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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
MESTRADO EM CLÍNICA ODONTOLÓGICA
ENDODONTIA
ROBERTA KOCHENBORGER SCARPARO
ANÁLISE DA REAÇÃO TECIDUAL A CIMENTOS ENDODÔNTICOS DE ÓXIDO
DE ZINCO E EUGENOL, À BASE DE RESINA EPÓXICA E À BASE DE RESINA
METACRILATO: ESTUDO “IN VIVO”.
Dissertação apresentada a Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Odontologia
– Endodontia.
Orientadora: Profa. Dra. Elaine Vianna Freitas Fachin
Porto Alegre
2007
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
S286a Scarparo, Roberta Kochenborger
Análise da reação tecidual a cimentos endodônticos de óxido de zinco
e eugenol, à base de resina epóxica e à base de resina metacrilato: estudo
“in vivo” / Roberta Kochenborger Scarparo. - 2007.
123 f. : il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Odontologia. Programa de Pós-Graduação em Odontologia –
Clínica Odontológica (Endodontia), Porto Alegre, 2007.
Orientadora: Elaine Vianna Freitas Fachin.
1. Endodontia 2. Obturação do canal radicular 3. Materiais
biocompatíveis 4. Cimentos dentários I. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Faculdade de Odontologia II. Título.
CDU 616.314.18
Bibliotecária: Eloisa Futuro Pfitscher CRB 10/598
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De tudo ficam três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto, devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...
Fernando Pessoa
AGRADECIMENTOS
A Deus, por nos dar a coragem necessária para que a cada dia possamos utilizar
nossa capacidade para superar desafios e conduzir caminhos que nos levem ao
crescimento.
A minha família, meus irmãos Eduardo e Marcelo, meu pai Paulo Sergio, minha
mãe Helena e minha avó Lacy. Agradeço imensamente pelo amor dedicado e pela
presença ao meu lado me apoiando a superar obstáculos e a seguir em frente.
À querida “dindinha” Letícia Spano, pela amizade e companheirismo que marcam
nossa convivência. Pelo exemplo de integridade e pelo carinho.
A Eva Maria dos Santos Fortunato, minha querida amiga. Pelo apoio e dedicação
demonstrados a cada dia.
A minha Orientadora Elaine Vianna Freitas Fachin por oportunizar a realização de
um objetivo, pelo incentivo e pela confiança sempre expressos em seus atos.
Aos alunos do Curso de Especialização em Endodontia do Hospital de Aeronáutica
de Canoas e do Curso de Graduação da Faculdade de Odontologia da UFRGS por
permitirem meu aprendizado e conseqüente crescimento pessoal e profissional. Pela
excelente convivência sempre pautada por respeito e amizade.
Ao professor Nicolau Milano por ser um exemplo de dedicação ao ensino e à
Odontologia. Pelos ensinamentos e pelo carinho.
A querida amiga e mestre Fabiana Soares Grecca pela competência,
disponibilidade e carinho com os quais me auxiliou nesse estudo.
Aos meus mestres, amigos e colegas professores, Régis Burmeister dos Santos e
João Ferlini Filho pelo exemplo e pelo carinho. Pela dedicação e apoio que me incentivam
a seguir rumos semelhantes aos seus.
A amiga e colega, profa. Liliane Inês Sachet Massoni pelo companheirismo e
cumplicidade. Por dividir sonhos e buscar novas conquistas.
A Reinaldo Benfica Neto pelo carinho e pelo exemplo de coragem e determinação.
Aos colegas do Curso de Pós-Graduação por dividirem dificuldades, tornando o
caminho mais leve e permitindo a troca de experiências.
Ao professor Manoel Sant’Anna Filho pela dedicação e ajuda durante o
desenvolvimento desse estudo.
A Isabel da Silva Lauxen e Luciana Adolfo Ferreira, pela competência e
disponibilidade durante o preparo das lâminas histológicas.
Aos funcionários do Biotério da UFRGS, pelo imprescindível apoio oferecido.
A Gabriela Bagatini Bassegio, pela dedicação e ajuda dispendidas durante o
período experimental desse estudo.
Enfim, a todos que estiveram presentes ao longo desses anos me incentivando e me
ajudando a enfrentar dificuldades sem desviar de objetivos, meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
O presente estudo objetivou comparar histologicamente, nos períodos de 7, 30 e 60
dias, as reações ocorridas no tecido conjuntivo subcutâneo de ratos a três cimentos
endodônticos. Foi realizada a implantação de tubos de polietileno contendo um cimento
endodôntico de óxido de zinco e eugenol (EndoFill), um cimento à base de resina epóxica
(AH Plus), um cimento à base de resina metacrilato (EndoRez) e tubos vazios (grupo
controle). Observou-se as características do componente celular inflamatório - atentando
para a presença de neutrófilos, linfócitos, plasmócitos, eosinófilos, macrófagos e células
gigantes - da condensação fibrosa e da formação de abscesso. Foi realizada análise
estatística entre os grupos realizada por meio do teste de Friedman, complementado pelo
teste de Wilcoxon. Já as comparações entre os períodos de 7, 30 e 60 dias foram realizadas
pelo teste de Kruskall Wallis complementado pelo teste U de Mann-Whitney.
Os resultados apontaram para maior intensidade da reação inflamatória promovida
pelos cimentos EndoFill e EndoRez, especialmente no que se refere às características do
infiltrado linfoplasmocitário e à presença de macrófagos, os quais se apresentaram em
número estatisticamente superior aos demais grupos. A condensação fibrosa foi menos
intensa nas amostras do cimento EndoFill, e a indução de abscesso foi bastante reduzida
nos quatro grupos de estudo, não sendo observadas diferenças significativas.
O AH Plus apresentou uma tendência à redução das características da reação
inflamatória, ainda que estatisticamente não tenham sido observadas diferenças entre os
períodos avaliados (7,30 e 60 dias). Já os cimentos EndoFill e EndoRez apresentaram uma
tendência à manutenção da reação inflamatória por períodos mais longos. Apenas no
grupo controle houve redução significativa das características da reação inflamatória ao
longo dos três períodos experimentais. Tais observações tornam evidente a ausência, entre
os materiais testados, de um cimento com características ideais de biocompatibilidade.
Palavras-chave: endodontia, obturação do canal radicular, materiais
biocompatíveis, cimentos dentários
ABSTRACT
The purpose of this study was to make a histological comparison, over 7- 30- and
60-day periods, of subcutaneous conjunctive tissue reactions to three endodontic sealers in
rats. Polyethylene tubes containing a zinc-oxide and eugenol sealer (EndoFill), an epoxy-
resin-based sealer (AH Plus), a methacrylate-resin-based sealer (EndoRez), together with
empty tubes (control group) were implanted. The characteristics of the inflammatory cell
component were observed for the presence of neutrophils, lymphocytes, plasmocytes,
eosinophils, macrophages and giant cells, together with fibrous condensation and
formation of tissue abscesses.
The results indicated a greater intensity of inflammatory reaction caused by the
EndoFill and EndoRez sealers, particularly in relation to the characteristics of
lymphoplasmocytic infiltration, and the presence of macrophages, which were statistically
more evident than in the other groups. Fibrous condensation was less intense in the
EndoFill samples, and abscess induction was considerably reduced in the four study
groups, with no significant differences observed.
AH Plus presented a tendency for reducing the characteristics of the inflammatory
reaction, although no statistical differences were noticed between the periods assessed (7,
30 and 60 days). The EndoFill and EndoRez sealers display a tendency for maintaining the
inflammatory reaction for longer periods. Only the control group displayed a significant
reduction in the characteristics of the inflammatory reaction over the three experimental
periods. These observations demonstrate the absence of a sealer with ideal
biocompatibility characteristics among the materials tested.
Keywords: endodontics, root canal obturation, biocompatible materials, dental
cements
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
ADA - American Dental Association
ISO - International Standard Organization
ASTM - American Society for Testing and Materials
FDI – Fedération Dentaire International
h – hora
CFU – unidades formadoras de colônias
ADA/ANSI – American Dental Association/ American National Standards Institute
ISO/FDI – international Standards Institute / Fedération Dentaire International
mm – milímetro
PVC - poli cloreto de vinila
mg/kg – miligrama por quilograma
cm – centímetro
µm – micrômetro
ml – mililitro
l – litro
GI – Grupo I
GII – Grupo II
GIII – Grupo III
GIV – Grupo IV
GPPG/HCPA – Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre
HE – Hematoxilina de Harris e Eosina
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
LP- Infiltrado linfoplasmocitário
CP- Cápsula fibrosa
MC- Macrófagos
HM-Hemosiderina
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Comparação entre os grupos: 7 dias.
66
Gráfico 2. Comparação entre os grupos: 30 dias.
71
Gráfico 3. Comparação entre os grupos: 60 dias.
77
Gráfico 4. Comparação entre os tempos: Grupo I.
78
Gráfico 5. Comparação entre os tempos: Grupo II.
79
Gráfico 6. Comparação entre os tempos: Grupo III.
80
Gráfico 7. Comparação entre os tempos: Grupo IV.
81
LISTA DE SUBSTÂNCIAS CITADAS
Cimentos à base de resina epóxica
AH 26
AH Plus
Sealer Plus
Diaket
RC Sealer
Cimentos de óxido de zinco e eugenol
EndoFill
FillCanal
Cimento de Rickert
N-Rickert
N2
Endomethasone
Endomethasone N
Kerr PCS (Pulp Canal Sealer)
Roth 801
Roth 811
Tubli Seal
Canals
Cimento original de Grossman
Sealite
Cimentos à base de resina metacrilato
EndoRez
Epiphany
Cimentos à base de hidróxido de cálcio
Hypocal
Apexit
Sealapex
Cimentos à base de ionômero de vidro
Ketac-Endo
Endion
Outros cimentos
Sealer 26 – cimento à base de resina epóxica que contém hidróxico de cálcio em sua
composição
MCS – Cimento que contém iodofórmio
Kloroperka/Eucapercha – materiais compostos por bálsamo canadense, resinas, guta-
percha, óxido de zinco e clorofórmio
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Dorso do animal com identificação do local das quatro incisões
onde foram implantados os tubos.
55
Figura 2: Infiltrado linfoplasmocitário intenso(*) promovido pelo cimento
EndoFill no período experimental de 7 dias.
62
Figura 3: Aspecto da reação tecidual no grupo controle no período de 7 dias.
Figura 4: Reação ao cimento AH Plus no período de 7 dias. Infiltrado
linfoplasmocitário (*) e início da condensação fibrosa.
Figura 5: Reação tecidual ao cimento EndoRez no período experimental de
7 dias. Nota-se a presença de infiltrado linfoplasmocitário(*) e de célula
gigante (seta).
Figura 6: Aspecto da reação tecidual ao cimento EndoFill no período
pós-operatório de 30 dias. Nota-se presença de infiltrado inflamatório
crônico (*) e de macrófagos (setas).
Figura 7: Reação inflamatória no grupo controle no período experimental
de 30 dias. Nota-se infiltrado linfoplasmocitário pouco intenso(*) e
aumento da espessura da condensação fibrosa que envolve a reação
inflamatória (setas).
Figura 8: Aspecto do infiltrado inflamatório (*) produzido pelo cimento
AH Plus no período de 30 dias pós-operatório. Nota-se também a
presença de célula gigante (seta).
Figura 9: Quadro histopatológico produzido pelo cimento EndoRez
62
63
63
68
68
69
69
no período experimental de 30 dias. Nota-se infiltrado linfoplasmocitário
intenso (*) e tecido rico em hemosiderina (setas).
Figura 10: Reação inflamatória ao cimento EndoFill no período pós-operatóri
o
de 60 dias. Nota-se manutenção do infiltrado inflamatório crônico (*) e a
presença de abscesso (setas).
Figura 11: Aspecto histopatológico de amostra do Grupo II no período
experimental de 60 dias. Observa-se cicatrização do tecido.
Figura 12: Aspecto da reação tecidual ao cimento AH Plus no
período de 60 dias apresentando infiltrado inflamatório crônico moderado (*).
Figura 13: Aspecto da reação inflamatória produzida pelo cimento
EndoRez no período pós-operatório de 60 dias. Presença de infiltrado
linfoplasmocitário (*) limitado por cápsula fibrosa (setas).
73
73
74
74
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Comparação entre os grupos no período experimental de 07 dias.
64
Tabela 2. Comparação entre os grupos no período experimental de 30 dias.
70
Tabela 3. Comparação entre os grupos no período experimental de 60 dias.
75
Tabela 4. Comparação entre os tempos: Grupo I.
78
Tabela 5. Comparação entre os tempos: Grupo II.
80
Tabela 6. Comparação entre os tempos: Grupo III.
82
Tabela 7. Comparação entre os tempos: Grupo IV.
84
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 18
2. REVISÃO DE LITERATURA 21
2.1 - Características gerais dos cimentos endodônticos 21
2.1.1 – Adesão e Capacidade de Selamento 25
2.1.2 – Capacidade Antimicrobiana 28
2.2 – Avaliação da biocompatibilidade de materiais 29
2.2.1 – Importância e definições 29
2.2.2 – Métodos utilizados 32
3. OBJETIVOS 52
4. METODOLOGIA 53
4.1 – Tipo de estudo 53
4.2 – Local de realização da pesquisa 53
4.3 – Descrição da amostra 53
4.4 – Métodos empregados 54
4.5 – Análise dos resultados 58
4.6 – Considerações éticas 59
5. RESULTADOS 60
6. DISCUSSÃO 86
6.1 – Sobre a metodologia empregada 87
6.2 – Da análise dos resultados 88
7. CONCLUSÕES 103
8. REFERÊNCIAS 105
9. ANEXOS 118
1. INTRODUÇÃO
A completa obturação do sistema de canais radiculares constitui um fator chave
para o sucesso da terapia endodôntica A principal razão para tanto é o fato de que,
mesmo após o preparo biomecânico, as paredes do canal radicular podem conter
microrganismos capazes de promover irritação aos tecidos periapicais (NGUYEN,
1994; PÉCORA; SOUZA-NETO, 2001).
Os materiais mais utilizados para o preenchimento dos canais radiculares são os
cones de guta-percha associados aos cimentos endodônticos. Os cones de guta-percha
são o material em estado sólido e compõem a maior parte da massa obturadora. O papel
dos cimentos é preencher espaços residuais entre o material obturador sólido e as
paredes do canal radicular (AHLBERG; TAY, 1998), obturando os túbulos dentinários e
o forame apical contra a invasão microbiana (PÉCORA; SOUZA-NETO, 2001).
A obtenção do selamento ideal é extremamente difícil e, sendo assim, tem-se
buscado um cimento endodôntico que, além de se adaptar à guta-percha e às paredes
dentinárias do canal radicular, não sofra alterações dimensionais. Somadas a isso,
características como capacidade antimicrobiana, facilidade de manipulação,
radiopacidade, facilidade de remoção do canal radicular e a não alteração de cor do
elemento dental também são almejadas (GEORGOUPOLOU et al, 1995; PÉCORA;
SOUZA NETO, 2001).
Para que estas características possam auxiliar no sucesso da terapia endodôntica,
é imprescindível que o material obturador seja biocompatível, de modo a favorecer o
selamento biológico da região periapical. Sendo assim, a determinação do
comportamento biológico de um material é indispensável, pois proporciona parte do
embasamento científico necessário à aplicação de práticas terapêuticas bem
fundamentadas (COSTA, 2001a). Em especial na Endodontia, a biocompatibilidade de
um cimento obturador está relacionada com a sua capacidade de oferecer condições ou
até mesmo de favorecer o reparo (BERBERT et al, 2002).
Sabe-se que o comprometimento dos tecidos lesados é um aspecto que influencia
negativamente o processo de cura, o qual inicia com mais rapidez quando a intensidade
da irritação sofrida for baixa (MENDONÇA; ESTRELA, 2001). Portanto, são
considerados apropriados do ponto de vista biológico cimentos obturadores que
apresentem boa tolerância tecidual, sejam reabsorvidos no periápice em casos de
extravasamento acidental e permitam o reparo, contribuindo para que se obtenha a
menor agressão possível aos tecidos periapicais.
Está claro que respeitar o limite apical de trabalho, visando a atuar dentro do
canal dentinário, contribui para a diminuição de agressões mecânicas e químicas
impostas aos tecidos durante a terapia endodôntica, melhorando conseqüentemente as
condições para o reparo. Mendonça e Estrela (2001) concordam que o extravasamento
de material no periodonto apical dificulta o desenvolvimento do processo de reparo e
afirmam que as repercussões de tais acidentes podem permanecer como lesões
inflamatórias crônicas. No caso de extravasamento, o reparo se dá através da fagocitose
por células inflamatórias e do encapsulamento do "objeto estranho" por um tecido
conjuntivo fibroso.
Por outro lado, boas condições de biocompatibilidade de um material que venha
a ser extravasado acidentalmente podem minimizar os danos causados, evitando que as
irritações química e mecânica conduzam a uma inflamação crônica persistente
(SELTZER, 1967; SELTZER, 1971).
A guta-percha tem sido considerada uma substância não-tóxica e bem aceita
pelos tecidos vivos (HUNTER, 1957). De acordo com Seltzer (1971) a guta-percha
extruída é encapsulada por fibrose, uma vez que os macrófagos não conseguem
fagocitá-la.
Por outro lado, ainda se busca um cimento que proporcione um bom selamento e
seja bem tolerado (LIGOCKI, 1998). É sabido que os cimentos endodônticos promovem
algum grau de resposta inflamatória. Entretanto, essa reposta deve ser clinicamente
aceitável e restrita a curtos períodos de tempo. Desta forma, o material obturador deve,
após as reações pós-operatórias iniciais, tornar-se tão inerte quanto possível
(YESILSOY et al, 1988).
Nesse sentido, para que um novo cimento endodôntico seja considerado mais
vantajoso que os já estabelecidos no mercado, é necessário que seja realizado um
conjunto de análises que permita identificar suas características físicas e de
biocompatibilidade, e, após, possa-se averiguar clinicamente a sua eficácia.
Dentre os cimentos disponíveis no mercado estão os cimentos de óxido de zinco
e eugenol, os cimentos à base de resina epóxica, os cimentos à base de resina
metacrilato, os cimentos à base de hidróxido de cálcio e os cimentos à base de ionômero
de vidro. Nesse estudo, pretendemos avaliar especialmente um cimento de óxido se
zinco e eugenol (EndoFill), um cimento à base de resina epóxica (AH Plus) e um
cimento a base de resina metacrilato (EndoRez).
2. REVISÃO DE LITERATURA
2. 1. Características gerais dos cimentos endodônticos
O presente estudo focalizou aspectos relacionados aos cimentos de óxido de
zinco e eugenol, cimentos à base de resina epóxica e cimentos à base de resina
metacrilato.
Os cimentos de óxido de zinco e eugenol foram introduzidos por Grossman em
1958, sofrendo alterações em sua fórmula original. Basicamente, apresentam a
formulação pó-líquido, sendo o pó composto por óxido de zinco, resina Staybelite,
subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e borato de sódio anidro e o líquido por
eugenol (LIGOCKI, 1998). Apesar do surgimento de novos materiais, os cimentos
endodônticos de óxido de zinco e eugenol ainda hoje são amplamente utilizados,
reunindo qualidades como o baixo custo, facilidade de manipulação e boa radiopacidade
(TRONSTAD, 1991). Entre os cimentos comercialmente disponíveis situam-se o
EndoFill, o cimento de Rickert, o N-Rickert, o N2, o Pulp Canal Sealer e o
Endomethasone.
O EndoFill, de acordo com o fabricante (Dentsply HERO Indústria e Comércio
Ltda. – Petrópolis- RJ, Brasil), possui a seguinte composição:
Pó:
-Óxido de Zinco
-Resina Hidrogenada
-Subcarbonato de Bismuto
-Sulfato de Bário
-Borato de Sódio
Líquido:
-Eugenol e óleos de amêndoas doces
Já os cimentos à base de resina epóxica surgiram como alternativa aos cimentos
existentes no mercado, ganhando seu espaço em função de características como adesão
à estrutura dentária, longo tempo de trabalho, facilidade de manipulação e bom
escoamento (LEAL, 1998). O cimento AH-26 surgiu como uma alternativa em 1957,
sendo uma combinação macromolecular sintética do grupo das resinas epóxicas que
apresenta a formulação um pó (óxido de bismuto, prata pulverizada, dióxido de titânio e
hexametilenotetramina) e uma resina base (éter de bisfenol A diglicídil). A partir de
então, diversas modificações e alternativas foram sendo produzidas e deram origem a
uma variada gama de cimentos endodônticos à base de resina epóxica, como o TopSeal,
o Sealer 26 e o AH Plus. O AH Plus é, portanto, um cimento à base de resina epóxica,
criado a partir de modificações na fórmula do cimento AH 26 (SALLES, 2001).
O AH Plus é composto por um sistema pasta-pasta: pasta A ou “pasta epóxi” e
pasta B ou “pasta amina”. De acordo com o fabricante (Dentsply HERO Indústria e
Comércio Ltda. – Petrópolis- RJ, Brasil), o AH Plus possui a seguinte formulação:
Pasta Epóxi:
- Resinas epóxicas
- Tungstanato de cálcio
- Óxido de zircônio
- Sílica
- Óxido de ferro
Pasta Amina:
- Aminas
- Tungstanato de cálcio
- Óxido de Zircônio
- Sílica
- Óleo de silicone
Mais recentemente têm sido introduzidos na prática endodôntica os cimentos à
base de resina metacrilato, dentre os quais podemos citar o cimento Epiphany e o
EndoRez. Os cimentos à base de resina metacrilato foram inicialmente desenvolvidos
para utilização em cirurgias ortopédicas envolvendo tecido ósseo. O cimento ortopédico
original possui como componentes um polímero polimetacrilato (preferencialmente o
polietilmetacrilato) e um monômero na forma líquida, composto do n-butilmetacrilato e
de uma amina que ativa o composto, tal como a N´N dimetil p-toluidina. Estudos
preliminares com a resina original mostraram boa adesividade com a dentina e com a
guta-percha, além de resultados favoráveis em estudos de citotoxicidade. Entretanto,
algumas características indesejáveis também foram notadas, tais como curto tempo de
trabalho e infiltração apical. A fim de corrigir esses problemas, algumas modificações
foram testadas, dando origem a cimentos para uso endodôntico. O cimento passou por
modificações na composição do polímero e do monômero e na proporção
polímero/monômero, além da adição de partículas tais como óxido de zinco,
hidroxiapatita e ionômero de vidro na tentativa de melhorar sua capacidade de
selamento (AHLBERG; TAY, 1998).
O EndoRez é disponibilizado em duas pastas inseridas em uma seringa com
compartimentos separados, as quais devem ser misturadas em proporções iguais por
meio de um dispositivo de mistura acoplado. O cimento é composto de óxido de zinco,
sulfato de bário, resinas e pigmentos inseridos em uma matriz resinosa de uretano
dimetacrilato.
De acordo com o fabricante (Ultradent Products, Inc., South Jordan, Utah, USA),
O EndoRez apresenta a seguinte composição:
Pasta Base/ Pasta Catalisadora:
-Uretano Dimetacrilato 30%
-Clorexidina 1%
Ainda em relação às propriedades físico-químicas dos cimentos endodônticos,
Carvalho-Júnior et al (2003) avaliaram se as características de solubilidade,
desintegração e alterações dimensionais dos cimentos Ketac-Endo, EndoFill, N-Rickert
e Sealer 26 estavam de acordo com as recomendações da American National Standards
Institute (ADA). Em relação à estabilidade dimensional todos os cimentos
apresentaram-se adequados. Quanto à solubilidade e desintegração os cimentos EndoFill
e Ketac-Endo apresentaram valores acima dos desejados.
Versaini, et al (2006) compararam propriedades físico-químicas de um cimento à
base de resina epóxica (AH Plus) e de um cimento a base de resina metacrilato
(Epiphany) , verificando características como a solubilidade, e alterações dimensionais
desses materiais. Os resultados não mostraram diferenças estatisticamente significantes
para o escoamento e espessura do filme dos materiais. O cimento Epiphany sofreu
maiores alterações dimensionais, com expansão de 8,1% contra 1,3% do AH Plus, e
maior solubilidade. Nesses quesitos foram observadas diferenças estatisticamente
significantes.
2.1.1 – Adesão, Escoamento e Capacidade de Selamento
De Deus et al (2002) avaliaram in vitro a penetração intratubular do EndoFill,
AH plus, Sealapex e do Pulp Canal Sealer em microscopia eletrônica de varredura
(MEV). Concluíram que o cimento de Rickert (Pulp Canal Sealer) foi o que apresentou
maior capacidade de penetração intradentinária e o cimento de hidróxido de cálcio
(Sealapex), a menor. Os demais cimentos não apresentaram diferenças estatisticamente
significantes entre si para essa variável. Também observaram que a lama dentinária
influenciou negativamente a penetração intradentinária dos cimentos testados.
Kopper et al (2003) testaram em cães a capacidade de selamento coronário dos
cimentos AH Plus, EndoFill e Sealer 26. Os dentes foram preparados e obturados, sendo
posteriormente desobturados até o terço apical. Os dentes foram temporariamente
selados com restaurações de ionômero de vidro, a fim de que a presa dos materiais fosse
obtida. Após 72 horas o material selador foi removido, e os canais permaneceram
expostos ao ambiente bucal por 45 dias. Concluíram que nenhum dos cimentos é capaz
de promover selamento e ausência de infiltração coronária. Entretanto, foi observada
diferença estatisticamente significante entre os grupos, sendo menores as médias de
infiltração observadas para o AH Plus e maiores as observadas para o Sealer 26.
Apesar da boa adesão à guta-percha atribuída aos cimentos à base de resina
metacrilato, autores como Kardon et al (2003) verificaram deficiências em relação à
habilidade seladora do EndoRez quando este é utilizado com técnica de obturação que
empregue cone único. Segundo os autores, a utilização do EndoRez em associação com
cone único apresenta infiltração apical significativamente maior do que a observada
após a obturação de canais com o cimento AH Plus com técnica de cone único ou com
técnica de termoplatificação com os sistemas System B e Obtura.
Cobankara et al (2006) observaram a infiltração apical em dentes obturados com
os cimentos Rocanal 2, Sealapex, AH Plus e RC Sealer, utilizando a técnica de
condensação lateral da guta-percha. Os autores observaram as amostras em 7, 14 e 21
dias, verificando melhores resultados para o Sealapex em todos os períodos
experimentais. Os demais cimentos não diferiram estatisticamente em relação à
infiltração apical.
Yücel et al (2006) compararam in vitro a penetração bacteriana apical de
Enterococcus faecalis após obturação dos canais com quatro cimentos endodônticos.
Após 30 dias, foi observada a penetração de bactérias em toda a extensão dos canais em
80% das raízes obturadas com AH Plus ou com Ketac-Endo, em 85% dos canais
obturados com Sealapex e em 75% daqueles em que o AH 26 foi utilizado,
representando ausência de diferença estatística entre os grupos. Após 60 dias, foi
observada penetração total de bactérias em 100% dos canais obturados com AH Plus,
Ketac-Endo e Sealapex e em 95% daqueles obturados com AH 26.
Orucoglu, Sengun e Yilmaz (2005) testaram a infiltração apical obtida após a
obturação de canais pela técnica de condensação lateral da guta-percha empregando os
cimentos AH Plus, EndoRez e Diaket. Para tanto, utilizaram um modelo
computadorizado de quantificação de umidade, medida após expor as raízes preparadas
em ambiente a 37
o
C com 100% de umidade por 7 dias. Concluíram que o cimento
Diaket permitiu melhores resultados, enquanto o EndoRez e o AH Plus não
apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre si.
De Deus et al (2006) estudaram em dentes extraídos a capacidade de selamento
dos cimentos Pulp Canal Sealer, EndoRez, Sealapex e AH Plus em duas diferentes
espessuras. Para tanto, metade das amostras foi preenchida com cilindros de guta-percha
de 1mm enquanto as demais foram preenchidas com cilindros de guta-percha de 1,5mm,
pré-fabricados em moldes metálicos pela injeção de guta-percha termoplastificada,
permitindo que fossem utilizadas camadas mais finas e mais espessas dos cimentos para
obturação dos canais. Todos os cimentos foram preparados de acordo com as
recomendações dos fabricantes. As raízes foram mantidas em um modelo próprio para
testar infiltração bacteriana por 12 semanas. De maneira geral, camadas mais espessas
de cimento influenciaram negativamente em relação à infiltração apical. Os resultados
mostraram não haver diferença estatisticamente significante em relação à infiltração
entre os cimentos quando finas camadas foram testadas. Em maior espessura o AH Plus
revelou melhor desempenho.
Recentemente, Hiraishi et al (2006) investigaram a possibilidade de a remoção
acidental da camada inibidora de oxigênio da superfície de cones de guta-percha durante
seu acondicionamento reduzir sua adesão de cimentos à base de resina metacrilato. Para
tanto, testaram a aplicação de uma camada de adesivo dual sobre a guta-percha,
concluindo que ocorre a otimização da adesividade entre cones de guta-percha e o
cimento EndoRez. Sugerem que tal prática possa melhorar a capacidade de selamento
do cimento.
2.1.2 - Capacidade Antimicrobiana
Gomes et al (2004) testaram in vitro a capacidade antimicrobiana de cinco
cimentos endodônticos (Endomethasone, Endomethasone N, AH Plus, EndoFill e Sealer
26) contra Candida albicans, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis,
Streptococcus sanguis e Actinomyces naeslundii, utilizando os métodos de contato
direto e de difusão em ágar, nos períodos imediatamente após sua manipulação e após
24 h, 48 h e 7 dias. Nas duas metodologias utilizadas, após 24h, os cimentos EndoFill e
Endomethasone mostraram maior capacidade antimicrobiana para todas as espécies
testadas e o Sealer 26 foi o menos efetivo. Nos demais períodos experimentais não
foram observadas diferenças estatisticamente significantes.
Saleh et al (2004) investigaram a capacidade de diversos cimentos endodônticos
e do hidróxido de cálcio de eliminar microrganismos em túbulos dentinários. Dentes
extraídos tiveram segmentos de suas raízes preparados e autoclavados, sendo
posteriormente infectados experimentalmente com Enterococcus faecalis. Após sete
dias, amostras da dentina dos canais foram coletadas para análise do número de
unidades formadoras de colônias (CFU) presentes nos túbulos dentinários. Concluíram
que canais obturados com guta-percha e com os cimentos de Grossman ou com o AH
Plus foram efetivos em eliminar os microrganismos dos túbulos, enquanto os outros
cimentos endodônticos testados (Ketac-Endo, Apexit, Roekoseal Automix e Roekoseal
Automix com primer experimental), bem como o hidróxido de cálcio, foram menos
efetivos.
Kayaoglu, Erten e Alaçam (2005) investigaram a atividade antimicrobiana de
diversos cimentos endodônticos, permitindo e evitando o contato direto entre o cimento
e Enterococcus faecalis. O teste de contato direto mostrou que os cimentos MCS (um
cimento que contém iodofórmio em sua composição) e AH Plus (um cimento a base de
resina epóxica) eliminaram as bactérias em níveis inferiores aos detectados pelo
experimento. Tanto o MCS quanto o AH Plus foram seguidos em ordem decrescente de
eficácia antimicrobiana pelo cimento de Grossman, pelo Apexit e pelo Sealapex. Nos
testes de contato indireto foram eficazes o MCS, o AH Plus e o cimento de Grossman.
O Sealapex e o Apexit não apresentaram diferenças estatisticamente significantes em
relação ao grupo controle.
Sipert et al (2005) examinaram in vitro a atividade antimicrobiana de cimentos
de óxido de zinco e eugenol (Sealapex e Fill Canal), à base de resina metacrilato
(EndoRez), do agregado trióxido mineral (MTA) e do cimento de Portlland contra
várias espécies de Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Micrococcus luteus,
Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Pseudomonas aeruginosa e
Candida albicans. O Sealapex e o Fill Canal mostraram atividade antimicrobiana para
todas as espécies testadas. Já o MTA e o cimento de Portland apenas não inibiram
Escherichia coli, e o EndoRez não apresentou qualquer atividade antimicrobiana.
2.2- Avaliação da biocompatibilidade de materiais
2.2.1- Importância e definições
O aprimoramento da definição de biocompatibilidade está intimamente
relacionado com a busca por definir metodologias apropriadas para a avaliação dessa
característica. A International Standard Organization (ISO) regulamenta os testes
biológicos de materiais dentários, recomendando a realização de testes iniciais (testes de
citotoxicidade, testes de mutagenicidade e testes de toxicidade sistêmica via oral), de
testes secundários (implantes subcutâneos, musculares e ósseos e testes de
sensibilização e irritação) e de testes de uso (testes clínicos). A ISO 10993 (1991) e a
ISO 7405 (1997) consideram alguns requisitos básicos para a realização de testes
biológicos em humanos, quais sejam, a realização de uma profunda revisão de literatura,
testes in vitro, e in vivo em animais e, apenas posteriormente, testes clínicos em
humanos.
Apesar da importância da determinação da compatibilidade biológica de
materiais, vários aspectos relacionados ao assunto não apresentam consenso no meio
científico. Tanto é assim que o próprio conceito de biocompatibilidade é bastante
variável. A ASTM (2006) (American Society for Testing and Materials) define
biocompatibilidade como a avaliação da resposta produzida pelo íntimo contato de um
material com os tecidos vivos do hospedeiro em comparação à resposta produzida por
um grupo controle. Tais aspectos, apesar de serem bem aplicados a pesquisas que
envolvam animais experimentais - parte importante no processo de determinação da
compatibilidade biológica - não contemplam a abrangência necessária ao conceito, a
qual deve envolver aspectos relacionados à resposta terapêutica esperada em
decorrência de interações entre o material e os sistemas biológicos do indivíduo. Já a
definição encontrada no Dorland’s Medical Dictionary (2006) é de que
biocompatibilidade é a qualidade de não promover efeitos tóxicos ou deletérios em
sistemas biológicos. Tal conceito apresenta como falha a não consideração da inter-
relação entre o material e a resposta do hospedeiro, definindo a biocompatibilidade
apenas como ausência de resposta. A partir dessas críticas, novas definições foram
sugeridas, no sentido de permitir incluir no conceito aspectos relacionados a respostas
positivas e desejáveis. Sendo assim, de acordo com Willians (1999) biocompatibilidade
é a habilidade de um material de atuar em aplicação específica com resposta adequada
do hospedeiro. De forma semelhante, Costa (2001a) define biocompatibilidade como a
capacidade de um material exercer funções específicas quando aplicado em contato com
tecidos vivos, sem, contudo, causar danos ou prejuízos ao hospedeiro.
Craig e Powers (2004) definem biocompatibilidade como a capacidade de um
material extrair uma resposta biológica apropriada quando aplicado em um corpo. O
fato de um material ser biocompatível ou não depende da função física que se solicita do
material e de qual resposta biológica necessita-se dele.
Quando determinado material é colocado em contato com os tecidos e fluidos
corporais, invariavelmente há alguma forma de interação entre o material e o ambiente
biológico. Um material pode ser biocompatível quando possui a qualidade de não ser
destrutivo ao ambiente. É importante observar que essa interação ocorre de ambos os
lados, ou seja, o material pode ser afetado de alguma forma pelo ambiente biológico,
bem como o ambiente biológico pode ser afetado pelo material (VAN NOORT, 2004).
Dessa forma, a determinação da compatibilidade biológica de um material deve
envolver testes iniciais, testes secundários e testes de aplicação (pré-clínicos), para que,
posteriormente, as reações provocadas pelo material possam ser monitoradas e avaliadas
nas suas diversas aplicações em seres humanos, e possa ser determinada sua eficácia e
segurança em procedimentos clínicos de rotina (COSTA, 2001a).
2.2.2 Métodos utilizados
A) Testes iniciais
Os testes iniciais determinam, de maneira preliminar, o comportamento
biológico de materiais e de seus componentes. Parâmetros relacionados com o
crescimento celular, com a morfologia celular, com o conteúdo protéico das células e
com a liberação de prostaglandinas têm sido utilizados com esse propósito
(WILLERSHAUSEN et al, 2000). Os testes de citotoxicidade apresentam como
vantagem o fato de permitirem o desenvolvimento de metodologias estandardizadas e
reproduzíveis, sendo assim amplamente utilizados. Esses testes permitem avaliar a
viabilidade das células após o contato com os materiais em diferentes períodos
experimentais.
Um dos testes de citotoxicidade in vitro mais utilizados é o da marcação
radioativa das células em cultura através do emprego de cromato de sódio. Após a morte
celular, a liberação dos marcadores radioativos, os quais normalmente se aderem a
diversos constituintes protéicos das células, possibilita a quantificação do dano celular
causado pelo material experimental. Outra metodologia bastante utilizada é o método do
Filtro de Millipore, na qual a avaliação da citotoxicidade dos materiais é realizada
através da demonstração citoquímica da desidrogenase succínica, permitindo a
verificação da atividade mitocondrial das células. Já o teste para cultura de células em
Agar Overlav determina a toxicidade aguda dos materiais experimentais através da
aplicação direta dos materiais ou pela análise do seu extrato. Há também a possibilidade
de testes de citotoxicidade que realizam a contagem do número de células antes e após o
contato com materiais e produtos testes, e avaliam o metabolismo celular, o halo celular
ao redor dos corpos de prova e a morfologia das células em microscopia eletrônica de
varredura (COSTA, 2001b).
A viabilidade celular também pode ser avaliada em termos de proliferação
celular (número de células em diferentes períodos experimentais) e adesão celular
(NEFF; LAYMAN; JEANSONNE, 2002). Outros testes observam características como
a influência dos cimentos sobre a atividade de macrófagos (MENDES et al, 2003).
Testes de genotoxicidade e de mutagenicidade (CAMPS; ABOUT, 2003) também têm
sido realizados in vitro.
Essas características têm sido avaliadas em Endodontia em culturas de diversos
tipos celulares, como fibroblastos do tecido gengival humano (BRISEÑO;
WILLERSHAUSEN, 1991; WILLERSHAUSEN et al, 2000; TAI; HUANG; CHANG,
2001), e fibroblastos do tecido nasal humano (WILLERSHAUSEN et al., 2000), células
epiteliais tumorais (WILLERSHAUSEN et al., 2000), fibroblastos do tecido pulmonar
de roedores (TAI; HUANG; CHANG; 2001) e fibroblastos do tecido pulpar humano
(CAVALCANTI; RODE; MARQUES, 2005), entre outros, na dependência da
metodologia empregada e das características do material a ser testado.
Testes iniciais em Endodontia
Koulaozidou et al (1998) testaram in vitro a citocompatibilidade do AH26, AH
Plus e Topseal, sob linhagens celulares fibroblastos e polpa de ratos. Observaram que o
AHPlus apresentou os menores efeitos citotóxicos nos períodos de 24 e 48 horas.
Levando em consideração que o potencial de agressão tecidual do formaldeído
poderia retardar ou impedir o reparo endodôntico, e que a substância pode ser formada
mesmo em cimentos que não a contém em sua fórmula, Leonardo et al (1999a)
investigaram sua liberação pelos cimentos AH26, AH Plus, Endomethasone e Topseal.
Espectroscopia infra-vermelha e eletrônica foram utilizadas para determinar o conteúdo
de formaldeído nos cimentos após sua manipulação e presa. Os resultados mostraram
que os cimentos AH26 e Endomethasone liberam formaldeído, e que os cimentos AH
Plus e Topseal também apresentam liberação de formaldeído, embora em concentrações
mínimas.
Willershausen et al (2000) investigaram a citotoxicidade do Sealapex, Endion,
Super-Eba , Ketac-Endo, AH Plus, da guta-percha tradicional e da guta-percha com base
de hidróxido de cálcio sobre culturas de fibroblastos gengivais humanos, fibroblastos
nasais e células epiteliais tumorais, avaliando o crescimento celular, a morfologia
celular, a viabilidade celular, o conteúdo protéico das células e a liberação de
prostaglandinas. O conteúdo proteico foi significativamente reduzido em todas as
linhagens testadas e em todos os grupos. Também foi notada redução do crescimento
celular para todos os materiais testados. Houve aumento significativo nos níveis de
liberação de prostaglandinas para os cimentos Ketac-Endo e AH Plus e um nível
moderado de aumento dessa substância para o grupo da guta-percha e da guta-percha
com base de hidróxido de cálcio.
Tai, Huang Chang (2001) testaram a citocompatibilidade dos cimentos AH Plus
(um cimento a base de resina epóxica), Canals e N2 (cimentos a base de óxido de zinco
e eugenol) sobre linhagens celulares de fibroblastos da mucosa bucal e da mucosa
gengival de humanos e sobre fibroblastos pulmonares de hamsters. A viabilidade das
células após o contato com os cimentos foi avaliada em dois períodos (1 e 3 dias). Os
autores concluíram que os cimentos são citotóxicos nos testes realizados para as três
linhagens de células nos dois períodos experimentais. O AH plus foi o menos citotóxico
e o N2 o que apresentou os piores resultados.
Huang et al (2002) avaliaram in vitro o efeito citotóxico e mutagênico de dois
cimentos endodônticos a base de resina epóxica – AH26 e AH Plus. O efeito citotóxico
foi avaliado 24 horas após o contato com as células, utilizando como parâmetros a
atividade enzimática e a viabilidade celular. A genotoxicidade foi avaliada por meio da
mensuração do dano ao DNA celular. Os dois cimentos testados apresentaram
citotoxicidade e genotoxicidade.
Schwarze et al (2002) testaram a compatibilidade celular dos cimentos N2,
Endomethasone, Apexit, AH Plus e Ketac Endo em períodos de zero, 1, 5 e 24 horas.
Observaram que os cimentos Ketac-Endo e N2 inibiram o metabolismo celular em todos
os períodos experimentais. O cimento Endomethasone também promoveu inibição do
metabolismo celular, exceto para o período de 24 horas. O AH Plus promoveu inibição
da atividade mitocondrial nos dois primeiros períodos experimentais, e o Apexit não
revelou nenhum sinal de potencial citotóxico.
Neff, Layman e Jeansonne (2002) investigaram o efeito citotóxico de sete
cimentos endodônticos expostos ao suposto calor produzido durante a plastificação da
guta-percha - as análises foram realizadas expondo os cimentos a temperaturas de 23ºC,
43ºC e 100ºC durante dez minutos. Os autores observaram que a modificação na
temperatura acarretou diferenças significativas estatisticamente no que se refere aos
valores de adesão e proliferação celular. Os cimentos Roth 801 e Roth 811 após
exposição a 100ºC mostraram melhora nas características de adesão, mas não de
proliferação celular. Por outro lado, os cimentos Kerr PCS e Dentalis, após exposição a
100º C apresentaram diminuição da adesão e aumento da proliferação. O AH Plus e o
AH 26 apresentaram aumento da adesão e da proliferação após exposição ao calor,
enquanto o cimento Sealapex não sofreu alterações em suas características.
Mendes et al (2003) avaliaram os efeitos de cimentos endodônticos sobre a
viabilidade e atividade de macrófagos. Para tanto, testaram os cimentos Pulp Canal
Sealer e EndoFill, os quais foram manipulados e inseridos em tubos de vidro, sendo
postos em contato com culturas celulares de macrófagos de ratos imediatamente após a
manipulação ou após um período de 24 horas de incubação. Os autores concluíram que
os cimentos não interferiram na viabilidade dos macrófagos, mas que a sua aderência e
capacidade de fagocitose foi alterada. Os cimentos logo após o preparo e após período
de incubação não apresentaram diferenças relativas a inibição celular.
Milletic et al (2005) compararam a citotoxicidade dos cimentos RoekoSeal
Automix e AH Plus sobre células de carcinoma cervical humano e fibroblastos de ratos
em dois períodos experimentais. Os cimentos foram postos em contato com suspensão
contendo células em períodos de uma hora, 24 horas, 48 horas, 7 dias e 1 mês após sua
manipulação. Após o período de cinco dias de incubação o número de células era
determinado por contador eletrônico, sendo esse dado complementado pela análise do
número de células viáveis com auxílio de microscopia óptica, e esse número calculado e
expresso em percentuais. Os resultados mostraram que o AH Plus foi significativamente
mais citotóxico nos períodos de 1h, 24h e 48h, comparando-se com os períodos de 7
dias e 1 mês. Já o cimento RoekoSeal não apresentou efeito citotóxico em nenhum dos
períodos experimentais.
B) Testes secundários
Os testes secundários têm por finalidade eliminar produtos ou componentes de
produtos com risco potencial de causar dano ou prejuízo aos tecidos, sendo nessa etapa
feita a avaliação do potencial de toxicidade sistêmica, toxicidade à inalação, e à irritação
e sensibilidade na pele e reação a implantes. Dessa forma, incluem-se nessa categoria os
testes preliminares realizados com cimentos endodônticos.
Para a avaliação de cimentos endodônticos, modelos experimentais em
roedores têm sido bastante utilizados, com metodologia que varia desde a injeção dos
cimentos em tecido conjuntivo subcutâneo (YESILSOY, et al 1988) até testes de
implantação de tubos de polietileno (MOLLOY et al, 1992; GÖRDUYSUS; ETIKÄN e
GÖKÖS, 1998; YALTIRIK et al, 2004; SHAHI et al, 2006), dentina (HOLLAND et al,
1999) ou teflon (KOLOKURIS et al, 1996; KOLOKURIS et al, 1998) em tecido
conjuntivo subcutâneo. A reação aos materiais também pode ser observada em tecido
ósseo utilizando tubos de silicone (ZMENER; BANEGAS; PAMEIJER, 2005) ou teflon
(SOUSA et al, 2006).
Uma das formas mais aceitas é a implantação de tubos de polietileno no tecido
conjuntivo subcutâneo de ratos. Esse modelo foi introduzido por Torneck (1966) em
pesquisa que avaliou a reação do tecido conjuntivo subcutâneo de ratos à presença
desses tubos e observou, após o período de sessenta dias, a formação de cápsula fibrosa
envolvendo os implantes, rica em fibroblastos e fibras colágenas. Da mesma maneira,
Philips (1967) avaliou a reação a tubos de poletileno vazios implantados em tecido
conjuntivo subcutâneo de ratos, observando após sessenta dias a formação de cápsula
fibrosa rica em fibroblastos e fibras colágenas, com poucas células plasmáticas e
monócitos e pequena reação inflamatória nas extremidades dos tubos.
Já em 1970, Oynick, ao avaliar diversos métodos disponíveis para simular as
respostas dos tecidos periapicais a materiais utilizados em Endodontia, concluiu que a
implantação de tubos de polietileno tanto previne a dissolução do material, quanto
permite um contato limitado com os tecidos vitais, simulando o uso de cimentos
endodônticos no canal radicular. Da mesma forma, autores como Molloy et al (1992) e
Yaltirik et al (2004) afirmam que a implantação de materiais em tubos permite a
simulação de condições clínicas, além de estabilizar a posição do material e padronizar
a interface entre o cimento e o tecido.
Em 1979, a American Dental Association (ADA) elaborou um protocolo com a
intenção de regulamentar os testes secundários de materiais obturadores dos canais
radiculares que utilizam implantes subcutâneos (Documento 41 ANSI/ADA). Esse
documento sugere que o material testado seja implantado em tecido subcutâneo de ratos
após preencher tubos de Teflon, e que as respostas a sua presença sejam avaliadas após
os períodos de duas e doze semanas. Essas respostas deveriam ser classificadas da
seguinte maneira:
1. Resposta tecidual ausente ou mínima: presença de tecido bem organizado, sem
resposta inflamatória maior nas extremidades do tubo quando comparada ao centro
deste;
2. Resposta tecidual moderada: em duas semanas, nota-se a presença de algumas
células infllamatórias na extremidade do tubo, mas estas não estão presentes no centro
do implante. O tecido adjacente ao tubo mantém sua estrutura, com presença reduzida
de leucócitos, linfócitos, plasmócitos, macrófagos e gigantócitos. Nota-se também
condensação fibrosa envolvendo o tubo.
3. Resposta tecidual severa: nota-se após período experimental de duas semanas
a perda da estrutura normal do tecido conjuntivo, com presença de infiltrado celular
inflamatório constituído por neutrófilos e linfócitos. Em doze semanas nota-se resposta
inflamatória severa nas extremidades do tubo, com condensação fibrosa na sua porção
média. Apesar de notar-se a recuperação da estrutura do tecido conjuntivo, percebe-se
acúmulo de linfócitos, plasmócitos, macrófagos e gigantócitos, podendo também haver
presença continuada de neutrófilos, o que indicaria degeneração tecidual causada pelo
material.
A FDI – Federation Dentaire International (1980) também sugere critérios
qualitativos de análise da resposta tecidual a materiais, apresentando os seguintes graus
para classificação:
1. Ausência de inflamação ou inflamação leve - espessura da zona de reação na
abertura do tubo semelhante ou levemente superior àquela observada ao longo do tubo
com ausência ou presença reduzida de células inflamatórias.
2. Moderada – reação inflamatória aumentada com presença de plasmócitos e
macrófagos.
3. Severa – Zona de reação ampla com presença de macrófagos e plasmócitos e
ocasionalmente presença de focos de neutrófilos, linfócitos ou ambos.
A FDI ainda sugere critérios de interpretação dos resultados, os quais
consideram a reação aceitável quando o material produz: 1) reação leve nos períodos de
2 e 12 semanas; 2) reação moderada em períodos de 2 semanas que é reduzida a leve em
períodos de 12 semanas. Por outro lado, a reação é considerada inaceitável quando o
material promove: 1) reação leve em períodos iniciais de 2 semanas e que aumenta a
moderada ou severa em períodos próximos de doze semanas; 2) reação moderada em
períodos de 2 e 12 semanas e 3) reação severa em quaisquer períodos experimentais.
Figueiredo et al (2001) propõem critério de avaliação que considera a
classificação da presença de células como neutrófilos, linfócitos e plasmócitos,
eosinófilos, macrófagos e gigantócitos, bem como de condensação fibrosa e abscesso
em escores que variam de acordo com a intensidade de cada um desses achados. Tal
classificação permite a avaliação de cada um dos achados importantes no processo
inflamatório e ainda confere objetividade a análise dos resultados.
Testes secundários em Endodontia
Yesilsoy et al (1988), utilizando metodologia de injeção direta dos materiais no
tecido conjuntivo subcutâneo de guinea pigs, testaram a reação tecidual produzida pela
eucapercha, pelo cimento original de Grossman e pelo Sealapex, EndoFill, CRCS e
Hypocal, sendo o grupo controle representado pela solução salina. A reação inflamatória
foi observada nos períodos experimentais de 6, 15 e 80 dias, tendo como parâmetro a
contagem do número de células inflamatórias em campos microscópicos com aumento
de 45x. Os autores consideraram a inflamação ausente (grau 0) quando não eram
observadas células inflamatórias; leve (grau 1) quando observaram uma média de até 25
células por campo; moderada (grau 2) quando a média de células inflamatórias por
campo situava-se entre 25 e 124 células; e severa (grau 3) quando essa média era igual
ou superior a 125 células. Observaram reação severa para o cimento de Grossman,
CRCS, e Hypocal nos períodos de 6 e 15 dias, tornando-se moderada no período de 80
dias. O EndoFill e o Sealapex apresentaram as reações mais brandas, seguidos pela
eucapercha.
Molloy et al (1992) avaliaram a compatibilidade biológica dos cimentos
Sealapex, Kerr’s sealer, AH26 e Root’s sealer por meio de teste secundário de
implantação de tubos de polietileno contendo esses materiais no tecido conjuntivo
subcutâneo de ratos. Os resultados foram observados por meio de microscopia óptica
em períodos experimentais de 3, 10, 20 e 30 dias, sendo realizada análise descritiva das
lâminas. Os autores observaram poucas diferenças em relação a reação do tecido aos
diferentes materiais testados. Foi verificada presença de inflamação aguda no período de
3 dias, com presença de neutrófilos e algumas áreas de tecido de granulação com
presença de linfócitos em todos os grupos estudados. No período de 10 dias observaram
a diminuição da reação inflamatória, com presença de alguns macrófagos e células
gigantes, sendo que o grupo do AH26 apresentou como característica a presença de
edema, neutrófilos e macrófagos. A reação inflamatória foi reduzida no período de 20
dias, sendo que o AH26 persistiu promovendo edema e infiltrado inflamatório composto
por neutrófilos e macrófagos. A partir do período de 30 dias observou-se em todos os
grupos condensação fibrosa, com diminuição do número de células inflamatórias e de
células gigantes. O AH 26, ainda nesse período experimental, promoveu presença de
edema, embora já reduzido em relação aos períodos anteriores. No período experimental
de 60 dias, os autores observaram inflamação bastante leve para todos os grupos, com
presença de condensação fibrosa e poucas células inflamatórias, indicando processo de
cicatrização.
Com objetivo de avaliar a biocompatibilidade de dois cimentos a base de óxido
de zinco e eugenol (Sealite e Pulp Canal Sealer) após sua implantação no tecido ósseo
da mandíbula de coelhos, Pertot et al (1992) observaram histologicamente as reações
decorrentes da presença desses materiais em períodos experimentais de 4 e 12 semanas.
Para tanto, utilizaram escala que considerou a presença de interposição de camada fina
ou espessa de tecido conjuntivo fibroso, presença e magnitude de linfócitos,
plasmócitos, macrófagos, células gigantes, neutrófilos, vascularização, osteoclastos,
ausência de formação de tecido ósseo e de remodelação óssea, organização do tecido
ósseo, extensão da reabsorção óssea e abscesso. A ausência de cada um desses critérios
produzia o escore 0 (zero) ao passo que sua identificação o escore 1 (um). Dessa forma,
organizaram os eventos observados a partir da soma dos escores, resultando na seguinte
classificação: ausência de reação (0); reação muito leve (1-2); reação leve (3-4); reação
moderada (5-6); reação severa (7-10); e reação muito severa (10-13). A análise
estatística dos resultados mostrou semelhança em relação aos dois cimentos, os quais
apresentaram como característica reação tecidual classificada como leve já no período
de 4 semanas e muito leve no período de 12 semanas.
Utilizando-se da metodologia de implantação subcutânea de tubos de teflon em
ratos, Kolokuris et al (1996) testaram a reação tecidual aos cimentos Ketak-Endo (um
cimento a base de ionômero de vidro) e Tubli Seal, em períodos experimentais de 5, 15,
60 e 120 dias. Os autores expressaram os resultados do estudo por meio de análise
descritiva. O Tubli Seal apresentou reação inflamatória severa, com infiltrado de
neutrófilos e linfócitos, e áreas de necrose nos períodos de 5 e 15 dias, sendo que no
período experimental de 60 dias pode ser notada a diminuição da reação inflamatória e a
presença de células gigantes e condensação fibrosa, e no período de 120 dias observou-
se reação inflamatória leve, com presença de alguns macrófagos. Já o Ketac-Endo
apresentou reação inflamatória leve já a partir do 5º dia, sendo essa progressivamente
reduzida nos períodos experimentais subseqüentes.
Görduysus, Etikän e Gökös (1998) observaram as reações teciduais decorrentes
da implantação de tubos de polietileno contendo o cimento EndoFill no tecido
conjuntivo subcutâneo dos animais, nos períodos de 2 dias e 1, 2, 4 e 8 semanas. Os
resultados desse estudo foram expressos de forma descritiva, sendo observada reação
inflamatória moderada no dia 2, com edema, vascularização abundante e presença de
eosinófilos, a qual foi gradativamente sendo reduzida, sendo substituída pela formação
de colágeno e presença de fibroplasia.
Kolokouris et al (1998) avaliaram o comportamento dos cimentos Apexit (um
cimento a base de hidróxido de cálcio) e Pulp Canal Sealer (um cimento a base de óxido
de zinco e eugenol) após implantação desses materiais em tubos de teflon no tecido
conjuntivo subcutâneo de ratos. Os materiais foram avaliados em períodos
experimentais de 5, 15, 60 e 120 dias, e os resultados expressos por meio de análise
descritiva da reação dos tecidos aos materiais. Em relação ao Apexit, foi observada
reação inflamatória severa no período de 5 dias, com presença abundante de neutrófilos,
macrófagos, linfócitos, plasmócitos e células gigantes. A intensidade da reação já se
apresentava diminuída no 15º dia, entretanto eram observadas áreas de necrose tecidual.
Nos períodos de 60 e 120 dias observou-se reação inflamatória bastante branda,
caracterizada pela presença de alguns macrófagos no tecido conjuntivo. Já o Pulp Canal
Sealer, no período experimental de 5 dias promoveu reação inflamatória moderada a
severa, caracterizada pela presença de neutrófilos e macrófagos, sendo também
observados alguns linfócitos e plasmócitos, hiperemia e áreas de necrose tecidual. A
intensidade da reação inflamatória também se mostrou diminuída a partir do período de
15 dias, apesar de essa diminuição ser menos marcada que a observada em relação ao
Apexit. Nesse período a inflamação foi caracterizada pela presença de infiltrado de
macrófagos fagocitando o material e de alguns linfócitos, plasmócitos e células
gigantes. No período experimental de 60 dias pode ser observada a formação de
condensação fibrosa, com manutenção da presença de células gigantes e macrófagos.
Estes permaneceram sendo observados até o período de 120 dias.
Ligocki (1998) avaliou o comportamento biológico do cimento Sealer 26 por
meio da análise quantitativa computadorizada de imagens. Para tanto, observou as
reações teciduais decorrentes da implantação de tubos de PVC contendo o cimento em
períodos de 02, 15 e 30 dias e comparou-as com grupo controle (tubo vazio). A
quantificação da resposta tecidual foi realizada pela contagem do núcleo das células
inflamatórias e cálculo da área ocupada pelos mesmos. Concluiu que o cimento
endodôntico Sealer 26 é irritante ao tecido conjuntivo subcutâneo de ratos em todos os
períodos experimentais testados.
Kaplan et al (2003) estudaram as características de cinco cimentos endodônticos
(Sealapex, AH 26, Procosol, Endion e Endomethasone) e as reações teciduais ao
implante subcutâneo em ratos de tubos de silicone contendo tais materiais. Os autores
observaram os maiores níveis de escoamento para os cimentos Sealapex e AH 26. Em
relação a reação tecidual, os autores avaliaram histomorfometricamente a extensão da
reação inflamatória, conferindo caráter de maior agressividade aos cimentos que
apresentassem volumes mais extensos de reação tecidual. Dentro desses critérios, os
cimentos Procosol e Endion produziram reações inflamatórias mais severas. Os autores
chegaram a conclusão de que o escoamento do cimento não influencia no grau de
resposta inflamatória.
Zmener (2004) testou em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos a reação tecidual
a implantes de silicone preenchidos com o cimento Endorez em períodos experimentais
de 10, 30, 90 e 120 dias. Para apresentação dos resultados utilizou análise descritiva das
lâminas. Observou a formação de tecido granulomatoso contendo numerosos
polimorfonucleares neutrófilos, linfócitos, plasmócitos, macrófagos e células gigantes.
Fibroblastos e neoformação vascular também foram observados, sendo que essa
proliferação celular persistiu durante os primeiros 30 dias. A partir desse período houve
um declíneo da reação inflamatória, sendo em 120 dias observada a cicatrização do
tecido conjuntivo.
Perassi (2004) avaliou a resposta tecidual decorrente da implantação no tecido
conjuntivo subcutâneo de ratos de tubos de polietileno contendo os cimentos EndoRez,
Sealapex, EndoFill e um cimento derivado do polímero de mamona em períodos
experimentais de 7 e 50 dias. Para avaliação da resposta inflamatória utilizou os
critérios propostos pela ISO/FDI e ADA/ANSI. Os resultados mostraram infiltrado
inflamatório discreto ou moderado nas amostras dos cimentos EndoRez e Sealapex em
ambos os períodos experimentais. O cimento derivado do polímero de mamona
apresentou os melhores resultados biológicos.
Zmener, Banegas e Pameijer (2005) testaram a biocompatibilidade intraóssea do
cimento EndoRez em tíbias de ratos Wistar, por meio de implantação de tubos de
silicone contendo o material em lojas cirúrgicas preparadas no tecido ósseo. A resposta
tecidual foi avaliada em cortes corados com hematoxilina e eosina nos períodos
experimentais de 10 e 60 dias. A avaliação da resposta inflamatória seguiu dois
parâmetros histométricos para os quais foi utilizado programa computadorizado de
análise de imagens (LECO 2001 – 2.02 image analyser). Para análise da densidade da
formação do trabeculado ósseo, o percentual de tecido ósseo formado foi avaliado, e o
valor em termos de razão entre a área de novo trabeculado ósseo e a área total
expressado. Para a variável população celular na área em contato com o material ou
tubo, foi feita a contagem do número total de linfócitos, neutrófilos, macrófagos, células
gigantes, plasmócitos e fibroblastos, na área correspondente ao centro dos implantes. Os
resultados mostraram que nos períodos de 10 e 60 dias houve cicatrização satisfatória.
No período de 10 dias houve diferença estatisticamente significativa para a variável
formação óssea em relação ao grupo controle, sendo menor a neoformação para o grupo
do cimento EndoRez. Entretanto, na avaliação dessa variável após o período de 60 dias
não houve diferença estatisticamente significante em relação ao grupo controle. A
população celular observada foi majoritariamente composta por linfócitos, neutrófilos,
macrófagos e ocasionalmente algumas células gigantes. O número de células foi
significativamente maior para o cimento EndoRez em relação ao controle no período
experimental de 10 dias, mas após 60 dias não houve diferença estatisticamente
significante.
Sousa et al (2006) compararam a reação tecidual aos cimentos AH Plus,
EndoRez e Epiphany em tecido ósseo de guinea pigs. Os materiais preencheram tubos
de teflon abertos em uma das extremidades e foram implantados em cavidades
cirúrgicas preparadas na mandíbula dos animais. Os animais sofreram eutanásia após os
períodos experimentais de 4 e 12 semanas, sendo realizada a biópsia e coloração das
peças em hematoxilina-eosina para análise em microscopia óptica, a partir da qual os
autores observaram reação inflamatória severa ao cimento EndoRez nos períodos
experimentais de 4 e 12 semanas. Em 4 semanas houve presença abundante de
linfócitos, macrófagos e células gigantes, além da presença de fragmentos de tecido
ósseo necrosado e de fina camada de tecido conjuntivo interpondo o material e o tecido
ósseo. No período de 12 semanas a reação inflamatória celular permaneceu intensa,
havendo também áreas de dispersão do material, áreas de hemorragia e hiperemia.
Observaram também reação inflamatória severa ao cimento AH Plus no período de 4
semanas, semelhante a observada com o EndoRez, e moderada no período de 12
semanas, com presença de algumas células gigantes e fina camada de tecido conjuntivo
interpondo o tecido ósseo e o material. O cimento Epiphany apresentou reação
inflamatória leve ou ausente em ambos os períodos experimentais, com poucas células
inflamatórias e pouca dispersão do material no período de 4 semanas e presença de
aposição e neoformação óssea no período de 12 semanas. Concluíram que de acordo
com os critérios da Fédération Dentaire Internationale (FDI) apenas o cimento
Epiphany possui características de biocompatibilidade com o tecido ósseo.
Zafalon et al (2007) seguiu os critérios da FDI para avaliar a reação tecidual em
tecido conjuntivo subcutâneo de ratos aos cimentos EndoRez e Endomethasone.
Observaram que a reação tecidual a presença do cimento Endomethasone diminui com o
tempo, ao passo que aquela promovida pelo Endorez manteve-se agressiva ao longo dos
períodos experimentais observados. Baseados nos resultados, concluíram que o
EndoRez não apresenta condições de biocompatibilidade aceitáveis.
Batista et al (2007) testaram a reação do tecido conjuntivo subcutâneo de ratos
aos cimentos EndoFill, Endomethasone, Sealer 26 e AH Plus. Após a implantação de
tubos de polietileno obturados com guta-percha e com os cimentos, avaliaram as reações
em períodos de 07, 14 e 30 dias. Utilizaram como grupo controle tubos vazios e tubos
obturados somente com cones de guta-percha. Os resultados foram apresentados por
análise descritiva das lâminas e pela classificação da reação inflamatória em ausente,
discreta, moderada ou intensa. O Endomethasone apresentou o melhor comportamento
biológico entre os materiais testados em todos os períodos experimentais, seguido do
sealer 26 e do AH Plus, os quais produziram efeito irritante nos períodos iniciais. O
EndoFill foi o material mais agressivo produzindo reação inflamatória de moderada a
intensa em todos os períodos avaliados
C) Terceira e quarta fases da avaliação
A terceira fase de avaliação da compatibilidade biológica de um material
envolve testes de aplicação em animais, nos quais o material deve ser avaliado dentro de
seu contexto clínico. No caso de cimentos para obturação dos canais radiculares, a
aplicação no tratamento endodôntico estaria recomendada, permitindo a avaliação do
material quando aplicado em contato com os tecidos periapicais. Havendo sucesso na
aplicação de determinado material nos estudos preliminares, deve haver a continuidade
da avaliação clínica em dentes humanos (COSTA, 2001a).
Pascon et al (2001) avaliaram a biocompatibilidade do Pulp Canal Sealer (um
cimento a base de óxido de zinco e eugenol), do AH26 (um cimento a base de resina
epóxica) e da Kloroperka (material a base de guta-percha e óxido de zinco) em testes
realizados em dentes de 12 babuínos. Após preparo dos canais, os dentes foram
divididos em três grupos correspondentes aos materiais a serem testados durante a
obturação. Os dentes foram obturados pela técnica da condensação lateral da guta-
percha, respeitando o limite de trabalho determinado durante o preparo dos canais, o
qual se situava cerca de 1 a 1,5mm aquém do ápice radiográfico da raiz. Após conclusão
do tratamento endodôntico, os animais sofreram eutanásia em períodos experimentais de
1, 7 e 30 dias e 1, 2 e 3 anos. As peças removidas sofreram processamento histológico
para avaliação da resposta dos tecidos periapicais ao tratamento. Os resultados
mostraram que nos períodos de 1 e 7 dias, o AH 26 causou reações mais severas do que
as observadas nas amostras obturadas com os demais cimentos (as quais apresentaram
reação de leve a moderada). Já em períodos mais longos (2 e 3 anos) o Pulp Canal
Sealer e o AH 26 produziram reações de leve a moderada e a Kloroperka apresentou os
piores resultados.
Tanomaru Filho et al (1998) testou a ação de cimentos endodônticos no reparo
de dentes de cães com processos periapicais. Após preparo dos canais com irrigação
com solução de hipoclorito de sódio a 5,25% e medicação intracanal com hidróxido de
cálcio por 7 dias, os canais foram obturados pela técnica da condensação lateral da guta-
percha com os cimentos Sealapex (um cimento a base de hidróxido de cálcio) ou
FillCanal (um cimento de óxido de zinco e eugenol). A análise do reparo periapical foi
realizada após 270 dias, mostrando melhores resultados para as amostras obturadas com
Sealapex.
Leonardo et al (1999b) testaram a reação tecidual a um cimento à base de resina
epóxica (AH Plus) e a um cimento de óxido de zinco e eugenol (FillCanal), utilizando
34 pré-molares vitais de cães, os quais foram instrumentados e obturados pela técnica da
condensação lateral da guta-percha. Os autores observaram áreas de inflamação e
necrose associadas ao AH Plus. O FillCanal promoveu reação inflamatória de moderada
a intensa na região periapical, principalmente na área em contato com o material.
Leonardo et al (2003) observaram o processo de cicatrização de lesões
periapicais de dentes de cães obturados com diferentes cimentos endodônticos. Os
autores realizaram o preparo dos canais irrigando com hipoclorito de sódio a 5,25% e
mantiveram a pasta Calen PMCC como curativo. Após 180 dias, os animais foram
mortos e as peças foram descalcificadas e coradas em HE para análise histológica. Os
resultados apontaram melhor cicatrização nas amostras obturadas com AH Plus e
Sealapex. O cimento Sealer Plus apresentou os piores resultados.
Objetivando avaliar preliminarmente os resultados de tratamentos endodônticos
que utilizaram para a obturação a técnica da condensação lateral da guta-percha e o
cimento EndoRez, Zmener e Pameijer (2004) observaram 295 canais radiculares de 180
pacientes em períodos de 14 e 24 meses. Para determinação do sucesso do tratamento
utilizaram critérios que envolviam aspectos clínicos (ausência de sintomatologia) e
radiográficos (aspecto radiográfico do espaço do ligamento periodontal e redução de
radioluscência periapical). Os resultados mostraram sucesso do tratamento em 91,3%
dos casos.
Zmener e Pameijer (2007) realizaram estudo clínico retrospectivo para
acompanhamento do sucesso do tratamento endodôntico de dentes obturados com guta-
percha e com o cimento EndoRez. Para tanto, consideraram aspectos radiográficos
(redução ou ausência de lesão periapical, ausência de espessamento do ligamento
periapical) e clínicos (ausência de sintomas). Todos os casos apresentaram ausência de
sintomas. Os resultados apontaram sucesso clínico e radiográfico em 86,3% dos casos.
3. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
- Avaliar histolopatologicamente as reações ocorridas no tecido conjuntivo
subcutâneo de ratos após a implantação de tubos de polietileno contendo um cimento
endodôntico de óxido de zinco e eugenol (EndoFill), um cimento à base de resina
epóxica (AH Plus), um cimento à base de resina metacrilato (EndoRez) e tubos vazios
(grupo controle).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Descrever as reações teciduais e comparar o grau de inflamação nos diferentes
grupos testados quanto a: 1) características do componente celular inflamatório; 2)
condensação fibrosa; 3) presença de abscesso.
- Avaliar o desenvolvimento das reações teciduais de cada um dos grupos nos
períodos experimentais de 7 (sete), 30 (trinta) e 60 (sessenta) dias.
4. METODOLOGIA
4.1- Tipo de estudo
O presente estudo consiste em um trabalho experimental em animais. A fim de
avaliar a biocompatibilidade de cimentos endodônticos, foram realizados testes de
implantação subcutânea de tubos de polietileno preenchidos pelos materiais
experimentais em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos. Trata-se de um estudo cego e
controlado pela ausência de material inserido nos tubos de um dos grupos.
4.2- Local de realização da pesquisa
A fase experimental desse estudo foi realizada nas instalações do Biotério da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O preparo e análise das lâminas
foram realizados no laboratório de Patologia da Faculdade de Odontologia da UFRGS.
4.3Descrição da amostra
Inicialmente foi realizado estudo piloto com 3 (três) ratos (Rattus norvegicus
albinus Wistar) machos, com idades entre 90 (noventa) e 120 (cento e vinte dias),
pesando entre 300 e 400 gramas. Os animais foram fornecidos pelo Biotério da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A amostra final foi composta de 18
animais divididos em três períodos experimentais.
Foram testados três cimentos endodônticos inseridos em tubos de polietileno.
Como controle utilizaram-se tubos de polietileno vazios. Sendo assim, ficaram definidos
quatro grupos de estudo: cimento de óxido de zinco e eugenol (EndoFill
1
) - Grupo I;
1
Dentsply HERO Indústria e Comércio Ltda. – Petrópolis- RJ, Brasil.
grupo controle (tubo vazio) - Grupo II; cimento endodôntico à base de resina epóxica
(AH Plus
2
) – Grupo III; cimento à base de resina metacrilato (EndoRez
3
) – Grupo IV.
4.4- Métodos Empregados
Etapa cirúrgica
Foi preparada a mesa operatória com material cirúrgico esterilizado. Os
procedimentos foram realizados após anestesia geral por via intramuscular. Os animais
foram anestesiados com 0,008ml/100g de Quetamina - Francotar
4
- e 0,004ml/100g de
Virbaxyl
5
(cloridrato de xilasina 2%).
A tricotomia da região dorsal foi realizada manualmente, a fim de evitar a
penetração de pelos nas lojas cirúrgicas. Em seguida, a desinfecção da área foi feita com
álcool iodado
6
(95% de álcool a 70% e 5% de iodo). Foram realizadas quatro incisões
de 0,5cm de comprimento no dorso do animal, estando estas dispostas com a distância
de 2cm da coluna vertebral do animal e distantes pelo menos 2cm entre si. Dessa forma,
permitiu-se por meio da divulsão lateral do tecido subcutâneo do animal com tesoura de
ponta romba a obtenção de quatro lojas cirúrgicas. O posicionamento das incisões para
obtenção das lojas cirúrgicas pode ser observado na Figura 1.
2
Dentsply HERO Indústria e Comércio Ltda. – Petrópolis- RJ, Brasil.
3
Ultradent Products, Inc., South Jordan, Utah, USA.
4
Virbac do Brasil indústria e comércio LTDA, São Paulo – SP, Brasil.
5
Virbac do Brasil indústria e comércio LTDA, São Paulo – SP, Brasil.
6
Farmácia Fiton Farma, Porto Alegre, RS, Brasil.
Figura 1: Dorso do animal com identificação do local das quatro incisões onde foram
implantados os tubos (adaptado de RIBEIRO et al, 2003).
Para a implantação dos cimentos foram utilizados tubos de polietileno de
aproximadamente 10mm de comprimento e 1,5mm de diâmetro
7
, os quais tiveram uma
das extremidades fechadas a quente e permaneceram em álcool a 70%
8
por 6 horas,
sendo posteriormente autoclavados.
Os cimentos endodônticos, preparados de acordo com as orientações dos
fabricantes, foram introduzidos imediatamente após preparo nos tubos com a utilização
de seringas de insulina estéreis
9
, evitando-se que ocorresse o seu extravasamento. Com
auxílio de uma pinça curva, os tubos preenchidos com o material foram introduzidos nas
lojas cirúrgicas em direção paralela à incisão, com abertura do tubo voltada para a
cabeça do animal.
O dorso do animal foi dividido em quadrantes, dispostos no sentido horário. Os
tubos contendo os cimentos EndoFill (Grupo I), os tubos vazios que representaram o
grupo controle (Grupo II) e aqueles que continham o cimento AH Plus (Grupo III) e
7
Abott Lab do Brasil. São Paulo, SP, Brasil.
8
Farmácia Fiton Farma, Porto Alegre, RS, Brasil.
9
Injex Indústria Cirúrgica Ltda. Ourinhos, SP, Brasil.
GIII
GI
GII
GIV
EndoRez (Grupo IV) foram inseridos respectivamente nos quadrantes apontados na
figura 1. Após a implantação dos tubos de polietileno foi realizada a sutura com fio de
seda montado 3-0
10
.
Durante o período experimental, os animais foram mantidos no biotério da
UFRGS, em caixas individuais apropriadas, em adequadas condições de higiene e com
ração e água à vontade.
Eutanásia dos animais, biópsia e processamento histológico
A eutanásia foi realizada em 07 (sete), 30 (trinta) e 60 (sessenta) dias pós-
operatórios. Decorridos estes períodos experimentais, os animais foram anestesiados
como descrito anteriormente e mortos por meio de deslocamento cervical. Nova
tricotomia foi feita, e a biópsia excisional da área do implante realizada, com margem
de segurança de 1cm. As peças cirúrgicas foram posicionadas em discos de papel
“cartolina” com tamanhos compatíveis, de maneira que o tecido conjuntivo do animal
ficasse em contato com o papel. Este procedimento permitiu que as peças ficassem
distendidas facilitando a fixação do tecido, a qual foi realizada em formalina a 10%
tamponada com tampão fosfato
11
pelo período de 24 horas (COSTA, 2001a). As
amostras permaneceram de duas a três horas em formol glicerinado (1l de formalina
10% + 50 ml de glicerina)
12
. Após, os tubos de polietileno foram cuidadosamente
removidos das peças cirúrgicas, as quais foram incluídas em blocos de parafina, com
auxílio das barras de Leuckhart. Nesse momento, foi realizada a codificação dos blocos
por colaborador que não participou da leitura das lâminas, a fim de conferir caráter cego
ao estudo. Cortes de 3 a 4 μm de espessura foram obtidos para a confecção das lâminas.
10
Johnson e Johnson produtos profissionais Ltda. São José dos Campos, SP, Brasil.
11
Cedido pelo laboratório de Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia da UFRGS.
12
Cedido pelo Laboratório de Patologia da Faculdade de Odontologia da UFRGS.
Os cortes histológicos obtidos através do longo eixo do tubo foram corados em HE
(Hematoxilina e Eosina), permitindo a avaliação da resposta tecidual presente na
interface entre o material experimental e o tecido conjuntivo.
4.5- Análise dos Resultados
As lâminas foram examinadas em microscópio de luz por 1 (um) examinador
treinado e calibrado. Cada amostra foi avaliada a partir de 3 cortes histológicos.
O treinamento do examinador foi realizado comparando seus resultados com os
de um examinador experiente (padrão ouro) até que seu percentual de concordância
atingisse valores próximos de 80% na leitura de 10 lâminas. Após, foi aferida a
calibragem inter-examinador pelo cálculo Kappa. A concordância intra-examinador
também foi verificada por meio do cálculo de Kappa, comparando a leitura de 10
lâminas realizada em dois períodos distintos, com intervalo de uma semana.
As lâminas foram analisadas qualitativamente seguindo os critérios apontados
por Figueiredo et al (2001) e utilizados por Só (2004). Observou-se o componente
celular inflamatório a partir da presença de células como neutrófilos, linfócitos e
plasmócitos, eosinófilos, macrófagos e gigantócitos. Também foram avaliados
fenômenos como a condensação fibrosa e a ocorrência de abscesso. Os eventos celulares
foram classificados de acordo com os seguintes escores:
1– Ausente (quando as células inflamatórias estavam ausentes ou se encontraram no
interior de vasos sanguíneos);
2– Leve (quando as células estavam presentes de maneira esparsa ou em grupamentos
muito reduzidos);
3– Moderado (elementos celulares presentes, porém sem dominar o campo
microscópico);
4- Intenso (elementos celulares presentes sob a forma de infiltrado próximo ao
material).
A condensação fibrosa foi classificada de acordo com os seguintes escores:
1 – Ausência de fibras colágenas envolvendo a área que continha o material em estudo;
2 – Presença de fina camada de fibras colágenas envolvendo o material em estudo;
3– Presença de camada espessa de fibras colágenas envolvendo a área que continha o
material em estudo.
O abscesso, caracterizado pela presença de neutrófilos mortos (piócitos) em área
fracamente corada, foi assim classificado:
1– Ausência de abscesso;
2– Presença de abscesso em contato com o local que continha o material;
3– Presença de abscesso atingindo áreas mais distantes do que a do local que continha o
material.
Análise estatística dos resultados
As variáveis relacionadas aos eventos celulares da inflamação (linfócitos e
plasmócitos, neutrófilos, eosinófilos, células gigantes e macrófagos), às características
da condensação fibrosa e à presença e características de abscesso inflamatório foram
comparadas entre os grupos e nos diferentes períodos experimentais. Tais variáveis
forneceram dados qualitativos, apresentando-se em escala ordinal.
A comparação dessas variáveis entre os grupos de estudo foi realizada
considerando as amostras relacionadas. Isso porque as amostras foram aplicadas nos
mesmos animais (sendo medidas repetidas do mesmo indivíduo). Por isso, foi realizado
o teste de Friedman, complementado pelo teste de Wilcoxon nos casos em que foram
identificadas diferenças estatisticamente significantes na variável avaliada.
Já as comparações entre os períodos de 7, 30 e 60 dias foram realizadas em
animais diferentes. Por isso, para a comparação entre os períodos experimentais foram
consideradas amostras independentes, e o teste de Kruskall Wallis foi realizado, sendo
complementado pelo teste U de Mann-Whitney em caso de verificação de diferenças
estatisticamente significativas na variável avaliada.
4.6- Considerações éticas
Este estudo atende às normas estabelecidas pela Comissão de Pesquisa e Ética
em Saúde/GPPG/HCPA – Resolução normativa 04/97 (Anexo 1) e do Código de
Proteção aos Animais (Anexo 2), havendo sido apresentado projeto aprovado pelo
Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS) (Anexo 3).
5. RESULTADOS
A partir da leitura das lâminas durante o projeto piloto, o Teste de Kappa foi
utilizado com o objetivo de determinar a concordância das avaliações realizadas pelo
examinador e pelo padrão ouro, definindo a calibração do examinador do presente
estudo.
Verificou-se que para todas as variáveis existe um grau de concordância
significativo entre os escores dos examinadores (apêndice 1).
Também foi aferida, por meio do teste Kappa, a calibração “intra-examinador”.
Observou-se a concordância de duas avaliações realizadas pelo mesmo examinador com
intervalo de uma semana (apêndice 2).
Verificou-se que para todas as variáveis existiu um grau de concordância
significativo entre os escores das leituras realizadas pelo mesmo avaliador.
Verificados os níveis de calibração, foi realizada a leitura das lâminas dos três
períodos experimentais propostos, obtendo resultados referentes aos eventos celulares
da inflamação, a aspectos relacionados com a condensação fibrosa e com a formação de
abscesso.
No período experimental de 7 dias, observou-se que o tecido em contato com o
cimento EndoFill (Grupo I) apresentou infiltrado inflamatório intenso com predomínio
de linfócitos e plasmócitos (Figura 2). Em algumas das amostras também puderam ser
observadas células como neutrófilos, eosinófilos e células gigantes, porém em número
bastante reduzido. O tecido conjuntivo apresentou ocorrência bastante significativa de
macrófagos, os quais apareceram realizando fagocitose do material. A condensação
fibrosa nesse período foi bastante reduzida, notando-se a presença de fibroblastos ativos
na formação de fibrilas, porém sem resultar ainda na formação de cápsula fibrosa. Ainda
que na maioria das amostras não se tenha evidenciado a presença de abscesso, em
algumas lâminas houve formação de abscesso em região próxima ao material.
Já o grupo controle (Grupo II) apresentou infiltrado inflamatório moderado,
também com predomínio de linfócitos e plasmócitos. Pode ser observada também a
presença de alguns macrófagos e de fibroblatos, estes, responsáveis pela formação de
fibras colágenas orientadas, dispostas na embocadura do tubo de polietileno. Não se
observou a formação de abscesso (Figura 3).
O cimento AH Plus produziu reação inflamatória com presença de infiltrado
composto predominantemente por linfócitos (Figura 4). Em algumas das amostras
observou-se a presença de células gigantes. Os macrófagos também foram observados,
porém em número reduzido em relação ao cimento EndoFill. Observou-se também a
presença de fibroblastos atuando na formação de fibras colágenas, indicando o início da
formação de condensação fibrosa em torno do material experimental.
O cimento EndoRez produziu reação inflamatória intensa, caracterizada pela
presença predominante de linfócitos e plasmócitos e pela abundância de macrófagos.
Ocasionalmente também puderam ser observados neutrófilos, eosinófilos e células
gigantes (Figura 5). Outro achado importante foi a observação de tecido conjuntivo rico
em hemosiderina junto a abertura do tubo. Em algumas amostras pode ser observada a
formação de abscesso junto a abertura do tubo ou em áreas distantes à abertura.
Observou-se o início da formação de condensação fibrosa, com produção de fibras
colágenas por fibroblastos ativos.
Figura 2: Infiltrado linfoplasmocitário intenso(*) promovido pelo cimento EndoFill no
período experimental de 7 dias.
Figura 3: Aspecto da reação tecidual no grupo controle no período de 7 dias.
*
*
*
*
Figura 4: Reação ao cimento AH Plus no período de 7 dias. Infiltrado
linfoplasmocitário (*) e início da condensação fibrosa.
Figura 5: Reação tecidual ao cimento EndoRez no período experimental de 7
dias. Nota-se a presença de infiltrado linfoplasmocitário(*) e de célula gigante (seta).
A tabela 1 apresenta os resultados do período experimental de 07 dias para os
quatro grupos avaliados.
*
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*
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Tabela 1. Comparação entre os grupos no período experimental de 07 dias
Grupo Escore Médio Desvio-padrão Teste de Friedman P
Condensação Fibrosa
Grupo 1 1,33
A
0,52 9,811 0,020
Grupo 2 2,17
B
0,41
Grupo 3 2,00
B
0,00
Grupo 4 1,50
AB
0,55
Neutrófilos
Grupo 1 1,50 0,55 7,714 0,052
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,50 0,55
Eosinófilos
Grupo 1 1,33 0,52 4,714 0,194
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,17 0,41
Linfócitos/Plasmócitos
Grupo 1 3,83
A
0,41 8,887 0,031
Grupo 2 2,33
B
0,52
Grupo 3 2,67
AB
0,82
Grupo 4 3,50
AB
0,84
Células gigantes
Grupo 1 1,67 0,52 5,333 0,149
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,33 0,52
Grupo 4 1,33 0,52
Macrófagos
Grupo 1 2,50
A
0,55 12,057 0,007
Grupo 2 1,17
B
0,41
Grupo 3 1,50
B
0,55
Grupo 4 2,67
A
0,52
Abscesso
Grupo 1 1,50 0,55 7,552 0,056
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,67 0,82
* Escores seguidos da mesma letra não diferem entre si.
Por meio do teste não-paramétrico de Friedman, no período experimental de 7
dias, observou-se diferenças significativas entre os grupos para as variáveis linfócitos e
plasmócitos (p=0,031), macrófagos (p=0,007) e condensação fibrosa (p=0,020).
As demais variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significantes
entre si.
Em relação a presença de linfócitos e plasmócitos verificou-se, por meio do teste
de Wilcoxon, que o Grupo I (tubos preenchidos com o cimento EndoFill) apresentou
escores significativamente superiores ao Grupo II (grupo controle) (p=0,024). O Grupo
IV (EndoRez) produziu resultados estatisticamente semelhantes aos do Grupo I, ainda
que não tenham sido observadas também diferenças relacionadas aos demais grupos de
estudo.
Para a variável macrófagos, observou-se que os Grupos I (EndoFill) (p=0,038) e
IV (Endorez) (p=0,024) apresentaram escores significativamente superiores ao grupo II
(grupo controle). Dos cimentos testados, Grupo III (AH Plus) foi o que apresentou
menor quantidade de macrófagos, diferindo significativamente do Grupo IV (p=0,038).
A condensação fibrosa foi menos prevalente nos grupos I (tubos preenchidos
com o cimento de óxido de zinco e eugenol – EndoFill) e IV (tubos preenchidos com
cimento a base de resina metacrilato – EndoRez). Entretanto, através dos resultados do
teste não-paramétrico de Friedman verificou-se que existiu diferença significativa
apenas para os escores referentes ao Grupo I (EndoFill), os quais foram
significativamente inferiores ao Grupo II (grupo controle) (p=0,025) e ao Grupo III (AH
Plus) (p=0,046). O restante dos grupos não apresentou diferenças significativas.
Os resultados do período experimental de 7 dias podem ser observados no
Gráfico 1.
Gráfico 1. Comparação entre os grupos: 7 dias
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
No período experimental de 30 dias, as amostras que sofreram ação do cimento
EndoFill (Grupo I) apresentaram a manutenção das características do infiltrado
inflamatório, o qual apresentou-se intenso e com o predomínio de linfócitos e
plasmócitos, caracterizando um infiltrado inflamatório crônico. Em algumas amostras
pode ser observada a presença de alguns neutrófilos, eosinófilos e células gigantes. A
presença de macrófagos mostrou-se bastante abundante. Tais células foram observadas
em sua forma ativa, fagocitando o material experimental. A presença de abscesso foi
bastante reduzida, porém em alguns casos pode ser observada junto à saída do tubo
(Figura 6). Notou-se também o aumento da espessura da condensação fibrosa que
envolvia a reação inflamatória decorrente da presença do material.
O grupo controle (Grupo II), no período experimental de 30 dias, apresentou
suas amostras caracterizadas pela presença de infiltrado inflamatório crônico moderado
(com predominância de linfócitos e plasmócitos) (Figura 7). Ocasionalmente, pode ser
observada a presença de eosinófilos, neutrófilos e células gigantes, porém em número
bastante reduzido. Macrófagos também foram observados. Notou-se ainda a presença de
condensação fibrosa espessa na maioria das amostras, organizada de modo a formar
uma cápsula fibrosa junto à abertura do tubo.
As amostras referentes ao cimento AH Plus também apresentaram infiltrado
inflamatório crônico moderado, com predomínio de linfócitos e plasmócitos no período
experimental de 30 dias. Além disso, pode ser observada a presença esparsa de células
gigantes e eosinófilos. Os macrófagos estiveram presentes na maioria das amostras
compondo a reação inflamatória remanescente, porém em número reduzido. A
condensação fibrosa apresentou-se espessa na maioria das amostras, entretanto em
algumas lâminas notou-se condensação fibrosa pouco espessa. Não foi observada em
nenhuma das lâminas a presença de abscesso (Figura 8).
O cimento EndoRez (Grupo IV), no período experimental de 30 dias, promoveu
reação inflamatória de moderada a severa, caracterizada pela presença de infiltrado
inflamatório com presença predominante de linfócitos e plasmócitos. Observou-se
ocasionalmente a presença de neutrófilos e eosinófilos, células gigantes e abscesso. A
presença de macrófagos foi bastante intensa, e observou-se a presença de cápsula
fibrosa fina envolvendo a área de reação inflamatória produzida pelo material na
maioria das amostras. Também no período de 30 dias observou-se tecido rico em
hemosiderina nas amostras referentes ao Grupo IV (Figura 9).
Figura 6: Aspecto da reação tecidual ao cimento EndoFill no período pós-operatório de
30 dias. Nota-se presença de infiltrado inflamatório crônico (*) e de macrófagos (setas).
Figura 7: Reação inflamatória no grupo controle no período experimental de 30 dias.
Nota-se infiltrado linfoplasmocitário pouco intenso(*) e aumento da espessura da
condensação fibrosa que envolve a reação inflamatória (setas).
*
*
*
*
*
Figura 8: Aspecto do infiltrado inflamatório (*) produzido pelo cimento AH Plus no
período de 30 dias pós-operatório. Nota-se também a presença de célula gigante (seta).
Figura 9: Quadro histopatológico produzido pelo cimento EndoRez no período
experimental de 30 dias. Nota-se infiltrado linfoplasmocitário intenso (*) e tecido rico
em hemosiderina (setas).
*
*
*
*
*
*
*
*
A tabela 2 apresenta os resultados do período experimental de 30 dias para os
quatro grupos avaliados.
Tabela 2. Comparação entre os grupos no período experimental de 30 dias
Grupo
Escore Médio
Desvio-padrão Teste de Friedman P
Condensação Fibrosa
Grupo 1 2,50 0,55 4,364 0,225
Grupo 2 2,83 0,41
Grupo 3 2,50 0,55
Grupo 4 2,17 0,41
Neutrófilos
Grupo 1 1,33 0,82 1,000 0,801
Grupo 2 1,33 0,82
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,17 0,41
Eosinófilos
Grupo 1 1,33 0,52 2,200 0,532
Grupo 2 1,33 0,52
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,17 0,41
Linfócitos/Plasmócitos
Grupo 1 4,00 0,00 3,353 0,340
Grupo 2 3,17 0,98
Grupo 3 3,50 0,84
Grupo 4 3,50 0,84
Células gigantes
Grupo 1 1,50 0,55 1,714 0,634
Grupo 2 1,33 0,52
Grupo 3 1,67 0,52
Grupo 4 1,50 0,55
Macrófagos
Grupo 1 2,83
A
0,41 10,902 0,012
Grupo 2 1,67
B
0,82
Grupo 3 1,67
B
0,52
Grupo 4 2,67
A
0,52
Abscesso
Grupo 1 1,17 0,41 1,000 0,801
Grupo 2 1,17 0,41
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,17 0,41
Escores seguidos de mesma letra não diferem entre si
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Friedman verifica-se que existe
diferença significativa para a variável Macrófagos. O teste de Wilcoxon apontou que o
Grupo II (grupo controle) e III (AH Plus) apresentam resultados estatisticamente
inferiores aos dos grupos I (EndoFill) (p=0,038) e IV (Endorez) (p=0,024). As demais
variáveis não diferem significativamente entre os grupos estudados nesse período
experimental.
Os resultados do período de 30 dias podem ser observados no Gráfico 2.
Gráfico 2. Comparação entre os grupos: 30 dias
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
No período experimental de 60 dias o cimento EndoFill (Grupo I) promoveu
reação inflamatória caracterizada pela manutenção de infiltrado inflamatório crônico
intenso, com predominância de linfócitos e plasmócitos e presença ainda acentuada de
macrófagos (Figura 10). Ocasionalmente, ainda pode ser observada a presença de
células gigantes, de neutrófilos e de abscesso. Observou-se também a formação de
discreta cápsula fibrosa, com fibras organizadas, porém pouco espessa, envolvendo a
área de reação inflamatória.
O grupo controle (Grupo II), no período experimental de 60 dias, apresentou
reação inflamatória bastante leve ou inexistente, com poucas células inflamatórias junto
à saída do tubo. A reação também foi caracterizada pela formação de cápsula fibrosa
espessa envolvendo o tecido inflamatório ainda remanescente (Figura 11).
O AH Plus (Grupo III) promoveu a presença de infiltrado inflamatório leve a
moderado no período experimental de 60 dias. Observou-se também a presença esparsa
de macrófagos e a formação de cápsula fibrosa espessa envolvendo a reação
inflamatória remanescente (Figura 12).
Já o EndoRez (Grupo IV) promoveu a manutenção de infiltrado inflamatório de
moderado a intenso (Figura 13), com predominância de linfócitos e plasmócitos.
Ocasionalmente, ainda puderam ser observados alguns neutrófilos dispostos de maneira
esparsa e a presença de abscesso. Os macrófagos permaneceram aparecendo em grande
quantidade. Em relação à condensação fibrosa, observou-se a formação de cápsula
fibrosa espessa junto à reação inflamatória produzida pelo cimento.
A tabela 3 aponta os resultados dos quatro grupos avaliados no período
experimental de 60 dias.
Figura 10: Reação inflamatória ao cimento EndoFill no período pós-operatório
de 60 dias. Nota-se manutenção do infiltrado inflamatório crônico (*) e a presença de
abscesso (setas).
Figura 11: Aspecto histopatológico de amostra do Grupo II no período experimental de
60 dias. Observa-se cicatrização do tecido.
*
*
*
*
*
Figura 12: Aspecto da reação tecidual ao cimento AH Plus no período de 60 dias
apresentando infiltrado inflamatório crônico moderado (*).
Figura 13: Aspecto da reação inflamatória produzida pelo cimento EndoRez no período
pós-operatório de 60 dias. Presença de infiltrado linfoplasmocitário (*) limitado por
cápsula fibrosa (setas).
*
*
*
*
*
*
*
Tabela 3. Comparação entre os grupos no período experimental de 60 dias
Grupo
Escore
Médio
Desvio-
p
adrão
Teste de Friedman P
Condensação Fibrosa
Grupo 1 2,17 0,75 6,750 0,080
Grupo 2 2,83 0,41
Grupo 3 3,00 0,00
Grupo 4 2,83 0,41
Neutrófilos
Grupo 1 1,17 0,41 2,000 0,572
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,17 0,41
Eosinófilos
Grupo 1 1,00 0,00 - -
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,00 0,00
Linfócitos/Plasmócitos
Grupo 1 3,83
A
0,41 12,161 0,007
Grupo 2 1,17
B
0,41
Grupo 3 2,33
AB
1,37
Grupo 4 3,00
A
0,63
Células gigantes
Grupo 1 1,33 0,52 6,000 0,112
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,00 0,00
Macrófagos
Grupo 1 2,50
A
0,55 11,712 0,008
Grupo 2 1,00
B
0,00
Grupo 3 1,50
AB
0,84
Grupo 4 2,67
A
0,52
Abscesso
Grupo 1 1,33 0,82 2,000 0,572
Grupo 2 1,00 0,00
Grupo 3 1,00 0,00
Grupo 4 1,17 0,41
* Escores seguidos de mesma letra não diferem entre si
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Friedman, verificou-se que
existiu diferença significativa para as variáveis linfócitos e plasmócitos (p=0,007) e
macrófagos (p=0,008).
No período experimental de 60 dias, notou-se uma redução do infiltrado
inflamatório de linfócitos e plasmócitos na maioria dos grupos. Observou-se, porém,
uma diferença significativa entre os grupos estudados, sendo que Grupo I (cimento
EndoFill) e o Grupo IV (cimento Endorez), apresentaram resultados significativamente
superiores aos do Grupo II (controle) (p=0,020). O Grupo III (AH Plus) apresentou
reação inflamatória que manteve posição intermediária entre o Grupo II (controle) e os
Grupos I (EndoFill) e IV (EndoRez), não havendo sido observadas diferenças
estatisticamente significantes.
Em relação à presença de macrófagos, no período de 60 dias, verificou-se
que existiu diferença significativa para os escores entre os grupos estudados. Observou-
se que os grupos I (EndoFill) (p=0,024) e IV (EndoRez) (p=0,023) apresentaram escores
significativamente superiores ao Grupo II (grupo controle). Da mesma maneira que em
relação ao infiltrado linfoplasmocitário, o Grupo III (AH Plus) manteve-se em posição
intermediária, sem apresentar diferenças estatisticamente significantes em comparação
aos demais grupos de estudo.
Os resultados do período experimental de 60 dias podem ser observados no
Gráfico 3.
Gráfico 3. Comparação entre os grupos: 60 dias
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
Também foram observadas as diferenças entre os três períodos experimentais
para cada um dos grupos. A tabela 4 apresenta os resultados referentes ao Grupo I
(EndoFill) nos três períodos experimentais avaliados.
Tabela 4. Comparação entre os tempos: Grupo I
Período
N
Escore
Médio
Desvio-
p
adrão
Kruskal-
Wallis
P
Condensação Fibrosa
7 dias 6 1,33
A
0,52 7,367 0,025
30 dias 6 2,50
B
0,55
60 dias 6 2,17
AB
0,75
Neutrófilos
7 dias 6 1,50 0,55 1,605 0,448
30 dias 6 1,33 0,82
60 dias 6 1,17 0,41
Eosinófilos
7 dias 6 1,33 0,52 2,429 0,297
30 dias 6 1,33 0,52
60 dias 6 1,00 0,00
Linfócitos/Plasmócitos
7 dias 6 3,83 0,41 1,063 0,588
30 dias 6 4,00 0,00
60 dias 6 3,83 0,41
Células gigantes
7 dias 6 1,67 0,52 1,259 0,533
30 dias 6 1,50 0,55
60 dias 6 1,33 0,52
Macrófagos
7 dias 6 2,50 0,55 1,766 0,413
30 dias 6 2,83 0,41
60 dias 6 2,50 0,55
Abscesso
7 dias 6 1,50 0,55 1,605 0,448
30 dias 6 1,17 0,41
60 dias 6 1,33 0,82
* Escores seguidos de mesma letra não diferem entre si.
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis verificou-se
que existiu diferença significativa para a variável condensação fibrosa (p=0,025). O
Teste U de Mann-Whitney mostrou que no período de 7 dias essa variável apresentou
escores inferiores aos do período de 30 dias (p=0,011). As demais variáveis não
apresentaram diferenças estatisticamente significantes nos períodos experimentais
avaliados.
A comparação dos resultados do Grupo I nos três períodos experimentais
também pode ser observada no Gráfico 4.
Gráfico 4. Comparação entre os tempos: Grupo I
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
A tabela 5 apresenta os resultados do Grupo II (grupo controle) para os três
períodos experimentais avaliados.
Tabela 5. Comparação entre os tempos: Grupo II
Período N
Escore
Médio
Desvio-
p
adrão
Kruskal-
Wallis
P
Condensação Fibrosa
7 dias 6 2,17
A
0,41 7,065 0,029
30 dias 6 2,83
B
0,41
60 dias 6 2,83
B
0,41
Neutrófilos
7 dias 6 1,00 0,00 2,000 0,368
30 dias 6 1,33 0,82
60 dias 6 1,00 0,00
Eosinófilos
7 dias 6 1,00 0,00 4,250 0,119
30 dias 6 1,33 0,52
60 dias 6 1,00 0,00
Linfócitos/Plasmócitos
7 dias 6 2,33
A
0,52 11,615 0,003
30 dias 6 3,17
A
0,98
60 dias 6 1,17
B
0,41
Células gigantes
7 dias 6 1,00 0,00 4,250 0,119
30 dias 6 1,33 0,52
60 dias 6 1,00 0,00
Macrófagos
7 dias 6 1,17 0,41 4,406 0,110
30 dias 6 1,67 0,82
60 dias 6 1,00 0,00
Abscesso
7 dias 6 1,00 0,00 2,000 0,368
30 dias 6 1,17 0,41
60 dias 6 1,00 0,00
* Escores seguidos de mesma letra não diferem entre si
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis verificou-se
que existiu diferença significativa para a variável condensação fibrosa. O teste U de
Mann-Whitney mostra que o período de 7 dias apresentou escores estatisticamente
inferiores aos dos períodos de 30 (p=0,027) e 60 dias (p=0,027).
Também se observou diferença estatisticamente significativa para a variável
Linfócitos e Plasmócitos. O teste U de Mann-Whitney mostrou que o período de 7 dias
diferiu significativamente do tempo de 60 dias (p=0,006), e o período de 30 dias
apresentou escores superiores aos do período de 60 dias (p=0,004).
Os resultados do Grupo II nos três períodos experimentais estão expostos no
Gráfico 5.
Gráfico 5. Comparação entre os tempos: Grupo 2
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
7
dias
30
dias
60
dias
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
A tabela 6 apresenta os resultados do grupo III (AH Plus) nos períodos
experimentais de 7, 30 e 60 dias.
Tabela 6. Comparação entre os tempos: Grupo III
Período N
Escore
Médio
Desvio-
p
adrão
Kruskal-
Wallis
P
Condensação Fibrosa
7 dias 6 2,00
A
0,00 11,333 0,003
30 dias 6 2,50
AB
0,55
60 dias 6 3,00
B
0,00
Neutrófilos
7 dias 6 1,00 0,00 - -
30 dias 6 1,00 0,00
60 dias 6 1,00 0,00
Eosinófilos
7 dias 6 1,00 0,00 - -
30 dias 6 1,00 0,00
60 dias 6 1,00 0,00
Linfócitos/Plasmócitos
7 dias 6 2,67 0,82 3,515 0,172
30 dias 6 3,50 0,84
60 dias 6 2,33 1,37
Células gigantes
7 dias 6 1,33 0,52 5,667 0,059
30 dias 6 1,67 0,52
60 dias 6 1,00 0,00
Macrófagos
7 dias 6 1,50 0,55 0,604 0,739
30 dias 6 1,67 0,52
60 dias 6 1,50 0,84
Abscesso
7 dias 6 1,00 0,00 - -
30 dias 6 1,00 0,00
60 dias 6 1,00 0,00
* Escores seguidos de mesma letra não diferem entre si
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis verifica-se
que existe diferença significativa apenas para a variável condensação fibrosa. De
acordo com o teste U de Mann-Whitney, o período de 7 dias apresentou escores
inferiores ao período de 60 dias (p=0,001). Os resultados do Grupo III podem ser
observados no Gráfico 6.
Gráfico 6. Comparação entre os tempos: Grupo III
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
A tabela 7 apresenta os resultados do Grupo IV (EndoRez) nos três períodos
experimentais avaliados.
Tabela 7. Comparação entre os tempos: Grupo IV
Período N
Escore
Médio
Desvio-
p
adrão
Kruskal-
Wallis
P
Condensação Fibrosa
7 dias 6 1,50
A
0,55 10,798 0,005
30 dias 6 2,17
AB
0,41
60 dias 6 2,83
B
0,41
Neutrófilos
7 dias 6 1,50 0,55 2,092 0,351
30 dias 6 1,17 0,41
60 dias 6 1,17 0,41
Eosinófilos
7 dias 6 1,17 0,41 1,063 0,588
30 dias 6 1,17 0,41
60 dias 6 1,00 0,00
Linfócitos/Plasmócitos
7 dias 6 3,50 0,84 2,361 0,307
30 dias 6 3,50 0,84
60 dias 6 3,00 0,63
Células gigantes
7 dias 6 1,33 0,52 3,662 0,160
30 dias 6 1,50 0,55
60 dias 6 1,00 0,00
Macrófagos
7 dias 6 2,67 0,52 - -
30 dias 6 2,67 0,52
60 dias 6 2,67 0,52
Abscesso
7 dias 6 1,67 0,82 2,414 0,299
30 dias 6 1,17 0,41
60 dias 6 1,17 0,41
* Escores seguidos de mesma letra não diferem entre si
Através dos resultados do teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis verificou-se
que existiu diferença significativa para a variável condensação fibrosa. O teste U de
Mann-Whitney mostra que o período de 7 dias apresentou escores inferiores aos dos
períodos de 30 dias (p=0,043) e 60 dias (p=0,027).
Os resultados do Grupo IV nos três períodos experimentais avaliados podem ser
observados no Gráfico 7.
Gráfico 7. Comparação entre os tempos: Grupo IV
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
7 dias
30 dias
60 dias
Fibras Neutrófilos Eosinófilos Linfócit./Plasm. Célula gigante Macrófagos Abscesso
Escore Médio
6. DISCUSSÃO
6.1- Sobre a Metodologia Empregada
Da definição do experimento
Os testes de implantação subcutânea são amplamente utilizados para
avaliação da resposta tecidual a cimentos endodônticos, sendo considerada uma
metodologia destinada a avaliação da compatibilidade biológica em nível secundário.
Tal etapa do processo de determinação da biocompatibilidade permite averiguar o
comportamento dos materiais em contato com tecidos semelhantes aos envolvidos na
terapia endodôntica, tornando possível, dentro de determinados limites, a projeção dos
possíveis efeitos dos materiais nos tecidos da região apical e periapical.
Os experimentos em tecido conjuntivo subcutâneo ainda apresentam como
vantagem o fato de ser uma técnica bem controlada, com menor número de variáveis e
padronizada, além de permitir a obtenção de resultados em curto período de tempo
(COSTA, 2001a).
As principais metodologias para avaliação da reação tecidual a cimentos
endodônticos em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos envolvem a injeção direta do
material nos tecidos e a implantação de tubos contendo os materiais experimentais. No
presente estudo optou-se pela implantação de tubos de polietileno, uma vez que essa
metodologia permite a padronização da interface cimento/tecido, o que reduz o risco de
que a presença de grande quantidade do material em contato direto com o tecido
conjuntivo aumente exageradamente a reação inflamatória tecidual (não reproduzindo a
realidade clínica). Além disso, oferece maior facilidade no momento da biópsia (pois os
tubos indicam os locais em que se deve fazer a incisão) e na análise dos resultados (por
facilitar a observação de reações em áreas mais restritas, auxiliando na determinação da
severidade da resposta).
O material de escolha para os tubos foi o polietileno, material amplamente
utilizado com esse propósito, sendo sua aceitabilidade comprovada por estudos de
Torneck (1966) e Onyck (1970). Os materiais foram implantados logo após sua
espatulação, a fim de reproduzir as condições em que entram em contato com os tecidos
periapicais durante o tratamento endodôntico.
No presente estudo optou-se pelo emprego de ratos Wistar para a implantação
dos tubos de polietileno. Este é considerado o modelo biológico padrão para os testes
secundários dos materiais estudados. A determinação da idade e peso do animal (90 a
120 dias e pesando entre 300 e 400g) deveu-se a escolha de características que
proporcionassem condições de saúde e resistência capazes de suportar o procedimento
durante o transcorrer do experimento (SEMENOFF, 2003).
Segundo Mittal, Chandra e Chandra (1995) o teste em ratos é uma forma
econômica de se averiguar os efeitos biológicos de cimentos endodônticos.
As semelhanças entre ratos e humanos aparecem de forma mais específica
depois da melhor concepção da biologia dos ratos obtida pelo mapeamento da maior
parte do seu genoma no ano de 2004. Tal concepção é útil para estudos fisiológicos e
farmacológicos, uma vez que o rato é o animal mais empregado nas pesquisas, e
também embasa o modelo de estudo aqui definido (KOLA, 2004).
Os animais foram mantidos em gaiolas separadas a fim de evitar o acesso à
região dorsal por outros animais no período pós-operatório, o que poderia levar ao
deslocamento dos tubos, retardar o processo de reparo ou induzir infecção. A avaliação
dos 4 grupos foi realizada num mesmo animal, permitindo comparar as respostas
produzidas em cada grupo sem a interferência de questões individuais de ordem
imunológica.
Da definição dos períodos experimentais
Foram definidos períodos experimentais de sete, trinta e sessenta dias. A
definição desses períodos baseou-se nas características das diversas fases do processo
inflamatório e nas particularidades da metodologia empregada.
Quando se tem a intenção de observar a intensidade de eventos
relacionados à inflamação aguda, devem ser programados períodos experimentais curtos
(24-48h). Isso porque, nas primeiras horas após a agressão, o processo inflamatório
estabelece uma defesa inata não induzida, caracterizada pela atuação do sistema
complemento, com formação de compostos vasoativos, reconhecimento e fagocitose por
macrófagos residentes (histiócitos) e liberação de mediadores químicos. Estes levam a
alterações vasculares e a migração de células inflamatórias para o local da injúria
(especialmente neutrófilos, principais combatentes no local acometido por inflamação
aguda, que além de apresentarem atividade fagocitária, podem perpetuar a resposta
inflamatória pela liberação de enzimas, mediadores químicos e radicais livres tóxicos)
(PEREIRA; BOGLIOLO, 1993; SIQUEIRA, 2001a; SIQUEIRA, 2001b;
MONTENEGRO; FACCHIO, 2004).
Apesar de reconhecer-se a importância da definição de reações imediatas a
presença dos cimentos endodônticos, no presente estudo optou-se por não avaliar os
materiais em períodos de 24-48 horas, uma vez que as características da reação
inflamatória produzida pelos cimentos estariam mascaradas pela resposta induzida pelo
trauma do próprio ato cirúrgico. De acordo, autores como Kallus e Eklund
(1983)
afirmam que a exacerbação da resposta inflamatória em períodos demasiadamente
curtos pode ser devida ao trauma cirúrgico. Segundo os autores o processo de reparação
causado pelo trauma cirúrgico pode interferir no processo de avaliação das alterações
teciduais causadas pelo material implantado.
Por outro lado, apesar de não haver sido realizada a avaliação em período
experimental curto, atentou-se para o fato de que a permanência de características
relacionadas a inflamação aguda por períodos mais prolongados confere caráter de
maior agressividade ao material testado. Em períodos experimentais mais longos espera-
se observar o estabelecimento e as características de uma reação inflamatória crônica,
que varia em intensidade e duração de acordo com as características dos materiais
testados.
Entretanto, há situações em que os neutrófilos podem continuar chegando em
grande número ao foco inflamatório por períodos variáveis, às vezes semanas, na
dependência do tipo de agressão e de sua permanência no foco. Os macrófagos também
podem estar presentes, auxiliando na fagocitose (PEREIRA; BOGLIOLO, 1993;
SIQUEIRA, 2001a; MONTENEGRO; FACCHIO, 2004).
Nos períodos avaliados no presente estudo (sete, trinta e sessenta dias) observa-
se a intensidade e a permanência de um quadro inflamatório por mais tempo, o que leva
a verificação de uma resposta imunológica adaptativa, também conhecida como resposta
inflamatória crônica. Nessa etapa ocorre a resposta imune celular, com presença de
linfócitos T- helper, T-citotóxicos e produtos secretados por essas populações celulares.
Além disso, podem ser observados macrófagos que, além de terem papel participante no
combate ao agente agressor, podem induzir direta ou indiretamente a destruição do
parênquima tecidual. Na reação inflamatória crônica também pode ser observada a
resposta imune humoral, caracterizada pela produção de anticorpos sintetizados por
plasmócitos, a neoformação vascular e a estimulação de fibroblastos, que passam a
produzir colágeno caracterizando o processo de reparo com formação de fibrose. Dessa
forma, a resposta inflamatória crônica apresenta períodos de destruição tecidual
alternados com períodos de reparo (PEREIRA; BOGLIOLO, 1993; MONTENEGRO,
2004; ANDRADE, 2004; KUNIE, 2004). Tal assertiva é apoiada por achados
histológicos evidenciados no presente estudo, os quais comprovam a coexistência de
uma reação inflamatória crônica com o reparo dos tecidos lesados nos períodos
experimentais mais longos.
Sendo assim, avaliação histopatológica da resposta provocada pelos materiais
baseou-se nas características da reação inflamatória produzidas por esse material junto
ao tecido conjuntivo dos animais experimentais, durante os períodos de 7, 30 e 60 dias
pós-operatório.
De acordo, Costa (2001a) recomenda a avaliação da resposta intermediária em
períodos de 7 e 30 dias, a fim de observar a evolução do quadro reacional frente aos
materiais em teste, e de 60 dias para sinalizar o mecanismo de reparação em períodos
mais longos.
6.2- Da análise dos resultados
De acordo com Perassi (2004), os materiais obturadores do canal radicular
devem preencher requisitos biológicos tais como: (1) ter pouca solubilidade; (2)não
estimular resposta inflamatória ou estimular resposta que se desenvolva dentro de
parâmetros que permitam ao tecido reparador isolar o material obturador do tecido
conjuntivo per se por meio de formação de cápsula fibrosa após o período inicial de
reparação e; 3) não promover persistência de infiltrado inflamatório intenso ou
moderado que impeça ou retarde o início do reparo.
Nos dados revisados na literatura, fica clara a busca por classificar os graus de
reação inflamatória, procurando avaliar fatores como o componente celular
inflamatório, as características da condensação fibrosa e a ocorrência de abscesso e
necrose tecidual. Entretanto, ao analisar os estudos que observam a reação tecidual a
materiais, nota-se a ausência de padronização na metodologia de avaliação da reação
inflamatória, ainda que tentativas de estabelecimento de critérios tenham sido sugeridas
por normatizações da ANSI/ADA (1979) e FDI (1980). Essa ausência de padronização
pode ser devida a algumas deficiências na metodologia sugerida por essas organizações,
que apesar de proporcionarem a observação de aspectos importantes na definição e
qualificação do tipo de resposta apresentada, não permitem uma comparação precisa do
grau de resposta inflamatória, apresentando deficiências de objetividade.
Estudos como os de Molloy et al (1992), Kolokuris et al (1996), Görduysus,
Etikän e Gökös (1998) e Kolukuris et al (1998) aproximam-se do tipo de avaliação
sugerida e utilizam-se da análise descritiva dos eventos inflamatórios observados.
Essa maneira de verificação dos resultados apresenta como vantagem a
observância dos diversos fatores envolvidos no processo inflamatório, o que permite o
entendimento da reação promovida pelo material testado baseado no conhecimento dos
eventos biológicos que caracterizam a inflamação e o processo de reparo. A partir da
observação desses eventos, a avaliação da inflamação é relacionada com a intensidade e
com a duração dos eventos inflamatórios. As características fundamentais do processo
inflamatório são, portanto, contempladas em estudos que oferecem a análise descritiva
dos resultados, classificando a inflamação em graus de severidade (como ausente, leve,
moderado e intenso).
Por um lado, a análise descritiva é pouco objetiva, prescindindo da possibilidade
de avaliação e da comparação precisa das respostas observadas. Essa dificuldade
estende-se para a definição de aceitabilidade do material testado, a qual, segundo os
critérios FDI / ISO, sugere critérios de interpretação dos resultados, os quais consideram
a reação aceitável ou inaceitável na dependência dos graus de inflamação em diferentes
períodos experimentais.
A partir dessas dificuldades foram surgindo tentativas de quantificação da
resposta inflamatória que permitissem a comparação entre grupos de estudo por meio de
testes estatísticos.
Autores como Yesilsoy et al (1988) e Ligocki (1998) avaliam a resposta tecidual
a partir da contagem do número de células inflamatórias observadas. Esse tipo de
avaliação permite menor subjetividade e maior precisão, conferindo aos estudos a
possibilidade de avaliação estatística dos resultados e da comparação entre grupos de
estudo.
Apesar de bastante simples e objetivo, esse método de análise não oferece dados
referentes a características específicas do processo inflamatório em suas diversas fases,
não qualifica o tipo de reação e deixa de apontar fatores importantes na avaliação da
aceitabilidade dos materiais. Entre esses fatores pode ser citada a caracterização da
presença de alguns tipos celulares que atuam durante as diversas etapas do processo
inflamatório desempenhando diferentes papéis.
Pelas razões expostas, o presente estudo segue os critérios de avaliação da
resposta inflamatória apresentados por Figueiredo (2001) e utilizados por Só (2004).
Essa alternativa possibilita complementar a análise descritiva dos eventos observados
pela análise objetiva dos resultados, e permite a qualificação do tipo de reação
apresentada, observando elementos celulares que desempenham papéis específicos
importantes e contemplando eventos que juntamente com as células caracterizam a
intensidade da reação inflamatória (como a formação de condensação fibrosa e de
abscesso tecidual).
Em relação ao componente celular inflamatório, buscou-se atentar para células
que apresentam papel importante no processo e que podem delinear características de
aceitabilidade dos materiais. Entre elas, observamos a presença e a predominância de
linfócitos, plasmócitos, neutrófilos, macrófagos, eosinófilos e células gigantes.
Linfócitos e plasmócitos apareceram como as células mais prevalentes nas
lâminas analisadas em todos os períodos experimentais, compondo grande parte do
infiltrado inflamatório das amostras avaliadas. Tal prevalência é esperada, uma vez que
essas células atuam na fase crônica da inflamação, a qual caracteriza os períodos
experimentais observados. Os linfócitos e os plasmócitos relacionam-se com as
respostas imunes de base celular e de síntese de anticorpos (PEREIRA; BOGLIOLO,
1993; SIQUEIRA, 2001a; KUNIE, 2004; MONTENEGRO; FACCHIO, 2004).
No período experimental de 7 dias, verificou-se diferença significativa para os
escores relacionados a essa variável entre os grupos estudados. O Grupo I (tubos
preenchidos com o cimento EndoFill) apresentou escores significativamente superiores
ao Grupo II (grupo controle). Os Grupos III (AH Plus) e IV (EndoRez) apresentaram
resultados intermediários aos observados nos Grupos I e II. Já no período experimental
subseqüente (30 dias), não houve diferença significativa para os escores entre os grupos
estudados.
No período experimental de 60 dias, o Grupo I (Endofill) e o Grupo IV
(Endorez) apresentaram infiltrado linfoplasmocitário significativamente superior ao do
Grupo II (controle). Tal constatação foi devida à redução do infiltrado inflamatório nos
grupos II (controle) e III (AH Plus), o que não ocorreu nas amostras referentes aos
cimentos EndoFill e EndoRez.
Os cimentos de óxido de zinco e eugenol apresentam vasta literatura que
enfatiza suas características de agressividade às células e aos tecidos vitais, desde
estudos envolvendo testes primários (TAI; HUANG; CHANG, 2001; MENDES, 2003),
passando por estudos envolvendo testes secundários (PERASSI, 2004; BATISTA et al,
2007) e testes de aplicação (TANOMARO FILHO et al, 1998; LEONARDO et al,
1999b). Tal característica pode ser evidenciada na reação inflamatória a esse material, a
qual apontou para a presença de intenso infiltrado inflamatório crônico que se manteve
ao longo dos três períodos experimentais avaliados.
Já o cimento à base de resina metacrilato (EndoRez) apresentou uma tendência
a promover reação mais intensa do que a promovida pelo cimento AH Plus e pelo grupo
controle, especialmente em períodos experimentais mais longos, como o observado nas
lâminas referentes ao período de 60 dias. Tal observação encontra respaldo em outros
trabalhos relacionados à biocompatibilidade. Essa evidência também foi observada por
Zmener, Banegas e Pameijer (2005), os quais verificaram população celular mais
abundante (formada em grande parte por linfócitos e plasmócitos) na reação ao cimento
EndoRez em relação ao grupo controle.
De acordo, no estudo desenvolvido por Sousa et al (2006) houve semelhança nas
reações teciduais aos cimentos AH Plus e EndoRez em período experimental de 4
semanas, com presença abundante de linfócitos para os dois cimentos testados, ao passo
que a reação mostrou-se diminuída em 12 semanas para o cimento AH Plus e persistiu
severa nas amostras relacionadas ao EndoRez. Ainda, Zafalon et al (2007) ressaltam a
permanência da reação inflamatória ao cimento EndoRez por períodos mais
prolongados. Por outro lado, Zmener e Pameijer (2004) não observaram diferenças de
manutenção da reação inflamatória na presença do cimento EndoRez em relação ao
grupo controle em períodos superiores à 60 dias.
Ao contrário do cimento à base de resina metacrilato, o cimento AH Plus
apresentou infiltrado inflamatório semelhante ao do grupo controle em períodos
experimentais mais longos. Essa relação de menor agressividade conferida ao AH Plus
está respaldada nos estudos de Leonardo et al. (1999b) e Tai, Huang e Chang (2001).
Por outro lado, apenas para o Grupo II (controle) notou-se uma redução
significativa para a variável linfócitos e plasmócitos nos três períodos experimentais.
Tal constatação demonstra que a presença do cimento nos três grupos testados acarreta
uma maior reação inflamatória, bem como a inexistência, dentre os materiais avaliados,
de um cimento endodôntico com características ideais de biocompatibilidade. Nas
amostras referentes ao AH Plus pode ser observada uma tendência à redução das
características da reação inflamatória, ainda que estatisticamente não tenham sido
observadas diferenças ao longo dos três períodos experimentais. Ao contrário, os
cimentos EndoFill e EndoRez apresentaram uma tendência à manutenção prolongada
das características da reação inflamatória.
De acordo com Yesilsoy et al (1988) o material biocompatível deve promover
resposta inflamatória aceitável e restrita a curtos períodos de tempo, tornando-se, após
as reações pós-operatórias iniciais, tão inerte quanto possível.
Outro aspecto avaliado que apontou diferenças significativas entre os grupos
foi a presença de macrófagos. Essas células participam da eliminação do agente
agressor, podendo também promover destruição tecidual pela liberação de radicais
oxigenados, enzimas e citocinas (PEREIRA; BOGLIOLO, 1993; SIQUEIRA, 2001a;
MONTENEGRO; FACCHIO, 2004). No presente estudo, no período de 7 dias pós-
operatório, os Grupos I (EndoFill) e IV (EndoRez) apresentaram escores
significativamente superiores aos grupos II (grupo controle) e III (AH Plus). Também
nos períodos experimentais de 30 e 60 dias, observou-se que os grupos I (EndoFill) e IV
(Endorez) apresentaram escores significativamente superiores aos grupos II (grupo
controle) e III (AH Plus).
Ao avaliar os efeitos de cimentos de óxido de zinco e eugenol sobre a
viabilidade e atividade de macrófagos, Mendes et al (2003) concluíram que os cimentos
não interferiram na viabilidade dos macrófagos, mas que a sua aderência e capacidade
de fagocitose foi alterada. Talvez em razão disso possa ser necessária uma maior
mobilização de macrófagos para conter a agressão promovida por esse tipo de cimento,
uma vez que as células se encontram com suas funções prejudicadas. Apesar de não se
ter localizado estudos envolvendo influência dos cimentos a base de resina metacrilato
na atividade e viabilidade de macrófagos, infere-se que a mesma reação possa ocorrer
em relação ao cimento EndoRez, uma vez que esse apresentou resultados bastante
semelhantes aos do cimento de óxido de zinco e eugenol no que se refere a presença de
macrófagos.
Outro aspecto que contribui para a hipótese de diminuição da atividade dos
macrófagos que atuam na reação ao cimento EndoRez é o fato de suas amostras
apresentarem acúmulo de hemosiderina nos períodos de 7 e 30 dias. A hemosiderina
representa um pigmento que marca o excesso de ferro presente nos tecidos em
decorrência da degradação de hemácias. Esse pigmento normalmente é degradado pelos
macrófagos, o que não ocorreu quando da presença do cimento EndoRez.
Já a presença de neutrófilos aparece reduzida em todos os períodos
experimentais. Tal fato talvez seja devido a inexistência de um período experimental
mais curto, de 24-48 horas. De acordo com Siqueira (2001a) os neutrófilos apresentam
função na resposta inflamatória aguda à lesão tecidual, caracterizando-se por serem
células móveis com atividade fagocitária. Podem estar envolvidos nos processos
crônicos em número reduzido, mas em processos supurativos, ainda que crônicos,
podem exercer papel de destaque. No presente estudo, ainda que não tenham sido
observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos nos períodos
experimentais avaliados, nota-se, no período experimental de 7 dias uma maior
tendência à presença de neutrófilos no Grupo I (EndoFill) e no Grupo IV (EndoRez) em
relação ao Grupos II (grupo controle) e ao Grupo III (AH Plus), o que denota a
permanência de algumas das características de um quadro inflamatório agudo por
período mais prolongado e sustenta, juntamente com os achados referentes à
manutenção das características do infiltrado linfoplasmocitário e da presença mais
pronunciada de macrófagos nesses grupos, a afirmação de que a reação inflamatória é
mais duradoura e intensa para esses materiais.
Os dados revisados na literatura sustentam os resultados encontrados.
Koloukuris et al (1996) observaram a presença de neutrófilos na reação tecidual ao
ciemento Tubli Seal (um cimento de óxido de zinco e eugenol), em períodos
experimentais de 5 e 15 dias, sendo a reação reduzida em períodos mais longos. Da
mesma forma, ao avaliar a reação tecidual de um cimento de óxido de zinco e eugenol,
Koloukoris et al (1998) observaram a presença de neutrófilos em período equivalente a
5 dias, sendo a intensidade da reação inflamatória diminuída a partir do período de 15
dias. No que se refere aos cimentos à base de resina metacrilato, os achados de Zmener
(2004) já haviam mostrado a presença de neutrófilos no tecido conjuntivo de ratos após
a exposição ao cimento Endorez. De acordo, Zmener, Banegas e Pameijer (2005), ao
avaliar a reação produzida pelo cimento Endorez em tecido ósseo, mostram maior
número de células inflamatórias (entre as quais os neutrófilos) na reação produzida por
esse cimento em relação ao grupo controle.
A maior tendência à presença de polimorfonucleares neutrófilos nas amostras
referentes aos cimentos EndoFill e EndoRez também pode ter contribuído para a
presença abundante de macrófagos nesses dois grupos experimentais. Os neutrófilos em
contato com cimentos endodônticos liberam enzimas para o meio extracelular,
destruindo as proteínas estruturais do tecido. Esta lise possivelmente atrai macrófagos
para a região, propiciando uma renovação celular constante estimulada pela morte
celular (BERBERT; CONSOLARO, 1994).
Quanto aos eosinófilos, não foram observadas diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos em nenhum dos períodos experimentais avaliados. Os
eosinófilos estão relacionados com a destruição de sistemas antígeno-anticorpo, sendo
bastante encontrados em reações de hipersensibilidade. Possuem também ação
bloqueadora da ação de histaminas, desempenhando papel nas fases tardias de algumas
inflamações (SIQUEIRA, 2001a). A presença desse tipo de célula inflamatória,
entretanto, mostrou-se bastante reduzida, ainda que observada nos períodos
experimentais de 7 e de 30 dias. Autores como Kolokuris et al (1996), Kolokuris et al
(1998), Zmener (2004) e Sousa et al (2006) também não observaram abundante
presença desse tipo celular ao avaliar a reação a cimentos endodônticos. Por outro lado,
Göduysus, Etikan e Gökös (1998) observaram presença abundante de eosinófilos na
reação ao cimento Endofill no período experimental de dois dias. No presente estudo,
apesar de não haver sido detectada diferença estatisticamente significante para essa
variável, o EndoFill foi o cimento que promoveu maior ocorrência de reação por células
do tipo eosinófilo, marcando também uma tendência de maior agressividade. Isso talvez
tenha sido observado em função de o eugenol (parte componente do produto) ser um
material com potencial alérgeno.
Já as células gigantes multinucleadas representam, em conjunto com a
presença de macrófagos, uma reação do tipo corpo estranho, o que caracteriza presença
de material de difícil degradação por parte do organismo (KUNIE, 2004; ANDRADE;
2004). No presente estudo, não foram observadas diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos estudados em todos os períodos experimentais, e a
presença de células gigantes foi bastante reduzida.
Outro aspecto por vezes negligenciado na avaliação da resposta biológica a
materiais é a formação de cápsula fibrosa. A formação dessa estrutura, de acordo com
Perassi (2004) é um critério de aceitabilidade do material, pois representa uma resposta
do tecido imune que torna corpos estranhos reconhecidos inofensivos ao organismo. O
fibrosamento varia em densidade e organização, podendo estar disposto ao acaso ou
apresentar característica capsular. De acordo, autores como Catanzaro Guimarães
e
Percinoto (1984) se valeram da presença da cápsula fibrosa como um dos parâmetros
auxiliares na avaliação da aceitabilidade dos materiais em implantação subcutânea. Por
outro lado, autores como Podshadley e Harrison (1966) e Alle, Alle e Marchesano
(1998) afirmam que a espessura da cápsula fibrosa é diretamente proporcional à
intensidade da resposta tecidual, e Wolfaardt et al
(1992) defendem que a cápsula
fibrosa que se forma ao redor do implante é inaceitável em testes subcutâneos.
Os critérios de avaliação utilizados neste estudo contemplam a observação da
presença e das características de espessura da condensação fibrosa, permitindo verificar
sua relação com o processo inflamatório. A presente pesquisa concorda, portanto, com
os autores que consideram a formação da cápsula fibrosa um critério de aceitabilidade
do material.
A presença da cápsula fibrosa permite também identificar se há restrição de
extensão do processo inflamatório, já que a formação de tecido fibroso limita a presença
do infiltrado inflamatório às áreas em contato próximo com o material. Acredita-se,
portanto, que a observação da formação da cápsula fibrosa é um critério que permite
observar também a extensão da reação inflamatória.
Outra proposta de avaliação da intensidade da resposta inflamatória é a
verificação da extensão da resposta por meio de histomorfometria. Kaplan et al (2003)
verificaram o volume da reação inflamatória, conferindo caráter de maior agressividade
a materiais que apresentassem reação inflamatória que envolvesse áreas mais distantes.
A dificuldade em tal metodologia reside na padronização de ângulos de corte durante o
processamento das lâminas histológicas, que inviabiliza a comparação precisa de áreas
de inflamação. Devido a essas características de dificuldade metodológica,
consideramos a condensação fibrosa um critério mais confiável, que permite avaliar,
inclusive, a extensão da resposta inflamatória.
Em relação a essa variável, observou-se um progressivo aumento da espessura
do tecido conjuntivo fibroso ao longo dos três períodos experimentais, limitando a zona
de reação inflamatória às áreas mais próximas dos materiais para todos os grupos
avaliados. A comparação das características da condensação fibrosa entre os grupos
aponta para semelhanças entre os cimentos AH Plus, EndoRez e o grupo controle.
Entretanto, o cimento EndoFill (Grupo I) apresentou, nos períodos
experimentais de 7 dias condensação fibrosa menos intensa em relação aos demais
grupos de estudo. Tal característica evidencia maior poder de agressividade aos tecidos,
uma vez que a presença de cápsula fibrosa bem organizada limitando a área de
inflamação inviabiliza que a reação inflamatória seja estendida para regiões distantes da
área de contato com o material experimental.
De acordo, Nassri, Lia e Bombana (2003) afirmam que a evolução mais lenta
da colagenização, juntamente com características de manutenção da presença de
macrófagos e do infiltrado inflamatório, permite determinar características de maior
agressividade ao material, uma vez que evidencia reparo tecidual mais lento.
Além dos aspectos já comentados, a metodologia de escolha para análise dos
resultados desse estudo contempla a observação da presença de abscesso promovido
pelo contato com os materiais. Outros estudos, como os de Pertot et al (1992), Kolokuris
et al (1996), Kolokuris et al (1998) e Sousa et al (2006) também contemplam a análise
dessa característica, a qual confere ao material caráter de agressividade.
Em relação à presença de abscesso tecidual, não foram observadas diferenças
estatisticamente significantes entre os grupos em nenhum dos períodos experimentais
avaliados. A presença de abscesso pareceu ser bastante reduzida, sendo sua ocorrência
ocasionalmente detectada, especialmente nos grupos relacionados ao cimento de óxido
de zinco e eugenol (EndoFill) e ao cimento à base de resina metacrilato (EndoRez). Não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas ainda que esses materiais
apresentassem maior tendência a essa característica.
Kolokouris et al (1998) também observaram a presença de abscesso nas amostras
relacionadas a cimentos a base de óxido de zinco e eugenol em estudo em tecido
conjuntivo subcutâneo de ratos. De maneira semelhante, ao avaliar a reação promovida
pelo cimento EndoRez em tecido ósseo, Sousa et al (2006) observaram a indução de
necrose tecidual, especialmente no período experimental de 4 semanas. De acordo com
os autores, o cimento não apresentou características de biocompatibilidade ao tecido
ósseo.
7. CONCLUSÕES
Dentro das condições experimentais desse estudo e a partir da análise dos
resultados pode-se concluir que:
- Em relação ao componente celular inflamatório:
1) Linfócitos e plasmócitos foram as células mais prevalentes nos quatro grupos
de estudo. Nos períodos de 7 e 60 dias, o infiltrado linfoplasmocitário apresentou-se
mais intenso na reação inflamatória promovida pelos cimentos EndoFill e EndoRez;
2) Os cimentos EndoFill e EndoRez também promoveram maior ocorrência de
macrófagos nos períodos de 7, 30 e 60 dias;
3) Neutrófilos, eosinófilos e células gigantes foram observados em número
reduzido em todos os grupos e nos três períodos experimentais.
- Em relação à condensação fibrosa:
Apenas o cimento EndoFill apresentou diferenças estatisticamente significativas
que evidenciaram menor condensação fibrosa no período experimental de 7 dias.
- Em relação à formação de abscesso:
A indução de abscesso foi reduzida nos quatro grupos de estudo.
- Em relação à comparação entre os períodos experimentais:
Na comparação entre os três períodos experimentais, notou-se a redução
significativa ao longo do tempo das características da reação inflamatória apenas para o
grupo controle. Tal observação torna evidente a ausência, dentre os materiais testados,
de um cimento com características ideais de biocompatibilidade.
8. REFERÊNCIAS
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2007.
9. ANEXOS
ANEXO 1
Utilização de Animais em Projetos de
Pesquisa
Comissão de Pesquisa e Ética em Saúde/GPPG/HCPA
Resolução Normativa 04/97
A Comissão de Pesquisa e Ética em Saúde credenciada, junto a Comissão Nacional de
Ética em Pesquisa (CONEP) do Ministério da Saúde, como Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP), vinculada ao Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, com o objetivo de estabelecer normas para a utilização de
animais em projetos de pesquisa submetidos à apreciação desta Comissão, com base nos
princípios e normas internacionalmente aceitas, dispõe que:
a) a utilização de animais em pesquisas científicas deve ocorrer somente após ser
provada a sua relevância para o avanço do conhecimento científico, considerando-se a
impossibilidade de utilização de métodos alternativos como: modelos matemáticos;
simulações computadorizadas; sistemas biológicos “in vitro” ou outro método
adequado:
b) a espécie utilizada e o cálculo do tamanho da amostra devem ser adequados para a
obtenção de resultados válidos;
c) deve ser oferecido alojamento, transporte, alimentação e cuidados adequados à
espécie através de assistência qualificada;
d) procedimentos que possam causar dor ou angústia devem ser desenvolvidos com
sedação, analgesia ou anestesia, salvo quando forem os mesmos o objetivo da pesquisa.
Devem ser, igualmente, observados cuidados com assepsia e prevenção de infecções,
assim como cuidados para minimizar o desconforto e estresse dos animais em estudo;
e) necessitando de imobilização física e/ou de privação alimentar ou hídrica, os
pesquisadores devem procurar manter estas condições pelo menor período de tempo
possível, evitando prolongar a angústia, desconforto e dor;
f) quando for necessário ao estudo, ou após o mesmo, se indicado, que os animais
devam ser sacrificados, este procedimento deve ser realizado de forma rápida indolor e
irreversível;
g) as técnicas aceitas para o sacrifício de animais são as seguintes: hipoxia por
barbitúricos, anestésicos inalatórios, dióxido de carbono e monóxido de carbono
(engarrafado), metanesulfonato de tricaína, benzocaína e irradiação por microondas;
h) as técnicas aceitas, de forma condicional, são as seguintes: hipoxia por deslocamento
cervical, por nitrogênio ou argônio, decapitação, concussão cerebral e dano medular;
i) não serão aceitas, salvo exceções extremamente justificadas, as seguintes técnicas de
sacrifício de animais: sangramento, descompressão, congelamento rápido, embolismo
gasoso, afogamento, atordoamento, uso isolado de estriquinina, nicotina, sulfato de
magnésio, cloreto de potássio, agentes curariformes, clorofórmio e cianeto.
Comissão de Pesquisa e Ética em Saúde/GPPG/HCPA. Resolução Normativa 04/97 - Utilização de
Recursos Financeiros em Projetos de Pesquisa. Aprovada na reunião conjunta das Comissões
Científica e de Pesquisa e Ética em Saúde de 08 de maio de 1997.
ANEXO 2
Código Estadual de Proteção aos Animais
Lei Estadual Nº 11.915
21 de maio de 2003
Rio Grande do Sul
Institui o Código Estadual de Proteção aos Animais, no âmbito do Estado do Rio
Grande do Sul.
TÍTULO II
CAPÍTULO I
Dos Animais de Laboratório
Seção I
Da Vivissecção
Art. 18 - Considera-se vivissecção os experimentos realizados com animais vivos em
centros de pesquisas.
Art. 19 - Os centros de pesquisas deverão ser devidamente registrados no órgão
competente e supervisionados por profissionais de nível superior, nas áreas afins.
Art. 20 - É proibida a prática de vivissecção sem uso de anestésico, bem como a sua
realização em estabelecimentos escolares de ensino fundamental e médio.
Parágrafo único - Os relaxantes musculares parciais ou totais não serão considerados
anestésicos.
Art. 21 - Com relação ao experimento de vivissecção é proibido:
I - realizar experiências com fins comerciais, de propaganda armamentista e outros que
não sejam de cunho científico humanitário;
II - utilizar animal já submetido a outro experimento ou realizar experiência prolongada
com o mesmo animal.
Art. 22 - Nos locais onde está autorizada a vivissecção, deverá constituir-se uma
comissão de ética, composta por, no mínimo, 03 (três) membros, sendo:
I - um (01) representante da entidade autorizada;
II - um (01) veterinário ou responsável;
III - um (01) representante da sociedade protetora de animais.
Art. 23 - Compete à comissão de ética fiscalizar:
I- a habilitação e a capacidade do pessoal encarregado de prestar assistência aos
animais;
II - verificar se estão sendo adotados os procedimentos para prevenir dor e o sofrimento
do animal, tais como aplicação de anestésico ou analgésico;
III - denunciar ao órgão competente qualquer desobediência a esta Lei.
Art. 24 - Todos os centros de pesquisas deverão possuir os recursos humanos e materiais
necessários a fim de zelar pela saúde e bem-estar dos animais.
Seção II
Das Disposições Finais
Art. 25 - As penalidades e multas referentes às infrações definidas nesta Lei serão
estabelecidas pelo Poder Executivo, em espécie.
Art. 26 - O Poder Executivo definirá o órgão estadual encarregado de fiscalizar o
cumprimento das disposições desta Lei.
Art. 27 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 30 (trinta) dias da data
de sua publicação.
Art. 28 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 29 - Revogam-se as disposições em contrário.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 21 de maio de 2003.
ANEXO 3: Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa
10. APÊNDICES
APÊNDICE 1
Resultados dos valores de Kappa para a Análise “Inter-examinador”
Célula Valor Kappa P
Condensação Fibrosa 80,4% 0,01
Neutrófilos 61,5% 0,03
Eosinófilos 99,0% 0,01
Linfócitos/ Plasmócitos 85,3% 0,01
Células Gigantes 60,0% 0,04
Macrófagos 100% 0,01
Abscesso 78,7% 0,01
APÊNDICE 2
Resultados dos valores de Kappa para a análise “intra-examinador”
Célula Valor Kappa P
Condensação Fibrosa 80,4% 0,01
Neutrófilos 100% 0,01
Eosinófilos 99,0% 0,01
Linfócitos/ Plasmócitos 85,3% 0,01
Células Gigantes 78,3% 0,01
Macrófagos 84,8% 0,01
Abscesso 80,4% 0,01
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