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A influência da igreja fez com que se condenasse a mulher a não conhecer
seus corpos. A maternidade, sua primordial função, assim como manter a ordem
familiar mantinha-a circunscrita ao lar, reproduzindo corpos biológicos, executando
as tarefas de manutenção do bem-estar e sobrevivência da família. Para tanto, era
preciso controlá-la, permitindo-lhe o exercício da sua sexualidade dentro dos limites
que não atentassem contra a moral (FONSECA et al., 1994).
Devido a essa trajetória, mesmo com o advento das grandes guerras, a
saída das mulheres de dentro de casa para o trabalho, os movimentos feministas, a
liberação sexual ampliou o papel e poder feminino para além da maternidade, a
mulher demonstra um comportamento envergonhado, com pudores em excesso
referentes à sexualidade e ao aparelho genital. Para Diamantino et al. (1993), a
mulher brasileira, ainda, desde pequena é criada para servir, ser obediente, casar,
ter filhos e ser dona de casa. Pode ser que, devido a isso, haja, ainda, como refere
Lopes e Souza (1997), uma relação pouco consciente com o próprio corpo no
cotidiano feminino. “A mulher não está habilitada a explorar e conhecer as
particularidades de seu próprio corpo. Nem a referir-se a elas sem pudores” diz
Moraes (2004, p. 49). Porém, acredita-se que a mulher esteja, sim, habilitada a falar
sobre seu corpo, do seu aparelho reprodutor. O que lhe faltam são oportunidades
para se expressar sobre ele.
Crê-se que, mesmo havendo pudores, há a necessidade de propiciar à
mulher espaços para que ela verbalize os sentimentos, sensações e vivencias sobre
seu aparelho reprodutor, para que os profissionais conheçam as suas concepções e
norteiem suas condutas de forma individualizada.
A mulher, geralmente, começa a notar a presença do aparelho reprodutor
feminino na adolescência, com a menarca, crescimento dos seios e com as