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ELDA LOPES LIRA
CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO NA
FORMAÇÃO DO DISCENTE DE GRADUAÇÃO NA
UNIVERSIDADE
Florianópolis/SC
2007
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Elda Lopes Lira
CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO NA FORMAÇÃO
DO DISCENTE DE GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação/PGCIN do
Centro de Educação da Universidade Federal de
Santa Catarina/UFSC, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Ciência da
Informação.
Área de Concentração: Gestão da Informação
Linha de Pesquisa: Profissional da Informação
Orientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas de
Souza
Florianópolis, SC
2007
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Ficha Catalográfica elaborada pela autora do trabalho – CRB9/1295
Lira, Elda Lopes
Contribuição do profissional bibliotecário na formação do
L67c discente de graduação na universidade / Elda Lopes Lira. – Florianópolis,
2007.
125 f.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Centro de Ciências
da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2007.
1. Profissional da informação. Biblioteca universitária. Representação
social. 2. Título.
CDU 023.4 CDD 023.2
Correção gramatical: Miquéias Rodrigues
Elda Lopes Lira
CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO NA FORMAÇÃO DO
DISCENTE DE GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação/PGCIN do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina/UFSC, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Ciência da Informação.
Área de Concentração: Gestão da Informação
Linha de Pesquisa: Profissional da Informação
Orientador: Professor Dr. Francisco das Chagas de Souza
APROVADA PELA COMISSÃO EXAMINADORA EM
FLORIANÓPOLIS, SC, EM 27 de abril de 2007.
_____________________________________
Professor Dr. Francisco das Chagas de Souza – CIN/UFSC (Orientador/Presidente)
__________________________________
Professora Dra. Maria do Rosário de Fátima Portela Cysne – DCI/UFC
_____________________________
Professora Dra. Elizete Vieira Vitorino - CIN/UFSC
____________________________
Professor Dr. Reinaldo Matias Fleuri – EED/UFSC
Dedico este trabalho ao povo brasileiro,
sobretudo àqueles que não tiveram e não
têm a oportunidade de ingressar em uma
universidade, mas sonham com dias
melhores, pela oportunidade de estudar em
universidades públicas, gratuitas e de
qualidade e pela bolsa de estudos que
recebi durante este curso através da
CAPES. Muito obrigada!
Toda vez que alguém alça um degrau que implica em grande
importância para si, pode ter certeza que há muitas pessoas envolvidas
nessa escalada. Portanto, quero deixar aqui meus sinceros
agradecimentos a todas as pessoas que de uma forma ou de outra
contribuíram na construção desse trabalho. Desse modo, agradeço
Aos meus pais, Sebastião Soares Lira (Seu Cícero) e Maria Oliveira Lima
(Dona Merêca), in memorian, pela dedicação e o empenho em educar os filhos,
pois, apesar de não terem freqüentado a escola, tinham consciência de que a
educação é o único mecanismo capaz de nivelar a sociedade por cima; aos meus
irmãos, Elza, Helena, João e Edimeire; aos meus sobrinhos André e Bruno e à
minha avó materna, Dominga, pela satisfação que têm pelo meu ingresso na
universidade.
Ao meu companheiro, Antonio Cavalcante de Almeida, pelo apoio
incondicional na realização deste sonho e pela compreensão ao meu
distanciamento e aos longos momentos de solidão e frio.
Ao meu orientador, Professor Doutor Francisco das Chagas de Souza, pela
confiança que depositou em mim, pela dedicação e o empenho em nortear este
trabalho e pelo companheirismo nos momentos em que trabalhamos juntos.
Ao Professor Doutor Reinaldo Matias Fleuri, pela amizade, compreensão e
ajuda em um momento tão difícil no decorrer deste curso.
Às amigas Vanderly, Dona Terezinha, Adriana, Betinha e a Seu Zé e
Onofre, pelo acolhimento no momento de partida para esta conquista.
Aos professores do curso de biblioteconomia da Universidade Federal do
Ceará, onde tomei gosto pela academia.
À amiga Márcia Matos, pelo apoio que sempre me proporcionou desde os
tempos da faculdade.
Aos amigos Marta e Paulo, pelos longas conversas e consolos nos
momentos de solidão em Florianópolis.
À amiga Renée, por todas as risadas e choradas que demos juntas.
À amiga Gorete, pelo apoio em um momento tão delicado nessa trajetória.
Aos bibliotecários da Biblioteca Central da UFSC, pela concessão das
entrevistas que contribuíram na realização desse estudo.
Ao amigo Miquéias Rodrigues, pela colaboração na correção gramatical
deste trabalho.
LIRA, E. L. Contribuição do profissional bibliotecário na formação do discente de
graduação na universidade. 2007. 125f. Dissertação (Mestrado em Ciência da
Informação) – Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC, 2007.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo conhecer as representações socialmente construídas
pelos bibliotecários atuantes em bibliotecas universitárias a respeito da contribuição
destes na formação do discente da graduação. A pesquisa aqui proposta teve
abordagem qualitativa. Sua fundamentação teórica e metodológica apoiou-se na
sociologia do conhecimento e nos preceitos do construcionismo social, assim como nas
teorias das representações sociais e coletivas. A técnica utilizada no tratamento e
análise dos discursos coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas foi o
Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. O ambiente da pesquisa foi a Biblioteca Central da
UFSC, localizada no Campus Universitário Trindade, em Florianópolis, no Estado de
Santa Catarina. A escolha dessa instituição se deu pela conveniência da pesquisa, uma
vez que a opinião dos bibliotecários sobre o tema ora abordado independe de unidade
de federação ao qual se encontre o profissional, gênero ou qualquer outro fator. A partir
dos discursos sintetizados no DSC, verificou-se que os conhecimentos adquiridos na
graduação formam a base de sustentação do trabalho do bibliotecário e para que ele
desenvolva seu trabalho cotidiano de forma mais eficiente, são necessários um acervo
de conhecimentos gerais e conhecimento de línguas estrangeiras, sobretudo do inglês.
O domínio da especificidade com a qual lida no dia-a-dia, os conhecimentos agregados
ao longo da vida profissional e os conhecimentos adquiridos com a educação
continuada formam o conjunto das competências profissionais mencionadas pelo
discurso coletivo, enquanto que atenção, honestidade, autoconfiança e compreensão
são mencionados como as principais competências pessoais. O computador, as bases
de dados e a internet são as ferramentas e os recursos tecnológicos utilizados pelo
coletivo entrevistado. Evidenciou-se ainda que tornar o usuário independente em suas
pesquisas é um objetivo comum entre os bibliotecários entrevistados.
Palavras-chave: Profissional bibliotecário; Biblioteca universitária; Representação
social; Estudante universitário.
LIRA, E. L. Contribuición de lo profesional bibliotecario en la formación do
discente de graduación en la universidad. 2007. 125f. Dissertación (Maestría en
Ciencia de la Información) – Centro de Ciencias de la Educación, Universidad Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2007.
RESUMEN
El presente estudio tiene por objetivo conocer las representaciones socialmente
construidas por los bibliotecarios actuantes en bibliotecas universitarias con respeto a la
contribución de estos en la formación del discente de graduación. La pesquisa
propuesta aquí tuvo un carácter cualitativo. Su basamento teórico y metodológica se
apoya en la sociología el conocimiento y los preceptos del construccionsmo social, así
como en las teorías de las representaciones sociales y colectivas. La técnica utilizada
en el tratamiento y en el análisis de los discursos colectados por medio de entrevistas
semiestructuradas fue el Discurso Del Sujeto Colectivo – DSC. El ambiente de
pesquisa fue la Biblioteca Central de la UFSC Situada en el Campus Universitário
Trindade, en Florianópolis, en el Estado de Santa Catarina. La elección de esta
institución se debe a razones de comodidad para la pesquisa ya que la opinión de los
bibliotecarios sobre el tema de esta investigación no depende de la unidad de la
federación en la que esté el profesional, ni tampoco de género u otro factor cualquiera.
A partir de los discursos sintetizados en el DSC, se ha verificado que los conocimientos
adquiridos durante cursos en nivel de graduación constituyen la base de sustentación
del trabajo del bibliotecario y para que él pueda desarrollar su trabajo cotidiano de
manera más eficiente, son necesarios un acervo de conocimientos generales y
conocimiento de lenguas extranjeras, sobretodo del inglés. El dominio de la
especificidad de la actividad que ejecuta todos los días, los conocimientos agregados
durante su vida profesional y los conocimientos adquiridos por medio de la educación
continuada forman el conjunto de las competencias profesionales mencionadas por el
discurso colectivo, mientras la atención, la honestidad, la autoconfianza y la
comprensión son mencionadas como las principales competencias personales. La
computadora, las bases de datos y internet son las herramientas y los recursos
tecnológicos empleados por el colectivo entrevistado. El estudio demostró que tornar al
usuario independiente en sus búsquedas es un objetivo común entre los bibliotecarios
entrevistados.
Palabras-llave: Profesional bibliotecario; Biblioteca universitaria; Representación social;
Estudiante universitario.
LIRA, E. L. Contribution of the librarian professional at formation of the university
student in the university. 2007. 125f. Dissertation (Master in Information Science) –
Education Center, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2007.
ABSTRACT
This study had as the objective to know the representation manifested social an the
speech of the librarians professionals working in university libraries about your
contribution at formation of the university student of graduation. The research held was
qualitative types, having as theoretical and methodological fundamentation the
knowledge sociology and the social constructive precepts, besides the social and
collective representation theories. The analysis technique for the speechs tabulation,
collected by interview, was the Collective Subject Speech (CSS). The research
environment was the Central Library of the UFSC, to located in University Campus
Trindade, in Florianópolis, in Santa Catarina State. The choice the is institution occorre
in consideration suitability of research. The trough of speech synthesize on CSS, mode
what the knowledge obtained in graduation form the support for work of librarian and for
that he develop your work quotidian of form more efficient, are necessary a heap of
knowledge of the languages foreigner, above all of the English. The domain of the work
what drudgery in the day by day, the knowledge aggregates at the along of the
professional life and the knowledge acquired with the continued education form the
conjoined of the professionals competences speak by the speech collective, while what
attention, honesty, self-confidence and understanding are mention how the principal
personal competences. The computing, the data-bases and the internet are the
workman’s tool and the technological recourse utilizable by the collective interview. Kept
evident still what promote the autonomy of the student by your research is a objective
common between the interview librarian.
Key-word: Librarian professional; University library; Social representation; University
student.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9
2 BIBLIOTECÁRIO UNIVERSITÁRIO ......................................................................12
2.1 Contexto na Atuação..........................................................................................12
2.1.1 A universidade e seu público.............................................................................12
2.1.2 O discente de graduação..................................................................................14
2.1.3 A biblioteca universitária....................................................................................17
2.2 Gênese e Consolidação da Especialidade Profissional.................................21
2.2.1 Consolidação sobre a história das profissões...................................................22
2.2.2 Bibliotecário: profissional da informação...........................................................25
2.3 Competências.....................................................................................................28
2.3.1 Origem e evolução do conceito de competência...............................................28
2.3.2 Competência profissional..................................................................................31
2.3.3 Competência informacional...............................................................................34
2.3.4 Competências docentes do bibliotecário...........................................................36
3 COTIDIANIDADE, CONHECIMENTO E REPRESENTAÇÃO SOCIAL: marco
teórico e metodológico ...........................................................................................42
3.1 Realidade Social.................................................................................................42
3.2 Representações Sociais e Coletivas................................................................49
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................54
4.1Tipo de Pesquisa.................................................................................................54
4.2 Caracterização do Campo.................................................................................56
4.3 Caracterização dos Bibliotecários Entrevistados...........................................58
4.4 Responsabilidade Ética.....................................................................................59
5 COLETA DOS DADOS...........................................................................................61
5.1 Coleta dos Dados...............................................................................................61
5.2 Caracterização das Entrevistas........................................................................62
5.3 Tabulação, Análise e Interpretação dos Resultados......................................65
5.4 O Discurso Do Sujeito Coletivo - DSC dos Bibliotecários Entrevistados.....67
5.4.1Interpretação do DSC.........................................................................................69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................75
REFERÊNCIAS..........................................................................................................78
ANEXOS....................................................................................................................86
ANEXO 1 – Termo de Aceite da Instituição............................................................87
ANEXO 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................88
ANEXO 3 – Questionário de Caracterização dos Entrevistados..........................89
ANEXO 4 – Roteiro para Entrevista........................................................................90
ANEXO 5 – Entrevistas............................................................................................91
ANEXO 6 – Instrumento e Tabulação dos Discursos dos Bibliotecários.........108
1 INTRODUÇÃO
Dependendo do contexto em que se encontra, a biblioteca tem diferentes
finalidades, estando cada uma de acordo com os interesses de seus patrocinadores.
Hoje, além de possibilitar acesso à informação, a biblioteca tem um papel de
grande relevância ao favorecer o desenvolvimento de potenciais, capacitando os
usuários a formularem opiniões e a tomarem decisões.
A biblioteca universitária é depositária de vasta herança cultural e importante
patrimônio científico, o que a torna um local suscetível de apoio à reflexão e à
socialização do conhecimento. Não apenas do conhecimento intrínseco à instituição à
qual a biblioteca estiver vinculada, mas de todo conhecimento capaz de ser registrado,
em qualquer formato e em qualquer lugar.
Há consenso entre aqueles que tratam sobre a biblioteca universitária, dentre os
quais Carvalho (2004); Ferreira (1980); Gomes (1983), de que essa entidade
proporciona ao cidadão meios para formulação de opiniões próprias a partir do acesso
aos documentos que contêm as informações, como também permite ao aluno depender
menos do professor e a confiar mais em si. Desse modo, a biblioteca universitária é
focada como um dos pilares do seu macro-ambiente, gestora do conhecimento nele
produzido e/ou que nele circula.
Autores como Thompsom e Carr e Saucedo Lugo (apud RAMALHO, 1992, p.50-
52) são enfáticos ao afirmarem que o caráter e a eficácia de uma universidade podem
ser medidos pela importância que ela dá à sua biblioteca. Para os autores, uma
biblioteca adequada não é apenas a base de todo o estudo e ensino, mas também a
condição essencial para a pesquisa sem a qual não se constrói conhecimento. Ainda
conforme estes autores, desde as origens da universidade a biblioteca universitária tem
sido um elemento de apoio à docência, à investigação e à extensão da cultura,
atividades fundamentais da universidade.
O interesse por este tema é reflexo de motivações de ordem pessoal e
profissional. No âmbito pessoal, minha vivência em bibliotecas universitárias tem inicio
a partir dos estágios realizados durante a graduação no Curso de Biblioteconomia na
Universidade Federal do Ceará, despertando-me interesse pela análise dos serviços
oferecidos e prestados aos discentes de graduação pelos profissionais bibliotecários
atuantes em bibliotecas universitárias, no sentido de verificar a contribuição desse
profissional para essa categoria da comunidade acadêmica.
Esse interesse ampliou-se com as experiências profissionais em bibliotecas
universitárias onde foi possível perceber o potencial da atuação do bibliotecário como
educador, visto que essa instituição é um importante órgão de sustentação, atuando
como um espaço de comunicação pedagógica, incorporando novas tecnologias ao
processo de produção e socialização do conhecimento.
Observam-se na literatura sobre bibliotecas universitárias no Brasil, textos que
apontam esta instituição como instrumento coadjuvante na formação do discente,
sobretudo em trabalhos apresentados nos Seminários Nacionais de Bibliotecas
Universitárias – SNBUs. Como exemplo podem ser citados os textos de Chacon (1998),
Bezerra e Costa (1998), que afirmam ter a biblioteca universitária procurado evoluir e
acompanhar as mudanças ocorridas no ensino e na pesquisa desenvolvida na
comunidade universitária, tanto nos aspectos sociais quanto nos aspectos técnicos,
apropriando-se das tecnologias da comunicação e da informação, procurando prestar
melhores serviços à comunidade acadêmica.
Sendo a biblioteca universitária um complemento fundamental para os três eixos
principais da universidade, a saber, o ensino, a pesquisa e a extensão, esta pesquisa
enfoca as questões relacionadas ao cotidiano do bibliotecário da biblioteca universitária
que dizem respeito à contribuição deste profissional na formação do aluno da
graduação, uma vez que este profissional está diretamente ligado ao objetivo do
usuário ao procurar a biblioteca, que é encontrar a informação. Tal preocupação
certamente acompanha o bibliotecário tanto no ato do desenvolvimento dos processos
que permitem a recuperação da informação, assim como quando ele atua no setor de
referência, ou mesmo diante da gestão da instituição, promovendo o funcionamento da
mesma.
Parte-se, assim, do entendimento de que a biblioteca universitária, ainda que
seja um órgão vital para a produção do conhecimento, produção da pesquisa e apoio à
extensão da universidade, manifesta sua singularidade quando atua como
complemento ou parte integrante e indispensável na formação do graduando. Diante
disso, cabe perguntar: como o bibliotecário desta entidade pensa que ele desenvolve
suas práticas profissionais de modo que o produto de suas atividades vá ao encontro
das necessidades acadêmicas do aluno de graduação?
Em face da problematização proposta, a pesquisa teve como principal objetivo
conhecer as representações sociais que os bibliotecários da biblioteca universitária
manifestam sobre a contribuição que oferecem na formação do discente de graduação;
e como objetivos específicos verificar quais as competências que estes profissionais
apresentam como adequadas e necessárias para a sua participação na formação do
discente da graduação e quais ferramentas ou recursos tecnológicos eles declaram que
utilizam no exercício de seu trabalho, as quais possibilitam contribuir na formação do
discente da graduação.
O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: o capítulo um é a
introdução e se caracteriza por apresentar o trabalho, destacando o tema estudado, as
motivações e os objetivos pretendidos com este estudo. O capítulo dois contextualiza o
objeto de estudo deste trabalho, assim como trata sobre a constituição histórica das
profissões e sobre as competências. O capítulo três apresenta a fundamentação teórica
norteadora deste trabalho que é a sociologia do conhecimento e do construcionismo
social, além das teorias das representações sociais e coletivas. No capítulo quatro
estão descritas as questões pertinentes aos procedimentos metodológicos, incluindo o
tipo de pesquisa; a caracterização do campo e dos participantes da pesquisa e os
procedimentos éticos adotados neste estudo. O capítulo cinco traz a coleta dos dados;
a caracterização das entrevistas; a tabulação, análise e interpretação dos resultados; a
totalidade dos discursos sobre o tema do trabalho, ou seja, o que pensa o bibliotecário
da biblioteca universitária a respeito de seu papel na formação do estudante de
graduação, assim como as respectivas interpretações desse discurso coletivo. O
capítulo seis apresenta as considerações finais. Finalmente, apresentam-se os
elementos pós-textuais, que são as referências e os apêndices (instrumentos utilizados
na pesquisa, as transcrições das entrevistas e a tabulação dos discursos das pessoas
participantes da pesquisa).
2 BIBLIOTECÁRIO UNIVERSITÁRIO
Para efeito desta pesquisa considera-se bibliotecário universitário o bibliotecário
que atua na biblioteca universitária, visto que o objetivo do estudo está diretamente
relacionado ao papel deste profissional mediante sua ação em relação aos estudantes
de graduação na universidade.
Ao se reportar ao bibliotecário universitário, Cury, Ribeiro e Oliveira, (2001),
mencionam que seu espaço de atuação é basicamente o setor de referência e o setor
de processamento técnico e que cada setor possui uma representação própria no seu
fazer profissional, mas que os dois grupos possuem a mesma importância para o
objetivo de seus trabalhos, que é possibilitar o fluxo da informação na biblioteca.
2.1 Contexto na Atuação
Nos sub-itens que seguem são apresentados três elementos principais que,
juntos, formam o foco deste estudo: a universidade e seu público, o discente de
graduação e a biblioteca universitária. Se isolados, cada um desses elementos tem vida
própria e já foram objetos de inúmeras pesquisas, mas aqui o objetivo é discorrer
brevemente sobre cada um deles de forma que se possa contextualizar a atuação do
bibliotecário na biblioteca universitária a partir da relação que este profissional mantém
com cada um desses elementos.
2.1.1 A universidade e seu público
Dodebei et al. (1998) conceitua universidade hoje como uma instituição de
ensino superior para a formação de profissionais e pesquisadores, nos diversos
campos do conhecimento, tendo como principal missão produzir conhecimento e
garantir a dinâmica da transferência da informação.
De acordo com Charle e Verger (1996), o ensino superior no Ocidente tem suas
origens nas escolas e colégios fundados pelas ordens católicas, na Idade Média, no
século XIII, sendo privilégio de poucos, sobretudo do clero.
A universidade, como é conhecida hoje, é uma criação específica do mundo
ocidental, nascida na Itália, França e Inglaterra, no século XIII. Ela sempre representou
apenas uma parte do que se pode denominar de ensino superior, visto que a “partir da
invenção da escrita muitas civilizações, antigas ou exteriores à Europa Ocidental,
criaram, sob uma forma e outra, algum tipo de ensino superior” (CHARLE; VERGER,
1996, p.7-8). Conforme os autores, as primeiras universidades ocidentais surgiram na
Europa Ocidental, no século XIII, mas não se pode atribuir a nenhuma delas data exata
de nascimento, apesar de poderem ser consideradas contemporâneas as universidades
de Bolonha, Paris e Oxford.
No Brasil, o ensino superior teve início no século XIX, com a chegada de D. João
VI à Colônia. Mas, conforme Cunha, L. A. (2001), nesse primeiro momento o ensino
superior aqui ministrado se resumia a algumas cátedras isoladas e somente a partir dos
anos de 1920 é que realmente foram fundadas as primeiras universidades brasileiras.
Atualmente, existem universidades em todos os grandes e médios centros urbanos
brasileiros e há até mesmo municípios com menos de cem mil habitantes que possuem
universidades, o que demonstra um avanço da política nacional em relação à expansão
do ensino superior em território nacional.
Desde sua criação, o público que basicamente freqüenta a universidade são os
professores e os estudantes, não apenas de graduação, mas de todos os níveis de
escolarização existentes na instituição, que, geralmente, vão do ensino fundamental,
como é o caso dos alunos dos Colégios de Aplicação, até os pós-doutorandos.
Observa-se que a partir da última década do século XX a universidade brasileira
tem sustentado um discurso de sua aproximação com a comunidade, isso representa
que ela se reconhece como uma instituição elitista, visto que alguns estudos sobre
estudantes universitários brasileiros em diferentes aspectos, como as pesquisas
realizadas por Rios (2006) e Medeiros Wellen (2005), por exemplo, ao tratarem sobre
seu perfil sócio-econômico, geralmente apontam para as classes sociais mais
abastadas. Vários são os programas desenvolvidos por universidades brasileiras como
forma de aproximação desta com a população em geral, como por exemplo pode-se
citar projetos de cursinhos pré-vestibulares oferecidos a estudantes de baixa renda
egressos do ensino médio e projetos oferecidos a idosos, como recreação e exercícios
físicos.
2.1.2 O discente de graduação
O ingresso, a permanência e o desenvolvimento em geral do estudante na
universidade é assunto extenso e já foi objeto de várias pesquisas (RIOS, 2006;
MEDEIROS WELLEN, 2005), o que não é o caso deste trabalho. Neste sub-item
pretende-se apenas apresentar o estudante universitário brasileiro de uma maneira
ampla.
A universidade não apenas abriga milhares de jovens estudantes enquanto parte
integrante do sistema educacional de um país, como também é majoritariamente
responsável pela emergência deles enquanto atores sociais que, principalmente desde
a segunda metade do século XX, passaram a ocupar um lugar de destaque nas
principais mudanças sociopolíticas das sociedades contemporâneas (NUNES; NUNES,
2003 (1)).
Considerando que o modelo de inserção do candidato a estudante de graduação
na universidade brasileira adota o exame de vestibular como forma de aferição de
conhecimentos gerais, que abrangem basicamente disciplinas do ensino médio, pode-
se caracterizar o discente de graduação na universidade como um indivíduo que vem
do ensino médio, em geral desprovido do conhecimento de uso de bibliotecas, pois é de
largo conhecimento a falta de bibliotecas nas escolas brasileiras, como aponta Silva
(1999), em estudo sobre a precaridade do sistema de bibliotecas escolares no Brasil.
Após obter vaga pelo vestibular, o novo ingressante matricula-se em um curso de
graduação, nele permanecendo em torno de cinco anos. É nesse ambiente onde vai
buscar a preparação profissional a partir das aprendizagens que venham a ser
consolidadas pelos currículos propostos, e ali se qualificará para poder pleitear e
conquistar um lugar no mercado de trabalho de uma dada profissão.
Durante o curso de graduação este sujeito interage com a universidade nos seus
diferentes segmentos, como por exemplo os laboratórios e a biblioteca universitária,
sendo nesta última, talvez, onde muitos discentes passam boa parte de sua formação,
visto que, conforme Dutra (2006), muitos estudantes vão à biblioteca da universidade
não apenas para emprestar materiais mas também para usufruir dos serviços e/ou do
espaço de estudo que ela oferece.
De acordo com Rios (2006), a vida acadêmica aproxima o estudante das
exigências da sociedade no que diz respeito à atuação profissional e cidadã, exigindo
eficácia e adaptação às novas situações, assim como a lidar com pressão e aceitação
externas. A universidade oportuniza mudança no estatuto social do discente, o que
significa ascensão social e respeito pela sociedade, mas por outro lado esse estudante
passa a ser tratado como adulto e, conseqüentemente, mais cobrado socialmente. Essa
mudança de atitude por parte da sociedade e a descoberta de um novo mundo que
exige mais independência, geram sentimentos no estudante, ao mesmo tempo, de
orgulho e medo, como também o torna inseguro mediante tomadas de decisões na
universidade, visto que agora suas decisões acarretarão numa maior carga de
responsabilidade (MEDEIROS WELLEN, 2005). Desse modo, os estudantes
compreendem que precisam desenvolver autonomia, entendida aqui como a
capacidade de tomar decisões conscientes.
Essas observações sobre a vida acadêmica do ponto de vista do estudante,
encontram reforço no pensamento de Pagotti e Rezende (2003), ao afirmarem que o
ingresso no ensino superior é um momento de ruptura com o modelo de aprendizagem
do ensino médio, condensa expectativas, ansiedades, medos, esperanças ingênuas,
visão de sucesso e fracasso, novos modelos de interação social, enfim, traz a novidade.
Sobre a expectativa do estudante universitário em relação a seu futuro
profissional, pode-se dizer que ela representa a maior fatia dos sentimentos vividos por
ele durante o desenrolar do curso superior. A expectativa é uma espécie de esperança,
é uma representação inerente ao ser humano e está vinculada a evento futuro no qual
exista a probabilidade de ocorrer algo esperado pelo sujeito. De acordo com Santos
(2004, p.14), a expectativa é “uma parte da imagem do próprio sujeito. Uma pré-
visualização de um evento futuro”. Dito de outro modo, a expectativa é uma
antecipação consciente de um acontecimento futuro.
Um curso superior é uma preparação e uma formação para que o sujeito, depois
de graduado, atue profissionalmente. Essa preparação não desperta apenas uma
projeção daquilo que vai acontecer após a graduação no que se refere à atuação
profissional, mas também a projeção para qualquer evento futuro. Portanto, o discente
de graduação tem expectativas em relação ao futuro profissional e elas influenciam nos
processos de decisão sobre o que ele deve realizar durante o curso para ser mais
competitivo no mercado de trabalho mediante o espaço que pretende conquistar após a
graduação.
Na visão de Nunes e Nunes (2003a), em artigo sobre as expectativas do
estudante universitário em relação a seu futuro profissional, as mais destacadas foram:
- a possibilidade de uma melhor intervenção na sociedade;
- o acesso a uma profissão de prestígio e bem remunerada;
- a contribuição que esperam dar no futuro ao desenvolvimento científico.
Observa-se aqui a representação de elementos próprios das classes sociais
mais abastadas, como prestígio, dinheiro e poder. Estes três fatores formam o eixo
principal que sustenta as expectativas do estudante universitário, visto que as escolhas
apontadas pelos estudantes estão diretamente associadas às suas orientações perante
a vida e às suas múltiplas dimensões de enquadramento, pois se o sujeito vem de
classe abastada, como é a maioria do caso dos estudantes universitários brasileiros, ele
precisa desses elementos para se manter na posição que ocupa na sociedade; se não,
o sujeito busca na universidade o meio de ascender socialmente, pois geralmente um
curso superior proporciona ascensão social (RIOS, 2006; MEDEIROS WELLEN, 2005).
Em se tratando do estudante universitário em território nacional, outro ponto que
merece menção é a questão da participação de grande parte dos universitários no
Movimento Estudantil – ME, que é uma das formas de politização do estudante
universitário, uma vez que é na universidade onde se concentra a maior parcela dos
jovens envolvidos com as questões políticas. O ME é o principal foco de resistência nas
universidades brasileiras, já há muito tempo participando dos momentos políticos e
culturais mais importantes do Brasil, como por exemplo, lutando contra o autoritarismo
ferrenho da ditadura militar e pela abertura democrática do País, nas décadas de 1970
e 1980.
Essa observação encontra respaldo no trabalho de Mesquita (2003) sobre o ME
brasileiro. De acordo com o autor, no século passado, sobretudo durante a ditadura
militar, o ME marcou presença definitiva no cenário político latino-americano. Em
território brasileiro, “a trajetória do ME remonta a grandes momentos da história política,
tais como debates sobre a educação e a universidade” (MESQUITA, 2003, p.118). No
cenário atual, completa ao autor, o ME continua apresentando-se como uma das
possibilidades de inserção e atuação política para uma parcela dos estudantes, pois o
ingresso na universidade possibilita ao jovem uma convivência
[...] com outros que partilham dos seus problemas, envolvendo-se na busca
comum das alternativas desejadas, criando compromissos semelhantes com a
condição que, no momento, define as suas vidas e que é a condição de jovem
(FORACCHI, 1972 apud MESQUITA, 2003, p.118).
Mediante as observações aqui apresentadas, pode-se concluir que o discente de
graduação é um sujeito que, geralmente, ingressa na universidade pleno de
expectativas, projetos e sonhos, passa por todo um processo que não se resume à
profissionalização, até mesmo porque o próprio espaço da universidade não se limita
apenas ao curso superior escolhido pelo estudante, mas supõe uma miscelânea de
espaços, e durante todo o tempo em que convive na universidade se desenvolve como
ator social capaz de exercer sua cidadania e o papel que lhe for conferido na
sociedade.
2.1.3 A biblioteca universitária
A biblioteca universitária, nascida no século XIII, na Europa Ocidental,
concomitantemente com a universidade, ao longo de sua existência, passou de local
onde simplesmente se guardavam os materiais utilizados e produzidos durante as aulas
na universidade para um lugar onde não só se disponibiliza a informação nos seus mais
diferentes formatos, como também permite-se o fluxo dessa informação através dos
mais diversos meios tecnológicos de comunicação e informação.
As transformações pelas quais a biblioteca no Ocidente tem historicamente
passado vêm servindo de cenário para discussões cujo enfoque leva a reconhecer que
ela sempre esteve atrelada ao que simboliza cultura erudita e poder na história da
humanidade.
A biblioteca universitária no Ocidente tem suas origens sedimentadas nas
bibliotecas das ordens religiosas que deram sustentação ao movimento de criação das
universidades ocidentais, o que leva a deduzir que as universidades sempre
dispuseram de bibliotecas, mesmo que rudimentares (CARVALHO, 2004). McGarry
(1999) afirma que na Idade Média as bibliotecas universitárias eram locais de acesso
restrito, com função de colecionar e preservar documentos. Sobre os acervos das
bibliotecas universitárias medievais, McGarry (1999) afirma que estes eram divididos
em duas partes: os livros mais consultados e os livros disponíveis para empréstimos.
Os primeiros estavam acorrentados, enquanto que os últimos eram guardados num
ambiente separado. Trazendo esta característica da divisão do acervo para a
atualidade, observa-se que os livros cativos de hoje correspondem aos livros
acorrentados, ou seja, às coleções de reserva.
Foi nos primórdios do Renascimento, “marco de transição do mundo medieval
para o mundo moderno” (CHARLE; VERGER, 1996, p.1), que as bibliotecas
universitárias começaram a adquirir o seu sentido moderno, ou seja, trabalhar como
serviço de apoio ao ensino e à pesquisa na universidade. Foi também na Renascença
que o livro passou de sagrado para instrumento de utilidade social, ao alcance de um
maior número de pessoas (CARVALHO, 2004).
A partir da invenção da imprensa por Gutenberg, no século XV, aumenta a
produção de documentos e, conseqüentemente, a circulação da informação. Desde a
invenção de Gutenberg até chegar aos nossos dias, a biblioteca universitária passou
por muitas fases: do documento manuscrito ao impresso; do microfilme aos bancos de
dados; do CD-ROM à Internet.
A biblioteca universitária, na opinião de Bezerra e Costa (1998), é um espaço
social, cultural e educacional, dotado de recursos materiais, humanos e técnicos,
capazes de assistir adequadamente a comunidade universitária no estudo, no ensino e
na pesquisa. Milanesi (1988) afirma que a universidade e a biblioteca refletem-se, e
uma medida da qualidade de uma instituição de ensino superior está na excelência de
sua biblioteca. Para ele, não é possível a existência de uma universidade de alto nível
com uma biblioteca que possua acervo precário, pessoal despreparado e espaço
inadequado.
As tecnologias da informação atualmente utilizadas nas bibliotecas universitárias
permitem o acesso à informação mesmo quando esta não está presente no espaço
físico da instituição à qual o usuário se dirige. Uma vez existindo e permitido o acesso,
a informação solicitada pode ser recuperada e utilizada pelo interessado. Neste
sentido, a abrangência da biblioteca universitária não se restringe somente a seu
acervo interno, mas, também, em sua capacidade de prover acesso para além das
possibilidades dos documentos de sua coleção.
Conforme Marchiori (1996), a biblioteca universitária passa a ser reconhecida por
sua capacidade de acessar, recuperar, comunicar e intercambiar informações,
independentemente da sua localização espaço-temporal e do suporte no qual a
informação estiver armazenada.
Sendo a biblioteca e a universidade agências sociais organizadas para atender
às necessidades de um grupo ou da sociedade em geral (GOMES, 1993), na
intersecção destas duas entidades, a biblioteca e a universidade, considera-se a
existência de uma unidade organizacional que reúne os predicados principais da
biblioteca e os da universidade, em suas várias concepções históricas e
posicionamentos sociais. O núcleo dessa relação transformada em conceito singular
absorve, por outro lado, problemas de identidade institucional gerados pela diferença
presente nos dois universos externos ao centro nuclear. Tais diferenças, entendidas
como dificuldades, podem ser exemplificadas pelo papel exercido pela biblioteca dentro
da universidade, uma vez que as bibliotecas universitárias não se dedicam, de maneira
exclusiva, ao ensino nem à administração da universidade, de modo que não se
encaixam nem nas funções docentes nem nas administrativas. Na verdade, elas são
um misto das duas funções, pois não só administram o patrimônio informacional da
universidade como exercem uma função educativa, ao orientar os usuários na utilização
da informação para atingir suas metas, seja com seu acervo ou com o acervo de outras
bibliotecas.
Guncho (1998), ao tratar sobre a biblioteca universitária, afirma que esta deve
estar indissociavelmente ligada ao planejamento da universidade como um todo,
destacando que a matéria básica da nova revolução tecnológica é a informação. O
resultado dessa simbiose é o fluir de imagens e mensagens entre redes que se
constituem no fio básico da estrutura social. Conforme esta autora a biblioteca
universitária deve dar suporte a todos os programas de educação da instituição a qual
pertence, inclusive aos programas de educação a distância.
Lafuente et al (1997 apud PORTILLO; PIRELA, 2005, p.13), faz a seguinte
observação sobre a contribuição da biblioteca universitária em relação ao discente:
[...] a biblioteca académica puede jugar también un papel docente, por medio
de la creación de servicios orientados a enseñar a los estudiantes e usuarios
en general a usar las fuentes de publicación electrónica y las herramientas de
acceso a la información que están y estarán disponibles en el futuro cercano.
Conforme estudos sobre a biblioteca universitária apresentados sob forma de
citações e idéias expostas neste item, observa-se que desde sua origem esta instituição
foi pensada como forma de contribuir com a melhoria do ensino e da pesquisa na
universidade.
Reportando-se às bibliotecas universitárias no Brasil ver-se-á que sua história é
muito recente, sobretudo quando se vêem questões de organização e vínculo
institucional. Segundo Ramalho (1992), a primeira universidade brasileira a criar
biblioteca central foi a universidade de São Paulo, em 1947. Esta entidade é pioneira,
também, na criação do catálogo coletivo de livros e periódicos. Apesar da
independência técnica e administrativa das unidades, a biblioteca central e o catálogo
coletivo da USP apontam para o que mais tarde ficou conhecido como Serviços
Bibliotecários Cooperativos.
Ramalho (1992) menciona que a Universidade do Recife é a primeira
universidade brasileira a instituir a centralização de serviços de aquisição e de
processamento técnico, ao criar, em 1953, o Serviço Central de Biblioteca; seguida pela
criação do Serviço Central de Informações Bibliográficas, da Universidade da Bahia e
pela criação da Biblioteca Central da Universidade de Brasília, na década de 1960.
Como se pode observar a tendência de agregação e centralização tanto dos
serviços bibliotecários como das bibliotecas no todo, começa a se institucionalizar nas
bibliotecas universitárias brasileiras por todo o País a partir da segunda metade da
década de 1950.
Lemos e Macedo (1974) afirmam que em 1963 o Conselho Federal de Educação
recomenda a existência de biblioteca como um dos requisitos para reconhecimento de
cursos superiores, o que alavanca a criação de bibliotecas universitárias no Brasil.
Miranda (1980) acredita que a Reforma Universitária de 1968 reforça o modelo
de biblioteca central que se espalha pelo País. Conforme este autor, a idéia básica
deste modelo está em eliminar a duplicidade de meios para fins idênticos e racionalizar
a organização da biblioteca com plena utilização de recursos materiais e humanos.
Ramalho (1992) compartilha este pensamento com Miranda ao afirmar que a Reforma
Universitária de 1968 trouxe avanços para as bibliotecas universitárias e que a partir
dela houve crescimento nos investimentos no setor das bibliotecas universitárias
brasileiras, melhorando as condições de funcionamento e proporcionando melhoria na
aquisição de equipamentos, acervos como também na oferta de serviços.
A partir da década de 1970, as discussões sobre a situação das bibliotecas
universitárias começaram a tomar consistência (GARCIA, 1991; FERREIRA, 1980).
Estas discussões deram origem aos eventos e entidades que representam as
bibliotecas universitárias, tais como os Encontros, Seminários e Comissão Brasileira de
Bibliotecas Universitárias/CBBU, da Federação Brasileira de Associações de
Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições/FEBAB.
Dois fatos que merecem destaque são o Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias/SNBU e o Programa Nacional de Bibliotecas Universitárias/PNBU. O
SNBU firmou-se como fórum para discussões de problemas enfrentados pelas
bibliotecas universitárias brasileiras e fortaleceu a colaboração entre essas entidades,
como o desenvolvimento de estudos e projetos relacionados à biblioteca universitária,
enquanto que o PNBU surgiu como decorrência do modelo centralizador adotado para
a universidade brasileira e para suas bibliotecas, o que determinou mudanças e
transformações em ambas, a partir de sua criação, em 1986.
De um modo geral, a maioria das bibliotecas universitárias brasileiras tem uma
história peculiar: foram formadas a partir de bibliotecas de faculdades isoladas. Neste
sentido, observa-se que a biblioteca universitária brasileira, pensada como um dos
espaços facilitadores da aprendizagem deve ser um espaço de múltipla comunicação,
disponibilizando itens informacionais dentro de padrões que possibilitem a geração de
novos conhecimentos na universidade, pela atuação de seus profissionais.
2.2 Gênese e Consolidação da Especialidade Profissional
A seguir apresenta-se a gênese e a consolidação das profissões, sob o ponto de
vista de estudiosos do assunto como De Masi e Freidson, por exemplo. Essa breve
discussão visa dar suporte à compreensão do que veio a se constituir como a profissão
de bibliotecário e suas especificidades, no caso, a do bibliotecário universitário.
2.2.1 Breve história das profissões: algumas considerações
De acordo com De Masi (2000), as profissões, como são conhecidas hoje, têm
suas origens num processo histórico e social relacionado ao trabalho. As formas
primitivas de organização social originaram-se nas sociedades agrárias, onde o
trabalho era realizado basicamente por escravos, agricultores e artesãos. Na sociedade
pré-industrial, surge o burguês, pessoa que adquiria recursos financeiros a partir das
práticas comerciais.
Durante a sociedade industrial, que se caracterizou pela fábrica de grandes
dimensões, pelo ritmo incutido à natureza do trabalho e pelas lutas operárias,
expressões de um conflito de classe padronizado, é que, alavancado pela necessidade
de mão de obra para as indústrias, surge o contrato de trabalho. Este se baseia na
venda de um serviço e denomina quem vende e quem compra o serviço de empregado
e patrão, respectivamente (DE MASI, 2000).
Para Bell (1973) é na sociedade pós-industrial, caracterizada pelo predomínio
dos trabalhadores do setor terciário (serviços em geral), em que o setor de serviços
responde pela maior parte da economia, que o profissionalismo surge com mais força.
De Masi (2000) observa que a passagem de uma sociedade para outra, ou seja,
da sociedade agrária à pré-industrial, industrial e pós-industrial, representa formas de
liberação da necessidade de esforço humano o que revolucionou os processos de
produção de bens e serviços e, conseqüentemente, aperfeiçoou os modos de
produção. Aued (1999) considera que há uma metamorfose do profissional, percebida
quando uma dada ocupação é exercida até que se instalam novas necessidades
sociais.
Ao tratar das profissões, Freidson (1998) destaca que independentemente do
conceito, as profissões representam um tipo distinto de ocupação com importância
especial para o funcionamento efetivo e humanitário da sociedade. Para ele, “as
profissões constituem um segmento da força de trabalho que singulariza um grupo de
trabalhadores que possui conhecimento especial e competência especial” (FREIDSON,
1998, p.152).
Segundo Cunha (2000), foi Flexner quem definiu o termo profissão, em 1915,
como o conhecemos hoje. Para Flexner, afirma Cunha,
Uma profissão fundamenta-se numa atividade intelectual, requer de seus
membros a possessão de um conhecimento, tem objetivos bem definidos,
possui técnicas que podem ser comunicadas a uma organização própria,
motivada pelo desejo de trabalhar pelo bem comum (CUNHA, 2000, p.2).
Freidson (1998, p.154) afirma que as profissões conquistaram o poder
organizado de controlar elas próprias os termos, as condições e o conteúdo de seu
trabalho nos locais onde realizam e que entre as características das profissões está a
de ter “a orientação para um serviço ético para outros” (Freidson, 1998, p.162). Good
(1960 apud FREIDSON, 1998, p.162), definiu profissões como “a orientação para servir
ao bem comum.”
Freidson (1998) associa às profissões elementos como expertise, termo que
utiliza para denominar um corpo de conhecimento e competência especializada; formas
de credencialismo, escolas ou jurisdição tais como associações e conselhos de classe;
e a autonomia, que considera como a organização da profissão e a posição que esta
ocupa na sociedade, características básicas que um campo ou uma ocupação
necessita para ser classificada como profissão. Conforme este autor, tais elementos
mostram que para ser um profissional o indivíduo terá de cumprir etapas, ou seja, pela
formação, obter credenciais e passar a pertencer a um grupo específico.
Segundo Ortega y Gasset (1967, apud ALMEIDA JUNIOR, 2004, p.82), “uma
profissão é fruto da vontade e do interesse da sociedade. É a sociedade quem
determina quando uma profissão não se faz mais necessária. Assim, uma profissão é
determinada, mantida e aceita por uma sociedade”.
Com base na afirmação acima, observa-se que há uma dialética entre a
sociedade e as profissões, visto que uma profissão só tem razão de existir se houver
necessidade/demanda de suas funções pela sociedade. Nesta dialética em que se
encontram as profissões e a sociedade, observa-se que tanto as profissões quanto a
sociedade vão moldando o modo de vida das pessoas, como também as funções
executadas pelas profissões
e pelos profissionais e o significado social dado como
identidade à sua própria denominação, conforme expresso por Souza, F. (2004). Para o
autor supracitado, depende dos membros da profissão a reafirmação constante da
identidade profissional, pois, são estes os responsáveis em manter a chama das
profissões acesa a partir das realizações, a cada momento, pelas profissões.
Uma vez possuidora de um “corpo de conhecimento”, que é a característica
básica de todas as profissões (FREIDSON, 1998; MUELLER, 2004), uma das
prerrogativas das profissões é a autonomia sobre o exercício do trabalho. Para Diniz
(2001, p.40):
Autonomia é a prerrogativa que gozam os membros de uma profissão de
proceder, sem qualquer interferência externa, ao diagnóstico dos problemas no
âmbito de sua exclusiva competência técnica, de indicar os procedimentos
adequados à solução dos problemas detectados de se colocarem fora do
alcance de eventuais avaliações leigas de seu desempenho profissional.
Esta mesma autora afirma que, no nível coletivo, a autonomia se expressa na
capacidade das organizações profissionais de estabelecer, sem interferência externa,
critérios de admissão à comunidade profissional, normas de conduta e procedimentos
profissionalmente corretos, assim como o controle sobre o conteúdo do treinamento
profissional. Para Cunha (2000, p.2), autonomia significa “o direito que os profissionais
têm de organizar-se e regulamentar suas atividades”.
Segundo Freidson (1998, p.162-163), “a organização social das profissões
constitui circunstâncias que estimulam o desenvolvimento de diversos tipos de
compromissos em seus membros.” Este autor aponta três pontos principais para
explicar sua tese. No primeiro ponto, Freidson (1998) afirma que ao oferecer a
expectativa de uma carreira relativamente segura e vitalícia, espera dos profissionais
membros de uma organização profissional o compromisso e a identificação com a
mesma e com o futuro desta, garantindo assim a permanência do status quo da
ocupação, tanto em nível econômico quanto em nível social. O mesmo não ocorre no
trabalho assalariado prototípico, explica Freidson, pois o compromisso dos
trabalhadores dessa natureza é apenas consigo mesmos, que significa obter o maior
salário possível no plano individual.
O segundo ponto levantado por Freidson (1998) trata do controle das
características de recrutamento, treinamento e empregabilidade dos membros de uma
organização profissional. Ao se organizarem em sociedade, os profissionais terão
“muito mais experiências ocupacionais comuns no treinamento, na carreira e no
trabalho [...]”, o que não ocorre com os trabalhadores fabris. Estes “são recrutados,
treinados e empregados de um modo mais heterogêneo ao longo de sua vida produtiva”
(FREIDSON, 1998. p.163).
O terceiro ponto mencionado por Freidson (1998) afirma que a organização
social das profissões estimula o compromisso com o trabalho, ou seja, pelo fato de
estar amparada juridicamente, a profissão estável permite um conjunto de tarefas
específicas durante toda a vida, o que estimula o trabalhador qualificado ao
compromisso com o trabalho que realiza. Enquanto que os trabalhadores assalariados
prototípicos, além de não terem garantia das tarefas no seu trabalho, ao mudar de
emprego geralmente mudam de tarefas, como também, realizam tarefas que eles criam
e controlam ao mesmo tempo.
No atual cenário econômico, o profissional é um especialista em tempo integral,
tem no trabalho sua fonte de renda e sustento, bem como de realização profissional,
afirma Freidson (1998). Aqui remete-se ao profissional da informação bibliotecário.
A seguir tratar-se-á da profissão de bibliotecário.
2.2.2 Bibliotecário: profissional da informação
Conforme McGarry (1999), as práticas bibliotecárias existem há quase tanto
tempo quanto as bibliotecas, ou mesmo antes delas, quando ainda não se tinha a idéia
formada de um lugar próprio para reunir documentos. De acordo com Harris (1995), o
bibliotecário, ou keeper of the books
1
, surgiu na Antiguidade. Para ingressar na carreira
de bibliotecário o candidato ao cargo precisava de uma boa preparação pessoal. Antes
de tudo, informa Harris (1995), ele deveria se graduar na escola para escribas e, depois
de graduado, o mesmo deveria se aperfeiçoar na literatura ou no tipo de acervo que iria
guardar. Em seguida, serviria como aprendiz por determinado tempo, onde também
estudaria diversas línguas e aprenderia o ofício de bibliotecário. Só depois de cumprir
todos os estágios acima citados, o bibliotecário estaria pronto para servir nos altos
cargos de oficial do governo ou nos templos religiosos.
Na Biblioteca de Alexandria o bibliotecário reunia funções de gestor e de
educador, além de ser um intelectual. De acordo com Blair (2000), além de presidir ao
funcionamento e à organização da instituição, o bibliotecário alexandrino
desempenhava também a função de preceptor dos filhos do casal real. Flower (2002)
informa que Zenódoto de Éfeso, o primeiro bibliotecário da Biblioteca de Alexandria,
obteve o cargo pelo fato de ser um especialista em Homero, pois, tanto Ptolomeu I
quanto seu sucessor, Ptolomeu II, reverenciavam o mestre poeta grego a ponto de
qualquer pessoa que, mesmo remotamente, envolvida com suas obras, obtivesse seus
favores.
A dimensão e a importância que as bibliotecas foram tomando na sociedade
levou ao desenvolvimento de um corpo de conhecimento próprio, capaz de determinar
1
Guarda-livros. (HARRIS, 1995).
uma profissão com técnicas específicas para serem desenvolvidas na biblioteca,
denominado de Biblioteconomia. Conforme Le Coadic (1996), a biblioteconomia é a arte
de organizar bibliotecas.
O termo “profissionais da informação” é utilizado por autores como Souza, F.
(2002); Robredo (2003); Muelle
r (2004), para caracterizar os bibliotecários, arquivistas,
museólogos e os cientistas da informação. De acordo com Souza, F. (2002, p.13),
“informação é o fluir permanente do conhecimento. Assim, profissões da informação
são aquelas que têm como missão social organizar, coordenar e explicar esse
movimento, isto é, esse fluir”.
Souza, F. (2002) considera como profissões da informação a biblioteconomia, a
arquivologia, a museologia e a ciência da informação, visto que as três primeiras,
através de técnicas específicas, organizam o fluir da informação, e a última, ou seja, a
ciência da informação “[...] se define como profissão do pesquisador da informação e se
realiza na construção das teorias que suportam e dão vitalidade às três primeiras [...]”
(SOUZA, F., 2002, p.15). No entanto, Ponjuán Dante (2000) considera engenheiros da
computação, analistas de sistema, gestores da informação, comunicólogos,
administradores e outros, profissionais da informação. Para esta autora todos os
profissionais que trabalham com a informação são profissionais da informação:
São profissionais da informação todos aqueles que estão vinculados profissional
e intensivamente a qualquer etapa do ciclo da vida da informação e que são
capazes de manipular com eficiência e eficácia tudo que estiver relacionado à
informação nas organizações e em unidades de informação (PONJÚAN
DANTE, 2000, p.93).
Robredo (2003) afirma que o arquivista, o bibliotecário e o museólogo são
considerados profissionais da informação por terem a informação armazenada nos
arquivos, bibliotecas e museus, respectivamente como seu objeto de trabalho.
Mueller (2004) afirma que embora não haja consenso sobre todas as profissões
que poderiam ser incluídas na designação “profissionais da informação”, é possível
dizer que, no Brasil, bibliotecários, arquivistas, mestres e doutores em ciência da
informação formam o núcleo desse grupo, tendo a biblioteconomia como a mais antiga
e mais organizada dos três segmentos.
O reconhecimento da biblioteconomia como profissão de nível superior no Brasil
data do ano de 1962 (MUELLER, 2004; SOUZA, F., 2004). Para Mueller (2004), a
trajetória dessa profissão no Brasil cumpriu todos as fases apontadas por Abbott
(1988), ou seja, trabalho voluntário, reconhecimento legal, cursos superiores, edição de
periódicos, associações de classe, construção do corpo de conhecimento específico,
auto-regulação e certificação.
Souza, F. (2003) define o bibliotecário como uma pessoa preparada intelectual e
tecnicamente para viabilizar a dinamização de coleções de documentos, sejam elas
impressas ou eletrônicas, aptas ao atendimento de quaisquer públicos, em quaisquer
níveis, definidos ou constituídos conforme local de atuação da instituição detentora dos
acervos documentais ou centros de transmissão de dados.
Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (BRASIL, 2002), do Ministério
do Trabalho e do Emprego, profissionais da informação são aqueles profissionais que
disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como bibliotecas,
centros de documentação, centros de informação e correlatos, além de redes e
sistemas de informação; tratam tecnicamente e desenvolvem recursos informacionais;
disseminam informação com o objetivo de facilitar o acesso e geração do
conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão cultural;
desenvolvem ações educativas.
Observa-se que as opiniões a respeito de quais atores devem ser considerados
profissionais da informação variam de acordo com os interesses de cada profissão que
se designa como profissão dessa natureza. Além disso as transformações científicas,
tecnológicas e econômicas na sociedade atual formam um ambiente de disputa pelo
mercado do trabalho com a informação, o que leva cada vez mais profissionais a
reivindicarem a denominação de profissional da informação. De todo modo, está em
seu âmbito de atuação a realização de atividades educativas próprias ao seu fazer e ao
ambiente bibliotecário em que atuam.
2.3 Competências
Apresenta-se a seguir algumas reflexões teóricas sobre competência em três
perspectivas: competência profissional, competência informacional e competências
docentes do bibliotecário.
2.3.1 Origem evolução do conceito de competência
Vários autores, em diferentes áreas, têm procurado oferecer uma conceituação
sobre a noção de competência e suas origens. Numa visão histórica, Brandão (1999)
afirma que o significado da palavra competência remonta ao fim da Idade Média,
quando o termo “competência” pertencia essencialmente à linguagem jurídica e dizia
respeito à faculdade atribuída a alguém ou a uma instituição para apreciar e julgar
certas questões. Por extensão, o termo veio a designar o reconhecimento social sobre
a capacidade de alguém se pronunciar a respeito de um assunto específico.
A literatura consultada define competência conforme a área em questão.
Genericamente, o termo competência pode se referir à capacidade para tomar decisões
adequadas em âmbito definido, ou seja, aplicar seus conhecimentos para resolução de
problemas. (HARLEN, 1989; MAMEDE; PENAFORTE, 2001). Zarifian (2001)
caracteriza competência como “conceito multidimensional, onde os principais atributos
são: iniciativa, responsabilidade, inteligência prática; conhecimentos adquiridos,
transformações, diversidade; mobilização dos atores, compartilhamento” (ZARIFIAN,
2001, p.115). Este mesmo autor define a competência ainda como a colocação de
recursos em uma situação prática.
Para Magalhães et al. (1997), competência diz respeito ao conjunto de
conhecimentos, habilidades e experiências que credencia um indivíduo a exercer
determinada função. Tal pensamento aproxima-se do que Bloom, Krathwohl e Masia
(1979) denominaram de “capacidade”, ou seja, a combinação de conhecimentos e
habilidades, ou destrezas, com vista ao alcance de determinado propósito. Observa-se
que ambos os autores parecem restringir o conceito de competências às questões
técnicas relacionadas ao trabalho e à especificação do cargo. Segundo Sveiby (1998,
p.42), a competência de um indivíduo consiste em cinco elementos mutuamente
dependentes:
- Conhecimento explícito: envolve conhecimento dos fatos e é adquirido
principalmente pela informação, quase sempre pela educação formal;
- Habilidade: é a arte de “saber fazer”. Esta arte envolve uma proficiência prática –
física e mental – e é adquirida, sobretudo, por treinamento e prática. Inclui o
conhecimento de regras de procedimento e habilidades de comunicação;
- Experiência: é adquirida principalmente pela reflexão sobre erros e sucessos
passados;
- Julgamentos de valor: são percepções do que o indivíduo acredita estar certo.
Elas agem como filtros conscientes e inconscientes para o processo de saber de
cada indivíduo;
- Rede Social: é formada pelas relações do indivíduo com outros seres humanos
dentro de um ambiente e uma cultura transmitidos pela tradição.
Assim, pode-se inferir que Sveiby (1998) usa o termo competência como
sinônimo tanto de saber quanto de conhecimento pessoal, ao afirmar que ela é
desenvolvida pelo indivíduo ao longo de sua vida, por meio do treinamento, da prática,
dos erros, da reflexão e da repetição.
Perrenoud (2000) reconhece que a noção de competência tem múltiplos sentidos
e afirma que esta exige que se coloque em ação um repertório de recursos como, por
exemplo: conhecimentos, capacidades cognitivas e capacidades relacionais. Este
mesmo autor conceitua a competência como sendo “a capacidade de agir eficazmente
em um tipo de situação, capacidade que se apóia em conhecimentos, mas não se
reduz a eles” (PERRENOUD, 2000, p.7). Para Perrenoud (2000), a competência implica
na evocação de três elementos complementares:
- os tipos de situações das quais se tem um certo domínio;
- os recursos que mobiliza; os conhecimentos teóricos ou metodológicos as
atitudes, o savoir-faire
2
e as competências mais específicas; os esquemas
motores; os esquemas de percepção, de avaliação, de antecipação e de
decisão.
2
Saber-fazer (PERRENOUD, 2000).
- a natureza dos esquemas de pensamento que permitem a solicitação, a
mobilização e a orquestração dos recursos pertinentes em situação complexa
em tempo real (PERRENOUD, 2000, p.15-16).
Decorrente dessa concepção de competência apontada por Perrenoud, pode-se
dizer que as competências compreendem a utilização, integração e mobilização de
conhecimentos para enfrentar um conjunto de situações complexas, além de uma
atualização de saberes.
Numa perspectiva educacional sobre competência, Perrenoud (2000) aponta a
prática reflexiva, a profissionalização, o trabalho em equipe e por projetos, a autonomia
e a responsabilidades crescentes como competências essenciais no atual contexto
social na formação do indivíduo, objetivando que o mesmo se torne competitivo no
mercado de trabalho. Sob esta mesma perspectiva, Zarifian (2003), enfatiza a
vinculação entre trabalho e educação, na qual considera as competências como
resultado da educação sistemática e destaca o aspecto fundamental de como as
escolas enriquecem o repertório de habilidades do indivíduo. Este autor propõe uma
definição centrada essencialmente na mudança de atitude social do homem em relação
ao trabalho e à organização, e considera a competência como a tomada de iniciativa e
responsabilidade do trabalhador diante de situações profissionais.
Com base nos diversos conceitos e diferentes pontos de vista mencionados
neste item, pode-se concluir que o termo competência, desde que surgiu na Idade
Média, atravessou os séculos que se seguiram até os nossos dias e hoje possui vários
significados, estando cada um deles de acordo com a perspectiva e os interesses da
área e das teorias que o abordam.
2.3.2 Competência profissional
Há uma dialética permanente no mundo do trabalho que determina que as
profissões surjam, desapareçam e se transformem, sempre acompanhando as
necessidades de suas contribuições para a sociedade (FREIDSON, 1998). Neste
contexto, pode-se dizer que a competência profissional também acompanha a evolução
do mundo do trabalho e sofre mutações de acordo com as necessidades da sociedade,
visto que, conforme Berger e Luckmann (1973), a evolução da sociedade perpassa a
busca de novas alternativas sempre que o que se tem não responde mais às
necessidades dos indivíduos.
Numa perspectiva da competência relacionada ao mundo do trabalho, Zarifian
(2001, p.68) considera três aspectos que alimentam a definição de competência
profissional: a tomada de iniciativa e de responsabilidade do indivíduo; a inteligência
prática das situações; e a faculdade de mobilizar outros indivíduos em torno das
mesmas situações, assim como suscitar nos mesmos não apenas co-responsabilidade,
como a partilha do que estiver em jogo. Este autor aponta quatro grandes momentos
que se destacam na história da competência profissional. O primeiro momento do
modelo da competência profissional apontado por Zarifian (2003), está no início dos
anos da década de 1970, juntamente com o tema da autonomia individual, e se
concretiza durante a negociação do novo acordo de classificação da metalurgia,
concluído no final do ano de 1974, na França. O segundo momento do modelo da
competência destacado por Zarifian (2003), está na estratégia usada pelos franceses
no momento da retomada econômica, por volta de 1984 -1985, quando é enorme o
desafio de sair do marasmo da crise econômica dos anos da década de 1970 e erguer-
se ao nível dos novos desafios produtivos e concorrenciais. O terceiro e quarto
momentos do modelo da competência abordado por Zarifian (2003), estão na primeira e
segunda metade dos anos 1990, respectivamente. Conforme este autor, a primeira
metade dos anos 90 do século XX, chamada pelos economistas franceses de Período
de Racionalização, visto uma conjuntura econômica pouco favorável, é um período em
que a temática da competência profissional progride pouco, encerrando-se nos
dispositivos burocráticos de gestão prévia. No final dos anos da década de 1990 a
temática da competência profissional surge novamente, doravante em um novo modelo,
serve como referência no nível social, onde o Medef
3
é sensível aos novos dados da
concorrência internacional.
3
Movimento de Empresas da França (associação patronal) (ZARIFIAN, 2001).
Zarifian (2001) acredita que a competência é a capacidade de utilização dos
recursos disponíveis pelo indivíduo em uma situação prática, sendo, portanto, a
iniciativa sob a condição de autonomia, que supõe uma mobilização de dois tipos de
recursos: os pessoais e internos, que são adquiridos, solicitados e desenvolvidos pelas
pessoas em dada situação; e os coletivos, que são trazidos e colocados pelas pessoas
à disposição das organizações. Estes dois tipos de recursos mobilizados pelo indivíduo
apontados por Zarifian também são mencionados por Sandberg (2000). Conforme este
autor, desde a época de Taylor busca-se identificar e descrever os conhecimentos e
habilidades humanas essenciais para o trabalho, levando em consideração princípios
racionalistas de orientação no trabalhador e no trabalho. O foco no trabalhador percebe
a competência como um conjunto formado pelo conhecimento, habilidades e atitudes,
além de características pessoais necessárias para uma performance eficaz no trabalho.
A perspectiva de orientação no trabalho traz a idéia de um levantamento de atributos
pessoais necessários para desenvolver determinada atividade. No plano coletivo,
Zarifian (2001) afirma que em cada grupo de trabalho se manifesta uma competência
coletiva que é maior que a soma das competências individuais de seus membros, visto
existir um efeito provocado pela sinergia entre as competências individuais de seus
componentes. Durand (2000) também chama atenção para esse aspecto, ao comentar
que crenças e valores compartilhados no âmbito do grupo influenciam sobremaneira a
conduta e o desempenho de seus integrantes.
Zarifian (2001) considera, ainda, a competência como sendo a faculdade de
mobilizar redes humanas em volta das mesmas situações, de compartilhar desafios, de
assumir áreas de responsabilidades. Destaca um elenco de fatores que fazem parte
desse processo: iniciativa, responsabilidade, inteligência prática, conhecimentos
adquiridos, transformação, diversidade, mobilização dos atores e compartilhamento.
Este autor menciona, ainda, que assim como o conhecimento existe apenas no ser
humano e pode ser mobilizado somente pelas pessoas, da mesma forma isso ocorre
com a competência. Além disso, faz outras considerações importantes sobre a
competência e o mundo do trabalho, destacando-se, em especial, que “transmitir uma
informação não é um ato simples e anódino; supõe dar atenção às condições que
devem ser reunidas e necessita, então, de uma verdadeira competência” (ZARIFIAN,
2003, p.120), importando, nas situações profissionais, a informação pertinente sobre o
que alguém solicita tendo em vista uma ação decorrente, permitindo às pessoas
situarem-se no ambiente e agir.
Conforme Zarifian (2001, p.66), o Medef, na ocasião das Jornadas Internacionais
de Deauville, em outubro de 1998, deu a seguinte definição de competência
profissional:
Combinação de conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e
comportamentos que se exerce em um contexto preciso. Ela é constatada de
sua utilização em situação profissional, a partir da qual é passível de validação.
Compete, então, à empresa identificá-la, avaliá-la, validá-la e fazê-la evoluir.
Outros autores também fazem uma relação entre o conceito de competência e o
mundo do trabalho, procurando defini-la como sendo um conjunto de conhecimentos,
habilidades e atitudes correlacionadas e que afetam parte considerável das atividades
desenvolvidas pelas pessoas, relacionando-as ao desempenho, podendo ser medidas
segundo padrões e melhorada mediante ações de treinamento e desenvolvimento, a
fim de servir aos propósitos das organizações (FLEURY; FLEURY, 2001; MIRANDA, S.
V., 2004). Há, ainda, autores que definem competência não apenas como um conjunto
de qualificações que o indivíduo detém, mas também como o resultado ou efeito da
aplicação dessas qualificações no trabalho. Nesse caso, o resultado alcançado, ou o
desempenho do indivíduo no trabalho, representa, em última instância, a sua própria
competência profissional ou uma medida desta, ou seja, a competência profissional do
indivíduo não pode ser dissociada da ação. Para Le Boterf (2003), cada ação
componente é produto de uma combinação de recursos, e é no saber mobilizar e
aplicar estes recursos que reside a riqueza do profissional, ou seja, sua competência.
Por sua vez, Dutra; Hipólito e Silva (1998) tratam a competência como a capacidade
que o indivíduo possui de gerar resultados de acordo com os objetivos organizacionais,
e que se traduz tanto pelo resultado ou desempenho esperado quanto pelo conjunto de
qualificações necessárias para seu alcance. Prahalad e Hamel (1990) tratam sobre a
competência no contexto organizacional, referindo-se à competência como um conjunto
de conhecimentos, habilidades, tecnologias e valores que geram um diferencial
competitivo para a organização. Para estes autores, competências essenciais nas
organizações são aquelas que conferem vantagem competitiva e geram valor distintivo
capaz de elevar a organização. Neste mesmo raciocínio, Green (2000) refere-se às
competências organizacionais como os atributos de uma organização que a torna eficaz
e define competências organizacional como o saber que a empresa acumula e que lhe
confere certo nível de competitividade atual e futuro.
Ropé e Tanguy (1997) chamam a atenção para o caráter dinâmico das
competências profissionais. Enquanto o domínio de uma profissão, uma vez adquirido
pelos meios legais de credenciamento como a universidade e as escolas específicas,
conselhos, etc., não pode ser questionado (FREIDSON, 1998), Ropé e Tanguy (1997)
afirmam que as competências são tidas como propriedades específicas valorizadas em
uma atividade, mas instáveis e provisórias. Além de relacionadas a contextos
organizacionais singulares, as competências submetem o trabalhador a um processo
permanente de validação, que exige dele a constante comprovação de sua adequação
ao posto de trabalho. Este pensamento em relação à instabilidade das competências
profissionais é compartilhado por Fleury e Fleury (2001) ao comentarem que os
conhecimentos e habilidades inerentes a um indivíduo possuem valor transitório, uma
vez que as tecnologias organizacionais são dinâmicas e impõem novas necessidades
de qualificação a cada dia. Uma competência tida hoje como essencial em um contexto
organizacional específico pode, amanhã, tornar-se obsoleta em razão da introdução de
inovações tecnológicas no ambiente de trabalho ou mesmo de uma reorientação
estratégica da organização.
2.3.3 Competência informacional
Traduzido de Information literacy, o termo competência informacional foi cunhado
pelo bibliotecário Paul Zurkowski, nos Estados Unidos da América, na década dos anos
de 1970, para designar habilidades ligadas ao uso da informação eletrônica
(CAMPELLO, 2003). Genericamente definida como o domínio do universo informacional
e seus processos, mais especificamente a competência informacional pode ser definida
como o processo de interiorização de valores, conhecimentos e habilidades ligadas ao
universo informacional (DUDZIAK, 2005). Miranda (2004) define a competência
informacional como um tipo de competência específica: a competência para se lidar
com a informação. Para ele competência informacional é o conjunto das competências
profissionais, organizacionais e competências-chave que possam estar ligadas ao perfil
do bibliotecário ou de uma outra atividade baseada intensivamente em informação.
Pode ser expressa pela expertise em lidar com o ciclo informacional, com as
tecnologias da informação e com os contextos informacionais. A American Association
Of School Librarians/Association for Educational Communications and Technology
afirma que “a competência informacional prepara o indivíduo para tirar vantagem das
oportunidades inerentes à sociedade da informação globalizada”, (AASL, 2001). Neste
mesmo contexto, a American Library Association defende que:
Para ser competente em informação uma pessoa deve ser capaz de
reconhecer quando uma informação é necessária e ter a habilidade de
localizar, avaliar, e usar efetivamente a informação... Resumindo, as pessoas
competentes em informação são aquelas que aprenderam a aprender. Elas
sabem como aprender, pois sabem como o conhecimento é organizado, como
encontrar a informação e como usar a informação de modo que outras pessoas
possam aprender a partir delas (ALA, 1989).
4
A partir da definição da American Library Association (1989), fica evidente que a
expressão competência informacional refere-se fundamentalmente ao domínio do
universo informacional e sua dinâmica. Campello (2003) afirma que a expressão
competência informacional nos países avançados é de domínio dos bibliotecários. A
autora explica que embora empregado inicialmente em perspectiva gerencial ou de
negócios, o termo capturou a imaginação daqueles profissionais, principalmente dos
norte-americanos, que o têm usado como bandeira para levar avante o desejo de
aumentar o prestígio da classe, o que seria conseguido com a ampliação da função
pedagógica da biblioteca (CAMPELLO, 2003). Este pensamento é compartilhado por
Dudziak (2005) ao mencionar que a competência informacional traz consigo o gérmen
4
To be information literate a person must be able to recognize when information is needed and have the
ability to locate, evaluate and use effectively the information… Ultimately, information literate persons are
those who learned how to learn. They know how to learn, because know how the knowledge is organized,
how to find information and how to use information in such a way that others can learn from them
(American Library Association, 1989).
de uma revolução para o trabalho bibliotecário, principalmente no âmbito das
bibliotecas universitárias. Esta mesma autora completa seu argumento afirmando que,
inegavelmente a competência informacional surgiu no âmbito da Biblioteconomia ligada
aos processos de investigação, ao pensamento crítico e ao aprendizado independente
e permeia qualquer processo de criação, resolução de problemas e/ou tomada de
decisão. Assim, envolve toda a atuação da biblioteca e dos bibliotecários, levando-os a
assumir uma postura mais presente e ativa na comunidade acadêmica.
Alguns autores relacionam a competência em informação aos processos de
busca da informação para a construção de conhecimento envolvendo uso, interpretação
e busca de significados, dentro da perspectiva da sociedade do conhecimento
(BREIVIK, 1985; KUHLTHAU, 1991; EISENBERG, 1998). Conforme estes autores, o
foco está no indivíduo, em seus processos de compreensão da informação e seu uso
em situações particulares. Neste contexto, a biblioteca é concebida como espaço de
aprendizagem e o bibliotecário aparece ora como gestor do conhecimento, ora como
mediador nos processos de busca da informação. O paradigma educacional que dá
suporte a esse modelo de competência informacional é o alternativo, que privilegia o
processo de ensino/aprendizagem, tendo o foco no indivíduo. Há ainda autores que
ligam a competência informacional ao aprendizado, considerando que a mesma deveria
englobar, além de uma série de habilidades e conhecimentos, a noção de valores
ligados à dimensão social e situacional (GARFIELD, 2001; RAFFERTY, 1999). A partir
dos enunciados pode-se dizer que, mais que a preocupação tecnológica ou a mudança
nos processos cognitivos, a competência informacional presume a incorporação de um
estado permanente de mudança, a própria essência do aprendizado como fenômeno
social. Neste cenário, a biblioteca universitária aparece como espaço de expressão do
sujeito e o bibliotecário como agente educacional, ativamente envolvido com a
comunidade acadêmica. Mais que mediador, o trabalho do bibliotecário como agente
educacional está direcionado à mediação do aprendizado.
2.3.4 Competências docentes do bibliotecário
Neste item são apresentados alguns pontos de vista sobre a ação pedagógica do
bibliotecário atuante na biblioteca universitária, assim como as competências docentes
desse profissional no seu cotidiano e na sua interação com o estudante universitário,
considerando um cenário de intensificação dos processos de educação.
Para Délors et al. (2001), é tarefa da educação não apenas promover a
disseminação da informação, mas tornar o sujeito capaz de compreendê-la e fazer uso
da informação para desempenhar democraticamente seu papel na sociedade. Este
autor defende que “cabe à educação a missão de fazer com que todos, sem exceção,
façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica por parte de
cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização de seu projeto pessoal”
(DÉLORS et al., 2001, p.16). É importante ressaltar que esta noção da educação está
relacionada, na sociedade contemporânea, às mudanças de paradigmas.
A consonância entre as atividades desenvolvidas pela biblioteca universitária e
os programas de ensino, pesquisa e extensão implementados pelas Instituições de
Ensino Superior – IES, é o fator que determina seu real sentido (CARVALHO, 2004;
DODEBEI et al., 1998; RAMALHO, 1992; MILANESI, 1988). Essa consonância é
alcançada por meio do entendimento das estruturas curriculares, bem como a interação
com a comunidade acadêmica e a integração ao modelo político-pedagógico
desenvolvido pela instituição. A clareza com relação aos objetivos e atividades
pertinentes à biblioteca universitária, como serviço de informação que é, dentro de sua
comunidade, também é fator nessa integração.
Rader (1995) afirma que desde a década de 1990 tem havido crescente
integração e colaboração entre bibliotecários e docentes na implementação de
programas educacionais voltados para a competência informacional, sobretudo no
ambiente universitário e o bibliotecário é cada vez mais visto como educador, sendo
valorizado o trabalho cooperativo com docentes e administradores na implementação
da competência informacional voltada para a educação. Assim, a competência
informacional é uma forma pela qual o sujeito percebe sua interação com o mundo,
uma metáfora da própria condição humana de aprendizagem permanente, diretamente
ligada ao aprender a aprender e ao aprendizado ao longo da vida defendidos por Délors
et al. (2001), na qual a educação voltada para a competência informacional é o caminho
que conduz o sujeito à competência informacional voltada para a educação.
Apesar dessa discussão que defende a participação do bibliotecário no contexto
educacional, Dudziak (2003) afirma que a inserção deste profissional neste segmento
nem sempre é fácil. Embora muitos bibliotecários se considerem educadores e
possuam status para tal, nem sempre as IES às quais estão vinculados os percebem
como profissionais engajados no processo educacional. Em geral, admite-se que as
coleções das bibliotecas universitárias são essenciais para a formação do discente,
mas a necessidade de se educar para ter o domínio da informação fica muitas vezes
em segundo plano. Apesar do surgimento de novos projetos educacionais, Dudziak
(2005) menciona que ainda não se discutiu amplamente a implementação de um
projeto educacional voltado para a informação, visto que um projeto dessa natureza
exige transformação nos papéis sociais e profissionais atuais, no âmbito da
comunidade educacional e perante a sociedade em geral, e aponta a cooperação entre
administradores, bibliotecários, docentes, técnicos e estudantes como uma das
premissas para que se desenvolvam programas educacionais voltados para a
competência informacional.
Há várias referências sobre a necessidade do estabelecimento de parcerias
entre bibliotecários e docentes, como exemplo a proposta metodológica desenvolvida
por Nuñez Paula
(1997) que possibilita aos bibliotecários universitários colaborar no
processo de mudança do fazer pedagógico. Esta metodologia permite que estes
profissionais participem de todas as fases da construção do projeto pedagógico da
instituição, acompanhando todo o processo de transformação pedagógica. Essa
cooperação depende do modo como os bibliotecários se relacionam com a comunidade
e como vêem a si mesmos no contexto educacional. Para Severino (2004), é preciso
que o bibliotecário compreenda o que é ensino/aprendizagem, como se processa e
esteja consciente de que sua atuação pode contribuir para a qualidade do ensino. Nery
(1989) compartilha este pensamento ao afirmar que cabe ao bibliotecário o
comprometimento com a educação, porque, além de deter o conhecimento técnico
necessário no trato da informação, ele também é um educador e a biblioteca é centro
do fazer educativo.
Como agente educacional, o bibliotecário poderá iniciar os processos culturais de
transformação da educação e da comunidade educacional e social. A biblioteca
enquanto instituição multicultural e pluralista é base para esta transformação e o
bibliotecário deve direcionar seu trabalho para a mediação da aprendizagem, que,
Dudziak (2005) define a partir de quatro conceitos:
- intencionalidade: ocorre quando o bibliotecário como educador direciona a interação e
o aprendizado;
- reciprocidade: ocorre quando o bibliotecário se envolve no processo de aprendizagem;
- significado: ocorre quando a experiência é significativa para ambos (bibliotecário e
aprendiz);
- transcendência: ocorre quando a experiência vai além da situação de aprendizagem, é
extrapolada para a vida do aprendiz.
Dudziak (2005) afirma, também, que a mediação educacional ocorre quando o
bibliotecário convence o aprendiz de sua própria competência, incutindo-lhe
autoconfiança para continuar o aprendizado, transformando-o em um aprendiz
autônomo e independente. Observa-se nas afirmações desta autora o eco das
recomendações feitas por Délors et al. (2001) no relatório sobre a Educação para o
Século XXI, enviado à UNESCO, onde o “aprender a aprender” é uma das principais
recomendações. A educação deve ser estruturada em quatro alicerces: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser (DÉLORS et al., 2001).
Para isso, as propostas curriculares devem contemplar conteúdos e estratégias de
aprendizagem que capacitem o ser humano para a vida em sociedade, para a atividade
produtiva e para a experiência subjetiva, podendo assim se constituir em
instrumentação da cidadania democrática.
O aprendizado mediado no âmbito da biblioteca não é unânime para todos os
indivíduos, ele pode variar de acordo com cada situação e o grau de interação humana.
O usuário em uma rápida entrevista de referência não vai ser mediado em seu
aprendizado da mesma forma que outro indivíduo que desenvolve um projeto. Neste
sentido, o bibliotecário como educador deve manter o foco nos processos de
aprendizagem dos estudantes, levando-os ao aprendizado e considerando as
diferenças culturais e de estilos de aprendizagem de cada um. Ser bibliotecário
educador significa dominar seu processo e campo específicos de trabalho a ponto de
ter a capacidade para reelaborá-los e reconstruí-los de acordo com sua proposta
pedagógica (DUDZIAK, 2005). Dessa forma, continua a autora, os bibliotecários
necessitam se reinventar, adotando uma postura mais ativa, deflagrando processos e
projetos de inovação organizacional, tanto no âmbito da biblioteca, quanto no espaço
das instituições de ensino. Neste sentido, estes profissionais devem buscar o
aprendizado contínuo, a melhoria de suas qualificações e competências, principalmente
em relação à comunicação, estabelecendo parcerias com docentes, administradores,
estudantes e mesmo com seus pares, de modo a ampliar suas redes de comunicação e
sua visibilidade profissional. Ao difundir a cultura da informação, os bibliotecários
estarão promovendo a competência informacional. Enquanto instituição pluralista que é,
a biblioteca universitária deve valorizar o intercâmbio cultural promovendo a integração
e a comunicação ampla internamente, com outras instituições e com a comunidade que
a cerca.
Diante desse cenário cabem ao bibliotecário questionamentos como, por
exemplo, como educar os estudantes universitários de forma que se tornem
competentes em informação? Como levá-los nas práticas a operar no imenso universo
informacional? Como conduzi-los ao pensamento crítico de que falam Délors et al.
(2001) e Perrenoud (2000) em seus processos de busca e uso da informação? A
orientação bibliográfica não bastaria, visto serem necessárias outras ênfases que
tornem as atividades educacionais contextualizadas, integradas, isto é, atividades que
façam parte do universo cotidiano do aluno.
A discussão e o interesse dos bibliotecários de bibliotecas universitárias em
promover a competência informacional no âmbito da biblioteca universitária não é de
hoje. As discussões sobre a atuação desta entidade no contexto educacional brasileiro
datam dos anos da década de 1970. Estas discussões se consolidaram e deram origem
ao maior evento que representa as bibliotecas universitárias no Brasil: o Seminário
Nacional de Bibliotecas Universitárias /SNBU. O escopo do SNBU é construir a
formação de múltiplas visões através de um contexto interdisciplinar, reunindo
bibliotecários de bibliotecas universitárias de todo o País, concorrendo para auxiliar no
domínio do universo tecnológico a adequadas atitudes comportamentais e
organizacionais, assim como na integração e compartilhamento da informação pelos
sujeitos. Os bibliotecários envolvidos no contexto das bibliotecas universitárias buscam
superar os desafios, procurando ser agentes ativos de um processo de criação e
transferência da informação, ampliação e redimensionamento do seu campo de ação. O
SNBU é um evento que, após quase trinta anos de criação, é consagrado como uma
das ações de estudos e debates mais respeitados no Brasil. Fazendo uma análise dos
trabalhos apresentados nas quase três décadas de existência do SNBU pode-se
afirmar que foram discutidos aspectos bastante diversificados, como: planejamento de
unidades de informação; arquitetura e acervo que contemple o acesso e uso da
informação por usuários com necessidades especiais; administração de recursos
humanos; automação de serviços; compartilhamento de informação; aquisição e uso
das tecnologias de comunicação e informação e captação de recursos, entre outros,
sempre caminhando num direcionamento que vá ao encontro de possibilitar melhorias e
atualização da biblioteca universitária com o contexto social atual. Contudo, não se
destaca a discussão de competências docentes do bibliotecário. Com a evolução da
tecnologia e a disseminação da informação on-line, a comunidade acadêmica e
científica passou a ter mais acesso à informação, tanto em maior quantidade e
diversidade, quanto em maior qualidade e velocidade.
3 COTIDIANIDADE, CONHECIMENTO E REPRESENTAÇÃO SOCIAL: marco teórico
e metodológico
As teorias das representações sociais e coletivas fundamentam a metodologia
empregada nesta pesquisa que buscou conhecer as representações manifestadas
pelos bibliotecários atuantes em bibliotecas universitárias sobre sua contribuição na
formação do discente de graduação, visto que tais teorias oferecem as ferramentas
necessárias para a compreensão das manifestações discursivas aqui pretendidas.
Desse modo, este item foi dividido em duas partes: a primeira trata da realidade como
um processo em construção social e a segunda parte sobre a maneira como esta
realidade se apresenta aos indivíduos no seu cotidiano.
3.1 Realidade Social
A expressão sociologia do conhecimento, afirmam Berger e Luckmann (1973), foi
forjada pelo filósofo alemão Max Scheler na década de 1920 e a disciplina sociologia do
conhecimento trata das relações entre o pensamento humano e o contexto social
dentro do qual esse pensamento surge (BERGER; LUCKMANN, 1973). Estes autores
consideram o pensamento marxista, niestzchiano e historicista como antecedentes
intelectuais à sociologia do conhecimento e defendem que esta disciplina deve ocupar-
se de tudo aquilo que passa por conhecimento em uma sociedade, independentemente
da validade ou não do mesmo.
Peter Burke (2003, p.12) afirma que no início do século XX a sociologia do
conhecimento se concretiza como disciplina a partir dos estudos realizados na França,
nos Estados Unidos e na Alemanha e, ao olhar sob uma perspectiva mais histórica,
define-a como uma disciplina que se ocupa com tudo aquilo que é considerado
conhecimento na sociedade e com os processos que servem para conhecer a realidade
como uma construção social. Conforme o autor, a obra A construção social da
realidade, de Berger e Luckmann, publicada pela primeira vez em 1966, representa um
renascimento dessa disciplina que, nesta mesma década, é fortalecida por teorias de
outras áreas do conhecimento, como a antropologia, filosofia e história da ciência,
segundo as concepções de Lévi-Strauss, Foucault e Kuhn, respectivamente.
Na formulação de suas propostas teóricas, Berger e Luckmann (1973) partem de
um pressuposto básico: a realidade se constrói na vida cotidiana e a sociologia do
conhecimento deve estudar os processos por meio dos quais se origina o
conhecimento. Para eles a realidade da vida cotidiana se apresenta como um mundo
intersubjetivo no qual os homens participam juntos. Esta inter-subjetividade diferencia
nitidamente a vida cotidiana de outras realidades das quais o homem tem consciência.
O homem está sozinho no mundo de seus sonhos, mas sabe que o mundo da vida
cotidiana é tão real para os outros quanto para si mesmo. De fato, ele não pode existir
na vida cotidiana sem estar continuamente em interação e comunicação com os outros.
Ele sabe que sua atitude natural com relação a este mundo corresponde à atitude
natural dos outros, que eles também compreendem as objetivações graças às quais
este mundo é ordenado, que eles também organizam este mundo em torno do “aqui e
agora” de seu estar nele e têm projeto de trabalho nele. Sabe ainda que os outros têm
uma perspectiva deste mundo comum que não é idêntica à dele.
Apesar da constituição biológica do homem não determinar a ordem social na
qual o homem vive, a necessidade da emergência, manutenção e transmissão de uma
ordem social provém das constantes biológicas humanas. A definição da natureza
humana envolve, sobretudo, uma co-construção, afirmando-se como homem a partir
das relações sócio-culturais que este estabelece com a comunidade. Ou seja, não
existe natureza humana no sentido de um substrato biologicamente fixo que determine
a variabilidade das formações sócio-culturais (BERGER; LUCKMANN, 1973). O
homem constrói seu ambiente, torna-o familiar e assim constrói-se a si mesmo, tecendo
sua própria natureza. Como mencionam Berger e Luckmann (1973, p.72), “o homem
produz-se a si mesmo.”
A vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e
subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo
coerente. Coerente na visão de cada um, pois cada um considera coerência de acordo
com o universo de que participa, ou seja, com o mundo a que tem acesso. Assim, o
mundo da vida cotidiana não só é tomado como uma realidade certa pelos membros
ordinários da sociedade na conduta subjetivamente dotada de sentido que imprimem
suas vidas, como também é um mundo que se origina no pensamento e na ação dos
homens, sendo afirmado como real por eles. Berger e Luckmann (1973, p.37) afirmam
que “o senso comum contém inumeráveis interpretações pré-científicas e quase
científicas sobre a realidade cotidiana, que admite como certas.”
Para Berger e Luckmann (1973) a construção social da realidade faz referência à
tendência fenomenológica das pessoas ao considerar os processos subjetivos como
realidades objetivas. Neste sentido, as pessoas apreendem a vida cotidiana como uma
realidade ordenada, ou seja, as pessoas percebem a realidade independente de sua
própria existência e apreensão. Assim, o mundo da vida cotidiana é aquele que se dá
por estabelecido como realidade. O sentido comum que se constitui e se apresenta
como a realidade por excelência, tentando, desta forma, impor-se sobre as
consciências das pessoas, pois se apresenta como uma realidade ordenada e objetiva,
afirmam Berger e Luckmann (1973).
O construcionismo de Berger e Luckmann, ao tratar sobre a realidade social traz
a teoria durkheimiana para o foco do debate. Para Durkheim (2002), o individuo é
dependente do meio social na medida em que a realidade social é exterior a ele e não
depende de sua vontade. A realidade impõe-se à observação ao mesmo tempo em
que resiste a esta mesma observação, impondo-se de tal modo que o individuo é
incapaz de negá-la. “Tudo que é real”, afirma Durkheim (2002, p.25-26), “tem uma
natureza definida que se impõe, com a qual é necessário contar, e que, mesmo quando
se consegue neutralizá-la, nunca está completamente vencida.”
Durkheim (2002) denominou de fato social o que ele considera força abstrata
capaz de conduzir o indivíduo tal como as convenções sociais determinam. Conforme
este autor, fato social
É toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo
uma coerção exterior; ou então, que é geral no âmbito de uma determinada
sociedade, tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das
suas manifestações individuais (DURKHEIM, 2002, p.19).
A definição de fato social permite um melhor entendimento sobre a realidade social,
visto que, tal como a realidade social, o fato social também tem existência própria e é
encontrado já formado pelo indivíduo no ato de sua inserção num contexto social e o
indivíduo é obrigado a considerá-lo, pois não tem poder sobre ele.
Esta opinião é igualmente expressa por Elias (1993, v.2) em sua teoria
processualista, ao afirmar que a realidade social, criada e instituída pelo homem, é
transformada, de diferentes maneiras, em autocontrole. Desse modo, as convenções
sociais transformam-se em criaturas contra o criador. Elias ilustra seu pensamento
mostrando como exemplo o uso da força física no controle social. Ele afirma que, ao
contrário do que acontecia na Idade Média, em que a violência física era utilizada sem
cerimônia, atualmente ela é aquartelada e constitui monopólio de certos grupos
especialistas que montam guarda à margem da vida social, controlam a conduta do
indivíduo exercendo influência decisiva sobre o mesmo, saiba ele disso ou não,
promovendo assim a auto-limitação.
Voltando a Durkheim, verifica-se que o seu fato social possui duas
características principais: ser exterior ao indivíduo e coercitivo a este. Assim,
independentemente do indivíduo ter ou não conhecimento do fato social, ele existe e
exige obediência. Ao transgredir um fato social, o indivíduo arcará com as
conseqüências, como por exemplo, a exclusão social. Neste sentido, percebe-se que o
fato social durkheimiano tem relação com a realidade objetiva(da) de Berger e
Luckmann assim como com o processo civilizador de Elias. Para Berger e Luckmann
(1973),
As instituições estão “aí”, exteriores a ele, persistentes em sua realidade,
queira ou não. Não pode desejar que não existam. Resistem as suas
tentativas de alterá-las ou de evadir-se delas. Têm um poder coercitivo sobre
ele, tanto por si mesmas, pela pura força de sua facticidade, quanto pelos
mecanismos de controle geralmente ligados às mais importantes delas. A
realidade objetiva das instituições não fica diminuída se o individuo não
compreende sua finalidade ou seu mundo de operação. Pode achar
incompreensíveis grandes setores do mundo social, talvez opressivos em sua
opacidade, mas não pode deixar de considerá-los reais (BERGER;
LUCKMANN, 1973, p.86).
Nesse mundo, então, são as interações sociais os mecanismos que permitem a
construção social da realidade, e a linguagem, manifestada pelo indivíduo de diversas
formas, falada, escrita, sinalizada, etc., é condição essencial na construção social da
realidade (BERGER; LUCKMANN, 1973). É através da linguagem que o homem
participa da sociedade, independente do papel que exerce nela. Berger e Luckmann
afirmam que a vida cotidiana é sobretudo a vida com a linguagem:
A linguagem, [...] é o mais importante sistema de sinais da sociedade humana.
A vida cotidiana é sobretudo a vida com a linguagem, é por meio dela, de que
participo com meus semelhantes. A compreensão da linguagem é por isso
essencial para minha compreensão da vida cotidiana (BERGER; LUCKMANN,
1973, p.56-57).
Para estes autores a linguagem tem origem e encontra sua referência primária
na vida cotidiana. Embora a linguagem possa ser empregada para se referir a outras
realidades, conserva, mesmo assim, seu arraigamento na realidade do senso comum
da vida diária. Sendo um sistema de sinais, a linguagem tem a qualidade da
objetividade, e, portanto, da exteriorização ao indivíduo como também da coerção a
este. Neste sentido, a linguagem é fato social. Conforme Berger e Luckmann (1973,
p.58-59)
Encontro a linguagem como facticidade externa a mim, exercendo efeitos
coercitivos sobre mim. A linguagem força-me a entrar em seus padrões. Não
posso usar as regra da sintaxe alemã quando falo inglês. A linguagem me
fornece a imediata possibilidade de contínua objetivação de minha experiência
em desenvolvimento.
A linguagem também tipifica as experiências, permitindo o agrupamento destas
em amplas categorias, em termos das quais tem sentido não somente para um
indivíduo isolado, mas também para a coletividade. Ao mesmo tempo em que tipifica,
também torna anônimas as experiências, pois as experiências tipificadas podem em
princípio ser repetidas por qualquer pessoa incluída na categoria em questão, afirmam
Berger e Luckmann (1973).
No reforço de sua análise, Berger e Luckmann (1973) defendem que a sociologia
do conhecimento deve preocupar-se com a origem e a construção da realidade social
dos indivíduos e esta realidade é construída a partir da vida cotidiana. Discutem a
realidade como uma entidade objetiva e mostram os processos necessários na
construção desta objetividade, que, segundo eles, é a institucionalização e a
legitimação.
A institucionalização é um processo de objetivação de primeira ordem, afirmam
Berger e Luckmann (1973, p.79). Ela “ocorre sempre que há uma tipificação recíproca
de ações habituais por tipos de atores.” Qualquer uma dessas tipificações é uma
instituição. As tipificações das ações habituais são sempre partilhadas a todos os
membros do grupo social particular em questão. Por exemplo, uma modalidade
profissional. Nela o corpo de conhecimento da profissão é compartilhado com os
sujeitos que se empenham em se tornar profissionais dessa área. Estes sujeitos terão
acesso ao conhecimento específico da área desde o ensino da profissão (curso técnico,
faculdade, etc.) até o fim da vida. As instituições controlam a conduta humana
estabelecendo padrões previamente definidos de comportamento, que o canalizam em
uma direção por oposição às muitas outras direções que seriam teoricamente possíveis.
A legitimação, afirmam Berger e Luckmann (1973), é uma objetivação de
segunda ordem que produz novos significados para integrar os significados já ligados a
processos institucionais díspares. Tem como função tornar objetivamente acessível e
subjetivamente plausível as objetivações que foram institucionalizadas. Observa-se a
partir dos processos de institucionalização e legitimação da realidade a existência de
mecanismos de controle social. Essa idéia é reforçada pelo discurso de Elias (1993) ao
afirmar que o controle social determina o que deve ser feito, ou seja, como devem se
comportar os membros de dada sociedade com o objetivo de manter uma convivência
harmônica entre si. Conforme esse autor, os mecanismos de controle social são
apresentados à sociedade de várias formas como, por exemplo, através de regras de
conduta no convívio social.
Retornando a Berger e Luckmann (1973), encontra-se que a construção social
da realidade é um processo dialético contínuo que acontece em três momentos: a
exteriorização, a objetivação e a interiorização. A exteriorização se dá ao interagir-se
socialmente quando se participa da vida cotidiana e se compartilha do acervo social de
conhecimento disponível, momento este em que a vida cotidiana aparece como
realidade por excelência e é experimentada em diferentes níveis de aproximação e
distância espaço-temporal. Na exteriorização, o homem atribui sentido à realidade, nos
processos de interação social que se dão na relação face-a-face e pelo uso da
linguagem.
Ao participar do mundo institucional o homem experimenta a realidade objetiva e
neste momento ocorre a objetivação, na qual se dão os processos de legitimação e
interiorização. A exteriorização e a objetivação são momentos de um processo dialético
contínuo, sendo a interiorização o terceiro momento do processo de construção social
da realidade.
A interiorização da realidade, conforme Berger e Luckmann (1973, p.87) “é o
processo no qual o mundo social objetivado é reintroduzido na consciência no curso da
socialização.” A interiorização da realidade acontece em duas fases de socialização:
primária e secundária. Na fase primária, o indivíduo se torna membro da sociedade ao
nascer, enquanto que na socialização secundária o indivíduo vai sendo introduzido na
sociedade ao longo de sua vida.
Conforme pode se observar, a sociologia do conhecimento se preocupa com o
homem e os processos que o tornam um ser social ou, em outros termos, a produção e
troca de conhecimento e suas conseqüências sociais. Berger e Luckmann (1973)
buscam sistematizar o conhecimento da relação que se estabelece entre o homem e a
realidade na qual este está inserido, mostrando como se constrói, como se transmite e
onde se transmite o conhecimento, colaborando assim nas configurações de uma
determinada sociedade. Para estes autores esses processos se aplicam na discussão
de problemas sociológicos relativos à linguagem, à ação e às instituições sociais, assim
como a costumes e a religiões.
Elias (1993), ao tratar das relações do homem com seu pensamento e as
condições materiais e o meio ambiente em que ele vive, defende que as tipificações e
os costumes se consolidam sem uma data fixada, levando a constantes transformações
sociais e que as formas de sobrevivência na sociedade surgem e desaparecem de
acordo com o interesse dos atores sociais, ao que o autor denomina de “processo
civilizador”. Conforme este autor, “[...] o processo civilizador constitui uma mudança na
conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica” (ELIAS, 1993,
p.193). Sobre a dinâmica social, Elias (1993) explica que ela acontece dos planos e
ações, impulsos emocionais e racionais de pessoas isoladas, entrelaçadas
constantemente de modo amigável ou não, sendo que o produto resultante dessa
simbiose pode originar as mudanças e os modelos jamais imaginados por uma única
pessoa. Mas é dessa interdependência que surge uma ordem muito mais forte e
irresistível determinante do curso da história da humanidade.
De um modo geral, as teorias de Berger e Luckmann (1973), Durkheim (2002) e
Elias (1993) mostram o ser humano como um ser social que ao nascer é introduzido em
um mundo que se apresenta como realidade dada a partir de processos como a
institucionalização, a legitimação e a objetivação da realidade. No entanto, não se trata
de uma realidade imutável, visto que ela reflete uma, dentre muitas outras
possibilidades de organização dos homens pela qual o conhecimento é um produto da
atividade humana, constantemente construído e reconstruído através de um processo
dialético, ou seja, de uma dinâmica social.
Considerando que a realidade social é um processo em construção pelo qual os
homens desempenham papéis, interagem e se comunicam tanto presencialmente
quanto à distância, por meio de sinais desenvolvidos e mantidos pela linguagem ao
longo da existência humana, pode-se deduzir que há um acervo de conhecimento
social e que este acervo é constituído por representações de seus pensamentos e
valores que são compartilhados em suas relações sociais e utilizados pelos mesmos
conforme seu papel na sociedade. Neste sentido, escolheu-se a Teoria das
Representações Sociais a fim de fundamentar a metodologia empregada neste estudo
que buscou conhecer as representações sociais que os bibliotecários têm sobre a sua
contribuição na biblioteca universitária na formação do discente de graduação.
O modo como o homem expressa seu pensamento e representa a realidade que
lhe é peculiar é o assunto do item a seguir que aborda as representações coletivas e
sociais, ou seja, as teorias que dão sustentação à metodologia adotada neste trabalho.
3.2 Representações Sociais e Coletivas
Há outra perspectiva para abordar o conhecimento produzido nas relações em
sociedade que é designada representações sociais e/ou coletivas.
A teorização inicial sobre a noção de representações tem como fundador o
pensador francês Émile Durkheim em seu estudo sobre a ideação coletiva, intitulado As
regras do pensamento sociológico, de 1895, no qual Durkheim identificou diversos
elementos informativos, cognitivos, ideológicos, normativos, crenças, valores, atitudes,
opiniões, imagens, etc., como produções mentais sociais. Neste estudo Durkheim
apresenta um conceito de representações coletivas, como forças capazes de coagir os
indivíduos, ao que ele denominou fato social. Conforme este autor, “o que as
representações coletivas traduzem é a maneira pela qual o grupo se enxerga a si
mesmo nas relações com os objetos que o afetam” (DURKHEIM, 2001, p.12). Assim,
Durkheim (2001) defende que há um isomorfismo entre representações e instituições.
Para ele as categorias que servem à classificação das coisas, são solidárias às formas
de agrupamento social; as relações entre classes o são face àquelas que organizam a
sociedade.
De acordo com Arruda (2002), as representações coletivas em Durkheim,
apresentavam razoável estabilidade e um relativo estancamento no tocante às
representações individuais: “consistiam em um grande guarda-chuva que abrigava
crenças, mitos, imagens e também o idioma, o direito, a religião, as tradições”
(ARRUDA, 2002, p.134). Devido à sua abrangência, o conceito de representações
coletivas durkheimianas inseria uma dificuldade na realização de estudos dos
fenômenos sociais em termos práticos, o que tornava o conceito pouco operacional.
Arruda (2002) afirma que durante mais de meio século este conceito ficou esquecido
até mesmo pela sociologia e somente na segunda metade do século XX, em 1961, é
que Moscovici vai proceder à remodelagem do conceito durkheimiano.
O conceito de representações coletivas de Durkheim serviu de ponto de partida
para a teoria de Moscovici sobre as representações sociais, na psicologia social, tendo
como marco sua tese de doutorado “La psychanalyse, son image et son public”,
defendida na França em 1961, na qual utilizou do princípio da psicanálise para explicar
seu pensamento (ARAYA UMAÑA, 2002; ARRUDA, 2002; JODELET, 2001). Moscovici
(2004, p.18) utiliza a expressão “forma de criação coletiva”, para definir as
representações sociais de um modo geral. Para Moscovici, uma representação social é
entendida como:
Um sistema de valores, idéias e práticas com uma dupla função:
primeiramente, estabelecer uma ordem que habilitará os indivíduos a
orientarem-se em seu mundo material e social e dominarem-no; e, em segundo
lugar, possibilitar a realização da comunicação entre os membros de uma
comunidade pelo fornecimento de um código para o “intercâmbio” social e de
um código para nomearem e classificarem, sem ambigüidades, os diversos
aspectos de seu mundo e de sua história individual e em grupo (MOSCOVICI,
2004, p.34).
Ainda conforme Moscovici (1961 apud ARRUDA, 2002, p.142),
[...] a representação social é um corpus organizado de conhecimentos e uma
das atividades psíquicas graças às quais os homens tornam a realidade física
e social inteligível, se inserem num grupo ou numa relação cotidiana de trocas,
liberam o poder da sua imaginação.
Para Sá e Arruda (2000), o campo das representações sociais representa não só
um espaço de indagação, reflexão, embate e produção científica, mas também de
encontro, de troca e solidariedade. Arruda (2002) defende que ao ser produção
simbólica destinada a compreender e balizar o mundo, a representação social provém
de um sujeito ativo e criativo, tem um caráter cognitivo e autônomo e configura a
construção social da realidade. “A ação e a comunicação são seu berço e chão: delas
provém e a elas retorna a representação social” (ARRUDA, 2002, p.142).
Jodelet (2001, p.21) afirma que “[...] as representações sociais são fenômenos
complexos sempre ativados e em ação na vida social”, ou seja, as representações
sociais são a maneira como os sujeitos sociais apreendem os acontecimentos da vida
diária, assim como as características do meio ambiente, as informações que circulam, e
as pessoas ao nosso redor. Conforme a autora, as representações sociais “ [...] nos
guiam no modo de nomear e definir conjuntamente os diferentes aspectos da realidade
diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente,
posicionar-se frente a eles de forma defensiva”, portanto, “[...] orientam e organizam as
condutas e as comunicações sociais” (JODELET, 2001, p.17, 22). Para esta autora, o
estudo das representações sociais constitui uma contribuição decisiva na abordagem
mental individual e coletiva. Desse modo a autora enfatiza que “ [...] as representações
sociais são abordadas concomitantemente como produtos e processos de uma
atividade de apropriação da realidade exterior ao pensamento e de elaboração
psicológica e social dessa realidade” (JODELET, 2001, p.22).
De um modo geral, Jodelet (2001) caracteriza as representações sociais como
uma forma de conhecimento socialmente elaborada e compartilhada, com um objetivo
prático, contribuindo na construção de uma realidade coletiva, também considerada
conhecimento de senso comum ou natural que é diferenciado do conhecimento
científico. No entanto, esta forma de conhecimento é considerada como objeto de
estudo tão legítimo quanto o científico, devido à sua importância na vida social e à
elucidação dos processos cognitivos e das interações sociais. Neste sentido, pode-se
dizer que as representações sociais são o que habitualmente se denomina
conhecimento de sentido comum ou pensamento natural, em oposição ao pensamento
científico.
Sentido comum, na visão de Araya Umaña (2002), é uma forma de perceber,
raciocinar e atuar socialmente pelo individuo. Segundo esta autora, o conhecimento do
sentido comum é conhecimento social porque está totalmente elaborado, inclui
conteúdos cognitivos e simbólicos que têm a função de conduzir as pessoas e suas
vidas cotidianas, como também nas formas de organização e comunicação que
possuem, tanto nas relações individuais como entre os grupos sociais que participam.
Ainda de acordo com Araya Umaña (2002), a teoria das representações sociais é uma
valiosa ferramenta no âmbito da psicologia social porque oferece um marco explicativo
sobre os comportamentos das pessoas.
As representações sociais constituem sistemas cognitivos nos quais é possível
reconhecer a presença de estereótipos, opiniões, crenças, valores e normas que
sugerem um conjunto de atitudes positivas ou negativas. Por sua vez, tal conjunto de
atitudes se constitui como sistemas de códigos, valores, lógicas classificatórias,
princípios interpretativos e orientadores das práticas que definem a consciência
coletiva, ou seja, conjunto de normas que regem a sociedade (ARAYA UMAÑA, 2002).
Conforme esta autora, ao fazerem referência aos objetos sociais, as pessoas os
classificam e os avaliam, o que denota que elas têm uma representação social desse
objeto. Desse modo, as pessoas conhecem a realidade ao seu redor mediante
explicações que extraem dos processos de comunicação e do pensamento social, nos
quais as representações sociais são síntese dessas explicações, afirma a autora.
Portanto, estudar as representações sociais permite conhecer os modos e processos de
constituição do pensamento social, por meio do qual as pessoas constroem a realidade
social, como também aproxima da visão de mundo que as pessoas ou grupos
possuem.
Para Moscovici (2004), as representações sociais se constroem por meio de dois
mecanismos, a ancoragem e a objetivação. Conforme Sá (1993), a ancoragem é um
processo de enraizamento social da representação e seu objeto, pelo qual as idéias,
acontecimentos e pessoas são integradas a um sistema de pensamento social já
existente e a objetivação é o processo que dá forma às representações, concretizando-
as. Estes mecanismos mostram que, ao nascerem, as representações são assimiladas
por um universo (ancoragem) e passam a fazer parte do mesmo (objetivação).
Ao analisar-se a teoria durkheimiana e moscoviciana observa-se que sob o ponto
de vista de Durkheim, as representações coletivas são duradouras, amplamente
distribuídas e têm relação com os valores e os conceitos sociais, ou seja, com o que é
comumente conhecido como cultura no qual os sujeitos são inseridos num contexto e
ali permanecem estanques, enquanto que na Teoria das Representações Sociais de
Moscovici (2004) o contexto social não apenas é criado pelos sujeitos, mas modificado
permanentemente pelos mesmos.
De acordo com Minayo (1998), as representações se manifestam em palavras,
sentimentos e comportamentos, se institucionalizam e, desse modo, devem ser
estudadas a partir das estruturas e comportamentos sociais. Portanto, deve-se
considerar o contexto sócio-cultural no qual as representações sociais nascem e se
consolidam.
Essa discussão sobre as representações sociais que os sujeitos criam na sua
vida diária visa demonstrar que a Teoria das Representações Sociais serve como
fundamento para a escolha da metodologia e dos procedimentos empregados na
coleta, tratamento e análise dos dados manifestados pelos sujeitos bibliotecários da
biblioteca universitária, relacionados à sua contribuição na formação do discente de
graduação.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Uma correta apreensão do pensamento coletivo como objeto de investigação
sustenta uma escolha que valoriza a apreensão de significados contidos em discursos e
narrativas. De acordo com Jodelet (2001), os focos das pesquisas que tratam das
representações sociais são: as considerações da particularidade dos objetos e a
dimensão social suscetível de infletir a atividade representativa e seu produto. Desse
modo, a seguir, serão apresentados os procedimentos metodológicos adotados no
processo de realização deste estudo: o tipo de pesquisa, a caracterização do campo
onde foi realizada assim como a caracterização dos bibliotecários participantes e os
procedimentos éticos adotados na realização da mesma.
4.1 Tipo de Pesquisa
Considerando o intuito de conhecer as representações manifestadas pelos
profissionais bibliotecários no ambiente da biblioteca universitária sobre sua
contribuição ao estudante de graduação, este estudo se realizou com a adoção de uma
abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa se preocupa com níveis de exploração da
realidade que não podem ser quantificáveis (MINAYO, 1994). De acordo com esta
autora a pesquisa qualitativa,
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações crenças, valores
e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização
de variáveis (MINAYO, 1994, p.34).
A escolha dessa abordagem teve em vista que tanto o construcionismo como as
representações sociais consideram que é no ambiente da subjetividade humana que se
definem as relações humanas entre iguais, caminhando na construção do pensamento
coletivo.
Ao teorizar sobre o pensamento coletivo, Lefèvre e Lefèvre (2003) afirmam que
este pensamento precisa sempre ser pesquisado qualitativamente, porque ele é uma
variável qualitativa que, ao contrário de variáveis quantitativas, não é pré, mas pós-
construída, ou seja, não se configuram de fora para dentro, mas de dentro para fora da
pesquisa. Conforme os autores supracitados
[...] o pensamento de uma coletividade sobre um dado tema, pode ser visto
como o conjunto dos discursos, ou formações discursivas, ou representações
sociais existentes na sociedade e na cultura sobre esse tema, do qual,
segundo a ciência social, os sujeitos lançam mão para se comunicar, interagir,
pensar (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p.16).
Neste sentido, esta pesquisa teve caráter qualitativo pelo tratamento, análise,
interpretação e apresentação dos dados de forma não estatística, utilizando a técnica
do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. De acordo com Lefèvre e Lefèvre (2003, p.15-
16), a técnica do DSC consiste na organização e tabulação de dados qualitativos de
natureza verbal, obtidos através de depoimentos, artigos de jornal, revistas, cartas, etc.
“[...] que visa dar luz ao conjunto de individualidades semânticas componentes do
imaginário social”.
Conhecer como uma idéia é expressa a partir das manifestações discursivas dos
atores sociais implica em adentrar, a partir desses discursos, os universos de
significados, de interação social, em um modo de ver a realidade, isto é, suas
representações que podem ser consideradas sociais. Neste contexto, a fundamentação
teórica e metodológica deste estudo mostra uma forma de estudar a realidade social,
sendo que, a partir dos objetivos desta pesquisa, permite identificar as qualidades de
um discurso em torno das representações da contribuição ao estudante de graduação
oferecida pelos profissionais bibliotecários em biblioteca universitária.
Entendendo que, de acordo com Lefèvre e Lefèvre (2003, p.30) “conceber as
representações sociais consiste em entendê-las como a expressão do que pensa ou
acha determinada população sobre determinado tema”, as representações sociais
sobre o que pensam os bibliotecários da biblioteca universitária a respeito de sua
contribuição na formação do estudante de graduação foram resgatadas a partir de suas
manifestações discursivas. Os discursos, conforme Lefèvre e Lefèvre (2003) são
compostos de atributos qualificáveis, os quais foram tratados pela técnica do Discurso
do Sujeito Coletivo/DSC, conforme está redigido mais adiante.
4.2 Caracterização do Campo
Para melhor situar a Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa
Catarina – BC/UFSC, entidade escolhida para a coleta de dados junto aos seus
bibliotecários, é adequado que se faça um breve apanhado sobre esta Universidade e
assim se possa contextualizar a Biblioteca.
A Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, tal como a maioria das
universidades federais brasileiras, foi constituída a partir do agrupamento de faculdades
isoladas. No caso da UFSC, das faculdades que já existiam em Florianópolis desde a
década de 1930 e foi consolidada como Universidade Federal de Santa Catarina, pela
Lei 3.849, de 18 de dezembro de 1960. Mas foi com a Reforma Universitária, através do
Decreto 64.842, de 15 de julho de 1969 que a UFSC adquiriu a atual estrutura didática
e administrativa (SOUZA, I.M. de et al., 2002). Conforme a Pró-Reitoria de ensino de
Graduação da UFSC, no primeiro semestre de 2006 a UFSC contava com 23.822
alunos matriculados em 47 cursos de graduação, entre licenciaturas e bacharelados,
distribuídos em 11 Centros (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2006).
O Sistema de Bibliotecas Universitárias da UFSC é composto de nove
bibliotecas, sendo uma Biblioteca Central/BC e oito Bibliotecas Setoriais/BSs. A BC e
cinco das BSs encontram-se no Campus Universitário Trindade. As outras três BSs
estão distribuídas da seguinte forma: uma no Centro de Ciências Agrárias, no bairro
Itacurubi; uma no Colégio Agrícola de Araquari, no município de Araquari/SC, e uma no
Colégio Agrícola de Camboriú, no município de Camboriú/SC (SOUZA, I. M. de et al.,
2002).
O acervo atual do Sistema de Bibliotecas Universitárias da UFSC contempla
diversas áreas do conhecimento, em diferentes mídias, materiais de referência,
coleções especiais e também armazena a memória institucional mediante o depósito
legal da produção científica (teses e dissertações), periódicos e livros produzidos na
UFSC, num total de 292.998 livros impressos, 40.070 livros eletrônicos, 7.616 títulos de
periódicos impressos, 9.530 periódicos eletrônicos, 14.298 teses e dissertações
impressas, 3.653 teses e dissertações digitais e 1.980 materiais em outros formatos,
tais como CD-ROM, DVD e Fitas VHS, os quais são disponibilizados para empréstimo
domiciliar ou consulta local, aos seus 46.348 usuários cadastrados, arrolados entre
discentes, docentes e servidores da UFSC (DUTRA, 2006).
O Sistema de Bibliotecas Universitárias da UFSC participa e integra diferentes
redes de serviços de informação em nível nacional e internacional: Biblioteca virtual de
Saúde, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, Rede Bibliodata, Informação em
Educação Física e Ciência do Desporto, Rede Pergamum, Catálogo Coletivo Nacional
de Publicações Seriadas, Programa COMUT, Rede de Bibliotecas da Área de
Engenharia, Rede de Informação em Comunicação em Países de Língua Portuguesa,
Rede Bibliotecas de Babel, Ibero American Science & Technology Consortion,
Comissão Brasileira de Bibliotecas Universitárias (DUTRA, 2006). Neste estudo dar-se-
á ênfase à Biblioteca Central da UFSC.
A Biblioteca Central da UFSC – BC/UFSC é um órgão suplementar vinculado ao
gabinete do Reitor e tem como missão “prestar serviços de informação às atividades de
ensino, pesquisa, extensão e administração da UFSC, contribuindo com a melhoria da
qualidade de vida” (DUTRA, 2006). Sua equipe técnico-administrativo conta com: 17
bibliotecários, 5 técnicos de nível superior (1 contador, 2 administradores, 1 pedagogo e
1 economista), 44 técnicos de nível médio e 23 bolsistas.
Em estudos sobre a memória documental da UFSC, SOUZA, I.M. de et al (2002)
informam que a BC/UFSC foi fundada em 1960 juntamente com a criação da
universidade. Seu acervo inicial, que contava com mais de 17.000 volumes, originou-se
a partir da junção dos acervos das bibliotecas das faculdades que deram origem à
UFSC: Faculdades de Direito, Medicina, Farmácia e Bioquímica, Odontologia, Filosofia,
Ciências Econômicas, Serviço social e Escola de Engenharia Industrial. Entre os anos
de 1960 e 1965 a BC/UFSC funcionou nas dependências do Departamento de
Educação e Cultura, sendo transferida, em 1966, para as instalações das sub-Reitorias,
onde funcionou até 1969. Em 1969, a BC/UFSC foi transferida para o Campus
Universitário Trindade, e funcionou, de 1969 a 1976, no prédio da Faculdade de
Filosofia. Em 1976, a BC/UFSC foi transferida para o prédio onde se encontra
atualmente, localizado na área central do Campus Universitário Trindade, ao lado da
Reitoria.
Atualmente, o prédio da BC/UFSC possui uma área de 9.132 m2, distribuída em
dois pisos, sendo um térreo e o andar superior. No térreo, estão o saguão de entrada,
onde estão os escaninhos, nos quais os usuários guardam bolsas e mochilas; a coleção
de periódicos; a maioria dos serviços oferecidos pela Biblioteca, tais como COMUT,
bases de dados online, internet, um terminal para consulta ao catálogo eletrônico,
várias assinaturas de jornais diários e a reprografia; e o setor administrativo da
instituição, onde se concentra o maior número de funcionários da mesma, inclusive a
direção. No andar superior estão: o acervo geral; as teses e dissertações; o salão de
leitura; quatro terminais de consulta ao catálogo eletrônico; ilha para uso de lap top,
assim como o serviço de circulação. É ainda neste andar onde se encontram os
profissionais bibliotecários que orientam aos usuários na consulta ao acervo como
também no uso das normas técnicas de documentação para elaboração do trabalho
intelectual.
Este é um espelho geral da BC/UFSC que tem como objetivo mostrar como esta
instituição, pensada para disponibilizar a informação no meio acadêmico, surgiu e tem
avançado, tanto em área física quanto em volume de seu acervo e dos serviços que
oferece aos seus usuários.
4.3 Caracterização dos Bibliotecários Entrevistados
A população da pesquisa englobou 11 dos 17 profissionais que trabalham nos
diferentes setores da BC/UFSC. O critério adotado para definição dos entrevistados foi
o ano de admissão na instituição. Considerando o ingresso desses profissionais na
UFSC a partir dos anos 1980, corresponde a uma média individual de 18 anos de
trabalho o que pressupõe que, pelo tempo de experiência, o profissional tenha mais
possibilidade de expressar seu pensamento sobre a questão, visto que este estudo se
propõe a tratar sobre o que pensam estes profissionais a respeito de sua contribuição
na formação do discente de graduação. Dos 6 bibliotecários que ficaram fora da
amostra, 3 foram convidados a participar do pré-teste do principal instrumento da coleta
de dados: a entrevista.
Com base em informações obtidas a partir do Apêndice C – Questionário de
Caracterização dos Entrevistados - pode-se afirmar que, no grupo dos 11 profissionais
participantes desta pesquisa, mais da metade possui título de pós-graduação, seja em
lato ou stricto sensu, o que denota esforço por parte dos mesmos em buscar novos
conhecimentos em suas áreas de trabalho e assim ter condições de desempenhar
melhor seu trabalho no dia-a-dia, como foi argumentado por todos os entrevistados.
4.4 Responsabilidade Ética
Uma pesquisa desta natureza e com a abordagem metodológica qualitativa
requer a adoção de instrumentos que garantam aos respondentes a lisura do trabalho,
visando não apenas a veracidade dos conteúdos confiados ao entrevistador, mas
também a preservação da identidade dos entrevistados.
Os procedimentos éticos adotados nesta pesquisa seguiram o Regimento do
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
Catarina, órgão colegiado interdisciplinar, deliberativo, consultivo e educativo, vinculado
a esta instituição, constituído em 1997 e registrado junto à Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa – CONEP/MS-, em cumprimento às Resoluções do Conselho Nacional de
Saúde.
Com o objetivo de assegurar aos entrevistados que as informações que lhe
foram confiadas teriam sigilo, assim como a preservação de sua identidade, o
entrevistador consultou previamente o responsável pela instituição onde a pesquisa foi
aplicada, o qual assinou um Termo de Aceite (Apêndice A), confirmando que tomou
conhecimento legal da pesquisa. Os entrevistados, na condição de respondentes,
assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B). Tanto no
Termo de Aceite (Apêndice A) quanto no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice B) o pesquisador apresentou a pesquisa e os objetivos da mesma assim
como a disposição em apresentar os resultados do estudo à instituição e/ou aos
participantes caso houver interesse.
5 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Este item trata da coleta e análise dos dados, caracteriza cada uma das 11
entrevistas a partir das observações registradas num caderno de anotações
complementares às entrevistas, no qual se descreveu as situações em que cada uma
delas aconteceu assim como observações relativas ao ambiente da realização das
entrevistas e algumas eventualidades que ocorreram durante as mesmas. Traz também
o método pelo qual foram tabulados, analisados e interpretados os resultados obtidos
com a pesquisa, assim como o discurso coletivo dos participantes e a interpretação do
mesmo.
5.1 Coleta dos Dados
Na coleta dos dados, foram utilizados três instrumentos: a) um questionário, para
obter dados de caracterização pessoal e acadêmica dos bibliotecários (Apêndice C); b)
um caderno de anotações complementares às entrevistas, para registro de
observações relativas ao ambiente de trabalho dos informantes da pesquisa; e c) a
entrevista, que foi o principal instrumento usado na coleta dos dados diretamente dos
entrevistados, cujo roteiro empregado está no Apêndice D. A entrevista utilizada neste
estudo foi do tipo semi-estruturada, centralizada no problema ou entrevista com roteiro
ou guia. A escolha deste instrumental possui coerência com a técnica de análise e
interpretação dos dados a ser adotada, o Discurso do Sujeito Coletivo, com a qual se
tratou os discursos dos sujeitos pesquisados.
Há consenso entre autores que tratam sobre a abordagem adotada para esta
pesquisa, ou seja, a qualitativa, dentre os quais Lefèvre e Lefèvre (2003); Flick (2004),
de que a entrevista é o instrumento mais utilizado na coleta de dados neste tipo de
abordagem. A utilização deste instrumental envolve contato direto, ou mediado, do
pesquisador com o informante além de possuir uma flexibilidade que permite alcançar
ou se aproximar ao máximo da percepção exata de uma realidade apresentada por um
grupo (FLICK, 2004).
Visto que o objetivo deste estudo foi a totalidade do pensamento de uma dada
coletividade sobre determinado tema, ou seja, o seu discurso coletivo sobre uma
determinada faceta do trabalho desenvolvido na biblioteca universitária, foram utilizadas
perguntas abertas, pois como sustentam Lefèvre e Lefèvre (2003), elas permitem que
os indivíduos se expressem livremente, produzindo discursos. Para estes autores “a
questão fechada não enseja a expressão de um pensamento, mas a expressão de uma
adesão (forçada) a um pensamento preexistente” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p.15),
razão pela qual não foi aqui empregada.
Para garantir a integridade dos discursos, assim como a privacidade dos
entrevistados, as entrevistas foram realizadas individualmente no local de trabalho dos
entrevistados e gravadas em fitas magnéticas.
5.2 Caracterização das Entrevistas
Todas as entrevistas foram concedidas na Biblioteca Central da UFSC, entre os
dias 01 a 26 de setembro de 2006. Para realizar a entrevista a pesquisadora traçou os
seguintes passos: solicitou à diretora da instituição a permissão para consultar os
profissionais bibliotecários e saber quais deles se dispunham a participar da pesquisa;
marcou data e horário e informou que a entrevista seria gravada; na hora da entrevista
a pesquisadora entregou o questionário com as perguntas para que as pessoas
participantes
5
lessem e pudessem refletir antes de responder, visto que durante o Pré-
teste observou-se que as pessoas participantes do mesmo receberam a pergunta com
um susto e não conseguiam refletir antes de responder.
Diante disso, a partir da primeira entrevista optou-se por não fazer a pergunta
diretamente, mas entregar o questionário com as perguntas à pessoa participante com
a finalidade de que a mesma formulasse respostas mais consistentes. Cada vez que a
pessoa participante pediu uma pausa para refletir o gravador foi desligado. Algumas
das pessoas participantes desta pesquisa optaram por fazer rascunho das respostas
antes de proferi-las.
5
Todas as pessoas que concederam entrevistas são identificadas como “pessoa participante”,
independentemente do gênero.
E01 – Foi realizada no dia 01/09/06, numa sexta-feira, por volta das 15 horas no local
de trabalho da pessoa participante e durou cerca de 50 minutos. Durante a entrevista o
telefone tocou algumas vezes. Nas duas primeiras vezes a pessoa participante pediu
licença e atendeu. Depois não atendeu mais e, como o telefone não parava de tocar,
pediu licença e tirou o fio da tomada para não ser mais interrompida. Argumentou que
ao atender o telefone seu pensamento mudava e interrompia seu raciocínio sobre o
assunto que estava refletindo e respondendo.
E02 – Foi realizada no dia 04/09/06, numa segunda-feira, por volta das 15 horas e 30
minutos em uma das copas da biblioteca e durou cerca de 40 minutos. O deslocamento
para a copa foi necessário porque o local de trabalho da pessoa participante é
compartilhado com outros profissionais assim como é freqüente a presença de
usuários.
E03 – Foi realizada no dia 05/09/06, numa terça-feira, por volta das 15 horas no local
de trabalho da pessoa participante e durou cerca de 1 hora e meia. Durante a entrevista
o telefone tocou algumas vezes e a pessoa participante pediu licença para atender.
Aconteceu ainda de um usuário pedir para falar com a pessoa participante. Ela pediu
licença e atendeu o usuário. Este queria resolver um problema de matrícula e de
empréstimo em seu nome na biblioteca.
E04 – Foi realizada no dia 11/09/06, numa segunda-feira, por volta das 14 horas no
local de trabalho da pessoa participante e durou cerca de 2 horas. Durante a entrevista
o telefone tocou duas vezes. Na primeira a pessoa participante falou cerca de 5 minutos
e pela conversa foi possível perceber que se tratava de usuário solicitando algum
material. Na segunda vez falou pouco e depois tirou o fio da tomada para não ser mais
interrompida. Três pessoas entraram na sala para falar com a pessoa participante
durante a entrevista, sendo uma de cada vez. Elas foram avisar que já estavam
encerrando seus expedientes. Houve vários momentos em que foi necessário
interromper a fala da pessoa participante para explicar-lhe que as perguntas estavam
relacionadas aos estudantes de graduação da universidade em geral, pois a pessoa
participante sempre falava de modo que as perguntas estivessem relacionadas apenas
aos estudantes de biblioteconomia estagiários na biblioteca da UFSC.
E05 – Foi realizada no dia 12/09/06, numa terça-feira, por volta das 16 horas em uma
sala emprestada por um servidor técnico-administrativo, colega de trabalho da pessoa
participante e durou cerca de 45 minutos. O deslocamento para a sala emprestada foi
necessário porque o local de trabalho da pessoa participante é compartilhado com
outros profissionais. A pessoa participante fez um rascunho das respostas antes de
proferi-las.
E06 – Foi realizada no dia 19/09/06, numa terça-feira, por volta das 10 horas em uma
das copas da biblioteca e durou cerca de 55 minutos. O deslocamento para a copa foi
necessário porque o local de trabalho da pessoa participante é compartilhado com
outros profissionais. A pessoa participante fez um rascunho das respostas antes de
proferi-las. Ela pediu que lhe explicasse melhor a segunda pergunta e foi sucinta nas
respostas.
E07 - Foi realizada no dia 19/09/06, numa terça-feira, por volta das 18:30 horas em uma
sala emprestada por uma das diretoras da biblioteca e durou cerca de 45 minutos. O
deslocamento para a sala emprestada foi necessário porque o local de trabalho da
pessoa participante é muito movimentado. A pessoa participante estava um pouco
nervosa e me explicou que tem dificuldade para falar sabendo que está sendo gravado,
mas no decorrer da entrevista ela foi melhorando seu desempenho e no final tudo
correu bem.
E08 - Foi realizada no dia 20/09/06, numa quarta-feira, por volta das 13 horas no local
de trabalho da pessoa participante e durou cerca de 50 minutos. A pessoa participante
fez um rascunho das respostas antes de proferi-las.
E09 – Foi realizada no dia 20 /09/06, numa quarta-feira, por volta das 14 horas em uma
das copas da biblioteca e durou cerca de 1 hora. O deslocamento para a copa foi
necessário porque o local de trabalho da pessoa participante é compartilhado com
outros profissionais. A pessoa participante fez um rascunho das respostas antes de
proferi-las.
E10 – Foi realizada no dia 22 /09/06, numa sexta-feira, por volta das 10 horas em uma
das copas da biblioteca e durou cerca de 50 minutos. O deslocamento para a copa foi
necessário porque o local de trabalho da pessoa participante é compartilhado com
outros profissionais. A pessoa participante fez um rascunho das respostas antes de
proferi-las.
E11 – Foi realizada no dia 26 /09/06, numa terça-feira, por volta das 11:30 horas em
uma das copas da biblioteca e durou cerca de 50 minutos. O deslocamento para a copa
foi necessário porque o local de trabalho da pessoa participante é muito movimentado.
5.3 Tabulação, Análise e Interpretação dos Resultados
Para conhecer as representações dos bibliotecários atuantes em bibliotecas
universitárias sobre sua participação na formação do aluno de graduação na
universidade, utilizou-se o instrumental metodológico de análise do discurso o Discurso
do Sujeito Coletivo – DSC na tabulação, análise e interpretação dos resultados. De
acordo com Lefèvre e Lefèvre (2003), esta técnica consiste em uma estratégia diferente
de categorização que não separa os discursos individuais dos coletivos, uma vez que
se fundamenta na teoria das representações sociais e coletivas ao mesmo tempo em
que proporciona uma leitura individual da opinião de cada participante da pesquisa
sobre o tema. Assim, o uso da técnica do DSC nesta pesquisa se justificou pela
pretensão de se estudar as representações sociais dos sujeitos.
Conforme Lefèvre e Lefèvre (2003), o objetivo de uma pesquisa de
representação social é o resgate do imaginário social sobre um dado tema. Na técnica
do DSC esse imaginário adquire a forma de um painel de discursos, que reflete o que é
possível pensar em uma dada coletividade sobre determinado assunto. Ainda de
acordo com estes autores, através do DSC o pensamento individual ou coletivo é
reconstruído durante o processo de investigação com uma fala na primeira pessoa do
singular.
A entrevista foi o instrumento utilizado na coleta dos discursos analisados e
interpretados nesta pesquisa. Após as transcrições na íntegra das entrevistas
concedidas pelos participantes e gravadas em fitas magnéticas, partiu-se para a
construção do DSC.
Na elaboração do DSC foram utilizadas as seguintes figuras metodológicas:
Expressões-CHave (ECH):
“são pedaços, trechos ou transcrições literais do
discurso, [...] que revelam a essência do depoimento” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003,
p.17). Assim, as ECH funcionam como prova das Idéias Centrais e das Ancoragens.
Idéia Central (IC):
“nome ou expressão lingüística que revela e descreve, da
maneira mais sintética, [...], o sentido de cada um dos discursos analisados e de cada
conjunto homogêneo de ECH, [...]” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p.17).
Ancoragem (AC):
“manifestação lingüística de uma corrente de pensamento à
qual o sujeito reconhece como válida para representar uma realidade, seja ela uma
ideologia, teoria ou crença” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p.17). Assim, as ancoragens
são teorias ou ideologias nas quais o sujeito se apóia para manifestar seu pensamento.
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC):
“é um discurso síntese redigido na primeira
pessoa do singular e composto pelas Expressões-Chave que têm a mesma Idéia
Central ou a Ancoragem” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003, p.18). O DSC agrupa os
discursos semelhantes e complementares dos sujeitos em um só discurso para
representar o pensamento coletivo.
Neste sentido, na elaboração do DSC realizou-se a tabulação para cada uma
das respostas dadas a cada uma das perguntas dirigidas aos participantes da pesquisa,
identificando-se as Expressões-Chaves e a partir daí transcrevendo-se as Idéias
Centrais e as Ancoragens das questões referidas diretamente à temática em estudo,
que foi o tecido utilizado na confecção do DSC:
- Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para
desempenhar seu trabalho, permitindo que o mesmo contribua na formação do
discente de graduação na universidade?
- Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu
trabalho cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de
graduação na universidade?
- Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
- Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
- Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu
trabalho que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na
universidade?
- Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no
atendimento ao discente de graduação na universidade?
Na elaboração do DSC buscou-se a totalidade dos discursos com o objetivo de
conhecer como um conjunto de atores participantes de um mesmo meio social se
expressa diante de determinado assunto, sempre procurando respeitar as
idiossincrasias de cada ator assim como a história de vida e experiência profissional
dos mesmos.
5.4 O Discurso do Sujeito Coletivo – DSC dos Bibliotecários Entrevistados
De acordo com os procedimentos metodológicos adotados neste estudo, obteve-
se um Discurso do Sujeito Coletivo - DSC representativo da totalidade dos discursos
dos bibliotecários participantes da pesquisa. Esse discurso é o que vem a seguir:
Um trabalho na biblioteca que contribua positivamente na formação do estudante
de graduação na universidade perpassa pelo interesse do bibliotecário de ter um acervo
de conhecimentos gerais, ou seja, entenda de vários assuntos como história, política,
arte, etc.; esteja sempre atualizado com o que está ocorrendo no País e no mundo;
tenha conhecimento de línguas estrangeiras, sobretudo do inglês; conheça a instituição
na qual trabalha, o que ela oferece ao discente assim como as estruturas dos cursos
oferecidos.
Os conhecimentos adquiridos na minha formação profissional em nível de
graduação, ou seja, os conhecimentos de biblioteconomia formam a base para o
desempenho do meu trabalho cotidiano na biblioteca. Os conhecimentos que adquiri
com minha experiência no trabalho e outros cursos de qualificação profissional, tais
como os conhecimentos sobre tecnologias de comunicação e informação me trouxeram
melhores condições de trabalho, mais agilidade e, sobretudo, concorrem para que eu
realize o trabalho na biblioteca no menor tempo possível, além de possibilitar que o
usuário tome conhecimento da existência do documento logo que este é inserido na
base de dados acessando a página da biblioteca pela internet de qualquer lugar que
esteja.
Os conhecimentos adquiridos com a formação acadêmica juntamente com os
conhecimentos agregados ao longo da vida profissional e o domínio da especificidade
com a qual lido no meu cotidiano formam o conjunto das competências profissionais,
assim como atenção, honestidade, autoconfiança, compreensão, vontade de ajudar e
saber ouvir formam o arcabouço das competências pessoais que utilizo em meu
trabalho no dia-a-dia, as quais me possibilitam contribuir positivamente na formação do
estudante de graduação na universidade.
O computador, o uso das bases de dados, a internet e o software gerenciador do
acervo da biblioteca são as ferramentas e os recursos tecnológicos que uso atualmente
no meu trabalho cotidiano que possibilitam a realização do mesmo na biblioteca com
muito mais agilidade e precisão na recuperação da informação para os usuários.
Quando atendo um usuário procuro despertar seu interesse pelo domínio na
busca e recuperação das informações que ele necessita e torná-lo independente na
busca de suas pesquisas mostrando-lhe como explorar o acervo e os serviços
oferecidos pela biblioteca, pois vejo o bibliotecário como educador e penso que ao
apontar o caminho da pesquisa para o usuário estou dando-lhe muito mais que uma
informação precisa, estou lhe oferecendo um leque muito mais amplo de possibilidades
de informações e acredito na importância de uma integração entre a biblioteca e a
universidade como um todo. Quando um usuário me procura para auxiliar-lhe em sua
pesquisa, costumo indicar as melhores bases de dados no assunto que ele está
pesquisando, aponto quais as melhores revistas disponíveis na biblioteca e onde
encontrá-las, e assim procuro tornar o usuário cada vez mais independente na hora de
suas pesquisas.
Acredito que é importante a gente encarar esse nosso papel diante do aluno de
graduação com muito desafio e procurar realmente estar preparado para isso. Enfatizo
que o bibliotecário tem que estar em contínua aprendizagem sob pena de deixar que
outros profissionais dominem a área da tecnologia voltada para os centros de
informação e documentação. Nos últimos 20 anos, com o desenvolvimento em grande
escala das tecnologias da comunicação e informação houve mudanças muito
acentuadas relacionadas ao trabalho na biblioteca e, sobretudo, na biblioteca
universitária.
5.4.1 Interpretação do DSC
Neste item serão traçadas algumas considerações sobre as manifestações
apresentadas nos discursos dos participantes deste estudo sobre suas opiniões a
respeito de sua contribuição na formação do discente de graduação na universidade.
Tais considerações estão baseadas nos pensamentos de alguns autores que nortearam
este trabalho, os quais serviram de marco conceitual, teórico e metodológico nesta
pesquisa.
A interpretação do DSC é permeada de trechos retirados do mesmo, assim como
de respostas isoladas e flui de acordo com os temas das perguntas efetuadas através
do Roteiro para Entrevistas (Apêndice D).
A - Quais conhecimentos gerais e técnicos você considera serem necessários
para desempenhar seu trabalho, permitindo que o mesmo contribua na formação
do discente de graduação na universidade?
Sobre os conhecimentos gerais, o coletivo pesquisado expressa que a
multidisciplinaridade, compreendida aqui como um conjunto de informações sobre
vários assuntos, e o conhecimento de outros idiomas além do vernáculo são atualmente
fatores importantes no desempenho satisfatório do trabalho na biblioteca universitária,
de acordo com o trecho inicial do DSC:
Um trabalho na biblioteca que contribua positivamente na formação do
estudante de graduação na universidade perpassa pelo interesse do
bibliotecário de ter um acervo de conhecimentos gerais, ou seja, entenda de
vários assuntos como história, política, arte, etc.; esteja sempre atualizado com
o que está ocorrendo no País e no mundo; tenha conhecimento de línguas
estrangeiras, sobretudo do inglês; conheça a instituição na qual trabalha, o que
ela oferece ao discente assim como as estruturas dos cursos oferecidos.
Em relação aos conhecimentos técnicos, o pensamento coletivo acena para os
conhecimentos adquiridos com a formação profissional, tanto na graduação quanto em
formação continuada, assim como para a experiência profissional, como se pode
observar no trecho do DSC que segue:
Os conhecimentos adquiridos na minha formação profissional em nível de
graduação, ou seja, os conhecimentos de biblioteconomia, formam a base para
o desempenho do meu trabalho cotidiano na biblioteca. Os conhecimentos que
adquiri com minha experiência no trabalho e outros cursos de qualificação
profissional, tais como os conhecimentos sobre tecnologias de comunicação e
informação me trouxeram melhores condições de trabalho, mais agilidade e,
sobretudo, concorrem para que eu realize o trabalho na biblioteca no menor
tempo possível, além de possibilitar que o usuário tome conhecimento da
existência do documento logo que este é inserido na base de dados acessando
a página da biblioteca pela internet de qualquer lugar em que esteja.
Essas considerações do pensamento coletivo remete à teoria de Freidson (1998)
e Abbott (1988), ao tratarem sobre as profissões. Conforme estes autores, as profissões
surgem, sofrem transformações ou desaparecem de acordo com as necessidades da
sociedade.
Observa-se que o trecho do DSC supracitado reflete a conscientização do
bibliotecário da biblioteca universitária com o cotidiano de ação em uma profissão, visto
que a tecnologia da comunicação e informação e o volume de documentos e de
informações cresceram em escalas exponenciais. De acordo com o coletivo pesquisado
pode-se perceber ainda que o fator tempo e espaço é importante para o reflexo positivo
da biblioteca universitária na comunidade acadêmica ao se observar no DSC a
referência feita às tecnologias utilizadas no trabalho realizado diariamente na biblioteca
que permitem um atendimento mais dinâmico, o que reflete na satisfação do
bibliotecário em poder oferecer ao usuário o serviço que ele precisa no menor espaço
de tempo possível e de onde estiver.
B - Quais competências profissionais e pessoais você utiliza no exercício de seu
trabalho, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na
universidade?
Com esta pergunta visava-se levantar quais as competências empregadas pelo
profissional no momento de sua ação na biblioteca. A partir do DSC observa-se que o
pensamento coletivo relaciona as competências profissionais diretamente à instrução, à
qualificação e à experiência profissional, enquanto que as competências pessoais têm
relação direta com a personalidade e o envolvimento emocional e comportamental, ou
seja, com o conjunto de valores pessoais de cada um, como se pode conferir no trecho
do DSC que se segue:
Os conhecimentos adquiridos com a formação acadêmica juntamente com os
conhecimentos agregados ao longo da vida profissional e o domínio da
especificidade com a qual lido no meu cotidiano formam o conjunto das
competências profissionais, assim como atenção, honestidade, autoconfiança,
compreensão, vontade de ajudar e saber ouvir formam o arcabouço das
competências pessoais que utilizo em meu trabalho no dia-a-dia, as quais me
possibilitam contribuir positivamente na formação do estudante de graduação
na universidade.
Neste contexto, pode-se observar que os recursos disponíveis e utilizados pelos
bibliotecários entrevistados no instante da ação que possibilitam desenvolver seu
trabalho de forma a contribuir positivamente com a formação do aluno de graduação na
universidade são as habilidades operacionais e os valores pessoais e morais que eles
possuem. As manifestações expressas pelo coletivo vão ao encontro da teoria de
Zarifian (2001), ao tratar da competência relacionada ao mundo do trabalho. Para o
autor, competência é a capacidade de utilização dos recursos disponíveis pelo indivíduo
em uma situação prática. Este mesmo pensamento é compartilhado por autores como
Fleury e Fleury (2001) e Miranda (2004) que definem a competência relacionada ao
mundo do trabalho como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
correlacionadas e que afetam parte considerável das atividades desenvolvidas pelas
pessoas.
C - Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu
trabalho que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na
universidade?
Aqui pode-se observar que o uso das ferramentas tecnológicas pelos
participantes da pesquisa está diretamente relacionado com a conjuntura social,
conforme o trecho do DSC que se segue:
O computador, o uso das bases de dados, a internet e o software gerenciador do
acervo da biblioteca são as ferramentas e os recursos tecnológicos que uso atualmente
no meu trabalho cotidiano que possibilitam a realização do mesmo na biblioteca com
muito mais agilidade e precisão na recuperação da informação para os usuários.
A partir desse discurso coletivo sobre o uso das ferramentas tecnológicas, ao
mencionar a agilidade e a precisão como itens importantes no atendimento ao usuário,
observa-se novamente, mesmo que implicitamente, a menção ao fator tempo como de
grande importância na realização do trabalho na biblioteca.
A partir de outra perspectiva, ainda sobre o uso das tecnologias de comunicação
e informação na biblioteca universitária, pode-se afirmar que há convergência entre o
processo laboral desenvolvido nessa instituição ao longo de sua existência e a teoria de
Norbert Elias (1993), ao tratar do processo civilizador pelo qual vem passando a
humanidade no decorrer dos séculos, conforme trecho de uma fala individual que se
segue:
[...], as ferramentas que a gente utiliza, hoje, para trabalhar aqui na universidade são
diferentes do que era antigamente, porque era papel, planilha, fichinhas. Hoje, a gente
não tem mais nada disso. Hoje, nós temos computador com alguns programas
específicos como as bases de dados, o winisis, a LC e através desses programas, mais
especificamente do pergamum, que é o sistema que a nossa instituição usa, a gente
consegue fazer nossas atividades que é classificar e catalogar. A partir do momento em
que nós salvamos e atualizamos determinado material catalogado no computador,
automaticamente ele já estará disponível para uso na tela do computador. Então
praticamente, hoje, nós usamos o computador e o pergamum e algumas bases de
dados.
Neste mesmo sentido, pode-se perceber que a resposta acima possui afinidades
também com o pensamento de Freidson (1998), quando trata sobre a sobrevivência
das profissões na sociedade. Conforme este autor, as profissões evoluem no mesmo
passo em que evoluem as necessidades sociais sob pena de desaparecerem. Hoje,
com o grande fluxo de informações e a elevada produção de documentos, o trabalho na
biblioteca universitária não seria possível se os profissionais que ali estão não tivessem
se adaptado às ferramentas tecnológicas que lhes são oferecidas pela indústria
moderna.
D - Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no
atendimento ao discente de graduação na universidade?
Com esta pergunta visava-se identificar como está sendo encarada a questão
pedagógica no trabalho do bibliotecário na universidade, ao que o coletivo pesquisado
deu a seguinte resposta conforme trecho retirado do DSC que se segue:
Quando atendo um usuário procuro despertar seu interesse pelo domínio na
busca e recuperação das informações que ele necessita e torná-lo independente na
busca de suas pesquisas mostrando-lhe como explorar o acervo e os serviços
oferecidos pela biblioteca, pois vejo o bibliotecário como educador e penso que ao
apontar o caminho da pesquisa para o usuário estou dando-lhe muito mais que uma
informação precisa, estou lhe oferecendo um leque muito mais amplo de possibilidades
de informações e acredito na importância de uma integração entre a biblioteca e a
universidade como um todo. Quando um usuário me procura para auxiliar-lhe em sua
pesquisa, costumo indicar as melhores bases de dados no assunto que ele está
pesquisando, aponto quais as melhores revistas disponíveis na biblioteca e onde
encontrá-las, e assim procuro tornar o usuário cada vez mais independente na hora de
suas pesquisas.
A partir do trecho supracitado, percebe-se que ao promover a autonomia do
estudante de graduação na universidade, tornando-o um usuário independente, a
ideologia do trabalho realizado pelos bibliotecários na universidade tem afinidade
com o pensamento de Délors et al (2001). Para este autor, a educação para o século
XXI deve ser capaz de tornar o individuo cidadão independente, que não seja apenas
um assimilador de informação, mas um formador de opinião e construtor de
conhecimento. E mais, recomenda que a educação deve estar comprometida em
promover a disseminação da informação, assim como em tornar o sujeito capaz de
compreendê-la e fazer uso dela, podendo ser capaz de desempenhar seu papel de
cidadão na sociedade.
Carvalho (2004) segue o mesmo entendimento apresentado por Délores et al
(2001) ao afirmar que a educação deve estar comprometida a promover mudanças
capazes de instigar o indivíduo a conquistar seu próprio caminho e não apenas se
adaptar ao mundo que o circunda. De acordo com a autora, a educação, se assim
concebida, cumprirá papel relevante na aquisição de conhecimentos, sendo
considerada imprescindível para promover as condições de participação sociais,
permitindo ao individuo o acesso ao trabalho, à cultura, ao progresso e à cidadania.
A participação da biblioteca universitária alinhada ao pensamento apresentado
encontra igual entendimento manifestado nos textos de Dodebei (1998); Ramalho
(1992) e Milanesi (1988) ao afirmarem que a importância da biblioteca na universidade
está diretamente relacionada ao papel que ela desempenha junto aos programas
desenvolvidos na universidade. Carvalho (2004, p.17) propõe a biblioteca universitária
como um “espaço de comunicação pedagógica, interagindo como elemento catalisador
e potencializador das tecnologias da informação e comunicação.” Para Milanesi (1988),
a biblioteca universitária e a universidade formam um todo sem distinção e não há como
existir uma boa universidade sem que sua biblioteca tenha a mesma qualidade.
As considerações aqui apresentadas pelo coletivo entrevistado nos remetem ao
construcionismo social de Berger e Luckmann (1973). Ao tratarem da construção social
da realidade, estes autores afirmam que a realidade dos homens é construída a partir
das necessidades que o individuo tem no seu dia-a-dia e de acordo com seu meio
social. Para eles, é no seu cotidiano que o homem cria a realidade uma vez que a
realidade não é homogênea, mas está de acordo com o meio em que vivem os atores
sociais.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os desenhos rupestres, os tabletes de argilas, os papiros e os pergaminhos
foram suportes para a impressão de informações, ou seja, foram meios encontrados
pelo homem, dependendo do tempo e do espaço, de deixar aos seus descendentes
o registro do conhecimento adquirido. O armazenamento desses materiais supõe as
primeiras bibliotecas, o que leva a deduzir que a biblioteca é anterior aos livros.
Conforme Charle e Verger (1996), a universidade, tal como se conhece hoje,
surgiu na Europa Ocidental, no século XIII, na Itália, França e Inglaterra. Estes
autores afirmam que não se pode atribuir a nenhuma delas data nem ordem exata de
nascimento e que nem mesmo os processos pelos quais estas universidades foram
fundadas seguiram uniformidade.
A biblioteca universitária, um dos elementos fundamentais no ensino, na
pesquisa e no desenvolvimento cultural da universidade, existe praticamente desde que
existe a universidade no Ocidente, pois de acordo com Carvalho (2004), de uma forma
ou outra, as universidades sempre dispuseram de bibliotecas.
Em solo nacional, as bibliotecas universitárias foram fundadas a partir da junção
de bibliotecas de faculdades isoladas na medida em que estas faculdades iam se
tornando universidades. Ramalho (1992) afirma que em 1947 a Universidade de São
Paulo/USP fundou a primeira biblioteca central.
De acordo com Délors et al (2001), no século XXI a educação deve preparar o
homem para o exercício da cidadania, permitindo-lhe o acesso ao conhecimento de
forma que ele seja capaz de se tornar um crítico perante o mundo que o circunda.
Neste contexto, presume-se que a biblioteca universitária deve atuar como espaço de
comunicação pedagógica, interagindo como elemento catalisador e potencializador das
tecnologias da informação e comunicação na relação biblioteca/estudante universitário.
Esta pesquisa buscou conhecer as representações sociais que os bibliotecários
da biblioteca universitária fazem sobre a contribuição na formação do discente da
graduação. A sociologia do conhecimento, de Berger e Luckmann, as teorias das
representações sociais e coletivas, de Moscovici e o processo civilizador, de Norbert
Elias formam a base da fundamentação teórica, metodológica e conceitual deste
estudo, visto que tais teorias tratam da construção da realidade a partir da leitura de
mundo de cada um e, consequentemente da simbiose resultante da convivência entre
os homens.
Considerando o objetivo aqui apresentado, observou-se que os participantes da
pesquisa se reconhecem no processo de construção do saber na universidade e,
portanto, na construção do acervo de conhecimento e também na formação profissional
e cidadã dos discentes de graduação. A consciência dessa ação pelos entrevistados
está objetivada num DSC construído a partir dos discursos proferidos individualmente
por 11 bibliotecários atuantes em diferentes setores da Biblioteca Central da UFSC.
É importante frisar que o pensamento aqui considerado é a postura do
bibliotecário atuante na biblioteca universitária, o que significa que esta pesquisa não se
limita ao bibliotecário universitário atuante na Biblioteca Central da UFSC.
As representações coletivas traduzem posições, aspirações e interesses ao
mesmo tempo em que descrevem o meio social do trabalho tal como pensam que ele é
ou como gostariam que fosse (JODELET, 2001), e nesse estudo tais representações
estão permeadas desses sentimentos apontados por Jodelet.
A partir das respostas obtidas através das questões expostas aos participantes
deste estudo, o coletivo pesquisado, chegou-se as seguintes conclusões:
- que a multidisciplinaridade, compreendida aqui como um conjunto de informações
sobre vários assuntos, e o conhecimento de outros idiomas além do vernáculo, são
atualmente fatores importantes no desempenho satisfatório do trabalho na biblioteca
universitária;
- que as competências profissionais são intrínsecas à instrução, à qualificação e à
experiência profissional, enquanto que as competências pessoais têm relação direta
com a personalidade e o envolvimento emocional e comportamental, ou seja, com o
conjunto de valores pessoais de cada um;
- que o computador, as bases de dados e a Internet são as principais ferramentas ou
recursos tecnológicos utilizados no trabalho cotidiano na biblioteca, proporcionando um
trabalho mais rápido e mais eficiente;
- e, finalmente, que, o coletivo pesquisado tem consciência de seu papel como
educador no espaço da biblioteca. Assim, no ato de sua ação biblioteconômica, procura
promover a independência do estudante de graduação na busca de suas pesquisas,
tornando-o um usuário capaz de formular e executar suas próprias questões.
Durante a conclusão da pesquisa, verificou-se que, de um modo geral, as
pessoas que aceitaram participar da mesma demonstraram interesse em responder às
perguntas. Uns com mais segurança, outros com mais cautela, mas sempre denotando
atenção pelo tema. Alguns bibliotecários convidados a participar que se recusaram
foram enfáticos ao explicitarem o motivo da recusa. Em contrapartida, as pessoas
participantes foram motivadas pelo assunto, pois demonstraram interesse e consciência
da importância da biblioteca universitária e do trabalho do bibliotecário na formação do
aluno de graduação na universidade.
Por fim, cabe a sugestão de que estudos que busquem opiniões de avaliação
dos profissionais sobre sua atuação sejam realizados também com profissionais
atuantes em outras instâncias da biblioteconomia, como as bibliotecas escolares, por
exemplo, para que se possa refletir sobre a contribuição do profissional bibliotecário na
formação dos discentes de outras esferas do sistema de ensino brasileiro, tais como o
ensino fundamental e o ensino básico.
REFERÊNCIAS
ABBOTT, A. The system of profession: an essay on the division of expert labor.
Chicago, United States: University of Chicago, 1988.
ALMEIDA JUNIOR, O. F. de. Profissional bibliotecário: um pacto com o excludente. In:
BAPTISTA , S. G. ; MUELLER, S. P. M. (Orgs.). Profissional da informação: o espaço
de trabalho. Brasília, DF: Thesaurus, 2004, p.71-86. (Estudos avançados em ciência da
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APÊNDICES
APÊNDICE A – Termo de Aceite da Instituição
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APÊNDICE C – Questionário de Caracterização dos Entrevistados
APÊNDICE D – Roteiro para Entrevista
APÊNDICE E – Entrevistas
APÊNDICE F – Instrumento e Tabulação dos Discursos dos Bibliotecários
APÊNDICE A – Termo de Aceite da Instituição
D E C L A R A Ç Ã O
Declaro, para os devidos fins que, como representante legal da BC/UFSC, eu,
_________________________________________________________________, tomei
conhecimento do projeto de pesquisa intitulado Contribuição do profissional da
informação bibliotecário na formação do discente de graduação na universidade,
elaborado pela mestranda Elda Lopes Lira, aluna do Curso de Mestrado do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação, da Universidade Federal de Santa
Catarina – PGCIN/UFSC, sob o n° de matrícula 200503251, e cumprirei os termos da
Resolução CNS 196/1996 e suas complementares, e como esta instituição tem
condições para o desenvolvimento deste projeto, autorizo a sua execução nos termos
propostos.
Data: __/__/2006.
___________________
Assinatura e carimbo do responsável
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu, Elda Lopes Lira, aluna do Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina – PGCIN/UFSC, sob
o n° de matrícula 200503251, estou desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado
Contribuição do profissional da informação bibliotecário na formação do discente
de graduação na universidade, com o objetivo de conhecer as representações
sociais que os profissionais bibliotecários da biblioteca universitária fazem sobre
a contribuição que oferecem na formação do discente da graduação. Esta
pesquisa tem como propósito a produção da minha Dissertação. Para a coleta dos
dados serão realizadas entrevistas, gravadas em fita magnéticas. Você poderá não
apenas fazer perguntas para esclarecer alguma dúvida que tiver ou mesmo que surgir
no decorrer da entrevista, como também poderá desistir de participar da pesquisa a
qualquer momento. Asseguro-lhe desde já que as informações que me forem confiadas
terão sigilo e sua identidade será preservada. O conteúdo de sua entrevista será
estudado em conjunto com o conteúdo de todas as informações fornecidas por todos os
entrevistados.
Assinaturas:
Pesquisador: _______________________________________________________
Orientador: ________________________________________________________
Eu, ______________________________________________________, fui esclarecido
(a) sobre a pesquisa Contribuição do profissional da informação bibliotecário na
formação do discente de graduação na universidade e concordo que o conteúdo de
minha entrevista seja utilizado na realização deste estudo.
Data: __/__/2006.
Assinatura: ___________________________________ RG: _________________
APÊNDICE C – Questionário de Caracterização dos Entrevistados
Sexo: feminino ( ) masculino ( )
Idade: ________
Formação
Biblioteconomia ( ) sim ( ) não
Ano de conclusão do curso de graduação em Biblioteconomia: _____
Outro curso de graduação: ( ) sim ( ) não. Se marcou sim, qual? __________________
Pós-graduação:
Especialização ( ) sim ( ) não. Se marcou sim, mais de uma? ( ) sim ( ) não. Em quê?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Mestrado ( ) sim ( ) não. Se marcou sim, em quê?
______________________________________________________________________
Doutorado ( ) sim ( ) não. Se marcou sim, em quê?
Exercício Profissional
Quando (ano) iniciou o exercício profissional como bibliotecário(a)? ________________
Há quantos anos atua como profissional nesta biblioteca universitária? _____________
Qual(is) atividades você desenvolve no exercício de seu trabalho cotidiano?
APÊNDICE D – Roteiro para Entrevista
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar
seu trabalho, permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação
na universidade?
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu
trabalho cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na
universidade?
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho
que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento
ao discente de graduação na universidade?
APÊNDICE E – Entrevistas
Neste item apresenta-se as entrevistas realizadas com onze profissionais
bibliotecários onde os discursos pertinentes às perguntas são apresentados na íntegra.
ENTREVISTA 01 (E01)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Eu acho que o profissional que atua dentro da biblioteca universitária, para contribuir com a formação do
discente de graduação, deve ter um conhecimento muito amplo, acredito que uma cultura geral porque
uma universidade oferece uma gama de cursos de graduação e tanto você vai atender a um aluno que
vem te procurar uma coisa bem básica na área de engenharia, como vem aquele aluno que vem lá da
sociologia procurar por uma filosofia de algum filósofo, algum sociólogo, como vem alguém da área de
saúde. Então, a gente tem que saber situar a necessidade do usuário nesse contexto todo, o quê que ele
realmente quer. Então, acho que tem que ter uma noção muito geral disso e também conhecimento do
acervo que a gente tem, porque às vezes a gente pode não ter aquilo que atenda a necessidade dele
imediata e a gente tem que saber o que está em nossas mãos, o que está bem disponível para ele e
também saber buscar as fontes em outros lugares, se for o caso. Eu me coloco assim, é fácil atender
porque eu conheço o contexto da universidade todo, pra começar. Acho também que isso é claro, você
tem que conhecer a universidade, todos os cantinhos, porque às vezes os alunos de graduação, e eu
percebi isso quando dei a disciplina “pesquisa bibliográfica”, não conhecem sequer as oportunidades de
bolsas que eles têm dentro da universidade. A gente tem que ter um conhecimento da universidade como
um todo para poder ajudar até mesmo na formação deles como cidadãos, não só na formação dentro do
curso. Também penso que é importante ter o conhecimento de como funciona os cursos de graduação
da própria universidade; conhecer as ementas das disciplinas; as bibliografias básicas dos cursos; as
bibliografias complementares. Acho que é fundamental para atender a clientela da biblioteca de uma
instituição conhecer como funciona, como é a estrutura dos cursos da universidade, porque se não às
vezes o estudante vem e quer alguma coisa e já vem focado naquilo que o professor recomendou e a
gente também tem que ter esse conhecimento para poder colocar à disposição. Se a gente vai comprar
alguns livros e tem aquela relação com uma organização da estrutura dos cursos, a gente vai comprar os
livros que os cursos necessitam, porque essa coisa é muito falha aqui dentro da universidade. Montam
toda a estrutura de um curso e não vêm na biblioteca ver se tem aqueles livros todos, depois ficam
correndo atrás. Isso é complicado.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
São aqueles bem inerentes à nossa formação como profissional bibliotecário, principalmente conhecer
muito bem as técnicas de referências, como abordar o usuário, como deixá-lo à vontade para se
manifestar, para colocar suas dúvidas, porque a postura do profissional nessa hora é fundamental. Se
você inibir a pessoa, ela já não vai mais lhe pedir direito o que ela necessita. Conhecer também as
formas de organização da própria informação em si dentro das obras, como também da organização da
biblioteca para saber em que tipo de material que eu vou encontrar a solução da dúvida do aluno. É tudo
muito voltado para a formação da gente no curso de biblioteconomia. Tenho que conhecer noções de
catalogação, ter noções de classificação, porque se eu sou uma pessoa que nunca classifiquei e estou
na linha de frente da biblioteca, atendendo usuários, eu tenho que ter noção de toda uma tabela de
classificação para entender em que área e em que obra eu irei encontrar o assunto que o aluno está
procurando.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
As competências profissionais que a gente utiliza para que a gente possa contribuir com a formação do
graduando são todas aquelas que a nossa formação na graduação nos dar e todo aquele conhecimento
que a gente já adquiriu durante a vida profissional e que a gente coloca à serviço do aluno de graduação.
Acredito que aqui posso inserir até o conhecimento, como já mencionei em outra questão anterior, da
estrutura da instituição, da estrutura da organização da biblioteca e, além do mais, conhecer o mercado
editorial, ter relações com outras instituições e trocar idéias. Acredito que todos esses conhecimentos que
a gente vai interiorizando a gente vai colocando isso automaticamente no dia-a-dia na nossa atividade e
isso vai vir em benefício do aluno.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Como competência pessoal considero que eu sou uma pessoa muito atenciosa e sei ouvir. Eu acho que
isso é uma das competências que eu sempre coloco à disposição de quem lida comigo no dia-a-dia e,
logicamente, dentro da minha atuação na biblioteca. A questão de dar atenção, de saber ouvir, de ter
vontade de ajudar, de querer ajudar a encontrar solução, de ter paciência, eu acho que isso aí é
fundamental e eu acho que são as competências que têm me ajudado.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Os recursos tecnológicos, posso dizer que os primeiros são saber dominar o próprio soft gerenciador da
biblioteca, porque dentro da biblioteca, desde a organização da informação até a prestação de qualquer
serviço, se faz uso do sistema que gerencia tudo isso. Eu acho que isso é uma grande ferramenta
tecnológica que a gente conhece, tem que conhecer para conseguir dar conta da demanda dos alunos de
graduação e dos demais. Conhecer informática, tudo que nós sabemos de informática e também das
ferramentas que utilizam na divulgação do serviço; saber usar uma lista de discussão; saber usar um e-
mail; saber se posicionar frente a um computador e fazer uso de todos os recursos que ele nos possibilita
para chegar a melhorar nosso serviço e a nossa oferta de informação para a graduação. Acho que é isso.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Aqui, eu pessoalmente, tenho tido uma preocupação de ler um pouquinho e, inclusive, já li algumas
dissertações que tratam da questão da cognição, de como o indivíduo aprende. Eu acho que isso aí
contribui bastante para a gente poder usar isso no atendimento ao aluno de graduação: como ele busca a
informação, como ele processa, como ele faz uso dela, principalmente quando a gente atende grupos na
biblioteca. A postura do bibliotecário que atende grupos que vêm à biblioteca deve ser uma postura que
transmita segurança ao mesmo tempo em que torne a ocasião em uma coisa agradável, se colocando
como um profissional que está fazendo parte do processo de aprendizagem do aluno. Não ter timidez e
saber fazer uso das técnicas de prender a atenção do aluno, fazendo com que ele se interesse.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
As minhas expectativas? Eu acho que não estava esperando nada muito diferente do que tu me
perguntaste, mas o que eu poderia te dizer mais? Eu acredito que o importante é a gente encarar esse
nosso papel diante do aluno de graduação com muito desafio e querer realmente está preparado para
isso. Buscar ler, buscar se capacitar cada vez mais. Acho que isso é fundamental para o profissional da
informação. Não ficar parado no tempo e no espaço e procurar, principalmente, ler um pouquinho de
didática, ler um pouquinho de psicologia, faz bem.
ENTREVISTA 02 (E02)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, com relação aos conhecimentos gerais eu acho que, como bibliotecário, como pessoas que
trabalham com a informação, nós temos que ser multidisciplinar. A gente tem que ter um conhecimento,
não necessariamente profundo, mas a gente precisa conhecer um pouquinho de todas as áreas. Eu acho
que a nossa própria formação, enquanto bibliotecário, nos possibilita isso. Porque como é que nós vamos
lidar com as várias áreas se nós não conhecermos como é que se dá a organização do conhecimento e
de que forma o conhecimento, a informação está organizada? Então, eu acho que conhecer um pouco
cada área, ter um conhecimento multidisciplinar, eu acredito que seja fundamental para que a gente
possa usar isso para está também orientando e encontrando a informação para auxiliar a formação do
conhecimento nas várias áreas. Além disso, acho que um bibliotecário tem que está sempre
atualizadíssimo. Acho que ele tem que ter leitura, muita leitura, como eu já falei, nas várias áreas, mas
também nos periódicos diários, jornais. Está antenado com o que está ocorrendo no mundo; ter
conhecimento de um idioma, por exemplo, hoje, inglês que é fundamental para quem trabalha com a
internet como ferramenta de busca da informação. Eu acredito que esses conhecimentos básicos são
fundamentais na hora da gente ter que trabalhar com as várias áreas, com os vários discentes. Acho que
é isso!
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Olha, com relação aos conhecimentos técnicos eu acho que está ligado a esta questão um (1). Eu estava
falando aqui com uma colega e eu estava falando que do meu curso de graduação eu tive uma disciplina,
na verdade esta disciplina ela foi... ela era... acho que quatro (4) semestres ela me acompanhou e eu
acho que hoje as pessoas não dão muita importância, é a disciplina de catalogação e eu imagino hoje, eu
fiz esta disciplina com uma excelente professora e fiz muito bem. Eu era muito boa aluna nisso e eu vejo
quando eu contava com algumas colegas minhas, às vezes pessoas com as quais eu trabalhei, que isso
é muito importante, ele tem a sua importância. Não é que eu tinha que ser um bom catalogador para ser
um bom bibliotecário, mas eu acredito que, como eu já falei, que a gente tem que ter uma boa noção da
organização do conhecimento e eu acho que a catalogação nos dar isso, a catalogação junto com a
classificação e aí também eu acho que essa visão ampla que eu acabo tendo, uma visão macro da
biblioteca, dos vários serviços, para eu conseguir isso legal, eu acredito que conhecer, saber bem como o
conhecimento está organizado. Então, acho que, no meu caso, essa disciplina me deu isso. Mas não só
ela, conhecer bastante indexação, acho que é importante. Hoje, quando a gente trabalha com web,
documentos disponíveis na web, como é que a gente vai organizar as página? Acho que é também
fundamental conhecer a biblioteca como um todo, os recursos que ela oferece, conhecer muito bem as
fontes de informação. Antes a gente trabalhava com material impresso, então, hoje, com os recursos
mais online, mas eu acho super-importante que a gente tenha um bom conhecimento dessas fontes de
informação. Enfim, conhecer bem as fontes; saber como é que elas são organizadas; conseguir
determinar ou trabalhar bem com essas coisas do perfil do usuário. Embora a gente não tenha tido isso,
eu não tenha tido isso na minha formação, mas eu acho importante, por exemplo, as disciplinas de
psicologia, a sociologia, a própria educação, a pedagogia, acho que são importantíssimas. Eu não sei se
isso estaria aqui em conhecimentos técnicos, mas eu considero isso importante na nossa formação, na
formação do profissional da informação bibliotecário.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, eu acho que as competências profissionais estão relacionadas aos conhecimentos, advêm dos
conhecimentos técnicos que a gente adquiriu, da nossa formação e daquilo que a gente foi agregando ao
longo da nossa atuação profissional. Então, tudo o que a gente depois leu, todos os cursos que a gente
depois teve que fazer de atualização com relação ao trabalho da gente. No meu caso, por exemplo, meu
trabalho aqui é com bases de dados e recuperação da informação. Então, tudo que eu trabalhei nessa
área são as competências que eu acho fundamentais no exercício do meu trabalho e,
consequentemente, elas vão contribuir para formação do aluno. Porque se eu trabalho com a orientação,
o treinamento, o uso dos recursos de informação propriamente dita e até no conhecimento que os
discentes devem ter do sistema de informação, então, considero competência profissional tudo que
acrescenta no meu conhecimento, desde o conhecimento da própria instituição, dos cursos, do quê que
cada curso tem. Então, acho que tudo isso só vem acrescentar e são, na verdade, o que resulta nessas
competências profissionais que eu devo ter.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Acho que como eu trabalho com treinamento, com atendimento ao usuário eu preciso saber me
comunicar, saber ouvir as pessoas, entender, compreender o que elas querem, ser uma pessoa que
saiba analisar uma determinada situação. Então, quando ela chega com um problema eu acho que eu
tenho que ter aquela competência e a vontade de saber analisar esse problema e chegar a uma
conclusão e falar: bom, ela está precisando disso. Então eu faço uma análise com base naquilo que eu
conheço e chego a uma resposta para ela. É ter vontade e disposição, saber ouvir e gostar de ouvir, ter
independência, acho importante. Eu não posso está o tempo todo dependendo de outros colegas ou de
ter que sair correndo e consultar alguma fonte. Então, eu acho que eu tenho que ter uma autonomia, ter
uma independência até para dizer: olha, no momento eu não sei a resposta, mas eu vou buscar.
Confiança em mim, naquilo que eu conheço. Eu acho que é super-importante na nossa área está sempre
buscando uma atualização, está sempre querendo conhecer, principalmente porque agora está aí toda
essa novidade na tecnologia, na web. Gostar de aprender, acho que é fundamental, uma competência
pessoal fundamental na nossa área.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
O computador, sem dúvida, é o principal instrumento hoje de trabalho para mim. Utilizo a internet porque
hoje uma grande parte dos recursos de informação estão disponíveis na internet. Então, todos as bases
de dados que utilizo, as ferramentas de referências, dicionários, os próprios mecanismos de busca, até o
material que eu elaboro para os treinamentos que são os tutoriais, os manuais, tudo hoje está disponível
na internet. Então eu utilizo, sem dúvida alguma, o computador, a internet, como rede, como ferramentas
e o e-mail, sem dúvida, hoje acho que é fundamental para o profissional da informação, é um meio de
comunicação hoje essencial para nós bibliotecários. Utilizo o telefone também como recurso tecnológico.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Eu sempre procuro ouvir o que o usuário está buscando. Acho que saber ouvir o usuário é um passo
importante para se comunicar bem com ele. Quando faço treinamento procuro falar de maneira clara a
minha mensagem para que os estudantes conheçam a biblioteca e os serviços que podem encontrar
aqui. Quando eu atendo um aluno procuro ajudar com todos os recursos que disponho na biblioteca. Se
acontece de o que ele está querendo não ter na biblioteca, eu procuro informar o aluno como ele deve
proceder para obter o material que ele necessita, mostro o COMUT, as bases de dados e tudo o mais. Eu
acho que dar ao usuário os caminhos para ele encontrar o que precisa é procedimento didático
pedagógico.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Não.
ENTREVISTA 03 (E03)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
É preciso conhecimento de línguas; é preciso está se atualizando com cursos pequenos, cursos de
especialização; conhecimento sobre a universidade; é preciso que o profissional realmente esteja à par
do que está acontecendo em nível local, estadual, regional, mundial. Enfim, para conduzir para a
formação do aluno, do discente.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu preciso, enquanto bibliotecária, conhecer catalogação, conhecer classificação, indexação. Eu preciso
conhecer toda a biblioteca onde eu trabalho, quais os serviços que ela presta, como funciona cada
serviço. Preciso também entender a questão de estratégias de busca numa pesquisa, a localização de
um material na estante, orientação à normalização dos trabalhos técnicos científicos. Conhecer as
normas, principalmente as normas de documentação. Acredito ser isto.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Uma competência profissional, hoje, dentro da biblioteconomia, é o domínio dos recursos tecnológicos.
Isso é uma competência que eu preciso ter. Outra que eu utilizo no meu trabalho é a competência de
gerenciar, saber o que gerenciar. Uma das formas, então, de desenvolver a competência profissional é
através da experiência e vivência do bibliotecário e, as necessidades que vão surgindo nesse mundo da
informação, aonde obriga o funcionário, então, à procurar novas formas e com isso desenvolve, então,
competências profissionais. E isso, sempre, claro, indo encontro com as necessidades da comunidade
universitária, especificamente o discente.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Uma competência pessoal que eu considero importante é a questão da oratória, o saber falar para o
aluno, o como falar para o aluno. Aqui a gente poderia citar “A quinta disciplina”, de Peter Singer, do
domínio pessoal, aprendizagem organizacional, entre outras. Mas eu penso que uma competência
pessoal que eu devo e que eu preciso desenvolver cada dia mais é a questão da oratória.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, enquanto profissional da informação, eu preciso, além de utilizar essas ferramentas, conhecer quais
as ferramentas disponíveis na biblioteca e para que serve cada uma delas. Preciso conhecer os recursos
via web, quais são e como funcionam porque eu tenho que saber utilizá-los para trabalhar isso com o
discente e é claro que isso envolve diretamente a formação do discente.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
O bibliotecário deve adotar uma postura correta, firme ao orientar o aluno na busca de um livro ou na
elaboração de uma referência bibliográfica, até mesmo em relação às questões administrativas como
livros em atraso, pagamento de multas. Então, aqui na biblioteca às vezes o bibliotecário tem que ser pai
e mãe do aluno. Portanto, ele tem que ter uma postura adequada, firme, mesmo que doa para o usuário.
E também um outro procedimento é a questão da educação para o século XXI que tem como lema
“ensinar para aprender“. Isso também vem em encontro com a Administração da biblioteca. Acho que é
isso!
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais? Não.
ENTREVISTA 04 (E04)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Qualquer profissão, seja ela de pedreiro, seja de bibliotecário, seja médico, exige cultura geral. Eu acho
que ter conhecimento geral é necessário até para ajudar meu filho, por exemplo, que está na quinta série.
Então a gente tem que está ligado, tem que conhecer um pouco de tudo embora exijam que a gente
conheça um monte de tudo. E como que eu vejo a contribuição do profissional bibliotecário na formação
dos discente de graduação na universidade? Bom, eu acho que todo mundo vai ter que buscar esses
conhecimentos gerais na tela do computador e nos jornais. Eu não estou dizendo o que o bibliotecário
tem que saber, eu estou dizendo o que ele tem que fazer para ter conhecimento. Eu entendi assim. O
bibliotecário deve procurar saber um pouco mais sobre a história dos livros, das civilizações; saber, por
exemplo, porque o homem teve que registrar sua vida e a partir de quando começou este registro. Acho
que atualmente isso é uma ferramenta importante para o meu trabalho. Eu acho que se eu pudesse
conhecer um pouco mais sobre História o meu trabalho ficaria um pouco melhor. História da Arte, História
da Cultura, História das Civilizações e História do Livro são temas que, hoje, eu tenho dificuldades
porque o meu curso de graduação em biblioteconomia não me passou. Penso até em fazer curso de
História, não por que eu queira dar aula, mas para saber mais sobre todos esses temas que citei.
Atualmente, o bibliotecário trabalha com diversos acervos, com peças e obras de arte, organiza livros
raros e isso exige um conhecimento de História para, por exemplo, saber por que determinada peça ou
livro é importante e isso é História porque a biblioteca também é uma espécie de museu. Então acho que
para o meu trabalho o conhecimento que eu deveria ter seria um pouco de História, sobretudo História da
Cultura e História das Civilizações. Acho que conhecimento de línguas estrangeiras é imprescindível para
o bibliotecário, sobretudo o inglês que é uma língua mundial. É importante você saber ao menos ler em
inglês. Saber ler já é um bom começo, se souber ouvir é melhor ainda. Eu tenho dificuldades com línguas
estrangeiras. Por exemplo, quando vou a algum evento sou obrigado a usar aqueles fones de tradução
simultânea enquanto que eu vejo colegas que sabem inglês não precisarem dos fones. Para ler textos
na internet geralmente eu recorro a tradutores simultâneos. O francês e o espanhol também são
importantes já que nós somos o único país que fala português na América Latina, visto que os demais
países sul americanos são todos de língua espanhola, sendo que em alguns se fala o francês e também
o inglês. Então eu acho que ter conhecimento de idiomas estrangeiros é, sem sombra de dúvida, muito
importante para eu desempenhar bem o meu trabalho aqui na universidade. Outro ponto que considero
importante é ter bons modos, ser educado, saber falar com o aluno, se comportar adequadamente como
um técnico de nível superior, até mesmo para servir de espelho para o aluno que vem na biblioteca. Para
isso o bibliotecário precisa ler muito e, por exemplo, fazer curso de oratória. Isso é importante. Também
acho importante o conhecimento sobre músicas e filmes no meu trabalho na biblioteca, pois escuto
música com aluno aqui dentro, indico autores e intérpretes de músicas e de filmes assim como onde o
aluno pode adquirir uma fita que ele queira e que não existe em nosso acervo. Então eu tenho
conhecimento de editores, de revendedores de vídeos no Brasil, etc., para poder indicar para algum
usuário que deseje comprar.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
No meu caso aqui, normas, por exemplo. Normas brasileiras aqui são importantes porque a gente está
sempre indicando. Existem normas para fazer parafuso, para fazer uma citação, para fazer um trabalho
acadêmico como uma monografia, por exemplo. Para tudo há normas. Então nós bibliotecários somos
obrigados a conhecê-las para poder atender a comunidade acadêmica. A própria área de catalogação em
geral a gente é obrigado a conhecer também, até mesmo para orientar os bolsistas que a gente tem aqui
como construir as planilhas, porque é o bolsistas quem pega o documento e faz a distinção do mesmo
em uma planilha e eu tenho vários bolsistas. Então eu tenho que entender de catalogação, toda ela, para
poder ensinar aos bolsistas. Hoje, você é obrigado a ser auto-suficiente em informática, por exemplo, em
internet. Você tem que saber se virar, você tem que saber fazer dowland, você tem que ler manuais de
instalação de equipamentos. Eu conheço MAR21, eu não o conhecia porque sou formado em uma época
em que já existia MARC mas a gente nem sonhava, até era só MARC na época em que eu estudava,
hoje é MARC21. Então eu tive que aprender MARC21, conhecê-lo bem para eu poder, por exemplo,
montar um acervo de brinquedos no Colégio de Aplicação. Então hoje eu conheço muito bem o MARC21
exatamente porque eu precisei construir um acervo novo no Brasil que é o de brinquedos, foi a primeira
brinquedoteca informatizada do País, inclusive este meu trabalho foi publicado em um congresso de
biblioteconomia.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Conhecer um pouco sobre obra rara e sobre material raro é uma competência minha. Eu sou obrigado a
saber identificar o que é raro; o quê que eu posso botar naquele acervo assim como o quê que eu posso
tirar também. Eu tenho competência para isto porque eu estudei muito sobre isso. No próprio auxílio a
alunos sobre normalização, também. Eu indico muito aos alunos sobre um trabalho. É minha
competência, por exemplo, dizer para você que um trabalho tem página de rosto, tem citação e que você
é obrigado a citar a fonte; tem referência bibliográfica e que você tem a maneira para fazer isso, existe
normas para você fazer referências. Então é minha competência saber que existe normas para que eu
possa fazer um bom trabalho, ou seja, para eu ser um bom profissional eu tenho que conhecer as
normas da ABNT relacionadas a trabalhos acadêmicos. Conhecer se um livro é raro ou não é minha
competência, pois não posso colocar um livro que não é raro como raro porque estarei tirando espaço de
um livro raro ou engrossando um acervo de livro raro sem necessidade, porque o livro raro exige maiores
cuidados como ar-condicionado e limpeza e isso demanda recursos financeiros e humanos. Então eu
tenho que conhecer de fato o quê que é raro e o que não é raro para poder ter um acervo enxuto,
corretamente raro e não ter um acervo muito grande.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu sou assim absolutamente honesto. Vim de uma família humilde, mas criado na maior rigidez sobre
honestidade. Eu sou capaz de voltar na padaria se o cara devolver para mim dez centavos. Então eu
acho que a honestidade é uma competência pessoal muito grande minha. Tenho orgulho disso. Isso para
mim é muita honra. Acho que isso é qualidade, mas também é competência. O importante também é que
eu tenho muito carinho pelo livro, pelo acervo. Eu oriento sempre que eu posso, sempre pesquiso e peço
para qualquer pessoa que vem a mim para ter cuidado ao manusear um livro, uma fotografia. Você deve
ter cuidados ao manusear um acervo fotográfico, deve usar luvas de algodão, por exemplo, porque os
nossos dedos é um ácido puro. Então eu oriento as pessoas que ao manusearem um acervo fotográfico
tenham bastante cuidado. Tem o horário também, acho muito importante. Acho que a gente também tem
que honrar o nosso horário de trabalho. Eu digo que o usuário é meu patrão, digo que o aluno é meu
patrão. Os meus bolsistas são os meus patrões, tenho muito cuidado com eles porque eu só estou aqui
porque eles estão na graduação, também fazem graduação. Então, não só a graduação, eu ajudo a toda
a comunidade acadêmica. O respeito é um fator positivo para mim porque eu tento não deixar o aluno
sem resposta, eu sou honesto com o aluno. Quando o livro não está na estante e não está emprestado e
nem em lugar algum eu digo que o livro foi roubado. Eu não sei mentir para você. Eu tenho essa coisa de
transparência com o aluno. Eu não deixo ninguém sem informação, seja interna ou externa. Eu faço
empréstimo no meu nome para aluno de qualquer comunidade, seja ela qual for. Ele vem aqui ler o livro
na biblioteca e devolve para mim, fica na minha mesa. Então eu acho que minha maior competência
pessoal é o respeito que eu tenho pelo usuário. Aí eu acho que entra todas as competências. Eu estou
aqui porque existe aluno, porque existe a comunidade que está pagando meu salário para eu sentar
nesta cadeira e defende-lo. É isso.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
O seu google. Seu google para mim me auxilia em tudo, em fontes de informação no Brasil e no mundo
inteiro. Com seu google eu achei, por exemplo, editoras que vendem livros e fitas de vídeo na Grande
Florianópolis. Hoje, o google é uma ferramenta muito importante para mim. O pergamum é a ferramenta
que gerencia nosso acervo aqui. Eu acesso a biblioteca da USP e da UNICAMP que têm uma base de
dados digitais. Então são ferramentas que eu uso bastante. Por exemplo, quando faço uma pesquisa
para um usuário e encontro a informação em outro Estado, informo-o que há outras fontes digitais e que
uma boa fonte é a USP. Então o conhecimento de recursos tecnológicos seria conhecer bases de dados,
conhecer fontes de informação digitais.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Eu tento tornar meu usuário independente, até porque eu sou um para milhares de usuários. Então eu
não posso ficar à disposição muito tempo para todos eles, assim eu tento orientá-los a fazerem pesquisa.
Aqui nós passamos uma fita para o aluno quando fazemos visita orientada onde a gente ensina ele a
estudar para que ele fique independente e possa fazer sua pesquisa. Quando alguém quer um assunto,
por exemplo, pelo telefone, pela rede, eu não costumo atender. Eu mando ele vir aqui na biblioteca e
pesquisar no nosso acervo porque só ter o assunto específico para mim não é suficiente. Porque, por
exemplo, um assunto sobre administração eu vou citar três mil exemplares. Agora, qual deles? Eu não
sou administrador de empresa, então o aluno tem que saber , ele tem que também saber pegar o
interesse do professor que é a pessoa mais indicada e pode ajuda-lo pelo menos a diminuir o universo da
informação, a deixar o mais filtrado possível para ele. Quando eu vim trabalhar aqui nas coleções
especiais nós organizamos três salas nas quais os alunos fazem pesquisa, assistem vídeos, congresso,
um monte de coisa. No começo a comunidade ligava para cá e marcava reservas para as salas por
telefone, mas desde o começo do ano de dois mil e três que este serviço está na rede e as reservas
podem ser feitas pela internet pela página da biblioteca. Hoje, o próprio aluno faz sua reserva com sua
matrícula e senha. Você mesma já pode reservar para tua defesa quando terminar de fazer tua pós-
graduação mesma que seja para daqui a um ano. Não sei quando é que você irá terminar. Você mesma
vai marcar sua reserva sem precisar ocupar um telefone nosso ou uma pessoa nossa para digitar seu
nome. Você mesma vai colocar seu nome, o título do seu trabalho e o dia que você irá usar o espaço.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Eu não saberia formular uma pergunta, mas o meu curso, a minha formação não me preparou para, por
exemplo, ser chefe ou ser coordenador, assim como não me preparou para trabalhar com acervos
específicos. Então eu não sei como eu poderia formular uma pergunta. A formação do bibliotecário é
muito técnica. Eu não sei se está mudando um pouco mais. Então acho que a pergunta que você poderia
me fazer seria se eu estaria preparado para assumir um acervo chamado coleções especiais, obras
raras; um acervo de audiovisual; um acervo de teses e dissertações. Ou seja, se eu estaria preparado
para trabalhar com acervos com fins específicos. Eu tive que conhecer na marra quais são os autores
catarinenses e onde buscar fontes de informação desses autores. Então seria uma pergunta mais ou
menos assim: se a própria faculdade me preparou para exercer essas funções de bibliotecário.
ENTREVISTA 05 (E05)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Eu considero necessário para mim desempenhar meu trabalho o conhecimento de línguas,
principalmente o inglês e conhecimentos gerais. A gente tem que saber um pouco de história, um pouco
de geografia, ás vezes até de matemática porque tu trabalhas com um monte de tipo de material, então
tu tens que saber um pouco de tudo. Tu tens que saber de atualidades, saber da economia, que tipo de
moeda, o que estar acontecendo, saber das questões políticas porque dependendo do que tu estás
fazendo ali a gente acaba que obrigatoriamente tendo que ter essas informações.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, os conhecimentos técnicos que a gente necessita para aplicar seria conhecimentos sobre os
sistemas MARC e pergamum, também sobre catalogação e classificação porque catalogamos e
classificamos. No nosso caso aqui na BU temos que conhecer a CDU e saber fazer a catalogação em
cima dos parâmetros dos sistema pergamum.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, a competência que é necessária para o profissional seria o conhecimento na área de
biblioteconomia, especificamente, no nosso caso, a catalogação e a classificação. Atualmente, a
catalogação e a classificação são utilizadas de formas diferentes da época em que a gente estudou, mas
a gente aprende a classificar e a catalogar em cima dessa metodologia que tem hoje que é com o
computador, com o sistema pergamum e com o MARC. Então, hoje, nós temos agregado outras formas
de colocar em prática a catalogação e a classificação.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, quanto à competência pessoal um bibliotecário, ou qualquer profissional, tem sempre que ter muita
responsabilidade, zelo e atenção no que está fazendo, só assim ele poderá passar exatamente o que o
usuário necessita, pois nosso objetivo final é a satisfação do nosso usuário.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Bom, as ferramentas que a gente utiliza, hoje, para trabalhar aqui na universidade são diferentes do que
era antigamente, porque era papel, planilha, fichinhas. Hoje, a gente não tem mais nada disso. Hoje, nós
temos computador com alguns programas específicos como as bases de dados, o winisis, a LC e através
desses programas, mais especificamente do pergamum, que é o sistema que a nossa instituição usa, a
gente consegue fazer nossas atividades que é classificar e catalogar. A partir do momento em que nós
salvamos e atualizamos determinado material catalogado no computador, automaticamente ele já estará
disponível para uso na tela do computador. Então praticamente, hoje, nós usamos o computador e o
pergamum e algumas bases de dados.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Bom, normalmente aos sábados o pessoal do serviço técnico é escalado para trabalhar no atendimento e
algumas vezes eu trabalhei durante as férias nessa função. Sempre o cuidado é de atender o aluno com
a maior presteza e, de preferência, passar aquilo que ele precisa. Então todas as vezes em que vou para
o atendimento tenho o cuidado para que o usuário seja bem atendido e saia satisfeito da biblioteca. Às
vezes até não atendido porque o material que ele precisa não está disponível, mas mesmo assim que ele
tenha um atendimento cordial, técnico e profissional. Uma coisa que sempre procuro fazer ao atender um
usuário é explicar-lhe como fazer a pesquisa no computador e como encontrar o material nas estantes.
Então procuro mostrar-lhe que a numeração que ele tem em mãos é referente a determinada obra e
determinado autor e que ele deve pesquisar também por assunto, pois ele encontrará um leque de obras
no assunto que ele procura. Eu incentivo o aluno a usar o pergamum e explorar o acervo. Então, eu
ensino o aluno a buscar as informações que ele precisa.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
De repente eu pensei que tu irias me perguntar alguma coisa relacionada à como que era quando a
gente se formou, no meu caso em 1984, e como é hoje, como está essa diferença. Então, realmente
grandes diferenças, há grandes modificações. A gente começou lá naquela época com fichinhas, com
planilhas, fichários enormes. A gente aprendeu a classificar e catalogar tudo em papel. Hoje, já não faz
mais nada disso, já não há mais nada em papel, já não se cataloga e já não se classifica em fichinhas,
não existe mais fichários. Hoje, tudo está no computador e a informação chega para o usuário muito
rapidamente. Até o próprio livro que naquela época demorava tanto para ser disponibilizado para o
usuário visto tanta burocracia que havia no processamento técnico, agora com essa nova tecnologia do
computador o usuário tem acesso ao documento assim como recebe informações com muito mais
rapidez. Pois no momento em que a gente conclui a catalogação de um documento ele já é
disponibilizado para o usuário na interne e o usuário poderá acessa-lo de onde quer que esteja. Então,
acho que isso é uma coisa bastante importante e muito boa para o usuário.
ENTREVISTA 06 (E06)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Todo tipo de conhecimento é importante, especificamente assim o conhecimento em uma outra língua.
Uma língua estrangeira vai nos ajudar bastante no nosso dia-a-dia. Também conhecimentos assim
gerais, de cultura geral como política, história, história da arte. Eu acho que todo tipo de conhecimento é
bem vindo no nosso serviço.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Primeiramente, ter conhecimentos específicos do curso de biblioteconomia. Também é importante
conhecer bem os manuais e ter facilidade para lidar com os mesmos, assim como também para lidar com
os códigos e com as tabelas. Conhecimentos básicos de informática acho também muito importante e
necessário.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
A competência profissional que mais utilizo no meu trabalho seria a experiência, o conhecimento daquilo
que faço. Às vezes chega alguém recém-formado, cheio de idéias novas e soluções e às vezes até muda
alguma coisa que a gente fez. Mas no final a gente tem razão porque ver que não era assim. Então eu
acho que a experiência, o conhecimento no trabalho é o mais importante.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu me considero uma pessoa paciente, sensível às necessidades de alguém, fácil de dialogar e escutar o
que o usuário está querendo. Procuro me aperfeiçoar fazendo os cursos de atualização para poder
desempenhar melhor meu trabalho. Isso me ajuda muito na minha profissão.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Utilizo as bases de dados, a internet e todas as ferramentas disponíveis para facilitar e aprimorar o meu
trabalho.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Utilizo as informações disponíveis nos murais, nos painéis, inclusive na tela do computador. Acompanho
o usuário até a informação disponível, mostrando os detalhes, respondendo às perguntas, observando as
dificuldades dele com a finalidade de ensiná-lo a entender o processo de busca e aquisição de
informação na biblioteca. Dessa forma, na próxima vez em que ele vir à biblioteca não vai mais precisar
de mim.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Eu não sabia o que você iria perguntar, mas eu acho que é isso aí mesmo, nada mais. Eu não tenho
nada a falar a não ser que a gente tem que desempenhar bem a profissão, deixar do lado de fora da
biblioteca os problemas pessoais que é para poder atender bem as pessoas.
ENTREVISTA 07 (E07)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Em primeiro lugar eu acho que a gente tem que ter o bom senso, porque o bom senso ajuda bastante no
desempenho das nossas atividades. Conhecimentos gerais, na verdade eu acho que a gente deve
entender um pouco de cada assunto. Hoje, ter conhecimentos gerais nos ajuda muito a desempenhar
bem as nossas atividades.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu acho importante a gente ter noção de classificação da CDU, que é o sistema que a gente adota aqui,
pelo menos dos números básicos, porque muitas vezes a gente não recupera no sistema a obra que o
usuário está procurando e de acordo com a área do conhecimento que ele está pesquisando a gente vai
até a estante e dar uma olhada e auxilia na busca.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu sempre procuro conciliar meu jeito de ser, meu jeito de pensar com as competências profissionais. Eu
tenho muito de mim que eu gosto de ter um bom relacionamento com as pessoas. Então, ultimamente eu
tenho trabalhado com atendimento ao usuário, no setor de referência e eu me identifico bastante. É uma
atividade que eu gosto de desenvolver e procuro sempre aplicar no meu dia-a-dia toda a bagagem
teórica que recebi na minha formação.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
As competências pessoais que utilizo no meu trabalho é lealdade, responsabilidade, dedicação pelo meu
trabalho e o afeto que tenho pelas pessoas.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
As ferramentas e os recursos tecnológicos que eu utilizo é o computador e a internet e para o
atendimento ao usuário local é o sistema pergamum, que é o programa que a nossa instituição utiliza
para gerenciar nosso acervo.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Cada curso é um curso. Então, quando o aluno tem dificuldade em localizar uma obra ou até mesmo não
conhece nosso acervo, procuro identificar esta dificuldade do aluno orientando como funciona a busca.
Se ele tem o título mostro como buscar pelo título; se ele tem o autor oriento como buscar pelo autor e
oriento o que ele deve anotar no momento da busca que é o número de chamada. Enfim, procuro mostrar
como funciona a nossa base de dados, mostrando todos os recursos disponíveis. Se um usuário tem
dificuldade em consultar nossa base de dados provavelmente ele também não irá conseguir localizar a
obra na estante. Então acompanho o usuário até o acervo e procuro orientá-lo como recuperar aquela
obra que ele deseja, explico o que significa o número de chamada e como o acervo está disponibilizado
nas estantes. No início do semestre a gente faz visitas orientadas com os calouros onde a gente expõe
um vídeo sobre todos os serviços que a biblioteca oferece, todo o acervo e como ele está organizado e,
por último, a gente acompanha a turma por todo o espaço da biblioteca mostrando como a biblioteca está
estruturada.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
É, na verdade eu me fecho muito quando é uma entrevista assim gravada. Eu prefiro responder no
formulário, levar para casa e trabalhar em cima das questões. Mas, no primeiro momento, quando foi
falado que seria feito uma entrevista eu pensava que fosse perguntar sobre a experiência profissional da
gente, sobre o nosso trabalho no dia-a-dia. Eu, por exemplo, já trabalho na biblioteca há 28 anos, então
tudo se passou aqui. Eu achei essas perguntas que tu colocaste um pouco fechadas e fiquei meia
perdida nas respostas e muito presa no que estava sendo perguntado. E o fato de saber que estava
sendo gravada, para mim fechou mais ainda.
ENTREVISTA 08 (E08)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
O profissional tem que se atualizar diariamente para atender bem a comunidade universitária.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Atualmente, só tenho o curso de graduação em biblioteconomia, especialização em administração
universitária e cursos de informática. Acho que estes cursos é o mínimo que eu posso ter para
desenvolver minhas atividades aqui na biblioteca universitária.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Tendo o curso de especialização em administração universitária ficou mais fácil gerenciar a divisão com
base em recursos humanos. Atualmente, tenho que lidar com pessoal.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Como chefe de divisão o ser humano tem que ser compreensível e saber procurar gerenciar bem o
pessoal. Hoje, o RH também é muito frágil na biblioteca. Você tem que saber lidar com as pessoas com
humildade.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Com as novas tecnologias surgiram as grandes mudanças nas bibliotecas universitárias. Atualmente, as
ferramentas tecnológicas que utilizamos aqui na biblioteca universitária da Universidade Federal de
Santa Catarina é computador, a internet, o sistema pergamum, as bases de dados e o COMUT.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
A parte de didática que eu utilizo aqui é dar aula para o curso de biblioteconomia, enfocando a parte de
aquisição, intercâmbio, a sua função, funcionalidade e desempenho. A função do intercâmbio aqui é
permutar revistas da UFSc com revistas de outras universidades, nacionais ou estrangeiras, para serem
inseridas em nosso acervo.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Não havendo pergunta agradeço à mestranda que veio entrevistar para mais uma publicação em nossa
área futuramente.
ENTREVISTA 09 (E09)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Primeiramente, é ter uma segunda língua, ter conhecimento de um outro idioma. O bibliotecário tem que
ter, ainda, um bom nível cultural e intelectual para que ele possa exercer bem sua profissão.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
O bibliotecário deve ter conhecimento de classificação da CDU, de MARC21, de bases de dados, em
automação de bibliotecas, assim como conhecimentos em disseminação da informação, redes de
bibliotecas e comunicação on-line. Ou seja, conhecimentos técnicos de biblioteconomia em geral.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
No meu caso, a minha competência está na parte dos processamentos técnicos. O que eu faço e fiz com
muita freqüência e continuo fazendo até hoje é a classificação e a catalogação de livros e periódicos.
Posso dizer que tenho certa competência também na área de bibliotecas públicas e até escolares,
porque eu já atuei em biblioteca pública de cidade do interior do Estado de Santa Catarina e este tipo de
instituição é quase uma biblioteca escolar.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
O que me auxilia no meu serviço que eu considero um ponto muito positivo é o fato de eu ter sempre
vontade de aprender. Quando sei de algo novo compartilho com colegas, quando preciso de alguma
informação tenho a humildade de perguntar, ir atrás, procurar aprender para poder desenvolver melhor o
meu trabalho. Essa vontade de tentar fazer melhor o trabalho que desempenho facilita tanto para mim
quanto para o usuário, que é sempre o objetivo do meu trabalho.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Os recursos tecnológicos que eu uso são o computador, bases de dados como a LC e a do IBICT; o
sistema pergamum, que é o nosso sistema, e a internet, para fazer pesquisas.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Eu não faço atendimento ao público, ao usuário. Meu serviço aqui é só técnico mesmo. Raramente,
quando vem algum usuário aqui no meu setor eu uso o pergamum mesmo para fazer o atendimento.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Não. Foi bom, gostei da entrevista. Agradeço a oportunidade e espero que tenha contribuído um pouco.
ENTREVISTA 10 (E10)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Eu acredito que qualquer profissão exige da pessoa uma bagagem de conhecimentos adquiridos ao
longo de sua vida profissional, qualquer profissão tem essa exigência para que a pessoa possa está
atuando e ainda mais a nossa profissão como atuante em uma área da informação, sobretudo o
profissional que atua no meio acadêmico. Eu acredito também que o bibliotecário deve está em constante
atualização, seja em conhecimentos de cultura geral ou procurando aprender línguas estrangeiras para
poder atender as exigências e as necessidades desse nosso aluno que vem em busca da informação.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Quanto aos conhecimentos técnicos eu acredito que nossa formação como bibliotecário nos deu bastante
ênfase neste aspecto. Mas, ao longo da vida profissional a gente vai tendo que aprimorar esses
conhecimentos e acrescentar novos, a gente tem que está inovando e acompanhando as necessidades
do nosso usuário, porque eles, no momento da graduação, são alunos jovens que já vêm de uma era
tecnológica bem avançada. Então a gente tem que está constantemente buscando conhecimentos além
do universo que a gente teve na formação, que foram conhecimentos voltados para o estoque de
informação. Atualmente, o bibliotecário deixou de ser aquele profissional voltado para o estoque de
informação e está preocupado mesmo é com o fluxo de informação. Eu vejo que este profissional está
em constante atualização profissional, conhecendo novos recursos tecnológicos na área de informática.
Hoje, é imprescindível que o bibliotecário tenha conhecimento de ferramentas tecnológicas porque o
usuário está exigindo isso dele. Na minha área de atuação aqui na biblioteca é impossível eu não ter o
conhecimento desses recursos tecnológicos sobre redes, por exemplo. A tecnologia está aí e a gente não
pode fugir disso, tem que está sabendo. Se não conseguir dominar tudo, mas pelo menos tomando
conhecimento da existência deles.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu acredito que as competências profissionais são um conjunto formado pelos conhecimentos gerais e
pelos conhecimentos técnicos adquiridos ao longo da vida profissional e que precisam estar sempre em
renovação. Eu penso ainda que o profissional pode ser especialista em uma área, ter domínio em
determinada área, mas ele tem que ter uma visão sistêmica de todo seu meio de atuação.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
No meu caso, como eu atendo usuários, acho que o profissional deve está muito envolvido. Para o
profissional se envolver com o usuário e saber o que ele realmente está buscando deve conhecê-lo e
para isso o bibliotecário tem que ter um certo dom de se comunicar com esse usuário, a comunicação é
importante e também um pouco de conhecimento de psicologia. Para mim o bibliotecário é um agente
social e interage com o usuário na hora de buscar uma informação. Então a gente trabalha com a
psicologia, com a lógica, com a retórica e com a comunicação. O bibliotecário tem que ser criativo e
dinâmico porque o usuário vem e quer a informação e a gente tem que ser objetivo e procurar atender
logo as necessidades dele.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu trabalho com a internet, utilizo o e-mail, um soft de exportação de dados, o Ariel que é um programa
de transmissão. Então, a gente trabalha diretamente com os recursos tecnológicos oferecidos pela
universidade.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Como já falei na questão 2, a nossa formação foi muito voltada para o estoque de informação. A gente
aprendeu as técnicas voltadas para o estoque, a armazenagem e a preservação da informação, ou seja,
a gente aprendeu a lidar com a questão física da informação. Hoje, a gente vê isso completamente
mudado, a informação está disponível para qualquer pessoa, qualquer usuário e os nossos usuários da
graduação dominam tranquilamente os recursos tecnológicos disponíveis na universidade. Então, eu vejo
que é necessário que o bibliotecário seja atuante na área tecnológica. No meu caso, que atuo com
treinamento e capacitação, a gente está envolvido diretamente com essa necessidade tanto de se
capacitar quanto de capacitar o usuário. Então, atualmente, nós estamos mais voltados para o fluxo da
informação, estamos mais preocupados com o fluxo da informação e não mais com aquilo que está
estocado fisicamente. Então, eu vejo o bibliotecário como educador, ele deve fazer a interface de
professor e buscar se integrar com a universidade no todo. O ideal seria até que o bibliotecário
trabalhasse em conjunto com os professores. Estou falando por experiência própria, observo que está
havendo um direcionamento para essa cooperação entre professores e bibliotecários, mas ainda é muito
tímida. Assim poderemos alcançar nosso objetivo aqui na biblioteca em relação ao usuário que é torná-lo
um usuário autônomo e capaz de ser crítico da informação a que tem acesso. Que ele aprenda ao longo
da vida, que é a chamada “Aprendizagem Informacional” ou “Alfabetização Informacional”. Eu acho que é
isso, o bibliotecário tem que está procurando esse caminho. É claro que ele nunca esquecerá que
sempre terá que gerenciar a informação, seja em suporte físico ou eletrônico. Mas, hoje, o bibliotecário
tem que se voltar mais para o lado de capacitação do usuário, permitindo-lhe ser um usuário
independente.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Eu esperava isso aí mesmo que você perguntou, mas eu friso que o bibliotecário tem que está em
contínua aprendizagem se não vai morrer na praia, ou seja, vai deixar que outras profissões domine
nessa área da tecnologia voltada para os centros de informação e documentação. Então, para mim, a
aprendizagem continuada é essencial para o bibliotecário se manter atuando em seu espaço.
ENTREVISTA 11 (E11)
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
Saber se expressar verbalmente; ter noções de língua portuguesa; ter conhecimento de línguas
estrangeiras, principalmente do inglês e do espanhol; ter um bom nível intelectual. Tudo isso vai permitir
que você seja capaz de compreender melhor o usuário e assim fornecer o que ele precisa com mais
precisão e rapidez. É importante também procurar saber o que está se passando dentro dos cursos em
questão através de contato com os Centros Acadêmicos e com os coordenadores ou professores. Eu
acho importante ter essas informações organizacionais, saber para aonde os cursos estão caminhando e
o quê que os mesmos estão esperando da biblioteca universitária. Ter um bom relacionamento inter-
pessoal, acho muito importante isso também. Saber ouvir para depois poder dar um parecer, poder
interferir. Acho importante que o bibliotecário tenha conhecimento mais acentuado na sua especificidade,
na área em que atua. Se você atua em uma biblioteca setorial, por exemplo, que tem poucas áreas, é
mais tranqüilo porque você consegue se aprofundar um pouco mais no assunto ou nos assuntos que
você trabalha no dia-a-dia. Mas se são muitas as áreas, como no nosso caso aqui, dar para ter pelo
menos conhecimentos básicos sobre os assuntos.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Acho que todos os conhecimentos técnicos são importantes para você desenvolver as atividades dentro
de uma organização de informação. Mas eu penso que atualmente é muito importante ter conhecimento
de informática e gestão. Estes dois assuntos, hoje, são fundamentais para as atividades que eu
desenvolvo no meu trabalho. Gostaria de destacar aqui também que conhecimento das novas
tecnologias de informação, já que estamos vivendo no momento da sociedade da informação, é muito
importante. Então, você tem que acompanhar tudo que está saindo de novo em termos de tecnologia de
informação e comunicação.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
A liderança, antes de tudo. Você tem que ter liderança, tem que ser líder em qualquer lugar. A liderança
tem a ver com o perfil pessoal, mas ela está relacionada com o perfil profissional também. Você tem que
ter poder de decisão muito forte, poder de intuição acirrada com perseverança porque você não pode
desistir nunca. Você tem que sempre ir mais longe do que o usuário espera, mostrando aquilo que você
conhece e ir um além, mostrar para ele o que ele ainda não conhece.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
Eu acho que as competências pessoais juntamente com as profissionais formam um conjunto. Elas têm
uma inter-relação muito forte. Se você é uma pessoa carismática e bem humorada, você trabalha bem.
De certa forma as competências pessoais têm interferência nas competências profissionais. Eu acho que
atualmente é interessante ser afetuoso, porque já se trabalha muito com máquinas. Então, eu acho que o
calor humano, o bom atendimento, a paciência, o carisma, o bom humor são competências pessoais que
utilizo no meu trabalho.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
É o computador aliado às bases de dados on-lines tanto em português quanto em línguas estrangeiras.
Eu acho que as fontes de informações on-lines, hoje, tanto as bibliográficas quanto as textuais, estão
tendo destaques muito importantes na vida do acadêmico.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
Costumo indicar quais as melhores bases de dados no assunto que ele está pesquisando, quais
melhores revista e onde encontrá-las, porque a gente tem procurado tornar o usuário cada vez mais
independente na hora de suas pesquisas. Na verdade esta é uma tendência, pois ele mesmo já está
criando esta cultura. O usuário está cada vez menos dependendo diretamente de nós. Se você der as
coordenadas, as orientações iniciais ele vai em busca de novos horizontes. Aí você se torna um
facilitador do processo de busca de informação e não um repassador. Você abre os horizontes dele.
Então, cada vez mais você pode criar mecanismos que facilitem a vida do usuário como os tutoriais e os
manuais, por exemplo. O importante é sempre pensar formas de tornar o usuário cada vez mais
autônomo.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
Nos últimos 20 anos a questão da informação teve mudanças muito acentuadas, sobretudo na mudança
do suporte do papel para a forma digital e on-line e isso mudou consideravelmente a postura do
bibliotecário tanto em relação às competências quanto em termos de conhecimentos técnicos. Acho que
era isso que gostaria de completar.
APÊNDICE F – Instrumento e Tabulação dos Discursos do Bibliotecários
Neste item apresenta-se a tabulação dos discursos dos bibliotecários
participantes desta pesquisa, destacando-se as Expressões-Chave (ECH), as Idéias
Centrais (IC) e as Ancoragens (AC) de cada uma das perguntas. Foram suprimidos dos
discursos comentários não pertinentes à pergunta em si, sendo que tais emissões
foram substituídas por reticências entre colchetes.
1 Quais conhecimentos gerais você considera serem necessários para desempenhar seu trabalho,
permitindo que o mesmo contribua na formação do discente de graduação na universidade?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
E01
[...] acredito que uma cultura geral
porque uma
universidade oferece uma gama de cursos de
graduação [...]. Então, a gente tem que saber
situar a necessidade do usuário nesse contexto
todo, [...]. Então, acho que tem que ter uma noção
muito geral disso e também
conhecimento do
acervo que a gente tem, [...] porque às vezes a
gente pode não ter aquilo que atenda a
necessidade dele imediata e a gente tem que
saber o que está em nossas mãos, [...]. [...], você
tem que conhecer a universidade
, [...] às vezes os
alunos de graduação, [...], não conhecem sequer
as oportunidades de bolsas que eles têm dentro
da universidade. Também penso que é importante
ter o
conhecimento de como funciona os cursos de
graduação da própria universidade; conhecer as
ementas das disciplinas; as bibliografias básicas
dos cursos; as bibliografias complementares.[...].
1- Cultura geral;
2 – conhecimento do
acervo disponível na
biblioteca;
3 – Conhecer a
universidade e saber
como funciona os
cursos de graduação
oferecidos na mesma.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento
sobre a instituição
onde trabalha.
E02
[...], eu acho que, como bibliotecário, [...], nós
temos que ser multidisciplinar. A gente [...] precisa
conhecer um pouquinho de todas as áreas. [...].
Porque como é que nós vamos lidar com as várias
áreas se nós não conhecermos como é que se
a organização do conhecimento e de que forma o
conhecimento, a informação está organizada?
Então, eu acho que conhecer um pouco cada
área, ter um conhecimento multidisciplinar, eu
acredito que seja fundamental para que a gente
ossa usar isso para está também orientando [...].
ter conhecimento de um idioma, por exemplo,
hoje, inglês que é fundamental para quem trabalha
com a internet como ferramenta de busca da
informação. Eu acredito que esses conhecimentos
básicos são fundamentais na hora da gente ter
que trabalhar com as várias áreas, com os vários
discentes. [...].
1 –
Multidisciplinaridade; 2
- Línguas
estrangeiras.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento de
línguas
estrangeiras,
sobretudo de
inglês.
E03
É preciso conhecimento de línguas; é preciso está
se atualizando com [...], cursos de especialização;
1 – Conhecimento de
línguas estrangeiras;
Ter conhecimento
de línguas
conhecimento sobre a universidade; é preciso que
o profissional realmente esteja a par do que está
acontecendo em nível local, estadual, regional,
mundial. [...].
2 – Está atualizado;
3 – conhecimento
sobre a universidade.
estrangeiras e
sobre a instituição
onde trabalha.
E04
Qualquer profissão, [...], exige cultura geral.
Então
a gente [...], tem que conhecer um pouco de tudo
[...]. Eu acho que se eu pudesse conhecer um
pouco mais sobre História o meu trabalho ficaria
um pouco melhor. [...] Penso até em fazer curso
de História, [...]. Atualmente, o bibliotecário
trabalha com diversos acervos, com peças e obras
de arte, organiza livros raros e isso exige um
conhecimento de História para, por exemplo, saber
por que determinada peça ou livro é importante e
isso é História porque a biblioteca também é uma
espécie de museu. Então acho que para o meu
trabalho o conhecimento que eu deveria ter seria
um pouco de História, [...]. Acho que
conhecimento
de línguas estrangeiras é imprescindível para o
bibliotecário,
sobretudo o inglês
que é uma língua
mundial. [...] É importante você saber ao menos ler
em inglês. [...] O francês e o espanhol também são
importantes [...]. Também acho importante o
conhecimento sobre músicas e filmes
no meu
trabalho na biblioteca, pois escuto música com
aluno aqui dentro, indico autores e intérpretes de
músicas e de filmes assim como onde o aluno
pode adquirir uma fita que ele queira e que não
existe em nosso acervo. [...].
1 – Cultura geral;
2- Conhecimento de
história e artes;
3 – Línguas
estrangeiras.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento de
línguas
estrangeiras,
sobretudo de
inglês.
E05
[...] o conhecimento de línguas, principalmente o
inglês e conhecimentos gerais. A gente tem que
saber um pouco de história, um pouco de
geografia, ás vezes até de matemática porque tu
trabalhas com um monte de tipo de material, então
tu tens que saber um pouco de tudo. Tu tens que
saber de atualidades, saber da economia, que tipo
de moeda, o que estar acontecendo, saber das
questões políticas porque dependendo do que tu
estás fazendo ali a gente acaba que
obrigatoriamente tendo que ter essas informações.
1 – Cultura geral;
2- Línguas
estrangeiras,
sobretudo.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento de
línguas
estrangeiras,
sobretudo de
inglês.
E06
Todo tipo de conhecimento é importante,
especificamente assim o conhecimento em uma
outra língua. Uma
língua estrangeira
vai nos
ajudar bastante no nosso dia-a-dia. Também
conhecimentos assim gerais, de
cultura geral
como política, história, história da arte. Eu acho
que todo tipo de conhecimento é bem vindo no
nosso serviço.
1 – Cultura geral;
2- Línguas
estrangeiras.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento de
línguas
estrangeiras.
E07
[...]. Conhecimentos gerais
, na verdade eu acho
que a gente deve entender um pouco de cada
assunto. Hoje, ter conhecimentos gerais nos ajuda
muito a desempenhar bem as nossas atividades.
1 – Cultura geral.
Ter um bom nível
intelectual.
E08
O profissional tem que se atualizar diariamente
para atender bem a comunidade universitária.
1 - Estar atualizado. Ter um bom nível
intelectual.
E09
Primeiramente, é ter uma segunda língua, ter
conhecimento de um outro idioma. O bibliotecário
1 – Cultura geral;
2- Línguas
Ter um bom nível
intelectual e
tem que ter, ainda, um bom nível cultural e
intelectual para que ele possa exercer bem sua
profissão.
estrangeiras. conhecimento de
línguas
estrangeiras.
E10
Eu acredito que qualquer profissão exige [...] uma
bagagem de conhecimentos adquiridos ao longo
de sua vida profissional, [...], sobretudo o
profissional que atua no meio acadêmico. Eu
acredito também que o bibliotecário deve está em
constante atualização
, seja em conhecimentos de
cultura geral ou procurando aprender línguas
estrangeiras para poder atender as exigências e
as necessidades desse nosso aluno que vem em
busca da informação.
1 - Estar atualizado;
2 – Cultura geral;
3- Línguas
estrangeiras.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento de
línguas
estrangeiras.
E11
Saber se expressar verbalmente; ter noções de
língua portuguesa;
ter conhecimento de línguas
estrangeiras, principalmente do inglês e do
espanhol; ter um bom nível intelectual. Tudo isso
vai permitir que você seja capaz de compreender
melhor o usuário e assim fornecer o que ele
precisa com mais precisão e rapidez. É importante
também procurar
saber o que está se passando
dentro dos cursos em questão através de contato
com os Centros Acadêmicos e com os
coordenadores ou professores. Eu acho
importante ter essas informações organizacionais,
saber para aonde os cursos estão caminhando e o
quê que os mesmos estão esperando da biblioteca
universitária. [...].
1- Cultura geral;
2 – Conhecer a
universidade e saber
como funciona os
cursos de graduação
oferecidos na mesma;
3- Línguas
estrangeiras.
Ter um bom nível
intelectual e
conhecimento de
línguas
estrangeiras,
sobretudo de inglês
e espanhol.
2 Quais conhecimentos técnicos você precisa ter para aplicar no exercício de seu trabalho
cotidiano, que possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS
CENTRAIS
ANCORAGEM
E01
São aqueles bem inerentes à nossa formação como
profissional bibliotecário, principalmente conhecer
muito bem as técnicas de referências, como abordar
o usuário, como deixá-lo à vontade para se
manifestar, para colocar suas dúvidas, porque a
postura do profissional nessa hora é fundamental.
[...].
Conhecer também as formas de organização da
própria informação em si dentro das obras, como
também da organização da biblioteca para saber em
que tipo de material que eu vou encontrar a solução
da dúvida do aluno.
É tudo muito voltado para a
formação da gente no curso de biblioteconomia.
Tenho que conhecer noções de catalogação, ter
noções de classificação, porque se eu sou uma
pessoa que nunca classifiquei e estou na linha de
frente da biblioteca, atendendo usuários, eu tenho
que ter noção de toda uma tabela de classificação
para entender em que área e em que obra eu irei
encontrar o assunto que o aluno está procurando.
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E02
[...], eu acredito que, [...], que a gente tem que ter
uma boa noção da organização do conhecimento e
eu acho que a catalogação nos dar isso,
a
1 – Aqueles
inerentes à
formação
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
catalogação junto com a classificação e aí também
eu acho que essa visão ampla que eu acabo tendo,
uma visão macro da biblioteca, dos vários serviços,
para eu conseguir isso [...], eu acredito que
conhecer, saber bem como o conhecimento está
organizado. Então, acho que, no meu caso, essa
disciplina me deu isso. Mas não só ela, conhecer
bastante
indexação,
acho que é importante. Hoje,
quando a gente trabalha com web, documentos
disponíveis na web, como é que a gente vai
organizar as página? Acho que é também
fundamental
conhecer a biblioteca como um todo, os
recursos que ela oferece, conhecer muito bem as
fontes de informação. Antes a gente trabalhava com
material impresso, então, hoje, com os recursos mais
online, mas eu acho super-importante que a gente
tenha um bom conhecimento dessas fontes de
informação. Enfim, conhecer bem as fontes; saber
como é que elas são organizadas; conseguir
determinar ou trabalhar bem com essas coisas do
perfil do usuário. [...].
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E03
Eu preciso, enquanto bibliotecária, conhecer
catalogação, conhecer classificação, indexação. Eu
preciso conhecer toda a biblioteca onde eu trabalho,
quais os serviços que ela presta, como funciona
cada serviço. Preciso também entender a questão de
estratégias de busca numa pesquisa, a localização
de um material na estante, orientação à
normalização dos trabalhos técnicos científicos.
Conhecer as normas, principalmente as normas de
documentação.Acredito ser isto.
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E04
No meu caso aqui, normas [...], para fazer
um
trabalho acadêmico como uma monografia, por
exemplo. [...] Então nós bibliotecários somos
obrigados a conhecê-las para poder atender a
comunidade acadêmica. A própria área de
catalogação em geral a gente é obrigado a conhecer
também, [...]. Então
eu tenho que entender de
catalogação,
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E05
Bom, os conhecimentos técnicos que a gente
necessita para aplicar seria conhecimentos sobre os
sistemas MARC e pergamum, também sobre
catalogação e classificação
porque catalogamos e
classificamos. No nosso caso aqui na BU temos que
conhecer a CDU
e saber fazer a catalogação em
cima dos parâmetros dos sistema pergamum.
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E06
[...], ter conhecimentos específicos do curso de
biblioteconomia. Também é importante conhecer
bem os manuais e ter facilidade para lidar com os
mesmos, assim como também para lidar com os
códigos e com as tabelas. Conhecimentos básicos
de informática acho também muito importante e
necessário.
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E07
Eu acho importante a gente ter noção de
classificação da CDU, que é o sistema que a gente
adota aqui, pelo menos dos números básicos,
1 – Aqueles
inerentes à
formação
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
porque muitas vezes a gente não recupera no
sistema a obra que o usuário está procurando e de
acordo com a área do conhecimento que ele está
pesquisando a gente vai até a estante e dar uma
olhada e auxilia na busca.
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E08
Atualmente, só tenho o curso de graduação em
biblioteconomia, especialização em administração
universitária e cursos de informática. Acho que estes
cursos é o mínimo que eu posso ter para
desenvolver minhas atividades aqui na biblioteca
universitária.
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E09
O bibliotecário deve ter conhecimento de
classificação da CDU, de MARC21, de bases de
dados, em automação de bibliotecas, assim como
conhecimentos em disseminação da informação,
redes de bibliotecas e comunicação on-line. Ou seja
,
conhecimentos técnicos de biblioteconomia em
geral.
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.).
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E10
[...], acredito que nossa formação como bibliotecário
nos deu bastante ênfase neste aspecto. Mas, ao
longo da vida profissional a gente vai tendo que
aprimorar esses conhecimentos e acrescentar
novos, a gente tem que está inovando e
acompanhando as necessidades do nosso usuário,
porque eles, no momento da graduação, são alunos
jovens que já vêm de uma era tecnológica bem
avançada. Então a gente tem que está
constantemente buscando conhecimentos além do
universo que a gente teve na formação, que foram
conhecimentos voltados para o estoque de
informação. Atualmente, o bibliotecário deixou de ser
aquele profissional voltado para o estoque de
informação e está preocupado mesmo é com o fluxo
de informação. Eu vejo que este profissional está em
constante atualização profissional, conhecendo
novos recursos tecnológicos na área de informática.
Hoje, é imprescindível que o bibliotecário tenha
conhecimento de ferramentas tecnológicas
porque o
usuário está exigindo isso dele. [...].
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.);
2- Conhecimento
de ferramentas
tecnológicas.
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
E11
Acho que todos os conhecimentos técnicos
são
importantes para você desenvolver as atividades
dentro de uma organização de informação. Mas eu
penso que atualmente é muito importante ter
conhecimento de informática e gestão. Estes dois
assuntos, hoje, são fundamentais para as atividades
que eu desenvolvo no meu trabalho. Gostaria de
destacar aqui também que
conhecimento das novas
tecnologias de informação, [...], é muito importante.
[...].
1 – Aqueles
inerentes à
formação
profissional
(referência,
catalogação,
classificação, etc.);
2- Conhecimento
de ferramentas
tecnológicas
Os conhecimentos
adquiridos na
formação
profissional, ou seja,
os conhecimentos
biblioteconômicos em
geral.
3 Quais competências profissionais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
E01
As competências profissionais [...] são todas aquelas
que a nossa formação na graduação nos dar e todo
aquele conhecimento que a gente já adquiriu durante
1- São todas
aquelas
competências
As competências
adquiridas na
formação
a vida profissional e que a gente coloca à serviço do
aluno de graduação. Acredito que aqui posso inserir
até o conhecimento, [...], da estrutura da instituição,
da estrutura da organização da biblioteca e, além do
mais, conhecer o mercado editorial, ter relações com
outras instituições e trocar idéias. Acredito que
todos
esses conhecimentos que a gente vai interiorizando
a gente vai colocando isso automaticamente no dia-
a-dia na nossa atividade e isso vai vir em benefício
do aluno.
adquiridas na
formação
profissional e todo
o conhecimento
interiorizado ao
longo da vida
profissional.
profissional
juntamente com as
competências
acumuladas durante
a vida profissional.
E02
[...], eu acho que as competências profissionais estão
relacionadas aos conhecimentos, advêm dos
conhecimentos técnicos que a gente adquiriu, da
nossa formação e daquilo que a gente foi agregando
ao longo da nossa atuação profissional. Então, tudo
o que a gente depois leu, todos os cursos que a
gente depois teve que fazer de atualização com
relação ao trabalho da gente. [...], então, considero
competência profissional tudo que acrescenta no
meu conhecimento, desde o conhecimento da
própria instituição, dos cursos, do quê que cada
curso tem. Então, acho que tudo isso só vem
acrescentar e são, na verdade, o que resulta nessas
competências profissionais que eu devo ter.
1 – São os
conhecimentos
técnicos que
adquiriu na
formação
profissional e aquilo
que foi agregado
ao longo da
atuação
profissional.
As competências
adquiridas na
formação
profissional
juntamente com as
competências
acumuladas durante
a vida profissional
E03
[...],, é o domínio dos recursos tecnológicos.
Isso é
uma competência que eu preciso ter. Outra que eu
utilizo no meu trabalho
é a competência de [...] saber
[...] gerenciar. Uma das formas, então, de
desenvolver a competência profissional é através da
experiência e vivência do bibliotecário e, as
necessidades que vão surgindo nesse mundo da
informação [...].
1 - Domínio dos
recursos
tecnológicos.;
2 - Saber gerenciar.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
E04
Conhecer um pouco sobre obra rara e sobre material
raro é uma competência minha. [...]. Eu tenho
competência para isto porque eu estudei muito sobre
isso. [...], eu tenho que conhecer de fato o quê que é
raro e o que não é raro para poder ter um acervo
enxuto, corretamente raro e não ter um acervo muito
grande.
1- Conhecimento
sobre material raro.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
E05
Bom, a competência que é necessária para o
profissional seria o conhecimento na área de
biblioteconomia,
especificamente,
no nosso caso, a
catalogação e a classificação. Atualmente, a
catalogação e a classificação são utilizadas de
formas diferentes da época em que a gente estudou,
mas a gente aprende a classificar e a catalogar em
cima dessa metodologia que tem hoje que é com o
computador, com o sistema pergamum e com o
MARC. Então, hoje, nós temos agregado outras
formas de colocar em prática a catalogação e a
classificação.
1 – Catalogação e
classificação.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
E06
A competência profissional que mais utilizo no meu
trabalho seria a experiência, o conhecimento daquilo
que faço. Às vezes chega alguém recém-formado,
cheio de idéias novas e soluções e às vezes até
muda alguma coisa que a gente fez. Mas no final a
1 – A experiência
adquirida com o
trabalho.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
gente tem razão porque ver que não era assim.
Então eu acho que
a experiência, o conhecimento no
trabalho é o mais importante.
E07
Eu sempre procuro conciliar meu jeito de ser, meu
jeito de pensar com as competências profissionais.
Eu [...] gosto de ter um bom relacionamento com as
pessoas. Então, ultimamente eu tenho trabalhado
com atendimento ao usuário, no setor de referência e
eu me identifico bastante. É uma atividade que eu
gosto de desenvolver e
procuro
sempre aplicar no
meu dia-a-dia toda a bagagem teórica que recebi na
minha formação.
1 – São os
conhecimentos
técnicos adquiridos
na formação
profissional.
As competências
adquiridas na
formação
profissional.
E08
Tendo o curso de especialização em administração
universitária ficou mais fácil gerenciar a divisão com
base em recursos humanos. Atualmente, tenho que
lidar com pessoal.
1 – Conhecimento
em gestão de
recursos humanos.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
E09
No meu caso, a minha competência está na parte
dos processamentos técnicos. O que eu faço e fiz
com muita freqüência e continuo fazendo até hoje é a
classificação e a catalogação de livros e periódicos.
Posso dizer que tenho certa competência também na
área de bibliotecas públicas e até escolares, porque
eu já atuei em biblioteca pública de cidade do interior
do Estado de Santa Catarina e este tipo de
instituição é quase uma biblioteca escolar.
1 – São os
conhecimentos
técnicos que
adquiriu na
formação
profissional e aquilo
que foi agregado
ao longo da
atuação
profissional.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
E10
Eu acredito que as competências profissionais são
um conjunto formado pelos conhecimentos gerais e
pelos conhecimentos técnicos adquiridos ao longo da
vida profissional e que precisam estar sempre em
renovação. Eu penso ainda que o profissional pode
ser especialista em uma área, ter domínio em
determinada área, mas ele tem que ter uma visão
sistêmica de todo seu meio de atuação.
1 – São os
conhecimentos
técnicos que
adquiriu na
formação
profissional e aquilo
que foi agregado
ao longo da
atuação
profissional.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
E11
A liderança
, antes de tudo. Você tem que ter
liderança, tem que ser líder em qualquer lugar. [...].
Você tem que ter
poder de decisão muito forte, [...].
Você tem que sempre ir mais longe do que o usuário
espera, mostrando aquilo que você conhece e ir um
além, mostrar para ele o que ele ainda não conhece.
1 – Liderança;
2 – Poder de
decisão.
Domínio do assunto
na especificidade
que trabalha no dia-
a-dia.
4 Quais competências pessoais você utiliza no exercício de seu trabalho, que possibilitem
contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
E01
Como competência pessoal considero que eu sou
uma pessoa muito atenciosa e sei ouvir. Eu acho
que isso é uma das competências que eu sempre
coloco à disposição de quem lida comigo no dia-a-
dia e, logicamente, dentro da minha atuação na
biblioteca.
A questão de dar atenção, de saber
ouvir, de ter vontade de ajudar, de querer ajudar a
encontrar solução, de ter paciência, eu acho que
isso aí é fundamental e eu acho que são as
competências que têm me ajudado.
1 - A questão de dar
atenção, de saber
ouvir, de ter vontade
de ajudar, de querer
ajudar a encontrar
solução, de ter
paciência.
Disposição para
atender bem ao
usuário.
E02
Como eu trabalho com treinamento, com
1 - Vontade e Disposição para
atendimento ao usuário eu preciso saber me
comunicar, saber ouvir as pessoas, entender,
compreender o que elas querem, ser uma pessoa
que saiba analisar uma determinada situação.
Então, quando ela chega com um problema eu
acho que eu tenho que ter aquela competência e a
vontade de saber analisar esse problema e chegar
a uma conclusão [...]. Então eu faço uma análise
com base naquilo que eu conheço e chego a uma
resposta para ela.
É ter vontade e disposição,
saber ouvir, [...]. Confiança em mim, naquilo que
eu conheço. Eu acho que é super-importante na
nossa área
está sempre buscando uma
atualização, está sempre querendo conhecer,
principalmente porque agora está aí toda essa
novidade na tecnologia, na web.
Gostar de
aprender, acho que é fundamental, uma
competência pessoal fundamental na nossa área.
disposição, saber
ouvir;
2 – Confiança em
mim, naquilo que eu
conheço;
3 - Está sempre
buscando uma
atualização.
atender bem ao
usuário e auto-
confiança.
E03
Uma competência pessoal que eu considero
importante é a questão da oratória, o saber falar
para o aluno, o como falar para o aluno. Aqui a
gente poderia citar “A quinta disciplina”, de Peter
Singer, do domínio pessoal, aprendizagem
organizacional, entre outras. Mas eu penso que
uma competência pessoal que eu devo e que eu
preciso desenvolver cada dia mais é a questão da
oratória.
1- Preciso
desenvolver cada dia
mais a questão da
oratória.
É importante saber
se comunicar.
E04
Eu sou assim absolutamente honesto. [...] Então
eu acho que a honestidade é uma competência
pessoal muito grande minha. [...] Acho que isso é
qualidade, mas também é competência. [...] O
respeito é um fator positivo para mim [...]. Quando
o livro não está na estante e não está emprestado
e nem em lugar algum eu digo que o livro foi
roubado. Eu não sei mentir para você. Eu tenho
essa coisa de transparência com o aluno. Eu não
deixo ninguém sem informação, seja interna ou
externa. [...]. Então eu acho que minha maior
competência pessoal é o respeito que eu tenho
pelo usuário. Aí eu acho que entra todas as
competências. Eu estou aqui porque existe aluno,
porque existe a comunidade que está pagando
meu salário para eu sentar nesta cadeira e
defendê-lo. É isso.
1 - Eu acho que a
honestidade é uma
competência pessoal
muito grande minha;
2 - O respeito é um
fator positivo para
mim.
Honestidade e
respeito são
importantes na
relação com o
usuário.
E05
Bom, quanto à competência pessoal um
bibliotecário, ou qualquer profissional, tem sempre
que ter muita
responsabilidade, zelo e atenção no
que está fazendo, só assim ele poderá passar
exatamente o que o usuário necessita, pois nosso
objetivo final é a satisfação do nosso usuário.
1 -
Responsabilidade,
zelo e atenção no
que está fazendo,
O objetivo final do
trabalho é a
satisfação do
usuário.
E06
Eu me considero uma pessoa paciente, sensível
às necessidades de alguém, fácil de dialogar e
escutar o que o usuário está querendo. Procuro
me aperfeiçoar fazendo os cursos de atualização
para poder desempenhar melhor meu trabalho.
Isso me ajuda muito na minha profissão.
1 - Me considero
uma pessoa
paciente, sensível às
necessidades de
alguém, fácil de
dialogar e escutar o
Disposição para
atender bem ao
usuário.
que o usuário está
querendo;
2 - Procuro me
aperfeiçoar fazendo
os cursos de
atualização.
E07
As competências pessoais que utilizo no meu
trabalho
é lealdade, responsabilidade, dedicação
pelo meu trabalho e o afeto que tenho pelas
pessoas.
1 - Lealdade,
responsabilidade e
dedicação pelo meu
trabalho.
Lealdade e
responsabilidade são
importantes na
relação com o
usuário.
E08
Como chefe de divisão o ser humano tem que ser
compreensível e saber procurar gerenciar bem o
pessoal. Hoje, o RH também é muito frágil na
biblioteca. Você tem que
saber lidar com as
pessoas com humildade.
1 – Ser
compreensível;
2 – Saber lidar com
as pessoas com
humildade.
Compreensão e
humildade são
importantes no
relacionamento com
as pessoas.
E09
O que me auxilia no meu serviço que eu considero
um ponto muito positivo é o fato de eu ter sempre
vontade de aprender. Quando sei de algo novo
compartilho com colegas, quando preciso de
alguma informação tenho a humildade de
perguntar, ir atrás, procurar aprender para poder
desenvolver melhor o meu trabalho. Essa vontade
de tentar fazer melhor o trabalho que desempenho
facilita tanto para mim quanto para o usuário, que
é sempre o objetivo do meu trabalho.
1 - Ter sempre
vontade de aprender;
2 - Quando sei de
algo novo
compartilho com
colegas;
3 - Quando preciso
de alguma
informação tenho a
humildade de
perguntar.
Ter vontade de está
buscando novos
conhecimentos,
saber compartilhar e
ter humildade de
perguntar quando
não sabe é
importante para
desenvolver melhor o
trabalho.
E10
No meu caso, como eu atendo usuários, acho que
o profissional deve está muito envolvido. Para o
profissional se envolver com o usuário e saber o
que ele realmente está buscando deve conhecê-lo
e para isso o bibliotecário tem que ter um certo
dom de se comunicar com esse usuário,
a
comunicação é importante e também um pouco de
conhecimento de psicologia. Para mim o
bibliotecário é um agente social e interage com o
usuário na hora de buscar uma informação. Então
a gente trabalha com a psicologia, com a lógica,
com a retórica e com a comunicação.
O
bibliotecário tem que ser criativo e dinâmico
porque o usuário vem e quer a informação e a
gente tem que ser objetivo e procurar atender logo
as necessidades dele.
1 - O profissional
deve está muito
envolvido.com o
usuário;
2 - O bibliotecário
tem que ser criativo e
dinâmico porque o
usuário vem e quer a
informação e a gente
tem
que ser objetivo
e procurar atender
logo as
necessidades dele.
Para fazer um bom
atendimento o
profissional deve ser
criativo, objetivo e
dinâmico e procurar
se envolver com a
pesquisa do usuário.
E11
Eu acho que as competências pessoais
juntamente com as profissionais formam um
conjunto. Elas têm uma inter-relação muito forte.
Se você é uma pessoa carismática e bem
humorada, você trabalha bem. De certa forma as
competências pessoais têm interferência nas
competências profissionais. Eu acho que
atualmente é interessante ser afetuoso, porque já
se trabalha muito com máquinas.
Então, eu acho
que o calor humano, o bom atendimento, a
paciência, o carisma, o bom humor são
competências pessoais que utilizo no meu
trabalho.
! – Paciência,
carisma e bom
humor são
competências
pessoais que utilizo
no meu trabalho.
As competências
pessoais juntamente
com as profissionais
formam um conjunto
e o calor humano
também e importante
para se fazer um
bom atendimento.
5 Quais ferramentas ou recursos tecnológicos você utiliza no exercício de seu trabalho que
possibilitem contribuir na formação do discente de graduação na universidade?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS
CENTRAIS
ANCORAGEM
E01
Os recursos tecnológicos, posso dizer que os
primeiros são saber dominar
o próprio soft
gerenciador da biblioteca, porque dentro da biblioteca,
desde a organização da informação até a prestação
de qualquer serviço, se faz uso do sistema que
gerencia tudo isso. Eu acho que isso é uma grande
ferramenta tecnológica que a gente conhece, tem que
conhecer para conseguir dar conta da demanda dos
alunos de graduação e dos demais.
Conhecer
informática, tudo que nós sabemos de informática e
também das ferramentas que utilizam na divulgação
do serviço; saber usar uma lista de discussão; saber
usar um e-mail; saber se posicionar frente a um
computador e fazer uso de todos os recursos que ele
nos possibilita para chegar a melhorar nosso serviço e
a nossa oferta de informação para a graduação. Acho
que é isso.
1 – O computador;
2 - O soft
gerenciador do
acervo da
instituição
(pergamum).
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E02
O computador, sem dúvida, é o principal instrumento
hoje de trabalho para mim. Utilizo a internet porque
hoje uma grande parte dos recursos de informação
estão disponíveis na internet. Então, todos as bases
de dados que utilizo, as ferramentas de referências,
dicionários, os próprios mecanismos de busca, até o
material que eu elaboro para os treinamentos que são
os tutoriais, os manuais, tudo hoje está disponível na
internet.
Então eu utilizo, sem dúvida alguma, o
computador, a internet, como rede, como ferramentas
e o e-mail, sem dúvida, hoje acho que é fundamental
para o profissional da informação, é um meio de
comunicação hoje essencial para nós bibliotecários.
Utilizo o telefone também como recurso tecnológico.
1 – O computador
e a internet.
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E03
Bom, enquanto profissional da informação, eu preciso,
além de utilizar essas ferramentas, conhecer quais as
ferramentas disponíveis na biblioteca e para que
serve cada uma delas. Preciso conhecer os recursos
via web, quais são e como funcionam porque eu
tenho que saber utilizá-los para trabalhar isso com o
discente e é claro que isso envolve diretamente a
formação do discente.
1 – O computador
e a internet.
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E04
[...]. O pergamum é a ferramenta que gerencia nosso
acervo aqui. Eu acesso a biblioteca da USP e da
UNICAMP que têm uma base de dados digitais. Então
são ferramentas que eu uso bastante. Por exemplo,
quando faço uma pesquisa para um usuário e
encontro a informação em outro Estado, informo-o
que há outras fontes digitais e que uma boa fonte é a
USP. Então o conhecimento de recursos tecnológicos
seria conhecer bases de dados, conhecer fontes de
informação digitais.
1 – O computador
e a internet.
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E05
[...]. Hoje, nós temos computador com alguns
1 - Nós usamos o Utilizo os recursos
programas específicos como as bases de dados, o
winisis, a LC e através desses programas, mais
especificamente do pergamum, que é o sistema que a
nossa instituição usa, a gente consegue fazer nossas
atividades que é classificar e catalogar. A partir do
momento em que nós salvamos e atualizamos
determinado material catalogado no computador,
automaticamente ele já estará disponível para uso na
tela do computador.
Então praticamente, hoje, nós
usamos o computador e o pergamum e algumas
bases de dados.
computador e o
pergamum e
algumas bases de
dados.
oferecidos pela
universidade.
E06
Utilizo as bases de dados, a internet
e todas as
ferramentas disponíveis para facilitar e aprimorar o
meu trabalho.
1 – Utilizo o
computador, as
bases de dados e
a internet.
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E07
As ferramentas e os recursos tecnológicos que eu
utilizo é o computador e a internet e para o
atendimento ao usuário local é o sistema pergamum,
que é o programa que a nossa instituição utiliza para
gerenciar nosso acervo.
1 - Utilizo o
computador, a
intenet e o
pergamum e
algumas bases de
dados.
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E08
Com as novas tecnologias surgiram as grandes
mudanças nas bibliotecas universitárias. Atualmente,
as ferramentas tecnológicas que utilizamos aqui na
biblioteca universitária da Universidade Federal de
Santa
Catarina é computador, a internet, o sistema
pergamum, as bases de dados e o COMUT.
1 - Utilizo o
computador, a
intenet e o
pergamum e
algumas bases de
dados
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E09
Os recursos tecnológicos que eu uso são o
computador, bases de dados como a LC e a do IBICT;
o sistema pergamum, que é o nosso sistema, e a
internet, para fazer pesquisas.
1 - Utilizo o
computador, a
intenet e o
pergamum e
algumas bases de
dados
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E10
Eu trabalho com a internet, utilizo o e-mail,
um soft de
exportação de dados,
o Ariel que é um programa de
transmissão. Então, a gente trabalha diretamente com
os recursos tecnológicos oferecidos pela
universidade.
1 - Utilizo o
computador, a
intenet e o
pergamum e
algumas bases de
dados
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
E11
É o computador aliado às bases de dados on-lines
tanto em português quanto em línguas estrangeiras.
Eu acho que as fontes de informações on-lines, hoje,
tanto as bibliográficas quanto as textuais, estão tendo
destaques muito importantes na vida do acadêmico.
1 - O computador
aliado às bases de
dados on-lines
tanto em
português quanto
em línguas
estrangeiras.
Utilizo os recursos
oferecidos pela
universidade.
6 Quais procedimentos didáticos pedagógicos você costuma empregar no atendimento ao
discente de graduação na universidade?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS
CENTRAIS
ANCORAGEM
E01
Aqui, eu pessoalmente, tenho tido uma preocupação
de ler um pouquinho e, inclusive, já li algumas
dissertações que tratam da questão da cognição, de
como o indivíduo aprende. Eu acho que isso aí
1 – Procuro
despertar o
interesse do
usuário através de
É importante
conhecer teorias
sobre o
comportamento
contribui bastante para a gente poder usar isso no
atendimento ao aluno de graduação: como ele busca
a informação, como ele processa, como ele faz uso
dela, principalmente quando a gente atende grupos
na biblioteca. A postura do bibliotecário que atende
grupos que vêm à biblioteca deve ser uma postura
que transmita segurança ao mesmo tempo em que
torne a ocasião em uma coisa agradável, se
colocando como um profissional que está fazendo
parte do processo de aprendizagem do aluno.
Não
ter timidez e saber fazer uso das técnicas de prender
a atenção do aluno, fazendo com que ele se
interesse.
técnicas que
prendem a
atenção.
humano para lidar
melhor com o
usuário.
E02
Eu sempre procuro ouvir o que o usuário está
buscando. Acho que saber ouvir o usuário é um
passo importante para se comunicar bem com ele.
Quando faço treinamento procuro falar de maneira
clara a minha mensagem para que os estudantes
conheçam a biblioteca e os serviços que podem
encontrar aqui. Quando eu atendo um aluno procuro
ajudar com todos os recursos que disponho na
biblioteca. Se acontece de o que ele está querendo
não ter na biblioteca, eu procuro informar o aluno
como ele deve proceder para obter o material que ele
necessita, mostro o COMUT, as bases de dados e
tudo o mais.
Eu acho que dar ao usuário os
caminhos para ele encontrar o que precisa é
procedimento didático pedagógico.
1 – Mostrar ao
usuário os
caminhos para ele
encontrar o que
precisa é
procedimento
didático
pedagógico.
Procuro tornar o
usuário
independente.
E03 O bibliotecário deve adotar uma postura correta,
firme ao orientar o aluno na busca de um livro ou na
elaboração de uma referência bibliográfica, até
mesmo em relação às questões administrativas como
livros em atraso, pagamento de multas. Então, aqui
na biblioteca às vezes o bibliotecário tem que ser pai
e mãe do aluno. Portanto, ele tem que ter uma
postura adequada, firme, mesmo que doa para o
usuário.
1- O bibliotecário
tem que ter uma
postura adequada,
firme, mesmo que
doa para o
usuário.
Postura firme frente
ao usuário.
E04
Eu tento tornar meu usuário independente,
até
porque eu sou um para milhares de usuários. Então
eu não posso ficar à disposição muito tempo para
todos eles, assim eu tento orientá-los a fazerem
pesquisa.
Aqui nós passamos uma fita para o aluno
quando fazemos visita orientada onde a gente ensina
ele a estudar para que ele fique independente e
possa fazer sua pesquisa.
1 – Procuro
mostrar ao usuário
como explorar o
acervo e os
serviços
oferecidos pela
biblioteca.
Procuro tornar o
usuário
independente.
E05
[...]. Uma coisa que sempre procuro fazer ao atender
um usuário é explicar-lhe como fazer a pesquisa no
computador e como encontrar o material nas
estantes. Então procuro mostrar-lhe que a
numeração que ele tem em mãos é referente a
determinada obra e determinado autor e que ele
deve pesquisar também por assunto, pois ele
encontrará um leque de obras no assunto que ele
procura. Eu incentivo o aluno a usar o pergamum e
explorar o acervo. Então, eu ensino o aluno a buscar
as informações que ele precisa.
1 – Explico ao
usuário como
pesquisar no
pergamum e como
encontrar os
materiais nas
estantes.
Procuro tornar o
usuário
independente.
E06
Utilizo as informações disponíveis nos murais, nos
painéis, inclusive na tela do computador. Acompanho
o usuário até a informação disponível, mostrando os
detalhes, respondendo às perguntas, observando as
dificuldades dele
com a finalidade de ensiná-lo a
entender o processo de busca e aquisição de
informação na biblioteca. Dessa forma, na próxima
vez em que ele vir à biblioteca não vai mais precisar
de mim.
1 – utilizo as
informações
disponíveis nos
murais, nos
painéis e na tela
do computador
com o objetivo de
ensinar o usuário
como explorar o
acervo e os
serviços
oferecidos pela
biblioteca.
Procuro tornar o
usuário
independente.
E07
[...], quando o aluno tem dificuldade em localizar uma
obra ou até mesmo não conhece nosso acervo,
procuro identificar esta dificuldade do aluno
orientando como funciona a busca. Se ele tem o
título mostro como buscar pelo título; se ele tem o
autor oriento como buscar pelo autor e oriento o que
ele deve anotar no momento da busca que é o
número de chamada. Enfim, procuro mostrar como
funciona a nossa base de dados, mostrando todos os
recursos disponíveis. Se um usuário tem dificuldade
em consultar nossa base de dados provavelmente
ele também não irá conseguir localizar a obra na
estante. Então acompanho o usuário até o acervo e
procuro orientá-lo como recuperar aquela obra que
ele deseja, explico o que significa o número de
chamada e como o acervo está disponibilizado nas
estantes.
No início do semestre a gente faz visitas
orientadas com os calouros onde a gente expõe um
vídeo sobre todos os serviços que a biblioteca
oferece, todo o acervo e como ele está organizado e,
por último, a gente acompanha a turma por todo o
espaço da biblioteca mostrando como a biblioteca
está estruturada.
1 – Procuro
mostrar ao usuário
como explorar o
acervo e os
serviços
oferecidos pela
biblioteca.
Procuro tornar o
usuário
independente.
E08
A parte de didática que eu utilizo aqui é dar aula para
o curso de biblioteconomia, enfocando a parte de
aquisição, intercâmbio, a sua função, funcionalidade
e desempenho. A função do intercâmbio aqui é
permutar revistas da UFSC com revistas de outras
universidades, nacionais ou estrangeiras, para serem
inseridas em nosso acervo.
1 – Meu trabalho é
só nos processos
técnicos.
Nunca atendo
usuários.
E09
Eu não faço atendimento ao público, ao usuário. Meu
serviço aqui é só técnico mesmo. Raramente,
quando vem algum usuário aqui no meu setor eu uso
o pergamum mesmo para fazer o atendimento.
1 – Meu trabalho é
só nos processos
técnicos.
Nunca atendo
usuários.
E10
[...]. Então, eu vejo que é necessário que o
bibliotecário seja atuante na área tecnológica. No
meu caso, que atuo com treinamento e capacitação,
a gente está envolvido diretamente com essa
necessidade tanto de se capacitar quanto de
capacitar o usuário. Então, atualmente, nós estamos
mais voltados para o fluxo da informação, estamos
mais preocupados com o fluxo da informação e não
mais com aquilo que está estocado fisicamente.
1 - Vejo o
bibliotecário como
educador, ele deve
fazer a interface
de professor e
buscar se integrar
com a
universidade no
todo.
Procuro tornar o
usuário
independente.
Então, eu vejo o bibliotecário como educador, ele
deve fazer a interface de professor e buscar se
integrar com a universidade no todo. O ideal seria até
que o bibliotecário trabalhasse em conjunto com os
professores. Estou falando por experiência própria,
observo que está havendo um direcionamento para
essa cooperação entre professores e bibliotecários,
mas ainda é muito tímida. Assim poderemos alcançar
nosso objetivo aqui na biblioteca em relação ao
usuário que é torná-lo um usuário autônomo e capaz
de ser crítico da informação a que tem acesso. Que
ele aprenda ao longo da vida, que é a chamada
“Aprendizagem Informacional” ou “Alfabetização
Informacional”. Eu acho que é isso, o bibliotecário
tem que está procurando esse caminho. É claro que
ele nunca esquecerá que sempre terá que gerenciar
a informação, seja em suporte físico ou eletrônico.
Mas, hoje, o bibliotecário tem que se voltar mais para
o lado de capacitação do usuário,
permitindo-lhe ser
um usuário independente.
E11
Costumo indicar quais as melhores bases de dados
no assunto que ele está pesquisando, quais
melhores revista e onde encontrá-las, porque a
gente tem procurado tornar o usuário cada vez mais
independente na hora de suas pesquisas. Na
verdade esta é uma tendência, pois ele mesmo já
está criando esta cultura. O usuário está cada vez
menos dependendo diretamente de nós. Se você der
as coordenadas, as orientações iniciais ele vai em
busca de novos horizontes. Aí você se torna um
facilitador do processo de busca de informação e não
um repassador. Você abre os horizontes dele. Então,
cada vez mais você pode criar mecanismos que
facilitem a vida do usuário como os tutoriais e os
manuais, por exemplo. O importante é sempre
pensar formas de tornar o usuário cada vez mais
autônomo.
1 - Costumo
indicar quais as
melhores bases de
dados no assunto
que ele está
pesquisando,
quais melhores
revista e onde
encontrá-las,
porque a gente
tem procurado
tornar o usuário
cada vez mais
independente na
hora de suas
pesquisas.
7 Você esperava que eu perguntasse algo mais ou gostaria de dizer algo mais?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS
CENTRAIS
ANCORAGEM
E01
gia, faz bem. As minhas expectativas? Eu acho que
não estava esperando nada muito diferente do que tu
me perguntaste, mas o que eu poderia te dizer mais?
Eu acredito que o importante é a gente encarar esse
nosso papel diante do aluno de graduação com muito
desafio e querer realmente está preparado para isso.
Buscar ler, buscar se capacitar cada vez mais. Acho
que isso é fundamental para o profissional da
informação. Não ficar parado no tempo e no espaço e
procurar, principalmente, ler um pouquinho de didática,
ler um pouquinho de psicolo
E02
Não.
E03
Não.
E04
Eu não saberia formular uma pergunta, mas o meu
curso, a minha formação não me preparou para, por
exemplo, ser chefe ou ser coordenador, assim como
não me preparou para trabalhar com acervos
específicos. Então eu não sei como eu poderia
formular uma pergunta. A formação do bibliotecário é
muito técnica. Eu não sei se está mudando um pouco
mais. Então acho que a pergunta que você poderia me
fazer seria se eu estaria preparado para assumir um
acervo chamado coleções especiais, obras raras; um
acervo de audiovisual; um acervo de teses e
dissertações. Ou seja,
se eu estaria preparado para
trabalhar com acervos com fins específicos. Eu tive
que conhecer na marra quais são os autores
catarinenses e onde buscar fontes de informação
desses autores. Então seria uma pergunta mais ou
menos assim: se a própria faculdade me preparou para
exercer essas funções de bibliotecário.
E05
De repente eu pensei que tu irias me perguntar alguma
coisa relacionada à como que era quando a gente se
formou, no meu caso em 1984, e como é hoje, como
está essa diferença. Então, realmente há grandes
diferenças, há grandes modificações. [...]. Hoje, tudo
está no computador e a informação chega para o
usuário muito rapidamente. Até o próprio livro que
naquela época demorava tanto para ser disponibilizado
para o usuário visto tanta burocracia que havia no
processamento técnico, agora com essa nova
tecnologia do computador o usuário tem acesso ao
documento assim como recebe informações com muito
mais rapidez. Pois no momento em que a gente
conclui a catalogação de um documento ele já é
disponibilizado para o usuário na interne e o usuário
poderá acessa-lo de onde quer que esteja. Então,
acho que isso é uma coisa bastante importante e muito
boa para o usuário.
E06
Eu não sabia o que você iria perguntar, mas eu acho
que é isso aí mesmo, nada mais. Eu não tenho nada a
falar a não ser que a gente tem que desempenhar bem
a profissão, deixar do lado de fora da biblioteca os
problemas pessoais que é para poder atender bem as
pessoas.
E07
[...], eu pensei que você me perguntaria sobre a
experiência profissional da gente, sobre o nosso
trabalho no dia-a-dia. Eu, por exemplo, já trabalho na
biblioteca há 28 anos, então tudo se passou aqui. Eu
achei essas perguntas que tu colocaste um pouco
fechadas e fiquei meia perdida nas respostas e muito
presa no que estava sendo perguntado. E o fato de
saber que estava sendo gravada, para mim fechou
mais ainda.
E08
Não havendo pergunta agradeço à mestranda que veio
entrevistar para mais uma publicação em nossa área
futuramente.
E09
Não. Foi bom, gostei da entrevista. Agradeço a
oportunidade e espero que tenha contribuído um
pouco.
E10
Eu esperava isso aí mesmo que você perguntou, mas
eu friso que o bibliotecário tem que está em contínua
aprendizagem se não vai morrer na praia, ou seja, vai
deixar que outras profissões domine nessa área da
tecnologia voltada para os centros de informação e
documentação. Então, para mim, a aprendizagem
continuada é essencial para o bibliotecário se manter
atuando em seu espaço.
E11
Nos últimos 20 anos a questão da informação teve
mudanças muito acentuadas, sobretudo na mudança
do suporte do papel para a forma digital e on-line e
isso mudou consideravelmente a postura do
bibliotecário tanto em relação às competências quanto
em termos de conhecimentos técnicos. Acho que era
isso que gostaria de completar.
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