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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ASSOCIAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO I/D NO GENE DA ENZIMA
CONVERSORA DE ANGIOTENSINA E A POTÊNCIA AERÓBIA EM IDOSAS
BRASILEIRAS
Tailce Kaley Moura Leite
BRASÍLIA/DF
2008
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TAILCE KALEY MOURA LEITE
ASSOCIAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO I/D NO GENE DA ENZIMA
CONVERSORA DE ANGIOTENSINA E A POTÊNCIA AERÓBIA EM IDOSAS
BRASILEIRAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Strictu Sensu em Educação Física da
Universidade Católica de Brasília, como requisito
para a obtenção do Título de Mestre em Educação
Física.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Jacó de Oliveira
Co-orientador: Prof. Dr. Rinaldo Wellerson Pereira
BRASÍLIA
2008
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DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois tudo posso naquele que me fortalece.
Agradeço aos meus pais, Celso e Celeste, pelo apoio, amor incondicional e pela confiança
depositados em mim. Vocês são as pessoas mais importantes em minha vida. Amo muito
vocês!
Agradeço à grande amiga Kelen, pelo companheirismo, carinho, alegrias, paciência, tempo
dispensado em colaboração com o presente trabalho e por me acolher juntamente com sua
família.
Agradeço aos meus orientadores Prof. Ricardo Jacó e Prof. Rinaldo Wellerson pelos
ensinamentos, valiosas críticas e sugestões, boa vontade e auxílio, estando sempre acessíveis
nos momentos em que precisei.
Agradeço a André pelo apoio, compreensão, atenção, bom humor, incentivos e preocupação.
Apesar da distância, está sempre presente.
Agradeço a todos os colegas do grupo de estudos em Atividade Física e Genética, pois sempre
trabalhamos em grupo e a ajuda e colaboração de cada um foi fundamental. Grassy, vonão
é do grupo da genética, mas também merece agradecimentos, valeu!
Agradeço a todas as voluntárias que participaram da pesquisa, pois sem elas nada seria
possível. Muito obrigada!
Sou particularmente grata à bolsa de estudos oferecida pela Capes, bolsa a qual possibilitou a
realização de mais etapa em meus estudos.
EPÍGRAFE
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!"
RESUMO
O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, no qual ocorrem modificações
fisiológicas que acarretam perda progressiva na capacidade de adaptação do indivíduo ao
meio-ambiente. Dentre estas, uma diminuição da capacidade cardiovascular e respiratória,
acompanhada pelo risco aumentado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e
diminuição da qualidade de vida. A potência aeróbia é influenciada por fatores ambientais e
genéticos, e pode estar associada ao gene da enzima conversora de angiotensina (ECA), o
qual codifica a enzima conversora de angiotensina, participante do sistema renina
angiotensina. Portanto, este estudo teve o objetivo de verificar a associação entre o
polimorfismo ID do gene da ECA e o fenótipo de potência aeróbia (VO
2pico
) em 189 idosas
brasileiras (65,84±4,94 anos). O nível de atividade física das participantes foi avaliado pelo
IPAQ e também foi utilizado um questionário de caracterização amostral. Além disso, a
composição corporal foi avaliada por DXA e a potencia aeróbia foi determinada por
ergoespirometria direta em um teste incremental máximo na esteira em protocolo de rampa
com duração média de 9 minutos. DNA genômico de alto peso molecular foi extraído dos
leucócitos do sangue utilizando-se o método salting out e o polimorfismo ID foi identificado
por PCR acrescida de PCR-confirmatória. Para verificar a associação entre o VO
2pico
e o
polimorfismo ID foi realizada uma ANCOVA incluindo idade, MLG total e percentual de
gordura como covariantes. A distribuição genotípica do polimorfismo ID estava de acordo
com o esperado pelo equilíbrio de Hardy-Weinberg, no entanto, não foram observadas
diferenças significativas na potência aeróbia entre os genótipos (II, ID e DD), p = 0,349.
Portanto, conclui-se que não associação entre o polimorfismo ID do gene da ECA e o
fenótipo de potência aeróbia (VO
2pico
).
Palavras-chave: ECA, polimorfismo ID, potência aeróbia, idosas.
ABTRACT
Aging is a dynamic and progressive process in which occurs physiologic modifications that
induces a progressive loss in individual’s environment adaptation capacity. Among these
modifications, there is a decrease in cardiorespiratory capacity, an increased risk of the
development of cardiovascular diseases, and a decrease in quality of life. Aerobic power is
influenced by environmental and genetic factors, and it could be associated to angiotensin
converting-enzyme (ACE) gene, which codifies the ACE, a component of the rennin
angiotensin system. Therefore, this study had the purpose of verifying the association between
ACE genotype insertion/deletion (ID) polymorphism and the phenotype of aerobic power
(VO
2peak
) in 189 Brazilian elderly women (65,84 ± 4,94 yrs). Physical activity level was
assessed by the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Also, a questionnaire
was applied for sample characterization. Body composition was assessed by DXA and aerobic
power was determined by indirect calorimetry during a maximal graded exercise test (GXT)
using a ramp protocol with mean duration time of 9 minutes. Genomic DNA of high
molecular weight was extracted from the blood leucocytes by salting out method and ID
polymorphism was identified by PCR followed by a confirmatory-PCR. An ANCOVA was
used to verify the differences on VO
2peak
among ACE genotype groups. Age, fat free mass,
and percent body fat were used as covariates. The ID polymorphism genotype frequencies
found were in agreement with the expected for Hardy-Weinberg’s equilibrium, although
significant differences on aerobic power were not observed among II, ID and DD genotypes
(p = 0,349). In conclusion, there is no association between ACE gene ID polymorphism and
the phenotype of aerobic power (VO
2peak
).
Key Words: ACE, ID polymorphism, aerobic power, elderly women.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Papel da ECA nos sistemas Renina-Angiotensina e Cinina-
Calicreína............................................................................................................................. .....23
Figura 02. Exemplo de fotografia da quantificação do DNA de alto peso molecular
extraído das amostras sanguíneas realizada em gel de agarose.......................................... .....41
Figura 03. Fotografia da eletroforese em gel de agarose 1%, realizada para verificação da
eficácia da PCR e identificação dos genótipos................................................................... .....42
Figura 04. Fotografia da eletroforese em gel de agarose 1%, realizada para confirmação
dos genótipos...................................................................................................................... .....43
Figura 05. Freqüência de distribuição dos genótipos.................................................... .....43
Figura 06. VO
2pico
em relação aos genótipos............................................................... .....46
Figura 07. Valores médios da pressão arterial mensurada durante a recuperação do teste
de potência aeróbia, em relação ao polimorfismo ID do gene da
ECA.................................................................................................................................... .....49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Nível de Aptidão Física do American Heart Association (AHA) - VO
2max
(ml/kg/min).......................................................................................................................... .....22
Tabela 2. Valores médios e desvios-padrão das características antropométricas da
amostra ..................................................................................................................... .....39
Tabela 3. Freqüência (n) e percentual (%) de manifestação das características amostrais
em relação a tabagismo, obesidade, reposição hormonal, auto-definição de cor da pele,
presença de doenças crônicas não transmissíveis e nível de atividade
física.................................................................................................................................... .....40
Tabela 4. Valores médios e desvios-padrão das características antropométricas da
amostra em relação ao polimorfismo ID do gene da
ECA......................................................................................................................... .................44
Tabela 5. Freqüência (n) e percentual (%) de distribuição dos genótipos em relação às
características amostrais de tabagismo, obesidade, reposição hormonal, auto-definição da cor
da pele e doenças crônicas não
transmissíveis............................................................................................... .............................44
Tabela 6. Valores médios e desvios-padrão das variáveis hemodinâmicas em repouso, em
relação ao polimorfismo ID do gene da
ECA......................................................................................................................... .................45
Tabela 7. Valores médios e desvios-padrão das variáveis mensuradas no teste de potência
aeróbia durante o momento de esforço máximo, referentes ao grupo amostral total e aos
grupos distribuídos em relação ao polimorfismo ID do gene da
ECA......................................................................................................................... .................46
Tabela 8. Freqüências (n) de pontuação na escala de percepção subjetiva do esforço no
momento da exaustão, em relação ao grupo amostral total e aos grupos distribuídos em
relação ao polimorfismo ID do gene da ECA. ....................................................... .................47
Tabela 9. Freqüência (n) e percentual (%) de utilização de medicamentos IECA e
ARAng e valores médios e desvios-padrão da potência aeróbia em relação aos grupos com e
sem medicação...................................................................................................... .................48
Tabela 10. Valores médios e desvios-padrão das variáveis mensuradas durante a
recuperação do teste de potência aeróbia, referentes ao grupo amostral total e aos grupos
distribuídos em relação ao polimorfismo ID do gene da ECA ................................... ....48
Tabela 11. Freqüências alélicas do polimorfismo ID no gene da ECA em estudos prévios
realizados em diferentes países........................................................................................... .....52
Tabela 12. Estudos prévios que avaliaram a potência aeróbia em idosas..................... .....56
Tabela 13. Estudos prévios que associaram o polimorfismo ID do gene da ECA com a
performance física............................................................................................................... .....58
Tabela 14. Estudos prévios que associaram o polimorfismo ID do gene da ECA com a
potência aeróbia (VO
2max
ou VO
2pico
)................................................................................. .....61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA Análise de variância
ANCOVA Análise de covariância
ARAng Antagonista do receptor de angiotensina 2
a-vDO
2
Diferença arterio-venosa de oxigênio
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
D Deleção
DC Débito cardíaco
DNA Ácido desoxirribonucléico (do inglês, deoxyribonucleic acid)
dp Desvio-padrão
DXA Absortometria de raios-x de dupla energia (do inglês, dual energy X-ray
absorptiometry)
ECA Enzima conversora de angiotensina
FC Freqüência cardíaca
FC
max
Freqüência cardíaca máxima
RFLP do inglês, Restriction Fragment Lenght Polymorphism.
I Inserção
ID Inserção-deleção
IECA Inibidor da enzima conversora de angiotensina
IMC Índice de massa corporal
IPAQ Questionário Internacional de Atividade Física (do inglês,
(International Physical Activity Questionnaire)
LEEFS Laboratório de Estudos em Educação Física e Saúde
MET Equivalente metabólico basal
MLG Massa livre de gordura
n Amostra
PA Pressão arterial
PAD Pressão arterial diastólica
PAS Pressão arterial sistólica
pb Pares de bases
PCR Reação em Cadeia da Polimerase (do inglês, Polymerase Chain
Reaction)
R Razão de troca respiratória
RPT Resistência periférica total
SRA Sistema renina angiotensina
TIE Teste incremental na esteira
UCB Universidade Católica de Brasília
VE Ventilação
VO
2max
Consumo máximo de oxigênio
VO
2pico
Pico de consumo de oxigênio
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................................................................... 15
2. Objetivo ..................................................................................................................... 18
3. Revisão de Literatura ............................................................................................. 19
3.1 Envelhecimento ............................................................................................. 19
3.1.1 Conceito e teorias do envelhecimento .......................................................... 19
3.1.2 Impacto do envelhecimento na composição corporal ................................... 20
3.1.1 Impacto do envelhecimento no sistema cardiovascular e respiratório........... 21
3.2 Sistema Renina-Angiotensina e Enzima Conversora de Angiotensina (ECA) ..... 23
3.3 Polimorfismo ID do gene da ECA ...................................................................... 24
3.3.1 Polimorfismo ID do gene da ECA em associação com fenótipos de
performance e saúde .................................................................................. ........... 25
3.3.2 Polimorfismo ID do gene da ECA e o fenótipo de Potência Aeróbia......... 27
4. Metodologia ......................................................................................................... 30
4.1 Delineamento da Pesquisa ................................................................................. 30
4.2 Amostra................................................................................................................... 30
4.3 Procedimentos para a coleta de dados .................................................................... 30
4.3.1 Comitê de Ética em Pesquisa ...................................................................... 30
4.3.2 Caracterização dos níveis de atividade física dos participantes .................... 31
4.3.3 Avaliação da Composição Corporal .......................................................... 31
4.3.4 Teste de Potência Aeróbia (VO
2Pico
) ......................................................... 32
4.3.5 Genotipagem.................................................................................................. 34
4.3.5.1 Extração do DNA .................................................................................. 34
4.3.5.2 Quantificação do DNA ...................................................................... 35
4.3.5.3 Amplificação do DNA – Polimerase Chain Reaction (PCR) ........... 35
4.3.5.4 Polimorfismo do gene ECA ...................................................................... 36
4.3.5.5 PCR confirmatória ............................................. ....................................... 36
4.4 Análise Estatística.................................................................................................. 37
5. Resultados ................................................................................................................... 39
5.1 Caracterização da amostra ................................................................................. 39
5.2 Polimorfismo ID no gene da ECA ..................................................................... 41
5.3 Potência Aeróbia ..................... ...................................................................... 45
5.4 Recuperação ................................. ...................................................................... 48
6. Discussão ..................................................................................................................... 50
6.1 Características amostrais ................................................................................. 50
6.2 Polimorfismo ID no gene da ECA ..................................................................... 51
6.2.1 Freqüências alélicas e genotípicas ......................................................... 51
6.2.2 Associação com variáveis hemodinâmicas .............................................. 52
6.2.3 Associação com potência aeróbia (VO
2Pico
) .............................................. 53
7. Conclusão ..................................................................................................................... 62
Referências Bibliográficas................................................................................................ 63
Anexos .............................................................................................................................. 75
A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – UCB ........................................................ 75
B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ......................................................... 76
C – Questionário de Caracterização da Amostra ......................................................... 79
D – IPAQ ..................................................................................................................... 81
E – Classificação do IPAQ .............................................................................................. 86
15
1 Introdução
Desde que a expectativa média de vida ao nascer, verificada a partir de 1950,
aumentou cerca de 19 anos na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, a
população com mais de 60 anos de idade está crescendo rapidamente, com previsão de que,
em 2050, um quinto da população mundial seja composta por idosos. No Brasil, os idosos
representam um contingente de aproximadamente 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais
de idade, representando 8,6% da população, sendo que as mulheres têm em média oito anos a
mais na expectativa de vida em relação aos homens (IBGE, 2002). Portanto, o idoso ocupa,
cada vez mais, um papel de destaque na sociedade brasileira. E, nos próximos 20 anos, a
população idosa brasileira poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar
quase 13% da população.
O envelhecimento é, por definição, um processo dinâmico e progressivo, no qual
ocorrem modificações morfológicas, bioquímicas, funcionais e psicológicas, as quais
acarretam uma perda progressiva na capacidade de adaptação do indivíduo ao meio-ambiente,
ocasionando maior vulnerabilidade e incidência de processos patológicos que terminam por
levar o indivíduo à morte (PAPÁLEO NETTO, 1996; CARVALHO FILHO; NETTO, 2005).
De acordo com Matsudo et al. (2000), as pessoas tornam-se menos ativas à medida que a
idade cronológica aumenta, sendo que suas capacidades físicas diminuem. Uma das alterações
fisiológicas advindas com o envelhecimento é uma diminuição da capacidade cardiovascular,
com conseqüente diminuição do consumo máximo de oxigênio (VO
2max
), assim como exposto
por Heath et al. (1981), Rogers et al. (1990), Jackson et al. (1995), Talbot et al. (2000) e Fleg
et al. (2005). Wilson e Tanaka (2000) também relataram diminuição da capacidade do sistema
cardiovascular com o avanço da idade, avaliada pelo VO
2max
, ocasionando decréscimo na
capacidade funcional fisiológica, aumento do risco para desenvolver doenças cardiovasculares
e inclusive redução nas funções cognitivas, com conseqüente redução na qualidade de vida do
idoso. Sendo assim, é importante considerar a qualidade de vida dos idosos, buscando
prevenir ou, ao menos, retardar o aparecimento de doenças crônicas, pois estas, além de
representarem um risco à vida, constituem uma ameaça à independência.
Compreender as perdas da potência aeróbia com o envelhecimento é importante, pois
o VO
2máx
é utilizado como um parâmetro que reflete a capacidade funcional dos sistemas
cardiovascular e respiratório (ROGERS et al., 1990; UENO et al., 2002) e valores mínimos
são requeridos para manter as demandas fisiológicas necessárias e viver funcionalmente
independente. Paterson et al. citado por Matsudo et al. (2000) calcularam valores mínimos de
VO
2max
compatíveis com a vida independente, aos 85 anos, de 15 ml/kg/min para mulheres e
16
18 m/kg/min para homens. Portanto, na avaliação cardiorespiratória, baixos valores de VO
2max
sugerem comprometimento do sistema cardiopulmonar, com conseqüente insuficiência do
indivíduo em manter sua demanda energética e metabólica (NEDER et al., 2006). De acordo
com Talbot et al. (2000), as variações no consumo máximo de oxigênio advêm de alterações
fisiológicas, sendo que, dentre elas, destacam-se a diminuição do débito cardíaco (DC) e da
diferença artério-venosa de oxigênio (a-vDO
2
). também autores que sugerem alteração da
freqüência cardíaca (FC) e na pressão arterial (PA) como possíveis causas de queda no
VO
2max
(Hagberg et al., 2002).
Uma das frentes mais recentes de pesquisa com idosos busca estudar o mapeamento
genético, estabelecendo relações entre genótipos candidatos e determinados fenótipos, para
prognosticar modificações, fisiológicas ou patológicas, precocemente, possibilitando atuar
mais eficientemente na promoção da qualidade de vida desta população. De acordo com
Hagberg et al. (1998), este declínio na capacidade cardiorespiratória de idosos observada ao
longo do processo de envelhecimento pode estar associado ao gene da ECA (Enzima
Conversora de Angiotensina), sugerindo um caminho para o estudo da potência aeróbia. O
controle das concentrações circulantes da ECA ainda não é claro, mas sabe-se que a influência
genética está em nível da transcrição e envolve desequilíbrio de ligação com elementos
regulatórios do gene da ECA (CRISAN; CARR, 2000).
na literatura estudos que associam a potência aeróbia ao polimorfismo ID do gene
da ECA (HAGBERG et al., 1998; HAGBERG et al., 2002; ZHAO et al., 2003; DAY et al.,
2007). No entanto, os achados quanto a esta possível associação ainda são conflitantes e não
conclusivos. Existe ainda uma escassez de estudos avaliando esta associação do polimorfismo
do gene da ECA na população brasileira, e mais ainda, na população idosa. Inácio et al.
(2004) estudaram as freqüências alélicas e genotípicas para as cinco regiões brasileiras.
Entretanto, não foi feita associação com nenhum fenótipo específico.
Dessa forma, a detecção de fatores de predisposição genética, em conjunto com fatores
de risco ambientais, poderá ser utilizada como ferramenta para identificar indivíduos
propensos a certas limitações funcionais, possibilitando direcioná-los mais precocemente a
programas de prevenção. O prognóstico é que os conhecimentos genéticos da biotecnologia
sejam estudados epidemiologicamente e possam ser aplicados nas políticas de saúde pública
(BRAND et al., 2008). Portanto, ao identificar causas reversíveis, tratar perturbações
modificáveis e favorecer a adaptação às incapacidades já instaladas pode-se melhorar a
qualidade de vida do idoso. Além disso, a aplicação destas medidas, estruturadas e bem
direcionadas, envolvendo educação, atividade física e controle dos hábitos alimentares
17
apresenta custo-efetividade positivo, proporcionando redução de gastos públicos com
intervenções médicas (CARVALHO, 2006).
18
2 Objetivo
Verificar a associação entre o polimorfismo ID no gene da ECA (Enzima Conversora
de Angiotensina) e o fenótipo de potência aeróbia (VO
2Pico
) em idosas brasileiras.
19
3 Revisão de Literatura
3.1 Envelhecimento
3.1.1 Conceito e teorias do envelhecimento
O processo de envelhecimento se inicia desde a concepção, sendo então a velhice
definida como um processo dinâmico e progressivo no qual ocorrem modificações, tanto
morfológicas, funcionais e bioquímicas quanto psicológicas, que determinam a progressiva
perda das capacidades de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos (LOPES, 2000). Portanto, o
envelhecimento pode ser entendido como uma perda progressiva da capacidade de
homeostase, sendo que o idoso responde mais lentamente e menos eficazmente às alterações
ambientais, devido a uma deterioração dos mecanismos fisiológicos, tornando-se mais
vulnerável.
Dentre as correntes teóricas que procuram tecer considerações a respeito do
envelhecimento muitas estão obsoletas, e dentre as restantes pode-se fazer uma divisão em
dois grupos principais: teorias biológicas e teorias estocásticas (MOTA et al., 2004).
As teorias biológicas do envelhecimento examinam o assunto sob a ótica do declínio e
da degeneração da função e estrutura dos sistemas orgânicos e das células. Portanto, tendem a
focalizar os problemas que afetam a precisão do sistema orgânico durante o processo de
envelhecimento, sejam eles de origem genética, metabólica, celular ou molecular
(FARINATTI, 2002). Dentro do grupo de teorias com base biológicas, uma teoria de destaque
é a teoria do limite de Hayflick, conhecida também como teoria do relógio biológico, segundo
a qual as células têm a capacidade de se dividirem um certo número de vezes até um limite
máximo e então morrem, desencadeando o envelhecimento (PAPÁLEO NETTO, 1996;
MOTA et al., 2004). Também são muito difundidas as teorias com embasamento genético, as
quais postulam que a existência seria marcada por uma diminuição progressiva do processo
morfogenético de determinação, diferenciação e padrão de formação celular, isso desde o
período embrionário e em função de controle genético (FARINATTI, 2002). Entretanto, ainda
são necessários mais estudos para se comprovar ou refutar o controle genético sobre o
processo de envelhecimento celular e seu impacto no processo geral de senescência.
as teorias estocásticas sugerem que a perda de funcionalidade que acompanha o
fenômeno de envelhecimento é causada pelo acúmulo aleatório de lesões em moléculas vitais,
associado à ação ambiental, o que provoca um declínio fisiológico progressivo (MOTA et al.,
2004).
20
Embora as teorias do envelhecimento sejam estudadas de forma independente, indícios
apontam para o fato de que elas estejam ligadas umas as outras (SHEPHARD, 1997). No
entanto, existem ainda muitas dúvidas sobre a real influência de cada uma das teorias
propostas pela literatura no processo global de envelhecimento biológico, assim como sobre a
possível interação entre elas. Entretanto, está claro que dentre as inúmeras definições de
envelhecimento, existem diversas orientações teóricas subjacentes, mas todas compartilham a
noção de perda de funcionalidade progressiva com a idade e conseqüente aumento da
suscetibilidade e incidência de doenças, aumentando a probabilidade de morte.
Sabe-se que o processo de envelhecimento varia de indivíduo para indivíduo, e é
influenciado tanto por fatores intrínsecos como extrínsecos. Alimentação, tensão emocional e
quantidade de atividade física figuram dentre os fatores ambientais os quais influenciam no
envelhecimento. Já a genética, é um fator intrínseco que influencia a longevidade (RAMOS,
1999; CARVALHO FILHO; NETTO, 2005).
3.1.2 Impacto do envelhecimento na composição corporal
Durante o processo de envelhecimento o corpo humano sofre alterações anatômicas
em sua composição e forma. A musculatura esquelética tende a perder progressivamente a
habilidade de resposta a estímulos anabólicos, o que leva a sarcopenia, que é a perda
progressiva da massa muscular relacionada ao envelhecimento, ocasionando fraqueza
muscular, mobilidade limitada e maior suscetibilidade a quedas (FUGITA; VOLPI, 2006).
O declínio na massa muscular é acompanhado por uma redução da força muscular,
fenômeno este observado mesmo em idosos saudáveis (JANSSEN et al., 2002). A força
muscular atinge seu pico entre a segunda e terceira década de vida e permanece em equilíbrio
até aproximadamente os 50 anos de idade, quando começa a decrescer de forma acelerada
(NAIR, 1995). Com o envelhecimento do sistema muscular, as fibras musculares que
desaparecem são substituídas por tecido conjuntivo, ocorrendo um aumento no colágeno
intersticial no músculo do idoso. Além disto, as fendas sinápticas ficam maiores e a área de
contato entre o axônio e a membrana celular torna-se menor, com conseqüente diminuição na
velocidade de transmissão de impulsos nervosos (PAPÁLEO NETTO, 1996; CARVALHO
FILHO; NETTO, 2005).
Além da diminuição da massa muscular, o envelhecimento usualmente acarreta um
aumento da massa de gordura corporal (KIRKENDALL; GARRETT, 1998). Hughes et al.
(2004) realizaram o acompanhamento de um grupo de idosos, no qual havia 75 mulheres com
idade média de 60,1±7,8 anos, durante aproximadamente 10 anos e verificaram que a massa
21
corporal aumentou significativamente da primeira para a última avaliação, elevação esta
atribuída principalmente ao aumento concomitante na massa gorda. Este aumento no tecido
adiposo corporal, documentado pela avaliação com diferentes técnicas, tem sido relacionado
ao aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis (HUGHES et al., 2004).
Em relação à estatura, Sorkin et al. (1999) relataram uma diminuição com a idade
(estudo transversal) e com o envelhecimento (estudo longitudinal), tanto para homens quanto
para mulheres. Hughes et al. (2004) também observaram uma redução significativa na
estatura de mulheres idosas avaliadas longitudinalmente. Segundo Papáleo Netto (1996), a
diminuição da estatura com o passar dos anos ocorre por causa da cifose e da compressão
vertebral, através do estreitamento dos discos, e ocorre predominantemente em mulheres
devido à menopausa.
Com o avanço da idade também um crescente desequilíbrio entre os processos de
absorção e formação óssea, levando à progressiva diminuição da densidade mineral óssea,
(CHANDLER et al., 2000), o que torna os ossos mais frágeis e aumenta o risco de fraturas.
3.1.3 Impacto do envelhecimento no sistema cardiovascular e respiratório
O envelhecimento do sistema cardiovascular perpassa por mudanças anatômicas e
funcionais. É característica das fases adiantadas da velhice a dilatação aórtica e a hipertrofia e
dilatação do ventrículo esquerdo do coração, associados a um ligeiro aumento da pressão
arterial (MARCHI NETTO, 2004). Sendo assim, em parte devido à maior pressão sistólica e
em parte devido ao aumento do volume diastólico final, a espessura da parede ventricular
esquerda aumenta (SHEPHARD, 1997).
Com o envelhecimento, o sistema cardiovascular sofre alterações fisiológicas, sendo
que, dentre elas, destacam-se a diminuição do débito cardíaco (DC) e da diferença artério-
venosa de oxigênio (a-vDO
2
), com conseqüente diminuição do consumo máximo de oxigênio
VO
2max
(HEATH et al., 1981; ROGERS et al., 1990; JACKSON et al., 1995; TALBOT et
al., 2000; WEISS, et al., 2006). O consumo máximo de oxigênio, ou potência aeróbia, é
determinado pela capacidade do sistema cardiorespiratório em obter e distribuir oxigênio para
os tecidos, pelo potencial dos tecidos em extrair oxigênio da circulação, e ainda pela
capacidade de utilização deste oxigênio pelas mitocôndrias durante realização de exercício em
intensidade severa (BASSETT JR.; HOWLEY, 2000). Então, o VO
2máx
é utilizado como um
parâmetro que reflete a capacidade funcional dos sistemas cardiovascular e respiratório
(ROGERS et al., 1990; UENO et al., 2002). Hagberg et al. (1998) também consideram o
máximo consumo de oxigênio como sendo um importante parâmetro clínico e fisiológico,
22
pois se associa com variáveis tais como risco para desenvolver doenças cardiovasculares e
como performance em eventos competitivos de endurance. De acordo com Balmer et al.
(2005), a potência aeróbia aumenta até aproximadamente os 29 anos de idade, e
aproximadamente aos 30 começa a decrescer.
um consenso na literatura a respeito da redução nos valores de VO
2máx
dos
indivíduos em função do processo de envelhecimento (ASTRAND et al., 1973; ROGERS et
al., 1990; DeMEERSMAN, 1993; ACSM, 1998; HOLLEMBERG, et al., 2006). Existem
estudos que mencionam que a redução do VO
2máx
é de 5 a 15% por década após a idade de 25
anos em indivíduos sedentários (HEATH et al., 1981), porém em indivíduos que mantém um
nível mínimo de condicionamento físico ao longo do processo de envelhecimento esta
redução pode ser menor, variando de 5% a 6% por década (POLLOCK et al., 1997).
O VO
2max
varia amplamente entre indivíduos, e o nível de atividade física habitual de
cada pessoa contribui para uma proporção substancial dessa variância interindividual. No
entanto, após relevar as diferenças referentes ao nível habitual de atividade física, permanece
uma variabilidade substancial no VO
2max
entre os indivíduos. E, claramente, fatores genéticos
desempenham um papel determinante no VO
2max
das pessoas (HAGBERG et al.,1998).
A American Heart Association propôs uma tabela de classificação da aptidão
cardiorrespiratória para mulheres de acordo com a idade – tabela 1.
Tabela 1. Nível de Aptidão Física do American Heart Association (AHA) - VO
2max
(ml/kg/min).
Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente
20 - 29 < 24 24 – 30 31 – 37 38 – 48
> 49
30 - 39 < 20 20 – 27 28 – 33 34 – 44
> 45
40 - 49 < 17 17 – 23 24 – 30 31 – 41
> 42
50 - 59 < 15 15 – 20 21 – 27 28 – 37
> 38
60 - 69 < 13 13 – 17 18 – 23 24 – 34
> 35
* Tabela de classificação específica para mulheres. Fonte: Kattus et al. (1972, p.15).
O sistema respiratório também sofre alterações, sendo que há uma diminuição da
capacidade vital, diminuição do volume expiratório forçado, aumento no volume residual,
aumento da ventilação durante o exercício, menor mobilidade da parede torácica, diminuição
da capacidade de difusão pulmonar, perda de elasticidade do tecido pulmonar e decréscimo da
ventilação respiratória máxima (SPIRDUSO, 1995).
23
3.2 Sistema Renina-Angiotensina e Enzima Conversora da Angiotensina (ECA)
O sistema renina-angiotensina (SRA) é essencial na hemodinâmica cardiovascular, e,
além disso, exerce um papel importante no desenvolvimento de doenças cardiovasculares
(CRISAN; CARR, 2000). A enzima conversora de angiotensina (ECA) é uma componente
chave do sistema renina angiotensina (SRA), o qual desempenha um papel importante na
regulação da pressão arterial, homeostase de sódio, de água e crescimento dos tecidos
(COLLINS et al., 2004).
De acordo com Crisan e Carr (2000), o sistema renina angiotensina local funciona tal
como um sistema endócrino. A renina é sintetizada nos rins, onde é armazenada e liberada na
circulação em decorrência de respostas quimioreceptoras e de inervação simpática. Por
exemplo, a retenção de sódio acarreta um aumento do volume sanguíneo e da pressão arterial,
ocasionando um feedback negativo nas células justaglomerulares dos rins, com conseqüente
inibição da produção e liberação de renina. A renina circulante catalisa a conversão do
angiotensinogênio em angiotensina-1, a qual é uma vasoconstritora inativa. A conversão de
angiotensina-1, que é um peptídeo com 10 aminoácidos, em angiotensina-2, que é um
peptídeo com 8 aminoácidos, é a principal reação do SRA, gerando a substância efetiva do
sistema, ou seja, a angiotensina-2, uma potente vasoconstritora. Esta reação é catalisada pela
enzima conversora de angiotensina (ECA), assim como esquematizado abaixo na figura 1.
Figura 1. Papel da ECA nos sistemas Renina-
Angiotensina e Calicreína-Cinina. Fonte: Adaptação de
Crisan e Carr (2000).
24
A enzima conversora de angiotensina é uma dipetidil-carboxipeptidase (DCP1) da
família Alu que, além de catalisar a conversão de angiotensina 1 para angiotensina 2, catalisa
a quebra da bradicinina para produtos de cininas inativas (SAMANI et al., 1996; DIKMEN et
al., 2006). Portanto, a ação enzimática da ECA resulta em dois efeitos: ativação de um agente
constritor pressórico (Angiotensina-2) e inativação de um agente vasodilatador (bradicinina),
exercendo efeitos crônicos e agudos no sistema cardiovascular. Além do papel vasodilatador,
a bradicinina tem a propriedade de inibir o crescimento celular (WILLIAMS et al., 2004).
De acordo com Samani et al.(1996), as concentrações plasmáticas de ECA de um
indivíduo são estáveis, mas uma variabilidade entre indivíduos, sendo que
aproximadamente 50% desta variabilidade pode ser atribuída a fatores genéticos.
3.3 Polimorfismo ID do gene da ECA
O gene da ECA localiza-se no cromossomo 17q23, o qual é composto por 26 exons e
25 íntrons (CRISAN; CARR, 2000). Este gene é caracterizado por um polimorfismo de
inserção/deleção, baseado na presença (inserção – I) ou ausência (deleção – D) de uma
seqüência de 287 pares de bases dentro do íntron 16, resultando em 3 genótipos (SAMANI et
al., 1996). Portanto, os possíveis genótipos são DD e II, homozigotos, e ID, heterozigoto. O
polimorfismo ID do gene da ECA era inicialmente identificado pelo método de análise com
enzimas de restrição, mais conhecido como RFLP (RIGAT et al., 1990), até que estudos
subseqüentes propuseram uma nova forma de identificação do genótipo através da utilização
amplificação do DNA em reação de cadeia polimerásica (PCR), assim como proposto por
Rigat et al. (1992). Realizada a PCR com iniciadores (primers) específicos, a identificação
ocorre através da eletroforese das amostras, sendo que a aparição de um fragmento com 490
pares de bases (pb) corresponde ao homozigoto II, a aparição de um fragmento com 190pb
corresponde ao homozigoto DD e a presença destes dois fragmentos corresponde ao genótipo
heterozigoto ID (DIKMEN, et al., 2006). Entretanto, Shanmugam et al. (1993) relataram a
possibilidade de classificação errônea do heterozigoto ID e propuseram uma reação de
amplificação em PCR adicional com novo par de iniciadores específico para inserção,
objetivando a confirmação de todos os genótipos DD identificados na primeira PCR padrão,
prevenindo assim a genotipagem errônea do ID como sendo DD. Nesta PCR-confirmatória, a
aparição de um fragmento com 335pb identifica o genótipo heterozigoto ID.
Os mecanismos potenciais que podem explicar do envolvimento do gene da ECA, ou
mais especificamente, do seu produto, a enzima conversora de angiotensina, com a atividade
do sistema renina angiotensina têm sido estudados. Estes mecanismos incluem o papel do
25
SRA circulatório, ou sistêmico, na capacidade cardiorespiratória. O controle das
concentrações circulantes da ECA não está claro, mas sabe-se que a influência genética está a
nível da transcrição e envolve desequilíbrio de ligação com elementos regulatórios do gene da
ECA (CRISAN; CARR, 2000). A variação na atividade circulatória e tecidual da ECA pode
ser atribuída a um polimorfismo de inserção (I) ou deleção (D) no íntron do gene da ECA.
Este polimorfismo é usado como forma de determinar quando este gene associa-se com risco
aumentado de condições deletérias, variando de doenças renais a cardiovasculares, e mais
recentemente, à performance atlética (COLLINS et al., 2004).
Segundo Inácio et al. (2004), as freqüências alélicas e genotípicas para as cinco
regiões brasileiras são semelhantes, exceto para a região Sul, a qual apresentou freqüências
genotípicas estatisticamente diferentes, provavelmente devido à formação étnica regional. As
freqüências alélicas apresentaram valores médios de 0,39 para o alelo I e 0,61 para o alelo D.
Os genótipos do polimorfismo ID do gene da ECA apresentaram as seguintes freqüências: II
(0,20), ID (0,43) e DD (0,37).
O polimorfismo ID da ECA tem atraído considerável atenção a respeito de sua
associação com a performance física humana.
3.3.1 Polimorfismo ID do gene da ECA em associação com fenótipos de performance e
saúde
Segundo Bray (2000), fenótipos complexos tais como VO
2max
, pressão arterial e
percentual de gordura, dentre outros, são determinados por uma interação complicada entre
fatores ambientais e genéticos. Sendo assim, o polimorfismo ID no gene da ECA tem sido
estudado em associação com vários fenótipos relacionados à performance e à saúde. No que
diz respeito à composição corporal, Montgomery et al. (1999) estudaram a relação do
polimorfismo ID do gene da ECA, cujo alelo de inserção (I) está mais associado com uma
menor atividade da ECA nos tecidos, com uma resposta aumentada a alguns aspectos do
treinamento físico. Ao associar o polimorfismo ID do gene da ECA com mudanças na
composição corporal em resposta a um programa de 10 semanas de exercício intenso em
jovens recrutas do exército do sexo masculino, estes autores relataram que os portadores do
genótipo II obtiveram uma resposta anabólica maior que aqueles portadores do alelo D, sendo
DD ou DI, para massa gorda e massa livre de gordura. Portanto, neste estudo, a composição
corporal se mostrou dependente do genótipo. Uma possível explicação sugerida para estes
resultados foi de que o genótipo II, para o qual a ECA apresenta menor atividade nos tecidos
26
corporais, pode ser o fator conservador de um equilíbrio positivo de energia durante o treino,
sugerindo aumento na capacidade metabólica.
Samani et al. (1996) realizaram uma meta-análise da associação do alelo D do gene da
ECA com o risco de infarto do miocárdio e verificaram que os estudos correntes suportavam
uma associação positiva. No entanto, Ko et al. (1997) e Dikmen et al. (2006) buscaram
associação do polimorfismo ID do gene da ECA com, respectivamente, infarto do miocárdio e
acidente vascular cerebral e não encontraram associação, postulando que este polimorfismo
não seria um bom método para prognosticar estas doenças.
Huang et al. (1998) relacionaram o polimorfismo em questão com a intolerância a
glicose e verificaram que pacientes com diabetes mellitus não insulino dependentes (n = 84)
portadores do genótipo DD são mais intolerantes à glicose e têm maiores concentrações de
glicose no sangue quando comparados aos portadores dos genótipos ID e II.
Pérez-Castrillón et al. (2003), pesquisando o polimorfismo ID do gene da ECA,
sugeriram a existência de um sistema renina angiotensina no tecido ósseo, baseando-se no
fato de que mulheres hipertensas posmenopausadas (n = 48) portadoras do genótipo II
apresentaram maior massa óssea que aquelas com genótipo ID ou DD.
Zhang et al. (2003) hipotetizaram que o alelo I do gene ACE estaria relacionado com
uma porcentagem aumentada de fibras musculares esqueléticas do tipo 1. Após realização de
biopsia muscular (n = 41), com contagem e identificação do número de fibras, estes autores
verificaram que o genótipo II associa-se a uma maior porcentagem de fibras tipo 1 e que o
genótipo DD apresenta uma maior porcentagem de fibras tipo 2b. O polimorfismo ID do gene
da ECA também foi associado à força muscular. Tobina et al. (2006) examinaram se este
polimorfismo, o qual exerce influência na atividade da ECA, afetaria as modificações na força
muscular advindas com o envelhecimento. Contrariando a hipótese proposta por estes autores,
a força de extensão de joelho, de extensão de pernas e de prensão manual não diferiu entre os
genótipos.
Rankinen et al. (2000) recolheram dados de atletas de endurance, em diferentes
esportes, e não encontraram diferenças nas freqüências genotípicas do polimorfismo ID do
gene da ECA entre atletas e indivíduos não atletas saudáveis. Woods et al. (2001)
hipotetizaram que a freqüência dos alelos I e D seria variável em nadadores que competiam
em diferentes distâncias. Estes autores verificaram um excesso do alelo D dentre nadadores
velocistas de elite quando comparados ao grupo controle, composto por nadadores que não
eram de elite, os quais realizam provas de 400m ou menos. Collins et al. (2004)
desenvolveram estudo com triatletas participantes do Ironman Sul-africano, no qual foi
27
observada uma maior freqüência do alelo I do gene da ECA dentre os 100 primeiros atletas
sul-africanos a completar a prova, quando comparados ao grupo controle composto por 166
sul-africanos. No entanto, quando esta análise foi feita incluindo atletas nascidos em outros
países, a associação acima não foi observada. Estes pesquisadores concluíram que, embora o
polimorfismo ID do íntron 16 do gene da ECA esteja associado com a capacidade atlética dos
sul-africanos, o alelo I seja meramente uma marca de, ao invés de uma explicação para, uma
performance de endurance superior. Na mesma linha de pesquisa, Cam et al. (2005) buscaram
diferenças na freqüência genotípica de acordo com a performance, classificando sua amostra,
a qual era composta por 88 homens turcos atletas, em 3 níveis ordinários de desempenho após
a realização de teste de sprint de 60m e corrida de média distância (2000m) e verificaram que
o grupo de performance superior nas provas de 2000m apresentou maior freqüência do
genótipo DD.
Este polimorfismo foi relacionado inclusive à expectativa de vida, sendo que um
estudo longitudinal com idosos durante 39,5 meses, tempo de estudo no qual 130 dos
participantes faleceram, propôs que os portadores do alelo I podem ter menor expectativa de
vida (FREDERIKSEN et al., 2003), sendo que entre os genótipos ID e DD não foram
observadas diferenças.
3.3.2 Polimorfismo ID do gene da ECA e o fenótipo de Potência Aeróbia
De acordo com Bray (2000), a seleção de genes candidatos baseando-se em
mecanismos fisiológicos tem provado ser uma estratégia eficiente para detectar genes que
expressam fenótipos relacionados às capacidades físicas. Wolfarth et al. (2005), ao reunir
estudos correlacionados ao mapeamento genético humano, relataram várias pesquisas nas
quais o polimorfismo ID do gene da ECA foi estudado.
Segundo Hagberg et al. (1998), que o VO
2max
é um fator de risco para doenças
cardiovasculares, é possível que o genótipo ECA exerça seu efeito no risco para estas
doenças, afetando o VO
2max
. No entanto, é também possível que a potência aeróbia esteja
mais fortemente associada à atividade da ECA circulante que ao polimorfismo ID do gene da
ECA.
Com relação à potência aeróbia propriamente dita, Hagberg et al. (1998), ao associar o
VO
2max
com o polimorfismo ID do gene da ECA em idosas pós-menopausadas, hipotetizaram
que este polimorfismo afetaria o VO
2max
devido a variações no volume de ejeção e no débito
cardíaco. No entanto, esta hipótese não foi comprovada. Mas, houve relação do VO
2max
com a
28
diferença arterio-venosa de oxigênio (a-vDO
2
), ou seja, entre diferença do conteúdo de O
2
do
sangue arterial e do sangue venoso, sendo que o grupo portador do genótipo II apresentou
maior VO
2max
e maior a-vDO
2
quando comparado ao grupo de genótipo DD. Então, como o
genótipo ECA está envolvido com a regulação do tônus vascular, sugeriram que o grupo II,
com maior a-vDO
2,
possui maior perfusão capilar e tempo de trânsito de células vermelhas
que os grupos com genótipos ID e DD.
Hagberg et al. (2002), em estudo subseqüente, avaliaram a associação do
polimorfismo ID do gene da ECA com a hemodinâmica cardiovascular em mulheres pós-
menopausadas, incluindo freqüência cardíaca (FC), pressão arterial, débito cardíaco, volume
de ejeção sistólico, resistência periférica total (RPT) e a-vDO
2
. Foi encontrado VO
2max
diferente entre os grupos classificados de acordo com genótipo ECA, sendo que as mulheres
com genótipo II obtiveram valores de VO
2max
mais elevados. A FC
max
também foi
significativamente diferente entre os grupos, com as mulheres de genótipo II apresentando
cerca de 10 batimentos por minuto a mais que aquelas ID e DD. Então, o maior VO
2max
do
grupo II foi associado com a também mais elevada FC e com a maior a-vDO
2
apresentada
durante o exercício.
Zhao et al. (2003) verificou a potência aeróbia de 67 homens chineses com idade
média 23 anos e verificou que, ao contrário dos estudos supracitados, o grupo portador do
genótipo DD apresentou maiores índices de consumo de oxigênio, apresentando VO
2max
de
57,40 ml/kg/min, enquanto os grupos ID e II apresentaram, respectivamente, 50,40 e 50,10
ml/kg/min. Estes autores relataram que não estava claro o mecanismo subjacente a esta
associação, mas que uma possível explicação seria maior massa ventricular esquerda e débito
cardíaco nos portadores do genótipo DD, ou ainda uma amostra não homogenia em termos de
nível do treinamento.
Day et al. (2007) também investigaram relação entre o polimorfismo ID do gene da
ECA e a atividade plasmática da ECA com a potência aeróbia, utilizando como amostra 62
mulheres caucasianas com aproximadamente 25 anos de idade. Após realização de teste
incremental máximo na esteira, não foram observadas correlações entre a atividade da ACE
circulante e o VO
2max
. Assim como visto para a atividade da enzima, também não houve
associação entre o genótipo do polimorfismo ID e a potência aeróbia.
Portanto, percebe-se que os resultados associando o polimorfismo ID do gene da ECA
com a potência aeróbia ainda não são conclusivos. Enquanto alguns estudos apontam
associações em direções diferentes, outros apresentam a inexistência desta associação. Esta
imprecisão de resultados ressalta a importância de realização de novos estudos abordando este
29
tema. De acordo com Samani et al. (1996), o gene da ECA exerce um impacto importante na
função e estrutura cardiovascular, que tem funções cruciais em dois sistemas regulatórios
hormonais cardiovasculares: sistema renina-angiotensina e sistema calicreína-cinina.
30
4 Metodologia
4.1 Delineamento da Pesquisa
O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva correlacional
(THOMAS; NELSON, 1996) de corte transversal (JEKEL et al., 1999), tendo como variável
dependente o fenótipo de VO
2Pico
e como variável independente o polimorfismo ID do gene
da ECA (Enzima Conversora de Angiotensina).
4.2 Amostra
Foram selecionadas por conveniência 225 voluntárias, do sexo feminino, com idade
igual ou superior a 60 e inferior a 80 anos, brasileiras, residentes no Distrito Federal. Após a
realização do eletrocardiograma de repouso e avaliação médica inicial, 17 destas idosas foram
contra-indicadas pelo médico para realização do teste ergoespirométrico devido à presença de
um ou mais fatores de risco tais como: histórico de dor ou aperto no peito durante os últimos
dias precedentes ao exame; uso de marcapasso; bloqueio completo de ramo esquerdo;
bloqueio completo de ramo direito; arritmias; infarto prévio; bigeminismo de extra-sístoles
em repouso; onda R que não progride de V1 a V3. Destas 17 que não realizaram o teste, os
genótipos apresentados foram 4 DD, 9 ID e 4 II.
No total, 208 idosas realizaram o teste de potência aeróbia. Entretanto, 19 delas
interromperam precocemente o teste por outros motivos que não a exaustão voluntária.
Destas, 5 possuem genótipo DD, 8 possuem genótipo ID e 6 possuem genótipo II. Dentre as
causas de testes incompletos, observou-se: falta de ar; extra-sístoles bigeminando de forma
sustentada durante o esforço físico, ou seja, chegando a 30 segundos; tonturas; queimação
torácica; e infradesnivelamento retificado do segmento ST, sugerindo isquemia do miocárdio.
Logo, estes testes foram excluídos da análise final, ficando a amostra do estudo composta por
189 voluntárias.
4.3 Procedimentos para a coleta de dados
4.3.1 Comitê de Ética em Pesquisa
A coleta de dados foi realizada após a aprovação pelo Comitê de Ética da
Universidade Católica de Brasília, registrado sob o número CEP/UCB 014/2007 (anexo A).
Adicionalmente, todas as participantes da amostra receberam um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Anexo B), pelo qual foram explicadas dos objetivos, dos procedimentos
a serem realizados, dos possíveis desconfortos, riscos e benefícios decorrentes da participação
31
neste estudo. As voluntárias, ao assinarem este termo, concordaram em participar do estudo,
com a garantia da manutenção do anonimato dos dados coletados e a possibilidade de
desistência em participar da pesquisa a qualquer momento.
4.3.2 Caracterização dos níveis de atividade física das participantes
Para verificar diferenças entre os grupos com relação aos níveis habituais de atividade
física foi utilizado o questionário IPAQ (do inglês, International Physical Activity
Questionnaire), o qual é um instrumento desenvolvido para monitorar de forma padronizada a
atividade e inatividade física em diversos países (CRAIG et al., 2003). Foi utilizada a forma
longa do IPAQ, versão 8 (anexo D), semana usual, administrado através de entrevista
individual, validado por Benedetti et al. (2004) para a população de idosos brasileiros. Nas
questões do IPAQ validado por estes autores foram incluídos exemplos de atividades que são
comuns às pessoas idosas e especificada a informação tempo médio habitual para cada dia da
semana (segunda a domingo) ao invés de indicar apenas a freqüência semanal e o tempo
médio semanal de realização das atividades físicas.
Esta avaliação leva em consideração a duração e freqüência das atividades físicas
realizadas em uma semana, considerando-se apenas sessões superiores a 10 minutos contínuos
e diferencia estas atividades em moderadas e vigorosas, sendo, respectivamente, ações que
produzem um aumento moderado na FC e taxa respiratória e ações que produzem maiores
aumentos nestes parâmetros (CRAIG et al., 2003). Os resultados do questionário possibilitam
a divisão em cinco categorias: sedentários, insuficientemente ativos "B", insuficientemente
ativos "A", ativos e muito ativos (anexo E). Segundo o estudo de Rabacow et al.(2006), o
questionário IPAQ apresenta as melhores condições para ser aplicado em idosos brasileiros,
apesar de se tratar de um instrumento longo e demorado para ser aplicado em grandes
populações.
4.3.3 Avaliação da Composição Corporal
Para fins de caracterização da amostra, foram mensurados os valores de massa
corporal e estatura de cada uma das voluntárias, efetuando também o cálculo do Índice de
Massa Corporal (IMC) através da seguinte fórmula: IMC = Massa Corporal (em kg) /
Estatura
2
(em metros). A Massa Corporal foi mensurada através de uma balança digital marca
Filizola, com capacidade máxima de 150 quilogramas (kg) e resolução de 50 gramas (g). Um
estadiômetro de parede foi utilizado para mensurar a estatura das participantes, sendo o
resultado expresso em centímetros (cm), e com resolução de 0,1 centímetros (cm).
32
A composição corporal foi mensurada através da absortometria de raios-x de dupla
energia (DXA) modelo DPX-IQ (Lunar Corporation, Madison, WI, USA). Para o
procedimento, as voluntárias deitaram em decúbito dorsal sobre a mesa do equipamento,
sendo em seguida cuidadosamente posicionadas de forma que ficassem totalmente
centralizadas em relação às laterais da mesa. As voluntárias se mantiveram com os membros
inferiores estendidos, sendo utilizada uma fita de velcro para mantê-los próximos e dar
suporte aos pés, de forma que ficassem numa angulação de 45º com relação ao plano vertical.
Os membros superiores foram posicionados estendidos e ao longo do corpo, sem que
houvesse contato com o tronco. Dessa forma, as seguintes variáveis foram obtidas para
análises posteriores:
- Massa Livre de Gordura Total (MLG total): Tecido não ósseo livre de gordura de
corpo inteiro expresso em Kg;
- Massa Livre de Gordura Total relativa (MLG total relativa): Tecido não ósseo livre
de gordura de corpo inteiro dividido pela estatura ao quadrado, expresso em
Kg/m
2
. Trata-se de uma fórmula análoga ao IMC, a qual elimina diferenças na
MLG total decorrentes de diferenças de estatura (BAUMGARTNER et al., 1998);
- Percentual de gordura.
4.3.4 Teste de Potência Aeróbia (VO
2Pico
)
Previamente a aplicação do teste foi realizado um eletrocardiograma de repouso,
acompanhado e avaliado por um médico cardiologista. A pressão arterial (PA) de repouso foi
aferida, com as voluntárias sentadas, através de um esfigmomanômetro de coluna de mercúrio
aos 5, 10 e 15 minutos de repouso. Nestes mesmos momentos, foi verificada também a
freqüência cardíaca (FC), utilizando-se um monitor de freqüência cardíaca (Polar modelo
F1).
Para verificação do consumo máximo de oxigênio (VO
2Pico
), as voluntárias foram
submetidas a um teste de esforço máximo em protocolo de rampa em esteira com duração
prevista entre 8 e 12 minutos, tendo como base de cálculo da carga o VO
2max
estimado. A
partir da realização de alguns testes pilotos, foi criado um protocolo de rampa padronizado e
aplicável a todas as voluntárias, com velocidade e inclinação iniciais de 2,0 km/h e 0%, e com
velocidade e inclinação aos 10 minutos de teste de 6,0 km/h e 6%, respectivamente. Todos os
testes foram realizados com acompanhamento médico e monitorização do eletrocardiograma
de esforço, consistindo de incrementos pequenos e constantes na velocidade e inclinação até
que a voluntária atingisse a exaustão voluntária. Permitiu-se que as participantes utilizassem
33
as barras frontais de apoio da esteira ergométrica e encorajamento verbal foi dado a todas
elas.
Além da exaustão voluntária, foram pré-estabelecidos como critérios de interrupção do
teste: elevação da pressão arterial diastólica (PAD) acima de 140 mm/Hg, elevação da pressão
arterial sistólica (PAS) acima de 260 mm/Hg, queda sustentada da PAS, manifestação clínica
de dor ou queimação torácica, infradesnivelamento do segmento ST 3mm,
supradesnivelamento do segmento ST 2mm em derivação sem presença de onda q, arritmia
ventricular complexa, aparecimento de taquicardia supraventricular sustentada, taquicardia
atrial, fibrilação atrial, bloqueio atrioventricular de 2º e 3º graus, sinais de insuficiência
ventricular esquerda ou falências dos sistemas de monitorização e registro.
O teste foi realizado em uma esteira modelo RT 300, Moviment, Brasil. As trocas
gasosas foram coletadas e medidas a cada respiração com um sistema de calorimetria indireta
multiparamétrica e computadorizada, através de um analisador metabólico de gases Cortex
modelo Metalyzer 3B (Cortex Biophysik ALE), devidamente calibrado. Foi utilizado o
eletrocardiógrafo digital ELITE-PC (Micromed), com 12 derivações para a avaliação em
repouso, e 3 derivações clássicas (CM5, D2M e V2M) para o exercício e pós-exercício. Os
equipamentos são integrados por um computador IBM PC compatível com processador
Pentium IV.
O VO
2
atingido ao fim do teste foi considerado o VO
2Pico
, calculado a partir do teste
exportado para 20 segundos, sendo feita uma média dos 3 últimos pontos, ou seja, último
minuto de teste. O tempo de teste também foi registrado para posteriores análises entre
grupos. A freqüência cardíaca (FC) foi mensurada pelo eletrocardiógrafo mencionado acima,
com registros constantes para posterior análise. A FC correspondente aos diferentes
momentos do teste e esforço máximo, foi determinada a partir do registro dos valores médios
de 20 em 20 segundos. A PA também foi verificada durante o teste, a cada 3 minutos de
exercício, bem como durante a recuperação ativa na esteira, com 1 e com 3 minutos após a
interrupção do teste. Durante o teste, de 2 em 2 minutos, as voluntárias apontaram como se
sentiam em relação ao cansaço na escala de percepção do esforço, conhecida comumente
como escala de Borg 6-20, a qual é considerada ferramenta útil para controle da intensidade
do exercício, inclusive em idosos (GROSLAMBERT; MAHON, 2006). Portanto, este método
foi utilizado como meio de comunicação da voluntária para relatar sua percepção de cansaço.
As variáveis de temperatura ambiente e umidade relativa do ar foram mantidas em
média a 23ºC e 47 %, respectivamente.
34
4.3.5 Genotipagem
4.3.5.1 Extração de DNA
No Laboratório de Estudos em Educação Física e Saúde (LEEFS), uma amostra de
sangue venoso (5 ml) de cada voluntária foi coletada na veia antecubital por um técnico
devidamente treinado. O material biológico foi colhido e armazenado em tubos estéreis com
vácuo contendo anticoagulante EDTA. O DNA genômico de alto peso molecular foi extraído
dos leucócitos periféricos utilizando-se o método salting out (MILLER et al., 1988).
Os procedimentos de extração envolveram basicamente três passos:
a) Remoção de hemácias por meio da adição de água deionizada ultra-pura. Após a
homogeneização do sangue, um volume inicial de 300 µl foi depositado em um microtubo de
1,5 ml. Adicionou-se 1000 µl de água deionizada ultra-pura, sendo o material centrifugado
durante 5 minutos a 5000 rotações por minuto (rpm) para separação dos núcleos e
sobrenadante. O sobrenadante foi descartado. Então, foi adicionado em cada microtubo mais
300 µl de sangue e 1000 µl de água deionizada ultra-pura e repetido o processo.
b) Lise das células da linhagem branca por meio da adição de um tampão com
detergente. A solução usada no procedimento foi denominada Tampão A, composto por
sacarose (0.32 M), Tris-HCl (10 mM, pH 7.6), MgCl
2
(5 mM) e o detergente não iônico
Triton X 100 (1 %). Suspendeu-se o pellet em 700 µl do Tampão A, sendo o material
centrifugado a 5000 rpm por 15 minutos para condensação do pellet, com posterior descarte
do sobrenadante.
c) Remoção das proteínas celulares e histonas ligadas ao DNA por meio da adição de
uma protease e precipitação com sódio. O pellet foi suspenso em 500µl de um composto
denominado Tampão B (25mM de EDTA com pH 8.0 e 75mM de NaCl), sendo adicionados
l de SDS (sodium dodecyl sulfate) a 10% e l proteinase K (na concentração de 10
mg/ml). Em seguida, os microtubos foram incubados a 55ºC durante uma hora para ação da
enzima. Após a incubação foram adicionados 200µl NaCl (em concentração de 6 M) para
precipitar restos celulares e protéicos, seguido de uma nova centrifugação da mistura a 3000
rpm durante 15 minutos, com a finalidade de precipitar as impurezas no fundo dos tubos. O
pellet, juntamente com o microtubo usado, foi descartado após a transferência do
sobrenadante para um novo microtubo devidamente identificado.
d) Precipitação do DNA em álcool. Foi adicionado etanol absoluto ao sobrenadante
obtido no item anterior, na proporção de duas vezes o volume contido no tubo. Por meio de
inversões cuidadosas dos tubos foi realizada a mistura, sendo nesse momento possível a
visualização da precipitação do DNA. Houve então uma última centrifugação a 5000 rpm
35
durante 5 minutos, com a finalidade de aderir o DNA no fundo dos tubos. Descartou-se em
seguida o sobrenadante com cuidado para não perder o pellet e os tubos foram deixados
descansando com a finalidade de evaporar o restante do etanol adicionado. Após a evaporação
completa do etanol, foram adicionados 100 µl de TE (Tris-HCl 10mM e EDTA 0,1mM, pH
8,0) para conservação do DNA, e o material foi encubado durante 1 hora a 37ºC.
4.3.5.2 Quantificação do DNA
A concentração do DNA extraído previamente foi estimada por meio de eletroforese
em gel de agarose a 1%, corado com 3 µl de brometo de etídio. Em cada poço do gel foi
aplicado um volume de 7 µl, dos quais eram 4 µl de tampão de carregamento (2,5 mg/mL de
azul de bromofenol; 400 mg/mL de sacarose; 0,02 mg/mL de brometo de etídio; 12,1mg/mL
de Tris-HCl pH 8,0; 1 mM de EDTA pH 8,0) e 3 µl do DNA extraído e conservado em TE.
Foram utilizados como padrões para quantificação os lambdas DNA em concentrações de 20,
50, 100 e 200ng/µl. Após aproximadamente 15 minutos de eletroforese a 80 V, o gel foi
fotografado em luz ultravioleta, sendo as “bandas” formadas pelo DNA comparadas com
aquelas dos padrões, e, através da inspeção visual, foi realizada a quantificação do DNA.
Após a quantificação, todas as amostras de DNA foram diluídas em água deionizada ultra-
pura, de forma que ficassem numa concentração final de 5 ng/µl e prontas para seguir para o
processo de amplificação.
4.3.5.3 Amplificação do DNA – Polimerase Chain Reaction (PCR)
O fragmento de DNA contendo o polimorfismo de inserção foi amplificado através da
técnica da reação em cadeia de polimerase (PCR), do inglês polymerase chain reaction. Essa
técnica permite que um fragmento específico da molécula de DNA seja amplificado milhares
de vezes em poucas horas. A técnica implica na utilização de fragmentos de DNA fita
simples, ou seja, iniciadores, também conhecidos como primers, os quais delimitam a região a
ser amplificada.
Os iniciadores direto (forward) e reverso (reverse) utilizados para a PCR foram,
respectivamente: (5’ CTG GAG ACC ACT CCC ATC CTT TCT 3’) e (5’ GAT GTG GCC
ATC ACA TTC GTC AGA T 3’), assim como no estudo de Zhao et al. (2003). Brevemente, a
PCR foi realizada em um volume final de 12,5 µl, seguindo o seguinte protocolo: 1,25 µl de
Tampão 10x, 1,25 µl de dNTPs 2,5 mM, 0,8 µl de BSA 2,5 mg/µl, 0,25 µl de MgCl
2
50 µM,
0,32 µl de uma mistura de iniciadores direto e reverso 10 µM, 0,1 µl de Taq DNA Polimerase
5 U/µl, 2 µl de DNA 5 ng/µl e água deionizada ultra-pura em quantidade de 6,53 µl, para
36
completar 12,5 µl. Após o preparo, a reação foi colocada em um termociclador (GeneAmp
PCR System 9700, Applied Biosystems, Foster City, CA, EUA), alternando as temperaturas
de 95, 55 e 72 graus Celsius com o intuito de promover, respectivamente, a desnaturação do
DNA (separação da fitas devido ao rompimento das pontes de hidrogênio), o anelamento dos
iniciadores às fitas simples de DNA, e a incorporação dos dNTPs às novas fitas de DNA.
Especificamente, o programa utilizado adotou a seguinte variação de temperatura: 05 minutos
a 95ºC; 29 ciclos consistidos de 30 segundos a 95ºC, 30 segundos a 55ºC e 30 segundos a
72ºC; 10 minutos a 72º; e manutenção da temperatura em 10ºC até a reação ser retirada do
termociclador.
4.3.5.4 Polimorfismo no gene ECA
Cada uma das amostras foi classificada em um dos três possíveis genótipos para o
polimorfismo da ECA, sendo dois de homozigotos (DD e II) e um heterozigoto (ID), a partir
da PCR descrita acima. Os produtos da PCR foram visualizados em luz ultravioleta após
eletroforese a 80 V em gel de agarose 1%. A identificação dos genótipos foi realizada
visualizando-se a presença dos alelos D e I, sendo que a presença de apenas um fragmento de
190 pares de base caracteriza o genótipo DD e a presença de apenas um fragmento de 490
pares de base caracteriza o genótipo II. Adicionalmente, os heterozigotos ID foram
identificados pela presença de ambos os fragmentos. A identificação dos genótipos foi
efetuada por dois pesquisadores separadamente.
4.3.5.5 PCR confirmatória
De acordo com a literatura, a classificação errônea de heterozigotos ID como sendo
homozigotos DD pode ocorrer devido à amplificação preferencial do alelo D e à ineficiência
de amplificação do alelo I (SHANMUGAM et al., 1993; VISWANATHAN et al., 2001),
podendo chegar a aproximadamente 5-10% de erro (UEDA et al., 1996; CHIANG et al.,
1998). Portanto, para aumentar a especificidade da genotipagem, uma PRC adicional
confirmatória foi realizada com todas as amostras portadoras do genótipo DD, utilizando um
par de iniciadores específicos para a inserção, ou seja, amplificador do alelo I. Os iniciadores
utilizados foram: (5’ TGG GAC CAC AGC GCC CGC CAC TAC 3’) e (5’ TCG CCA GCC
CTC CCA TGC CCA TAA 3’), assim como utilizado nos estudos de Shanmugam e
colaboradores (1993) e de González e colaboradores (2006), sendo ainda utilizadas amostras
portadoras do genótipo ID ou II como controles positivos durante esta re-amplificação.
37
A PCR foi realizada em um volume final de 12,5 µl, seguindo o seguinte protocolo:
1,25 µl de Tampão 10x, 1,25 µl de dNTPs 2,5 mM, 0,8 µl de BSA 2,5 mg/µl, 0,25 µl de
MgCl
2
50 µM, 0,32 µl de uma mistura de iniciadores direto e reverso 10 µM, 0,1 µl de Taq
DNA Polimerase 5 U/µl, 2 µl de DNA (totalizando em 10 ng) e água deionizada ultra-pura
em quantidade de 6,53 µl, para completar 12,5 µl. Após o preparo, a reação foi colocada em
um termociclador (GeneAmp PCR System 9700, Applied Biosystems, Foster City, CA,
EUA), com a seguinte variação de temperaturas: 05 minutos a 95ºC; 29 ciclos consistidos de
30 segundos a 95ºC, 30 segundos a 63ºC e 30 segundos a 72ºC; 10 minutos a 72º; e
manutenção da temperatura em 10ºC até a reação ser retirada do termociclador. Os produtos
de PCR foram visualizados em gel agarose 1%, corado com brometo de etídio, sendo que
apenas na presença do alelo I, há a produção de um fragmento de 335 pares de base. Logo, os
controles positivos (II ou ID) apresentam amplificação positiva, enquanto o DD não apresenta
nenhuma amplificação devido à ausência de sitio de anelamento para o novo par de
iniciadores.
4.4 Análise Estatística
Foi utilizada a estatística descritiva, média ± desvio-padrão, para organizar e
apresentar os dados. Uma análise exploratória foi realizada para verificar se os dados seguiam
uma distribuição normal, sendo que aquelas variáveis que não se apresentaram com esta
distribuição sofreram transformações (retirada de outliers) para estabilizar a variância e assim
permitir aplicação de modelos paramétricos. Para verificar se a freqüência alélica das
voluntárias encontrava-se de acordo com o equilíbrio de Hardy Weinberg, foi utilizado o teste
chi-quadrado.
Foi realizada uma análise de variância para amostras independentes (one-way
ANOVA) para avaliar possíveis diferenças nas variáveis de caracterização amostral (idade,
dados de composição corporal, pressão arterial e FC de repouso) de acordo com o genótipo
estudado. Esta análise também foi utilizada para comparar possíveis diferenças nos grupos de
genótipos em relação a tempo de teste, FC, R, ventilação (VE) e equivalente metabólico
(Mets) mensurados no esforço máximo.
Para testar a associação entre o polimorfismo do gene ECA (DD / DI / II) e o fenótipo
de VO
2Pico
, objetivo principal deste estudo, foi primeiramente adotado um modelo de
regressão linear múltipla pelo método stepwise incluindo a idade, a massa corporal, nível de
atividade física, estatura, percentual de gordura e massa livre de gordura total como variáveis
independentes e o VO
2Pico
como variável dependente. As variáveis independentes com um
38
valor de p > 0,10 foram então removidas das análises posteriores, nas quais as variáveis
remanescentes foram utilizadas como covariantes. Em seguida, uma análise de covariância
(one-way ANCOVA), incluindo as variáveis previamente identificadas como covariantes, foi
realizada para verificar diferenças entre os genótipos. Ainda foi realizado um teste t de student
para comparar o VO
2Pico
e
a FC
max
entre as voluntárias que faziam uso de medicamentos
inibidores da angiotensina (IECA) ou antagonistas dos receptores de angiotensina 2 (ARAng)
com aquelas não medicadas.
A significância estatística adotada para as análises foi de 95%. Ocorrendo diferença
significativa em alguma das variáveis, testes de comparações múltiplas Bonferroni foram
adotados para identificação de contrastes relevantes entre as médias. O software SPSS versão
13.0 foi utilizado para realização de todas as análises.
39
5 Resultados
5.1 Caracterização da amostra
A amostra, composta por 189 mulheres pós-menopausadas, apresentou idade média de
65,84±4,94 anos de idade. A tabela 2 apresenta a idade juntamente com outros dados de
características antropométricas da amostra de forma descritiva.
Tabela 2. Valores médios e desvios-padrão das características
antropométricas da amostra.
Variáveis média ± dp
n 189
Idade (anos) 65,84±4,94
Massa corporal total (Kg) 64,69 ±9,42
Estatura (cm) 153,21 ±6,07
IMC (Kg/m
2
) 27,61 ±3,62
MLG total (Kg) 37,39 ±4,26
MLG total relativa (Kg/m
2
) 15,93 ±1,27
Percentual de gordura corporal (%) 39,95 ±5,69
IMC = Índice de Massa Corporal; MLG = Massa Livre de Gordura.
A Tabela 3 apresenta as características referentes a tabagismo, obesidade, reposição
hormonal, cor da pele auto-relatada, presença de doenças crônicas não transmissíveis e nível
de atividade física da amostra. A classificação quanto à presença de obesidade foi baseada no
IMC, utilizando o ponto de corte proposto pela WHO (2000), pelo qual a presença de valor
30 Kg/m
2
caracteriza quadro de obesidade. Observou-se a ocorrência de obesidade em 54
(28,6%) das voluntárias. Quanto ao hábito de fumar, apenas 8 (4,2%) das voluntárias se
declararam tabagistas. As doenças crônicas não transmissíveis Hipertensão Arterial,
Osteoporose e Diabetes tipo II foram as mais prevalentes na amostra, acometendo 108
(57,1%), 61 (32,3%) e 29 (15,3%) das voluntárias, respectivamente. Foi observado que 19
(10,1%) das mulheres estavam fazendo reposição hormonal. Em relação à cor de pele auto-
relatada pelas voluntárias, foi observado que 98 (51,9%) se consideram brancas, 44 (23,3%)
se consideram pardas, 36 (19%) se consideram negras e ainda 8 (4,2%) e 3 (1,6%) se
consideram amarelas e vermelhas, respectivamente. Os resultados do IPAQ revelaram que 5
(2,6%) voluntárias da amostra foram classificadas como sedentárias, 13 (6,9%) como
40
irregularmente ativas “B”, 25 (13,2%) como irregularmente ativas “A”, 142 (75,1%) como
ativas e 4 (2,1%) como muito ativas.
Tabela 3. Freqüência (n) e percentual (%) de manifestação das c
aracterísticas
amostrais em relação a tabagismo, obesidade, reposição hormonal, auto-
definição de cor da pele, presença de doenças crônicas não transmissíveis
e
nível de atividade física.
Característica n (%)
Fumante
Sim 8 (4,2)
Não 181 (95,8)
Obesidade
Sim (IMC > 30Kg/m
2
) 54 (28,6)
Não (IMC < 30Kg/m
2
) 135 (71,4)
Reposição Hormonal
Sim 19 (10,1)
Não 170 (89,9)
Cor da pele auto-relatada
Branca 98 (51,9)
Parda 44 (23,3)
Negra 36 (19)
Amarela 8 (4,2)
Vermelha 3 (1,6)
Doenças Crônicas
Hipertensão arterial 108 (57,1)
Osteoporose 61 (32,3)
Diabetes tipo II 29 (15,3)
Nível de Atividade Física (IPAQ)
Sedentárias 5 (2,6)
Irregularmente ativas B 13 (6,9)
Irregularmente ativas A 25 (13,2)
Ativas 142 (75,1)
Muito Ativas 4 (2,1)
41
Dentre aquelas voluntárias que apresentaram hipertensão arterial, correspondendo a
108 dentre as 189 mulheres, 34 (18%) faziam uso de medicamentos inibidores da enzima
conversora de angiotensina (IECA) e 9 (4,8%) faziam uso de medicamentos antagonistas dos
receptores de angiotensina II (AAng).
5.2 Polimorfismo ID no gene da ECA
A figura 2 apresenta uma foto de exemplo da quantificação, referente a 20 amostras.
Nos quatro primeiros poços de cada uma das duas linhas estão os padrões de comparação para
quantificação (lambda DNA) em concentrações de 20, 50, 100 e 200 ng/µl, da esquerda para a
direita. As amostras quantificadas no presente estudo apresentaram uma concentração variando
entre 100 e 200 ng/µl de DNA de alto peso molecular.
Figura 02. Exemplo de fotografia
da quantificação do DNA de alto
peso molecular extraído das
amostras sanguíneas realizada em
gel de agarose.
A identificação dos genótipos referentes ao polimorfismo de inserção / deleção através
da eletroforese em gel de agarose das amostras amplificadas ocorreu como exemplificado
abaixo na figura 3. O primeiro e o último poço de cada linha contêm o padrão de comparação
para estimativa do comprimento do fragmento (DNA Ladder 1 Kb plus). No penúltimo
poço de cada linha, foi colocado um controle negativo da reação. Como esperado com base
nos iniciadores utilizados, os fragmentos amplificados possuem uma banda de 190 pb, ou uma
banda de 490 pb, ou ambas. Estas três possibilidades correspondem respectivamente aos
genótipos DD, II, e ID.
42
490pb
190pb
Figura 03. Fotografia da
eletroforese em gel de agarose
1%, realizada para verificação
da eficácia da PCR e
identificação dos genótipos.
Todas as amostras classificadas com genótipo DD foram re-amplificadas com novos
iniciadores, sendo que apenas uma foi identificada como sendo ID ao invés de DD, o que
pode ser verificado na figura 4 amostra do poço na primeira linha do gel. O
antepenúltimo e o penúltimo poço da segunda linha correspondem, respectivamente, a um
controle positivo e a um controle negativo da reação.
Figura 04. Fotografia da eletroforese
em gel de agarose 1%, realizada para
confirmação dos genótipos.
43
20,63%
47,09%
32,28%
IIIDDD
Genótipo
Finalizado o processo de genotipagem, foram encontrados dentre as 189 amostras um
total de 61 DD, 89 ID e 39 II, sendo suas respectivas porcentagens mostradas na figura 5. A
freqüência do alelo D foi 0,56 e do alelo I foi 0,44. O teste de chi-quadrado revelou que estas
freqüências não diferiram do esperado pelo modelo de equilíbrio de Hardy-Weinberg, com p
= 0,82.
Figura 05. Freqüência de distribuição dos
genótipos.
Ao analisar as características referentes à idade e a composição corporal das
voluntárias separadas de acordo com o genótipo, não foram encontradas diferenças
significativas entre os grupos – Tabela 4.
Tabela 4. Valores médios e desvios-padrão das características antropométricas da amostra em relação
ao polimorfismo ID do gene da ECA.
Genótipo
DD
(n = 61)
ID
(n = 89)
II
(n = 39)
p
Idade (anos)
66,18±5,22 65,48±4,84 66,13±4,75 0,644
Massa Corporal (Kg)
63,12±8,97 65,13±9,58 66,13±9,63 0,249
Estatura (cm)
151,95±6,28 154,12±6,32 153,32±4,67 0,098
IMC (Kg/m
2
)
27,55±3,97 27,44±3,50 28,08±3,33 0,650
Percentual de gordura corporal (%)
39,61±5,93 40,21±5,88 39,86±4,92 0,815
MLG total (Kg/m
2
)
36,75±4,03 37,73±4,26 37,62±4,63 0,366
MLG total relativa (Kg/m
2
)
15,92±1,27 15,90±1,22 16,05±1,40 0,825
IMC = Índice de Massa Corporal; MLG = Massa Livre de Gordura.
44
A freqüência de distribuição dos genótipos em relação ao hábito de fumar, à
obesidade, ao uso de terapia de reposição hormonal, à cor de pele auto-relatada, ao quadro de
hipertensão arterial, osteoporose e diabetes tipo II é descrita na tabela 5.
Tabela 5. Freqüência (n) e percentual (%) de distribuição dos genótipos em relação às características
amostrais de tabagismo, obesidade, reposição hormonal, auto-definição da cor da pele e doenças
crônicas não transmissíveis.
Genótipos
Total
n
DD
n (%)
ID
n (%)
II
n (%)
Fumante
8 5 (62,5) 3 (37,5) 0 (0,0)
Obesidade (IMC 30)
54 18 (33,3) 21 (38,9) 15 (27,8)
Reposição Hormonal
19 6 (31,6) 9 (47,4) 4 (21,0)
Cor de pele
Branca
98 37 (37,7) 43 (43,9) 18 (18,4)
Parda
44 11 (25,0) 22 (50,0) 11 (25,0)
Negra
36 8 (22,2) 19 (52,8) 9 (25,0)
Amarela
8 3 (37,5) 4 (50,0) 1 (12,5)
Vermelha
3 2 (66,7) 1 (33,3) 0 (0,0)
Hipertensão Arterial
108 37 (34,3) 50 (46,3) 21 (19,4)
Osteoporose
61 21 (34,4) 26 (42,7) 14 (22,9)
Diabetes tipo II
29 10 (34,5) 14 (48,2) 5 (17,3)
Quanto as variáveis hemodinâmicas em repouso, também não houve diferenças
estatisticamente significativas entre as voluntárias, classificadas de acordo com os genótipos
DD, ID e II – tabela 6.
Tabela 6. Valores médios e desvios-padrão das variáveis hemodinâmicas em repouso, em
relação ao polimorfismo ID do gene da ECA.
Total
(n = 189)
DD
(n = 61)
ID
(n = 89)
II
(n = 39)
p
PAS(mmHg)
123,46±11,80
125,23±11,99 122,97±11,44 121,79±12,27 0,318
PAD(mmHg)
77,39±8,91 77,51±8,89 77,63±8,46 76,64±10,08 0,841
FC (bpm)
73,68±9,97 73,54±8,98 73,62±10,27 74,03±10,95 0,970
PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; FC = freqüência cardíaca.
45
5.3 Potência Aeróbia
Para testar a associação entre o polimorfismo do gene ECA (DD / DI / II) e o fenótipo
de VO
2Pico
, objetivo principal deste estudo, foi adotado um modelo de regressão linear
múltipla incluindo a idade, a massa corporal, nível de atividade física, estatura, percentual de
gordura e massa livre de gordura total como variáveis independentes. Dentre estas variáveis,
aquelas com um valor de p > 0,10 foram então removidas da análise posterior. Portanto, a
análise de covariância (ANCOVA), realizada para verificar diferenças entre os genótipos,
incluiu as variáveis idade, percentual de gordura e massa livre de gordura total como
covariantes.
Em média, as voluntárias atingiram a exaustão voluntária e interromperam o teste de
potência aeróbia com 584,7± 125,5 segundos, ou seja, com aproximadamente 9 minutos.
Quando analisados separadamente os grupos de acordo com os genótipos estudados, não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre o tempo de teste, FC
max
, R,
VE, e METs no esforço máximo – tabela 7.
Tabela 7. Valores médios e desvios-padrão das variáveis mensuradas no teste de potência aeróbia
durante o momento de esforço máximo, referentes ao grupo amostral total e aos grupos distribuídos
em relação ao polimorfismo ID do gene da ECA.
Total
(n = 189)
DD
(n = 61)
ID
(n = 89)
II
(n = 39)
p
Tempo de teste (s)
584,70±125,51 573,07±124,60 600,93±123,38 565,87±130,27 0,237
FC
max
(bpm)
134,22±15,96 134,31±15,98 133,68±16,26 135,31±15,58 0,869
R
1,01±0,09 1,02±0,10 1,00±0,08 1,00±0,08 0,472
VE (L/min)
37,03±9,39 37,21±9,38 36,68±9,70 37,55±8,89 0,878
METs
4,84±0,84 4,94±0,85 4,81±0,89 4,77±0,71 0,555
FC
max
= freqüência cardíaca máxima; R = razão de troca respiratória; VE = ventilação; METs = equivalente
metabólico basal.
A média de VO
2pico
verificado para o grupo total foi de 16,97±2,96 ml/kg/min. Assim
como nas demais variáveis mensuradas durante o esforço máximo descritas acima, não houve
diferenças estatisticamente significativas (p = 0,349) na potência aeróbia das voluntárias de
acordo com genótipo apresentado. A Figura 6 mostra as medias com os respectivos desvios-
padrão dos valores de VO
2pico
para cada grupo em relação ao genótipo. O grupo DD
46
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
DD ID II
Genótipos
VO2 (ml/kg/min)
apresentou VO
2pico
de 17,31±2,97 ml/kg/min, seguido pelos grupos ID e II com
respectivamente 16,86±2,50 e 16,72±2,96 ml/kg/min.
Figura 06. VO
2pico
em relação aos genótipos.
A percepção subjetiva do esforço, avaliada ao fim do teste, imediatamente no
momento da exaustão voluntária, está descrita em forma de freqüências na tabela 8.
Tabela 8. Freqüências (n) de pontuação na escala de
percepção subjetiva do esforço no momento da
exaustão, em relação ao grupo amostral total e aos
grupos distribuídos em relação ao polimorfismo ID do
gene da ECA.
PSE
(Borg)
Total
(n = 189)
DD
(n = 61)
ID
(n = 89)
II
(n = 39)
11
2 2 0 0
13
7 3 3 1
14
3 3 0 0
15
31 7 13 11
17
102 35 47 20
18
8 3 3 2
19
28 6 19 3
20
8 2 4 2
PSE = Percepção Subjetiva do Esforço.
47
Quando o consumo de oxigênio máximo (VO
2pico
) foi comparado entre aquelas
voluntárias que faziam uso de medicamento IECA e aquelas não usuárias, não foi verificada
diferença. O mesmo ocorreu para grupo de voluntárias que utilizava remédios ARAng
comparadas com aquelas não medicadas – Tabela 9. Das 34 voluntárias que utilizavam IECA,
11 eram portadoras do genótipo DD, 15 do genótipo ID e 8 do genótipo II. Daquelas que
utilizavam ARAng, 4 possuíam genótipo DD, 4 o genótipo ID e 1 o genótipo II. Além disso, a
FC
max
das voluntárias também não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre
quem tomava ou não medicamentos IECA e ARAng.
Tabela 9. Freqüência (n) e percentual (%) de utilização de medicamentos IECA
e ARAng e valores médios (x) e desvios-padrão da potência aeróbia em relação
aos grupos com e sem medicação.
n (%) VO
2pico
(ml/kg/min) p
IECA
Sim
34 (18%) 16,52±2,96
0,963
Não
155 (82%) 17,07±2,95
ARAng
Sim
9 (4,8%) 15,04±2,59
0,787
Não
180 (95,2%) 17,07±2,95
IECA = Inibidores da enzima conversora de angiotensina; ARAng = Antagonistas dos
receptores de angiotensina 2.
5.4 Recuperação
Após a interrupção do teste, as voluntárias foram monitoradas por mais alguns
minutos, com acompanhamento do eletrocardiograma e medidas de PA e FC. Não foram
observadas diferenças significativas entre as variáveis de recuperação em relação aos
genótipos – tabela 10.
48
PAS_rec1
159
160
161
162
163
164
165
DD ID II
PAD_rec1
91,0
92,0
93,0
94,0
95,0
96,0
DD ID II
PAS_rec3
142
143
144
145
146
147
148
149
DD ID II
PAD_rec3
83,0
84,0
85,0
86,0
87,0
88,0
DD ID II
Tabela 10. Valores médios e desvios-padrão das variáveis mensuradas durante a recuperação do teste
de potência aeróbia, referentes ao grupo amostral total e aos grupos distribuídos em relação ao
polimorfismo ID do gene da ECA.
Total
(n = 189)
DD
(n = 61)
ID
(n = 89)
II
(n = 39)
p
PAS_rec1 (mmHg)
163,26±17,03 164,46±16,97 163,39±16,43 161,09±18,66 0,628
PAD_rec1 (mmHg)
94,27±7,76 95,44±8,02 94,24±7,75 92,51±7,19 0,184
PAS_rec3 (mmHg)
146,08±10,98 148,25±10,00 145,17±10,25 144,74±13,54 0,168
PAD_rec3 (mmHg)
86,22±6,76 87,36±6,72 85,93±6,70 85,08±6,85 0,223
FC_rec1 (bpm)
117,41±16,84 118,97±15,83 116,27±17,12 117,59±17,92 0,629
FC_rec2 (bpm)
107,41±15,24 110,48±14,87 105,88±15,46 106,13±14,99 0,162
PAS_rec1 = Pressão arterial sistólica no 1º minuto de recuperação; PAD_rec1 = Pressão arterial diastólica no 1º
minuto de recuperação; PAS_rec3 = Pressão arterial sistólica no 3º minuto de recuperação; PAD_rec3 = Pressão
arterial diastólica no minuto de recuperação; FC_rec1 = Freqüência cardíaca no minuto de recuperação;
FC_rec2 = Freqüência cardíaca no 2º minuto de recuperação.
Entretanto, apesar de não terem sido observadas diferenças estatísticas significativas,
foi observada uma tendência de diminuição mais acentuada da pressão arterial sistólica e
diastólica no genótipo II comparado ao ID, e deste comparado ao DD, tanto no primeiro
quanto no terceiro minuto de recuperação – figura 7.
Figura 07. Valores médios da pressão arterial mensurada durante a recuperação do
teste de potência aeróbia, em relação ao polimorfismo ID do gene da ECA. PAS_rec1
= Pressão arterial sistólica no minuto de recuperação; PAD_rec1 = Pressão arterial
diastólica no minuto de recuperação; PAS_rec3 = Pressão arterial sistólica no minuto de
recuperação; PAD_rec3 = Pressão arterial diastólica no 3º minuto de recuperação.
49
6 Discussão
6.1 Características amostrais
A amostra deste estudo, com idade média de 65,84±4,94 anos, apresentou média de
IMC 27,61 ±3,62 Kg/m
2
, o qual é considerado como presença de sobrepeso, mediante
classificação proposta pela WHO (2000). No entanto, Janssen e Mark (2007), em uma meta-
análise em 32 estudos, postularam que a faixa de sobrepeso no IMC não está associada
significativamente com o risco de mortalidade aumentado em idosos. E, ainda, que a faixa de
obesidade, na qual se enquadram 28,6% das voluntárias do presente estudo, associa-se a um
modesto aumento no risco de mortalidade, independentemente do sexo, estado de saúde e
hábito de fumo. Como descrito pelos autores supracitados, este fato ocorre porque o IMC não
é um indicador em potencial da massa gorda e da distribuição de gordura em idosos, e, logo,
não se pode inferir que um alto IMC reflita um aumento na massa gorda total e abdominal.
Segundo Baumgartner (2000) a composição corporal é mais dificilmente avaliada em idosos
que em jovens, e recomenda-se a utilização de métodos acurados e não invasivos, tal como
DXA.
Portanto, no desenvolvimento deste estudo todas as voluntárias foram avaliadas por
DXA, método pelo qual se verificou a MLG total média de 37,39 kg. Os valores de MLG
total apresentados por Chaves et al. (2005) para mulheres idosas brasileiras são similares
aqueles encontrados pelo presente estudo, 38,71 kg. Newman et al. (2005) também avaliaram
a composição corporal de mulheres idosas (n = 1136), idade média de 73,7 anos, e
observaram MLG total de 40,0 kg.
A média de 37,39 kg de MLG total do presente estudo, em comparação descritiva,
difere modestamente de uma amostra de 100 mulheres (KYLE et al., 2001) caucasianas com
idade situada entre 60 e 94 anos, a qual apresentou uma MLG média de 41,4 Kg. Entretanto
uma diferença considerável na estatura destas duas amostras, sendo de 153,21cm para o
presente estudo e de 159,8 cm para a amostra do estudo supracitado. Portanto, para evitar
avaliações espúrias, recomenda-se relativizar a MLG total pela estatura, assim como realizado
no presente estudo, cálculo o qual revelou uma MLG total relativa de 15,93 kg/m
2
, resultado
mais aproximado daquele revelado por Kyle e colabores (2001), de 16.23Kg/m
2
. Logo,
presume-se que a amostra deste estudo possui características similares àquelas relatadas na
literatura para mulheres idosas.
50
6.2 Polimorfismo ID do gene da ECA
6.2.1 Freqüências alélicas e genotípicas
No presente estudo, o gene da ECA foi eficientemente amplificado e genotipado nas
189 voluntárias participantes. As freqüências alélicas observadas, de 0,56 para o alelo D e de
0,44 para o alelo I, estão em semelhança com o estudo de Inácio et al. (2004). Estes autores
investigaram as freqüências alélicas e genotípicas do gene da ECA em 210 voluntários de
cinco regiões brasileiras (sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste) e verificaram que a
freqüência do alelo I variou de 0,35 a 0,47 e a freqüência do alelo D variou de 0,53 a 0,65, o
que gera uma freqüência alélica média para a população brasileira de 0,39 para o alelo I e de
0,61 para o alelo D. Seguindo o mesmo padrão, a freqüência genotípica de aproximadamente
0,21 para o genótipo II, 0,47 para o genótipo ID e 0,32 para o genótipo DD observada no
presente estudo assemelha-se àquela verificada por Inácio et al. (2004), as quais foram de
0,20, 0,43 e 0,37 para os genótipos II, ID e DD, respectivamente. Apesar do presente estudo
ter siso realizado com idosas residentes no Distrito Federal, centro-oeste, as freqüências
alélicas e genotípicas não foram comparadas com os dados do estudo supracitado referentes à
este região devido ao fato dessa pesquisa incluir voluntárias brasileiras advindas de todo
Brasil.
A freqüência alélica e genotípica deste estudo também é similar a de outros estudos
que investigaram o polimorfismo ID no gene da ECA em associação com potência aeróbia em
mulheres (HAGBERG et al., 2002; DAY et al., 2007). Quando analisado o padrão de
expressão do polimorfismo ID, estudado em relação a variados fenótipos em diferentes países,
observa-se que o presente estudo segue um padrão de manifestação alélica do polimorfismo
ID semelhante ao observado em outros países tabela 11, tais como Reino Unido, Estados
Unidos e Austrália. O estudo de Wiwanitkit (2004), o qual realizou um apanhado de
diferentes estudos com o polimorfismo em questão, propôs que populações de mesmas
regiões do mundo apresentam padrão de manifestação alélica mais similares, quando
comparadas com outras. Este autor ressaltou ainda que estas diferenças no padrão de
expressão gênica podem ser importantes para explicar variações nas manifestações fenotípicas
em diferentes populações. Esta colocação acaba por fortalecer a sugestão de novos
procedimentos metodológicos a serem seguidos no desenvolvimento e aplicação de estudos de
associação genética, atentando-se ao fator da estratificação populacional.
51
Tabela 11: Freqüências alélicas do polimorfismo ID no gene da ECA em estudos prévios realizados
em diferentes países.
Autor / Data País Amostra (n) Freqüência
I
Alélica
D
Hagberg et al. (1998) Estados Unidos 58 M 0,49 0,51
Taylor et al. (1999) Austrália 120 H e M (atletas)
685 H e M (controles)
0,46
0,47
0,54
0,53
Rankinen et al. (2000) Canadá (n = 51)
Alemanha (n = 63)
Finlândia (n = 42)
Estados Unidos (n = 36)
192 H (atletas)
189 H (controle)
0,497
0,434
0,503
0,566
Hagberg et al. (2002) Estados Unidos 62 M 0,47 0,53
Zhao et al. (2003) China 67 H 0,66 0,34
Collins et al. (2004) África do Sul 166 H (controle) 0,42 0,58
Inácio et al. (2004) Brasil 210 * 0,39 0,61
Cam et al. (2005) Turquia 88 H 0,409 0,591
Yoo (2005) Coréia 8261 H
5653 M
0,60
0,61
0,40
0,39
González et al. (2006) Espanha 63 H 0,32 0,68
Day et al. (2007) Reino Unido 62 M 0,43 0,57
Sabbagh et al. (2007) Líbano 70 H
63 M
0,43
0,33
0,57
0,67
Alvarez-Aguilar et al. (2007) México 269 H e M saudáveis 0,57 0,43
Presente Estudo
Brasil 189 M 0,44 0,56
H = homens; M = mulheres; * Sexo não especificado.
6.2.2 Associação com variáveis hemodinâmicas
A pressão arterial e a freqüência cardíaca foram avaliadas em repouso no pré-teste e
durante a recuperação no pós-teste. Quando testadas diferenças entre os grupos de genótipos,
não houve diferenças significativas entre estas variáveis. No entanto, apesar de não terem sido
observadas diferenças estatísticas significativas, houve uma tendência de diminuição mais
acentuada da pressão arterial sistólica e diastólica no genótipo II comparado ao ID, e deste
comparado ao DD, tanto no primeiro quanto no terceiro minuto de recuperação.
Este comportamento na pressão arterial corrobora com o estudo de Zhang et al. (2002), o qual
propõe que as respostas da pressão arterial ao exercício podem ser influenciadas pelo polimorfismo ID
no gene da ECA, apresentando em seu estudo um decréscimo significativo da PAS e PAD dos
52
indivíduos hipertensos portadores dos genótipos II e ID quando submetidos a um programa de
exercício físico aeróbio moderado durante 10 semanas. Uma das linhas de pensamento que associa o
polimorfismo ID do gene da ECA com a pressão arterial fundamenta-se na diferença das
concentrações plasmáticas da enzima ECA nos diferentes genótipos. De acordo com Rigat e
colaboradores (1990), os portadores do genótipo DD têm concentrações da enzima conversora de
angiotensina aproximadamente duas vezes maior que os portadores do genótipo II, sendo que os
indivíduos com genótipo ID apresentam concentrações intermediárias. Portanto, a maior atividade
enzimática da ECA nos portadores do genótipo DD, caracterizada por uma maior quantidade da
enzima vasoconstritora angiotensina 2 e, ainda, de uma menor quantidade da enzima vasodilatadora
bradicinina (CRISAN; CARR, 2000), teoricamente associar-se-ia a níveis pressóricos mais elevados
neste genótipo.
No entanto, os esforços para estabelecer uma associação entre a pressão arterial e o
polimorfismo ID do gene da ECA, estudos os quais têm sido realizados em diferentes populações,
apresentam por vezes resultados negativos (HARRAP et al. 1993; SCHMIDT et al. 1993; ISHIGAMI
et al. 1995; FUENTES, et al., 2002), ao passo que outros descrevem uma correlação positiva (ZEE et
al, 1992; MORRIS et al. 1994; YOO, 2005). Alem disso, os resultados de alguns destes estudos
sugerem que o efeito do polimorfismo ID na etiologia da hipertensão pode variar de acordo com o
sexo, a raça e a idade dos pacientes. Esta discrepância pode resultar também de outros fatores, tais
como a distribuição alélica dos polimorfismos, a qual pode ser desigual em diferentes regiões, e as
pequenas amostras utilizadas na maioria dos estudos, o que pode acarretar em não identificação de
pequenos efeitos genéticos ou em identificação de falsas associações.
6.2.3 Associação com potencia aeróbia (VO
2pico
)
O teste de VO
2
em protocolo de rampa se mostrou eficaz para avaliação da potência
aeróbia das idosas, com duração média de aproximadamente 9 minutos e 40 segundos,
estando a maioria dos testes dentro do tempo ótimo recomendado para esta avaliação, que é
entre 8 e 12 minutos (MYERS; BELLIN, 2000). A média de FC
max
atingida no teste foi em
torno de 87,2% da FC
max
prevista pela idade utilizando a fórmula [FC
max prevista
= 220-idade], o
que reflete a eficácia dos testes, pois segundo Vacanti e seus colaboradores (2004) um teste
realizado com indivíduos idosos pode ser considerado máximo se for atingida 85% da FC
max
prevista. Este fato pode ser atribuído a uma superestimação da FC
max
real do teste progressivo
máximo pela equação acima descrita e utilizada no presente estudo. De acordo com Silva et
al. (2007), a equação de predição de FC “220-idade” apresenta valores significativamente
maiores quando comparados aos medidos durante um teste ergométrico progressivo.
53
A maioria das voluntárias, 77,2%, relatou que o exercício estava “muito pesado” ao
fim do teste, com marcação de 17 ou valor superior na escala de Borg, sendo este mais um
indício de que os exames foram realmente conduzidos até a exaustão. A presença de
marcações 11 e 13 na escala de percepção do esforço no momento da interrupção do teste
ocorreu possivelmente por incapacidade de interpretação do instrumento, suposição esta
respaldada pelas outras variáveis disponíveis, as quais indicavam que a voluntária estava sob
pesado estresse metabólico, tais como R, VE e FC. A razão de troca respiratória no momento
do esforço máximo, em média de 1,01, não diferiu significativamente entre os grupos DD, ID
e II, o que evidencia que as idosas de todos os grupos atingiram o mesmo patamar de esforço
durante o teste de potência aeróbia.
Os valores médios potência aeróbia do presente estudo, ponderados de acordo com a
idade, o percentual de gordura e a massa livre de gordura, se encontram um pouco abaixo
daqueles observados na literatura por outros estudos realizados com idosas
(STATHOKOSTAS et al., 2004; FLEG et al., 2005; HOLLEMBERG et al., 2006; WEISS et
al., 2006) – tabela 12.
De acordo com Stathokostas et al. (2004); Fleg et al. (2005) e Hollemberg et al.
(2006), a potência aeróbia, VO
2max
, diminui com o envelhecimento tanto para homens quanto
para mulheres. Este declínio é normalmente notado aos 40 anos e acelera quando os
indivíduos entram na sexta/sétima década de vida (ADES; TOTH, 2005). Hollenberg et al.
(2006) ao investigar os declínios da potência aeróbia associados ao envelhecimento
verificaram que a taxa estimada de perda desta capacidade para as mulheres é de -0,22
ml/kg/min a cada ano, ou seja, é de aproximadamente 9,7% por década. Stathokostas et al.
(2004) também descreveu um declínio no VO
2max
com a idade, tanto em homens quanto em
mulheres, sendo a taxa de redução estimada para as mulheres de -0,19 ml/kg/min/ano, o
correspondente a aproximadamente 7% por década. Estes dois estudos supracitados
relacionam o declínio da FC no processo de envelhecimento como o principal responsável
pela perda na potência aeróbia. Este fato pode ter sido determinante para os valores de VO
2pico
do presente estudo serem inferiores aos referidos na literatura, que a FC
max
verificada
também se mostrou aquém daquelas referidas anteriormente – tabela 12. Outros autores
atribuem a redução na potência aeróbia a fatores além da redução na FC
max
(TALBOT et al.,
2000; WEISS, et al., 2006). Segundo Weiss et al. (2006) o decréscimo no DC, reduzido em
decorrência da diminuição da FC
max
, e na a-vDO
2
, a qual seria inversamente relacionada à
idade, contribuem igualmente para o declínio do VO
2max
. Mudanças na massa corporal e na
54
MLG também são relacionadas como fatores de influência na diminuição do VO
2pico
com o
envelhecimento (FLEG et al., 2005).
Portanto, com base no perfil de potência aeróbia observado na amostra estudada, foi
possível identificar que as mulheres em fase pós menopausa participantes do estudo
apresentaram valores de VO
2pico
um pouco abaixo daquele observado na literatura. Como já
esperado, esses valores são inferiores ao relatado para homens da mesma faixa etária. De
acordo com a classificação de aptidão cardiorrespiratória proposta pela American Heart
Association (KATTUS et al., 1972), a maioria das participantes do presente estudo com idade
média de 65,8 anos se enquadraria na categoria definida como fraca.
Baixos valores de VO
2max
sugerem comprometimento do sistema cardiopulmonar, com
conseqüente insuficiência em manter as demandas energéticas e metabólicas (NEDER et al.,
2006). De forma global, o grupo amostral apresentou equivalente metabólico (MET) no
esforço máximo de 4,84. Segundo Ainsworth et al. (1993), a maioria das atividades
domésticas requer valores abaixo desta taxa, pelo que se pressupõe que, apesar da baixa
aptidão cardiorespiratória apresentada, estas voluntárias têm capacidade de realizar de forma
independe as atividades da vida diária. Ressalta-se que é importante que o idoso mantenha-se
ativo, pois à medida que as tarefas requerem esforço substancial para o indivíduo, ele tende a
evitá-las, tornando-se cada vez mais inativo e descondicionado. Além disso, apesar do
declínio na potência aeróbia ocorrer independentemente da prática de atividade física, sabe-se
que indivíduos que praticam atividade física apresentam melhor capacidade funcional
(VO
2pico
), sendo que esta vantagem pode ser mantida por toda a vida desde que os hábitos de
se exercitar sejam conservados (FLEG et al., 2005).
A amostra do presente estudo incluiu mulheres que faziam uso de medicamentos de
conhecida influência no sistema renina-angiotensina, os inibidores da enzima conversora de
angiotensina – IECA e os antagonistas dos receptores de angiotensina II – ARAng. No
entanto, a análise destas voluntárias comparativamente aquelas não medicamentadas mostrou
que não houve diferenças estatisticamente significativas na potência aeróbia. Portanto este
tipo de medicação não se mostrou influente no VO
2pico
. Além disso, a FC
max
das voluntárias
também não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre quem tomava ou não
medicamentos IECA e ARAng.
55
Tabela 12: Estudos prévios que avaliaram a potência aeróbia em idosas.
Autor / Data /País Amostra (n) Protocolo VO
2max
- VO
2pico
(ml/kg/min) Outras variáveis
Stathokostas et al. (2004)
França
34 H (63,5 anos, 80,1 kg,
174,2 cm, 26,4 de IMC) e 23
M (62,0 anos, 64,3 kg, 160
cm, 25,2 de IMC).
TIE, até a fadiga. 4 min a 2,73 km/h e
0% de inclinação. Incrementos de
velocidade e inclinação em rampa,
individualizados para o teste durar de
8-12 min.
H – 26,3±5,4
M – 22,1±4,6
H FC
max
:164bpm
M FC
max
: 165 bpm
Fleg et al. (2005)
Estados Unidos
435 H (51,9 anos, 81,5 kg,
25,7 de IMC) e 375 M (48,6
anos, 64,1 kg, 23,9 de IMC).
TIE, protocolo de Balke modificado,
até a exaustão voluntária. Velocidade
constante de 5,6 km/h para H e 4,8
km/h para M, com aumento na
inclinação de 5% a cada 2 min.
H – 35,3±8,4
M – 29,4±7,1
H FC
max
:171bpm
R: 1,11
M FC
max
: 172 bpm
R: 1,09
Hollemberg et al. (2006)
Estados Unidos
253 H (66 anos, 68,1 kg, 26,9
de IMC) e 339 M (65 anos,
85,3 kg, 25,9 de IMC).
TIE, protocolo Bruce modificado, até a
exaustão voluntária.
H – 28,5±6,0
M – 21,9±4,5
H FC
max
:153 bpm
R: 1,12
M FC
max
: 150
R: 1,08
Weiss et al. (2006)
Estados Unidos
33 H (76 anos, 82,7 kg, 174,4
cm, 27,2 de IMC) e 83 M (72
anos, 65,3 kg, 160,6 cm, 25,3
de IMC)
TIE, com velocidade constante,
determinada no aquecimento,
correspondente a 70% da FC
max
prevista para idade. Incrementos de 1-
2% na inclinação a cada 1-2 min, até a
exaustão voluntária.
H – 21,4±6,3
M – 19,1±3,6
H R: 1,19
M R: 1,13
Presente Estudo
189 M (65,8 anos, 64,6 kg,
153,2 cm, 27,6 de IMC).
TIE, protocolo de rampa, até a
exaustão voluntária, com velocidade
inicial 2 km/h e inclinação. inicial 0%.
M - 16,97±2,9
M FC
max
: 134 bpm
R: 1,01
* Em estudos experimentais ou longitudinais foram retratados os dados da avaliação. H = homens; M = mulheres; TIE = teste incremental na esteira; IMC = índice de
massa corporal; FC
max
= freqüência cardíaca máxima; R = razão de troca respiratória.
56
Possivelmente, diversos são os genes que contribuem para regulação e funcionamento
do sistema cardiorespiratório. E, a detecção de variações genéticas que apresentem papel no
processo de perda de potência aeróbia advinda com o envelhecimento ajudará a identificar
indivíduos que são mais suscetíveis, possibilitando a implantação antecipada de intervenções
capazes de preservar a função cardiovascular, propiciando a manutenção da autonomia e
melhora da qualidade de vida dos indivíduos idosos. Neste contexto, o presente estudo
investigou a associação do polimorfismo ID do gene da ECA com o fenótipo de potência
aeróbia para a população brasileira. Quando comparados os resultados encontrados com os de
outras populações, verificam-se tanto casos de corroboração quanto casos de disparidade.
A tabela 13 retrata estudos prévios que associaram o polimorfismo ID do gene da
ECA, em termos de freqüência genotípica, com variados fenótipos de performance física.
Rankinen et al. (2000) recolheram dados de atletas de endurance, em diferentes esportes, e
não encontraram diferenças nas freqüências genotípicas entre atletas e indivíduos não atletas
saudáveis. Woods et al. (2001) verificaram um excesso do alelo D dentre nadadores de
elite comparados a nadadores que não eram de elite, entretanto, esta diferença ocorreu nos
velocistas de elite os quais realizam provas de 400m ou menos, o que caracteriza maior
dependência da potência anaeróbia. Ao pesquisar este tipo de associação do gene da ECA
com triatletas participantes do Ironman, prova na qual a capacidade aeróbia é fundamental,
Collins et al. (2004) observaram uma freqüência significativamente maior do alelo I dentre os
100 mais rápidos triatletas sul-africanos comparados com o grupo controle composto também
por sul-africanos, sendo a freqüências do alelo I de 51,5% contra 42,2%, respectivamente.
Seguindo a mesma linha Cam et al. (2005) buscaram diferenças na freqüência genotípica de
acordo com a performance, classificando sua amostra em 3 níveis ordinários de desempenho,
e verificaram que o grupo de performance superior apresentou maior freqüência do genótipo
DD nas provas de 2000m.
57
Tabela 13: Estudos prévios que associaram o polimorfismo ID do gene da ECA com a performance física.
Freqüência Genotípica
Autor / Data Síntese do estudo Amostra (n)
DD ID II
Conclusão
Rankinen et al. (2000) Atletas de endurance de
diferentes esportes
192 H atletas
189 H sedentários
27,1%
32,8%
46,4%
47,6%
26,5%
19,6%
Não foram observadas diferenças nas
freqüências alélicas e genotípicas
entre atletas e controles.
Woods et al. (2001) Nadadores caucasianos
(sexo não especificado)
56 nadadores elite
47 nadadores não-elite
46,4%
25,6%
39,3%
55,3%
14,3%
19,1%
Excesso do alelo D dentre os
nadadores de elite, identificado nos
velocistas de elite (provas de 400m
ou menos)
Collins et al. (2004) 447 triatletas participantes
do Ironman Triathlon Sul-
Africano e 199 controles
447 triatletas
199 controles
272 Triatletas Sul-africanos
166 controles Sul-africanos
26,6%
32,7%
24,3%
32,5%
51,7%
49,8%
54,0%
50,6%
21,7%
17,6%
21,7%
16,9%
Quando os 100 triatletas sul-
africanos foram comparados com o
controle sul-africanos houve
diferença significativa na freqüência
do alelo I, 51,5% contra 42,2%,
respectivamente.
Cam et al. (2005) 88 atletas H, não-elite,
foram testados nas provas
de 60m e 2000m.
Performance Superior
Performance Média
Performance Inferior
56,6%
20,7%
38,0%
36,6%
55,2%
31,0%
6,8%
24,1%
31,0%
A freqüência do genótipo DD foi
maior no grupo Superior que nos
grupos Média e Inferior nas provas
de 2000m.
Presente Estudo
189 M idosas - 32,3% 47,1% 20,6% -
H = homens; M = mulheres.
58
O presente estudo seguiu outra linha de pesquisa, que ao invés de associar as
freqüências alélicas e genotípicas à performance aeróbia, realizou um teste para avaliá-la e
comparou a mesma nos três grupos formados de acordo com o polimorfismo, II, ID e DD.
A tabela 14 retrata resumidamente estudos prévios que, assim como o presente estudo,
associaram o polimorfismo ID do gene da ECA com a potência aeróbia (VO
2max
ou VO
2pico
).
Hagberg e colaboradores (1998) investigaram a associação do genótipo ACE com o VO
2max
em um grupo de 58 idosas posmenopausadas e verificaram que o uso de terapia de reposição
hormonal não influenciava na potência aeróbia, que foi de 33,4±7,6 ml/kg/min pra o grupo II,
30,1±8,5 ml/kg/min pra o grupo ID e 27,1±5,8 ml/kg/min pra o grupo DD. Comparativamente
ao presente estudo, no qual o grupo DD apresentou VO
2pico
de 17,31±2,97 ml/kg/min, seguido
pelos grupos ID e II com respectivamente 16,86±2,50 e 16,72±2,96 ml/kg/min, a amostra
norte-americana mostrou melhor condicionamento cardiovascular. Além disso, estes autores
verificaram que, relevadas as diferenças no nível de atividade física, o grupo II apresentou
VO
2max
6,3 ml/kg/min (23%) maior em relação ao grupo DD e 3,3 ml/kg/min (11%) maior em
relação ao grupo ID, diferença esta que não foi observada neste estudo com idosas brasileiras.
De acordo com Hagberg et al. (1998), as diferenças observadas na potência aeróbia
devem-se a variações na a-vDO
2
, contrariando a hipótese original de que o fator de influência
seria o debito cardíaco e o volume de ejeção máximos. A explicação para este fato baseia-se
no envolvimento do gene da ECA com a regulação do tônus vascular, sendo que o achado
destes autores sugere que o genótipo II tenha uma maior a-vDO
2
em decorrência de maior
fluxo vascular periférico e conseqüente maior perfusão capilar e trânsito aumentado de células
vermelhas, quando comparado ao genótipo ID e DD.
Hagberg e colaboradores (2002) replicaram o estudo de Hagberg et al. (1998) na
mesma amostra, e novamente encontraram diferenças no VO
2max
entre os grupos de
genótipos, com o grupo II apresentando os maiores valores de VO
2max
. E, assim como
mostrado no primeiro estudo, as diferenças na potência aeróbia foram atribuídas a a-vDO
2
e a
FC, a qual também diferiu significativamente entre os grupos de genótipos, sendo
aproximadamente 10bpm maior no grupo II comparado aos grupos ID e DD.
Zhao et al. (2003) realizaram um estudo investigando a relação do polimorfismo ID do
gene da ECA com o VO
2max
de 67 homens chineses de aproximadamente 23 anos de idade e
observaram superioridade significativa do grupo DD para com os demais, contrariando os
estudos prévios que associavam o alelo I aos valores mais elevados de VO
2max
. Foi especulado
que estes resultados poderiam ser causados por maior massa ventricular esquerda e maior
débito cardíaco, já que o genótipo DD tem maiores concentrações de angiotensina 2, a qual
59
promove o crescimento cardíaco de miócitos e fibroblastos. Outra possível causa seria uma
heterogeneidade da amostra em termos estado de treinamento.
Frente a estas evidências e a consideráveis conflitos de resultados ainda existentes,
DAY et al. (2007) realizaram um estudo examinando relações entre a atividade da ECA,
através da medida direta da atividade da enzima no sangue e do genótipo da ECA, com a
potência aeróbia em 62 mulheres caucasianas. Não foram observadas correlações entre a
atividade da ACE circulante e o VO
2max
, mas houve uma correlação muito forte e
estatisticamente significativa entre a atividade da ACE circulante e os genótipos da ECA, com
o DD apresentando maior atividade, o grupo ID com atividade intermediária e o grupo II com
menor atividade. Este fato evidencia a teoria já estabelecida da relação do polimorfismo ID do
gene da ECA com a atividade plasmática da enzima por ele codificada (Rigat et al., 1990).
Também não foi encontrada associação entre o genótipo e a potência aeróbia, assim como
visto para a atividade da enzima.
Portanto, percebe-se que uma possível associação entre o polimorfismo ID no gene da
ECA e a potência aeróbia não esta clara. Enquanto alguns estudos apontam para a associação
do genótipo II ou DD com maior performance aeróbia, outros negam qualquer associação,
como no caso do presente estudo. Pode ser que esta disparidade de achados aconteça por
diferenças nos protocolos empregados para o teste de potência aeróbia, ou mesmo pelas
diferenças étnicas das amostras. Sullivan (2007) ressalta que os estudos de associação
genética são importantes para formação de banco de dados, mas, devem ser interpretados com
cautela devido à possibilidade de associações espúrias. É possível ainda que algumas ou todas
as associações reportadas entre a performance física e o polimorfismo ID no gene da ECA
possam ser atribuídos a um desequilíbrio de ligação com outros genes em proximidade ao
lócus do gene da ECA, e não a este gene especificamente (CRISAN; CARR, 2000;
RANKINEN et al., 2000).
Diante dos achados deste estudo e da comparação com aqueles existes na literatura
permanece a necessidade de investigação da associação do polimorfismo ID do gene da ECA
com a potência aeróbia. Ressalta-se ainda que este tipo de estudo é importante pois os
avanços da genética e os novos conhecimentos emergentes trazem mudanças nas práticas de
intervenção e prevenção de várias doenças e processos degenerativos (BRAND, et al., 2008).
60
Tabela 14: Estudos prévios que associaram o polimorfismo ID do gene da ECA com a potência aeróbia (VO
2max
ou VO
2pico
).
VO
2max
(ml/kg/min)
Autor / Data Amostra (n) Protocolo Parâmetros
DD ID II
Conclusão
Hagberg et al. (1998) 58 mulheres de ± 64
anos de idade e
diferentes níveis de
atividade física.
TIE em velocidade constante (±
60% VO2max e de 2% de
inclinação a cada 2 min
Platô de VO
2
, R
> 1,10, FC a
10bpm da
FCmax prevista
pela idade.
27,1±5,8 30,1±8,5 33,4±7,6 II apresentou maior
VO
2
que o ID e o
DD.
Hagberg et al. (2002) 62 mulheres
posmenopausadas
TIE – protocolo de Naughton
modificado.
Exaustão
voluntária
27±1 29±1 32±1 II apresentou VO
2
mais elevado.
Zhao et al. (2003) 67 homens chineses de ±
23 anos de idade
TIE – 5min aquecimento a 9 km/h e
1% de inclinação. de 1 km/h a
cada min.
Exaustão
voluntária
57,40 50,40 50,10 DD apresentou
maior VO
2
que o
ID e o II
Day et al. (2007) 62 mulheres caucasianas
sedentárias com ± 25
anos de idade
TIE – início entre 8-10 km/h e 1%
de inclinação. de 1 km/h a cada
estágio de 4 min. Quando FC =
90% da FCmax prevista
velocidade constante, com de 1%
na inclinação / min .
Exaustão
voluntária
37,2±5,5 37,4±5,6 35,5±5,6 Não houve
associação do
genótipo com VO
2
.
Presente Estudo
189 mulheres brasileiras
com ± 65,8 anos de
idade.
TIE, protocolo de rampa, até a
exaustão voluntária, com
velocidade inicial 2 km/h e
inclinação inicial de 0%.
Exaustão
voluntária
17,31±2,9 16,86±2,5 16,72±2,9 Não houve
associação do
genótipo com VO
2
.
TIE = Teste incremental na esteira.
61
7 Conclusões
De acordo com a revisão de literatura realizada, o presente estudo foi o primeiro a
buscar associação entre o polimorfismo ID no gene da ECA e a potência aeróbia em mulheres
brasileiras. Em síntese, os resultados demonstraram não haver associação entre o
polimorfismo ID no gene da ECA com os índices de potência aeróbia em idosas brasileiras. O
desenvolvimento do conhecimento acerca da contribuição do gene ACE e de outros genes
para fenótipos cardiovasculares será útil na identificação de indivíduos suscetíveis a
limitações funcionais, possibilitando maior eficácia na intervenção preventiva e/ou terapêutica
e conseqüente preservação da autonomia e qualidade de vida dos indivíduos idosos.
Fica como sugestão para futuros estudos a utilização de amostras maiores, aumentando
assim o poder de identificação de possíveis associações genéticas, bem como a utilização de
marcadores informativos de ancestralidade como controle em relação à estratificação
populacional por miscigenação. Também seria interessante a replicação de estudos os quais
identificaram previamente associação entre o polimorfismo ID do gene da ECA e o fenótipo
de potência aeróbia, seguindo mesmos critérios de inclusão amostral e protocolos de testes,
para evitar a propagação de resultados positivos espúrios.
62
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74
Anexo A: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
75
Anexo B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
Nome:______________________________________________________________
1. ESCLARECIMENTO DAS AVALIAÇÕES
Você estará participando de um grupo experimental de estudo com o objetivo de
verificar a associação de variações genéticas, com potência aeróbia. Para tanto, você se
submetida a algumas avaliações. Você poderá a qualquer momento desligar-se da presente
pesquisa sem nenhum constrangimento. Para que você possa decidir sobre sua participação,
descrevemos a seguir os testes:
1.1. Avaliação da composição corporal:
Será avaliada a composição corporal, com medidas de estatura (altura) e peso corporal
em uma balança digital. O pesquisador principal, assim que possível entrará em contato para
entregar o resultado destes exames, que estarão junto à secretária do projeto “Poderosa
Idade”.
1.2. Avaliação genética
A avaliação será feita através de uma amostra sangüínea retirada da veia situada em
seu antebraço. Todos os equipamentos utilizados serão esterilizados e/ou descartáveis e a
coleta será realizada por um técnico devidamente treinado. Este procedimento é comumente
adotado em pesquisas deste gênero e, de uma forma geral, é bem tolerado pelos voluntários.
2. RISCOS E DESCONFORTOS POSSÍVEIS
Durante a realização dos testes, poderão surgir alguns desconfortos. No caso
específico da coleta de sangue, semelhante a uma coleta laboratorial rotineira, será necessário
realizar a inserção de uma agulha no antebraço, o que pode trazer algum tipo de desconforto.
O procedimento é relativamente simples e bem aceito por indivíduos de todas as idades, e, em
adição, todo esforço será feito para minimizar estes desconfortos.
3. BENEFÍCIOS ESPERADOS
Você se informado sobre seu status atual de capacidade aeróbia, avaliado em
equipamentos internacionalmente reconhecidos como instrumentos válidos e precisos. Em
adição, serão fornecidas informações sobre suas características genéticas atuais e
aconselhamento de condutas adequadas ao perfil obtido nos resultados.
O benefício possível dessa pesquisa diz respeito à busca pela identificação de uma
variável genética que seja fator de risco para o desenvolvimento de baixa potência aeróbia.
Caso seja observada essa variação, futuramente, será possível identificar indivíduos propensos
a desenvolver esta patologia, o que possibilitará a intervenção apropriada de forma precoce,
76
consequentemente, minimizando os efeitos deletérios desses quadros indesejáveis. Pesquisas
dessa natureza certamente beneficiarão as futuras gerações de idosos.
4. RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR E DA INSTITUIÇÃO
O pesquisador responsável suspenderá a pesquisa imediatamente ao perceber algum
risco ou dano à sua saúde, incluindo riscos não previstos neste termo de consentimento. O
pesquisador assumirá a responsabilidade de dar assistência integral e indenização às
complicações e danos decorrentes dos riscos. Caso constatada a superioridade de um método
em estudo sobre outro, o pesquisador será responsável por oferecer os benefícios do melhor
regime. Qualquer dúvida entre em contato pelo número 3356-9066.
5. RESPONSABILIDADE DAS PARTICIPANTES
Estar presente no local dos testes nos dias e horários marcados. Informar ao professor
pesquisador qualquer desconforto que por acaso venha a perceber.
6. RESULTADOS OBTIDOS
As informações obtidas neste experimento, por meio dos resultados de todos os testes,
poderão ser utilizadas como dados de pesquisa científica, podendo ser publicados e
divulgados, sendo resguardada a identidade e privacidade das participantes.
77
LIBERDADE DE CONSENTIMENTO
A sua permissão para participar desta pesquisa é voluntária. Você estará livre para
negá-la ou para em qualquer momento desistir da mesma se assim desejar.
Declaro ter lido este termo de consentimento e compreendido os procedimentos nele
descritos. Informo também que todas as minhas dúvidas foram respondidas de forma clara e
de fácil compreensão. Estou de acordo em participar da referida pesquisa.
_______________________________
Assinatura – RG Participante
________________________________
Assinatura – RG Testemunha
________________________________
Assinatura – RG Pesquisador
Dúvidas: (61) 3456 - 2342
78
Anexo C: Questionário de Caracterização da Amostra
Muito obrigado por participar de nosso estudo. Por favor, preencha a ficha abaixo para
podermos conhecê-la melhor.
Nome:______________________________________________________________________
Data de nascimento:_____/_____/_____
Cidade/Estadodenascimento:_______________________
Em que pais você nasceu?
___________________________________________________________________________
Em que país seus pais nasceram?
___________________________________________________________________________
Em que país seus avós nasceram?
___________________________________________________________________________
Você fuma?
( ) Não ( ) Sim. Há quanto tempo? _________________________________________
Qual a cor de sua pele?
( ) Branca ( ) Negra ( ) Amarelo (asiático)
( ) Parda ( ) Vermelho (indígena)
Você faz terapia de reposição hormonal
( ) Não ( ) Sim. Há quanto
tempo?________________________________________________
Marque um “X” caso você tenha alguma das patologias abaixo
( ) Hipertensão ( ) Diabetes ( ) Osteoporose
( ) Outros:_____________________________________________________________
Você está tomando algum medicamento?
79
( ) Não ( ) Sim. Qual (is)?_________________________________________________
Muito Obrigado!
80
Anexo D: IPAQ
QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA.
Nome:__________________________________________________ Data: ___/ ___ / ___
Idade : ____ Sexo: F ( ) M ( ) Você trabalha de forma remunerada: ( ) Sim ( ) Não.
Quantas horas você trabalha por dia: ___ Quantos anos completos você estudou: ___
De forma geral sua saúde está: ( ) Excelente ( ) Muito boa ( ) Boa ( ) Regular ( )Ruim
Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como
parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em
diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão
ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As perguntas estão relacionadas
ao tempo que você gasta fazendo atividade física em uma semana ultima semana. As
perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por
lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim.
Suas respostas são MUITO importantes. Por favor, responda cada questão mesmo que
considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!
Para responder as questões lembre que:
Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e
que fazem respirar MUITO mais forte que o normal
Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e
que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal
SEÇÃO 1- ATIVIDADE FÍSICA NO TRABALHO
Esta seção inclui as atividades que você faz no seu serviço, que incluem trabalho
remunerado ou voluntário, as atividades na escola ou faculdade e outro tipo de trabalho não
remunerado fora da sua casa. NÃO incluir trabalho não remunerado que você faz na sua
casa como tarefas domésticas, cuidar do jardim e da casa ou tomar conta da sua família.
Estas serão incluídas na seção 3.
1a. Atualmente você trabalha ou faz trabalho voluntário fora de sua casa?
( ) Sim ( ) Não – Caso você responda não Vá para seção 2: Transporte
As próximas questões são em relação a toda a atividade física que você fez na ultima
semana como parte do seu trabalho remunerado ou não remunerado. NÃO inclua o
transporte para o trabalho. Pense unicamente nas atividades que você faz por pelo menos
10 minutos contínuos:
1b. Em quantos dias de uma semana normal você anda, durante pelo menos 10
minutos contínuos, como parte do seu trabalho?Por favor, O inclua o andar
como forma de transporte para ir ou voltar do trabalho.
81
_______dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para a seção 2 - Transporte.
1c. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA caminhando como parte
do seu
trabalho ?
____ horas ______ minutos
1d. Em quantos dias de uma semana normal você faz atividades moderadas, por pelo
menos 10 minutos contínuos, como carregar pesos leves como parte do seu
trabalho?
_______dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para a questão 1f
1e. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA fazendo atividades
moderadas como parte do seu trabalho?
_____ horas ______ minutos
1f. Em quantos dias de uma semana normal você gasta fazendo atividades vigorosas,
por pelo menos 10 minutos contínuos, como trabalho de construção pesada,
carregar grandes pesos, trabalhar com enxada, escavar ou subir escadas como
parte do seu trabalho:
_______dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para a questão 2a.
1g. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA fazendo atividades físicas
vigorosas como parte do seu trabalho?
_____ horas ______ minutos
SEÇÃO 2 - ATIVIDADE FÍSICA COMO MEIO DE TRANSPORTE
Estas questões se referem à forma típica como você se desloca de um lugar para outro,
incluindo seu trabalho, escola, cinema, lojas e outros.
2a. O quanto você andou na ultima semana de carro, ônibus, metrô ou trem?
________dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para questão 2c
2b. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA andando de carro, ônibus,
metrô
ou trem?
_____horas _____minutos
Agora pense somente em relação a caminhar ou pedalar para ir de um lugar a outro
na ultima semana.
82
2c. Em quantos dias da ultima semana você andou de bicicleta por pelo menos 10
minutos contínuos para ir de um lugar para outro? (NÃO inclua o pedalar por lazer
ou exercício)
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para a questão 2e.
2d. Nos dias que você pedala quanto tempo no total você pedala POR DIA para ir de um
lugar
para outro?
_______ horas _____ minutos
2e. Em quantos dias da ultima semana você caminhou por pelo menos 10 minutos
contínuos para ir de um lugar para outro? (NÃO inclua as caminhadas por lazer ou
exercício)
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para a Seção 3.
2f. Quando você caminha para ir de um lugar para outro quanto tempo POR DIA você
gasta? (O inclua as caminhadas por lazer ou exercício)
_______ horas _____ minutos
SEÇÃO 3 – ATIVIDADE FÍSICA EM CASA: TRABALHO, TAREFAS DOMÉSTICAS E
CUIDAR DA FAMÍLIA.
Esta parte inclui as atividades físicas que você fez na ultima semana na sua casa e ao redor
da sua casa, por exemplo, trabalho em casa, cuidar do jardim, cuidar do quintal, trabalho de
manutenção da casa ou para cuidar da sua família. Novamente pense somente naquelas
atividades físicas que você faz por pelo menos 10 minutos contínuos.
3a. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas por pelo menos
10 minutos como carregar pesos leves, limpar vidros, varrer, rastelar no jardim ou quintal.
________dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 3b.
3b. Nos dias que você faz este tipo de atividades quanto tempo no total você gasta POR
DIA fazendo essas atividades moderadas no jardim ou no quintal?
_______ horas _____ minutos
3c. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas por pelo menos
10 minutos como carregar pesos leves, limpar vidros, varrer ou limpar o chão dentro
da sua casa.
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 3d.
3d. Nos dias que você faz este tipo de atividades moderadas dentro da sua casa quanto
tempo no total você gasta POR DIA?
_______ horas _____ minutos
83
3e. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades físicas vigorosas no jardim
ou quintal por pelo menos 10 minutos como carpir, lavar o quintal, esfregar o chão:
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para a seção 4.
3f. Nos dias que você faz este tipo de atividades vigorosas no quintal ou jardim quanto
tempo
no total você gasta POR DIA?
_______ horas _____ minutos
SEÇÃO 4- ATIVIDADES FÍSICAS DE RECREAÇÃO, ESPORTE, EXERCÍCIO E DE
LAZER.
Esta seção se refere às atividades físicas que você fez na ultima semana unicamente por
recreação, esporte, exercício ou lazer. Novamente pense somente nas atividades físicas
que faz por pelo menos 10 minutos contínuos. Por favor, O inclua atividades que você
já tenha citado.
4a. Sem contar qualquer caminhada que você tenha citado anteriormente, em quantos
dias da
ultima semana você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos no seu tempo
livre?
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 4b
4b. Nos dias em que você caminha no seu tempo livre, quanto tempo no total você gasta
POR
DIA?
_______ horas _____ minutos
4c. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas no seu tempo livre
por pelo menos 10 minutos, como pedalar ou nadar a velocidade regular, jogar bola,
vôlei ,
basquete, tênis :
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 4d.
4d. Nos dias em que você faz estas atividades moderadas no seu tempo livre quanto
tempo no
total você gasta POR DIA?
_______ horas _____ minutos
4e. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades vigorosas no seu tempo livre
por pelo menos 10 minutos, como correr, fazer aeróbicos, nadar rápido, pedalar rápido
ou fazer
Jogging:
_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - para seção 5.
84
4f. Nos dias em que você faz estas atividades vigorosas no seu tempo livre quanto tempo
no total
você gasta POR DIA?
_______ horas _____ minutos
SEÇÃO 5 - TEMPO GASTO SENTADO
Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia,
no trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o
tempo sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa
visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo
gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.
5a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?
______horas ____minutos
5b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?
______horas ____minutos
85
Anexo E: Classificação do IPAQ
CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA IPAQ
1. MUITO ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de:
a) VIGOROSA: 5 dias/sem e 30 minutos por sessão
b) VIGOROSA: 3 dias/sem e 20 minutos por sessão + MODERADA e/ou
CAMINHADA: 5 dias/sem e 30 minutos por sessão.
2. ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de:
a) VIGOROSA: 3 dias/sem e 20 minutos por sessão; ou
b) MODERADA ou CAMINHADA: 5 dias/sem e 30 minutos por sessão; ou
c) Qualquer atividade somada: 5 dias/sem e 150 minutos/sem (caminhada +
moderada + vigorosa).
3. IRREGULARMENTE ATIVO: aquele que realiza atividade física porém insuficiente para
ser classificado como ativo pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou
duração. Para realizar essa classificação soma-se a freqüência e a duração dos diferentes
tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa). Este grupo foi dividido em dois sub-
grupos de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação:
IRREGULARMENTE ATIVO A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios da
recomendação quanto à freqüência ou quanto à duração da atividade:
a) Freqüência: 5 dias /semana ou
b) Duração: 150 min / semana
IRREGULARMENTE ATIVO B: aquele que não atingiu nenhum dos critérios da
recomendação quanto à freqüência nem quanto à duração.
4. SEDENTÁRIO: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10
minutos contínuos durante a semana.
CENTRO COORDENADOR DO IPAQ NO BRASIL– CELAFISCS -
INFORMAÇÕES ANÁLISE, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS NO BRASIL
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