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DÉBORA PEREIRA CLAUDIO
A COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM
CENTRO CULTURAL
Dissertação apresentada como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Comunicação Social, no Programa de Pós-
Graduação em Comunicação Social da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, área de concentração:
Práticas Sociopolíticas nas Mídias e
Comunicação nas Organizações – PSMCO.
Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena Steffens
de Castro.
Porto Alegre
2007
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DÉBORA PEREIRA CLAUDIO
A COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM
CENTRO CULTURAL
Dissertação apresentada como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Comunicação Social, no Programa de Pós-
Graduação em Comunicação Social da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, área de concentração:
Práticas Sociopolíticas nas Mídias e
Comunicação nas Organizações – PSMCO.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena Steffens de Castro - PUCRS
_____________________________________________________
Profª. Drª. Cláudia Peixoto Moura - PUCRS
_____________________________________________________
Profª. Drª. Maria Lúcia Tiellet Nunes - PUCRS
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Aos meus pais.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família pelo suporte necessário;
Aos meus pais, Iara e Dalcídio, pelo exemplo de amor, retidão, dedicação e
perseverança transmitido com carinho ao longo da vida;
Ao meu irmão Marcos Vinícius, por ensinar a arte de viver e ser feliz;
Ao meu irmão Felipe, pela sua franqueza, foco, amor e lealdade;
À minha irmã Janaína, pela comunicação através da Língua Brasileira de
Sinais, da música, da pintura e da dança, pelo exemplo de profissionalismo;
À vó Noely, por ensinar que em qualquer idade aprendem-se coisas novas,
por mostrar que muito mais é possível, e pelas aulas de informática;
Aos professores do Curso de Pós-Graduação da Famecos que dividiram seu
saber construindo conhecimento;
Em especial, à minha orientadora, Profª. Maria Helena Steffens de Castro,
pela dedicação e constante disponibilidade;
Aos colegas e funcionários do Curso de Pós-Graduação da Famecos;
À Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, por oferecer cursos
e docentes de excelente qualidade;
À Universidade Federal do Paraná, por tão bem me receber como nova
docente;
Ao Centro de Cultura e Bem-Estar Fabiano Gomes, pela disponibilidade, por
ter cedido seu espaço para que fosse feita a pesquisa;
Ao Fabiano Gomes, sempre disponível a ouvir e a construir idéias, pela
atenção, pelo caminho percorrido e pelas manhãs de chimarrão.
À Luciele Comunello, por desde o início apoiar esta escolha, e por pensar
alto;
Ao Felipe Dable, pelas trocas de idéia, pela música, pela arte colocada em
cada detalhe;
À companhia Swásthya de artes Cênicas e seus integrantes, pela alegria,
pela força de vontade, foco e dedicação;
À Laura Ferro, pela clareza, pela verdade e honestidade;
Ao Rodrigo Lombardi, por mostrar que existem amigos que são como irmãos
e por me acolher nos dois últimos meses de mestrado em sua casa;
Ao Nilzo, companheiro na etapa final da pesquisa, pelo companheirismo
incondicional, pelas perguntas, pelo silêncio, pela racionalidade.
Muito obrigada.
Herdeiro simultaneamente das relações
humanas, de alguns ramos da psicologia
industrial, da sociologia e das teorias das
organizações, da abordagem sociotécnica, da
dinâmica de grupos, do behaviorismo anglo-
saxão, das diferentes correntes do
menagement, o comportamento organizacional
apresenta-se hoje como uma imensa colcha de
retalhos, um campo aberto a quase todos os
ventos teóricos.
(CHANLAT).
RESUMO
No mundo competitivo do século XXI, cada vez mais organizações adaptam suas
ações à sociedade, buscando, assim, a atenção dos públicos com os quais
trabalham. Em contrapartida, colocar isso em prática nem sempre é uma tarefa fácil.
Esta pesquisa estuda a comunicação da imagem de uma organização em seus dois
primeiros anos de existência. O Centro Cultural estudado localiza-se em Porto
Alegre no bairro Moinhos de Vento. Inaugurado em agosto do ano de 2005, o local é
credenciado à Rede DeRose e tem como base de seu trabalho as aulas de
Swásthya, um tipo especializado de Yôga. Buscando-se compreender como a
identidade do Centro Cultural foi mostrada a partir dos discursos divulgados ao longo
de sua trajetória, fez-se a análise de discurso das mensagens publicadas pela
organização. A análise de discurso foi a técnica utilizada para demonstrar como é
estruturado o texto publicitário a partir dos múltiplos sujeitos que agem e interagem
em um circuito comunicativo . Incluem-se ainda, o paradigma metodológico do
pensamento complexo, as técnicas de estudo de caso, observações participantes,
exploração de documentação e de registro em arquivos. Constataram-se diversos
aspectos que dificultavam a identificação e imagem da organização ao divulgar seus
princípios e valores através das mensagens publicitárias publicadas na Revista
Moinhos.
Palavras-chave: Organizações; Comunicação; Identidade; Imagem; Discurso.
ABSTRACT
In the competitive world of the twenty-first century, more and more organizations
adapt its shares to the company, seeking thus the attention of the public they work
with. However, putting it into practice is not always an easy task. This research
studies the Commission's image of an organization in its first two years of existence.
The Cultural Center studied are located in Porto Alegre in the neighborhood Moinhos
de Vento. Opened in August of the year 2005, the site is accredited to the Network
DeRose and is based on the lessons of his work, Swásthya, a specialized type of
Yôga. The analysis of speech of the messages published by the organization was
made to understand how the identity of the Cultural Center was shown from
speeches disseminated over its trajectory. The analysis of speech was the technique
used to demonstrate how it is structured text advertising from multiple subject that act
and interact in a communication circuit. Included in addition, the methodological
paradigm of thought complex, the techniques of case studies, observations
participants, exploitation of documentation and registration in. Found itself several
aspects that disturb the identity and image of the organization to disclose its
principles and values through advertisements published in the Journal Moinhos.
Key-words: Organization; Communication; Identity, Speech.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Critérios de estudo da identidade organizacional.....................................22
Quadro 2: Dimensões da identidade organizacional .................................................23
Quadro 3: Pontos de vista da Identidade ..................................................................24
Quadro 4: Imagem, auto-imagem e imagem intencional...........................................27
Quadro 5: A comunicação na organização ...............................................................42
Quadro 6: Patologias na comunicação organizacional..............................................46
Quadro 7: Os sujeitos do contrato de comunicação..................................................57
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Construção da imagem ..............................................................................26
Figura 2: Processo da identidade e da imagem ........................................................29
Figura 3: Fluxo comunicativo unidirecional ...............................................................32
Figura 4: Fluxo comunicativo com troca de informações ..........................................33
Figura 5: Contrato de comunicação publicitária ........................................................55
Figura 6: Elementos presentes no texto publicitário..................................................58
Figura 7: A organização narrativa do texto publicitário..............................................59
Figura 8: Uni-Yôga - Universidade de Yôga..............................................................76
Figura 9: Universidade de Yôga................................................................................81
Figura 10: Uni-Yôga ..................................................................................................83
Figura 11: O Yôga.....................................................................................................84
Figura 12: Personal Yôga..........................................................................................90
Figura 13: Uni-Yôga ..................................................................................................93
Figura 14: Espaço de cultura e bem-estar; Equipe Fabiano Gomes; Fabiano Gomes ..94
Figura 15: Uni-Yôga ..................................................................................................98
Figura 16: Chakras, Kundaliní e Poderes Paranormais ............................................99
Figura 17: Uni-Yôga ................................................................................................102
Figura 18: Noite de autógrafos................................................................................103
Figura 19: Circuito externo: sujeitos psicossociais..................................................112
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
PARTE 1 – O EMBASAMENTO TEÓRICO..............................................................18
1.1 IMAGEM E IDENTIDADE - DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO .........................19
1.1.1 Do indivíduo....................................................................................................19
1.1.2 À organização.................................................................................................21
1.2 IMAGEM E IDENTIDADE ORGANIZACIONAL...................................................25
1.3 O PROCESSO COMUNICACIONAL ..................................................................30
1.4 O PROCESSO COMUNICACIONAL DAS ORGANIZAÇÕES ............................38
1.5 MENSAGENS INSTITUCIONAIS........................................................................47
1.6 A RELAÇÃO DA IMAGEM COM O TEXTO ........................................................49
PARTE 2 – O MÉTODO............................................................................................51
2.1 MÉTODO: ESTUDO DE CASO...........................................................................52
2.2 DISCURSO E MENSAGENS PUBLICITÁRIAS SEGUNDO CHARAUDEAU .....54
PARTE 3 – O CENTRO CULTURAL........................................................................60
3.1 A REDE DEROSE...............................................................................................61
3.2 VALORES E CRENÇAS ESSENCIAIS DO CENTRO CULTURAL:....................63
3.3 AS MÚLTIPLAS IDENTIDADES DO CENTRO CULTURAL ...............................66
3.4 A REVISTA MOINHOS........................................................................................70
PARTE 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...............................................74
4.1 ANÁLISE DAS MENSAGENS INSTITUCIONAIS ...............................................75
4.1.1 Análise do texto 1...........................................................................................76
4.1.2 Análise do texto 2...........................................................................................81
4.1.3 Análise do texto 3...........................................................................................83
4.1.4 Análise do texto 4...........................................................................................84
4.1.5 Análise do texto 5...........................................................................................90
4.1.6 Análise do texto 6...........................................................................................93
4.1.7 Análise do texto 7...........................................................................................94
4.1.8 Análise do texto 8...........................................................................................98
4.1.9 Análise do texto 9...........................................................................................99
4.1.10 Análise do texto 10.....................................................................................102
4.1.11 Análise do texto 11.....................................................................................103
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................114
REFERÊNCIAS CITADAS......................................................................................120
REFERÊNCIAS LIDAS E CONSULTADAS ...........................................................125
ANEXOS .................................................................................................................128
ANEXO A - Revista Moinhos 1ª edição...................................................................129
ANEXO B - Revista Moinhos 2ª edição...................................................................130
ANEXO C - Revista Moinhos 3ª edição...................................................................131
ANEXO D - Revista Moinhos 4ª edição...................................................................132
ANEXO E - Revista Moinhos 5ª edição...................................................................133
ANEXO F - Capa da Revista Moinhos analisada 1 .................................................134
ANEXO G - Capa da Revista Moinhos 2 (analisada) ..............................................135
ANEXO H - Capa da Revista Moinhos 3 (analisada) ..............................................136
ANEXO I - Capa da Revista Moinhos 4 (analisada) ................................................137
ANEXO J - Capa da Revista Moinhos 5 (analisada) ...............................................138
ANEXO K - Complemento da análise do texto 4.....................................................139
ANEXO L - Complemento da análise do texto 4 .....................................................140
ANEXO M - Complemento da análise do texto 4 ....................................................141
INTRODUÇÃO
No mundo competitivo do século XXI, cada vez mais organizações adaptam
suas ações à sociedade, buscando, assim, a atenção dos públicos com os quais
trabalham. Em contrapartida, colocar isso em prática nem sempre é uma tarefa fácil.
Neste contexto, a comunicação torna-se uma importante ferramenta que age na
estrutura organizacional e em seus públicos, que influenciam e são influenciados
pela empresa.
Para França (2002), a comunicação é um fato concreto do nosso cotidiano, de
presença quase exaustiva na sociedade. O interesse pela área de comunicação
surgiu a partir do acompanhamento da fundação de uma organização, chamada
nesta pesquisa de Centro Cultural
*
. Localizada em Porto Alegre, no bairro Moinhos
de Vento, foi inaugurada em primeiro de agosto do ano de 2005. O local é
credenciado à Rede DeRose. Essa Rede é constituída por um conjunto de escolas
que tem como base de seu trabalho o Swásthya, um tipo especial de Yôga.
Na época de início desta pesquisa, a equipe era composta por seis pessoas,
todos instrutores de Swásthya Yôga. Jovens profissionais, de 24 a 28 anos, vindos
de diversas áreas: direito, psicologia e hotelaria. Todos deixaram suas profissões de
origem para dedicarem-se à saúde e ao bem-estar.
Esta pesquisa estuda a construção da imagem desta empresa em seus dois
primeiros anos de existência, observando se esta tem coerência com os princípios,
*
A organização aqui estudada é chamada de Centro Cultural, pois na época do início desta pesquisa
assim era denominada por seus membros.
14
os valores e a missão propagados pela organização na Revista Moinhos, a revista
do bairro no qual a empresa está situada, bairro Moinhos de Vento.
O objetivo geral foi compreender como a identidade do Centro Cultural é
expressa a partir dos discursos publicados na Revista Moinhos. Como objetivos
específicos desta pesquisa buscou-se estudar as formas como o Centro Cultural
expressa seus valores e princípios, bem como compreender como sua imagem foi
sendo construída ao longo das matérias publicadas na Revista Moinhos.
Considerando os fatores de uma organização, como o cenário de negócios,
os públicos internos e externos, o domínio das estruturas organizacionais, a
constante busca por inovações para satisfazer um mercado cada vez mais exigente,
a principal questão norteadora é: como a identidade do Centro Cultural é expressa a
partir dos discursos publicitários divulgados na revista do bairro Moinhos de Vento?
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi adotado o método do estudo de
caso. Segundo Yin (2005), seis fontes de evidências podem ser utilizadas:
documentação; registro em arquivos; entrevistas; observações diretas; observações
participantes; artefatos físicos. Buscou-se a utilização do maior número possível de
fontes de evidências que, na visão de Yin (2005), são complementares.
Segundo o autor, o estudo de caso é utilizado para descrever uma
intervenção e o contexto em que o fato ocorre. Permite ao pesquisador a liberdade
de traçar seus caminhos, enriquecendo o estudo e estimulando o exercício do
pensamento complexo. A opção por este tipo de metodologia visa permitir a análise
cuidadosa do caso que, ao mesmo tempo, proporciona trabalhar de forma mais
aberta e abrangente o objeto, possibilitando aprofundar os fenômenos desde as
suas origens.
15
Para analisar os discursos do Centro Cultural na Revista Moinhos empregou-
se a técnica de análise de discurso. Segundo Charaudeau (1983), esta permite
compreender os contextos e seus apelos através da reconstrução de
representações. É uma estratégia operacional de análise dos discursos capaz de
contemplar, de modo integrado, as múltiplas dimensões envolvidas num ato de
linguagem, através do contrato de comunicação determinado pelos sujeitos
linguageiros.
A primeira parte da dissertação é composta por capítulos que servem como
embasamento teórico para o desenvolvimento da pesquisa. Aborda-se a imagem e a
identidade, como os objetos deste estudo, bem como a comunicação nas
organizações.
A Identidade é vista como resultado, como um produto em constante
construção. Erikson (1976) escreve que a cultura fornece um conjunto de rótulos e
diretrizes que permitem o estabelecimento da identidade durante o processo de
desenvolvimento do sujeito. É o meio que proporciona os cuidados e a consistência
necessários para o desenvolvimento da identidade, também. A relação entre
imagem e identidade é pensada a partir da afirmação de Kunsch: “imagem é o que
passa na mente dos públicos, no seu imaginário, enquanto identidade é o que a
organização é, faz e diz” (KUNSCH, 2003, p. 170).
São mencionados aspectos das organizações e da comunicação nas
organizações, discutindo-se autores e teorias comunicativas sobre as mesmas. Na
visão de Kunsch (2003), o termo comunicação organizacional abrange toda a gama
das ações organizacionais e apresenta maior amplitude, aplicando-se a qualquer
tipo de organização. Toma-se a comunicação organizacional como existente em um
16
sistema complexo e aberto, que influencia e é influenciado. É o fluxo de mensagens
dentro de uma rede de relações interdependentes (GOLDHABER, 1999).
A revisão bibliográfica abrange uma série de autores dando destaque à Morin
(2003), pois vislumbra novos rumos na continuidade do processo da comunicação. O
autor pensa que não é apenas a informação que é comunicada: são dois seres que
se comunicam; sujeitos que estabelecem relações complexas com o mundo.
Comunicação é vista como o conjunto de informações que chega às pessoas, sendo
estas capazes de entender o que significa o seu conteúdo (MORIN, 2002).
O capítulo dois deste estudo discorre sobre o método da pesquisa. As fontes
utilizadas para coleta de dados foram: o Centro Cultural, com suas principais
características, valores, crenças e missão; e a Revista Moinhos, revista do bairro em
que a empresa situa-se. Com o uso da técnica de análise do discurso, do
semiolingüísta Charaudeau (1983), estuda-se a imagem do Centro Cultural através
das mensagens publicitárias divulgadas na Revista .
Na terceira parte do estudo apica-se a análise de discurso com ênfase no
discurso publicitário, adotando-se o circuito semiolingüístico que Charaudeau (1983)
propõe para a construção do texto publicitário. Cada uma das onze mensagens que
o Centro Cultural publicou na Revista Moinhos é estudada detalhadamente,
observando-se como a organização expõe sua identidade e constrói sua imagem em
seus dois primeiros anos de existência. No total foram pesquisadas cinco edições
desta revista, do ano de 2005 ao ano de 2007, totalizando assim onze textos
analisados.
No quarto capítulo são apresentadas as considerações finais do trabalho.
Neste momento, busca-se compreender o decorrer desses dois anos de existência
17
do Centro Cultural e verificar como, ao final desse período, a identidade da empresa
foi transmitida através das publicações da Revista Moinhos, construindo assim sua
imagem junto ao público externo.
Inicia-se, então, a primeira parte da pesquisa com a fundamentação teórica
que serviu de base para o desenvolvimento deste estudo.
18
PARTE 1 – O EMBASAMENTO TEÓRICO
19
1.1 IMAGEM E IDENTIDADE - DO INDIVÍDUO À ORGANIZAÇÃO
1.1.1 Do indivíduo
Estudos nas áreas de Psicologia apontam, em sua maioria, para um conceito
de identidade relacionado ao indivíduo, sua unicidade e história. Relaciona-se a
construção dessa individualidade com o meio social no qual o indivíduo está
inserido, com o seu processo de desenvolvimento e interações que realiza ao longo
de sua vida.
A primeira auto-imagem de um indivíduo, na perspectiva freudiana, é
construída a partir do olhar do outro. No decorrer do crescimento, a identidade é
construída também a partir da inserção na cultura, na qual o sujeito extrai modelos,
valores e padrões de conduta.
A cultura influencia a construção da identidade de uma pessoa, por mais
interno que esse conceito seja (ADLER, 1957). A identidade é uma das formas de
manifestação do um indivíduo; diferenciando-o através de suas particularidades e, ao
mesmo tempo, posicionando-o como similar aos membros de uma categoria ou
classe.
Uma das teorias que pretende dar conta do processo de construção da
identidade é a de Erikson (1976). Utilizar-se-á esta teoria como base para o estudo da
identidade nessa pesquisa. A natureza pessoal e cultural da identidade foi estudada
por Erikson (1976), que situou a identidade como um sentimento subjetivo; formada
em um processo essencial no âmago do indivíduo bem como na cultura coletiva.
20
Erikson (1976) escreve que a cultura, na medida em que proporciona os
cuidados e a consistência necessários para o desenvolvimento da identidade,
também fornece um conjunto de rótulos e diretrizes que permitem o estabelecimento
da identidade durante o processo de desenvolvimento do sujeito.
Para o autor, todos os acontecimentos da vida de uma pessoa produzem
sobre ela uma imagem de si mesma. Vê-se, então, que a construção é feita a partir
das relações e no próprio ato de relacionar-se. É um processo de crescente
diferenciação e torna-se ainda mais abrangente à medida que o indivíduo vai
ganhando cada vez maior consciência de um círculo em constante ampliação de
pessoas que são significativas para ele.
É a vida social, portanto, que proporciona as trocas afetivas desde o começo
da existência da criança. Constrói-se, a partir daí, a identidade através de estruturas
culturais como a família, e dos mecanismos que toda sociedade cria para codificar e
controlar o cotidiano da vida dos seus membros, como a linguagem. Percebe-se,
assim, a existência de uma transferência do social para cada indivíduo do grupo.
A identidade dá-se no coletivo. O eu constrói-se a partir do outro, no contato
inicial com a família e depois com os colegas de colégio e amigos. Está sempre
sendo construída. À medida que crescemos vamos assumindo papéis na sociedade,
tomamos atitudes e fazemos escolhas; construímos uma imagem do que somos.
A evolução sociogenética é vista por Erikson (1976) como um aspecto
inseparável à formação da identidade, uma vez que a identidade pode apenas existir
em um grupo definido. Este também é o ponto de vista da Psicologia Social. Ela
coloca a identidade como resultado de interações do indivíduo ao longo de sua vida
em coletividade. Sendo a identidade construída no social, não é exclusiva dos
21
indivíduos e está presente em grupos e organizações. Os indivíduos vinculam-se às
organizações por meio de identificação, ou seja, aspectos da identidade
organizacional aproximam-se e atraem o funcionário ou o consumidor de um
determinado produto da empresa.
Hoje, o sujeito assume diferentes papéis, em diferentes momentos, que
podem não ser unificados em um eu coerente. Para Hall (1987), dentro de nós há
identidades contraditórias, levando-nos a diferentes direções, de modo que nossas
identificações estão constantemente sendo deslocadas.
O grande ponto de uma organização é como trabalhar com essas divisões e
antagonismos sem perder sua identidade. Seus diferentes elementos devem ser
unificados, com base em valores e metas bem definidos, reforçando as identidades
locais e formando, aos poucos, a tradição da empresa. Deve-se encontrar meios de
ajustar-se ao mercado em constante mutação, sem perder os aspectos que a
identificam junto ao funcionário.
1.1.2 À organização
A identidade organizacional pode ser pensada como um conjunto de
características próprias e exclusivas da empresa e as crenças nos seus valores por
parte de seus membros constituem o ponto central, distintivo e duradouro dessa
organização.
Identidade é tudo o que torna algo único. É socialmente construída em torno
das percepções dos indivíduos sobre a essência da organização (ASFORTH e
22
MAEL, 1996). “Depende de como seus integrantes compreendem a si mesmos como
uma organização" (WHETTEN e GODFREY, 1998, p. 33).
Sendo assim, cada integrante da organização influencia na identidade final da
mesma. A percepção que o funcionário tem de si como membro, como pertencente
ou não do trabalho desenvolvido, reflete na organização; ao mesmo tempo em que a
organização influencia o comportamento, a visão e a compreensão do indivíduo
como membro organizacional.
A identidade organizacional pode ser estudada a partir de alguns critérios:
Critério de centralidade
Aponta as características vistas como a
essência da organização: seus valores,
crenças, propósito e missão.
Critério de distintividade
Aponta os elementos que distinguem
uma organização das outras e com as
quais poderia ser comparada.
Critério de continuidade temporal
Ressalta as características estáveis no
tempo, que podem ser desde aspectos
físicos, visuais a valores e princípios.
Quadro 1: Critérios de estudo da identidade organizacional
Fonte: Adaptado do texto de Alberto e Whetten (1985).
23
Dessa forma, uma organização constrói-se, ao longo do tempo, embasada
nestes aspetos mencionados por Alberto e Whetten (1985). É a partir daí que pode-
se desenvolver uma identidade consistente e que seja claramente reconhecida pelos
clientes da instituição.
Caldas e Wood (1997) escrevem sobre dimensões nas quais se pode
visualizar a identidade organizacional:
Primeira dimensão
Objeto focal
Indivíduo
Grupo
Organização.
Segunda dimensão
Observação
Dos membros
– interna;
Dos não
membros –
externa.
Quadro 2: Dimensões da identidade organizacional
Fonte: Adaptado do livro de Caldas e Wood (1997).
Para os autores o conceito de identidade, embora polêmico e complexo, é de
fundamental importância para a compreensão de fenômenos organizacionais. As
dimensões são uma forma de compreender essa identidade e, a partir de então,
ampliar a visão para todo o contexto da instituição.
24
A identidade organizacional também é vista destes dois pontos de vista por
outros autores. Dutton, Dukerich e Harquail (1994) tomam como eixos principais
para analisar a identidade da organização:
O indivíduo pertencente à
organização
Analisando sua percepção sobre
o que é central na empresa.
Pessoas de fora da
organização
Analisando suas opiniões sobre a
organização.
Quadro 3: Pontos de vista da Identidade
Fonte: Adaptado de Dutton, Dukerich e Harquail (1994).
O Quadro 3 coloca as possibilidades de se observar a identidade de uma
organização. Não apenas os funcionários da mesma têm participação, mas também
indivíduos de fora da empresa, pois estes também emitem opinião e contribuem para
a formação desta identidade.
A partir da identificação proposta, os diversos públicos formam suas
percepções com base nas mensagens que são transmitidas pela empresa. Assim, a
formação da identidade é a única parte da reputação que pode ser completamente
controlada se bem administrada pela organização.
25
1.2 IMAGEM E IDENTIDADE ORGANIZACIONAL
Whetten e Godfrey (1998, p. 34) colocam a origem da identidade de uma
organização no questionamento: “quem somos nós como organização?". A
identidade é a resposta que os integrantes dão à pergunta, juntamente com o
conjunto de representações que estes formulam sobre o significado da organização.
A resposta à questão acima resulta das identificações das pessoas com a
organização. Não há identidade sem identificação, pois a primeira constrói-se em
relação ao outro (RUANO-BORBALAN, 1998). A identidade se estrutura por meio
dos processos de identificação do indivíduo com a organização em que trabalha.
Portanto, a identidade de uma organização não é autogerada. É resultado da
relação entre aquilo que são os sujeitos que a compõem e a própria dinâmica
organizacional.
Há diferença entre imagem e identidade organizacional. O conjunto de
representação construído pelos observadores externos à empresa faz parte da
imagem organizacional e não da identidade, havendo relação complementar entre
esses dois fenômenos (DUTTON e DUKERICH, 1991). Para uma organização, o
ideal é que consiga passar aos seus funcionários e ao público externo a sua
identidade, composta por seus princípios, crenças, valores e missão, aproximando,
assim, a imagem de sua identidade.
Andrade (1997) complementa esta idéia e escreve que identidade é o que a
organização é e como deseja ser percebida. Já a imagem corporativa é como a
26
organização é vista por seu público, como o indivíduo vê a empresa e constrói essa
imagem a partir da comunicação.
Villafañe (1999) afirma que a imagem organizacional é formada a partir de
três tipos de imagem: a imagem funcional, a auto-imagem e a imagem intencional.
Figura 1: Construção da imagem
Fonte: Villafañe (1999, p. 32).
A imagem de uma empresa é construída pelo comportamento, pela cultura e
pela personalidade da organização. Estes conceitos sustentam a imagem e,
dificilmente, uma organização conseguirá projetar uma imagem positiva sem que
exista realmente uma base que a respalde. O seu comportamento influencia a
imagem funcional; a cultura, a auto-imagem; e a personalidade, bem como a
imagem intencional.
27
Quadro 4: Imagem, auto-imagem e imagem intencional
Fonte: Villafañe (1999, p. 32).
Na contemporaneidade, com a globalização, as empresas estão focadas no
cliente, e tudo se soma para construir a imagem da organização. Para Bueno (2005),
esta imagem atrela-se a tudo que a ela se relaciona. Dessa forma, o papel da
comunicação na construção da imagem organizacional inclui também sua relação
com a identidade da organização, pois enquanto a imagem pode sofrer variações
para diferentes públicos, a identidade precisa manter sua consistência. Por exemplo,
uma instituição pode assumir diferentes imagens em campanhas publicitárias, mas
precisa manter a sua identidade, pois é dessa forma que o público faz as
associações e identifica seus valores e metas.
Para Villafañe (1999), a comunicação não deve ser considerada como única
responsável pela gestão da imagem da organização. Uma comunicação excelente e
Imagem funcional
É construída a partir do comportamento da
empresa: a qualidade dos produtos, os serviços
prestados, as políticas financeira, as políticas
de produção, comercial.
Auto-imagem
É a imagem interna, gerada a partir da cultura
organizacional. As diversas manifestações da
cultura corporativa projetam uma imagem
interna que será refletida na imagem
corporativa.
Imagem intencional
É construída a partir da personalidade
corporativa, dos atributos que a empresa
pretende divulgar para alcançar uma imagem
positiva. É o posicionamento estratégico da
organização.
28
bem planejada perde o valor se a empresa, por exemplo, atender mal seus clientes,
ou se envolver em escândalos financeiros freqüentes.
A imagem é o principal ativo da empresa. Assim como nada exclui uma
empresa dos problemas e oportunidades de comunicação, da mesma forma, toda
empresa irradia uma determinada imagem a seus públicos. É preciso compreender
que ambas – a comunicação e a imagem – são comuns a todas as empresas . A
imagem é a “a representação mental, no imaginário coletivo, de um conjunto de
atributos e valores que funcionam como um estereótipo e determinam as condutas e
opiniões desta coletividade” (COSTA, 2003, p. 53). Logo, o relevante na
comunicação é tanto o que é dito ou emitido, como também aquilo que é percebido,
o que implica em um elaborado planejamento estratégico para que esta imagem
possa referir-se diretamente àquilo que a empresa pretende demonstrar.
Costa (2003) relaciona imagem e identidade, afirmando que a imagem
transcende a todas as realizações, produções e comunicações da empresa. Ela
injeta identidade, personalidade e significados próprios nestas atividades.
Já a imagem organizacional, pode apenas ser gerida indiretamente pela
empresa, por meio de suas ações e comunicações. Porém, o autor alerta que a
imagem organizacional é tão poderosa quanto frágil, e aponta a comunicação mal
utilizada como possível causa dessa vulnerabilidade da imagem organizacional,
compreendida de forma distorcida pelo público (COSTA, 2003).
Para os autores Múnera e Sanchez (2003) o conceito de identidade e o de
imagem têm sido abordados de maneira superficial, limitado-se ao aspecto da
aparência. A identidade é a conjunção entre o ser e o fazer de um organismo, é o
29
que diferencia os organismos. Os autores fazem a relação que pode ser observada
na figura abaixo:
No esquema, o processo de configuração da imagem é alimentado pela
identificação. E esta, por sua vez, retroalimenta a identidade. Para os autores, este
processo demonstra que, para o público, a imagem que se tem da empresa é a sua
verdadeira identidade.
A partir da afirmação de Kunsch, pode-se sintetizar a relação entre imagem e
identidade: “imagem é o que passa na mente dos públicos, no seu imaginário,
enquanto identidade é o que a organização é, faz e diz” (2003, p. 170). A imagem
corporativa é formada pela dimensão coletiva das percepções que cada pessoa cria,
como um conceito intangível e abstrato, uma visão subjetiva da realidade.
A organização seria produtora de auto-estima, não apenas a partir de seus
atributos, mas também da imagem que o público externo faz dela. Por sua vez, o
processo organizacional sobre seus agentes constituiria como um mediador na
construção da imagem dos sujeitos.
Nem sempre a identidade da organização tem coerência com as estratégias
da empresa, com a ação de seus membros ou com a imagem da organização. Isso
pode tornar-se ainda mais evidente quando essa inconsistência é observada por
seus participantes ou pelo público externo (ALVESSON, 1994). Neste momento, a
Figura 2: Processo da identidade e da imagem
Fonte: Múnera e Sanchez
(
2003,
p
. 396
.
30
organização repensa características, valores, princípios e ações, revendo também
seu processo comunicacional. É esta a temática discutida a seguir.
1.3 O PROCESSO COMUNICACIONAL
Comunicação, etimologicamente, significa troca, diálogo, tornar comum. Vai
além de uma transmissão unilateral de informações, em que apenas há alguém que
recebe os dados enviados por um emissor.
A questão da comunicação tem um espectro mais amplo. Em sua origem, os
estudos na área de comunicação remetem a Aristóteles (384-322 a.C.), em sua obra
Retórica. Nesta, ele já afirmava que a comunicação era composta de três partes:
quem fala, o discurso e a audiência.
Para Bahia (1995), a palavra comunicação, derivada de communicare em
latim, significa associar, tornar comum, partilhar, repartir, trocar opiniões. Martino
(2003) contribui com Bahia (1995) escrevendo que a palavra comunicação tem sua
origem no latim, no termo communicatio.
A raiz munis significa ‘estar encarregado de’, o prefixo co expressa reunião ou
‘atividade realizada conjuntamente’. A terminação tio exprime idéia de atividade,
comunhão, rompimento com o isolamento, trazendo assim a idéia de
relacionamentos mesmo entre pessoas que pensam de modo diferente (MARTINO,
2005).
31
Já Littlejohn, em 1982, escreveu sobre a comunicação e a psicologia
afirmando que o ato comunicacional é um processo composto por eventos
psicológicos e sociais, envolvendo interação simbólica, através de diversas
combinações de codificação, significado, pensamento, informação e persuasão.
Para o autor, não é produtivo procurar a melhor teoria da comunicação, pois esta
não é um ato singular e unificado, mas um processo constituído por numerosos
aglomerados de comportamentos.
Portanto, é pertinente uma abordagem multiteórica do processo. Partindo
deste princípio, buscou-se fazer um breve recorte dos diversos estudos da área que
justificam esta visão formada pela contribuição de diversas disciplinas que discutem
a questão da comunicação crítica.
Os pensadores frankfurtianos criticaram a cultura de massa porque
perceberam que a religião, a família e a escola perderam grande parte de sua
influência socializadora para os meios de comunicação. Para eles, a cultura
convertida em mercadoria conserva as marcas da violência e da exploração a que
as massas têm sido submetidas desde as origens da história, transformando os
próprios seres humanos em produtos de consumo (RUDIGER, 2002). Estudava-se,
nesse paradigma, a comunicação inserida na cultura e que só era fruída e
compreendida pela camada ascendente da sociedade.
Martin-Barbero (2004) afirma que a inserção da comunicação nos estudos
das ciências sociais gerou uma visão reducionista da área, tornando suas
tecnologias e linguagens restritas aos aparelhos e instrumentos de reprodução
social. Isto pode ser percebido na visão dos pensadores da Escola de Frankfurt de
32
que a arte somente permaneceria íntegra se não participasse da comunicação,
como se a comunicação se restringisse a um instrumento de reprodução ideológica.
Na década de 40, Claude Shannon e Warren Weaver (1978) propõem a
Teoria Matemática da Comunicação. Nesta, a codificação é responsável pela
transformação da mensagem num formato que seja aceito pelo meio que será
transmitido. A decodificação é a operação de traduzir a mensagem para o receptor.
Para que uma mensagem (M) enviada por um emissor (E) a um receptor (R)
seja decodificada, entendida, tem que estar formulada em um código (C) que o
receptor (R) conheça, ou seja, em uma linguagem comum a E e R (SHANNON &
WEAVER, 1949). Os autores trouxeram ainda um outro aspecto do processo
comunicacional: o ruído que tecnicamente afeta a qualidade do sinal.
Figura 3: Fluxo comunicativo unidirecional
Fonte: Adaptada de Shannon e Weaver (1949) e Fearning (1977).
Emissor
Receptor
C = Linguagem comum
33
O fluxo comunicativo era visto como unidirecional, seguindo uma orientação
vertical. A comunicação era limitada à transmissão de idéias de uma instância
dominante (o emissor) a um receptor (FEARING, 1977), sem levar em consideração
o contexto social e cultural bem como a relação existente entre os participantes.
Posteriormente, Chraraudeau (1983) completa este fluxo afirmando que deve
haver uma relação entre emissor e receptor, caracterizando aspectos do
reconhecimento da fala do outro e do lugar que ele ocupa no contexto em que se
insere esta fala. No discurso publicitário, afluem, assim, algumas das figuras
pregnantes dos imaginários socioculturais, pois a publicidade age, para instaurar
identidades ao destacar dentro do contexto social, figuras e espaços significantes.
Para o semiolingüísta Charaudeau (1992), a comunicação é um dispositivo,
em torno do qual se encontram um sujeito que fala (locutor) que se relaciona com
um parceiro (o interlocutor). É a troca de informações entre um emissor e um
receptor, e a percepção do significado entre os indivíduos envolvidos.
Figura 4: Fluxo comunicativo com troca de informações
Fonte: Adaptada de Charaudeau (1983).
Nesta perspectiva, o ato de linguagem para Charaudeau (1996) seria uma
mise em scène da significação da qual participam os parceiros da interação
Locutor
Interlocutor
Troca de informações
34
subordinados a certo número de contratos e convenções – práticas psicossociais
partilhadas entre os membros de uma comunidade.
Em 1986, Luiz Beltrão escreve sobre a natureza do processo comunicacional,
não apresentando uma visão unilateral, mas sim um intercâmbio de elementos
simbólicos. Mediante este processo, os seres humanos exprimem idéias,
sentimentos e informações, visando estabelecer relações e somar experiências. As
relações acontecem a partir desta troca, em que cada indivíduo expressa o que
sente e o que pensa através de determinados símbolos comuns em uma
comunidade.
Comunicação seria, então, a interação de sujeitos, através do fluxo de
informações entre eles. Essa relação forma uma espécie de teia complexa,
composta tanto de elementos visíveis como invisíveis. É citada como o encontro de
universos de sujeito, universos subjetivos, exprimindo um tipo de relação,
considerada como uma relação entre consciências (MARTINO, 2003).
A comunicação também pode ser analisada a partir de uma realidade una e
múltipla. A pluralidade está nas relações complexas que o sujeito estabelece com o
mundo. Para Morin (2002), autor que será referência para a análise dos discursos do
Centro Cultural, o pensamento complexo não é um pensamento onisciente, e sim,
um processo contraditório que exige a construção e a reconstrução dos fatos, uma
vez que “não é apenas a informação que é comunicada: são dois seres que se
comunicam”; sujeitos que estabelecem relações complexas com a realidade que os
cerca. A complexidade carrega a idéia de conjunto, em que os elementos
formadores do todo, através de relações de interdependência, subordinação e
35
dominação, interagem entre si e com outros conjuntos, o que determina uma
intersecção que origina a compreensão diferenciada do mesmo fenômeno.
Transpondo esse princípio para o presente estudo, é possível interpretar que
o nome do Centro Cultural seja fruto de influências do contexto social, econômico e
concorrencial. No mundo globalizado atual, tal marca tende a ser mais ampla e
complexa, uma vez que qualquer mudança, desequilíbrio ou ação terão repercussão
nas estratégias adotadas pela organização, como pode acontecer com a
imaginação, a simbologia e a percepção subjetiva captadas por meio da linguagem.
Isto porque, comunicação para Morin é o conjunto de informações que chega
às pessoas, sendo estas capazes de compreender o que significa o seu conteúdo.
Para o autor, o pensamento complexo interpreta a visão de união ou desunião dos
componentes do mundo, sejam eles seres vivos, ou até mesmo teorias e objetos.
A comunicação também pode ser analisada como um campo de estudos de
múltiplas disciplinas, como a antropologia, a sociologia, a psicologia, etc., pois ela
faz com que se concretizem funções, ao permitir o intercâmbio de mensagens:
informar, constituir um consenso de opinião, persuadir ou convencer, prevenir
acontecimentos, aconselhar, constituir identidades, e até mesmo divertir
(HOHLFELDT, 2002).
Não há comunicação sem informação e não há informação senão em vista da
possibilidade dela se tornar comunicação. A informação é uma comunicação que
pode ser ativada a qualquer momento e pode ser considerada parte do processo de
comunicação ou sinônimo desse processo (MARTINO, 2003). A informação implica
o processo de produção de discurso em situação de comunicação, em que o sujeito
36
da fala escolhe os conteúdos a transmitir, a forma de falar, os argumentos e os
efeitos de sentido que poderão influenciar o outro.
Comunicar é construir sentidos enquanto a informação é “o conjunto de dados
constantes na fonte ou postos em circulação na cadeia de comunicação”
(BALDISSERA, 2000, p. 27). A comunicação vai além da técnica e enfatiza valores e
investimentos emocionais que ultrapassam amplamente a troca de signos ou
informações no sentido utilitário do termo.
Partindo do pressuposto de que a comunicação é a troca de mensagens, tem-
se o processo comunicacional como uma habilidade exclusivamente humana,
aprendida através da linguagem. Aprende-se através da linguagem, sendo esta um
fenômeno social. Dessa forma, sentimento, valores, modo de vida, etc influenciam o
processo.
Na comunicação entre duas pessoas, o emissor e o receptor trocam idéias,
informações ou mensagens, isto é, conversam. Comunicar então, é colocar-se em
relação estabelecendo a leitura global de uma época, de uma forma de vida social,
uma vez que ela representa a vida social, os laços de identificação, um modo de
vida partilhado.
Também pode ser relacionada à capacidade inventiva, existente em todos os
níveis de experiência vital, que implica a comunicativa. Como afirma Freire (2000, p.
132), “a comunicação existe na vida, mas a comunicação humana se processa
também e de forma especial na existência, uma das invenções do ser humano”.
Já Guareschi destaca o poder que há na comunicação, que transforma e
constrói a realidade, detendo o poder sobre a existência das coisas, “sobre a difusão
37
das idéias, sobre a criação da opinião pública” (GUARESCHI, 1991, p. 15). Sendo
assim, constitui-se o mais forte dos poderes da sociedade atual, pois está baseada
na construção de ideologias, de posicionamentos políticos e movimentos sociais.
Martino (2003) discute a comunicação como um encontro social delimitado no
tempo e no espaço, como uma ação que rompe com o isolamento, uma ação em
comum. Este estar-junto na sociedade pós-moderna, inaugurando um
reencantamento do mundo e posicionando-se como um dos elementos mais
marcantes de uma cultura nascente, também é discutido pelo teórico Maffesoli
(1984). Tem mostrado que, ao contrário do imaginado, o principal na comunicação é
o contato, o simples colocar em relação, a função tática. Já na informação o
essencial é o conteúdo, o valor operativo e funcional de um dado a um receptor.
Para Morin e Motta (2003) as informações existem desde que os seres vivos
começaram a comunicar-se e interpretar os seus signos. A informação então é
própria da vida e transformada em elementos e acontecimentos. Martino (2003)
pontua, na comunicação entre seres vivos, também a comunicação entre animais e
a comunicação entre máquinas. Mas neste estudo, delimita-se o tema à dimensão
humana.
É possível também pensar que, nos dias de hoje, uma situação existe ou
deixa de existir à medida que é comunicada ou veiculada. A comunicação é a
condição de possibilidade da interação social, que para Guareschi (1991, p. 14) "é
duplamente poderosa: tanto porque pode criar realidades, como porque pode deixar
que existam pelo fato de serem silenciadas". Nesse contexto, silenciam-se pessoas,
sentimentos, interesses, medos; detalhes que retornam de alguma forma, mais
tarde. A partir da ação da comunicação ou do seu silenciamento e ausência,
38
estruturam-se preconceitos, reforçam-se idéias, constroem-se ideais. Nada do que
foi um dia expresso deixa de existir; fica registrado na sociedade e ressurge na hora
em que as narrativas sociais derem abertura.
Constata-se, assim, a necessidade de estudar o processo comunicacional de
uma maneira global e multidisciplinar, revisando constantemente os conceitos.
Acredita-se que esta abordagem inicial permite uma melhor compreensão da
comunicação no âmbito organizacional, onde possui papel fundamental e
estratégico.
1.4 O PROCESSO COMUNICACIONAL DAS ORGANIZAÇÕES
Para analisar a identidade e a formação da imagem do Centro Cultural da
maneira abrangente que a técnica de Charaudeau exige, foi utilizado o respaldo do
paradigma da complexidade, proposto por Morin (2003). Este sugere uma mudança
de olhar sobre o objeto de um estudo, escrevendo que a complexidade é
onipresente. É nesta perspectiva que se discute o processo comunicacional das
organizações, permeado por uma continuidade que permite que se dimensionem os
fatos sempre dentro de um contexto, a partir de diversas interações.
Com o objetivo de melhor compreender este processo, optou-se por discutir
alguns autores sobre as diferentes noções de comunicação organizacional.
O termo organizações pode ser entendido através do viés da Teoria Geral dos
Sistemas, da Biologia, da Sociologia, da Administração, da Psicologia dentre outros.
39
Na vida contemporânea, uma parte substancial das atividades tem lugar em
organizações. Há clientes, membros, contribuintes e espectadores. Pode-se afirmar
que a sociedade atual é uma sociedade de organizações.
Em 1978, Katz e Kahn utilizaram a abordagem da Teoria Geral dos Sistemas
e posicionam a organização como um sistema social aberto, em comunicação e
interação com o ambiente externo. Já no século XX, Mintzberg (1995, p. 17) escreve
que as “organizações são estruturas para apreender e dirigir sistemas de fluxos e
determinar as inter-relações das diferentes partes”.
Srour (1998) define as organizações como uma coletividade que é
especializada em um produto específico que combina agentes sociais e recursos,
convertendo-se em instrumento da economia do esforço.
A organização é caracterizada pela divisão de trabalho, distribuição de
papéis, sistema de autoridade, sistema de comunicações e sistema de contribuição-
retribuição tendo um objetivo comum (BERNOUX, 1985). Os elementos dessa
estrutura organizacional devem ser selecionados para alcançar uma congruência
interna tanto na comunicação como nas relações entre os funcionários (GARAY,
1996).
Uma vez que a organização, seja ela qual for, apresenta uma cultura ou clima
organizacional que estão relacionados aos valores e às formas pelas quais estes se
manifestam, a cultura de uma organização é determinante para sua observação
cientifica. Essa cultura, para Motta (2001), é representante de valores, ritos, mitos e
modelos de comportamento. Estes modelos, por sua vez, influenciam e orientam as
ações individuais das pessoas que nela trabalham. Como resultado, temos um
sentido comum direcionado à convergência de objetivos na organização.
40
A organização é assim vista como pertencente a um meio em que influencia e
é influenciada. Esta, necessita que seus funcionários desenvolvam com ela uma
certa identificação. As características de uma empresa influem, fortemente, no
comportamento dos indivíduos que a ela se associam. Dessa forma, para se
compreender o comportamento humano que atua na organização é preciso antes
estudar as características da mesma.
Na visão de Kunsch (2003), o termo comunicação organizacional abrange
toda a gama das ações organizacionais e apresenta maior amplitude, aplicando-se a
qualquer tipo de organização – pública, privada, sem fins lucrativos, ONGs
(organizações não-governamentais) –, associações etc.
A comunicação organizacional foi definida por Almeida (1981) como uma
forma de manter, criar e fazer funcionar as organizações sociais. É o “fluxo de
mensagens que compõem a rede de relações sob o âmbito da organização”
(BALDISSERA, 2000, p. 26).
O processo comunicacional de uma organização é o processo (conjunto de
métodos, técnicas, recursos, meios) pelo qual a empresa se dirige ao público interno
e ao público externo (BAHIA, 1995). A comunicação organizacional é "como um
conjunto de novos atributos que a tipificam como insumo estratégico com articulação
estreita entre vários departamentos/áreas e profissionais..." (BUENO, 2003, p. 8).
Esta última vem unir a comunicação organizacional/institucional e a mercadológica
de forma que uma não pode existir sem a outra.
A comunicação organizacional ocorre em um sistema complexo e aberto, que
influencia e é influenciado. É o fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações
interdependentes (GOLDHABER, 1999).
41
Diversos modelos, teorias, concepções e modalidades expressam a
preocupação dos autores em dimensionar, ou redimensionar, a comunicação
organizacional. Evidenciam inúmeras possibilidades de interpretação.
A comunicação organizacional não deve ser percebida somente como
comunicação social e sim como a comunicação que vai determinar a cultura de uma
empresa. Nas modalidades, dimensões e/ou formas apresentadas por Torquato
(2002), a comunicação interna está inserida na comunicação cultural que diz
respeito aos climas internos. Ele destaca que a eficácia do desempenho
comunicativo não é o mesmo que a eficiência do encontro comunicativo. As duas
formas podem ser eficientes, mas os resultados de um encontro na empresa podem
ser desastrosos.
Omar Aktouf afirma que “a comunicação organizacional, tal como é
conduzida, teorizada e tradicionalmente ensinada, visa muito mais o controle e a
dominação das situações e dos empregados” (AKTOUF, 1996, p. 136).
Kunsch (1997) escreve que a trajetória da comunicação deve estar em sinergia
com o planejamento estratégico geral da organização. As diretrizes devem ser coerentes
com a missão, os valores, os objetivos e as metas estabelecidas pela organização.
Assim, rumam a uma comunicação eficiente. Além disso, ressalta a área da
comunicação organizacional integrada. Para a autora a comunicação pode ser
estudada como:
42
Comunicação
administrativa
Redes formal e informal,
fluxos descendente,
ascendente e horizontal.
Processa-se uma
organização como um todo,
de modo que seja possível
convergir as ações
relacionadas aos produtos,
serviços e resultados.
Comunicação
institucional
Relações públicas,
jornalismo, editoração,
propaganda institucional,
identidade corporativa e
visual, marketing social e
marketing cultural.
Responsável pelas
estratégias de Relações
Públicas, formando a imagem
e identidade da organização.
Comunicação
mercadológica
Propaganda comercial,
promoção de vendas,
merchandising, venda pessoal,
demonstração de produtos,
exposições e feiras
comerciais, treinamento de
vendedores, assessoria aos
clientes e assistência técnica
no pós-venda.
Assume a função
comunicativa, divulgando os
padrões e serviços da
empresa.
Quadro 5: A comunicação na organização
Fonte: Construída a partir do livro de Kunsch (1997).
Para a autora, estabelecer projetos e planos isolados de comunicação
institucional sem vinculação com a comunicação mercadológica, a comunicação
interna e ao contexto político, econômico e social de uma organização, é trabalhar
de forma isolada. Isso poderá levar a resultados errôneos. Faz-se necessário um
43
projeto global com políticas definidas e muitas direcionadas a esses fins, trabalhando
sempre a comunicação de modo integrado.
As subáreas da comunicação organizacional são, hoje em dia, indispensáveis
ao se pensar, por exemplo, em realizar uma brilhante assessoria de imprensa, criar
uma campanha eficiente ou produzir peças publicitárias impactantes de forma
isolada, sem o envolvimento de todas (KUNSCH, 1997).
Como afirma Bueno, a comunicação empresarial passou do estágio em que
se definia como mero acessório para “uma função relevante na política negocial das
empresas” (BUENO, 2000, p. 50). Afirma-se como “insumo estratégico” de que uma
empresa lança mão para idealizar clientes, sensibilizar multiplicadores de opinião ou
interagir com a comunidade.
O estudo sobre o processo de comunicação das organizações, embora
apresente dificuldades institucionais, têm alternativas. A proposta de Kunsch (1992,
p. 84): é que “um dos caminhos para entender o processo de comunicação nas
organizações é estudar seus níveis, seus fluxos e suas redes, que estão presentes
em todos os tipos de comunicação”.
Torquato (1991) identifica os desajustes no momento em que as organizações
ignoram a complexidade dos grupos que a compõem, bem como a história e a
cultura da empresa. Cultura, assim definida, não é o resultado exclusivo da estrutura
formal da organização. A rede informal, espontânea, é “a ponta do sistema cultural
aferida, sobretudo, pelas expressões de espontaneidade, descontração e laços
informais” (TORQUATO, 1992, p. 3).
44
A comunicação institucional permite à organização “ter um conceito e um
posicionamento favorável perante a opinião pública” (KUNSCH, 1995, p. 92),
desenvolvendo e solidificando sua credibilidade. Já a comunicação mercadológica
direciona-se à divulgação dos produtos e serviços da organização. Ambas agem
influenciando públicos externos à organização, expressando aquilo que a
organização deseja vender, o que quer transmitir ao público seja sobre seus
produtos ou sobre a instituição em si. Evidencia-se este fato não só em
propagandas, mas em informativos, jornais, rádios e outras mídias nas quais o nome
da empresa é citado.
Torquato (2002) escreve sobre o processo comunicacional unindo a
comunicação institucional e a comunicação mercadológica. Para o autor, esse
processo contempla as áreas de jornalismo, relações públicas, publicidade,
editoração e marketing. É “a mais desenvolvida, tanto do ponto de vista conceitual
quanto dos pontos de vista operacional e tecnológico” (TORQUATO, 2002, p. 34).
A comunicação organizacional não está restrita ao diálogo da empresa com o
público externo (consumidores e possíveis consumidores), mas também desta com o
público interno. A isso Torquato (2002) nomeia comunicação administrativa e
interna.
A comunicação administrativa envolve procedimentos comunicacionais
internos, reúne papéis, cartas internas, memorandos, etc. Paralelamente à
comunicação administrativa temos a comunicação interna. Esta tem como objetivo
proporcionar meios que gerem maior integração dentro da organização. Isso é feito
através de diálogo, troca de informações e experiências e da participação de todos
os níveis (TORQUATO, 2002).
45
Kunsch (1999), assim como Torquato (2002), escreve sobre a comunicação
interna. Esta é planejada em torno de claros propósitos para viabilizar toda a
interação possível entre a organização e seus colaboradores. Para isso lança-se
mão de metodologias e técnicas de comunicação institucional e até da comunicação
mercadológica. Freitas (1991) aponta que a imagem institucional está relacionada
com a comunicação interna. O descuido com esta comunicação pode prejudicar a
imagem da organização.
Torquato inclui o sistema de informação como uma quarta forma de
comunicação, relacionada às “informações armazenadas em bancos de dados”
(TORQUATO, 2002, p. 34). Nas modalidades apresentadas pelo autor, pode-se
inserir a comunicação interna na comunicação cultural. Esta se refere aos climas
internos. O autor escreve também sobre a comunicação administrativa,
nomenclatura utilizada também por Kunsch (1999).
Mesmo com diferentes terminologias, os autores enfatizam uma visão
integrada da comunicação. Esta, por sua vez, deve ser vista e utilizada como
ferramenta estratégica nas organizações.
A comunicação, em uma organização, é uma ferramenta que age na
identidade organizacional, reforçando e preservando-a ou, por outro lado,
impulsionando mudanças, uma vez que engloba todo o fluxo de mensagens que
compõem a rede de relações da organização (BALDISSERA, 2000).
O mesmo autor aponta três patologias na transmissão de informações em
uma organização:
46
Volume:
É a falta ou o excesso de dados, resultando em
uma possível inutilização das informações.
Qualidade:
Pode ser a imprecisão ou dificuldade de acesso
aos dados; a falta de adequação entre o momento
de difusão e a utilidade da informação; e as
necessidades e expectativas não serem
contempladas pelos dados.
Transmissão:
É o esquecimento de transmissões laterais, a
difusão muito lenta ou rápida dos dados, as falhas
de decodificação que levam o indivíduo receptor
da informação a compreender parcialmente ou
não compreender.
Quadro 6: Patologias na comunicação organizacional
Fonte: Baldissera (2000).
Em meio a estes aspectos, algumas organizações têm como propósito, ainda,
a divulgação de seus produtos para o público externo. Optar então por um modo de
qualificação do produto/serviço é optar por um tipo de comunicação em que este
pode ser simplesmente exibido ou se transformar em objeto de desejo. São estes
aspectos que veremos no capítulo seguinte.
47
1.5 MENSAGENS INSTITUCIONAIS
A publicidade será discutida como discurso, seguindo-se assim a linha de
pesquisa de Charaudeau (1992). Outros teóricos acrescentam conhecimentos que
permitirão ampliar a abordagem sobre o tema.
A publicidade exerce papel fundamental na formação e consolidação da
imagem de uma instituição. Através de ações de comunicação empresarial, as
instituições influenciam as percepções das empresas perante diferentes pontos de
vista, sem induzir a uma única verdade.
Severiano (2001) analisa o papel da publicidade na formação dos ideais do
homem contemporâneo, utilizando conceitos da psicologia freudiana. Para o autor, a
sociedade está composta por sujeitos cada vez mais fragilizados quanto à
personalidade, que retiraram de uma cultura narcísica de consumo seus ideais de
status, de poder, de beleza, etc.
A publicidade, de modo geral, mostra a possibilidade de ser perfeito. Propõe
uma relação de completude imaginária ao mostrar ao sujeito consumidor como
atingir a onipotência. O ato de consumir gera uma falsa sensação de completude
com promessas publicitárias de realizações plenas.
Pinho (2001) afirma que a força da publicidade está na sua grande capacidade
persuasiva e na sua efetiva contribuição para mudar hábitos, recuperar uma economia,
criar imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o consumidor.
48
A mais conhecida função da publicidade é ajudar a conquistar e manter
mercados para um determinado produto ou serviço, contribuindo, assim, para o
desenvolvimento econômico. Também se pode pensar na formação de mercado
consumidor para novos produtos.
A publicidade institucional, também chamada de propaganda corporativa,
significa a “divulgação da empresa ou instituição em seu todo, tendo em vista a
fixação ou mudanças de sua imagem pública” (GRACIOSO, 1995, p. 23) Contudo, o
autor explica que a palavra corporativa expressa melhor o atual sentido da
propaganda institucional, por ser essencialmente estratégico e de longo prazo.
A propaganda institucional ou corporativa trata de questões da imagem da
organização, já que ela é o reflexo natural de uma administração orientada para o
mercado e os anseios da sociedade.Como afirma o autor, não é por acaso que as
organizações que possuem uma imagem forte são as que adotam estratégias
definidas e possuem uma clara consciência de que a perenidade da empresa está
acima das situações emergenciais.
Para Pinho (2001), o discurso publicitário busca mais seduzir o consumidor do
que persuadi-lo. A sedução está ligada ao afetivo e ao psíquico, áreas nas quais a
mensagem publicitária circula favoravelmente na construção de um desejo. Este
desejo é uma tendência algumas vezes consciente, outras vezes inconsciente, mas
pressupõe uma carência, que nem sempre está relacionada a algo realmente
necessário ao sujeito.
A reformulação da imagem institucional pode ser percebida periodicamente
em diversas organizações. Esta renovação é salutar e necessária, visando a ampliar
a abrangência de públicos, redirecionar o posicionamento estratégico e contribuir
49
com a reputação da instituição. Entretanto, quando isto se faz presente em um curto
espaço de tempo, pode prejudicar a imagem da empresa junto aos públicos, uma
vez que sua identidade fica diluída.
1.6 A RELAÇÃO DA IMAGEM COM O TEXTO
O foco da pesquisa é a análise dos textos que o Centro Cultural publicou na
Revista. Como todos os discursos deste estudo são acompanhados por fotos,
considerou-se pertinente fazer uma leitura, ainda que breve, da imagem em peças
publicitárias. Elegeu-se Barthes (1990) como o autor para fundamentar essa análise
já que ele trabalhar com a semiolinguística e escreveu sobre imagens na
comunicação.
A publicidade exprime mensagens de teor lingüístico e icônico. Este último
divide-se em outros dois tipos: a imagem icônica codificada, e a mensagem icônica
decodificada. A relação dos diferentes elementos entre si constrói uma mensagem
visual (BARTHES, 1990). Para o autor, essas mensagens podem ser relacionadas
com os conceitos de conotação (implícito) e denotação (explícito), baseando-se na
presença ou ausência de certos elementos nas peças publicitárias.
Farina (2003) disponibiliza uma abordagem sobre o emprego da cor nas
imagens referentes à publicidade. A cor tem a capacidade de captar rapidamente, e
sob um domínio emotivo, a atenção do comprador. Além disso, possui íntima
conexão com o que será anunciado, quer seja para transmitir a sensação de
realidade, quer para causar impacto, ou qualquer outra reação.
50
Segundo Farina (2003), certas cores possuem por si próprias um grau de
atenção maior do que outras. O vermelho simboliza aproximação, encontro,
movimento, dinamismo, força, energia, vigor, intensidade, coragem. O cinza passa
seriedade, finura, e em geral não interfere junto às outras cores. O branco remete a
harmonia, simplicidade, limpeza, estabilidade.
Uma imagem em preto e branco, por exemplo, gera uma atração no leitor, já
que é um contraste agradável à vista e com um inquestionável poder de impacto. As
combinações de cores, porém, possuem um poder muito maior, atuando diretamente
sob a parte sensorial do indivíduo (FARINA, 2003).
A temática da imagem e seus significados é demasiada complexa e não se
pretende estendê-la, já que as análises da pesquisa centralizam-se no discurso,
tendo as imagens como complemento.
Tendo essa perspectiva teórica como base para o estudo, inicia-se a Parte 2
deste estudo, denominada método. Neste, será exposta de forma detalhada a
metodologia usada para a análise das mensagens institucionais do Centro Cultural e
para o estudo de sua imagem e identidade. Além disso, aborda-se o histórico e as
características da Revista Moinhos e da organização em questão.
51
PARTE 2 – O MÉTODO
52
2.1 MÉTODO: ESTUDO DE CASO
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi adotado o método do estudo de
caso. Segundo Yin (2005), o estudo de caso é utilizado para descrever uma
intervenção e o contexto em que o fato ocorre. Permite ao pesquisador a liberdade
de traçar seus caminhos, enriquecendo o estudo e estimulando o exercício do
pensamento complexo. A opção por este tipo de metodologia visa permitir a análise
cuidadosa do caso que, ao mesmo tempo, proporcione trabalhar de forma mais
aberta e abrangente, possibilitando aprofundar fenômenos desde suas origens.
Segundo Charaudeau (1983), a análise do discurso permite compreender os
contextos e seus apelos através da reconstrução de representações. Para a análise
dos discursos do Centro Cultural na Revista Moinhos foi empregada esta técnica. É
uma estratégia operacional de análise capaz de contemplar, de modo integrado, as
múltiplas dimensões envolvidas num ato de linguagem.
Este estudo foi analisado a partir algumas das fontes de coleta de dados
recomendadas por Yin (2005) para um estudo de caso. Neste caso: documentação;
registro em arquivos; e observações participantes.
Os documentos foram fornecidos pela própria organização: atas de reuniões,
planos, projetos, metas. Os registros em arquivo são as atas de fundação do Centro
Cultural, que a própria pesquisadora tinha. A observação participante ocorreu pelo
fato da pesquisadora deste estudo ter trabalhado na organização por dois anos,
participando das primeiras reuniões, auxiliando na construção de metas e na
53
construção da identidade organizacional. Além disso, também ministrou diariamente
aulas de Swásthya Yôga na organização.
Apesar de não ser o propósito principal deste estudo, realizou-se, também,
uma breve leitura das imagens que compõe as peças, com base em Barthes (1990)
e Farina (2003) como complementação.
De acordo com Minayo (1992), as concepções teóricas, o conjunto de
técnicas que permitem a apreensão da realidade e o próprio potencial do
pesquisador são as características da metodologia. A justificativa para esta
metodologia é de que nem sempre podemos enquadrar as questões em fórmulas
numéricas, pois trazem uma carga histórica, cultural, política e ideológica que
ultrapassam tais limites.
As técnicas propostas para a pesquisa, a análise semiolinguística do discurso
segundo Charaudeau (1983) e o estudo de caso de Yin (2005), são ancoradas pelo
método do paradigma da complexidade de Morin (2003). Na medida em que sugere
uma revisão no conceito do próprio método impedindo que este se imponha como
uma forma rígida, racional e reducionista a ser seguida, propõe aspectos
metodológicos que buscam a construção do saber em um processo transdisciplinar
contínuo. Sugere a superação de uma metodologia inflexível e tradicional, pois
segundo ele, as contradições aparecem em cada análise e levam à incerteza de
conclusões definitivas e únicas.
Este paradigma sugere a superação dos limites impostos por uma
metodologia tradicional. Afirma que nenhuma ação tem a garantia de ser previsível,
e que as contradições são necessárias e convivem com uma permanente
incerteza.
54
Este estudo de caso foi realizado a partir de documentos, constituídos pelas
peças publicitárias da Revista Moinhos, de 2005 à 2007. Também foi usado o
método observação, com a técnica de observação participativa, uma vez que fez-se
parte da equipe do Centro Cultural por onde anos foi possível observar o tipo de
organização, públicos, cultura da empresa, assim como suas deficiências.
2.2 DISCURSO E MENSAGENS PUBLICITÁRIAS SEGUNDO CHARAUDEAU
A análise de discurso proposta por Charaudeau (1983) afirma que é possível
visualizar a produção publicitária a partir de dois vieses: o conteúdo do texto e o
produtor da publicidade.
O viés que analisa a produção publicitária a partir do viés do conteúdo do
texto é a hermenêutica, com inspiração semiológica. Neste caso, a análise detém-se
em interpretar o texto e coloca o analista como único portador e decifrador de seu
conteúdo. Isso tem como conseqüência uma provável revelação parcial de um
objeto, mantendo-se complexa e ambígua. A interpretação neste tipo de análise
corre o risco de ser extremamente subjetiva, pois aspira esgotar o sentido do texto.
A segunda abordagem, que se apóia nos produtores da publicidade, remete à
análise de um ponto anterior ao das formas textuais. Quem escreve o texto precisa
conhecer o verdadeiro destinatário do discurso, prevendo sua adesão à mensagem
nele contida. Para conhecer seu público, o profissional realiza pesquisas e produz perfis
psicossociais do consumidor ideal. Dessa forma, os receptores seriam todos previsíveis,
cabendo ao publicitário apenas ajustar a mensagem aos moldes do destinatário.
55
Charaudeau (1983) define o ato de linguagem como assimétrico. A produção
de um texto ou a interpretação deste está relacionada aos conhecimentos supostos
que circulam entre os sujeitos da linguagem, a partir do explícito e do implícito. O ato
de linguagem não é concebido apenas como a produção de uma mensagem por um
emissor para um receptor; mas como um encontro dialético entre o processo de
produção (do emissor ao destinatário), e o processo de interpretação (do receptor
interpretante que constrói uma imagem do emissor).
Charaudeau (1983, 1996) apresenta um esquema que resulta do
relacionamento de um sujeito comunicante e sujeitos interpretantes:
Estes sujeitos, um conjunto indiferenciado de consumidores e compradores
em potencial do produto, estão inscritos em um circuito externo, que demonstra o
andamento real da comunicação publicitária. No interior deste circuito, o autor
Figura 5: Contrato de comunicação publicitária
Fonte: Charaudeau (1983, 1996).
56
descreve a existência de uma duplicação de cada um desses sujeitos, protagonistas
das produções discursivas representadas pela publicidade.
O circuito externo é a realidade; o circuito interno uma representação dessa
realidade proposta pelo sujeito comunicador (criador do anúncio). Este executa
estudos de mercado até conceber a divulgação publicitária: outdoors, anúncios em
jornais e revistas, merchandising, etc. Na outra extremidade do circuito estão os
consumidores: os compradores de bens de produção.
A observação do sistema sócio-econômico mostra que a publicidade se
inscreve em um circuito, externo e interno, de trocas de bens de produção que põe
em questão vários parceiros.
Entende-se que o circuito externo é realidade, e o circuito interno uma
representação dessa realidade, um mundo imaginário, proposto pelo sujeito
comunicador, ou seja, o criador do anúncio. Este criador poderá ser o fabricante do
produto e o publicitário. Os diferentes parceiros são ligados por contratos de
interesse em torno do valor de mercado dos produtos que eles podem oferecer.
Do outro lado do circuito estão os consumidores, isto é, os parceiros que têm
parte ligada a esse sistema sócio-econômico, e no qual eles têm um lugar
determinado: o de compradores de bens de produção.
O autor busca, então, denominar os diferentes sujeitos que agem no contrato
de comunicação, chamando-os da seguinte maneira: EUc-Publicitário, TUi-
Consumidor e ELEo-Produto e descrevendo-os conforme segue:
57
EUc-Publicitário
É o comunicador de onde provém a fala
publicitária destinada a um receptor
imaginário; a fala do fabricante do
produto anunciado, concebida através
de um texto publicitário.
EUe
O enunciador do discurso publicitário,
que constrói uma imagem do EUc.
TUi-Consumidor
Quem age, ou seja, quem lê e
interpreta a mensagem do texto
publicitário; um possível comprador do
produto.
TUd
O destinatário imaginado para a
mensagem, é o possível utilizador do
produto.
ELEo-Produto
É o objeto que está sendo apresentado,
elogiado, no texto publicitário, o objeto
de troca que promete aquisição de
vantagem para o consumidor, e
enriquecimento para o publicitário.
Quadro 7: Os sujeitos do contrato de comunicação
Fonte: Charaudeau (1983).
Dessa forma, Charaudeau (1983) denomina os diferentes sujeitos da
comunicação da seguinte forma: EUc-Publicitário, TUi- Consumidor e ELEo-Produto.
O autor sugere que o objetivo desse contrato sociolinguageiro é de realmente
transformar, por meio de persuasão, um consumidor de publicidade em um
consumidor de mercadorias. Os meios para alcançar tal objetivo incluem estratégias
para ocultar a finalidade comercial do discurso publicitário.
58
Charaudeau (1983) também indica que muitos publicitários não exprimem as
qualificações do produto. Dessa forma, visam enfatizar que a marca já é
suficientemente conhecida. Esse aspecto é chamado pelo autor de efeito de
notoriedade.
Existe, ainda, a presença constante, de maneira mais ou menos explícita, de
quatro componentes no texto: produto (P), a marca (M), qualidades do produto (q) e
vantagens que este produto oferece (R). Charaudeau (1983) constrói uma fórmula,
descrita da seguinte maneira:
Figura 6: Elementos presentes no texto publicitário
Fonte: Charaudeau (1983).
Uma organização que expressa seus serviços, por sua vez, pode ser pensada
a partir do princípio do aparelho narrativo citado pelo autor. Esse princípio pressupõe
a existência de uma situação de falta para alguém. A tomada de consciência dessa
falta é o que incita esse indivíduo a buscar algo para supri-la. A busca por essa
completude pode resultar num processo de sucesso ou de fracasso, dependendo se
a falta foi adequadamente suprida ou não.
O serviço em questão (P) é visto como uma ferramenta para ajudar o possível
consumidor a satisfazer esta necessidade criada. O objeto dessa busca é
representado por aquilo que o produto oferece. O autor, então, sugere a seguinte
descrição da organização narrativa do texto publicitário:
59
O indivíduo tem uma falta - [Falta = R (-)]
O sujeito procura suprir esta falta - (Busca)
R = a falta suprida - (Objeto de busca)
P(M) x q = meio de suprir essa falta - (Auxiliar de busca)
Figura 7: A organização narrativa do texto publicitário
Fonte: Charaudeau (1983).
Charaudeau (1983) observa que o texto publicitário em si não menciona o
resultado da busca. Há um duplo objetivo do agente EU. Para o EUc-Publicitário, o
meta do anúncio é o ato da compra executado pelo leitor do texto. Por outro lado,
para o EUe-Enunciador, o objetivo do anúncio é levar o leitor a acreditar que tem
uma falta do serviço anunciado.
Frente a isso, o ato da compra não significa que o leitor se convenceu de ter
uma falta, ou de que precisa de determinado serviço para suprir aquilo que ele não
tem. A consciência da falta não necessariamente resulta na compra imediata,
podendo, inclusive, levar o leitor a não adquirir a mercadoria.
Por um lado o ato da compra não é prova de sucesso, e, inversamente, o fato
do leitor não adquirir a mercadoria não constitui um fracasso. O consumidor pode ter
se convencido que precisa do produto, mas mesmo assim não o compra, ao mesmo
tempo em que o consumidor pode comprar o serviço, mesmo não estando
convencido de que precisa realmente deste.
60
PARTE 3 – O CENTRO CULTURAL
61
3.1 A REDE DEROSE
Este subcapítulo teve como fonte de informação as atas das reuniões
semanais dos membros do Centro Cultural bem como os murais localizados na
secretaria da empresa que continham cartazes com seus valores princípios, missão
e metas.
O Centro Cultural, analisado neste estudo, foi inaugurado no bairro
Moinhos de Vento, Porto Alegre, em agosto do ano de 2005. O local é
credenciado à Rede DeRose e tem como base de seu trabalho as aulas de
Swásthya, um tipo de Yôga.
A Rede DeRose é um conjunto de escolas que trabalha com o mesmo
método de Yôga: Swásthya, com instituições instaladas no continente americano e
europeu.
Cada uma das escolas credenciadas à Rede DeRose tem seu próprio
proprietário, porém, existem algumas características, além do mesmo método, que
as identificam: as casas são na cor laranja, as placas de identificação na frente da
instituição têm o mesmo padrão, os materiais utilizados para divulgação (flyers, folha
com horário das aulas, logos) são os mesmos. Outra semelhança percebida é que
os princípios e a missão são os mesmos para toda a Rede. Seguem abaixo de
acordo com material fornecido pela Unidade:
62
Princípios das escolas da Rede DeRose:
Ética – há um código de ética, seguido pelos profissionais da Rede
DeRose, que guia suas atitudes. São citados valores tais como: a verdade,
a não agressão, contentamento e auto-superação.
Profissionalismo – os instrutores pertencentes às escolas da Rede
desenvolvem um trabalho sério e honesto, ensinando com qualidade o
Swásthya Yôga às pessoas que procuram suas instituições.
Compromisso social – há uma responsabilidade de cada escola com a
sociedade em que está inserida bem como com o meio-ambiente. As
escolas promovem campanhas de arrecadação de agasalhos para o
inverno das comunidades carentes, fazem coleta de alimentos.
Estilo de vida saudável – os profissionais da Rede DeRose procuram
manter hábitos saudáveis, ter disciplina e constância na prática do Yôga.
Tradição cultural – a propagação do Swásthya Yôga é o cerne de cada
escola. Manter viva esta filosofia e ensiná-la com qualidade.
Missão dos instrutores da Rede DeRose:
“Formar o maior número de excelentes instrutores para perpetuar a nossa
herança cultural” (material coletado do mural da secretaria da empresa).
A equipe do Centro Cultural, já nas primeiras atas das reuniões que se
iniciaram em janeiro de 2004, expressa o desejo deste grupo de diferenciar-se
dentro da Rede DeRose. Queriam ser referência dentro e fora da Rede. A partir
63
destas reuniões o grupo formulou seus valores e suas crenças essenciais, seu
propósito e sua missão; que seguem abaixo:
3.2 VALORES E CRENÇAS ESSENCIAIS DO CENTRO CULTURAL:
Comprometimento e Excelência
Constante busca pelo aperfeiçoamento, sermos melhores que nós mesmos a
cada dia;
Trabalho Personalizado
Encantar as pessoas no cuidado com cada detalhe, com arte, sensibilidade e
dedicação;
Inovação e Ortodoxia
Romper fronteiras, ser vanguarda, quebrar paradigmas, mantendo, acima de
tudo, lealdade ao mestre e fidelidade ao método;
O mestre a quem eles se referem é o mestre DeRose, o codificador mundial
do Yôga Antigo. Ele resgatou os aspectos deste Yôga ancestral sem adaptar,
suprimir nem ocidentalizá-lo, dando-lhe o nome de Swásthya.
O método é o Método DeRose de Yôga Avançado, que foi criado por este
mesmo mestre e que conduz o praticante desde o seu início na prática de Yôga até
64
sua ascensão em níveis mais avançados, como a hiperconsciência, que é a meta
final do Yôga.
Nossa Atitude
Auto-superação, persistência, obstinação, disciplina e constância, diligência,
profissionalismo, responsabilidade.
Idealismo e Pragmatismo
Temos absoluta certeza de que atingiremos todas as nossas metas, mas
temos a consciência de que só o faremos com trabalho duro e dedicação plena.
Máximas de Ouro
Ética não se negocia. O bom é o inimigo do ótimo. A excelência é uma
questão de escolha. Não negociamos nossos valores.
Educação e Consciência
Aprendemos sempre – com os outros, com os erros, ao ensinar. Educamos
através do exemplo, da sensorialidade, do prazer, da experiência, do encantamento.
Instigamos o potencial humano;
65
Trabalho em Equipe
Convergência na visão, cumplicidade, foco, agilidade, companheirismo,
lealdade, senso hierárquico com maturidade e discernimento, clareza de objetivos.
Compromisso Social
Temos de ser úteis, contribuir com a sociedade, promovendo qualidade de
vida e respeitando a vida acima de tudo.
Nossos Ideais
Queremos mudar o mundo! Pessoas mais felizes; ver mais sorrisos todos os
dias; escolhas mais honestas, mais conscientes; menos hipocrisia; mais alegria.
Pessoas que vivam mais as suas vidas e menos a vida dos outros; sonhar, sorrir,
brincar, amar, viajar; Rir de nós mesmos; Atenção no cuidado com o outro; Homens
de bem!
Trabalho
Nosso trabalho é o nosso maior prazer.
Propósito do Centro Cultural
Através do nosso trabalho queremos contribuir para um mundo melhor, mais
consciente, mais feliz; com mais sorrisos, mais arte, mais tesão, mais brilho nos
olhos, mais encantamento. Não negociamos nossos valores e sabemos que a
66
educação é o mais poderoso instrumento de mudança. Plantar uma semente é fazer
a diferença. Esse é o nosso propósito!
Missão do Centro Cultural
Tornarmos nossa escola, até 2010, uma referência mundial de solidez,
excelência e competência, em um ambiente acolhedor onde cultura, arte e educação
sejam alicerces de nossas ações.
No subcapítulo seguinte, pode-se compreender um pouco mais sobre a
inserção do Centro Cultural na Rede DeRose.
3.3 AS MÚLTIPLAS IDENTIDADES DO CENTRO CULTURAL
O Centro Cultural situa-se em uma casa na rua Luciana de Abreu, n.115,
bairro Moinhos de Vento. Um sobrado com duas salas para as aulas: uma para
personal trainer e outra para aulas em grupo. Há uma sala para o atendimento de
pessoas que vem visitar a escola, uma secretaria, uma sala para o diretor, sala de
convivência (onde os alunos aguardam sua aula), vestiários e sala de leitura. A
escola funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 23h, e nos sábados, das 9h às
12h30, sem fechar em feriados. Segundo o diretor, Fabiano Gomes, ainda serão
desenvolvidos bistrô-café, sala de cinema, livraria e biblioteca.
67
Quando abriu suas portas, a escola estava com 40 alunos. Estes vieram da
Unidade Moinhos, escola em que três dos seis instrutores ministravam aulas. Hoje,
em maio de 2007, a escola possui 94 alunos matriculados. O objetivo do Centro
Cultural é trabalhar até atingir o número de 300 alunos.
A equipe é composta por seis pessoas. São seis jovens profissionais, de 24 a
28 anos, vindos de diversas áreas: direito, psicologia e hotelaria. Todos deixaram
suas profissões de origem para abrirem este Centro de Cultura e trabalhar com
Yôga. Possuem, em comum, o desejo de fazer diferente, de contribuir para um
mundo melhor. Encontraram no Swásthya Yôga a ferramenta para tornar isso viável.
Este grupo reúne-se desde janeiro de 2004. No início dos encontros, a equipe era de
sete integrantes. Neste ano de 2007, um dos membros da equipe saiu para dedicar-
se integralmente ao doutorado na França.
Com o passar dos meses, o Centro Cultural foi associado aos seguintes nomes:
1
Unidade
Luciana de
Abreu
O Centro Cultural foi chamado, primeiramente, de Unidade
Luciana de Abreu. Todas as escolas da Rede DeRose são
chamadas: Unidade. Como já havia a Unidade Moinhos, a
equipe escolheu o nome da rua em que o Centro Cultural se
situa para intitular a escola: Luciana de Abreu. Passou a ser
chamada assim pelas outras escolas da Rede.
Carinhosamente, alguns instrutores de Yôga de outras
Unidades chamavam-na de Unidade Lulu.
2
Unidade
Fabiano
Gomes
Este nome foi uma tentativa de individualização do Centro
Cultural. Fabiano Gomes é o nome do diretor da Escola;
uma pessoa conhecida na cidade e que foi o investidor
financeiro. A casa e toda a infra-estrutura foram financiadas
por ele.
68
3
Centro
Cultural
Luciana de
Abreu
Aparece como ferramenta de aproximação do nome do
Centro Cultural com seus objetivos, valores, crenças e
missão: um local de cultura, bem-estar, qualidade de vida e
desenvolvimento pessoal. Manteve-se o nome Luciana de
Abreu para fazer referência à rua
4
Estúdio
Fabiano
Gomes
Mais uma tentativa de diferenciação da Unidade dentro da
Rede DeRose. Nesta versão, mantém-se o nome do diretor
e inova-se com a palavra Estúdio ao invés de Unidade.
5
Centro
Cultural
Fabiano
Gomes
Retoma-se o Centro Cultural mas agora com o nome do
diretor e investidor da Escola.
6
Universidade
de Yôga/Uni-
Yôga
É o nome da entidade legalmente registrada em cartório de
Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Há dois registros: um
como Primeira Universidade de Yôga do Brasil, registrada
nos termos dos arts. 45 e 46 do Código Civil Brasileiro, sob
o no. 37959 no 6o. Ofício e outro como Universidade
Internacional de Yôga, registrada sob o no. 232.558/94 no
3o. RTD, com jurisdição mais abrangente, para promover
atividades culturais na América Latina e Europa. Primeira
Universidade de Yôga do Brasil é o nome do convênio
firmado entre a União Nacional de Yôga, as Federações de
Yôga dos Estados, e as Universidades Federais, Estaduais
ou Católicas que o firmarem, visando à formação de
instrutores de Yôga em cursos de extensão universitária.
Esse convênio apenas formaliza e dá continuidade ao
programa de profissionalização que vem se realizando
desde a década de 70 em praticamente todo o país.
69
7 Rede DeRose
A maior Rede Internacional, com 12 Unidades em Portugal,
195 Unidades no Brasil (onde está a sede) e dezenas na
América Latina e Europa. Visa o tratamento personalizado,
com turmas do máximo com 15 pessoas. A unidade não é
uma filial da Rede DeRose; ela é uma franqueada. É
independente e pertence ao seu Diretor que acata,
mediante contrato, uma filosofia de trabalho proposta pelo
Mestre DeRose.
8 Yôga
É qualquer metodologia estritamente prática que conduza
ao samádhi (estado de hiperconsciência que só pode ser
desenvolvido pelo Yôga). Samádhi está muito além da
meditação. Para conquistar esse nível de megalucidez, é
necessário operar uma série de metamorfoses na estrutura
biológica do praticante. Isso requer tempo e saúde. Então, o
próprio Yôga, em suas etapas preliminares, providencia um
acréscimo de saúde para que o indivíduo suporte o empuxo
evolutivo; e provê também o tempo necessário, ampliando a
expectativa de vida, a fim de que o praticante consiga atingir
sua meta.
9
SwáSthya
Yôga
É o nome da sistematização do Yôga Antigo, Pré-Clássico,
o Yôga mais completo do mundo. A característica principal
é sua prática ortodoxa denominada ashtánga sádhana.
10
Centro de
Cultura e
Bem-estar
Fabiano
Gomes
No segundo semestre de 2006 uma designer foi contratada
para desenvolver a nova identidade do Centro Cultural. Em
grupo, os instrutores chegaram a conclusão de que Centro
de Cultura e Bem-estar Fabiano Gomes seria a melhor
forma de representar a escola. Desenvolveu-se, a partir de
então, um símbolo que representasse o Centro.
70
Hoje, no segundo semestre de 2007, a escola passa por um processo de
aprovação de sua nova identidade: Centro de Cultura e Bem-estar Fabiano Gomes.
O processo está em São Paulo, na sede central da Uni-Yôga, onde o nome, a
fachada e o logo do Centro Cultural estão sendo analisados.
3.4 A REVISTA MOINHOS
A Revista Moinhos é de publicação trimestral, com tiragem de dez mil
exemplares distribuídos principalmente em locais do bairro Moinhos de Vento, em
Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Esta publicação é a revista do bairro e é nela que
são colocadas as mais diversas informações e atualidade sobre a região.
Os estabelecimentos deste bairro têm a Revista Moinhos disponível para que
seus clientes leiam. As bancas de jornal e revistarias possuem a revista para
revenda. Em praticamente todos os pontos comerciais é possível se encontrar a
Revista Moinhos para compra ou apenas para leitura local.
A equipe atual de jornalistas é composta por jovens profissionais que
iniciaram seus trabalhos com a Revista Moinhos em 2004. O grupo é formado pelos
seguintes setores:
Diretoria – três diretores
Conselho Editorial – seis conselheiros
Execução Editorial
71
Projeto gráfico
Diagramação e finalização
Jornalista responsável
Textos e reportagens
Fotografia
Revisão
Contato comercial
Representante comercial
Colaboradores
Assessoria contábil
Assessoria jurídica
Assinaturas
Opiniões e sugestões
Colunistas fixos – seis profissionais
Suas primeiras capas, do ano de 2004, apresentavam fotos do bairro Moinhos
de Vento. Com o tempo, a revista foi priorizando capas com a temática: moda em
roupas, maquiagem e acessórios femininos.
72
A Revista Moinhos não publica matéria editorial paga Os artigos assinados
são de total responsabilidade de seus autores, bem como o conteúdo do material
publicitário. No anexo, há as fotos das capas das primeiras edições da Revista
Moinhos.
A parte interna é colorida e feita com um papel de altíssima qualidade. Os
principais temas abordados na revista são: esporte, moda, programas noturnos,
gastronomia, natureza, novidades, história do dia-a-dia do bairro e de seus
moradores e turismo. Há diversos anúncios, principalmente de lojas de roupas,
joalherias, salões de beleza e restaurantes; todos os estabelecimentos localizados
no bairro. Grande parte da revista é composta por imagens de locais do bairro e
pessoas que por ele circulam. Os textos aparecem em menor quantidade, com um
discurso sutilmente formal.
O bairro Moinhos de Vento abriga lojas, reconhecidas no mercado nacional e
internacional; cafés, padarias e restaurantes bem conceituados na qualidade; casas
de arte; e escritórios de dentistas, arquitetos, estilistas, etc. Hoje, o bairro é
considerado um dos mais requintados de Porto Alegre, bastante freqüentado por
artistas e empresários. É sinônimo de qualidade e preços altos.
As matérias estudadas nesta pesquisa são edições em que o Centro Cultural
publicou materiais sobre o seu trabalho. A primeira aparição foi em 2005 e a última
em 2007, com algumas interrupções.
73
A seguir, faz-se a análise detalhada de cada um destes textos.
Ano
Ano da
Revista
Número
Tema de
capa
Páginas em que o
Centro Cultural aparece
1
2005 2 6 57
2
2006 3 8
O Yôga – A
mais antiga
filosofia de
vida
12, 47, 54-58, 62
3
2006 3 9
Moda - Feliz
Aniversário
45, 64
4
2006 3 10
Perfil –
Nelson
Jungbluth –
Espítito Livre
35, 58
5
2007 4 11
Perfil -
Carlos Smith
– Movido a
desafios
35, 54
74
PARTE 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
75
4.1 ANÁLISE DAS MENSAGENS INSTITUCIONAIS
Para estudar os textos publicados na Revista Moinhos utilizou-se a técnica de
análise de discurso. Esta análise foi feita a partir dos contratos de comunicação
propostos por Charaudeau (1983), juntamente com o paradigma da complexidade
proposto por Morin (2003). Para uma breve compreensão das imagens, trabalha-se
com Barthes (1990). Optou-se por estes autores pela sua abordagem bastante
abrangente e adequada ao estudo de caso.
Cada mensagem institucional é analisada detalhadamente, buscando nas
frases publicadas em seus textos os momentos que instituição expressa sua
identidade e quais características e valores ela associa a si mesma na formação de
sua imagem. No capítulo seguinte estas análises levam às considerações finais.
Neste momento verificaremos como a identidade desta empresa estudada foi por ela
expressa na revista do Bairro Moinhos durante seus primeiros dois anos de
existência, construindo assim sua imagem organizacional com o público externo.
76
4.1.1 Análise do texto 1
Figura 8: Uni-Yôga - Universidade de Yôga
Fonte: Revista Moinhos 1, ano 2, primavera de 2005, p. 57.
O título é direto: UNIDADE LUCIANA DE ABREU. Anuncia o tema do texto
que vem a seguir. É o nome do Centro Cultural, que é também o nome da rua em
que está situado. O que está em destaque é a foto de fundo, que serve como
atrativo. A foto foi tirada na sala de prática de SwáSthya Yôga da organização. Nela,
os profissionais do local aparecem demonstrando ásanas, técnicas orgânicas do
Yôga, ancorando as palavras do texto, apresentando íntima relação entre o que é
dito e a imagem que é mostrada.
77
Como a rua Luciana de Abreu é conhecida pelos moradores do bairro
Moinhos de Vento, o título serviu também para o leitor localizar o Centro Cultural na
região, ou seja, para identificar que na rua há uma novidade. O nome fica em
destaque, sendo que se um leitor viesse a folhar a revista poderia parar para ler a
reportagem por ver o nome da rua; por morar perto; ou por gostar da rua e do bairro.
O texto menciona que o trabalho é sério e respeitado. Querem passar ao
leitor os valores do Centro Cultural: excelência, profissionalismo, diligência,
constante busca pelo aperfeiçoamento, arte, sensibilidade e dedicação. Os valores e
princípios da organização ficaram bem claros e integrados no texto; não havendo
quebra na leitura.
Foram escolhidos ásanas criativos e com harmonia entre si. O texto
sobreposto à foto é quase como uma pequena história; um relato sobre o novo
Centro Cultural do bairro Moinhos de Vento, falando indiretamente com o leitor.
A cor branca, predominante na imagem, remete à harmonia, simplicidade,
limpeza, estabilidade. As cores alaranjada e vermelha simbolizam uma aproximação,
encontro, chamando o leitor a visitar a casa. Além disso, a cor relaciona-se com
dinamismo, força, energia, vigor, intensidade, coragem, motivando o público a
praticar Yôga (BARTHES, 1990).
Vamos refletir detalhadamente sobre algumas frases:
78
Frase Análise
No dia 1 de agosto, inaugurou, na
Luciana de Abreu nº. 115, o novo
Centro Cultural (representação da
Primeira Universidade de Yôga do
Brasil) no bairro Moinhos de Vento.”
Há uma diferença clara ao escrever:
Centro Cultural do bairro Moinhos de
Vento, e Centro Cultural no bairro
Moinhos de Vento. Os autores passam a
idéia de que o local em que trabalham é
do bairro e não está, simplesmente,
localizado neste bairro. O leitor torna-se,
também, dono do local; torna-se
responsável pelo mesmo. O enunciador
deixa de ser explicitamente a figura do
anunciante para apresentar-se como o
narrador de uma história. O emissor não
se dirige diretamente ao leitor,
caracterizando a impessoalidade do
comportamento delocutivo, que conserva
um distanciamento.
“Fabiano Gomes, Diretor Geral,
coordena a equipe de seis
profissionais compromissados com a
excelência, com o profissionalismo,
diligência e a constante busca pelo
aperfeiçoamento”.
Após ler que o local é seu, o leitor pode
identificar os valores da organização e, a
partir daí, analisar se esta tem realmente
a ver com a proposta do bairro.
São apontados os estímulos que movem
a equipe e com o que ela está
compromissada, mas ainda conserva-se
o distanciamento entre emissor-
destinatário.
A esfera da narrativa é usada para
envolver o leitor com os fatos, o ambiente
e prender sua atenção na leitura do texto.
79
“A casa de três andares abriga
uma das maiores e melhores salas de
prática de SwáSthya Yôga do mundo.
Além disso, serão desenvolvidos
ambientes para leitura, sala de
cinema e livraria.”
O texto segue falando da infra-estrutura que
será encontrada no local. Além disso, outro
aspecto relevante é que o leitor já sabe quais
serão os próximos investimentos do Centro
Cultural.
Conseqüentemente, sabe que não
encontrará a estrutura completamente
pronta, já que a Escola está em fase de
formação.
“O trabalho é personalizado,
atentando para cada detalhe com
arte, sensibilidade e dedicação;
promovendo o autoconhecimento
através do Yôga Antigo, SwáSthya
Yôga.”
Os argumentos são apresentados de
forma impessoal, uma vez que não
aparecem formas verbais na primeira
pessoa. Retomam-se aí os valores e
princípios do Centro Cultural.
É possível identificar a maneira como é
feito o atendimento, como é o
acompanhamento de cada aluno.
Visitando o Centro Cultural e
matriculando-se, o aluno encontrará arte,
cuidado, dedicação, etc. e,
conseqüentemente, o consumidor estará
melhor e mais saudável, com estress
administrado. Ou seja, os benefícios que
o Yôga proporciona e que são do
conhecimento do leitor.
Há a descrição do Centro Cultural. Não só da parte física como também de
seus valores: profissionalismo, constante busca pelo aperfeiçoamento, excelência
técnica. Isso proporciona ao leitor uma boa visão do que o local se propõe a
desenvolver. Percebe-se a apresentação e descrição do Centro Cultural Luciana de
80
Abreu com o desejo da equipe de passar ao leitor uma boa e fidedigna imagem de
seu local de trabalho.
A mensagem não propõe mais um simples conteúdo de informações sobre os
produtos ou uma forma diretamente próxima ao leitor, mas deriva para conteúdos
com uma enunciação disfarçada, distante, impessoal, própria de um comportamento
da classe que se quer atingir.
Yôga, SwáSthya Yôga, Yôga Antigo, sala de prática de SwáSthya Yôga, são
palavras próprias ao trabalho realizado no Centro Cultural e que exigem um
conhecimento-prévio para serem compreendidas:
Yôga Antigo
Antigo é alguma coisa velha, às vezes até mesmo
desatualizada, fora de uso, que não traz interesse. Antigo, no
caso do contexto do texto, refere-se ao Yôga mais autêntico,
mais primitivo e fidedigno.
SwáSthya
Quem não conhece esta palavra previamente, provavelmente
procurará seu significado em um dicionário de inglês.
Swásthya, em sânscrito, língua morta da Índia, significa auto-
suficiência (swa = seu próprio). O sânscrito é o mesmo que o
latim para nós. Por isso até mesmo os hindus em geral não
conhecem a tradução completa e traduzirão, comumente como
“saúde”.
Sala de prática
Possivelmente só os praticantes de Yôga sabem que uma aula
de SwáSthya Yôga chama-se prática, e que o local das aulas é
na sala de prática. O local poderia, também, denominar-se
sala de treino, sala de preparo, sala da sessão, etc.
81
Neste artigo verificam-se sete nomes diferentes servindo de referência e
relacionando-se com o Centro Cultural:
1. Uni-Yôga
2. Unidade Luciana de Abreu
3. Centro Cultural
4. Primeira Universidade de Yôga do Brasil
5. Fabiano Gomes
6. Swásthya Yôga
7. Yôga Antigo
4.1.2 Análise do texto 2
.
Figura 9: Universidade de Yôga
Fonte: Revista Moinhos 2, ano 3, out. 2006. p. 12.
82
Este texto está localizado na seção da Revista Moinhos denominada
consumo. Nesta página estão diversos produtos de lojas do bairro Moinhos: roupas
infantis, loções de banho e artigos de luxo para churrasco. O anúncio do Centro
Cultural está no canto inferior esquerdo da página.
Neste artigo verificam-se os seguintes nomes associados ao Centro Cultural:
1. Universidade de Yôga
2. Swásthya Yôga
3. Luciana de Abreu
Uma das funções da publicidade é ajudar a conquistar e manter mercados
para um determinado produto ou serviço. A força da publicidade está na sua grande
capacidade persuasiva e na sua efetiva contribuição para mudar hábitos, recuperar uma
economia, criar imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o
consumidor (PINHO, 2001).
No caso deste texto, há referência a dois produtos que estão à venda no
Centro Cultural: a medalha do Ôm, que é o símbolo do Yôga, e o incenso Kálí-
Danda, natural e artesanal. Os produtos são apresentados detalhadamente,
apresentando características que denotam a qualidade dos mesmos.
83
4.1.3 Análise do texto 3
Figura 10: Uni-Yôga
Fonte: Revista Moinhos 2, ano 3, out. 2006. p. 47.
Este logo está localizado acima e a direita da página. No centro da página há
um mapa do bairro Moinhos de Vento, com as principais ruas e avenidas. Este logo
se repete nas edições seguintes da Revista Moinhos e será novamente colocado
nas análises seguintes desta pesquisa para que se perceba a incidência da
variedade de nomes associados ao Centro Cultural:
Neste logo, verificam-se os seguintes nomes:
1. Universidade de Yôga
2. Uni-Yôga
3. Mestre DeRose
4. Luciana de Abreu
84
Essa mesma logomarca está reproduzida na placa que está colocada na
frente do Centro Cultural, em sua fachada, ou seja, este nome poderá fazer com o
que leitor relacione o texto publicado na Revista Moinhos com a casa.
4.1.4 Análise do texto 4
Figura 11: O Yôga
Fonte: Revista Moinhos 2, ano 3, out. 2006. p. 54 a 58.
Neste texto, verificam-se os seguintes nomes associados ao Centro Cultural:
85
1. Swásthya Yôga
2. Yôga Antigo
3. Yôga Pré-Clássico
4. Mestre DeRose
5. Método DeRose
6. Universidade de Yôga
7. Rua Luciana de Abreu
8. Primeira Universidade de Yôga do Brasil
9. Primeira Confederação Nacional de Yôga do Brasil
Vamos refletir detalhadamente sobre algumas frases do texto que de alguma
forma servem de referência para que o autor nomeie o Centro de Cultura e construa
a imagem deste local:
Frase Análise
“Se por tipos entendermos as
linhagens, existem quatro: o Yôga
Pré-Clássico (que é o nosso), o
Clássico, o Medieval e o
Contemporâneo.”
O Centro Cultural se apresenta como um
local que utiliza o tipo de Yôga denominado
Pré-Clássico. Definido, como veremos na
frase analisada em seguida, como o mais
completo do mundo.
“Trata-se do próprio tronco do Yôga
Pré-Clássico, do qual nasceram todos
os outros. Por isso, é o Yôga mais
completo do mundo.”
O leitor do texto identifica, então, o
Swásthya Yôga como sendo o produto
oferecido pela reportagem. A partir daí
pode-se observar características deste tipo
de Yôga que levam os consumidores a
sentirem falta desse produto.
86
“Surgido na Índia há mais de 5 mil
anos, proporciona aos seus
praticantes autoconhecimento e
qualidade de vida”.
Essa frase resume o que o Yôga que o
centro Cultural ensina, qual é o seu
produto.
Mais uma vez verifica-se um discurso
com benefícios: qualidade de vida e
autoconhecimento.
O fato de ter surgido há mais de 5 mil
anos pode ser interpretado como um
discurso que busca passar credibilidade
e autenticidade; características que
atraem os leitores da Revista Moinhos,
gerando identificação.
“Os resultados positivos também se
estendem a um reforço muscular e
flexibilidade, além de um sono
reparador e maior poder de
concentração”.
São mencionados os benefícios do
produto oferecido pelo Centro Cultural,
mas sem deixar claro que é esta
empresa que tem esse produto para
fornecer.
Caso haja identificação do leitor, este
terá dificuldade de chegar até o Centro
Cultural e pode, inclusive, vir a procurar
outro local para fazer aulas de Yôga.
“Nesse estresse da vida moderna,
não é a toa que o Yôga está
conquistando muitos adeptos no
mundo e deixando todos com mais
qualidade de vida”.
Pode-se destacar neste discurso aspectos
que levarão o leitor a identificar-se com o
Centro Cultural: vida moderna, estresse. A
qualidade de vida é o que muitos buscam
hoje. Dessa forma, atraí o consumidor
fazendo-o perceber que necessita dos
serviços oferecidos pelo Centro Cultural.
Ao final do artigo são apresentados os seguintes depoimentos:
87
Em uma organização, cada integrante influencia na identidade final da
mesma. A percepção que o funcionário tem de si como membro, como pertencente
ou não do trabalho desenvolvido, reflete na organização; ao mesmo tempo em que a
organização influencia o comportamento, visão e compreensão do indivíduo como
membro organizacional.
88
Portanto, a identidade de uma organização não é autogerada. É resultado da
relação entre aquilo que são os sujeitos que a compõem e a própria dinâmica
organizacional.
Os depoimentos geram uma sensação de confiabilidade. O leitor da Revista
Moinhos, ao ler essa página, depara-se com o resultado prático do Yôga para as
pessoas que travaram contato com ele. Por outro lado, os depoimentos são dos
próprios instrutores que ministram as aulas, podendo gerar no leitor certa
insegurança, já que eles falam do próprio produto que vendem.
Frase Análise
“Além do reforço muscular muito forte,
obtive uma constante sensação de
bem-estar corporal, bem como mais
concentração, foco e disciplina”.
Benefícios que nos dias de hoje muitas
pessoas buscam. O leitor que estiver em
busca de alguma atividade física que lhe
proporcione bom condicionamento físico,
juntamente com bem-estar corporal, se
sentirá atraído pelo depoimento.
A concentração e a disciplina são aspectos
que também atraem, levando o indivíduo que
faz a leitura desse discurso a sentir
necessidade de adquirir este produto.
“A prática me ajudou a fazer escolhas
mais conscientes, com uma visão de
mundo descomplicada e
descontraída”.
Visão de mundo descomplicada e
descontraída, tendo escolhas conscientes é
um benefício para algumas pessoas.
Em contrapartida, essa visão descontraída e
descomplicada pode gerar uma imagem de
falta de comprometimento e responsabilidade.
89
“Procurei o trabalho da Rede DeRose,
pois buscava um trabalho sério”.
O depoimento seguinte já inicia falando de
seriedade; profissionalismo, valores do
Centro Cultural. Se o leitor interpretou o
depoimento anterior como falta de
profissionalismo e seriedade,
possivelmente essa imagem pode ter sido
amenizada com essa frase: buscava um
trabalho sério.
“Descobri que o Yôga Antigo é uma
filosofia prática de autoconhecimento,
belíssima, poética e artística”.
Mais uma vez o autoconhecimento é
abordado. Desta vez aparecem aspectos
associados a ele, como beleza e arte.
O fato do depoimento utilizar o verbo
descobrir aproxima o discurso do leitor; já
que ao realizar a leitura da matéria sobre o
Yôga, ele também esta aprendendo e
descobrindo aspectos novos sobre o Yôga.
“É um estilo de vida saudável, com
sólido alicerce ético e uma proposta
de melhorar o mundo começando por
nós mesmos”.
Destacam-se nesta frase os benefícios da
vida saudável; o estilo de vida onde se
cuida do corpo e da mente. Além disso,
aparecem aspectos que atraem o leitor:
sólido alicerce ético, e a proposta de
melhorar o mundo começando pelo próprio
individuo.
A prática do Yôga passa então a estar
associada não apenas com o
desenvolvimento pessoal e com o
autoconhecimento, mas também com uma
preocupação social em que o mundo pode
tornar-se um local melhor “começando por
nós mesmos”.
90
4.1.5 Análise do texto 5
Figura 12: Personal Yôga
Fonte: Revista Moinhos 2, ano 3, out. 2006. p. 62.
1. Personal Yôga
2. Personal Swásthya Yôga
3. Swásthya Yôga
4. Yôga Antigo
Observam-se, ainda, as seguintes referências de nome na foto tirada do
Centro Cultural para ilustrar a reportagem:
1. Universidade de Yôga
91
2. Uni-Yôga
3. Método DeRose
4. Unidade Luciana de Abreu
A imagem anexa o texto, retratando o local da empresa, a cor laranja, com
janelas abertas para receber o público. A frase “Faça Yôga” é dirigida a esse público,
falando diretamente a ele, de forma incisiva.
Frase Análise
“Personal Swásthya Yôga é um
trabalho individualizado,
supervisionado e acompanhado
diretamente por um instrutor de
Swásthya Yôga credenciado à
Rede DeRose”.
Temos, nesse discurso, a ênfase na
qualidade, profissionalismo e exclusividade
do trabalho desenvolvido pelo profissional de
Personal.
Por outro lado, não é mencionado o local em
que o leitor pode solicitar esse serviço.
Dessa forma, caso haja identificação do leitor
com o discurso, ele poderá contratar um
profissional de outra empresa que poderá não
ter a mesma qualidade prometida pelo Centro
Cultural.
“As aulas são feitas tanto na
escola quanto na casa do aluno,
adaptando-se à rotina do
praticante”.
Na sociedade de hoje, extremamente corrida e
ocupada, a flexibilidade dos serviços oferecidos
é de fundamental importância.
Neste discurso observamos exatamente isso,
já que as aulas são adaptadas à rotina do
praticante, permitindo assim que ele faça suas
praticas de Yôga sem interferência no seu dia.
92
“A prática objetiva o
autoconhecimento e
desenvolvimento pessoal (...)
proporcionando maior qualidade
de vida ao praticante”.
Os benefícios aparecem, assim como
apareceram dos discursos anteriores. O
Centro Cultural repete a cada publicação os
mesmos benefícios que a pratica do Yôga
proporciona.
Essa pode ser uma forma de marcar a
organização, de identificá-la.
Pode-se pensar que seria mais fácil o leitor
identificar a organização pelos benefícios do
que pelo nome.
Como se viu no embasamento teórico desta pesquisa, o discurso publicitário
busca mais seduzir o consumidor do que persuadi-lo. A sedução está ligada ao
afetivo e ao psíquico, áreas nas quais a mensagem publicitária circula
favoravelmente na construção de um desejo (PINHO, 2001).
Os benefícios apontados neste discurso visam gerar identificação do leitor
com o Centro Cultural. Objetivam a construção de um desejo, da falta que o
individuo irá sentir caso não adquira o produto.
Por outro lado, o ato da compra não significa que o leitor se convenceu de ter
uma falta, ou de que precisa de determinado produto para suprir aquilo que ele não
tem. A consciência da falta não necessariamente resulta na compra imediata,
podendo, inclusive, levar o leitor a não adquirir a mercadoria.
Pode-se pensar que, nesse momento, constrói-se uma relação entre o leitor
do discurso e o emissor do mesmo. A organização seria produtora de auto-estima,
não apenas a partir de seus atributos, mas também da imagem que o público
93
externo faz dela. Por sua vez, o processo organizacional sobre seus agentes
constituiria como um mediador na construção da imagem dos sujeitos.
4.1.6 Análise do texto 6
Figura 13: Uni-Yôga
Fonte: Revista Moinhos 3, ano 3, inverno 2006. p. 45.
Essa logomarca apareceu na edição anterior e se repetirá até a última revista
analisada. Ainda assim, listam-se os nomes que aparecem no logo e que associam-
se ao Centro Cultural e a construção de sua imagem. Dessa forma, torna-se ainda
mais clara a sucessão de nomes adotados pela organização:
1. Universidade de Yôga
2. Uni-Yôga
3. Mestre DeRose
4. Luciana de Abreu
94
4.1.7 Análise do texto 7
Figura 14: Espaço de cultura e bem-estar; Equipe Fabiano Gomes; Fabiano Gomes
Fonte: Revista Moinhos 3, ano 3, inverno 2006, p. 64.
95
A organização, independentemente de qual seja, apresenta uma cultura ou
clima organizacional que estão relacionados aos valores, princípios e crenças, e às
formas pelas quais estes se manifestam. Motta (2001) escreve que essa cultura, ou
clima, é representante de valores, ritos, mitos e modelos de comportamento.
Estes modelos, por sua vez, influenciam e orientam as ações individuais das
pessoas que nela trabalham e até mesmo as pessoas que com ela travam contato
através de suas mensagens e discursos. Como resultado, temos um sentido comum
direcionado à convergência de objetivos na organização.
O discurso analisado diferencia-se dos estudados anteriormente, já que o
texto vem acompanhado com a foto de todos integrantes da organização e, além
disso, fala sobre cada integrante da Equipe Fabiano Gomes. Dessa forma, as
imagens têm sentido de ancoragem, segundo Barthes (1990), porque completam
o sentido do texto.
Também pode-se observar um parágrafo que foi inteiramente dedicado ao
proprietário e diretor do Centro Cultural. Conforme poder-se-á constatar, desde a
sua fundação, a organização aproxima-se, aos poucos, do nome de seu
proprietário.
Novas nomenclaturas, então, surgem como referência ao Centro Cultural. Os
seguintes termos associados ao Centro Cultural:
1. Espaço de Cultura e bem-estar
2. Centro Cultural
3. Método DeRose
4. Equipe Fabiano Gomes
96
5. Luciana de Abreu.
6. Centro de cultura e arte
Na foto do Centro Cultural, colocada na mesma página da Revista Moinhos,
ainda observam-se os seguintes nomes de referência:
1. Universidade de Yôga
2. Uni-Yôga
3. Mestre DeRose
Frase Análise
“Espaço de Cultura e bem-estar, com
trabalho personalizado, atentado para
cada detalhe com arte, sensibilidade e
dedicação”.
Resgatam-se aqui aspectos
mencionados no primeiro discurso do
Centro Cultural. Retomam-se valores,
tais como a arte, a sensibilidade e a
dedicação.
Como benefícios do trabalho realizado
pela organização pontuam-se novamente
a exclusividade e cuidado personalizado.
“Grupo compromissado com a
excelência, profissionalismo,
diligência e constante busca pelo
aperfeiçoamento”.
Nesta frase há o destaque para a equipe
formada por Fabiano Gomes. O leitor
pode identificar a qualidade do trabalho e
o fato dos integrantes do Centro Cultural
manterem-se sempre atualizados.
Conseqüentemente, o leitor poderá
relacionar essa dedicação com outros
benefícios: confiança, seriedade,
profissionais atualizados.
97
“A equipe Fabiano Gomes é
composta por (...) profissionais (...)
que deixaram suas profissões de
origem para se dedicar ao Swásthya,
o Yôga Antigo”.
Pode-se interpretar essa frase de, no
mínimo, duas formas:
O leitor pode ver os integrantes do
Centro Cultural como profissionais que
levam a sério o que fazem, dedicando-
se a apenas uma só atividade.
Ou ao contrário. Os profissionais não
são pessoas sérias, já que abandonam
suas profissões e deixam de fazer
aquilo para que se dedicaram por
alguns anos.
“Graduado em Direito e Psicologia,
com cursos no Brasil e no exterior,
formou-se instrutor de Yôga e 2003”.
Está referindo-se ao diretor do Centro
Cultural. Da mesma forma, busca-se
nesta frase agregar profissionalismo,
seriedade e credibilidade ao diretor que
coordena toda a equipe de profissionais
da organização.
“(...) construindo a visão do centro de
cultura e arte, que tem sua sede na
Rua Luciana de Abreu”.
O Centro Cultural, nesse momento, é
chamado de centro de cultura e arte.
Após toda uma caracterização da
equipe de profissionais e do próprio
diretor do Centro Cultural, percebe-se
que mais um nome é associado à
organização. Essa pluralidade de
nomenclaturas afasta a organização
das características as quais ela deseja
estar associada: seriedade,
profissionalismo, diligência.
98
4.1.8 Análise do texto 8
Figura 15: Uni-Yôga
Fonte: Revista Moinhos 4, ano 3, p. 35, primavera 2006.
Mais uma vez a mesma logomarca aparece, reforçando as seguintes
referências relacionadas com o Centro Cultral.
1. Universidade de Yôga
2. Uni-Yôga
3. Mestre DeRose
4. Luciana de Abreu
99
4.1.9 Análise do texto 9
Figura 16: Chakras, Kundaliní e Poderes Paranormais
Fonte: Revista Moinhos 4, ano 3, p. 58, primavera 2006.
100
A dinâmica da comunicação organizacional é definida como processo
(conjunto de métodos, técnicas, recursos, meios) pelo qual a empresa se dirige ao
público interno e ao público externo (BAHIA, 1995). A organização estabelece a sua
comunicação em um sistema complexo e aberto, que influencia e é influenciado.
Neste discurso, o Centro Cultural faz a divulgação de um livro que irá lançar;
uma noite de autógrafos. Mesmo não estando falando diretamente de sua
organização, o Centro Cultural comunica-se com o leitor mantendo-o informado dos
acontecimentos de sua empresa. É o fluxo de mensagens dentro de uma rede de
relações interdependentes (GOLDHABER, 1999), e é através desse fluxo que o
leitor constrói a imagem da organização.
Neste texto, verificam-se os seguintes nomes associados ao Centro Cultural:
1. Universidade de Yôga do Brasil
2. Uni-Yôga
3. Swásthya Yôga
4. DeRose
5. Método DeRose
6. Luciana de Abreu
7. Unidade Fabiano Gomes
8. Fabiano Gomes – realização
101
Frase Análise
“A Universidade de Yôga e
Editora Nobel convidam para
noite de autógrafos”.
Apresenta-se nesta frase o nome Universidade
de Yôga. Uma referencia para o leitor, já que
essa nomenclatura foi utilizada desde o primeiro
discurso do Centro Cultural na Revista Moinhos.
Além disso o nome é associado a uma editora de
qualidade, trazendo credibilidade ao discurso.
“Com espetáculo de mantras
e coreografias do Swásthya
Yôga”.
Nesta frase encontram-se palavras
desconhecidas para o publico em geral: mantras,
coreografias, Swásthya Yôga. O
desconhecimento do leitor pode gerar uma
afastamento ou uma aproximação, gerada pela
curiosidade e interesse em conhecer coisas
novas.
“Local: Unidade Fabiano
Gomes – Rua Luciana de
Abreu”.
Apresenta-se neste discurso um novo nome para
o Centro Cultural: Unidade Fabiano Gomes. O
termo vem associado com o endereço da escola,
o que facilita a identificação.
O nome do diretor da organização passa então a
ser também o nome do Centro Cultural.
102
4.1.10 Análise do texto 10
Figura 17: Uni-Yôga
Fonte: Revista Moinhos 5, ano 4, p. 35, verão 2007.
1. Universidade de Yôga
2. Uni-Yôga
3. Mestre DeRose
4. Luciana de Abreu
103
4.1.11 Análise do texto 11
Figura 18: Noite de autógrafos
Fonte: Revista Moinhos 5, ano 4, p. 54, verão 2007.
104
Neste texto, verificam-se os seguintes nomes associados ao Centro Cultural:
1. Centro de Cultura e Bem-Estar Fabiano Gomes
2. Rua Luciana de Abreu
3. Método DeRose
4. Centro
5. Equipe Fabiano Gomes
Frase Análise
“É um espaço que promove eventos,
como palestras, cursos e workshops
sobre comportamento, gastronomia,
etiqueta e filosofia oriental”.
O Centro Cultural passa a ser
associado não só com Yôga, mas a um
espaço que comporta vaiados cursos e
workshops de bom gosto.
As imagens mostram detalhes do evento, com o sentido de ancorar o texto,
ilustrando o discurso. Além disso, percebe-se a predominância de cores quentes,
atraindo o leitor para a página da Revista Moinhos e também, possivelmente,
instigando-o a visitar o Centro Cultural.
A responsabilidade social é aqui definida como “a preocupação com as
conseqüências sociais dos atos de uma pessoa ou instituição na medida em que
eles podem afetar os interesses de outros” (CHURCHILL E PETER, 2000, p. 40).
Para os autores a responsabilidade social é de grande valia à organização.
Além de proporcionar uma imagem séria e respeitosa, os potenciais clientes podem
105
vir a comprar o produto de uma organização que demonstre estar preocupada com o
bem-estar da sociedade.
Ao final da página, vemos uma ação social realizada pela organização: Faça
um Natal com mais sorrisos. Pode-se pensar que a partir da adoção de atitudes
socialmente responsáveis a organização visa garantir uma avaliação satisfatória de
sua imagem perante o público. Para Bueno (2003), a atuação socialmente
responsável deve ser planejada em perfeita sintonia com os objetivos comerciais. A
responsabilidade precisa adquirir status de filosofia organizacional, extrapolando
aspectos meramente comerciais e deixando de ser apenas uma simples prática.
Vê-se que a ação social proposta pelo Centro Cultural está de acordo com
seus valores e princípios, e também está em sintonia com os princípios da Rede
DeRose: ética, profissionalismo, compromisso social, estilo de vida saudável e
tradição cultural.
Na sucessão de discursos analisados do Centro Cultural, os benefícios
oferecidos pelas mensagens institucionais são os seguintes:
Benefícios oferecidos pelo Centro Cultural Onde aparecem
Profissionalismo Revista 1, 2, 3, 5
Trabalho Personalizado Revista 1, 2, 3, 5
Autoconhecimento Revistas 1, 2, 3 e 4
Maior e melhor sala de Yôga do mundo Revista 1
Qualidade de vida Revista 2, 5
Essas características geram identificação nos leitores da Revista Moinhos.
Indivíduos que buscam alta qualidade, exclusividade e profissionalismo. Dessa
106
forma, a mensagem institucional do Centro Cultural induz seus destinatários a se
identificarem com a empresa.
Essas qualidades são transmitidas ao leitor, segundo Charaudeau (1983), em
um discurso delocutivo. Através da impessoalidade, este tipo de discurso mostra
marcas de distanciamento no momento em que o enunciador deixa de ser o sujeito
empírico e assume o papel de narrador dos fatos.
Em todas as frases deste tipo enunciativo percebe-se que o anunciador está
apenas contando um fato ou características da empresa. Neste tipo enunciativo, o
anunciador EUe – Centro Cultural– está em segundo plano, e se faz passar por um
apresentador que anuncia algo. O destinatário TUd – o leitor do anúncio da Revista
Moinhos– também não é evidenciado ou chamado diretamente a praticar Swásthya
Yôga. O efeito deste tipo enunciativo é fazer com que o sujeito interpretante do
anúncio comece a se identificar com os praticantes de Swásthya Yôga, despertando
uma carência em relação à prática.
Não há, ao longo dos textos, marcas verbais ou pronominais de primeira
pessoa. Dessa forma, os argumentos dos anúncios são apresentados de modo
impessoal. Esta ausência mostra que o enunciador fala de si mesmo, não como
sujeito explícito, mas como uma terceira pessoa com quem pretende que o sujeito
interpretante se identifique.
Ao mesmo tempo em que as qualidades, princípios e valores são
apresentados, estas características do Centro Cultural estão associadas a um local
de nomes variados, dificultando o acesso do indivíduo que pensa em concretizar seu
desejo por uma vida com mais qualidade e autoconhecimento em um local com
trabalho personalizado e com profissionalismo.
107
Vejamos como o nome do Centro Cultural é citado ao longo destes dois anos
na Revista Moinhos:
Nomes Revista 1 Revista 2 Revista 3 Revista 4 Revista 5
Uni-Yôga X X X X X
Método DeRose X X X X X
Yôga X X X X X
Fabiano Gomes X X X X X
Universidade de
Yôga
X X X X
Swásthya Yôga X X X
Centro Cultural X X X
Unidade Luciana de
Abreu
X X
Rede DeRose X X
Unidade Fabiano
Gomes
X
Centro de Cultura e
Bem-estar Fabiano
Gomes
X
Desde a primeira Revista, observa-se uma grande variedade de nomes
referindo-se ao trabalho do Centro Cultural. Em todos os discursos, as palavras Uni-
Yôga, Yôga, Método DeRose e Fabiano Gomes aprecem. O termo Universidade de
Yôga não está incluso no último texto. Em todos os outros ele aparece. Já Swásthya
Yôga, que é o nome do Yôga ministrado no Centro Cultural, é citado nas três
primeiras revistas, depois disso ele não volta a ser mencionado.
O uso do termo Centro Cultural está presente nas revistas um, dois e três. Na
revista número 4 ele não é citado e na última revista, a número 5, ele recebe um
108
complemento: Centro de Cultura e bem-estar Fabiano Gomes. Nome utilizado até
hoje, setembro de 2007, pelos profissionais do Centro Cultural.
Unidade Luciana de Abreu é o nome utilizado na fundação do Centro Cultural.
Este nome é citado nas duas primeiras revistas. Inevitavelmente ele acaba
aparecendo em fotos tiradas do Centro Cultural, pois é este o nome que esteve
escrito na fachada lateral da casa até o início de 2007. Depois disso, o Centro
Cultural recebeu autorização da Rede DeRose para colocar o nome Fabiano Gomes
na placa. Passou-se, então, a utilizar-se a nomenclatura Unidade Fabiano Gomes.
No início de 2007, o Centro Cultural iniciou um processo de desenvolvimento
de sua identidade, buscando diferenciar-se das demais escolas da Rede DeRose.
Uma profissional da área de marketing foi contratada e trabalha com eles até a
presente data, construindo uma imagem que seja referência no bairro. Já obtiveram
o aval da Rede DeRose para que sua fachada fosse mudada: a cor da casa, que
não precisará ser alaranjada; e as placas da frente do Centro Cultural.
Esta mesma profissional desenvolveu uma logomarca própria para o Centro
Cultural. Por ainda não ter sido aprovada, não recebi autorização para divulgá-la
nesta pesquisa.
Observando as qualidades e o potencial dos profissionais deste Centro
Cultural, percebe-se uma discrepância na forma com que eles divulgam o seu
trabalho. Com o objetivo de diferenciarem-se dentro e fora da Rede DeRose, a
estratégia utilizada pela organização foi manter os nomes tradicionais, tais como
Uni-Yôga, Universidade de Yôga, Rede DeRose, e inovar no nome da sua unidade.
Neste ponto que ocorreu a dispersão. Ao invés de se escolher um nome e mantê-lo,
o Centro Cultural associou diversos nomes paralelos à seu trabalho.
109
Essa mudança de nome afasta a imagem do Centro Cultural dos benefícios
oferecidos e de suas qualidades, ou seja, de sua identidade: profissionalismo,
diligência, cuidado com cada detalhe, trabalho personalizado, seriedade. O produto
é de qualidade, mas o leitor da Revista Moinhos não tem um acesso claro a essa
mercadoria.
Morin (2002) contribui com essa reflexão afirma que não é apenas a
informação que é comunicada: são dois seres que se comunicam; sujeitos que
estabelecem relações complexas com o mundo. Comunicação é o conjunto de
informações que chega às pessoas, sendo estas capazes de entender o que
significa o seu conteúdo.
Além desse aspecto, a comunicação entre o Centro Cultural e o leitor da
Revista Moinhos não é simétrica. A produção de um texto ou a interpretação deste
está relacionada aos conhecimentos supostos que circulam entre os sujeitos da
linguagem, a partir do explícito e do implícito.
Charaudeau (1983) define o ato de linguagem como assimétrico. Não é
concebido apenas como a produção de uma mensagem por um emissor para um
receptor; mas como um encontro dialético entre o processo de produção (do emissor
ao destinatário), e o processo de interpretação (do receptor interpretante que
constrói uma imagem do emissor).
A informação implica o processo de produção de discurso em situação de
comunicação, em que o sujeito da fala escolhe os conteúdos a transmitir, a forma de
falar, os argumentos e os efeitos de sentido que poderão influenciar o outro.
110
No decorrer destes dois anos, as publicações na Revista Moinhos foram
acontecendo quase que regularmente. Porém, se os discursos forem analisados,
não está claro que as mensagens são da mesma empresa, já que o nome de
referência muda constantemente.
Segundo os autores citados no embasamento teórico, a comunicação
mercadológica, além de comunicar, informa e persuade. Expõem as qualidades dos
produtos aos consumidores, aspectos inseridos nos discursos do Centro Cultural na
Revista Moinhos.
Os textos apresentados apresentam as seguintes informações:
O que é a organização?
Centro Cultural;
Como é o produto da empresa?
Yôga
Como ele proporciona valor?
Bem-estar, qualidade de vida,
autoconhecimento
Quanto ao aspecto ‘onde esse produto é encontrado’, há uma variedade de
indicações e referências, dificultando o acesso do leitor ao produto da empresa.
O Centro Cultural expressa seu produto, o Yôga e a própria organização, já
que esta foi recentemente inaugurada e visa sua colocação no mercado. Esse
princípio pressupõe a existência de uma situação de falta para alguém, neste caso,
para o leitor da Revista Moinhos. A tomada de consciência dessa falta é o que incita
esse indivíduo a buscar algo para supri-la. A busca por essa completude pode
111
resultar num processo de sucesso ou de fracasso, dependendo se a falta foi
adequadamente suprida ou não.
O indivíduo tem uma falta - [Falta = R (-)]
O sujeito procura suprir esta falta - (Busca)
R = a falta suprida - (Objeto de busca)
P(M) x q = meio de suprir essa falta - (Auxiliar de busca)
O produto em questão (P= aulas de Yôga do Centro Cultural) é visto como
uma ferramenta para ajudar o possível consumidor a satisfazer esta necessidade
criada. O objeto dessa busca é representado por aquilo que o produto oferece. O
autor, então, sugere a seguinte descrição da organização narrativa do texto
publicitário.
No caso do Centro Cultural, é possível que esta falta não seja
adequadamente suprida caso o indivíduo não consiga identificar claramente o local
em que conseguirá o produto que deseja. Estabelece-se neste momento a
contradição entre a qualidade do trabalho e a não facilidade de encontrá-lo.
Estes objetivos tácitos puderam ser observados através da análise do
discurso. Vê-se a transformação dos sujeitos do circuito interno do contrato de
comunicação em sujeitos reais do circuito externo, os produtores da publicidade.
112
Revista Moinhos +
Centro Cultural
Moradores do
Bairro Moinhos
O Yôga
Discurso na Revista Moinhos
Figura 19: Circuito externo: sujeitos psicossociais
Fonte: Charaudeau (1983, 1996).
Esse esquema mostra que o ato de linguagem se compõe de dois circuitos de
produção:
Circuito interno
Configurado com seres de fala criados à
imagem de sujeito que enuncia (EUe) e
de sujeito destinatário (TUd).
Circuito externo
Configurada com sujeitos reais que
agem e são instituídos à imagem do
sujeito comunicante (EUc) e dos sujeitos
que interpretam o anúncio (TUi).
Na análise do circuito, percebe-se que, de um lado encontra-se o Centro
Cultural, que contratou a Revista Moinhos para publicar suas mensagens
institucionais. Juntos, Centro Cultural e Revista Moinhos, localizam-se no mesmo
espaço no circuito de linguagem (base de construção do discurso publicitário), e
estão ligadas por contratos de interesses em torno.
113
Na extremidade oposta do circuito está o público-alvo, que, ao matricular-se
como aluno do Centro Cultural, completa a relação entre a persuasão estabelecida
no texto do anúncio, e o ato de compra do produto, representando o TUd
transformado em TUi. O destinatário (TUd), ou leitor da Revista Moinhos, não é
designado previamente como consumidor; mas é tido como um sujeito suscetível ao
que é dito sobre o produto anunciado. Charaudeau (1983) chama este sujeito de
utilizador eventual do produto, ou seja, um possível consumidor do trator MF 500mil.
Pensando em um circuito, a comunicação seria, então, a interação de
sujeitos, através do fluxo de informações entre eles. Essa relação forma uma
espécie de teia complexa, composta tanto de elementos visíveis como invisíveis.
O discurso organizacional é então visto como o encontro de universos de
sujeito, universos subjetivos. Exprime um tipo de relação, considerada como uma
relação entre consciências (MARTINO, 2003).
A comunicação, em uma organização, é uma ferramenta que age na
identidade organizacional, reforçando e preservando-a ou, por outro lado,
impulsionando mudanças, uma vez que engloba todo o fluxo de mensagens que
compõem a rede de relações da organização (BALDISSERA, 2000).
Pode-se também analisar a partir de uma realidade una e múltipla. A
pluralidade estando localizada nas relações complexas que o sujeito estabelece com
o mundo. Para Morin (2002), o pensamento complexo não é um pensamento
onisciente, e sim, um processo contraditório que exige a construção e a
reconstrução dos fatos. No capítulo seguinte apresentam-se as considerações finais
sobre o tema.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de percorrido este trajeto de estudo e reflexão, depois de embasado
teoricamente o estudo e feitas as devidas análises, pode-se perceber a possibilidade
de outras abordagens. O pensamento complexo possibilita essa percepção na
medida em que se toma consciência da circularidade presente no trajeto percorrido.
A delimitação clara do foco no objeto de estudo, a comunicação da imagem
para gerar a identidade de uma organização, permitiu que se mantivesse o caminho
projetado. Assim, foi construído um percurso através das diversas abordagens.
A organização estudada nesta pesquisa é pertencente a uma rede: a Rede
DeRose. Constitui-se por um grupo de escolas, distribuídas pelo mundo, que utilizam
o mesmo método de Yôga. Cada escola possui o seu proprietário e é independente
para estabelecer horários de funcionamento e atividades a serem desenvolvidas,
tendo assim um nível de comunicação mais específico dentro desta grande rede.
Na atualidade, uma situação existe ou deixa de existir à medida que é
comunicada ou veiculada. A comunicação é a condição de possibilidade da
interação social, que segundo explica Guareschi (1991, p. 14) torna “a comunicação
duplamente poderosa: tanto porque pode criar realidades, como porque pode deixar
que existam pelo fato de serem silenciadas".
Como afirma Morin (1986), como todas as coisas do universo, a memória
sofre a degradação e a desintegração, o que para ela se chama esquecimento.
Relacionando com o Centro Cultural, este tem o compromisso de criar uma imagem
com os clientes, fazendo-se presente em suas vidas. Isso inclui uma aproximação da
115
organização com os valores, com a cultura e a história do bairro Moinhos de Vento,
pois não há comunicação se seus clientes não conseguem identificar o produto e a
função da empresa dentro da comunidade.
Nem sempre a identidade da organização tem coerência com as estratégias
da empresa, com a ação de seus membros ou com a imagem da organização. Isso
pode torná-la ainda mais evidente quando essa inconsistência é observada por seus
participantes (ALVESSON, 1994). É neste momento que a organização repensa
características, valores, princípios e ações.
Ao acompanhar o Centro Cultural desde a sua fundação, observa-se a
dificuldade que as pessoas demonstram em gravar o nome da empresa, a cada
momento referindo-se à instituição de forma diferente, pois nas peças publicitárias
da Revista Moinhos isto se torna evidente.
Ao conversar com os funcionários e alunos sobre a comunicação no Centro
Cultural, constata-se que não há uma única imagem, pois as pessoas referem-se à
empresa de diferentes formas, confundindo os nomes que foram dados à empresa
ao longo de sua existência.
Pode-se observar que o discurso dessa organização mostra-se revelador de
diferentes possibilidades de interpretação, na medida em que oculta a intenção da
venda. A teoria de Patrick Charaudeau (1983) foi usada porque permite a
compreensão da fala do Centro Cultural através das peças publicitárias divulgadas
na revista do bairro Moinhos de Vento, visando mostrar seu trabalho de qualidade e
transformar o leitor em consumidor efetivo de suas atividades.
116
A transformação daí decorrente é resultado do posicionamento de quem fala
no discurso. Oculta-se a fala direta, apresentando-se apenas o interesse no bem-
estar do consumidor, seduzindo-o com apelos subjetivos relacionados com a saúde
e a qualidade de vida.
Está implícito também o sujeito consumidor através da imagem de sujeito
destinatário que aparece nas imagens e no texto, interessado não no produto em si,
mas sim nos benefícios que ele oferece, tais como: saúde, qualidade de vida e bem-
estar, de acordo com o fascínio que envolve a humanidade e mais especificamente o
público que freqüenta e mora no bairro Moinhos de Vento. A identificação, ou não,
deste leitor com o discurso de Centro Cultural faz com que o consumidor coloca-se
no local de agente de uma busca cujo objeto não é compra de um produto, mas a
imagem de um objeto de desejo.
Com o amparo do paradigma da complexidade, permitiu a análise do discurso
publicitário, não como uma enganação, mas como uma organização circular e
contraditória. Esta contradição aparece no discurso presente na Revista Moinhos,
em que o profissionalismo e o trabalho sério entram em confronto com uma
mudança constante no nome de referência do Centro Cultural.
A identidade é tudo o que torna algo único (ASFORTH e MAEL, 1996). É o
que faz com que, no caso desta pesquisa, um indivíduo lembre da organização, com
sues princípios, valores e características. São aspectos socialmente construídos em
torno das percepções dos indivíduos sobre a essência da organização, e a
variedade de nomes associados ao Centro Cultural interferiu na construção social de
sua imagem.
117
O aporte teórico dos capítulos iniciais permitiu a sustentação da análise e a
preparação para uma discussão. Charaudeau (1983), através da sua análise de
discurso, contribuiu para demonstrar como a linguagem publicitária está estruturada,
prevendo a adesão dos leitores ao conteúdo das mensagens, expondo certos
valores ou então diferentes variáveis de comportamento. A abertura necessária à
transdisciplinaridade mostrou-se pertinente num momento em que o papel da
publicidade, como instrumento econômico e social, adquire maior relevância.
O Centro Cultural associou à sua imagem, ao longo das reportagens, um
trabalho de qualidade. Deu ênfase ao Yôga, que é o seu produto, apenas em uma
das reportagens. Cada vez mais as organizações trocam a publicidade de seus
produtos e as suas respectivas qualidades por uma publicidade que construa uma
imagem favorável junto ao público consumidor.
A escolha de um produto não é feita apenas pela mercadoria oferecida por
uma determinada marca, mas também pela imagem que está ligada à marca. É
nesse momento que ocorre a identificação do destinatário com a organização. Neste
sentido, a publicidade atua como criadora de imagens e identidades, evidenciando
figuras e significações dentro do espaço social.
O enfoque discursivo de Charaudeau permitiu uma análise abrangente,
incluindo as mensagens implícitas dos discursos. A comunicação organizacional
expressa na forma de discurso publicitário, possui aspectos complexos, ambíguos e
contraditórios, e que possibilitam múltiplas leituras. Dessa forma, a imagem da
organização na mente de cada indivíduo é construída.
Caldas e Wood (1997) argumentam que o conceito de identidade, embora
polêmico e complexo, é de fundamental importância para a compreensão de
118
fenômenos organizacionais. Escrevem sobre dimensões nas quais se pode
visualizar a identidade organizacional. A primeira é a dimensão do objeto focal
(indivíduo, grupo e organização). A segunda é a dimensão da observação (dos
membros - interna - e dos não membros - externa).
É pertinente destacar que esta imagem depende também do receptor, no
caso, do leitor da Revista Moinhos. O processo é construído e cada indivíduo
processa as informações recebidas da sua forma. Esta perspectiva serviria de base
para o seguimento desta pesquisa, iniciando-se, assim, um outro estudo.
À luz de Morin, pode-se analisar os discursos do Centro Cultural, uma vez
que estes pressupõe a incerteza. O uso deste autor foi pertinente, já que com ele as
dualidades do Centro Cultural puderam ser percebidas. Evidenciou-se a dualidade
do trabalho com profissionalismo, qualidade e diligência com a falta de uma marca
clara que passasse segurança e credibilidade.
Pode-se perceber que o próprio discurso publicitário é contraditório, e que
esta é a sua essência. A publicidade propositalmente cria um mundo imaginário, já
que visa ocultar o objeto de venda. Os resultados dessa análise permitem revelar,
através da recensão de uma série de efeitos pretendidos, a consolidação de
imaginários sociodiscursivos relacionados com o público que freqüenta o Centro e o
bairro classe A de Porto Alegre, tais como: preocupação com a beleza e o bem estar
aliados à técnicas inovadoras, acomodações de luxo, atendimento personalizado,
esporte aliado à cultura através de palestras, cursos, etc.
A análise de Charaudeau permite enxergar o implícito. Através da análise das
peças da campanha, percebe-se a contradição em que o discurso publicitário se
insere. No caso do Centro Cultural a contradição encontra-se na variedade de
119
nomes ligados a organização e, em contrapartida, a divulgação de um trabalho sério
e com profissionalismo. Apesar do Centro Cultural ter mudado de nome tantas
vezes, o Mestre DeRose, em entrevista à Revista Moinhos afirma que “seu próprio
nome já representa uma carga de autoridade que se basta a si mesma”, constituindo
a identidade dos que trabalham com os princípios da Universidade de Yoga, criada
por ele.
Considera-se relevante destacar, num primeiro momento, a quebra de
paradigmas gerada pela adoção da complexidade, o que se deve à resistência em
se aceitar seu caráter empírico, incerto, incapaz de conceber uma ordem absoluta, e
de evitar as contradições. Mas percebe-se a necessidade de conscientização dessa
complexidade, inerente a todas as esferas do conhecimento, a partir da consciência
de que a própria comunicação organizacional não pode ser analisada de outra
maneira, senão como um processo integrado, dialógico, incerto e contraditório, ou
seja, complexo.
A comunicação vai além da técnica e enfatiza valores e investimentos
emocionais que ultrapassam amplamente a troca de signos ou informações no
sentido utilitário do termo.
Sendo assim, a comunicação é um campo de estudos e análises de múltiplas
disciplinas, como a antropologia, a sociologia, a psicologia, etc. A comunicação faz
com que se concretizem funções, ao permitir o intercâmbio de mensagens: informar,
constituir um consenso de opinião, persuadir ou convencer, prevenir
acontecimentos, aconselhar, constituir identidades, e até mesmo divertir. Como
afirma Freire (2000), a comunicação existe na vida, porém se processa também e de
forma especial na existência; uma das invenções do ser humano.
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Zahar, 1975.
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PORTER, M. (Org.). Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro:
Campus, 1987.
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Bookman, 2000.
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MORIN, Edgar. Cultura de massa no século XX. O espírito do tempo II –
Necrose. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986.
______. O método 3: o conhecimento do conhecimento. 2. ed. Porto Alegre: Sulina,
1999.
______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3. ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
MORIN, Edgar. Em busca dos fundamentos perdidos: textos sobre o marxismo.
Porto Alegre: Sulina, 2002a.
______. O método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2002b.
______. O método 2: a vida da vida. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2002c.
MOTTA, Fernando Claudio Prestes; VASCONCELOS, Isabella F. Gouveia de.
Teoria geral da administração. São Paulo: Thomson, 2002.
PAGÈS, Max et alli. O poder das organizações. Tradução de Maria Tavares e
Sonia Favatti. São Paulo: Atlas, 1993.
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SCHEIN, Edgar H. A psicologia na organização. Tradução de Maria G. S. Bento.
Lisboa: Clássica, 1968.
SCHERMERHORN Jr., John R.; HUNT, James G.; OSBORN, Richard N.
Fundamentos de comportamento organizacional. Tradução de Sara R.
Gedanke. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 1999.
127
SIMÕES, Roberto Porto. Relações públicas e micropolítica. São Paulo: Summus,
2001. (Novas Buscas em Comunicação; v. 64).
TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
______. Tratado de comunicação organizacional e política. São Paulo: Pioneira
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TOURAINE, Alain. Crítica à modernidade. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
WEBER, Max. Law in economy and society. Cambridge: Harvard University Press,
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______. Ensaios de sociologia. Tradução de Waltensir Dutra. 5. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2002.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e método. Tradução de Daniel
Grassi. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
ZACCARELLI, Sergio Baptista. A moderna estratégia nas empresas e o velho
planejamento estratégico. R A E Light / EAESP / FGV, São Paulo, v. 2, n. 5, p. 21-6,
1995.
ANEXOS
129
ANEXO A - Revista Moinhos 1ª edição
Fonte: Inverno de 2004.
130
ANEXO B - Revista Moinhos 2ª edição
Fonte: Primavera de 2004.
131
ANEXO C - Revista Moinhos 3ª edição
Fonte: Verão de 2004.
132
ANEXO D - Revista Moinhos 4ª edição
Fonte: Outono de 2004.
133
ANEXO E - Revista Moinhos 5ª edição
Fonte: Inverno de 2004.
134
ANEXO F - Capa da Revista Moinhos analisada 1
Fonte: Primavera de 2005.
135
ANEXO G - Capa da Revista Moinhos 2 (analisada)
Fonte: Outono de 2005.
136
ANEXO H - Capa da Revista Moinhos 3 (analisada)
Fonte: Inverno de 2006.
137
ANEXO I - Capa da Revista Moinhos 4 (analisada)
Fonte: Primavera de 2006.
138
ANEXO J - Capa da Revista Moinhos 5 (analisada)
Fonte: Verão de 2006.
139
ANEXO K - Complemento da análise do texto 4
Fonte: Página 55.
140
ANEXO L - Complemento da análise do texto 4
Fonte: Página 56.
141
ANEXO M - Complemento da análise do texto 4
Fonte: Página 57.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL
MESTRADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL
DÉBORA PEREIRA CLAUDIO
A COMUNICAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE
UM CENTRO CULTURAL
Profª. Drª. Maria Helena Steffens de Castro
Orientadora
Porto Alegre
2007
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP )
C615c Claudio, Débora Pereira
A comunicação na construção da identidade de um centro cultural
/
Débora Pereira Claudio. – Porto Alegre, 2007.
142 f.
Diss. (Mestrado em Comunicação) – Fac. de Comunicação
Social, PUCRS.
Orientação: Profª. Drª. Maria Helena Steffens de Castro.
1. Comunicação Social. 2. Comunicação Organizacional. 3.
Publicidade. 4. Texto Publicitário – Análise do Discurso. 5. Identidade
Corporativa (Publicidade). I. Castro, Maria Helena Steffens de.
CDD 659.1
Ficha Catalográfica elaborada por
Vanessa Pinent
CRB 10/1297
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