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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
COMPARAÇÃO ENTRE O CUSTO DE VO
2
E O CUSTO DE
FREQÜÊNCIA CARDÍACA, E VALIDADE DO C
FC
EM
ESTIMAR A VELOCIDADE DE CORRIDA ASSOCIADA AO
VO
2MÁX
EM ATLETAS E NÃO ATLETAS
Juliano Rodrigues Moreno
BRASÍLIA
2007
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ii
Juliano Rodrigues Moreno
COMPARAÇÃO ENTRE O CUSTO DE VO
2
E O CUSTO DE
FREQÜÊNCIA CARDÍACA, E VALIDADE DO C
FC
EM
ESTIMAR A VELOCIDADE DE CORRIDA ASSOCIADA AO
VO
2MÁX
EM ATLETAS E NÃO ATLETAS
BRASÍLIA
2007
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Educação Física da Universidade
Católica de Brasília (UCB), como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Mestre em Educação Física
Orientador: Prof. Dr. Herbert Gustavo Simões
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iii
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos meus pais, Magno e
Lourdes, ao meu irmão e amigo Francis e a minha
namorada Adriana. Sem a ajuda dos meus pais seria
impossível. Sem a ajuda da minha namorada, seria
muito mais difícil. Sem a existência do meu irmão,
algumas coisas da vida fariam menos sentido ainda.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
Aos meus pais, Maria de Lourdes e Magno, por me auxiliarem durante toda essa trajetória.
Vocês são um exemplo de paciência e serenidade. Ao Francis, como se não bastasse ser meu
irmão, é um grande amigo;
Ao meu orientador e amigo Herbert, que ensinou-me muito mais do que seguir a carreira
acadêmica. Imagino o quanto seja difícil ser líder de um grupo tão grande, portanto, sou muito
grato por tudo que você fez por mim, desde o começo na graduação e até esse momento;
À professora Dra. Carmen Silvia Grubert Campbell que, em alguns momentos difíceis pelos
quais passei, me apoiou e me ajudou a seguir em frente. A sua visão humanista muito me
agrada.
À minha namorada Adriana (Drika). Uma das pessoas mais simples e agradáveis que
conheço. É nessas e em outras qualidades que se fundamenta o amor que sinto por você e que
te lhe torna uma excelente companheira;
Aos pais da Drika, Sr. Corrêa e a Sra. Marta, que me acolheram de braços abertos durante
minha estada em Brasília. O apoio de vocês me ajudou muito;
Ao Emerson e Neyemayer. Simplesmente meus amigos! Exemplo de pessoas de coração
aberto! Sou muito grato a vocês que me ajudaram do começo ao fim;
Aos grandes amigos Matheus (Pachecão), Danilo (Bigodilha) e Marcelo (K9). Hoje o que sou
tem grande contribuição de todas as nossas conversas. Vocês são os melhores!
Ao Rafael Sotero, que além de ser uma excelente pessoa, me emprestou o colchão (ainda não
devolvi) que dormi durante um ano. Sem dúvida, minha coluna nunca mais foi a mesma
depois de te conhecer;
Ao Rafinha (Rafilsk), Paulo e Guilherme Puga (Pugão) que, além de serem excelentes
companheiros e amigos, me auxiliaram diretamente na produção desse estudo;
Ao Dr. Benfort e ao Carlos, que me ofereceram muito mais do que uma ajuda técnica nas
coletas. Foram meus amigos e tornaram, sem dúvida, todo esse processo mais divertido;
v
À Gisela que morou comigo durante os seis primeiros meses em Brasília. Muito obrigado por
toda sua ajuda e por compreender as minhas falhas como companheiro de república;
Ao Lourenço e Geórgia, grandes amigos que fiz durante todo esse processo;
À Kate, Beto, Luciana, Patrícia (Anápolis), Márcio Rabelo, Cleber (Cia do Corpo), Sérgio
Moreira, Aline, entre outros dos quais não me lembro muito bem devido ao tempo que se
passou. Foi um grande prazer conhecê-los;
À Cida e Weslen por toda a prestatividade e eficiência, e ao diretor do curso
, professor Dr.
Ricardo Jacó de Oliveira, que permitiu a prorrogação do prazo para minha defesa;
À todos os voluntários que participaram dos testes. Sei que não foi fácil e agradeço por cada
gota de suor de vocês. E ao treinador Edilberto Barros que gentilmente me encaminhou seus
atletas;
Aos amigos do Hospital Sarah, Sheila e Jairo, que não cansaram de me incentivar a concluir
esse estudo.
À Deus, que me mostra todos os dias que ainda tenho muito que aprender. Ainda não
compreendo a complexidade disso tudo.
vi
Sumário
Lista de Tabelas.......................................................................................................................viii
Lista de Figuras ..........................................................................................................................x
Glossário....................................................................................................................................xi
Introdução.................................................................................................................................15
1.1 Justificativa e Relevância: ............................................................................................19
1.2 Objetivo ........................................................................................................................21
1.2.1 Objetivo Geral: ....................................................................................................21
2. Revisão de Literatura............................................................................................................22
2.1 Freqüência Cardíaca e Débito Cardíaco em Repouso e Exercício:..............................22
2.2 Relação entre Ventilação, Débito Cardíaco e VO
2
:....................................................25
2.2.1 Consumo de Oxigênio Durante o Exercício e sua Relação com a FC: ................27
2.2.2 Intensidade do Exercício Associada ao VO
2max
(V
max
):........................................28
2.3 Limiar de Lactato: ........................................................................................................29
2.4 Velocidade/Potência Crítica e Capacidade de Trabalho Anaeróbio:............................33
2.5 Custo do Consumo de Oxigênio e Custo de Freqüência Cardíaca:..............................37
3. MÉTODOS...........................................................................................................................39
3.1 Amostra ........................................................................................................................39
3.2 Materiais:......................................................................................................................40
3.3 Procedimentos: .............................................................................................................40
3.3.1 Testes para Identificação do Custo de FC e Custo de O
2
(C
fc
e C
vo2
) ..................41
3.3.2 Determinação do C
fc
e C
vo2
...................................................................................42
3.3.3 Teste para Identificação do Limiar de Lactato e VO
2max
......................................42
3.3.4 Determinação da Velocidade Crítica (VC) e Capacidade de Trabalho Anaeróbio
(CTAn) ...............................................................................................................................43
3.3.5 Modelo de Determinação da VC e CTAn ............................................................44
3.3.6 Determinação da V
max
..........................................................................................45
3.3.7 Determinação do Limiar Ventilatório...................................................................46
3.3.8 Determinação do Limiar Anaeróbio Individual (IAT) .........................................47
3.3.9 Monitoramento da percepção subjetiva de esforço ..............................................48
3.3.10 Coleta de Sangue e Análise do Lactato sangüíneo e Glicemia: ........................49
3.3.11 Mensuração da freqüência cardíaca durante os testes ........................................49
3.3.12 Coleta e Análise das Variáveis Ventilatórias: ....................................................50
3.4 Tratamento Estatístico:.................................................................................................50
4. Resultados.............................................................................................................................51
4.1 Estudo 1: Análise das variáveis estudadas no grupo fisicamente ativo (G1)...............51
4.1.1 Análise Biométrica ...............................................................................................51
4.1.2 Comparação entre as diferentes intensidades estudadas.......................................52
4.1.3 Análise do consumo de O
2
obtido nas diferentes intensidades ............................55
4.1.4 Análise da FC verificada nas diferentes intensidades ..........................................57
4.1.5 Análise da concentração de lactato [lac] e da PSE verificada nas diferentes
intensidades ........................................................................................................................58
4.1.6 Análise das V
max
estimadas (C
VO2
e C
FC
) com a V
max
real...................................61
4.2 Estudo 2: Análise das variáveis estudadas no grupo de atletas corredores de fundo
(G2).....................................................................................................................................66
4.2.1 Análise Biométrica ...............................................................................................66
4.2.2 Comparação entre as diferentes intensidades estudadas.......................................67
4.2.3 Análise do consumo de O
2
obtido nas diferentes intensidades ............................69
4.2.4 Análise da FC verificada nas diferentes intensidades ..........................................70
vii
4.2.5 Análise da concentração de lactato [lac] e da PSE verificada nas diferentes
intensidades ........................................................................................................................72
4.2.6 Análise das V
max
estimadas (C
VO2
e C
FC
) com a V
max
real...................................74
5. Discussão..............................................................................................................................78
6. Conclusões............................................................................................................................86
7. Referências Bibliográficas....................................................................................................87
8. Anexos..................................................................................................................................94
8.1 Anexo I - Questionário – Anamnese ............................................................................94
8.2 Anexo II - Recomendações para os dias das sessões experimentais ............................97
8.3 Anexo III – Termo de Consentimento livre e esclarecido............................................98
8.4 Anexo IV – Ficha de controle dos procedimentos experimentais..............................102
viii
Lista de Tabelas
Tabela 1. Características Físicas da amostra estudada (n=17). ................................................39
Tabela 2. Valores individuais dos participantes do grupo 1 (n=11) e média de idade, altura,
peso, IMC, % de gordura e VO
2máx.
..................................................................................52
Tabela 3. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 1 (n=11) referentes a
velocidade em que se iniciou o teste incremental, a velocidade da realização do custo, a
velocidade dos limiares de lactato e ventilatório, velocidade crítica e vmax. Todos os
valores estão expressos em km.h
-1
....................................................................................53
Tabela 4. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 1 (n=11) referentes a
velocidade de cada série preditiva utilizadas para o cálculo da velocidade crítica, bem
como o tempo de duração do exercício em cada velocidade correspondente. .................54
Tabela 5. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 1 (n=11) referentes aos
percentuais da velocidade em que se iniciou o teste incremental, a velocidade da
realização do custo, a velocidade dos limiares de lactato e ventilatório, velocidade crítica
quando comparados a V
max
...............................................................................................55
Tabela 6. Correlação entre as velocidades correspondentes a inicial, custo, LL, LV, VC e
V
max
. (n=11)......................................................................................................................55
Tabela 7. Valores individuais e médios dos indivíduos do G1 (n=11) referentes aos valores
absolutos e relativos do consumo de O
2
em relação as intensidades do custo, LL, LV e
V
max
...................................................................................................................................56
Tabela 8. Correlação entre o VO
2
correspondente as intensidades do custo, LL, LV e V
max
.
(n=11) ...............................................................................................................................57
Tabela 9. Valores de FC relativos (%) e absolutos (bpm) encontrados nas intensidades
correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
. (n=11)............................................................58
Tabela 10. Correlação entre a FC correspondente as intensidades do custo, LL, LV e V
max
...58
Tabela 11. Valores de Lactato (mmol.l
-1
) e PSE encontrados nas intensidades correspondentes
ao custo, LL, LV e V
max
. ..................................................................................................60
Tabela 12. Valores percentuais das variáveis velocidade, FC e VO2 quando comparados aos
seus respectivos valores máximos encontrados (V
max
, FC
max
e VO
2max
) nas intensidades
correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
. ......................................................................61
Tabela 13. V
custo
(km.h
-1
) e os valores FC (bpm) e VO
2
(ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
) obtidos nos dias 1 e
2 (sempre com a mesma velocidade)................................................................................62
Tabela 14. Valores de V
max
(km.h
-1
) obtidos diretamente (V
max
real), indiretamente pelo custo
de VO
2
(V
max
C
VO2
) e indiretamente pelos custos de FC direta (C
FC
direta), FC indireta
Tanaka (C
FC
Tanaka) e FC indireta Karvonen (C
FC
Karvonen).......................................63
ix
Tabela 15. Valores individuais dos participantes do grupo 2 (n=6) e média de idade, altura,
peso, IMC, % de gordura e VO
2máx.
..................................................................................66
Tabela 16. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 2 (n=6) referentes a
velocidade em que se iniciou o teste incremental, a velocidade da realização do custo, a
velocidade dos limiares de lactato e ventilatório e Vmax. Todos os valores estão
expressos em km.h
-1
. ........................................................................................................67
Tabela 17. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 2 (n=6) referentes aos
percentuais da velocidade em que se iniciou o teste incremental, a velocidade da
realização do custo, a velocidade dos limiares de lactato e ventilatório quando
comparados a V
max
............................................................................................................68
Tabela 18. Correlação entre as velocidades correspondentes a inicial, custo, LL, LV e V
max
.
(n=6) .................................................................................................................................69
Tabela 19. Valores individuais e médios dos indivíduos do G2 (n=6) referentes aos valores
absolutos e relativos do consumo de O
2
em relação as intensidades do custo, LL, LV e
V
max
...................................................................................................................................70
Tabela 20. Correlação entre o VO
2
correspondente as intensidades do custo, LL, LV e V
max
.
(n=6) .................................................................................................................................70
Tabela 21. Valores de FC relativos (%) e absolutos (bpm) encontrados nas intensidades
correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
. (n=6)..............................................................71
Tabela 22. Correlação entre a FC correspondente as intensidades do custo, LL, LV e V
max
...71
Tabela 23. Valores de Lactato (mmol.l
-1
) e PSE encontrados nas intensidades correspondentes
ao custo, LL, LV e V
max
. ..................................................................................................72
Tabela 24. Valores percentuais das variáveis velocidade, FC e VO2 quando comparados aos
seus respectivos valores máximos encontrados (V
max
, FC
max
e VO
2max
) nas intensidades
correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
. ......................................................................73
Tabela 25. V
custo
(km.h
-1
) e os valores FC (bpm) e VO
2
(ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
) obtidos nos dias 1 e
2 (sempre com a mesma velocidade)................................................................................74
Tabela 26. Valores de V
max
(km.h
-1
) obtidos diretamente (V
max
real), indiretamente pelo custo
de VO
2
(V
max
C
VO2
) e indiretamente pelos custos de FC direta (C
FC
direta), FC indireta
Tanaka (C
FC
Tanaka) e FC indireta Karvonen (C
FC
Karvonen).......................................75
x
Lista de Figuras
Figura 1. Relação dos valores distância (x) vs tempo (y) obtidos nas séries preditivas de um
voluntário (JUL). ..............................................................................................................44
Figura 2. Valores da análise gasosa e lactacidêmica, de um vololuntário (RAF), obtidos
durante o teste incrementeal. ............................................................................................47
Figura 3. Ilustra os procedimentos descritos no tópico 3.3.8. ..................................................48
Figura 4. Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (Escala de Borg) utilizada no estudo.....48
Figura 5. Analisador de lactato utilizado nas dosagens sanguíneas do presente e...................49
Figura 6. Ilustra os valores médios de velocidade, FC e VO
2
nas diferentes intensidades
(custo, LL, LV). Ocorreram diferenças entre a FC do LL e a Velocidade e VO
2
(*
p<0,05) e também entre e FC do LV em relação a velocidade e ao VO
2
(# p<0,05).......60
Figura 7. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
VO2
(n = 11). ...........................................................................................................63
Figura 8. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
FCreal
(n = 11). .........................................................................................................64
Figura 9. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
FC-Tanaka
(n = 11)......................................................................................................64
Figura 10. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
FC-Tanaka
(n = 11)......................................................................................................65
Figura 11. Ilustra os valores médios de velocidade, FC e VO
2
nas diferentes intensidades
(custo, LL, LV). Ocorreram diferenças entre a FC do LL e a Velocidade e VO
2
(*
p<0,05) e também entre e FC do LV em relação a velocidade e ao VO
2
(# p<0,05).......74
Figura 12. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
FcKarvonen
(n = 6).......................................................................................................76
Figura 13. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
FCreal
(n = 6). ...........................................................................................................76
Figura 14. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
VO2
(n = 6). .............................................................................................................77
Figura 15. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada
pelo C
FC-Tanaka
(n = 6)........................................................................................................77
xi
Glossário
ATP - Adenosina Trifosfato
C - Custo
C
FC
- Custo de Freqüência Cardíaca
CO
2
- Dióxido de Carbono
CTAn - Capacidade de Trabalho Anaeróbio
C
VO2
- Custo do Consumo de Oxigênio
DC - Débito Cardíaco
ECG - Eletrocardiograma
FC - Freqüência Cardíaca
FC
Max
- Freqüência Cardíaca Máxima
FR - Freqüência Respiratória
IAT – “Individual Anaerobic Threshold” (Limiar Anaeróbio Individual)
LL - Limiar de Lactato
LM - Lactato Mínimo
LV - Limiar Ventilatório
MET - Equivalente Metabólico
MLSS - Máxima Fase Estável de Lactato
O
2
- Oxigênio
OBLA – “Onset of Blood Lactate Accumulation” (Início do Acúmulo de Lactato Sangüíneo)
PC - Potência Crítica
R - Coeficiente Respiratório/Taxa de Troca Respiratória (VCO
2
/VO
2
)
T
max
- Tempo máximo de exercício realizado na V
max
V
3000
- Velocidade média de corrida na distância de 3000 metros
V
E
- Ventilação
VC - Velocidade Crítica
Vcusto – Velocidade submáxima utilizada, no “aquecimento” que precederam os testes, para
aquisição das variáveis (FC e VO
2
) envolvidas na obtenção do custo.
V
max
- Velocidade de Corrida Associada ao VO
2max
V
maxFC
- V
max
Obtida de Forma Indireta Através do C
FC
e da FC
max
V
maxR
- V
max
Obtida de Forma Direta em Teste Máximo
V
maxVO2
- V
max
Real Obtida de Forma Indireta Através do C
VO2
e do VO
2max
xii
VO
2
- Volume de Oxigênio Consumido
VO
2max
- Consumo Máximo de Oxigênio
xiii
Comparação entre o custo de Vo
2
e o custo de freqüência cardíaca, e
validade do C
fc
em estimar a velocidade de corrida associada ao Vo
2máx
em
atletas e não atletas
Parâmetros de aptidão aeróbia são importantes para prescrição do exercício, entretanto, alguns
métodos para obtenção de certos parâmetros, tais como limiar ventilatório (LV), limiar de
lactato (LL), VO
2
máx e Vmax, são onerosos e pouco acessíveis. Portanto, a validação de
métodos indiretos para estimativa dessas variáveis é de extrema importância. A obtenção da
Vmax, através do custo de VO
2
(C
VO2
) é bem fundamentada pela literatura, no entanto, ainda
é um método que requer recursos pouco disponíveis, diferentemente do custo de freqüência
cardíaca (C
FC
). Portanto, os objetivos do presente estudo foram verificar a possibilidade em
estimar a Vmax através do C
FC
, e conseqüentemente, validar um protocolo que atendesse tal
objetivo. Em adicional, as relações existentes entre LL, LV, percepção subjetiva de esforço
(PSE), velocidade crítica (VC), Vmax e VO
2
foram investigadas. Fizeram parte deste estudo
17 indivíduos divididos em 2 grupos: O grupo1 (G1) foi composto por 11 indivíduos
fisicamente ativos (25,6±5,2 anos; 180 ±9,0 cm; 80,1±11,7 kg; 13,0±5,8 % de gordura
corporal e 50,5±3,3 ml.O
2
.kg
-i
.min
-1
). O grupo2 (G2) foi composto por 6 indivíduos
corredores de fundo (20,5±2,1 anos; 176 ±12,0 cm; 64,1±11,0 kg; 7,4,0±2,1 % de gordura
corporal e 67,6,5±7,9 ml.O
2
.kg
-i
.min
-1
). Todos os indivíduos foram submetidos a 5 testes em
esteira ergométrica, em dias alternados e, com exceção do primeiro, em ordem randomizada.
Anteriormente a cada teste foi realizado um aquecimento (velocidade do custo Vcusto)
padronizado, objetivando a obtenção das variáveis do custo (velocidade, VO
2
e FC), com
duração de 6 minutos e intensidade baseada na PSE (11 a 13 - Borg). O primeiro teste foi um
incremental (incrementos de 0,5km.h
-1
a cada 3 minutos) em esteira para determinação do LL,
LV, VO
2
max e Vmax. Os 4 testes posteriores foram as séries preditivas para obtenção da VC
realizadas em intensidades relativas a 95, 100, 110 e 120% da Vmax. Foi utilizado Análise de
Variância para amostras repetidas e teste t de Student para dados pareados, além de aplicada
correlação de Pearson nas variáveis estudadas Os resultados foram divididos em estudo
s 1 e 2,
correspondente a G1 e G2, respectivamente. Estudo 1: As velocidades relativas a Vcusto, LL,
LV, VC e Vmax, foram, respectivamente, 10,5+0,8, 10,9+0,8, 11,3+1,0, 11,4+1,2 e
13,2+1,1km.h
-1
, dentre as quais, apenas não diferiram a VC da velocidade equivalente ao LV.
Nessas intensidades analisadas, o consumo de O
2
, a PSE, a [lac] e a FC não se mostraram
diferentes estatisticamente nas intensidades relativas ao LL e LV, no entanto, se mostraram
diferentes quando comparadas as intensidades relativas a Vcusto e Vmax com as demais. Não
foram encontradas diferenças significativas quando comparadas as variáveis V
max
(real), V
max
(C
FCreal
) e V
max
(C
VO2
), 13,2+1,1, 12,8+1,4 e 13,3+1,8km.h
-1
respectivamente. Estudo 2: As
velocidades relativas a Vcusto, LL, LV e Vmax, foram, respectivamente, 15,4+1,1, 16,4+1,1,
16,8+1,2 e 18,2+1,1km.h
-1
, dentre as quais, apenas não diferiram a da velocidade equivalente
ao LL com a do LV. Nessas intensidades analisadas, o consumo de O
2
, a [lac] e a FC não se
mostraram diferentes estatisticamente nas intensidades relativas ao LL e LV, no entanto, se
mostraram diferentes quando comparada a intensidade relativa a Vmax com as demais. A PSE
equivalente a Vcusto e a Vmax foi significativamente diferente das encontradas nas demais
intensidades. Não foram encontradas diferenças significativas quando comparados as
variáveis V
max
(real), V
max
(C
FCreal
) e V
max
(CVO2), 18,2+1,2, 17,8+1,6 e 18,2+1,6km.h
-1
respectivamente. Conclui-se que a utilização do custo de freqüência cardíaca, assim como o
custo de VO
2
, dentro do protocolo estabelecido, foi eficiente em determinar a Vmax. E apesar
de diferenças (G1) entre a velocidade do LL e LV, fenômenos como a FC, VO
2
e a PSE não
diferiram nessas intensidades. As variáveis estudadas apresentaram comportamento similar,
de forma relativa, quando comparados indivíduos fisicamente ativos com atletas.
xiv
Comparison between the cost of Vo
2
and the cost of heart rate, and the
validation of C
hr
in estimating the velocity of run associated to Vo
2max
in
athletes and non athletes
Parameters of aerobic performance are important for the exercise prescription, however, some
methods used to obtain several parameters, such as ventilatory threshold (VT), lactate
threshold (LT), VO
2
max and Vmax, are expensive and slight available. Accordingly, the
validation of indirect methods to estimate those variables is of great importance. The
estimation of Vmax, through the cost of VO
2
(C
VO2
), can be verified in the literature; yet, it is
still a method which requires few available resources, differently from the cost of heart rate
(C
HR
). Hence, the objectives of the current study were to verify the possibility of estimating
Vmax through the C
HR
, and, consequently, validating a protocol that could answer this
objective. Moreover, the relationship between LT, VT, rating of perceived exertion (RPE),
critical velocity (CV), Vmax and VO
2
were explored. Data were collected from 17 subjects
divided in 2 groups: Group 1 (G1) consisted of 11 subjects physically actives non-athletes
individuals (25,6±5,2 years; 180±9,0 cm; 80,1±11,7 kg; 13,0±5,8 % of body fat and 50,5±3,3
ml.O
2
.kg
-i
.min
-1
). Group 2 (G2) consisted of 6 endurance runners subjects (20,5±2,1 years;
176±12,0 cm; 64,1±11,0 kg; 7,4,0±2,1 % of body fat and 67,6,5±7,9ml.O
2
.kg
-i
.min
-1
). All
subjects were submitted to 5 tests in a treadmill, in alternative days and following a random
order, with exception of the first subject. Before each test, there was a standardized warm-up
(velocity of cost Vcost), intended to obtain the variables of cost (velocity, VO
2
and HR),
with a 6 minutes duration and intensity based on the RPE (11 a 13 - Borg). The first test was
an incremental (increments of 0,5km.h
-1
every 3 minutes) in treadmill to determine the LT,
VT, VO
2
max e Vmax. The 4 subsequent tests were the predictive sessions to obtain the CV
carried out in relative intensities of 95, 100, 110 e 120% of the Vmax. It was used analysis of
variance for repeated samples and the test t for the paired data, besides the Pearson's
correlation coefficient on the studied variables. The results were divided into study 1 and 2,
corresponding to G1 and G2, respectively. Study 1: the velocities related to Vcusto, LT, VT,
CV and Vmax were respectively: 10,5+0,8, 10,9+0,8, 11,3+1,0, 11,4+1,2 e 13,2+1,1km.h
-1
, of
which, only the CV did not differed from the equivalent velocity of VT. Considering the
analyzed intensities, the consumption of O
2
, the RPE, the [lac] and the HR did not showed
statistical differences in the relative intensities when compared to the LT and VT; though,
there were differences when compared to the relative intensities of Vcost and Vmax, and
these ones with the others. There were no significant differences when comparing the
variables V
max
(real), V
max
(C
HRreal
) and V
max
(C
VO2
), 13,2+1,1, 12,8+1,4 and 13,3+1,8km.h
-1
,
respectively. Study 2: the relative velocities of Vcost, LT, VT and Vmax were, respectively,
15,4+1,1, 16,4+1,1, 16,8+1,2 e 18,2+1,1km.h
-1
, of which, only did not differed the equivalent
velocity of LT from the VT. Considering these analyzed intensities, the consumption of O
2
,
the [lac] and the HR did not show statistical differences on the relative intensities of the LT
and VT; however, they proved to be different in all comparisons with Vmax. The RPE
equivalent to Vcost and Vmax was significantly different from the ones found on the other
intensities. No significant differences were found when the variables V
max
(real), V
max
(C
HRreal
) and V
max
(C
VO2
), respectively18,2+1,2, 17,8+1,6 and 18,2+1,6km.h
-1
were compared.
In conclusion, the utilization of the cost of heart rate, as well the cost of VO
2
, into the
established protocol, was efficient to determine the Vmax. Despite differences (G1) between
the LT and VT velocities, phenomenon like the HR, VO
2
and the RPE did not diverged into
those intensities. The studied variables presented similar behavior, in a relative way, when
comparing physically active non-athletes individuals
with athletes.
15
1. Introdução
Diversos estudos têm relatado a importância das respostas da freqüência cardíaca
(FC), débito cardíaco (DC) e do consumo máximo de oxigênio (VO
2max
) para o desempenho
humano. As respostas da FC e do consumo de O
2
(VO
2
) têm sido utilizadas na avaliação da
aptidão aeróbia e prescrição de treinamento físico (ACHTE & JEUKENDUP, 2003;
CONCONI et al., 1982; LINDSTEDT & CONLEY, 2001). Apesar do VO
2max
ser dependente
de três parâmetros (captação, transporte e utilização de O
2
), a captação pulmonar é o de menor
importância, deixando o transporte e a metabolização como seus principais fatores limitantes
(DI PRAMPERO, 1999; RICHARDSON, 2000).
O sistema responsável pelo transporte de O
2
(Débito Cardíaco DC) tem 70% de
participação nas limitações do VO
2max
e o restante (30%) seria em razão da difusão e perfusão
periférica do fluxo sangüíneo gerado pelo DC, bem como da capacidade mitocondrial de
utilizar o suprimento de O
2
(DI PRAMPERO, 1999).
A resposta da FC ao exercício apresenta uma relação linear com o VO
2
(ACHTE &
JEUKENDUP, 2003) e, conseqüentemente, diversos protocolos (BALKE & WARE, 1959;
ELLESTAD et al., 1969; ASTRAND & RODAHL, 1986) utilizam-se da FC relacionada a
uma determinada carga de exercício para estimar o VO
2max
, que por sua vez é tido como
parâmetro de avaliação da aptidão aeróbia (LINDSTEDT & CONLEY, 2001).
A relação entre VO
2max
e outras variáveis relacionadas ao desempenho aeróbio vem
sendo estudada, e alguns parâmetros associados ao VO
2max
, como a velocidade de corrida
associada ao VO
2max
(V
max
) e o tempo máximo de exercício realizado na V
max
(T
max
), têm sido
considerados na avaliação e prescrição de exercícios com o objetivo de melhorar o
desempenho aeróbio (HILL & ROWELL, 1997).
A V
max
tem sido correlacionada positivamente com a velocidade média empregada na
distância de 3 quilômetros (V
3000
) tanto para corredores fundistas (HILL & ROWELL, 1997)
16
como para indivíduos fisicamente ativos (SILVA et al., 2005), e vem sendo proposta como
uma intensidade de exercício ideal para a melhora do VO
2max
, V
max
e conseqüentemente do
desempenho de corredores fundistas bem treinados (SMITH et al., 1999; SMITH et al.,
2003).
Além do VO
2max
e dos parâmetros a ele associados, parâmetros como limiar de lactato,
velocidade crítica, custo de O
2
entre outros, vêm sendo relacionados com o desempenho
aeróbio.
O limiar anaeróbio identificado a partir da resposta do lactato sangüíneo (Lac) é a
intensidade de exercício acima do qual o acúmulo de Lac supera a capacidade de remoção
(URHAUSEN et al, 1993). KINDERMANN et al. (1979) definiram o limiar anaeróbio como
a intensidade de exercício acima da qual a concentração de lactato sanguíneo aumenta
exponencialmente devido a uma aumentada atividade anaeróbia glicolítica.
O limiar de lactato vem sendo associado a diversos outros parâmetros como o limiar
das catecolaminas (McMORRIS et al., 2000; DICKHUTH et al., 1999), limiar glicêmico
(SIMÕES et al., 1999), limiar ventilatório (STEGMANN et al. 1981) e outros como o ponto
de deflexão da freqüência cardíaca (CONCONI et al., 1982), limiar de fadiga eletromiográfica
(CHAWALBINSKA-MONETA et al., 1998), limiar de amônia (YUAN et al., 2002) e a
velocidade crítica (HILL, 1997)
A velocidade crítica (VC) é definida como uma intensidade que teoricamente pode ser
mantida por um tempo infinito sem que ocorra fadiga (JENKINS & QUIGLEY, 1990).
BILLAT et al. (1999) verificaram que VC seria uma velocidade que poderia ser
mantida quando o consumo máximo de oxigênio é atingido em determinada intensidade (VO
2
submáximo) de exercício e, ainda, que a velocidade crítica teria alta correlação com a V
max
.
17
SIMÕES et al. (2005) verificaram que a VC não é diferente da velocidade média do
melhor tempo nos 10 Km e SILVA et al. (2005) encontraram alta correlação da VC com
limiar anaeróbio individual (IAT), bem como entre VC e V
max
.
A maioria dos estudos aponta a VC como uma intensidade de exercício superior ao
limiar anaeróbio e inferior à V
max
(SILVA et al., 2005; SIMÕES et al., 2005;
KRANENBURG & SMITH, 1996), servindo para delimitação dos domínios de intensidade
pesado e severo (SIMÕES et al., 2005).
Os modelos matemáticos que permitem a identificação da VC também permitem a
identificação de um parâmetro que reflete a capacidade de trabalho anaeróbio (CTAn). A
CTAn é definida, em um modelo distância-tempo, pela distância/trabalho máximo que pode
ser percorrido/despendido às custas apenas do metabolismo anaeróbio (HILL & SMITH,
1994).
PACHECO et al. (2003) relacionaram a CTAn com o custo de O
2
, concluindo que
indivíduos com menor aptidão aeróbia apresentavam custo de O
2
mais elevado e maior CTAn,
sugerindo que a CTAn elevada talvez pudesse refletir uma maior ineficiência mecânica
durante exercício aeróbio e não uma maior aptidão/capacidade anaeróbia.
O custo ou eficiência mecânica e/ou metabólica (ou economia de corrida) podem ser
definidos pela razão entre o trabalho mecânico e a energia despendida durante o exercício (DI
PRAMPERO, 1986). Não é raro encontrarmos indivíduos que possuam VO
2max
similares,
porém com diferenças na performance em função das diferenças no custo de oxigênio
(COYLE, 1995).
O custo de oxigênio (C
VO2
) é a razão que existe entre uma intensidade de exercício e
seu respectivo consumo de O
2
, sendo utilizado por diversos autores da área de avaliação
funcional
(DI PRAMPERO, 1999; PACHECO et al., 2003; SILVA et al., 2005); entretanto,
não há estudos relacionando o C
VO2
com o custo de freqüência cardíaca (C
FC
). É provável que
18
o C
FC
responda de forma semelhante ao C
VO2
durante o exercício, visto que o DC, que é
produto da freqüência cardíaca pelo volume sistólico e responsável pelo transporte de O
2
, tem
70% de participação como fator limitante para obtenção do VO
2max
(DI PRAMPERO, 1999).
O aumento do DC durante o exercício depende principalmente do aumento da FC.
Considerando-se a importância do DC para obtenção de um dado valor de VO
2
(VO
2max
por
exemplo) é possível entender a relação linear que a FC apresenta com o VO
2
(ACHTE &
JEUKENDUP, 2003). Como o C
VO2
permanece relativamente estável com o aumento da
intensidade do exercício, é possível se estimar a V
max
dividindo-se o VO
2max
pelo C
VO2
como
proposto por DIPRAMPERO (1986), sendo provável que o C
FC
também permaneça estável
com o aumento da intensidade do exercício e que o resultado da divisão da freqüência
cardíaca máxima (FC
max
) pelo C
FC
também resulte na V
max
.
19
1.1 Justificativa e Relevância:
Identificar parâmetros de aptidão aeróbia é de extrema importância para profissionais
envolvidos na área de saúde, treinamento desportivo, pesquisadores e outros profissionais.
Apesar do grande número de publicações que identificam tais parâmetros em testes
relativamente simples, que podem ser aplicados em campo como a V
3000
, velocidade crítica e
outros, a identificação destes parâmetros pressupõe a utilização de esforços máximos.
Embora haja um grande número de pesquisas que contribuem para com os
profissionais da área da saúde, a determinação de cargas relativas a parâmetros como VO
2max
,
limiar anaeróbio e outros, com o intuito de estabelecer intensidades de exercício específicas, é
relativamente restrita uma vez que o acesso a laboratórios e equipamentos específicos é
limitado (pelo menos no Brasil).
A FC é um parâmetro de fácil mensuração que pode ser utilizado pela grande maioria
dos profissionais da saúde. Sua relação com o consumo de oxigênio durante o exercício é
linear, visto que o aumento do débito cardíaco (maior limitador do VO
2max
) durante o
exercício é dependente principalmente do aumento da FC. Tendo em vista que o C
VO2
permanece relativamente estável com o aumento da intensidade do exercício e que o C
FC
pode
responder da mesma forma, é provável que se conhecendo o C
FC
e a FC
max
seja possível
estimar a V
max,
assim como tem sido possível fazê-lo com o C
VO2
e o VO
2max
.
A FC
max
pode ser identificada através de um teste máximo ou por equações de
predição, o que torna possível e relativamente simples a utilização desta variável na tentativa
de se identificar/predizer parâmetros de aptidão aeróbia como a V
max
e
o limiar anaeróbio por
exemplo, com grande aplicabilidade prática na prescrição de intensidades de exercício em
programas de treinamento.
20
Em suma, a possibilidade de se estimar qualquer parâmetro fisiológico através do
custo da freqüência cardíaca constiuiria um método simples e de baixo custo que ainda não foi
investigado.
21
1.2 Objetivo
1.2.1 Objetivo Geral:
O presente estudo teve como objetivo principal analisar a possibilidade de se estimar a
V
max
a partir do C
FC
em atletas e em indivíduos fisicamente ativos não atletas.
1.2.2 Objetivos Específicos:
Verificar se, no protocolo proposto, o limiar de lactato e o limiar ventilatório ocorrem
na mesma intensidade de exercício em atletas e não atletas;
Definir um protocolo ideal para obtenção do custo através de determinação de
parâmetros como PSE, FC, VO
2
em atletas e não atletas;
Analisar as relações entre as variáveis estudadas em cada grupo, e discutir se tais
relações sofrem influência do estado de treinamento dos participantes.
22
2. Revisão de Literatura
2.1 Freqüência Cardíaca e Débito Cardíaco em Repouso e Exercício:
A demanda metabólica gerada pelo exercício necessita de um aumento de até 25 vezes
do fluxo sangüíneo nos tecidos ativos. Como o volume sangüíneo total é relativamente estável
(5 litros), para atender a demanda metabólica durante o exercício são necessárias duas
medidas: (1) redirecionamento de fluxo e (2) aumento do débito cardíaco (DC)
(MACARDLE, 2003).
O DC é o resultado do produto da freqüência cardíaca (FC) pelo volume sistólico. Em
média o DC é de 5,25 L.minuto
-1
podendo aumentar de 6 a 8 vezes, alcançando valores de até
40 L.minuto
-1
em situações de exercício máximo (TORTORA, 2000).
Em condições basais um indivíduo normal apresenta, em média, um volume sistólico
de 70 ml e uma FC de 75 batimentos por minuto. Em atletas de endurance, como
maratonistas, o volume sistólico é em média 40% maior que o normal (105 ml), podendo
chegar a 160 ml em situações de exercícios vigorosos. A FC é a maior responsável pelo
aumento do DC, tendo em vista que o seu aumento, em situações extremas, pode ser em
média 270% maior em relação ao repouso (GUYTON & HALL, 1998; TORTORA, 2000).
Apesar da FC ser a maior responsável pelo aumento do DC durante o exercício, tanto
em indivíduos treinados como destreinados, o aumento do DC máximo após treinamento
ocorre principalmente devido a modificações morfofuncionais no miocárdio e na volemia,
resultando em maior retorno venoso e maior volume sistólico (lei de Frank-Starling)
(ZAVORSKY, 2000).
Estudos (CONCONI et al., 1982; SPURR et al., 1998) têm relatado a importância da
FC na avaliação funcional e na prescrição do treinamento através da estimativa de parâmetros
de aptidão aeróbia, e alguns autores têm proposto modelos que permitem identificar a FC
max
23
de forma indireta, sem a necessidade de se empregar sessões de exercício máximo,
possibilitando assim a prescrição de intensidades de exercício utilizando-se de intensidades
relativas a FC
max
.
Um dos modelos indiretos mais conhecidos envolvendo freqüência cardíaca é o que
determina a predição da FC
max
a partir da equação: FC
max
= (220 - idade). Apesar desse
modelo ser mundialmente conhecido e citado na literatura corrente, segundo ROBERGS &
LANDWEHR (2002) a eficácia e autoria desse modelo ainda é pouco esclarecida. Porém, a
autoria desta equação tem sido freqüentemente atribuída a KARVONEN et al (1957).
LONDREE & MOESCHBERGER (1982) estudaram o modelo proposto
aparentemente por KARVONEN et al (1957) analisando a validade da equação em estimar a
FC
max
real, verificando que a FC
max
não seria dependente de gênero e raça, e possivelmente a
FC
max
seria relativamente limitada e de difícil modificação, possibilitando a utilização da
equação para estimar a FC
max
sem a necessidade de ajustes para o gênero ou nível de
treinamento.
Entretanto, apesar das evidências encontradas por LONDREE & MOESCHBERGER
(1982), SHEFFIEL et al. (1978) mostraram que a FC
max
pode variar de acordo com sexo,
sendo diferente a relação entre idade e FC
max
em homens e mulheres.
Outros autores (IMBAR et al.,1994; TANAKA et al., 2001) propuseram equações
com ajustes matemáticos que levam em consideração idade, nível de condicionamento e
outros parâmetros que, teoricamente, seriam capazes de predizer a FC
max
mais
fidedignamente.
TANAKA et al. (2001) propuseram 3 equações diferentes:
para sedentários: FC
max
= 211 – (0,8*Idade (anos));
para fisicamente ativos: FC
max
= 207 – (0,7*Idade (anos));
para atletas de endurance: FC
max
= 206 – (0,7*Idade (anos));
24
As três equações propostas por TANAKA et al. (2001) demonstraram ter uma alta
correlação (r
2
=0,81) entre os valores reais e os preditos.
ROBERGS & LANDWEHR (2002), através de análises matemáticas e levando em
consideração os principais modelos propostos para predição da FC
max
, verificaram que a
equação que estaria mais próxima de estimar com precisão a FC
max
real seria a proposta por
IMBAR et al. (1994): FC
max
= 205.8 – (0,685*Idade (anos)).
Apesar das diversas equações de predição para se estimar a FC
max
, e de algumas não
levarem em consideração o nível de treinamento, têm sido evidenciado por alguns autores
(ASTRAND, 1961; LAMBERT, 1998) que a FC pode apresentar redução de 3 a 6 bpm na
condição de repouso, e de 10 a 20 bpm durante exercício submáximo em sujeitos submetidos
a exercício crônico. Entretanto, variações na FC
max
ainda não foram totalmente esclarecidas,
apontando, no entanto, para apenas um pequeno decréscimo após treinamento (BENSON,
1998; BROOKS, 1995; WEIR, 1997).
As modificações na FC em decorrência do exercício crônico estão possivelmente
ligadas a adaptações morfológicas e funcionais como diminuição da resposta simpática
(COSINEAU et al., 1977; SMITH et al., 1989), aumento do tônus do sistema nervoso
parassimpático (COSINEAU et al., 1977; KENNY, 1985), aumento do volume plasmático
(hipervolemia) (SELBY & EICHNER, 1994), mudanças no set pointdos baroceptores do
arco aórtico e no seio carotídeo (BERNE & LEVY, 1997), adaptações anatômicas e
morfológicas do miocárdio (LEWIS et al., 1980).
Essas adaptações contribuem para o aumento do volume cardíaco (LEWIS et al.,
1980), promovem otimização do metabolismo celular, resultando em maior eficiência na
utilização de energia (KATONA et al., 1982) e, por fim, decréscimo no número e na
sensibilidade dos receptores ß – adrenérgicos do coração (WERLE et al., 1990).
25
2.2 Relação entre Ventilação, Débito Cardíaco e VO
2
:
Com o aumento do DC até 90% do seu nível máximo para garantir um maior
transporte de O
2
, a ventilação (V
E
) aumenta em até 65% da capacidade máxima possibilitando
uma maior velocidade na captação de O
2
. Apesar da relação não linear entre DC e V
E
,
demonstrando que o DC é o maior limitante no consumo de O
2
(GUYTON & HALL, 1998;
POWERS & HOWLEY, 2000; DIPRAMPERO, 1999), as respostas ventilatórias são
importantes e também capazes de predizer o nível de aptidão aeróbia de um indivíduo
(HOLLMAN, 2001).
A ventilação pulmonar depende de alterações mecânicas que ocorrem devido à
atividade de músculos inspiratórios e expiratórios, que promovem diferença de pressão entre o
ambiente externo e os pulmões (GUYTON & HALL, 1998). As ações dos músculos
inspiratórios e expiratórios na expansão e compressão do tórax definem o volume de ar que
entra e sai das vias aéreas a cada ciclo respiratório, o qual é denominado volume corrente. A
quantidade de ciclos por minuto é chamada de freqüência respiratória (FR). Em um indivíduo
normal o volume corrente é de 500 ml e a FR é de 12 ciclos.minuto
-1
, resultando em uma V
E
de repouso de aproximadamente 6 litros.minuto
-1
(GUYTON & HALL, 1998).
Apesar da V
E
em condições de esforços máximos alcançar valores em torno de 110
l.min
-1
, esses valores refletem em média 65% do que seria a capacidade ventilatória máxima
(150 a 170 l.min
-1
), ou seja, ficam muito aquém do máximo. Entretanto, mesmo não atingindo
a capacidade máxima, essa condição representa um aumento de 20 vezes em relação aos
valores basais (GUYTON & HALL, 1998; MACARDLE et al., 2003).
Fica evidente que a ventilação não é o fator limitante no VO
2
em indivíduos saudáveis
e possivelmente a limitação esteja ligada à capacidade do DC, à concentração de
hemoglobina, à perfusão sangüínea e até mesmo à capacidade dos tecidos em metabolizar o
oxigênio (DI PAMPERO, 1999).
26
Nos seres humanos a capacidade de metabolizar oxigênio é de grande importância,
seja em condições normais, como na realização de tarefas de vida diária e manutenção do
metabolismo basal, seja em situações críticas, como as encontradas em exercício submáximo
e/ou máximo (TORTORA, 2000).
Em condições basais, o volume médio de oxigênio metabolizado é de 3,5 ml.O
2
-
1
.Kg.min
-1
, que representa o equivalente metabólico (MET), que é a unidade muitas vezes
utilizada para representar a taxa metabólica ou o VO
2
basal. Um MET é uma unidade de
consumo basal de oxigênio necessária para manter a vida em estado de repouso. Apesar desse
volume ser relativamente baixo quando comparado aos valores obtidos em situação de
exercício, para que o oxigênio seja “consumido”, mesmo em condições basais, são necessárias
uma série de etapas (AINSWORTH et al., 1993).
Para ser metabolizado o oxigênio necessita, inicialmente, ser captado pelo sistema
respiratório. O processo de captação de O
2
ocorre pela difusão através do tecido alveolar em
virtude da diferença da pressão exercida pelo oxigênio no ar atmosférico (160 mmHg), ar
alveolar (104 mmHg) e capilares pulmonares (40 mmHg) (GHYTON & Hall, 1998).
Em condições normais, após a captação pelo sistema respiratório, 97% do oxigênio é
carreado em combinação química com a hemoglobina nas hemácias e levado para todos os
tecidos pelo sistema circulatório (BERNE & LEVY, 1996) e a nível de capilares o O
2
atravessa a membrana celular das mais variadas células do organismo também por diferença
de pressão, ingressando assim no seu último processo metabólico, o da fosforilação oxidativa,
que, tomando a glicose/carboidrato como exemplo, compreende: (1) a metabolização da
glicose em piruvato, fornecendo 2 ATPs (glicólise); (2) a oxidação desse último dentro da
mitocôndria originando o composto conhecido como acetilcoenzima A (acetil Coa) e (3) a
série de reações cíclicas a que é submetido a acetil CoA, conhecidas como Ciclo de Krebs,
27
tendo como subproduto CO
2
, hidrogênio e a ressíntese de 2 ATPs e, finalmente, a cadeia-
transportadora de elétrons, resultando na produção de 34 moléculas de ATP (GILLES, 1985).
O consumo de oxigênio em condições basais depende, como vimos, de uma série de
etapas e envolve diversos sistemas. Em condições de exercício a eficiência dos mecanismos
captação, transporte e metabolização do O
2
são determinantes na performance em diversas
modalidades.
2.2.1 Consumo de Oxigênio Durante o Exercício e sua Relação com a FC:
Em exercício o consumo de oxigênio aumenta proporcionalmente ao aumento da
intensidade, atingindo seu valor máximo (VO
2max
) em intensidade relativa a de exaustão. Por
definição, VO
2max
é o máximo volume de O
2
que pode ser captado, transportado e
metabolizado (MITCHELL, 1958; BASSET & HOWLEY, 1997).
Dentre estes fatores (captação, transporte e metabolização), a captação, em um
indivíduo normal, é a que menos interfere ou limita a obtenção do VO
2max
, deixando o
transporte e a metabolização como seus principais fatores limitantes (DI PRAMPERO, 1999a;
RICHARDSON, 2000).
DI PRAMPERO (1999a) relatou serem três os fatores que oferecem resistência ao
VO
2max
: (1) transporte de oxigênio na circulação, (2) perfusão e difusão periférica, e (3)
capacidade mitocondrial.
O autor ainda relata que dentre estes esses três fatores, o transporte de O
2
tem 70% de
participação nas limitações do VO
2max
e o restante (30%) seria em razão da difusão e perfusão
periférica e da capacidade mitocondrial. Portanto, a captação de O
2
, segundo o autor, não é
fator limitante e não interfere no VO
2max
.
Devido a grande participação percentual do débito cardíaco no VO
2max
, a freqüência
cardíaca também apresenta uma relação linear com o VO
2
(ACHTEN & JEUKENDRUP,
28
2003), portanto, diversos protocolos (BALKE & WARE, 1959; ELLESTAD et al., 1969;
BRUCE, 1971; ASTRAND & RODAHL, 1986) utilizam-se da FC relacionada a uma
determinada carga de exercício para estimar o VO
2max
utilizando-o como parâmetro de
avaliação da capacidade aeróbia (MITCHELL, 1958; BASSET & HOWLEY, 1997).
A relação entre VO
2max
, aptidão aeróbia e desempenho atlético abriu campo para
diversas pesquisas relacionando o VO
2max
com outros parâmetros. Um desses parâmetros que
vem sendo estudado e relacionado ao desempenho é a velocidade de corrida associada ao
VO
2max
(V
max
)
(HILL & ROWELL,1997).
2.2.2 Intensidade do Exercício Associada ao VO
2max
(V
max
):
A relação entre intensidade e o volume de treinamento pode definir se o estímulo será
adequado, ineficiente ou até mesmo resultar em overtraining. Por essa razão, alguns
indicadores de intensidade do exercício, como a velocidade de corrida associada ao VO
2max
e
o tempo máximo que pode ser mantido na V
max
(T
max
), têm sido empregados e sugeridos como
referência na avaliação física e prescrição de intensidade de exercício (BILLAT et al., 1999).
A V
max
vem sendo utilizada como uma intensidade de exercício a ser trabalhada
quando o objetivo é atingir o VO
2max
nas sessões de treinamento, melhorando a cinética de
VO
2
, o próprio VO
2max
, a V
max
, o T
max
e, finalmente, o desempenho em competições atléticas
(SMITH et al., 2003; SMITH et al., 1999; BILLAT et al., 1999).
Além de correlacionar-se com a velocidade média empregada em provas de meia
distância, a V
max
não é estatisticamente diferente da velocidade média em prova de 3Km
(V
3000
) tanto para corredores fundistas (HILL & ROWELL, 1997) como também para
indivíduos fisicamente ativos (SILVA et al., 2005). Assim, aV
3000
tem sido sugerida como um
indicador de performance e um parâmetro para prescrição de intensidades de treinamento,
além de ser de fácil aplicação em testes de campo (SMITH et al., 1999; SMITH et al., 2003)
29
podendo ser bastante útil para técnicos que visam empregar treinamentos em velocidade
associada ao VO
2max
com o objetivo da melhora desse parâmetro.
Outro aspecto relevante da V
3000
e V
max
é a alta correlação destas com a velocidade do
limiar de lactato (LL). O LL é um parâmetro que pode quantificar a aptidão aeróbia do
indivíduo e tem relação com o consumo de oxigênio. Em um estudo realizado por SIMÕES et
al. (2005) em corredores de vel nacional, a V
3000
apresentou uma correlação de 0,91 com o
LL, sendo o LL em média 92% da V
3000
. SILVA et al. (2005) também encontraram uma alta
correlação entre V
max
/V
3000
e LL em indivíduos fisicamente ativos-não atletas, sendo esse
último ~
86% da V
max
/V
3000.
Corroborando com os resultados anteriores, PACHECO et al. (2003) encontraram alta
correlação entre a V
max
e o LL, sendo a V
max
12% superior ao LL.
O T
max
é considerado como o tempo que o indivíduo suporta na V
max
e vem sendo
utilizado como parâmetro para definir o tempo de estímulo (volume) a ser trabalhado na V
max
(intensidade), sendo que um tempo de exercício correspondente a 60% do T
max
tem sido
recomendado como um tempo mínimo para atingir o VO
2max
nas sessões de treinamento
(SMITH et al., 2003; SMITH et al., 1999).
2.3 Limiar de Lactato:
O limiar anaeróbio identificado a partir da resposta do lactato sangüíneo (Lac) é a
intensidade de exercício acima da qual o acúmulo de Lac supera a capacidade de remoção
(URHAUSEN et al, 1993).
Esse aumento do Lac, que passa de um comportamento linear a exponencial em uma
determinada intensidade, ocorre devido a uma maior utilização da via glicolítica para
ressíntese de ATP e conseqüente insuficiência (ou diminuição) na remoção do lactato
sangüíneo durante o exercício (SVEDAHL & MACINTOSH, 2003).
30
Em termos metabólicos, o acúmulo de lactato sangüíneo se torna mais evidente
quando a disponibilidade de oxigênio é insuficiente para garantir a produção de ATP pela via
aeróbia e, em conseqüência, o fígado, rins, células oxidativas dos tecidos inativos e do
coração, assim como as células musculares pertencentes a unidades motoras não recrutadas na
musculatura ativa não conseguem remover o lactato na mesma velocidade em que o mesmo é
produzido (SVEDAHL & MACINTOSH, 2003).
KINDERMANN et al. (1979) introduziram o termo “transição aeróbia-anaeróbia” e
definiram que esse fenômeno ocorre entre o limiar aeróbio (primeiro aumento do lactato) e o
“limiar anaeróbio” (momento em que o lactato aumenta exponencialmente), ou seja, a
transição aeróbia-anaeróbia ocorreria aproximadamente entre as concentrações de 2 e 4 mM
de lactato.
Entretanto, SPENCER & GASTIN (2001) demonstraram, através da análise da
cinética de O
2,
que intensidades de exercícios correspondentes ao melhor tempo na distância
dos 800 metros (V
800
), com duração média de 1’50”, teriam uma maior contribuição do
metabolismo aeróbio que anaeróbio, e como a V
800
é muito superior à velocidade associada ao
limiar de lactato conclui-se que, mesmo em intensidades acima do limiar de lactato ou “limiar
anaeróbio”, a via predominante de produção energética ainda pode ser oxidativa, e que a
terminologia “transição aeróbia-anaeróbia” não deve ser utilizada para demarcar zonas de
predomínio do metabolismo aeróbio-anaeróbio.
Deixando de lado as terminologias que cercam o assunto, assumiremos que os termos
limiar de lactato e limiar anaeróbio correspondem ao mesmo fenômeno fisiológico, e que
podem ser utilizados como marcadores de outras respostas ao exercício, como o limiar das
catecolaminas (MCMORRIS et al., 2000; DICKHUTH et al., 1999), limiar glicêmico
(SIMÕES et al., 1999), limiar ventilatório (STEGMANN et al. 1981), limiar eletromiográfico
31
(CHAWALBINSKA-MONETA et al., 1998), limiar de amônia (YUAN et al., 2002) entre
outros.
Assim como as catecolaminas, e até mesmo em virtude da ão desses hormônios, o
comportamento da glicemia se mostrou fidedigno na identificação do limiar anaeróbio em
diferentes populações (SIMÕES et al., 1999; SIMÕES et al., 2003; SILVA et al., 2005;
RIBEIRO et at., 2004).
WATT et al. (2001) demonstraram que a adrenalina aumenta a glicogenólise hepática
e muscular e ocasiona uma maior ativação da piruvato desidrogenase e conseqüentemente
uma oxidação de carboidratos. Apesar de haver um aumento na metabolização dos
carboidratos após o limiar anaeróbio, os níveis glicêmicos aumentariam devido a um aumento
da liberação hepática de glicose na corrente sangüínea, o que possibilita a identificação
também de um limiar glicêmico.
O limiar anaeróbio pode ser identificado também pelo limiar ventilatório
(STEGMANN et al. 1981) ou aumento desproporcional da V
E
/VO
2
em relação à V
E
/VCO
2
(KOYAL et al., 1976). Esse fenômeno ocorre em razão do aumento nos íons H
+
circulantes
estimulando o centro respiratório bulbar com conseqüente aumento da ventilação. O dióxido
de carbono e a queda do pH estimulam quimioceptores e somados à ão dos íons H
+
, que
atravessam a barreira hematocefálica, estimulam os centros respiratórios (pneumotáxico e
apneustico) resultando no aumento desproporcional da ventilação V
E
em relação ao consumo
de oxigênio VO
2
quando intensidades acima do limiar anaeróbio são atingidas (MaCARDLE
et al., 2003; SVEDAHL & MACINTOSH, 2003).
CONCONI et al (1982) propuseram a identificação do limiar anaeróbio a partir da
resposta da freqüência cardíaca ao exercício. Os autores verificaram que durante um teste
incremental o comportamento da FC perde a linearidade em uma dada intensidade, ocorrendo
um ponto de deflexão que corresponderia ao limiar anaeróbio.
32
Além dos diversos parâmetros fisiológicos que podem ser utilizados na identificação
do limiar anaeróbio, existem diferentes definições, protocolos e terminologias para resposta
do lactato nessa identificação:
Limiar anaeróbio individual (IAT) – Introduzido inicialmente por STEGMAN et al
(1981), o IAT (Individual Anaerobic Threshold) é uma intensidade de exercício identificada
a partir de um teste com cargas incrementais até exaustão voluntária. Para identificação do
ponto de inflexão da curva de lactato, utiliza-se valores do lactato obtidos na recuperação
(pós-exercício). O limiar anaeróbio é identificado a partir de uma reta que tem origem na
curva de recuperação e tangencia a curva de lactato apresentada durante o teste incremental.
O ponto onde ocorre a interceptação é definido como a intensidade de limiar anaeróbio
individual (IAT).
Lactato mínimo (LM) Proposto inicialmente por TEGTBUR et al. (1993), consiste em
protocolo de cargas progressivas, iniciado após uma indução prévia de acidose lática através
de um exercício anaeróbio máximo. Após o aumento do lactato (indução prévia), um
protocolo de exercício de cargas progressivas é iniciado em intensidades onde a remoção de
lactato é maior que a produção e o lactato, que estava em altas concentrações no sangue, é
removido e conseqüentemente suas concentrações diminuem. Com o aumento das cargas,
em um determinado ponto, a produção supera a remoção e as concentrações de lactato
voltam a subir. O ponto onde o comportamento da curva se inverte seria então o lactato
mínimo. Este protocolo tem sido utilizado como referência da máxima fase estável de
lactato em humanos (SIMÕES et al., 1999; SIMÕES et al., 2003; SILVA et al., 2005) e em
animais (VOLTARELLI et al., 2002).
Onset of Blood Lactate Accumulation (OBLA) – é definido como a intensidade de
exercício correspondente à concentração de 4mM obtidos durante um teste incremental
33
(HECK et al.; 1985). Nesse conceito assume-se que o limiar anaeróbio ocorra em uma
concentração fixa de 4mM.
Máxima Fase Estável de Lactato (MLSS) É definida como a máxima intensidade de
exercício em que a concentração de lactato permanece relativamente estável. A MLSS é
considerada como padrão ouro na identificação da intensidade de exercício correspondente
ao limiar anaeróbio (KINDERMANN et al., 1979).
Alguns estudos (HECK et al., 1985, TEGTBUR et al., 1993) propuseram parâmetros
para identificar a MLSS, contudo, BENEKE (2003) demonstrou que muitos métodos de
identificação da MLSS são falhos, constatando que protocolos utilizando-se de 30 minutos de
exercício a uma carga constante com o critério de uma variação não maior do que 1mM nos
últimos 20 minutos (ou 0,05 mM.min
-1
) seriam os mais fidedignos para a identificação da
MLSS.
Apesar dos diversos métodos de identificação do limiar anaeróbio e das diferentes
terminologias que envolvem o assunto, sua identificação pelos procedimentos abordados
anteriormente é relativamente onerosa. Por essa e outras razões, modelos como a
velocidade/potência crítica vêm sendo propostos na tentativa de se identificar intensidades de
exercício que possam ser sustentadas por longo período de tempo, ou seja, intensidades
relacionadas a MLSS.
2.4 Velocidade/Potência Crítica e Capacidade de Trabalho Anaeróbio:
A potência crítica (PC) ou velocidade crítica (VC) são definidas como intensidades de
exercício que teoricamente podem ser mantidas por um tempo infinito sem que ocorra fadiga
(JENKINS & QUIGLEY, 1990).
34
O primeiro estudo investigando potência crítica foi realizado por MONOD &
SHERRER (1965) onde foi proposto um modelo matemático hiperbólico de relação potência
pelo tempo.
Em termos matemáticos, o modelo proposto por MONOD & SHERRER (1960) se
baseia no conceito simples entre potência despendida e sua relação com o tempo de exaustão,
ou seja, quanto maior a potência utilizada menor será o tempo para que ocorra a exaustão e,
conseqüentemente, quanto menor a potência, maior o tempo para que ocorra a exaustão.
Partindo desse princípio, na medida em que a potência necessária para realização de
determinado exercício diminui, o tempo de exaustão aumenta até que essa relação hiperbólica
(potência - tempo) tenda ao infinito. Devido a essa condição matemática, a velocidade ou
potência crítica detém o conceito de intensidades que podem ser mantidas por um tempo
infinito.
BILLAT et al. (1999) verificaram que velocidade crítica seria uma velocidade que
poderia ser mantida quando é atingido o “máximo” consumo de oxigênio (submáximo) em
determinada intensidade de exercício e, ainda, que a velocidade crítica teria alta correlação
com a V
max
. Esses autores utilizaram séries preditivas de 90%, 100%, 120% e 140% do
VO
2max
obtendo a velocidade crítica através de modelo linear (HILL, 1993).
O modelo linear necessita de, no mínimo, duas séries preditivas e utiliza velocidade,
distância percorrida e o tempo de exaustão obtidos nas velocidades/intensidades utilizadas
(HILL, 1993). Segundo DI PRAMPERO (1999b) para que as séries preditivas possam servir
para identificação da VC, o consumo de O
2
deve estar estabilizado para que seu conceito
teórico tenha validade.
Além da necessidade de atender esse critério, o modelo de regressão linear ou
hiperbólico parece ter grande validade de uso quando o custo de energia por unidade de
35
distância for o mesmo em qualquer velocidade utilizada nas séries de predição (DI
PRAMPERO, 1999b) devendo durar entre 1 e 12 minutos (BOSQUET et al., 2002).
Apesar de BOSQUET et al. (2002) recomendarem séries preditivas que tenham tempo
de exaustão próximo a 1 minuto, outros sugerem que as reservas anaeróbias devam ser
depletadas e o consumo de oxigênio ter atingido um platô. Como o consumo de O
2
durante o
exercício demora de 2 a 3 minutos para atingir a estabilidade (DI PRAMPERO, 1999b;
BILLAT et al., 1999), teoricamente as durações das séries preditivas não devem ser inferiores
a 3 minutos para que possam produzir valores de VC que representem intensidade de esforço
sustentável sem fadiga precoce.
Diversos autores têm encontrado alta correlação entre a VC e parâmetros ligados à
performance. SIMÕES et al. (2005) encontraram alta correlação entre a VC, a velocidade do
lactato nimo e o desempenho em corredores altamente treinados, verificando ainda que
nesse grupo a VC não diferiu da velocidade média do melhor tempo nos 10 Km.
Outros autores como SILVA et al. (2005) encontraram alta correlação entre VC, IAT e
V
max
. Entretanto, apesar desses parâmetros serem altamente correlacionados, ficou evidente
que refletem intensidades diferentes. A maioria dos estudos apontam a VC como uma
intensidade de exercício superior ao limiar anaeróbio e inferior à V
max
(SILVA et al., 2005;
SIMÕES et al., 2005; KRANENBURG & SMITH, 1996) servindo para delimitação dos
domínios de intensidade intenso e severo (SIMÕES et al., 2005).
A VC/PC vem sendo estudada em diversas modalidades como ciclismo (PRINGLE &
JONES, 2002), natação (KOKUBUN et al., 1996) e corrida (SIMÕES et al., 2005). No
entanto, a relação entre parâmetros fisiológicos como MLSS, LL, LV, que de certa forma
correspondem a uma intensidade estável de exercício, com a VC/PC não está bem esclarecida.
Portanto, o conceito teórico de que a VC/PC corresponde a uma intensidade de exercício
estável, visto que teoricamente pode ser mantida por um tempo indeterminado, necessita de
36
maiores evidências, visto que estabilidade no exercício refere-se a intensidades associadas a
fase estável de parâmetros como, por exemplo, pH e lactato sangüíneo.
Os modelos matemáticos que permitem a identificação da VC também originam um
parâmetro conhecido como capacidade de trabalho anaeróbio (CTAn).
A CTAn é definida, em um modelo distância-tempo, pela distância/potência máxima
que pode ser percorrida/despendida as custas apenas do metabolismo anaeróbio (HILL &
SMITH, 1994).
HILL & SMITH (1994) compararam três possibilidades de se estimar a CTAn: (1)
modelo não linear potência-tempo, (2) modelo linear potência-1.tempo
-1
, e (3) linear
trabalho-tempo, concluindo que a CTAn pode ser obtida nos três modelos utilizando o
conceito de potência crítica.
BILLAT et al. (2005) evidenciaram, em diferentes linhagens de camundongos, que
linhagens que possuíam maior VC apresentavam uma tendência de menor CTAn, entretanto,
apesar da VC diferir entre as diferentes linhagens, a CTAn não apresentou diferença
significante.
PACHECO et al. (2003) relacionaram a CTAn com o custo de O
2
, concluindo que
indivíduos com menor aptidão aeróbia apresentavam custo de O
2
mais elevados e maior
CTAn, sugerindo que a CTAn elevada talvez pudesse refletir uma maior ineficiência
mecânica durante exercício aeróbio e não uma maior aptidão anaeróbia.
Teoricamente, o indivíduo que tem um maior custo de O
2
em determinada intensidade
é menos eficiente, e essa ineficiência pode ser mais determinante nas séries preditivas mais
longas, deslocando positivamente o ponto de interceptação-y (CTAn).
37
2.5 Custo do Consumo de Oxigênio e Custo de Freqüência Cardíaca:
Apesar dos diversos estudos relacionando parâmetros de aptidão aeróbia com a
performance atlética, nem sempre o indivíduo com altos índices de VO
2max
é o detentor de
grandes marcas. Essa distinção entre indivíduos que detém índices similares de VO
2max
com
diferenças na performance pode ser explicada em função das diferenças no custo de oxigênio
(C
VO2
) (COYLE, 1995).
O custo ou eficiência mecânica e/ou metabólica ou economia de corrida pode ser
definido pela razão entre o trabalho mecânico e a energia despendida durante o exercício (DI
PRAMPERO, 1986).
MORGAN et al. (1995) relatam que indivíduos treinados são mais econômicos que
não treinados e que as possíveis diferenças entre corredores de elite e os de menor
performance podem, em parte, ser explicadas pelo custo.
Os fatores que interferem no custo podem ser de origem fisiológica (tipos de fibras,
potência aeróbia máxima e temperatura corpórea) biomecânica, climática (KYRÖLÄINEN et
al. 2001) e até mesmo antropométricos (PATE et al. 1992).
O Custo de O
2
em corrida pode expressar a eficiência mecânica e ser obtido pela
relação entre o consumo de oxigênio de determinada carga dividido pela carga (DI
PRAMPERO, 1986).
Alguns autores (SILVA et al., 2005; SIMÕES et al 2003, PACHECO et al. 2003) vem
utilizando o custo de oxigênio para estimar parâmetros como a V
max
, como proposto por DI
PRAMPERO (1986).
DI PRAMPERO (1996) propôs que a V
max
pode ser determinada dividindo-se VO
2max
pelo custo de VO
2
de uma carga submáxima.
V
max
= VO
2max
.C
VO2
-1
Onde:
38
C
VO2
= VO
2
submáximo
. Carga
submáxima
-1
VO
2
submáximo
= consumo de oxigênio em carga submáxima.
Carga
submáxima
= velocidade de corrida.
C
VO2
= custo de O
2.
O C
VO2
tem sido utilizado por diversos autores da área de avaliação funcional,
entretanto, a sua aplicabilidade depende de equipamentos que realizem análise gasosa, recurso
que não possibilita um fácil acesso.
A FC é uma variável de fácil monitoramento e, devido a sua relação com o VO
2
, pode
e tem sido utilizada para quantificar intensidades de exercício apenas com o uso de um
freqüêncímetro (ACHTEN & JEUKENDRUP, 2003).
A FC apresenta uma relação linear com o VO
2
(ACHTEN & JEUKENDRUP, 2003)
devido ao aumento do DC durante o exercício depender principalmente do aumento da FC,
além do DC máximo ser a principal variável determinante do VO
2max
. Como o C
VO2
pode ser
utilizado para estimar a V
max
através da divisão do VO
2max
pelo C
VO2
, é provável que o C
FC
também possa ser utilizado para estimar a V
max
.
Assim como o modelo proposto por DI PRAMPERO (1996) utilizando o custo de O
2
para se estimar a V
max
, o custo de FC pode ser também eficiente utilizando-se o mesmo
conceito:
V
max
=FC
max
.C
FC
-1
Onde:
C
FC
= FC
submáxima
. Carga
submáxima
-1
FC
submáxima
= Freqüência cardíaca relacionada a uma intensidade submáxima de exercício.
Carga
submáxima
= Carga ou intensidade submáxima de exercício.
C
FC
= custo de FC
.
39
3. Métodos
A metodologia aplicada na realização do presente estudo foi inicialmente aprovado pelo
Comitê de Ética de Pesquisas em seres humanos da Universidade Católica de Brasília (UCB).
3.1 Amostra
Participaram do presente estudo 17 voluntários do sexo masculino, divididos em dois
grupos: Grupo 1 (G1) composto por 11 participantes fisicamente ativos e Grupo 2 (G2)
composto por 6 atletas corredores de fundo. As características biométricas dos participantes
estão apresentadas na tabela 1.
Tabela 1. Características Físicas da amostra estudada (n=17).
40
Os voluntários foram selecionados após assinarem um termo de consentimento
informando sobre os riscos e benefícios da metodologia e após terem lido e respondido uma
série de perguntas sobre seu histórico esportivo, médico e nutricional (Anexos 8.1, 8.2 e 8.3,
respectivamente). A porcentagem de gordura de cada voluntário foi obtida utilizando-se o
protocolo de GUEDES & GUEDES (1991).
3.2 Materiais:
Os materiais utilizados para coleta de dados foram: balança (Filizola); frequencímetro
cardíaco (Polar Finland); tubos Eppendorfs, lancetas, capilares heparinizados e calibrados
para 25µl, algodão, álcool, luvas descartáveis, solução de fluoreto de sódio 1%, pipeta, caneta
para retroprojetor; lactímetro e glicosímetro (Yellow Springs Instruments Ohio, modelo
2700 S), analisador de gases (Cortex Biofhysik mod. Metalyzer 3B), esteira ergométrica
(Moviment Technology – RT300 PRO) e ficha de avaliação.
3.3 Procedimentos:
Os indivíduos foram submetidos a 5 testes (randomizados) para determinação dos
parâmetros a serem avaliados, com intervalo de no nimo 48 horas entre os testes. Os
voluntários foram instruídos a comparecerem aos testes devidamente hidratados e com
vestimenta adequada. Todos os testes foram realizados em um mesmo horário do dia e, no
mínimo 3 horas depois, da última refeição, com abstinência de cafeína durante as últimas 24
horas precedentes a cada teste. Os voluntários foram familiarizados com a esteira ergométrica
nas velocidades correspondentes a cada teste antes de iniciarem o estudo.
Os testes foram realizados em uma esteira ergométrica (Moviment Technology –
RT300 PRO) conectada a um computador e um analisador de gases (Cortex Biofhysik mod.
Metalyzer 3B) para mensuração das variáveis ventilatórias.
41
Todos os procedimentos foram realizados no laboratório LAFIT, localizado no
Campus da Universidade Católica de Brasília (Campus de Taguatinga, DF), na presença de
um cardiologista.
O laboratório citado possui aparelho de eletrocardiograma (ECG), analisador de gases,
medicamentos para possíveis emergências, bem como um desfibrilador. Além disso, a pressão
arterial era mensurada em todas as sessões de exercício para maior segurança do participante.
3.3.1 Testes para Identificação do Custo de FC e Custo de O
2
(C
FC
e C
vo2
)
Os testes para identificação do C
FC
e C
VO2
foram realizados previamente ao teste de
identificação do limiar de lactato e as séries preditivas para determinação da velocidade
crítica. Os testes consistiram em corrida de 6 minutos em esteira ergométrica em intensidade
média relativa de 80 % da FC máxima (estimada pela equação: 220-idade). Além de usar
como base a FC, o pesquisador (sempre o mesmo) baseava-se, para estimar a velocidade em
que se realizaria o custo, nos seguintes parâmetros: (1) na percepção subjetiva de esforço
(PSE), mantida sempre abaixo de 14; (2) nos questionários respondidos pelo voluntário e (3)
no questionamento verbal sobre o atual nível de condição física do mesmo e, talvez o mais
importante, sobre respectivos volumes e intensidades usados habitualmente pelo voluntário
durante a execução de exercícios de corrida.
Através desses questionamentos foi possível pressupor, teoricamente, em que
intensidade aproximada ocorreria o limiar de lactato, estimando-se então uma intensidade
para realização do teste para obtenção do custo. Essa intensidade era escolhida sempre abaixo
da suposta intensidade do limiar lactato. Todos os testes foram realizados com inclinação fixa
de 1%, servindo também de aquecimento para os testes posteriores.
42
3.3.2 Determinação do C
FC
e C
vo2
Os C
FC
e C
VO2
foram obtidos dividindo-se os valores submáximos de FC e VO
2
pela
velocidade de corrida submáxima como se segue:
C
FC
= FC
submáximo
.Vel
submáxima
-1
;
C
VO2
= VO
2submáximo
. Vel
submáxima
-1
.
Foram consideradas para análise somente as médias dos dados coletados no e 3º dia
de testes. Esse procedimento foi usado priorizando evitar que possíveis adaptações
fisiológicas pudessem modificar consideravelmente o comportamento/valores da FC e do
consumo de oxigênio e, com isso, interferir nos valores dos respectivos custos e
conseqüentemente nos valores da V
max
(estimada), tendo em vista que o principal objetivo do
estudo foi avaliar a possibilidade de se estimar a V
max
(obtida sempre na primeira sessão dos
testes).
Para obtenção dos valores de freqüência cardíaca (FC
submáxima
) e VO
2
(VO
2submáximo
)
utilizados na obtenção dos respectivos custos (C
FC
e C
VO2
) foi considerada a média dos
valores obtidos entre o e minuto. Os valores de FC e VO
2
entre o e o minuto eram
plotados a cada 3 segundos, obtendo-se 20 medidas em média.
3.3.3 Teste para Identificação do Limiar de Lactato e VO
2max
Logo após o aquecimento (teste para determinação do custo) foi concedido um
descanso de 10 minutos para que o voluntário se restabelecesse para o início do teste.
O teste incremental era iniciado com velocidade relativa abaixo da velocidade
utilizada na obtenção do Custo. A velocidade inicial era sempre estimada objetivando que em
3 ou 4 estágios se alcançasse a intensidade relativa ao limiar de lactato.
Após definida a velocidade inicial, o teste era iniciado e seguia com incrementos de
0,5kmh
-1
a cada estágio de 3 minutos e pausa de 1 minuto entre incrementos, para que
43
pudessem ser realizadas as coletas sanguíneas. O procedimento de pausa (para realização das
coletas) era suspenso quando o avaliado indicava uma percepção subjetiva de esforço (PSE)
de 17 na escala de 15 pontos de Borg (BORG, 1982). A partir desse momento, o teste
prosseguia com os incrementos de velocidade (0,5kmh
-1
a cada estágio de 3 minutos) sem
pausas até a exaustão voluntária. Esse procedimento foi adotado visto que, teoricamente, em
uma PSE 17 o limiar de lactato teria sido atingido e pausas subseqüentes à respectiva PSE
poderiam interferir (superestimar) na V
max
.
Após o teste, o voluntário permanecia sentado para realização das coletas sanguíneas
aos 3, 6, 9 e 12 minutos de recuperação com o objetivo de obter a cinética da curva de lactato
possibilitando aplicação do protocolo IAT (STEGMAN et al., 1981)
O teste era sempre realizado até a exaustão com o objetivo de se obter a freqüência
cardíaca máxima, VO
2max
e a V
max.
3.3.4 Determinação da Velocidade Crítica (VC) e Capacidade de Trabalho Anaeróbio
(CTAn)
A VC e CTAn foram determinadas por modelo linear (distância tempo) a partir de 2
a 4 séries preditivas em ordem randomizada e em dias diferentes, como se segue:
1ª série preditiva - Através da V
max
obtida no teste incremental, foi calculada uma
velocidade correspondente a 95% da V
max
. O início do teste ocorreu com a velocidade
obtida (95%), sendo mantida durante todo o teste. O final do teste ocorreu com a exaustão
voluntária do indivíduo, quando o mesmo não conseguia manter a intensidade.
2ª série preditiva - Através da V
max
obtida no teste incremental, foi calculada uma
velocidade correspondente a 100% da V
max
. O início do teste ocorreu com a velocidade
obtida (100%), sendo mantida durante todo teste. O final do teste ocorreu com a exaustão
voluntária do indivíduo, quando o mesmo não conseguia manter a intensidade.
44
3ª série preditiva - Através da V
max
obtida no teste incremental, foi calculada uma
velocidade correspondente a 110% da V
max
. O início do teste ocorreu com a velocidade
obtida (110%), sendo mantida durante todo teste. O final do teste ocorreu com a exaustão
voluntária do indivíduo, quando o mesmo não conseguia manter a intensidade.
4ª série preditiva - Através da V
max
obtida no teste incremental, foi calculada uma
velocidade correspondente a 120% da V
max
. O início do teste ocorreu com a velocidade
obtida (120%), sendo mantida durante todo teste. O final do teste ocorreu com a exaustão
voluntária do indivíduo, quando o mesmo não conseguia manter a intensidade.
As séries foram realizadas em ordem randomizada com intervalos de 48 horas. As
séries forneceram os respectivos tempos de exaustão equivalentes às velocidades
mencionadas, que foram utilizadas como pontos de determinação da VC através do modelo
distância (Y) tempo (X) (distância - tempo).
3.3.5 Modelo de Determinação da VC e CTAn
Figura 1. Relação dos valores distância (x) vs tempo (y) obtidos nas séries preditivas de um
voluntário (JUL).
45
A VC foi determinada por modelo linear (figura 1) utilizando-se a relação distância-
tempo a partir das quatro séries preditivas. Para os voluntários que não completaram o número
de 4 séries preditivas propostas, foi considerado o número de séries que foram realizadas,
sendo o mínimo de 2 séries para obtenção de um modelo linear.
O modelo utilizado para determinação da VC e CTAn foi o de distância (Y) pelo
tempo (X) com demonstrado na figura 1. A VC foi determinada pela inclinação da reta e a
CTAn pela interceptação do eixo Y (HILL, 1993).
Os modelos foram obtidos com o uso do Software EXCEL – Microsoft Office 2003.
3.3.6 Determinação da V
max
A velocidade correspondente ao VO
2max
(V
max
) foi obtida por três métodos:
V
max
Real (V
maxR
) = velocidade correspondente ao VO
2max
obtida no teste para
identificação do limiar de lactato e VO
2max.
A V
maxR
foi obtida diretamente no teste de exercício máximo (teste incremental 3.3.3),
sendo considerada como a velocidade em que o VO
2
atinge um platô máximo.
V
max
Custo de FC (V
maxFC
) = Obtida através da divisão da freqüência cardíaca máxima
(FC
Max
) pelo custo de freqüência cardíaca (C
FC
- descrito no item 3.3.2) como se segue:
V
maxFC
= FC
Max
. C
FC
-1
;
V
max
Custo de VO
2
(V
maxVO2
) = Obtida através da divisão do máximo consumo de
oxigênio (VO
2Max
) pelo custo de consumo de oxigênio (C
VO2
- descrito no item 3.3.2) como
segue:
V
maxVO2
= VO
2Max
. C
VO2
-1
.
46
Na V
max
estimada pelo Custo de FC (V
maxFC
) foram considerados três valores para
análise:
1- FC
Max
obtida diretamente por frequencímetro (Polar Sport Tester - Finland),
assim como por meio de um transmissor (Cortex Biofhysik mod. Metalyzer
3B) durante o teste incremental, sendo considerado o máximo valor obtido.
2- FC
Max
obtida indiretamente pela equação supostamente proposta por
KARVONEN et al (1957): Fc
max
= 220 – Idade
3- FC
Max
obtida indiretamente pela equação proposta por TANAKA et al.
(2001)
: Fc
max
= 207 – (0,7 x idade).
3.3.7 Determinação do Limiar Ventilatório
O limiar ventilatório (LV) foi obtido por dois métodos distintos e independentes.
Primeiramente foi verificada a possibilidade de identificação do LV através do
aumento da ventilação (V
E
) em relação ao volume de oxigênio consumido (VO
2
) - V
E
/VO
2
sem o paralelo aumento da V
E
em relação ao volume de CO
2
produzido (VCO
2
) V
E
/VCO
2
(KOYAL et al., 1976).
Caso o LV não pudesse ser identificado através da cinética das curvas de V
E
/VO
2
e
V
E
/VCO
2
, o LV foi considerado o ponto onde o VCO
2
aumenta sem o respectivo aumento do
VO
2
(Breakpoint VCO
2
– VO
2
) (AHMAIDI et al., 1998).
Foram consideradas para análise das variáveis mensuradas as médias dos valores (VE,
VCO
2
e VCO
2
) obtidos nos 20 segundos finais de cada estágio do protocolo incremental.
47
Figura 2. Valores da análise gasosa e lactacidêmica, de um vololuntário (RAF), obtidos durante o
teste incrementeal.
3.3.8 Determinação do Limiar Anaeróbio Individual (IAT)
O IAT foi determinado pelo método de inspeção visual através do tangenciamento da
curva de lactato como segue:
Após o teste incremental (3.3.3) foram realizadas coletas sanguíneas aos 3, 6, 9 e 12
minutos de recuperação com o objetivo de obter a cinética de recuperação da curva de
lactato.
Na figura que ilustra a cinética individual da curva de lactato foi traçada uma reta (R
1
)
de sentido crescente em relação ao eixo “X” e paralela ao mesmo com origem no último
ponto de lactato do teste incremental. No ponto (P
1
) em que R
1
intercepta a curva de
recuperação de lactato foi traçada uma segunda reta (R
2
) de sentido decrescente em relação
aos eixos “X” e “Y” de forma que R
2
tangencie em um ponto (P
2
) a curva de lactato do teste
incremental. O valor no eixo “X”, que nesse caso é o eixo correspondente às velocidades
utilizadas no teste, que coincide com o ponto (P
3
) foi considerado a velocidade do IAT.
STEGMAN et al (1981). A figura 3 ilustra os procedimentos descritos.
48
Figura 3. Ilustra os procedimentos descritos no tópico 3.3.8. (determinação para um voluntário).
3.3.9 Monitoramento da percepção subjetiva de esforço
A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi obtida no final de cada estágio do teste
incremental, bem como no 4º, e minutos das séries para determinação do custo, sendo
sempre utilizada a escala de 15 pontos de Borg (figura 4) (BORG, 1982).
Figura 4. Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (Escala de Borg) utilizada no
estudo.
49
3.3.10 Coleta de Sangue e Análise do Lactato Sangüíneo e Glicemia:
Após assepsia do local com álcool, era realizada punção do lóbulo da orelha,
utilizando luvas de procedimento e lancetas descartáveis. A primeira gota de sangue era
desprezada, evitando contaminação da amostra com suor, e em seguida eram coletados 25µl
de sangue, por meio de capilares de vidro descartáveis heparinizados e previamente
calibrados.
A amostra era acondicionada em tubos Eppendorf, contendo 50µl de fluoreto de sódio
[1%].
As amostras de sangue foram analisadas em um lactímetro (YSI 2700) que forneceu as
concentrações de lactato sanguíneo e Glicemia.
Figura 5. Analisador de lactato utilizado nas dosagens sanguíneas do presente estudo e realização de coleta
sanguínea de um dos voluntários durante o teste incremental.
3.3.11 Mensuração da freqüência cardíaca durante os testes
A freqüência cardíaca (FC) dos participantes foi monitorada durante todos os testes
por um frequencímetro (Polar Sport Tester - Finland), assim como por meio de um
transmissor (Cortex Biofhysik mod. Metalyzer 3B) conectado a um computador e registrando
os valores de freqüência cardíaca constantemente. Os valores registrados foram salvos e
50
analizados com intervalos de 3 segundos, sendo possível verificar o comportamento da
freqüência cardíaca de forma detalhada, diminuindo assim o risco de pequenas variações na
mensuração interferirem na análise dos dados.
3.3.12 Coleta e Análise das Variáveis Ventilatórias:
Durante todos os testes foram analisadas as variáveis ventilatórias (V
E
, VO
2
, VCO
2
,
V
E
/VO
2
, V
E
/VCO
2
, R e VO
2max
), respiração a respiração, em um analisador de gases (Cortex
Biofhysik mod. Metalyzer 3B).
3.4 Tratamento Estatístico:
Os procedimentos estatísticos utilizados envolveram análise descritiva (média e
desvio-padrão), comparação entre escores médios (teste “t” para amostras dependentes e
ANOVA para medidas repetidas), associação entre duas variáveis (correlação simples de
Pearson) e análise do limite de concordância entre as velocidades estimadas pelos diferentes
custos (plotagem de Bland-Altman).
Foi realizado teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e adotado nível de
significância de P < 0,05. Os dados foram tratados por meio do pacote estatístico Graf Pad
Instat 3,06 for windows.
51
4. Resultados
A partir da metodologia anteriormente descrita foi possível investigar algumas
variáveis relacionadas ao custo de FC e VO
2
, V
max
, limiar de lactato e ventilatório, assim
como velocidade crítica e capacidade de trabalho anaeróbio. Os resultados estão apresentados
individualmente, bem como a média e respectivo desvio padrão (±DP). Devido ao objetivo do
estudo e as diferentes características dos grupos de participantes investigados, os resultados
foram apresentados e analisados separadamente em Estudo 1 (G1) e Estudo 2 (G2), os quais
seguiram os mesmos procedimentos apresentados na metodologia deste estudo.
4.1 Estudo 1: Análise das variáveis estudadas no grupo fisicamente ativo (G1).
Para a apresentação dos dados referentes ao Estudo 1 foram descritos os valores
individuais (n=11) para cada variável investigada nos diferentes testes.
Dentre tais variáveis destacam-se aquelas associadas ao teste incremental (FC
max
,
VO
2max
, limiar de lactato e ventilatório e V
max
), bem como aquelas associadas aos testes
utilizados na obtenção dos custos (FC, VO
2
e PSE) e, por fim, as variáveis associadas às
séries preditivas que resultaram na obtenção da VC e CTAn. Todas as variáveis mencionadas
estão apresentadas na forma de tabelas e figuras.
4.1.1 Análise Biométrica
Podemos observar pela tabela 2 as características da amostra que representa o G1.
Vale ressaltar que todas as variáveis (idade, peso, altura, IMC, % de gordura e VO
2max
) foram
submetidas ao teste de normalidade (KS), obtendo aprovação na distribuição gaussiana
(P>0,1) e, portanto, distribuição normal.
52
Tabela 2. Valores individuais dos participantes do grupo 1 (n=11) e média de idade, altura, peso, IMC, % de
gordura e VO
2máx.
- p>0,1 para o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov (KS) em todas as variáveis.
4.1.2 Comparação entre as diferentes intensidades estudadas
Como descrito na metodologia, pretendia-se utilizar uma velocidade na obtenção dos
custos (FC e VO
2
), inferior à velocidade associada ao limiar de lactato. Podemos observar na
Tabela 3 os valores médios ± DP e individuais das velocidades relativas ao início do teste
incremental, ao custo, aos limiares de lactato e ventilatório, a velocidade crítica e a V
max
.
É possível constatar que a velocidade para o cálculo do custo (V
custo
) foi de 10,5+0,8
km.h
-1
, valor próximo, mas significativamente menor (p<0,01) que a velocidade relativa ao
limiar de lactato (LL) que foi 10,9+0,8 km.h
-1
(ou seja, aprox. 96% do LL). Entretanto,
apesar da diferença estatisticamente significante, a diferença média de velocidade foi de
0,4+0,4 km.h
-1
.
Ainda em relação ao limiar de lactato, o mesmo foi observado em velocidade inferior
(p<0,01) ao limiar ventilatório (10,9+0,8 km.h
-1
vs 11,3+1,0 km.h
-1
).
53
Ainda na tabela 3 é possível verificar que a velocidade crítica (VC) foi
significantemente maior (p<0,05) que a velocidade do LL (11,4 +
1,2 km.h
-
1 e 10,9+0,8 km.h
-
1
respectivamente); entretanto, não foram encontradas diferenças (p>0,05) entre a VC e LV,
11,4+1,2 e 11,3 + 1,0 km.h
-1
respectivamente. A tabela 4 mostra os diferentes tempos de
exaustão para cada intensidade relativa.
Tabela 3. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 1 (n=11) referentes a velocidade em
que se iniciou o teste incremental, a velocidade da realização do custo, a velocidade dos limiares de
lactato e ventilatório, velocidade crítica e vmax. Todos os valores estão expressos em km.h
-1
.
p<0,05 em relação as demais velocidades; * p<0,05 em relação as demais velocidades; # p<
0,05 em relação as demais velocidades;Y p<0,05 em relação as demais velocidades. (ANOVA).
Na tabela 4 é possível observar os tempos de exaustão para cada intensidade relativa
com base na Vmax, ou seja, 95%, 100%, 110% e 120% da Vmax. Os valores se comportaram
conforme o esperado, ou seja, em séries preditivas mais intensas (de maior velocidade) o
tempo de exaustão foi menor.
Outro parâmetro importante para comparação, além dos valores absolutos (tabela 3), é
a comparação entre os valores percentuais. Na tabela 5 podemos visualizar em que
intensidades relativas, quando comparada a V
max
, ocorrem os parâmetros (velocidades)
analisados. É importante ressaltar que as mesmas diferenças estatísticas que ocorreram
54
quando foram realizadas comparações entre os diferentes parâmetros em valores absolutos
(tabela 3), ocorreram quando comparados os valores relativos (tabela 5).
Um ponto importante a ser ressaltado é a velocidade do custo ter sido realizada em
média a 79,5+
3,9 % da V
max
, o que pode vir a ser um importante parâmetro para definir a
melhor intensidade relativa a ser realizado o protocolo proposto para obtenção do custo e
conseqüente estimativa da V
max
. Outro parâmetro importante é o LL ficar a 82,6+3,4 % da
V
max
, valor muito próximo ao encontrado em outros estudos já citados.
Tabela 4. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 1 (n=11) referentes a
velocidade de cada série preditiva utilizadas para o cálculo da velocidade crítica, bem como o
tempo de duração do exercício em cada velocidade correspondente.
# p<0,05 em relação as demais velocidades; * p<0,05 em relação aos demais tempos de duração
(ANOVA).
A tabela 6 mostra alta correlação entre as velocidades dos diferentes parâmetros
analisados. Entre as correlações analisadas, uma das mais importantes, senão a mais
importante, visto que são parâmetros de aptidão aeróbia, é a correlação entre a V
max
e a
velocidade do LL. Encontramos uma correlação alta (r=0,88, p<0,01) quando correlacionadas
as duas variáveis. Isso mostra que, no grupo em questão, quanto maior a velocidade em que
ocorre o LL maior é a V
max
.
55
Tabela 5. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 1 (n=11) referentes aos
percentuais da velocidade em que se iniciou o teste incremental, a velocidade da realização do
custo, a velocidade dos limiares de lactato e ventilatório, velocidade crítica quando comparados
a V
max
.
p<0,05 em relação as demais velocidades; * p<0,05 em relação as demais velocidades; #
p<0,05 em relação as demais velocidades;Y p<0,05 em relação as demais velocidades.
(ANOVA)
Tabela 6. Correlação entre as velocidades correspondentes a inicial, custo, LL, LV, VC
e V
max
. (n=11)
Correlação de Pearson – ** (p<0,01) e * (p<0,05)
4.1.3 Análise do consumo de O
2
obtido nas diferentes intensidades
Além de se comparar às velocidades em que ocorreram os parâmetros (limiar de
lactato, limiar ventilatório e V
max
) e a V
custo
, outro fator relevante é o comportamento de
56
parâmetros como FC, VO
2
, Lactato e PSE nas intensidades estudadas. A tabela 6 mostra, em
valores absolutos e relativos, o consumo de oxigênio em diferentes intensidades.
Verificamos (tabela 7) que o VO
2
do custo (40,1+
2,9 ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
) possui valores
significativamente menores (p<0,05) aos do VO
2
do LL (43,1+2,5 ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
) assim
como aos valores de VO
2
do LV (44,2+2,5 ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
) (P<0,01). Contudo, quando
comparado o VO
2
do LL com o do LV (43,1+2,5 e 44,2+2,5 ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
respectivamente) não foi encontrada diferença significante (p>0,05).
A tabela 8 mostra as correlações entre o consumo de O
2
(VO
2
) encontrados nas
diferentes intensidades analisadas. Nota-se que, apesar da alta correlação (R=0,88, p<0,01)
existente entre a velocidade do limiar de lactato e a V
max
(tabela 5), o mesmo não ocorre
(R=0,56, p>0,05) quando comparados o VO
2
do LL com o da V
max
, sugerindo que um maior
VO
2
na intensidade do LL não está associado a um maior VO
2máx
.
Tabela 7. Valores individuais e médios dos indivíduos do G1 (n=11) referentes aos valores absolutos e
relativos do consumo de O
2
em relação as intensidades do custo, LL, LV e V
max
* p<0,05 em relação às demais intensidades; # p<0,05 em relação às demais intensidades.(ANOVA)
57
Tabela 8. Correlação entre o VO
2
correspondente as intensidades do
custo, LL, LV e V
max
. (n=11)
Correlação de Pearson – ** (P<0,01) e * (P<0,05)
4.1.4 Análise da FC verificada nas diferentes intensidades
A tabela 9 mostra a FC encontrada nas diferentes intensidades (V
custo
, LL, LV e V
max
).
Verificamos que a FC na intensidade da V
custo
se manteve em média de 161,1+8,2 bpm. Esse
valor foi significativamente menor (p<0,01) que a FC encontrada nas velocidades
correspondentes ao LL (175,2+8,7bpm), LV (179,2+8,8bpm) e V
max
(195,1+9,0 bpm).
Entretanto, a FC correspondente ao LL (175,2+8,7 bpm) não foi diferente (p>0,05) da FC
correspondente à intensidade do LV (179,2+8,8bpm).
A FC relacionada à V
max
, que é a freqüência cardíaca máxima, ficou em média de
195,1+9,0 bpm, diferindo (p<0,01) da FC encontrada em todas as outras intensidades (Vcusto,
LL e LV).
A tabela 10 mostra as correlações entre os valores de FC encontrados nas diferentes
intensidades estudadas. Pode-se verificar que a correlação entre a FC do custo e a do LL
(r=0,61) não foi significante, entretanto, as demais correlações foram consideradas
significantes, sugerindo que indivíduos com valores maiores de FC no LL e LV
possivelmente terão uma FC
máxima
mais elevada.
58
Tabela 9. Valores de FC relativos (%) e absolutos (bpm) encontrados nas intensidades correspondentes ao custo,
LL, LV e V
max
. (n=11)
* p<0,05 em relação às demais intensidades; # p<0,05 em relação às demais intensidades.(ANOVA)
Tabela 10. Correlação entre a FC correspondente as intensidades do custo, LL, LV e V
max
.
Correlação de Pearson – ** (P<0,01) e * (P<0,05).
4.1.5 Análise da concentração de lactato [lac] e da PSE verificada nas diferentes
intensidades
A tabela 11 mostra os valores de PSE relatados e a [lac] verificada nas intensidades da
V
custo
, LL, LV e V
max
. Não foram verificadas diferenças significativas (p>0,05) quando
comparadas a [lac] da V
custo
(3,7+
1,1mmol.l
-1
) com a [lac] equivalente ao LL (3,9+1,2mmol.l
-
59
1
), entretanto, a [lac] da V
custo
se mostrou menor (p<0,05) tanto da [lac] equivalente ao LV
(5,2+
1,6mmol.l
-1
) quanto da equivalente a V
max
(10,0+2,2mmol.l
-1
).
A [lac] encontrada no LL (3,9+1,2mmol.l
-1
) não foi diferente (p>0,05) da encontrada
no LV; contudo, ambas ([lac] do LL e LV) se mostraram diferentes (p<0,01) que a [lac] da
V
max
(10,0+2,2mmol.l
-1
).
Na comparação entre a PSE, ainda na tabela 11, foi encontrada diferença significativa
(p<0,05) apenas nas comparações entre a PSE do custo (11,6+2,0) com a PSE do LV
(14,0+1,4) e com a PSE da V
max
(20+0,0). Portanto, a PSE do custo (11,6+2,0) não diferiu
(p>0,05) da PSE do LL (12,6+1,6) que não foi diferente (p>0,05) da PSE LV (14,0+1,4). A
PSE relativa a V
max
diferiu dos valores encontrados em todas as outras intensidades (p<0,05).
Não houve correlação significativa (p>0,05) entre a [lac] e a PSE relativas ao LL (r=-0,05).
Um parâmetro importante é a relação entre o comportamento relativo da FC, do VO
2
e
da velocidade nas diferentes intensidades (V
custo
, LL e LV). A tabela 2 mostra em que valores
percentuais se encontravam as variáveis (velocidade, FC, VO
2
) nas diferentes intensidades
(V
custo
, LL e LV) sempre como referência seus máximos valores obtidos (V
max
, FC
max
e
VO
2max
).
Não foram verificadas diferenças (p>0,05) quando comparados os valores relativos da
velocidade (79,5+3,9%), da FC (82,6+3,6%) e do VO
2
(79,6+6,8%) na velocidade do custo.
Entretanto, na intensidade equivalente ao LL, a FC relativa (89,8+3,3%) mostrou-se
significantemente maior (P<0,01) que a velocidade relativa (82,6+3,4%) e que o VO
2
(85,6+4,9%) (p<0,05). Por fim, não foram verificadas diferenças (p>0,05) na comparação
entre o VO
2
e a velocidade, 85,6+4,9 e 82,6+3,4% respectivamente.
Na intensidade equivalente ao LV, a FC (91,9+3,4%) se mostrou significativamente
maior (p<0,05) que os valores relativos a velocidade (85,7+3,9%) e ao VO
2
(87,6+4,4%). Não
60
foi encontrada diferença (p>0,05) entre os valores relativos a velocidade (85,7+
3,9%) e ao
VO
2
(87,6+4,4%) nessa mesma intensidade.
Tabela 11. Valores de Lactato (mmol.l
-1
) e PSE encontrados nas intensidades correspondentes ao custo, LL, LV
e V
max
.
* p<0,05 em relação às [lac] encontradas nas intensidades relativas ao LV e V
máx
; Y p<0,05 em relação a PSE
relatada nas intensidades relativas ao LV e V
max
; # p< 0,05 em relação a [lac] encontrada nas demais
intensidades; p<0,05 em relação a PSE encontrada nas demais intensidades. (ANOVA).
Figura 6. Ilustra os valores médios de velocidade, FC e VO
2
nas diferentes intensidades (custo,
LL, LV). Ocorreram diferenças entre a FC do LL e a Velocidade e VO
2
(* p<0,05) e também
entre e FC do LV em relação a velocidade e ao VO
2
(# p<0,05).
61
Tabela 12. Valores percentuais das variáveis velocidade, FC e VO2 quando comparados aos seus respectivos
valores máximos encontrados (V
max
, FC
max
e VO
2max
) nas intensidades correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
.
* p<0,05 na comparação aos percentuais do VO
2
e velocidade encontrados na intensidade relativa ao limiar de
lactato; # p<0,05 na comparação aos percentuais do VO
2
e velocidade encontrados na intensidade relativa ao
limiar vemtilatório. (ANOVA).
4.1.6 Análise das V
max
estimadas (C
VO2
e C
FC
) com a V
max
real.
A tabela 13 mostra a velocidade em que foram realizadas as séries do custo, assim
como os valores de FC e VO
2
obtidos em dois dias distintos de testes (dia 1 e dia 2). Os
resultados mostram que a FC variou significativamente (P=0,034) quando comparados os dias
1 e 2, 162,7+8,6 e 159,4+8,3bpm, respectivamente. Entretanto, não foi verificada diferença
(P>0,05) entre os valores de VO
2
do dia 1 (40,7+3,6 ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
) e do dia 2 (39,5+2,8
ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
).
62
Tabela 13. V
custo
(km.h
-1
) e os valores FC (bpm) e VO
2
(ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
) obtidos nos dias 1 e 2
(sempre com a mesma velocidade).
* p<0,05 – Diferença da FC entre o dia 1 e 2 do custo; (t-student).
Podemos observar (tabela 14) os valores da V
max
(real) e a estimada por diversos
parâmetros como C
FCreal
, C
VO2
, C
FCTanaka
e C
FCKarvonen
. A V
max
estimada pela C
FCTanaka
não
passou (p=0,033) no teste de normalidade (KS). Não foram encontradas diferenças
significativas quando comparadas as variáveis V
max
(real), V
max
(C
FCreal
) e V
max
(C
VO2
),
13,2+1,1, 12,8+1,4 e 13,3+1,8km.h
-1
respectivamente. Também não foram encontradas
diferenças quando comparadas a V
max
(real), V
max
(C
FCKarvonen
) e V
max
(C
VO2
) 13,2+1,1,
12,7+1,1 e 13,3+1,8km.h
-1
respectivamente. Por fim, nas comparações entre V
max
(real), V
max
(C
FCTanaka
) e V
max
(C
VO2
) (13,2+1,1, 12,3+1,1 e 13,3+1,8km.h
-1
) também não foram
encontradas diferenças significativas.
63
Tabela 14. Valores de V
max
(km.h
-1
) obtidos diretamente (V
max
real), indiretamente pelo custo de VO
2
(V
max
C
VO2
) e indiretamente pelos custos de FC direta (C
FC
direta), FC indireta Tanaka (C
FC
Tanaka) e FC indireta
Karvonen (C
FC
Karvonen).
Não foram encontradas diferenças entre as variáveis (P>0,05). (ANOVA)
As figuras 4, 5, 6 e 7 apresentam as plotagens propostas por Bland & Altman (1986)
para verificação de concordância entre as medidas reais e estimadas da V
max
, obtida a partir
dos custos de FC e VO
2
. No eixo y estão plotadas as diferenças individuais em função das
médias observadas nos dois testes (eixo x).
Figura 7. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
VO2
(n = 11).
64
Figura 8. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
FCreal
(n = 11).
Figura 9. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
FC-Tanaka
(n = 11).
65
Figura 10. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
FC-Karvonen
(n = 11).
66
4.2 Estudo 2: Análise das variáveis estudadas no grupo de atletas corredores de fundo
(G2).
Para a apresentação dos dados referentes ao Estudo 2 foram descritos os valores
individuais (n=6) para cada variável investigada nos diferentes testes.
Dentre tais variáveis destacam-se aquelas associadas ao teste incremental (FC
max
,
VO
2max
, limiar de lactato e ventilatório e V
max
), bem como aquelas associadas aos testes
utilizados na obtenção dos custos (FC, VO
2
e PSE) e, por fim, as variáveis associadas às
séries preditivas que resultaram na obtenção da velocidade crítica e capacidade de trabalho
anaeróbio. Todas as variáveis mencionadas estão apresentadas na forma de tabelas e figuras.
4.2.1 Análise Biométrica
Podemos observar pela tabela 15 as características da amostra que representa o G2.
Vale ressaltar que todas as variáveis (idade, peso, altura, IMC, % de gordura e VO
2max
) foram
submetidas ao teste de normalidade (KS) obtendo aprovação na distribuição gaussiana
(P>0,1) e, portanto, distribuição normal.
Tabela 15. Valores individuais dos participantes do grupo 2 (n=6) e média de idade, altura,
peso, IMC, % de gordura e VO
2máx.
p>0,1 para o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov (KS) em todas as variáveis.
67
4.2.2 Comparação entre as diferentes intensidades estudadas
Como descrito na metodologia, pretendia-se utilizar uma velocidade na obtenção dos
custos (FC e VO
2
), inferior a velocidade associada ao limiar de lactato. Podemos observar na
Tabela 16 os valores médios ± DP e individuais das velocidades relativas ao início do teste
incremental, ao custo, aos limiares de lactato e ventilatório e a V
max
.
É possível constatar que a velocidade para o cálculo do custo (V
custo
) foi de 15,4+
1,1
km.h
-1
e não diferiu estatisticamente (p<0,05) da velocidade relativa ao limiar de lactato (LL)
que foi 16,4+1,1 km.h
-1
(ou seja, aprox. 93,9% do LL). Entretanto, apesar da diferença não
ser estatisticamente significante, a diferença média de velocidade foi de 1,0+1,0 km.h
-1
.
Ainda em relação ao limiar de lactato, o mesmo foi observado em velocidade
equivalente (p>0,05) ao limiar ventilatório (16,4+1,1 km.h
-1
vs 16,8+1,2 km.h
-1
).
Tabela 16. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 2 (n=6)
referentes a velocidade em que se iniciou o teste incremental, a velocidade da
realização do custo, a velocidade dos limiares de lactato e ventilatório e Vmax.
Todos os valores estão expressos em km.h
-1
.
p<0,05 em relação as demais velocidades;
Y
p<0,05 em relação as demais
velocidades. (ANOVA).
Outro parâmetro importante para comparação, além dos valores absolutos (tabela 16),
é a comparação entre os valores percentuais. Na tabela 17 podemos visualizar em que
intensidades relativas, quando comparada a V
max
, ocorrem os parâmetros (velocidades)
68
analisados. É importante ressaltar que as mesmas diferenças estatísticas que ocorreram
quando foram realizadas comparações entre os diferentes parâmetros em valores absolutos
(tabela 16), ocorreram quando comparados os valores relativos (tabela 17).
Um ponto importante a ser ressaltado é a velocidade do custo ter sido realizada em
média a 85,0+
4,9 % da V
max
, o que pode vir a ser um importante parâmetro para definir a
melhor intensidade relativa a ser realizado o protocolo proposto para obtenção do custo e
conseqüente estimativa da V
max
. Outro parâmetro importante é o LL ficar a 90,4+2,7 % da
V
max
, valor muito próximo a encontrados em outros estudos já citados com amostra de
características semelhantes.
Tabela 17. Valores individuais e médios dos indivíduos do grupo 2 (n=6)
referentes aos percentuais da velocidade em que se iniciou o teste incremental, a
velocidade da realização do custo, a velocidade dos limiares de lactato e
ventilatório quando comparados a V
max
.
p<0,05 em relação as demais velocidades; * p<0,05 em relação as demais
velocidades; # p<0,05 em relação as demais velocidades;Y p<0,05 em relação as
demais velocidades. (ANOVA)
A tabela 18 mostra alta correlação entre as velocidades dos diferentes parâmetros
analisados. Entre as correlações analisadas, uma das mais importantes, senão a mais
importante, visto que são parâmetros de aptidão aeróbia, é a correlação entre a V
max
e a
velocidade do LL. Encontramos uma correlação significativa (r=0,90, p<0,05) quando
69
correlacionadas as duas variáveis. Mostrando que, no grupo em questão, quanto maior a
velocidade em que ocorre o LL maior é a V
max
.
Tabela 18. Correlação entre as velocidades correspondentes a inicial, custo,
LL, LV e V
max
. (n=6)
Correlação de Pearson – ** (p<0,01) e * (p<0,05)
4.2.3 Análise do consumo de O
2
obtido nas diferentes intensidades
Além de se comparar às velocidades em que ocorreram os parâmetros (limiar de
lactato, limiar ventilatório e V
max
) e a V
custo
, outro fator relevante é o comportamento de
parâmetros como FC, VO
2
, [lac] e PSE nos intensidades estudadas. A tabela 19 mostra, em
valores reais e percentuais, o VO
2
em diferentes intensidades.
Verificamos (tabela 19) que o VO
2
na velocidade de obtenção do custo (57,2+4,3
ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
) não difere estatisticamente (p>0,05) aos do VO
2
do LL (61,2+5,5 ml.O
2
.Kg
-
1
.min
-1
) assim como aos valores de VO
2
do LV (61,8+7,1 ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
) (P>0,05). Quando
comparado o VO
2
do LL e LV, 61,2+5,5 e 61,8+7,1 ml.O
2
.Kg
-1
.min
-1
respectivamente,
também não foi encontrada diferença significante (p>0,05).
A tabela 20 mostra as correlações entre o consumo de O
2
(VO
2
) encontrado nas
diferentes intensidades analisadas. Nota-se que assim como a alta correlação (r=0,90, p<0,05)
existente entre a velocidade do limiar de lactato e a V
max
(tabela 18), o mesmo ocorre
70
(R=0,99, p<0,01) quando correlacionados o VO
2
do LL com o da V
max
, sugerindo que um
maior VO
2
na intensidade do LL está associado a um maior VO
2máx
.
Tabela 19. Valores individuais e médios dos indivíduos do G2 (n=6) referentes aos valores absolutos e
relativos do consumo de O
2
em relação as intensidades do custo, LL, LV e V
max
.
* p<0,05 em relação às demais intensidades (ANOVA).
Tabela 20. Correlação entre o VO
2
correspondente as intensidades do
custo, LL, LV e V
max
. (n=6)
Correlação de Pearson – * (P<0,01)
4.2.4 Análise da FC verificada nas diferentes intensidades
A tabela 21 mostra a FC encontrada nas diferentes intensidades (V
custo
, LL, LV e
V
max
). Verificamos que a FC na intensidade da V
custo
se manteve em média a 167,5+9,4 bpm.
Esse resultado não foi diferente estatisticamente (p>0,05) da FC encontrada nas velocidades
correspondentes ao LL (179,5+9,9bpm) e LV (180,5+11,9bpm). A FC correspondente ao LL
(179,5+
9,9 bpm) não foi diferente (p>0,05) da FC correspondente a intensidade do LV
(180,5+11,9bpm).
71
A FC relacionada a V
max
, que é a freqüência cardíaca máxima, ficou em média de
193+
9,5 bpm diferindo (p<0,05) da FC encontrada em todas as outras intensidades (Vcusto,
LL e LV).
Tabela 21. Valores de FC relativos (%) e absolutos (bpm) encontrados nas intensidades
correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
. (n=6)
* p<0,05 em relação às demais intensidades. (ANOVA).
A tabela 22 mostra as correlações entre os valores de FC encontrados nas diferentes
intensidades estudadas. Pode-se verificar que a correlação entre a FC do LL e da Vmax
(r=0,99) foi significante, assim como a correlação entre a FC do LV e da Vmax (r=0,82) foi
considerada significante, sugerindo que indivíduos com valores maiores de FC no LL e LV
possivelmente terão uma FC
máxima
mais elevada.
Tabela 22. Correlação entre a FC correspondente as intensidades do custo,
LL, LV e V
max
.
Correlação de Pearson – ** (P<0,01) e * (P<0,05).
72
4.2.5 Análise da concentração de lactato [lac] e da PSE verificada nas diferentes
intensidades
A tabela 23 mostra os valores de PSE relatados e a [lac] verificada nas intensidades da
V
custo
, LL, LV e V
max
. Não foram verificadas diferenças significativas (p>0,05) quando
comparadas a [lac] da V
custo
(4,0+
1,5mmol.l
-1
) com a [lac] equivalente ao LL (5,3+1,5mmol.l
-
1
), assim como a [lac] da V
custo
com a [lac] equivalente ao LV (6,3+2,9mmol.l
-1
) (p>0,05) .
A [lac] encontrada no LL (5,3+1,5mmol.l
-1
) não foi diferente (p>0,05) da encontrada
no LV, contudo, as [lac] do LL, LV e Vmax (pico de lac) se mostraram diferentes (p<0,01)
que a [lac] da V
max
(11,9+3,3mmol.l
-1
).
Na comparação entre a PSE, ainda na tabela 23, foi encontrada diferença significativa
(p<0,05) nas comparações entre a PSE do custo (9,8+1,5) com a PSE do LL (13,5+2,0), LV
(14,5+2,0) e com a PSE da V
max
(20+0,0). Portanto, a PSE do custo (9,8+1,5) diferiu (p>0,05)
da PSE do LL (13,5+2,0) que não foi diferente (p>0,05) da PSE LV (14,5+2,0). A PSE
relativa a V
max
diferiu dos valores encontrados em todas as outras intensidades (p<0,05). Não
houve correlação significativa (p>0,05) entre a [lac] e a PSE relativas ao LL (r=-0,07).
Tabela 23. Valores de Lactato (mmol.l
-1
) e PSE encontrados nas intensidades correspondentes
ao custo, LL, LV e V
max
.
* p<0,05 em relação às [lac] encontradas nas intensidades relativas ao custo, LL e LV; #
p<0,05 em relação a PSE relatada nas intensidades relativas ao custo, LL e LV; p<0,05 em
relação a PSE encontrada nas demais intensidades. (ANOVA).
73
Um parâmetro importante é a relação entre o comportamento relativo da FC, do VO
2
e
da velocidade nas diferentes intensidades (V
custo
, LL e LV). A tabela 24 mostra em que
valores percentuais se encontravam as variáveis (velocidade, FC, VO
2
) nas diferentes
intensidades (V
custo
, LL e LV), sempre com referência a seus máximos valores obtidos (V
max
,
FC
max
e VO
2max
).
Não foram verificadas diferenças (p>0,05) quando comparados os valores relativos da
velocidade (85,0+
4,9%), da FC (86,8+2,1%) e do VO
2
(85,2+6,7%) na velocidade do custo.
Na intensidade equivalente ao LL, a FC relativa (93,0+0,8%) não mostrou-se diferente
(p>0,05) da velocidade relativa (90,4+2,7%) e que o VO
2
(90,8+2,6%) (p>0,05). Por fim, não
foram verificadas diferenças (p>0,05) na comparação entre o VO
2
e a velocidade, 90,8+2,6 e
83,0+0,8% respectivamente.
Na intensidade equivalente ao LV, a FC (93,5+3,6%) não demonstrou diferença
significante (p>0,05) dos valores relativos à velocidade (92,2+3,1%) e ao VO
2
(91,6+3,9%).
Não foi encontrada diferença (p>0,05) entre os valores relativos a velocidade (92,2+3,1%) e
ao VO
2
(91,1+3,9%) nessa mesma intensidade.
Tabela 24. Valores percentuais das variáveis velocidade, FC e VO2 quando comparados aos
seus respectivos valores máximos encontrados (V
max
, FC
max
e VO
2max
) nas intensidades
correspondentes ao custo, LL, LV e V
max
.
p>0,05 para todas as comparações. (ANOVA).
74
Figura 11. Ilustra os valores médios de velocidade, FC e VO
2
nas diferentes
intensidades (custo, LL, LV). Ocorreram diferenças entre a FC do LL e a Velocidade e
VO
2
(* p<0,05) e também entre e FC do LV em relação a velocidade e ao VO
2
(#
p<0,05).
4.2.6 Análise das V
max
estimadas (C
VO2
e C
FC
) com a V
max
real.
A tabela 25 mostra a velocidade em que foram realizadas as séries do custo, assim
como os valores de FC e VO
2
obtidos em dois dias distintos de testes (dia 1 e dia 2). Os
resultados mostram que a FC não variou significativamente (P=0,23) quando comparados os
dias 1 e 2, 168,9+10,4 e 166,2+9,1bpm, respectivamente. Não foi verificada diferença (P=0,4)
entre os valores de VO
2
do dia 1 (58,1+3,9 ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
) e do dia 2 (56,3+5,8 ml.O
2
.kg
-
1
.min
-1
).
Tabela 25. V
custo
(km.h
-1
) e os valores FC (bpm) e VO
2
(ml.O
2
.kg
-1
.min
-1
) obtidos nos dias 1 e 2
(sempre com a mesma velocidade).
p>0,05 para todas as comparações (t-student).
75
Podemos observar (tabela 26) os valores da V
max
(real) e a estimada por diversos
parâmetros como C
FCreal
, C
VO2
, C
FCTanaka
e C
FCKarvonen
. A V
max
estimada pelo C
FCTanaka
e pelo
C
FCKarvonen
não passaram no teste de normalidade (KS), (p=0,016) e (p=0,025)
respectivamente. o foram encontradas diferenças significativas quando comparadas as
variáveis V
max
(real), V
max
(C
FCreal
) e V
max
(C
VO2
), 18,2+
1,2, 17,8+1,6 e 18,2+1,6km.h
-1
respectivamente. Também não foram encontradas diferenças quando comparadas a V
max
(real), V
max
(C
FCKarvonen
) e V
max
(C
VO2
) 18,2+1,2, 18,4+1,0 e 18,2+1,6km.h
-1
respectivamente.
Por fim, nas comparações entre V
max
(real), V
max
(C
FCTanaka
) e V
max
(C
VO2
) (18,2+1,2, 17,8+1,9
e 18,2+1,6km.h
-1
) também não foram encontradas diferenças significativas.
As figuras 9, 10, 11 e 12 apresentam as plotagens propostas por Bland & Altman (1986)
para verificação de concordância entre as medidas, reais e estimadas, da V
max
obtida a partir
dos custos de FC e VO
2
. No eixo y estão plotadas as diferenças individuais em função das
médias observadas nos dois testes (eixo x).
Tabela 26. Valores de V
max
(km.h
-1
) obtidos diretamente (V
max
real), indiretamente pelo custo de
VO
2
(V
max
C
VO2
) e indiretamente pelos custos de FC direta (C
FC
direta), FC indireta Tanaka
(C
FC
Tanaka) e FC indireta Karvonen (C
FC
Karvonen).
Não foram encontradas diferenças entre as variáveis (P>0,05). (ANOVA)
76
Figura 12. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
FcKarvonen
(n = 6).
Figura 13. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
FCreal
(n = 6).
77
Figura 14. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
VO2
(n = 6).
Figura 15. Plotagem de Bland-Altman para comparações entre o V
max
real e a V
max
estimada pelo C
FC-Tanaka
(n = 6).
78
5. Discussão
O presente estudo investigou, principalmente, a possibilidade em se estimar a Vmax
através do C
FC
e outros parâmetros de avaliação funcional, como PSE, C
VO2
, limiar de lactato,
limiar ventilatório, VO
2
máx e velocidade crítica. Dentre os principais resultados encontrados
destaca-se, visto ter sido o norteador do estudo, a validade, para os grupos em questão, do C
FC
como variável eficiente a ser usada na estimativa da Vmax.
A seguir discutiremos esse parâmetro, assim como os demais, cientes das limitações
envolvidas no estudo, tais como: 1) número de sujeitos em cada grupo e a diferença desse
entre os grupos; 2) variação no número de séries preditivas utilizadas para obtenção da
velocidade crítica; 3) inspeção visual realizada por apenas um avaliador na obtenção do limiar
de lactato (IAT) e limiar ventilatório e 4) outras, que certamente devem ser consideradas,
entretanto, não conseguimos visualizar.
Sendo relativizadas as considerações acima, uma das maiores dificuldades que
encontramos durante a fase em que foram realizados os testes do estudo piloto foi de
estabelecer um protocolo padrão que possibilitasse, através do custo, se estimar a Vmax de
forma eficiente e, posteriormente, outros parâmetros. Algumas precauções foram tomadas
principalmente no que diz respeito à intensidade individual (velocidade) em que seriam
realizadas as sessões.
Essa cautela fundamenta-se no fato das sessões mencionadas resultarem em dados
utilizados para obtenção, tanto no custo de FC quanto no custo de VO
2
. Entendemos que,
baseados em pré-testes, a intensidade de realização do custo deveria estar abaixo, mas
próxima à intensidade do limiar anaeróbio. Para tanto, padronizamos que a PSE nortearia a
definição da intensidade e que a mesma deveria estar em valores entre 10 e 13, visto que
BORG (1985) sugeriu valores entre 12 – 13 como sendo o limiar anaeróbio.
79
No presente estudo a PSE média obtida (tabela 11), para o grupo 1, nas 2 sessões
utilizadas para obtenção do custo, foi de 11,6+
2,0, valor que atende aos métodos por estar
estreitamente abaixo e não diferir estatisticamente da PSE do limiar de lactato, que foi de
12,6+1,6 (tabela 11). Entretanto, no grupo 2, a PSE obtida na intensidade do custo foi de
9,8+1,5, ficando abaixo dos valores pré-determinados e diferente estatisticamente da PSE
relatada no limar de lactato 13,5+2,0 (tabela 23).
Analisando os resultados mencionados, observa-se que a PSE encontrada no G1 está
de acordo com os valores sugeridos por BORG (1982) e abaixo dos encontrados por
DEMELLO e colaboradores (1987) em um estudo com grupo (não atletas) e ergômetro
(esteira) semelhantes aos nossos, encontrando valores de PSE de 13,5+1,5. Nesse mesmo
estudo, DEMELLO investigou também um grupo de homens treinados com características
semelhantes a nossa amostra (G2), encontrando valores de PSE em 13,6+2,1, similar aos
valores encontrados no G2 (13,5+2,0).
Além da PSE, outro parâmetro que pode refletir a intensidade em que foi realizado o
custo é a [lac]. No grupo 1, na intensidade do custo, a [lac] ficou em 3,7+1,1mmol.l
-1
, não
sendo diferente estatisticamente da encontrada na intensidade do limiar de lactato
3,9+1,2mmol.l
-1
(tabela 11). Semelhantemente, o G2 apresentou concentrações de lactato na
intensidade do custo de 4,0+1,5mmol.l
-1
e 5,3+1,5mmol.l
-1
na intensidade do limiar de lactato
(tabela 23), diferença que não foi estatisticamente significante. Esses resultados mostram que
a intensidade em que foi realizado o custo gerou concentrações semelhantes de lactato quando
comparada à intensidade do limiar de lactato.
Em relação as [lac] encontradas na intensidade do limiar de lactato, os resultados
ficam próximos dos relatados por autores que definem uma concentração fixa de 4mmol.l
-1
como, por exemplo, HECK et al. (1985) e URHAUNSEN et al. (1993). Entretanto, no mesmo
estudo de HECK et al. (1985), verificou-se que a máxima fase estável de lactato variou em
80
concentrações entre 3,1 e 5,5 mmol.l
-1
. No presente estudo, os resultados encontrados, quando
considerados os extremos de ambos os grupos em relação a [lac] no limiar, os valores foram
de 2,2 e 7,7mmol.l
-1
, extrapolando os resultados encontrados por HECK et al. (1985) que se
pronunciam em relação a MFEL que, teoricamente, deveria corresponder a intensidade do
limiar.
Assim como a [lac], a freqüência cardíaca e o consumo de oxigênio são importantes
sinalizadores da intensidade do exercício. No presente estudo, ainda comparando a
intensidade de realização do custo e a intensidade relativa ao limiar de lactato, a FC
apresentou valores diferentes estatisticamente quando comparadas essas duas intensidades.
Entretanto, apesar de parâmetros como PSE e [lac] não terem diferido nas comparações
anteriores realizadas no G1, na intensidade de obtenção do custo, a FC ficou em média de
161,1+
8,2bpm, ou seja, 8% abaixo do valor encontrado na intensidade relativa ao limiar que
foi de 175,2+8,7bpm (tabela 9). Semelhantemente, os valores de VO
2
se mostraram
diferentes, quando realizada a mesma comparação, ficando em 40,1+2,9 e
43,1+2,5ml.O
2
.kg.min.
-1
, para intensidade do custo e intensidade do limiar, respectivamente, e
com diferença percentual de aproximadamente 7%, muito próximo da diferença verificada na
FC (8%).
No entanto, a mesma comparação realizada no G2, observamos que assim como a [lac]
e diferentemente da PSE, a FC não foi diferente estatisticamente quando comparadas as
intensidades de realização do custo com a intensidade do limiar de lactato, 167,5+9,4 e
179,5+9,9bpm respectivamente, com uma diferença aproximada de 7%. Semelhantemente, o
VO
2
também não diferiu quando comparadas as duas intensidades, ficando em valores médios
de 57,2+4,3ml.O
2
.kg.min.
-1
(intensidade do custo) e 61,2+5,5ml.O
2
.kg.min.
-1
(intensidade do
LL), com diferença percentual (não significante) de aproximadamente 6,5%.
81
Por fim, as velocidades registradas na série de obtenção do custo e na intensidade do
limiar de lactato foram estatisticamente diferentes, sendo 10,5+
0,8 e 10,9+0,8 km.h
-1
,
respectivamente, sendo que a diferença relativa foi de aproximadamente 4 %. Porém, para o
grupo de atletas (G2), essa diferença foi de aproximadamente 6%, mas não foi
estatisticamente significante, apresentando valores de 15,4+1,1 km.h
-1
na intensidade de
realização do custo e 16,4+1,1 km.h
-1
na intensidade do limiar de lactato.
Esses dados demonstram que a diferença existente entre as variáveis analisadas nas
intensidades relativas ao custo e ao limiar de lactato é dependente da variável em si e do
grupo em questão. Entretanto, apesar de no grupo 1 as variáveis não demonstrarem valores
homogêneos nas comparações anteriores, haja vista que em algumas diferiram e outras não, os
valores da PSE, FC, [lac], VO
2
e velocidade são mais coesos e, aparentemente, permitem
definir a intensidade de realização do custo com mais precisão.
Entretanto, no grupo dos atletas (G2), os resultados tem um comportamento mais
irregular, principalmente no que se refere a PSE e [lac]. No entanto, vale ressaltar que o grupo
em questão é, de certa forma, pequeno (n=6), e que tais variáveis podem ter um
comportamento mais regular em estudos com um maior número de sujeitos.
Como nosso estudo utiliza diversas variáveis e as correlacionam para melhor
fundamentar nossas conclusões, entendemos que é importante confrontar nossos dados com
os encontrados na literatura, mesmo que não seja nosso objetivo direto.
Alguns autores (SOUZA et al., 2003, SIMÕES et al. 2005) verificaram que a
freqüência cardíaca do limiar anaeróbio ocorre em valores que representam aproximadamente
90 a 92% da freqüência cardíaca máxima. Esses resultados são semelhantes aos encontrados
no presente estudo, visto que a freqüência cardíaca na intensidade do limiar de lactato estava
em valores que correspondia a 89,8 e 93% (G1 e G2 respectivamente) da freqüência cardíaca
máxima.
82
PACHECO et al. (2006), em protocolo de características semelhantes aos utilizados
nesse estudo, e indivíduos de características também semelhantes aos do grupo 1, verificaram
que o limiar anaeróbio ocorreu em velocidade equivalente a 87,8% (10,7 km.h
-1
) da Vmax,
resultados próximos aos encontrados no presente estudo, em que a velocidade do limiar
ocorreu a 82,6% (10,9 km.h
-1
). Em estudo análogo, SILVA et al. (2005), encontrou
velocidade do limiar como sendo equivalente a 86,6% (11,08 km.h
-1
), corroborando com
nossos achados.
Apesar de características diferentes, os resultados obtidos pelos estudos de SILVA et
al. (2005) e PACHECO et al. (2006) se assemelham aos encontrados no grupo 2 do presente
estudo. O limiar do grupo em questão (G2) ocorreu em velocidade equivalente a 90,2% (16,4
km.h
-1
) da Vmax. Entretanto, vale ressaltar que nos estudos de SILVA et al. (2005) e
PACHECO et al. (2006), a Vmax foi estimada através do custo de VO
2
.
Outro estudo que encontrou resultados semelhantes foi o realizado por SIMÕES e
colaboradores (2005). Apesar dos testes serem realizados em pista, as características do grupo
estudado era semelhante as do grupo 2 do presente estudo. Os autores constataram, em uma
amostra de 20 corredores, que o limiar ocorreu em uma velocidade equivalente a 92,4% (16,8
km.h
-1
) da V3000, resultados semelhantes, em valores absolutos e percentuais, aos
encontrados nesse estudo.
Outro parâmetro utilizado para avaliar intensidade foi a velocidade crítica. A maioria
dos estudos apontam a velocidade crítica como uma intensidade de exercício superior ao
limiar anaeróbio e inferior à V
max
(SILVA et al., 2005; SIMÕES et al., 2005;
KRANENBURG & SMITH, 1996) servindo para delimitação dos domínios de intensidade
intenso e severo (SIMÕES et al., 2005). Os resultados encontrados nesse estudo no grupo de
fisicamente ativos (G1) estão de acordo com a literatura, onde a VC superestimou a
velocidade do LL em aproximadamente 5%, ficando, em média, 14% abaixo da Vmax.
83
Além da velocidade crítica, outro parâmetro que pode ser associado à intensidade do
exercício, velocidade no caso, é o limiar ventilatório. O LV vem sendo demonstrado pela
literatura (KOYAL et al., 1976; STEGMANN et al. 1981) como um fenômeno que ocorre na
mesma intensidade do limiar de lactato, e que tal comportamento está associado a ligação
metabólica que existe entre os dois fenômenos (MACARDLE, 2003; SVEDAHL &
MACINTOSH, 2003).
No presente estudo os resultados encontrados no G2 estão de acordo com a literatura,
sendo que a velocidade em que ocorreu o LL não diferiu estatisticamente da velocidade
associada ao LV, respectivamente, 15,4 e 16,4km.h
-1
. Entretanto, o mesmo não ocorreu no
G1, onde foi encontrada diferença estatisticamente significante quando comparadas a
velocidade do LL (10,9km.h
-1
) com a do LV(11,3km.h
-1
).
No entanto, nos estudos de SIMÕES et al. (2003) e PACHECO et al. (2006), a
velocidade associada ao LV, apesar de não diferir estatisticamente da velocidade associada ao
LL, foi “diferente” (superestimou), em média de 0,1km.h
-1
, valor muito próximo da diferença
encontrada nesse estudo, que foi de aproximadamente 0,4km.h
-1
.
Apesar de ser verificada essa diferença entre as velocidades correspondente ao LL e
LV, parâmetros como a FC, o VO
2
e a PSE, não refletem tal resultado. Tanto a FC, como o
VO
2
e a PSE mostraram valores superiores, na intensidade do LV, aos valores verificados na
intensidade do LL, entretanto, essa diferença não foi significativa. Portanto, a diferença
constatada na velocidade pode não refletir uma diferença real, do ponto de vista fisiológico,
entre as duas intensidades estudadas.
No mais, outro fator importante relacionado as variáveis mencionadas, é que, tanto
para o G1 quanto para o G2, a FC e o VO
2
demonstraram aumento semelhante, quando
comparados seus valores nas intensidades relativas a velocidade de obtenção do custo,
84
velocidade do limiar de lactato, limiar ventilatório e Vmax. As figuras 3 e 8, assim como as
tabelas 12 e 24 ilustram tal comportamento.
Esse comportamento de aumento concomitante da FC e do consumo de O
2
está de
acordo com os resultados observados na literatura (ROWELL, 1986; NEGRÃO et al. 1992;
ALONSO et al., 1998) e vem sendo atribuído as respostas metabólicas (LEWIS et al., 1983;)
e autonômicas (GALLO et al., 1989; MITCHELL, 1990) que ocorrem durante o exercício, e
as variações da mesma relacionadas ao incremento de cargas/intensidade.
Como resultado dessa relação proporcional entre essas variáveis, no presente estudo,
baseado no comportamento relatado, foi possível, através das respostas da FC perante o
exercício, se estimar a Vmax. Essa relação utilizada por nós, foi baseada no fundamentado
custo de O
2
(DI PRAMPERO, 1986), que vem sendo utilizado em alguns estudos (PACHECO
et al., 2006; COYLE, 1995).
Os resultados referentes ao G1, demonstram que a Vmax foi, em média, de 13,2km.h
-
1
, não diferindo estatisticamente da Vmax estimada pelo C
VO2
, C
FCreal
, C
FCkarvonen
e C
FCTanaka
,
(13,3 - 12,8 – 12,7 e 12,3km.h
-1
– respectivamente). Entretanto, apesar de nenhum dos
resultados derivados dos métodos utilizados para obtenção da Vmax serem diferentes, o C
VO2
foi o que mais se aproximou da Vmax real.
No entanto, do ponto de vista prático, a Vmax estimada através do custo de FC
utilizando o modelo de obtenção de freqüência cardíaca máxima “proposto” por Karvonen
(220-idade) demonstra grande validade e aplicabilidade, tendo em vista que, nesse
procedimento, a Vmax pode ser obtida indiretamente utilizando-se de recursos viáveis e
acessíveis, como, por exemplo, um cardiofrequencímetro, sendo, portanto, um recurso mais
acessível a grande parte da população, visto que não é necessário um protocolo de exercício
máximo.
85
Semelhantemente, os modelos propostos resultaram em Vmax (estimada) que não foi
diferente estatisticamente da Vmax real no grupo de corredores (G2). Sendo que a Vmax real
(18,2km.h
-1
) não foi diferente de nenhum dos resultados obtidos de forma indireta, C
VO2
(18,2km.h
-1
), C
FCreal
(17,8km.h
-1
), C
FCkarvonen
(18,4km.h
-1
), e C
FCTanaka
(17,8km.h
-1
).
Em análise similar a realizada anteriormente, a Vmax estimada através do C
Fkarvonen
aparenta ser, dentre as alternativas utilizando a FC, a mais viável. No entanto, vale ressaltar
que as variações no G2 das respectivas Vmax foram pequenas quando comparadas as do G1,
e, aparentemente, todos os métodos são viáveis para se estimar tal variável.
A plotagem de Bland & Altman (1986) realizada nas variáveis ligadas ao custo,
fidedigna ainda mais os dados. Portanto, verificamos que, além de não serem verificadas
diferenças significativas entre as velocidades, houve uma boa concordância entre as medidas
obtidas individualmente.
Em suma, apesar dos resultados demonstrarem que o C
FC
é um método eficiente em se
estimar a Vmax, nossos resultados foram obtidos dentro de um protocolo ideal, ou seja,
aferição da freqüência cardíaca no e minuto de exercício constante, em intensidade
abaixo e próxima a do limiar de lactato e através da obtenção dos dados em dois dias
distintos. Portanto, o custo de FC, dentro das condições mencionados, aparenta ser um método
eficaz na estimativa da Vmax de forma indireta.
86
6. Conclusões
A partir dos resultados da presente investigação, conclui-se que:
1) A utilização do custo de freqüência cardíaca, assim como o custo de VO
2
, foi eficiente em
determinar a Vmax de forma indireta, considerando-se tanto a FCmax real, bem como da
FCmax estimada por equações de predição. Dentre as equações utilizadas para estimar a
Fcmax, sugerimos que a equação de Karvonen possa ser a mais recomendada para indivíduos
fisicamente ativos e atletas.
2) As intensidades de limiar de lactato e limiar ventilatório não ocorreram na mesma
velocidade para indivíduos fisicamente ativos, entretanto, na intensidade de ambos os
fenômenos a FC, VO
2
e a PSE não diferiram, o que nos leva a concluir que, apesar de no
presente estudo os fenômenos terem acontecido em velocidades distintas, marcadores
fisiológicos e subjetivos apresentaram valores que não diferiram nas intensidades
mencionadas. Em atletas, as intensidades de limiar de lactato e limiar ventilatório ocorrem em
velocidades que não foram diferentes estatisticamente.
3) O protocolo estabelecido no presente estudo para obtenção dos custos de FC e VO
2
foi
eficiente em se estimar a Vmax. Portanto, as séries de obtenção do custo devem ser duas,
realizadas em dias distintos, em intensidades próximas a do limiar de lactato e com a média
dos valores de FC obtidos entre o 4º e o 5º minuto.
4) As variáveis estudadas apresentaram comportamento similar, de forma relativa, quando
comparados indivíduos fisicamente ativos com atletas.
87
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8. Anexos
8.1 Anexo I - Questionário – Anamnese
Por
favor, responda as perguntas a seguir:
1- Você faz exercícios freqüentemente? ( ) Sim ( ) Não
Há quanto tempo (anos) você pratica atividades físicas? _________________
2- Com que freqüência semanal você pratica exercícios?
( ) 1 ou 2 vezes ( ) 2 ou 3 vezes ( ) 3 ou 4 vezes ( ) 4 ou mais vezes
3- Marque o tipo de exercício que você geralmente faz (marque mais de uma se necessário).
( )corrida ( ) ciclismo ( ) basquete ( ) natação ( ) futebol
( )ginástica ( )caminhada ( )outros (especifique):
___________________________________________________________________________
___________________________________________________
4- Quanto tempo (horas/ minutos) você gasta com suas sessões de atividade física por dia?
Mínimo: ___________________ Máximo: __________________
Data de Nasc: ____/____/_______ Idade:
Endereço:
Bairro: Cidade: Cep:
Telefone para contato: e-mail:
95
5- Você faz exercícios com assistência ou orientação de algum profissional?
( ) Sim ( ) Não
6- Você tem alguma restrição que possa impedir a realização de algum tipo de exercício?
( ) Sim ( ) Não
Se a resposta for sim, por favor, escreva mais detalhes sobre essa restrição:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________
7- Escreva a hora que você geralmente dorme e acorda diariamente:
Hora que dorme: _________________Hora que acorda: _________________
8- Qual é a hora usual que você faz as refeições?
Café da manhã: ______________________
Almoço: ____________________________
Lanche da tarde: _____________________
Jantar: _____________________________
9- Você dorme depois do almoço? ( ) Sim ( ) Não
Quantas vezes por semana? ________________________
Quanto tempo? __________________________________
10 – Indique com um X se alguma dessas questões se aplica a você.
( ) Tem hipertensão
96
( ) Tem pessoas na família com histórias de problemas cardíacos
( ) Tem alguma doença cardíaca
( ) Tem diabetes – Tipo I ( ) ou Tipo II ( )
( ) Tem algum problema ortopédico
( ) Fuma cigarro ou outro produto que contém tabaco
( ) Tem asma ou outros problemas respiratórios
( ) Apresentou recentemente algum mal estar ou distúrbios gastrointestinais
( ) Apresenta alguma disfunção renal
( ) Apresenta algum outro problema de saúde não listado aqui. Qual?
_______________________________________________________________ 11-
Se você faz uso de algum medicamento, liste o que está sendo usado por você diariamente.
12- Eu certifico que as respostas dadas por mim para responder esse questionário são todas
verdadeiras, precisas e completas.
Nome:_________________________________________________
Data: ______de _________________de _________
Assinatura: _________________________________________
97
8.2 Anexo II - Recomendações para os dias das sessões experimentais
No dia anterior aos testes você não deve realizar exercício físico extenuante.
No dia do teste:
- Ter a última refeição sido realizada no mínimo 3 horas antes do teste.
- Estar em abstinência de cafeína nas últimas 24 horas precedentes de cada teste.
- Estar em abstinência de bebidas alcoólicas nas últimas 24 horas precedentes de cada
teste.
- o fazer uso de medicamentos.
- o realizar exercício físico extenuante nas últimas 24 horas precedentes de cada
teste.
- Fazer uso de vestimentas adequadas para a realização do teste (short; camiseta
confortável; tênis esportivo).
- A duração das sessões dos testes será de no mínimo 20 e máximo 40 minutos,
aproximadamente.
98
8.3 Anexo III – Termo de Consentimento livre e esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, __________________________________, livremente e voluntariamente, aceito
ser participante do projeto de pesquisa intitulado: “Relação Entre os Custos de Freqüência
Cardíaca e VO
2
com Parâmetros de Aptidão Aeróbia e Anaeróbia”, sendo o principal
pesquisador Juliano Rodrigues Moreno, aluno regular do Curso de Mestrado em Educação
Física da Universidade Católica de Brasília (UCB). O andamento do estudo estará sendo
supervisionado pelo professor e orientador Dr. Herbert Gustavo Simões.
Estou ciente que para ser voluntário e participar do estudo, terei que conhecer e seguir
os seguintes critérios:
1. Ter idade entre 18 – 30 anos;
2. Ser fisicamente ativo ou atleta corredor (fundista) participante de programa de
treinamento;
3. Todas as informações do histórico de saúde serão respondidas honestamente, para
assegurar minha integridade física e para melhor resultado do estudo, e caso algum
item do histórico de saúde for assinalado eu não poderei participar do estudo.
4. Estou ciente que participarei dos seguintes testes:
Cinco testes de forma randomizada que serão realizados no Laboratório de Estudos em
Educação Física e Saúde (LEEFS) da Universidade Católica de Brasília - UCB em
Taguatinga – DF, precedido de aquecimento e alongamento de 10 minutos. Os testes serão
realizados em um período de 2 semanas com intervalo de 2 dias entres os testes:
Teste 1: Teste de esforço para identificação do Limiar de Lactato e do V
O2max
Consistirá em um exercício de carga progressiva em esteira ergométrica com incrementos
de 0,5 Km.h
-1
até a exaustão voluntária.
99
Teste 2: Série preditiva para determinação da velocidade crítica e CTAn
Consistirá em um protocolo de corrida em esteira inclinação e velocidade constantes. A
velocidade sedefinida após a obtenção de parâmetros do teste 1. O final do teste será
após ter atingido a exaustão voluntária, que deverá ocorrer após 2 a 4 minutos de corrida.
Teste 3: Série preditiva para determinação da velocidade crítica e CTAn
Consistirá em um protocolo de corrida em esteira inclinação e velocidade constantes. A
velocidade sedefinida após a obtenção de parâmetros do teste 1. O final do teste será
após ter atingido a exaustão voluntária, que deverá ocorrer após 6 a 9 minutos de corrida.
Teste 4: Série preditiva para determinação da velocidade crítica e CTAn
Consistirá em um protocolo de corrida em esteira com inclinação e velocidade constantes.
A velocidade será definida após a obtenção de parâmetros do teste 1. O final do teste
acontece com a exaustão voluntária, que deverá ocorrer após 9 a 15 minutos de corrida.
Teste 5: Série preditiva para determinação da velocidade crítica e CTAn
Consistirá em um protocolo de corrida em esteira inclinação e velocidade constantes. A
velocidade sedefinida após a obtenção de parâmetros do teste 1. O final do teste será
após ter atingido a exaustão voluntária, que deverá ocorrer após 15 a 25 minutos de
corrida.
Os testes (2 a 5) serão realizados em ordem randomizada podendo não
corresponder a ordem descrita.
Estou ciente que todos os testes serão acompanhados por um médico cardiologista do
próprio laboratório onde serão feitos todos os testes
Estou ciente de que durante os testes, será feita uma punção no lobo da minha orelha de
onde serão coletados 25µl sangue (mais ou menos 1 gota - 6 a 8 coletas por teste), para avaliar
a resposta do lactato sanguíneo, sendo observado os procedimentos nimos de higiene e
assepsia (luvas, materiais de coleta e lancetas descartáveis). Assim como usarei uma mascara
100
interligada a um analisador de gases durante todos os testes, devidamente
higienizada/desinfetada.
Estou ciente de que existe a possibilidade de alguns desconfortos e riscos esperados da
minha participação nesse estudo, como segue:
Embora o protocolo de exercícios desse estudo não apresente risco significativo à
saúde dos indivíduos, que os procedimentos de coleta de sangue são relativamente
inócuos, existe a possibilidade de desconfortos associados à introdução de uma lanceta
no lóbulo da orelha, que pode provocar uma vermelhidão e incomodo no local;
Os riscos associados à picada no lóbulo da orelha são mínimos. A coleta será feita
pelo investigador principal do estudo, o qual teve o treinamento adequado para fazê-
las da melhor maneira possível. A superfície da pele será limpa com algodão e álcool
antes da coleta da amostra e serão usadas luvas, lancetas e tubos capilares
descartáveis.
Podem ocorrer desconfortos físicos como acidose e náuseas/vômitos devido à fadiga,
dores musculares tardias e pequenos lesões musculares. Muito raramente, em sessões
de exercícios intensos, podem ocorrer desmaios, arritmias e acidentes vasculares. No
entanto, tais desconfortos são improváveis uma vez que tenha sido respondido com
honestidade o histórico de saúde (anamnese). Além disso, os desconfortos
mencionados não representam maiores riscos a saúde devido a idade que se apresenta
(18 a 30 anos) e ao acompanhamento do médico cardiologista durante todos os testes.
Estou ciente que devo fazer a refeição que antecede o teste no mínimo 3h antes, além de
manter-me hidratado, e também não realizar esforço físico intenso e ingerir bebidas alcoólicas
e cafeína 24h antes do esforço.
Estou ciente que todas as informações obtidas no estudo, serão confidenciais, onde
somente o investigador terá acesso.
101
No improvável dano físico resultante de minha participação neste estudo, entendo que os
socorros de emergência serão praticados no local, porém, nenhum benefício especial será
concedido para compensação ou pagamento de um possível tratamento.
Eu entendo que poderei interromper minha participação sem que haja prejuízo, penalidade
ou multas, e poderei parar a execução de um exercício em qualquer momento do teste.
Entendo que minha participação nesse estudo trará informações importantes para mim,
incluindo o limiar anaeróbio, V
max
, Velocidade Crítica, Capacidade de Trabalho Anaeróbio,
avaliação antropométrica, máximo consumo de oxigênio, Eletrocardiograma de repouso e
exercício, além de avaliação da composição corporal, desde que sejam realizados todos os
testes.
Esses dados serão de grande importância para um profissional da área, podendo assim,
melhorar meu rendimento e/ou qualidade de vida. Sei que os dados obtidos durante a pesquisa
serão publicados em revistas especializadas sem que minha identidade seja revelada.
Este consentimento pode ser retirado a qualquer instante, sem preconceito, penalidade ou
perda de benefícios. Tenho direito de perguntar e responder possíveis dúvidas referentes ao
estudo, as quais serão esclarecidas com prazer e satisfação por todos os envolvidos. Entendo
que posso contatar o pesquisador Juliano Rodrigues Moreno, nos telefones: 3352-2915 e
8157-6761, para possíveis esclarecimentos referentes a este estudo, ou sobre minha
participação.
Declaro que li e compreendi este termo de consentimento.
Assinatura do voluntário: ________________________________________
Assinatura do pesquisador: _______________________Data: ___/___/___
102
8.4 Anexo IV – Ficha de controle dos procedimentos experimentais.
8.5 Anexo V – Ficha de avaliação antropométrica e identificação do voluntário.
103
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