Download PDF
ads:
UFS - POSGRAP - NEREN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM AGROECOSSISTEMAS
DISSERTAÇÃO
Estratégias para o planejamento e gestão do
ecoturismo no Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE
Ivana Silva Sobral Oliveira
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS
Estratégias para o planejamento e gestão do ecoturismo no
Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE
IVANA SILVA SOBRAL OLIVEIRA
Sob a Orientação da Professora
Dra. Laura Jane Gomes
Dissertação submetida como
requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre
em Agroecossistemas.
São Cristóvão, SE
Janeiro de 2008
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
O48e
Oliveira, Ivana Silva Sobral
Estratégias para o planejamento e gestão do
ecoturismo no Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE
/ Ivana Silva Sobral Oliveira. – São Cristóvão, 2008.
138 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas)
Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos
Naturais, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE,
2008.
Orientadora: Profª. Drª. Laura Jane Gomes.
1. Agroecossistemas. 2. Ecoturismo Parque
Nacional da Serra de Itabaiana/SE. 3. Gestão
ambiental. 4. Percepção ambiental. 5. Planejamento
de trilhas. 6. Turismo ecológico – Sergipe. Título.
CDU 504:379.85(813.7Itabaiana/SE)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – POSGRAP
NÚCLEO DE POS-GRADUAÇÃO E ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS –
NEREN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
IVANA SILVA SOBRAL OLIVEIRA
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agroecossistemas
DISSERTAÇÃO APROVADA EM 30/01/2008
Prof. Dra. Laura Jane Gomes
Universidade Federal de Sergipe
(Orientador)
Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira
Universidade Federal de Sergipe
Prof
º.
Dr. Paulo Sérgio Maroti
Dedico este trabalho a:
Minha filha Luana, minha melhor
criação;
E aos moradores do entorno da Serra
de Itabaiana, especialmente aos que
compuseram a Primeira Brigada de
Incêndio do parque, cujas
contribuições foram fundamentais para
a realização deste trabalho.
Desejo que lutem por um país mais
justo e uma Natureza mais protegida.
AGRADECIMENTOS
Esse trabalho é fruto da colaboração direita e indireta de várias pessoas e instituições,
por isso nada mais justo do que neste momento de conclusão, demonstrar minha
gratidão. Agradeço:
A Deus pela sua perfeita criação: uma Natureza maravilhosa. Pena que a humanidade
está acabando com ela.
À Universidade Federal de Sergipe e a Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa
POSGRAP – pela bolsa de pós graduação concedida.
Ao Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais NEREN,
especialmente ao professor Dr. Alceu Pedrotti, pela solicitude.
Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA, aos
gestores e técnicos do Parque Nacional Serra de Itabaiana, por autorizarem que esta
pesquisa fosse executada. Espero que as estratégias de planejamento aqui propostas
sejam colocadas em prática. Estou disposta em colaborar para implementá-las.
À minha orientadora e amiga, Dr. Laura Jane Gomes, pela confiança depositada em
mim, pelo constante incentivo, pelas oportunidades proporcionadas. Laura, pode contar
comigo, SEMPRE!
A todos os mestres do NEREN, especialmente à professora Dr. Laura Jane, ao
professor Dr. Robério Anastácio Ferreira e ao professor Dr. Francisco Sandro Holanda.
Com vocês me encantei por trabalhar com comunidades; recuperando áreas degradas;
de maneira sistêmica.
Ao Instituto Bioterra - Organização para Conservação da Biodiversidade e Meio
Ambiente, por confiar em meu trabalho e em tão pouco tempo deixar em minhas mãos
tão importante missão.
Aos membros da banca de qualificação, Dr. Paulo Sérgio Maroti, Msc. Lício Valério e
Msc. Luís Carlos, pelas correções e sugestões para realização desta pesquisa.
À Professora Msc. Carmen Regina Parisotto Guimarães por todas as oportunidades que
me proporcionou durante a graduação. Me espelho em sua dedicação e
profissionalismo.
À Secretaria de Recursos Hídricos, na pessoa de João Carlos e Fabiana pela imagem de
satélite cedida. Espero utilizá-la em breve.
Aos colegas do Mestrado em Agroecossistemas pelos bons momentos juntos, em
especial a Cíntia Passos, amiga que compartilhou comigo alegrias e angústias.
A Tribo Nativa: Natureza e Aventura, grupo que compus juntamente com Elias,
Fabrício e Vitor. Foi com essa tribo que trilhei maravilhosas aventuras pelas serras
sergipanas. SAUDADES!
A Elias Silva, um dos responsáveis pela minha afeição pelo Ecoturismo e por
compartilhar uma das etapas desse trabalho: o curso de ecoturismo e interpretação
ambiental. Elias, sou sua fã!
A Cristiano Cunha e Josi Santos pela parceria, essencial para concretização desta
pesquisa. Este trabalho também é de vocês!
A Cosme, Cláudio, Leandro, Cícero, Josi, Cristiano, Vitor e Elias pelo auxílio nos
trabalhos de campo. Adorei trabalhar com vocês!
A Flávia Moreira por estar sempre disposta a ajudar no trabalho com o Spring.
A Fábio Gomes e a Aline Aragão pela ajuda no trabalho com o programa SPSS.
Aos integrantes da primeira brigada de incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana,
cujas contribuições enriqueceram muito este trabalho. Estou com vocês nessa luta...
Aos visitantes do Parque Nacional Serra de Itabaiana pela receptividade ao
responderem as entrevistas.
Às Toddynhas biólogas, “companheiras de aventura”, Mariana, Karla, Renata, Cíntia
e Raquel. Amigas, vocês são “super legais”! Espero “mudar o mundo com vocês”!
Às amigas que compõe comigo o eterno “Quarteto CCPA”, Carol, Volessa e Mariana.
Gurias, os momentos que estou com vocês são sempre especiais.
A Joyce, minha mais nova amiga e companheira de congressos. Adorei ser sua parceira!
Ao meu sogro, Boaventura, a minha sogra, tia Sandra e minha cunhada, Danielle, por
estarem sempre dispostos a ajudar. Obrigada por tudo!
Ao meu pai, Ivan, à minha mãe Jane, ao meu irmão Thiago e à minha irmãzinha Maria
Angélica pelos bons momentos proporcionados na convivência familiar. Vocês moram
em meu coração!
À minha mãe, Jane, pelo amor incondicional e incessante dedicação que as palavras não
são capazes de descrever. Mãe, você é meu porto seguro!
A Vitor, meu marido, amigo, confidente. Querido, seu incentivo e carinho deixaram
essa jornada mais leve e prazerosa. Te amo!
Por fim, à pessoa mais importante da minha vida, minha Lua. Princesinha, vome
ensinou o verdadeiro sentido da vida.
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES..................................................................... x
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................xi
LISTA DE TABELAS...................................................................................................xi
RESUMO......................................................................................................................xiv
ABSTRACT...................................................................................................................xv
CAPÍTULO 1................................................................................................................16
1- INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................ 16
2- REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 19
2.1. TURISMO EM SERGIPE...................................................................................... 19
2.2. IMPACTOS DO ECOTURISMO.......................................................................... 21
2.3. USO PÚBLICO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.................................... 23
2.4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO............... 26
2.5. MÉTODOS DE CONTROLE DE IMPACTOS DE VISITAÇÃO....................... 28
2.6. O PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA.......................................... 32
3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................35
CAPÍTULO 2: INDICADORES PARA O PLANEJAMENTO DE USO
SUSTENTÁVEL DO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA NO
ESTADO DE SERGIPE.
RESUMO......................................................................................................................39
ABSTRACT..................................................................................................................40
1- INTRODUÇÃO........................................................................................................41
2- MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................44
2.1- ÁREA DE ESTUDO...............................................................................................44
2.2- COLETA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES........................................................44
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................46
3.1- A CONCEPÇÃO SISTÊMICA DO PARQUE NACIONAL SERRA DE
ITABAIANA..................................................................................................................46
3.2- DESCRITORES QUE ORIENTAM A MATRIZ DE INDICADORES................49
3.3- OS INDICADORES SELECIONADOS................................................................50
4-CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................58
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................59
CAPÍTULO 3: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS VISITANTES E INCLUSÃO
DA COMUNIDADE COMO ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DO PARQUE
NACIONAL SERRA DE ITABAIANA,SE
RESUMO.......................................................................................................................61
ABSTRACT...................................................................................................................62
1- INTRODUÇÃO........................................................................................................63
2- MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................65
2.1- COLETA E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES.....................................................65
2.1.1- Perfil e percepção ambiental dos visitantes..........................................................65
2.1.2- DRP com a Brigada de incêndio do parque e curso de ecoturismo e interpretação
ambiental.........................................................................................................................66
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................68
3.1- ANÁLISE DO LIVRO DE REGISTRO.................................................................68
3.2- PERCEPÇÃO DOS VISITANTES.........................................................................70
3.3- PERCEPÇÃO DOS BRIGADISTAS......................................................................82
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................88
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................91
CAPÍTULO 4: LEVANTAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NAS
TRILHAS DO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA,SE
RESUMO
......................................................................................................................93
ABSTRACT
.................................................................................................................94
1- INTRODUÇÃO
......................................................................................................95
2- MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................97
2.1- ÁREA DE ESTUDO...............................................................................................97
2.2- COLETA E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES.....................................................96
2.2.1- Caracterização dos impactos ambientais das trilhas.............................................96
2.2.2- Elaboração de Mapas cognitivos........................................................................100
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................101
3.1. TRILHA DO POÇO DAS MOÇAS......................................................................104
3.2. TRILHA DA GRUTA DA SERRA.......................................................................107
3.3. TRILHA DA CACHOEIRA VÉU DE NOIVA....................................................110
3.4. TRILHA DO SALÃO DOS NEGROS..................................................................113
3.5. TRILHA DA VIA SACRA....................................................................................117
3.6. TRILHA DO CALDEIRÃO..................................................................................122
3.7. TRILHA DA MATA DO ENCANTADO.............................................................127
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................130
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................132
APÊNDICE A - ROTEIRO DA ENTREVISTA COM OS VISITANTES...........134
APÊNDICE B – PROGRAMAÇÃO DO CURSO DE ECOTURISMO E
INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL..........................................................................135
APÊNDICE C - CURSO DE ECOTURISMO E INTERPRETAÇÃO
AMBIENTAL..............................................................................................................136
APÊNDICE D - FICHA PARA CARACTERIZAR AS TRILHAS PRINCIPAIS
DA SERRA DE ITABAIANA....................................................................................137
APÊNDICE E - FICHA PARA O LEVANTAMENTO DOS IMPACTOS “POR
PONTO” DAS TRILHAS..........................................................................................138
x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
APA Área de Proteção Ambiental
ASCOM Assessoria de Comunicação Social
CIAT Centro Internacional de Agricultura Tropical
CODISE Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de
Sergipe
CONDESE Conselho de Desenvolvimento Econômico de Sergipe
DRP Diagnóstico Rápido Participativo
EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo
GPS Sistema de Posicionamento Global
Hectares
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais
KG Kilogramas
LAC Limite Aceitável de Câmbio
M Metros
MIV Monitoramento do Impacto de Visitação
MMA Ministério do Meio Ambiente
Número
OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
OMT Organização Mundial de Turismo
PARNA Parque Nacional
PARNASI Parque Nacional Serra de Itabaiana
PEI/ER Metodologia Pressão – Estado – Impacto/Efeito – Resposta
PER Metodologia Pressão – Estado – Resposta
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PREVFOGO Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais
RESEX Reserva Extrativista
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
R$ Reais
SE Sergipe
SEBRAE Serviço Brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas
SETUR Secretaria de Turismo de Sergipe
SNUC Sistema de Unidades de Conservação
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SRH Secretaria de Recursos Hídricos
TAMAR Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas
TON Toneladas
UC Unidade de Conservação
VERP Experiências de Visitantes e Proteção dos Recursos
VIM Manejo de Impacto de Visitação
xi
ÍNDICE DE QUADROS
Número
Título Página
QUADRO 1 Legenda do sistema Parque Nacional Serra de Itabaiana ...........................48
QUADRO 2 Matriz P.E.I./E.R. de indicadores de sustentabilidade do sistema Parque
Nacional Serra de Itabaiana........................................................................52
QUADRO 3 Matriz para o Planejamento das trilhas do Parque Nacional Serra de
Itabaiana.....................................................................................................98
QUADRO 4 Planilha de impactos ambientais da “Trilha do Poço das Moças”...........104
QUADRO 5 Matriz para o Planejamento da “Trilha do Poço das Moças”..................106
QUADRO 6 Planilha de impactos ambientais da “trilha da Gruta da Serra”...............107
QUADRO 7 Matriz para o Planejamento da “trilha da Gruta da Serra” .....................109
QUADRO 8 Planilha de impactos ambientais da “trilha Véu de Noiva”.....................111
QUADRO 9 Matriz para o Planejamento da “trilha Véu de Noiva”............................112
QUADRO 10 Planilha de impactos ambientais da “Trilha do Rio dos Negros” ...........113
QUADRO 11 Matriz para o Planejamento da “trilha do Salão dos Negros”..................116
QUADRO 12 Planilha de impactos ambientais da “trilha da Trilha Via Sacra”............118
QUADRO 13 Matriz para o Planejamento da “trilha da Via Sacra”..............................121
QUADRO 14 Planilha de impactos ambientais da “trilha do Caldeirão”.......................123
QUADRO 15 Matriz para o Planejamento da “Trilha do Caldeirão”.............................126
QUADRO 16 Planilha de impactos ambientais da “trilha da Mata do Encantado”........127
QUADRO 17 Matriz para o Monitoramento da “trilha da Mata do Encantado”............129
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Número
Título Página
FIGURA 1 Circuito de fluxos e componentes do sistema Parque Nacional Serra de
Itabaiana............................................................................................................48
FIGURA 2 Número total de visitantes registrado no portão principal do Parque Nacional
Serra de Itabaiana de fevereiro à dezembro de 2006...................................... 68
FIGURA 3 Número total de visitantes registrado no portão principal do Parque Nacional
Serra de Itabaiana de fevereiro à dezembro de 2006, que vão ao parque com o
objetivo de lazer e atividade educativa............................................................ 69
FIGURA 4 Procedência dos visitantes registrada no portão principal do Parque Nacional
Serra de Itabaiana de fevereiro à dezembro de 2006...................................... 70
FIGURA 5 Procedência dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.....................................70
FIGURA 6 Faixa etária dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.......................................71
FIGURA 7 Grau de escolaridade dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra
de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007..................................72
FIGURA 8 Entradas de acesso utilizadas pelos 500 visitantes entrevistados no Parque
Nacional Serra de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.........73
FIGURA 9 Procedência e entrada de acesso dos 500 visitantes entrevistados no Parque
Nacional Serra de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.........73
FIGURA 10 Frequência de visitação dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional
Serra de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007........................74
FIGURA 11 Companhia dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.......................................74
FIGURA 12 Tamanho dos grupos de visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.......................................75
FIGURA 13 Atividade de recreação preferida pelos 500 visitantes entrevistados no Parque
Nacional Serra de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.......76
FIGURA 14 Formas de interferência do Parque Nacional Serra de Itabaiana nas
comunidades do entorno segundo os 500 visitantes entrevistados entre
dezembro de 2006 e outubro de 2007...............................................................77
FIGURA 15 Percepção dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana sobre a interferência do parque nas comunidades do entorno, de
acordo com as procedências dos entrevistados.................................................78
FIGURA 16 Valoração atribuída a diversos aspectos do Parque Nacional Serra de Itabaiana
pelos visitantes entrevistados entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.......78
FIGURA 17 Sugestões ou Reclamações citadas pelos 500 visitantes entrevistados no Parque
Nacional Serra de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007.........81
FIGURA 18 Diagnóstico Rápido Participativos (DRP) com os integrantes da primeira
brigada de incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana.............................82
xiii
Número
Título Página
FIGURA 19 Rotina diária dos integrantes da Brigada de Incêndio do Parque Nacional
Serra de tabaiana...............................................................................................83
FIGURA 20 Atividades de interpretação ambiental realizada com os ex-brigadistas da
primeira Brigada de incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana..............85
FIGURA 21 Simulação de condução de visitantes durante o curso de “Ecoturismo e
Interpretação Ambiental” com os integrantes da primeira Brigada de incêndio
do Parque Nacional Serra de Itabaiana.............................................................86
FIGURA 22 Mapa do Parque Nacional Serra de Itabaiana.................................................102
FIGURA 23 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na “trilha do
Poço das Moças”, Parque Nacional Serra de Itabaiana................................. 103
FIGURA 24 Impactos negativos encontrados na trilha de acesso ao Poço das Moços.......106
FIGURA 25 Impactos negativos encontrados na trilha de acesso a Gruta da Serra............108
FIGURA 26 Gruta da Serra..................................................................................................109
FIGURA 27 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na trilha da
Gruta da Serra”................................................................................................109
FIGURA 28 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na “trilha da
Cachoeira Véu de Noiva”................................................................................111
FIGURA 29 O banho é o principal atrativo da Trilha de acesso à Cachoeira Véu de Noiva
(A) e ao Buraco da Veia (B)............................................................................111
FIGURA 30 Vestígio de fogueira encontrado na trilha de acesso à Cachoeira Véu de
Noiva...............................................................................................................112
FIGURA 31 Impactos positivos encontrados na trilha de acesso ao Salão dos Negros......114
FIGURA 32 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na “trilha do
Salão dos Negros”...........................................................................................114
FIGURA 33 Impactos negativos encontrados na trilha de acesso ao Salão dos Negros.....116
FIGURA 34 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na “trilha da Via
Sacra”, Parque Nacional Serra de Itabaiana...................................................118
FIGURA 35 Impactos negativos encontrados na trilha da Via Sacra..................................121
FIGURA 36 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na “trilha do
Caldeirão”, Parque Nacional Serra de Itabaiana”...........................................122
FIGURA 37 Cachoeiras e poços são os principais atrativos da trilha do Caldeirão, no Parque
Nacional Serra de Itabaiana.............................................................................123
FIGURA 38 Impactos negativos encontrados na trilha da Via Sacra .................................124
FIGURA 39 Mata do Encantado, Serra de Itabaiana...........................................................127
FIGURA 40 Mapa cognitivo dos impactos positivos e negativos presentes na “trilha da
Mata do Encantado”........................................................................................128
xiv
RESUMO
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Estratégias para o planejamento e gestão do
ecoturismo no Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE. São Cristóvão: UFS, 2007.
138 p. (Dissertação - Mestrado em Agroecossistemas).
O Parque Nacional Serra de Itabaiana (PARNASI), apesar de sua importância para a
conservação da sua biodiversidade e do seu potencial para a prática do ecoturismo, é
uma das unidades de conservação de proteção integral com sérios problemas para a sua
implementação. Visando subsidiar a elaboração do Plano de Manejo do PARNASI, esta
pesquisa objetivou desenvolver mecanismos que venham contribuir para o planejamento
e gestão ambiental do ecoturismo. Para isso foram realizadas as seguintes etapas: análise
do perfil e da percepção ambiental dos visitantes, por meio da aplicação de entrevistas;
aplicação de ferramentas do Diagnóstico Rápido Participativo com os brigadistas, na
qual foi desenvolvida uma proposta para incluí-los na gestão do parque através do
ecoturismo; estudo dos impactos ambientais provenientes do uso público através da
metodologia Limite Aceitável de Câmbio e da elaboração de matrizes de monitoramento
dos impactos; e a seleção de indicadores para o uso sustentável do parque com base na
teoria de sistemas. Foi constatado que: as trilhas do parque apresentam sinais de que
suas capacidades de suporte estão próximas ou ultrapassando seus limites, podendo
prejudicar a qualidade da visitação e trazer degradação ambiental; a comunidade
participa da gestão do parque apenas como força de trabalho; a maioria dos
freqüentadores não é sensibilizada perante as questões ambientais; e que o uso de
indicadores é fundamental para monitorar os impactos. Conclui-se que o parque
encontra-se sem ferramentas eficientes de gestão, tais como planejamento e
monitoramento das trilhas, infra-estrutura de mínimo impacto, programas de educação e
interpretação ambiental, parcerias com guias locais, fiscalização, desapropriação das
terras que estão no interior do parque; recursos humanos suficientes e capacitados. A
ausência de tais instrumentos de gestão vem acarretando num uso público desordenado
que está comprometendo a principal razão da criação do parque: a proteção de seus
ecossistemas. Para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais do Parque é
fundamental, além da participação da comunidade do entorno em seu planejamento e
gestão, a criação de alternativas de emprego e renda para diminuir a pressão sobre o uso
dos recursos naturais pelas populações do entorno. Para que os impactos negativos
sejam minimizados também é preciso implementar políticas públicas de cunho
socioambiental que considere o ecoturismo como instrumento para o desenvolvimento
sustentável da região, uma vez que, concomitante com a geração de emprego e renda
para a comunidade local, conserva o meio ambiente.
Palavras-chaves: planejamento ambiental; unidade de conservação; ecoturismo; plano
de manejo; indicadores de sustentabilidade.
xv
ABSTRACT
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Strategies for planning manegement of ecoturism
at Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE. São Cristóvão: UFS, 2007. 138 p.
(Dissertation - Master of Science in Agroecosystems).
The Serra de Itabaiana National Park, though its significance for conserving biodiversity
and its potencial for ecoturism practices, is one of the protected areas with seriuos
problems about implemantation. Aiming to subside the elaboration of manege plan for
PNSI, this research objectified developing tools for help environmental planning and
manegement of ecoturism at PNSI. With this target, the fallowing stages has been
realized: profile analysis and environmental perception of visitors, interviewing them;
aplication of DPR tools with park brigadists, inwitch was developed one porpouse for
including them in park manegement by ecoturism; A study of environmental impact
proceeding of public use using the metodology Acceptable Changing Limit and
elaboration of impact monitoring matrix; and the selection of indicators for sustainable
using of park based on Theory of Systems. It has been evidenced: park tracks presents
signals that its capacities of support are next or overtaking its own limits, what might
harm the visiting quality and bring environmental trouble. Comunitie participates of
park manegement only as working force; most of visitors is not sensetized about
environmental issues; and indicators using is fundamental for monitoring impacts. It was
possible to conclude that the park has not any eficcient manegement tools, as planning
and monitoring for tracks; infrastructre of minimum impact; programs of education and
enviromental interpretation; partnership with local guides, fiscalization; land
desapropriation inside park; Human resouces, sufficient and enabled. The absense of this
manegement tools results a chaotic public use that is compromising the main reason for
park borning: protection of its ecosystems. For assure suntainable of natural resources of
park is fundamental, besides the participation of borders comunities in plannig and
manegement, the criation of job and rent for diminishing pressure at natural resources,
ocasioned for those borders comunities. For reducing negative impacts is also necessary
to implement public policys with social and enviromental aspects witch consider
ecoturism as a instrument for sustainable development of region, once that,
concomintant with job and rent criation for local comunitie, keep environment
conservation.
Key-words: environmental planning, protection area; ecoturism; management plan;
sustainable indicators.
16
CAPÍTULO 1
1- INTRODUÇÃO GERAL
O Parque Nacional
1
Serra de Itabaiana (PARNASI), situado na região agreste de
Sergipe, é administrado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA). O enquadramento nessa categoria de Unidade de
Conservação (UC) de Proteção Integral aconteceu em 15 de julho de 2005, o que
determina o uso restrito ao turismo ecológico, à pesquisa científica e a fins educacionais.
A visitação em Parques Nacionais (PARNA’s), tal como a Serra de Itabaiana,
contempla atividades recreativas, esportivas, educativas e de interpretação ambiental, o
que possibilita ao visitante conhecer, entender e valorizar os recursos naturais e culturais
existentes.
A segunda mais alta serra do Estado
2
, local de pesquisa proposto, além de sua
importância natural devido a presenças de espécies endêmicas, de nascentes de
importantes rios e de uma zona de transição entre os biomas mata atlântica e caatinga,
apresenta valor cultural inestimável para a comunidade local. Santana (2002) ressalta
que a Serra de Itabaiana “[...] dada a sua localização geográfica, esteve sempre, senão no
epicentro dos acontecimentos que culminaram com a colonização do estado de Sergipe,
ao menos como um forte elemento de referência histórica”.
Atualmente o Parque Nacional Serra de Itabaiana encontra-se, em parte,
antropizado, com 95,1% de sua áreas ainda não desapropriadas, havendo assim
agroecossistemas em plena atividade, o que acarreta um conflito de uso da terra.
Conseqüentemente o PARNASI acaba não cumprindo os propósitos para qual foi
criado.
1
Parque Nacional é uma unidade de conservação de proteção integral tem como objetivo básico a
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (SNUC, 2000).
2
A mais alta serra de Sergipe é a Serra da Guia que, com 750 metros de altitude, delimita os estados da
Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
17
Apesar da legislação ambiental assegurar a proteção dos recursos naturais do
Parque Nacional Serra de Itabaiana, suas trilhas são visitadas mesmo sem a existência do
Plano de Manejo. Tal fato é preocupante, uma vez que a inexistência de planejamento e
monitoramento do uso público pode acarretar danos irreparáveis nos ecossistemas.
Este estudo parte da hipótese de que a visitação desordenada, sem planejamento
e monitoramento das trilhas, está comprometendo a resiliência dos ecossistemas lá
encontrados. Também supõe que os visitantes contribuem para o aumento dos impactos
negativos, uma vez que a maioria dos freqüentadores e moradores do entorno não é
sensível para as questões ambientais.
A força-motriz desta intuição vem de que as atividades relacionadas ao sistema
Parque Nacional Serra de Itabaiana vêm ocorrendo sem o controle do órgão gestor e de
que suas trilhas são visitadas durante o ano todo e sem controle acerca dos impactos
provenientes do uso público. Esta deficiência na fiscalização e monitoramento faz com
que não haja tempo hábil para a recuperação das áreas utilizadas como trilhas, ou seja,
não rotatividade nas áreas visitadas nem mesmo limitação, o que inevitavelmente
acarreta na degradação destes ambientes.
Esta problemática poderá ser mitigada com ações que considerem a percepção
ambiental dos visitantes e brigadistas e inclua a comunidade na elaboração de estratégias
de planejamento e gestão do PARNASI. Assim, o uso público além de não comprometer
a conservação e a proteção dos recursos naturais, poderá envolver e beneficiar as
populações da região.
O envolvimento da comunidade local e alternativas sustentáveis de renda são
necessários para minimizar a pressão sobre os recursos naturais do PARNASI. Uma
maneira de substituir meios de subsistência ilícitos (agroecossistemas no interior do
parque, caça, retirada de lenha, madeira argila e pedras) e garantir o sustento de muitas
famílias do entorno pode ser proporcionado pelo ecoturismo.
Por meio do ecoturismo o PARNASI tem a possibilidade de deixar de ser uma
unidade isolada, na qual a comunidade não opina nas decisões e degrada a paisagem que
a cerca. O ecoturismo, se bem implementado, proporciona a conservação do patrimônio
ambiental e cultural; o bem-estar da comunidade e a geração de renda para os atores
locais .
18
Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo geral desenvolver, sob o enfoque
sistêmico, mecanismos que venham a contribuir para o planejamento e gestão ambiental
sustentável do ecoturismo no Parque Nacional Serra de Itabaiana/SE. E como objetivos
específicos:
Selecionar indicadores de sustentabilidade para o planejamento de uso
sustentável do Parque Nacional Serra de Itabaiana;
Analisar a percepção ambiental dos visitantes e dos integrantes da Brigada
de incêndio do parque;
Propor a inclusão da comunidade local os ex-brigadistas na gestão do
parque, especificamente na condução de visitantes;
Caracterizar os impactos ambientais e determinar os critérios do uso das
trilhas do Poço das Moças, da Via Sacra, do Riacho dos Negros, do Véu de Noivas, da
Gruta da Serra, do Rio das Pedras e da Mata do Encantado.
19
2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1- TURISMO EM SERGIPE
Sergipe apresenta o privilégio de concentrar em seu pequeno território,
aproximadamente 22 mil km², diversidade paisagística e cultural e seis Bacias
Hidrográficas (São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza-barris, Piauí-Fundo e Real).
Segundo a Secretaria de Turismo de Sergipe (SETUR, 2006) para facilitar o
planejamento das ações, o Estado foi dividido em cinco pólos, a saber:
- Pólo Costa dos Coqueirais: com 163 km de praias margeadas por dunas e
cortadas por seis desembocaduras de rios. As localidades deste pólo que se destacam
são: Aracaju, capital do Estado; Laranjeiras e São Cristóvão cidades tombadas pelo
Patrimônio Histórico Nacional; o litoral Norte, com a base do TAMAR, com a Reserva
Biológica de Santa Isabel, com o “Pantanal Nordestino” e com a Foz do rio São
Francisco; e no Sul com a APA Litoral Sul.
- Pólo Velho Chico: está sendo estruturado para compreender os municípios
ribeirinhos do rio São Francisco e alguns municípios de sua área de influência. Neste
pólo está um dos principais atrativos de Sergipe, a Região de Xingó, sítios arqueológicos
e cenários por onde Lampião passou.
- Pólo Entre Rios: localizado na região centro-sul de Sergipe, entre os rios
Vaza-Barris e Real. Além dos municípios desse pólo ter uma grande vocação para a
agricultura, propiciando o turismo rural, as montanhas sobre o canyon do Vaza-Barris
são aptas para o turismo de aventura.
- Pólo Tabuleiros: ocupa uma região de terras férteis e está ligado ao ciclo da
cana-de-açúcar, sendo as antigas sedes de engenho lugares propícios para instalação de
hotéis-fazendas. Existe também uma potencialidade para o turismo religioso devido a
peregrinação de Nossa Senhora Divina Pastora e a de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
- Pólo das Serras: situado na região central de Sergipe tem aptidão para o
ecoturismo e o turismo de aventura. Entre os locais desse pólo merece destaque o Parque
Nacional Serra de Itabaiana, área de estudo deste trabalho.
20
Ainda que esta divisão em pólos facilite o planejamento do turismo no Estado,
esta atividade vem acontecendo sem um planejamento integrado com as esferas governo
e sociedade. Segundo Vieira (2002), no litoral Sul de Sergipe, por exemplo, ocorre um
descontrole do crescimento imobiliário, causando o aterramento de áreas de mangues,
retirada das matas ciliares e como conseqüência o assoreamento dos rios, construções
inadequadas sobre as dunas, a poluição das praias, além do desmatamento acelerado.
Quanto ao impacto social destaca-se a ampliação de subempregos como domésticas
temporárias, vigilantes, caseiros, dentre outros.
Vieira (2002) observa também que os usos indevidos dos recursos naturais
presentes em Sergipe geram impactos ambientais que comprometem o patrimônio
cultural e natural, considerado matéria-prima da atividade turística do Estado.
É certo que Sergipe tem atrativos diversos que podem ser usados para a prática
ecoturística. Porém, o que existe no Estado é o turismo de massa, predatório, sendo
rotulado como ecoturismo, possivelmente para atrair investimento em função do
sucesso publicitário que esse segmento turístico vem alcançando. Segundo Rebouças
(2003), o turismo é um setor prioritário para a retomada do desenvolvimento de Sergipe
nos próximos anos, por trazer divisas, movimentar diversos setores da economia, tendo
grande capacidade de geração de novos postos de trabalho.
Contudo, a falta de planejamento e a conseqüente superexploração dos recursos
naturais pelo turismo acarretarão na rápida depredação dos locais visitados gerando,
além da “desertificação” econômica das áreas, impactos irreversíveis no patrimônio
natural e cultural do Estado. Segundo Hardin (1968), essa superexploração acontece
porque o indivíduo racional possui o estímulo de extrair ao máximo todos os recursos
de propriedades comuns – ar, aceanos, peixes, matas – antes que alguém o faça, e
ninguém é motivado a assumir a responsabilidade pelos recursos de bem comum.
Assim, uma forma sustentável de administrar a questão do ecoturismo, gerando
benefícios econômicas para as comunidades locais e protegendo as áreas naturais deve
acontecer por meio de um planejamento que monitore os impactos ambientais e envolva
as comunidades em todas as etapas deste processo.
21
2.2- IMPACTOS DO ECOTURISMO
O ecoturismo é o segmento do setor que mais cresce no mundo, notadamente nas
regiões menos dinâmicas, a exemplo dos países da África (onde a atividade baseia-se na
observação de grandes mamíferos; Caribe, com destaque para a Costa Rica e Belize;
Ilhas Galápagos; países do Pacífico, Indico e Atlântico Sul, além de áreas menores do
interior da Europa e Estados Unidos (OMT, 1990)
A Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR, 1994) define ecoturismo como
“... o segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência
ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das
populações envolvidas”.
No ecoturismo vários aspectos devem ser considerados, dentre eles (PAGANI,
1999):
- Evitar as grandes concentrações turísticas e urbanização excessiva;
- Integrar o turismo ao meio ambiente mediante uma arquitetura adaptada;
- Preservar e valorizar o patrimônio natural, histórico e cultural;
- Garantir a participação das comunidades locais;
- Propiciar a aquisição de consciência ambiental pelas populações locais e
pelos turistas a respeito da necessidade de proteger as riquezas naturais e do patrimônio.
O Brasil é o país com maior megadiversidade do planeta, além de apresentar
duas áreas consideradas como hotspots
3
: o Cerrado e a Mata Atlântica; abrigar a Floresta
Amazônica que é classificada como wilderness
4
(IUCN, 2002) e possuir um ecossistema
exclusivamente brasileiro, a Caatinga. Devido a estas peculiaridades naturais juntamente
com a diversidade cultural, o Brasil apresenta extraordinário potencial ecoturístico. No
entanto, a deficiência de infra-estrutura adequada, a comunidade local incapacitada para
o ecoturismo e a falta de sensibilização ambiental dos envolvidos fazem com que esse
segmento do turismo não se enquadre nos princípios do desenvolvimento sustentável.
3
Hotspots: áreas do planeta que concentram cerca de 60% de todas as espécies conhecidas e
que, somadas, equivalem a apenas 1,4% da superfície terrestre.
4
Wilderness: floresta tropical com grandes áreas conservadas e baixa densidade demográfica.
22
Diferentemente do Brasil, a importância dada ao ecoturismo em parques em
outros países é significativa. Parques como Yellowstone (Estados Unidos), Blue
Montains e Royal National Park (Austrália), Cairngorms National Park (Escócia) e
Banff National Park (Canadá), possuem uma apreciável infra-estrutura de atendimento
aos turistas. Nestes locais, a atividade turística representa oportunidades de
desenvolvimento econômico-social, promovendo a inclusão das comunidades do
entorno, que se beneficiam diretamente, a geração de empregos e possibilita o
desenvolvendo de ações mais eficientes e efetivas (IUCN, 2002).
Segundo Takahashi (2004), o conceito de ecoturismo evoluiu nos últimos 20
anos, quando turistas buscavam experiências junto aos ambientes naturais e a culturas
diferentes. Com a popularização das viagens aéreas e dos documentários televisivos
sobre a natureza, o ecoturismo se expandiu. Entretanto, à medida que esse novo
mercado passou a atingir de maneira desordenada seu próprio ambiente de atuação,
houve reação do meio acadêmico que exigia planejamento e estudo dos impactos sobre
essas áreas visitadas.
De acordo com a mesma autora, as estratégias para o ecoturismo são projetadas
para manejar a visitação nas unidades de conservação, de modo a maximizar os
benefícios e minimizar os impactos ambientais
5
negativos.
O ecoturismo, por sua vez, é uma atividade que causa alterações nas áreas
visitadas. Estudos indicam que podem vir a ocorrer degradação do meio ambiente,
instabilidades econômicas e mudanças socioculturais negativas (NUNES, 2004).
No litoral sergipano, por exemplo, o uso e a ocupação irregular do solo litorâneo,
o aumento da exploração indevida dos recursos naturais (dunas e mangues), a
sobreposição de costumes e culturas, a deficiência do planejamento integrado turístico, a
falta de infra-estrutura são impactos provocados em nome desse segmento turístico
(VIEIRA, 2002).
Contudo, se bem planejado, seus impactos podem ser positivos. A Sociedade
Internacional de Ecoturismo o define como sendo “uma viagem responsável para áreas
naturais, que conserva o meio ambiente e promove o bem-estar da comunidade local”.
5
Impacto ambiental é compreendido como toda alteração perceptível ao meio, que comprometa o
equilíbrio dos sistemas naturais ou antropizados, podendo decorrer tanto das ações humanas como de
fenômenos naturais. A avaliação do impacto tomado nessa perspectiva significa a interpretação qualitativa
e quantitativa das mudanças de ordem ecológica, social, cultural e estética no meio (SANTOS, 2004).
23
Entretanto, o ecoturismo praticado no Brasil o atende aos princípios mencionados,
encontrando-se desordenado, impulsionado na maioria das vezes pela oportunidade
mercadológica, deixando de gerar benefícios socioeconômicos e ambientais
(TAKAHASHI, 2004).
Quando inclui a comunidade local em suas práticas, o ecoturismo pode tornar-se
uma alternativa de desenvolvimento sustentável por concomitantemente
complementarem suas rendas e preservar a Natureza. Dessa forma, apresenta impacto
positivo nas comunidades vizinhas, à medida que estas o têm como uma opção viável
para não explorar negativamente os ambientes naturais.
Coutinho (2000) ressalta que iniciativas de organização comunitária visando à
Educação Ambiental ganharam destaque, como as Reservas Extrativistas (RESEXs)
Curralinho e Pedras Negras, no estado de Rondônia, que se desenvolveram
sustentavelmente por meio do ecoturismo.
Outro exemplo de atividade ecoturística voltada para o desenvolvimento
sustentável é a praticada pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no
Amazonas. Esta iniciativa se tornou auto-sustentável, gerando um lucro que possibilitou
investimentos no manejo e fiscalização da unidade de conservação pela qual está
inserida (CAMPOS, 2005).
2.3- USO PÚBLICO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
O número de visitantes em unidades de conservação é cada vez maior,
principalmente porque as pessoas buscam a Natureza para o relaxamento e o lazer que os
centros urbanos não são capazes de proporcionar. Porém, segundo Takahashi (2004),
essas áreas recreativas vêm sendo estabelecidas sem o adequado planejamento,
colocando em risco a estabilidade dos ecossistemas.
Isso acontece porque falta investimento tanto do setor público quanto privado
para o ecoturismo, que prefere investir no turismo de massa cujo retorno econômico é
imediato. Assim, os impactos negativos conseqüentes do turismo predatório acarretam
dano principalmente ao meio ambiente, e às comunidades locais. Estas, além de
24
perderem seus meios de sobrevivência a Natureza perdem também sua identidade
sócio- cultural.
Muitos países têm buscado métodos que visam assegurar a conservação do
patrimônio natural através de sistemas nacionais e estaduais de áreas protegidas
(MILANO, 2006). No Brasil, esses métodos são definidos pelo Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC, 2000).
Com a procura cada vez maior pelas Unidades de Conservação para fins
recreativos, é necessário que diretrizes para o planejamento do ecoturismo sejam
traçadas. Assim, um dos principais objetivos das UC’s a conservação da
biodiversidade – poderá ser cumprido.
O SNUC, instituído em 18 de julho de 2000 pela lei n. 9985, introduziu
modificações importantes na política de criação e gestão de UC’s, no sentido de
assegurar maior e efetiva participação da sociedade nesse processo. Dentre as inovações
da Lei do SNUC duas merecem destaque: a consulta pública para a criação de UC’s e a
formação de conselhos de gestão das Unidades criadas (BRASIL, 2004).
O referido sistema estabelece as categorias de UC’s que contemplam as
visitações públicas, de forma regulamentada como é o caso do Parque Nacional que
pertence à categoria de proteção integral. Para tanto, o Decreto n. 84.017/79 aprovou o
Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros, definindo suas condições e restrições
de uso (BRASIL, 1979).
Segundo o SNUC, a visitação pública dos Parques Nacionais está sujeita às
normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas
estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em
regulamento (SNUC, 2006).
No plano de manejo de um Parque Nacional, o zoneamento deve definir
claramente, entre outras, áreas significativas destinadas a preservação integral da
Natureza, destinadas ao público, e áreas destinadas a recreação e educação ambiental,
com trilhas de interpretação e centro de visitantes (MILANO, 2006) .
Segundo Hardt (2006), independentemente da metodologia adotada para a
elaboração do plano de manejo, seu planejamento consiste nos seguintes princípios
básicos:
25
- Processo contínuo: envolve a busca constante de conhecimento para a
atualização permanente das propostas de manejo, evitando lacunas e distanciamentos
entre as ações desenvolvidas e as realidades local e regional;
- Processo integrado: compreende todos os fatores intervenientes relevantes,
em um contexto de multi, inter e transdiciplinaridade;
- Processo gradativo: com prioridades determinadas para o horizonte de
cinco anos. Cada novo plano possui uma abordagem cada vez mais ampliada;
- Processo dinâmico: as revisões gerais deverão se suceder em prazos de
cinco anos ou quando da ocorrência de novos fatos relevantes que exijam alterações;
- Processo participativo: oportunidade para se obter o reconhecimento da
importância da unidade de conservação e de sua contribuição para a sociedade, sendo a
sua proteção um ato de cidadania.
Como estratégia de gestão de um parque Nacional é necessário que se
estabeleçam técnicas de interpretação da Natureza, que são fundamentais para garantir,
ao mesmo tempo, a recreação e a educação dos visitantes da UC.
Em 1957, Freeman Tilden, estabeleceu os princípios da interpretação, sendo o
primeiro a propor uma definição formal: “a interpretação é uma atividade educativa que
aspira relevar os significados e as relações existentes no ambiente, por meio de objetos
originais, através de experimentos de primeira mão e meios ilustrativos, em vez de
simplesmente comunicar a informação literal” (VASCONCELLOS, 2006).
A linguagem interpretativa possui quatro características principais: amena
(entretém), pertinente (tem significado e é pessoal), organizada (não requer muito
trabalho da audiência), temática (tem uma mensagem a ser comunicada). Para atingir as
características da linguagem interpretativa, são necessários meios interpretativos
personalizados, como as trilhas guiadas; palestras, animação passiva (teatro, na qual o
público não participa diretamente), animação ativa (jogos, simulações, representações
teatrais); e meios interpretativos não-personalizados, como as trilhas auto-guiadas
(trilhas feitas com auxílio de placas, mapas e folhetos), audiovisuais e exposições
(WWF, 2003).
Para fazer uso da interpretação ambiental é necessário considerar as limitações
de tempo e interesse do público. Segundo a WWF (2003), as pessoas demonstram gostar
26
mais em ordem de importância, de: envolvimento sensorial; humor; novas informações
inteligíveis; intérprete entusiasmado, e desgostam de: leituras; intérprete que fala muito,
programas técnicos; apresentações longas e sem entusiasmo.
A interpretação ambiental é uma tradução da linguagem da natureza para a
linguagem comum das pessoas, fazendo com que percebam um mundo que nunca
tinham visto antes. Essa tradução visa cativar, provocar e estimular a reflexão
(VASCONCELLOS, 2006). Uma eficiente metodologia de interpretação busca atingir
não apenas comportamentos imediatos, mas principalmente valores e atitudes dos
visitantes.
Vislumbrando essa mudança de atitude, Reigota (2002) considera que:
[...] a educação ambiental deve procurar estabelecer uma ‘nova
aliança’ entre a humanidade e a natureza, uma ‘nova razão’ que
estimule a ética nas relações econômicas, políticas e sociais. Ela
deve se basear no diálogo entre as gerações e culturas em busca da
tripla cidadania: local, continental e planetária, e da liberdade na sua
mais completa tradução, tendo implícita a perspectiva de uma
sociedade mais justa tanto em nível nacional quanto internacional.
Sabendo que o meio ambiente é fruto do trabalho dos seres humanos,
relacionando o meio natural ao social, Quinta e Gualda (2005), esclarecem que no
processo de transformação do meio ambiente, são criados e recriados modos de
relacionamento da sociedade entre si e com a natureza. Estes autores afirmam que essa
ação, por ser realizada por sujeitos sociais diferentes, está condicionada à existência de
interesses individuais e coletivos que muitas vezes podem até ser opostos. É que entra
em cena a Educação para a Gestão Ambiental, entendida essencialmente como um
processo de mediação de conflitos de interesses.
2.4- EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
As áreas naturais são ambientes ideais, onde o aprendizado se por meio da
experimentação direta, quando o indivíduo utiliza-se de todos os sentidos, tem a chance
de processar emoções e sensações, ao mesmo tempo em que pode aumentar seus
conhecimentos (DRUMOND, 2005).
27
Em 1889, o escocês Patrich Geddes, considerado o fundador da Educação
Ambiental, afirmou que “uma criança em contato com a realidade do seu ambiente não
só aprenderia melhor, mas também desenvolveria atitudes criativas em relação ao mundo
em sua volta” (DIAS, 2003).
A Conferência de Tbilisi, em 1977, constituiu-se o ponto de partida de um
programa internacional de Educação Ambiental, contribuindo para precisar a natureza da
Educação Ambiental, definindo seus objetivos e suas características, assim como
estratégias pertinentes no plano nacional e internacional. Em 1992 realizou-se a Rio-92.
Esta corrobora as premissas de Tbilisi e através da agenda 21, Seção IV, Cap. 4, define
as áreas de programas para a Educação Ambiental, reorientando a educação para o
desenvolvimento sustentável (DIAS, 2003).
Considera-se necessário trabalhar a Educação Ambiental de maneira positiva, ou
seja, não somente como problema, e sim como aspectos positivos potenciais que uma
manifestação cultural, um ecossistema, uma região bio-geográfica, uma cidade, uma
Unidade de Conservação, entre muitos outros, apresentam e podem ser otimizados com
finalidade de criar alternativas viáveis para a melhoria da qualidade de vida das pessoas
(LEITE; MEDINA, 2001).
Nesse sentido, Programas de Educação Ambiental devem ser elos de ligação
entre áreas protegidas e a comunidade, conciliando a demanda e a satisfação do usuário,
com a conservação da área. Esses programas objetivam ordenar e normalizar o uso
da área pelo público e, ao mesmo tempo, demonstrar a ele os benefícios da conservação,
buscando seu entendimento, apoio e participação (VASCONCELLOS, 2006).
Deve-se pensar estes programas tanto para a educação ambiental formal, que é
aquela ligada diretamente a uma instituição de ensino; quanto para a educação ambiental
não-formal, que é aquela constituída por um conjunto de práticas e ões de natureza
educativa cujo objetivo é a sensibilização da comunidade em geral sobre as questões
ambientais (DIAS, 2003 ).
Programas de Educação Ambiental eficientes servem como ferramenta de
manejo para Unidades de Conservação. Vasconcellos (2006), destaca a importância do
Plano de Manejo em coordenar esses programas em conjunto com as demais atividades
28
da UC. Os programas definem as atividades, os meios e os conteúdos, considerando as
características do local e o perfil dos visitantes.
Quanto mais a percepção dos visitantes for conhecida, maior a possibilidade de
ser desenvolvido um programa eficiente. Este conhecimento prévio facilita todas as
outras etapas do planejamento, pois cada público tem características e necessidade
distintas. Para a caracterização do público são utilizados registros existentes,
entrevistas, questionários e observações (VASCONCELLOS, 2006).
Quando o planejamento é para fins ecoturísticos existe uma tendência em
escolher como público-alvo somente os visitantes. Porém, os programas educativos que
visam o desenvolvimento do ecoturismo com base comunitária devem tentar atingir toda
a comunidade envolvida (WWF, 2003) e considerar que o manejo dos recursos é
propriedade comum (HARDIN, 1968).
assim, um dos princípios básicos da educação ambiental, que é o respeito à
diversidade cultural e a motivação dos envolvidos para a proteção de um bem comum,
poderá ser alcançado. É preciso que sejam buscados novos hábitos e habilidades que
possibilitem aos grupos a manutenção de uma relação mais igualitária entre os mesmos e
na apropriação dos recursos naturais (BRASIL, 2004).
Nesse sentido, a Educação Ambiental deve visar à emancipação, por meio da
consolidação de padrões de sociedade compatíveis com a justiça ambiental pensada e
realizada de modo unitário com a justiça social (LOUREIRO, 2005). A práxis educativa
emancipatória é, portanto, aquela que fornece ao processo educativo as condições para a
ação modificadora e simultânea dos indivíduos e dos grupos sociais; que trabalha a partir
da realidade cotidiana visando à superação das relações de dominação e de exclusão que
caracterizam e definem a sociedade capitalista globalizada (LOUREIRO, 2005).
2.5- MÉTODOS DE CONTROLE DOS IMPACTOS DE VISITAÇÃO
No Brasil, mesmo o uso público sendo um dos objetivos da criação de um
Parque Nacional, apenas 35% dessas unidades estão oficialmente abertas à visitação e
possui condições mínimas de organização e infra-estrutura para receber seus visitantes
29
(ZIMMERMANN et.al, 2005). Apesar de o controle dos impactos da visitação em
PARNA’s brasileiros ser incipiente, existem tentativas bem sucedidas, como é o caso
da Reversa Natural Salto Morato/PR, que utiliza o LAC (Limite Aceitável de Câmbio),
para controlar e monitorar os impactos advindos do uso público.
Uma vez que a visitação causa impactos ao ambiente natural, é necessário adotar
medidas de monitoramento e controle para protegê-lo e ao mesmo tempo assegurar a
qualidade à visita. Para isso, a WWF (2003) observa que a gestão do uso recreativo de
áreas naturais contempla o princípio da viabilidade ambiental, segundo o qual o
ecoturismo deve ser desenvolvido com o controle dos seus impactos.
Dessa forma vários sistemas de planejamento foram desenvolvidos, para
controlar e monitorar o impacto provocado pelo uso público em Unidades de
Conservação. Os mais conhecidos são o LAC (Limite Aceitável de mbio), o VIM
(Manejo de Impactos de Visitação), VERP (Experiência de Visitação e Proteção de
Recursos) e o Capacidade de Carga Recreativa (CIFUENTES, 1992).
A metodologia capacidade de carga recreativa adveio do conceito de manejo de
pastagens (CIFUENTES, 1992). Foi adaptada para buscar um número ideal de visitantes
que uma área pode tolerar sem comprometer a resiliência dos ecossistemas. No entanto,
esse método está ultrapassado porque não considera o comportamento dos visitantes
(TAKAHASHI, 2004).
A capacidade de carga recreativa foi muito utilizada por administradores de áreas
protegidas, de 1964 ano que Wagar publicou em sua monografia que a capacidade de
carga servia para controlar os impactos provocados pela visitação até 1974, quando o
mesmo autor publicou uma retratação dizendo que a escolha desse método não tinha
sido inteligente uma vez que a visitação em ambientes naturais é também uma
experiência psicológica (TAKAHASHI, 1998).
Enquanto a Capacidade de Carga Recreativa quantifica o número de visitas que
poderiam usar uma área sem causar danos, o LAC se preocupa com as condições
desejadas e quanto de mudança pode ser tolerado nas diferentes zonas da unidade
(STANKEY et al, 1985; REED; MERIGLIANO; 1990 apud TAKAHASHI, 2004).
que o processo é dinâmico, necessita de monitoramento e aprimoramento periódicos.
30
A metodologia LAC desenvolveu-se com base no princípio de que qualquer ação
de manejo ou uso em uma ambiente natural necessariamente gera alterações ao mesmo.
Portanto, o objetivo do gestor não deve ser eliminar as alterações no ambiente natural
causada pela ação antrópica, mas sim mantê-las dentro de um parâmetro aceitável
(WWF, 2003).
Segundo Takahashi (2004) o LAC apresenta dez etapas:
Etapa 1 Definir os objetivos e as condições desejadas: envolve analisar os
mandatos legais e políticos que nortearão o manejo das unidades, desenvolvendo uma
perspectiva sobre a importância da área, e suas características principais. Estes poderão
ser utilizados para a constituição das condições desejadas;
Etapa 2 Identificar valores, preocupações e limitações: deve-se levar em
conta os objetivos da categoria de manejo, identificar quais problemas de manejo têm
que ser tratadas e quais questões os visitantes consideram importantes;
Etapa 3 Identificar e descrever as zonas: tendo como base as informações
coletadas nas etapas anteriores, definir as condições ecológicas, recreativas e
administrativas adequada para cada zona.;
Etapa 4 Selecionar os indicadores de impacto: os indicadores são
fundamentais à estrutura do LAC porque seu estado reflete a condição encontrada em
uma zona;
Etapa 5 Inventariar os recursos e as condições existentes: o inventário é
norteado por meio dos indicadores escolhidos na etapa anterior. Os dados são mapeados
e as ações de manejo e seus locais de onde devem ser efetivadas são identificados;
Etapa 6 – Especificar os limites dos indicadores: representa o nível de
impacto aceitável para cada zona;
Etapa 7 Identificar as condições para cada zona: utilizando as informações
da etapa 2 e 5, administradores e comunidade definirão quais interesses, preocupações e
valores deverão ser alcançados em cada zona;
Etapa 8 Identificar ões de manejo de cada zona: comparando as
condições existentes (etapa 5) com os limites (etapa 6) tem-se a localização dos
problemas e quais ações de manejo são necessárias;
31
Etapa 9 Avaliar e selecionar a melhor opção: terá participação dos
administradores e da comunidade;
Etapa 10 – Implementar as ações e monitorar as condições. Fornece um
feedback sistemático sobre o funcionamento das ações de manejo e identificam as ações
que precisam de mudanças.
O todo VIM aceita o princípio fundamental do LAC, sua característica
principal é o estabelecimento dos procedimentos para fazer do manejo de visitação um
processo dinâmico para diagnóstico de impactos, auxiliando a tomada de decisões
(WWF, 2003).
O VERP além de ser um sistema derivado do LAC, inclui seus conceitos
juntamente com os do VIM e foi desenvolvido para auxiliar administradores e gerentes
de parques nacionais a tratar a capacidade de carga de visitantes através de decisões mais
seguras (TAKAHASHI, 2006).
O LAC, o VIM e o VERP são conceitualmente similares e foram desenvolvidos para
lidar com a questão da capacidade suporte recreativa em áreas protegidas (COLE;
McCOOL,1997), diferenciam-se apenas na ordem das etapas. As principais etapas
presentes nas três metodologias são segundo Takahashi e Cegana (2006):
- Selecionar indicadores de impactos provocados pela recreação;
- Especificar os limites dos indicadores;
- Implementar ações e monitorar as condições.
O LAC foi a metodologia escolhida para esta pesquisa, por se preocupar com os
efeitos do uso e não com a quantidade de uso que uma determinada zona suporta. Além
disso, representa um sistema de planejamento integral da Unidade de Conservação
(TAKAHASHI, 1998). Porém, para esta pesquisa, devido a algumas limitações, tais
como ausência de plano de manejo, de recursos financeiros e de uma equipe
multidisciplinar a metodologia LAC foi adaptada e algumas de suas etapas não foram
realizadas.
32
2.6- O PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA
A etimologia da palavra indígena Itabaiana significa: Ita (pedra), Taba
(morada), “Aone(alguém). A junção delas quer dizer “naquela pedra mora alguém”
(GUARANÁ, 1927). A palavra pedra, refere-se a Serra de Itabaiana, aonde os aborígines
acreditavam ser a “morada das almas”.
O Domo de Itabaiana faz parte de um complexo de serras baixas do Pré-
Cambriano. Estas denominadas de serras residuais se formaram devido a um
soerguimento de uma camada mais interna da crosta terrestre. Fazem parte do Domo de
Itabaiana a Serra de Itabaiana, a Serra Comprida, a Serra do Cajueiro, a Serra do
Machado e a Serra da Miaba.
Durante o século XVII, logo no início da colonização da capitania, aconteceram
as primeiras expedições para a Serra de Itabaiana lideradas pelo holandês Belchior Dias
Moreya. Os exploradores vieram em busca de metais preciosos, principalmente da prata,
do salitre e do ouro (SANTANA, 2002).
Em 1978, o extinto Conselho de Desenvolvimento Econômico de Sergipe –
CONDESE, apresentou à Secretaria Estadual de Meio Ambiente um documento
intitulado “Projeto básico para implementação da Estação Ecológica da Serra de
Itabaiana”, na qual as particularidades da área de 4.389,76 hectares, eram apresentadas
para justificar a sua escolha (SANTANA, 2002).
em junho de 2005, a categoria de Estação Ecológica foi modificada para
Parque Nacional. Através do DECRETO DE 15 DE JUNHO DE 2005, Art. : foi
criado oficialmente “o Parque Nacional Serra de Itabaiana, localizado nos Municípios de
Areia Branca, Itabaiana, Laranjeiras, Itaporanga D’ajuda e Campo do Brito, no Estado
de Sergipe, com área aproximada de sete mil, novecentos e sessenta e seis hectares”
(7.966 ha) (BRASIL, 2005).
O PARNASI situa-se nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, possui
importantes nascentes que encontram-se na Serra de Itabaiana, Serra Comprida e Serra
do Cajueiro que são importantes para o abastecimento de água da capital, do agreste e
das imediações da Unidade de Conservação.
33
O rio Poxim, responsável por 30% do abastecimento da cidade de Aracaju,
possui suas nascentes na Serra do Cajueiro. A barragem do Rio Jacarecica que abastece
o agreste sergipano tem como principais afluentes tributários os riachos Coqueiro, Água
Fria, dos Negros e Vermelho, todos com nascentes na Serra de Itabaiana. O rio
Cotingüiba, cujas nascentes se localizam no parque, é importante para a atividade
industrial, especialmente nas usinas de açúcar (IBAMA, 2006).
O PARNASI é fortemente descaracterizado de sua vegetação original, seja pela
pressão antrópica decorrente do desmatamento provocado pela agropecuária e pela
retirada de madeira, argila e areia; ou por acidentes, como os incêndios de 1990 e 1993
que destruíram cerca de 90% da vegetação. A região apresenta uma zona de transição
entre aos biomas Caatinga e Mata Atlântica. A flora do domo de Itabaiana pode ser
classificada como Floresta Estacional Semidecidual de Terras Baixas, constituídas por
áreas abertas e áreas fechadas formadas por vegetações arbóreas em que foram
reconhecidas seis hábitats: 1) areias brancas desnudas; 2) vegetação arbustiva; 3)
gramíneas e ciperáceas; 4) palmeiras; 5) áreas úmidas e periodicamente alagadas; e 6) as
áreas com plantações. Foram identificadas 114 espécies nas áreas abertas e 210 espécies
nas áreas fechadas, sendo 26 endêmicas (VICENTE et al, 2005).
Em 2005 foi publicado um livro intitulado “Parque Nacional Serra de Itabaiana –
Lavantamento da Biota”, onde as classes de vertebrados e as abelhas encontradas em
levantamento de campo foram descritas. Antes disso sabe-se que as publicações sobre a
fauna do Parque se resumem nos estudos sobre hábitats e alimentação de lagartos
(RAMOS; DENISSON, 1997; FERNANDES; OLIVEIRA, 1997), diversidade de
artrópodos de solo (AMÂNCIO; RAMOS, 1997), microhábitats de aranhas e descrição
de Nothroctenus fuxico (DIAS; BRESCOVIT, 2004).
Apesar da importância de tais publicações, estudos sobre a biodiversidade do
PARNASI, ainda são necessários, tanto para descrever espécies endêmicas quanto para
confirmar espécies que existem mas que ainda não foram registradas por falta de provas
concretas, como é o exemplo da ordem Artiodactyla (veados e porcos do-mato).
A Serra de Itabaiana sempre esteve inserida no contexto sócio-cultural dos
sergipanos, especialmente da população local, sendo utilizada livremente de maneira
crescente e desordenada como ponto de lazer e recreação (MENEZES, 2004). São
34
muitas as opções de lazer associadas a Serra, a sua geografia é multifacetada de rochas,
escarpas, córregos e matas, propiciando múltiplas opções de uso-público (SANTANA,
2002).
O Parque recebe intensos impactos decorrentes da ação humana, que ocasionam
alterações de grande parte se sua paisagem. Alguns estudos analisaram esta
problemática, dentre eles: a tipificação do lixo no Parque Nacional Serra de Itabaiana
(SANTOS, 2006); a avaliação dos impactos no interior do Parque Nacional Serra de
Itabaiana (SOBRAL et. al, 2007); a caracterização do consumo de lenha nas casas de
farinha no entorno do Parque Nacional Serra de Itabaiana (GOMES et.al, 2006).
Nos estudos existentes sobre a degradação ambiental do parque (SOBRAL et.
al, 2007), constatou que as queimadas, as práticas agrícolas, a retirada de argila e areia, a
presença de torres e linhas de transmissão, o lixo, a retirada de madeira e lenha, a
presença de espécies exóticas, a caça e as trilhas são os impactos mais evidentes no
PARNASI.
Para reforçar a idéia de que a legislação ambiental sempre foi descumprida e o
uso público nunca foi planejado na Serra de Itabaiana, vale destacar que em 2004 na
época da pesquisa de mestrado de MENEZES (2004) o então governo do estado
juntamente com o SEBRAE e algumas agências de receptivo divulgavam e vendiam
roteiros de turismo na Serra, em total falta de diálogo com o órgão gestor da UC.
35
3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMANCIO, E; RAMOS, L. Diversidade de artrópodos de solo em três áreas da Serra de
Itabaiana, Sergipe. Publicações Avulsas do Centro Acadêmico Livre de Biologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, n.1, p. 41-46
,
1997.
BRASIL. Decreto 15 de jun. de 2005; 184o da Independência e 117o da República.
Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil03/Ato2004-2006/2005/Resenha/
06junho.htm > Acesso em: 02 de setembro de 2005.
_______. Regulamento dos Parques Nacionais: Decreto n° 84.017, de 21 de set. de
1979. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/84017-79.htm >. Acesso em: 02 de jul. de
2006.
_______. Ministério do Meio Ambiente: Diretrizes e Recomendações para o
Planejamento e a Gestão da visitação em Unidades de Conservação, Brasília, 2005.
_______. Ministério do Meio Ambiente et al. Gestão Participativa do SNUC: Áreas
Protegidas do Brasil. Brasília, DF, 2004.
CAMPOS, A. M.N. O ecoturismo como alternativa de desenvolvimento sustentável.
Disponível em: < http://www.eco2000.com.br/ecoviagem/ecoestudos/ecoturismo/
estudo-ecoturismo.pdf >. Acesso em: 02 de jul. de 2007. Caderno virtual de Turismo,
n.15, 2005.
CIFUENTES, M. Determinación de Capadidad da Carga Turística em Áreas
Protegidas. Centro Agronômico Tropical de Investigación y Enseñanza (CATIE).
Informe Técnico, n. 294. Turrialba, Costa Rica, 1992. (Série Técnica).
COLE , D. N; McCOOL, S.F. Limits os Acceptable Change and related planning
process: a Workshop. Aldo Leopold Institute University of Montana’s Lubrecht
Experimental Forest, 1997.
COUTINHO, M. Ecoturismo: Reservas Extrativistas no Brasil e experiências da
Costa Rica. São Paulo, USP, 2000. 157p. (Dissertação – Mestrado em Integração da
América Latina)
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2003. 551p.
DIAS, S.C.; BRESCOVIT, A.D. Microhabitat selection and co-occurrence of
Pachistopelma rufonigrum Pocock (Araneae, Theraphosidae) and Nothroctenus fuxico
sp. nov. (Araneae, Ctenidae) in tank bromeliads from Serra de Itabaiana, Sergipe, Brazil.
Revista Brasileira de Zoologia, n.21. p.789-796, 2004.
36
DRUMOND, A. C. F. Educação e Interpretação Ambiental na Mata do Paraíso. In:
Simpósio Nacional de Áreas Protegidas. Anais... Minas Gerais: Sociedade de
Investigações Florestais, Universidade Federal de Viçosa, 2005.
EMBRATUR. Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo. Coordenação de
Sílvio Magalhães e D. Hamú M. de la Penha. Brasília, 1994.
FERNANDES, A.C.M; OLIVEIRA, E.F. Diversidade na dieta e aspectos reprodutivos
de duas espécies simpátricas e sintópicas de Tropidurus da Serra de Itabaiana, Sergipe
(Sauria: ropiduridae). Publicações Avulsas do Centro Acadêmico Livre de Biologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, n.1, p.35-40, 1997.
GOMES, L. J.; SILVA, C. M.; SANTANA, V. Procedência e consumo de lenha das
casas de farinha nos limites do Parque Nacional Serra de Itabaiana. In: II Seminário
brasileiro sobre áreas protegidas e inclusão social, Anais.... Rio de Janeiro: UFRJ, 2006,
4p. CD-ROM.
GUARANÁ. A. Glossário Etimológico dos nomes de língua Tupi na geografia de
Sergipe. Sergipe, 1927.
HARDIN, G. The tragedy of the commons. Revista Science. 162: 1243-1248, 1968.
HARDT, L. P. A. Planejamento de Unidades de Conservação. Fundação Boticário,
Paraná, 2006.
IBAMA. Plano Operativo de prevenção e combate aos incêndios florestais do
Parque Nacional Serra de Itabaiana. 2006 (Trabalho técnico).
IUCN, THE WORLD CONSERVATION UNION. Sustainable Tourism in Protected
Areas: Guidelines for Planning and Management. 2002.
LEITE A. L. T. A; MEDINA N. M. Educação ambiental: curso básico a distância:
educação e educação ambiental II. 2 ed. ampliada, Volume 5. Brasília: MMA, 2001.
LOUREIRO,C.F.B. Complexidade e dialética: contribuições à práxis política e
emancipatória em educação ambiental. Revista Educação e Sociedade, v. 26,n.93,
Campinas, 2005.
MENEZES, L. C. Uso sustentável da Serra de Itabaiana: Preservação ou
Ecoturismo? São Cristóvão: UFS, 2004. 189p. (Dissertação – Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente).
MILANO, M. S. Conceitos básico e princípios gerais de planejamento, manejo e
administração de Unidades de Conservação. Paraná: Fundação Boticário de Proteção
a Natureza, 2006.
37
NUNES, M. S.; LADWIG, N. I. Avaliação das potencialidades do Morro do Forte como
local para o desenvolvimento da prática do ecoturismo. Revista eletrônica de turismo.
Faculdade Cenecista Presidente Kennedy. v. 3, n.02, Santa Catarina, nov 2004.
Disponível em: <http://www.presidentekennedy.br/retur/edicao06/artigo05.pdf #
search=%22impactos%20provocados%20pelo%20ecoturismo%20Costa%20Rica%20fil
etype%3Apdf%22>. Acesso em: 16 ago 2006.
OMT. El turismo hasta el año 2000- aspectos cualitativos que afectan su crecimiento
mundial. Madri: OMT, 1990.
PAGANI, Maria Inez et al. As trilhas Interpretativas da natureza e o ecoturismo. In:
Turismo: Impactos socioambientais. Amália Inês G. de Lemos (organ.). Ed. Hucitec,
São Paulo, 1999.
QUINTAS, J.S; GUALDA, M.J. A formação do educador para atuar no processo de
gestão ambiental. Brasília: Ibama. 1995.
RAMOS, L.; DENISSON, S. Notas sobre os hábitats e microhábitats de duas espécies
simpátricas de lagartos do gênero Tropidurus da Serra de Itabaiana, Sergipe (Sauria:
Tropiduridae). Publicações Avulsas do Centro Acadêmico Livre de Biologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, n.1, 29-34, 1997.
REBOUÇAS, G.M. O turismo em Sergipe: delineando uma agenda de discussão.
Sergipe, 2003. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/osmario/igc_conteudo.asp?
codigo=4293&catalogo=5&inicio=50 > Acesso em: 5 jun. 2006.
REIGOTA, M. Meio Ambiente e representação social. São Paulo: Ed. Cortez, 5°
edição, v. 41, 2002.
SANTANA, V. B. Serra de Itabaiana: das brumas do imaginário á cerca invisível.
São Cristóvão: UFS. 2002. 149p. (Dissertação – Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente).
SANTOS, C. Tipificação do lixo no Parque Nacional Serra de Itabaiana. São
Cristóvão: UFS, 2006. (Monografia – Departamento de Engenharia Agronômica).
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de
textos, 2004. 184p.
SETUR, Secretaria do Estado de Turismos: Sergipe On-Line. Sergipe. Disponível em:
<http://www.setur.se.gov.br>. Acesso em: 9 de Jul de 2006.
SNUC. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Projeto de Lei
2.892/92. Brasília, 2000.
38
________. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Brasília
Projeto de Lei 11.132 de 4 de junho de 2006. 6 ed.
SOBRAL, I. S. ; SANTANA, R. ; GOMES, L. J. ; RIBEIRO, G. ; SANTOS, J. R;
COSTA, M. Avaliação dos impactos ambientais no Parque Nacional Serra de Itabaiana,
SE. Revista Caminhos da Geografia, v. 8, p.102-110, 2007.
TAKAHASHI, L. Y. Caracterização dos visitantes, suas preferências e r percepções
e avaliação dos impactos da visitação pública em duas Unidades de Conservação do
Estado do Paraná. Curitiba, UFPR, 1998. 197p. (Tese – Doutorado em Ciências
Agrárias).
_________. Uso público em Unidades de Conservação. Cadernos de Conservação.
Paraná: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, ano 02, out.2004.
_________. Monitoramento de indicadores de impactos nas trilhas e percepção dos
visitantes em Unidades de Conservação. In: I Congresso Nacional de Planejamento e
Manejo de Trilhas. Anais... Rio de Janeiro, Eixo Temático: Palestras, 2006.
TAKAHASHI, L. Y; CEGANA, C. Curso Uso público em Unidades de Conservação.
Paraná: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2006.
VASCONCELLOS, J. Educação e Interpretação Ambiental no Manejo da Unidade
de Conservação. Paraná: Fundação Boticário de Proteção a Natureza, 2006.
VICENTE, A.; RIBEIRO, A. S.; SANTOS, E. A.; FRANCO, C. R. P. Levantamento
botânico. In: Celso Morato de Carvalho; Jeane Carvalho Villar. (Org.). Parque
Nacional Serra de Itabaiana: Levantamento da Biota. Aracaju: UFS/Ibama, v. , p. 15-
37, 2005.
VIEIRA, L. V. L. . Turismo sustentável no litoral sul de Sergipe: a percepção das
comunidades e dos visitantes. In: Luzia Neide M. T. Coriolano; Luiz Cruz Lima. (Org.).
Turismo comunitário e responsabilidade socioambiental. Fortaleza: EDUECE, v. 1,
p. 284-293, 2003.
WWF. Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: Ferramentas para um
planejamento responsável. Brasil, 2003.
ZIMMERMANN, A.; RODRIGUES, C. G. O.; ANDRADE, J. Visitação em Parques
Nacionais: Oportunidades para participar, vivenciar e conservar. Revista Caderno
Virtual de Turismo, dez. 2005. In: Anais I SAPIS. Disponível em:
<http://www.ivtj.net/sapis/anais 2005/eixo5/zimmermann.htm> Acesso em 15 de set. de
2007.
39
CAPÍTULO 2
INDICADORES PARA O PLANEJAMENTO DE USO
SUSTENTÁVEL DO PARQUE NACIONAL SERRA DE
ITABAIANA NO ESTADO DE SERGIPE.
RESUMO
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Indicadores para o planejamento de uso
sustentável do Parque Nacional Serra de Itabaiana no Estado de Sergipe. São
Cristóvão: UFS, 2007. 138 p. (Dissertação - Mestrado em Agroecossistemas ).
A ausência de alternativas de trabalho para as comunidades do entorno do Parque
Nacional Serra de Itabaiana, aliada à falta de sensibilidade ambiental dos visitantes tem
acarretado sérios problemas aos seus ecossistemas. Essa pressão antrópica traz risco para
a proteção dos recursos naturais do parque, onde ainda é possível identificar um certo
nível de conservação. Apesar de ser uma unidade de conservação de proteção integral,
cujo principal objetivo é a proteção dos ecossistemas em que o uso dos recursos é
permitido apenas de maneira indireta, como o ecoturismo, é possível observar impactos
negativos que comprometem sua sustentabilidade. Este trabalho objetivou selecionar
indicadores de sustentabilidade baseado no pensamento sistêmico com o fito de avaliar e
monitorar esta Unidade de Conservação como um sistema. A metodologia usada foi
proposta pela Organization to Cooperation and Economic Development (OCDE), a
partir da construção da matriz de indicadores Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR).
A perspectiva sistêmica foi essencial para elaborar esta ferramenta de monitoramento, o
qual irá contribuir para o planejamento e gestão do uso público, considerando as
necessidades das comunidades locais e toda a complexidade da interação entre os
componentes do Parque Nacional e seu entorno. Conclui-se que a matriz de indicadores
elaborada é um instrumento importante que poderá contribuir com a administração do
parque para alcançar os indicadores prospectivos propostos e fornecer subsídios para a
elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional Serra de Itabaiana.
Palavras-chaves: sistemas; planejamento ambiental; unidade de conservação; plano de
manejo
40
ABSTRACT
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Indicators for sustainable use planning of Serra
de Itabaiana National Park at Sergipe State. São Cristóvão: UFS, 2007. 138 p.
(Dissertation - Master of Science in Agroecosystems
The absence of work alternatives for the local communities surrounding the Serra de
Itabaiana National Park, in addition to environmental unconsciousness of visitors , have
brought serious problems to its ecosystems. This anthropic pressure brings risks toward
natural resources protection into the Park, where is still possible to identify a certain
level of conservation. Though being a Strictly Protected Area, focusing its work in
ecosystems conservation where the use of resources is allowed only in a indirect way,
such as ecotourism, it is possible to observe negative impacts that commit its
sustainability. This work intended to select sustainable indicators based in the systemic
thought, in order to evaluate and monitoring this Protected Area as a system. The used
methodology was proposed by OCDE (Organization to Cooperation and Economic
Development), by the construction of Pression-State-Impact-Response (PEIR) indicators
matrix. The systemic perspective was necessary to elaborate that monitoring tool, which
will help planning and administrate the public use, considering local community needs
and all complexity of the interaction between National Park components and its borders.
The indicators matrix is a very important instrument which can help the Park
administration to reach the prospective indicators proposed in this work, as well to offer
instruments in order to elaborate a Sustainable Management Plan to Serra de Itabaiana
National Park.
Key-words: systems; environmental planning, protection area; management plan.
41
1- INTRODUÇÃO
A biodiversidade brasileira, uma das mais ricas do planeta, vem decrescendo
devido à ação antrópica que vulnerabiliza os ecossistemas naturais. Diante de um quadro
ecológico preocupante, faz-se necessário traçar regras de utilização das áreas naturais,
sendo um importante instrumento para normatizar a conservação “in situ” no Brasil o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Dentre as categorias de
Unidades de Conservação de proteção integral, o Parque Nacional (PARNA) tem como
objetivo básico conservar os ecossistemas naturais, possibilitando por sua vez a
realização de pesquisas cientificas, educação ambiental e turismo ecológico (SNUC,
2000).
Em Sergipe, em junho de 2005, foi criado o Parque Nacional Serra de Itabaiana
(PARNASI), o único Parque Nacional do Estado conserva remanescentes de Caatinga e
de Mata Atlântica que vem sofrendo fortes pressões decorrentes da ação humana. A
visitação desordenada agravada pelo fato de que muitos freqüentadores não estão
sensibilizados para as questões ambientais e os agroecossistemas localizados dentro e
nos arredores do Parque, destacam-se entre as diversas pressões antrópicas.
Existe uma percepção quase generalizada de que os impactos ambientais,
resultantes da relação homem-natureza e a busca de soluções para os problemas que
surgiram dessa relação, desencadearam a base teórica da sustentabilidade. Para que a
relação homem-natureza que considera o uso indireto dos recursos do Parque se torne
sustentável, é necessário considerar as dimensões social, econômica, ambiental, cultural
e política demandadas nesta complexa relação. O planejamento integrado, disciplinando
a utilização dos recursos naturais do PARNASI, por meio do ecoturismo, parece
possivelmente contemplar benefícios para as populações locais, possibilitando uma
harmonia acompanhada de uso, que a legislação ambiental não permite o uso direto
dos seus recursos. Porém, a problemática apontada carece de um ordenamento que passa
por um planejamento, que lance mão de instrumentos e métodos científicos. A
construção de indicadores de sustentabilidade se apresenta como uma boa opção para a
realização do monitoramento que orienta o necessário planejamento para a gestão
sustentável do Parque.
42
O apoio teórico para a utilização de indicadores é a Teoria dos Sistemas, visto
que para a compreensão global dos fenômenos que dão vida às variantes sociais,
políticas, ambientais, culturais e econômicas de determinado ecossistema, é
indispensável o estudo integrado dessas dimensões. As dificuldades de se estabelecer
indicadores de sustentabilidade advêm da falta de um consenso no conceito de
desenvolvimento sustentável e nos objetivos a serem atingidos para se chegar à
sustentabilidade, pois para realidades diferentes, existem respostas diferentes (ALBÉ,
2002). Assim, a aplicação ou não de um indicador deve-se ao seu potencial de ilustrar,
de maneira abrangente, o resultado exatamente dessa interação de variantes sistêmicas.
Diante da carência de instrumentos de planejamento de uso do Parque Nacional
Serra de Itabaiana, este trabalho objetivou selecionar indicadores de sustentabilidade,
visando a uma gestão integrada e participativa que poderá servir de subsídio para a
elaboração de um plano de manejo.
Ressalte-se, de logo, que a gestão integrada por meio dos indicadores de
sustentabilidade é possível porque sua matriz considera o bem-estar dos subsistemas
ecológico, social e econômico, seu estado atual, bem como sua direção e sua taxa de
mudança, de seus componentes, e a interação entre as suas partes.
A interação entre a comunidade do entorno e o Parque Nacional Serra de
Itabaiana, dependendo de seu planejamento e gestão, pode promover mudanças positivas
como, por exemplo a redução da caça à fauna silvestre, diminuição do desmatamento e
queimadas, redução ou eliminação do uso de agrotóxicos e valorização do patrimônio
sócio-cultural da região. A participação da comunidade do entorno, pode interferir nos
processos decisórios de aspectos que dizem respeito à gestão do Parque. Entretanto,
podem ocorrer também mudanças negativas como por exemplo, a diminuição da renda
devido às imposições legais; a falta de condições econômicas ou de conhecimento
técnico apropriado; favorecimento de grupos de agricultores que não possuem terras em
áreas protegidas em detrimento dos que possuem; diminuição do capital social pela
eliminação de conhecimentos, tradições, crenças e comportamentos e migração devido a
não adaptação às exigências impostas (GERHARDT, 2002).
As mudanças negativas devem-se ao fato das tentativas de incorporar a
comunidade às políticas ambientais, na maioria dos casos, visarem somente a
43
minimização dos conflitos existentes desconsiderando a apresentação de alternativas
viáveis de subsistência às populações. Como afirma Diegues (1996), quando a presença
dessas populações é ‘tolerada’, as limitações ao uso tradicional dos recursos naturais são
de tal monta que os moradores não têm outra alternativa senão migrar ‘voluntariamente’,
aumentando o número de favelados e desempregados das áreas urbanas. As mudanças
positivas são frutos do envolvimento da comunidade local no planejamento e em ações
específicas da unidade de conservação e no seu entorno, tornando-a partícipe e
comprometida com as estratégias estabelecidas. Esse enfoque participativo é respaldado
pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000).
Para identificar as mudanças, possibilitando monitoramento do uso dos recursos
naturais, nas dimensões ambiental, social, política, cultural e econômica no sistema
Parque Nacional Serra de Itabaiana, propõe-se o uso de indicadores de sustentabilidade,
que facilitam a compreensão de realidades complexas, além de possibilitar estudos
prospectivos. Um indicador é uma ferramenta que permite a obtenção de informações
sobre uma dada realidade e caracteriza-se pela possibilidade de sintetizar um conjunto
complexo de informações, retendo apenas o significado essencial dos aspectos
analisados (HATCHUEL; POQUET, 1992).
Os indicadores de sustentabilidade aferem a relação entre o impacto sócio-
ambiental real e aquilo que a biosfera tem capacidade de aceitar. No caso do
planejamento do Parque Nacional Serra de Itabaiana, os indicadores podem contribuir
para a análise de quanto e de quais impactos sócio-ambientais essa área pode suportar
sem prejudicar a resiliência de seus ecossistemas. Um modelo bastante utilizado para
monitorar impactos através de indicadores é o de Pressão Estado Impacto/Efeito
Resposta (P.E.I.R), que considera as interações entre a sociedade e o meio ambiente
(WINOGRAD, 1996). A matriz P.E.I.R é oriunda da estrutura conceitual para a seleção
de indicadores que foram sistematizados em Pressão-Estado-Resposta (PER), criada pela
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 1993 e
adaptada em 1995 para Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta pelo Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente.
44
2- MATERIAL E MÉTODOS
2.1- ÁREA DE ESTUDO
O Parque Nacional Serra de Itabaiana, (10º25’5’’S e 37º25’15’’O), ocupa uma
área de 7.966 ha, abrangendo terras dos municípios de Areia Branca, Itabaiana,
Laranjeiras, Itaporanga d’Ajuda e Campo do Brito, e composto pelas Serra do Cajueiro,
Serra Comprida e Serra de Itabaiana.
A vegetação do Parque é variada, constituída por quatro tipos fisionômicos:
Restinga em áreas arenosas, Cerrado com espécies arbustivas da Mata Atlântica com
formas arbóreas e Campos Rupestres, em locais mais altos. Também são identificadas
áreas muito úmidas e periodicamente alagadas, assim como locais onde a ação antrópica
modificou a fisionomia da vegetação nativa, que são os palmeirais e os agroecossistemas
(VICENTE et.al, 1997).
2.2- COLETA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
Nas campanhas de campo foram levantadas diversas informações sobre o
Sistema Parque Nacional Serra de Itabaiana, que subsidiaram a elaboração de
descritores
6
e de uma matriz de indicadores
7
de sustentabilidade. Os descritores possuem
características significativas de um elemento com os principais atributos de
sustentabilidade de um determinado sistema, e os indicadores, são medidas de efeito de
uma operação do sistema sobre o descritor (CAMINO; MULLER, 1996).
A matriz foi elaborada com base no modelo proposto pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (WINOGRAD, 1996), conhecida como Pressão/ Estado/
Resposta (P.E.R.). Segundo Guimarães (2004), a matriz P.E.I.R é um instrumento
analítico que permite organizar e agrupar de maneira lógica os fatores que incidem sobre
o meio ambiente. Tais fatores podem estar relacionados aos efeitos que as ações
6
Dados qualitativos
7
Dados quantitativos
45
humanas produzem nos recursos naturais, ao impacto gerado na natureza e à saúde
humana, assim como às intervenções da sociedade e do Poder Público.
De acordo com a metodologia P.E.I.R, as interações entre a sociedade e o meio
ambiente têm como base a elaboração de cinco grupos de indicadores (WINOGRAD,
1996): a) PRESSÃO, que observa as causas dos problemas ambientais; b) ESTADO,
que está relacionado com o estado do meio ambiente em função da ação antrópica; c)
IMPACTO/EFEITO, que observa o impacto/efeito da ação antrópica sobre o meio
ambiente e vice-versa; d) RESPOSTA, refere-se às respostas da sociedade para melhorar
o meio ambiente e; e) PROSPECTIVO, que são as ações necessárias para reverter os
impactos e alcançar a sustentabilidade no sistema.
46
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 A CONCEPÇÃO SISTÊMICA DO PARQUE NACIONAL SERRA DE
ITABAIANA
Antes da década de 40, os termos sistemas” e “pensamento sistêmico” eram
utilizados por cientistas de diversas áreas. Porém foram as concepções de Bertalanffy de
um sistema aberto e de uma teoria geral dos sistemas, que estabeleceram o pensamento
sistêmico como um movimento científico de primeira grandeza (CAPRA, 1996).
Profundas mudanças de concepções, tidas por Pinheiro (2000) como condutoras
de uma “crise da ciência”, se refletiram no esgotamento do modelo convencional de
análise da realidade, baseado nas filosofias de cientistas como Galileu, Descartes e
Newton. Por meio da Teoria Geral dos Sistemas houve uma possibilidade de mudança
da visão disciplinar e reducionista para a holística e multidisciplinar. Na visão holística,
as propriedades de um sistema são propriedades do todo, que surgem das interações e
das relações entre as partes.
Os elementos básicos que formam um sistema são: componentes, interações
entre componentes, entradas, saídas e limites. Sendo assim, importa considerar que “(..)
a finalidade principal ao analisar qualquer fenômeno como sistema, é entender a relação
entre suas estruturas e suas funções (HART, 1980). Neste sentido, os sistemas são
formados por sub-sistemas e estes, por sua vez, são formados por sub-sistemas menores,
e assim sucessivamente. Os limites desses sistemas se confundem e se modificam a
depender da intencionalidade do pesquisador. Os sistemas naturais são abertos,
resultando em entradas e saídas da unidade.
Segundo Silva (2006), um sistema aberto se caracteriza na sua generalidade
pelos seguintes aspectos:
O todo é superior à soma das suas partes e tem características próprias;
As partes integrantes do sistema são interdependentes;
Sistemas e subsistemas relacionam-se e estão integrados numa cadeia
hierárquica;
47
Exercem auto-regulação e controle, visando a manutenção do seu
equilíbrio. Sua auto-regulação implica na capacidade de mudar, como forma de
adaptação a alteração do meio exterior;
Influenciam o meio exterior e vice-versa (por meio da troca de energia).
Nesse sentido, o sistema Parque Nacional Serra de Itabaiana, é aberto e interage
com seu entorno, constituído em sua maioria por agroecossistemas, subsistemas de uma
mesma região geográfica. Estes subsistemas com a sua estrutura interagem para formar
um “sistema maior” (HART, 1980).
A interação entre os componentes que caracterizam a estrutura do Sistema
Parque Nacional Serra de Itabaiana, está representada em linguagem de circuito de
fluxos, no Quadro 1 e na Figura 1, representada pelos subsistemas recursos naturais,
manejo, sócio-cultural e economia local.
Quadro 1: Legenda da figura do circuito de fluxo e componentes do Sistema Parque Nacional Serra de
Itabaiana,SE
Entrada no sistema
Saída do sistema
Componentes do sistema sem detalhes dos processos internos
Componentes do sistema com detalhes dos processos internos
Sistemas menores inseridos em sistemas maiores
Fluxo de danos entre componentes dos sistemas ou entre sistemas
Fluxo de materiais, energia ou informações entre componentes dos
sistemas ou
entre sistemas
Desconsidera o fluxo de materiais que vem logo após a transmissão do
fluxo em questão.
48
Figura 1: Circuito de fluxos e componentes do Sistema Parque Nacional Serra de Itabaiana,SE
Pesquisa
Lazer
Água
Alimento
Lucro
O sub-sistema Recursos Naturais é formado pelos componentes biodiversidade
e recursos abióticos que são submetidos a danos provenientes dos demais sub-sistemas
do Parque e do seu entorno.
O sub-sistema Manejo é caracterizado pelas ações do órgão gestor, que não
vem trabalhando a inclusão das comunidades do entorno do Parque, na perspectiva de
execução de um Plano de Manejo. Estas comunidades participam apenas como força de
Sub-sistema Sub-sistema Sub-sistema
Recursos naturais Manejo Sócio-
cultural
Sub-sistema Economia local
Fatores
ambientais
Fatores
econômicos
Fatores
sócio-
culturais
biodiver-
sidade
recursos
abióticos
recursos humanos
órgão gestor
religião
lendas
lazer
“Sub sub-sistema” Agroecossistema
“Sub sub-sistema” Turismo
culturas agrícolas
estrutura agrária
comunidade
local
infra-estrutura
impactos
visitantes
infra-
estrutura
49
trabalho, sem necessária compreensão da importância das tarefas executadas. A carência
de infra-estrutura e pessoal treinado para a condução das atividades relacionadas à rotina
de um parque, também tem gerado impactos, que colocam em risco a conservação dos
recursos naturais. O componente pesquisa acontece na maioria das vezes por iniciativas
isoladas, sem uma integração com a administração do Parque, e sem sustentação ao
longo do tempo.
O sub-sistema Sócio-Cultural é representado pelos componentes religião,
lendas e lazer e se manifestam a partir da história de vida daquela população,
relacionada ao uso dos recursos naturais proporcionados pelos ecossistemas presentes, e
que são fortemente impactados pelos componentes do “sub-sub-sistema” turismo.
O sub-sistema Economia local é representado pela renda proporcionada pela
exploração dos agroecossistemas e turismo no interior do Parque. O SNUC (2000) não
permite a existência de tais atividades no interior de unidades de conservação de
proteção integral, pois provocam danos e colocam em risco a conservação dos recursos
naturais. Para que a legislação ambiental seja obedecida é necessária a substituição dos
agroecossistemas por re-vegetação de áreas do Parque com espécies nativas e do turismo
convencional pelo ecoturismo orientado, definido como “o segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua
conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista, promovendo o bem-
estar das populações envolvidas” (EMBRATUR, 1994).
3.2- DESCRITORES QUE ORIENTAM A MATRIZ DE INDICADORES
Os descritores de sustentabilidade foram selecionados a partir das características
do Parque Nacional Serra de Itabaiana, da interação entre os fatores sócio-ambientais,
políticos, econômicos e legais, além dos fatores que interferem na sustentabilidade desse
sistema, como apresentado a seguir:
a) Descritores de PRESSÃO: não participação dos moradores locais no
planejamento do Parque, que dificulta a sensibilização ambiental dessa comunidade; o
descumprimento da legislação ambiental, a morosidade na regularização fundiária e a
50
falta de alternativas econômicas para o sustento da população do entorno, acarretando
problemas sócio-ambientais.
b) Descritores de ESTADO: a presença de agroecossistemas e o uso de
agrotóxicos na área do Parque; queimadas; desmatamentos; gestão deficiente face à
inexistência do Plano de Manejo; falta de sensibilização ambiental, e a falta de políticas
públicas acarretando a pressão de uso dos recursos naturais pelas comunidades do
entorno, para auxiliar no complemento da renda familiar; o turismo desordenado que
coloca em risco a resiliência dos ecossistemas do Parque.
c) Descritores de IMPACTO/EFEITO: os desmatamentos, as queimadas, a
introdução de espécies exóticas, a caça, o uso de áreas do Parque como depósito de lixo;
a retirada de areia e argila; a presença de torres de transmissão, que colocam em risco a
sustentabilidade do sistema face à constante movimentação de pessoas; o desemprego,
conseqüência da restrição do uso dos recursos do Parque, que não foram
disponibilizadas alternativas sustentáveis para a geração de renda.
d) Descritores de RESPOSTAS: as pesquisas realizadas no Parque; as ações do
IBAMA como a criação do Parque Nacional e da associação Amigos da Serra” e da
brigada de incêndio, ações que possibilitam a minimização dos problemas relacionados
ao sistema em estudo.
e) Descritores PROSPECTIVOS: A participação da comunidade local no
planejamento e gestão do Parque; a estruturação do Conselho Consultivo e da associação
Amigos da Serra; a elaboração do Plano de Manejo e de projetos de educação e
interpretação ambiental para a comunidade e visitantes; a criação de uma cooperativa de
condutores de visitantes, as desapropriações e as compensações ambientais são ações de
manejo necessárias para que os impactos sejam minimizados.
3.3- OS INDICADORES SELECIONADOS
A matriz P.E.I.R de indicadores de sustentabilidade é uma ferramenta que
contribui para a identificação e o monitoramento das mudanças que podem ocorrer no
Sistema Parque Nacional Serra de Itabaiana em função da ação antrópica (Quadro 2). Os
51
indicadores selecionados com bases nessas observações estão diretamente relacionados
com os descritores que compõe esse sistema
Quadro 2 - Matriz P.E.I.R de indicadores de sustentabilidade do sistema Parque Nacional Serra de
Itabaiana.
Pressão Estado Impacto Resposta Prospectivo
- Presença de
Agroecossiste-
ma (ha/ano);
- Efetivo de
guias locais
(n°/ano);
- Ocupação de
Mão-de-obra
com ecoturismo
(n°/ano);
- Efetivo da
fiscalização
(n°/ano);
- Autuações da
Polícia
Ambiental
(n°/ano);
- Investimento
(R$/ano);
- Ocorrência de
espécies
endêmicas
(n°/ano).
- Mata
(ha/ano);
- Visitação
pública
(n°/ano);
- Trilhas
(n°/ano);
-Efetivo de
empregados
do Parque
(n°/ano).
- Desmata-
mento
(ha/ano);
- Queimadas
(ha/ano);
- Lixo (ton
/ano);
- Espécies
exóticas
(n°/ha);
- Trilhas
secundárias
(n°/ano);
- Alargamento
das trilhas
(%/ano);
- Clareiras nas
margens das
trilhas
(ha/ano).
- Ações do
IBAMA
(n°/ano);
- Publicações
(n°/ano);
-Investimentos
em infra-
estrutura
(R$/ano);
- Reuniões da
Associação
Amigos da
Serra (n°/ano).
- Desapropria-
ções (n°/ano);
- Reuniões do
Conselho
Consultivo
(n°/ano);
- Plenárias do
plano de
manejo
(n°/ano);
-Programas de
Educação
Ambiental
(n°/ano);
- Compensação
ambiental
(R$/ano);
- Capacitação
para condutores
de visitantes
(n°/ano).
a) Indicadores de PRESSÃO
Presença de Agroecossistemas (ha/ano)
Ocupação das áreas do Parque com agricultura e/ou pecuária. Apesar da
legislação ambiental não permitir, as práticas agrícolas estão presentes na área do
Parque. Os conflitos entre a conservação dos recursos naturais e os agroecossistemas
ocorrem principalmente porque 95,1% das terras do Parque ainda não foram
desapropriadas.
52
Efetivo de guias locais (n°/ano)
A maior parte dos guias são provenientes de outras regiões. Para que haja
sustentabilidade no sistema em estudo, a comunidade local tem que estar inserida nesse
momento de consolidação da implantação da Serra de Itabaiana como Parque Nacional.
Ocupação da mão-de-obra com ecoturismo (n°/ano)
A Sociedade Internacional de Ecoturismo define a atividade como sendo uma
viagem responsável para áreas naturais que conserva o meio e promove o bem-estar da
comunidade local (TAKAHASHI, 2004). Nesse sentido, a população local deve
participar do ecoturismo, a partir de capacitação realizada pelo órgão gestor, semeando a
idéia de parceria na conservação do Parque, garantindo geração de renda.
Efetivo da fiscalização (n°/ano)
A maioria dos danos à infra-estrutura do Parque é gerada por visitas sem
acompanhamento ou vigilância, como é o caso das lixeiras danificadas ou destruídas, e
demais descasos com o zelo pela infra-estrutura.
Autuações da Polícia Ambiental (n°/ano)
Número de ocorrências registradas e caracterizadas como tentativas ou ações
efetivas, que colocam em risco a integridade dos recursos naturais do Parque.
Investimento (R$/ano)
Volume de recursos investidos para a melhoria da infra-estrutura, capacitação de
pessoal e demais despesas.
Ocorrência de espécies endêmicas (n°/ha)
Embora exista uma carência de estudos sobre a sua biodiversidade, sabe-se da
existência da ave Herpsilochmus pectoralis, espécie ameaçada de extinção e endêmica
da Caatinga (DHORTA et. al, 2005). Com relação à fauna de invertebrados, o Parque
abriga uma espécie recém-descrita de aranha, a Nothroctenus fuxic, cuja distribuição
geográfica é restrita ao Estado de Sergipe (DIAS; BRESCOVIT, 2004).
53
b) Indicadores de ESTADO
Mata (ha/ano)
A área ocupada pelo componente arbóreo deve ser usado como referencial para
estudos que expressem a sua hierarquia e a classificação botânica das espécies, além de
mapeamento dos extratos presentes.
Visitação pública (n°/ano)
A visitação desordenada está ultrapassando a capacidade suporte das trilhas, o
que afeta negativamente a resiliência dos ecossistemas do Parque. Em apenas dois dias
nos feriados do Carnaval de 2006, foram registradas 716 (setecentos e dezesseis)
visitantes na entrada do acesso principal. Sabe-se que este número é subestimado porque
existem outras áreas de acesso ao Parque que não são monitoradas.
Trilhas (n°/ano) e Extensão das trilhas (m)
A informação sobre as trilhas existentes no momento da criação do Parque,
assim como as novas trilhas e a sua extensão, são de grande importância, inclusive para
o seu mapeamento, estudo de impacto aliado à integridade das espécies e controle de uso
na visitação.
Efetivo de empregados (n°/ano)
Detectar a variação temporal e o mero efetivo de funcionários, que garanta a
realização das atividades burocráticas e a visitação publica.
c) Indicadores de IMPACTO/EFEITO
Desmatamento (ha/ano)
O desmatamento no Parque é conseqüência de diversas práticas ilegais, tais como
a avanço da agricultura, extração de areia e argila, retirada de madeira para abastecer
casas de farinha e olarias da região. Levantamentos recentes em 58 casas de farinha do
entorno da Serra de Itabaiana indicaram o consumo de 3.533 m³ de lenha por ano
(GOMES et.al. 2006).
54
Queimadas (ha/ano)
Constatou-se, por meio de um banco de dados criado em 1991 pelo IBAMA
sobre os incêndios do parque, que as principais atividades causadoras das queimadas
são: preparo da terra para agricultura, uso religioso, queima de lixo e retirada de madeira
e lenha (SOBRAL et. al, 2007). Segundo o órgão gestor do Parque muitas vezes as
queimadas são criminosas, e têm por justificativa a obtenção de “lenha seca para as
casas de farinha e olarias dos povoados do entorno”.
Lixo (ton/ano):
Mesmo havendo lixeiras é possível encontrar grande quantidade e diversidade de
lixo fora das lixeiras. Coletas recentes estimaram uma média de 1,37 litros de lixo
gerado por visitante do Parque (SANTOS, 2006).
Espécies exóticas (n°/ha)
Ocorrem espécies exóticas na encosta oeste do Povoado Serra Comprida,
imediações do Poço das Moças; na comunidade Água Fria; no Riacho Vermelho. Dentre
elas, a mangueira (Mangifera indica L.), a jaqueira (Artocarpus heterophilus Lam.) e o
coqueiro (Cocos nucifera L) estão presentes em maior quantidade (SOBRAL et.al,
2007).
Trilhas secundárias (n°/ano)
As trilhas secundárias são provenientes do impacto causado pelo uso público,
onde os visitantes as utilizam para cortar caminhos. Por não serem trilhas planejadas,
causam impacto negativo ao meio.
Alargamento das trilhas (%/ano)
O alargamento da trilha é provocado pela visitação desordenada, onde o pisoteio
provoca a supressão da vegetação nas margens das trilhas. Com o passar do tempo o solo
torna-se compactado e, conseqüentemente, dificultando a regeneração natural da
vegetação.
55
Clareiras nas margens das trilhas (ha/ano)
A abertura de clareiras nas margens das trilhas do Parque é provocada pelo
pisoteio dos visitantes e pelos acampamentos e fogueiras em lugares impróprios.
d) Indicadores de RESPOSTA
Ações do IBAMA (n°/ano)
O IBAMA é o órgão gestor do Parque, mas sua ação é limitada devido à falta de
técnicos, recursos financeiros e, principalmente, porque a maior parte da área ainda não
foi desapropriada.
Publicações (n°/ano)
A pesquisa nas dimensões sócio-ambiental, econômica e cultural é fundamental
para se alcançar um gerenciamento integrado do Parque. Dessa forma o número de
publicações em revistas e eventos, que faz referência ao Parque é um indicador
importante, à medida que gera informações de grande contribuição ao planejamento
sustentável de uso.
Investimentos em infra-estrutura (R$/ano)
Aplicação de recursos públicos ou privados na melhoria da infra-estrutura
existente no Parque, como construções, cercas e qualquer sistema que venha melhorar a
segurança do Parque.
Reuniões da Associação Amigos da Serra (n°/ano)
Apesar de a Associação Amigos da Serra está parada por questões políticas, sua
estruturação é de grande importância para garantir a participação da comunidade no
Conselho Consultivo. Os seus integrantes poderão participar da discussão sobre
diretrizes e ações para compatibilizar e otimizar a relação da população do entorno com
o interior do Parque Nacional (SNUC, 2000).
56
e) Indicadores PROSPECTIVOS
Desapropriações (n°/ano)
A criação de um parque orienta que o seu uso deve ser exclusivamente indireto
(SNUC, 2000). Dessa forma, é urgente a efetivação das desapropriações, principalmente
porque apenas 4,9% da área pertence ao poder público. Para reverter essa situação,
sugere-se que o IBAMA regularize o uso fundiário do Parque e inicie um trabalho de
recuperação das áreas degradadas pela agropecuária.
Reuniões do Conselho Consultivo (n°/ano)
Uma forma de garantir a participação da comunidade do entorno na tomada de
decisões sobre o planejamento e gestão, é por meio da formação do Conselho
Consultivo. Através dele os representantes da sociedade poderão juntamente com os
órgãos públicos discutir e elaborar diretrizes para as ações de gestão do Parque.
Plenárias do Plano de Manejo (n°/ano)
As Unidades de Conservação tem um prazo de 05 (cinco) anos para a elaboração
do Plano de Manejo, a partir da data de sua implementação. Se a legislação ambiental
fosse aplicada no PARNASI, a visitação descontrolada não seria permitida porque
compromete a proteção dos recursos naturais existentes.
Programas de Educação Ambiental (n°/ano)
Qualquer que seja o impacto proveniente da ação humana, os resultados
alcançados com a educação ambiental baseados no envolvimento da comunidade local
são indicadores importantes para minimização de passivos ambientais. Estas ações
possibilitam que os envolvidos mudem de atitude e sintam-se também responsáveis pela
integridade do Parque.
Compensação ambiental (R$/ano)
Recursos destinados ao pagamento de compensação pelos efeitos de impactos
não mitigáveis ocorridos quando da implantação de empreendimentos, e identificados no
processo de licenciamento ambiental. Estes recursos são destinados as Unidades de
57
Conservação para a consolidação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SNUC.
Caso a legislação ambiental fosse cumprida no PARNASI, haveria recursos
provenientes da compensação ambiental para minimizar os impactos provocados pela
torres de transmissão energia da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF.
Capacitação para condutores de visitantes (n°/ano)
Realização de treinamentos para componentes da comunidade local que
demonstrem interesse e sensibilidade para a realização de atividades diversas no Parque,
relacionadas de forma direta ou indireta com a sua conservação.
58
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os indicadores selecionados possibilitam um planejamento sistêmico que poderá
ser aplicado na elaboração e implementação do Plano de Manejo, a partir da avaliação e
monitoramento decorrentes dos impactos promovidos por ações antrópicas no sistema.
Uma alternativa viável para reduzir o passivo ambiental é a aplicação de
ferramentas de compensação ambiental. Por meio das compensações advindas das torres
de energia e/ou telefone celular pode-se captar recursos e empregá-los na proteção e em
programas de educação ambiental no PARNASI e seu entorno.
Para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais do PARNASI é
fundamental, além da participação da comunidade do entorno em seu planejamento e
gestão, a criação de alternativas de emprego e renda. Assim, a pressão sobre o uso dos
recursos naturais do parque pelas populações do entorno diminuirá, tais como extração
de madeira, pedras, areia e argila.
As dimensões culturais e econômicas representadas pelo uso do fogo nos
agroecossistemas, caça, retirada de lenha e argila devem ser trabalhadas no sentido de
aproveitar suas potencialidade e revertê-las para o uso de práticas sustentáveis. A
formação de condutores de visitantes locais para atuarem no PARNASI pode ser uma
alternativa viável para fortalecer as dimensões ambiental, política, cultural e social sem
abrir mão da dimensão econômica.
Para que os usos negativos sejam minimizados e/ou cessados também é preciso
implementar políticas públicas de cunho sócio-ambiental, além de programas de
reflorestamento ou produção de madeira que supram as necessidades por recursos
florestais das comunidades do entorno.
O Parque Nacional Serra de Itabaiana e os agroecossistemas do entorno devem
atuar como componentes interatuantes de um sistema maior. Assim, considerando os
princípios da sustentabilidade, podem contribuir para concomitantemente conciliar ações
visando a melhorar a qualidade de vida da comunidade local e conservar os recursos
naturais.
59
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBÉ, M. Q. Alguns Indicadores de sustentabilidade para os pequenos e médios
produtores rurais do Município de Jaquirana, Universidade Luterana do Brasil,
2002. 129p. (Dissertação – Mestrado em Engenharia)
CAMINO, R.; MÜLLER, S. Esquema para la definición de indicadores. Agroecología
y Desarrollo, Santiago, n.10, p.62-67, 1996.
CAPRA, F. A teia da vida. 13.ed. São Paulo: Cultrix, 1996.
D’ HORTA, F.M.; GOUVEIA, S.; ROCHA, P.A. Aves. In: CARVALHO, C.M.;
VILAR, J.C. (coord.). Parque Nacional Serra de Itabaiana - Levantamento da Biota.
Aracaju: Ibama, Biologia Geral e Experimental, UFS, 2005. p. 63-76.
DIAS, S.C.; BRESCOVIT, A.D. Microhabitat selection and co-occurrence of
Pachistopelma rufonigrum Pocock (Araneae, Theraphosidae) and Nothroctenus fuxico
sp. nov. (Araneae, Ctenidae) in tank bromeliads from Serra de Itabaiana, Sergipe, Brazil.
Revista Brasileira de Zoologia 21:789-796, 2004.
DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec, 1996.
169p.
EMBRATUR. Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo. Coordenação de
Sílvio Magalhães e D. Hamú M. de la Penha. Brasília, 1994.
GERHARDT, C. H. Agricultores Familiares, Mediadores Sociais e Meio Ambiente:
a construção da ‘problemática ambiental’ em agro-eco-sistemas. Porto Alegre,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2002. 539 p. (Dissertação – Mestrado em
Desenvolvimento Rural).
GOMES, L. J.; SILVA, C. M.; SANTANA, V. Procedência e consumo de lenha das
casas de farinha nos limites do Parque Nacional Serra de Itabaiana. In: SEMINÁRIO
ÁREAS PROTEGIDAS E INCLUSÃO SOCIAL, 2. Rio de Janeiro, RJ. Anais... Rio de
Janeiro: UFRJ, 2006, 4p. CD-Rom.
GUIMARÃES, M.F.R. Indicadores Ambientais aplicados ao processo erosivo na
margem direita do Baixo São Francisco. São Cristóvão: Universidade Federal de
Sergipe, 2004. 165 p. (Dissertação - Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente).
HATCHUEL, G.; POQUET, G. Indicateurs sur la qualité de vie urbaine et sur
l’environnement. Paris: Credoc, 1992. 58p. (Document Intermédiaire).
60
HART, R. D. Conceptos básicos sobre agroecossistemas. Centro Agronômico Tropical
de Investigacion y Enseñanza. Turrialba, Costa Rica, 1980.
PINHEIRO, S.L.G. O enfoque sistêmico e o desenvolvimento rural sustentável: uma
oportunidade de mudança da abordagem hard-systems para experiências com soft-
systems. In: Congresso Internacional de Sociologia Rural, 10. Rio de Janeiro, 2000.
Anais... Rio de Janeiro, 2000.
SANTOS, C. Tipificação do lixo no Parque Nacional Serra de Itabaiana. São
Cristóvão: . Universidade Federal de Sergipe, 2006. (Monografia – Engenharia
Agronômica).
SOBRAL, I. S. ; SANTANA, R. ; GOMES, L. J. ; RIBEIRO, G. ; SANTOS, J. R;
COSTA, M. Avaliação dos impactos ambientais no Parque Nacional Serra de Itabaiana,
SE. Revista Caminhos da Geografia, 8: 102-110, 2007.
SILVA, J. M. Tecnologia Educativa, Teoria Geral dos Sistemas e Teoria da
Comunicação: Uma simbiose perfeita. Revista de Recensões de Comunicação e
Cultura. Portugal, 2006.
SNUC. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Projeto de Lei
2.892/92. Brasília, 2000.
TAKAHASHI, L. Y. Uso público em Unidades de Conservação. Cadernos de
Conservação. Paraná: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, ano 02, out 2004.
VICENTE, A.; ARAÚJO, G.M.M.; LÍRIO JR, G.P; SANTOS, S.C. Descrição parcial e
preliminar dos hábitats da Serra de Itabaiana, Sergipe. Publicações Avulsas do Centro
Acadêmico Livre de Biologia. São Cristóvão, 1997.
WINOGRAD, M. Marco Conceptual para el desarrollo y uso de indicadores
ambientales y de sustentabilidad para toma de decisiones em Latinoamerica y el
Caribe. PNUMA/CIAT, Mexico, 1996.
61
CAPÍTULO 3
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS VISITANTES E INCLUSÃO
DA COMUNIDADE COMO ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DO
PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA, SE
RESUMO
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Percepção ambiental dos visitantes e inclusão da
comunidade como estratégias de gestão do Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE.
São Cristóvão: UFS, 2007. 138 p. (Dissertação - Mestrado em Agroecossistemas).
Os Parques Nacionais não servem apenas para a proteção dos recursos naturais, mas
também são locais ideais para a sensibilização ambiental e inclusão da comunidade do
entorno, uma vez que proporciona aos visitantes o contato direto com a problemática
socioambiental e à comunidade a possibilidade de desenvolver-se sustentavelmente. Para
preservar a natureza, sensibilizar o visitante e incluir a comunidade na gestão da
Unidade de Conservação é essencial um planejamento integrado, que considere o perfil e
os anseios dos atores envolvidos. Nesse sentido, esse trabalho teve como objetivo
analisar a percepção ambiental dos visitantes e dos ex-brigadistas do Parque Nacional
Serra de Itabaiana. Para isso, aplicou-se entrevistas com os visitantes; ferramentas do
Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e um curso de Ecoturismo e Interpretação
Ambiental com os ex- brigadistas. Os resultados das entrevistas indicaram a necessidade
de visitas guiadas para sensibilizar o visitante e, conseqüentemente, minimizar os
impactos negativos nas trilhas do parque. Conclui-se que o estudo da percepção
ambiental e a inclusão da comunidade no planejamento é fundamental para alavancar o
ecoturismo no Parque Nacional Serra de Itabaiana que atualmente encontra-se sem
mecanismos de gestão eficientes.
Palavras-chaves: uso público; ecoturismo; plano de manejo; sustentabilidade;
entrevistas.
62
ABSTRACT
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Perception environmental of visitors e inclusion
of comunity as manegement strategy for Serra de Itabaiana National Park, SE. São
Cristóvão: UFS, 2007. 138 p. (Dissertation - Master of Science in Agroecosystems).
National Parks are necessary not only for natural resource protection, but are also ideal
places for environmental sensitization and inclusion of local communities, as they
provides to visitors the direct contact with social and enviromental aspects issue and to
communities the possibility to have a sustainable development. For preserving nature,
sensitize visitors and include community in the Protected Area management. Thus, the
work aimed to analyze the environmental perception of visitors and ex-fire brigade of
Serra de Itabaiana National Park. For that, was used interviews with visitors; DRP; and
Ecotourism and environmental interpretation course with ex-anti-fire brigade. The
results of interviews indicate the necessity of guided visits to sensitize visitors and, as
consequence, minimize negative impacts in park trails. The conclusion was that the
study of environmental perception and the inclusion of community in planning is
fundamental to rise up ecotourism in Serra de Itabaiana National Park, witch nowadays
have no efficient management tools.
Key-words: public use; ecoturism; management plan; sustainable; interview.
63
1- INTRODUÇÃO
Nenhum planejamento se efetiva sem a participação popular e sem uma proposta
de Educação Ambiental. Educação e participação são elementos permanentemente
ligados dentro do processo de planejamento (SANTOS, 2004).
Partindo-se dessa premissa e sabendo que os principais atingidos com a criação
de uma Unidade de Conservação são os moradores do entorno, é necessário que eles
sejam inseridos no planejamento e manejo da área protegida, e para isso é necessário
conhecê-la.
Informações sobre a percepção ambiental dos visitantes e da comunidade do
entorno são pré-requisitos para elaborar planos de manejo efetivos. Conhecer variáveis
como atividade de recreação preferida, valoração dos impactos ambientais pelos
visitantes e necessidades da comunidade é extremamente proveitoso para definir
estratégias de manejo.
Caso não haja diálogo entre os gestores e a comunidade local haverá o
agravamento de conflitos entre interesses distintos para o uso dos recursos naturais.
Desse modo é imprescindível que diretrizes sejam traçadas pensando a Unidade de
Conservação e o seu entorno como um sistema integrado. Cabe aos responsáveis pela
gestão das UC’s proporcionar o envolvimento das comunidades locais no intuito de
participarem do seu planejamento e gestão (BRASIL, 2005).
Coerente, em parte, com esta proposta, o órgão gestor do Parque Nacional Serra
de Itabaiana (PARNASI) deu o primeiro passo para iniciar a participação da comunidade
na gestão dessa Unidade de Conservação. Em dezembro de 2006, em parceria como o
Prevfogo
8
(Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais)
capacitaram integrantes da comunidade do entorno para atuarem na primeira Brigada de
Incêndio do parque.
Apesar de ter-se mostrado um trabalho extremamente útil, no que, além da
função específica de combater incêndios florestais, pode-se destacar a segurança que
8
Em 2001, o Prevfogo tornou-se um Centro Especializado dentro da estrutura do IBAMA, com autonomia
técnica, administrativa e financeira, responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios
florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas com campanhas educativas,
treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas, monitoramento, pesquisa e manejo de fogo
nas unidades de conservação administradas pelo IBAMA (IBAMA, 2007).
64
passavam por representarem órgão Federal, a participação dos brigadistas e dos demais
membros do entorno que trabalham do PARNASI era apenas como força de trabalho. No
entanto, para que a comunidade se aproprie da idéia de proteção do parque é necessário
que haja uma relação estreita entre a obtenção de solução para os problemas ambientais
e a participação concreta dos grupos sociais (SANTOS, 2004).
Dessa maneira, além de conhecer a percepção ambiental dos visitantes, outra
estratégia de planejamento e, conseqüentemente, objetivo desse estudo, foi conhecer a
percepção ambiental dos brigadistas em relação ao PARNASI.
65
2- MATERIAL E MÉTODOS
2.1- COLETA E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
2.1.1- Perfil e Percepção ambiental dos visitantes
Informações, referentes ao total de visitantes por grupo, por mês e ano, sua
procedência e o objetivo da visita foram obtidas por meio de consulta ao livro de registro
da entrada principal feito diariamente pelos funcionários do parque.
Os dados relativos à percepção dos visitantes foram obtidos por meio de
entrevistas diretas (Apêndice A), compostas por perguntas abertas e fechadas, e por meio
de observações de campo. Segundo Takahashi (2006) a percepção trata de um
julgamento de valor sobre o que é adequado ou aceitável e depende das expectativas dos
visitantes. É função de vários fatores, incluindo outras experiências em áreas naturais
(STANKEY; SCHREYER, 1987).
Foram aplicados 500 entrevistas entre dezembro de 2006 e outubro de 2007, na
qual procurou-se obter informações qualitativas e quantitativas para blicos diferentes
de freqüentadores.
A amostra dos entrevistados foi aleatória e não se sabe o universo exato dos
freqüentadores do parque, uma vez que só há registro no portão principal.
Os questionários foram aplicados junto aos freqüentadores do Poço das Moças,
do Véu de Noivas e da Trilha do Caldeirão, locais aparentemente mais freqüentados
pelos quais os visitantes param para tomar banho e relaxar.
Os resultados das entrevistas foram tabulados no banco de dados Excel do
Microsoft Office e transportados para o software SPSS (Statistical Package for the
Social Sciences), na qual os resultados foram sistematizados e analisados em
porcentagens.
66
2.1.2- Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e curso de ecoturismo e
interpretação ambiental com a primeira brigada de incêndio do PARNASI
O DRP (Diagnóstico Rápido Participativo) é uma metodologia de pesquisa
qualitativa adaptada do Rapid Rural Appraisal (RRA), desenvolvida durante a década de
1970 por técnicos de agências não-governamentais européias, que fomentavam projetos
de desenvolvimento rural nos chamados países do Terceiro Mundo, especialmente nos
continentes da África e Ásia. O método foi criado como alternativa às pesquisas
tradicionais, para facilitar o entendimento entre técnicos e produtores rurais,
especialmente aqueles desprovidos de qualquer tipo de educação formal (VINHA,
2007).
Por meio do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) buscou-se compreender a
percepção ambiental dos integrantes da primeira brigada de incêndio do PARNASI e
vivenciar seus anseios, suas dificuldades e suas rotinas enquanto brigadistas.
Os princípios do DRP que sustentaram este trabalho foram: envolver a
população local, no caso 13 brigadistas, para aumentar sua participação de atuar
localmente; aprender a partir da comunidade local; adotar um enfoque menos formal e
produzir parte do trabalho na área de estudo (GOMES, 2007).
Foram aplicadas duas técnicas de DRP, a primeira consistiu na elaboração de um
“Mapa” com o objetivo de levantar as trilhas que os brigadistas conheciam e atuavam. A
segunda técnica foi a “Rotina Diária”, na qual foi solicitado que desenhassem em uma
cartolina um relógio com suas rotinas de trabalho no parque. Em seguida, a mediadora
solicitou que os participantes falassem sobre suas dificuldades e aspectos positivos da
atuação como brigadistas.
Diante dos resultados do DRP, atendendo os anseios dos brigadistas e com o
objetivo de incluir os ex-brigadistas na gestão do parque, este trabalho por meio da
Pesquisa Participante, propôs (Apêndice B) e realizou um curso de “Ecoturismo e
interpretação ambiental” uma semana após o término das atividades dos integrantes da
primeira Brigada de Incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana, que foi aqui
analisado sob o olhar da pesquisadora.
A Pesquisa Participante é uma metodologia de observação participante na qual os
pesquisadores estabelecem relações comunicativas com pessoas da situação investigada
67
(THIOLLENT, 2002). A pesquisa participante insere-se na pesquisa prática,
classificação apresentada por Demo (2000), para fins de sistematização. Segundo esse
autor, a pesquisa prática “é ligada à práxis, ou seja, á prática histórica em termos de usar
conhecimento científico para fins explícitos de intervenção. Nesse sentido, não esconde
sua ideologia, sem com isso necessariamente perder de vista o rigor metodológico”.
68
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1- ANÁLISE DO LIVRO DE REGISTROS DE VISITAÇÃO
Segundo o livro de registro da entrada principal, o Parque Nacional Serra de
Itabaiana recebeu 19.993 visitantes de fevereiro à dezembro de 2006. Os meses em que
houve maior quantidade de pessoas foram outubro (3.107), novembro (3.384) e
dezembro (3.353) (Figura 2). Houve uma redução do número de visitantes de março à
julho de 2006. Mesmo julho sendo um mês de férias escolares houve poucos visitantes,
possivelmente em decorrência das chuvas.
Apenas no Carnaval de 2006, foram registradas 716 (setecentos e dezesseis)
visitantes na entrada do acesso principal. Convém ressaltar que a visitação é registrada
apenas no portão principal, nas demais entradas não qualquer tipo de controle do
número de freqüentadores .
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses
Total de Visitantes/mês
Figura 2: Número total de visitantes registrado no portão principal do Parque Nacional Serra de Itabaiana
de fevereiro à dezembro de 2006
Segundo o livro de registros, a quantidade de visitante que procurou o parque, no
período de fevereiro à dezembro de 2006, para o lazer (12.553) é maior do que os que
realizaram “atividade educativa” (7.442), com exceção dos meses de maio e setembro
(Figura 3). A maior parte das atividades tidas como educativas realizadas no parque, é
composta somente por alunos e os professores sem nenhum roteiro ou objetivo de
visitação. O que se observou, em muitos casos, foram ônibus lotados de alunos, fazendo
69
muito barulho, jogando lixo no chão, andando fora das trilhas e sem conteúdo educativo
a ser passado.
Em alguns casos, os grupos são acompanhados por um estagiário do IBAMA
aluno da Universidade Federal de Sergipe. São casos pontuais e que não atende a
demanda do parque. Para minimizar os impactos da visitação desordenada, as Diretrizes
para visitação de Unidades de Conservação enfatiza que o órgão gestor deve empregar
instrumentos de interpretação ambiental e deve apoiar a capacitação das comunidades
locais a fim de promover a sua participação no planejamento e gestão da visitação
(MMA, 2007).
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
2250
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
mês
n° de visitantes
Lazer
Educativa
Figura 3: Número total de visitantes registrado no portão principal do Parque Nacional Serra de Itabaiana
de fevereiro à dezembro de 2006, que vão ao parque com o objetivo de lazer e atividade educativa
Do total de visitantes do período de fevereiro à dezembro de 2006 (19.993), 52%
residem em Itabaiana, 22% em Aracaju, 10% em Areia Branca e 16% em outras cidades
(Figura 4). Dentre estas, as mais citadas foram Riberópolis, Frei Paulo, Lagarto, Nossa
Senhora do Socorro, Umbaúba, Macambira, São Cristóvão e Salvador. A elevada
freqüência de visitantes que residem nas proximidades dos parques também foi
observada por TAKAHASHI (1998) quando pesquisou o uso público em unidades de
conservação de Curitiba.
70
22%
52%
10%
16%
Aracaju
Itabaiana
Areia Branca
Outras cidades
Figura 4: Procedência dos visitantes registrada no portão principal do Parque Nacional Serra de Itabaiana
de fevereiro à dezembro de 2006
3.2- PERCEPÇÃO DOS VISITANTES
Dos 500 entrevistados, 46% residiam em Itabaiana; 23% em Aracaju; 9% em
Areia Branca; 16% em outras cidades de Sergipe, tais como Riberópolis, Frei Paulo,
Lagarto, Nossa Senhora do Socorro, Umbaúba, Macambira e São Cristóvão; 5% em
outros estados do Nordeste e 1% em outros Estados do Brasil (Figura 5). É importante
reforçar a importância do PARNASI no contexto local e a necessidade de programas que
visem o seu desenvolvimento sustentável de seu entorno, como componentes de um
sistema integrado.
23%
46%
9%
16%
5%
1%
Aracaju
Itabaiana
Areia Branca
Outra cidade de Sergipe
Outro estado do Nordeste
Outro estado do Brasil
Figura 5: Procedência dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana entre
dezembro de 2006 e outubro de 2007
Com relação à faixa etária dos entrevistados, aponta-se que o público jovem
procura mais o PARNA, com 36,2% com idade entre 10 e 19 anos e 42,4% com idade
entre 20 e 29 anos. Os demais, 13,6% entre 30 e 39 anos; 5,6% entre 40 e 49 anos; 1,6
71
entre 50 e 59 anos e 0,5% entre 60 e 69 anos (Figura 6). As trilhas, portanto, devem estar
planejadas e implementadas para atender a públicos diferentes e oferecer experiências
mais integradoras no contato com a Natureza como também sugerido por Neiman
(2006).
Durante a pesquisa observou-se que muitos jovens estavam levando bebidas
alcoólicas ou iam apenas para tomar banho no Poço das Moças. Caso houvesse
programas de interpretação ambiental que desenvolvessem atividades lúdicas, tais como,
encenações teatrais, jogos educativos e trilhas interpretativas, possivelmente muitos
jovens estariam envolvidos.
36,2
42,4
13,6
5,6
1,6
0,6
0 10 20 30 40 50
10 a 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
%
Figura 6: Faixa etária dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana entre
dezembro de 2006 e outubro de 2007
Nas trilhas interpretativas, os caminhantes enfrentam diferentes níveis de
dificuldade, surpreendem-se com fenômenos diversos, compartilham sentimentos
semelhantes. Confirmam sua própria existência pela percepção simultânea e
comunicação com o outro. Os sentimentos de complementaridade, as posturas de
solidariedade costumam brotar espontaneamente nessas atividades. um enorme
prazer em poder ajudar o outro. Compartilhar o lanche com quem não levou o suficiente,
repartir a água de beber, ajudar a carregar, expressar o que sabe e o que sente, dar a mão
72
para ajudar a subir ou a descer, compartilhar as mesmas emoções, reconhecer o prazer de
estar junto àquela companhia (MENDONÇA; NEIMAN, 2003). A percepção da
interdependência e da complementaridade uns com os outros relembra aos caminhantes
o fato de serem membros de uma grande teia, enorme e complexa em suas relações,
desfazendo as hierarquias a que estão acostumados (NEIMAN, 2006).
No que se refere a grau de escolaridade, 26% dos entrevistados possui primeiro
grau incompleto; 5% primeiro grau completo; 16% possuíam segundo grau incompleto;
30% possuíam segundo grau completo; 15% possuíam nível superior incompleto e 8%
nível superior completo (Figura 7). A constatação de que o PARNASI é freqüentado por
visitantes de perfis diversos, reforça a necessidade do órgão gestor atender a públicos
locais e diferenciados em função da faixa etária e grau de escolaridade.
26%
5%
16%
30%
15%
8%
incompleto
completo
incompleto
completo
incompleto
completo
Figura 7: Grau de escolaridade dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana
entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
Em relação à entrada de acesso ao parque, verificou-se que 89% dos
entrevistados entram pela portão principal, 6% pela trilha do Caldeirão e 5% pela
entrada do Balneário Cosme e Damião
9
(Figura 8) , comprovando que os visitantes
utilizam outras entradas além da principal. Este fato deve ser levado em conta pelo órgão
gestor a fim de monitorar a visitação nas demais entradas do parque.
9
O Balneário Cosme e Damião, município de Areia Branca, está situado dentro do parque e é freqüentado
principalmente por pessoas da região com o objetivo de tomar banho em uma piscina de águas provindas
de nascentes da Serra de Itabaiana. Existe uma trilha que sai desse balneário em direção ao PARNASI.
73
89%
6%
5%
Acesso Principal
Trilha do Caldeirão
Desvio do Balneário
Figura 8: Entradas de acesso utilizadas pelos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
A entrada do Balneário Cosme e Damião é a porta de entrada de 45% dos
entrevistados que não tem seus acessos registrados. Destes, 40% residem na cidade de
Areia Branca (Figura 9).
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10
0
Aracaju
Areia Branca
Itabaiana
Outra cidade de Sergipe
Outro estado do Nordeste
Outro estado do Brasil
%
Principal
Trilha de Caldeirão
Desvio do Balnrio
Figura 9: Procedência e entrada de acesso dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de
Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
Com relação à freqüência de visitação, apenas 27% dos entrevistados
informaram que era a primeira vez que visitam o parque; 42% visitam o parque de 1 à 9
vezes ao ano; 13% visitam de 10 a 19 vezes ao ano; 7% visitam de 20 à 29 vezes ao ano;
5% visitam de 30 a 39 vezes ao ano; e 6% visitam o parque acima de 39 vezes ao ano
(Figura 10). Diante da diversidade na freqüência de visitação, torna-se necessário
programas de educação ambiental em diferentes frentes: uma destinada aos visitantes
que estão indo pela primeira vez ao parque; outra para os visitantes rotineiros, nesse
caso, sugere-se uma maior variedade de atividades, na qual será possível trabalhar com
projetos educativos.
74
27%
42%
13%
7%
5%
6%
1° vez
1a 9 x/ano
10 a 19x/ano
20 a 29x/ano
30 a 39x/ano
Acima de 39x/ano
Figura 10: Frequência de visitação dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana
entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
A maioria dos visitantes entrevistados (59%) tem como companhia amigos;
34,8% familiares; 3,2% grupos escolares
10
; 1,2% grupos de escoteiros; e apenas 1,8%
vão sozinhos ao parque (Figura 11).
59
34,8
3,2
1,2
1,8
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Amigos
Familiares
Grupo de escola
Grupo de escoteiros
Sozinho
%
Figura 11: Companhia dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana entre
dezembro de 2006 e outubro de 2007
Do total de entrevistados, a grande parte foram em grupos compostos entre 2-13
pessoas (68,2%) (Figura 12). Segundo Roggenbuck e Lucas (1987), embora pessoas
sozinhas em visitas a UC’sejam raras, o tamanho dos grupos está diminuindo ao longo
dos anos. No caso do PARNASI, apenas 1,8% foram sozinhos ao parque (Figura 12).
10
É importante ressaltar que as entrevistas não selecionou grupos específicos, as escolha dos
entrevistados aconteceu de maneira aleatória.
75
1,8
68,2
17,8
6,4
0,6
5,2
0 10 20 30 40 50 60 70
Sozinho
2-13 pessoas
14-25 pessoa
26-37 pessoas
38-49 pessoas
50 ou mais pessoas
%
Figura 12: Tamanho dos grupos de visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana entre
dezembro de 2006 e outubro de 2007.
O banho é a atividade de lazer preferida por 62,2% dos entrevistados durante a
permanência no parque. A caminhada (13,4%), a contemplação da Natureza (7,6%) , o
relaxamento (3,6%), conhecer mais o parque (2,2%) e outras atividades (10,6%)
também foram citadas, tais como, beber, jogar bola, paquerar, namorar, fazer amizades,
se bronzear, esporte de aventura rappel
11
e escalada. Apenas 0,4% disseram que não
gostaram de nada do parque (Figura 13), estes entrevistados foram os mesmos que
afirmaram que nunca mais retornariam ao parque . O motivo dado pelos dois
entrevistados que não apreciaram ao parque foi “que andava muito e não via nada”. Isso
demonstra o quão afastado da Natureza eles estão, não apreciaram a beleza cênica, a
biodiversidade e o lazer proporcionado pelo PARNASI. Os visitantes devem ser
sensibilizados para abrir mão de alguns hábitos e “necessidades”, em troca de novas
experiências. Segundo Neiman (2006) é simplesmente uma questão de coerência: “os
lugares visitados apresentam uma realidade totalmente diferenciada e se cada turista
carregar ou exigir seu tipo de alimentação, seu tipo de acomodação, seu estilo de vida
em geral; com o passar dos anos, esses locais não terão mais as características
peculiares, tornando-se ”lugares comuns” e não mais atrairão ecoturistas (se
continuarem existindo).
11
Técnica de transposição de obstáculos verticais utilizando cordas, mosquetões, freio oito e outros
equipamentos de segurança.
76
62,2
13,4
7,6
3,6
2,2
10,6
0,4
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Banho
Caminhada
Contemplação da natureza
Relaxamento
Conhecer mais o parque
Outras atividades de lazer
Nenhuma
%
Figura 13: Atividade de recreação preferida pelos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra
de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
A contemplação da Natureza foi citada apenas por 7,6% dos entrevistados, isso
demonstra a necessidade de programas de interpretação ambiental que proporcione a re-
integração homem-natureza. Segundo STANKEY e SCHREYER (1987) o tipo e
quantidade da experiência anterior, informações prévias, grupo social, estado emocional
e o próprio ambiente são alguns fatores que afetam a percepção das pessoas. A
percepção ambiental “[...] é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos, como a
atitude proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto outros
retrocedem para a sombra ou são bloqueados” (TUAN,1980). As percepções e os
valores, respostas dos seres humanos a seu meio ambiente físico, permitem-lhes também
compreender a si mesmos. Uma longa série de percepções, de experiências, leva à
formação de posturas culturais, de atitudes (GONÇALVES, 2006).
Grande parte dos entrevistados (68,8%) respondeu que acredita que o parque
interfere nas comunidades do entorno de maneira positiva, 30,2% acreditam que o
parque não interfere em nada e apenas 1% acredita que a interferência acontece de forma
negativa, apesar não responder de que forma acontece esta interferência (Figura 14).
77
1
30,2
24,2
24
14
6,6
0 5 10 15 20 25 30 35
Não respondeu
Não interfere
Turismo e desenvolvimento local
Lazer para a comunidade
Qualidade de vida
Sensibilização ambiental
Figura 14: Formas de interferência do Parque Nacional Serra de Itabaiana nas comunidades do entorno
segundo os 500 visitantes entrevistados entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
Quando questionados sobre a maneira que o parque interfere nas comunidades do
entorno, os entrevistados citaram turismo e desenvolvimento local (24,2%); lazer para a
comunidade (24%); qualidade de vida (14%) e a sensibilização ambiental (6,6%).
Observou-se que os visitantes não percebem a falta de gestão do parque, eles citaram o
que a Natureza pode proporcionar por si para a comunidade local. Uma Unidade de
Conservação tem que cumprir sua função social e contribuir para o desenvolvimento
local. O ecoturismo é uma possibilidade do parque e seu entorno alcançarem a
sustentabilidade. Não tem como o PARNASI cumprir seu principal objetivo, que a
proteção de seus recursos naturais, se a comunidade de seu entorno não puder garantir
sua sobrevivência.
Verificou-se que os visitantes que residem em outros estados do Brasil (50%) e
em outros estados do Nordeste (43%) percebem menos a interferência que o parque
exerce nas comunidades do entorno do que os visitantes que moram nas cidades
sergipanas – Aracaju (76%), Itabaiana (67%), Areia Branca (64%) (Figura 15).
78
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Aracaju
Areia Branca
Itabaiana
Outra cidade de Sergipe
Outro estado do Nordeste
Outro estado do Brasil
%
Sim
Não
Figura 15: Percepção dos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra de Itabaiana sobre a
interferência do parque nas comunidades do entorno, de acordo com as procedências dos entrevistados
No julgamento dos visitantes, a quantidade de lixo (61%) e as áreas sem
vegetação (43%) são os impactos que mais comprometem a qualidade da visitação
(Figura 16).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Á
r
e
a
s
e
m
v
e
g
e
t
a
ç
ã
o
Q
u
a
n
t
i
d
a
d
e
d
e
l
i
x
o
Á
r
v
o
r
e
s
d
a
n
i
f
i
c
a
d
a
s
C
o
n
d
i
ç
õ
e
s
d
e
c
a
m
i
n
h
a
d
a
n
a
t
r
i
l
h
a
R
e
c
e
p
t
i
v
i
d
a
d
e
a
o
v
i
s
i
t
a
n
t
e
i
n
f
r
a
-
e
s
t
r
u
t
u
r
a
R
u
í
d
o
p
r
o
v
o
c
a
d
o
p
o
r
o
u
t
r
a
s
p
e
s
s
o
a
s
n
°
d
e
v
i
s
t
a
n
t
e
s
%
Péssimo Ruim Regular Bom Excelente
Figura 16: Valoração atribuída a diversos aspectos do Parque Nacional Serra de Itabaiana pelos 500
visitantes entrevistados entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
79
Apesar do grande número de árvores danificadas nos locais onde as entrevistas
foram realizadas, muitos dos entrevistados (80%) afirmaram não ter visto árvores
danificadas, mesmo próximo a elas durante a aplicação da entrevista. Para reverter a
falta de sensibilização perante as questões ambientais, é preciso que se tenha programas
de educação ambiental.
A metade dos entrevistados (50%) julgou as condições de caminhadas nas trilhas
como boas e excelentes. Possivelmente eles não percebem a falta de manutenção e os
impactos das trilhas, tais como alargamento, abertura de clareira nas margens, trilhas
secundárias, porque estão acostumados com a precariedade da infra-estrutura urbana
(falta de saneamento básico, ruas esburacadas etc). A justificativa mais citada pelos que
julgaram as condições de caminhadas nas trilhas como regular, ruim ou péssima foi a
extensão, segundo eles “é muito longa”.
Segundo os entrevistados a receptividade do parque ao visitante é péssima
(13%), ruim (9%), regular (29%), boa (34%) e excelente (15%). Praticamente o único
contato entre funcionários do parque e visitantes é na entrada principal quando o
responsável pela portaria pergunta a um dos visitantes que compõe o grupo qual seu
nome, aonde reside e o objetivo da visita, e caso o acesso aconteça pelas demais entradas
do parque não existe qualquer tipo de recepção. O alto grau de satisfação comparado a
inexistência de receptividade, pode ser devido ao fato das pessoas estarem habituadas
com a ausência do Estado, ou porque não entendem a importância e os objetivos de um
Parque Nacional.
Mesmo o parque sendo carente em infra-estrutura adequada, tais como lixeiras
fechadas para que a fauna não entre em contato com o lixo; centro de visitantes; rampas
para deficientes; corrimãos para evitar acidentes, a maioria dos entrevistados afirmaram
estar satisfeitos com a infra-estrutura (72%). Dos que estavam insatisfeitos reclamaram
da falta de bares e restaurantes. Isso demonstra que os visitantes vão ao PARNASI à
procura do lazer encontrado nas cidades e não percebem o risco que se expõe
decorrentes da falta de infra-estrutura básica do parque. De acordo com Neiman (2006),
é preciso que o órgão gestor deixe de “preparar” os locais para receber o visitante e
passem a preparar o visitante, os planejadores e os operadores para conhecer os locais.
Se a infra-estrutura da trilha for muito marcante, ela pode impedir os caminhantes de
80
terem suas vivências com o espaço. O planejamento e a implementação da trilha deve
favorecer o surgimento de sentimentos e emoções, a partir do “espaço vivido”, com o
ambiente próximo, suas paisagens, lugares, proporcionando ao caminhante o
conhecimento da sua realidade.
Apenas 14% dos entrevistados estavam insatisfeitos (6% achou péssimo e 8%,
ruim) com o ruído provocado por outros visitantes no dia da entrevista. Algumas das
vezes estava muito barulho e os entrevistados afirmavam: “está bom , quanto mais gente
melhor”.
Com relação ao aspecto número de visitantes, o maior percentual de respostas
(52%) foi que estava bom, seguido de regular (29%) e ótimo (18%). Apesar da
metodologia capacidade de carga, que considera apenas o número de visitantes que uma
área suporta, sem se preocupar com as variáreis recreativas e ambientais, não ser
apropriada para controlar os impactos de visitação em uma UC, o número de visitantes
pode ser utilizado como um dos indicadores para o monitoramento destes impactos.
A capacidade de carga é ainda utilizada nas Unidades de Conservação brasileiras
para definir o número de visitantes que uma UC suporta. Sabe-se que considerar apenas
esta variável não é suficiente para garantir a proteção dos recursos naturais. A Reserva
Natural Salto Morato, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Estado
do Paraná que é mantida pela Fundação Boticário optou no seu plano de manejo não
trabalhar com a metodologia Limite Aceitável de Câmbio (ver capítulo 4) ao invés da
capacidade de carga. Esta RPPN é um modelo em gestão de UC, sendo também palco
de diversos cursos ministrados por profissionais renomados. Além disso, a Reserva
promove e incentiva pesquisas que contribuam para a conservação da Natureza e otimize
o manejo da reserva (BOTICÁRIO, 2001). Sugere-se para o PARNASI uma
metodologia que monitore os impactos através de indicadores recreativos, ambientais e
físicos tal como o LAC.
O índice de aceitação dos visitantes entrevistados com relação ao parque foi de
99,6%. Apenas 0,4% afirmaram que nunca mais retornaria ao parque, disseram que o
parque não lhes proporcionou nenhuma atividade de lazer.
Mais da metade dos respondentes (57,2%) disse não ter nenhuma sugestão ou
reclamação para ser feita; 15,4% sugeriram melhorar a infra-estrutura; 8,4% falaram da
81
necessidade de educação ambiental e da abordagem de informações sobre o parque;
8,2% reclamaram sobre a ineficiência da gestão; 6,2% sugeriram mais fiscalização e
segurança; 3% sugeriram que o parque disponibilizasse um transporte até próximo das
trilhas e apenas 1,6% reclamaram da ausência de guias locais (Figura 17).
A visitação tem sido feita apenas para o lazer básico, sobretudo o banho nos
poços e cachoeiras. Contudo é necessário conciliar conservação e educação ambiental,
visando atender ao propósito pelo qual o parque foi criado.
57,2
15,4
8,4
8,2
6,2
3
1,6
0 10 20 30 40 50 60 70
Não opinou
Ampliar e melhorar infra-estrutura
Educação Ambiental e Informões
Gestão mais eficiente
Fiscalizão e segurança
Transporte
Guias locais
%
Figura 17: Sugestões ou Reclamações citadas pelos 500 visitantes entrevistados no Parque Nacional Serra
de Itabaiana entre dezembro de 2006 e outubro de 2007
82
3.3- PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS INTEGRANTES DA BRIGADA DE
INCÊNDIO DO PARQUE E CURSO DE “ECOTURISMO E INTERPRETAÇÃO
AMBIENTAL
A Primeira Brigada de Incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana, criada
em Dezembro de 2006 e extinta em maio de 2007
12
, era composta por 14 integrantes,
todos eles provenientes das comunidades do entorno, escolhidos por meio de uma
seleção com 30 concorrentes. Para compor a Brigada do Parque, e conseqüentemente
serem integrantes do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais
Prevfogo, eles passaram por um treinamento onde adquiriram conhecimentos sobre a
prevenção e o manejo de incêndios florestais.
Na época em que o DRP foi aplicado (Figura 18) com os integrantes da brigada,
eles ainda estavam trabalhando no Prevfogo. Nesse diagnóstico, a falta de transporte foi
apontada por todos como a maior dificuldade para a realização de suas funções como
brigadistas, seguida pela falta de conhecimento sobre o parque.
Figura 18: Diagnóstico Rápido Participativos (DRP) com os integrantes da primeira brigada de incêndio
do Parque Nacional Serra de Itabaiana
12
O Programa Prevfogo/SE é de curta duração 6 meses, deixando os participantes sem perspectivas
futuras de emprego.
83
Embora residam nas proximidades do parque, os participantes possuem pouco
conhecimento sobre os ecossistemas locais. É bom quando ajudamos nas pesquisas que
acontecem aqui porque aprendemos mais sobre o parque” afirmou um dos participantes.
O interesse pelo conhecimento sobre o PARNASI foi unânime, quando se
perguntou quem queria ir à trilha da Mata do Encantado no dia seguinte para
acompanhar um das etapas do trabalho de campo dessa pesquisa, todos responderam que
sim, até os que estariam de folga, porém a ida não foi viabilizada devido a ausência de
transporte.
Quando questionados sobre os pontos positivos em trabalhar como brigadistas, o
aprendizado foi a resposta dada pela maioria. “Trabalhar aqui está sendo uma escola”.
Por meio da técnica Rotina diária (Figura 19) percebeu-se que a potencialidade
do grupo foi pouco aproveitada durante o período em que trabalharam no parque, uma
vez que as tarefas que exerciam era basicamente vigilância, coleta de lixo, conserto das
estradas e apagar os incêndios – quando apareciam focos.
Figura 19 : Rotina diária dos integrantes da primeira Brigada de Incêndio do Parque Nacional Serra de
Itabaiana.
Com uma gestão mais eficiente, os interesses demonstrados pelos ex-brigadistas
em aprender e a sua disponibilidade em ajudar os grupos de pesquisa poderiam ser mais
bem aproveitados na condução de grupos e na orientação dos visitantes, o que
Vigilância
Coleta lixo
Conserta estrada
D
escansa
Vigilância
12
2
8
Inicio do expediente
6
Final do expediente
84
contribuiria para um melhor conhecimento sobre o parque e numa maior atuação junto a
sensibilização dos visitantes.
O órgão gestor precisa ter a inclusão social como política para a gestão
participativa do parque e para isso é fundamental a criação do Conselho Consultivo. A
gestão participativa envolve a gestão ambiental, o envolvimento da comunidade local e a
sensibilização dos envolvidos. Tal gestão pode ser alcançada por meio da realização de
oficinas para a abertura de um diálogo com a comunidade, sendo um espaço para
mediação e tratamento de conflitos.
Os resultados da análise do DRP apontaram para a necessidade de capacitar os
ex-brigadistas do parque para atividade relacionadas ao turismo. Diante dessa
constatação e na tentativa de incluir os ex-brigadistas na gestão do parque, explorando o
interesse por eles demonstrado quanto às questões relativas ao ecoturismo, e
considerando a falta de perspectiva que ficariam após o termino do contrato com o
IBAMA (levando em conta, ainda, que não poderia ser renovado durante 2 anos) este
trabalho propôs e realizou um curso de “ecoturismo e interpretação ambiental” uma
semana após o término das atividades no Prevfogo. A Declaração de Bariloche
elaborada, em 2007, no II Congresso Latino-americano de Parques Nacionais e outras
Áreas Protegidas apontou para a necessidade de promover a participação das
comunidades locais e assegurar que elas tenham benefícios com as áreas protegidas
(WWF, 2007). O ecoturismo será uma maneira de assegurar concomitantemente os
objetivos principais do PARNASI e a inclusão da comunidade de seu entorno.
O curso foi realizado nos dias 4, 5 e 6 de junho de 2007, totalizando 24 horas de
aulas práticas e teóricas (Apêndice B). O objetivo do curso foi fornecer elementos
básicos para que os ex-brigadistas pudessem trabalhar autonomamente e com qualidade
na área do ecoturismo, especificamente na condução de visitantes.
Participaram do curso 11 dos 14 ex-brigadistas (Apêndice C). Durante o curso
foram feitas atividades de interpretação ambiental (Figuras 20), dentre elas, a que mais
chamou atenção dos participantes foi a observação de pegadas, tocas e outros vestígios
da fauna local (veado, guaxinim, preá, sariguê, cutia, tatu e teiú).
85
Figura 20: Atividades de interpretação ambiental realizadas com os ex-brigadistas da primeira Brigada de
incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana durante o cursos de “Ecoturismo e Interpretação
Ambiental”. A) “Dinâmica do sistema”; B) Aula prática de interpretação ambiental; C) e D) Pegadas de
animais observadas durante o curso de ecoturismo e interpretação ambiental.
No último dia do curso foi feita uma simulação, na qual os participantes foram
divididos em duplas e os grupos se revezavam na condução dos visitantes que eram os
próprios ex-brigadistas e instrutores (Figuras 21). Durante a simulação eles abordaram
informações sobre a biodiversidade e as lendas do parque e aplicaram os conhecimentos
adquiridos nas aulas anteriores, demonstrando-se aptos para conduzirem grupos de
visitantes pelo Parque Nacional Serra de Itabaiana.
A
B
C
D
86
Figuras 21: A) e B) Simulação de condução de visitantes durante o curso de “Ecoturismo e Interpretação
Ambiental” com os integrantes da primeira Brigada de incêndio do Parque Nacional Serra de Itabaiana.
Na avaliação final do curso um deles ressaltou: “essa estrada de acesso à SEDE,
que antes fazíamos em 20 minutos sem dar atenção, agora fazemos em duas horas e
nem sentimos o tempo passar, pois descobrimos muita coisa interessante que não
percebíamos antes”. De acordo com Tuan (1980), através de experiências as pessoas
conhecem e constroem sua realidade. A topofilia, definida pelo autor como um
sentimento afetivo entre o ser humano e um lugar, se torna mais forte quanto mais esse
lugar ou um meio ambiente estiverem ligados a importantes acontecimentos de cunho
emocional ou forem percebidos como um símbolo.
Após o curso os ex-brigadistas começaram a conduzir grupos nas trilhas do
parque. O primeiro trabalho aconteceu em setembro de 2007, um professor de ciências
ao saber do “curso de ecoturismo e interpretação ambiental”, solicitou os serviços dos
ex-brigadistas. Logo após a atividade de campo, foi questionado sobre a qualidade do
trabalho do grupo e respondeu: “O que posso falar é que foram bastantes atenciosos.
Fiquei muito satisfeito com o trabalhos deles. Mas vai uma sugestão, inclusive foi algo
que comentei com eles, apenas para que se aprofundassem mais no que diz respeito a
história, geografia como também na fauna e flora da região da Serra, realmente foi
isso que ficou faltando, tipo algo parecido com o trabalho de Elias
13
”.
Sugere-se que sejam feitas parcerias entre os ex-brigadistas e o órgão gestor no
sentido de fortalecer o trabalho de ambos. O órgão gestor poderia comprometer-se em
articular, junto aos pesquisadores que realizam trabalhos no PARNASI, cursos sobre o
13
Elias é um guia que atuava no Pólo das Serras (ver capítulo 1) e juntamente com a autora deste
trabalhou, ministrou o curso de ecoturismo e interpretação ambiental.
A
B
87
parque, e repassar grupos de visitantes para que os ex-brigadistas façam a condução. Em
contrapartida os ex-brigadistas se responsabilizariam em monitorar os impactos das
trilhas mais freqüentadas.
88
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fundamental a elaboração do Plano de Manejo e do Plano de Uso Público do
Parque Nacional Serra de Itabaiana para que programas de Educação e Interpretação
sejam implementados. Certamente a sensibilização dos visitantes reduzirá ações de
vandalismo que vêm claramente ocorrendo no parque.
Apear de o IBAMA considerar que o livro de registro de visitação do PARNASI
é uma forma de controle, ele serve apenas para contagem dos visitantes que entram pelo
portão principal, uma vez que nas outras entradas do parque não qualquer registro de
visitação.
A maioria dos visitantes não é sensibilizada perante as questões ambientais e não
reconhece que está dentro de um Parque Nacional. Tal fato aliado a ausência do órgão
gestor tem contribuído para a degradação da Unidade de Conservação que apresenta
visivelmente impactos negativos de visitação (árvores danificadas, lixo em grande
quantidade).
Constatou-se que grande parte dos entrevistados busca no PARNASI um dia de
lazer como banhistas e não esperam do órgão gestor outras formas de lazer (ecológico ou
de conhecimento sobre a flora e fauna local). Este fato compromete sobremaneira a
resiliência dessa unidade de conservação que foi criada por meio de critérios ecológicos
(presença de espécies de fauna em extinção e nascentes de importantes rios). É preciso
urgentemente encontrar mecanismos que conciliem a conservação das espécies com os
anseios do perfil dos visitantes apontados por este estudo. O zoneamento da área terá um
importante papel a fim de delimitar áreas bem como monitorar os impactos de visitação.
Conhecer os anseios, as experiências e a rotina de trabalho dos integrantes da
Brigada de Incêndio do Parque foi fundamental para buscar incluí-los na gestão do
parque e conseqüentemente traçar estratégias de planejamento, uma vez que eles, além
de conhecerem o parque, conhecem e se relacionam com o seu entorno.
O PARNASI não tem gerado emprego para a comunidade local de maneira que
possa substituir a renda familiar adquirida de maneira ilícita, tal como a extração de
madeira, areia e argila e caça. O estudo da percepção ambiental e a inclusão da
comunidade no planejamento é fundamental para uma gestão sustentável do PARNASI,
89
uma vez que o planejamento não deve ocorrer de “dentro para fora” e sim de “fora para
dentro”.
Na elaboração do Plano de Manejo, além de considerar a percepção e os anseios
da comunidade do entorno, muitos destes aqui expostos, é preciso uma participação da
comunidade local durante todo o processo de planejamento.
A participação ativa de todos os atores envolvidos é necessária para estabelecer
mecanismos de controle da visitação. Apesar de os visitantes e a comunidade do entorno
serem os causadores de parte dos problemas ambientais do parque, são também parte
das soluções. Resolver a problemática ambiental do PARNASI excluindo a comunidade
local é apenas um paliativo, e não uma solução.
A incorporação da comunidade local na gestão do parque através de um projeto
de formação continuada voltada para o turismo é urgente. Apesar de nesse trabalho ter
sido dado o primeiro passo através do curso de “Interpretação ambiental e ecoturismo”
para os ex-brigadistas de incêndio do parque, a continuidade desta iniciativa é
fundamental para oportunizar à comunidade meios para conservar os seus patrimônios
culturais e ambientais, e melhorar a sua qualidade de vida.
Os brigadistas estavam envolvidos na gestão do parque apenas como força de
trabalho, sem a necessária compreensão da importância das tarefas executadas. É
indispensável que o órgão gestor desenvolva oficinas com a comunidade como estratégia
para o planejamento do PARNASI. Essas oficinas são locais ideais para que atores
envolvidos saibam dos objetivos do parque e da importância de sua participação.
O curso de Ecoturismo e Interpretação Ambiental trouxe bons frutos. Atualmente
os ex-brigadistas formaram a associação “Protetores do Parque Nacional Serra de
Itabaiana” e começaram a conduzir os grupos nas trilhas do parque. Entende-se que
iniciativas dessa natureza podem ajudar a alavancar o ecoturismo no Parque Nacional
Serra de Itabaiana, que atualmente encontra-se sem mecanismos de gestão eficientes.
Além disso, possibilita que habitantes das regiões mais atrativas possam ser
protagonistas nesse setor, eficiente maneira de ajudar a solucionar problemas
socioambientais, e que desencadeia, por certo, outras boas ações e resultados.
90
Acredita-se que este trabalho auxiliará a elaboração de Projetos de Educação e
Interpretação Ambiental no PARNASI, além de subsidiar a elaboração do Plano de
Manejo.
91
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTICÁRIO, Fundação O. Reserva Natural Salto Morato: Plano de Manejo, São José
dos Pinhais, PR, 2001.
BRASIL Ministério do Meio Ambiente: Diretrizes e Recomendações para o
Planejamento e a Gestão da visitação em Unidades de Conservação, Brasília, 2005.
DEMO, P. Metodologia do Conhecimento Científico. São Paulo: Atlas, v.1, 2000.
216p.
GOMES, L. J. Curso de diagnóstico Rápido Participativo. Mestrado em
Agroecossistemas, Universidade Federal de Sergipe: São Cristóvão, 2007.
GONÇALVES, M. L. Q; GUIMARÃES, S. T. L. SOARES, M. L. A. Uma aplicação da
fenomenologia de Merleau-ponty e da geografia humanística de Tuan a um trabalho
educativo de percepção ambiental em trilhas. In: I Congresso Nacional de Planejamento
e Manejo de Trilhas, Anais... Eixo Temático Palestras, Rio de Janeiro, 2006. CD-ROM.
IBAMA. Disponível: < em http://www.ibama.gov.br/prevfogo/> Acessado em 8 de ago
de 2007.
MENDONÇA, R.; NEIMAN. Z. À sombra das árvores: transdisciplinaridade e
educação ambiental em atividades extraclasse. São Paulo: Ed. Chronos, 2003. 127p.
MMA Ministério do Meio Ambiente. Diretrizes para visitação em unidades de
conservação. Brasília, 2007.
NEIMAN, Z. Sensibilização e interpretação ambiental para visitantes. In: I Congresso
Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, Anais... Eixo Temático Palestras, Rio de
Janeiro, 2006.
ROGGENBUCK, J.W.; LUCAS, R.C. Wilderness use and user characteristics: A state-
ofknowledge review. General Technical Report INT. USDA. Forest Service, Fort
Collins, n. 220, p.201-245, 1987.
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de
textos. 2004. 184p.
STANKEY, G.H.; SCHREYER, R. Attitudes toward wilderness and factors
affecting visitor behavior: a state-of-knowledge review. General Technical Report
INT. 1987.
92
TAKAHASHI, L. Y. Caracterização dos visitantes, suas preferências e r percepções
e avaliação dos impactos da visitação pública em duas Unidades de Conservação do
Estado do Paraná. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1998. (Tese Doutorado
em Engenharia Florestal).
TAKAHASHI, L. Y. Monitoramento de indicadores de impactos nas trilhas e percepção
dos visitantes em Unidades de Conservação. In: I Congresso Nacional de Planejamento e
Manejo de Trilhas, Anais... Eixo Temático Palestras, Rio de Janeiro, 2006. CD-ROM.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação.11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São
Paulo: Difel, 1980.
VINHA, Valéria da. O Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e as técnicas
utilizadas no estudo. Disponível em: <http://www.thalamus.org.br/zeko/dpv/arquivos/
ACOES_VOLUNTARIOS_E_MEIO_AMBIENTE.pdf.> Acesso em: 7 de nov. de 2007.
WWF. Notícias: Declaração de Bariloche propões ações para promover
conservação, integração e melhoria na qualidade de vida para os povos latino-
americanos. Disponível em: < http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio
_ambiente _e_ natureza/ index.%20cfm?uNewsID=9560> Acesso em : 20 de nov de
2007.
93
CAPÍTULO 4
ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS COMO SUBSÍDIO
PARA O PLANEJAMENTO DAS TRILHAS DO PARQUE
NACIONAL SERRA DE ITABAIANA, SE
RESUMO
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Estudo dos impactos ambientais como subsídio
para o planejamento das trilhas do Parque Nacional Serra de Itabaiana, SE. o
Cristóvão: UFS, 2007. 138 p. (Dissertação - Mestrado em Agroecossistemas).
As Unidades de Conservação (UC’s) são essenciais para a preservação dos recursos
naturais, uma vez que nelas encontram-se ecossistemas ameaçados e biodiversos que
têm garantias legais de proteção. Para assegurar tal proteção, é necessário que haja
planejamento e gestão eficientes. Em áreas protegidas em que a visitação é permitida
deve-se utilizar metodologias de avaliação dos impactos para que o uso público aconteça
sem comprometer a resiliência dos ecossistemas. Nesse sentido este trabalho objetivou
caracterizar os impactos e determinar os critérios de uso das trilhas do Parque Nacional
Serra de Itabaiana (PARNASI), bem como, elaborar mapas cognitivos e planilhas de
monitoramento dos impactos. Para isso utilizou-se a metodologia LAC Limite
Aceitável de Câmbio. Através do LAC verificou-se que as trilhas mais visitadas do
parque apresentam sinais de que suas capacidades de suporte estão próximas ou
ultrapassando seus limites, podendo prejudicar a qualidade da visitação, a segurança dos
visitantes e gerar degradação ambiental. Dessa maneira as matrizes de monitoramento
das trilhas propostas são ferramentas importantes para a proteção dos recursos naturais,
uma vez que pode auxiliar aos administradores do parque na seleção de estratégias de
manejo que garantam a sustentabilidade dos ecossistemas do parque.
Palavras-chaves: planejamento ambiental; uso público; limite aceitável de câmbio;
matriz de monitoramento.
94
ABSTRACT
SOBRAL-OLIVEIRA, Ivana Silva. Study of evironmental impacts as subside for
tracks plannnig at Serra de Itabaiana National Park, SE. São Cristóvão: UFS, 2007.
138 p. (Dissertation - Master of Science in Agroecosystems).
Protected areas are essential for natural resources preservation, once several threated
ecosystems and biodiversity are shelted for that legal guarantee of protection. For assure
this protection it is necessary an efficient planning e administration. Protected areas in
witch visits are allowed, impact evaluation methodology must be used so that the public
use happens with no implications for r environment at all. Looking for this meaning
point, this work aimed to characterize those impacts and determinate criterions of use for
National Park tracks, as well, elaborate cognitive maps and of tables of impact
monitoring. For this, was used the methodology LAC acceptable changing limit.
Using LAC, it was seen that most visited tracks in park already shows indications that its
support capacities are near or trespassing own limits, what might affect the quality of
visiting, visitor safety and result in environmental damage. So, the monitoring matrix of
proposed tracks are important tools natural resource protection as it is able to help Park
administration in the selection of management strategy witch make the park
sustainability sure.
Key-words: environmental planning; public use; acceptable changing limit; monitoring
matrix.
95
1- INTRODUÇÃO
O número de visitantes em ambientes naturais tem aumentado significativamente
nas últimas décadas em decorrência da busca do relaxamento e lazer que não são
encontrados nos centros urbanos. Com a crescente procura pelas Unidades de
Conservação (UC’s) são necessárias que diretrizes para o planejamento e gestão do uso
público sejam traçadas. assim, um dos principais objetivos das UC’s – a conservação
in situ da biodiversidade poderá ser cumprido e Programas de Educação Ambiental
efetivados de maneira eficiente.
Considerando que a visitação altera o ambiente natural, é necessário que se tenha
um planejamento que atenda o princípio da viabilidade ambiental, segundo o qual o uso
público deve ser praticado com o controle dos impactos para não acarretar alterações
irreversíveis na área visitada. Segundo Takahashi (2006) um bom método para o
controle dos impactos de visitação é aquele que proponha pelo menos a definição de
indicadores de impactos ecológicos e recreativos, o estabelecimento de limites aceitáveis
de impactos e a elaboração de um programa de monitoramento. No entanto, para que
haja efetivação do planejamento deve existir o bom senso do administrador da UC para
monitorar os impactos de acordo com a freqüência de monitoramento sugerida no
planejamento.
O princípio da viabilidade ambiental não faz parte da realidade do Parque
Nacional Serra de Itabaiana (PARNASI), uma vez que não tem ocorrido o devido
planejamento e monitoramento dos impactos, que são essenciais para a elaboração de
estratégias de proteção dos seus recursos naturais. A ausência destes instrumentos de
gestão pode acarretar danos irreparáveis nos ecossistemas do parque. Convém ressaltar
que o único “controle” que existe é um livro de registro na entrada principal do parque,
na qual no ano de 2006 foram levantados 19.993 visitantes. Sabe-se que esse número é
subestimado porque não considera as várias outras entradas da Serra de Itabaiana, como
a trilha do balneário de Areia Branca, a trilha do Caldeirão, a trilha do Parque dos
Falcões, a trilha da Mata do Encantado. Quando se trata das demais serras que compõe o
parque (Serra Comprida e Serra do Cajueiro) não há qualquer tipo de gestão por parte do
órgão responsável.
96
Diante de tal realidade, o presente trabalho objetivou caracterizar os impactos e
determinar os critérios de uso das trilhas de uso público do Parque Nacional Serra de
Itabaiana, bem como, elaborar mapas cognitivos e planilhas de monitoramento dos
impactos.
97
2- MATERIAL E MÉTODOS
2.1- ÁREA DE ESTUDO
O Parque Nacional Serra de Itabaiana, situado a 10º25’15’’S e 37º25’15’’O,
ocupa uma área de 7966 ha nos municípios de Areia Branca, Itabaiana, Laranjeiras,
Itaporanga d’ Ajuda e Campo do Brito. É composto pelas serras do Cajueiro, Comprida
e de Itabaiana, sendo esta última a área de estudo desta pesquisa.
A vegetação do parque é variada, constituída basicamente por quatro tipos
fisionômicos: restingas em áreas arenosas, cerrado com espécies arbustivas, campos
rupestres e Mata Atlântica com formas arbóreas. Há também áreas muito úmidas e
periodicamente alagadas, assim como locais em que a ação antrópica modificou a
fisionomia vegetal nativa, que são os palmeirais e os agroecossistemas (VICENTE et. al,
1997).
Segundo, Carvalho e Vilar (2005), as informações sobre a fauna do parque se
resumem nos estudos sobre hábitats e alimentação de lagartos (RAMOS; DENISSON,
1997; FERNANDES; OLIVEIRA, 1997), diversidade de artrópodes de solo
(AMÂNCIO; RAMOS, 1997), microhábitats de aranhas e descrição de Nothroctenus
fuxico (DIAS; BRESCOVIT, 2004).
2.2- COLETA E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
2.2.1- Caracterização dos impactos ambientais das trilhas
2.2.1.1- Mapeamento das trilhas
O trabalho de campo teve por base o estudo de caso para cada trilha pesquisada
(Apêndice D), isso porque a utilização dos instrumentos GPS de Navegação, modelo
ETrex básico e diastímetro para a coleta dos dados dependeram das especificidades de
cada trilha. Outros materiais utilizados no levantamento dos impactos das trilhas foram
98
uma planilha de campo (Apêndice E) e uma máquina fotográfica digital. As idas a
campo foram realizadas entre janeiro e maio de 2007, totalizado 6 visitas técnicas para o
levantamento dos impactos. As trilhas, os principais atrativos e impactos mais relevantes
foram digitalizados com base em um mapa do INCRA do ano de 2005 na escala
1:20.000, com os limites do parque e com os principais corpos d’água da região no
programa Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas, versão 4.3.2
(SPRING, 1996), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Em seguida, a carta contendo as trilhas elaborada no SPRING foi editada no SCARTA.
O módulo SCARTA é um gerador de cartas que faz interligação com o módulo
principal SPRING. Esta interligação é feita através do gerenciador de dados (banco de
dados), portanto o gerador de cartas não terá nehuma função para reprocessar e alterar os
dados. A responsabilidade do gerador de cartas sede edição e obtenção de uma saída
de apresentação gráfica de alta qualidade (SPRING, 1996).
O estudo aconteceu nas trilhas do Poço das Moças, do Véu de Noiva, da Gruta da
Serra, do Salão dos Negros, da Via Sacra, do Caldeirão e da Mata do Encantado, e teve
como método comum para todas as trilhas a medição de sua largura em pontos em que
havia impactos ou observações relevantes para o estudo. A coleta de dados das trilhas
consistiu em percorrê-la com um diastímetro de 50 metros de extensão (com exceção da
trilha do Caldeirão por apresentar em alguns trechos inclinações próximas à 90°)
registrando-se a distância entre os pontos específicos de avaliação e georreferenciando
os impactos com o auxílio de um GPS de navegação (com exceção da trilha da Mata do
Encantado devido à falta de sinal do GPS).
2.2.1.2- Limite Aceitável de Câmbio (LAC)
As trilhas previamente mapeadas foram caracterizadas pela metodologia
conhecida como Sistema de Planejamento Limite Aceitável de Câmbio LAC,
desenvolvido por Stankey et al. (1985), na qual foram identificados indicadores de
impacto, que serviram para determinar o limite aceitável das mudanças provocadas pelo
uso público. Estes dados serviram como base para a elaboração de matrizes de
99
planejamento (TAKAHASHI; CEGANA, 2006) que estabelece estratégias de manejo
para minimizar os impactos encontrados na trilhas do parque.
A matrizes de planejamento foram elaboradas com base nos diversos impactos
das diferentes trilhas. Serve para que o órgão gestor do parque monitore as trilha de
acordo coma as freqüências de monitoramento sugeridas nas matrizes e aplique as ações
de manejo sugeridas assim que o limite aceitável de câmbio for atingido (Quadro 3).
Quadro 3 : Matriz para o Planejamento das trilhas do Parque Nacional Serra de Itabaiana
Indicadores
de impacto
Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de
manejo
Indicadores
recreativos
Indicadores
físicos
Indicadores
ambientais
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
As etapas de caracterização dos impactos negativos das trilhas foram realizadas
da seguinte maneira:
- Identificação e georeferenciamento dos impactos das trilhas: essa etapa
aconteceu concomitante ao mapeamento das trilhas (ver item 3.2.1.1, deste capítulo). Os
pontos georreferenciados para identificação dos impactos foram utilizados para a
elaboração dos mapas.
- Inventario das trilhas e as condições existentes: as trilhas e as condições
encontradas foram detalhadas e organizadas em planilhas segundo a orientação de
pontos com características significativas, tais como impactos relevantes, bifurcação,
declividade, largura do leito, erosão, trecho perigoso, obstrução do leito da trilha.
- Seleção dos indicadores de impactos das trilhas: os indicadores foram
selecionados a partir do inventário das trilhas. Dessa maneira, selecionaram-se
indicadores que ao mesmo tempo em que fossem significativos para cada trilha
específica, pudessem ser quantificados de maneira prática e barata. Os indicadores são
dinâmicos, de maneira que quando o órgão gestor for realizar o monitoramento dos
impactos, se for verificado que o impacto relacionado ao indicador for cessado, o
indicador deve substituído por um que esteja atrelado ao impacto da trilha.
100
- Especificação dos limites dos indicadores: significa escolher critérios a
serem medidos para que os impactos não comprometam a resiliência das trilhas e a
qualidade da visita. Os principais critérios para a escolha dos limites dos indicadores
foram a fragilidades dos ecossistemas, a presença de nascentes, o comprimento da trilha,
a intensidade do impacto e a satisfação dos visitantes. Quanto mais frágil uma trilha,
mais gido será o limite do indicador. Os critérios citados para escolher o indicador
foram baseados em observações de campo.
- Definição de freqüência do monitoramento: para definir a freqüência de
monitoramento foi considerada a relevância do impacto. À proporção que o impacto é
minimizado, a freqüência de monitoramento fica mais espaçada. Cabe ao órgão gestor
fazer o monitoramento dos impactos das trilhas.
- Recomendações de ações de manejo: a ação de manejo é o que o óro
gestor deve fazer para reverter o impacto assim que o limite do indicador for
ultrapassado.
- Grau de Dificuldade das trilhas: apesar do grau de dificuldade de trilhas ser
um componente subjetivo, em função dos diversos fatores associados, tais como idade
do visitante, condicionamento físico, dentre outros, neste trabalho foi utilizado escala de
declividade proposta por Mitraud (2003), que determina: declividade 10% = sem
dificuldade; 10% < declividade < 20% = dificuldade mediana ; declividade 20% =
grande dificuldade.
- Tempo aproximado do percurso: para o cálculo do tempo aproximado do
percurso da trilha, percorreu-se toda a trilha em ritmo semelhante a um visitante jovem
que percorre a trilha contemplando a paisagem. O tempo foi marcado em relógio com
cronômetro.
2.2.2- Elaboração de Mapas cognitivos
A cognição é um conceito que abrange todas as formas de conhecimento,
incluídos a percepção, o raciocínio e o julgamento (CHAPLIN, 1985). Segundo Cossete
e Audet (1992), os mapas cognitivos podem ser compreendidos como representações
101
gráficas de conjuntos de representações discursivas feitas por um sujeito (o autor) com
vistas a um objeto (o problema), em contextos de interações particular.
Para este estudo, os mapas cognitivos facilitaram a síntese e visualização dos
impactos negativos e positivos nas trilhas do parque. Mapas cognitivos foram elaborados
pela autora a partir das observações diretas e indiretas dos impactos em cada trilha
estudada. A observação direta foi descrita na etapa “caracterização dos impactos
ambientais das trilhas”. a observação indireta aconteceu através de conversas
informais com funcionários do parque, de entrevistas estruturadas com os visitantes e
também mediante a aplicação de ferramentas do Diagnóstico Rápido Participativos
(DRP) com os funcionários da primeira Brigada de incêndio do parque – ver Capítulo .
Em cada mapa cognitivo existe um tema central (trilha) com subtemas (impactos
positivos e negativos) representados pelas cor verde (impacto positivo) e pela cor
vermelha (impacto negativo). Além disso, foram descritos fatores (positivos ou
negativos) que se inter-relacionam com os subtemas, que foram indicados por meio de
setas (PIVA, 2003).
É importante lembrar que os mapas cognitivos representam as realidades atuais
das trilhas do PARNASI e estas são dinâmicas, ou seja, podem modificar-se com o
passar do tempo.
102
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
As trilhas do Parque Nacional Serra de Itabaiana já apresentam sinais de que suas
capacidades de suporte estão próximas ou ultrapassando seus limites, podendo
prejudicar a qualidade da visitação, a segurança dos visitantes e gerar problemas de
degradação ambiental.
Como resultado do levantamento das trilhas e de seus impactos foi elaborado um
mapa da Serra de Itabaiana com as trilhas pelas quais se dá o uso público (Figura 22).
103
Figura 22: Mapa das trilhas de uso público da Serra de Itabaiana, Parque Nacional Serra de Itabaiana,SE.
104
3.1. TRILHA DO POÇO DAS MOÇAS
A trilha do Poço das Moças tem inicio há 5,7 quilômetros da sede do PARNASI.
Seu comprimento total é de 151 metros, os quais os visitantes percorrem em
aproximadamente 7 minutos. Esta trilha por não apresentar grau de dificuldade é
indicada para todas as idades, contudo não possibilita o trânsito de cadeiras de rodas
devido a irregularidade do terreno e a falta de infra-estrutura adequada para portadores
de deficiência.
Essa trilha recebe impactos positivos significativos em decorrência da grande
procura pelos visitantes para lazer, banho, relaxamento, contemplação, atividade física,
pesquisa e misticismo (Figura 23). Segundo moradores da região, o lugar recebe este
nome porque caçadores encontraram duas “moças encantadas” tomando banho que
em seguida sumiram sem deixar vestígios.
Figura 23 : Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho) presentes na
“trilha do Poço das Moças”, Parque Nacional Serra de Itabaiana (Fonte: Pesquisa)
A Trilha que leva ao Poço das Moças apesar de apresentar baixa declividade
fator que pode evitar a maximização dos impactos negativos apresenta percursos com
larguras excessivas, que variam de 1, 70 à 3 metros. Lechner (2006) sugere largura entre
Poço
das
Moças
Lixo
Depredação da Paisagem
Poluição sonora
Árvores danificadas
Excesso de visitantes
Lazer
Risco de afogamento
Misticismo
Contemplação
Contaminação do solo
Banho no poço
Pesquisa
Atividade física
Odor desagradável
Trilhas secundárias e
alargadas
Clareiras
105
0,60m e 0,95m para as trilhas utilizadas apenas por pedestres. O indicador largura da
trilha é um dos mais úteis para se avaliar a deterioração da mesma (BARROS, 2003),
além ser fácil e barato de ser monitorado. Por ele percebe-se que a trilha do Poço das
Moças é a mais freqüentada e aparentemente a mais degradada do parque.
Os impactos negativos mais evidentes encontrados nessa trilha (Figura 24)
foram: clareiras, alargamento da trilha, trilhas secundárias, árvores danificadas, excesso
de visitantes, barulho, odor desagradável e lixo (Quadro 4). Santos (2006) ao estudar a
tipificação do lixo do PARNASI constatou que no Poço das Moças estava recebe a
maior quantidade de lixo do parque, com 85% do total de lixo recolhido entre os meses
de Maio e Agosto de 2006. As lixeiras utilizadas no parque não possuem tampas e
podem ser facilmente escaladas por marsupiais como os gambás e as cuícas, que depois
não conseguem sair. Estes animais podem morrer afogados se houver chuvas fortes
(PONTES, 2006). As lixeiras usadas em trilhas e em outros locais nas unidades de
conservação devem ser projetadas para impedir o acesso de animais silvestres ao seu
interior.
Quadro 4: Planilha de impactos ambientais da “Trilha do Poço das Moças
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas
geográficas
Largura do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
1-2 215 S 10°44’55.2”
HO 37°20’30.6”
2,25 38 m Início da trilha do Poço das
Moças; direita placa interpretativa
2-3 219
S 10°44’53.6” HO
37°20’30.4”
2,50 53 m Clareira e trilha secundária à
direita
3-4 219
S 10°44’53.6” HO
37°20’30.4”
3 m 33 m Fim da bifurcação
4-5 219
S 10°44’51.8” HO
37°20’29.6”
1,70 27 m Sombra à direita
5-6 222
S 10°44’50.9” HO
37°20’29.4”
Árvores danificadas, odor
desagradável; lixo; excesso de
visitantes; poluição sonora
TOTAL 151 metros
Fonte: Pesquisa
106
Figura 24: Impactos negativos encontrados na trilha de acesso ao Poço das Moços. A) Trilha alargada e
clareira à esquerda; B) Árvore danificada; C) Poço da Moças com excesso de visitantes
Todos os impactos encontrados no Poço das Moças são decorrentes do uso
público desordenado; falta de gestão, de programas visando a sensibilização dos
freqüentadores, de fiscalização e da ausência de guias locais. A implementação de tais
ações são sugeridas como formas de manejar e minimizar os impactos negativos
(Quadro 5).
A
C
B
107
Quadro 5 : Matriz para o Planejamento da “Trilha do Poço das Moças”
Indicadores de impacto
Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de
manejo
1-visitantes
(n°/mês)
25
pessoas
por vez
Contagem
direta
Finais de
semana e
feriados
Guias locais;
fiscalização;
Indicadores
recreativos
2- lixo no
chão (litros/
semana)
3 litros
por
semana
Coleta
manual
Semanal Educação e
Interpretação
Ambiental;
3- trilhas
secundárias
(n°/semestre)
nenhuma Contagem
direta
Mensal Fechamento das
trilhas
secundárias;
Recuperação da
vegetação
Indicadores
físicos
4- largura da
trilha (m)
Até 0,95
metros
Medição
direta
Semestral Fazer com que os
visitantes andem
em fila indiana
Indicadores
ambientais
5- árvores
danificadas
(n°/semestre)
2 por
semestre
Contagem
direta
Semestral Fiscalização;
Educação e
Interpretação
Ambiental
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
3.2- TRILHA DA GRUTA DA SERRA
A trilha da Gruta da Serra inicia-se a aproximadamente 32 metros da entrada da
trilha do Poço das Moças. Seu comprimento total é de 222 metros, os quais os visitantes
percorrem em aproximadamente 16 minutos. Classifica-se o grau de dificuldade desta
trilha como inexistente em quase toda sua extensão e de grande dificuldade nos 45
metros finais da trilha, na descida em direção ao banho na “Gruta da Serra”. Dessa
maneira, os 177 metros iniciais são indicados para pessoas de todas as idades; no
trecho final, recomenda-se que crianças tenham acesso acompanhadas de pessoas
adultas, devido ao risco de acidente.
Na trilha da Gruta da Serra os impactos negativos (Figura 25) mais evidenciados
foram: árvores danificadas por visitantes, trilhas secundárias, raízes expostas e
alargamento da trilha. A largura da trilha varia de 2,60 à 3 metros.
Nos 45 metros finais da trilha encontraram-se muitas raízes expostas e uma descida
muito íngreme que pode provocar acidentes graves. No final da trilha encontra-se uma
108
nascente (Figura 26), cujo paredão encontra-se riscado pela ação de vândalos (Quadro
6).
Quadro 6: Planilha de impactos ambientais da “trilha da Gruta da Serra”
Pontos
Coordenadas
Elevação
Largura do
leito (m)
Distancia
(m)
Observações
1-2
S: 10°44’53.9”
HO:37°20’28.3”
218 3,00 50 Inicio da trilha na lixeira, leito
formado de areia branca, sem
presença de corpo d água
2-3
S:10°44’55.2”
HO:37°20’27.0”
225 2,20 50 Trilha longa, com presença de
bifurcação e trilhas secundaria á
direita
3-4
S: 10°44’56.3”
HO:37°20’25.5”
222 2,00 50 Presença de clareira à direita,
alargamento da trilha
4-5
S: 10°44’57.8”
HO:37°20’26.3”
217 1,60 27 Presença de trilhas secundaria e
clareira à direita
5-6
S: 10°44’58.9”
HO:37°20’26.4”
207 Indefinido 45 Presença de raízes expostas;
árvores riscadas , à direita
clareira, descida íngreme com
risco de acidente
6
S: 10°44’59.5”
HO:37°20’26.3”
164 Indefinido Final da trilha. Gruta da serra,
paredes riscadas, a esquerda
trilha secundaria e de 8 árvores
riscadas
TOTAL 222 m
Fonte: Pesquisa
Figura 25: Impactos negativos encontrados na trilha de acesso a Gruta da Serra. A) Trilha secundária à
direita; B) Descida íngreme e raízes expostas
A
B
109
Figura 26: Gruta da Serra (Foto: Tribo Nativa)
Foi constatado através das entrevistas com os visitantes que a Gruta da Serra é
um dos locais preferidos pelos visitantes devido a sua beleza cênica e ao banho na
nascente. Os impactos positivos mais evidentes dessa trilha é a contemplação, a
atividade física, o banho e o relaxamento (Figura 27).
Figura 27: Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho) presentes na
“trilha da Gruta da Serra” (Fonte: Pesquisa)
Gruta
da
Serra
Raízes expostas
Alargamento da trilha
Árvores danificadas
Risco de acidente
Lazer
Relaxamento
Contemplação
Banho na nascente
Atividade física
Deslizamento
Pesquisa
Paredão de pedra riscado
Clareira nas margens das trilhas
Trilha secundária
110
Os impactos negativos mais evidentes na trilha da Gruta da Serra foram: número
de visitantes, lixo, clareiras, alargamento das trilhas e árvores riscadas. Estes impactos
são decorrentes principalmente da ausência de ferramentas de planejamento e gestão.
Para minimizar os impactos negativos desta trilha, recomenda-se a implementação de
ações de manejo contidas na matriz de monitoramento desta trilha, tais como guias
locais, fiscalização, educação e interpretação ambiental, isolamento da área desmatada
para a recuperação da vegetação, orientar os visitantes para que andem em fila indiana e
implementação de placas de conteúdo educativo (Quadro 7).
Quadro 7 : Matriz para o Planejamento da “trilha da Gruta da Serra
Indicadores de impacto Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de manejo
1- visitantes
(nº/semana)
8
pessoas
por vez
Contagem
direta
Finais de
semana e
feriados
Guias locais;
fiscalização
Indicadores
recreativos
2- lixo no
chão
(unidade/
semana)
5
unidades
por
semana
Coleta
manual
Semanal Educação e
Interpretação
Ambiental;
3- clareira
(n°/
semestre)
nenhuma Contagem
direta
semestral Isolamento da área
desmatada para a
recuperação da
vegetação
Indicadores
físicos
4- largura da
trilha
(m/semestre)
Até 0,95
m
Medição
direta
Semestral Orientar os
visitantes para que
andem em fila
indiana
Indicadores
ambientais
árvores
riscadas
(n°/ano)
1 por
semestre
Contagem
direta
Anual Placas de conteúdo
educativo
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
3.3- TRILHA DO VÉU DE NOIVA
O início da trilha do Véu de Noiva situa-se após 90 metros da entrada da trilha da
Gruta da Serra. Seu comprimento total é de 272 metros, os quais os visitantes percorrem
em aproximadamente 10 minutos. Classifica-se o grau de dificuldade desta trilha como
moderado. A largura de seu percurso varia de 90 cm a 2 metros e em muitos trechos é
111
indefinido pelo fato de cruzar com o riacho dos Negros. É indicada para todas as idades,
desde que as crianças estejam acompanhadas por adulto para evitar acidentes.
Esta trilha recebe o nome de Véu de Noiva devido as espumas brancas que
juntas assemelha-se a “cauda” da noiva. O principal atrativo desta trilha e
conseqüentemente, um impacto positivo (Figura 28), é o banho na Cachoeira Véu de
Noiva (Figura 29A) e no Buraco da Veia
14
(Figura 29B).
Figura 28: Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho) presentes na
“trilha da Cachoeira Véu de Noiva” (Fonte: Pesquisa)
Figura 29: O banho é o principal atrativo da Trilha de acesso à Cachoeira Véu de Noiva (A) e ao Buraco
da Veia (B).
14
O Buraco da Veia é uma cacimba situada na Cachoeira Véu de Noiva.
Trilha do
Véu de
Noivas
Lixo
Risco de acidentes por
deslizamento nas pedras
Fogueiras
Lazer
Atividade física
Contemplação
Risco de incêndio
Clareiras
Banho
Pesquisa
Trilha secundária
A
B
112
Os impactos negativos mais significativos observados foram, clareira com a
presença de raízes expostas e trilhas secundárias (Quadro 8), vestígios de fogueira
(Figura 30). Os incêndios provocados por fogueiras causam profundas alterações nos
microhabitats e podem destruir grandes extensões de áreas naturais, eliminando muitas
formas animais, sobretudo aquelas que possuem uma menor capacidade de
deslocamento como artrópodos não-alados, anfíbios e lagartos (PONTES, 2006).
Quadro 8: Planilha de impactos ambientais da “trilha Véu de Noiva”
Pontos
Coordenadas
Elevação Largura do
leito (m)
Distancia
(m)
Observações
1-
2
S
10°44’50.0”
HO
37°20’24.1”
199 1,10 36 Inicio da trilha Véu de Noiva
2-3
S
10°44’51.1”
HO
37°20’23.5”
199 0,90 37 Raízes expostas; com leito da
trilha em cruzamento com o
rio
3-4
S
10°44’51.8”
HO
37°20’22.5”
197 Indefinido 19 À esquerda trilha secundária.
Presença de corpo d´agua
4-5
S 10°44’ 51.6”
H
O 37°20’22.3”
187 2,00 29 Acesso à estrada principal
5-6
S
10°44’52.3”
HO
37°20’21.8”
179 1,50 33 Cachoeira Véu de Noiva e
Buraco da Veia á esquerda.
Encontro com grupo em torno
de 8 pessoas. Risco de
acidente
6-7
S
10°44’52.6”
HO
37°20’21.0”
172 Indefinido 50 Poço à esquerda
7-8
S
10°44’53.6”
HO
37°20’21.0”
173 2,00 50 Presença de clareira e vestígio
de uma fogueira
8-9
S
10°44’55.6”
HO
37°20’20.8”
176 Indefinido 18 Presença de serrapilheira
9-10
S
10°44’55.9”
HO
37°20’20.2”
177 Indefinido Final da trilha.
TOTAL 272 metros
Fonte: Pesquisa
Figura 30: Vestígio de fogueira encontrado na trilha de acesso à Cachoeira Véu de Noiva
113
Para reverter impactos negativos dessa trilha são necessárias ações de manejo,
como a participação de guias locais, educação e interpretação ambiental, fiscalização,
recursos humanos, capacitação em Primeiros Socorros e isolamento da área desmatada
para a recuperação da vegetação (Quadro 9).
Quadro 9: Matriz para o Planejamento da “trilha Véu de Noiva”
Indicadores de impacto
Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de
manejo
1- largura da
trilha (nº
/vez)
Até
0,95m
Medição
direta
Semestral Guias locais
2- lixo no
chão
(unidade/
semana)
8
unidades
por
semana
Coleta
manual
Semanal
Educação e
Interpretação
Ambiental
3- fogueiras
(n°/semana)
nenhuma
Contagem
direta
Finais de
semana e
feriados
Fiscalização
Indicadores
recreativos
4- acidentes
(n°/mensal)
Um por
ano
Contagem
direta
mensal Pessoal
capacitado para
prática de
Primeiros
Socorros
Indicadores
físicos
5- trilha
secundária
nenhuma Contagem
direta
Semestral Isolamento da
área desmatada
para a
recuperação da
vegetação
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
3.4- TRILHA DO SALÃO DOS NEGROS
Com 1.513 metros de extensão a Trilha do Salão dos Negros tem início no Poço
das Moças e termina o Salão dos Negros. A trilha pode ser percorrida em uma hora e
meia e seu grau de dificuldade é moderado.
O Salão dos Negros (Figura 31A) segundo, informações de um guia que atua no
parque, era um mocambo aonde os “negros fujões” se escondiam dos senhores de
engenho da região. Sendo assim, os aspectos culturais, juntamente com a contemplação,
114
o contato com a fauna (Figura 31B), a pesquisa e a atividade física são impactos
positivos presentes nessa trilha (Figura 32).
Figura 31: Impactos positivos encontrados na trilha de acesso ao Salão dos Negros. A) Cágado na margem
da trilha; B) Cachoeira do Salão dos Negros
Figura 32: Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho)
presentes na “trilha do Salão dos Negros” (
Fonte: Pesquisa
)
Trilha
do Salão
dos Negros
Trilhas secundárias
Árvores obstruindo a trilha
Risco de acidentes
Lazer
Atividade física
Contemplação
Desmatamento
Contato com a fauna
Lixo
Deslizamento
Fezes humanas na trilha
Pesquisa
Clareiras
Alargamento da trilha
A
B
115
Apesar dessa trilha apresentar aspectos ambientais e culturais relevantes,
encontra-se degradada. Dentre os impactos que colocam em risco a sustentabilidade das
trilha, destacam-se as trilhas secundárias (Figura 33A), alargamento das trilhas e lixo
(Quadro 10). Durante todo o percurso da trilha foram encontrados muitos galhos e
troncos obstruindo o leito (Figura 33B).
Quadro 10: Planilha de impactos ambientais da “Trilha do Rio dos Negros
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
1-2 234 S 10°44’48.8
HO 37°20’31.4”
1,00 47,00 Início da trilha; Riacho à esquerda
2-3 237 S 10°44’47.8
HO 37°20’32.4”
2,10 50,00 Trilha secundária a 14 metros;
Alargamento da trilha
3-4 238 S 10°44’47.0
HO 37°20’34.3”
1,70 67,00 Clareira à esquerda (antigo local de
acampamento)
4-5 245 S 10°44’46.7
HO 37°20’35.6”
1,50 22,00 Clareira; Trilha secundária à direita e
à esquerda
5-6 242 S 10°44’46.3
HO 37°20’36.2”
1,30 50,00 Bifurcação: atalho para Via Sacra à
direita; trilha do Rio dos Negros à
esquerda
6-7 241 S 10°44’46.0
HO 37°20’33.4”
1,50 67,00 Bifurcação: trilha da Via Sacra à
direita; trilha secundária à esquerda;
Alargamento do leito
7-8 244 S 10°44’45.4
HO 37°20’40.9”
1,10 80,00 Trilha secundária à esquerda
8-9 252 S 10°44’44.8
HO 37°20’42.4”
0,90 50,00 Trilha “Antiga Via Sacra à direita”
9-10 259 S 10°44’44.7
HO 37°20’43.9”
1,20 50,00 Galho obstruindo a trilha
10-11 267 S 10°44’44.0”
HO 37°20’48.6”
1,10 145,00 Tronco de árvore obstruindo a trilha
11-12 269 S 10°44’43.7”
HO 37°20’50.2”
1,30 62,00 Acesso a um poço à esquerda; Trilha
secundária à esquerda; Tronco de
árvore obstruindo a trilha; Fezes
humanas no leito da trilha
12-13 270 S 10°44’43.1”
HO 37°20’53.1”
1,00 85,00 Bifurcação; Subida íngrime; Trilha
“no descampado”; Leito de pedra
13-14 300 S 10°44’41.3”
HO 37°20’57.2”
0,60 150,00 Água da nascente cruzando a trilha
14-15 307 S 10°44’40.7”
HO 37°20’58.9”
1,20 61,00 Trilha secundária à esquerda
15-16 326 S 10°44’38.1”
HO 37°21’01.9”
1,10 130,00 Bifurcação: trilha principal à direita;
trilha secundária à esquerda
116
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
16-17 333 S 10°44’36.3”
HO 37°21’06.1”
0,80 150,00 Cágado na margem direita da trilha
17-18 366 S 10°44’35.7”
HO 37°21’07.2”
0,70 50,00 Tronco caído na trilha
18-19 368 S 10°44’34.9”
HO 37°21’08.3”
0,80 50,00 2 troncos no leito da trilha
19-20 366 S 10°44’34.0”
HO 37°21’09.9”
1,10 50,00 Raízes no leito da trilha; Riacho
cruzando a trilha (trilha encharcada);
Galhos obstruindo a trilha
20-21 403 S 10°44’32.9”
HO 37°21’12.6”
5,70
(leito
do rio)
100,00 “Laje de pedras”; Galhos obstruindo o
leito do rio; Risco de acidente
(escorregão)
21-22 411 S 10°44’32.0”
HO 37°21’14.0”
5,00
(leito
do rio)
50,00 Risco de acidente (escorregão)
22-23 395 S 10°44’31.4”
HO 37°21’15.8”
Salão dos Negros (fig. 18)
TOTAL 1.513 metros
Fonte: Pesquisa
Figura 33: Impactos negativos encontrados na trilha de acesso ao Salão dos Negros. A) Trilha secundária à
direita e a esquerda; B) Tronco e galhos obstruindo a trilha
Sugere-se que os leitos das trilhas sejam desobstruídos periodicamente para
evitar que os visitantes abram trilhas secundárias ou alarguem o leito da trilha. Para
reverter os impactos negativos dessa trilha são necessárias as seguintes ações de manejo:
guias, programas de Educação e Interpretação Ambiental, Isolamento das trilhas
secundárias e clareiras para a recuperação da vegetação (Quadro 11).
A
B
117
Quadro 11 : Matriz para o Planejamento da “trilha do Salão dos Negros”
Indicadores de impacto Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de
manejo
1- largura da
trilha
13
pessoas
por vez
Contagem
direta
Finais de
semana e
feriados
Guias locais e
fiscalização;
Indicadores
recreativos
2- Lixo no
chão
(unidade/
semana)
1 litro
por
semana
Coleta
manual
Semanal Programas de
Educação e
Interpretação
Ambiental;
3- Clareiras
(n°/semestre
Nenhum
a
Contagem
direta
Semestral Orientação aos
visitantes para que
andem em fila
indiana
Indicadores
físicos
4- Trilhas
secundárias
(n°)
Até 1
por
semestre
Contagem
direta
Semestral Isolamento da área
para a recuperação
da vegetação
Indicadores
ambientais
5-Avistamento
de fauna
No
mínimo
3 por
semana
Contagem
direta
Semanal Orientação aos
visitantes para que
evitem barulhos e
não toquem na
fauna.
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
3.5- TRILHA DA VIA SACRA
A trilha da Via Sacra inicia-se após a entrada da Trilha do Salão dos Negros. Seu
comprimento total é de 2.711,74 metros, os quais os visitantes percorrem em
aproximadamente duas horas e meia. A largura do percursos da trilha varia de 0,40 a 2
metros.
Classifica-se como grande, o grau de dificuldade desta trilha, sendo indicada
apenas para pessoas com bom preparo sico, principalmente porque durante todo o
trecho não tem nenhum local de parada para o relaxamento e banho.
Essa trilha recebe impactos positivos significativos (Figura 34), por ser um
atrativo histórico-religioso. Recebe nome de Via Sacra devido as Romarias feitas por
fiéis na Semana Santa desde a década de 30 do século passado (SANTANA, 2002 ). Ao
longo do seu percurso são encontradas quinze cruzes, onde os fiéis param, rezam e
pagam suas promessas. O final da trilha é no topo da serra onde uma capela e um
cruzeiro. Além da religiosidade, a atividade física e a contemplação da paisagem são
impactos positivos encontrados nessa trilha.
118
Figura 34: Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho) presentes na
“trilha da Via Sacra”, Parque Nacional Serra de Itabaiana (Fonte: Pesquisa)
Na trilha da Via Sacra o impacto negativo mais evidente em decorrência do uso
público foram as trilhas secundárias (Quadro 12). Ao total foram registradas seis trilhas
secundárias, que implica na fragmentação dos ecossistemas do parque. As conseqüências
desta fragmentação são alterações negativas em forma de cascata maior incidência de
raios solares entre os fragmentos, perda de habitas, isolamento de populações, redução
da biodiversidade podendo culminar na extinção de espécies (BIERREGAARD et
al.,1992),
A erosão laminar e o lixo também foram impactos observados nessa trilha.
Durante um dia de campo foi coletado 1 litros de lixo nessa trilha. O lixo se não for
descartado adequadamente e no tempo devido, pode trazer diversos problemas para a
fauna, tais como a poluição de habitats, a ingestão de materiais não digeríveis e a
intoxicação alimentar. As próprias lixeiras instaladas podem vir a constituir fontes de
alimento fácil de ser obtido, alterando o comportamento natural de algumas espécies, e
até mesmo armadilhas fatais para outras (PONTES, 2006). Assim, o órgão gestor deve
orientar ao visitante para que levem de volta consigo o lixo que produzirem durante a
visitação no parque.
Trilha
da Via
Sacra
Trilhas secundárias
Raízes expostas
Risco de acidentes
Infra-estrutura danificada
Morte
Atividade física
Contemplação
Desmatamento
Depredação da paisagem
Religiosidade
Promessas
Lixo
Animais domésticos
Erosão laminar
119
Quadro 12: Planilha de impactos ambientais da “trilha da Trilha Via Sacra”
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
1-2 247 S 10°44’46.1”
HO 37°20’36.1”
0,40 15,00
Início da Via Sacra;
Bifurcação; Presença de alecrim nas
margens da trilha
2-3 253 S 10°44’45.7
HO 37°20’36.5”
0,50 22,00 Impacto: trilha secundária na margem
esquerda da trilha principal
(comprimento = 34,60 m e largura do
leito = 0,64)
3-4 249 S 10°44’45.4
HO 37°20’37.1”
0,50 69,50 Impacto: trilha secundária na margem
esquerda da trilha principal
(comprimento = 9,60m e largura do
leito = 0,60)
4-5 240 S 10°44’43.4
HO 37°20’38.2”
1,80 100,00 Impacto: trilha secundária na margem
esquerda da trilha principal (largura
do leito = 0,60; comprimento = muito
extensa)
5-6 293 S 10°44’39.4
HO 37°20’37.5”
1,30 88,50 Impacto: Árvore danificada (marcas
antigas) na margem esquerda da trilha.
6-7 313 S 10°44’36.6
HO 37°20’37.3”
1,70 96,20 2° Cruz da Via Sacra à esquerda;
7-8 354 S 10°44’31.8
HO 37°20’38.5”
0,70 98,04 3° Cruz da Via Sacra; Erosão laminar
8-9 361 S 10°44’30.9
HO 37°20’38.6”
0,72 100,00
Barranco com 0,55 m de altura
Impacto: trilha secundária e raízes
expostas
9-10 367 S 10°44’28.2
HO 37°20’38.6”
0,74 100,00 Barranco com 0,65 m de altura;
Impacto: trilha secundária na margem
direita da trilha principal
10-11 375 S 10°44’28.0
HO 37°20’43.1”
1,00 100,00 4° Cruz da Via Sacra;
11-12 399 S 10°44’28.0
HO 37°20’46.9”
0,70 130,00 Impacto: trilha secundária na margem
direita da trilha principal
12-13 417 S 10°44’29.3
HO 37°20’53.2”
1,10 200,00 Abertura de clareira
13-14 423 S 10°44’29.0
HO 37°20’54.9”
0,70 80,00
Bifurcação à esquerda com acesso
para a uma trilha que vai até o Rio dos
Negros
14-15 447 S 10°44’28.1
HO 37°21’00.4”
1,10 113,50 Impacto: erosão laminar
15-16 449 S 10°44’28.1
HO 37°21’01.0”
1,10 100,00 Cruz da Via Sacra; Caminho
rochoso
16-17 464 S 10°44’27.3”
HO 37°21’07.7”
1,10 109,50 Esquerda: Pedra que pode ter função
de mirante (Sugestão: colocar infra-
estrutura de proteção para evitar
acidentes); Presença de fezes de
120
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
cavalo
17-18 485 S 10°44’27.4
HO 37°21’07.5”
1,25 100,00 Base da Cruz da Via Sacra (Cruz
ausente)
18-19 494 S 10°44’26.8
HO 37°21’10.4”
0,60 72,00 Fezes de cavalo; fuligem de cana-de-
açúcar queimada no ar.
19-20 511 S 10°44’26.2
HO 37°21’12.8”
0,50 72,00 Penhasco na margem esquerda da
trilha (risco de acidente); Desvio à
direita da trilha
20-21 532 S 10°44’25.6
HO 37°21’15.1”
1,10 100,00 9° Cruz da Via Sacra
21-22 560 S 10°44’25.4
HO 37°21’18.8”
0,60 118,00 Presença de campo rupestre; Impacto:
fezes de cavalo
23-24 582 S 10°44’25.0
HO 37°21’21.9”
1,10 45,00 Presença e muitas bromélias; Impacto:
fezes de cavalo
22-23 589 S 10°44’24.9
HO 37°21’23.3”
0,90 100,00 11° Cruz da Via Sacra; Presença de
uma das nascentes do Rio dos Negros
23-14 599 S 10°44’24.2
HO 37°21’26.7”
1,50 100,00 Solo encharcado e derramando parte
da água que forma o Rio dos Negros;
fezes de cavalo
24-25 617 S 10°44’23.2
HO 37°21’29.5”
0,90 100,00 Leito de areia; Impacto: erosão
laminar causada pela ação da água.
25-26 637 S 10°44’20.7
HO 37°21’34.1”
2,00 206,50 Base da 12° Cruz da Via Sacra (Cruz
ausente)
26-27 661 S 10°44’18.0
HO 37°21’39.6”
0,60 176,00 Cerca de arama farpado
27 665 S 10°44’16.5”
HO 37°21’42.2”
Cruzeiro; vegetação danificada por
porcos; infra-estrutura abandonada e
depredada; torres de trans
missão.
TOTAL 2.711,74 metros
Fonte: Pesquisa
O final da trilha da Via Sacra é o local mais impactado. A criação de animais
domésticos (porcos, cavalos, galinhas), a presença das torres de transmissão e da
deterioração da infra-estrutura (capela e casa do morador local) causam enorme impacto
ambiental e paisagístico.
Os fatores agravantes da criação de animais são as fezes espalhadas ao longo da
trilha, principalmente perto das nascentes e a remoção da cobertura vegetal feita
principalmente pelos porcos (Figura 35A). Animais domésticos podem transmitir
zoonoses ou se tornar predadoras das espécies silvestres nativas.
121
A infra-estrutura degradada e as torres de transmissão (Figura 35B) do topo da
Serra apresenta-se inadequada e contrastante com a beleza e história local.
Alguns trechos da trilha apresentam alto risco de acidente, podendo ser fatal
devido à proximidade de trechos com penhascos.
Figura 35: Impactos negativos encontrados na trilha da Via Sacra. A) Porco retirando a vegetação do topo
B) Paisagem descaracterizada no topo da serra
Para minimizar os impactos nessa trilha sugere-se fiscalização, educação
ambiental, infra-estrutura adequada, isolamento da área para recuperação, retirada dos
animais domésticos como ações de manejo (Quadro 13).
Quadro 13 : Matriz para o Planejamento da “trilha da Via Sacra”
Indicadores de impacto Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência
de monito-
ramento
Ações de manejo
Indicadores
recreativos
1- Lixo no chão
(unidade/ mês)
1 litro
por mês
Coleta
manual
Mês Fiscalização;
educação e
ambiental.
2- Infra-
estrutura
abandonada e
danificada
1 dano
por
semestre
Conta-
gem
direta
Semestral Infra-estrutura
adequada
Indicadores
físicos
3- Trilhas
secundárias
(n°)
Até 2
por
semestre
Conta-
gem
direta
Semestral Isolamento da área
desmatada para a
recuperação da
vegetação
Indicadores
ambientais
4- Evidência de
animais
domésticos
3 por
mês
Conta-
gem
direta
Mensal Orientação aos donos
de animais; multas;
apreensão do animal.
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
A
B
122
3.6- TRILHA DO CALDEIRÃO OU DO RIO DAS PEDRAS
A trilha do Caldeirão inicia-se no Povoado Rio das Pedras, aproximadamente a 2
Km da entrada principal do parque. Não indicação do acesso à trilha, muito menos,
placas de interpretação ambiental e qualquer infra-estrutura planejada pelo órgão gestor.
A Trilha do Caldeirão, totalmente sobre terreno em declive, situa-se nas margens ou
leito do rio. Durante toda a trilha encontra-se diversos poços e cachoeiras. Devido ao
difícil acesso, essa trilha recebe menos visitantes do que as trilhas cuja entrada acontece
pelo portão principal do parque.
A trilha do Caldeirão juntamente com a trilha da Mata do Encantado o as de
maiores belezas cênica, e conseqüentemente proporcionam impactos positivos (Figura
36) em decorrência do lazer, da prática de esportes de aventuras e da contemplação da
paisagem, onde são encontrados cachoeiras (Figura 37A), poços (Figura 37B) e
biodiversidade.
Figura 36: Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho) presentes na
“trilha do Caldeirão”, Parque Nacional Serra de Itabaiana (Fonte: Pesquisa)
Trilha do
Caldeirão
Lixo
Risco de acidentes
Lazer
Morte
Atividade física
Esporte de aventura
Contemplação
Risco de incêndio
Risco de acidente
Clareiras
Acampamento
Trilhas secundárias
Animais domésticos
Clareiras
Fogueiras
123
Figura 37: Cachoeiras e poços são os principais atrativos da trilha do Caldeirão, no Parque Nacional Serra
de Itabaiana. A) Cachoeira Poço da Serra; B) Poço Negro.
Esta trilha apresenta grande grau de dificuldade e pode ser percorrida em cerca
de três horas e meia de caminhada. Apresenta-se como típica para pessoas com boas
condições físicas e praticantes de esportes de aventura por ter muitos trechos difíceis,
com muitos obstáculos e pontos de descida de rappel. Trata-se de uma trilha apropriada
para ser realizada apenas a pé, pois apresenta declividade alta e possui trechos perigosos,
podendo causar acidentes. É possível planejar esta trilha em forma de “8”, o que
tornariam o trajeto mais atraente e evitaria o encontro de grupos.
Os impactos mais perceptíveis da Trilha do Caldeirão são: lixos que espalhados
por toda a trilha; fogueiras e clareiras (Figura 38A) causadas principalmente pelos
acampamentos que são realizados sem o controle do órgão gestor; a erosão decorrente da
alta declividade do terreno e agravada pela visitação desordenada; e as trilhas
secundárias (Quadro 14). As trilhas são “cicatrizes” na paisagem que causam impactos
na área protegida pelo corte raso” linear em detrimento do uso público. No entanto as
trilhas concentram o uso em uma parcela pequena do terreno e evitam que grandes áreas
da paisagem sejam pisoteadas. Assim elas podem ser consideradas como mais uma
ferramenta no manejo de áreas protegidas (MAGRO; TALORA, 2006).
Apesar de acampamento (Figura 38B) acontecerem com freqüência no parque,
atualmente esta prática não é permitida, segundo os ex-brigadistas. Para que os
acampamentos possam acontecer sem burlar a legislação e com segurança, são
necessários fiscalização, segurança, um área própria para acampamento, infra-estrura de
mínimo impacto e principalmente um Plano de Manejo que permita tais práticas.
A
B
124
Figura 38: Impactos negativos encontrados na trilha da Via Sacra. A) Acampamento ilegal;
B) Clareira com vestígios de fogueira
Quadro 14: Planilha de impactos ambientais da “trilha do Caldeirão”
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Observações
1 221 S 10°45’36.7”
HO 37°22’13.9”
0,42
Início da trilha
(cerca de arame farpado); Presença
de corpo d’água à esquerda; Presença de mata e
agricultura
2 249 S 10°45’31.3”
HO 37°22’09.0”
0,40
Fim da plantação
3 251 S 10°45’28.1”
HO 37°22’07.4”
0,45
Clareira no leito da trilha; Acampamento montado
com 5 barrac
as; Presença de fogueira
4 258 S 10°45’27.3”
HO 37°22’06.7”
0,60
Final da clareira; Início de uma subida íngreme
(risco de acidente)
5 264 S 10°45’26.3”
HO 37°22’06.4”
0,85
Entrada da 1° cachoeira à direita
6 269 S 10°45’26.2”
HO 37°22’05.7”
0,85
1° cac
hoeira à direita da trilha
7 294 S 10°45’24.8”
HO 37°22’05.8”
1,10
Represa construída pelo homem; Clareira à
esquerda; Subida íngreme com pedras pequenas
(risco de acidente)
8 310 S 10°45’24.8”
HO 37°22’05.8”
0,40
Trilha secundária à esquerda
9 303 S 10°45’19.4”
HO 37°22’06.2”
cachoeira; Cascas de frutas no chão; odor
desagradável
10 326 S 10°45’16.8
HO 37°22’06.0”
6,60
(largura
da
clareira)
Clareira (área com aproximadamente 54 m²);
Vestígios de 2 fogueiras e acampamento.
11 327 S 10°45’16.0
HO 37°22’06.2”
0,60
Bifurcação (trilha à direita e riacho à esquerda);
Leito de pedras e areia; Presença de cacos de vidro e
de lixo
12 350 S 10°45’10.4
HO 37°22’00.4”
0,40
Lixo (1 unidade)
A
B
125
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Observações
13 387 S 10°45’06.2
HO 37°21’57.4”
0,50
Penhasco à direita da tr
ilha (risco de acidente)
14 397 S 10°45’04.4
HO 37°21’56.0”
0,50
Clareira à direita. Vestígios de fogueira
15 400 S 10°45’03.2
HO 37°21’55.4”
4,0
(largura
do rio)
Trilha dentro do leito do rio; Clareira à esquerda;
Vestígios de enxurrada (galhos quebra
dos do leito
do rio); Risco de acidentes
16 410 S 10°45’00.1
HO 37°21’55.6”
0,56
3° Cachoeira (em cima); Passagem obstruída pelo
paredão (subida por raízes de árvores); Risco de
acidente;
17 413 S 10°44’59.2
HO 37°21’55.3”
0,60
4° Cachoeira (à direita
)
18 452 S 10°44’57.8
HO 37°21’54.8”
0,90
5° Cachoeira (à direita) = Cachoeira onde se faz
ra
ppel; Árvores riscadas. Encontro com um grupo
de 14 pessoas (guia da Empresa Peregrinus)
19 473 S 10°44’57.4
HO 37°21’54.8”
indefinid
o
Em cima da cachoeira;
Passagem obstruída pelo
paredão (subida por raízes de árvores) ; Risco de
acidente; Lixo (3 unidades)
20 482 S 10°44’56.7
HO 37°21’54.5”
0,70
Bifurcação (trilha à esquerda e rio à direita); Subida
íngreme; Risco de acidente
21 517 S 10°44’54.0
HO 37°21’54.8”
0,45
Bifurcação (duas trilhas) =seguiu
-se pela direita;
Lixo.
22 519 S 10°44’53.0
HO 37°21’54.1”
0,60
Bifurcação (trilha à esquerda e riacho à direita);
Fezes de cavalo.
23 527 S 10°44’52.1
HO 37°21’53.8”
0,70
Início da clareira (vestígios de a
campamento
recente); Lixo; Fogueira; Erosão.
24 521 S 10°44’51.8
HO 37°21’53.5”
0,60
Última Cachoeira (grupo tomando banho).
25 522 S 10°44’51.9
HO 37°21’54.3”
0,60
Final da clareira; Água minando do solo.
26 539 S 10°44’54.1
HO 37°21’59.2”
0,60
Penh
asco à esquerda; Fezes de cavalo.
27 556 S 10°44’51.4
HO 37°22’01.9”
0,50
Água escorrendo pelo leito da trilha; Pedras
amontoadas à esquerda.
28 569 S 10°44’49.5
HO 37°22’06.3”
0,65
Cruzamento com uma trilha perpendicular; Local
mais alto da trilha.
29 567 S 10°44’48.7
HO 37°22’07.4”
Paredão que se faz
rappel (vertente oeste da serra);
Vista para o Parque dos Falcões (à esquerda tem
uma trilha que desce para o Parque dos Falcões);
Risco no chão e em pedras; Início do retorno
30 562 S 10°44’51.2
HO 37°22’07.1”
0,50
Bifurcação; Vespeiro (risco de acidente)
31 546 S 10°44’55.7
HO 37°22’11.5”
0,80
Fim
da trilha: Descida (risco de escorregamento)
126
Ao invés de se preparar uma área para acampamento, acarretando em despesas e
impactos negativos, sugere-se que a casa de madeira (atualmente em desuso) situada no
início da trilha do Véu de Noivas seja aproveitada para pernoite.
Para reverter impactos negativos dessa trilha são necessárias ações de manejo
que garantam: a contenção da erosão com a colocação de barreiras para reduzir a energia
cinética da água disponíveis no local; a fiscalização e a inclusão de guias locais para
inibir a ação de vândalos; programas de educação e interpretação ambiental para
sensibilizar os visitantes e a comunidade perante as questões ambientais; o isolamento e
a recuperação das áreas degradadas (Quadro15).
Quadro 15 : Matriz para o Planejamento da “Trilha do Caldeirão”
Indicadores de
impacto
Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de
manejo
1- visitantes
(nº /vez)
15
pessoas
por vez
Contagem
direta
Finais de
semana e
feriados
Guias locais; Indicadores
recreativos
2- lixo no
chão (litros/
semana)
2 litros
por
semana
Coleta
manual
Semanal Educação e
Interpretação
Ambiental;
3-vestígios
de fogueira
(n°/semana)
nenhuma Contagem
direta
Finais de
semana e
feriados
Fiscalização
4- Trilha
secundária
(n°/semestre
Até 1 por
semestre
Contagem
direta
Semestral Fechamento das
trilhas secundárias;
Orientação aos
visitantes para que
andem em fila
indiana.
Indicadores
físicos
5- Clareiras
(n°/mês)
Até 1 por
mês
Contagem
direta
Mensal Recuperação da
vegetação;
fiscalização para a
não permissão de
acampamentos.
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
127
3.7- TRILHA DA MATA DO ENCANTADO
A trilha da Mata do Encantado inicia-se no Povoado Bom Jardim, localizado da
na base da vertente oeste da serra de Itabaiana. Não há indicação do acesso à trilha e
fiscalização do órgão gestor. Inclusive a maioria dos funcionários do parque
desconhecem essa trilha (Ver capítulo 4 – DRP com os ex-brigadistas).
A Trilha da Mata do Encantado, totalmente sobre terreno em declive, está imersa
em um fragmento da Mata Atlântica (Figura 39A) . Devido ao difícil acesso, é a trilha
do parque que aparentemente recebe menos visitantes. A Cachoeira do Encantado
(Figura 39B) com aproximadamente 80 metros de altura juntamente com a mata são os
principais atrativos cênicos dessa trilha, o que conseqüentemente proporcionam
impactos positivos aos visitantes (Figura 40).
Figura 39: Mata do Encantado, Serra de Itabaiana A) Início da trilha, fragmento da Floresta Atlântica.
B) Final da trilha do Encantado, Cachoeira do Encantado.
A
B
128
Figura 40: Mapa cognitivo dos impactos positivos (em verde) e negativos (em vermelho) presentes na
“trilha da Mata do Encantado” (Fonte: Pesquisa)
Esta trilha apresenta grau de dificuldade moderado e pode ser percorrida a
devido a inclinação do terreno. A duração da caminhada é de aproximadamente 50
minutos. Não é indicada para crianças menores de 12 anos, nem para idosos em
decorrência do risco de acidentes.
A trilha da Mata do Encantado possui impactos decorrentes do uso público
mínimos comparando-se às outras trilhas, ou seja, não apresenta trilhas secundárias, lixo
em quantidade (só foram visualizadas 3 unidades) e apenas uma árvore estava riscada
em decorrência do uso público. Os impactos mais evidentes (Quadro 16) não são
decorrentes da visitação, acontecem nas bordas da mata (desmatamento e o avanço das
lavouras em direção à mata) e no início da trilha (grandes colônias de formigueiros).
Este último impacto, que não existia três anos, hoje existe possivelmente em
decorrência do desequilíbrio ambiental provocado pelo desmatamento e pelo avanço da
agricultura.
Quadro 16: Planilha de impactos ambientais da “trilha da Mata do Encantado”
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
1-2
365 S: 10°43’53.0
HO:37°21’49.0”
0,55 50 Inicio da trilha da Mata do Encantado;
ocupação do solo por mata e agricultura;
muitos formigueiros e bordas desmatadas.
2-3
384 S: 10°43’54.2
HO:37°21’48.3”
0,75 50 Presença de lixo; Presença de fungo
decompositores de madeira.
3-4
GPS sem sinal 0,80 50 Presença de troncos no chão; Fungos na
vegetação; Uma árvore queimada na base;
Leito obstruído por árvore caída (desvio
pela esquerda)
Trilha da
Mata do
Encantado
Desmatamento
das bordas da
mata
Agricultura
Lazer
Atividade física
Contemplação
Formigueiros
Pesquisa
Banho na cachoeira
Contato com a fauna
129
Pontos
Elevação
(m)
Coordenadas Larg. do
leito (m)
Distância
(m)
Observações
4-5
GPS sem sinal 0,65 50 Clareira à esquerda; árvore com toca de
animais e árvores obstruindo o leito da
trilha. Som de corpo d´agua.
5-6 GPS sem sinal
0.75 50 Som de animais.
6-7
GPS sem sinal
0,60 50 Presença de heliconias à direita; Tronco de
árvores obstruindo a trilha, som de
pássaros e presença de corpo d’água.
7-8
GPS sem sinal
0,80 50 Muitas palmeiras; Som de cigarras;
Tronco obstruindo o leito da trilha;
Presença de corpo d’água à esquerda.
8-9
GPS sem sinal
0,50 50 Barranco à direita; presença de cachoeira.
9
GPS sem sinal
46 Final da trilha. Cachoeira do Encantado;
Presença de lixo (1 unidade) e troncos no
chão.
TOTAL 396 metros
Fonte: Pesquisa
Para minimizar os impactos, é necessário que haja gestão efetiva, pela quais
ações de manejo, tais como fiscalização, parceria com guias locais, educação ambiental
devem ser implementadas (Quadro 17).
Quadro 17 : Matriz para o Monitoramento da “trilha da Mata do Encantado”
Indicadores de impacto
Limite
aceitável
Forma de
coleta
Freqüência de
monitoramento
Ações de manejo
1-Visitantes
(nº /vez)
Até 10
pessoas
por vez
Contagem
direta
Mensal Guias locais;
Orientação aos
visitantes para que
andem em fila
indiana
Indicadores
recreativos
2- Lixo no
chão
(unidade/
mês)
1 litro
por mês
Coleta
manual
Mensal Educação e
Interpretação
Ambiental.
Indicadores
físicos
3-Formigueiro
na entrada da
trilha
nenhum Contagem
direta
Mensal Orientar aos
agricultores para
que não desmatem
a borda da mata;
fiscalização; multas
Indicadores
ambientais
4-Avistamento
de fauna
No
mínimo 5
por mês
Contagem
direta
Mensal Orientação aos
visitantes para que
evitem barulhos e
não toquem na
fauna.
Fonte: Pesquisa adaptada de Takahashi; Cegana (2006)
130
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O turismo, apesar de ser um meio para a se alcançar a sustentabilidade dos
Parques Nacionais, por utilizar os recursos de maneira indireta, ainda é praticado no
Brasil sem planejamento, o que causa impactos negativos. Para reverter essa realidade é
necessário um programa de Educação Ambiental e a participação da comunidade local
de maneira que se beneficie social e economicamente dessa atividade.
Atualmente o Parque Nacional Serra de Itabaiana encontra-se sem ferramentas
eficientes de gestão, tais como planejamento e monitoramento das trilhas, infra-estrutura
de mínimo impacto, programas de educação e interpretação ambiental, parcerias com
guias locais, recursos humanos suficiente e capacitados, plano de uso público e
sobretudo o Plano de Manejo. A ausência de tais instrumentos de gestão vem
acarretando uma visitação desordenada que compromete a principal razão de sua criação
– a proteção de seus ecossistemas.
A metodologia LAC Limite Aceitável de Câmbio foi eficiente para selecionar
os principais indicadores de impacto, escolher os limites dos indicadores e identificar as
ações de manejo fundamentais para minimizar e reverter os impactos em cada trilha
estudada.
Os danos atribuídos ao uso público devem-se principalmente a uma ineficiente
gestão dos recursos naturais e humanos. Para que a gestão do parque possa ser bem
sucedida é necessário que seus gestores apliquem no cotidiano o planejamento e
monitoramento dos impactos aqui expostos. As matrizes de monitoramento das trilhas
propostas neste estudo são ferramentas importantes para a proteção dos recursos
naturais, uma vez que pode auxiliar aos administradores do parque na seleção de
estratégias de manejo que garantam a sustentabilidade dos ecossistemas. Para sua
aplicação são necessários apenas vontade e recursos humanos. Os recursos humanos
podem ser provenientes da Brigada do Parque, no período de contratação, de Programas
de Voluntariado e de parcerias com condutores locais e universidades.
O PARNASI não tem aplicado instrumentos legais para compatibilizar os
interesses de conservação e de uso publico, tais como desapropriações e compensações
131
ambientais. A falta de recursos financeiros, de uma gestão eficiente e de vontade política
vem acarretando na degradação dos recursos do parque.
Uma vez que está ocorrendo uso público na ausência do Plano de Manejo, é
urgente o estudo que relacione a ocorrência das espécies de fauna e flora estudados com
as áreas de visitação, porque caso as trilhas estejam causando danos à fauna e à flora,
principalmente às espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, devem ser fechadas até
a mitigação do problema.
Das trilha estudadas, a única que está em acordo com os parâmetros de largura
sugeridos por Lenchner (2006) 0,60m à 0,95m é a Trilha da Mata do Encantado.
Porém se não houver monitoramento e educação ambiental, poderá ser alargada.
A contratação e qualificação de recursos humanos e a aquisição de equipamentos
e infra-estrutura adequada o outros requisitos para se alcançar a sustentabilidade do
PARNASI, uma vez que auxilia na minimização os impactos e podem evitar acidentes
bem como melhorar a satisfação dos visitantes.
132
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMANCIO, E; RAMOS, L. Diversidade de artrópodos de solo em três áreas da Serra de
Itabaiana, Sergipe. Publicações Avulsas do Centro Acadêmico Livre de Biologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, n.1, p. 41-46
,
1997.
BARROS, M.I.A. Caracterização da Visitação, dos Visitantes e Avaliação dos
Impactos ecológicos e Recreativos do Planalto do Parque Nacional do Itatiaia.
Piracicaba, Universidade de São Paulo, 2003. 121p. (Dissertação – Mestrado em
Ciências Florestais).
BIERREGAARD, R. O. LOVEJOY, T.E.; KAPOS, V.; SANTOS, A. A.;
HUTCHINGS, W. The biological dynamics of tropical rainforest fragments. Bio
Sciences, v.42, p. 859- 866, 1992.
CARVALHO, C. M.;Vilar, J. C. Levantamento da Biota do Parque Nacional Serra de
Itabaiana. Biologia Geral e Experimental, São Cristóvão, 2005.
CHAPLIN, J. P. Dictionary of Psychology. New York, Dell, 1985.
COSSETTE, P.; AUDET, M. Mapping of an Idiosyncratic Schema. Journal of
Management Studies. v. 29, n. 3, p. 325-348, 1992
DIAS, S.C.; BRESCOVIT, A.D. Microhabitat selection and co-occurrence of
Pachistopelma rufonigrum Pocock (Araneae, Theraphosidae) and Nothroctenus fuxico
sp. nov. (Araneae, Ctenidae) in tank bromeliads from Serra de Itabaiana, Sergipe, Brazil.
Revista Brasileira de Zoologia, n.21. p.789-796, 2004.
FERNANDES, A.C.M; OLIVEIRA, E.F. Diversidade na dieta e aspectos reprodutivos
de duas espécies simpátricas e sintópicas de Tropidurus da Serra de Itabaiana, Sergipe
(Sauria: ropiduridae). Publicações Avulsas do Centro Acadêmico Livre de Biologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, n.1, p.35-40, 1997.
LECHNER, L. Planejamento, Implantação e Manejo de Trilhas em Unidades de
Conservação. Cadernos de Conservação. Paraná: Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza, n.3. jun. 2006.
MAGRO, T. C.; TALORA, D. C. Planejamento e Manejo em trilhas e impactos na flora.
In: I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, 2006, Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro, 2006. CD-ROM.
MITRAUD, S. Monitoramento e controle de impactos de visitação. In: Manual de
Ecoturismo de Base Comunitária: ferramentas para um planejamento responsável.
Brasília: WWF Brasil, 2003.
133
PIVA, E. B. Avaliação e Tipificação dos Impactos do Uso Público nos Núcleos
Santana e Ouro Grosso – Parque Estadual Turístico do Alto da Ribeira, PETAR
(Apiaí-SP). São Carlos, 2003. (Monografia - Universidade Federal de São Carlos).
PONTES, J A. L. Planejamento, manejo de trilhas e impactos na fauna. In: I Congresso
Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas, 2006, Rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro, 2006. CD-ROM.
RAMOS, L.; DENISSON, S. Notas sobre os hábitats e microhábitats de duas espécies
simpátricas de lagartos do gênero Tropidurus da Serra de Itabaiana, Sergipe (Sauria:
Tropiduridae). Publicações Avulsas do Centro Acadêmico Livre de Biologia,
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, n.1, 29-34, 1997.
SANTANA, V. B. Serra de Itabaiana: das brumas do imaginário á cerca invisível.
São Cristóvão: UFS. 2002. 149p. (Dissertação – Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente).
SANTOS, C. Tipificação do lixo no Parque Nacional Serra de Itabaiana. São
Cristóvão: . Universidade Federal de Sergipe, 2006. (Monografia – Engenharia
Agronômica).
SPRING. “Integrating remote sensing and GIS by object-oriented data modelling.
Camara G, Souza RCM, Freitas UM, Garrido J Computers & Graphics, 20: (3) 395-403,
May-Jun 1996.
STANKEY, G.H.; COLE, D.N.; LUCAS, R.C; PETERSEN, M. E;. FRISSELI, S.S. The
Limits of Acceptable Change (LAC) system for wilderness planning. General
Technical Report INT. USDA.Forest Service, Ogden, n. 176, p.1-37, 1985.
TAKAHASHI, L. Y. Uso público em Unidades de Conservação. Cadernos de
Conservação. Paraná: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, ano 02, out.2004.
TAKAHASHI, L. Y.; CEGANA, C. Curso Uso público em Unidades de
Conservação. Paraná: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2006.
TAKAHASHI, L. Y. Monitoramento de indicadores de impactos nas trilhas e percepção
dos visitantes em Unidades de Conservação. In: I Congresso Nacional de Planejamento e
Manejo de Trilhas, 2006, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2006. CD-ROM.
VICENTE, A.; ARAÚJO, G.M.M.; LÍRIO JR, G.P; SANTOS, S.C. Descrição parcial e
preliminar dos hábitats da Serra de Itabaiana, Sergipe. Publicações Avulsas do
Centro Acadêmico Livre de Biologia. São Cristóvão, 1997.
134
APÊNDICE A - ROTEIRO DA ENTREVISTA COM OS VISITANTES
Visitante n°______
1- Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino 2- Cidade de origem:__________ 3- Idade:____
4- Escolaridade:_________ 5- Com que freqüência visita o parque? _________
6- a) Por onde você teve acesso ao parque?_______________________
b) Seu acesso foi registrado por algum funcionário do parque? ( ) Sim ( ) Não
7- Você veio em grupo de quantas pessoas?_______
8- a) Quem te acompanha?___________________________
b) Se por guia, de qual ancia de turismo? ________________
9- Qual é a atividade de recreação preferida durante a permanência no Parque?
( ) visita ao Parque ( ) caminhada na trilha ( ) acampamento ( ) banho
( ) piquenique ( ) esporte de aventura. Qual?__________________
( ) outra atividade. Qual?_____________
10- a) Em a escala: (1) péssimo, (2) ruim, (3) regular, (4) bom e (5) excelente, qual valor você
daria para:
( ) Áreas sem vegetação (clareira) ( ) Quantidade de lixo e dejetos
( )Árvores danificadas ( ) Condições de caminhadas nas trilhas
( ) Receptividade ao visitante ( ) Infra-estrutura de visitação
( ) Ruído provocado por outras pessoas ( ) Número de visitantes
11- Você retornaria ao parque?___________________________________________________
11- a) Você acha que o parque interfere nas comunidades do entorno? ( ) Sim ( ) Não
b) Se sim, ( ) Positivamente ou ( ) Negativamente?
c) Se sim, de que maneira? ______________________________________________________
12- Sugestões ou Reclamações ___________________________________________________
Obrigada pela atenção!
135
APÊNDICE B – PROGRAMAÇÃO DO CURSO DE ECOTURISMO E
INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
MÓDULO I
PROGRAMAÇÃO
COORDENAÇÃO: Ivana Silva Sobral Oliveira
INSTRUTORES: Elias Silva (Guia de Ecoturismo)
Ivana Sobral (Bióloga e Mestranda em Agroecossistemas/UFS)
CARGA HORÁRIA: 24 horas
DATA: 4 à 7 de junho de 2007
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Ecoturismo e Interpretação Ambientais
- Princípios básicos
- Sustentabilidade
- Atividades ecoturísticas
- Atrativos ecoturísticos
- Parque Nacional Serra de Itabaiana
- Ecoturismo no Parque Nacional Serra de Itabaiana
- Técnicas de condução de grupos
- Condutor de visitantes
- Guia de Ecoturismo
- Técnicas de Interpretação Ambiental
- Meios de Interpretação Ambiental
SERGIPE, 2007
136
APÊNDICE C – LISTA DE PRESENÇA DO
CURSO DE ECOTURISMO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
LISTA DE PRESENÇA
1- Ailton dos Santos
2- cero Romão Batista Silva
3- Claudomilton de Jesus Santos
4- Givaldo da Conceição
5- Givanilson do Espírito Santo Mendonça Junior
6- Hélio dos Santos Resende
7- José Ventura Santos Neto
8- Josivan deJesus Vasconcelos
9- Leandro Meneses dos Santos
10- Roberto dos Reis
11- William dos Santos Menezes
137
APÊNDICE D - FICHA PARA CARACTERIZAR AS TRILHA
PRINCIPAIS DA SERRA DE ITABAIANA
Trilha: ______________________________________
Início: Local__________________________ Coordenadas _____________________
Fim: Local__________________________ Coordenadas __________________________
Comprimento total:______________ Duração da caminhada: _________
Classificação:
a) Quanto à função: ( ) curta distância ( ) longa distância
b) Quanto à forma: ( ) circular ( ) em oito ( ) linear ( ) em atalho
c) Quanto à dificuldade: ( ) fácil ( ) com obstáculos naturais ( ) exige habilidade específica
Tipo de uso: ( ) caminhada ( ) bicicleta ( ) moto ( ) carro outro______________
Fiscalização: ( ) presente ( ) ausente Tipo:______________________________________
Obras (Quais/ pontos): ___________________________________________________________
Sinalização (Quais/ pontos): ______________________________________________________
138
APÊNDICE E - FICHA PARA O LEVANTAMENTO DOS IMPACTOS “POR
PONTO” DAS TRILHAS
Trilha: ___________________________________
Ponto n.°:____ Local de referencia: ______________________________
Coordenadas: ___________________________________________ Elevação:________
Quantidade de fotos:_______ Largura do leito da trilha:____________
Presença de corpo d’água: ( ) sim ( ) não. Qual? _______________________________
Uso e ocupação do solo: ( ) mata ( ) agricultura ( ) pecuária
Impacto no ponto: ( ) Não ( ) Sim Qual? _______________________________
Indicadores de impactos da trilha:
a) Sociais: Quantidade de lixo por semana____________ N° de visitantes por semana______
b) Físicos: N° de clareiras__________ N° de Área de clareiras_______
N° de fogueiras_____ N° de trilhas paralelas ou duplicadas______
c) Biológicos: N° de árvores com cicatrizes_____ N° de árvores mutiladas_____
N° de árvores com raízes expostas na margem da trilha_____
Freqüência de avistamento de fauna_____
Freqüência de avistamento de ninhos_____
Modo de identificação do impacto: ( ) campo ( ) depoimento ( )pesquisa bibliográfica
Observações importantes:____________________________________________________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo