cinema
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. Seus livros já receberam alguns prêmios, entre eles: Prêmio Cidade de Lisboa, em
1978, por Casas pardas; Prêmio D. Dinis, em 1985, por Lúcialima; Prêmio de Ficção do Pen
Club Português, em 1988, por Missa in albis; Prêmio da crítica da Associação Internacional
de Críticos Literários, em 1995, e Prêmio Conto Camilo Castelo Branco, em 1996, por Dores;
Prêmio Virgílio Ferreira, da Universidade de Évora, em 1997, pelo conjunto da obra; Grande
Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 2000, por Irene ou
o contrato social; e Prêmio Camões, em 2002.
Embora tenha sido comumente festejada pela crítica, sua obra já sofreu restrições –
impostas não pela comunidade acadêmica, que a tem acolhido e reconhecido seu mérito, mas
pelo poder oficial – como foi o caso das Novas cartas portuguesas, que lhe custou um
processo judicial. De modo geral, seus romances figuram entre os mais representativos da
ficção portuguesa contemporânea e têm sido objeto de vários estudos. É o caso de Maina
Mendes, romance cujo caráter revolucionário é constantemente apontado pelos críticos, não
só pela qualidade do texto, como também pelas técnicas narrativas utilizadas, as quais,
embora não promovam um total alheamento do cânone romanesco, chegam a provocar uma
desestabilização dentro dos limites do gênero.
Eduardo Lourenço
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, no prefácio que fez à segunda edição do romance, afirma que a
história da heroína “é, sobretudo, e porventura com mais fundo entendimento dela, a aventura
da ficção que a inventa, e que tem no espelhismo permanente entre a peripécia e sua poética, o
seu fulcro mais revolucionário” (p. 16). O crítico concentra-se, portanto, na palavra
romanesca e no modo como ela encena a reivindicação de uma “palavra total em boca de
mulher” (p. 9). O romance é inserido, assim, na “história real e textual da moderna
consciência feminina” em que se verifica a “passagem da mulher como «objecto» à sua
conversão em «sujeito»” (p. 12). Para Lourenço, “Maina Mendes não existe para nós com a
autonomia clássica das heroínas investidas pelo olhar masculino, mas na opacidade irredutível
e fragmentada da voz que a evoca e evocando-a a constitui como sujeito” (p. 13). No entanto,
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Inferno (roteiro cinematográfico, com António Cabrita, 2002); Que farei com esta espada? (filme de João
César Monteiro, textos de Maria Velho da Costa, 1975); Veredas (filme de João César Monteiro, textos de
Maria Velho da Costa, Carlos de Oliveira, Euménides de Esquilo, José Gomes Ferreira e João César Monteiro,
1978); Ninguém (encenação de Ricardo Pais, texto de Maria Velho da Costa e Alexandre O’Neill, 1979);
Silvestre (filme de João César Monteiro, argumento em colaboração com Maria Velho da Costa, 1982); As
damas do longe (roteiro televisivo de Maria Velho da Costa e José Fanha, 1991 [Não realizado]); Rosa negra
(filme de Margarida Gil, argumento de Maria Velho da Costa e Margarida Gil, 1992); Anjo da guarda (filme de
Margarida Gil, argumento de Maria Velho da Costa e Margarida Gil, 1998); Mal (filme de Alberto Seixas
Santos, argumento de Maria Velho da Costa, António Cabrita, Luís Salgado de Matos e José Dias de Souza e de
Alberto Seixas Santos, 1999); Adriana (filme de Margarida Gil, argumento de Maria Velho da Costa e
Margarida Gil, 2003); A cama do gato (filme de Margarida Gil, argumento de Maria Velho da Costa e
Margarida Gil [em preparação]).
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Op. cit. (nota 7, p. 13).