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Alessandro Goedtel
Estimador Neural de Velocidade
Para Motores de Indução
Trifásicos
Tese apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, sendo
parte dos requisitos para obtenção do
título de Doutor em Engenharia
Elétrica.
Orientador: Prof. Dr. Ivan Nunes da Silva
São Carlos
2007
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iii
Dedico este trabalho com carinho e estima à minha
esposa Cláudia pelo incentivo e paciência durante as
pesquisas, estudos e elaboração desse trabalho. E ao meu
pai Evaldo pelo incentivo aos meus estudos.
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iv
______________________________________________________________________
v
Agradecimentos
Este trabalho teve a colaboração de diversas pessoas e instituições. Elencar
todos os nomes e contribuições é uma tarefa árdua, havendo a possibilidade de
deixar alguém sem o devido reconhecimento expresso nessas linhas. Desde já me
desculpo por alguma omissão. Sendo dever de ofício e tradição atrevo-me a tentar.
Ao Prof. Dr. Ivan Nunes da Silva pelos seus ensinamentos em sistemas
inteligentes, pelas sugestões no decorrer do desenvolvimento deste trabalho, pelo
apoio na elaboração dos projetos de solicitação de recursos para construção de uma
bancada experimental encaminhados à FAPESP e pela revisão dos artigos
publicados.
Aos colegas Eng. MSc. Antônio Vanderlei Ortega, Eng. Dr. Rogério Andrade
Flauzino, Eng. MSc. Danilo Hernane Spatti, Eng. MSc. Wesley Fernando Usida, Eng.
Dr. Claudionor Francisco do Nascimento, Eng. MSc. Edimilson Sanagiotti, Eng.
Marcelo Suetake, Eng. Sérgio Ferreira da Silva, Eng. Cristiano Minotti e demais
colegas pelas inúmeras contribuições ao trabalho.
Aos técnicos de laboratório da Universidade Estadual Paulista
(UNESP/FEB/DEE) Eng. Edson Oshiro, Helton Roberto Gonzáles, Manoel Rodrigues
Porcino da Silva, Osmar Luis Matinelli e ao técnico de laboratório da Universidade de
São Paulo (USP/EESC/SEL) Rui Bertho pelo auxílio na construção da bancada de
testes desenvolvida neste trabalho.
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
pelo auxílio financeiro concedido no período de realização deste trabalho, na forma
de bolsa de estudos sem a qual o mesmo não seria possível (Processo n
o
.
142326/2005-4).
______________________________________________________________________
vi
À FAPESP (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo), pelo
auxílio financeiro concedido no período de realização deste trabalho, na forma de
projetos de pesquisa, os quais viabilizaram a construção de uma estrutura de ensaio
de máquinas elétricas e a validação dos modelos computacionais propostos
(Processos n
o
. 03/11353-0 e 06/56093-3).
À Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP) que acolheu este
trabalho de doutorado, através da destinação de espaço físico e apoio
administrativo, traduzindo assim a grandiosidade da instituição e visão de futuro.
______________________________________________________________________
vii
Porque Dele e por meio Dele, e para Ele são todas
as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém.
Romanos 11,36.
Uma mente que se abre para uma nova idéia,
jamais retornará ao seu tamanho original.
Albert Einstein.
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viii
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ix
Resumo
GOEDTEL, A. (2007). Estimador Neural de Velocidade Para Motores de
Indução Trifásicos. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2007.
Este trabalho apresenta uma estratégia para a estimativa de velocidade do
motor de indução trifásico baseada em redes neurais artificiais utilizando medidas de
variáveis primárias como tensão e corrente. O uso de motores de indução trifásicos
é uma constante em diversos setores industriais e de grande importância no cenário
energético nacional. A maioria das metodologias de controle, partida e especificação
destes motores é fundamentada nas medidas de velocidade no eixo. Entretanto, a
medida direta da velocidade compromete o sistema de controle e acionamento
diminuindo sua robustez e aumentando o custo de implementação. Resultados de
simulação e de ensaios experimentais para validação da proposta são também
apresentados.
Palavras chave: Motor de indução trifásico, estimador de velocidade, redes
neurais artificiais.
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x
______________________________________________________________________
xi
Abstract
GOEDTEL, A. (2007). Speed Neural Estimator for the Three-Phase Induction
Motors. Thesis (Doctorate Degree) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2007.
This work presents an approach to estimate speed in induction motors based
on artificial neural networks and using measurement of primary variables like voltage
and current. The use of induction motors is very common in many industrial sectors
and plays an important role in the national energetic scene. The methodologies used
in control, start up and dimensioning of these motors are based on measure of the
speed variable. However, the direct measure of this variable compromises the
system control and start up of the machine, reducing its robustness and increasing
the implementation costs. Simulation results and experimental data are presented to
validate the proposed approach.
Keywords: Three-phase induction motors, speed estimator, artificial neural
networks.
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xii
______________________________________________________________________
xiii
Lista de Siglas e Abreviaturas
CA = Corrente Alternada
CC = Corrente Contínua
CV = Controle Vetorial
CDT = Controle Direto de Torque
DTC = Direct Torque Control
FFT = Fast Fourier Transform
IFFT = Interpolated Fast Fourier Transform
IFOC = Indirect Field Oriented Control
LN = Lógica Nebulosa
MCA = Máquina de Corrente Alternada
MCC = Máquina de Corrente Contínua
MIT = Motor de Indução Trifásico
PWM = Pulse Width Modulation
RNA = Redes Neurais Artificiais
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xiv
______________________________________________________________________
xv
Lista de Figuras
FIGURA 1.1 – Proposta do trabalho............................................................................6
FIGURA 3.1 – A arquitetura perceptron multicamadas. ............................................25
FIGURA 3.2 Diagrama esquemático da rede perceptron.......................................26
FIGURA 4.1 – Esquema experimental para simulação de cargas. ...........................46
FIGURA 4.2 – Quadro de comando: (a) vista frontal; (b) detalhe da conexão. .........49
FIGURA 4.3 – Quadro de comando: (a) disposição dos variadores de tensão no
painel; (b) disposição dos variadores de tensão na parte posterior do painel
frontal; (c) ligação dos variadores de tensão ao barramento do quadro de
comando; (d) detalhe construtivo do variador de tensão utilizado no quadro
de comando. ................................................................................................50
FIGURA 4.4 – Diagrama em blocos da operação do gerador CC.............................52
FIGURA 4.5 – Seção de um semicondutor do tipo p submetido a um campo elétrico
e magnético. ................................................................................................52
FIGURA 4.6 – Sensor Hall de corrente com realimentação do sinal de saída. .........55
FIGURA 4.7 – Transformação de corrente em tensão. .............................................56
FIGURA 4.8 – Condicionamento de sinal do sensor Hall..........................................57
FIGURA 4.9 – Diagrama de conexão elétrica. ..........................................................59
FIGURA 4.10 – Diagrama de conexão interna ao quadro de comando. ...................60
FIGURA 4.11 – Saída push-pull do encoder óptico...................................................62
FIGURA 4.12 – Vista do conjunto: condicionamento de sinal do encoder óptico e
fonte de alimentação....................................................................................64
______________________________________________________________________
xvi
FIGURA 4.13 – Estrutura metálica: (a) Fixação das máquinas e (b) fixação do
encoder. ...................................................................................................... 65
FIGURA 4.14 – Elemento de fixação: (a) extensão do eixo do MIT, (b) Acoplamento
elástico do encoder, (c) acoplamento elástico das demais máquinas, (d)
acoplamento do MIT com o torquímetro girante utilizando acoplamento
elástico. ....................................................................................................... 67
FIGURA 4.15 – Alinhamento da máquinas............................................................... 68
FIGURA 4.16 – Estrutura de ensaios de máquinas elétricas rotativas. .................... 68
FIGURA 4.17 – Carga da máquina de corrente contínua. ........................................ 69
FIGURA 5.1 – Diagrama esquemático representando as configurações de entradas-
saídas usadas para simular o MIT. ............................................................. 72
FIGURA 5.2 – Diagrama em blocos da metodologia. ............................................... 74
FIGURA 5.3 – (a) Estrutura de treinamento e teste da RNA e (b) detalhe do bloco
para o cálculo do valor eficaz utilizando Matlab/Simulink............................ 76
FIGURA 5.4 – Curvas de simulação do MIT as quais representam as diversas
situações de carga e a faixa tensão de operação (NBR7094/1996). .......... 77
FIGURA 5.6 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente............................................... 81
FIGURA 5.7 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente............................................... 81
FIGURA 5.8 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente............................................... 82
FIGURA 5.9 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente............................................... 82
______________________________________________________________________
xvii
FIGURA 5.10 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-224V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente................................................83
FIGURA 5.11 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente................................................83
FIGURA 5.12 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente................................................84
FIGURA 5.13 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente................................................84
FIGURA 5.14 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente................................................85
FIGURA 5.15 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente................................................85
FIGURA 5.16 – Estrutura de ensaios. .......................................................................88
FIGURA 5.17 – Sensores Hall de corrente e tensão da máquina CC. ......................88
FIGURA 5.18 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 2,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação......................................................................................................90
FIGURA 5.19 – Medidas de tensão, corrente e velocidade. .....................................91
FIGURA 5.20 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 2,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado. ..................................................................................92
FIGURA 5.21 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado. ..................................................................................93
______________________________________________________________________
xviii
FIGURA 5.22 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 94
FIGURA 5.23 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 94
FIGURA 5.24 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 95
FIGURA 5.25 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 3,8 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 95
FIGURA 5.26 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 5,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 96
FIGURA 5.27 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 3,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 96
FIGURA 5.28 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 97
FIGURA 5.29 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 6 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado................................................................................... 97
______________________________________________________________________
xix
FIGURA 5.30 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.........................................100
FIGURA 5.31 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 2 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.........................................101
FIGURA 5.32 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.........................................101
FIGURA 5.33 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 4 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.........................................102
FIGURA 5.34 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.........................................102
FIGURA 5.35 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 6 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.........................................103
______________________________________________________________________
xx
______________________________________________________________________
xxi
Lista de Tabelas
TABELA 5.1 – Parâmetros do MIT............................................................................73
TABELA 5.2 – Faixas de tensão e índice da estrutura neural...................................78
TABELA 5.3 – Erro médio e desvio padrão entre as velocidades real e estimada no
eixo do motor de indução trifásico. ..............................................................86
TABELA 5.4 – Erro médio e desvio padrão recalculado entre as velocidades real e
estimada no eixo do motor de indução trifásico...........................................87
TABELA 5.5 – Parâmetros da rede neural artificial proposta. ...................................87
TABELA 5.6 – Erro médio e desvio padrão entre as velocidades real e estimada no
eixo do motor de indução trifásico. ..............................................................98
TABELA 5.7 – Erro médio e desvio padrão entre as velocidades real e estimada no
eixo do motor de indução trifásico para o estimador neural e o modelo de
referência...................................................................................................103
______________________________________________________________________
xxii
______________________________________________________________________
xxiii
SUMÁRIO
Agradecimentos ........................................................................................................v
Resumo .....................................................................................................................ix
Abstract.....................................................................................................................xi
Lista de Siglas e Abreviaturas ..............................................................................xiii
Lista de Figuras.......................................................................................................xv
Lista de Tabelas .....................................................................................................xxi
1 Introdução..........................................................................................................1
1.1 Motivação e Relevância da Tese ................................................................1
1.2 Objetivos e Justificativas da Tese ...............................................................3
1.3 Principais Contribuições da Tese................................................................5
1.4 Disposição do Trabalho...............................................................................9
2 Aspectos Relacionados ao Controle e à Estimação Paramétrica do Motor
de Indução Trifásico .......................................................................................11
2.1 Aspectos Relacionados ao Controle do MIT .............................................12
2.2 Aspectos Relacionados à Estimação Paramétrica do MIT........................17
3 Fundamentos e Conceitos de Inteligência Computacional.........................23
3.1 Fundamentos das Redes Neurais Artificiais..............................................23
3.1.1 A Rede Perceptron Multicamadas ..................................................24
3.1.2 Algoritmo de Treinamento da Rede Perceptron .............................25
3.1.3 Algoritmo de Levenberg-Marquardt ................................................31
3.1.4 Algoritmo de Levenberg Regularizado ...........................................34
3.2 O Processo de Validação Cruzada (Crossvalidation)................................35
3.3 As Redes Neurais Artificiais Aplicadas em Máquinas Elétricas Rotativas.38
______________________________________________________________________
xxiv
4 Desenvolvimento de Uma Estrutura de Ensaios de Máquinas Elétricas
Rotativas.......................................................................................................... 45
4.1 Aspectos Relacionados à Máquina CC .................................................... 50
4.2 Sensores Hall ........................................................................................... 52
4.2.1 Sensores Hall de Corrente............................................................. 53
4.2.2 Condicionamento de Sinal ............................................................. 55
4.2.3 Sensores Hall de Tensão............................................................... 58
4.2.4 Sensores Hall: Aplicação ............................................................... 59
4.3 Encoder Óptico e Seu Condicionamento de Sinal.................................... 60
4.4 Bancada de Ensaios: Acoplando as Máquinas......................................... 64
4.4.1 Estrutura Metálica da Bancada de Ensaios ................................... 65
4.4.2 Montagem do Conjunto Completo ................................................. 66
5 Uma Contribuição aos Estimadores de Velocidade Utilizando Redes
Neurais Artificiais ........................................................................................... 71
5.1 Aspectos da Modelagem do MIT .............................................................. 71
5.2 Metodologia e Simulação ......................................................................... 73
5.2.1 Treinando as RNA ......................................................................... 75
5.2.2 Resultados de Simulação: Validação Cruzada .............................. 80
5.2.3 Resultados Experimentais ............................................................. 88
5.2.4 Resultados da Bi-Validação Cruzada ............................................ 89
5.2.5 O Processo de Bi-Validação Cruzada Modificado ......................... 91
5.3 Estudo Comparativo Entre RNA e Modelo de Referência ........................ 98
6 Conclusões Gerais e Trabalhos Futuros.................................................... 105
6.1 Conclusões Gerais ................................................................................. 105
6.2 Futuras Linhas de Pesquisa ................................................................... 107
6.3 Publicações Relativas ao Trabalho......................................................... 108
Referências Bibliográficas................................................................................... 113
Apêndice A .............................................................................................................123
______________________________________________________________________
xxv
_______________________________________________________________________
1
1 Introdução
1.1 Motivação e Relevância da Tese
Os Motores de Indução Trifásicos (MIT) são usados em muitos setores industriais,
sendo o principal elemento para converter energia elétrica em mecânica motriz.
Suas principais características se fundamentam no baixo custo e robustez.
As aplicações destes motores podem ser divididas em dois grandes grupos:
o primeiro grupo é aquele em que o motor trabalha sempre à mesma velocidade, ou
seja, uma vez dada sua partida, não há elemento de controle sobre sua velocidade
ou regime de operação. O segundo grupo, por sua vez, é aquele onde os processos
em que os motores estão acoplados necessitam a aplicação de uma metodologia de
controle de velocidade (escalar ou vetorial).
A velocidade nos eixos dos motores de indução pode ser medida com
encoders ópticos, resolvers eletromagnéticos ou tacogeradores baseados em
motores de corrente contínua sem escovas. Entretanto, o uso destes dispositivos
eletromecânicos apresenta certa limitação em sua aplicação, tais como o aumento
do custo do dispositivo de partida, redução da robustez mecânica, baixa imunidade
ao ruído, alteração da inércia da máquina, além de exigir especial atenção em
ambientes hostis (VAS, 1998).
O uso de técnicas sensorless se encontra principalmente em aplicações de
alto desempenho como Controle Vetorial (CV) e Controle Direto de Torque (CDT).
As principais metodologias empregadas originam-se em estimadores de malha
aberta com monitoramento de corrente e tensão do estator, observadores de estado,
_______________________________________________________________________
2
sistemas de referência com modelos adaptativos e estimadores baseados em
sistemas inteligentes, os quais advêm principalmente das Redes Neurais Artificiais
(RNA) e Lógica Nebulosa (LN) (VAS, 1998).
Outras questões que envolvem a partida e especificação do motor de
indução também utilizam a velocidade como variável primária. Dois métodos de
partida se destacam por sua simplicidade, robustez e baixo custo. O primeiro método
é o da partida com chave estrela-triângulo e o segundo com autotransformador.
Estes métodos, apesar de serem simples em sua implementação, possuem
algumas limitações em sua operacionalidade. Por exemplo, se houver mudança na
chave de ligação de estrela para triângulo ou mudança de tap no autotransformador
enquanto a carga estiver acelerando, o transitório de corrente pode se igualar ao de
uma partida direta anulando o efeito do método de partida.
Os motores elétricos são considerados os maiores consumidores de energia
elétrica e principais conversores de energia elétrica em mecânica, conforme
demonstram as pesquisas citadas ao longo deste trabalho. O MIT é o motor mais
vendido e instalado no setor industrial, pois suas características de baixo custo de
aquisição e robustez traduzem as necessidades dos processos produtivos.
Entretanto, não há consenso sobre um método genérico para estimação de
velocidade visando atender às diversas necessidades para sistemas a laço aberto
ou controle realimentado; quais sejam: i) regime permanente ou regime transitório, ii)
alimentação senoidal ou não-senoidal, iii) variações paramétricas observadas ao
longo de sua operação devido à temperatura, iv) variações paramétricas observadas
ao longo de sua operação em regime transitório, v) variações de carga, vi) variação
de tensão de alimentação, e vii) esforço computacional envolvido nesta estimativa.
_______________________________________________________________________
3
A prova desta afirmativa está na busca incessante de métodos para estimar
velocidade e outros parâmetros como fluxo eletromagnético, resistências de rotor e
estator, torque de carga etc, ao longo de mais de duas décadas de pesquisa,
registrados e divulgados em importantes periódicos de circulação nacional e
internacional.
Assim, a principal motivação deste trabalho está no desenvolvimento de uma
metodologia que estime a velocidade do motor de indução trifásico, considerando
uma grande faixa de operação de alimentação e conjugado de carga, do transitório
ao regime permanente. A simplicidade computacional e a robustez frente à variação
de parâmetros de alimentação e alteração de carga no eixo são questões de grande
relevância na estimativa de velocidade. Ainda, de forma complementar, é de
fundamental importância considerar as variações de parâmetros internos da
máquina, tais como resistência do rotor e estator com a elevação da temperatura.
1.2 Objetivos e Justificativas da Tese
Esta tese tem por objetivo o desenvolvimento de um método robusto para estimativa
de velocidade em motores de indução trifásico, do transitório ao regime permanente,
para aplicações típicas como determinação do rendimento e eficiência energética,
partida e controle.
Em termos de eficiência energética, no trabalho de El-Ibiary (2003) é
proposto um método alternativo e de baixo custo para determinação da eficiência
energética de um motor de indução instalado numa planta industrial. O autor propõe
o uso de medidas de tensão, corrente e potência de entrada, resistência de estator e
a velocidade no rotor. Em Damasceno et al. (2002), os autores sugerem dois
_______________________________________________________________________
4
métodos para determinação do rendimento do motor. Em ambos os métodos há a
necessidade de medida de velocidade no eixo do motor, além da medição de
potência elétrica.
No trabalho de Goedtel (2003) foi proposto um estimador de conjugado de
carga para motores de indução trifásicos baseado em redes neurais artificiais. O
estimador tem como entrada medidas de tensão e corrente eficaz e velocidade no
eixo. A saída da estrutura neural é o conjugado de carga aplicado ao eixo do motor.
Em Goedtel et al. (2004 e 2006b) foi proposta uma estrutura neural em cascata no
sentido de eliminar o sensor de velocidade e reduzir o custo da implementação da
proposta de Goedtel (2003).
Alguns métodos de partida de máquinas elétricas, muito utilizados na
indústria, requerem o conhecimento da velocidade do motor de indução para o
instante exato da comutação dos contatores. Conforme as considerações sobre
métodos de partida no manual de um fabricante nacional de motores, espera-se que
a velocidade atinja entre 90% e 95% de sua rotação nominal para comutar da
posição estrela para triângulo num MIT.
Desta forma, há a necessidade de medir (ou estimar) a velocidade do MIT
com o objetivo de determinar o exato, ou aproximado, instante de comutação da
chave (GOEDTEL et al., 2006). Atualmente, esta comutação é feita de forma manual
com a intervenção do operador ou através de um circuito temporizador. Entretanto, a
imprecisão destes métodos (manual ou temporizado) pode acarretar valores de pico
de corrente de linha muito próximos aos verificados na partida direta.
Em Goedtel et al. (2006) foi proposto um estimador de velocidade para
comutação estrela-triângulo em motores de indução trifásicos. Quando o motor
atinge 90% de sua velocidade nominal o controle acionava o contator responsável
_______________________________________________________________________
5
pela ligação em triângulo e desligava o contator responsável pela ligação em estrela.
Após este instante o estimador de velocidade deixava de atuar no processo, pois
sua função já havia se encerrado.
Diversas variáveis que envolvem a dinâmica elétrica e mecânica do MIT são
objeto de estudos. Dentre as variáveis elétricas, citam-se as resistências de rotor e
estator, as indutâncias de rotor, estator e magnetização, além do fluxo
eletromagnético. Entre as variáveis mecânicas o torque de carga e o torque
eletromagnético são de grande importância no controle do MIT. A velocidade, outra
variável mecânica, é de especial interesse em algoritmos de controle, tais como
controle vetorial indireto, controle direto de torque e controle por escorregamento
controlado.
Observa-se, através das diversas referências apresentadas neste trabalho, a
constante pesquisa por metodologias que estimem a velocidade do motor de
indução trifásico, do transitório ao regime permanente, com um erro baixo e com
reduzido esforço computacional. O desenvolvimento de um modelo (ou metodologia)
simples e robusto, que atenda as necessidades da indústria em relação ao controle
e partida destas máquinas, é um dos objetivos de diversos centros de pesquisa
espalhados pelo mundo e atestado pelas diversas publicações em mais de duas
décadas.
1.3 Principais Contribuições da Tese
A proposta desta tese é contribuir com as pesquisas na área de estimadores
paramétricos para o motor de indução. Em especial, propõe-se um estimador de
velocidade para o motor de indução trifásico com medidas primárias de tensão e
_______________________________________________________________________
6
corrente de estator numa multi-estrutura dividida pela tensão de alimentação da
máquina. A FIGURA 1.1 ilustra a proposta deste trabalho.
Na FIGURA 1.1 a tensão e a corrente são medidas com sensores Hall e a
velocidade medida com encoder óptico. Ao MIT são impostas situações de carga e
alimentação (sub-tensão e sobretensão) encontradas nos ambientes produtivos. O
condicionamento de sinais, descrito nos blocos acima, calcula o valor eficaz do sinal
e faz a conversão Analógica/Digital (A/D). A estrutura neural, após treinamento
supervisionado, estima o valor da velocidade no eixo do MIT. Este sinal é
comparado com o sinal de velocidade medido, devidamente condicionado, gerando
o sinal de erro; ou seja, a diferença entre sinal medido e estimado.
Dentro da proposta desta tese, assume-se a divisão por faixas de tensão.
Logo, tem-se uma estrutura neural para cada faixa de tensão considerada e
obedecendo aos limites de operação da máquina de indução impostos pela NBR
7094/1996. Há então uma multi-estrutura neural operando para estimar a velocidade
do motor de indução trifásico. O trabalho de Goedtel (2003) utilizou esta multi-
estrutura, por faixa de tensão, para estimar torque de carga.
FIGURA 1.1 – Proposta do trabalho.
_______________________________________________________________________
7
Através da pesquisa à literatura, percebe-se a necessidade de conectar a
realidade física de um sistema dinâmico multivariável e variante no tempo, que é o
caso da maioria das máquinas elétricas – em especial o motor de indução trifásico –
com um sistema de baixo custo computacional para realizar a estimação
paramétrica.
Apresenta-se neste trabalho, no sentido de completar a proposta de um
estimador de velocidade para o motor de indução trifásico, uma modificação no
método de validação cruzada; a saber: o método de bi-validação cruzada e o
método de bi-validação cruzada modificado.
O método da validação cruzada (crossvalidation) é muito utilizado para
validar uma estrutura neural. Após o processo de treinamento da rede neural
artificial, alguns dados os quais são chamados de teste, são apresentados à
estrutura neural e verifica-se a capacidade da rede em generalizar soluções.
A partir do modelo físico do sistema (ONG, 1997; KRAUSE el tal, 2002) foi
possível gerar os dados de treinamento da estrutura neural proposta neste trabalho.
Dividiu-se em faixas de tensão e diferentes valores de conjugado de carga conforme
Goedtel (2003). As simulações geraram dados suficientes para o treinamento da
rede neural e sua validação.
O método de bi-validação proposto apresenta dados experimentais à rede
neural treinada com dados de simulação. Tem-se com isso uma segunda etapa de
validação da mesma rede. Os resultados de generalização obtidos demonstram que
em regime permanente o valor estimado e o valor real (medido na bancada de
ensaios) são muito próximos e com erro muito baixo. Entretanto, em regime
transitório, o erro entre o valor estimado e valor real são elevados.
_______________________________________________________________________
8
Em tal situação, insere-se uma modificação no método de bi-validação
cruzado. O modelo do sistema, o qual é responsável por gerar os dados de
treinamento, não contempla todos os aspectos relacionados à dinâmica da máquina;
a saber: a saturação eletromagnética, o efeito pelicular, variação dos parâmetros
com a temperatura e as perdas por atrito e ventilação. De forma complementar, os
dados obtidos por meio de simulação não contemplam as imperfeições dos sensores
envolvidos na aquisição dos dados reais; a citar: ruídos, deriva térmica, respostas
não-lineares em algumas faixas de operação.
Desta forma, no sentido de superar as diferenças entre modelo e realidade
física, propõe-se uma modificação no método de bi-validação. A proposta deste
trabalho, no sentido de contemplar o regime permanente e transitório, consiste em
re-treinar a estrutura neural inserindo um pequeno número de dados experimentais
no conjunto de treinamento e validá-la novamente, com dados experimentais.
Esta modificação contribui também com as pesquisas na área de redes
neurais artificiais uma vez que a indisponibilidade de dados de treinamento torna a
aplicação desta metodologia proibitiva. Entretanto, a partir do modelo do sistema,
gera-se dados de simulação e insere-se uma pequena quantidade de dados
experimentais no conjunto de treinamento.
Tais dados foram obtidos através de uma estrutura de ensaios de máquinas
elétricas projetada e desenvolvida no período deste trabalho de doutorado com
financiamento da FAPESP. Descreve-se também, de forma detalhada, a construção
desta estrutura. A metodologia experimental foi proposta no ano de 2003 (projeto
FAPESP) e não havia na época estrutura similar descrita na literatura.
_______________________________________________________________________
9
1.4 Disposição do Trabalho
Uma breve introdução envolvendo os aspectos da estimativa de parâmetros do MIT
e as propostas do trabalho são apresentados neste capítulo.
No Capítulo 2 são apresentados os pontos principais envolvidos com a
estimação de velocidade e outros parâmetros do motor de indução.
No Capítulo 3 são apresentados os principais aspectos relacionados às
redes neurais artificiais utilizadas nos métodos desenvolvidos.
No Capítulo 4 é apresentado, de forma sistemática, o desenvolvimento de
uma estrutura de ensaios para máquinas elétricas que se caracteriza por sua
flexibilidade e baixo custo, a qual pode ser aplicada em diversas pesquisas
correlatas.
No Capítulo 5 é apresentado o estimador neural de velocidade proposto, a
metodologia de bi-validação cruzada e a bi-validação cruzada modificada.
Resultados experimentais são também apresentados para validar a proposta.
No Capítulo 6, realizam-se as considerações finais da tese; enfatizando as
conclusões relativas ao estimador de velocidade proposto, os métodos de validação,
as principais publicações realizadas e as propostas de trabalhos futuros que darão
continuidade à esta pesquisa.
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10
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11
2 Aspectos Relacionados ao Controle e à
Estimação Paramétrica do Motor de Indução
Trifásico
A necessidade crescente de busca por processos mais racionais e econômicos no
que tange à utilização eficiente da energia elétrica tem implicado na realização de
estudos detalhados para a otimização das técnicas de manufatura, os quais visam
também a adequada conservação da energia elétrica. Dentro deste contexto, os
motores elétricos se tornaram elementos indispensáveis na maioria dos processos
que envolvem os setores produtivos, pois os mesmos destacam-se como o principal
elemento de conversão de energia elétrica em mecânica motriz.
Como conseqüência, essas máquinas elétricas passaram, e tendem a
continuar passando, por melhorias que atendem as necessidades emergentes dos
processos produtivos por sua importância energética dentro do cenário nacional.
Como mencionado na revista Eletricidade Moderna (Abril, 2000), cerca de 49% da
energia elétrica produzida no Brasil é destinada ao setor industrial, donde estima-se
que 50% deste montante seja destinado ao consumo por motores elétricos.
Mais recentemente, conforme mencionado no trabalho de Lu et al. (2006),
estima-se que dois terços do total de energia elétrica produzida nos Estado Unidos é
consumida por sistemas acionados por motores elétricos.
Especial atenção deve ser dada aos motores de indução, os quais são
destacados pela sua simplicidade construtiva e principalmente pelo menor custo.
Entre os motores de indução, o Motor de Indução com Rotor em Gaiola (MIRG)
merece um maior destaque, cujas características marcantes são atribuídas à sua
robustez, longa vida útil e quase ausência de manutenção, característica esta que o
_______________________________________________________________________
12
torna mais atraente, especialmente no preço (VAS, 1998; ASHRAFZADEH et al.,
2002; ONG, 1997).
Desta forma, frente à necessidade de racionalização do uso da energia
elétrica associada aos sistemas de controle e partida destes motores com o menor
custo possível, faz-se uso de metodologias chamadas sensorless. Tais
metodologias, cuja tradução literal é “sem sensor”, se baseiam em medidas
primárias de variáveis como tensão e corrente do enrolamento de estator, as quais
são mais simples para medição e de menor custo associado. Logo, a expressão
“sem sensor” se relaciona a ausência do sensor da variável de interesse e não a
ausência total de outros sensores.
A proposta desta tese vem ao encontro das necessidades da indústria e das
pesquisas recentes, uma vez que propõe um método alternativo para a estimativa de
velocidade do MIT utilizando RNA com medidas (no estator) de tensão e corrente da
partida ao regime permanente. O modelo proposto é genérico e pode ser usado em
sistemas que trabalhem com velocidade constante ou variável, alimentação senoidal
ou PWM (Pulse Width Modulation), pois a entrada do sistema é o valor eficaz destas
variáveis. Nos tópicos a seguir serão discutidos os principais problemas envolvidos
com a estimativa paramétrica do motor de indução trifásico.
2.1 Aspectos Relacionados ao Controle do MIT
O controle de velocidade e torque dos motores elétricos tem sido objeto de estudos
e pesquisas nas últimas décadas. Com a evolução e diminuição dos custos dos
semicondutores, a tendência é o uso destes em larga escala para o controle dos
motores (VAS, 1998). Conforme Bimal K. Bose, “Power semiconductor device is the
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13
heart and the soul of modern power electronics apparatus...”(BOSE, 1997). A
tendência mais recente se baseia no uso de tecnologias sensorless, as quais usam
medidas de variáveis primárias como tensão e corrente para estimar velocidade,
torque e fluxo eletromagnético no motor (VAS, 1998; CRUZ & PAREDES, 2003;
BOSE, 1997).
As técnicas de controle das máquinas de indução podem ser classificadas
em dois grupos; a saber, as escalares e as vetoriais. As técnicas consideradas
escalares são baseadas em modelos de regime permanente, tal como Volt/Hertz,
apresentando fraco desempenho dinâmico (JACOBINA & LIMA, 2002).
Algumas das questões que envolvem o baixo desempenho dinâmico são as
aplicações em baixas velocidades devido à influência da resistência de estator e o
escorregamento necessário para a produção de torque. Além disso, o
comportamento não-linear dos inversores “fonte de tensão por modulação de pulso”
(PWM-VSI) contribuem também para o desempenho inadequado dos sistemas de
controle baseado na relação V/f para freqüências inferiores a 3Hz (MUÑOZ-GARCIA
et al., 1998). No trabalho de Munoz-Garcia et al. (1998) foi proposto um novo
esquema para compensação da resistência de estator e freqüência que exige
mínimo conhecimento dos parâmetros do motor. Com isso houve melhora
significativa no desempenho dinâmico do controle do MIT através do uso da relação
não-linear entre torque e velocidade.
O segundo grupo de estratégias para o controle da máquina de indução são
os controles baseados na orientação de campo. Estes controladores são
normalmente referenciados na literatura e na indústria como controladores vetoriais
(vector controllers), pois eles controlam a amplitude e a fase da excitação de
alimentação (ac excitation). O controle vetorial de correntes e tensões resultam num
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14
controle de orientação espacial do fluxo eletromagnético na máquina normalmente
chamado por orientação de campo (NOVOTNY & LIPO, 1996).
O princípio da orientação por campo (ou campo orientado) foi concebido por
Blaschke num dos primeiros trabalhos publicados a este respeito no ano de 1972.
Tal princípio pode ser explicado pelo funcionamento da máquina de corrente
contínua de excitação independente, onde o fluxo magnético produzido pelo
enrolamento de campo e o fluxo magnético produzido pelo enrolamento de
armadura encontram-se em quadratura. Estes campos são desacoplados e
estacionários entre eles (BLASCHKE, 1972). O controle vetorial procura recriar esta
ortogonalidade entre as componentes no MIT de forma a controlar a corrente que
gera o torque de maneira independente da corrente que produz o fluxo magnético.
Conforme Leonhard (1991 – pp. 16), Blaschke utilizou a dedução matemática e a
intuição formulando uma teoria geral para o controle das máquinas de Corrente
Alternada (CA), a qual pode ser utilizada em qualquer inversor e máquina CA.
Nas estratégias de campo orientado o controle é feito por meio de valores da
amplitude e fase das componentes dq da grandeza. Tais estratégias podem ser
escolhidas conforme o fluxo para a excitação magnética da máquina e de acordo
com o tipo de variável empregada no controle do conjugado eletromagnético. A
excitação magnética pode ser feita através do fluxo estatórico, do fluxo rotórico ou
do fluxo de entreferro (JACOBINA & LIMA, 2002).
No caso de máquinas de indução, o controle por orientação de fluxo de rotor
é usualmente aplicado, apesar de ser possível à implementação o controle por
orientação de fluxo do estator e fluxo de magnetização. No controle por orientação
de fluxo de rotor há duas implementações para obtenção do módulo e o ângulo
espacial do fasor espacial do fluxo concatenado de rotor; a saber: direto e indireto.
_______________________________________________________________________
15
Quando o controle por orientação de campo é chamado direto (direct rotor-flux-
oriented control), então o fluxo magnético é medido diretamente utilizando sensores
de efeito Hall, bobinas exploratórias (search coils), enrolamento de estator com
derivação (tap), entre outras. O fluxo também pode ser calculado através dos
modelos de fluxo. Tem-se, desta forma, o controle indireto por orientação de campo
(indirect rotor-flux-oriented control), no qual o módulo do fasor espacial do fluxo
concatenado de rotor é obtido através do monitoramento das correntes de estator e
velocidade do rotor (VAS, 1990, pp. 124-125).
É importante perceber que o uso de sensores para medição de fluxo de
forma direta implica no desmonte do motor para inserção dos dispositivos no
entreferro da máquina. Por outro lado, a estimativa de fluxo através dos modelos de
fluxo requerem as medidas de corrente de estator e velocidade do rotor.
Este trabalho contribui com as pesquisas no controle por orientação por fluxo
indireto, uma vez que propõe um estimador de velocidade, substituindo assim o
sensor de velocidade no controle vetorial indireto por um estimador de velocidade.
Para tanto, utiliza-se sensores de corrente e tensão, os quais podem alimentar os
modelos de fluxo; ou seja, sem a introdução de novos sensores.
Há duas formas básicas de controle instantâneo de torque em sistemas de
acionamento das máquinas CA (ac drives) utilizado em aplicações de alta
performance; a saber, controle vetorial (direto ou indireto) e controle direto de torque
(Direct Torque Control – DTC). O DTC foi introduzido no Japão por Takahashi e
também na Alemanha por Depenbrock na década de 80 (VAS, 1998). Conforme Lins
(2001) a estratégia DTC é caracterizada pelo controle direto do vetor de fluxo de
estator e do torque eletromagnético. Diversas novas técnicas para o DTC foram
_______________________________________________________________________
16
estudadas, desenvolvidas e implementadas desde o primeiro acionamento DTC
implementado por Takahashi (LINS, 2001).
As vantagens do DTC é a redução das oscilações do fluxo de estator e do
torque eletromagnético. Outra questão importante é que a escolha otimizada dos
chaveamentos representa a redução na freqüência de chaveamento do inversor e,
por conseguinte, redução das perdas. Outra vantagem deste tipo de controle é o
reduzido esforço computacional e reduzida sensibilidade à variação paramétrica do
MIT (VAS, 1998; LINS, 2001).
No recente trabalho de Castoldi (2006), foi elencado de forma sistemática as
vantagens e desvantagens do uso do DTC. As vantagens são as seguintes: i)
ausência de módulos de geração de modulação, ii) ausência de circuitos e
estratégias de desacoplamento, iii) necessidade de poucos controladores, iv)
necessidade de apenas do setor e não da posição do fluxo e v) mínimo tempo de
resposta. Na contra-partida, as desvantagens são as seguintes: i) pode apresentar
problemas de partida e operação em baixa velocidade, ii) requer estimação de fluxo
como no controle por orientação por campo, iii) freqüência de chaveamento no
inversor é variável e iv) pode apresentar oscilações de torque. (CASTOLDI, 2006).
A maioria das metodologias de controle, as quais são realimentadas,
necessita do valor da velocidade de rotor no seu algoritmo, seja para atuar
diretamente sobre ela ou para estimar outras variáveis por meio de modelos como o
fluxo magnético. Este trabalho também contribui com estas abordagens, pois
apresenta um estimador de velocidade que pode ser utilizado para aplicações de
controle a partir de medidas primárias de corrente e tensão.
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17
2.2 Aspectos Relacionados à Estimação Paramétrica do MIT
Conforme Jacobina e Lima (2002), “... a estimação de parâmetros é uma das tarefas
mais importante nos sistemas de acionamento estático, pois nos seus resultados é
baseado o cálculo dos controladores de corrente, fluxo, conjugado, velocidade ou
posição...”.
O bom desempenho dos controladores aplicados ao motores de indução
está relacionado com a eficiente estimativa de parâmetros do motor (resistência de
rotor/estator, indutância de estator/rotor, velocidade, torque e fluxo eletromagnético),
valores estes que devem entrar no algoritmo de controle dependendo da estratégia
adotada.
Essas estratégias de controle saíram dos laboratórios de pesquisa
diretamente para a indústria e são aplicados em diversos processos produtivos.
Entretanto, há uma busca por melhor desempenho e menor custo de tais
dispositivos controladores a exemplo de pesquisas recentes (VAS, 1998;
KARANAYIL et al., 2002; CIRRINCIONE & PUCCI, 2003; CIRSTEA & DINU, 2001;
KIM et al. 2001; FURTUNATO et al., 2001; KIM et al., 2003; LIXIN & RAHAN, 2001).
A título de exemplificação dos problemas encontrados nas estratégias de
controle, faz-se menção a alguns trabalhos. Em Ashrafzadeh (2002) é descrito que o
cálculo do escorregamento para a estratégia de Controle Indireto por Orientação de
Campo (IFOC – Indirect Field Orientation Control) é dependente da temperatura e da
saturação eletromagnética.
Em Xepapas et al. (2003), enuncia-se que o Sistema de Modelo de
Referência Adaptativo (MRAS – Model-Reference Adaptative Systems) apresenta
boa performance na estimativa de velocidade em uma vasta faixa de operação, mas
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18
sofrem de grande influência na variação de parâmetros, tornando a estimativa pobre
para baixas velocidades. No sentido de melhorar o desempenho do MRAS,
Campbell e Sumner (2000; 2002) propuseram um estimador para a resistência do
estator usando redes neurais artificiais cujas entradas eram a velocidade e a
corrente do motor.
O filtro de Kalman estendido é citado na literatura como um método para
estimativa de velocidade do motor de indução (VAS, 1998; XEPAPAS et al., 2003;
VAS, 1999). Conforme (XEPAPAS et al., 2003), o filtro de Kalman apresenta
desvantagens inerentes, tais como influência de ruído, o esforço computacional,
além da falta de um critério claro para desenvolvimento e sintonização. Em López et
al. (2006) os autores apresentam os observadores de modo deslizantes adaptativos
e o filtro de Kalman conforme pesquisa dos autores na literatura. Entretanto, os
autores fazem ressalvas ao uso destes estimadores, pois os mesmos necessitam do
conhecimento dos parâmetros do motor e carecem pelo alto custo computacional,
sendo estes os seus maiores inconvenientes (LÓPEZ et al., 2006).
É sugerido em (VAS, 1999) o uso de lógica nebulosa (Fuzzy Logic) para
sintonizar o filtro de Kalman estendido. Quando observadores são usados para
sistemas não lineares, é necessário o uso de sua forma estendida, mas os
observadores estendidos são computacionalmente intensivos, conforme Vas (1999).
O método baseado na análise espectral das harmônicas de corrente estima
a velocidade do rotor através das harmônicas de corrente, as quais advêm das
saliências mecânicas e magnéticas do rotor, que são independentes dos parâmetros
do motor e cujas amplitudes são independentes da freqüência da alimentação
conforme Hurst e Habetler (1996).
_______________________________________________________________________
19
Alguns trabalhos apresentam esquemas baseados na teoria das saliências.
Esta metodologia é fundamentada na injeção de um sinal de alta freqüência na
bobina de estator de forma a detectar as saliências magnéticas produzidas num rotor
desenhado sob encomenda (custom designed machine rotor). No mesmo trabalho,
um estimador de posição também é apresentado, considerando um motor de linha
convencional (HOLTZ, 1998).
Na mesma linha de pesquisa o trabalho de Aielo et al. (2005) apresentou um
método para estimar as componentes espectrais do sinal de corrente de estator para
determinar a velocidade do MIT utilizando uma transformada Z-Chirp. Os autores
apresentaram resultados experimentais (pp. 1816) de medidas de velocidade, sendo
que foram comparados os resultados medidos através de encoder óptico com a
Transformada Z-Chirp e a FFT (Fast Fourier Transform) para o MIT operando a
freqüência de 50 Hz e diferentes situações de carga.
Nesta tese, além das situações adversas de carga a uma freqüência de
alimentação constante do enrolamento de estator apresentados em Aielo et al.
(2005), submete-se o estimador a situações diversas de tensão de alimentação.
Mais recentemente, no trabalho de Shi et al. (2006), os autores
apresentaram uma nova abordagem para a tecnologia sensorless na estimativa de
velocidade do motor de indução combinando a transformada de Hilbert na
demodulação do sinal de corrente com a IFFT (Interpolated Fast Fourier Transform).
Há avanços nesta linha de trabalho para estimativas de parâmetros
utilizando análise espectral, considerando a boa performance em velocidades muito
baixas (menor que 10% da rotação nominal). No trabalho de Xepapas et al. (2003),
os autores concluem que os métodos baseados nesta metodologia apresentam boa
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20
performance em baixas velocidades, mas, em contrapartida, necessitam de
esquemas sofisticados de hardware e software para medida e filtragem da corrente.
No trabalho de Xepapas et al. (2003), após apresentarem as características
de diversos métodos sensorless, os autores propõem o uso de observadores de
modo deslizante para estimar a velocidade, fluxo do rotor e torque do motor de forma
eficiente usando técnicas de observadores de modo deslizante não-lineares.
Em grande parte das aplicações nas quais são utilizados motores de
indução trifásicos há pouco conhecimento do comportamento da carga que está
sendo acoplada ao eixo. A partir da análise prática e matemática, demonstra-se que,
motores de indução trifásicos trabalhando superdimensionados apresentam
diminuição do fator de potência e uma diminuição do rendimento. Por outro lado,
motores de indução trifásicos trabalhando de maneira subdimensionada apresentam
um sobre aquecimento e uma drástica redução na sua vida útil (DIAS & LOBOSCO,
1988; ONG, 1997).
Em Goedtel (2003) foi desenvolvida uma metodologia para estimar
conjugado nos eixos dos motores utilizando os princípios da abordagem sensorless.
No referido trabalho foi desenvolvido um modelo matemático do motor de indução
baseado em Ong (1997) e Krause et al. (2002). As variáveis primárias da máquina,
tais como tensão, corrente e velocidade, geradas na simulação, proporcionaram o
treinamento da estrutura baseada em redes neurais artificiais. Os resultados de
generalização se mostraram satisfatórios quando se mostra à estrutura neural um
novo padrão de dados de tensão, corrente e velocidade que não participaram do
treinamento, produzindo erro menor que 5% para uma ampla faixa de estimativa.
Tais resultados obtidos em Goedtel (2003) podem ser aplicados de forma
direta em diversos setores industriais, pois é possível estimar o conjugado exigido
_______________________________________________________________________
21
pela carga acoplado ao eixo do motor. Uma das aplicações desta metodologia
proposta é a classificação de cargas (DIAS & LOBOSCO, 1988). Através da
estimativa de conjugado é possível substituir os torquímetros girantes que são caros
e cuja instalação necessita o deslocamento físico longitudinal entre o motor e a
máquina. Além disso, o alto torque de partida exigido por algumas cargas exige o
superdimensionamento do elemento sensor que implica na diminuição de sua
sensibilidade.
Um outro aspecto relevante é que os torquímetros girantes devem ser
alinhados cuidadosamente ao eixo do motor para que não sofram flexões, as quais
podem comprometer a sua vida útil. Assim sendo, a instalação deste sistema torna-
se normalmente moroso e caro (BRITO, 1994). Outra aplicação para o trabalho
desenvolvido em Goedtel (2003) consiste na realimentação do sinal de torque
estimado num sistema de controle.
O estimador de velocidade proposto neste trabalho pode também ser
aplicado diretamente na proposta de Goedtel (2003), uma vez que elimina o sensor
de velocidade e assim contribui para esta linha de pesquisa. Tal abordagem foi
também inserida em aplicações recentes (GOEDTEL et al., 2004, GOEDTEL et al.,
2006b).
Desta forma, a abordagem proposta nesta tese, associada com Goedtel
(2003), pode contribuir para sistemas de controle de alto desempenho, uma vez que
leva em consideração o conjugado de carga no regime transitório e no regime
permanente.
De acordo com os trabalhos de Marino et. al. (2004) e Murat et. al. (2004), o
conhecimento do conjugado de carga é uma necessidade dos controles de alto
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22
desempenho, onde a aplicação da metodologia proposta neste trabalho para fins de
controle é uma perspectiva promissora de pesquisa em trabalhos futuros.
Outras aplicações de metodologias sensorless para partida e especificação
da máquina de indução estão apresentadas em Goedtel (2003) e Goedtel et al.
(2006a).
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23
3 Fundamentos e Conceitos de Inteligência
Computacional
3.1 Fundamentos das Redes Neurais Artificiais
Os sistemas baseados em Inteligência Computacional (IC) têm se desenvolvidos
como uma abordagem promissora e flexível que podem ser aplicados em diversos
tipos de problemas de engenharia. Entre as ferramentas que constituem a IC se
destacam as redes neurais artificiais, as quais foram utilizadas nesta tese, sendo
apresentados os aspectos envolvidos com as mesmas nos tópicos seguintes.
Atualmente, as RNA representam um domínio de pesquisa multidisciplinar
em diversas áreas: física, matemática, engenharia, psicologia, neurofisiologia,
biologia, etc. Os princípios fundamentais das redes neurais artificiais são baseados
na modelagem biológica de processos neurofisiológicos, cognitivos e
comportamentais. A utilização de RNA na solução de problemas complexos e
variados é baseado no funcionamento do cérebro humano, que tem capacidade de
resolver, de forma rápida e satisfatória, problemas mal definidos e que exigem um
grande esforço computacional.
Sistemas baseados em RNA possuem elevadas taxas de computação por
utilizarem um número elevado de elementos processadores simples com alta taxa de
conectividade entre si. Resumindo, as redes neurais artificiais podem ser
caracterizadas como modelos computacionais, com propriedades particulares, cujas
principais características são definidas como segue:
(i) Capacidade intrínseca de operação em paralelo.
_______________________________________________________________________
24
(ii) Não necessidade de conhecimento a priori de eventuais modelos
matemáticos que descrevem o comportamento de determinada aplicação.
(iii) Sistemas inspirados no cérebro humano.
(iv) Habilidade de aprender a partir da experiência.
A arquitetura de redes neurais artificiais utilizadas no desenvolvimento deste
trabalho é a rede Perceptron multicamadas. Uma descrição sucinta dessa
arquitetura é apresentada na próxima subseção.
3.1.1 A Rede Perceptron Multicamadas
A rede Perceptron multicamadas é aquela em que os neurônios são organizados em
camadas. A característica principal das redes em camadas é a presença de uma ou
mais camadas escondidas que são responsáveis pela extração e armazenamento de
conhecimentos associados a alguma aplicação específica.
Neste tipo de rede, o fluxo de dados (informações) das entradas para as
saídas segue estritamente em uma única direção, isto é, existem apenas ligações
entre as saídas dos nós de um nível inferior para as entradas dos nós de um nível
superior, não existindo conexões entre os elementos de um mesmo nível. Redes em
camadas são utilizadas em várias aplicações, tais como: aproximação de funções,
reconhecimento de padrões, otimização de sistemas, controle de processos, entre
outras.
A ilustração de uma rede Perceptron multicamadas com duas camadas
escondidas é apresentada na FIGURA 3.1.
_______________________________________________________________________
25
FIGURA 3.1 – A arquitetura perceptron multicamadas.
A partir da FIGURA 3.1, observa-se que os nós da camada de entrada da
rede fornecem as informações (vetores de entrada), as quais constituem os sinais de
entrada, que serão aplicados aos neurônios da segunda camada (1
a
camada
neural). Os sinais de saída da segunda camada são utilizados como entradas para a
terceira camada (2
a
camada neural). Finalmente, o conjunto de sinais de saída
apresentados pelos neurônios da camada de saída reflete a resposta final da rede
em relação ao vetor de entrada fornecido pelos nós fontes da primeira camada.
O treinamento ou processo de aprendizagem de uma rede neural artificial
consiste em ajustar os pesos sinápticos (matriz de pesos W) de forma que a
aplicação de um conjunto de entradas produza um conjunto de saídas desejadas.
3.1.2 Algoritmo de Treinamento da Rede Perceptron
O treinamento supervisionado das redes neurais artificiais do tipo perceptron
utilizadas nesta pesquisa é baseado no algoritmo de aprendizagem backpropagation
(Haykin, 1999).
_______________________________________________________________________
26
Apresenta-se à rede um vetor de entrada (exemplo) que é propagado
camada a camada. A saída produzida pela rede é então comparada com a saída
desejada para o respectivo vetor de entrada, e a diferença entre ambas as saídas é
calculada e o erro de saída da rede é então produzido. Este sinal de erro é
retropropagado com o objetivo de ajustar os pesos sinápticos de forma que a saída
produzida pela rede esteja próxima da saída desejada. Este processo é repetido
para todos os vetores de entrada da rede até que o erro quadrático médio das
saídas da rede esteja num valor aceitável.
A derivação do algoritmo backpropagation para redes Perceptron com uma
única camada escondida é realizada conforme a notação apresentada na FIGURA
3.2.
FIGURA 3.2 Diagrama esquemático da rede perceptron.
A partir da FIGURA 3.2, adota-se a seguinte convenção:
i) O parâmetro N especifica o número de variáveis que constitui cada vetor
de entrada.
ii) O parâmetro N
1
especifica a quantidade de neurônios utilizados na
camada neural escondida.
_______________________________________________________________________
27
iii) O parâmetro N
2
especifica o número de variáveis que constitui cada vetor
de saída, e também indica a quantidade de neurônios utilizados na camada neural
de saída.
iv) O vetor x = [x
1
, x
2
,..., x
N
]
T
denota o vetor de entrada da rede.
v) O vetor y = [y
1
, y
2
,...,y
N
]
T
denota o vetor de saída da rede.
vi) O símbolo Wl
ji
fornece o valor do peso sináptico conectando ao j-ésimo
neurônio da camada (l) ao i-ésimo neurônio da camada (l-1).
vii) O símbolo Il
j
fornece o valor correspondente à entrada ponderada do j-
ésimo neurônio da camada (l), ou seja:
=
=
N
i
ijij
xWI
0
11
; j = 1..N1
(3.1)
=
=
N
i
ijij
yWI
0
122
; j = 1..N2
(3.2)
viii) O símbolo yl
j
fornece o valor correspondente à saída do j-ésimo neurônio
da camada (l), ou seja:
y1
j
= g(I1
j
); j = 1..N1 (3.3)
y2
j
= g(I2
j
); j = 1..N2 (3.4)
As funções Erro Quadrático {E(k)} e Erro Quadrático Médio {E
M
}, as quais
são utilizadas como critérios de desempenho e de parada do processo de
treinamento, são definidas por:
i) Erro Quadrático
Esta função fornece o valor instantâneo da soma dos erros quadráticos (em
relação ao k-ésimo padrão de treinamento) de todos os neurônios da camada de
saída da rede, ou seja:
_______________________________________________________________________
28
2
2
1
2
2
1
))()(()(
=
=
N
j
jj
kykdkE
(3.5)
onde d
j
(k) é o valor da saída desejada do neurônio j em relação ao k-ésimo padrão
de entrada.
ii) Erro Quadrático Médio
O erro quadrático médio é obtido a partir da soma dos erros quadráticos
relativos a todos os padrões de entrada utilizados no conjunto de treinamento da
rede, ou seja:
=
=
p
k
M
kE
p
E
1
1
)(
(3.6)
onde o parâmetro p especifica o número de padrões de treinamento ou a quantidade
de vetores de entrada.
Assim, o objetivo do processo de aprendizagem, utilizando o algoritmo
backpropagation, consiste em ajustar as matrizes de pesos W1 e W2 da rede a fim
de minimizar a função E
M
. O processo de ajuste dos pesos pode ser dividido em
duas fases como descrito a seguir:
FASE 1 – AJUSTE DOS PESOS DOS NEURÔNIOS DA CAMADA DE SAÍDA
O ajuste dos pesos dos neurônios da camada de saída (2
a
camada neural) é
feita a partir da minimização da função erro quadrático em relação aos pesos W2
ji
.
Utilizando a regra da diferenciação em cadeia, tem-se:
ji
j
j
j
jji
W
W
I
I
y
y
E
W
E
E
ji
2
2
2
2
22
2
=
=
)(
(3.7)
i
ji
j
y
W
I
1
2
2
=
(3.8)
_______________________________________________________________________
29
)2('
2
2
j
j
j
Ig
I
y
=
(3.9)
)2(
2
jj
j
yd
y
E
=
(3.10)
Substituindo (3.8), (3.9) e (3.10) em (3.7), obtém-se:
ijjj
ji
yIgyd
W
E
122
2
=
)(')(
(3.11)
Logo, o ajuste deverá ser feito na direção oposta ao gradiente a fim de
minimizar a função erro quadrático, ou seja:
ji
ji
W
E
W
2
2
=
η
ijji
yW 122
=
δ
η
(3.12)
ou ainda:
ijjiji
ytWtW 12212
+
=
+
δ
η
)()(
(3.13)
onde
η
é uma constante que determina a taxa de aprendizagem do algoritmo
backpropagation, e
δ
2
j
denota o gradiente local sendo auto-definido por:
)(')(
jjjj
Igyd 222
=
δ
(3.14)
FASE 2 – AJUSTE DOS PESOS DOS NEURÔNIOS DA CAMADA
INTERMEDIÁRIA
O ajuste dos pesos dos neurônios da camada intermediária (1
a
camada
neural) é feito normalmente a partir da função erro quadrático em relação aos pesos
W1
ji
. Utilizando a regra de diferenciação em cadeia, tem-se:
ji
j
j
j
jji
W
W
I
I
y
y
E
W
E
E
ji
1
1
1
1
11
1
=
=
)(
(3.15)
_______________________________________________________________________
30
i
ji
j
x
W
I
=
1
1
(3.16)
)1('
1
1
j
j
j
Ig
I
y
=
(3.17)
=
=
2
1
1
2
21
N
k
j
k
kj
y
I
I
E
y
E
(3.18)
=
=
2
1
2
21
N
k
kj
kj
W
I
E
y
E
(3.19)
Inserindo o resultado da multiplicação de (3.17) por (3.18) em (3.19), tem-se:
=
=
2
1
22
1
N
k
kjk
j
W
y
E
δ
(3.20)
Substituindo (3.16), (3.17) e (3.18) em (3.15), tem-se:
ij
N
k
kjk
j
xIgW
W
E
=
=
)(')( 122
1
2
1
δ
(3.21)
O ajuste deve ser feito na direção oposta ao gradiente. Então, a Equação
(3.21) torna-se:
ji
ji
W
E
W
1
1
=
η
ijji
xW
=
11
δ
η
(3.22)
ou ainda:
ijjiji
xtWtW
+
=+ 1111
δ
η
)()(
(3.23)
onde
δ
1
j
denota o gradiente local e é auto-definido por:
)()('
=
=
2
1
2211
N
k
kjkjj
WIg
δδ
(3.24)
_______________________________________________________________________
31
Assim, aplicam-se as Fase 1 e Fase 2 seqüencialmente até que o erro
quadrático médio da rede atinja um valor aceitável que é estipulado em função de
cada aplicação específica.
3.1.3 Algoritmo de Levenberg-Marquardt
Como descrito anteriormente, o algoritmo backpropagation ajusta os valores das
matrizes de pesos W1 e W2 em relação à direção oposta do gradiente da função
erro quadrático. Entretanto, a utilização deste algoritmo na prática tende a convergir
muito lentamente, exigindo assim um elevado esforço computacional. Para contornar
este problema, várias técnicas de otimização têm sido incorporadas ao algoritmo
backpropagation a fim de reduzir o seu tempo de convergência e diminuir o esforço
computacional exigido pelo mesmo. Dentre as técnicas de otimização mais utilizadas
para este propósito destaca-se o algoritmo de Levenberg-Marquardt (HAGAN &
MENHAJ, 1994).
O algoritmo de Levenberg-Marquardt é uma técnica baseada no método dos
mínimos quadrados para modelos não-lineares que pode ser incorporada ao
algoritmo backpropagation a fim de aumentar a eficiência do processo de
treinamento. Neste algoritmo as funções erro quadrático e erro quadrático médio
fornecidas respectivamente nas Equações (3.5) e (3.6) podem ser expressas
conjuntamente por:
[]
∑∑
==
=
p
1k
2
1j
jj
(k)y2(k)d.
2p
1
V
N
2
(3.25)
)()(())()(( kkkk
2p
1
V
p
1k
y2dyd =
=
T
2
(3.26)
_______________________________________________________________________
32
)()( kk
2p
1
V
p
1k
ee =
=
T
(3.27)
onde o termo {e(k) = d(k) – y2(k)} denota o vetor erro em relação ao k-ésimo padrão
de treinamento. Para um padrão k específico o erro é dado por:
)()( kkV ee =
T
2
1
(3.28)
Enquanto que o algoritmo backpropagation é um método de descida no
gradiente da função erro quadrático, o algoritmo de Levenberg-Marquardt é uma
aproximação do Método de Newton (BATTITI, 1992; FORESEE & HAGAN, 1997).
Neste método a minimização de uma função V(z) em relação a um vetor paramétrico
z é dada por:
[]
)()( zzz VV =
1
2
(3.29)
onde
)(zV
2
denota a matriz Hessiana e
)(z
V
é a matriz Jacobiana de V(z).
Assumindo-se que V(z) é uma função que executa soma de funções quadráticas da
forma:
)()( zez
=
=
N
1
2
i
i
V
(3.30)
Então, a partir da equação anterior, pode ser mostrado que:
)()()( zezJzV =
T
(3.31)
)()()()( zszJzJz +=
T2
V
(3.32)
onde J(z) é a matriz Jacobiana definida por:
_______________________________________________________________________
33
(
)
(
)
(
)
() () ()
() () ()
=
N
N
N
z
e
z
e
z
e
z
e
z
e
z
e
z
e
z
e
z
e
zzz
zzz
zzz
zJ
N
2
N
1
N
2
2
2
1
2
1
2
1
1
1
...
............
...
...
)(
(3.33)
e s(z) é uma função vetorial dada por:
=
=
N
i
ii
1
2
)()()( zezezs
(3.34)
Inserindo-se os resultados de (3.31) e (3.32) em (3.29), obtém-se a equação
iterativa do método de Newton, ou seja:
[]
)()()()()( zezJzszJzJz +=
TT
1
(3.35)
No algoritmo de Levenberg-Marquardt a equação (3.35) é modificada da
seguinte forma:
[]
)()()()( zezJzJzJz +=
TT
1
I
µ
(3.36)
onde I é a matriz identidade e
µ
é um parâmetro que ajusta a taxa de convergência
do algoritmo de Levenberg-Marquardt.
Portanto, a característica principal deste algoritmo é a computação da matriz
Jacobiana. Para o processo de treinamento das redes neurais do tipo Perceptron
utilizadas neste trabalho, e ilustrada na Figura 3.2, a matriz Jacobiana (3.33) passa
então a ser re-escrita em função dos pesos sinápticos da rede, ou seja:
[]
)()(
)(|)()(
N1.N2N.N1xp +
= 21 WJWJWJ
(3.37)
onde:
[]
T
)()(,,,,,,
,,,,,,
]............
|............[2|1
1121212121111
111212111
222222
111111
xN1.N2N.N1NNNNN
NNNNN
WWWWWW
WWWWWW
+
== WWW
(3.38)
_______________________________________________________________________
34
)()(
,,,,,,
,,,,,,
,,,,,,
)(
...
)(
...
)(
...
)()(
...
)(
............
)(
...
)(
...
)(
...
)()(
...
)(
)(
...
)(
...
)(
...
)()(
...
)(
)(
1
111212111
111212111
111212111
111111
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
NNxp
NNNNN
NNNNN
NNNNN
W
p
W
p
W
p
W
p
W
p
W
p
WWWWWW
WWWWWW
=
eeeeee
eeeeee
eeeeee
1WJ
(3.39)
).()(
,,,,,,
,,,,,,
,,,,,,
)(
...
)(
...
)(
...
)()(
...
)(
............
)(
...
)(
...
)(
...
)()(
...
)(
)(
...
)(
...
)(
...
)()(
...
)(
)(
21
121212121111
121212121111
121212121111
222222
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
NNxp
NNNNN
NNNNN
NNNNN
W
p
W
p
W
p
W
p
W
p
W
p
WWWWWW
WWWWWW
=
eeeeee
eeeeee
eeeeee
2WJ
(3.40)
A partir de (3.36), a equação iterativa do método de Levenberg-Marquardt
para o ajuste dos pesos da rede passa a ser definida por:
[]
)()()()( WeWJWJWJz +=
T
1
T
I
µ
(3.41)
onde
[]
)()()( 1x
T
21
)(),...,( ),( p
p
eee WWWWe =
é o vetor erro (em relação à matriz W)
referente aos p-padrões de treinamento.
Finalmente, os elementos das matrizes J(W1) e J(W2) são obtidos
seqüencialmente a partir das Fases 1 e 2 do algoritmo backpropagation apresentado
na subseção anterior. Com estas modificações, comprova-se que o algoritmo de
Levenberg-Marquardt se torna de 10 a 100 vezes mais rápido que o algoritmo
backpropagation convencional.
3.1.4 Algoritmo de Levenberg Regularizado
Um dos problemas que ocorrem durante o treinamento de redes neurais do tipo
Perceptron é denominado de overfitting. Quando acontece overfitting, o erro
quadrático médio dos padrões de treinamento é muito pequeno, mas quando novos
padrões (que não pertenciam ao conjunto de treinamento) são apresentados à rede,
_______________________________________________________________________
35
o erro torna-se muito grande. Este fato ocorre porque a rede memorizou apenas os
padrões de treinamento, mas não conseguiu generalizar novas situações.
O problema do overfitting normalmente acontece quando a disponibilidade
de dados usados no treinamento da rede é pequena. Um dos métodos para
melhorar a generalização é a técnica de Levenberg regularizado, e que consiste em
modificar a função erro quadrático médio da rede. A partir da equação (3.27), tem-
se:
)()( kk.
2p
1
V
p
1k
ee =
=
T
(3.42)
A generalização é melhorada se incluir também na Expressão (3.42) o erro
quadrático médio dos pesos (V
peso
) que compõem a rede. Então, a nova função erro
quadrático médio regularizado (V
REG
) é definida por:
pesoREG
VVV
+
= )(
γ
γ
1
(3.43)
onde o parâmetro
γ
especifica a taxa de desempenho, e o termo V
peso
é definido por:
=
ij
ji
peso
W
q
V
,
1
(3.44)
onde W
ji
são os pesos da rede e q é a quantidade total de pesos que compõem a
rede. Portanto, a utilização da função (3.43) implica que os pesos da rede serão
menores, e esta característica forçará que a resposta da rede seja suavizada e
menos propensa ao overfitting.
3.2 O Processo de Validação Cruzada (Crossvalidation)
O aprendizado por retropropagação realiza o mapeamento entrada-saída através do
ajuste de pesos sinápticos e limiares de uma rede perceptron de múltiplas camadas.
_______________________________________________________________________
36
O objetivo deste aprendizado é que a estrutura neural possa generalizar soluções
após o processo de treinamento com dados que não participaram do treinamento
(HAYKIN, 1999).
Seja um determinado processo (ou fenômeno) o qual possui um conjunto de
dados descrevendo a relação entrada-saída das variáveis do sistema. Na
sistemática de correlação das variáveis entre causa–efeito utilizando redes neurais
artificiais, os dados devem ser divididos em dois grupos; a saber: i) dados de
treinamento e ii) dados de teste.
Os dados de treinamento são aqueles utilizados para ajustar os pesos
sinápticos da rede através de um algoritmo de aprendizado. Nesta tese se utiliza o
algoritmo backpropagation. Os dados de teste, por sua vez, são usados para validar
o modelo proposto e comprovar sua aplicabilidade no mapeamento entrada-saída do
sistema em estudo.
Uma vez a rede treinada, com os pesos de cada conexão entre os neurônios
ajustados, testa-se a rede para verificar sua capacidade de generalizar soluções. A
partir da diferença entre os valores estimados pela RNA e o valor do conjunto de
testes se estabelece o erro de generalização. O erro de generalização admissível é
uma característica para cada sistema.
Conforme Abdelbar et al. (2005) o treinamento supervisionado com redes
neurais alimentadas adiante (feedforward neural networks), tem por objetivo o
mapeamento f: R
n
R
m
baseado num conjunto de treinamento de exemplos
representativos do sistema que são constituídos por n entradas e m saídas. A
generalização acontece a partir do instante que a rede mapeia, de forma precisa, o
conjunto de padrões que não fizeram parte do treinamento (ABDELBAR et al.,
2005).
_______________________________________________________________________
37
O processo de validação cruzada (crossvalidation) é um método para
seleção de modelos de acordo com a habilidade de predição. Suponha que um
conjunto total com n
T
dados esteja disponível para a seleção de um modelo a partir
de uma classe de modelos. O conjunto de dados é dividido em duas partes. A
primeira parte contém n
c
dados utilizados no treinamento (ou ajuste do modelo)
enquanto a segunda parte contém n
v
= n
T
n
c
dados reservados para testar e
validar o modelo; ou seja, testar a habilidade do modelo em generalizar soluções
(SHAO, 1993).
No trabalho de Anders e Korn (1999, pp. 316) é descrito que o método de
validação cruzada é a estratégia mais geral para seleção de modelos em redes
neurais artificiais uma vez que não recai em suposições estatísticas e não é afetado
por problemas de identificação referentes aos dados. Em princípio, todas as
combinações de variáveis de entrada e camadas escondidas podem ser testadas.
Os modelos resultantes são repetidamente estimados por subconjuntos de
observações e o modelo com o menor erro médio frente ao conjunto de teste é
selecionado. Entretanto, a escolha segue no sentido de determinar a estrutura com
menor número de neurônios nas camadas escondidas. Se uma rede com maior
número de neurônios numa camada escondida apresentar um erro menor de
generalização, então é aceito um aumento na estrutura neural e conseqüente
aumento da complexidade computacional (ANDERS & KORN, 1999).
O processo de validação cruzada foi utilizado nesta tese para determinar a
menor estrutura neural com menor erro de generalização na estimativa de
velocidade dos motores de indução trifásico com entradas de tensão e corrente.
Inicialmente, a estrutura neural foi treinada com dados de simulação do
modelo do MIT. O processo de validação cruzada foi aplicada de forma a determinar
_______________________________________________________________________
38
a menor estrutura neural com o menor erro possível de generalização. Em seguida,
frente à necessidade de determinar a robustez da rede em situações reais, dados
experimentais foram apresentados à rede treinada com dados de simulação. Este
processo de pré-validação e pós-validação é denominado, nesta tese, de bi-
validação cruzada conforme descrito no Capítulo 5.
3.3 As Redes Neurais Artificiais Aplicadas em Máquinas Elétricas
Rotativas
As redes perceptron multicamadas podem ser utilizadas nas mais variadas áreas de
conhecimento. No processamento de imagem e voz, robótica, identificação e
controle, entre outras, principalmente pela sua característica como aproximadora
universal de funções (BOSE & LIANG, 1996).
Na área de máquinas elétricas o uso das redes neurais artificiais tem sido
tema de pesquisas recentes. São vários os enfoques, tais como controle, estimativa
de parâmetros e detecção de falhas, bem como determinação do comportamento de
carga em regime permanente (BOSE,2007).
No trabalho de Kolla e Varatharasa (2000) a rede muticamada teve como
entrada as três tensões e as três correntes de linha para determinar falhas no motor
de indução assíncrono trifásico, a saber: sobrecarga, rotor bloqueado, alimentação
com falta de fase, tensão de alimentação desbalanceada, falta de aterramento,
sobre e subtensão de fase.
Por outro lado, Kukolj et al. (2000) faz uma comparação entre o controle do
motor de corrente contínua usando as redes neurais artificiais, lógica nebulosa e o
controle proporcional-integral tradicional. Já o trabalho de Campbell e Sumner (2000
e 2002) desenvolve um sistema de acionamento de alto desempenho para motores
_______________________________________________________________________
39
de indução usando a técnica sensorless, obtendo boa resposta dinâmica em relação
ao conjugado e velocidade. Os resultados deste trabalho foram comparados com a
técnica de controle vetorial indireto, onde a principal dificuldade na técnica
tradicional é a correta sintonização dos parâmetros do controlador. Melhorias
significativas foram conseguidas neste trabalho usando as redes neurais artificiais.
O trabalho de Bostanci et al. (1997), centrado na identificação dinâmica de
cargas pelo ponto de vista das concessionárias, modela uma rede neural artificial
para simular o comportamento do motor de indução. Segundo o autor, o motor de
indução representa o aspecto mais importante da variação dinâmica de carga num
sistema de potência. O artigo de Chatterjee et al. (2002) usa as redes neurais
artificiais multicamadas para estimativa do conjugado em regime permanente, bem
como fluxo e ângulo de fluxo para aplicação em controle.
Nessa combinação, as redes neurais artificiais se preocupam principalmente
com o mapeamento de processos, o qual é feito através da utilização de elementos
processadores que são especialistas em aprender o comportamento existente entre
as variáveis de entradas e saídas dos respectivos processos. Além disso, uma das
principais vantagens em se utilizar às abordagens baseadas nas redes neurais
artificiais é a não necessidade de conhecimento prévio sobre eventuais modelos
matemáticos que descrevem o comportamento dos processos a serem mapeados,
pois tais modelos podem ainda ser desconhecidos, ou ainda, estarem mapeando os
processos de forma inadequada ou particularizada. Assim, a aplicação de tais
ferramentas em processos envolvidos com a identificação de máquinas elétricas
rotativas fornece uma forma alternativa de mapear o comportamento existente entre
as suas diversas variáveis de interesse.
_______________________________________________________________________
40
Por conseguinte, o motor de indução, seguramente o mais usado na
indústria, tem características não-lineares em toda sua faixa de operação, da partida
e frenagem ao regime permanente. Assim sendo, há a necessidade constante de
pesquisar novas abordagens de identificação, otimização e controle, que possam ser
eficientemente aplicadas nos processos envolvidos com a identificação do
comportamento dinâmico dos motores de indução, contribuindo de forma efetiva
para a geração de novos conhecimentos que implicarão em ganhos substanciais de
eficiência e produtividade, bem como para a redução do desperdício de energia
elétrica.
O uso de estimadores faz com que o custo dos dispositivos de controle e
acionamento seja diminuído, pois utilizam medidas de variáveis primárias da
máquina, como tensão e corrente, no lugar de medir a variável de forma direta. Essa
é a base das tecnologias sensorless (VAS, 1998; VAS, 1999).
As principais aplicações de redes neurais artificiais em máquinas elétricas
são observadas em diversos tópicos relacionados com esta área de pesquisa; a
saber: i) identificação de parâmetros (elétricos e mecânicos), ii) controle de
máquinas e iii) identificação de falhas em máquinas elétricas rotativas.
Diversos trabalhos estão utilizando redes neurais artificiais com sucesso
para a estimativa de outras variáveis dos motores elétricos, tais como fluxo
magnético do entreferro e na estimativa de parâmetros elétricos como resistências
de rotor e estator
(ASHRAFZADEH et al., 2002; CRUZ & PAREDES, 2003; CAO &
LI, 2002; CIRRINCINCIONE et al., 2003; CAMPBELL et al., 2000; CAMPBELL &
SUMNER, 2002; KARANAYIL et al., 2002; KOLLA & VARATHARASA, 2000;
CIRRINCIONE & PUCCI, 2003, BOSE, 2007);
_______________________________________________________________________
41
Em Ashrafzadeh et al. (2002), numa implementação do controle vetorial do
motor de indução utilizando redes neurais artificiais para estimar escorregamento, foi
observado pulsação de torque. Os autores utilizaram dados experimentais para re-
treinar a estrutura neural proposta eliminando a pulsação de torque indesejável. Um
trecho da conclusão dos autores do trabalho Ashrafzadeh et al. (2002), é transcrita
abaixo.
“Test results confirm that two stages of training are required to train the
neural network, namely, an off-line training stage and another stage base on
experimental testing of the neural network”.
Um dos objetivos do trabalho desenvolvido em Ashrafzadeh et al. (2002), foi
usar redes neurais artificiais para reduzir o esforço computacional do DSP (Digital
Signal Processor). Desta forma o processador pode ser usado para outras tarefas
reduzindo o custo do dispositivo. Conforme mencionado em Ashrafzadeh et al.
(2002), a redução destes custos é especialmente interessante para a produção de
dispositivos em larga escala.
Em Cruz e Paredes (2003) e Cao e Li (2002) foram desenvolvidos sistemas
híbridos neuro-fuzzy. Em Cruz e Paredes (2003) o controlador PI (Proporcional
Integral) foi sintonizado “on-line” através do sistema fuzzy. A rede neural, por sua
vez, estimou a velocidade através de medidas de tensão e corrente. Em Cao e Li
(2002) é mencionado que sistemas clássicos de controle direto de torque
apresentam pouca precisão em baixas velocidades. Os autores propõem o uso de
redes neurais artificiais para estimar velocidade e melhorar o desempenho do
controlador. O sistema fuzzy é usado para regular a taxa de aprendizado do
algoritmo backpropagation da rede neural artificial.
_______________________________________________________________________
42
Em Cirrincione et al. (2003) é proposta uma arquitetura neural auto-
organizável para o controle direto de torque. Conforme os autores, com esta nova
abordagem, transforma-se o problema de mapeamento e identificação de um
sistema num sistema de reconhecimento de padrões. Testes experimentais
validaram a proposta utilizando uma placa de DSP para implementar o controle do
motor de indução.
Em Campbell et al. (2000) e Campbell e Sumner (2002) foram usadas redes
neurais artificiais para estimar as mudanças na resistência do estator e velocidade
do rotor. A estimativa do valor da resistência do estator é realimentada no algoritmo
de controle melhorando o seu desempenho. É importante observar que os trabalhos
de Campbell e Sumner são dos mesmos autores, tendo diferença de dois anos nas
datas de publicação; 2000 e 2002 respectivamente, onde são apresentadas
melhorias no segundo trabalho em relação ao primeiro. Em ambos os trabalhos,
medidas experimentais foram realizadas para validar os modelos neurais.
Em Karanayil et al. (2002) é mencionado que a performance do controle
vetorial indireto (Indirect Vector Control) depende da precisão da estimativa do fluxo
de rotor através de medidas de corrente do estator. A precisão do controle é
aumentada com o uso da medida da resistência do rotor que pode variar em até
100% com o aumento da temperatura. Os autores propõem o uso de redes neurais
artificiais para estimar a resistência do rotor pelas dificuldades da medida direta da
variável. Para validar a proposta o algoritmo do controle vetorial indireto e o
estimador de resistência do rotor são implementados em uma placa de DSP
baseado no processador TMS320C31 da Texas®. Os dados são medidos através de
uma placa de aquisição e armazenados usando o software Labview®.
_______________________________________________________________________
43
Em Kolla e Varatharasa (2000) as redes neurais artificiais são utilizadas na
predição de falhas em máquinas elétricas. Esta aplicação é de especial interesse
para processos cuja parada deve ser planejada, ou nos processos que são
considerados críticos como, por exemplo, em refinarias de petróleo.
No trabalho de Cirrincione e Pucci (2003) foi desenvolvido um estimador de
velocidade usando redes neurais artificiais. O estimador foi implementado em
controle direto de torque (DTC) e no controle por orientação de campo (Field
Oriented Control – FOC). A metodologia foi empregada em experimentos práticos e
ambos algoritmos de controle numa placa de DSP. Os autores concluem que a
resposta do estimador em altas velocidades tem precisão mais elevada e finalizam
as conclusões sugerindo que as pesquisas continuem para melhorar o desempenho
em baixas velocidades.
Assim, uma das propostas principais desta tese consiste em utilizar redes
neurais artificiais como ferramentas alternativas no processo de medida indireta de
velocidade em motores de indução trifásicos a exemplo das pesquisas recentes.
Mais especificamente, propõem-se uma multi-estrutura neural dividida por
faixas de tensão. Assim, o trabalho consegue maior flexibilidade e modularidade
para operar em diversas condições de alimentação da máquina conforme foi
proposto por Goedtel (2003) na estimativa de conjugado de carga.
No sentido de contribuir com os aspectos relacionados à validação dos
modelos neurais propostos, propõem-se também, de forma complementar e com
caráter inovador, duas modificações no processo de validação (crossvalidation).
Para a experimentação das propostas apresentadas neste trabalho foi construída
uma estrutura de ensaios de máquinas elétricas e seu detalhamento também é
apresentado no próximo capítulo.
_______________________________________________________________________
44
_______________________________________________________________________
45
4 Desenvolvimento de Uma Estrutura de
Ensaios de Máquinas Elétricas Rotativas
A aplicação de redes neurais artificiais em diversos ramos do conhecimento envolve,
em especial na engenharia, a experimentação prática para confrontar aspectos da
modelagem matemática e os aspectos da dinâmica de cada processo. O confronto
entre dados experimentais e teóricos é uma constante em diversos trabalhos
publicados.
O projeto e desenvolvimento de uma estrutura de testes de máquinas
elétricas se faz necessária para validar os modelos teóricos desta tese. Neste
trabalho é feita a descrição sistemática da montagem de tal sistema, possibilitando a
reprodução da estrutura em outros centros de pesquisa.
Assim, a descrição da construção dos diversos passos desta estrutura de
ensaios, marcada pela flexibilidade e baixo custo, constitui-se uma contribuição
desta tese de doutorado com o suporte financeiro da FAPESP
. Cabe salientar que
esta estrutura também servirá a outros trabalhos correlatos na área de máquinas
elétricas.
A montagem da bancada de testes se constitui um dos módulos mais
importantes desta tese de doutorado, pois a mesma possibilitará a aquisição de
todos os sinais que envolvem à dinâmica das máquinas elétricas em estudo, tais
como corrente, tensão, torque e velocidade do motor, tanto em regime transitório
como permanente. A sua montagem implica na utilização de equipamentos que
possibilitem essas medidas, tais como: placa de aquisição de dados, sensores e
transdutores para as variáveis a serem medidas, motores elétricos, chaves, fios e
fusíveis.
_______________________________________________________________________
46
Após a montagem da bancada de testes experimentais, realizam-se os
processos que visam validar a mesma. Entre as diversas atividades executadas
destacam-se a aferição e calibração de instrumentos e o desenvolvimento de rotinas
para aquisição e tratamento de dados.
Os sensores de tensão e corrente foram calibrados conforme o padrão de
um multímetro marca Agilent, modelo 34401A de 6½ dígitos com precisão de 0,06%
de precisão na faixa de 10 Hz a 20 kHz. O certificado de calibração e aferiação do
multímetro foi fornecido pelo fabricante no ato da compra do equipamento com
recursos da FAPESP.
A FIGURA 4.1 ilustra o diagrama em blocos da estrutura de ensaios
proposta neste trabalho de doutorado. A linha pontilhada indica a implementação
futura do trabalho.
FIGURA 4.1 – Esquema experimental para simulação de cargas.
Como verificado na FIGURA 4.1, a simulação dos perfis de carga no eixo do
motor de indução trifásico será realizado através da utilização de um gerador de
_______________________________________________________________________
47
corrente contínua que será acoplado ao eixo do mesmo. O gerador neste caso deve
ter excitação independente do campo para permitir o controle da corrente do seu
campo independente da carga acoplada ao gerador.
Consegue-se, desta forma, maior flexibilidade no controle desta máquina
que, em última análise, simulará a carga imposta ao motor de indução. O circuito de
controle é composto basicamente por uma fonte de Corrente Contínua (CC) de
tensão variável aplicada ao enrolamento de campo.
Cabe salientar que o acoplamento de máquinas de corrente alternada em
máquinas de corrente contínua para simulação de cargas é utilizado com freqüência
em aulas de máquinas elétricas nas instituições de ensino, assim como em
pesquisas recentes como mencionado em (CAMPBELL & SUMNER, 2002;
CIRRINCIONE e PUCCI, 2003; CIRRINCIONE e PUCCI, 2005; AIELO et al., 2005;
CIRRINCIONE et al., 2006).
O ajuste do variac simula a variação de tensão da rede de alimentação. Este
dispositivo é precedido dos fusíveis para proteção do circuito, bem como da
contatora que energiza todo o sistema. Ainda na FIGURA 4.1 é descrita a estrutura
de seleção do tipo de estratégia utilizada para controle e acionamento: i) direto ou ii)
inversor de freqüência.
No esquema proposto, e ilustrado na FIGURA 4.1, há a possibilidade de
partida direta do motor em estrela ou triângulo. O gerador de corrente contínua
impõe o perfil de carga e o sistema de aquisição de dados armazena os dados
provenientes dos transdutores de tensão, corrente, velocidade e torque.
Com estes dados é possível validar os modelos baseados em sistemas
inteligentes, bem como criar um banco de dados de simulações que poderá ser
_______________________________________________________________________
48
usado em outras pesquisas ou no re-treinamento do sistema inteligente a exemplo
de (ASHRAFZADEH, 2002).
Estudos adicionais quanto à geração de harmônicas para a rede elétrica,
bem como do fator de potência, podem ser realizados acoplando à entrada da
alimentação destes dispositivos nos respectivos transdutores de tensão e corrente
por efeito Hall. Pode-se inferir desta forma a energia elétrica perdida no sistema de
distribuição proveniente do setor industrial e também o rendimento do próprio
dispositivo que apresenta perdas. Assim, a flexibilidade desta bancada permite
vários estudos, beneficiando, desta forma, vários projetos de pesquisa.
Portanto, o primeiro passo na direção da validação dos modelos inteligentes
desenvolvidos é a construção desta bancada de testes. Desta forma, o quadro de
comando é peça fundamental para que a bancada de testes seja flexível para
possibilitar diversos tipos de testes. A FIGURA 4.2(a) ilustra o quadro de comando
projetado a partir do diagrama esquemático da FIGURA 4.1.
O quadro de comando é composto por uma estrutura metálica dentro da qual
ficam alojados dispositivos de partida (chaves contatoras), fusíveis, chaves,
variadores de tensão, mostradores de tensão, bornes entre outros.
A conexão externa do quadro, feita com bornes, difere das aplicações
industriais. Quando um quadro é projetado para a partida de uma determinada
máquina, suas conexões externas são feitas à base de barras de terminais. Os
equipamentos utilizados são normalmente fixados sobre trilhos DIN*, os quais fazem
parte do padrão industrial. Neste trabalho, optou-se pela conexão de bornes no
painel frontal do quadro, pois os mesmos possibilitam um esquema flexível de
conexão ao motor e sua rápida mudança quando necessário. A FIGURA 4.2 (b)
mostra detalhe da conexão com bornes.
*Nota: DIN é a abreviatura de Deutsches Institut für Normung (Instituto Alemão para Normatização). O trilho DIN (DIN Rail) é um
trilho metálico com 35 mm de largura com uma seção transversal no formato de chapéu utilizado para fixação de equipamentos
dentro de quadros de comando. Estes dispositivos são normatizados conforme European Standard EN 50022 e International
Standard IEC 60715. (Referência: http://en.wikipedia.org/wiki/DIN_rail
- acessado em 05/04/2007).
_______________________________________________________________________
49
Os variadores de tensão, também conhecidos como variacs, são
monofásicos. Com esta configuração é possível simular as variações de tensão de
linha, bem como os desequilíbrios de tensão entre as fases que são encontrados de
forma freqüente no ambiente industrial. O desequilíbrio de tensões entre fases é
produto do mau dimensionamento de condutores e principalmente pela distribuição
não uniforme de cargas entre as fases da rede elétrica numa determinada planta. A
experiência profissional dos membros do grupo de pesquisa mostra que isso é uma
realidade muito presente em uma parte considerável das empresas. Desta forma,
torna-se imprescindível o uso dos variadores monofásicos para simular o ambiente
do setor produtivo. A FIGURA 4.3 mostra os variadores de tensão dispostos no
painel, bem como detalhes internos do mesmo.
(a)
(b)
FIGURA 4.2 – Quadro de comando: (a) vista frontal; (b) detalhe da conexão.
Usa-se neste quadro de comando mostradores de tensão que indicam a
tensão aplicada em cada uma das fases em relação ao neutro. Desta forma, é
possível ajustar o variac e observar a respectiva variação de tensão de alimentação
do motor.
O quadro de comando desenvolvido neste trabalho pode ser considerado
uma contribuição na pesquisa e no ensino que envolvem máquinas elétricas. O
_______________________________________________________________________
50
quadro é genérico no sentido de permitir diversos experimentos com motores
elétricos e seus acionamentos.
(a)
(b)
(c)
(d)
FIGURA 4.3 – Quadro de comando: (a) disposição dos variadores de tensão no
painel; (b) disposição dos variadores de tensão na parte posterior do painel frontal;
(c) ligação dos variadores de tensão ao barramento do quadro de comando; (d)
detalhe construtivo do variador de tensão utilizado no quadro de comando.
4.1 Aspectos Relacionados à Máquina CC
A Máquina de Corrente Contínua (MCC) foi uma das primeiras máquinas utilizadas
em meios industriais, sendo considerada uma máquina bastante versátil. A sua
velocidade pode ser facilmente controlada. A máquina de corrente contínua
desenvolve torque nominal em todas as velocidades, ou seja, de rotor bloqueado à
_______________________________________________________________________
51
velocidade nominal (HUBERT, 1991). A máquina pode operar como motor ou
gerador.
A máquina CC utilizada neste trabalho é a máquina de corrente contínua
com excitação independente. Ela é composta por dois enrolamentos básicos: i) o
enrolamento de campo e ii) o enrolamento de armadura. O enrolamento de campo
está acoplado no estator e produz o fluxo eletromagnético que atravessa o
enrolamento de armadura. O enrolamento de armadura está localizado no rotor e a
corrente circulante nele produz a força contra-eletromotriz que atua no sentido de
anular o fluxo produzido pelo enrolamento de campo. Desta forma, tem-se
conjugado eletromagnético (torque) e giro do rotor.
Na estrutura de ensaios, a máquina de corrente contínua é utilizada como
gerador de corrente contínua. O seu eixo é acoplado ao eixo do Motor de Indução
Trifásico (MIT), tendo acoplado entre as duas máquinas um torquímetro girante.
Quando a MCC está operando como geradora ela impõem um torque resistente no
seu eixo. Este torque pode variar conforme a carga imposta ao gerador o qual está
acoplado no enrolamento de armadura ou pela variação da tensão no enrolamento
de campo. Consegue-se com isso a variação dinâmica do torque aplicado ao MIT. A
FIGURA 4.4 ilustra um diagrama em blocos que descreve a atuação do sistema
composto pela MCC e o MIT.
A modelagem eletromecânica da máquina de corrente contínua é
encontrada em diversas referências da literatura pesquisada. No sentido de
determinar os parâmetros desta máquina usada nos experimentos, diversos ensaios
foram realizados na mesma conforme descrito em Oliveira et al. (2005).
_______________________________________________________________________
52
FIGURA 4.4 – Diagrama em blocos da operação do gerador CC.
4.2 Sensores Hall
Os materiais utilizados na manufatura de dispositivos de efeito Hall são
semicondutores do tipo p ou do tino n. São exemplos típicos o arsenieto de Indium e
Silício dopado conforme Coombs (1995).
A FIGURA 4.5 mostra a seção de um semicondutor dopado tipo p submetido
a um campo magnético B
z
na direção do eixo z, e um campo elétrico E
x
na direção
do eixo x. A corrente I
x
se desloca na direção do eixo x.
FIGURA 4.5 – Seção de um semicondutor do tipo p submetido a um campo elétrico
e magnético.
Fonte: Coombs, 1995.
_______________________________________________________________________
53
As lacunas do semicondutor se deslocam na direção do eixo x através do
campo magnético as quais ficam submetidas à ação de uma força de origem
magnética, resultando em polarização de cargas positivas no topo do semicondutor
e de cargas negativas na face inferior da pastilha. Um campo elétrico E
y
, conhecido
como campo Hall, surge como conseqüência desta polarização de cargas elétricas
(Coombs, 1994). A tensão de Hall pode ser calculada conforme Equação (4.1).
h
BIR
V
zxH
H
)(
=
(4.1)
onde R
H
é o coeficiente de Hall (sendo negativo para semicondutores do tipo n) e h é
a dimensão paralela a B
z
. Os sensores por efeito Hall são os responsáveis pela
medida de tensão e corrente da alimentação dos motores conforme ilustrado na
FIGURA 4.1 nos blocos denotado por “I V”.
4.2.1 Sensores Hall de Corrente
Os sensores Hall são amplamente usados em diversas aplicações industriais. Outras
alternativas tradicionais para a medida de corrente são os shunts e os dispositivos
que funcionam pelo princípio da indução eletromagnética baseada na Lei de
Faraday-Lenz.
Na primeira alternativa, os shunts são elementos resistivos nos quais
circulam corrente, sendo termicamente estáveis dentro de sua faixa de operação.
Entretanto, estes elementos aparecem como uma carga ao circuito e tem perda de
calor por efeito Joule, além da inexistência de isolamento galvânico.
Na segunda alternativa, as medidas de corrente pelo princípio da indução
eletromagnética têm como seus principais representantes os Transformadores de
Corrente (TC) e alicates amperímetros. Nestes equipamentos há a desvantagem de
_______________________________________________________________________
54
medirem apenas corrente alternada, pois conforme foi postulado por Faraday-Lenz,
a tensão induzida numa bobina de N espiras depende da variação de fluxo por
intervalo de tempo. Há somente fluxo eletromagnético alternado se a corrente
também for alternada. Justifica-se desta forma o uso dos sensores Hall na medida
de corrente neste trabalho. Há também o aspecto que deve ser apresentado no que
diz respeito à tendência de miniaturização dos componentes conseguido pelos
fabricantes de sensores Hall.
Considerando que o gerador de corrente contínua acoplado ao eixo do motor
de indução trifásico é uma carga dinâmica, tem-se então a necessidade da medida
de corrente contínua nos terminais da máquina para efetuar seu controle. O sensor
Hall de corrente propicia tal medida. Optou-se neste trabalho pelo uso de sensores
Hall da marca LEM, cujos sensores já foram usados com sucesso no trabalho de
Serni (1999) por apresentarem baixo ruído, ampla faixa de resposta em freqüência e
classe de precisão inferior a 1%.
Mais especificamente, usa-se neste projeto de pesquisa o sensor LAH – 25
NP com corrente nominal de 25 A eficaz e classe de precisão de 0,3%. A saída da
corrente é de 0-25 mA eficaz. A tecnologia usada neste sensor prevê realimentação
do sinal de saída com a entrada através de um amplificador operacional e dois
transistores em push-pull. A FIGURA 4.6 ilustra esta tecnologia.
É importante ressaltar que esta característica é muito importante neste
trabalho (em termos de flexibilidade de trabalhos futuros), uma vez que há algumas
metodologias para estimativa de rotação de máquinas elétricas que usam o
conteúdo harmônico do sinal de corrente como fonte primária de dados, conforme
descrito em Holtz (2002).
_______________________________________________________________________
55
FIGURA 4.6 – Sensor Hall de corrente com realimentação do sinal de saída.
Fonte: Manual LEM
4.2.2 Condicionamento de Sinal
O condicionamento de sinal é definido como o tratamento dado ao sinal, na saída do
transdutor, para deixá-lo condicionado a outros equipamentos. No caso do sensor
Hall adotado, este tem saída em corrente enquanto a placa de aquisição de dados
tem entrada em tensão. Desta forma acrescenta-se uma carga resistiva à saída do
sensor Hall de forma a ter o sinal de tensão adequado à placa de aquisição. A
FIGURA 4.7 ilustra esta configuração.
_______________________________________________________________________
56
FIGURA 4.7 – Transformação de corrente em tensão.
onde I
1
é a corrente primária, I
2
é a corrente secundária (ou de saída) e α é a relação
entre a corrente de primário e secundário.
Neste caso α tem a relação 1/1000, ou seja, para cada Ampere na entrada
tem-se 1 mA na saída. O resistor R é escolhido com o valor de 100 conforme faixa
sugerida pelo fabricante. Neste valor, tem-se também uma relação de 1/10 entre
corrente I
1
e V
Hall
.
Desta forma, a tensão eficaz de saída é de 2,5V ou 3,536Vp (pico). A placa
de aquisição escolhida para este trabalho trabalha com tensões de +/- 10 Vpp. Opta-
se então por inserir um amplificador operacional de ganho dois com conseqüente
aumento da resolução do sinal de saída e, ainda, estar dentro da faixa de tolerância
da placa de aquisição considerando surtos de corrente no primário. A FIGURA 4.8
ilustra o condicionamento proposto para o sensor Hall de corrente.
_______________________________________________________________________
57
FIGURA 4.8 – Condicionamento de sinal do sensor Hall.
Considerando que há realimentação negativa, ou seja, há uma conexão
entre a saída e a entrada V
(-)
através do resistor R
2
, tem-se então que V
(-)
= V
(+)
. A
partir deste postulado, tem-se:
RIRIV ...
12)(
α
=
=
+
(4.2)
Se V
(-)
= V
(+)
então tem-se:
1
..
1
1
)(
3
R
RI
R
V
I
α
==
+
(4.3)
Considerando que a corrente drenada das entradas do amplificador
operacional deve ser muito baixa, da ordem de nano Ampere, então I
3
deve ser
fornecida pela saída do dispositivo, confirmando assim a premissa inicial de
realimentação negativa. Aplicando Kirchoff das malhas, tem-se:
)1(.....
1
2
11
1
1
.2)(32
+=+=+=
+
R
R
RIRI
R
RI
RVIRV
o
αα
α
(4.4)
Se R
2
= R
1
então tem-se ganho dois. Deve ser notado que o esquema
proposto é flexível o suficiente para servir como buffer de tensão, ou também
chamado de seguidor de tensão, se R
2
igualar-se a zero. Desta forma, tem-se na
_______________________________________________________________________
58
saída do amplificador operacional a mesma tensão que a produzida pelo produto
I
1
.α.R.
O amplificador operacional escolhido foi o TL081, cuja entrada é JFet e
como conseqüência drenando nano amperes de corrente. Este dispositivo, da
Família TL08X, também possui saída para ajuste de off-set, banda de 3 MHz para
ganho unitário e slew rate típico de 13 V/µs. Desta forma, o amplificador operacional
acompanha variações rápidas de tensão em sua entrada.
4.2.3 Sensores Hall de Tensão
Os modelos baseados em redes neurais que estimam parâmetros de motores
elétricos têm como entradas a corrente e tensão eficazes. Desta forma, há a
necessidade de medida de tensão de alimentação do motor. Seguindo as mesmas
premissas da escolha do sensor de corrente, tais como portabilidade, tamanho
reduzido e imunidade a ruído, opta-se pelo uso de um sensor Hall de tensão o qual é
produzido também pela LEM.
O princípio de funcionamento é o mesmo do Hall de corrente, diferindo
apenas que se deve transformar o sinal de tensão em corrente através da adição de
um resistor externo R1 conforme FIGURA 4.9, a qual ilustra o diagrama de conexão
elétrica do sensor Hall de tensão. Na referida figura o resistor R
M representa a
resistência de carga e I
S a fonte de corrente regulada pela variação de tensão dos
terminais +HT e –HT.
_______________________________________________________________________
59
FIGURA 4.9 – Diagrama de conexão elétrica.
Fonte: Manual LEM
A taxa de conversão é de 1:2,5; ou seja, para cada miliampere na entrada
tem-se 2,5 miliamperes na saída. As características do LV-20P constam do manual
do componente. Deve ser observado que a saída tem a mesma escala (0-25 mA) do
sensor Hall de corrente. Desta forma, utiliza-se o mesmo esquema de
condicionamento de sinal usado no transdutor de corrente descrito na seção
anterior.
4.2.4 Sensores Hall: Aplicação
Conforme mencionado anteriormente, o sensor Hall de corrente e tensão escolhido
para uso neste projeto foi o LAH-25 NP e o LV-20P do fabricante LEM. O
condicionamento de sinal foi feito utilizando o amplificador operacional TL081 com
ajuste de offset.
Os sensores Hall de tensão e de corrente têm por objetivo instrumentar a
máquina de corrente contínua e a máquina de corrente alternada (Motor de Indução
Trifásico – MIT). Estes sensores são os pontos de partida das tecnologias
sensorless e suas aplicações não se restringem às aplicações em máquinas
elétricas.
_______________________________________________________________________
60
Neste trabalho, as tensões e corrente trifásicas, a tensão do enrolamento de
armadura, a corrente do enrolamento de armadura, a tensão do enrolamento de
campo e a corrente do enrolamento de campo são medidas por tais sensores. A
FIGURA 4.1 ilustra a aplicação destes sensores no barramento da máquina de
indução representado pelos blocos “I V
. A FIGURA 4.10 mostra os sensores fixados
na parte interna do painel de comando e monitorando o barramento da máquina de
indução.
FIGURA 4.10 – Diagrama de conexão interna ao quadro de comando.
4.3 Encoder Óptico e Seu Condicionamento de Sinal
O encoder óptico é um dispositivo eletromecânico que transforma movimento numa
seqüência de pulsos digitais. Pela contagem de um bit ou pela decodificação de um
conjunto de bits, os pulsos podem ser convertidos em medida de posição relativa ou
absoluta.
Os encoders possuem configuração linear ou rotativa, sendo a última mais
comum. Os encoders ópticos rotativos são fabricados em duas formas básicas: i) o
encoder absoluto e ii) o encoder óptico incremental. No encoder absoluto uma
Hall de
Tensão
Barramento
Hall de
Corrente
_______________________________________________________________________
61
palavra (seqüência de bits) corresponde de forma unívoca à posição do eixo em
relação à uma referência. Já no encoder incremental é produzida uma seqüência de
pulsos cuja freqüência varia de forma proporcional à velocidade de giro do eixo.
Neste trabalho opta-se pelo uso do encoder óptico incremental, pois há a
necessidade de medida da velocidade no eixo do motor de indução trifásico. O
encoder adquirido com recursos financeiros da FAPESP foi o modelo T8-5800 do
fabricante Kuebler. Destaca-se como característica importante deste equipamento o
uso industrial dele, com tolerância a grandes esforços axiais e radiais, o que propicia
uma maior vida útil deste aparelho. A saída do tipo push-pull aumenta a imunidade
ao ruído. Foi escolhido o encoder com 2.000 pulsos por rotação com saída
ZBBAA ,,,, eZ .
O encoder óptico possui uma saída digital conforme o nível de tensão o qual
ele é alimentado. Entretanto, cada saída possui dois transistores e quando um está
acionado o outro está cortado. O sentido da corrente sobre a resistência de carga,
tomando um mesmo ponto como referência, a deixa ora positiva e ora negativa. Com
isso, tem-se um nível de tensão simétrico sobre a resistência praticamente igual a
Vcc. Só não é igual à tensão de Vcc porque os transistores que estão conduzindo
trabalham de forma saturada e sobre eles há uma queda de tensão chamada de
tensão de saturação. A FIGURA 4.11 ilustra o tipo de saída push-pull, a qual se
caracteriza por grande imunidade a ruído, sendo também utilizada em ambiente
industrial.
Como exemplo, seja uma rotação síncrona de 1800 rpm (MIT de 4 pólos) o
que significa 30 voltas por segundo; ou seja, 30 rps (rotações por segundo). Com o
encoder de 2000 pulsos por rotação tem-se então 60.000 pulsos por segundo. Esta
grandeza pode também ser representada na forma de freqüência, ou seja, 60kHz.
_______________________________________________________________________
62
FIGURA 4.11 – Saída push-pull do encoder óptico.
A placa de aquisição suporta até 200k samples/segundo multiplexada nos
diversos canais. Se a amostragem ocorrer de forma simultânea, poder-se-ia inserir
mais dois canais de 60 k samples/segundo.
A solução encontrada para esta questão foi o desenvolvimento de um divisor
programável baseado em microcontrolador. A idéia principal foi retirar o sinal
advindo do encoder e dividí-lo por 4, 8, 16, 32, 64, 128 ou 256 conforme uma
interface externa (dip switch).
O sinal de saída do push-pull é simétrico; ou seja, +Vcc a –Vcc. Entretanto,
a entrada do sistema microcontrolado é nível TTL (+5V a 0V). Há a necessidade de
adaptação do sinal +/-Vcc para TTL. Escolhe-se, estrategicamente, Vcc = 12V.
Desta forma, tem-se o padrão RS232 sobre o resistor de carga. Usa-se
então o chip MAX232, que faz a conversão de RS232 para TTL, neste circuito. Usa-
se somente a conversão RS232 para TTL nos pinos 8 e 13 do circuito integrado.
Convém ressaltar que esta solução aproveita um circuito integrado disponível no
_______________________________________________________________________
63
mercado que é encontrado com facilidade e integra-se ao circuito de
condicionamento.
Após a inserção deste circuito integrado e os devidos testes em protoboard,
monta-se então toda a estrutura numa placa universal utilizando a técnica conhecida
como wire-wrap. Esta metodologia se baseia na soldagem dos componentes e sua
interconexão através de pequenos fios. A facilidade de mudanças e a rapidez com
que se constrói um protótipo são as grandes vantagens deste método. Além disso,
pelo processo de soldagem, diminuem-se significativamente problemas de mau
contato que ocorrem com freqüência nos protodoads. A FIGURA 4.12 ilustra a
estrutura para condicionamento de sinais do encoder óptico.
A verificação do funcionamento foi realizada utilizando o osciloscópio digital
Tektronix em paralelo com o sinal de entrada da placa de aquisição de dados. As
medidas coincidiram com as do osciloscópio cujo canal estava ajustado para efetuar
as medições de período. A variação de velocidade para este ensaio foi obtida pela
variação da tensão de armadura aplicada à máquina de corrente contínua operando
como motor. Neste caso, mantém-se a tensão do campo constante.
_______________________________________________________________________
64
FIGURA 4.12 – Vista do conjunto: condicionamento de sinal do encoder óptico e
fonte de alimentação.
4.4 Bancada de Ensaios: Acoplando as Máquinas
A bancada de ensaios é a plataforma sobre a qual serão fixadas as máquinas a
serem ensaiadas. Esta estrutura foi concebida no sentido de possibilitar diversos
tipos de ensaios de uma máquina de corrente contínua e uma máquina de corrente
alternada trifásica. Entre as duas máquinas é posicionado o torquímetro girante e na
ponta do motor de indução, através do alongamento do seu eixo, a fixação do
encoder óptico.
Condicionamento de Sinal
Entrada
Saída
Base de
Madeira:
Fixação do
Conjunto
Fonte de Alimentação
_______________________________________________________________________
65
4.4.1 Estrutura Metálica da Bancada de Ensaios
A estrutura metálica é composta por uma chapa metálica de ¼ de polegada com
1,20m de comprimento, 0,6m de largura e 0,80m de altura. Da chapa plana ao chão,
há os pés que estão soldados na parte inferior da estrutura. A FIGURA 4.13(a)
ilustra a chapa metálica ainda na oficina, na fase quer antecede a furação. A parte
inferior da estrutura está em destaque mostrando a dobra da chapa e a soldagem a
qual lhe confere maior rigidez mecânica.
Uma segunda estrutura metálica foi desenvolvida para fixação do encoder
óptico. A altura desta estrutura faz com que coincida a altura do centro do eixo do
encoder óptico e do centro do eixo da máquina de corrente contínua. Toma-se como
referência a máquina de corrente contínua, pois a mesma possui a maior altura entre
todas as máquinas. A FIGURA 4.13(b) apresenta a segunda estrutura.
(a)
(b)
FIGURA 4.13 – Estrutura metálica: (a) Fixação das máquinas e (b) fixação do
encoder.
O acoplamento do encoder óptico e do motor de indução são realizados pela
construção de uma extensão no eixo. Esta extensão é fixada na parte posterior do
rotor do motor de indução por um processo de soldagem e em seguida é torneado o
conjunto, mantendo assim o equilíbrio de massas e evitando o desbalanceamento, o
_______________________________________________________________________
66
qual é causador de vibrações. A FIGURA 4.14(a) apresenta a extensão do eixo do
MIT.
O acoplamento entre os dois eixos, do motor de indução e do encoder
óptico, é realizado através de um acoplamento elástico. Tal acoplamento é
responsável pela absorção de pequenas vibrações provenientes da máquina de
indução e tem por objetivo o aumento da vida útil dos rolamentos do encoder óptico.
A FIGURA 4.14 (b) ilustra o acoplamento elástico utilizado neste trabalho.
No acoplamento dos demais eixos foi utilizado um dispositivo de
acoplamento mecânico. Este acoplamento possui dois parafusos na sua parte
superior para fixar a chaveta dos eixos que são acoplados a ele. No caso desta
bancada de testes, o acoplamento da máquina de corrente contínua ao torquímetro
girante e do torquímetro girante ao eixo do motor de indução trifásico é realizado
através deste acoplamento. No meio deles há uma borracha que absorve o esforço
de um eixo contra o outro. A FIGURA 4.14 (c) mostra o acoplamento elástico e a
FIGURA 4.14 (d) apresenta a conexão entre o MIT e o torquímetro girante através
do acoplamento elástico.
4.4.2 Montagem do Conjunto Completo
A estrutura de ensaios se caracteriza num conjunto de peças, adquiridas
separadamente, que quando montadas servem para testar máquinas elétricas em
diversos aspectos da pesquisa. A parte final se caracteriza pela montagem do
conjunto, sobre a base já pintada com pintura eletrostática, acoplando as diversas
máquinas. O alinhamento das máquinas é uma das partes que envolvem um grande
número de detalhes e de fundamental importância para o trabalho A Figura 4.15
apresenta o conjunto das três máquinas; a saber: o motor de indução, o torquímetro
_______________________________________________________________________
67
girante e a máquina de corrente contínua acoplados, formando um conjunto rotativo,
no instante em que as máquinas estavam sendo alinhadas.
(a)
(b)
(c)
(d)
FIGURA 4.14 – Elemento de fixação: (a) extensão do eixo do MIT, (b) Acoplamento
elástico do encoder, (c) acoplamento elástico das demais máquinas, (d)
acoplamento do MIT com o torquímetro girante utilizando acoplamento elástico.
_______________________________________________________________________
68
FIGURA 4.15 – Alinhamento da máquinas.
A FIGURA 4.16 apresenta uma visão geral da estrutura alinhada e montada.
FIGURA 4.16 – Estrutura de ensaios de máquinas elétricas rotativas.
A carga conectada ao enrolamento de armadura da máquina é composta de
resistências de reposição de chuveiros elétricos. A ligação delas é série ou paralelo
_______________________________________________________________________
69
conforme a necessidade de imposição de conjugado ao MIT. Este conjunto está
alojado num cilindro de material plástico (tubo de PVC) e nas suas extremidades
dois ventiladores, tipo cooler, auxiliam a dissipação de calor. Essa solução se
caracteriza pelo baixo custo de sua montagem e implementação.
FIGURA 4.17 – Carga da máquina de corrente contínua.
A montagem desta estrutura de ensaios pode ser considerada uma
contribuição aos trabalhos de pesquisa e ensino na área de máquinas elétricas
rotativas. Diversos parâmetros são monitorados nesta estrutura; a saber: velocidade
do eixo, torque de carga, tensão de armadura, corrente de armadura, tensão de
campo, corrente de campo, tensões de linha trifásicas, correntes de linha trifásicas.
A temperatura nas máquinas não é monitorada e pode ser uma implementação
futura.
_______________________________________________________________________
70
_______________________________________________________________________
71
5 Uma Contribuição aos Estimadores de
Velocidade Utilizando Redes Neurais Artificiais
As aplicações de motores de indução trifásicos podem ser divididas em dois
grandes grupos: o primeiro grupo é aquele em que o motor trabalha sempre a
mesma velocidade, ou seja, uma vez dada sua partida, não há elemento de controle
sobre sua velocidade ou regime de operação. O segundo grupo, por sua vez, é
aquele onde os processos em que os motores estão acoplados necessitam a
aplicação de uma metodologia de controle (escalar ou vetorial). A abordagem deste
trabalho está inserida no contexto dos dois grupos de acionamento e se propõe um
método para estimar velocidade do MIT em regime senoidal ou não-senoidal de
alimentação.
A proposta está então focada em apresentar um modelo baseado em redes
neurais artificiais para estimar velocidade no eixo do motor de indução através de
medidas primárias de tensão e corrente. Dados de simulação e experimentais são
apresentados para validar esta proposta.
5.1 Aspectos da Modelagem do MIT
O primeiro passo envolvido no treinamento de uma rede neural artificial é compilar o
conjunto de padrões de entrada e saída com o objetivo do ajuste dos parâmetros
internos da rede (pesos sinápticos). Este procedimento é conhecido como processo
de treinamento e se deve assegurar que a rede é exposta a seqüências de padrões
que descrevam de forma satisfatória o comportamento do sistema analisado
(GOEDTEL, 2006a).
_______________________________________________________________________
72
Com o propósito de gerar os padrões de treinamento para estimativa de
velocidade do motor de indução, quando em diferentes situações de carga e tensão
de alimentação, realizaram-se várias simulações utilizando a ferramenta
Matlab/Simulink.
O modelo do motor de indução usado nas simulações foi desenvolvido com
base na literatura pesquisada, e é apresentado no Apêndice A, sendo aceito por
muitos pesquisadores como um modelo muito próximo da realidade física. Este
modelo leva em consideração vários aspectos envolvidos na dinâmica
eletromecânica do motor, permitindo a simulação do comportamento do regime
transitório ao regime permanente em diversas configurações de operação (ONG,
1998). A FIGURA 5.1 ilustra, na forma de diagrama em blocos, as entradas e saídas
do modelo.
FIGURA 5.1 – Diagrama esquemático representando as configurações de entradas-
saídas usadas para simular o MIT.
Os parâmetros da máquina como tensão, parâmetros elétricos do rotor e
estator, momento de inércia da carga e do rotor, e conjugado de carga são as
entradas do modelo. A corrente elétrica, o conjugado eletromagnético e a velocidade
do rotor são as saídas do modelo. Estas variáveis serão usadas no processo de
treinamento das redes neurais. A função f(ω) representa a carga que está sendo
_______________________________________________________________________
73
simulada. Neste trabalho é usada uma carga com perfil linear e que se caracteriza
pelo baixo conjugado de partida. Nas simulações não são consideradas as variações
paramétricas devido à alteração da temperatura.
Os parâmetros utilizados na simulação foram levantados de um motor de 4
pólos, 220/380V, IP55 do fabricante WEG, conforme procedimento descrito em Kubo
(2000). O levantamento dos parâmetros do MIT utilizaram a IEEE Standard Test
Procedure for Polyphase Indusction Motors and Generators (IEEE Std. 112-1996)
(KUBO, 2000). A Tabela 5.1 apresenta os parâmetros do motor utilizado.
TABELA 5.1 – Parâmetros do MIT.
Linha Standard – IV Pólos – 60Hz – 220/380V
Potência 1 cv
Resistência de Estator 7,32
Resistência de Rotor 2,78
Indutância de Dispersão do
Enrolamento de Estator
8,95.10
-3
H
Indutância de Dispersão do
Enrolamento de Rotor
5,44.10
-3
H
Indutância de Magnetização 1,41.10
-1
H
Momento de Inércia do Rotor 2,71.10
-3
kg.m
2
Velocidade Síncrona 188,49 rad/s
Escorregamento Nominal 3,8%
Torque Nominal 4,1 Nm
5.2 Metodologia e Simulação
A metodologia proposta neste trabalho é ilustrada na FIGURA 5.2. Este diagrama
em blocos ilustra uma estrutura formada entre modelagem e experimentação tendo
os passos numerados de 1 a 12.
A fase inicial consiste em modelar a máquina de indução (passo 2),
conforme descrito na Seção 5.1. A simulação do modelo do MIT gera os dados de
treinamento e os dados de teste da estrutura neural proposta (passos 4, 5 e 6). Em
seguida, a RNA é treinada (passo 7) com o algoritmo backpropagation descrito na
_______________________________________________________________________
74
Seção 3.1. A cada rede neural artificial treinada são apresentados os dados de teste
(gerados no passo 4 e armazenados no passo 6). Desta forma realiza-se o processo
de validação da estrutura neural verificando-se o erro entre o valor real e o valor
estimado. Este processo é chamado de validação cruzada (crossvalidation) sendo
descrito nos passos 8 e 9 da FIGURA 5.2.
Em seguida, propõe-se o teste da estrutura neural, treinada e validada por
dados de simulação, com dados experimentais. Os dados são coletados na estrutura
de ensaios de máquinas elétricas conforme FIGURA 5.2 (passos 1 e 3). Os dados
experimentais são apresentados à rede neural artificial previamente treinada com
dados de simulação e observam-se os resultados de generalização (passos 10, 11 e
12).
FIGURA 5.2 – Diagrama em blocos da metodologia.
É importante ressaltar que a metodologia proposta neste trabalho considera
um primeiro processo de validação através de dados simulados e em seguida com
_______________________________________________________________________
75
dados experimentais. Na literatura são encontrados processos de treinamento e
validação cruzada envolvendo máquinas elétricas com dados gerados a partir de
modelos ou dados gerados experimentais.
A pré-validação com dados simulados e pós-validação com dados
experimentais proposta neste trabalho pode ser traduzida como uma contribuição
pontual nesta linha de pesquisa, validando a estrutura neural proposta para
estimativa de velocidade no motor de indução trifásico com dados de simulação e
dados experimentais. Propõe-se, nesta tese, a nomenclatura de bi-validação
cruzada para este processo.
5.2.1 Treinando as RNA
Os dados de simulação gerados a partir do modelo do MIT, descrito nas seções
anteriores, forneceu os dados necessários à fase de treinamento da estrutura neural.
Os dados de entrada da rede Perceptron multicamadas são os valores eficazes
(Root Mean Square - RMS) de tensão e corrente de linha da alimentação do MIT. A
saída da rede é a velocidade. A FIGURA 5.3 ilustra a estrutura de treinamento
proposta, onde N
1
e N
2
são os neurônios da primeira camada escondida e da
segunda camada escondida, respectivamente.
_______________________________________________________________________
76
(a)
(b)
FIGURA 5.3 – (a) Estrutura de treinamento e teste da RNA e (b) detalhe do bloco
para o cálculo do valor eficaz utilizando Matlab/Simulink.
A FIGURA 5.4 apresenta o procedimento de simulação para uma carga com
perfil linear. Tal carga apresenta um aumento do conjugado de carga com o
incremento da velocidade de forma linear, sendo bastante encontrada em aplicações
+
-
_______________________________________________________________________
77
como moinhos de rolos, bombas de pistão e serras para madeira (DIAS E
LOBOSCO, 1988). Estabelece-se um conjugado inicial de 5% do conjugado nominal,
simulando assim, o torque inicial exigido da carga para superar as perdas por atrito
em mancais e rolamentos numa máquina real (GOEDTEL, 2003).
Quando o conjugado de carga se iguala ao conjugado eletromagnético a
máquina entra em regime permanente. A partir deste ponto desaparecem as
diferenças entre os perfis de carga e descreve-se o estado apenas como regime
permanente enquanto não houver alteração de conjugado no eixo.
As curvas C
1
a C
26
apresentadas na FIGURA 5.4 representam diferentes
valores de carga em diversas situações de operação. A curva C
26
representa um
baixo conjugado em regime permanente e a curva C
1
um alto conjugado. Estas
diferenças de conjugado simulam diversas cargas aplicadas a uma mesma máquina.
FIGURA 5.4 – Curvas de simulação do MIT as quais representam as diversas
situações de carga e a faixa de tensão de operação (NBR7094/1996).
Assume-se neste trabalho uma variação na alimentação do MIT de –9,09% a
+9,09% em relação ao valor nominal. O objetivo da variação de alimentação nos
terminais do motor de indução é submeter o mesmo às condições severas em
termos de alimentação ou de mau dimensionamento da rede elétrica em ambientes
industriais. A faixa de variação está inserida no contexto da norma NBR7094/1996
_______________________________________________________________________
78
que admite uma variação de –10% a +10%. Com isso, tem-se a divisão da estrutura
neural que estima a velocidade em cinco faixas distintas (GOEDTEL, 2003). A
Tabela 5.2 apresenta a faixa de variação de tensão utilizada neste trabalho.
Uma contribuição deste trabalho em relação a Goedtel (2003) é a inserção
de faixas de operação adjacentes no treinamento da estrutura neural. Conforme
descrito na Tabela 5.2, nas faixas 2, 3 e 4, os limites inferior e superior da faixa de
operação é inserido na camada anterior e posterior, respectivamente, em 2 Volts.
Tem-se com isso a informação no treinamento da estrutura neural relativo ao limite
de cada faixa e os mínimos e máximos das faixas, que se seguem e antecedem.
TABELA 5.2 – Faixas de tensão e índice da estrutura neural.
Índice da Estrutura Faixa de Tensão
1 200…206 V
2 204…216 V
3 214…226 V
4 224…236 V
5 234…240 V
A Figura 5.5 apresenta a multi-estrutura neural para estimativa de velocidade
em motores de indução trifásicos a partir dos dados de tensão e corrente (I V)
coletados na bancada de ensaios. A variável ω
m
é a velocidade medida no eixo, a
qual é comparada com a velocidade estimada (ω
e
) pela estrutura neural, gerando o
sinal de erro (ε). Várias situações de carga são impostas à máquina de indução
através da variação da tensão de campo (Vc) do MCC que dissipa sua energia na
resistência R. As estruturas neurais obedecem ao índice apresentado na Tabela 5.2.
Ilustra-se a estrutura ativada através das linhas pontilhadas; ou seja, na FIGURA 5.5
a estrutura neural de 214-226V está estimando o valor da velocidade.
_______________________________________________________________________
79
MIT
ω
m
Torquímetro
MCC
I
V
Vc
R
Aquisição de Dados
Estrutura 1: 200...206V
V
V
Σ
Σ
g(.)
g(.)
W
W
1
1
W
W
1
1
I
I
W
W
2
2
W
W
2
2
−θ
u
Y
V
V
Σ
Σ
g(.)
g(.)
W
W
1
1
W
W
1
1
I
I
W
W
2
2
W
W
2
2
−θ
u
Y
Estrutura 2: 204...216V
Estrutura 3: 214...226V
V
V
Σ
Σ
g(.)
g(.)
W
W
1
1
W
W
1
1
I
I
W
W
2
2
W
W
2
2
−θ
u
Y
Estrutura 4: 224...236V
V
V
Σ
Σ
g(.)
g(.)
W
W
1
1
W
W
1
1
I
I
W
W
2
2
W
W
2
2
−θ
u
Y
V
V
Σ
Σ
g(.)
g(.)
W
W
1
1
W
W
1
1
I
I
W
W
2
2
W
W
2
2
−θ
u
Y
Estrutura 5: 234...240V
ω
e
ε
FIGURA 5.5 – Diagrama em blocos do estimador.
_______________________________________________________________________
80
Ainda, a FIGURA 5.5 ilustra as simulações computacionais responsáveis por
gerar dados a partir do modelo para treinamento e validação das estruturas neurais.
Entretanto, a carga mecância imposta ao modelo do MIT é gerada por um bloco
denominado “Conjugado de Carga” ilustrado na FIGURA 5.1.
O bloco “Aquisição de Dados” da FIGURA 5.5 é substituído por blocos
Simulink
®
os quais enviam os dados do ambiente Simulink
®
para a área de trabalho
do Matlab
®
.
5.2.2 Resultados de Simulação: Validação Cruzada
Resultados de simulação são apresentados nesta Seção. Deve ser ressaltado que
os dados de teste (tensão e corrente) não participaram do processo de treinamento
da estrutura neural. A saída da rede apresenta a estimativa de velocidade no eixo do
MIT. Os resultados de simulação demonstram a capacidade da estrutura neural em
aprender com os padrões de treinamento e generalizar soluções. O tempo de
simulação é de 1s e reproduz o comportamento da máquina do transitório ao regime
permanente.
Os conjugados de carga em regime permanente foram divididos em três
valores; a saber: 1Nm, 3Nm e 5Nm. Desta forma, em termos computacionais,
simula-se a operação de motores superdimensionados e subdimensionados em
operação nos diversos setores produtivos. Cabe ressaltar que o conjugado nominal
do motor em questão é de 4,1 Nm, conforme descrito na Tabela 5.1.
A FIGURA 5.6 apresenta os resultados de generalização da RNA treinada
na primeira faixa de tensão (descrito na Tabela 5.2) e submetido a um conjugado
resistente de 3 Nm. A FIGURA 5.7 ilustra os resultados de generalização
considerando a faixa de variação de 200V-206V e um conjugado de carga de 5 Nm
em regime permanente.
_______________________________________________________________________
81
FIGURA 5.6 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 200V - 206V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 175,1 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.7 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
A FIGURA 5.8 ilustra os resultados de generalização da estrutura neural
treinada na segunda faixa de tensão (204-216V) e submetido a um conjugado
resistente de 1 Nm. A FIGURA 5.9 ilustra os resultados de generalização
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 200V - 206V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 183,4 rad/s)
Velocidade Estimada
_______________________________________________________________________
82
considerando a mesma faixa de operação da FIGURA 5.8 e um conjugado de carga
de 5 Nm em regime permanente.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 204V - 216V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 180,2 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.8 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 204V - 216V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,7 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.9 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
As FIGURAS 5.10 e FIGURA 5.11 mostram os resultados de generalização
da estrutura neural treinada na terceira faixa de tensão (214-226V). Na FIGURA 5.10
o MIT foi submetido a um conjugado resistente de 5 Nm e, na FIGURA 5.10, o
_______________________________________________________________________
83
conjugado resistente, em regime permanente, foi de 3 Nm. Deve ser ressaltado que
esta faixa de operação é de grande interesse, pois se encontra no entorno da tensão
nominal da máquina de indução; a saber, 220 V.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 178,1 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.10 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-224V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 224V - 236V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 182,5 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.11 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
A quarta faixa de operação, descrito na Tabela 5.2, apresenta tensão de
operação superior à tensão nominal. Em específico, nesta faixa de operação, a
_______________________________________________________________________
84
tensão varia de 224 V a 236 V. A FIGURA 5.12 ilustra o resultado de generalização
na estimativa de velocidade de um MIT submetido a um conjugado de carga de 5
Nm. Na FIGURA 5.13, dentro da mesma faixa de tensão, o conjugado de carga
imposto ao MIT é de 3 Nm.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 224V - 236V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 181,4 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.12 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 224V - 236V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 182,3 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.13 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
_______________________________________________________________________
85
A quinta faixa de operação, conforme proposta deste trabalho, apresenta
tensão de operação entre 234 V e 240V. A FIGURA 5.15 ilustra o resultado de
generalização na estimativa de velocidade de um MIT com carga de 1 Nm em
regime permanente. Na FIGURA 5.14 o conjugado de carga imposto ao MIT é de 3
Nm.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 234V - 240V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 183,5 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.14 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 234V - 240V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 182,1 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.15 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente.
_______________________________________________________________________
86
A Tabela 5.3 apresenta o erro médio e o desvio padrão do valor simulado da
velocidade e o valor estimado pela estrutura neural proposta neste trabalho.
TABELA 5.3 – Erro médio e desvio padrão entre as velocidades real e estimada no eixo do
motor de indução trifásico.
Figura Erro Médio (%) Desvio Padrão (%)
FIGURA 5.6 4,35 9,34
FIGURA 5.7 5,75 12,34
FIGURA 5.8 6,02 17,14
FIGURA 5.9 4,83 12,58
FIGURA 5.10 5,11 21,19
FIGURA 5.11 3,11 13,10
FIGURA 5.12 7,99 63,10
FIGURA 5.13 9,12 53,54
FIGURA 5.14 3,41 7,32
FIGURA 5.15 3,10 6,70
Por inspeção das Figuras 5.6 à 5.15 é possível verificar que o maior desvio
entre o valor real e estimado se encontra nas 5 primeiras amostras; ou seja, nos
primeiros 50 milisegundos após a partida do motor. No sentido de investigar a
influência dos primeiros três ciclos de senóide da alimentação do motor em relação
ao erro de estimativa, o cálculo do erro e desvio padrão são refeitos e apresentados
na Tabela 5.4, desconsiderando para tanto as 5 primeiras amostras.
Os resultados de simulação apresentados nesta seção confirmam o uso das
redes neurais artificiais para estimar a velocidade no eixo dos motores de indução, a
partir de variáveis primárias como tensão e corrente, quando submetido a diferentes
cargas e uma ampla faixa de tensão. A estimativa de velocidade, gerada a partir de
dados de simulação do modelo dinâmico do MIT, utilizou 5 neurônios na primeira
camada escondida, 10 neurônios na segunda camada escondida e um neurônio na
camada de saída. A função de ativação da primeira camada escondida e da
segunda camada escondida é a tangente hiperbólica enquanto que a da camada de
saída é a função linear.
_______________________________________________________________________
87
TABELA 5.4 – Erro médio e desvio padrão recalculado entre as velocidades real e estimada
no eixo do motor de indução trifásico.
Figura Erro Médio (%) Desvio Padrão (%)
FIGURA 5.6 2,64 3,21
FIGURA 5.7 3,46 4,83
FIGURA 5.8 2,83 5,24
FIGURA 5.9 2,46 3,58
FIGURA 5.10 1,89 3,70
FIGURA 5.11 1,45 1,60
FIGURA 5.12 1,02 1,66
FIGURA 5.13 1,97 4,38
FIGURA 5.14 2,58 2,55
FIGURA 5.15 1,99 2,54
A Tabela 5.5 apresenta os diversos parâmetros usados no treinamento da
rede neural proposta.
TABELA 5.5 – Parâmetros da rede neural artificial proposta.
Arquitetura da rede Perceptron multicamada
Tipo de treinamento Supervisionado
Número de Camadas 3
Neurônios da 1ª camada escondida 5
Neurônios da 2ª camada escondida 10
Algoritmo de treinamento Levenberg-Marquardt backpropagation
Taxa de Aprendizado 1.10
-3
Épocas 2000
Erro quadrático requerido 1.10
-3
Função de ativação das camadas
intermediárias
Tangente hiperbólica
Função de ativação da camada de
saída
Linear
Quantidade de amostras de
treinamento
10 curvas – 100 pontos por curva
Quantidade de amostras de teste 5 curvas – 100 pontos por curva
O próximo passo da investigação consiste em apresentar dados
experimentais à estrutura neural que foi treinada e validada apenas com dados de
simulação.
_______________________________________________________________________
88
5.2.3 Resultados Experimentais
Os resultados de simulação confirmam o uso das RNA para estimar velocidade dos
motores de indução. A investigação deste trabalho segue no sentido de apresentar
dados experimentais a uma estrutura treinada com dados de simulação.
As FIGURAS 5.16 e 5.17 mostram a bancada de testes e os sensores de
tensão e corrente utilizados para monitorar o gerador CC e o painel de comando,
respectivamente.
FIGURA 5.16 – Estrutura de ensaios.
FIGURA 5.17 – Sensores Hall de corrente e tensão da máquina CC.
Os detalhes construtivos e de condicionamento de sinal são apresentados
na Seção 4 deste trabalho. Os dados coletados através da placa de aquisição de
Sensor Hall de
Corrente
Sensor Hall de
Tensão
Quadro de
Força
Máquina CC
Torquímetro
Girante
MIT
Encoder Óptico
Inversor de
Freqüência
Quadro de
Comando
_______________________________________________________________________
89
dados são transferidos ao ambiente Matlab/Simulink através de manipulação de
arquivos. O valor eficaz de tensão e corrente são calculados através dos blocos
Simulink.
5.2.4 Resultados da Bi-Validação Cruzada
Os processos de validação cruzada (crossvalidation), aplicados à estimativa de
parâmetros em máquinas elétricas, utilizam a mesma origem dos dados de
treinamento. Assim, se os dados de treinamento da estrutura neural são obtidos por
simulação computacional, então o processo de validação cruzada usa também
dados simulados. Por outro lado, se os dados de treinamento são de origem
experimental, então o processo de validação ocorre com dados igualmente
experimentais. O método alternativo proposto neste trabalho, chamado de bi-
validação cruzada, considera dados de simulação no treinamento e dados
experimentais no teste de generalização.
Os dados experimentais coletados na estrutura de ensaios são agora
apresentados à estrutura neural para as diversas faixas de tensão explicitadas na
Tabela 5.2. A Figura 5.18 ilustra os resultados de generalização da estrutura neural
com dados experimentais treinada para a faixa de tensão de 200V a 206V com
dados provenientes da modelagem do MIT.
A partir de uma inspeção visual na FIGURA 5.18, observa-se que o erro no
regime transitório é muito elevado, sendo, entretanto, muito baixo no regime
permanente. Este padrão de erro no regime transitório e regime permanente se
repete em outras faixas de tensão apresentadas na Tabela 5.2.
O transitório da tensão de alimentação, o pico de corrente na partida e a
possível saturação do núcleo da máquina de indução real, além de ruídos de
medição, são fatores que contribuem para o desvio encontrado no regime transitório
_______________________________________________________________________
90
apresentado na FIGURA 5.18. A FIGURA 5.19 apresenta as principais causas desta
diferença.
100 200 300 400 500 600 700 800
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 200V - 206V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime :182,4 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.18 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 2,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação.
É possível inferir, a partir dos resultados experimentais, que o processo de
bi-validação apresentado neste trabalho é válido na estimativa de velocidade do MIT
em situações de regime permanente. As redes neurais artificiais são capazes de
generalizar soluções a partir do aprendizado com o meio, estabelecendo uma
relação entrada-saída. No caso do modelo do MIT, utilizado para gerar os padrões
de treinamento, foi considerado um afundamento de tensão de 2% no instante da
partida (conforme GOEDTEL, 2003). Entretanto, enquanto foi medido, durante o
transitório, 5% de afundamento da tensão eficaz. As perdas por atrito e ventilação
não foram também consideradas na modelagem da máquina de indução. Também
deve ser mencionado que as não linearidades como saturação eletromagnética e
efeito pelicular não foram consideradas na geração dos dados simulados.
_______________________________________________________________________
91
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Amostras
Amplitude
Tensão, Corrente e Velocidade: Dados Experimentais
Corrente Eficaz (A)
Tensão Eficaz (V)
Velocidade (rad/s)
FIGURA 5.19 – Medidas de tensão, corrente e velocidade.
No sentido de aprimorar o processo de pré-validação e pós-validação
proposto neste trabalho, onde os dados de treinamento são gerados a partir do
modelo linear do MIT enquanto o segundo processo de validação é realizado com
dados experimentais, propõe-se o processo de bi-validação modificado.
5.2.5 O Processo de Bi-Validação Cruzada Modificado
Nesta tese é proposto um método de bi-validação cruzada onde dados
experimentais foram coletados e apresentados à RNA para verificar sua resposta de
generalização quando treinada apenas com dados de simulação. Os valores de
velocidade estimados e desejados são muito próximos em regime permanente, mas
divergem em regime transitório.
Desta forma, no sentido de melhorar o desempenho do estimador em regime
transitório, propõe-se uma modificação no processo de bi-validação cruzada; qual
seja, inserir dados experimentais aos dados gerados através de simulação no
processo de re-treinamento da RNA (sem alteração da estrutura), conforme faixa de
Variação de tensão no
regime transitório
Oscilação de
velocidade
_______________________________________________________________________
92
operação descrita na Tabela 5.2. Com isso fica implícito nos pesos da estrutura
neural a dinâmica do sistema no qual o estimador deve atuar.
O re-treinamento da estrutura neural, para cada faixa de operação descrito
na Tabela 5.2, utilizou 10 conjuntos de dados de treinamento, sendo 8 conjuntos
gerados a partir da modelagem do MIT e 2 conjuntos medidos experimentalmente.
Cada conjunto representa o MIT da partida ao regime permanente.
A FIGURA 5.20 apresenta o resultado de generalização relativo à primeira
faixa de operação, onde o MIT é submetido a um conjugado de carga de 2,5 Nm em
regime permanente. Na FIGURA 5.21 é apresentado o resultado de generalização
da estrutura neural proposta neste trabalho operando na faixa de 200 V a 206 V.
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 200V - 206V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 179,6 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.20 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 2,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
_______________________________________________________________________
93
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 200V - 206V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,5 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.21 – Estimativa de velocidade na faixa 1 (200V-206V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
A FIGURA 5.22 apresenta os resultados de generalização para a estimativa
de velocidade relativos à segunda faixa de operação (204 V a 216 V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente. A FIGURA 5.23 a estrutura neural
estima a velocidade no eixo do MIT, através de medidas primárias de tensão e
corrente, quando aplicado ao seu eixo um conjugado de carga de 5 Nm.
Nas FIGURA 5.24 e FIGURA 5.25 são apresentados os resultados de
generalização da RNA para a faixa de operação 3; ou seja, entre 214V e 226V
quando submetidos ao conjugado de carga de 1 Nm e 3,8 Nm.
A FIGURA 5.26 e FIGURA 5.27 apresentam os resultados de generalização
para a faixa 4 de operação; qual seja, 224 V a 236 V. Nos resultados experimentais
ilustrados na FIGURA 5.26 o conjugado de carga é de 5,5 Nm enquanto que na
FIGURA 5.27 de 3,5 Nm.
_______________________________________________________________________
94
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 204V - 216V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,2 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.22 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado.
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 204V - 216V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 173,0 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.23 – Estimativa de velocidade na faixa 2 (204V-216V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado.
_______________________________________________________________________
95
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 183,2 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.24 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,5 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.25 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 3,8 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
_______________________________________________________________________
96
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 224V - 236V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 173,7 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.26 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 5,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
100 200 300 400 500 600 700 800
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 224V - 236V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 183,4 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.27 – Estimativa de velocidade na faixa 4 (224V-236V) e 3,5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
A Figura 5.28 apresenta os resultados de generalização do conjunto de
dados obtidos experimentalmente dentro da faixa de operação 5 definido na Tabela
5.2 (234 V a 240 V). O conjugado de carga que o MIT é submetido tem valor de 1
_______________________________________________________________________
97
Nm. A Figura 5.29, dentro da mesma faixa de operação, o conjugado de carga é de
4 Nm.
100 200 300 400 500 600 700 800
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 234V - 240V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 182,7 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.28 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 234V - 240V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,1 rad/s)
Velocidade Estimada
FIGURA 5.29 – Estimativa de velocidade na faixa 5 (234V-240V) e 6 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado.
Nesta seção foram apresentados os resultados de generalização de uma
estrutura neural responsável por estimar a velocidade no eixo do motor de indução
_______________________________________________________________________
98
trifásico com medidas primárias de tensão e corrente, do regime transitório ao
regime permanente. A divisão por faixas de tensão, acima e abaixo da tensão
nominal de operação do MIT em questão, faz desta proposta um sistema modular
para estimar velocidade no MIT.
Observa-se um erro considerável de generalização nas primeiras 100
amostras após a partida no método de bi-validação modificado. Esta quantidade de
amostras equivale a 6 ciclos de senóide após a partida. A Tabela 5.6 apresenta o
erro médio e desvio padrão dos resultados apresentados nas FIGURA 5.20 a
FIGURA 5.29.
TABELA 5.6 – Erro médio e desvio padrão entre as velocidades real e estimada no eixo do
motor de indução trifásico.
Figura Erro Médio (%) Desvio Padrão (%)
FIGURA 5.20 3,14 4,27
FIGURA 5.21 3,73 5,74
FIGURA 5.22 3,30 5,93
FIGURA 5.23 2,73 4,75
FIGURA 5.24 1,52 2,10
FIGURA 5.25 1,21 1,93
FIGURA 5.26 1,95 3,76
FIGURA 5.27 1,62 2,49
FIGURA 5.28 2,83 4,84
FIGURA 5.29 2,36 4,40
5.3 Estudo Comparativo Entre RNA e Modelo de Referência
Nesta seção a proposta baseada em redes neurais é comparada com uma
metodologia onde dados experimentais de tensão são apresentados ao modelo do
MIT. Este é o princípio utilizado no estimador por modelo de referência adaptativo.
Conforme Astrom e Wittenmark (1995), tal modelo consiste de um sistema
onde o desempenho desejado é expresso em termos de um modelo dinâmico do
sistema, o qual produz a resposta desejada a um sinal de comando. No trabalho de
_______________________________________________________________________
99
Cirrincione e Pucci (2005) foi proposto um esquema baseado no modelo de
referência para estimar velocidade no eixo do motor de indução a partir das “bem
conhecidas equações do motor de indução”. O mecanismo de adaptação utilizado
pelos autores foi uma rede neural artificial. A partir do diagrama em blocos e pelas
equações apresentadas pelos autores deste trabalho, a alimentação do modelo de
referência foi à tensão e a corrente de estator, ambas decompostas nos eixos d e q
(direto e quadratura).
No artigo de Park e Kwon (2004) é proposto um controle de velocidade
baseado em metodologias sensorless para o motor de indução. Na proposta dos
autores, o Controle por Modelo de Referência Adaptativo (CMRA) é realizado por
alimentação do modelo de referência com tensões e correntes do estator. Este
método, conforme os autores, é muito utilizado em estimadores de velocidade pela
sua simplicidade de projeto e análise.
Em relação à presente tese, utiliza-se este princípio do Modelo de
Referência (MR) para estimar o valor da velocidade no eixo do motor de indução a
partir do modelo da máquina (Apêndice A), tendo como objetivo a comparação com
os resultados do estimador neural desenvolvido.
O modelo de referência é alimentado com as tensões trifásicas, enquanto as
correntes e o fluxo eletromagnético são calculados utilizando os parâmetros da
máquina. A partir dos valores de fluxo e corrente se tem o conjugado
eletromagnético, que aplicado à equação mecânica do MIT resulta na velocidade. O
modelo utilizado nesta seção é o mesmo descrito no Apêndice A, no qual se utilizam
os parâmetros da máquina de indução apresentados na Tabela 5.1.
A FIGURA 5.30 apresenta a comparação entre a velocidade medida, o
modelo de referência e o estimador neural quando o MIT é submetido a uma carga
_______________________________________________________________________
100
de 1 Nm na faixa de operação entre 214V a 226V. A FIGURA 5.31 apresenta a
comparação entre os três métodos quando o MIT é submetido a um conjugado de
carga de 2 Nm e uma tensão de operação também de 214V a 226V. A FIGURA 5.32
apresenta o MIT operando na mesma faixa de tensão das FIGURAS 5.30 e 5.31
(214V a 226V) sendo agora o MIT submetido ao conjugado resistente de 3 Nm.
A FIGURA 5.33 ilustra os resultados de estimativa de velocidade através do
modelo de referência, estimador neural e medida direta da variável quando o MIT é
submetido a um conjugado de carga de 4 Nm. Nas FIGURAS 5.34 e 5.35 o MIT é
submetido a 5 Nm e 6 Nm de conjugado de carga quando aplicado à mesma faixa
de tensão das figuras anteriores.
100 200 300 400 500 600 700 800
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 182.8 rad/s)
Velocidade Estimada: RNA
Velocidade Estimada: Modelo
FIGURA 5.30 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 1 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado e o modelo de referência.
_______________________________________________________________________
101
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Tempo (amostras)
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 181,8 rad/s)
Velocidade Estimada: RNA
Velocidade Estimada: Modelo
FIGURA 5.31 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 2 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado e o modelo de referência.
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 180,5 rad/s)
Velocidade Estimada: RNA
Velocidade Estimada: Modelo
FIGURA 5.32 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 3 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-validação
modificado e o modelo de referência.
_______________________________________________________________________
102
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,5 rad/s)
Velocidade Estimada: RNA
Velocidade Estimada: Modelo
FIGURA 5.33 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 4 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 176,2 rad/s)
Velocidade Estimada: RNA
Velocidade Estimada: Modelo
FIGURA 5.34 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 5 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.
_______________________________________________________________________
103
100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
50
100
150
200
250
300
Estimativa de Velocidade: 214V - 226V
Amostras
Velocidade (rad/s)
Velocidade (em regime: 173,0 rad/s)
Velocidade Estimada: RNA
Velocidade Estimada: Modelo
FIGURA 5.35 – Estimativa de velocidade na faixa 3 (214V-226V) e 6 Nm de
conjugado de carga em regime permanente através do processo de bi-
validação modificado e o modelo de referência.
A Tabela 5.7 apresenta o erro médio e desvio padrão dos resultados
apresentados na FIGURA 5.30 a FIGURA 5.35.
TABELA 5.7 – Erro médio e desvio padrão entre as velocidades real e estimada no eixo do
motor de indução trifásico para o estimador neural e o modelo de referência.
Estimador Neural Modelo de Referência
Figura Erro Médio
(%)
Desvio Padrão
(%)
Erro Médio
(%)
Desvio Padrão
(%)
FIGURA 5.30 1,21 1,93 9,77 16,37
FIGURA 5.31 3,02 5,59 6,29 6,99
FIGURA 5.32 3,93 8,27 10,57 14,30
FIGURA 5.33 2,38 3,71 11,45 16,46
FIGURA 5.34 3,64 4,97 9,55 14,10
FIGURA 5.35 3,68 6,53 13,87 18,26
Nesta subseção foram apresentados os resultados de um estudo
comparativo entre o estimador neural proposto, o modelo de referência e os
resultados medidos da velocidade no eixo do motor de indução trifásico.
O enfoque desta comparação, quando o MIT foi submetido a diferentes
situações de carga, foi realizado dentro da mesma faixa de operação; a saber: 214V
a 226V. Esta faixa de operação, em termos de tensão de alimentação, é de grande
_______________________________________________________________________
104
importância, pois está no entorno da tensão nominal de alimentação do motor. Logo,
as características de conjugado eletromagnético e, conseqüentemente, de
conjugado de aceleração não se alteram de forma significativa.
Através dos gráficos apresentados é possível observar que o modelo de
referência se aproxima muito do valor medido em baixas velocidades, considerando
o regime transitório e o regime permanente. Em velocidades superiores a 10 rad/s, o
resultado obtido por intermédio do modelo de referência diverge dos valores
medidos e volta a convergir em regime permanente. Isso pode ser explicado pelo
levantamento paramétrico realizado do motor de indução. Quando o modelo é
obtido, considera-se a tensão nominal e a corrente nominal da máquina. Neste caso,
durante o regime transitório, tem-se um afundamento de tensão de 5% em relação
ao valor ajustado pelos variadores de tensão no painel. Então, durante o regime
transitório, o modelo de referência não se mostra um bom estimador de velocidade
devido à variação paramétrica do MIT neste período.
Em termos computacionais, o modelo de referência calculou um sistema de
equações diferenciais, enquanto que o estimador baseado em redes neurais
artificiais se reduziu ao cálculo matricial; aplicando-se os pesos sinápticos ajustados
de forma off-line às entradas de tensão e corrente. Pode-se concluir que a estratégia
baseada em redes neurais artificiais apresenta menor custo computacional para sua
implementação, realizando estimativas de velocidade com erro relativamente baixo
em regime transitório e regime permanente.
_______________________________________________________________________
105
6 Conclusões Gerais e Trabalhos Futuros
6.1 Conclusões Gerais
Nesta tese foi proposto um estimador de velocidade para o motor de indução
trifásico baseado em redes neurais artificiais, organizada numa multi-estrutura,
considerando uma ampla faixa de tensão e conjugado de carga aplicado no eixo da
máquina.
No sentido de determinar a aplicabilidade da metodologia em situações
reais, da partida ao regime permanente, apresentaram-se dados experimentais à
estrutura neural treinada com dados de simulação através do método de bi-validação
cruzada. Resultados de generalização em regime permanente mostraram-se
satisfatórios, mas com erro elevado em regime transitório.
Para contornar tal inconveniente, propôs-se o método de bi-validação
cruzada modificado, o qual consistiu em adicionar um pequeno conjunto de dados
experimentais num conjunto de dados simulados para o treinamento da estrutura
neural. A rede neural artificial apresentou a capacidade de aprender os padrões
(simulados e experimentais) e generalizar soluções em regime transitório e
permanente.
A metodologia de bi-validação cruzada modificada também se constituiu
numa contribuição à pesquisa na área de redes neurais artificiais, uma vez que
engloba dados experimentais e dados de simulação num conjunto único de
treinamento. Os resultados de generalização são melhorados à medida que a
estrutura neural mapeia as características da dinâmica do sistema.
_______________________________________________________________________
106
A aplicação de redes neurais artificiais em sistemas que possuem poucos
dados de treinamento se torna proibitiva e, normalmente, utilizam-se outras
metodologias, tal como a lógica fuzzy. Entretanto, a partir do modelo linearizado do
sistema e dos seus parâmetros, tornou-se possível gerar dados adicionais que foram
englobados num conjunto de treinamento juntamente com os dados experimentais.
No processo de validação foram utilizados 100% de dados experimentais os quais
não participaram do processo de treinamento.
A metodologia proposta foi comparada com outra baseada na modelagem
do MIT; a saber, o modelo de referência. Os resultados obtidos demonstraram que o
modelo de referência acompanhou a velocidade do MIT desde a partida da máquina
até 20 rad/s, região esta de muito baixa velocidade. Considerando esta mesma
região, a estrutura neural apresentou erro elevado de generalização. À medida que o
MIT acelerava, o erro do modelo de referência aumentou em relação ao valor
medido da velocidade, sendo que a rede neural, por sua vez, apresentava erro
inferior quando comparado à região de baixa velocidade.
Em regime permanente, ambas as propostas convergem para valores muito
próximo do valor medido com erro inferior a 2%. Desta forma, pode-se inferir a
validade da proposta baseada em redes neurais artificiais, com divisão por faixa de
tensão, para valores acima de 20 rad/s, pois a mesma apresentou baixo erro de
generalização considerando apenas dados experimentais quando usado o processo
de bi-validação cruzada modificado.
Em suma, um resumo das principais contribuições deste trabalho de caráter
inovador são elencadas como se segue:
_______________________________________________________________________
107
Uma proposta baseada em redes neurais artificiais para estimativa de
velocidade considerando diferentes faixas de tensão de operação do
MIT e diversas situações de conjugado de carga.
A proposta de bi-validação cruzada modificada, a qual melhorou os
resultados de generalização da estrutura neural proposta quando
apenas dados experimentais foram apresentados à rede para obter
dados de generalização.
Construção de uma estrutura de ensaios, a qual contempla o
acoplamento de diversas máquinas, sua instrumentação e sistema
para aquisição de dados, assim como a descrição sistemática neste
trabalho, possibilitando a reprodução em outros centros de pesquisa e
ensino.
6.2 Futuras Linhas de Pesquisa
As sugestões de futuras linhas de pesquisa são apresentadas a seguir:
Aperfeiçoar o modelo neural para estimativa de velocidade em
regiões de muito baixa velocidade (inferior a 20 rad/s).
Testar o método de bi-validação cruzada modificado apresentado
neste trabalho em outros sistemas dinâmicos multivariáveis e
variantes no tempo.
Implementar a metodologia proposta em sistemas de controle escalar
e vetorial do MIT.
_______________________________________________________________________
108
Aperfeiçoar o sistema de controle de carga da máquina de corrente
contínua com o objetivo de impor perfis de carga em regime
transitório variados.
Aplicar o método proposto para estimativa de velocidade em regimes
de alimentação não senoidal.
6.3 Publicações Relativas ao Trabalho
A seguir, apresenta-se uma relação de publicações relativos à divulgação dos
resultados das pesquisas realizadas no período de doutorado. As publicações são
divididas da seguinte forma: i) publicações em revistas internacionais, ii) publicações
em congressos internacionais e iii) publicações em congressos nacionais.
Publicações em Revistas Internacionais
As principais publicações realizadas em revistas e periódicos internacionais
com corpo editorial são enumeradas a seguir:
1) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes da Silva, Paulo José Amaral Serni, Antonio
Vanderlei Ortega, “A Method Based on Intelligent Systems to Estimate
Speed in Induction Motors (Submitted)”, Electric Power Components and
Systems.
Publicações em Congressos Internacionais
_______________________________________________________________________
109
As principais publicações realizadas em congressos internacionais,
compreendendo o período de desenvolvimento do projeto de doutorado, são
enumeradas a seguir:
1) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Torque
and Speed Estimator for Sensorless Induction Motor Drive Using Cascade
Neural Networks”, Proceedings of the 1
st
IEEE Conference on Industrial
Electronics and Applications (ICIEA’2006), pp. 137-142, Cingapura, 2006.
2) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Recurrent
Neural Network for Induction Motor Speed Estimation in Industry
Applications”, Proceedings of the 13
th
IEEE Mediterranean Electrotechnical
Conference (MELECON’2006), pp. 1134-1137, Málaga/Espanha, 2006.
3) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, Rogério
Andrade Flauzino, “Uma Estratégia Eficiente Para Acionamento Estrela-
Triângulo de Motores de Indução Usando Redes Neurais”, Anais da VII
Conferência Internacional de Aplicações Industriais (VII IEEE’INDUSCON),
CD-ROM // Paper EPA-IV_3, Recife, 2006.
4) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Speed
Estimation in Induction Motors Using Artificial Neural Networks”,
Proceedings of the 11
th
IFAC Symposium on Information Control Problems
in Manufacturing (INCOM’2004), CD-ROM // Paper No. 48, Salvador, 2004.
5) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “An
Alternative Approach to Solve Convergence Problems in the
Backpropagation Algorithm”, Proceedings of the IEEE International Joint
Conference on Neural Networks (IJCNN’2004), pp. 1021-1026,
Budapeste/Hungria, 2004.
_______________________________________________________________________
110
6) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “The
Torque and Speed Estimation in Induction Motors Using a Cascade Artificial
Neural Networks”, Proceedings of the VI Conferência Internacional de
Aplicações Industriais (VI IEEE’INDUSCON), pp. 846-851, Joinville, 2004.
7) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Speed
Estimation for Sensorless Technology Using Recurrent Neural Network and
Single Current Sensor”, Power Electronics, Drives and Energy Systems for
Industrial Growth-2006 (PEDES-2006), pp. 5C-28, 2006.
8) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, Claudionor
Francisco Nascimento, “Neural Approach for Speed Estimation in Induction
Motors (Accepted for Publication)”, Seventh International Conference on
Intelligent Systems Design and Applications (ISDA 2007), 2007.
9) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “ Intelligent
System Based Speed Estimation of Induction Motors for Industrial
Sensorless Schemes (Accepted for Publication)”, 2007 IEEE International
Symposium on Intelligent Control (ISIC 2007), Cingapura, 2007.
Publicações em Congressos Nacionais
As principais publicações realizadas em congressos nacionais são
enumeradas a seguir:
1) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Speed
Estimation Techniques in Induction Motors Using Feedback Neural Network
Structure”, Proceedings of the Brazilian Conference on Dynamics, Control
and Their Applications (DINCON’2006), CD-ROM, Guraratingueta, 2006.
_______________________________________________________________________
111
2) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Uma
Proposta Para Estimativa de Velocidade em Motores de Indução Trifásicos
Utilizando Sistemas Inteligentes”, Proceedings of the 4th Congresso
Temático de Dinâmica, Controle e Aplicações (DINCON’2005), pp. 1160-
1167, Bauru, 2005.
3) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Uma
Proposta de Estimação Paramétrica para Motor de Indução Usando uma
Estrutura Neural em Cascata”, Anais do VII Simpósio Brasileiro de
Automação Inteligente (VII SBAI/LARS), CD-ROM // Paper 10315, São Luis,
2005.
4) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, “Uma
Proposta Alternativa para Estimativa de Velocidade em Motores de Indução
Trifásicos Usando Redes Neurais Artificiais”, Anais do XV Congresso
Brasileiro de Automática (CBA’2004), CD-ROM // Paper No. 1104,
Gramado, 2004.
5) Alessandro Goedtel, Ivan Nunes Silva, Paulo José Amaral Serni, Claudia
Fiúza Lima Naves Souza, “Estrutura Neural Para Estimativa de Velocidade
em Motores de Indução Trifásicos Baseada em Dados Experimentais e
Simulados (Aceito para Publicação), VIII Simpósio Brasileiro de Automação
Inteligente (SBAI 2007), Florianópolis, 2007.
_______________________________________________________________________
112
_______________________________________________________________________
113
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_______________________________________________________________________
122
_______________________________________________________________________
123
Apêndice A
A1. Modelagem Matemática do MIT
A modelagem matemática é iniciada pelas equações de tensão do estator e do rotor.
A Figura A.1 representa o rotor e estator de um MIT, e as correntes de rotor e estator
são apresentadas com índices “r” e “s” respectivamente (ONG, 1997).
FIGURA A.1 – Corrente de rotor e estator.
As equações de tensão de linha do estator são dadas por:
t
as
s
r
as
i
as
V
d
d
λ
+=
(A1)
t
bs
s
r
bs
i
bs
V
d
d
λ
+=
(A2)
t
cs
s
r
cs
i
cs
V
d
d
λ
+=
(A3)
onde:
V
as
, V
bs
, V
cs
são as tensões trifásicas do estator em Volt .
_______________________________________________________________________
124
i
as
, i
bs
, i
cs
são as correntes trifásicas do estator em Ampere .
λ
as
,
λ
bs
,
λ
cs
são os fluxos os fluxos magnéticos concatenados trifásicos do
estator em Weber .
r
s
é a resistência do estator em Ohms.
Com relação ao rotor, as equações de tensão do mesmo são descritas por:
dt
ar
d
r
r
ar
i
ar
V
λ
+=
(A4)
dt
br
d
r
r
br
i
br
V
λ
+=
(A5)
dt
cr
d
r
r
cr
i
cr
V
λ
+=
(A6)
onde:
V
ar
, V
br
, V
cr
são as tensões trifásicas do rotor em Volt.
i
ar
, i
br
, i
cr
são as correntes trifásicas do rotor em Ampere.
λ
ar
,
λ
br
,
λ
cr
são os fluxos magnéticos concatenados trifásicos do rotor em
Weber.
r
r
é a resistência do rotor em Ohms.
As equações de fluxo concatenado entre os enrolamentos de rotor e estator
são representadas na forma matricial como se segue:
=
abc
r
abc
s
abc
rr
abc
rs
abc
sr
abc
ss
abc
r
abc
s
i
i
LL
LL
λ
λ
.
(A7)
onde:
[]
T
csbsas
abc
s
λλλ
=λ é o fluxo concatenado do estator.
[]
T
crbrar
abc
r
λλλ
=λ é o fluxo concatenado do rotor.
[]
T
cs
i
bs
i
as
i
abc
s
=i
é o vetor de corrente do estator.
_______________________________________________________________________
125
[]
T
cr
i
br
i
ar
i
abc
r
=i
é o vetor de corrente do rotor.
As matrizes de indutância mútua e de indutância própria são descritas pelas
seguintes equações:
+
+
+
=
sm
L
ls
L
sm
L
sm
L
sm
L
sm
L
ls
L
sm
L
sm
L
sm
L
sm
L
ls
L
abc
ss
L
(A8)
+
+
+
=
rm
rm
L
lr
L
rm
L
rm
L
rm
LL
lr
L
rm
L
rm
L
rm
L
rm
L
lr
L
abc
rr
L
(A9)
T
rrr
rrr
rrr
sr
L
abc
rs
+
+
+
=
)cos()
3
2
cos()
3
2
cos(
)
3
2
cos()cos()
3
2
cos(
)
3
2
cos()
3
2
cos()cos(
θ
π
θ
π
θ
π
θθ
π
θ
π
θ
π
θθ
L
(A10)
[
]
T
abc
rs
abc
sr
LL =
(A11)
onde:
L
ls
é a indutância de dispersão do estator (H).
L
lr
é a indutância de dispersão do rotor (H).
L
ss
é a indutância própria de estator (H).
L
rr
é a indutância própria de rotor (H).
L
sm
é a indutância mútua de estator(H).
L
rm
é a indutância mútua de rotor(H).
L
sr
é a indutância mútua entre rotor e estator(H).
N
s
e N
r
são o número de espiras no enrolamento do rotor e estator,
respectivamente.
Desconsiderando as perdas no ferro, é possível expressar estas indutâncias
em termos do número de espiras dos enrolamentos de rotor e estator, e a
_______________________________________________________________________
126
permeância do entreferro. As relações entre as indutâncias são expressas pelas
seguintes equações:
g
P
s
N
ss
L
2
=
(A12)
=
3
2
cos
2
π
g
P
s
N
sm
L
(A13)
g
P
r
N
s
N
sr
L =
(A14)
g
P
r
N
rr
L
2
=
(A15)
onde P
g
é a permeância magnética.
A2. O Modelo “qd0” do Motor de Indução
Uma máquina idealizada é descrita por seis equações diferenciais de primeira
ordem, uma para cada enrolamento. Estas equações são acopladas devido às
indutâncias mútuas entre os enrolamentos. Em particular, os termos de acoplamento
entre rotor e estator são função da posição do rotor. À medida que o rotor gira, estes
termos de acoplamento variam com o tempo. Transformações matemáticas, como a
de Park (“qd0”) e Clark (“ab0”), facilitam o cálculo da solução transitória,
transformando as equações diferenciais variantes no tempo em equações de
indutâncias constantes (ONG, 1997).
Conforme descrito por Reginatto e Rico (1993), a transformação de
coordenadas consiste em referenciar as variáveis do motor (Tensão, Corrente e
Fluxo Eletromagnético) descrito num sistema original para outro sistema de
coordenadas, o qual será tomado como referência. A fundamentação deste
processo está baseada no princípio da similaridade eletromagnética. A possibilidade
_______________________________________________________________________
127
de reproduzir o fluxo magnético no entreferro, bem como a distribuição de correntes
no rotor e estator no sistema de coordenadas adotado como referência, tem o
mesmo efeito do sistema de coordenadas original.
O sistema de coordenadas arbitrárias é formado pelo eixo q(quadratura),
d(direto) e zero. Uma variável representada por uma relação biunívoca entre as
variáveis dos dois sistemas de referência é expressa por:
abc
fK
qd
f
1
0
=
(A16)
onde K é a relação entre as variáveis dos dois sistemas de coordenadas.
Na Figura A.2 é representada graficamente esta ação de transformação
onde a
s
, b
s
e c
s
são os eixos de coordenadas referenciadas ao estator e a
r
, b
r
e c
r
são os eixos de coordenadas referenciadas ao rotor.
FIGURA A.2 – Corrente de rotor e estator.
A equação de transformação do sistema “abc” para “qd0” é descrita como
segue:
_______________________________________________________________________
128
()
[]
=
c
f
b
f
a
f
qd
o
f
d
f
q
f
θ
0
T
(A17)
onde f pode representar a Tensão, Corrente ou Fluxo Eletromagnético de cada fase.
A matriz de transformação T
qd0
(q) é dada por:
()
[]
+
+
=
2
1
2
1
2
1
3
2
sin
3
2
sinsin
3
2
cos
3
2
coscos
3
2
0
π
θ
π
θθ
π
θ
π
θθ
θ
qd
T
(A18)
E a matriz de transformação inversa [T
qd0
(q)]
-1
é expressa por:
++
=
1)3/2sin()3/2cos(
1)3/2sin()3/2cos(
1)sin()cos(
)](
0
[
1
πθπθ
πθπθ
θθ
θ
qd
T
(A19)
O MIT idealizado tem entreferro simétrico. O sistema de coordenadas “qd0”
é usualmente selecionado tomando-se por base a conveniência ou compatibilidade
com a representação de outros componentes como descrito em Ong (1997). Os dois
sistemas de referência usados na análise do MIT são o estacionário e o síncrono.
Para estudos de regime transitório é usualmente mais conveniente o uso de
sistemas de coordenadas fixo, tanto para a simulação do MIT como do sistema de
controle e acionamento, enquanto que para estudos em regime permanente o
referencial síncrono é o mais recomendado (ONG, 1997).
O interesse do trabalho é a simulação da máquina do instante da partida ao
regime permanente. “Para estudos transitórios é usual a simulação da máquina de
indução num sistema de coordenadas estacionário” (ONG, 1997). Desta forma fica
escolhido o sistema de coordenadas fixo para simulação. As equações são
deduzidas para o sistema de coordenadas síncrono, que gira a uma velocidade
_______________________________________________________________________
129
e
ω
ω
= , como ilustrado na Figura A.2. Fazendo-se
ω
igual a zero obtém-se o
sistema de coordenadas fixo. Esse modelo é genérico para simular tanto o regime
transitório como permanente da máquina.
A3. Equações de Tensão “qd0”
Na notação matricial, a tensão do enrolamento de estator no sistema de
coordenadas “abc” pode ser expresso pela seguinte equação:
t
abc
s
abc
s
abc
s
abc
s
d
d
λ
+= riV
(A20)
Aplicando a matriz de transformação K
-1
= [T
qd0
(q)] em (A.20), tem-se:
0
...
1
0
d
)(d
1
0 qd
s
K
abc
s
K
qd
s
t
K
K
qd
s
irV
+
=
λ
(A21)
Usando o valor da derivada de
})({
01
0
qd
sqd
λθ
T com relação a variável t em
(A.21), obtém-se:
00
d
0
d
0
000
001
010
0 qd
s
qd
s
t
qd
s
qd
s
qd
s
irV ++=
λ
λω
(A22)
onde a variável
ω
e
0qd
s
r são definidas por:
td/d
θ
ω
=
(A23)
=
100
010
001
0
s
qd
s
rr
(A24)
De forma similar aos procedimentos anteriores, a equação referente ao rotor
é descrita como segue:
_______________________________________________________________________
130
00
0
00
)(
000
001-
010
)(
qd
r
qd
r
qd
r
qd
rr
qd
r
dt
d
irV ++
=
λ
λωω
(A25)
A4. Equações de Fluxo “qd0”
As equações de fluxo do estator expressas em coordenadas “qd0” são
obtidas aplicando a seguinte matriz de transformação:
0
θ
=⋅ +
qd0
s
λ ()( )
abc abc abc abc
qd ss s sr r
iiTL L
(A26)
Como conseqüência direta, as equações de fluxo do rotor e estator são
expressas por:
()
0
1
0
1
0
1
0 qd
rr
qd
abc
sr
K
qd
s
K
abc
ss
K
qd
s
iTLiLλ
+
=
θθ
(A27)
0
.
1
..
0
...
0 qd
r
G
abc
rr
G
qd
s
K
abc
rs
G
qd
r
iLiLλ
+=
(A28)
onde G é dado por
()
r
qd
θθ
0
T
.
A5. Equação de Torque “qd0”
Considerando o equacionamento previamente descrito, as equações de torque
eletromagnético envolvidas com a modelagem matemática devem levar em
consideração a transferência de potência nos seis enrolamentos (rotor e estator).
Esta consideração resulta na seguinte equação:
=
''''
22
3
qr
i
drdr
i
qr
p
em
λλ
T
(A29)
_______________________________________________________________________
131
onde T
em
é o torque eletromagnético, p o número de pólos do motor de indução, e as
variáveis
'
qr
λ
,
'
dr
λ
,
'
qr
i e
'
dr
i
são as grandezas de rotor referenciadas ao estator e
definidas por:
qr
r
N
s
N
qr
λλ
=
'
(A30)
dr
r
N
s
N
dr
λλ
=
'
(A31)
qr
i
r
N
s
N
qr
i =
'
(A32)
dr
i
r
N
s
N
dr
i =
'
(A33)
A6. Equação de Torque “qd0”
Como mencionado em Ong (1997), é desejado que as equações sejam expressas
em termos do fluxo concatenado por segundo,
ψ
e pelas reatâncias x, no lugar de
λ
e L. Estas variáveis estão relacionadas pela freqüência angular
ω
b
, ou seja:
λ
ω
ψ
b
=
(A34)
Lx
b
ω
=
(A35)
rb
f
π
ω
2
=
(A36)
onde f
r
é a freqüência relativa entre rotor e estator medida em Hz.
De forma resumida, as equações de rotor e estator podem ser escritas, em
termos de
ψ
e x, e são descritas a seguir:
_______________________________________________________________________
132
00
d
0
d
.
1
0
000
001
010
0 qd
s
qd
s
t
qd
s
b
qd
s
ψ
b
qd
s
irV ++=
ψ
ωω
ω
(A37)
00
0
0
b
0
)(1
000
001-
010
)(
qd
r
qd
r
qd
r
b
qd
r
r
qd
r
dt
d
irV ++
=
ψ
ω
ψ
ω
ωω
(A38)
+
+
+
+
=
'
0
'
'
0
'
'
'
'
0
'
'
0
00000
0000
0000
00000
0000
0000
r
dr
qr
s
ds
qs
lr
mlrm
mlrm
ls
mmls
mmls
r
dr
qr
s
ds
qs
i
i
i
i
i
i
x
xxx
xxx
x
xxx
xxx
ψ
ψ
ψ
ψ
ψ
ψ
(A39)
()
()
+=
''''
22
3
drqrqrdr
b
r
dsqsdsds
br
em
iiii
p
ψψ
ω
ωω
ψψ
ω
ω
ω
T
(A40)
onde
''
lrblr
Lx
ω
=
(A41)
e
lr
r
s
lr
L
N
N
L
2
'
=
(A42)
Destas equações é possível simular o comportamento elétrico e mecânico
do motor de indução trifásico. O objetivo do presente trabalho é simular o
comportamento do motor da partida ao regime permanente. Sendo este período
extremamente curto não serão então consideradas variações térmicas as quais fica
submetida à máquina.
Considera-se que as três fases que alimentam o motor são equilibradas e
cujas senóides não apresentam distorção harmônica. A freqüência das senóides
segue o padrão brasileiro de fornecimento de energia, ou seja, 60 Hz. A partida do
_______________________________________________________________________
133
motor simulará a partida direta com tensão plena sendo aplicada aos enrolamentos
de estator. A Figura A.3 apresenta o modelo desenvolvido no Matlab/Simulink
®
.
FIGURA A.3 – Modelo do MIT implementado no Simulink
®
.
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