Download PDF
ads:
Universidade Federal de Minas Gerais
Instituto de Geociências
Elivelton da Silva Fonseca
ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE
PARASITOSES E CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO
PARA O MUNICÍPIO DE OURO PRETO/MG, COM O
APOIO DO GEOPROCESSAMENTO.
IGC/UFMG
Belo Horizonte – Minas Gerais - Brasil
Fevereiro/2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG – Instituto de Geociências
Programa de Pós-graduação em Geografia
ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE PARASITOSES E CONDIÇÕES DE
SANEAMENTO BÁSICO PARA O MUNICÍPIO DE OURO PRETO/MG, COM O
APOIO DO GEOPROCESSAMENTO.
Elivelton da Silva Fonseca
Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de
Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia,
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em
Geografia, Área de Concentração; Organização do Espaço.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Clara Mourão Moura
Co-Orientador: Prof. Dr.George Lins Machado Coelho
IGC/UFMG
Belo Horizonte- Minas Gerais - Brasil
Fevereiro/2008
ads:
ii
Dedico esta dissertação a minha família,
pelo apoio e compreensão
iii
Agradecimentos
Agradeço primeiro a Deus.
Meus pais, pelo apoio e compreensão na distância.
Aos meus irmãos, pelo apoio.
A minha orientadora e exemplo, Ana Clara, que sempre me incentivou com seu
apoio, paciência, prestatividade e clareza nas explicações.
Ao meu co-orientador George, pelo apoio e tratamento diferenciado em Ouro Preto
(fez a cidade se parecer trabalho de uma maneira mais sutil). O trabalho que deu origem a
esta dissertação veio de um longo caminho percorrido pela minha orientadora e meu co-
orientador, em que os dois se destacaram pelo interesse e paixão em entender o contexto de
Ouro Preto/MG, e me incentivaram a contribuir para este trabalho, gerando uma sinergia
positiva.
Aos amigos que fiz no Geoprocessamento da UFMG, Vladimir, Débora, Graziele,
Ana Maria, Sheila, Carla e Charles (todos). Esta equipe nos auxiliou quando resolvemos
alguns impasses metodológicos e aprendi muito com eles.
Aos Agentes Comunitários de Saúde que nos auxiliaram em um levantamento de
informações para correção de base cadastral, coordenado por nossa equipe.
Aos amigos que fiz ao longo desta caminhada na área da saúde: André, Cristiane,
Paula, Angela, Suely, Clarisse, Mônica, Ronilson, Janaína, Claudia, Zélia, dentre outros.
A minha companheira Tatiana, por sempre acreditar em mim, pela dedicação, pelo
amor incondicional e apoio nas decisões mais importantes.
iv
Siglas
ArcView - aplicativo de Geoprocessamento – Sistema Informativo Geográfico
CGP - Centro de Geoprocessamento.
GPS - Global Position System.(Sistema de Posicionamento Global)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IGA - Instituto de Geociências Aplicadas.
LAPAC - Laboratório de Análises Clínicas.
LEPI - Laboratório de Epidemiologia.
MS – Ministério da Saúde.
SAGA - Sistema de Análise Geo-Ambiental.
SIG – Sistemas Informativos Geográficos.
SMS – Secretaria Municipal de Saúde.
SPSS - Aplicativo de Análises Estatísticas
SQL – Structure Query Language.
SUS - Sistema Único de Saúde.
SVS – Sistema de Vigilância em Saúde.
UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais.
UFOP- Universidade Federal de Ouro Preto.
WHO – World Health Organization.
v
Índice de Figuras
Figura 1: Ocorrência de Cólera em Londres 10
Figuras 2 e 3 – Abastecimento de água e Coleta de esgoto 28
Figuras 4 e 5 – Limpeza urbana e Coleta de lixo 28
Figura 6: Relação entre categorias utilizadas para medir desigualdades 31
Figura 7: Modelo das relações pessoa, lugar, tempo 34
Figura 8 a e b: Ciclos de transmissão de enteroparasitas 39
Figura 9 – Não-coincidência da base de pontos 62
Figura 10 - Localização dos pontos georreferenciados em Ouro Preto 63
Figura 11 a e b – Exemplos de croquis feitos pelos agentes em Ouro Preto 64
Figura 12- Processo de tratamento para a correção da base de dados 65
Figura 13 - Aproveitamento da base de dados de domicílios 68
Figuras 14 a e b - Nuvem de pontos antes e depois da filtragem 68
Figura 15 – Indexação de tabela de dados alfanumérica 71
Figura 16- Matriz de pixels com dados por setor censitário 72
Figura 17 – Combinações realizadas em ambiente SAGA 76
Figura 18 – Cruzamentos necessários para a síntese de Distribuição da
Infra-estrutura de Saneamento de Ouro Preto
77
Figura 19 – Cruzamentos necessários para a Síntese de Distribuição da Renda
em Ouro Preto
78
Figura 20 – Cruzamentos necessários para a Síntese de Distribuição da
Escolaridade em Ouro Preto
78
Figura 21 – Cruzamentos necessários para a Síntese de Distribuição da
População de Ouro Preto
79
Figura 22 – captura de tela da opção density, do Spatial Analyst.
83
vi
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Pontos de coleta com GPS e fotos
Tabela 2 – Freqüência de exames de enteroparasitoses realizados por sexo 86
Tabela 3 a e b – (a) Frequência dos resultados de exames por idade e (b)
frequência dos resultados positivos de exames por idade
87
Tabela 4 – Número de ocorrências de anemia observado na amostra 88
Tabela 5 – Freqüência da amostra por espécie de enteroparasita 89
Tabela 6 – Freqüência de enteroparasitoses da amostra por bairros e
percentual encontrado
91
Tabela 7 – Freqüência da amostra por poliparasitismo 92
Tabela 8 – Freqüência do tipo de abastecimento de água 112
Tabela 9 – Freqüência do tipo de coleta e destinação do lixo 116
Tabela 10 – Freqüência dos dias de coleta de lixo 118
Tabela 11 – Freqüência dos tipos de destinação do esgoto 119
Tabela 12 - Assinatura da síntese de população e ocorrência de parasitoses 123
Tabela 13 - Assinatura do abastecimento de água e ocorrência de parasitoses 124
Tabela 14 - Assinatura da coleta e destinação do esgoto e ocorrência de
parasitoses.
125
Tabela 15 - Assinatura da coleta e destinação do lixo e ocorrência de
parasitoses.
126
Tabela 16 - Assinatura da renda e ocorrência de parasitoses 127
Tabela 17 - Assinatura da escolaridade e ocorrência de parasitoses 127
Tabela 18 - Assinatura da Síntese de infra-estrutura de saneamento e
ocorrência de parasitoses
128
vii
Índice de Mapas
Mapa 1 – Localização de Ouro Preto. 47
Mapa 2 – Localização das fotos georreferenciadas e coletadas no trabalho de
campo.
50
Mapa 3 – Reconhecimento das tipologias de ocupação de Ouro Preto no
espaço.
57
Mapa 4 – Síntese de Qualidade de Vida Urbana em Ouro Preto. 58
Mapa 5 – Distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos. 95
Mapa 6 – Distribuição espacial dos casos de parasitoses por setor
censitário.
96
Mapa 7 – Distribuição espacial das Geo-helmintoses. 97
Mapa 8 – Distribuição espacial das Protozooses de veiculação hídrica. 98
Mapa 9 – Distribuição da população em Ouro Preto 106
Mapa 10 – Média dos rendimentos por setor censitário em Ouro Preto. 107
Mapa 11 – Qualitativo da Renda baseado em média dos rendimentos mensais
por setor.
108
Mapa 12 – Distribuição da média dos anos de estudo por setores censitários. 110
Mapa 13 – Síntese da escolaridade em Ouro Preto. 111
Mapa 14 – Domicílios com abastecimento de água em Rede Geral em Ouro
Preto.
114
Mapa 15 – Síntese de abastecimento de água. 115
Mapa 16 – Síntese de infra-estrutura de coleta e destinação do lixo. 118
Mapa 17 – Síntese de infra-estrutura de coleta e destinação de esgoto. 120
Mapa 18 – Síntese de infra-estrutura de saneamento. 121
Mapa 19 –Consolidado de informações espaciais 129
viii
Índice de Fotografias
Fotografia 1 – bairro Bauxita 51
Fotografia 2 – Morro Santana 51
Fotografia 3 – Morro da Queimada 51
Fotografia 4 – Morro da Queimada 52
Fotografia 5 – Santa Cruz 52
Fotografia 6 – Rosário 52
Fotografia 7 – Vila Aparecida 53
Fotografia 8 – Vila dos Operários 53
Fotografia 9 – Santa Isabel 53
Fotografia 10 – Saramenha 54
Fotografia 11 – Morro do Cruzeiro 54
Fotografia 12 – Padre Faria 54
Fotografia 13 – Águas Férreas 55
Fotografia 14 – Alto da Cruz 55
Fotografia 15 – Alto da Cruz 55
Índice de Quadros
Quadro 1 - Conjunto de variáveis do Censo 2000 69
Quadro 2 - Temas do Projeto Cartográfico 74
Quadro 3 - Planos de Informação do Projeto Cartográfico. 75
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Distribuição dos exames por sexo e resultado 84
Gráfico 2 - Distribuição dos exames por ano, convênio e resultado 85
Gráfico 3 - Pirâmide etária da amostra populacional dos exames 86
Gráfico 4 - Resultados dos exames segundo o ano de realização 88
Gráfico 5 - Resultados dos exames segundo o ano de realização e o sexo 89
i
x
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
01
OBJETIVOS
04
JUSTIFICATIVA
05
CAPÍTULO 1 – A ABORDAGEM ESPACIAL COMO ARGUMENTO
DAS PESQUISAS GEOGRÁFICAS NA SAÚDE
07
1.1 – Estudos já realizados na área de Geografia da Saúde 07
1.1.1 – Os Primeiros Estudos 07
1.1.2 – O século XIX/XX- A Unicausalidade das Doenças 09
1.1.3 – Início do séc. XX - A Geografia Tradicional e a Saúde 11
1.1.4 – Meados do séc. XX - A Ecologia Humana 15
1.2 – Tendências atuais na abordagem Geográfica da saúde 20
1.2.1 – As Variáveis Ambientais 26
1.2.2 – As Variáveis Sócio-espaciais 30
1.2.3 – Novos Paradigmas da Geografia da Saúde 32
1.3 – Abordagens Geográficas das Enteroparasitoses 36
CAPÍTULO 2 - O APOIO DO GEOPROCESSAMENTO NO
ENTENDIMENTO DE FENÔMENOS ESPACIAIS
42
CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 47
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA 59
4.1 – Discussão das Fontes de Dados 59
4.1.1. – Tratamento dos dados pontuais 60
4.1.2. – Tratamento dos dados zonais (Importação dos Dados IBGE) 69
4.2 – Projeto Cartográfico 72
4.3 – Proposição de Cruzamentos das Variáveis e dos Indicadores 75
4.4 – Aplicação de métodos de análise em Geoprocessamento 80
4.5 – Aplicações do Kernel 81
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 84
5.1 – Análise do Banco de Dados Alfanumérico de Parasitoses 84
5.2 – A Análise Espacial do Banco de Dados de Parasitoses 93
5.2.1 – Resultados de Himenolepis nana 99
5.2.2 – Resultados de Taenia sp 99
x
5.2.3 – Resultados de Strongyloides stercoralis 99
5.2.4 – Resultados de Ancilostomídeos 100
5.2.5 – Resultados de Enterobius vermiculares 100
5.2.6 – Resultados de Schistosoma mansoni 100
5.2.7 – Resultados de Ascaris lumbricoides 101
5.2.8 – Resultados de Trichuris trichiura 102
5.2.9 – Resultados de Iodameba butschlii 102
5.2.10 – Resultados de Entamoeba histolytica/díspar 103
5.2.11 – Resultados de Endolimax nana 103
5.2.12 – Resultados de Giardia lamblia 104
5.2.13–Resultados de Entamoeba coli 104
5.3 – Análise das Variáveis de Saneamento 104
5.3.1 – Dados de distribuição da população 105
5.3.2 – Dados de Renda 106
5.3.3 – Dados de Escolaridade 108
5.3.4 – Dados de Abastecimento de Água 111
5.3.5 – Dados de Destinação do Lixo 116
5.3.6 – Dados de Destinação do Esgoto 119
5.3.7 – Síntese de infra-estrutura de saneamento 121
5.4 – Combinações de Variáveis de Sócio-ambientais e Enteroparasitoses 122
5.4.1 – Distribuição da População por Setores e Enteroparasitoses 123
5.4.2 – Síntese de Abastecimento de Água e Enteroparasitoses 124
5.4.3 – Síntese de Coleta e Destinação do Esgoto e Enteroparasitoses 125
5.4.4 – Síntese de Coleta e Destinação do Lixo e Enteroparasitoses 125
5.4.5 – Rendimentos Médios por Setor e Enteroparasitoses 126
5.4.6 – Síntese de Escolaridade e Enteroparasitoses 127
5.4.7 – Síntese de Infra-estrutura de saneamento e Enteroparasitoses 128
CONCLUSÕES
131
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
134
ANEXOS
143
xi
Resumo
Estudo da Distribuição Espacial de Parasitoses e Condições de Saneamento Básico
para o Município de Ouro Preto/MG, com o Apoio do Geoprocessamento.
Elivelton da Silva Fonseca
O processo saúde-enfermidade vem se apoiando em técnicas de gestão ambiental que
mostrem acertadamente onde intervir e como os mecanismos de transmissão das doenças
se alocam no ambiente. Com o intuito de utilização destas técnicas, mergulhamos na
diversidade de informações fornecidas pelo contexto de Ouro Preto para atingirmos nosso
enfoque, que é a população que demanda exames para o SUS e particulares, e atingir a
análise no nível de domicílio das ocorrências das enteroparasitas. O objetivo geral do
trabalho é compreender, dentro da ótica espacial, as relações existentes entre a distribuição
de enteroparasitoses de veiculação hídrica e por solos contaminados e as condições sócio-
ambientais da cidade, através do uso de recursos de Geoprocessamento. Para atingirmos
este objetivo foi necessária a construção de bases de dados, estatística e as ferramentas do
Geoprocessamento, na elaboração de análise espaciais. O conjunto de dados é resultante de
coletas de exames do Lapac-UFOP, dados de infra-estrutura por domicílios coletados pelo
LEPI-UFOP e SMS-OP e a base de dados do censo 2000 do IBGE. A primeira etapa
metodológica foi a elaboração da base cartográfica e o tratamento da base de dados
alfanumérica, para cruzamento em plataforma SIG. Realizamos uma junção dos dados de
exames com os dados de infra-estrutura por domicílios, através do processo de
geocodificação dos endereços. O tratamento dos dados de infra-estrutura de saneamento
por setor censitário foi realizado através de conversões vetor/raster. No caso dos dados de
exames, trabalhados na escala de domicílios, realizamos a análise espacial pela estatística
de kernel. As camadas de variáveis foram cruzadas na metodologia da Árvore de Decisões,
visando a geração de sínteses. Verificamos também a correlação espacial das variáveis de
saneamento e sócio-espaciais com as enteroparasitoses. A partir de trabalho de campo
construímos um mapa mental no qual destacamos as tipologias de ocupação do espaço da
cidade, para que o leitor acompanhe a análise e se insira na paisagem. Através da discussão
dos resultados obtivemos subsídios para indicar as principais áreas com prioridade de
intervenção, que são: Morro Santana, Morro da Queimada, Antonio Dias, áreas de
ocupação mais recente. Bairros como o Centro e o Pilar possuem menor prioridade de
intervenções. Através dos resultados das varreduras espaciais constatamos a forte
xii
correlação entre a ocorrência de enteroparasitoses e escolaridade, renda, concentração de
pessoas no setor e infra-estrutura de esgoto. Uma fraca correlação espacial foi observada
da infra-estrutura de lixo com as parasitoses e com o abastecimento de água. Com a infra-
estrutura de saneamento (água, lixo e esgoto) observamos uma correlação significativa.
Como conclusão do trabalho, destacamos a grande possibilidade do gestor de saúde de
Ouro Preto investir no potencial que são os agentes de saúde, em trabalhos
descentralizados, utilizando os mesmos como multiplicadores de políticas de saneamento
educativas e incisivas. Em nosso estudo seguimos a tendência contemporânea no
pensamento geográfico com foco no indivíduo e sua inserção, para então ampliar por
efeitos de irradiação dos resultados. Atendemos esta meta com o estudo de dados
desagregados das informações espaciais para a ocorrência de enteroparasitas.
xiii
Abstract
Study of Spatial Distribution of Parasitism and Sanitary Conditions in the
Municipality of Ouro Preto/MG, Supported by Geoprocessing
The health-disease process has been supported by environmental management
techniques that prove where to intervene and how transmission mechanisms illnesses are
adapted on environment. We’re exploring an interface of Ouro Preto health context
through information to get focus on population who demands SUS and private tests,
besides to achieve residence analyses of enteroparasitism occurrence. The main objective
of this work is to understand the relations between distribution of enteroparasitism by
hidric propagation and contaminated soil with socioambiental city conditions using Geo
processing resources on a spatial view. The objective is obtained by using database,
statistical stools like geo statistic and Geo processing for analyses profile. The resulting
data are formed by exams collected by Lapac-UFOP, by residence collected by LEPI-
UFOP and SMS-OP and IBGE data basis census 2000. At first, the method phase was the
elaboration of cartographical basis and treatment of alphanumeric data basis for crossing in
SIG platform. It was attached health tests with infrastructure residences data through the
process of geo coding addresses. Treatment of sanitation infrastructure data for census
sector was done by vector / raster conversion. In the case of health exams got for residence,
spatial analyses supported by kernel statistic were done. Both were crossed by Decision
Tree method in order to create synthesis. It was verified a spatial correlation between
sanitation and socio spatial variable with parasites. Analyzing results we made a mental
map sketched on which we show typologies of city occupation in unities to get the idea of
recognition. After discussing the results we achieve subsidies to indicate residential areas
that need priority to intervention: Morro Santana, Morro da Queimada, Antonio Dias, and
recently occupied areas. Centro e Pilar are residential areas with less priority. The results
of spatial scanning showed a strong correlation between enteroparasitism and schooling,
income, public locations, sewerage system. There was a weak spatial correlation between
garbage with parasitism and water supply. It concludes that Ouro Preto administration
may invest more in health agents, using them as multipliers in sanitation politic and health
education. Showing the priority areas for intervention is a good strategy for spatial
management too.
1
INTRODUÇÃO
A busca por instrumentos eficazes e rápidos de entendimento das condições
humanas é um questionamento que existe em saúde atualmente. O processo saúde-
enfermidade tem cada vez mais se apoiado em técnicas de gestão ambiental, que
mostrem mais acertadamente onde intervir e como os mecanismos relacionados com a
transmissão das doenças se alocam no ambiente.
É próprio de o conhecimento geográfico entender estas indagações, tendo em vista
que se fundamenta no estudo do espaço das relações sociais. Ver o ambiente urbano
como o organismo dotado da vida social facilita o entendimento do mesmo como
dinâmico, e das relações entre os organismos patogênicos e o homem.
Acredita-se que unir o modelo espacial com o modelo da clínica estabelece a ponte
entre a Geografia e as ciências da saúde, sobretudo a Epidemiologia, num argumento
capaz de levantar as vulnerabilidades sociais e ambientais que predispõem à ocorrência
de doenças. A epidemiologia é responsável por entender como a doença se comporta em
organismos humanos e a magnitude (numérica) de sua distribuição, e a Geografia da
Saúde por estabelecer a relação desta doença com o espaço, destacando o padrão
espacial de sua distribuição.
Uma grande preocupação do sistema de saúde no Brasil e do mundo é a busca por
uma mudança nos hábitos de vida em prol da saúde, com a atenção básica
1
. A promoção
de saúde se baseia em ações voltadas a melhoria de qualidade de vida da população para
prevenção das doenças, com políticas educativas, agentes comunitários e de endemias e
todo o aparato técnico que a população demanda.
O SUS e as instituições de saúde vêm definindo metas para promover estas
mudanças; apesar de ser um caminho longo e tortuoso, uma vez que nossa saúde é
1
Segundo o MS a atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e
coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde”. É desenvolvida por meio do exercício de práticas
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a
populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a
dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. É o contato preferencial dos usuários
com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação
do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade
e da participação social. Fonte: Portal da Saúde, acesso 01/10/2007.
2
fundamentada no modelo da clínica, que veio da “teoria microbiana”, com intervenções
no corpo tão somente, considerando menor a importância do ambiente de proliferação
(PEITER, 2005).
Um argumento que complementa estas formulações são as metodologias apoiadas
no Geoprocessamento, tendo em vista que tratam as informações justamente na carência
do modelo da clínica, pois é um conjunto de métodos e técnicas destinadas à coleta,
armazenamento, representação e análise de dados espacialmente localizados. Em muitos
casos o processo saúde-doença está integrado às condições do espaço. Correlacionando
variáveis ambientais com a ocorrência de doenças, a importância destas metodologias
está na busca pelas causas das mesmas, se estas estão espacialmente distribuídas.
Buscamos entender o contexto urbano da saúde por meio de uma revisão que
direciona nosso tema dentro da Ecologia humana e de autores consagrados do contexto
do urbanismo moderno. Também mergulhamos na interface da saúde com a diversidade
de atores e vocações do contexto urbano, principalmente para atingirmos nosso enfoque,
que é o recorte da população que demanda serviços de exames para o SUS e
particulares, bem como atingir a análise no nível de domicílio, das ocorrências das
enteroparasitoses em Ouro Preto.
Entendemos que o trabalho permite que novos interesses pela pesquisa em saúde de
Ouro Preto sejam despertados, produzindo uma base de dados para consultas e
atualizações futuras, tanto da prefeitura como para outros, atingindo assim a esfera da
relevância social e da interação entre o aprendizado acadêmico e a pesquisa.
Sendo assim, estudos como este tem como premissa básica a busca, não só por
aquisição de conhecimento, mas por integração social e consciência do papel que
exercemos enquanto propositores de metodologias aplicáveis à comunidade. Além disto,
a publicação dos resultados traz informações para novas intervenções e conhecimento de
outras instituições que se interessem pelo tema.
Como forma de fornecer subsídios aos planejadores em saúde, esperamos
possibilitar uma melhoria nos serviços prestados à população do município de Ouro
Preto; principalmente com o levantamento das áreas susceptíveis para ações efetivas dos
programas no combate aos agravos.
A observação da relação causa-efeito da ocorrência de enteroparasitoses por
domicílios nos possibilita uma interface entre várias áreas do conhecimento, e uma
3
parceria entre o poder público e a universidade; a fim de alcançar uma proposta mais
próxima do que chamamos interdisciplinar da saúde, na qual o geógrafo cada vez mais
se enquadra.
Através de levantamentos de dados e constantes trocas de informações entre os
membros de nossa equipe, pudemos dar continuidade a um trabalho que sabemos que
abre precedente para outras análises. Destacamos a significância de momentos como a
campanha de correção de base cadastral coordenada por nossa equipe, no qual contamos
com a ajuda dos Agentes Comunitários de Saúde para um levantamento de informações,
melhor descrito na metodologia (capítulo 4). Notamos a riqueza de percepção que os
agentes puderam elaborar na construção de croquis com as ruas da cidade e analisamos
suas impressões.
A dissertação foi estruturada em seis capítulos. O primeiro capítulo trata da
fundamentação teórica envolvendo o espaço e temas relacionados à saúde, na
perspectiva da Geografia da Saúde e suas construções, seus dilemas e sua importância
no cenário atual da pesquisa científica. Neste capítulo descrevemos também a
epidemiologia das enteroparasitoses.
O segundo capítulo é sobre o Geoprocessamento e suas aplicações nos dias atuais.
O terceiro capítulo descreve um pouco de Ouro Preto, nossa área de estudo.
O quarto capítulo trata da metodologia, desde a aquisição dos dados, tratamento dos
mesmos a fim de alcançar o objetivo final.
E por fim, o último capítulo trata dos resultados das análises realizadas e sua
discussão e o sexto capítulo são as conclusões do trabalho.
4
OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho é compreender, dentro da ótica espacial, as relações
existentes entre a distribuição das enteroparasitoses de veiculação hídrica e por
solos contaminados e as condições sócio-ambientais de Ouro Preto, sobretudo em
seu sistema urbano, do ano de 1995 a 2000, através do uso de recursos de
Geoprocessamento.
As perguntas iniciais que nortearam a pesquisa foram: Como é a distribuição das
enteroparasitoses (amostra) em Ouro Preto? Como é a distribuição da população de
Ouro Preto? Como se distribui o abastecimento de água? Como se distribui a coleta de
lixo? Como se distribui a coleta de esgoto? Quais são as relações existentes entre as
variáveis sócio-ambientais e a magnitude da distribuição das enteroparasitoses no
espaço?
De posse de várias camadas de informações espaciais sobre Ouro Preto, ainda sem
análises, estruturamos as seguintes hipóteses:
1. As condições sócio-ambientais e de saneamento básico dos domicílios da área
urbana de Ouro Preto influenciam a ocorrência de enteroparasitoses na
população urbana,
2. A espacialização de ocorrências de variáveis de saúde acarreta ganho de
conhecimento na caracterização e compreensão do fenômeno, sendo recurso
eficaz para levantamento de susceptibilidade de áreas para ações efetivas de
políticas públicas,
3 Nosso estudo pode fornecer subsídios à identificação das ocorrências das
parasitoses de veiculação hídrica e de ambientes de exposição, sobretudo no
meio urbano, que virá a ser apoio à gestão de saúde no Município de Ouro Preto.
A apresentação dos objetivos secundários e do cumprimento de algumas tarefas se
faz necessária em busca de atingirmos o objetivo geral. São eles:
o Caracterizar as condições sócio-econômicas e de saneamento da
amostra populacional estudada, população que realizou exames
laboratoriais no Lapac - UFOP, (1995-2000),
o Avaliar o perfil da população que procurou o Laboratório Piloto de
5
Análises Clínicas (Lapac) da UFOP também entre 1995 e 2000 para
realizar exames laboratoriais de enteroparasitoses, por meio de
cruzamentos de informações de habitação, renda, escolaridade, faixa
etária e gênero e,
o Espacializar e discutir, em específico, os dados de exames
laboratoriais com as ferramentas de análises espaciais, sobretudo a
análise de processos pontais.
JUSTIFICATIVA
O papel da Geografia da Saúde é entender a distribuição dos fenômenos de
saúde, relacionando as fragilidades humanas com os gêneros de vida, no intuito de
programar melhorias na qualidade da vida humana.
Esta pesquisa se justifica por estabelecer a relação saúde-doença-ambiente com a
finalidade de extrapolar as ações que têm sido feitas, no sentido de que estejam somente
agindo nas conseqüências e não nas causas, diante das condições insalubres, ou seja, no
output do sistema, desconsiderando um sistema inter-relacionado de condições humanas
e condições ambientais.
Outro fato observado é a amplitude da distribuição espacial dos enteroparasitas
nos países em desenvolvimento, sobretudo em condições precárias de saneamento e nas
faixas etárias mais jovens (LUDWING et al, 1999. CARNEIRO et al, 2002. FERREIRA
e ANDRADE, 2005. SATURNINO et al, 2005). Segundo Ferreira e Andrade (2005, p.
402) “O parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde
Pública no Brasil, principalmente pela sua correlação com o grau de desnutrição das
populações [...]”.
Segundo Waldman e Chief (1989) apud Carmo e Alves (2005, p.9-10):
“No Brasil, observou-se diminuição na prevalência de infecção por enteroparasitas nos
últimos 30 anos, mas mesmo algumas áreas com índices privilegiados de desenvolvimento
ainda apresentam taxas de infecção próximas a 30% quando se considera a ocorrência de
pelo menos uma espécie de enteroparasita[...].
6
Segundo os autores, apesar de no Brasil terem sido realizados poucos trabalhos e
com populações bastante heterogêneas, de 1980 a 2001, as prevalências variaram
bastante de acordo com o recorte populacional, de 15% para menores de 24 meses, de
80% para grupos de manipuladores de alimentos. No caso de escolares variou entre 23,3
e 66,3 %. Nas populações de periferia, a prevalência foi de 68,9% para pelo menos um
parasita.
Muitos estudos apresentam falhas de informações não só por trabalharem com
populações heterogêneas, mas devido a amostragens enviesadas por trabalharem apenas
pelos atendidos em laboratórios do SUS, que por um lado podem superestimar a
prevalência da doença por incluir apenas as classes menos privilegiadas e de outro
subestimar por não incluírem todos os seguimentos da sociedade.
Em Ouro Preto, a freqüência de enteroparasitas é de 33,4% para a amostra estudada
(6658 exames), e na faixa etária de zero a dez anos, encontramos a freqüência de 13%.
O principal parasita encontrado na amostra foi o Ascaris lumbricóides.
O município de Ouro Preto possui uma população de 38.301 habitantes (IBGE,
2000) na área urbana que não possui cobertura de saneamento urbano concessionada, e
enfrenta alguns problemas com relação à aceitação e implementação de políticas de
tratamento da água. Um dos problemas enfrentados é que não há no município um
controle efetivo da qualidade da água para o consumo humano, nem mesmo queixa da
população com relação à falta de qualidade, devido ao fato de não se pagar para o
tratamento da água local.
Considerando este contexto, destacamos a importância de um estudo estruturado
em tais fragilidades do município, a fim de criar ferramentas para o planejamento de
ações públicas para auxiliar na resolução destes problemas, possibilitando um destaque
para as fragilidades em áreas específicas, bem como o entendimento da condição
estrutural dos domicílios da cidade.
Outro ponto que justifica nossa pesquisa é a produção de novas informações úteis a
partir dos dados coletados pelo Lapac e pelo Laboratório de Epidemiologia (LEPI) da
UFOP. Isto foi possível com o apoio do Geoprocessamento, que tem se mostrado o
instrumento mais adequado para construir cenários do ambiente de estudo, utilizando o
detalhamento e cruzamento de informações.
7
CAPÍTULO 1 – A ABORDAGEM ESPACIAL COMO ARGUMENTO DAS
PESQUISAS GEOGRÁFICAS NA SAÚDE
A categoria de análise Espaço vem assumindo uma posição de suma importância
nos estudos epidemiológicos, uma vez que auxilia na identificação de áreas afetadas
pelos agravos, indicando os critérios necessários para possíveis intervenções. Cabe-nos
então entender como se fundamentam as questões espaciais associadas à saúde.
1.1 – Estudos já realizados na área de Geografia da Saúde
Diversas foram as abordagens geográficas em saúde, algumas associadas
diretamente ao meio ambiente, outras voltadas para compreensão apenas dos agentes
causadores das doenças. Por muito tempo se pensou que as doenças eram causadas por
ação do meio. Num determinado momento (final do século XIX e início de século XX),
a associação do meio com as doenças foi enfraquecida pela teoria da Unicausalidade e
observamos uma retomada do interesse pelas questões ambientais na saúde nos dias
atuais.
1.1.1-Os primeiros estudos
A constatação da influência do meio ambiente sobre as condições de vida está
implícita na problemática sócio-ambiental desde a antiguidade. Um dos precursores
destes estudos sobre a saúde humana foi Hipócrates, que alguns pesquisadores afirmam
ser o “pai” da Geografia Médica com a obra “Dos ares, das águas e dos lugares”,
aproximadamente 480 a.C (LACAZ et.al., 1972). Hipócrates e seus discípulos
estabeleceram as primeiras noções para a relação saúde-doença-ambiente explicando o
surgimento das doenças através das condições da água, das estações do ano e do clima.
Através de elementos como o fogo, a terra, a água e o ar, sob a idéia de que estes
elementos agem sobre o homem, foram construídas noções como doenças endêmicas e
epidêmicas, isto ocorre devido à freqüência e às condições que acometiam a população
(PESSOA, 1978).
Os trabalhos que sucederam Hipócrates, do século XVI até o século XVIII, foram
de cunho determinista e descritivo em geografia considerando a influência das
8
condições ambientais na saúde das populações. O principal intuito destes trabalhos era
reconhecer as tipologias de doenças predominantes nos países colonizados (COSTA e
TEIXEIRA, 1999).
Neste contexto, o papel dos viajantes naturalistas difundiu uma idéia fantasiosa
das doenças que acometiam as populações de diversas partes do mundo, tentando
entender o comportamento das mesmas em diversas condições e lugares. Na
Renascença, o argumento de Paracelso era que os bons médicos, cosmógrafos e
geógrafos devem conhecer as “roupas que os diversos povos vestem”, para entender as
enfermidades (PESSOA, 1978).
Segundo Armstrong (1983) apud Peiter (2005), algumas alternativas eram dadas
para tratar as doenças como: a mudança para uma área de clima diferente, ou mudança
no comportamento que se considerava responsável pelo adoecimento enfatizando a
importância do meio para a saúde humana. Este pensamento fez parte da medicina até o
século XIX e Peiter (2005) ainda acrescenta que alguns pesquisadores tentaram, no final
do século referido, relacionar as doenças com o ambiente, o que se chamou de Patologia
Geográfica, de onde teria surgido a Geografia Médica.
O século XVIII foi marcado pela revolução industrial e as suas repercussões nos
hábitos de vida das populações na Europa, suas preocupações com as grandes epidemias
como a peste, a febre tifóide e a difteria, e o retrato de um quadro urbano insalubre.
Segundo Martins (1997), em fins do século mencionado, o foco do combate às doenças
na época era o mau cheiro das cidades.
9
1.1.2 - O século XIX/XX- A Unicausalidade das Doenças
“os infusórios invisíveis são ocasionalmente
daninhos, mas apenas, pelo que parece, matando
peixes em tanques, tornando a chuva turva,
produzindo cheiros desagradáveis e assustando
pessoas supersticiosas. É
improvável que eles causem malária, pragas e outras
doenças – e isso nunca foi
mostrado de modo seguro. [...]”
(EHRENBERG apud MARTINS, 1997, p.121)
Duas correntes de pensamento relacionadas à saúde predominavam no século
XIX: a miasmática, que considerava, grosso modo, as condições do ar como
propagadoras de doenças; e a teoria do contágio, em que o contato com contaminantes
(sejam eles organismos vivos ou não) poderia causar danos à saúde humana (COSTA e
TEIXEIRA, 1999).
A teoria dos miasmas que considerava que o mau cheiro provocava as doenças
surgiu no século XVIII, segundo Martins (1997), mas a aplicação destes conhecimentos
na Europa a fim de reduzir as doenças aconteceu no século XIX, quando um grupo de
médicos sanitaristas sugeriu intervenções para a redução da mortalidade de pessoas
2
. E
conseguiram reduzir bastante o quadro implantando soluções em higiene, promovendo a
saúde da população. Segundo o autor, os primeiros estudos científicos que relacionavam
as condições do ar e as doenças foram realizados pelo naturalista Joseph Priestley no
final do século XVIII. Houve um momento de confusão sobre o verdadeiro transmissor
das doenças, no qual os pesquisadores consideravam apenas o contágio, de um ser
humano para outro.
No mesmo período, foram estudados os parasitas intestinais que, segundo os
2
As primeiras cidades modernas eram parte de um contexto moldado na engenharia sanitária, constituído
pelos moldes europeus de formação, em que o crescimento era visto como algo problemático. Em sua obra
História da Cidade, Benévolo (1993) elabora sobre a influência do contexto industrial na configuração da
cidade moderna, com o surgimento da periferia na Europa do século XIX, mostrando o sanitarismo como
pano de fundo para as reformas na cidade industrial. Nicolau Sevcenco (1998), em sua obra “A República:
Da Belle Epoque à Era do Radio” versa sobre a influência destes moldes na reconstrução do centro e porto
do Rio de Janeiro do início do século XX, a chamada Belle Époque. Foram agrupadas três dimensões de
reconstrução da cidade, nomeadas pelo presidente Rodrigues Alves, deveria ser implementada a reforma do
porto iniciada com o Engenheiro Lauro Muller, o saneamento, a cargo de Oswaldo Cruz e a nova
configuração da cidade, nos moldes de Paris, que seria feita pelo engenheiro urbanista Pereira Passos. Já Para
Marques (1998) o urbanismo teria se iniciado no Brasil com os trabalhos dos sanitaristas Saturnino de Brito e
Aarão Reis, entre 1890 e 1900.
10
pesquisadores da época, eram observados durante febres e poderiam surgir de geração
espontânea dos restos que se deterioravam no intestino (MARTINS, 1997, p.120).
Na década de 1830, surgiu a teoria microbiana das doenças, a qual considerava a
existência de microorganismos que poderiam transmitir doenças, o que foi um grande
avanço no entendimento da transmissão.
Houve no século XIX avanços no processo de entendimento da transmissão das
doenças, e alguns trabalhos se destacaram. Em meio a sucessivas epidemias de cólera na
Europa daquela época, surgiu a teoria do contágio (MARTINS, 1997, 126).
O trabalho mais significativo, do ponto de vista geográfico, na teoria do contágio
foi realizado por John Snow (1854), numa associação da ocorrência de cólera em
Londres com a presença da bomba d’água de Broad Street, contaminada e localizada na
vizinhança de Golden Square, elucidando a associação da localização com o mecanismo
de contágio. O Dr. Snow, em seu estudo na bomba citada, pontuou:
O resultado da investigação foi, portanto, que nesta parte de Londres não ocorrido
qualquer surto ou aumento especial do cólera, exceto entre os que tinham por hábito beber
(ou fazer uso da) água da bomba em questão (Broad Street) [...]
Muitos autores consideram que o trabalho do Dr. Snow tem relação direta com o
surgimento dos estudos de distribuição de fenômenos no espaço. Ele levantou um
argumento que veio a ser muito utilizado em todos os estudos posteriores: o recurso
cartográfico de visualização para entender os fenômenos de saúde, como se pode ver na
figura seguinte:
Figura 1: Ocorrência de Cólera em Londres.
Fonte: adaptado de Snow (1999)
Bomba
11
Para Mello (1998), somente a partir desse trabalho pudemos observar uma análise
gráfica a serviço da Geografia da saúde, tendo posição e localização como atributos.
Snow e suas construções fundamentaram a noção intuitiva na Epidemiologia, na visão
de Najar e Marques (1998), com os estudos de informações referenciadas no espaço,
inovando as possibilidades dentro da ciência.
Entender os fenômenos de saúde e sua associação com o meio ambiente passou
pelos argumentos das descobertas científicas de modo que, quando a discussão era
pautada em informação a nível microscópico, o espaço geográfico ficou um pouco
esquecido; quando a sistematização baseada na Unicausalidade deixou de ser o único
argumento, o espaço retorna e observa-se a multiplicidade de causas para a transmissão.
1.1.3 - Início do Século XX - A Geografia Tradicional e a Saúde
Ferreira (1991) versa sobre os trabalhos de geografia da saúde que sucederam as
abordagens do século XIX, contextualizando o contato entre a geografia tradicional
positivista e a epidemiologia:
Os contatos iniciais entre a geografia científica e a epidemiologia, ambas ainda sob a
influência predominante da tradição positivista do século XIX, resultaram nos primeiros
trabalhos sistemáticos de geografia médica, voltados à descrição minuciosa da distribuição
regional das doenças, empregando amplamente recursos cartográficos. Os primeiros
esforços de aproximação entre a geografia e a epidemiologia resultaram, essencialmente,
em um intercâmbio de métodos de análise (cartografia, bioestatística), sem haver, no
entanto, o desenvolvimento de conceitos que fossem mais interdisciplinares.
(FERREIRA, 1991, p. 303)
Entendendo a importância da geografia tradicional para os estudos da saúde no
Brasil, destacamos alguns de seus expoentes a seguir, e quais são suas associações com
a Geografia da Saúde.
Muitos pesquisadores da geografia tradicional brasileira se fundamentam nos
escritos de Vidal de La Blache. De caráter empirista, os lablachianos buscavam produzir
as chamadas monografias urbanas, a fim de sistematizar as particularidades de cada
espaço geográfico com o seu sítio. Por meio de descrição destes espaços com estudos
comparativos, eram elaboradas teorizações.
Os estudos desta vertente foram muito aplicados nas décadas de 30, 40 e 50,
12
sobretudo na geografia urbana. Posteriormente no Brasil houve a entrada do
Neopositivismo americano nas construções geográficas, dando corpo aos estudos
baseados em modelos estatísticos, além do planejamento territorial, sobretudo pelo
interesse do regime militar (MARQUES, 1998).
Nesta mesma época ocorrem mudanças nas concepções e conceitos como paisagem
e lugar, sendo que a paisagem tem relação com entendimento mais estático da
representação do espaço, enquanto que o lugar tem relação com a vivência,
pertencimento do ser humano. Estes conceitos adquirem uma importância maior que o
espaço em geografia, mesmo com variações como o conceito de espaço vital, de Ratzel,
com fortes raízes na Ecologia.
Hartshorne teceu neste mesmo período considerações sobre o papel do geógrafo,
que seria entender a interação e integração dos fenômenos em termos de espaço,
associando o mesmo a todas as dimensões da vida.
Uma construção teórica foi elaborada em geografia com o intuito de explicar uma
concepção de espaço derivada da noção hipotético-dedutiva: a planície isotrópica. A
formulação remete a um espaço que leva em consideração todos os elementos
constituintes da condição humana: o clima, a geomorfologia, a estrutura da população,
em uma superfície matricial passível de expansão e circulação em quaisquer direções.
Seria importante considerar nesta construção as distâncias entre os elementos,
responsável pela diferenciação dos espaços, até então considerados homogêneos
(CORREIA, 1999).
Como podemos observar, são diversas as visões da Geografia e seus reflexos na
Geografia da Saúde, originadas junto com a própria história da medicina, nos quais se
destacam a Geografia da População, a Cartografia, a Geografia Médica, a Geomedicina,
e o próprio Geoprocessamento.
O foco destas ciências em algum momento pode ser entender o comportamento das
doenças com diversos pontos de vista. Assim, muitas indagações vêm sendo alvo de
pesquisadores, visando entender o lócus das condições humanas e sua interferência nos
quadros de saúde da população.
Referindo-nos aos estudos da Geografia da Saúde, entende-se que os que se
propõem a identificar padrões espaciais para as doenças são parte da Nosogeografia, e
os que se dedicam a entender a atenção médica e a distribuição da infra-estrutura da
13
mesma são parte da Geografia da Atenção Médica (PEITER, 2005). Nosso trabalho se
enquadra no objetivo principal da Nosogeografia, utilizando o recurso do
Geoprocessamento como suporte metodológico para as análises.
No Brasil, principalmente ao longo do século XX, muitos trabalhos foram
elaborados em saúde, causando intervenções diretas no contexto da cidade. Podemos
citar a intervenção realizada por Oswaldo Cruz no início do mesmo século que
ocasionou a Revolta da Vacina (1907), na incursão do Brasil no urbanismo moderno.
Segundo Fonseca (2007), as primeiras preocupações do urbano moderno no Brasil
estiveram relacionadas com intervenções sanitárias e foi com a epidemia de febre-
amarela, a cólera e a varíola que houve as intervenções mais sistematizadas
.
Os trabalhos do início do século seguiram a perspectiva moderna, de onde surgiu o
Neopositivismo, com o objetivo de entender o espaço cartesiano, as relações topológicas
entre os elementos espaciais, o tratamento das informações espaciais com o argumento
matemático.
Segundo Gerardi (1981), a geografia que surgiu na década de 1950, fruto da
Revolução Quantitativa, foi um rompimento com o empirismo, fundamental para o
entendimento do tratamento de dados característico da Geografia dos dias de hoje.
A busca da geografia quantitativa por formulações mais seguras e quantificáveis
nos trouxe um meio estritamente geográfico de interpretação: a resposta espacial dos
dados. Com este avanço, foi possível estabelecer relações entre as unidades espaciais,
como vizinhança, concentração de ocorrências e potencial.
O tratamento estatístico dos dados caminhou em outra vertente, que era associada
às construções espaciais, no qual Pereira (2001) considera a presença de um dualismo
entre a abordagem racional e experimental das ciências, caracterizado pela visão
qualitativa e quantitativa dos dados. Em contraponto, para o autor, nem as pesquisas
qualitativas se isentam de quantificação, nem o contrário ocorre, devido à liberdade de
interesse por objetos distintos em pesquisas, sobretudo quando se tratam de métodos.
Em Geografia, o que diferencia as duas abordagens é o tratamento que se dá aos
dados. É possível produzir análises espaciais tanto de cunho quantitativo como
qualitativo, e até associar as duas.
As análises de dados quantitativos, como é o caso dos índices, visam uma
compreensão mais sintética, relacionada com a série de dados coletada pelo pesquisador,
14
que terá o trabalho de interpretação e construção de representação para estes dados
(PEREIRA, 2001).
A construção de indicadores, principalmente das condições sócio-espaciais da
população no contexto urbano, esclarece uma série de informações que podem estar
sendo marginalizadas pelo pesquisador. A resposta pelo índice nos dá uma gama de
informações mais ampla do que o estudo seccional de variáveis.
Recentemente observamos a aplicação dos mesmos índices espacializados, que são
ganho de informação, para visualização dos dados e intervenções. Os mapas constroem
uma interface que aproxima o usuário dos dados do ambiente de estudo.
Cabe ressaltar os momentos da pesquisa proposta, que trabalhara nas vertentes do
tratamento de dados tanto em quantificação como em qualificação, ambos geográficos,
não tratando com dualismos, mas com unidade. O foco principal são as análises tratadas
em mapas, mas para atender a nosso objetivo, produzimos outras informações como
complemento.
Para Mello (1998), somente a partir desse trabalho pudemos observar uma análise
gráfica a serviço da Geografia da saúde, tendo posição e localização como atributos.
Snow e suas construções fundamentaram a noção intuitiva na Epidemiologia, na visão
de Najar e Marques (1998), com os estudos de informações referenciadas no espaço,
inovando as possibilidades dentro da ciência.
Entender os fenômenos de saúde e sua associação com o meio ambiente passou
pelos argumentos das descobertas científicas de modo que, quando a discussão era
pautada em informação a nível microscópico, o espaço geográfico ficou um pouco
esquecido; quando a sistematização baseada na Unicausalidade deixou de ser o único
argumento, o espaço retorna e observa-se a multiplicidade de causas para a transmissão.
15
1.1.4 – Meados do Século XX - A Ecologia Humana
O ramo da Geografia que se associa com a Ecologia é chamado de Ecogeografia.
O conceito foi criado por Tricart e Killian, em 1979. Segundo Mendonça (1996, p. 53), a
conceituação é: “o homem, assim como os outros seres vivos, é um elemento da
natureza, com a qual está ligado por múltiplas relações de interdependência”.
O papel da Ecogeografia é entender como o homem se comporta e se relaciona
com o meio em que vive. Este conceito foi a culminância de um casamento entre a
geografia e a Ecologia, que se inicia na década de 1930.
Um conceito importante na Geografia da relação ecológica é o meio ambiente.
Segundo Czeresnia e Ribeiro (2000, p. 598) “O conceito de meio ambiente, do ponto de
vista ecológico, envolve o espaço de reprodução das espécies e a fonte de recursos para
essa reprodução”. A constante busca do homem pelos recursos da natureza construiu a
idéia de que esta busca é fundamental para o entendimento da teia social.
No caso das doenças, a relação inversa acontece quando o espaço é modificado
socialmente e isto modifica a configuração espacial daquela. Desta forma, a busca pelos
recursos torna-se secundária e entra a condição social e econômica na construção de
uma nova teia de interesses, que dão nova configuração a distribuição da doença
(Czeresnia e Ribeiro, 2000).
A Ecologia foi muito aplicada aos estudos urbanos, em uma perspectiva que se
transpôs para o urbano com o nome de Ecologia urbana. O entendimento desta teoria
também tinha a cidade como foco, mas do ponto de vista humano e cultural. Marques
(1998) destaca que o homem e o meio biótico possuem vocações como nas aptidões dos
indivíduos, que competem entre si. Desta forma, cada espaço é resultante de um
momento de competição. O que contrapõe a competição e impede que haja conflitos de
maior proporção é o que o autor chama de ponto de vista cultural, a ordem moral, outra
força que rege as cidades e a sociedade.
Na Ecologia Urbana da Escola de Chicago, o homem competia apenas por
recursos e se inseria no espaço que retrata exatamente esta competição. No segundo
momento, o processo de adaptação ficou associado às condições de adaptação funcional
de cada espaço às mudanças da sociedade urbana como um todo. Esta escola teve como
fundamento básico o entendimento do urbanismo como modo de vida, e a capacidade de
16
competição humana, sendo que o homem se diferencia dos outros animais pela sua
capacidade de modificar a natureza.
As áreas da cidade, no entendimento da Ecologia, estão sujeitas a processos de
invasão-sucessão, que dão origem ao mecanismo de apropriação de novas áreas no
ambiente (MARQUES, 1998).
A Ecologia humana também nasceu em 1930 nos estudos do russo Pavlovsky, e
foi mais a fundo no entendimento do modo de vida do homem, como o mesmo (re)
produz o/no espaço, onde observamos a presença dos diversos entes patogênicos que
circundam a vida do mesmo e seu processo de adaptação. Segundo Silva (1997, p. 586):
Pavlovsky desenvolveu uma teoria de marcado cunho ecologista, mas cujo grande mérito
foi o de estabelecer o conceito de que o espaço era o cenário no qual circulava o agente
infeccioso – a patobiocenose; este cenário era classificado em natural, ou intocado pela
ação humana, e antropúrgico, alterado pela ação humana.
Os estudos ecológicos consideram os impactos das intervenções tanto em nível
local como global, e privilegiam a noção de que há uma perspectiva integrada das ações
no meio. Segundo Nielsen, a aproximação ecossistêmica permite estabelecer a
interconexão entre os elementos do ecossistema. Assim:
Human social systems have both local and global impacts that can impair the quality of
life, predispose to disease, and even threaten life support systems. It has become
essential to try to understand our world as a complex socio-ecological ecosystem and
take such steps as are necessary to manage human affairs in ways that promote the
health not only of people but also of the planet. Reductionist science by itself cannot
deal with the complexity of this task. The ecosystem approach is one means to this end
since it recognizes the interconnectedness of biotic and abiotic elements of the
environment and effectively derives from a management perspective. Simply stated,
managing for human health must be embedded in the wider pursuit of ecosystem health.
(NIELSEN, 2001, p. 70).
Para o autor, existe uma interface clara entre os estudos de Ecologia e os
recursos de mapeamento. Podemos constatar que o mapeamento é muito importante para
manipulação de dados em qualquer ambiente, de modo que o meio pode ser entendido
17
através do agrupamento de informações sobre sua estrutura:
[...] Because ecosystems have structure, they can be mapped, so it is not surprising that
the Geographic Information Systems (GIS) technology is important in environmental
management. Maps have extraordinary power to screen out unnecessary information and
help untangle messy reality and facilitate a focus on ecosystem’s key features [...].
(NIELSEN, 2001, p. 71).
Os mapas agrupam as informações necessárias ao usuário, assim como
selecionam camadas de informações espaciais. Como facilitador da tomada de decisão,
o argumento espacial tem ampliado a visão de forma interdisciplinar, não só em saúde,
mas em muitas áreas do conhecimento e serve aos estudos ecológicos na observação de
fenômenos cristalizados no espaço das relações sociais ao longo do tempo.
Dentro das perspectivas da influência do meio nas condições de saúde das
populações, considera-se um divisor de águas, no Brasil, o trabalho de Lacaz et.al.
(1972, p. 1), que pontua:
A Geografia Médica é a disciplina que estuda a Geografia das doenças, isto é, a
patologia à luz dos conhecimentos geográficos. Conhecida também como Patologia
geográfica, Geopatologia ou Medicina geográfica, ela se constitui como um ramo da
Geografia Humana ou, então, da Biogeografia.
Fundamentado nas bases do pensamento Geográfico, tendo influência de
diversos autores que contribuíram com esta vertente da Geografia, como Max. Sorre e
Pavlovsky, os autores buscaram trazer um aparato que possibilitasse produzir
conhecimento da Geografia da Saúde, sobretudo do ponto de vista da tropicalidade e do
cunho nacionalista de suas discussões, tratadas no Brasil.
À luz dos conhecimentos dos Complexos Patogênicos de Sorre, observou-se que
os fatores que influenciam a ocorrência dos agravos ou mesmo determinam a adaptação
do homem ao ambiente estão agrupados nas seguintes categorias: fatores físicos,
geográficos ou ambientais; fatores humanos, sociais ou culturais; fatores biológicos,
além de fatores sociais negativos. Segundo Peiter (2005, p. 10):
18
[A] década de 1930 [foi] quando se estabeleceu o paradigma da ‘Tríade Ecológica’
(homem-agente-ambiente) [...] Naquela década é publicado um importante trabalho - a
Teoria dos Focos Naturais das Doenças Transmissíveis, de Pavlovsky, que vai
novamente trazer para o conhecimento médico a vertente ecológica das doenças,
definindo importantes conceitos como o de circulação do agente no meio natural e o da
formação do ‘complexo agente-ambiente’, denominado de patobiocenose, que mais
tarde deu origem à “Epidemiologia Paisagística”. Praticamente na mesma época, na
França, o geógrafo Maximilian Sorre desenvolve um conceito similar, o de “complexo
patógeno” em seu artigo “Complexes Pathogènes et Géographie Médicale” (1933), que
contribuiu para a recuperação do interesse da relação entre geografia e saúde.
A preocupação em entender relação homem-meio/sociedade-natureza parte
primeiro dos geógrafos, que visam explicitar o conjunto de elementos responsáveis pelas
causas das doenças, através de conceitos como o foco natural, o ecúmeno e o Gênero de
vida
.
No século XIX houve um distanciamento entre a Epidemiologia e a Geografia,
fruto da teoria da Unicausalidade das doenças e do advento do positivismo, que até a
década de 1930 taxava os trabalhos geográficos em saúde de determinismos.
Posteriormente os trabalhos de saúde foram calcados no modelo ecológico das
doenças, entendendo a importância de prevenção em meio à multicausas que o meio
oferece para o adoecimento. O entendimento da relação do ambiente com as doenças
sempre retorna quando os modelos biológicos não conseguem explicar as causas do
adoecimento (PEITER, 2005).
Considera-se a costura destes conceitos com um ambiente urbano hoje estagnado
e com a perspectiva integrada entre os elementos sociais e físicos, a fim de estabelecer
os riscos do ambiente à sobrevida do homem, produto e produtor deste ambiente. A
conceituação mais construtiva para explicar a relações “homem-agente-ambiente” surgiu
na efervescência dos estudos da Ecologia e se estabelece nas construções das ciências
humanas - o conceito de Complexo Patogênico:
Na complexidade das relações que interessam simultaneamente ao biólogo e ao médico,
procura-se uma noção sintética suscetível a orientar as pesquisas do geógrafo. A
interdependência dos organismos em jogo na produção de uma única doença permite
19
inferir uma unidade biológica de ordem superior; o complexo patogênico. Compreende,
junto com o homem e o agente causal da doença, os transmissores e todos os seres que
condicionam ou comprometem a existência humana. Ao propormos esta noção, há
alguns anos, seguimos os entomologistas levados por considerações desta natureza ao
estudar as doenças parasitárias das plantas. Os complexos patogênicos do homem são
apenas casos particulares da imensa série de complexos patogênicos que se formam em
torno de cada ser vivo. (SORRE, 1948, p. 13).
O conceito de Max. Sorre é amplamente aplicado aos estudos relacionados à
geografia humana e mostra a aplicação nos estudos ambientais, até mesmo transpostos
para o Brasil, é o que vamos desenvolver no estudo por contemplar nossa análise.
Lacaz et al (1972) acrescentam aos estudos de Max. Sorre a efervescência da
vida na paisagem tropical, que proporciona a ocorrência destes processos saúde-doença-
ambiente, principalmente em função da facilidade dos complexos patogênicos. O autor
também apresenta fatores que influenciam nas condições de vida das populações em
relação à patologia tropical, como o tipo de solo, as coleções de água e os tipos de
habitação, presença de animais domésticos ou domiciliados, sobretudo no âmbito da
cidade.
As condições de habitação, de acesso ao saneamento básico, dos recursos
hídricos, de higiene, do solo são importantes no processo de transmissão de várias
doenças que se proliferam no espaço urbano e serão abordados na temática apresentada
em tese, pois fazem parte das variáveis estudadas, pertinentes aos estudos da influência
das condições do meio para a saúde humana.
Em relação às construções teóricas da Ecologia, o avanço do Possibilismo foi
que o ambiente não era mais considerado estático, e suas contradições deveriam ser
vistas como fruto das ações humanas sobre o meio, num conceito mais amplo e de base
mais sólida.
As análises da influência da presença humana no meio ambiente colocam a
importância dos trabalhos de campo e das descrições, comparações, correlações das
tipologias espaciais dos fenômenos sociais (MENDONÇA, 1996), sobretudo com o
surgimento do conceito de gênero de vida, calcado no Possibilismo de Vidal de La
Blache. Segundo La Blache apud Sorre (1984, p. 104):
20
Os gêneros de vida têm uma autonomia que se vincula à personalidade humana e a
segue. Não apenas o beduíno e o felá apresentam compelição diferente, mas também o
pastor valáquio e o cultivador búlgaro e, mesmo em nossa costa, o marinheiro e o
camponês. A alma de uma parece ser formada por um metal diferente dos outros.
“Os gêneros de vida remetem à organização humana frente às condições de uso
dos recursos, em formas ativas de adaptação, na totalidade de sua organização, técnicas
e domínio da natureza, e de sua coesão enquanto grupo social” (SORRE, 1984, p.104).
É, portanto, um conceito mais antropocêntrico e mais próximo do contexto urbano.
Estabelecendo uma relação entre estes dois importantes conceitos, podemos
considerar uma série de variáveis do meio, de organismos vivos ou não, além de as
condições de organização humana do espaço, o conjunto de fatores responsáveis pela
ocorrência de uma doença em uma área, ao passo que a mesma doença pode se
disseminar ou nem sequer ocorrer em outra área.
1.2 – Tendências atuais na abordagem Geográfica da saúde
A aplicação dos recursos da espacialização de fenômenos, através dos sistemas que
associam bancos de dados geográficos e os dados coletados pelos serviços de saúde,
mostra uma constante busca por alternativas que contribuam para a interpretação da
distribuição espacial das ocorrências de saúde, tendo como objetivo melhorias no
processo de planejamento dos serviços prestados e detecção clara dos critérios
nosológicos apresentados no espaço.
Em Epidemiologia, a utilização do Geoprocessamento, sobretudo os Sistemas
Informativos Geográficos (SIG), tem contribuído para melhorar a descrição das doenças
em grandes conjuntos de variáveis espacialmente distribuídas. A análise geográfica é um
dos métodos mais adequados para avaliar as condições ambientais para ações de
prevenção e controle.
Muitas doenças podem ser entendidas desvinculadas da questão espacial, mas
quando o processo de transmissão está ligado ao meio, como é o caso de algumas
doenças parasitárias, não se pode deixar de entender o espaço. Este se coloca como
categoria estratégica na construção dos eventos do ambiente que envolve as doenças. O
21
enfoque do trabalho são as doenças vinculadas ao meio ambiente, que é o caso das
enteroparasitoses.
Segundo Strauch e Souza (1998), desde a década de 70, existe um grande número
de dados de saúde passíveis de espacialização, não aproveitados segundo esta natureza.
Entretanto, o argumento espacial tem-se ampliado muito nas pesquisas do planejamento
em geral. Desde a informatização e a criação dos recursos de SIG (década de 1990),
podemos contar com poderosas e ágeis ferramentas para a construção de cenários
espaciais com estes dados.
Para Câmara et al (1998) os epidemiologistas têm utilizado muito os padrões de
distribuição das doenças em suas análises, ampliando as possibilidades de uso dos dados
coletados.
Há um crescente interesse em entender as causas dos fenômenos que provocam o
adoecimento, pois o conhecimento das mesmas fornece subsídios à prevenção. Esta
busca pela prevenção é parte de um (re) encontro da metodologia geográfica com os
estudos epidemiológicos.
São diversas as possibilidades de um estudo detalhado de fatores que envolvem as
causas do processo saúde-doença, a saúde em amplo sentido (o planejamento, a
prevenção e o controle de doenças) e este tipo de estudo pode proporcionar alternativas
bem estruturadas para o combate das doenças. Deixamos de agir no output do sistema: a
transmissão, que está sujeita a uma série de influências do ambiente. Entendemos,
portanto, que agindo na promoção de saúde e na prevenção das doenças, teremos um
ganho na gestão urbana. (MEDRONHO, 1995).
A gestão e o planejamento urbano na saúde têm utilizado muito o conceito de
espaço geográfico, que teve grandes avanços em contato com os estudos da saúde.
Czeresnia e Ribeiro (2000) pontuam que o espaço é fundamental nos estudos
epidemiológicos e o entendimento do comportamento espacial de uma doença, tanto
com propósitos etiológicos como administrativos, se faz presente na interface entre as
duas ciências.
A Geografia oferece ao estudo das doenças elementos de localização e busca,
entendendo o padrão da distribuição dos fenômenos, suporte para a análise das causas e
a relação das mesmas com o contexto socioambiental. O papel da geografia é responder
perguntas como “onde se localiza?”, “quais as características desta localidade?”, "onde a
22
população exposta se encontra?" e "que padrão a localização estabelece?".
Dentro da problemática de Ouro Preto, observamos o interesse de alguns grupos
marginais por áreas periféricas, que gerou algumas tipologias urbanas evidenciadas por
Moura (2003) e revisitadas em nosso trabalho (ver cap. 3). Outras áreas mostraram uma
ótica menos organizada do espaço urbano, onde através do trabalho de cadastro dos
domicílios pudemos observar uma série de vias não cadastradas em nossa base.
Consideramos que isto faz parte do processo natural de aquisição de espaços,
baseado no valor da terra, de onde surgem as demandas de expansão, que muitas vezes
não podem ser controladas sem um planejamento apoiado em sistema de cadastro
adequado.
Santos apud Randolph (1998) destaca a emergência de questões espaciais e
territoriais no âmbito do planejamento urbano e regional para várias ciências como a
Geografia, a Economia e a Sociologia, caracterizando uma “ruptura epistemológica”
com os saberes estritamente especialistas, que se tornam pluridisciplinares, numa
aproximação entre o senso comum e o saber científico. Isto acontece porque a cidade
pode ser vista dentro da ótica transversal, porque nela não há a segregação do
conhecimento.
O autor considera fundamental a contribuição do Geoprocessamento no contexto
desta nova base da ciência, estabelecendo talvez um desafio metodológico, ou mesmo o
surgimento de uma nova abordagem para o conhecimento científico, surgida na década
de 90, com o principal intuito de entender a organização espacial.
A análise dos processos espaço-tempo é fundamental para os estudos das doenças,
sendo importante a abordagem do contexto urbano, para compreensão dos processos que
regem a dispersão das condições insalubres, com suas evoluções. A configuração
espacial é o retrato das estratégias dos grupos sociais que o habitam e os estudos desta
configuração devem considerar estas estratégias, bem como a relação da produção do
espaço urbano, ao longo do tempo (MARQUES, 1998). Na visão de Barcellos (1996, p.
392):
[...] incorporar a categoria [ou conceito de] espaço em estudos de saúde, significa não só
estabelecer diferenciações entre conjuntos de regiões conforme características que as
distingam, mas também introduzir a variável localização nestes estudos. Pressupõe discutir
diferenças entre estas regiões e sua relação com a estrutura espacial na qual estão
23
inseridas].
O estudo das condições impostas pela dinâmica urbana busca atualmente um
argumento mais forte que a distribuição espacial dos fenômenos, que é o estudo
detalhado das condições estruturais da população exposta às condições insalubres,
utilizando indicadores seguros, ao mesmo tempo flexíveis em contato com as condições
reais, para explicar os padrões desta distribuição.
O uso do binômio espaço-tempo no urbano existe para estabelecer a ponte entre o
número/classificação e sua aproximação com a realidade, de forma que Moura (2003)
destaca as possibilidades da gestão e do planejamento urbano relacionadas ao espaço e
ao tempo. A autora estabelece que a complexidade das relações espaciais ao longo do
tempo as torna um processo e não simples descrição, e que a incorporação do tempo, a
quarta dimensão nas abordagens urbanas, remete a construção de cenários para as
mudanças que ocorrem no ambiente.
Como dissemos, a cidade que vemos hoje é um retrato (dinâmico e mutável) das
construções sociais ao longo do tempo e das intenções dos diversos atores que vigoram
neste contexto (Barcellos 1996). Sendo assim, as condições do subdesenvolvimento e
desigualdades geram uma gama de espacialidades que devem ser vistas com olhos
diferenciados. O entendimento do ambiente urbano na ótica espacial é bastante
complexo, mas fundamental na saúde e em qualquer estudo que privilegie noções
espaciais.
Na mesma temática, Harvey (1980) considera o espaço urbano como sendo produto
das contradições da sociedade que o ocupa e a divisão deste privilegia ou exclui os
grupos sociais, devido a pressões econômicas e políticas.
Do ponto de vista do ambiente construído, a cidade é vista como o lócus da relação
funcional/social, de modo que a modificação do ambiente construído ocorre em um
tempo mais longo e sua função social ocorre em outro mais curto (HARVEY, 1992).
Tendo em vista esta formulação, podemos considerar que as contradições e segregações
no espaço urbano são retratos da sociedade que o ocupa, e também de suas
transformações ao longo do tempo.
24
Czeresnia e Ribeiro (2000), a partir dos estudos de SANTOS (Milton Santos),
reafirmam este argumento dizendo que a forma das cidades é resultado das condições
sociais, econômicas e culturais dos grupos que a configuram. Entendemos o espaço
como produto das relações sociais, com maior amplitude que a simples descrição
representativa do ambiente da vida humana.
A complexidade do contexto urbano que retrata as condições de saúde das
populações é principalmente ditada por condições estruturais e sociais, em função de um
modelo mais complexo que a simples perspectiva dual na relação do homem com o
meio. Na visão holística, diversas variáveis exercem, em conjunto e relacionadas,
influência sobre a ambiência. Sobre o surgimento da relação da epidemiologia com o
conceito geográfico:
[...] Em epidemiologia, o espaço foi inicialmente compreendido como resultado de uma
interação entre organismo e natureza bruta, compreendida independente da ação e
percepção humanas. Da mesma forma, na geografia clássica, o espaço foi entendido como
substrato de fenômenos naturais, como o clima, a hidrografia, a topografia, a vegetação,
etc. Porém, na origem do desenvolvimento do objeto da epidemiologia, assim como na da
geografia, já se manifesta a tensão que interrogou a lógica desse conhecimento que opôs
natureza e cultura, natural e artificial, corpo e mente, subjetivo e objetivo, entre outras
dualidades clássicas que caracterizaram a emergência das ciências [...] (CZERESNIA e
RIBEIRO, 2000, p. 596)
O contato inicial da Geografia com o conceito de espaço, portanto, já dava claras
afinidades metodológicas com a epidemiologia, que vieram a crescer na medida em que
cresciam também as tensões em relação ao objeto das duas ciências.
Santos (1996) foi autor de muitas contribuições para o entendimento do conceito e
ele considera que a espacialização deve tratar o espaço como um sistema de objetos e
um sistema de ações, o que ele caracteriza como fixos e fluxos, constituindo um híbrido
na compreensão da relação do homem com o meio.
Devemos destacar a ação do homem como fator integrador, que torna um objeto
qualquer descrito ou disposto no espaço, bem como age sobre ele de acordo com seus
interesses e ao longo do tempo. Na saúde, a configuração espacial obedece às mesmas
regras de sobreposição de funções e formas no espaço.
De fundamentação na Geografia crítica, Santos foi um dos principais a entender o
quadro de desigualdades e de exclusão que o urbano propaga e muitos autores
relacionam as conceituações dele com a saúde. Para Santos (1988) o espaço é resultado
25
de como o homem age sobre o mesmo, ao longo do tempo, com mediação nos objetos
naturais e artificiais.
Segundo Silva (1997), os estudos de geógrafos como Pierre George são de muita
utilidade para a epidemiologia, de modo que a organização do espaço das relações
sociais pode ser transposta para epidemiologia com a mudança apenas do objeto de
análise, deixando de ser a relação homem-meio e tornando-se o processo saúde-doença.
O autor divide o espaço didaticamente em três categorias: espaço natural, não utilizado
pela ação humana; o espaço percorrido, sem alterações profundas da ação humana e o
espaço organizado, completamente alterado pela ação do homem e o principal foco da
epidemiologia. As alterações nesta ultima categoria são voltadas para os interesses
econômicos do homem e, segundo o autor, de muito uso no entendimento da
distribuição das doenças.
Outros elementos foram tratados pela geografia crítica e servem aos estudos de
saúde como o sistema de objetos e o sistema de ações. Tanto o sistema de objetos como
o sistema de ações são resultado das formas e as funções, de modo que o espaço é um
resultado de um mosaico de formas com diferentes funções influenciadas pela
periodização, cada uma sendo retrato de seu tempo. O processo de saúde/doença abarca
muito destas funções, que são perceptíveis através das formas, para entender porque
algumas doenças são endêmicas, ou mesmo prever situações de epidemias.
Os sistemas de objetos compreendem estruturas físicas dos equipamentos urbanos e
organizações da estrutura produtiva; os sistemas de ações compreendem os movimentos
sociais, organizações dos mecanismos sociais e regras, programas, leis e partidos
(DANTAS et al, 1998).
O entendimento da relação entre espaço e tempo vendo-os como inseparáveis,
iniciou-se nos estudos de Hägestrand (1973), segundo Moura (2003), demonstrando a
importância do Surgimento da “Geografia do tempo”, podendo abarcar os fenômenos
que ocorrem com os interesses de grupos sociais ao longo do tempo, de modo sistêmico.
O comportamento de doenças e sua disseminação no espaço seguem a mesma
regra, de modo que observamos os ressurgimento de doenças que já haviam sido
eliminadas e o fato de não tratarmos mais de erradicação em estudos epidemiológicos
foram observações de uma perspectiva de que há uma relação da doença com o espaço,
e destes dois com o tempo.
26
A teorização de Santos (1996) produziu considerações a respeito das realizações
sociais, que se espacializadas em conjunto, dão origem a um espaço que é resultado
deste conjunto de variáveis de diferentes períodos, sobrepostas e que coexistem, dando
um significado ao mesmo.
Assim, doenças que existiam e haviam sido combatidas podem experimentar novas
condições propícias de retorno, num mesmo espaço, relacionadas com uma série de
condições do meio que tornam possível sua reinserção.
1.2.1 - As variáveis ambientais
Um conjunto de variáveis ambientais pode ser elencado como responsável, em seu
desequilíbrio, pelo processo de adoecimento. Destacamos as variáveis associadas ao
estudo das enteroparasitoses, sobretudo de veiculação hídrica e por solos contaminados,
onde é importante observar a relação destas doenças com o saneamento básico.
No que diz respeito à esfera dos recursos hídricos, água potável é fundamental
para melhoria nas condições de vida da população, e existe relação direta do mau uso da
água e o agravamento de quadros insalubres. A água se coloca como primordial para a
qualidade de vida, e a perda desta qualidade geralmente está ligada à primeira. Segundo
Hespanhol:
Não é possível, nem desejável separar as doenças relacionadas com a água daquelas
afetadas pela falta de saneamento básico adequado [...] Algumas infecções, tais como as
provocadas por hemintos [...], que podem penetrar na pele em contato com solos úmidos,
não são controladas somente através da provisão de água potável, e só podem ser
removidas através de instalações sanitárias adequadas. (HESPANHOL, 1999, p. 254)
Sobre os impactos que a urbanização brasileira gerou nos recursos hídricos, Carmo
(1999) considera dois principais: o aumento da demanda por serviços e a contaminação
por esgotos domésticos. Considerando o intenso e concentrado (na região Sudeste)
processo de urbanização brasileira que aconteceu no século XX, com a migração de
população rural para o ambiente urbano, observamos uma estrutura de distribuição e
fracionamento da terra, assim como da infra-estrutura das cidades “um processo penoso
e desigual”.
A ausência de saneamento é um dos principais fatores relacionados às condições
27
precárias e, portanto, ocorrência de parasitas em geral, haja vista que a contaminação do
meio ambiente se faz na ausência de estrutura de tratamento de água, destinação do
esgoto e do lixo.
Segundo a OMS, a falta de água tratada atinge mais de um bilhão de pessoas no
mundo e, a água pode causar doenças como febre tifóide, cólera, malária, dengue e febre
hemorrágica. Algumas das doenças de notificação compulsória do MS como as citadas e
a esquistossomose estão no hall das doenças cujo contágio ocorre pela água
contaminada. Até mesmo o mau armazenamento da água pode causar algumas doenças,
como a dengue e a malária.
O esgoto doméstico é outra variável ambiental que afeta as condições humanas. A
presença de esgoto doméstico em condições inadequadas de coleta e tratamento são
fatores decisivos para a contaminação.
A variável que vem sendo tratada mais recentemente com importância é o lixo
doméstico. Foi constatado que o mesmo pode ser um contaminante para diversas
doenças, pois é nicho para proliferação de microorganismos. O tratamento do lixo impõe
mais do que soluções técnicas de coleta e destinação, e impõe mudanças nos hábitos de
vida das pessoas (FERREIRA, 2006).
O saneamento básico, como um conjunto das variáveis citadas, prevê todo um
aparato de serviços e equipamentos urbanos que se incluem na infra-estrutura e devem
ser distribuídos equitativamente. Apesar disto, no contexto urbano, as áreas marginais
geralmente são mal servidas de saneamento, pois não há alcance deste serviço a estas
áreas. A falta de saneamento é uma das explicações para o fato de que as doenças que
recrudesceram entre as populações pobres distribuídas no espaço urbano ressurgiram.
Cabe-nos problematizar ainda mais o saneamento no Brasil, que experimentou
substanciais mudanças nas últimas décadas. Segundo Hespanhol (1999), um grande
divisor de “águas” para estas mudanças foi o estabelecimento na Conferência de Mar
Del Plata, em 1977, do período de 1981 a 1990 como a “Década Internacional do
Abastecimento de Água e Saneamento”. Segundo o autor, muitas mudanças foram
propostas, mas há que se percorrer um caminho ainda longo, de muitas décadas. Este
caminho é mais longo para os países em desenvolvimento, pois sua situação é mais
precária.
28
O Brasil não apresenta destaque positivo em saneamento, nem comparado aos
países da América Latina, com apenas 55% da cobertura urbana pelo saneamento e 35%
na área rural (HESPANHOL, 1999). Com a cobertura do abastecimento de água quase
90% da população tem acesso à água encanada (VARGAS, 1999), apesar de muitos
domicílios ainda não possuírem o serviço.
Mesmo assim, no Brasil o saneamento tem melhorado, segundo os dados do
IBGE, na quantidade do acesso ao abastecimento de água e esgotamento em rede geral.
Os mapas mostram um considerável aumento dos domicílios atendidos da década
de1980 para 2000.
Figuras 2 e 3 – Brasil - Rede geral de abastecimento de água e
Coleta de esgoto em rede geral. Fonte: IBGE, 2007
.
Podemos entender visualmente através dos mapas anteriores, a concentração de
domicílios com água e esgoto tratados, que aumentou consideravelmente de 1980 para
2000. Os mapas azuis são do abastecimento de água e os mapas vermelhos são do
esgotamento sanitário.
Com a limpeza urbana e a coleta de lixo o caminho é outro e muito mais novo,
voltado para a coleta seletiva e destinação adequada aos resíduos por categorias. Muitos
municípios possuem coleta de lixo, mas poucos possuem aterro de destinação adequada
29
do mesmo. Na figura abaixo mostramos informações a respeito da coleta e destinação do
lixo no Brasil:
Figuras 4 e 5– Brasil: Limpeza urbana e Coleta de lixo por
Municípios Brasileiros. Fonte; IBGE 2007.
Nas figuras anteriores mostramos a distribuição dos municípios que tem limpeza
urbana e coleta de lixo no Brasil, na figura 4. A figura 5 mostra os municípios que
possuem coleta seletiva e aterro sanitário.
Tanto os serviços de abastecimento de água como de coleta de esgoto no Brasil
têm melhorado, mas a distribuição da água tratada demanda uma série de adequações e
o saneamento básico é o serviço com menos cobertura nos municípios brasileiros,
segundo números do IBGE (2000) (CARMO, 1999).
30
Destacamos também que há um espalhamento das cidades ao longo das vias de
acesso e toda infra-estrutura segue o mesmo caminho, privilegiando a grupos
específicos.
Na discussão dos resultados da pesquisa (capítulo 5), abordamos algumas questões
relativas ao saneamento básico e problematizamos o tema em Ouro Preto.
Correia (2002) considera a valorização da terra o fator crucial no entendimento da
configuração atual da distribuição de serviços e infra-estrutura urbana. Assim como há
ambientes propícios à ocupação para as pessoas de alta renda, ou que se fazem prover de
infra-estrutura ao custo de financiamentos, geralmente áreas mais planejadas e
privilegiadas e mais caras, há o restante para as pessoas de baixa renda, as áreas
marginais, menos servidas de saneamento.
Em contraponto, Smolka (1993) elenca a complexidade a cidade do terceiro
mundo abordando a marginalidade, considerando que este processo não pode ser
encarado do ponto de vista dicotômico. Segundo ele, a complexidade urbana, o processo
de favelização ou de formação do espaço das elites não podem ser vistos como “relações
causa/efeito”, de forma que estão atrelados a uma série de condições relacionadas à
especulação e capital.
1.2.2 - As Variáveis sócio-espaciais
Além das variáveis ambientais, a convivência do homem em sociedade cria uma
série de variáveis sócio-espaciais que devem ser consideradas no processo de
adoecimento. As desigualdades sociais evidenciam algumas áreas para o maior risco de
transmissão, enquanto o conjunto de infra-estrutura e condições de higiene, renda,
moradia, dentre outros, influenciam no adoecimento.
O conjunto destas variáveis associadas ao urbano é retratado por Barcellos (2005),
que mostra a teia de relações de fundamental importância para entendermos este quadro:
31
Figura 6 – Esquema: relação entre categorias utilizadas para medir
desigualdades. Fonte: Barcellos (2005)
O autor trata das variáveis da estrutura social em sua construção, demonstrando o
contexto que complementa a cidade vista externamente, o qual está mais relacionado ao
local de residência. Não aponta a questão institucional e da infra-estrutura urbana e
remetendo somente para os espaços domiciliares, coletivos e as condições dos
indivíduos que os ocupam, numa nova perspectiva geográfica.
A presença de variáveis que influenciam no processo de infecção não é certeza de
adoecimento em todos os casos, pois há que se considerarem as alternativas individuais,
como o contato, a resistência imune, cuidados, dentre outros fatores. Defende-se, para
entender o processo de transmissão, a Geografia dos corpos, fundamentada na relação de
cada indivíduo com o meio.
Como complementação aos estudos apresentados, hoje observamos uma grande
preocupação com o ambiente urbano dinamizado em saúde, tendo em vista que a
presença humana é o fator decisivo no entendimento das condições ambientais. Pessoa
(1978, p. 152) destaca:
Os fatores que intervêm na incidência e propagação das doenças infecciosas e parasitárias
em uma região, são numerosos e complexos. Atribuí-los somente às condições geográficas
e climáticas é tão errôneo como incriminar somente a presença do germe [...] Não se deve
limitar, todavia, o termo ‘geografia’ de uma doença, no sentido estrito que se entende por
esta ciência. Se se pode, em um mapa, delimitar as áreas de endemicidade ou
epidemicidade da cólera, da peste, da malária, das leishmanioses, etc., é que pelo termo
geografia deve-se considerar não só a geografia física, o clima e os demais fenômenos
meteorológicos, que caracterizam geograficamente a região, mas ainda as geografias
humana, social, política e econômica. E os fatores que mais intervêm na variação e
propagação das doenças, são justamente os humanos.
Segundo Breilh (1991) é de fundamental importância ao pesquisador de saúde
entender as leis que determinam à magnitude da distribuição da população no espaço e
32
no tempo. Acrescentamos considerações a respeito da importância destas observações
sob a ótica do espaço e as associações corpo-espaço que podem dar uma interessante
resposta aos estudos epidemiológicos.
Outros aspectos das condições urbanas como as habitações têm bastante influência
sobre as condições de saúde da população. Os ambientes domiciliares em condições
inadequadas podem gerar uma série de nichos para a proliferação de doenças como
chagas ou mesmo a dengue, que se alojam em condições de habitações irregulares e/ou
coletivas, como as favelas e outros aglomerados urbanos.
Segundo Neri (2004) a compreensão das relações entre saneamento, saúde pública
e meio ambiente constitui etapa primordial no desenvolvimento de um modelo de
planejamento capaz de nortear políticas que visem ao bem estar das pessoas e a
preservação do ambiente.
1.2.3 - Novos paradigmas da Geografia da Saúde
Atualmente a Geografia da Saúde discute o ressurgimento de doenças consideradas
banidas a um século do nosso meio social – como a cólera, a febre-amarela, a dengue e a
leishmaniose – e outras já amplamente disseminadas no ambiente urbano, como
conseqüência de um contexto estagnado e agravamento de quadros insalubres do ponto
de vista do saneamento.
Tem-se observado a busca por um conceito de saúde que vá além do controle das
enfermidades e caminhe para a análise espacial do sistema de distribuição da assistência
médica e de seu consumo, através de indicadores mais complexos capazes de discernir a
respeito dos níveis de saúde da população.
Segundo Sabroza et al (1995) apud Oliveira (2002), o que ocorreu nos últimos anos
foi uma redução na mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, conseqüência de
aumento do atendimento dos serviços de saúde e do agravamento do quadro de doenças
crônicas e AIDS.
Como complemento, Marques (1995) considera que a emergência de doenças que
já haviam sido banidas de países desenvolvidos e subdesenvolvidos, torna-se grande
preocupação dos estudos epidemiológicos nos dias atuais, devido a sua relação com
problemas do ambiente, apesar de grande avanço na cobertura da atenção.
33
Tratando-se da ocorrência e ressurgimento de diversas doenças, as chamadas
doenças reemergentes, discussões que contemplam diversas abordagens estão sendo
postas em prática, contribuindo para a construção de um conhecimento mais amplo.
Segundo Marques (1995, p. 1): “The current emergence and global dissemination of
some new and resurgent infectious diseases have surpassed national frontiers,
increasingly affecting developing and also developed countries”.
No caso específico do Brasil, tem-se que a transição epidemiológica, fator que
influencia diretamente o ressurgimento destas doenças, ainda não pode ser considerada
uma etapa vencida, tendo em vista a heterogeneidade dos diversos contextos urbanos
das cidades no país, ocasionando a convivência entre progressos e retrocessos no
combate às doenças nas cidades, não na perspectiva linear, a condição de vencer uma
etapa, como proposto por Becker (2005).
Para a autora, por possuírem “muitos Brasis”, torna-se difícil vencer a barreira da
heterogeneidade no acesso à saúde, bem como os avanços ocorrem em condições
diversas no espaço brasileiro, tendo em vista as desigualdades regionais e o substratum
do subdesenvolvimento. Portanto, estaríamos enfrentando novos e velhos problemas
sobrepostos no espaço, sem fronteiras muito definidas.
Na mesma ótica e remetendo-se ao contexto do pós-modernismo, Guimarães
(2007) se apóia na Geografia do Corpo, como fundamentação para o entendimento de
uma saúde vinculada aos percursos e experimentações do corpo no processo de
adoecimento e de busca pela saúde, entendendo-o inserido no contexto sócio-espacial. A
partir de uma perspectiva local para o entendimento do todo, tem trazido contribuições
fundamentais para resolver os problemas relacionados à promoção de saúde.
Segundo Guimarães (2007, s. 8), “as diferenças corporais servem como base para
as formas sócio-espaciais de inclusão, exclusão, opressão, produzindo experiências
diferenciadas de saúde e doença [...]”, considerando todas as informações impressas no
corpo e sua percepção de mundo.
Embasando a relação da Geografia com a Epidemiologia, na perspectiva das
relações corpo-espaço, Czeresnia e Ribeiro apontam:
Em epidemiologia, o uso do conceito de espaço acompanhou o desenvolvimento teórico da
geografia, especialmente da vertente chamada geografia médica. Pensando a especificidade
desses estudos, destaca-se, mais uma vez, a importância da teoria de transmissão de germes
como estrutura nuclear da apreensão da relação entre espaço e corpo, constituindo-se
34
também em limite epistemológico à intenção de compreender o espaço como uma
totalidade integrada. (CZERESNIA E RIBEIRO, 2000, p. 597).
O nó crítico que dá força às relações citadas acima é o processo de transmissão, que
traz à tona todas as limitações deste corpo, em diversos pontos de vista. Podemos
observar estas limitações, no caso das doenças vinculadas ao meio, muito mais
associadas ao mesmo do que às vontades do corpo. Alguns outros fatores são relevantes
e certamente a resposta para esta configuração da doença é ambiental.
Foucault (1987) destaca a organização e classificação em locais para tratamento de
saúde, em espaços terapêuticos, que tendem a “individualizar os corpos, as doenças, os
sintomas, as vidas e as mortes”, o que dá um caráter mais econômico e fiscal e de
vigilância aos espaços e aos corpos. Aprofundando ainda mais na perspectiva do
indivíduo, Valadares (2000, p. 130) pontua:
O corpo é o lugar de lutas e lutos, de produção e perdas, e isso constitui o viver. Não há
vida sem corpo. O corpo é um espelho da alma, e este espelho se espalha por tudo o que
lhe é relacionado, o que constitui a vida e, por isso, não há corpo sem vida. Sem vida, ele é
apenas coisa, resto. A vida humana constitui-se por um lado em tratar o corpo, esse resto
infinito, como um sinal, como uma forma, um vazio, um lugar de criação, ou melhor, de
invenções.
Por traz de todos os sentimentos e sensações que podemos experimentar está uma
encorpação, segundo o autor, o fato do sentir eu, em que o ser humano torna seu corpo
alvo de suas pretensões, julgamentos, ansiedade, etc.
Na geografia, os novos paradigmas vão de encontro às formulações mostradas, na
infinidade de usos da ciência, tem cada vez mais se preocupado com sua aplicabilidade
em diversas direções. Segundo Edward Soja, “nunca se espacializou tanto”, em todos os
ramos da ciência, artes e cultura. Na construção recente de Barcellos:
Figura 7: Modelo das relações pessoa, lugar, tempo. Fonte: III Simpósio Nacional de
Geografia da Saúde, 2007
35
Observamos a entrada de um novo elemento nas construções geográficas, que
tradicionalmente se fundamentavam no tempo e no espaço, mas agora com uma nova
escala de análise que é a pessoa, na reflexão realizada por Barcellos (2007). Estes
estudos se baseiam na percepção individual de cada espaço, e nas expectativas em
relação a este espaço.
Em nossa campanha de correção da base de dados, no trabalho de percepção dos
Agentes Comunitários de Saúde de Ouro Preto (ver FONSECA e LEITE, 2007), ficou
clara a infinidade de percepções possíveis, pois cada indivíduo percebe e experimenta o
meio de uma forma, “percebe seus riscos” de uma forma (FREITAS, 2000), e mesmo
percebe sua saúde individualmente.
Então, por que não tentar entender em um estudo individualizado de condições de
saúde, de necessidades em saúde, de encontros individuais com a promoção da saúde?
Em nossa pesquisa, ao quebrar a perspectiva de outros estudos, entendemos o
avanço das construções quando se considera as informações em nível de domicílio, ou
de indivíduo. Outros trabalhos vêm privilegiando as inferências na escala de setores,
bairros e unidades espaciais maiores. Consideramos que é o primeiro passo, tratar estes
dados de forma quantitativa e privilegiar a forma qualitativa das informações espaciais.
Para tanto, não há quebra do sigilo das informações individuais, porque o objetivo
do trabalho é, partindo do indivíduo, entender o todo que é a distribuição espacial das
ocorrências de saúde-doença, observando a concentração de informações espaciais em
dados lapidados, nunca brutos.
36
1.3 - Abordagens Geográficas das Enteroparasitoses
As enteroparasitoses tendem a se localizar em áreas carentes de condições
adequadas de saneamento, como zonas rurais e áreas urbanas mais vulneráveis do ponto
de vista do saneamento. Elas são um dos principais problemas de morbidade do Brasil e
a principal forma de detecção da infecção é através da realização de exames
laboratoriais.
Essas infecções têm ampla distribuição geográfica e alta prevalência em países em
desenvolvimento, nos quais os principais focos de transmissão são áreas que possuem
condições precárias de habitação, de higiene e alimentação (TAVARES-DIAS, 1998;
TAVARES-DIAS e GRANDINI, 1999; LUDWING et al 1999; CAMPOS et al, 2002;
ARCAS e GAGLIANI, 2005, MASCARINI E DONALISIO, 2006).
No âmbito da distribuição da população por faixas etárias, as crianças são o
principal grupo de risco, devido ao maior tempo de exposição e hábitos de higiene
inadequados (CAMPOS et al, 2002). Outro fator que expõe as crianças é o contato com
ambientes coletivos, como escolas, centros de recreação, clubes, etc.
Retratando a distribuição da doença e problemas relacionados à notificação e
contextualizando, Mascarini & Donalísio (2006, p. 298), pontuam:
Infections caused by helminth (nematode) worms - A. lumbricoides, T. trichiura and
Ancilostomatidae - were estimated to encompass 39 million cases, with 10 and 22.1
million for each worm, respectively, exceeding infections caused by malaria, which
reached 35.7 million individuals in the 1990s. Since the 1940s, the number of studies
seeking to quantify the prevalence of intestinal parasitism in Brazil has been elevated.
However, most of this research reflects the reality of small municipalities, complicating the
process of obtaining a diagnosis of the overall situation in the country [...].
A infecção por enteroparasitas pode ser causada por helmintoses e protozooses. Os
helmintos podem ser: bio-helmintos, quando necessitam de hospedeiro intermediário
(trematodas e cestodas), e geo-helmintos, quando utilizam o solo para sua evolução.
“Entre os geo-helmintos, os ovos (no caso do Ascaris lumbricoides, Enterobius
vermicularis e Trichuris trichiura) ou as larvas (Ancylostoma duodenale, Necator
americanus e Strongyloides stercoralis) se tornam infectantes quando as condições de
clima e umidade são favoráveis” (SOUZA et al 2002). Os protozoários transmitidos pela
via hídrica, por sua vez, podem ser classificados em patogênicos (Entamoeba histolytica
37
e Giardia duodenale) e não patogênicas (Entamoeba coli, Endolimax nana, Iodamoeba
butschlii e outras).
Os sintomas das enteroparasitoses são dor abdominal, náuseas, diarréia ou
constipação intestinal, digestão difícil e flatulência, e as condutas para o tratamento
podem ser diversas, desde privação do contato com o ambiente propagador até
medicação específica. Este agravo pode afetar o desenvolvimento físico e intelectual,
pois tem associação com a diarréia crônica e a desnutrição. Além disso, segundo Souza
et al (2002), alguns enteroparasitas estão associados também à anemia ferropriva, devido
ao fato de se alimentarem de sangue, caso do A. duodenale ou N. americanus, que
segundo a autora se fixam na mucosa intestinal quando adultos, ou mesmo T. trichiura,
que pode em casos extremos de hiperinfecção causar diarréia sanguinolenta (ver
CANTOS et al, 2004).
Com relação às condições do solo e relevo para os geo-helmintos, solos arenosos e
depósitos aluviais são mais favoráveis ao desenvolvimento de larvas e a disponibilidade
hídrica, relacionada a determinados tipos de solo, podem se constituir criadouros de
verminoses. As larvas das chamadas geo-helmintoses são capazes de sobreviver em
solos areno-argilosos e argilosos (LACAZ et al, 1972).
Para as enteroparasitoses o contato com o solo contaminado ou a ingestão de
alimentos ou água contaminada associado às condições de higiene, bem como condições
inadequadas de coleta e tratamento de esgoto são características fundamentais para o
desenvolvimento de ambientes de proliferação.
Alguns estudos consideram a presença de animais domésticos um possível
agravante para a presença de parasitas (LACAZ et al, 1972; MASCARINI E
DONALISIO, 2006).
Vários programas vêm sendo implantados no intuito de controlar o problema das
parasitoses, sobretudo no ambiente urbano, mas têm atingido êxito apenas em países
desenvolvidos, devido ao fato de faltar custeio das atividades necessárias a projetos
educativos envolvendo a comunidade e o alcance dos mesmos ser limitado em relação às
comunidades mais carentes, principalmente atingidas (LUDWING et al, 1999).
Políticas acertadas com informação, redução das condições precárias e controle
efetivo dos agravos não têm sido realizadas, e intervenções pontuais como a realização
38
de exames não tem surtido o efeito desejado no combate às parasitoses.
Dentro das preocupações em escala mundial, existe o informativo Action Against
Worms, por iniciativa da World Health Organization, com políticas educativas nos
países pobres para a redução da infestação e campanhas informativas para medicação
adequada e acesso à mesma, uso da água, higiene, e promoção escolar. O principal foco
do texto são o Shistosoma mansoni e os parasitas mais comuns, que atingem
principalmente países carentes da África. Segundo o informativo (WHO, 1, mar 2003, p.
2):
The sheer number of people affected by schistosomiasis (also known as bilharzia) and
common intestinal worms (also known as soil-transmitted helminths) is staggering. Around
2 billion people harbour these infections; in other words, worms infect more than 13 of
the world's population. Three hundred million are severely ill due to worms and of
those at least 50% are school-age children. In 1999, WHO estimated that
schistosomiasis and soil-transmitted helminths represented more than 40% of the disease
burden due to all tropical diseases, excluding malaria, and that infectious and parasitic
diseases - most of which are preventable or treatable - are the primary causes of death
world-wide. Mortality is in fact a rare consequence of parasitic infection, but due to the
massive number of people affected world-wide, the number of deaths is substantial. In
Africa alone, the death toll due to schistosomiasis may be as high as 200,000 every year.
Having said that it is the chronic, long-term – and often insidious – damage to a person's
health which is of even greater concern.
O informativo sugere uma mobilização social, sobretudo por parte da escola, para
políticas de educação sanitária, para explicitação de mecanismos de contágio das
parasitoses, de medicamentos que devem ser utilizados em cada caso e informações
sobre países que possuem as doenças como endêmicas, dentre outros.
Segundo Lima e Cotrim (2004, p. 231) “dentre os problemas sociais do país
encontram-se: a miséria, a falta de acesso ao sistema de saúde e a educação da nossa
população. Essas três condições são bases para um grave problema de saúde: as
enteroparitoses”. Por não haver uma política de educação sanitária incisiva,
principalmente entre as comunidades mais carentes, há um agravante do problema
envolvendo estas doenças considerando que, apesar da medicação, o contato com o
ambiente pode ser propício à reinfeção e o controle ainda demanda uma série de
melhorias, de hábitos culturais e das condições do ambiente. Os ciclos de transmissão,
conforme representados nas figuras que se seguem, devem ser combatidos, considerando
todos os fatores envolvidos:
39
b
Figura 8 a e b, ciclos de transmissão de enteroparasitas. Em “a”
esquistossomose e em “b”, helmintoses. Fonte: “a” - Omar Carvalho, Iº
Seminário de Geoprocessamento da UFMG, 2004 e “b” informativo
action against worms, da WHO, março de 2003, vol. 1.
No Brasil, foi instituído em 2005 o Plano Nacional de Vigilância e Controle das
Enteroparasitoses, da SVS-MS, com o objetivo de “reduzir a prevalência, a morbidade
e a mortalidade por enteroparasitoses no país”. Segundo o documento, os parasitas
intestinais são os mais freqüentemente encontrados nos seres humanos, sendo agravos
importantes de serem entendidos.
O plano estabelece as competências de todas as esferas do poder público da saúde
com relação ao combate dos agravos, no que tange a criação de políticas de educação,
controle e prevenção dos mesmos. No âmbito destas atribuições, consideramos as mais
importantes: notificar os casos ocorridos, realizar exames laboratoriais, coletar
informações em todos os níveis e promover campanhas educativas.
Consideram-se as parasitoses mais freqüentes as causadas pelos nematelmintos, a
esquistossomose mansônica, a giardíase, a teníase e a amebíase. Os objetivos específicos
do plano são:
Conhecer o comportamento epidemiológico das enteroparasitoses quanto ao agente
etiológico, pessoa, tempo e lugar - agente hospedeiro e meio ambiente;
Normatizar, coordenar e avaliar as estratégias de prevenção e controle das
enteroparasitoses;
a
40
Organizar a distribuição para os laboratórios de saúde pública de insumos para a
realização do diagnóstico laboratorial das enteroparasitoses;
Identificar os principais fatores de risco para as enteroparasitoses;
Desenvolver atividades de educação continuada para profissionais de saúde, e
sensibilização para comprometimento dos gestores;
Desenvolver atividades de educação em saúde e mobilização social para a população em
geral;
Estruturar e coordenar a rede de assistência aos pacientes nos níveis de atenção primária,
secundária e terciária, incluindo alta complexidade;
Acompanhar e certificar sistematicamente os dados referentes à qualidade da água para
consumo humano.
O controle das parasitoses intestinais pode ser feito como políticas sanitárias que
envolvam educação das comunidades vulneráveis para a higienização do ambiente de
vida e de seus alimentos, alternativas que só funcionam em contato direto com a
comunidade.
A Secretaria de Saúde de Ouro Preto possui programas de controle efetivo de
diarréia nas Unidades de Saúde, além de realizar campanhas com exames laboratoriais
no LAPAC, da UFOP. Contudo, nenhuma política de educação sanitária ainda é
realizada.
Um problema enfrentado pela população de Ouro Preto é o tratamento de água, se
comparado a outros municípios como Belo Horizonte, devido a sua condição de não
possuir tratamento adequado por parte da prefeitura ou de um órgão especializado. A
própria prefeitura realiza o tratamento da água com cloração, e a população recebe este
tratamento gratuitamente. Tendo em vista este fato, podemos considerar que, do ponto
de vista do uso da água, principalmente para ingestão, o município como um todo é uma
possível área de transmissão, dado o tratamento de sua água e seus agravantes.
Há que se observar, portanto, que além da melhoria das condições socioeconômicas
e de infra-estrutura geral, o engajamento comunitário é um dos aspectos fundamentais
para a implantação, desenvolvimento e sucesso dos programas de controle. Há uma
integração muito produtiva da população com os agentes de saúde do município, que
vão de encontro às questões sociais através de queixas da população quanto aos seus
41
problemas de saúde, no que tange a administração pública. Sendo assim, estas
alternativas poderiam utilizar o potencial dos agentes de saúde como multiplicadores
de informações em saúde, em políticas simples de prevenção das enteroparasitoses,
associadas a um apropriado aparato de infra-estrutura de usufruto da população.
Está bem estabelecido que as parasitoses intestinais sejam mais freqüentes em
regiões menos desenvolvidas, considerado o sentido mais amplo da palavra. Nos países
subdesenvolvidos, as parasitoses intestinais atingem índices de até 90% ocorrendo um
aumento significativo da freqüência à medida que piora o nível socioeconômico.
Pesquisas populacionais sobre parasitos intestinais foram realizadas em diversas
regiões do Brasil e mostram freqüências bastante diferentes, de acordo com as condições
locais de saneamento e características da amostra analisada (CARMO E ALVES, 2005).
42
CAPÍTULO 2 - O APOIO DO GEOPROCESSAMENTO NO ENTENDIMENTO
DE FENÔMENOS ESPACIAIS
Os estudos realizados na área de Geografia Médica no Brasil tiveram como período
de maior produção os anos compreendidos entre 1890 e 1950, como descrição das
condições ambientais associadas às doenças (PESSOA, 1978), que também passam pela
evolução do urbanismo no Brasil. A partir daí essa vertente deixou de ser prioritária nos
estudos científicos, e somente na década de 1980, apoiado por métodos de análise
espacial baseados em sistemas computacionais, sobretudo o geoprocessamento,
observou-se uma retomada do interesse pela variável espaço nos estudos em saúde.
Com o advento das técnicas computacionais destinadas à caracterização do
ambiente, podemos observar novas possibilidades com a modelagem e os estudos de
caráter normativo e propositivo para entender a estruturação interna das cidades, com
análises voltadas para projetar cenários futuros para as mesmas, a fim de planejar e
entender o crescimento (MARQUES, 1998).
Dentro da gama de estudos contemporâneos e no advento das tecnologias
computacionais, relacionando a Geografia e a Epidemiologia, o papel dos Sistemas
Informativos Geográficos (SIG) é proporcionar a análise da distribuição de pacientes; no
monitoramento da qualidade da água e de vetores; as variações em caso de epidemias; e
a avaliação, em tempo real, de situações de emergência (PINA, 1998). Podemos assim
considerar a analise espacial como uma ferramenta estratégica no entendimento do
processo estrutural de envolvimento da sociedade com a doença, fundamental para a
inclusão de um modelo de saúde preventivo, além de o poder que os sistemas
mencionados têm de facilitar este tipo de análise (espacial) e até mesmo possibilitar
maior refinamento em algumas delas.
Os processos metodológicos fundamentados no Geoprocessamento têm aporte
teórico na teoria dos sistemas e, segundo Moura (2003, p. 49):
Uma das principais contribuições metodológicas do Geoprocessamento à pesquisa
geográfica é, certamente, a possibilidade de implantar processos de análises que, quando
trabalhados somente em termos conceituais, aparentam ser muito complexos. Esses
processos são a abordagem e a análise sistêmicas, conceitos que trouxeram para as
ciências que lidam com uma complexa gama de variáveis, em especial para as ciências
espaciais, grande ganho na aproximação entre o modelo de estudo e a realidade [...].
43
O ponto de partida para o entendimento da teoria dos sistemas foi a década de
1950, e esta teoria auxilia nos dias de hoje com a Modelagem de Sistemas Ambientais,
no entendimento do comportamento dos fenômenos no espaço. O surgimento da
chamada Geografia Quantitativa, calcada no Neopositivismo, foi responsável por
transformações no objeto geográfico que forneceram subsídios à descrição interna das
cidades, estabelecendo correlações e análises estatísticas espaciais e temporais sobre o
espaço urbano, na visão de Marques (1998). Através de modelos matemáticos e da
teoria dos sistemas esta Geografia busca entender, de forma quantitativa, hipotético-
dedutiva e da tecnologia, os fenômenos da superfície terrestre (COSTA e TEIXEIRA
1999).
Segundo Christofoletti (2004), esta época foi marcada pela substituição da
perspectiva reducionista pela visão holística, que se tornaria pensamento sistêmico,
estabelecendo relações partindo do todo para entender as partes do sistema. Para este
autor as partes só podem ser entendidas dentro do contexto maior que é o todo. Na
mesma vertente, Christofoletti (1999) considera que o sistema é um conjunto estruturado
de objetos e/ou atributos, relacionados entre si. Moura (2003) defende o uso do
geoprocessamento para a visão holística, considerando que o todo é mais que a simples
soma das partes, e que o conjunto de métodos e técnicas pode promover a compreensão
das partes isoladamente, assim como de suas contextualizações no conjunto.
Podemos considerar a vasta aplicação da modelagem em saúde, de modo a se
construir aplicações maiores que apenas retratar as condições de saúde, com uma
perspectiva além do modelo médico amplamente difundido e aplicado nos dias atuais,
com o auxílio das abordagens espaciais. O incentivo para estas abordagens é o
conhecimento que se produz a partir do entendimento do meio, das relações sociais e da
organização espacial.
Sendo a Geografia a ciência da organização espacial, ou “um sistema funcional e
estruturado espacialmente” (CRISTOFOLETTI, 1999), destacamos a importância do
trabalho do geógrafo de construir modelos aplicáveis e dinâmicos dentro da
complexidade do meio.
Segundo Moura (2003) a visão holística nos permite estabelecer que os fenômenos
espaciais estejam em constante mutação com o passar do tempo, e estão também inter-
44
relacionados. Estaríamos assim acrescentando aos cenários a noção de tempo,
fundamental para o entendimento da dinâmica ambiental.
A análise espacial é anterior ao SIG, e a mesma surgiu fundamentada em análises
estatísticas, próprias da Geografia quantitativa de 1950, que substituía o trabalho
descritivo em Geografia por formulações mais concretas (GERARDI, 1981). Através do
estudo das relações entre os elementos espaciais, ainda sem o apoio dos sistemas
computacionais, se estabelecia a análise quantitativa em Geografia.
Posteriormente, com o advento dos sistemas de informática surge e se difunde este
argumento rápido e eficaz que é o SIG. São diversos tipos de aplicações permitidas por
eles na saúde, e destacamos a avaliação de condições de saúde em estudos prospectivos
ou preditivos, que servem muito à epidemiologia. Os estudos de distribuição espacial
das doenças podem ser apoiados em análises mais simples, como a alocação das
ocorrências ou a área de influência de um determinado evento e cruzamento de
informação espacial em camadas; ou mais complexas como a avaliação da concentração
das ocorrências com método Geoestatístico em busca de um padrão para a distribuição
dos eventos.
Com a entrada a popularização dos sistemas computacionais na década de 1980,
viu-se novas possibilidades no entendimento dos fenômenos espaciais (XAVIER-DA-
SILVA, 2001). Os avanços no Geoprocessamento proporcionaram uma revalorização e
um aumento de possibilidades da Geografia quantitativa, assim como interesse pela
mesma. Na definição de Moura (2003, p. 8) podemos observar as possibilidades do
Geoprocessamento nas análises ambientais em geral:
É um sistema que produziu um progresso na representação dos fenômenos na Terra. A
maioria dos autores considera o Geoprocessamento como três grandes áreas, que são o
Processamento Digital de Imagens (PDI), a Cartografia Digital e os Sistemas Informativos
Geográficos (SIG) [...].
Para Xavier-da-Silva (op. cit.) a ciência remete a um conjunto de técnicas que
tornam possível transformar um banco de dados em informações relevantes, obedecendo
à lógica do pensamento sistêmico, de modo que se transporta a realidade para
representações o mais próximas possível, considerando um agregado de sistemas
45
relacionados entre si. Os sistemas ambientais representam sínteses da realidade,
distribuídas no espaço e caracterizando o mesmo.
Os SIG são definidos como: um conjunto de procedimentos utilizados para
armazenar e manipular dados georreferenciados (ARONOFF, 1989); sistema de suporte
à tomada de decisão que integra dados referenciados espacialmente em um ambiente de
respostas a problemas (COWEN, 1988); banco de dados indexados espacialmente sobre
o qual opera um conjunto de procedimentos para responder a consultas sobre entidades
espaciais (SMITH et al., 1987).
Dentre as diversas operações de um SIG, as principais são: entrada e
armazenamento de dados; conversão, manipulação e integração de dados;
processamento de imagens; consulta combinação e análise espacial de dados;
recuperação de dados (organizados sob forma de banco de dados espacial e relacional);
visualização e saída de dados (tabulares e espaciais).
Sobre os SIG, Najar (1992) apud Pina (1998) destaca suas potencialidades em
saúde, sendo a mesma, resultado de um conjunto de informações sobre renda, estrutura
etária, trabalho, transporte, emprego, lazer, acesso e posse da terra e aos serviços de
saúde. Deste modo entendemos a abrangência da utilização dos aplicativos.
Segundo Pina (1998) não há duvidas que a questão da saúde seja médica, mas
somente considerar questões curativas não resolve os problemas da sociedade. A
proposta é ir além do modelo da clínica, considerando as questões preventivas, e assim
pode-se estabelecer uma relação mais ampla entre todas as condições da população,
considerando ações de prevenção e controle. Os indicadores de bem estar social, como
causas, tornam-se indicadores de possíveis conseqüências na ausência de intervenções,
com argumento espacial como pano de fundo.
Duas interfaces do SIG são entendidas por Randolph (1998) no planejamento: a
identificação de correlações entre as variáveis de saúde e aplicadas em um único mapa
sintético, e a representação de variáveis isoladamente em diferentes mapas sobrepostos
(overlay). As duas etapas apontadas pelo autor tornam o SIG um instrumento de análise
e interpretação de informações.
Existem estudos sobre localizações ótimas para a implantação de unidades de saúde
e de prioridades de intervenção no espaço, a fim de programar as intervenções,
monitorar, ou avaliar situações reais (CARVALHO et al, 2000). Estes estudos, segundo
46
Vasconcellos (1998) também atendem as elaborações sobre as condições de saúde da
população e são de suma importância, pois consideram os padrões espaciais da
distribuição dos serviços de saúde, analisando fluxos de deslocamentos.
Alguns inquéritos domiciliares também utilizam esta metodologia no intuito de
descobrir carências da população. Os SIGs são adequados para a elaboração de estudos
de demanda e podem ser realizados com sobreposição de planos de informações gráficas
e não-gráficas; elaboração e ponderação baseada em índices de risco da população,
estabelecendo critérios como homogeneidade para explicar o comportamento da
demanda; redes de origem e destino e trabalhos tratando as condições das demandas de
forma interdisciplinar, com o auxílio da visualização que os mapas proporcionam
(VASCONCELLOS, 1998).
Observando a importância dada ao argumento espacial nas pesquisas dos sistemas
de saúde e, considerando o SIG comprovadamente um eficaz instrumento para análises
espaciais, pode-se inferir sobre os cenários e as condições da população para
intervenções futuras mais acertadas.
São muitas as possibilidades dos SIG, tendo em vista que podemos trabalhar com
planos de informação em separado, para análises específicas ou com o conjunto de
informações apoiadas em análises estatísticas como correlação e cluster, ou mesmo a
análise de multicritérios, no intuito de espacializar o maior grupo de informações
possível, caso isto seja interessante ao pesquisador. Cabe, na etapa de definição de que
tipo de trabalho será realizado, a escolha das varáveis pertinentes ao sistema, separação
das mesmas e estudo.
Segundo Xavier-da-Silva (2001, p. 165) a metodologia da Árvore de decisões, que
abrange a análise de multicritérios, própria do Geoprocessamento permite dois tipos de
procedimentos, que são aplicados no entendimento dos problemas ambientais, que
ocorrem em expressões espaciais e temporais: os procedimentos diagnósticos e os
prognósticos. Os procedimentos diagnósticos são levantamentos das condições
ambientais. Os procedimentos prognósticos são o complemento dos procedimentos
diagnósticos, de modo que, de posse do material das análises, é possível incluir no
estudo simulações entendendo as vocações das áreas de forma mais concreta, assim
como a distribuição dos fenômenos no espaço.
47
CAPÍTULO 3 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O estudo está sendo realizado com base de dados da cidade de Ouro Preto, região
Sudeste, Brasil, localizada entre as coordenadas geodésicas 20
o
23’28’’ de latitude sul e
43
o
30’20’’ de longitude oeste e altitude média de 1061 metros. A cidade é composta por
39 setores censitários
3
e 14000 domicílios, com uma população de 66277 habitantes
(IBGE, 2000).
O município de Ouro possui 1.245 km² de extensão e está localizado na Serra do
Espinhaço, Zona Metalúrgica de Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero), Região Central
da Macrorregião Metalúrgica e Campo das Vertentes de Minas Gerais. Como limítrofes
do município temos ao sul: Catas Altas da Noruega, Itaverava, Ouro Branco e
Congonhas; ao oeste: Belo Vale e Moeda, a leste: Mariana e à norte: Itabirito e Santa
Bárbara.
Mapa 1 – Localização de Ouro Preto
3
Segundo o IBGE (2000), o setor censitário [...] é a menor unidade
territorial, com limites físicos identificáveis em campo, com dimensão
adequada à operação de pesquisas e cujo conjunto esgota a totalidade do
Território Nacional, o que permite assegurar a plena cobertura do País
[...]. Dados retirados do sítio www.ouropreto.com.br, em 2007.
48
Ouro Preto possui 11 distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo,
Engenheiro Correia, Glaura, Miguel Burnier, Rodrigo Silva, Santa Rita de Ouro Preto,
Santo Antonio do Leite, São Bartolomeu e a sede municipal. Sua altitude média é
1.116m. O ponto mais alto é o Pico do Itacolomi, com 1.722m. Sua rede hidrográfica
conta com rios como: nascentes do Rio das Velhas, Piracicaba, Gualaxo do Norte,
Gualaxo do Sul, Mainart e Ribeirão Funil.
Do ponto de vista das unidades de saúde, Ouro Preto possui um Hospital que
atende com 110 leitos hospitalares, 44 unidades ambulatoriais, 3 postos de saúde e 5
centros de saúde, e 1 ambulatório de unidade hospitalar geral.
Foi realizado um trabalho de campo para coleta de informações e definição das
tipologias de ocupação urbana de Ouro Preto, onde propomos o reconhecimento delas,
através de coleta de pontos de GPS e fotos em localidades diferentes da cidade, a fim de
entender o processo de ocupação e os seus problemas, numa imersão ao seu contexto
urbano. A área percorrida consiste em toda a sede do município e o tratamento das
informações foi dado por meio de fotos georreferenciadas e interpretação das feições
urbanas. Na tabela que se segue as informações sobre os pontos coletados em campo.
Tabela 1 – Pontos de coleta com GPS e fotos.
Ponto Localização
OP1 Rua José Moringa. Bauxita
OP2 Rua 24 de Julho. Morro Santana
OP3 Rua XV de Agosto
OP4 Morro da Queimada
OP5 Rua José Anastácio. Piedade
OP6 Rua das Ortências. Santa Cruz
OP7 Rua Pirita. Veloso
OP8 Veloso
OP9 Piolho
49
OP10 Rua Cruz Alvarenga.Alto das Cabeças
OP11 Rua Antonio Esteves Ribas. Água Limpa
OP12 Rosário
OP13 Rua Glaura. Vila Aparecida
OP14 Rua Gastão Gomes. Saramenha
OP15 Santa Isabel. Saramenha
OP16 Av. Rene Gianete. Saramenha
OP17 Tavares. Saramenha
OP18 Rua Maria Soares
OP19 Morro do Cruzeiro
OP20 Novo Horizonte
OP21 Rua Esmeralda. Jardim Itacolomy
OP22 Pocinho
OP23 Rua das rosas. Santa Cruz
OP24 Rua Santa Rita. Padre Faria
OP25 Alto da Cruz
OP26 Águas Férreas
50
Mapa 2 – localização das fotos georreferenciadas e coletadas no trabalho
de campo.
51
Fotografia 1 – bairro bauxita. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 2 – Morro Santana. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 3 – Morro da Queimada. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
OP1- Representa uma tipologia
pouco comum em Ouro Preto
que é a verticalização. Os
bairros da cidade têm mais
unidades domiciliares
horizontais declividades em
praticamente todas as áreas da
cidade. Esta foto é um bairros
que se enquadra na região 5,
em Bauxita.
OP2- Mostra um conjunto de
moradia popular localizado no
bairro Morro Santana. Este tipo
de moradias serve a
comunidades mais carentes e se
enquadra na região 1, segundo
as tipologias de ocupação de
Ouro Preto.
OP4- É uma área com
prioridade de intervenções do
ponto de vista da estruturação
de um acesso para as moradias
do topo. Além da dificuldade de
acesso possui um encanamento
em condições precárias para
abastecimento de água e é mais
preocupante no período das
chuvas. Este bairro também se
enquadra na região 1 segundo
as tipologias de ocupação.
52
Fotografia 4 – Morro da Queimada. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 5 – Santa Cruz. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 6 – Rosário. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
OP4A - A mesma área, vista de
cima. Ela se localiza em Morro
da Queimada, uma das regiões
mais carentes de Ouro Preto.
Deste anglo é possível observar
com mais clareza o acesso
dificultado.
OP6 - É característica dos topos
de morro. As habitações
também são precárias, mas
organizadas. Destaque negativo
apenas para o mau cuidado da
via de acesso e para a entrada
da casa à esquerda. Localiza-se
na Rua das Hortênsias, Santa
Cruz, e faz parte da região 4,
nas tipologias de ocupação da
cidade.
OP12 - Contrastante com as
imagens vistas é a região da
Igreja do Rosário, que possui
uma organização e cuidados,
devido à atração turística. O
que se observa de negativo é a
presença muitos veículos. Se
enquadra na região 3 das
tipologias de ocupação urbana
da cidade
53
Fotografia 7 – Vila Aparecida. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 8 – Vila dos Operários. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 9 – Santa Isabel
Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007
.
OP13 - Este trecho possui uma
conformação muito íngreme e
estreita, possui habitações
organizadas. Localiza-se na
Rua Glaura, Vila Aparecida, na
região 2 das tipologias de
ocupação de Ouro Preto
OP14 - Este trecho é bem
característico por sua
conformação de vila. Trata-se
da vila dos Operários e é um
bairro específico de
trabalhadores das empresas de
beneficiamento de minérios. Se
enquadra na região 5 das
tipologias de ocupação da
cidade.
OP15 - Este trecho é uma
comunidade com características
bem rurais, mas no entorno de
Saramenha. Em termos de
prioridade de intervenções são áreas
importantes, considerando as casas
de madeira e a via de acesso de terra
podem ser focos de contaminação.
Localiza-se em Santa Isabel. Se
enquadra na região 6 das tipologias
de ocupação da cidade.
54
Fotografia 10 – Saramenha. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 11 – Morro do Cruzeiro. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 12 – Padre Faria. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
OP16 - Grande avenida que dá
acesso a alguns bairros da
região sul de Ouro Preto. Possui
poucas casas, mas todas bem
estruturadas e não deve ser
considerada uma área com
prioridade de intervenções.
Localiza-se em Saramenha.,
região 5 das tipologias de
ocu
p
ação da cidade
OP24 - Padre Faria é uma
região que possui uma
estruturação de intermediária
em relação ao centro e aos
bairros de latas declividades
nos topos de morro. Este bairro
se enquadra na região 2 das
tipologias de ocupação de Ouro
P
OP19 – Esta região é o Morro
do Cruzeiro, localizada nas
imediações da UFOP. Está
localizada na região 5, das
tipologias de ocupação de Ouro
Preto.
55
Fotografia 13 – Águas Férreas
Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de Nov. de 2007
.
Fotografia 14 – Alto da Cruz. Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007.
Fotografia 15 – Alto da Cruz.
Fonte: trabalho de campo realizado em 19 e 20 de novembro de 2007
.
OP26 - Este conjunto de fotos
mostra algumas das áreas mais
críticas que encontramos no
contexto urbano de Ouro Preto.
São prioridade de intervenções,
pois observamos a acumulação
De lixo doméstico, a presença
de um encanamento exposto e a
casa próxima de um barranco,
com algum risco de
desabamento. Algumas
habitações precárias também
fazem parte do contexto nas
duas ruas, localizadas em Águas
Férreas, região 1 das tipologias
de ocupação de Ouro Preto, e
Alto da Cruz, região 2.
OP 25 e 25A – Em alto da
Cruz observou-se a presença
de um barranco com
encanamento exposto um
aglomerado de casas. A
estrutura da via obedece à
mesma ordem de áreas com
declividades mais acentuadas
em Ouro Preto. Se enquadra
na região 2 das tipologias de
ocupação de Ouro Preto.
56
Analisando as fotos com o objetivo de criar um mapa mental da distribuição das
tipologias de ocupação urbana em Ouro Preto, para que o leitor se insira no
reconhecimento da paisagem, são agrupadas unidades territoriais a partir de
características comuns, observadas a seguir:
1. Região dos aglomerados na faixa norte da cidade, composta pelos bairros
Taquaral, Piedade, Morro Santana e São José, Morro da Queimada, São
Sebastião e São Cristóvão. É caracterizada por ocupação em encosta íngreme,
distribuição irregular de sistema viário e domicílios, adensamento, predomino de
edificações unifamiliares horizontais de pequeno porte. Observa-se precariedade
na infra-estrutura e serviços.
2. Região de ocupação de padrão médio, caracterizada pela transição entre áreas de
ocupação histórica e ocupação mais recente. A tipologia é observada na região
de Padre Faria e Cabeças e Aparecida, nas pontas leste e oeste da sede e na
transição sul entre núcleo histórico e Saramenha. A ocupação é marcada pelo
predomínio do unifamiliar horizontal de médio porte, com infra-estrutura
instalada e serviços.
3. Área história, de ocupação inicial, caracterizada pelo adensamento urbano
entremeado por áreas de quintal com cobertura vegetal expressiva. A infra-
estrutura e os serviços são bem distribuídos, com concentração de atividades de
comércio e prestação de serviços. (Moura, 2003, p. 143).
4. Região de aglomerado recente na faixa sudeste da cidade, bairro Santa Cruz e
imediações. É caracterizada por ocupação irregular em encosta muito íngreme,
precárias condições de infra-estrutura e serviços, ocupação desordenada de
domicílios unifamiliares horizontais de pequeno porte.
5. Região de padrão médio a alto em ocupação incentivada pela instalação da Alcan
na cidade, em meados do século passado. Possui independência espacial e de
57
serviços e infra-estrutura de boa qualidade, constituindo quase que outra cidade.
Embora ainda predomine a ocupação unifamiliar horizontal, ocorrem também
unidades multifamiliares verticais.
6. Região de transição de padrão médio para baixo, na periferia de e Bauxita e
Saramenha. A infra-estrutura e serviços são muito precários e há o predomínio
do unifamiliar horizontal.
A seguir apresentamos o mapa croquizado das tipologias descritas:
Mapa 3 – reconhecimento das tipologias de ocupação de Ouro Preto no espaço.
58
Para melhor compreensão da distribuição das condições de vida na cidade, assim
como dessas tipologias de ocupação observadas, apresentamos o mapa de Distribuição
de Qualidade de Vida Urbana em Ouro Preto, elaborado por Moura (2003). Nele se
identifica claramente as diferentes Ouro Preto: a histórica e a polarizada pela Alcan, as
periferias surgidas e as condições de distribuição heterogênea de infra-estrutura.
Mapa 4 – Síntese de Qualidade de Vida Urbana em Ouro Preto, segundo Moura (2003).
As cores mais escuras do mapa denotam a ocorrência de áreas com baixa qualidade
de vida, que são as periferias norte, tanto a leste como a oeste a porção leste e a
extremidade sudoeste da cidade. As cores mais claras denotam alta qualidade de vida,
como é o caso da região sul e central. As regiões intermediárias se colocam nas
transições entre estas duas tipologias básicas, em termos de qualidade de vida urbana,
são as cores amareladas e azuladas.
59
CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA
A pesquisa nos proporcionou o contato com várias camadas de informação, tanto
já mapeadas como em bases de dados alfanuméricas, que depois foram transformadas
em mapas para as análises finais. Neste item fazemos uma descrição detalhada de todas
as etapas metodológicas da pesquisa.
4.1 – Discussão das fontes de dados:
A etapa do levantamento de dados nos possibilitou o contato com três bancos de
dados diferentes, que serão tratados a fim de alcançar o objetivo final: 1) a série
histórica de parasitoses, que foi coletada pela equipe do LAPAC – UFOP, entre 1995 e
2000, 2) o banco de dados de infra-estrutura por domicílios, que foi coletado em um
trabalho conjunto entre o Laboratório de Epidemiologia (LEPI) da UFOP e a Secretaria
Municipal de Saúde de Ouro Preto, e 3) os dados do censo 2000 do IBGE, para o
tratamento por setores censitários.
Algumas informações sobre a coleta e estudo dos bancos de dados são
importantes, a saber:
Grupo 1 - Estes dados constam de resultados de exames laboratoriais e
informações sobre o tipo de parasitose encontrada, endereço domiciliar, idade, sexo,
setores censitários, dentre outros, num total de 10.000 fichas coletadas, em que os casos
positivos foram filtrados.
Grupo 2 – Estes dados são um cadastro de todos os domicílios da sede de Ouro
Preto, coletados pelos agentes de saúde para os cruzamentos, e que nos trouxe
informações para a última etapa das análises, as dos pontos com informações sobre os
domicílios. Desta etapa o intuito é a espacialização dos pontos e correção da base.
Este banco de dados é muito importante por ser o ligante entre a informação
espacial e a informação de doenças, considerando que os pontos estão espacializados
por coordenadas XY, e que a base possui as doenças não foi coletada em formato XY. A
função no tratamento destes dados foi usá-los como referência para o processo de
Geocodificação dos endereços, que será mais bem descrito no próximo item .
60
Grupo 3 - É o banco de dados do IBGE (2000), por setores censitários e foi
trabalhado através da associação entre base cartográfica e dados alfanuméricos, a partir
do qual foram construídas análises temáticas sobre idades escolares, estrutura etária da
população, renda, entre outras, para posterior cruzamento e a caracterização da
distribuição espacial dos recursos e condições de vida em Ouro Preto.
Em síntese, para a conclusão do trabalho três bases de dados alfanuméricas foram
interpretadas: parasitoses, incluindo algumas informações sobre os domicílios, os dados
do IBGE, ambos por setores, e o material coletado pelo LEPI por domicílio com os
pontos de GPS, com toda a infra-estrutura mais atualizada e com as informações já
descritas.
O tratamento destes três grupos se deu em duas etapas: uma é o tratamento da base
de infra-estrutura do IBGE, por setores censitários, em sínteses e os dados de parasitoses
interpretados na mesma unidade de análise. A outra é o tratamento dos dados por
domicílio e que subsidiou as análises com maior nível de detalhe, melhor explicitada nos
itens 4.1.1 e 4.1.2.
Colocamos em discussão a viabilidade do tratamento das duas informações, tendo
em vista que os dados do IBGE, por setores censitários nos trazem uma visão menos
aprofundada, mas ao mesmo tempo importante para o entendimento do comportamento
espacial de uma doença.
Em etapa seguinte tratamos os dados em um refinamento das análises por
domicílios, tentando resolver problemas como a generalização ocasionada pela grande
dimensão dos setores periféricos da cidade, para observar e mensurar o ganho deste
procedimento na interpretação dos resultados.
4.1.1 - Tratamento dos dados pontuais
Os dados do grupo 1 foram espacializados por setores censitários, num primeiro
momento, e depois por domicílios. Ele possui as duas informações espaciais e estes dois
tratamentos nos serviram de critério comparativo. No grupo 1 se encontram os
resultados de exames parasitológicos da população de Ouro Preto (amostragem), de
61
1995 a 2000, e nos foi cedido pelo Lapac-UFOP, contendo informações sobre as pessoas
da demanda, por domicílio, com as diversas parasitoses separadas.
Para a espacialização por setores censitários fizemos alguns arranjos na tabela de
atributos em que constavam os dados de setores do censo 1990, os resultados de exames
parasitológicos, dentre outras informações. O intuito desta etapa foi compreender,
considerando o menor detalhamento, como se distribuem as parasitoses em Ouro Preto
para que pudéssemos comparar, na interpretação dos resultados, se a amostragem por
domicílios dos mesmos dados nos fornece um ganho substancial de conhecimento.
Dentre as informações presentes no grupo 1 estão o endereço, o parasitológico de
fezes, resultado geral e para cada parasita, anemia, idade, sexo, informações sobre os
exames. Estes dados foram tratados por meio de estatística e análises espaciais (ver
capítulo 5).
Na coleta dos dados do grupo 2 contamos com a equipe do Laboratório de
Epidemiologia da Universidade Federal de Ouro Preto (LEPI-UFOP), e com a Secretaria
de Saúde do município de Ouro Preto, que foi quem realizou a primeira coleta de
informações com um GPS de navegação.
Os dados do grupo 2 são pontos com informações sobre o domicílio e coletados
pela equipe do LEPI em aproximadamente 14000 domicílios, relativos ao ano de 2005, e
foram trabalhados em formato digital para cruzamentos na etapa das análises espaciais.
Os atributos de sua tabela são os seguintes:
Informações sobre o imóvel
Código do imóvel, RG, quadra, tipo, endereço, bairro, distrito,
CEP, UF, segmento, área, micro-área e tipo de material de
construção.
Informações sobre saneamento básico
Abastecimento de água (tipo), outro abastecimento, tratamento de
água (tipo), destino do lixo, freqüência de coleta do lixo.
Outras informações:
Animais (cães, gatos, aves, vacinados ou não vacinados)
62
Número de pessoas que moram no imóvel. Número de pessoas
responsáveis pela renda.
Os dados deste grupo foram incorporados em ambiente SIG para estudarmos a
qualidade do georreferenciamento e conferirmos o banco de dados espacializado na
triagem das informações incongruentes. Nesta etapa a ferramenta de SIG foi muito útil
para observar a localização dos pontos e conferir os atributos, pois o aspecto visual das
informações facilitou nosso trabalho.
Ao conferirmos este material observamos a necessidade do seguinte procedimento:
tendo em vista o erro embutido no GPS de navegação que foi utilizado na coleta das
informações, sobretudo por interferências em áreas urbanas, observou-se incoerência da
base existente com a localização correta dos domicílios, como observamos na figura a
seguir:
F
i
g
u
r
a
9
N
ã
o
-
c
o
i
n
c
i
d
ê
n
c
ia da base de pontos com base de domicílios em Morro da Queimada.
Para ajustar a coleção de pontos, promovemos uma campanha junto a agentes de
saúde de Ouro Preto, que têm conhecimento do espaço físico da cidade e poderiam gerar
mapas na forma de croquis. Estes dariam apoio à correção com grau de erro considerado
admissível para o estudo de distribuição de fenômenos de saúde.
63
Figura 10 - Localização dos pontos georreferenciados – Ouro
Preto/MG
Para o processo de correção dos erros detectados na captação das coordenadas
geográficas, reunimos uma equipe do Programa de Agentes Comunitários (PAC’s), que
tem cobertura total de Ouro Preto, foram designados os agentes em grupos pelo tamanho
da área de abrangência dos PAC’s e demos a eles uma representação cartográfica da
área a ser coletada pelo grupo, fruto de ampliação da escala da base maior que é a área
urbana do município.
Tendo em mãos esta representação e a informação para coletar os números cívicos
de todas as ruas, os agentes elaboraram uma representação. Diversos foram os modos
que os agentes perceberam o espaço. O processo de correção da base foi demorado e de
muito trabalho, tendo em vista que tivemos que deslocar todos os pontos da base de
domicílios para o local correto.
64
Figura 11 a e b – Exemplos de croquis feitos pelos agentes.
Além dos croquis dos agentes de saúde, nos foram disponibilizadas as imagens
IKONOS georreferenciadas, que foram um grande apoio para visualização de
informações na etapa de correções. As cartas digitais do IBGE de Ouro Preto com nome
das ruas estampado também foram utilizadas.
O erro embutido na coleta dos pontos influenciaria para as análises propostas,
tendo em vista que o intuito do tratamento final que demos ao material foi a medida da
concentração de pontos com ocorrência das variáveis, em resolução máxima de dez
metros, e o erro era em média de 16 metros, de modo que somente com a base de dados
acertada pudemos ter este respaldo. Além disso, a concentração de pontos deslocados
pode influenciar no resultado final da análise, destacando áreas de forma incorreta. No
intuito de esclarecer todas as etapas da correção dos dados elaboramos o esquema
explicativo a seguir:
65
Figura 12- processo de tratamento para a correção da base de dados de
domicílios (em sentido horário, começando de estudo da base de dados
espacializada até a correção da mesma base com o auxílio das
informações de campo e a imagem IKONOS).
De posse do banco de dados dos grupos 1 (parasitoses) e 2 (cadastro) trabalhados,
e definido nosso objetivo que é visualizar a distribuição espacial das enteroparasitoses,
elaboramos uma rotina de tratamento dos dados para compatibilizar a base do grupo 1,
que seria agrupada com a base do grupo 2. Esta rotina se iniciou com a definição de um
campo comum na tabela de ambos, que serviria como parametro para a homogeneização
das duas. O campo escolhido foi o endereço, que e o único comum entre as duas.
Iniciamos a etapa de homogeneização das tabelas.
Com o auxílio da equipe do LEPI, fizemos todas as correções no campo
“endereço” das duas tabelas adequando para seguinte conformação: NOME DA
RUA+VIRGULA+ESPAÇO+NUMERO DA RUA. Outras informações também foram
homogeneizadas, como os nomes diferentes para a mesma rua e instituições que
66
porventura estavam com o nome e não endereço. Por exemplo, algumas escolas
constavam com o nome da instituição e não seu endereço cívico.
Todos os casos dos dois bancos (grupos 1 e 2) podem ser alocados por endereço,
mas para que os dados de parasitoses se tornassem passíveis de análises por domicílios,
foi preciso a adequação dos mesmos, conferência dos atributos “rua” e “número de
porta das casas” e filtragem.
Fora a homogeneização das tabelas, a base pontual (grupo 2) foi tratada de forma
diferente. O primeiro procedimento foi a caracterização das variáveis como numérica ou
seletiva, para definir que tipo de entrada teríamos na tabela de informações geográficas
para futuros cruzamentos. O procedimento seguinte foi a espacialização dos dados
através de extração das coordenadas geográficas captadas pelo GPS, procedimento que
conhecemos por georreferenciamento dos pontos, que já foi descrito. Neste passo,
através dos atributos XY do banco de dados resgatamos as informações coletadas pelo
GPS, e fizemos as correções.
Após o trabalho de correção da base do grupo 2, buscamos alocar os pontos em
suas respectivas ruas, corrigindo o erro embutido no GPS de navegação. Por precaução,
resgatamos as novas coordenadas dos pontos após a correção, através de uma aplicativo
do ArcGis chamado Field Calculator, para operações com tabelas de atributos espaciais.
Alguns pontos foram perdidos por não haver coordenadas XY, ou porque as
mesmas foram coletadas erroneamente. Neste processo foi realizado um extenso
trabalho de correção da tabela de domicílios começando pelo tratamento do campo
endereço, homogeneizando as tabelas dos dois grupos relacionados: parasitoses e
cadastro de domicílios. Tivemos um aproveitamento inferior ao conjunto total dos dados
por três motivos:
Pelo fato da base de domicílio ter aproximadamente o dobro de linhas que a base de
parasitoses, que é nosso parâmetro;
Pelo fato de ambas as bases terem informações fora da sede de Ouro Preto, que é nosso
recorte;
Pelo fato de ambas as bases possuírem endereços incompletos, o que tornou impossível
o aproveitamento de todos os dados.
67
Como não aproveitamos todo o material e no intuito de demonstrar quais foram as
perdas reais dos dados pelos motivos explicitados acima, utilizamos os exames
parasitológicos como exemplo:
Antes do tratamento dos dados tínhamos 3557 casos positivos, após esta triagem
foram reduzidos para 2221, principalmente por causa de exames de pessoas que não
residiam no distrito sede de Ouro Preto.
Nos casos negativos de parasitoses houve uma redução de 6956 para 4437,
perfazendo uma perda total da amostra de parasitoses de aproximadamente 3342. No
caso da base de domicílios a perda foi de 7342, principalmente porque os exames são
uma amostragem, e os dados de domicílios são o universo da sede.
Com as duas tabelas corrigidas a etapa seguinte foi a geocodificação dos
endereços, em ambiente SIG, partindo da tabela de ocorrências de enteroparasitoses para
a do cadastro de domicílios, abarcando as ocasiões em que havia duas entradas para o
mesmo domicílio, considerando que os dados de parasitoses eram amostragem de
demanda populacional. O total dos domicílios não foi levado em conta na amostragem,
pois o processo de geocodificação busca apenas os endereços que ambas as tabelas
possuem, com um grau de aproximação de 80% do campo ligante de uma tabela em
relação à outra. Foram aproveitados da tabela de parasitoses, filtrados os dados que não
se encontravam na sede de Ouro Preto e não possuíam endereço, 6658 ocorrências de
exames realizados, podendo haver duas ocorrências no mesmo domicílio.
Não questionamos a perda desta parte da base de dados como um problema, tendo
em, vista que, sendo um estudo de demanda, o LAPAC realizou exames até mesmo de
pessoas com procedência de cidades vizinhas e dos distritos de Ouro Preto e estamos
trabalhando com a sede. Para isto, os endereços que não eram da sede foram suprimidos.
Com relação ao material do cadastro de domicílios, como dissemos Ouro Preto
possui aproximadamente 14000 domicílios em sua área urbana. Destes, houve uma
perda na espacialização, por coordenadas de GPS coletadas incorretamente, uma perda
na geocodificação que é natural devido à amostragem de parasitoses ser menor
(metade), e uma perda na informação de endereços incompletos.
O processo de geocodificação foi realizado também no software ArcGis, em uma
ferramenta que se chama geocoding adresses. Criamos um localizador de endereços,
baseado na tabela sem informações espaciais, o software resgata as informações dos
68
pontos espacializados e junta os dois bancos de dados. A partir do campo comum
contido na tabela de base (parasitoses) e na complementar (cadastro), busca os
endereços afins das duas tabelas. A figura seguinte demonstra o aproveitamento dos
pontos com a geocodificação.
Figura 13 - Aproveitamento da base de dados de domicílios na
geocodificação à partir da base de dados de parasitoses com aproximação
de 80% de homogeneidade entre as tabelas.
A informação grifada significa que foi perdido 49% do banco de dados do grupo 2
porque não foram encontrados os endereços no grupo 1. Após a coleta das informações
os pontos da figura 14 “a” se reduziram a “b”. Ambas as figuras estão na mesma escala.
Figuras 14 a e b - Nuvem de pontos antes e depois da filtragem da
geocodificação de endereços e da supressão de dados provenientes de
outras localidades que não a sede de Ouro Preto e pontos com
informações incompletas.
Não podemos deixar de mencionar, como fator positivo do trabalho, o que a nossa
equipe em Ouro Preto conseguiu programar em um processo de coleta de informações
69
pelos agentes de maneira rápida e eficaz. Em todas as etapas contamos com pronta ajuda
da equipe do LEPI-UFOP e do CGP-UFMG.
4.1.2 - Tratamento dos dados zonais
O tratamento dos dados do IBGE (grupo 3) obedeceu a outra rotina diferentes em
SIG, chamada de indexação de tabelas para conversões vetor/raster. O primeiro
procedimento para isto foi a definição das variáveis associadas ao nosso estudo, como
explicitado no quadro que se segue:
VARIÁVEIS TRATAMENTO
Renda
Renda relativa do setor (valor percentual em
relação aos outros setores.
Média de renda dos setores
Escolaridade
Escolaridade distribuída por faixas etárias
(entre alfabetizados e não alfabetizados).
Média de anos de estudo dos setores.
Distribuição da
população
Número absoluto de pessoas residentes no
setor*.
Percentual dos setores em relação à
população total de todos os setores
estudados.
Distribuição da população por faixas etárias
em quatro faixas, 0-4 anos, 5-14, 15-64
anos e acima de 65 anos.
Percentual em relação ao total do setor e em
relação ao total da população de Ouro Preto
para cada faixa etária.
Número de moradores nos domicílios
Distribuição das
enteroparasitoses
Por setores censitários
Percentual das parasitoses em relação à
população do setor.
Percentual das parasitoses em relação à
população total de Ouro Preto.
Número absoluto de casos positivos para as
parasitoses.
70
Distribuição das incidências domiciliares.
Infra-estrutura de
saneamento
Distribuição do abastecimento de água.
Distribuição da destinação do esgoto.
Distribuição da destinação do lixo.
Distribuição das
enteroparasitoses**
Por domicílios da
amostra
Distribuição espacial dos resultados de
exames parasitológicos realizados em Ouro
Preto de 1995 a 2000, com o apoio de
método de análise de distribuição espacial
por Kernel.
Resultados relativos a todos os tipos de
parasitoses em separado, para os exames
parasitológicos realizados em Ouro preto de
1995 a 2000.
Distribuição da geoinformação relativa à
presença de ovos de diversos
enteroparasitas, constatada através de
exames parasitológicos.
Quadro 1 – conjunto de variáveis do Censo 2000 estudadas.
*nosso banco de dados pontual nos permitiu o cruzamento do número
de pessoas no domicílio através da concentração de pontos, que foi ganho
de informação.
**Na escolha das variáveis também consta aas associadas ao banco
de dados de parasitose, detalhado no item anterior
Depois de definidas as variáveis a serem tratadas, realizamos uma filtragem das
tabelas de dados do IBGE, tanto para as variáveis pertinentes ao estudo como para os
setores da sede de Ouro Preto, pois os demais não nos interessavam. Na aquisição dos
dados para os SIG realizamos a importação das tabelas par o ambiente dos softwares de
Geoprocessamento, que consiste em anexar as tabelas de dados alfanuméricos com as
tabelas dotadas de informação gráfica.
Primeiro se encontra um indexador, que é a unidade comum entre as duas tabelas
estudadas, que geralmente é a unidade de análise ou um número que se refere a ela. No
nosso caso para a importação do banco de dados com informações do IBGE foi o
número do setor censitário.
O segundo passo é a junção das tabelas dos dois bancos de dados e importação
para o ambiente do SIG. Feito esse processo podemos fazer conferências de dados por
71
atributos, mapas temáticos ou mesmo tratamento para cruzamentos em raster. a figura a
seguir ilustra o processo simples em SIG:
Figura 15 – Indexação de tabela de dados alfanumérica com tabela
gráfica. Fonte: Neri (2004)
De posse da base cartográfica do IBGE e a tabela completa, pudemos criar os
mapas temáticos
4
que foram convertidos em superfícies matriciais e posteriormente
cruzados em aplicativos apropriados. Para as conversões utilizamos a extensão Spatial
Analist, do ArcGis 9.0.
O procedimento é a criação dos temáticos, depois a conversão deles do formato
vetorial para o formato matricial, reclassificação das classes da matriz e exportação para
o ambiente SAGA, em que podem ser cruzadas informações. O SAGA somente permite
o cruzamento e leitura de informações espaciais em raster. Assim todas as camadas
cruzadas neste aplicativo foram convertidas.
No caso de Ouro Preto foi definida uma matriz de pixels
5
de 1000x700 (figura 14),
com resolução de 10 m na área urbana, que é nossa unidade espacial para os
cruzamentos e tem a dimensão aproximada de um domicílio urbano de Ouro Preto. Foi
4
Os mapas temáticos são planos de informação onde se insere informações distribuídas espacialmente, sem a
análise espacial, pois seu intuito é a distribuição em uma unidade de análise, geralmente em formato vetorial,
ou mesmo raster.
5
Segundo Moura (2003), um pixel (picture element), é a menor unidade de representação de uma matriz de
pontos.
72
também definido um fundo para os mapas para a definição de uma unidade de análise
mais clara dos planos de informação.
Com todas as camadas do IBGE indexadas e tratadas por setor censitário
realizamos cruzamentos nos aplicativos SAGA, no módulo Avaliação e consultas a
entidades espaciais, no mesmo módulo, que são as Assinaturas.
Figura 16- Matriz de pixels com dados por setor censitário. Fonte:
IBGE, 2000.
Para estabelecer a relação entre o número absoluto de parasitoses e as variáveis de
infra-estrutura do censo 2000 por setor, fomos atendidos pela base de dados que é a do
IBGE. Esta, foi um parâmetro fundamental, apesar de generalizado em algumas áreas,
para definição calara do objetivo a ser atingido com os cruzamentos de informações.
4.2 - Projeto Cartográfico
Foi elaborada uma triagem da base de dados do IGA, da tese de Moura (2003) e as
informações nos arquivos de mapas do IBGE. Definidos os parâmetros de escala com
dois tipos de análise: por setor censitário e por domicílio, temos tratamentos diferentes a
duas bases cartográficas distintas. As variáveis do IBGE, como renda, escolaridade,
saneamento foram tratadas por setor censitário e o a base de dados pontual foi tratada de
forma diferente, por concentração de pontos.
73
Nossa base cartográfica abrange todos os setores da sede de Ouro Preto e serviu de
limite para todas as análises. A base de pontos também está localizada dentro dos limites
da sede. Em termos de projeto cartográfico é de fundamental importância definir os
parâmetros para todas as etapas da analise, de modo que padronizadas, as camadas de
informação espacial tem áreas exatamente iguais, mesmo com informações espaciais
diferentes. Por exemplo, uma mesma matriz, tanto para os dados de hidrografia e para os
dados de relevo.
A base cartográfica utilizada em todos os procedimentos metodológicos e análises
seguem ao seguinte projeto cartográfico, em que a motivação foi a necessidade de
espacializar os exames de parasitoses e a infra-estrutura e estabelecer a relação as duas,
respondendo às perguntas seguintes:
- Como é a distribuição da população de Ouro Preto?
- Como é a distribuição da população por escolaridade em Ouro Preto?
- Como é a distribuição da população de acordo com a renda em Ouro Preto?
- Como é a distribuição das enteroparasitoses da amostra estudada em Ouro Preto?
- Como se distribui o abastecimento de água? Quais os tipos existentes?
- Como se distribui a coleta de lixo? Quais os tipos de destinação?
- Como se distribui a coleta de esgoto? Quais os tipos de destinação?
As fontes de dados utilizados foram:
- Mapas do sistema viário fornecidos pelo IGA, na escala 1:10.000.
- Banco de dados alfanumérico da ocorrência de parasitoses de 1995 a 2000, cedido pelo
LEPI – UFOP.
- Banco de dados alfanumérico de cadastro dos domicílios urbanos, fornecido pela
Secretaria de Saúde de Ouro Preto.
- Banco de dados com informações de parasitológicos de fezes realizados entre 1995 e
2000 realizados na sede de Ouro Preto.
- Banco de dados e base cartográfica por setores censitários fornecidos pelo IBGE.
-Imagem IKONOS, pra consultas visuais de informações espaciais, cedida pelo LEPI-
UFOP.
A resolução dos mapas finais gerados foi de 10 m, o que foi definido como
unidade territorial de integração nas análises raster. A escolha da medida do pixel é
74
justificada pelos objetivos da análise. Segundo a escala da fonte da base cartografia, que
é 1:10.000, seria possível trabalhar com pixel de 2 metros (0,2 mm na escala do mapa),
mas os objetivos indicavam melhor agrupamento da informação para cada 10 metros,
sendo inócuo o uso de dimensões menores.
Como área de trabalho foi definido o retângulo envolvente de 10 km por 7 km, que
abraça toda a mancha urbana da cidade. Sendo o pixel de 10 metros, isto resulta em
matriz de 1000 colunas por 700 linhas.
Os dados utilizados para a composição de camadas cadastrais e temáticas da base
cartográfica foram:
- Mapas cadastrais – gerados com a base de dados do IBGE, IGA, LEPI-UFOP e
SMS-Ouro Preto. Mapa de escolaridade, mapa de tipos de domicílios, mapa da rede de
água, de esgoto, coleta de lixo, etc.
- Mapas temáticos: Distribuição espacial das parasitoses, distribuição do
saneamento e distribuição da infra-estrutura. Será gerado um mapa final síntese destas
três informações, em raster, produto final de nossa análise dos dados do IBGE.
Os temas e planos de informação do projeto cartográfico foram:
Quadro 2 – Temas do Projeto Cartográfico
Tema Tipo
Sistema viário Polilinhas ou linhas
Hidrografia Polilinhas ou linhas
Domicílios com atributos diversos Pontos
Setores censitários IBGE Regiões
Setores Censitários IGA Regiões
Domicílios sem atributo de infra-estrutura. Regiões
Rede de água Polilinhas ou linhas
Área da sede urbana Regiões
Rede de esgoto Polilinhas ou linhas
Coleta de lixo Polilinhas ou linhas
75
Quadro 3 – Planos de Informação do Projeto Cartográfico.
As informações referentes à base cartográfica foram todas adquiridas com o
auxílio da equipe do LEPI-UFOP, do CGP-IGC-UFMG e, quando não tínhamos algum
material disponível, ou alguma etapa da metodologia como desafio, encontramos
prontamente estes dois alicerces fundamentais da pesquisa a nossa disposição para
construção de novas bases e esclarecimentos freqüentes.
4.3 – Proposição de Cruzamentos de Variáveis e dos Indicadores
Cruzamos as várias camadas de geoinformação disponíveis como já dissemos em
dois grupos: os dados georreferenciados na escala de setores censitários, que se tratam
basicamente de infra-estrutura dos setores, com fonte de dados em IBGE 2000, de onde
foram geradas sínteses de informações espaciais em ambiente SAGA e os dados de
domicílios, que são dados pontuais de onde resgatamos a informação da ocorrência de
parasitoses.
Na escala de domicílios a proposta foi tratar o banco de dados que possui atributos
de infra-estrutura e resultados de exames para enteroparasitas, para posterior cruzamento
com a base de setores.
As informações foram divididas em mapas de distribuição da escolaridade,
distribuição da renda, distribuição da população, distribuição da infra-estrutura de
Planos de informação Unidade de análise
Distribuição das parasitoses Setor censitário IGA
Distribuição do Analfabetismo Setor censitário
Distribuição das faixas de renda Setor censitário
Distribuição da população por escolaridade Setor censitário
Distribuição da coleta de lixo Setor censitário
Distribuição do número de habitantes Setor censitário
Distribuição dos tipos de domicílio Setor censitário
Distribuição da população por faixas etárias Setor censitário
Distribuição por número de moradores nos
domicílios
Setor censitário
76
saneamento de Ouro Preto. O intuito foi o cruzamento de todas estas categorias com a
ocorrência de parasitoses, em combinações de resultados dois a dois, obedecendo ao
esquema a seguir:
Figura 17 – Combinações realizadas em ambiente SAGA
Como se tratam de variáveis diferenciadas não foi possível sintetizá-las em um
único mapa e apenas pudemos comparar. Os cruzamentos foram possíveis das camadas
com a concentração de ocorrências de enteroparasitoses. O intuito é responder, onde há
a ocorrência de parasitoses, como se comportam as outras variáveis.
Os resultados do IBGE apenas nos permitiram precisar informações dentro dos
setores censitários. Tínhamos no banco de dados de domicílios para servir como
complemento das varáveis de infra-estrutura, mas na maioria dos casos utilizamos o
IBGE.
Para cada variável que propomos estudar tivemos um tratamento específico. Para a
Síntese de Infra-estrutura de Saneamento selecionamos as variáveis listadas na
seqüência:
77
Figura 18 – cruzamentos necessários para a síntese de Distribuição da
Infra-estrutura urbana e saneamento de Ouro Preto.
Na escolha das variáveis listadas acima foram relacionadas as mais importantes,
consultando bibliografia sobre indicadores de saúde e indicadores de enteroparasitoses.
Observa-se, então, a associação dos parasitas com a ocorrência de más condições de
saneamento. A maioria dos casos o mecanismo de transmissão das enteroparasitoses está
associado a fezes contaminadas, a água contaminada e condições precárias de destinação
do lixo.
Além destes fatores, observamos as variáveis que poderiam ser consideradas de
má qualidade do saneamento para elencarmos no estudo. Fizemos isto sem ainda saber
qual era o desenho da distribuição espacial da amostra de parasitoses, pois a ultima
etapa metodológica foi o cruzamento por concentração de pontos.
Observamos algumas variáveis sócio-espaciais como determinantes da ocorrencia
de parasitoses. Através de consultas a bibliografia observamos que as enteroparasitoses
podem ter relação com a escolaridade, a renda e com a distribuição da população no
município.
78
Figura 19 – cruzamentos necessários para a síntese de Distribuição da
renda em Ouro Preto.
A renda foi um critério levantado para constatar se de fato, como observamos na
bibliografia, é um fator determinante para a ocorrência de enteroparasitoses. Segundo o
material estudado observamos que as populações de renda elevada não possuem alta
ocorrência de enteroparasitoses.
Não podemos sustentar esta afirmação por nosso estudo se tratar de um estudo de
demanda, principalmente para usuários do SUS. Esta constatação pode nos direcionar a
detalhar mais o estudo das classes de condições mais baixas.
Figura 20 – cruzamentos necessários para a síntese de Distribuição da
escolaridade em Ouro Preto.
Também através de revisões, observamos que a escolaridade pode influenciar na
efetividade de políticas de saneamento básico, bem como proporcionar intervenções
mais incisivas no caso de populações menos favorecidas deste elemento. Outras relação
79
existente com a escolaridade é grau de instrução associado a questão de higiene,
segundo algumas bibliografias consultadas.
Figura 21 – cruzamentos necessários para a síntese de Distribuição da
população de Ouro Preto.
Alguns estudos que revisamos também consideravam a concentração de pessoas
no domicílio um fator de risco para a transmissão de doenças, bem como para promoção
da saúde. Através da medida de distribuição da população de Ouro Preto pudemos
observar quais são as áreas de maior aglomeração.
Para chegarmos à infra-estrutura de saneamento, cada variável do IBGE foi
sintetizada em mapas de distribuição, baseado em uma tabela de informações sobre
todos os setores da sede urbana. Todo o tratamento na etapa de síntese foi dado em
ambiente SAGA.
Das informações do censo fizemos uma seleção das variáveis pertinentes ao nosso
estudo, baseada, principalmente, em revisões sobre indicadores envolvendo os
problemas de saúde em espaços urbanos.
Também observamos que as enteroparasitoses estão muito relacionadas com
hábitos de higiene, um indicador que não foi possível alcançado devido ao tamanho
numérico da amostra e sua limitação neste sentido. Apesar disto, como proposta futura,
consideramos a possibilidade de uma imersão às áreas mais vulneráveis detectadas em
80
nosso estudo, para obter estas informações, que a nosso ver não deixam de ser
relevantes.
4.4 – Aplicação de métodos de análise em Geoprocessamento
Esta etapa foi toda construída nos aplicativos ArcGis (ferramenta Spatial Analyst)
e SAGA - Sistema de Análise Geo-Ambiental (ferramentas Avaliação e Assinatura). No
ArcGis foram elaborados procedimentos de conversão vetor/raster e no Saga foram
construídas análises baseadas na metodologia de Multicritérios, que estabelece
cruzamentos por pesos e notas para as variáveis ambientais.
Observando as possibilidades definir parâmetros para o cotejo entre as variáveis
ambientais, sócio-espaciais e de saúde, contamos com o conhecimento uma revisão
teórica do conhecimento especialista (realizamos revisão teórica sobre o tema). Ao
rodarmos os modelos pudemos definir áreas com prioridade de intervenções para cada
variável e os cruzamentos possíveis (item 4.1.3).
Uma vez produzidos os mapas temáticos sobre os temas de densidade de
ocupação, escolaridade, renda e infra-estrutura em Ouro Preto, por setor censitário, foi
proposta a síntese destas informações, por cruzamento descrito na árvore de decisões.
Na seqüência, foi cruzada a distribuição das enteropasitoses com a distribuição das
variáveis em Ouro Preto.
Os aplicativos utilizados também nos permitiram fazer consultas espaciais, como o
WINSAGA tem o recurso das assinaturas de pixels, o ArcView tem o recurso das
consultas SQL
6
. Em ambos os casos observamos a ocorrência conjunta (coincidência
espacial) de informações contidas nos diversos mapas temáticos, a fim de identificar as
áreas vulneráveis através do número de pixels coincidentes dos planos estudados.
Segundo Moura (2005), as Assinaturas são varreduras nos diferentes planos de
informação, que têm como objetivo principal indicar e mensurar as coincidências
espaciais de ocorrências. Como exemplo, é possível assinar onde acontece a
concentração da parasitose e verificar as condições de outras variáveis nas localidades
assinadas, inclusive com os predomínios de suas características.
6
A SQL (Structure Query Language) é uma linguagem de consulta a banco de dados.
81
O tratamento estatístico dos dados foi realizado no software SPSS, em que
categorizamos as variáveis, realizamos consultas de informações, construímos gráficos,
e o utilizamos como principal recurso à distribuição de freqüências de variáveis. Outros
softwares utilizados no cuidado dos bancos de dados alfanuméricos foram o EXCEL e o
ACCESS.
O SAGA foi utilizado, através da ferramenta de Avaliação, para promover a
combinação de variáveis que indicam a distribuição de determinadas condições no
espaço. Exemplo: foram cruzadas as variáveis de água, esgoto e lixo para resultarem na
caracterização da distribuição da infra-estrutura de saneamento na cidade.
Com base nas formulações das sínteses elaboradas foram feitos os cruzamentos
dos mapas temáticos, seguindo o exemplo mostrado na figura 16 (item 4.1.3). Os mapas
síntese são mapas com informações agregadas de um a determinada variável ambiental,
gerados no módulo avaliação do SAGA.
As Avaliações ambientais são Prospecções Ambientais, fruto de um agrupamento
de informações espaciais com o intuito de combinação das variáveis. Moura (2005)
destaca a importância da ponderação das variáveis a fim de entender quais serão os
cruzamentos mais importantes ou mesmo os cruzamentos possíveis.
4.5 - Aplicações do Kernel
Uma etapa de suma importância em nosso trabalho consta da aplicação do modelo
de processos pontuais: que é a criação de uma superfície raster por interpolação da
concentração de pontos, método de estatística espacial conhecido como Kernel.
Este tipo de análise de dados espaciais amplia a compreensão da relação espacial
podendo responder questões importantes como: “Em que lugares ocorrem os eventos?”;
“Existe algum padrão na sua distribuição espacial?”; “Qual é este padrão?”; “Por que ele
ocorre?”; e “Dado este padrão, como planejar as ações de atendimento ao
evento?”(BURROUGH e MACDONNELL, 1997). Segundo Tassinari et al (2004, p.
1723):
[...] permite estimar a quantidade de eventos por unidade de área, em cada célula de uma
grade regular que recobre a região estudada. Essa técnica não-paramétrica, além de
estimar a intensidade da ocorrência de casos [...] em toda a superfície analisada, permite
82
filtrar a variabilidade de um conjunto de dados, ao mesmo tempo em que retém suas
principais características locais. O valor estimado em cada célula é uma probabilidade de
encontrar um evento (caso), ponderada pela distância para os eventos observados [...]. O
grau de suavização é controlado mediante a escolha de um parâmetro conhecido como
largura de banda (bandwidth), que deve ser definida de modo a refletir a escala geográfica
da hipótese de interesse, ou otimamente estimada como parte de um processo de
suavização por técnicas de validação cruzada [...]
O método estudado é o mais adequado, pois tem uma resposta espacial simples,
mais eficaz e também por ser método exploratório de informações espaciais.
Observamos que outros métodos tinham por fundamento interpolar distâncias e
informações espaciais, podendo interpretar as informações de maneira inadequada.
Estudamos também métodos de estimação, que geram informações sobre predição de
cenários, mas observamos que não nos atendem. Outra informação relevante que tange o
nosso objetivo é que o que reduz drasticamente a generalização de maiores superfícies
de análise.
Segundo Diniz (2000) o objetivo da análise espacial de padrões de pontos é
obsevar se este padrão é sistemático ou aleatório. Assim, podemos estabelecer a relação
desta distribuição com outras variáveis, observando o comportamento conjunto das
mesmas.
O método Kernel que gera um campo de ocorrência em torno da variável estudada
obedece a seguinte expressão matemática:
2
2
2
2
1
3
)(
ˆ
=
<
τπτ
λ
τ
τ
j
h
i
h
s
j
onde,
s
i
é um par de coordenada qualquer definindo um ponto dentro de uma região, cujas
localizações são a
1
, ..., a
691
;
τ>0 é o parâmetro “largura de banda” (bandwidth), raio de um círculo, arbitrariamente
determinado, centrado na localização s
i
que está sendo verificada, dentro do qual situam-se os
[eventos] que irão contribuir para a medida
λ
τ
(s
i
);
h
i
é a distância entre o ponto s
i
e a localização de um [evento] a
j
, ocorrido dentro do
círculo de raio
τ
;
sendo a somatória feita apenas para valores h
i
menores que
τ
.
83
O tratamento do georeferenciamento computacional, definido como o processo de
aplicação de tecnologia computacional a problemas geográficos, é recente, embora a
utilização de mapas em vigilância epidemiológica seja tradicional (OPPENSHAW;
ABRAHART, 1996). O Kernel se consolidou na análise de dados de saúde quando
observado na distribuição espacial das ocorrências dos acidentes de trabalho informal na
área de estudo, quando foi gerado um “campo de ocorrência de acidentes do trabalho no
mercado informal”, por intermédio do procedimento Kernel estimation (BAILEY;
GATRELL, 1995).
A função Kernel, a partir das ocorrências de acidentes de trabalho, modeladas no
SIG como geo-objetos, constrói uma superfície continuamente estendida por todo o
espaço estudado, modelada como um geo-campo. Considerando-se o espaço como a
exposição de interesse neste estudo, o “campo de ocorrência” assim estimado é uma
medida da distribuição de exposição dos casos estudados (SILVERMAN, 1986;
GATRELL, 1994).
O procedimento metodológico para calcular a densidade dos pontos, na extensão
Spatial Analist do ArcMap, é inicialmente definir o retângulo de abrangência para gerar
a superfície, depois definir o tamanho da célula de saída (ver item 4.2). Na opção
density, definimos o raio de abrangência da concentração e as unidades de área,
conforme a figura abaixo:
Figura 22 – captura de tela da opção density, do Spatial Analyst.
84
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
[...] historicamente mudam as características da habitação,
no entanto é sempre preciso morar, pois não é possível
viver sem ocupar espaço [...].(RODRIGUES, 1994, p. 11).
5.1-Análise do Banco de Dados Alfanumérico de Enteroparasitoses
A amostra estudada na pesquisa, no período 1995-2000, foi de 6658 exames
realizados dentro da área urbana do município, no qual observamos que 2221 são casos
positivos e 4437 são casos negativos nos casos de parasitoses definidos para ocorrências
individuais. Isto corresponde a 33.4% da amostra total de casos positivos e 66.6% de
casos negativos. O controle da aleatoriedade da amostra não foi feito, dado que nosso
estudo se restringe a demanda de exames, principalmente, provenientes de usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS). Todos os exames foram realizados no Lapac e no
questionário de coleta dos dados se informou o tipo de convênio.
MF
sexo
PositivoNegativo
Parasitológico
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
Número de exames
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
Número de exames
Gráfico 1 – distribuição dos exames por sexo e resultado.
Fonte: Lapac-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
Para os usuários do SUS observou-se um total de 5538 exames realizados, para
usuários de convênios particulares um total de 1115 exames e 5 pessoas que informaram
85
que tem convênio particular, mas utilizam o SUS. Esta proporção do nosso estudo nos
direciona a inferir principalmente para as áreas que utilizam com freqüência a
gratuidade, talvez por não tiverem outra opção.
A parcela da população que ocasiona subnotificação por terem realizado exames
em outros laboratórios não será contemplada. Como o agravo também não é de
notificação compulsória, nos ater ao nosso recorte foi uma saída, considerando apenas a
população que procurou o Lapac.
Gráfico 2 – distribuição dos exames por ano, convênio e resultado.
Fonte: Lapac-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
Quanto à distribuição da amostra por sexo observou-se 3897 exames realizados em
pessoas do sexo feminino e 2761 exames realizados em pessoas do sexo masculino. Dos
casos positivos tivemos 1254 para o sexo feminino e 967 para o sexo masculino. Esta
maior ocorrência pode ser devido à importância maior que as mulheres dão aos cuidados
de saúde e bem-estar, bem como a posição de donas de casa lhes permitira o
deslocamento para os locais de realização das campanhas no momento da coleta. Estes
dados estão contemplados na tabela que apresentamos:
PositivoNegativo
Parasitológico
SUS, PART SUS PART
convenios
200019991998199719961995
ano
200019991998199719961995
ano
1.200
1.000
800
600
400
200
0
Número de casos
1.200
1.000
800
600
400
200
0
Número de casos
1.200
1.000
800
600
400
200
0
Número de casos
86
Tabela 2 – Freqüência de exames para
enteroparasitoses realizados por sexo.
Fonte: Lapac-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
Distribuindo a amostragem como um todo com o as informações relativas a uma
pirâmide etária (idade e sexo) tivemos uma distribuição bem semelhante dos exames
para o sexo feminino e masculino, como apontamos a seguir:
Gráfico 3 – Pirâmide etária da amostra populacional dos exames.
Fonte: Lapac-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
As idades com mais casos positivos se concentram de 0 a 25 anos, essas foram
divididas em classes mais detalhadas para maior clareza de análise. Agimos desta forma
porque através de revisão bibliográfica sobre enteroparasitas observamos que os
mesmos acometem mais as crianças, devido a hábitos inadequados de higiene e maior
contato, principalmente das crianças com o domicílio ou ambientes expositores. Alguns
estudos seccionam as classes de idades até cinco anos para maior entendimento da
Sexo Freqüência Percentual (%)
F 3897 59
M 2761 41
Total 6658 100
87
relação parasitose-infância. Conclui-se que, no âmbito da distribuição da população por
faixas etárias, as crianças são o principal grupo de risco para estas doenças. Tivemos a
seguinte distribuição por faixas etárias:
Tabela 3 – Frequência dos resultados de exames por idade e
dos resultados positivos de exames por idade.
Fonte: dados coletados pelo Lapac-UFOP
Observa-se que a classe de 6 a 15 anos é a que tem maior concentração do número
de casos de parasitoses e, na medida em que a maturidade é alcançada, devido a hábitos
mais consolidados de higiene, independência nos cuidados pessoais, os casos tendem a
diminuir. Nesta faixa etária, observou-se uma prevalência de 48% dos casos positivos de
parasitoses, de modo que pode haver alguma relação com ambientes expositores
coletivos como creches, escolas, que necessitam de intervenções mais próximas a estes
ambientes, do que só em domicílio. Isto pode ser feito não dando prioridade somente ao
domicílio, porque pode haver re-infestação na escola, por exemplo.
A faixa etária de 0 a 5 anos ficou em quarto lugar na distribuição dos Resultados
positivos, comparando com os dados de população, conclui-se que, por Ouro Preto
possuir uma população de 0 a 5 anos de idade de 1520, a prevalência de parasitoses não
está entre as mais altas (7%), se compararmos com outros estudos revisados, em que
alguns possuem prevalência de até 63% em ambientes expositores (ver GURGEL et al,
2005). Claro que nosso estudo trata de uma amostragem e que a população total de 0 a 4
anos em Ouro Preto, segundo o censo 2000, é de 1928 pessoas, só para termos uma
idéia.
Através de revisão bibliográfica também constatamos que algumas
enteroparasitoses, sobretudo aquelas em que o patógeno se alimenta de sangue tem
Idade Exames realizados Exames positivos
0-5ANOS 1084 217
6-10ANOS 1350 650
10-15ANOS 923 444
16-20ANOS 597 227
20-25ANOS 678 209
88
como conseqüência a anemia. Através de hemogramas sanguíneos observou-se a
presença de anemia, dentro do banco de dados, com a seguinte conformação:
Tabela 4 – Ocorrências de anemia observada na amostra.
ANEMIA FREQUENCIA PERCENTUAL
Não Avaliado 4140 62.2
Não 2137 32.1
Sim 381 5.7
Total 6658 100
Fonte: Lapac - UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
Como 62.2% da amostra não foi avaliada, nos restringimos a 2518 casos, sendo
destes apenas 381 casos comprovados de anemia.
Com relação ao ano de realização dos exames observou-se uma distribuição
irregular, de modo que em alguns anos houve maior número de exames realizados que
outros em nossa série histórica de 1995 a 2000. A distribuição foi a seguinte:
Gráfico 4 - resultados dos exames segundo o ano de realização.
Fonte: Lapac - UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
Se considerarmos ainda os resultados de exames em relação ao sexo e ao ano
temos a seguinte distribuição:
PositivoNegativo
Resultados de exames por ano
200019991998199719961995
ano
200019991998199719961995
ano
1.250
1.000
750
500
250
0
Número
89
Gráfico 5 - resultados dos exames segundo o ano de realização e o sexo.
Fonte: Lapac - UFOP, levantamento primário de dados realizado entre
1995 e 2000.
Em 1995 houve poucos exames tanto masculinos quanto femininos, 1996 houve
mais exames femininos, tanto positivos quanto negativos. Em 1997 houve um número
bem próximo para ambos os sexos, em 1998 foi próximo ao zero para ambos os sexos; e
em 1999 e 2000 foram realizados muito mais exames femininos, tanto positivos quanto
negativos.
Do ponto de vista do ano de realização do exame e do sexo a amostragem mostrou
que, para o total de casos a proximidade entre os dois sexos ocorreu praticamente em
todos os anos, mas com relação aos casos negativos ocorreu um distanciamento dos
casos do sexo feminino, que foram muito mais pronunciados, sobretudo em 1996 e nos
dois últimos anos da série histórica.
A tabela a seguir mostra os resultados positivos para cada tipo de parasita
encontrado na amostra:
Tabela 5 – Freqüência da amostra por espécie de
enteroparasitas e percentual encontrado.
TIPO FREQUÊNCIA PERCENTUAL (%)
Iodamoeba bütchlii (ib) 1 0.02
Hymenolepis nana (hn) 4 0.06
Taenia sp (ta) 7 0.11
MasculinoFeminino
sexo
positivo negativo
Parasitológico
200019991998199719961995
ano
200019991998199719961995
ano
800
600
400
200
0
número de exames
800
600
400
200
0
número de exames
90
Strongyloides stercoralis (ss) 18 0.27
Ancilostomídeos (an) 27 0.41
Enterobius vermiculares (ev) 29 0.44
Schistosoma mansoni (sm) 38 0.57
Trichuris trichiura (tt) 45 0.68
Entamoeba histolytica/dispar (ehd) 147 2,21
Endolimax nana (en) 236 3.54
Giardia lamblia (gl) 338 5.08
Entamoeba coli (ec) 655 9.84
Ascaris lumbricoides (al) 3413 51.26
Total 6658 100
Fonte: LEPI-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre 1995
e 2000.
Os resultados dos exames para a ocorrência de enteroparasitas causadas por
diferentes patógenos mostraram uma distribuição específica. Dos dados coletados
observou-se que os casos mais relevantes são:
Para Strongyloides stercoralis observou-se 18 casos, que correspondem a 0.3% da
amostra.
Para Ancilostoma duodenalis observou-se 27 casos, que correspondem a 0.4% da
amostra.
Para Enterobius vermiculares observou-se 29 casos, que correspondem a 0.4% da
amostra.
Para Schistosoma mansoni observou-se 38 casos, que correspondem a 0.5% da
amostra.
Para Trichuris trichiurus observou-se 45 casos, que correspondem a 0.6% da
amostra.
Para Entamoeba histolytica/dispar observou-se 147 casos que correspondem a
2,21% da amostra.
Para Endolimax nana observou-se 236 casos positivos, constando de 3.5% da
amostra.
Para Giardia lamblia observou-se 338 casos, que correspondem a 5.15 da amostra.
91
Para Entamoeba coli observou-se 655 casos, que correspondem a 9.8% da
amostra.
Para Ascaris lumbricoides observou-se 3413 casos, que correspondem a 51,26%
da amostra.
A distribuição nos bairros mais significativos foi a seguinte:
Tabela 6 – Freqüência da amostra por bairros e percentual
encontrado.
Bairro Número Percentual Tipologia de
ocupação
BARRA 16 0.72 3
CABECAS 21 0.95 1
SERRA SIQUEIRA 23 1.04 6
NOSSA SENHORA DO
CARMO
28 1.67 3
CENTRO 29 1.31 3
MORRO DA QUEIMADA 32 1.44 1
SARAMENHA 32 1.44 5
MORRO SÃO SEBASTIÃO 41 1.85 1
VILA APARECIDA 48 2.16 2
ANTONIO DIAS 56 2.52 3
SANTA CRUZ 72 3.25 4
BAUXITA 76 3.42 5
PIEDADE 88 3.96 1
TAQUARAL 103 4.64 1
SANTA RITA 121 5.45 1
PADRE FARIA 130 5.85 2
SAO CRISTOVAO 130 5.85 1
ALTO DA CRUZ 224 10.09 1
MORRO SANTANA
372 16.75 1
Fonte: LEPI-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre 1995
e 2000.
*Percentual do total de exames positivos da amostra.
Os bairros da tipologia 1 que é a dos aglomerados da faixa norte foram os que
mais tiveram casos positivos, o que será melhor discutido com as análises mais adiante.
Também pudemos observar poliparasitismo para algumas ocorrências, de modo
que foi utilizado o recurso de cruzamento de informações no intuito de tratar este dado.
Desta forma, demos dois tratamentos aos dados deste tipo de ocorrências: através de
consultas espaciais em softwares de Geoprocessamento e através de consultas
alfanuméricas ao banco de dados em softwares de estatística. Como demonstramos
92
primeiramente resultados sobre o banco de dados, apontamos primeiro os cruzamentos
com as ocorrências dos parasitas mais significativas:
Tabela 7 – Freqüência da amostra por poliprasitismo e
percentual encontrado.
Cruzamento* Casos
positivos
Percentual do
total de casos
positivos
C1 – (E. histolytica) + (G. lamblia) + (E. nana) +(
A. lumbricoides)
77 3.47
C2 – (E. histolytica) + (A. lumbricoides) 87 3.92
C3 – (E. histolytica) + (G. lamblia)
89 4.01
C4 – (E. histolytica) + (E. nana)
95 4.28
C5 – (E. nana) + (A. lumbricoides)
224 10.09
C6 – (E. nana) + (G. lamblia)
226 18
C7 – (E. nana)+( E. histolytica) + (A.lumbricoides)
220 9.91
C8 – (E. nana)+( E. histolytica) + (G. lamblia)
224 10.09
C9 – (A. lumbricoides)+( E. histolytica) +( G.
lamblia)
963 43.36
Fonte: LEPI-UFOP, levantamento primário de dados realizado entre 1995
e 2000.
Através de consultas a bancos de dados alfanuméricos e distribuição das
freqüências dos eventos mais significativos observou-se que a presença de bi
parasitismo envolvendo E. nana e G. lamblia (C6) foi o que mais se destacou, com 226
casos. O bi parasitismo envolvendo E. nana e A. lumbricoides (C5) também foi muito
significativo (224 casos). O cruzamento da ocorrência de A. lumbricoides e E.
histolytica (C2) teve menos destaque com 87 casos.
Para o triparasitismo temos os cruzamentos C7, C8 e C9, sendo o cruzamento C9,
entre A. lumbricoides, E. histolytica e G. lamblia, o mais significativo de toda a nossa
pesquisa, com 963 ocorrências
7
, 43.36% dos exames positivos realizados.
7
Maior detalhamento do cruzamento das informações em software de
tratamento estatístico no ANEXO IV.
93
5.2 - A análise Espacial do Banco de Dados de Enteroparasitose
O resultado da análise espacial é o valor estimado em cada célula é uma
probabilidade de encontrar um evento (caso), ponderada pela distância para os eventos
observados. Assim temos um instrumento capaz de identificar as áreas e também
classificá-las como prováveis locais para intervenções, com suas devidas prioridades
baseado no seu real posicionamento no espaço.
Cabe ressaltar, assim como no projeto cartográfico, que nossa escala de interesse
para a aplicação do método é a correspondente a um domicílio médio de Ouro Preto: 10
m e, para todos os mapas gerados, a dimensão do Kernel deve obedecer ao mesmo
parâmetro.
A medida da concentração de pontos com as ocorrências de parasitoses nos
mostrou uma distribuição bastante voltada para áreas carentes de Ouro Preto, mas
números bastante significativos também se concentraram nas regiões de Bauxita e na
região central da cidade. Morro Santana, Piedade, Taquaral, Morro da Queimada,
Antonio Dias, Padre Faria e Santa Cruz foram os principais bairros que concentraram
resultados positivos.
Morro do Cruzeiro e São Francisco ficaram entre os medianos na concentração de
pontos com a ocorrência das enteroparasitoses. Em Lourdes, Rosário, Água Limpa e
Cabeças encontramos dados de baixa concentração de pontos, salvo em alguns parasitas
específicos, como veremos adiante.
Observando as tipologias de ocupação urbana em Ouro Preto consideramos que a
distribuição das parasitoses ficou entre as tipologias 1, 2, 3 e 4. A tipologia 1 é a região
dos aglomerados na faixa norte da cidade; a 2 é a região de ocupação de padrão médio,
caracterizada pela transição entre áreas de ocupação histórica e ocupação mais recente; a
3 é área histórica, de ocupação inicial e a 4 é a região de aglomerado recente na faixa
sudeste da cidade.
A maioria dos eventos ocorreu na porção nordeste da sede. Outros eventos
consideráveis ocorreram na porção sul e a menor concentração observada foi nas regiões
noroeste, que faz parte da região 1, e sudeste, que faz parte da região 6. No mapa 5
mostramos a distribuição dos casos da amostra para qualquer parasita por concentração
de pontos (Kernel), e no mapa 6 mostramos os mesmos eventos distribuídos no espaço
94
por setores censitários. O nível de detalhe do mapa 5 nos permite entender com mais
clareza como a enteroparasitose se distribui. A ordem que a distribuição dos pontos
obedece é a mesma, mas contempla com mais clareza as áreas prioritárias para
intervenções futuras.
Como dissemos na metodologia os mapas tratam de conformações por setores
diferentes, mas o banco de dados indexado é o mesmo na análise de parasitoses. Outra
informação importante é que o mapa 5 é da concentração de casos, mensurando quantos
pontos tem num raio de 150 m e o mapa 6 é quantos casos tem em um setor, que pode
variar de tamanho.
95
Mapa 5 – distribuição espacial dos resultados de exames
parasitológicos de fezes em Ouro Preto
96
Mapa 6 – distribuição espacial dos casos de parasitoses por setor censitário.
Ao final da discussão dos resultados apresentamos um consolidado das
informações relativas à sua distribuição, destacando as áreas de acordo com os padrões
das tipologias de ocupação urbana da cidade.
Descreveremos a seguir com maior nível de detalhe a distribuição espacial de cada
tipo de parasita da amostra estudada. Para tanto, realizamos o mesmo processo de
análise para todos os enteroparasitas, mas a distribuição dos parasitas individualmente
ficou nos anexos, pois achamos didático e atendemos nosso objetivo agrupando a
distribuição dos mesmos em “Geo-helmintoses” e “Enteroparasitoses de veiculação
hídrica”. As Ge-helmintoses de nosso banco de dados são contempladas pelos seguintes
parasitas: S. stercoralis, A. lumbricoides, T. trichiura, E. vermiculares e
Ancilostomídeos. As Protozooses de Veiculação Hídrica são contempladas por: E.
histolytica/dispar, E. nana, E. coli, I. butschlii e G. lamblia. Os dois agrupamentos
serão vistos nos mapas seguintes (mapa 7 e mapa 8):
97
Mapa 7 – Distribuição espacial das Geo-helmintoses.
98
Mapa 8 – Distribuição espacial das Protozooses de veiculação hídrica.
99
5.2.1 – Resultados de Himenolepis nana
A transmissão deste parasita ocorre por ingestão de cereais infestados com
gorgulhos infectados. Os resultados dos exames apontaram apenas 4 casos e as análises
espaciais nos apontaram duas concentrações, uma em Morro da Queimada e uma em
Padre Faria, que devem ser consideradas prioridades de intervenções segundo esta
distribuição. Esta região onde se concentraram os casos deste parasita faz parte da região 1
da cidade, considerando as tipologias de ocupação urbana.
5.2.2 –Resultados de Taenia sp
Com sete casos, a Taenia se encontra como 0,11% de toda a. A prevalência é maior
em região com baixas condições sanitárias associadas a criação principalmente de porcos
soltos, pois estes apresentam hábitos coprofágos. A infecção ocorre pela ingestão de carne
com cisticerco. Os resultados positivos se concentraram em São Francisco, Alto das
Cabeças, Antônio Dias, Padre Faria e Barra.
Outro fator a ser considerado é que existem dois tipos de doenças associadas a este
parasita; a teníase e a cisticercose. As ocorrências que estão mostradas através de exames
laboratoriais estão associadas à teníase. Estas concentrações acentuadas, em termos de
tipologias de ocupação ficaram dentro da mesma conformação, que é região 2.
5.2.3 - Resultados de Strongyloides stercoralis
A Estrongiloidíase é predominante em regiões tropicais e ocorre do contato da pele
com o solo contaminado. Isto acontece porque este parasita pode viver livre em solos, se
alimentando de matéria orgânica, sem necessidade de hospedeiro intermediário. A
transmissão é pela via percutânea por penetração ativa da larva na pele.
As áreas que mais concentraram este parasita foram Morro São João, Morro
Santana, Antônio Dias, Padre Faria e Centro, localizados nas regiões 1, 2 e 3. Nesta
distribuição não houve concentrações medianas, exceto nas imediações das elevadas
concentrações.
100
5.2.4–Resultados de Ancilostomídeos
Os Ancilostomídeos são os causadores da doença denominada amarelão. Ele pode
causar anemia e emagrecimento por se fixar na mucosa intestinal para se alimentar do
sangue. Acomete muitas pessoas que vivem em situações precárias (CANTOS et al,
2004), onde suas larvas que infestam o solo podem penetrar ativamente pela pele,
geralmente pelos pés.
Destacamos a presença destes parasitas bem dispersa em toda a sede. A ocorrência
dos ancilostomídeos ocorreu em apenas 27 casos, que correspondem a 0,4 % da amostra.
Apesar disto, observaram-se concentrações consideráveis nos bairros Morro da Queimada,
Antônio Dias e Piedade, concentrações mais intensas em Lourdes, Morro do Cruzeiro,
Vila dos Engenheiros, Barra e Padre Faria. De acordo com as tipologias observamos
concentrações nas regiões, de 1, 2, 4, 5 e 6.
5.2.5–Resultados de Enterobius vermiculares
A concentração espacial deste parasita mostrou uma distribuição muito concentrada
nos bairros Morro da Queimada, Morro Santana e Alto da Cruz. As concentrações
medianas ocorreram nos bairros Antonio Dias, Barra, Vila Aparecida, Itacolomy e Santa
Cruz. Não houve áreas de concentração muito baixa para esta parasitose, salvo nas
imediações das concentrações. Em termos espaciais ele obedece a uma ordem sul-sudeste
enquadrando as regiões 6, 4, 2 e 1, nesta ordem. A transmissão é feco-oral e ocorre
principalmete em conglomerados – creches, asilos.
5.2.6- Resultados de Schistosoma mansoni
A Esquistossomose mansônica é uma doença endêmica, causada por parasito
trematódeo que se hospeda em caramujos de água doce para complementar seu ciclo de
desenvolvimento. É uma doenças de notificação compulsória e seu agente etiológico é o S.
mansoni. O ciclo de contágio do S. mansoni foi mostrado na figura 8a.
101
Os Resultados para este parasita serão relacionados no próximo item com as
variáveis associadas à água, devido ao seu contágio estar relacionado com a mesma. Este
parasita ocorreu principalmente em Morro Santana e Padre Faria, e houveram
concentrações de casos positivos consideráveis em Morro da Queimada, Taquaral,
Itacolomy, Antônio Dias, Vila dos Engenheiros, Centro e Água Limpa.
Foram poucos casos 38, ou 0,5% da amostra. Dentro das tipologias de ocupação
temos a localização dos casos nas regiões 1, 2, 3 e 5.
5.2.7 –Resultados de Ascaris lumbricoides
Entre as parasitoses que mapeadas, a espécie Ascaris lumbricoides é a mais
conhecida por ser muito comum a ocorrência de infecção. Esta doença atinge muito as
crianças, apresentando maiores prevalências que os adultos. Segundo Gurgel et al (2005),
no Brasil, diversos estudos realizados em pré-escolares e escolares mostraram elevada
prevalência dessa parasitose intestinal.
A infecção por este parasita esta associada ao meio ambiente, porque segundo
Campos et al (2002), os ovos embrionados do Ascaris lumbricoides quando eliminados no
solo pelas fezes do hospedeiro definitivo não possuem capacidade de infecção, mas a
mesma pode ser adquirida em condições de umidade e calor, na contaminação dos
alimentos, em um processo evolutivo dos ovos que dura cerca de quatro semanas. O
agravante da condição de contaminação do meio ambiente é que os ovos encontram estas
condições ideais no peridomicílio e, muitas vezes, são resistentes a desinfetantes usuais.
As alternativas que poderiam intervir de forma efetiva neste processo de
contaminação do solo são políticas, principalmente se tratando do saneamento básico. O
parasita ainda elimina uma grande quantidade de ovos por dia, o que torna mais fácil
identificar em exames parasitológicos (SOUZA et al, 2002).
Em Ouro Preto a distribuição espacial deste agravo foi mostrada em alguns mapas
diferentes e o resultado ficou muito concentrado na região nordeste que é umas das áreas
mais carentes de infra-estrutura do município. Os bairros que mais albergaram ocorrências
foram Morro da Queimada, Morro Santana, Taquaral e Antonio Dias. Outros bairros
tiveram menos ocorrências como Pilar, Padre Faria e Barra. Observamos uma distribuição
102
no mapa de ascaris semelhante ao mapa de distribuição para qualquer parasita (mapa 5) e
os casos se concentraram em Piedade, Padre Faria, Morro Santana e Antonio Dias.
5.2.8–Resultados de Trichuris trichiura
O principal grupo etário de risco para a tricuríase são as crianças e o ambiente de
contágio é o peridomicílio, sendo associada a condições precárias sociais e de higiene,
principalmente na área urbana. Seu processo de transmissão é feco-oral, como o A.
lumbricoides.
Em Ouro Preto observamos 45 casos positivos deste parasita, que correspondem a
0,68% da amostra. Apesar do pouco número de casos, observamos a distribuição em
muitos bairros da cidade. Os bairros Mais significativos foram Morro da Queimada,
Piedade, Pilar, Padre Faria, Morro São Sebastião, Vila são José, Centro, Itacolomy, Novo
Horizonte e Barra. Consideramos esta distribuição tão dispersa devido ao fato de um
período de sobrevida dos ovos e facilitado processo de contaminação do meio ambiente
que observamos através de nossa revisão bibliográfica. Dentro das tipologias de ocupação
observamos as concentrações em todas as regiões, mas de forma pontual nos bairros já
citados. As manchas nos permitem afirmar que não existem concentrações medianas entre
uma concentração e outra.
5.2.9-Resultados de Iodameba butschlii
A infecção deste parasita acontece em contato com água não tratada. Apesar de não
patogênica é indicativo de contaminação da água. Para os Resultados de I. butschlii
encontramos apenas um caso positivo em nosso recorte, de modo que sua distribuição
espacial fica muito incipiente e não realizamos a análise em separado, apenas no mapa de
ocorrência global de parasitoses,em que fez parte dos resultados.
103
5.2.10–Resultados de Entamoeba histolytica/díspar
Este protozoário é muito comum, tanto em sua forma patogênica (histolytica)
como em sua forma não patogênica (díspar). Em países pobres esta protozoose é
considerava uma verdadeira endemia, devido ao fato de sua transmissão estar associada ao
saneamento e condições de higiene (SOUZA, 2002; CANTOS et al, 2004).
Os casos de E. histolytica/dispar somados perfazem um total de 147, que equivale
a 2,21 % dos casos, sendo 48 casos de E. díspar e 99 casos de E. histolytica/dispar.
Apesar de não patogênica, a E. díspar também é indicador de más condições de
saneamento.
Quanto à distribuição espacial dos mesmos podemos observar que os bairros com
mais casos foram Antonio Dias, Morro da Queimada, Padre Faria, Piedade e Vila dos
Engenheiros, para os casos de E. histolytica/dispar. Para E. histolytica/dispar as
concentrações ocorreram em Morro da Queimada, Padre Faria, Vila dos Engenheiros, São
Francisco, Morro Santana e Barra. De acordo com as tipologias de ocupação, as
concentrações observadas ficaram nas regiões 5, 3, 2 e 1, nesta ordem no sentido sul-
sudeste.
5.2.11 – Resultados de Endolimax nana
Os Resultados dos exames para este parasita não patogênico apresentaram uma
distribuição espacial que nos permite apontar os bairros São Francisco, Padre Faria, Morro
da Queimada, Alto da Piedade, Itacolomy, Vila dos Engenheiros, Morro do cruzeiro como
áreas de alta concentração. Áreas com a concentração mais amena foram os bairros Barra,
Rosário, São José, Morro do Cruzeiro e Itacolomy.
Os resultados demonstraram uma distribuição proeminente no eixo sul-sudeste,
passando pelas regiões 5, 1 e 2, nesta ordem. Foram observados 236 casos, que
correspondem a 3,54% da amostra, muito concentrados nos Bairros Antonio Dias e Morro
da queimada.
104
5.2.12–Resultados de Giardia lamblia
Segundo Carmo e Alves (2005) apud Thompson et al, a prevalência de G. lamblia
nos países industrializados é de 2% a 7%, enquanto nos países em desenvolvimento as os
percentuais atingem 20% a 60%.
Com relação aos Resultados coletados, observou-se uma distribuição de G. lamblia
mostrou a maior concentração de pontos, principalmente na região Nordeste, além dos
bairros São Cristovão, Barra, Morro do Cruzeiro, Lourdes, Vila Aparecida e São
Sebastião. Os casos se Giárdia foram de considerável grandeza, 338, que corresponde a
5% da amostra, e se distribuíram nas regiões 1, 2, 5 e 6, segundo as tipologias de
ocupação da cidade.
5.2.13–Resultados de Entamoeba coli
Os resultados de E. coli se dispersaram muito em torno de nossa amostra, mas as
concentrações elevadas ficaram nos bairros Antônio Dias e Piedade. Concentrações menos
densas ocorreram em Barra, Morro Santana e Pilar e as concentrações menores ficaram
em Morro São Sebastião, Água Limpa, Alto das Cabeças, Vila Aparecida, Itacolomy,
Morro do Cruzeiro, São Francisco, Rosário, Centro, Vila dos Engenheiros, dentre outros.
O eixo de concentração das ocorrências mais uma vez foi sul-sudeste, mais concentrado
nas regiões 2 e 1 das tipologias de ocupação, nesta ordem.
5.3-Análise das Variáveis de Saneamento
Rememorando o processo de tratamento dos dados do IBGE (2000), apresentamos
os resultados obtidos com a espacialização das variáveis do censo nas camadas cruzadas
para o estudo. Tratamos várias camadas de informações as preparando para as sínteses em
ambiente SAGA-UFRJ. O detalhamento destes cruzamentos fica mais bem explicitado no
item 4.1.2, em que apontamos as camadas e as análises propostas.
O intuito final com os cruzamentos e as análises espaciais é observar a resposta
espacial conjunta das camadas, trabalhado em duas escalas: a escala de setores censitários
105
e a escala de domicílios, da mesma área de abrangência que é o distrito sede de Ouro
Preto.
Com o objetivo principal de entender dentro da ótica espacial as manifestações
epidemiológicas da cidade, observou-se que os resultados por setores nos permitem
considerar uma concentração dos casos positivos de parasitoses nos bairros Morro da
Queimada, Morro Santana, Taquaral e Piedade na última faixa da distribuição, que tem
maior número de casos. Dentro das conformações de tipologias de ocupação esta região
agrupa 1, 2 e 6. As análises seguintes se referem aos dados socioeconômicos e ambientais,
para estabelecer as comparações.
5.3.1 - Dados de Distribuição da População
A primeira informação tratada em nossa base de dados foi a distribuição da
população do município de Ouro Preto, pois entendemos que a aglomeração urbana é um
fator relacionado a más condições de saneamento. De acordo com o cruzamento de
informações do censo 2000 sobre a população observamos que a sede do município 38301
pessoas. A maior concentração de pessoas do município se encontra na região 1 das
tipologias de ocupação da cidade, e é composta por bairros como Morro da Queimada,
Morro São João, Morro São Sebastião e Morro Santana. A área central onde se localizam
as regiões 2 e 3 é abriga a classe de “média a alta” concentração de pessoas. Desta região
destacamos bairros como Pilar, Rosário, Lourdes e Antonio Dias. A classe da “media”
concentração de pessoas ficou nas regiões 5 e 1 das tipologias e é composta por bairros
como Saramenha, Tavares, Barcelos e São Cristóvão.
106
Mapa 9 – Distribuição da população de Ouro Preto. Fonte: IBGE, 2000.
5.3.2 Dados de Renda
O fator renda é tratado pelo IBGE como rendimentos médios do chefe do
domicílio e pode ter relação direta com a realização de exames em clínicas particulares e
no SUS.
A principal variável que retrata as tipologias de ocupação da cidade é a renda,
que está associada ao padrão da moradia, concentração de serviços, e da infra-estrutura.
O viés de uma amostragem em saúde depende desta variável, porque ela pode mascarar
subnotificações que não entram na amostragem quando se observa, por exemplo, bairros
de alto poder aquisitivo a realização de exames em clínicas particulares. De acordo com
a renda média do censo 2000, observou-se que as pessoas que possuem média de renda
mais alta em Ouro Preto residem no centro e no sul (regiões 3 e 5), principalmente nos
Bairros Rosário, Pilar, Água Limpa, Alto das Cabeças, Vila dos Engenheiros e Morro do
Cruzeiro. Já os bairros em que residem pessoas com menor média de renda estão
localizados em toda a porção de nordeste a noroeste de Ouro Preto (região 1), em que se
107
localizam bairros como Taquaral, Piedade, Morro Santana, Morro São João, Morro São
Sebastião, dentre outros.
Do ponto de vista da renda absoluta do setor as maiores concentrações se encontram
no centro e no sul da cidade (região 3 e 5). Podemos observar a distribuição da renda na
cidade por setores nos mapas 10 e 11 que se seguem.
Mapa 10 – Média dos rendimentos por setor censitário em Ouro Preto.
No mapa de renda qualitativo (mapa 11) podemos observar um predomínio da
faixa de renda mais alta na região central e sul, que corresponde em nossas tipologias de
ocupação às regiões 3 e 5. O predomínio da faixa de renda “média a alta” se concentra
nas proximidades da faixa mais alta (região 3), onde se encontram os bairros Rosário de
Antonio Dias.
108
Na faixa das rendas mais baixas, entre as classes “média” e “baixa” do mapa
estão os bairros que compõem a tipologia 1, 2 e 6, exemplos de bairros mais carentes
como Taquaral, Morro São João e Padre Faria.
Mapa 11 – Qualitativo da Renda baseado em média dos rendimentos
mensais por setor.
5.3.3 - Dados de Escolaridade
O conjunto de dados do IBGE sobre escolaridade analisado trata-se da
distribuição dos setores censitários em média de anos de estudo da população. Através
da criação de um mapa temático de distribuição desta variável pudemos observar que os
setores que possuem maior média são os centrais (região 3) e os com menor média de
anos de estudo foram os periféricos, tanto nordeste como noroeste, e alguns setores
também a sudoeste (todos nas regiões 6, 2 e 1, nesta ordem). Dentro dos setores de
109
média mais alta, temos destaque para os bairros Pilar, Saramenha, Centro, entre nove e
onze anos de estudo.
A variável média de anos de estudo do IBGE foi escolhida devido ao fato de
representar um indicador de padrão de vida e direcionar para onde realizar políticas
públicas de caráter educativo no futuro, sendo as comunidades com menor escolaridade
prioritárias e para estabelecer a relação de grau de escolaridade com hábitos de higiene.
A distribuição do número de anos de estudo mostrou a concentração também na
área central dos maiores índices de escolaridade, e dentre as outras, destacamos os
setores mais periféricos (região 2, 1 e 6, nesta ordem), com escolaridade variando entre
1 a 6 anos de estudo.
Os dados da distribuição da escolaridade de Ouro Preto mostraram uma
concentração da escolaridade muito baixa e maior prioridade de intervenções nas áreas
norte e nordeste, concentrando nos bairros São Cristóvão, São Bernardo, Morro São
João, Morro da Queimada, Morro Santana e Piedade. Estas informações podem ser
atestadas no mapa 12.
110
Mapa 12 – distribuição da média dos anos de estudo por setores
censitários.
As baixas escolaridades se encontraram na região norte e de noroeste a nordeste da
sede (região 1), informando as prioridades de intervenção também em bairros que se
encontram nesta região, caracterizados por possuírem aglomerados. São exemplos desta
tipologia Morro São Sebastião, Morro São João, Taquaral e Morro da Queimada.
A informação sobre as classes “média” e “média a alta” de escolaridade se
concentra nos setores do centro e do sul e a classe “alta escolaridade” se encontra na
região do centro da cidade, como podemos observar no mapa 24.
111
Mapa 13 - Síntese de Escolaridade de Ouro Preto. Fonte: IBGE, 2000.
5.3.4 - Dados de Abastecimento de Água
O abastecimento de água nas regiões urbanas é uma variável de suma
importância no entendimento de muitas doenças infecciosas que acometem a população.
Seu tratamento é fundamental para a prevenção de uma série destas doenças.
Segundo Hespanhol (1999) existe uma classificação das doenças infecciosas
associadas á água, criada por engenheiros sanitaristas e dividida em quatro categorias,
que é a seguinte:
1) Doenças com suporte na água - que os organismos patogênicos são carreados pela
mesma e que é consumida pela população;
112
2) Associadas a higiene – e, portanto á falta da água para limpeza dos alimentos e asseio,
não estando associada somente a quantidade, mas também á qualidade da água.
Algumas enteroparastoses se enquadram neste grupo, como a ascaríase;
3) De contato com a água – este grupo esta associado ao uso da água, geralmente ao
contato com a água contaminada, ou com a presença de hospedeiros intermediários de
doenças na mesma. Alguns exemplos de parasitoses também se enquadram neste grupo,
como a esquistossomose.
4) Associadas aos vetores que se desenvolvem na água – neste grupo se enquadram as
doenças que de instalam no homem por meio de picada de insetos, que utilizam a água
para sua reprodução. Estão entre estas a malária e a dengue.
A maioria dos problemas da qualidade da água tem sido resolvida, segundo
Hespanhol (1999), pela desinfecção com cloro e tratamento da água, mas qualidade é
um problema no que diz respeito ao abastecimento de água, porque existe uma série de
substâncias resistentes a esta cloração.
Além do abastecimento de água potável (ou tratada), alguns cuidados da própria
família influenciam na ocorrência de parasitoses, como a presença de instalações
sanitárias, a presença de filtro doméstico, higiene, a fervura da água, que em alguns
casos é necessária.
Categorizamos as variáveis referentes à água e distribuímos as mesmas
espacialmente em uma síntese do abastecimento de água em Ouro Preto, utilizando para
isto, dados do IBGE (2000). Sobre o tipo de abastecimento de água temos:
Tabela 8 – Freqüência do tipo de abastecimento de água e
percentual encontrado.
Fonte: IBGE, 2000.
TIPO DE ABASTECIMENTO
NUMERO PERCENTUAL
Outra canalização no terreno
4 0.0
Outro abastecimento não canalizado
53 0.5
Canalização somente no terreno
94 0.9
Poço não canalizado
112 1.1
Outra forma de abastecimento
118 1.2
Poço canalizado no terreno
328 3.3
Rede Geral
9351 93.0
113
A grande maioria dos domicílios de Ouro Preto (93%) possui abastecimento de
água em Rede Geral, o que o obedece à ordem do abastecimento no Brasil e,
principalmente região Sudeste (ver item 1.2.1).
Pelo mapa de percentual de domicílios com água servida por Rede Geral
podemos observar que a região central é muito bem servida englobando bairros como
Pilar, Vila dos Engenheiros, Morro do Cruzeiro e o Centro. Já as áreas menos servidas
desta variável também não se encontram em situação ruim, de modo que podemos
observar uma mancha de concentração também elevada de atendimento com Rede Geral
na região Norte, tanto a Leste como a Oeste. As áreas menos providas, mas que tem
abastecimento elevado também se encontram em Morro da Queimada, Saramenha e
Nossa Senhora do Carmo.
Com relação ao percentual de domicílios que possuem água em poço e não
canalizada, podemos destacar a situação mais precária e do Morro da Queimada e
Piedade, única concentração deste tipo de condição.
114
Mapa 14 – Domicílios com abastecimento de água em Rede Geral em Ouro
Preto.
115
Mapa 15 – Síntese de abastecimento de água.
No mapa “Síntese de abastecimento de água” em Ouro Preto observamos uma
mancha bem servida de cobertura no sentido sul-norte, abrangendo as regiões 6, 5, 3, 2 e
1, nesta ordem, das tipologias de ocupação da cidade. As médias concentrações ocupam
áreas periféricas da classe “alto abastecimento”, abrangendo as regiões 1 e 2. A mancha
de “baixa infra-estrutura” de abastecimento de água se apresenta nos setores da borda,
correspondentes aos bairros Morro Santana e Morro da Queimada, e a periferia de
Saramenha. Correspondem as regiões 1 e 6, nas tipologias de ocupação de Ouro Preto.
Devido à cobertura de abastecimento de água na demanda ser muito grande,
observando a conexão e sua condição, podemos destacar uma avaliação positiva do
abastecimento, no sentido que nos mostra possíveis associações da ocorrência, não com
a falta do abastecimento de água ou conexão desligada, mas com outras variáveis de
116
saneamento, como o tratamento da água dos reservatórios e de uso doméstico (filtro,
fervura).
5.3.5 - Dados de Destinação do Lixo
O lixo urbano domiciliar pode ser considerado um grande foco de doenças de
transmissão veiculada pelo ambiente, impactando a população se não houver uma
destinação adequada nem informações para as pessoas de como lidar com o seu lixo.
Segundo Ferreira (2006, p. 22), “resíduos domiciliares são os produzidos nas
residências e nos estabelecimentos comerciais, excluídos os serviços de saúde e as
indústrias”. Neste lixo encontramos microorganismos que transmitem doenças, pois
encontramos fezes, curativos, preservativos, etc.
Ferreira (2000) apud Acurio considera que no Brasil se produz uma quantidade
per capita de lixo que varia entre 0,5 kg/hab e 1,2 kg/hab, gerada pelas atividades
cotidianas.
Para Ouro Preto algumas variáveis foram avaliadas segundo a coleta e destinação do
lixo. Pudemos observar que, para a coleta de lixo alguns problemas são enfrentados pela
população: a dificuldade de alcance da coleta devido à elevada declividade de algumas
áreas; a falta de orientações à população sobre a importância da coleta de lixo e o
elevada quantidade de domicílios com lixo queimado, coletado por caçamba, enquanto
um número baixo coletado pelo serviço de limpeza, como observamos:
Tabela 9 – Freqüência do tipo de coleta e destinação do lixo
e percentual encontrado.
Fonte: IBGE, 2000.
TIPO NUMERO PERCENTUAL
Coletado pelo serviço público
59 1
Coletado em Caçamba
5346 49
Queimado
5041 46
Enterrado
305 3
Lançado em terreno Baldio
105 1
Lançado no Rio
3 0
Outra destinação
39 0
117
Algumas áreas foram mais bem cobertas pelo serviço de coleta e a mesma é
realizada durante sete dias por semana. Tanto para a coleta realizada em sete dias quanto
para a coleta realizada em 0 dias, o número ficou próximo de 37 %, fator preocupante,
se compararmos com os dados de destinação, 46 % do lixo produzido nos domicílios de
Ouro Preto como um todo tem como sua destinação final a queima.
A distribuição espacial da destinação do lixo nos mostrou uma concentração da
classe “baixa” nos setores do norte e sudeste (regiões 1 e 6) e alguns bairros ficaram
entre os com menor infra-estrutura, como Taquaral, Morro Santa, Morro da Queimada,
dentre outros.
Mais uma vez o conjunto de bairros Centro - Pilar – Saramenha (regiões 3 e 5)
esta entre os mais bem servidos de infra-estrutura, pelo fato de haver maior facilidade de
acesso para a coleta, por declividades menos acentuadas e uma maior organização da
população na cobrança de serviços ou mesmo um apelo turístico do centro histórico com
relação à demanda de pessoas diariamente, com sua produção de lixo e atenção especial
para estas áreas, tendo em vista a grande movimentação de pessoas.
118
Mapa 16 – Síntese de infra-estrutura de coleta e destinação do lixo.
O estudo da freqüência de coleta do lixo realizado no universo dos domicílios nos
mostrou informação importante, como vemos na tabela a seguir:
Tabela 10 – Freqüência dos dias de coleta de lixo e percentual encontrado.
Freqüência de
Coleta (dias) Valores Percentual
0 4958 37
1 653 5
2 178 1
3 927 7
4 3 0
6 2 0
7 4972 37
8 2 0
Sem informação 1687 13
Fonte: LEPI-UFOP, levantamento primário de dados realizado em 2005.
119
Apesar de muitos domicílios possuírem a coleta durante sete dias (4958),
aproximadamente o mesmo valor não possui coleta de lixo (4972), demonstrando
urgência de intervenções com estes casos. Como já afirmamos, o fator declividade é
importante no que diz respeito á coleta de lixo em Ouro Preto, tendo em vista que há
muitas áreas que o coletor de lixo não consegue ter acesso.
5.3.6-Dados de Destinação do Esgoto
As variáveis do IBGE avaliadas para distribuição de coleta e destinação do
esgoto foram: esgoto em rede, esgoto em vala, esgoto em fossa e esgoto lançado no rio.
O quadro de ocorrências foi o seguinte:
Tabela 11 – Freqüência dos tipos de destinação do esgoto
doméstico e percentual encontrado.
Tipo de Esgotamento Número Percentual
Fossa Séptica 55
0.55
Outros 135
1.36
Fossa Rudimentar 189
1.9
Vala 270
2.7
Lançado no Rio 550
5.5
Rede Geral 8544
85.80
Fonte: IBGE, 2000.
A grande maioria dos domicílios do total da sede de Ouro Preto possui esgotamento
em Rede Geral, somando um 8544 domicílios. Não podemos desconsiderar que 550
domicílios lançam seus esgotos no Rio, 270 domicílios tem seu esgoto em vala,
possíveis fatores de contaminação do meio ambiente.
120
Mapa 17 – Síntese de infra-estrutura de coleta e destinação do esgoto.
Os bairros com melhor infra-estrutura de esgoto em Ouro Preto são os centrais
(região 3) e alguns em direção a Oeste. Destacamos os Bairros Pilar, Saramenha e Centro.
Já os bairros em situação mais precária são todos ao Norte, como Morro da Queimada e
Morro São João. Entre os bairros com infra-estrutura média estão Barra e Antonio Dias.
Com relação à distribuição do esgotamento em rede geral nos setores do município,
com espacialização das variáveis pudemos constatar que os setores que possuem melhores
condições são os centrais, e os periféricos do nordeste foram os que tiveram piores
condições.
121
5.3.7 – Síntese de infra-estrutura de saneamento
Como definimos na metodologia para os cruzamentos de variáveis realizamos uma
síntese de infra-estrutura de saneamento em Ouro Preto, elencando as áreas mais
vulneráveis do ponto de vista deste conjunto de dados espaciais. Vejamos a distribuição no
mapa seguinte:
Mapa 18 – Síntese de infra-estrutura de saneamento.
As áreas prioritárias de intervenção do ponto de vista do saneamento estão
localizadas todas onde houve algumas das maiores concentrações de enteroparasitas,
que ficam na região 1 e 2 das tipologias de ocupação urbana de Ouro Preto. Na classe
“baixa infra-estrutura de saneamento” observamos bairros como Antonio Dias, Morro
da Queimada e Piedade.
As áreas de “média a baixa infra-estrutura” também estão relacionadas com
fragilidades do ponto de vista do saneamento e se localizam nas regiões 2, 6 e 1,
enquadrando os bairros São Cristóvão, São Francisco, Saramenha de cima e Padre Faria.
122
Na localização das áreas de “média infra-estrutura de saneamento”, destacamos
toda a porção leste de Ouro Preto, regiões 1, 2, 4 e 6 das tipologias de ocupação da
cidade. Nesta região se enquadram bairros como Novo horizonte, Nossa senhora
do Carmo, Santa Cruz, Taquaral, Padre Faria, Morro São João, Piedade e Morro
Santana, dentre outros.
Entre “alta” e “média a alta” infra-estrutura de saneamento ficaram os bairros da
região 3, 1 e 5, de onde destacamos o Centro, Pilar, Saramenha e Água Limpa e Antonio
Dias dentre outros.
5.4 - Combinações de Variáveis de Sócio-ambientais e Enteroparasitoses
Os resultados para a combinação de dados mostraram que a presença de
enteroparasitas está muito ligada a precárias condições socioeconômicas e ambientais,
como já revisamos. Foram realizadas assinaturas no intuito de entender a correlação
espacial das variáveis com a ocorrência de enteroparasitas. O Modulo Assinatura
(SAGA-UFRJ) nos mostra o percentual da mancha estudada que possui as duas
informações espaciais (por exemplo, onde se concentram parasitoses e onde possui
abastecimento de água em rede geral ao mesmo tempo. Os resultados da coincidência
espacial vêm por meio de uma tabela, onde podemos observar a correlação espacial
entre as duas variáveis combinadas.
Optou-se pelo tratamento apenas da presença de qualquer parasita nas
combinações, considerando que alguns parasitas têm poucas ocorrências, e somados no
todo da amostra trariam um montante maior. As variáveis socioeconômicas foram
trabalhadas na escala de setores, enquanto as parasitoses na escala de domicílios, pela
medida da concentração dos pontos com casos positivos. Todos os mapas elencaram
categorias qualitativas e dados quantitativos, fatiados em classes qualitativas por
prioridade de intervenção. As classes foram: “baixa”, “baixa a média”, “média”, “média
a alta” e “alta”.
Todas as variáveis listadas na árvore de decisões foram consideradas, mas não
foram cruzadas entre si, mas com a ocorrência de parasitoses uma a uma, como foi dito
na metodologia (item 4).
123
Os campos da tabela nos trazem informações que devem ser detalhadas: O
primeiro campo da tabela são as categorias de legenda que os mapas possuem, que em
nossa análise vem de forma qualitativa a partir de mapas quantitativos; o segundo
campo é o número de pixels que a categoria de legenda possui no total, em nossa
pesquisa temos um pixel de 10 metros para todos os mapas; o terceiro campo é o
percentual que o valor total de pixels de cada categoria de legenda representa para a área
total estudada; e o último campo da tabela é o percentual da categoria de legenda que foi
combinado com a variável de estudo (por exemplo, quanto da categoria “ALTA INFRA-
ESTRUTURA” apresentou também “ALTA CONCENTRAÇÃO” de
enteroparasitoses?).
A seguir as combinações realizadas no intuito de estabelecer a correlação
espacial das parasitoses com as variáveis uma a uma, como propomos na metodologia.
5.4.1 - Distribuição da população e Enteroparasitoses
Na assinatura da concentração populacional com os parasitas concluímos que há
alta correlação espacial entre as variáveis, por que as classes “ALTA” e “MÉDIA A
ALTA” da concentração populacional coincidiram com 61,5% e 30,79%,
respectivamente, da mancha que concentra as maiores ocorrências de parasitoses,
perfazendo 92,29% do total da área.
Tabela 12 – Assinatura da síntese de população e ocorrência de
parasitoses.
Resultado da assinatura da Distribuição da População
Categorias de legenda Pixels % Assinado
% da
Categoria
1 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO
POPULACIONAL 114088 0.87% 0.01
2 - MÉDIA A ALTA CONCENTRAÇÃO
POPULACIONAL 42856 30.79% 0.91
3 - BAIXA A MÉDIA CONCENTRAÇÃO
POPULACIONAL 96428 0.00% 0
4 - ALTA CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL 10235 61.50% 7.63
5 - BAIXA CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL 24656 6.85% 0.35
Total 700000 100
124
Resultado da assinatura do mapa da Concentração das Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 0.00% 0
2 - BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 7083 0.00% 0
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 0.00% 0
4 - MÉDIA A ALTA CONCENTRAÇÃO 856 67.40% 100
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32.60% 100
Total 700000 100%
5.4.2 - Abastecimento de Água e Enteroparasitoses
A combinação realizada do abastecimento de água com a concentração de
parasitoses que podemos observar na tabela mostrou uma configuração não muito esperada.
Como já dissemos na discussão das variáveis de saneamento o abastecimento de água em
rede geral é estabelecido em quase todos os domicílios do município.
Tabela 13 – Assinatura do abastecimento de água e
ocorrência de parasitoses.
Resultado da assinatura do mapa Síntese de Abastecimento de Água
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - MÉDIO A ALTO
ABASTECIMENTO 112493 30.87% 0.35
2 - ALTO ABASTECIMENTO 91560 50.39% 0.7
3 - MÉDIO ABASTECIMENTO 33693 0.00% 0
4 - BAIXO ABASTECIMENTO 50544 18.74% 0.47
5 - SEM ABASTECIMENTO 19 0.00% 0
Total 700000 100%
Resultado da assinatura do mapa da Concentração das Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 0.00% 0
2 - BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO
7083 0.00% 0
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 0.00% 0
4 - MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO 856 67.40% 100
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32.60% 100
Total 700000 100%
125
5.4.3 – Síntese de Coleta e Destinação do Esgoto e Enteroparasitoses
Na combinação entre a Síntese de Coleta e Destinação do Esgoto com a
concentração de parasitoses observamos alta correlação espacial, tendo em vista que a
área constatada como “ALTA e MÉDIA A ALTA CONCENTRAÇÃO”, apontou
33,23% da área assinada na classe “BAIXA” da infra-estrutura de coleta e destinação do
esgoto. Já na classe “MÉDIA” de infra-estrutura de coleta de destinação do esgoto,
observamos 44,88% da superfície assinada em relação a “ALTA e MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO” de parasitoses. Assim, em 78% da área observada como alta
concentração de parasitoses, temos baixa ou média ocorrência de infra-estrutura de
coleta e destinação do esgoto. Como apresentamos na tabela 14:
Tabela 14 – Assinatura da coleta e destinação do esgoto e
ocorrência de parasitoses.
Resultado da assinatura do mapa Síntese de Coleta e Destinação do Esgoto
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
6 - BAIXA 37101
33,23%
1,14
7 - MEDIA 192307
44,88%
0,30
8 - ALTA 58901 21,89% 0,47
Total 700000 100%
Resultado da assinatura do mapa da Concentração das Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 0,00% 0,00
2 - BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 7083 0,00% 0,00
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 0,00% 0,00
4 - MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO
856 67,40% 100,00
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32,60% 100,00
Total 700000 100%
5.4.4 – Síntese de Coleta e Destinação do Lixo e Enteroparasitoses
Na combinação da síntese de coleta e destinação do lixo com a concentração das
enteroparasitoses observamos que há correlação espacial entre a ocorrência de
parasitoses e a coleta e destinação do lixo.
Considerando as classes “MÉDIA A ALTA A ALTA CONCENTRAÇÃO” de
parasitoses, o percentual assinado foi 9,13% para a classe “BAIXA” de infra-estrutura
126
de coleta e destinação do lixo, 41,65% para a classe “BAIXA A MÉDIA”, 17% para a
classe “MÉDIA” e 32,2% para a classe “ALTA”.
A distribuição acima mostrou que, somadas a classe “BAIXA” com “BAIXA A
MÉDIA” da infra-estrutura de lixo, houve correlação espacial de 51% com as
parasitoses. Somadas as classes “ALTA” e “MÉDIA” de infra-estrutura, a correlação
espacial foi de 49%. Constatamos estas informações na tabela 15 a seguir.
Tabela 15 – Assinatura da coleta e destinação do lixo e
ocorrência de parasitoses.
Resultado da assinatura do mapa da Concentração de Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 – BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 0,00% 0,00
2 - BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 7083 0,00% 0,00
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 0,00% 0,00
4 - MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO 856 67,40% 100,00
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32,60% 100,00
Total 700000 100%
Resultado da assinatura do mapa Síntese de Coleta e Destinação do Lixo
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
4 – BAIXA 115455 9,13% 0,10
5 – BAIXA A MEDIA 40777 41,65% 1,30
6 - MEDIA 63417 17,01% 0,34
7 - ALTA 68660 32,20% 0,60
Total 700000 100%
5.4.5 – Rendimentos Médios por Setor e Enteroparasitoses
A combinação dos rendimentos médios nos setores censitários de Ouro Preto
mostrou uma forte correlação com a concentração de parasitoses. Sendo assim, as
classes “BAIXA e MÉDIA” de renda foram as que assinaram nas altas ocorrências de
parasitoses, em 100% dos casos, sendo 74,8% da classe “BAIXA” de renda e 25,2% da
classe “MÉDIA” de renda.
127
Tabela 16 – Assinatura da renda e ocorrência de parasitoses.
Resultado da assinatura do mapa Renda-qualitativo
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - BAIXA 193128 74,80% 0,49
2 - MÉDIA 40646 25,20% 0,79
3 - MÉDIA A ALTA 17090 0,00% 0,00
5 - ALTA 37445 0,00% 0,00
Total 700000 100%
Resultado da assinatura do mapa da Concentração de Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 0,00% 0,00
2 - BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 7083 0,00% 0,00
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 0,00% 0,00
4 - MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO 856 67,40% 100,00
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32,60% 100,00
Total 700000 100%
5.4.6– Síntese de Escolaridade e Enteroparasitoses
A escolaridade foi outro fator que apresentou alta correlação com a concentração de
parasitoses, de modo que o percentual assinado nas classes “MÉDIA A ALTA e ALTA
CONCENTRAÇÃO” assinaram em 70% da área com baixa escolaridade. Estas
informações estão contidas na tabela que se segue:
Tabela 17 – Assinatura da escolaridade e ocorrência de parasitoses.
Resultado da assinatura do mapa da Concentração de Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 – BAIXA
CONCENTRAÇÃO 21049 0,00% 0,00
2 – BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 7083 0,00% 0,00
3 – MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 2388 0,00% 0,00
4 – MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO 856 67,40% 100,00
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32,60% 100,00
Total 700000 100%
Resultado da assinatura do mapa Síntese de Escolaridade
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
0 – MÉDIA ESCOLARIDADE 103205 29,45% 0,36
1 – BAIXA A MÉDIA 148827 35,28% 0,30
128
ESCOLARIDADE
4 - ALTA ESCOLARIDADE 4398 0,00% 0,00
5 - MÉDIA A ALTA
ESCOLARIDADE 17672 0,00% 0,00
10 - BAIXA ESCOLARIDADE 14207 35,28% 3,15
Total 700000 100%
5.4.7 – Síntese de Infra-estrutura de saneamento e Enteroparasitoses
O conjunto de dados espaciais da assinatura que combinou a infra-estrutura de
saneamento com a ocorrência de parasitoses nos mostrou que nas classes “BAIXA” e
“MÉDIA a BAIXA” a infra-estrutura apresentou um total de 59,37% da superfície
assinada. Consideramos que há correlação significativa entre as duas informações
espaciais.
A classe “ALTA” de infra-estrutura apresentou 32,60% da superfície assinada, a
“MÉDIA A ALTA” apresentou 15,43%, a “MÉDIA” apresentou 6,46% (o menor índice), a
“MEDIA A BAIXA” apresentou 49,21% (maior índice) e a classe “BAIXA”, 10,16%.
Podemos constatar estas informações a seguir:
Tabela 18 – Assinatura da Síntese de infra-estrutura de
saneamento e ocorrência de parasitoses.
Resultado da assinatura do mapa da Concentração de Parasitoses
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
1 - BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 0.00% 0
2 - BAIXA A MÉDIA
CONCENTRAÇÃO 7083 0.00% 0
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 0.00% 0
4 - MÉDIA A ALTA
CONCENTRAÇÃO 856 67.40% 100
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 32.60% 100
Total 700000 100%
Resultado da assinatura do mapa Síntese de Infra-estrutura
Categorias de legenda Pixels % Assinado % da Categoria
0 - ALTA INFRA-ESTRUTURA DE
50544 18.74% 0.47
1 - BAIXA INFRA-ESTRUTURA DE
SANEAMENTO
81062 10.16% 0.16
4 - MÉDIA A BAIXA INFRA-ESTRUTURA
DE SANEAMENTO
76972 49.21% 0.81
129
5 - MÉDIA INFRA-ESTRUTURA DE
SANEAMENTO
39310 6.46% 0.21
6 - MÉDIA A ALTA INFRA-ESTRUTURA
DE SANEAMENTO
40421 15.43% 0.48
Total 700000 100%
Analisando o material como um todo no que se refere a infra-estrutura, podemos
considerar que o valor da correlação encontrado foi alto (59,37%) porque, mesmo com a
maioria dos domicílios possuindo boa infra-estrutura de abastecimento de água, como
vimos, temos uma correlação alta entre a concentração de enteroparasitas e a infra-estrutura
de saneamento (abastecimento de água, coleta e destinação do lixo e coleta e destinação do
esgoto).
Como propomos no início desta discussão, apresentamos o consolidado de
informações relativas à distribuição das enteroparasitoses em conjunto com nossa análise
sobre as informações de infra-estrutura da cidade:
Alto da cruz
– expansão.
Cuidado.
Bauxita – surpresa.
Carece explicações.
Tem infra-estrutura
em padrão melhor.
Morro Santana
- previsto
Vila Aparecida
-Surpresa.
-Tem Infra-
estrutura
130
Na Análise do conjunto das informações mapeadas podemos afirmar que a
configuração espacial observada foi prevista em algumas regiões, já em outras
encontramos algumas surpresas. A região de Morro Santa foi a que mais encontramos
exames positivos (372 casos), e foi a também a de maior concentração de
enteroparasitoses mensurada em nosso método de análise. A concentração em toda a
porção nordeste da cidade estava prevista por se tratar de área com baixa infra-estrutura.
Em contraponto observamos duas áreas em que há a infra-estrutura e há também
concentrações consideráveis de enteroparasitas: Vila Aparecida e Bauxita.
De fato, Bauxita possui alta concentração de enteroparasitoses, o que nos
surpreende por ser uma área de ocupação mais ordenada e com infra-estrutura melhor.
Ao mesmo tempo, pensamos que podem se tratar de casos de transmissão fora do eixo
urbano, como nas imediações rurais a concentrações de caramujos que transmitem
esquistossomose, por exemplo.
Uma área que merece destaque do ponto de vista da infra-estrutura (é muito
precária e a maioria de seus domicílios estão em situação irregular) é o Alto da Cruz.
Esta região está com uma concentração de parasitoses também considerável é possui
fragilidades do ponto de vista da ocupação de encostas, devido à sua declividade muito
acentuada.
131
CONCLUSÕES
Comprovadamente, o intuito de distribuir espacialmente as parasitoses e
estabelecer suas relações com o saneamento em Ouro Preto foi alcançado. Os robustos
bancos de dados com informações espacializáveis nos permitiram a reunião de muitas
camadas de informação e a definição de etapas e procedimentos metodológicos
diferentes em cada caso.
Podemos concluir que o trabalho se trata de uma contribuição metodológica no que
tange ao uso de metodologias existentes ainda pouco utilizadas em Geografia da Saúde,
promovendo um avanço na sua aplicação para o tratamento de bancos de dados em
saúde.
Observamos que o estudo das enteroparasitoses por concentração de ocorrências nos
domicílios foi um ganho de informação permitindo que desagregássemos informações
para visualizar com um nível de detalhe muito maior, como propusemos de início.
Atendemos também as nossas indagações da seguinte forma:
Como é a distribuição da população de Ouro Preto? Resposta na síntese de distribuição
da população, realizada com o banco de dados de informações do censo 2000, IBGE.
Como é a distribuição dos casos positivos de enteroparasitoses identificados a partir dos
exames realizados pelo LAPAC em Ouro Preto? Resposta no cruzamento do banco de
dados com informações de campanhas do LEPI realizadas entre 1995 e 2000, primeiro
cruzados por setor censitário, depois por concentração de pontos (kernel).
Como se distribui o abastecimento de água? Resposta na Síntese de Abastecimento de
Água, efetuada com o banco de dados de informações do censo 2000, IBGE
Como se distribui a coleta de lixo? Resposta na Síntese de Coleta e Destinação do Lixo,
efetuada com o banco de dados de informações do censo 2000, IBGE.
Como se distribui a coleta de esgoto? Resposta na Síntese de Coleta e Destinação do
Esgoto, efetuada com o banco de dados de informações do censo 2000, IBGE.
Através da construção desta plataforma de informações espaciais foi realizável,
atendendo ao nosso objetivo geral, cruzamentos das variáveis do IBGE com a
ocorrência de enteroparasitoses. Foi possível também identificar algumas áreas críticas
em Ouro Preto para a concentração enteroparasitoses.
132
Quanto ao nosso questionamento sobre as relações existentes entre as variáveis sócio-
ambientais e a magnitude da distribuição das enteroparasitoses no espaço, obtivemos,
através da discussão dos resultados, subsídios para indicar as principais áreas com
prioridade de intervenção, que são Morro Santana, Morro da Queimada, Antonio Dias,
que são áreas de ocupação mais recente. As áreas como o centro histórico e o Pilar
devem ser destacadas como menor prioridade de intervenções. O módulo Assinatura-
SAGA foi um apoio nesta etapa.
Como os mecanismos de transmissão e as informações sobre os parasitas poderiam
ser distintas, uma grande revisão sobre todos os parasitas foi realizada, mostrando na
discussão dos resultados (capítulo 5), como se comportaram cada parasita em nossa
amostra e na distribuição espacial.
O instrumento de Análises Espaciais e o Sistema de Apoio a Decisão-SAGA
foram facilitadores de nossas análises. Aplicativos de tratamentos estatístico dos dados
também foram utilizados. Com os recursos do Geoprocessamento pudemos mostrar as
áreas mais vulneráveis à contaminação e ao risco, apontando uma série de fatores
contemplados pelo trabalho. Com o tratamento estatístico pudemos lapidar os dados.
Dentre os procedimentos da metodologia da árvore de decisões não passamos
pela calibração e nem pela validação de nossos dados e informações espaciais, mas
futuramente isto se faz necessário.
A validação do sistema consiste em observar em campo a legitimidade dos dados
observados no laboratório. Esta etapa é importante para a discussão da pertinência dos
resultados e proposta de novas análises caso sejam necessárias.
A calibração do sistema é a possibilidade de, a partir de observações no campo,
rodar novamente os modelos com o intuito de aproximação dos sistemas das condições
reais para o estudo do fenômeno.
Algumas dificuldades foram encontradas ao longo do trabalho, como a busca pela
base cartográfica e a correção da base de dados por domicílios, e um tratamento a estes
dados foi realizado com o intuito de minimizar perdas e não enviesar nossa análise.
Mesmo assim tivemos muitas perdas de informações em todo o processo de correção e
tratamento de nossas bases de dados.
133
Destacamos a grande possibilidade do gestor de saúde de Ouro Preto investir no
potencial que são os agentes de saúde, em trabalhos descentralizados, utilizando os
mesmos como multiplicadores de políticas de saneamento educativas e incisivas, devido
a sua proximidade com a comunidade (eles são a comunidade). Estabelecemos a
condição de interdisciplinaridade entre a área médica e a geografia; e esperamos atingir
esta condição entre a universidade e o poder público.
Em nosso estudo seguimos a tendência contemporânea no pensamento geográfico
com foco no indivíduo e sua inserção, para então ampliar por efeitos de irradiação dos
resultados. Atendemos esta meta com o estudo de dados desagregados das informações
espaciais para a ocorrência de enteroparasitas.
Com isto, um o trabalho que dá margem para intervenções do gestor municipal
passaria a servir de ponto de partida para políticas mais próximas da causa, como
propomos em nosso marco teórico. O trabalho serve de fonte de consulta para outras
análises e abrimos precedente para novas possibilidades na interpretação do espaço de
Ouro Preto.
134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, R. D., PASSINI, E. Y. O Espaço Geográfico: Ensino e representação. São
Paulo. Contexto, 2001.
ARCAS, G.P.J., GAGLIANI, L.H. Estudo Comparativo das Enteroparasitoses no Ano
de 2002 e 2003 na Cidade de Santos – SP – Brasil. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa.
N°2, vol.2.jan-jun/2005.
ARONOFF, S. Geographic Information System: a Management Perspective. Ottawa:
WDI Publications, 1989.
BAILEY, T., GATRELL, A. C. Interactive Spatial Data Analysis. Harlow, Uk:
Longman, 1995.
BARCELLOS, C. BASTOS, F.I. Geoprocessamento, Ambiente e Saúde: Uma União
Possível? Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 12(3):389-397, jul-set 1996.
_______________. RAMALHO, W. Situação Atual do Geoprocessamento e da
Análise dos Dados Espaciais em Saúde no Brasil. Site informática pública. 2002.
_______________, ROJAS, L.I. Desigualdades e diferenças em saúde: abordagem
geográfica. II Simpósio Brasileiro de Geografia da Saúde. 2005. Rio de Janeiro.
Fiocruz.
BENÉVOLO, L. História da Cidade. São Paulo. Editora Perspectiva. 1993.
BECKER. B.K. A Geografia e o Contexto dos Problemas de Saúde no Brasil. II
Simpósio Brasileiro de Geografia da Saúde. Rio de Janeiro. 2005.
BOULOS, M. Doenças emergentes e Reemergentes no Brasil. Revista Ciência Hoje.
São Paulo, v.XXIX, n. 170, abr. 2001. Disponível em:
<http://www.cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/resource/download/392>.
Acesso em: 14 jun. 2005.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.
Plano Nacional de Vigilância de Controle da Enteroparasitoses. Brasília. 2005.
135
BREILH, J. Epidemiologia: Economia, Política e Saúde. São Paulo. UNESP. 1991.
Tradução Luis Roberto de Oliveira.
BURROUGH, P.A.; MACDONNELL, R.A. Principles Of Geographical Information
Systems Of Land Resources Assessment. Oxford: Clarendon Press, 1987.
CAMPOS, M.R., VALENCIA, L.I.O., FORTES, B.P.M.D., BRAGA, R.C.C.,
MEDRONHO, R.A. Distribuição Espacial da Infecção por Ascaris Lumbricoides. Rev.
Saúde Pública 2002; 36(1): 69-74 69.
CANTOS G.A, R.L. DUTRA, J.P. K. KOERICH. Ocorrência de Anemia Ferropriva
em Pacientes com Enteroparasitoses. Saúde em Revista. 2004.
CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e Realidades, Uma Antologia. Tradução Dafne
Nascimento Rodrigues. 6ª edição. São Paulo. Perspectiva. 2005.
COSTA, M.C.N., TEIXEIRA, M.G.L.C. A Concepção de “Espaço” na Investigação
Epidemiológica. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(2):271-279, abr-jun, 1999.
COWEN, D. J. GIS versus CAD versus DBMS: What are the differences?
Photogrammetric Engineering and Remote Sensing, v.LIV, p. 1551-1554, 1988.
CRISTOFOLETTI, A.L.H. Sistemas Dinâmicos; as Abordagens da Teoria do Caos e
da Geometria Fractal em Geografia. In: VITTE, A.C. GUERRA, A.J.T. Reflexões
sobre a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2004.
CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo. Edgard
Blücher. 1999
CZERESNIA, D. RIBEIRO, A.M. O Conceito de Espaço em Epidemiologia: Uma
Interpretação Histórica e Epistemológica. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro. 16
(3) 595-617, jul-set. 2000.
CORREIA, R. L. Espaço, Um Conceito Chave da Geografia. In: CORREIA. R.L. O
espaço urbano. São Paulo. Ática. 4ª edição. 1999.
136
DANTAS, M.B.P., BRITO, I.F., MEIRA, R.B., WANZELLER, M. Espaço e
Planejamento em Saúde: Algumas Reflexões. In: MARQUES, E.C. NAJAR, A.L. Saúde
e Espaço: Estudos Metodológicos e técnicas de Análise. Rio de Janeiro. Fiocruz. 1998.
DIAZ, S. & CACERES, D. M. Ecological Approaches to Rural Development Projects.
Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(Suplemento):201-208, 2001.
DINIZ, A. Estatística Espacial. Especialização em Geoprocessamento. CGP/IGC 2000.
MASCARINI, L. M., DONALÍSIO, M.R. Epidemiological Aspects of
Enteroparasitosis at Daycare Centers in the City of Botucatu, State of São Paulo,
Brazil.Revista Brasileira de Epidemiologia 2006; 9(3): 297-308.
FERREIRA, G.R., ANDRADE, C.F.S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados
a parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de
Estiva Gerbi, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38 (5):402-405,
set-out, 2005.
FERREIRA, J.A. Resíduos Sólidos: Perspectivas Atuais. In: SISINO, C.L.S.,
OLIVEIRA, R.M. (org.). Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: Uma Visão
Multidisciplinar. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2006. 3ª reimpressão.
FONSECA, E.S., LEITE, D.V.B. Cartografia e Representações Concretas do Urbano:
a Percepção Espacial dos Agentes de Saúde de Ouro Preto, MG. VII Encontro Nacional
da ANPEGE. Niterói, 2007.
_______________. Incursões Sobre o Sanitarismo no Brasil: Repercussões Imediatas
de um Modelo Importado da Europa. III Simpósio Brasileiro de Geografia da Saúde.
Curitiba. 2007.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. Petrópolis. Vozes. 1987. 27ª
edição.
Fundação IBGE. Censo demográfico de 2000. Rio de Janeiro. 2001.
______, 2002, Censo Demográfico 2000. Resultado do universo relativo aos setores
censitários dos municípios de Macapá e Santana/AP. Base de Dados.
______, 2007, Atlas Geográfico Escolar. Rio de Janeiro. 4ª edição.
137
FREITAS, C.M. A Contribuição dos Estudos de Percepção de Riscos na Avaliação e
no Gerenciamento de Riscos Relacionados aos Resíduos Perigosos. In: SISINO, C.L.S.,
OLIVEIRA, R.M. (org.). Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: Uma Visão
Multidisciplinar. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2006. 3ª reimpressão.
GABRIEL, C.S.; MARTINS, W.C.M.; ARAÚJO, B.C.; FIGUEIREDO, N.D.;
VALENCIA, L.I.O.; SCHNEIDER, M.R.; MEDRONHO, R.A. Distribuição Espacial
da Infecção por Trichuris Trichiura em Micro-área. II Simpósio Brasileiro de Geografia
da Saúde. Rio de Janeiro. 2005.
GATRELL, A.C. Density Estimation Of Spatial Point Patterns. In Hearnshaw Hj,
Unwin Dj, Eds. Visualisation And Geographical Information Systems, Chichester, Uk:
John Wiley, 1994.
GERARDI, L.H.O., SILVA, B.C.N. Quantificação em Geografia. São Paulo. Difel.
1981.
GUIMARÃES, R.B. Regiões de Saúde e Escalas Geográficas: Articulações entre o
Corpo e a Nação. III Simpósio Nacional de Geografia da Saúde, 2007.
GURGEL, R.Q., CARDOSO, G.S., SILVA, A.M., SANTOS, L.N., OLIVEIRA,
R.C.V. Creche: Ambiente Expositor ou Protetor nas Infestações por Parasitas
Intestinais em Aracaju, SE. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
38(3):267-269, mai-jun, 2005.
HARVEY, D. A Justiça Social e a Cidade. São Paulo. 1980.
HARVEY, D. A condição Pos-moderna: uma Psquisa sobre as Origens da Mudança
Cultural. São Paulo. Loyola. 1992.
HESPANHOL, I. Água e Saneamento Básico: Uma Visão Realista. In: REBOUÇAS,
C. A.; BENEDITO, B.;
TUNDISI, J. G. Águas doces do Brasil. IEA-USP São Paulo: Escrituras, 1999.
HIRSCH, S. Almanaque de Bichos que dão em Gente. Editora Corre Cotia.
Consultado na
internet:http://www.correcotia.com/vermes/pesquisa/indice_capitulos.htm, em
10/01/2007
138
KLIGERMAN, D.C. A Era da Reciclagem x A Era do Desperdício. In: SISINO,
C.L.S., OLIVEIRA, R.M. (org.). Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: Uma Visão
Multidisciplinar. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2006. 3ª reimpressão.
LACAZ, C.S., BARUZZI, R.G., SIQUEIRA JR, W. Introdução à Geografia Médica
do Brasil. São Paulo. Edigard Blücher. 1972.
LIMA, G.M., COTRIM, G.S. Enteroparasitoses: prevalência nos alunos da Escola
Estadual de Carneirinho – MG. RBAC, vol. 36(4): 231-232, 2004
LUDWING, K.M., FREI, F., FILHO, F.A. e RIBEIRO-PAES, J.T.. Correlação entre
Condições de Saneamento Básico e Parasitoses Intestinais na População de Assis,
Estado de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 32(5):547-
555, set-out, 1999.
MACHADO-COELHO, G.L.L., FONSECA, E.S., MOURA, A.C.M., FERREIRA, S.
Distribuição Espacial dos Casos de Enteroparasitoses da Cidade de Ouro Preto, MG,
1995-2000. III Simpósio Brasileiro de Geografia da Saúde. Curitiba. 2007.
MARQUES, M. B. Doenças Infecciosas Emergentes no Reino da Complexidade:
Implicações Para as Políticas Científicas e Tecnológicas. Cad. Saúde Públ., Rio de
Janeiro, 11 (3): 361-388, jul/set, 1995.
MARQUES, E.C. Os Modelos Espaciais como Instrumento para o Estudo de
Fenômenos Urbanos. In: MARQUES, E.C. NAJAR, A.L. Saúde e Espaço: Estudos
Metodológicos e técnicas de Análise. Rio de Janeiro. Fiocruz. 1998.
MARTINS, R.A. O Contágio: A História da Prevenção das Doenças Transmissíveis.
São Paulo. Moderna. 1997.
MASCARINI, L.M., DONALISIO, M.R. Epidemiological Aspects of
Enteroparasitosis at Daycare Centers in the City of Botucatu, State of São Paulo,
Brazil. Revista Brasileira de Epidemiogia. 2006; 9(3): 297-308.
MEDRONHO, R. A. Geoprocessamento e Saúde: uma Nova Abordagem do Espaço no
Processo Saúde-doença. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz. 1995.
MENDONÇA, F. Geografia Física: Ciência Humana? Dialética e Geografia Física;
Estudo da Natureza e da Sociedade; Afinal, o que é Geografia? São Paulo. Contexto.
1996. (Coleção Repensando a Geografia).
139
MOURA, A. C. M. Geoprocessamento Aplicado ao Planejamento Urbano e à Gestão
do Patrimônio Histórico de Ouro Preto – MG. Rio de Janeiro: UFRJ/IGEO, 2003. xx.
482p, il.
NERI, S. H. A. A Utilização das Ferramentas de Geoprocessamento para a
Identificação de Comunidades Expostas a Hepatite nas Áreas de Ressaca dos
Municípios de Macapá e Santana/AP.COPPE/UFRJ. Tese – Universidade Federal do
Rio de Janeiro. 2004. 173p
NIELSEN, N. OLE. Ecosystem approaches to human health. Cad. Saúde Pública, Rio
de Janeiro, 17(Suplemento):69-75, 2001.
OLIVEIRA, A. A. Enteroparasitas e perfil demográfico-sanitário: estudo de demanda
laboratorial de exames parasitológicos de fezes no município de Viçosa - Minas Gerais.
Relatório final de iniciação científica. Departamento de Veterinária da Universidade
federal de Viçosa. 2002. 53f.
OPPENSHAW, S.; ABRAHART, R.J. Geocomputation. Proceedings Of The 1st
International Conference On Geocomputation. 1996. Leeds, University Of Leeds.
PAVLOVSKY, Y. N., s/d. Natural Nidality of Transmissible Diseases. Moscow: Peace
Publishers.
PEITER, P.C. Geografia da Saúde na Faixa de Fronteira Continental do Brasil na
Passagem do Milênio. Rio de Janeiro. UFRJ/IGEO. 2005. xix, 314p. Tese de
Doutorado.
PEREIRA, J.C.R. Análise de Dados Qualitativos: Estratégias Metodológicas para as
Ciências da Saúde, Humanas e Sociais. São Paulo. Edusp. 2001.
PESSOA, S. Ensaio Médico-sociais. Histórico da Geografia da Saúde. Centro
Brasileiro de Estudos da Saúde. Coleção Saúde em Debate. São Paulo. SP. 1978.
PINA, M.F.R.P. Potencialidades dos Sistemas de Informações Geográficas na Área
das Saúde. In: MARQUES, E.C. NAJAR, A.L. Saúde e Espaço: Estudos Metodológicos
e técnicas de Análise. Rio de Janeiro. Fiocruz. 1998.
140
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Belo Horizonte.
Gerência de Epidemiologia e Informação. Índice de Vulnerabilidade à Saúde 2003.
Belo Horizonte. 2003.
RANDOLPH, R. Planejamento Urbano e Regional, Análise Territorial e Sistemas de
Informações Geográficas. In: MARQUES, E.C. NAJAR, A.L. Saúde e Espaço: Estudos
Metodológicos e técnicas de Análise. Rio de Janeiro. Fiocruz. 1998.
RODRIGUES, A.M. Moradia nas Cidades Brasileiras: Habitação e Especulação, o
Direito à Moradia, os Movimentos Populares. São Paulo. Contexto. 5ª Edição. 1994.
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. Hucitec. São Paulo. 1996. 4ª edição.
SEVCENKO, Nicolau. Introdução: O Prelúdio Republicano; Astúcia da Ordem e
Ilusão de Progresso. In: História da Vida Privada no Brasil. República: da Belle Époque
a Era do Rádio. São Paulo. Companhia das Letras. 1998. Vol. três.
SILVA, L.J. O conceito de espaço na epidemiologia das doenças infecciosas. Cad.
Saúde Públ., Rio de Janeiro, 13(4):585-593, out-dez, 1997
SILVERMAN, B.W. Density Estimation. London: Chapman And Hall, 1986.
SMITH, T. R.; PEUQUET, D. J.;MENOM, S.;AGAWAL, P. KBGIS –II: a
Knowledge-based geografic information system. Internatinonal Journal of Geografic
Information Systems, v.I, n.2, p. 149-172, 1987.
SMOLKA, Martin O. Meio Ambiente e Estrutura Intra-urbana. In: MARTINE,
George. População, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Campinas: Ed. Unicamp, 1993.
SNOW, John. Sobre a Maneira de Transmissão do Cólera. São Paulo – Rio de Janeiro.
HUCITEC – ABRASCO. 2ª edição. 1999.
SISINO, C.L.S. Resíduos Sólidos e Saúde Pública. In: SISINO, C.L.S., OLIVEIRA,
R.M. (org.). Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: Uma Visão Multidisciplinar. Rio de
Janeiro. Editora Fiocruz. 2006. 3ª reimpressão.
141
SORRE, Max. Fundamentos biológicos de la geografia humana. Ensaio de uma
Ecologia del Hombre. Tradução para o espanhol por r.C. VILA e J.C. de CANDEL.
Bracelona. Juventud, 1955.
__________. Geografia. Org. MEGALE, J.F. São Paulo. Ática.1984.
SOUZA, A.I., FERREIRA, L.O.C, FILHO, M.B., DIAS, M.R.F.S. Enteroparasitoses,
Anemia e Estado Nutricional em Grávidas Atendidas em Serviço Público de Saúde.
RBGO. 24 (4): 253-259, 2002.
STRAUCH, J.C.M., SOUZA, J.M. Uma metodologia para Implantação de Sistemas de
Informações Geográficas. In: MARQUES, E.C. NAJAR, A.L. Saúde e Espaço: Estudos
Metodológicos e técnicas de Análise. Rio de Janeiro. Fiocruz. 1998.
TASSINARI, W.S.PELEGRINI, D.C.P. SABROZA, P.C. CARVALHO, M.S.
Distribuição espacial da leptospirose no Município do Rio de Janeiro, Brasil, ao longo
dos anos de 1996-1999. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(6):1721-1729, nov-dez,
2004
TAVARES-DIAS, M., GRANDINI, A.A. Prevalência e aspectos Epidemiológicos de
enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, São Paulo. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 32(1):63-65, jan-fev, 1999.
VALADARES, J.C. Ambiente e Comportamento: os Restos da Atividade Humana e o
Mal-estar na Cultura. In: SISINO, C.L.S., OLIVEIRA, R.M. (org.) Resíduos Sólidos,
Ambiente e saúde: Uma Visão Multidisciplinar. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz. 2006.
3ª reimpressão.
VARGAS, M.C. A Privatização do Saneamento Básico no Brasil: Riscos ou
Oportunidade?. In: DOWBOR, L., TAGNIN, R.A. (orgs.). Administrando a Água como
se Fosse Importante. São Paulo. Senac. 1999
VASCONCELLOS. M.M. Serviços de Saúde: uma Revisão de Processos de
Regionalização, Análises de Padrões Espaciais e Modelos de Localização. In:
MARQUES, E.C. NAJAR, A.L. Saúde e Espaço: Estudos Metodológicos e técnicas de
Análise. Rio de Janeiro. Fiocruz. 1998.
XAVIER-DA-SILVA. J. Geoprocessamento para a Análise Ambiental. Rio de Janeiro.
J. Xavier da Silva. 2001.
142
__________ Geoprocessamento e a Análise Ambiental: Aplicações. Rio de Janeiro.
Bertrand Brasil. 2004.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portal da Saúde,
acesso01/10/2007http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Visualizar_texto.cfm?idtxt=271
46
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. March, 2003. Issue 1.
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. February, 2007. Issue 8.
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. September, 2004. Issue 5.
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. August, 2006. Issue 7.
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. July, 2003. Issue 2.
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. September, 2003. Issue 3.
WHO. PVC. 2003. ALLEN, H. Action Against Worms. January, 2006. Issue 6.
ANEXOS
ANEXO I – FICHA DE CADASTRO DOMICILIAR
ANEXO II – RESULTADO DAS ASSINATURAS EM
AMBIENTE SAGA
Resultado da Assinatura do Mapa da Concentração de Parasitoses. Resolução - 10m
Cat. - Legendas Pixels (Ha)
0 - FUNDO DE MAPA 668210 (6682.10)
1 - 26778-10711 8756 (87.56)
2 - 10711-21442 7832 (78.32)
3 - 21422-330256 4461 (44.61)
4 - 330256-446292 3276 (32.76)
5 - 446292-562328 2301 (23.01)
6 - 562328-696216 1506 (15.06)
7 - 696216-856881 974 (9.74)
8 - 856881-1026472 791 (7.91)
9 - 1026472-1204989 623 (6.23)
10 - 1204989-1401358 513 (5.13)
11 - 1401358-1615578 343 (3.43)
12 - 1615578-1820873 194 (1.94)
13 - 1820873-2026167 138 (1.38)
14 - 2026167-2276091 82 (0.82)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura do Mapa da Concentração de Parasitoses Qualitativo. Resolução - 10m
Cat. - Legendas Pixels (Ha)
0 - FUNDO DE MAPA 668210 (6682.10)
1 - BAIXA CONCENTRAÇÃO 21049 (210.49)
2 - BAIXA A MÉDIA CONCENTRAÇÃO 7083 (70.83)
3 - MÉDIA CONCENTRAÇÃO 2388 (23.88)
4 - MÉDIA A ALTA CONCENTRAÇÃO 856 (8.56)
5 - ALTA CONCENTRAÇÃO 414 (4.14)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura do Mapa de Abastecimento em Rede Geral
Cat. - Legendas Pixels (Ha)
0 - FUNDO DE MAPA 411691 (4116.91)
1 - 127 - 226 DOMICÍLIOS 119845 (1198.45)
2 - 217 - 285 DOMICÍLIOS 56175 (561.75)
3 - 286 - 341 DOMICÍLIOS 37378 (373.78)
4 - 342 - 392 DOMICÍLIOS 6677 (66.77)
5 - 0 - 126 DOMICÍLIOS 68234 (682.34)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura Síntese de Coleta e Destinação do Lixo
Cat. – Legendas Pixels (Ha)
4 – BAIXA 115455 (1154.55)
5 - BAIXA A MEDIA 40777 (407.77)
6 – MEDIA 63417 (634.17)
7 – ALTA 68660 (686.60)
11 - FUNDO DE MAPA 411691 (4116.91)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura Síntese de Escolaridade e Parasitoses
Cat. – Legendas Pixels (Ha)
0 - NOTA 10 1057 (10.57)
5 - NOTA 5 2508 (25.08)
6 - NOTA 6 20406 (204.06)
7 - NOTA 7 5300 (53.00)
8 - NOTA 8 2052 (20.52)
11 - FUNDO DE MAPA 411691 (4116.91)
12 - FUNDO DE MAPA 256986 (2569.86)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura Síntese de Coleta e Destinação do Esgoto e Parasitoses
Cat. – Legendas Pixels (Ha)
0 - NOTA 10 992 (9.92)
5 - NOTA 5 7441 (74.41)
6 - NOTA 6 15386 (153.86)
7 - NOTA 7 6272 (62.72)
8 - NOTA 8 1232 (12.32)
11 - FUNDO DE MAPA 411691 (4116.91)
12 - FUNDO DE MAPA 256986 (2569.86)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura Síntese de Coleta e Destinação do Lixo e Parasitoses
Cat. – Legendas Pixels (Ha)
5 - NOTA 5 7929 (79.29)
6 - NOTA 6 17703 (177.03)
7 - NOTA 7 4046 (40.46)
8 - NOTA 8 973 (9.73)
9 - NOTA 9 640 (6.40)
10 - NOTA 10 32 (0.32)
11 - FUNDO DE MAPA 411691 (4116.91)
12 - FUNDO DE MAPA 256986 (2569.86)
Total 700000(7000.00)
Resultado da Assinatura Abastecimento de Água em Rede Geral e Parasitoses
Cat. – Legendas Pixels (Ha)
5 - NOTA 5 6224 (62.24)
6 - NOTA 6 15875 (158.75)
7 - NOTA 7 6690 (66.90)
8 - NOTA 8 1357 (13.57)
9 - NOTA 9 923 (9.23)
10 - NOTA 10 254 (2.54)
11 - FUNDO DE MAPA 411691 (4116.91)
12 - FUNDO DE MAPA 256986 (2569.86)
Total 700000(7000.00)
ANEXO III – MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS
PARASITOSES (CADA TIPO):
Mapa 1 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
H. nana em Ouro Preto
Mapa 2 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
Taenia sp em Ouro Preto
Mapa 3 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
S. stercoralis em Ouro Preto.
Mapa 4 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
A. duodenalis em Ouro Preto
Mapa 5 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
E. vermicularis em Ouro Preto
Mapa 6 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
S. Mansoni em Ouro Preto
Mapa 7 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
A.lumbricóides em Ouro Preto
Mapa 8 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
T.Trichiura em Ouro Preto
Mapa 9 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos para
E. Histolytica em Ouro Preto
Mapa 10 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos
para E. dispar em Ouro Preto
Mapa 11 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos
para E. nana em Ouro Preto
Mapa 12 – distribuição espacial dos resultados de exames parasitológicos
para G. Lamblia em Ouro Preto
ANEXO IV - CRUZAMENTOS DE DADOS
ALFANUMÉRICOS DE POLIPARASITISMO
Para os cruzamentos de dados alfanuméricos da ocorrência de
poliparasitismo realizamos consultas aos casos positivos de
duplas de parasitas. Para isto separamos somente os quatro
parasitas que foram mais significativos em nossa amostra:
Endolimax nana, Giárdia lamblia, Ascaris lumbricóides e
Entamoeba histolytica. Realizamos consultas de informações
destes dois a dois, depois três a três. Para a construção da tabela,
cada vez que realizamos uma consulta, distribuímos os
resultados em freqüências, da forma que estão dispostos abaixo.
Cruzamento 1
eh= 1 + gl = 1 + en = 1 + al = 1 (FILTER)
N Valid
77
Missing
0
Cruzamento 2
eh = 1 + al = 1 (FILTER)
Valid
87
N
Missing
0
Cruzamento 3
eh = 1 + gl = 1 (FILTER)
Valid
89
N
Missing
0
Cruzamento 4
eh= 1 + en = 1 (FILTER)
Valid
95
N
Missing
0
Cruzamento 5
en = 1 + al = 1 (FILTER)
Valid
224
N
Missing
0
Cruzamento 6
en = 1 + gl = 1 (FILTER)
Valid
226
N
Missing
0
Cruzamento 7
en = 1+eh = 1 + al = 1 (FILTER)
Valid
220
N
Missing
0
Cruzamento 8
en = 1+eh = 1 + gl = 1 (FILTER)
Valid
224
N
Missing
0
Cruzamento 9
al = 1+eh = 1 + gl = 1 (FILTER)
Valid
963
N
Missing
0
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo