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MARTA MARIA LOPES SOLLER
A ATIVIDADE TURISTICA E O PERFIL DO PROFISSIONAL
NO MUNICIPIO DE BONITO/MS COM ALTERNATIVAS
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL
- MESTRADO ACADÊMICO
CAMPO GRANDE MS
2006
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MARTA MARIA LOPES SOLLER
A ATIVIDADE TURISTICA E O PERFIL DO PROFISSIONAL
NO MUNICIPIO DE BONITO/MS COM ALTERNATIVAS
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO LOCAL
- MESTRADO ACADÊMICO
CAMPO GRANDE MS
2006
Dissertação apresentada como
exigência parcial para obtenção do
Título de Mestre em
Desenvolvimento Local
Mestrado Acadêmico à Banca
Examinadora, sob orientação do
Profª Drª Maria Augusta Castilho.
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Ficha catalográfica
Soller, Marta Maria Lopes
S688a A atividade e o perfil do profissional no município de Bonito/MS com
alternativas para o desenvolvimento local / Marta Maria Lopes Soller;
orientação, Maria Augusta de Castilho. 2006.
112 f. + anexos
Dissertação (mestrado) Universidade Católica Dom Bosco, Campo.
Grande, 2006.
Inclui bibliografias
1.Turismo Bonito (MS) 2. Desenvolvimento local 3. Territorialidade.I.
Castilho, Maria Augusta de . II. Título
CDD-338.4791
Bibliotecária: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1-757
4
Não são suspensos, nem tão famosos,
mas nem por isso, menos formosos.
São babilônicas maravilhas:
potamoguêntos... mini lentilhas...
A clorofila e o azul calcário
moldando a Vida vivos cenários!
Não é história: na Bodoquena
os rios se escondem de forma plena.
Depois ressurgem Azuis, piscosos,
e os Perdidos viram Formosos.
O paraíso? Lugar bendito?
Ou simplesmente ... lugar...
Bonito.
Paulo Robson de Souza/ 1999
5
DEDICATÓRIA
Dedico meu estudo a l° Turma do Curso de Turismo do Instituto de Ensino
Superior da Fundação Lowtons de Educação e Cultura IESF de Bonito - MS, pelo apoio na
pesquisa e por ter me galanteado com o nome da turma de 2006.
À Flávia Néri, minha filha cósmica,
À Paula Batassini, e à Alice por tudo que representam para mim.
Ao Kiko, Catia e o Darlei, pois seria ainda mais difícil se eles não existissem.
Ao Lauro ...
Aos meus sobrinhos Joaquim e Vinicius, com muito carinho, por me aturarem...
E ao meu tio Geraldo Soller, Repórter e Jornalista, por ter me ensinado coisas
como esta parte da crônica Voando Contra o Vento do seu livro Pinceladas do Cotidiano
(1983).
“[...] Naquela mesma lição, que alhures aprendi, fiquei sabendo que os
sofrimentos são os ventos de Deus. Ventos contrários, ventos às vezes muito
fortes. Se procurarmos nos abrigar deles, ao certo não saberemos o que nos
vai acontecer. Mas se o enfrentarmos, resolutos, por certo conseguiremos
ultrapassa-los, e vencê-los.”
Para todos, minha eterna gratidão.
6
AGRADECIMENTOS
Para os meus mestres
“Damos sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações, e
sem cessar recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé; da
abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso senhor Jesus Cristo.”
I Ts 1:2 e 3
“Ora, aquele que dá semente ao que semeia, e pão para alimento, também suprirá e
aumentará a vossa sementeira, e multiplicará os frutos da vossa justiça.”
II Co 9:10
7
RESUMO
A presente pesquisa tem como objeto de estudo o turismo em Bonito - MS e tem por
finalidade estudar o turismo, analisando, simultaneamente, a atividade turística no município
e quem é o profissional que trabalha com o fenômeno na localidade, justificado pelo
crescimento desta atividade na localidade, decorrente do seu potencial natural e diversidade
de ecossistemas. Esta pesquisa é a extensão de estudos realizados anteriormente, cerca de uma
década, nesta região o que fomenta na pesquisadora cada vez mais o interesse em discutir as
dificuldades decorrentes da exploração da atividade turística, bem como suas alternativas e
propostas, buscando relatar fatos presentes, para que se possa entender todo esse processo no
futuro.A região da Serra da Bodoquena vem se desenvolvendo, através da implantação do
turismo, em virtude de seu potencial histórico-cultural e, principalmente natural. A relação
existente entre turismo e natureza é indiscutível, ainda mais nesta localidade, onde os
proprietários de atrativos naturais preparam seu produto, e os colocam no mercado, muitas
vezes sem planejamento algum, esquecendo-se que esta é uma região formada por ambientes
frágeis, onde o cuidado carece de atenção redobrada. A ligação entre desenvolvimento e meio
ambiente é colidente, pois pode causar danos consideráveis ao patrimônio natural, então, são
necessários projetos mais racionais, com a minimização dos impactos, fundamentado na
realidade de cada localidade.Desta forma, considera-se de relevante importância o estudo aqui
sugerido, para avaliar o modo como o turismo é fator de inclusão social no município de
Bonito, gerando empregos e sendo um instrumento no processo de Desenvolvimento Local
com responsabilidade social.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo, desenvolvimento local, perfil profissional, territorialidade.
8
ABSTRACT
To present research has like object of study the tourism in Bonito - MS and has for purpose
study the tourism, analyzing, simultaneously, the tourist activity in the town and who is the
professional that work with the phenomenon in the locality, justified by the growth of the
activity in the locality, resulting of its natural potential and diversity of ecosystems. This
research is extension of studies accomplished previously, around one decade, in this area that
foments more and more in the researcher the interest in discussing them difficulty current of
the exploration of the tourist activity, as well as your alternatives and solutions, looking for to
tell present facts, so that one can understand that whole process in the future. The area of the
Serra da Bodoquena comes developing, through the implantation of the tourism, by virtue of
your historical-cultural potential and, mainly natural. The existent relationship between
tourism and nature is unquestionable, still more in this place, where the proprietors of natural
attractions prepare your product, and they place them in the market, a lot of times without
some planning, forgetting that this is an area formed by fragile atmospheres, where the care
lacks of doubled attention. The connection between development and environment is face,
therefore can cause considerable mischief to the necessary then, healthy, natural patrimony
rational projects, with lesser impacts, substantiated in the reality of each locality. In this way,
considers itself of prominent importance the study here suggested, for evaluate the way as the
tourism is factor of social enclosure in the town of Bonito, generating employments and being
an instrument in the process of Local Development with social responsibility.
KEY-WORDS: Tourism, local development, professional profile, territoriality.
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Ciclo de vida das destinações turísticas 22
FIGURA 2 Parte Interna da gruta de São Miguel 23
FIGURA 3 Mirante para apreciação da floresta 24
FIGURA 4 Gruta do Lago Azul 25
FIGURA 5 Flutuação no aquário natural 26
FIGURA 6 Nascente rio Sucuri 26
FIGURA 7 Passeio de bote rio Formoso 27
FIGURA 8 Vista Aérea do Balneário Monte Cristo 28
FIGURA 9 Balneário Municipal rio Formoso 28
FIGURA 10 Ilha do Padre 29
FIGURA 11 Cachoeira do Aquidaban 30
FIGURA 12 Dourado no rio Sucuri 31
FIGURA 13 Lagoa Misteriosa 31
FIGURA 14 Receptivo do Bonito Aventura 32
FIGURA 15 Mapa da Serra da Bodoquena 42
FIGURA 16 Área do Balneário interditada 48
FIGURA 17 Área de localização do planalto da Bodoquena.(2004) 50
FIGURA 18 Cachoeira do Córrego Seco 51
FIGURA 19 O cotidiano da cidade de Bonito 52
FIGURA 20 Amanhecer de Bonito no inverno 53
FIGURA 21 Paisagem típica da região de Bonito com a Serra da Bodoquena 54
10
FIGURA 22 Captação de água de Bonito 55
FIGURA 23 Festa clube do laço 56
FIGURA 24 Projeto Reciclagem Projecto Vivo Brazil Bonito 57
FIGURA 25 Hotel Zagaia Blue Tree 58
FIGURA 26 Rio Formoso – Balneário Municipal de Bonito 59
FIGURA 27 “Céu de Piraputanga” flutuação no aquário natural Baia Bonita 60
FIGURA 28 Acampamento técnico curso de guia Estância ecológica Rio da Prata 62
FIGURA 29 Gráfico do gênero dos funcionários dos atrativos turísticos de Bonito 66
FIGURA 30 Gráfico faixa etária dos funcionários dos atrativos turísticos de Bonito 67
FIGURA 31 Gráfico faixa etária dos funcionários das agências de Bonito 68
FIGURA 32 Gráfico comparativo de gênero dos funcionários dos atrativos das
Agências de Bonito 70
FIGURA 33 Gráfico idade das empresas de transportes de Bonito 71
FIGURA 34 Gráfico comparativo entre a faixa etária dos funcionários dos atrativos,
das agências e da hotelaria de Bonito 74
FIGURA 35 Gráfico da evolução do número de atrativos turísticos visitados em
Bonito entre os anos de 1996 e 2005 83
11
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A 103
APÊNDICE B 105
APÊNDICE C 107
APÊNDICE D 109
12
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A 111
ANEXO B 113
ANEXO C 115
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 15
1. REFERENCIAL TEÓRICO 18
1.1 TURISMO 18
1.2 CICLO DE VIDA DOS DESTINOS TURÍSTICOS 21
1.3 ATRATIVOS TURISTICOS 22
1.3.1 Pontos Turísticos 23
1.4 TERRITÓRIO E GLOBALIDADE 32
1.5 TERRITÓRIO E TURISMO 35
1.6 TURISMO E DESENVOLVIMENTO LOCAL 38
1.7 TURISMO NA SERRA DA BODOQUENA
41
2 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 44
2.1 SERRA DA BODOQUENA: LEVANTAMENTO HISTÓRICO,
GEOGRÁFICO E SOCIAL 44
2.2 O PLANALTO DA BODOQUENA 44
2.2.1 Histórico da Região 45
2.2.2 Histórico do turismo da região 47
2.3 ECONOMIA 49
2.4 ASPECTOS GEOGRÁFICOS 49
2.5 BONITO UM MUNICÍPIO NATURAL 51
2.5.1 Histórico 52
2.5.2 Aspectos Geográficos 53
2.5.3 Aspectos Sociais 55
2.5.4 Aspectos Econômicos 56
2.6 TURISMO EM BONITO 57
14
2.6.1 A Estrutura Turística do Município 61
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS QUANTITATIVOS 65
3.1 RESULTADOS DA PESQUISA NOS ATRATIVOS TURÍSTICOS 65
3.2 RESULTADOS DA PESQUISA NAS AGÊNCIAS 67
3.3 RESULTADOS DA PESQUISA NAS TRANSPORTADORAS TURÍSTICAS 70
3.4 RESULTADOS DA PESQUISA NA HOTELARIA 72
3.5 RESULTADOS DA PESQUISA DAFO 74
3.5.1 Deficiências 75
3.5.2 Ameaças 76
3.5.3 Pontos Fortes 78
3.5.4 Oportunidades 80
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS QUALITATIVOS 82
4.1 ANÁLISE DA PESQUISA DAFO 85
4.1.1 Deficiências 85
4.1.2 Ameaças 89
4.1.3 Pontos fortes e Oportunidades 91
CONSIDERAÇÕES FINAIS 94
REFERÊNCIAS 99
APENDICES 102
ANEXOS 110
15
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente trabalho é estudar o fenômeno do turismo, analisando,
simultaneamente, a atividade turística em Bonito, MS e quem é o profissional que trabalha
com o fenômeno na localidade.
Para entender aos propósitos acima mencionados, a pesquisa será direcionada para
as seguintes reflexões: Dimensionar o perfil do profissional que atua na área; avaliar a
exploração da atividade turística, passado e presente e sugerir alternativas, aporte para mudar
o atual quadro.
É propósito de este trabalho oferecer contribuições para se conhecer o desenrolar
da atividade turística de Bonito e análise de seu real desenvolvimento. A apresentação dos
dados coletados, objetiva dimensionar o perfil do profissional que atua na área do turismo no
município analisado, bem como oferecer dados percentuais para uma melhor visualização da
realidade turística no local. Os questionários aplicados, tabulados e analisados (ver apêndice
A,B,C e D) oferecem uma rica contribuição ao estudo em tela.
A região da Serra da Bodoquena, onde Bonito está inserido, vem desenvolvendo a
atividade turística em virtude de seu potencial histórico-cultural e, principalmente natural. A
relação existente entre turismo e natureza é indiscutível, ainda mais nesta localidade, onde os
proprietários de atrativos naturais preparam seu produto, e os colocam no mercado, muitas
vezes sem planejamento algum, esquecendo que esta é uma região formada por ambientes
frágeis, onde o cuidado deve ser redobrado.
Com a expansão desse fenômeno, urge a necessidade elaborar estudos científicos
e de se empreender planos que estabeleçam limites, levando em conta o equilíbrio dos
recursos naturais. O turismo é considerado um elemento importante de desenvolvimento
16
econômico e social sustentável, pois através de planejamentos eficientes, atua na dimensão
cultural, social, econômica, ecológica e política.
A presente pesquisa se caracteriza por ser um estudo de caso de natureza quali-
quantitativa, e visa dimensionar o perfil do profissional que trabalha no turismo de Bonito. A
análise é de natureza exploratória por levantar in loco as condições do local, tendo também
como suporte a revisão bibliográfica e a análise documental.
Para a realização da pesquisa foram utilizados os tipos: qualitativa, quantitativa
documental, bibliográfica e de observação, onde foram desenvolvidas as diversas etapas,
ficando assim constituídas:
Qualitativa foi delimitado um número de pessoas (representantes da comunidade
em geral e envolvidos na atividade turística), entrevistadas pela pesquisadora.
Documental foram levantadas fontes documentais possíveis conservadas em
arquivos de instituições públicas e privadas, pessoais, documentos de segunda mão e dados
estatísticos.
Bibliográfica foram feitos levantamentos preliminares da literatura existente
para elaboração conceitual e definição de marcos teóricos, facilitando assim o grau de
entendimento de dados históricos para buscar a veracidade dos fatos; que segundo Dencker
(1998, p. 125) “A pesquisa bibliográfica permite um grau de amplitude maior, economia de
tempo e possibilita o levantamento de dados históricos. [...] o pesquisador deve analisar a
forma como foram colhidos os dados e confrontá-los com outras fontes, a fim de reduzir a
possibilidade de erro”.
Observação direta - foi elaborado um roteiro para observação da situação atual no
município e dos munícipes envolvidos com o desenvolvimento do turismo. Desta forma, pôde
se conhecer, identificar e sentir as expectativas e o interesse dos munícipes em relação ao
desenvolvimento da atividade turística.
17
O interesse e primeiras visitas ao município ocorreram por volta de 1988, quando
Bonito “engatinhava” para o turismo. A família da pesquisadora possuía um “trailler
1
”, o que
propiciava estar no local constantemente e por longos períodos, permitindo o
acompanhamento do rápido crescimento do turismo. No ano de 1995 uma parceria entre a
Conservation International, The Ecoplan: Net Institute, SENAC/CEATEL-SP, Fundação
Florestal, Instituto Ecológico Cristalino e Bioma Educação e Assessoria Ambiental,
disponibilizarão a “Oficina de Capacitação em Ecoturismo” a qual a pesquisadora foi
convidada a participar, desencadeando daí a busca do bacharelado, e o enveredamento pela
pesquisa o que já resultou em dois trabalhos monográficos sobre a local, convidada para
diferentes palestras e participações em distintos eventos culminando na docência no Curso de
Turismo do Instituto de Ensino Superior da FUNLEC de Bonito (IESF) no período de janeiro
de 2004 até julho de 2005, só se afastando para esta dissertação, criando com isso, a
oportunidade de colecionar farto material teórico bibliográfico e apreender a realidade dos
fatos vivenciados no cotidiano da população envolvida, sendo um diferencial na investigação.
A ínfima quantidades de estudos científicos referentes ao turismo, congregado à
preocupação em definir o perfil do profissional que atua na área e evolução do fenômeno
turístico na região, justificaram à realização de pesquisa de campo, que consistiu na aplicação
de questionários aos trabalhadores do turismo e entrevistas livres e semi-direcionadas com
pessoas, deste estudo ocorreu durante todo período do mestrado acadêmico e fizeram parte a
tabulação dos dados coletados, elaboração e interpretação dos resultados e sua própria
redação. Para tabulação dos dados e elaboração do trabalho, utilizou-se dos recursos da
informática.
A pesquisa está organizada em capítulos assim direcionados: capitulo 1 estudo
preliminar que dará respaldo aos demais, ou seja referencial teórico. O capítulo 2 é o objeto
de estudo, o município de Bonito/MS e a Serra da Bodoquena, levantamento histórico,
geográfico e social. O terceiro capítulo apresenta os dados da pesquisa. No quarto capítulo a
elaboração de uma análise com respaldo qualitativo, embasada em relato de alguns atores do
turismo local.
1
Trailer:2.1 vagão que serve de moradia, rebocado por automóvel geralmente usado para camping ou excursões
turísticas. HOUAISS.2004, pg.2747.
18
1 REFERENCIAL TEÓRICO
A atividade turística nasceu e se desenvolveu com o capitalismo e continua
despertando o interesse de diferentes setores, seja por fatores de fomento econômico,
ambiental, por gerar inclusão social ou por proporcionar momentos de prazer aos que buscam
novos lugares, novas paisagens. Atualmente é uma atividade em plena expansão, fazendo
parte do setor terciário da economia, ou seja, o da prestação de serviços, sendo considerada
uma das bases da economia do século XXI; gerando empregos, fixando o homem em seu
território e melhorando sua qualidade de vida. Por outro lado, quando ocorre de maneira
empírica, desordenada, sem planejamento adequado causa danos lastimáveis aos mesmos
setores que foram considerados no início desse parágrafo.
1.1 TURISMO
De acordo com Andrade (1992), “o turismo nasce de um conjunto de natureza
heterogênea que impede a constituição de ciência autônoma e de técnicas específicas
independentes. Não dispõe de ordenamento disciplinado e rígido, nem de metodologia
própria”.
Para Hall (2001) na atualidade o turismo vem despontando como um importante
setor de interesse acadêmico, governamental, industrial e público. Apesar de ser considerado
por alguns como a maior área de atividade econômica do mundo, o turismo é importante não
só pela dimensão que possui, quando se refere ao número de pessoas que viajam, de empregos
que gera ou quanto custa ir para certo destino; mas decorrente do impacto que exerce na vida
das pessoas e onde residem devido à forma pela qual ele é expressivamente influenciado pelo
mundo que o rodeia.
19
O turismo envolve o movimento constante de pessoas que se deslocam de seu
local de origem a um destino e vice-versa. No aporte de Dias (2003, p. 27) o deslocamento
e a permanência das pessoas longe de seu local de moradia provocam profundas alterações
econômicas, políticas, culturais, sociais e ambientais numa proporção que poucos
fenômenos sociais conseguiram gerar ao longo da história da humanidade.
Este mesmo autor ainda afirma que a “atividade tornou-se, na atualidade, ao
que se refere à economia, uma das maiores do planeta, superando setores tradicionais, tais
como a indústria automobilística, eletrônica e a petrolífera”.
Por outro lado, o turismo é uma inter-relação complexa entre produção e serviços,
em cuja formação integra-se uma prática social com base cultural, com herança histórica, a
um meio ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de
informações inter-culturais, gerando um fenômeno, cheio de objetividade/ subjetividade,
consumido por milhões de pessoas e denominado “produto turístico” (MOESCH 2000).
A localidade receptora entende o turismo como uma “indústria”
2
, cujo produto
deverá ser consumido no próprio local, sendo considerado como intangível e sem
possibilidade de estocagem. Exemplo: um leito de hotel não utilizado hoje, não tem como ser
vendido amanhã por duas vezes para compensar.
Ao se referir ao fenômeno, Fuster apud Moesch, (2000) destaca que turismo é, de
um lado, os turistas; do outro, os fenômenos e as relações que esta massa acarreta em
decorrência de suas viagens. Turismo é todo equipamento receptivo de hotéis, agências de
viagens, transporte, espetáculos, guias-intérpretes que o núcleo deve capacitar, para receber as
correntes. Turismo é o conjunto das organizações privadas e públicas que brotam, para
promover a infra-estrutura e a ampliação do receptivo, as estratégias de marketing. Também
são os efeitos negativos ou positivos que se produzem nas populações receptoras e no meio
ambiente em que esta inserido.
2
[...] o termo indústria é aplicado de forma incorreta ao turismo, pois este se situa no setor terciário da economia (setor
de prestação de serviços), e não no setor secundário (industrial). (Trigo, 1998, p. 12).
20
O conceito de turismo mais usado internacionalmente é o da Organização
Mundial do Turismo (OMT, 2002): “Soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio
de sua residência temporário e voluntário motivado por razões alheias a negócios ou
profissionais”. É um conceito simples para uma atividade de dimensões qualitativas e
quantitativas complexas. Embora alguns, principalmente os leigos, vêem o turismo apenas
como “a indústria de viagens de prazer”, trata-se de um fenômeno que avança para além das
questões comerciais e econômicas.
Para Castro (2002) o turismo pode ser visto como um conjunto intrincado de
relações. Como fenômeno social, possui a natureza pluridimensional que permite vários
caminhos de acesso para diferentes arestas de estudos, e exige interdisciplinaridade para a
compreensão. Como exemplo, as sociais, econômicas e ambientais. As relações sociais
abrangem uma recíproca dependência entre residentes e visitantes. As econômicas fazem-se
presentes no local para onde se dirige o deslocamento, abarcando transporte, hospedagem,
aquisição de produto e suvenires. As relações ambientais referem-se às dimensões culturais
com o meio físico.
O Glossário de termos específicos de turismo e de hotelaria da Revista Turismo
Visão e Ação / Universidade do Vale do Itajaí. (2000) define turismo como: - É uma atividade
econômica representada pelo conjunto de transações - compra e venda de serviços turísticos -
efetuadas entre os agentes econômicos do turismo. É gerado pelo deslocamento voluntário e
temporário de pessoas para fora dos limites de área ou região em que têm residência fixa, por
qualquer motivo, excetuando-se o de exercer alguma atividade remunerada no local que visita
(EMBRATUR, 1992). Conjunto de relações e fenômenos produzidos pelo deslocamento e
permanência de pessoas fora do lugar de domicílio, desde que tais deslocamentos e
permanência não estejam motivados por uma atividade lucrativa.
Barreto (1995) escreve que na década de 1970 surgiu uma nova linha de
pensamento, a corrente de advertência que compartilham da opinião que o turismo causa
inflação, produz fuga de capitais, traz desemprego, em virtude da sazonalidade, produz
desenvolvimento desigual e dependência externa, polui, destrói, comercializa a cultura e a
religião, ameaça à estrutura familiar e estimula a delinqüência.
21
Já Moesch (2002) em seu artigo “turismo: virtudes e pecados” expõe que o
segundo pecado se refere à dificuldade em conceituar o fenômeno, de maneira clara e
explícita o que é o turismo, como ele se atrela com as demais ciências sociais, como se
constituem as suas interfaces com outras atividades intrínsecas à sociedade, como se alinha ao
método produtivo tradicional da economia, aos seus diferentes setores e aos fatores que a
fomentam; e, finalmente, na extremidade de tal processo, configurar-se como um produto
intangível, só consumível, na base da sua gênese. O que equivale afirmar que se trata de um
produto intransportável, embasado na severidade de sua fixação localizante, quase um contra-
senso, pois turismo é sempre relacionado com o fator mobilidade.
1.2 CICLO DE VIDA DOS DESTINOS TURÍSTICOS
O desenvolvimento da atividade turística numa determinada localidade pode ser
representado no tempo por etapas com características próprias, designadas pelos ciclos de
vida do turismo que se inicia por um crescimento exponencial nas primeiras fases, até atingir
a saturação, seguido de um decréscimo acelerado ou buscando alternativas de exploração da
atividade. Leva em torno de 20 anos para se completar (BISSOLI, 1999).
O conceito de ciclo de vida do destino turístico toma como referência o mesmo
estabelecido pelo marketing de produtos, aplicando-se para a analise do crescimento e do
declínio dos equipamentos turísticos e das regiões nas quais se localizam. O modelo de
analise compreende as seguintes fases: exploração, investimentos, desenvolvimento e declínio
ou rejuvenescimento (RUSCHMANN, 2000).
Ressalta-se que todo esse processo não ocorre formatado de maneira cíclica já
descrita acima. O fenômeno turístico torna miscíveis essas fases, e só através do
conhecimento, das ações e monitoramento da atividade, os gestores do turismo poderão
maximizar os recursos e minimizar os impactos.
22
FIGURA 1 Ciclo de vida das destinações turísticas.
Fonte: R.W. Butler. The concept of a tourist area cycle of evolution: implications for Management (apud, Bissoli, 1999
p. 53).
1.3 ATRATIVOS TURISTICOS
Constitui o componente principal do produto turístico, pois determina a seleção,
por parte do turista do local de destino de uma viagem onde gera uma corrente turística até a
localidade. Podem ser naturais (paisagens, rios, cachoeiras), culturais (museus, festas
tradicionais).
A EMBRATUR (1992) apud Ruschmann (2000, p.10) conceitua atrativo turístico
como todo lugar, objeto ou acontecimento de interesse turístico.
Para Cerro apud Ruschmann (2000, p.11) “[...] todo elemento material que tem
capacidade própria, ou em combinação com outros, para atrair visitantes de uma determinada
localidade ou zona”.
Estagnação
Envolvimento
N.º
de
T
u
r
i
s
t
a
s
Consolidação
Rejuvenescimento
Tempo
Declínio
Exploração
Desenvolvimento
23
1.3.1 Pontos Turísticos
Há quem afirme que Bonito não é só o nome do município, é “adjetivo” em virtude de
que ali existem incontáveis atrativos naturais e a paisagem possui grande valor cênico.
Dos inúmeros atrativos que o município oferece, buscou-se descrever alguns que
pudessem representar a diversidade de produtos turísticos que oferece.
Gruta São Miguel
As Grutas de São Miguel situa-se na Reserva Natural Parque Ecológico Vale
Anhumas. O acesso às grutas é feito através de uma trilha pênsil com quase 200 metros de
extensão pelo meio da mata virgem. Caso seja necessário, ou se o visitante assim o preferir,
há um carro elétrico para conduzi-lo até a entrada da gruta.
O salão principal mostra uma considerável quantidade de espeleotemas,
formações calcárias antiqüíssimas e de uma variedade de formas impressionante.
FIGURA 2 Parte Interna da gruta de São Miguel
Foto de Daniel De Granville / 2005
24
Ao contrário de outras grutas da região, as Grutas de São Miguel, são cavidades
naturais secas cujo processo de evolução se encerrou há muito tempo, o que se constitui em
mais um atrativo, pois o visitante encontrará neste passeio alguns diferenciais como o mirante
para apreciação da mata.
FIGURA 3: Mirante para apreciação da floresta
Foto: www.grutasaomiguel.com.br. Acesso em 21.08.2006.
Gruta do Lago Azul
A Gruta do Lago Azul, uma das poucas cavidades no Brasil que possui um plano
racional de exploração e manejo, recebe no máximo 225 pessoas por dia. Na entrada, há uma
escadaria improvisada de pedras com mais de 290 degraus. As dimensões são incomuns,
quase 50 metros de altura e 120 metros de largura. O contraste entre a cor branca das rochas
calcárias e suas águas azuis, com os filetes de raio de sol, produz espetaculares efeitos
coloridos.
25
Na água vive apenas um verme de cavernas e um camarão albino, conhecido
como poticoara. O local é tombado pelo patrimônio histórico e acredita-se que o lago tenha
cerca de 90 metros de profundidade e que seja alimentado por um rio subterrâneo ainda
desconhecido.
FIGURA 4: Gruta do Lago Azul
Foto de Catia Arantes/2004
Aquário Natural
Situado no Parque Ecológico Baia Bonita, inicia-se o passeio pelas trilhas que
levam até a nascente, onde em meio a uma exuberante vegetação, em águas totalmente
cristalinas, o visitante poderá flutuar num mundo aquático de rara beleza e conviver por
algum tempo com seus exóticos habitantes: Piraputanga, Piau e Dourado, numa relação
amistosa e tranqüilizante. Continua-se a caminhada até o Rio Formosinho e posteriormente
termina-se o passeio com mergulhos no Rio Formoso.
26
FIGURA 5 Flutuação no Aquário Natural
Foto de Kiko Azevedo / 2003
Rio Sucuri
Num percurso de 2000 metros de água transparente, encontra-se uma rica fauna,
flora subaquática e mata ciliar exuberante. Nas margens do rio Sucuri, pode-se deparar com
variadas espécies de peixes, caramujinhos e uma densa vegetação.
FIGURA 6 Nascente rio Sucuri
Foto de Marcos Leonardo/2005
27
Passeio de Bote no Rio Formoso
Descida de bote, num percurso de 8 km e pausa para um refrescante banho. Nos
trechos de águas calmas, o turista pode admirar as paisagens nas matas ciliares do Rio
Formoso. No final do passeio se pode desfrutar de várias cachoeiras, piscinas naturais e uma
vasta área arborizada.
FIGURA 7 Passeio de bote Rio Formoso
Foto de Catia Arantes/2003
Monte Cristo Parque
Fazenda com infra-estrutura de um balneário, com várias piscinas naturais, trilhas
ecológicas, carretilha, cachoeiras. Nascente do Rio Formosinho, um dos mais limpos e
cristalinos da região. Também possui campo de futebol de areia e quadras de vôlei.
28
FIGURA 8 Vista aérea do Balneário Monte Cristo
Foto: Kiko Azevedo/2003
Balneário Municipal (Rio Formoso)
Mergulhos e lazer em rio de água limpa, campos de vôlei e lanchonete.
FIGURA 9 Balneário Municipal rio Formoso
Foto de Lauro Amaral Filho/ 2002
29
Ilha do Padre
No meio do Rio Formoso, mergulhos e lazer em rio de água limpa, piscinas
naturais, cachoeiras, lanchonetes e área arborizada. Estrados de madeira facilitam o acesso à
água em diversos pontos.
FIGURA 10 Ilha do Padre
Fonte http://www.casadacultura.org/br/MS/Bonito/rios_paisagens.html acesso
em 21.08.2006
Cachoeiras do Aquidaban
Distante cerca de 50 km de Bonito e num total de onze cachoeiras, com cinco ,
oito, dez e a última com cento e vinte metros de altura, sendo esta uma das mais altas quedas
da região, de onde se tem uma visão panorâmica da Serra da Bodoquena e da planície pré-
pantaneira, um visual deslumbrante! Também se tem a visão de uma imensa área de cerrados
e matas totalmente preservadas que pertencem à Reserva Indígena Kadiweu. Por ser uma área
totalmente preservada, o visitante pode avistar alguns animais da região. Inclusive o Urubu-
Rei, que está em extinção. O passeio tem um percurso de 1.800 metros de trilha ao longo do
Rio Aquidaban, onde além do contato com a natureza, o visitante pode relaxar nas cristalinas
águas das piscinas naturais. Ao final do passeio é servido um delicioso almoço regional.
30
FIGURA 11 Cachoeira do Aquidaban
Foto de Cátia Arantes/2003
Mergulho Autônomo
Há várias opções de mergulho, para aqueles que possuem certificação. Veja
alguns exemplos:
31
- Mergulho de Apreciação no Rio Sucuri.
FIGURA 12 Dourado no rio Sucuri
Foto de Marcos Leonardo2005
- Mergulho de Profundidade na Lagoa Misteriosa.
FIGURA 13 Lagoa Misteriosa
Foto de Catia Arantes 2003
32
É necessário credencial para mergulho e todos são acompanhados por um
instrutor. Existem equipamentos disponíveis para locação: cilindro, roupa apropriada (de
neoprene), regulador, colete equilibrador, nadadeiras, lastros e cinto. Máscara por conta do
mergulhador.
Bonito Aventura
Bonito Aventura é um atrativo turístico localizado em uma fazenda a 6 km da
cidade de Bonito no meio da mata , com árvores centenárias, rica flora e fauna , entre os rios
Formoso e Formosinho.
FIGURA 14 Receptivo do Bonito Aventura
Foto de Cátia Arantes/2003
1.4 TERRITÓRIO E GLOBALIDADE
A formação de um território
3
que indiretamente gera uma realidade que busca a
confraternização entre eles. Já a territorialidade pode ser encarada tanto como o que se
3
O território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir das relações de poder.
(SOUZA, 1995, p.78) “o território é um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que, a par de sua
33
encontra no território e de maneira subjetiva na sensibilização da população de fazer parte e
integrar a ele (ANDRADE, 1996).
Cunha (2000, p.58) define território como:
O conceito de território definido a partir das relações de poder, domínio,
controle e gestão próprias de territórios específicos, pode ser importante,
para dar consistência teórico-metodológica à relação entre os conceitos de
confiança e capital social e a concepção de desenvolvimento territorial,
quando a preocupação é com a formulação e implementação de projetos,
planos e políticas públicas que visam transformar e dinamizar
determinadas comunidades.
Bozzano (2000, p.263) observa que, “o território não é a natureza e nem a
sociedade, não é a articulação entre ambos; mas é a natureza, sociedade e articulação juntas” e
complementa que a nova realidade do território é a interdependência universal dos lugares.
Mas também se pode assegurar que as ações globais consolidam-se no lugar, a partir dele
buscam um ponto comum; entendendo que seu estudo deva contemplar seu contexto e o
entorno a que este faz parte, analisado inclusive através da globalidade.
Sendo assim, Maillat, (2002, p. 9) destaca que:
O fenômeno da globalização faz emergir o quadro local e o valoriza, pois é
na escala local que as formas de organização produtiva ancoradas no
território e inseridas na escala global são colocadas no lugar. Nessa
perspectiva, o local subentende o global através de um processo de
territorialização.
A construção de um sistema independente e integrado nas redes globais faz parte
da tática de desenvolvimento, o estado não é excluído, nem os fatores econômicos como
fundamentais do desenvolvimento, reforça-os na grandeza local, incluindo também a
sociedades, em especial os movimentos populares. O local aparece com uma boa parcela de
autonomia, mas engajado no sistema global e a acepção de desenvolvimento segue uma faceta
mais abrangente, coligando as dimensões política, cultural, social e econômica (MOURA
2003).
complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre ‘nós’ (o grupo, os
membros da coletividade ou ‘comunidade’) e os ‘outros’ (os de fora, os estranhos)”. (SOUZA, 1995, p.86)
34
Segundo Eli da Veiga (2004, p 26):
O processo de aproveitamento das novas vantagens competitivas tem sido
muito lento porque depende dos inúmeros e pouco conhecidos determinantes
do “empreendedorismo”. A ênfase no caráter endógeno de tais determinantes
- que está embutida no uso cada vez mais freqüente da noção de “capital
social” - não deve, todavia, levar a pensar que possam ser menos importantes
os determinantes exógenos que resultam da importância que o conjunto da
sociedade dá ao patrimônio natural e cultural de seus espaços rurais.
A globalização fomenta transformações locais, pois a crescente inclusão
necessária ao comércio planetário provoca alterações nas políticas governamentais como
relata Eli da Veiga (2004, p. 26-29)
Fatores supranacionais - como a integração européia ou, de forma mais
ampla, a regionalização internacional e a “mundialização” ou “globalização”
têm provocado uma heterogênea evolução das políticas governamentais. A
crescente exposição ao comércio internacional, ligada à aceleração do
progresso tecnológico, exige mudanças estruturais que permitam remover
obstáculos ao crescimento e ajudem a aproveitar novas oportunidades.
Sabe-se que as alterações estruturais demonstram relação entre os governantes e o
território pois a pertinência de uma abordagem territorial, para a qual os quadros dirigentes
estão, contudo, despreparados. Sendo que seu principal desafio é identificar ações que
permitam ensejar o desenvolvimento de regiões menos dinâmicas e que suas respostas
dependem de o porquê deste pouco dinamismo.
Para Eli da Veiga (2004) o uso do termo desenvolvimento territorial ou espacial
procura substituir a clássica expressão “desenvolvimento regional”, pois permite uma
referência simultânea ao desenvolvimento local, regional, nacional, e até continental (no caso
da Europa). Mas essa retórica do “DT” também deve muito à evolução paralela dos debates
da “economia industrial”, da “economia rural” e da “economia regional e urbana”. Nos
últimos quinze anos houve nessas três disciplinas uma forte valorização da escala “local”,
logo seguida (ou acompanhada) da necessidade óbvia e imperiosa de não isolá-la das escalas
superiores que vão até a “global”. A retórica do “DT” é certamente melhor que a do
“desenvolvimento local”, mas ambas estão longe de engendrar uma ‘teoria & prática’ que
35
venha, de fato, superar as divisões setoriais (primário, secundário e terciário) e também
permitir um tratamento integrado da divisão espacial (urbano-rural).
A esfera local tem sentido a influência do processo de globalização, onde as
relações sociais unidas por tecnologias de informação e comunicação que conseguem
transmitir informações em tempo real, amoldando comportamentos e acontecimentos locais
com fatos, que podem acontecer em qualquer parte do planeta. O que ocorre é que as
comunidades estão arraigadas em uma rede de relações com distâncias geográficas diversas e
espaço díspares e até, constituindo uma via direta entre o global e o local, ressalta-se que para
se valorar e respeitar as diferenças culturais é imperioso pensar globalmente e agir
localmente.
1.5 TERRITÓRIO E TURISMO
Com a globalização, a dependência dos povos no mundo surge como uma
realidade, exacerbando a concorrência entre os territórios, levando a uma cobrança maior de
qualidade na utilização dos recursos. Com o turismo não é diferente e essa inter-relação
possui influência mútua que causam mudanças em padrões culturais, sócio-econômico e
comportamental. Numa relação direta com os costumes e tradições das comunidades
envolvidas com o novo, introduzido pelos visitantes, fator inerente a exploração do produto
turístico. A melhoria da infra-estrutura que a atividade requer, contrasta com as necessidades
que os residentes do local estão habituados, como por exemplo quando ocorre uma sobre
carga na localidade no período de alta temporada. O que se percebe é que a capacitação
profissional das pessoas envolvidas é a chave para que o desenvolvimento ocorra com
eqüidade entre o homem e o meio ambiente.
Sabe-se que o impulso do turismo não pode se limitar apenas ao descrito abaixo,
porém sabe-se que o esteio do meio da atividade está alicerçado na necessidade básica do
homem de buscar novos lugares para a restituição de sua energia física e mental. Assim, está
vinculado a demanda humana que procura estes ambientes para descansar, ter momentos de
lazer, recreação, etc.
36
Ribeiro (2000, p.150), assinala que:
Sendo considerado um fenômeno social, o turismo tem no seu viés econômico uma
forte conjugação de preservação visitação à atividade [...] ou qualquer manifestação que
congregue a capacidade de interação, lazer e curiosidade, típicas do turista deste final de
século que, em muitos casos, está buscando um diferencial na sua visita, seja ela individual ou
em grupo.
Por ser um fenômeno intrincado, vários setores inter-atuam para que o turismo
possa ser explorado (operadoras, agências de viagens, hotéis, guias, infra-estrutura local, etc.),
promovendo a geração de empregos e fomentado a economia local, motivando a inclusão
social, por conseguinte necessitando de ordenamento para sua viabilização. MOESH in
GASTAL (2002, p.98) evidencia que:
É mundialmente reconhecida à capacidade do turismo em revigorar as
áreas adormecidas ou mortas para o bem estar social e a dinamização
da economia. Através do turismo, inúmeros fatores que
tradicionalmente carecem de maior significado no processo produtivo
de bens e serviços passam a se revestir de importância. Isso porque o
turismo utiliza áreas físicas nem sempre favoráveis à agricultura, em
virtude da existência de obstáculos como pedreiras, cavernas, grutas,
árvores centenárias, canyons, etc., dos quais se tira amplo proveito.
O turismo é uma atividade em expansão, que pode através de um planejamento
específico, gerar empregos, melhorando a qualidade vida, promovendo a inclusão social e a
integração dos povos através da troca de experiências, fonte primária do Desenvolvimento
Local, onde busca não apenas prover suas carências materiais, mas a identificação e a
ascensão das qualidades, capacidades e competências existentes na comunidade e no local.
Vale citar que, a exploração descontrolada dos atrativos, provoca a deterioração
do meio ambiente e em decorrência, decresce a demanda do turismo e, inevitavelmente
desvalorização do sítio receptor impactado.
De acordo com Carmo (apud Luchiari 1997, p.71):
37
Esse processo de destruição do meio ambiente destrói também a lógica do
funcionamento e da expansão do turismo. Este, como atividade subordinada
ao capital, gera os mesmos problemas espaciais, ambientais, sócio-
econômicos do desenvolvimento urbano clássico, apenas com algumas
peculiaridades.
A promoção de atividades sem ordenamento dos recursos ambientais e turísticos,
para a satisfação humana, acarreta o desequilíbrio do ecossistema, podendo exauri-lo num
curto período, dificultando, ou até mesmo, tornando impraticável a exploração do meio
ambiente. Aulicino (1999, p. 29) relata que:
A ação do homem, entretanto, na expansão das diversas atividades
econômicas que satisfazem suas necessidades, cada vez mais crescentes e
variadas, levam-no, muitas vezes a transformar irracionalmente o meio
ambiente, tornando mais complexas e custosas as possibilidades de
reestruturação do equilíbrio ecológico.
Há que se planejar, buscar alternativas para que o território, objeto desse estudo,
seja conservado em sua cultura, respeitando seus costumes e meio ambiente ocorrendo o
desenvolvimento de forma indutiva e equilibrada. Caso contrario é o que comumente acontece
e que nem sempre o planejamento pode respeitar os costumes locais e podem ser até
reprováveis.
Para o processo de gestão do turismo, é fundamental que este entendimento da
mudança ocorrida na sociedade em função da globalização seja trabalhado, buscando-se
alternativas que venham facilitar o crescimento da economia, a sustentabilidade dos
ecossistemas e a preservação da cultura e história das localidades. É importante destacar que
as alterações sofridas nos últimos anos nos destinos turísticos, influenciaram uma crescente
demanda de atores em movimentos sociais, na busca de melhores condições de vida. Se por
um lado houve o fortalecimento das indústrias com o desenvolvimento da tecnologia, os
processos logísticos se ampliaram e o crescimento da produção se deu de forma mais
dinâmica, o setor de serviços sofreu com a substituição da mão de obra pela mecanização,
com a padronização de alguns serviços, e, muitas vezes, com a descaracterização cultural.
38
Neste contexto da pós-modernidade e, mais especificamente, sob a esfera das
alterações que a globalização provoca na sociedade, vêm a cada dia modificando seus padrões
éticos e estruturais. As questões éticas na maioria das vezes envolvem conflitos de interesses,
ausência de honestidade e equidade, má comunicação e problemas de relacionamentos
(quando em empresas).
Segundo Fennell, (2002, p. 236):
A presença ou ausência de um comportamento ético aceitável nos locais de
turismo é mais uma conseqüência de como os turistas, as operadoras e a
população local agem e se sentem uns em relação aos outros e em relação ao
recurso de base. Entre os pesquisadores há uma opinião geral de que se deve
instaurar um equilíbrio entre os diversos participantes da indústria do
turismo para garantir que a boa vontade de alguns,[...] turista e população
local, não seja sufocada pela desconfiança de outros participantes [...] como
o governo ou a indústria do turismo.
Diante do quadro de pobreza, dos sérios problemas em que se vive no Brasil, no
que tange a educação, saúde e emprego, além da violência e das ações que destroem os
ecossistemas, é bastante salutar que as organizações assumam o seu papel social e contribuam
eficazmente para o desenvolvimento local e com a melhoria da qualidade de vida no planeta.
E que através deste movimento e do exemplo dos seus líderes, estas ações possam contribuir
para instaurar a ética no relacionamento humano e nos negócios. O turismo cria um marco de
referência para o desenvolvimento responsável e sustentável no novo milênio.
1.6 TURISMO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
A exploração turística está inteiramente ligada ao Desenvolvimento Local no que
diz respeito ao emprego das potencialidades, sejam elas sociais, ambientais e da utilização da
mão de obra da comunidade, na afinidade desta com o ambiente, interando-a e retomando a
iniciativa e a autonomia na busca da melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos,
com perspectivas de resgatar e valorizar o saber do local, respeitando os costumes e as
maneiras de arranjo da comunidade, possibilitando que cada um se sinta como fator
imprescindível para a consolidação do plano de desenvolvimento. Baseado em Verhelst
39
(1992) o desenvolvimento adequado não pode ser fotografado, pois ele ocorre, antes de tudo,
no coração e no espírito das pessoas.
O turismo é uma atividade que pode valorizar a participação da comunidade e os
recursos naturais a que está inserido. Se bem planejado, os envolvidos se sentem mais
responsáveis e investem em sua localidade, quando sabem que existe o potencial para se
tornar um pólo turístico.
Para Martins (2002) o turismo na esfera do desenvolvimento local não deve ser
apenas visto como uma atividade econômica para a qual se busca o caráter sustentável, a não
ser que se observe este processo exclusivamente como estratégia de geração de emprego e
renda. Na medida em que o turismo se funde na relação entre pessoas e não apenas entre estas
e os lugares, sua maior contribuição poderá ser resgate e o fortalecimento da identidade
cultural, da consciência humanística e não apenas ecológica e de uma formação / visão
integrada e conectiva da realidade sócio-espacial. O festival de Parintins/AM é um bom
exemplo disso, que aliado a gastronomia local e suas características peculiares promove a
valorização dos costumes gerando emprego, renda e lazer.
O fenômeno turístico, quando bem planejado, através da união e geração de
planos de ações dos governos, empresários dos diferentes setores da atividade do turismo e
populações envolvidos, torna-se uma respeitável fonte de recursos para a localidade, inserindo
a comunidade local e seu entorno, além de trazer consigo consideráveis benefícios para o
espaço como: geração de emprego, aumento da renda do local e comunidade, incentivos para
uma melhor infra-estrutura e diversificação da economia.
Martins (2002) destaca que o turismo é reconhecidamente rentável, mas também
pode ser fonte de inúmeros impactos sociais, culturais e não apenas ambientais. A rigor, não
há como se evitar os impactos do turismo sobre o ambiente ou sobre a comunidade de destino,
por mais simples ou rústico que seja.
As diferentes atividades turísticas aliadas à diversidade natural e cultural são
condições básicas para um modelo de desenvolvimento limpo em Bonito, que devem ser
40
planejadas de forma que não comprometam o meio ambiente, não alterem a paisagem, a
hidrografia, a topografia e os recursos da fauna e da flora, bem como os valores intrínsecos à
sua comunidade.
Ross (2001) analisa a evolução do crescimento turístico comparando-a com a
inter-relação social. Apesar de serem duas situações contrastantes podem evoluir a partir do
crescimento do turismo, representando coordenadas relativas a um continuum de interação
social. Num dos extremos, as mudanças sociais relacionadas ao turismo podem levar ao
desenvolvimento, representado por avanços socioeconômicos na comunidade, melhoria do
padrão de vida e um enriquecimento geral, tanto social quanto cultural, na vida de uma
cidade, levando a percepções de prosperidade social e econômica. No outro extremo, as
mudanças podem levar à dependência, representada por um crescimento econômico que deixa
a estrutura social subdesenvolvida ou reforça e intensifica injustiças sociais existentes.
As atividades turísticas estão despontando como importantes agentes
reorganizadores de espaços, impondo movimentos de analise de um processo que tem,
certamente, repercussões consideráveis. De maneira geral, o turismo tem sido entendido como
a solução mágica para resolver problemas, notadamente, os econômicos. Entretanto deve-se
ressaltar que pela ótica ambiental, não tem demonstrado um movimento totalmente
satisfatório. Pelo contrário, vem colaborando, para o aumento do processo de degradação
sócio ambiental. Como destaca Queiroz (2001), a grande questão é ao do modelo de
desenvolvimento vigente que se baseia numa forte depleção dos recursos naturais
considerados infinitos, em sistemas industriais muito poluentes e na exploração de uma mão
de obra desqualificada e barata.
No local estudado o turismo é considerado a área econômica com tendência à
expansão e ao que tudo indica atividade ali desenvolvida já apresenta sinais de
massificação, evidenciando impactos sócio-ambientais significativos (QUEIROZ, 2001).
Para a mesma autora (2001), “Embora se perceba um certo planejamento da
atividade turística em toda a área do município, observamos um exagero de fluxos de
excursionistas desrespeitando a capacidade de carga dos ecossistemas visitados”.
41
Uma das bases para que o turismo ocorra com parâmetros ecologicamente
corretos, socialmente justo, economicamente viável e auto-sustentável na região é que
estudiosos, pesquisadores e formadores de opiniões enfoquem em seus estudos e pesquisas
a quantificação, a qualificação e o fomento de atividades inerentes do turismo e portanto a
serem ali exploradas de maneira eticamente aceitáveis.
1.7 TURISMO NA SERRA DA BODOQUENA
O Mato Grosso do Sul tem atrelado o turismo às questões de caráter ambiental,
pois contém dentro de seus limites territoriais o Pantanal e sua área de entorno. Várias
localidades do estado têm se tornado “abrigo” para as pessoas que buscam a convivência com
a natureza. Segundo Ruschmann (1997), a relação com a natureza é, atualmente, uma das
maiores motivações da viagem de lazer. Mas, a autora assegura ainda que um crescimento
desordenado investe contra e descaracteriza o meio natural e urbano, isto faz com que os
turistas busquem outros locais nas quais a singularidade das paisagens e a autenticidade das
tradições culturais ainda não foram afetadas pela exploração da atividade.
No aporte de Yazigi (2001) atualmente, até cidadãos comuns já observaram que
muitos lugares no planeta estão ficando com a mesma cara, não só em razão da consciência da
globalização, mas já antes (sem que dela se falasse) pela força da evolução de tecnologias e
modismos, que eram etapas do mesmo processo. Nas cidades brasileiras isto foi banalizado
porque as tradições são bem tênues. A paisagem e o homem necessitam apertar de forma real
a sua relação, os dois evoluem e se dignificam conjuntamente, um não existe sem o outro,
pois ambos se completam e não existe maneira de separá-los, são partes integrantes de um
todo. O homem precisa reaprender a viver pacificamente com o meio natural, pois da maneira
que está ocorrendo, ele esta exaurindo os recursos naturais do planeta fundamental para sua
existência.
A Serra da Bodoquena
4
esta situada na 9ª micro região geográfica do estado de
Mato Grosso do Sul, abrangendo os municípios de Bodoquena, Bonito, Guia Lopes da
4
A paisagem atípica encontrada em Bonito se estende por uma região maior, delimitada pelo Planalto da Bodoquena
ou Serra da Bodoquena, como é popularmente conhecida. Não se trata de uma serra, e sim de um planalto com escarpa
voltada para o Pantanal, a oeste. (SOUZA, 1999, p. 11).
42
Laguna, Jardim e Porto Murtinho. É nessa região que o turismo vem se expandindo, sendo
considerado o segundo pólo turístico do estado, só perdendo, em número, para o Pantanal.
FIGURA 15 Mapa da Serra da Bodoquena
Fonte: Kiko Arantes/2006
Os atrativos turísticos
5
ali existentes merecem tratamento diferenciado decorrente
de sua fragilidade. Nas grutas da região ocorre intensa atividade microbiana, na qual o
fomento da atividade de forma desordenada e sem planejamento, compromete todo o
ecossistema.
Para Sabino (2001) os estudos mostram que é possível explorar a região sem
destruí-la. Mas a área não está livre de agressões ambientais. O turismo se não for controlado,
pode levar a uma rápida degradação dos frágeis ecossistemas locais.
Portanto, é preciso rever os conceitos de planejamento e trabalhar de maneira
integrada e sistêmica de forma a se adequar à complexidade dos ambientes, com potenciais de
desenvolvimento turístico, tanto por parte de quem produz como também de quem consome.
Na atualidade existem profissionais, de diferentes searas, que estão trabalhando
para uma maior sensibilização e melhor qualificação das pessoas abarcadas com a atividade
5
Atrativo turístico é o elemento que motiva a visita turística; pode ser natural (paisagens, rios, cachoeiras, etc.)ou
cultural (museus, festas tradicionais, construções de valor artístico ou histórico, etc.). (RUSCHMANN 2000).
43
turística na região, aperfeiçoando o capital físico-econômico e humano. Na busca de uma
participação mais ativa da população envolvida.
No relato de Mariani (2001) sobre a visão da maioria, a participação é uma
falácia, pois considera o povo sem preparo intelectual e, portanto, incapaz de compartilhar a
gerência de uma atividade tão complexa como o turismo. Para outros é uma maneira
politicamente correta ou um pormenor técnico que deve ser cumprido através de um
cronograma. Porém, se bem empregada, a participação social é a única chance que tem um
plano de turismo de manter sua legitimidade e exigüidade.
O que se pode perceber é que possui estreita ligação com o pensamento de Abu-
el-Haj (1999) quando narra que o fomento do capital físico-econômico e do capital humano é
alcançado na medida em que as relações de confiança e reciprocidade aumentam. Em outras
palavras, em duas ou mais comunidades em que o nível educacional das pessoas e os recursos
materiais oferecidos são constantes, o que distingue o desempenho de seus membros é a
confiança estabelecida, que permite mobilização coletiva e maximização dos recursos
individuais existentes. A capacidade de ação é ampliada em situações em que a confiança
permeia uma coletividade (ou associação), facilitando o uso de recursos sócio-econômicos e
humanos disponíveis.
A exploração do turismo precisa ser planejada, pois está intrinsecamente ligada às
políticas públicas, à iniciativa privada e ou à parceria de ambas, e é obrigação de seus gestores
contemplar no planejamento, interesses variados e ações conflitantes para ser reconhecido
como área social, sobretudo, apresentar na gestão territorial, o alicerce de ações e na educação
ambiental - dos turistas, do trade
6
e da comunidade - a garantia para as gerações posteriores,
da “imagem” (representação mental e sensorial) deste lugar, gerando inclusão e destacando o
capital humano e o capital social (MENEZES, 2004).
6
É um conjunto de agentes, operadores, hoteleiros, transportadores e prestadores de serviços turísticos; utilizado
também como sinônimo de mercado ou de setor empresarial. (RUSCHMANN, 2000)
44
2 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
Este capítulo contemplará a descrição do objeto de estudo, considerando os
aspectos históricos, geográfico e social do Planalto da Bodoquena, enfocando o município de
Bonito e suas peculiaridades em potencialidades turísticas.
2.1 SERRA DA BODOQUENA: LEVANTAMENTO HISTÓRICO, GEOGRÁFICO E
SOCIAL.
De relevado valor para o desenvolvimento local, o lugar “é o quadro de uma
referência pragmática ao mundo [...], mas, é também teatro insubstituível das paixões
humanas, responsáveis, através da ação comunicativa por meio das mais diversas
manifestações da espontaneidade e da criatividade” (SANTOS, 1997, p. 258). A partir do
lugar pode-se ter um ponto comum; desta forma não se consegue entendê-lo estudando
apenas, mas deve-se analisar o contexto, o entorno a que este faz parte.
2.2 O PLANALTO DA BODOQUENA
O Planalto da Bodoquena insere-se adequadamente nas novas tendências da
demanda turística global, especialmente entre os segmentos mais qualificados e motivados
culturalmente, fator este que supõe um maior grau de sensibilização e respeito por valores
locais como a conservação de seu patrimônio, sua história, sua cultura, etc, fundamentais para
que se explore racionalmente o ecossistema. Com condições naturais adequadas para a
atividade do turismo, geografia favorável, história rica em sua formação cultural e social,
pretende-se aqui apresentar aspectos que fornecerão subsídios para se empreender e conhecer
uma das regiões com grande apelo de consumo turístico do país, aliando exploração de
45
recursos naturais com o fortalecimento das potencialidades socioeconômicas do lugar.
(MARIANI, 2001).
2.2.1 Histórico da Região
Servindo de palco para a disputa de terras entre Espanha e Portugal, no início do
período colonial, a porção ocidental do estado de Mato Grosso do Sul era habitada por índios
guaicurus, caçadores e coletores, hoje representados pelos Cadiueus
7
(CAMPESTRINI,
1995).
A Espanha, embora tenha desbravado a América do Sul, em um curto período de
tempo, foi o suficiente para dizimar importantes civilizações como o império Asteca (no
México) e os Incas (Peru) que já estavam dominados em 1531. (CAMPESTRINI, 1995).
Em 1542, a região tornou-se conhecida através do desbravamento realizado pela
expedição liderada por Cabeza de Vaca que se embrenhou no Paraguai, nos chacos e, por fim,
no Pantanal. O Peabiru, cujo significado é grande trilha, caminho aberto e utilizado pelos
índios tupi-guaranis, conhecida pelo homem branco como Estrada Selvagem, foi muito
utilizada pelos Bandeirantes. Iniciava-se em São Vicente, no litoral paulista, atravessava o sul
do Planalto da Bodoquena e encerrava-se na região do rico império Inca (BEHR, 2001).
Os jesuítas fixaram-se por um período na região em busca da catequizar os índios,
porém tiveram que abandonar o território por pressão da metrópole em conseqüência de terem
monopolizado a mão de obra indígena, perdendo assim o apoio dos colonos espanhóis e
autoridades. (CAMPESTRINI, 1995).
A região do Planalto da Bodoquena foi um ponto estratégico desde o séc. XVI,
pois ligava o estuário do Prata aos Andes, mais tarde fez parte da rota obrigatória para os
Bandeirantes que rumavam ao lugar legendário denominado Serra da Prata, onde estaria
localizada "Potosi", montanha de cerca de 600 metros, quase que de prata pura. (BEHR,
2001).
7
Cadiueu: Bras.S. 1.Indivíduo dos cadiueus, tribo indígena guaicuru do sul de MS.(FERREIRA, 1986, p.310)
46
Ressalta-se aqui, a importância da utilização dos rios sul-mato-grossenses como
as rotas fluviais que rumavam para o norte em busca de ouro, o qual foi descoberto em Cuiabá
(1718), decorrendo deste fato a criação da Capitania de Mato Grosso, 30 anos depois, sendo
que o primeiro núcleo habitacional foi fundado em l7l9 na Fazenda Camapuã.
(CAMPESTRINI & GUIMARÃES, 1995).
Por muito tempo, o Planalto da Bodoquena, foi apenas o caminho para as minas,
sem necessidade de fixação, só com o governador Luís de Albuquerque, que administrou a
Capitania de Mato Grosso entre 1772 a 1789, iniciou povoados e fortificou a região com a
construção, em Corumbá, do Forte Coimbra. (CAMPESTRINI, 1995, p. 24).
Em l797, os espanhóis se apressavam em fixar território pela região, levando os
portugueses e brasileiros a edificarem o Forte-presídio de Miranda, às margens do rio que lhe
valeu o nome. Em curto espaço de tempo, nasceu um povoado a seu redor que deu origem a
cidade de Miranda, atualmente com cerca de 40 mil habitantes e é uma das portas de entrada
para o Planalto da Bodoquena e Pantanal. (CAMPESTRINI, 1995).
Com o ouro se escasseando em Cuiabá, a população se deslocou para o sul,
iniciando na região a cultura da erva mate e o ciclo da pecuária, que perdura até os dias atuais.
A efetivação da ocupação sul-mato-grossense ocorreu com a migração de paulistas, mineiros
e mais recentemente de gaúchos. (VARGAS, 2001).
Independentes da Espanha, o Paraguai e a Bolívia reivindicaram a região ocupada
por brasileiros e a partir da segunda metade do século XIX, acirraram-se os conflitos por
terras e limites fronteiriços entre os dois países. (CAMPESTRINI, 1995).
Neste período o Paraguai invadiu o Brasil em represália à intervenção brasileira
na guerra civil do Uruguai. A Guerra com o Paraguai (1864-1870), segundo diferentes
historiadores, foi a maior intervenção brasileira em terras estrangeiras e o mais sangrento
conflito da América do Sul e uma das maiores barbáries da humanidade. Esta desavença foi
um divisor dentro da evolução econômica e histórica de Mato Grosso do Sul, em especial na
região estudada. (VARGAS, 2001).
47
Com a liberação das vias fluviais para a navegação através do Rio Paraguai,
facilitando o ingresso do capital estrangeiro, ocasião em que o porto de Corumbá tornou-se o
mais importante da América Platina e com o advento da estrada de ferro, Mato Grosso tornou-
se o corredor de exportação do sudeste. Grandes programas agrícolas buscam desenvolver a
atividade no centro-oeste. Entre l950 e l970 a atividade mais importante foi à pecuária,
contudo a migração de sulistas introduziu a cultura cafeeira nas terras férteis, entretanto,
foram prejudicadas com as geadas que ocorreram neste período (BEHR, 2001).
A divisão do estado de Mato Grosso em 1977 e a criação do estado de Mato
Grosso do Sul e já na década de 1980, migrantes do sul do Brasil e empresários paulistas,
incrementaram as lavouras de arroz, milho e soja, esta última segue a tendência do consumo
mundial e continua crescendo a cada dia, sobretudo nas áreas de entorno do pantanal, ou seja,
nos planaltos que o circundam (BEHR, 2001).
2.2.2 Histórico do turismo da região
O turismo é hoje uma atividade em plena expansão, fazendo parte do setor
terciário da economia. A prestação de serviços vem sendo considerada uma das bases da
economia do século XXI, gerando empregos, fixando o homem na terra, preservando sua
identidade cultural e melhorando sua qualidade de vida, ponto primordial do desenvolvimento
local (MENEZES, 2004)
Sabendo da fragilidade dos seus atrativos, a população da região buscou, desde
os primórdios da década de 1990, respaldada nos reflexos da ECO 92, soluções para
minimizar os impactos inerentes da exploração turística. Afirma Behr (2001, p. 28)
[...] A realização no Brasil da Eco 92 e a evidência da questão ambiental,
criaram nesta época, um cenário favorável à institucionalização de
procedimentos disciplinadores. Foi este período as primeiras experiências
com vista à fixação de limites para o número de visitantes em alguns
passeios.[...] Esta iniciativa, entretanto, não foi suficiente para impedir atos
predatórios, especialmente nas grutas.[...] Todo este processo provocou um
crescimento acelerado da atividade turística na Serra da Bodoquena.
48
A evidente fragilidade do ecossistema do Planalto da Bodoquena é percebida no
turismo descontrolado e sem monitoramento, realizado em algumas áreas do lugar, quando
danos ambientais tornam-se irreparáveis como o raleamento da mata ciliar, destruindo assim,
a biodiversidade. Exemplo disto é o que vem acontecendo com alguns balneários da região
(Balneário do Seu Adauto no município de Bodoquena e a interdição de parte do Balneário
Municipal de Bonito) (MENEZES, 2002).
FIGURA 16 Área do Balneário interditada
Foto de Lauro Amaral Filho//2002
O aspecto do relevo cárstico, aliado as porções de mata ainda preservada, torna o
Planalto da Bodoquena uma paisagem singular e de excepcional beleza, sendo muito
procurada para a prática de atividades ligadas ao ecoturismo. Os atrativos naturais presentes
no mesmo merecem tratamento diferenciado, dado à sua fragilidade. As cavidades naturais
subterrâneas constituem ambientes únicos, onde ocorrem espécies endêmicas. Nas grutas da
região ocorre intensa atividade microbiana na qual o fomento da atividade turística de forma
desordenada e sem planejamento, compromete todo o ecossistema. (SOUZA, 1999)
Na atualidade, o turismo na região está comedidamente organizado, porém
observa-se que a falta de integração entre as partes envolvidas é que emperram o
desenvolvimento da atividade decorrente da ausência de sensibilização, tanto da população
local quanto do poder público. Na região estudada, cada vez mais, o turismo se consolida, um
número considerável de empreendimentos surgem a cada dia, são meios de hospedagem, que
49
vão de uma simples pousada à mega hotéis, proprietários de atrativos naturais preparam seu
produto e os colocam no mercado (MENEZES, 2002).
2.3 ECONOMIA
Um dos fatores que embasam o desenvolvimento local é o setor da economia
aliado ao do sócio-ambiental, pois se relacionam com o bem estar, condições de ocupação e
sobrevivência do lugar (MENEZES, 2004).
Na época presente a economia desenvolve-se seguindo o caminho tradicional, ou
seja, as fazendas são latifúndios, explorando a monocultura e a pecuária extensiva, porém, o
Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL) aliado ao setor terciário da economia
(prestação de serviços) influência sobremaneira a economia atual na região, absorvendo a mão
de obra local (VARGAS, 2001).
2.4 ASPECTOS GEOGRÁFICOS
O Planalto da Bodoquena é praticamente todo constituído por rochas carbonáticas
muito puras, que se originam por deposição no fundo de um antigo oceano que ali teria se
formado há 550 milhões de anos. Assim, Souza (1999, p. 15) apresenta as seguintes
considerações “Os calcários expostos no Planalto da Bodoquena tiveram origem entre 550 e
570 milhões de anos, durante o período Pré - Cambriano, quando ali se abriu um oceano.
Durante a formação deste oceano não existia a Cadeia dos Andes e muito menos o Pantanal,
cuja origem teria ocorrido há 60 milhões de anos”.
O Planalto da Bodoquena constitui feição de relevo carste
8
localizada na porção
centro-sul do Estado de Mato Grosso do Sul, na borda do Pantanal do Nabileque, onde se
localizam os municípios de Bodoquena, Bonito e parte de Jardim, Guia Lopes, Porto
Murtinho e Miranda. Esta unidade geomorfológica é sustentada por rochas carbonáticas do
Grupo Corumbá de idade pré-cambriana, e apresenta forma alongada, na direção norte-sul,
8
A palavra carste é a adaptação para a língua portuguesa do termo karst, o qual, por sua vez, é originário da antiga palavra européia
karra, que significa pedra e empregada pelos habitantes da Eslovênia, na fronteira com a Itália, onde a presença de rocha calcária
deu origem a um relevo caracterizado por rochas expostas com inúmeras feições de dissolução (SOUZA, 1999, p.15)
50
com 200 km de comprimento e largura variando de 10 a 70 Km. Inclinado para leste, tem em
sua borda oeste, escarpa de 200 m de desnível, voltada para o Pantanal. No centro há um
amontoado rochoso onde se encontram as maiores altitudes da região que atingem por volta
de 750 m. Neste maciço
9
, denominado Maciço do Rio Perdido, as rochas são aflorantes, com
densa floresta ainda preservada. Para leste, as altitudes diminuem gradativamente até onde o
planalto se limita com a planície do Rio Miranda com altitude variando entre 200 e 300m
(BOGGIANI, 1999).
FIGURA 17 Área de localização do planalto da Bodoquena.(2004)
Fonte: Kiko Azevedo (2004)
As rochas presentes no substrato rochoso são solúveis e dão origem a inúmeras
cavernas, dolinas e demais feições de relevo cárstico. Os rios que drenam o planalto
nascem em rochas carbonáticas muito puras, resultam em águas límpidas e bicarbonatadas,
o que proporciona os depósitos carbonáticos fluviais denominados tufas calcárias
9
S. m. [...] 7.Grande massa, corpo, ou conjunto: um maciço de relva. 8. Arvoredo ou mata fechada, sem
clareiras. 9. Conjunto de montanhas grupadas em volta de um ponto culminante. (FERREIRA, 1986, p.1059).
51
(BOGGIANI, In SOUZA, 1999). Estas tufas calcárias têm o crescimento relacionado ao
desenvolvimento de musgos e algas microscópicas, dando origem a formações de grande
valor cênico. São depósitos carbonáticos muito frágeis (Figura 18), diretamente
dependentes das condições de qualidade das águas e intensamente procurados como
atrativos turísticos.
FIGURA 18 Cachoeira do Córrego Seco
Foto de Catia Arantes / 2003
2.5 BONITO UM MUNICÍPIO NATURAL
O município de Bonito é o verdadeiro “portão de entrada” da exuberante região da
Serra da Bodoquena. A sede do município é uma cidade pacata (Figura 19), porém seus
arredores escondem grutas, córregos e rios de águas transparentes, morrarias e penhascos com
excelentes oportunidades de agregar valor econômico aos moradores do local, através do
incremento da atividade turística de maneira racionalizada, gerando renda e melhorando a
qualidade de vida de todos os envolvidos (MENEZES, 2002).
52
FIGURA 19 O cotidiano da cidade de Bonito
Foto de Kiko Azevedo/2003
2.5.1 Histórico
Bonito tem sua origem na história da formação do município de Miranda, ligada à
expansão espanhola do século XVI no vale do rio Paraguai, como ponto de apoio às
expedições que pretendiam alcançar as minas do Peru. Em 1580, Ruy Dias Melgarejo funda a
primeira cidade de Santiago de Xerez, às margens do rio Mbotetei (rio Miranda). Após vários
conflitos com os nativos que habitavam a região, o povoado desloca-se para as margens do rio
Mondego (Aquidauana), permanecendo apenas algumas famílias que conviviam
pacificamente com os indígenas. Esse relacionamento amistoso facilitou a implantação da
Missão Itatim, alvo constante de ataques de bandeirantes paulistas e colonos espanhóis que
pretendiam aprisionar os índios e mestiços aldeados para escravizá-los. (VARGAS, 2001)
Durante a Guerra contra o Paraguai vários colonos e fazendeiros ajudaram no
abrigo e condução das tropas até a região de fronteira. Também os índios Guaicurus
participaram dos combates. Como relata Vargas (2001, p.131) “Essa região também foi palco
durante o período de 1864- 1870, da guerra contra o Paraguai. A população, assim como os
guaicurus, participaram do confronto ao lado das tropas chamadas Tríplice Aliança.”
53
A Fazenda Rincão Bonito, de propriedade do Sr. Euzébio, foi adquirida pelo
Capitão Luiz da Costa Leite Falcão, que chegara na região em 1869, com a missão de
expulsar os índios, sendo considerado seu primeiro desbravador. O Capitão Falcão foi o
primeiro escrivão e tabelião do lugar, facilitando a fixação dos primeiros moradores da vila.
Em 11 de junho de 1.915, a vila Rincão Bonito é elevada a Distrito de Paz de Bonito,
desmembrando-se a área do município de Miranda, mas com subordinação administrativa. Foi
elevado à condição de município somente em 02 de outubro de 1.948 (VARGAS, 2001).
2.5.2 Aspectos Geográficos
Bonito possui uma área de 4.934 Km², limitando-se ao norte e nordeste com os
municípios de Bodoquena e Anastácio, respectivamente; a leste Nioaque; a sudeste Guia
Lopes da Laguna; ao Sul Jardim; a sudoeste e oeste Porto Murtinho, localizando-se a 330 km
de Campo Grande. As coordenadas geográficas do município são: Latitude Sul 21° 07’ 16’’ e
Longitude Oeste 56° 28’ 55’’(Prefeitura Municipal, 2004).
O clima do município é tropical úmido, com temperatura média anual de 22° C e
precipitação pluviométrica anual variando em torno de 1.500 milímetros, tendo um período
seco de três a quatro meses por ano, com temperatura bastante baixa. (VARGAS, 2001)
FIGURA 20 Amanhecer de Bonito no inverno
Foto de Kiko Azevedo/2003
54
O seu relevo pode ser dividido em dois, ou seja, no Planalto da Bodoquena
(Figura 21), que tem características relacionadas às litologias calcárias, e a depressão do rio
Miranda que apresenta uma superfície mais baixa. (VARGAS, 2001, p.133).
FIGURA 21 Paisagem típica da região de Bonito com a Serra da Bodoquena
Foto de Kiko Azevedo/2004
Em função de uma reordenação do espaço geográfico, Bonito foi incentivado
através de financiamentos para o plantio de cafezais no início dos anos de 1970. A colheita
não foi como o esperado o que ocasionou a imediata substituição da cultura do café por
pastagens, realizando, assim, a cria e engorda de bovinos. Segundo Vargas (2001, p.139):
“Bonito, em 1996, reunia mais de 300 mil cabeças de gado, sendo que em 1970 o efetivo
bovino não chegava a 60 mil”.
A modernização agrícola dos anos 1960 fez com que aparecessem sérios
problemas relacionados ao ambiente natural, como o desmatamento, a queimada e a matança
de animais silvestres (VARGAS, 2001).
Atualmente, parte da economia do município de Bonito baseia-se no turismo, que
vem despontando como uma atividade sustentável e promissora para toda a comunidade local,
55
quer seja de forma direta hotéis, agências, restaurantes ou indireta farmácia, loja de
sapatos, etc.
2.5.3 Aspectos Sociais
10
A população do município é de 17.391 e a urbana é de 12.928, o que corresponde
à cerca de 74,3%, onde se pode perceber através de estudos anteriores que este percentual
sofreu pouca alteração, pois pelos dados disponibilizados a população urbana de Bonito
correspondia a 73,2% de seu total e é constituída de descendentes de índios, paraguaios e os
imigrantes que colonizaram a região (gaúchos, mineiros e paulistas). A população está
distribuída em 3,43 habitantes por Km² (IBGE, 2004).
Bonito não possui tratamento de água, a disponibilizada para a população é
oriunda de fontes subterrâneas, retirada através de poços, possui uma rede de distribuição de
água de 69.687m, perfazendo um total de 3.685 ligações (SANESUL/ Bonito - 2004).
FIGURA 22 Captação de água de Bonito
Foto de Lauro Amaral Filho/2002
O Sistema de Esgoto, segundo dados do PDTUR (2004), é deficiente, com uma
rede de captação de 12.000m. O município busca soluções para seus resíduos, apesar de
existir uma unidade de tratamento, não atende condizentemente às necessidades da população.
10
Dados levantados por meio eletrônico, através dos sites: www.bonito-ms.com.br e www.ibge.gov.br,
acessados em 10 de novembro de 2004.
56
2.5.4 Aspectos Econômicos.
A pecuária tem um papel muito forte na economia local e vem aprimorando-se
com a implantação de novas instalações e técnicas modernas, inclusive a da inseminação
artificial que está sendo aplicada em várias propriedades rurais. Há no município o
predomínio de propriedades rurais que exploram a pecuária extensiva destinada para corte,
cria e recria, sendo que, atualmente este rebanho atinge 306.000 cabeças. Existindo ainda
pequenos rebanhos de ovinos, caprinos e suínos. A festa de peão do clube do laço (Figura 23)
possui importante papel para o lazer da população local (PREFEITURA MUNICIPAL, 2004).
FIGURA 23: Festa clube do laço.
Foto de Catia Arantes/2004
O município possui uma área agricultável em torno de 17.000 hectares, ressalta-
se que este número foi bem maior em anos anteriores. A predominância é de soja e milho,
mas também existem plantações de arroz, feijão, milho, mandioca e outros produtos
(PREFEITURA MUNICIPAL, 2004).
Bonito é visitado por aproximadamente 73.000 turistas por ano (ver anexo I),
sendo o turismo responsável por aproximadamente 56% dos empregos gerados. A atividade
abrange sítios turísticos, meios de hospedagem, transporte, alimentação, agências e guias de
57
turismo. Os passeios atendem aos mais variados estilos: caminhada, flutuação, cavalgada,
mergulho autônomo e rapel. A busca por educação ambiental e cultural permeia grande parte
destes lugares, alguns desenvolvem atividades específicas na área (Figura 24). Não se tem
dados oficiais sobre a movimentação financeira do turismo no ano de 2002, no entanto é
interessante dizer que em 1999 a movimentação foi de R$ 17 milhões. (PREFEITURA
MUNICIPAL, 2004)
FIGURA 24 Projeto reciclagem Projecto vivo Brazil Bonito
Foto de Catia Arantes / 2004
2.6 TURISMO EM BONITO.
A região de Bonito vem buscando explorar o turismo de forma articulada com a
conservação ambiental. O ecoturismo se encaixa em diversas atividades no conceito de
desenvolvimento sustentável. Requer, porém, constantes avaliações objetivando buscar a
gestão equilibrada para que a população que têm ali sua sobrevivência, não as comprometam
para as futuras gerações (BOGGIANI, 2001).
Até a década de 1980, a economia de Bonito baseava-se na mineração de calcário
e na agropecuária. O turismo mudou lentamente esse perfil, pois alguns empreendedores
começaram a se sensibilizar buscando a exploração da atividade de maneira correta. Para
Boggiani (2001, p. 157) “A indicação da atividade turística como alternativa econômica para
a região era tão ridicularizada por alguns e colocada em dúvida por outros. Eram poucos,
58
naquela época, que vislumbravam o sucesso do turismo do município; ao mesmo tempo, o
incentivo dessa atividade inspirava preocupação devido ao risco de ela vir a promover maior
rigor da fiscalização ambiental o que era visto com reservas por uma sociedade até então
extrativista”.
Em decorrência dos fatos descritos anteriormente, surgiu na região, o primeiro
curso de Guia de Turismo, fazendo com que os proprietários acreditassem que dali sairiam
pessoas capacitadas para cuidar de seus empreendimentos, com o limite aceitável de câmbio
11
(BOGGIANI, 2001, p.157).
Atualmente, o turismo cresce cada vez mais na região. Grandes Hotéis foram
construídos como o Hotel Zagaia
12
(Ver Figura 25), Wetega, Pira Miúna, Betione, Hotel
Fazenda Santa Esmeralda e vários outros do mesmo porte. Segundo Behr (2001, p.26)
“atualmente o Planalto da Bodoquena se configura como o segundo pólo turístico do Estado
de Mato Grosso do Sul, perdendo em número de turistas, apenas para o Pantanal”.
FIGURA 25 Hotel Zagaia Blue Tree
Foto de Kiko Azevedo / 2004
11
Limite aceitável de câmbio ao invés da preocupação com o quanto de uso está ocorrendo numa destinação, o
que equivale a considerar o número de visitantes pelo método tradicional de CC, preocupa-se com o efeito do
uso turístico sobre a expectativa dos visitados e visitantes. A partir dessa premissa estabelece o sistema de
planejamento para o LAC consubstanciado em etapas predefinidas de ações e medidas (RUSCHMANN, 2000,
p.62).
12
Atualmente, o Grupo Zagaia está sendo administrado pela rede internacional Blue Tree de Hotéis.
59
De 1983 até a atualidade (2006), os passeios em fazendas começaram a ser
explorados, oferecendo diversos atrativos como, alimentação regional, mostrando que a
atividade turística pode agregar renda por meio da utilização de áreas adormecidas
13
.
Começaram a cobrar uma taxa por visitante, a fim de melhorar a infra-estrutura, construindo,
assim, as primeiras escadas e deques
14
(Ver figura 26) de acesso aos rios para que evitassem o
impacto ambiental negativo, disciplinando a visitação. Surgiram, também nessa época, as
primeiras preocupações com o meio ambiente, sendo criado o COMDEMA Conselho
Municipal de Meio Ambiente (VARGAS, 2001, p. 141).
Em 1988, a Prefeitura de Bonito desapropriou a área onde hoje se encontra o
Balneário Municipal, que segundo Boggiani (2001, p. 155) “tem como objetivo de atender
mais a população local do que com o intuito de torná-lo um empreendimento capaz de atrair
turistas”.
FIGURA 26 Rio Formoso – Balneário Municipal de Bonito
Foto de Catia Arantes / 2003
13
Áreas Adormecidas: o turismo recicla tais elementos, incorpora homens e meios a novos processos, estimula
novos afazeres, gerando novas ocupações, novos empregos. Através das práticas artesanais, dos manufaturados
das pequenas indústrias, dos produtos coloniais, o turismo incrementa a produção, promove o aumento da renda
familiar, garante o comprometimento com novos consumos qualitativos. O turismo desperta aldeias e núcleos
ignorados, incorporando-os aos municípios e as regiões turisticamente privilegiadas. (MOESCH, 2002, p. 99).
14
Deques são terraços ou plataformas feitas de tábuas geralmente paralelas (FERREIRA, 1986, p. 538).
60
Após a Eco-92 aconteceram em Bonito as primeiras experiências com visitas e a
fixação de limite para a quantidade de visitantes em algumas localidades. Segundo Behr
(2001, p. 28) “somente no início da década de 90, a região de Bonito começava a se projetar
cada vez mais no cenário brasileiro e mundial, como um importante pólo turístico”. Ainda
para este autor, “Todo esse processo provocou um crescimento acelerado da atividade
turística na Serra da Bodoquena, pois em 2001 existiam 32 agências de turismo na cidade de
Bonito. Visitaram a Serra da Bodoquena cerca de 60 mil turistas em 2000”.
Queiroz (2001, p. 26) constata que “em Bonito todos os passeios são pagos e
devem ser realizados com o acompanhamento de um guia credenciado pela associação local
de guia. Os valores cobrados são considerados altos e tornam a viagem cara, principalmente
para aqueles que viajam em família”.
As opções de diversão e aventura são inúmeras: trekking, banhos de cachoeira,
grutas de águas cristalinas, como a Gruta do Lago Azul, flutuação nas correntezas de rios
como Sucuri, da Prata e Formoso, raffting, mergulho autônomo (com cilindros de oxigênio),
trilhas de bike, parapente e ultraleve (QUEIROZ, 2001).
FIGURA 27 “Céu de Piraputanga” flutuação no aquário natural Baia Bonita
Foto de Marcos Leonardo / 2005
61
Bonito é considerado um referencial do desenvolvimento turístico, prova disso
ocorreu no primeiro semestre de 2003, quando o município foi indicado pelo Ministério de
Turismo para representar o Brasil na Espanha. Convite feito pela União das Capitais Ibero
Americanas, com sede em Madri (COMTUR, 2003).
Para Queiroz (2001, p. 26) “o turismo em Bonito atingirá a sua fase de saturação
num futuro próximo e a partir daí tenderá a decair como destino turístico”, afirma ainda que
alguns locais já apresentam sinais de massificação [...] Embora perceba-se um certo
planejamento da atividade turística em toda a área do município observa-se um exagero de
fluxos de excursionistas desrespeitando a capacidade de carga dos ecossistemas visitados [...].
A maneira como a atividade ecoturística vem ocorrendo em Bonito pode, em curto prazo,
levar ao desgaste da localidade e destruição de seus atrativos naturais.
Este fato só não ocorrerá se os responsáveis pela exploração da atividade
buscarem soluções num planejamento adequado, eficiente e duradouro.
2.6.1 A Estrutura Turística do Município
Até a década de 1970, os únicos atrativos de Bonito eram a Gruta do Lago Azul e
a Ilha do Padre, visitados principalmente pelos moradores do município, além de seus amigos
e parentes que moravam em outras regiões (VARGAS, 2001).
No final da década de 1980, houve um discreto aumento de visitantes, que
procuravam também o Aquário Natural, as Cachoeiras do Mimoso (Figura 26) e o Rio Sucuri,
além do passeio de Bote, quando os proprietários despertaram para a exploração econômica
de seus atrativos. As autoridades locais em 1988 autorizaram a desapropriação da área que foi
transformada no Balneário Municipal, visando atender a comunidade (BOGGIANI, 2001,
p.155).
A infra-estrutura e a organização dos passeios era ainda precária, tendo apenas
duas agências e alguns hotéis de acomodações simples na cidade (VARGAS, 2001).
62
Em 1993 o fluxo de turistas sofre aumento expressivo após a transmissão em rede
nacional de diversos documentários sobre a região. São deste período as primeiras
experiências de limitar o número de visitantes em alguns passeios (BOGGIANI, 2001).
A realização do primeiro Curso de Formação de Guias de Turismo, em 1993,
patrocinado pelo SEBRAE,e Prefeitura Municipal de Bonito, e coordenado pela Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul, constituiu o marco inicial para a profissionalização do
turismo em Bonito. Desde essa época mais três cursos de formação de guias foram realizados,
suprindo a crescente demanda turística (BOGGIANI, 2001, p.155).
FIGURA 28 Acampamento técnico curso de guia Estância Ecológica Rio da
Prata
Foto de Lauro Amaral Filho / 1997
Em 1995, a Lei Municipal 689/95 tornou obrigatório o acompanhamento de guias
de turismo nos passeios turísticos locais. Seu credenciamento pela Embratur garante
segurança ao visitante, aliada a uma variedade de informações sobre o local visitado, ao
mesmo tempo em que se torna um fiscal da preservação ambiental (BOGGIANI, 2001).
Ainda em 1995, a estruturação da atividade turística foi complementada pela
aprovação da Lei Municipal 695/95 que instituiu o Conselho Municipal de Turismo
COMTUR, integrado por quatro representantes escolhidos pelo Chefe do Executivo
Municipal e por seis representantes dos segmentos ligados ao trade turístico local,
63
posteriormente alterado para sete representantes. Simultaneamente foi instituído o Fundo
Municipal de Turismo, o FUTUR (COMTUR, 2004).
O COMTUR tem como principal objetivo fomentar o turismo de maneira
organizada e sustentável no município, apoiando ações que visem divulgar o município de
Bonito em outras regiões, dando apoio ao trade e à comunidade, seja na implantação de
alguma atividade ou na parceria de projetos de cunho social (COMTUR, 2004).
Embora o estatuto do COMTUR instituiu reuniões quinzenais, estas acontecem
semanalmente. Aos conselheiros são apresentadas propostas e solicitações de apoio às
atividades ligadas ao turismo, que são discutidas em sessões abertas ao público, votadas e
registradas em ata (COMTUR, 2004).
Os Conselheiros representam as associações de classe, são eleitos por voto direto
e cumprem mandato de dois anos. As seguintes associações estão representadas no
COMTUR: Associação Comercial, Associação dos Transportes, Associação Bonitense de
Hotelaria, Associação de Agências de Turismo, Associação de Guias de Turismo, Associação
dos Atrativos Turísticos, Associação de Operadores de Bote, Sindicato Rural e IBAMA. Os
representantes do Executivo Municipal são: Vice-prefeito, Assessor Jurídico, Secretário de
Turismo, Indústria e Comércio, e um representante da Câmara de Vereadores.(COMTUR,
2004)
A Resolução Normativa nº 09/95 do COMTUR regulamentou a instituição do
Voucher Único
15
, principal instrumento para viabilizar o ordenamento da atividade turística
em Bonito. No valor do ingresso está incluído o pagamento para a agência, para o atrativo
15
Para Mariani (2001) O número crescente de agências da cidade e os problemas advindos da falta de um
procedimento único para o atendimento do turista provocaram a tentativa de unificação do sistema pela
padronização denominado voucher. No estágio inicial do turismo, não havia um documento único para controlar
o encaminhamento do turista ao atrativo, tampouco uma forma única e respeitada por todos, para o
desdobramento do processo, como a retenção dos valores devidos ao guia, ao atrativo e impostos municipais. A
constatação pelo trade de que o Voucher único iria resolver o problema de superestimativa de impostos
assegurou sua aceitação imediata no meio. Ficou evidente para todos os envolvidos que a Prefeitura não iria
cobrar mais do que era devido e, por sua vez, ocorreu o controle adequado e descentralizado da arrecadação, já
que o interesse da agência, do guia de turismo e do atrativo turístico, em contabilizar exatamente os seus ganhos,
fez com que inexistisse a necessidade de um sistema de fiscalização formal pela própria Prefeitura. Outro
problema que foi resolvido pelo Voucher único foi o da padronização das informações aos diversos envolvidos
no processo. O documento traz uma informação que atende a uma particularidade do turismo de Bonito, em que
a maioria dos atrativos fica muito distante da base de hospedagem do turista, trata-se do horário de saída da
cidade e o horário de chegada no atrativo.
64
turístico e para o guia de turismo, sendo que todos devem mensalmente recolher o ISS para a
Prefeitura. Com este procedimento operacional, a Prefeitura centraliza o controle do número
de pessoas por passeio, mediante um sistema informatizado (COMTUR, 2004).
Assim, quando o turista chega a Bonito, deve obrigatoriamente passar por uma
agência local para agendar seus passeios, pegar os respectivos vouchers e seguir para o
atrativo acompanhado de um guia de turismo.
Em Bonito existe mais de 30 atrativos turísticos e 27 agências de turismo que
praticam o mesmo preço, sendo a qualidade no atendimento o diferencial entre elas. A rede
hoteleira é composta por aproximadamente 80 hotéis e pousadas dos mais diferentes níveis.
Possui restaurantes que oferecem desde refeições rápidas até pratos a base de peixe e carne,
inseridos na culinária regional (COMTUR, 2005).
65
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
QUANTITATIVOS
3.1 RESULTADOS DA PESQUISA NOS ATRATIVOS TURÍSTICOS
Como já apresentado na metodologia da pesquisa, este estudo de caso de natureza
quali-quantitativa visa analisar a atividade turística em Bonito-MS e o perfil profissional de
quem trabalha com o fenômeno na localidade. Por se tratar de uma análise de natureza
exploratória, o estudo levantou in loco as condições do local, tendo também como suporte
metodológico a revisão bibliográfica, a análise documental e observação direta, através da
elaboração de um roteiro para observação da situação atual no município e dos munícipes
envolvidos com o desenvolvimento do turismo.
Foram aplicados questionamentos com perguntas abertas e fechadas aos
funcionários da rede hoteleira do município, das agências de viagens e turismo, das empresas
de transporte terrestre e atrativos explorados turisticamente durante o período de 20 de março
a 15 de maio de 2005, além de entrevistas livres e semi-direcionadas com pessoas,
estabelecimentos e empresas envolvidas com o turismo.
Desta forma, pôde se conhecer e identificar as expectativas e o interesse dos
munícipes em relação ao desenvolvimento da atividade turística.
Os empreendimentos de Bonito operam com um número fixo de funcionários e na
alta temporada aumentam seu efetivo como forma de conseguir atender um maior número de
turistas. O resultado da pesquisa apontou que 68% dos funcionários são registrados e 32% são
contratados temporariamente (também chamados de diaristas). O grau de escolaridade é
baixo, pois cerca da metade dos entrevistados (50%) têm apenas o ensino fundamental,
66
existindo um equilibro entre o ensino médio (25%) e o ensino superior (25%), sendo que 43%
destes funcionários são naturais do próprio local.
Quando levantado o gênero dos funcionários dos atrativos turísticos de Bonito
pôde-se constatar que o mercado de trabalho vem passando por uma ascensão do gênero
feminino em várias áreas profissionais. Com a pesquisa, foi possível verificar que 76% das
vagas são preenchidas por mulheres.
24
76
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Masculino Feminino
gênero
% de funcionários
FIGURA 29: Gráfico do gênero dos funcionários dos atrativos turísticos de Bonito.
No quesito idade, a maioria dos respondentes (77%) são jovens de 18 a 30 anos. A
outra faixa etária que vem logo em seguida é a que varia entre 30 a 40 anos (21%), já os com
mais de 40 anos são de apenas 2%.Percebe-se que existe uma variação de idade em cada
atrativo entre os 18 a 40 anos ou mais.
67
18-25
25-30
30-40
>40
S1
42
35
21
2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
% de funcionarários
faixa etária
FIGURA 30: Gráfico faixa etária dos funcionários dos atrativos turísticos de Bonito.
3.2 RESULTADOS DA PESQUISA NAS AGÊNCIAS
A importância do papel da agência de turismo é facilmente perceptível. Ela tem a
responsabilidade de bem orientar o cliente, assessorando o turista, bem como oferecer e
prestar serviços com qualidade; sendo a ligação entre o cliente e o produto.
No município de Bonito existem hoje 44 Agências de Viagens e Turismo
cadastradas na Secretaria Municipal de Administração e Finanças através da Central de
Arrecadação do Imposto sobre serviços de qualquer natureza.(ISSQN). A pesquisa foi
aplicada somente nas que estavam em operação (27 agências) e constatou-se que duas
entraram em operação após a coleta de dados e não estão fazendo parte dos resultados. As
outras 15 agências estão inativas.
Os resultados apontaram que 59,3% das agências de turismo têm sede própria e
40,7% se localizam em imóveis alugados. Das agências com prédio próprio, 75% encontram-
se dentro de hotéis ou pousadas.
68
No que se refere às características, número de funcionários, idade e remuneração
mensal, os dados são os seguintes: Com relação aos funcionários das agências, existem 81%
dos profissionais diretamente empregados, sendo que 68% são do sexo feminino e 32% do
sexo masculino. Desses funcionários, 11,2% não completaram o 2º grau, 64,2% têm 2º grau
completo, cerca de 25% já possuem ou estão cursando o ensino superior.
Dos trabalhadores das agências de turismo do município, a maioria (64,2%)
possuem registro em carteira. Pode-se observar que algumas agências (13,6%) são os
proprietários que trabalham diretamente com o atendimento.
12
16
18 18
17
13
6
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
5-12 13-18 19-25 26-30 31-50 51-70 >70
faixa-etária
% de indivíduos
FIGURA 31: Gráfico faixa etária dos funcionários das agências de Bonito.
A faixa etária desses trabalhadores demonstra uma distribuição uniforme de
oportunidade de trabalho característica da atividade turística. Fato observado nos dados
coletados, cerca de 50% está na faixa que varia entre 18 a 30 anos, e o restante (46%) acima
de 31 anos.
69
A média salarial dos funcionários das agências de turismo estudadas oscila entre 2
a 3 salários mínimo, representando 70,8% destes trabalhadores, aqueles que possuem seus
proventos acima de 4 salários mínimos abarcam perto de 17%.
Do universo das agências pesquisadas 84% investem na capacitação de seus
profissionais custeando parte dos cursos e/ou disponibilizando tempo para essa capacitação.
Somente 26% das agências de Bonito utilizam-se de pesquisa de opinião junto a
seus clientes.
Na análise comparativa entre os dois segmentos do mercado turístico, percebe-se
que o número de profissionais contratados do sexo feminino é destacadamente maior quando
comparados com os contratados do sexo masculino.
70
76
68
24
32
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Atrativos Agências deTurismo
gênero
% de funcionários
Feminino
Masculino
FIGURA 32: Gráfico comparativo de gênero dos funcionários dos atrativos das
agências de Bonito.
3.3 RESULTADOS DA PESQUISA NAS TRANSPORTADORAS TURÍSTICAS
O desenvolvimento do turismo no município de Bonito ocorreu na última década
do séc. XX, porém percebe-se que o segmento de transporte não acompanhou essa evolução.
A pesquisa demonstrou que a maior parte das empresas atuantes estão de dois a cinco anos no
mercado. O tipo de transporte mais utilizado é o de Van, mas os carros para até quatro
passageiros, ônibus e microônibus também representam uma demanda a ser considerada.
Existem cadastrados na central ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer
Natureza), 65 empresas que prestam serviços de transporte de passageiros em Bonito. Deste
total foram entrevistados 12 empresas, que correspondem a 15%, pois as demais não
retornaram os questionários à pesquisadora.
71
8
51
33
8
0
10
20
30
40
50
60
<1 2-5 6-10 não resp.
idade das empresas
% das empresas
FIGURA 33: Gráfico Idade das Empresas de Transportes de Bonito.
Grande parte das empresas possui veículos já quitados. Todas são de pequeno
porte, com no máximo dois veículos. As frotas têm em média três anos com a manutenção
preventiva feita mensalmente.
No que se refere à segurança do motorista e dos passageiros, sabe-se que a
segurança e a qualificação da mão de obra é condição básica para este tipo de empresa existir,
ou seja, esta pesquisa deveria apresentar dados que chegassem perto de 100%. Porém o que se
constatou é que somente em torno de 69% das empresas se preocupam com a segurança de
seus passageiros.
O município estudado também sofre o fenômeno da sazonalidade do turismo,
possuindo picos de demanda nos períodos de alta temporada, levando as empresas de
transportes a contratar funcionários temporários.
Os empresários deram mostras de preocupação com a qualidade do atendimento
da sua equipe, porém em torno de 33% não realizam nenhum tipo de treinamento ou
avaliação. Através da pesquisa constatou-se que a maioria dos motoristas possui curso de
72
direção defensiva e atendimento ao cliente. Existem pesquisas de contentamento do usuário,
porém a estas não são atribuídos os devidos créditos.
Quanto às expectativas dos empresários de transporte no mercado, percebe-se um
bom grau de satisfação e otimismo. Levando-se em consideração a qualidade das respostas
dadas, o maior grau de pessimismo foi detectado em empresários que possuem ônibus, cerca
de 33% do total das expectativas negativas indicará pessimismo, mas uma análise detalhada
do grupo, permitiu deduzir que a maioria possuem expectativas positivas. Ressalta-se que o
maior descontentamento é por parte dos proprietários de ônibus, que possuem veículos
antigos, não oferecendo condições mínimas exigidas pelos contratantes e nem ao perfil da
maior parte dos turistas.
3.4 RESULTADOS DA PESQUISA NA HOTELARIA
A análise dos resultados da pesquisa na hotelaria em Bonito apontou que 55% dos
funcionários são casados, e 43% são solteiros. Ficou demonstrado que 38% dos entrevistados
estão na faixa etária de até 20 anos, a seguir com 32% estão entre 21 a 30 anos, e o menor
percentual é de 41 a 50 anos, representando 3% das respostas. Quando indagados sobre o grau
de escolaridade, cerca de 35% possuem apenas o ensino fundamental, 44% possuem o ensino
médio e apenas 6% no âmbito do ensino superior. Observa-se que somente os administradores
concluíram o ensino superior.
Pode-se observar que 81% dos funcionários possuem uma renda média de até dois
salários mínimos, 5% de 3 a 4; 2% de 5 a 6 salários mínimos e 12% não declararam seus
rendimentos.
A pesquisa ainda demonstra que a maioria dos funcionários da rede hoteleira
residem no município a mais de 5 anos (63%), 9% a mais de 4 anos, 24% a 1 ano ou menos e
4% não opinaram. O que se pode perceber é que a hotelaria de Bonito possui um quadro de
funcionários composto na maior parte por mão-de-obra local, residente mais de 5 anos. Dos
respondentes, 49% possuem casa própria, 32% moram de aluguel e 19% não opinaram.
73
Na rede hoteleira municipal, a maioria dos funcionários é natural de Bonito(43%),
um número considerável (38%) são oriundos do Estado de Mato Grosso do Sul, e somente 7%
vem de outros estados.
Constata-se que 34% dos entrevistados possuem mais de um cargo na empresa,
por isso foram classificados como outros, 15% exercem função de camareira, 12%
recepcionista, 9% copeira, 9% garçom e 6% exercem função de gerência.
Ao que se refere ao tempo de serviço dos funcionários nos empreendimentos,
37% deles trabalham a menos de 1 ano, 30% entre 1 e 3 anos,15% de 3 a 5 anos.
Quando se compara a idade média dos funcionários contratados para os
segmentos de atrativos turísticos, agências de turismo e hotelaria verifica-se que estes geram
um maior número de empregos para aqueles que possuem entre 18 e 30 anos. Entretanto,
ressalta-se que as agências de turismo possuem um equilíbrio entre a distribuição de postos de
trabalho nas diferentes faixas etárias apontadas pela pesquisa.
Em contraponto, percebe-se que a atividade turística instalada na região absorve
uma mão de obra mais jovem, demonstrado aqui pelos índices apontados pelos atrativos e na
hotelaria.
74
42
35
21
2
27 27
24
22
38
32
19
3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
18-25 25-30 30-40 >40
faixa etária
% de funcionários
Atrativos
Agências-Turismo
Hotelaria
FIGURA 34: Gráfico comparativo entre a faixa etária dos funcionários dos atrativos,
das agências e da hotelaria de Bonito.
3.5 RESULTADOS DA PESQUISA DAFO
O método utilizado para esta parte da pesquisa foi o DAFO (D deficiências, A
ameaças, F pontos fortes ou fortalecimentos, O oportunidades) ou SWOT (em inglês), foi
criado por Kenneth Andrews e Roland Chistensen em 1960 na Harvard Business School e que
tem a finalidade de recolher, analisar, avaliar e identificar as opções estratégicas que
enfrentam uma comunidade, uma organização, ou um indivíduo. Os pontos fortes e as
deficiências são avaliações internas, já as oportunidades e ameaças são externas e deve-se
levar em conta o contexto a que o município está inserido (MENEZES, 2004).
Aplicadas no município durante o período da pesquisa quantitativa (de março a
maio de 2005), abrange o universo de 64 entrevistas, que contavam entre os entrevistados
Guias de Turismo, comerciantes, proprietários de atrativos, de meios de hospedagem,
agências, transportes e representantes da comunidade local, todos acadêmicos do curso de
turismo do Instituto de Ensino Superior da Funlec e Universidade da Grande Dourados
IESF/UNIGRAN de Bonito-MS, que apontaram os seguintes resultados:
75
3.5.1 Deficiências
As deficiências aqui citadas refletem o pensamento dos cidadãos bonitenses que
responderam à pesquisa que fundamenta este estudo e encontram-se apontadas abaixo.
1. Carência de atitudes de conservação dos ecossistemas;
2. Exploração de alguns sítios sem consciência e respeito ao meio ambiente;
3. Implantação de mega empreendimentos na região acarreta a descaracterização do
perfil de exploração atual do turismo, ameaçando sua sustentabilidade;
4. Precariedade dos meios de acesso aos atrativos turísticos;
5. Carência de infra-estruturas adequadas para portadores de necessidades especiais;
6. Ausência de mais áreas de lazer para a população local;
7. Ausência de estudo de impacto ambiental para a exploração das atividades;
8. Baixa qualificação em princípios de ecoturismo pelo trade;
9. Carência na capacitação do proprietário dos empreendimentos turísticos;
10. Carência de organização e sensibilização da população a respeito do lixo;
11. Classe política sem conhecimento e visão necessária para acompanhar e nortear o
crescimento acelerado que o turismo está exigindo;
12. Deficiência na Coleta Seletiva de Resíduos;
13. Deficiência no sistema de esgoto;
14. Exclusão social;
15. Falta de empreendedores, excesso de empresários;
16. Falta de orientação e fiscalização pelos órgãos competentes;
17. Fragilidade dos serviços médicos;
18. Deficiência no sistema de iluminação pública;
19. Carência no sistema de limpeza pública;
20. Carência de mão-de-obra especializada;
21. Precariedade na rede de ensino instalada no município;
22. O não aproveitamento da mão de obra existente no local (jovens);
23. Planejamento ineficiente;
76
24. Pouca integração, participação e inclusão da sociedade na atividade (por ex.
hortifrutigranjeiros, artesanato, comercialização de pescado, etc.);
25. Presença de somente um atrativo público Balneário Municipal - (custo baixo e maior
fonte de recurso para o município);
26. Recursos Humanos carentes de formação básica e profissional;
27. Necessidade de se repensar o processo de organização turística atual;
28. Ausência de profissionais e equipamentos de saúde para a população e turistas;
29. Sazonalidade;
30. Carência na sinalização turística;
31. Deficiência no sistema de transporte - acesso à Bonito- linha convencional de Ônibus
e,
32. Carência nos processos de Planejamento Urbano.
3.5.2 Ameaças
1. Abertura de novos empreendimentos sem estudos de mercado;
2. Implantação do aeródromo internacional;
3. A pressão do capital tem sido forte para abertura de novas atividades relacionadas ao
turismo (por exemplo, construção de “resorts”, pousadas, aeroporto, novos atrativos);
4. Altos índices de passivos ambientais (ausência de área de preservação permanente;
reserva legal, etc.);
5. Aparecimento de empreendimentos turísticos sem nenhum tipo de planejamento (em
qualquer segmento do turismo);
6. Aumento da produção de resíduos sólidos e efluentes;
7. Aumento da prostituição;
8. Caça, captura de animais silvestres e pesca predatória (todos clandestinos);
9. Ceva de animais silvestres;
10. Ciúmes que todos têm de Bonito;
11. Conflitos entre conceitos relacionados à conservação da natureza;
12. Crescimento desordenado da população urbana (inclusive flutuante);
13. Crescimento muito acelerado do fluxo de visitantes;
77
14. Perenização de ecossistemas importantes para a manutenção do atrativo turístico;
15. O planalto da Bodoquena não comporta o turismo de massa;
16. Criação de fauna exótica;
17. Cursos de água desprotegidos (insuficiência de mata ciliar principalmente nos
córregos urbanos);
18. Debilidades e irregularidades no licenciamento das atividades;
19. Descumprimento do plano diretor;
20. Desestruturação social;
21. Desflorestamentos ainda autorizados pelos órgãos competentes além dos
desmatamentos clandestinos nas matas ciliares e Serra da Bodoquena;
22. Drogas;
23. Empresas de grande porte que venham para a região somente no intuito de “sugar” os
recursos da região;
24. Especulação imobiliária;
25. Estradas de acesso;
26. Excessiva carga de tributos;
27. Exclusão Social;
28. Falta de comprometimento do poder público;
29. Falta de sensibilização da população urbana e rural com respeito à conservação do
meio ambiente;
30. Falta de sensibilização do Trade Turístico com relação à visão de longo prazo que o
setor necessita;
31. Falta de interesse da população em áreas que possuem vagas no mercado;
32. Falta de valorização do produto turístico;
33. Fragilidade ambiental da região;
34. Isolamento dos fragmentos florestais;
35. Má utilização do voucher único;
36. Mídia agressiva;
37. Não cumprimento dos limites de capacidade de suporte dos atrativos;
38. O fomento da venda do artesanato indígena, utilizando uma única fonte de matéria
prima, como o barro, limita a lucratividade e esgota os recursos naturais;
39. Oportunismo no meio turístico;
40. Pressão de grandes investidores;
41. Resistência da comunidade;
78
42. Sazonalidade do turismo;
43. Sistema de saúde desqualificado e insuficiente (grande risco de epidemias pela
circulação de pessoas de todo o mundo, como também ausência de traumatologia
maior probabilidade de acidentes com esta atividade);
44. Sonegação de impostos;
45. Surgimento desordenado de meios de exploração turística como camping’s, balneários
e pousadas às margens dos rios, sem planejamento ou gestão e,
46. Violência e falta de segurança.
3.5.3 Pontos Fortes
1. Voucher único;
2. A elucidação da população mais humilde sobre a atividade turística e a importância da
qualificação;
3. A grande maioria dos sítios turísticos é de empresas privadas rurais, trazendo uma
nova alternativa de renda para o produtor rural aliada a preservação dos recursos
ambientais;
4. A necessidade de se manter as fontes turísticas necessariamente passa pela
sensibilização da criança que cobra do adulto, talvez aí esteja a solução para um futuro
promissor pois quem conhece, valoriza e preserva;
5. A união do trade para o seu crescimento e fortalecimento;
6. Aeródromo;
7. Ampliação da capacitação dos profissionais do trade, com cursos de diferentes áreas,
desde qualidade de atendimento, primeiros socorros, fundamentos de zoologia,
ecologia e conservação da natureza, entre tantos outros, porque a atividade aqui
estudada requer qualificação e conhecimento global das inúmeras disciplinas que são
inerentes ao turismo (ecologia, geografia, saneamento, turismo).
8. Baixo índice de criminalidade;
9. COMTUR estruturado e contando com o Fundo de Turismo;
10. Divulgação nacional e internacional;
79
11. Educação e capacitação profissional de mão de obra dos munícipes para que se possa
evitar o êxodo da população para os grandes centros e fixar o jovem em seu local de
origem;
12. Elaboração de planos, ordenamento dos municípios;
13. Empresariado comprometido com a conservação do meio ambiente;
14. Instalação de Instituições de Ensino Superior;
15. Fortalecimento de valores culturais (tradicional e indígena);
16. Geração de renda e postos de trabalho;
17. Interesse por parte do poder público e população envolvida na busca de soluções;
18. Maior influência, presença e participação da população local;
19. Existência de grande número de estudiosos e pesquisadores / Massa crítica;
20. Melhor distribuição de renda gerada pela atividade;
21. Oficinas com a participação da comunidade e do trade turístico;
22. Oportunizar a educação ambiental;
23. Parcerias com instituições (Universidades, SEBRAE, SENAC);
24. Criação do Parque Nacional da Serra da Bodoquena;
25. Regionalização do Turismo (Serra da Bodoquena);
26. Sensibilização da comunidade quanto às questões ambientais;
27. Surgimento de ações da sociedade organizada: Brazil Bonito, Amigos do município,
Museu da Consciência Limpa;
28. Turismo bem pulverizado na comunidade, distribuindo renda direta e indiretamente;
80
3.5.4 Oportunidades
1. Adequação da infra-estrutura básica necessária para atender o fluxo turístico e a
população local;
2. Formar, capacitar e reciclar a mão-de-obra;
3. Implementação de projetos engavetados;
4. Capacitação das tribos indígenas para a diversificação do artesanato e melhor
exploração de suas potencialidades;
5. Capacitação para o despertar da importância do desenvolvimento local, oportunizará a
sustentabilidade da atividade na região;
6. A criação e implantação do Parque Nacional da Serra da Bodoquena darão sustentação
à exploração dos recursos turísticos;
7. A diversificação das atividades;
8. A existência e participação do Conselho Municipal de Turismo- COMTUR, alicerça a
atividade respaldando a união entre a sociedade, o empreendimento e a superestrutura;
9. Criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN);
10. Cursos universitários instalados no município através do IESF - Instituto de Ensino
Superior da Fundação Lowtons de Educação e Cultura- Funlec;
11. Fomento de atividades econômicas de baixo impacto através de métodos alternativos
como a permacultura e a bioconstrução;
12. Formação de Pólo Jardim Bonito Bodoquena Miranda;
13. Geração de empregos e renda para a comunidade local;
14. Inclusão e responsabilidade social;
15. Monumento Natural Gruta do Lago Azul e Nossa Senhora Aparecida;
16. Movimento holístico de todos os setores da sociedade no fomento de ações
específicas, na busca de ações ordenadas e assumindo seu papel e cobrando de todos;
17. Novos nichos de mercado (trilhas, aeródromo, centro de convenções);
18. Oportunizar o desenvolvimento de projetos de conservação da natureza;
19. Política de baixa temporada.
20. Potencialidade para o desenvolvimento do turismo diversificado e de alto nível
(histórico, cultural, científico, contemplativo, recreativo, aventura, ecológico, etc.);
81
21. Projeto “Conservação da biodiversidade das matas ciliares do rio Formoso” pela
Fundação O Boticário e Neotrópica dará oportunidade de que se possam desenvolver
atividades respeitando os ecossistemas da região estudada, evitando o esgotamento de
seus recursos;
22. Projetos estruturantes (Projeto Pantanal, Prodetur-Sul e GEF );
23. Reflorestamento planejado e monitorado;
24. Singularidade natural da região, com forte apelo a conservação da biodiversidade,
valor cênico e grande quantidade e qualidade de seus recursos hídricos e,
25. Valorização de horti-fruti-granjeiros.
Como forma de proceder à análise destes dados, o processo será descrito e
discutido através de comentários a serem apresentados no próximo capítulo.
82
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
QUALITATIVOS
Este capítulo discute as informações levantadas na análise e na interpretação dos dados
quanti-qualitativos coletados para este estudo e tem por objetivo dimensionar o fenômeno do
turismo no município de Bonito- MS embasados por dados estatísticos disponibilizado pelo
governo do estado e pelo resultado da pesquisa.
Dados recentemente (2005) divulgados pela Fundação de Turismo de MS
(ANEXO B), demonstram que Bonito possui 107 meios de hospedagem e 5.385 leitos com
uma taxa média de ocupação por perto de 15.40%. Apesar de o documento distribuir os dados
por regiões, a da Serra da Bodoquena esta representada pelo município de Bonito.
Com relação ao turista, 88% dos visitantes são de outros estados, 4% do Rio de
Janeiro, e 8% de Mato Grosso do Sul. O município tem uma taxa de permanência do turista
em média 3,24 dias. As mulheres são em maior numero (56%) conforme Anexo III e possuem
grau de escolaridade superior (perto de 80%) e idade compreendendo entre 31 a 50 anos.
Estes dados são interessantes quando se pensa em planejar o turismo na região e por isso estão
sendo copilados neste estudo.
Quando se busca dimensionar a quantidade de atrativos visitados por turistas que
aportaram ao local aqui estudado nos últimos 10 anos percebe-se que o número praticamente
dobrou (Anexo C) conforme o gráfico a seguir.
83
FIGURA 35: Gráfico da evolução do número de atrativos turísticos visitados em Bonito entre
os anos de 1996 e 2005.
Quando se busca dimensionar o profissional que trabalha na rede hoteleira do
município fica demonstrado que 70% dos funcionários estão na faixa etária entre 20 a 30
anos, ficando o menor percentual (3%) para a faixa de 41 a 50 anos. Não diferente das outras
estatísticas sobre a idade dos contratados para a atividade de turismo, percebe-se a carência de
espaço para maiores de 30 anos e principalmente a exclusão dos acima de 40 anos.
Ainda na rede hoteleira, verificou-se que 43% dos entrevistados são natural de
Bonito, 38% do MS e apenas 7% de outros estados, onde se pode apontar que esse pequeno
percentual são de indivíduos que encontram nos cargos de gestores aos quais carecem de
constante qualificação. Outra informação relevante é o tempo de serviço dos entrevistados
(67% entre 1 a 3 anos), o que acaba evidenciando uma alta rotatividade de funcionários,
necessitando de estudos mais detalhados e elaborados por pesquisadores da área de Recursos
Humanos.
A maioria dos funcionários de agências é do sexo feminino (68%), o que
evidenciam a facilidade do atendimento ao público pelas mulheres enquanto que os homens
geralmente trabalham no campo e com atividades braçais (remadores por exemplo). 70,8%
106.641
145.279
186.363
178.069
219.532
222.719
228.853
216.829
175.954
142.387
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
84
recebem entre 2 a 3 salários mínimos, valores extremamente baixo mas condizentes com o
padrão local.
No que se refere ao quesito responsabilidade social das empresas, foi questionado
aos empresários quais ações eram praticadas por suas empresas. De forma geral, fica
evidenciado que as iniciativas são ínfimas. Com relação aos atrativos turísticos, verificou-se
que essas atitudes são de vanguarda e que 68% dos atrativos não apresentam nenhum
interesse nessa área e os que possuem, o fazem com doações e participação com entidades
como Asilo São José, Pestalozzi e ONG’S (Amigos do Mimoso a qual se transformou em
IASB). Destaca-se outras que possuem projetos em andamento, como o Projeto Reciclagem
da ONG Brazil Bonito (mantida por um único empresário local, o Sr. Jayme Sanches) com
escolas do município, promovendo a educação ambiental no ensino fundamental. Somente
36% dos Atrativos, têm participação efetiva na comunidade.
Quanto à responsabilidade social das empresas de transportes, constata-se a
ausência de projetos sociais e ações para este fim. Pressupõe-se que estas empresas, embora
mostrando boa vontade, carecem de orientações sobre o que é responsabilidade social e sua
importância para o desenvolvimento da comunidade local. A bióloga Paula Battassini relata:
“No quesito responsabilidade social, cabe destacar que o ônibus utilizado para os projetos de
Educação Ambiental da Associação Amigos Brazil Bonito é contratado pela ONG
diretamente com seu proprietário pelo preço de custo, ou seja, a metade do valor de locação
geralmente cobrado, o que contribui para a redução do custo dos projetos. Obs. Este
empresário inclusive instalou microfone para facilitar os trabalhos após a sugestão dos
coordenadores dos projetos. Este ônibus é antigo, porém suas razoáveis condições permitem o
transporte seguro dos alunos e professores participantes.”
Dentre o percentual de agências que utilizam pesquisa de opinião junto a seus
clientes, este é muito baixo, bem como o conhecimento de seus funcionários sobre o que estão
vendendo. Apesar de muitas agências investirem e/ou disponibilizarem tempo para a
capacitação de seus profissionais, conforme a pesquisa demonstra, há necessidade de
intensificar a qualificação bem como promover visitas técnicas aos sítios turísticos para
reconhecimento e melhoria na venda destes. O percentual de agências de turismo instaladas
em hotéis (75%) é para a pesquisadora um elemento relevante, apesar de ser um dado de
85
conforto a mais disponibilizado ao hóspede, este episódio diminui a circulação do mesmo pela
cidade, podendo prejudicar o comercio local.
4.1 ANÁLISE DA PESQUISA DAFO
Pode-se notar que o município tem consciência do que “falta” para a correta
exploração e sabe-se que é difícil equalizar qualidade de vida da população, turismo e meio
ambiente.
No que se refere à análise e interpretação das informações qualitativas obtidas
através da aplicação do DAFO, apresenta-se as seguintes considerações:
4.1.1 Deficiências
É evidente a insuficiência de atitudes conservacionistas na exploração da
atividade turística em Bonito, com poucas ações efetiva de educação ambiental e carência
quanto a sensibilização do poder público, da população, da iniciativa privada e dos visitantes
o ecossistema continuará sobre constantes pressões degradadoras.
Percebe-se que o turismo, como atividade econômica em Bonito, peca pela
omissão dos órgãos ambientais e pela falta de orientações efetivas, desconhecimento, sobre a
criação de parâmetros no momento da implantação dos sítios turísticos ocasionando danos
irreparáveis ao meio natural explorado. Sugere-se como medida mitigadora a aplicação de
sanções ou compensações e que se defina claramente os critérios legais para a implantação de
novos empreendimentos e fazendo cumprir da legislação através de fiscalização efetiva,
punição devida e compensações ambientais.
Atualmente Bonito sofre pressão constante para implantação de megas
empreendimentos o que vem de encontro ao turismo de massa e é possível perceber que a
maior parte dos empresários almejam este filão de mercado visão a curto prazo com retorno
86
do investimento rápido isto também vale, salvo raras exceções, para agências e guias onde
estes arrecadam mais quanto maior o número de clientes atendidos.
Os acessos aos atrativos são os mesmos utilizados pelos munícipes na lida diária e
as estradas, em sua maioria, pelo seu estado de conservação, parecem serem preparadas para
veículo com tração nas quatro rodas, pois para os carros de passeio as estradas estão em
péssimo estado, falta planejamento durante a implantação dos acessos e com manutenção
precária e ultrapassada. É preocupante também o acesso ao interior de algumas propriedades
(muitas cercas, além da implementação da atividade sem critérios técnicos).
Apontada na pesquisa a urgência de adaptação de infra-estrutura para portadores
de necessidades especiais que contemplem a área urbana (inclusive escolas), balneários e
propriedades rurais, o planejamento do turismo precisa levar em conta não só o bem estar do
turista mas sim de todos os envolvidos e dos nichos de mercado.
Novas áreas de lazer para a população precisam ser criadas pois há somente uma
praça, a central, e até o momento não foi implantado nenhum projeto de arborização urbana o
qual deve compreender estas áreas de lazer (praças, parques) bem como considerar o Plano
Diretor (matas ciliares dos córregos urbanos, áreas públicas doadas pelos empreendedores de
condomínios, área definida para atividades culturais etc.).
Relatada na pesquisa como uma ameaça a ausência de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) para a atividade na verdade os atrativos corretamente licenciados são
obrigados a monitorar suas atividades e durante o processo de licenciamento devem ser
estudados os possíveis impactos ambientais, bem como sócio-econômicos por uma equipe de
multiprofissionais, além do parecer do órgão licenciador competente IMAP- SEMA. Este
deverá promover uma fiscalização efetiva com punições necessárias. Ressalta-se a importante
participação do Ministério Público Estadual durante o processo.
A carência de organização e sensibilização sobre o destino adequado dos resíduos
sólidos (lixo) foi apontada como uma forte deficiência O município encontra-se em um
processo contínuo e permanente iniciado em 2001. Atualmente os catadores já estão
87
organizados (momento de formalização da cooperativa) e a área do depósito de lixo utilizada
a mais de 30 anos pela Prefeitura deixou de ser lixão para se transformar em aterro
controlado. Cabe ressaltar a utilização da UPL desde o final de 2003 pelos próprios catadores
para a triagem e prensagem dos materiais recicláveis coletados no próprio deposito de lixo,
em dois pontos voluntários da cidade e uma pequena parte em caminhão próprio que circula
somente no centro da cidade.
Considerada uma deficiência pelo respondentes deste estudo o tratamento de
efluentes e o sistema de esgoto ineficiente e insuficiente mas quando comparando com
outros municípios brasileiros, Bonito está a frente no quesito saneamento básico, porém
tratando-se de um destino ecoturístico há muito à fazer. A rede coletora de esgoto ainda é
insuficiente, há necessidade de corrigir ligações de rede de água pluvial juntamente com as de
esgoto, inibir e extinguir as ligações clandestinas (esgoto in natura caindo nos córregos e
pelas ruas da cidade), além da Estação de Tratamento de Esgoto possuir um sistema
ineficiente e insuficiente para a demanda e a realidade atual e esta localizado bem próximo do
centro da cidade. A Petrobras esta investindo no município através de um projeto que tem por
objetivo 100% de rede coletora de esgoto (mas não significa que todos irão ligar suas casas a
rede de esgoto, se não houver uma fiscalização e obrigatoriedade) e uma nova Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) com alta eficiência podendo inclusive destinar à irrigação seus
efluentes. A existente possui um sistema que utilizam baias de gramíneas onde pode-se
perceber visivelmente o escoamento do que não pôde ser tratado caindo diretamente no
córrego urbano próximo, este por sua vez é afluente do rio Formoso.
Escassez de estudo e pesquisa Este foi um dado apontado pelos entrevistados e
que não condiz com o que se percebe no meio acadêmico. Pela rica possibilidade de
pesquisas, muitos trabalhos científicos foram desenvolvidos sobre a região, porém os dados
não são centralizados em um banco de dados para a respaldo a formação de um sistema de
informações, pois o que ocorre na realidade é que na maioria das vezes os resultados destes
trabalhos não retornam para o município. O conhecimento está fragmentado com dados e
resultados das pesquisas esparsos. Carece de uma central onde se possa reunir as pesquisas
sobre o município e disponibiliza-las a quem possa interessar.
88
Exclusão social O turismo quando explorado sem planejamento ou controle
além de explorar indevidamente o ecossistema, não almeja o bem estar da comunidadea
questão é até que ponto esta comunidade pode ser inserida na atividade? Ações de valorização
e que busquem incluí-la na atividade - o que pode ocorrer de maneira direta ou indireta
contribuirão para que fomente a melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos.
Ressalta-se como exemplo a relação do comércio com o artesanato onde deve haver um
incentivo para a produção local de qualidade, utilizando matéria prima de fontes renováveis,
como a palha, sementes, o papel reciclado, bem como as embalagens que possam ser
reaproveitadas, evitando assim o esgotamento dos recursos, como ocorre com a cerâmica
indígena, matéria prima que se extrai apenas uma vez.
A educação é o “esteio do meio” na formação de uma nação, lugares dizimados
por guerras como o Japão, por exemplo, ao buscar sua reconstrução encontrou na educação o
caminho para a prosperidade. É apontado pelos respondentes como preocupante o precário
estado da rede de ensino, seja pelo número insuficiente de escolas, deficiência da infra-
estrutura e má conservação dos mesmos, alguns apontam que o planejamento arquitetônico
dos estabelecimentos não foram levados em conta na construção de edificações, o não
cumprimento efetivo do calendário escolar, material didático ultrapassado, baixa qualificação
e formação precária de muitos educadores e gestores da educação municipal, além da
ausência de processos de avaliação e de programas de formação continuada para educadores e
coordenadores pedagógicos.
O estudo elaborado sobre a região pela pesquisadora no ano 2000, já havia
levantado que a saúde no município oferece serviços precários, com um número de médicos
insuficientes, ausência de diversas especialidades imprescindíveis, além da pouca importância
e a falta de visão sobre a relevância do sistema de saúde para a atividade turística. É
preocupante, pois a tipologia turística da região se respalda nos esportes radicais ou de
aventura com grande possibilidades de acidentes.
89
4.1.2 Ameaças
Os passivos ambientais que vem ocorrendo pela exploração incorreta dos frágeis
ecossistemas locais é resultado da deficiência na fiscalização, falta de conhecimento e visão
administrativa dos proprietários além de “vistas grossas” dos seus governantes. Mas ações
como as do Promotor de Justiça do Estado, Luciano Furtado Loubet, que implantou o projeto
Formoso Vivo, o qual corresponde a correção dos diferentes passivos ambientais de todas as
propriedades levantadas na bacia do rio Formoso dentro do município a partir de um amplo
diagnóstico da situação atual. Com o intuito de buscar soluções para os problemas levantados
nas propriedades, em relação as questões ambientais, o Promotor de Justiça determinou o
termo de ajuste de conduta como instrumento legal a ser firmado com cada proprietário rural
para que estes , com prazos determinados, possam corrigir seus passivos ambientais e buscar
minimizar os impactos oriundos da exploração econômica. Cabe destacar que esta iniciativa já
está sendo praticada nas propriedades encontradas também em outros cursos d’água da região
da Serra da Bodoquena e ocorre entre a pareceria do poder publico, da iniciativa privada e as
ONGs locais.
Uma ameaça destacada pelos respondentes é a criação de novos empreendimentos
imobiliários, porém se for levado em conta o Plano Diretor acredita-se que possa ser
eqüalizada a ocupação com a conservação, pois o processo ocorre concomitantemente a
atividade turística e independe dela, ou seja a expansão das áreas urbanas é um processo
natural das cidades e está intimamente ligada as atividades econômicas.
O Aeroporto de Bonito, na realidade considerado ainda um aeródromo, foi
inaugurado em 2004 causando grandes expectativas para os empreendedores e munícipes,
apesar da grande polêmica gerada pelos ambientalistas devido a ausência de um Estudo de
Impacto Ambiental (EIA), bem como de seu Relatório de Impacto do Meio Ambiente
(RIMA). E como ocorre no ciclo de vida do turismo, na fase de consolidação da atividade os
moradores não percebem ainda grandes mudanças, mas para o turismo, principalmente nos
finais de semana, quando confirmados, são “fechados” por pacotes privilegiando alguns
empresários do setor. Este fenômeno justifica a consideração de que em Bonito o destino
turístico se solidifica e o fenômeno se institucionaliza.
90
O apontamento de uma ameaça ser o aumento da produção de resíduos sólidos e
efluentes é intimamente proporcional ao aumento populacional, inclusive a população
flutuante.
Dentre os novos habitantes há que se considerar a população flutuante que se
forma em períodos de alta estação turística. A deficiência apresentada na infra-estrutura de
Bonito afeta a todos, população local e turistas. Em períodos de maior incidência de visitantes
a cidade vive momentos críticos manifestados através da falta de água potável, mau cheiro
exalado por esgotos à céu aberto, exposição de resíduos sólidos, filas em estabelecimentos
comerciais de primeiras necessidades (padarias, restaurantes etc.), entre outros problemas
comuns em localidades turísticas pouco estruturadas (VARGAS, 2001, p. 136).
O volume gerado diariamente em Bonito é alarmante: aproximadamente 18
toneladas de resíduos sólidos (lixo), podendo dobrar em alta estação turística.(Dados
Secretaria Municipal de Meio Ambiente 2005). Em 2001 iniciou-se um processo de
implantação de coleta seletiva de lixo visando beneficiar os catadores de recicláveis com a
ativação parcial da Unidade de Processamento de Lixo (UPL) por meio de um programa de
Educação Ambiental e readequações no depósito de lixo municipal. Atualmente, o “lixão”
transformou-se em aterro controlado, a UPL continua em operação pela maior parte dos
catadores e o programa de Educação Ambiental coordenado pela ONG Amigos do Brazil
Bonito está em desenvolvimento contínuo.
Observa-se que a população local percebe o oferecimento de alimentos
inadequados aos animais silvestres (ceva) como uma ameaça, em Bonito estão domesticando
os peixes, aves e mamíferos da região contribuindo com o desequilíbrio ecológico além de
causar obesidade e problemas nutricionais na fauna silvestre.
A criação de fauna e flora exóticas foi apontada como um malefício aos
ecossistemas do local. Sabe-se que nas proximidades existem criações de avestruz, pavões
principalmente de peixes exóticos, podendo causar um grande dano ao ambiente aquático pela
possibilidade de migrarem para os cursos d´àgua mais próximos e competirem com as
espécies nativas da região. Já o que ocorre na área urbana, não é diferente, sem qualquer
91
planejamento de arborização e paisagismo, depara-se com espécies arbóreas exóticas, como
por exemplo o flamboyant, alcem de diversos animais perambulando pelas ruas, cujo esgoto
corre à céu aberto, podendo causar inúmeras zoonoses e problemas de saúde pública.
Assinalado como um fator de risco e que deve ser visto com maior atenção são os
córregos urbanos desprotegidos (Bonito, Restinga e Saladeiro). Apesar das suas matas
também serem áreas de preservação permanente (reduzida de 50m de cada margem para 30 m
recentemente), em alguns pontos, as áreas que deveriam estar conservadas não passam dos 5m
de largura, inclusive com a presença de invasões (barracos), esgotos clandestinos e depósitos
de entulho.
Ressalta-se a importância da conservação dos córregos urbanos (afluentes do rio
Formoso), não somente pela melhoria da qualidade de vida dos moradores, mas também pela
proteção do rio Formoso, principal destino turísticos dos visitantes de Bonito.
As irregularidades no licenciamento de diferentes atividades econômicas sob
responsabilidade dos órgãos estaduais e federais foram consideradas uma ameaça à
exploração do turismo. A falta de fiscalização e ações que combatam a impunidade devem ser
incrementadas, porém já existem alguns exemplos bem sucedidos (Promotoria de Justiça,
alguns empresários e o IMAP-SEMA).
O turismo sexual apontado pelos respondentes desta pesquisa como ameaça à
exploração da atividade ocorre em maior destaque nas proximidades do Distrito Águas do
Miranda, pequena vila de pescadores com decadente atividade de turismo de pesca. A
prostituição não ocorre só desta maneira, mas também quando o turista chega a localidade e
“fica” com o morador local não deixa de ser um tipo de prostituição e pior de ambas as partes.
4.1.3 Pontos fortes e Oportunidades
O voucher único foi citado como o maior ponto forte da atividade, porém
necessita das interpretações dos dados e fiscalização competente por parte dos próprios
freqüentadores: guias, turistas, agenciadores etc. Contudo é considerado um bom exemplo de
92
controle, destacando a relevância de maiores estudos principalmente na definição de
capacidade de suporte para cada atrativo além de ser uma ferramenta para gerar dados
estatísticos que darão respaldo para a atividade.
A elucidação da população quanto ao turismo foi apontada como uma questão
positiva, entretanto uma parcela significante da comunidade local não tem conhecimento
sobre o que está acontecendo em seu próprio habitat. Percebe-se que grande parte das pessoas
que vivenciam diretamente a atividade são esclarecidas sobre a questão, no entanto a periferia
aparenta viver um mundo “a parte” de Bonito. O processo de enfavelamento levantado pela
pesquisadora em estudos anteriores se intensificou na periferia da cidade principalmente na
saída para o município vizinho de Bodoquena e na direção de áreas destinadas para a
instalação de indústrias no município.
O Instituto de Ensino Superior da Funlec (IESF), instalado no município que
oferece curso de graduação em turismo e administração rural é um ponto positivo apesar de
haver dificuldade na continuidade por falta de alunos. A elevada porcentagem dos
funcionários com curso superior apontada pela pesquisa pode estar correlacionada com este
item.
Como levantado anteriormente o surgimento de ações da sociedade civil
organizada, tais como das ONGs: Associação Amigos do Brazil Bonito, Instituto das águas da
Serra da Bodoquena, Fundação Neotrópica e Fundação Vida Bonito) podem ser consideradas
oportunidades, pois se enquadram dentro das ações que buscam o desenvolvimento
sustentável por meio da educação sócio-ambiental e da conservação da natureza.
A implantação do Parque Nacional da Serra da Bodoquena promoverá uma
diversificação de atrativos, aliviando os ecossistemas que atualmente sofrem pressões de
exploração. Na verdade, quando for aberto a visitação publica, o que poderá levar ainda
alguns anos, acredita-se que será criado um cenário de oportunidades ligadas às questões
sócio-econômicas da região. Surgirá uma nova categoria profissional, o condutor de
visitantes, o qual poderá ser um peão, um índio, um estudante ou um guia capacitado para tal
pelo IBAMA, proporcionará uma opção economicamente viável de turismo para pessoas de
93
baixa renda, fomentará pesquisas científicas e principalmente, pelo fato da sua criação não
estar ligada à exploração comercial por tratar-se de uma área pública pertencente a todos os
brasileiros, oportunizará a comunidade local conhecer as belezas cênicas dos ambientes
naturais da região da Serra da Bodoquena. Diferentemente da maior parte dos atrativos
turísticos naturais localizados dentro de áreas particulares que se apropriam e exploram
comercialmente as riquezas naturais, com ou sem responsabilidade sócio-ambiental.
Destaca-se a falta de conhecimento da população sobre os diversos sítios
turísticos de Bonito, pois a maioria dos munícipes visitam somente o Balneário Municipal
além do Monumento Natural da Gruta do Lago Azul, é o único local de uso público existente
onde a comunidade não paga para visitar. Com raras exceções, alguns proprietários de
atrativos turísticos autorizam a entrada de visitantes da cidade ou oferecem cortesia quando
solicitado, mas somente em baixa temporada. Apenas o Projecto Vivo Ecoturismo, já citado
anteriormente, desenvolve um programa contínuo de visitação ao sítio turístico através de
estudos do meio para professores e alunos da rede de ensino de Bonito sem qualquer ônus aos
participantes.
94
CONSIDERAÇÕES
O turismo atualmente é um grande consumidor da natureza, pois nas últimas
décadas ocorreu uma "busca pelo verde" e a fuga dos grandes conglomerados urbanos pelas
pessoas, no intuito de recuperar o equilíbrio psicológico ao permanecer em contato com os
ambientes naturais durante seu tempo de lazer.
O fenômeno turístico aqui estudado é decorrente do crescimento da demanda na
região da Serra da Bodoquena, mais precisamente no município de Bonito. Isso ocorre pelo
ecossistema inusitado ali existente e que no presente é o sonho de consumo dos indivíduos
que residem em áreas que já ocorreram processos de urbanização onde os ambientes
construídos sobrepõem-se abusivamente ao natural, impondo ao homem a convivência com
fatores como insegurança e problemas de saúde que o induzem o retorno ao lúdico, ao natural.
Numa região exuberante com forte potencialidade para o turismo de lazer,
aventura, ecoturismo, entre tantas outras opções, há que se ressaltar a fragilidade deste
ecossistema. Urge a execução de um plano regional de desenvolvimento turístico adequado,
baseado nos pilares: ecologicamente correto, auto-sustentável, economicamente viável e
eticamente aceitável, caso isso não ocorra, este produto, sem monitoramento, pode ser
comprometido e causar danos irreparáveis, ao meio ambiente, ao social e cultural.
Atualmente, a região vem desenvolvendo ações para a implantação do
PRODETUR/SUL-MS que é um programa para dar suporte ao desenvolvimento sustentável
do turismo da Serra da Bodoquena. Para isso foi concebido o PDITS, Plano de
Desenvolvimento Institucional do Turismo Sustentável, documento de planejamento que
norteia o PRODETUR/SUL-MS, no qual estão previstas as ações que deverão ser investidas
com recursos do programa oriundos do estado de Mato Grosso do Sul, dos municípios de
95
Bonito , Jardim e Bodoquena, do Ministério do Turismo e do Banco Interamericano de
Desenvolvimento, o BID.
Essas ações estão classificadas em 5 componentes: fortalecimento institucional
para se aproveitar dos benefícios do turismo; conservação dos recursos importantes para o
turismo; fortalecimento da gestão empresarial do turismo; infra-estrutura para o turismo e
sistema de informações turísticas.
Quando se busca pontuar os problemas do PRODETUR/SUL-MS, esbarra-se nas
quase 70 ações, que para realmente acontecerem será necessário o “afinamento“ das três
esferas de poder envolvidos, tanto a municipal, a estadual e a união. Percebe-se hoje, que
algumas destas ações são lentas devido a falta de articulação entres os poderes, seja por
motivo de rivalidade política, seja por inexperiência neste tipo de financiamento, seja por
questões de relacionamentos pessoais. Exemplo disso são as ações que Bonito deve
coordenar. Mesmo com os recursos garantidos, o município nem sempre se demonstrou
empenhado para o desenvolvimento do programa.
Algumas oficinas e reuniões foram realizadas entre os municípios e a UCE
(Unidade de Coordenação Estadual) contudo, nem sempre o resultado foi satisfatório no
sentido da sensibilização para o programa . Vale lembrar que a região já foi objeto de outro
programa internacional que não se teve êxito, o Programa Pantanal, o qual somente criou
expectativa de governantes e da população em geral. Logo o PRODETUR carrega a imagem
deste programa, mesmo sendo um programa bastante diferenciado, tanto no volume de
investimentos ou mesmo nos objetivos principais no caso da manutenção da atividade
turística na Serra da Bodoquena.
Para fundamentar um programa da envergadura do PRODETUR seriam
necessários pesquisas bastante detalhadas da realidade da região, identificando com olhar
técnico os principais gargalos para o seu desenvolvimento, de forma a trabalhar para
solucionar ou minimizar os problemas levantados neste estudo. No caso do
PRODETUR/SUL-MS as informações disponíveis são bastantes dispersas e estão calcadas
principalmente nos dados do Voucher único, em trabalhos acadêmicos já realizados na área e
96
ainda num trabalho do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do inicio dos anos
de 1990. A insuficiência de dados é evidente, motivo pelo qual o Ministério do Turismo está
desenvolvendo um sistema de informações em parcerias com outros órgãos da união.
Os recursos destinados para a elaboração do programa são da ordem de 300 mil
reais, e o Governo entra com 30%. O restante está sendo financiado pelos parceiros, sendo de
fundamental importância à participação das universidades e prefeituras. Acredita-se que num
futuro próximo poderá se ver nas leis orgânicas municipais um Plano Diretor de Turismo
adequado, com leis de uso e ocupação do solo, melhorando a qualidade de vida da população
local protegendo-as contra a poluição sonora, visual e do meio ambiente. Os pesquisadores
estão monitorando o turismo na busca de soluções para um melhor desenvolvimento com o
intuito de propor alternativas para o incremento deste setor a curto, médio e longo prazos.
Em relação à preservação da identidade histórica, artística e cultural do município
propõe-se o aprimoramento das leis estaduais e municipais já existentes. Há necessidade de
preservar os usos e costumes da população, como por exemplo, dos índios, que estão à
margem do processo de desenvolvimento do turismo sustentável de Mato Grosso do Sul. É
preciso buscar a viabilização de processos que garantam a sobrevivência das comunidades
indígenas com um planejamento cuidadoso pois, se a proposta fugir a estas regras não tratará
o assunto com cunho social, e em conseqüência, não contemplará todo os segmentos.
Por fim, salienta-se que as idéias de sustentabilidade no turismo só podem ser
alcançadas com leis que disciplinem, organizem e contemplem da melhor forma possível a
todos, ou seja, a população, os empresários, o poder público e o meio ambiente, pois não se
pode dar continuidade aos erros que ocorreram no passado e muitos ainda estão sem solução
na região.
A exploração do turismo, de maneira racional e que dê sustentabilidade ao setor,
respalda-se na sensibilização de todos os envolvidos com a atividade e o equilíbrio entre a
economia e o respeito aos limites da capacidade de suporte das atividades com o meio
ambiente, indo de encontro a essência do desenvolvimento local que é o entendimento sobre o
equilíbrio entre fatores exógenos e endógenos no processo de delimitação, mobilização e
97
ativação de comunidades locais e a maneira de pensar e atuar dos agentes externos no
contexto de desenvolvimento local genuinamente endógenos.
Este estudo não finaliza aqui, as ações continuam acontecendo no local, sabe-se
que pesquisas cientificas precisam continuar existindo para que as gerações futuras possam
usufruir deste local onde o silencio não dura mais que um minuto e nem os olhos se cansam
de ver seu espetáculo.
98
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TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. A sociedade pós-industrial e o profissional em turismo.
Campinas, SP: Papirus, 1998.
VALLANDRO, Leonel. Dicionário ingl/port. Port/ingl. 15ª edição, São Paulo: Globo, 1991.
VARGAS, Icléa Albuquerque de. A gênese do Turismo em Bonito?. In BANDUCCI, Álvaro
Junior; MORETTI, Edvaldo César. Qual Paraíso? São Paulo: Chronos: Campo Grande:
Universidade Federal, 2001.
VEIGA, José Eli da. Nem tudo é urbano. In: Ciência e Cultura, ano 56, N. 2, abr.-jun. 2004,
pp. 26-29. disponível no site: www.econ.fea.usp.br/zeeli/ Acessado: 29.09.05.
VERHELST, Thierry G. O direito à diferença. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
YÁZIGI, E. A alma do lugar: turismo, planejamento e cotidiano em litorais e
montanhas. São Paulo: Contexto, 2001.
102
APÊNDICE A
103
MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA AS AGÊNCIAS
Nome Fantasia: _________________________________________________________
Razão Social:___________________________________________________________
End.:__________________________________________________________________
Telefone:_________________________________Fax:__________________________
Site:_____________________________________e-mail:________________________
CNPJ:__________________________________Inscrição Municipal:_______________
Data de Fundação:________________________Reg. Embratur:___________________
Sede Própria ou alugada?:__________________________________________________
1) Nº de funcionários:
Cargo Idade Sexo Grau de
escolaridade
Remuneração
Mensal
Registrado
no INSS
Func. 01
Func. 02
Func. 03
Func. 04
Func. 05
Func. 06
Func. 07
Func. 08
2) A empresa incentiva a qualificação do seu quadro funcional?
( ) Sim ( ) Não
De que forma: ( ) Custeando parte do curso.
( ) Disponibilizando tempo para a realização de curso.
3) A empresa participa ou colabora com alguma ação social?
( ) Sim ( ) Não
104
APÊNDICE B
105
MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA O SETOR DE TRANSPORTE
1. Há quanto tempo a empresa existe?
2. Qual é o tipo de transporte utilizado?
( ) Van ( ) Microônibus ( ) Ônibus ( ) Carro ( ) Moto
3. Os veículos são financiados?
( ) Sim ( ) Não
4. A empresa tem prédio próprio?
( ) Sim ( ) Não
5. Quantos motoristas são efetivos na empresa?
( ) 1 a 2 ( ) 3 a 4 ( ) mais de 4, quantos ( )
6 A empresa proporciona aos motoristas qualificação profissional?
( ) Sim ( ) Não
7. Qual a média salarial dos motoristas, em salário mínimo?
( ) 1 a 3 ( ) 3 a 5 ( ) mais de 5
8. A empresa coopera com alguma entidade filantrópica ou assistencial?
( ) Sim ( ) Não
9. Existe na empresa alguma pesquisa de satisfação do turista em relação aos serviços
prestados?
( ) Sim ( ) Não
10. Como empresário do transporte, o que acha da evolução turismo em Bonito nos últimos
anos e quais são as tuas perspectivas para os próximos anos?
106
APÊNDICE C
107
MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA OS ATRATIVOS TURÍSTICOS
Nome Fantasia: _________________________________________________________
Razão Social:___________________________________________________________
End.:__________________________________________________________________
Telefone:_________________________________Fax:__________________________
Site:_____________________________________e-mail:________________________
CNPJ:__________________________________Inscrição Municipal:_______________
Data de Fundação:________________________Reg. Embratur:___________________
3) Nº de funcionários:
Cargo Idade Sexo Grau de
escolaridade
Remuneração
Mensal
Registrado
no INSS
Func. 01
Func. 02
Func. 03
Func. 04
Func. 05
Func. 06
Func. 07
Func. 08
4) A empresa incentiva a qualificação do seu quadro funcional?
( ) Sim ( ) Não
De que forma: ( ) Custeando parte do curso.
( ) Disponibilizando tempo para a realização de curso.
3) A empresa participa ou colabora com alguma ação social?
( ) Sim ( ) Não
108
APÊNDICE D
109
MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA A HOTELARIA
Nome Fantasia: _________________________________________________________
Razão Social:___________________________________________________________
End.:__________________________________________________________________
Telefone:_________________________________Fax:__________________________
Site:_____________________________________e-mail:________________________
CNPJ:__________________________________Inscrição Municipal:_______________
Data de Fundação:________________________Reg. Embratur:___________________
5) Nº de funcionários:
Cargo Idade Sexo Grau de
escolaridade
Remuneração
Mensal
Estado
Civil
Tempo de
serviço
Func. 01
Func. 02
Func. 03
Func. 04
Func. 05
Func. 06
Func. 07
Func. 08
6) Há quanto tempo reside no município?
7) A empresa incentiva a qualificação do seu quadro funcional?
( ) Sim ( ) Não
De que forma: ( ) Custeando parte do curso.
( ) Disponibilizando tempo para a realização de curso.
4) A empresa participa ou colabora com alguma ação social?
( ) Sim ( ) Não
1
10
ANEXO A
111
FLUXO DE VISITAÇÃO
ATRATIVOS TURISTICOS DE BONITO MS
PERÍODO: 1996 2005
FUNDTUR / GPPDT / GSIE CGR 27/01/2006
VISITAÇÃO AOS ATRATIVOS TURISTICOS DE BONITO MS
QUANTITATIVO PERÍODO 1996 2005
ANO 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total
JAN 12.909 25.426 28.479 24.081 31.300 29.867 34.242 36.691 37.391 35.002 295.388
FEV 9.206 14.301 14.994 12.955 9.190 14.457 14.929 10.404 22.334 19.600 142.370
MAR 3.025 8.975 5.651 7.993 15.416 7.403 14.873 18.813 10.305 12.408 104.862
ABR 5.881 6.264 9.548 13.100 13.156 12.550 9.351 19.936 14.697 11.616 116.096
MAI 3.772 8.911 5.439 8.761 6.376 5.861 10.055 11.019 9.145 9.702 79.041
JUN 5.100 2.821 5.249 7.751 7.223 6.362 7.305 11.021 8.026 5.977 66.835
JUL 17.845 23.219 22.257 32.739 25.728 25.011 33.910 33.235 28.452 32.005 274.401
AGO 7.393 7.343 5.760 10.285 10.178 10.357 13.097 12.543 12.353 15.151 104.460
SET 7.890 8.019 12.025 19.187 14.344 14.787 14.038 19.482 19.137 19.207 148.116
OUT 12.143 12.759 13.695 20.204 16.716 19.085 21.930 20.285 23.342 19.072 179.231
NOV 8.802 9.042 7.925 15.168 11.804 14.703 19.413 12.441 15.287 18.128 132.713
DEZ 12.675 15.307 14.257 14.139 14.523 17.626 23.686 22.983 22.250 21.664 179.110
TOTAL 106.641 142.387 145.279 186.363 175.954 178.069 216.829 228.853 222.719 219.532 1599.904
FLUXO
ESTIMADO
35.547 47.463 48.427 62.121 58.652 59.357 72.277 76.284 74.240 73.177 607.546
ÍNDICE
CRESCIM.
- +
33,520
+
2,030
+
28,280
-
5,916
+
1,203
+
21,767
+
5,544
-
2,753
-1.44
Nota 1: Estimativa de Fluxo considerando que cada turista visita três atrativos, em média.
Fonte: Levantamento realizado através do Voucher Único.
Secretaria Municipal de Turismo de Bonito Central do ISSQN 20-01-2006.
Nota 2: Atrativos e atividades realizadas / 2005
Gruta do Lago Azul: trilha / caverna; Reserva Ecológica Baía Bonita (Aquário Natural): trilha / flutuação /
piscina natural / observação flora/fauna; Recanto Ecológico Rio da Prata: flutuação/ mergulho autônomo /
equitação ecológica / trilha / observação da flora/fauna; Estância Mimosa Turismo Rural: cachoeira / trilha /
equitação ecológica / observação flora/fauna; Rio Sucuri: flutuação / piscina natural / cachoeira / trilha /
equitação ecológica / mountain bike / quadriciclo; Balneário Municipal: piscina natural / restaurante; Cachoeiras
Rio do Peixe: cachoeira / observação da flora/fauna / trilha; Passeios de Bote: Bote Iberê; Bote Ygarapê; Bote
Natura; Bote Boni ; Bote Murilo; Bote Karaja ; Hotel Cabanas: bóia cross ; Balneário do Sol: cachoeira /
flutuação / trilha / observação flora/fauna / piscina natural; Grutas de São Miguel: caverna / observação
flora/fauna / trilhas; Praia da Figueira: Day Use; Boca da Onça: cachoeiras / rapel / trilhas / piscina natural;
Fazenda Cachoeira (Hotel): piscina natural / passeio de bote / cachoeiras / observação da fauna/flora / trilhas /
equitação ecológica / mergulho autônomo / bóia cross; Buraco das Araras: trilhas / observação flora/fauna;
Parque das Cachoeiras: cachoeiras / observação da flora/fauna / trilha; Barra do Sucuri: piscina natural / passeio
de bote / flutuação / observação flora/fauna / trilha; Bonito Aventura: flutuação / trilha / observação flora/fauna;
Fazenda Ceita Corê: cachoeiras / mergulho autônomo / caverna / trilha / equitação ecológica; Balneário Monte
Cristo: cachoeira / piscina natural / observação flora/fauna / trilha; Ybirá Pê: Canopy Tour Brás; Circuito
Arvorismo; Abismo Anhumas: mergulho autônomo / flutuação / rapel / caverna; Rio Aquidaban: cachoeiras /
trilhas / observação da fauna/flora / piscina natural; Mergulho Aut. Abis Yga; Projecto Vivo: passeio de bote /
equitação ecológica / trilha / observação flora/fauna; Eno Bókoti: cachoeira / flutuação / trilha; Torre de Rapel
Wetega; Ilha do Padre; Safári em Bonito; Quadriciclo Crisval; Pq. Ecológico Cavalgada; Fazenda San Francisco
(Day Use): trilha / Observação flora/fauna / equitação ecológica; Balneário Barra Bonito; Lagoa Misteriosa:
piscina natural / mergulho autônomo / observação flora/fauna / trilha / flutuação; Safári Noturno Bto; Projeto
Jibóia; Bóia Cross Dinho; Equitação Ecológica; Balneário Tarumã: piscina natural / trilha; Bóia Cross Júlio e o
Programa de Índio: city-tour ; Rota Boiadeira : trilha.
VISITAÇÃO AOS ATRATIVOS TURISTICOS DE BONITO MS
QUANTITATIVO PERÍODO 1996 2005
SHAPE \* MERGEFORMAT
Fonte de Dados: Secretaria Municipal de Turismo de Bonito ISSQN
112
ANEXO B
113
MOVIMENTAÇÃO DOS MEIOS DE HOSPEDAGEM - 2005
LEVANTAMENTO ATRAVÉS DO BOLETIM DE OCUPAÇÃO HOTELEIRA 2005 (Jan Nov)
M E I O S D E H O S P E D A G E M
M O V I M E N T A Ç Ã O M E N S A L
E S T A T Í S T I C A
TOTAL REGIÃO ( * )
BOH
REGIÃO TURÍSTICA MH LEITOS MH LEITOS MH LEITOS ENTRADAS HOSPEDADOS
% ENVIO BOH
TAXA DE
PERMANÊNCIA
CAPACIDADE DE
ALOJAM.
TAXA DE OPCUP.
LEITOS
CAMPO GRANDE 088 3.863
075
3.473 13 1.189 43.737 152.358 21.67
3.49 392.370 38.83
SERRA DA BODOQ. 107 5.385
078
4.195 12 936 14.682 47.559 15.39
3.24 308.880 15.40
PANTANAL 235 7.108
220
7.019 09 488 5.919 17.784 4.09 3.00 161.040 11.04
DOURADOS 108 5.137
040
1.886 01 133 7.184 12.209 2.50 1.70 44.280 27.60
TRÊS LAGOAS 065 3.184
042
1.969 04 315 8.706 15.342 9.52 1.76 103.950 12.12
COXIM 088 4.190
035
1.813 04 190 11.552 14.904 11.43
1.30 62.700 23.00
NOVA ANDRADINA 035 1.427
026
1.156 01 101 9.320 15.519 3.84 1.67 33.330 46.57
TOTAL 726 30.294 516 21.511 44 3.352 101.100 275.675 0.85 2.73 1.106.550 24.91
( * )¹ Segundo levantamento do setor de Fiscalização da FUNDTUR/2003; atualização em 05/09/2005.
Envio de BOH de 15 Municípios: Campo Grande, Bonito, Aquidauana, Anastácio, Miranda, Corumbá, Porto Murtinho, Dourados, Três Lagoas, Aparecida do
Tabuado, , Chapadão do Sul, Rio Verde, São Gabriel do Oeste, Sonora, Naviraí .......................
Total de Meios de Hospedagem/municípios considerados ..........................................................................
Média de MH que enviaram BOH/FNRH ..........................................................................................................
Total do número de leitos ................................................................................................................................
TotalEntrada de Hóspedes ..............................................................................................................................
Total Hospedados ...........................................................................................................................................
Taxa de Permanência ......................................................................................................................................
19.23%
516
44
21.511
101.100
275.675
2.73
ANEXO C
16
PESQUISA: PERFIL DO TURISTA
MUNICÍPIO: BONITO
MÊSES DE REALIZAÇÃO: julho e novembro/05
OBJETIVO: identificação do perfil do turista e avaliação dos serviços prestados pelo trade local TOTAL DE
ENTREVISTAS: 58 (Jul.) e 79 (Nov.)
01. MOTIVO DA VIAGEM (%)
Mês / 2005
JUL.
NOV.
Lazer / férias 96.6
90.3
Negócios & eventos 1.72
7.3
Estudo 1.72
2.4
02. LOCAL DE RESIDÊNCIA FIXA
Outros estados 86.2
90.4
MS 1.72
-
Outros países 12.1
9.6
03. PROCEDÊNCIA
Outros estados 53.4
75.6
MS 25.9
24.4
Mercosul 3.45
-
Sem resposta 17.2
-
04. NATURALIDADE OU NACIONALIDADE
Outros estados 84.5
85.6
MS 1.72
-
Outros países 13.8
14.4
05. SEXO
Masculino 43.1
44
Feminino 56.9
56
06. FAIXA ETÁRIA
18 a 30 17.2
36.6
31 a 50 51.7
48.8
51 a 60 20.7
9.8
Acima de 60 10.4
4.8
07. GRAU DE ESCOLARIDADE
Superior 75.9 80.5
Médio 17.2
14.6
Fundamental 6.9 4.8
08. FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Administrador 10.3 4.8
Advogado 6.9 15
Analista de sistemas - 2.4
Biblioteconomia 1.72 -
Biólogo 3.45 2.4
Comerciante - 10
Contador - 4.8
Dentista 2.4
Do lar 6.9 2.4
17
Economista - 2.4
Educação física - 4.8
Eletrotécnico - 2.4
Engenheiro 1.72 4.8
Imobiliária - 2.4
Nutricionista - 2.4
Relações públicas - 2.4
Matemática 3.45 -
Mecânico - 4.8
Médico 10.32
9.8
Pedagogo 3.45 2.4
Professor 1.72 10
Psicologia 3.45 -
Turismólogo - 2.4
Outros 44.9 -
Sem resposta 1.72 4.8
09. ÁREA DE ATUAÇÃO
Aposentado 12.1
12.2
Do lar - 2.4
Empresário 10.3
9.8
Iniciativa privada 32.7
41.5
Profissional Liberal 15.5
7.3
Serviço Público 17.3
24.4
Outras 12.1
-
Sem resposta - 2.4
10. PRIMEIRA VEZ QUE VISITA O MS?
Não 24.2
83*
Sim 75.8
17*
*Nota:
JULHO / 05
Em média, os entrevistados declararam ter
visitado o Estado mais de 06 (seis) vezes.
NOVEMBRO / 05
Em média, os entrevistados declararam ter visitado
o Estado mais de 04 (quatro) vezes.
11. CIDADE(S) VISITADA(S):
Considerando que nesta categoria alguns
entrevistados citaram mais de um item como
resposta, a incidência de cada um foi a
seguinte:
JULHO / 05
Bonito foi o município mais visitado, equivalendo a
46.5% dos votos. Corumbá e o Pantanal foram o
segundo destino mais visitado do Estado , com um
índice de 19.7%. Os municípios de Campo Grande
e Bodoquena ficaram em terceiro lugar, citados por
15.5% dos entrevistados, seguidos dos municípios
de Jardim e Ponta Porã, ambos com 1.4%.
18
NOVEMBRO / 05
Bonito foi disparadamente o município mais
visitado, equivalendo a 71% dos votos. Campo
Grande foi o segundo destino mais visitado do
Estado , com um índice de 15.8%. O Pantanal ficou
em terceiro lugar, com 8%, e por último, os
municípios de Miranda e Ponta Porã foram citados
por 2.6% dos entrevistados.
12. FORMA DE ORGANIZAÇÃO DA VIAGEM:
Agência 48.3
56
Por conta própria 50 44
Evento 1.72
-
13. COMPANHIA:
Dupla 22.4
29.2
Família - 22
Grupo 27.6
36.6
Individual 3.45
12.2
14. O QUE O INFLUENCIOU A VISITAR O
ESTADO?
Considerando-se o fato de que nesta questão
alguns entrevistados citaram mais de um item
como resposta, a incidência de cada um foi a
seguinte:
JULHO / 05
A maior influencia na decisão de visitar o Estado foi
exercida por amigos e parentes com um índice de
46.4%. A Imprensa foi citada como sendo a
segunda maior influencia (20.1%), seguida pela
Internet (9%). As revistas especializadas
influenciaram 7.2% dos entrevistados. A folheteria
e a influência através da participação do Estado
com estandes em eventos empataram com 4.3%
dos votos. A divulgação através de agências &
operadoras e a Natureza figuraram com 2.9%,
seguidas pela reputação do Pantanal (1.4%)
NOVEMBRO / 05
A maior influência na decisão de visitar o Estado foi
exercida por amigos e parentes com um índice de
39.3%. A Internet foi citada como sendo a segunda
maior influência (21.4%), seguida pela Imprensa
(20%). A influência através da participação do
Estado com estandes em eventos ficou com 5.3%
dos votos. A divulgação através de folheteria e de
revistas especializadas empataram com 3.5% das
respostas.
15. MEIO DE TRANSPORTE UTILIZADO ATÉ O
ESTADO:
Avião 43.1 44
Ônibus fretado 13.8 22
Ônibus regular 6.9 4.8
Veículo próprio 34.5 29.2
Veículo locado 1.72 -
16. PERMANÊNCIA:
19
02 dias 7 -
03 dias 15.5 24.4
04 dias 10.3 19.5
05 dias 8.6 14.6
06 dias 8.6 7.3
01 semana 43.1 22
Acima de 01 semana 6.88 12.2
17. MEIO DE HOSPEDAGEM UTILIZADO
DURANTE SUA ESTADA NO MS:
Albergue da juventude 5.2 5
Hotel / pousada 91.4 95
Casa alugada 3.4 -
18. ESTIMATIVA DE GASTO / DIA:
De R$ 10 a R$ 50 1.72 12.2
De R$ 51 a R$ 100 19 27
De R$ 101 a R$ 200,00 - 17
De R$ 201 a R$ 300 20.7 36.6
De R$ 301 a R$ 500 12.1 4.8
R$ 501,00 a R$ 700,00 38 2.4
Acima de R$ 700,00 5.1 -
Sem resposta 3.4 -
Obs.: os resultados da questão 19 encontram-se
anexos, na páginas seguintes.
20. A VIAGEM OU EXPERIÊNCIA ATENDEU
SUAS EXPECTATIVAS:
Sim 100 97.6
Sem resposta - 2.4
21. IMPRESSÕES POSITIVAS DA CIDADE:
Considerando-se que nesta questão os
entrevistados podem eventualmente citar
mais de um item como resposta, a
incidência de cada um foi a seguinte:
JULHO / 05
Os atrativos foram considerados a
principal impressão positiva de 36%
dos entrevistados. A Cidade foi
indicada por 27 %. A segurança com
13% dos entrevistados. A sinalização
ficou com 11%. Os serviços ficaram
com 7% das respostas. A simpatia e a
paciência das pessoas ficaram em 6º
lugar, com 4 %, seguidas pelo quesito
organização ( (2%).
NOVEMBRO / 05
Os atrativos foram considerados a principal
impressão positiva de 34.7% dos entrevistados.
A
Cidade foi apontada por 16.6 %. A sinalização
ficou em terceiro lugar, com 12.5%
dos votos. A
20
segurança vem em seguida, com 8.3%. Os
serviços ficaram com 7% das respostas, assim
como a receptividade do povo e as belezas naturais
do Município. 14% não responderam à pergunta em
questão.
22. IMPRESSÕES NEGATIVAS DA VIAGEM:
Considerando-se que nesta questão os
entrevistados podem eventualmente citar
mais de um item como resposta, a
incidência de cada um foi a seguinte:
JULHO / 05
Os preços foram indicados por 18% dos
entrevistados. A sinalização, os serviços e o
transporte representaram 12% dos votos. As
rodovias, a organização, os serviços públicos
, o
aeroporto e a grande quantidade de ambulantes
na praça central, devido ao Festival, foram outros
itens citados por 6%% dos entrevistados como
impressão negativa.
NOVEMBRO / 05
A cidade ficou com 8.9% dos votos. 6.7% dos
turistas viram na segurança pública um dos
pontos negativos do Município. A sinalização
representou 6.7% do percentual total, seguida pelos
serviços, com 2.2%. 35.5% dos votos, dividiu-se
entre os seguintes aspectos:
- rotatórias inadequadas e inconvenientes
na Avenida Pillad Rebuá, que atrapalham
sobretudo a circulação dos ônibus de
turismo;
- calçamento irregular das ruas do centro;
- a má conservação de trechos da rodovia que dá
acesso ao Município, e finalmente
- os preços praticados pelo comércio local.
40% dos entrevistados não citaram nenhum ponto
negativo como resposta.
23. INDICARIA NOSSO ESTADO PARA ALGUÉM?
Sim 100 97.6
Sem resposta - 2.4
24. PRETENDE RETORNAR?
Sim 91.4 97.6
Sem resposta 8.6 2.4
25. QUANTOS ATRATIVOS FORAM VISITADOS?
Apenas a Gruta
3.45 -
Gruta + 01 14 4.8
21
Gruta + 02 10.3 12.
2
Gruta + 03 22.4 29.3
A Gruta e mais de 03 atrativos 41.3 51.
2
02 atrativos (sem a Gruta) 1.72 -
03 atrativos (sem a Gruta) 1.72 -
Acima de 03 atrativos (sem a Gruta) 1.72 -
Sem resposta 3.45 2.4
26. QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE O ESTADO
DE PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO
MUNICÍPIO DE BONITO?
Excelente 40 58.5
Bom 46 31.7
Regular 5 2.4
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GPPDT / GSIE / Campo Grande, 13/01/06
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