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Nesse sentido, a leitura se dá no entrecruzamento da “palavra lida e/ou impressa
no texto e as contrapalavras do leitor” (BERNARDES E FERNARDES, 2005, p.132).
Contudo, é inviável qualquer tentativa de previsão das contrapalavras do leitor, o que
nos permite afirmar que podem ser múltiplos os sentidos criados em uma leitura.
Para Bakhtin (citado por Bernardes e Fernandes, 2005, p.133), essa
multiplicidade de sentidos emana da incessante recontextualização dialógica da ação
humana, do movimento da história, que constantemente cria novos contextos. Na
mesma direção, inscreve-se a mudança nos suportes materiais da escrita, criadores de
novas formas para os textos em que são gerados, também, novos modos de operação do
pensamento, bem como de construção do sentido (na leitura).
A construção do sentido, conforme a propomos, deve ser entendida levando-se
em conta, além de sua ligação com o contexto e com as formas dos textos já vistas até
aqui, sua relação com a forma de entrada do leitor no texto. Ao se pensar na escola, é
preciso que se leve em conta o modo como o professor propõe (os textos) à leitura.
Nesse aspecto, quando solicitei aos sujeitos, participantes do flanco empírico desta
pesquisa, que buscassem respostas às questões de pesquisa, o intento era não só o de
verificar a compreensão, mas, também, o de estabelecer um modo diferente de entrada
no texto, “partindo da compreensão” (ARENA, 2006, p.415). Assim, o leitor possuiria
um objetivo claro de leitura.
Nessa direção, a compreensão não é um mero produto, mas a intenção, segundo
Arena (2006) “com a qual parte o leitor ao elaborar, em suas relações históricas,
culturais e sociais, formulações interrogativas, mesmo que esboçadas, com a expectativa
de encontrar respostas, consistentes ou não” (ARENA, 2006, p.415).
Dito de outra maneira,
Durante o processo de compreensão, constituído pela ação do leitor, em
diálogo com o texto, formulações encontram respostas pouco claras, mas
que, por sua própria natureza, provocam novos esboços de formulações
em busca de novas respostas. A leitura, entendida desse modo, não se
configura como material imobilizado para ser adquirido ou estimulado ou
ensinado, mas um feixe de dados, procedimentos, elaborações mentais,
diálogos construídos e desconstruídos em flashes, idéias e ações linkadas
e rapidamente relinkadas (ARENA, 2006, p.415).
Desse modo, ao aplicar o arcabouço proposto por Arena (2006), tentei fomentar
uma nova forma de entrada no texto, uma nova maneira de operar o pensamento para e