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PATRÍCIA DE OLIVEIRA
AS RELAÇÕES ENTRE AS INDÚSTRIAS DE
TRÊS LAGOAS-MS NO CONTEXTO DE
TERRITORIALIDADE: UM ESTUDO COM PERSPECTIVAS
DE DESENVOLVIMENTO LOCAL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO - UCDB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL
MESTRADO ACADÊMICO
CAMPO GRANDE – MS
2006
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1
PATRÍCIA DE OLIVEIRA
AS RELAÇÕES ENTRE AS INDÚSTRIAS DE
TRÊS LAGOAS-MS NO CONTEXTO DE
TERRITORIALIDADE: UM ESTUDO COM PERSPECTIVAS
DE DESENVOLVIMENTO LOCAL
Dissertação apresentada como exigência
parcial para a obtenção de título de Mestre em
Desenvolvimento Local Mestrado
Acadêmico à Banca Examinadora, sob a
orientação da Profª. Drª. Maria Augusta de
Castilho.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO - UCDB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL
MESTRADO ACADÊMICO
CAMPO GRANDE – MS
2006
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Título: As Relações entre as Indústrias de Três Lagoas-MS no Contexto de Territorialidade:
um estudo com perspectivas de Desenvolvimento Local
Área de Concentração: “Territorialidade e Dinâmicas Sócio-Ambientais”.
Linha de Pesquisa: Dinâmica Territorial: e Cooperação Social.
Dissertação submetida à Comissão Examinadora designada pelo Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local - Mestrado Acadêmico da
Universidade Católica dom Bosco, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre
em Desenvolvimento Local.
Dissertação aprovada em: ____/____/____
BANCA EXAMINADORA
________________________________
Orientadora: Profª. Drª. Maria Augusta de Castilho
Universidade Católica Dom Bosco – UCDB/Campo Grande MS
________________________________
Prof. Dr. Luís Carlos Vinhas Ítavo
Universidade Católica Dom Bosco – UCDB/Campo Grande MS
_______________________________
Profª. Drª. Antonia Railda Roel
Universidade Católica Dom Bosco – UCDB/Campo Grande MS
________________________________
Prof. Dr. Alexandre Luzzi Las Casas
Pontifícia Universidade Católica – PUC/São Paulo
3
Dedico esta dissertação aos meus pais e
meus irmãos, vocês não são minha família,
são a minha vida, amo vocês.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado a vida, coragem para luta e acima de tudo ter me
presentado com a família maravilhosa que possuo.
À minha família pelo amor e pelo apoio incondicional que sempre recebi, nos
melhores e piores momentos de minha vida.
Às minhas cunhadas Ana Rosa e Roseli, pela ajuda incondicional, na elaboração
deste trabalho, e pelo carinho que sempre tiveram comigo.
À minha orientadora Professora Doutora Maria Augusta de Castilho pelo
profissionalismo demonstrado e auxílio na elaboração deste trabalho.
Aos Amigos: Acácia, Ana Cristina e Carlos Alberto Zuque, pela amizade com
que me presenteiam.
5
“Investir em conhecimento rende sempre
melhores juros”.
(Benjamin Franklin - 1706-1790).
6
RESUMO
O presente trabalho tem como abordagem a industrialização e as relações existentes entre as
indústrias, o setor público e o privado na cidade de Três Lagoas-MS. A industrialização é um
elemento de inovação que através de suas inter-relações, com o setor público e privado, gera o
crescimento e quando bem estruturado, pode gerar também o desenvolvimento da localidade
onde está inserida. Por ser um município que possui energia abundante, localização
privilegiada e incentivos fiscais, Três Lagoas-MS atraiu industriais de vários setores, os quais
se estabeleceram no local. Esse crescimento industrial recente no município tem determinado
mudanças nas relações econômicas e sociais, com a ampliação no número de ofertas de
emprego nas indústrias, e o crescimento da economia. Verifica-se, ainda, uma melhoria na
qualidade de vida dos residentes, ficando acima da média estadual. No entanto, o município se
defronta com problemas originários do desenvolvimento acelerado, e está passando por um
período de adaptação em sua infra-estrutura. Diante dos fatos, com o presente trabalho
objetivou-se apontar os fundamentos do impacto da industrialização na economia do
município e a influência dos tipos das estratégias existentes nas relações inter-indústrias
estabelecidas em Três Lagoas-MS, criando uma dinâmica de funcionamento dos sistemas
produtivos locais para inovar e motivar o desenvolvimento. Portanto, este estudo se justifica
pela mudança na base econômica do município que está em transição entre a agropecuária e a
indústria. A metodologia utilizada no desenvolvimento desse trabalho foi à pesquisa
bibliográfica com estudo de caso, tendo como opção teórico-metodológica, mais ampla, a
pesquisa qualitativa.
Palavras-chave: Cooperação Industrial, Desenvolvimento Local, Industrialização, Qualidade
de Vida, Territorialidade.
7
ABSTRACT
The present work has an approach the industrialization and the relations that exist among
industries, the public and the private departments in Três Lagoas-MS city. The
industrialization is an element of innovation that through its interrelations, with the public and
private sector, generates the growth and when well structured also can generate the
development of the place where it is inserted for being a municipal district that owns abundant
energy, privileged localization and fiscal incentives, Três Lagoas-MS attracted industrial of
several sectors that were established there. This recent industrial growth in the municipal
district has determined changes in the economic and social relationship of the municipal
district, with the enlargement in the number of job offers in the industries, the growth of the
economy. We realize, yet, an improvement in the life quality of the residents, getting above of
the state average. However, the municipal district confronts with original problems of the
accelerated development, and it is passing by an adaptation period in its infrastructure. With
this facts in mind, the present work aimed to point the foundations of the impact of the
industrialization in the economy of the municipal district and the influence of the types of the
existing strategies in the relationships among the industries established in Três Lagoas-MS,
creating a dynamic of the operation of the local productive systems to innovate and to
motivate the development. Therefore this study is justified by the change in the economic
base of the municipal district that is in transition between agriculture and the industry. The
methodology used in the development of this work was a bibliographical research with study
of case, having as theoretician-methodological option, wider, the qualitative research.
Key-words: Industrial cooperation, Local Development, Industrialization, Territory, Quality
of life.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Matriz das cinco forças
Figura 2 - Localização de Três Lagoas-MS
Figura 3 - Panorâmica de Três Lagoas-MS
Figura 4 - Coreto da praça central de Três Lagoas - MS na década de 30
Figura 5 - Ponte do rio Paraná, Complexo Hidrelétrico de Urubupungá
Figura 6 - Indústria Mabel: pioneira na industrialização de Três Lagoas-MS
Figura 7 - Curso profissionalizante para as indústrias têxtil de Três Lagoas-MS
30
39
40
42
43
46
57
LISTA DE TABELAS
Tabela
1
-
Evolução demográfica de Três Lagoas-MS
Tabela 2 - PIB de Mato Grosso do Sul
Tabela 3 - Comparação de IDH de Mato Grosso do Sul e Três Lagoas – MS
Tabela 4 - Perfil dos entrevistados
41
51
52
69
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 –
Gráfico 2 –
Gráfico 3 –
Gráfico 4 –
Gráfico 5 –
Gráfico 6 –
Gráfico 7 –
Gráfico 8 –
Gráfico 9 –
Gráfico 10 –
Gráfico 11 –
Gráfico 12 –
Gráfico 13 –
Gráfico 14 –
Gráfico 15 –
Gráfico 16 –
Gráfico 17 –
Gráfico 18 –
Gráfico 19 –
Gráfico 20 –
Gráfico 21 –
Gráfico 22 –
Evolução demográfica de Três Lagoas-MS
PIB de Mato Grosso do Sul
Comparação de IDH de Mato Grosso do Sul e Três Lagoas-MS
Emprego Vagas de emprego oferecidas pela agência pública de empregos em
Três Lagoas - MS de janeiro a julho de 2006
Atendimentos na agência pública de empregos de janeiro a julho de
2006
Tempo de atividade das empresas instaladas em Três Lagoas-MS
Tempo de atividade das empresas em Três Lagoas-MS
Motivo da escolha do município de Três Lagoas-MS
Tempo de isenção fiscal das indústrias instaladas em Três Lagoas-MS
Indústrias que possuem parcerias em Três Lagoas-MS
Tipos de parcerias em Três Lagoas-MS
Associações de classes das empresas instaladas em Três Lagoas-MS
Barreiras encontradas pelas empresas para desenvolver suas
atividades no município de Três Lagoas-MS
Participação em projetos sociais
Perfil dos entrevistados
Tempo de moradia em Três Lagoas-MS
Motivo da vinda para Três Lagoas-MS
Grau de escolaridade
Grau de empregabilidade
Ramo de atividade da empresa em que trabalha
Você ou alguém de sua família já participou de algum treinamento na
empresa em que trabalha
Grau de satisfação com a industrialização em Três Lagoas-MS
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55
59
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67
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75
76
10
Gráfico 23 –
Gráfico 24 –
Gráfico 25 –
Gráfico 26 –
Gráfico 27 –
Gráfico 28 –
Gráfico 29 –
Gráfico 30 –
Gráfico 31 –
Grau de satisfação com o município
Renda familiar
Satisfação com o salário
Satisfação com a qualidade de vida
Satisfação com a saúde
Empresas que possuem convênios médicos
Tipos de convênios médicos das empresas instaladas em Três
Lagoas-MS
Atividade desempenhada antes da industrialização de Três Lagoas-
MS
Projetos sociais que as empresas mantêm em Três Lagoas-MS
77
78
79
80
81
82
83
84
85
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACITL -
BNDES -
CELUSA -
CESP -
CRA -
CREA -
EMBRPA -
FAT -
FCO -
FIEMS -
IBGE -
ICMS -
IDH -
IPTU -
PIB -
S/A -
SEBRAE -
SENAI -
SESC -
SESI -
UBS -
UFIM -
Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social
Centrais Elétricas de Urubupungá S/A
Companhia Energética de São Paulo
Conselho Regional de Administração
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Fundo de Amparo ao Trabalhador
Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste.
Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
Índice de Desenvolvimento Humano
Imposto Predial e Territorial Urbano
Produto Interno Bruto
Sociedade Anônima
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Serviço Social do Comércio
Serviço Social da Indústria
Unidades Básicas de Saúde
Unidade Fiscal do Município
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 13
1 REFERENCIAL TEÓRICO
16
1.1 O ESPAÇO E A INDÚSTRIA 16
1.2 TERRITÓRIO NO CONTEXTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
1.2.1 As lógicas dos sistemas territoriais
18
20
1.3 O LUGAR
21
1.4 TERRITORIALIDADE
1.5 DESENVOLVIMENTO LOCAL E DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
1.6 COOPERAÇÃO INDUSTRIAL
1.6.1 Cooperação industrial e desenvolvimento local
1.7 CAPITAL SOCIAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL
1.7.1. Um novo modelo de desenvolvimento
2 A INDUSTRIALIZAÇÃO EM TRÊS LAGOAS-MS
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO E TRÊS LAGOAS-MS
2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DE TRÊS LAGOAS-MS
2.3 INDUSTRIALIZAÇÃO EM TRÊS LAGOAS-MS
2.4 INCENTIVO INDUSTRIAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÕES DOS DADOS COLETADOS
3.1 INTER-RELAÇÕES INDUSTRIAIS EM TRÊS LAGOAS-MS
3.2 INTRODUÇÃO À PESQUISA QUALITATIVA
3.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS JUNTO ÀS INDÚSTRIAS
3.4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS JUNTO À COMUNIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
APÊNDICE A
APÊNDICE B
23
25
28
32
36
37
39
39
41
45
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51
55
58
59
68
86
90
95
96
98
13
INTRODUÇÃO
Três Lagoas é um pólo industrial com grandes perspectivas produtivas para o
Estado de Mato Grosso do Sul, possui energia abundante, localização privilegiada e
incentivos fiscais, está situada na divisa com o extremo noroeste do Estado de São Paulo e à
324 km da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande.
O município está em fase de adaptação, porém, ainda não possui uma infra-
estrutura adequada a nova demanda. O município tem 22% de asfalto, a rede de esgoto
alcança 35% da população, no entanto, o cenário que se nota hoje é de uma cidade em pleno
desenvolvimento, onde as construções são inúmeras e as obras públicas também estão sendo
efetuadas. Acredita-se que esse período de adaptação será breve, e logo a cidade conseguirá
estar
completamente estruturada para o grau de industrialização que a afeta.
Três Lagoas é o único município de Mato Grosso do Sul que é beneficiado por
duas produtoras de energia elétrica: a hidrelétrica de Jupiá, com capacidade de geração para
1560 mil megawatts, e uma termelétrica, que utiliza gás natural, com capacidade de 240
megawatts. A infra-estrutura de transportes também favorece o município, as empresas
instaladas dispõem da Hidrovia Tietê-Paraná, Ferrovias e de Rodovias que escoam suas
mercadorias ao restante de Mato Grosso do Sul pela BR-262, e aos mercados do Sudeste, pela
rodovia Marechal Rondon (SP -300), que liga a cidade ao Estado de São Paulo.
Com o crescimento da industrialização em Três Lagoas-MS, passou a existir uma
maior competitividade e uma das estratégias para conseguir essa vantagem competitiva é
através dos acordos de cooperação ou convênios inter-indústrias, objetivando qualificação de
mão-de-obra, melhoria na tecnologia entre outros.
Este estudo se fez necessário porque a industrialização e o desenvolvimento
tornam-se fundamentais para que o município consiga crescer, se manter, e, se possível, levar
qualidade de vida para a população afetada por eles. Três Lagoas-MS é uma cidade cuja
14
economia tradicional era oriunda fundamentalmente da agropecuária e, atualmente tem-se
notado uma mudança na base dessa economia, a qual está se alicerçando nas indústrias locais.
O trabalho foi dimensionado por meio de instrumentos metodológicos com
destaque para: revisão bibliográfica, entrevistas, fotos. Que serviram de plano de fundo para
que se realizasse o processo construtivo e analítico da dissertação.
No aporte de Acevedo e Nohara (2006), no processo de pesquisa, entende-se que é
fundamental desenvolver uma reflexão crítica que possibilite a análise do tema relacionado às
situações mais amplas, que colaborem para o entendimento dos problemas da vida cotidiana e
das dificuldades enfrentadas pelos sujeitos sociais no seu dia-a-dia, e essa foi uma das
preocupações fundamentais dessa proposta: entender as transformações ocorridas com a
industrialização de Três Lagoas, sem perder de vista as mudanças na vida de seus moradores.
Portanto, concebeu-se a pesquisa como um caminho que é construído diante das
circunstâncias sociais e econômicas que geram mudanças da realidade.
No estudo de caso, o pesquisador geralmente utiliza uma variedade de dados
coletados em diferentes momentos, por meio de variadas fontes de informação. Tem como
técnicas fundamentais de pesquisa a observação e a entrevista. Produz relatórios que
apresentam um estilo mais informal, narrativo, ilustrado com citações, exemplos e descrições
fornecidos pelos sujeitos (GODOY, 1995). Dessa forma, pretendeu-se construir um caminho
teórico-metodológico perpassado por opções qualitativas e quantitativas, houve momentos
nos quais os levantamentos quantitativos foram importantes, com a utilização de
questionários, formulários, levantamentos estatísticos, dentre outros. Em outros momentos foi
necessário o uso de técnicas qualitativas: com as entrevistas, a observação do ambiente físico
e social, o uso de fotografias, documentos pessoais, dentre outras.
Para a classificação da pesquisa tomou-se como base os critérios de Vergara
(1998) que compreende dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a
pesquisa é de natureza exploratória. A investigação exploratória é realizada em área na qual
há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não
comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa, tratando-se
de aprofundar conceitos preliminares (GIL, 2002). Quanto aos meios utilizados, a pesquisa
baseou-se em dados e informações bibliográficas, documentais e de campo.
15
Esta pesquisa teve como proposta analisar as relações inter-indústrias que ocorrem
no município de Três Lagoas-MS, levando a seguinte indagação: Quais os tipos de relações
existentes entre as indústrias e se estas relações auxiliam no desenvolvimento local?
Tendo em vista estas questões, objetivou-se com o presente trabalho apontar os
fundamentos do impacto da industrialização na economia do município e a influência dos
tipos e das estratégias existentes nas relações inter-indústrias estabelecidas em Três Lagoas-
MS criando uma dinâmica de funcionamento dos sistemas produtivos locais para inovar e
motivar o desenvolvimento. Assim foram identificados os tipos e o grau de relações inter-
indústrias que existem no município de Três Lagoas-MS; verificando se essas relações estão
gerando desenvolvimento local para o município e averiguando se geram melhoria na
qualidade de vida da população.
16
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 O ESPAÇO E A INDÚSTRIA
O espaço é uma criação humana que se realiza através do movimento da
sociedade sobre a natureza. Considera-se como espaço geográfico o espaço ocupado e
organizado pelas sociedades humanas, ou seja, uma forma social de organização do território.
Para Carlos (1995, p. 15) “o espaço geográfico deve ser concebido como um produto histórico
e social das relações que se estabelecem entre a sociedade e o meio circundante”.
É comum o espaço ser estudado como se os objetos que compõem o panorama
trouxessem neles mesmos sua própria explicação, no entanto, esse tipo de abordagem
espacista ignora os processos que ocasionaram mudanças.
Na concepção de Santos (1997, p. 51) o “espaço é formado por um conjunto
indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações,
não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”. Essas
relações são, antes de tudo, relações de trabalho dentro do processo produtivo geral da
sociedade. Nesta conjuntura, notam-se que o homem tem papel central na medida em que é
sujeito, cuja humanidade é construída ao longo do processo histórico, concomitante à
produção a reprodução de sua própria vida. “Os elementos do espaço são: os homens, as
empresas, as instituições, o chamado meio ecológico e as infra-estruturas” (SANTOS, 1997,
p. 6).
Com as novas tecnologias o espaço está passando a ser um sistema de objetos cada
vez mais artificiais, com isso, os elementos que o constitui se tornam cada vez mais estranhos
ao lugar e a seus habitantes. Entretanto novas atividades, como por exemplo: uso de
computadores e até mesmo robôs, no sistema de produção, surgem trazendo intensas
transformações, criando novos valores a partir da constituição do cotidiano.
17
Carlos (1989) citou que os espaços industriais estão passando por uma
remodelação com a introdução de novas tecnologias, concentrando a expansão industrial em
novos complexos territoriais tipicamente na periferia das grandes áreas metropolitanas. Que
substituem as áreas de industrialização antigas, as quais, por falta de competitividade, tendem
a sofrer fuga de capitais.
Ainda, Carlos (1989) evidenciou que a industrialização é um fenômeno
concentrado no espaço enquanto produto da aglomeração de meios de produção, mão-de-obra,
capitais e mercadorias. A produção espacial decorrente da produção em escala e contínua,
tende a intensificar o surgimento de aglomerações urbanas e facilitar a articulação entre as
parcelas do espaço global.
Quando pensa-se no espaço da indústria remete-se a uma paisagem urbana onde
predominam as chaminés expelindo fumaça de tons e odores diferenciados, uma concentração
de operários e de adensamento de redes de transporte.
Corrêa (1989) descreveu estratégias e ações concretas dos agentes modeladores do
espaço industrial e urbano:
a) Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais, são grandes
consumidores de espaço;
b) Os proprietários imobiliários atuam no sentido de obterem a maior renda fundiária
possível de suas propriedades;
c) Os promotores imobiliários formam um conjunto de agentes que realizam as
operações de incorporação, financiamento, estudo técnico, construção do imóvel e
comercialização. Atuam no sentido de produzir habitações para a população que
constitui a demanda;
d) O Estado atua como grande industrial, proprietário fundiário, promotor imobiliário,
agente de regulação do espaço e o alvo dos movimentos sociais urbanos. Mas é como
provedor de serviços públicos que sua atuação é mais corrente e esperada;
e) Os grupos sociais excluídos têm como possibilidades de moradia, os cortiços
localizados próximos ao centro da cidade, as casas produzidas pelos sistemas de
18
autoconstrução em loteamentos periféricos, os conjuntos habitacionais produzidos
pelo Estado.
Benko (1996) alertou que nas duas últimas décadas, os observadores:
economistas, geógrafos, cientistas e políticos chamam a atenção sobre uma mudança, de
dimensões consideráveis. Trata-se de uma recomposição dos espaços: os espaços clássicos,
nos quais os sistemas econômico, social e político evoluíram praticamente ao longo de todo o
século e estão se deslocando ao mesmo tempo para cima e para baixo. Na escala superior,
constata-se a criação ou mesmo o reforço dos blocos econômicos, iniciais e, freqüentemente,
sob forma de mercados comuns, evoluindo, em seguida, rumo a espaços políticos e
economicamente unidos como é o caso da Europa; o deslocamento rumo ao patamar inferior
da escala caracteriza-se pelo reforço das unidades territoriais em nível regional.
Ressaltou Santos (1997) que o novo espaço das empresas é o mundo, as maiores
empresas o são apenas multinacionais, são empresas globais. A globalização não é um
fenômeno unilateral, ela suscita reações e resistências.
Segundo Carlos (1989), a industrialização é um fenômeno concentrado no espaço
enquanto produto da aglomeração de meios de produção, mão-de-obra, capitais e
mercadorias. A produção espacial decorrente da produção em escala e contínua tende a
intensificar o surgimento de aglomerações urbanas e facilitar a articulação entre as parcelas do
espaço global.
Na mesma medida em que surge uma economia global, ressurge uma tendência de
afirmação do local, como uma resposta à exclusão ou como uma tentativa de integração o-
subordinada.
1.2 TERRITÓRIO NO CONTEXTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
Muito se tem estudado a respeito da concepção de território e sua estreita ligação
com o desenvolvimento local, pois sua estruturação adequada será determinante para as
relações sociais e econômicas que fundamentam as atividades cuja geração trará um
crescimento progressivo para o lugar.
No entendimento de Ávila et alli (2001, p. 28) “espaço e território constituem
duas dimensões de um mesmo universo ou conjunto de realidade”. Os dois se complementam,
19
o primeiro, como lugar onde ocorrem as relações sociais e o segundo, como área física
delimitada que abriga e sustenta tal espaço. O território é uma base física, delimitada e com
materialidade própria.
Conforme Santos (1997) o mundo não é apenas um conjunto de possibilidades,
oferecidas pelos lugares. Hoje com a competitividade é importante que os lugares de ão
sejam globais e previamente escolhidos entre aqueles capazes de atribuir a uma dada
produção uma produtividade maior, portanto, o território termina por ser a grande medição
entre o mundo e a sociedade em geral.
Koga (2003, p. 34) apresentou que a “noção do território hoje ultrapassa os limites
do campo da geografia, sendo concebida e utilizada pelas ciências sociais, políticas e
econômicas”. Hoje os territórios podem ser formados por lugares contíguos e por lugares em
rede.
A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pelos sistemas
naturais existentes em um dado país ou numa dada área e pelos acréscimos
que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. A configuração
territorial não é o espaço, que sua realidade vem de sua materialidade,
enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que a anima. A
configuração territorial, ou configuração geográfica, tem, pois um
existência material própria, mas sua existência social, isto é sua existência
real, somente lhe é dada pelo fato das relações sociais (SANTOS, 1997, p.
51).
Compreende-se, portanto, que o território somente será passível de alterações a
partir do momento em que haja relações sociais, revelando a sua existência real. Para Castro
et alii (1995, p. 78), território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a
partir de relações de poder”.
O território em si, não é um conceito. Ele só se torna um conceito utilizável
para a análise social quando o considerarmos a partir do seu uso, a partir do
momento em que o pensamento juntamente com aqueles atores que dele se
utilizam (SANTOS, 2000, p. 22).
A relação inseparável entre território e indivíduo, ou território e população,
permite uma visão da própria dinâmica do cotidiano vivido pelas pessoas, pelos moradores de
um lugar. Nesta perspectiva que o território ultrapassa os limites político-jurídicos enquanto
Estado-Nação e, portanto, não se restringe ao âmbito do lugar.
20
O território foi definido por Raffestin (1993, p. 63) “como sistemas de ões e
sistemas de objetos”. Tomando como base seu conceito, entende-se por distrito industrial, a
ligação entre as ações (redes de cooperação) e os objetos (a aglomeração de indústrias).
Um conceito introduzido no início do século XX pelo economista britânico Alfred
Marshall, os distritos industriais têm uma característica interna, uma personalidade regional.
A especificidade dos distritos industriais decorre de uma capacidade, no mais das vezes
herdada de uma cultura antiga, em negociar modos de cooperação entre capital e trabalho,
entre grandes empresas e fornecedores de produtos intermediários, entre administração
pública e sociedade civil, entre bancos e indústria, etc. (BENKO, 2001).
Nos distritos industriais as empresas são partes integrantes do território, sendo
também elas, de certo modo, o próprio território. Eles, portanto, desenvolvem uma capacidade
tecnológica e inovadora endógena que permite às pequenas e médias empresas locais
conseguirem competir nos mercados internacionais com as grandes empresas verticalmente
integradas.
1.2.1 As lógicas dos sistemas territoriais
Os sistemas territoriais têm por função criar lógicas para organizar as várias
territorialidades existentes em um mesmo território.
Ressaltou Koga (2003, p. 190) que “a lógica da territorialização é buscar as
diferenças dentro de um espaço urbano, para que a gente possa buscar uma inversão lógica de
alocação de recursos públicos”.
As lógicas da territorialização devem buscar organizar os diferentes
territorialidades existentes dentro de um mesmo território, de modo a não afetar as várias
comunidades afetadas por elas.
Para Mailatt (2002), os sistemas territoriais podem ser caracterizados sob duas
lógicas principais:
1. A lógica funcional: as empresas que atuam seguindo esta lógica são organizadas de
maneira hierárquica, vertical, de forma departamentalizada para a diminuição de
21
custos. Para elas, o território nada mais é do que um suporte, um lugar de passagem,
no qual elas não se consideram inseridas;
2. A lógica territorial: implica na formação de um forte elo entre a empresa e o
território de implantação. Tem por objetivo a territorialização da empresa, ou seja, a
inserção no sistema territorial de produção. As empresas se organizam em redes, de
modo horizontal, com o meio, existe a cooperação/concorrência entre as empresas
gerando sinergias necessárias ao seu funcionamento.
1.3 O LUGAR
O lugar abre a perspectiva para se pensar o viver e habitar, o uso e o consumo, os
processos de apropriação do espaço. Isto é, guarda em si e não fora dele, o seu significado e as
dimensões do movimento da história em constituição enquanto movimento da vida, possível
de ser alcançado pela memória, através dos sentidos e do corpo. Neste sentido Carlos (1996,
p. 20) apontou que “o espaço é passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido através
do corpo”.
Entretanto, não deve ser compreendido apenas como o espaço onde se realizam as
práticas diárias, mas também como aquele onde se situam as transformações e a reprodução
das relações sociais de longo prazo, bem como a construção física e material da vida em
sociedade. Nele, realiza-se o cotidiano, o momento, o fugidio; mas também a história, o
permanente, o fixo, correspondendo ao identitário, ao relacional e ao histórico, no âmbito da
tríade habitante-identidade-lugar.
Na concepção de Santos (1997), o lugar poderia ser definido a partir da densidade
técnica, a densidade informacional, a idéia da densidade comunicacional e, também, em
função de uma densidade normativa. Acrescenta-se ainda que a dimensão do tempo em cada
lugar pode ser visto através do evento no presente e no passado. Deve-se compreender o lugar
como a dimensão da existência que se manifesta através do cotidiano compartilhado entre as
pessoas gerando conflitos que se tornam a base da vida em comum. O lugar pode ser visto
como um intermediário entre o mundo e o indivíduo.
22
É através do conceito de lugar e de seu exame, que se poderá assumir a
complexidade das condições de vida dos indivíduos e dos lugares onde eles vivem como
ponto de partida das políticas públicas (KOGA, 2003).
Historicamente, o conceito de Lugar, tem merecido alguma consideração, embora,
desde a Filosofia grega clássica o termo tenha se limitado à localização das coisas. O Lugar é
encarado como espaço vivido, experienciado, contribuindo para a determinação da identidade
dos indivíduos e grupos, os quais acabam por criar laços afetivos com ele.
Lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano
compartilhado entre as mais diversas pessoas, empresas, instituições–cooperação e conflitos
são a base da vida em comum. No lugar, o próximo, se superpõe, dialeticamente ao eixo das
sucessões, que transmite os tempos externos das escalas superiores e o eixo dos tempos
internos, que é o eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando definitivamente, as
noções e as realidades de espaço e tempo. Em torno disso, na concepção de Santos, (1997, p.
252):
Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. Todos os lugares são virtualmente
mundiais. Mas também cada lugar, irrecusavelmente imerso numa
comunhão com o mundo, torna-se exponencialmente diferente dos demais.
Há uma maior globalidade correspondente há uma maior individualidade.
O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a
especificidade histórica do particular. Deste modo, o lugar se apresentaria como o ponto de
articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta,
enquanto momento (CARLOS, 1996).
O lugar além de espaço percebido é também espaço sentido e este
sentimento é fundamental para estabelecer uma verdadeira relação de
respeito e compromisso (no sentido ecológico) com o meio social e natural.
Pertencimento a um lugar é um sentimento tão indispensável à pessoa
quanto pertencer a uma família ou grupo social. Trata-se, pois, de um
sentimento em duplo sentido, que a pessoa tanto se sente pertencente a
um determinado lugar quanto o toma como seu. Ao longo da vida, as
pessoas tomam para si elementos do espaço que adquirem algum
significado em suas vidas. A escola, uma esquina, um riacho, uma casa,
uma árvore entre tantos outros objetos espaciais, podem ser referências
importantes, especiais, para toda a existência de uma pessoa. O que torna o
espaço um lugar é, essencialmente, a emoção e o simbólico, que o
referenciam na existência humana (TUAN, 1976, p. 3).
Constata-se, dessa forma, que o conceito de lugar deve ser entendido, não somente
como um área determinada em que vivenciam bitos cotidianos, mas sobretudo onde
23
acontecem a formação da identidade de uma população, contribuindo desse modo, para a
construção de sua história.
1.4 TERRITORIALIDADE
Na atualidade qualquer discussão relativa à transformação da sociedade não pode
deixar de sublinhar questões sobre território, territorialidade e desenvolvimento local, tendo
em vista sua representatividade econômica e seu potencial na mobilização de recursos e no
aproveitamento tecnológico, fundamentais para o desenvolvimento social sustentável.
A territorialidade corresponde às ações desenvolvidas por vários agentes sociais
em uma determinada área geográfica e em um dado momento histórico. As ações são
produzidas pelas diferentes relações estabelecidas entre os agentes em um específico recorte
espaço-temporal. Refere-se às relações de poder exercidas em um território. As instituições,
as empresas e os mais diversos agentes sociais desenvolvem suas próprias estratégias de
apropriação do território, suas territorialidades, freqüentemente juntas sobre o mesmo espaço
social.
Nessas relações, estão incluídos o apenas os processos vinculados à esfera da
produção, mas também, e talvez de forma mais incisiva, os elementos culturais tais como a
lingüística, a moral, a ética, a religião, enfim, o conjunto complexo de padrões de
comportamento, dado pelas crenças, instituições e valores espirituais e materiais que são
transmitidos coletivamente e que caracterizam uma dada sociedade.
“A formação de um território dá às pessoas que nele habitam a consciência de sua
participação, provocando o sentimento da territorialidade que, de forma subjetiva, cria uma
consciência de confraternização entre as mesmas” (SANTOS, 2002, p. 214).
Com base no pensamento do autor, a sociedade se constitui no momento em que
percebe a importância de sua participação do ambiente no qual convive, portanto, é através da
consciência da territorialidade que se tem a formação de uma sociedade mais participativa.
Na abordagem de Koga (2003) a apropriação do território diz respeito ao aspecto
interventivo realizado pelos homens, criando e recriando o significado em torno dessa
24
apropriação cotidiana, a isso -se o nome de territorialidade. O termo territorialidade
designa o espaço intermediário entre o privado e o público, onde se desenvolve uma
sociabilidade básica, mais ampla que a fundada nos laços familiares, porém mais densa,
significativa e estável que as relações formais e individualizadas. impostas pela sociedade.
A territorialidade local pode ser simples ou múltipla, depende dos usos que as
relações mantenedoras fazem do território. Um exemplo de territorialidade local simples é um
hospital, cujo espaço é utilizado unicamente para seu fim próprio. Exemplos de
territorialidade local múltipla são os usos dos territórios em diferentes momentos. O uso
múltiplo de um mesmo território explicita a sua territorialidade. Uma rua pode ser utilizada
com o tráfego de veículos, para o lazer nos finais de semana e com a feira livre acontecendo
um dia por semana.com dependência de agentes externos.
Nestas territorialidades, a apropriação se faz pelo domínio de território, não só
para a produção, mas também para a circulação de uma mercadoria. Estas novas
territorialidades apresentam-se como voláteis e constituem parte do tecido social, expressam
uma realidade, mas não substituem, a dominação política de territórios em escalas mais
amplas. Devendo essas, para serem explicadas e não somente descritas, serem inseridas em
espaços de dimensão relacional.
Na visão de Coelho e Fontes (1995) em termos territoriais, o processo de
industrialização se caracteriza pela constituição de fluxos econômicos que excluem territórios
a partir de:
Movimentos de desestruturação e reestruturação do arranjo produtivo e empresarial
preexistente, num processo de desinversão e reinversão de capitais;
Mudanças na direção de novas formas de produção mais eficientes, que concretizam a
atual revolução tecnológica e organizacional;
Introdução da microeletrônica, que abre a possibilidade de vincular as diferentes fases
dos processos econômicos;
Alta volatilidade e mobilidade da produção, ciclos produtivos cada vez mais curtos,
que aumentam a vulnerabilidade das formas de produção tradicionais;
Existência de mudanças radicais nos métodos de gestão empresarial;
25
Importância da qualidade e diferenciação dos produtos como estratégia de
competitividade dinâmica;
Integração de grandes mercados;
Fortalecimento do setor das pequenas e médias empresas vinculadas à grande empresa
num esquema de "terceirização".
Portanto, o conjunto de ações desenvolvidas por vários agentes sociais em um
território, em momentos diferentes, é chamado de territorialidade. Não se pode esquecer,
também a importância das relações de poder inerentes a essa territorialidade, que se entre
as ões produzidas pelas diferentes relações estabelecidas entre esses atuantes em conjunto
com um determinado espaço nos tempos agentes em um específico recorte espaço-temporal.
1.5 DESENVOLVIMENTO LOCAL E DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
Na concepção popular o desenvolvimento pode ser entendido como sinônimo de
progresso, ampliação quali-quantitativa dos recursos de produção. Porém não é correto se
analisar desenvolvimento como sinônimo de crescimento, nem tampouco regular a
distribuição da riqueza.
Gomez-Orea (1993) afirmou que os projetos de desenvolvimento local provocam
um processo de (re) construção / (re) apropriação do território, que implica em uma nova
ordenação territorial. Ainda define a ordenação territorial como a projeção no espaço físico,
via ocupação e uso das políticas, dos interesses, dos valores econômicos, sociais, culturais e
ambientais de uma sociedade local, regional e mundial.
O desenvolvimento local pode ser compreendido de diversas maneiras: pode-se
analisar sob uma esfera econômica, sendo medido pela evolução do quadro produtivo local,
pela geração de emprego e renda no seio das comunidades, pelo acréscimo da autonomia
fiscal dos governos locais, e pela diversificação e dinamização de atividades econômicas que
tenham impacto em termos de integração das populações marginalizadas. Pode-se ainda
analisar em termos sociais, ligado a uma busca da inclusão de diferentes setores populares, em
um quadro de crescimento e evolução econômica.
26
Conforme Zapata (2001), o desenvolvimento local é um processo orgânico, um
fenômeno humano, portanto não padronizado. Envolve valores e comportamentos dos
participantes. Suscita práticas imaginativas, atitudes inovadoras e espírito empreendedor.
No desenvolvimento local a comunidade desabrocha suas capacidades,
competências, habilidades de agenciamento e gestão das próprias condições e qualidade de
vida, ou seja, são agentes do seu desenvolvimento. Quando bem estruturado promove
significativas mudanças na comunidade desde sua estrutura, como na educação, na forma de
explorar os recursos naturais, levando a reestruturação da comunidade.
O desenvolvimento local consiste no efetivo desabrochamento a partir do
rompimento de amarras que prendam as pessoas em seu status quo de vida
das capacidades, competências e habilidade de uma ‘comunidade definida’
(portanto com interesses comum e situada em (...) espaço territorialmente
delimitado, com identidade social e histórica), no sentido de ela mesma
mediante ativa colaboração de agentes externos e internos incrementar a
cultura a solidariedade em seu meio e se tornar paulatinamente apta a
agenciar (discernindo e assumindo dentre rumos alternativos de
reorientação do seu presente e de sua evolução para o futuro aqueles que lhe
apresentem mais consentâneos) e gerenciar (diagnosticar , tomar decisões,
agir, avaliar, controlar, etc.) o aproveitamento dos potenciais próprios ou
cabedais de potencialidades peculiares à localidade assim como a
metabolização comunitária de insumos e investimentos blicos e privados
externos, visando à processual busca de soluções para os problemas
necessidades e aspirações de toda ordem e natureza, que mais direta e
cotidianamente lhe dizem respeito (ÁVILA, 2001, p. 68-69).
Em sua concepção o conceito de desenvolvimento local é claro, porém quando se
trata de sua implantação prática surgem desafios e diferentes responsabilidades para a
sociedade como um todo.
Isto implica na exploração de recursos, meios disponíveis, no aproveitamento das
condições favoráveis e das oportunidades, alem da superação de obstáculos. Não tem como
meta o acúmulo de bens, progresso material e nem a expansão do emprego, mas tem como
foco o ser humano e a melhoria da qualidade de vida.
O desenvolvimento local está associado, normalmente, a iniciativas inovadoras e
mobilizadoras da coletividade, articulando as potencialidades locais nas condições dadas pelo
contexto. As comunidades procuram utilizar suas características específicas e suas qualidades
superiores e ainda, se especializar nos campos em que têm vantagens em relação às outras
regiões (HAVERI, 1996).
27
O desenvolvimento em vista de uma territorialidade sustentável implica,
necessariamente, em abandonar qualquer tentativa de importação de modelos. Neste contexto,
ganha força o desenvolvimento local, que vem se firmando como filosofia de
desenvolvimento que se apóia no protagonismo sócio-comunitário com base na interação e
parceria com agentes externos.
Desenvolvimento pode ser considerado como tal se for humano, social e
sustentável. Portanto, o desenvolvimento local é o fenômeno pelo qual
tornam-se dinâmicas, potencialidades locais por meio de interação dos
fatores sociais, econômicos, físicos e ambientais (FRANCO, 2002, p. 123-
158).
Dentro do processo de desenvolvimento, o ser humano é o alvo principal sendo
ele o responsável por seu sucesso ou fracasso, cada pessoa se torna ator do seu próprio
progresso, de toda ordem e em todas as direções que influencie o seu entorno como fonte
irradiadora de mudanças, de evolução cultural, de dinamização tecnológica e de equilíbrio
meio-ambiental.
Ávila (2001) demonstrou que existem algumas características marcantes no
Desenvolvimento Local, que são fundamentais para a sua sustentabilidade:
É endógeno em dupla definição: de “Input” quando metaboliza as
capacidades e habilidades que vem de fora, transformando-as em auto-
estima e “Output” quando coloca sua capacidades e habilidades de se
desenvolver transformando-as em auto-estima funcionando como ponto
de equilíbrio de seus interações externas;
É democratizante e democratizador;
É ao mesmo tempo integrante e integrador.
A teoria do desenvolvimento endógeno considera que a acumulação de capital e o
progresso tecnológico são, indiscutivelmente, fatores chaves no crescimento econômico. Esse
mesmo autor identifica um caminho para o desenvolvimento auto-sustentado, de caráter
endógeno, ao afirmar que os fatores que contribuem para o processo de acumulação de
capital, geram economias de escala e economias externas e internas, reduzem os custos totais
e os custos de transação, favorecendo também as economias de diversidade. Diante disso, a
teoria do desenvolvimento endógeno reconhece a existência de rendimentos crescentes no
28
tocante aos fatores acumuláveis, bem como dá ênfase ao papel dos atores econômicos,
privados e públicos, nas decisões de investimentos e localização (BARQUERO, 2001).
Quando bem estruturado o desenvolvimento local proporciona mudanças
significativas na comunidade, desde que ela esteja aberta para isso em diversas áreas: em sua
estrutura, nos meios de produzir, na educação, na forma de explorar os recursos naturais,
induzindo com isso, uma reestruturação da comunidade.
Esse desenvolvimento deve começar de baixo para cima considerando a
comunidade como o ponto de partida e, não de cima para baixo, que traz modelos prontos
para a comunidade considerando que todas são iguais ignorando as suas peculiaridades
recursos físicos, naturais e humanos do local.
Para que exista um desenvolvimento local é necessário que todos os envolvidos
atuem com os mesmos objetivos, de acordo com Sengerberger e Pike (1999), dentro de
instituições sediadas no município, integraria os setores-chaves: empresas, associações de
negócios, sindicatos, os governos municipal e regional/estadual, bolsas de emprego, bancos,
ou seja, todos os grupos que tivessem participação com esforços de desenvolvimento.
Com essa união, poderiam levar ao aumento da autonomia e à redução da
dependência externa, e também, apoiar novos esforços destinados a preservar e tornar a
desenvolver o ambiente físico, alcançando assim, o desenvolvimento local sustentável.
No município de Três Lagoas-MS, existe a integração entre os setores privado e
público para que ocorra o desenvolvimento local, através de investimento em pesquisas,
capacitação de mão-de-obra, participação em projetos de cunho social no município, entre
outros.
1.6 COOPERAÇÃO INDUSTRIAL
Em face das pressões competitivas cada vez mais intensas e do escopo mundial da
tecnologia e dos mercados, diversas empresas estão fazendo acordos de cooperação com
outras, o pequenas e médias empresas cooperam entre si para serem mais competitivas,
as grandes empresas estão utilizando esta estratégia, principalmente para competirem no
mercado externo.
29
O mais importante no planejamento de qualquer empresa é identificar onde ela
pode agregar um valor ao seu produto, ou seja, onde ela pode adquirir vantagem competitiva.
Uma estratégia muito utilizada é a de cooperação, por gerar mais oportunidades de entrar em
novos mercados, lançar novos produtos, utilizando os concorrentes como parceiros em
pesquisas.
Cooperar como uma estratégia concorrencial apostada em conquistar e
desenvolver mercados, aproveitando oportunidades, gerando sinergias e
explorando complementaridades, sem, contudo, perder a autonomia, a
originalidade, em suma, a independência jurídica e econômica
(RODRIGUES, 2002, p. 318).
Guimarães e Martin (2001) evidenciaram que a cooperação industrial compreende
operações diferentes que podem até não ter muito em comum entre elas, mas que geram
benefícios como: baixos custos de produção, distribuição e comercialização.
Na concepção de Pereira Neto (1995) a cooperação industrial é estabelecida entre
empresas que desenvolvem atividades similares, que são teoricamente concorrentes,
“cooperação horizontal” ou por empresas que desenvolvam atividades complementares,
“cooperação vertical”.
As formas de cooperação mais simples encontram-se com maior assiduidade no
setor comercial, pois se trata de uma etapa em um processo de cooperação que permite às
empresas aprender e conhecer-se melhor com mínimos riscos e, eventualmente, evoluir em
direção a outras formas mais sofisticadas e entrar definitivamente no mundo da cooperação.
Na realidade, na grande maioria das hipóteses, estas modalidades de cooperação
podem ser sempre efetivadas em breves prazos. Algumas modalidades de cooperação:
franchising, as pesquisas de mercado, a participação conjunta em feiras, os clubes de
exportação, as compras combinadas, a pesquisa da clientela, a publicidade coletiva, as ofertas
conjuntas (PEREIRA NETO, 1995).
Uma das novas tendências que vem se solidificando no processo de reestruturação
industrial é a que se refere às formas de relações intra e inter-empresas. Os movimentos de
reestruturação conduziram à reformulação das estratégias das grandes empresas.
Referente a isso, mostrou Coutinho (1992) que partindo dessa reformulação, as
articulações entre os agentes econômicos ganham novos contornos e passam a integrar o rol
dos condicionantes do aumento da competitividade industrial.
30
Frente a este novo cenário, as relações de cooperação são incrementadas visando
reduzir justamente as dificuldades que se traduzem como "custos de transação" para as
empresas, isto é, os que vão além dos custos de produção.
É importante perceber os pontos fortes e fracos em relação aos concorrentes,
sendo possível assim trabalhar para melhorar os pontos fracos, mantendo os pontos fortes,
sempre observando “análise estrutural da indústria” ou “matriz das cinco forças” propostas
por Porter (1989), onde a estrutura de uma indústria é conseqüência do equilíbrio entre as
cinco forças baseadas: na rivalidade com os concorrentes existentes, a ameaça de novos
produtos ou serviços substitutos, a entrada de novos concorrentes, o poder dos clientes e o
poder de negociação dos fornecedores. Neste modelo a intensidade da concorrência em uma
indústria tem suas raízes na estrutura econômica básica e vai muito além do comportamento
dos concorrentes atuais, (ver figura 1).
Figura 1 - Matriz das cinco forças
Fonte: PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1989 p. 23.
Com base neste quadro percebe-se que existem cinco forças competitivas básicas
e que os conjuntos dessas forças, e o modo como a empresa reage a elas, que irão determinar
o potencial de lucro final da indústria. Na maioria das vezes a melhor estratégia não é
decorrente de um controle sobre todas as forças, mas sim sobre as fontes de uma delas.
Observa-se ainda que cooperar oferece a possibilidade de dispor de tecnologias e reduzir os
custos de transação relativos ao processo de inovação, aumentado à eficiência econômica e,
Concorrentes da
Indústria
Rivalidades entre
empresas Existentes
Entrantes Potenciais
Substitutos
Fornecedores
Compradores
Ameaça de Novos Entrantes
Poder de Negociação
dos Fornecedores
Poder de Negociação dos
Compradores
Ameaça de Serviços ou
Produtos Substitutos
31
por conseqüência, aumentando a competitividade com quem esno mercado, dificultando
a entrada de novos concorrentes.
As grandes empresas impõem suas políticas, estabelecem preços e serviços. Por
possuir força dentro do setor e uma grande parcela de mercado passam a exercer poder junto
aos seus fornecedores, clientes e até mesmo aos seus concorrentes, ditando assim, as regras
que devem ser seguidas por outras empresas do setor.
Porém, quando os pequenos concorrentes se unem através de alianças estratégicas,
eles que não ofereciam perigo à posição dos líderes de mercado isoladamente, se vêem
fortalecidos, passam a ter vantagens competitivas que outrora não tinham, dificultando a
imposição das grandes empresas, pois passam ser competidores diretos dos líderes de
mercado, mudando o cenário onde os grandes dominavam sozinhos (MAÑAS e
PACANHAN, 2004).
No mundo econômico atual, onde duas ou mais organizações lutam pelo mesmo
mercado a partir dos mesmos ganhos, poder-se supor que a melhor alternativa é dividir o
mercado. A opção das empresas pela estratégia de cooperação é baseada em lealdade,
compromisso, preço justo ou outros motivos, reduzindo, assim, o risco.
As possíveis formas de cooperação podem ser agrupadas em categorias temáticas,
conforme seu objetivo, em lugar da usual classificação interinstitucional. O foco principal
deriva da ótica da empresa e de suas necessidades, podendo ser:
Cooperação tecnológica: orientada no sentido mais restrito de tecnologia, envolvendo
questões de processo e produto, meio-ambiente e assistência técnica;
Cooperação gerencial e de gestão: orientada para o aumento da eficácia do
gerenciamento (rotinas) e gestão (estratégia), através de ações comportamentais e
organizacionais;
Cooperação comercial: ampliação dos espaços mercadológicos com plena utilização
da capacidade operacional;
Cooperação em marketing: melhoria e reforço de imagem, troca de informações
mercadológicas, penetração em novos mercados;
32
Cooperação financeira: manutenção de crédito em condições adequadas,
financiamento de risco em desenvolvimento de produtos e pesquisa;
Cooperação para qualificação de pessoal: realizada com instituições de apoio privadas,
agências de fomento, ou no esquema cliente-fornecedor, em ambos os sentidos (o
cliente que qualifica seu fornecedor ou o fornecedor que qualifica seu cliente);
Cooperação fiduciária: ocorre através de consórcios ou associações que oferecem
garantias às empresas afiliadas, para financiamentos ou compra de equipamentos;
Cooperação legal: destinadas a obter oportunidades fiscais ou direitos de propriedade
decorrentes de pesquisas, cujos benefícios são repartidos entre os envolvidos.
Existem vários tipos de cooperação, as empresas podem utilizar um conjunto, ou
um único tipo, dependendo de sua necessidade. Atualmente com a concorrência acirrada,
entradas de novas tecnologias muito rápidas, a cooperação se faz necessária para o
fortalecimento e crescimento no mercado.
1.6.1 Cooperação industrial e desenvolvimento local
O Desenvolvimento Local deve estar associado a um processo de crescimento
econômico de natureza endógena, no qual os fatores locais de tipo produtivo, social e cultural
são decisivos. O modelo de desenvolvimento econômico endógeno é particularmente sensível
aos segmentos industriais, uma vez que sua capacidade competitiva depende da
disponibilidade de economias externas no território. Daí a necessidade de se centrar no
potencial de crescimento de caráter local.
Na atualidade, as médias e pequenas empresas, quando competitivas em
condições de mercado, têm papel decisivo no crescimento da economia. Ao
contrário das grandes empresas elas não podem realizar internamente todas
as atividades inerentes a um processo produtivo completo, razão pela qual
sua competitividade depende do meio no qual elas se inserem. Por esse
motivo devem estudá-las dentro de um complexo produtivo. Nesse sentido
destaca-se, que sua estratégia requer o trabalho em cooperação com as
outras empresas do meio, com a finalidade de alcançar, de forma conjunta,
economias de escala. Por sua vez, esse modelo de sistema local de pequenas
e médias empresas gera importantes efeitos de dinamização na economia da
região, o que provoca um processo de crescimento endógeno
(GUIMARÃES e MARTIN, 2001, p. 111).
33
A colaboração entre empresas induz a expansão do mercado e a incrementação e a
melhoria da qualidade, com a proximidade entre empresas rivais reforça-se a competição e
cria-se um fluxo de informação, aumentando com isso, a produtividade.
A cooperação entre as empresas e as parecerias entre as instituições são a melhor
maneira de alcançar um crescimento sustentável e com inclusão social, ficando a cargo do
Estado, nesse processo, ser o órgão central na disseminação da cultura de cooperação,
associativismo e solidariedade (SIMON, 2004).
À medida que novos cenários foram se desenhando, as empresas e organizações,
na expectativa de manterem-se fortalecidas no mercado, buscaram alternativas inovadoras que
agregassem valor e potencializassem o seu negócio, e por conseqüência, promovessem o seu
desenvolvimento. Com isso, novos espaços produtivos foram introduzidos na busca de
responder às necessidades e demandas da sociedade.
Conforme Coelho (2000) desenvolvimento econômico local pode ser visto como a
constituição de uma ambiência produtiva inovadora, na qual se desenvolvem e se
institucionalizam formas de cooperação e integração das cadeias produtivas e das redes
econômicas e sociais, de tal modo que amplie as oportunidades locais, gere trabalho e renda,
atraia novos negócios e crie condições para um desenvolvimento humano.
Olhar para seu concorrente como um futuro parceiro, sem submissão, tendo como
premissa a prosperidade de ambos, é essencial para as organizações que queiram fazer parte
dessa nova economia. Esta nova economia “pode ser uma alternativa superior ao capitalismo
por proporcionar às pessoas uma vida melhor, com solidariedade e igualdade” (SINGER,
2002, p. 95).
Em sistemas produtivos locais, identificam-se diferentes tipos de cooperação,
incluindo a cooperação produtiva visando à obtenção de economias de escala e de escopo, a
melhoria dos índices de qualidade e produtividade; e a cooperação inovativa que resulta na
diminuição dos riscos, custos, tempo e principalmente, no aprendizado interativo,
dinamizando o potencial de criação de capacitações produtivas e inovativas. Tendo em vista a
preocupação das organizações, a cooperação pode ocorrer por meio de:
Intercâmbio sistemático de informações produtivas, tecnológicas e
mercadológicas;
34
Interação de vários tipos, envolvendo empresas e outras organizações;
Integração de competências, por meio de realização de projetos conjuntos.
Conforme Coelho (2000) os projetos de desenvolvimento local nos quais as
relações de cooperação ainda estavam se estabelecendo, com a ausência de um centro
coesionador e difusor de uma cultura de cooperação, tinham ali seu principal fator de não
sustentabilidade.
Neste contexto, em que as relações entre cooperação e competitividade se
mostram tênues, identifica-se vários níveis de cooperação em termos de desenvolvimento
econômico local, como destacados abaixo(ver quadro 1):
Quadro 1 - Tipos de cooperação industrial
Tipologia da
Cooperação
Dimensão Econômica Dimensão Territorial
Cooperação
nas relações de
trabalho
Formas associativas de
organização da produção
No interior do espaço de produção ou no mesmo em
determinado território no qual se articula o processo
produtivo, centrado principalmente em relações solidárias
no âmbito de um determinado processo de trabalho.
Cooperação
nas condições
de produção
Cooperação na formação de redes
de fornecedores de uma empresa,
na compra de matéria-prima, no
desenvolvimento tecnológico ou
na rede de comercialização
articulada com a cadeia produtiva.
Cooperação no mesmo território no qual está inserido
determinado cluster. Tem uma característica local de
construção de uma ambiência produtiva, envolvendo mais
outros atores e uma sustentação institucional local através
da construção de identidade e de instrumentos como a
agência de desenvolvimento.
Cooperação no
interior das
cadeias
produtivas
Encadeamentos produtivos
atuando sobre pontos de
estrangulamentos; inovação dos
produtos, ou uma logística mais
complexa.
T
em uma dimensão regional e está ligada à construção de
formas de cooperação institucionais capazes de viabilizar
uma integração da cadeia produtiva com o mercado
externo.
Fonte: COELHO, Franklin. Desenvolvimento econômico local no Brasil: as experiências recentes
num contexto de descentralização. Santiago: CEPAL/GTZ, 2000, p. 32.
O quadro acima, mostrou as três dimensões de cooperação que envolvem um
campo de competitividade em torno das relações de mediação entre o ambiente produtivo, o
território e a economia, permitindo tomadas de decisões baseadas no tipo de cooperação
existente.
A cooperação e competitividade empresarial transformam-se em palavras mágicas
que justificam as ações entre as indústrias no sentido em que elas são quem determinam uma
estratégia no território, gerando o desenvolvimento local.
35
Estratégia competitiva é “a busca de uma posição competitiva favorável em uma
indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência” (PORTER, 1989, p. 1). Isso
significa que por meio da determinação de uma estratégia competitiva, que a empresa
conseguirá estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a
rentabilidade e atratividade da indústria. Analisando a afirmação do autor, percebe-se que a
cooperação e a competitividade empresarial é quem determina uma estratégia no território.
Quando não existe uma estratégia competitiva entre as indústrias de um
determinado local as empresas correm o risco de ficar vulneráveis em relação aos seus
concorrentes, essa vulnerabilidade acontece mais frequentemente em relação à: consumidores
e qualificação de recursos humanos, (ver quadro 2):
Quadro 2 - Padrões de concorrência industrial: fatores críticos de competitividade
Padrão de
Concorrência
Setores Tradicionais Setores Difusores
Fontes das Vantagens
Competitivas
Internos à Empresa
Mercado
Qualidade;
Fatores críticos não estruturais;
Controle da qualidade;
Produtividade;
Fatores críticos estruturais;
Segmentação por renda;
Preço, marca, prazo, adequação
local/internacional.
Tecnologia
Pesquisa e desenvolvimento, design;
Capacitação em Pesquisa e
desenvolvimento;
Qualidade em Recursos Humanos;
Segmentação Técnica;
Especificações do cliente;
global/local.
Configuração da Indústria
Economia de Aglomeração;
Redes horizontais e verticais;
Tecnologia industrial básica e treinamento.
Economias de especializações;
Interação com usuários;
Sistema Ciência e Tecnologia.
Regime de Incentivos e
Regulação
Defesa da concorrência;
Defesa do consumidor;
Anti-dumping.
Apoio ao risco tecnológico;
Patentes, proteção seletiva, poder de
compra, crédito e financiamento às
exportações.
Fonte: FERRAZ, João Carlos, et alli. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria. Rio de
Janeiro: Campus, 1995, p. 45.
No quadro dois o autor destacou vários fatores críticos de concorrência, que
poderiam ser transformados em competitividade positiva entre indústrias, se tivesse uma
estratégia de cooperação entre elas.
36
O desenvolvimento local deve ser pensado enquanto um pacto territorial no qual
está presente a idéia-força de desenvolvimento e alta mobilização de recursos locais, sendo:
Uma estratégia integrada de instituições locais no enfrentamento da fragmentação
territorial, exclusão econômica, social e cultural;
Fortalecimento de lideranças locais, tanto comunitárias e sindicais como empresariais;
Criação de uma identidade e um sentimento de solidariedade social e territorial que
rompa com o individualismo exacerbado;
Fortalecimento de um controle social e de uma cultura de responsabilidade pública;
Mobilização de diferentes culturas criando redes e uma interconectividade que opera
numa dimensão coletiva e quebra o isolamento;
Mobilização de saberes locais criando uma cultura de projetos.
1.7 CAPITAL SOCIAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL
O capital social, o é apenas a ação coletiva em si mesma, mas também, as
normas e sanções de confiança, a reciprocidade residente no interior das redes sociais, o qual
permite que os dilemas de ação coletiva sejam resolvidos. O seu foco é sobre o sistema na
medida em que ele se preocupa em explicar desenvolvimento econômico e político no nível
regional e nacional.
São os níveis de participação e de organização que uma sociedade possui, o
acúmulo de experiências organizacionais que ocorram na base de uma
comunidade, ou sociedade, reforçando seus laços de solidariedade,
cooperação e confiança das pessoas, grupos sociais e entidades. (FRANCO,
2002, p. 18).
Para Putnam (1996), capital social é o conjunto de características da organização
social, onde se inclui as redes de relações, normas de comportamento, valores, confiança,
obrigações e canais de informação. O capital social, quando existente em uma região, torna
possível à tomada de ações colaborativas, que resultam em benefício para toda a comunidade.
Ele conclui ainda, a partir de evidências históricas, que fatores sócio-culturais, como tradições
cívicas, capital social e cooperação, m papel decisivo na explicação das diferenças
37
regionais. Onde tradição comunitária, a recorrência de compras e vendas e de trocas de
informações faz nascer relações de fidelidade entre clientes e fornecedores.
Se a sociedade não estiver entrelaçada na sua base, por miríades de organizações,
se o tiver iniciativa, e confiança social entre os grupos sociais, também não terá
desenvolvimento, nem mesmo crescimento sustentável.
Para Melo Neto e Froes (2002, p. 50) “a comunidade que dispõe de capital social
possui altos níveis de participação, organização, confiança entre seus membros, cooperação,
solidariedade e pessoas dotadas de iniciativa”.
Portanto as comunidades cooperativas permitem aos indivíduos soluções
conciliadoras. Essas soluções estão basicamente vinculadas ao senso de comunidade e
confiança. Quando a questão da confiança é relatada, logo se percebe que está ligada a regras
de reciprocidade.
1.7.1 Um novo modelo de desenvolvimento
Um modelo de desenvolvimento humano, social e sustentável deve ser centrado
no cidadão comum que trabalha e que vive na cidade ou no campo. De acordo com Melo Neto
e Froes (2002), suas principais características são:
Desenvolvimento de dentro para fora, onde o foco é o indivíduo;
Desenvolvimento de baixo para cima a partir da mobilização das pessoas que vivem
em uma comunidade;
Tem como referência os potenciais inerentes a cada pessoa e comunidade, grupo
humano ou nação;
É centrado nas pessoas e nos grupos sociais, os vendo como os únicos sujeitos
legítimos do desenvolvimento;
Baseia-se nos valores da cooperação, da partilha, da reciprocidade, da
complementaridade e da solidariedade;
38
Seus principais ativos são as qualidades humanas e os recursos materiais e naturais
disponíveis na região.
Trata-se, portanto de um modelo de desenvolvimento comunitário, sustentado e
integrado. Sua natureza comunitária decorre do foco na comunidade, em sua capacitação,
mobilização e conscientização.
A economia solidária segue o caminho da cooperatividade em vez da
competitividade, da eficiência sistêmica em vez da eficiência apenas
individual, do um por todos, todos por um, em vez do cada um por si e Deus
por mim (SINGER e SOUZA 2000, p. 317).
Como benefício da inter-relação industrial para a população local, tem-se o processo de
transformação social que se caracteriza por diversos elementos tais como:
Aumento do nível da capacitação profissional da comunidade local;
Aumento do nível da consciência da comunidade em relação ao seu próprio
desenvolvimento;
Mudança de valores das pessoas que são sensibilizadas, encorajadas e fortalecidas em
sua auto-estima;
Aumento do sentimento de conexão das pessoas com sua cidade, terra e cultura;
Melhoria da qualidade de vida dos habitantes.
39
2 A INDUSTRIALIZAÇÃO EM TRÊS LAGOAS-MS
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS-MS
O município de Três Lagoas está localizado a leste do Estado de Mato Grosso do
Sul, às margens do rio Paraná fazendo divisa com o estado de São Paulo. Distante 324 km de
Campo Grande, capital do estado (ver figura 2). A extensão territorial do município de Três
Lagoas-MS é de 12.857 Km², sua localização é bastante privilegiada em relação a dois
importantes empreendimentos, a Hidrovia Tietê-Paraná e o Gasoduto Brasil-Bolívia.
Figura 2- Localização de Três
Lagoas-MS
Fonte: disponível no site http://www.3lagoas.com.br/2006.
40
Figura 3 - Panorâmica de Três Lagoas-MS
Fonte: disponível no site http://www.cmtl.com.br/2006
Em sua aparência física, a topografia (ver figura 3) é formada por vasta planície
com ondulações leves, sendo mais acentuada na região oeste.
O município de Três Lagoas-MS vem aumentando o número de sua população em
alguns períodos, com um crescimento pequeno em alguns momentos, no entanto em outros,
com grande explosão no número de habitantes, a primeira ocorreu na transição da década de
60 para a década de 70, com o início da construção da Usina Hidrelétrica de Jupiá, quando
várias empresas vieram para o município trazendo muitos profissionais acompanhados de suas
famílias, o que justifica o grande aumento no número de habitantes que saltou de 24.482 para
55.543, observando assim, um aumento de mais de 30.000 habitantes.
Outra explosão aconteceu na década de 90, mais precisamente no ano de 1997, foi
quando iniciou-se a industrialização do município, gerando a criação de muitos empregos, o
que, mais uma vez, se refletiu em um grande aumento no número de habitantes, que no ano de
2000 alcançou 85.886, um aumento médio de 20.000 habitantes. A explosão continuou ainda
em 2006 estimando-se uma população média de 100.000 habitantes, ou seja, um crescimento
médio de 15.000 pessoas em apenas seis anos (ver gráfico 1).
41
Tabela 1 - Evolução demográfica de Três Lagoas-MS
ANOS NÚMERO DE HABITANTES
1940 15.478
1950
18.803
1960
24.483
1970 55.543
1980 59.543
1990
65.748
2000
85.886
2006
100.000
Fonte: SANTOS, Ray. A história de Três Lagoas. Jornal dia-a-dia. Três Lagoas, 12 de jun. de 2006.
Cidades, p. 10.
Gráfico 1 - Evolução demográfica de Três Lagoas-MS
15.478
18.803
24.483
55.543
59.543
65.748
85.886
100.000
D
é
c
a
d
a
4
0
D
é
c
a
d
a
5
0
D
é
c
a
d
a
6
0
D
é
c
a
d
a
7
0
D
é
c
a
d
a
8
0
D
é
c
a
d
a
9
0
D
é
c
a
d
a
0
0
2
0
0
6
Fonte: SANTOS, Ray. A história de Três Lagoas. Jornal dia-a-dia. Três Lagoas, 12 de jun. de
2006. Cidades, p. 10.
2.2. ASPECTOS HISTÓRICOS DE TRÊS LAGOAS-MS
O município nasceu em 1829, com a chegada dos Bandeirantes, sendo nesta época,
distrito de Paranaíba. Devido a guerra do Paraguai houve um aumento do povoado. Os
primeiros colonizadores de Três Lagoas foram Joaquim Francisco Lopes, Januário José de
Souza, Inácio Furtado. Logo depois chegam João Ferreira de Melo, João da Costa e Januário
Leal (MARTIN, 2000).
42
Surgiu assim o Patrimônio de Santo Antonio das Alagoas, que cresceu e
cresceu, impulsionado pelos mineiros, paulistas, baianos e estrangeiros que,
atraídos pelas notícias de campos naturais e terras novas, férteis e boas para
pastagens, procuravam aquela “nova boca do sertão”, fazendo da pecuária a
principal atividade da região (LEVORATO, 1998, p. 6).
O sucesso que alcançaram como criadores de gado, proporcionou a atração de
muita gente e a região foi sendo colonizada. A facilidade de comunicação com o posto
avançado de Itapura e com o ramal da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil contribuiu para
fazer da região um ponto de atração. Em 1911, um grupo de engenheiros instalaram um
acampamento à margem da lagoa maior, fato este que motivou a edificação de moradias,
formando o povoado que mais tarde tornou-se Três Lagoas.
Em 15 de junho de 1915, através da Lei Estadual 706, a terra de Antonio
Trajano dos Santos, Patrimônio de Santo Antonio das Alagoas, passa a ser chamada de “Vila
de Três Lagoas”, pertencente a Comarca de Santana do Paranaíba. Somente em 19 de outubro
de 1920
a “Vila de Três Lagoas” foi elevada à categoria de município, passando a ser
chamada de Três Lagoas.
Figura 4- Coreto da praça central de Três Lagoas-MS na década de 30
Fonte: disponível no site http://www.cmtl.com.br/2006.
Enfatizou Moreira (2003, p. 239) que “ao longo de sua história, Três Lagoas
nunca estagnou no seu progresso. Com a perseverança, os seus homens e mulheres, do campo
e da cidade, a construíram, nela investiram sua economia, nela confiaram” (ver figura 4).
43
Sem sombra de dúvida um dos principais fatores do desenvolvimento da cidade
foi o advento da construção das Barragens: Engenheiro de Souza Dias, em Jupiá, que teve
inicio em 1958 e foi concluída em 1974, sendo composta por 14 geradores, com potência de
100.000 KW, e a de Ilha Solteira com 20 geradores e potência 160.000 KW, no período de
1968 a 1978.
A instalação da Centrais Elétricas de Urubupungá S/A (CELUSA) (Sociedade
Anônima), para a construção das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, no rio Paraná (ver
figura 5), trouxe com ela uma explosão de progresso, essa construção ocorreu devido sua
localização estratégica, sendo grande propulsora do desenvolvimento do município (SILVA,
1999).
Empresas que aqui existiam cresceram e as que para aqui vieram ou que
aqui nasceram, geraram milhares de empregos. As atividades comerciais
foram intensificadas, novas agências bancárias surgiram e criou-se uma vila
que era uma cidade, Vila Piloto, que tinha vida própria, mas cujos
moradores se deslocavam para Três Lagoas, onde movimentavam o
comércio (MOREIRA, 2003, p. 240).
Figura 5- Ponte do rio Paraná, complexo hidrelétrico de Urubupungá
Fonte: Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Ciência e Tecnologia/2005.
Na década de 70 houve uma grande valorização das terras em Três Lagoas,
atraindo vários pecuaristas e, por conseqüência, causando um impacto ambiental no cerrado.
É considerado impacto ambiental quaisquer modificações, benéficas ou não, resultantes das
atividades, produtos ou serviços de uma operação de manejo florestal da unidade de manejo
florestal (KURTZ, 2000).
44
Os recursos naturais solo, água, fauna, flora, ar, microorganismos e o homem,
constituem o meio ambiente. Cada um desses recursos tem um padrão de qualidade. O
rompimento de um padrão de qualquer recurso natural, dá origem à deterioração ambiental. Essa
deterioração para Kurtz (2000), alarma tanto aos países de primeiro mundo, quanto aos de
terceiro mundo.
Conforme Viola e Leis (1995), nos anos 70, o Brasil apresentava resistência em
reconhecer a importância da questão ambiental, considerava os recursos como sendo quase
infinitos e, ao invés de usá-los de modo a preservá-los, explorava-os de maneira rápida e
intensa, com a finalidade de alcançar as altas taxas de crescimento econômico.
A valorização das terras no município de Três Lagoas-MS foi maior, pela
intervenção que houve por parte do Governo Federal, no início da década de 70, com
programas estratégicos para pecuária de corte e de leite, estabelecidos na região Centro-Oeste,
com a finalidade de estimular sua ocupação produtiva, criaram uma grande demanda por
forrageiras adaptadas às ofertas ambientais dessas regiões, nem o Governo nem os produtores
tinham receio quantos aos impactos ambientais causados pela pecuária, não existindo ainda,
nenhuma preocupação com o controle e preservação ambiental.
A expansão da pecuária provocou uma rápida devastação da vegetação nativa,
principalmente para o plantio de pastagens. Gerando um impacto ambiental no cerrado que
segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), é o segundo
ecossistema brasileiro que mais alterações sofreu com a ocupação humana, sua situação es
muito crítica porque existe um processo de devastação massiva e rápida deste bioma, que vem
acontecendo desde a década de 1970, caracterizando-se por um uso predatório dos recursos
naturais, o que levaria uma ameaça à preservação da biodiversidade do cerrado, que,
segundo Buschbacher (2000, p. 9), como resultado dessa ocupação, apenas cerca de 20% do
bioma Cerrado ainda possuem uma vegetação nativa em estado relativamente intacto.”
No entanto, no final desta década, o Governo Federal teve a preocupação de criar
grandes projetos florestais, como Pólo Centro, trazendo empresas reflorestadoras para a
região, gerando emprego no campo e riquezas para o município. Atraindo, por exemplo, o
Grupo Norte Americano Champion, que passou a investir no município comprando terras e
fazendo reflorestamento de eucaliptos e pinheiros.
45
A empresa Champion, como outras empresas estrangeiras, se instalou no Brasil
pelas vantagens comparativas de custos para a indústria de papel e celulose que foi,
inicialmente, a abundância de matas nativas, as quais sofreram um rápido processo de
destruição desde a década de 60.
Diante e da necessidade de se ter uma fonte segura de matéria–prima florestal, as
empresas de celulose e papel, começaram a realizar o reflorestamento. A Champion foi
adquirida por outra multinacional: a International Paper, que continua investindo anualmente
no projeto, gerando muitos empregos para Três Lagoas-MS.
Apesar do impacto ambiental negativo ao cerrado, a pecuária tem um lugar de
destaque para a economia do município, pois até o início da industrialização nele, ela foi a
maior fonte de empregos diretos e indiretos, e trinta anos depois, a pecuária ainda continua
sendo uma das principais fontes da economia municipal.
2.3. INDUSTRIALIZAÇÃO EM TRÊS LAGOAS-MS
A partir de 1997, na gestão do então prefeito Issan Fares, o município solidifica-se
como pólo de desenvolvimento industrial, com a mudança sua base econômica, que antes
baseava-se na pecuária de corte do tipo extensiva.
No seu segundo mandato o prefeito Issan Fares consolidou o Distrito
Industrial Três-lagoense com a abertura de milhares de vagas no mercado
de trabalho, intensificou os investimentos em obras de infra-estrutura como
galerias pluviais, eletrificação e asfaltamento de vias públicas, bem como a
posição de Três Lagoas-MS frente aos municípios de sua região (MARTIN,
2004, p. 53).
Além dos incentivos industriais existentes no Estado de Mato Grosso do Sul, o
município também criou Leis municipais, para atrair empresários, como por exemplo, a Lei
nº 1429/97 de 24 de Dezembro de 1997:
Garante a isenção do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), Taxas e Emolumentos referentes ao empreendimento pelo prazo de
cinco anos. Permite também a cessão em comodato de área no Distrito
Industrial, conforme, necessidade da Empresa, com posterior escrituração
quando no término do projeto proposto.
Desde então, várias empresas estão se instalando no município, não só pelas
vantagens tributárias, mas também por sua localização estratégica. Além disso, o município
46
não tem cultura industrial, possui mão-de-obra barata, porém sem especialização. Esse é o
primeiro ponto de cooperação entre os empresários: a capacitação de mão-de-obra.
Três Lagoas-MS passou a atrair várias indústrias, dentre elas: Mabel (ver figura
6), Avant, Cortex e Nelitex Sul, entre outras. E continua alavancando o progresso com o
fortíssimo crescimento na área industrial. A federação das indústrias de Mato Grosso do Sul
também tem marcado presença. Ainda na década de 90 foram implantados o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC), Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e que se
somaram com o Serviço Social da Indústria (SESI), revolucionando assim, o ensino cnico e
profissional de diversas categorias, inclusive empresariais. O SESI ocupa papel
imprescindível na capacitação de mão-de-obra aperfeiçoando o nível técnico dos
trabalhadores que ocupam vagas nas indústrias têxteis e calçadistas do município.
Figura 6 - Indústria Mabel: Pioneira na industrialização de Três Lagoas-MS
Fonte: disponível no site http://www.cmtl.com.br/2006.
Atualmente a cidade tem muitas indústrias, a Metalfrio, Gurgel, Schincariol entre
outras que estão chegando para somar com o Parque Industrial (ver quadro 3).
47
Quadro 3 - Indústrias instaladas no município de Três Lagoas-MS a partir de 1997
Ano de
Início
Indústria Ramo de Atividade Empregos
Diretos
1997 Mabel Produtos Alimentícios 300
1997 Cargil Esmagadora de Soja 120
1999 Nellitexsul Têxtil (Tecidos para ind. moveleira) 150
2001
Água Aquarela
Envasamento de Água Mineral
15
2000 Multibrasil Confecção de Acessórios de Vestiário 60
2001
GS Plásticos
Fábrica de Brindes Promocionais
120
1999 Plasticitro Fábrica de Plásticos 40
2001 Plastitel Indústria de Etiquetas Plásticas 8
2001 Plastisol Indústria de Etiquetas Plásticas 8
1999 Córtex Têxtil (cortinas) 250
2000
Avanti
Têxtil ( Fiação de Polyester)
150
1998 Suzel Confecção de Jeans 46
2002
Cortume Três Lagoas Ltda
Curtume
50
2000 Cosmak Confecção de Jeans 161
2000 Grupo Pasmanik Confecção 60
2003
Termelétrica
Usina de Energia
à Gás
50
1999 Euroquadors Fábrica de Molduras para Quadros 120
2003
Sultan: Ind. e Com. Ltda
Têxtil (Cama, mesa e banho)
60
2002 Pantacon Confecções 15
2002
Águas Labor
Envasamento de Água Mineral
10
2003 Klin Calçados Infantis Calçados Infantis 150
2004 Kidy Calçados Infantis Calçados Infantis 220
2001
MK Químicas do Brasil
Fabricação de Produtos Químicos
60
2004 Tubotec –Ms Tubos, Cones Embalagens e Fiação 17
2004 Brascoperr Fábrica de Cabos e Fios de Cobre 80
Total 2320
Fonte: Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Ciência e Tecnologia/2006.
Hoje Três Lagoas-MS pode ser considerado um município em pleno crescimento,
com um aumento relevante no número de empregos, o que ocasiona melhoria de vendas no
comércio e aumento de arrecadação pública, que está evidente no número de obras de infra-
estrutura que estão sendo viabilizados atualmente no município.
Três Lagoas-MS apresenta uma particularidade: é a única cidade que tem dois
distritos industriais sendo que o último ainda está sendo implantado.
O primeiro Distrito Industrial de Três Lagoas-MS foi implantado em 1975, onde
vários projetos de infra-estrutura foram concebidos; o aparato legal considerado necessário ao
seu funcionamento foi promulgado. Todavia, a concepção de projetos no Distrito Industrial I,
via de regra, o significou a sua execução, revelando que a performance daquela área, o
tem cumprido com os objetivos para os quais foi criada: apresentar os requisitos exigidos pelo
empresariado; atrair unidades fabris e gerar empregos. Por sua vez, o Distrito Industrial II,
cuja área também foi doada pela Companhia Energética de São Paulo (CESP), em outra
48
conjuntura histórica tem atraído diversas unidades industriais, tecnologicamente modernas e
de grande porte, principalmente do Estado de São Paulo (MOREIRA, 2003).
Trata-se de um distrito industrial que, diferentemente do antigo, tem-se prestado
como espaço privilegiado para os setores de fiação e têxtil, almejando atrair setores de
informática. Portanto, com perspectivas de se redefinir o papel de Três Lagoas-MS na
economia estadual, diversificando sua estrutura produtiva, uma vez que, o município
tradicionalmente apresenta base pecuária.
O Distrito Industrial II passou a ser concebido como o novo instrumento de
industrialização, que não possuindo infra-estrutura nem outros investimentos fixos vindos
do passado que pudessem dificultar a implantação de inovações, pôde, receber uma infra-
estrutura nova, totalmente a serviço de uma economia moderna, uma vez que em seu território
estavam praticamente ausentes as marcas dos sistemas técnicos precedentes. Com tais
características essa área industrial planejada passa a ser a opção locacional, instalando-se nela,
gradativamente, toda a materialidade contemporânea indispensável a uma economia exigente
de movimento, de fluidez.
2.4 INCENTIVOS INDUSTRIAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS
O Estado de Mato Grosso do Sul possui vários incentivos industriais, através da
Lei Complementar 093, de 05 de novembro de 2001 que Institui o Programa Estadual de
Fomento à Industrialização, ao Trabalho e à Renda (MS-Empreendedor) e outras
providências:
Concede benefícios financeiros correspondentes a até 67% do Imposto sobre Circulação
de mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) devido para as indústrias em instalação,
modernização, reativação ou relocação das existentes, especialmente no sentido de
interiorização dos empreendimentos econômicos produtivos e do aproveitamento das
potencialidades econômicas regionais;
O prazo de 10 anos será concedido em dois períodos de 5 anos, desde que cumpridos os
deveres jurídicos e solvidas as obrigações tributárias, bem como mantidas as condições do
empreendimento aprovado;
Havendo o relevante interesse do Estado, o benefício poderá alcançar os casos de:
49
a) comercialização de bens em grande escala (atacados);
b) importações em geral de bens destinados à comercialização no País.
Permite aos empresários, que estão enquadrados na Lei de Benefícios Fiscais, a
substituição da forma de posse dos benefícios. Institui-se o crédito presumido, que
propicia aos empresários apropriarem-se do valor do incentivo no próprio mês de sua
operação, descontando este valor daquele a ser recolhido.
Concede a suspensão de cobrança do diferencial de alíquotas incidentes sobre máquinas e
equipamentos comprados em outros Estados ou no exterior, desde que sejam integrantes
do ativo imobilizados e ligados diretamente ao processo industrial da empresa.
Existem à disposição dos investidores que pretendem instalar suas empresas no
município de Três Lagoas-MS, várias alternativas de financiamentos e as principais são:
Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Oriundo de fontes
do Governo Federal, o Mato Grosso do Sul conta com o aporte de recursos deste
Fundo constitucional, operacionalizado pelo Banco do Brasil e que, além de dispor
de juros abaixo daqueles praticados pelo mercado (7,44 a 11,9% a.a), tem prazo de
carência de até 3 anos e 12 anos para pagamento, dependendo da atividade.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). O estado de Mato
Grosso do Sul insere-se nas prioridades para aporte de recursos do BNDES, sendo
que os agentes financeiros repassadores dos recursos contam com facilidades
diferentes para aqui fomentar a implantação por parte dos empresários.
Os incentivos industriais municipais são garantidos através da Lei N° 1.955 de 21
de Fevereiro de 2005, que concede:
A manutenção das isenções fica condicionada ao regular o funcionamento da
indústria, bem como à contratação de mão-de-obra local que componha, no mínimo, 2/3 (dois
terços) de seu quadro funcional.
As indústrias que receberem os benefícios desta Lei, caso cessem suas atividades
dentro do prazo correspondente ao dos incentivos concedidos, terão que indenizar o município
50
pelo valor da isenção concedida, devidamente corrigido monetariamente pela Unidade Fiscal
do Município (UFIM), sem prejuízo de outras sanções aplicáveis.
Aplicam-se os dispositivos desta Lei, de forma extensiva, às empresas que forem
responsáveis pela instalação, construção, montagem ou ampliação do empreendimento, desde
que utilizem mão-de-obra do município.
Os benefícios fiscais previstos nesta Lei obedecerão aos seguintes parâmetros:
I – Investimentos de até cinqüenta milhões de reais: 05 anos de isenção;
II - Investimentos acima cinqüenta milhões de reais até cem milhões de reais: 10
anos de isenção;
III - Investimentos acima de cem milhões de reais: 15 anos de isenção.
51
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÕES DOS DADOS COLETADOS
O desenvolvimento industrial recente na cidade de Três Lagoas-MS tem causado
mudanças nas suas relações econômicas e sociais, onde ocorre um aumento no número de
ofertas de emprego nas indústrias locais, com isso, percebemos um crescimento considerável
da economia local ocasionando um salto no Produto Interno Bruto (PIB) do município que
segundos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a ser o quarto
maior do Estado de Mato Grosso do Sul (ver gráfico 2).
Tabela 2 - PIB de Mato Grosso do Sul
Município PIB (Porcentagem)
Campo Grande
Dourados
Corumbá
Três Lagoas
Ponta Porá
27,1
7,7
4,6
4,5
2,8
Fonte: (IBGE, 2006)
Gráfico 2- PIB de Mato Grosso do Sul
Fonte: (IBGE, 2006)
Observa-se que Mato Grosso do sul é responsável por 46,6% do PIB nacional,
sendo que Três Lagoas é o quarto maior PIB de Mato Grosso do Sul representando
aproximadamente 10% do PIB estadual. O desenvolvimento econômico demanda um
crescimento econômico contínuo e superior ao crescimento da população. Sendo que a
4,6%
4,5%
2,8%
7,7%
27,1%
C. Grande
Dourados
Corumbá
T. Lagoas
P. Porã
52
distribuição mais justa de renda e a democratização do acesso aos bens e serviços essenciais
são condições básicas para o desenvolvimento (FURTADO, 2003).
Decorrente da industrialização de Três Lagoas-MS, segundo dados da Gerência de
Desenvolvimento Econômico do município, calcula-se que milhares de empregos diretos
serão criados na cidade até o término da instalação das indústrias. Hoje já há uma modificação
em sua dinâmica comercial, numa expectativa talvez não o grandiosa por se tratar de uma
população em torno de 100 mil habitantes.
A industrialização muitas vezes é confundida com desenvolvimento, uma vez que
provoca mudanças estruturais no setor produtivo, ao utilizar máquinas e equipamentos que
sugerem inovações tecnológicas contínuas. Essa concepção associa-se principalmente às
regiões em fase de implantação e concentração industrial. Sabe-se que a presença física da
indústria, simplesmente, não significa melhoria ao alcance de todos.
Em Três Lagoas-MS de 1991 a 2000 houve uma melhoria no índice de Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) medido através: da renda, longevidade, educação entre
outros fatores que medem a qualidade de vida (ver gráfico 3). No ano de 2000, o município
superou a média estadual em todos os itens avaliados, com isso verificou-se que a população
teve maior acesso a saúde pública e a qualidade de vida melhorou, gerando, dessa forma, um
aumento na longevidade. Contudo, no item educação, apresentou um crescimento menor que
o do Estado no mesmo período, essa diferença negativa mostra que uma preocupação na
capacitação de mão-de-obra, porém não há a mesma preocupação na formação educacional da
população (ver tabela 2).
Tabela 3 - Comparação de IDH de Mato Grosso do Sul e Três Lagoas-MS
ÍNDICE
MATO
GROSSO SUL
TRÊS LAGOAS
DIFERENÇA
IDH 1991
IDH 2000
MELHORIA ()
IDH Renda 1991
IDH Renda 2000
MELHORIA ()
IDH Longevidade 1991
IDH Longevidade 2000
MELHORIA ()
IDH Educação 1991
IDH Educação 2000
MELHORIA ()
0,716
0,778
0,062
0,675
0,718
0,043
0,699
0,751
0,052
0,773
0,864
0,091
0,708
0,784
0,076
0,664
0,719
0,055
0,670
0,763
0,093
0,789
0,869
0,080
-0,008
+0,006
+0,014
-0,011
+0,001
+0,012
-0,029
+0,012
+0,041
+0,016
+0,005
-0,011
Fonte: (IBGE, 2006)
53
Gráfico 3 - Comparação de IDH de Mato Grosso do Sul e Três Lagoas-MS
0,5
0,55
0,6
0,65
0,7
0,75
0,8
0,85
0,9
MS
0,716 0,778 0,675 0,718 0,699 0,751 0,773 0,864
T. Lagoas
0,708 0,784 0,664 0,719 0,67 0,763 0,789 0,869
IDH 1991 IDH 2000
IDH Renda
1991
IDH Renda
2000
IDH
Longevi-
dade 1991
IDH
Longevi-
dade 2000
IDH Educa-
ção 1991
IDH Educa-
ção 2000
Fonte: (IBGE, 2006)
Por ser uma cidade interiorana, a população de Três Lagoas-MS está se adaptando
com essas modificações em suas relações sociais, econômicas. Disto resultam inúmeras
discussões na comunidade, que encontra dificuldades em adaptar-se a vida operária e sua
disciplinada forma de trabalho, esse fato também preocupa as indústrias instaladas no
município e para tentar mudar essa realidade estão se unindo para fazer treinamentos e cursos
profissionalizantes.
No mais, a estrutura urbana da cidade defronta-se com problemas causados por
um desenvolvimento acelerado e pouco planejado, sendo que a migração destas indústrias
vindas de outros estados trouxe consigo um número expressivo de trabalhadores
desempregados, os quais buscam oportunidade de trabalho, disputando vagas com
trabalhadores locais e ainda ocasionando problemas como: o aumento na criminalidade gerada
pela falta de emprego e de perspectivas.
Esse problema está se tornando comum em todo município em crescimento,
muitas pessoas procuram as cidades que estão passando por uma fase de crescimento e tentam
melhorar de vida, porém pela falta capacitação ou mesmo falta de vagas no mercado local
54
não conseguem o o sonhado trabalho, gerando uma grande frustração e ocasionando a
violência urbana.
Segundo dados da agência pública de empregos de Três Lagoas-MS durante o ano
de 2006 foram captadas 486 vagas nas indústrias do município, sendo que 224 vagas foram
preenchidas por candidatos inscritos na agência (ver gráfico 4).
Gráfico 4 - Vagas de emprego oferecidas pela agência pública de empregos em Três Lagoas-
MS de janeiro a julho de 2006.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Vagas Oferecidas
Vagas Preenchidas
FAgência Pública de Empregos em Três Lagoas/2006.
Analisando o gráfico acima, observa-se que as vagas oferecidas pela indústria
local é maior que a demanda, ainda assim, o número de pessoas desempregadas continua alto
na cidade, o que justifica a preocupação dos empresários em se unirem na busca da
qualificação profissional.
Existe o interesse da população em conseguir um trabalho, porém por falta de
qualificação, as pessoas não conseguem atender às necessidades básicas para assumir as vagas
oferecidas.
Nota-se esse desvio entre oferta e a procura de o-de-obra através dos dados da
agência pública de Três Lagoas-MS, que neste ano atendeu muitas pessoas solicitando
emprego, e não conseguiu suprir as necessidades da indústria, (ver gráfico 5).
55
Gráfico 5 - Atendimentos na agência pública de empregos de janeiro a julho de 2006 em Três
Lagoas-MS
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
Total de Atendimento
Total de Retorno
Total de Trab. Inscritos
Total de Encaminhamentos
Total de Convocações
Total de Colocações
Fonte: Agência Pública de Empregos em Três Lagoas/2006.
O então governador do Estado de Mato Grosso do Sul, José Orcílio de Miranda
quando iniciou essa fase de industrialização em 1998, prometeu para as indústrias que
viessem se instalar no estado, além da isenção fiscal, mão-de-obra qualificada. O que na
realidade não existia. Para não gerar problemas diretos com a indústria, o Estado tem
oferecido cursos de capacitação sem custo para as empresas, financiado pelo Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT). As indústrias instaladas em Três Lagoas-MS, tem utilizado
bastante esta parceria com o estado para capacitação de seus funcionários e da população.
A população também está aproveitando essa oportunidade de estar se capacitando
para conseguir um lugar no mercado de trabalho local, a maior parte está procurando cursos
técnicos, pois a maioria das vagas são oferecidas na área cnica, como por exemplo: técnico
em qualidade mecânica, em segurança no trabalho, em manutenção de máquinas, em
contabilidade, entre outros.
3.1 INTER-RELAÇÕES INDUSTRIAIS EM TRÊS LAGOAS-MS
Com o crescimento da industrialização em Três Lagoas-MS, passou a existir uma
maior competitividade e uma das estratégias para conseguir essa vantagem competitiva é a
cooperação, que na definição de Maia Júnior (1997, p. 287) “é ação de cooperar, colaboração
ajuda para um mesmo fim, solidariedade”.
56
Em se tratando das relações mais comuns entre as indústrias, verifica-se a
procura da união da empresas no sentido de buscar parcerias a fim de que seus
funcionários aprendam e, por conseguinte, aprimorem seus conhecimentos na área em que
vão trabalhar. Desta forma, as indústrias criam alianças, diminuindo seus custos e
garantem a qualidade de sua mão-de-obra.
As instituições de ensino superior também tiveram um papel importante na
capacitação de mão-de-obra da população, através de acordos de cooperação fornecendo
cursos para os funcionários, oferecendo ainda, um banco de empregos, o qual funciona
como intermediário entre as empresas e os acadêmicos, encaminhando os mesmos para o
mercado de trabalho.
Segundo Mintzberg e Quinn (2001), em lugar dos ataques predatórios, muitas
empresas estão aprendendo que precisam colaborar para competir. A concorrência o
desaparece, mas se diminui custos com acesso aos mercados, às informações e tecnologias,
junto com concorrentes e fornecedores, tendo mais facilidades para conhecer os pontos
fortes e fracos dos competidores.
Ainda no aporte Mintzberg e Quinn (2001), a existência de laços de
cooperação entre empresas próximas, está longe de ser automática. A coesão social
construída na história da região, a densidade institucional e a experiência de construção de
projetos comuns facilitam o desenvolvimento de ações cooperativas e são um fator
importante de diferenciação das regiões. Muitas aglomerações produtivas se caracterizam
por uma limitada divisão do trabalho entre empresas e por relações exclusivamente
concorrenciais e, às vezes, predatórias.
Conforme Santos (2006) os industriais de Três Lagoas-MS estão utilizando a
cooperação como estratégia competitiva, como por exemplo, a capacitação de corte e
costura industrial e doméstico realizada no mês de março de 2006, com a participação de
um grupo de 215 pessoas.
O curso foi uma parceria entre a Secretaria Municipal de Assistência Social,
Cidadania e Trabalho, o Serviço Social do Comércio (SESC), o projeto social "Ajude e
Aprenda" e as Indústrias Têxtil de Três Lagoas-MS.
57
O curso teve carga horária de seis horas e foi oferecido gratuitamente, em três
horários (manhã, tarde e noite), ensinando a traçar e cortar todo o tipo de roupa (roupa
social, de malha, roupa de banho, roupa infantil e lingerie) (ver figura 7).
Figura 7 - Curso profissionalizante para as indústriasxtil de Três Lagoas-MS
Fonte: disponível no site http://www.3lagoas.com.br/2006.
A forma mais importante de cooperação entre as empresas do município é a
associação para atividades de preparação e aperfeiçoamento de pessoal. Essas relações
existentes entre as indústrias, junto ao setor público e instituições de ensino em Três Lagoas-
MS, são rotineiras, é comum novos acordos de cooperação serem assinados, para elaboração
de novos cursos, treinamentos em conjunto, estágios.
Outra capacitação efetuada através de parceria foi para a indústria calçadista, com
uma parceria com o SENAI. Durante o curso foram fabricados cerca de dez mil pares de
sapatos, onde três mil pares foram doados para a pastoral da criança do nordeste, Campina
Grande e Patos, cidades da Paraíba e também para Propriá, cidade do Sergipe e também foram
entregues cinqüenta pares para a associação dos advogados, cento e cinqüenta para a
campanha “ajudando”, realizada por uma emissora de televisão e cem pares para a pastoral da
criança da cidade.
58
Outra forma de relacionamento comum em vários setores das indústrias em Três
Lagoas-MS é a terceirização de mão-de-obra, que podem ocorrer de diversas formas, como
por exemplo:
Restaurante industrial;
Recrutamento e seleção de pessoal;
Segurança;
Limpeza;
Manutenção de equipamentos;
Assistência à parte de informática;
Outros.
As indústrias fixadas em Três Lagoas-MS buscam através de sua união gerar força
para reduzir custos, incrementando a produtividade, isto é, integrando os esforços de produção
para aumentar a competitividade.
Conforme Santos (2006), um exemplo claro desse processo é a empresa industrial
alimentícia Mabel. Quando se instalou em Três Lagoas-MS em 1998, segundo o gerente-
administrativo Aquiles Nogueira, no início de suas atividades no município, houve
dificuldade no recrutamento de pessoal, pela falta de qualificação profissional. Hoje o grupo
da Mabel, cuja segunda maior unidade é a de Mato Grosso do Sul, emprega 400 pessoas
diretamente, e outras 100 ou 150 indiretamente. Ele informou que atualmente não
reclamações quanto à qualificação profissional, sendo que 90% dos funcionários são do
Estado. “Hoje não temos problemas com qualificação, temos o sistema S (SENAI, SENAC,
SESI) e programas de qualificação, com a intensificação da industrialização em Três Lagoas-
MS”.
3.2 INTRODUÇÃO A PESQUISA QUALITATIVA
A pesquisa desenvolveu-se no município de Três Lagoas-MS, sendo realizada
através de uma amostragem estratificada em dois momentos distintos, sendo que no primeiro
momento foi aplicado o questionário aos empresários, mas apesar de esclarecer os objetivos
da pesquisa e garantir o sigilo dos dados, dos 90 questionários distribuídos, foi obtido o
retorno de apenas 26 respondidos. Em um segundo momento foi efetuado a pesquisa junto à
59
comunidade, a amostragem foi aleatória, sendo realizada em torno das indústrias, com o
alcance 168 questionários respondidos.
Os métodos de pesquisa podem ser classificados como qualitativos (observação,
por experimento) e quantitativos (dados estatísticos, estudo de caso e grupo focal). A opção
entre eles deve estar associada aos objetivos da pesquisa uma vez que oferecem vantagens e
desvantagens (YIN, 2001). Nesta pesquisa optou-se por associar métodos quantitativos e
qualitativos.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS JUNTOS ÀS INDÚSTRIAS
A análise inicial foi feita no estrato referente aos industriais conforme apêndice
“A”. Tendo como objetivo principal traçar um perfil das indústrias instaladas no município de
Três Lagoas-MS.
Na questão referente ao tempo de atividade da empresa, a pesquisa mostrou que
30,6 % das empresas que já se instalaram em Três Lagoas-MS, possuem menos de 10 anos de
atividade. Exatamente a metade ou 15,3% das empresas possuem até 5 anos de funcionamento
e os outros 15,3% possuem até 10 anos de atividades e 69,4% da empresas possuem mais de
10 anos de atividade.
Gráfico 6 - Tempo de atividade das empresas Instaladas em Três Lagoas-MS
15,30%
15,30%
69,40%
mais de 10 anos
de 06 a 10 anos
de 01 a cinco
60
No que se refere aos dados obtidos percebe-se que as indústrias instaladas no
município são sólidas, proporcionando uma maior estabilidade econômica para o mesmo e
também uma maior segurança na estabilidade empregatícia para a comunidade.
Uma empresa sólida não se instala em um município somente com o objetivo de
obter isenção fiscal e retirar-se após o seu término, pois, dessa forma, sua imagem pode ser
atingida de forma negativa. Conclui-se, então, que essas empresas instaladas oferecem uma
maior tranqüilidade quanto à sua permanência na cidade.
Quanto ao tempo de instalação da indústria em Três Lagoas-MS, observou-se que
46,2% estão instaladas no município em um período menor ou igual a 10 anos. Sendo que
23,1% se instalou no município no período de 1 a 5 anos, e os outros 23,1% está no município
entre 06 e 10 anos e 53,2%, das empresas já se encontram em funcionamento no município há
mais de 10 anos (ver gráfico 7).
Gráfico 7 - Tempo de atividade das empresas em Três Lagoas-MS
46,20%
23,10%
23,10%
mais de 10 anos
06 a 10 anos
01 a 05 anos
Esse fato demonstra a seriedade dessas empresas e do município em relação à
industrialização local, induzindo outras empresas que apresentam pretensão de se instalar, a
iniciar uma negociação para sua futura vinda à cidade de Três Lagoas-MS.
Das empresas vindas de outras localidades para o município a grande maioria é
oriunda do Estado de São Paulo e do Paraná (não foi divulgado a região de origem das
empresas), isso se justifica pela proximidade a qual o município possui com esses Estados e
ainda pela facilidade de transporte que se tem em relação a eles.
61
Pôde-se observar também que além das empresas vindas de outras localidades
muitas empresas locais estão iniciando suas atividades no mercado, sendo que outras várias, já
estão com mais de dez anos de funcionamento, e por serem pertencentes a empresários do
município, garantem assim, sua permanência após o término da isenção fiscal, o que revela
uma segurança maior quanto à continuidade do processo de industrialização.
No quesito escolha do município, 44,4% da escolha foi feita por sua localização
estratégica, a isenção fiscal vem em segundo lugar com 27,8% das respostas, ainda verificou-
se que 5,6% admitiu ser a mão-de-obra barata, o ponto central para sua tomada de decisão e
os 22,2% restantes optaram pela cidade por outros motivos (ver gráfico 8).
Gráfico 8 - Motivo da escolha do município de Três Lagoas-MS
44.40%
27,80%
5,60%
22,20%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Localização
Isenção de Impostos
Mão-de-obra Barata
Colunas 3D 4
Outros
A pesquisa constatou o que havia sido exposto na apresentação do presente
trabalho, muitos empresários optaram pelo município de Três Lagoas-MS pelo fato de possuir
uma localização estratégica.
Sendo que a isenção fiscal foi a segunda escolha, o que mostra que mesmo sendo
um fato motivacional, não é determinante no momento da escolha do município.
Um menor custo de mão-de-obra atrai empresários, se juntamente com ela o
município tiver outros atrativos, ela sozinha não é fator determinante, pois se encontra em
diversas partes do país, dessa forma, a empresa tem opção de escolher onde ela é satisfatória.
62
Muitos optaram pelo município por outros fatores como: ser um novo mercado
sempre, falta de concorrência no ramo ou pelos proprietários serem moradores do
município.
Quanto à questão da isenção fiscal, dos empresários que responderam ao
questionário, 23,08% não possuem isenção de impostos, 23,08 % não responderam essa
pergunta, 15,32% possuem dez anos de isenção e 38,46% possuem 15 anos de isenção (ver
gráfico 9).
Gráfico 9 - Tempo de isenção fiscal das indústrias instaladas em Três Lagoas-MS
38,46%
15,32%
23,08%
23,08%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
15 anos
10 anos
Colunas 3D 3
Não Possui
Não
No início da industrialização do município, todos acreditavam que a isenção fiscal
era o maior motivo da vinda das empresas para cá, percebeu-se então, que o é o principal
motivo, mas é inegável que ela auxiliou de forma efetiva na hora dos empresários escolherem
o município para onde ir, e provavelmente por algum tempo, ainda continuará sendo um fator
importante na hora da escolha.
No caso de Três Lagoas-MS não foi diferente, as empresas que se deslocaram
para conseguiram isenção ente cinco e vinte anos. Algumas empresas não possuem a
isenção fiscal, ou por terem se instalado no município antes de 1997, quando foi instituída a
política de isenção, ou ainda por pertencerem a empresários locais.
63
Segundo a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Ciência e
Tecnologia (2006), existe a garantia de incentivos fiscais estaduais e municipais que foram
oferecidos para as indústrias que se instalassem no município, como o programa estadual de
fomento a indústria com: isenção financeira de 67% do Icms a pagar; prazo de dez anos na
compra de equipamentos nacionais e importados; isenção do diferencial de alíquota de 10% e
17%, respectivamente; benefício à comercialização em grande escala; doação da área de
implantação da indústria, com escrituração definitiva no início da operação.
Existindo ainda, o fundo constitucional do Centro-Oeste (FCO), com intermédio
do Banco do Brasil, que concede financiamento com juros de 8,75% a 14% sem indexador e
descontos de 15% no juro da parcela paga na adimplência, além de carência com prazo de até
três anos na construção do prédio e nove anos para a compra de maquinário.
No que se refere à questão das indústrias que possuem parcerias, em grande parte
das empresas instaladas no município, 54% participa de algum tipo de parceria, como
estratégia para manter sua competitividade e 46% respondeu não participar de nenhum tipo de
parceria (ver gráfico 10).
Gráfico 10 - Indústrias que possuem parcerias em Três Lagoas-MS
46%
54%
Sim
Não
A parceria é a forma mais avançada de cooperação, em que não apenas se
compartilham recursos diversos, como equipamentos, pessoal e conhecimentos, mas também,
informações estratégicas, recursos financeiros e riscos de investimentos, abrindo-se mão, por
vezes, de parte da própria identidade.
64
Percebeu-se que grande parte das parcerias é voltada para a qualificação de mão-
de-obra, algumas para pesquisa de mercado, o que demonstra claramente a preocupação dos
empresários quanto à qualificação de seus funcionários, esse tipo de parceria garante a boa
produtividade podendo ser um fato gerador do aumento na lucratividade.
Conforme Vergara (2003), a parceria para qualificação de pessoal pode ser
realizada com instituições de apoio privadas, agências de fomento, ou no esquema cliente-
fornecedor, em ambos os sentidos.
Quanto ao tipo de parceria, destacou-se que a mais utilizada é para a qualificação de
mão-de-obra, escolhida por 85,72% dos entrevistados, outro tipo de parceria utilizada foi a de
pesquisa de mercado, de forma mais sucinta, apenas 14,28% dos entrevistados utilizam este
tipo de parceria, nenhum respondeu utilizar parcerias para efetuar compras em conjunto ou
outros tipos de parcerias (ver gráfico 11).
Gráfico 11 - Tipos de parcerias em Três Lagoas-MS
85,72%
14,28%
Pesquisa de mercado
Qualificação de mão-de-obra
A busca de parcerias tem sido uma preocupação constante e foi sendo efetivada a
partir das necessidades concretas constatadas pelas indústrias no decorrer do tempo,
garantindo aos empresários um maior retorno em atividades, que podem dividir
responsabilidades e custos com outros empresários do setor.
Pode-se dizer que os industriais de Três Lagoas-MS mostram-se dispostos a
buscar os apoios necessários, interagindo com as instituições públicas e privadas as quais
65
proporcionam mecanismos de apoio e, dependendo da qualificação, muitas são firmadas
entres as próprias indústrias que se unem para melhorar o desempenho de seu pessoal.
A qualificação aumenta muito a produtividade, pois permite que as pessoas se
concentrem naquilo que sabem fazer bem, trocando os bens que produzem e os serviços que
prestam pelos bens e serviços que consomem (LACOMBE, 2005).
Parcerias para pesquisa de mercado também o firmadas no município, com o
intuito de diminuir o custo da pesquisa de mercado e também o tempo que é um fator muito
importante. Estar na frente de seus concorrentes pode ser a diferença entre o seu sucesso e o
seu fracasso.
No tocante à questão “Sua empresa participa de alguma associação de classe?”,
uma parcela razoável afirmou participar da Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas
(ACITL), num total de 47,37% de escolha, em segundo lugar na preferência dos empresários,
vem o Sindicato das Indústrias, com 24,05% de adesão, a terceira opção mais votada pelos
entrevistados, foi a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS) com
26,32% de associados e 5,26% dos entrevistados escolheram a opção “outros”, por
participarem de associações de classe como: Conselho Regional de Administração (CRA),
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) entre outros (ver gráfico 12).
Gráfico 12 - Associações de classes das empresas instaladas em Três Lagoas-MS
44,37%
26,32%
24,05%
5,26%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
ACITL
Sind. Indútrias
FIEMS
Outros
66
A FIEMS foi criada em assembléia geral dos sindicatos de Campo Grande e
Corumbá, no dia 06 de novembro de 1979, de acordo com seus estatutos a FIEMS tem os
seguintes objetivos: amparar e defender os interesses gerais das indústrias, promover a
solução por meios conciliatórios, dos dissídios ou litígios concernentes às atividades
representadas pelos sindicatos associados e organizar e manter todos os serviços que possam
ser úteis aos sindicatos filiados e prestar-lhes assistência e apoio (FERNANDES, 2006).
Através da pesquisa constatou-se que todas as empresas que responderam ao
questionário participam de alguma associação de classe, porém um dado chamou a atenção, o
foco da entrevista, foi os industriais e pela lógica a primeira associação de classe escolhida
deveria ser a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS), contudo
ficou em terceiro lugar na hora da escolha. A primeira escolha dos industriais foi a
Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas-MS (ACITL).
Na questão sobre as barreiras que as empresas encontraram para desenvolver suas
atividades no município, constatou-se que: 53,84% dos empresários consideram a alta taxa do
ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) como o maior
obstáculo que sua empresa enfrentou no município. Outra barreira encontrada pelos
empresários no momento de sua vinda, segundo 46,16% dos entrevistados, foi a falta de mão-
de-obra especializada (ver gráfico 13).
Gráfico 13 - Barreiras encontradas pelas empresas para desenvolver suas atividades no
município de Três Lagoas-MS
46,76%
53,84%
ICMS
Mão-de-Obra
67
As duas opções em um primeiro momento parecem um contra-senso, pois os dois
são pontos de destaque nessa pesquisa para escolha de instalação no município: a isenção de
impostos e qualificação de mão-de-obra.
Porém há uma justificativa lógica quanto ao ICMS, é fato que as indústrias que se
instalaram no município provenientes de outras localidades, após 1997, possuem isenção
fiscal, sendo que a isenção financeira é de 67% do ICMS a pagar, no entanto no Estado de
Mato Grosso do Sul a alíquota do ICMS é maior que no Estado de São Paulo, portanto, as
indústrias necessitam pagar essa diferença.
Quanto ao fato da mão-de-obra não qualificada, as indústrias que se instalaram na
cidade, principalmente as primeiras, sofreram pela escassez, sendo obrigadas a trazerem seus
funcionários de fora por um salário mais alto, o que elevava o custo de produção. Com o
passar dos anos tanto as empresas quanto a população local foram se adaptando a essa nova
realidade, os empresários firmaram parcerias para capacitação de mão-de-obra local e a
população começou a participar destes cursos, minimizando esse problema.
Segundo Bógus e Paulino (1997) a baixa qualidade da mão-de-obra resulta de um
sistema de incentivos perverso, que gera uma elevada rotatividade da mão-de-obra, inibindo a
acumulação de capital humano dentro da empresa.
Ainda hoje, as indústrias continuam investindo em capacitação, o problema já está
sendo amenizado, porém, muito que se trabalhar ainda para capacitação a contento da
população local.
No que se refere à questão pertinente ao “fato da empresa possuir ou o algum
projeto social em Três Lagoas-MS”, uma parcela de 38,46% efetivamente possuem algum
envolvimento com projetos sociais no município. Sendo que 61,54% já participaram de algum
projeto social nos anos anteriores, todavia, no ano de 2006 ainda não haviam promovido
nenhum projeto de cunho social pela população (ver gráfico 14).
Gráfico 14 - Participação em projetos sociais
68
38,46%
61,54%
Não
Sim
Constatou-se que entre os entrevistados o número de empresários que participa de
algum projeto social ainda é muito pequeno, levando-se em consideração que além do lado
filantrópico, tem também o lado empresarial, pois as doações o deduzidas do imposto de
renda e o marketing social também é um fator importante e deve ser valorizado por esses
empresários.
Os projetos são de diversos tipos tais como: construção de casas para os
funcionários, as quais serão financiadas com desconto em folha de pagamento, com um valor
equivalente ao que o funcionário pode pagar, além disso, essas casas estão sendo construídas
próximas as indústrias para facilitar o trajeto dos funcionários para o trabalho.
O projeto fura-bolo consiste em oferecer as escolas da Rede Municipal de Ensino,
livros de literatura infantil, com enfoque ao folclore brasileiro, escritos por Ricardo Azevedo,
material de apoio, capacitação dos professores, diretores e coordenadores pedagógicos das
escolas assistidas, visando somar esforços quanto ao aprimoramento da formação integral dos
alunos.
E ainda tem-se o auxílio financeiro para a rede feminina e combate ao câncer do
município, entre outros que não foram especificados.
3.4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS JUNTOS À COMUNIDADE
69
No segundo momento, a pesquisa se preocupou em traçar um perfil da
comunidade envolvida, seu grau de satisfação ou insatisfação quanto ao momento de
industrialização pelo qual o município vem atravessando.
Para isso foi utilizada a pesquisa de campo que é a investigação realizada no local
onde ocorreu um fenômeno. A observação é utilizada para entender como os indivíduos usam
seu tempo em situação de trabalho. As entrevistas são apropriadas quando a lógica para
esclarecimento dos fatos ainda não estão nítidos (GIL, 1999).
Dos 168 entrevistados 57,14% ou seja, 96 são homens e 42,86% ou 72 são mulheres,
deste total destacou-se que: 48,81% são naturais de Três Lagoas-MS e 51,19% do total dos
entrevistados, se dividirmos entre homens e mulheres teremos 55,97% dos homens
entrevistados vieram de outros municípios 56 homens vieram de outras localidades e 52,78%
ou 38 mulheres vindas de outras localidades. Um total de 44,03% ou, 40 homens dos
entrevistados são natural de Três Lagoas-MS, e 47,22% ou 34 mulheres são natural do
município (ver tabela 4).
Tabela 4 - Perfil dos entrevistados
VINDOS DE OUTROS MUNICÍPIOS NATURAL DO MUNICÍPIO
HOMENS
55,97% 44,03%
MULHERES
52,78% 47,22%
Gráfico 15: Perfil dos entrevistados
55,97%
44,03%
47,22%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Homens
Mulheres
52,78%
Vindos de Outros Município
Natural de Três
lagoas-MS
70
Grande parte dos entrevistados são do sexo masculino e vieram de outras
localidades, porém se torna importante destacar que entre estes, existem alguns que estão
retornando para o município, ou seja, o naturais da cidade, haviam ido embora por falta de
emprego, e com a abertura de novas vagas no mercado de trabalho, decidiram voltar.
Quanto ao “tempo que estão morando em Três Lagoas-MS”, a maioria, que
representa 46.51% dos entrevistados, moram no município de 1 a 10 anos, 41.86% mudou
para o município de 11 a 20 anos e 11,63% vieram há mais de 20 anos (ver gráfico 16).
Gráfico 16 - Tempo de moradia em Três Lagoas-MS
44,37%
26,32%
24,05%
5,26%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
ACITL
Sind. Indútrias
FIEMS
Outros
Observando o foco da pesquisa que se concentra em expor os impactos da
industrialização em Três Lagoas a pergunta sobre “quanto tempo você mora em Três
Lagoas-MS?” trouxe um dado significante, por enquanto esta havendo um equilíbrio entre a
diminuição do desemprego e o aumento populacional, destacando novamente que entre os
entrevistados que vieram de outras localidades, muitos são do município e haviam ido
embora para procurar trabalho e com a industrialização e aumento no número de vagas
voltaram.
71
Marques (2006) destacou que a prefeitura de Três Lagoas espera que, nos
próximos meses, a população do município cresça em torno de 10%, devido à chegada de
novas indústrias. A vinda de muitas pessoas para a cidade em busca de emprego gerados pela
industrialização, está levando a um aumento muito rápido e não planejado da população, o
que ocasiona vários problemas, como falta de infra-estrutura para receber tantos moradores,
aumento da violência urbana e ainda o aumento da demanda, causa uma especulação quanto
ao valor dos imóveis, tanto para aluguel quanto para venda.
Conforme Marques (2006), por conta do crescimento populacional, investimentos
em asfalto, drenagem, educação e melhorias no setor de saúde, têm sido priorizados pela atual
gestão municipal, um dos investimentos que devem ser realizados em breve no município,
serão voltados para a adequação do trânsito, com a sinalização de ruas e avenidas. Esses
procedimentos estão sendo tomados para tentar adequar a cidade ao aumento populacional.
Na questão do “motivo da vinda para Três Lagoas-MS”, as respostas foram muito
variadas, porém quatro respostas se destacaram, entre elas estão: 32,03% como minha família
é natural daqui e tínhamos ido embora por falta de emprego. Outros 37,5% vieram para
transferidas pelas empresas que trabalham Uma quantia de 18% ainda disse ter vindo tentar a
sorte e arrumar um emprego. Os 12,47% restantes responderam, por questão pessoal,
entretanto não especificaram sua resposta (ver gráfico 17).
Gráfico 17- Motivo da vinda para Três Lagoas-MS
37,50%
32,03%
18,00%
12,47%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Transferência
Natural do município
Tentar a Sorte
Motivos Pessoais
72
Percebeu-se que existiram vários motivadores diferentes para que as famílias
mudassem para o município, porém, entre as quatro que se destacaram uma demonstra mais
confiança quanto a fixação dessas famílias, a esperança que a população local tem com a
industrialização acreditando num aumento do mercado de trabalho e melhoria da qualidade de
vida, arriscaram a voltar para o município de origem onde possuem uma história de vida no
município.
Quantos aos funcionários transferidos, já não existe a certeza de se fixar no
município por muito tempo, pois as empresas geralmente trazem seus funcionários de
confiança para onde está fixando novas filiais até capacitarem o pessoal local, geralmente
após esse período os funcionários voltam para sua cidade de origem voltando para seu local
de trabalho. A parcela que veio por conhecer e gostar do lugar, é a que pode gerar maior
problema, por não possuírem um vínculo empregatício, vieram apenas por acreditar que com
a industrialização seria fácil encontrar uma vaga no mercado de trabalho.
No tocante ao “grau de escolaridade” uma boa parcela dos entrevistados, ou seja,
27,38%, possui nível superior completo, antes da industrialização estavam desempregados,
com a vinda das empresas começaram a trabalhar, nem todos conseguiram emprego em sua
área de formação, no entanto, o fato de estarem trabalhando é importante para quem
estava sem nenhuma renda.
Entre os entrevistados 26,19% possuem nível universitário incompleto, cabe
ressaltar que muitos deles ainda são acadêmicos, e para que continuem seus estudos é muito
importante que tenham um emprego o qual garanta uma renda fixa, e a experiência que o
mercado exige.
Outros 14,88% dos entrevistados possuem nível médio. Uma parcela de 13,68%
possuem nível fundamental, e estão tendo oportunidade para aprender uma profissão,
oportunidade que até algum tempo atrás era inviável no município, que o oferecia opções
de emprego. Cabe ressaltar que ainda entre os entrevistados destacou-se apenas 11,90% têm
somente o ensino básico (ver gráfico 18).
Gráfico 18 - Grau de escolaridade
73
11,90%
13,68%
14,88%
26,19%
27,38%
5,97%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Básico
Fundamental
Médio
Universitário Incompleto
Universitário
Pós-graduado
Quanto ao grau de escolaridade observou-se que mais da metade dos entrevistados
possuem formação universitária completa, ou prestes a concluir ou a mesmo com pós-
graduação. Ou seja, a indústria esresolvendo um problema da maioria dos jovens que saem
das universidades com seus diplomas e sem um emprego. Mesmo sabendo que muitos o
estão trabalhando em sua área é interessante ressaltar que estão adquirindo experiência, que é
um dos itens mais cobrados para quem quer ingressar no mercado de trabalho.
Na questão “sobre o emprego” percebeu-se que a maioria dos entrevistados estão
empregados, abrangendo um total de 73,21% e somente 26,79% estão sem emprego no
momento (ver gráfico 19).
Gráfico 19 - Grau de empregabilidade
73,21%
26,79%
Empregado
Desempregado
74
Levando em consideração essa diferença, percebe-se que a industrialização está
trazendo um crescimento na oferta de emprego, o que pode ser considerado como ponto
positivo. A geração de empregos é imprescindível, principalmente para um município como o
de Três Lagoas-MS cujas perspectivas antes desse processo, eram pequenas em relação ao
mercado de trabalho.
Ter um emprego é muito importante para manter a auto-estima do cidadão, sendo
muito estimulante ter um salário para receber no final do mês sabendo que esse foi pelo seu
desempenho, pelo seu esforço, não por caridade, esse é um fator importante quando se está
analisando a qualidade de vida de uma comunidade. “O trabalho traz a satisfação, o
desemprego é um mal terrível um processo corrosivo, que, muitas vezes, traz a apatia e tira a
satisfação de viver, mesmo para quem já se aposentou” (LACOMBE, 2005, p.7).
Cabe ressaltar que a geração de empregos também é muito importante para o
crescimento do município porque com a diminuição da saída de reservas para ajudar as
famílias sem renda, a gestão pública passa a ter possibilidades de investir mais em outras
necessidades locais, como infra-estrutura, saúde, entre outras.
Outro aspecto importante, que não se pode descartar, com o aumento do fluxo de
pessoas perto das indústrias, consequentemente aparecem os trabalhadores informais que
podem ser variados como: vendedores de salgados, refeições, donos de bares e restaurantes.
também o fat0o do município possuir muitas bicicletas o que leva a abertura de novas
bicicletarias, borracharias entre outros, ao redor das empresas.
Quanto à pergunta referente “ao ramo de atividade da empresa em que trabalha”,
constatou-se que a maioria dos entrevistados trabalha na indústria, sendo um total de 51,19%,
em empresas prestadoras de serviço, um total de 28,57%, ainda 13,10% dos entrevistados
trabalham no comércio, sendo que 5,95% são funcionários públicos e apenas 1,19%
respondeu outro (ver gráfico 20).
Gráfico 20 - Ramo de atividade da empresa em que trabalha
75
51,19%
28,57%
13,10%
5,95%
1,19%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Indústrias
Prestação de Serviços
Comércio
Serviço Público
Outros
Essa resposta mostra como o município era carente de empregos antes da
industrialização, pois aproximadamente 80% estão empregados na indústria e nas prestadoras
de serviços, que na grande maioria estão ligadas às indústrias. E sem a vinda destas empresas
o município não teria como abrir novas vagas de emprego, situação que continuaria obrigando
os moradores do município ir embora para poderem trabalhar e manter uma vida digna.
A soma dos empregos gerados pelo comércio e pelo setor público é de apenas
20% dos entrevistados o que leva a conclusão que pelo menos 80% dos entrevistados
correriam risco de estar desempregados se não fosse pela industrialização.
Provavelmente sem a industrialização os empregos no comércio também seriam
menores, pois com a abertura de novos postos de trabalho, a circulação de dinheiro aumenta,
levando a um aumento no consumo, ou seja, um aumento no movimento do comércio que
passa a necessitar de mais funcionários.
E se tratando da questão referente à “você ou alguém de sua família já
participou de curso de treinamento promovido pela empresa em que trabalha?”, obteve-se:
68,45% responderam terem participado de algum curso de treinamento promovido pela
empresa em que trabalha, o que mostra a preocupação da empresa com a capacitação de mão-
de-obra de seus funcionários, esses treinamentos o desenvolvidos em áreas distintas
dependendo da necessidade da empresa. Os 31,55% restante disseram nunca terem
76
participado de nenhum treinamento oferecido pelas empresas na qual trabalham (ver gráfico
21).
Gráfico 21 - Você ou alguém de sua família participou de algum treinamento na empresa
em que trabalha
31,55%
68,45%
Sim
Não
Entre os entrevistados que responderam ter participado de treinamentos
destacaram: os cursos em qualidade e motivação profissional, cursos de mecânica,
treinamento na sua área, eletricidade, operador de empilhadeira, rotinas administrativas,
licitação, entre outros.
Para realização da maioria desses cursos, as indústrias utilizam as parcerias com
diversas entidades, como por exemplo: cursos de eletricidade e mecânica, que são feitos em
parceria com o SENAI, cursos de motivação, qualidade, rotinas administrativas e licitação em
parceria com o SEBRAE, ou com a Instituição de Ensino Superior particular, a qual tem
efetuado também, parceria para capacitação de mão-de-obra na área administrativa, com
empresas instaladas no município.
Essa resposta deixa evidente a preocupação tanto das indústrias quanto dos
funcionários em capacitação de mão-de-obra, para a indústria, por aumentar sua produtividade
e para o funcionário por estar melhorando sua atuação na empresa e no caso de perder o
emprego agregara valor ao seu currículo.
Na questão “da satisfação com a industrialização em Três Lagoas-MS”, percebeu-
se que a maioria está satisfeita com a industrialização, um total de 13,10% acha que a
industrialização de Três Lagoas-MS está sendo ótima, para 55,95% a industrialização está
77
sendo boa, 26,19% dos entrevistados acreditam que a industrialização está sendo regular e
4,76% dos entrevistados estão considerando a industrialização ruim (ver gráfico 22).
Gráfico 22 - Grau de satisfação com a industrialização em Três Lagoas-MS
13,10%
55,95%
26,19%
4,76%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Uma boa parcela dos entrevistados essatisfeita com a industrialização, isso se
justifica pelo advento das indústrias para o município, que causou uma mudança no cenário de
desemprego e falta de esperança por um outro, cheio de expectativas e de novas
oportunidades, pessoas que estavam desempregadas muito tempo conseguiram uma nova
oportunidade, resultando consequentemente na melhoria da renda familiar e na qualidade de
vida da população principalmente a de baixa renda que antes não tinha como se manter e
agora tem um serviço.
Uma parcela bem menor está insatisfeita com a industrialização, o que é
normal, pois nenhum processo de mudança seja ele qual for consegue unanimidade. o foi
objetivo desta pesquisa, abrir espaço para críticas quanto aos aspectos negativos da
industrialização.
No que diz respeito à “satisfação com o município” praticamente se repetiu os
índices da resposta anterior, a maioria dos entrevistados estão satisfeitos com o município
9,52 % está completamente satisfeito com o município, 59,52% acreditam que o município
está bom, outros 23,82% acreditam que o município está regular, apenas uma porcentagem de
7,14% não está satisfeita com o município, responderam que está ruim (ver gráfico 23).
78
Gráfico 23 - Grau de satisfação com o município de Três Lagoas-MS
7,14%
9,52%
23,82%
59,52%
Bom
Regular
Ótimo
Ruim
Tanto a satisfação quanto a insatisfação com o município pode ser justificada pelo
momento de transformação que o município está passando, o qual pode ser percebido por
todos: estão sendo instalados rede de esgoto, bairros estão sendo asfaltados, o pronto socorro
local está passando por uma reforma completa, todavia, os trabalhos estão se realizando de
uma forma não muito organizada, talvez seja esse seja o motivo da insatisfação.
É comum acontecer episódios tais como: asfaltar os bairros, e depois que terminam
o trabalho, quebram o mesmo para passar a rede de esgoto; para a reforma do pronto socorro
municipal, foi escolhido um posto de saúde muito afastado do centro da cidade ocasionando
um transtorno para quem necessita de atendimento, outro problema é que o município ainda
está carente de transporte público adequado .
Toda mudança gera um descontentamento, que com o passar do tempo acaba,
deixando lugar para a satisfação com o alcance dos objetivos
No tocante “a renda familiar”, percebeu-se que uma porcentagem de 40,48%,
possui uma renda familiar de 3 a 6 salários mínimos. Denotando que essas famílias vivem
com o orçamento adaptado a uma renda que varia entre R$ 1.050,00 e R$ 2.100,00, mensal.
O segundo maior grupo foi o que ganha de 1 a 2 salários mínimos num total de
35,72% dos entrevistados. Significando que a renda dessas famílias varia entre R$350,00 e
R$ 700,00, se for levado em consideração que o número de pessoas dessa família pode ser
grande, é uma renda muito pequena, levando em consideração que muitas famílias pagam
aluguel e todas possuem despesas mensais com pagamento de: água, luz, compra do mês,
entre outros.
79
Uma porcentagem de 17,85% dos entrevistados ganha de 7 a 9 salários mínimos,
essas famílias podem planejar suas despesas mensais entre R$ 2.450,00 aR$ 3.150,00. Ou
seja, essa pequena parcela dos entrevistados possui uma renda maior, podendo ter em seu
orçamento: lazer, plano de saúde, entre outros benefícios, que as outras classes não podem
nem cogitar. Apenas 5,95% dos entrevistados ganham mais de 9 salários mínimos, uma renda
de R$ 3.150,00 ou mais (ver gráfico 24).
Gráfico 24 - Renda familiar
35,72%
40,48%
17,85%
5,95%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
De 1 a 2 Salários
De 3 a 6 Salários
De 7 a 9 Salários
Acima de 9 Salários
É importante destacar que a maioria ganha entre 1 e 6 salários mínimos, mesmo
assim, estão satisfeitos com a industrialização e o município. A distribuição de renda no
município infelizmente não é diferente do restante do país sendo que muitos ganham pouco e
poucos ganham muito.
No âmbito “da satisfação quanto ao salário recebido”, constatou-se que 52,38%
dos entrevistados consideram seu salário bom, 27,38% respondeu que a satisfação com o
salário é regular, 11,96% está totalmente satisfeito com o salário, e 8,34% considera está
insatisfeito com seu salário (ver gráfico 25).
Gráfico 25 - Satisfação com o salário
80
52,38%
27,38%
11,90%
8,34%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Analisando a questão percebeu-se que, mesmo a renda média dos entrevistados
sendo baixa, eles estão satisfeitos por ter uma renda, destacando o fato que apenas 8,34% dos
entrevistados estão totalmente insatisfeitos com seus salários, isso ocorre porque antes da
industrialização a média salarial do município girava em torno de um salário mínimo, ou seja
a renda média não mudou, porém, as chances de ter essa renda aumentou.
Barros et alli. ( 2001) destacaram que o impacto do salário mínimo sobre o nível
de bem-estar (ou da pobreza em particular) depende de dois componentes: da magnitude dos
efeitos sobre o mercado de trabalho e da incidência destes efeitos em trabalhadores membros
dos domicílios considerados pobres. A identificação de ambos os componentes se baseia na
definição de quem são os trabalhadores afetados, seja em relação a emprego ou salário. Isso
destaca bem o que acontece no município, onde a renda é baixa, porém, antes da
industrialização ela nem existia.
Conforme Soares (2002) o Brasil ocupa uma posição extremamente desfavorável
no conjunto dos países quanto à distribuição de renda. Apesar de estar situado entre os países
de renda per capita média, todos os indicadores apontam para uma enorme desigualdade em
sua distribuição. Em função disso, pode-se sugerir que o Brasil o é um país pobre, mas um
país de muitos pobres. Assim, a desigualdade pode ser considerada o principal problema do
país, e Três Lagoas-MS não foge à regra nacional, portanto deve ser objeto da atenção
especial das políticas públicas.
Quanto à questão referente a qualidade de vida em Três Lagoas” constatou-se
que uma parcela de 65,48% acreditam que a qualidade de vida no município seja boa, 16,67%
81
dos entrevistados acredita que ela seja regular, outros 15,47% acham ótima e apenas 2,38%
acreditam que a qualidade de vida no município seja ruim (ver gráfico 26).
Gráfico 26 - Satisfação com a qualidade de vida
15,47%
65,48%
16,67%
2,38%
Ótima
Boa
Regular
Ruim
Percebeu-se que existe um grau razoável de satisfação com a qualidade de vida no
município, sendo que apenas 17,85% dos entrevistados não estão satisfeitos. Isso está
diretamente relacionado ao grau de convívio que as pessoas conseguem ter com suas famílias,
sendo uma cidade razoavelmente pequena, as pessoas conseguem vir almoçar em casa, nos
finais de semana saírem com seus familiares, isso gera uma satisfação, principalmente para
quem veio de uma cidade grande, a qual a rotina é de correria e congestionamento.
A qualidade de vida é considerada por Rufino Netto como sendo:
“Aquela que ofereça um mínimo de condições para que os indivíduos nela
inseridos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, sejam
estas: viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços, fazendo
ciência ou artes”. Logo, os fatores renda, educação e saúde seriam atributos
necessários e indispensáveis para desenvolver suas potencialidades e
capacidades de toda a população, eliminar a exclusão social, construção da
cidadania, consumo de bens e serviços que respeitem os limites do
ecossistema com a fixação de limites para o progresso material, ou seja, não
utilizar recursos naturais esgotáveis ou que estão se esgotando e os
chamados recursos naturais renováveis que estão atingindo seus limites pelo
consumo superior ao ritmo da capacidade de recomposição dos ecossistemas
naturais. (1994, p. 11).
As empresas devem ter uma preocupação com a qualidade de vida de seus
funcionários, conforme a teoria de Maslow, as necessidades humanas obedecem a uma ordem
de importância e podem ser dispostas numa hierarquia como em uma pirâmide: na base
vemos as necessidades sicas e no topo as mais importantes, como necessidade de auto-
estima e realização do potencial (RIBEIRO, 2004).
82
Portanto, entende-se que satisfação com a qualidade de vida está diretamente
ligada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e
à vida profissional.
Na concepção de Matos (1999), quanto mais aprimorada for a democracia, mais
ampla é a noção de qualidade de vida, o grau de bem-estar da sociedade e de igual acesso a
bens materiais e culturais. Para poder se ter noção da qualidade de vida é necessário o mínimo
de liberdade para poder se constatar se ela realmente existe.
Em relação “a satisfação com a saúde no município”, 27,38% responderam
que es ótima, sendo que 53,57% acreditam que a saúde no município está boa, outros
16,67% acreditam que está regular e 2,38% que está ruim (ver gráfico 27).
Gráfico 27 - Satisfação com a saúde
27,38%
53,57%
16,67%
2,38%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Os entrevistados de um modo geral estão satisfeitos com a saúde no município,
sendo que menos de 20% se mostraram insatisfeitos. Isso reflete a qualidade local, existem
alguns problemas no âmbito da saúde, mas muitos investimentos estão sendo feitos e as
melhorias no atendimento estão sendo efetivas.
No município está em funcionamento desde o ano de 2000, o conselho gestor
de saúde, formado por representantes da secretaria de saúde municipal e membros da
comunidade, essa parceria leva ao conhecimento real das necessidades na área da saúde, o
conselho é responsável pela formulação das diretrizes da política de saúde e de controle social
83
sobre o sistema de saúde. A equipe de Instrutores de Saúde desenvolveu diversas ações no
município, como palestras orientadoras quanto à prevenção de doenças, mutirão contra a
dengue, atingindo com isso: a comunidade escolar, participantes de projetos sociais, usuários
que procuram serviços oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), aos pais dos alunos
e crianças do Centro de Educação Infantil e aos grupos das Associações da Idade
(OLIVEIRA, 2002).
Em se tratando da questão “a empresa que você ou alguém da sua família trabalha,
possui convênios médicos” a resposta foi a seguinte: 65,48% dos entrevistados responderam
que sim e 34,52% que não (ver gráfico 28).
Gráfico 28 - Empresas que possuem convênios médicos
65,48%
34,52%
Sim
Não
Percebeu-se que as empresas estão fazendo convênios de saúde para seus
funcionários, isso se justifica pela preocupação que as empresas possuem em manter a saúde
de seus funcionários, que se reflete diretamente na produtividade.
Funcionário com boa saúde tem melhor desempenho. No aporte de Abreu (2006),
a empresa consegue reduzir os índices de absenteísmo e os gastos com saúde, uma receita que
começa a ser utilizada por algumas empresas é a prática do monitoramento dos pacientes com
doenças crônicas, como hipertensão ou diabetes. As companhias ganham de duas formas: na
melhora da saúde do profissional e na queda do custo com saúde sem comprometimento da
qualidade.
Muitas empresas aderem aos convênios coletivos como forma motivacional
para seus funcionários, e também como investimento, pois se o funcionário possui convênio
médico, no momento em que necessitar será atendido rapidamente, o mesmo ocorre com os
exames que precisar fazer, ocasionando uma diminuição de faltas, ao passo que se depender
84
do atendimento público, o mesmo problema pode ocasionar até o dobro das faltas, pela
demora do atendimento.
Um dos maiores problemas com o pessoal é a ausência no trabalho por motivos de
saúde, quando o funcionário se sente seguro suas faltas diminuem, conforme Lacombe (2002),
quando o funcionário tem sua necessidade de segurança suprida, ele passará a se preocupar
com sua auto-realização, o que gerará um aumento na qualidade do seu trabalho.
Quanto à questão “do tipo de convênio que as empresas possuem” percebeu-se
também que as empresas possuem convênios diferentes 25% respondeu que sua empresa
possui convênio com a Unimed, 6,82 % com a Golden Cross e 68.18% escolheu a opção
outros, sendo que grande parte possuem convênio com o hospital Nossa Senhora Auxiliadora,
Sesi, Cassems entre outros (ver gráfico 29).
Gráfico 29 - Tipos de convênios médicos das empresas instaladas em Três Lagoas-MS
25,00%
6,82%
68,18%
Unimed
Golden Cross
Outros
Com esta questão, percebeu-se que os empresários locais, estão proferindo planos
de saúde que não sejam os tradicionais como Golden Cross e Unimed, a maior parte optou por
outros planos como o oferecido pelo Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, ou mesmo a
Unimed básica, oferecido pelas funerárias locais.
Para o consumidor (funcionário), tanto os planos individuais como os coletivos
possuem as mesmas vantagens. Na maioria das vezes, os empresariais são mais baratos, com
reajustes menores, o que os consumidores de planos empresariais devem preferir são contratos
com número grande de pessoas, que se torna financeiramente mais acessível (LOPES, 2005).
85
No tocante a questão “qual sua atividade antes da industrialização”, 35,71% dos
entrevistados disseram ser comerciários antes da industrialização, 20,83% eram funcionários
públicos, sendo que 15,48% trabalhavam em fazenda e os 19,04% escolheram outros, alguns
estavam desempregados outros eram estudantes, recepcionistas em consultórios ou escritórios.
Gráfico 30 - Atividade desempenhada antes da industrialização de Três Lagoas-MS
35,71%
20,83%
15,48%
19,04%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Comercrio
Func. Público
Fazenda
Outros
Com a questão constatou-se que antes da industrialização havia uma baixa
empregabilidade no município, com isso as únicas opções de trabalho eram a prefeitura e o
comércio local, que não eram suficientes para suprir as necessidades de emprego da
população, mais da metade dos entrevistados eram comerciários ou funcionários públicos,
essa situação começou a mudar com a industrialização no município, novas frentes de
trabalho foram criadas, suprindo assim a carência de oferta de empregos.
O termo empregabilidade pode ser entendido como as ações empreendidas pelas
pessoas, no intuito de desenvolver habilidades e de buscar conhecimentos favoráveis ao
alcance de uma colocação, seja ela formal ou informal, no mercado de trabalho
(MINARELLI, 1995). No final dos anos 90, a questão da empregabilidade no município
passou a ocupar um lugar de destaque nos contextos de trabalho, desencadeado
principalmente por adventos, como a industrialização. Esses acontecimentos fizeram com que
a mão-de-obra tivesse que buscar um maior desenvolvimento para conseguir manter-se ativa
no mercado profissional que passou por grandes reestruturações.
86
No tocante a questão “se a empresa que você trabalha possui algum projeto social
em Três Lagoas-MS”, 48,80% dos entrevistados disseram que a empresa em que trabalham
não possui um projeto social no município, 34,53% respondeu não ter conhecimento se a
empresa possui ou não projeto social e 16,67% afirmou que a empresa possui projeto social
na cidade (ver gráfico 31).
Gráfico 31- Projetos sociais que as empresas mantém em Três Lagoas-MS
16,67%
34,53%
48,80%
Sim
Não
Não Sei
Constatou-se que poucos entrevistados tinham consciência dos projetos sociais
feitos pela empresa em que trabalha, porém vários disseram que a empresa participa de
projetos sociais já existentes no município, como: auxílio ao esporte, programas de auxílio aos
portadores de deficiência, menor aprendiz, adote um sorriso, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
87
Com o estudo objetivou-se analisar o impacto da industrialização na estrutura
socioeconômica do município de Três Lagoas-MS, tendo em vista os tipos e estratégias das
relações inter-indústrias enquanto geradoras de desenvolvimento. Percebeu-se que o Governo
Municipal assumiu uma postura empreendedora, procurando dinamizar a economia urbana
por meio da busca de uma atratividade competitiva, tentando diversificar a base econômica,
que era baseada na pecuária, passando a negociar e trazer indústrias para o município, com a
política de isenção fiscal.
Entretanto, o Governo Municipal não esperava que a cidade crescesse tão
rapidamente, e está tendo que se adaptar com essa nova realidade, principalmente na sua
infra-estrutura.
Três Lagoas-MS passou por três grandes focos de crescimento populacional. O
primeiro foi com a construção do complexo hidrelétrico de Urubupungá, mesmo com o final
da construção, as famílias continuaram no município. Os outros dois foram causados pela
vinda das indústrias para o município, que passaram a gerar empregos e renda, atraindo um
grande número de pessoas para a cidade.
A industrialização em Três Lagoas teve seu início pela necessidade de novas
vagas de emprego para a população e desenvolvimento do município, isso foi possível
10 anos em 1997, com o projeto de governo que diminuía as taxas de impostos devidos pelas
indústrias, e com o projeto da prefeitura local de doação de terreno para a construção das
mesmas. Esse processo representa uma singular transformação na base econômica e na
organização social do município.
Através dos dados obtidos pela pesquisa percebeu-se que as indústrias locais não
conseguiram os mesmos benefícios que as oriundas de outras localidades, essa igualdade de
direitos seria importante para que ocorresse o aumento de investimento dos empresários
locais, ou com construção de novos empreendimentos ou mesmo, com o aumento dos
existentes.
A maior parte das indústrias instaladas no município possui mais de 10 anos de
existência, mostrando que não se instalaram aqui somente pela isenção fiscal, o que significa
que continuarão investindo no município, gerando novos empregos e auxiliando na melhoria
de vida da comunidade.
88
Em contrapartida, um dos maiores impactos sofridos pelo município se deve pelo
aumento populacional, que vem ocorrendo de uma forma pida, inicialmente, sem
planejamento. Percebeu-se então, que o município está passando por um momento de
adaptação com a nova realidade.
Constatou-se com os industriais locais um comprometimento com o
desenvolvimento do município, um grande número está investindo em qualificação da mão-
de-obra existindo ainda a participação em projetos sociais e na qualidade de vida da
comunidade local. Verificou-se, ainda que a geração de emprego e renda no município é um
ponto positivo da industrialização, mesmo ocorrendo um grande aumento da população, a
comunidade local tem a oportunidade de inserir-se no mercado de trabalho. Para que ocorra as
pessoas precisarão passar por cursos de capacitação, via parceria entre as indústrias,
melhorando com isso, a qualidade da mão-de-obra local, gerando certa estabilidade para a
comunidade, que mesmo perdendo seu emprego, passa a ter capacitação para trabalhar em
outra empresa.
Na pesquisa aplicada junto à comunidade local, percebeu-se que de um modo
geral, a população está satisfeita com o rumo da industrialização no município, pessoas
naturais de Três Lagoas-MS, que haviam ido embora por falta de emprego, perceberam a
possibilidade de retornarem e conseguirem trabalho na cidade.
Um dos pontos que chamou a atenção na pesquisa, foi o grande grau de satisfação
da população quanto ao salário, que mesmo sendo baixo, em torno de um a seis salários
mínimos, hoje representa uma renda fixa a essas famílias, ao passo que antes da
industrialização a maioria não tinha emprego estável. Isso justifica também, a satisfação
quanto à qualidade de vida, pois o fato de possuir uma renda familiar fixa resulta em uma
tranqüilidade significativa através disso, conclui-se que a sociedade está satisfeita e acredita
no aumento ainda mais expressivo e efetivo no emprego.
Analisando os dados referentes à pesquisa e baseando-se nos conceitos propostos
por vários autores tais como: (ÁVILA, 2001; BARQUERO, 2001; FRANCO, 2002; GOMEZ-
OREA, 1993; HAVERI, 1996; SENGERBERGER E PIKE,1999 E ZAPATA, 2001) sobre o
desenvolvimento local, observa-se que o mesmo é um processo endógeno registrado em
pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo
econômico e a melhoria da qualidade de vida da população.
89
Torna-se oportuno, ressaltar a importância da qualidade de vida da comunidade,
neste sentido, destacando que o processo de industrialização no município está gerando o
desenvolvimento, pois, além do crescimento econômico, percebeu-se uma melhoria na
qualidade de vida da comunidade, ocasionando uma satisfação com o processo industrial.
Após o início da industrialização em Três Lagoas-MS, houve um avanço no
índice de desenvolvimento humano, conforme dados do IBGE, no ano de 2000, o município
superou a dia estadual em todos os itens avaliados, isso ocorreu por que o desemprego
tinha alto índice e com a industrialização e a geração de emprego, proporcionou às pessoas
mais oportunidades.
Porém, uma falha foi percebida no decorrer da pesquisa, o município de Três
Lagoas-MS, entre 1991 e 2000, superou os índices de desenvolvimento humano de Mato
Grosso do Sul em vários pontos, tais como: saúde, longevidade e renda, entretanto, no quesito
educação cresceu menos que o Estado no mesmo período, o que demonstra uma falta de
investimentos nesta área, levando a constatação de que existe uma preocupação no município
em investir somente na qualificação profissional da população e não na educação. Esse fato
resulta em profissionais qualificados, mas cidadãos com pouco conhecimento e cultura.
A industrialização em Três Lagoas-MS pode auxiliar outros municípios através de
seu exemplo, pois muitos estão vivenciando a mesma realidade, a qual ela enfrentou antes
de 1997, com falta de emprego para a população e sem perspectivas de melhora. O exemplo
do processo de industrialização de Três Lagoas-MS, pode ser ajustado para a necessidade de
cada local gerando o crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida da população
como o exemplo estudado, ou seja, podendo gerar o desenvolvimento local. Os municípios
que exportarem o exemplo de Três Lagoas-MS, ainda terão a vantagem de conhecer os pontos
positivos e os negativos do processo de industrialização local, diminuindo assim, a margem de
erro que cometerão neste processo.
Essa análise ainda constatou que as relações inter-indústrias estão gerando uma
melhoria na qualidade de vida da população, o processo de industrialização que vem
ocorrendo no município criou um novo mercado de trabalho local, acabando com o maior
problema que a cidade convivia: falta de emprego. Toda essa mudança está gerando uma nova
fase no município, ou seja, a busca por um grande crescimento populacional esperado e
planejado. As relações inter-indústrias ocorrem na maior parte das vezes para a capacitação de
90
mão-de-obra, sendo importantes agentes do desenvolvimento local, uma vez que são
responsáveis pela profissionalização e colocação da comunidade no mercado de trabalho.
Ponderando essas colocações e as comparando ao cenário do município mostrado
nessa pesquisa, conclui-se que está havendo efetivamente o desenvolvimento local no
município de Três Lagoas-MS, pois isso é refletido na satisfação da comunidade, com a
qualidade de vida, com a geração de emprego e renda e com a industrialização no município.
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Rio de Janeiro: Ritz, 2001.
96
APÊNDICES
APÊNDICE A MODELO DE QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA
REALIZADA NAS EMPRESAS
Empresa:___________________________________________________________________
Nome do Entrevistado:________________________________________________________
Cargo:_____________________________________________________________________
97
1. Tempo de funcionamento da empresa
( ) de 01 a 05 anos
( ) de 06 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
2. Tempo de instalação da empresa em Três Lagoas-MS?
( ) de 01 a 05 anos
( ) de 06 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
De onde ela veio:_____________________________________________________________
3. Qual o fator determinante na escolha do Município de Três Lagoas-MS para implantação
de sua empresa? (no máximo 2 alternativas)
( ) Por sua localização estratégica
( ) Pela mão-de-obra barata
( ) Isenção fiscal
( ) Por já ser uma empresa tradicional no Município
( ) Outro:___________________________________________________________________
4. Caso sua empresa se enquadra na isenção fiscal, ela foi enquadrada na de?
( ) 05 anos
( ) 10 anos
( ) 15 anos
( ) 20 anos
5. Sua empresa participa de parcerias?
( ) sim ( ) não
6. Em caso afirmativo, assinale a utilizada pela empresa
( ) Capacitação de mão-de-obra
( ) Compras em conjunto
( ) Pesquisa de mercado
98
( ) Outro:___________________________________________________________________
7. Sua empresa participa de alguma associação de classe?
( ) Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas
( ) Sindicato das Indústrias
( ) FIEMS
( ) Outro:______________________________________________________________
8. Quais as maiores barreiras que a empresa encontrou ou encontra para desenvolver sua
atividade no município?
9. Sua empresa possui algum projeto social em Três Lagoas-MS. Qual?
( ) sim ( ) não
Em caso de positivo nominar:___________________________________________________
10. Que sugestões apresenta para melhorar a atuação das indústrias no município de Três
Lagoas-MS.
APENDICE B MODELO DE QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA
REALIZADO COM A COMUNIDADE
Nome:___________________________________________________________________
Idade:________________________ Naturalidade:________________________________
Endereço:_________________________________________________________________
1. Desde quando você mora em Três Lagoas-MS?
( ) de 1 a 10 anos
99
( ) de 11 a 20 anos
( ) de 21 a 30 anos
( ) a mais de 30 anos
2. Motivo de sua vinda para Três Lagoas-MS?
___________________________________________________________________________
3. Grau de escolaridade?
( ) Básico
( ) Fundamental
( )universitário incompleto
( ) Universitário
( ) Pós graduação
4. Atualmente você está empregado?
( ) Sim ( ) Não
5. A empresa que você trabalha é?
( ) Comercial
( ) Industrial
( ) Serviço Público
( ) Outro:_____________________
6. Você ou alguém de sua família já participou de um curso de treinamento oferecido pela
empresa que trabalha?
( ) Sim ( ) Não
Qual::__________________________________________________
7. Grau de satisfação com a industrialização em Três Lagoas-MS foi:
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Regular
100
( ) Ruim
8. Grau de satisfação com o município:
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Regular
( ) Ruim
9. Sua renda familiar é de?
( ) 1 a 3 salários mínimos
( ) de 3 a 6 salários mínimos
( ) de 6 a 9 salários mínimos
( ) mais de 9 salários mínimos
10. Grau de satisfação com o salário:
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Regular
( ) Ruim
11. Grau de satisfação com sua vida:
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Regular
( ) Ruim
12. Grau de satisfação com sua saúde:
( ) Ótimo
( ) Bom
( ) Regular
( ) Ruim
13. A empresa que você ou alguém de sua família trabalha, possui algum convênio para os
funcionários?
( ) Sim ( ) Não
101
14. Em caso positivo assinale a s opções:
( ) Unimed
( ) Golden Cross
( ) SUS
( ) Outro________________________________
15. O que fazia antes da industrialização:
( ) Comerciário
( ) Trabalhava em fazenda
( ) Funcionário Público
( ) Outro:___________________________________________________________________
16. A empresa que você trabalha possui algum projeto social em Três Lagoas-MS.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
17. Em caso positivo, qual?_____________________________________________________
___________________________________________________________________________
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