Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
NÚCLEO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES
FARMACOLÓGICAS DE
DIFERENTES ESPÉCIES DE
LYCHNOPHORA UTILIZADAS
PELA POPULAÇÃO
Aluna: Luciana Souza Guzzo
Orientadora: Profa. Dra. Andrea Grabe Guimarães
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação de Ciências Biológicas do Núcleo de
Pesquisas em Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte
integrante dos requisitos para a obtenção do
Título de Mestre em Ciências Biológicas, área
de concentração Bioquímica Estrutural e
Fisiológica.
Ouro Preto, maio de 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Catalogação: [email protected]
G993a Guzzo, Luciana Souza.
Avaliação de atividades farmacológicas de diferentes espécies de Lychnopharas
utilizadas pela população [manuscrito] / Luciana Souza Guzzo. - 2007.
xviii, 99f.: il., color.; tabs., grafs.
Orientadora: Profª. Andréa Grabe Gumarães.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.
Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências
Biológicas.
Área de concentração: Bioquímica estrutural e fisiológica.
1. Agentes antiinflamatórios - Teses. 2. Agentes cardiovasculares - Teses. 3.
Farmacologia - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.
CDU: 615.01
ads:
Luciana Souza Guzzo
i
Trabalho desenvolvido no Laboratório de
Farmacologia Experimental e Laboratório de
Farmacognosia da Escola de Farmácia da
Universidade Federal de Ouro Preto.
Dedicatória
Luciana Souza Guzzo
ii
Dedico esse trabalho:
Aos meus pais, Luiz Carlos e Josélia,
pelo apoio e incentivo constantes e incondicionais e
pelo exemplo de vida.
À DEUS, pelas dádivas recebidas e pela
presença constante em minha vida.
Agradecimentos
Luciana Souza Guzzo iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que colaboraram para a realização e concretização desse
trabalho, em especial:
À Prof. Andréa por ter me dado oportunidade de sua orientação, pela amizade,
carinho e ensinamentos e pelo bom exemplo de pessoa e de competência e dedicação no
trabalho.
“Você que com simplicidade e paciência me ensinou a gostar da ciência, a ter
ética na pesquisa e principalmente proporcionou-me um grande crescimento pessoal e
profissional. Pelas palavras de otimismo e compreensão nos momentos necessários,
pelo respeito e confiança a mim concedidos e pela ótima convivência durante todos
estes anos minha eterna gratidão.”
À Prof. Dênia Saúde Guimarães pela orientação de importante parcela desse
trabalho, pela amizade, pelo convívio agradável e solidariedade.
Ao Prof. Homero Nogueira Guimarães pelo desenvolvimento do sistema de
aquisição e de análise de dados dos parâmetros cardiovasculares.
À Prof. Vanessa Mosqueira pela ajuda na descoberta do solvente para o extratos,
pelas colaborações importantes no desenvolvimento do trabalho e pela disponibilização
dos aparelhos e equipamentos do Laboratório de Desenvolvimento Galênico e
Nanotecnologia da Escola de Farmácia da UFOP.
Às Prof. Carla Penido e Neila Barcellos pela ótima convivência e pelas valiosas
contribuições em todos os momentos desse trabalho.
Ao Prof. Luis Fernando por está sempre disposto a ajudar.
À Prof. Vera Guarda por disponibilizar os aparelhos e equipamentos do
Laboratório de Síntese de Produtos Naturais.
Agradecimentos
Luciana Souza Guzzo iv
Ao Prof. Mauro Martins Teixeira e o doutorando Flávio Amaral pela grande
receptividade no laboratório de Imunofarmacologia da UFMG e pela disponibilização
do pletismômetro para validação da metodologia do teste de edema de pata.
Ao Prof. Júlio Lombardi pela identificação das espécies de Lychnophora.
Aos professores da Escola de Farmácia e ICEB, pela convivência, incentivo e
apoio durante todos esses anos.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFOP
pelos ensinamentos dispensados.
Ao Cláudio e à Cristina funcionários do Biotério Central por disponibilizarem os
animais sempre com presteza e ao Wilson por trazer os animais do Biotério Central para
a Escola de Farmácia e cuidar dos mesmos.
Aos funcionários da Escola de Farmácia: Acássio, Cida, Conceição, Toninho,
Carla..., pelo agradável relacionamento no dia-a-dia e pela presteza em ajudar.
À Cida, secretária do NUPEB, pela competência no trabalho e pela
disponibilidade em ajudar sempre que necessário.
À PROPP pela bolsa de Iniciação Científica fundamental para o
desenvolvimento inicial desse trabalho.
À FAPEMIG, pelo auxílio financeiro para o desenvolvimento desse projeto
(Projeto 190/05).
À CAPES pela bolsa de estudo de mestrado.
Ao Cristiano Munhoz e Thiago Miranda alunos que passaram pelo laboratório
pelo apoio no meu ingresso à Iniciação Científica.
Agradecimentos
Luciana Souza Guzzo v
À Marina aluna de Iniciação Científica pelas valiosas contribuições na
realização de alguns experimentos e na extração das espécies de Lychnophora.
Aos amigos do Laboratório de Farmacologia Experimental: Lorena, Alessandra,
Priscila, Milton, Franciele, Aryane e Dani e aos amigos que passaram pelo laboratório:
Suzana, Gabriella, Mariana, Paty, Max e Naira pela ótima convivência, amizade,
companheirismo e pela colaboração em algum momento da realização desse trabalho.
À Elaine, aluna de mestrado que passou pelo laboratório, pelas contribuições ao
longo desse trabalho e pelos seus bons exemplos.
Aos colegas de Pós-graduação pela amizade, aprendizado e pelos momentos
legais vividos.
Às irmãs da República Bem-te-Vi pelos momentos de alegria e pelo apoio, em
especial à Maísa pela força no ingresso à pós-graduação e por compartilhar de muitos
momentos durante o curso.
Às amigas Jô e Fla pela grande amizade, apoio, incentivo e compreensão.
Obrigada pelos momentos alegres vividos no dia-a-dia e por me tornarem muito mais
feliz. Sentirei saudades...
Aos amigos da República Kome Keto pelo companheirismo, acolhimento e
pelos momentos felizes compartilhados.
À minha família pelas lições de dignidade e simplicidade, pelo carinho e por
sempre torcerem por mim.
Agradecimentos
Luciana Souza Guzzo vi
Aos meus pais Josélia e Luiz Carlos, pela dedicação e doação e por suas lições e
sábios conselhos. Obrigada pelos exemplos de caráter, humildade, persistência e
coragem e por jamais medirem esforços para esse momento acontecer. Vocês são minha
fortaleza, meu esteio e fonte inesgotável de sabedoria.
Ao meu irmão e amigo Alfredo pela força e alegria transmitidas nas horas certas.
Ao Pablo pelos momentos maravilhosos que passamos juntos, pelo conforto nas
horas difíceis, companheirismo, cumplicidade, carinho e motivação constantes.
À UFOP pela oportunidade e conhecimentos adquiridos
À Ouro Preto, minha escola de vida, pela acolhida, aprendizado, momentos
inesquecíveis e grandes amigos aqui conquistados.
“Que eu encontre luz aonde eu vá como encontrei por aqui, e nessas lembranças,
coragem para seguir em frente”.
À DEUS e à Nossa Senhora por guiarem meus passos e abençoar essa jornada e
pelo grande presente que é a vida.
Luciana Souza Guzzo
RESUMO
Resumo
Luciana Souza Guzzo viii
RESUMO
As espécies do gênero Lychnophora são plantas nativas do Brasil, popularmente
conhecidas como “arnica” e utilizadas na medicina popular como analgésico e
antiinflamatório. Os extratos etanólicos de seis espécies de Lychnophora foram
avaliados após a administração oral em camundongos quanto ao efeito antinociceptivo
no método da placa quente e no método de contorções induzidas pelo ácido acético e
quanto ao efeito antiinflamatório tópico no método de edema de pata induzido pela
carragenina. No método da placa quente, os extratos etanólicos das espécies L. pinaster
na dose 0,75 g/kg e L. ericoides na dose 1,50 g/kg aumentaram significativamente a
variação do tempo de latência para lamber as patas. Os extratos de L. passerina,
L. candelabrum e L. pinaster na dose 0,75 g/kg e de L. ericoides e L. trichocarpha em
ambas doses avaliadas (0,75 e 1,50 g/kg) reduziram significativamente o número de
contorções induzidas pelo ácido acético. A administração das pomadas de L. pinaster e
L. trichocarpha em ambas concentrações avaliadas (5 e 10%) e de L. passerina e
L. candelabrum 10% reduziram significativamente o edema de pata mensurado 3 h após
a administração subplantar de carragenina 0,1%, evidenciando pela primeira vez a
atividade antiinflamatória tópica de espécies de Lychnophora. O método de mensuração
do edema de pata pelo paquímetro foi validado mostrando-se tão efetivo quanto o
método de mensuração pelo pletismômetro.
Com o objetivo de detectar reações adversas advindas da administração oral de
extratos de L. ericoides e L. trichocarpha, os mesmos foram avaliados quanto à
atividade sobre o sistema nervoso central, antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das
soluções, no método do campo aberto, que avalia a atividade locomotora e capacidade
exploratória dos animais e nos métodos de haste girante e tração, os quais avaliam a
coordenação motora e força muscular dos animais, respectivamente. No método do
campo aberto, os extratos etanólicos de L. ericoides (1,50 g/kg) em 1 h, de
L. trichocarpha na dose 0,75 g/kg em 2 h e na dose 1,50 g/kg nos tempos 1, 2 e 4 h
causaram inibição significativa da atividade locomotora dos animais evidenciada pela
redução do número de quadrados percorridos em 5 min. Os extratos etanólicos de
L. ericoides (0,75 g/kg) em 24 h, de L. trichocarpha na dose 0,75 g/kg em 2 h e na dose
1,50 g/kg nos tempos 1, 2 e 4 h causaram redução da capacidade exploratória dos
Resumo
Luciana Souza Guzzo ix
animais, evidenciada pela redução significativa do número de vezes que o animal
levanta em 5 min. A redução da locomoção espontânea tal como da capacidade
exploratória em relação ao grupo controle são indicativas de atividade sedativa desses
extratos. Os extratos de L. ericoides e L. trichocarpha em ambas doses avaliadas (0,75 e
1,50 g/kg) e em todos os tempos avaliados não causaram alteração significativa da
coordenação motora e tônus muscular dos animais.
Além da avaliação da atividade sobre o SNC, no presente estudo para melhor
estabelecer a segurança terapêutica do extrato de L. ericoides, a espécie mais utilizada
pela população, a atividade cardiovascular foi avaliada de 90 a 120 min após sua
administração por via oral. Os resultados demonstraram que o extrato de L. ericoides na
dose 1,50 g/kg, causou aumento da pressão arterial sistólica e diastólica e da freqüência
cardíaca dos animais.
O presente trabalho demonstrou comparativamente as atividades antinociceptiva
e antiinflamatória de seis espécies de Lychnophora, a atividade sedativa das espécies
L. ericoides e L. trichocarpha e a atividade hipertensiva e cronotrópica positiva da
espécie L. ericoides na maior dose avaliada fornecendo conhecimento científico para o
uso racional e direcionado das espécies estudadas na medicina popular.
Luciana Souza Guzzo
ABSTRACT
Abstract
Luciana Souza Guzzo xi
ABSTRACT
The Lychnophora genus species are native plants from Brazil, popularly known
as “arnica” and used in the folk medicine as analgesic and anti-inflammatory. The
antinociceptive activity of the etanolic extracts of six species of Lychnophora were
evaluated in the hot-plate test and in the acetic acid-induced writhing test and the anti-
inflammatory topical activity were evaluated in the carrageenan-induced paw oedema
test. In the hot-plate test the etanolic extracts of L. pinaster (0.75 g/kg) and L. ericoides
(1.50 g/kg), significantly increased the variation of the latency time for licking of the
paws. The extracts of L. passerina, L. candelabrum and L. pinaster in the dose
0.75 g/kg and of L. ericoides and L. trichocarpha in both doses evaluated (0.75 and
1.50 g/kg) significantly decreased the number of writhes induced by acetic-acid. The
topical administration of L. pinaster and L. trichocarpha in both concentrations
evaluated (5 and 10%) and of L. passerina and L. candelabrum 10%, significantly
reduced the paw oedema measured 3 h after the subplantar injection of carrageenan
0.1%, evidencing for the first time the anti-inflammatory activity of the topical
administration of Lychnophora species. The method of measurement of the paw oedema
using a pakimeter were validated and showed that the pakimeter is so effective how the
plethysmometer to measure the paw oedema induced by carrageenan.
The effects of the extracts of L. ericoides and L. trichocarpha were evaluated
before, 1, 2, 4 and 24 h after the oral administration, in the open-field test, that evaluate
the locomotor and exploratory activities and in the rota-rod and traction tests, wich
evaluate the motor coordination and the muscular tone of the animals, respectively. In
the open-field test, the extract of L. ericoides (1.50 g/kg) in 1 h and the extract of
L. trichocarpha in the dose 0.75 g/kg in 2 h and in the dose 1.50 g/kg in the times 1, 2
and 4 h induced to significant inhibition of the spontaneous locomotor activity of the
animals evidenced by the reduction of the number of squares crossed in 5 min. The
extracts of L. ericoides (0.75 g/kg) in 24 h and of L. trichocarpha in the dose 0.75 g/kg
in 2 h and in the dose 1.50 g/kg in the times 1, 2 and 4 h induced to the decrease of the
exploratory behavior of the animals, evidenced by the significant decrease of the
number of times that the animal raises in 5 min. The decrease of the spontaneous
locomotion and the exploratory behavior induced by the administration of these extacts
Abstract
Luciana Souza Guzzo xii
compared to the control group were indicative of sedative effect. The extracts of
L. ericoides and L. trichocarpha in both doses (0.75 and 1.50 g/kg) and in all times
evaluated did not induce significant modification of the motor coordination and the
muscular tone of the animals.
Beyond the evaluation of the activity on the SNC, in the present study to better
establish the therapeutical security of the L. ericoides ethanolic extract, the specie most
used by the population, its cardiovascular activity was evaluate from 90 to 120 min after
its administration by oral route. The results demonstrated that the L. ericoides extract in
the dose 1.50 g/kg increased the systolic and diastolic arterial pressure and the heart rate
of the animals.
The present work demonstred comparatively the antinociceptive and anti-
inflammatory activities of six species of Lychnophora, the sedative activity of
L. ericoides and L. trichocarpha species and the hypertensive and cronotropic positive
activities of L. ericoides in the higher dose evaluated, giving cientific knowledge for the
rational and directed use of the species studied in the folk medicine.
Lista de Figuras e Quadros
Luciana Souza Guzzo xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fotos das espécies L. ericoides (A), L. trichocarpha (B), L. pinaster (C) e
L. passerina (D)............................................................................................................11
Figura 2: Extração vegetal: pulverização (A), extração por percolação (B) e
evaporação com o uso de rotavapor (C)........................................................................24
Figura 3: Camundongo sobre a placa aquecida a 56 ± 1ºC.........................................29
Figura 4:
Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras sobre o tempo gasto para
lamber as patas em camundongos.................................................................................33
Figura 5: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras sobre o número total de
contorções induzidas pelo ácido acético em 30 min em camundongos........................33
Figura 6: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras (A-F) e de rmacos padrão
(G) sobre o número total de contorções induzidas pelo ácido acético contadas em
períodos de 5 min por 30 min em camundongos..........................................................36
Figura 7
: Mensuração do edema de pata com pletismômetro em camundongos.........39
Figura 8: Variação percentual da espessura da pata medida com paquímetro em
camundongos.................................................................................................................46
Figura 9: Variação percentual da espessura da pata medida com pletismômetro em
camundongos.................................................................................................................46
Figura 10: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras na variação da espessura
das patas medidas antes e 3 h após administração de carragenina 0,1% em
camundongos.................................................................................................................48
Figura 11: Camundongo no campo aberto (A), haste girante (B) e aparelho de tração
(C)..................................................................................................................................56
Figura 12: Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre o número de quadrados percorridos pelos animais em 5 min
analisado antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das soluções...................................57
Figura 13:
Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre o número de vezes que o animal levanta em 5 min analisado
antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das soluções...................................................58
Figura 14: Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre o tempo de permanência do animal na haste girante antes, 1,
2, 4 e 24 h após administração das soluções.................................................................60
Lista de Figuras e Quadros
Luciana Souza Guzzo xiv
Figura 15:
Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre a força muscular dos animais avaliada no método de tração
antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das soluções...................................................61
Figura 16: Sistema de Aquisição de ECG e PA 1) Visão geral do sistema; 2) Visão de
um animal com os eletrodos inseridos no tecido subcutâneo, indicados pela seta; 3)
Registro de ECG e PA obtidos a partir do animal em experimentação........................65
Figura 17: Esquema do protocolo experimental de avaliação da atividade
cardiovascular...............................................................................................................66
Figura 18: Traçado do ECG e PA de um rato Wistar apresentando os parâmetros
analisados (RR, PAS e PAD)........................................................................................67
Figura 19: Efeito do extrato etanólico de L. ericoides sobre a PAS (A), PAD (B) e FC
(C) dos animais..............................................................................................................70
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Atividades farmacológicas e biológicas de espécies de Lychnophora e de
seus constituintes...........................................................................................................12
Lista de Tabelas
Luciana Souza Guzzo xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Número de contorções induzidas pelo ácido acético em camundongos..37
Tabela 2: Variação percentual da espessura das patas dos animais.........................47
Tabela 3: Variação percentual do volume das patas dos animais............................47
Tabela 4: Variação da espessura das patas dos animais após injeção de carragenina
ou introdução da agulha na pata (sham) e tratamento tópico....................................49
Tabela 5: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre o
número de quadrados percorridos pelos animais em 5 min no método do campo
aberto.........................................................................................................................59
Tabela 6: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre o
número de vezes que o animal levanta em 5 min no método do campo
aberto.........................................................................................................................59
Tabela 7: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre o
tempo de permanência do animal na haste girante...................................................62
Tabela 8: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre a
força muscular dos animais no método de tração.....................................................62
Tabela 9: Valores de pressão arterial e freqüência cardíaca avaliados, em intervalos
de 5 min de 90 à 120 min após administração por via oral do extrato de L. ericoides
em ratos Wistar.........................................................................................................71
Sumário
Luciana Souza Guzzo xvii
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS E QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................
1
1.1. INTRODUÇÃO GERAL.............................................................................
2
1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................
6
1.2.1. Lychnophoras.....................................................................................
6
1.2.2. Inflamação e dor.................................................................................
14
1.2.3. Toxicidade..........................................................................................
17
1.2.3.1. Atividade sobre o Sistema Nervoso Central....................................
17
1.2.3.2. Atividade Cardiovascular................................................................
19
2. OBJETIVOS.................................................................................................
21
2.1. OBJETIVO GERAL....................................................................................
22
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................
22
3. METODOLOGIA GERAL..........................................................................
23
3.1. MATERIAL VEGETAL.............................................................................
24
3.2. EXTRAÇÃO VEGETAL............................................................................
24
3.3. PREPARO DAS SOLUÇÕES DOS EXTRATOS DE LYCHNOPHORAS
25
3.4. ANIMAIS EXPERIMENTAIS...................................................................
25
3.5. MATERIAIS................................................................................................
26
3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA..........................................................................
26
4. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA..........................
27
4.1. METODOLOGIA...................................................................................... 28
4.1.1. Método da placa quente....................................................................
28
4.1.2. Método de contorções induzidas pelo ácido acético.........................
29
Sumário
Luciana Souza Guzzo xviii
4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................
29
5. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA......................
38
5.1. METODOLOGIA........................................................................................
39
5.1.1. Validação da metodologia de mensuração do edema de pata.............
39
5.1.2. Preparo das pomadas de Lychnophoras..............................................
40
5.1.3. Método de edema de pata induzido pela carragenina.........................
40
5.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................
40
6. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE SOBRE O SISTEM
A NERVOSO
CENTRAL.........................................................................................................
50
6.1. METODOLOGIA........................................................................................
51
6.1.1. Método do Campo Aberto..................................................................
51
6.1.2. Método da Haste Girante....................................................................
51
6.1.3. Método de Tração...............................................................................
52
6.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................
52
7. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CARDIOVASCULAR..........................
63
7.1. METODOLOGIA........................................................................................
64
7.1.1. Confecção de cateteres para implantação intravascular.....................
64
7.1.2. Procedimentos cirúrgicos....................................................................
64
7.1.3. Obtenção dos sinais de eletrocardiograma e pressão arterial.............
64
7.1.4. Protocolo Experimental......................................................................
65
7.1.5. Análise dos Registros.........................................................................
66
7.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................
67
8. DISCUSSÃO GERAL..................................................................................
72
9. CONCLUSÕES.............................................................................................
76
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................
79
ANEXO..............................................................................................................
99
4
Luciana Souza Guzzo
1. INTRODUÇÃO
Introdução
Luciana Souza Guzzo 2
1.1. INTRODUÇÃO GERAL
No presente estudo foram realizados estudos farmacológicos de plantas do
gênero Lychnophora, tipicamente brasileiras, que são conhecidas popularmente como
“arnica” e amplamente utilizadas na medicina popular como analgésico e
antiinflamatório (CERQUEIRA et al., 1987).
As plantas são fontes importantes de produtos biologicamente ativos, muitos dos
quais se constituem em modelos para síntese de um grande número de fármacos.
Pesquisadores da área de “produtos naturais” mostram-se impressionados pelo fato
desses produtos encontrados na natureza revelarem uma gama quase que inacreditável
de diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas
(WALL & WANI, 1996). Acredita-se que os produtos naturais” em geral e as plantas
medicinais sejam importantes fontes de novas substâncias químicas biologicamente
ativas com potencial aplicabilidade terapêutica (ELISABETSKY, 1986;
FARNSWORTH, 1989; EISNER, 1990; ANDRADE et al., 2007) e um interesse
crescente em plantas como fonte de medicamentos (RATES, 2001). O estudo de
constituintes bioativos de plantas se mostra promissor na descoberta de novas drogas. A
investigação de plantas usadas como medicamentos na medicina tradicional pode ser
uma ferramenta útil para identificar moléculas biologicamente ativas das mais de
250.000 espécies de plantas existentes (MBWAMBO et al., 1996). Apesar do aumento
do número de estudos nessa área, os dados disponíveis revelam que apenas 15 a 17%
das plantas foram estudadas quanto ao seu potencial medicinal (SOEJARTO, 1996).
Desde as civilizações antigas as pessoas confiam nas plantas como arsenal
profilático ou terapêutico na recuperação e manutenção da saúde (ANDRADE et al.,
2007). O uso de plantas medicinais na arte de curar é uma forma de tratamento de
origem muito antiga, relacionada aos primórdios da medicina e fundamentada no
acúmulo de informações por sucessivas gerações. Ao longo dos séculos, produtos de
origem vegetal constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças. Desde a
Declaração de Alma-Ata, em 1978, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem
expressado a sua posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização de plantas
medicinais no âmbito sanitário, tendo em conta que 80% da população mundial utilizam
Introdução
Luciana Souza Guzzo 3
essas plantas ou preparações destas no que se refere à atenção primária à saúde
(FARNSWORTH et al., 1985; BRASIL, 2006a). Ao lado disso, destaca-se a
participação dos países em desenvolvimento nesse processo, já que possuem 67% das
espécies vegetais do mundo. O Brasil possui grande potencial para o desenvolvimento
da terapêutica utilizando “produtos naturais”, com a maior diversidade vegetal do
mundo, ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao conhecimento
tradicional e tecnologia para validar cientificamente esse conhecimento (BRASIL,
2006a). O mercado mundial atual de fitofármacos e fitoterápicos é da ordem de 9 a 11
bilhões de dólares por ano, sendo que mais de 13.000 plantas o mundialmente usadas
como fármacos ou fonte de fármacos (TYLER, 1994). Outras estimativas revelam que o
mercado mundial de produtos farmacêuticos movimenta 320 bilhões de dólares por ano,
dos quais 20 bilhões são originados de substâncias ativas derivadas de plantas
(ROBBERS et al., 1996).
A magnitude da biodiversidade brasileira não é conhecida com precisão tal como
sua complexidade, contando com mais de 55.000 espécies de plantas, aproximadamente
um quarto de todas as espécies conhecidas no mundo (DIAS, 1996). De acordo com
estimativas, apenas 8% das espécies vegetais da flora brasileira foram estudadas na
busca de novos compostos bioativos e 1.100 espécies tiveram suas propriedades
medicinais avaliadas (GARCIA et al., 1996). Destas, 590 plantas foram registradas no
Ministério da Saúde para comercialização (ORTEGA et al., 1989). No Brasil, o
crescimento do mercado de fitoterápicos é de 15% ao ano, enquanto o crescimento
anual do mercado de medicamentos sintéticos gira em torno de 3 a 4% (ABIFITO,
2001). O panorama brasileiro mostra que 84% de todos os fármacos são importados e
que 78% da produção brasileira ocorre por multinacionais, revelando assim uma
necessidade de buscar alternativas para superar a dependência externa, principalmente
quando confrontamos com altos preços médios praticados no Brasil em comparação
àqueles praticados nos países desenvolvidos (BERMUDEZ, 1995). É nesse contexto,
que as plantas medicinais adquirem importância como agentes terapêuticos e, por isso,
sua segurança e eficácia devem ser analisadas para que os mesmos sejam registrados no
Ministério da Saúde para posterior comercialização. No Brasil, recentemente, foi criado
o Decreto 5.813 de 22 de junho de 2006, que aprova a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos, com o objetivo de garantir à população brasileira o acesso
Introdução
Luciana Souza Guzzo 4
seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, através principalmente da
promoção do uso sustentável da biodiversidade, do desenvolvimento da cadeia
produtiva e do fortalecimento da indústria farmacêutica nacional, estimulando a
produção de fitoterápicos em escala industrial e incrementando suas exportações
(BRASIL, 2006b), o que pode ajudar a superar a dependência externa.
O levantamento acurado do uso popular de uma planta pode servir de base para a
busca sistemática de novos fármacos. Entretanto, o uso popular e tradicional de plantas
não é suficiente para validar eticamente o seu uso como medicamentos eficazes e
seguros (LAPA et al., 2004), sendo necessária a abordagem etnofarmacológica, como
estratégia para investigação de plantas medicinais, que consiste em combinar
informações adquiridas junto a comunidades que façam uso da flora local com estudos
químicos/farmacológicos realizados em laboratórios especializados (ELISABETSKY,
1987). Estes estudos costumam ser divididos em etapas seqüenciais bem determinadas a
saber, botânica, agronômica, fitoquímica, farmacêutica, farmacológica pré-clínica e
clínica (OMS, 1975; HAYES, 1984; WHO, 1992; 1998; BRASIL, 1996; GARCIA-
GONZÁLES, 2000). A etapa botânica envolve a seleção e identificação do material a
ser avaliado. A etapa fitoquímica compreende o isolamento, elucidação estrutural e a
identificação dos constituintes mais importantes da planta. Este conhecimento, quando
associado ao monitoramento da atividade biológica, permite a análise e a caracterização
da fração ou substância dotada de atividade terapêutica e/ou tóxica. A etapa
farmacológica pré-clínica engloba estudos farmacodinâmicos, farmacocinéticos e
toxicológicos do extrato total da planta a ser estudada, realizados in vivo e/ou in vitro.
Um dos passos iniciais destes estudos é a investigão dos efeitos farmacológicos do
extrato total ou bruto de uma dada planta, em modelos experimentais relevantes e
relacionados às ações farmacológicas sugeridas pela análise da informação popular
(ELIZABETSKY & SOUZA, 2004). Ao mesmo tempo em que se está conduzindo esta
pesquisa é possível analisar alguns aspectos farmacocinéticos. Posteriormente, esses
estudos também são realizados com as frações do extrato bruto e com as substâncias
isoladas deste extrato, determinando o mecanismo de ação e aplicabilidade terapêutica
da planta e de suas frações e metabólitos ativos. Finalmente, a etapa farmacológica
clínica dividida em quatro fases seqüenciais, é realizada com finalidade de comprovar o
potencial terapêutico do medicamento na espécie humana. Os estudos seqüências das
Introdução
Luciana Souza Guzzo 5
plantas medicinais englobam os diferentes aspectos do cabedal de conhecimento
necessário para que um novo medicamento fitotepico possa ser registrado (LAPA et
al., 2004).
Dentro desse contexto, o presente estudo é de grande importância, pois teve por
objetivo avaliar comparativamente as atividades antinociceptiva e antiinflamatória de
seis espécies de Lychnophora usadas de forma indiscriminada na medicina popular.
Dessa forma, pode ser determinado quais espécies o ativas, fornecendo assim
conhecimento seguro para o uso racional e direcionado das Lychnophoras pela
população, o que pode ainda ajudar a evitar a sua extinção. Esse estudo comparativo é
muito importante, uma vez que, quatro das espécies estudadas, ou seja, L. ericoides,
L. passerina, L. pinaster e L. trichocarpha são morfologicamente semelhantes, não
sendo possível de serem diferenciadas pela população. Além disso, considerando que o
uso das diferentes espécies de Lychnophora se na forma de extrato bruto, podendo
ter assim metabólitos com ação desconhecida, o estudo de sua atividade sobre o sistema
nervoso central (SNC) e atividade cardiovascular se faz necessário para avaliação da
segurança terapêutica desses extratos.
Introdução
Luciana Souza Guzzo 6
1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.2.1. LYCHNOPHORAS
As espécies do gênero Lychnophora pertencem à família Asteraceae, uma das
maiores famílias de plantas existentes, possuindo cerca de 2.000 gêneros e mais de
20.000 espécies cujos estudos conduziram a mais de 4.000 novos compostos
(BRUNETON, 1995). Esse gênero compreende trinta e quatro espécies restritas ao
cerrado brasileiro (ROBINSON, 1999). As Lychnophoras são plantas nativas do Brasil
com ocorrência nos estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia (CUNHA et al., 1995) e são
popularmente conhecidas como “arnica”, “falsa arnica” ou “arnica da serra” devido ao
odor semelhante à espécie européia Arnica montana L. (CERQUEIRA et al., 1987).
Muitas espécies de Lychnophora são utilizadas na medicina popular brasileira imersas
em água, etanol ou cachaça, como analgésico e antiinflamatório, no tratamento de
contusões, reumatismo, feridas, coceira e picada de insetos (CERQUEIRA et al., 1987;
SAÚDE et al., 1998; LOPES, 2001). A coleta indiscriminada das espécies de
Lychnophora tem causado o declínio de suas populações, as quais foram incluídas
pela Sociedade Brasileira de Botânica na lista de plantas em perigo de extinção
(IBAMA, 2005).
Muitas espécies de Lychnophora foram objeto de estudo fitoquímico
(SAÚDE, 1994), fornecendo terpenóides, esteróides e flavonóides como constituintes
principais (BORELLA et al., 1992). Constituintes como poliacetilenos e lignanas que
apresentam várias atividades biológicas (MACRAE & TOWERS, 1984), também foram
relatados para algumas espécies deste gênero (BORSATO et al., 2000). As lactonas
sesquiterpênicas presentes nas Lychnophoras o das classes furanoeliangolídeo,
goiazensolídeo, eremantolídeo, guaianolídeo e eudesmanolídeo (BORELLA et al.,
1992; ARAGÃO, 2003). A família Asteraceae é a maior fonte de lactonas
sesquiterpênicas, constituintes esses que também apresentam várias atividades
biológicas já descritas (PICMAN, 1986; RODRIGUEZ et al., 1986).
As espécies de Lychnophora e seus metabólitos têm sido alvos de muitos
estudos acerca de suas atividades biológicas e farmacológicas. Atividades tais como
antioxidante (CHICARO et al., 2004; KANASHIRO et al., 2004), antitumoral (
QUESNE et al., 1976; 1982; SAÚDE, 1994), citotóxica (HERZ & GOEDKEN, 1982;
Introdução
Luciana Souza Guzzo 7
CANALLE et al., 2001), antimicrobiana (MIGUEL et al., 1996; SAÚDE et al., 1998;
MACIEL, 2002), tripanossomicida (CHIARI et al., 1991; 1996; OLIVEIRA et al.,
1996; JORDÃO et al., 1997; GRAEL et al., 2000; TAKEARA et al., 2003; JORDÃO et
al., 2004; ALCÂNTARA et al., 2005; SILVEIRA et al., 2005b), antinociceptiva
(CERQUEIRA et al., 1987; BORSATO et al., 2000; SANTOS et al., 2005) e
antiinflamatória (AZEVEDO, 2004; FERRAZ FILHA et al., 2006) foram avaliadas
(Quadro 1).
As Lychnophoras são típicas do cerrado e regiões áridas localizadas na parte
central do Brasil, onde alta incidência de luz e raios UV bem como longos períodos de
estiagem são característicos da região. Em geral, para adaptação em tais ambientes e
para proteção, as plantas acumulam flavonóides que podem absorver luz UVB (TEVINI
et al., 1991; KOOTSTRA, 1994). Estudo fitoquímico do extrato etanólico da espécie
L. passerina (Mart. ex. DC) Gardn., levou ao isolamento das lactonas sesquiterpênicas
15-deoxigoiazensolídeo e goiazensolídeo e de cinco flavonóides. Estudo da atividade
antioxidante desses flavonóides demonstraram que quercetina, kaempferol e tiliroside
são eficientes antioxidantes e por isso protetores contra raios UV (CHICARO et al.,
2004). KANASHIRO et al. (2004) demonstraram que oito flavonóides das espécies
L. granmongolense (Duarte) D.J.N. Hind, L. salicifolia Mart. e L. ericoides Mart. foram
capazes de inibir a formação de espécies de oxigênio reativos por neutrófilos,
estimulado por dois tipos de imunocomplexos em coelhos e que essa ação foi altamente
dependente da estrutura dos flavonóides.
Os furanoeliangolídeos licnofolídeo e eremantolídeo C extraídos do extrato
etanólico das partes aéreas de L. trichocarpha Spreng. (SAÚDE et al., 1998) e seus
derivados foram avaliados contra as bactérias Enterococus faecalis S48, Bacillus
subtilis CECT 397, Staphylococus aureus ATCC 8, Salmonella thyphymurium LT2,
Escherichia coli U9 e Proteus sp. As lactonas sesquiterpênicas licnofolídeo, seu
derivado1β-hidroxi-2,3-dihidrolicnofolídeo e os derivados do eremantolídeo C, 1β-
hidroxi-2,3-dihidroeremantolídeo C e 3’hidroxieremantolídeo C apresentaram atividade
antibacteriana (SAÚDE et al., 2002). MIGUEL et al. (1996) demonstraram a atividade
antimicrobiana do ácido acetil licnofólico isolado do extrato etanólico das folhas e
tronco de L. salicifolia e MACIEL (2002) demonstrou a atividade antibacteriana do
extrato de L. ericoides contra espécies gram-positivas.
Introdução
Luciana Souza Guzzo 8
Lactonas sesquiterpênicas citotóxicas foram isoladas durante a busca por agentes
antitumorais de origem natural. Neste processo, foi observado que a ocorrência de
atividade citotóxica era muito comum e a atividade antitumoral ocorria em menor
extensão (KUPCHAN et al., 1971). As lactonas sesquiterpênicas licnoforolídeos A e B
isoladas de L. affinis Gardn. apresentaram atividades citotóxica e antitumoral (LÊ
QUESNE et al., 1982) e as lactonas licnofolídeo e eremantolídeo C isoladas de
L. trichocarpha também demonstraram atividade antitumoral contra trinta e três e
dezoito linhagens de células tumorais, respectivamente (SAÚDE, 1994). Flavonóides
isolados do extrato etanólico das folhas e tronco de L. affinis também apresentaram
atividade antitumoral em cultura de células de carcinoma nasofaríngeo humano (LÊ
QUESNE et al., 1976). HERZ & GOEDKEN (1982) demonstraram a atividade
citotóxica do goiazensolídeo isolado de L. passerina e CANALLE et al. (2001) do
licnofolídeo, lactona sesquiterpênica isolada de L. ericoides (SAKAMOTO et al.,
2003) e L. trichocarpha (OLIVEIRA et al., 1996).
Na busca de novos agentes profiláticos para doença de Chagas, foi feita uma
triagem de trinta “produtos naturais” in vivo e in vitro contra as formas tripomastigotas
de Trypanossoma cruzi e dentre eles o extrato etanólico das partes reas de
L. villosissima Mart. e a lactona sesquiterpênica 15-deoxigoiasenzolídeo isolada desse
extrato apresentaram atividade (CHIARI et al., 1991). Esse foi o primeiro relato de
atividade tripanossomicida de lactona sesquiterpênica, o que estimulou a triagem de
espécies da família Asteraceae. Várias espécies de plantas dessa família foram então
avaliadas e dentre elas as espécies L. pinaster Mart., L. passerina e L. trichocarpha, na
forma de extrato etanólico, lisaram 100% das formas tripomastigotas in vitro e in vivo
(CHIARI et al., 1996). O fracionamento dos extratos brutos dessas três espécies de
Lychnophora levou ao isolamento de quatro substâncias com atividade
tripanossomicida: o ácido licnofóico e as lactonas goiazensolídeo, erematolídeo C e
licnofolídeo (OLIVEIRA et al., 1996). O ácido licnofóico e seus derivados ésteres e
álcoois (ALCÂNTARA et al., 2005) e os extratos acetato de etila das partes aéreas de
L. salicifolia (JORDÃO et al., 1997) e de L. granmongolense (GRAEL et al., 2000;
JORDÃO et al., 2004) também exibiram atividade contra as formas tripomastigotas de
T. cruzi. A atividade da espécie L. granmongolense foi atribuída à presença do
flavonóide quercetina-7,3’,4’- trimetil éter, do ácido licnofólico (JORDÃO et al., 2004)
Introdução
Luciana Souza Guzzo 9
e das lactonas sesquiterpênicas centraterina e goiazensolídeo (GRAEL et al., 2000).
Centraterina e goiazensolídeo causaram lise total dos parasitas e, apesar do
goiazensolídeo ter sido ativo em menor concentração, apresentou atividade hemolítica
(GRAEL et al., 2000). O extrato metanólico das folhas de L. staavioides Mart. mostrou
atividade com 98,8% de lise das formas tripomastigotas na concentração de 4 mg/ml.
Esse extrato foi fracionado fornecendo flavonóides dos quais o mais ativo foi a
quercetina 3-metil éter (TAKEARA et al., 2003). Do extrato hexânico e
diclorometânico das partes aéreas de L. pinaster foram isolados misturas de
hidrocarbonetos homólogos (DUARTE, 1999), triterpenos, ácidos graxos, ácido
licnofóico, quercetina e 15-deoxigoiazensolídeo (SILVEIRA et al., 2005a) e do extrato
aquoso foram isolados os seguintes compostos: ácido cafeico, ácido isoclorogênico,
vitexina, isovitexina e quercetina (SILVEIRA et al., 2005b). A despeito do extrato bruto
de L. pinaster ter lisado 100% das formas tripomastigotas de T. cruzi (SILVEIRA et al.,
2005b), nessa concentração causou lise das células sanguíneas provavelmente devido à
presença de saponinas, já detectadas nas partes aéreas de L. pinaster (DUARTE, 1993).
Os extratos etanólicos de L. pinaster e L. pseudovillosissima Semir & Leitão,
não demonstraram atividade contra moluscos da espécie Biomphalaria glabrata,
hospedeiro intermediário do Schistosoma mansoni, em uma triagem que foi realizada de
sessenta e seis espécies da família Asteraceae (MENDES et al., 1999). Entretanto, o
goiazensolídeo isolado de L. passerina foi relatado como um agente moluscicida
(VICHNEWSK, 1976).
Recentemente, FERRAZ FILHA et al. (2006) revelaram que os extratos brutos
das espécies L. passerina, L. candelabrum, L. pinaster, L. ericoides, L. staavioides e
L. trichocarpha possuem alta atividade inibitória da enzima xantina oxidase,
provavelmente por conter substâncias bioativas úteis no tratamento da gota e outras
doenças induzidas pela atividade da xantina oxidase, justificando assim o uso popular
dessas espécies no tratamento do reumatismo. AZEVEDO (2004) demonstrou que o
extrato bruto hidroalcoólico de L. pinaster administrado por via oral em camundongos
apresenta efeito antinociceptivo dose-dependente detectável na segunda fase do teste de
formalina (fase inflamatória) e potencial antiedematogênico em baixas doses,
evidenciado pela redução do edema de pata induzido pela carragenina. Atividade
antiinflamatória também foi observada na peritonite induzida pela carragenina. Por
Introdução
Luciana Souza Guzzo 10
outro lado, o extrato aquoso da mesma espécie não demonstrou inibição significativa da
enzima 5-lipooxigenase (LOX) (SILVEIRA et al., 2005b), talvez devido à baixa
lipoficidade dos constituintes presentes nesse extrato (PANTHONG et al., 1994).
Entre as espécies de Lychnophora, a espécie L. ericoides é a mais utilizada pela
população. Investigação fitoquímica do extrato apolar de suas folhas apresentou como
constituintes as lactonas sesquiterpênicas, centraterina, 15-desoxigoiazensolídeo e
licnofolídeo, (SAKAMOTO et al., 2003) e flavonóides (BORELLA et al., 1998) e das
raízes foram extraídas as lignanas (BORSATO et al., 2000). O extrato diclorometânico
das raízes de L. ericoides, do qual foram extraídas 10 lignanas, apresentou atividade
antinociceptiva significativa demonstrada no método de contorções induzidas pelo ácido
acético. Entre as lignanas isoladas, a metilcubebina e a cubebina foram as mais ativas
(BORSATO et al., 2000). SANTOS et al. (2005) demonstraram que a fração n-
butanólica do extrato das raízes de L. ericoides e os ácidos 3,5- e 4,5-di-O-[E]-
cafeoilquínicos isolados dessa fração também apresentaram atividade antinociceptiva
demonstrada no método de contorções. Além dos extratos das raízes, os extratos
aquosos das folhas e tronco de L. ericoides também apresentaram atividade
antinociceptiva demonstrada no método da placa quente (CERQUEIRA et al., 1987). A
investigação fitoquímica do extrato polar de L. ericoides apresentou como constituintes
o 6,8-di-C- β-glucosilapigenina e o novo composto 6,8-di-C-β-glucosilcrisina. Para o
primeiro foi demonstrada atividade antiedematogênica no método de edema de pata
induzido pela carragenina em ratos (GOBBO-NETO et al., 2005).
Do extrato de folhas secas de Lychnophoriopsis candelabrum (Schultz-Bip.) H.
Robinson foram isolados três triterpenos e cinco flavonóides (SANTOS et al., 2004),
entretanto essas substâncias ainda não tiveram as atividades farmacológicas estudadas.
Essa espécie era conhecida como Lychnophora candelabrum Sch. Bip. e foi
reclassificada por ROBINSON (1992) como sendo do gênero Lychnophoriopsis.
Entretanto como essa espécie, típica da Serra do Espinhaço do estado de Minas Gerais,
era classificada dentro do gênero Lychnophora, foi incluída no presente estudo como
tal.
Como pôde ser observado, embora as diferentes espécies de Lychnophora sejam
utilizadas popularmente como analgésico e antiinflamatório, muitas outras atividades
Introdução
Luciana Souza Guzzo 11
farmacológicas para essas espécies e seus constituintes químicos foram descritas na
literatura. Além disso, embora tenham sido realizados estudos de atividade
antinociceptiva e antiinflamatória de espécies do gênero Lychnophora nenhum deles
avaliou tais atividades comparativamente in vivo, ressaltando assim mais uma vez a
importância do presente estudo.
Figura 1: Fotos das espécies L. ericoides (A), L. trichocarpha (B), L. pinaster (C) e
L. passerina (D).
C
A
B
A
D
Introdução
Luciana Souza Guzzo 12
Quadro 1:
Atividades farmacológicas e biológicas de espécies de Lychnophora e de
seus constituintes
Espécies Constituintes Atividade Referência
L. passerina quercetina, kaempferol e
tiliroside
antioxidante Chicaro et al., 2004
L. granmongolense,
L. salicifolia e
L. ericoides
oito flavonóides antioxidante Kanashiro et al., 2004
L. trichocarpha licnofolídeo, 1β-hidroxi-2,3-
dihidrolicnofolídeo, 1β-hidroxi-
2,3-dihidroeremantolídeo C e
3’hidroxieremantolídeo C
antibacteriana Saúde et al., 2002
L. salicifolia ácido acetil licnofólico
antimicrobiana Miguel et al., 1996
L. ericoides extrato
antibacteriana Maciel, 2002
L. affinis licnoforolídeos A e B
citotóxica e
antitumoral
Lê Quesne et al., 1982
L. trichocarpha licnofolídeo e eremantolídeo
antitumoral Saúde, 1994
L. affinis flavonóides
antitumoral Lê Quesne et al.,1976
L. passerina goiazensolídeo
citotóxica Herz & Goedken, 1982
L. villosissima extrato e 15-
deoxigoiasenzolídeo isolado
desse extrato
tripanossomicida Chiari et al., 1991
L. pinaster, L. passerina e
L. trichocarpha
extrato tripanossomicida Chiari et al., 1996
L. pinaster, L. passerina e
L. trichocarpha
ácido licnofóico,
goiazensolídeo, erematolídeo C
e licnofolídeo
tripanossomicida Oliveira et al., 1996
L. salicifolia extrato
tripanossomicida Jordão et al., 1997
L. granmongolense extrato, quercetina-7,3’,4’-
trimetil éter, ácido licnofólico
tripanossomicida Jordão et al., 2004
L. granmongolense extrato, centraterina e
goiazensolídeo
tripanossomicida Grael et al., 2000
L. staavioides extrato e quercetina 3-metil éter
tripanossomicida Takeara et al., 2003
L. pinaster extrato
tripanossomicida Silveira et al., 2005b
L. passerina goiazensolídeo
moluscicida
Vichnewsk, 1976
Introdução
Luciana Souza Guzzo 13
L. passerina,
L. candelabrum,
L. pinaster, L. ericoides,
L. staavioides e
L. trichocarpha
extrato
antireumática
Ferraz Filha et al., 2006
L. pinaster extrato antinociceptiva,
antiedematogênica
e antiinflamatória
Azevedo, 2004
L. ericoides extrato, metilcubebina e a
cubebina
antinociceptiva Borsato et al., 2000
L. ericoides extrato e ácidos 3,5- e 4,5-di-O-
[E]- cafeoilquínicos
antinociceptiva Santos et al., 2005
L. ericoides 6,8-di-C-β glucosilapigenina antiedematogênica
Gobbo-Neto et al., 2005
Introdução
Luciana Souza Guzzo 14
1.2.2. INFLAMAÇÃO E DOR
Muitas plantas medicinais têm sido investigadas como o objetivo da descoberta
de novas drogas ou como modelos para o desenvolvimento de novos agentes
terapêuticos e dentre essas muitas são conhecidas popularmente por suas propriedades
antiinflamatória e analgésica (BOHLIN, 1995).
A busca de novos compostos analgésicos (MATTISON et al., 1988) e
antiinflamatórios (VERPOORTE, 1999) tem sido prioridade das indústrias
farmacêuticas algum tempo. Dois principais fatores são determinantes nesse
interesse: primeiramente compostos analgésicos ou antiinflamatórios, tais como os
opióides, antiinflamatórios esteroidais (AIEs) e não esteroidais (AINEs), ainda
apresentam uma variedade de efeitos colaterais abrindo espaço para novos e mais
seguros compostos (MILLER et al., 1978; AHMADIANI et al., 1998; VELPOORTE,
1999); e em segundo lugar, o mercado internacional desses medicamentos é estimado
em vários bilhões de dólares (FLOWER et al., 1985).
Inflamação é a resposta de um tecido vascularizado a um agente agressor. A
reação inflamatória é caracterizada pela presença de rubor (eritema), calor (aumento de
temperatura na região inflamada), tumor (edema), dor e perda da função do tecido
afetado (PEREIRA, 2004).
As respostas vascular e celular da inflamação são mediadas por fatores químicos
provenientes do plasma ou de células e desencadeados pelo estímulo inflamatório.
A resposta inflamatória aguda é caracterizada por dois eventos vasculares
principais: 1) vasodilatação levando ao aumento do fluxo sanguíneo, que é causa do
calor e eritema; 2) aumento da permeabilidade vascular resultando na exsudação de
líquido rico em macromoléculas plasmáticas para o espaço intersticial, o que possibilita
o acesso de alguns dos mediadores do processo inflamatório tais como proteínas e
leucócitos ao local da inflamação. O extravasamento de proteínas leva ao aumento da
pressão oncótica intersticial fazendo com que o extravasamento do exsudato seja
acompanhado de saída de água dos vasos, levando assim ao aumento final do líquido
extravascular, ou seja, a formação do edema. A perda de líquidos resulta na
concentração de hemácias nos pequenos vasos e aumento da viscosidade sangüínea, um
distúrbio denominado estase sanguínea. Quando a estase se desenvolve ocorre a
migração leucocitária. Os leucócitos aderem ao endotélio e migram através da parede
Introdução
Luciana Souza Guzzo 15
vascular para o local da inflamação quimiotaxicamente (JOHNSTON & BUTCHER,
2002). Os neutrófilos polimorfonucleares são o tipo celular predominante nos estágios
iniciais da resposta (inflamação aguda). Caso o processo inflamatório persista, aumenta
a migração de células mononucleares (monócitos e linfócitos) para o local, modificando
o padrão do tipo celular prevalente.
O principal objetivo dos efeitos vasculares citados acima é facilitar o acesso de
células e outros constituintes plasmáticos ao tecido lesado, onde são necessários para
enclausurar, neutralizar, destruir e eliminar o agente agressor.
O desenvolvimento da resposta inflamatória aguda é mediado por citocinas,
aminas vasoativas (histamina e serotonina), produtos de clivagem dos sistemas
enzimáticos presentes no plasma (sistemas do complemento, da coagulação, das cininas
e fibrinolítico), por mediadores lipídicos como prostaglandinas (PG), tromboxanos
(TX), leucotrienos (LT) e fator de ativação plaquetário (PAF) e pelo óxido nítrico (NO)
(FERREIRA, 2002). Os principais mediadores responsáveis pela vasodilatação durante
a inflamação são histamina, serotonina, bradicinina, NO e PGE
2
, PGI
2
e PGD
2
. A
interação de substâncias como as aminas vasoativas, a bradicinina e o PAF acarretam
aumento da permeabilidade vascular (ver COLLINS, 2000; RANG et al., 2003).
A necessidade de interferência clinica e/ou farmacológica no processo
inflamatório justifica-se principalmente quando a inflamação deixa de ter papel protetor
passando a atuar impropriamente contra substâncias inócuas ou contra os tecidos do
próprio corpo, de modo que as próprias respostas podem produzir lesão e passar a
constituir parte do processo patológico, como na cirrose hepática e anafilaxia, ou
quando suas manifestações são exacerbadas a ponto de se tornarem incomodas ao
indivíduo, o que caracteriza a dor inflamatória (RANG et al., 2003). A dor inflamatória
é causada pela liberação de mediadores que desencadeiam a sensibilização e ativação
dos nociceptores presentes nas terminações periféricas de fibras nervosas aferentes
primárias (fibras C e Aδ). Os mediadores envolvidos na dor inflamatória são
principalmente bradicinina (DRAY & PERKINS, 1993), citocinas (CUNHA et al.,
1991; 2005), fator de crescimento neuronal (NGF) (MCMAHON, 1996), fator de
necrose tumoral (TNF-α) (CUNHA et al., 1992), os prostanóides (SMITH et al., 1998),
leucotrienos, trifosfato de adenosina (ATP), histamina e serotonina (ver DRAY, 1995).
Introdução
Luciana Souza Guzzo 16
Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IAPS) a dor é uma
experiência desagradável, de natureza sensorial, cognitiva e emocional, associada ao
dano tissular real ou potencial. A dor é uma experiência subjetiva incluindo um
componente emocional, sendo que sua ocorrência pode ser seguramente determinada
quando ela é relatada. Apesar dos animais não apresentarem a capacidade de relatar a
ocorrência de dor, eles exibem respostas comportamentais, através das quais podemos
constatar a percepção do estímulo nociceptivo.
O estímulo lesivo ativa as fibras aferentes primárias que compreendem as fibras
C amielinizadas de condução lenta, as Aδ mielinizadas de velocidade de condução
intermediária. As fibras C estão associadas tanto aos nociceptores polimodais quanto
aos nociceptores específicos para estímulos químicos, térmicos e mecânicos. As fibras
A
δ
estão associadas a mecanoreceptores (MEYER et al., 1994). As fibras aferentes
primárias fazem conexão com neurônios que transmitem o estímulo ao SNC. O estímulo
passa primeiramente pelo corno dorsal da medula espinhal e centros supraespinhais até
atingir os centros córtico-límbicos (ver BESSON & CHAOUCH, 1987).
Com intuito de ampliar o arsenal terapêutico no tratamento da inflamação e da
dor e validar seu amplo uso popular, no presente estudo as atividades antinociceptiva e
antiinflamatória de seis espécies de Lychnophora foram avaliadas. Para avaliação da
atividade antiinflamatória foi utilizado o método de edema de pata induzido pela
carragenina (WINTER et al., 1962) e para avaliação da atividade antinociceptiva foram
utilizados os métodos da placa quente (EDDY & LEIMBACK, 1953) e de contorções
induzidas pelo ácido acético (KOSTER et al., 1959).
Introdução
Luciana Souza Guzzo 17
1.2.3. TOXICIDADE
As plantas medicinais utilizadas como medicamentos podem ser consideradas
como xenobióticos, isto é, produtos estranhos ao organismo humano, nele introduzidos
com finalidades terapêuticas. Como todo corpo estranho, os produtos de sua
biotransformação são potencialmente tóxicos e assim devem ser considerados. Uma
planta medicinal não pode ser considerada inócua, se do reino vegetal são obtidas
substâncias extremamente tóxicas como, por exemplo, a estricnina, a digitoxina, os
curares e os heterosídeos cianogênicos (LAPA et al., 2004). Nesse sentido, as plantas
medicinais não se diferenciam de outros xenobióticos sintéticos e sua preconização, ou
a autorização oficial do uso de plantas medicinais e registro de fitoterápicos deve ser
fundamentada em evidências experimentais comprobatórias que demonstram que os
riscos a que se expõem aqueles que as utilizam é suplantado pelos benefícios que
possam advir (BRASIL, 1995). Diante disso, comprovada a eficácia de determinada
planta medicinal, a mesma é submetida a estudos toxicológicos na etapa de estudos
farmacológicos pré-clínicos, com intuito de avaliar sua segurança, ou seja, a relação
risco/benefício. Com o objetivo de garantir à população brasileira o acesso seguro e o
uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, o Decreto 5.813 de 22 de junho de
2006, que aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, tem como
uma de suas diretrizes criar e apoiar centros de pesquisas especializados em toxicologia
de plantas medicinais e fitoterápicos (BRASIL, 2006b).
É nesse contexto, que o presente estudo, teve como objetivo além de determinar
as atividades terapêuticas, a saber, atividade antinociceptiva e antiinflamatória de
extratos etanólicos de seis espécies de Lychnophora, avaliar também a atividade sobre o
SNC dos extratos de duas dessas espécies e a atividade cardiovascular de uma espécie.
1.2.3.1. ATIVIDADE SOBRE O SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O sistema nervoso em mamíferos coordena o comportamento, a percepção e a
resposta a estímulos externos e é responsável pela mediação da comunicação com o
ambiente além de coordenar a atividade de todos os outros sistemas, exercendo também
importante atividade na manutenção do equilíbrio metabólico do organismo
(LANDRIGAN et al., 1992). Para que uma substância seja capaz de exercer atividade
sobre o sistema nervoso, ela precisa atravessar a barreira hematoencefálica, o que ocorre
Introdução
Luciana Souza Guzzo 18
por meio de mecanismos de transporte específicos (PARDRIDGE, 1988). Substâncias
tais como triterpenos, lactonas sesquiterpênicas, constituintes encontrados nos extratos
de Lychnophoras por serem lipofílicas têm potencial para atravessar por difusão passiva
a barreira hematoencefálica.
De acordo com LANDRIGAN et al. (1992), o SNC tem como característica
única entre outras, uma baixa capacidade regenerativa, ou seja, muitas de suas lulas
não são capazes de multiplicar e uma vez danificadas essas células não podem ser
substituídas. A toxicidade sobre o SNC merece então, grande atenção devido à sua
irreversibilidade no que se refere à lesão celular.
Neurotoxicidade pode ser definida como a capacidade de um agente químico, biológico
ou físico em causar uma reação adversa ou variação funcional ou estrutural no SNC. A
avaliação de atividades sobre o SNC ou neurocomportamentais in vivo podem ser
realizadas principalmente ao nível de atividades motora, cognitiva e sensorial, e
constituem ferramentas relevantes, que em conjunto podem indicar a toxicidade de uma
substância ou conjunto de substâncias sobre o SNC.
A atividade sobre o SNC in vivo de várias plantas já foi demonstrada tais como a
do extrato de Cecropia obtusifolia (PÉREZ-GUERRERO et al., 2000), Clerodendrum
phlomidis (MURUGESAN et al., 2001) e Nelumbo nucifera (MUKHERJEE et al.,
1996) que causaram perda da coordenação motora e do tônus muscular de animais
experimentais. A depressão da atividade motora de animais também já foi relatada
como conseqüência da administração do extrato de Casimiroa edulis (MORA et al.,
2005). Poucos estudos de atividade sobre o SNC foram realizados com espécies de
Lychnophora. CERQUEIRA et al. (1987) relatou a redução da locomoção espontânea
provocada pela administração oral do extrato hidroalcoólico de L. ericoides e
AZEVEDO (2004) em estudos realizados com L. pinaster não constatou atividade
relaxante muscular do extrato hidroalcoólico dessa espécie.
Neste contexto, no presente estudo, com o objetivo de detectar reações adversas
advindas da administração oral de extratos de duas espécies de Lychnophora, os
mesmos foram avaliados quanto à atividade sobre o SNC, nos métodos de campo aberto
(open-field) (TURNER, 1972), que avalia a locomoção espontânea e capacidade
exploratória dos animais e nos métodos de haste girante (rota-rod) (DUNHAM &
MIYA, 1977) e tração (RUDZIK et al., 1973), os quais avaliam a coordenação motora e
Introdução
Luciana Souza Guzzo 19
força muscular dos animais, respectivamente. O uso de vários todos é importante,
pois nenhum método é capaz de examinar todos os aspectos do sistema nervoso, sendo
necessário o uso de vários métodos para indicar a neurotoxicidade de uma substância
(LANDRIGAN et al., 1992).
1.2.3.2. ATIVIDADE CARDIOVASCULAR
Além da avaliação da atividade sobre o SNC, no presente estudo foi avaliada a
atividade cardiovascular, mais especificamente a pressão arterial sistólica (PAS) e
diastólica (PAD) e freqüência cardíaca (FC) do extrato de L. ericoides, a mais utilizada
na medicina popular, com o objetivo de determinar possíveis efeitos adversos dessa
planta, para que assim seja estabelecida a sua segurança.
A pressão arterial (PA) é definida como aquela exercida no interior das artérias
sobre as suas paredes e pode ser calculada pelo produto da resistência vascular
periférica total versus o débito cardíaco. Assim, devido a esta proporcionalidade, todos
os fatores que alteram estas duas variáveis podem alterar a PA. Dentre os fatores que
modificam o débito cardíaco, estão as alterações da volemia, da contratilidade do
miocárdio e da FC. a regulação da resistência vascular periférica depende de um
complexo mecanismo de regulação, no qual atuam de modo interrelacionado: os
barorreceptores e quimioreceptores que atuam no controle da PA a curto prazo; o
balanço de eletrólitos, especialmente de sódio, potássio e cálcio; o sistema renina-
angiotensina-aldosterona; substâncias vasoativas tais como PG, TX, NO e endotelinas,
neurotransmissores como adrenalina e noradrenalina e hormônios tais como peptídeo
natriurético atrial, vasopressina, cortisol e sistema calicreína-cinina (ver AIRES, 1999;
BERNE et al., 2004). Em situações em que alterações nesse complexo mecanismo
controlador da pressão arterial, podeocorrer o desenvolvimento de uma situação em
que a pressão arterial se manterá em níveis elevados, caracterizando a hipertensão
arterial (IRIGOYEN et al., 2003).
As doenças cardiovasculares são responsáveis por um terço das mortes no
mundo, além de contribuírem para o desenvolvimento e aumento das principais doenças
que afetam a população mundial (WHO, 2002). No Brasil, as doenças cardiovasculares
estão entre as principais causas de mortes, sendo responsáveis por 32% do total de
mortes e por 11% do total de internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde
Introdução
Luciana Souza Guzzo 20
(SUS), correspondendo à terceira causa de internações hospitalares (DATASUS, 2003).
O Framinghham Heart Study, permitiu quantificar os riscos das doenças
cardiovasculares em relação aos níveis pressóricos, verificando que a hipertensão
arterial é o fator de risco mais prevalente e que mais contribui para o desenvolvimento
dessas doenças (KANNEL, 1996).
Diante disso, atenção especial deve ser dada ao uso de “produtos naturais” em
relação aos seus possíveis efeitos cardiovasculares. Pouco existe na literatura
descrevendo ações cardiovasculares tóxicas de “produtos naturais” que apresentam
ações terapêuticas em outro sistema e não há nenhuma informação em relação às
Lychnophoras. A avaliação da atividade cardiovascular de L. ericoides, juntamente com
a avaliação de sua atividade sobre o SNC fornecerá conhecimento científico para o uso
seguro dessa espécie na medicina popular.
Luciana Souza Guzzo
2. OBJETIVOS
Objetivos
Luciana Souza Guzzo
22
2.1. OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem como objetivo avaliar atividades farmacológicas in vivo de
seis espécies de Lychnophora utilizadas pela população.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Em âmbito mais específico este trabalho tem como objetivos principais:
Avaliar comparativamente a atividade antinociceptiva dos extratos etanólicos
das espécies L. passerina, L. candelabrum, L. pinaster, L. ericoides,
L. staavioides e L. trichocarpha, administrados por via oral, utilizando os
métodos da placa quente e de contorções induzidas pelo ácido acético em
camundongos.
Validar o método de mensuração do edema de pata induzido pela carragenina
por paquímetro utilizando o pletismômetro.
Avaliar comparativamente a atividade antiinflamatória dos extratos etanólicos
das espécies L. passerina, L. candelabrum, L. pinaster, L. ericoides,
L. staavioides e L. trichocarpha, administrados por via tópica, utilizando o
método de edema de pata induzido pela carragenina em camundongos.
Avaliar as atividades sobre o SNC dos extratos etanólicos das espécies
L. ericoides e L. trichocarpha, administrados por via oral, utilizando os métodos
do campo aberto, da haste girante e de tração em camundongos.
Avaliar a atividade cardiovascular do extrato etanólico da espécie L. ericoides,
administrada por via oral, em ratos Wistar normotensos.
Luciana Souza Guzzo
3. METODOLOGIA
GERAL
Metodologia Geral
Luciana Souza Guzzo 24
3.1. MATERIAL VEGETAL
As partes aéreas das espécies Lychnophora passerina (Mart. ex. DC.) Gardn.,
Lychnophoriopsis candelabrum (Schultz-Bip.) H. Robinson, Lychnophora ericoides
(Mart.) e Lychnophora staavioides Mart. coletadas em Setembro de 2000 e
Lychnophora pinaster Mart. coletada em Março de 2003, foram depositadas no
Herbarium do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), UFMG, Belo Horizonte, Brasil.
Lychnophora trichocarpha Spreng foi coletada em Outubro de 2003 e depositada no
Herbarium do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB), UFOP, Ouro Preto,
MG, Brasil. Todas as espécies foram coletadas no estado de Minas Gerais, Brasil.
3.2. EXTRAÇÃO VEGETAL
As partes reas das espécies L. passerina, L. candelabrum, L. pinaster
L. ericoides, L. staavioides e L. trichocarpha foram secadas em estufa a 40
o
C por sete
dias. Após a secagem, foram pulverizadas e a partir de 800 g de cada espécie foi
realizada a extração com etanol, à temperatura ambiente, até o esgotamento do material
vegetal. O etanol foi, então, evaporado à pressão reduzida até a obtenção do resíduo
bruto.
A
Figura 2: Extração vegetal: pulverização (A), extração por percolação (B) e evaporação
com o uso de rotavapor (C).
A
B
C
Metodologia Geral
Luciana Souza Guzzo 25
3.3. PREPARO DAS SOLUÇÕES DOS EXTRATOS DE LYCHNOPHORAS
Para avaliação das atividades antinociceptiva e antiinflamatória os extratos
etanólicos brutos das espécies de Lychnophora foram solubilizados em Tween 80,
dimetilsulfóxido (DMSO) e água destilada 1:1:8 (veículo) para preparo das soluções nas
concentrações 75 mg/ml e 150 mg/ml.
Para avaliar a atividade cardiovascular e sobre o SNC das Lychnophoras, cada
extrato etanólico bruto foi solubilizado em Capryol: água destilada (6,5:3,5) e suspenso
em 0,5% de carboximetilcelulose (CMC) para preparo das soluções nas concentrações
50 mg/ml e 100 mg/ml.
3.4. ANIMAIS EXPERIMENTAIS
Os animais utilizados foram provenientes do Biotério Central da Universidade
Federal de Ouro Preto e mantidos no Biotério da Escola de Farmácia da Universidade
Federal de Ouro Preto até a realização dos experimentos. Os animais foram mantidos
em caixas em grupos de cinco, no ciclo 12 horas claro e 12 horas escuro, com acesso
livre à comida e água. Para os experimentos em que a administração das soluções foi
realizada por via oral, os animais foram mantidos em jejum num período de oito a doze
horas antes dos experimentos com acesso livre somente à água.
Os estudos das atividades antinociceptiva e antiinflamatória foram realizados em
camundongos albinos Swiss (30 ± 5 g) de ambos os sexos e os métodos de avaliação da
atividade sobre o SNC foram realizados em camundongos machos. Os estudos da
atividade cardiovascular foram realizados em ratos Wistar machos normotensos
(250 ± 30 g).
3.5. MATERIAIS
No presente trabalho, foram utilizados os seguintes fármacos e reagentes: Tween
80 (Synth, Brasil), CMC, DMSO (Synth, Brasil), Capryol (Gattefossé, França),
carragenina (Sigma-Aldrich, USA), dipirona sódica (Teuto, Brasil), cloridrato de
morfina, indometacina (Sigma-Aldrich, USA), diazepam (Sigma-Aldrich, USA),
Metodologia Geral
Luciana Souza Guzzo 26
diclofenaco sódico emulgel (Novartis, Brasil), cloreto de sódio e pentobarbital sódico
(Cristália, Brasil). Todos os solventes utilizados foram de grau analítico e a água foi
purificada por destilação.
3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram apresentados como média ± erro padrão da dia (e.p.m.) com
n 6 para cada grupo experimental. Os resultados foram submetidos à análise de
variância (One-way ANOVA) seguida de teste Dunnet para análise dos grupos teste em
relação ao grupo controle e foram submetidos à análise de variância (One-way
ANOVA) seguida de teste Bonferroni para análise entre os grupos. Apenas para o
método de tração os resultados foram expressos em porcentagem de animais que o
obtiveram êxito no teste e a significância estatística foi avaliada pelo teste Fisher. Para
todas as análises foi adotado intervalo de confiança de 95%, sendo que as diferenças
foram consideradas significativas quando o valor de P foi menor ou igual a 0,05
(P 0,05). Para a análise estatística foi usado o Software Graf Pad Prisma 4.0.
Luciana Souza Guzzo
4. AVALIAÇÃO
DA ATIVIDADE
ANTINOCICEPTIVA
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 28
4.1. METODOLOGIA
Para avaliação da atividade antinociceptiva os camundongos receberam solução
controle (veículo) ou extratos etanólicos das espécies L. candelabrum, L. ericoides,
L. passerina, L. pinaster, L. staavioides e L. trichocarpha nas doses 0,75 g/kg ou
1,50 g/kg por via oral. Como fármacos padrão foram utilizados: morfina 10 mg/kg
(1 mg/ml) por via intraperitoneal (i.p.) ou dipirona 200 mg/kg (25 mg/ml) por via oral,
ambas dissolvidas em água destilada, utilizados nos dois métodos descritos abaixo ou a
indometacina 10 mg/kg (1 mg/ml) por via oral solubilizada em água destilada e 0,5% de
Tween 80 (ESTEVES et al., 2005) utilizada no método de contorções.
Avaliação da atividade antinociceptiva foi realizada utilizando o método da placa
quente e o método de contorções induzidas pelo ácido acético.
4.1.1. MÉTODO DA PLACA QUENTE
Para avaliação da atividade antinociceptiva foi utilizado o método da placa quente
descrito por EDDY & LEIMBACK (1953), com modificações. Cada camundongo foi
colocado individualmente sobre a placa aquecida a 56 ± 1ºC e o tempo para que os
animais apresentassem o reflexo de lamber as patas (tempo de latência para a resposta
nociceptiva) foi registrado antes e 30 minutos (min) após administração das soluções
dos extratos das seis espécies de Lychnophora (0,75 ou 1,50 g/kg), das soluções padrão
(morfina, dipirona ou indometacina) ou da solução controle. O tempo de reação do
animal foi registrado com auxílio de um cronômetro e o tempo máximo de permanência
do animal sobre a placa foi 60 segundos (s) para evitar danos ao animal. Efeito
antinociceptivo, definido como aumento do tempo de reação, foi calculado como uma
variação () dos resultados obtidos antes e após administração das soluções.
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 29
4.1.2. MÉTODO DE CONTORÇÕES INDUZIDAS PELO ÁCIDO
ACÉTICO
Para avaliação da atividade antinociceptiva foi utilizado o método de contorções
descrito por KOSTER et al. (1959). A resposta induzida pela administração i.p. de ácido
acético consiste na contração do músculo abdominal junto ao estiramento das patas
posteriores do animal. As soluções dos extratos etanólicos das seis espécies de
Lychnophora estudadas nas duas doses avaliadas (0,75 ou 1,50 g/kg, via oral), as
soluções de morfina, dipirona ou indometacina ou a solução controle foram
administradas 30 min antes da injeção de ácido acético 0,8% v/v. As contorções foram
contadas por 30 min, em períodos de 5 min, iniciando logo após a administração do
ácido acético. A redução significativa do número de contorções comparado ao grupo
controle foi considerada resposta antinociceptiva positiva.
4.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo avaliou comparativamente pela primeira vez o efeito
antinociceptivo de seis espécies de Lychnophora nativas do Brasil. Para isso, foram
usados os métodos da placa quente e de contorções induzidas pelo ácido acético, os
quais são descritos na literatura como métodos para avaliação da atividade
antinociceptiva central e periférica, respectivamente (VERMA et al., 2005).
A Figura 4 mostra o efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras sobre o
tempo de latência para o camundongo lamber as patas, quando submetido à estimulação
térmica no método da placa quente. Os extratos de L. pinaster na menor dose e
L. ericoides na maior dose avaliada apresentaram atividade antinociceptiva evidenciada
Figura 3:
Camundongo sobre a placa aquecida a
56 ± 1ºC
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 30
pelo aumento no tempo de reação do animal, sendo 25 ± 7,3 s e 18 ± 4,8 s,
respectivamente. Este efeito foi semelhante ao observado após administração de
dipirona (17 ± 2,6 s) e morfina (29 ± 4,1 s) e diferente do grupo controle (3 ± 0,8 s). No
método da placa quente o calor induz a ação termoceptiva cutânea. A integração do
estímulo ocorre devido à estimulação de fibras C de condução lenta, que apresenta
terminais não capsulados de receptores termais e mecânicos e fibras do tipo Aδ de
condução rápida que induz ao reflexo de retirada da pata pela ativação de
termorreceptores (HENDRY et al., 1999) e a latência do reflexo de retirada da pata
ocorre por integração medular com influência supraespinhal (LE BARS et al., 2001).
Como relatado por SANTOS et al. (1998), a indometacina, um AINE, o
apresenta atividade no método da placa quente (Figura 4). Este método é considerado
seletivo para compostos com atividade sobre o SNC (JANSSEN et al., 1963; LE BARS
et al., 2001), por isso a morfina, analgésico narcótico opióide, apresentou atividade no
método da placa quente. A dipirona, não tem o mecanismo de ação pelo qual se
evidencia seu efeito analgésico claramente elucidado, parecendo concorrer mecanismos
periféricos e centrais e em diferentes níveis de processamento da informação dolorosa
(ANDRADE, 2005). O fato da dipirona ter apresentado atividade antinociceptiva no
método da placa quente reforça achados recentes de VAZQUEZ et al. (2005),
que
demonstraram que a administração intravenosa (i.v.) de dipirona em ratos leva à
ativação de circuitos opioidérgicos endógenos na substância cinzenta periaquedutal e no
núcleo magno da rafe, áreas que compõem o sistema descendente inibitório espinhal.
A Figura 5 e a Tabela 1 mostram o número total de contorções durante 30 min
de observação, iniciado imediatamente após a administração i.p. do ácido acético. Os
resultados observados nesse todo demonstraram o efeito de L. passerina,
L. candelabrum e L. pinaster na dose 0,75 g/kg. O extrato etanólico de L. ericoides e
L. trichocarpha em ambas doses avaliadas (0,75 e 1,50 g/kg) reduziram o número de
contorções de maneira dose-dependente. Esta redução representa 52,7% e 88,1% para
L. ericoides e 47,9% e 89,1% para L. trichocarpha para as doses 0,75 e 1,50 g/kg,
respectivamente. Os extratos mais efetivos em produzir efeito antinociceptivo por este
método foram então, aqueles obtidos de L. ericoides e L. trichocarpha.
Na Figura 6G pode ser observado que os rmacos padrões dipirona e morfina
induziram ao efeito antinociceptivo em todo tempo de análise (0-30 min) e o efeito
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 31
antinociceptivo da indometacina ocorreu entre 5 e 25 min. Como mostrado na Figura 6
e Tabela 1, a redução do número de contorções após a administração dos extratos de
Lychnophoras foi observada 5 min após a injeção de ácido acético e não foi mais
observada após 20 min exceto para os extratos de L. ericoides (Figura 6D e Tabela 1) e
L. trichocarpha (Figura 6F e Tabela 1) na dose 1,50 g/kg, cujo efeito antinociceptivo foi
observado até o final da análise (30 min). Os extratos de L. passerina (Figura 6A) no
tempo 10-15 min e de L. staavioides no tempo 0-5 min (Figura 6E), ambos na dose
1,50 g/kg, induziram à hiperalgesia evidenciada pelo aumento significativo do número
de contorções.
O método de contorções induzidas pelo ácido acético é considerado inespecífico,
sendo muito utilizado para triagem que permite a detecção de compostos com atividade
antinociceptiva principalmente periférica. COLLIER et al. (1968) propuseram que o
ácido acético age indiretamente pela liberação de mediadores endógenos que estimulam
neurônios nociceptivos. DERAEDT et al. (1980) relataram que o método de contorções
induzidas pelo ácido acético está relacionado ao aumento dos níveis de PGE
2
e PGF
2α
e
produtos da LOX, durante os primeiros 30 min após a administração de ácido acético.
Adicionalmente, DUARTE et al. (1988) demonstraram que a administração i.p. de ácido
acético induz também à liberação de mediadores do sistema nervoso simpático. Mais
recentemente, RIBEIRO et al. (2000) propuseram que a atividade nociceptiva do ácido
acético pode está relacionada à liberação de citocinas, tais como TNF-α, IL-1β e IL-8, à
partir de macrófagos peritoniais e de mastócitos. Considerando o todo de contorções
como o modelo antinociceptivo de menor seletividade (TOMA et al., 2003), pode-se
inferir no presente estudo, que por isso, um maior número de espécies e doses de
extratos etanólicos de Lychnophoras mostrou atividade nesse método.
Os resultados observados nos métodos da placa quente e de contorções induzidas
por ácido acético confirmam a atividade antinociceptiva de L. pinaster (AZEVEDO,
2004) e de L. ericoides (CERQUEIRA et al., 1987; BORSATO et al., 2000; SANTOS
et al., 2005). A ação antinociceptiva de L. ericoides foi relacionada à presença de
flavonóides, triterpenos, lactonas sesquiterpênicas (BORELLA et al., 1998), ácidos
cafeicos (SANTOS et al., 2005) e lignanas (BORSATO et al., 2000). OTUKI et al.
(2005) demonstraram que a mistura dos triterpenos α e β-amirina apresentam atividade
antinociceptiva no todo de contorções induzidas pelo ácido acético, mas não no
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 32
método da placa quente. Esses triterpenos foram isolados das espécies L. ericoides
(SAKAMOTO et al., 2003), L. candelabrum.(SANTOS et al., 2004), L. pinaster
(SILVEIRA et al., 2005a) e L. trichocarpha (SAÚDE et al., 1998). Além disso,
sitosterol presente na espécie L. trichocarpha (SAÚDE et al., 1998) reduziu o número
de contorções induzidas pelo ácido acético e aumentou o tempo de reação dos animais
no método da placa quente (VILLASSENOR et al., 2002). Quercetina e vitexina,
flavonóides isolados de L. pinaster (SILVEIRA et al., 2005b), também apresentaram
atividade antinociceptiva no método da placa quente (RYLSKI et al., 1979). KAUR et
al. (2005) demonstraram que a quercetina induz ao efeito antinociceptivo que involve
principalmente a modulação de vias adrenérgicas.
Os extratos etanólicos de L. passerina e L. candelabrum no método de
contorções e L. pinaster nos dois métodos utilizados apresentou atividade
antinociceptiva significativa na menor mas não na maior dose avaliada. Este efeito foi
provavelmente causado pela presença de substâncias que agem somente na maior dose
causando hiperalgesia. Este efeito hiperalgésico parece mascarar a atividade
antinociceptiva dos extratos de Lychnophoras agindo através da interação sinérgica
entre bradicinina, serotonina e histamina (LAVICH et al., 2003). Este resultado pode ser
explicado se for considerado que o extrato bruto de uma planta é uma mistura de
inúmeras substâncias dotadas de atividades biológicas diversas, entre elas substâncias
potencialmente irritantes para os tecidos, tais como sais diversos, hexoses, saponinas e a
própria clorofila que, em altas concentrações, poderiam gerar ou potenciar uma resposta
hiperalgésica. Desta forma, o aumento da dose dessas espécies de Lychnophora poderia
levar à administração de quantidades maiores destas substâncias, cujo efeito seria
antagônico ao efeito antinociceptivo em estudo.
Embora existam muitos relatos da atividade analgésica das Lychnophoras, este
foi o primeiro estudo que avaliou comparativamente o efeito antinociceptivo in vivo de
seis espécies em dois modelos experimentais. Os resultados mostram que não são todas
as espécies que apresentam atividade antinociceptiva, sendo importante, então, o
conhecimento das características morfológicas e propriedades farmacológicas das
espécies de Lychnophora para correta identificação e uso direcionado pela população.
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 33
0
5
10
15
20
25
30
35
Varião do tempo de latência
para lamber a pata (s)
Controle
Dipirona 200 mg/kg
Morfina 10 mg/kg
Indometacina 10 mg/kg
L. passerina 0,75 g/kg
L. passerina 1,50 g/kg
L. candelabrum 0,75 g/kg
L. candelabrum 1,50 g/kg
L. pinaster 0,75 g/kg
L. pinaster 1,50 g/kg
L. ericoides 0,75g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
L. staavioides 0,75 g/kg
L. staavioides 1,50 g/kg
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocharpha 1,50 g/kg
Figura 4: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras sobre a variação do tempo
gasto para lamber as patas em camundongos. Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Número total de
contorções em 30 min
Controle
Dipirona 200 mg/kg
Morfina 10 mg/kg
Indometacina 10 mg/kg
L. passerina 0,75 g/kg
L. passerina 1,50 g/kg
L. candelabrum 0,75 g/kg
L. candelabrum 1,50 g/kg
L. pinaster 0,75 g/kg
L. pinaster 1,50 g/kg
L. ericoides 0,75g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
L. staavioides 0,75 g/kg
L. staavioides 1,50 g/kg
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocharpha 1,50 g/kg
*
Figura 5: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras sobre o número total de
contorções induzidas pelo ácido acético em 30 min em camundongos. Os valores
representam a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido
de teste Dunnett).
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 34
0
3
6
9
12
15
L. passerina 0,75 g/kg
L. passerina 1,50 g/kg
Controle
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
*
*
+
A
*
Tempo as administrão
de ácido acético (min)
Número de contoões
0
2
4
6
8
10
Controle
L. candelabrum 0,75 g/kg
L. candelabrum 1,50 g/kg
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
B
*
*
Tempo após administração
de ácido acético (min)
Número de contoões
0
2
4
6
8
10
Controle
L. pinaster 0,75 g/kg
L. pinaster 1,50 g/kg
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
C
*
*
Tempo após administrão
de ácido acético (min)
Número de contorções
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 35
0
2
4
6
8
10
Controle
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
*
*
*
*
*
*
*
*
*
D
Tempo após administração
de ácido acético (min)
mero de contorções
0
2
4
6
8
10
12
Controle
L. staavioides 0,75 g/kg
L. staavioides 1,50 g/kg
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
*
*
+
*
*
E
Tempo após administração
de ácido acético (min)
mero de contorções
0
2
4
6
8
10
12
Controle
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocarpha 1,50 g/kg
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
*
*
*
*
*
*
*
*
F
Tempo após administração
de ácido acético (min)
mero de contorções
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 36
0
2
4
6
8
10
Controle
Dipirona 200 mg/kg
Morfina 10 mg/kg
Indometacina 10 mg/kg
*
*
*
*
*
**
*
*
*
*
**
**
*
0
-
5 5
-
10 10
-
15 15
-
20 20
-
25 25
-
30
G
Tempo após administração
de ácido acético (min)
mero de contorções
Figura 6: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras (A-F) e de fármacos padrão
(G) sobre o número total de contorções induzidas pelo ácido acético contadas em
períodos de 5 min por 30 min em camundongos. Os valores representam a média +
e.p.m.
*P0,05 redução do número de contorções comparado ao grupo controle (ANOVA
seguido de teste Dunnett).
+
P0,05 aumento do número de contorções comparado ao grupo controle (ANOVA
seguido de teste Dunnett).
Avaliação da atividade antinociceptiva
Luciana Souza Guzzo 37
Tabela 1: Número de contorções induzidas pelo ácido acético em camundongos
Tempo após administração do ácido acético (min)
Tratamento 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 Total
Controle 3 ± 0,6 7 ± 0,7 8 ± 0,7 9 ± 0,7 6 ± 0,6 3 ± 0,4 35 ± 2,7
Morfina 10mg/kg 0 ± 0,0* 0 ± 0,2* 0 ± 0,3* 0 ± 0,3* 0 ± 0,0* 0 ± 0,0* 1 ± 0,7*
Dipirona 200 mg/kg 0 ± 0,0* 0,0 ± 0,2*
1 ± 0,2* 1 ± 0,3* 1 ± 0,3* 0 ± 0,2* 3 ± 0,7*
Indometacina 10 mg/kg 1 ± 0,4 3 ± 0,6* 4 ± 0,7* 3 ± 0,5* 3 ± 0,4* 2 ± 0,4 16 ± 2,1*
L. passerina 0,75 g/kg 3 ± 0,5 3 ± 0,6* 3 ± 0,6* 5 ± 1,6* 3 ± 1,5 1 ± 0,6 18 ± 4,7*
L. passerina 1,50 g/kg 1 ± 0,2 7 ± 08 13 ± 1,1
+
11 ± 0,9 7 ± 0,9 1 ± 0,4 38 ± 3,1
L. candelabrum 0,75 g/kg
1 ± 0,4 2 ± 0,6* 4 ± 0,7* 6 ± 1,1 6 ± 1,4 2 ± 0,6 21 ± 3,5*
L. candelabrum 1,50 g/kg
3 ± 1,5 7 ± 1,4 5 ± 1,4 7 ± 2,0 4 ± 1,1 1 ± 0,4 26 ± 5,6
L. pinaster 0,75 g/kg 3 ± 1,4 4 ± 1,2 4 ± 1,0* 4 ± 1,0* 3 ± 0,9 2 ± 0,9 19 ± 5,4*
L. pinaster 1,50 g/kg 2 ± 1,2 7 ± 1,2 7 ± 1,3 6 ± 1,2 5 ± 0,9 4 ± 1,0 31 ± 3,9
L. ericoides 0,75 g/kg 1 ±0,9 3 ± 1,2* 3 ± 1,1* 4 ± 1,1* 3 ± 0,7* 3 ± 0,9 16 ± 5,1*
L. ericoides 1,50 g/kg 2 ± 0,8 1 ± 0,5* 1 ± 0,3* 0 ± 0,2* 0 ± 0,2* 0 ± 0,2* 4 ± 2,2*
L. staavioides 0,75 g/kg 4 ± 1,2 5 ± 1,2 4 ± 0,8* 5 ± 1,3* 4 ± 0,9 3 ± 0,8 26 ± 4,8
L. staavioides 1,50 g/kg 7 ± 2,2
+
8 ± 2,4 5 ± 1,8 3 ± 1,0* 3 ± 0,9* 2 ± 0,7 29 ± 8,3
L. trichocarpha 0,75 g/kg
5 ± 1,9 5 ± 1,6 4 ± 1,5* 2 ± 0,6* 1 ± 0,6* 1 ± 0,6 18 ± 5,7*
L. trichocarpha 1,50 g/kg
1 ± 0,6 2 ± 1,1* 1 ± 0,4* 0 ± 0,3* 0 ± 0,1* 0 ± 0,3* 4 ± 2,0*
Os valores representam a média + erro padrão da média.
*P0,05 redução do número de contorções comparado ao grupo controle (ANOVA
seguido de teste Dunnett).
+
P0,05 aumento do número de contorções comparado ao grupo controle (ANOVA
seguido de teste Dunnett).
Luciana Souza Guzzo
5. AVALIAÇÃO
DA ATIVIDADE
ANTIINFLAMATÓRIA
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 39
5.1. METODOLOGIA
5.1.1. VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA DE MENSURAÇÃO DO
EDEMA DE PATA
O método de mensuração do edema de pata pelo paquímetro utilizado no
presente estudo foi validado utilizando o pletismômetro (FERREIRA et al., 1979), que
consiste na imersão da pata do animal na cuba do aparelho até a articulação tibio-
társica, registrando-se o volume deslocado.
Foi administrado por via subcutânea na pata direita o volume de 0,02 ml de
carragenina 0,1% ou 1% em solução salina e na pata esquerda 0,02 ml de solução salina.
Foram mensurados o volume da pata do animal utilizando-se o pletismômetro (modelo
7140, UGO BASILE, Itália) e a espessura entre as faces dorsal e ventral da mesma pata
foi obtida com o uso de um paquímetro (Vonder, China) posicionando-o na porção
central da pata, sem pressionar. As mensurações foram feitas antes, 1 e 3 h após
administração da solução de carragenina ou solução salina. A variação da espessura em
mm foi comparada à variação do volume em mililitros (ml).
Figura 7: Mensuração do edema de pata com pletismômetro em camundongos.
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 40
5.1.2. PREPARO DAS POMADAS DE LYCHNOPHORAS
Os extratos etanólicos das espécies de L. passerina, L. candelabrum, L. pinaster
L. ericoides, L. staavioides e L. trichocarpha na concentração 150 mg/ml foram
incorporados em pomada base (lanilina/vaselina 3:7) e obtidos as concentrações de 5 e
10%.
5.1.3. MÉTODO DE EDEMA DE PATA INDUZIDO PELA
CARRAGENINA
Para a avaliação da atividade antiinflamatória dos extratos de Lychnophoras foi
utilizado o modelo de inflamação descrito por WINTER et al. (1962) com modificações.
Um volume de 0,02 ml de carragenina 0,1% em solução foi injetado na região
subplantar da pata direita posterior dos camundongos. A pata esquerda posterior foi
submetida apenas à introdução da agulha (sham). As pomadas dos extratos de
Lychnophoras nas concentrações 5 e 10% ou a pomada base foram administradas com
auxílio de uma espátula logo após a injeção de carragenina ou apenas introdução da
agulha na pata do animal. O grupo padrão recebeu diclofenaco gel após administração
de carragenina na pata direita. Para permitir a permanência da pomada em contato com
a pata do animal até o fim do experimento, foi utilizado gaze e esparadrapo,
assegurando assim a absorção local da pomada. Os animais foram, então, colocados em
gaiolas individuais e 3 h (horas) após a administração da carragenina as espessuras das
patas foram novamente mensuradas. O edema de pata foi expresso em milímetros (mm)
e calculado como a variação (
) entre o tempo zero e 3 h após a administração de
carragenina, momento em que ocorre pico de formação do edema (CARVALHO et al.,
1999).
5.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o objetivo de validar a mensuração do edema de pata, no presente estudo,
as espessuras das patas dos camundongos mensuradas com o uso do paquímetro foi
comparada às mensurações utilizando-se o pletismômetro. Os dados foram expressos
como variação percentual da espessura (Figura 8 e Tabela 2) e volume (Figura 9 e
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 41
Tabela 3) da pata 1 e 3 h após administração da carragenina em relação ao tempo zero
(antes da administração da carragenina).
A Figura 8 mostra que o aumento da espessura das patas dos animais foi
significativa 1 e 3 h após administração de carragenina 0,1 e 1%, comparado ao grupo
controle. Entretanto, carragenina 1% foi mais efetiva em produzir o edema de pata em
camundongos nos dois tempos analisados. Esses achados estão em acordo com os
resultados obtidos com as medidas com o pletismômetro para as patas que receberam
carragenina 1% (Figura 9). Entretanto, na mensuração com pletismômetro o aumento do
volume das patas que receberam carragenina 0,1% na primeira hora foi maior que na
terceira hora. Isto não era esperado, já que se sabe que o edema atinge seu maior volume
3 h após a administração de carragenina (CARVALHO et al., 1999) como foi
demonstrado por CALVO (2006) usando o pletismômetro. Os resultados sugerem que o
paquímetro é tão efetivo quanto o pletismômetro para mensuração do edema de pata
induzido pela carragenina 1% em camundongos e se mostrou mais sensível na
mensuração do edema de pata induzida por carragenina 0,1% na terceira hora de
experimento.
A Figura 10 e a Tabela 4 mostram os resultados obtidos pelo método de edema
de pata induzido pela carragenina. A administração tópica das pomadas de L. pinaster e
L. trichocarpha em ambas concentrações avaliadas (5 e 10%) e L. passerina e
L. candelabrum 10% reduziram significantemente o edema de pata mensurado 3 h após
a administração de carragenina, comparado aos grupos controle, sugerindo uma
atividade antiinflamatória desses extratos. Somente as pomadas de L. pinaster e
L. trichocarpha, em ambas concentrações avaliadas, mostraram atividade
antiinflamatória similar ao diclofenaco gel e as demais pomadas de Lychnophoras que
apresentaram atividade foram menos ativas que a droga padrão. O método usado para
avaliar a atividade antiinflamatória induzida pela carragenina 0,1% em camundongos
foi satisfatório, visto que foi observada uma diferença significativa entre as patas sham e
controle que receberam injeção de carragenina 0,1% e foram tratadas com pomada base
(Figura 10 e Tabela 4). Como demonstrado na Tabela 4, as patas sham que receberam
pomada base como tratamento também desenvolveram algum edema, porém o edema
desenvolvido foi significativamente menor ao observado no grupo tratado com
carragenina e pomada base. As patas sham que receberam o tratamento com as pomadas
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 42
contendo extratos das espécies de Lychnophora também desenvolveram algum edema,
porém de maneira similar ao desenvolvido no grupo sham tratado com pomada base,
sem alterações induzidas pelo tratamento com os extratos. Tais observações indicam
ausência de atividade pró-inflamatória dos extratos de Lychnophoras por via tópica e,
avaliando a metodologia utilizada, foi observado que apenas a inserção da agulha na
pata induz a um discreto processo inflamatório agudo.
Os resultados obtidos estão em acordo com AZEVEDO (2004) que demonstrou
a atividade antiedematogênica da solução hidroalcoólica do extrato de L. pinaster
administrada por via oral em camundongos.
Considerando que as espécies de Lychnophora são usadas em infusões, banhos
ou macerados em etanol ou cachaça por via tópica como analgésico e antiinflamatório, o
presente trabalho é relevante que demonstra pela primeira vez a atividade
antiinflamatória in vivo, mais especificamente atividade antiedematogênica, da
administração tópica dos extratos das espécies de Lychnophora e indica quais espécies
devem ser usadas para essa atividade.
O edema de pata induzido pela carragenina é um modelo experimental de
inflamação aguda que envolve diferentes fases (VINEGAR et al., 1969). Primeiramente
a carragenina estimula a liberação de citocinas pró-inflamatórias que estimulam a
liberação de serotonina e histamina nos primeiros 90 min, e de cininas numa fase
intermediária (90-150 min) (RONALD & CHRISTOPHER, 1990; FERREIRA et al.,
1993). A partir deste momento o edema é mantido principalmente pela produção de PGs
(DI ROSA & SORRENTINO, 1968; DI ROSA et al., 1971; DI ROSA, 1972; DI ROSA
& WILLOGHBY, 1971). Outros mediadores tal como os produtos do sistema de
complemento (WILLOUGHBY et al., 1969), a somatostatina (TRAUB & BROZOSKI,
1996) e SP (GILLIGAM et al., 1994) também estão envolvidos na resposta inflamatória
induzida pela carragenina. O NO outro importante mediador exerce um papel chave no
desenvolvimento do edema e da nocicepção induzida pela carragenina (SALVEMINI et
al., 1996). Em camundongos, pode ser observada uma resposta inflamatória de 24-72 h
após a injeção de carragenina, evidenciada pelo acúmulo de macrófagos, eosinófilos e
linfócitos e cuja mediação depende principalmente de citocinas (HENRIQUES et al.,
1987). O edema inflamatório decorre da interação entre substâncias que promovem o
aumento da permeabilidade vascular, com mediadores que causam vasodilatação.
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 43
Embora os vasodilatores sejam incapazes de induzir o edema, eles potenciam a atuação
dos outros mediadores, por aumentarem o aporte sangüíneo na região inflamada
(WILLIAMS, 1978; 1979). Desta forma, AINEs como o diclofenaco, usado como droga
padrão no método de edema de pata no presente estudo, que inibem a ação da
ciclooxigenase (COX) e conseqüentemente reduzem a produção de PGs, retiram a
potenciação exercida pelo efeito vasodilatador destes mediadores lipídicos reduzindo
assim, o edema inflamatório (TULUNAY, 2000).
O mecanismo pelo qual os extratos de Lychnophoras produzem atividade
antiinflamatória e os metabólitos responsáveis por tal atividade ainda não está claro.
foi demonstrado por KIMURA et al. (1985) que ácidos cafeoilquínicos reduzem a
liberação de histamina por mastócitos in vitro. Ácidos cafeicos já foram isolados de
L. ericoides (SANTOS et al., 2005) e L. pinaster (SILVEIRA et al., 2005b). A atividade
antiinflamatória da cubebina, lignana já isolada de L. ericoides (BORSATO et al., 2000)
foi demonstrada no método de edema de pata induzido pela carragenina (BASTOS et
al., 2001).
A atividade antiinflamatória de muitas plantas foi atribuída aos seus
constituintes flavonóides (PARMAR & GOSH, 1978) e triterpenos (AHMAD et al.,
1983), os quais foram isolados de muitas espécies de Lychnophora. Em um sítio de
inflamação uma grande concentração de radicais livres e oxidantes, os quais
desempenham um importante papel em diferentes processos da inflamação. Diante
disso, compostos antioxidantes como os flavonóides isolados de L. passerina
(CHICARO et al., 2004) e de L. ericoides (KANASHIRO et al., 2004) podem evitar
esses processos (SALVEMINI et al., 1996). CALIXTO et al. (2000) revelaram a
atividade analgésica e/ou antiinflamatória de vários flavonóides e essas atividades foram
associadas a vários fatores. Estudos demonstraram que a quercetina, flavonóide já
isolado das espécies L. passerina (CHICARO et al., 2004), L. ericoides (BORELLA et
al., 1998) e L. pinaster (SILVEIRA et al., 2005b), inibe a produção de NO e a expressão
de iNOS (óxido nítrico sintase induzível) in vitro (MARTÍNEZ-FLÓREZ et al., 2005),
o que também foi confirmado em estudos in vivo (MORALES et al., 2006; SHEN et
al., 2002). Além disso, o kaempferol, flavonóide também isolado da espécie
L. passerina (CHICARO et al., 2004), e a quercetina causaram uma redução dos níveis
das proteínas COX-2, iNOS e proteína C reativa, via mecanismo que parece envolver o
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 44
bloqueio da ativação de NF-κB e conseqüentemente a inibição da expressão de genes
pró-inflamatórios. Kaempferol também exibiu efeito inibitório da enzima xantina
oxidase (ZHANG et al., 2006). Além da quercetina e do kaempferol, os flavonóides
apigenina, luteolina e tirilosídeo também já foram isolados da espécie L. passerina
(CHICARO et al., 2004). Em estudos in vitro a quercetina e o tirilosídeo inibiram
significativamente a produção de NO e das citocinas TNF-α e IL-12 (RAO et al., 2005).
Estudos feitos com apigenina in vitro demonstraram que esse flavonóide tem efeito
inibitório sobre a expressão gênica de TNF-α (KOWALSKY et al., 2005), inibe a
produção de NO (SOLIMAN et al., 1998) e ainda, tal como a luteolina, apresenta
atividade inibitória das enzimas COX-2 e 5-LOX (KIM et al., 2006). A luteolina
também inibiu TNF-α em estudos realizados in vivo e in vitro (UEDA et al., 2002) e
recentemente inibiu eficientemente o edema de pata induzido pela carragenina e essa
atividade foi atribuída à sua ação inibitória sobre a expressão gênica da enzima COX-2
(ZIYAN et al., 2007).
A atividade antiinflamatória também é uma atividade comum de muitos
triterpenos (SAFAIHY & SAILER, 1997) e vários mecanismos foram atribuídos a essa
atividade incluindo: inibição da atividade da COX, LOX e elastase e do sistema de
complemento (SINGH et al., 1992). A atividade antioxidante de vários triterpenos
incluindo alguns presentes nas Lychnophoras já foi demonstrada (ANDRIKOPOULOS
et al., 2003).
Recentemente, FERRAZ FILHA et al. (2006) revelaram que as espécies
L. passerina, L. candelabrum, L. pinaster, L. ericoides, L. staavioides e L. trichocarpha
possuem uma alta atividade inibitória da enzima xantina oxidase, a enzima que catalisa
o metabolismo de xantina e hipoxantina em ácido úrico, o qual é responsável pela
doença chamada gota causada pela deposição de ácido úrico nas articulações (CHIANG
et al., 1994). Além disso, a xantina oxidase é uma importante fonte de radicais livres
derivados do oxigênio que contribuem para os danos oxidativos dos tecidos envolvidos
em muitos processos patológicos como, por exemplo, a inflamação. Diante disso, por
inibir a xantina oxidase, as espécies de Lychnophora são úteis no tratamento da gota e
outras doenças induzidas pela atividade dessa enzima, justificando assim o uso popular
dessas espécies no tratamento do reumatismo (SWEENEY et al., 2001). Além disso, as
lactonas sesquiterpênicas parecem modular muitos processos que influenciam reações
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 45
inflamatórias, por exemplo, fosforilação oxidativa, agregação plaquetária, liberação de
histamina e serotonina (HALL et al., 1980; SCHRÖDER et al., 1990). Essas atividades
são mediadas quimicamente por estruturas carbonílicas α,β-insaturadas, que reagem
com nucleófilos, especialmente grupos cisteína sulfidrílicos (SCHMIDT, 1999;
PICMAN et al., 1979; PICMAN, 1986). Centraterina, 15-deoxigoiazensolídeo e
licnofolídeo, lactonas sesquiterpênicas isoladas de L. ericoides, apresentam um grupo α-
metileno-γ-lactona e um grupo carbonil α,β,γ,δ-insaturado (SAKAMOTO et al., 2003).
Além desses grupos, centraterina e goiazensolídeo também apresentam um grupo acil
α,β,γ,δ-insaturado que é considerado o terceiro sítio de reação. Esses dois compostos
são os mais potentes membros antiinflamatórios dos furanoheliangolídeos como
demonstrado in vitro (RÜNGELER et al., 1999). A atividade antiinflamatória das
lactonas sesquiterpênicas é principalmente atribuída à inibição do fator transcricional
NF-κB (LYß et al., 1997), um dos reguladores chave dos genes envolvidos na resposta
imune e inflamatória, pela alquilação seletiva de sua subunidade p65, provavelmente
através da reação com resíduos de cisteína (RÜNGELER et al., 1999; LYß et al., 1998).
Embora as lactonas sesquiterpênicas sejam conhecidas por suas atividades
antiinflamatórias in vitro, ainda não há nenhuma evidência dessas atividades in vivo.
Embora a espécie L. ericoides contenha lactonas sesquiterpênicas que
apresentam atividade antiinflamatória in vitro (RÜNGELER et al., 1999), essa espécie
não mostrou atividade no método de edema de pata induzido pela carragenina no
presente trabalho.
O presente trabalho demonstrou pela primeira vez que uma simples formula
contendo extrato etanólico de algumas espécies de Lychnophora nativas do Brasil pode
realmente produzir um efeito antiinflamatório. Entretanto, os resultados do método de
edema de pata mostram que nem todas as espécies apresentam tal atividade, como
também foi observado nos testes de antinocicepção. Salienta-se assim mais uma vez a
importância da correta identificação e conhecimento das propriedades farmacológicas
das espécies de Lychnophora para o uso racional das mesmas.
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 46
-10
0
10
20
30
40
50
1 3
Tempo após administração de
carragenina (h)
Variação da Espessura (%)
Controle
Sham
Carragenina 0,1%
Carragenina 1%
Figura 8: Variação percentual da espessura da pata mensurada pelo paquímetro em
camundongos. Os valores representam a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo
controle (ANOVA seguido de teste Dunnett).
-10
0
10
20
30
40
50
1 3
T
empo após administração de
carragenina (h)
Variação do volume (%)
Controle
Sham
Carragenina 0,1%
Carragenina 1%
Figura 9: Variação percentual do volume da pata mensurada pelo pletismômetro em
camundongos. Os valores representam a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo
controle (ANOVA seguido de teste Dunnett).
*
*
*
*
*
*
*
*
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 47
Tabela 2: Variação percentual da espessura das patas dos animais
Variação da espessura (%)
Tratamento 1 h 3 h
Controle 4 ± 1,2 6 ± 1,4
Sham -0,0 ± 1,3 4 ± 1,5
Carragenina 0,1% 27 ± 2,5* 32 ± 2,0*
Carragenina 1 % 41 ± 3,6* 43 ± 2,7*
Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
Tabela 3: Variação percentual do volume das patas dos animais
Variação do volume (%)
Tratamento 1 h 3 h
Controle -5 ± 3,3 -5 ± 4,2
Sham -2 ± 1,6 -6 ± 1,9
Carragenina 0,1% 38 ± 6,3* 31 ± 7,0*
Carragenina 1 % 41 ± 4,9* 44 ± 3,3*
Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 48
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Variação da espessura
das patas (10
-2
mm)
Pomada Base
Sham
Diclofenaco
L. passerina 5%
L. passerina 10%
L. candelabrum 5%
L. candelabrum 10%
L. pinaster 5%
L. pinaster 10%
L. ericoides 5%
L. ericoides 10%
L. staavioides 5%
L. staavioides 10%
L. trichocarpha 5%
L. trichocarpha 10%
Figura 10: Efeito dos extratos etanólicos de Lychnophoras na variação da espessura das
patas mensuradas antes e 3 após administração de carragenina 0,1% em camundongos.
Os valores representam a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo controle
(ANOVA seguido de teste Dunnett).
*
*
*
*
*
*
*
*
Avaliação da atividade antiinflamatória
Luciana Souza Guzzo 49
Tabela 4: Variação da espessura das patas dos animais após injeção de
carragenina ou introdução da agulha na pata (sham) e tratamento tópico
Variação da espessura das patas (x 10
-2
mm)
Tratamento tópico
Após injeção
sham
Após injeção de
carragenina
Pomada base
2,6 ± 0,44 5,9 ± 0,45**
L. passerina 5%
1,5 ± 0,37 4,8 ± 0,47
L. passerina 10%
2,6 ± 0,90 3,7 ± 0,57*
L. candelabrum 5%
1,6 ± 0,72 4,9 ± 1,01
L. candelabrum 10%
1,4 ± 0,44 3,9 ± 0,38*
L. pinaster 5%
0,3
±
0,17 2,3
±
0,60*
L. pinaster 10%
1,6
±
0,64 3,4
±
0,83*
L. ericoides 5%
2,3
±
1,76 4,6
±
1,18
L. ericoides 10%
0,5
±
0,13 6,1
±
1,23
L. staavioides 5%
0,8
±
0,25 6,3
±
1,29
L. staavioides 10%
1,0
±
0,29 5,6
±
0,74
L. trichocarpha 5%
0,8
±
0,38 2,9
±
0,43*
L. trichocarpha 10%
0,4
±
0,15 3,7
±
0,49*
Os valores representam a média + e.p.m.
**P0,05 comparado ao grupo sham tratado com pomada base
*P0,05 comparado ao grupo controle tratado com carragenina e pomada base
(ANOVA seguido de teste Dunnett).
Luciana Souza Guzzo
6. AVALIAÇÃO DA
ATIVIDADE SOBRE O
SISTEMA NERVOSO
CENTRAL
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 51
6.1. METODOLOGIA
Para avaliação da atividade sobre o SNC foram utilizados camundongos albinos
machos. Foram avaliadas as atividades dos extratos etanólicos de L. ericoides e
L. trichocharpha nas doses 0,75 ou 1,50 g/kg. Foram utilizados dois grupos controle:
1) animais que receberam solução controle e 2) animais que receberam água destilada.
Foi utilizada como droga padrão o diazepam na dose 10 mg/kg (1 mg/ml suspenso em
0,5% de CMC) (KITANO et al., 2005). Todas as soluções foram administradas por via
oral utilizando uma cânula orogástrica. Foram utilizados três métodos de avaliação in
vivo da atividade aguda sobre o SNC e os animais foram submetidos às avaliações nos
tempos 0 (zero), 1, 2, 4 e 24 horas após a administração das soluções.
6.1.1. MÉTODO DO CAMPO ABERTO
OPEN-FIELD
Foi utilizado o método proposto por TURNER (1972), com modificações, com o
objetivo de avaliar a locomoção espontânea e atividade exploratória do animal. O
campo aberto (Figura 11A) consiste em uma caixa quadrada de 3.600 cm
2
, demarcada
por 16 quadriláteros de 225 cm
2
com paredes laterais de 19,5 cm de altura. Os animais
foram colocados individualmente em um dos quadrados em um dos cantos e por 5 min
foram contados o número de quadrados invadidos e o número de vezes que o animal
levantou apoiando-se nas patas posteriores, incluindo as vezes em que apoiou na parede
lateral do campo aberto.
6.1.2. MÉTODO DA HASTE GIRANTE
ROTA-ROD
O método da haste girante foi realizado utilizando o método descrito por
DUNHAM & MIYA (1977) com o objetivo de avaliar a coordenação motora dos
animais. A haste (Figura 11B) consiste em uma barra giratória horizontal de 2,8 cm de
diâmetro colocada a 30 cm de altura, dividida em quatro seguimentos iguais por discos
de 20 cm de diâmetro, acionada por um motor que confere uma rotação constante de
aproximadamente 11 rpm. Os camundongos foram treinados no dia anterior ao
experimento na haste em rotação, quando foram selecionados os animais capazes de
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 52
permanecer na haste por mais de 60 s por duas vezes. Foram mensurados o tempo de
permanência do animal na haste e o número de quedas em 1 min.
6.1.3. MÉTODO DE TRAÇÃO
O método de tração foi realizado de acordo com o método descrito por RUDZIK
et al. (1973), com o objetivo de detectar atividade dos extratos de Lychnophoras sobre
o tônus muscular. O aparelho de tração (Figura 11C) consiste em um fio metálico
horizontal estendido a 30 cm de altura, sustentado por duas barras laterais. Foi avaliado
a porcentagem de animais com capacidade de se prender e sustentar no fio de metal com
as patas anteriores e quando livre colocar uma das patas posteriores no fio em 5 s.
6.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos efeitos das Lychnophoras sobre o SNC é importante, pois gera
conhecimento científico para o uso seguro dessas espécies pela população, já que efeitos
colaterais sobre o SNC não são desejáveis na maioria das condições. Com o objetivo de
avaliar as atividades das espécies L. ericoides e L. trichocarpha sobre o SNC foram
utilizados os métodos do campo aberto, da haste girante e de tração.
No método do campo aberto, foi observado (Figura 12 e Tabela 5) que o extrato
de L. ericoides na dose 1,50 g/kg induziu à redução significativa de 50,5% do número
de quadrados percorridos pelos animais em 5 min em relação ao grupo controle 1 h após
a administração do extrato, acompanhado de aumento progressivo da atividade
locomotora dos animais que receberam esse extrato nos três tempos subseqüentes
(tempos 2, 4 e 24 h). O extrato etanólico de L. trichocarpha (0,75 g/kg) no tempo 2 h
(45,8%) e na dose 1,50 g/kg nos tempos 1 (68,6%), 2 (61,5%) e 4 h (53,1%), reduziu
significativamente a locomoção espontânea dos animais sendo que as reduções
provocadas em 2 h de análise para as duas doses foram similares à induzida pelo
fármaco padrão. O diazepam, um fármaco benzodiazepínico agonista alostérico de
receptores GABA
A
, foi utilizado como droga padrão por sua propriedade sedativa,
causando redução significativa de 57,8% da locomoção dos animais 2 h após sua
administração oral. FARKAS et al. (2005) em estudo da atividade do diazepam revelou
que apesar do efeito sedativo desse fármaco em humanos ser bem conhecido, ele reduz
B
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 53
a atividade locomotora com potência relativamente menor em camundongos.
Adicionalmente, como ainda observado na Tabela 5, todas as soluções utilizadas,
causaram redução da locomoção dos animais em relação ao tempo controle (testes
realizados antes da administração das soluções). A redução significativa do número de
quadrados percorridos em relação ao tempo controle (0 h) foi observada após
administração da solução controle em 2 h, e das soluções de L. ericoides e
L. trichocarpha em ambas doses avaliadas nos tempos 1, 2 e 4 h após administração,
sendo que este efeito para os animais que receberam L. ericoides (0,75 g/kg) e
L. trichocarpha (1,50 g/kg) foi apresentado até o tempo de 24 h (Tabela 5). Essa
redução da atividade locomotora para todos os grupos (incluindo o controle) se dá pois,
em testes repetidos os animais são habituados ao campo aberto tendendo à redução da
locomoção até atingir a estabilidade (CHOLERIS et al., 2001). Para demonstrar que
essa redução não foi causada pela solução controle, foi realizado o mesmo experimento
em animais que receberam água por via oral e o mesmo comportamento foi observado
(Tabela 5). O extrato com maior capacidade em produzir esse efeito sedativo avaliado
pelo método de campo aberto foi o da espécie L. trichocarpha.
Os resultados para o extrato de L. ericoides estão em acordo com CERQUEIRA
et al. (1987), que demonstraram redução do número de quadrados percorridos no
método de campo aberto causada pela administração do extrato hidroalcoólico dessa
espécie.
O número de vezes que o animal levanta-se em 5 min também foi avaliado no
campo aberto, o que reflete a capacidade exploratória dos animais. Os dados
apresentados na Figura 13 e na Tabela 6 mostram que o extrato de L. trichocarpha na
dose 0,75 g/kg no tempo 2 h (61,9%) e na dose 1,50 g/kg nos tempos 1 (87,5%), 2
(81,0%) e 4 h (67,9%) após administração, causaram inibição significativa da
capacidade exploratória dos animais. A inibição ocorrida em decorrência da
administração oral do extrato de L. trichocarpha (1,50 g/kg) foi similar à causada pelo
diazepam, o qual para esse parâmetro avaliado, causou redução significativa em relação
ao grupo controle em 1 (87,5%), 2 (95,2%) e 4 h (85,7%) após sua administração. A
redução significativa do número de vezes que o animal levanta em relação ao tempo
controle foi observada após administração das soluções dos extratos de L. ericoides
(0,75 g/kg) e L. trichocarpha (1,50 g/kg) e do diazepam em todos os tempos avaliados.
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 54
A redução em relação ao tempo controle para os grupos que receberam os extratos de
L. ericoides (1,50 g/kg) e L. trichocarpha (0,75 g/kg) foi significativa nos tempos 1 h e
1 e 2 h após a administração, respectivamente (Tabela 6).
O método do campo aberto é utilizado por muitos autores para medir
comportamento emocional (GRAY, 1979), tal como atividades exploratória e
locomotora dos animais (ARCHER & BLACKMAN, 1971). A movimentação dos
animais no campo aberto é sujeito a várias interpretações, sendo a principal a que reflete
curiosidade ou alternativamente, uma tentativa de escape (ARCHER, 1973). Uma
diminuição do número de quadrados percorridos e do número de vezes que o animal
levanta revela um comportamento sedativo, que também é aceito como um parâmetro
para avaliação das condições de ansiedade dos animais (RODRÍGUEZ et al., 1984).
Segundo OZTURK et al. (1996) uma diminuição da locomoção espontânea é indicativa
de excitabilidade reduzida com origem no SNC levando à sedação.
Os extratos de L. ericoides e L. trichocarpha nas duas doses avaliadas e em
todos os tempos de análise não causaram alteração significativa da coordenação motora
e tônus muscular dos animais, avaliados nos métodos da haste girante (Figura 14 e
Tabela 7) e tração (Figura 15 e Tabela 8), respectivamente. O diazepam também usado
como droga padrão por sua propriedade miorrelaxante, induziu à redução da
coordenação motora dos animais nos tempos 1 e 2 h e redução do tônus muscular nos
tempos 1, 2, 4 e 24 h, evidenciado nos métodos de haste girante e de tração.
O extrato de L. ericoides apresentou um efeito antinociceptivo ao estímulo
químico (ácido acético) e térmico (placa quente). Esse efeito na presença desses dois
estímulos é característico de analgésicos centrais tal como a morfina, que inibem a dor
inflamatória e não-inflamatória (SILVESTRINI & PICCINELLI, 1969). Diante disso,
supõe-se que o extrato de L. ericoides tenha propriedades morfinomiméticas, que pode
explicar seu efeito depressor sobre o SNC observado nesse estudo.
O mecanismo pelo qual os extratos de L. ericoides e L. trichocarpha exercem
atividade sobre o SNC e os compostos presentes nessas espécies de Lychnophora
responsáveis por essa atividade ainda é desconhecido. Sabe-se que a quercetina tal
como outros flavonóides têm uma grande variedade de atividades biológicas
(MIKSICEK et al., 1993; MIDDLETON & KANDASWAMI, 1994; HARBORNE &
WILLIAMS, 2000) com ações neurofarmacológicas tais como analgesia, efeitos na
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 55
motilidade e sono (SPERONI & MINGHETTI, 1988; PICQ et al., 1991). Além disso,
em estudos anteriores a quercetina apresentou atividade na modulação do metabolismo
oxidativo neuronal (OYAMA et al., 1994) e efeitos proconvulsante, anticonvulsante,
sedativo e ansiolítico (MARDER et al., 1995; MEDINA et al., 1998; GRIEBEL et al.,
1999). A interação da quercetina com os canais iônicos do receptor de serotonina do
tipo 3 (5-HT3), presente no sistema nervoso central e periférico foi relatada
(GOUTMAN et al., 2003; LEE et al., 2005).
Os resultados da avaliação de atividades sobre o SNC sugerem a atividade
sedativa dos extratos de L. ericoides e L. trichocarpha, embora o tenham causado
perda de coordenação motora e redução do tônus muscular dos animais. Estudos
farmacológicos e químicos devem ser realizados para caracterizar o mecanismo
responsável por essa atividade sedativa e para identificar os princípios ativos
responsáveis por tal atividade, seja para o seu uso terapêutico ou para fins de
determinação da toxicidade. A análise da atividade sobre o SNC deve ser estendida para
outras doses e espécies de Lychnophora para fornecer conhecimento seguro visando o
uso racional dessas espécies pela população.
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 56
Figura 11: Camundongo no campo aberto (A), haste girante (B) e aparelho de tração
(C).
A
C
B
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 57
0 1 2 4 24
25
50
75
100
125
150
Controle
Diaze pam 10 mg/kg
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
*
*
Tempo (h)
mero de quadrados
percorridos em 5 min
0 1 2 4 24
25
50
75
100
125
150
Controle
Diaze pam 10 mg/kg
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocarpha 1,50 g/kg
* *
*
*
*
Tempo (h)
mero de quadrados
percorridos em 5 min
Figura 12: Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre o número de quadrados percorridos pelos animais em 5 min
analisado antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das soluções. Os valores representam
a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste
Dunnett).
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 58
0 1 2 4 24
10
20
30
40
50
Controle
Diazepam 10 mg/kg
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
*
*
*
Tempo (h)
Número de vezes
que o animal levanta
0 1 2 4 24
10
20
30
40
Controle
Diazepam 10 mg/kg
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocarpha 1,50 g/kg
**
*
*
*
*
*
Tempo (h)
Número de vezes
que o animal levanta
Figura 13: Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre o número de vezes que o animal levanta em 5 min analisado
antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das soluções. Os valores representam a média +
e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett).
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 59
Tabela 5: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre o
número de quadrados percorridos pelos animais em 5 min no método do campo aberto
Tempo (h)
Tratamento 0 1 2 4 24
Controle 123 ± 7,5 105 ± 10,3 83 ± 11,2
+
98 ± 11,4 105 ± 9,0
Água 110 ± 4,1 99 ± 12,4 90 ± 9,4 104 ± 16,8 100 ± 12,0
Diazepam 10 mg/kg 137 ± 7,8 91 ± 12,0
+
35 ± 8,7*
+
65 ± 16,1
+
124 ± 12,1
L. ericoides 0,75 g/kg 122 ± 6,2 73 ± 12,8
+
59 ± 9,0
+
66 ± 9,2
+
71 ± 8,4
+
L. ericoides 1,50 g/kg 129 ± 8,5 52 ± 14,7*
+
62 ± 14,6
+
71 ± 15,5
+
101 ± 13,0
L. trichocarpha 0,75 g/kg
121 ± 4,9 76 ± 15,9
+
45 ± 7,6*
+
68 ± 8,5
+
94 ± 9,2
L. trichocarpha 1,50 g/kg
107 ± 2,6 33 ± 6,6*
+
32 ± 8,4*
+
46 ± 7,6*
+
80 ± 8,5
+
Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
+
P0,05 comparado ao tempo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
Tabela 6: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre o
número de vezes que o animal levanta em 5 min no método do campo aberto
Tempo (h)
Tratamento 0 1 2 4 24
Controle 31 ± 2,9 24 ± 3,8 21 ± 3,6 28 ± 4,3 33 ± 4,2
Água 22 ± 3,2 23 ± 4,7 21 ± 3,9 26 ± 5,7 26 ± 4,0
Diazepam 10 mg/kg 35 ± 4,4 3 ± 1,1*
+
1 ± 0,6*
+
4 ± 1,7*
+
21 ± 2,6
+
L. ericoides 0,75 g/kg 33 ± 2,2 14 ± 3,5
+
10 ± 2,6
+
17 ± 2,7
+
18 ± 2,4
+
L. ericoides 1,50 g/kg 35 ± 4,6 11 ± 5,8
+
16 ± 6,0 18 ± 6,0 33 ± 6,1
L. trichocarpha 0,75 g/kg
27 ± 3,7 13 ± 3,7
+
8 ± 2,3*
+
17 ± 3,9 24 ± 3,9
L. trichocarpha 1,50 g/kg
33 ± 3,5 3 ± 1,2*
+
4 ± 1,6*
+
9 ± 2,6*
+
24 ± 3,6
+
Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
+
P0,05 comparado ao tempo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 60
0 1 2 4 24
20
30
40
50
60
Controle
Diazepam 10 mg/kg
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
*
*
Tempo (h)
Tempo de permanência do
animal na haste girante (s)
0 1 2 4 24
20
30
40
50
60
Controle
Diazepam 10 mg/kg
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocarpha 1,50 g/kg
*
*
Tempo (h)
Tempo de permanência do
animal na haste girante (s)
Figura 14:
Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre o tempo de permanência do animal na haste girante antes, 1,
2, 4 e 24 h após administração das soluções. Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (teste Dunnet).
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 61
0 1 2 4 24
0
25
50
75
100
Controle
Diazepam 10 mg/kg
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
*
*
*
*
Tempo (h)
Porcentagem de animais que
falharam no teste de tração
0 1 2 4 24
0
25
50
75
100
Controle
Diazepam 10 mg/kg
L. trichocarpha 0,75 g/kg
L. trichocarpha 1,50 g/kg
*
*
*
*
Tempo (h)
Porcentagem de animais que
falharam no teste de tração
Figura 15: Efeito dos extratos etanólicos das espécies L. ericoides (A) e
L. trichocarpha (B) sobre a força muscular dos animais avaliada no método de tração
antes, 1, 2, 4 e 24 h após administração das soluções. Os valores representam a média +
e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo controle (teste Fisher).
Avaliação da atividade sobre o Sistema Nervoso Central
Luciana Souza Guzzo 62
Tabela 7: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre o
tempo de permanência do animal na haste girante.
Tempo (h)
Tratamento 0 1 2 4 24
Controle 60 ± 0,0 60 ± 0,0 60 ± 0,0 58 ± 2,3 59 ± 0,5
Água 60 ± 0,0 60 ± 0,0 60 ± 0,0 60 ± 0,0 60 ± 0,0
Diazepam 10 mg/kg 60 ± 0,0 27 ± 5,5* 45 ±4,9* 56 ± 3,1 60 ± 0,0
L. ericoides 0,75 g/kg 60 ± 0,0 58 ± 1,8 59 ± 0,8 57 ± 2,1 59 ± 0,8
L. ericoides 1,50 g/kg 60 ±0,0 57 ±1,7 59 ± 1,2 60 ± 0,0 59 ± 1,3
L. trichocarpha 0,75 g/kg 60 ± 0,0 60 ± 0,5 60 ± 0,0 59 ± 0,8 58 ± 1,9
L. trichocarpha 1,50 g/kg 60 ± 0,0 60 ± 0,0 60 ± 0,4 59 ± 1,0 57 ± 2,7
Os valores representam a média + e.p.m.
*P0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
Tabela 8: Efeito dos extratos etanólicos de L. ericoides e L. trichocarpha sobre a força
muscular dos animais no método de tração.
Tempo (h)
Tratamento 0 1 2 4 24
Controle 0 0 0 14,3 7,1
Água 0 0 0 0 10
Diazepam 10 mg/kg 0 100* 91,7* 83,3* 41,7
L. ericoides 0,75 g/kg 0 0 7,1 0 7,1
L. ericoides 1,50 g/kg 0 0 22,2 11,1 5,6
L. trichocarpha 0,75 g/kg 0 5,6 11,1 16,7 11,1
L. trichocarpha 1,50 g/kg 0 6,3 25 25 12,5
Dados apresentados como porcentagem de animais que falharam no teste. *P0,05
comparado ao grupo controle (teste Fisher).
Luciana Souza Guzzo
7. AVALIAÇÃO
DA ATIVIDADE
CARDIOVASCULAR
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 64
7.1. METODOLOGIA
7.1.1. CONFECÇÃO DE CATETERES PARA IMPLANTAÇÃO
INTRAVASCULAR
Os cateteres foram preparados utilizando-se 15 cm de tubo de polietileno PE50 e
4,5 cm de tubo de polietileno PE10, soldados sob a ação do calor, utilizando-se um fio
de aço para impedir a oclusão da luz. Os cateteres foram preenchidos com solução
salina (NaCl 0,9%) heparinizada (10 U/ml) e ocluídos por pinos metálicos na
extremidade PE50 antes de sua implantação.
7.1.2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
Os animais foram anestesiados pelo pentobarbital sódico (70 mg/kg) por via i.p.
Após a anestesia ter alcançado a profundidade adequada os animais foram
traqueostomizados, utilizando-se uma cânula de polietileno, para permitir respiração
espontânea adequada e em seguida, tiveram os cateteres intravenoso e intra-arterial
implantados. A implantação dos cateteres intravasculares foi feita da seguinte forma:
após tricotomia, assepsia e incisão na região inguinal, o feixe sculo-nervoso foi,
então, localizado, exposto e, em seguida, a artéria e a veia femorais foram isoladas por
um fio duplo de algodão. Na parte proximal a artéria foi ocluída e após pequena incisão,
a extremidade PE10 do cateter foi introduzida na artéria, ficando localizada na aorta
abdominal, abaixo das artérias renais. O mesmo procedimento foi realizado para
canulação da veia femoral, entretanto a oclusão não se fez necessária. Após introdução a
extremidade da porção PE10 do cateter ficava localizada na veia cava inferior.
7.1.3. OBTENÇÃO DOS SINAIS DE ELETROCARDIOGRAMA E
PRESSÃO ARTERIAL
O sinal do eletrocardiograma (ECG) foi obtido utilizando agulhas hipodérmicas
de aço inoxidável como sensores. As agulhas foram inseridas no tecido subcutâneo do
membro superior direito e inferior esquerdo, com o objetivo de mensurar a diferença de
potencial relativa à derivação DII.
O registro da PA foi realizado utilizando um transdutor de pressão modelo
P23XL (Spectramed, EUA). Esse transdutor foi conectado ao cateter introduzido na
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 65
artéria femoral do animal. Os sensores de ECG e o transdutor de pressão arterial foram,
então, conectados a um sistema condicionador de sinais (desenvolvidos no
Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais).
Os sinais obtidos desse sistema foram amostrados em tempo real a uma freqüência de
1200 Hz por uma placa conversora analógico-digital Windaq Board (modelo DI 200
USA).
Figura 16: Sistema de Aquisição de ECG e PA 1) Visão geral do sistema; 2) Visão de
um animal com os eletrodos inseridos no tecido subcutâneo, indicados pela seta; 3)
Registro de ECG e PA obtidos a partir do animal em experimentação.
7.1.4. PROTOCOLO EXPERIMENTAL
Os animais foram previamente tratados com extrato etanólico de L. ericoides,
nas doses 0,75 ou 1,50 g/kg ou veículo constituído de Capryol, água destilada e 0,5% de
CMC. Todas as soluções foram administradas por via oral e após 30 min os animais
foram anestesiados e submetidos ao procedimento cirúrgico.
Os animais foram conectados ao sistema e deixados por 5 min para estabilização
antes do início do experimento. Os parâmetros cardiovasculares foram registrados por
1
2
3
1
2
3
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 66
30 min, de 90 a 120 min após administração das soluções. Foram obtidos registros de
30 s, a cada 5 min (Figura 17).
Figura 17: Esquema do protocolo experimental de avaliação da atividade
cardiovascular.
7.1.5. ANÁLISE DOS REGISTROS
Os experimentos foram inicialmente analisados por inspeção visual do registro
com auxílio do software Win/Daq, utilizando-se diversos fatores de compressão para os
sinais. Posteriormente foram selecionados segmentos em janelas de 120 s a partir dos
registros de 30 s feitos a cada 5 min permitindo a análise de um número variado de
ciclos cardíacos completos, dependendo da FC do animal.
Os registros armazenados foram analisados off-line e incluíram medidas do
intervalo RR (intervalo entre duas ondas R) extraídos do traçado do ECG, PAS e PAD
obtidas a partir do sinal de PA (Figura 18).
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 67
Figura 18: Traçado do ECG e PA de um rato Wistar apresentando os parâmetros
analisados (RR, PAS e PAD).
7.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Embora a cardiotoxicidade possa ser caracterizada pela presença de um ou mais
fatores tais como hipertensão arterial, cardiomiopatia, bradiarritmia, além do
prolongamento do intervalo QT do ECG (YOUSSEF & LINKS, 2005), no presente
estudo foram avaliados apenas os níveis pressóricos e FC, uma vez que hipertensão
arterial é o fator de risco mais prevalente e que mais contribui para o desenvolvimento
das doenças cardiovasculares (KANNEL, 1996).
A avaliação dos parâmetros cardiovasculares mostrou que o extrato de
L. ericoides na dose 1,50 g/kg induziu à hipertensão em todo os tempos avaliados e
apresentou efeito cronotrópico positivo de 95 a 120 min após a administração oral.
Esses efeitos foram evidenciados pelo aumento da PAS, PAD e da FC (Figura 19 e
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 68
Tabela 9) dos animais, o que o ocorreu com os animais que receberam o extrato de
L. ericoides na dose 0,75 g/kg e solução controle.
A espécie L. ericoides contém flavonóides como constituintes (BORELLA et al.,
1998), os quais apresentam efeitos antioxidante (RICE-EVANS & PACKER, 1998),
antiagregante plaquetário (GRYGLEWSKI et al., 1987), vasodiltador (DUARTE et al.,
1993a; b) e hipotensor (DUARTE et al., 2001), efeitos esses que indicam proteção
cardiovascular. No entanto, tais efeitos contrapõem os efeitos observados após a
administração oral do extrato de L. ericoides na maior dose avaliada, o que pressupõe
que os flavonóides não estejam envolvidos em tal efeito.
Pode ser sugerido que a espécie L. ericoides, a qual apresentou atividade
analgésica no presente estudo e que teve a atividade antiinflamatória de seus
constituintes demonstrada (RÜNGELER et al., 1999) tenha atividade cardiovascular
semelhante aos AINEs, os quais podem induzir à elevação da PA ou mesmo interferir
na eficácia dos anti-hipertensivos (JOHNSON et al., 1994; ARMSTRONG &
MALONE, 2003). O principal mecanismo atribuído a esse efeito dos AINEs é a
inibição da síntese de PGs, o que leva à retenção de sódio, embora essa não seja a única
explicação para tal interação (PLAVINIK, 2002). As PGs intensificam a vasodilatação e
atenuam os efeitos vasoconstritores, portanto, alguns AINEs, podem interferir no tônus
dependente das PGs nos leitos vasculares renal e extra-renal que medeiam a ação anti-
hipertensiva de alguns fármacos (ARMSTRONG
&
MALONE, 2003; FORTES
&
NIGRO, 2005).
O presente estudo é de grande relevância, pois demonstra pela primeira vez a
atividade cardiovascular in vivo da administração oral do extrato de uma espécie de
Lychnophora. Os resultados mostram claramente que o uso de extrato de L. ericoides
em doses maiores pode contribuir para o desenvolvimento de um quadro de hipertensão
arterial, agravar um quadro de hipertensão já instalado ou ainda pode se supor que o seu
uso pode levar à ineficácia de um tratamento hipertensivo.
Estudos posteriores devem ser realizados para avaliação de outros parâmetros
cardiovasculares tal como a análise do ECG e estudos in vitro, sendo necessário
também que esses estudos sejam realizados em outras doses e a longo prazo, para
investigar outros possíveis efeitos cardiotóxicos e demonstrar os mecanismos
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 69
envolvidos na ação hipertensiva e cronotrópica positiva do extrato de L. ericoides.
Estudos adicionais também são necessários para isolamento e caracterização dos
constituintes químicos responsáveis por tais atividades. Além disso, considerando que
outras espécies de Lychnophora também são usadas pela população é de grande
importância a avaliação da atividade cardiovascular para outras espécies para fornecer
conhecimento seguro visando o uso racional das Lychnophoras pela população.
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 70
90 95 100 105 110 115 120
90
100
110
120
130
140
150
160
170
Controle
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
*
A
*
*
*
*
*
*
Tempo as a administração (min)
PAS (mmHg)
90 95 100 105 110 115 120
50
60
70
80
90
100
110
Controle
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
B
* *
*
*
* *
*
Tempo após a administração (min)
PAD (mmHg)
90 95 100 105 110 115 120
275
300
325
350
375
400
425
Controle
L. ericoides 0,75 g/kg
L. ericoides 1,50 g/kg
C
*
*
* *
*
*
Tempo as a administração (min)
FC (bpm)
Figura 19: Efeito do extrato etanólico de L. ericoides sobre a PAS (A), PAD (B) e FC
(C) dos animais. Os valores representam a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo
controle (ANOVA seguido de teste Dunnett)
Avaliação da atividade cardiovascular
Luciana Souza Guzzo 71
Tabela 9: Valores de pressão arterial e freqüência cardíaca avaliados, em
intervalos de 5 min de 90 à 120 min após administração por via oral do extrato de
L. ericoides em ratos Wistar.
Tratamento
Parâmetros Tempo
(min)
Controle L. ericoides
0,75 g/kg
L. ericoides
1,50 g/kg
0
115 ± 6,8 113 ± 7,9 147 ± 4,8*
5
112 ± 6,8 111 ± 6,3 145 ± 4,4*
PAS (mmHg)
10
116 ± 7,8 114 ± 6,3 148 ± 6,1*
15
117 ± 7,2 114 ± 6,5 148 ± 4,2*
20
111 ± 7,4 111 ± 8,0 148 ± 4,7*
25
112 ± 7,4 113 ± 9,3 146 ± 3,6*
30
113 ± 8,1 113 ± 8,8 148 ± 3,3*
0
77 ± 4,9 71 ± 6,7 98 ± 4,7*
PAD (mmHg)
5
78 ± 5,8 70 ± 5,5 98 ± 4,5*
10
78 ± 6,3 72 ± 5,3 96 ± 4,3*
15
77 ± 5,9 72 ± 6,1 100 ± 3,9*
20
74 ± 5,2 69 ± 6,3 98 ± 4,7*
25
74 ± 6,0 72 ± 7,9 99 ± 3,5*
30
74 ± 6,4 72 ± 7,3 98 ± 3,2*
0
341 ± 11,3 341 ± 13,4 380 ± 8,0
FC (bpm)
5
336 ± 10,8 334 ± 9,0 383 ±6,7*
10
334 ± 9,8 331 ± 8,5 382 ±6,9*
15
327 ± 8,8 328 ± 8,5 383 ± 7,2*
20
323 ± 9,1 323 ± 9,1 384 ± 7,0*
25
317 ± 10,3 318 ± 10,8 386 ± 6,6*
30
312 ± 10,8 320 ± 13,2 385 ± 6,9*
Os valores representam a média + e.p.m. *P0,05 comparado ao grupo controle
(ANOVA seguido de teste Dunnett)
Luciana Souza Guzzo
8. DISCUSSÃO
GERAL
Discussão Geral
Luciana Souza Guzzo 73
DISCUSSÃO GERAL
O presente trabalho demonstrou comparativamente a atividade antinociceptiva,
por via oral, e antiinflamatória, por via tópica, de extratos etanólicos brutos de espécies
de Lychnophora. As espécies cujas atividades foram demonstradas podem futuramente,
após passarem por estudos adicionais preconizados pelo Ministério da Saúde (BRASIL,
2000), serem registradas como fitoterápicos, ampliando o arsenal terapêutico no
tratamento da dor e inflamação.
O objetivo primordial do uso de fitoterápicos na medicina humana não é
substituir medicamentos comercializados e registrados, mas sim aumentar a opção
terapêutica dos profissionais de saúde, ofertando medicamentos equivalentes também
registrados, talvez mais baratos, com espectros de ação mais adequados ou com
indicações terapêuticas complementares às medicações existentes, mas sempre em
estrita obediência aos preceitos éticos que regem o emprego de xenobióticos na espécie
humana. Objetivos secundários, mas não menos importantes, são a valorização das
tradições populares e o fornecimento de substrato autóctone para o desenvolvimento da
indústria farmacêutica local. A descoberta de fontes naturais que substituam compostos
químicos usualmente importados, aliada ao desenvolvimento de fitoterápicos de
fabricação nacional, pode ter conseqüências sócio-econômicas significativas, além de
aumentar a autonomia regional para a criação e gerenciamento de políticas de saúde
(LAPA et al., 2004).
No presente trabalho, seguindo uma abordagem etnofarmacológica, a avaliação
pré-clínica dos extratos brutos das espécies de Lychnophora foi baseada no uso popular
dessas plantas como analgésico e antiinflamatório. Ainda dentro do estudo
farmacológico pré-clínico de uma planta está a avaliação de seus efeitos adversos em
ensaios toxicológicos in vivo. É nesse contexto, que o presente estudo, teve como
objetivo, além de determinar as atividades terapêuticas, a saber, atividades
antinociceptiva e antiinflamatória de extratos etanólicos de seis espécies de
Lychnophora, avaliar a atividade sobre o SNC dos extratos de duas dessas espécies,
L. ericoides escolhida por ser a mais utilizada pela população e L. trichocarpha por ter
apresentado efeito antinociceptivo e antiinflamatório no presente estudo e a avaliação da
atividade cardiovascular da espécie L. ericoides.
Discussão Geral
Luciana Souza Guzzo 74
A atividade sedativa das duas espécies avaliadas foi demonstrada no método do
campo aberto e as atividades hipertensiva e cronotrópica positiva foi detectada para a
maior dose de L. ericoides avaliada. Esses efeitos adversos agudos devem ser
considerados e avaliados mais detalhadamente em outros métodos e in vitro, além de
suas determinações a longo prazo (crônica), para que seja determinada a segurança
terapêutica do extrato dessas espécies de Lychnophora, indicando assim o grau de
confiança a ser depositado nelas. Estudos em outros modelos animais também devem
ser realizados, uma vez que, segundo a Food and Drug Administration, a toxicidade
aguda deve ser avaliada pelo menos em duas espécies de animais experimentais (FDA,
2007). Além disso, o efeito sedativo apresentado pelas espécies L. ericoides e
L. trichocarpha deve ser considerado como também um possível efeito terapêutico
dessas espécies.
Embora o Tween 80 e o DMSO sejam amplamente utilizados na dissolução de
substâncias hidrofóbicas em experimentos toxicológicos e farmacológicos, no presente
estudo, esses solventes foram utilizados nos experimentos de avaliação das atividades
antinociceptiva e antiinflamatória. Por seus efeitos cardiovasculares e sobre o SNC não
foram utilizados nos demais experimentos. VARMA et al. (1985) demonstraram que o
Tween 80 apresenta atividade depressora sobre o SNC em ratos e camundongos em
doses superiores a 1 ml/kg e atividade hipotensora por via i.v. em cães. Atividade
cardiovascular (BAZIL et al., 1993; KRAMER et al., 1995) e neurotoxicidade sistêmica
(CAVALLETI et al., 2000) também foram descritas para o DMSO em experimentos in
vivo. Embora essas atividades relatadas tenham sido conseqüências da administração
crônica do DMSO ou da administração do Tween 80 por via oral ou i.p. em doses altas
ou ainda por via i.v., condições essas diferentes das utilizadas no presente trabalho, foi
utilizado o monoglicerídeo Capryol, ou seja, propilenoglicol monocaprilato, um
excipiente inerte usado para solubilizar formulações líquidas.
Outro aspecto importante foi observado durante a avaliação da atividade
cardiovascular. Embora, a administração oral do extrato etanólico de L. ericoides em
ratos tenha sido realizada com intuito de observar os parâmetros cardiovasculares, pôde
ser observado que 40% animais que receberam L. ericoides (0,75 g/kg) e 83% dos
animais que receberam L. ericoides (1,50 g/kg) apresentaram diarréia durante o
experimento o que não foi observado para os animais que receberam solução controle.
Discussão Geral
Luciana Souza Guzzo 75
A avaliação desse efeito do extrato de L. ericoides tal como de seu efeito cardiovascular
e de seu efeito sedativo apresentado também pela espécie L. trichocarpha deve ser
posteriormente estendido às outras doses e espécies de Lychnophora para fornecer
conhecimento seguro visando o uso racional dessas espécies pela população.
O presente estudo é relevante, pois demonstrou pela primeira vez, as atividades
antinociceptiva e antiinflamatória comparativa de seis escies de Lychnophora nativas
do Brasil, demonstrando que nem todas as espécies avaliadas apresentam tais
atividades, sendo importante, então, o conhecimento das características morfológicas e
propriedades farmacológicas dessas espécies para correta identificação e uso
direcionado pela população, diminuindo assim, o seu uso indiscriminado o que pode
ajudar a evitar a extinção dessas espécies.
Para melhor esclarecimento das atividades antinociceptiva, antiinflamatória,
sedativa e cardiovascular dos extratos de Lychnophoras, estudos farmacológicos e
químicos devem ser realizados para caracterizar os mecanismos e identificar os
princípios ativos responsáveis por tais atividades. Esses princípios ativos se
identificados e tendo suas propriedades farmacológicas comprovadas podem, tal como o
extrato bruto das espécies de Lychnophora, ampliar o arsenal terapêutico no tratamento
da dor e inflamação. Esses conhecimentos são importantes para a promoção do uso
racional das Lychnophoras pela população.
Luciana Souza Guzzo
9. CONCLUSÕES
Conclusões
Luciana Souza Guzzo 77
CONCLUSÕES
Os extratos etanólicos das espécies L. pinaster na dose 0,75 g/kg e de
L. ericoides na dose 1,50 g/kg, administrados por via oral, apresentaram efeito
antinociceptivo agudo no método da placa quente, evidenciado pelo aumento no tempo
reação do animal para lamber as patas.
Os extratos etanólicos das espécies L. passerina, L. candelabrum e L. pinaster
na dose 0,75 g/kg e de L. ericoides e L. trichocarpha em ambas as doses avaliadas (0,75
e 1,50 g/kg) administrados por via oral, apresentaram efeito antinociceptivo agudo no
método de contorções induzidas pelo ácido acético, evidenciado pela redução do
número de contorções dos animais.
O paquímetro mostrou-se tão efetivo quanto o pletismômetro na mensuração do
edema de pata induzido pela carragenina 1% em camundongos
A administração tópica das pomadas de L. pinaster e L. trichocarpha em ambas
concentrações avaliadas (5 e 10%) e de L. passerina e L. candelabrum 10% reduziram
significativamente o edema de pata mensurado 3 h após a administração de carragenina
0,1%, evidenciando atividade antiinflamatória desses extratos.
Os extratos etanólicos de L. ericoides (1,50 g/kg) em 1 h, de L. trichocarpha na
dose 0,75 g/kg em 2 h e na dose 1,50 g/kg nos tempos 1, 2 e 4 h após a administração
oral, causaram inibição da atividade locomotora dos animais em relação ao grupo
controle, evidenciada pela redução significativa do número de quadrados percorridos
pelos animais em 5 min no método do campo aberto.
Os extratos etanólicos de L. ericoides (0,75 g/kg) em 24 h, de L. trichocarpha na
dose 0,75 g/kg em 2 h e na dose 1,50 g/kg nos tempos 1, 2 e 4 h após a administração
oral, causaram redução da capacidade exploratória dos animais em relação ao grupo
controle, evidenciada pela redução significativa do número de vezes que o animal
levanta em 5 min no método do campo aberto.
Conclusões
Luciana Souza Guzzo 78
A redução da capacidade exploratória tal como da locomoção espontânea dos
animais provocada pela administração oral dos extratos de L. ericoides e de
L. trichocarpha são indicativas de atividade sedativa desses extratos.
Os extratos de L. ericoides e L. trichocarpha em ambas doses avaliadas (0,75 e
1,50 g/kg) e em todos os tempos avaliados não causaram alteração significativa da
coordenação motora e do tônus muscular dos animais, avaliados nos métodos da haste
girante e tração, respectivamente.
A avaliação dos parâmetros cardiovasculares revelaram que o extrato de
L. ericoides na dose 1,50 g/kg, administrado por via oral, apresentou efeito hipertensivo
e cronotrópico positivo agudo em ratos normotensos.
Luciana Souza Guzzo
10. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABIFITO – Associação Brasileira de Indústrias de Fitoterápicos, 2001. Perspectivas do
setor de fitoterápicos. In: IBAMA/CENARGEN. Reunião Técnica sobre recursos
genéticos de plantas medicinais e aromáticas – Estratégias para conservação e manejo
sustentável, 1. Relatório (não publicado), Brasília.
AHMAD, M.M., QURESHI, S., SHAH, A., QAZI, N.S., RAO, R.M., ALBAKIRI, M.,
1983. Anti-inflammatory activity of Caralluma tuberculata alcoholic extract.
Fitoterapia 46, 357–360.
AHMADIANI, A., FEREIDONI, M., SEMNANIAN, S., KAMALINEJAD, M.,
SAREMI, S., 1998. Antinociceptive and anti-inflammatory effects of Sambucus ebulus
rhizome extract in rats. Journal of Ethnopharmacology 61, 229–235.
AIRES, M.M., 1999. Fisiologia. 2ª ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, v. 1, 934 p.
ALCÂNTARA, A.F.C., SILVEIRA, D., CHIARI, E., OLIVEIRA, A.B.,
GUIMARÃES, J.E., RASLAN, D.S., 2005. Comparative analysis of the trypanocidal
activity and chemical properties of E-lychnophoric acid and its derivatives using
theoretical calculations. Eclética Química 30 (3), 37–45.
ANDRADE, M.P., 2005. Aspectos atuais do uso da dipirona no tratamento da dor. Rev.
Prática Hospitalar 40, 111–118.
ANDRADE, S.F., CARDOSO, L.G.V, CARVALHO, J.C.T., BASTOS, J.K., 2007.
Anti-inflammatory and antinociceptive activities of extract, fractions and populnoic acid
from bark wood of Austroplenckia populnea. Journal of Ethnopharmacology 109, 464–
471.
ANDRIKOPOULOS, N.K., KALIORA, A.C., ASSIMOPOLOU, N.A.,
PAPAPEORGIOU, V.P., 2003. Biological activity of some naturally occurring resins,
gums and pigments against in vitro LDL oxidation. Phytotherapy Research 7, 501–507.
ARAGÃO, V., 2003. Sobre a síntese de furanoeliangolidos pela reação de Diels-Alder.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade de
São Paulo, Ribeirão Preto, 159 p.
ARCHER, J., 1973. Test for emotionality in rats and mice: a review. Anim. Behav. 21,
205–235.
ARCHER, J.E., BLACKMAN, D.E., 1971. Prenatal psychological stress and off spring
behaviour in rats and mice. Dev. Psychobiol. 4, 193–248.
ARMSTRONG, E.P., MALONE, D.C., 2003. The impact of nonsteroidal anti-
inflammatory drugs on blood pressure, with an emphasis on newer agents. Clin. Ther.
25(1), 1–18.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 81
AUTHIER, N., DUPUIS, E., KWASIBORSKI, A., ESCHALIER A., COUDORÉ, F.,
2002. Behavioural assessment of dimethylsulfoxide neurotoxicity in rats. Toxicology
Letters 132, 117–121.
AZEVEDO, A.O., 2004. Caracterização farmacológica dos efeitos antinociceptivo e
antiinflamatório do extrato hidroalcólico bruto e fracionado de Lychnophora pinaster
(Arnica Mineira). Biomonitoramento farmacológico da triagem fitoquímica. Dissertação
de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Fisiologia e Farmacologia –
Universidade Federal de Minas Gerais, 113 p.
BASTOS, J.K., CARVALHO, J.C.T., SOUZA, G.H.B., PEDRAZZI, A.H.B., SARTI,
S.J., 2001. Anti-inflammatory activity of cubebin, a lignan from the leaves of
Zanthoxyllum naranjillo Griseb. Journal of Ethnopharmacology 75, 279–282.
BAZIL, M.K., KRULAN, C., WEBB, R.L., 1993. Telemetric monitoring of
cardiovascular parameters in conscious spontaneously hypertensive rats. J. Cardiovasc.
Pharmac. 76(5), 2186–2190.
BERMUDEZ, J.A.Z., 1995. Indústria farmacêutica, estado e sociedade. Hucitec, São
Paulo, 204 p.
BERNE, R.M., LEVY, N.L., KOEPPEN, B.M., STANTON, B.A., 2004. Physiology.
ed., Elsevier, Rio de Janeiro, 1074 p.
BESSON, J-M., CHAOUCH, A., 1987. Peripheral and spinal mechanisms of
nocicepcoion. Phisiol. Rev. 67, 67186.
BOHLIN, L., 1995. Structure-activity studies of natural products with antiinflammatory
effects. In: K. Hostettmann (Ed.), Phytochemestry of Plants Used in Traditional e.
Clarendon Press, Oxford, pp. 137–161.
BORELLA, J.C., LOPES, J.L.C., LEITÃO FILHO, H.K., SEMIR, J., DIAZ, J.G.,
HERZ, W., 1992. Eudesmanolides and 15-deoxygoyasenzolide from Lychnophora
pseudovillosissima. Phytochemistry 55, 809–813.
BORELLA, J.C., LOPES, J.L.C., VICHNEWSKI, W., CUNHA, W.R., HERZ, W.,
1998. Sesquiterpene lactones, triterpenes and flavones from Lychnophora ericoides and
Lychnophora pseudovillosissima. Biochemical Systematics and Ecology 26, 671–676.
BORSATO, M.L., GRAEL, C.F., SOUZA, G.E., LOPES, N.P., 2000. Analgesic
activity of the lignans from Lychnophora ericoides. Phytochemistry 55, 809–813.
BRASIL, 1995. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria 6 de
31/01/1995. Diário Oficial da União, v. 200, Seção I, pp. 523–1524.
BRASIL, 1996. Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de
10/10/1996. Diário Oficial da União, v. 201, Seção I, pp. 21082–85.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 82
BRASIL, 2000. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 17 de 24/02/2000. Diário Oficial da União.
BRASIL, 2006a. Ministério da Saúde. Portaria 971
de 03/05/2006. Diário Oficial da
União, Seção I.
BRASIL, 2006b. Ministério da Saúde, Decreto 5.813 de 23/06/2006. Diário Oficial
da União, Seção I.
BRUNETON, J., 1995. Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants. Editora
Intercept Ltd, New York, pp. 499.
CALIXTO, J.B., BEIRITH, A., FERREIRA, J., SANTOS, A.R., CECHINEL FILHO,
V., YUNES, R.A., 2000. Naturally occurring antinociceptive substances from plants.
Phytotherapy Research 14, 401–418.
CALVO, M.I., 2006. Anti-inflammatory activity of the topical preparation of Verbena
officinalis L. Journal of Ethnopharmacology 107, 380–382.
CANALLE, R., BURIM, R.F., LOPES, J.L.C., TAKAHASHI, C.S., 2001. Assessment
of the cytotoxic and clastogenic activities of the sesquiterpene lactone lynchnopholide
in mammalian cells in vitro and in vivo. Cancer Detect Prev. 25(1), 93–101.
CARVALHO, J.C.T., SERTIÉ, J.A.A., BARBOSA, M.V.J., PATRÍCIO, K.C.M.,
CAPUTO, L.R.G., SARTI, S.J., FERREIRA, L.P. BASTOS, J.K., 1999. Anti-
inflammatory activity of the crude extract from the fruits of Pterodon emarginatus Vog.
Journal of Ethnopharmacology 64, 127–133.
CAVALETTI, G., OGGIONI, N., SALA, F., PEZZONI, G., CAVALLETTI, E.,
MARMIROLI, P., PETRUCCIOLI, M.G., FRATTOLA, L., TREDICI, G., 2000. Effect
on the peripheral nervous system of systemically administered dimethylsulfoxide in the
rat: a neurophysiological and pathological study. Toxicology Letters 118, 103–107.
CERQUEIRA, M.B.S., SOUZA, J.T., JÚNIOR, R.A., PEIXOTO, A.B.F., 1987. Ação
analgésica do extrato bruto aquoso liofilizado do caule e folhas da Lychnophora
ericoides Mart. (arnica). Ciência e Cultura 39 (5/6), 551–553.
CHIANG, H.C., LO, Y.J., LU, F.J., 1994. Xanthine oxidase inhibitions from leaves of
Alsophila spinulosa (Hook) Tryon. Journal of Enzyme Inhibitions 8, 61–71.
CHIARI, E., OLIVEIRA, A.B., RASLAN, D.S., MESQUITA, A.L., TAVARES, K.G.,
1991. Screening in vitro of natural products against blood forms of Trypanossoma cruzi.
Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg. 85, 372–374.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 83
CHIARI, E., DUARTE, D.S., RASLAN, D.S., SAÚDE, D.A., PERRY, K.S.P.,
BOAVENTURA, M.A.D., GRANDI, T.S.M., STEHMANN, J.R., ANJOS, A.M.G.,
OLIVEIRA, A.B., 1996. In vitro screening of Asteraceae plants species against
Trypanossoma cruzi. Phytotherapy Research 10, 636–638.
CHICARO, P., PINTO, E., COLEPICOLO, P., LOPES, J.C.L., LOPES, N.P., 2004.
Flavonoids from Lychnophora passerina (Asteraceae): potential antioxidants and UV
protectants. Biochemical Systematics and Ecology 32, 239–243.
CHOI, E-M., HWANG, J-K., 2003. Investigations of anti-inflammatory and
antinociceptive activities of Piper cubeba, Physalis angulata and Rosa hybrid. Journal
of Ethnopharmacology 89, 171–175.
CHOLERIS, E., THOMAS, A.W., KAVALIERS, M., PRATO, F.S., 2001. A detailed
ethological analysis of the mouse open-field test: effects of diazepam, chlordiazepoxide
and an extremely low frequency pulsed magnetic field. Neuroscience and Biobehavioral
Reviews 25, 235–260.
COLLIER, H.O.J., DINNEEN, J.C., JOHNSON, C.A., SCHNEIDER, C., 1968. The
abdominal constriction response and its suppression by analgesic drugs in the mouse.
British Journal of Pharmacology Chemotherapy 32, 295–310.
COLLINS, T., 2000. Inflamação aguda e crônica. In: R.S. Cotran, V. Kumar, T. Collins,
(Eds.), Patologia Estrutural e Funcional. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, pp. 44–
78.
CUNHA, F.Q., LORENZETTI, B.B., POOLE, S., FERREIRA, S.H., 1991. Interleukin-
8 as a mediator of sympathetic pain. Br. J. Pharmacol. 104, 765–767.
CUNHA, F.Q., POOLE, S., LORENZETTI, B.B., FERREIRA, S.H., 1992. The pivotal
role of tumour necrosis factor a in the development of inflammatory hyperalgesia. Br. J.
Pharmacol. 107, 660–664.
CUNHA, F.Q., VERRI JR., W.A., SILVA, J.S., POOLE, S., CUNHA, F.Q.,
FERREIRA, S.H., 2005. A cascade of cytokines mediates mechanical inflammatory
hypernociception in mice. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 102, 1755–1760.
CUNHA, W.R., LOPES, J.L.C., VICHNEWSKI, W., DIAZ, J.G., HERZ, W., 1995.
Eremantholide guaianolide from Lychnophora rupestris. Phythochemistry 39, 387–389.
DATASUS. 2003. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br>.
DERAEDT, R., JOUQUEY, S., DELEVALLEE, F., FLAHAUT, M., 1980. Release of
prostaglandins E and F in an algogenic reaction and its inhibition. European Journal of
Pharmacology 61, 17–24.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 84
DIAS, B.F.S., 1996. A implementação da convenção sobre diversidade biológica no
Brasil: Desafios e Oportunidades. André Tosello, Campinas, pp. 10.
DI ROSA, M., 1972. Biological properties of carrageenan. Journal of Pharmacy and
Pharmacology 24, 89–102.
DI ROSA, M., GIROUD, J.P., WILLOUGHBY, D.A., 1971. Studies of the mediators
of the acute inflammatory response induced in rats in different sites by carrageenin and
turpentine. Journal of Pathology 104, 15–29.
DI ROSA, M., SORRENTINO, L., 1968. The mechanism of the inflammatory effect of
carrageenan. European Journal of Pharmacology 4, 340–342.
DI ROSA, M., WILLOUGHBY, D.A., 1971. Screens for anti-inflammatory drugs. J.
Pharm. Pharmacol. 23, 297–298.
DRAY, A., 1995. Inflammatory mediators of pain. British Journal of Anaesthesia 75,
125–131.
DRAY, A., PERKINS, J.D., 1993. Bradykin and inflamatory pain. Trends Neurosci 16,
99–104.
DUARTE, D.S., 1993. Estudo químico e biológico de Lychnophora pinaster Mart.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 99 p.
DUARTE, D.S., 1999. Estudo químico bio-monitorado de Lychnophora pinaster
Mart. (Asteraceae) e de Macfadyena Unguis-cat L.A. Gentry (Binnoniaceae)
Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 177p.
DUARTE, J.D.G., NAKAMURA, M., FERREIRA, S.H., 1988. Participation of the
sympathetic system in acetic acid induced writhing in mice. Brazilian Journal of
Medical and Biological Research 21, 341–343.
DUARTE, J., PÉREZ-PALENCIA, R., VARGAS, F., OCETE, M.A., PÉREZ-
VIZCAINO, F., ZARZUELO, A., TAMARGO, J., 2001. Antihypertensive effects of
the flavonoid quercetin in spontaneously hypertensive rats. British Journal of
Pharmacology 133, 117–124.
DUARTE, J., PÉREZ-VIZCAÍNO, F., UTRILLA, M.P., JIMÉNEZ, J., TAMARGO, J.,
ZARZUELO, A., 1993a. Vasodilatory effects of flavonoids in rat aortic smooth muscle.
Structure-activity relationships. Gen. Pharmacol. 24, 857–864.
DUARTE, J., PÉREZ-VIZCAÍNO, F., ZARZUELO, A., JIMÉNEZ, J., TAMARGO, J.
1993b. Vasodilator effects of quercetin in isolated rat vascular smooth muscle. Eur. J.
Pharmacol. 239, 1–7.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 85
DUNHAM, M.W., MIYA, T.S., 1957. A note of a simple apparatus detecting
neurological deficit in rats and mice. Journal of American Pharmaceutical Science 46,
208–209.
EDDY, N.B., LEIMBACH, D., 1953. Synthetic analgesics. II. Dithienylbutenyland
dithienylbutylamines. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics 107,
385–393.
EISNER, T., 1990. Chemical prospecting: a call for action. In: F.H. Borman, S.R.
Kellert (Eds.). Ecology, Economics and Ethics: the Broken Circle. New Haven, CT.
ELISABETSKY, E., 1986. New directions in ethnopharmacology. Journal of
Ethnobiology 6(1), 121–128.
ELISABETSKY, E., 1987. From indigenous disease concepts to laboratory working
hypotesis: the case of “Nerve Tonics” from the Braziliam Amazon. Stockholm: IFS,
GREV Turegatan, Proviosional Report Series, v. 19, 11438 p.
ELISABETSKY, E., SOUZA, G.C., 2004. Etnofarmacologia como ferramenta na busca
de substâncias ativas. In: C.S.O. Simões, E.P. Schenkel, G. Gosmabb, J.C.P. Mello,
L.A. Mentz, P.R. Petrovick (Eds.), Da planta ao medicamento, ed., UFRGS, Rio
Grande do Sul, pp. 107–122.
ESTEVES, I., SOUZA, I.R., RODRIGUES, M., CARDOSO, L.G.V., SANTOS, L.S.,
SERTIE, J.A.A., PERAZZO, F.F., LIMA, L.M., SCHNEEDORF, J.M., BASTOS, J.K.,
CARVALHO, J.C.T., 2005. Gastric antiulcer and anti-inflammatory activities of the
essential oil from Casearia sylvestris Sw. Journal of Ethnopharmacology 101, 191–196.
FARKAS, S., BERZSENYIB, P., KÁRÁTIA, E., KOCSISA, P., TARNAWA, I., 2005.
Simple pharmacological test battery to assess efficacy and side effect profile of centrally
acting muscle relaxant drugs. J. Pharmacol. Toxicol. Methods 52(2), 264–73.
FARNSWORTH, N.R., AKERELE, O., BINGEL, A.S., SOEJARTO, D.D., GUO,
Z.G., 1985. Medicinal plants in therapy. Bulletin of the World Health Organization 63,
83–97.
FARNSWORTH, N.R., 1989. Screening plants for new medicines. In: E.O. Wilson
(Ed.), Biodiversity. National Academy Press, Washington, Part II, Chapter 9, pp. 83-97.
FERRAZ FILHA, Z.S., VITOLO, L.F., FIETTO, L.G., LOMBARDI, J.A., SAÚDE-
GUIMARÃES, D.A., 2006. Xanthine oxidase inibitory activity of Lychnophora species
from Brazil (“Arnica”). Journal of Ethnopharmacology 107, 79–82.
FERREIRA, S.H., 1979. A new method for measuring variations of rats paw volumes.
Journal Pharmacy and Pharmacology 31, 648.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 86
FERREIRA, S.H., 2002. Peripheral analgesic sites of action of anti-inflammatory drugs.
Int. J. Clin. Pract. Suppl. 128, 2–10.
FERREIRA, S.H., LORENZETTI, B.B., POOLE, S., 1993. Bradykinin initiates
cytokine-mediated inflammatory hyperalgesia. Br. J. Pharmacol. 110(3), 1127–31.
FLOWER, R.J., MONCADA, S. VANE, J.R., 1985. Analgesic, antipiretics and
antiinflammatory agents, drugs employed in the treatment of gout. In: A.G. Gilman,
L.S. Goodman (Eds.), The Pharmacological Basis of Therapeutics, ed. T.W. Rail, F.
Murad Assoc., MacMillan Publishing Co. Inc., New York, pp. 674–715.
FOOD AND DRUG ADMINISTRATION, 2007. Pre-clinical research.
http://www.fda.gov/cder/handbook/preclin.htm
FORTES, Z.B., NIGRO, D., 2005. Aspectos farmacológicos da interação
antihipertensivos e antiinflamatórios não-esteróides. Rev. Bras. Hipertens. 12(2), 108
111.
GARCIA, E.S., SILVA, A.C.P., GILBERT, B., CORRÊA, C.B.V., CAVALHEIRO,
M.V.S., SANTOS, R.R., TOMASINI, T., 1996. Fitoterápicos. André Tosello,
Campinas, pp. 17.
GARCÍA-GONZÁLES, M., 2000. Legislación Iberoamericana sobre
fitofarmacos y productos naturales. In: A. Caceres (Ed.), San Jose, S.R., Univ.
de Costa Rica, CYTED, 396 p.
GILLIGGAN, J.P., LOVATO, S.J., ERION, M.D., JENG, A.Y., 1994. Modulation of
carragenin hind paw oedema by substance P. Inflammation 18, 285–292.
GOBBO-NETO, L., SANTOS, M.D., KANASHIRO, A., ALMEIDA, M.C.,
LUCISANO-VALIM, Y.M., LOPES, J.L., SOUZA, G.E., LOPES, N.P., 2005.
Evaluation of the anti-inflammatory and antioxidant activities of di-C-glucoflavones
from Lychnophora ericoides (Asteraceae). Planta
Medica 71(1), 36.
GOUTMAN, J.D., WAXEMBERG, M.D., DONATE-OLIVER, F., POMATA, P.E.,
CALVO, D.J., 2003. Flavonoid modulation of ionic currents mediated GABA
A
and
GABA
C
receptors. Eur. J. Pharmacol. 461, 79−87.
GRAEL, C.F.F., VICHNEWSKI, W., SOUZA, G.E.P., LOPES, J.L.C.,
ALBUQUERQUE, S., CUNHA, W.R., 2000. A study of the trypanocidal and analgesic
properties from Lychnophora granmongolense (Duarte) Semir & Leitão Filho.
Phytother. Res. 14, 203–206.
GRAY, J.A., 1979. Sex differences in the emotional behaviour of laboratory rodents:
comment. Br. J. Psychol. 70, 35–36.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 87
GRIEBEL, G., PERRAULT, G., TAN, S., SCHOEMAKER, H., SANGER, D. J., 1999.
Pharmacological studies on synthetic flavonoids: comparison with diazepam.
Neuropharmacology 38, 965–977.
GRYGLEWSKI, R.J., KORBUT, R., ROBAK, J., SWIES, J., 1987. On the mechanism
of antithrombotic action of flavonoids. Biochem. Pharmacol., 36, 317–322.
HALL, I.H., STARNES, C.O., LEE, K.H., WADDELL, T.G., 1980. Mode of action of
sesquiterpene lactones as anti-inflammatory agents. J. Pharmacol. Sci. 69, 537–543.
HARBORNE, J.B., WILLIAMS, C.A., 2000. Advances in flavonoid research since
1992. Phytochemistry 55, 481–504.
HAYES A.W., 1984. Principles and Methods in toxicology. Raven press, New York.
HENDRY, S.H.C., HSIAO, S.S., BUSHNELL, M.C., 1999. Somatic Sensation. In: M.J.
Zigmond, F.E. Bloom, J.L. Roberts, L.R. Squire (Eds.), Fundamental Neuroscience.
Academic Press, London, pp. 768–769.
HENRIQUES, M.G.M.O., SILVA, P.M.R., MARTINS, M.A., FLORES, C.A.,
CUNHA, F.Q., ASSREUY-FILHO, J., CORDEIRO, R.S.B., 1987. Mouse paw
edema: A new model for inflammation? Braz. J. Med. Biol. Res. 20, 243–249.
HERZ, W., GOEDKEN, V.L., 1982. Structure of goyazensolide and its
congeners. J. Org. Chem. 47, 2798–2800.
IBAMA – Espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 2005. http://www.
ibama.gov.br/flora/divs/plantasextincao.pdf.
IRIGOYEN, M.C., LACCHINI, S., ANGELIS, K., MICHELINI, L.C., 2003.
Fisiopatologia da hipertensão: o que avançamos? Rev. Soc. Cardiol. Estado de São
Paulo 13(1), 20–45.
JANSSEN, P., NEIMEMEGEERS, C.J.E., DONY, J.G.H., 1963. The inhibitory effects
of Fentanyl and other morphine like analgesics on the warm water induced tail
withdrawal reflex in rats. Arzneimittel Forschung 13, 502–507.
JOHNSON, A.G.; NGUYEN, T.V.; DAY, R.O., 1994. Do nonsteroidal anti-
inflammatory drugs affect blood pressure? A meta-analysis. Ann. Intern.l Med. 121(4),
289–300.
JOHNSTON, B., BUTCHER, E.C., 2002. Chemokines in rapid leukocyt adhesion
triggering and migration. Semin. Immunol. 14(2), 83–92.
JORDÃO, C.O., LOPES, J.L.C., ALBUQUERQUE, S., VICHNEWSKI, W., 1997.
Biological activity of the crude extracts and isolated substances from Lychnophora
salicifolia Mart. Boll. Chim. Farm. 136, 56.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 88
JORDÃO, C.O., VICHNEWSKI, W., SOUZA, G.E., ALBUQUERQUE, S., LOPES,
J.L.C., 2004. Trypanocidal activity of chemical constituents from Lychnophora
salicifolia Mart. Phytother. Res. 18, 332–334.
KANASHIRO, A., KABEYA, L.M., POLIZELLO, A.C., LOPES, N.P., LOPES, J.L.,
LUCISANO-VALIM, Y.M., 2004. Inhibitory activity of flavonoids from Lychnophora
sp. on generation of reactive oxygen species by neutrophils upon stimulation by
immune complexes. Phytoter. Research 18(1), 6165.
KANNEL, W.B., 1996. Blood pressure as a cardiovascular risk factor: prevention and
treatment. JAMA 275, 1571–76.
KAUR, R., SINGH, D., CHOPRA, K., 2005. Participation of alpha2 receptors in the
antinociceptive activity of quercetin. J. Med. Food.
8(4), 529
32.
KIM, J.S., KIM, J.C., SHIM, S.H., LEE, E.J., JIN, W., BAE, K., SON, K.H., KIM,
H.P., KANG, S.S., CHANG, H.W., 2006. Chemical constituents of the root of
Dystaenia takeshimana and their anti-inflammatory activity. Arch. Pharm. Res.
29(8),
617
23.
KIMURA, Y., OKUDA, H., OKUDA, O., HATANO, T., AGATA, I., ARICHI, S.,
1985. Studies on the activities of tannins and related compounds from medicinal plants
and drugs VI. Inhibitory effects of caffeoylquinic acids on histamine release from rat
peritoneal mast cells. Chemical and Pharmaceutical Bulletin 33, 690–696.
KITANO, Y., KOMIYAMA, C., MAKINO, M., KASAI, Y., TAKASUNA, K.,
KINOSHITA, M., YAMAZAKI, O., TAKAZAWA, A., YAMAUCHI, T.,
SAKURADA, S., 2005. Effects of Nefiracetam, a novel pyrrolidone-type nootropic
agent, on the amygdala-kindled seizures in rats. Epilepsia 46(6), 811–818.
KOOTSTRA, A., 1994. Protection from UV-B induced DNA damage by flavonoids.
Plant. Mol. Biol. 26, 771–774.
KOSTER, R., Anderson, M., De Beer, J., 1959. Acetic acid for analgesic screening.
Federal Proceedings 18, 412–417.
KOWALSKI, J., PAUL, A.S.M., PIETSZ, G., WILCZOK, T., 2005. Effect of apigenin,
kaempferol and resveratrol on the expression of interleukin-1β and tumor necrosis
factor-α genes in J774.2 macrophages. Pharmacological Reports 57, 390–394.
KRAMER, K., VAN ACKER, S.A.B.E., GRIMBERGEN, J.A., VAN DEN BERG, D-
J., VAN DER VIJGH, W.J.F., BAST, A., 1995. Effect of dimethyl sulfoxide (DMSO)
on the electrocardiogram (ECG) in freely moving male Balb/c Mice. Gem. Pharmac.
26(6), 1403–1407.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 89
KUPCHAN, S.M., EAKIN, M.A., THOMAS, A.M., 1971. Tumor inhibitors. 69.
Structure-cytotoxicity relationships among the sesquiterpene lactones. J. Med. Chem.
14(12), 1147–52.
LANDRIGAN, P.J. et al., 1992. Environmental Toxicology/ Comittee on
Neurotoxicology and Models of Assessing Risk, Board on Environmental Studies and
Toxixology, Comission on Life Science, National Research Concious. In: Introduction:
Defining the problem of neurotoxicity. National Academic Press, Washington D.C., pp.
9–19.
LAPA, A.J., SOUCCAR, C., LIMA-LANDMAN, M.T.R., GODINHO, R.O., LIMA,
T.C.M., 2004. Farmacologia e Toxicologia de Produtos Naturais. In: C.S.O. Simões,
E.P. Schenkel, G. Gosmabb, J.C.P. Mello, L.A. Mentz, P.R. Petrovick (Eds.). Da planta
ao medicamento, 5 ª ed., UFRGS, Rio Grande do Sul, pp. 247–262.
LAVICH, T.R., CORDEIRO, R.S.B., CALIXTO J.B., SILVA, P.M.R., MARTINS,
M.A., 2003. Combined action of vasoactive amines and bradykinin mediates allergen-
evoked thermal hyperalgesia in rats. European Journal of Pharmacology 462, 185–192.
LE BARS, D., GOZARIU, M., CADDEN, S.W., 2001. Animal models of nociception.
Pharmacological Reviews 53, 597–652.
LEE, B-H., JUNG, S-M., LEE, J-H., KIM, J-H., YOON, I.S., LEE, J-H, CHOI, S-H,
LEE, S-M, CHANG, C-G, KIM, H-C, HAN, Y. PAIK, H.D., KIM, H., NAH, S-H.,
2005. Quercetin inhibits the 5-hydroxytryptamine type 3 receptor mediated ion current
by interacting with pre-transmembran domain. Mol. Cells 20, 69–73.
LE QUESNE, P.W., PASTORE, M.P., RAFFAUF, R.F., 1976. The cytotoxic
flavonoids of Lychnophora affinis. Lloydia 36, 391–394.
LE QUESNE, P.W., MENACHERY, M.D., PASTORE, M.P., KELLEY, C.J.,
BRENNAN, T.F., ONAN, K.D., RAFFAUPC, R.F., 1982. Antitumor plants. 12.
1,2
further sesquiterpenoid constituents of Lychnophora affinis Gardn. (Compositae). X-ray
structure analysis of Lychnophorolide A. J. Org. Chem. 47, 1519–21.
LEVINE, J.D., FIELDS, H.L., BASBAUM A.I., 1993. Peptides and the primary
afferent nociceptors. Journal of Neuroscience 13, 2273–2286.
LOPES, N.P., 2001. A essência da arnica. Rev. Fapesp Pesquisa 64, 42–44.
LYß, G., KNORRE, A., SCHMIDT, T.J., PAHL, H.L., MERFORT, I., 1998. The anti-
inflammatory sesquiterpene lactone helenalin inhibits the transcription factor NF-κB by
directly targeting p65. J. Biol. Chem. 273, 33508–33516.
LYß, G., SCHMIDT, T.J., MERFORT, I., PAHL, H.L., 1997. Helenalin, an anti-
inflammatory sesquiterpene lactone from Arnica, selectively inhibits transcription factor
NF-kB. Biol. Chem. 378, 951–961.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 90
MACIEL, R.L., 2002. Caracterização química e avaliação da qualidade e da
estabilidade de produtos fitoterápicos e homeopáticos preparados com Lychnophora
pinaster Mart. e Lychnophora rupestris Semir & Leitão Filho em comparação com
Arnica montana L. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
MACRAE, W.D., TOWERS, G.H.N., 1984. Biological activities of lignans.
Phytochemistry 23 (6), 1207–1220.
MARDER, M., VIOLA, H., WASOWSKI, C., WOLFMAN, C., WATERMAN, P.G., et
al., 1995. 6,3-Dinitroflavone, a novel high affinity ligand for the benzodiazepine
receptor with potent anxiolytic properties. Bioorg. Med. Chem. Lett. 5, 2717–2720.
MARTÍNEZ-FLÓREZ, S., GUTIÉRREZ, M.B., SÁNCHEZ-CAMPOS, S.,
GONZÁLEZ-GALLEGO, J., TUÑÓN, MJ., 2005. Quercetin prevents nitric oxide
production and nuclear factor kappa B activation in interleukin-1β-activated rat
hepatocytes. J. Nutr. 135, 1359–1365.
MATTISON, N., TRIMBLE, A.G., LASAGNA, L., 1988. New drug development in
the United States, 1963 through 1984. Clinical Pharmacology and Therapeutics 43(3),
290–301.
MBWAMBO, Z.H., LUYENGI, L., KINGHORNA, D., 1996. Phytochemicals a
glimpse into their structural and biological variation. International Journal of
Pharmacognosy 34, 335–343.
MCMAHON, S.B., 1996. NGF as a mediator of inflammatory pain. Philos. Trans. R.
Soc. Lond. 351, 431–440.
MEDINA, J.H., VIOLA, H., WOLFMAN, C., MARDER, M., WASOWSKI, C., et al.,
1998. Neuroactive flavonoids: new ligands for the benzodiazepine receptors.
Phytomedicine 5, 235–243.
MENDES, N.M., QUEIROZ, R.O., GRANDI, T.S.M., ANJOS, A.M.G., OLIVEIRA,
A.B., ZANI, C.L., 1999. Screening of Asteraceae (Compositae) plant extracts for
molluscicidal activity. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 94(3), 411–412.
MEYER, R.A., CAMPBELL, J.N., RAJA, S.N., 1994. Peripheral neural mechanisms of
nociception In: P.D. Wall, R. Melzack (Eds.), Textbook of Pain. Churchill-Livingstone,
Edinburgh, pp. 13-44.
MIDDLETON, E., KANDASWAMI, C., 1994. The impact of plant flavonoids on
mammalian biology; in Implications for Immunity, Inflammation and Cancer. In: J. B.
Harbone (Ed.), The Flavonoids, Chapman & Hall, London, pp. 619–645.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 91
MIGUEL, O.G., LIMA, E.O., MORAIS, V.M.F., GOMES, S.T.A., DELLE
MONACHE, F., BELLA CRUZ, A., BELLA CRUZ, R.C., CECHINEL FILHO, V.,
1996. Antimicrobial activity of constituents isolated from Lychnophora salicifolia
(Asteraceae). Phytotheapy Research 10, 694–696.
MIKSICEK, R.J., 1993. Commonly occurring plant flavonoids have estrogenic activity.
Mol. Pharmacol. 44, 37–43.
MILLER, R.L., LNSEL, P.A., MELNON, L.K., 1978. Inflammatory disorders. In: L.K.
Melnon, H.F. Morelli (Eds.), Clinical Pharmacology, ed., Macmillan Publishing Co.
Inc., New York, pp. 657–708.
MORA, S., DIAZ-VELIZA, G., LUNGENSTRASS, H., GARCÍA-GONZÁLEZ, M.,
COTO-MORALES, T., POLETTIC, C., DE LIMAC, T.C.M., HERRERA-RUIZ, M.,
TORTORIELLO, J., 2005. Central nervous system activity of the hydroalcoholic
extract of Casimiroa edulis in rats and mice. Journal of Ethnopharmacology 97, 191–
197.
MORALES, A.I., VICENTE-SÁNCHEZ, C., JERKIC, M., SANTIAGO, J.M.,
SÁNCHEZ-GONZÁLEZ, P.D., PÉREZ-BARRIOCANAL, F., LÓPEZ NOVOA, J.M.,
2006. Effect of quercetin on metallothionein, nitric oxide synthases and
cyclooxygenase-2 expression on experimental chronic cadmium nephrotoxicity in rats.
Toxicol. Appl. Pharmacol. 210, 128–135.
MUKHERJEE, P.K., SAHA, K., BALASUBRAMANIAN, R., PAL, M., SAHA, B.P.,
1996. Studies on psychopharmacological effects of Nelumbo nucifera Gaertn. rhizome
extract. Journal of Ethnopharmacology 54, 63–67.
MURUGESAN, T., SARAVANAN, K.S., LAKSHMI, S., RAMYA, G.,
THENMOZHI, K., 2001. Evaluation of psychopharmacological effects of
Clerodendrum phlomidis Linn. extract. Phytomedicine 8(6), 472–476.
OLIVEIRA, A.B., SAÚDE, D.A., PERRY, K.S.P., DUARTE, D.S., RASLAN, D.S.,
BOAVENTURA, M.A.D., CHIARI, E., 1996. Trypanocidal sesquiterpenes from
Lychnophora species. Phytotherapy Research 10, 292–295.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1975. Pautas para la evaluación de los
medicamentos destinados al hombre: Informe de um grupo científico de la OMS, Série
de informes Técnicos, nº 563, Ginebra.
ORTEGA, G.G., SCHENKEL, E.P., ATHAYDE, M.L., MENTZ, L.A., 1989.
Brasilianische Phytoterapeutika, Ihre Rolle imArzneimittelmarkt. Dtsch Apoth Ztg. 35,
1847–48.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 92
OTUKI, M.F., FERREIRA, J., LIMA, F.V., MEYRE-SILVA, C., MALHEIROS, A.,
MULLER, L.A., CANI, G.S., SANTOS, A.R.S, YUNES, R.A., CALIXTO, J.B., 2005.
Antinociceptive properties of mixture of α-amyrin and β-amyrin triterpenes: evidence
for participation of protein kinase C and protein kinase A pathways. J. Pharmacol. Exp.
Ther. 313(1), 310–18.
OYAMA, Y., FUCHS, P.A., KATAYAMA, N., NODA, K., 1994. Myricetin and
quercetin, the flavonoid constituents of Ginkgo biloba extract, greatly reduce oxidative
metabolism in both resting and Ca2+-loaded brain neurons. Brain Res. 635, 125–129.
OZTURK, Y., AYDINE, S., BEN, R., BASER, K.H.C., 1996. Behavioural effects of
Hypericum perforatum L. and Hypericum calycinum L. extracts of the central nervous
system in mice. Phytomedicine 3, 139–146.
PANTHONG, A., KANJANAPOTHI, D., TUNTIWACHWUTTIKUL, P.,
PANCHAROEN, O., REUTRAKUL, V., 1994. Anti-inflammatory activity of
flavonoids. Phytomedicine 1, 141–144.
PARMAR, N.S., GHOSH, M.M.N., 1978. Current trends in flavonoid research. Indian
Journal of Pharmacy 12, 213–228.
PEREIRA, F.E.L., 2004. Inflamações. In: G.B. Filho (Ed.), Patologia Geral. Guanabara
Koogan, Rio de Janeiro, pp. 130–172.
PÉREZ-GUERRERO, C., HERRERA, M.D., ORTIZ, R., SOTOMAYOR, M.A.,
FERNÁNDEZ, M.A., 2000. A pharmacological study of Cecropia obtusifolia Bertol
aqueous extract. Journal of Ethnopharmacology 76, 279–284.
PICMAN, A.K., RODRIGUEZ, E., TOWERS, G.H.N., 1979. Formation of adducts of
parthenin and related sesquiterpene lactones with cysteine and glutathione. Chem. Biol.
Interact.
28(1), 83
9.
PICMAN, A.K., 1986. Biological activities of sesquiterpene lactones. Biochemical
Systematics and Ecology 14, 225–281.
PICQ, M., CHEAV, S.V., PRIGENT, A. F., 1991. Effect of two flavonoid compounds
on the central nervous system. Analgesic activity. Life Sci. 49, 1979–1988.
PLAVNIK, F.L., 2002. Hipertensão arterial induzida por drogas: como detectar e tratar.
Rev. Bras. Hipertens. 9(2), 185–191.
PRARDRIDGE, W.M., 1988. Recent advances in blood-barrier braintransport. Annu.
Rev. Pharmacol. Toxicol. 28, 25–39.
RANG, H.P., BEVAN, S.J., DRAY, A., 1994. Nociceptive peripheral neurones: cellular
properties. In: P.D. Wall, R. Melzac (Eds.), Textbook of pain. Churchill-Livingstone,
Edinburgh, pp. 57–78.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 93
RANG, H.P., DALE, M.M., RITTER, J.M., MOORE, P.K., 2003. Hormônios locais,
inflamação e reações imunológicas. In: Farmacologia, ed., Elsevier, Rio de Janeiro,
pp. 246–274.
RANG, H.P., URBAN, L., 1995. New molecules in analgesia. British Journal of
Anaesthesia 75, 145–156.
RAO, Y.K., FANG, S-H., TZENG, Y-M., 2005. Inhibitory Effects of the flavonoids
isolated from Waltheria indica on the production of NO, TNF-α and IL-12 in activated
macrophages. Biol. Pharm. Bull. 28(5), 912–915.
RATES, S.M.K., 2001. Plants as source of drugs. Toxicon 39, 603–613.
RIBEIRO, R.A., VALE, M.L., THOMAZZI, S.M., PASCHOALATO, A.B.P., POOLE,
S., FERREIRA, S.H., CUNHA, F.Q., 2000. Involvement of resident macrophages and
mast cells in the writhing nociceptive response induced by zymosan and acetic acid in
mice. European Journal of Pharmacology 387, 111–118.
RICE-EVANS, A., PACKER, L., 1998. Flavonoids in health and disease. Marcel
Dekker Inc., New York.
ROBBERS, J.E., SPEEDLE, M.K., TYLER, V.E., 1996. Pharmacognosy and
Pharmachobiotechnology. Baltimore: Williams & Wilkins, 337 p.
ROBINSON, H., 1982. Proc. Biol. Soc. Wash. 105, 640.
ROBINSON, H., 1999. Generic and sub-tribal classification of American Vernonieae.
Smithsonian Contributions to Botany 89, 11–16.
RODRIGUEZ, E., TOWERS, G.H.N., MITCHELL, J.C., 1976. Biological activities of
sesquiterpene lactones. Phytochemistry 15, 1573–1580.
RODRÍGUEZ, M., SOSA, J., HERNÁNDEZ, G., MAS, M., 1984. Pinela lindols and
testosterone affect exploratory activity in male rats. Experientia 40, 397–398.
RONALD, M.B., CHRISTOPHER, D.H., 1990. A bradykinin antagonist inhibits
carrageenan edema in rats. Arch. Pharmacol. 342, 189–193.
RUDZIK, A.D., HESTER, J.B., TANG, A.H., STAW, R.N., FRIIS, W., 1973. The
Benzodiazepines. Raven press, New York, pp. 285-297.
RÜNGELER, P., CASTRO, V., MORA, G., GÖREN, N., VICHNEWSKI, W., PAHL,
H.L., MERFORT, I., SCHMIDT, T.J., 1999. Inhibition of transcription factor NF-κB by
sesquiterpene lactones: a proposed molecular mechanism of action. Bioorg. Med. Chem.
7, 2343–2352.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 94
RYLSKI, M., DURIASZ-ROWINSKA, H., REWERSKI, W., 1979. The analgesic
action of some flavonoids in the hot plate test. Acta Physiol. Pol. 30(3), 385–388.
SAFAIHY, H., SAILER, E.R., 1997. Anti-inflammatory actions of pentacyclic
triterpenes. Planta Medica 63, 487–493.
SAKAMOTO, H.T., FLAUSINO, D., CASTELLANO, E.E., STARK, C.B.W.,
GATES, P.J., LOPES, N.P., 2003. Sesquiterpene lactones from Lychnophora ericoides.
Journal of Natural Products 66, 693–695.
SALVEMINI, D., WANG, Z.Q., BOURDON, D.M., STERN, M.K., CURRIE, M.G.,
MANNING, P.T., 1996. Evidence of peroxynitrite involvement in the carrageenan
induced rat paw oedema. European Journal of Pharmacology 303, 217–220.
SANTOS, A.R., VEDANA, E.M., DE FREITAS, G.A., 1998. Antinociceptive effect of
meloxicam, in neurogenic and inflammatory nociceptive models in mice. Inflamm. Res.
47, 302–307.
SANTOS, M.D., GOBBO-NETO, L., ALBARELLA, L., SOUZA, G.E.P., LOPES,
N.P., 2005. Analgesic activity of di-caffeoylquinic acids from roots of Lychnophora
ericoides (Arnica da Serra). Journal of Ethnopharmacology 96, 545–549.
SANTOS, P.A., LOPES, J.L.C., LOPES, N.P., 2004. Triterpenoids and flavonoids from
Lychnophoriopsis candelabrum (Asteraceae). Biochemical Systematics and Ecology 32,
509-512.
SAÚDE D.A., 1994. Estudo químico e atividade tripanossomicida de Lychnophora
trichocarpha Spreng. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em
Química, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 136 p.
SAÚDE, D.A., BARRERO, A.F., OLTRA, J.E., JUSTÍCIA, J., RASLAN, D.S.,
SILVA, E.A., 2002. Atividade antibacteriana de furanoeliangólidos. Revista Brasileira
de Farmacognosia 12(1), 7–10.
SAÚDE, D.A., RASLAN, D.S., SOUZA FILHO, J.D., OLIVEIRA, A.B., 1998.
Constituents from the aerial parts of Lychnophora trichocarpa. Fitoterapia LXIX, 90–
91.
SCHMIDT, T.J., 1999. Toxic activities of sesquiterpene lactones: structural and
biochemical aspects. Curr. Org. Chem. 3, 577–608.
SCHRÖDER, H., LÖSCHE, W., STROBACH, H., LEVEN, W., WILLUHN, G., TILL,
U., SCHRÖDER, K., 1990. Helenalin and 11 alpha, 13-dihydrohelenalin, two
constituents from Arnica montana L., inhibit human platelet function via thiol
dependent pathways. Thromb. Res. 57, 839–845.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 95
SHEN, S.C., LEE, W.R., LIN, H.Y., HUANG, H.C., KO, C.H., YANG, L.L., CHEN,
Y.C., 2002. In vivo and in vitro inhibitory activities of rutin, wogonin and quercetin on
lipopolysaccharide-induced nitric oxide and prostaglandin E(2) production. Eur. J.
Pharmacol. 446, 187–194.
SILVEIRA, D., SOUZA FILHO, J.D., OLIVEIRA, A.B, RASLAN, D.S., 2005a.
Lychnophoric acid from Lychnophora pinaster: a complete and unequivocal assignment
by NMR spectroscopy. Ecletica Química 30, 37–41.
SILVEIRA, D., WAGNER, H., CHIARI, E., LOMBARDI, J.A., ASSUNÇÃO, A.C.,
OLIVEIRA, A.B., RASLAN, D.S., 2005b. Biological activity of the aqueous extract of
Lychnophora pinaster Mart. Brazilian Journal of Pharmacognosy 15(4), 294–297.
SILVESTRINI, B., PICCINELLI, D., 1969. Experimental research on the analgesic
activity of levallorphan. Pharmacol. Res. Commun. 1, 100–107.
SINGH, G.B., SINGH, S., BANI, S., GUPTA, B.D., BANERJEE, S.K., 1992.
Antiinflammatory activity of oleanolic acid in rats and mice. Journal of Pharmacy and
Pharmacology 44, 456–458.
SMITH, C.J., ZHANG, Y., KOBOLDT, C.M., MUHAMMAD, J., ZWEIFEL, B.,
SHAFFER A.,TALLEY, J.J., MASFERRER, J.L., SEIBERT, K., ISAKSON, P.C.,
1998. Pharmacological analysis of cyclooxygenase-1 in inflammation. Proc. Natl. Acad.
Sci. USA 95, 13313–18.
SOEJARTO, D.D., 1996. Biodiversity prospecting and benefit sharing: perspectives
from the field. Journal of Ethnopharmacology 51, 1–15.
SOLIMAN, K.F.A., MAZZIO, E.A., 1998. In vitro attenuation of nitric oxide
production in C6 astrocyte cell culture by various dietary compounds. Proc. Soc. Exp.
Biol. Med. 218, 390–397.
SPERONI, E., MINGHETTI, A., 1988. Neuropharmacological activity of extracts from
Passiflora incarnata. Planta Medica 54, 488–491.
STERANKA, L.R., MANNING, D.C., DE HAAS, C.J., FERKANY, J.W., BOROSKY,
S.A., COONOR, J.R., VAVREK, R.J., STEWART, J.M., SNYDER, S.H., 1988.
Bradykinin as a pain mediator: receptors are localized to sensory neurons, and
antagonists have analgesic actions. Proc Natl Acad Sci U S A 85(9), 3245–9.
SWEENEY, A.P., WYLLIE, S.G., SHALLIKER, R.A., MARKHAN, J.L., 2001.
Xanthine oxidase inhibitory activity of selected Australian native plants. Journal of
Ethnopharmacology 75, 273–277.
TAKEARA, R., ALBUQUERQUE, S., LOPES, N.P.J., LOPES, L.C., 2003.
Trypanocidal activity of Lychnophora staavioides Mart. (Vernonieae Asteraceae).
Phytomedicine 10, 490–493.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 96
TEVINI, M., BRAUN, J., FIESER, G., 1991. The protective function of the epidermal
layer of rye seedlings against ultraviolet-B radiation. Photochem. Photobiol. 53, 329–
333.
TOMA, W., GRACIOSO, J.S., HIRUMA-LIMA, C.A., ANDRADE, F.D.P.,
VILEGAS, W., SOUZA BRITO, A.R.M., 2003. Evaluation of the analgesic and
antiedematogenic activities of Quassia amara bark extract. Journal of
Ethnopharmacology 85, 19–23.
TRAUB, R.J., BROZOSKI, D., 1996. Anti-somatostatin antisera but neither a
somatostatin agonist (octreotide) nor antagonist (CYCAM) attenuates hyperalgesia in
the rat. Peptides 17, 769–73.
TULUNAY, F.C., 2000. NSAIDS: Behind the mechanisms of action. Funct. Neurol. 15,
202–207.
TURNER, R.A., 1972. Screening procedures in pharmacology. Academic Press, New
York, pp. 99.
TYLER, V.E., 1994. Herbs of choice. Haworth, New York.
UEDA, H., YAMAZAKI, C., YAMAZAKI, M., 2002. Luteolin as an anti-inflammatory
and anti-allergic constituent of Perilla frutescens. Biol. Pharm. Bull. 25(9), 1197–1202.
VARMA, R.K., KAUSHAL, R., JUNNARKAR, A.Y., THOMAS, G.P., NAIDU, M.U.,
SINGH, P.P., TRIPATHI, R.M., SHRIDHAR, D.R., 1985. Polysorbate 80: a
pharmacological study. Arzneimittelforschung 35(5), 8048.
VAZQUEZ, E., HERNANDEZ, N., ESCOBAR, W., VANEGAS, H., 2005.
Antinociception induced by intravenous dipyrone (metamizol) upon dorsal horn
neurons: Involvement of endogenous opioids at the periaqueductal gray matter, the
nucleus raphe magnus, and the spinal cord in rats. Brain. Res. 1048, 211–217.
VERMA, P.R., JOHARAPURKAR, A.A., CHATPALLIWAR, V.A., ASNANI, A.J.,
2005. Antinociceptive activity of alcoholic extract of Hemidesmus indicus R.Br. in
mice. Journal of Ethnopharmacology 102, 298–301.
VERPOORTE, R., 1999. Exploration of nature’s chemodiversity: the role of secondary
metabolites as leads in drug development. Drug Discovery Today 3, 232–238.
VICHNEWSKI, W., LOPES, J.N.C., DOS SANTOS FILHO, D., HERZ, W., 1976. 15-
deoxygoyazensolide, a new heliangolide from Vanillosmopsis erythropappa.
Phytochemistry 15, 1775–76.
VILLASENOR, I.M., ANGELADA, J., CANLAS, A.P., ECHEGOYEN, D., 2002.
Bioactivity studies on beta-sitosterol and its glucoside. Phytother. Res.
16(5), 417
21.
Referências Bibliográficas
Luciana Souza Guzzo 97
VINEGAR, R., SCHREIBER, W., HUGO, R., 1969. Biphasic development of
carrageenan oedema in rats. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics
166, 96–103.
WALL, M.E., WANI, M.C., 1996. Camptothecin and taxol: from discovery to clinic.
Journal of Ethnopharmacology 51, 239–254.
WILLIAMS, T.J., 1978. The role of prostaglandins in inflamation. Ann R Coll Surg
Englr J 60(3), 198–201.
WILLIAMS, T.J., 1979. Prostaglandin E
2
, Prostaglandin I
2
and the vascular changes of
inflammation.
Br. J. Pharmacol.
65, 517–524.
WILLOUGHBY, D.A., COOTE, E.A., TURK, J.L., 1969. Complement in acute
inflammation. J. Pathol. 97(2), 295–305.
WINTER, C.A., RISLEY, E.A., NUSS, G.W., 1962. Carrageenan-induced oedema in
hind paw of the rats as an assay for anti-inflammatory drugs. Experimental Biology and
Medicine 111, 544–547.
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1992. Division of Drug Management and
policies. Guidelines for good clinical practice (GCP) for trials on pharmaceutical
products, Geneva.
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995. Physical status: the use and interpretation
of anthropometry. Technical report series 854, Geneva.
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998. Regulatory situation of herbal medicines.
A Wordwide Review. WHO/TRM/98.1.
YOUSSEF, G., LINKS, M. The prevention and management of cardiovascular
complications of chemotherapy in patients with cancer. Am. J. Cardiovasc. Drugs, v. 5,
n. 4.
ZHANG, X., HUNG, T.M., PHUONG, P.T., NGOC, T.M., MIN, B.S., SONG, K.S.,
SEONG, Y.H., BAE, K., 2006. Anti-inflammatory activity of flavonoids from Populus
davidiana. Arch. Pharm. Res.
29(12), 1102
8.
ZIYAN, L., YONGMEI, Z., NAN, Z., NING, T., BAOLIN, L., 2007. Evaluation of the
anti-inflammatory activity of luteolin in experimental animal models. Planta Medica
73(3), 221–226..
Luciana Souza Guzzo
ANEXO
Anexo
Luciana Souza Guzzo 99
PRODUÇÃO CIENTÍFICA ASSOCIADA A ESSA DISSERTAÇÃO
Artigo submetido
GUZZO, L.S., GRABE-GUIMARÃES, A., SILVA, A.C.A., LOMBARDI, J.A.,
SAÚDE-GUIMARÃES, D.A. Analgesic and anti-inflammatory activities of ethanolic
extracts of species of Lychnophora.
Resumos apresentados em eventos nacionais
GUZZO, L.S., GUIMARÃES, H.N., SAÚDE-GUIMARÃES, D.A., GRABE-
GUIMARÃES, A., 2006. Avaliação da atividade cardiovascular do extrato bruto das
partes aéreas de Lychnophora ericoides Mart. 38º Congresso Brasileiro de
Farmacologia, Ribeirão Preto, São Paulo.
GUZZO, L.S., GRABE-GUIMARÃES, A., SAÚDE-GUIMARÃES, D.A., AZEVEDO,
M.M., 2006. Avaliação da atividade sobre o SNC do extrato das partes aéreas de
Lychnophora ericoides Mart. XXI Reunião Anual da FeSBE, Águas de Lindóia, São
Paulo.
GUZZO, L.S., GRABE-GUIMARÃES, A., SILVA, A.C.A., SAÚDE-GUIMARÃES,
D.A., 2004. Atividades analgésica e antiinflamatória das partes aéreas de diferentes
espécies de Lychnophora. XII FARMAPÓLIS, Florianópolis, Santa Catarina.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo