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avaliação. Este se torna mais evidente em sala, ao circular pelas mãos dos alunos/as.
Percebo que participam de sua elaboração mais os alunos/as, e não presenciei nenhuma
vez este registro nos planejamentos, somente comentários sobre o olhar dos alunos/as
em determinado assunto. Obtive dificuldades em perceber como este registro participa
da avaliação da aprendizagem. Como é analisado, como faz a intervenção e participação
nos pareceres descritivos e na avaliação de forma mais ampla.
A percepção dos/das alunos/alunos referente ao livro de vida aparece em sala
quando resistem levá-lo. Poucos alunos/as se manifestam, apresentam como
justificativa, que precisam registrar tudo durante a aula, e não teriam tempo para trazer
no outro dia, devido seu “tempo”. Outra justificativa, também seria que os alunos/as de
EJA, possuem dificuldades relacionadas à sua assiduidade nas aulas: família (filhos que
ficam em casa, ás vezes doentes, marido, esposa, mãe, avó, namoradas/os...), trabalho,
cansaço, chuva, horário de ônibus (chegando em casa muito tarde). Dentre estas e mais
algumas justificativas, eles/as argumentam baseados em seus propósitos pessoais.
Quando realizado, o Livro de Vida apresenta o processo de análise do aluno,
enriquecendo e transformando-se em uma avaliação emancipadora. Procurando dar
indicações e tomadas de decisões para o grupo e sinalizam reflexões para os
encaminhamentos da prática em sala de aula. Neste sentido, a avaliação se encontra em
um processo de reflexão. Ao dialogarem com o professor/a e com seus pares,
identificam seus ganhos e dificuldades. Com o registro diário o livro de vida, percebo o
envolvimento e os encaminhamentos. Registro feito por uma professora:
Como de costume cheguei na sala e a professora mediadora já estava organizando as
carteiras, falando com um, cumprimentando o outro, sempre com aquele sorriso
maroto e aqueles olhos brilhantes, curiosos...Cumprimentei os presentes, senti pelos
ausentes... Quando chego em sala a expectativa é grande: desejo compartilhar
aquelas horas com todos e espero ansiosamente a reação de cada um. Pena! Será que
ainda há aqueles que não percebem a importância de estar aqui? Prefiro pensar que
tenham outros compromissos importantes. A aluna.... iniciou sua leitura. está
relatando todos os encontros com o objetivo de vencer algumas questões de escrita.
Penso que não tem idéia do quanto essa atitude nos deixa felizes. Percebe-se que sua
determinação a fará atingir logo seus objetivos. Seguindo a proposta da noite,
apresentamos o novo tema. Lendo as informações do caderno pedagógico, iniciamos
as discussões. Alguns mais, outros menos... Após as discussões veio o Drummond: Eu,
Etiqueta.Alguém me perguntou: Esta certo este título, professora? É assim
mesmo?Achei melhor deixar que encontrassem as suas respostas. Iniciamos a leitura
oral. Cada um lia um verso. Que maravilha poder ouvir aquelas vozes! Via a
preocupação e parecia ouvir o coração batendo mais forte. Seriam versos de
Drummond? Não. Era a angustia de ter que se expor, o velho medo de errar.
Terminamos a noite encaminhando uma atividade de análise e interpretação do
poema. Valeu turma! E, lembrando Fernando Pessoa, só valeu porque vocês são