente satisfeito). Como
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
95
5 RESULTADOS E ANÁLISES
as pessoas que optam por viver em comunidade têm objetivos comuns, fica evidenciado que o
índice geral da satisfação do ambiente seria favorável. Esse é também um dos motivos pelos
quais optou-se por uma formatação de questionário para a aplicação dos levantamentos quan-
titativos, visando elucidar à própria comunidade sobre itens que em levantamentos somente
qualitativos poderiam ficar à margem da subjetividade.
As notas que os moradores atribuíram para cada questão estão no apêndice L e a freqüên-
cia das questões individuais estão no apêndice M.
5.2.1 Grau de Satisfação Relativa e Fatores Críticos do Sucesso
A tabela 5 mostra os Graus de Satisfação Relativa dos moradores, a média por usuário,
por atributo/dimensão e a média final. Nesta tabela pode-se observar na última coluna que as
três médias mais altas por dimensão/atributo são, respectivamente: atributo social, dimensão
abrigo e o atributo humano. Tal fato mostra a diversidade de itens satisfatórios dessa comuni-
dade, com uma ênfase maior no caráter social e contemplativo da comunidade.
Objetivando-se uma aplicação dos FCS para o assentamento de forma geral, o conceito,
nesse caso, é adaptado para as áreas onde houve o menor índice de satisfação que são prioritari-
amente: atributo econômico, dimensão ocupação e atributo técnico. Essas áreas são analisadas
através da tabela 05 e por observação pode-se afirmar que não existem áreas de baixa satisfação
com a ecovila estudada.
As áreas de média satisfação são: dimensão acesso, atributo ambiental e atributo
simbólico, que também foram determinadas pela tabela 5. Essas áreas estão num nível inter-
mediário de satisfação pelos usuários, sendo áreas neutras de percepção da sustentabilidade
pelos moradores, não necessitando de maiores interferências em planejamento estratégico
sustentável a curto prazo.
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
96
Tabela 5: Matriz de avaliação com os GSR dos moradores 1 a 11, os GSR médios e a média final
GSR < 50% = área de baixa satisfação
50 ≤ GSR < 75% = área de média satisfação
GSR ≥ 75% = área de alta satisfação
Sustentabilidade Ecológica (EC)
GRAU DE SATISFAÇÃO RELATIVA GSR
Dimensão Abrigo X
Sust. Ecológica
Dimensão Acesso X
Sust. Ecológica
Dimensão Ocupação X
Sust. Ecológica
Atributo Ambiental X
Sust. Ecológica
Atributo Simbólico X
Sust. Ecológica
Atributo Técnico X
Sust. Ecológica
Atributo Humano X
Sust. Ecológica
Atributo Econômico X
Sust. Ecológica
Atributo Social X
Sust. Ecológica
GSR Médios
Média por morador
1
83,75
71,66
73,33
75,55
80,00
72,38
84,61
69,09
96,66
78,55
2
72,50
65,00
64,00
64,44
68,66
63,81
72,31
63,64
83,33
68,63
3
85,00
70,00
69,33
72,59
75,33
71,43
80,00
67,27
86,66
75,29
4
78,75
73,33
69,33
72,59
76,00
68,50
72,30
67,27
76,66
72,74
5
83,75
73,33
73,33
76,29
78,00
75,23
78,46
70,90
85,00
77,14
6
87,50
70,00
68,00
74,81
75,33
72,38
78,46
69,09
88,33
75,98
7
81,25
63,33
65,33
68,15
71,33
70,28
73,85
56,36
81,66
70,17
8
72,50
73,33
69,33
71,11
75,33
63,80
80,00
67,27
90,00
73,63
9
77,50
70,00
72,00
70,37
74,00
69,52
78,46
67,27
78,33
73,05
10
85,00
76,66
74,66
79,26
84,00
76,19
81,54
70,91
86,66
79,43
11
78,75
66,66
72,00
69,63
70,66
67,62
78,46
61,82
81,66
71,91
80,56
70,30
70,05
72,25
75,33
70,10
78,04
66,44
84,99
Média por
Dimensão/
Atributo
74,22
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
97
5.2.2 Áreas de Maior Satisfação
As áreas de maior satisfação são detalhadas a seguir.
Atributo Social
Para a comunidade estudada, esta dimensão tem um alto índice de satisfação, como mos-
tra a tabela 05, e a freqüência dessa dimensão no gráfico 9 (desvio padrão: 0,29). Pelo gráfico
verifica-se que 88,62% das respostas dadas às questões pertinentes a essa intersecção foram
atribuídas às notas 4 (satisfeito) e 5 (muito satisfeito) e 10,60% atribuídas a regular. Nenhuma
resposta foi atribuída a insatisfeito e somente 0,75% das respostas foram dadas a muito insat-
isfeito, ou seja, à nota 1.
Esse atributo pode ser considerado o de mais alta satisfação pela comunidade e avalia
se a ecovila propicia encontros ao ar livre e encontros nas habitações e/ou estrutura física
da ecovila ao mesmo tempo em que também preserva a privacidade dos usuários (ver sub-
item 2.4.2). As questões relacionadas a esse atributo estão no apêndice K e as que obtiveram
maiores notas (ver apêndice M) referem-se a:
Locais para práticas espirituais, práticas artísticas e celebrações com 100% de notas
para satisfeito e muito satisfeito. A ecovila conta com quatro templos naturais de contemplação,
como mostrados nas figuras 21 e 22 e mais uma casa de meditação e casa dos mestres.
Localização e organização e contato com os moradores da região com alta satisfação
pelos usuários.
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.75%
0.00%
10.60%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 09: Freqüência para o atributo social.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 09 - Atributo Social
47.72%
40.90%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
98
Esses altos índices de satisfação fazem com que esse atributo evidencie a qualidade mais
lapidada da ecovila que é voltada para o trabalho social, de contemplação e devoção espiritual.
Tais fatos são comprovados pela grande quantidade de templos de meditação e contemplação,
dos espaços para celebrações, que marcam os encontros sociais da comunidade.
A integração da ecovila na região se através de intenso trabalho de amparo social às
crianças carentes da região, trazendo o reconhecimento desse trabalho frente à população. Esse
reconhecimento gera uma maior segurança para a comunidade, pois está localizada em uma
região violenta, em meio a fazendas, indústrias e uma antiga fábrica de cerâmica (agora desati-
vada), às margens da BR 093.
Os residentes nos condomínios têm sua privacidade garantida pela própria estrutura
física da ecovila, pois os condomínios residenciais são separad os da área comum. Conforme
exposto os condomínios não fazem parte do patrimônio da Fundação, sendo propriedade
dos moradores. Entretanto algumas pessoas residem nos pequenos chalés da área comum e,
de certa forma, compartilham mais o cotidiano comunitário, pois interagem com os hóspedes
com maior freqüência. A ecovila hospeda pessoas com interesse nos seus trabalhos espirituais
e sociais. Essa hospedagem é denominada por “acolhimento participativo”, onde os hóspedes
participam do cotidiano da comunidade, auxiliando, inclusive na manutenção e limpeza diária
da ecovila e participando dos encontros sociais e espirituais. Com esse tipo de hospedagem a
comunidade espera passar às pessoas interessadas a compreensão do morar em ecovila, inte-
grando os hóspedes ao seu trabalho social e espiritual.
Os encontros devocionais ocorrem freqüentemente, onde todos se encontram com a
mestre espiritual do local para troca e partilha de experiências, fortalecendo o senso comu-
nitário e o cunho espiritual da comunidade.
Os encontros sociais ocorrem periodicamente, em ritmo de celebração, também com
características devocionais às causas que mantém a união do grupo.
A alta satisfação desse atributo é comprovada pelos questionários e pela observação
feita no local. Ressalta-se o bom desempenho dos trabalhos sociais voltados às crianças
carentes da região (faixa etária entre 2 e 6 anos). A ecovila disponibiliza educador, transporte
e alimentação gratuitos para as crianças.
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
99
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
1.70%
3.98%
15.92%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 10: Freqüência para a dimensão abrigo.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 10 - Dimensão Abrigo
31.81%
46.59%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Os caráteres social, comunitário e espiritual são os conceitos que fundamentam a comu-
nidade estudada e os resultados são reconhecidos pelas vilas circunvizinhas, evidenciando que
a sustentabilidade social é a característica positiva desse assentamento.
Dimensão Abrigo
Para a comunidade estudada, esta dimensão tem um alto índice de satisfação, como mos-
tra a tabela 04 e a freqüência dessa dimensão no gráfico 10 (desvio padrão: 0,25)
Observando o gráfico 10, pode-se concluir que 5,68% das respostas que englobam as
questões pertinentes a esta intersecção estão nas áreas de muito insatisfeito e insatisfeito,
respectivamente, notas 1 e 2. A satisfação média, ou seja as notas atrbuídas para regular somam
15,92%. Os 78,40% restantes contemplam as notas 3, 4 e 5 que são atribuídas a alta satisfação
(satisfeito e muito satisfeito).
Esta dimensão diz respeito à habitação com suas características físicas, conforto e às
subjetivas de acolhimento, proteção (ver item 2.4.2). Com a inclusão da sustentabilidade eco-
lógica, analisa-se também se a habitação e os espaços construídos da comunidade são sustentá-
veis, com a utilização de materiais e/ou técnicas que permitam um mínimo de impacto sobre
o meio circundante (ver tabela 03). Entretanto, na observação técnica, essa dimensão foi a
mais contrastante, visto que não são utilizados na ecovila nenhum tipo de técnica alternativa
para construção (bioconstrução, por exemplo), e os quesitos conforto físico e segurança não
foram positivamente preenchidos, pois como mostra a figura 39 da parte interna do chalé de
hospedagem, não um bom acabamento nas constru-
ções, permitindo a entrada de muitos insetos, folhas
e animais dentro do abrigo. Esse item particular é
contraditório, pois, por menos que a habitação ofe-
reça conforto, os habitantes desse local estão muito
satisfeitos com esses acabamentos e soluções de cons-
trução, alegando que dessa forma a habitação os faz
sentir mais próximos à natureza.
O arquiteto responvel por algumas das habita-
ções dos residentes explicou que a pedido dos clientes,
as aberturas são pequenas e não forro nos tetos. Nos
chalés foi deixado uma abertura entre as paredes e o
telhado para facilitar a ventilação (ver figura 39), mas
o barreiras, como uma tela, por exemplo, para a
entrada de animais, insetos e folhas. No inverno, essa
abertura permite a entrada de ar frio à noite, diminuindo
o conforto e a temperatura interna da habitação.
As questões que obtiveram maior satisfação nesse atributo avaliam (ver apêndices C e M):
Quanto à residência:
Temperatura no inverno e no verão, com alta satisfação para a temperatura no verão e
27,27% de pessoas avaliaram como regular a temperatura no inverno;
Iluminação, instalações elétricas e hidráulicas, que obtiveram alta satisfação;
Quanto à comunidade:
Aparência externa e tamanho da comunidade com 100% de satisfação entre as notas 4 e 5.
Planejamento da comunidade (organização das construções) e construção de forma
comunitária com 9,09% e 18,18% de notas para regular e satisfeito, respectivamente.
Quanto à sustentabilidade ecológica:
Conservação dos recursos naturais com 27,27% das respostas atribuídas à regular
81,81% dos residentes estão muito satisfeitos com a saúde geral do ambiente.
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
100
Figura 38: Chalé
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 39: Interno chalé.
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
101
Quanto à utilização de materiais recicláveis nas edificações: 54,54% das pessoas deram
a nota 3 (regular) e 27,27% para insatisfeito.
Com o exposto, acredita-se que na avaliação dessa dimensão o cater subjetivo de viver
comunitariamente embasado num propósito espiritual, cuidando da natureza, com um modo de vida
simples sejam os fatores mais significativos do que o conforto ambiental, pois pela observação cni-
ca feita no local, não o nimo conforto para os spedes no que se refere à qualidade interna dos
chalés de hospedagem. Expõe-se que não foi permitida a entrada do pesquisador nas residências que
pertencem aos condomínios, mas os chalés são iguais em sua construção, relembrando que existem
alguns chalés habitados por moradores da ecovila e, segundo as entrevistas com pessoas-chave, as
residências dos condomínios também optaram pelo mesmo tipo de acabamento (teto sem forro e
abertura entre teto e parede) o que valida a análise efetuada neste trabalho.
Atributo Humano
O atributo humano também foi apontado como um dos atributos de maior satisfação
como mostra a tabela 5, com 78,04% de satisfação e o gráfico 11 (desvio padrão: 0,21).
O gráfico 11 mostra a alta satisfação dos moradores com o atributo, pois 44,75% das
respostas atribuídas às questões pertinentes a essa intersecção contemplam a nota 4 (satisfeito)
e 27,97% a nota 5 (muito satisfeito).
Esse atributo abrange tanto os aspectos objetivos quanto os subjetivos como a satisfação
fisiológica e sociológica do usuário com a habitação, com a vizinhança e serviços públicos
oferecidos (ver sub-item 2.4.2) e a integração ambiental entre os usuários e o meio com o
mínimo de degradação ambiental (ver tabela 3).
5 RESULTADOS E ANÁLISES
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
2.79%
6.31%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 11: Freqüência para o atributo humano.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 11 - Atributo Humano
27.97%
44.75%
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
102
As queses de maior satisfação que avaliam esse atributo (ver apêndices I e M) referem-se a:
90,09% dos residentes atribuíram as notas 4 e 5 para a questão referente ao contato
com os vizinhos;
81,81% dos moradores estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a construção de forma
comunitária, com a integração da ecovila na região, com o contato com os moradores da região
e com a privacidade dos moradores;
• Quanto ao convívio com os animais: 27,27% de notas para satisfeito e 72,72% de notas
para muito satisfeito;
Quanto ao consumo pessoal dos residentes: 36,36% consideram seu consumo regular;
Quanto à reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos: 54,54%
estão satisfeitos e 45,45% consideram essa questão regular;
63,63% estão muito satisfeitos com a existência de vegetação no assentamento.
Esses dados reforçam o cater social e as qualidades subjetivas de bem-estar da
comunidade.
Questões individuais de alta satisfação
Para uma análise pontuada, pode-se observar que as questões: 03, 12, 13, 22 e 43, que
tratam da ventilação da unidade residencial; locais para práticas artísticas, celebrações e práti-
cas espirituais, convívio com os animais e utilização das áreas verdes pelos moradores são as
que receberam maiores notas (ver apêndice M).
Estas questões mostram que, segundo os residentes, a alta satisfação com a ecovila
não está concentrada em determinada área, pois tratam desde a ventilação ao convívio com
os animais, mas pode-se extrair desse levantamento que todas as questões (com exceção da
ventilação nas unidades residenciais), avaliam principalmente os atributos social, simbólico e
humano confirmando o enfoque da comunidade na sustentabilidade social.
5.2.3 Áreas de Média Satisfação
Três áreas são apontadas com média satisfação e são relatadas a seguir:
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
103
Dimensão Acesso
Como uma área de média satisfação, a dimensão acesso alcançou 70,30% de satisfação,
como mostra a tabela 5 e a freqüência do gráfico 12 (desvio padrão: 0,20). O gráfico 12 mostra
que quanto à satisfação dos moradores da ecovila, 16,66% estão insatisfeitos e muito insatis-
feitos, 27,27% consideram regular e 56,07% estão entre satisfeitos e muito satisfeitos com a
dimensão acesso.
Este atributo refere-se ao acesso às pessoas, lugares, às atividades humanas, serviços
urbanos, meios de informação (ver sub-item 2.4.2) e verifica se esses acessos estão integrados
ao ambiente em estudo (ver tabela 3).
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
5.30%
11.36%
27.27%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 12: Freqüência para a dimensão acesso.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 12 - Dimensão Acesso
17.44%
38.63%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
O acesso à escola tem 54,54% de total satisfação e o acesso aos meios de trans-
porte 54,54% de satisfão (ver andices D e M). A circulão dentro da ecovila obteve
72,72% para a nota 5, demonstrando alta satisfação para essa queso.
Pela observão no assentamento, o acesso noturno à comunidade o é permitido
para fins de segurança dos conminos e dos visitantes. O acesso aos meios de comuni-
cação via internet é prerio, pois o existe comunicação de banda larga para a rego e
a conexão por telefone torna o serviço (que é oferecido aos hóspedes) muito lento.
O acesso à energia elétrica da rede estadual tamm é precário, pois o a possibilidade
de instalar chuveiros etricos na comunidade, visto que a capacidade de carga da rede não supor-
taria o consumo. Como a ecovila está inserida no Nordeste, onde a temperatura é agravel na
maior parte do ano, uma boa aceitão dos residentes em permanecer sem chuveiros etricos,
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
104
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
5.38%
13.13%
19.19%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 13: Freqüência para a atributo ambiental.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 13 - Atributo Ambiental
28.00%
38.04%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
o único inconveniente é para as criaas e bebês. Esse assunto poderia ser resolvido com a implan-
tação de sistemas de energia renovável, que ainda estão sendo planejados para projetos futuros.
Atributo Ambiental
O atributo ambiental tem 72,25% de satisfação pelos usuários como mostra a tabela 5
e a freqüência do gráfico 13 (desvio padrão:0,22). O gráfico 13 mostra que quase 20% das
respostas atribuídas às questões dessa intersecção contemplam a nota 3 (regular); 18,51% con-
templam as notas 1 e 2 e 66,04% as notas 4 e 5.
Este atributo aborda o homem e a disponibilidade de materiais, a intervenção no habitat
e a sustentabilidade ambiental (ver sub-item 2.4.2) e verifica a utilização de técnicas permac-
ulturais e/ou sustentáveis na construção da ecovila (ver tabela 3).
Conforme exposto, a comunidade não utiliza técnicas de permacultura e materiais sus-
tentáveis nas construções, não disponibiliza tecnologia de energias renováveis, tratamento de
esgoto, compostagem e reciclagem de lixo, sendo que existe um trabalho empírico de captação
de águas da chuva, como mostra a figura 41. Entretanto, acredita-se que esse atributo obteve
alta satisfação pelo trabalho de reflorestamento e de educação ambiental efetuados na comu-
nidade ao longo dos anos.
Atributo Simbólico
O atributo simlico tem 75,33% de satisfão pelos usuários como mostra a tabela 5 e a
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
freqüência do gráfico 14 (desvio pado: 0,22). Observando o gráfico 14, percebe-se que 66,68%
das notas referentes às queses dessa interseão foram dadas a satisfeito e muito satisfeito. Os
33,32% restantes referem-se às notas 1, 2 e 3 (muito insatisfeito, insatisfeito e regular).
Este atributo é o mais subjetivo de todos, pois refere-se à percepção do ambiente pelos
usuários como assentamento sustentável (ver sub-item 2.4.2 e tabela 3).
De certa forma esse atributo reforça o atributo social e a dimensão abrigo (áreas de alta
satisfação), pois trata da ecovila como objeto simbólico para os residentes. Esse fato enfatiza
o aspecto devocional, com a proposta de viver a espiritualidade no cotidiano que essa comuni-
dade propõe. Com isso acredita-se que o atributo simbólico é a base para a alta satisfação dos
demais atributos e dimensões, reforçando-os, enfatizando-os e trazendo à luz conceitos em que
essa comunidade se fortalece que são a espiritualidade e o trabalho social.
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
4.84%
12.12%
16.36%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 14: Freqüência para a atributo simbólico.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 14 - Atributo Simbólico
28.50%
38.18%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
5.2.4 Áreas de Menor Satisfação (Fatores Críticos do Sucesso)
Neste trabalho não foram apontadas áreas de baixa satisfação do ambiente. Dessa forma
foram analisadas as áreas de menor satisfação, mesmo sendo áreas de satisfação média e são
detalhadas a seguir.
Atributo Econômico
O atributo econômico foi apontado como um dos itens dos Fatores Críticos do Sucesso,
como mostra a tabela 5, com 66,44% de satisfação e o gráfico 15 (desvio padrão: 0,22). O
105
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
106
gráfico 15 mostra que 19,02% das respostas às questões referentes a essa intersecção foram
atribuídas às notas 1 (muito insatisfeito) e 2 (insatisfeito); 71,90% referem-se às notas 3 e 4 e
somente 9,09% à muito satisfeito.
Um dos fatores preponderantes para esse setor é a insatisfação dos moradores quanto à
produção de alimentos na comunidade, meta que ainda não foi alcançada, pois existe somente
um pomar e canteiro de ervas. Mesmo o pomar não produz frutas suficientes para o abasteci-
mento da comunidade, que são comprados de outros produtores. Essa seria uma importante
fonte de renda para a comunidade, caso estivesse implementada a produção de verduras e
hortaliças, podendo-se estender a venda às comunidades circunvizinhas.
A reciclagem de lixo, também gera insatisfação nos moradores, pois não há um progra-
ma efetivo de reciclagem dentro da comunidade. Quanto aos recursos provenientes de cursos,
hospedagem e palestras, a maioria das pessoas ainda acha que não é o suficiente, visto que
72,72% das notas foram atribuídas a regular (ver apêndice M).
Muitos moradores da comunidade trabalham em Salvador para manter sua autonomia
econômica e, de certa forma, prover recursos para a ecovila, que contribuem mensalmente
para a manutenção da ecovila e seus seis funcionários, fato visto na questão que contempla a
autonomia econômica da ecovila onde a maioria da população (54,54%) está satisfeita. Para
o desenvolvimento do morador dentro da ecovila, 18,18% atribuíram notas para insatisfeito e
muito insatisfeito e 45,45% para regular.
Esses itens evidenciam a fragilidade da autonomia ecomica da ecovila e de seus morado-
res, pois dependem do sistema para poderem prover os recursos necessários para sua manutenção.
5 RESULTADOS E ANÁLISES
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
4.18%
14.84%
34.71%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 15: Freqüência para o atributo econômico.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 15 - Atributo Econômico
9.09%
37.19%
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
107
5 RESULTADOS E ANÁLISES
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
6.66%
12.72%
21.21%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 16: Freqüência para a dimensão ocupação.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 16 - Dimensão Ocupação
16.96%
42.45%
Entretanto existe um grande potencial econômico dentro da própria comunidade com a implanta-
ção da produção e comercialização de alimentos, de produtos provindos de esquemas de recicla-
gem e com a promão de feiras para troca de mercadorias e serviços que podem ser facilmente
realizados, gerando recursos ecomicos sustentáveis dentro da ppria ecovila.
Dimensão Ocupação
A tabela 5 mostra uma satisfação para essa dimensão de 70,05% e o gráfico 16 (desvio
padrão: 0,17) ilustra que dentre as baixas e médias satisfações somam-se 40,51% do total.
Essa dimensão compreende o uso e ocupação que os moradores fazem da estrutura física
e equipamentos da ecovila e dos serviços urbanos (ver sub-item 2.4.2) e analisa os impactos
da ocupação da ecovila no meio e do meio no arranjo urbano (ver tabela 3). Considerando-se
o conjunto de questões que avaliam essa área (ver apêndice E), ressaltam-se as questões que
obtiveram menores desempenhos.
O tratamento de esgoto obteve 63,63% de notas entre 1, 2 e 3. A questão sobre a utili-
zação de energia renovável (energia solar, eólica, biomassa ou geotérmica) é considerada insa-
tisfeita por todos da comunidade, que não esse tipo de tecnologia na comunidade, pois
utilizam de energia da rede estatal. O mesmo acontece com a conservação de água que obteve
54,54% de notas para insatisfeito.
Questões sobre a utilização da permacultura e de materiais recicláveis e sustentáveis
nas edificações, reutilização e conserto de materiais e equipamentos e reciclagem do lixo den-
tro da ecovila também tem um baixo índice de satisfação, evidenciando que a comunidade não
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
108
5 RESULTADOS E ANÁLISES
tem o enfoque na sustentabilidade ecológica.
As outras questões que envolvem esse atributo estão dentro da satisfação média e alta
e averiguam: o contato com os vizinhos; localização e organização da comunidade; construção
de forma comunitária; integração da ecovila na região; contato com os moradores da região.
Essas questões estão situadas na avaliação da unidade residencial e da comunidade e conforme
já exposto, as maiores notas atribuídas pelos moradores estão dentro dessas duas esferas, sendo
que as questões que avaliam a sustentabilidade ecológica são as de menor desempenho.
Pode-se concluir que, apesar da ecovila estar integrada na região, produzindo pouco
impacto ambiental, a ocupação dos sistemas não é eficiente, pois não sustentabilidade nos
aspectos de energia renovável, tratamento de esgoto, compostagem de resíduos orgânicos,
reaproveitamento de água, diminuindo o desempenho dessa dimensão. Como a dimensão ocu-
pação está intimamente ligada às dimensões abrigo e acesso, e tendo a dimensão abrigo sido
considerada uma das áreas de maiores desempenhos, mostra que por mais que os moradores
estejam satisfeitos com o abrigo e com a estrutura física da ecovila, sem a ocupação eficiente
desses sistemas não há harmonia entre essas dimensões. Tal fato pode se esclarecido tendo em
vista a prioridade da comunidade nos trabalhos sociais e não na sustentabilidade ecológica.
Atributo Técnico
Para o atributo técnico a tabela 5 mostra uma satisfação de 70,10% e o gráfico 17 (desvio
padrão: 0,21) aponta 42,78% de respostas à muito insatisfeito, insatisfeito e regular. Esse atribu-
to verifica o impacto das tecnologias implantadas na ecovila (ver sub-item 2.4.2).
As questões (ver apêndice H) que envolvem a unidade residencial averiguam as técnicas
utilizadas nas edificações aferindo a temperatura no verão e no inverno; a ventilação; ilumi-
nação; instalações elétricas e hidráulicas; isolamento de ruídos e as questões que envolvem a
comunidade dizem respeito ao seu planejamento; localização e organização; à construção de
forma comunitária e a integração da ecovila na região. Essas questões obtiveram satisfações
médias e altas, entretanto salienta-se que não um isolamento adequado de ruídos, tanto
internos quanto externos, principalmente pela localização da ecovila junto à BR 093, que tem
um intenso tráfego de caminhões.
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
109
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
6.92%
15.15%
20.71%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Gráfico 17: Freqüência para a atributo técnico.
Elaboração: Paula M. A. Bissolotti.
Gráfico 17 - Atributo Técnico
21.65%
35.50%
5 RESULTADOS E ANÁLISES
Quanto às técnicas sustentáveis dentro dos
princípios das ecovilas, a comunidade não dispõe de
tecnologias alternativas. Como foi exposto, a ins-
tituição e os condomínios residenciais contam com
energia elétrica proveniente da rede de energia do
estado e água potável captada de poços artesianos. O
sistema de esgoto utilizado é o da rede pública. A eco-
vila não conta com sistema alternativo de produção
de energia elétrica, de tratamento de resíduos e de
compostagem para resíduos orgânicos.
O rio Itamboa passa dentro do assentamento e
existe uma lagoa natural como mostra a figura 40 (com
a vista dos chalés para hospedagem e da lagoa), como
recursos naturais locais.
De uma forma empírica a comunidade estabele-
ceu um sistema de drenagem das águas da chuva e do
excesso de água do solo onde o assentamento se encontra como mostra a figura 41.
Como o condonio 3 está localizado sobre uma área alagadiça, proe-se a captação das
águas das chuvas para determinadas partes desse local, que deve ser preparado para comportar
um lago, desviando em parte a água do rio e criando uma paisagem diferenciada sob a passarela
Figura 40 – Vista dos chalés e da Lagoa
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
Figura 41 – Drenagem
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
de concreto de acesso às resincias (ver figura 42).
Para que esse projeto possa ser viabilizado fomenta-se
a idéia de formar parcerias com a universidade local
nas áreas espeficas para o auxílio da comunidade nas
cnicas de bioconstrão, compostagem, biodigeso,
captação de águas da chuva, reaproveitamento de águas
das pias e chuveiros, utilização de energias renováveis.
Questões individuais de baixa satisfação
Para uma abordagem mais pontual, pode-se anal-
isar a freência das questões, gerando os FCS para sit-
uações locais, em que as queses com os desempenhos
mais baixos são 23, 25, 29, 32 e 33 (ver apêndice M). Nenhuma das queses citadas eso rela-
cionadas com os aspectos físicos, tanto das residências quanto da comunidade, o que indica que o
fator preponderante para os FCS é a sustentabilidade ecogica. Dentro desse parâmetro, pode-se
averiguar que alguns aspectos de sustentabilidade não correspondem ao exposto e defendido pelas
próprias ecovilas, pois as queses relacionam a alimentação produzida dentro da comunidade; a
utilização de alimentos orgânicos; a conservação e reutilização da água; o uso de energia renovável
(energia solar, lica, biomassa ou geotérmica) e a implantão dessas tecnologias. Esses queses
novamente comprovam a fragilidade da sustentabilidade ecológica na ecovila, comprovando que
essevel de sustentabilidade não é enfatizado pela comunidade.
Esses dados comprovam que a ecovila não tem sustentabilidade ecológica, estando em vias
de desenvolvimento neste setor, necessitando de muitos projetos e subsídios e esse trabalho mos-
tra que a comunidade deveria considerar essas questões pontuais como as mais urgentes a serem
implementadas para o início de um futuro ecologicamente sustentável para a comunidade.
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
110
Figura 42 – Passarela de acesso de
pedestres
Foto: Paula M. A. Bissolotti, 2004.
5 RESULTADOS E ANÁLISES
111
6 CONCLUSÕES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
112
6.1 Considerações Finais
O ambiente natural de uma ecovila e sua forma, em conjunto, compreendem um registro
da interação entre os processos naturais e os propósitos humanos através do tempo, contribuin-
do para a identidade única de cada comunidade. A natureza é cultivada e integrada com a vida
comunitária. Viver em ecovila traduz esse cuidado com a Terra e tudo o que ela contêm, sendo
que a sustentabilidade permeia cada ação dos moradores. Este trabalho traz uma discussão
sobre a real sustentabilidade desses assentamentos, trazendo à luz esses conceitos e desenvol-
vendo um método para o auxílio do gerenciamento dessas comunidades.
As ecovilas são comunidades intencionais e que após 30 anos organizaram-se em uma
rede comum a fim de fortalecer o movimento, estabelecendo metas de sustentabilidade, nivelando
os assentamentos atras desses conceitos, ao mesmo tempo em que preservam a caractestica de
cada um. Cada ecovila tem sua ênfase em um ou mais níveis de sustentabilidade. Essa diversida-
de nas características das ecovilas torna o movimento rico e democtico, onde os assentamentos
podem ser os mais diversos possíveis pela combinação das suas qualidades e das metas sustentá-
veis que almejam alcaar. Existem ecovilas com uma ênfase maior na sustentabilidade ecogica,
como é o caso da Fundão Findhorn; ecovilas com ênfase social, como a EcoYoff e Colufifa;
com ênfase na espiritualidade como a comunidade Santo Daime. Existem grandes e pequenas
ecovilas ao redor do planeta e no Brasil o processo é incipiente e pontual.
As ecovilas brasileiras ainda caminham rumo à sustentabilidade e muitas se encontram
em fase de projetos e formação de grupos. Este trabalho, visa auxiliar no gerenciamento desses
assentamentos através da avaliação periódica da sustentabilidade ao mesmo tempo que repassa
os conceitos estabelecidos pela Rede Global de Ecovilas sobre o tema.
Esse trabalho teve como objetivo principal desenvolver um método para auxiliar a ava-
liação de desempenho das ecovilas e envolveu estudos teóricos e metodológicos com o intuito
de fornecer dados para a interpretação das reais condições da sustentabilidade ecológica da
área estudada. Esse trabalho, portanto, apresenta-se como um esboço inicial para o desenvol-
vimento de uma linha de pesquisa, fundamentado na carência de uma ferramenta científica de
avaliação da sustentabilidade para as ecovilas, bairros, comunidades afins e inclusive mensurar
a sustentabilidade das cidades.
6 CONCLUSÕES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
113
Considerando a sustentabilidade ecológica o nível de sustentabilidade enfocado nesse
trabalho, foram analisados os pressupostos que embasam esse conceito e que foi exposto
pela Rede Global de Ecovilas. Assim, pôde-se elaborar as questões para avaliar esse nível de
sustentabilidade interrelacionando-as com os conceitos de dimensões e atributos, ampliando e
aprofundando o método de avaliação de desempenho existente.
A aplicação do método na Fundação Terra Mirim mostrou que a comunidade possui uma
grande atuação social e educacional e isso é comprovado através da tabulação dos dados do
questionário com a satisfação dos moradores da amostra em relação às áreas comuns, de cele-
brações, encontro entre pessoas, espaços para práticas espirituais, onde são ministrados seus
cursos e eventos. Outras características positivas da comunidade são a paisagem, a presença de
áreas verdes e conservação do meio que obtiveram boa satisfação dos usuários. Por viverem
em comunidade, os aspectos sociais são enfatizados e a convivência entre os moradores cria
um vínculo afetivo entre as pessoas e entre moradores e ambiente. Isso explica o fato da alta
satisfação com o assentamento, como mostra a ausência de Grau de Satisfação Relativa e das
freqüências abaixo das médias referenciais.
Ao analisar o nível de sustentabilidade ecológica da ecovila em questão, este trabalho
aponta a fragilidade da comunidade pela falta de utilização de técnicas de bioarquitetura,
permacultura e tecnologia de energias renováveis, fato exposto na determinação dos Fatores
Críticos do Sucesso. Esse dado evidencia novamente que a ênfase dessa comunidade não é a
sustentabilidade ecológica e sim a social, entretanto, salienta-se a necessidade de uma integra-
ção entre os três pilares de sustentabilidade (ecológica, social/comunitária e cultural/espiritual)
para a garantia de um futuro com uma sustentabilidade real para a ecovila.
Deve-se considerar que a área estudada, teve seu número de residentes reduzido no perí-
odo de um ano. De 25 moradores, esse número chegou a 15, quando da pesquisa de campo,
e desse pequeno universo, somente 11 colaboraram com essa pesquisa. Essa redução de resi-
dentes acarretou em sobrecarga de tarefas às muitas frentes de trabalho efetuadas na ecovila
e destaca-se a dificuldade de comunicação entre a comunidade e o meio externo, pois não
quem a represente como “relações públicas”. As tecnologias de acesso à internet são obsoletas
e não há interação da comunidade com o movimento das ecovilas no Brasil, deixando-a isolada
6 CONCLUSÕES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
114
dentro do contexto das ecovilas no país.
Observando a implantação da comunidade, conclui-se que todas as áreas construídas
estão em uma área alagadiça, tendo em vista que estão no mesmo nível do rio e da lagoa.
Isso mostra que não houve um bom planejamento na locação das construções, sugerindo para
a comunidade que os edifícios deveriam ficar em locais mais elevados, pois essa área não é
salubre para edificações, podendo incorrer em danos à saúde de seus moradores, sendo melhor
aproveitada para plantio. Outra observação pontual diz respeito à passarela de pedestres que
poderia ter um desenho diferenciado, pois observando a natureza, verifica-se que não existem
linhas retas no mundo natural, portanto a passarela poderia ter um desenho mais orgânico, de
maneira a se integrar melhor com a paisagem.
Além das conclusões descritas foi possível testar as hipóteses principal e secundárias da
pesquisa pela aplicação do questionário definitivo:
Hipótese principal é “através da utilização de um método de avaliação de desempenho
do ambiente e da sustentabilidade é possível analisar a satisfação do usuário com o ambiente
em estudo, gerando índices capazes de auxiliar os assentamentos para a manutenção e melho-
ria da sustentabilidade nas ecovilas”.
A hipótese principal de pesquisa foi testada e comprovada através da tabulação de dados
do questionário definitivo e com a geração dos Graus de Satisfação Relativa (GSR), Fatores
Críticos do Sucesso (FCS) vistos anteriormente.
O objetivo principal desse trabalho que é “elaborar um método de avaliação de desem-
penho para a análise da sustentabilidade nas ecovilas” também foi atingido, pois a pesquisa
partiu de um método de avaliação de desempenho de ambientes urbanos e acrescentou a sus-
tentabilidade, formando um novo método adaptado para as ecovilas.
Quanto ao teste das hipóteses secundárias:
“É possível entender os vários níveis de sustentabilidade das ecovilas através dos seus
conceitos e da análise histórica sobre o processo de formação dos assentamentos”.
O desenvolvimento da comprovação dessa hipótese está implícito no aprofundamento
teórico deste trabalho nos itens sobre as ecovilas (ver item 2.1) e a sustentabilidade nesses
assentamentos (ver sub-item 2.2.3).
6 CONCLUSÕES
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
“Acredita-se que, na opinião dos usuários, as dimensões, atributos que possuírem os
menores desempenhos são os fatores que se destacam como negativos na sustentabilidade
do assentamento. as dimensões, atributos que possuírem os maiores desempenhos são os
aspectos mais favoráveis na ecovila”.
Para o teste desta hipótese foram usadas as questões livres do questionário de pesquisa
(ver questões 1 e 2 no questionário 4, apêndice B). Partindo do princípio de que o morador
mantém uma postura constante diante de um determinado assunto, fez-se a confrontação entre
as respostas das perguntas livres e os graus de desempenhos atribuídos pelos moradores para
as intersecções entre os atributos, dimensões com a sustentabilidade ecológica.
As características positivas que se repetiram em mais de um morador são:
Dinamismo;
Renovação;
Meditações;
• Viver a espiritualidade no cotidiano;
Criatividade na organização comunitária;
• Vivência comunitária;
As celebrações e amizade entre os residentes;
Consciência da causa de cunho espiritual a ser seguida pelos moradores;
As características negativas indicadas pelos entrevistados e que se repetiram em mais de
um questionário são:
Ritmo intenso de trabalho;
Relação insatisfatória entre produção/retorno financeiro;
Dificuldade nos sistemas de comunicação (interno e externo);
Falta de implementação de tecnologias alternativas (captação de água, tratamento de
esgoto, reciclagem de lixo, utilização de energias renováveis, entre outros);
• Falta de condições para implementação de produção de alimentos para o abastecimento
completo da ecovila;
Fragilidade na sustentabilidade dos residentes e da própria instituição.
Deslocamentos através de transportes públicos;
6 CONCLUSÕES
115
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
• Trabalhar fora da comunidade;
Falta de auto-confiança no propósito da comunidade.
Analisando o quadro dos GSR (ver tabela 5) verificam-se que os Fatores Críticos do
Sucesso estão alocados ao atributo econômico, à dimensão ocupação e ao atributo técnico.
Confrontando as perguntas livres com os assuntos abordados nas perguntas que caracterizam
essas intersecções, os fatores em comum que os usuários menos gostam na ecovila dizem res-
peito à utilização de materiais sustentáveis nas construções e a implementação dessa energias;
à reciclagem do lixo; ao aproveitamento da água; ao uso de energias renováveis; reutilização
de materiais e equipamentos; utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
e ao desenvolvimento econômico dos moradores dentro da ecovila.
Da mesma forma, os fatores positivos referem-se aos atributos social (ver apêndice K)
e simbólico (ver apêndice G). O atributo simbólico não consta como os de maior satisfação,
porém a média de satisfação desse atributo é alta (75,33%), como mostra a tabela 5. O social
é o atributo de maior satisfação e as questões referentes às intersecções têm como característi-
cas os espaços para encontro entre as pessoas; espaços para práticas espirituais, artísticas e de
celebrações como fatores comuns entre as respostas das perguntas livres e o questionário.
Do exposto, evidencia-se que existe uma relação entre as interseões que possuem os GSR com
menor satisfação com as respostas esponneas às qualidades que o morador não gosta no ambiente,
assim como a relação entre os GSR de maior satisfação com as qualidades mais favoráveis na ecovila
e que são apontadas pelos moradores, comprovando esta hipótese secunria da pesquisa.
“É possível avaliar a incorporação dos conceitos de ecovila e sustentabilidade pelos
membros da comunidade através da confrontação entre a observação técnica do pesquidor no
local com as respostas dadas pelos moradores à pesquisa via questionário.”
Com a aplicação do método proposto na área estudada, percebeu-se que há dificuldades
da incorporação do conceito de ecovila e da sustentabilidade ecológica pelos moradores, pois
alguns não conheciam as premissas do conceito de sustentabilidade proposto pela Rede Global
de Ecovilas. A observação técnica na área construída da comunidade também aponta essa
dificuldade, pois verificou-se a ausência de qualquer técnica por mais simples que fosse de
compostagem, bioconstrução e energia alternativa. Apesar de todos esses indicativos de não-
6 CONCLUSÕES
116
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
sustentabilidade ecológica a satisfação dos usuários ainda é alta se confrontada diretamente
com a observação técnica realizada pelo pesquisador na ecovila, pois não houve nenhuma
célula do quadro indicativo dos GSR abaixo da média, indicando somente médias e altas
satisfações. Esse contraste pode ser explicado na medida em que as pessoas se reunem para
viver em ecovila com uma intenção comum, seja espiritual, social, ecológia e/ou política. Essa
intenção une os residentes em uma atitude otimista em relação à comunidade e suas expecta-
tivas individuais e grupais. Portanto uma predisposição em estar satisfeito morando-se de
maneira diferenciada da maioria da sociedade, onde, pelo próprio conceito de ecovila, um
propósito, uma intenção em todas as ações da comunidade, que varia conforme a ênfase da
ecovila. Essa característica também indica que as pessoas normalmente estão mais satisfeitas
do que insatisfeitas com o lugar em que vivem, apesar da meta da implementação da sustenta-
bilidade ecológica não fazer parte dos planos da comunidade a curto e médio prazos.
A averiguação da sustentabilidade ecogica é o nível de sustentabilidade mais prerio da
Fundação Terra Mirim e apesar dos moradores se incomodarem com o fato da pesquisa não estar
voltada para a sustentabilidade social (que é a ênfase da comunidade) esse fato enriqueceu a pes-
quisa sob dois aspectos: o primeiro diz respeito às dificuldades encontradas pelo pesquisador e que
seo expostos a seguir e o segundo diz respeito à reflexão da própria comunidade, no sentido de
que eles entendam se estão prontos ou não para receberem pesquisadores que o contemplem a
linha de raciocínio que eles esperam e se são democráticos o suficiente para ouvir outros pontos de
vista, que às vezeso diferentes e até mesmo contrários ao ponto de vista da comunidade.
Para que esse método possa ser eficaz é fundamental a isenção do pesquisador em rela-
ção ao objeto de estudo. O pesquisador não deve fazer nenhum pré engajamento nas diretrizes
espirituais, sociais e/ou políticas da ecovila, para que seu estudo e as análises perceptivas não
se tornem tendenciosos. Esse fato está sendo exposto pela experiência desse trabalho, pois na
pesquisa de campo houve uma implicação para que o pesquisador tivesse uma maior interação
com os moradores e com o cotidiano da comunidade, nas relações sociais e espirituais. Porém
a postura do pesquisador foi a de observador, participando de alguns encontros sociais e espi-
rituais, observando e analisando o assentamento sob a ótica da sustentabilidade ecológica. Esse
fato incomodou a comunidade, que decidiu não implantar nenhuma sugestão exposta nessa
6 CONCLUSÕES
117
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
pesquisa. Dessa forma alguns questionamentos foram levantados pelo pesquisador para que os
próximos trabalhos no tema possam evoluir a partir dessa experiência:
As ecovilas refutam o sistema vigente no planeta, mas muitas delas ainda dependem
dele para sobreviver. Então por que se organizaram em rede, inclusive via internet?
Como fortalecer sem trocar experiências com o mundo acadêmico, por exemplo, que
poderia auxiliá-los com técnicas e tecnologias sustentáveis a partir de parcerias em pesquisas
dos mais variados segmentos (arquitetura, administração, engenharias, economia, entre outros),
mesmo necessitando de projetos?
Ressalta-se, também, a necessidade de se investigar os outros níveis de sustentabilidade
(social/comunitária e cultural/espiritual) para a interpretação do tema em sua totalidade, o
que pode ser desenvolvido em trabalhos futuros. Essa investigação deve abranger o caráter
da sustentabilidade nos seus três níveis periodicamente, a fim de monitorar seu desempenho e
evoluir com o método proposto. O questionário deverá ser adaptado na época de sua aplicação,
averiguando as necessidades momentâneas de cada ecovila.
Espera-se, portanto, colaborar com as ecovilas no sentido de fornecer dados científicos
da real situação da sustentabilidade ecológica, segundo a ótica dos moradores, fomentando
discussões e reflexões acerca do tema na comunidade, para a melhoria de seu desempenho.
Entretanto devem-se considerar os Fatores Críticos do Sucesso como agentes definidores de
tomadas de decisão em situações específicas e gerais, conforme mostradas nesse estudo, con-
siderando que a sustentabilidade é um processo evolutivo de mudança contínua. Esse trabalho
mostra que a comunidade deveria considerar as questões pontuais de menor satisfação como
as mais urgentes a serem implementadas para o início de um futuro ecologicamente sustentá-
vel para a comunidade. Dessa forma, supõe-se ir além do esperado no que se refere à questão
metodológica, reforçando seu caráter inédito no desenvolvimento de um método de avaliação
de desempenho e sua aplicação em ecovilas, com a inclusão da avaliação da sustentabilidade.
Como resultado final, espera-se auxiliar no entendimento do conceito de ecovila e que
esse estudo possa ser o prelúdio no levantamento de questões sobre a prática de medidas sus-
tentáveis, mesmo que em pequenas escalas, como no caso desses assentamentos, contribuindo
para a evolução desse conceito multidimensional.
6 CONCLUSÕES
118
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
119
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
125
APÊNDICES
Apêndice A Questionário Preliminar de Pesquisa
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA ECOVILA
FUNDAÇÃO TERRA MIRIM
QUESTIONÁRIO DO USUÁRIO - DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS
Respondido por: ( ) mulher ( ) homem
Idade: anos.
Número da casa:
quanto tempo mora na Ecovila? anos meses
Cidade de origem:
Tamanho aproximado da casa:
( ) até 50m ( ) de 50 à 100m ( ) mais de 100m
Material construtivo: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) misto ( ) outro
Quantas pessoas moram na casa?
Quantas trabalham fora?
Qual a principal atividade remunerada?
Quantas das pessoas residentes são crianças?
Quantas vão à escola?
Como se deslocam para o trabalho/escola?
( ) ônibus ( ) carro ( ) bicicleta ( ) a ( ) outro
Usando a escala abaixo, como você classificaria a ecovila, seu ambiente circundante
e/ou sua satisfação com ele?
1 Péssimo (totalmente insatisfeito)
2 Precário (insatisfeito)
3 Regular (indiferente)
4 Bom (satisfeito)
5 Ótimo (totalmente satisfeito)
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
126
APÊNDICE A
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
127
1
2
3
4
5
Como você qualifica sua RESIDÊNCIA quanto
1. à aparência externa
2. ao tamanho
3. à temperatura no verão
4. à temperatura no inverno
5. à ventilação
6. à iluminação natural
7. à iluminação artificial
8. à iluminação natural + artificial
9. à segurança contra incêndios
10. ao isolamento de ruído externo
11. ao isolamento de ruídos internos e vozes
1
2
3
4
5
Como você qualifica a COMUNIDADE sob o ponto
de vista da sustentabilidade ecológica quanto
25. à utilização da permacultura ou outro sistema de
aproximação integral, que respeite as necessidades
humanas sem degradação da natureza
26. à criação de microclimas dentro da comunidade
com a utilização de plantas e árvores para regular a
temperatura externa
27. à utilização de materiais recicláveis e
sustentáveis nas edificações
28. ao desenvolvimento econômico
29. ao envolvimento dos moradores na economia
30. à preservação da privacidade dos moradores
1
2
3
4
5
Como você qualifica a COMUNIDADE em seus
aspectos físicos quanto
12. à aparência externa
13. ao tamanho
14. ao desenho dos espaços comuns no sentido
de minimizar as necessidades de energia e se
harmonizar com o ambiente
15. aos materiais utilizados nas construções da
comunidade no sentido de minimizar os impactos na
natureza e se harmonizar com o ambiente
16. à implantação da ecovila no sentido da
comunidade ter conexão com o entorno
17. ao sistema de acessos e circulação dentro da
ecovila no sentido de facilitar o encontro entre pessoas
18. aos espaços para encontros entre pessoas e
reuniões
19. aos espaços disponíveis para práticas artísticas
20. aos espaços para celebrações
21. aos espaços destinados às práticas espirituais
22. à localização e organização
23. à construção de forma comunitária
24. à integração da ecovila no arranjo regional
APÊNDICE A
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
128
49. Cite quais as coisas que você mais gosta na ecovila?
50. Cite quais as coisas que você menos gosta na ecovila?
A fim de obter uma melhor interação entre a Fundação Terra Mirim e a pesquisa em
questão, emita sua opinião sobre o questionário para que possamos melhorá-lo em
sua aplicação final com todos os moradores.
51. Existem questões de difícil entendimento, ou que não estão claras, ou ainda que
não são objetivas? Quais?
52. A tabela de classificação das respostas es clara, decil entendimento e objetiva?
53. Qual(is) sua(s) sugestão(ões) para melhoria do questionário?
1
2
3
4
5
31. ao seu desenvolvimento econômico dentro
da ecovila
32. à reciclagem, a reutilização e conserto de mate
-
riais e equipamentos
33. ao manejo do lixo
34. à reciclagem do lixo dentro da ecovila
35. à conservação da água
36. ao melhor aproveitamento da água
(captação das águas das chuvas, por exemplo)
37. à reutilização das águas cinzas
38. à qualidade da água que sai da ecovila no
sentido dela ser tratada na comunidade
39. ao uso de energia renovável
40. à saúde geral do ambiente
41. à poluição sonora
42. à poluição lumínica
43. à conservação dos recursos naturais
44. à alimentação produzida dentro da comunidade
45. à alimentação comprada de outros produtores
46. à utilização de alimentos orgânicos
47. ao seu consumo pessoal
48. às áreas verdes (vegetação nativa,
reflorestamento, ausência ou não de vegetação)
APÊNDICE A
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
129
Apêndice B Questionário Definitivo
FUNDAÇÃO TERRA MIRIM Questionário 01
1. Respondido por: ( ) mulher ( ) homem
2. Idade: anos
3. Mora na ecovila desde
4. Cidade de origem:
5. Tamanho aproximado da casa: ( ) até 50m ( ) de 50 à 100m ( ) mais de
100m
6. Material construtivo: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) misto
( ) outro
7. Quantas pessoas moram na casa?
Menores de 6 anos
Entre 6 e 18 anos
Maiores de 18 anos
Acima de 60 anos
8. Quantas trababalham fora da comunidade?
9. Qual a principal atividade remunerada?
10. Quantas vão à escola?
11. Como se deslocam para o trabalho/escola?
( ) ônibus ( ) carro ( ) bicicleta ( ) a ( ) outro
APÊNDICE B
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
130
FUNDAÇÃO TERRA MIRIM Questionário 02
Gostaria de perguntar sobre a qualidade de vida na sua RESIDÊNCIA. Usando a escala
abaixo, como o(a) senhor(a) classificaria sua residência e/ou sua satisfação com ela?
1. Temperatura no verão
2. Temperatura no inverno
3. Ventilação
4. Iluminação
5. Instalações elétricas
6. Instalações hidráulicas (água e esgoto)
7. Isolamento de ruídos (internos e extermos)
8. Contato com vizinhos
Muito
insatisfeito
Muito
Satisfeito
insatisfeito
1
2
3
4
5
insatisfeito
insatisfeito
9. Aparência externa
10. Tamanho
11. Planejamento da comunidade
(organização das construções)
12. Locais para práticas artísticas e celebrações
13. Locais para práticas espirituais
14. Acesso à escola
15. Acesso aos meios de transporte
16. Circulação dentro da ecovila
17. Localização e organização
18. Construção de forma comunitária
19. Integração da ecovila na região
20. Contato com moradores da região
21. Privacidade dos moradores
22. Convívio com animais (dosticos, crião)
1
2
3
4
5
E quanto à COMUNIDADE? Como o(a) senhor(a) classificaria a ecovila e/ou sua satisfação com ela?
APÊNDICE B
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
131
FUNDAÇÃO TERRA MIRIM Questionário 03
Quanto à SUSTENTABILIDADE ECOLÓGICA? Como o(a) senhor(a) classificaria a
ecovila e/ou sua satisfação com ela?
Muito
insatisfeito
Muito
Satisfeito
insatisfeito
1
2
3
4
5
insatisfeito
insatisfeito
Produção e distribuição de alimentos
23. Alimentação produzida dentro da comunidade
24. Alimentação comprada de outros produtores
25. Utilização de alimentos orgânicos
Reciclagem e reutilização
26. Reciclagem, a reutilização e conserto de
materiais e equipamentos
27. Reciclagem do lixo dentro da ecovila
28. Seu consumo pessoal
Água e esgoto
29. Conservação e reutilização da água
30. Tratamento do esgoto dentro da ecovila
31. Conservação dos recursos naturais
Sistemas de energias renováveis
32. Uso de energia renovável (energia solar,
eólica, biomassa ou geotérmica)
33. Implantação de energias renováveis
Infra-estrutura
34. Utilização da permacultura (sistema de
aproximação integral)
35. Utilização de materiais recicláveis e
sustentáveis nas edificações
Economia
36. Recursos provenientes de cursos, palestras
e hospedagem
37. Envolvimento dos moradores no desen
-
volvimento econômico da comunidade
38. Seu desenvolvimento econômico dentro da
ecovila
39. Autonomia econômica da ecovila
Saúde
40. Saúde geral do ambiente
41. Poluição (sonora, luz
Áreas verdes
42. Existência de vegetação (vegetação nativa,
reflorestamento)
43. Utilização das áreas verdes pelos
moradores
APÊNDICE B
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
132
FUNDAÇÃO TERRA MIRIM Questionário 04
Finalizando, gostaria de saber os aspectos que o(a) senhor(a) mais gosta e menos gosta
na comunidade.
1. Cite o que o(a) senhor(a) mais gosta na ecovila.
2. Cite o que o(a) senhor(a) menos gosta na ecovila.
Comentários adicionais:
Agradeço sua importante colaboração nesse trabalho.
Atenciosamente,
P
AULA MIYUKI AOKI BISSOLOTTI
Mestranda do programa de pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da UFSC
APÊNDICE B
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
133
APÊNDICE C
Apêndice C
Tabela: Questões relacionando a Dimensão Abrigo e a Sustentabilidade Ecológica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Residência
Temperatura no verão
Temperatura no inverno
Ventilação
Iluminação
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas (água e esgoto)
Isolamento de ruídos (internos e externos)
1
2
3
4
5
6
7
Comunidade
Aparência externa
Tamanho
Planejamento da comunidade (organização das construções)
Construção de forma comunitária
9
10
11
18
Sustentabilidade Ecológica
Água e Esgoto
Conservação dos recursos naturais
31
Infra-estrutura
Utilização da permacultura (sistema de aproximação integral)
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
34
35
Saúde
Saúde geral do ambiente
Poluição sonora
40
41
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
134
APÊNDICE D
Apêndice D
Tabela: Questões relacionando a Dimensão Acesso e a Sustentabilidade Ecológica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Comunidade
Acesso à escola
Acesso aos meios de transporte
Circulação dentro da ecovila
14
15
16
Sustentabilidade Ecológica
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Reciclagem do lixo dentro da ecovila
26
27
Água e Esgoto
Conservação da água
Tratamento do esgoto dentro da ecovila
Conservação dos recursos naturais
29
30
31
Infra-estrutura
Utilização da permacultura (sistema de aproximação integral)
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
34
35
Saúde
Saúde geral do ambiente
Poluição (sonora, luz)
40
41
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
135
APÊNDICE E
Apêndice E
Tabela: Questões relacionando a Dimensão Ocupação e a Sustentabilidade Ecogica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Residência
Contato com os vizinhos
14
Comunidade
Localização e organização
Construção de forma comunitária
Integração da ecovila na região
Contato com os moradores da região
17
18
19
20
Sustentabilidade Ecológica
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Reciclagem do lixo dentro da ecovila
Água e Esgoto
Conservação da água
Tratamento do esgoto dentro da ecovila
Conservação dos recursos naturais
29
30
31
Infra-estrutura
Utilização da permacultura (sistema de aproximação integral)
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
34
35
Sistema de energias renováveis
Uso de energia renovável (energia solar, eólica, biomassa ou geotérmica)
32
Saúde
Saúde geral do ambiente
Poluição (sonora, luz)
40
41
26
27
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
136
APÊNDICE F
Apêndice F
Tabela: Questões relacionando a Atributo Ambiental e a Sustentabilidade Ecogica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Residência
Temperatura no verão
Temperatura no inverno
Ventilação
Iluminação
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas (água e esgoto)
Isolamento de ruídos (internos e externos)
Comunidade
Localização e organização
Construção de forma comunitária
Integração da ecovila na região
Sustentabilidade Ecológica
Produção e distribuição de alimentos
Alimentação produzida dentro da comunidade
Alimentação comprada de outros produtores
Utilização de alimentos orgânicos
Água e Esgoto
Conservação da água
Tratamento do esgoto dentro da ecovila
Conservação dos recursos naturais
Infra-estrutura
Utilização da permacultura (sistema de aproximação integral)
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
1
2
3
4
5
6
7
17
18
19
23
24
25
29
30
31
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Reciclagem do lixo dentro da ecovila
Seu consumo pessoal
26
27
28
34
35
Saúde
Saúde geral do ambiente
Poluição sonora
40
41
Áreas verdes
Existência de vegetação (vegetação nativa, reflorestamento)
Utilização das áreas verdes pelos moradores
42
43
Sistema de energias renováveis
Uso de energia renovável (energia solar, eólica, biomassa ou geotérmica)
Implantação de energias renováveis
32
33
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
137
APÊNDICE G
Apêndice G
Tabela: Questões relacionando a Atributo Simbólico e a Sustentabilidade Ecológica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Residência
Temperatura no verão
Temperatura no inverno
Ventilação
Iluminação
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas (água e esgoto)
Isolamento de ruídos (internos e externos)
Comunidade
Aparência externa
Tamanho
Locais para práticas artísticas e celebrações
Locais para práticas espirituais
Localização e organização
Integração da ecovila na região
Privacidade dos moradores
Convívio com os animais
Sustentabilidade Ecológica
Produção e distribuição de alimentos
Alimentação produzida dentro da comunidade
Alimentação comprada de outros produtores
Utilização de alimentos orgânicos
Água e Esgoto
Conservação da água
Tratamento do esgoto dentro da ecovila
Conservação dos recursos naturais
Infra-estrutura
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
1
2
3
4
5
6
7
9
10
12
13
17
19
21
22
23
24
25
29
30
31
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Reciclagem do lixo dentro da ecovila
Seu consumo pessoal
26
27
28
35
Saúde
Saúde geral do ambiente
Poluição sonora
40
41
Áreas verdes
Utilização das áreas verdes pelos moradores
43
Sistema de energias renováveis
Uso de energia renovável (energia solar, eólica, biomassa ou geotérmica)
Implantação de energias renováveis
32
33
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
138
APÊNDICE H
Apêndice H
Tabela: Tabela: Questões relacionando o Atributo Técnico com Sustentabilidade Ecológica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Residência
Temperatura no verão
Temperatura no inverno
Ventilação
Iluminação
Instalações elétricas
Instalações hidráulicas (água e esgoto)
Isolamento de ruídos (internos e externos)
Comunidade
Planejamento da comunidade (organização das construções)
Localização e organização
Construção de forma comunitária
Integração da ecovila na região
Sustentabilidade Ecológica
Produção e distribuição de alimentos
Alimentação produzida dentro da comunidade
Água e Esgoto
Conservação da água
Tratamento do esgoto dentro da ecovila
Conservação dos recursos naturais
Infra-estrutura
Utilização da permacultura (sistema de aproximação integral)
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
1
2
3
4
5
6
7
11
17
18
19
23
29
30
31
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Reciclagem do lixo dentro da ecovila
26
27
34
35
Sistema de energias renováveis
Uso de energia renovável (energia solar, eólica, biomassa ou geotérmica)
Implantação de energias renováveis
32
33
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
139
APÊNDICE I
Apêndice I
Tabela: Questões relacionando o Atributo Humano e a Sustentabilidade Ecológica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Residência
Contato com vizinhos
Comunidade
Localização e organização
Construção de forma comunitária
Integração da ecovila na região
Contato com os moradores da região
Privacidade dos moradores
Convívio com os animais
Sustentabilidade Ecológica
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Seu consumo pessoal
Infra-estrutura
Utilização de materiais recicláveis e sustentáveis nas edificações
8
17
18
19
20
21
22
26
28
Água e Esgoto
Conservação da água
Conservação dos recursos naturais
29
31
35
Áreas verdes
Existência de vegetação (vegetação nativa, reflorestamento)
42
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
140
APÊNDICE J
Apêndice J
Tabela: Questões relacionando a Atributo Econômico e a Sustentabilidade Ecológica
Sustentabilidade Ecológica
Produção e distribuição de alimentos
Alimentação produzida dentro da comunidade
Alimentação comprada de outros produtores
23
24
Água e Esgoto
Conservação da água
Conservação dos recursos naturais
Reciclagem e Reutilização
Reciclagem, reutilização e conserto de materiais e equipamentos
Reciclagem do lixo dentro da ecovila
Seu consumo pessoal
26
27
28
Economia
Recursos provenientes de cursos, palestras e hospedagem
Envolvimento dos moradores no desenvolvimento econômico da comunidade
Seu desenvolvimento econômico dentro da ecovila
Autonomia econômica da ecovila
36
37
38
39
29
31
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
141
APÊNDICE K
Apêndice K
Tabela: Questões relacionando a Atributo Social e a Sustentabilidade Ecológica
DESCRIÇÃO DA PERGUNTA
Comunidade
Locais para práticas artísticas e celebrações
Locais para práticas espirituais
Acesso à escola
Acesso aos meios de transporte
Circulação dentro da ecovila
Localização e organização
Construção de forma comunitária
Integração da ecovila na região
Contato com moradores da região
Privacidade dos moradores
Convívio com animais (domésticos, criação)
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
Sustentabilidade Ecológica
Economia
Envolvimento dos moradores no desenvolvimento econômico da comunidade
37
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
Apêndice L
Tabela: Notas atribuídas pelos moradores ao questionário de pesquisa
QUESTÕES
MORADOR
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
1
5
5
5
4
4
5
4
4
5
5
5
2
3
2
5
4
4
4
4
4
3
5
3
3
5
5
5
5
5
5
5
4
4
5
5
4
5
4
5
4
5
5
5
3
4
5
4
5
5
4
4
3
5
5
5
3
4
4
4
6
5
4
4
3
4
5
5
4
4
4
3
7
4
2
3
4
4
4
5
3
4
4
4
8
5
5
4
5
5
4
5
3
4
4
5
9
5
4
5
5
5
4
4
5
4
5
4
10
4
4
5
5
4
4
5
5
4
5
4
11
4
5
4
4
4
4
3
1
4
4
4
12
5
5
5
5
5
4
5
4
5
5
4
13
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
4
14
4
4
4
4
4
4
3
5
1
3
3
15
5
4
4
4
5
5
3
5
3
4
4
16
5
5
5
4
4
5
5
5
5
5
3
17
5
4
5
4
4
4
4
4
4
4
4
18
5
4
5
3
4
5
4
4
4
3
4
19
5
4
4
3
5
4
4
5
4
5
5
20
4
4
4
3
4
4
4
5
4
4
5
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
142
APÊNDICE L
20
4
4
4
3
4
4
4
5
4
4
5
21
5
4
4
4
3
4
4
4
4
5
4
22
5
5
5
4
4
5
4
5
5
5
5
23
2
3
2
2
3
2
2
3
2
3
2
24
3
4
4
4
4
4
1
5
4
5
4
25
2
2
2
4
3
3
2
4
2
3
3
26
3
3
4
3
4
3
4
4
3
4
4
27
2
3
3
4
3
3
4
3
4
4
2
28
5
3
4
4
3
4
4
3
4
4
3
29
2
2
1
2
2
1
1
2
4
3
2
30
5
3
3
4
3
1
2
2
4
4
3
31
5
3
5
3
5
5
3
5
4
4
4
32
2
1
1
2
2
2
1
2
1
2
1
33
2
1
1
3
3
2
2
2
1
2
1
34
1
3
4
4
3
4
4
2
3
3
5
35
1
2
2
4
3
3
3
3
3
3
2
36
3
3
3
5
4
4
3
3
3
3
3
37
5
4
4
3
4
4
4
3
3
4
4
38
4
3
3
4
3
5
1
2
3
3
4
39
4
4
4
3
4
3
4
4
3
2
2
40
5
4
4
4
4
4
4
4
4
5
4
41
5
3
3
4
4
4
2
4
4
4
4
42
5
4
5
5
5
5
4
5
4
5
4
43
5
5
5
5
5
5
4
5
4
5
5
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
143
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
36.36%
63.63%
0.00% 0.00% 0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
45.45%
18.18%
0.00%
9.09%
27.27%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 01 - Desvio Padrão: 0,50
Questão 02 - Desvio Padrão: 0,9
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
18.18%
0.00% 0.00% 0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 03 - Desvio Padrão: 0,40
Questão 04 - Desvio Padrão: 0,69
81.81%
36.36%
54.54%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 05 - Desvio Padrão: 0,75
45.45%
36.36%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
9.09%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 07 - Desvio Padrão: 0,79
54.54%
9.09%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
54.54%
18.18%
0.00% 0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 06 - Desvio Padrão: 0,70
27.27%
Apêndice M
Gráficos: Freqüência das questões individuais
APÊNDICE M
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 08 - Desvio Padrão: 0,69
36.36%
54.54%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 10 - Desvio Padrão: 0,52
45.45%
54.54%
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
144
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
9.09%
0.00%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 11 - Desvio Padrão: 1,01
9.09%
63.63%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 12 - Desvio Padrão: 0,47
72.72%
27.27%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 13 - Desvio Padrão: 0,30
90.90%
9.09%
APÊNDICE M
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 09 - Desvio Padrão: 0,52
45.45%
54.54%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
9.09%
0.00%
36.36%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 14 - Desvio Padrão: 1,04
0.00%
54.54%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 15 - Desvio Padrão: 0,75
27.27%
45.45%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 16 - Desvio Padrão: 0,67
72.72%
18.18%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 17 - Desvio Padrão: 0,40
18.18%
81.81%
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
145
APÊNDICE M
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
54.54%
27.27%
0.00% 0.00%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
45.45%
45.45%
0.00%
0.00%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 18 - Desvio Padrão: 0,70
Questão 19 - Desvio Padrão: 0,67
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
72.72%
18.18%
0.00% 0.00%
9.09%
72.72%
18.18%
0.00% 0.00%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 20 - Desvio Padrão: 0,54
Questão 21 - Desvio Padrão: 0,54
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
72.72%
0.00% 0.00%
0.00%
27.27%
36.36%
0.00%
0.00%
0.00%
63.63%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 22 - Desvio Padrão: 0,47
Questão 23 - Desvio Padrão: 0,50
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
18.18%
18.18%
0.00% 0.00%
9.09%
63.63%
36.36%
0.00%
0.00%
45.45%
Regular
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 24 - Desvio Padrão: 1,08
Questão 25 - Desvio Padrão: 0,79
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
18.18%
0.00% 0.00%
45.45%
54.54%
36.36%
0.00%
0.00%
45.45%
Regular Satisfeito
Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 26 - Desvio Padrão: 0,52
Questão 27 - Desvio Padrão: 0,75
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
146
APÊNDICE M
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
9.09%
54.54%
0.00% 0.00%
36.36%
54.54%
9.09%
0.00%
27.27%
9.09%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 28 - Desvio Padrão: 0,65
Questão 29 - Desvio Padrão: 0,89
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
27.27%
9.09%
9.09%
18.18%
36.36%
27.27%
45.45%
0.00% 0.00%
27.27%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 30 - Desvio Padrão: 1,14
Questão 31 - Desvio Padrão: 0,54
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
0.00%
0.00%
45.45%
54.54%
0.00%
0.00%
0.00%
45.45%
36.36%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 32 - Desvio Padrão: 0,52
Questão 33 - Desvio Padrão: 0,75
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
36.36%
9.09%
9.09%
9.09%
36.36%
9.09%
0.00%
9.09%
27.27%
54.54%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 34 - Desvio Padrão: 1,10
Questão 35 - Desvio Padrão: 0,81
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
18.18%
9.09%
0.00%
9.09%
72.72%
63.63%
0.00%
0.00%
27.27%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 36 - Desvio Padrão: 0,67
Questão 37 - Desvio Padrão: 0,60
9.09%
Ecovilas: Um Método de Avaliação de Desempenho da Sustentabilidade
147
APÊNDICE M
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
27.27%
9.09%
9.09%
9.09%
45.45%
54.54%
0.00%
18.18%
27.27%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 38 - Desvio Padrão: 1,08
Questão 39 - Desvio Padrão: 0,81
0.00%
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
81.81%
18.18%
0.00%
0.00%
0.00%
63.63%
0.00%
9.09%
9.09%
18.18%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 40 - Desvio Padrão: 0,40
Questão 41 - Desvio Padrão: 0,79
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito
36.36%
63.63%
0.00%
0.00%
0.00%
18.18%
0.00%
81.81%
0.00%
0.00%
Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
100 %
80 %
60 %
40 %
20 %
0 %
Muito
Insatisfeito
Insatisfeito Regular Satisfeito
Muito
Satisfeito
Questão 42 - Desvio Padrão: 0,50
Questão 43 - Desvio Padrão: 0,40
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