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É através do conceito de lugar e de seu exame, que se poderá assumir a
complexidade das condições de vida dos indivíduos e dos lugares onde eles vivem como
ponto de partida das políticas públicas (KOGA, 2003).
Historicamente, o conceito de Lugar, tem merecido alguma consideração, embora,
desde a Filosofia grega clássica o termo tenha se limitado à localização das coisas. O Lugar é
encarado como espaço vivido, experienciado, contribuindo para a determinação da identidade
dos indivíduos e grupos, os quais acabam por criar laços afetivos com ele.
Lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano
compartilhado entre as mais diversas pessoas, empresas, instituições–cooperação e conflitos
são a base da vida em comum. No lugar, o próximo, se superpõe, dialeticamente ao eixo das
sucessões, que transmite os tempos externos das escalas superiores e o eixo dos tempos
internos, que é o eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando definitivamente, as
noções e as realidades de espaço e tempo. Em torno disso, na concepção de Santos, (1997, p.
252):
Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. Todos os lugares são virtualmente
mundiais. Mas também cada lugar, irrecusavelmente imerso numa
comunhão com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos demais.
Há uma maior globalidade correspondente há uma maior individualidade.
O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a
especificidade histórica do particular. Deste modo, o lugar se apresentaria como o ponto de
articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta,
enquanto momento (CARLOS, 1996).
O lugar além de espaço percebido é também espaço sentido e este
sentimento é fundamental para estabelecer uma verdadeira relação de
respeito e compromisso (no sentido ecológico) com o meio social e natural.
Pertencimento a um lugar é um sentimento tão indispensável à pessoa
quanto pertencer a uma família ou grupo social. Trata-se, pois, de um
sentimento em duplo sentido, já que a pessoa tanto se sente pertencente a
um determinado lugar quanto o toma como seu. Ao longo da vida, as
pessoas tomam para si elementos do espaço que adquirem algum
significado em suas vidas. A escola, uma esquina, um riacho, uma casa,
uma árvore entre tantos outros objetos espaciais, podem ser referências
importantes, especiais, para toda a existência de uma pessoa. O que torna o
espaço um lugar é, essencialmente, a emoção e o simbólico, que o
referenciam na existência humana (TUAN, 1976, p. 3).
Constata-se, dessa forma, que o conceito de lugar deve ser entendido, não somente
como um área determinada em que vivenciam hábitos cotidianos, mas sobretudo onde