Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
LILIANE VIEIRA PINHEIRO
AS REDES COGNITIVAS E A PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
NO BRASIL: um estudo nos periódicos da área
Florianópolis
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
LILIANE VIEIRA PINHEIRO
AS REDES COGNITIVAS E A PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
NO BRASIL: um estudo nos periódicos da área
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação do Centro
de Ciências da Educação, da Universidade
Federal de Santa Catarina, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em Ciência
da Informação, na área de concentração Gestão
da Informação, na linha de pesquisa Fluxos da
Informação, sob a orientação da Professora
Doutora: Edna Lúcia da Silva.
Florianópolis
2007
ads:
Catalogação na fonte por: Liliane Vieira Pinheiro CRB-14/925
P654r Pinheiro, Liliane Vieira
As redes cognitivas e a produção do conhecimento em Ciência da
Informação no Brasil: um estudo nos periódicos da área / Liliane Vieira
Pinheiro; orientadora Edna Lúcia da Silva. – Florianópolis, 2007.
140 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, 2007.
Inclui Bibliografia
1. Ciência da Informação. 2. Redes Cognitivas. 3. Conhecimento
Científico – Produção. I. Silva, Edna Lúcia. II. Universidade Federal de
Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação.
III. Título.
CDU: 02
CDD: 020
LILIANE VIEIRA PINHEIRO
AS REDES COGNITIVAS E A PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
NO BRASIL: um estudo nos periódicos da área
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
do Centro de Ciências da Educação, da Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciência da
Informação.
Aprovada pela Comissão Examinadora em:
Florianópolis, 22 de junho de 2007
______________________________________________
Prof.ª Dra. Edna Lúcia da Silva (CIN/CED/UFSC - Orientadora)
______________________________________________
Prof.ª Dra. Suzana Pinheiro Machado Mueller (UNB - Examinadora)
______________________________________________
Prof.ª Dra. Lígia Maria Arruda Café (CIN/CED/UFSC - Examinadora)
“[...] o sentido da vida é o conhecimento
que, desse modo, é ilimitado pela amplitude
da pergunta, e é, ao mesmo tempo, limitado e
útil pelo alcance de nossa capacidade de resposta.”
Carlos Vogt
Dedico
aos meus pais: Jorge e Nair,
à minha irmã Viviane e
à grande mestre Edna.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especificamente à Coordenação e
aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PGCIN), pela
acolhida e oportunidade de aprimorar os meus conhecimentos.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), pela
concessão da Bolsa de Estudos durante o primeiro ano do Mestrado.
À orientadora Edna Lúcia da Silva, por seus ensinamentos, comprometimento,
dedicação incessante e amizade. E, principalmente, por incitar em mim o gosto pela
atividade científica e por fazer com que, mesmo na solidão dos momentos de reflexão que
possibilitaram a realização dessa atividade, eu nunca me sentisse sozinha ou desamparada.
Às professoras Lígia Maria Arruda Café e Miriam Vieira da Cunha, pelas contribuições
dadas tanto no exame de qualificação do projeto como na defesa dessa pesquisa.
À professora Suzana Pinheiro Machado Mueller, por aceitar o convite de integrar a
comissão examinadora e pelas contribuições incluídas ao texto final da dissertação.
À Professora Estera Muszkat de Menezes do Departamento de Ciência da Informação,
pelas palavras de incentivo.
À Cecília Soika Machado, secretária do PGCIN/UFSC, pela presteza do decorrer das
atividades acadêmicas.
Aos colegas da turma 2005 do Mestrado em Ciência da Informação, pela
oportunidade de socializar conhecimentos e experiências tão distintas.
Aos alunos da disciplina Metodologia da Pesquisa, ministrada no segundo semestre
de 2005 no curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina, pela
receptividade e convivência durante as atividades do Estágio Docência.
Aos colegas e bolsistas do Núcleo de Estudos em Informação e Mediações
Comunicacionais Contemporâneas (NEIMCOC), pelos momentos vivenciados.
Ao colega Diego Abadan, por suas palavras de incentivo, pelo apoio tecnológico e
auxílio no entendimento dos recursos do
software
utilizado.
À minha família, em especial aos meus pais Jorge Pinheiro Filho e Maria Nair Vieira
Pinheiro, pelo exemplo de honestidade e perseverança, por tudo que representam na minha
vida e por terem me ensinado que o conhecimento é a maior riqueza.
À minha irmã, Viviane Vieira Pinheiro, pela amizade e cumplicidade inexplicável.
Aos amigos de longa data e recentes, dos quais não menciono nomes pelo risco de
omitir algum, pelo incentivo e carinho, e principalmente por compreenderem a minha
ausência durante momentos tão especiais de suas vidas, em detrimento de um momento
essencial na minha formação.
À Gelci Rostirolla, pela amizade, pelas conversas sobre a Ciência da Informação e por
me receber em Blumenau, amortizando uma fase de mudanças.
Aos colegas de trabalho da Biblioteca Universitária da Universidade Regional de
Blumenau, em especial aos que se tornaram grandes amigos.
A Deus, por dar me força para enfrentar as adversidades durante este período e
capacidade de concluir este trabalho.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa,
a minha sincera gratidão.
RESUMO
PINHEIRO, Liliane Vieira.
As redes cognitivas e a produção do conhecimento em Ciência da
Informação no Brasil
: um estudo nos periódicos da área. 2007. 140 f. Dissertação (Mestrado
em Ciência da Informação) – Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
Pesquisa que mapeou as redes cognitivas na área de Ciência da Informação no Brasil, a
partir da análise de citações dos artigos publicados nos principais periódicos da área de
Ciência da Informação, no período de 2001 a 2005. Considera que a Ciência da Informação é
um campo científico emergente e interdisciplinar e que, por estar ainda em construção,
necessita de estudos acerca da natureza, origens e limites do conhecimento na área, de
forma que possibilitem a constituição da epistemologia da Ciência da Informação. Define
como questões de pesquisa:
Quais são as redes cognitivas mais significativas na construção
do conhecimento científico da Ciência da Informação, no Brasil? Quais as influências teóricas
mais presentes na construção do conhecimento em Ciência da Informação, no Brasil? Quais
os autores mais influentes na construção do conhecimento na área, no Brasil?
Estabelece
como caminho metodológico para obtenção das respostas necessárias os pressupostos da
metodologia reflexiva; para a abordagem do problema, a perspectiva quali-quantitativa; do
ponto de vista de seus objetivos, o caráter exploratório-descritivo; e dos seus procedimentos
técnicos, a pesquisa documental. Define como
corpus
de análise os artigos científicos
publicados nas principais revistas brasileiras da área. Utiliza técnicas bibliométricas,
especificamente a análise de citação, para a análise dos dados. Obtém como principais
resultados: a indicação de que foram publicados 161 artigos científicos na área, por 295
autores; a identificação de grupo de autores mais produtivos que estão, em geral, vinculados
às universidades e aos programas de pós-graduação da área; a percepção de que a temática
mais incidente nos artigos está incluída no que se denominou Comunicação, Divulgação e
Produção Editorial, conforme taxonomia adotada na pesquisa; a constatação de que os
artigos de periódicos e os livros são os tipos de materiais mais citados; a revelação de que
as influências teóricas mais presentes na construção do conhecimento na área advêm da
Biblioteconomia, Administração e Sociologia; a identificação de que os autores mais
influentes na construção do conhecimento são: Maria das Graças Targino, Suzana Pinheiro
Machado Muller, Léa Velho, Aldo de Albuquerque Barreto,
Bernadete Santos Campello, Nice
Menezes de Figueiredo, Antônio Miranda, Dinah Aguiar Población
e
Lena Vânia Ribeiro
Pinheiro
, Arthur Jack Meadows e Pierre Bourdieu; a identificação de seis frentes de pesquisa,
cada uma relacionada a uma temática de estudo da Ciência da Informação. Constata,
considerando os resultados, que as redes cognitivas mais significativas na construção do
conhecimento científico em Ciência da Informação, no Brasil, podem ser mapeadas a partir
das principais comunidades estabelecidas pelas citações, que são compostas por afinidades
temáticas, o que denota uma proximidade paradigmática, e pela proximidade institucional.
Conclui que a Ciência da Informação brasileira é influenciada por um grupo de pesquisadores
– principais autores dos artigos científicos publicados – que atua em universidades e
estabelece, de certa forma, as diretrizes temáticas da área. A Ciência da Informação, no
Brasil, é conduzida por um grupo específico, que acaba interferindo nas relações que esta
estabelece para embasar o desenvolvimento dos estudos e pesquisas e, conseqüentemente,
fortalece determinados enfoques da área e é responsável pelo envolvimento interdisciplinar
da área no país.
Palavras-chave: Ciência da Informação. Redes Cognitivas. Produção do Conhecimento
Científico.
ABSTRACT
PINHEIRO, Liliane Vieira.
The cognitive nets in the Information Science area in Brazil:
a study
in journals of the area. 2007. 140 f. Dissertation (Máster in Information Science Degree) –
Post Graduation Program in Information Science, Federal University of Santa Catarina,
Florianópolis, 2007.
This research has mapped the cognitive nets in the Information Science area in Brazil, based
on an analysis of the quotations present in published articles of the main journals of that
area during the period between 2001 and 2005. It considers that Information is an emergent
scientific field, also interdisciplinary, which is still under construction and, for that reason,
requires a series of studies about the nature, sources and limits of knowledge in order to
enable the constitution of its epistemology. The study defines the following research
questions:
Which are the most significant cognitive nets in the construction of the scientific
knowledge of Information Science, in Brazil? Which are the most present theoretical
influences in the construction of knowledge in such case? Which are the most influent
authors in Brazil for the construction of knowledge in this field?
The work establishes the
reflexive methodology for obtaining the searched answers; the qualitative and quantitative
perspective for issue approach; the exploratory and descriptive character for its objectives
and the documental research for technical procedures. The defined corpus of analysis
consists on scientific articles published in the main Brazilian journals of the studied area. It
uses for data analysis the bibliometric techniques, more specifically the analysis of
quotations. The main results are as follows: 161 scientific texts in the area have been
published by 295 authors; the most productive group is formed by authors who are usually
connected to universities and post graduation programmes in the area; according to the
taxonomy adopted, the most incident thematic in the studied articles is that of
Communication, Divulgation and Editorial Production; the articles in periodic journals and
books are the most present type and the areas that most influence theoretically the
construction of knowledge in the Information Science field are Biblioteconomics,
Administration and Sociology. Also, the study has identified the most influent authors in the
area (Maria das Graças Targino, Suzana Pinheiro Machado Muller, Léa Velho, Aldo de
Albuquerque Barreto,
Bernadete Santos Campello, Nice Menezes de Figueiredo, Antônio
Miranda, Dinah Aguiar Población
e
Lena Vânia Ribeiro Pinheiro
, Arthur Jack Meadows and
Pierre Bourdieu), as well as six research fronts, each of them related to a studied theme in
the Information Science. Based on the results, it is observed that the most significant
cognitive nets for the construction of scientific knowledge in Information Science, in Brazil,
can be mapped from the main communities established by the quotations, which are formed
by institutional proximity and thematic affinity, showing a paradigmatic proximity. It has
been concluded that the Brazilian Information Science is influenced by a group of
researchers who work at universities main authors of published scientific articles and, in
a certain way, establishes the thematic directions of the area. Science of Information, in
Brazil, is led by a specific group, which interferes in the relations that this science establishes
for the development of researches and studies, and strongly supports certain foci, being
responsible for the interdisciplinary insertion of this science in the country.
Key words: Information Science. Cognitive nets. Scientific knowledge production
RESUMEN
PINHEIRO, Liliane Vieira.
Las redes cognitivas en el área de Ciencia de la Información en
Brasil
: un estudio in los periódicos da area. 2007. 140 f. Disertación (Mestrado en Ciencia de
la Información) – Programa de Post-Graduación en Ciencia de la Información, Universidad
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
Investigación que mapea las redes cognitivas en el área de Ciencia de la Información en
Brasil, a partir del análisis de citaciones de los artículos publicados en los principales
periódicos del área de Ciencia de la Información, en el período de 2001 a 2005. Considera
que la Ciencia de la Información es un campo científico emergente e interdisciplinario y que
por estar, aún, en construcción necesita de estudios a cerca de la naturaleza, orígenes y
limites del conocimiento en el área, de forma que posibiliten la constitución de la
epistemología de la Ciencia de la Información. Define como cuestiones de investigación:
¿
Cuáles son las redes cognitivas más significativas en la construcción del conocimiento
científico de la Ciencia de la Información, en Brasil? ¿Cuáles las influencias teóricas más
presentes en la construcción del conocimiento en Ciencia de la Información, en Brasil?
¿Cuáles son los autores más influyentes en la construcción del conocimiento en la área, en
Brasil?
Establece como camino metodológico para obtención de las respuestas necesarias los
presupuestos de la metodología reflexiva, para el abordaje del problema, la perspectiva
cuali-cuantitativa, del punto de vista de sus objetivos el carácter exploratorio-descriptivo y de
los procedimientos técnicos, la investigación documental. Define como
corpus
de análisis los
artículos científicos publicados en las principales revistas brasileñas del área. Utiliza técnicas
bibliométricas, específicamente para análisis de citación, para el análisis de los datos.
Obtiene como principales resultados: la indicación de que fueron publicados 161 artículos
científicos en el área, por 295 autores; la identificación de grupo de autores más productivos
que están, en general, vinculados a las universidades y a los programas de postgrado del
área; la percepción que la temática más incidente en los artículos citados están incluidos en
el que se denominó Comunicación, Divulgación y Producción Editorial, conforme taxonómica
adoptada en la investigación; la constatación de que los artículos de periódicos y los libros
son los tipos de materiales más citados; la revelación que las influencias teóricas más
presentes en la construcción del conocimiento en el área advén de las áreas de
Biblioteconomía, Administración y Sociología; la identificación de que los autores más
influyentes en la construcción del conocimiento son: Maria das Graças Targino, Suzana
Pinheiro Machado Muller, Léa Velho, Aldo de Albuquerque Barreto,
Bernadete Santos
Campello, Nice Menezes de Figueiredo, Antônio Miranda, Dinah Aguiar Población
e
Lena
Vânia Ribeiro Pinheiro
, Arthur Jack Meadows y Pierre Bourdieu; la identificación de seis
frentes de investigación, cada una relacionada a una temática de estudio de la Ciencia de la
Información. Constata, considerando los resultados, que las redes cognitivas más
significativas en la construcción del conocimiento científico en la área, pueden ser mapeadas
a partir de las principales comunidades establecidas por las citaciones, que son compuestas
por afinidades temáticas, que denota una proximidad paradigmática, y por la proximidad
institucional. Se concluye que la Ciencia de la Información brasileña es influenciada por un
grupo de investigadores principales autores de los artículos científicos publicados - que
actúa en universidades y establece de cierta forma las directrices temáticas del área. La
Ciencia de la Información, en Brasil, es conducida por un grupo específico, que acaba
interfiriendo en las relaciones que ésta establece para embasar el desarrollo de los estudios
e investigaciones y, consecuentemente, fortalecen determinados enfoques del área y son
responsables por el envolvimiento interdisciplinario del área en el país.
Palabras-clave: Ciencia de la Información. Redes Cognitivas. Producción del Conocimiento
Científico.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa das Frentes de Pesquisa na Área de Ciência da Informação, no Brasil ..... 90
Figura 2 - Rede cognitiva da área de Ciência da Informação, no Brasil............................ 94
Figura 3 - Comunidade A, formada por pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil............................................................................................... 99
Figura 4 - Comunidade B, formada por pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil............................................................................................. 101
Figura 5 - Comunidade C, formada por pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil............................................................................................. 103
Figura 6 - Comunidade D, formada pelos pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil............................................................................................. 104
Figura 7 - Comunidade E, formada pelos pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil............................................................................................. 105
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Temática dos artigos citantes...................................................................... 69
Gráfico 2 - Tipos de documentos citados...................................................................... 75
Gráfico 3 - Áreas dos trabalhos citados em Ciência da Informação, no Brasil ................... 78
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Corpus
de análise da pesquisa: os artigos científicos publicados nos periódicos da
área de Ciência da Informação, no Brasil........................................................................ 59
Tabela 2 - Autoria dos Artigos Citantes......................................................................... 61
Tabela 3 - Autores mais produtivos dos Artigos Citantes ................................................ 65
Tabela 4 - Distribuição das citações na área de Ciência da Informação, no Brasil ............. 71
Tabela 5 - Documentos mais citados na área de Ciência da Informação, no Brasil............ 73
Tabela 6 - Autores nacionais mais citados na área de Ciência da Informação, no Brasil .... 82
Tabela 7 - Autores estrangeiros mais citados na área de Ciência da Informação, no Brasil 83
Tabela 8 - Entidades mais citadas na área de Ciência da Informação, no Brasil................ 86
Tabela 9 - Densidade da rede de autores ..................................................................... 95
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACA – Análise de Co-citação de Autores
ASIS - American Society for Information Science
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CAs - Comitês de Assessoramento
IBBD – Instituto Brasileiro de Documentação e Biblioteconomia
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ISI - Institute for Scientific Information
PQ - Bolsa de Produtividade em Pesquisa
PUC-Campinas - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UFAM - Universidade Federal do Amazonas
UFC - Universidade Federal do Ceará
UFMA - Universidade Federal do Maranhão
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFRN -Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
USP - Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................... 25
2.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO......................................... 25
2.2 O PENSAMENTO COMPLEXO, AS REDES DE CONHECIMENTO E AS CITAÇÕES . 31
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................47
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................................. 47
3.2 O CORPUS E O CONTEXTO DA PESQUISA...................................................... 48
3.3 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 52
3.4 DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NA PESQUISA .................................... 55
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA........................................................................... 56
4 RESULTADOS DA PESQUISA: apresentação e análise dos dados ............ 57
4.1 OS ARTIGOS CITANTES ................................................................................ 58
4.1.1 Autoria dos artigos e produtividade dos autores........................................... 59
4.1.2 Temática dos artigos citantes ..................................................................... 68
4.2 OS DOCUMENTOS CITADOS.......................................................................... 71
4.2.1 Os tipos de documentos citados.................................................................. 74
4.2.2 A temática dos trabalhos citados................................................................. 76
4.2.3 Os autores mais citados ............................................................................. 80
4.3 A FRENTE DE PESQUISA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, NO BRASIL............... 87
4.4 AS REDES COGNITIVAS DE PESQUISADORES DA ÁREA DE CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, NO BRASIL.................................................................................. 91
4.5 AS COMUNIDADES ESTABELECIDAS PELAS CITAÇÕES ................................... 96
5 CONCLUSÃO ...........................................................................................110
APÊNDICE A Artigos científicos publicados nos periódicos da área de
Ciência da Informação no Brasil, 2001-2005 ...........................................128
ANEXO A – Taxonomia da Ciência da Informação....................................138
14
1 INTRODUÇÃO
A Ciência da Informação é um campo que possui componentes de uma ciência pura,
na medida em que investiga os assuntos sem relação com a aplicação, e componentes de
uma ciência aplicada, na medida em que cria serviços e produtos (BORKO, 1968). No seu
surgimento, as investigações na Ciência da Informação estavam direcionadas para as
propriedades e o comportamento da informação, desde o seu fluxo, processamento, acesso
e uso (BORKO, 1968; SARACEVIC, 1996).
Wersig e Nevelling (1975) consideram a Ciência da Informação como uma disciplina
propósito-orientada ou problema-orientada, uma vez que se preocupa com a transmissão de
conhecimento para aqueles que dele necessitam. É também considerada uma ciência social,
por se preocupar com o esclarecimento de um problema social concreto, ou seja, o problema
da informação, mais especificamente do ser social que procura a informação. Por isso, seu
cenário real está vinculado à responsabilidade social (WERSIG; NEVELLING, 1975).
Belkin e Robertson (1976) também consideram a Ciência da Informação como uma
disciplina propósito-orientada, isto é, relacionada à transferência da informação almejada
entre o gerador e o receptor humano. É o campo do conhecimento que está voltado ao
estudo da informação e das inúmeras situações e processos decorrentes desse fenômeno,
tais como a origem, a coleta, a organização, o armazenamento, a recuperação, a
disseminação e o uso da informação. Essa disciplina investiga as propriedades e o
comportamento da informação, as forças que governam o seu fluxo e os meios de
processamento para otimizar o seu acesso e uso (SHERA; CLEVELAND, 1977; PINHEIRO;
LOUREIRO, 1995; SILVA; RIBEIRO, 2002).
A Ciência da Informação passou a ser entendida por Mikhailov, Chernyi e Gilyarevskyi
(1980, p. 72) como uma disciplina científica que investiga a estrutura e as propriedades da
informação científica e as regularidades dos processos de comunicação científica.
Para Brookes (1980), a informação modifica a estrutura cognitiva dos indivíduos e,
desse modo, a abordagem cognitiva foi associada à Ciência da Informação. O fenômeno
mencionado pelo autor é representado através da equação que exprime a passagem de um
estado de conhecimento C para um novo estado de conhecimento C’, o que ocorre com a
contribuição de um conhecimento ∆C, sendo este extraído de uma informação ∆I, na qual
∆C representa o efeito da modificação. Apesar de Brookes (1980) iniciar a abordagem
cognitiva na Ciência da Informação, deve-se a Belkin (1990) a relação de tal abordagem
para com ela, no intuito de explicar os fenômenos informacionais, na própria Ciência da
15
Informação e em outras disciplinas. A abordagem cognitiva está presente na verificação dos
fenômenos e da situação da representação do conhecimento, intenções, crenças, textos e
também as interações entre tais representações.
Wersig (1993) considera a Ciência da Informação como o protótipo de uma nova
ciência, que se preocupa com a construção de abordagens específicas. Para ele, essa Ciência
enfrenta problemas devido ao seu fracionamento em inúmeras disciplinas, o que obriga o
cientista a lidar com dados fragmentados de natureza empírica e teórica. O autor argumenta
que o universo do conhecimento está cada vez mais fracionado e isso se por inúmeras
razões, dentre elas o aumento do volume de conhecimentos existentes, que torna impossível
a acumulação de todo o conhecimento disponível por algum indivíduo, o que leva ao
surgimento de especialidades em cada área.
Para Saracevic (1996), existe uma concentração de problemas para pesquisa e a
prática profissional na Ciência da Informação. Eles estão voltados à efetividade, à
comunicação humana, ao conhecimento, aos registros do conhecimento, à informação, às
necessidades de informação, aos usos da informação, ao contexto social, ao contexto
institucional, ao contexto individual e à tecnologia da informação, conferindo assim uma
visão mais global para área.
A Ciência da Informação possui um amplo campo de estudo, que se tem ampliado
diante do reconhecimento da importância da informação o seu principal objeto de estudo.
Assim, volta-se à compreensão e à organização da informação fonte para o conhecimento
e seus processos. Na visão de Silva e Ribeiro (2002), a Ciência da Informação é tanto um
fenômeno que emerge da coisa, isto é, do código lingüístico, numérico, gráfico ou suporte
material, possuindo propriedades essenciais, como um processo que engloba o
comportamento informacional e um conjunto de etapas, tais como: criação, uso, difusão,
organização, armazenamento, coleção, pesquisa e interpretação.
A Ciência da Informação se desenvolveu em vários países e, apesar da sua evolução
ter acompanhado diferentes acontecimentos e prioridades, a justificativa e os conceitos são
globais, fazendo com que o despertar dessa ciência seja o mesmo, em todo em mundo
(SARACEVIC, 1996).
Entre os diferentes acontecimentos que permeiam as origens da Ciência da
Informação, os autores destacam alguns impulsionadores desse processo:
a publicação da obra ‘Tratado de Documentação’ por Paul Otlet, em 1934
(SILVA; RIBEIRO, 2002);
a publicação do artigo ‘As we may think’ por Vanevar Bush, em 1945
(BARRETO, 2002; SANTOS, 2002; SARACEVIC, 1996, p. 42);
16
a explosão informacional que ocorre após a Segunda Guerra Mundial e a
criação da American Society for Information Science, em 1960 (PINHEIRO;
LOUREIRO, 1995);
a reunião
do Geórgia Institute of Technology
,
em 1962
(BRAGA, 1995;
PINHEIRO; LOUREIRO, 1995);
as ações do belga Paul Otlet, considerado o pioneiro da ciência, pois o seu
entendimento de que o objetivo da documentação era processar informação
contribuiu para as origens e evolução dessa ciência (SILVA; RIBEIRO, 2002);
a transformação, em 1960, do American Documentation Institute em
American Society for Information Science e, conseqüentemente, a
transformação do periódico American Documentation em Journal of the
American Society for Information Science
(BRAGA, 1995; LE COADIC, 2004).
González de Gómez (2000) considera que a Ciência da Informação surgiu a partir de
transformações das sociedades contemporâneas, visto que tais sociedades começam a
considerar o conhecimento, a comunicação, os sistemas de significação e uso da linguagem
como objetos de pesquisa científica e domínios de intervenção tecnológica. Assim, é possível
vinculá-la à Sociedade da Informação, pois nesta nova era a informação flui em velocidades
e quantidades inimagináveis, torna-se valorizada social e economicamente (TAKAHASHI,
2000).
No início do século XXI, as mudanças da Ciência da Informação estão fortemente
relacionadas aos programas da Sociedade da Informação, nos quais a informação é
valorizada e reconhecida como um diferencial entre os povos. Gonzalez de Gómez (2000)
adverte que a reformulação das infra-estruturas de informação não é decorrência apenas
dos avanços nas tecnologias dos supercomputadores, nem da robótica na produção
industrial ou das novas formas do trabalho, mas seria conseqüência da expansão da
microeletrônica potencializada pelas redes de comunicação, que envolvem todo o tecido
social.
De acordo com Pinheiro (2005, p. 2), “embora para a sistematização das pesquisas
teóricas sobre Ciência da Informação, o marco tenha sido 1961/1962, dois autores o
antecedem e são muito significativos pela grandiosidade de seu papel na área: Paul Otlet e
Mikhailov.” Essa autora, sistematizando as informações encontradas na literatura, chega à
conclusão de que se pode considerar três fases para a interpretação epistemológica-histórica
da área, conforme os períodos assim estabelecidos:
de 1961 até 1969: o reconhecimento do nascimento de um novo campo
científico e as primeiras discussões acerca da sua origem, denominação,
conceitos, definições e natureza interdisciplinar;
de 1970 até 1989: a busca de princípios, metodologia e teorias próprias,
delimitando o seu terreno epistemológico, e as transformações advindas das
17
novas tecnologias;
a partir de 1990: a consolidação de sua denominação e de alguns princípios,
métodos e teorias; o debate da natureza e das relações interdisciplinares com
outras áreas.
A Ciência da Informação, no decorrer de sua trajetória como área de conhecimento, é
considerada uma ciência interdisciplinar devido às relações estabelecidas com outros campos
científicos (SARACEVIC, 1996). A interdisciplinaridade foi introduzida na área em razão da
variedade da formação dos indivíduos que se engajaram na investigação dos seus
problemas. A interdisciplinaridade pode ser caracterizada como a colaboração entre as
disciplinas ou entre os distintos setores de uma ciência, que leva às interações, ou a uma
reciprocidade nos intercâmbios, de modo que cada disciplina se enriqueça (JAPIASSU, 1976).
É também caracterizada pela proximidade com campos científicos distintos, para solucionar
problemas específicos e compartilhar metodologias (DOMINGUES, 2005). Nas disciplinas
emergentes, “as primeiras pesquisas tomaram emprestado métodos de outras disciplinas,
adaptaram outros métodos e técnicas e gradualmente foram construídos conjuntos de
conceitos e teorias, leis e quase-leis, na tentativa de alicerçar os fundamentos da nova área.”
(BRAGA, 1995). A interdisciplinaridade nessa área é vista a partir das disciplinas que a
compõem e das contribuições dos outros campos do conhecimento, com seus conceitos,
princípios, técnicas, métodos e teorias; e, vice-versa, da Ciência da Informação para os
demais campos do conhecimento (PINHEIRO, 1999).
A interdisciplinaridade, na área, pode ser vista a partir das relações estabelecidas
com a Biblioteconomia (MIKHAILOV; CHERNYI; GILYAREVSKYI, 1969; PINHEIRO;
LOUREIRO, 1995; SARACEVIC, 1996; PINHEIRO, 1999; LE COADIC, 2004; TARGINO, 1995,
2006), a Ciência da Computação (BORKO, 1968; PINHEIRO; LOUREIRO, 1995; SARACEVIC,
1996; PINHEIRO, 1999; LE COADIC, 2004), as Ciências Cognitivas (SARACEVIC, 1996;
PINHEIRO, 1999), a Comunicação (BORKO, 1968; PINHEIRO; LOUREIRO, 1995; SARACEVIC,
1996; PINHEIRO, 1999; LE COADIC, 2004), a Matemática (BORKO,1968; PINHEIRO;
LOUREIRO, 1995; LE COADIC, 2004), a Administração e Gestão (BORKO, 1968; PINHEIRO;
LOUREIRO, 1995; LE COADIC, 2004; SILVA; RIBEIRO, 2002), a Pesquisa Operacional
(BORKO, 1968; LE COADIC, 2004), as Artes Gráficas (BORKO, 1968; LE COADIC, 2004;
SILVA; RIBEIRO, 2002), a Sociologia, a Economia (PINHEIRO; LOUREIRO, 1995; LE COADIC,
2004; TARGINO,1995, 2006), a Estatística, a Filosofia, a Epistemologia e Filosofia da Ciência,
a História, a Museologia, a Arquivística, a Educação (PINHEIRO; LOUREIRO, 1995; LE
COADIC, 2004), o Jornalismo Científico e a Antropologia (PINHEIRO; LOUREIRO, 1995), a
Documentação e a Política (LE COADIC, 2004; TARGINO, 1995, 2006), a Tecnologia
Computacional (SILVA; RIBEIRO, 2002), a Eletrônica e Telecomunicações (LE COADIC,
18
2004).
Considera-se que os laços mais estreitos da Ciência da Informação se dão com a
Biblioteconomia, “pois ambas têm uma preocupação comum relacionada com os problemas
de efetiva utilização dos registros gráficos.” (SARACEVIC, 1996, p. 49). Entretanto, essas
áreas são consideradas campos distintos, pois possuem diferenças significativas, tais como:
a seleção e definição dos problemas; as questões teóricas e os modelos introduzidos; a
natureza e o grau de experimentação, assim como os conhecimentos práticos; os
instrumentos e enfoques utilizados; a natureza e a força das relações interdisciplinares
estabelecidas (SARACEVIC, 1996). Mostafa (1996, p. 306) constata que “a Ciência da
Informação se constitui como disciplina no espaço vazio que a Biblioteconomia deixou de
ocupar”. Isso é corroborado por Oliveira (2005), para quem a Ciência da Informação, no
Brasil, se desenvolveu imbricada com a Biblioteconomia, mesmo que orientadas por
paradigmas diferentes.
A relação com a Ciência da Computação pauta-se na aplicação dos computadores e
da computação na recuperação da informação. Observa-se que a ciência da computação
trata de algoritmos que transformam informações enquanto a Ciência da Informação trata da
natureza mesma da informação e sua comunicação para o uso pelos humanos.”
(SARACEVIC, 1996).
Com as Ciências Cognitivas, o maior elo se a partir da Inteligência Artificial
(SARACEVIC, 1996). Lima (2003) acrescenta que a intersecção entre a Ciência da
Informação e a Ciência Cognitiva se concentra nos processos de categorização, indexação,
recuperação da informação e interação homem-computador, cujo potencial tem sido
validado pelo campo da Inteligência Artificial.
As relações com a Comunicação são definidas pelas relações entre o fenômeno da
informação e o processo da comunicação (SARACEVIC, 1996). A Ciência da Informação
absorve da Comunicação a mesma questão do processo de comunicação – a informação flui
por um processo de comunicação mas concentra-se no processo de comunicação da
ciência (MOSTAFA, 1996).
Contudo, “a Ciência da Informação incorpora muito mais contribuições de outras
áreas, do que transfere para essas um corpo de conhecimentos gerados dentro de si
mesma.” (PINHEIRO, 1999, p. 176). Também merece destaque que a interdisciplinaridade
na Ciência da Informação não leva à fusão de áreas, o que seria uma das características da
interdisciplinaridade. Pois, apesar das intensas e profundas relações interdisciplinares da
Ciência da Informação, principalmente com a Comunicação, a Biblioteconomia e a Ciência da
19
Computação, existe na literatura teórica estrangeira sobre a questão o reconhecimento do
diálogo interdisciplinar, mas não o da fusão de áreas (PINHEIRO, 2000).
Além de estabelecer relações com outras áreas do conhecimento, a Ciência da
informação lida com três paradigmas: o físico, o social e o cognitivo. Essa Ciência nasceu, na
metade do século XX, com um paradigma físico, sendo que esse paradigma é questionado
por um enfoque cognitivo idealista e individualista, e vem sendo substituído por um
paradigma pragmático e social (CAPURRO, 2003).
O paradigma físico inicia-se com a teoria da recuperação da informação ou
information retrieval
, que se baseia numa epistemologia fisicista e está ligado fortemente
com a teoria da informação de Shannon e Weaver e com a cibernética de Wiener. Nesse
paradigma, acredita-se que existe algo – um objeto físico – que é transmitido de um emissor
a um receptor. O paradigma físico surge “enraizado na prática da catalogação e da
classificação, que exclui o sujeito cognoscente e enfatiza a informação sistêmica.”
(NASCIMENTO; MARTELETO, 2004, p. 3).
O paradigma social está vinculado às atividades exercidas pelos e para os indivíduos.
Hjørland (2002a) propõe um paradigma social, que chama de análise de domínio, no qual o
estudo de campos cognitivos está em relação direta com comunidades discursivas e, dessa
forma, estuda os domínios do conhecimento a partir das suas comunidades discursivas.
Estas são grupos sociais e de trabalho distintos, mas que estão ligados pelo pensamento,
linguagem e conhecimento. A análise de domínio focaliza a estrutura e a organização do
conhecimento, os padrões de cooperação, as formas de linguagem e de comunicação, os
sistemas de informação, a literatura e sua distribuição e os critérios de relevância.
O paradigma cognitivo surge a partir da equação enunciada por Brookes, que
acredita que “os conteúdos intelectuais formam uma espécie de rede que existe somente em
espaços cognitivos mentais” (CAPURRO, 2003, p. 6). Hjørland (2002b) reconhece que o ideal
seria uma visão sócio-cognitiva, pois a visão cognitiva inclina-se para psicológico e para a
questão epistemológica de estudar conhecimento a partir da investigação do indivíduo,
enquanto que a visão sócio-cognitiva inclina-se para a questão epistemológica e psicológica
de ver o conhecimento individual numa perspectiva histórica, cultural e social.
Autores como Freire e Araújo (2001) e Freire (2003) têm defendido a existência de
um paradigma indiciário na Ciência da Informação. Este indica a possibilidade de descrever
uma realidade complexa a partir de dados aparentemente irrelevantes. Os fios que compõem
uma pesquisa desenvolvida sob esse paradigma são comparados aos fios de um tapete. Essa
também é a idéia do pensamento complexo e a Ciência da Informação pode ser entendida a
20
partir do paradigma da complexidade, visto que a rede conceitual que caracteriza a Ciência
da Informação vai do dado, em sua forma bruta e primitiva, à elaboração como informação e
a sua absorção na estrutura cognitiva, se transformado em conhecimento e, em algumas
situações, incluindo saber, num aumento de complexidade. Tal rede pode finalizar na
cultura, ao considerar a incorporação dessas informações relevantes em outras
manifestações, produções e vivências do ser humano, tanto individuais como coletivas
(PINHEIRO, 2005). Assim, estudar os acontecimentos na Ciência da Informação, a partir da
complexidade, implica no reconhecimento, como adverte Capra (2000), de que as
concepções e teorias científicas são limitadas e aproximativas, de modo que a ciência nunca
fornece uma visão completa e definitiva.
A ciência em estudo ganha um enfoque contemporâneo, quando passa a ser vista
como o campo do conhecimento voltado ao estudo das questões científicas e da prática
profissional, no que se refere à comunicação dos conhecimentos e de seus registros entre os
seres humanos, no contexto social, institucional ou individual de uso e das necessidades de
informação, sendo fortemente influenciada pelas modernas tecnologias (SARACEVIC, 1996).
Mostafa (1996, p. 306) a reconhece como “uma nova ciência que cuidaria das redes
cognitivas de pesquisadores, dos canais e fluxo informacionais, procedimentos de busca e
indexação impossíveis de serem pensados sem processos automatizados.”
Saracevic (1996) afirma que a Ciência da Informação atingiu o seu ponto crítico, pois
são várias as pressões para examinar a sua problemática e as soluções encontradas, seja de
forma teórica, experimental ou prática. A dificuldade em delimitar a área e de reconhecer a
sua epistemologia advém das origens da Ciência da Informação e de suas características,
como a interdisciplinaridade, que Mostafa (1996, p. 306) não entende como cooperação ou
complementação, mas como conseqüência da disciplinaridade e do fracionamento no
conhecimento. Assim, entende as relações entre os campos como ruptura e afirma que, se
não fosse a ruptura, a “ciência da informação seria uma superciência capaz de absorver
quaisquer pressões.” Para essa autora, a dificuldade de traçar o perfil epistemológico da
Ciência da Informação é conseqüência da idéia de que pode tudo ou do fato de estar ligada
a várias disciplinas, como uma espécie de ciência régia. A interdisciplinaridade, que
possibilita a utilização de conceitos, métodos, leis e teorias de outras áreas, contribui para
que a Ciência da Informação não desenvolva seus próprios conceitos, métodos, leis e
teorias.
Em decorrência desse fracionamento, esse campo científico não terá uma teoria
própria, e sim uma estrutura decorrente de um amplo conceito científico ou de modelos e
conceitos adaptados. Pinheiro e Loureiro (1995) consideram que a ausência de um corpo de
21
fundamentos teóricos para delinear o seu horizonte científico, bem como o fato da sua
epistemologia e da investigação dos conhecimentos que a permeiam ainda estarem em
construção, são pontos de fragilidade da área.
Braga (1995) lembra que seus caminhos e seu objeto são fascinantes, ainda que
tenham futuro incerto e imprevisível:
Vivemos a era da informação, transitamos nas infovias, somos uma
sociedade de informação-intensiva, voltada à inteligência social, marcada
pela globalização/fragmentação do pós-moderno, pelo imprevisível e pelo
incerto, caracterizada pelas novas tecnologias e pelos info-ambientes
cambiantes que se reconfiguram indefinidamente como fractais em um
grande mosaico. Certamente, somos estudiosos dos problemas de
informação’, mas está se tornando cada vez mais difícil estudar algo do
qual só estamos conseguindo perceber o rastro. (BRAGA, 1995, p. 88).
Isso ocorre, também, como conseqüência do crescimento desse campo. Norton
(2001b) aponta que o campo está crescendo, mudando entidades que requerem a atenção e
participação de todos que estão buscando a expansão de seus horizontes. Esse autor
defende que a Ciência da Informação envolve muitas disciplinas e praticantes, com focos e
preocupações ligeiramente diferentes. Avanços contínuos em tecnologia e o estudo da
informação em todos os aspectos assegurarão transformações sem precedentes na área e
em todas as profissões relacionadas. Ele assegura ainda que é um campo que continuará
crescendo e se dividindo em especialidades.
De acordo com Hjørland (2002a), a Ciência da Informação estuda as relações entre
os discursos, áreas de conhecimento e documentos, voltando-se às possíveis perspectivas ou
acesso de distintas comunidades de usuários. González de Gómez (2003, p. 32) assinala que
essa ciência volta-se ao estudo dos fenômenos, processos, construções, sistemas, redes e
artefatos de informação, remetendo aos indivíduos que lidam com ela, aos contextos e
situações em que acontecem e aos regimes de informação de que participam.
Oliveira, Mota e Urbizagastegui Alvarado (2004) reconhecem a Ciência da Informação
como um corpo disciplinar que tem um campo bastante amplo de práticas, entretanto ainda
não possuindo um campo teórico definido, como ocorre em outras áreas do conhecimento.
E, justamente por não ter alcançado uma construção teórica que integre todos os seus
conceitos e práticas, essa área atua com base em construções teóricas mais ou menos
fragmentadas. Francelin (2004) defende que, para que sejam construídos teorias,
metodologias e conceitos, é necessário que essa área se afaste das abordagens superficiais
e se aprofunde em contextos epistemológicos, múltiplos e complexos, descobrindo as
correntes de pensamento nas quais se apóia. Para a autora, é provável que esse seja o
22
caminho para a consolidação da Ciência da Informação, na pós-modernidade.
De qualquer forma, observa-se que as delimitações da Ciência da Informação vêm se
transformando ao longo de sua existência, o que é observado a partir da modificação do
conceito e da abrangência da área; e isso se deve, em parte, às próprias transformações
ocorridas na sociedade. Segundo Borges et al. (2004), a Ciência da Informação, como
campo epistemológico, tem apresentado evoluções nas tendências e enfoques de pesquisa,
bem como elementos que demonstram a sua relação com outras ciências. Para esses
autores, a Ciência da Informação, em seu curso evolutivo, tem experimentado algumas
mudanças paradigmáticas.
Pinheiro (2005, p. 16) acredita que “há um sério e fértil empreendimento teórico e
clara evolução de conceitos, princípios, hipóteses e métodos” na área, admitindo apenas que
a área ainda se encontra num “estágio incipiente das teorias ou quase-teorias.”
As pesquisas e estudos desenvolvidos nessa área visam à construção de fundamentos
que auxiliem no estabelecimento da epistemologia da Ciência da Informação. Assim, tais
estudos abordam, principalmente, a informação, os fluxos da informação, a produção e os
registros do conhecimento, a comunicação e os diferentes contextos em que a atividade
científica se desenrola.
No Brasil, a Ciência da Informação foi introduzida em 1972, através da criação do
Curso de Mestrado em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e
Documentação (IBBD), denominado atualmente de Instituto Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia (IBICT). Isso representou a oportunidade do país participar das
discussões e debates sobre os problemas da área (BRAGA, 1995; PINHEIRO; LOUREIRO,
1995). O periódico Ciência da Informação também surge, em 1972, como decorrência da
criação do curso de mestrado (BRAGA, 1995; MOSTAFA, 1996) e se torna o principal veículo
de disseminação do conhecimento na área.
A cientificidade desse campo pode ser vista a partir da existência de programas de
pós-graduação e de veículos de comunicação e disseminação da informação e conhecimento
produzido, como destacam Oliveira, Mota e Urbizagastegui Alvarado (2004). Então se pode
afirmar que a Ciência da Informação no Brasil é um campo de conhecimento consolidado,
pois está representado por nove programas de pós-graduação (Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Minas Gerais,
Universidade Federal Fluminense através de convênio com o IBICT, Universidade de Brasília,
Universidade do Estado de São Paulo/Marília, Universidade de São Paulo, Universidade
Federal de Santa Catarina e Universidade Federal da Paraíba) e uma linha de pesquisa em
23
outro programa, no caso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E também está
representada por veículos de comunicação e disseminação, tais como:
Ciência da
Informação
,
Perspectivas em Ciência da Informação
,
Informação e Sociedade
;
DataGramazero
,
Transinformação
,
Encontros Bibli, Revista Digital de Biblioteconomia e
Ciência da Informação
e
Informação e Informação
.
A Ciência da Informação, devido às suas características e histórico, enfrenta
dificuldades no estudo da natureza do saber científico e de suas estruturas lógico-racionais.
Portanto, ainda está em busca de se conhecer e, para isso, necessita de investigações acerca
da sua natureza, das suas origens e dos limites do conhecimento, o que possibilitaria a
construção da epistemologia da Ciência da Informação.
A pesquisa aqui proposta se insere no contexto da Ciência da Informação, pois, entre
as preocupações dessa área, estão os estudos dos processos representacionais da
informação na geração de um novo conhecimento, tanto nos níveis individual e social, das
relações entre os documentos e das redes cognitivas. Além disso, é uma Ciência que tem a
possibilidade de estudar a si mesma, como ocorrerá nesta pesquisa, que objetiva mapear as
redes cognitivas no campo da Ciência da Informação, no Brasil. Para isso, pretende-se
analisar as redes de citações nos artigos dos periódicos científicos consolidados da área de
Ciência da Informação, no Brasil, pois se acredita que tais redes sejam um retrato das
relações feitas entre os pesquisadores na produção do conhecimento, o que nesta pesquisa
denominou-se de redes cognitivas. Através do mapeamento dessas redes, visa-se também
identificar os principais atores envolvidos no processo, a frente de pesquisa, a formação de
comunidades invisíveis e fatores que, possivelmente, influenciem tais relações. Christovão
(1979) ressalta que, numa área que estuda a si mesma e na qual os fatos estão basicamente
em documentos, tende-se a nortear a busca do desenvolvimento teórico para as múltiplas
relações que os documentos possam ter.
Nesta pesquisa, busca-se compreender a construção da Ciência da Informação
desenvolvida no Brasil e sua interdisciplinaridade, a partir da literatura usada pelos autores
que atuam na área. Pois se acredita que, através desse caminho, seja possível indicar as
zonas de intersecção de relações, as diferentes perspectivas teóricas e correntes de
pensamento, e os campos de conhecimento que contribuem para a construção cognitiva da
área.
A literatura científica é uma das formas de representação do conhecimento, é o
produto da atividade científica. Através dela o conhecimento produzido é divulgado,
reconhecido e aceito no meio científico. Considera-se, nesta pesquisa, que essa
24
representação ocorre através do discurso científico, que é constituído de remissões a outros
documentos as citações que refletem as relações estabelecidas entre documentos ou
pesquisadores, na produção do conhecimento, representam a busca ao outro, são os elos de
uma rede formada pelos pesquisadores e seus produtos, são assim, redes cognitivas. No
caso da Ciência da Informação, que, como mencionado, é uma ciência interdisciplinar, as
citações permitem verificar as relações estabelecidas com outros campos, e assim detectar
as influencias teóricas presentes nessa área. Espera-se que, ao desvelar o cenário onde
circulam os conhecimentos, será revelada uma contribuição importante para o entendimento
da construção epistemológica da área.
Para estudar as citações e as relações por elas explicitadas, usa-se a análise de
citação. Através delas, os artigos citados são analisados numa análise de trás para frente,
pois se acredita que, ao analisar a produção de conhecimento, a ordem dos fatores não
altera o resultado, contudo auxilia a mapear as redes cognitivas (MOSTAFA; MÁXIMO, 2003).
Tomando como ponto de partida as considerações feitas, esta pesquisa estará
preocupada em encontrar respostas para as seguintes questões:
Quais são as redes cognitivas mais significativas na construção do conhecimento
científico da Ciência da Informação, no Brasil?
Quais as influências teóricas mais presentes na construção do conhecimento em
Ciência da Informação, no Brasil?
Quais os autores mais influentes na construção do conhecimento na área, no Brasil?
Para contemplar o mapeamento das relações tecidas no processo de produção do
conhecimento as redes cognitivas e as influências teóricas presentes na área de Ciência
da Informação, nesta pesquisa foram traçados alguns objetivos para serem atingidos. Como
objetivo geral, tenciona-se mapear as redes cognitivas de pesquisadores, a partir das
citações feitas nos artigos científicos publicados nos periódicos da área de Ciência da
Informação, no Brasil. Os objetivos específicos foram assim definidos: identificar autores e
temáticas de artigos científicos publicados nas revistas de Ciência da Informação, no Brasil;
identificar, através da análise dos autores, a frente de pesquisa possível de ser configurada
na área; identificar as comunidades que se formam, a partir das relações estabelecidas pelas
citações; detectar os autores mais influentes na construção do conhecimento da área e as
influências teóricas da área de Ciência da Informação, no Brasil.
25
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para o desenvolvimento da pesquisa proposta, ou seja, para a fundamentação teórica
da análise das redes cognitivas da Ciência da Informação desenvolvida no Brasil, foram
colocados lado a lado autores que, embora não sigam a mesma linha filosófica, produziram
argumentos ou idéias consideradas relevantes para o entendimento da problemática aqui
colocada. Assim, a linha norteadora do aporte teórico que deu sustentação ao
desenvolvimento desta pesquisa foi fornecida por alguns pressupostos, que são:
O conhecimento científico é construído;
a produção do conhecimento é um processo coletivo permeado de interações e, no seu
estudo, é importante considerar a complexidade desse fenômeno, observando as relações
estabelecidas e as redes cognitivas tecidas nesse processo;
os autores e obras citados em um artigo, que é uma representação do conhecimento
produzido na área, são importantes indícios das influências recebidas na construção desse
conhecimento
.
2.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Para entender como se processa e quais são as forças que interferem na construção
do conhecimento científico, torna-se imprescindível entender como funciona o campo
científico, usando para isso a noção dada por Bourdieu (1983, 2004).
O campo científico é o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições
que produzem, reproduzem ou difundem a ciência. Para Bourdieu (1983, 2004), o campo
científico tem uma estrutura de relações objetivas entre os diferentes agentes. É essa
estrutura que vai dizer o que pode e o que não pode ser feito. É a posição que os agentes
ocupam nessa estrutura que define ou orienta seus posicionamentos. Tal estrutura é
determinada pela distribuição do capital científico entre os diferentes agentes engajados no
campo.
O capital científico, para esse autor, é uma espécie particular de capital simbólico,
que consiste no reconhecimento concedido pelos pares, no seio desse campo. Os maiores
detentores de capital científico são certamente os pesquisadores dominantes. São eles que,
geralmente, indicam o conjunto de questões que devem importar para os pesquisadores e
sobre as quais eles precisam se concentrar, para serem devidamente recompensados.
Segundo Bourdieu (1983), no interior do campo está sempre em jogo o poder de impor uma
definição da ciência. Em todo campo se situam, com forças mais ou menos desiguais,
26
segundo a estrutura da distribuição do capital no campo, os dominantes, representados
pelos pesquisadores experientes, e os dominados, representados pelos novatos. Na luta que
os opõe, os dominantes procuram as estratégias de conservação, visando assegurar a
perpetuação da ordem científica, ideais para lhes assegurar, ao término de sua carreira
previsível, os lucros prometidos aos que realizam a excelência científica, sem ultrapassar os
limites autorizados; os novatos buscam as estratégias de subversão, que podem assegurar
os lucros prometidos, em troca de uma redefinição completa dos princípios que legitimam a
dominação.
O capital científico é conquistado principalmente pelas publicações que despertaram
interesse dos membros do campo científico, sendo usado para alimentar e realimentar o
processo de produção do conhecimento. Essa produção não ocorre isoladamente, visto que,
para tal, é necessário captar recursos, tanto materiais como intelectuais. Nesse processo, o
capital científico é a moeda que movimenta as transações. A literatura científica possibilita
aos pesquisadores compartilharem informações sobre as pesquisas desenvolvidas e sobre os
resultados obtidos pelos pares, proporcionando a interação e dando-lhes credibilidade,
reconhecimento e prestígio no campo científico.
A construção dos fatos científicos o conhecimento científico como sugere Latour
(1994a), é produto igualmente da articulação dos diferentes elementos: os instrumentos
científicos, que ligam a pesquisa ao metodológico e às referências do mundo da ciência; a
comunidade científica e os colegas das mesmas especialidades, que atestam a validação; as
alianças sócio-institucionais, regionais, nacionais e/ou internacionais, públicas e/ou privadas;
as dimensões políticas da questão pesquisada e suas influências internas e externas ao
estudo; e, principalmente, o que sustenta os outros quatro horizontes, mas que pode ser
pensado a partir deles: a teoria, a idéia, o conceito ou, numa palavra, o conteúdo científico.
Dependendo, portanto, das articulações feitas entre esses horizontes, das escolhas, dos
caminhos e do contexto de seu desenvolvimento, será extremamente diferente a
configuração resultante em termos desse conteúdo, desse fato científico.
Latour (2001) sistematiza de forma clara seu ponto de vista, quando faz uma
analogia do trabalho científico com o sistema circulatório. Para esse autor, o sistema
circulatório da produção do conhecimento científico é composto por uma série de circuitos. A
circulação e a mobilização de todos esses circuitos possibilitam a existência de um trabalho
científico e a publicação de seu resultado final. Os circuitos envolvidos nesse processo estão
relacionados:
27
à mobilização do mundo referindo-se ao conjunto de mediações aptas a
fazer circular os elementos não-humanos através do discurso (instrumentos,
levantamentos, questionários e expedições);
à autonomização referindo-se à delimitação de um campo de
especialistas em torno de uma disciplina, capazes de serem convencidos ou
entrarem em controvérsia;
às alianças referindo-se ao processo recrutamento do interesse de grupos
não científicos, como militares, governamentais e industriais;
à representação pública referindo-se ao conjunto de efeitos produzidos
em torno do cotidiano dos indivíduos; e
aos vínculos e nós referindo-se ao coração conceitual, que amarra todos
os demais circuitos.
Para Lévy (2001), os pesquisadores constroem o conhecimento científico a partir dos
conhecimentos existentes e, assim, a comunidade científica foi a primeira que se
organizou em torno de uma inteligência coletiva. O pesquisador científico se apóia nos
conhecimentos existentes para criar novos conhecimentos; insere-se dessa forma em um
coletivo, em um espaço intelectual, onde todas as idéias estão em competição cooperativa e
onde suscitar o interesse dos outros pesquisadores é fundamental. As interações, nesse
espaço de inteligência coletiva, podem ocorrer via interação direta e indireta, entre os
pesquisadores. Para produzir o conhecimento, o pesquisador avança e recua, constrói e
reconstrói, seleciona e elabora a informação, e interage com outros indivíduos (LÉVY, 1999).
A interação direta ocorre através dos canais informais, que se caracterizam pela
transferência da informação pessoa a pessoa, como: colégios invisíveis, reuniões científicas,
palestras, listas de discussão, entre outros. A interação indireta ocorre na busca de
informações disponíveis nos canais formais, tais como periódicos científicos e livros. Ela pode
ser reconhecida a partir da literatura científica, e identificada e explicitada pelas citações.
Para Foucault (1995), o conhecimento científico se estrutura pelos limites do que é
possível dizer, ou seja, pelo que é comunicado. O conhecimento científico repousa num
suporte institucional, é reforçado e acompanhado por outros estratos e práticas sociais, tais
como o sistema de comunicação do conhecimento. Delgado e Quevedo (1997, p. 5, tradução
nossa) ressaltam que:
Não podemos separar a compreensão histórica e social da produção do
conhecimento, das disciplinas de comunicação que vão se estabelecendo
nos processos de criação, institucionalização, difusão, distribuição,
assimilação, apropriação, confronto e modificação do conhecimento.
Através da comunicação, os pesquisadores trocam informações sobre as pesquisas
desenvolvidas e resultados obtidos pelos pares, proporcionando a interação entre os
28
pesquisadores, o que lhes proporciona credibilidade e reconhecimento, e é primordial para o
avanço da ciência. Para Le Coadic (2004), é papel da comunicação o intercâmbio de
informações sobre os trabalhos em andamento, que coloca os cientistas em contato.
Portanto, “é a comunicação científica que fornece ao produto (produção científica) e aos
produtores (pesquisadores) a necessária visibilidade e possível credibilidade no meio social
em que o produto e produtores se inserem.” (TARGINO, 2000, p. 54).
A comunicação é um aspecto fundamental do estudo social da ciência. Mueller (2000,
p. 22) reconhece que o “trabalho intelectual de estudiosos e pesquisadores depende de um
intricado sistema de comunicação, que compreende canais formais e informais.” Freire
(2002) observa que é através do processo de comunicação que a informação contida num
documento interage com um receptor (pesquisador) e transforma as suas estruturas
cognitivas, no momento em que este compreende a mensagem.
O termo “comunicação científica” denomina a troca de informação entre os cientistas
e engloba todas as atividades ligadas com a produção, assimilação e uso da informação,
desde o momento em que o cientista teve a idéia da pesquisa, até o momento da publicação
e aceitação, como parte do corpo de conhecimento científico (GARVEY, 1979). Por isso, a
comunicação é condição
sine qua non
ao desenvolvimento e continuidade da ciência, e é
parte do processo de pesquisa científica (ZIMAN, 1979; MUELLER, 1995; MEADOWS, 1999).
Meadows (1999, p. vii) reconheceu que “a comunicação situa-se no próprio coração da
ciência.” A ciência é um processo dinâmico e evolutivo, direcionado pela produção e fluxo de
informação, até que esta se transforme em conhecimento. Para a circulação das informações
provenientes da atividade científica é necessário que as mesmas sejam comunicadas e,
assim, tornadas públicas e acessíveis aos demais indivíduos engajados na atividade
científica.
A comunicação científica tornou-se possível a partir da linguagem oral e escrita
(MEADOWS, 1999), sendo esta última a grande responsável pelo registro das memórias
científicas, permitindo que elas se mantivessem através dos tempos, e contribuindo para a
acumulação do conhecimento científico (BURKE, 2003) e para a transmissão do
conhecimento de geração a geração.
O conhecimento é retratado através dos discursos científicos. De acordo com
Foucault (1995), todo conhecimento tem por base outro conhecimento divulgado. Isso é
ressaltado pelas citações, que representam um sistema de remissões a outros documentos.
Tais remissões evidenciam que o conhecimento é cumulativo. Burke (2003) reconhece a
existência de um elemento cumulativo na história do conhecimento. Isso é corroborado por
29
Meadows (1999, p. 8), ao afirmar que “podiam ser acrescentadas novas observações e
idéias ao que se conhecia de modo a criar um nível mais elevado de conhecimento.” O
acúmulo de conhecimento não é um fenômeno novo, pois se inicia com o surgimento da
vida, codificando nos seres vivos a experiência acumulada dos ancestrais.
No processo de produção do conhecimento, os indivíduos estão em constante
interação, estabelecendo relações e transformando continuamente aquilo que os transforma.
Dessa forma, como afirmam Morin (1981; 1999) e Elias (1994), a sociedade produz os
indivíduos que, por sua vez, a produzem, numa circularidade de relações. Elias (1994)
ressalta que o ser humano é criado por outros que existiam antes dele, e não dúvidas de
que ele cresce e vive como parte de uma associação de pessoas, de um todo social. Arendt
(2007) acrescenta que as atividades humanas dependem do fato de que os homens vivem
juntos. O mesmo ocorre na produção do conhecimento, pois o indivíduo produz o
conhecimento e, ao assimilar novos conhecimentos, se transforma.
O conhecimento não é construído somente através de interações entre indivíduos. Ele
também pode ser construído a partir da interação entre sujeito e objeto, um processo de
mão dupla, denominado de adaptação, e que engloba a assimilação e a acomodação. A
assimilação envolve as ações efetuadas pelo sujeito para internalizar o objeto, interpretando-
o, de forma a encaixá-lo nas suas estruturas cognitivas; na acomodação o sujeito altera as
suas estruturas cognitivas, para melhor compreender o objeto. Assim, o indivíduo vai se
adaptando, num processo contínuo de desenvolvimento cognitivo (PIAGET, 1990). Essa
teoria é mais conhecida como construtivismo, pois os novos níveis de conhecimento estão
sendo indefinidamente construídos, através de interações entre o sujeito e o meio (PIAGET,
1990; POZO, 2005).
Diante do exposto, é possível afirmar que o conhecimento resulta do diálogo homem-
natureza, no qual um depende do outro. O conhecimento é uma construção conceitual
(ABREU JUNIOR, 1996) que adquire sentido a partir da circularidade cognitiva enunciada por
Maturana e Varela (1995), na qual o homem constrói o conhecimento dentro das
organizações que, por sua vez, dão sentido à sua vida. O conhecer é intrínseco ao ser
humano, e se acredita que este seja responsável pelo conhecer, pois o sujeito possui um
papel ativo na constituição das suas estruturas cognitivas (PIAGET, 1990). Assim, o
conhecimento é uma ação humana, visto que apenas o sujeito pode gerá-lo. Essa ação se
concretiza através de um ritual, um trajeto, e entende-se o conhecimento, como resultado
da ação do sujeito sobre a informação (TÁLAMO, 2004).
A produção do conhecimento é a grande preocupação da ciência, que é uma
30
atividade dinâmica e evolutiva, direcionada pela produção e pelo fluir de informação, até que
esta se transforme em conhecimento. Através da ciência, o homem tenta conhecer o mundo
e busca respostas e explicações para as inúmeras situações e fenômenos que o cercam; por
isso ela é definida como um modo de explicar (MATURANA, 2001). A ciência é o conjunto de
fatos, teorias e métodos, e os cientistas são indivíduos engajados na sua construção, a partir
do acúmulo do conhecimento (KUHN, 2003).
A ciência tem como meta institucional o aumento dos conhecimentos certificados
(MERTON, 1979), sendo esses conhecimentos provenientes de um trabalho intelectual que
tem como insumo os resultados científicos. É o debate acerca desses resultados que
possibilita o surgimento de um corpo sólido e sistematizado de conhecimentos, de forma que
cada resultado tem uma contribuição distinta. A produção do conhecimento científico é
alcançada a partir de resultados científicos, que são obtidos com a atividade científica. Ao
verificar-se uma lacuna nos conhecimentos existentes, se inicia a busca de novos resultados
científicos para suprimir essa lacuna (MÁLTRAS BARBA, 2003, p. 67). A produção do
conhecimento científico faz parte de um ciclo de investigação científica, constitui uma
atividade
[...] (isto é, uma seqüência de ações concretas levadas à risca por sujeitos
individuais situados num contexto) na qual tradicionalmente considera-se
essencial o conteúdo cognitivo. Para começar, se trata de uma tarefa que
busca sistematicamente a ampliação dos conhecimentos disponíveis em
certo âmbito. O êxito desta atividade é, portanto, a obtenção de um tipo
particular de conhecimento. (MALTRÁS BARBA, 2003, p. 62-63, tradução
nossa).
Em sistemas sociais e comunicacionais que se articulam através da linguagem, como
é o caso da ciência, o conhecimento é gerado num contexto de domínios que o observador
aponta através de um critério de seleção (DERQUI, 2004), ou seja, o autor denomina que
conhecimentos anteriores serão relevantes para o seu trabalho.
No estudo da produção do conhecimento devem ser consideradas as dinâmicas de
comunicação estabelecidas no processo de criação, institucionalização, difusão, distribuição,
assimilação, apropriação e modificação do conhecimento (DELGADO; QUEVEDO, 1997). Ao
estudar a produção do conhecimento científico em um Laboratório de Química Bioinorgânica,
Silva (1998, 2002) verificou que esse processo é um jogo de ações, uma rede de relações
que necessita da realização de associações, negociações, alinhamentos, de estratégias e
competências, visando interligar o maior número de elementos que possam viabilizar essa
produção.
Os imperativos que balizam a conduta social implícita na construção dos saberes em
31
geral tornam necessário considerar a construção do conhecimento como um processo
repleto de interesses pessoais e de subjetividade (ALVARENGA, 1998), pois “todo
conhecimento comporta aspectos individuais, subjetivos e existenciais.” (MORIN, 1999, p.
150).
A produção do conhecimento é uma das preocupações do campo da Ciência da
Informação que, para Mostafa (1996), estaria voltada ao estudo das redes cognitivas de
pesquisadores, procedimentos de busca e indexação, e aos canais e fluxos informacionais. A
pesquisa aqui proposta baliza-se e se desenvolve amparada na seguinte justificativa: a
análise dos nós (pesquisadores e publicações) e das ligações entre os nós (citações), que
podem ser relacionados de várias maneiras, para mapear áreas do conhecimento. Neste
caso, mapear a área de Ciência da Informação e seu feixe de relações cognitivas
possivelmente ampliaria a visão do espectro desse campo científico.
Nesta pesquisa, considerou-se a construção do conhecimento a partir da arqueologia
de Michel Foucault, passando-se a considerar, além da dimensão do conceito, as dimensões
do objeto, do enunciado e da teoria, pensados, em suas relações, como níveis indissociáveis
do processo de formação discursiva (FOUCAULT, 1995).
Portanto, a produção do conhecimento científico é um processo coletivo e dinâmico,
permeado de relações e alimentado pelas publicações científicas. Por isso, para compreender
um campo científico, como a Ciência da Informação, considerou-se nesta pesquisa como
possibilidade a análise dos elementos envolvidos, as relações estabelecidas, o processo de
produção do conhecimento e os produtos resultantes deste processo, como a literatura
científica.
2.2 O PENSAMENTO COMPLEXO, AS REDES DE CONHECIMENTO E AS
CITAÇÕES
Ao estudar o conhecimento, é necessário considerar a sua complexidade, ou seja,
entender o conhecimento não como uma peça isolada, mas como um elemento permeado de
relações. O conhecimento é complexo, assim como os processos que o envolvem, e “não
pode ser um objeto como os outros, pois serve para conhecer os outros objetos e a si
mesmo.” (MORIN, 1999, p. 25).
A complexidade pode ser vista como um tecido de constituintes heterogêneos
inseparavelmente associados, trazendo a contradição do uno e do múltiplo. É ainda “o tecido
32
de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o
nosso mundo fenomenal.” (MORIN, 1991, p. 18). É um fenômeno quantitativo, com uma
grande quantidade de interações e de interferências entre um número volumoso de
unidades. Esse fenômeno não engloba apenas quantidades de unidades e de interações,
compreende também incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios (MORIN, 1991).
A complexidade, no sentido atribuído por Morin (1991), não é sinônimo de
complicação, confusão e desordem, mas reflete a dificuldade de se observar o conhecimento
considerando somente uma dimensão. O conhecimento a partir dessa visão é repleto de
relações e interpretações. A complexidade oscila entre ordem/desordem/organização a partir
da constatação empírica de que fenômenos desordenados são necessários em algumas
condições e casos, para a produção de fenômenos organizados, contribuindo para o
aumento da ordem.
Por isso, ao considerar um fenômeno complexo, como está sendo considerada a
produção do conhecimento nesta pesquisa, é necessário levar em conta três princípios da
complexidade. O primeiro é o princípio dialógico, que possibilita manter a dualidade na
unidade, ou seja, associar termos complementares e antagônicos. A essência da
complexidade é justamente a impossibilidade de homogeneizar e de reduzir. O segundo
princípio é o processo recursivo, no qual os produtos e os efeitos são simultaneamente
causas e produtores daquilo que os produziu. Essa é a característica da autopoiese
(MATURANA; VARELA, 1995). A sociedade é produzida pelas interações entre os indivíduos,
e tal sociedade produzida também retroage sobre os indivíduos e os produz. Assim os
indivíduos produzem a sociedade que os produz. E, por último, o princípio hologramático,
que o todo a partir das partes e as partes a partir do todo, remetendo ao princípio de
Pascal, de que não se pode conceber o todo sem conceber as partes e não se pode conceber
as partes sem conhecer o todo (MORIN, 1981; 1991, 1999). Para entender a complexidade,
Elias (1994, p. 25) esclarece que:
Deve-se começar pensando na estrutura do todo para se compreender a
forma das partes individuais. Esses e muitos outros fenômenos têm uma
coisa em comum, por mais diferentes que sejam em todos os outros
aspectos para compreendê-los, é necessário desistir de pensar em termos
de substâncias isoladas únicas e começar a pensar em termos de relações e
funções. E nosso pensamento fica plenamente instrumentado para
compreender nossa experiência social depois de fazermos essa troca.
Capra (2000, p. 48) assinala que:
[...] o universo material é visto como uma teia dinâmica de eventos inter-
relacionados. Nenhuma das propriedades de qualquer parte da teia é
fundamental; todas elas resultam das propriedades das outras partes, e a
33
consciência global de suas inter-relações determina a estrutura de toda a
teia.
Assim, ao estudar o fenômeno da produção do conhecimento, é preciso considerar o
conhecimento científico acumulado, os indivíduos envolvidos nesse processo e os produtos
dele resultantes, bem como as relações que estabelecem, já que, como revela Morin (1991),
o conhecimento pode ser enriquecido num mesmo movimento produtor de conhecimentos,
das partes pelo todo e do todo pelas partes. Maturana (2001) acrescenta que, para explicar
o fenômeno do conhecer, é necessário explicar o ser humano, explicar o conhecedor.
A complexidade engloba três etapas. Na primeira etapa, “temos conhecimentos
simples que não ajudam a conhecer as propriedades do conjunto”, pois “a tapeçaria é mais
que a soma dos fios que a constituem.” Assim, “um todo é mais do que a soma das partes
que o constituem.” Na segunda etapa, considera-se que a existência de uma tapeçaria não
implica que as qualidades de um ou outro fio possam exprimir completamente as qualidades
da tapeçaria, ou seja, “o todo é então menor que a soma das partes.” Na terceira etapa,
verifica-se que o entendimento das etapas anteriores apresenta dificuldades para o
entendimento e estrutura mental, visto que “o todo é simultaneamente mais e menos que a
soma das partes.” (MORIN, 1991, p. 104). Numa tapeçaria, assim como em outras
organizações, como as redes, os fios ou os laços não estão dispostos ao acaso, mas estão
arranjados em função do tecido, de forma que cada parte converge para o todo. Morin
(1991) adverte que a tapeçaria não pode ser explicada por uma lei simples.
A idéia de complexidade remete a outros autores, como Deleuze e Guattari (1995),
que abordam a complexidade a partir do rizoma, entendendo a realidade a partir do uno e
do múltiplo, como em um processo em transformação, e com inúmeras dimensões que vão
além da divergência entre sujeito e objeto.
O rizoma é uma metáfora para as redes. Ele é constituído de nós interligados, que
conectam qualquer ponto independente da sua natureza; não é feito de unidades e sim de
dimensões; não tem começo nem fim, mas possui um meio pelo qual cresce e se estende
(DELEUZE; GUATTARI, 1995). Os nós conectados não necessitam ser homogêneos, desde
que compartilhem interesses comuns ou possuam alguma característica convergente. “Na
rede, a complexidade não é um obstáculo ao conhecimento, ou, pior, um juízo descritivo, é o
melhor dos adjuvantes do saber” (SERRES, 1967, p. 15). A rede, nessa visão, comporta uma
pluralidade de subtotalidades.
A ciência é complexa, pois está fundada no consenso e no conflito, e caminha sobre
aspectos que são simultaneamente independentes e interdependentes: a racionalidade, o
34
empirismo, a imaginação, a verificação. Para Morin (1996), a ciência moderna é uma
empresa muito complexa. Segundo Abreu Junior (1996), o conhecimento é entendido como
uma rede de articulações, de tal forma que impossibilita manter uma postura reducionista e
fragmentária diante do processo de produção do conhecimento científico.
A noção de rede é um dos conceitos fundamentais do paradigma da complexidade. A
teoria da complexidade pode ser considerada uma evolução da Teoria Geral de Sistemas. A
Teoria de Sistemas contribuiu para a procura de uma teoria geral unificada da estrutura, do
processo e da função de modelos capazes de representar os fenômenos físicos, biológicos,
sociais e culturais. As redes constituem-se numa evolução dessa noção de sistemas. Os
sistemas são compostos de peças funcionais e fluxos definidos, com uma organização
funcional determinada para convergir em resultados. Diferente, nas redes as entradas
podem ser usadas por qualquer um dos seus nodos, e as saídas também. Os sistemas são
determinísticos; as redes são emergentes. O sistema produz, a rede captura. O sistema é
estruturado com um maior ou menor grau de hierarquia, enquanto a rede é geralmente
horizontal, plástica e sensível às mudanças. O sistema é linear e a rede é fractal (CAPRA,
2000).
As redes remetem às idéias de colaboração e interação, que são o alicerce da
produção do conhecimento científico, visto que a atividade científica ocorre a partir da
interação e colaboração entre os cientistas, seja direta ou indireta. Para González de Gómez
(2004, p. 64), “a produção do conhecimento requer um sujeito coletivo e não meramente
um sujeito psicológico ou individual.” Maltrás Barba (2003) ressalta que, no processo de
produção do conhecimento, torna-se difícil indicar um único responsável em cada
contribuição.
Meadows (1999) relatou que, nos primórdios da atividade científica, existiram
pesquisadores solitários que, apesar de realizarem a pesquisa em isolamento pessoal,
recorriam aos seus pares para discutir idéias e obter sua opinião sobre as descobertas, o
que, para o autor, é um indício de que houve colaboração, desde o princípio. Essa
reestruturação na forma de produção intelectual iniciou-se na primeira metade do século XX,
no período monopolista, mas foi somente na segunda metade desse século, com a sociedade
pós-industrial, que o seu sentido e forma mais gerais se tornaram aparentes (COUTO, 1999).
A alteração na organização do trabalho intelectual apresenta-se como base para as
mudanças no panorama cultural, e isso ocorre em resposta às exigências econômicas, em
diversas manifestações intelectuais. Essas alterações também são vistas nas universidades,
que é o local de produção do conhecimento e da cultura (COUTO, 1999).
35
A noção de colaboração científica pode ser atrelada à existência das comunidades
científicas um grupo social constituído de indivíduos engajados na pesquisa científica e
tecnológica que surgem atreladas ao mito da ‘república das idéias’, da Cidade do Saber,
onde os cientistas preocupados com a verdade se encontravam, para trocar idéias abstratas
(LE COADIC, 2004). São os exploradores da “república da ciência” que se preocupam em
explorar o desconhecido, comprometidos com a sua curiosidade e satisfação intelectual, e
convivem como num mercado, vendem os seus produtos (publicações e trabalhos científicos)
e recebem prestígios e influência acadêmica (POLANYI, 1969). Ainda, segundo Lévy (2001),
a comunidade científica foi a primeira comunidade que se organizou numa inteligência
coletiva, sobre uma base independente das barreiras nacionais e religiosas.
Os grupos de cientistas formados para intercâmbio de informações relativas ao seu
trabalho receberam diversas denominações, tais como “colégios invisíveis” (SOLLA PRICE,
1963), “círculos sociais” (CRANE, 1972), “redes científicas” (SILVA, 1998, 2002) e,
recentemente, com o advento das tecnologias de informação e comunicação, estão sendo
denotadas de “colégios eletrônicos” (LE COADIC, 2004) ou de “colégios virtuais” (MOREIRA,
2005).
Nos colégios invisíveis, a dinâmica do trabalho científico denominava um conjunto de
canais formais e informais de comunicação, troca de informações para avaliação,
reconhecimento e divulgação entre os pares, numa determinada área do conhecimento
(SOLLA PRICE, 1963). Os colégios invisíveis são caracterizados pela sua alta produtividade,
por compartilhar prioridades de pesquisa, por treinar estudantes, por produzir e monitorar o
conhecimento em seu campo (CRANE, 1972). Moreira (2005) cunhou o termo “colégios
virtuais” como analogia aos colégios invisíveis, para denominar um grupo que se mantém a
par de trabalhos e troca informações via correio eletrônico ou listas de discussão. O colégio
virtual é como uma rede de comunicação e intercâmbio.
Os círculos sociais denominam uma relação circular entre os pesquisadores que
trabalham em uma mesma área e trocam informações, apoio, encorajamento e citações
(CRANE, 1972). Atualmente, a idéia de colaboração e interação entre os pares remete à
noção de organização em rede, o que, no setor científico, resulta em “co-laboratórios em
volta das pesquisas, e colégios eletrônicos em volta das revistas” (LE COADIC, 2004, p. 108).
As redes científicas possibilitam o desenvolvimento das pesquisas e trazem a idéia de
inteligência coletiva, que “é uma inteligência distribuída em toda parte, incessantemente
valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências.” (LÉVY, 1998, p. 28). Gonzalez de Gómez (2002, p. 30) acrescenta que “no
36
modelo de inteligência distribuída, cada um e todos formam parte de uma cadeia
heterogênea, mas com conexões densas, onde cada um e todos são tanto produtores como
consumidores.” As redes científicas se estendem por distintas áreas do saber e nelas
interagem elementos humanos e não-humanos (LATOUR, 1994b), como visto nas relações
estabelecidas entre cientistas, literatura científica e equipamentos.
As redes de conhecimento, segundo Royedo (2004), são as interações humanas
ocorridas na produção, armazenamento, distribuição, transferência, acesso e análise do
conhecimento produzido pelo homem de maneira sistemática. As redes sociais de
conhecimento são reais dentro dos sistemas de produção do conhecimento, pois enfatizam o
papel da investigação científica como propulsora da produção de conhecimentos,
socialmente.
Como visto, nos organismos, todos os componentes estão arranjados na forma de
rede. Essa “percepção do mundo vivo como uma rede de relações tornou o pensar em
termos de rede” (CAPRA, 2000, p. 47), e assim modificou a visão da natureza, da sociedade,
do conhecimento científico. As redes representam uma nova forma de organização social.
Pode-se buscar a compreensão desse processo lembrando Elias (1994), que advoga que
cada pessoa está ligada a outras pessoas por laços invisíveis, sejam laços de trabalho e
propriedade, sejam de instintos e afetos. Para esse autor, os indivíduos nascem num grupo
de pessoas que existia antes dele necessitam dessas pessoas para crescer, pois “uma das
condições fundamentais da existência humana é a presença simultânea de diversas pessoas
inter-relacionadas.” (ELIAS, 1994, p. 27).
Segundo Mattelart (2002), Otlet antecipava a idéia de rede das redes, ao expor a
arquitetura de uma
rede universal de informação e de documentação
. Na sua obra
Tratado
de Documentação
, essa rede vincularia centros produtores, distribuidores, usuários, de todas
as especializações e de todos os lugares. As idéias de Otlet preconizam uma sociedade
hipertextual em rede, dando lugar a uma sociedade do conhecimento, pois “cada indivíduo
entra no universo tecnológico das redes interligadas trazendo sua cultura, suas memórias
cognitivas e sua odisséia particular.” (BARRETO, 2005, p. 2).
A capacidade de conectar e de separar é outra característica das redes (LATOUR,
1994b). As redes são estruturas abertas, com uma capacidade ilimitada de expansão
(CASTELLS, 2005), sendo que qualquer ponto pode ser conectado a qualquer outro e elas
também podem ser rompidas em qualquer ponto (DELEUZE; GUATTARI, 1995). As redes
possibilitam uma forma de comunicação de todos com todos (LÉVY, 1998, 2004). Nas redes,
as dimensões de tempo e espaço são relativas, o espaço dos lugares é substituído pelos
37
espaços dos fluxos, e o tempo biológico/cronológico pelo tempo intemporal (CASTELLS,
2005).
A conseqüência das redes, no mundo moderno, é a extensão de práticas, a
aceleração na circulação de conhecimento, o alargamento das sociedades, o aumento do
número de
actantes
1
e dos arranjos de antigas crenças (LATOUR, 1994b). Vivemos numa
sociedade em rede, na qual as novas tecnologias da informação integram o mundo em
redes, que “constituem a nova morfologia de nossas sociedades e a difusão lógica de redes
modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de
experiência, poder e cultura.” (CASTELLS, 2005). As redes dão uma nova forma à sociedade,
modificam as dimensões temporais e espaciais, e transformam as relações entre os
indivíduos, que estão conectados para se comunicar, trocar informações e produzir
conhecimento.
Através das redes, o planeta está em conexão, passando a existir em uma quase
unidade (LÉVY, 2001; MATTELART, 2002). Nas redes os indivíduos interagem e trocam
informações, o que suscita o surgimento de uma inteligência coletiva, “movimento que se
acelera na última década do século XX, com o início da unificação política do planeta, o
sucesso das abordagens liberais, a fusão da comunidade universitária e da indústria, a
explosão do ciberespaço e a virtualização da economia.” (LÉVY, 2001, p. 123).
Os processos cognitivos também remetem à noção de rede, e a própria mente
“funciona como uma rede fechada de mudanças de relações de atividade entre seus
componentes.” Seu operar consiste em manter invariáveis certas relações entre seus
componentes, diante das contínuas perturbações que geram, tanto na dinâmica interna
como nas interações do organismo que integram (MATURANA; VARELA, 1995, p. 184).
A realidade é percebida como uma rede de relações e as descrições também formam
uma rede interconectada de concepções e de modelos. Assim, não fundamentos, como
existiria num edifício, mas concepções relacionadas. E essa percepção do mundo como uma
rede de relações e, conseqüentemente, do pensar em rede, influencia o somente a visão
da natureza, mas a forma de ver o conhecimento científico. Com isso, a metáfora do
conhecimento como um edifício, utilizada por cientistas e filósofos ocidentais durante
séculos, na qual o conhecimento era construído a partir de leis fundamentais, princípios
fundamentais, blocos de construção e sobre alicerces firmes, está sendo substituída pela
metáfora da rede (CAPRA, 2000).
A cognição é a emergência de estados globais numa rede de componentes simples.
1
Termo usado por Latour, para designar o que se chama, mais comumente, de "atores".
38
Dessa forma, “a mente não é simplesmente um programa computacional, um enlace de
representações que realiza um algoritmo e que pode ser instanciado em qualquer tipo de
substrato físico, independentemente de sua arquitetura específica.” (TEIXEIRA, 1998, p.
104). O pensamento ocorre numa rede e, nela, os neurônios humanos, instituições de
ensino, línguas, livros e computadores estão interconectados (LÉVY, 1993).
A ciência pode ser entendida como uma rede cognitiva, na qual os cientistas e seus
produtos são os nós e as citações indicam as relações entre eles. Os documentos científicos,
com seu sistema de remissões a outros documentos, constituem uma rede do conhecimento
científico. Na literatura, as relações entre os pesquisadores são observadas a partir de quem
cita quem. As citações podem ser consideradas os elos de uma rede, na qual os
pesquisadores são os nós. Os “cientistas constroem seu trabalho a partir de obras anteriores
e mostram isso, as mencionando em seus textos, em uma lista de referências.” (VANZ;
CAREGNATO, 2003, p. 248). Seus trabalhos, por sua vez, serão citados em trabalhos
posteriores.
As redes cognitivas são definidas como uma estrutura de nós e laços úteis para
representar um conhecimento, nas quais os nós representam conceitos, atributos, estados e
conhecimentos, enquanto que os laços representam as relações existentes entre os nós
(LOZARES COLINA et al., 2002). Nas redes cognitivas, os laços podem ser de caráter lógico,
indicando causalidade ou identidade; podem também representar o papel semântico que
influencia nas relações; ou ainda, uma pertinência tipológica.
Dessa forma, as redes de citação podem ser denominadas de redes cognitivas, pois
são nós e relações que possibilitam representar o conhecimento, e se reportam à teoria da
autopoiese, utilizada por Maturana e Varela (1995) e Maturna (2001), para explicar a
cognição. A teoria da autopoiese tem como idéia básica que os seres vivos produzem-se
continuamente a si mesmos, e que seus componentes devem estar dinamicamente
relacionados numa rede contínua de interações (MATURANA; VARELA, 1995). Em outras
palavras, é uma rede que continuamente cria a si mesma (CAPRA, 2000), remete a um
sistema organizado auto-suficiente, no qual os componentes são conectados e mutuamente
interdependentes. A autopoiese “é um padrão de rede no qual a função de cada componente
consiste em participar da produção ou da transformação dos outros componentes da rede.”
É o que ocorre nas: redes de citações, que relacionam os documentos, e,
conseqüentemente, as idéias dos autores e o conhecimento retratado nesses documentos,
de forma que tais idéias e conhecimentos influenciam a construção de novos conhecimentos,
que são explicitados nos documentos científicos. As citações tecem uma rede de
conversações; a ciência, segundo Maturana (2001), é um domínio cognitivo, uma rede de
39
conversações que envolve afirmações e explicações de outros autores e trabalhos anteriores,
que servem como instrumento de validação científica.
As citações podem ser comparadas à unidade autopoiética, utilizada por Maturana e
Varela (1995) para descrever a cognição. A unidade autopoiética possui um operar circular e
fechado, uma vez que, apesar de produzir a si mesma, todo elemento produzido é uma
recursão sobre elementos produzidos no sistema; e uma autodeterminação estrutural, em
virtude da qual é aberta ao meio ambiente para receber matéria e energia, mas não é
configurada pelos componentes ou elementos desse ambiente. As citações compõem o texto
científico, tecendo uma rede em que os elementos – as citações – são produzidos a partir de
outros documentos produzidos anteriormente. E, por sua vez, sendo citado, o mesmo texto
estará na origem de outros documentos. É o que Maturana e Varela (1995) denominam de
circularidade cognitiva, pois os pesquisadores constroem o conhecimento dentro das
organizações que dão sentido ao seu trabalho, o que resulta em publicações que alimentam
o fazer científico.
A lista de referências insere o trabalho científico numa obra coletiva e seu caráter
cognitivo e social possibilita a realização de estudos sobre as funções e a utilidade da
ciência, a partir das conexões estabelecidas entre trabalhos e autores (MÁLTRAS BARBA,
2003). As referências podem ser consideradas um mecanismo de rede que interliga a
literatura científica num todo (MEADOWS, 1999). Christovão (1979, p. 4) afirma que as
publicações científicas formariam “uma espécie de rede, onde cada publicação se relaciona a
outra, através de citações”, podendo permanecer uma mesma unidade ou serem reforçadas
as relações entre diferentes unidades do conhecimento.
Para Foucault (1995) e Solla Price (1965), a ocorrência de relações entre diversos
autores e trabalhos formaria uma rede
tecida por possíveis relações interdiscursivas, em um
dado recorte de conhecimento. A autoria das publicações desempenha um importante papel,
pois o nome do autor não é um simples elemento do discurso, mas assegura uma função
classificativa, visto que um determinado nome reagrupa um certo número de textos e faz
com que os textos relacionem se entre si (FOUCAULT, 1992).
Foucault (1995, p. 26) ressalta a importância dos relacionamentos de um trabalho
com outros. Para esse autor, uma publicação “vai além do título, das primeiras linhas e do
ponto final, além de sua configuração interna e da forma que lhe autonomia, está presa
em um sistema de remissões a outros livros, outros textos, outras frases”, que representam
nós em uma rede e um feixe de relações cognitivas.
40
Segundo Mostafa e Máximo (2003), as citações representam a visita ou consulta que
todo pesquisador faz ao produzir conhecimento, são redes cognitivas e, assim, podem ser
compreendidas como unidade de análise e estudadas através de estudos bibliométricos.
A citação é considerada medida de qualidade de trabalhos, é o meio mais comum de
atribuir créditos e reconhecimento (MACIAS-CHAPULA, 1998), e é vista como capital
científico, ou seja, uma espécie de capital simbólico, que consiste no reconhecimento
atribuído pelos pares (BOURDIEU, 2004). A citação demonstra que os documentos referem-
se a documentos anteriores, por isso possibilitam identificar a linhagem histórica do
conhecimento e são o reflexo de uma dívida intelectual (LE COADIC, 2004). De acordo com
Latour (2000), é a presença de referências, citações e notas de rodapé que torna um
documento sério, ou, em outras palavras, que determina se um documento é científico.
Christovão (1979), baseada em Solla Price (1965), afirma que um artigo possui um
conjunto de referências, das quais metade está ligada a artigos publicados em anos
anteriores e a outra metade a artigos publicados recentemente. Estes últimos constituem a
frente de pesquisa, que é composta por referências feitas a uma pequena e selecionada
parte da mais recente literatura. Urbizagástegui Alvarado (1993, p. 324) refere-se à frente
de pesquisa como os “[...] primeiros autores que formularam propostas teóricas e/ou
experimentaram empiricamente as propostas formuladas.” Por essa importante contribuição
é que esses autores são os mais citados na literatura por autores posteriores, que trabalham
em determinada linha de pesquisa.
Jarneving (2005) destaca dois métodos para mapear a frente de pesquisa através do
estudo dos
clusters
. O primeiro consiste em agrupar o conjunto particular de referências
citadas nos artigos analisados, ou seja, as co-citações; o segundo consiste em agrupar as
referências citadas em cada artigo. Dessa forma, é possível investigar comunidades invisíveis
formadas a partir dos
clusters
.
As frentes de pesquisa são identificadas com áreas específicas em uma disciplina. Os
campos de atividades dentro de um ramo da ciência são identificados pelos pesquisadores
referenciados num dado artigo (MOYA ANEGÓN; JIMÉNEZ CONTRERAS; MONEDA
CORROCHANO, 1998). As frentes de pesquisas não são definidas por uma pessoa sozinha,
mas são identificadas pela soma de contribuições de um conjunto de autores dentro da
disciplina (MOYA ANEGÓN; JIMÉNEZ CONTRERAS; MONEDA CORROCHANO, 1998).
Schwartzman (1984) ressalta que a análise das redes de citações nos artigos
científicos permite a identificação das
comunidades invisíveis
formadas pelos pesquisadores,
da estruturação de novas áreas interdisciplinares de pesquisa e, ainda, o estabelecimento de
41
indicadores da atualização, provincianismo, hegemonia ou endogenia dos variados centros
ou núcleos do trabalho científico. Mostafá e Máximo (2003, p.97) constataram que, nessa
análise, “em vez de analisar o artigo citante, escolhe-se analisar os artigos citados, em uma
espécie de análise de trás para frente.” Argumentam que, quando se trata de analisar
produção de conhecimento, acredita-se que a ordem dos fatores não altera o resultado, mas
ajuda a mapear redes cognitivas.” Na área da Ciência da Informação, a partir das citações,
costuma-se analisar o fenômeno das relações interdiscursivas (ALVARENGA, 1998).
Nessa área, segundo Le Coadic (2004, p. 57), “quando um documento (A) refere-se a
outro documento (B); diz-se que (B) foi citado por (A).” De acordo com Meadows (1999), a
citação é remissão de um trabalho ao outro e, convencionalmente, considera o artigo citante
aquele que contém a referência e o artigo citado aquele que foi mencionado no texto.
A análise de citação é uma parte da Bibliometria que verifica as relações entre os
documentos citantes e os documentos citados no todo ou em parte (BRAGA, 1972), e
possibilita avaliar a informação coletada através do tipo de literatura utilizada, indicar ao
leitor outras fontes de informação sobre o assunto, além de contribuir para o
reconhecimento de um cientista entre os pares (NORONHA, 1998). É usada também para
avaliar o desempenho das pesquisas e serve para classificar revistas, universidades,
departamentos, cientistas, instituições de pesquisa e periódicos científicos (CAMPANARIO,
2003).
A bibliometria é definida como “o estudo dos aspectos quantitativos da produção,
disseminação e uso da informação registrada” (MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 134). Esse
estudo ocorre com a aplicação de métodos estatísticos e matemáticos a livros e outros meios
de comunicação, visando elucidar os processos da comunicação escrita, a natureza e o
desenvolvimento das disciplinas científicas, a partir de técnicas de contagem e de análise das
inúmeras facetas dessa comunicação (LINIERS, 1998). É uma “disciplina multidisciplinar”,
que permite analisar aspectos relevantes e objetivos da comunidade, estudar o
funcionamento da ciência e da tecnologia, baseando-se nas fontes bibliográficas e patentes
para identificar os autores, suas relações e tendências (SPINAK, 1998).
Os estudos bibliométricos são ferramentas úteis para a avaliação da produtividade e
da qualidade da pesquisa, baseando-se nos números relativos às publicações e de citações
dos pesquisadores. Servem ainda para verificar “as relações entre diferentes variáveis:
recursos humanos-documentos, artigos-periódicos, produção-consumo” (VANTI, 2002, p.
155). Para Liniers (1998), foi Pitchard quem primeiro cunhou o termo Bibliometria, em 1874,
ao realizar uma contagem de publicações na área de química. Em 1923, surge a
42
denominação de Bibliografia Estatística, através da contagem de publicações preocupada
com as necessidades informacionais dos seus usuários, realizada por Hulme (CARRIZO
SAINERO, 2000; VANTI, 2002). Em 1962, estudo semelhante foi elaborado por Raising, que
manteve a denominação de Bibliografia Estatística. Em 1934, Otlet utiliza o nome
Bibliometrie
para denominar a técnica que visava quantificar a ciência e seus produtos,
diferenciando a Bibliometria da Bibliografia Estatística (CARRIZO SAINERO, 2000).
A bibliometria tem, na análise de citação, uma das suas ferramentas, que é usada
para “medir o impacto e a visibilidade de determinados autores dentro de uma comunidade
científica, verificando quais escolas do pensamento vigoram dentro das mesmas.” (VANZ;
CAREGNATO, 2003, p. 251). Também possibilita obter um mapeamento da comunicação
científica em determinada área do conhecimento, desvelando teorias e metodologias
consolidadas (VANZ; CAREGNATO, 2003).
Le Coadic (2004, p. 65) ressalta que, nos estudos das atividades científicas e
técnicas, a freqüência das citações recebidas por um artigo é um indicador da importância
científica do artigo. E o “estudo das relações entre os artigos muito citados pode permitir
representar a estrutura da ciência em termos geográficos, levando à produção de mapas das
ciências.”
Entretanto, este autor alerta para o fato de que as citações além de indicar a linha
histórica do saber e refletir uma dívida intelectual, elas podem ter usos desviantes e seguir
outras motivações, tais como: “citações-recompensa para agradecer ao seu superior,
citações-políticas para que o artigo seja aceito, para valorizá-lo, citação-álibi destinada a
dissipar o ceticismo, citação-persuasão, auto-citação.” (LE COADIC, 2004, p. 209).
Com a criação do
Institute for Scientific Information
(ISI), por Eugene Garfield, e o
surgimento dos índices de citações, nos anos de 1960, um incremento na realização dos
estudos bibliométricos. Além disso, esses índices podem ser usados como material de
pesquisa (MEADOWS, 1999). O mapeamento da ciência com base nos índices de citação
remonta a mais de 30 anos, e parte do pressuposto de que citações são indicadoras de
vínculos intelectuais entre áreas do conhecimento, organizações ou indivíduos
(CAMPANARIO, 2003). No Brasil, foi implantada a Rede CI, uma iniciativa com o objetivo
mapear as redes de co-autoria na Ciência da Informação. Entretanto, a Rede CI faz uma
análise automática e não se propõe a desvelar fatores relacionados a essas conexões (REDE
CI, 2006). Outra iniciativa que se propõe a mapear as redes de citações é o
Scopus
, que,
assim como o
Web of Science
do ISI, possibilita verificar quais documentos citaram
recentemente o documento visualizado e as referências dos documentos citados por aquele.
43
Também apresenta a quantidade de vezes em que cada documento foi citado e
links
para
essas citações; bem como mostra todos os documentos que compartilham pelo menos uma
referência com o documento visualizado (SCOPUS, 2006; INSTITUTE FOR SCIENTIFIC
INFORMATION, 2006).
A análise de citações proporciona o estabelecimento de “uma relação de comunicação
que vai se constituir nas representações de certos campos do saber”. Tal relação forma uma
“rede invisível do conhecimento”, constituída pelos autores citantes e autores citados. Os
autores mais citados funcionam como nós na rede de difusão de informações sobre
determinado assunto; o documento citado forma uma rede de comunicação entre os
indivíduos que compartilham interesses. Com isso, o autor citante é responsável pelo fluxo
de informação e de comunicação entre aquele que cita e aquele que lê; a citação torna o
texto dinâmico, vivo e circulante, além de manter viva a criação do autor (BENTES PINTO;
MOTA; QUEIROZ, 2003). Além disso, a posição da citação numa rede de citações reflete a
atividade de pesquisa (NICOLAISEN, 2003).
A análise de citação tem sido interessante nos estudos da ciência como um campo
interdisciplinar, pois possibilita analisar as dimensões cognitivas, textuais e sociais da ciência,
em termos das interações sócio-cognitivas. Por exemplo, o número de vezes que um artigo
foi citado poderia servir como um indicador do impacto do autor citado, e, desse modo, uma
interpretação poderia ser feita do uso cognitivo das citações no texto, para o sistema social
de recompensa na comunidade científica. Além disso, na evolução entre comunicação e
autores, distribuições de citações podem funcionar, entre outras coisas, como debate nos
limites entre especialidades (LEYDESDORFF, 1998). O uso da análise de citação pode auxiliar
no reconhecimento dos interessados no assunto e de frentes de pesquisa, bem como
identificar o potencial de periódicos e de autores (NORTON, 2001a).
Segundo Di Chiara et al. (2006), esse tipo de análise é um importante instrumento,
que auxilia na identificação de tendências de uma determinada área, permitindo identificar
as publicações de um determinado autor, os autores que publicaram mais sobre determinado
tema, os trabalhos mais citados sobre um assunto, as fontes que publicam esses trabalhos, a
interação entre diferentes documentos e as relações entre os pesquisadores, possibilitando,
assim, visualizar a rede de relacionamentos entre os autores, que pode ser categorizada
como um tipo de rede social.
A análise de citação também é usada para explorar a estrutura intelectual de uma
disciplina e tem como principais métodos a análise de co-palavra, contagem de referência,
44
análise de co-citação e análise de intercitação ou de relações entre as citações (LIU; WANG,
2005).
A análise de co-citação é um método para identificar as áreas altamente densas na
rede de citação, através dos aglomerados altamente co-citados de documentos, que
constituem a base intelectual da disciplina (JARNEVING, 2005). Os mapas de co-citação são
interpretados como representação das percepções por autores citados (LEYDESDORFF,
1998). A co-citação pode indicar conexões entre idéias ou interesses que podem suprir
diferentes aproximações para assuntos (NORTON, 2001a). O método de análise de co-
citação foi introduzido por Small e Griffith, e tem sido aplicado para mapear grandes partes
da paisagem científica (SCWECHHEIMER; WINTERHAGER, 2001).
A co-citação se refere à frequência com que dois documentos ou autores são citados
por outros trabalhos ou autores. A idéia básica da co-citação se baseia no princípio de que os
documentos ou autores são co-citados por um terceiro porque tem algum tipo de relação. E
estas relações podem ser úteis na representação da estrutura científica de um domínio e
para detectar a sua frente de pesquisa (VARGAS QUESADA, 2005).
A análise de co-citações, para Callon, Courtial e Penan (1995), é a análise de
citações conjuntas ou relacionadas, e está baseada na análise detalhada das referências
contidas nos artigos científicos. Para esses autores, na análise de co-citação substitui-se a
contagem e análise isolada das citações pela contagem de parelhas de citações que
aparecem nos artigos. Com isso, acreditam que a aparição simultânea de duas citações em
vários artigos tem uma significação mais precisa, pois a parelha citada em vários artigos
teria fundamentos sólidos e os artigos que formam a parelha são estreitamente
complementares.
Callon, Courtial e Penan (1995) também defendem que a análise de co-citação pode
ser usada com o intuito de verificar os trabalhos e pesquisadores que citam conjuntamente
outros documentos e autores. Os pesquisadores que citam conjuntamente os mesmos
documentos compartilham as mesmas representações coletivas a respeito de suas
atividades. Ao estabelecer as redes de citações conjuntas, é possível determinar as
comunidades de pesquisadores e como estas se distinguem entre si, devido às citações
realizadas.
Uma das formas de verificar as co-citações é contabilizar o número de vezes em que
os documentos mais citados são, posteriormente, citados num mesmo artigo. Depois o
extraídos os
clusters
ou agregados, que são constituídos por grupos de documentos citados
conjuntamente, e que formam, assim, um sistema conexo. A cada
cluster
pode ser associado
45
um conjunto de artigos que são responsáveis pela sua formação, ou seja, que citaram
conjuntamente um dos documentos do
cluster
(CALLON; COURTIAL; PENAN, 1995).
Os estudos para identificar zonas densas de citações baseiam-se no princípio de que
o número de vezes em que dois artigos são co-citados está ligado diretamente com a
probabilidade de que eles formem afinidades no seu assunto. Essa idéia constitui a base de
três enfoques para a análise de citação: co-citação de artigos, de autores e de periódicos. O
modelo bibliométrico de co-citação de grupos de autores, artigos ou periódicos baseia-se em
assuntos similares, e também torna possível medir a interação entre diferentes frentes,
portanto identificando a hierarquia das especialidades inter-relacionadas (MOYA ANEGÓN;
JIMÉNEZ CONTRERAS; MONEDA CORROCHANO, 1998).
White e Mccain (1998) realizaram uma análise de co-citação de autores (ACA) na
Ciência da Informação, para tal estudando os periódicos da área, em três periódicos
compreendidos entre 1972-1995. Para esses autores, a análise de co-citação de autores é
uma maneira de visualizar um campo através de uma fatia representativa da literatura.
Moya Anegón, Jiménez Contreras e Moneda Corrochano (1998) analisaram co-
citações de publicações e autores em Biblioteconomia e Ciência da Informação na Espanha,
entre 1985 e 1994, como uma medida da estrutura, especialidade e composição da frente de
pesquisa nesse país. Para esses estudiosos, os
clusters
representam autores que formam
afinidades na pesquisa realizada. Eles identificaram quatro
clusters
e detectaram, como
fatores para a sua formação, a afinidade temática e a proximidade institucional.
Para Tuire e Erno (2001), é possível examinar a estrutura da comunidade científica,
circundando os mapas nos autores citados e nos autores que são os mais próximos a eles,
que pertençam ao mesmo ramo do conhecimento. Esses pesquisadores estudaram as
comunidades científicas invisíveis na área de Educação, investigando a colaboração entre os
professores através da troca de informações e da rede de citações. Constataram que cerca
de dez professores estão no centro na rede, sendo eles os que desempenham um papel mais
importante e recebem um número muito grande de citações; em contrapartida, para cada
dez professores da rede, existe um que é isolado e não colabora com nenhum outro
professor. Também a análise de relacionamentos informais dentro da comunidade de
pesquisa educacional indica que o fluxo da informação entre professores concentra-se nas
universidades (TUIRE; ERNO, 2001).
Schwechheimer e Winterhager (2001) mapearam as frentes de pesquisa na área de
neurociência, empregando o método de análise de co-citações. Entretanto, esses autores
não objetivaram mapear a estrutura total das co-citações na neurociência, mas apenas
46
confrontar uma parte dessa estrutura – uma simples frente de pesquisa – com a perspectiva
individual de alguns cientistas envolvidos. Os
clusters
gerados de documentos altamente
citados e bem co-citados podem ser vistos como um coração de especialistas na área. Para
cada coração aglomerado, existe um grupo de artigos co-citados do ano corrente a frente
de pesquisa.
Mckechnie et al. (2005) estudaram o comportamento durante o ato de citar, a partir
de artigos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, utilizando a análise de co-
citação para determinar as publicações mais utilizadas, e a análise de conteúdo para detectar
o contexto das citações. A partir desse estudo, elaboraram uma representação da rede de
co-citações e detectaram que foram citados artigos publicados em periódicos de diversas
áreas. De acordo com esses autores, a variedade de campos com os quais uma área se
relaciona é representada pela dispersão de jornais citados. Dessa forma, observa-se que, a
partir dos periódicos citados, é possível detectar com quais áreas um campo se relaciona e, e
assim, obter um mapa da interdisciplinaridade nessa área.
Liu e Wang (2005) defendem que as revistas acadêmicas são usadas como unidade
de análise nesse tipo de estudo, porque representam o canal de comunicação formal mais
importante. Esses autores analisaram a rede de periódicos da área de demografia, a partir
da análise das citações feitas entre os periódicos. Os resultados desse estudo mostram a
citação de periódicos de outra área e indicam o caráter interdisciplinar da área.
Com base no exposto, o desenvolvimento desta pesquisa fundamenta-se na crença
que a produção do conhecimento científico é um fenômeno complexo, no qual se podem
considerar as partes, o todo e as relações estabelecidas. Na atividade científica, as relações
estabelecidas remetem à idéia de colaboração e interação, formando uma vasta rede de
pesquisadores e publicações. No caso desta pesquisa, as relações tecidas na produção do
conhecimento foram analisadas por meio das citações realizadas na literatura científica da
área de Ciência da Informação.
47
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para contemplar o mapeamento das redes cognitivas e da produção do conhecimento
na área de Ciência da Informação, a pesquisa proposta seguiu os pressupostos da
metodologia reflexiva, visto que “o conhecimento não pode ser separado daquele que
conhece. As informações e os fatos são construções do pesquisador, resultados de sua
interpretação.” (VERGARA, 2005, p. 185).
Essa proposta metodológica considera as circunstâncias perceptuais, cognitivas,
teóricas, lingüísticas, textuais, políticas e culturais que influenciam a interpretação, considera
a atitude interpretativa do pesquisador, evidencia a relação entre conhecimento e as formas
de fazer conhecimento, e considera os diferentes tipos de elementos que se entrelaçam no
processo de desenvolvimento do conhecimento, no qual o material empírico é construído,
interpretado e escrito. Diante do exposto, a pesquisa adotou os seguintes procedimentos
metodológicos:
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa desenvolvida teve abordagem quali-quantitativa e caráter exploratório-
descritivo, envolvendo técnicas de pesquisa documental. A abordagem quali-quantitativa foi
utilizada para possibilitar uma base contextual mais rica para a interpretação e validação dos
resultados, pois “é o conjunto de diferentes pontos de vista, e diferentes maneiras de coletar
e analisar os dados (qualitativa e quantitativamente), que permite uma idéia mais ampla e
inteligível da complexidade de um problema.” (GOLDENBERG, 2000, p. 62). A combinação
de métodos quantitativos e qualitativos é usada para “obter a máxima amplitude na
descrição, explicação e compreensão do objeto de estudo.” (GOLDENBERG, 2000, p. 63). Os
métodos quantitativos visam obter a freqüência dos fatos, de forma que os dados possam
ser generalizados, enquanto que os métodos qualitativos visam o significado dos fatos,
observando como os indivíduos experimentam a realidade pesquisada; nestes últimos, a
obtenção dos dados resulta da capacidade do pesquisador interpretá-los.
A combinação dos dois métodos ocorre sem que um método seja superior ao outro,
pois se acredita que tais abordagens “complementam-se no estudo do assunto, um processo
que é entendido como a compensação complementar das deficiências e dos pontos obscuros
de cada método isoladamente.” (FLICK, 2004, p. 274). A partir da integração das diferentes
48
abordagens de pesquisa, é possível fazer “um cruzamento de suas conclusões de modo a ter
maior confiança que seus dados não são produto de um procedimento específico ou de
alguma situação particular.” (GOLDENBERG, 2000, p. 62).
É uma pesquisa de caráter exploratório-descritivo, na medida em que buscou um
maior entendimento do problema, a partir da descrição das relações estabelecidas na
produção do conhecimento científico. Segundo Gil (2002), as pesquisas exploratórias visam
uma familiaridade maior com o problema, para torná-lo explícito ou construir hipóteses, ou
ainda buscar o aprimoramento de idéias; enquanto que as pesquisas descritivas possibilitam
descrever características de determinado fenômeno, podendo também estabelecer
correlações entre as variáveis. A pesquisa descritiva vai além da simples identificação da
existência de relações entre as variáveis, pretendendo determinar a natureza desta relação.
E é uma pesquisa documental, que teve como
corpus
de análise os artigos científicos
nas publicações dos periódicos científicos da área de Ciência da Informação, no Brasil, no
período de 2001 a 2005.
3.2 O CORPUS E O CONTEXTO DA PESQUISA
Como mencionado anteriormente, um campo científico é reconhecido pela
existência de programas de pós-graduação e de veículos de disseminação das informações
da área. O periódico científico é reconhecido como o principal canal de comunicação
científica, seja pela disseminação das informações científicas ou pelo reconhecimento e
prioridade do que foi publicado. Para Solla Price (1974), o periódico é o principal veículo para
registro do conhecimento humano. Além disso, o periódico científico, como mecanismo de
publicação sistemática de fragmentos de trabalho científico, tornou-se o principal
instrumento da história da ciência moderna (ZIMAN, 1979).
As revistas científicas desempenham um importante papel na comunicação, pois a
literatura científica é a representação da atividade científica e das relações entre os campos
do conhecimento (ROSSEAU, 1998, p. 150). Por isso, os periódicos possibilitam “definir e
legitimar novas disciplinas e campos de estudos” e constituem-se “em um legítimo espaço
para institucionalização do conhecimento e avanço de suas fronteiras.” (MIRANDA; PEREIRA,
1996, p. 376). Os periódicos e os artigos que publicam também são utilizados como
“indicadores do desenvolvimento científico de um país ou região ou do estágio de
desenvolvimento de uma área do saber.” (MUELLER, 1999, p. 1).
49
Mueller (1999) afirma que são atribuídas quatro funções ao periódico científico:
estabelecer a certificação do conhecimento que recebeu o aval da comunidade científica;
servir de canal de comunicação entre os cientistas e de divulgação mais ampla da ciência;
servir de arquivo ou de memória, e de registro da autoria da descoberta científica. Autores
como Miranda e Pereira (1996) e Maltrás Barba (2003) confirmam as funções de registro
oficial público e de arquivo da ciência, pois para esses autores as contribuições acumulam-
se, formando um arquivo das contribuições reconhecidas mediante um sistema de avaliação.
Além disso,
[...] a literatura periódica caracteriza-se por ser representativa da
comunidade produtora, na medida que [sic] sua política editorial funciona
como filtro de qualidade no processo de seleção de artigos, por ser
fragmentária, na medida que se constrói por etapas a partir de trabalhos
anteriores, e derivativa na medida em que se constitui em fundamento para
trabalhos posteriores (FORESTI, 1990, p. 53-54).
A publicação em periódicos possibilita acompanhar o saber produzido nas distintas
áreas do conhecimento e, ainda, segundo Máltras Barba (2003), permite um controle
institucionalizado. Dessa forma, possibilita que o conhecimento científico seja compartilhado
e incorporado pela comunidade científica. Foucault (1995) observa que o documento
científico não é apenas um retrato do que os homens fizeram ou disseram, mas define no
próprio tecido documental um conjunto de unidades, conjuntos, séries e relações.
No Brasil, a área de Ciência da Informação está representada, atualmente, pelos
seguintes periódicos científicos:
Ciência da Informação, Transinformação, Informação e
Sociedade: Estudos, Perspectivas em Ciência da Informação, Encontros Bibli: Revista
Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, DataGramaZero: Revista de Ciência
da Informação, Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Em Questão,
Revista da Associação Catarinense de Biblioteconomia
e
Informação e Informação.
Com base no exposto acima, para fins desta pesquisa foram selecionados, entre os
periódicos indicados acima, os que estão mais consolidados, os publicados regularmente e
estão bem posicionados na classificação do Qualis na Capes. O Qualis é uma classificação
dos veículos de divulgação usados pelos professores e alunos dos programas de pós-
graduação principais engajados na produção do conhecimento científico enquadrando os
veículos em categorias indicativas de qualidade A (alta), B (média), ou C (baixa) e de
circulação local, nacional ou internacional (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE
PESSOAL DE ENSINO SUPERIOR, 2006
).
Essas categorias são combinadas, constituindo nove
alternativas indicativas da importância do veículo utilizado. Dessa forma, foram utilizados os
fascículos dos periódicos usados como veículo de disseminação das informações na área de
50
Ciência da Informação, no período entre 2001 a 2005, que estavam classificados no Qualis
como A Nacional. Trata-se dos fascículos publicados dos seguintes periódicos:
Ciência da Informação
Foi criado em 1972, pelo Instituto Brasileiro de Biblioteconomia
e Documentação (IBBD), atual Instituto Brasileiro de Informação Científica e Tecnológico
(IBICT). Essa revista visa à publicação de “resultados de estudos e pesquisas sobre as
atividades do setor de informação em ciência e tecnologia.” (CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO,
2006). Desde o seu surgimento, vem acompanhando o desenvolvimento do país,
adaptando o conteúdo e a sua forma às novas demandas (SILVA, 1996), sendo exemplo
disto o lançamento, em 1996, da versão eletrônica, a Ciência da Informação
on-line
. É
uma publicação quadrimestral que aceita originais inéditos, que são submetidos à
aprovação de avaliadores. As colaborações aceitas são classificadas nas seguintes
seções: artigos, comunicações, relatos de experiência, documentos e recensões.
Transinformação
É uma publicação quadrimestral, da Pontifícia Universidade Católica
de Campinas (PUC-Campinas). Foi criado em 1989 e atualmente “publica trabalhos
inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento científico nas áreas da
Ciência da Informação e Ciências de domínio conexo.” (TRANSINFORMAÇÃO, 2006).
Informação e Sociedade: Estudos
É editado semestralmente pelo Departamento de
Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal da Paraíba (UFPb). Foi criado
em 1991, “com o objetivo de divulgar a produção científica dos docentes e discentes do
então Curso de Mestrado em Biblioteconomia da UFPB.” (INFORMAÇÃO & SOCIEDADE:
ESTUDOS, 2006).
Esse veículo prioriza colaborações inéditas que possam ser
classificadas nas distintas seções do periódico: artigos de revisão, comunicações de
trabalhos/pesquisas em andamento, memórias científicas originais, pontos de
vista/notas/comentários, relatos de experiência, relatos de pesquisa, resenhas e resumos
de dissertações.
Perspectivas em Ciência da Informação
É publicado semestralmente, desde 1996, pela
Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), como
continuação da Revista de Biblioteconomia da UFMG. Aceita trabalhos que contribuam
para o desenvolvimento da pesquisa, do ensino e da atividade profissional em Ciência da
Informação, Biblioteconomia e áreas afins. Tais trabalhos são publicados nas seguintes
categorias: relatos de pesquisas, estudos teóricos, revisões de literatura, traduções,
textos didáticos, relatos de experiências e resenhas (PERSPECTIVAS EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 2006).
Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação
“recebe
artigos inéditos de Biblioteconomia e Ciência da Informação, de caráter opinativo,
fundamentados em revisão de literatura, pesquisas e/ou relatos de experiências”,
conforme informações divulgadas na sua
homepage
(ENCONTROS BIBLI, 2006). É
publicado desde 1996, pelo Departamento de Ciência da Informação da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi a primeira revista brasileira da área de Ciência da
Informação e Biblioteconomia disponibilizada na Internet, o que ocorre semestralmente
em <http://www.encontros-bibli.ufsc.br>.
DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação
É uma publicação bimestral,
mantida pelo Instituto de Adaptação e Inserção na Sociedade da Informação (IASI)
desde 1999, e disponibilizada na Internet em <http://www.datagramazero.org.br>,
tendo como proposta “reunir textos, por afinidade temática, destinados às seções de
artigos, comunicações e recensões visando divulgar e promover perspectivas críticas
fundamentadas em áreas interdisciplinares da Ciência da Informação”
(DATAGRAMAZERO, 2006).
Como material de análise, foram utilizados os artigos científicos publicados nos
51
periódicos mencionados, no período de 2001 a 2005. Os artigos científicos são definidos por
Braga e Oberhofer (1982, p. 27) como os “artigos assinados, resultantes de atividades de
pesquisa. Esses artigos são identificados através de descrições internas, denominadas
‘Método’, ‘Metodologia’, ‘Resultados’, ‘Conclusões’, etc.” Isso é corroborado por Meadows
(1999) e Maltrás Barba (2003), para quem o artigo segue um modelo padrão, apresentando
introdução, metodologia, resultado do experimento, conclusão e encerrando-se com uma
lista de referências de outras publicações citadas no texto.
A escolha de artigos ocorreu devido às suas funções para a ciência e por constituírem
a representação do conhecimento científico, na medida em que esse conhecimento é
válido, quando publicado em periódicos científicos. Os artigos, com a sua lista de citações, é
o meio pelo qual a instituição científica registra e divulga os resultados de suas investigações
(MACIAS-CHAPULA, 1998). Segundo Maltrás Barba (2003, p. 97), o artigo científico é o tipo
de documento científico por excelência, que se caracteriza como um informe acabado de
algum aspecto de uma investigação, sendo uma peça completa disponibilizada para debate
ou consideração entre os pares.
Portanto, por se tratar do relato de uma investigação científica, os artigos científicos
devem conter a explicitação dos objetivos da pesquisa, do método e dos materiais
empregados, bem como dos resultados alcançados. Com base nisso, foram selecionados
somente os artigos que divulgavam os resultados de pesquisas científicas e que, ao longo do
seu conteúdo, explicitavam os objetivos da pesquisa, o método empregado, os resultados
(parciais ou completos), e as conclusões.
A delimitação do período de análise entre 2001 e 2005 ocorreu por se acreditar que o
estudo da literatura mais representativa de uma área, realizado a partir dos veículos
selecionados, durante cinco anos, possibilitaria a obtenção de um panorama da área do
conhecimento e das relações estabelecidas no processo de produção do conhecimento
científico. Além, conseqüentemente, de uma visão do desenrolar de uma ciência e seus
fundamentos epistemológicos, principalmente em se tratando de uma ciência emergente,
como é a Ciência da Informação.
A coleta de dados compreendeu a captura dos dados dos artigos levantados e sua
posterior inserção em um formulário eletrônico, associado a um banco de dados gerenciado
pelo aplicativo Microsoft Access. Para tal, foram coletados:
Os dados dos periódicos: o título, o volume, o número e o ano;
os dados dos artigos citantes: os autores, o título do artigo, as palavras-
chave, que possibilitariam identificá-lo e inseri-lo como nó da rede cognitiva;
as referências: a indicação e descrição dos documentos mencionados no
texto do artigo e que estivessem informadas em notas ou na lista de
52
referências, no final do documento. As referências permitiriam obter dados
referentes aos autores; ao tema e identificar a frente de pesquisa e as
influências teóricas presentes nas relações estabelecidas no processo de
produção do conhecimento científico.
Para complementar os dados extraídos dos artigos científicos levantados, foram
coletados dados referentes à formação e às linhas pesquisadas pelos autores citantes, no
Currículo da Plataforma Lattes e no Diretório de Grupos de Pesquisa (CONSELHO NACIONAL
DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO, 2006a, 2006b). Esses dados foram
obtidos visando possibilitar uma análise mais aprofundada dos nós da rede pesquisada, ou
seja, dos autores.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados ocorreu em duas etapas: na primeira, foram usadas técnicas
bibliométricas, especificamente a análise de citação, de co-citação e, na segunda etapa, foi
realizada uma análise temática para verificar a área do conhecimento dos artigos citantes e
citados.
Na primeira etapa, empregou-se a Bibliometria, que é a aplicação de métodos
estatísticos e matemáticos a livros e outros meios de comunicação, para iluminar os
processos da comunicação escrita, a natureza e o desenvolvimento das disciplinas científicas,
usando técnicas de contagem e análise das diferentes facetas dessa comunicação (LIENERS ,
1998). A análise de citação foi realizada como técnica bibliométrica capaz de mapear as
relações entre os documentos citantes e os documentos citados, no todo ou em parte
(BRAGA, 1972), assim, permitindo identificar a autoria e o tema dos artigos científicos
citantes e dos documentos citados, possibilitando a explicitação das redes tecidas no ato de
citar.
Ainda, visando à identificação das comunidades invisíveis que se formam a partir das
relações estabelecidas pelas citações, ou seja, devido à citação feita aos mesmos autores, foi
realizada uma análise mais detalhada das referências citadas nos artigos estudados. Trata-se
de uma análise de co-citação de autores, buscando verificar quais autores que citaram os
mesmos autores, formando uma comunidade em torno desses. Christovão (1979, p. 4)
ressalta que os estudos de autores possibilitam alcançar os mesmos resultados atingidos por
meio da análise de trabalhos científicos e assunto.
Para tal identificação, foi realizada uma análise de co-citação de autores de traz para
53
frente, ou seja, visou à identificação dos autores que os citaram. Pois se acredita, conforme
ressaltam Callon, Courtial e Penan (1995), que os pesquisadores que citam cojuntamente os
mesmos documentos ou autores compartilham as mesmas representações coletivas de suas
atividades, formando comunidades de pesquisadores.
A análise de co-citação de autores foi utilizada para identificar a frente de pesquisa,
pois os autores mais citados e que foram citados conjuntamente formam um sistema
conexo, denominado de
clusters
(CALLON; COURTIAL; PENAN, 1995). Tais
clusters
constituem a frente de pesquisa de uma determinada área.
Nesta pesquisa, a identificação da frente de pesquisa considerou como autores mais
citados os que receberam acima de quatro citações. Acredita-se que considerar apenas um
desses índices implicaria em distorções nos resultados, visto que um autor pode ter sido
citado muitas vezes por um único autor, ou citado em artigos com muitos autores, o que
aumentaria muito o mero de co-citações, sem que o autor tenha sido, realmente,
altamente citado.
Para operacionalizar essa análise, foram elaboradas as matrizes de citação. Essas
matrizes explicitam as relações entre os autores citantes e os autores por eles citados,
possibilitando identificar grupos de pesquisadores que citam os mesmos autores e quem são
esses autores mais citados. Por isso, os dados inseridos no formulário eletrônico, acoplado
ao gerenciador de banco de dados Microsoft Access, foram transpostos para uma base de
dados no sistema gerenciador de banco de dados MySQL. Posteriormente, foi elaborado um
utilitário, na linguagem de programação Java, para efetuar as consultas ao banco de dados e
gerar as matrizes, transformando-as em planilhas do Microsoft Excel. Nessas matrizes, com
os nomes dos autores citantes alocados em colunas e os nomes dos autores citados em
linhas, a identificação das relações foi feita através da quantidade de citações recebidas.
Como a pesquisa visava o mapeamento das redes mais significativas na área, e a
amplitude da rede obtida dificultaria a interpretação das relações encontradas, decidiu-se,
usando-se o conceito de redes egocêntricas, selecionar para a análise proposta os autores
mais produtivos e os autores mais citados.
Hanneman (2001) explica que no estudo das redes egocêntricas, são eleitos alguns
nós focais e a rede é tecida a partir das relações por eles estabelecidas. Assim, ao estudar as
redes, é possível investigar somente uma parte delas, pois os dados das redes completas são
muito onerosos e difíceis de obter e analisar. No estudo das redes egocêntricas, o foco volta-
se para o papel social desempenhado por um indivíduo. E esse papel é entendido não
somente pela análise dos grupos ao qual ele pertence, mas também pela posição que ocupa
54
dentro da rede (HANNEMAN, 2001). Para tal, optou-se por trabalhar com as redes
egocêntricas com conexões com outros. Nesse tipo de análise, faz-se uma seleção dos nós
que serão o foco da investigação e verifica-se com quais outros nós eles estão ligados
(HANNEMAN, 2001; DI CHIARA et al., 2006).
Apesar de não trabalhar com a totalidade da rede e, portanto, não possibilitar a
medição de algumas de suas propriedades (como: distância, centralidade ou outros tipos de
equivalência posicional), o enfoque egocêntrico com conexões possibilita estudar a rede
completa (HANNEMAN, 2001), enquanto que os estudos das redes completas fornecem
dados da população inteira e suas sub-populações, mas não revelam as situações individuais
(HANNEMAN; RIDDLE, 2005). Os estudos das redes egocêntricas podem fornecer
[...] uma imagem boa e confiável dos tipos de redes (ao menos dos vizinhos
locais) nas quais se encontram inseridos os indivíduos. Podemos obter
resultados tais como quantos nós de conexões têm e até que ponto esses
nós formam núcleos fortes. Tais dados podem ser muito úteis para entender
as oportunidades e restrições que têm os indivíduos, como resultado da
forma em que estão inseridos em suas redes. (HANNEMAN, 2001, p. 14,
tradução nossa).
Para trabalhar com as redes egocêntricas, a planilha inicial foi refinada, de modo a
obter-se uma matriz com os nós mais importantes da rede, ou seja, os autores mais
produtivos
versus
os autores por eles mais citados. Assim, trabalhou-se com os autores que
publicaram dois ou mais artigos, independente do tipo de autoria, e com os autores que
foram citados acima de cinco vezes pelos autores citantes.
Seguindo esse enfoque, o mapeamento das redes cognitivas de pesquisadores da
área de Ciência da Informação, no Brasil, compreendeu os seguintes procedimentos:
Identificação dos autores mais produtivos, ou seja, aqueles que apareceram no
campo de autoria de mais de dois artigos científicos selecionados, no período coberto
pela pesquisa. Esses autores foram determinados como nós focais;
identificação dos autores citados mais de cinco vezes pelos nós focais e que, portanto,
têm ligação com eles;
identificação dos nós que estão relacionados aos autores citados pelos nós focais, ou
seja, dos autores que citaram os mesmos autores citados pelos nós focais. E dessa
forma, constituem um grupo que compartilha as mesmas idéias.
A elaboração das redes cognitivas foi possibilitada a partir do
software
Ucinet
(BORGATTI; EVERETT; FREEMAN, 2002), especificamente o NetDraw –
software
acoplado ao
primeiro, que permite o uso das matrizes de citações elaboradas no Microsoft Excel. Este
software
é utilizado no método de análise de redes sociais, que, embora não seja o método
empregado nesta pesquisa, auxiliou no estudo das redes e possibilitou o uso de alguns
conceitos.
55
Na segunda etapa, para identificar de quais áreas advêm as influências teóricas que
estão presentes na Ciência da Informação, foi considerada a temática dos documentos mais
citados, para verificar em que áreas se enquadram. Acredita-se que as idéias, teorias e
conceitos explorados nesses documentos mais citados são as influências mais eminentes na
área, no Brasil.
Dessa forma, foi realizada uma análise temática, para identificar os assuntos
abordados nos artigos científicos levantados (denominados nesta pesquisa de artigos
citantes) e os dos documentos mais citados. Essa análise possibilitou verificar que áreas se
relacionam com a área de Ciência da informação, no Brasil, e as influências teóricas estão
presentes na área. A análise temática contemplou os seguintes procedimentos:
a
) organização das referências e dos resumos dos
artigos citantes e das referências dos trabalhos
que receberam duas ou mais citações;
b) extração dos títulos dos artigos citantes e dos documentos citados, que foram consideradas as
unidades de registro;
c) a categorização dos temas dos artigos citantes baseou-se na Taxonomia para a Ciência da
Informação desenvolvida por Oddone e Gomes (2004), conforme Anexo A. Enquanto que a
definição das categorias para enquadramento dos documentos citados teve como ponto de partida,
além da Taxonomia mencionada, os estudos de Mikhailov, Chernyi e Gilyarevskyi (1969), Pinheiro e
Loureiro (1995), Saracevic (1996), Pinheiro (1999), Silva e Ribeiro (2002), Le Coadic (2004) e
Targino (1995; 2006), que se dedicaram à elucidação da interdisciplinaridade da área. Através de
tais estudos foram definidas, para realização desta pesquisa, as áreas com as quais essa Ciência se
relaciona: Biblioteconomia, Documentação, Informática, Lingüística, Semiótica, Comunicação,
Matemática e Lógica Matemática, Psicologia, Ciência Cognitiva, Administração e Gestão, Sociologia,
Economia, Estatística, Epistemologia e Filosofia da Ciência, Eletrônica e Telecomunicações, História,
Museologia, Arquivística, Política, Pesquisa Operacional, Artes Gráficas, Antropologia e Educação. A
categorização dos temas, de acordo com as áreas mencionadas acima, englobou as etapas de
inventário – isolar os elementos – e de classificação – repartir os elementos e impor uma
organização nas mensagens;
d) contagem e análise da freqüência de cada categoria, para posterior análise estatística.
3.4 DEFINIÇÕES DE TERMOS UTILIZADOS NA PESQUISA
Para fins de delimitação da abrangência desta pesquisa torna-se necessário definir
alguns termos utilizados ao longo da mesma, tais como:
Artigos Científicos: os artigos que divulgam os resultados de pesquisa,
apresentando objetivos, metodologia, resultados e conclusões ao longo da sua
estrutura.
Co-citação: a ocorrência de citação a dois trabalhos juntos em outros trabalhos. A
co-citação ocorre quando uma parelha de autores ou trabalhos são citados
conjuntamente em trabalhos posteriores. A pesquisa se ateve ao grupo de
pesquisadores que citam conjuntamente os mesmos autores e que compartilham
56
as mesmas representações coletivas, baseando-se nas definições de Callon,
Courtial e Penan (1995).
Colaboração: trabalho realizado/assinado em conjunto por dois ou mais
pesquisadores.
Influências teóricas: referem-se aos autores, as publicações, as áreas de
conhecimento mais indicadas como fonte de informação no corpus da pesquisa.
Produção científica: conjunto de publicações científicas.
Produtividade: medida estabelecida quantitativamente a partir do número de
publicações de um pesquisador.
Redes: estruturas constituídas por nós e conexões, de modo que todos os nós
podem estar conectados com todos.
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
No decorrer do desenvolvimento da pesquisa, detetectou algumas limitações algumas
características da área, do tipo de estudo escolhido e dos instrumentos usados levaram à
imposição de alguns limites, aqui explicitados:
a grande quantidade de autores levou à opção de trabalhar com as redes egocêntricas,
que não possibilita operar com algumas medidas das redes, tais como: centralidade,
distância e outros tipos de equivalência posicional;
a falta de padronização na forma de citação dos nomes dos autores, bem como a
indicação de informações incompletas ou equivocadas nas referências implicaram em
outras buscas e em dificuldades na contabilização dos autores via processos automáticos;
a matriz produzida pela análise de citação é assimétrica por natureza (TUIRE; ERNO,
2001), isso porque a quantidade de autores citantes alocados nas linhas difere da
quantidade de autores citados alocados nas colunas. Isso impossibilitou o cálculo de
algumas medidas na rede, com
software
escolhido, que solicitava para tais cálculos uma
matriz quadrada, ou seja, simétrica, que contivesse a mesma quantidade de linhas e
colunas;
a impossibilidade de obter dados sobre a formação e atuação de alguns autores, devido à
ausência de seus currículos na Plataforma Lattes do CNPq, acarretou em algumas lacunas
nessas informações;
o Diretório de Grupos de Pesquisa mostra a constituição desses grupos no momento
atual, impossibilitando verificar como estavam constituídos no momento de publicação
dos artigos.
57
4 RESULTADOS DA PESQUISA: apresentação e análise dos
dados
Nas redes, os fios ou laços não estão colocados ao acaso, mas estão ordenados em
função do tecido, de modo que cada elemento tende para o todo (MORIN, 1991). São as
relações entre as unidades de menor potência que dão origem a uma unidade de potência
maior, que não poderia ser entendida considerando as partes isoladas, sem levar em conta
as suas relações (ELIAS, 1994). Por isso, o estudo da produção do conhecimento deve
observar que o conhecimento está repleto de relações e não é uma peça isolada.
Considerando-se que as redes de produção do conhecimento articulam elementos
heterogêneos como saberes e coisas, inteligências e interesses (LATOUR, 1994), deve-se
ressaltar que o mapeamento realizado das redes cognitivas de pesquisadores representa
uma fotografia tirada em um dado momento dessa rede. E assim mostra a situação daquele
momento, na verdade apenas um recorte da rede total, visto que o
corpus
foi limitado aos
artigos científicos da área e o foco da abordagem foi proporcionado pela análise de citações
no próprio
corpus
e contexto em que se desenvolveu a pesquisa.
A presente pesquisa não visou mapear a estrutura da rede de co-citação, mas
mapear as relações mais eminentes estabelecidas, entendidas como as redes cognitivas de
pesquisadores, que foram visualizadas a partir das citações feitas nos artigos científicos
publicados na área de Ciência da Informação, no Brasil. Para contemplar tal mapeamento,
foi necessário identificar os autores e temáticas dos artigos citantes e citados, a frente de
pesquisa da área e as comunidades que se formavam a partir das citações, pois, segundo
Dias (2002, p. 87), “qualquer área ou campo do conhecimento está em permanente
definição, por natureza, de vez que é o conjunto de idéias e pessoas que nela circulam que
determinam, no final, seu conceito.”
Com base no exposto, a apresentação dos resultados nortear-se-á pelas variáveis de
análise, e os mesmos serão apresentados e analisados concomitantemente, visando a sua
melhor compreensão. Cabe lembrar que os resultados refletirão a análise do período
estabelecido (2001-2005) e da abrangência proposta (artigos científicos) e, portanto, a rede
mapeada representará a grandeza e as limitações desse universo previamente estabelecido.
58
4.1 OS ARTIGOS CITANTES
Os artigos científicos divulgam os resultados das pesquisas científicas numa
determinada área do conhecimento, visto que o conhecimento produzido somente é validado
quando é publicado e o periódico científico é o canal de comunicação científica mais aceito
no meio científico. Os artigos são considerados científicos quando resultam de atividades de
pesquisa e explicitam os objetivos, o método empregado, os resultados e as conclusões da
pesquisa (BRAGA, OBERHOFER, 1982). Os artigos que se enquadraram nessa definição
foram selecionados e denominados, na presente pesquisa, de artigos citantes.
Tais artigos foram levantados nos periódicos da área de Ciência da Informação, e
selecionados para realização desta pesquisa:
Ciência da Informação
(IBICT),
DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação
(IASI),
Encontros Bibli: Revista Eletrônica
de Biblioteconomia e Ciência da Informação
(UFSC),
Informação e Sociedade: Estudos
(UFPB),
Perspectivas em Ciência da Informação
(UFMG) e
Transinformação
(PUC-Campinas).
Foram identificados 161 artigos científicos (Apêndice A) publicados nos fascículos dessas
revistas, entre 2001 e 2005, que se enquadraram nos critérios definidos nos procedimentos
metodológicos. Foi publicada uma média de 5,37 artigos científicos por ano em cada
periódico da área, e uma média de 1,85 artigos desse tipo, por fascículo. A maior
concentração de artigos (32,91%) foi publicada no periódico Ciência da Informação, que é o
veículo de comunicação mais antigo na área. O segundo periódico com maior concentração
de artigos científicos foi Informação & Sociedade: Estudos (18,63%), que possui uma seção
exclusiva para publicação de resultados de pesquisas científicas.
Verificou-se que a publicação de artigos científicos na área de Ciência da Informação
brasileira ainda é incipiente, pois os 161 artigos científicos representam 31,02% dos 519
artigos publicados no período analisado. A baixa publicação desse tipo de material, que
retrata o resultado de atividades de pesquisa, pode ser reflexo da insuficiência de pesquisas
desenvolvidas na área, pode denotar a falta de incentivo e motivação para publicar os
resultados de pesquisas científicas realizadas ou, ainda, que os pesquisadores da área
utilizam-se de outros canais para divulgar esses resultados.
59
Tabela 1 -
Corpus
de análise da pesquisa: os artigos científicos publicados nos periódicos
da área de Ciência da Informação, no Brasil
Periódicos Ano Volume Artigos Científicos Total
2001 30 6
2002 31 10
Ciência da Informação 2003 32 18 53
2004 33 12
2005 34 7
2001 11 9
2002 12 3
Informação & Sociedade: 2003 13 11 30
Estudos 2004 14 1
2005 15 6
2001 6 8
2002 7 5
Perspectivas em Ciência da 2003 8 4 28
Informação 2004 9 6
2005 10 5
2001 13 2
Transinformação 2002 14 4
2003 15 7 24
2004 16 4
2005 17 7
2001 2 2
2002 3 2
DataGramaZero 2003 4 6 17
2004 5 2
2005 6 5
2001 11/12 1
2002 13/14 0
Encontros Bibli 2003 15/16 2 9
2001 17/18 3
2005 19/20 3
Total 161
Fonte: Dados da pesquisa
4.1.1 Autoria dos artigos e produtividade dos autores
Os autores dos artigos científicos são os nós das redes investigadas. Acredita-se que
os autores desses artigos são os responsáveis pela produção do conhecimento científico na
área de Ciência da Informação, no Brasil.
A freqüência de publicações dos autores de um campo permite avaliar a sua autoria
no campo (NORTON, 2001a). Na pesquisa realizada, a partir dos 161 artigos selecionados,
foram identificados 295 autores, sendo que 50 autores publicaram mais de um artigo. A
esses autores, especificamente, aos seus nomes, estão relacionados todos os documentos
redigidos, os discursos do autor, que possibilitam posicioná-lo no emaranhado de relações
tecidas entre os vários discursos na produção do conhecimento. Pois, como defende
Bourdieu (1983), é a produção de cada autor que o insere como elemento dentro de um
60
campo científico e o posiciona na rede de produção de conhecimentos desse campo. O autor
é definido pela posição que ocupa dentro de um campo científico.
Bourdieu (1984) ressalta que os autores são reduzidos aos trabalhos que levam seus
nomes e lhes são tiradas todas as propriedades sociais associadas com a posição de cada
um em seu campo de origem, ou seja, a dimensão institucionalizada de sua autoridade e a
seu capital simbólico.
Segundo Foucault (1992, p. 33), o nome do autor em uma obra não é apenas um
nome próprio, mas “constitui o momento forte da individualização na história das idéias, dos
conhecimentos, das literaturas, na história da filosofia também, e na das ciências.” Para ele,
um nome de autor “exerce relativamente aos discursos um certo papel: assegura uma
função classificativa; um tal nome permite reagrupar um certo número de textos.” O
agrupamento de vários textos sob um mesmo nome ocorre porque “se estabeleceu entre
eles uma relação seja de homogeneidade, de filiação, de mútua autenticação, de explicação
recíproca ou de utilização concomitante.” (FOUCAULT, 1992, p. 45).
Além disso, o nome de autor faz com que os textos se relacionem entre si
(FOUCAULT, 1992). É o nome do autor que caracteriza a maneira de ser do discurso. Um
discurso que está atrelado ao nome do autor não é flutuante e passageiro, mas é um
discurso que deve obter um certo estatuto dentro de determinada cultura. Também é esse
nome que possibilita explicar a presença de certos acontecimentos numa obra e também as
suas transformações, as suas deformações e as suas modificações (FOUCAULT, 1992).
Na Idade Média, os textos científicos eram reconhecidos como portadores de
verdade, se estivessem assinados com o nome do autor (FOUCAULT, 1992). Por isso, a
indicação do autor e da data do trabalho tem papéis diferentes e complementares, o
primeiro identificando a fonte e o segundo identificando a relação com as técnicas e objetos
de experimentação utilizados num determinado local e tempo (FOUCAULT, 1992, p. 50).
Foucault (1992) defende que a função do autor está ligada ao sistema jurídico e
institucional que finaliza, determina, articula o universo dos discursos. A função-autor não é
resultado apenas da atribuição de um discurso a um indivíduo, mas de uma série de
operações específicas e complexas, e assim o autor acaba sendo definido com um certo nível
de valor. Em contrapartida, o autor também é definido pelos textos que redige, que não
necessariamente remetem a um indivíduo único, mas a vários egos, a várias posições
diferentes que indivíduos podem ocupar, ou seja, autor do prefácio de um livro, de um
capítulo ou de um artigo publicado em periódico.
61
Os autores dos artigos científicos levantados assumiram posições diferenciadas na
autoria e também publicaram artigos com diferentes temáticas, mostrando que o autor é
definido não apenas pelo discurso de um de seus textos, mas pelas relações estabelecidas
entre os autores, entre os diversos textos de sua autoria e os documentos citados ao longo
desses textos.
As relações estabelecidas entre os autores é um indicador da colaboração na área,
que pode ser visualizada a partir da co-autoria (MEADOWS, 1999) entre os autores que
publicaram os artigos científicos na área e, também, a partir das citações feitas, principal
foco desta pesquisa.
Para fins desta pesquisa, o cálculo da produtividade dos autores desconsiderou o tipo
de autoria, ou seja, foi contabilizado para cada autor um artigo, sempre que o seu nome
constasse no campo de autoria. Com base no exposto, observa-se que 59% dos artigos
levantados foram publicados com autoria múltipla (Tabela 2), o que é um indicador da
colaboração na área. A proporção de artigos publicados com autoria múltipla varia de acordo
com as disciplinas, mas a tendência geral é de colaboração crescente em todas as áreas
(MEADOWS, 1999). Os “artigos escritos em colaboração têm a lucrar com o intercâmbio de
opiniões, o que leva a uma versão final melhorada do texto.” (MEADOWS, 1999, p. 174).
Tabela 2 - Autoria dos Artigos Citantes
N. de Autores N. de Artigos
%
Um autor 66 41
Dois autores 47 29,2
Três autores 30 18,6
Quatro autores 8 5
Cinco autores 3 1,9
Sete autores 3 1,9
Oito autores 1 0,6
Dez autores 2 1,2
Onze autores 1 0,6
Fonte: Dados da Pesquisa
Os artigos científicos publicados em co-autoria denotam que a atividade de pesquisa,
que propicia a produção do conhecimento na Ciência da Informação, foi realizada,
principalmente, em colaboração. Isso corrobora com a afirmação de Meadows (1999), na
qual expressa que todo indivíduo relacionado como autor deve ter contribuído de modo
significativo para a pesquisa. Couto (1999) enfoca que todos os indivíduos que assinaram o
trabalho devem ter dado uma contribuição para a sua elaboração, e faz uma crítica aos
62
casos em que a co-autoria é atribuída como forma de agradecer o fornecimento de um
material ou pela orientação de um investigador que fez todo o trabalho. Para essa autora,
quando isso ocorre, indica que o controle dos meios políticos de produção garante o usufruto
das relações de produção.
Os estudos realizados anteriormente em periódicos da área de Ciência da
Informação, no, indicam o predomínio da autoria individual, diferentemente dos resultados
encontrados nesta pesquisa. Ao estudar a autoria no periódico Ciência da Informação,
Mueller e Pecegueiro (2001) identificaram 78,23% de artigos com autoria individual, no
período de 1990 a 1999. No periódico Informação e Sociedade: Estudos foram encontrados
70% dos artigos com autoria múltipla, entre 1991 e 2000 (AUTRAN; ALBUQUERQUE, 2002).
Silva, Pinheiro e Menezes (2005) identificaram 67,4% dos artigos com autoria individual no
periódico Encontros Bibli, entre 1996 e 2003.
A diferença dos resultados obtidos em relação aos estudos realizados anteriormente
na área pode estar relacionada a fatores variados. A utilização nesta pesquisa de artigos
classificados como científicos, diferentemente dos materiais analisados nos estudos indicados
acima, pode indicar a colaboração na atividade científica que origina esse tipo de publicação,
denotando uma mudança do trabalho individual para o trabalho em colaboração na área,
pois a correlação entre a autoria múltipla e a colaboração na pesquisa serve como guia das
mudanças na cooperação científica, ao longo do tempo (MEADOWS, 1999). Além disso,
esses artigos científicos derivam, em geral, de trabalhos de pesquisa dos alunos de pós-
graduação, que os publicam juntamente com seus orientadores. É um reflexo do trabalho
coletivo como atividade orientada, que segundo Meadows (1999), desenvolve-se na primeira
metade do século XX, quando surgem os primeiros grupos compostos por assistentes de
pesquisa, estudantes de doutorado e técnicos, orientados por um pesquisador sênior.
Segundo Meadows (1999), nos primórdios era comum a imagem do pesquisador
isolado, mas que recorria a outros pesquisadores para troca de idéias sobre o trabalho
desenvolvido. No século XX, a imagem do pesquisador isolado é substituída pela do
pesquisador que trabalha em colaboração. Couto (1999, p. 40) afirma que:
com a profunda alteração no modo de produzir ciência, cultura e arte que
temos assistido no século XX, a produção intelectual tem se caracterizado,
cada vez mais, pelo trabalho coletivo, com a divisão entre concepção e
desenvolvimento, pelo parcelamento de tarefas, pelo atendimento a uma
demanda externa do capital ou do governo, pela alienação dos produtores,
pela perda da responsabilidade e autonomia individuais e pela alteração
radical das formas de reconhecimento do trabalho produzido.
63
Ao longo da história, o surgimento das academias e dos institutos de pesquisa pode
ter representado a renúncia ao trabalho solitário e o fortalecimento do saber científico, pois
tais instituições foram criadas para reunir os indivíduos que partilham interesses, conceitos e
métodos (ARAÚJO, 2006a) e, desta forma, colaborando para impusionar o trabalho em
colaboração.
Também merece destaque o fato do trabalho compartilhado ser estimulado pelas
agências financiadoras de pesquisas, pois proporciona economia de tempo, de recursos
financeiros e materiais. Isso contribui para a valorização do pesquisador que tem a
capacidade de formar grupos de trabalho eficientes e produtivos (MAIA, 2006).
Num mesmo trabalho intelectual podem existir participações de ordem de autoria e
de ordem da produção. A presença simultânea de formas de organização das relações de
trabalho resulta na acumulação de capital simbólico e dificulta a diferenciação de tais formas
(COUTO, 1999).
Outro ponto relevante é que a organização coletiva se impõe devido à exigência da
participação de profissionais com perfis diferenciados e a crescente quantidade de tarefas
assumidas, que incentiva a sua divisão e especialização e tende a estabilizar as relações
sociais de produção (COUTO, 1999).
Com a instituição do trabalho intelectual coletivizado, o autor torna-se um produtor
abstrato, como pode ser visto ao observar as listas de participação que antecedem a um
trabalho de grupo. Além disso,
[...] a característica mais relevante aqui é a perda da possibilidade de relação direta
entre produtor e seu produto pelos pares não participantes diretos do trabalho,
que a produção de cada um é amalgamada em um conjunto e sua relação de
produção reduzida a uma descrição sumária de sua posição na hierarquia das
legitimidades intelectuais, a saber: diretor, coordenador, consultor, assistente de
pesquisa, colaborador, técnico, estagiário. (COUTO, 1999, p. 127).
As duas características mais importantes do pesquisador, em relação à comunicação,
são a qualidade e a quantidade de informações que comunica. E, no caso dos pesquisadores,
uma medida de quantidade é o número de artigos que publicam em periódicos. Ele é um
indicador da produtividade dos autores (MEADOWS, 1999).
Meadows (1999, p. 87) ainda coloca que “em cada campo de pesquisa, um pequeno
número de grandes produtores publicará uma fração significativa de todos os artigos desse
campo.” Assim, os autores que se destacam como produtivos em cada campo do
conhecimento podem ser considerados os principais engajados na atividade de pesquisa.
São esses, portanto, os principais responsáveis pela produção do conhecimento,
retratatado nos artigos científicos publicados, na área de Ciência da Informação, em um
64
dado período. Tal grupo é composto pelos pesquisadores que publicaram dois ou mais
artigos, correspondendo a 16,95% dos 295 autores identificados nesta pesquisa (Tabela 3).
Observa-se que quatro autores publicaram quatro artigos, 12 autores publicaram três artigos
e 34 publicaram dois artigos.
Os autores que compõem o grupo mais produtivo, de acordo com o recorte utilizado
nesta pesquisa, foram considerados os principais nós da rede cognitiva investigada, pois se
acredita que os autores mais produtivos são os principais responsáveis pela produção do
conhecimento na área. Apesar dos autores que publicaram apenas um artigo também terem
contribuído para o aumento de conhecimentos na Ciência da Informação brasileira, sua baixa
produção pode indicar a descontinuidade na publicação e, conseqüentemente, no
desenvolvimento de pesquisas na área. Isso pode ocorrer porque, em alguns casos, os
alunos dos cursos de pós-graduação precisam estar inseridos na linha de pesquisa do
orientador (COUTO, 1999) e, muitas vezes, não têm verdadeiro interesse na temática que
pesquisam. Conseqüentemente, publicam apenas um artigo proveniente desse trabalho de
pesquisa e não dão continuidade aos estudos e pesquisas na área, dessa maneira, não se
tornando pesquisadores ativos.
Os autores mais produtivos que publicaram mais artigos científicos no período
estudado são Daisy Pires Noronha (USP), Edna Lúcia da Silva (UFSC), Marta Lígia Pomin
Valentim (UNESP) e Suzana Pinheiro Machado Muller (UNB), docentes de instituições de
ensino, assim como 86% dos autores mais produtivos são docentes das instituições de
ensino no Brasil, e atuam na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Entre os
autores mais produtivos, verificou-se que 54% estão vinculados a universidades federais,
28% a universidades estaduais e 2% a institutos ligados à área. Dessa forma, verifica-se que
a produção do conhecimento na área é atrelada às instituições de ensino, principalmente as
instituições que mantêm cursos de pós-graduação em Ciência da Informação, tais como:
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Brasília (UNB) e
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).
A formação do grupo mais produtivo denota que a Ciência da Informação, no Brasil,
é construída a partir dos estudos de um número pequeno de pesquisadores que se dedica
ativamente às atividades de pesquisa e trabalha em colaboração, contribuindo para o
crescimento, desenvolvimento e aprofundamento da área.
65
Tabela 3 - Autores mais produtivos dos Artigos Citantes
Autores Artigos
2
% Autores Artigos
2
%
Daisy Pires Noronha (USP)
4 1,12
Else Benetti Marques Valio (PUC-
Campinas) 2 0,56
Edna Lúcia da Silva (UFSC)
4 1,12
Gregório Jean Varvakis Rados
(UFSC)
2 0,56
Marta Lígia Pomim Valentim (UNESP) 4 1,12 Heliéte Dominguez Garcia (UEL) 2 0,56
Suzana Pinheiro Machado Mueller (UNB) 4 1,12 Johanna W. Smit (USP) 2 0,56
Cláudia Maria Pinho de Abreu
Pecegueiro (UFMA)
3 0,84
José Augusto Chaves Guimarães
(UNESP)
2 0,56
Eduardo Wense Dias (UFMG) 3 0,84 José Carlos Dalmas (UEL) 2 0,56
Estera Muszkat Menezes (UFSC) 3 0,84 Lena Vania Ribeiro Pinheiro (IBICT) 2 0,56
Francisco das Chagas de Souza (UFSC) 3 0,84 Liliane Vieira Pinheiro (UFSC) 2 0,56
Letícia Gorri Molina (UEL) 3 0,84 Lívia Aparecida Ferreira Lenzi (UEL) 2 0,56
Maria Aparecida Moura (UFMG) 3 0,84 Luc Quoniam (USP) 2 0,56
Maria de Jesus Nascimento (UDESC) 3 0,84 Luciana de Souza Gracioso (UFSCar) 2 0,56
Marta Araújo Tavares Ferreira (Centro
Universitário UMA)
3 0,84
Madalena Martins Lopes Naves
(UFMG)
2 0,56
Mônica Erichsen Nassif Borges (UFMG)
3 0,84
Maria da Conceição Carvalho
(UFMG)
2 0,56
Nicolino Trompieri Filho (UFC)
3 0,84
Maria de Cléofas Faggion Alencar
(EMBRAPA)
2 0,56
Raimundo Benedito do Nascimento
(UFC)
3 0,84
Maria Elisabete Catarino (UEL) 2 0,56
Rubén Urbizagástegui Alvarado
(University of Califórnia)
3 0,84
Maria Eugênia Albino Andrade
(UFMG)
2 0,56
Adriana Rosecler Alcará (UEL) 2 0,56 Maria Inês Tomaél (UEL) 2 0,56
Andréa Vasconcelos Carvalho de Aguiar
(UFRN)
2
0,56 Maria Lourdes Blatt Ohira (UDESC) 2 0,56
Angela Maria Belloni Cuenca (USP) 2 0,56 Marlene de Oliveira (UFMG) 2 0,56
Bernadete Santos Campello (UFMG) 2 0,56 Miriam Vieira da Cunha (UFSC) 2 0,56
Brígida Maria Nogueira Cervantes (UEL) 2 0,56 Noêmia Schoffen Prado (UDESC) 2 0,56
Dinah Aguiar Población (USP)
2
0,56
Paulo de Martino Jannuzzi (Escola
Nacional de Ciências Estatísticas)
2 0,56
Dulcinéia Sarmento Rosemberg (UFES)
2
0,56
Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu
(UFMG)
2 0,56
Elisa Maria Pinto da Rocha (Fundação
João Pinheiro)
2
0,56
Victor Herrero-Solana (Universidad
de Granada)
2 0,56
Elizabeth Leão de Carvalho (UEL) 2 0,56 Eliane Gonçalves Gomes (EMBRAPA) 2 0,56
Fonte: Dados da pesquisa
Segundo Meadows (1999), ao estudar a produtividade verifica-se que existem poucos
grandes produtores e um número maior de pequenos produtores, corroborado nesta
pesquisa pelos 245 autores que publicaram apenas um artigo científico no período estudado.
2
Como foi contabilizado um artigo para cada autor, sempre que seu nome constasse no campo de
autoria, a soma da quantidade de artigos atribuída a cada autor implicará num aumento do número de
artigos científicos publicados de 161 para 357.
66
A existência de poucos pesquisadores mais produtivos pode estar relacionada ao fato de que
estes autores supostamente teriam acesso a mais recursos para as atividades de pesquisa e
mais assistentes e estudantes de doutorado do que os outros pesquisadores que produzem
menos (MEADOWS, 1999), e assim, com maiores possibilidades de se manterem como os
mais produtivos em determinanda área.
No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
concede a Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) com a finalidade de “distinguir o
pesquisador, valorizando sua produção científica segundo critérios normativos, estabelecidos
pelo CNPq e específicos, pelos Comitês de Assessoramento (CAs) do CNPq.” (CONSELHO
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO, 2007b). Estes bolsistas
representam a elite dos pesquisadores, recebem incentivos, têm prioridade na distribuição
de bolsas de iniciação de científica, têm o reconhecimento das agências de financiamento
público. Atualmente, na área de Ciência da Informação são 34 bolsistas contemplados com
essa distinção (CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO, 2007a). Destes, apenas sete aparecem entre os mais produtivos nesta
pesquisa, isto indica que apesar dos artigos científicos serem o retrato da atividade científica,
os pesquisadores considerados os mais produtivos da área, conforme os critérios
estabelecidos pelo CNPq, não publicam artigos científicos para divulgar as pesquisa
realizadas com financiamento público. Apesar de ser um resultado surprendente, não
condições no momento de se levantar, nesta pesquisa, as causas desse fato, o que se pode
eventualmente imaginar é que pesquisadores da Ciência da Informação provavelmente
preferem publicar os resultados de suas pesquisas em outros tipos de publicações.
No Brasil, a maior parte das pesquisas (80%) é desenvolvida em centros de
investigação de universidades, geralmente ligados aos programas de pós-graduação, tanto
em nível de mestrado como doutorado (LOVISOLO, 1997). Ao traçar o panorama da
pesquisa em Ciência da Informação no Brasil, Silva et al. (2006) constataram que “a
pesquisa em Ciência da Informação é desenvolvida em 76,3% dos casos em universidades,
63,2% em universidades públicas e em 79% em instituições dependentes de investimentos
do setor público estadual e federal.”
Com relação à produtividade dos autores, observa-se que, entre os autores mais
produtivos, estão arrolados dois autores estrangeiros: Rubén Urbizagástegui Alvarado e
Victor Herrero-Solana. Estes estão vinculados a universidades estrangeiras: a University of
Califórnia e a Universidad de Granada, o que denota que autores estrangeiros também
participam da produção do conhecimento na área de Ciência da Informação, no Brasil.
67
A vinculação institucional dos autores mais produtivos denota que a universidade é o
principal local de produção do conhecimento científico nessa área. Para Tiffin e Rajasingham
(2007), a universidade tem como função a criação, o armazenamento e a disseminação do
conhecimento.
O conhecimento, na universidade moderna, se encontra em diferentes paradigmas
disciplinares, que coexistem sem que conversem entre si (TIFFIN; RAJASINGHAM, 2007), o
que pode ser um ponto negativo para a área, pois, como advertem Miranda e Barreto (2000,
p. 8)
[...] a pesquisa que hoje se desenvolve nas universidades além de ser
ativada de fora para dentro, é extremamente fragmentada, dificultando as
cooperações interdisciplinares e interdepartamentais em torno de questões
mais amplas, ainda que as próprias agências governamentais comecem a
estimular tais ações cooperativas e grupais.
Em contrapartida, a vinculação de autores a outras instituições indica que, apesar da
produção do conhecimento na área ser mais incidente nas instituições de ensino superior,
ela não se restringe a esse ambiente, envolvendo também entidades como o Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA).
Dentre os autores mais produtivos, grande parte possui doutorado (58%). Obtiveram
o grau de doutor na área de Ciência da Informação 27,6% deles, 10,7% na área de
Comunicação, 7,1% em Engenharia de Produção, 7,1% em Saúde Pública e 7,1% em
Estudos de Informação. Entre os doutores em Ciência da Informação, 75% também
possuem mestrado nessa área. Dos pesquisadores que possuem apenas mestrado, 68,7%
obtiveram o grau de mestre em Ciência da Informação e 18,7% na área da Educação.
Observa-se ainda que entre esses pesquisadores, 62% graduaram-se em Biblioteconomia e
os demais 38% têm formações em áreas variadas: Educação, Administração, Matemática,
Letras, Direito, Engenharia Química, Engenharia Mecânica e Economia.
Essa variedade na formação dos pesquisadores de um campo científico pode ser um
indício da interdisciplinaridade na área. Saracevic (1999) as diferentes formações,
experiências e conhecimentos dos especialistas da área como uma das razões a razão
externa – da interdisciplinaridade em Ciência da Informação. Estudos interdisciplinares nesse
campo demonstram, com base na sua natureza e complexidade do seu objeto a
informação que suas questões essenciais não são passíveis de solução por uma única
disciplina e exigem profissionais de múltiplas formações (PINHEIRO, 2006). Oliveira (2005,
p. 20) corrobora com esse pensamento ao afirmar que “a participação de outros campos do
conhecimento na Ciência da Informação permanece em função da complexidade dos
68
problemas a serem equacionados pela área, o que exige a contribuição de diferentes
profissionais e/ou pesquisadores.” Dessa maneira, a interdisciplinaridade em determinada
área pode ser vista não somente pelas relações estabelecidas com outras áreas, mas
também a partir da formação dos produtores do conhecimento.
4.1.2 Temática dos artigos citantes
Os temas dos artigos citantes também são elementos que permitem desvelar as
relações temáticas na área. Para verificá-los, foi realizada uma análise temática, utilizando
como base para a definição das categorias a Taxonomia para a Ciência da Informação
(Anexo A) desenvolvida por Oddone e Gomes (2004), conforme indicado nos
procedimentos metodológicos.
A partir dessa análise, verificou-se que os temas mais abordados nos artigos
científicos da Ciência da Informação, no Brasil, são:
comunicação, divulgação e produção
editorial
(44 artigos, 28%);
gerência de serviços e unidades de informação
(24 artigos,
14,9%);
estudos de usuário, demanda e uso da informação, e de unidades de informação
(21 artigos, 13,1%).
Verifica-se que, na temática mais abordada, ou seja, em comunicação, divulgação e
produção editorial (44 artigos), a maior parte dos trabalhos (18 artigos) volta-se para os
estudos da produção e da produtividade científica
, seguida pelos
estudos bibliométricos,
cienciométricos e informétricos
(9 artigos) e pelos
estudos de canais, veículos, ciclos e
modelos de comunicação
(8 artigos). Na Gerência de serviços e unidades de informação e
em Estudos de usuários, demanda e uso da informação e unidadade, temáticas que
obtiveram maior incidências de abordagens, o enfoque prevaleceu na
avaliação de serviços e
unidades de informação
(9 artigos) e nos estudos sobre de
necessidades de informação
(8
artigos) respectivamente.
Em estudos anteriores nos periódicos da área, “comunicação científica” e “produção
científica” foram destacadas como as temáticas mais incidentes. No periódico
Transinformação, Vieira (1997) identificou “produção científica” (16 artigos) e “serviços e
sistemas de informação (12 artigos). Mueller e Percegueiro (2001), ao verificarem a
distribuição temática dos artigos publicados no periódico Ciência da Informação,
identificaram o tema “entrada, tratamento, armazenamento, recuperação e disseminação da
informação” como o mais abordado (30,70%), seguido por “estudos de usuários,
69
transferência e uso da informação e uso da biblioteca” (29,87%). No periódico Informação e
Sociedade: Estudos os temas mais abordados foram “informação e cidadania” (7%) e
“produção científica” (3,9%), segundo Autran e Albuquerque (2002). O estudo realizado por
Silva, Pinheiro e Menezes (2005), no periódico Encontros Bibli, apontou a temática
“profissionais da informação” como a mais incidente (43%), seguida por “comunicação
científica” (10,2%) e “leitura” (8,2%). Embora tais estudos tenham usado bases diferentes
para as análises apresentadas, pode-se inferir que os resutados relacionados às temáticas
mais incidentes são convergentes, o que pode denotar a importância da realização desses
estudos para a compreensão do comportamento científico da área no Brasil.
informação
3,1%
Estudos de usuário,
demanda e uso da
informação e de
unidades de informação
13,1%
Processamento,
recuperação e
disseminação da
informação
9,9%
Formação profissional e
mercado de trabalho
8,7%
Assuntos correlatos
e outros
5,7%
Informação,
cultura e
sociedade
4,9%
Aspectos teóricos e
gerais da ciência da
Informação
6,8%
Legislação, políticas
públicas de informação
e cultura
4,9%
Gerência de serviços e
unidades de informação
14,9%
Comunicação,
divulgação e produção
editorial
28%
Gráfico 1 - Temática dos artigos citantes
Fonte: Dados da pesquisa
Pelos resultados demonstrados nesta pesquisa e também nos estudos mencionados
observa-se que a Ciência da Informação está intimamente ligada aos temas Comunicação
Científica e Produção Científica. Contudo, uma diversidade de assuntos tratados na área.
A variedade de temas abordados denota que a Ciência da Informação é um campo de
estudo que continua amadurecendo e, conseqüentemente, se dividindo entre
especialidades (NORTON, 2001b).
As temáticas dos artigos citantes estão em consonância com as áreas de investigação
a que se dedicam os autores citantes mais produtivos. O que demonstra a forte influência
dos autores mais produtivos numa área do conhecimento, pois acabam determinando os
temas mais abordados e pesquisados.
70
Além disso, as temáticas dos artigos científicos levantados nesta pesquisa estão em
consonância com as linhas de pesquisa informadas nos Grupos de Pesquisa dos quais os
autores dos referidos artigos são integrantes. As linhas de pesquisa “representam temas
aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde
se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre si.” (CONSELHO NACIONAL
DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNÓLOGICO, 2006a).
A temática mais incidente nos artigos,
comunicação, divulgação e produção editorial
,
tem relação direta com as linhas de pesquisa mais incidentes:
Comunicação Científica,
Comunicação da Informação Científica, Tecnológica e para Negócios
e
Produção Científica.
A
primeira linha é tema de estudo de grupos de pesquisa como: o Núcleo de Estudos em
Informação e Mediações Comunicacionais Contemporâneas e o Núcleo de Produção
Científica, mantidos por professores pesquisadores ligados aos programas de pós-graduação
em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade de
São Paulo, respectivamente. Além desses grupos, o Núcleo de Comunicação Científica em
Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo mantém uma linha específica chamada
Comunicação Científica em Cirurgia
. A linha
Comunicação da Informação Científica,
Tecnológica e para Negócios
é pesquisada pelo grupo Comunicação Científica, ligado ao
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília.
Produção Científica
é linha pesquisada nos grupos: Núcleo de Produção Científica e
Comunicação Científica em Saúde Pública, ambos da Universidade de São Paulo, e
Comunicação Científica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ligado a uma das
linhas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação. Vale ressaltar que são
os integrantes desses grupos os principais autores dos artigos publicados com tal temática.
A temática
gerência de serviços e unidades de informação
está relacionada,
principalmente, às linhas
Planejamento, Administração, Gerência e Avaliação de Bibliotecas e
Sistemas de Informação
e
Gestão da Informação, Qualidade e Tecnologia,
mantidas,
respectivamente, pelos grupos Inteligência Organizacional e Competitiva (UNB) e
Informação, Tecnologia e Sociedade (UFSC). As linhas que enfocam a inteligência
competitiva também estão relacionadas a essa temática. Tais linhas são estudadas nos
grupos Inteligência Organizacional e Competitiva (UNB) e Informação, Conhecimento e
Inteligência Organizacional (UNESP).
Apesar de
estudos de usuário, demanda e uso da informação
e de
unidades de
informação
estarem entre as temáticas mais abordadas, são poucas as linhas de pesquisa
que demonstram estarem ligadas a tais temáticas. As linhas existentes focam apenas o uso
da informação:
Organização e Uso da Informação
, mantida no grupo Organização da
71
Informação em Contextos Digitais (UFMG) e
Geração e Uso da Informação
, no Grupo de
Estudo e Pesquisa em Ciência da Informação (UFAM).
As necessidades de informação e os usuários da informação, assuntos presentes nos
artigos que foram classificados em
estudos de usuário, demanda e uso da informação e de
unidades de informação
não aparecem nos nomes das linhas de pesquisa dos grupos
cadastrados no Diretório pesquisado.
Constata-se que as temáticas mais incidentes nos artigos científicos publicados nos
periódicos da área de Ciência da Informação, no Brasil, no período estudado, estão ligadas
às linhas de pesquisa nas quais os pesquisadores atuam. Isso demonstra que tais artigos
derivam das pesquisas realizadas pelos grupos ou estão ligados às pesquisas desenvolvidas
nos cursos de pós-graduação da área.
4.2 OS DOCUMENTOS CITADOS
Foram identificadas 3210 referências de documentos citados. Entretanto, 820
trabalhos (30,46%) receberam mais de uma citação, indicando que o mero de referências
citadas difere do número de trabalhos citados. Dessa forma, observou-se que foram citados
2692 documentos (Tabela 4). Vale ressaltar que, nesta parte da análise, foram
desconsideradas as diferentes edições de uma obra, bem como as edições publicadas em
diferentes países.
Tabela 4 - Distribuição das citações na área de Ciência da Informação, no Brasil
Documentos
Citações Total
1
documento foi citado 18 vezes (cada) 18
8
documentos foram citados 6 vezes (cada) 48
7
documentos foram citados 5 vezes (cada) 35
24
documentos foram citados 4 vezes (cada) 96
41
documentos foram citados 3 vezes (cada) 123
250
documentos foram citados 2 vezes (cada) 500
2361
documentos foram citados 1 vez 2390
Total 3210
Fonte: Dados da Pesquisa
A partir da análise realizada, verificou-se que o documento mais citado recebeu 18
citações, demonstrando que o livro “A comunicação Científica”, do autor Arthur Jack
72
Meadows, foi o mais utilizado pelos pesquisadores da área de Ciência da Informação, no
Brasil (Tabela 3). Tuire e Erno (2001) destacam que alguns documentos são citados
freqüentemente. Assim, apenas um documento apropriado, moderno e bem sucedido pode
levantar o seu autor para uma posição elevada no índice de citação. É o que ocorre, por
exemplo, com Arthur Jack Meadows, devido à incidência de citações que uma de suas obras
recebeu. No entanto, devemos considerar também que o conteúdo dessa obra vai ao
encontro das temáticas mais abordadas nos artigos citantes, o que pode denotar a sua
importância para os estudos desenvolvidos sob tais temáticas e, conseqüentemente, para a
Ciência da Informação.
Entre os trabalhos mais citados, observa-se a incidência de alguns considerados
clássicos da área, como: os livros “Introdução geral às ciências e técnicas da informação e
documentação” dos autores Claire Guinchat e Michel Menou, “Ciência da Informação” do
autor Ives Le Coadic, e o artigo “Ciência da Informação: origem, evolução e relações” do
autor Telko Saracevic. Eles podem ser considerados algumas das obras mais importantes da
área, pois “uma característica marcante de publicações importantes é não só o fato de serem
altamente citadas, mas serem citadas durante um período de tempo mais longo que outras
publicações.” (MEADOWS, 1999, p. 97).
Latour (2000) complementa ao afirmar que, na agitação gerada por textos que atuam
sobre outros textos, não se pode imaginar que tudo seja flutuante, pois, em algumas
situações, os artigos são citados positivamente por outros artigos subseqüentes e por várias
gerações de textos. É o que ocorre sempre que uma afirmação feita em uma obra é aceita
sem modificações por muitas outras obras. Dessa maneira, as idéias defendidas na literatura
anterior são transformadas em fatos por quem as incorpora posteriormente.
Entre as obras mais citadas estão duas obras intrumentais e/ou com aspectos
metodológicos. Essas obras embora não retratem estudos mais citados na área, demonstram
a procura por aspectos da pesquisa social e também o uso incidente da técnica de análise de
conteúdo na Ciência da Informação brasileira.
Entre os fatores que levaram à citação dessas obras, pode ser identificada a ampla
propagação de idéias entre os membros de um campo científico. Essa propagação ocorre
semelhantemente à transmissão de doenças, conforme a teoria epidêmica da transmissão de
idéias, desenvolvida por Goffman e Newill (1964). Esses autores fazem uma analogia entre o
processo de transmissão de doenças infecciosas e a transmissão de idéias numa
determinada comunidade. Assim, um autor com uma idéia equivale a uma pessoa com uma
doença e as idéias contidas na literatura equivalem ao material infectante. A população pode
ser dividida em infectados, resistentes e sensíveis à infecção. Com base nessa teoria,
73
podemos considerar uma obra como uma infecção e as suas idéias como uma epidemia,
contando o número de publicações que a citam.
Tabela 5 - Documentos mais citados na área de Ciência da Informação, no Brasil
Trabalhos citados Data de
Publicação
Tipo de
Document
o
N. %
A comunicação científica (Arthur Jack Meadows) 1999 Livro 18 0,56
Análise de conteúdo (Laurence Bardin)
1977, 1979 e
1993 *
Livro
6
0,18
Ecologia da informação: por que a tecnologia não basta
para o sucesso da informação (Thomas H. Davenport)
1998 Livro
6
0,18
Paradigmas modernos da Ciência da informação (Nice de
Menezes Figueiredo)
1999 Livro
6
0,18
Introdução geral às ciências e técnicas da informação e
documentação (Claire Guinchat e Michel Menou)
1994 Livro
6
0,18
Avaliação de periódicos científicos e técnicos brasileiros
(Rosaly Favero Krzyzanovski e Maria Cecília Gonzaga Ferreira)
1998 Artigo
6
0,18
O periódico Ciência da Informação na década de 90: um
retrato da área refletido em seus artigos (Suzana Pinheiro
Machado Mueller e Claudia Maria Pinho de Abreu)
2001
Artigo
6
0,18
Ciência brasileira na base de dados do Institute for Scientific
Information (ISI) (Maria das Graças Targino e Joana Coelho
R. Garcia)
2000 Artigo
6
0,18
Análise da produção científica em instituição de ensino
superior: o caso da Universidade Federal do Piauí (Maria das
Graças Targino e Paulo da Terra Caldeira)
1988 Artigo
6
0,18
A questão da informação (Aldo Barreto de Albuquerque) 1994 Artigo
5
0,15
A estrutura das revoluções científicas (Thomas Kuhn)
1970, 1982, 1990,
1991 e 2001 **
Livro
5
0,15
Indexação e resumos: teoria e prática (Frederick Wilfrid
Lancaster)
1993 Livro
5
0,15
A Ciência da Informação (Ives Le Coadic) 1996 Livro
5
0,15
Criação de conhecimento na empresa: como as empresas
japonesas geram a dinâmica da inovação (Ikujiro Nonaka e
Hirotaka Takeuchi)
1997 Livro
5
0,15
Pesquisa social: métodos e técnicas (Jarry R. Richardson) 1999 Livro 5 0,15
1991
Tabalho em
evento
Information science: origin, evolution and relations (Telko
Saracevic) ***
1992
Capítulo de
livro
5
0,15
1996 Artigo
Fonte: Dados da Pesquisa
* Foram feitas quatro citações à obra publicada em 1977 e uma às obras publicadas em 1979 e em 1993.
** Foi feita uma citação a cada obra publicada nos anos mencionados.
74
*** O documento foi publicado como trabalho em evento (2 citações), como artigo de periódico (2 citações) e
como capítulo de livro (1 citação).
Os resultados desta pesquisa demonstram que as idéias das obras mais citadas
podem se propagar como uma doença. Dessa forma, os autores que as citam estão
‘contaminados’, e as idéias de obras muito citadas tendem a se propagar, da mesma forma
que um material infectante, causando uma epidemia e levando a que alguns trabalhos sejam
mais citados que outros, e constantemente.
Outro fato relevante para a propagação de idéias como uma epidemia em
determinado campo científico se deve à influência dos pesquisadores mais citados. Para
Bourdieu (1983), eles são considerados os maiores detentores de capital científico, indicam o
conjunto de questões que deve importar aos demais pesquisadores e, conseqüentemente,
quais idéias serão mais utilizadas. Isso pode ser confirmado pelo fato de algumas das obras
mais citadas terem como autores os pesquisadores mais citados.
4.2.1 Os tipos de documentos citados
Os trabalhos citados em determinada área do conhecimento refletem as idéias
defendidas na área e demonstram as teorias que balizam o campo científico. Na pesquisa
realizada, foram coletadas 3210 referências de materiais citados nos artigos científicos
selecionados. Optou-se por considerar todas as referências nessa análise, para obter um
panorama geral dos tipos de documentos mais usados pelos pesquisadores da área.
O tipo de documento mais citado foi o artigo (43,1%), seguido pelos livros (29,9%) e
pelos documentos eletrônicos (7%), conforme o Gráfico 2. Foram enquadrados em
documentos eletrônicos os itens que estavam disponíveis na Internet. Entretanto, no caso de
artigos disponíveis
on-line
, eles foram enquadrados como Artigos, pois a intenção não foi a
de classificar por suporte e sim pela tipologia.
A maior incidência de citações aos artigos de periódicos e aos livros pode estar
relacionada ao fato de estes tipos de materiais serem “[...] considerados como as
publicações definitivas dos resultados de projetos de pesquisa. São, por conseguinte, os
itens que são preferencialmente lidos e citados pelos colegas.” (MEADOWS, 1999, p. 166).
75
No item Outros, foram enquadradas referências a eventos
3
(13%), entrevistas
(9,3%), apostilas (7,4%), palestras (3,7%), notas de aula (1,85%), vídeos em VHS (1,85%),
dicionários (1,85%), entre outros.
Outros
1,68%
Dissertação
2,83%
Trabalhos
em eventos
5,35%
Capítulos de
livros; 6,6
Tese
1,74%
Relatório
0,65%
Monografia
0,53%
Legislão
0,4%
Documentos
eletnicos
7%
Norma técnica
0,22%
Livros
29,9%
Artigos
43,1%
Gráfico 2 - Tipos de documentos citados
Fonte: Dados da pesquisa
Esses resultados demonstram uma mudança nos tipos de documentos citados na
área, visto que, em estudos realizados no periódico
Ciência da Informação
por Müller e
Pecegueiro (2001), na revista
Informação & Sociedade
por Autran e Albuquerque (2002), na
revista
Encontros Bibli
por Silva, Pinheiro e Menezes (2005), os livros foram o tipo de
material mais citado e os artigos de periódico foram o segundo tipo.
Os livros apresentam “uma abordagem do conhecimento aceito e absorvido pela
comunidade científica.” (CHRISTOVÃO, 1979, p. 5). Para muitos especialistas da área de
humanidades, nesse tipo de material os argumentos são melhor expostos (MEADOWS,
1999).
A citação aos documentos eletrônicos vem aumentando conforme cresce a
quantidade de documentos disponibilizados na Internet. Os trabalhos em eventos estão
ocupando a quinta posição quanto ao tipo de material mais citado. Esse tipo de publicação
geralmente é atual, baseado em pesquisas concluídas recentemente ou em andamento.
Entretanto, as publicações de eventos têm recebido críticas devido à qualidade dos trabalhos
3
Neste item foram incluídas referências feitas ao evento no todo. Os trabalhos publicados em anais de
eventos foram enquadrados na categoria ‘Trabalho em Eventos’.
76
relatados (MEADOWS, 1999). Os eventos científicos são relevantes na atividade científica, na
medida que o compartilhamento dos resultados das pesquisas entre os pesquisadores e
acadêmicos é essencial ao desenvolvimento dos países (TARGINO, 2006).
As citações feitas às dissertações e às teses ainda são baixas, 2,83% e 1,74%
respectivamente, se relacionadas à quantidade de citações feitas aos outros tipos de
documentos. Isso se deve às dificuldades no acesso a esses materiais, que possuem tiragem
limitada e circulação restrita às instituições de defesa (NORONHA, 1998; NASCIMENTO,
2000, AUTRAN; ALBUQUERQUE, 2002). Entretanto, com o fomento dos bancos de teses e
dissertações e das bibliotecas digitais, a tendência é aumentar o número de citações feitas a
esses materiais.
O fato dos autores citarem diferentes tipos de documentos demonstra que os
pesquisadores entram em contato com diferentes tipos de sistemas de comunicação desde a
identificação do problema que gera a pesquisa, até a publicação dos seus resultados finais
(CHRISTOVÃO, 1979). Da mesma maneira que os pesquisadores recorrem a diferentes
canais para divulgar os resultados de suas pesquisas, eles também usam e citam
informações divulgadas por outros pesquisadores em diferentes e variados canais de
comunicação, durante a redação do relato da pesquisa realizada. Segundo Christovão
(1979), Targino e Neyra (2006), as formas e os canais de comunicação não são estanques,
mas constituem uma espécie de rede ou ciclo, por onde pesquisadores e produtos fluem,
segundo o estágio das pesquisas e o fluxo informacional que esse estágio pressupõe.
4.2.2 A temática dos trabalhos citados
Como a Ciência da Informação é um campo interdisciplinar, acredita-se que ela se
apóie em teorias e conceitos de diversas áreas do conhecimento. O que pode ser
evidenciado a partir dos trabalhos citados, que são, assim, utilizados como bases teóricas da
área. Na presente pesquisa, a identificação da temática dos trabalhos citados possibilitou
verificar de quais áreas são os trabalhos citados e, conseqüentemente, de que áreas advêm
as teorias que influenciam ou causam algum impacto na produção do conhecimento na
Ciência da Informação brasileira.
Saracevic (1999) justifica a interdisciplinaridade também por uma razão interna, que
está relacionada ao movimento epistemológico interno, oriundo de problemas da área que
77
não conseguem ser respondidos por construtos ou abordagens de uma única disciplina.
Gomes (2001, p. 7) adverte que:
A Ciência da Informação padece do conflito entre a sua natureza
interdisciplinar e a necessidade de delimitação de suas fronteiras. Frente a
isso talvez fosse interessante refletir que sua característica interdisciplinar
apenas lhe confere um estatuto mais aberto e flexível, capaz de assegurar
reordenações mais constantes e um exercício científico mais próximo de um
novo paradigma da construção do conhecimento, o que não reduz a
necessidade de definição do seu núcleo disciplinar.
Diante disso, a temática dos trabalhos mais citados (citados no mínimo duas vezes)
foi analisada e classificada. A classificação dos trabalhos citados pautou-se na Taxonomia
para a Ciência da Informação desenvolvida por Oddone e Gomes (2004), e em categorias
pré-definidas nos estudos desenvolvidos por Mikhailov, Chernyi e Gilyarevsky (1969),
Pinheiro e Loureiro (1995), Saracevic (1996), Pinheiro (1999), Silva e Ribeiro (2002), Le
Coadic (2004) e Targino (1995; 2006), que destacam a interdisciplinaridade na Ciência da
Informação e indicam as áreas que com ela se relacionam.
Observou-se que a maioria dos trabalhos citados é da própria área de Ciência da
Informação (28,8%), seguida por trabalhos de Biblioteconomia (21,46%), isto pode indicar a
grande influência da Biblioteconomia na Ciência da Informação brasileira.
Dias (2002) entende a Ciência da Informação como um campo de encontro de várias
especialidades, como a Biblioteconomia e a Documentação, e inclusive a Ciência da
Informação propriamente dita. A citação de trabalhos da Ciência da Informação indica um
fortalecimento da área e a consolidação dos seus estudos. Demonstra que ela possui um
corpo de conhecimentos que é utilizado como base intelectual para outros estudos, como
defende Le Coadic (2004). Para esse autor, gradativamente foram elaborados conceitos,
métodos, leis e teorias próprios da Ciência da Informação. O autor coloca a freqüência de
publicação de periódicos, o sistema de gerenciamento de bases de dados, a citação, o
hipertexto, a obsolescência, o impacto, a classificação e a relevância como conceitos da
área. Refere-se também a conceitos que foram desenvolvidos em outras disciplinas e que
são usados nesse campo; como métodos, indica os de análise dos documentos e da
informação, como a catalogação, e ainda métodos de análise de co-citações e a análise de
termos associados; como leis, indica as leis bibliométricas: lei de Bradford, de Lotka e de
Zipf; e, como teorias, refere-se à teoria matemática da informação, às teorias das mídias de
massa e à teoria da comunicação interativa.
78
Ciência da
Informação
28,8%
Biblioteconomia
21,46%
Administração
e Gestão
12,8%
Epistemologia e
Filosofia da Ciência
5,24%
Sociologia
6,6%
Outros
Psicologia
0,49%
Semiótica
0,24%
Ciência
Cognitiva
0,49%
Política
0,97%
Economia
1,21%
Educação
1,46%
Estatística
1,7%
Informática
3,53%
Linguística
4,02%
Documentação
4,51%
Comunicação
4,9%
Gráfico 3 - Áreas dos trabalhos citados em Ciência da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa.
O aparecimento da Biblioteconomia como predominante entre as áreas dos trabalhos
citados pode estar relacionado à sua forte ligação com a Ciência da Informação, no Brasil,
ligação reconhecida por Saracevic (1996), devido à preocupação com a utilização dos
registros gráficos; por Mostafa (1996), que defende que a Ciência da Informação surge no
espaço deixado pela Biblioteconomia; por Pinheiro (2006), que afirma que essa relação tem
origem nas escolas de Biblioteconomia; por Oliveira (2005), quando ressalta que, mesmo
balizadas por paradigmas distintos, a Ciência da Informação desenvolveu-se ligada à
Biblioteconomia. Pinheiro (2005, p. 4) complementa que
[...] enquanto a Biblioteconomia está concentrada no processamento de
documentos e nas técnicas correspondentes, a Ciência da Informação cobre
o fluxo da informação ou transferência da informação e abarca desde a sua
origem, isto é, a geração, num processo que aproxima do conhecimento, ou
como os cientistas produzem informação, o que inclui o ciclo da pesquisa e
criação.
A grande relação entre a Ciência da Informação e a Biblioteconomia, no Brasil,
também decorre da vinculação do ensino das duas áreas. Oliveira, Mota e Urbizagastegui
Alvarado (2004) colocam que “o ensino na área se dá em dois níveis, sendo o primeiro em
nível de graduação em Biblioteconomia [...] e o segundo em nível de pós-graduação em
Ciência da Informação.”
Destacam-se também os trabalhos citados de Administração e Gestão (12,8%), de
Sociologia (6,6%) e de Epistemologia e Filosofia da Ciência (5,24%). Os trabalhos dessas
79
áreas são usados em temas periféricos que, embora muito ligados à disciplina de origem
estão firmemente ligados ao campo da Ciência da Informação (LE COADIC, 2004).
A relação com a Administração e a Gestão é vista por Pinheiro (2005) como cada vez
mais forte. A citação de trabalhos desses campos pode relacionar-se ao fato de que estejam,
recentemente, discutindo a questão do conhecimento (PAIM et al., 2001).
A citação de materiais de Sociologia pode estar relacionada ao fato que a Ciência da
Informação recebe das Ciências Sociais o seu traço identificador, que serve de princípio
articular das diversidades da área (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2000). As influências teóricas
advindas da Sociologia são utilizadas nos estudos de co-laboratórios, de comunidades
científicas e de produtividade científica (LE COADIC, 2004).
Entretanto, surpreende a posição pouco expressiva, nesta pesquisa, de campos
consagrados na literatura, como a Ciência da Computação ou Informática e as Ciências
Cognitivas, que autores, como Pinheiro e Loureiro (1995) e Saracevic (1996), afirmam
possuir as relações mais eminentes com a Ciência da Informação.
Com base nos resultados expostos, verifica-se que as influências teóricas na área
advêm, principalmente, dos estudos realizados em Biblioteconomia, Administração e Gestão,
e Sociologia. Mas como um campo interdisciplinar, a Ciência da Informação recorre a teorias
de distintas áreas, o que é verificado através das citações feitas aos trabalhos de Psicologia,
Educação, Estatística, Semiótica, entre outras.
Os resultados obtidos nesta análise demonstram que as relações que a Ciência da
Informação estabelece com outras áreas dependem do enfoque e abrangência de cada
pesquisa. Com esse ponto de vista corrobora Pinheiro (1999, p. 178) pois, para essa autora,
existe “um conjunto intermediário de disciplinas que flutuam em níveis de intensidade que
variam de acordo com a abordagem de cada pesquisa, e outras que parecem ter se tornado
mais frágeis, no decorrer do tempo”. Tudo isso ocorre devido à Ciência da Informação estar
envolvida com “o processo de comunicação e informação que se desenvolve em diferentes
territórios científicos, tecnológicos, educacionais, sociais, artísticos e culturais, portanto,
múltiplos contextos e condições experimentais.”
Dessa maneira, o perfil delineado para a Ciência da Informação, como campo
científico, a coloca numa área de circulação que se poderia denominar de fronteiriça a outros
ramos do conhecimento científico, principalmente devido aos problemas pesquisados, que se
relacionam à informação e envolvem um nível elevado de complexidade (GOMES, 2001). Ao
trabalhar nesses espaços fronteiriços, surge a busca da interdisciplinaridade. Entretanto,
como destaca Oliveira (2005), é preciso cuidar para que a interdisciplinaridade não ocorra
80
sem muita reflexão, o que pode gerar vulnerabilidade, por não resolver o problema da
fragmentação.
4.2.3 Os autores mais citados
As citações, além de indicar a linha histórica do saber, podem ter usos variados:
citações-recompensa, citações-políticas, citação-álibi, citação-persuasão, auto-citação, como
afirma Le Coadic (2004). Entretanto, acredita-se que os autores citados em determinado
ramo do conhecimento podem ser indicadores, juntamente com os trabalhos citados, das
influências que essa área recebe, pois um autor recorre aos trabalhos e idéias de outros
autores para sustentar o que está apresentando à comunidade científica. Couto (1999, p.
124) coloca que
na lógica clássica, a obra antecede () ao retorno propriamente intelectual
ao trabalho executado, sendo este retorno () relacionado com o valor
atribuído pelos pares à obra; o resultado deste processo é a produção entre
pares da noção do valor simbólico da obra, o que se cristaliza na gratificação
simbólica que lhe é outorgada. Na empiria, a vitória de um intelectual
clássico se identifica pelo uso pelos pares e na transmissão pela via da
educação formal de estudos, descobertas, conceitos, leis e teorias
associados a um nome de autor. Estamos, pois, no reino da produção
intelectual enquanto valor de uso e da equivalência entre obra e gratificação
simbólica atribuída ao autor. Para usar um termo proveniente do campo
freudiano, assistimos, entre os participantes do discurso, uma transferência
ao texto que, quando liquidada, dará origem a uma nova produção
relativa ao objeto.
Nesta pesquisa, foram identificados 2395 autores citados. Destes, 2288 são
pesquisadores e 107 são entidades. Se computarmos a quantidade de citações recebidas por
cada autor
4
, totalizará 3879 citações feitas aos 2288 pesquisadores e 173 às 107 entidades.
Entretanto, foram detectadas 181 autocitações. Apesar das autocitações, assim como
as citações, ligarem os trabalhos; elas não representam o impacto de um trabalho (ou
autor) sobre outro” (FREITAS, 1997, p. 126). Garfield (1979), afirma que a autocitação é
utilizada pelos pesquisadores para aumentar o seu número de citações. O uso das
autocitações é uma maneira dos autores construir a sua credibilidade profissional e são
poucos os autores que não citam um trabalho de sua autoria (HYLAND, 2003).
4
Foi computada uma citação para cada autor, por cada trabalho citado, independente do tipo de autoria do
trabalho citado.
81
A autocitação é conseqüência da competitividade crescente no meio acadêmico, visto
que os autores mais citados ganham reconhecimento, credibilidade e promoções. Assim, a
autocitação afeta a visibilidade de um autor entre os colegas e também a quantidade de
citações nos índices, dos quais a carreira do pesquisador depende (HYLAND, 2003). Por isso,
para elencar os autores mais citados, nos materiais analisados nessa pesquisa, foram
desconsideradas as autocitações.
Callon, Courtial e Penan (1995) alertam que as citaçãoes que um pesquisador faz dos
seus próprios trabalhos pode introduzir um desvio na análise. Por isso, os estudos
reconhecem a existência da autocitação, mas admitem que esta tem um impacto menor na
distribuição das citações.
Entre os autores citados, desconsiderando as autocitações, destacam-se os
pesquisadores da área, no Brasil, tais como
Maria das Graças Targino, Suzana Pinheiro
Machado Mueller, Léa Velho, Aldo de Albuquerque Barreto, Bernadete Santos Campello, Nice
Menezes de Figueiredo, Antônio Miranda, Dinah Aguiar Población
e
Lena Vânia Ribeiro
Pinheiro
(Tabela 6).
Maria das Graças Targino
desenvolve trabalhos ligados à comunicação científica e à
produção científica. Entre as citações a trabalhos da autora, 24% foram feitas ao artigo
Ciência brasileira na base de dados do Institute for Scientific Information
, publicado
juntamente com Joana Coeli Ribeiro Garcia, e 16% ao artigo
Análise da produção científica
de uma instituição de ensino superior: o caso da Universidade Federal do Piauí’
, publicado
em co-autoria com
Paulo Caldeira Terra
. Também receberam um número significativo de
citações os artigos
Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos
(12%) e
Comunicação científica: o artigo de periódico nas atividades de ensino e pesquisa do docente
universitário brasileiro na pós-graduação
(8%), estes últimos publicados individualmente. Os
trabalhos citados dessa autora enfocam o tema da comunicação científica, que está em
consonância com uma das linhas por ela pesquisada.
Entre os trabalhos de
Suzana Pinheiro Machado Mueller
, o mais citado foi o artigo
O
periódico Ciência da Informação na década de 90: um retrato da área refletido em seus
artigos
(25%), seguido pelo artigo
Disseminação da pesquisa em Ciência da Informação e
Biblioteconomia no Brasil
(12,5%), publicado juntamente com
Bernadete Santos Campello
e
Eduardo José Wense Dias
, que também estão entre os autores mais citados na área.
Observa-se que os trabalhos da autora que foram citados nos artigos levantados têm como
assuntos a pesquisa em Ciência da Informação, os estudos de periódicos e a formação do
profissional da informação.
82
Tabela 6 - Autores nacionais mais citados na área de Ciência da Informação, no Brasil
Autores Citações %* Autores Citações %*
Maria das Graças Targino 25 0,67 José Augusto Chaves Guimarães 9 0,24
Suzana Pinheiro Machado Mueller 24 0,64 Maria Lourdes Blatt Ohira 9 0,24
Léa Velho 22 0,59 Joana Coeli Ribeiro Garcia 9 0,24
Aldo de Albuquerque Barreto 21 0,57 Paulo da Terra Caldeira 9 0,24
Nice Menezes de Figueiredo 15 0,40 Claudio de Moura Castro 9 0,24
Lena Vania Ribeiro Pinheiro 13 0,35 Nelson Castro Senra 9 0,24
Bernadete Santos Campello 13 0,35 Geraldina Porto Witter 9 0,24
Antônio Miranda 13 0,35 Gilda Maria Braga 8 0,22
Paulo de Martino Jannuzzi 13 0,35 Maria Cecília Gonzaga Ferreira 8 0,22
Murilo Bastos da Cunha 12 0,32 Rosaly Fávero Krzyzanowski 8 0,22
Rogério Meneghini 11 0,29 Neusa Dias de Macedo 8 0,22
Dinah Aguiar Población 10 0,25 Claudia Maria Pinho Pecegueiro 8 0,22
Regina Maria Marteleto 10 0,25 Ricardo Rodrigues Barbosa 8 0,22
Eduardo José Wense Dias 10 0,25 Solange Puntel Mostafa 8 0,22
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira 10 0,25 Kira Tarapanoff 8 0,22
Mônica Erichsen Nassif Borges 10 0,25 Nair Yumiko Kobashi 8 0,22
Johanna W. Smit 10 0,25 Noêmia Schoffen Prado 8 0,22
Fonte: Dados da pesquisa
* O cálculo teve por base a quantidade total de citações (3698) recebidas pelos autores, excluindo as
autocitações.
Léa Velho
foi citada pelas suas obras ligadas ao tema das políticas e indicadores
científicos, sendo que, dessas obras, a mais citada foi o artigo
A Ciência e seu público
(18,2%).
O artigo
A Questão da Informação
foi a obra mais citada (20%) do autor
Aldo de
Albuquerque Barreto
, seguido pelos artigos
A eficiência cnica e econômica e a viabilidade
de produtos e serviços de informação
e
Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil, síntese
e perspectiva
(15% cada). Este último foi publicado em co-autoria com
Antônio Miranda
.
Nice Menezes de Figueiredo
foi citada, principalmente, pelo livro
Paradigmas
modernos da Ciência da Informação
(33,33%). Também foi citada pelos livros:
Estudo de
uso e usuários da informação
(20%) e
Avaliação de coleções e estudos de usuários
(13,33%).
As principais citações feitas aos trabalhos de
Lena Vânia Ribeiro Pinheiro
incidiram no
artigo
Traçados e limites da ciência da informação
(33,33%), publicado juntamente com
José Mauro Matheus Loureiro, no artigo
Infra-estrutura da pesquisa em Ciência da
83
Informação no Brasil
(25%) e no capítulo de livro
Campo interdisciplinar da ciência da
informação: fronteiras remotas e recentes
(25%).
Disseminação da pesquisa em Ciência da Informação e Biblioteconomia no Brasil
(15,4%) e A organização da informação para negócios no Brasil (15,4%) foram os trabalhos
mais citados de Bernadete Santos Campello. O primeiro foi publicado juntamente com
Suzana Pinheiro Machado Mueller e Educardo José Wense Dias e o segundo com Mônica
Erichsen Nassif Borges.
Antônio Miranda foi citado pelos artigos Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil:
síntese e perspectiva (23,1%), publicado com Aldo de Albuquerque Barreto; A pesquisa em
Ciência da Informação no Brasil: análise dos trabalhos apresentados no IV ENANCIB
(23,1%), publicado com Suzana Pinheiro Machado Mueller e Emir Suaiden; e Planejamento
bibliotecário no Brasil: a informação para o desenvolvimento (15,4%).
Observa-se também a citação feita a autores estrangeiros, com destaque para
Arthur
Jack Meadows
,
Pierre Bordieu
,
Félix Moya Anegon, Frederick Wilfrid Lancaster, Chun Wei
Choo, John Derek de Solla Price, Brenda Dervin, Tefko Saracevic, Jacob Nilsen,
Katherine W.
Mccain
e
Howard D. White
(Tabela 7). A incidência de autores estrangeiros entre os mais
citados denota a sua importante contribuição na Ciência da Informação brasileira.
Tabela 7 - Autores estrangeiros mais citados na área de Ciência da Informação, no Brasil
Autores Citações %*
Arthur Jack Meadows 20 0,54
Pierre Bourdieu 18 0,48
Brenda Dervin 13 0,35
Frederick Wilfrid Lancaster 13 0,35
Chun Wei Choo 13 0,35
John Derek de Solla Price 11 0,29
Félix Moya Anegon 11 0,29
Thomas H. Davenport 10 0,25
Tefko Saracevic 10 0,25
Jacob Nilsen 10 0,25
Ikujiro Nonaka 9 0,24
Katherine W. Mccain 9 0,24
Howard D. White 9 0,24
Peter F. Drucker 9 0,24
Tom D. Wilson 9 0,24
Fonte: Dados da pesquisa
* O cálculo teve por base a quantidade total de citações (3698) recebidas pelos autores, excluindo as
autocitações.
84
A obra mais citada do autor
Arthur Jack Meadows
foi o livro intitulado
A comunicação
científica
,
que recebeu 18 citações, 90% das 20 citações feitas ao autor. Essa foi a obra mais
citada, no âmbito da pesquisa, conforme demonstram os dados, e sua citação está
relacionada à temática mais abordada nos artigos científicos levantados nos periódicos da
área.
Pierre Bourdieu
é sociólogo e foi citado, principalmente, a partir dos livros como:
O
poder Simbólico
(22,22x%),
Coisas Ditas
(11,11%) e do capítulo de livro
O campo científico
,
parte da obra
Pierre Bourdieu: sociologia
(22,22%). Esse autor é reconhecido pelos
trabalhos que enfocam as relações e posições sociais em diferentes campos científicos, por
isso, a grande incidência de citações às suas obras, visto que são utilizados como base
teórica nos variados estudos das dinâmicas da atividade científica.
Félix Moya Anegon
foi citado principalmente por trabalhos sobre produção científica
e/ou bibliometria realizados juntamente com
Víctor Herrero Solana
.
Tais como
Visibilidad
Internacional de la Producción Científica Iberoamericana en Bibliotecología y Documentación
,
publicado tanto como artigo de periódico como trabalho em evento, e
Science in America
Latina: a comparison of bibliometric and scientific-technical indicators
, artigo publicado na
Revista Scientometrics.
Frederick Wilfrid Lancaster
foi citado principalmente a partir de livros (46,15%),
capítulos de livros (38,46%) e artigos de periódicos (13,38%). A sua obra mais citada foi o
livro
Indexação e resumos: teoria e prática
(30,8%), valendo ressaltar que dois dos capítulos
de livros citados são partes da referida obra.
Chun Wei Choo
teve como obra mais citada os livros:
A Organização do
Conhecimento
(38,46%) e
Information Management for the Intelligent Organization
(30,76%). Verifica-se que a citação desses trabalhos emerge juntamente com os estudos
sobre a Gestão do Conhecimento, subárea que vem se fortalecendo e lutando para ser
enquadrada entre as subáreas da Ciência da Informação, no Brasil. O mesmo ocorre com os
trabalho citados do autor
Ijukiro Nonaka
, como o livro
Criação de conhecimento na
empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação’
, publicado em co-
autoria com Hirotaka Takeuchi e que recebeu 66,7% das citações feitas à obra daquele
autor.
John Derek de Solla Price
é um autor altamente citado na área e reconhecido pelos
trabalhos ligados à filosofia da ciência. Nesta pesquisa, Solla Price foi citado, principalmente,
pelo livro intitulado
Little science, big science
(63,7%), que no Brasil foi publicado com o
título de
O desenvolvimento da ciência
.
85
Brenda Dervin
foi citada principalmente pelo artigo
Information needs and uses
,
publicado juntamente com
Michael S. Milan
no periódico
Annual Review of Information
Science and Technology
(46,15%), e também pelo trabalho
An overview of sense-making
research: concepts, methods and results to date
(15,4%). Observa-se, através dos trabalhos
citados, que essa autora desenvolve estudos relacionados às necessidades e ao uso da
informação, sendo reconhecida internacionalmente pela abordagem
sense-making
utilizada
nos estudos de usuários. As citações feitas a essas obras vão ao encontro de uma das
temáticas mais incidentes nos artigos:
estudos de usuário, demanda e uso da informação e
de unidades de informação.
Tefko Saracevic,
pesquisador amplamente reconhecido na área, teve como trabalho
mais citado (60%) um clássico da Ciência da Informação:
Ciência da Informação: origem,
evolução e relações.
As citações recebidas demonstram que ele foi publicado em diferentes
canais: no periódico nacional
Perspectivas em Ciência da Informação
, no periódico
internacional
Journal of the American Society for Information Science
, no evento
Internacional Conference on Conceptions of Library and Information Science
e também como
capítulo do livro
Conceptions of library and Information Science.
Outro trabalho citado desse
autor foi
The interdisciplinanary nature of information science
,
publicado no periódico Ciência
da Informação.
Jacob Nilsen
recebeu citações a trabalhos variados, uma vez cada, não sendo possível
determinar o mais citado. Observa-se que eles enfocam a usabilidade e o
design
de
homepages
e da
web
.
Katherine W. Mccain
e
Howard D. White
, embora tenham recebido citações a
trabalhos individuais, foram citados principalmente pelo artigo realizado em co-autoria
intitulado
Visualizing a discipline: an author co-citation analysis of Information Science
,
publicado no periódico Journal of the American Society for Information Science.
Os pesquisadores mais citados são os maiores detentores de capital científico,
certamente sendo os pesquisadores dominantes. Os dominantes procuram as estratégias de
conservação e, em geral, sugerem as questões que devem importar para os pesquisadores e
sobre as quais eles precisam se concentrar, de modo a serem devidamente recompensados.
Os novatos buscam as estratégias de subversão, que podem assegurar os lucros prometidos
em troca de uma redefinição completa dos princípios de legitimação da dominação
(BOURDIEU, 1983). Ao estudar as relações no campo científico francês, Bourdieu (1984)
verificou que existe uma luta entre dominantes e dominados, para manter a posição social.
Meadows (1999) afirma que os cientistas notáveis atraem mais atenção dos outros
pesquisadores. Com isso, tem sua importância acentuada e atraem mais atenção para isso.
86
O autor ainda coloca que este efeito é semelhante a uma bola de neve. É o que Merton
(1977) define como efeito Mateus, em referência a um trecho do Evangelho segundo São
Mateus, que defende que os mais afortunados terão em abundância, enquanto que dos
menos afortunados será tirado o pouco que têm. Segundo o “efeito Mateus”, os
pesquisadores mais citados continuam recebendo mais citações, enquanto que os que são
pouco citados serão cada vez menos citados.
A existência de um grupo de autores mais citados pode ser relacionada à Lei do
Elitismo de Solla Price (1971), nessa lei o autor defende que toda população de autores tem
uma elite que corresponde à raiz quadrada do tamanho dessa população. Desta forma, a
elite de pesquisadores da Ciência da Informação brasileira detectada, com base nos
materiais analisados nesta pesqusia, seria formada pelos 47 autores mais citados.
Também foram realizadas 173 citações a 107 entidades, com destaque para o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec
nológico (11 citações), o
Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(6 citações) e a
International Organization for
Standardization
(ISO) (6 citações). Esta última também faz parte da frente de pesquisa da
área. As entidades mais citadas estão apresentadas na Tabela 8.
O
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
é um órgão de
fomento a pesquisa no país. A citação feita a essa entidade está relacionada às informações
que disponibiliza sobre a pesquisa no país, visto que, entre os documentos citados, estão
relatórios sobre avaliação científica e o Diretório de Grupos de Pesquisa.
Tabela 8 - Entidades mais citadas na área de Ciência da Informação, no Brasil
Entidades Citações %*
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 11 6,35
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 6 3,46
International Organization for Standardization (ISO) 6 3,46
BRASIL. Ministério da Educação (MEC) 5 2,89
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) 5 2,89
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 4 2,31
Associação Ecológica Ecomarapendi 4 2,31
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 3 1,73
Online Computer Library Center (OCLC) 3 1,73
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 3 1,73
Fonte: Dados da pesquisa
* O cálculo teve por base a quantidade total de citações (173) recebidas pelas entidades citadas.
87
As citações feitas ao
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
podem estar
relacionadas ao fato dessa entidade disponibilizar dados, catálogos e textos sobre estatísticas
e indicadores sociais.
A
International Organization for Standardization
é uma entidade normalizadora e seus
trabalhos citados referem-se a normas e procedimentos, e aos indicadores de desempenho
de bibliotecas.
4.3 A FRENTE DE PESQUISA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, NO BRASIL
um núcleo composto pelos autores mais citados que poderia ser considerado a
frente de pesquisa da Ciência da Informação, no Brasil. A Frente de Pesquisa pode ser
definida como um conjunto de autores citados na literatura recente, e eles são considerados
como os que fazem a ciência avançar. Meadows (1999, p. 62) ressalta que “a existência de
uma frente de pesquisa implica que uma firme ligação de citações entre publicações
recentes em virtude de a comunidade de pesquisa estar procurando compreender e assimilar
os resultados que elas contêm.”
Para Solla Price (1965), corroborado por Christovão (1979), os artigos publicados
num determinado ano possuem uma média de referências, sendo que a metade está ligada
a artigos publicados nos anos anteriores e a outra metade está ligada a artigos recém-
publicados. Posteriormente, Solla Price (1971) define que toda população de autores tem
uma elite que corresponde à raiz quadrada do tamanho dessa população. Assim, a elite de
pesquisa equivale à raiz quadrada do número total de autores que, em qualquer campo da
ciência, compõem a chamada ‘frente de pesquisa’.
Araújo (2006b) afirma que a frente de pesquisa “correlaciona os índices absolutos de
citação obtidos por cada autor com a data dos trabalhos publicados por cada autor’, dessa
forma apenas contabilizando os trabalhos mais recentes. Entretanto, Urbizagástegui Alvarado
(1993, p. 324) defende que a frente de pesquisa também pode referir-se
aos primeiros autores que formularam propostas teóricas e/ou experimentaram
empiricamente as propostas formuladas; por isso, é de se esperar que estes
autores sejam os mais freqüentemente citados nos artigos de periódicos, teses,
dissertações, monografias e outros documentos bibliográficos, por autores
posteriores (mais tardios) que trabalham em determinada linha de pesquisa.
Com base na afirmação de Urbizagástegui Alvarado (1993), ao identificar a frente de
pesquisa, foram considerados todos os trabalhos citados nos artigos levantados nesta
88
pesquisa. Se seguíssemos o modelo proposto por Solla Price (1971), a frente de pesquisa da
Ciência da Informação, no Brasil, seria composta por 47 autores. Entretanto, apesar de Solla
Price (1965, 1971), indicar a existência de uma frente de pesquisa
única para cada área do
conhecimento, Urbizagástegui Alvarado (1993, p. 323) defende a existências de várias
frentes de pesquisa, que são compostas por autores que realizam pesquisas nas variadas
subáreas da Ciência da Informação. Como esse autor afirma que cada campo científico
possui várias frentes de pesquisa, conforme suas subáreas e linhas de pesquisa, procurou-
se, nesta pesquisa, identificar as frentes desse campo.
O fator que determina quem compõe a frente de pesquisa não é o número de vezes
em que um autor é citado, pois isso leva a desvios, falseamentos, desconfigurações e
descaracterizações no processo de identificação dessa frente (URBIZAGÁSTEGUI ALVARADO,
1993). Então o autor ressalta um fator não considerado por Solla Price, que designa de
reconhecimento,
ou seja, “o número de autores citantes que através da prática da citação
‘reconhecem’ a outro autor como seu antecessor na mesma linha de pesquisa.”
(URBIZAGÁSTEGUI ALVARADO, 1993, p. 328). Assim, um novo fator é colocado para
identificar os componentes da frente de pesquisa em determinada área do conhecimento, ou
seja, a relação entre o número de autores citantes e a população total dos autores,
implicando no ‘Índice de Reconhecimento’.
Estudos mais recentes, de Moya Anegón, Jiménez Contreras e Moneda Corrochano
(1998), Tuire e Erno (2001), Schwechheimer e Winterhager (2001), identificaram a frente de
pesquisa a partir dos
clusters
de documentos co-citados. Nesta pesquisa, pondera-se que
utilizar somente os autores altamente co-citados também pode levar a desvios, visto que o
fato de um autor ser citado apenas em trabalhos que tenham muitos autores pode implicar
em alterações significativas no número de co-citações. Com base nisso, nas colocações de
Urbizagástegui Alvarado (1993) e nos estudos indicados acima, optou-se por identificar a
frente de pesquisa a partir da aglomeração de autores mais citados. Para tal, foi elaborada
uma matriz formada pelos autores citantes versus os autores que foram mais citados (acima
de quatro citações). Os aglomerados ou
clusters
formados por esses autores indicam a
formação das frentes de pesquisa na área, dessa forma refletindo as subáreas ou
especialidades de cada frente de pesquisa.
A partir disso, se identificaram seis frentes de pesquisa, na área de Ciência da
Informação, no Brasil, que estão diferenciadas por cores na Figura 1. Observa-se que cada
uma das frentes de pesquisa representa uma subárea da Ciência da Informação, pois foi
citada conjuntamente nos trabalhos de temáticas específicas. É importante destacar que
89
essas frentes referem-se aos autores dos trabalhos citados e que refletem apenas o periódo
estudado, portanto não é intenção generalizá-las como as únicas frentes da área.
A primeira frente de pesquisa identificada é composta pelos seguintes autores:
International Organization for Standardization,
Ikujiro Nonaka, Humbert Lesca, Thomas H.
Davenport, Rosaly Fávero Krzyzanowski, Jayme Teixeira Filho, Glória Ponjuán Dante,
Hirotaka Takeuchi, José Cláudio Cyrineu Terra, Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo,
Marilda Lopes Ginez de Lara, Nair Yumiko Kobashi, Anna Maria Marques Cintra
e
Chun Wei
Choo
. Tais autores foram citados conjuntamente nos trabalhos referentes à Gestão do
Conhecimento e à Inteligência Competitiva, formando um sistema coeso em torno do grupo
mencionado. Merece destaque a inclusão da
International Organization for Standardization
nessa frente de pesquisa.
O autor citado
Laurence Bardin
está relacionado à frente de pesquisa de Inteligência
Competitiva. Apesar de não ter publicado sobre essa temática, a sua incidência nessa frente
pode estar relacionada ao fato de escrever sobre análise de conteúdo, um método muito
empregado na Ciência da Informação e que pode estar associada a qualquer uma das
subáreas desse campo científico.
A segunda frente de pesquisa identificada é composta pelos seguintes autores:
Arthur
Jack Meadows, Dinah Aguiar Población, Rubén Urbizagástegui Alvarado, Maria das Graças
Targino, Lena Vânia Ribeiro Pinheiro, Gilda Maria Braga, Suzana Pinheiro Machado Mueller,
John Ziman, Luc Quoniam, Félix Moya-Anegón, Léa Velho, Howard D. White, Geraldina Porto
Witter, Victor Herrero Solana
e
Rogério Meneguini
. Essa frente pode ser relacionada às
subáreas Comunicação Científica e Estudos Bibliométricos, visto que os autores explicitados
são pesquisadores dessas linhas e foram citados em trabalhos que abordam a mesma
temática.
Outra frente de pesquisa é composta somente por três autores:
Michel Menou,
Johanna W. Smit
e
Aldo de Albuquerque Barreto
, que compõem a frente de pesquisa que e
estudam a própria Ciência da Informação.
Três frentes foram compostas por dois autores
Waldomiro C. S. Vergueiro
e
Elsa
Barber
formam a frente de pesquisa de Serviços em Informação. As autoras
Kira Tarapanoff
e
Mônica Erichsen Nassif Borges
formam outra frente de pesquisa relacionada a sistemas de
informação e informação para negócios. Apesar da autora
Kira Tarapanoff
ter trabalhos
publicados sobre Inteligência Competitiva, o que denotaria a sua participação na frente
sobre essa temática, nesta pesquisa foram detectados outros trabalhos citados e que
determinam a posição da autora na frente acima referida. Os autores Sueli Mara Soares
90
Pinto Ferreira e Tom D. Wilson formam a frente relacionada a Estudos de Usuários e
Necessidades de Informação.
Figura 1 - Mapa das Frentes de Pesquisa na Área de Ciência da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da Pesquisa
Legenda: ISO - International Organization for Standardization, NONAKA, I. – I. Nonaka, LESCA, H - Humbert Lesca, DAVENPORT, T.
H. - Thomas H. Davenport, KRZYZANOWSKI, R. F - Rosaly Fávero Krzyzanowski, TEIXEIRA FILHO, J. - Jayme Teixeira Filho,
PONJUÁN DANTE, G. Glória Ponjuán Dante, TAKEUCHI, H. I. Takeuchi, TERRA, J. C. C. - José Cláudio Cyrineu Terra, TÁLAMO,
M. de F. G. M - Maria de Fátima Gonçalves Moreira Tálamo, LARA, M. L. G. de - Marilda Lopes Ginez de Lara, CINTRA, A. M. M.-
Anna Maria Marques Cintra, CHOO, C. W. - Chun Wei Choo, CASTELLS, M., Manuel Castells, BARDIN, L. - Laurence Bardin. MENOU,
M. – Michel Menou, SMIT, J. W - Johanna W. Smit, BARRETO, A. de A - Aldo de Albuquerque Barreto, MEADOWS, A. J. – Arthur Jack
Meadows, POBLACIÓN, D. A. - Dinah Aguiar Población, URBIZAGASTEGUI ALVARADO, R. - Rubén Urbizagastegui Alvarado,
TARGINO, M. das G. - Maria das Graças Targino, PINHEIRO, L. V. R. - Lena Vânia Ribeiro Pinheiro, BRAGA, G. M. - Gilda Maria
Braga, MULLER, S. P. M. - Suzana Pinheiro Machado Mueller, , ZIMAN, J. John Ziman, QUONIAM, L. - Luc Quoniam, MOYA-
ANEGÓN, F. - Félix Moya-Anegón, VELHO, L. - Léa Velho, WHITE, H. D.- Howard D. White, MENEGUINI, R. - Rogério Meneguini,
BORGES, M. E. N.- Mônica Erichsen Nassif Borges, TARAPANOFF, K. Kira Tarapanoff, CAMPELLO, B. S Bernadete Santos Campello,
WILSON, T. D Tom D. Wilson, FERREIRA, S. M. S. P. - Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, VERGUEIRO, W. C. S. - Waldomiro C. S.
Vergueiro, BARBER, E. – Elsa Barber, KOBASHI, N. Y. - Nair Yumiko Kobashi, BOURDIEU, P. - Pierre Bourdieu.
Os autores
Pierre Bordieu
e
Manuel Castells
não fazem parte das frentes
mencionadas, mas, devido à temática de seus trabalhos, foram citados juntamente com os
autores que compõem determinadas frentes.
Pierre Bordieu
está relacionado à frente de
pesquisa da subárea de Comunicação Científica e
Manuel Castells
às frentes sobre Sistemas
de Informação e também sobre Inteligência Competitiva.
As frentes de pesquisa identificadas foram formadas principalmente por afinidades
temáticas. Moya Anegón, Jiménez Contreras e Moneda Corrochano (1998), ao identificar as
91
frentes de pesquisa na área, detectaram que as frentes ou
clusters
foram formados em
razão das afinidades temáticas e também da proximidade institucional dos autores citados.
Verificou-se que autores com publicações antigas continuam sendo citados e, pelos
critérios utilizados nesta pesquisa, compõem as frentes de pesquisa da área. Esse fato se
deve à perpetuação de suas idéias e teorias, ao longo do desenvolvimento da subárea do
qual fazem parte. Demonstra que existem trabalhos clássicos que perduram no tempo e,
embora antigos, continuam sendo citados na literatura recente.
Entretanto, o fato de determinados autores serem mais citados não indica,
necessariamente, que pertençam a uma frente de pesquisa ativa, mas pode ser um indicador
do pioneirismo, visto que foram os antecessores no estudo daquele assunto
(URBIZAGÁSTEGUI ALVARADO, 1993).
Como observado, as frentes formadas em cada subáreas são heterogêneas. De
acordo com Urbizagástegui Alvarado (1993, p. 323), as subáreas que as conformam também
não são homogêneas, e considerá-las assim “significa afirmar que em todas as sub-áreas
atuam o mesmo número de pesquisadores, que publicam o mesmo número de trabalhos, e
que têm as mesmas possibilidades para publicar.”
4.4 AS REDES COGNITIVAS DE PESQUISADORES DA ÁREA DE CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, NO BRASIL
Na rede, os fios isolados ligam-se uns aos outros, mas nem a totalidade da rede e
nem a forma de cada fio podem ser compreendidas isoladamente; a rede pode ser
compreendida ao se verificar como cada fio se liga e sua relação recíproca. A ligação
origem a um sistema de articulação, para onde cada fio converge, cada um à sua maneira,
de acordo com o seu lugar e função na totalidade da rede. Os fios têm sua forma modificada
a partir das alterações na articulação e estrutura da rede. Contudo, a rede é a ligação de fios
individuais que, no interior do todo, continuam a formar uma unidade em si, com posição e
forma singulares (ELIAS, 1994).
Assim, é preciso considerar a complexidade das redes, entendendo não somente cada
elemento e nem somente a rede completa, mas as relações que são estabelecidas entre os
elementos da rede (MORIN, 1991, 1996). Por isso, as citações feitas nos artigos científicos
da área de Ciência da Informação foram utilizadas para identificar as relações tecidas entre
os autores na produção do conhecimento científico dessa área, no Brasil, entendidas na
92
presente pesquisa como redes cognitivas. A rede é composta de nós e relações e, quando
essas relações são estabelecidas para a produção do conhecimento, as redes podem ser
denominadas de redes cognitivas. Na rede analisada, os nós são compostos pelos trabalhos
citantes e citados, pelos autores dos artigos citantes e pelos autores dos trabalhos citados.
Assim, estudar a rede cognitiva da área implica em considerar não somente cada
pesquisador ou o conjunto deles, mas as relações que se estabelecem, seja diretamente pela
colaboração e co-autoria em trabalhos, ou indiretamente através das citações que fazem aos
mesmos documentos e autores.
Para identificar as redes mais significativas na área, optou-se por trabalhar com as
redes egocêntricas. As redes são mapeadas a partir de nós focais, aqui definidos como os
autores mais produtivos da área, no Brasil, e suas conexões com outros.
É fundamental ressaltar que a quantidade de relações entre os autores citados e
citantes difere da quantidade de citações, visto que, ao verificar a quantidade de citações,
considerou-se apenas o número de vezes em que o documento foi citado. Entretanto, na
perspectiva das redes, verifica-se a relação do autor citado com todos os autores do artigo
citante, implicando, assim, numa multiplicação da quantidade de citações.
Numa primeira análise, a partir dos autores mais produtivos
versus
os autores por
eles mais citados (que receberam acima de quatro citações), é possível visualizar algumas
nuances da rede tecida na produção do conhecimento em Ciência da Informação, no Brasil.
A partir do mapa (Figura 2) verificam-se as interações entre os pesquisadores, visto
que estes, ao citarem os mesmos autores, compartilham as suas idéias e estabelecem uma
relação indireta, cujo intermediário é o autor citado. É necessário destacar que parte das
interações, ou das citações feitas a um mesmo autor, identificadas na presente pesquisa,
não indica o compartilhamento de suas idéias em diferentes artigos, mas são reflexos da co-
autoria nos artigos utilizados na pesquisa.
Os autores citados estão representados no mapa pelo ícone quadrado e os autores
citantes pelo círculo. A sobreposição dos ícones representa que o autor citado também é um
autor citante. Isso indica que os pesquisadores que produzem o conhecimento são também
autores citados, como ocorre no processo recursivo, característica da autopoiese, onde os
produtos e os efeitos são simultaneamente causas e produtores daquilo que os produziu
(MATURANA; VARELA, 1995). Gonzalez de Gómez (2002) parece corroborar com essa idéia,
quando compara as redes ao modelo de inteligência distribuída, em que cada um e todos
são tanto produtores como consumidores de conhecimento.
93
Um autor pode estar em diferentes posições na rede e a posição que ocupa depende
do capital simbólico que possui. Bourdieu (2004, p. 154) ressalta que
[...] os agentes estão distribuídos no espaço social global, na primeira
dimensão de acordo com o volume global de capital que eles possuem sob
diferentes espécies, e, na segunda dimensão, de acordo com o peso relativo
das diferentes espécies de capital, econômico e cultural, no volume total de
seu capital.
A distribuição dos trabalhos de acordo com o grau de conformidade com as normas
acadêmicas corresponde com a distribuição dos autores de acordo com sua posição de poder
especificamente acadêmico. Não são os posicionamentos políticos que determinam os
posicionamentos das pessoas acerca das questões acadêmicas, são suas posições no campo
acadêmico que animam os posicionamentos que eles adotam acerca dos temas políticos em
geral, assim como acerca dos problemas acadêmicas (BOURDIEU, 1984).
Esse autor afirma que as relações objetivas de poder tendem a se reproduzir nas
relações de poder simbólico. Na luta pela nominação legítima, os agentes investem o capital
simbólico adquirido nas lutas anteriores. Na determinação da classificação objetiva e da
hierarquia dos valores atribuídos aos indivíduos e aos grupos, nem todos os juízos têm o
mesmo valor. Os detentores de um sólido capital simbólico, os nobres ou aqueles que são
conhecidos e reconhecidos têm possibilidade de impor a escala de valores mais favorável a
seus produtos, isso porque eles detêm quase um monopólio, pois estabelecem e garantem
oficialmente os seus postos. Em contrapartida, o capital simbólico pode ser oficialmente
confirmado e obtido, além de instituído juridicamente pelo efeito de nominação oficial
(BOURDIEU, 1984).
Na rede cognitiva, os autores se relacionam ao redor dos autores citados, o que
lembra uma tapeçaria, onde os fios ou os laços não estão dispostos ao acaso, mas estão
arranjados em função do tecido, de forma que cada parte converge para o todo (MORIN,
1991). Assim, a tapeçaria não pode ser explicada por uma lei simples (MORIN, 1991), pois
cada relação estabelecida entre os autores tem fatores intervenientes distintos.
Na rede cognitiva, os autores se relacionam ao redor dos autores citados, o que
lembra uma tapeçaria, onde os fios ou os laços não estão dispostos ao acaso, mas estão
arranjados em função do tecido, de forma que cada parte converge para o todo (MORIN,
1991). Assim, a tapeçaria não pode ser explicada por uma lei simples (MORIN, 1991), pois
cada relação estabelecida entre os autores tem fatores intervenientes distintos.
94
Figura 2 - Rede cognitiva da área de Ciência da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa
Na rede cognitiva, os autores se relacionam ao redor dos autores citados, o que
lembra uma tapeçaria, onde os fios ou os laços não estão dispostos ao acaso, mas estão
arranjados em função do tecido, de forma que cada parte converge para o todo (MORIN,
1991). Assim, a tapeçaria não pode ser explicada por uma lei simples (MORIN, 1991), pois
cada relação estabelecida entre os autores tem fatores intervenientes distintos.
Ao estudar a rede, é possível medir a sua centralidade e densidade. A centralidade
remete ao conceito de estrela e indica a popularidade do autor na rede, pois quem se
posiciona no centro de atenção é um membro altamente eleito, enquanto que a densidade
refere-se à quantidade de relações. Com isso, os autores que têm mais relações com outros
corresponderão aos pontos mais densos na rede (TUIRE; ERNO, 2001).
Considerando que, nos estudos das redes egocêntricas, não é possível verificar a
centralidade, nesta pesquisa trabalhou-se apenas com a densidade. Constatou-se que os
autores mais densos são os mais relacionados, destacando-se: Marta Lígia Pomim Valentim,
95
Ikujiro Nonaka, Henrique M. R. Freitas, Brígida Maria Nogueira Cervantes, Maria da Graça
Krieger, Jayme Teixeira Filho, Léa Velho e Suzana Pinheiro Machado Mueller (Tabela 9).
Tabela 9 - Densidade da rede de autores
Autores Densidade Relações
Marta Lígia Pomim Valentim
0,0340 124
Ikujiro Nonaka
0,0115 42
Henrique M. R. Freitas
0,0112 41
Brígida Maria Nogueira Cervantes
0,0109 40
Maria da Graça Krieger
0,0109 40
Jayme Teixeira Filho
0,0109 40
Léa Velho
0,0082 30
Suzana Pinheiro Machado Mueller
0,0068 25
Richard Nelson
0,0065 24
Chun Wei Choo
0,0063 23
Rubén Urbizagastegui Alvarado
0,0063 23
Bernadete Santos Campello
0,0060 22
Glória Ponjuán Dante
0,0060 22
Rosali Fernandez de Souza
0,0060 22
B. A. Lundvall
0,0060 22
Luc Soete
0,0060 22
H. Takeuchi
0,0060 22
R. N. M. Santos
0,0057 21
Thomas H. Davenport
0,0057 21
Humbert Lesca
0,0057 21
Laurence Bardin
0,0057 21
L. M. Vargas
0,0057 21
Eliane Gonçalves Gomes
0,0057 21
Fonte: Dados da pesquisa
Os autores mais densos são mais relacionados, mas não necessariamente os que
foram citados em mais trabalhos, ou que possuem mais capital simbólico, visto que a sua
densidade pode ser conseqüência das relações estabelecidas com os diversos nós da rede
devido a citação que esses autores receberam em trabalhos publicados por muitos autores.
Assim, o autor citado estabelece uma relação com cada autor do artigo, implicando em
aumento da sua densidade na rede e uma distorção no dimensionamento da mesma.
Alguns dos autores mais densos, como Léa Velho e Suzana Pinheiro Machado Mueller
estão também entre os autores mais citados, a sua densidade está relacionada ao capital
simbólico que possuem.
Ao estudar as redes, Tuire e Erno (2001) concluíram que as relações são mais densas
no interior das universidades, onde a passagem de comunicação é maior. Isso demonstra
que as relações são estabelecidas devido à proximidade institucional, seja por cursar uma
pós-graduação ou trabalhar na mesma instituição. Cada pesquisador vai tecendo as suas
96
relações ao longo da carreira acadêmica, com pessoas com quem trabalha diretamente ou
com os autores que cita. Elias (1994) destaca que “[...] as relações conferidas a duas
pessoas e suas histórias individuais nunca são exatamente idênticas. Cada pessoa parte de
uma posição única em sua rede de relações e atravessa uma história até chegar a morte.”
4.5 AS COMUNIDADES ESTABELECIDAS PELAS CITAÇÕES
Os autores se posicionam na rede de acordo com as relações que estabelecem, e o
posicionamento próximo pode ser um indicador da formação de comunidades dentro da
rede. Na rede, surgem comunidades formadas pelos elementos mais próximos, sendo que
“cada comunidade gera pensamentos e um significado, os quais dão origem a novas
comunicações.” (CAPRA, 2002, p. 119).
Os sistemas são organizados em rede ou comportam redes menores dentro dos seus
limites (CAPRA, 2002), assim como ocorre no sistema científico. Pois um grupo de agentes
forma um sistema científico apenas quando estão estruturados, ou seja, mantêm alguma
relação ou influência entre si, compartilham o mesmo espaço, são conduzidos pelas mesmas
regras, dependem dos mesmos recursos e/ou o afetados pelo mesmo sistema externo de
atuação e planejamento (MALTRÁS BARBA, 2003).
Para Bourdieu (1996, p. 50-51),
o trabalho simbólico de constituição ou de consagração necessário para criar
um grupo unido (imposição de nomes, de siglas, de signos de adesão,
manifestações públicas etc.) tem tanto mais oportunidades de ser bem-
sucedido quanto mais os agentes sociais sobre os quais ele se exerce
estejam inclinados por sua proximidade no espaço das relações sociais e
também graças às disposições e interesses associados a essas posições a
se reconhecerem mutuamente e a se reconhecerem em um mesmo projeto
(político ou outro).
As relações são estabelecidas a partir do momento em que os pesquisadores
partilham interesses e aceitam as idéias dos outros pesquisadores pois, como ressalta
Maturana (2001), a relação social está fundada na aceitação mútua. Se não aceitação do
outro e se não se fornece espaço para que o outro exista junto de si, não existe fenômeno
social.
A rede é autogeradora, pois “gera a si mesma, produzindo um contexto comum de
significados, um corpo comum de conhecimentos, regras de conduta, um limite e uma
identidade coletiva para os seus membros.” (CAPRA, 2002, p. 119). Ao possuírem interesses,
97
valores e crenças comuns, os indivíduos criam uma identidade entre os membros da rede
social, baseando-se na sensação de fazer parte de um grupo maior (CAPRA, 2002). É essa
identidade cultural que reforça o fechamento da rede, ao criar um limite constituído de
significados e exigências que não permite que quaisquer pessoas ou informações entrem na
rede. As comunicações ocorrem dentro desse limite, que é continuamente recriado e
negociado por seus integrantes.
Portanto, a rede produz um corpo de conhecimentos comuns que molda os valores,
crenças e o modo de vida. As crenças e valores afetam o corpo de conhecimentos, que
auxilia na interpretação das nossas experiências e na escolha dos conhecimentos
significativos. Estes são constantemente modificados e transmitidos de geração em geração,
junto com os valores, crenças e regras de conduta da cultura (CAPRA, 2002).
A formação de comunidades remete à colaboração e troca de idéias (LE COADIC,
2004). Os pesquisadores podem realizar pesquisas isoladamente, mas recorrem aos seus
pares para discutir idéias e obter sua opinião sobre as descobertas (MEADOWS, 1999). Além
disso, convivem num mercado onde vendem os seus produtos (publicações e trabalhos
científicos) e recebem prestígios e influência acadêmica (POLANYI, 1969). A comunidade
científica foi a primeira comunidade que se organizou numa inteligência coletiva, sobre uma
base independente das barreiras nacionais e religiosas (LEVY, 2001), e se caracteriza pela
prática de uma especialidade científica, por compartilhar uma formação teórica, pela
profunda circulação de informação entre o grupo e pela mesma opinião nos assuntos
profissionais (KUHN, 2003). Essa comunidade “é um tecido de fluxos e relações sociais no
seio das quais se assimila, produz e se propagam conhecimentos, logo, a sua identidade é
profundamente sócio-cognitiva e, mesmo, política” (SILVA, 2002). A principal característica
da comunidade é o interesse comum (MOREIRA, 2005). São os interesses específicos que
relacionam e interligam as pessoas (ARENDT, 2007). As redes científicas possibilitam o
desenvolvimento das pesquisas e trazem a idéia de inteligência coletiva, uma inteligência
distribuída em toda parte (LÉVY, 1998, p. 28).
As comunidades existentes numa área do conhecimento podem ser visualizadas a
partir da formação de grupos que desenvolvem estudos com temáticas semelhantes e que
recorrem às idéias dos mesmos autores e trabalhos. Na pesquisa realizada, as comunidades
visualizadas a partir da rede de autores da área de Ciência da Informação, no Brasil, foram
evidenciadas a partir das relações mais eminentes estabelecidas. Entretanto, vale ressaltar
que essas comunidades não formam grupos isolados dentro da rede, pois alguns autores
podem estar inseridos em mais de uma comunidade e são, dessa forma, os elos que ligam
as comunidades entre si.
98
As comunidades foram identificadas a partir da análise de co-citação de autores que
citaram uma mesma parelha ou grupo de autores. Acredita-se que, nesse caso, exista um
compartilhamento de idéias ou o desenvolvimento de pesquisas com temáticas semelhantes,
compondo assim uma comunidade que, num primeiro momento, não estaria visível.
Para fins desta pesquisa, verificou-se a formação de comunidades entre os autores
focais da rede, ou seja, os mais produtivos e que demonstram mais relações. Vale ressaltar
que a ordem de demonstração das comunidades não é um indicador da relevância dessa
comunidade na rede.
Comunidade A: esta comunidade é formada por Daisy Pires Noronha (USP), Dinah
Aguiar Población (USP), Edna Lúcia da Silva (UFSC), Estera Muszkat Menezes (UFSC), Liliane
Vieira Pinheiro (UFSC), Cláudia Maria Pinho de Abreu Pecegueiro (UFMA), Rubén
Urbizagástegui Alvarado (University of Califórnia), José Augusto Chaves Guimarães (UNESP),
Lena Vânia Ribeiro Pinheiro (IBICT), Luc Quonian (USP) Suzana Pinheiro Machado Mueller
(UNB) e Marlene de Oliveira (UFMG). (Figura 3)
Verifica-se que os autores desta comunidade desenvolvem pesquisas em linhas sobre
Comunicação Científica, Canais de Comunicação, Produção Científica e/ou Bibliometria.
Entretanto, alguns autores desenvolvem linhas que aparentemente não têm relação com o
tema geral da comunidade, como Organização da Informação e Teoria, Epistemologia e
Interdisciplinaridade da Ciência da Informação.
Autores que lidam com o mesmo problema de pesquisa tendem a citar os mesmos
autores e a compartilhar a mesma base intelectual, e esse é principal fator interveniente na
formação da comunidade. Outro fator que merece destaque é a co-autoria em publicações,
como ocorre com Daisy Pires Noronha e Dinah Aguiar Población, e com Edna Lúcia da Silva,
Estera Muszkat Menezes e Liliane Vieira Pinheiro. Além disso, esses pesquisadores que
publicam trabalhos juntos são das mesmas instituições, USP e UFSC, respectivamente, o que
denota a proximidade institucional entre eles e, conseqüentemente, a troca de informação
direta.
Outro indicador da proximidade entre os autores é a integração dos grupos de
pesquisa. As autoras Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes e Liliane Vieira Pinheiro
são integrantes do Núcleo de Estudos em Informação e Mediações Comunicacionais
Contemporâneas (UFSC). Daisy Pires Noronha, Dinah Aguiar Población e Marlene de Oliveira
são integrantes do Núcleo de Produção Científica (USP). Esses grupos têm a Comunicação
Científica como uma de suas linhas de pesquisa. Os autores José Augusto Chaves Guimarães
99
(UNESP) e Lena Vânia Ribeiro Pinheiro (IBICT) integram o grupo Organização do
Conhecimento para Recuperação da Informação (UNIRIO). A pesquisadora Lena Vânia
Ribeiro Pinheiro é ainda integrante dos grupos: Comunicação e Divulgação Científicas
(IBICT), Museologia e Patrimônio (UNIRIO) e Teoria, Epistemologia e Interdisciplinaridade
da Ciência da Informação (IBICT). José Augusto Chaves Guimarães integra os seguintes
grupos: Análise Documentária (UNESP), Grupo TEMMA (USP) e Formação e Atuação
Profissional na área de Informação (UNESP).
Figura 3 - Comunidade A, formada por pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa
Como visto, alguns pesquisadores participam de outros grupos além dos
mencionados aqui, o que denota a sua atuação em outras linhas de pesquisa e também a
possibilidade de formarem outras comunidades, como ocorre com José Augusto Chaves
Guimarães e Suzana Pinheiro Machado Mueller. Isso se deve às linhas de pesquisa
desenvolvidas por esses pesquisadores, como será explicitado mais adiante.
100
Comunidade B: composta por Marta Lígia Pomim Valentim (UNESP), Letícia Gorri Molina
(UEL), Adriana Rosecler Alcará (UEL), Brígida Maria Nogueira Cervantes (UEL), Elizabeth
Leão de Carvalho (UEL), Lívia Aparecida Ferreira Lenzi (UEL), Maria Elisabete Catarino (UEL),
Maria Inês Tomaél (UEL), Heliéte Dominguez Garcia (UEL), José Carlos Dalmas (UEL), Marta
Araújo Tavares Ferreira (Centro Universitário UMA), nica Erichsen Nassif Borges (UFMG),
Luciana de Souza Gracioso (UFSCar) e Elisa Maria Pinto da Rocha (Fundação João Pinheiro).
(Figura 4)
Observou-se que um grupo altamente denso nesta comunidade, composto por
autores que compartilham a autoria em dois artigos científicos e que, na época de publicação
do artigo, mantinham vínculos com a mesma instituição, a Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Além disso, no período em que publicaram os artigos, eram integrantes do
grupo de pesquisa Informação e Inteligência Organizacional, que, na época, era vinculado à
mesma instituição, e que atualmente está vinculado a UNESP, sendo que apenas duas
autoras ainda o integram: Marta Lígia Pomim Valentim e Letícia Gorri Molina.
Além da co-autoria, o interesse em temas de pesquisa semelhantes contribui para a
sua formação. Adriana Rosecler Alcará, Brígida Maria Nogueira Cervantes, Maria Elisabete
Catarino e Maria Inez Tomaél são integrantes do grupo Redes de Conhecimento e
Informação (UEL). Adriana Rosecler Alcará e Maria Inez Tomaél atuam nas linhas
Redes
Sociais: espaços da informação
e
Informação para Inovação,
enquanto que
Brígida Maria
Nogueira Cervantes e Maria Elisabete Catarino atuam na linha
Uso de Ontologias para a
Representação do Conhecimento.
Marta Lígia Valentim Pomim e Letícia Gorri Molina atuam na linha de pesquisa
Informação, Conhecimento e Tecnologia
.
A autora Mônica Erichsen Nassif Borges desenvolve pesquisas na linha
Inteligência
Organizacional e Competitiva,
enquanto que Marta Araújo Tavares Ferreira estuda o
Planejamento e Gestão em Turismo
.
101
Figura 4 - Comunidade B, formada por pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa
As demais autoras não integravam grupos de pesquisa no momento da coleta de
dados, o que impossibilitou caracterizá-las dentro da comunidade formada. Constata-se que
os estudos dos autores que compõem esta comunidade estão voltados principalmente à
Inteligência Competitiva e à Gestão da Informação e do Conhecimento. Mas alguns autores
desenvolvem pesquisas referentes à Disseminação, Organização e Representação da
Informação, a Políticas de Informação. Diante do exposto, observa-se que os principais
fatores que contribuem para a formação desta comunidade são a proximidade institucional e
a atuação em linhas de pesquisa com temáticas semelhantes.
É interessante notar que o surgimento de focos temáticos como a gestão do
conhecimento e inteligência social e organizacional, que intensificam a relação entre
informação e conhecimento, esquematizam uma nova assimetria da pesquisa em Ciência da
Informação, no Brasil, pois promovem a migração de tecnologias e estratégias de tratamento
e recuperação para novos cenários organizacionais, e reativam a relação entre a informação
e o texto, explorando as novas mídias e as formas de interação (sincrônicas e assincrônicas)
102
no trabalho intelectual cooperativo (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2000).
Comunidade C: Dulcinéia Sarmento Rosemberg (UFES), Johanna Wilhelmina Smit (USP),
José Augusto Chaves Guimarães (UNESP), Miriam Vieira da Cunha (UFSC), Marta Lígia
Pomim Valentim (UNESP), Francisco das Chagas de Souza (UFSC) e Suzana Pinheiro
Machado Mueller (UNB) compõem esta comunidade, que está relacionada ao estudo dos
profissionais da informação (Figura 5).
Os autores Marta Lígia Pomim Valentim, José Augusto Chaves Guimarães, Johanna
Wilhelmina Smit e Miriam Vieira da Cunha integram, entre outros, o grupo Formação e
atuação profissional na área de informação e atuam na linha de pesquisa
Formação de
Profissionais da Informação
. A autora Suzana Pinheiro Machado Muller desenvolve pesquisas
na linha
Mercado de Trabalho e Formação do Profissional da Informação,
que está em
consonância com a linha pesquisada pelos demais autores, sendo que a autora Miriam Vieira
da Cunha também atua numa
linha Mercado de Trabalho dos Profissionais da Informação
.
O autor Francisco das Chagas de Souza participa da linha
Informação, Comunicação,
Educação e Sociedade
. Apesar de não estar associado, no Diretório de Grupos de Pesquisa, a
alguma linha que enfoque diretamente os profissionais da informação, esse autor tem
trabalhos publicados com tal temática. Vale também destacar que ele, assim como Miriam
Vieira da Cunha, são vinculados à linha de pesquisa
Profissional da Informação
do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação, da UFSC.
Observa-se que os pesquisadores compartilham as citações aos mesmos autores, por
atuarem em linhas de pesquisa que têm como enfoque o profissional da informação.
103
Figura 5 - Comunidade C, formada por pesquisadores mais produtivos da área de Ciência
da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa
Comunidade D: formada por Bernadete Santos Campello (UFMG), Maria da Conceição
Carvalho (UFMG), Maria Eugênia Albino Andrade (UFMG), Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu
(UFMG) e Maria Aparecida Moura (UFMG) (Figura 6). Os autores desta comunidade estão
ligados à Universidade Federal de Minas Gerais e são co-autores em trabalhos que abordam
o tema Biblioteca Escolar, com exceção de Maria Aparecida Moura. Esta, por sua vez,
também está ligada a outra comunidade.
Observa-se que Maria Aparecida Moura participa desta comunidade por atuar nas
mesmas linhas de pesquisa que Maria Eugênia Albino Andrade, a saber:
Informação, Cultura
e Sociedade, Informação, Espaço e Práticas Sociais
e
Informação, Estado e Sociedade Civil
.
Bernadete Santos Campello e Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu atuam na linha de
pesquisa
Informação Social
. Constata-se que o enfoque da atuação das autoras volta-se para
a Informação e a Sociedade; pelo interesse comum acabam estabelecendo relações e
compondo esta comunidade. Outro fator que contribui para a formação desta comunidade é
a proximidade institucional que as autoras mantêm.
104
Figura 6 - Comunidade D, formada pelos pesquisadores mais produtivos da área de
Ciência da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa
Comunidade E: Eduardo Wense Dias (UFMG), Maria Aparecida Moura (UFMG) e
Madalena Martins Lopes Naves (UFMG) formam esta comunidade (Figura 7). Os autores têm
vínculos com a mesma instituição, são integrantes do grupo de pesquisa
Tratamento da
Informação
e desenvolvem pesquisas na linha
Análise de Assunto
.
As autoras Maria Aparecida Moura e Madalena Martins Lopes também atuam na linha
de pesquisa
Organização e Uso da Informação
, ligada ao grupo Organização da Informação
em Contextos Digitais (UFMG), do qual são integrantes. Constata-se que o principal fator de
formação desta comunidade é a proximidade que os autores têm, por atuarem na mesma
instituição e grupos de pesquisa.
105
Figura 7 - Comunidade E, formada pelos pesquisadores mais produtivos da área de
Ciência da Informação, no Brasil
Fonte: Dados da pesquisa
Analisando as comunidades pelas redes egocêntricas dos autores mais produtivos,
verifica-se que alguns desses autores não compartilham o mesmo grupo de citações, de
modo que integrem ou participem das comunidades mencionadas anteriormente.
Os autores Andréa Vasconcelos Carvalho de Aguiar (UFRN), Ângela Maria Belloni
Cuenca (USP), Else Benetti Marques Válio (PUC-Campinas), Gregório Jean Varvakis Rados
(UFSC), Maria de Jesus Nascimento (UDESC), Paulo de Martino Jannuzzi (Escola Nacional de
Ciências Estatísticas) e Victor Herrero-Solana (Universidad de Granada) se relacionam
separadamente com os pesquisadores de outras comunidades, mas as citações que
compartilham com alguns autores de cada comunidade não possibilitam afirmar que tais
pesquisadores integrem efetivamente alguma das comunidades. O autor Paulo de Martino
Jannuzzi divide a autoria num artigo com Luc Quonian, que integra a comunidade A. A
autora Maria de Jesus Nascimento se relaciona com pesquisadores da comunidade B.
Verifica-se ainda que alguns autores, que também não integram as comunidades
mencionadas, estabelecem relações com outro autor, com quem publicaram em co-autoria.
É o que ocorre com Maria de Cléofas Faggion Alencar (EMBRAPA) e Eliane Gonçalves Gomes
(EMBRAPA), Maria Lourdes Blatt Ohira (UDESC) e Noêmia Schoffen Prado (UDESC), e com
Raimundo Benedito do Nascimento (UFC) e Nicolino Trompiere Filho (UFC). Maria de Cléofas
Faggion Alencar e Eliane Gonçalves Gomes relacionam-se com pesquisadores da comunidade
106
B, e Eliane Gonçalves Gomes também se relaciona com Gregório Jean Varvakis Rados,
devido à citação em comum a alguns autores.
Com base nas comunidades formadas, observou-se que o principal fator para a sua
constituição é a atuação em linhas de pesquisa semelhantes, o que demonstra afinidades
nos interesses temáticos. Outros fatores também presentes são o vínculo institucional e a
publicação de trabalhos em co-autoria, que demonstram a proximidade institucional dos
autores. Esse ponto de vista corrobora Tuire e Erno (2001), quando afirmam que os
cientistas desenvolvem relações dentro das suas disciplinas e, ainda, fora da disciplina,
gastam mais do seu tempo com pessoas da mesma especialidade ou com outros que usem a
mesma teoria ou lidem com problemas similares. Esses autores afirmam que a passagem da
comunicação é maior no interior das universidades.
Os membros dessas comunidades estão arranjados na forma de redes, devido às
relações que estabelecem entre si e com os autores citados por eles. Elas podem ser
consideradas as redes científicas formadas para a produção do conhecimento na área de
Ciência da Informação, no Brasil, visto que os indivíduos se organizam ao redor de uma
especialidade científica e possuem normas cognitivas e técnicas (CASAS, 2001). Além disso,
o processo de produção do conhecimento é visto como um jogo de ações, uma rede de
interesse diversos, para interligar o maior número de elementos que viabilizem a construção
do conhecimento (SILVA, 1998).
As comunidades, identificadas nesta pesquisa, foram formadas, principalmente,
devido às citações feitas aos mesmos autores. Através da citação, o pesquisador estabelece
uma relação com o autor citado. Para Vanz (2004), a relação que um pesquisador ou um
grupo de pesquisadores mantém com determinados autores é denominada de “proximidade
paradigmática”. Segundo a autora, os hábitos adquiridos e os pensamentos formulados pelos
pesquisadores, durante a pós-graduação ou na execução de pesquisas, acompanham-nos
durante a sua carreira acadêmica. Dessa maneira, “a influência recebida de autores, teorias,
paradigmas, metodologias, idiomas, bibliografias e tendências de pesquisa são incorporadas
e transmitidas aos colegas e, de forma mais acentuada, aos alunos e aos orientandos que
cercam este pesquisador.” (VANZ, 2004, p. 37).
A proximidade paradigmática pode ser vista, na presente pesquisa, na formação das
comunidades, pois alguns autores, embora atuem em instituições distintas, trazem
influências teóricas da instituição em que cursaram a pós-graduação e, principalmente, dos
orientadores. Essa influência se reflete nas citações que os pesquisadores fazem aos
mesmos autores, trabalhos e teorias.
107
A proximidade paradigmática está vinculada ao cenário da universidade, que, como
visto na pesquisa, é o principal local de produção do conhecimento científico da área de
Ciência da Informação, no Brasil. Na universidade moderna o conhecimento é paradigmático,
ou seja, está vinculado a diferentes paradigmas disciplinares (TIFFIN; RAJASINGHAM, 2007).
Nesse cenário, uma comunidade de pessoas que conhecem o paradigma e sabem como
aplicá-lo, e esse grupo constitui uma rede de comunicações, quando usa o paradigma de
maneira comum (TIFFIN; RAJASINGHAM, 2007).
Os corpos de conhecimento paradigmático, transmitidos nas universidades, são
mantidos por essas redes. Tais redes se constituem em ligações organizacionais entre os
departamentos da universidade, associações e outras entidades de pesquisa engajadas no
mesmo campo disciplinar, compartilhando de um interesse comum pela manutenção da
disciplina e de seus padrões. também as ligações universitárias e de trabalho entre os
indivíduos das organizações, que se vêem como profissionais da mesma área. Essa rede
também ocorre na literatura do paradigma do conhecimento, pois os autores se aproximam
intertextualmente, ao citarem-se mutuamente e na seleção de publicações, garantindo que
novos textos sejam encaixados na rede referencial da disciplina (TIFFIN; RAJASINGHAM,
2007).
As redes, como mencionado, remetem ao trabalho intelectual coletivizado, que se
inicia com a interação e trabalho em grupo de pesquisadores e estudantes, o que Meadows
(1999) denomina de “trabalho coletivo orientado”. A própria estrutura dos programas de
incentivo à pesquisa, na graduação, e dos cursos de pós-graduação, na universidade, exige
o acompanhamento da atividade de pesquisa por um orientador, em geral, um pesquisador
experiente. Essa estrutura contribui para que os estudantes também estabeleçam uma
relação de proximidade paradigmática, que, para Vanz (2004), pode ser vista através de sua
produção intelectual. Na presente pesquisa, acredita-se que essa proximidade seja
visualizada nas citações feitas aos mesmos autores e que acaba sendo um fator que
contribui para a formação das comunidades explicitadas.
Observa-se, ainda, que as relações entre alguns integrantes das comunidades estão
explicitadas na sua participação em grupos de pesquisa. A formação dos grupos de pesquisa
prevê a interação de pesquisadores e estudantes. Esses grupos são definidos como “um
conjunto de indivíduos organizados hierarquicamente em torno de uma ou, eventualmente,
duas lideranças.” (CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO, 2006a). A hierarquia denota a experiência do líder. Outros princípios do
grupo estabelecem que os integrantes estejam envolvidos com atividades de pesquisa e que
o trabalho esteja organizado em torno de linhas comuns de pesquisa. A participação em
108
grupos de pesquisa ou a atuação na mesma instituição indicam que há uma proximidade
institucional entre os autores que compõem as comunidades.
Bourdieu (1996, p. 50) argumenta que “um grupo social tem mais oportunidades de
existir e subsistir de maneira durável quanto mais os agentes que se agrupam para constituí-
lo estejam mais próximos no espaço social” e que “um grupo mobilizado para e pela
defesa de seus interesses, não pode existir senão ao preço e ao termo de um trabalho
coletivo de construção inseparavelmente teórico e prático.”
Com base no exposto, pode-se afirmar que os grupos demonstram as relações
formais entre os pesquisadores e que a formação das comunidades, visualizadas neste
trabalho, demonstra que pesquisadores que, aparentemente, não estão ligados,
compartilham idéias e influências teóricas, estando, assim, relacionados.
Essa é uma característica das redes, nas quais não limites para nós e conexões,
pois os nós de uma rede não precisam ser homogêneos; para conectarem-se é preciso
possuírem interesses e objetivos em comum, terem alguma característica convergente.
Castells (2005, p. 566) define as redes como “estruturas abertas capazes de expandir de
forma ilimitada, integrando novos nós que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja,
desde que partilhem os mesmos códigos de comunicação.” Conseqüentemente, a
complexidade não é uma barreira para a produção do conhecimento, e assim pesquisadores
com características (formação e atuação) distintas podem convergir nas áreas pesquisadas e
se concentrar em torno de um mesmo tema e/ou autor. Isso é possível, porque, como
defende Serres (1967), a rede comporta uma pluralidade de subtotalidades. E, conforme
Capra (2002), também porque possibilita a formação de redes menores ou comunidades
dentro de seus limites.
Além disso, mesmo os pesquisadores que o estão relacionados diretamente e
aparecem em comunidades distintas estão trabalhando para o desenvolvimento e
consolidação do campo científico da Ciência da Informação. Bourdieu (1996, p. 141) afirma
que “entre pessoas que ocupam posições opostas em um campo e que parecem
radicalmente opostas em tudo, observa-se que um acordo oculto e tácito a respeito do
fato de que vale a pena lutar a respeito das coisas que estão em jogo do campo.”
As comunidades não se formam isoladamente, mas também se relacionam entre si.
Isso remete às idéias de Elias (1994) e Morin (1991), quando indicam que, de uma forma ou
outra, todos os indivíduos estão conectados, ou, como indica Capra (2000), quando afirma
que as redes representam a forma da vida.
109
Contudo, as redes e comunidades estabelecidas não são estanques. Os resultados
desta pesquisa demonstram as relações e agrupamentos estabelecidos em um dado
momento e a partir de um recorte da rede, mas é importante ressaltar, conforme afirma
Capra (2002), que a rede se reconfigura, quando pessoas novas chegam, e muda
novamente, ou até deixa de existir, quando as pessoas saem.
Resta lembrar que a rede é mergulhada em fluxos, o movimento nela é contínuo,
tudo se encontra em uma situação de passagem, transição e movimento. Assim, as redes
cognitivas da Ciência da Informação configuram-se num dado momento, de uma
determinada forma, com elementos de interação, nós e elos que, apesar de agora
identificados , estão em constante movimento, pois os artigos produzidos serão nós e elos
que darão origens a novas produções científicas, na área.
110
5 CONCLUSÃO
A produção do conhecimento é um processo no qual interagem diferentes elementos.
O conhecimento é construído com base em conhecimentos anteriores e, assim, congrega
pesquisadores, fatos e publicações numa grande rede. As redes são a nova lógica de
conexões, uma nova forma de pensar a sociedade. A própria idéia da construção do
conhecimento como um edifício composto de tijolos cedeu lugar à idéia de rede de
conhecimentos.
As redes possibilitam a cooperação e a interação entre os seus membros, de modo
que todos possam relacionar-se com todos. As relações tecidas na produção do
conhecimento podem ser observadas a partir das interações entre os pesquisadores,
explicitadas na literatura científica pela co-autoria nos trabalhos publicados e pelas citações
feitas a outros trabalhos e autores. Nessa rede, os pesquisadores são os nós e as relações os
elos da rede.
Os resultados desse estudo representam o retrato de um momento, no qual foram
usadas algumas lentes (filtros). As lentes que possibilitaram esta fotografia mapeamento
das redes cognitivas da Ciência da Informação brasileira foram de natureza temporal (o
estudo abrangeu cinco anos das revistas da área no Brasil) e de natureza circunstancial
(usou como base a análise de citação de artigos científicos).
Com base nesses resultados, foi possível verificar algumas características da
produção do conhecimento científico nessa área, tais como:
A constatação de que a comunidade científica da área publica poucos resultados de
pesquisa na forma de artigo científico, conforme parâmetros definidos na literatura e
usados nesta pesquisa, o que pode ter acarretado algumas distorções aos resultados
apresentados.
a incipiente publicação dos resultados de pesquisa, vista pela publicação de 161 artigos
dessa natureza, nos cinco anos analisados;
o periódico Ciência da Informação é o veículo que mais publica artigos científicos;
o processo de produção científica da área é um processo coletivo, no qual os
pesquisadores trabalham em colaboração, como visto a partir da incidência de artigos
publicados em co-autoria (59%);
os artigos científicos foram publicados por 295 autores;
os autores mais produtivos estão vinculados às universidades e aos programas de pós-
graduação na área;
das 3210 referências de documentos citados, 820 (30,46%) trabalhos receberam mais
de uma citação;
2395 foram os autores citados, incluindo citações feitas a autores nacionais,
estrangeiros e entidades;
111
o artigo científico prevalece como o material mais citado (43,1%) seguido pelos livros
(29,9%);
os estudos mais desenvolvidos na área se referem à comunicação, divulgação e
produção editorial (28%), gerência de serviços e unidades de informação (14,9%) e
estudos de usuário, demanda e uso da informação e de unidades de informação
(13,1%);
os temas mais estudados na área estão em consonância com as linhas pesquisadas
pelos autores mais produtivos, denotando que eles impõem suas temáticas no campo
científico.
Como um processo coletivo, na produção do conhecimento, os pesquisadores
interagem e se organizam na forma de rede e, na rede, todos os indivíduos estão
relacionados. Entretanto, observa-se que, numa rede, alguns elementos estão mais próximos
e a proximidade é um indicador de tais pesquisadores formam uma comunidade, pois
partilham interesses, citações e opiniões. Essas comunidades são vistas como redes
menores, dentro dos limites da rede.
Dessa maneira, constatou-se que
as redes cognitivas mais significativas na
construção do conhecimento científico da Ciência da Informação, no Brasil,
são constituídas
pelos autores mais produtivos e pelos autores por eles mais citados. um grupo mais
produtivo, formado pelos pesquisadores mais engajados nas atividades de pesquisa da área,
e esse grupo é composto por 16,95% dos autores que publicaram, no período analisado.
86% desses autores mais produtivos são docentes das instituições de ensino, no Brasil, e
atuam nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação, o que demonstra que o
conhecimento produzido na área está atrelado às instituições de ensino.
Tais autores se relacionam em torno dos autores que citam e constituem
comunidades a partir das relações estabelecidas pelas citações. Essas comunidades são
recortes da rede e podem ser entendidas como as principais redes cognitivas da área. Foram
identificadas, com base no enfoque das redes egocêntricas, que possibilita escolher os nós
focais da rede e suas conexões, cinco comunidades:
A comunidade A é formada por pesquisadores da UFSC, UFMA, UNESP, UNB, UFMG,
IBICT e University of Califórnia. E o interesse comum incide nos estudos sobre a
Comunicação e a Produção Científica;
a comunidade B é composta por pesquisadores da UNESP, UEL, UFMG, UFSCar,
Centro Universitário UMA e Fundação João Pinheiro, que se interessam pelas
temáticas Inteligência Competitiva, Gestão da Informação e do Conhecimento;
a comunidade C compõe-se de pesquisadores da UFES, USP, UNESP, UFSC e UNB.
O interesse desses pesquisadores recai nos estudos sobre o Mercado de Trabalho e
a Formação do Profissional da Informação;
a comunidade D é composta por pesquisadores da UFMG, que publicam e estudam
a Informação e a Sociedade;
112
a comunidade E também é formada por pesquisadores da UFMG, que têm interesse
na Análise de Assunto.
As comunidades foram compostas pelo compartilhamento de citações aos mesmos
autores. Assim, constatou-se que os principais fatores intervenientes na sua formação é a
proximidade paradigmática, entendida como a influência que os pesquisadores recebem, ao
longo de sua formação acadêmica, e que os leva a incorporar teorias, paradigmas e
tendências de pesquisa, ocasionando no uso da mesma base teórica e dos trabalhos dos
mesmos autores. Outro fator interveniente na constituição dessas comunidades é a
proximidade institucional, visto que os pesquisadores trabalham juntos, desenvolvem
interesses comuns e atuam em colaboração.
Na rede tecida, alguns autores se destacam pelo número de citações recebidas.
Acredita-se que o fato de serem mais citados demonstra autoridade na área e que as suas
idéias são amplamente aceitas e utilizadas, influenciando a produção do conhecimento
científico da Ciência da Informação brasileira.
Dessa maneira, os autores mais influentes na construção do conhecimento da área,
no Brasil, os que causaram maior impacto, com base no recorte dessa pesquisa,
são, entre
os autores nacionais:
Maria das Graças Targino, Suzana Pinheiro Machado Muller, Léa Velho,
Aldo de Albuquerque Barreto
,
Bernadete Santos Campello, Nice Menezes de Figueiredo,
Antônio Miranda, Dinah Aguiar Población
e
Lena Vânia Ribeiro Pinheiro
. E entre os autores
estrangeiros:
Arthur Jack Meadows
,
Pierre Bordieu
,
Félix Moya Anegon, Frederick Wilfrid
Lancaster, Chun Wei Choo, John Derek de Solla Price, Brenda Dervin, Tefko Saracevic, Jacob
Nilsen,
Katherine W. Mccain
e
Howard D. White
.
Dentre os autores citados, um núcleo que é considerado a frente de pesquisa,
formada pelos principais contribuintes ao desenvolvimento da área. Nesta pesquisa, foram
identificadas frentes de pesquisa, cada uma ligada a uma temática estudada na Ciência da
Informação: Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva; Comunicação Científica e
Estudos Bibliométricos; Ciência da Informação; Serviços em Informação; Sistemas de
Informação e Informação para Negócios; Estudos de Usuários e Necessidades de
Informação.
As influências teóricas que estão mais presentes na construção do conhecimento em
Ciência da Informação, no Brasil, estão relacionadas às obras mais citadas nos materiais
analisados, indicando que as idéias contidas nesses trabalhos alcançam grande propagação e
o fato de que um trabalho citado tem mais chances de ser novamente citado do que um que
não o tenha sido.
As influências teóricas também advêm das áreas com as quais a Ciência da
113
Informação se relaciona, visto que é uma ciência interdisciplinar que utiliza conceitos e
teorias de outros campos, como base teórica para as pesquisas desenvolvidas. Tais
influências se originam principalmente da Biblioteconomia (21,46%), Administração e Gestão
(12,8%), de Sociologia (6,6%) e de Epistemologia e Filosofia da Ciência (5,24%). As obras
mais citadas estão em consonância com as temáticas dos artigos científicos levantados e,
dessa forma, não são as únicas áreas com as quais a Ciência da Informação estabelece
relações mais eminentes, mas são as mais influentes no período e materiais analisados.
A maior incidência de trabalhos da própria área demonstra seu fortalecimento teórico,
podendo ser considerado um indicador de que possui um corpo de conhecimentos capaz
de servir de base teórica para as pesquisas desenvolvidas. A Biblioteconomia também
aparece como uma área fortemente ligada à Ciência da Informação, conseqüência da
estruturação dessas áreas no país.
A produção do conhecimento em Ciência da Informação, no Brasil, denota a migração
para uma nova esfera, em que prevalece o trabalho intelectual coletivizado. Nessa nova
esfera, os pesquisadores interagem entre si, como visto na predominância dos trabalhos em
co-autoria. Entretanto, a Ciência da Informação brasileira ainda é uma área que se
desenvolve pela contribuição de um núcleo de autores, os autores mais produtivos, os
dominantes do campo científico e que podem até ser considerados os
nobiles
, de Bourdieu
(1984), na medida em que repassam aos seus herdeiros – os orientandos – os seus
conhecimentos e seus hábitos e costumes, inclusive os de citação.
A interdisciplinaridade da Ciência da Informação pode em certa medida ser
confirmada, pelos resultados alcançados nesta pesquisa. Entretanto, as relações
estabelecidas com outras áreas se modificam de acordo com os produtores do conhecimento
e com as temáticas estudadas. Assim, essas relações não são estanques, mas, como as
relações constituiídas em uma rede, se fazem e desfazem a qualquer momento e dependem
de cada circunstância.
Se isso é bom, por conferir uma flexibilidade à área, que pode ver seu objeto de
estudo, sob diferentes óticas e abordagens, considerando a complexidade da informação,
também pode denotar certa fragilidade na área, pois a dispersão de áreas e de relações
estabelecidas na Ciência da Informação brasileira pode dificultar a demarcação dos seus
limites e de suas fronteiras.
Contudo, como adverte Pinheiro (2000), tal instabilidade decorre da jovialidade da
Ciência da Informação brasileira, do seu estágio de desenvolvimento como campo de
conhecimento, do número de cursos de pós-graduação e de pesquisadores brasileiros, da
114
sua natureza interdisciplinar, que pode causar alguma dispersão ou ser uma tendência
natural.
Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a Ciência da Informação brasileira
se desenvolve ligada a um grupo de pesquisadores – principais autores dos artigos científicos
publicados – que atua em universidades e determina os temas de pesquisa a área. Portanto,
a Ciência da Informação, no Brasil, possui um grupo influente, que acaba dominando as
relações que são estabelecidas para embasar o desenvolvimento dos estudos e pesquisas e
que, conseqüentemente, é importante para tecer a interdisciplinaridade e os interesses da
área no país.
Vale destacar que o trabalho desenvolvido nesta dissertação mostra apenas algumas
facetas da produção do conhecimento e das relações estabelecidas nesse processo, na área
de Ciência da Informação, no Brasil, a partir de um recorte nos artigos científicos e autores
mais produtivos e mais citados. Por isso, tornam-se necessários outros estudos para que se
possa ter um panorama interdisciplinar mais aprofundado da área e também detectar outros
fatores intervenientes no estabelecimento das relações. Para tal, sugere-se que sejam
realizados estudos que possam:
Verificar o motivo pelo qual os pesquisadores citam determinados autores e
trabalhos;
analisar se e como ocorre a troca de informação entre os membros das
comunidades explicitadas nesta pesquisa;
seguir as citações para além do universo da área;
observar como a Ciência da Informação é citada nas áreas com as quais se
relaciona;
analisar outros tipos de publicações oriundas da atividade científica; e
ampliar o período de análise.
A produção do conhecimento constitui um processo dinâmico, assim os resultados da
análise empreendida nesta pesquisa correspondem apenas a análise de um estado, de um
momento do processo científico e, portanto, não devem ser tomados como uma definição
inalterável, mas como uma representação de um estado historicamente determinado pelas
lentes (filtros) usadas nesse processo.
Os resultados obtidos são importantes na medida que forneceram a fotografia de um
momento da produção do conhecimento científico da Ciência da Informação no Brasil. No
entanto, tais resultados poderão a qualquer momento, ser alterados, seja pela troca de
lentes ou pela ampliação do tempo de análise. Assim, as redes tecidas, as comunidades, os
autores mais influentes e as temáticas mais incidentes identificados nesta pesquisa resultam
115
dos recortes realizados, necessários para o desenvolvimento da pesquisa no prazo
disponível. Por isso a realização de outros estudos, ampliando o período e os materiais
analisados, possivelmente trará novos resultados que, somados e comparados aos obtidos e
explicitados nesta pesquisa, possibilitarão traçar um panorama complexo das redes
cognitivas e de características intrínsecas no processo de produção do conhecimento na área
e, quiçá, um maior entendimento do espectro da Ciência da Informação brasileira. Também
é importante verificar como a Ciência da Informação está presente em outros campos, pois
assim se teria uma noção das suas contribuições para outras áreas e se, além de uma
ciência interdisciplinar, ela é uma metaciência e está presente em várias outras ciências.
A pesquisa desenvolvida comprovou que o mapeamento de redes cognitivas, usando
como instrumento: as técnicas bibliométricas, especificamente a análise de citação e de co-
citação, foi útil como uma possibilidade para revelar os padrões e os elementos-chave na
produção científica no campo de conhecimento em Ciência da Informação do Brasil. Através
dos nós e das conexões estabecidas o conhecimento científico foi representado, mostrando
os seus elementos, os seus atributos, as suas instâncias e as suas características mais
marcantes. Mostrou igualmente que a natureza e a extensão dos resultados estarão
condicionadas às informações obtidas a partir do recorte escolhido e da pertinência de tais
informações para os objetivos traçados na pesquisa.
116
REFERÊNCIAS
ABREU JUNIOR, L.
Conhecimento transdisciplinar
: o cenário epistemológico da
complexidade. Piracicaba: Editora Unimep, 1996.
ALVARENGA, L. Bibliometria e arqueologia do saber de Michel Foucault: traços de identidade
teórico-metodológica.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 27, n. 3, p. 253-261, set./dez.
1998.
ARAÚJO, C. A. A ciência como forma de conhecimento.
Ciências & Cognição
, Rio de Janeiro,
v. 3, n. 8, 2006a. Disponível em: <www.cienciasecognicao.org>. Acesso em: 29 abr. 2007.
ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais.
Em Questão
, Porto Alegre,
v. 12, n. 1, p. 11-32, jan./jun. 2006b.
ARENDT, H.
A condição humana
. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
AUTRAN, M. de M. M.; ALBUQUERQUE, M. E. B. C. de. Mapeamento do periódico Informação
& Sociedade: Estudos, dez anos de sua trajetória.
Informação & Sociedade: Estudos
, João
Pessoa, v. 12, n. 1, p. 1-22, jan./jun. 2002. Disponível em:
<http://www.informacaoesociedade.ufpb.vbr>. Acesso em: 12 abr. 2003.
BARRETO, A. A. de. A condição da informação.
São Paulo em Perspectiva
, São Paulo, v. 16,
n. 3, p. 67-74, 2002.
BARRETO, A. A. de. As tecnoutopias do saber: redes interligando o conhecimento.
DataGramaZero:
Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 6, dez. 2005.
BELKIN, N. J. The cognitive viewpoint in information science.
Journal of Information Science
,
London, v. 16, p. 11-15, 1990.
BELKIN, N. J.; ROBERTSON, S. Information science and the phenomenon of information.
Journal of American Society of Information Science
, Silver Spring, v.27, n. 4, p. 197-204,
jul./aug. 1976.
BENTES PINTO, V.; MOTA, F. R. L.; QUEIROZ, N. P. de. A representação do conhecimento
através da análise de citações: o caso da UFC. In: ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 5., 2003. Belo Horizonte.
Anais...
Belo Horizonte: ANCIB, 2003.
BOURDIEU, P.
As razões práticas
:
sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996
BOURDIEU, P.
Homo academicus
. Paris: Lês Éditions de Minut, 1984.
BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (Org.).
Pierre Bourdieu:
sociologia. São
Paulo: Ática, 1983. p. 123-155.
BOURDIEU, P.
Os usos sociais da ciência
: por uma sociologia clínica do campo científico. São
Paulo: Ed. UNESP, 2004.
BORGATTI, S.P.; EVERETT, M.G.; FREEMAN, L.C.
Ucinet for Windows
: software for social
network analysis. Harvard: Analytic Technologies, 2002.
117
BORGES, M. E. N. et al. A ciência da informação discutida à luz das teorias cognitivas:
estudos atuais e perspectivas para a área.
Cadernos BAD
, Lisboa, v. 2, p.81-91, 2004.
BORKO, H. Information Science: what is it?
American Documentation
, Washington, v. 19, n.
1, p.3-5, 1968.
BURKE, P.
Uma história social do conhecimento
: de Gutemberg a Diderot. Rios de Janeiro: J.
Zahar, 2003.
BRAGA, G. M. Informação, ciência da informação: breves reflexões em três tempos.
Ciência
da Informação
, Brasília, v. 24, n. 1, p. 84-88, jan./abr. 1995.
BRAGA, G. M
. Relações bibliométricas entre a frente de Pesquisa (Research Front) e revisões
da literatura:
estudo aplicado à ciência da informação. Rio de Janeiro, 1972. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) - IBICT/ Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1972.
BRAGA; G. M.; OBERHOFER, C. A. Diretrizes para a avaliação de periódicos científicos e
técnicos brasileiros.
Revista Latino-Americana de Documentação
, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1,
p. 27-31, ene./jun. 1982.
BROOKES, B. C. The fundamental equation of Information Science: part I, philosophical
aspects.
Journal of Information Science
, Cambridge, v. 2, p. 125-133, 1980.
CALLON, M; COURTIAL, J.; PENAN, H.
Cienciometria
: el studio cuantitativo de la actividad
cientifica: de la bibliometria a la vigilancia tecnológica. Gijón: TREA, 1995.
CAMPANARIO, J. M. Citation analyis. In: FEATHER, J; STURGES, P. (Ed.).
International
Encyclopaedia of Information and Library Science
. 2. ed. London: Routledge, 2003.
CAPRA, F.
A teia da vida:
uma nova compreensão dos sistemas vivos. 9. ed. São Paulo:
Cultrix, 2000.
CAPRA, F.
As conexões ocultas
: ciência para uma vida sustentável. 2. ed. São Paulo: Cultrix,
2002.
CAPURRO, R. Epistemologia e Ciência da Informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE
PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 5., Belo Horizonte, 2003.
Anais...
Belo Horizonte:
ANCIB/UFMG, 2003.
CARRIZO SAINERO, G. Hacia un concepto de bibliometria.
Revista de Investigación y
Documentación
, Madrid, v. 1, n. 2, p. 1-10, 2000.
CASAS, R. El enfoque de redes y flujos de conocimiento en el analisis de las relaciones entre
ciencia, tecnología y sociedade.
Kairos
: revista de temas sociais, Guatemala, v. 5, n. 8, 1
sem. 2001.
CASTELLS, M.
A sociedade em rede
. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
CHRISTOVÃO, H. T. Da comunicação informal à comunicação formal: identificação da frente
de pesquisa através de filtros de qualidade.
Ciência da Informação
, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1,
p. 3-36, 1979.
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.
Sobre a revista
: foco e escopo. Disponível em:
<http://www.ibict.br/cionline/policies.php#focus>. Acesso em: 10 jul. 2006.
118
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.
Bolsas em
curso
. Disponível em: <http://plsql1.cnpq.br/divulg/RESULTADO_PQ_102003.curso>. Acesso
em: 28 jun .2007a.
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.
Diretório de
Grupos de Pesquisa no Brasil
: base corrente. Disponível em:
<http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/>. Acesso em 12 dez. 2006a.
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.
Normas de
bolsas e auxílios
: produtividade em pesquisa ( PQ), norma específica. Disponível em:
<http://www.cnpq.br/normas/rn_06_016_anexo1.htm>. Acesso em: 28 jun. 2007b.
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.
Plataforma
Lattes
. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/index.htm>. Acesso em 12 dez. 2006b.
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE ENSINO SUPERIOR.
Qualis
.
Disponível em: <http://qualis.capes.gov.br/>. Acesso em: 21 jun. 2006
.
COUTO, Beatriz Alencar d’Araújo.
Trabalho intelectual coletivizado:
produção, conhecimento
e reconhecimento. 1999. 256 f. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) -
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
CRANE, D.
Invisible colleges:
diffusion of knowledge in scientific communities. Chicago: The
University of Chicago, 1972.
DATAGRAMAZERO.
Sobre a revista.
Disponível em:
http://www.datagramazero.org.br/jun06/F_I_iden.htm>. Acesso em: 10 jul. 2006.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F.
Mil platôs:
capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34,
1995.
DELGADO, M.; QUEVEDO, E. La ciência y sus públicos: el desafio de la popularización de la
ciencia. In: MARTINEZ, E.; FLORES, J.
La popularización de la ciencia y la tecnologia:
reflexiones basicas. México: Fondo de Cultura Econômica, 1997. Disponível em:
<http://unesco.org.uy/red_pop/delgado.htm>. Acesso em: 21 mar. 2002.
DERQUI, P. M.
Fundamentos dos conceitos de informação e conhecimento em Ciência da
Informação através de uma abordagem dos paradigmas emergentes da auto-organização e
da autopoiese
. 2004. 144 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Escola de
Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
DIAS, E.W. O específico da Ciência da Informação. In: AQUINO, M. de A. (Org.).
O campo
da Ciência da Informação
: gênese, conexões e especificidades. João Pessoa: Editora
Universitária/UFPB, 2002. p.87-99.
DI CHIARA, I. G. et al. As citações como base da rede social egocêntrica: o artigo citado e
suas conexões. ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 7.,
Marília, 2006.
Anais eletrônicos...
Marília: UNESP, 2006.
DOMINGUES, I. Em busca do método. In: _______ (Org.).
Conhecimento e
transdisciplinaridade II
: aspectos metodológicos. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005. Cap. 1.
ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. In: ______.
A sociedade dos indivíduos
. Rio de
119
Janeiro: Jorge Zahar, 1994. Parte I.
ENCONTROS BIBLI.
Dados editoriais
. Disponível em: <http://www.encontros-
bibli.ufsc.br/especial.html>. Acesso em: 10 jul. 2006.
FLICK, I.
Uma introdução à pesquisa qualitativa
. Porto Alegre: Bookman, 2004.
FORESTI, N. A. B. Contribuição das revistas brasileiras de biblioteconomia e ciência da
informação enquanto fonte de referência para a pesquisa.
Ciência da Informação
, Brasília, v.
19, n. 1, p. 53-71, jan./jun. 1990.
FOULCAULT. M.
A arqueologia do saber
. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
FOUCAULT, M.
O que é um autor?
[s. l.]: Vega, 1992.
FRANCELIN, M. M. Configuração epistemológica da ciência da informação no Brasil em uma
perspectiva pós-moderna: análise de periódicos da área.
Ciência da Informação
, Brasília, v.
33, n. 2, p. 49-66, maio/ago. 2004.
FREIRE, I. M. Da construção do conhecimento científico à responsabilidade social da Ciência
da Informação.
Informação & Sociedade
:
Estudos
, João Pessoa, v. 2, n. 1, p. 1-14, 2002.
FREIRE, I. M. O olhar da consciência possível sobre o campo científico.
Ciência da
Informação
, Brasília, v. 32, n. 1, p. 50-59, jan./abr. 2003.
FREIRE; I. M.; ARAUJO, A. M. R. H. de. Tecendo a rede de Wersig com os indícios de
Ginzburg.
DataGramaZero:
Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 4, ago.
2001. Disponível em: <www.datagramazero.org.br>. Acesso em: 21 jan. 2006.
FREITAS, M. H. de A. Oito anos de Transinformação.
Transinformação
, Campinas, v. 9, n. 3,
p. 120-134, set./dez. 1997.
GARFIELD, Eugene. Is Citation Analysis a Legitimate Evaluation Tool?
Scientometrics,
Amsterdam, v.1, n. 4, p. 359-375, 1979.
GARVEY, W. D.
Communication:
the essence of science. Oxford: Pergamon, 1979.
GIL, A. A.
Como elaborar projetos de pesquisa
. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GOFFMAN, W.; NEWILL V. A. Generalization of epidemic theory: an application to the
transmission of ideas.
Nature,
London, v. 204, p. 225-228, 27 oct. 1964.
GOLDENBERG, M.
A arte de pesquisar
: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais.
4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.
GOMES, H. F. Interdisciplinaridade e Ciência da Informação: de características a critério de
seu núcleo principal.
DataGramaZero
: Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 2,
n. 4, ago. 2001.
GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N. Metodología de pesquisa no campo da Ciência da Informação.
DataGramaZero:
Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 1, n. 6, dez. 2000.
GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N. Novas fronteiras tecnológicas das ações de informação:
questões e abordagens.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 33, n. 1, p. 55-67, jan./abr. 2004.
120
GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N. Novos cenários políticos para a informação.
Ciência da
Informação
, Brasília, v. 31, n. 1, p. 27-40, jan./abr. 2002.
GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N. O contrato social da pesquisa: em busca de uma nova equação
entre a autonomia epistêmica e autonomia política.
DataGramaZero
: Revista de Ciência da
Informação, Rio de Janeiro, v. 4, n.1, fev. 2003. Disponível em:
<www.datagramazero.org.br>. Acesso em: 11 mar. 2004.
HANNEMAN, R. A.
Introducción a los métodos del análisis de redes sociales
. Riverside:
Universidade de California, 2001. Cap. 1. Disponível em: <http://revista-
redes.redires.es/webredes/textos/introduc. pdf>. Acesso em: 03 jan. 2007.
HANNEMAN, R. A.; RIDDLE, M.
Introduction to social network methods
, 2005. Disponível
em: <http://faculty.ucr.edu/ hanneman/nettext/>. Acesso em: 21 ago. 2006.
HJØRLAND, B. Domain analysis in information science eleven approaches traditional as well
as innovative.
Journal of Documentation
, Bradford, v. 58, n. 4, p. 442-462, jul. 2002a.
HJØRLAND, B. Epistemology and the sócio-cognitive perspective in Information Science.
Journal of the American Society for Information Science
, Silver Spring, v. 53, n. 4, p. 257-
270, 2002b.
HYLAND, Ken. Self-citation and self-reference: credibility and promotion in academic
publication.
Journal of American Society for Information Science and Technology,
Silver
Spring, v. 54, n. 3, 1 Feb. 2003.
INFORMAÇÃO E SOCIEDADE: ESTUDOS.
Página inicial
. Disponível em:
<http://www.informacaoesociedade.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/index>. Acesso em: 10 jul.
2006.
INSTITUTE FOR SCIENTIFIC INFORMATION.
Web of Science
. Disponível em:<
http://scientific.thomson.com/index.html>. Acesso em: 21 ago. 2006.
JARNEVING, B. A comparison of two bibliometric methods for mapping of the research front.
Scientometrics
, Amsterdan, v. 65, n. 2, p. 245-263, 2005.
JAPIASSU, H
. Interdisciplinaridade e patologia do saber
. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
KUHN, T.
A Estrutura das Revoluções Científicas
. São Paulo: Perspectiva, 2003.
LATOUR, B.
A esperança de pandora
. Bauru: EDUSC, 2001.
LATOUR, B.
Ciência em ação:
como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São
Paulo: Ed. UNESP, 2000.
LATOUR, B. Esquisse d’un parlement des choses.
Ecologie Politique,
n.10, p.97-115, 1994a.
LATOUR, B.
Jamais fomos modernos
: ensaio de antropologia simétrica. Rio e Janeiro: Ed. 34,
1994b.
LE COADIC, Y. F. A
ciência da informação
. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004.
LÉVY, P.
A conexão planetária:
o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: Ed. 34,
2001.
121
LÉVY, P.
A inteligência coletiva
: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola,
1998.
LÉVY, P.
As tecnologias da inteligência
. São Paulo: Editora 34, 1993.
LÉVY, P.
Cibercultura
. São Paulo: Editora 34, 1999.
LÉVY, P. O ciberespaço como um passo metaevolutivo. In: SILVA, J. M. da; MARTINS, F. M.
A genealogia do virtual
: comunicação, cultura e tecnologias do imaginário. Porto Alegre:
Sulina, 2004. p. 157-170.
LEYDESDORFF, Loet. Theories of citation?
Scientometrics
, Budapest, v. 43, n. 1, 1998.
LIMA, G. A. B. Interfaces entre Ciência da Informação e Ciência Cognitiva.
Ciência da
Informação
, Brasília, v. 32, n. 1, jan./abr. 2003.
LINIERS, M. C. R. Bibliometría y ciencias sociales.
Clío
, n.7, p.1-7, 1998. Disponível em:
<http://clio.rediris.es/ numero007.html>. Acesso em: 23 mar. 2003.
LIU, Zao; WANG, Chengzhi. Mapping interdisciplinary in demography: a journal network
analysis.
Journal of Information Science
, London, v. 31, n. 4, p. 308-316, 2005.
LOVISOLO, H. Comunidades científicas: condições ou estratégias de mudança.
Educação &
Sociedade,
Campinas, v. 18, n. 59, p. 270-297, ago. 1997.
LOZARES COLINA, C. et al. Relaciones, redes y discurso: revisión y propuestas en torno al
análisis reticular de datos textuales.
REDES
: Revista hispana para el análisis de redes
sociales, Sevilla, v, 1, n. 2, ene. 2002. Disponível em: <http://revista-redes.rediris.es>.
Acesso em: 03 jan. 2006.
MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva
nacional e internacional.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 27, n. 2, p. 134-140, maio/ago.
1998.
MAIA, M. de F. S.
A produção e o uso de informação em saúde
: estudo bibliométrico da área
de epistemologia. 2006. 119 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Informação) -
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
MALTRÁS BARBA, B.
Los indicadores bibliométricos
: fundamentos y aplicación al análisis de
la ciencia. Gijón: Trea, 2003.
MATTELART, A.
História da sociedade da informação
. São Paulo: Loyola, 2002.
MATURANA, H.
Cognição, ciência e vida cotidiana
. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
MATURANA, H.; VARELA, F.
A árvore do conhecimento
: as bases biológicas do entendimento
humano. Campinas: Editorial Psy II, 1995.
MCKECHNIE, L. et al. How human information behaviour researchers use each other’s work:
a basic citation analysis study.
Information Research
, Sheffield, v. 10, n. 2, jan. 2005.
Disponível em: <http://informationr.net/ir/10-2/paper220.html>. Acesso em: 08 jul. 2006.
MEADOWS, J. A.
A comunicação científica
. Brasília: Briquet de Lemos, 1999.
122
MERTON, R. K. Os imperativos institucionais da ciência. In: DEUS, J. D.
A crítica da ciência
.
Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 37-52.
MERTON, R. K.
La sociologia de la ciencia
. Madrid: Allianza Editorial, 1977.
MIKHAILOV, A. I.; CHERNYI, A. I.; GILYAREVSKYI, R. S. Estrutura e principais propriedades
da informação científica. In: GOMES, Hagar Espanha (Org.).
Ciência da Informação ou
Informática
? Rio de Janeiro: Calunga, 1980.
MIKHAILOV, A. I.; CHERNYI, A. I.; GILYAREVSKYI, R. S. Informatics: its scope
and methods. In: INTERNATIONAL FEDERATION FOR DOCUMENTATION. STUDY
COMMITTEE RESEARCH ON THEORETICAL BASIS OF INFORMATION.
On theoretical
problems of Informatics.
Moscow: ALL-Union for Scientific and Technical Information, 1969.
p. 7-24.
MIRANDA, A.; BARRETO, A. de A. Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil: síntese e
perspectiva
DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação,
Rio de Janeiro, v. 1, n. 6, p. 1-13,
dez. 2000.
MIRANDA, D. B. de; PEREIRA, M. N. F. O periódico científico como veículo de comunicação:
uma revisão de literatura.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 25, n. 3, p. 375-382, set./dez.
1996.
MOREIRA, Walter. Os colégios virtuais e a nova configuração da comunicação científica.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 34, n. 1, p. 57-63, jan./abr. 2005.
MORIN, E.
As grandes questões do nosso tempo.
3. ed. Lisboa: Editorial Noticias, 1981.
MORIN, E.
Introdução ao pensamento complexo
. Lisboa: Instituto Piaget, 1991.
MORIN, E.
O método 3
: o conhecimento do conhecimento. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 1999.
MORIN, E.
O problema epistemológico da complexidade
. 2. ed. Lisboa: Publicações Europa-
America, 1996.
MOSTAFA, S. P. Ciência da informação: uma ciência, uma revista.
Ciência da Informação
,
Brasília, v. 25, n. 3, p. 305-307, set./dez. 1996.
MOSTAFA, S. P.; MÁXIMO, L. F. A produção científica da Anped e da Intercom no GT da
Educação e Comunicação.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 32, n. 1, p.96-101, jan./abr.
2003.
MOYA ANEGÓN F. de; JIMÉNEZ CONTRERAS E.; MONEDA CORROCHANO, M. de La.
Research fronts in library and information science in Spain (1985–1994).
Scientometrics
,
Budapest, v. 42, n. 2, jun. 1998.
MUELLER, S. P. M. A ciência, o sistema de comunicação científica e a literatura científica. In:
CAMPELLO, B. S.; CENDON, B. V.; KREMER, J. M.
Fontes de informação para pesquisadores
e profissionais
. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
MUELLER, S. P. M. O círculo vicioso que prende os periódicos nacionais.
DataGramaZero:
Revista de Ciência da Informação
, Rio de Janeiro, n. 0, dez 1999. Disponível em:
<http://www.dgzero.org/dez99/Art_04.htm>. Acesso em: 31. mar. 2003.
123
MUELLER, S. P. M. O crescimento da ciência, o comportamento científico e a comunicação
científica: algumas reflexões.
Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG
, Belo Horizonte,
v. 24, n. 1, p. 63-84, jan./ jun. 1995.
MUELLER, S. P. M.; PECEGUEIRO, C. M. P. de. O periódico Ciência da Informação na década
de 90: um retrato da área refletido em seus artigos.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 30, n.
2, p. 47-63, maio/ago. 2001.
NASCIMENTO, M. de J. Produción cientifica brasileña em Espanha: documentacion de las
tesis doctorales.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 29, n. 1, p. 3-13, jan./abr. 2000.
NASCIMENTO, D. M.; MARTELETO, R. M. A ‘informação construída’ nos mecanismos dos
conceitos da Teoria Social de Pierre Bordieu.
DataGramaZero:
Revista de Ciência da
Informação
, Rio de Janeiro, v. 5, n. 5, out. 2004. Disponível em:
<www.datagramazero.org.br>. Acesso em: 15 out. 2005.
NICOLAISEN, J. The social act of citing: towards new horizonts in citation theory. In: ASIST
2003 - ANNUAL MEETING HUMANIZING INFORMATION TECHNOLOGY FROM IDEIAS TO
BITS AND BACK, 2003, Long Beach.
Anais…
Long Beach: ASIST, 2003.
NORONHA, D. P. S. Análise das citações das dissertações de mestrado e teses de doutorado
em saúde pública (1990-1994): estudo exploratório.
Ciência da informação,
v. 27, n. 1, p.
66-75, jan./jul. 1998.
NORTON, M. J. Bibliometrics. In: ________.
Introductory concepts in information science
.
Medford: ASIS, 2001a.
NORTON, M. J. Information and Information Science. In: ________.
Introductory concepts in
information science
. Medford: ASIS, 2001b.
ODDONE, N.; GOMES, M. Y. F. S. de F. Os temas de pesquisa em Ciência da Informação e
suas implicações político-epistemológicas. In: ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO: CINFORM, 5., Salvador, 2004.
Anais...
Salvador: UFBA, 2004. Disponível
em: <http://www.cinform.ufba.br/v_anais/artigos/nancioddone.html >. Acesso em: 12 jul.
2005.
OLIVEIRA, M. Origens e evolução da Ciência da Informação. In: ________ (Org.).
Ciência da
Informação e Biblioteconomia
: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 2005. Cap. 1.
OLIVEIRA, M.; MOTA, F. R. L.; URBIZAGÁTESGUI ALVARADO, R. Comunidade científica e
cientificidade em Ciência da Informação. In: CONGRESSO NACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS,
ARQUIVISTAS E DOCUMENTALISTAS, 8., 2004, Estoril.
Anais...
Lisboa: ABAD, 2004. p. 1-12.
PAIM, I. et al. Interdisciplinaridade na ciência da informação: início de um diálogo.
Perspectivas em Ciência da Informação
, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 19-26, jan./jun. 2001.
PERSPECTIVAS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.
Sobre a revista
: foco e escopo. Disponível
em: <http://www.eci.ufmg.br/pcionline/policies.php#focus>. Acesso em: 10 jul. 2006.
PIAGET, J.
Epistemologia genética
. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
PINHEIRO, L. V. R. Campo interdisciplinar da Ciência da Informação: fronteiras remotas e
124
recentes. In: _______. (Org.).
Ciência da Informação, Ciências Sociais e
Interdisciplinaridade
. Brasília; Rio de Janeiro: IBICT, 1999.
PINHEIRO, L. V. R. Infra-estrutura da pesquisa em Ciência da Informação no Brasil.
DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação
, Rio de Janeiro, v. 1, n. 6, dez. 2000.
Disponível em: <http://www.dgz.org.br/dez00/Art_02.htm>. Acesso em: 21 mar. 2003.
PINHEIRO, L. V. R. Movimentos interdisciplinares e rede conceitual na Ciência da
Informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 7.,
Marília, 2006.
Anais eletrônicos...
Marília: UNESP, 2006.
PINHEIRO, L. V. R. Processo evolutivo e tendências contemporâneas da Ciência da
Informação.
Informação e Sociedade: Estudos
, João Pessoa, v. 15, n. 1, p 1-21, jan./jun.
2005. Disponível em: <http://www.informacaoesociedade.ufpb.vbr>. Acesso em: 14 abr.
2006.
PINHEIRO, L. V. R.; LOUREIRO, J. M. M. Traçados e limites da ciência da informação.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 24, n. 1, p. 42-53, jan./abr. 1995.
POLANYI, M. The republic of science: its political and economic theory. In: SHILS, E. (Ed.)
Criteria for scientific development: public policy and national goals. Cambridge: MIT Press,
1969. p. 54 -73
POZO, Juan Ignácio.
Aquisição de conhecimento
: quando a carne se faz verbo. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
REDES CI: quem é quem na Ciência da Informação. Disponível em:
<http://www.redeci.netic.com.br/>. Acesso em: 21 ago. 2006.
ROYEDO, J.
Las redes sociales de conocimiento
: el nuevo reto de las organizaciones de
investigación científica y tecnológica. Disponível em:
<http://www.monografias.com/trabajos19/redes-conocimiento/redes-conocimiento.shtml>.
Acesso em: 29 jul. 2004.
ROUSSEAU, Ronald. Indicadores bibliométricos e econométricos para a avaliação de
instituições científicas.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 27, n. 2, p. 149-158. maio/ago.
1998.
SANTOS, N. B. dos. A informação e o paradigma holográfico: a Utopia de Vannevar Bush.
DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação
, Rio de Janeiro, v. 3, n. 6, dez. 2002.
SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações.
Perspectivas em Ciência
da Informação
, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.
SARACEVIC, T. Information Science.
Journal of the American Society for
Information Science
, Silver Spring, v,50, n.12: p.1051-1063, 1999
SCHWARTZMAN, S. A ciência da ciência.
Ciência Hoje
, Rio de Janeiro, v.2, n.11, p. 54-59,
mar./abr. 1984.
SCHWECHHEIMER, H.; WINTERHAGER, M. Mapping interdisciplinary research fronts in
neuroscience: a bibliometric view to retrograde amnesia.
Scientometrics
, Budapest, v. 51, n.
1, p. 311-318, 2001.
125
SCOPUS.
Scopus Overview
: what is it? Disponível em:
<http://info.scopus.com/overview/what/>. Acesso em: 21 ago. 2006.
SERRES, M.
A comunicação
. Portugal: Rés Editora, 1967.
SHERA, J. H.; CLEVELAND, D. B. History and foundations of Information Science
. Annual
Review of Information Science and Technology,
Washington, v. 12, p. 249-275, 1977.
SILVA, A. M.; RIBEIRO, F.
Das ‘ciências’ documentais à ciência da informação
: ensaio
epistemológico para um novo modelo curricular. Porto: Edições Afrontamento, 2002.
SILVA, E. L.
A construção dos fatos científicos
: das práticas concretas às redes científicas.
1998. 133 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) IBICT/Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.
SILVA, E. L. Rede científica e a construção do conhecimento.
Informação & Sociedade
:
Estudos
, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 1-17, jan./ jun. 2002.
SILVA, E. L.; PINHEIRO, L. V., MENEZES, E. M. Revista Encontros Bibli como veículo de
disseminação do conhecimento no Brasil.
Encontros Bibli: Revista Eletrônica de
Biblioteconomia e Ciência da Informação,
Florianópolis, n. 19, 1. sem. 2005.
SILVA, E. L. et al. Panorama da Pesquisa em Ciência da Informação.
Informação &
Sociedade: Estudos
, João Pessoa, v. 16, n. 1, p. 205-228, jan./jun. 2006.
SILVA, L. A. G. da. Ciência da Informação on-line.
Ciência da Informação
, Brasília, v. 25, n.
2, maio/ago. 1996.
SOLLA PRICE, D. J. de.
Little Science, Big Science
. New York: Columbia University Press,
1963.
SOLLA PRICE, D. J. de. Networks of scientific papers.
Science
, v.149, p. 510-515, jul. 1965.
SOLLA PRICE, D. J. de. Society’s need in scientific and technical information.
Ciência da
Informação,
Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 97-103, 1974.
SOLLA PRICE, D. J. de. Some remarks on elitism in information and the invisible college
phenomenon in science.
Journal of American Society of Science Information
, Maryland, v.
22, n. 2, p. 74-75, 1971.
SPINAK, E. Indicadores cienciométricos.
Ciência da Informação
, Brasília, v.27, n. 2, p. 141-
148, maio/ago.1998.
TAKAHASHI, T.
Sociedade da Informação no Brasil:
livro verde.
Brasília: Ministério de Ciência
e Tecnologia, 2000.
TALAMO, M. de F. G. M. A pesquisa: recepção da informação e produção do conhecimento.
DataGramaZero
:
Revista de Ciência da Informação
, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, abr. 2004.
Disponível em: <www.datagramazero.org.br>. Acesso em: 12 abr. 2005.
TARGINO, M. das G. A interdisciplinaridade na Ciência da Informação como área de
pesquisa.
Informação & Sociedade: Estudos
, João Pessoa, v. 5, n. 1, p. 11-19, 1995.
TARGINO, M. das G. A interdisciplinaridade na Ciência da Informação como área de
126
pesquisa. In: ________.
Olhares e fragmentos
: cotidiano da biblioteconomia e Ciência da
Informação. Teresina: EDUFPI, 2006. Cap. 9.
TARGINO. M. das G. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos.
Informação e Sociedade
:
Estudos
, João Pessoa, v. 10, n. 2, p. 37-85, 2000.
TARGINO. M. das G.; NEYRA, O. N. B. Dinâmica de apresentação de trabalhos em eventos
científicos.
Informação & Sociedade: Estudos
, João Pessoa, v. 16, n. 2, p. 8-20, jul./dez.
2006.
TEIXEIRA, J. de F.
Mentes e máquinas
: uma introdução à ciência cognitiva. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998.
TIFFIN, J.; RAJASINGHAM, L. Jogar o jogo: o conhecimento nas universidades. In: ______.
A universidade virtual e global
. Porto Alegre: Artmed, 2007. Cap. 6.
TRANSINFORMAÇÃO.
Sobre a revista
: foco e escopo. Disponível em: <http://revistas.puc-
campinas.edu.br/transinfo/policies.php#focus>. Acesso em: 10 jul. 2006.
TUIRE, P.; ERNO, L. Exploring invisible scientific communities: studying networking relations
within na educational research community, a finish case.
Higher Education
, Dordrecht, v. 42,
p. 493-513, 2001.
URBIZAGÁTESGUI ALVARADO, R. Aparência e realidade da frente de pesquisa na
bibliometria brasileira: uma discordância dos postulados de Solla Price.
Revista Española de
Documentación Científica
, Madrid, v. 16, n. 4, p. 321-340, 1993.
VANTI, N. A. P. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos
utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento.
Ciência da
Informação
, Brasília, v. 31, n. 2, p. 152-162, maio/ago. 2002.
VANZ, S. A. de S.
A Produção Discente em Comunicação
: análise das citações das
dissertações defendidas nos programas de pós-graduação do Rio Grande do Sul. 2004. 144
f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
VANZ, S. A. de S.; CAREGNATO, S. E. Estudos de citação: uma ferramenta para entender a
comunicação científica.
Em Questão
, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 295-307, jul./dez. 2003.
VARGAS QUESADA, B.
Visualización y análisis de grandes dominio científicos mediante redes
pathfinder (PFNET).
2005. 383 f. Tesis (Doctorado) Facultad de Biblioteconomia y
Documentación, Universidad de Granada, Granada, 2005
VERGARA, S. C. Metodologia reflexiva. In: ________.
Métodos de pesquisa em
administração
. São Paulo: Atlas, 2005. p.185-194.
VIEIRA, K. C. Temas enfocados em Transinformação de 1989 a 1996. In: WITTER, G. P.
(Org.)
Produção científica
. Campinas: Átomo, 1997. p. 41-54.
WERSIG, G. Information science: the study of postmodern knowledge usage
. Information
Processing & Management
, London, v. 29, n. 2, p. 229-239, 1993.
WERSIG, G.; NEVELLING, U. The phenomena of interest to Information Science.
The
Information Scientist
, London, v. 9, n. 4, p. 127-140, dec. 1975.
127
WHITE, H. D.; MCCAIN, K. W. Visualizing a discipline: an author co-citation analysis of
information science, 1972–1995.
Journal of the American Society for Information Science
,
Silver Spring, v. 49, n. 4, p. 327-355, Apr. 1998.
ZIMAN, J. M. Comunidade e comunicação. In: _______.
Conhecimento público
. São Paulo:
Itatiaia/EDUSP, 1979. p. 115-130.
128
APÊNDICE A Artigos científicos publicados nos periódicos da área de Ciência da Informação no
Brasil, 2001-2005
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Ciência da Informação 2001 30 1 Análise de redes sociais - aplicação nos estudos de transferência da informação Regina Maria Marteleto
Ciência da Informação 2001 30 2
O periódico Ciência da Informação na década de 90:um retrato da área refletido
em seus artigos
Suzana Pinheiro Machado Mueller e Cláudia Maria
Pinho de Abreu Pecegueiro
Ciência da Informação 2001 30 2
Aspectos que interferem na construção da acessibilidade em bibliotecas
universitárias
Alberto Angel Mazzoni, Elisabeth Fátima Torres, Rubia
de Oliveira e Vera Helena Moro Bins Ely
Ciência da Informação 2001 30 2
Inteligência obtida pela aplicação de data mining em base de teses francesas
sobre o Brasil
Luc Quoniam, Kira Tarapanoff, Rogério Henrique de
Araújo Júnior e Lillian Alvares
Ciência da Informação 2001 30 2
Análise dos indicadores de inovação tecnológica no Brasil: comparação entre um
grupo de empresas privatizadas e o grupo geral de empresas
Elisa Maria Pinto da Rocha e Marta Araujo Tavares
Ferreira
Ciência da Informação 2001 30 2 A busca da informação por parte de entidades representativas Dulce Maria Baptista
Ciência da Informação 2002 31 1
Necessidades e expectativas dos usuários na educação a distância: estudo
preliminar junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
Eliane Maria Stuart Garcez e Gregório J. Varvakis
Rados
Ciência da Informação 2002 31 1
Bibliotecas virtuais e digitais:análise de artigos de periódicos brasileiros
(1995/2000) Maria Lourdes Blatt Ohira e Noêmia Schoffen Prado
Ciência da Informação 2002 31 2
¿Cómo responden los estudios de bibliotecología de las universidades españolas a
las nuevas demandas sociales?
Elías Sanz-Casado, Carmen Martín-Moreno, Carlos
García-Zorita e María Luisa Lascurain-Sánchez
Ciência da Informação 2002 31 2
Produção das literaturas 'branca' e 'cinzenta' pelos docentes/doutores dos
programas de pós-graduação em ciência da informação no Brasil Dinah Aguiar Población e Daisy Pires Noronha
Ciência da Informação 2002 31 2
Análise metodológica dos estudos de necessidades de informação sobre setores
industriais brasileiros: proposições
Janete Fernandes Silva, Marta Araújo Tavares Ferreira
e Mônica Erichsen Nassif Borges
Ciência da Informação 2002 31 2
Correio eletrônico como recurso didático no ensino superior: o caso da
Universidade Federal do Ceará
Raimundo Benedito do Nascimento e Nicolino Filho
Trompieri
Ciência da Informação
2002
31
2
Avaliação de periódicos científicos brasileiros da área da psicologia
Oswaldo H. Yamamoto, Paulo Rogério Meira
Menandro, Sílvia Helena Koller, Anna Carolina
LoBianco , Cláudio Simon Hutz, José Lino de Oliveira
Bueno e Maria do Carmo Guedes
Ciência da Informação 2002 31 2 A Lei de Lotka na bibliometria brasileira Rubén Urbizagástegui Alvarado
129
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Ciência da Informação 2002 31 3
Visibilidad internacional de la producción científica iberoamericana en
biblioteconomía y documentación (1991-2000) Félix de Moya-Anegón e Víctor Herrero-Solana
Ciência da Informação 2002 31 3
Ferramentas alternativas para monitoramento e mapeamento automatizado do
conhecimento
Lúcia Cunha Ortiz, Wilson Aires Ortiz e Sergio Luis da
Silva
Ciência da Informação 2002 31 3 Um sistema difuso inteligente para avaliar informações de usuários na Internet Antonio Cesar Ferreira Guimarães
Ciência da Informação
2003
32
1
Análise de dinâmica de uso e de desempenho:o caso do web site da Embrapa
Monitoramento por Satélite
Ivo Pierozzi Júnior, Eliane Gonçalves Gomes, Maria de
Cléofas Faggion Alencar e Carlos Alberto de Carvalho
Ciência da Informação 2003 32 1 A produção científica da Anped e da Intercom no GT da Educação e Comunicação Solange Puntel Mostafa e Luis Fernando Máximo
Ciência da Informação 2003 32 1
Como incrementar a qualidade dos resultados das máquinas de busca: da análise
de logs à interação em português
Rachel Virginia Xavier Aires e Sandra Maria Aluísio
Ciência da Informação 2003 32 1
Profissional da informação: perfil de habilidades demandadas pelo mercado de
trabalho Danielle Thiago Ferreira
Ciência da Informação 2003 32 1
Inteligência competitiva na Internet: um processo otimizado por agentes
inteligentes
Helena Pereira da Silva
Ciência da Informação 2003 32 1
Efeitos das tecnologias da informação na comunicação de pesquisadores da
Embrapa Maria da Paixão Neres de Souza
Ciência da Informação
2003
32
2
Gerenciando processos de serviços em bibliotecas
Luciano Costa Santos, Gleisy Regina Bóries Fachin e
Gregório Jean Varvakis Rados
Ciência da Informação 2003 32 2 'Lugar do lixo é no lixo': estudo de assimilação da informação Carla Tavares e Isa Maria Freire
Ciência da Informação 2003 32 2 Bases de dados de informação para negócios no Brasil Beatriz Valadares Cendón
Ciência da Informação 2003 32 2
Disseminação de informações estatísticas no Brasil: práticas e políticas das
agências estaduais de estatística Luciana de Souza Gracioso
Ciência da Informação 2003 32 2
Motivações e fatores críticos de sucesso para o planejamento de sistemas
interorganizacionais na sociedade da informação
Henrique Flávio Rodrigues da Silveira
Ciência da Informação 2003 32 3
Las revistas argentinas de filologia, literatura y lingüística: visibilidad en bases de
datos internacionales
Susana Romanos de Tiratel, Graciela M. Giunti e
Alejandro E. Parada
Ciência da Informação 2003 32 3
Comportamento dos professores da educação básica na busca da informação
para formação continuada
Kelly Cristine Gonçalves Dias Gasque e Sely Maria de
Souza Costa
Ciência da Informação 2003 32 3
Comunidades científicas e infra-estrutura tecnológica no Brasil para uso de
recursos eletrônicos de comunicação e informação na pesquisa Lena Vania Ribeiro Pinheiro
130
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Ciência da Informação 2003 32 3
Investigação de práticas anti-competitivas: um sistema de informação para apoio
à interpretação de legislação por agências reguladoras Alberto Pucci Junior
Ciência da Informação 2003 32 3
Desenvolvimento de um referencial teórico para um sistema de informações
gerenciais (SIG) para parlamentares e assessores na Câmara Legislativa do
Distrito Federal: em busca de um modelo conceitual
Marisa Perrone Campos Rocha
Ciência da Informação 2003 32 3 Legibilidade de revistas eletrônicas de divulgação científica Mônica Macedo-Rouet
Ciência da Informação 2004 33 1
Jornalismo científico aplicado à área de energia no contexto do desenvolvimento
sustentável
Vânia Mattozo, Cornélio Celso de Brasil Camargo e
Nilson Lemos Lage
Ciência da Informação
2004
33
1
PAQ - Programa de avaliação da qualidade de produtos e serviços de informação:
uma experiência no SIBi/USP
Maria Imaculada Cardoso Sampaio, Cybelle de
Assumpção Fontes, Maria Alice de França Rangel
Rebello, Rosa Maria Fischi Zani, Adriana de Almeida
Barreiros, Ana Maria Marques da Cunha Prado, Eliana
de Cássia Aquareli Cordeiro, Marli Inocência de
Moraes, Maria Cristina Olaio Villela, Valéria Vilhena
Lombardi e Adherbal Caminada Netto
Ciência da Informação
2004
33
1
Las revistas científico-técnicas españolas de ciencias de la actividad física y el
deporte: adecuación a las normas ISO y grado de normalización
Jose Devis, Miguel Villamón Herrera, Luis Antolin
Jimeno e Javier Valenciano Valcárcel
Ciência da Informação
2004
33
1
Sistema de informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da
gerência
Eliane Marina Palhares Guimarães e Yolanda Dora
Martinez Évora
Ciência da Informação 2004 33 1 Fatores motivadores de uso de site web : um estudo de caso Tatiana de Almeida Furquim
Ciência da Informação
2004
33
2
Las categorías o facetas fundamentales: una metodología para el diseño de
taxonomías corporativas de sitios Web argentinos
Ana M Martínez, Cristina A. Ristuccia, Rosa Z Pisarello,
Edgardo A Stubbs, Julia C Valdez, Laura Caminotti e
Norma E Mangiaterra
Ciência da Informação 2004 33 2
Temática das dissertações e teses em ciência da informação no Programa de Pós-
graduação em Ciências da Comunicação da USP
Fernanda Mendes Queiroz e Daisy Pires Noronha
Ciência da Informação 2004 33 2
Gestão da informação na Embrapa Amazônia Oriental: uso relativo versus uso
efetivo da literatura técnico-científica agropecuária periódica (1990-1999)
Rubenise Farias Gato, Lucilda Maria Sousa de Matos,
Maria Helena Kurihara e Rosa Maria Melo Dutra
Ciência da Informação 2004 33 2
Indicadores bibliométricos da produção científica brasileira: uma análise a partir
da base Pascal
Rogério Mugnaini, Paulo de Martino Jannuzzi e Luc
Quoniam
Ciência da Informação 2004 33 2
Configuração epistemológica da ciência da informação no Brasil em uma
perspectiva pós-moderna: análise de periódicos da área Marivalde Moacir Francelin
Ciência da Informação 2004 33 3
Mapas 'geopolíticos' de internet: aplicación de las nuevas técnicas de
representación de la información Victor Herrero-Solana e Jose M. Morales-del-Castillo
131
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Ciência da Informação 2004 33 3
Indicadores de ciência, tecnologia e inovação: mensuração dos sistemas de CT&I
nos estados brasileiros
Elisa Maria Pinto da Rocha e Marta Araujo Tavares
Ferreira
Ciência da Informação 2005 34 1 Índice de produção ponderado para bibliotecas: uma abordagem multicriterial Eliane Gomes e Maria de Cléofas Alencar
Ciência da Informação 2005 34 1 Análise e representação de filmes em unidades de informação Rosa Inês de Novais Cordeiro e Tunico Amâncio
Ciência da Informação 2005 34 1
Uma proposta metodológica para avaliação de bibliotecas digitais: usabilidade e
comportamento de busca por informação na Biblioteca Digital da Puc-Minas
Paula Bohmerwald
Ciência da Informação 2005 34 2
Acessibilidade às informações públicas: uma avaliação do portal de serviços e
informações do governo federal João Batista Simão e Georgete Medleg Rodrigues
Ciência da Informação 2005 34 2 O saber científico registrado e as práticas de mensuração da informação Leilah Santiago Bufrem e Yara Prates
Ciência da Informação 2005 34 2
Produção científica nacional na área de geociências: análise de critérios de
editoração, difusão e indexação em bases de dados Érica Beatriz Pinto Moreschi de Oliveira
Ciência da Informação 2005 34 3
Ciência da Informação: 32 anos (1972-2004) no caminho da história e horizontes
de um periódico científico brasileiro*
Lena Vania Ribeiro Pinheiro, Marisa Bräscher e Sonia
Burnier
DataGramaZero 2001 2 5 A Representação Metafórica como Filtro de Recuperação da Informação Evelyn Goyannes Dill Orrico
DataGramaZero 2001 2 6 A Produtividade dos Autores na Antropologia Brasileira Rubén Urbizagástegui Alvarado e Marlene de Oliveira
DataGramaZero 2002 3 6 Contribuição da Pós-graduação para a Ciência da Informação no Brasil: uma visão
Johanna W. Smit, Eduardo Wense Dias e Rosali
Fernandez de Souza
DataGramaZero 2002 3 6
Inteligência Empresarial: uma avaliação de fontes de informação sobre o
ambiente organizacional externo Ricardo Rodrigues Barbosa
DataGramaZero 2003 4 1
A Ciência da Informação no CNPq - fomento à formação de recursos humanos e à
pesquisa entre 1994-2002
Suzana Pinheiro Machado Mueller e Maria Gorette
Santana
DataGramaZero 2003 4 2
Políticas de Monitoramento da Informação por Compressão Semântica dos seus
Estoques
Aldo de Albuquerque Barreto
DataGramaZero 2003 4 2
Bolsas de Pesquisador do CNPq: informações para política de C&T a partir da
base que contém os dados cadastrais dos bolsistas Gilda Olinto
DataGramaZero 2003 4 3 A Aplicabilidade da Biologia do Conhecer no Âmbito da Ciência da Informação Mônica Erichsen Nassif Borges
DataGramaZero 2003 4 5 As crianças e a linguagem escrita Cláudia Maria Mendes Gontijo
DataGramaZero 2003 4 6 A Informação Potencializada no Texto Fílmico
Valéria Cristina Lopes Wilke, Leila Beatriz Ribeiro e
Carmen Irene Correia de Oliveira
DataGramaZero
2004
5
1
A determinação do campo científico da Ciência da Informação: uma abordagem
terminológica
Johanna W. Smit, Maria de Fátima Gonçalves Moreira
Tálamo e Nair Y. Kobashi
132
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
DataGramaZero 2004 5 1
Parcerias na ciência: instituições estrangeiras e a pesquisa na área de Medicina
Veterinária em Moçambique
Horácio Francisco Zimba e Suzana Pinheiro Machado
Mueller
DataGramaZero 2005 6 1 A publicação da ciência: áreas científicas e seus canais preferenciais Suzana Pinheiro Machado Mueller
DataGramaZero 2005 6 1
Visibilidade da produção científica gerada pelos docentes e egressos dos
Programas de Pós-graduação em Ciência da Informação e as interfaces com os
Grupos de Pesquisa da área, constantes do Diretório do CNPq
Dinah Aguiar Población
DataGramaZero 2005 6 3
O comportamento do usuário final na recuperação temática da informação: um
estudo com pós-graduandos da UNESP de Marília
Rodrigo Moreira Garcia e Helen de Castro Silva
DataGramaZero 2005 6 4
Análise a respeito do tamanho de amostras aleatórias simples: uma aplicação na
área de Ciência da Informação
Ely Francina Tannuri de Oliveira e Maria Cláudia
Cabrini Grácio
DataGramaZero 2005 6 5 Terminología de género. Sesgos, interrogantes, posibles respuestas
María José López-Huertas Pérez e Isabel de Torres
Ramírez
Encontros Bibli 2001 11 Organizações voluntárias: informação para a conquista da cidadania
Maria Lorena Selbach Figueiró, Francisco E. P. Sousa e
Nivaldo Gomes Rebelo
Encontros Bibli 2003 16 Autores e autoria em periódicos brasileiros de ciência da informação Maria del Carmen Rivera Bohn
Encontros Bibli 2003 16
As Possibilidades Pedagógicas No Ensino De Metodologia Da Pesquisa Científica
Em Ciência Da Informação E Os Objetos Deste Campo Científico: aproximações
Durkheimianas Francisco das Chagas de Souza
Encontros Bibli
2004
17
Diagnóstico Das Bibliotecas Escolares Da Rede Estadual De Ensino De Belo
Horizonte - MG: a situação dos acervos
Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu, Bernadete Santos
Campello, Maria da Conceição Carvalho, Maria
Eugênia Albino Andrade e Paulo da Terra Caldeira
Encontros Bibli
2004
17
Los servicios de las bibliotecas públicas en la era de la información: el panorama
internacional y la situación en Buenos Aires (Argentina)
Elsa.Barber, Nicolás Tripaldi, Silvia Pisano,Sofia
D'Alessandro, Carolina Gregui, Gabriela De Pedro,
Verónica Parsiale e Sandra Romagnoli
Encontros Bibli 2004 17
Profissional da Informação No Limiar Do Século Xxi: enfoque nos periódicos
brasileiros em biblioteconomia e ciência da informação (1995/2002)
Maria Lourdes Blatt Ohira, Noêmia Schoffen Prado e
Luciana Schmidt
Encontros Bibli 2005 19
Revista Encontros Bibli Como Veículo De Disseminação Do Conhecimento No
Brasil
Edna Lúcia da Silva, Liliane Vieira Pinheiro e Estera
Muszkat Menezes
Encontros Bibli 2005 20 O Serviço de Referência Online nas Bibliotecas Virtuais da Região Nordeste
Alzira Karla Araújo da Silva e Zailton Frederico
Beuttenmüller
Encontros Bibli 2005 20
O processo de conversão do conhecimento em uma escola de atendimento
especializado
Frederico Cesar Mafra Pereira
133
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Informação & Sociedade:
estudos 2001 11 1
Configurações Etnográficas Demarcando um Território De Pesquisa: aula de
leitura em sala de aula universitária Mirian de Albuquerque Aquino
Informação & Sociedade:
estudos
2001 11 1 Cotidiano de Biblioteconomia: um estudo de práticas informacionais Maria Nilza Barbosa Rosa
Informação & Sociedade:
estudos
2001
11
2
Entre necessidades e buscas: perfil e perspectivas do usuário da (in)formação no
contexto do Curso de Mestrado em Ciência da Informação - CMCI/UFPB
André Luís Bonifácio de Carvalho, Eliane Bezerra
Paiva, José Washington de Morais Medeiros,
Guilherme Ataíde Dias e Gilson Florêncio da Rocha
Informação & Sociedade:
estudos 2001 11 2
A Transferência de Informação Tecnológica entre Universidade e Empresa Do
Pólo Tecnológico de Campina Grande-PB Andréa Vasconcelos Carvalho de Aguiar
Informação & Sociedade:
estudos 2001 11 2 Desafios do professor do ensino fundamental na sociedade da informação Giuliana Cavalcanti Vasconcelos
Informação & Sociedade:
estudos 2002 12 1
A concepção e o uso das linguagens de indexação face às contribuições da
semiótica e da semiologia
Maria Aparecida Moura, Ana Paula Silva e Valéria
Ramos de Amorim
Informação & Sociedade:
estudos 2001 12 1
Mapeamento do Periódico Informação & Sociedade: Estudos: dez anos de sua
trajetória
Marynice de Medeiros Matos Autran e Maria Elizabeth
Baltar Carneiro de Albuquerque
Informação & Sociedade:
estudos 2002 12 1 A internet como canal de comunicação científica
Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes e Márcia
Bissani
Informação & Sociedade:
estudos
2002 12 1 Necessidade de informação dos vereadores de Florianópolis: estudo de usuário Maria de Jesus Nascimento e Sara Weschenfelde
Informação & Sociedade:
estudos 2002 12 2
Estudo De Usuários Em Bibliotecas Públicas E Universitárias: em foco as
dissertações defendidas no CMCI/UFPB
Andréa Vasconcelos Carvalho de Aguiar, Isabel
Cristina dos Santos Diniz e João Bôsco Medeiros
Informação & Sociedade:
estudos 2002 12 2
Práticas bibliotecárias: a formação, a auto-formação e atuação dos primeiros
bibliotecários catarinenses
Gisela Eggert Steindel, Ivonir Terezinha Henrique e
Sueli Carvalho Musse
Informação & Sociedade:
estudos 2002 12 2 Os pioneiros da ciência da informação nos EUA Alice Ferry de Moraes
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 1
Influência das novas tecnologias no acesso a serviços de informação pelos
docentes da àrea de saúde pública
Maria Teresinha Dias de Andrade, Eidi Raquel Franco
Abdalla, Angela Maria Belloni Cuenca, Francis Sierra
Hussein, Armaldo Augusto Franco de Siqueira, Ana
Cristina D'Andretta Tanaka e Ivan França Junior
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 1 Produção científica de docentes da área de comunicação Daisy Pires Noronha e Normanda Miranda Kiyotani
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 1
Politica Editorial e Estado: estudo bibliométrico de artigos publicados na revista
brasileira de estudos pedagógicos, 1944-74 Lídia Alvarenga
134
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 2
Avaliação da produtividade científica dos pesquisadores nas áreas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas
Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes e Liliane
Vieira Pinheiro
Informação & Sociedade:
estudos
2003 13 2
Pela (in)formação profissional: necessidades e perspectivas dos estudantes de
graduação em Biblioteconomia/UFPB, em seu processo de conclusão
Luciana Ferreira da Costa, Francisca Arruda Ramalho
e Alan Curcino Pedreira da Silva
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 2 O usuário remoto de uma biblioteca acadêmica na área de saúde pública
Angela Maria Belloni Cuenca, Maria do Carmo
Avamilano Alvarez e Vanda Lúcia Garbin
Informação & Sociedade:
estudos
2003 13 2 Impresso e/ou eletrônico: estudo sobre o uso de uma obra de referência Ida Regina Chitto Stumpf
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 2
Informação e cidadania: necessidades e formas de busca por parte da mulher
catarinense Maria de Jesus Nascimento
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 2
A inserção de teorias e práticas administrativas nos currículos dos cursos de
biblioteconomia Cibele Vasconcelos Dziekaniak
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 2
Discurso científico e discurso jornalístico: uma análise discursiva de seu
funcionamento Clarinda Rodrigues Lucas
Informação & Sociedade:
estudos 2003 13 2
Avaliação das coleções de periódicos recebidos correntemente por doação e
permuta, em uma biblioteca especializada em medicina tropical Sonia Pedrozo Gomes
Informação & Sociedade:
estudos 2004 14 2 Gestão do conhecimento: revelações da produção científica
Emeide Nóbrega Duarte, Esperdito Pedro Silva e Célia
Cristina Zago
Informação & Sociedade:
estudos 2005 15 1
Paradigma tecnológico e representações sociais dos bibliotecários sobre seu perfil
e suas práticas no contexto da sociedade da informação Valdir José Morigi e Magali Lippert da Silva
Informação & Sociedade:
estudos
2005 15 1
A preservação de acervos de bibliotecas e sua importância na atualidade: a ótica
dos bibliotecários da UFMG
Maria da Conceição Carvalho, Rosemary Tofani Motta
e Cleide Aparecida Fernandes
Informação & Sociedade:
estudos 2005 15 1 Conduta profissional, discurso ético e ética do discurso na biblioteconomia Francisco das Chagas de Souza
Informação & Sociedade:
estudos
2005 15 2
Representação indexal na web: estudo do sintagma - História da Paraíba - nos
sites Alta Vista e Google
Joliza Chagas Fernandes, Virgínia Bentes Pinto e
Carlos Xavier de Azevedo Netto
Informação & Sociedade:
estudos 2005 15 2 Biblioteca pública: discursos de discentes de graduação em Biblioteconomia Francisco das Chagas de Souza
Informação & Sociedade:
estudos 2005 15 2
Características de periódicos científicos produzidos por editoras universitárias
brasileiras Silvana Schultz
Perspectivas em CI 2001 6 1
Definição de indicadores de qualidade: a visão dos administradores e clientes de
bibliotecas universitárias Waldomiro Vergueiro e Telma de Carvalho
Perspectivas em CI 2001 6 1 Diagnóstico das bibliotecas do Nordeste brasileiro na área de comunicação social Maria das Graças Targino
135
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Perspectivas em CI 2001 6 1
Atividades de marketing na promoção de serviços de informação: pesquisa sobre
o SONAR-ISIS e o SERVIR-IBNIS do CIN/CNEN Sueli Angelica do Amaral
Perspectivas em CI 2001 6 2
A realização de seminários no curso de Biblioteconomia da UEL enquanto prática
de ensino/aprendizagem ou de avaliação discente
Maria Júlia Giannasi, Ivone Guerreiro Di Chiara, Vilma
Aparecida Gimenes da Cruz, Letícia Gorri Molina e
Sandra Gomes de Oliveira Reis
Perspectivas em CI 2001 6 2 O usuário-pesquisador e a análise de assunto
Eduardo Wense Dias, Madalena Martins Lopes Naves
e Maria Aparecida Moura
Perspectivas em CI 2001 6 2
A pesquisa científica na ciência da informação: análise da pesquisa financiada
pelo CNPq Marlene de Oliveira
Perspectivas em CI 2001 6 2
Elementos necessários à apresentação bibliográfica e a recuperação de registros
sonoros Eliane Serrão Alves Mey
Perspectivas em CI 2001 6 2 Estudo de fatores interferentes no processo de análise de assunto Madalena Martins Lopes Naves
Perspectivas em CI 2002 7 1
A informação e o campo das micro e pequenas indústrias da moda em Minas
Gerais: a entrada no campo da indústria da moda Maria Eugênia Albino Andrade
Perspectivas em CI 2002 7 2
O cenário do mercado de trabalho em Biblioteconomia na percepção dos
empresários capixabas
Alzinete Maria Rocon Biancardini, Brenna Facini,
Dulcinéia Sarmento Rosemberg e Sheila Pereira
Ricardo
Perspectivas em CI 2002 7 2
Gestão da informação e monitoramento tecnológico: o mercado dos futuros
genéricos
Cláudia Canongia, Maria de Nazaré F. Pereira e
Adelaide Antunes
Perspectivas em CI 2002 7 2
A construção do conhecime nto científico: o processo, a atividade e a
comunicação científican em um laboratório de pesquisa Edna Lúcia da Silva
Perspectivas em CI 2002 7 2 As bibliotecas das IES e os padrões de qualidade do MEC: uma análise preliminar Nirlei Maria Oliveira
Perspectivas em CI 2003 8 1
Elementos de política de indexação em manuais de indexação de sistemas de
informação especializados
Milena Pousinelle Rubi e Mariângela Spotti Lopes
Fujita
Perspectivas em CI 2003 8 2 Terminologia da ciência da informação: abordagem da análise do discurso
Else Benetti Marques Valio e Vanda de Fátima
Fulgêncio de Oliveira
Perspectivas em CI 2003 8 2 Bibliotecários da área médica: o discurso a respeito da profissão Maria Fazanelli Crestana
Perspectivas em CI 2003 8 2
A Lei de Lotka: modelo lagrangiano de poisson aplicado a produtividade de
autores Rubén Urbizagátegui Alvarado
Perspectivas em CI 2004 9 1
Informação: insumo básico para o desenvolvimento do setor de turismo em Santa
Catarina Maria de Jesus Nascimento e Paula Sanhudo Silva
Perspectivas em CI 2004 9 1
Produção e disseminação da informação estatística brasileira: uma análise
qualitativa Luciana de Souza Gracioso
136
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Perspectivas em CI 2004 9 2
Periódicos impressos sobre Cultura, Arte e Saúde de países do Mercosul em
bibliotecas institucionais brasileiras Viviane Rummler da Silva e Guido Rummler
Perspectivas em CI 2004 9 2
O bibliotecário formado pela Universidade Federal de Santa Catarina: perfil
profissional
Miriam Vieira da Cunha, Magda Chagas Pereira,
Camila Guimarães e Chirley Cristiane M. da Silva
Perspectivas em CI 2004 9 2 Análise de assunto: percepção do usuário quanto ao conteúdo de documentos Eduardo Wense Dias
Perspectivas em CI 2004 9 2
Estudo de usuários na biblioteca de um laboratório farmacêutico: relato de
experiência Robson da Silva Teixeira
Perspectivas em CI 2005 10 1 Gestão da Informação do Ambiente Externo em Organizações do Terceiro Setor Simone Cristina Dufloth
Perspectivas em CI 2005 10 1
Documentos eletrônicos de caráter arquivístico: fatores condicionantes da
preservação
Katia P. Thomaz
Perspectivas em CI 2005 10 2 A formação do pesquisador juvenil Janaina Ferreira Fialho e Maria Aparecida Moura
Perspectivas em CI 2005 10 2 Competência informacional e formação do bibliotecário
Bernadete Campello e Vera Lúcia Furst Gonçalves
Abreu
Perspectivas em CI 2005 10 2 Antiquários: um olhar sobre seu trabalho e comportamento informacional Júlia Gonçalves da Silveira
Transinformação 2001 13 1
Análise comparativa e de consistência entre representações automática e manual
de informações documentárias
Grabriel Santos Alcaide, Roberto Julio Gava e Willame
Santos Rodrigues e Débora Ferreira Santos
Transinformação 2001 13 2
Dimensões de competitividade para a empresa brasileira: informação e
conhecimento, qualidade, tecnologia e meio ambiente José Carlos Teixeira da Silva
Transinformação 2002 14 1
Diretrizes políticas e estratégias para a formação docente voltadas à pesquisa e
extensão: Brasil
Marta Lígia Pomim Valentim e José Augusto Chaves
Guimarães
Transinformação 2002 14 2
Temática dos Artigos Periódicos Brasileiros na área da Ciência da Informação na
Década de 90
Cláudia Maria Pinho de Abreu Pecegueiro
Transinformação 2002 14 2
Análise da Revista Ciência da Informação disponibiblizada na Scielo a partir do
seu vocabulário controlado Fábio Mascarenhas e Silva
Transinformação 2002 14 2
Design de Sistemas de Informação centrado no usuário e a abordagem do sense-
making
Edmeire Cristina Pereira
Transinformação 2003 15 2
Análisis bibliométrico de la producción científica de los investigadores con
proyectos aprobados por la Secretaría de Ciencia y Tecnología de la Universidad
Nacional de Córdoba: 1996/1999
Eugenia Bustos Argañaraz, Alicia Centeno Sosa e
María Virginia Rapela
Transinformação 2003 15 2
As articulações da pesquisa com o ensino e a extensão nos cursos de
Biblioteconomia e Ciência da Informação do Mercosul
Marta Lígia Pomim Valentim, Célia Regina Simonetti
Barbalho e Dulcinéia Sarmento Rosemberg
13
7
Periódico Ano V. N.
Título do Artigo Autores
Transinformação 2003 15 2
Estudio de la producción profesional en Bibliotecología en la Argentina: análisis de
dominio de la revista Referencias
Gustavo Liberatore, Marcela Coringrato e Adrián
Amerio
Transinformação 2003 15 2
Comunicação científica dos docentes da Universidade Federal do Maranhão no
período de 1998 a 2001
Cláudia Maria Pinho de Abreu Pecegueiro e Suzana
Pinheiro Machado Mueller
Transinformação 2003 15 3
Disseminação de informação para a cidadania no Brasil: uma análise da cobertura
das matérias sobre indicadores sociais na mídia impressa Verónica Maria Savignano e Paulo de Martino Jannuzzi
Transinformação 2003 15 3 Por espaços democráticos de aprendizagem Ana Maria Sá de Carvalho e Rute Batista de Pontes
Transinformação 2003 15 3 Fome de ler: a leitura em movimento como processo de inclusão social Else Benetti Marques Válio
Transinformação 2004 16 1 Panorama temático de trabalhos de conclusão de Curso de Biblioteconomia Antonio Marcos Gonçalves Filho e Daisy Pires Noronha
Transinformação 2004 16 1 Atitudes face às tecnologias da informação
Raimundo Benedito do Nascimento e Nicolino Filho
Trompieri
Transinformação 2004 16 1 Núcleo de periódicos e periódicos periféricos na área de psicologia preventiva Adriana Aparecida Ferreira
Transinformação 2004 16 3 Validity of information security policy models Joshua Onome Imoniana
Transinformação 2005 17 1
Inteligência competitiva e Internet: um processo otimizado por agentes
inteligentes - um estudo parcial de caso
Adriana Duarte NADAES e Mônica Erichsen Nassif
BORGES
Transinformação 2005 17 2
Produção científica docente em tratamento temático da informação nos cursos de
biblioteconomia do Mercosul: uma análise preliminar
Jane Coelho Danuello e José Augusto chaves
Guimarães
Transinformação 2005 17 2
Produção científica dos docentes da Universidade Federal da Bahia da área de
filosofia e ciências humanas no período de 1995-1999
Raymundo das Neves Machado e Rodrigo França
Meirelles
Transinformação 2005 17 2
Pesquisa em inteligência competitiva organizacional: utilizando a análise de
conteúdo para a coleta e análise de dados - Parte I
Marta Lígia Pomim Valentim, Adriana Rosecler Alcará,
Brígida Maria Nogueira Cervantes, Elizabeth Leão de
Carvalho, Heliéte Dominguez Garcia, José Carlos
Dalmas, Letícia Gorri Molina, Lívia Aparecida Ferreira
Lenzi, Maria Elisabete Catarino e Maria Inês Tomaél
Transinformação 2005 17 3
Avaliação da qualidade dos serviços prestados nas unidades de informação
universitárias
Raimundo Benedito do NASCIMENTO, Nicolino Filho
Trompieri e Francisca Giovania Freire BARROS
Transinformação 2005 17 3 Aspectos da cienciometria aplicados a um estudo de caso: área de Letras
Vânia Aparecida Marques FAVATO e Pedro Henrique
GODINHO
Transinformação 2005 17 3
Pesquisa em inteligência competitiva organizacional: utilizando a análise de
conteúdo para a coleta e análise de dados - Parte II
Marta Lígia Pomim Valentim, Adriana Rosecler Alcará,
Brígida Maria Nogueira Cervantes, Elizabeth Leão de
Carvalho, Heliéte Dominguez Garcia, José Carlos
Dalmas, Letícia Gorri Molina, Lívia Aparecida Ferreira
Lenzi, Maria Elisabete Catarino e Maria Inês Tomaél
138
ANEXO A – Taxonomia da Ciência da Informação
TAXONOMIA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
01 – Aspectos teóricos e gerais da ciência da informação
Bibliometria, cienciometria, infometria
Biblioteconomia comparada
Biblioterapia
Conceitos de biblioteca
Ética e ciência da informação
Fundamentação epistemológica
História do livro e das bibliotecas
Interdisciplinaridade
Leis bibliométricas
Metodologia da pesquisa
Origem e evolução da ciência da informação
Pesquisa científica
Teoria dos sistemas
Teorias e conceitos de informação
Outras questões teóricas
02 – Formação profissional e mercado de trabalho
Avaliação de cursos
Currículo, metodologia e programa de ensino
Formação profissional
Profissional da informação
Profissões e mercado de trabalho
03 – Gerência de serviços e unidades de informação
Arquivos
Automação de unidades de informação
Avaliação de bases de dados
Avaliação e desenvolvimento de coleções
Avaliação de serviços e de unidades de informação
Balcão de informações
Consórcios
Compartilhamento de recursos
Comportamento gerencial
Custos
Estilos gerenciais
Gerência de recursos informacionais (GRI)
Gerência organizacional
Gestão da qualidade
Inteligência competitiva
Marketing
Monitoramento ambiental
Motivação
Pesquisa de mercado
Planejamento, organização e gerência de serviços e de unidades de informação
Recursos financeiros
Serviços de extensão bibliotecária
139
Sistemas de informação gerencial
Tomada de decisão
Estudos sobre outros serviços e unidades de informação
04 – Estudos de usuário, demanda e uso da informação e de unidades de informação01
Caracterização e comportamento do usuário
Educação e treinamento de usuários
Hábitos de leitura
Necessidades de informação
Oferta, demanda e transferência de informação
Uso e impacto das novas tecnologias de comunicação e informação
Usos da informação e de unidades de informação
05 – Comunicação, divulgação e produção editorial
Atividade editorial
Avaliação de periódicos
Divulgação científica
Documentação científica
Editoração/publicação eletrônica
Estudos bibliométricos, cienciométricos e infométricos
Estudos da produção e da produtividade científica
Estudos de autoria
Estudos de canais, veículos, ciclos e modelos de comunicação
Estudos de citação
Estudos sobre fontes de informação
Indicadores de produtividade científica
Jornalismo científico
Literatura cinzenta
Normalização
Produção do texto científico
Publicações oficiais
06 – Informação, cultura e sociedade
Alfabetização digital
Biblioteca, cultura e sociedade
Centros populares de documentação e comunicação
Democratização da informação
Inclusão/exclusão informacional
Informação, ação cultural e cidadania
Sociedade da informação
07 – Legislação, políticas públicas de informação e de cultura
Depósito legal
Direitos de propriedade intelectual
Economia da informação
Indústria e mercado cultural
Indústria e mercado da informação
Informação ambiental
Informação científica e tecnológica
Informação para indústria e negócios
Informação tecnológica
Política científica e tecnológica
140
Política cultural
Política de informação
Política de informação científica e tecnológica
Política editorial
Transferência de tecnologia
08 – Tecnologias da informação
Bases de dados
Bibliotecas virtual, digital e eletrônica
CD-ROM
Hipertexto e hipermídia
Mecanismos de busca (
search engines
)
Redes eletrônicas de informação
Sistemas de gerenciamento eletrônico de documentos (GED)
Sistemas especialistas
Sistemas para automação de unidades de informação
Tecnologias de inteligência competitiva
Outros sistemas e tecnologias de comunicação e informação
09 – Processamento, recuperação e disseminação da informação
Análise documentária
Catalogação/catalogação cooperativa
Classificação
Controle bibliográfico
Desenvolvimento de coleções
Elaboração de resumos
Indexação (manual e automática)
Linguagens documentárias
Normalização
Metadados
Preservação e conservação
Retirada e descarte
Recuperação da informação
Seleção e aquisição
Tesauros
Videotexto
10 – Assuntos correlatos e outros
Análise do discurso
Arquitetura da informação
Comunicação social
Design da informação
Informática
Lingüística
Telecomunicações
Fonte: Oddone e Gomes (2004)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo