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RODRIGO MARQUES MONTANARI
ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MISTURAS
BETUMINOSAS A FRIO E A QUENTE PARA FINS DE
PAVIMENTAÇÃO DE VIAS
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Montanari, Rodrigo Marques, 1977-
M764e Estudo do comportamento mecânico de misturas
2007 betuminosas a frio e a quente para fins de pavimentação
de vias / Rodrigo Marques Montanari. – Viçosa, MG, 2007.
xvii, 97f. : il. (algumas col.) ; 29cm.
Orientador: Carlos Alexandre Braz de Carvalho.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 91-97.
1. Pavimentação de betume. 2. Pavimentação de asfalto.
3. Deformações e tensões. 4. Deformações (Mecânica).
5. Pavimentos flexíveis. I. Universidade Federal de Viçosa.
II.Título.
CDD 22.ed. 625.85
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RODRIGO MARQUES MONTANARI
ESTUDO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE MISTURAS
BETUMINOSAS A FRIO E A QUENTE PARA FINS DE
PAVIMENTAÇÃO DE VIAS
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
APROVADA: 16 de agosto de 2007.
_______________________________ ________________________________
Prof. Claudio Henrique de C. e Silva Prof. Dario Cardoso de Lima
(Co-Orientador) (Co-Orientador)
______________________________ ________________________________
Prof.Geraldo Luciano de O. Marques Prof. Reginaldo Carneiro da Silva
______________________________________
Prof. Carlos Alexandre Braz de Carvalho
(Orientador)
ii
“Não é o desafio com que nos deparamos que determina quem
somos e o que estamos nos tornando, mas a maneira com que
respondemos ao desafio. Somos combatentes, idealistas, mas
plenamente conscientes. Porque o ter consciência não nos obriga a
ter teoria sobre as coisas, só nos obriga a sermos conscientes.
Problemas para vencer, liberdade para provar. E, enquanto
acreditarmos no nosso sonho, nada é por acaso.”
(Henfil)
OFEREÇO E DEDICO
Aos meus pais, Maria José e Sebastião.
E ao meu irmão, Ricardo.
Estes nunca poupam esforços e sacrifícios para tornar possíveis os meus
sonhos e ideais. Sem vocês, eu nada seria!
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e pela luz que guia meu caminho, rendo minha
gratidão por mais esta vitória concedida.
À Universidade Federal de Viçosa e ao Programa de Pós-graduação em
Engenharia Civil, pela oportunidade de realização do curso.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão de bolsa de estudos por um determinado período.
Ao Professor Carlos Alexandre Braz de Carvalho, pela orientação,
dedicação, paciência, incentivo e compreensão durante este período, que com seu
brilhantismo proporcionou-me momentos únicos de profissionalismo e amizade.
Aos Professores Dario Cardoso de Lima e Cláudio Henrique de Carvalho e
Silva, pelo aconselhamento e oportunidades oferecidos neste período.
Aos demais Professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil da UFV, pela dedicação e conhecimentos transmitidos nas aulas ministradas.
Aos Professores Geraldo Luciano de Oliveira Marques e Reginaldo
Carneiro da Silva pela participação na banca examinadora.
Ao engenheiro doutorando Danilo de Sá Viana Rezende, pela
extraordinária demonstração de boa vontade sendo uma ajuda imprescindível em
várias etapas desta pesquisa.
Aos acadêmicos, Rodrigo Antônio de Almeida e Iviane Cunha e Santos,
pela dedicação e auxílio dispensados na execução dos ensaios desta pesquisa.
Aos funcionários do Laboratório de Engenharia Civil – UFV, em especial,
ao Julinho, Tarcisio, Zé Carlos e Paulo, pela colaboração e ajuda nos ensaios
realizados.
iv
A todos os colegas, em especial, André, Betânia, Edgar, Edgar Neto, Eric,
Fernando, Flávio, Gersonito, Gisele, Juliano, Leandro, Luís Otávio, Marcelo,
Marcos, Rodrigo, Rogério, Taciano, Vanusca, Walcyr, pelo coleguismo, experiência
compartilhada, dicas e ajuda nas disciplinas e laboratório.
A Ipiranga Asfalto S. A., representada pelo seu Coordenador de Negócios
da unidade de Betim-MG, Engenheiro Edson José Guimarães, pelo fornecimento
gratuito dos ligantes betuminosos empregados nesta pesquisa.
Aos meus pais e irmão, pelo apoio constante compartilhando momentos
de alegria e dando forças nos momentos difíceis. Espero poder retribuir um dia tudo
de bom que vocês me proporcionam.
Aos meus avós, Arnóbio e Glorinha, Geraldo e Maria, pela confiança que
sempre depositam em mim e o convívio que me traz benefícios duradouros.
Embora dois tenham se transferido para um plano superior, sei que vibram de
alegria com minhas conquistas e continuam guiando meus passos.
Aos eternos amigos, Álvaro, André, Angelo, Alexandre, Diogo, Fábio, Ivan,
Léo, Luciano, Lucas, Nupercy, Rafael e aqueles que por total descuido não tenha
citado, me auxiliaram com idéias, comentários, manifestações de estímulo e pelos
impagáveis momentos de descontração e convívio colaborando com o simples fato
de existirem em minha vida. De que vale a vida sem vocês!
MUITO OBRIGADO!
v
BIOGRAFIA
RODRIGO MARQUES MONTANARI, filho de Maria José Marques
Montanari e Sebastião Montanari, nasceu aos 29 dias do mês de dezembro, do ano
de 1977, na cidade de Tocantins, Minas Gerais.
Em outubro de 2002, graduou-se Engenheiro Civil, pela Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Em novembro de 2003, se especializou em Engenharia de
Segurança do Trabalho, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Juiz
de Fora, Minas Gerais.
Em março de 2005, iniciou o Curso de Mestrado em Engenharia
Civil, com área de concentração em Geotecnia, na Universidade Federal de Viçosa
(UFV), em Viçosa, Minas Gerais, defendendo dissertação em agosto de 2007.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................viii
LISTA DE QUADROS..........................................................................................xii
LISTA DE SÍMBOLOS.........................................................................................xv
RESUMO..............................................................................................................xvi
ABSTRACT..........................................................................................................xvii
1 – INTRODUÇÃO...............................................................................................1
1.1 – Natureza do Problema...........................................................................1
1.2 – Relevância do Trabalho.........................................................................2
1.3 – Objetivos................................................................................................4
1.4 – Organização do Trabalho......................................................................4
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................6
2.1 – Misturas Betuminosas...........................................................................6
2.1.1 – Tipos de Revestimentos Asfálticos............................................8
2.2 – Agregados.............................................................................................12
2.2.1 – Classificação dos Agregados ....................................................13
2.2.2 – Características Tecnológicas.....................................................13
vii
2.3 – Materiais Betuminosos..........................................................................16
2.3.1 – Asfaltos para Pavimentação......................................................17
2.4 – Comportamento Mecânico ....................................................................20
2.4.1 – Ensaios Utilizados em Misturas Betuminosas...........................22
3 – MATERIAIS E MÉTODO................................................................................42
3.1 – Materiais................................................................................................42
3.1.1 – Agregados .................................................................................42
3.1.2 – Materiais Betuminosos ..............................................................45
3.2 – Método...................................................................................................47
4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...........................................54
4.1 – Composição de uma faixa granulométrica ............................................54
4.2 – Escolha do teor de projeto de ligante pelo método Marshall.................57
4.3 – Método Marshall....................................................................................66
4.4 – Resistência à tração por compressão diametral ...................................76
4.5 – Deformação Permanente ......................................................................82
4.6 – Resistência à água (adesividade) .........................................................85
5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................87
5.1 – Conclusões............................................................................................87
5.2 – Recomendações....................................................................................89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................91
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Distribuição típica de tensão sob uma roda com carga P
(Fonte: Haas e Hudson, 1978)......................................................7
Figura 2.2 Amostra de agregado com suas parcelas de volume e
peso (Fonte: Souza, 1980) ...........................................................15
Figura 2.3 Ensaio de compressão diametral (Fonte: DNER - ME
138/94)..........................................................................................27
Figura 2.4 Esquema de equipamento para ensaio de compressão
diametral de carga repetida (Fonte: DNER - ME 133/94).............29
Figura 2.5 Tipos de deformações e formas de carregamento “versus”
tempo para ensaio de tração indireta de cargas repetidas
(ASTM designation: D 4123-82 (reapproved 1995)).....................31
Figura 2.6 Painel de controle de pressão confinante na câmara
triaxial............................................................................................34
Figura 2.7 Vista do equipamento triaxial de cargas repetidas do
Laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia
Civil – UFV....................................................................................35
Figura – 2.8 Câmara triaxial e sistema de aplicação de cargas .......................35
ix
Figura 2.9 Distribuição das tensões de tração e compressão nos
planos diametrais (FONTE: MEDINA e MOTTA (2005)) ..............40
Figura – 2.10 Variação das tensões (Δσ) de compressão (σ
c
) e de tração
(σ
t
) no centro do corpo-de-prova (PINTO e PREUSSLER,
2001).............................................................................................40
Figura – 3.1 Curvas granulométricas dos agregados.......................................44
Figura 3.2 Vista geral do equipamento triaxial de cargas repetidas do
Laboratório de Geotecnia – Departamento de Engenharia
Civil - UFV.....................................................................................51
Figura 4.1 Limites inferiores e superiores das faixas granulométricas:
faixa C (PMF), faixa B (CA) e faixa de projeto. ............................55
Figura 4.2 Limites inferior e superior da faixa de projeto e a curva de
trabalho da mistura dos agregados. ............................................56
Figura 4.3a Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RL-1C (primeira
etapa). ..........................................................................................59
Figura 4.3b Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RL-1C (segunda
etapa). ..........................................................................................60
Figura 4.4 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RM-1C. ........................62
Figura 4.5 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de CAP 50-70...................................63
Figura 4.6 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RL-1C para 50
golpes. ..........................................................................................67
Figura 4.7 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RL-1C para 75
golpes. ..........................................................................................69
Figura 4.8 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RM-1C para 50
golpes. ..........................................................................................71
x
Figura 4.9 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de emulsão RM-1C para 75
golpes. ..........................................................................................73
Figura 4.10 Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das
misturas em função do teor de CAP para 75 golpes....................75
Figura 4.11 Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC,
em função do teor de emulsão RL – 1C, empregando 50
golpes. ..........................................................................................77
Figura 4.12 Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC,
em função do teor de emulsão RL – 1C, empregando 75
golpes. ..........................................................................................78
Figura 4.13 Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC,
em função do teor de emulsão RM – 1C, empregando 50
golpes. ..........................................................................................79
Figura 4.14 Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC,
em função do teor de emulsão RM – 1C, empregando 75
golpes. ..........................................................................................80
Figura 4.15 Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC,
em função do teor de CAP, empregando 75 golpes.....................81
Figura 4.16 Evolução das deformações permanentes em função do
número de aplicações da tensão desviadora axial cíclica
para misturas com emulsão do tipo RL – 1C, com Grau de
Compactação de 98%, à temperatura de 27ºC. ...........................84
Figura 4.17 Evolução das deformações permanentes em função do
número de aplicações da tensão desviadora axial cíclica
para misturas com emulsão do tipo RM – 1C, com Grau de
Compactação de 99%, à temperatura de 27ºC. ...........................84
Figura 4.18 Evolução das deformações permanentes em função do
número de aplicações da tensão desviadora axial cíclica
para misturas com CAP 50-70, com Grau de Compactação
de 95%, à temperatura de 27ºC ...................................................85
xi
Figura 4.19 Envolvimento dos agregados pelos ligantes betuminosos
após 72 horas recobertos por água destilada em estufa à
40ºC..............................................................................................86
xii
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 Tipos de revestimentos asfálticos empregados em
pavimentos de rodovias. (Adaptado de SANTANA (1993))..........8
Quadro 2.2 Classificação dos agregados. (MANUAL DE
PAVIMENTAÇÃO - DNIT (2006)) .................................................13
Quadro 2.3 Fatores e variáveis para estudo do comportamento
mecânico das misturas asfálticas. (Adaptado de SANTOS
(2002)) ..........................................................................................21
Quadro – 2.4 Informações sobre características mecânicas e de fadiga à
tensão controlada de misturas asfálticas. (PINTO e
PRESSLER (2001))......................................................................41
Quadro 3.1 Caracterização dos agregados: abrasão “Los Angeles”,
índice de forma, massa específica e material pulverulento.
(CARVALHO et al. (2002))............................................................43
Quadro – 3.2 Granulometria dos agregados. (CARVALHO et al. (2002))..........44
Quadro 3.3 Especificação das emulsões asfálticas RL-1C e RM-1C.
(Ipiranga Asfaltos S. A. (2005)).....................................................46
Quadro 3.4 Especificação do CAP 50-70. (Ipiranga Asfaltos S. A.
(2005)) ..........................................................................................47
xiii
Quadro 3.5 Traços das misturas betuminosas utilizadas no método
Marshall ........................................................................................49
Quadro 4.1 Limites inferiores (LI) e superiores (LS) das faixas
granulométricas: faixa C (PMF), faixa B (CA) e faixa de
projeto...........................................................................................55
Quadro 4.2 Projeto da mistura dos agregados para atender à faixa de
projeto...........................................................................................56
Quadro 4.3 Parâmetros de dosagem Marshall de misturas asfálticas
com emulsão asfáltica do tipo RL – 1C. .......................................58
Quadro 4.4 Parâmetros de dosagem Marshall de misturas asfálticas
com emulsão asfáltica do tipo RM – 1C. ......................................61
Quadro 4.5 Parâmetros de dosagem Marshall de misturas asfálticas
com CAP 50-70.............................................................................63
Quadro 4.6 Teores de projeto para as misturas com emulsões dos
tipos RL – 1C E RM – 1C..............................................................65
Quadro – 4.7 Teor de projeto para mistura com CAP 50-70 ..............................66
Quadro 4.8 Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com emulsão RL-1C, empregando-
se 50 golpes..................................................................................66
Quadro 4.9 Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com emulsão RL-1C empregando
75 golpes. .....................................................................................68
Quadro 4.10 Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com emulsão RM-1C empregando
50 golpes. .....................................................................................70
Quadro 4.11 Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com emulsão RM-1C empregando
75 golpes. .....................................................................................72
Quadro 4.12 Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com CAP 50-70 empregando 75
golpes. ..........................................................................................74
xiv
Quadro 4.13 Resultados dos ensaios de tração por compressão
diametral, à temperatura de 30ºC, em misturas com RL –
1C, empregando 50 golpes...........................................................76
Quadro 4.14 Resultados dos ensaios de tração por compressão
diametral, à temperatura de 30ºC, em misturas com RL –
1C, empregando 75 golpes...........................................................77
Quadro 4.15 Resultados dos ensaios de tração por compressão
diametral, à temperatura de 30ºC, em misturas com RM –
1C, empregando 50 golpes...........................................................79
Quadro 4.16 Resultados dos ensaios de tração por compressão
diametral, à temperatura de 30ºC, em misturas com RM –
1C, empregando 75 golpes...........................................................80
Quadro 4.17 Resultados dos ensaios de tração por compressão
diametral, à temperatura de 30ºC, em misturas com CAP
50-70, empregando 75 golpes......................................................81
Quadro 4.18 Deformação permanente para misturas betuminosas com
emulsões asfálticas RL – 1C e RM – 1C e misturas com
CAP 50-70, para tensão desviadora de 210 kPa e pressão
confinante de 175 kPa. Temperatura média do ensaio em
ralação à câmara triaxial: externa 27
o
C e interna 26
o
C..............83
xv
LISTA DE SÍMBOLOS
AASHO American Association of State Highway Officials
ABEDA Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing Materials
CA Concreto Asfáltico
CAP Cimento Asfáltico de Petróleo
CNT Confederação Nacional do Transporte
DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
IBP Instituto Brasileiro de Petróleo
LVDT Linear Variable Differential Transducer
M
R
Módulo de Resiliência
PIB Produto Interno Bruto
PMF Pré-misturado a Frio
PMQ Pré-misturado a Quente
RBV Relação Betume Vazios
SHRP Strategic Highway Research Program
UFV Universidade Federal de Viçosa
VAM Vazios no Agregado Mineral
Vv Volume de Vazios
xvi
RESUMO
MONTANARI, Rodrigo Marques, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, agosto de
2007. Estudo do comportamento mecânico de misturas betuminosas a
frio e a quente para fins de pavimentação de vias. Orientador: Carlos
Alexandre Braz de Carvalho. Co-orientadores: Dario Cardoso de Lima e
Cláudio Henrique de Carvalho e Silva.
O presente trabalho consta de um estudo comparativo, em laboratório, do
comportamento mecânico de misturas betuminosas a frio e a quente para fins de
pavimentação de vias, empregando agregados procedentes da pedreira da cidade
de Ervália, Estado de Minas Gerais, Brasil. Os ligantes betuminosos utilizados
foram: emulsões asfálticas catiônicas RL – 1C e RM – 1C e o cimento asfáltico de
petróleo CAP 50-70. Misturas betuminosas a frio e a quente foram preparadas de
acordo com as energias de compactação recomendadas pelo Instituto de Asfalto
(75 golpes para tráfego pesado e 50 golpes para tráfego médio). Inicialmente,
obteve-se uma composição granulométrica para os agregados que atendeu
simultaneamente às faixas C e B das especificações de serviço do DNIT para
misturas betuminosas a frio e a quente, respectivamente. Para a dosagem das
misturas utilizou-se o método Marshall para obtenção do teor de projeto de ligante
de cada uma delas. Nessas condições e nas suas proximidades, além do ensaio
anteriormente citado, empregaram-se também os seguintes ensaios para o estudo
do desempenho mecânico das misturas: resistência à tração por compressão
diametral e triaxial de cargas repetidas. Para as misturas betuminosas a frio, a
influência da energia de compactação não foi significativa no que se refere à
fluência, porcentagem de vazios e estabilidade, visto que os valores obtidos para
estes parâmetros foram próximos para as duas energias de compactação
investigadas.
xvii
ABSTRACT
MONTANARI, Rodrigo Marques, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, August,
2007. Study of the mechanical behavior of cold and hot bituminous
mixtures for pavement surface application. Adviser: Carlos Alexandre Braz
de Carvalho. Co-advisers: Dario Cardoso de Lima and Cláudio Henrique de
Carvalho e Silva.
The present work consists of a laboratory comparative study of the
mechanical behavior of hot and cold bituminous mixtures for pavement surface
application using aggregates from the quarry of the city of Ervália, Minas Gerais
state, Brazil. RL-1C and RM-1C cationic asphalt emulsions, as well CAP 50-60
asphalt cement were used throughout the study. Hot and cold bituminous mixtures
specimens were compacted using the medium and heavy traffic compaction efforts
recommended by the Asphalt Institute (75 blows for heavy traffic, and 50 blows for
medium traffic). Initially, a grain size composition of the aggregates was generated
in order to attend the aggregate distributions B and C of the DNIT, respectively, for
hot and cold bituminous mixtures. Aggregate mixtures optimum bitumen contents
were determined via the Marshall test. Others strength tests performed in the
bituminous mixtures around at the optimum bitumen contents were as follows:
indirect tensile strength test and triaxial repeated loading test. From an engineering
point of view and regarding the parameters creep, void percentage and stability of
hot and cold bituminous mixtures, influence of applied compaction effort was not
significant since values obtained from the Marshall tests using both compaction
efforts did not differ significantly.
1
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Natureza do Problema
O tráfego nas rodovias é muito variado quanto ao tipo de veículos e
cargas transportadas. Uma das dificuldades no dimensionamento de
pavimentos é a avaliação do poder de destruição que exercem as várias
cargas a diferentes níveis de repetição (MEDINA, 1997). Esta variação de
cargas é que proporciona diferentes níveis de tensões ao longo da estrutura
da rodovia que, aliadas às ações climáticas, atuam no pavimento
provocando deformações. A conseqüência é a degradação acelerada dos
pavimentos que provoca um desgaste maior do veículo afetando a
segurança dos usuários.
De acordo com CARVALHO (1997), reproduzir, em laboratório, as
condições de campo a que estão sujeitos os materiais num pavimento em
serviço, para estudo de suas características de deformabilidade é uma tarefa
extremamente difícil. Mas, dependendo do tipo do ensaio utilizado e do seu
desenvolvimento tecnológico e, ainda, da abordagem requerida para a sua
realização, pode-se investigar, em laboratório, com apreciável reprodução
das condições que ocorrem no campo, o comportamento dos materiais do
ponto de vista tensão-deformação. Essas informações, obtidas em
2
laboratório, são muito úteis para projeto de pavimentos e para a estimativa
de seu desempenho, no decorrer de toda a vida útil da via.
O revestimento, também chamado de capa de rolamento, por receber
diretamente a ação do tráfego, é a camada mais nobre do pavimento. Esta
camada deve, preferencialmente, ser impermeável, durável, estável e
apresentar boas condições de rolamento e aderência aos veículos que nela
circulam. Essas características são indispensáveis ao conforto e segurança
dos usuários que utilizam a rodovia. As camadas seguintes, subjacentes ao
revestimento, em geral, são granulares e a resistência ao cisalhamento
dessas camadas deve-se basicamente ao atrito entre as partículas de seus
materiais constituintes. Portanto, um revestimento mal projetado acarretará
defeitos prematuros e com isso, as camadas subjacentes ao revestimento
ficarão desprotegidas e se deteriorarão rapidamente, com ações do tráfego e
do clima, afetando consideravelmente a vida útil da via.
Segundo SANTOS (2002), é necessário analisar criteriosamente os
materiais a serem empregados nos revestimentos asfálticos e os parâmetros
de projeto. Esses estudos são importantes para se obter uma mistura de boa
qualidade. A caracterização tecnológica dos agregados e do ligante asfáltico,
bem como o conhecimento do comportamento mecânico da mistura são
cuidados indispensáveis.
1.2 – Relevância do Trabalho
A partir da década de 50, com a queda do preço do petróleo, algumas
vias e rodovias passaram a ser construídas com revestimentos asfálticos.
Desde então, o emprego do material espalhou-se por todo o Brasil.
Atualmente, o que se observa, na maioria das cidades, independente do seu
porte territorial, é que boa parte de suas vias é asfaltada.
A maioria das rodovias pavimentadas no Brasil possui revestimento
asfáltico e são elas responsáveis pelo maior volume de transporte de cargas
e passageiros do país. De acordo com a Pesquisa Rodoviária CNT (2006), o
setor de transporte rodoviário detém cerca de 96,2% da matriz de transporte
de passageiros e de 61,8% da matriz de transporte de cargas, uma
3
operação que corresponde a 70% do PIB. Esses dados elucidam o
importante papel das estradas na economia do Brasil. Esta pesquisa
confirmou também a urgente necessidade de se melhorar as condições de
serventia das estradas, no sentido de aumentar a segurança e o conforto
dos usuários e reduzir os custos operacionais dos veículos.
Em Viçosa-MG, a situação dos pavimentos urbanos é sem dúvida
comprometedora. Notam-se inúmeras ruas onduladas e esburacadas que
causam sérios problemas de conforto e segurança aos seus habitantes.
Assim, são necessários serviços de reconstrução e/ou manutenção dessas
vias para melhorar as suas condições de serventia.
Observa-se que as misturas a frio, provavelmente por razões de
natureza econômica e de propiciar maior período de estocagem em relação
às misturas a quente, vêm sendo utilizadas em larga escala por várias
prefeituras da microrregião de Viçosa-MG. Um fato que merece atenção é
que essas prefeituras ainda não dispõem de condições adequadas de
analisar as características de dosagem das misturas e também as
características tecnológicas dos materiais nelas utilizados. A ausência de
controle da mistura acarreta, na maioria das vezes, a adoção de capas
asfálticas de má qualidade, afetando o desempenho do pavimento como um
todo.
Segundo SENÇO (1997), um benefício é um valor que, em
conseqüência de uma determinada ação, retorna a uma pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, aumentando os valores de que já se dispõem. A
pavimentação de uma via de terra existente ou serviços de melhoramentos
numa via com pavimento em mau estado enquadram-se perfeitamente na
definição de benefício, pois se traduzirão para os usuários em redução do
custo de operação, dos tempos de viagem e de percurso e outras vantagens
que podem ser resumidas como de economia do custo geral do transporte.
Um estudo comparativo do comportamento mecânico de misturas
betuminosas a frio e a quente, em laboratório, poderá trazer importantes
informações para a utilização de revestimentos betuminosos mais
apropriados para a pavimentação de vias. Misturas betuminosas
inadequadas são responsáveis pelo surgimento prematuro de diversos tipos
4
de defeito, destacando-se o trincamento por fadiga e os afundamentos de
trilhas-de-roda. Com o surgimento dos defeitos, as camadas inferiores ao
revestimento vão ficando desprotegidas, acelerando-se assim o processo de
degradação do pavimento. Assim, o desenvolvimento de pesquisas na área
de misturas betuminosas é sem dúvida relevante.
1.3 – Objetivos
O presente trabalho teve por objetivos estudar o comportamento
mecânico de misturas betuminosas a frio e a quente produzidas a partir de
uma mesma composição granulométrica de agregados, em obediência às
especificações de serviço do Departamento Nacional de Infra-estrutura de
Transporte (DNIT), quais sejam: DNER – ES 317/97 e DNIT 031 2004 – ES.
Empregaram-se os ensaios: Marshall, resistência à tração por compressão
diametral e triaxial de cargas repetidas. Analisaram-se, ainda, a influência da
energia de compactação nos resultados de ensaios Marshall e o
desempenho das misturas quanto às deformações permanentes
determinadas em ensaios triaxiais de cargas repetidas.
1.4 – Organização do Trabalho
Além do tópico 1 - Introdução, esta dissertação é composta de mais
quatro tópicos, conforme segue. Tópico 2 - Revisão Bibliográfica: consta de
uma revisão bibliográfica sobre assuntos pertinentes ao entendimento e
desenvolvimento do trabalho. Abordam-se várias considerações sobre as
misturas betuminosas e seus materiais constituintes. Também, sobre o
comportamento mecânico e os métodos de ensaios empregados. Tópico 3 -
Materiais e Métodos: são apresentados os materiais utilizados na pesquisa,
suas caracterizações e os métodos e equipamentos empregados na
realização da fase experimental. Tópico 4 – Análise e Discussão dos
Resultados: são apresentados os resultados obtidos de ensaios de
laboratório seguidos de uma análise e discussões sobre os mesmos. No
5
tópico 5, são apresentadas as conclusões do trabalho e algumas sugestões
para futuras pesquisas.
6
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste tópico, apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre o assunto
a ser desenvolvido no presente trabalho, com abordagens sobre misturas
betuminosas e seus materiais constituintes, comportamento mecânico e
ensaios empregados.
2.1 – Misturas Betuminosas
As misturas betuminosas são uma combinação de materiais mineral e
ligante betuminoso em proporções adequadas definidas em laboratório. Os
materiais minerais participam com mais de 90% em peso da mistura. O
restante é a contribuição do ligante betuminoso. Essas misturas podem ser
realizadas a frio ou a quente. Têm seu emprego no revestimento de
pavimentos flexíveis e semi-rígidos. Recebem diretamente a ação do tráfego
e do clima, devendo, portanto, serem resistentes para que a via cumpra bem
o seu papel. A Figura 2.1 ilustra a distribuição das tensões verticais e
horizontais, sob o centro de uma carga por roda, num pavimento flexível.
Observa-se que a camada do revestimento, por ser constituída de uma
mistura de agregado mais ligante betuminoso oferece resistência tanto à
tração quanto à compressão. A função de resistir aos esforços de tração
7
atribui-se à presença do ligante betuminoso que atua aglutinando os
agregados e conferindo à mistura um ganho de resistência associado,
principalmente, à parcela coesiva. Já a camada de base, os materiais
granulares que a compõem não oferecem resistência à tração, sendo
portanto mobilizadas apenas as tensões de compressão.
P
(carga)
compressão tração compressão
p (pressão)
revestimento
c
linha
neutra
t
base
distribuição da distribuição da tensão
tensão vertical horizontal sob a linha
subleito sob a linha cen- central de uma carga
tral de uma car- por roda
ga por roda
Figura 2.1: Distribuição típica de tensão sob uma roda com carga P (Fonte:
HAAS e HUDSON, 1978)
LIMA e BUENO (1981) comentam que nas misturas betuminosas, o
agregado suporta e transmite às camadas inferiores do pavimento as cargas
aplicadas pelos veículos, bem como resiste ao desgaste imposto pelas
solicitações do tráfego. O asfalto é o elemento aglutinante que proporciona
uma ligação íntima entre eles. É resistente à ação desagregadora do tráfego
e desempenha uma função impermeabilizante contra a ação das águas
provenientes das chuvas e do subleito por atividade capilar.
HAAS, HUDSON e ZANIEWSKI (1994) citam vários fatores
ambientais que exercem influência no desempenho dos pavimentos. Dentre
eles destacaram: a precipitação pluvial ou umidade, a temperatura e a
radiação solar. Comentam ainda sobre o efeito nocivo da água num
revestimento asfáltico; a mesma pode remover a película betuminosa e
provocar a desagregação do concreto asfáltico. A temperatura,
independente de ser alta ou baixa, pode ter efeitos comprometedores no
8
desempenho dos pavimentos. Altas temperaturas causam amolecimento do
concreto asfáltico reduzindo a sua rigidez e a sua viscosidade; baixas
temperaturas alteram o módulo de deformação do concreto asfáltico,
provocando perda de sua flexibilidade. A radiação solar, incidindo sobre o
material betuminoso, facilita a volatilização da sua porção de peso molecular
mais leve, provocando o endurecimento da superfície do concreto asfáltico.
2.1.1 – Tipos de Revestimentos Asfálticos
O Quadro 2.1 contém diversos tipos de revestimentos asfálticos que
podem ser empregados em pavimentos rodoviários. A seguir, serão
apresentados alguns informes sobre cada um deles.
Quadro 2.1: Tipos de revestimentos asfálticos empregados em pavimentos de
rodovias
Revestimentos Asfálticos
Macadame
betuminoso
Simples
Duplo
Por
penetração
Tratamentos
superficiais
Triplo
Concreto asfáltico
Pré-misturado a quente (PMQ)
Misturas a quente
Areia asfalto a quente
Pré-misturado a frio (PMF)
Areia asfalto a frio
Por mistura
Misturas a frio
Lama asfáltica
FONTE: Adaptado de SANTANA (1993)
a) Macadame betuminoso por penetração
Consiste na superposição de camadas de agregados interligadas por
aplicações de ligante betuminoso. Os agregados utilizados têm dimensões e
quantidades especificadas, devidamente espalhados e compactados.
Dependendo do número de aplicações de agregados, pode ser duplo ou
9
triplo. Pode ser empregado como base, reforço ou revestimento (DNER - ES
311/97).
b) Tratamentos Superficiais
Consistem na aplicação de uma ou mais camadas sucessivas de
agregado e ligante betuminoso. O agregado é colocado uniformemente
sobre o material asfáltico e em seguida submetido à operação de
compressão e acabamento. Dependendo do número de camadas podem
ser: simples, duplo ou triplo (DNER - ES 308/97, DNER - ES 309/97 e DNER
- ES 310/97).
c) Concreto Asfáltico
É tido como um dos mais eficientes revestimentos asfálticos. Consiste
na mistura em usina apropriada de agregado e ligante betuminoso
satisfazendo a rigorosas especificações. Tanto os agregados quanto os
ligantes são aquecidos à temperaturas que dependem da viscosidade do
ligante. A mistura é espalhada e comprimida a quente. Apresenta-se como o
serviço de mais acurado controle dos que compõem as etapas da
pavimentação.
O agregado a ser utilizado no concreto asfáltico deverá ser constituído
de grãos sãos, duráveis, livres de torrões de argila e substâncias nocivas.
Caso seja necessário melhorar a adesividade, deverão ser adicionados ao
CAP aditivos denominados melhoradores de adesividade (FERNANDES
JÚNIOR, 1992).
No preparo da mistura, o CAP deve ser aquecido a uma temperatura
na qual a sua viscosidade Saybolt-Furol se enquadra na faixa de 75 a 150
SSF; a temperatura nunca deverá ser superior a 177ºC, para evitar o
fenômeno de craqueamento. Os agregados devem ser aquecidos a uma
temperatura de no mínimo 10ºC e no máximo 15ºC superior à do CAP
(FERNANDES JÚNIOR, 1992).
Essas misturas necessitam de equipamentos especiais para a sua
produção. Sob o ponto de vista construtivo, não permitem a estocagem. Por
10
outro lado, têm a seu favor maior durabilidade; são menos sensíveis à ação
da água e suportam bem o tráfego pesado e não exigem tempo de cura.
Maiores informações sobre este tipo de revestimento podem ser
encontradas em DNIT 031-2004-ES.
d) Pré-Misturado a Quente
Também consiste em uma mistura a quente de agregados e ligante
betuminoso em usina apropriada, sendo a mesma espalhada e comprimida a
quente. Difere do concreto asfáltico por serem as suas especificações
menos rigorosas. Pode ser empregado como camada de regularização, base
e revestimento (SENÇO, 2001).
e) Areia Asfalto a Quente
É uma mistura a quente, em usina apropriada, de agregado miúdo e
cimento asfáltico de petróleo (CAP). São misturados em proporções
convenientes e devidamente compactados (DNIT - ES 032/200).
f) Pré-Misturado a Frio (PMF)
É uma mistura executada à temperatura ambiente em usina
apropriada, composta de agregado mineral graduado, material de
enchimento (filer) e de emulsão asfáltica, espalhada e comprimida a frio
(DNER - ES 317/97). Para a dosagem desse tipo de mistura, são vários os
indicadores de desempenho utilizados, como por exemplo: índice de vazios
da mistura, estabilidade Marshall, relação betume-vazios, fluência, entre
outros.
SANTOS (2002) cita inúmeras vantagens de se trabalhar com os
PMF, principalmente quando são utilizados os asfaltos emulsionados como
ligante. Por exemplo: os equipamentos necessários para a sua produção são
de custo inferior aos das misturas a quente; o agregado pode se encontrar
ligeiramente úmido, facilitando o seu envolvimento pelo ligante; não
necessitam de aquecimento dos agregados; os seus efeitos ambientais
decorrentes da emissão de gases são menos comprometedores em relação
aos das misturas a quente e são menores os riscos de incêndios, explosões
11
e acidentes de trabalho; facilidade na preparação da massa e execução;
permitem estocagem por algum tempo; os de granulometria aberta podem
ser armazenados por períodos maiores que os de granulometria densa. O
limite de estocagem recomendado para o de granulometria densa é sete
dias.
O pré-misturado a frio pode ser utilizado como revestimento, camada
de regularização, base de pavimento, tapa-buracos, conservação e
recapeamentos.
g) Areia Asfalto a Frio
É o produto resultante da mistura, em equipamento apropriado, de
emulsão asfáltica catiônica, agregado miúdo, com a presença ou não de
material de enchimento (filer), espalhado e compactado a frio. Este tipo de
serviço se aplica na regularização - camada final de revestimento asfáltico e
serviços do tipo tapa-buracos em vias de baixo volume de tráfego (ABEDA,
2001).
h) Lama Asfáltica
Não se constitui em um revestimento propriamente dito, mas é uma
mistura de agregado mineral, material de enchimento (filer), emulsão
asfáltica e água, de consistência fluida aplicada uniformemente sobre uma
superfície previamente preparada à temperatura ambiente. Tem a finalidade
de impermeabilização e melhorias das condições de rolamento do pavimento
(DNER - ES 314/97).
Existem outros tipos de revestimentos asfálticos que vêm sendo
empregados em pavimentos de rodovias. Para fins de informação, na página
http://www.dnit.gov.br/ipr_new, já se encontram disponibilizadas
especificações de serviço para os revestimentos apresentados no Quadro
2.1, em que os ligantes asfálticos são de asfaltos modificados com polímero.
O micro revestimento asfáltico é um tipo de mistura aplicado a frio, em
camadas delgadas de até 15 mm de espessura, sobre pavimentos que ainda
encontram-se estruturalmente adequados, mas que já apresentam a
12
superfície de rolamento desgastada. Este tipo de mistura, quando aplicado
adequadamente e em época oportuna, restabelece a integridade funcional
do pavimento e preserva a sua condição estrutural. Os materiais que
compõem o micro revestimento asfáltico são os seguintes: agregados
minerais de alta qualidade com até 12 mm de diâmetro; emulsão asfáltica
catiônica especial com polímeros que se destaca pelas suas características
elásticas em baixas e altas temperaturas; filer mineral (preferenciais: cimento
Portland e a cal hidratada) com a função de melhorar a coesão final do
sistema; fibras (opcionais) – empregadas para aumentar a flexibilidade e a
resistência mecânica do sistema e aditivos químicos com a função de
regular a ruptura da emulsão e a cura do sistema (REIS e SANTO, 2000).
Outro tipo de mistura que vem sendo pesquisada nesses últimos anos
é o asfalto-borracha. ODA (2000) analisou a viabilidade técnica do emprego
do ligante asfalto-borracha em obras de pavimentação. A borracha utilizada
foi proveniente de pneus de automóveis e caminhão e apresentou a seguinte
granulometria em termos de porcentagem em peso passando nas peneiras:
# 40 (0,42 mm), 92%; # 50 (0,30mm), 86%; # 100 (0,15 mm), 6% e # 200
(0,075 mm), 1%. Os teores de borracha utilizados no experimento variaram
de 6%, 12%, 18% e 24% empregando-se os ligantes asfálticos CAP 20 e
CAP 40. Uma das conclusões da pesquisa, baseada em resultados de
ensaios de laboratório, é que a mistura asfalto-borracha pode ser benéfica
aos pavimentos no sentido de melhorar a resistência da mistura quanto ao
acúmulo de deformação permanente e trincamento por fadiga.
2.2 – Agregados
Segundo SENÇO (1997), os agregados são materiais inertes,
granulares, sem forma e dimensões definidas, com propriedades adequadas
a compor camadas ou misturas para utilização nos mais diversos tipos de
obras de engenharia civil. Nos serviços de pavimentação, têm seu emprego
destinado às misturas betuminosas, concreto de cimento, bases de
calçamentos, lastros entre outras aplicações.
13
No caso das misturas betuminosas, em geral, sua participação em
volume, excede cerca de três quartos do volume total. Assim, para um bom
desempenho da mistura a ser executada é importante o conhecimento das
características tecnológicas dos agregados a serem empregados.
2.2.1 – Classificação dos Agregados
Segundo o MANUAL DE PAVIMENTAÇÃO - DNIT (2006), os
agregados usados em pavimentação podem ser classificados segundo a
natureza, tamanho e distribuição dos grãos. O Quadro 2.2 contém várias
informações sobre a classificação dos agregados.
Quadro 2.2: Classificação dos agregados
Natural
Grãos oriundos da alteração das rochas pelos
processos de intemperismo ou produzidos por
britagem
Natureza
Artificial
Grãos são produtos ou subprodutos de processo
industrial por transformação física e química do
material
Graúdo Fração retida na peneira nº 10 (2,0 mm)
Miúdo
Fração que passa na peneira nº 10 e é retida na
peneira nº 200 (0,075 mm)
Tamanho
Material de
enchimento
Fração que passa pelo menos 65% na peneira nº
200
Denso
Curva granulométrica contínua e bem graduada
com material fino suficiente para preencher os
vazios entre as partículas maiores
Aberto
Curva granulométrica contínua e bem graduada,
mas com deficiência de finos.
Distribuição
dos Grãos
Tipo
macadame
Granulometria uniforme com diâmetro máximo
aproximadamente o dobro do diâmetro mínimo
Fonte: MANUAL DE PAVIMENTAÇÃO - DNIT (2006)
2.2.2 – Características Tecnológicas
De acordo com o MANUAL DE PAVIMENTAÇÃO - DNIT (2006), as
principais características tecnológicas dos agregados de interesse nos
serviços de pavimentação rodoviária são as seguintes:
14
a) Granulometria
Representada pela curva granulométrica. Se a granulometria for
contínua, pode ser densa, aberta e uniforme. O atendimento da faixa de
granulometria para um determinado tipo de mistura é uma sinalização das
mais importantes para o seu bom desempenho.
b) Forma
Avaliada pelo índice de forma; em função do seu valor pode-se obter
uma melhor estabilidade para as misturas. Para um melhor entrosamento
entre os grãos e uma menor área específica, recomenda-se a forma cúbica.
c) Absorção de água
Indica a quantidade de água que um agregado é capaz de absorver
quando exposto à mesma.
d) Resistência ao choque e ao desgaste
Está associada à ação do tráfego ou aos movimentos recíprocos das
diversas partículas. O choque é avaliado pelo ensaio Treton e o desgaste
pelo ensaio Los Angeles. A partir desses ensaios, pode-se vetar o uso de
um determinado agregado, caso os resultados encontrados se encontrarem
fora das especificações.
e) Durabilidade
É uma medida da resistência que o agregado apresenta ao
intemperismo.
f) Limpeza
Para serem utilizados na pavimentação betuminosa, os agregados
devem ser isentos de substâncias nocivas, tais como matéria orgânica,
argila, silte ou outro material prejudicial.
15
g) Adesividade
Uma das mais importantes características da combinação dos
agregados e ligante. Numa mistura asfáltica, deve ocorrer uma adequada
ligação entre as partículas do agregado e o ligante betuminoso, isto para
evitar o possível deslocamento da película betuminosa pela ação de água. A
adesividade satisfatória pode ser conseguida mediante o emprego de
pequenas porcentagens de substâncias melhoradoras de adesividade.
h) Massa específica unitária e massa específica dos grãos
A massa específica unitária possibilita transformar a dosagem em
peso para volume e vice-versa, muito empregada nos serviços de
pavimentação. A massa específica dos grãos pode auxiliar na identificação
da natureza da rocha que deu origem ao agregado.
Informações sobre outros índices físicos, como umidade, índice de
vazios, porosidade que correlacionam os pesos e os volumes das três fases
são empregados para identificar as condições físicas dos agregados. Na
Figura 2.2, as três fases estão separadas proporcionalmente aos volumes
que ocupam, facilitando a definição e a determinação das relações entre
elas (SOUZA, 1980). Os volumes de cada fase são apresentados à direita e
os pesos à esquerda.
Ps
Pa
Pt
Vs
Vi
Vp
Vig
Va
Vt
Ar
Figura 2.2: Amostra de agregado com suas parcelas de volume e peso (Fonte:
SOUZA, 1980)
16
Em que:
V
t
: volume total da amostra do agregado,
V
s
: volume dos sólidos das partículas,
V
i
: volume de vazios impermeáveis,
V
p
: volume de vazios permeáveis,
V
ig
: volume intergranular de vazios que existe entre as partículas dos
agregados,
V
a
: volume de água contido no agregado. Este volume pode variar de 0
a V
p
+ V
ig
.
P
s
: peso seco das partículas do agregado,
P
a
: peso da água contida no agregado,
P
t
: é a soma de P
a
+ P
s
e corresponde ao peso total da amostra do
agregado.
2.3 – Materiais Betuminosos
O termo material betuminoso é geralmente usado para denotar
substâncias nas quais o betume está presente. Segundo SENÇO (1997),
betumes são combinações de hidrocarbonetos produzidos naturalmente ou
por combustão, ou por ambos associados, encontrados freqüentemente
acompanhados por derivados não-metálicos e sempre completamente
solúveis no bissulfeto de carbono.
Para aplicações na engenharia civil, os materiais betuminosos
incluem principalmente asfaltos. Os asfaltos são materiais aglutinantes, de
cor escura, constituídos por misturas complexas de hidrocarbonetos não
voláteis de elevada massa molecular podendo ocorrer naturalmente ou
serem obtidos da refinação do petróleo. Os alcatrões não ocorrem
naturalmente e são obtidos de processos de destilação do carvão, petróleo,
madeira ou outros materiais orgânicos. Nos últimos anos, o uso de alcatrões
em construções rodoviárias tem sido muito limitado devido à preocupação
com a possível emissão de gases perigosos quando são aquecidos (TIA,
2003).
17
De acordo com o IBP (1999), a maior parte dos asfaltos fabricados
(cerca de 90%) é utilizada em trabalhos de pavimentação, destinando-se
uma pequena parte a aplicações industriais, como impermeabilizantes,
isolantes, etc.
2.3.1 – Asfaltos para Pavimentação
Nas obras de pavimentação a maior parcela dos asfaltos usados
constitui os asfaltos resultantes da refinação do petróleo, do qual é obtido
isento de impurezas, sendo quase completamente solúvel em bissulfeto de
carbono ou tetracloreto de carbono.
Segundo o IBP (1999), a quantidade de asfalto contida num petróleo
é variável e depende de várias características, principalmente da densidade,
podendo variar de 10% a 70%. Os processos de refinação do petróleo para
obtenção de asfaltos dependem do tipo de petróleo e do rendimento em
asfalto que ele apresenta. Se o rendimento em asfalto for alto e a parcela cru
apresentar características asfálticas, basta o estágio de destilação a vácuo.
Para os petróleos que apresentam médio rendimento em asfalto e são do
tipo intermediário, o processo é o da destilação em dois estágios: um sob
pressão atmosférica seguido de outro a vácuo. Se o petróleo é do tipo leve,
além do esquema anteriormente citado, inclui-se um processo de extração
após o segundo estágio de destilação. Desses processos, o mais usado é o
da destilação em duas etapas, pois produz o asfalto normalmente sem
necessidade de instalações especiais e permite o uso de um maior número
de petróleos e consiste, basicamente, de uma separação física dos vários
constituintes do petróleo, pela diferença entre seus pontos de ebulição e de
condensação.
Os tipos de asfaltos para a pavimentação são os que seguem:
a) Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP)
O CAP é o asfalto obtido especialmente para apresentar
características adequadas para o uso na construção de pavimentos. É um
material complexo que apresenta um comportamento viscoso, caracterizado
18
pela diminuição da rigidez para longos períodos de aplicação de carga, e
susceptibilidade térmica, caracterizada pela alteração de propriedades
(viscosidade, rigidez, consistência) em função da temperatura (CASTRO,
2003).
Segundo ODA (2000), somente sob condições bem específicas o
CAP se comporta como um sólido elástico (baixa temperatura e pequeno
tempo de carregamento) ou como líquido viscoso (alta temperatura e grande
tempo de carregamento). Para ser utilizado em pavimentação, o asfalto,
material termoplástico que é semi-sólido à temperatura ambiente, precisa ser
aquecido para atingir a viscosidade adequada à mistura (> 100ºC).
São obtidos em diferentes consistências medidas pelo ensaio de
viscosidade dinâmica e constitui o produto básico a partir do qual se
preparam vários tipos de materiais para pavimentação. De acordo com o
Regulamento Técnico Nº3/2005 da Resolução ANP nº 19 de 11/07/2005, os
cimentos asfálticos de petróleo (CAPs) podem ser classificados segundo a
penetração nos seguintes tipos, conforme segue: CAP 30/45, CAP 50/70,
CAP 85/100 e CAP 150/200.
b) Asfaltos Diluídos
Os asfaltos diluídos resultam da mistura do CAP com derivados de
petróleo mais leves, que proporcionam produtos menos viscosos e podem
ser aplicados à temperaturas inferiores e com o agregado frio. Os diluentes
utilizados funcionam apenas como veículos, após a aplicação nos serviços
de pavimentação, evaporam-se, denominando-se tempo de cura, ou
simplesmente cura, o espaço de tempo necessário a essa evaporação
(CASTRO, 2003).
Os asfaltos diluídos são classificados em função do tipo de solvente
que é misturado ao CAP: cura rápida, CR (nafta); cura média, CM
(querosene) e cura lenta, CL (óleo diesel). Há muitos anos que não se utiliza
no Brasil os asfaltos diluídos de cura lenta.
De acordo com o Regulamento Técnico DNC nº 03/97 – Portaria nº 43
de 29/09/1997, os asfaltos diluídos são classificados em: CR-70, CR-250,
19
CM-30 e CM-70 (IBP,1999). Os números representam o início da faixa de
viscosidade cinemática atingida em cada caso.
c) Emulsões Asfálticas
As emulsões asfálticas são misturas de CAP dispersos na fase água
produzidas, normalmente, através de um processo mecânico em
equipamentos de alta capacidade de cisalhamento, denominados moinhos
coloidais. A presença de um agente emulsificante tem o objetivo de dar uma
certa estabilidade ao conjunto, de favorecer a dispersão e de revestir os
glóbulos de betume de uma película protetora, mantendo-os em suspensão
(ABEDA, 2001).
Os agentes emulsificantes, usados em pequenas quantidades, de
0,5% a 1,5% em peso, conferem cargas elétricas, positivas ou negativas, e
em alguns casos não conferem ionicidade às emulsões, classificando as
mesmas em catiônicas, aniônicas e não iônicas, respectivamente.
Dependendo da quantidade de CAP envolvido na fabricação das emulsões,
elas podem se classificar em 1C e 2C, onde a terminologia C indica do tipo
catiônica e os números estão associados à viscosidade relativa e
quantidades de CAP empregado na fabricação (ABEDA, 2001).
A separação da fase água da fase asfalto é conhecida como ruptura
da emulsão. O processo de ruptura ocorre quando a emulsão entra em
contato com o agregado. A velocidade em que ocorre esta separação
depende do tipo de emulsão, reatividade/superfície específica dos
agregados, teor de umidade dos mesmos e da temperatura dos materiais e
ambiente (ABEDA, 2001).
O tempo necessário para que ocorra essa separação confere às
emulsões características intrínsecas à aplicação no campo, servindo,
também como base para a sua classificação quanto à velocidade de ruptura.
Assim, a seguinte nomenclatura é obedecida:
a) RR – emulsão de ruptura rápida;
b) RM – emulsão de ruptura média e
c) RL – emulsão de ruptura lenta.
20
Reconhecidas mundialmente pelo seu melhor desempenho no que se
refere a sua compatibilidade com a maioria dos agregados minerais, as
emulsões asfálticas para pavimentação, empregadas no Brasil, são,
predominantemente, do tipo catiônicas (ABEDA, 2001).
A principal vantagem de se empregar a emulsão asfáltica em serviços
de pavimentação reside na sua utilização à temperatura ambiente, evitando-
se a necessidade de gastos com aquecimento do ligante e dos agregados.
d) Asfaltos Modificados
São combinações de alguns produtos e asfaltos compatíveis com o
intuito de se obterem misturas com maiores durabilidade e elasticidade. De
acordo com SANTOS (2002), os asfaltos modificados podem ser assim
classificados: agentes de reciclagem/agentes de rejuvenescimento; asfaltos
modificados por produtos naturais e asfalto modificado com polímero.
2.4 – Comportamento Mecânico
Para se estudar o comportamento mecânico de misturas asfálticas
são vários os fatores e variáveis que podem ser utilizados. A escolha de
cada um deles vai depender do enfoque da pesquisa e, também, da infra-
estrutura de laboratório disponível para a realização do trabalho. SANTOS
(2002) apresentou vários fatores e variáveis que se inter-relacionam para se
estudar o desempenho de misturas asfálticas. Ver Quadro 2.3.
Com relação ao fator carga, é mais comum, nos ensaios triaxiais
cíclicos, aplicar somente a tensão desviadora axial pulsante, mantendo-se
constante a pressão de confinamento. Entretanto, ambas podem ser cíclicas.
Para cada um desses casos e mantendo-se a mesma amplitude de tensão é
de se esperar resultados diferentes no comportamento mecânico dessas
misturas.
21
Quadro 2.3: Fatores e variáveis para estudo do comportamento mecânico das
misturas asfálticas
Comportamento mecânico de misturas asfálticas - fatores e variáveis que se
inter-relacionam
Fatores Variáveis
Amplitude da tensão
Número de aplicação da tensão
Geometria da onda de carregamento
(quadrada, triangular, senoidal, etc.)
Tipo de tensão (compressão, tração estado
triaxial de tensão, etc.)
Tempo de ciclo do carregamento
Carga
Duração do carregamento
Amplitude da energia de compactação
Método de compactação (pressão, impacto e
vibração)
Características tecnológicas dos agregados
Porcentagens em peso dos agregados na
mistura
Tipo do ligante asfáltico
Qualidade da mistura
Porcentagem em peso do ligante na mistura
Umidade
Temperatura
Características ambientais
Radiação solar
Tempo
Período de análise de desempenho das
misturas em campo e em laboratório
Fonte: adaptado de SANTOS (2002)
De acordo, ainda, com SANTOS (2002), a consistência de um ligante
betuminoso é significativamente afetada pela variação da temperatura.
Portanto, a temperatura exerce uma influência das mais significativas no
estudo do comportamento mecânico das misturas betuminosas.
Dependendo de seu valor, o ligante asfáltico pode se tornar líquido, semi-
sólido e sólido e para cada um desses estados físicos do ligante, a
resistência da mistura varia consideravelmente. O tempo de aplicação da
carga é outro fator importante no estudo do desempenho de misturas
betuminosas.
COELHO (1996) comenta que a reologia dos materiais asfálticos
consiste no estudo da deformação e do fluxo (fluência) quando sujeitos a um
carregamento qualquer, levando-se em consideração o tempo de duração
desse carregamento e a temperatura a que estão submetidos. Destaca
também, que as misturas asfálticas são muito sensíveis às mudanças de
22
temperatura, exibindo características que no meio técnico denomina-se
suscetibilidade térmica.
Para SILVA (1998), os pavimentos asfálticos têm sido considerados
como materiais de comportamento visco-elastoplástico, sendo aceitável a
aplicação da hipótese elástico-linear, quando o tempo de duração do
carregamento for relativamente curto e a temperatura de serviço for
relativamente baixa (inferior a 25ºC).
Segundo SOUZA (1997), os materiais asfálticos dependendo da
temperatura e da intensidade e duração da carga, podem apresentar
comportamento elástico linear, isto é, exibem uma relação de
proporcionalidade entre tensões e deformações. No entanto, alguns
aspectos devem ser considerados em relação ao módulo a ser utilizado.
Como sua deformabilidade depende da temperatura e do tempo de
aplicação da carga, usa-se o termo “módulo de rigidez”, no qual estão
incluídas as seguintes deformações:
resiliente, recuperada quase instantaneamente após a retirada da
carga e;
elástica retardada, que manifesta o comportamento viscoelástico dos
ligantes betuminosos.
Ainda, segundo SOUZA (1997), na prática rodoviária, interessa a
zona de transição entre o comportamento elástico e viscoso, pois ela
representa tempos de duração da carga encontrados numa rodovia
pavimentada.
Em síntese, através das considerações anteriormente apresentadas e
pelas informações contidas no Quadro 2.3 pode-se ter idéia das dificuldades
que se encontram quando se pretende estudar o comportamento mecânico
de misturas asfálticas.
2.4.1 – Ensaios Utilizados em Misturas Betuminosas
São vários os ensaios que podem ser empregados para avaliar o
comportamento mecânico de misturas betuminosas. Dentre eles, os mais
empregados no Brasil são os que seguem.
23
a – Método Marshall
Concebido por Bruce G. Marshall, em 1930, com o intuito de permitir a
determinação da quantidade ótima de ligante para a composição de misturas
asfálticas preparadas a quente, para fins de pavimentação rodoviária. Em
1980, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) oficializou
o método de ensaio Marshall modificado para pré-misturados a frio, proposto
por J. Lopes e Kasuga, com algumas modificações, sob o número DNER -
ME 107/94 (SILVA, 1998). Para misturas betuminosas a quente, este ensaio
está normalizado pelo Departamento Nacional de Infra-estrutra de
Transportes (DNIT), sob a designação DNER - ME 043/95.
Devido à sua propagação por grande parte do mundo e grande
experiência prática adquirida com seu emprego tornou-se um dos mais
utilizados para avaliar o desempenho de misturas asfálticas, tanto a quente
como a frio.
Ao longo dos anos foi modificado para adaptar-se à realidade do
aumento de carga e da pressão dos pneus dos veículos e dentre às
modificações foram sugeridos novos critérios para a determinação da
quantidade ótima de ligante que deveria ser a mais próxima dos valores
correspondentes à estabilidade e densidade aparente máximas, além dos
outros parâmetros como percentagem de vazios, relação betume/vazios,
estabilidade e fluência terem tido seus valores modificados para a nova
realidade (AMARAL, 2000).
Segundo HILLS
1
(1973), apud (AMARAL, 2000), uma das
propriedades mais importantes de uma mistura asfáltica é a sua
estabilidade, ou seja, sua habilidade em resistir à deformação permanente
quando sujeita à passagem de veículos ou mesmo quando sujeita aos
veículos estacionados. Entretanto, testes laboratoriais como, por exemplo, o
ensaio Marshall, para concretos asfálticos, idealizados para medir a
estabilidade dessas misturas, são empíricos em sua essência. Assim, a sua
utilização para prever o desempenho de revestimentos betuminosos de
1
HILLS, J. F. The creep of asphalt mixes. Journal of the institute of Petroleum, v59, n570, 1973.
p. 247-262
24
pavimentos rodoviários em serviço possui limitações, devendo o mesmo ser
mais investigado para a finalidade pretendida.
Durante a década de 80, várias rodovias americanas de tráfego
pesado passaram a evidenciar deformações permanentes prematuras, que
foram atribuídas ao excesso de ligante nas misturas. Muitos engenheiros
acreditavam que o impacto na compactação das misturas durante a
dosagem Marshall produziam corpos-de-prova com densidades que não
condiziam com as densidades dos pavimentos em campo. Esse assunto foi
abordado no estudo realizado nos EUA sobre materiais asfálticos,
denominado Strategic Highway Research Program (SHRP), que resultou em
um novo procedimento de dosagem denominado Superpave
(VASCONCELOS, 2004).
COELHO (1992) apresenta várias considerações sobre o método
Marshall. Uma delas, reporta-se sobre a sua natureza empírica; há
necessidade de o mesmo ser continuamente alimentado pelos resultados de
laboratório, a fim de que seja atualizada as correlações entre os resultados
de laboratório e os de desempenho das misturas nas pistas; as cargas do
tráfego e as modalidades dos veículos se alteram de acordo com o
crescimento sócio-econômico das regiões.
Os parâmetros de dosagem Marshall de uma mistura asfáltica
empregados no método Marshall são os que seguem:
rmb
t
D
a
D
b
D
%%
100
+
=
(2.1)
rframrag
rm
D
f
D
am
D
ag
D
%%%
100
++
=
(2.2)
=
t
a
D
D
Vv 1100(%)
(2.3)
VCBVvVAM +=
(2.4)
b
a
D
bxD
VCB
%
=
(2.5)
25
=
VAM
VCB
100RBV
(2.6)
em que:
D
a
: densidade aparente da mistura;
D
t
: densidade de massa teórica máxima;
Vv: volume de vazios;
D
rm
: densidade real de massa média dos grãos ou fragmentos;
%ag, %am, %f: porcentagens de agregado graúdo, miúdo e filer,
respectivamente, de acordo com a granulometria adotada e
as definições de agregados da NBR 7225 da ABNT;
D
rag
, D
ram
, D
rf
: densidade real da massa dos grãos de agregado graúdo,
agregado miúdo e filer;
VAM: volume de vazios no agregado mineral;
VCB: vazios com betume;
%b: porcentagem de material betuminoso empregado, expressa em
relação à massa total da mistura;
D
b
: densidade de massa do material betuminoso empregado (NBR
6296 da ABNT);
RBV: relação betume vazios;
%a: porcentagem de agregado empregado, expressa em relação à
massa total da mistura.
SOARES et al. (2000) apresentam um estudo para a determinação do
teor ótimo de CAP em misturas asfálticas baseado no volume de vazios (Vv)
e na relação betume vazios (RBV). Nesta investigação, consideram que o
indicador de desempenho da mistura asfáltica vazios no agregado mineral
(VAM), para uma determinada granulometria e para uma determinada
energia de compactação, é aproximadamente constante. Ressaltam ainda
que a eficácia do método depende da variação do VAM com o teor de CAP.
Para vários casos analisados, esta variação foi de aproximadamente 1%.
Assim, justificou-se assumir o VAM como constante para uma determinada
granulometria e energia de compactação. Concluem através deste estudo
26
sobre a necessidade de se explorar melhor a granulometria dos agregados;
também, dosar cada mistura em função do CAP disponível e da estrutura na
qual será empregada.
b – Ensaio de Tração por Compressão Diametral
Segundo PINTO e PREUSSLER (1980), o ensaio de tração indireta
ou compressão diametral, conhecido como “ensaio brasileiro”, foi
desenvolvido por Lobo Carneiro e Barcellos no Brasil e independentemente
por Akazawa no Japão, para determinar a resistência à tração de corpos-de-
prova de concreto de cimento, através de solicitação estática.
Normalizado pelo DNER sob a designação DNER ME 138/94, o
referido ensaio baseia-se na aplicação de uma carga de ruptura
verticalmente em dois frisos metálicos dispostos na direção longitudinal do
corpo-de-prova da mistura compactada. Ver Figura 2.3. A partir deste
esforço de compressão diametral, o corpo-de-prova rompe por tração. A
fórmula para cálculo da resistência à tração é a seguinte:
H
R
D
F2
π
=σ
(2.7)
em que:
σ
R
= resistência à tração (kgf/cm
2
),
F = carga de ruptura (kgf),
D = diâmetro do corpo-de-prova (cm),
H = altura do corpo-de-prova (cm).
27
Figura 2.3: Ensaio de compressão diametral (Fonte: DNER - ME 138/94)
c) Ensaio de módulo de resiliência
Para melhor compreender o comportamento mecânico de uma
mistura asfáltica um parâmetro de rigidez muito utilizado é o módulo de
resiliência. Para misturas betuminosas, é a relação entre a tensão de tração
(σ
t
) aplicada repetidamente no plano diametral vertical de uma amostra
cilíndrica de mistura betuminosa e a deformação específica recuperável (ε
t
)
28
correspondente à tensão aplicada, numa dada temperatura (T) (DNER-ME
133/94). A fórmula utilizada para o cálculo do módulo de resiliência é a
seguinte:
()
0,26920,9976
H
F
M
R
+
Δ
=
μ
(2.8)
em que:
M
R
= módulo de resiliência (kgf/cm
2
),
F = carga vertical repetida aplicada diametralmente no corpo-de-prova
(kgf),
Δ = deslocamento elástico ou resiliente (cm) registrado no oscilógrafo,
para 300, 400 e 500 aplicações da carga (F),
H = altura do corpo-de-prova (cm),
μ = coeficiente de Poisson.
A Figura 2.4 ilustra uma amostra cilíndrica, solicitada repetidamente
por uma carga F de compressão, distribuída ao longo de duas geratrizes
opostas. A deformação resiliente é medida através de LVDTs (
linear variable
differential transducers) posicionados horizontalmente, ao longo do diâmetro
horizontal, perpendicular à carga F.
De acordo com ASTM
Designation: D 4123-82 (reapproved 1995), o
ensaio de tração indireta com aplicação de cargas repetidas possibilita
determinar os módulos de resiliência de misturas betuminosas, tanto para
amostras extraídas de campo quanto para aquelas preparadas em
laboratório. Neste ensaio, as amostras são submetidas a vários níveis de
tensão com variações de freqüência e duração de carga. Também, são
empregados três valores de temperatura, isto é, 5ºC, 25ºC e 40
o
C.
Dependendo da freqüência do carregamento (0,33Hz; 0,5Hz e 1 Hz) e da
temperatura do ensaio, o número de aplicações de carga deverá situar-se na
faixa de 50 a 200 repetições. A amplitude da carga aplicada deverá
enquadrar no intervalo de 10% a 50% da resistência à tração por
compressão diametral.
29
Figura 2.4: Esquema de equipamento para ensaio de compressão diametral de
carga repetida (Fonte: DNER - ME 133/94)
Os módulos de resiliência e coeficientes de Poisson são obtidos pelas
expressões:
()
IRIRI
Ht/27,0PE Δ+=
ν
(2.9)
()
TRTRT
Ht/27,0PE Δ
+
=
ν
(2.10)
30
27,0
V
H59,3
I
I
RI
Δ
Δ
=
ν
(2.11)
27,0
V
H59,3
T
T
RT
Δ
Δ
=
ν
(2.12)
em que:
E
RI
: módulo de resiliência instantâneo (psi ou MPa),
E
RT
: módulo de resiliência total (psi ou MPa),
ν
RI
: coeficiente de Poisson resiliente instantânea,
ν
RT
: coeficiente de Poisson resiliente total,
P: carga repetida (lbf ou N),
t: espessura da amostra (in),
ΔH
I
: deformação horizontal recuperável instantânea (in ou mm),
ΔH
T
: deformação horizontal recuperável total (in ou mm),
ΔV
I
: deformação vertical recuperável instantânea (in ou mm) e
ΔV
T
: deformação vertical recuperável total (in ou mm).
Se o coeficiente de Poisson for adotado, as deformações verticais não
são exigidas. A Figura 2.5 ilustra a medida da média das deformações
horizontais e verticais referentes aos últimos cinco ciclos de carregamento,
após a deformação resiliente repetida se tornar estável.
Segundo SILVA (1998), misturas rígidas com elevados módulos de
resiliência, sob uma base elástica, estão sujeitas a tensões de flexões,
responsáveis pelas deformações elásticas que, repetidas, provocam o
trincamento por fadiga do revestimento. Por outro lado, pavimentos flexíveis,
com baixo módulo de resiliência, são susceptíveis às deformações plásticas
ou permanentes que acumuladas ao longo do tempo, provocam os
afundamentos das trilhas-de-roda. Assim, a resposta estrutural de um
pavimento em serviço está diretamente relacionada com a amplitude do
módulo de resiliência do revestimento e das camadas a ele subjacentes.
31
V
V
H
H
carga repetida
tempo
a
b
c
c: tempo de ciclo
b: tempo recuperável
a: duração do carregamento durante um ciclo de carga
(a) pulso do tempo de carga
(b) tempo "versus" deformação
tempo
tempo
(
c
)
deformação horizontal "versus" tempo
carga
deformação
vertical
deformação
horizontal
I
T
T
I
Figura 2.5: Tipos de deformações e formas de carregamento “versus” tempo
para ensaio de tração indireta de cargas repetidas (ASTM Designation: D
4123-82 (reapproved 1995))
MARQUES (2004) utilizou o módulo de resiliência como critério de
dosagem de misturas asfálticas. Vários fatores foram investigados na sua
pesquisa, quais sejam: granulometria dos agregados, teor de vazios,
temperatura, tipo de ligante e método de compactação. Dentro da amplitude
do seu experimento, verificou-se que foi possível inserir o valor do módulo
de resiliência como critério definidor do teor de ligante asfáltico das misturas
estudadas para utilização em dosagens preliminares.
32
d) Ensaio Triaxial de Cargas Repetidas
O ensaio triaxial de cargas repetidas foi introduzido nos estudos de
pavimentação pelo Prof. H. Bolton Seed na década de 50 na Universidade
da Califórnia, Berkeley, quando da investigação da deformabilidade do solo
do subleito da pista experimental da AASHO (MEDINA, 1997).
Ainda, segundo MEDINA (1997), a solicitação dinâmica nos
pavimentos e no subleito, sujeitos à cargas de diferentes intensidades e
freqüências variáveis em função do tempo, é de simulação difícil, mas os
ensaios de carga repetida em que a força aplicada atua sempre no mesmo
sentido de compressão, de zero a um máximo e depois diminui até anular-
se, ou atingir um patamar inferior, para atuar novamente após pequeno
intervalo de repouso, procuram reproduzir as condições de campo.
Através do ensaio triaxial de cargas repetidas pode-se determinar a
deformação permanente e também o módulo de resiliência. Uma abordagem
sobre o módulo de resiliência já foi vista no item anterior. A deformação
permanente é a parcela irreversível da deformação total de um material,
quando submetido a certas condições de carregamento. Dependendo do
material analisado e de sua função na estrutura, a freqüência, a duração do
carregamento e a temperatura do ensaio são variáveis importantes a serem
investigadas. O acúmulo da deformação permanente, oriundo da
contribuição dos materiais que compõem as camadas do pavimento e do
subleito produz os afundamentos de trilhas de rodas na superfície da via nos
locais onde as rodas dos veículos transitam, principalmente os comerciais.
Esses afundamentos são indesejáveis e dependendo de suas amplitudes
afetam consideravelmente o conforto e a segurança dos usuários.
MAMLOUK e SAROFIM (1988) realizaram um estudo comparativo
entre módulos de resiliência de misturas asfálticas obtidos pelo método
triaxial e método diametral. Observam nesta pesquisa, que o método triaxial
é mais representativo das condições de campo, devido à natureza triaxial da
carga. Os motivos que levaram a tal afirmação foram os seguintes: o
concreto asfáltico reduz a sua consistência a altas temperaturas; nesta
situação, o módulo de resiliência será significativamente influenciado pela
amplitude da pressão confinante. O outro motivo é que elevadas tensões de
33
tração são desenvolvidas na amostra, quando submetida ao ensaio de
compressão diametral para a determinação do módulo de resiliência.
O tempo de aplicação de carga simula a velocidade de translação dos
eixos dos veículos no campo, enquanto a freqüência reproduz o número de
eixos que passam em determinada seção de rodovia (SOUZA, 1997).
Segundo MEDINA e MOTTA (2005), não se têm ainda um método
padronizado no Brasil para a determinação da deformação permanente, mas
estudos em diversos tipos de misturas asfálticas têm sido realizado nas
universidades brasileiras. A exemplo dessas considerações, pode-se
recorrer aos trabalhos de JUVÊNCIO (2001) e SANTOS (2002), que
determinaram a deformação permanente de misturas betuminosas a frio.
Para CARVALHO (1997), as deformações permanentes têm como
causas principais: a deficiência de suporte do subleito e das camadas do
pavimento, a inadequação da dosagem da mistura betuminosa e a
ineficiência ou ausência dos dispositivos de drenagem da estrada.
Segundo SILVA (1998), a deformação permanente de uma mistura
betuminosa está intimamente ligada à sua composição (ligante e agregado).
O fenômeno de fluência (
creep) depende da duração e da amplitude do
carregamento, sendo um dos parâmetros mais importantes do
comportamento de uma mistura asfáltica. A freqüência e o número de
repetições da carga são condicionantes do carregamento que precisam ser
investigados. Entretanto, pela natureza do material empregado, destaca-se,
também, a temperatura, como sendo fator de fundamental importância.
De acordo com MEDINA (1997), se teores de betume crescentes
melhoram a vida de fadiga e o desgaste superficial, torna-se necessário
considerar a deformação permanente que, ao contrário, aumenta com o teor
de betume. O balanço necessário é de difícil determinação.
As Figuras 2.6, 2.7 e 2.8 ilustram o sistema triaxial de cargas
repetidas do Laboratório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil
– UFV que foi empregado para o estudo das deformações permanentes das
misturas betuminosas utilizadas nesta pesquisa. Adquiriu-se este sistema da
Geocomp Corporation, Boxborough – MA, USA, em julho de 2001, através
do projeto de pesquisa financiado pela FAPEMIG, sob a referência TEC
34
2431/97. O sistema, denominado pelo fabricante de Control and Report
Software (Windows NT) for Fully Automated RM Tests on LoadTrac II
System, é totalmente automatizado. Em síntese, o sistema consiste de um
suporte do LoadTrac II, um atuador hidráulico, uma “servo valve” com um
cilíndrico hidráulico, um controlador externo de condicionamento da amostra
e um computador com um sistema de controle e aquisição de dados. Um
regulador de pressão da célula eletro-pneumático aplica e ajusta as
pressões especificadas na câmara triaxial automaticamente de um passo
para outro.
Figura 2.6: Painel de controle de pressão confinante na câmara triaxial
Válvula para
abertura e
fechamento de ar
manômetro
Medidor eletrônico de
pressão confinante
35
Figura 2.7: Vista do equipamento triaxial de cargas repetidas do Laboratório
de Geotecnia do Departamento de Engenharia Civil – UFV.
Figura 2.8: Câmara triaxial e sistema de aplicação de cargas
Atuador
hidráulico
LOADTRAC II
CPU
Unidade de
aquisição de dados
Corpo-de-prova
envolto pela
membrana no interior
da câmara triaxial
Câmara
triaxial
LVDT externo à
câmara triaxial
Célula de
carga
Pistão
hidráulico
Entrada de ar
(pressão
confinante na
câmara triaxial)
36
e) Fadiga de Misturas Asfálticas
Pavimentos podem apresentar problemas prematuros para níveis de
tensão inferiores à resistência estática de seus materiais constituintes, ou
seja, até mesmo para níveis de tensão no regime elástico. Em geral, essas
situações podem ser observadas quando revestimentos betuminosos e
camadas de bases cimentadas estão assentes sobre camadas que possuem
deficiência de suporte, causando a ruptura do pavimento por fadiga. A fadiga
é um fenômeno de trincamento induzido por cargas repetidas, em que a
ruptura do material é alcançada para níveis de tensão ou deformação
inferiores ao da tensão ou deformação correspondente à sua resistência
(Yoder e Witczak, 1975).
Segundo MOURÃO (2003), é possível dividir o comportamento
estrutural dos materiais de pavimentação sob carregamento dinâmico em
duas parcelas:
(a) a flexão repetida que leva à fadiga dos materiais e em
conseqüência o seu trincamento e
(b) a compressão simples que
repetidamente leva à deformação permanente; como conseqüência surgem
os afundamentos de trilha de roda.
Para GONÇALVES (1999), o principal mecanismo de ruptura de
pavimentos flexíveis no Brasil é a fadiga, já que as deformações
permanentes são de menor importância devido às características lateríticas
dos materiais que compõem boa parte dos subleitos e camadas terrosas do
próprio pavimento; acrescendo o fato de que a umidade de equilíbrio do
subleito fica próxima e, geralmente, aquém do teor ótimo de umidade do
ensaio de compactação normal, nos pavimentos de rodovias federais. Além
disso, não ocorre a condição de saturação que é típica do degelo da
primavera nos países de clima frio.
Para MEDINA (1997), o fenômeno da fadiga inicia-se através de
trincas, geralmente na parte inferior do revestimento, que se propagam para
cima até atingir a superfície. Em revestimentos muito espessos, de 20 cm ou
mais, podem iniciar-se trincas na superfície pela curvatura convexa próximo
às rodas.
37
A vida de fadiga das misturas asfálticas é influenciada por vários
fatores, dentre os quais, pode-se destacar segundo BERNUCCI et al
2
(2002)
(apud MORILHA JUNIOR, 2004):
- falta de compactação do subleito e/ou das camadas constituintes do
pavimento, provocando um enfraquecimento da estrutura como um todo e
fissuração precoce do revestimento;
- drenagem ineficiente, permitindo queda de resistência nas camadas
afetadas pelo aumento de umidade;
- incompatibilidade no projeto quanto à natureza e à espessura das
camadas, principalmente da camada de revestimento asfáltico em relação às
demais, sendo a primeira construída com pequena espessura e alta rigidez,
frente à deformabilidade das demais camadas do pavimento decorrentes das
solicitações de tráfego, provocando por, conseguinte, elevadas deformações
no revestimento asfáltico e, conseqüentemente, levando-o à ruptura;
- revestimentos asfálticos executados com teores de ligante abaixo do teor
de projeto;
- projeto inadequado de dosagem da mistura asfáltica, levando à
porcentagem de vazios que permite a entrada de água, mas não
suficientemente permeável para facilitar sua saída, provocando um aumento
da pressão neutra na água presa dentro dos vazios, diminuindo a resistência
do material e;
- temperatura de usinagem ou de execução do revestimento asfáltico
impróprias, entre outros fatores.
A estimativa da vida de fadiga de misturas asfálticas pode ser feita de
duas maneiras segundo PINTO & MOTA
3
(1995), citado por BEZERRA
NETO (2004): (a) por meio de ensaios de placa ou pistas de simulação de
tráfego que se aproximem bastante das condições de um pavimento real e
(b) através de ensaios de laboratório com corpos-de-prova submetidos a
níveis de tensões de modo a simular as condições de solicitações no campo.
2
BERNUCCI, L. B. et al Propriedades Mecânicas em Laboratório de Misturas Asfálticas
convencionais e Modificadas por Polímeros. 16º Encontro de Asfalto, IBP, Rio de Janeiro-
RJ, 2002.
3
PINTO, S.; MOTTA, L. M. G. Catálogo de curvas de fadiga. Associação Brasileira de
Pavimentação. Boletim Técnico nº16. 1995.
38
PINTO e PREUSSLER (2001) citam vários tipos de ensaio que podem
ser utilizados para estudos de fadiga em misturas betuminosas, quais sejam:
flexão, rotação, tração direta, tração indireta e flexão em balanço. Devido à
simulação da aplicação de esforços, MEDINA (1997) aponta a preferência
dos ensaios de flexão. Entretanto, no Brasil, o ensaio de compressão
diametral sob carga repetida tem se firmado como opção preferencial pela
simplicidade de execução, facilidade de moldagem dos corpos-de-prova em
laboratório segundo o método Marshall, pela variabilidade relativamente
baixa dos resultados em relação a outros ensaios e por simular bem as
condições de campo.
PINTO e PRESUSLER (2001) comentam que o ensaio de fadiga à
compressão diametral em corpos-de-prova cilíndricos (63 mm de altura x
100 mm de diâmetro) é feito à tensão controlada, onde as cargas verticais
devem induzir tensões de tração horizontais no centro da amostra entre 10%
e 50% da resistência estática calculada pela Equação 2.7. A temperatura
que em geral se utiliza no ensaio é 25
o
C ± 0,5
o
C.
Os equipamentos laboratoriais para ensaios de carga repetida
permitem a aplicação de carregamentos cíclicos ao material sob regime de
tensão constante ou controlada e de deformação constante ou controlada.
De acordo com PINTO e PRESUSLER (2001), no ensaio de tensão
controlada (TC), a tensão é mantida constante ao longo do ensaio e as
deformações resultantes aumentam no decorrer do ensaio em função de N
(número de aplicações de tensão). Já no ensaio de deformação controlada
(DC), para que a deformação seja mantida constante ao longo do ensaio, é
necessário que haja uma diminuição no carregamento aplicado. Alguns
autores definem a vida de fadiga à deformação controlada como o número
de repetições de carga capaz de reduzir a rigidez inicial da amostra a um
nível pré-estabelecido (redução da ordem de 50 %). Também, o fim do
ensaio à deformação controlada pode ser atingido quando a carga aplicada
para manter a deformação é reduzida de 40% a 50% da carga inicial. Os
referidos autores comentaram ainda que o emprego dos ensaios de fadiga à
tensão ou deformação controlada depende tanto da espessura e do módulo
de rigidez do revestimento, quanto do módulo da estrutura subjacente.
39
Segundo MEDINA (1997), a solicitação a tensão controlada é a que
ocorre em pavimento de revestimento asfáltico bem mais rígido do que a
camada de base e que ao resistirem às cargas determinam a magnitude das
deformações. A solicitação à deformação controlada corresponde melhor a
pavimentos de revestimento delgado e fraco em relação à base; embora
adicionando alguma resistência, o revestimento tem sua deformação
controlada pela das camadas subjacentes.
De acordo com MORILHA JUNIOR (2004), na verdade, estes dois
tipos de solicitação representam os tipos extremos de carregamento possível
no campo, sendo o que realmente ocorre, é um tipo intermediário de
solicitação. Assim, além de outras aproximações que devem ser feitas em
laboratório, é necessário a introdução de um fator campo-laboratório para
ajustar a vida de fadiga de laboratório de uma mistura asfáltica e a vida útil
real do pavimento.
Em qualquer das formas de ensaio, a ruptura por fadiga expressa pelo
número N de solicitações necessárias para o fim do ensaio, é relacionada à
tensão de tração (σ
t
) aplicada ou a deformação de tração inicial (ε
t
), por meio
de modelos representados pelas equações a seguir:
n
t
kN
=
σ
1
(2.13)
n
t
kN
=
ε
1
(2.14)
Em que:
N é o número de repetições de carga necessária à ruptura do corpo-de-
prova;
σ
t
é a tensão de tração aplicada;
ε
t
é a deformação específica de tração e
k e n são parâmetros obtidos experimentalmente.
40
Tem se modelado os resultados dos ensaios de fadiga em termos da
deformação específica resiliente e da diferença de tensões (Δσ). A Figura
2.9 ilustra a distribuição das tensões de tração e compressão nos planos
diametrais: (a) plano diametral horizontal e (b) plano diametral vertical.
a) tensões - plano diametral horizontal (b) tensões - plano diametral vertical
Figura 2.9: Distribuição das tensões de tração e compressão nos planos
diametrais (FONTE: MEDINA e MOTTA (2005))
A Figura 2.10 ilustra a variação das tensões (Δσ) de compressão (σ
c
)
e de tração (σ
t
) no centro do corpo-de prova. Sendo: F a carga vertical de
compressão aplicada repetidamente; t e d a altura e diâmetro do corpo-de-
prova, respectivamente.
Figura 2.10: Variação das tensões (Δσ) de compressão (σ
c
) e de tração (σ
t
) no
centro do corpo-de-prova (PINTO e PREUSSLER, 2001).
41
O Quadro 2.4 contém informações sobre as características mecânicas
e de fadiga à tensão controlada de vários tipos de misturas betuminosas,
sendo: M
R
– módulo de resiliência; S – desvio padrão; Δσ - diferença de
tensões horizontal e vertical no ensaio e σ
tr
– resistência à tração indireta por
compressão diametral.
Quadro 2.4: Informações sobre características mecânicas e de fadiga à tensão
controlada de misturas asfálticas.
1
n
1
1
kN
Δ
=
σ
AM CAP Petróleo
M
R
(MPa)
S
(MPa)
σ
tr
(MPa)
S
(MPa)
K
1
n
1
r
2
1 50/60 Bachaquero 3920 270 0,63 0,04 1,2 x 10
3
2,77 0,97
2 50/60 Mistura 4020 330 0,62 0,03 1,97 x 10
3
2,86 0,96
3 30/45 Árabe Leve 5950 390 1,04 - 5,63 x 10
3
2,65 0,99
4 20/45 Árabe Leve 14300 1950 1,87 0,05 5,32 x 10
4
2,88 0,94
5 55 Mistura 5140 410 1,06 0,10 3,59 x 10
3
2,32 0,97
6 20 Mistura 3520 290 0,81 0,05 1,31 x 10
3
2,61 0,98
Fonte: PINTO e PRESSLER (2001)
42
3 – MATERIAIS E MÉTODO
Neste tópico, apresenta-se uma abordagem sobre os materiais
utilizados nesta pesquisa, suas caracterizações e os métodos e
equipamentos empregados no desenvolvimento deste trabalho, para
atendimento dos seus objetivos.
3.1 – Materiais
A investigação, em laboratório, do comportamento mecânico das
misturas betuminosas a frio e a quente foi realizada empregando-se vários
materiais, conforme a seguir apresentado.
3.1.1 – Agregados:
Agregados graúdos (brita 1 e brita 0): de formação gnáissica,
oriundos da Pedreira de Ervália, localizada na cidade de Ervália - MG.
Agregados miúdos: sob a denominação de pó-de-pedra e
apresentam a mesma formação mineralógica dos agregados graúdos. São
provenientes da pedreira anteriormente citada.
A preferência por esses agregados se deve ao elevado emprego dos
mesmos em obras de engenharia na cidade de Viçosa-MG e microrregião,
tanto na construção civil, quanto na pavimentação de vias. Neste estudo não
43
se abrangeu coleta de agregados, pelo fato de se dispor de grande
quantidade desses materiais estocados no Laboratório de Asfalto do
Departamento de Engenharia Civil – UFV, devidamente caracterizados como
mostrados no Quadro 3.1.
Quadro 3.1: Caracterização dos agregados: abrasão “Los Angeles”, índice de
forma, massa específica e material pulverulento.
Materiais
Características Método
Pó-de-
pedra
Brita
0
Brita
1
Abrasão “Los Angeles”
(%)
DNER – ME 035/94 - - 47
Índice de forma DNER – ME 086/94 - - 2,50
Peso específico (kN/m
3
) NBR 9937 (ABNT, 1986) 27,753 27,164 27,361
Material pulverulento
(%)
NBR 7219 (ABNT, 1986) 17,8 1,8 0,35
Fonte: CARVALHO et al. (2002)
O valor, em porcentagem, da abrasão “Los Angeles” fornece uma
idéia da qualidade do material pétreo e seu possível comportamento ao
desgaste pelo atrito interno, já que este atrito é muito grande entre os
agregados, durante a execução do revestimento pelos rolos compressores,
ou posteriormente, no próprio pavimento construído, sob a ação do tráfego
(SENÇO, 1997). Na especificação de serviço DNIT 031/2004 para concreto
asfáltico, recomenda-se um desgaste “Los Angeles” igual ou inferior a 50%,
valor atendido pelo agregado em estudo; já na especificação de serviço
DNER 317/97 para pré-misturado a frio, recomendam-se valores igual ou
inferior a 40%. O agregado empregado nesta investigação não atendeu, pois
apresentou um desgaste “Los Angeles” de 47%. Na especificação
anteriormente citada, admite-se o agregado no caso de empregos anteriores
terem apresentado desempenho satisfatório. Assim, pelo seu alto emprego
em Viçosa-MG e microrregião de forma aceitável, optou-se por sua utilização
no desenvolver desta pesquisa.
44
Quanto ao índice de forma, o valor superior a 0,5 atende às duas
especificações citadas anteriormente.
O Quadro 3.2 contém os resultados dos ensaios de granulometria dos
agregados utilizados nesta pesquisa. A Figura 3.1 ilustra as curvas
granulométricas destes agregados.
Quadro 3.2: Granulometria dos agregados.
Peneiras % em peso que passa
ASTM (mm) Pó-de-pedra Brita 0 Brita 1
1” 25,4 100 100 100
3/4” 19,1 100 100 85
3/8” 9,5 100 96 6
#4 4,8 100 27 1
#10 2,0 78 4 1
#40 0,42 52 3 1
#80 0,18 33 2 1
#200 0,075 16 1 1
Fonte: CARVALHO et al. (2002)
Curvas granulométricas dos agregados
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Peneiras (mm)
% que passa
Pó-de-pedra
Brita 0
Brita 1
Figura 3.1: Curvas granulométricas dos agregados.
45
3.1.2 – Materiais Betuminosos
Para as misturas betuminosas a frio, foram utilizados dois tipos de
ligante, quais sejam: a emulsão asfáltica catiônica de ruptura lenta (RL-1C) e
a emulsão asfáltica catiônica de ruptura média (RM-1C), provenientes da
Empresa Ipiranga Asfalto S.A., localizada na cidade de Betim-MG. Para as
misturas betuminosas a quente, foi empregado o cimento asfáltico de
petróleo CAP 50-70; essa classificação é feita com base na penetração do
cimento asfáltico. Todos esses materiais betuminosos foram doados ao
Departamento de Engenharia Civil – UFV, para a realização desta pesquisa,
devidamente caracterizados atendendo às exigências contidas nas suas
especificações de serviço atualmente recomendadas, conforme
apresentadas nos Quadros 3.3 e 3.4. Como mais uma medida de controle
dos materiais betuminosos, alguns dos ensaios de caracterização foram
também realizados no Laboratório de Asfalto do Departamento de
Engenharia Civil – UFV, e que se encontram nos referidos quadros
assinalados em negrito.
46
Quadro 3.3: Especificação das emulsões asfálticas RL-1C e RM-1C.
Propriedades Métodos RL – 1C* RM – 1C**
Viscosidade Saybolt Furol a 50 ºC (s) NBR – 14491 70 20 – 200
Sedimentação, 5 dias (% em peso)
NBR – 6570
5
1,8
5
Peneiração (0,84mm) (% em peso)
NBR – 14393
0,1
0,1
0,014
Mistura com cimento (%) NBR - 6297 2 -
Carga da partícula
NBR – 6567
positiva
positiva
positiva
positiva
Resíduo asfáltico por destilação (% em peso) NBR – 6568 60,0 62,0
Desemulsibilidade (% em peso) NBR – 6569 - 50
Ensaio sobre o solvente destilado:
Destilação, 95% evaporados (ºC) NBR - 6568 - 360
Ensaio sobre o resíduo:
Penetração, 100g, 5s, 25ºC NBR – 6576 50 – 250 50 – 250
Teor de betume (% em peso) MB – 166 97 97
Ductilidade a 25ºC, 5 cm/min (cm) NBR - 6293 40 40
* RL – 1C Î emulsão asfáltica catiônica de ruptura lenta. Fonte:Ipiranga Asfaltos S. A. (2005)
** RM – 1C Î emulsão asfáltica catiônica de ruptura média.
47
Quadro 3.4: Especificação do CAP 50-70.
Propriedades Métodos CAP 50-70
Penetração, 100g, 5s, 25ºC NBR 6576 50 – 70
Ponto de amolecimento, (ºC) NBR 6560 46
Viscosidade Saybolt-Furol a:
135ºC, (SSF) 141
150ºC, (SSF) 50
177ºC,(SSF)
NBR 14950
30-150
OU
Viscosidade Brookfield a:
135ºC (cP) 274
150ºC (cP) 112
177ºC (cP)
NBR 15184
57-285
Índice de susceptibilidade térmica - (-1,5) a (+0,7)
Ductilidade a 25ºC, (cm) NBR 6293 60
Ponto de fulgor, (ºC) NBR 11341 235
Solubilidade em tricloroetileno, (% massa) NBR 14855 99,5
RTFOT – Efeito do calor e do ar (163ºC, 85
min) – Variação em massa, (%)
D 2872 0,5
Ductilidade a 25ºC, (cm) NBR 6293 20
Aumento do ponto de amolecimento, (ºC) NBR 6560 8
Penetração retida, (%) NBR 6576 55
Fonte:Ipiranga Asfaltos S. A. (2005)
3.2 - Método
O método utilizado no desenvolvimento deste estudo abrangeu a
composição de uma única faixa granulométrica para as misturas a frio e a
quente e também a realização de ensaios que possibilitam analisar o
comportamento mecânico destas misturas, quais sejam: método Marshall,
ensaio de tração por compressão diametral e ensaio triaxial de carga
repetida. Em resumo, as atividades empregadas compreenderam as
seguintes fases:
48
Fase 1: Composição de uma faixa granulométrica para a realização das
misturas a frio e a quente
Através de inúmeras tentativas de misturas de agregados, compôs-se
uma granulometria para os agregados que atendesse simultaneamente a
duas faixas granulométricas de duas especificações de serviço do DNIT,
quais sejam: Faixa C do DNER - ES 317/97 – Pavimentação – Pré-misturado
a Frio e faixa B do DNIT 031/2004 - ES - Pavimentos Flexíveis – Concreto
Asfáltico. As misturas a quente e a frio foram avaliadas através de uma
mesma granulometria. Na preparação dos agregados, teve-se o cuidado de
separá-los em diversas frações granulométricas para garantir maior
homogeneidade das amostras.
Fase 2: Escolha dos teores de ligante para comporem as misturas
betuminosas a frio e a quente pelo método Marshall
Na análise do desempenho das misturas betuminosas, através do
método Marshall, foram utilizados quatro traços, três amostras por traço e
três tipos de ligantes, totalizando 36 corpos-de-prova.
A mistura de agregados para cada corpo-de-prova foi definida como
aquela necessária para obter um corpo-de-prova com aproximadamente 6,3
cm de altura, 10,0 cm de diâmetro e 1.200 g, incluindo o ligante, conforme os
métodos de ensaio do DNER ME 043/95 para misturas a quente e ME
107/94 para misturas a frio. As energias de compactação empregadas foram
de 50 golpes por face dos corpos-de-prova para as misturas a frio e 75
golpes por face dos corpos-de-prova para as misturas a quente.
No método de ensaio ME 043/95 para misturas a quente, define-se
que a temperatura que o ligante deve ser aquecido, para ser misturado aos
agregados, é aquela na qual apresenta uma viscosidade Saybolt-Furol de 85
± 10 sSF, e para a compactação é aquela na qual o ligante apresenta uma
viscosidade Saybolt-Furol de 140 ± 15 sSF. Assim, as misturas a quente,
empregando o CAP 50-70 nesta pesquisa, foram efetuadas com o ligante a
150ºC e compactadas com temperaturas aproximadas de 135ºC. Os
49
agregados foram aquecidos à temperaturas de aproximadamente 10ºC a
15ºC acima da temperatura de aquecimento do ligante.
Teve-se o cuidado de se utilizar o mesmo teor de CAP/traço, tanto
nas misturas a quente quanto nas misturas a frio. O Quadro 3.5 contém os
teores de emulsão e de CAP empregados nas misturas betuminosas. A
escolha desses teores pode ser justificada por diversos trabalhos, como por
exemplo: em SENÇO (2001), comenta-se que teores de betume na faixa de
4% a 6% conferem às misturas betuminosas maiores condições de
estabilidade, resistência e pequena porcentagem de vazios. Menores
porcentagens de vazios evitam o fenômeno da exsudação com a passagem
do tráfego. Nessa faixa, os vazios do agregado mineral atingem valores
mínimos, em torno dos quais deverá estar o teor ótimo de betume. PINTO e
PREUSSLER (1980), numa investigação sobre módulos de resiliência de
concretos asfálticos de diversos trechos de rodovias brasileiras, encontraram
teores de betume variando na faixa de 4,3% a 6,5%.
Quadro 3.5: Traços das misturas betuminosas utilizadas no método Marshall
Traço
1 2 3 4
Tipo de
Ligante
%
CAP
%
Emulsão
%
CAP
%
Emulsão
%
CAP
%
Emulsão
%
CAP
%
Emulsão
CAP
50-70
4,0 4,7 5,4 6,1
RL-1C 4,0 6,5 4,7 7,6 5,4 8,7 6,1 9,8
RM -1C 4,0 6,3 4,7 7,4 5,4 8,4 6,1 9,5
Fase 3: Ensaio Marshall com os teores de projeto e ± 0,5% de CAP e
comparação com os resultados obtidos no método Marshall
Após análise e interpretação dos resultados da dosagem Marshall,
para as misturas betuminosas a quente (DNER - ME 043/95) e a frio (DNER
- ME 107/94), definiram-se os teores de projeto de ligantes betuminosos
50
para as referidas misturas. Em seguida, utilizou-se o seguinte procedimento:
nas misturas betuminosas a frio fez-se novamente a compactação dos
corpos-de-prova pelo método Marshall empregando o teor de projeto nas
energias de compactação de 50 e 75 golpes por face, para fins de
comparação dos resultados dos novos valores dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas betuminosas com os encontrados anteriormente no
método Marshall. Nesta etapa da pesquisa, analisou-se também a eficiência
das misturas a frio com 50 e 75 golpes por face do corpo-de-prova. Para as
misturas a quente, o procedimento foi o mesmo, mas empregou-se somente
75 golpes por face dos corpos-de-prova, pois na norma atual de misturas
betuminosas a quente, não se recomenda mais a compactação das
amostras com 50 golpes por face do corpo-de-prova. Para cada tipo de
ligante betuminoso, foram ainda pesquisados mais dois traços, ou seja, ± 0,5
% de CAP em relação aos teores de projeto de cada mistura. Assim, para
este ensaio, foram totalizados 45 corpos-de-prova.
Fase 4: Realização do ensaio para a determinação da resistência à
tração por compressão diametral
Foram, também, avaliados os desempenhos das misturas
empregando-se o seguinte ensaio: misturas betuminosas – determinação da
resistência à tração por compressão diametral – DNER-ME 138/94. As
condições de ensaio das amostras neste tipo de teste foram também
empregando os teores de projeto e suas proximidades, ou seja, ± 0,5 % de
CAP em relação ao teor de projeto, para cada tipo de ligante utilizado na
pesquisa. Resumindo têm-se: (i) para as misturas a frio: 2 tipos de ligantes
(RL-1C e RM-1C), 2 energias de compactação (50 e 75 golpes), 3 teores de
CAP e 3 amostras, totalizando 36 corpos-de-prova e (II) para as misturas a
quente, têm-se: 1 tipo de ligante (CAP 50-70), 1 energia de compactação (75
golpes), 3 teores de CAP e 3 amostras, totalizando 9 corpos-de-prova. Os
corpos-de-prova foram compactados segundo o método Marshall e
ensaiados à temperatura de 30ºC.
51
Fase 5: Realização do ensaio para a determinação das deformações
permanentes
Foram, também, avaliados os desempenhos das misturas
betuminosas empregando-se o ensaio triaxial de cargas repetidas já citado
no tópico 2 deste trabalho, item 2.4.1 – (d), página 32. A Figura 3.2 ilustra
uma vista geral do equipamento utilizado para a realização deste ensaio com
uma amostra de uma mistura betuminosa no interior da câmara triaxial,
preparada para a realização do ensaio.
Figura 3.2 Vista geral do equipamento triaxial de cargas repetidas do
Laboratório de Geotecnia – Departamento de Engenharia Civil - UFV
As condições de ensaio das amostras neste tipo de teste foram
somente para os teores de projeto obtidos no método Marshall para cada
tipo de ligante utilizado na pesquisa. Resumindo têm-se: (i) para as misturas
a frio: 2 tipos de ligantes (RL-1C e RM -1C), 1 energia de compactação (75
golpes), 1 teor de CAP e 3 amostras por teor de ligante, totalizando 6
corpos-de-prova; e (II) para a mistura a quente, têm-se: 1 tipo de ligante
(CAP 50-70), 1 energia de compactação (75 golpes), 1 teor de CAP e 3
amostras por teor de ligante, totalizando 3 corpos-de-prova. As dimensões
52
dos corpos-de-prova foram 7,2 cm de diâmetro e 15,2 cm de altura,
mantendo uma relação aproximada de ½ entre estas duas dimensões. Os
corpos-de-prova foram compactados pela aplicação de uma carga em
prensa hidráulica em três camadas pré-determinadas ao longo da altura do
molde objetivando alcançar o grau de compactação correspondente à do
teor de projeto encontrado no método Marshall. Os passos para a realização
deste ensaio foram os seguintes:
preparação da mistura nas condições de dosagem pré-estabelecidas
e compactação do corpo-de-prova na energia de compactação
desejada;
envolvimento do corpo-de-prova por uma membrana de borracha;
verificação do alinhamento do corpo-de-prova com o cabeçote para
garantir que a carga seja aplicada axialmente;
fechamento da câmara triaxial;
posicionamento do transdutor de deslocamento (LVDT) que fica
externo à câmara triaxial e fixação do duto de injeção de ar
comprimido na base da câmara triaxial para aplicação da pressão
confinante;
condicionamento da amostra: para reduzir as imperfeições de
contato da amostra no interior da câmara triaxial, foram aplicados
100 ciclos de carga correspondentes a uma tensão desviadora de 50
kPa a uma pressão confinante de 25 kPa e freqüência de 1 hertz.
Também, elimina as deformações permanentes iniciais da mistura,
mas sendo baixo o estado de tensão, as mesmas foram
consideradas desprezíveis;
Em seguida, efetivação do ensaio através da aplicação de uma
pressão confinante estática (175 kPa) e de uma tensão desviadora
axial cíclica (210 kPa), com uma freqüência de 1 hertz e duração de
carga igual a 0,1 s, até completar 10.000 aplicações dessa amplitude
de carga. Essas tensões foram as mesmas utilizadas por JUVÊNCIO
(2002), ao extrair as tensões normais vertical e horizontal no centro
53
do revestimento asfáltico, após aplicação do programa Michi-pave,
em um pavimento hipotético com as seguintes dimensões:
revestimento asfáltico de 10 cm, base granular de 20 cm e uma
camada de reforço de 15 cm de espessura. A carga equivalente
utilizada foi de 7.000 libras ou 3.175 kgf para uma pressão de
enchimento do pneu de 80 psi ou 5,63 kgf/cm
2
. O ensaio foi
conduzido à temperatura ambiente, em torno de 27
o
C.
Uma vez o corpo-de-prova devidamente posicionado na base da
prensa e as condições do teste selecionadas, o sistema LoadTrac II
possibilita realizar o ensaio do começo ao fim. Os dados do teste são
gravados num arquivo e posteriormente exibidos através de um
software.
Fase 6: Realização do ensaio para a determinação da resistência à água
– adesividade
Verificou-se a resistência à água (adesividade) do asfalto residual dos
ligantes betuminosos em relação ao agregado graúdo utilizado na pesquisa.
Um ensaio bastante simples, realizado de acordo com o método DNER – ME
078/94: agregado graúdo – adesividade a ligante betuminoso.
O resultado procede-se de uma análise visual onde se indica como
satisfatório quando não houver nenhum deslocamento da película
betuminosa e não satisfatório quando houver total ou parcial deslocamento
da película betuminosa.
54
4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste tópico, são apresentados os resultados e discussões
pertinentes aos métodos de ensaios de laboratório nos materiais
empregados e nas misturas betuminosas efetuadas.
A apresentação dos resultados se faz por meio de quadros e figuras
procurando proporcionar uma análise separada de cada fase empregada na
metodologia de estudo.
4.1 – Composição de uma faixa granulométrica
O Quadro 4.1 apresenta os limites inferiores e superiores da faixa C
do DNER – ES 317/97 – Pavimentação – Pré-misturado a frio (PMF) e da
faixa B do DNIT 031/2004 – ES – Pavimentos flexíveis – Concreto Asfáltico
(CA); também, a composição de uma faixa que atende às duas faixas
anteriormente citadas, aqui denominada faixa de projeto. A Figura 4.1 ilustra
os limites inferiores e superiores destas faixas.
55
Quadro 4.1: Limites inferiores (LI) e superiores (LS) das faixas
granulométricas: faixa C (PMF), faixa B (CA) e faixa de projeto
Peneiras faixa C PMF faixa B CA faixa de projeto
ASTM (mm) LI LS LI LS LI LS
Tolerâncias
1 1/2” 38,1 - - 100 100 100 100 ±7%
1” 25,4 100 100 95 100 100 100 ±7%
3/4" 19,1 95 100 80 100 95 100 ±7%
3/8” 9,5 40 70 45 80 45 70 ±7%
#4 4,8 20 40 28 60 28 40 ±5%
#10 2,0 10 25 20 45 20 25 ±5%
#40 0,42 - - 10 32 10 20 ±5%
#80 0,18 - - 8 20 8 15 ±3%
#200 0,075 0 8 3 8 3 8 ±2%
Limites Inferiores e superiores das faixas B e C
e faixa de projeto
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Peneiras (mm)
% que passa
LI faixa C - PMF
LS faixa C - PMF
LI faixa B - CA
LS faixa B - CA
LI faixa de projeto
LS faixa de projeto
Figura 4.1: Limites inferiores e superiores das faixas granulométricas: faixa C
(PMF), faixa B (CA) e faixa de projeto.
Verifica-se na Figura 4.1 que o limite superior (LS) da faixa C para
PMF coincide com o limite superior (LS) da faixa de projeto.
Conhecidos os limites da faixa C (PMF) e da faixa B (CA) foi possível
obter a curva de trabalho. Para este fim, empregou-se inicialmente o método
de
Rothfucks, obtendo-se uma porcentagem aproximada de cada material a
56
ser utilizado na mistura. A partir desses valores, efetuaram-se inúmeras
tentativas de solução, até se obterem valores satisfatórios dos quantitativos
dos agregados que enquadrassem na faixa de projeto (25% de pó-de-pedra,
31% de brita 0 e 44% de brita 1), como é mostrado pelos valores contidos no
Quadro 4.2 e ilustrado na Figura 4.2.
Quadro 4.2: Projeto da mistura dos agregados para atender à faixa de projeto.
Peneiras faixa de projeto mistura dos agregados
ASTM (mm) LI LS % passante % retida
1” 25,4 100 100 100,00 0,00
3/4" 19,1 95 100 93,40 6,60
3/8” 9,5 45 70 57,40 36,00
#4 4,8 28 40 33,81 23,59
#10 2,0 20 25 21,18 12,63
#40 0,42 10 20 14,37 6,81
#80 0,18 8 15 9,31 5,06
#200 0,075 3 8 4,75 4,56
Material de fundo - - - 4,75
Soma 100,00
Limites inferior e superior da faixa de projeto e curva de projeto da
mistura
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,01 0,1 1 10 100
Peneiras (mm)
% que passa
LI faixa de projeto
LS faixa de projeto
curva de projeto da
mistura
Figura 4.2: Limites inferior e superior da faixa de projeto e a curva de trabalho
da mistura dos agregados.
57
Cabe aqui ressaltar que somente para a fração de ¾” (19,1 mm)
houve problema de atendimento da faixa especificada. Para as demais
situações, a
curva de trabalho enquadrou-se praticamente numa posição
intermediária à faixa de projeto.
4.2 – Escolha do teor de projeto de ligante pelo método Marshall
a) – Emulsão asfáltica catiônica de ruptura lenta (RL – 1C)
Para este tipo de ligante, foram empregadas duas etapas de ensaios.
A primeira com três corpos-de-prova por traço, com os seguintes teores de
CAP presentes nas misturas: 4,2%; 5,0%; 5,8% e 6,6%; a segunda com um
corpo-de-prova por traço, com os seguintes teores de CAP presentes nas
misturas: 4,0%; 4,7%; 5,4% e 6,1%, totalizando 16 corpos-de-prova. Essa
segunda etapa foi realizada para atender à padronização dos teores de CAP
apresentados na fase 2 do tópico 3, página 49.
O Quadro 4.3 contém a média dos resultados dos parâmetros de
dosagem Marshall de misturas asfálticas, para os agregados atendendo à
faixa de projeto com emulsão asfáltica do tipo RL – 1C.
58
Quadro 4.3: Parâmetros de dosagem Marshall de misturas asfálticas com
emulsão asfáltica do tipo RL – 1C.
% CAP
%
emulsão
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
Primeira etapa
4,2 6,8 2,312 2,598 11,02 9,41 20,44 46,09 613 9,13
5,0 8,1 2,326 2,564 9,31 11,34 20,65 55,00 539 9,79
5,8 9,3 2,344 2,534 7,48 13,19 20,67 63,83 522 8,73
6,6 10,5 2,379 2,503 4,95 15,19 20,14 75,48 395 9,26
Segunda etapa
4,0 6,5 2,334 2,606 10,45 9,07 19,52 46,48 455 9,53
4,7 7,6 2,366 2,577 8,19 10,80 19,00 56,87 404 9,53
5,4 8,7 2,350 2,549 7,79 12,34 20,13 61,32 284 8,73
6,1 9,8 2,354 2,521 6,61 13,99 20,60 67,91 208 7,94
Observação: MEA: massa específica aparente; DMT: densidade máxima teórica; VCB: vazios cheios
com betume; VAM: vazios do agregado mineral; RBV: relação betume-vazios; E: estabilidade
Marshall; F: fluência.
As Figuras 4.3a e 4.3b ilustram as variações dos parâmetros de
dosagem, Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.3, em função do
teor de emulsão, para a primeira e segunda etapas utilizadas na composição
dessas misturas.
59
Estabilidade Marshall
350,0
450,0
550,0
650,0
6 7 8 9 10 11
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
8,5
9
9,5
10
67891011
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
4
6
8
10
12
67891011
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,3
2,32
2,34
2,36
2,38
2,4
67891011
Teor de Emulsão (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,5
2,55
2,6
67891011
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
11
13
15
17
6 7 8 9 10 11
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
20
20,2
20,4
20,6
20,8
67891011
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betum e Vazios
40
50
60
70
80
67891011
Teor de Emulsão (%)
RBV(%)
Figura 4.3a: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RL-1C (primeira etapa).
60
Estabilidade Marshall
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
450,0
500,0
678910
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
7,5
8
8,5
9
9,5
10
678910
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
6
7
8
9
10
11
678910
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,32
2,34
2,36
2,38
678910
Teor de Emulsão (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,5
2,55
2,6
2,65
678910
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
8
10
12
14
16
678910
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
18,5
19
19,5
20
20,5
21
678910
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
40
45
50
55
60
65
70
678910
Teor de Emulsão (%)
RBV (%)
Figura 4.3b: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RL-1C (segunda etapa).
61
b) – Emulsão asfáltica catiônica de ruptura média (RM – 1C)
O Quadro 4.4 contém a média dos resultados dos parâmetros de
dosagem de misturas asfálticas, para os agregados atendendo à faixa de
projeto com emulsão asfáltica do tipo RM – 1C.
Quadro 4.4: Parâmetros de dosagem Marshall de misturas asfálticas com
emulsão asfáltica do tipo RM – 1C.
%
CAP
%
emulsão
MEA
g/cm
3
)
DMT
(d)
%
Vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,0 6,3 2,291 2,606 12,08 8,90 20,98 42,68 198 7,94
4,7 7,4 2,318 2,573 9,94 10,80 20,74 52,22 171 8,47
5,4 8,4 2,335 2,541 8,13 12,69 20,82 60,96 148 10,32
6,1 9,5 2,310 2,510 7,99 14,35 22,34 64,23 123 7,41
A Figura 4.4 ilustra as variações dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.4, em função do teor de
emulsão.
62
Estabilidade Marshall
120,0
140,0
160,0
180,0
200,0
678910
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
7
8
9
10
11
678910
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
6
8
10
12
14
678910
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,28
2,3
2,32
2,34
678910
Teor de Emulsão (%)
MEA(g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,5
2,53
2,56
2,59
2,62
2,65
678910
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
8
10
12
14
16
678910
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
20,5
21
21,5
22
22,5
678910
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
40
45
50
55
60
65
70
678910
Teor de Emulsão (%)
RBV (%)
Figura 4.4: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RM-1C.
63
c) – Cimento asfáltico de petróleo (CAP 50-70)
O Quadro 4.5 contém a média dos resultados dos parâmetros de
dosagem Marshall de misturas asfálticas, para os agregados atendendo à
faixa de projeto com CAP 50-70.
Quadro 4.5: Parâmetros de dosagem Marshall de misturas asfálticas com CAP
50-70.
%
CAP
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
Vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,0 2,498 2,606 4,14 9,70 13,84 70,28 514 6,35
4,7 2,516 2,577 2,37 11,48 13,85 83,11 460 5,82
5,4 2,503 2,549 1,83 13,12 14,95 87,80 568 6,09
6,1 2,515 2,522 0,27 14,89 15,17 98,23 514 6,88
A Figura 4.5 ilustra as variações dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.5, em função do teor de
CAP.
64
Estabilidade Marshall
350,0
400,0
450,0
500,0
550,0
600,0
650,0
3,544,555,566,5
Teor de CAP(%)
Estabilidade (Kgf)
Flncia
5,5
6
6,5
7
3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5
Teor de CAP (%)
Fluência (mm)
Vazios
0
1
2
3
4
5
3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5
Teor de CAP (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,49
2,5
2,51
2,52
3,544,555,566,5
Teor de CAP (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,5
2,52
2,54
2,56
2,58
2,6
2,62
3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5
Teor de CAP (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
11
13
15
17
3,544,555,566,5
Teor de CAP (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
13,5
14
14,5
15
15,5
3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5
Teor de CAP (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
40
60
80
100
120
3,544,555,566,5
Teor de CAP (%)
RBV (%)
Figura 4.5: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de CAP 50-70.
65
d) – Teores de projeto de ligantes para as misturas
O método utilizado para a escolha do teor de projeto neste trabalho
baseou-se nas relações encontradas entre os parâmetros de dosagem
Marshall e que se encontram apresentadas nas Figuras 4.3, 4.4 e 4.5.
Tomando-se como base os valores contidos nas especificações de serviço
DNER-ES 317/97 para pré-misturado a frio e DNIT 031/2004 para concreto
asfáltico, o teor que melhor se enquadrou nos intervalos recomendados por
essas especificações, foi considerado o teor de projeto.
Para as misturas a frio considerou-se a estabilidade máxima, a
fluência mínima e a % de vazios referente a 10,0%. O valor de 10,0%
corresponde à média do intervalo citado pelo Manual Básico de Emulsões
Asfálticas da ABEDA (2001) para pré-misturado a frio denso.
Os Quadros 4.6 e 4.7 apresentam os valores de teores de projeto
encontrados para os ligantes empregados nesta pesquisa.
Quadro 4.6: Teores de projeto para as misturas com emulsões dos tipos RL –
1C e RM – 1C
Teores de Ligantes
RL – 1C
Indicadores de
desempenho
Marshall
1ª fase 2ª fase
RM – 1C
Máxima
Estabilidade
6,80 6,50 6,30
Fluência Mínima 9,30 9,80 9,50
Vazios = 10,0% 7,60 6,70 7,30
7,90 7,70
Teor de projeto
de emulsão
Valor médio: 7,80
7,70
Teor projeto de
CAP
correspondente
4,80 4,90
66
Quadro 4.7: Teor de projeto para mistura com CAP 50-70
Teor de Ligante
Indicadores de desempenho Marshall
CAP 50-70
Máxima Estabilidade 5,40
Máxima Massa Espec. Aparente 4,70
Vazios = 4,0% 4,00
RBV = 80% 4,50
Teor de projeto de CAP 4,70
4.3 – Método Marshall
A seguir, são apresentados os resultados obtidos pelo método
Marshall para os teores de projeto e suas proximidades, ou seja, teor de
projeto ± 0,5% de CAP.
a) – Emulsão asfáltica catiônica de ruptura lenta (RL – 1C)
O Quadro 4.8 contém a média dos resultados dos parâmetros de
dosagem Marshall de misturas com emulsão asfáltica do tipo RL-1C,
empregando-se 50 golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.8: Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de projeto
e proximidades com emulsão RL-1C, empregando-se 50 golpes.
%
CAP
%
emulsão
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,3 7,0 2,368 2,593 8,68 9,93 18,61 53,39 594 7,14
4,8 7,8 2,368 2,572 7,92 11,11 19,03 58,38 652 7,14
5,3 8,5 2,363 2,554 7,47 12,11 19,58 61,87 521 7,41
A Figura 4.6 ilustra as variações dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.8, em função do teor de
emulsão.
67
Estabilidade Marshall
500,0
550,0
600,0
650,0
700,0
6789
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
7
7,1
7,2
7,3
7,4
7,5
6789
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
7
7,5
8
8,5
9
6789
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,36
2,362
2,364
2,366
2,368
2,37
6789
Teor de Emulsão (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,54
2,56
2,58
2,6
6789
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
10
11
12
13
6789
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
18,4
18,6
18,8
19
19,2
19,4
19,6
19,8
6789
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
50
55
60
65
6789
Teor de Emulsão (%)
RBV (%)
Figura 4.6: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RL-1C para 50 golpes.
68
Analisando o Quadro 4.8 e a Figura 4.6 verifica-se que os valores de
estabilidade Marshall e porcentagem de vazios encontrados atenderam à
especificação DNER – ES 317/97 – Pavimentação – Pré-misturado a frio; já
os valores de fluência encontrados excederam ao limite superior de 4,5 mm
recomendado pela mesma especificação.
Observa-se ainda que, os melhores resultados para estabilidade
Marshall e fluência corresponderam ao teor de projeto determinado na
dosagem da mistura.
O Quadro 4.9 contém a média dos resultados dos vários parâmetros
de dosagem Marshall de misturas com emulsão asfáltica do tipo RL-1C,
empregando-se 75 golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.9: Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de projeto
e proximidades com emulsão RL-1C empregando 75 golpes.
%
CAP
%
emulsão
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,3 7,0 2,383 2,593 8,10 10,00 18,09 55,26 668 6,35
4,8 7,8 2,414 2,572 6,14 11,32 17,47 64,84 567 6,88
5,3 8,5 2,379 2,554 6,84 12,20 19,03 64,10 454 7,67
A Figura 4.7 ilustra as variações dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.9, em função do teor de
emulsão.
69
Estabilidade Marshall
400,0
450,0
500,0
550,0
600,0
650,0
700,0
6789
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
6
6,5
7
7,5
8
6789
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
6
6,5
7
7,5
8
8,5
6789
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,36
2,38
2,4
2,42
6789
Teor de Emulsão (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,54
2,56
2,58
2,6
6789
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
10
11
12
13
6789
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
17
17,5
18
18,5
19
19,5
6789
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
50
55
60
65
70
6789
Teor de Emulsão (%)
RBV (%)
Figura 4.7: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RL-1C para 75 golpes.
70
Analisando o Quadro 4.9 e a Figura 4.7 verifica-se que os valores de
estabilidade Marshall e porcentagem de vazios encontrados atenderam a
especificação DNER – ES 317/97 – Pavimentação – Pré-misturado a frio; já
os valores de fluência encontrados excederam ao limite superior de 4,5 mm
recomendado pela mesma especificação.
Observa-se ainda que, os melhores resultados para estabilidade
Marshall e fluência não corresponderam ao teor de projeto determinado na
dosagem da mistura. Os melhores resultados encontrados para estes
parâmetros corresponderam ao teor de - 0,5% de CAP em relação ao teor
de projeto.
Com relação à energia de compactação observou-se o seguinte: para
50 golpes, os melhores resultados encontrados corresponderam ao teor de
projeto, especificamente para estabilidade e fluência; para 75 golpes, os
melhores resultados encontrados corresponderam ao teor de projeto -0,5%,
especificamente para estabilidade e fluência. Confrontando-se as duas
situações em termos de estabilidade, os valores obtidos foram muito
próximos, ou seja, 652 kgf para 50 golpes e 668 kgf para 75 golpes. Outro
aspecto importante observado com relação às duas energias de
compactação foi a constância dos valores da densidade máxima teórica.
b) – Emulsão asfáltica catiônica de ruptura média (RM – 1C)
O Quadro 4.10 contém a média dos resultados dos vários parâmetros
de dosagem Marshall de misturas com emulsão asfáltica do tipo RM-1C,
empregando-se 50 golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.10: Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com emulsão RM-1C empregando 50 golpes.
%
CAP
%
emulsão
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
Vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,4 6,9 2,299 2,585 11,03 10,10 21,13 47,93 210 7,94
4,9 7,7 2,281 2,563 11,01 11,18 22,19 50,42 205 10,32
5,4 8,4 2,299 2,542 9,57 12,45 22,02 56,59 182 9,26
A Figura 4.8 ilustra os parâmetros de dosagem Marshall das misturas
apresentadas no Quadro 4.10, em função do teor de emulsão.
71
Estabilidade Marshall
150,0
170,0
190,0
210,0
230,0
250,0
6789
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
7,5
8
8,5
9
9,5
10
10,5
6789
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
8
9
10
11
12
6789
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,28
2,285
2,29
2,295
2,3
6789
Teor de Emulsão (%)
MEA(g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,52
2,54
2,56
2,58
2,6
6789
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
10
11
12
13
6789
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
21
21,2
21,4
21,6
21,8
22
22,2
22,4
6789
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
45
50
55
60
6789
Teor de Emulsão (%)
RBV (%)
Figura 4.8: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RM-1C para 50 golpes.
72
Analisando o Quadro 4.10 e a Figura 4.8 verifica-se que os valores de
estabilidade Marshall e porcentagem de vazios encontrados atenderam a
especificação DNER – ES 317/97 – Pavimentação – Pré-misturado a frio; já
os valores de fluência encontrados excederam ao limite superior de 4,5 mm
recomendado pela mesma especificação.
Observou-se ainda que, os melhores resultados para estabilidade
Marshall e fluência não corresponderam ao teor de projeto determinado na
dosagem da mistura, os melhores resultados para estes parâmetros
relacionaram-se ao teor de – 0,5% de CAP em relação ao teor de projeto.
O Quadro 4.11 contém a média dos resultados dos vários parâmetros
de dosagem de misturas com emulsão asfáltica do tipo RM-1C,
empregando-se 75 golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.11: Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com emulsão RM-1C empregando 75 golpes.
%
CAP
%
emulsão
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,4 6,9 2,294 2,585 11,25 10,08 21,32 47,26 243 7,14
4,9 7,7 2,326 2,563 9,25 11,40 20,65 55,25 213 7,41
5,4 8,4 2,327 2,542 8,48 12,60 21,08 59,89 161 7,67
A Figura 4.9 ilustra as variações dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.11, em função do teor de
emulsão.
73
Estabilidade Marshall
150,0
170,0
190,0
210,0
230,0
250,0
6789
Teor de Emulsão (%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
7
7,2
7,4
7,6
7,8
8
6789
Teor de Emulsão (%)
Fluência (mm)
Vazios
8
9
10
11
12
6789
Teor de Emulsão (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,29
2,295
2,3
2,305
2,31
2,315
2,32
2,325
2,33
6789
Teor de Emulsão (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,52
2,54
2,56
2,58
2,6
6789
Teor de Emulsão (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
10
11
12
13
6789
Teor de Emulsão (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
20,6
20,8
21
21,2
21,4
6789
Teor de Emulsão (%)
VAM (%)
Relação Betume Vazios
45
50
55
60
65
6789
Teor de Emulsão (%)
RBV (%)
Figura 4.9: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de emulsão RM-1C para 75 golpes.
74
Analisando o Quadro 4.11 e a Figura 4.9 verifica-se que os valores de
estabilidade Marshall e porcentagem de vazios encontrados atenderam a
especificação DNER – ES 317/97 – Pavimentação – Pré-misturado a frio; já
os valores de fluência encontrados excederam ao limite superior de 4,5 mm
recomendado pela mesma especificação.
Observou-se ainda que, os melhores resultados para estabilidade
Marshall e fluência não corresponderam ao teor de projeto determinado na
dosagem da mistura. Os melhores resultados encontrados para estes
parâmetros corresponderam ao teor de - 0,5% de CAP em relação ao teor
de projeto.
Com relação à energia de compactação, os valores de estabilidade
Marshall e fluência empregando-se 75 golpes foram ligeiramente melhores,
ou seja, aumento na estabilidade de aproximadamente 16% e redução na
fluência em torno de 10%.
c) – Cimento asfáltico de petróleo (CAP 50-70)
O Quadro 4.12 contém a média dos resultados dos vários parâmetros
de dosagem Marshall de misturas com CAP 50-70, empregando-se 75
golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.12: Parâmetros de dosagem Marshall das misturas no teor de
projeto e proximidades com CAP 50-70 empregando 75 golpes.
%
CAP
MEA
(g/cm
3
)
DMT
(d)
%
vazios
VCB
(%)
VAM
(%)
RBV
(%)
E
(kgf)
F
(mm)
4,2 2,488 2,600 4,31 10,02 14,33 69,96 388 4,50
4,7 2,509 2,579 2,72 11,33 14,05 80,62 487 3,97
5,2 2,507 2,559 2,03 12,54 14,57 86,15 423 5,82
A Figura 4.10 ilustra as variações dos parâmetros de dosagem
Marshall das misturas apresentadas no Quadro 4.12, em função do teor de
CAP.
75
Estabilidade Marshall
350,0
400,0
450,0
500,0
550,0
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP(%)
Estabilidade (Kgf)
Fluência
3
4
5
6
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP (%)
Flncia (mm)
Vazios
0
2
4
6
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP (%)
Vazios (%)
Massa Específica Aparente
2,48
2,49
2,5
2,51
2,52
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP (%)
MEA (g/cm
3
)
Densidade Máxima Teórica
2,54
2,56
2,58
2,6
2,62
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP (%)
DMT
Vazios Cheios com Betume
9
10
11
12
13
3,544,555,5
Teor de CAP (%)
VCB (%)
Vazios no Agregado Mineral
14
14,2
14,4
14,6
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP (%)
VAM (%)
Relação Betum e Vazios
60
70
80
90
3,5 4 4,5 5 5,5
Teor de CAP (%)
RBV (%)
Figura 4.10: Variações dos parâmetros de dosagem Marshall das misturas em
função do teor de CAP para 75 golpes.
Analisando o Quadro 4.12, Figura 4.10 e a especificação DNIT
031/2004 – ES – Pavimentos flexíveis – Concreto Asfáltico, verificou-se que
os valores de estabilidade Marshall foram inferiores ao valor mínimo de 500
76
kgf especificado, a porcentagem de vazios só atendeu ao intervalo de 3% a
5% para o teor - 0,5% em relação ao teor de projeto e a relação betume-
vazios enquadrou-se no intervalo de 75% a 82% para o teor de projeto.
Observou-se ainda que, os resultados para estabilidade Marshall e
porcentagem de vazios correspondentes ao teor de projeto determinado na
dosagem da mistura aproximaram-se dos limites mínimos apresentados na
especificação DNIT 031/2004 – ES – Pavimentos flexíveis – Concreto
Asfáltico, mas foram inferiores.
Observação: com relação ao indicador vazios no agregado mineral
(VAM), para os três tipos de ligantes e correspondentes misturas, os valores
encontrados sofreram, em média, uma variação de 1% para todos os traços
efetuados nesta pesquisa.
4.4 – Resistência à tração por compressão diametral
A seguir são apresentados os resultados obtidos através da utilização
do ensaio de resistência à tração por compressão diametral compactados
segundo o método de ensaio Marshall e ensaiados à temperatura de 30ºC.
a) – Emulsão asfáltica catiônica de ruptura lenta (RL – 1C)
O Quadro 4.13 contém a média dos resultados dos ensaios de tração
por compressão diametral para misturas com emulsão asfáltica do tipo RL-
1C, empregando-se 50 golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.13: Resultados dos ensaios de tração por compressão diametral, à
temperatura de 30ºC, em misturas com RL – 1C, empregando 50 golpes.
% CAP % emulsão
Tração por compressão
diametral (kgf/cm
2
)
4,3 7,0 1,48
4,8 7,8 1,57
5,3 8,5 1,23
77
A Figura 4.11 ilustra a variação da resistência à tração em função do
teor de emulsão mostrado no Quadro 4.13.
Tração por Compressão Diametral
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
6,5 7 7,5 8 8,5 9
Teor de Emulsão (%)
Resistência à Tração
(Kgf/cm
2
)
Figura 4.11: Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC, em
função do teor de emulsão RL – 1C, empregando 50 golpes.
Analisando-se o Quadro 4.13 e figura 4.11, verifica-se que o maior
valor encontrado para a resistência à tração correspondeu ao teor de projeto
determinado na dosagem Marshall, ou seja, 1,57 kgf/cm2 .
O Quadro 4.14 contém a média dos resultados dos ensaios de tração
por compressão diametral, à temperatura de 30ºC, para misturas com
emulsão asfáltica do tipo RL-1C, empregando-se 75 golpes em cada face do
corpo-de-prova.
Quadro 4.14: Resultados dos ensaios de tração por compressão diametral, à
temperatura de 30ºC, em misturas com RL – 1C, empregando 75 golpes.
% CAP % emulsão
Tração por compressão
diametral (kgf/cm
2
)
4,3 7,0 1,51
4,8 7,8 1,29
5,3 8,5 0,72
A Figura 4.12 ilustra a variação da resistência à tração em função dos
teores de emulsão contidos no Quadro 4.14.
78
Tração por Compressão Diametral
0,70
0,90
1,10
1,30
1,50
1,70
6,577,588,59
Teor de Emulsão (%)
Resistência à Tração
(kgf/cm
2
)
Figura 4.12: Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC, em
função do teor de emulsão RL – 1C, empregando 75 golpes.
Analisando-se o Quadro 4.14 e figura 4.12, verifica-se que o maior
valor encontrado para a resistência à tração para misturas utilizando
emulsão asfáltica do tipo RL – 1C empregando-se 75 golpes correspondeu
ao teor de projeto – 0,5%, determinado na dosagem Marshall, valor este de
1,51 kgf/cm
2
.
Com relação à energia de compactação, os valores de resistência à
tração para 75 golpes foram ligeiramente inferiores aos valores encontrados,
empregando-se 50 golpes, isto para dois dos três teores de emulsão
empregados. Para o teor de projeto + 0,5 de CAP, esta inferioridade foi mais
ainda evidenciada.
b) – Emulsão asfáltica catiônica de ruptura média (RM – 1C)
O Quadro 4.15 contém a média dos resultados dos ensaios de tração
por compressão diametral para misturas com emulsão asfáltica do tipo RM-
1C, empregando-se 50 golpes em cada face do corpo-de-prova.
79
Quadro 4.15: Resultados dos ensaios de tração por compressão diametral, à
temperatura de 30ºC, em misturas com RM – 1C, empregando 50 golpes.
% CAP % emulsão
Tração por compressão
diametral (kgf/cm
2
)
4,4 6,9 0,23
4,9 7,7 0,28
5,4 8,4 0,18
A Figura 4.13 ilustra a variação da resistência à tração em função do
teor de emulsão mostrado no Quadro 4.15.
Tração por Compressão Diametral
0,15
0,20
0,25
0,30
6,5 7 7,5 8 8,5 9
Teor de Emulsão (%)
Resistência à Tração
(Kgf/cm
2
)
Figura 4.13: Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC, em
função do teor de emulsão RM – 1C, empregando 50 golpes.
Analisando-se o Quadro 4.15 e figura 4.13, verifica-se que o maior
valor encontrado para a resistência à tração correspondeu ao teor de projeto
determinado na dosagem Marshall, ou seja, 0,28 kgf/cm
2
.
O Quadro 4.16 contém a média dos resultados dos ensaios de tração
por compressão diametral para misturas com emulsão asfáltica do tipo RM-
1C, empregando-se 75 golpes em cada face do corpo-de-prova.
80
Quadro 4.16: Resultados dos ensaios de tração por compressão diametral, à
temperatura de 30ºC, em misturas com RM – 1C, empregando 75 golpes.
% CAP % emulsão
Tração por compressão
diametral (kgf/cm
2
)
4,4 6,9 0,29
4,9 7,7 0,29
5,4 8,4 0,24
A Figura 4.14 ilustra a variação da resistência à tração em função do
teor de emulsão mostrado no Quadro 4.16.
Tração por Compressão Diametral
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
6,577,588,59
Teor de Emulsão (%)
Resistência à Tração
(kgf/cm
2
)
Figura 4.14: Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC, em
função do teor de emulsão RM – 1C, empregando 75 golpes.
Analisando-se o Quadro 4.16 e figura 4.14, verifica-se que o maior
valor encontrado para a resistência à tração para misturas utilizando
emulsão asfáltica do tipo RM – 1C empregando-se 75 golpes correspondeu
aos teores de – 0,5% do teor de projeto e ao teor de projeto determinado na
dosagem Marshall, valor este de 0,29 kgf/cm
2
.
Com relação à energia de compactação, os valores de resistência à
tração empregando-se 75 golpes foram superiores aos valores encontrados
empregando-se 50 golpes.
81
c) – Cimento asfáltico de petróleo (CAP 50-70)
O Quadro 4.17 contém a média dos resultados dos ensaios de tração
por compressão diametral, à temperatura de 30
o
C, para misturas com CAP
50-70, empregando-se 75 golpes em cada face do corpo-de-prova.
Quadro 4.17: Resultados dos ensaios de tração por compressão diametral, à
temperatura de 30ºC, em misturas com CAP 50-70, empregando 75 golpes.
% CAP
Tração por compressão
diametral (kgf/cm
2
)
4,2 3,24
4,7 3,80
5,2 3,65
A Figura 4.15 ilustra a variação da resistência à tração em função do
teor de CAP mostrado no Quadro 4.17.
Tração por Compressão Diametral
3,00
3,25
3,50
3,75
4,00
44,555,5
Teor de CAP (%)
Resistência à Tração
(Kgf/cm
2
)
Figura 4.15: Variação da resistência à tração, à temperatura de 30ºC, em
função do teor de CAP, empregando 75 golpes.
Analisando-se o Quadro 4.17 e figura 4.15, verifica-se que o maior
valor encontrado para a resistência à tração para misturas utilizando cimento
asfáltico do tipo CAP 50-70 empregando-se 75 golpes correspondeu ao teor
de projeto determinado na dosagem Marshall, ou seja, 3,8 kgf/cm
2
.
MEDINA (1997) apresentou valores de resistência à tração para
misturas betuminosas destinadas à camadas de rolamento e de ligação, com
82
cimento asfáltico do tipo CAP 50-60, à temperatura de 25ºC, variando entre
7,1 kgf/cm
2
a 9,5 kgf/cm
2
. Observa-se que esses valores são bem superiores
aos encontrados neste trabalho. Cabe ressaltar que a temperatura, a
granulometria e o tipo de ligante foram diferentes.
4.5 – Deformação permanente
Apresentam-se a seguir, os resultados do ensaio triaxial de cargas
repetidas realizados no teor de projeto para cada tipo de ligante empregado
nesta pesquisa. Realizou-se o ensaio à temperatura ambiente, ou seja,
27ºC. A variação de temperatura no interior da câmara triaxial e exterior a
ela foi cerca de 1ºC.
O Quadro 4.18 contém a média dos resultados dos ensaios de
deformação permanente para misturas com emulsões asfálticas RL-1C e
RM-1C e misturas com CAP 50-70.
83
Quadro 4.18: Deformação permanente para misturas betuminosas com
emulsões asfálticas RL – 1C e RM – 1C e misturas com CAP 50-70, para
tensão desviadora de 210 kPa e pressão confinante de 175 kPa. Temperatura
média do ensaio em ralação à câmara triaxial: externa 27
o
C e interna 26
o
C.
Deformação Permanente (%)
Nº de ciclos
RL – 1C RM - 1C CAP 50-70
10 0,189883 0,170135 0,145470
50 0,255053 0,252890 0,235270
100 0,278093 0,294440 0,279230
150 0,292450 0,321130 0,306265
200 0,302397 0,341115 0,325820
250 0,309573 0,357225 0,341515
300 0,314777 0,370825 0,354600
400 0,323717 0,393260 0,376610
500 0,329893 0,411065 0,396135
600 0,334900 0,425960 0,399495
700 0,338980 0,436605 0,415905
800 0,342463 0,454285 0,430330
900 0,345240 0,467430 0,443050
1000 0,347890 0,479695 0,453560
1500 0,356477 0,526500 0,493240
2000 0,362220 0,562145 0,521255
2500 0,367190 0,592360 0,544885
3000 0,370903 0,618890 0,562935
3500 0,373830 0,643675 0,581210
4000 0,376553 0,665105 0,597565
4500 0,378407 0,685215 0,615515
5000 0,380503 0,704440 0,630800
5500 0,382287 0,722435 0,641895
6000 0,384440 0,742300 0,656395
6500 0,386257 0,761960 0,670345
7000 0,387653 0,779125 0,683980
7500 0,389640 0,794560 0,696150
8000 0,390210 0,808600 0,707615
8500 0,391400 0,823485 0,718935
9000 0,392633 0,837340 0,731050
9500 0,394400 0,850095 0,742990
10000 0,395117 0,863320 0,754700
A Figura 4.16 ilustra a evolução das deformações permanentes
apresentadas no Quadro 4.18 em função do número de aplicações da
tensão desviadora axial cíclica para misturas betuminosas com emulsão
asfáltica RL – 1C.
84
Deformão Permanete em
misturas com emulsão RL - 1C
0,200000
0,250000
0,300000
0,350000
0,400000
0,450000
0 2000 4000 6000 8000 10000
Nº de ciclos
Deformação
Permanente (%)
Figura 4.16: Evolução das deformações permanentes em função do número
de aplicações da tensão desviadora axial cíclica para misturas com emulsão
do tipo RL – 1C, com Grau de Compactação de 98%, à temperatura de 27ºC.
A Figura 4.17 ilustra a evolução das deformações permanentes
apresentadas no Quadro 4.18 em função do número de aplicações da
tensão desviadora axial cíclica para misturas com emulsão do tipo RM – 1C.
Deformação Permanente em
misturas com emulsão RM - 1C
0,200000
0,300000
0,400000
0,500000
0,600000
0,700000
0,800000
0,900000
0 2000 4000 6000 8000 10000
Nº de ciclos
Deformação
Permanente (%)
Figura 4.17: Evolução das deformações permanentes em função do número
de aplicações da tensão desviadora axial cíclica para misturas com emulsão
do tipo RM – 1C, com Grau de Compactação de 99%, à temperatura de 27ºC.
A Figura 4.18 ilustra a evolução das deformações permanentes
apresentadas no Quadro 4.18 em função do número de aplicações da
tensão desviadora axial cíclica para misturas com CAP 50-70.
85
Deformão Permanente em
misturas com CAP 50-70
0,200000
0,300000
0,400000
0,500000
0,600000
0,700000
0,800000
0 2000 4000 6000 8000 10000
Nº de ciclos
Deformação
Permanente (%)
Figura 4.18: Evolução das deformações permanentes em função do número
de aplicações da tensão desviadora axial cíclica para misturas com CAP 50-
70, com Grau de Compactação de 95%, à temperatura de 27ºC.
Pela análise do Quadro 4.18 e figuras 4.16, 4.17 e 4.18, nota-se que
as deformações permanentes aumentaram na medida em que o número de
repetições de carga aumentou. Para os primeiros ciclos, este aumento foi
mais pronunciado.
A influência do ligante presente na mistura pode ser visualizada pelos
valores encontrados ao final dos 10.000 ciclos, onde se percebem valores
bem inferiores para as misturas com emulsão do tipo RL – 1C. Cabe aqui
ressaltar, que na moldagem das amostras das misturas a quente não foi
possível alcançar o mesmo grau de compactação das misturas a frio,
dificultando uma análise comparativa mais acurada quanto ao desempenho
das misturas.
4.6 – Resistência à água (adesividade)
Conforme o método de ensaio DNER 078/94, verificou-se uma
condição não satisfatória para as misturas empregando emulsão RL – 1C e
CAP 50-70, pois houve um considerável deslocamento da película
betuminosa dos agregados misturados com emulsão RL – 1C, após 72
horas recobertos com água destilada em estufa à temperatura de 40ºC e um
deslocamento parcial da película betuminosa nos agregados envoltos com o
CAP 50-70 nas mesmas condições.
86
Uma condição satisfatória foi observada para a mistura empregando-
se emulsão RM – 1C, onde não se verificou qualquer deslocamento da
película betuminosa nos agregados. A Figura 4.19, a seguir, evidencia as
análises citadas anteriormente.
RL – 1C RM – 1C CAP 50-70
Figura 4.19: Envolvimento dos agregados pelos ligantes betuminosos após 72
horas recobertos por água destilada em estufa à 40ºC.
87
5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 – Conclusões
Através da análise e interpretação dos resultados apresentados no
tópico anterior, as principais conclusões desta pesquisa são as seguintes:
a) o atendimento da faixa de granulometria para um determinado tipo
de mistura betuminosa é um dos requisitos mais importantes para
o seu bom desempenho. A faixa granulométrica utilizada neste
trabalho atendeu à especificação DNIT 031/2004 do concreto
asfáltico, mas não atendeu à especificação DNER 317/97 do pré-
misturado a frio para a fração ¾” (19,1mm). Entretanto, situou-se
praticamente numa posição intermediária à faixa de projeto. A
tolerância não deve ser aplicada às faixas especificadas para
projetos de misturas betuminosas em laboratório, salvo para
execução das misturas em usinas;
b) para todos os traços de misturas betuminosas empregados nesta
pesquisa, os valores de fluência ultrapassaram os limites
superiores recomendados nas especificações de serviço. Assim,
neste trabalho, ficou sinalizada uma necessidade de rever esses
88
limites. Entretanto, se a prensa não for automatizada, após a
percepção da ruptura do corpo-de-prova pelo operador e, em
seguida, a sua reação para desligar a máquina, a amostra
continua se deformando;
c) não se observou influência significativa quanto à energia de
compactação nos resultados do ensaio Marshall para as misturas
betuminosas a frio, já que os valores de estabilidade, porcentagem
de vazios e fluência foram próximos para ambas às energias
empregadas nos três teores estudados. Assim, o limite do número
de golpes para a compactação das amostras é uma questão
importante a ser revista;
d) os maiores valores de estabilidade encontrados para a mistura
empregando-se CAP corresponderem ao teor de projeto
encontrado na dosagem Marshall. Entretanto, esses valores foram
inferiores ao limite mínimo recomendado na especificação de
serviço;
e) com relação ao indicador vazios no agregado mineral (VAM), para
os três tipos de ligantes e correspondentes misturas, os valores
encontrados variaram aproximadamente de 1% para todos os
traços efetuados nesta pesquisa, justificando investigar este
indicador como aproximadamente constante para uma
determinada granulometria e energia de compactação;
f) no que diz respeito à resistência à tração por compressão
diametral, à temperatura de 30ºC, notou-se, em sua maioria, que
os melhores valores corresponderam ao teor de projeto
encontrado na dosagem Marshall para os três tipos de ligantes.
Nas misturas a frio, observou-se uma proximidade dos valores
para as duas energias de compactação; os baixos valores
89
encontrados podem estar relacionados à temperatura e
equipamentos empregados no ensaio;
g) com relação às deformações permanentes, as misturas com
emulsão do tipo RL – 1C apresentaram deformações permanentes
inferiores às misturas com emulsão do tipo RM – 1C. Este
comportamento foi observado ao longo de todos os ciclos do
ensaio;
h) nos estudos de deformação permanente, devido à infra-estrutura
de laboratório disponível, não foi possível alcançar para as
misturas a quente o mesmo grau de compactação obtido para as
misturas a frio, dificultando uma análise comparativa mais acurada
quanto ao desempenho das referidas misturas;
i) quanto ao ensaio de adesividade que se utiliza para analisar o
possível deslocamento da película betuminosa pela ação da água,
as misturas, empregando-se emulsão asfáltica do tipo RL – 1C e
CAP 50-70, apresentaram resultados insatisfatórios. O emprego
deste ensaio deve ser realizado no início dos trabalhos, pois
permite verificar a necessidade ou não de utilização de
melhoradores de adesividade ou troca de materiais.
5.2 – Recomendações
Para futuros trabalhos recomenda-se:
a) estudar o comportamento mecânico de misturas betuminosas
obtendo novas composições granulométricas com agregados de
origens diferentes dos empregados nesta pesquisa. Também,
utilizar ligantes betuminosos de asfaltos modificados com polímero
e asfaltos com adição de teores de borracha moída de pneu;
90
b) estudar ainda a influência da variação granulométrica no
desempenho das misturas a frio e a quente;
c) estudar o comportamento quanto a deformação permanente e à
fadiga de misturas betuminosas buscando um balanço ideal do
teor de betume a ser empregado, pois tem se verificado que
aumentando o teor de betume melhora a vida de fadiga; em
contrapartida, aumenta a deformação permanente;
d) estudar a influência do tipo de compactação (por impacto e
giratória) nas misturas empregadas nesta pesquisa;
e) estudar a adição de melhoradores de adesividade para os
materiais empregados nesta pesquisa, principalmente para as
misturas em que os resultados foram insatisfatórios;
f) estudar o módulo de resiliência e a deformação permanente de
misturas betuminosas para teores de CAP acima e abaixo do
ótimo;
g) estudar as misturas através do ensaio triaxial convencional para
obter os parâmetros de resistência ao cisalhamento das misturas;
91
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