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DALVA MENDES SCHARF
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM UM PROGRAMA DE EJA: O
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA.
ITAJAI (SC)
2006
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Centro de Ciências Humanas e da Comunicação – CEHCOM
Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu
Programa de Mestrado Acadêmico em Educação – PMAE
DALVA MENDES SCHARF
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM UM PROGRAMA DE EJA: O
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA.
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de Mestre em
Educação área de concentração: Educação-
(Linha de Pesquisa: Formação Docente e
Identidades Profissionais; Grupo de Pesquisa
Políticas Públicas em Currículo e
Avaliação).
Orientadora: Profª. Dra Verônica Gesser
ITAJAÍ (SC)
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA (ver com Bibliotecária da UNIVALI)
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho às Mestras Especiais:
Cássia Ferri, pelo discernimento e olhar
profissional, ético e amigo;
Amândia Maria de Borba, um exemplo a ser
seguido;
Verônica Gesser, professora, orientadora, amiga,
grande incentivadora desta pesquisa.
v
AGRADECIMENTOS
Muitas foram as pessoas que colaboraram para que minha pesquisa chegasse ao fim.
Neste ensaio cada um teve sua contribuição nos vários momentos.
Agradeço, primeiramente, a DEUS, meu refúgio e fortaleza, nas horas boas e difíceis.
Aos colegas e às colegas de mestrado, pela companhia, apoio e incentivo durante as
aulas e eventos!
Aos professores e professoras do mestrado, pelo compromisso social, profissional e
ético.
À Coordenação da Educação de Pessoas Jovens e Adultas da UNIVALI, na pessoa da
professora Sueli Anacleto.
Agradeço, em especial, a todos meus companheiros e a todas as minhas companheiras
de trabalho, aos alunos e alunas da Educação de Pessoas jovens e Adultas que
colaboraram como sujeitos da minha pesquisa. Sem eles e elas, não seria possível a sua
realização.
Às professoras Mere Abramowicz e Amândia Maria de Borba, por aceitarem ser minhas
examinadoras.
À minha orientadora, Verônica Gesser, que assumiu o papel de desequilibradora,
mostrando-me o caminho das possibilidades de construção de conhecimentos.
A minha amiga e companheira Mônica, que nos momentos intensos, sofridos e felizes
desta pesquisa, me deu o apoio necessário.
Ao meu filho Matheus e a minha filha Mariana, meus amores, por aceitarem este
desafio comigo, pela compreensão e pela minha ausência, por muitos momentos, neste
período da pesquisa.
E agradeço a João Ricardo, meu companheiro, meu amigo, minha vida. Por
compreender o quanto foi importante para eu vencer esta etapa. Acreditou em minhas
potencialidades, investiu em meus sentimentos, sofreu comigo e vencemos juntos mais
esse desafio.
vi
RESUMO
Esta pesquisa teve como objeto de investigação a avaliação da aprendizagem em uma
proposta para pessoas jovens e adultas da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI.
Seu objetivo foi o de compreender o desenvolvimento da avaliação da aprendizagem
em seu contexto cotidiano, seu processo pedagógico. A pesquisa de abordagem
qualitativa caracterizou-se como uma metavaliação, uma avaliação da avaliação da
aprendizagem em um programa de EJA. Foi desenvolvida a partir da percepção dos
alunos e alunas, professores e professoras de três cursos de EJA da UNIVALI ( Itajaí
Penha - Piçarras). A coleta de dados foi realizada por meio de questionários e
entrevistas, análise documental e observação. A partir da análise de dados, verificou-se
que a proposta curricular de EJA da UNIVALI almeja e vêm desenvolvendo em seu
objetivo no processo avaliativo, tentativas para alcançar uma avaliação da
aprendizagem, mais do tipo formativa, a qual ficou evidenciada pelos professores,
professoras, alunos e alunas por meio de categorias que foram apontadas pelas
regulações da avaliação formativa (retroativa, interativa e proativa). Nessas tentativas,
os professores e professoras sinalizam a necessidade de maior ênfase e continuidade no
processo de formação continuada de modo a garantir a qualidade na implementação da
proposta. Os alunos e alunas percebem a diferença nas práticas avaliativas, mostram-se
satisfeitos, alguns apontam para uma compreensão mais contínua no que se refere à
construção, socialização e efetivação da avaliação da aprendizagem.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos Avaliação da aprendizagem
Avaliação formativa.
vii
ABSTRACT
This research had as the investigation object the learning evaluation in a proposal for
Young and Adult people of the Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. Its aim is
the development of the learning evaluation in its daily context, its pedagogical process.
The research of qualitative approach is characterized as meta evaluation, an evaluation
of the learning evaluation in an EJA program. It was developed from the learners
(students) and teachers perception of three EJA courses (Itajaí Penha Piçarras) at
UNIVALI. (Being) The data collect was accomplished through questionaries and
interviews, documental analysis and observation. From the data analysis it was verified
that the curricular (course) proposal of the EJA at UNIVALI longs for and is being
developed in its aim in the evaluative process, (tyrings/ temptatives / endeavourings)
tentativas to reach a learning evaluation, considering more the formative one, which was
proved by the teachers and students through pointed categories of the formative
evaluation regulations (retro active, interactive and pro active). In these (tyrings/
temptatives / endeavourings) tentativas, teachers point (sign) the necessity of a higher
emphasis and continuity on the evaluation process to warranty the proposal quality
implementation. The students realize the difference in the evaluative practices, seem to
be satisfied, some of them point to a more continue comprehension referring to the
building, socialization and accomplish of the learning evaluation.
Key-words: education of young and adult – Learning evaluation – Evaluation formative.
viii
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................vii
ABSTRACT ................................................................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................ix
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EJA...............................................16
2.1 A Educação de Pessoas Jovens e Adultas como Política Pública .....................20
2.2 O Programa de Educação de pessoas Jovens e Adultas da UNIVALI............22
3 AVALIAÇÃO – REGULAÇÃO E EMANCIPAÇÃO........................................26
4 PERCURSO METODOLÓGICO ........................................................................31
4.1 Sujeitos da pesquisa..............................................................................................33
4.2 Procedimentos da coleta de dados.......................................................................33
4.3 Procedimentos de análise dos dados ...................................................................36
5 FUNDAMENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................................38
5.1 A busca da compreensão da avaliação da aprendizagem no cotidiano
da Educação de Pessoas Jovens e Adultas – EJA..............................................39
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................71
7 REFLEXÃO: O TEMPO ........................................................................................76
REFERÊNCIAS .........................................................................................................77
APÊNDICE .................................................................................................................80
ANEXOS .....................................................................................................................91
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
EJA – Educação de Jovens e Adultos
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
10
1 INTRODUÇÃO
O conjunto de movimentos e eventos que vêm sendo realizados em torno da
Educação de Jovens e Adultos desde a década de 90, são significativos. A trajetória
histórica desta modalidade educacional vem sendo discutida como uma vigente
aproximação nas políticas públicas educacionais, não somente como suplência, mas
também como direito. As estatísticas comprovam a grande dívida social acumulada,
resultante do modelo de desenvolvimento que mantém parcela significativa da
população distante do usufruto dos bens sociais que possibilitam uma qualidade digna
de vida.
A Constituição Federal de 1988 trouxe avanços significativos. Nesse sentido, o
art. 208, garante a educação a todos aqueles que a ela não tiveram acesso, independente
da faixa etária. A LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), confirmou
esta conquista, ao estabelecer no art. 37, os deveres do Estado e em estender o direito à
educação para todos, inclusive àqueles que não tiveram acesso na idade própria.
O artigo 208 da Constituição Federal e o 37 da LDB podem ser considerados
indicadores de inclusão de direito daqueles que se encontravam desatendidos pelo
Estado. Contraditoriamente a essas conquistas, a Lei de 9.422/96 criou o FUNDEF
(Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério), vetando, dessa forma, a contagem daqueles que freqüentam os cursos
médios e os cursos de educação de jovens e adultos nos sistemas públicos, para efeito
de obtenção de recursos financeiros.
A LDB transfere, assim, a obrigação da EJA para estados e municípios,
sobrecarregando estes últimos no tocante ao atendimento do preceito constitucional
referido. Neste sentido, o FUNDEF vinha representando um indicador de exclusão de
jovens e adultos do direito à educação. De um lado, tem-se a garantia constitucional de
um direito, e de outro, o não cumprimento, por parte do estado, desse mesmo direito. É
um movimento contraditório de inclusão/exclusão. Com a criação do FUNDEB (Fundo
de Amparo à Educação Básica - 2004) inclui assim a EJA como modalidade
educacional de direito e continuidade aos estudos.
A constituição e a LDB, ao introduzirem o conceito de Educação de Jovens e
Adultos, promovem um movimento de inclusão, possibilitando uma compreensão mais
11
ampla do que seja educação, enquanto que a manutenção do ensino supletivo conservou
um sentido mais restrito, voltado para um movimento de exclusão, desqualificando o
atendimento.
Após a extinção da Fundação Educar, em 1990, o Ministério da Educação
passou a não desenvolver programas de ação direta de EJA e reduziu sua equipe.
Temos, atualmente, realidades distintas, porque os municípios vêm assumindo, de
forma diferenciada e diversa a EJA. Apesar de não estar em curso uma política nacional
necessária à área, podemos por outras iniciativas, dessa maneira, acompanhar um
movimento no sentido de reverter o quadro de exclusão daqueles que não tiveram
acesso à educação em tempo hábil. No entanto, a ausência de uma política articulada
para a educação de jovens e adultos, limita um avanço na inclusão de uma parcela maior
da população em processo de escolarização. Se a EJA fosse assumida como Política de
Estado, estaríamos mais próximos de uma situação em que se garantiria o atendimento
escolar à população de acordo com os dispositivos estipulados na lei, independente da
vontade política de quem governa.
Diante desta política administrativa educacional, a avaliação vem assumindo
papel de destaque na formulação e implementação de políticas públicas nesta área,
tendo em vista que o momento histórico em que o atual momento histórico da qual vive
a sociedade brasileira aponta para a necessidade de implantação de sistemas efetivos de
avaliação nos três níveis de ensino (BRASIL, 1993). A avaliação, desta forma, permite
um repensar das práticas administrativas, técnicas e pedagógicas, adotadas de forma
crítica e comprometidas refletindo sobre o papel do ensino na sociedade como promotor
e socializador do saber.
Nas últimas décadas, a avaliação tem sido alvo de estudiosos que têm
examinado, discutido conceitos, definições, abordagens, metodologias, implicações
políticas e sociais, questões éticas, dentre outras que envolvem processos dessa
natureza. A análise das atuais práticas avaliativas nos diferentes níveis das escolas
brasileiras mostra a necessidade de adoção de novas políticas e novos procedimentos
para que seja possível o aprimoramento do processo de avaliação. Segundo Candau
(1995), o conhecimento do que se pensa, diz e faz sobre avaliação pode ajudar para uma
tomada de consciência da problemática atual e apontar caminhos para a superação.
Para Sousa (1996), a avaliação tem muitas dimensões, e, dependendo de seus
propósitos, cada escolha define os métodos que melhor possam atender ao tipo de
decisão a ser tomada. A avaliação da aprendizagem tem como foco o processo de ensino
12
e aprendizagem a qual visa a subsidiar o aperfeiçoamento da prática docente. A escolha
da dimensão da avaliação deve ter como critério, além do tipo de decisão que se
pretende subsidiar, a abrangência da ação educativa.
Vianna (1992), ressalta a importância de se realizar uma avaliação, tendo em
vista que ainda não possuímos uma cultura avaliativa. Assim, faltam elementos
qualitativos para o exercício de uma avaliação à realidade brasileira, pois não basta
transpor modelos de outros contextos para atender pressões políticas ou de agências
financiadoras. O mesmo autor constata, em seus estudos, essa carência de uma teoria de
avaliação e identifica que a temática é mais diversificada. A cultura avaliativa do país
seria um ponto importante para garantir que os sistemas estaduais, municipais, os
educadores e a comunidade em geral pudessem se apropriar dos resultados de um
processo avaliativo.
Ao analisar o que vem acontecendo com a avaliação em diversos segmentos, e
em suas diversas formulações práticas, esta está demarcada por uma concepção que
associa a aprendizagem à memorização e a repetição do ensino. Nessa perspectiva,
torna-se difícil distanciar medida, classificação e mérito da concepção de avaliação. No
entanto, a avaliação educacional, ao assumir a tarefa de controle, atende principalmente
à necessidade de selecionar e de excluir.
A avaliação escolar tenta, dessa maneira, proporcionar um aspecto de exclusiva
conquista e mérito individual ao que se está socialmente delineado. Tais relações são
especialmente visíveis em nossa sociedade, extremamente excludente. A avaliação,
desta forma entendida, funciona como um sistema de oferta e suspensão de direitos,
tanto nos fatos cotidianos de sala de aula, como em relação às possibilidades futuras,
contribuindo para dar à estratificação social uma aparência de conseqüência natural das
diferenças individuais que caracterizam os seres humanos. A homogeneidade, buscada
através da individualização, cria um campo de comparação que, funciona como espaço
de diferenciação. Essa perspectiva sobre a avaliação compreende os aspectos do
desempenho dos alunos que as escolas escolhem para avaliar e refletem muito
claramente as funções requeridas de um sistema educativo específico. Na verdade, pode
se argumentar que as práticas de avaliação constituem um dos mais claros indicadores
da relação entre a escola e a sociedade, pois elas fornecem e favorecem a comunicação
entre as duas.
Neste cenário, o interesse pela temática do presente estudo na área de avaliação
da aprendizagem, é resultante de minha trajetória profissional na área educacional. Após
13
várias experiências como docente no segmento da educação, e estando precisamente
envolvida com a educação de jovens e adultos, constituindo-se num desafio, percebo a
grande importância e a imensa fonte de poder que ela significa aos professores e
professoras. Essa fonte de poder transparece em atitudes, formas de controle e escolhas
feitas em sala de aula, em momentos de formação, em planejamentos, em elaborações e
organizações escolares, no próprio discurso assumido pelos docentes nas mais diversas
modalidades de ensino. Algumas atitudes me incomodam e me levam a refletir sobre o
processo avaliativo que vivencio na escola. Compreendo a avaliação como desafios e
iniciativas expressas, num verdadeiro processo dialógico.
Na busca de um projeto que atenda a toda essa diversidade, a Proposta de
Educação de Pessoas Jovens e Adultas da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI,
propõe-se a atender a este princípio básico, ao explicitar que:
Assim a avaliação assume características de uma prática voltada para
mudanças, identificada como avaliação formativa que poderá oferecer
indicativos referentes ao desenvolvimento de competências e
habilidades que viabilizem a relação com e no mundo. A avaliação
deverá fornecer dados sobre a aprendizagem e desenvolvimento dos
alunos e das alunas, de tal forma a dar-lhes um retorno sobre seus
aprendizados, assim como propiciar informações aos professores,
possibilitando-lhes a tomada de decisão sobre o que fazer para superar
os possíveis obstáculos, inclusive revendo seu próprio ensino e
reestruturando-o, quando necessário. (UNIVALI, 2003. p.71)
Neste contexto, a proposta curricular da educação de jovens e adultos da
Univali propõe ações educativas voltadas para a constituição histórica dos sujeitos.
Sujeito este que, em um determinado momento de sua vida, foi excluído, por rios
motivos, da possibilidade de iniciar e/ou concluir a escolarização básica. Um desses
motivos do abandono está, muitas vezes, relacionado à avaliação que, ainda hoje, tem
como função no processo de ensino e de aprendizagem, a mensuração, a normatização,
o controle.
Neste sentido, este estudo procura reunir algumas idéias, questionando os
contornos do processo de avaliação da aprendizagem que vêm sendo definidos no fazer
pedagógico da EJA, e perceber o seu desenvolvimento pedagógico, cotidiano, reunindo,
assim, professores e professoras, alunos e alunas neste processo. A avaliação é
problematizada ao se considerar um movimento de contradição que constrói e
significado à sua função social educativa. Este movimento pode ser interpretado como
uma rede de significados, tecida a partir das interações sociais estabelecidas entre os
14
seus agentes.
Desta forma, a busca da compreensão do processo avaliativo, do qual fazem
parte professores, professoras, alunos e alunas e os objetivos avaliativos que delineiam a
proposta de educação de jovens e adultos da UNIVALI, têm como uma de suas razões a
contribuição para a melhoria do campo educacional nesta área específica de EJA. Além
disso, a avaliação precisa ser analisada e compreendida sob novos parâmetros e assumir
um papel de intervenção pedagógica e tomada de decisão. Assim, compreende-se que a
perspectiva do trabalho educativo com jovens e adultos está inserida em uma prática
com novas formas organizativas conscientes do cotidiano escolar e voltada para uma
relação com o saber. Refletir sobre avaliação tem levado a educação constantemente a
abrir novas portas, novas procuras e perspectivas, buscando assumir outros papéis e
superar as marcas deixadas pela passagem da escola na história de tantos alunos das
classes de EJA.
Esta pesquisa, desenvolvida através da abordagem de pesquisa qualitativa em
educação, com referencial metodológico característico de estudo de caso e estudo do
cotidiano, considerou como sujeitos participantes os professores e professoras, os
alunos e as alunas da Proposta de Educação de Jovens e Adultos da Universidade do
Vale do Itajaí UNIVALI. Um dos sentidos para este estudo foi, também, o de dar
continuidade a um estudo mais aprofundado nesta modalidade de ensino, iniciado em
atividades práticas e pedagógicas, continuando em um projeto do Mestrado em
Educação PIPG (Programa de Incentivo à Pesquisa na Pós-graduação), ano de 2004,
que desenvolveu uma análise documental das propostas de EJA dos municípios da
AMFRI (Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí), da qual fui participante. Ao
contar pelo estudo, que a Proposta da UNIVALI vem sendo destaque em âmbito
Catarinense na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A partir dessa
constatação e das inquietações anteriormente já referidas, ampliei minhas leituras e
busquei compreender melhor o processo avaliativo da proposta por meio desta pesquisa.
A partir do momento em que inicio a problematizar a avaliação, assim me
disponho a compreender esse processo avaliativo e sua contribuição para a área
educacional vigente. Tal fato decorre de que a avaliação é considerada responsável por
grande parte dos problemas de evasão e repetência ou como uma das únicas saídas para
melhoria do sistema educacional e o grande desnível de desequilíbrio que se instalam no
espaço educacional. Com essa representatividade, o cenário educacional coloca a
avaliação como um dos temas que merecem uma abordagem específica e permitem um
15
repensar das práticas administrativas, técnicas e pedagógicas, adotadas de forma crítica
e comprometida, refletindo sobre o papel do ensino na sociedade como promotor e
socializador do saber. Seguindo a esta preocupação, uma das providências a se tomar
está diretamente relacionada ao estudo da prática do professor e da professora, seus
critérios e procedimentos de avaliação. Uma investigação crítica da compreensão dos
docentes passa a exigir a elaboração de paradigmas mais abrangentes que possam dar
conta de responder as questões deste estudo: como os pressupostos da proposta de
avaliação da aprendizagem de um programa de EJA, vêm sendo desenvolvidos na
prática pedagógica dos seus docentes?
16
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA - EDUCAÇÃO DE
PESSOAS JOVENS E ADULTAS - EJA
A educação de pessoas jovens e adultas no Brasil, começa na década de 30 do
século XX, quando se consolida um sistema público de educação no país. Neste
período, a sociedade brasileira passava por grandes transformações. O Brasil viveu um
processo de nacionalização do ensino, com uma situação herdada da Guerra Mundial.
Houve o aumento dos operários urbanos e a depressão de 1929. Nessa mesma década do
século XX, as pessoas trabalhadoras começam a ser consideradas socialmente e
politicamente e o analfabetismo é sistematicamente denunciado. Com o início da
industrialização, surge a necessidade da qualificação da mão-de-obra e do sujeito como
cidadão para que possa apoiar as novas relações de poder que se instauram no país.
Neste período, em todos os setores sociais, o lema “ordem e progresso” estava
em vigor: era preciso organizar o “povo” ( aqui entendido como a multidão urbana), o
carnaval, o futebol, a escola (LDB), o presídio, a língua (gramática), a moeda, etc. Tudo
levado ao extremo, para encaminhar a nação ao progresso, à industrialização ao
sentimento nacionalista, à visibilidade da nação entre as nações. Esse fenômeno não era
privilégio brasileiro, estava acontecendo em todo o mundo: o comunismo, o fascismo, o
nazismo, o peronismo, etc. É neste contexto econômico-ideológico que surge a
educação de pessoas jovens e adultas EJA. Esta aparece intimamente ligada à
construção da nação progressiva e à organização operária.
Na região sudeste, a EJA se construiu com iniciativas de educação para pessoas
trabalhadoras, da qual o foco do movimento sindical estava concentrado, considerado o
centro industrial brasileiro. E EJA tinha como objetivo legitimar o novo poder que
procurava se instalar no país, alfabetizando as pessoas trabalhadoras, pois só estas
tinham direito ao voto. Pelo pouco tempo estipulado para o processo de escolarização
(três meses para a alfabetização e mais sete meses para a apreensão de conteúdos
complementares do primeiro segmento do Ensino Fundamental), percebe-se a
emergência dos resultados que eram esperados.
Nas décadas de 40 e 50 do século XX, após a segunda Guerra Mundial, a ONU
propunha uma educação democrática para a América, ou seja, a “integração dos povos
pela paz e democracia”. Além das discussões de “Ordem e Progresso”, iniciou-se uma
campanha de civismo em todo o território nacional. Em 1947, utilizou-se o material
17
didático específico do método Loubach, que propunha uma forma silábica de aquisição
da leitura e da escrita, a partir de palavras geradoras. Nesta década do século XX, foram
inaugurados os Serviços de Educação de Adultos, Serviço Social da Indústria, Serviço
Nacional da Aprendizagem Rural e uma campanha Nacional de Educação de Adultos.
Em 1958, no primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos, com a
contribuição de Paulo Freire, pela primeira vez, estas pessoas foram vistas como adultas
em fase de escolarização e como “sujeitos de aprendizagens”, ou seja, as diversidades
foram consideradas e os ensinamentos eram voltados para a reflexão sobre o cotidiano.
A alfabetização passou a ser vista como leitura de mundo e não mais como mera
codificação e decodificação de símbolos.
Na década de 70 do século XX, para sustentar um sistema ditatorial, que se
fixava em bases hierárquicas, surge o “Mobral Movimento Brasileiro de
Alfabetização”. Esta proposta constitui-se como uma maneira tecnicista de ensinar, em
que era considerada alfabetizada a pessoa que soubesse assinar o seu nome. O Mobral
constituiu-se como organização autônoma em relação ao Ministério da Educação,
contando com um volume significativo de recursos, e se converteu no maior movimento
de alfabetização de jovens e adultos realizado no país, com inserção de praticamente
todos os municípios brasileiros.
Com abertura política, 1982, e o fim do exílio, Paulo Freire voltou para o
Brasil trazendo consigo suas reflexões e suas grandiosas contribuições. Formaram-se
grupos de estudiosos no tema dedicado à educação popular. Eram realizadas
experiências com propostas mais críticas, com grupos vinculados a movimentos
populares que se organizavam em oposição à ditadura, associações de bairros, oposições
sindicais e comunidades religiosas. Com esta nova proposta, o “Mobral” foi abolido.
Desacreditado nos meios político e educacionais, essa proposta de Educação de Pessoas
Jovens e Adultas perdurou até o início da década de 80 do século XX, sendo extinto
mais precisamente em 1985.
Nesta mesma década do culo XX, foram realizadas pela UNESCO quatro
Conferências de Educação de Jovens e Adultos. Era uma preocupação dos governos
acabar com o analfabetismo e ampliar o acesso à Educação Básica para as pessoas
jovens e adultas que não tiveram oportunidades de freqüentar a escola na idade regular.
Esta idéia foi reforçada em 1990, quando foi realizada, na Tailândia, a Conferência de
Jomtiem, na qual foram abertas perspectivas de educação básica para todas as pessoas,
exigindo do Brasil um Plano Decenal de Educação. Este plano foi aprovado em 1993,
18
com compromisso até 2003.
Em 20 de dezembro de 1996, foi aprovada e sancionada a Lei de Diretrizes e
Bases ( LDB) Lei 9.394/96, que estrutura a educação em dois blocos: a Educação
básica e a Educação Superior. A Educação de Pessoas Jovens e Adultas está
contemplada na Educação Básica, entendida como Ensino Fundamental e Ensino
Médio, dispostos em seus artigos 37 e 38.
Em seu Artigo 37, aponta que a EJA “expressa uma concepção de jovens e
adultos que incorpora como direito à educação básica, entendida como Ensino
Fundamental e Ensino Médio, assegurando oportunidades educacionais, mediante
cursos presenciais e exames”. E em seu Artigo 38, “admite e reconhece também que a
escola não é o único local educativo, quando diz que os conhecimentos e habilidades
adquiridos pelos educandos, por meio informais, serão aferidos e reconhecidos mediante
exames”.
Em 1997 na Alemanha, na cidade de Hamburgo, foi realizada a V Conferência
Internacional sobre Educação de Pessoas Jovens e Adultas ( CV Confintea), promovido
pela UNESCO, com o objetivo de instaurar um diálogo e uma parceria continuada entre
governos, as ONGs e as instituições que apresentavam programas de educação de
pessoas adultas. Esta conferência vem para reforçar a “[…] intenção de se permitir às
populações que contribuam plenamente para a sociedade e que continuem a aprender ao
longo de toda a sua vida”. (Declaração de Hamburgo, 1999. p.17). Assim como a
formação continuada de educadores, estes também jovens e adultos em processos de
aprendizagem. Passando assim a constituir o verdadeiro sentido da EJA
1
, por
ressignificar os processos de aprendizagem pelos quais os sujeitos se produzem e se
humanizam, ao longo de toda a vida.
No Brasil, surge mais uma tentativa de erradicação do analfabetismo: O
Programa de Alfabetização Solidária – PAS. Este programa é gerenciado por uma
organização da sociedade civil. Criado em 1997 pelo Conselho de Comunidade
Solidária, o programa tem como objetivos reduzir os altos índices de analfabetismo e
ampliar a oferta pública de educação de pessoas jovens e adultas. Este programa era
desenvolvido por uma ONG gerenciada por uma coordenação nacional, responsável
1
O Parecer CEB/CNE 11/2000 explicita para a EJA três funções: a reparadora (que desenvolve a
escolarização não conseguida quando criança); a equalizadora (que cuida de pensar politicamente a
necessidade de oferta maior para quem é mais desigual do ponto de vista da escolarização); a
qualificadora (entendida esta como o verdadeiro sentido da EJA, por possibilitar o aprender por toda a
vida, em processos de educação continuada).
19
pela articulação de parcerias em diversos setores da sociedade, empresas, instituições e
organizações, instituições de ensino superior, pessoas físicas, prefeituras, e Ministério
da Educação(MEC), tendo como área de atuação principalmente as regiões norte e
nordeste do país, regiões estas com maior índice de analfabetismo. A duração do PAS
era de seis meses, sendo um mês para a capacitação das pessoas alfabetizadoras e os
outros cinco para as aulas de alfabetização.
Recentemente foi lançado o programa Brasil Alfabetizado. Foi criado em maio
de 2003 pelo Ministério da Educação e implementado em 2004. A meta do MEC é de
alfabetizar, aproximadamente, vinte milhões de pessoas brasileiras analfabetas,
pretendendo, com isto a erradicação do analfabetismo no país. Este operacionalizado
pela Secretaria Extraordinária Nacional de Erradicação do Analfabetismo
(SSEA/MEC), que também trabalha em parceria com organismos governamentais e não
governamentais.
Não como não reafirmar a mais importante lição de praticamente cinqüenta
anos de experiência: campanhas e movimentos de massa não resolveram e não
resolverão o problema do analfabetismo da população jovem e adulta. Ele tem raízes
profundas na sociedade injusta e desigual. É gerado pela ausência e pela insuficiência da
escolarização das crianças e adolescentes. Boa parte dos analfabetos jovens e adultos de
hoje não passaram um a dois anos na escola; aprenderam mal, ou alguma coisa
esquecida pelo desuso. Muitos jovens hoje estão saindo da escola sabendo mal ler,
escrever e contar. Continuamos oferecendo escolas pobres para as camadas pobres da
população. Não é mais possível pensar em alfabetização de jovens e adultos em meses.
É preciso fazer a educação de jovens e adultos como um processo educativo amplo.
Assim, se estará caminhando na direção de repor o direito à educação, anteriormente
negado ou mal garantido.
20
2.1 A Educação de Pessoas Jovens e Adultas como Política Pública
A trajetória da EJA constitui-se uma alavanca central para as atuais políticas
públicas de EJA no país, face à disposição deste conjunto de políticas, destacando-se a
preocupação institucional – Estado, com uma educação de qualidade como pressupostos
para o exercício da cidadania e para a inserção no mercado de trabalho. No entanto,
somente em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96), é que as principais
políticas de EJA ganharam visibilidade no cenário educacional. Entretanto várias foram
as tentativas de implantação de programas, campanhas de governo e cursos para que
estas pessoas citadas pela LDB iniciassem, completassem a sua escolaridade ou
aferissem seus conhecimentos adquiridos ao longo de suas vidas. Também muitos
foram os equívocos e muitos foram os fracassos, pelo fato de existir poucos estudos
aprofundados sobre como as pessoas adultas constroem seus conhecimentos.
Percebemos que, na prática, a tendência tem sido a transferência de uma proposta
curricular concebida para crianças às pessoas jovens e adultas. Essas tentativas,
seguidas de fracassos, confirmam que os processos de aprendizagem e de construção de
conhecimento de pessoas jovens e adultas não são iguais aos das crianças. Atualmente,
se busca terminar com a simples transferência de processos e procedimentos educativos.
A educação de jovens e adultos é um direito humano”, observa rgio
Haddad
2
. Neste sentido, garantir o acesso das pessoas jovens e adultas à educação é,
antes de tudo, respeitar um direito humano. Os jovens e adultos que não sabem ler, ou
com pouca escolaridade, são pessoas que tiveram no seu passado um direito violado,
perdendo uma importante ferramenta para pensar, pesquisar e ter acesso ao saber que é
produzido pela humanidade. Continuando seu pensamento, sabe-se que as pessoas que
passam por processos educativos, em particular pelo sistema escolar, podem exercer
melhor sua cidadania, pois têm condições mais favoráveis de realizar e defender outros
direitos humanos (saúde, habitação, meio ambiente, participação política).
Historicamente, a educação de jovens e adultos tem sido tratada pelo poder
público como política compensatória, de caráter assistencial e não como um direito
humano. No passado, recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vetou
que esta modalidade de ensino fosse beneficiada por uma política universal, ao limitar o
2
Relator nacional para o direito à educação, secretário-executivo da ONG Ação Educativa e professor da
PUC-SP.
21
seu acesso aos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF. Mas, ao mesmo tempo,
incentivou uma política compensatória através do Programa Alfabetização Solidária. O
atual governo, do presidente Luís Inácio da Silva, lançou oficialmente o Programa
Brasil Alfabetizado, que tem como objetivo alfabetizar 20 milhões de pessoas em quatro
anos, em parceria com organizações da sociedade civil e utilizando metodologias
diversas.
No entanto, espera-se mais. Espera-se que, além das ações de alfabetização,
jovens e adultos tenham continuidade em sistemas de ensino, conforme determina a
Constituição de 1988, dentro de uma política de educação universal. Necessário
também, combinar a educação com políticas de inclusão, pois a alfabetização isolada
não resulta em desenvolvimento pessoal e social, não garante terra, trabalho,
alimentação, moradia... Com a implantação do novo Fundo de Amparo à Educação
Básica – FUNDEB, a educação de jovens e adultos se inclui como parte de direito dessa
população como um todo.
A experiência inovadora dos Fóruns de EJA legitimam as novas práticas,
diante da realidade da EJA e das formas pelas quais o país vem, desde 1990,
conduzindo suas políticas profissionais da educação de diferentes instituições
governamentais e não-governamentais, que assumiram o desafio de construir novas
relações tendo por objetivo principal a discussão das políticas públicas educacionais
determinantes do cotidiano dos vários segmentos da educação e a socialização de
informações de cunho político, pedagógico, administrativo, financeiro, etc. Animados
pela convocação da Unesco para preparar, ao longo de 1996, em nível nacional e latino-
americano, a participação na Confintea, inicia-se no Estado do Rio de Janeiro, em
junho, uma estratégia de trabalho conhecida como Fórum de Educação de Jovens e
Adultos. Essa estratégia, certamente, contribuiu para a desconstrução de posturas e
atitudes centralizadoras, adquiridas ao longo de muitos anos na sociedade,
possibilitando o estabelecimento de relações mais igualitárias, fator decisivo para um
processo de democratização da educação nas esferas locais, como preconiza a LDB,
ao mesmo tempo que, representava um grupo de pressão organizada e permanente, em
defesa dos interesses da educação de jovens e adultos.
A marca principal desses Fóruns é, de modo geral, o caráter informal, não
institucionalizado, não submetido a nenhuma instância de poder formal. A participação
de secretarias municipais e estaduais de educação e de outros organismos do governo,
22
tornou-se tão significativa quanto a de educadores, de universidades, de movimentos
sociais, de instituições privadas e de organizações não-governamentais. Esta marca
interferiu, em muitos casos, nas políticas locais, de maneira que, cada vez mais,
constituem políticas, dada a relevância da participação e a consciência do lugar político
que ocupam. O grande mérito dos runs é o de estar onde os atores da EJA não
estavam, ou seja, concorrendo a recursos, aos cenários de discussões, marcando lugar
político da demanda social da EJA.
2.2 O Programa de Educação de Pessoas Jovens e Adultas da UNIVALI
O Programa de Educação de Pessoas Jovens e Adultas faz parte do Estatuto da
Universidade do Vale do Itajaí, com vigência desde 22 de maio de 2002. A
Universidade do Vale do Itajaí, mantida pela Fundação Universidade do Vale do Itajaí,
é uma instituição de ensino superior municipal, reconhecida pela portaria Ministerial
nº51, de 16 de fevereiro de 1989. Caracteriza-se, como entidade comunitária, sem fins
lucrativos. Enquadra-se como universidade pública, mas de direito privado, pois é
mantida pela arrecadação de mensalidades. A Universidade do Vale do Itajaí teve
origem em 1964, numa ampla campanha de mobilização popular em defesa da
interiorização do ensino superior no Estado de Santa Catarina.
A proposta da UNIVALI, apresenta uma concepção de educação para pessoas
jovens e adultas. De acordo com seu projeto pedagógico (2004, p.3), trata-se de uma
“clientela diferenciada” e, sendo assim, […] exige, necessariamente, flexibilidade e uma
prática de reconsiderações das teorias que têm regido a escola […] de modo a não “[…]
negar a ‘bagagem’ cultural que estes jovens e adultos possuem de suas práticas
cotidianas.” O projeto indica uma concepção de educação que toma como base os
Estudos Culturais.
Para a EJA da UNIVALI, um programa educativo voltado à formação de
pessoas jovens e adultas deve ser concebido de modo que […] privilegie os estudos da
diferença, calcada em pressupostos filosóficos culturais, permite pensar em uma escola
reinventada, onde o aluno e aluna e o professor e professora possam quebrar linhas de
segmentaridades duras exigidas até então pela estrutura social. (
idem, ibidem, p.7).
Nesta perspectiva, traz em seu bojo uma concepção de currículo que busca
23
superar as fronteiras e limitações impostas por propostas ainda legitimadas palas teorias
tradicionais de currículo na medida em que acredita que um currículo voltado para a
EJA deva possibilitar “[…] a existência de linhas de flexibilidade […]” e que, além
disso, possa “[…] refletir sobre as diferenças culturais, etárias, de gênero, étnicas e de
classe […]”. Desta forma, permite que os alunos e alunas possam levar em conta “[…]
experiências e expectativas, seus medos e angústias”. (idem, p.6)
A Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, através de sua modalidade de
ensino, Educação de Pessoas Jovens e Adultas EJA, buscou empenhar-se a contribuir
na transformação deste quadro que hoje se mostra presente. A proposta da EJA –
UNIVALI vem sendo construída desde 1997 e está referenciada no campo dos Estudos
Culturais
3
. Visa atender uma parcela da população que um dia foi excluída socialmente,
saindo ou sentindo-se obrigada a sair da escola regular. Esta proposta curricular está
intitulada como “A Constituição Histórica do Sujeito” e compreende estas pessoas
jovens e adultas, construindo-se e sendo construídas em suas tramas históricas e em
suas relações culturais.
A EJA se propõe a dar uma contribuição à sociedade, tornando-se, portanto,
uma possibilidade que visa a superar a lacuna de exclusão que é percebida na educação
de pessoas jovens e adultas, ou seja, a carência de propostas curriculares que atendam às
necessidades e especificidades da educação de pessoas jovens e adultas. A EJA da
UNIVALI tem sido procurada para servir de base a vários segmentos municipais,
estaduais, privados, tornando-se assim, uma referência estadual e nacional na educação
de pessoas jovens e adultas, por apresentar características específicas diferentes de
outras propostas. A proposta de educação de pessoas jovens e adultas da UNIVALI,
tem como metas expressas em seu regimento o compromisso que a Universidade tem
em participar da mobilização nacional para reduzir as desigualdades e dar respostas
coerentes às problemáticas sociais, elegendo como prioridade a Educação de Jovens e
Adultos.
Para que esta proposta se efetivasse, formou-se um grupo de estudos, com
professores e professoras das diversas áreas e construiu uma proposta curricular que
3
Referente à estudos Culturais o autor Silva(2000), comenta que: os Estudos Culturais têm origem em meados
da década de 50 do século XX, com a fundação do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS). O
CCCS desenvolveu-se com o surgimento de fortes críticas à concepção de cultura elitista e hierárquica. Ao
longo do tempo a concepção de cultura sofreu diversas transformações: primeiramente adotando “uma
concepção antropológica, fundamentada na definição de cultura como a totalidade da experiência vivida dos
grupos sociais”, depois influendiada pelos pós-estruturalismo como “uma concepção que a cultura como
campo de luta em torno do significado e a teoria como campo de intervenção política”; mais recentemente
“propiciando o desenvolvimento de um campo importante e influente de teorização e investigação social”.
24
pretende ir além das questões apontadas na LDB, ou seja, oferecer uma educação básica
pensando nas especificidades da educação de pessoas jovens e adultas. Com essa
proposta, a EJA da UNIVALI pretende contribuir para a superação da exclusão, fazendo
com que os alunos e alunas reflitam sobre as relações culturais, de classe, de gênero,
étnicas e sobre suas relações, sentindo-se integrante de sua própria história.
Possibilitando, ainda, o acesso à construção de conhecimentos e mediar para que esses
conhecimentos construídos sejam significativos para suas vidas: pessoal e/ou
profissional. A proposta visualiza a heterogeneidade existente nas diversas turmas de
educação de jovens e adultos. Quando leva em consideração as demais diferenças,
percebe além de diferentes idades, também diferenças regionais, somados a valores,
certezas e religiões. Esta mesma proposta está referenciada nos Estudos Culturais nos
quais encontra algumas respostas:
Os Estudos Culturais possui algumas das respostas ao trabalho com a
educação de pessoas jovens e adultas, pois este tem levado a novas
possibilidades de pensar o pedagógico de forma reinventada,
mostrando sua abertura e verticalidade teórica, seu espírito reflexivo e
sua crítica constante. Analisa que qualquer tentativa de implantação de
métodos rígidos, currículos fixos, que inviabilizam as práticas
cotidianas e conhecimentos diversos adquiridos durante a vida do
aluno e aluna, são contraditórios às principais características dos
Estudos Culturais. (PROPOSTA CURRICULAR, 2003. p. 3).
O curso é desenvolvido a partir de três eixos norteadores que contemplam
cinco ciclos de aprendizagem, nos quais são trabalhados temas e projetos de trabalho
seguidos de músicas e de outras questões que refletem sobre o cotidiano e a atualidade,
com abertura para outros temas e projetos de trabalho. Os dois primeiros ciclos
correspondem ao Segmento (1ª a série) do Ensino Fundamental. O e ciclo ao
Segmento (5ª a série) do Ensino Fundamental. O ciclo, ao Ensino Médio. A
proposta pensa em ciclo de aprendizagem para trabalhar as diferenças com flexibilidade,
buscando integrar o cotidiano local e o saber escolar de forma significativa através de
temas e projetos de trabalho. A concepção de um ciclo como um conjunto de
aprendizagens é o que mais se afasta dos graus tradicionais.
Os ciclos com seus correspondentes temas e projetos, foram propostos a partir
de três eixos temáticos (Primeiro eixo: Nós e o espaço/tempo em que vivemos; Segundo
eixo: Nós no mesmo espaço/tempo mas muito diferentes; Terceiro eixo: Nós nesse
espaço/tempo produzimos o quê? Para quem? Como? Para quê?). Esses eixos permitem
25
ao professor, à professora uma orientação e sistematização de seu trabalho, sendo uma
referência apenas, não havendo necessidade de exploração do eixo com o aluno, a aluna.
Pode-se dizer que os eixos sugerem vários temas e, através dos temas, é possível, como
ponto de partida, desvelar os níveis de compreensão que cada um tem de sua realidade
e, de outro lado, inserir essa realidade imediata em totalidades mais abrangentes.
No desenvolvimento do tema, a proposta busca trabalhar com músicas
populares brasileiras (MPB), que sugerem discussões de contextos locais e/ou globais.
O papel da música como elemento desencadeador da arte de ler o mundo, é o de
estabelecer a interação entre a expressão musical cantada e a expressão musical lida,
refletida. A música torna-se um texto contextualizado e significativo. Conforme a
proposta:
A opção de trabalhar, com eixos norteadores, músicas
contextualizadas, temas e projetos de trabalho, é seguida de razões
claras. O tema gerador proporciona um vínculo significativo entre
conhecimento e realidade local, relaciona a realidade local a um
contexto mais amplo, entendendo que o conhecimento está sendo
construído de forma interdisciplinar. Nesta proposta, o problema
maior não reside na seleção dos conteúdos, mas na sua abordagem nas
diversas áreas, de tal forma que o aluno e aluna possa perceber a
relevância social e a utilidade pessoal desses conteúdos para a vida
individual e social dos sujeitos. (PROPOSTA CURRICULAR, 2003,
p. 19).
Uma proposta interdisciplinar seria uma vertente ampliadora de
conhecimentos. As discussões dos conteúdos, em cada tema da prevista proposta,
levarão a várias atividades, dinâmicas e experiências que estarão imbricadas entre os
conteúdos das diversas áreas. Assim, nesta dinâmica, busca garantir a apropriação dos
conteúdos nimos de cada área, do Ensino Fundamental e Médio, conforme os
Parâmetros Curriculares Nacionais. Como esses conteúdos são vivenciados e avaliados?
Como as aprendizagens são percebidas e avaliadas? São perguntas que fazem parte da
pesquisa. Na busca de valorizar no espaço/tempo da proposta curricular a
heterogeneidade, como a avaliação procede, seu atendimento e seu processo, sendo
formativa como sua vivência atende este contexto? Sendo assim, sua importância se
destaca neste estudo, em buscar perceber e compreender como os pressupostos da
avaliação da aprendizagem do programa de EJA da UNIVALI são desenvolvidos na
prática pedagógica.
26
3 AVALIAÇÃO – REGULAÇÃO E EMANCIPAÇÃO
A avaliação em um estudo crítico e problematizador busca analisar e
dimensionar sua natureza e relação com as políticas curriculares, bem como as
dimensões sociais, ideológicas que fizeram desta um dos eixos estruturantes das
políticas (e reformas) educativas contemporâneas. Afonso (2000), em sua investigação
na área da Sociologia da Avaliação, contribui para uma construção da avaliação como
objeto de estudo sociológico. O autor esclarece e analisa as normas e formas que a
avaliação incorporou enquanto política pública. Ele segue algumas relações que
subscrevo, e reportarei ao objeto de estudo desta pesquisa. Este autor percebe a
avaliação como um meio, um fato social, presente nas sociedades contemporâneas e,
por outro lado, um fato pedagógico que interessa tanto à sociologia em geral, como
principalmente à sociologia. Ele não investiga a avaliação como também recupera a
análise sociológica que parece um pouco esquecida nos espaços acadêmicos. Desta
forma, analisar a avaliação e as práticas dos professores/as sem as relacionar com as
condicionantes organizacionais ou com as políticas nacionais seria empobrecedor à
qualidade da pesquisa educacional. O papel do pesquisador requer uma aproximação
estreita entre as políticas e relações sociais estabelecidas. Neste sentido, Afonso (idem)
percebe a avaliação como uma área interdisciplinar por definição, aberta às
contribuições de diferentes disciplinas.
A tendência “pós-moderna” é de as ciências se abrirem. As ciências da
modernidade, que aparecem após a revolução industrial e o capitalismo, se constituíram
demarcando territórios. O movimento atual é o movimento de redefinição dessas
mesmas fronteiras, que está sendo cada vez mais um momento de diálogo com
disciplinas afins e até muito diferentes. Assim, a avaliação está situada no âmbito de
diversas problemáticas, tendo uma interface muito clara com a pedagogia e com os
aspectos ligados ao currículo. Relaciona-se com aquilo que se ensina e com aquilo que
se avalia, o que, por sua vez, relaciona-se com as práticas dos professores/as. Pode-se
então relacionar a avaliação com uma competência profissional dos/as professores/as, e,
nesse sentido, uma sociologia da formação pode também acabar por se referenciar à
própria avaliação como uma competência que os professores devem possuir. Há,
portanto, igualmente uma interface entre a avaliação e a formação de professores. A
27
análise sociológica educacional procura, assim, relacionar a avaliação com o papel do
Estado. Este em redefinição atualmente, vem procurando perceber a crise com as
políticas educativas e, no interior desta, o papel da avaliação. De certa forma, encontra-
se alguma ambigüidade nas políticas educativas, o que repercute, também, na avaliação.
As políticas neoliberais continuam trazendo a tônica da redução do papel do
Estado face à emergência da valorização do mercado. Traduzindo-se na avaliação, de
forma que o Estado reduz a sua atuação econômica, em termos educativos, parecendo
aumentar a sua capacidade de intervenção. Paralelamente a este aumento de controle do
Estado, emergiu, também, o mercado, que teve expressão em políticas, como a
valorização da liberdade de escolha dos pais (redefinidos como consumidores), a
necessidade das escolas publicarem seus resultados e da criação de ranking’, etc.
Encontram-se, também, fatores aparentemente contraditórios que o novo governo vai
conciliar, criando e exigindo modalidade de avaliação mais do tipo criterial, que possam
aferir e medir os objetivos previamente definidos, o que é congruente com a
centralização do Estado relativamente aos currículos e aos objetivos. Desta forma, o
governo que promove a redução do papel do Estado é o governo que inicia as
privatizações e que, do ponto de vista econômico mantém objetivos comuns à política
neoliberal. Em termos de políticas educativas, existem efeitos contraditórios, e uma
avaliação educativa que é muito diferente da modalidade de avaliação presente na
agenda política, padronizada, nacional.
Por esta razão, a avaliação formativa emerge em uma relação dialética, porque
num momento em que o espírito está voltado para a competição, para a comparação,
vamos encontrar uma modalidade de avaliação que defende outros valores (inclusive
autonomia dos professores/as), enquanto as políticas conservadoras, neoliberais
aumentam substantivamente o controle sobre os professores, desprofissionalizando-os
em alguns casos. Esta modalidade de avaliação formativa respeita a autonomia do
professor/a, até porque é ela que depende mais deste profissional. Continuamos muitas
vezes a falar de democratização, de participação, de autonomia, o que pode ser lido
como as últimas energias utópicas que convergem com o início de uma outra forma e
anseios políticos, de uma outra era, ou seja, não assumimos, na totalidade, os valores
neoliberais. Mesmo assim, a desvalorização de um espírito mais democrático ocorre em
grande número de escolas. Algumas razões dessa desvalorização foram induzidas, por
exemplo, pela falta de recursos nas escolas. Neste sentido, relaciona-se a avaliação
formativa com a expansão dos direitos educacionais e culturais dos estudantes, porque a
28
lógica da avaliação formativa é a expansão destes direitos, isto é, uma avaliação a
serviço do desenvolvimento dos indivíduos. A lei, então, inscreve-se num ideário
político que consubstancia estes mesmos direitos, o que significa mais Estado na
educação, e não menos.
As funções da avaliação precisam ser, por isso, compreendidas no contexto das
mudanças educacionais e das mudanças econômicas e políticas mais amplas. Assim,
uma tradução concreta, desta função exigiria mais condições nas escolas para pôr em
prática tal modelo avaliativo: menos alunos por turma, professores preparados para
entender o espírito do legislador relativamente à avaliação, mais recursos, etc. Apesar
do modelo diferenciado, ocorre que muitos professores/as não demonstram interesse em
aderir a este tipo de modalidade avaliativa, criando resistência a sua aplicabilidade, o
que denuncia que estávamos a assistir a uma emergência de valores mais
“darwinistas” de seleção natural, ou mesmo mais elitista.
Não são, portanto, apenas as práticas avaliativas formais ou informais e suas
conseqüências (educacionais, sociais, éticas, políticas ou outras) que podem interessar a
uma sociologia da avaliação, mas também os modelos de responsabilização que
envolvem ou não os professores/as e outros/as atores/as, as escolas e outras agências
privadas ou do Estado na prestação de contas sobre o interesse público. Assistimos,
assim, a uma re-elitização do ensino, acompanhada por uma perda de valor político,
cultural e pedagógico da escola básica, que é o grande projeto da modernidade.
Quando o autor Afonso (2000) relaciona a avaliação a poder e disciplinação,
revela experiências cotidianas de alunos/as na maioria das vezes tendo como base
relações sociais fortemente assimétricas, ou seja, tendo como base relações de poder,
que têm origem numa pluralidade de fontes (ou bases de poder), entre as quais se inclui
a avaliação.
A relação professor-aluno, enquanto avaliador-avaliado, é vivida como uma
relação de poder na medida em que a avaliação é compulsória, tem conseqüências
importantes para a vida escolar e pós-escolar dos alunos e impõe unilateralmente uma
determinada gama de interpretação da realidade que faz com que a relação de avaliador
e avaliado seja vivida como uma relação de dominação. Os julgamentos de excelência,
que ocorrem no cotidiano das escolas e da sala de aula, contribuem para fabricar
imagens e representações sociais positivas ou negativas que, consoantes os casos, levam
à produção ou estigmação dos alunos, justificando a sua distribuição diferencial na
hierarquia escolar. Deste modo, a própria escolha das modalidades e técnicas de
29
avaliação dos alunos supõe e implica uma determinada orientação política. Na escola,
enquanto contexto meio-político, as decisões em torno dos processos avaliativos são
também, com freqüência, o resultado de jogos de poder e de processo de negociação.
A escola possui um sistema de incentivo externo (notas, promessas de
promoção e ameaças de penalidades) muito semelhante ao pagamento e ao status na
esfera do trabalho. Ambos os contextos tendem a motivar o desempenho mediante
recompensas externas, materializadas pelos salários, ou simbolizadas por notas ou
classificações atribuídas aos trabalhos escolares dos alunos. Em muitos casos, as
classificações escolares transformam-se em estratégias-chave de manutenção da ordem,
ou são simplesmente instrumentos disciplinadores a que os professores/as recorrem para
impor aos estudantes os valores e os comportamentos que eles idealizam adequados.
Desmistificar o poder de avaliar tem sido uma das tarefas freqüentes da sociologia da
avaliação.
A educação de jovens e adultos em um sentido mais amplo, é largamente
estudada nos meios acadêmicos. Em um primeiro sentido, é o extremo da exclusão
precoce da escola, sendo um dos maiores problemas do sistema educacional brasileiro,
cujo protelamento da solução compromete a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária. Em um segundo sentido, a conquista pelo direito à educação pelos alunos/as,
representa uma face da luta que empreendem, cotidianamente, em favor da realização da
cidadania, mesmo que parcial e tardiamente. A reinserção deste aluno/a à escola como
configura a lei, propicia, de certa forma, a compreensão do campo da EJA e de questões
diversas a ela correlatadas por diferentes autores e pesquisadores.
Duas vertentes importantes passam a configurar a educação de jovens e adultos
após a Conferência de Hamburgo: a primeira, a escolarização assegurada como direito,
e, a segunda, a educação continuada, entendida como exigência do aprender para toda
uma vida, incluindo nesta vertente as ações educativas de profissionalização,
educadores, estes também jovens e adultos em processo de aprendizagem. Sendo que,
esta vertente, passa a constituir o verdadeiro sentido da EJA, por ressignificar os
processos de aprendizagem pelos quais os sujeitos se produzem e se humanizam, ao
longo de toda sua vida.
Entendia o governo (MEC), que investir na educação básica tão logo se
resolveria a situação da educação de jovens e adultos, que até então foi um desvio
causado pelo fracasso do ensino fundamental. Assim, bastariam existir os programas
compensatórios de assistência social, como o programa de Alfabetização Solidária, sem
30
maiores responsabilidades do referido Ministério e com a mesma lógica que
historicamente vem regendo a educação de adultos.
A complexidade do mundo contemporâneo exige um aprender
continuadamente, por toda a vida, ante os avanços do conhecimento e a permanente
criação de códigos, linguagens, símbolos e de sua recriação diária. Entretanto, não o
domínio do código da leitura e da escrita, mas também competência como leitor e
escritor de seu próprio texto, de sua história, de sua passagem pelo mundo. Ao mesmo
tempo, esta dinâmica exige reinventar os modos de sobreviver, transformando o mundo,
onde tão poucos vivem, e os que vivem põem à margem os considerados descartáveis,
que desprovidos de bens até ontem assegurados pelo trabalho, porque constituíam
valor.
Neste sentido, a importância que têm para esta área específica (EJA), as
relações com a estrutura política e educacional, correspondem através de processos
avaliativos e de formação docente que também estão relacionados com toda esta
estrutura. Diante do espaço educacional, os saberes da profissão professor/professora e
suas relações estão entrelaçadas, não podem ser vistas e estudadas descontextualizadas.
Foi neste sentido que busquei essa leitura, para compreender como as políticas em EJA
e a avaliação estão sendo percebidas e analisadas por estudiosos e autores que dedicam
um estudo específico nesta área do conhecimento. Através desta pesquisa, estas relações
encontrarão espaço e possíveis respostas, porque fazem parte de um campo ainda mais
amplo, que seria a avaliação enquanto sociológica e emancipatória.
Desta forma, a proposta curricular de EJA da UNIVALI tem sua relevância no
sentido de buscar romper com as políticas públicas que estão ligadas à educação e que
afetam a esta modalidade de ensino e sua relação com a avaliação da aprendizagem.
Avaliação esta que valida a competição, o individualismo e enfatiza o fracasso escolar.
E como mudar essa lógica? Dimensionar uma proposta e almejar que ela se concretize,
de certa forma, interessa compreender como o espaço escolar e pedagógico realiza e
desenvolve esse movimento.
31
4 PERCURSO METODOLÓGICO
Este capítulo apresenta o tipo de abordagem e metodologia utilizadas nesta
pesquisa. Indicam os procedimentos para a escolha das pessoas pesquisadas e os
procedimentos da coleta e análise de dados. Esta pesquisa apresenta-se como uma
metavaliação (a avaliação da avaliação da aprendizagem de um programa de EJA).
Estar tão próxima e envolvida na construção e participação do processo avaliativo de
uma proposta de Educação de Pessoas Jovens e Adultas me fez refletir e questionar
como os pressupostos da avaliação da aprendizagem da EJA, estão sendo desenvolvidos
no cotidiano dos espaços da EJA?]
Para isso, várias eram as alternativas metodológicas para o desenvolvimento
desta pesquisa. No entanto, foi necessário optar por algumas que conseguissem
responder a minha indagação. Na busca desta compreensão, foi importante levar em
consideração que, para se obter esses dados, seria necessário conversar com os sujeitos
desta pesquisa, ou seja, os professores e professora, alunos e alunas, envolvidos na
pesquisa. Optei por uma pesquisa de abordagem qualitativa, pois essa abordagem
segundo Minayo, 1998, apud Santos (2001, p.26):
Responde a questões muito particulares, trabalhando com o universo
de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis.
Nesta realidade deste espaço escolar, e em uma construção cotidiana busco a
relação entre teoria e prática, nos anseios, nos desejos, e através destes é que brota a
necessidade de compreender, de buscar a essência desses movimentos, de inteirar-se.
Este estudo é um caso específico, voltado para um estudo cotidiano, através de uma
abordagem qualitativa e ampliando-se para análise de narrativas, depoimentos,
informações e interpretações de sujeitos com histórias, formações e construções
processuais e talvez uma aproximação de algumas respostas sobre o que está oculto,
mascarado, transformado e fazendo parte de uma “cultura escolar”.
Neste sentido, optei por uma abordagem qualitativa, pois esta possibilita
analisar o problema investigado em profundidade a partir de múltiplos dados. Este
32
estudo se constitui como um tipo de estudo de caso com características de estudo do
cotidiano, que se justifica por ser um caso singular em um universo de propostas
curriculares e avaliativa que são desenvolvidas para EJA, analisando e compreendendo
como desencadeia seu processo avaliativo a partir do que se projeta na Proposta
Curricular do curso e dos relatos dos alunos e das alunas, dos professores e das
professoras, com base na prática do cotidiano vivido no curso.
O caso pode ser singular a outros, mas é ao mesmo tempo distinto,
pois tem um interesse próprio, singular. […] O interesse, portanto,
incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que
posteriormente venham a ficar evidentes certas semelhanças, com
outros casos e situações. Quando queremos estudar algo singular, que
tenha um valor em si mesmo, devemos escolher um estudo de caso.
(ANDRÉ; LÜDKE, 1986. p.17)
4
Esta estratégia permite também ser vista como observação participante, porque
requer que o pesquisador se integre ativamente no meio que quer investigar, assim:
[…] mistura-se ao quotidiano do grupo, fazendo sua presença tão
discreta quanto possível, e realiza a experiência, compartilhando a
vida, as atividades, os comportamentos, até mesmo as atitudes e os
sentimentos das pessoas que o compõe. (LAVILLE; DIONNE, 1999,
p.153).
Neste sentido, participar como pesquisadora, e também, fazer parte do grupo
me desafiou a cumprir uma tarefa especial, o distanciamento, este difícil e, muitas
vezes, complicado, no sentido de se misturar o rigor, o compromisso, o objetivo e as
emoções e vivências. No entanto, me fez perceber que o envolvimento faz parte, e me
trouxe muitos benefícios. A abertura de alguns membros do grupo, a confiança no
processo de pesquisa, a entrada nos espaços, movimentos e processos de construção dos
grupos. Assim, mais próxima do objeto de estudo desta pesquisa, que busca comprender
como os pressupostos da avaliação da aprendizagem se desenvolve nas práticas
pedagógicas e avaliativas do programa de educação de pessoas jovens e adultas da
UNIVALI.
4
Segundo Marli André (1991, p. 37) […] o estudo do cotidiano escolar se coloca como fundamental para
se compreender como a escola desempenha seu papel socializador, seja na transmissão de conteúdos
acadêmicos, seja na veiculação das crenças e valores que aparecem nas ações, interações, nas rotinas, e
nas relações sociais que caracterizam o cotidiano da experiência escolar.
33
4.1 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos participantes desta pesquisa foram os alunos e alunas, professores e
professoras que fazem parte da EJA UNIVALI. Alguns critérios foram estabelecidos
para a escolha dos sujeitos que iriam ser pesquisados:
1º - Os professores e professoras que fazem parte da proposta do Curso de EJA,
tendo representação do campus e espaços que a EJA se encontra (Itajaí, Penha,
Piçarras). Pensou-se em todos e todas para contemplar todas as realidades desta
proposta.
- Os alunos e alunas que fazem parte da proposta de EJA por mais de um
semestre, para que pudessem perceber os instrumentos de avaliação utilizados pelos
professores/as do curso, bem como também perceber a avaliação durante todo o
processo.
No primeiro momento da coleta de dados, foram utilizados questionários, com
perguntas fechadas, para que se pudesse dar um direcionamento à questão da pesquisa.
Estavam trinta e quatro professores e professoras aplicando o questionário, no momento
em que estes estavam em formação. Estes professores atuam em terceiro, quarto e
quinto ciclo da proposta. Sendo que alguns professores/as são de áreas específicas e
mediadores/as, que acompanham as turmas todos os dias.
4.2 Procedimentos da coleta de dados
A primeira etapa constou da busca de informações teóricas referentes à
concepção de avaliação de aprendizagem e avaliação sociológica, veiculada por autores
e estudiosos desta área específica, e pela bibliografia especializada. Para levantamento e
organização destas informações, foram selecionados, dentre a literatura existente sobre
avaliação da aprendizagem. Tais estudos constituíram um eixo norteador que indicam
em que momento os discursos, revelações, representações e ações se aproximam da
teoria e pelos pressupostos da proposta curricular de EJA. De modo geral, a pesquisa
busca compreender a relação entre teoria (pressupostos da proposta) e a prática do seu
processo avaliativo.
34
Após os critérios para definir os sujeitos desta pesquisa, foi necessário pensar
em que procedimentos seriam adotados para a localização e aplicação do primeiro
instrumento da coleta de dados que foi o questionário. O questionário consiste em um
conjunto de questões pré-elaborado, sistemática e seqüencialmente disposto em itens
que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar dos informantes
respostas e uma interlocução planejada.
O questionário (forma de carta-diário) é um levantamento de informações
prévias e com “questões fechadas” e estruturadas, para que os entrevistados pudessem
limitar suas respostas, na tentativa de perceber seu conhecimento prévio sobre avaliação
e sua relação com a aprendizagem, suas percepções e representações sobre o assunto.
Este instrumento foi aplicado por mim em um momento de formação continuada
dos(as) professores(as) envolvidos(as).
Após a tabulação e categorização, em sua seqüência foram organizados os
procedimentos para o segundo momento, as entrevistas. A entrevista foi utilizada para
aprofundar e complementar as questões obtidas nos questionários. Estas entrevistas
aconteceram de forma coletiva (grupo focal), com alunos(as), reunidos, conforme o
tempo de estudo que se encontram na EJA (alunos com mais de dois anos – com um ano
e com um semestre). Os professores/as (reunidos nos planejamentos) em seus núcleos, e
em Itajaí, como acompanho semanalmente, registro dos planejamentos, as falas
discursivas e entrevista. Com base nas narrativas construídas pelos próprios sujeitos os
registros das entrevistas foram transcritos após a sua gravação.
A aplicação das entrevistas aconteceu de forma tranqüila, com questões semi-
estruturadas, norteadas para os procedimentos da prática educativa, focadas na avaliação
da aprendizagem. Senti o grupo à vontade; partimos de nossas conversas mais próximas
sobre a EJA: o processo avaliativo, os avanços e limitações de nossas práticas. Procurei
ter o cuidado de explicar, no início de cada entrevista, como seria a análise dos dados
colhidos. Os nomes ficaram no anonimato, e, se em algum momento da conversa, o
nome fosse citado, no momento da transcrição seria apagado. Também me incluiria no
processo e, como faço parte deste, com este procedimento, conquistei a confiança do
grupo, desvelando, assim, as frustrações e angústias da prática educativa dos grupos.
Assim, também aconteceu com os alunos e alunas. Não se sentiam constrangidos, pois
todos participavam, sem a preocupação em limitar o tempo, nem as respostas, muito
menos com a gravação(digital e fita cassete-micro). Neste sentido, o volume da
transcrição aumentou consideravelmente. Na transcrição das entrevistas utilizo A
35
(aluno/a) e P (professores/as) sendo estas entrevistas numeradas.
Segundo Bogdan e Biklen ( 1994, p.134), “[…] a entrevista é utilizada para
recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador
desenvolver intuitivamente uma idéia sobre a maneira como os sujeitos interpretam
aspectos do mundo”.
Com o intuito de possibilitar que as pessoas tivessem as mesmas chances de
participarem das entrevistas, optei pela escolha da entrevista em grupo (grupo focal).
Nesta estratégia, pude perceber as vantagens no sentido dos entrevistados/as se sentirem
mais a vontade, sem constrangimentos, pelo aparelho de gravação, e a entrevista
representar informalidade, no qual um grupo de pessoas que se identificam por
trabalharem juntas, tivessem um espaço para que pudessem discutir sobre o processo
avaliativo, do programa que desenvolvem suas atividades pedagógicas.
Realizaram-se as entrevistas com os grupos de docentes (todos) de Piçarras e
de Penha. Com os docentes de Itajaí, busquei fazer as entrevistas com quem tinha
vontade de participar, convidei e marquei um momento fora das atividades, ficou em
forma de conversa e não tanto como entrevistas, discutimos sobre as nossas dificuldades
e inquietações. Não fiz com todos porque estava diariamente e me sentia muito
envolvida com o grupo. Percebi a necessidade de observar outras práticas e discursos
(distanciamento).
Outro procedimento de coleta para análise foi o movimento de registro dos
planejamentos do curso. Este, organizado separado em reuniões em cada campus, que
acontecem toda sexta-feira, entre tarde e noite. O grupo de professores(as) que
trabalham juntos, cada um em sua cidade, ou seja, Itajaí, Piçarras, Penha. O interesse:
registrar os momentos de planejamento com o objetivo de perceber a articulação entre
planejamento e o processo avaliativo, as ações e limitações deste processo. Norteei o
registro com diário de bordo seguindo alguns critérios: a organização do planejamento;
as ações relacionadas com a avaliação; as falas significativas, estabelecendo relações
com a avaliação; a formação e a proposta avaliativa.
Segundo Vianna (2000, p.72), “[…] Um bom planejamento está associado ao
aumento de benefícios decorrentes da avaliação e da escolha das alternativas de
planejamento, deve levar em consideração de forma que a avaliação afetará a educação,
o ensino”. As relações entre planejamento e avaliação precisam ser estreitas e
conectadas.
Com base na análise documental: a Proposta Curricular do Programa de
36
Educação de Pessoas Jovens e Adultas da UNIVALI, e também os documentos e
instrumentos avaliativos (registro individual e diário, programada, portfólio e
pareceres). A matriz de análise e as categorias abordadas foram referenciadas na
avaliação formativa, as formas de regulação (retroativa, interativa e proativa), e os
instrumentos aplicados na avaliação da aprendizagem.
4.3 Procedimentos de análise dos dados
Antes de iniciar as entrevistas, já haviam sido tabulados os questionários.
Lembrando que este foi aplicado somente com os professores/as. Esta escolha
demonstra perceber a relação avaliação da aprendizagem no olhar dos com a proposta
curricular da EJA da UNIVALI. As respostas e suas freqüências permitiram mapear a
matriz de análise que seria destinada às entrevistas. A primeira tabulação se concentrou
sobre o que é avaliação, e como o programa de EJA determina a sua avaliação da
aprendizagem. O fato de o questionário ser realizado antes de iniciar as entrevistas
oportunizou para que fosse dada ênfase e aprofundamento em algumas questões que
foram consideradas importantes para os procedimentos de análise.
Para as entrevistas, os procedimentos utilizados, após a transcrição, se deram
primeiramente, pelo levantamento de todas as categorias da avaliação formativa
(retroativa, interativa e proativa), a partir das “falas”. Organizava o registro e a
freqüência que iam aparecendo e também pontuando e numerando as entrevistas, de
modo que passagens significativas pudessem ser empregadas como evidências na
unidade de análise. Montei um quadro maior, que me proporcionasse uma visão mais
ampla do trabalho, manualmente e transpondo as falas para os quadros de categorização.
Como matriz epistemológica, optei para este estudo os referenciais de análise de
conteúdo de Bardin (1999 p. 38). Esta explicita que: “A análise de conteúdo aparece
como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”. Assim, em cada um
dos momentos de análise da pesquisa, trabalhei com as categorias relevantes que
emergiam dos questionários e, principalmente, das entrevistas, estabelecendo uma
análise dialógica comparativa, entre o que indicou a fala dos professores e professoras,
dos alunos e das alunas e também dos autores e autoras que fundamentam este estudo,
37
além de relacionar aos fundamentos da proposta avaliativa da EJA da UNIVALI. A
síntese do percurso metodológico utilizada para este estudo é apresentada abaixo.
Quadro 1: Síntese da metodologia do trabalho
Fonte: Pesquisadora: Dalva Mendes Scharf
Fases Finalidades Sujeitos Instrumentos/técnicas
de avaliação
Formas de
Análise
1ª -
Exploratória
Coletar dados
e opiniões dos
sujeitos sobre
avaliação
Alunos/as
Professores/as
Questionário
específico: para
alunos/as e
professores/as
-Análise de
conteúdo e
descritiva
2ª- Mapear os
dados
Ampliar os
dados
relevantes da
1ª fase a
exploratória
Entrevistas -
Conversação
Individuais e coletivas
Análise
descritiva
3ª- Registro
dos
planejamentos
Coletar dados
para perceber
a articulação
entre o
planejamento
e a avaliação
Professores/as
Gravação e registro Análise
descritiva dos
registros,
discussões e
observações
4ª -
Categorização
e análise de
dados
Tabulação e
categorização
para possível
relação entre a
teoria e prática
Ambos
professores/as
e alunos/as
Todos os instrumentos
e cruzamentos e
migrações entre eles
Análise de
descrição e
análise de
conteúdo
5ª-
Considerações
finais
Possíveis
análises e
compreensão
das perguntas
de pesquisa
Análise dos dados Análise
descritiva e de
conteúdo
38
5 FUNDAMENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
5.1 A busca da compreensão da avaliação da aprendizagem no cotidiano da
Educação de Pessoas Jovens e Adultas - EJA
A análise que busquei empreender neste momento da pesquisa parte do
movimento cotidiano dos professores e professoras, alunos e alunas do programa de
EJA da UNIVALI. Surge assim, momentos de contradição, momentos de construção,
desconstrução e resignificação, um olhar voltado para questões pedagógicas e
avaliativas da aprendizagem.
Neste cenário, procurei destacar pontos básicos identificados e selecionados
sobre como a avaliação da aprendizagem se desenvolve no programa de educação de
jovens e adultos da UNIVALI. As regulações exercidas na prática educativa, as relações
que se estabelecem em um espaço/tempo de EJA. Neste contexto, a atenção especial
será dada ao processo de avaliação da aprendizagem, como é vivenciado, ou seja, a
transposição da avaliação da aprendizagem de uma proposta curricular para uma prática
educativa.
A proposta curricular de Educação de Pessoas Jovens e Adultas da UNIVALI
apresenta em seu contexto educacional uma proposição que define: ações voltadas para
a constituição histórica do sujeito. Percebe como um dos motivos da exclusão e
abandono de concluir a escolarização básica é a questão da avaliação. Desta forma, o
ato da avaliação escolar ter servido como instrumento de coerção e controle social,
muitas vezes justificando-se “naturalmente” a seleção social, a discriminação e punição
de determinados grupos.
A proposta, então, analisa e menciona que as novas formas organizativas da
escola implicam num repensar do processo avaliativo, que deve ser compreendido sob
novos parâmetros, tendo que assumir outro papel no processo de intervenção
pedagógica. Assim, promove práticas metodológicas diferenciadas, através de registros
das informações relativas ao desenvolvimento do aluno e da aluna, respeitando suas
possibilidades de gerar novos conhecimentos.
Na busca de uma proposição que atenda a toda essa diversidade, a proposta de
39
educação de pessoas jovens e adultas da UNIVALI, procura atender a este princípio
básico, ao explicitar que:
Assim a avaliação assume características de uma prática voltada para
mudanças, identificada como avaliação formativa que poderá oferecer
indicativos referentes ao desenvolvimento de competências e
habilidades que viabilizem a relação com e no mundo. A avaliação
deverá fornecer dados sobre a aprendizagem e desenvolvimento dos
alunos e das alunas, de tal forma a dar-lhes um retorno sobre seus
aprendizados, assim como propiciar informações aos professores,
possibilitando-lhes a tomada de decisão sobre o que fazer para superar
os possíveis obstáculos, inclusive revendo seu próprio ensino e
reestruturando-o, quando necessário. (UNIVALI, 2003, p.71)
O Programa de EJA quando faz uma escolha do modelo avaliativo a ser
seguido, estabelece direcionamentos referente à avaliação. A mudança paradigmática
que envolve a avaliação envolve também, o processo de ensino e de aprendizagem.
Reconhece na avaliação da aprendizagem um procedimento que facilita e incentiva o
processo de aprendizagem. Sendo assim, passa a fazer parte deste, fornecendo
informações úteis aos envolvidos, propiciando a tomada de decisão em benefício da
aprendizagem de cada um dos alunos.
A literatura na área de avaliação e a definição sinalizam uma série de decisões
que se expressam na ação prática do professor e da professora, quando avalia seus
alunos e alunas. Estas decisões estão fundamentadas em matrizes epistemológicas que
norteiam a prática da avaliação. Segundo Franco (1994, p.15), a matriz epistemológica
desvela um “conjunto de decisões, que traz em seu bojo uma maneira específica de
conceber o mundo, o indivíduo e a sociedade. Assim, orienta a maneira de conhecer o
tipo de relação que se estabelece entre sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. A
temática da avaliação também está inserida em matrizes epistemológicas,
compreendidas através da objetividade, subjetividade e crítico-dialética.
Esta pesquisa busca definir alguns caminhos e leituras na área de avaliação da
aprendizagem, de acordo com fundamentos assumidos por Hadji (1994), que em suas
três definições de avaliação sinaliza a definição de avaliação como medida, a avaliação
como congruência entre desempenho e os objetivos e a avaliação como juízo de valor.
A primeira definição da avaliação como medida, (1920 a 1940), com ênfase centrada
em controlar os resultados e os desempenhos dos alunos/as, com provas objetivas e
padronizadas, direcionando os objetivos e os efeitos das políticas educacionais, com a
40
ambição de medir o rendimento dos alunos. O papel do avaliador centra-se como
técnico, com seu fazer voltado à aplicação de testes e exames, instrumentos que
contemplam a perspectiva da verificação. Este período é marcado pela racionalidade
técnica, que orientou a organização do plano de ensino do professor, sendo que este se
tornou parâmetro de julgamento, como também de tomada de decisão de sua
competência.
A segunda definição de avaliação, sinalizada por Hadji (1994), é a defendida
por Tyler, na qual a avaliação é a operação que determina a congruência entre o
desempenho e os objetivos. Um dos méritos é a orientação do uso de um referencial que
direcione a atenção tanto para os processos e procedimentos educativos, como para os
produtos e desempenho dos alunos. Esta prática está centrada excessivamente nos
instrumentos e não na razão da avaliação. A escola assume a função de controlar e
reproduzir a ordem social vigente. A função da avaliação em descobrir o que os
estudantes aprendem e quais as dificuldades que encontram no processo, partindo do
princípio que educar consistiria em gerar padrões de comportamento. Avaliar seria uma
forma de convalidar os construtos vinculados aos objetivos, ou seja, habilidades e
competências em um único critério de apreciação. Assim, a escola assume a função e o
promover hierarquias e sinaliza o modelo ideal de aluno, desencadeando uma prática
uniforme, como também culpando os sujeitos pelo fracasso, quando não adaptados ao
modelo escolar.
A terceira definição de avaliação, apontada por Hadji (1994, p.32), destaca a
avaliação como processo de juízo de valor. Para ele “os juízos de valor são aqueles por
meio dos quais se aprecia o que vale a realidade, o que implica ter definido um valor”.
O avaliador assume a função de emitir um juízo de valor sem necessariamente participar
da tomada de decisão. Esta definição avança às anteriores, utilizando instrumentos de
avaliação voltados à interpretação, sendo que está balizada por um conjunto de
referenciais, constituídos através do mérito e da relevância.
Nas décadas de 30 e 40, a discussão sobre avaliação contempla ações do
currículo, descrevendo o que seria o sucesso ou a dificuldade em decorrência dos
objetivos estabelecidos pelo currículo. O avaliador centra suas ações em descrever
critérios para o currículo, culminando com a criação da terminologia de avaliação
educacional.
Os estudos, até a década de 90, na área da avaliação, contemplam aspectos da
objetividade e subjetividade. Estes estudos advêm da própria contradição e evolução da
41
ciência, em negação e superação destas matrizes epistemológicas. Assim, esta década é
associada à construção de uma nova definição da avaliação, compreendendo o ato de
avaliar como um processo de negociação, desenvolvido através de consenso, captando
os aspectos humanos, políticos, sociais e culturais. Segundo Abramowicz (1999, p. 42),
“a avaliação contemplaria um processo abrangente de análise de desempenho do aluno,
em um processo dinâmico, crítico, criativo, cooperativo, pressupondo acompanhamento
constante e levando em conta as diversas dimensões de atuação do aluno”.
Nesta perspectiva, uma das funções da avaliação é compreender as interações
humanas, percebendo a heterogeneidade, com propósito de favorecer a tomada de
decisão e ação do sujeito sobre seus processos. Dessa forma, rompe “com os
tradicionais modelos científicos e metodológicos e abrindo espaços para técnicas
descritivas interpretativas e compreensivas de estudos horizontais e verticais e de
práticas de investigação-ação” (ABRAMOWICZ, 1999, p.42). Neste sentido, um
referencial vinculado à matriz epistemológica, em uma práxis de investigação e ação,
rompendo com padrões pré-estabelecidos e trabalhando a subjetividade dos envolvidos
na avaliação.
A avaliação em si consiste em três palavras chaves: verificar, situar, julgar.
Verificar a presença de qualquer coisa que se espera (conhecimento ou competência);
situar (um indivíduo, uma produção) em relação a um nível, a um alvo; julgar (o valor
de...). Conforme Hadji:
A expressão avaliação formativa foi proposta por Scriven em 1967.
Desde então este tipo de avaliação multiplicou-se e foi objeto de um
grande número de trabalhos. A avaliação dita formativa tem, antes de
tudo, uma finalidade pedagógica, o que distingue da avaliação
administrativa, cuja finalidade é probatória ou certificativa. A sua
característica essencial é a de ser integrada na acção de formação, de
ser incorporada no próprio ato do ensino. Tem por objetivo contribuir
para melhorar a aprendizagem em curso, informando o professor sobre
as condições em que está a decorrer essa aprendizagem, e instruindo o
aprendente sobre o seu próprio percurso, os seus êxitos e as suas
dificuldades.
(1994, p.63)
A avaliação formativa foi inicialmente defendida por Scriven (1967, apud.
VIANNA, 2000, p.86) em relação aos programas. Para Scriven, “a avaliação formativa
deve ocorrer ao longo do desenvolvimento de programa, projetos e produtos
educacionais, com vistas a proporcionar informações úteis para que os responsáveis
42
possam promover o aprimoramento do que está sendo objeto de implementação”. A
avaliação formativa, na sua ação, favorece as aprendizagens dos alunos, auxilia o
professor, a professora a intervir continuadamente, introduzindo uma dinâmica ligada à
qualidade do diagnóstico e da intervenção diferenciada.
Para Hadji (1994, p.187), “a avaliação formativa apresenta a ambição de
contribuir para a formação, procura guiar o aprendiz para lhe facilitar progressos, esta
prática está centrada nas gestões das aprendizagens”. O autor, defende a idéia de que a
avaliação formativa corresponde ao modelo ideal de avaliação, colocando-a a serviço da
ação educativa, contribuindo com a evolução do aluno, voltando-se para a continuidade
da ão pedagógica, ao invés de ser uma operação externa de controle (utilização dos
resultados finais da avaliação, não se preocupando com o contexto e com os alunos que
não atingiram os resultados esperados).
Para Bellester (2003), a avaliação se diversifica desenvolvendo novas
modalidades e se articula em um sistema ou dispositivo pedagógico em que o professor
é o agente principal. Das múltiplas funções e tarefas que tem sob sua responsabilidade,
destacam-se algumas relacionadas com a avaliação: realizar um diagnóstico inicial e
readaptar a programação em função dos resultados; garantir uma seqüência adequada do
processo (avaliação formativa), detectando erros e dificuldades; estabelecer diversos
mecanismos de regulação (retroativa, interativa e proativa); reforçar os êxitos; verificar,
finalmente, os resultados mediante uma avaliação somativa ou final. O papel do
professor se direciona para proporcionar dispositivos didáticos com sentido de
regulação, ou seja, em possibilitar estratégias que favoreçam à regulação e à
comunicação, desencadeando diferentes formas de intervenção.
A regulação é a ação do meio e dos outros, professor/a e alunos/as, nas
aprendizagens dos alunos, a fim de desencadear novos processos interativos de
aprender. Assim, a regulação dos processos de aprendizagem, “como o conjunto das
operações metacognitivas do sujeito e de suas interações com o meio, que modificam
seus processos de aprendizagem no sentido de um objetivo definido” (Perrenoud, 1999,
p.90). Na prática da avaliação formativa, podemos distinguir três categorias de
regulação, que ocorrem em momentos separados, mas ao mesmo tempo interligados, em
detrimento das aprendizagens dos alunos e alunas da turma. A regulação pode ser
definida como retroativa, interativa e proativa, que compreenderemos na análise por
categorização de regulação na aprendizagem.
Deste modo, a forma mais construtiva de avaliar a aprendizagem dos alunos/as
43
é a de avançar do modelo normativo e classificatório para uma avaliação criterial. A
norma e o padrão fixo se torna mais quantitativo e, a avaliação criterial tem um padrão
que é construído pelos objetivos da aprendizagem, detalhados em critérios que
sinalizam o que o aluno deve alcançar. Este pode ser construído com o grupo. Assim, na
avaliação criterial, o aluno é avaliado em relação ao conjunto de critérios para verificar
se está próximo ou distante deste conjunto de conhecimentos (conhecimentos
conceituais), habilidades(conhecimentos procedimentais) e atitudes (conhecimentos
atitudinais).
Almerindo Afonso Janela (2000), comenta que a avaliação formativa,”visando
freqüentemente à consecução de objetivos previamente definidos, é, apenas em parte,
uma avaliação criterial, no sentido em que a avaliação formativa pode apoiar-se em
testes criteriais, não se baseando exclusivamente nestes instrumentos de recolha de
informação”. O Programa da EJA menciona que identifica a avaliação como processo
contínuo de aprendizagem do aluno e aluna e percebe a avaliação formativa como parte
deste princípio. Esta avaliação fornece indicativos, relacionados ao desenvolvimento
dos processos de ensinar e de aprender. Nesta perspectiva, Borba destaca:
[…] a avaliação formativa não se constitui em um campo autônomo,
mas tem sua entrada pela didática, dentro de uma abordagem
transdisciplinar dos conteúdos e das atividades. Para tanto, busca-se
romper com a separação clássica entre o tempo do ensino e o tempo
de regulação, o que significa afirmar que a avaliação formativa é um
componente da própria ação da aprendizagem e das atividades em
sala. (BORBA, 2001, p.155)
Na busca da compreensão sobre a avaliação formativa, a sua principal função
de acordo com Hadji (1994, p 61), “[…] serve então para situar o aluno no seu processo
de aprendizagem e para diagnosticar as suas lacunas e as suas dificuldades em relação
aos saberes e ao saber-fazer que deveriam ser adquiridos”.
A proposta curricular da EJA busca alternativas e construção de uma avaliação
democrática, imersa numa pedagogia da inclusão. Para Esteban:
[…] as alternativas de avaliação que estão sendo pensadas como parte
de um processo de construção de uma pedagogia multicultural,
democrática que vislumbra a escola como uma zona fronteiriça de
cruzamento de culturas. Esta percepção implica em uma mudança
radical na lógica que conduz às práticas de avaliação porque supõe
substituir a lógica da exclusão, que se baseia na homogeneidade
44
inexistente, pela lógica da inclusão, fundamentada na heterogeneidade
real. (ESTEBAN, 2003, p.14)
De acordo com a proposta da EJA, esta lógica de uma avaliação democrática,
inclusiva, seria um processo de uma pedagogia multicultural, que é o que esta proposta
realmente almeja. Sendo assim, faz sentido aprofundar a análise desta proposta da EJA:
como acontece o processo desta construção? Como se define, se organiza, se constrói
este processo e a mudança desta lógica? É o que pretendo compreender, com o
envolvimento e vivência nessa proposta, e com a construção e elaboração das práticas
cotidianas.
Como procedimento de análise, busco através de três categorizações mais
amplas uma matriz. Neste sentido, aponto para as dimensões que fazem parte de
mecanismos de regulação da avaliação formativa: a retroativa, a interativa e a proativa.
Na caminhada deste programa de EJA, os momentos em que acontecem estas
regulações são marcados por situações variadas, que apresento em sua seqüência as
regulações, os registros e documentos e os momentos vivenciados. Neste sentido optou-
se por momentos, instrumentos e registros que demonstram mais freqüência nas
entrevistas, nos planejamentos e nas observações.
5.1.1 Avaliação Formativa: regulação retroativa na proposta de EJA. A história de vida,
a programada e os pareceres descritivos.
A primeira categorização, procedente de uma avaliação formativa, a regulação
retroativa, segundo Perrenoud: “sobrevêm ao termo de uma seqüência de aprendizagem
mais ou menos longa a partir de uma avaliação pontual” (1999, p.106). Para Hadji, a
regulação retroativa pode tomar a forma de uma remediação, no sentido de levar a
reconstruir elementos bem anteriores, em situações didáticas da trajetória escolar. Como
o professor informa o aluno ou a aluna de sua situação, dificuldade, avanço. A
regulação retroativa caracteriza-se como a avaliação após uma seqüência de
aprendizagens, possibilitando visualizar o que o aluno conhece, realiza e constrói. Desta
maneira, assume um caráter de remediação, que visa possibilitar a construção de
elementos anteriores da aprendizagem, refazendo caminhos em novas condições e
favorecendo a superação das dificuldades apresentadas pelos alunos e alunas.
45
Na proposta da EJA, a regulação retroativa acontece no movimento em sala e
através dos trabalhos, problematizações, construção de parecer descritivo do
professor/a, evidências, programadas e assembléias. De acordo com os princípios
norteadores da avaliação, na realização de uma avaliação diagnóstica inicial e ao
readaptar a programação em função dos resultados, o programa de EJA, através de seus
professores e professoras, inicialmente desenvolvem, nos primeiros dias de aula, a
história de vida com seus alunos e alunas, como uma ação diagnóstica (informadora).
Neste pequeno ensaio, e com informações de fatos significativos (até mesmo
relacionados à escola, como erros e frustrações, êxitos e vivências), e a partir destas
histórias, e do conhecimento do grupo, se origina uma aproximação e uma identificação
do aluno/a com o professor/a e com seu grupo. Neste sentido, o olhar dos/das
professores/as
5
complementam que:
[…] quando o aluno/a está em sala de aula, a sua história de vida vem junto, não fica
deslocada. Quando o professor/a trabalha determinado assunto, o aluno lembra de
algo que viveu, sua história, ele faz relação com alguma coisa que viveu e se torna
muito importante um comentário, um exemplo (P.4).
[…] por isso existe a história de vida, colocada no portfólio, porque é importante
para o professor/a ao ler, que ele/a não corra o risco de fazer nenhum julgamento
precipitado […]porque alguns elementos dessa história de vida, podem ser uma
ajuda, e busca decifrar o que poderia ser um complicador na aprendizagem (P.3).
A história de vida iniciada com o grupo justifica nesta categoria de regulação
retroativa uma estratégia, que justifica a sua importância em estabelecer relações com o
cotidiano e com as vivências anteriores. Relaciona-se também, com os eixos temáticos
da proposta e seus objetivos. Ao citar a história de vida assumem o compromisso de
romper com as relações de poder que determinaram as práticas avaliativas escolares.
Partem do sucesso, decifram a história, buscam elementos que indiquem o porquê não
aprenderam? As barreiras, as limitações e definem um planejamento que atendam às
expectativas daqueles que ali depositaram sua confiança e realização.
Conforme o olhar da aluna, a sua história de vida tem sua importância, quando
comenta:
[…] a nossa avaliação talvez, nós temos ajuda nessa parte ai, porque vocês sabem do
nosso trabalho, nós sendo mulher sozinha, nós temos a nossa história de vida fora,
eu e ela, nós somos a mulher e o homem da casa, chegando na sala de aula estamos
cansadas, somos avaliados por isso também? (A. 3).
5
Importante salientar que as falas transcritas obedecem a forma e a linguagem expressa do sujeito
pesquisado. Sem alteração nem correção.
46
Em sua preocupação, a aluna, busca compreender a relevância de sua história
de vida, se realmente através dela vão ter cuidado em avaliar não somente sua produção,
mas, também sua história, seu cansaço, seu esforço, suas limitações. Neste sentido, a
avaliação rompe com as fronteiras do desempenho e recebe um direcionamento de
caráter sociológico e emancipatório. Perrenoud (1999, p.9), percebe que: “[…] quando
resgatam suas lembranças de escola, certos adultos associam a avaliação a uma
experiência gratificante, construtiva; para outros ela evoca ao contrário, uma seqüência
de humilhações”.
O autor Miguel Arroyo (2005), comenta que ao acompanhar os percursos
cotidianos na sobrevivência e na escola, principalmente em uma escola como a EJA,
fica claro que muitos alunos(as) se debatem com uma realidade demasiado excitante.
Cheia de experiências surpreendentes. Sabem bem cedo que não podem determinar seus
destinos fechados em condições sociais e nos preconceitos raciais e de gênero.
Entretanto, por causa dessa situação, aparecem reinventando em cada momento
comportamentos possíveis. São forçados desde crianças a fazer escolhas onde há poucas
alternativas. Muitos jovens e adultos de classe popular dependem de si mesmos, das
escolhas que fizeram na vida. A sociedade os condena a uma vida primária, imediata,
terão de aprender a fazer escolhas para o que de mais primário para o ser vivo: para
viver. Suportam uma herança que a sociedade e a cultura hegemônica lhe joga na cara
como um peso, carregado de preconceitos sociais e morais. Tentam ser éticos, apesar de
tudo a seu redor, por vezes até a escola, tenha se colocado contra para que se sintam
como fracassados. Cientes de sua fraqueza, admitem seu valor. Lembram quanto
lutaram contra o contexto e contra si mesmos, contra os limites impostos por sua
condição social. Não é pouco, comenta o autor.
Neste cenário, encontra-se a EJA, nossos alunos e alunos que não estão longe
de nada disso. Aproximar-nos dos alunos(as) com essas sensibilidades para seus
recursos morais exige da docência novas crenças e novas capacidades profissionais,
novos saberes sobre como se dão essas complicadas escolhas em que vão se “formando”
ou “deformando”. Perguntarmos o que pode significar para jovens e adultos reconhecê-
los como sujeitos de escolhas, de crescimento e amadurecimento ético, sem dúvida
poderá significar um gesto mais formador do que condená-los apressadamente.
Percebe-se que ao iniciar o ano com a história de vida, a proposta curricular da
EJA, busca neste sentido, a leitura de um olhar focado no sujeito, no individual. Este
47
cuidado com a história de vida relacionado à avaliação da aprendizagem nesta pesquisa,
centraliza o olhar na heterogeneidade, nas relações culturais. Neste primeiro momento
com o grupo, os docentes estabelecem relações e estreitam o caminho pedagógico.
Nesta seqüência, acontecem como uma sondagem (diagnóstico), referente a
temas anteriores para que os alunos possam situar o processo do trabalho com os eixos
temáticos (discussão e contexto). Assim, os momentos dedicados a um diagnóstico da
aprendizagem acontecem junto às discussões e problematizações em sala de aula e
planejamento. Hadji (1994, p.123) comenta que: “A avaliação formativa é uma
avaliação que se esforça por fazer um diagnóstico preciso das dificuldades do aluno, a
fim de permitir ‘encontrar-se’ num duplo sentido: compreender os seus erros e, em
função disso, tornar-se capaz de os ultrapassar”. Dando seqüência a seu comentário, a
informação útil é aquela que permitirá compreender o percurso do aluno e determinar a
significação da resposta produzida.
Ao considerar a avaliação formativa como uma modalidade de avaliação a ser
aplicada na EJA, o programa compreende que:
[…] a avaliação formativa passa se constituir num instrumento
essencial para acompanhamento do aluno ou aluna nas discussões e
problemáticas abordadas nos diferentes temas, pois é durante o
processo que se deverá atuar para a superação das dificuldades de
aprendizagem, ou seja, é um instrumento que fornecerá informações
úteis aos envolvidos no processo, deixando de lado o caráter
comprobatório de resultados. (UNIVALI, 2003, p.72
).
A presente proposta possui a elaboração de uma matriz de referência para a
avaliação e pressupõe a colaboração, complementaridade e integração entre os
conteúdos das diversas áreas do conhecimento, o que estrutura as atividades
pedagógicas na escola. Esta expressão é uma adaptação do INEP/SAEB, e traduz a
associação entre conteúdos praticados na escola e as competências e as habilidades
6
utilizadas pelos alunos e alunas no processo da construção do conhecimento.
Ainda sobre uma avaliação metodológica, a proposta comenta a possibilidade
da avaliação do tema como um todo, mas não deixando de lado a especificidade das
diferentes disciplinas dentro das temáticas. Os conhecimentos, as habilidades e as
6
Competência entendida pela proposta como sendo para além de conhecimentos. As competências são
possibilidades da inteligência que permite a mobilização de conhecimentos, métodos e informações,
ações e operações frente a uma determinada situação. As habilidades, como sendo decorrente das
competências adquiridas, refere-se ao plano imediato do “sabe-fazer.”
48
competências estarão intrinsecamente permeando a temática proposta e sendo
construídas ao longo do trabalho efetivo em sala de aula, na relação cotidiana professor
e/ ou professora, aluno e aluna e nas práticas sociais destes sujeitos. A proposta abrange
aspectos voltados para a formação de sujeitos críticos e criativos e com relação aos
instrumentos, fazem parte do processo da avaliação formativa, as formas de regulação
(retroativa). Busco saber dos professores/as e alunos/as os instrumentos mais usuais e
aplicativos. Comenta um aluno sobre os instrumentos que a proposta possui vários:
[…]
a programada, as problematizações, o projeto, até um registro. (A.7).
Quando falam sobre a programada comentam os/as alunos/as com certo
cuidado:
[…] é uma avaliação de tudo que foi visto, estudado (A.5).
[…] não é uma prova, a professora não gosta que falem prova (A.3).
No dia que tem programada eu fico tão nervosa que nem durmo de noite (A.8).
Como relação a este instrumento, com o nome de programada, no caso
específico da EJA, seria uma avaliação do tema como um todo. A avaliação programada
tem o objetivo de fornecer elementos para uma ação interpretativa das atividades de
aprendizagem. Sua elaboração compreende leitura, interpretação e domínio do campo
conceitual das diversas áreas do conhecimento, envolvendo questões de múltipla
escolha, seleção de alternativas e problematizações.
Neste sentido, percebo restrições sobre ser ou não ser chamada de prova. O
comentário dos professores/as, sobre a programada:
Quando temos programada, a freqüência da sala gira em torno de noventa por
cento.(P.10).
A programada é uma prova operatória. Mas não podemos usar o nome de prova.
(P.5)
Na programada avaliamos o tema como um todo, e como o aluno percebeu. Nossa
dificuldade está em sua avaliação, esta atividade precisa circular por todos os
professores de área, demorando para chegar no aluno seu resultado e sua
devolutiva.(P.3)
Referente a estas e algumas outras falas, percebo que a programada é o
49
instrumento de avaliação mais marcante para o grupo e o mais perceptivo também para
ambos (professores/as, alunos/as). Isso fica claro pelos comentários em sala. Os
alunos/as de maior faixa etária, por exemplo, fazem ligação da programada com os
antigos exames a que eram submetidos nas escolas em décadas passadas e a relacionam
com os rituais que foram vivenciados com tanta ansiedade e cobrança. Embora a
aplicabilidade da programada se diversifique a cada núcleo, sala de aula, a cada espaço
vivido pela EJA, esta é aplicada em momentos com grupos, em etapas e individuais.
Com relação à programada, percebo uma hierarquização do ensino, uma ênfase
neste instrumento de avaliação, que se ao final do tema estudado (sendo mais de
caráter somativo). Esta ênfase que não acontece em todos os lugares (núcleos de EJA)
com o mesmo grau de importância ou valor. Esta aparece nas falas dos grupos de forma
diferenciada, revelando, para alguns, um instrumento de mais valor dentre os outros,
enquanto que para um outro grupo, somente mais um instrumento que também se
diferencia em sua aplicabilidade, e que não deixa de ser uma prova. Percebo que tem
relação com o poder, e em manter o ritual. A proposta da EJA com intenção em
desmistificá-la. Neste sentido, apresenta em si um distanciamento entre o querer e o que
realmente acontece, as rupturas e as representações de uma cultura avaliativa. Apresenta
assim uma contradição referente à proposta ao assumir em seus registros e documentos
uma avaliação no processo (formativa) e a continuidade a um instrumento que revela os
dados acima mencionados.
De acordo com a avaliação formativa, na regulação retroativa percebo que, ao
informar os alunos e alunas sobre sua aprendizagem, os textos e as problematizações
(situações problema a serem resolvidas e relacionadas ao assunto trabalhado) foram os
mais citados. Com a observação da prática em sala, percebo que na seqüência de um
trabalho, segue alguma problematização, uma atividade, um registro. Este movimento
fica estabelecido no ato do planejamento. Esta adoção pelo registro em forma de
problematização vem acontecendo com mais freqüência. Também nesta relação, ao
analisar os portfólios, percebi que as produções que ali se encontravam, estavam em
forma de textos e problematizações em sua maioria.
Na proposta da EJA acontece o desenvolvimento de trabalhos práticos,
relatórios, pesquisas orientadas, exercícios, exposições orais, desenvolvimento de
projetos, auto-avaliação, além de uma atividade programada, cujos resultados são
registrados sob forma de pareceres descritivos. O parecer descritivo de avaliação da
aprendizagem é o documento que registra o conteúdo da avaliação qualitativa. Assim,
50
busca-se compreender o parecer descritivo não somente como a avaliação no ato, mas
como o registro do processo de desenvolvimento do aluno na ação mediada pelo
professor/a.
Corazza (1995, p.48), afirma que os pareceres descritivos “não são
considerados instrumentos de avaliação, mas alinham-se na mesma categoria do boletim
escolar, isto é, como instrumento de expressão dos resultados da avaliação”. O uso de
pareceres descritivos de avaliação da aprendizagem está associado ao desenvolvimento
da avaliação formativa com o “propósito aparente de comunicar os progressos e as
dificuldades individuais, fornecer sugestões de como melhorar e registrar os resultados
parciais” ( idem).
Para Freitas (2000), o parecer descritivo torna-se um instrumento privilegiado
ao trabalho do professor, constituindo-se como elemento fundamental para o
rompimento de relações rotinizadas. Favorecendo a permanente busca da qualificação e
transformação, como também superação de práticas excludentes, a autonomia do
trabalho do professor, e que oportuniza a comunicação das aprendizagens dos alunos.
No desenvolvimento da avaliação, a necessidade de criar e explicitar os
sistemas referenciais, critérios e indicadores, destacando a relação entre o referente e o
referido de forma que se este olhar interpretativo se vincula às categorias claras e
coerentes para a tomada de decisão, como também, do registro.
Os pareceres descritivos são registros que revelam os resultados, a
transferência da nota para o registro avaliativo. O grupo de professores/as demonstram
uma insegurança na elaboração de critérios e pareceres. Os pareceres desafiam,
comprometem no sentido de estabelecerem relações com os alunos sobre os resultados
de sua aprendizagem. Acontecem durante o processo de construção do conhecimento.
Conforme comentam os professores/as indicações de dificuldades sobre a construção
do parecer descritivo:
Até um parecer descritivo temos dificuldades. Tivemos uma formação, hábitos de
colocar bom, muito bom, satisfatório, precisa melhorar. Tinha que ter um material
que ajudasse a construir e nós não temos. (P.E.6).
Eu tenho muita dificuldade, eu me percebo sempre fazendo atitudinal. Então é
complicado porque tu queres trabalhar com o estímulo ao aluno, e ai, tu te perde um
pouquinho nisso (P.E.6).
Ás vezes temos medo, receio de colocar para o aluno, para que ele não fique
chateado, como ele vai entender (P.E.1).
51
[…] está em nossa formação, temos dificuldade de elaborar pareceres. É nossa
dificuldade. Porque é uma proposta nova, provoca desafios, nos desestabiliza em
todos os aspectos, e faltou estudarmos o que é um parecer, como elaborar (P.E.3).
O que acontece muitas vezes é que não damos conta no planejamento de elaborar os
critérios, estes não ficam estabelecidos, nem elaborados (P.E.4).
De acordo com os professores/as ao assumirem trabalhar com a avaliação
formativa junto a uma mudança paradigmática avaliativa, também apresenta em anexo
uma mudança de pensamento, hábitos e rupturas, e, neste sentido, as dificuldades foram
apontadas. Os pareceres descritivos tanto nos portfólios (registros individuais) dos/as
alunos/alunas, como em problematizações, trabalhos e atividades diversas evidenciam
uma abordagem comportamentalista, muito vinculada ao modelo psicométrico e
objetivista avaliativo. Percebe-se uma preocupação com o aluno e sua reação ao receber
o parecer, um cuidado, a resistência pela permanência de práticas avaliativas. São as
“regras do jogo” na avaliação.
Perrenoud (1999), afirma que toda prática de avaliação formativa apresenta a
necessidade de estabelecer um contrato didático diferenciado, como um acordo
implícito que se estabelece entre o professor e seus alunos a propósito do saber, de sua
apropriação e de sua avaliação. O contrato didático destaca as regras do jogo da
avaliação e do ensino, no qual professor e aluno serão parceiros na construção da
aprendizagem. A forma de como ocorre à avaliação, o que será avaliado, qual o papel
do avaliador e os instrumentos utilizados fazem parte das regras deste contrato.
O avaliador assume função de interpretar a realidade observada e registrá-la de
forma a comunicar os resultados da avaliação. Hadji (1994, p.134)) aponta que o
trabalho do avaliador é o “de traduzir corretamente a realidade, por ambição de entender
a significação […] a interpretação é objetiva e justa quando não engana, quando não
lança sobre pistas falsas, quando não embala o avaliado com palavras bonitas”.
Assim, a interpretação e a comunicação caminham juntas no desenvolvimento
da avaliação e na construção dos pareceres descritivos, oportunizando aos
professores/as e aos alunos/as clareza dos aspectos que nortearam sua construção, pois o
documento é retrato da evolução e da observação das aprendizagens dos alunos/as.
Ao construir uma parecer descritivo e relacioná-lo a uma avaliação da
aprendizagem expressam um julgamento que oscila entre a regulação do desempenho
dos alunos/as nas atividades e os seus avanços no processo de ensino e de
aprendizagem, estabelecidos pelos critérios avaliativos, de acordo com os objetivos do
52
trabalho proposto. Neste sentido, é que aparece a dificuldade, desde o planejamento.
A esse respeito Hadji (1994, p.31), define avaliação como “o ato pelo qual se
formula um juízo de valor, incidindo num objeto determinado (indivíduo, situação,
ação, projeto), por meio de um confronto entre duas séries de dados da realidade e os
dados de ordem real”. Tais referências, indicam a compreensão da avaliação da
aprendizagem como juízo de valor, construído a partir do confronto ou da leitura entre o
padrão desejado e aprendizagem do aluno, e a relação que se estabelece entre avaliador
e o avaliado é mediada por um conjunto de referenciais e o avaliador reflete a distância
e a pertinência do julgamento entre o referente e o referido. O referido é a representação
dos fatos, a partir do qual o juízo de valor é emitido.
Atualmente, um dos problemas voltado ao desenvolvimento da avaliação é a
utilização de um padrão referente. Ao abandonar a cultura da medida e avançar para
uma cultura da negociação, o padrão ideal, o desejado, ainda torna-se um obstáculo para
o exercício da avaliação, pois a sua interpretação e seu uso apresenta-se como um
processo de aprendizagem para o professor avaliador.
O uso de critérios perpassa um processo de aprendizagem tanto dos
professores/as, como dos alunos/as, em construir critérios e referentes não
estereotipados, mas que permitam ao professor acompanhar o alcance das habilidades e
competências propostas no desenvolvimento do ensino. Nestas condições, quando os
critérios não estão ligados a uma prática discutida e negociada pelos pares do processo
de avaliação, podem desencadear uma “ação pedagógica como uma violência simbólica,
enquanto ela é uma imposição, por um poder arbitrário, de um arbitrário cultural”
(BORDIEU e PASSERON apud HADJI, 1994). Quando os critérios não são
apresentados e discutidos pelos alunos/as, ou não compartilhados pelos professores/as,
geram uma violência arbitrária, vinculada ao controle e ao uso do poder pelo professor/a
e assim sucessivamente como também coordenação quando exige e também a proposta
da EJA suas diretrizes e encaminhamentos. Com base nesta perspectiva, percebe-se o
distanciamento nos registros dos encaminhamentos da proposta quanto a avaliação
formativa e o que vem acontecendo na prática pedagógica dos /as professores/as. Seria
interessante o uso de critérios de avaliação claros que orientem a leitura dos aspectos a
serem avaliados e que explicitem as expectativas de aprendizagem, considerando
objetivos e conteúdo. Percebo que, mesmo com o desejo de mudança, a gica dos
pareceres descritivos se limita a situações acima descritas. Interpretando o grupo,
apontam para possíveis rupturas das representações estabelecidas e buscas para a
53
construção de pareceres avaliativos voltados para a aprendizagem, mas que apresentam
dificuldades.
Os registros demonstram inquietação, quando os professores/as se dispõem à
mudança. A percepção de parecer descritivo para os alunos/as referente a estes registros
apresentam a sua compreensão nas falas apontada por eles/as:
[…] mas tem aluno que o professor coloca aquele parecer ali ele(aluno) fica bravo.
Ele não aceita”(A.1)
Em todos os meus trabalhos eu só tive bom, muito bom. (A.8).
Tem recados que eu recebi que simplesmente tinha certo, errado, certo, errado,
embaixo tinha uma sugestão assim, muito bom, você poderia ter se aprofundado mais
no assunto. (A.9).
Eu gosto do parecer, a nota se torna uma coisa mais incômoda e tornaria o nosso
ensino igual aos outros ensinos de jovens e adultos... é fazer com que a gente
compreenda e estude, não se torne uma coisa chata.(A.9).
Ás vezes nem ligo muito se consegui, ou tenho dificuldade. Gosto mais quando a
professora coloca ali: Você consegue, está melhorando, acredito muito em ti... Isso
para mim é o que me ajuda, me leva para cima. (A.3)
Eu consigo perceber e aceito, e sei se o professor colocou ali, ele sabe, ele conhece.
(A.7)
O olhar de alguns alunos/as ao que se refere aos pareceres descritivos,
sentem-se mais a vontade com os registros do que com a nota. Quando comento se
eles/elas percebem a sua aprendizagem, se os pareceres revelam seus avanços e suas
dificuldades, foram unânimes na respostas que sim, apesar de suas falas evidenciarem
pouco esta percepção. A mesma pergunta foi feita para os/as professores/as, e
apresentam como respostas que acreditam que não, devido suas dificuldades na
elaboração dos pareceres. As controvérsias apresentam com clareza o grau de
compreensão sobre parecer descritivo. Os professores e as professoras evidenciam sua
compreensão e também suas limitações, que expressam no planejamento e na entrevista.
Neste sentido, apresentam uma fragilidade no que se refere à construção dos pareceres
descritivos quando comentam suas dificuldades com relação à quantidade de alunos por
sala (algumas salas de ensino médio chegam a cinqüenta alunos/as), dificultando o
registro, o acompanhamento, um olhar individual. A busca da heterogeneidade parece
distante neste contexto. Responde esta situação quando encontro em portfólios e
atividades, registros muito parecidos e próximos uns dos outros, partem do mesmo
54
parâmetro e seqüência. Analiso que à medida que existe o incômodo na elaboração,
existe a dúvida, existe também a desacomodação que pode levar à mudança.
As tentativas são perceptíveis a cada planejamento, porém apontam para uma
necessidade maior de querer aprender a fazer (saber-fazer). Neste sentido, alguns
pareceres apresentam estar apoiados em descritores das antigas fichas avaliativas, outros
apresentam muita referência ao comportamento do/a aluno/a:
Acompanho sua trajetória desde o início deste semestre e percebo que você
tem contribuído muito para o crescimento da turma em todos os sentidos. Sua
participação efetiva nas discussões com argumentações e opiniões relevantes
contribuiu para a construção de conceitos e conhecimentos relevantes para a
vida do grupo. Nas suas produções percebe-se que alcançou todos os objetivos
propostos. Tens um potencial muito grande para ser canalizado em realizações
pessoais e também em prol da sociedade. Espero que continue a ser essa
pessoa legal e feliz que você demonstrou ser nesse tempo de convívio na EJA.
(P.D.6)
Durante este semestre percebi você mais centrado nas aulas e também
participando mais efetivamente das discussões. Você realizou parte das
produções escritas alcançando os objetivos propostos. Poderia ter avançado
mais na sua aprendizagem buscando realizar todas as atividades e estando
mais presente nas aulas. Penso que a falta de freqüência prejudicou um pouco
seu crescimento. Espero que você continue nesse pique que você vem tendo
nesses últimos meses para continuar a caminhada que você construiu. (P.D.8)
Muito Bom! Texto simples que expressa um dos sentidos deste texto. Foi uma
visão bastante mecanicista e interessa. Mas acho que você poderia explorar
outros aspectos deste texto, outras perspectivas juntamente com a que você
abordou.(P.D.7).Texto sobre as coisas do mundo humano aluno/a
desenvolveu o texto em sete linhas.
Você é uma aluna bastante participativa. Ótimo! Suas respostas estão bem
claras. Continue assim! (P.D.10).
Você é um aluno muito participativo, mais entrosado no grupo, menos ancioso
e mais auto-controlado. Sua escrita melhorou bastante, faz uso do dicionário é
mais reflexivo em suas colocações. (P.D.15)
Nas avaliações e registros individuais dos alunos e alunas percebo um maior
desafio na construção dos pareceres. A compreensão difusa e contraditória no ato de
avaliar representa variadas percepções dos professores/as, junto aos pareceres aparecem
conteúdos de formação nas diferentes etapas de construção dessa prática, advindos de
cursos de atualização até mesmo em outros espaços, leituras e orientações, nos
planejamentos e discussões. São tentativas, não compreensíveis do processo como um
55
todo, mas que adquire forma e expressão. Relacionados a esta percepção, percebo como
fica complicado uma mudança paradigmática sem a compreensão da construção e
elaboração do processo avaliativo.
Nos espaços educativos que se desenvolve a EJA, encontro também os
registros individuais. Alguns registros estão incluídos no portfólio dos alunos e das
alunas, outros em armários nas secretarias (conforme os núcleos). A função deste
registro revela a aprendizagem através de pareceres descritivos. Este significa um
registro especial tanto para os professores e professoras como para os alunos e alunas.
Em alguns espaços (núcleos) da EJA este registro individual aparece nos momentos de
assembléia, realizada após o fechamento de uma temática, seguido por uma
programada. Os professores de área específica e mediador/a conduzem este momento
que se assemelha a um Conselho de Classe, e se constitui como momento para análise e
discussão dos resultados avaliativos da aprendizagem e do desenvolvimento do aluno e
da aluna, na busca de alternativa para a superação de problemas pedagógicos e
diferentes formas de encaminhamento. Tem-se como diferencial, a presença de todos/as
alunos e alunas, com direito a manifestação, análise e argumentação nesta assembléia.
Em posse de seus pareceres descritivos, os alunos e alunas se manifestam e
registram seus pareceres abaixo do parecer do professor/a. Alguns pareceres
selecionados dos registros apresentados aos alunos e alunas demonstram o trabalho
desenvolvido. Assim se expressa um professor/a:
Aluno que busca novos conhecimentos para ampliar os conhecimentos adquiridos.
Relaciona os temas com o dia-a-dia. Boa participação nos grupos e com a turma. Tem
boa vontade e venceu os objetivos do tema 2. Houve mudanças e transformação na
sua conduta e evoluiu muito em relação à turma.
Já o/a aluno/a se manifesta com relação ao parecer do professor/a:
Eu não sabia valorizar o conhecimento, tive uma oportunidade no EJA. Eu preenchi
um vazio em mim, sinto que tenho aproveitado as aulas, lá fora é que a gente percebe.
Estudar é crescer, viver, foi uma das coisas boas que eu fiz.
O mesmo acontece com os pareceres individuais encontrados na secretaria do
curso, de um/a professora/a:
Aluno com boa interpretação nas atividades, participativo, coerente nas discussões,
assíduo, pontual, responsável. Identifica e compreende as problematizações nas
diversas áreas do conhecimento. Textos com críticas e criatividade, se expressa muito
bem na oralidade e na escrita.
56
O aluno/a comenta sua percepção ao receber o parecer do/a professor/a:
Eu tenho que agradecer a todos os professores pela paciência que vocês têm, para
passar aos alunos seus conhecimentos, principalmente sobre a minha pessoa, não é
fácil ensinar alguém que esteve mais de quinze anos fora de uma sala de aula.
Na seqüência o parecer de uma professor/a:
[…] você é assídua, demonstra interesse, participa e interage nas aulas, apresenta
conhecimentos prévios, trazendo informações pertinentes aos assuntos estudados;
conseguindo estabelecer ligações entre os conteúdos apreendidos e seu cotidiano.
Você possui facilidade para identificar e resolver problemas de modo geral, bem
como, para fazer cálculos e resolver problemas numéricos. Você é extremamente
comunicativa e participativa, realiza todas as atividades propostas, apresenta boa
leitura e escrita, relaciona-se bem com o grupo de professores e alunos, tem
capacidade para realizar críticas reflexivas e também para aceitá-las.
O olhar do/a aluno/a:
Eu concordo, apesar de não saber que eu era tudo isso. Fico feliz que os professores
tenham conseguido perceber a minha capacidade e espero continuar ou melhorar
ainda mais.
Percebo que os pareceres avaliativos acima descritos, apresentam, em sua
maioria, pareceres dos/das mediadores/as. Estes pareceres individuais demonstram
dificuldades dos/as professores/as em estabelecer a diferença entre a competência na
atividade na qual o aluno está engajado, a construção de conceitos e as habilidades que
estas atividades estão desenvolvendo nos/as alunos/as. O parecer se justifica pelo
conhecimento que o professor/a afirma ter do aluno, referindo-se muito mais a atitudes e
comportamentos do que a habilidades e capacidades cognitivas e métodos de trabalho.
Uma grande ênfase na auto-estima, relacionada à preocupação com o adulto excluído da
escola. Não interpreta a aprendizagem do/a aluno/a, apenas descreve as qualidades, o
comportamento padrão, ordena para o desenvolvimento de ações e realiza a
classificação do desempenho do/a aluna/o nas atividades propostas.
Ao comunicar aos alunos/as sobre seu desenvolvimento na EJA, através de
pareceres avaliativos os/as professores/as sinalizam segundo Hadji (1994), que
podemos considerar que o professor centraliza o juízo avaliativo nas atividades pontuais
porque não tem clareza de um quadro de referência que o auxilie no alvo do processo de
aprendizagem de seus alunos. O que dificulta a avaliação neste sentido seria
principalmente a não compreensão do processo de aprendizagem, direcionando seu foco
57
avaliativo em atividades e comportamentos dos alunos/as. Hadji (1994) afirma que no
desenvolvimento da avaliação há necessidade de pautar a relação entre avaliador e
avaliado, mediados por um conjunto de critérios que possibilita a reflexão das
aprendizagens construídas pelos alunos na ação proposta pelo professor. Por isso,
explica Perrenoud (1999, p.82) que “se o professor não tem em mente exatamente os
domínios específicos visados, intervirá, sobretudo para manter o aluno na tarefa ou para
ajudá-lo a realizá-la, intervenções que não garantem absolutamente uma regulação das
aprendizagens”.
A utilização do campo de observação, referente aos descritores (habilidades e
competências) está previsto na matriz de referência de cada Tema e Ciclo de
aprendizagem, avaliadas segundo a escala semântica: Necessita Retomar aos Estudos
[NRE]; Evidência Mínima [EM]; Evidência Parcial [EP] e Evidência Completa [EC].
Esta escala semântica é usual, quando os professores passam os pareceres para
evidência, que entregam na secretaria do curso, no fechamento de tema. Estes registros
(evidências) compreendem características de um modelo de avaliação criterial (reside na
apreciação no grau de execução dos objetivos de ensino, faz-se em função das
realizações de cada aluno/a e não em comparação com os outros, tornando-se
facilitadora do diagnóstico das dificuldades). No processo de coleta de informações,
elaboração, juízo e tomadas de decisão, os instrumentos apresentam peculiaridades
conforme a Proposta Curricular (2003, p.78-79).
Porém, por determinação da Resolução 64/99/CEE/SC, para efeitos de registro
e controle acadêmico, os registros se transformarão em nota, e a aprovação do aluno e
da aluna em cada ano letivo depende de se cumprirem a seguinte condição: obter média
final igual ou superior a 6 (seis), na escala de 0 a 10 (zero a dez). Também será somente
aprovado o aluno ou aluna que obtiver na disciplina grau final igual ou superior a 5
(cinco), observada a freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) das aulas
programadas no período letivo correspondente. De acordo com a proposta, inicialmente
esta, organizou a avaliação da aprendizagem por fichas avaliativas, contendo descritores
avaliativos, estas fichas que se encontram no anexo nesta pesquisa, não são usadas pelo
grupo de docentes, que comentam que elas se tornaram demasiadamente burocráticas.
Em síntese, na categorização da avaliação da aprendizagem formativa de
regulação retroativa, que podem tomar a forma de remediação, que após uma seqüência
de atividades possibilita visualizar o que o aluno/a conhece, realiza e constrói. Busca
refazer os caminhos em novas condições, favorecendo a superação das dificuldades
58
apresentadas. Percebo que através da história de vida, pareceres descritivos e registros
individuais, os professores e professoras buscam informar ao aluno/a como está sua
caminhada, levam em conta sua história (como um diagnóstico), e registram de forma
mais ampla a trajetória escolar na fichas do registro indivudual. Apresentam em si
dificuldade de elaboração dos pareceres, bem como os critérios avaliativos, demonstram
pouca evidência nas aprendizagens específicas por áreas do conhecimento.
5.1.2 Avaliação formativa: regulação interativa na proposta de EJA. O planejamento, o
registro diário, as devolutivas e reestruturações.
A segunda categorização da avaliação formativa, a regulação interativa, de
acordo com Perrenoud, sobrevêm ao longo de todo o processo de aprendizagem. Regula
o que acontece durante o caminho da avaliação formativa, o processo avaliativo e seria
interessante associá-la a uma modalidade de direção de classe e de diferenciação do
ensino. Pode-se levar toda a regulação interativa a uma regulação proativa ou retroativa
e reencontrar-se em uma lógica de antecipação ou da remediação, fazer a avaliação
formativa voltar-se para o lado da comunicação contínua entre professores, professoras,
alunos e alunas.
A regulação interativa é realizada em todo o processo de aprendizagem,
vinculada a uma prática contínua de observação e intervenção em tempo real. Esta
prática está interligada à regulação proativa e retroativa e realiza-se através de uma ação
pedagógica diferenciada. No seu desenvolvimento, vincula-se na necessidade de se
empreender a comunicação contínua entre professor e aluno, favorecendo a
continuidade do trabalho.
O planejamento, na avaliação, conforme o programa de EJA pressupõe um
acompanhamento do desenvolvimento através da prática do registro nas atividades
propostas, permitindo redimensionar a avaliação como uma prática investigativa e
diagnóstica. No geral, nesta proposta o aluno e aluna é parâmetro de si mesmo;
considera-se o erro como construtivo, como ponto de reflexão; inclui a medida, mas não
se esgota nela; trabalha-se o processo de construção de conhecimento da aluna e do
aluno, como um sujeito contextualizado. Esta proposta deixa claro que o ato de avaliar
está relacionado com a função do planejamento de ensino. Sendo no planejamento que
59
se estabeleceriam os objetivos a serem alcançados, os procedimentos didáticos a serem
adotados, bem como as formas de avaliação, e os critérios avaliativos.
Ao estabelecer relações com as questões relacionadas ao planejamento
7
, em
entrevistas com os professores/as encontro algumas respostas:
[
…] o planejamento seria o momento de organização, de estabelecermos metas,
estratégias e perceber o que os alunos precisam para elaborar e desenvolver as
aprendizagens. Estamos muito na planilha, nas entradas dos professores de áreas e
nos conteúdos. O ponto de partida de todo o processo avaliativo é o planejamento.
(P.5).
Não conseguimos realizar atividades diferenciadas, não atendemos as dificuldades
individuais dos alunos. (P.1).
Estamos fazendo várias tentativas, mais sinto que falta compromisso, direção
(liderança) e determinação.(P.11).
De acordo com as falas dos professores/as e observações nos planejamentos de
três núcleos de EJA, percebo que o planejamento em que o programa menciona como os
objetivos, as estratégias, os procedimentos didáticos, as formas de avaliação e os
critérios avaliativos, são almejados pelos/as professores/as, quando buscam alternativas
para otimizar o planejamento. Mas, de certa forma, fica evidente também angústias,
observações, tentativas. Compreendo, ainda, que a sua efetivação se torna lenta e
distante, em alguns sentidos. O sujeito da aprendizagem pouco aparece. A aula, o ensino
é o que torna-se mais evidente. O envolvimento interdisciplinar atravessa fronteiras,
elimina territórios, o processo é de construção, e sua efetivação se estabelece em
parcerias e negociações. Percebo que no momento do planejamento (registros dos
núcleos) em que poderiam estabelecer as relações sobre a avaliação e os critérios
elaborados, pouco acontece, faz-se o mapeamento das entradas, o assunto (conteúdo).
As necessidades e a tomada de decisão sobre os alunos/as, grupo, se resume não durante
o processo, fica mais evidente quando precisam fechar o tema, elaborar os pareceres e
lançar as evidências (escala semântica), confirmando mais a avaliação ao final do
processo (somativa).
Relacionada à prática avaliativa se encontra, também, o registro diário, um
instrumento que os alunos e alunas, professores e professoras, utilizam para registrar o
relato dos fatos, acontecimentos, eventos e demais situações do cotidiano da sala de
7
Planejamento: este acontece uma vez por semana, envolvendo todos os professores e professoras, de
áreas específicas e mediadores. Inicia-se um relato da semana, e após o mediador sugere alguns
assuntos/conteúdos dos temas, e que serão negociados e articulados com os e as professores/as presentes.
60
aula, também chamado de Livro de Vida. Este serve como balizador e indicador para o
planejamento, surgindo como desvelador do cotidiano das salas de aula. Com aspecto
de natureza qualitativa, destacam-se as falas significativas, os pareceres, as reações, as
contribuições, as emoções dos alunos e alunas diante das situações vividas em sala de
aula.
Este instrumento, o Livro de vida, vivido cotidianamente em sala de aula,
constitui também um momento da avaliação formativa de regulação interativa,
norteando a segunda categorização (matriz de referência), desenvolvida durante todas as
atividades, através da orientação do/a professor/a aos alunos/as, sinalizando os possíveis
caminhos dos acertos e reorientando os erros. A regulação interativa é uma observação,
uma intervenção em tempo real, praticamente indissociáveis das interações didáticas
propriamente ditas. Sobrevêm ao longo de todo o processo de aprendizagem. Nesta
perspectiva, Abramowicz (2005, p. 131), percebe na avaliação formativa, diferentes
funções:
A função participativa privilegia a cooperação e o diálogo entre os
diferentes atores, em uma abordagem pluralista da avaliação. Outra
função que destaco no processo de avaliação formativa é a operatória,
que serve para revelar e compreender os problemas surgidos na ação,
sendo que as decisões dela decorrentes intervêm no seu desenrolar.
Lembro ainda a função permanente, que visa acompanhar todo o ciclo
vital dos cursos, pressupondo um registro de forma contínua,
integrada, da qual as ‘memórias de aulas’ são o melhor exemplo.
Neste sentido o registro diário, apresenta indicativos no processo avaliativo de
regulação interativa, segundo os alunos/as e professores/as:
Os alunos não percebem o livro de vida como avaliação, percebem mais as
problematizações porque nós não legitimamos (P.4)
Tomamos algumas atitudes através do livro de vida, mais não aprofundamos os
registros feitos pelos alunos(P.7)
Em nem uma formação trabalhamos o livro de vida como instrumento de avaliação,
não o exploramos nos planejamentos, não sabemos avaliá-los pedagógicamente. (P.2)
Faz parte da avaliação o livro de vida?: [ ...] Não. É o resumo da aula (A.6).
Depende, o professor pode fazer uma avaliação e também uma intervenção, sobre a
escrita (A.5).
Conforme as falas acima, o registro diário é considerado um instrumento de
61
avaliação. Este se torna mais evidente em sala, ao circular pelas mãos dos alunos/as.
Percebo que participam de sua elaboração mais os alunos/as, e não presenciei nenhuma
vez este registro nos planejamentos, somente comentários sobre o olhar dos alunos/as
em determinado assunto. Obtive dificuldades em perceber como este registro participa
da avaliação da aprendizagem. Como é analisado, como faz a intervenção e participação
nos pareceres descritivos e na avaliação de forma mais ampla.
A percepção dos/das alunos/alunos referente ao livro de vida aparece em sala
quando resistem levá-lo. Poucos alunos/as se manifestam, apresentam como
justificativa, que precisam registrar tudo durante a aula, e não teriam tempo para trazer
no outro dia, devido seu “tempo”. Outra justificativa, também seria que os alunos/as de
EJA, possuem dificuldades relacionadas à sua assiduidade nas aulas: família (filhos que
ficam em casa, ás vezes doentes, marido, esposa, mãe, avó, namoradas/os...), trabalho,
cansaço, chuva, horário de ônibus (chegando em casa muito tarde). Dentre estas e mais
algumas justificativas, eles/as argumentam baseados em seus propósitos pessoais.
Quando realizado, o Livro de Vida apresenta o processo de análise do aluno,
enriquecendo e transformando-se em uma avaliação emancipadora. Procurando dar
indicações e tomadas de decisões para o grupo e sinalizam reflexões para os
encaminhamentos da prática em sala de aula. Neste sentido, a avaliação se encontra em
um processo de reflexão. Ao dialogarem com o professor/a e com seus pares,
identificam seus ganhos e dificuldades. Com o registro diário o livro de vida, percebo o
envolvimento e os encaminhamentos. Registro feito por uma professora:
Como de costume cheguei na sala e a professora mediadora já estava organizando as
carteiras, falando com um, cumprimentando o outro, sempre com aquele sorriso
maroto e aqueles olhos brilhantes, curiosos...Cumprimentei os presentes, senti pelos
ausentes... Quando chego em sala a expectativa é grande: desejo compartilhar
aquelas horas com todos e espero ansiosamente a reação de cada um. Pena! Será que
ainda aqueles que não percebem a importância de estar aqui? Prefiro pensar que
tenham outros compromissos importantes. A aluna.... iniciou sua leitura. está
relatando todos os encontros com o objetivo de vencer algumas questões de escrita.
Penso que não tem idéia do quanto essa atitude nos deixa felizes. Percebe-se que sua
determinação a fará atingir logo seus objetivos. Seguindo a proposta da noite,
apresentamos o novo tema. Lendo as informações do caderno pedagógico, iniciamos
as discussões. Alguns mais, outros menos... Após as discussões veio o Drummond: Eu,
Etiqueta.Alguém me perguntou: Esta certo este título, professora? É assim
mesmo?Achei melhor deixar que encontrassem as suas respostas. Iniciamos a leitura
oral. Cada um lia um verso. Que maravilha poder ouvir aquelas vozes! Via a
preocupação e parecia ouvir o coração batendo mais forte. Seriam versos de
Drummond? Não. Era a angustia de ter que se expor, o velho medo de errar.
Terminamos a noite encaminhando uma atividade de análise e interpretação do
poema. Valeu turma! E, lembrando Fernando Pessoa, valeu porque vocês são
62
grandes!
Percebo neste registro o conhecimento do grupo pela professora. Faz uma
leitura do movimento de sala, sua preocupação, as atitudes, contextualiza o trabalho,
percebe as lacunas e se envolve com o poema e envolve o grupo. No registro diário de
um/a aluno/a na seqüência do registro da professora anterior:
Hoje iniciamos nossa aula combinando sobre o mutirão que vamos fazer para ajudar
a aluna na construção de sua casa nova. Em seguida abrimos a discussão sobre o
tema e o que mais foi significante para nós sobre o assunto. Falamos sobre a reflexão
e o tempo que nos foi dado para preparar o vocabulário e a interpretação do texto,
muito reduzido. Após o registro damos inicio a aula sobre o mesmo tema que
iniciamos no dia anterior, Novas fronteiras e novas marcas. Primeiramente nos fez
uma pergunta intrigante. Existia antes, velhas fronteiras e velhas marcas? E o que é
fronteira? Alguns responderam: barreira, divisão, limite, perímetro, e ai por diante.
Alguns exemplos de como podem ser traduzidas estas fronteira surgiram, podendo ser
física, sentimental, comercial, espacial... Fronteira espacial pode ser algo que não se
pode ver, mas existe. E fronteira material é o que você pode ver, tocar. O significado
de fronteira é dividir alguma coisa. E a quem interessa essas novas fronteiras?
Falamos sobre as relações raciais (étnicas). Falamos sobre as marcas e patentes, a
propaganda, rótulo, manias, hábitos... O poder da mídia. A mudança de
comportamento.
A partir desta aula, podemos observar o quanto as fronteiras e as marcas estão
relacionadas com nosso cotidiano.
Analiso o registro deste/a aluno/a e percebo que foi relevante e que ele/a
percebe e destaca da aula. Sua observação se torna atraente, pois ao comentar o tema
escreve os comentários e as perguntas que surgiram. Analisa os conceitos e reelabora o
novos conhecimentos. Quando escreve falamospercebo que se inclui. Esta representa
ser uma aula interativa e dinâmica. E na seqüência dos registros diários percebo através
das atividades e encaminhamentos o envolvimento do grupo. Percebo a importância do
registro diário em sala, ao iniciar a aula. Direciona o trabalho, organiza o planejamento
e faz reflexões sobre os trabalhos e aulas realizados/as. Participa do processo de ensino
e de aprendizagem.
Outro momento da avaliação formativa que apresenta a regulação interativa
nesta proposta de EJA corresponde às devolutivas e reestruturações, tomadas de
decisão, são as intervenções. Estes momentos acontecem quando após uma
problematização, um texto, um trabalho, os/as alunos/as recebem um parecer, analisam
e organizam a reestruturação. Ampliam as respostas e textos, reorganizam as idéias
juntamente com o/a mediador/a e o professor/a de área específica que direciona o
movimento de rever, repensar sobre o grau de dificuldade. Acontece então, o
63
replanejamento das ações e encaminhamentos, podendo solicitar um maior
aprofundamento do trabalho. Os/as alunos/as analisam o tempo destinado à
reestruturação como:
O parecer do professor vem, a gente reestrutura o texto, se fosse avaliado por nota eu
ia ficar com aquela nota baixa, às vezes, a gente pensa, mas, não conta de colocar
no papel. Reestruturando não. (A.1)
Aqui a gente tem chance, se errar, vai para a reestruturação, a gente tenta dar o
melhor de si. (A.3)
Aqui tem o parecer do professor para melhorar. (A.3)
Se fosse por nota a maioria tinha desistido da sala de aula. […] tem a
reestruturação, para entender uma avaliação melhor, uma segunda chance .(A.5)
Para os alunos e alunas a reestruturação parece como um segundo momento
avaliativo, uma segunda chance. Também percebem que, quando tinham a nota fechava
em um conceito e sem volta. Com o parecer, acompanham com atenção a
reestruturação, uma nova retomada. Para Hadji (2001, p.122), uma reestruturação não é
uma atividade de ordem avaliativa, mas pedagógica. Como mecanismo de regulação
comporta um aspecto de encaminhamento, através do qual ajustamos a ação em relação
ao objetivo (reorientação da ação), pode pertencer ao aluno (autocontrole, auto-
regulação), ou ao professor (regulação externa). Porém, nos dois casos, a adaptação é
um trabalho de ordem pedagógica e/ou didática. A reestruturação necessita de uma
remediação eficaz, ou seja, que leve a uma ação corretiva, necessitando de um forte
vínculo entre diagnóstico e remediação. Neste sentido, também na perspectiva, Borba
(2001) percebe que a avaliação emancipa e ajuda o aluno e o professor, este (professora)
ao fazer a revisão identifica os erros e os orienta no ato, procede por ações e regulações
no dia-a-dia.
Em resumo, de acordo com a avaliação da aprendizagem formativa, na
regulação interativa, realizada em todo o processo, está interligada com a regulação
retroativa e proativa, e realiza-se através de uma ação pedagógica diferenciada.
Vinculando a necessidade de empreender a comunicação entre professor/a e aluno/a,
favorecendo continuidade do trabalho. Percebo, nesta regulação, momentos que
poderiam definir ações pedagógicas, principalmente no planejamento, que encaminham
ações das práticas avaliativas, mas que de acordo com a s observações, a preocupação
maior está voltada para as entradas das áreas específicas, do que para aprendizagem do
64
aluno/a. O livro de vida, não apresentou ser explorado avaliativamente, mas, indicações
e reflexões, para possíveis paradas no encaminhamento e desenvolvimento das aulas. As
devolutivas e reestruturações estão acontecendo de forma mais homogênea, as
intervenções mais específicas, que atendem a um grupo ou individual, aparentemente
acontecem, mas de forma tímida. Alguns relatos comprovam que aconteceram de
acordo com os registros nos planejamentos. Na sala de aula que me encontros e em
anteriores, procurou-se propor momentos de intervenção com dificuldades específicas e
em grupos diferenciados. Em núcleo específico de EJA (este em Piçarras), aconteceram
momentos na sexta-feira, do planejamento. Professores/as acompanham e encaminham
atividades e problematizações específicas a alguns alunos/as, entre os momentos do
planejamento.
5.1.3 Avaliação formativa: regulação proativa na proposta de EJA. A auto-avaliação e
assembléia, o potfólio.
Nesta terceira categorização da avaliação formativa a regulação proativa, que
sobrevêm no momento de engajar o aluno em uma atividade ou situação didática novas,
menciona Perrenoud, situa-se no limite da avaliação formativa, não somente como
forma de regulação, mas também de ensinar, se fazer perceber. Está em uma lógica de
ajustamento das tarefas e das situações à diversidade dos alunos, indagando o que
sabem, quais suas perspectivas, quais os desafios que podem assumir. Favorece ao
professor/a uma projeção das ações e do desenvolvimento dos trabalhos, bem como o
direcionamento do grupo.
Em decorrência da compreensão da avaliação como um processo pelo qual
busca iluminar e elucidar as atividades de um dado curso ou programa, Saul (1988)
propõe a avaliação emancipatória, como um novo paradigma para a avaliação. Essa
vertente baseia-se fundamentalmente na idéia de conscientização de Paulo Freire, na
qual os sujeitos do processo demonstram uma atividade auto-reflexiva, sendo capazes
de se auto-determinarem em relação a sua prática. Saul (id. ibid., p.55) aponta que,
“nessa perspectiva, o processo de conscientização é a mola mestra de uma pedagogia
emancipadora em que os membros de uma organização são tratados como seres
autodeterminantes, isto é, sujeitos capazes de, criticamente, desenvolverem suas
65
próprias ações."
Como compromisso de uma avaliação emancipatória, Saul (idem, p.61), afirma
que, “O compromisso principal desta avaliação é o de fazer com que as pessoas direta
ou indiretamente envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua ‘própria história’
e gerem as suas próprias alternativas de ação.” Neste sentido, também na perspectiva de
uma avaliação emancipatória, Borba (2001, p.151) é citada pela proposta, por perceber a
avaliação emancipatória como:
A avaliação emancipatória ajuda o aluno a aprender e o professor
ensinar, porque ela procede por avanços e regulações no dia-a-dia: os
erros são identificados e orientados no ato, reflete-se no grupo o
atendimento dos critérios, o professor e o grupo dão explicações
complementares na execução das atividades sem dar resposta pronta.
O professor faz revisão das noções de base, quando o processo não
avança. Tudo isto num clima de auto confiança e negociação no
grupo
.
A conquista por uma avaliação emancipatória faz sentido quando o/a aluno/a se
percebe. Este feito se concretiza em todo o processo avaliativo, em momentos de auto-
avaliação e assembléia, quando os/as alunos/as se posicionam, argumentam e
fundamentam seus questionamentos e análises. Neste sentido, ao comentar sobre auto-
avaliação, um aluno menciona:
[…] eu acho que eu vendo que tenho dificuldade eu vou me esforçar para melhorar.
(A.E..4)
.
[…] quando fazemos a auto-avaliação na assembléia, ali nós resolvemos tudo.
(A.E.7).
A auto-avaliação também serve de auto-regulação, e busca uma
intencionalidade marcada, busca emancipar e articula uma confiança individual e
coletiva. Segundo Abramowicz (2005, p.134), percebe a auto-avaliação como:
Numa proposta de avaliação formativa, não posso deixar de destacar
que uma atenção especial é dada à auto-avaliação, que busca estimular
a participação, via autoconhecimento, procurando o desenvolvimento
e o aperfeiçoamento em sua trajetória de aprendizagem.
Alguns portfólios compõem-se de registros avaliativos (pareceres descritivos)
dos professores/as e abaixo destes registros o comentário pelo/a alunos/as, como
66
também registros auto-reflexivos. Alguns registros de auto-avaliação:
Acredito sinceramente que a minha participação até agora está média... a prova disto
são meus trabalhos e textos que estão comigo. Inclusive o que ia anotando e sala, as
explicações dos professores, que está no meu caderno. (P.A.1).
Eu me sinto estranha, esquisita me auto avaliando mais vamos lá. O que eu tenho a
dizer das aulas que assisti, acho que assimilei bastante coisa. Pois dependendo do dia
e do professor eu consigo mais ou menos. Quando a matéria é bem explicada fica
fácil de entender caso contrário não entendo. Tenho dificuldade com cálculos, pois
não consigo entender, mas não é culpa do professor eu é que não consigo entender a
matéria.Espero que isso não complique meu desempenho.(PA.2.)
Com relação as reflexões, analiso que os/as alunos/as percebem a dificuldade e
se culpam por isso. Admitem que o problema é seu e se auto-responsalizam. Trazem
esta herança de punição e não percepção que o erro pode estar no trabalho pedagógico,
como também no sistema de ensino. Neste sentido, sob um olhar pedagógico, a escola
ficou tanto tempo se preocupando com “o que ensinar” e busca a compreensão no
momento de “como ensinar”. Interessante perceber a leitura de mundo dos alunos da
EJA, um público diferenciado, histórias diversas e impregnada de saberes e vivencias, e
convergem com um discurso construído e estabelecido dentro de uma “cultura escolar”.
Acho que não tive muita dificuldade neste tema que se encerrou. Consegui
assimilar todo o conteúdo, mesmo com minhas básicas faltas nas aulas,
acredito que não tenham sido tantas perto as do semestre passado, estou bem
ciente de que faltando quem está perdendo com isso, é somente eu, mas
procuro me informar da matéria dada e me colocando em dia com as aulas.
Pude perceber com a ajuda da professora que ao apresentar os trabalhos,
deixamos de lado informações valiosas, pois não damos importância aos
detalhes que muitas vezes fazem a diferença numa apresentação. Tomarei mais
cuidado nos próximos. No trabalho sobre juros simples pude compreender
melhor com a ajuda do demais alunos de sala. com relação a temperatura
tive algumas dificuldades, mas, sanando-as com a nova explicação depois da
programada. (A.D 5)
Apesar de estar a oito anos sem estudar, sem freqüentar uma escola (sala de
aula) no princípio achei que iria ser difícil, igual nos métodos de ensino
antigo, mas creio que me adaptei rápido no ensino ou seja, nesse método não
achei que seria tão interessante assim. Está valendo a pena. E o mais
importante de tudo isso é que tudo que aprendo hoje, carrego no dia- a- dia.
(A.D. 9)
Aos perceber suas limitações os alunos e alunas passam por uma processo de
auto-regulação, percebem suas dificuldades e seus avanços e buscam formas e
67
estratégias de resolverem. Na mente humana toda regulação, em última instância,
apresenta ser uma auto-regulação. Nenhuma intervenção externa age se não for
percebida, interpretada, assimilada pelo sujeito. Segundo Perrenoud (1999), apostar na
auto-regulação, consiste em reforçar as capacidades do sujeito para gerir ele próprio
seus projetos, seus progressos, suas estratégias diante das tarefas e dos obstáculos.
O portfólio, revela suas tentativas de construção a partir dos movimentos
cotidianos. Na EJA, este instrumento gera dúvidas e controvérsias. Quando procuro
saber o que se define por portfólio entre os/as alunos/as: as palavras mais usuais são:
pasta de trabalhos e arquivo. Somente uma aluna mencionou portfólio como documento.
O olhar dos alunos/as:
[…] portfólio é tipo uma pastinha, um arquivinho onde estão todos os trabalhos. Ai os
professores pegam e vejam como os alunos estão. (A.4).
[…] uma pasta que serve para guardar tudo que a gente faz aqui. (A.6).
Para os/as professores/as:
Eu acho que a forma do portfólio nós entendemos. Mas acredito que não
conseguimos por isso em prática. Porque envolve mudança de pensamento, paradas
específicas sobre portfólio... para a gente estar analisando, reescrevendo e
devolvendo para o aluno.(P.2).
Não é com um artigo sobre portfólio que a gente entende, aquela análise que a gente
faz para colocar no portfólio é muito difícil, é uma coisa nova. Eu nunca trabalhei
com portfólio na minha vida inteira. (P.1)
Acho que as coisas não podem ser como foram feitas. Agora vamos trabalhar com
portfólio... Nem todo mundo sabe o que é um portfólio, nem escutou falar...Como se
vivencia uma coisa dessas.(P.4)
.
O portfólio (instrumento que compreende os trabalhos realizados pelos
estudantes, inclui registros, resumos, atividades, textos, projetos, relatórios, pesquisas e
principalmente ensaios auto-reflexivos) e tem por objetivo conhecer o histórico de cada
um dos alunos e alunas, acompanhar a aprendizagem de cada aluno e aluna no
desenvolvimento das atividades, a fim de observar seus avanços e/ou dificuldades e
propor alternativas de superá-las. Esta Avaliação Individual compõe o registro de
diferentes categorias de julgamento: conhecimento, habilidade, competência, além dos
aspectos sociológicos, indicadores do processo de aprendizagem e desenvolvimento.
O portfólio é uma coleção de trabalhos que um estudante realizou em um
68
período de sua vida acadêmica, seja um semestre, um ano ou quatro anos. Estes
trabalhos são conservados em pastas escolares ou caixas dependendo do seu conteúdo e
do período de tempo que se deseje incluir. Esta estratégia promove a criatividade e a
auto-reflexão. Estimula os estudantes a trabalhar em grupos, esclarecer, avaliar e
explorar seu próprio processo de aprendizagem.
O trabalho com o portfólio, no programa de EJA busca ser um diferencial em
termos de avaliação emancipatória, mas que comprova uma lacuna. Os professores/as
demonstram suas angústias e contradições, suas necessidades e inseguranças,
confirmando, assim, a construção de uma pasta de trabalhos escolares e que necessitam
de compreensão para uma tomada de decisão.
Sobre a avaliação da aprendizagem na proposta de EJA, os alunos e alunas
argumentam:
[…] eu acho interessante, da maneira como é colocada , uma maneira mais
interativa, a gente faz o trabalho, e recebe um conceito, não de nota, mas,
uma sugestão de correção, para reavaliar a idéia e se refaz, não é como na
escola que eu ganhava cinco dez, ou oito e fechou, isso, aqui não ficou legal,
vamos refazer (A.15)
Fica mais na aprendizagem em si, o assunto que é aplicado, fica mais fácil na
compreensão, e não na avaliação, tirou uma certa nota e a pessoa nem
entendeu (A.5)
Eu acho também que somos avaliados pelo conjunto, dos trabalhos juntos,
grupo, sozinha, quem esta fazendo (A.6).
Na escola tradicional, tens aula de matemática, um mais um dois, dois vezes
dois quatro pronto, terminou aula. Pronto. Vem história, matemática fechou o
caderno, deu. Vamos falar de história. Neste sistema não, nós viemos nessa
continuação, muda de matéria mas, dentro da área específica, o tema ele tem
continuidade (A.8)
É interessante aqui a gente não tem sistema de provas, não sistema de
cobrança ... a principal coisa que conta é a participação na aula, tem gente
que tem dificuldade de passar para o papel, tem dificuldade de escrever , mas
tem facilidade de se expressar. Uma coisa legal são os assuntos da atualidade,
dos movimentos do passado tem ligação hoje (A.7)
Durante a problematização temos a participação professor, não daquela forma
tradicional, você está fazendo e na dúvida constrói junto, chama professor isso
aqui seu não entendi...(A.14)
Não existe aquela parada aquela tensão (A.9)
69
Não aquela sala em silêncio em que todo mundo tem que saber, tem que
decorar e passar para o papel (A.10)
É melhor do que por nota, porque quando é avaliado por nota, é testado o
conhecimento (A.9)
Eu acho boa, os professores estão explorando bem os alunos no lado de
interpretação, por que é uma coisa de ler e entender, esses pareceres do
professor estão buscando mais do aluno, não no tem que saber, mas
enriquecer o que tu já produziu (A.4).
[…] interpretação é tanto do aluno como do professor, interpretar também ao
colocar o parecer, conhecer o aluno (A.6).
[…] a avaliação das respostas, acho interessante, respostas diferentes são
respeitadas (A.9).
O olhar dos alunos e alunas referente à avaliação da proposta revela o agrado e
percepção. Gostam desta forma de avaliação, a nota e a mensuração que a escola tanto
vivenciou e cobrou é uma marca que aparece nas falas. Sentem uma avaliação de forma
mais ampla que continuidade, e não de forma fragmentada e precisa. Se destaca a
importância interpretativa, tanto dos professores/as como dos alunos/as desde o registro,
os pareceres e a interação em sala. Neste sentido, a caminhada que esta proposta está
proporcionando em termos de avaliação, de acordo com o olhar dos alunos é
significativa.
Em síntese, na avaliação da aprendizagem formativa, na regulação proativa,
que indica engajar o aluno em situações didáticas novas, ensinar e se fazer perceber,
indagando quais suas perspectivas, quais os desafios que podem assumir. Percebo, que
através do portfólio e da auto-avaliação, os alunos e alunas buscam desenvolver uma
avaliação que se aproxima de uma avaliação emancipatória, quando revelam em suas
falas, suas percepções e ações relacionadas à avaliação na EJA. Quanto ao portfólio,
sinto que não é compreendido da forma que se almeja.
A forma metodológica de organização deste estudo, necessitou de uma matriz
de análise que se evidenciou em categorias resultantes das regulações da avaliação
formativa (retroativa, interativa e proativa). Nas categorizações percebo que mesmo ao
delimitar os instrumentos para cada categorização, estes se encontravam inseridos em
todo o movimento da avaliação formativa, bem como nas regulações. O processo de
avaliação se desencadeia no movimento cotidiano, que se entrelaçam, se juntam, se
formam, se organizam e vão se definindo. Capturar o movimento, a sua compreensão
70
não é tarefa fácil. Nas situações cotidianas e teóricas se interagem, se unificam, no
processo de construção e elaboração da avaliação da aprendizagem. A necessidade de
organizar por categorizações permitiu uma análise mais específica e direcionada à ação
e tomada de decisão, bem como sua compreensão.
Ao remeter as categorização de análise, que foram as modalidades de regulação
de uma avaliação formativa (retroativa, interativa e proativa), percebo, que os
professores/as, demonstram através de suas falas, seus registros a necessidade de
formação e construção da compreensão de uma avaliação formativa. Demonstram
estarem abertos e com interesses nessa temática, apresentando assim, suas necessidades
e limitações. Nesta perspectiva Cappelletti (2005, p.117), comenta que:
A transposição didática das propostas teóricas de avaliação formativa
exige um pouco além do que tem sido produzido pelos especialistas
em avaliação. Em geral, o professor tem à sua disposição modelos
teóricos de avaliação, evolução histórica das diferentes concepções,
enfim, quadros conceituais que desestabilizam o seu credo, mas não
orientam seu fazer.
A proposta de EJA da UNIVALI mesmo com dificuldades acima mencionadas,
os professores e professoras apresentam interesse num aperfeiçoamento e construção de
conhecimentos específicos referentes à avaliação formativa. De acordo com os alunos e
alunas, analisam a avaliação da aprendizagem como diferente, as formas e estratégias
também, e que de acordo com as falas percebem a contribuição que esta forma
avaliativa tem lhes proporcionado.
Na busca da compreensão dos dados retomo a minha pergunta inicial deste
estudo, como se desenvolve a avaliação da aprendizagem no programa de EJA da
UNIVALI, e percebo que esta proposta é inovadora, e rompe com padrões tradicionais
de ensino e de organização curricular. Para seu desenvolvimento no processo avaliativo
se faz necessário a formação continuada de seus professores e professoras, para que
tenham condições de fundamentar-se em uma teoria que avance à sua formação inicial,
à compreensão do processo avaliativo, bem como a contribuição para sua
profissionalidade e sua constante construção como docentes.
71
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação nos vai conformando como humanos, mas exige a condição prévia
de uma existência humana. Ao menos a capacidade de tentar mudar a realidade.
Compreender a trajetória escolar dos alunos, mas também as nossas trajetórias docentes
é urgente e não descolá-las dos incertos percursos humanos, sociais, deles e nossos. Um
olhar sobre uma proposta, sobre seus professores e professoras, sobre seus alunos e as
alunas como sujeitos plenos, concretos, em percursos sociais complexos pode ser um
pólo dinamizador da docência.
A busca neste estudo foi pessoal sim, a princípio, mas na trajetória, percebo
que além da preocupação com minha docência e com o grupo e o programa de EJA.
Estava muito mais preocupada com o caminho, com o processo avaliativo de cada
estudante que ali vinha dia-a-dia, sentado/a em sua carteira à espera de algo mais para
sua vida.
As trajetórias escolares com sucesso ou fracasso têm tudo a ver com nosso
pensar e fazer profissional. Os percursos vividos por milhões de jovens e adultos,
trabalhadores e trabalhadoras que entre o período de saída dramática da escola como
crianças e adolescentes, e a volta como jovens adultos, traz consigo luta, sobrevivência.
Entre a saída e a volta, apenas um silêncio cúmplice das estatísticas, da sociedade, dos
governos e da escola e seus profissionais.
A realização de promessas com a volta à escola vai depender de novo da
própria experiência escolar e das possibilidades de articulá-la com o trabalho, a família,
com a sua realidade social e concreta. Algumas dessas trajetórias e voltas para a escola é
decisiva, uma última tentativa. Nasce assim, ou renasce o compromisso profissional
nosso, em renovar a esperança, em ajudar na compreensão de uma escolarização para a
sobrevivência e o trabalho e a volta para a escola com renovadas esperanças.
A UNIVALI por meio de uma equipe interdisciplinar de professores e
professoras criou uma proposta curricular específica para a EJA. Após um período de
desenvolvimento desta proposta surge assim a necessidade de avaliar seu processo. Ao
determinar esta pesquisa, neste programa de mestrado, tinha dentro de mim uma
inquietação e uma oportunidade, mas principalmente um desafio. Para compreender
como a avaliação se desencadeia nas práticas cotidianas, precisei mergulhar nessa
72
perspectiva, vivenciá-la, respirar esse contexto e principalmente desvelar seu cotidiano.
Foi pensando nas limitações, minhas e do grupo de docentes da EJA, que
surgiram as questões de pesquisa para este estudo: Como os pressupostos da avaliação
da aprendizagem de um programa de EJA, são desenvolvidos na prática educativa.
Ao iniciar este estudo, não poderia imaginar a dimensão que esta pesquisa
específica tomaria. Com o decorrer deste trabalho que revelava ser uma fonte
inesgotável de buscas, interrogações, dúvidas e que, a partir de algumas respostas,
outras perguntas mais surgiriam. Delimitar a metodologia, buscar os dados, que além
do questionário e entrevista, também uma análise documental (pressupostos da
proposta, pareceres, portfólio, registros), as observações em sala e planejamentos.
Porém, existia a necessidade de um recorte nesta pesquisa, este foi necessário devido ao
tempo limitado para sua realização. Na coletas de dados da pesquisa as entrevistas
revelavam as limitações e as dificuldades no processo avaliativo do programa da EJA.
A situação atual da EJA no cenário UNIVALI, sofre mudanças (relações
filantrópicas, redimencionalizar a estrutura do programa, organização de uma
consultoria aos municípios). Este quadro determina um momento frágil que não se
limita somente ao trabalho pedagógico, mas atinge um contexto mais amplo, numa
relação social, de formação e profissionalidade dos envolvidos. Essas angústias refletem
no cotidiano pedagógico. As trajetórias de vida tanto dos alunos como as nossas são
vivenciadas no desenvolvimento do programa.
O modelo metodológico escolhido para esse estudo, permitiu uma
compreensão dos pressupostos do programa relacionada à avaliação da aprendizagem,
que indicaram conclusões mais amplas. Neste sentido, destaco a preocupação dos
professores e professoras em contribuir para com esta pesquisa, em fornecer dados,
como também, revelar suas limitações e indicar caminhos. O grupo ao estar inquieto
frente a essa preocupação destaca uma oportunidade em vivenciar e se sensibiliza diante
de sua fragilidade pedagógica, a avaliação da aprendizagem.
Neste sentido, na busca da compreensão sobre o grupo de professores da EJA,
percebo que ele representa um coletivo que busca compreender profissionalmente os
percursos mais sofridos, truncados por insensíveis reprovações e retenções, dos
percursos vividos pela clientela da EJA. Reconhecem a falha no sistema de ensino e em
sua formação inicial, buscam dentro do espaço da EJA um diferencial. Reconhecem que
as vivências dos alunos e alunas jovens e adultos são diferentes das vivências das
crianças e adolescentes que freqüentam a escola em período diurno. As trajetórias
73
escolares de tantos que trabalham e estudam à noite não relacionam com aquelas
trajetórias de jovens que não trabalham e estudam no diurno. Os docentes da EJA, em
sua maioria, reconhecem essa diferença. Toda essa diversidade não está sendo ocultada
no espaço da EJA, quando reduzem o percurso escolar em conceitos e pareceres,
aprovando ou repetindo, com sucesso ou fracasso. Apresenta o grupo que, não saber
fazer não significa não se conscientizar que existe a necessidade de aprender a fazer
melhor e que existem sim possibilidades diversas de acontecer esse aprendizado. Não
percebi resistência neste sentido, em reconhecer suas limitações, porém sentem a
necessidade de um espaço voltado para uma formação mais efetiva.
Diante dos pontos destacados e de acordo com os dados analisados, percebo a
necessidade que os professores e professoras apontam para uma formação que
demonstre o foco de suas limitações, contextualize as heranças avaliativas e se
certifique da necessidade dos princípios da avaliação. Significa para a proposta de EJA
da UNIVALI, que mesmo com dificuldades os professores e professoras apresentam
interesse num aperfeiçoamento e construção de conhecimentos específicos referentes à
avaliação formativa. Percebem a oportunidade de participarem de um programa dentro
da Universidade e questionam a necessidade do próprio Programa de EJA dispor de
tempo e investimento em uma formação mais específica na área (com especialistas).
Neste sentido, questiona-se, visto que possui um grupo específico e atuante na área de
avaliação dentro do Mestrado em Educação (Grupo de Pesquisa de Políticas de
Currículo e Avaliação), na Universidade, que poderia dar suporte, formação e
consultoria.
De acordo com os alunos e alunas, percebem a avaliação, de forma ampla,
percebem que a avaliação mudou, as formas e estratégias mudaram, de acordo com as
falas percebem a contribuição que esta forma avaliativa tem lhes proporcionado.
Com relação aos pareceres, os professores e professoras demonstram
dificuldade de elaboração e com o portfólio pouca compreensão. Também necessidade
de compreensão na construção de critérios avaliativos. O livro de vida não pareceu ser
explorado como instrumento de avaliação. Percebo que a formação continuada
oferecida pelo programa poderia ter contribuído para uma constituição da
profissionalidade do grupo docente, sendo esta um processo de construção permanente.
Neste sentido, retomo a minha pergunta inicial deste estudo, como se
desenvolve a avaliação da aprendizagem no programa de EJA da UNIVALI e percebo
que ao escrever a proposta o grupo de professores (estes os produtores desta proposta)
74
idealizaram uma arrojada e inovadora prática avaliativa almejada por muitos. Desejada
e sonhada por tantos autores e profissionais da área de avaliação educacional. Mas, que
ao meu olhar, se encontra em fase de ensaio e experimentação. Demonstra fragilidade e
representa em si uma tentativa expressa de romper com as heranças avaliativas
tradicionalmente construídas. Almejam mudar a prática, mas o pensamento continua na
racionalidade técnica e na objetividade de todo o seu processo de formação. A proposta
como um todo é inovadora e desafiadora. Entre o ideal e real existe uma lacuna, muito a
ser construído e “vivido”. Um grande , este que se encontra desde todo seu processo
de elaboração, organização e principalmente realização. De certo modo, parece que a
formação de professores não efetiva a proposta como prática, parecendo estar distante
de uma compreensão e conseqüentemente a sua construção. A avaliação para a
coordenação é uma dificuldade, e não percebem as dificuldades e limitações, pois não
efetivam uma reavaliação, uma mudança em seus projetos de formação.
Interessante também perceber como parcela do grupo de professores/as
demonstrou desde o início da pesquisa até seu fechamento, clareza em suas limitações e
abertura para aperfeiçoar sua aprendizagem em todo o seu processo de formação.
Em suma, foi possível perceber através deste estudo, que a proposta de
educação de jovens e adultos da UNIVALI, define em seu documento um trabalho
pedagógico voltado para uma avaliação da aprendizagem formativa. Na análise da
prática cotidiana e pedagógica desta proposta encontro possíveis práticas voltadas para
esta avaliação da aprendizagem. Suas tentativas são expressas pelo grupo de professores
e professoras, alunos e alunas. Encontro, porém, uma lacuna na vivência e na
construção deste ideal. Nesta idealização, uma proposta que apresenta em seu contexto
uma necessidade de compreensão do que realmente possa ser uma avaliação formativa.
Mas, uma necessidade de aprender como se constrói no dia-a dia do espaço escolar este
tipo de avaliação, uma necessidade de abrir espaço, caminhos e tempos de formação,
voltados especialmente para esta especificidade.
Quanto à proposta, destaco seu reconhecimento, seu interesse e
intencionalidade. Seu investimento e sua preocupação, na busca de uma realização e
construção real de uma proposta que atendesse à individualidade, à diversidade, à
cultura, às relações, o gênero, “o outro”, na constituição histórica do sujeito. Na busca
de alternativas de formas avaliativas diferenciadas. A mudança da gica não acontece
do dia para a noite, precisa de desconstrução e de ressignificação. Precisa de
direcionamentos, de estudos, de ensaios e tentativas. Tentativas expressas, esta proposta
75
busca, mas, ao construir e almejar algo inovador não percebeu que em todo seu processo
de construção não se limita a um desejo. Representa uma aspiração e inspiração para os
ideais pedagógicos e do magistério em si. Há um contraste entre o ideal e o real.
Reconhecer que todo jovem e adulto, sem distinção de raça ou classe, é um ser
humano capaz de socialização, de aprendizagens múltiplas, de formação plena como
sujeito social, mental, ético, estético, identitário, sujeito de memória, sensibilidade,
emoção, raciocínio, juízo ético... não é uma tarefa fácil em nossa cultura política
excludente e eletista. Representa em si à resistência que propostas enfrentam na cultura
conservadora.
O tempo de formação representa um tempo de direito de todos à formação
plena como seres humanos e que os tempos de escola são tempos também de formação.
Inseparáveis de nossas vivências das idades da vida, porque, nosso tempo, nossa
formação, nos exige sermos mestres, sujeitos desse delicado processo. O aprender da
escola significa também um aprender-nos. Não apenas um ato de ler o mundo, o livro, o
espaço, a natureza, a vida, mas ler-nos e entender-nos nesse mundo, na história. Este
estudo foi um tempo, de compreensão do percurso, para entender que nossa história,
nossa vida e formação, fazem parte hoje da história de um programa de educação. A
participação, a contribuição, os movimentos e olhares se constituem parte desta
trajetória, que fazem toda a diferença na história da educação de jovens e adultos no
Brasil.
76
REFLETINDO: O “TEMPO”
Metamorfose
MetamorfoseMetamorfose
Metamorfose
“... Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha
opinião formada sobre tudo ....” Raul Seixas
Os processos vivenciais de uma metamorfose representam a
transformação e ruptura, buscam sintetizar um processo vivido e
expressado, mas que se definem e se desencadeiam de amarras de
resistências , que buscam, se entrelaçam num envolvimento em forma de
casulo.
Assim me senti e sinto vivendo essa transformação. Dolorida,
sofrida, determinada, atemporal e criteriosa. As inquietações levavam o
tempo necessário para libertar dos momentos obscuros e insensatos. As
dobras das asas impedem de esticar por inteiro, necessitando liberar as
dobras do passado, que resistem e marcam, causam sensações de desconforto,
atrapalham a liberação do movimento do ar e do vento.
No abrir de asas, algo permanece, a essência, a existência de algo que
se mistura e ganha forma. Sinto tremor e alegria, aperto, medo, lágrimas,
mas adquiro segurança. Defino o caminho, o percurso. Redimensiono. Ainda
permanece a sensação de escuro, atinge meus sentidos, desacomodo.
Algo ilumina o caminho, define, apenas sentia ser sereno e seguro.
Percebia que em apenas alguns segundos romperia com o formato fechado.
Me aquece, se transforma em luz e ilumina por inteiro meu corpo. As asas se
desdobram e secam da camada de proteção que a reveste. A sensação de
alívio e serenidade.
Sinto que nesse abrir de asas, volto a buscar o perfume das flores,
percebo a cor, a essência e importância da minha vida. Estas que me ajudam
e norteiam caminhos por mim nunca vivenciados, indicam jardins, abrem
possibilidades, alertam sobre possíveis armadilhas, em que possa ficar presa
a alfinetes, em um quadro, exposta somente para apreciação, sem função.
Prefiro o ar, o vento, o movimento, que me leva e solta as asas sem
embaraço. Prefiro o encantamento, o sonho, a busca e, mesmo assim, até o
desconforto, abrindo novos caminhos.
Como uma metamorfose, este foi meu tempo, que se transformou em
obra, para ser lida, apreciada e usada. o de quadro, nem com alfinetes,
mas de vida, cor, mudanças, tentativas, movimento e desafios...
Dalva Mendes Scharf
77
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80
APÊNDICE
CATEGORIAS DE ANÁLISE COMPARATIVA DAS REGULAÇÕES DA AVALIAÇÃO FORMATIVA – ENTREVISTAS
AVALIAÇÃO FORMATIVA – CATEGORIAS REGULAÇÕES: RETROATIVA
Sub-categorias Unidade de contexto
História de vida […] quando o aluno/a está em sala de aula, a sua história de vida vem junto, não fica deslocada. Quando o professor/a
trabalha determinado assunto, o aluno lembra de algo que viveu, sua história, ele faz relação com alguma coisa que
viveu e se torna muito importante um comentário, um exemplo (P.4).
[…] por isso existe a história de vida, colocada no portfólio, porque é importante para o professor/a ao ler, que ele/a
não corra o risco de fazer nenhum julgamento precipitado […] porque alguns elementos dessa história de vida, podem
ser uma ajuda, e busca decifrar o que poderia ser um complicador na aprendizagem (P.3)
. […] a nossa avaliação talvez, nós temos ajuda nessa parte ai, porque vocês sabem do nosso trabalho, nós sendo
mulher sozinha, nós temos a nossa história de vida fora, eu e ela, nós somos a mulher e o homem da casa, chegando
na sala de aula estamos cansadas, somos avaliados por isso também? (A. 3).
Programada […] a programada, as problematizações, o projeto, até um registro. (A.7).
[…] é uma avaliação de tudo que foi visto, estudado (A.5).
[…] não é uma prova, a professora não gosta que falem prova (A.3).
No dia que tem programada eu fico tão nervosa que nem durmo de noite (A.8).
Quando temos programada, a freqüência da sala gira em torno de noventa por cento.(P.10).
A programada é uma prova operatória. Mas não podemos usar o nome de prova. (P.5)
Na programada avaliamos o tema como um todo, e como o aluno percebeu. Nossa dificuldade está em sua avaliação,
esta atividade precisa circular por todos os professores de área, demorando para chegar no aluno seu resultado e sua
devolutiva.(P.3)
Pareceres descritivos
Até um parecer descritivo temos dificuldades. Tivemos uma formação, hábitos de colocar bom, muito bom,
satisfatório, precisa melhorar. Tinha que ter um material que ajudasse a construir e nós não temos. (P.E.6).
Eu tenho muita dificuldade, eu me percebo sempre fazendo atitudinal. Então é complicado porque tu queres trabalhar
com o estímulo ao aluno, e ai, tu te perde um pouquinho nisso (P.E.6).
81
Ás vezes temos medo, receio de colocar para o aluno, para que ele não fique chateado, como ele vai entender (P.E.1).
[…] está em nossa formação, temos dificuldade de elaborar pareceres. É nossa dificuldade. Porque é uma proposta
nova, provoca desafios, nos desestabiliza em todos os aspectos, e faltou estudarmos o que é um parecer, como elaborar
(P.E.3).
O que acontece muitas vezes é que não damos conta no planejamento de elaborar os critérios, estes não ficam
estabelecidos, nem elaborados ( PE..4).
[…] mas tem aluno que o professor coloca aquele parecer ali ele(aluno) fica bravo. Ele não aceita”(A1)
Em todos os meus trabalhos eu só tive bom, muito bom. (A.8).
Tem recados que eu recebi que simplesmente tinha certo, errado, certo, errado, embaixo tinha uma sugestão assim,
muito bom, você poderia ter se aprofundado mais no assunto. (A.9).
Eu gosto do parecer, a nota se torna uma coisa mais incômoda e tornaria o nosso ensino igual aos outros ensinos de
jovens e adultos... é fazer com que a gente compreenda e estude, não se torne uma coisa chata.(A.9).
Ás vezes nem ligo muito se consegui, ou tenho dificuldade. Gosto mais quando a professora coloca ali: Você consegue,
está melhorando, acredito muito em ti... Isso para mim é o que me ajuda, me leva para cima. (A.3)
Eu consigo perceber e aceito, e sei se o professor colocou ali, ele sabe, ele conhece. (A7)
Acompanho sua trajetória desde o início deste semestre e percebo que você tem contribuído muito para o crescimento
da turma em todos os sentidos. Sua participação efetiva nas discussões com argumentações e opiniões relevantes
contribuiu para a construção de conceitos e conhecimentos relevantes para a vida do grupo. Nas suas produções
percebe-se que alcançou todos os objetivos propostos. Tens um potencial muito grande para ser canalizado em
realizações pessoais e também em prol da sociedade. Espero que continue a ser essa pessoa legal e feliz que você
demonstrou ser nesse tempo de convívio na EJA. (P.D.6)
Durante este semestre percebi você mais centrado nas aulas e também participando mais efetivamente das discussões.
Você realizou parte das produções escritas alcançando os objetivos propostos. Poderia ter avançado mais na sua
aprendizagem buscando realizar todas as atividades e estando mais presente nas aulas. Penso que a falta de freqüência
prejudicou um pouco seu crescimento. Espero que você continue nesse pique que você vem tendo nesses últimos meses
para continuar a caminhada que você construiu. (P.D.8)
Muito Bom! Texto simples que expressa um dos sentidos deste texto. Foi uma visão bastante mecanicista e interessa.
Mas acho q
ue você poderia explorar outros aspectos deste texto, outras perspectivas juntamente com a que você
82
abordou.(P.D.7).
Você é uma aluna bastante participativa. Ótimo! Suas respostas estão bem claras. Continue assim! (P.D.10).
Você é um aluno muito participativo, mais entrosado no grupo, menos ancioso e mais auto-controlado. Sua escrita
melhorou bastante, faz uso do dicionário é mais reflexivo em suas colocações. (P.D.15)
Registros
Individuais
-Aluno que busca novos conhecimentos para ampliar os conhecimentos já adquiridos. Relaciona os temas com o dia-a-
dia. Boa participação nos grupos e com a turma. Tem boa vontade e venceu os objetivos do tema 2. Houve mudanças e
transformação na suaconduta e evoluiu muito em relação à turma.
-Eu não sabia valorizar o conhecimento, tive uma oportunidade no EJA. Eu preenchi um vazio em mim, sinto que tenho
aproveitado as aulas, lá fora é que a gente percebe. Estudar é crescer, viver, foi uma das coisas boas que eu fiz.
-Aluno com boa interpretação nas atividades, participativo, coerente nas discussões, assíduo, pontual, responsável.
Identifica e compreende as problematizações nas diversas áreas do conhecimento. Textos com críticas e criatividade,
se expressa muito bem na oralidade e na escrita.
-Eu só tenho que agradecer a todos os professores pela paciência que vocês têm, para passar aos alunos seus
conhecimentos, principalmente
sobre a minha pessoa, não é fácil ensinar alguém que esteve mais de quinze anos fora de uma sala de aula.
-[…] você é assídua, demonstra interesse, participa e interage nas aulas, apresenta conhecimentos prévios, trazendo
informações pertinentes aos assuntos estudados; conseguindo estabelecer ligações entre os conteúdos apreendidos e
seu cotidiano. Você possui facilidade para identificar e resolver problemas de modo geral, bem como, para fazer
cálculos e resolver problemas numéricos. Você é extremamente comunicativa e participativa, realiza todas as
atividades propostas, apresenta boa leitura e escrita, relaciona-se bem com o grupo de professores e alunos, tem
capacidade para realizar críticas reflexivas e também para aceitá-las
-Eu concordo, apesar de não saber que eu era tudo isso. Fico feliz que os professores tenham conseguido perceber a
minha capacidade eespero continuar ou melhorar ainda mais.
83
AVALIAÇÃO FORMATIVA – CATEGORIAS REGULAÇÕES: INTERATIVA
Sub-categorias Unidade de contexto
Planejamento
-[…] o planejamento seria o momento de organização, de estabelecermos metas, estratégias e perceber o que os
alunos precisam para elaborar e desenvolver as aprendizagens. Estamos muito na planilha, nas entradas dos
professores de áreas e nos conteúdos. O ponto de partida de todo o processo avaliativo é o planejamento. (P-5).
-Não conseguimos realizar atividades diferenciadas, não atendemos as dificuldades individuais dos alunos. (P.1).
-Estamos fazendo várias tentativas, mais sinto que falta compromisso, direção (liderança) e determinação.(P.11).
Livro de vida
-Os alunos não percebem o livro de vida como avaliação, percebem mais as problematizações porque nós não
legitimamos (P.4)
-Tomamos algumas atitudes através do livro de vida, mais não aprofundamos os registros feitos pelos alunos(P.7)
-Em nem uma formação trabalhamos o livro de vida como instrumento de avaliação, não o exploramos nos
planejamentos, não sabemos avaliá-los pedagógicamente. (P.2)
-Faz parte da avaliação o livro de vida?: [ ...] Não. É o resumo da aula (A.6).
-Depende, o professor pode fazer uma avaliação e também uma intervenção, sobre a escrita (A.5)
Como de costume cheguei na sala e a professora mediadora já estava organizando as carteiras, falando com um,
cumprimentando o outro, sempre com aquele sorriso maroto e aqueles olhos brilhantes, curiosos...Cumprimentei os
presentes, senti pelos ausentes... Quando chego em sala a expectativa é grande: desejo compartilhar aquelas horas com
todos e espero anciosamente a reação de cada um. Pena! Será que ainda há aqueles que não percebem a importância
de estar aqui? Prefiro pensar que tenham outros compromissos importantes. A aluna.... iniciou sua leitura. está
relatando todos os encontros com o objetivo de vencer algumas questões de escrita. Penso que não tem idéia do quanto
essa atitude nos deixa felizes. Percebe-se que sua determinação a fará atingir logo seus objetivos. Seguindo a proposta
da noite, apresentamos o novo tema. Lendo as informações do caderno pedagógico, iniciamos as discussões. Alguns
mais, outros menos... Após as discussões veio o Drummond: Eu, Etiqueta.Alguém me perguntou: Esta certo este título,
professora? É assim mesmo?Achei melhor deixar que encontrassem as suas respostas. Iniciamos a leitura oral. Cada
um lia um verso. Que maravilha poder ouvir aquelas vozes! Via a preocupação e parecia ouvir o coração batendo
mais forte. Seriam versos de Drummond? Não. Era a angustia de ter que se expor, o velho medo de errar. Terminamos
a noite encaminhando uma atividade de análise e interpretação do poema. Valeu turma! E, lembrando Fernando
Pessoa, só valeu porque vocês são grandes!
84
Livro de vida
Hoje iniciamos nossa aula combinando sobre o multirão que vamos fazer para ajudar a aluna... na construção de sua
casa nova. Em seguida abrimos a discussão sobre o tema e o que mais foi significante para nós sobre o assunto.
Falamos sobre a reflexão e o tempo que nos foi dado para preparar o vocabulário e a interpretação do texto, muito
reduzido. Após o registro damos inicio a aula sobre o mesmo tema que iniciamos no dia anterior, Novas fronteiras e
novas marcas. Primeiramente nos fez uma pergunta intrigante. Existia antes, velhas fronteiras e velhas marcas? E o
que é fronteira? Alguns responderam: barreira, divisão, limite, perímetro, e ai por diante. Alguns exemplos de como
podem ser traduzidas estas fronteira srurgiram, podendo ser física, sentimental, comercial, espacial... Fronteira
espacial pode ser algo que não se pode ver, mas existe. E fronteira material é o que você pode ver, tocar. O
significado de fronteira é dividir alguma coisa. E a quem interessa essas novas fronteiras? Falamos sobre as relações
racias (étnicas). Falamos sobre as marcas e patentes, a propaganda, rótulo, manias, hábitos...
O poder da mídia. A mudança de comportamento.
A partir desta aula, podemos observar o quanto as fronteiras e as marcas estão relacionadas com nosso
cotidiano.
Devolutivas e
Reestruturação
-O parecer do professor vem, a gente reestrutura o texto, se fosse avaliado por nota eu ia ficar com aquela nota baixa,
às vezes, a gente pensa, mas, não dá conta de colocar no papel. Reestruturando não. (A1)
-Aqui a gente tem chance, se errar, vai para a reestruturação, a gente tenta dar o melhor de si. (A3)
-Aqui tem o parecer do professor para melhorar. (A3)
-Se fosse por nota a maioria já tinha desistido da sala de aula. […] tem a reestruturação, para entender uma avaliação
melhor, uma segunda chance .(A5)
85
AVALIAÇÃO FORMATIVA – CATEGORIAS REGULAÇÕES: PROATIVA
Sub-categorias Unidade de contexto
Auto-avaliação
-Acredito sinceramente que a minha participação até agora está média... a prova disto são meus trabalhos e textos que
estão comigo.
Inclusive o que ia anotando e sala, as explicações dos professores, que está no meu caderno. (P.A.1).
-Eu me sinto estranha, esquisita me auto avaliando mais vamos lá. O que eu tenho a dizer das aulas que assisti, acho
que assimilei bastante coisa. Pois dependendo do dia e do professor eu consigo mais ou menos. Quando a matéria é
bem explicada fica fácil de entender caso contrário não entendo. Tenho dificuldade com cálculos, pois não consigo
entender, mas não é culpa do professor eu é que não consigo entender a matéria.Espero que isso não complique meu
desempenho.(PA.2.)
Acho que não tive muita dificuldade neste tema que se encerrou. Consegui assimilar todo o conteúdo, mesmo
com minhas básicas faltas nas aulas, acredito que não tenham sido tantas perto as do semestre passado,
estou bem ciente de que faltando quem está perdendo com isso, é somente eu, mas procuro me informar da
matéria dada e me colocando em dia com as aulas.
Pude perceber com a ajuda da professora que ao apresentar os trabalhos, deixamos de lado informações
valiosas, pois não damos importância aos detalhes que muitas vezes fazem a diferença numa apresentação.
Tomarei mais cuidado nos próximos. No trabalho sobre juros simples pude compreender melhor com a
ajuda do demais alunos de sala.Já com relação a temperatura
tive algumas dificuldades, mas, sanando-as com a nova explicação depois da programada. (A.D 5)
-Apesar de estar a oito anos sem estudar, sem freqüentar uma escola (sala de aula) no princípio achei que
iria ser difícil, igual nos métodos de ensino antigo, mas creio que me adaptei rápido no ensino ou seja, nesse
método não achei que seria tão interessante assim. Está valendo a pena.
E o mais importante de tudo isso é que tudo que aprendo hoje, carrego no dia- a- dia. (A.D. 9).
... eu acho interessante, da maneira como é colocada , uma maneira mais interativa, a gente faz o trabalho, e
recebe um conceito, não de nota, mas, uma sugestão de correção, para reavaliar a idéia e já se refaz, não
é como na escola que eu ganhava cinco dez, ou oito e fechou, isso, aqui não ficou legal, vamos refazer (A.15)
Fica mais na aprendizagem em si, o assunto que é aplicado, fica mais fácil na compreensão, e não na
86
avaliação, tirou uma certa nota e a pessoa nem entendeu (A5)
Eu acho também que somos avaliados pelo conjunto, dos trabalhos juntos, grupo, sozinha, quem esta
fazendo (A.6).
Na escola tradicional, tens aula de matemática, um mais um dois, dois vezes dois quatro pronto, terminou
aula. Pronto. Vem história, matemática fechou o caderno, deu. Vamos falar de história. Neste sistema não,
nós viemos nessa continuação, muda de matéria mas, dentro da área específica, o tema ele tem continuidade
(A 8)
É interessante aqui a gente não tem sistema de provas, não sistema de cobrança ... a principal coisa que
conta é a participação na aula, tem gente que tem dificuldade de passar para o papel, tem dificuldade de
escrever , mas tem facilidade de se expressar. Uma coisa legal são os assuntos da atualidade, dos
movimentos do passado tem ligação hoje (A 7)
Durante a problematização temos a participação professor, não daquela forma tradicional, você está
fazendo e na dúvida constrói junto, chama professor isso aqui seu não entendi...(A 14)
Não existe aquela parada aquela tensão (A 9)
Não aquela sala em silêncio em que todo mundo tem que saber, tem que decorar e passar para o papel
(A10)
É melhor do que por nota, porque quando é avaliado por nota, é testado o conhecimento(A.9)
Eu acho boa, os professores estão explorando bem os alunos no lado de interpretação, por que é uma coisa
de ler e entender, esses pareceres do professor estão buscando mais do aluno, não no tem que saber, mas
enriquecer o que tu já produziu (A.4)
... interpretação é tanto do aluno como do professor, interpretar tamb
ém ao colocar o parecer, conhecer o
87
aluno (A.6)
... a avaliação das respostas, acho interessante, respostas diferentes são respeitadas (A.9).
Portfólio
-[…] portfólio é tipo uma pastinha, um arquivinho onde estão todos os trabalhos. Ai os professores pegam e
vejam como os alunos estão. (A.4).
-[…] uma pasta que serve para guardar tudo que a gente faz aqui. (A.6).
-Eu acho que a forma do portfólio nós entendemos. Mas acredito que não conseguimos por isso em
prática. Porque envolve mudança de pensamento, paradas específicas sobre portfólio... para a gente estar
analisando, reescrevendo e devolvendo para o aluno.(P.2).
- Não é com um artigo sobre portfólio que a gente entende, aquela análise que a gente faz para colocar no
portfólio é muito difícil, é uma coisa nova. Eu nunca trabalhei com portfólio na minha vida inteira. (P.1)
-Acho que as coisas não podem ser como foram feitas. Agora vamos trabalhar com portfólio... Nem todo
mundo sabe o que é um portfólio,
nem escutou falar...Como se vivencia uma coisa dessas.(P.4)
88
PRIMEIRA TABULAÇÃO DOS DADOS - Questionário professores e professoras
QUADRO I
Entendo por Avaliação Freqüência
- Processo de avaliar a prática pedagógica 1
- Visão das necessidades dos alunos 1
-Registro de intervenção a partir de certos critérios 1
- Processo de observação, discussão e análise 2
- Tomada de decisão 6
- Mudança de atitude 1
- Processo de diálogos de intervenção 1
- Acompanhamento ao longo da caminhada 1
- Perceber resultados do processo ensino aprendizagem 1
- Intervenção 2
- Análise da clareza sobre assuntos trabalhados 1
- Análise da produção textual e atitudinal 1
- Movimento 2
- Momento de considerar as ações, formular novas ações 1
- Possibilidade de ação, diante das necessidades e avanços na aprend. 2
- Mudanças em contextos que permitem serem avaliados 1
- Algo que nos mostre até onde estamos avançando 1
- Alcance dos objetivos propostos pela escola 1
- Deve ser formativa e processual 1
- Conhecer o aluno 1
- Verificar os avanços - crescimentos 3
- Descobrir as dificuldades 2
- Percepção de impressões 1
- Problematização 1
- Superação 1
- Processo instrumental de abordagem 1
- Instrumento indispensável para qualificar 1
- Maneira de como olhamos nosso aluno em relação ao aprendizado 2
- Momento de reflexão para o professor e para o aluno 2
- Acompanhamento e registro de toda atividade 1
- Indicar pontos a serem revistos de outras formas 1
- Processo contínuo que sirva como instrumento de formação 1
- Instrumento que possibilite o aluno a observação da caminhada 1
- Replanejamento do professor (a) 1
- Processual e investigativa 2
- Prática investigativa, diagnóstica 1
- Processo necessário para provocar mudança 1
- Busca de estratégias para superar as dificuldades 1
- Obtenção de dados sobre o que os alunos recordam e compreendem 1
- Processo continuado de repensar os conhecimentos construídos 1
- Avalio para propor estratégias e procedimentos de intervenção 1
89
QUADRO II – Entendo a Avaliação como:
Categorização Unidade de Registro Freqüência
- processo de avaliar a pratica pedagógica
1
- perceber o processo ensino-aprendizagem
5
-processo dialógico
1
-acompanhamento ao longo da caminhada
2
-análise e clareza assuntos trabalhados
1
- processo constituído pela análise da produção
1
-avanços na aprendizagem
6
-superação
1
Processo
- processo contínuo de investigação
1
- necessidade dos alunos
1
- descobrir as dificuldades
3
- prática investigativa diagnóstica
1
Diagnóstico
-obtenção de dados
1
Mensuração
- alcance dos objetivos propostos
1
- propor estratégias e procedimentos de intervenção
1
-processo de repensar conhecimentos construídos
1
-processo necessário p/ provocar mudanças
1
-processo dialógico de intervenção
5
-movimento
1
- possibilidade de ação
2
-momento de reflexão
2
-tomada de decisão
5
Replanejamento
-replanejamento
1
-processo instrumental de abordagem
1
-instrumento que possibilite a observação
1
Instrumentos
-registro
1
90
PESQUISA: A
AVALIAÇÂO DA APRENDIZAGEM : PERCEPÇÕES E REPRESENTAÇÕES
DA PRÁTICA DE UM CURSO DE EJA.
PESQUISADORA: DALVA MENDES SCHARF
INSTRUMENTO : CARTA DIÁRIO
Sou docente há
Escolhi esta profissão porque
Pretendo como projeto profissional
A instituição escolar para mim significa
E tem como objetivo
Minha função como docente implica
Currículo para mim significa
Entendo por avaliação
Os critérios avaliativos que mais considero são
Os alunos e alunas percebem ou não a avaliação da proposta?
Os instrumentos do programa que você mais utiliza são
Nome
91
ANEXOS
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Pró-Reitoria de Ensino – Pro-En
Centro de Educação de Ciências Humanas e da Comunicação – CEHCOM
Coordenação de Educação de Pessoas Jovens e Adultos
FICHA I – MATRIZ DE REFERÊNCIA
___CICLO ___TEMA:
__________________________________________________________
__________________________________________________________
______________________________
OBJETIVO GERAL:
__________________________________________________________
__________________________________________________________
______________________________
Conceitos/Temas
Descritores:* Habilidades e
competências
* Descritores são aprendizagens esperadas, concebidas e formuladas a partir
da associação entre conteúdos curriculares e operações mentais
desenvolvidas pelos alunos ou alunas, que se traduzem em certas
competências e habilidades.
92
FICHA – II: REGISTRO INDIVIDUAL – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: __________________________________________________________________
Filiação: Pai _____________________________________________________________
Mãe ____________________________________________________________
Nacionalidade: ___________________________________________________________
Naturalidade: ____________________________________________________________
Data de Nascimento: ______________________________________________________
Estado civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Outro(a)
Número de filhos: ______________________ Número de filhas: ____________________
Até que série freqüentou o Ensino Regular _______ ou ( ) Não freqüentou
Já freqüentou alguma modalidade de Educação de Pessoas Jovens e Adultas?
( ) Sim ( ) Não
Modalidade: ( ) presencial ( ) modularizado ( ) seriado ( ) à distância
( ) por ciclos de aprendizagem ( ) exames supletivos
Quanto tempo ficou sem freqüentar a escola? __________________________________
Há quanto tempo retornou aos estudos? _______________________________________
O que o(a) motivou a retornar aos estudos?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_______________________________________________
Grau de escolaridade do esposo(a) _____________________________________
Grau de escolaridade dos Pais: Pai ______________________ Mãe: __________
Número de irmãos _______________ Número de irmãs __________________________
Profissionalmente, qual sua situação, atual?
( ) autônomo ( ) empregado ( ) desempregado ( ) aposentado
( ) pensionista ( ) outro qual? ___________________________________________
Local de trabalho _________________________________________________________
Renda mensal ___________________________________________________________
93
FICHA – III: AVALIAÇÃO DO TEMA PELO PROFESSOR OU PROFESSORA
___Ciclo ____ Tema Mediador: _______________________________
Data:____/____/200___
Escala Semântica
Descritores
NE EM EP EC
1. A estética e a organização das diferentes áreas
do conhecimento, favorece o manuseio livro do
professor ou professora?
2. A estética e a organização das diferentes áreas
do conhecimento favorece a utilização dos
mesmos pelos alunos ou alunas?
3. Os conteúdos apresentados nas diferentes
disciplinas estão adequados ao nível de
desenvolvimento dos alunos e alunas e ao ciclo
correspondente?
4. As atividades/problematizações têm provocado
o interesse dos alunos e alunas?
5. A formação continuada tem contribuído para a
sua atuação no programa, de forma
significativa?
6. A forma como a proposta é apresentada e
trabalhada, garante a abordagem
interdisciplinar do conhecimento?
Pontos positivos do tema: Justifique
Pontos negativos do tema: Justifique
Se tivesse oportunidade, quais as mudanças que faria no tema?
Outras sugestões:
94
FICHA – IV: AUTO – AVALIAÇÃO DO ALUNO OU ALUNA
____Ciclo ____ Tema Semestre: ______ Mediador: ________________
Data:____/____/200___
Escala Semântica
Descritores: competências e habilidades
NE EM EP EC
1. É assíduo?
2. Demonstra e aplica conhecimentos
prévios trazendo informações pertinentes
aos assuntos/conteúdos/tópicos tratados?
3. Demonstra interesse e participação nas
aulas, através de perguntas e respostas?
4. Apresenta atitude crítica em relação às
informações veiculadas nos diferentes
meios de comunicação?
5. Apresenta habilidade na identificação e
resoluções de problema?
6. Apresenta domínio da leitura e da escrita?
7. Demonstra capacidade de gerar hipóteses?
8. Demonstra capacidade de analisar,
sintetizar, interpretar dados, fatos e
situações, expondo suas idéias de forma
clara e organizada?
9. Atua de forma efetiva no grupo de
trabalho, planejando e decidindo no
coletivo?
10. Apresenta capacidade de criticar e aceitar
críticas?
11. Realiza as atividades propostas pelo
professor ou professora?
12. Aprofunda os temas estudados em sala,
através de outras leituras e pesquisas?
13.
Consegue estabelecer ligação/aplicação entre o
conteúdo que é estudado com o seu dia-a-dia?
14. É pontual na entrega dos trabalhos
solicitados?
15. Normalmente entende o assunto que é
trabalhado em sala?
16. É receptivo às reflexões do contexto
mundial?
95
Atividades de maior interesse:
Atividades de menor interesse:
Tenho dificuldades em:
Outras sugestões:
Local e data
Assinatura do aluno ou da aluna
96
FICHA – V: ENCAMINHAMENTO DO ALUNO OU DA ALUNA
Aluno ou aluna: ___________________________________________________
Professor ou professora ____________________________________________________
Núcleo _________________ ____ Tema ____ Ciclo
Tema____________________________
_______________________________________
Data ____/____/200__
Descrição do desempenho que originou o encaminhamento:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Estratégia de ação:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________
Avaliação:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Professor ou professora responsável: ________________________________________
______________ ______________ ______________
Ass. Aluno ou aluna Ass. Mediador Prof ou Profª Resp.
97
FICHA VI – AUTO-AVALIAÇÃO DO PROFESSOR OU PROFESSORA
MEDIADOR
____Ciclo ____ Tema Semestre: ______ Mediador: ________________
Data:____/____/200___
Escala Semântica
Descritores
NE EM EP EC
1.
Cumpre com o horário das aulas?
2.
Participa ativamente do programa de formação
continuada?
3.
Conhece os pressupostos filosóficos, teóricos e
metodológicos que fundamentam a proposta da
EJA?
4.
Faz a abertura do tema, coordenando as discussões
e reflexões?
5.
Trabalha ao longo do tema com as letras e músicas
do tema?
6.
Acompanha o desenvolvimento das atividades
propostas aos alunos e alunas?
7.
Planeja semanalmente as atividades de sala de aula,
juntamente com os demais professores do ciclo?
8.
Tem usado regularmente o material proposto pelo
programa?
9.
Garante a recuperação de estudos aos alunos e
alunas que apresentam dificuldades de
aprendizagem nos temas abordados?
10.
Faz registro diário das atividades desenvolvidas em
sala de aula?
11.
Faz regularmente o registro do desenvolvimento
individual (dos alunos e alunas)?
12.
Informa ao aluno ou aluna, seus avanços, e se for o
caso, comentando sobre as dificuldades e forma de
encaminhamentos?
13.
Possibilita aos professores ou professoras das
diferentes áreas do conhecimento formas que
possam desenvolver os conceitos a elas inerentes?
14.
Garante a articulação entre os diferentes conteúdos
disciplinares, evitando a fragmentação do
conhecimento?
15.
Implementa as discussões de sala de aula, com
materiais diversos (vídeos, jornais, revistas, entre
outros)?
16.
Trabalha pesquisa orientada?
98
FICHA – VII: AUTO-AVALIAÇÃO DO PROFESSOR OU PROFESSORA
____Ciclo ____ Tema Semestre: ____________
Data:____/____/200___
Professor e ou Professora: ___________________________________________
Escala Semântica
Descritores
NE EM EP EC
1.
Cumpre com o horário das aulas?
2.
Participa ativamente do programa de formação
continuada?
3.
Conhece os pressupostos filosóficos, teóricos e
metodológicos que fundamentam a proposta da
EJA?
4.
Trabalha a área específica, estabelecendo a
articulação com o trabalho desenvolvido pelo
Mediador?
5.
Acompanha o desenvolvimento das atividades
propostas aos alunos e alunas?
6.
Planeja semanalmente as atividades de sala de aula,
juntamente com os demais professores do ciclo?
7.
Tem usado regularmente o material proposto pelo
programa?
8.
Garante a recuperação de estudos aos alunos e
alunas que apresentam dificuldades de
aprendizagem nos temas abordados?
9.
Faz regularmente o registro do desenvolvimento
individual (dos alunos e alunas)?
10.
Informa ao aluno ou aluna, seus avanços, e se for o
caso, comentando sobre as dificuldades e forma de
encaminhamentos?
11.
Possibilita aos professores e professoras das
diferentes áreas do conhecimento formas que
possam desenvolver os conceitos a elas inerentes?
12.
Garante a articulação entre os diferentes conteúdos
disciplinares, evitando a fragmentação do
conhecimento?
13.
Implementa as discussões de sala de aula, com
materiais diversos (vídeos, jornais, revistas, entre
outros)?
14.
Trabalha pesquisa orientada?
15.
Trabalha ao longo do tema com as letras/músicas
do mesmo?
99
FICHA – VIII: AVALIAÇÃO DO MEDIADOR OU DA MEDIADORA
PELO ALUNO OU ALUNA
____Ciclo ____ Tema Semestre: ______
Data:____/____/200___
Professor e ou Professora: ___________________________________________
Escala Semântica
Descritores
NE EM
EP EC
1. Cumpre com o horário das aulas?
2. É democrático, incentivando a participação de
todos na sala de aula?
3. Faz a abertura do tema, coordenando as
discussões e reflexões com os alunos e alunas?
4. Faz uso das letras – músicas referentes ao tema
para incentivar as discussões em sala?
5. Acompanha o desenvolvimento das atividades
propostas para os alunos e alunas?
6. Usa linguagem apropriada favorecendo a
compreensão do conteúdo trabalhado?
7. Trabalha as dificuldades dos alunos e alunas
quando solicitado?
8. Informa aos alunos e alunas seus avanços e
suas limitações/dificuldades?
9. Desenvolve estratégia de recuperação paralela
quando o aluno ou a aluna apresenta
dificuldades de aprendizagem?
10. Enriquece as discussões de sala de aula com
materiais diversos (vídeos, jornais, revistas,
entre outros)?
11. Trabalha pesquisa orientada?
Nossas aulas são:
______________________________________________________________________
_
Se tivesse oportunidade, mudaria:
100
FICHA – IX: AVALIAÇÃO DO PROFESSOR OU DA PROFESSORA DA
DISCIPLINA PELO ALUNO OU ALUNA
____Ciclo ____ Tema Semestre: ______
Data:____/____/200___
Professor e ou Professora: _______________________________________________
Escala Semântica
Descritores
NE EM EP
EC
1. Cumpre com o horário das aulas?
2. É democrático, incentivando a participação de
todos na sala de aula?
3. Trabalha a área específica, estabelecendo a
articulação com o trabalho desenvolvido pelo
Mediador?
4. Faz uso das letras – músicas referentes ao tema
para incentivar as discussões em sala?
5. Acompanha o desenvolvimento das atividades
propostas para os alunos e alunas?
6. Usa linguagem apropriada favorecendo a
compreensão do conteúdo trabalhado?
7. Trabalha as dificuldades dos alunos e alunas
quando solicitado?
8. Informa aos alunos e alunas seus avanços e
suas limitações/dificuldades?
9. Desenvolve estratégia de recuperação paralela
quando o aluno ou a aluna apresenta
dificuldades de aprendizagem?
10. Enriquece as discussões de sala de aula com
materiais diversos (vídeos, jornais, revistas,
entre outros)?
Nossas aulas são:
Se tivesse oportunidade, mudaria:
101
FICHA – X: AVALIAÇÃO PARCIAL DO ALUNO OU ALUNA PELO
PROFESSOR OU PROFESSORA
____Ciclo ____ Tema Semestre: ______ Mediador: ________________
Data:____/____/200___
Escala Semântica
Descritores: competências e habilidades
NE EM EP EC
1. É assíduo?
2. Demonstra e aplica conhecimentos prévios
trazendo informações pertinentes aos
assentos/conteúdos/tópicos tratados?
3. Demonstra interesse e participação nas
aulas, através de perguntas e respostas?
4. Apresenta atitude crítica em relação às
informações trazidas pelos diferentes meios
de comunicação?
5. Apresenta habilidade na identificação e
resoluções de problema?
6. Apresenta domínio da leitura e da escrita?
7. Demonstra capacidade de gerar hipóteses?
8. Demonstra capacidade de analisar,
sintetizar, interpretar dados, fatos e
situações, expondo suas idéias de forma
clara e organizada?
9. Atua de forma efetiva no grupo de trabalho,
planejando e decidindo no coletivo?
10. Apresenta capacidade de criticar e aceitar
críticas (pontos fracos e debilidades)?
11. Realiza as atividades propostas pelo
professor/a?
12. Aprofunda os temas estudados em sala,
através de outras leituras e pesquisas?
13. Consegue estabelecer ligação/aplicação
entre o conteúdo que é estudado com o seu
dia-a-dia?
14. É pontual na entrega dos trabalhos
solicitados?
15. Normalmente entende o assunto que é
trabalhado em sala?
16. É receptivo as reflexões do contexto
mundial?
102
Percebo que o aluno ou a aluna em questão apresenta mais facilidade:
Suas dificuldades estão relacionadas:
Assinatura do professor ou professora
103
103
Quadro síntese da proposta metodológica da EJA: “A Constituição Histórica do Sujeito” para o “Curso de Educação de Jovens e Adultos em nível de
Ensino Fundamental e de Ensino Médio, na modalidade presencial e com avaliação no processo”
CICLO
(1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL)
EIXOS
TEMAS
1º - Nós e o espaço/tempo em que vivemos 2º - Nós no mesmo espaço/tempo mas muito diferentes
3º - Nós nesse espaço/tempo produzimos o quê? Para
quem? Como? Para quê?
1
Quem sou eu?
Música-tema: Quem sou eu?
Arildo Simão da Silva
2
Eu e o outro
Música-tema: Baader-Meinhof Blues
Legião Urbana – Renato Russo
3
Onde eu vivo
Música-tema: Gente Humilde
Vinicius de Morais/Chico Buarque/Garoto
4
Origens, influências e identificações
Música-tema: Os brasíadas
Paulinho Soares
5
Formas de Produção local
Música-tema: Admirável Gado Novo
Zé Ramalho
104
104
CICLO
(1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL)
EIXO
TEMA
1º - Nós e o espaço/tempo em que vivemos 2º - Nós no mesmo espaço/tempo, mas muito diferentes
3º - Nós nesse espaço/tempo produzimos o quê? Para
quem? Como? Para quê?
1
Relações com a natureza
Música-tema: O Sal da Terra
Beto Guedes
2
Relações com as Organizações sociais
Música-tema: Que país é esse?
Legião Urbana – Renato Russo
3
Brasil e suas diversidades culturais
Música-tema: Aparthaid não
Meriti / Cruz / Franco
Música-tema: Balança Brasil
Michael Sullivan/Carlinhos Conceição
4
Formas de produção de diferentes
regiões
Música-tema: Cidadão
Lúcio Barbosa
105
105
CICLO
(5ª E 6ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL)
EIXOS
TEMAS
1º Eixo - Nós e o espaço/tempo em que vivemos
2º Eixo - Nós no mesmo espaço/tempo, mas muitos
diferentes
3º Eixo - Nós nesse espaço/tempo produzimos o quê? Como?
Para quê
1
Origens e Transformações
Música-tema: Eu nasci há dez mil anos atrás
Raul Seixas
Música-tema: O dia do Criador
Elba Ramalho
2
Mesma época, diferentes tempos
Música-tema: Curupira
Raízes Caboclas
Música-tema: Um índio
Caetano Veloso
Música-tema: Caldeirão dos Mitos
Elba Ramalho
3
Memórias: Permanências e mudanças
Música-tema: Nádegas a declarar
Gabriel Pensador
Música-tema: Sobradinho
Sá e Guarabira
Música-tema: Saga da Amazônia
Vital Farias
4
Trabalho: Organização do espaço e suas relações
sócio-culturais
Música-tema: Vai trabalhar Vagabundo
Chico Buarque
Música-tema: Comportamento geral
Gonzaguinha
106
106
CICLO
(7ª E 8ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL)
EIXOS
TEMAS
1º Eixo - Nós e o espaço/tempo em que vivemos
2º Eixo - Nós no mesmo espaço/tempo, mas muitos
diferentes
3º Eixo - Nós nesse espaço/tempo produzimos o quê?
Como? Para quê?
3
Mudanças no mundo do trabalho
Música-tema: A paz
Gilberto Gil/ João Donato
Música-tema: Pra não dizer que não falei das
flores
Geraldo Vandré
1
Religiosidade
Música-tema: Perto demais de Deus
Chico César
Música-tema: Sobre todas as coisas
Chico Buarque e Edu Lobo
Música-tema: Procissão
Gilberto Gil
Música-tema: Cálice
Chico Buarque
2
Novas fronteiras, novas marcas
Música-tema: Brasil Pandeiro
Assis Valente
Música-tema: Chiclete com Banana
Gordurinha
Música-tema: Eu não falo Gringo
João Nogueira
Música-tema: Samba do Aproach
Zeca Baleiro
4
Inovações Tecnológicas
Música-tema: Parabolicamará
Gilberto Gil
Música-tema: Expresso 2222
Gilberto Gil
Música-tema: A Parabólica
Luis Grande
107
107
CICLO
(ENSINO MÉDIO)
EIXOS
TEMAS
1º Eixo - Nós e o espaço/tempo em que vivemos
2º Eixo - Nós no mesmo espaço/tempo, mas muitos
diferentes
3º Eixo - Nós nesse espaço/tempo produzimos o quê?
Como? Para quê?
2
Brasil. Que país é este afinal?
Música-tema: Brasil
Cazuza
Música-tema: Que será que será
Chico Buarque de Holanda
4
Onde estamos? O que produzimos? O que
faremos?
Música-tema: Alegria, alegria
Caetano Veloso
Música-tema: Pra soletrar a liberdade
Zé Pinto
1
E agora? Quem somos?
Música-tema: Somos quem podemos ser
Engenheiros do Hawai
Música-tema: Zé Ninguém
Biquíni Cavadão
3
Que lugar/cotidiano vivemos?
Música-tema:Manter a esperança
Ademar Bogo
Música-tema: A banda
Chico Buarque de Holanda
Música-tema: Como nossos pais
Belchior
5
Que efeitos? Que transformações? O que
faremos?
Música-tema: Até quando?
Gabriel Pensador
Música-tema: Sonhar não cansa
Ademar Braga
Música-tema: Tempos modernos
Lulu Santos
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