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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS JABOTICABAL
ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS DE ESCORE
DE TEMPERAMENTO E DE CARACTERÍSTICAS DE
CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM ANIMAIS DA RAÇA
NELORE
Raul Lara Resende de Carneiro
Médico Veterinário
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Fevereiro de 2007
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2
Carneiro, Raul Lara Resende de
C289e Estimativas de parâmetros genéticos de escore de temperamento
e de características de crescimento e de carcaça em animais da raça
Nelore/ Raul Lara Resende de Carneiro. – – Jaboticabal, 2007
v, 57 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2007
Orientador: Sandra Aidar de Queiroz
Banca examinadora: Joanir Pereira Eler, Maurício Mello de
Alencar, Sandra Aidar Queiroz
Bibliografia
1. Bovinos. 2. Temperamento. 3. Herdabilidade. I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.2:636.082
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e
Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca
e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS JABOTICABAL
ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS DE ESCORE
DE TEMPERAMENTO E DE CARACTERÍSTICAS DE
CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM ANIMAIS DA RAÇA
NELORE
Raul Lara Resende de Carneiro
Médico Veterinário
ORIENTADORA: Profa. Dra. Sandra Aidar de Queiroz
CO-ORIENTADOR: Dr. Luiz Alberto Fries
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Campus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do
título de Mestre em Genética e Melhoramento Animal.
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL
Fevereiro – 2007
i
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
RAUL LARA RESENDE DE CARNEIRO – Nascido em 28 de maio de 1975 em
Tupaciguara – Minas Gerais, casado com Luciana Trindade Valente de Carneiro, Filho
de Edilberto Carneiro e Maria Luiza Lara Resende Carneiro. Graduou-se pela Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, foi bolsista
do CNPq, durante a graduação, nas áreas de Melhoramento Animal e Bacteriologia
Aplicada. Atuou como médico veterinário autônomo em clínica, cirurgia e medicina
veterinária preventiva em Belo Horizonte, MG. Foi gerente comercial & marketing de
empresa de desenvolvimento de software de escrituração zootécnica em Belo
Horizonte, MG. Exerce a função de supervisor técnico de banco de dados do programa
PAINT
®
da Lagoa da Serra Ltda. e é o responsável pelo banco de dados do programa
desde janeiro de 2002. Em março de 2005, iniciou o curso de Pós Graduação em
Genética e Melhoramento Animal da FCAV – UNESP, Campus de Jaboticabal,
desenvolvendo a dissertação sobre o tema “Estimativas de parâmetros genéticos de
escore de temperamento e de características de crescimento e carcaça em animais da
raça Nelore”.
ii
“Lá em cima, na cabana, o velho estava dormindo de novo.
Continuava dormindo com o rosto escondido no monte de
jornais que lhe servia de almofada e o rapaz estava
sentado ao seu lado a observá-lo. O velho sonhava com
leões.”
Ernest Hemingway, O velho e o mar.
iii
Para Lu.
iv
AGRADECIMENTOS
- À Lu, minha mulher, pelo amor, compreensão, apoio e companheirismo.
- Aos meus pais pela oportunidade da vida e amizade eterna.
- Às minhas irmãs Leandra, Vanessa e Izabel pela torcida, mesmo que à distância.
- À minha orientadora Sandra Aidar de Queiroz, pelo valioso aprendizado, amizade,
apoio e incentivo.
- Ao Fries, pela amizade e disponibilidade de transmissão de conhecimentos.
- À Lagoa da Serra Ltda., pela oportunidade de aprendizado e crescimento profissional.
- Aos colegas de equipe e parceiros PAINT, pelo trabalho árduo e foco em resultados.
- Aos professores Adhemar Sanches, Antônio Sérgio Ferraudo, Lenira El Faro, Lucia
Galvão de Albuquerque, Luiz Alberto Fries, Mateus Rodrigues Paranhos da Costa,
Mauricio de Mello Alencar, Sandra Aidar de Queiroz, Vera Fernanda Hossepian de Lima
e Vera Lucia Cardoso, pelos conhecimentos transmitidos.
- Aos colegas Ana Lúcia Spironelli, Annaíza, Daniela Grossi, Júlio César Souza,
Luciana Shiotsuki, Patrícia Tholon, Nádia Dibiasi, Rafael Amorim, Roberto Carvalhero,
Vânia Cardoso, e equipe E&S consultoria pelo apoio e por terem contribuído de alguma
forma para essa conquista.
- Ao amigo Daniel Ceará pelos conselhos.
- A todos que direta ou indiretamente contribuíram e participaram dessa etapa.
v
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................3
INTRODUÇÃO.................................................................................................................4
REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................4
Temperamento - definição e relevância ...........................................................................4
Metodologias de avaliação de temperamento..................................................................6
Efeitos genéticos e ambientais que atuam sobre o temperamento..................................8
Herdabilidade de temperamento....................................................................................11
Ganho de peso pós desmama (GPD): definição e relevância........................................13
Efeitos genéticos e ambientais que atuam sobre o GPD ...............................................14
Herdabilidade de GPD ...................................................................................................14
Escores visuais de conformação (C), precocidade (P) e musculosidade (M): definição e
relevância ...................................................................................................................15
Efeitos genéticos e ambientais que atuam sobre os escores visuais de CPM...............15
Herdabilidade de escores visuais (CPM) .......................................................................16
Correlação genética entre temperamento, GPD e C, P e M ..........................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................18
CAPÍTULO 2 – ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS DE ESCORE DE
TEMPERAMENTO E DE CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA
EM ANIMAIS DA RAÇA NELORE..............................................................................26
Introdução ......................................................................................................................27
MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................29
Descrição das avaliações de escores visuais de CPM no PAINT
®
................................30
Descrição das avaliações de Temperamento no PAINT
®
..............................................34
Informações sobre os dados..........................................................................................36
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................40
CONCLUSÃO.................................................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................46
CAPÍTULO 3 – IMPLICAÇÕES......................................................................................52
1
ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS DE ESCORE DE TEMPERAMENTO
E DE CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA EM ANIMAIS DA
RAÇA NELORE
RESUMO – O temperamento bovino é uma característica geralmente definida
por um conjunto de comportamentos dos animais em relação ao homem. Essa
característica influencia o potencial produtivo de rebanhos por estar correlacionada com
características de desempenho e qualidade de carcaça e ter relação com aspectos
facilitadores do dia a dia do manejo, bem-estar e segurança dos animais e funcionários.
O temperamento (T) apresenta estimativas de herdabilidade de moderadas a baixas e é
influenciado por práticas de manejo e condições ambientais, sendo importante o
conhecimento de tais fatores para ações de seleção. O relacionamento de
características de desempenho, como ganho de peso pós-desmama (GPD) e de biotipo
por escores visuais, como conformação (C), precocidade (P) e musculosidade (M), vem
sendo utilizado em diversos programas de melhoramento visando a melhor identificar
animais de conformação produtiva superior pela associação de desempenho com tipo
morfológico. Neste trabalho foram utilizados 33.967 registros de escores de
temperamento, GPD, C, P e M de animais da raça Nelore controlados pelo programa de
melhoramento genético da Lagoa da Serra Ltda. (PAINT
®
). Os dados foram analisados
utilizando modelo animal, com análises uni e bi-catacterísticas, pelo método de máxima
verossimilhança restrita, em que se estimaram parâmetros genéticos, fenotípicos e
ambientais para as características, e verificaram os benefícios do uso da medida de
temperamento em um programa de melhoramento genético. As herdabilidades
estimadas foram 0,18 ± 0,02; 0,26 ± 0,03; 0,28 ± 0,03; 0,33 ± 0,03 e 0,35 ± 0,03 para T,
GPG, C, P e M, respectivamente. Os valores de correlação genética entre
temperamento e as outras características mostraram-se de pequena magnitude, mas
favoráveis. Os resultados demonstraram que as características podem responder à
seleção e que há tendência de resposta correlacionada.
PALAVRAS-CHAVE: bovinos, temperamento, herdabilidade, ganho de peso, escores
visuais, correlações genéticas.
2
GENETIC PARAMETERS ESTIMATES OF TEMPERAMENT SCORE,
GROWTH AND CARCASS TRAITS IN NELORE CATTLE.
ABSTRACT – Bovine temperament is a trait generally defined by a set of behaviors of
the animals in relation to man. This trait has demonstrated influence on productive
potential of herds, due to its correlation with performance and quality of carcass traits, as
well as a day by day relation with aspects of handling, welfare and security of animals
and employees, besides significant reduction on investments or rationalization of these
in other production system areas. Temperament has heritability ranging from moderate
to low and it is affected by handling practices and environmental conditions, so, it is
important to know such factors for selection issues. The relationship between
performance traits, as weight gain after weaning (GPD) and biotype for visual scores, as
conformation (C), precocity (P) and musculature (M), has been used by several breeding
programs aiming better identification of animals showing good productive conformation
through the association of performance with morphological traits. Data of score of
temperament, GPD, C, P and M recorded on 33,967 Nelore animal pertaining to
PAINT®, the Lagoa da Serra Ltda. breeding program were used. The data were
analyzed using an animal model, by the Restricted Maximum Likelihood method to
estimate genetic, phenotypic and environmental parameters for T, GPD, C, P and M. Uni
and bi-trait analyses were carried out for T and GPD, C, P and M to estimate genetic
correlation and heritabilites of these traits. The estimates of heritability were 0.18 ± 0.02;
0.26 ± 0.03; 0.28 ± 0.03; 0.33 ± 0.03 and 0.35 ± 0.03 for T, GPG, C, P and M,
respectively. The values of genetic correlation between temperament and the other traits
were low, but favorable. The results demonstrated that the traits could respond to
selection and, that selection for T could show indirect response on productive traits.
Keywords: beef cattle, temperament, heritability, weight gain, visual scores, genetic
correlations.
3
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
Introdução
Com um rebanho de cerca 164 milhões de bovinos, sendo aproximadamente 111
milhões de animais com aptidão para produção de carne, o Brasil posiciona-se
atualmente como o maior exportador de carne bovina no mundo (ANUALPEC, 2006).
Muitos são os fatores que proporcionaram tal posicionamento, dentre eles questões
sanitárias e econômicas da atualidade mundial. A preocupação, por parte de
pecuaristas, em melhorar o controle zootécnico, a eficiência produtiva de rebanhos e a
busca para promover o incremento da qualidade da carne brasileira são fatores
importantes para a manutenção dessa posição de liderança no mercado mundial.
A indústria da carne tem interesse em elevar a produtividade com redução dos
custos de produção. Produtores não são exceção, e têm buscado fazer uso de
indicadores de temperamento e desempenho para alcançar seus objetivos (LANIER &
GRANDIN, 2002).
Tendo em vista a relevância do temperamento na produção animal,
pesquisadores têm aprofundado estudos visando a entender melhor essa característica
de forma a melhorar o bem-estar animal, aperfeiçoar técnicas e estruturas de manejo e
maximizar a eficiência produtiva pelo uso de animais adequados ao sistema de
produção. Busca-se, também, por outras características, tais como: ganho de peso,
contusões em carcaças, dentre outras, correlacionadas com temperamento, que
tenham relação com produtividade animal e qualidade de carne.
Alguns programas de melhoramento genético têm avaliado o temperamento em
seus rebanhos, na busca por animais mais dóceis, adaptados ao manejo e mais
produtivos. Nesse panorama, é necessário o entendimento do conceito de
temperamento, bem como dos fatores genéticos e ambientais que o influenciam e as
metodologias disponíveis para sua avaliação para a correta condução de programas de
melhoramento animal que envolvam temperamento como critério de seleção.
O presente trabalho utilizou dados de animais controlados, da raça Nelore,
avaliados pelo PAINT®, e teve por objetivo verificar a possibilidade de inclusão do
temperamento como critério de seleção, por meio de estimativas de herdabilidade e
4
correlação genética desta característica com escores visuais de conformação (C),
precocidade (P), musculosidade (M) e ganho de peso pós-desmama (GPD).
REVISÃO DE LITERATURA
Temperamento - definição e relevância
O conceito de temperamento é antigo e visto de forma bastante ampla, pois
envolve definições de ordem fisiológica, psicológica, social e comportamental. Diversos
autores adotam distintas definições, inclusive optando muitas vezes por fazer uso do
termo “reatividade”, dado a gama de características que compõem o temperamento.
Dentre as definições mais citadas na literatura está aquela que trata do conjunto
de comportamentos dos animais em relação ao homem, geralmente atribuído ao medo
(FORDYCE et al., 1982).
Paranhos da Costa et al. (2002) mencionaram “ser mais adequado avaliar os
indivíduos considerando apenas um ou alguns aspectos (de forma independente) de
seu temperamento, medindo comportamentos que indiquem as tendências de um dado
animal em ser mais agressivo, ágil, atento, curioso, dócil, esperto, medroso, reativo,
teimoso e tímido, dentre outras características”.
De forma geral, muitos dos métodos utilizados para avaliar temperamento em
pecuária de corte envolvem aspectos como mansidão e docilidade (PIOVEZAN, 1998).
Temperamento vem ganhando importância como uma característica de produção,
sendo que pesquisadores e produtores têm assumido que essa característica pode ser
definida pela intensidade com que um animal reage ao ser humano ou a situações
criadas por este (SPIRONELLI, 2006).
Paranhos da Costa (2000) chamou a atenção para a importância do
temperamento como contribuinte da otimização da produção animal e como
característica de valor econômico, pois temperamento demonstrou ter relação com
estresse e, conseqüentemente, com maiores custos de produção em função de: (1)
necessidades de maior número de vaqueiros bem treinados; (2) riscos envolvendo
segurança de trabalhadores; (3) tempo dispendido com manejo; (4) necessidade de
5
maior infra-estrutura e manutenção; (5) lotes heterogêneos em função de diferentes
graus de susceptibilidade ao estresse de animais; (6) perda de rendimento e qualidade
de carne; e (7) diminuição da eficiência na detecção de cio em sistemas que envolvem
o uso de inseminação artificial.
Silveira et al. (2006) avaliaram testes de escore composto (adaptado de
PIOVEZAN, 1998) e tempo de saída (adaptado de BURROW et al., 1988) e relataram
que o temperamento em bovinos de corte pode afetar características de interesse
econômico.
Diversos estudos também atentaram para a importância do temperamento e seus
efeitos sobre a produção animal. Fordyce et al. (1985) demonstraram que bovinos mais
pesados apresentaram menores escores de temperamento, sugerindo que seleção para
maiores taxas de crescimento poderiam melhorar temperamento. Analisando a
associação entre escores de reatividade e características produtivas, Borba et al. (1997)
relataram correlação favorável entre ganho de peso e distância de fuga em bovinos
Nelore, indicando que os menos reativos apresentavam maiores ganhos de peso.
Silveira et al. (2006), avaliando duas metodologias, encontraram valores de correlação
favoráveis entre temperamento e ganho de peso. Em estudos conduzidos por Burrow &
Dillon (1991) também foi constatado efeito significativo do temperamento sobre o ganho
de peso diário, além de peso final e porcentagem de acabamento em confinamento.
Tulloh (1961) demonstrou associação de temperamento com peso e correlação
favorável com taxas de crescimento.
Burrow et al. (1988) reportaram maior freqüência de detecção de cio em novilhas
de corte mais dóceis em manejo de inseminação artificial em relação a novilhas menos
dóceis e concluíram que os animais dóceis foram mais tolerantes ao observador de cio
em relação aos mais temperamentais, sendo inseminados no momento mais apropriado
e resultando em maiores taxas de concepção.
Fordyce et al. (1988) destacaram o estresse pré abate como fator de influência
no aumento de pH da carne com alteração de sabor, capacidade de retenção de água,
manutenção de qualidade e maciez. Também mencionaram estudo mostrando maior
incidência de injúrias ao abate na carcaça de bovinos de temperamento bravio em
relação a outros mais dóceis. Voisinet et al. (1997) relataram que a condução do
6
manejo pré abate de forma estressante promove alterações metabólicas que resultam
em carne escura, dura e seca. Burrow (1997) citou diversos fatores que resultam em
estresse e em carne de qualidade inferior, com o percurso de longas distâncias, manejo
inadequado, montagem pré abate de grupos não familiarizados (resultando em
disputas), dentre outros.
Paranhos da Costa (2002) indicou a possibilidade de ganhos diretos e indiretos,
em todos os segmentos envolvidos com a produção de carne, quando o comportamento
dos bovinos, para a definição de ações de manejo, é levado em conta.
Metodologias de avaliação do temperamento
As várias metodologias de avaliação de temperamento, apesar de abordarem
aspectos amplos do comportamento e reatividade animais, procuram medir a reação
animal em relação ao homem e ao manejo imposto pela rotina de trabalho nas
fazendas.
De acordo com Burrow (1997), uma simples medida de temperamento pode não
identificar todos os tipos de comportamento animal que os pecuaristas buscam. No
entanto, é possível que alguns testes identifiquem aspectos particulares do
comportamento os quais apresentem correlação favorável com outros aspectos
comportamentais.
Para a mensuração de temperamento em bovinos, diversos testes foram
utilizados, sendo os mais comuns na literatura consultada:
Testes de não restrição: em que o animal tem liberdade de movimentação em
uma área relativamente espaçosa na presença ou ausência de um observador.
Teste de distância de fuga: mede a distância na qual um avaliador pode
se aproximar antes que o animal reaja, afastando-se (FORDYCE et al.,
1996; MATSUNAGA et al., 2002) .
Teste de docilidade: considera não apenas a distância na qual um
avaliador pode se aproximar como também o tempo que um animal pode
7
tolerar a aproximação ou ser encurralado em um canto (LE NEINDRE et
al., 1995).
Velocidade de fuga (Flight Speed): mede o tempo gasto por um animal
para percorrer uma distância conhecida, no qual os animais mais rápidos
recebem as piores notas quanto ao temperamento. Muitos testes
utilizados atualmente são adaptações do teste de velocidade de fuga, com
alterações da distância (PIOVEZAN, 1998; LANIER et al., 2000;
BURROW, 2001; PARANHOS DA COSTA et al., 2002; SILVEIRA et al.,
2006).
Escores de temperamento: Utiliza uma escala numérica absoluta para
mensurar o temperamento de bovinos de corte, considerando categorias
de comportamento quando um avaliador se aproxima do animal. Os
valores de escores variaram nos trabalhos encontrados na literatura.
Porém, de uma forma geral, têm o objetivo de diferenciar níveis de
temperamento que vão desde um animal muito manso a um muito agitado
e agressivo (VOISINET et al., 1997; LANIER et al., 2000; MACEDO et al.,
2000; FIGUEIREDO et al., 2005).
Testes de restrição: os animais apresentam seus movimentos restritos.
Comportamentos mensurados envolvem quantidade de movimentos,
vocalizações, chutes, audibilidade da respiração, tentativas de fuga e outros.
Escore de movimentação: O animal tem seus movimentos avaliados
durante contenção na balança ou tronco. Encontram-se variações desse
teste na literatura, tais como: variações de escalas, técnicas de medidas
de freqüência, dentre outros, envolvendo as diversas características de
comportamento de testes de restrição (MORRIS et al., 1994; GRANDIN et
al.,1995; HEARNSHAW & MORRIS, 1984).
8
Audibilidade de respiração: em que o animal é avaliado em escala de 1
a 4, indo de respiração não audível até intensa e freqüente (FORDYCE
et AL., 1982).
Os testes de restrição apresentam as vantagens de serem rápidos e de fácil
implementação. No entanto, não é possível relacionar comportamento em uma situação
de restrição com outra situação de não restrição pelo fato de alguns animais que são
difíceis de manejar em piquetes demonstrarem resposta de “congelamento” quando
restritos.
Burrow (1997) enfatizou ser recomendado para pecuaristas que desejem
facilidade de manejo a pasto para seus animais, o uso de mensurações que
identifiquem a resposta do animal ao manejo. Essas mensurações se encontram na
categoria dos testes de não restrição. Em geral, esses testes são mais trabalhosos e
apresentam maiores riscos para o avaliador e animais.
Variações dos testes de restrição e não restrição e/ ou avaliações menos comuns
podem ser encontrados na literatura, como uso de marcadores para temperamento no
momento da pesagem de desmama (PRINZENBERG et al., 2006) e o teste de
reatividade animal em ambiente de contenção móvel, que consiste em quantificar a
reatividade dos animais por meio de dispositivo eletrônico acoplado ao brete ou balança
que é dotado de um mecanismo que quantifica a freqüência e a intensidade dos
movimentos do animal em um período determinado (MAFFEI et al., 2004).
Efeitos genéticos e ambientais que atuam sobre o temperamento
A compreensão de fatores ambientais e genéticos que possam regular o
temperamento tem grande importância para o estabelecimento de métodos de seleção
para animais calmos (FORDYCE et al., 1988).
De acordo com Burrow (1997), em muitos estudos a idade é confundida com
efeitos de experiência do animal com o manejo.
Hearnshaw et al. (1979), ao compararem testes e analisar respostas de
comportamento bovino por escores de movimentação no brete, reportaram que os
9
escores de temperamento de um primeiro teste foram maiores que os de testes
subseqüentes, indicando que os animais se tornavam acostumados à rotina de
avaliação. Hearnshaw & Morris (1984), analisando escores de movimentação com
escala de “0” a “5” em ambiente de restrição de movimento, observaram melhores
médias de temperamento para vacas que para seus bezerros, sugerindo que as mães
tornaram-se acostumadas ao manejo.
Becker et al. (1997) submeteram bezerros a repetidas avaliações de
temperamento em momentos distintos, observando nesses bezerros reações de tempo
de movimentação, de observação, tentativa de fuga, agressividade e ataque em relação
a avaliador totalmente imóvel e sem emitir sons. Os mesmos autores relataram que
bezerros não submetidos a manejo afável apresentaram temperamento mais agressivo
em relação aos avaliadores quando comparados com bezerros que receberam manejo
afável e concluíram que tais resultados sugeriram a habituação às rotinas de manejo e
o manejo afável como fatores importantes na redução do temperamento.
Becker (1994) também observou que, após realização de teste com animais que
apresentaram experiências traumáticas acidentais ao fugirem de instalações, os
mesmos passaram a apresentar respostas indesejáveis, com desempenhos
insatisfatórios em testes posteriores, apesar dos acidentes ocorrerem após manuseio
afável.
O manejo tem papel importante sobre o temperamento de bovinos, estando suas
reações ligadas à qualidade das ações humanas realizadas em relação aos animais.
Spironelli (2006), ao avaliar temperamento de bovinos mestiços pelo uso de escores
compostos de reatividade (adaptado de PIOVEZAN, 1998), relatou ser lícito supor que
as diferenças de escores de reatividade encontradas nos diferentes dias de manejo
sejam decorrentes das condições em que os manejos precedentes às avaliações foram
realizados. Burrow (1997) relatou não ser conclusivo que treinamento intensivo poderia
ser justificado como método de melhoria de temperamento em zebuínos. O mesmo
autor também observou que o comportamento materno tem efeito importante sobre o
temperamento e desempenho de performance da progênie. No entanto, ressaltou
serem necessários mais estudos para quantificar esse efeito.
10
Diversos estudos relataram a influência da raça ou composição racial sobre o
temperamento.
Tulloh (1961), utilizando avaliação subjetiva de temperamento com escala de “1”
a “6” (variando de dócil a agressivo) de animal contido em brete, encontrou diferenças
de temperamento entre animais das raças Hereford, Angus e Shorthorn. Hearnshaw &
Morris (1984), avaliando temperamento por escores de movimentação em ambiente
restrito, verificaram que mestiços de Bos taurus indicus e suas cruzas foram mais
difíceis de manejar que animais puros ou de raças compostas por cruzamentos entre
Bos taurus taurus. Fordyce et al. (1984) também observaram temperamento mais
brando em raças taurinas quando comparadas a zebuínas. Spironelli (2006) observou
menores médias para todas as variáveis indicadoras de reatividade na raça Braford em
relação à raça Nelore, para tensão e escore composto.
Vários estudos apresentam resultados diferentes de influência de sexo sobre
temperamento, não sendo possível concluir de forma precisa sobre efeitos de sexo em
temperamento de bovinos de corte (BURROW, 1997).
Estudo realizado por Tulloh (1961) mostrou que machos castrados apresentaram
melhor temperamento que novilhas. Prinzenberg et al. (2006), associando avaliações
realizadas por metodologias de restrição, não restrição e marcadores genéticos em
bezerros avaliados em idades distintas, observaram que sexo afetou o temperamento,
sendo os machos mais dóceis no momento da pesagem em relação às fêmeas.
Hinch & Lynch (1987), ao analisarem temperamento utilizando tempo necessário
para condução de animais em ambiente aberto, relataram não haver diferenças para
temperamento entre touros e animais castrados. Hearnshaw & Morris (1984) não
encontraram diferenças entre temperamento de reprodutores e novilhas, assim como
Burrow et al. (1988) não encontraram diferenças de temperamento entre reprodutores e
bezerras na desmama. No entanto, aos 18 meses de idade, os reprodutores
apresentaram escores de temperamento menores em relação às novilhas.
Hearnshaw & Morris (1984) descreveram que bezerros com níveis nutricionais
medianos apresentaram valores de escore maiores para temperamento.
11
Herdabilidade de temperamento
A herdabilidade (h
2
) é uma medida de intensidade de relação entre desempenho
(fenótipo) e valor genético para uma característica em uma determinada população. De
forma geral, h
2
mede a influência dos genes de ação aditiva na expressão de uma
característica.
A herdabilidade tem sempre valores positivos ou nulos, variando de 0% a 100%
ou 0 a 1. Herdabilidades acima de 70% são raras (BOURDON, 2000). O parâmetro
herdabilidade tem grande importância para o melhoramento animal, posto que a
resposta à seleção irá depender do valor da h
2
estimada para a característica que se
deseja selecionar.
Na Tabela 1 são apresentados valores de estimativas de herdabilidade para
medidas de temperamento em pecuária de corte para as principais metodologias
observadas na literatura consultada. Observa-se variação nos valores de herdabilidade
estimados nos distintos testes. Essa variabilidade nas estimativas se deve a fatores tais
como:
- Tipo de teste: Testes de restrição tendem a selecionar animais com tipo de
comportamento diferente de testes de não restrição, visto que animais reativos e
agitados em campo podem apresentar comportamento de “congelamento” quando
manejado no brete, apresentando menor freqüência de movimentos em ambiente
restrito e podendo ser considerado menos reativo por essa menor freqüência;
- Idade: A idade dos animais quando a avaliação foi realizada pode influenciar o escore
de temperamento, já que os escores de temperamento tendem a ser mais baixos na
medida em que os animais envelhecem e adquirem experiência com o manejo.
- Raça ou composição racial: Testes comparando animais de composições raciais
diferentes demonstram ser este um fator de influência sobre o temperamento, podendo
ser mais ou menos intenso conforme a composição.
12
- Metodologia: Metodologias como as de quadrados mínimos tendem a apresentar
maior viés pelo tipo de modelo utilizado, de forma que valores de estimativas, neste
caso, podem estar superestimados, com valores de herdabilidade maiores.
Metodologias mais recentes, como a do REML, utilizam modelo animal e tendem
a ser mais precisas, gerando valores de herdabilidade mais baixos. Desta forma,
espera-se uma influência da metodologia utilizada sobre os valores estimados, sendo
que, valores mais baixos observados em metodologias mais recentes e precisas,
tendem a estar mais próximos do real.
Tabela 1. Teste para temperamento, referências, raças utilizadas nos estudos,
metodologia estatística e valores de estimativas de herdabilidade (h
2
) para medidas de
temperamento.
Teste para
temperamento
Referência Raça
avaliada
Metodologia
estatística
h
2
Escore de
temperamento
1
(não restrição)
Figueiredo et al.
(2005)
Nelore REML 0,17
Distância de fuga
(não restrição)
Matsunaga et al.
(2002)
Nelore Método R 0,13
Flight speed
(não restrição)
Paranhos da
Costa et al
(2002)
Nelore, Gir,
Guzerá e
Caracu
REML 0,35
Flight speed
(não restrição)
Burrow (2001) Belmont Red REML 0,40 – 0,44
Flight speed
(não restrição)
Piovezan (1998) Zebuínas e
européia
REML 0,35
Distância de fuga
(não restrição)
Fordyce et al.
(1996)
Diversas Quadrados
mínimos
0,70
Escore de agitação
(restrição)
Paranhos da
Costa et al
(2002)
Nelore, Gir,
Guzerá e
Caracu
REML 0,34
1
Escore de temperamento variando de “1” (muito agressivo) a “5” (muito dócil), com animal solto no curral.
13
Escore composto
2
(restrição)
Piovezan (1998) Zebuína e
européia
REML 0,34
Escore de docilidade
(restrição)
Le Neindre et al.
(1995)
Limousin REML 0,22
Escore de
temperamento
3
(restrição)
Hearnshaw &
Morris (1984)
Diversas Quadrados
mínimos
0,46
Escore de
movimentação
4
(restrição)
Fordyce et al.
(1982)
Diversas Quadrados
mínimos
0,17
Audibilidade de
respiração
(restrição)
Fordyce et al.
(1982)
Diversas Quadrados
mínimos
0,57
Escore de balança
(restrição)
Fordyce et al.
(1982)
Diversas Quadrados
mínimos
0,67
Ganho de peso pós-desmama (GPD): definição e relevância
Taxa ou velocidade de crescimento, expressa como ganho médio diário (GMD)
em diferentes períodos, pode ser definida como a razão entre a diferença nos pesos
medidos em um período (numerador) e o tempo (denominador) transcorrido para que o
animal ganhe o peso definido no numerador (FRIES et al., 1996).
Dentre as características associadas à produtividade animal, ganho médio diário
de peso se encontra entre as mais utilizadas como critério de seleção na pecuária. O
ganho de peso pós-desmama (GPD) reflete o potencial de peso de animais adultos, a
idade de abate e, consequentemente a qualidade de carcaça. O período pós-desmama
tem relevância na avaliação genética de bovinos de corte por corresponder a uma fase
próxima do produto final e por melhor representar o ambiente de criação, não sendo
diretamente influenciado por efeitos maternos (CARDOSO et al., 2004). Albuquerque &
2
Escala de escore composto medida com animal contido que considerou a combinação de observações de
respiração, vocalização, movimentação, e coices.
3
Escore de temperamento com animal contido, variando de “0” (estático) a “5” (sem condições de manejo, violento).
4
Escore de temperamento com animal contido, variando de “1” (estático) a “8” (esforço violento).
14
Fries (1998) destacaram tal característica, quando medida em animais criados a pasto,
como o melhor indicador de capacidade de adaptação de animais.
Efeitos genéticos e ambientais que atuam sobre o GPD
Dentre os fatores que influenciam a característica ganho de peso pós-desmama,
a idade do animal, o ano de nascimento e a data juliana de nascimento são fatores de
grande relevância. Segundo Jorge Junior (2002), o efeito de idade juliana de
nascimento está relacionado a variações climáticas anuais e é mais pronunciado nos
rebanhos criados em condições extensivas. Efeito significativo da idade do animal sobre
ganho médio diário de peso da desmama até um ano de idade foram relatados por
Muniz & Queiroz (1999).
O efeito de idade da vaca ao parto é outro fator de grande importância sobre
ganho de peso médio, pois está intimamente ligado à produção de leite (COSTA, 2005).
As alterações fisiológicas no decorrer da vida útil de uma vaca têm reflexo sobre
a potencial capacidade de produzir leite e, consequentemente, na sua habilidade
materna (JORGE JUNIOR, 2002). Segundo Costa (2005), ao sobreano, espera-se que
a influência materna seja reduzida, uma vez que o bezerro não está mais mamando.
Em vista disso, o desempenho do animal no sobreano reflete com mais clareza seu
potencial de crescimento no ambiente que lhe é oferecido. No entanto, Muniz & Queiroz
(1999) não encontraram efeito significativo de idade da vaca ao parto sobre GPD.
Sarmento et al. (2003), por sua vez, relataram efeito linear significativo sobre GPD.
Biffani (1997), estudando características de crescimento em bovinos Nelore,
encontrou efeito significativo de sexo, ano de nascimento e fazenda para ganho diário
da desmama aos 365 dias e dos 365 aos 550 dias de idade.
Herdabilidade de GPD
Na literatura consultada, estimativas de h
2
variaram entre 0,07 e 0,42. Marcondes
et al. (2000), avaliando ganho de peso pós-desmama, estimaram h
2
de 0,18 em
população de bovinos da raça Nelore. Koury et al. (2000), também avaliando animais
15
Nelore, estimaram valores de 0,23 a 0,24. Estimativas de 0,07 e 0,42 em Nelore foram
relatadas por Simonelli et al. (2004) e Sarmento et al. (2003), respectivamente.
De forma geral, a literatura consultada aponta possibilidade de resposta à
seleção para GPD, podendo promover considerável progresso genético.
Escores visuais de conformação (C), precocidade (P) e musculosidade (M):
definição e relevância
Avaliações visuais, aliadas às medidas de peso, têm sido utilizadas no País
desde a década de 70 para avaliação genética de touros, com a implantação do
PROMEBO pela Associação Nacional de Criadores “Herd Book Collares” (FRIES,
2004). Atualmente, existem diversos métodos de avaliação visual, sendo que a maioria
deles é uma modificação do sistema Ankony (LONG, 1973).
O sistema de avaliação denominado “CPMU” é um dos sistemas derivados do
sistema Ankony e vem sendo utilizado em alguns programas de melhoramento da raça
Nelore no Brasil.
O uso dos escores visuais é considerado uma boa forma de se identificar animais
de melhor conformação produtiva (KOURY FILHO, 2005), podendo ser uma das formas
mais viáveis de se medir diferenças em indivíduos (FRIES, 1996). Esse sistema, além
de possibilitar descrição física e produtiva do animal, permite estabelecer um programa
de seleção com ênfase em características que também precisam ser melhoradas em
um rebanho (DIBIASI, 2006).
Os escores visuais podem auxiliar na seleção de características de
crescimento e, consequentemente, a produção de animais com características
desejadas pela indústria da carne (ROCHA, 1999).
Efeitos genéticos e ambientais que atuam sobre os escores visuais de CPM
O efeito de idade do animal, assim como para GPD, também é expressivo para
escores visuais de CPM. Estudos demonstraram que bezerros desmamados mais
16
velhos tiveram os melhores escores de C, P e M (DAL-FARRA et al., 2002 e COSTA et
al., 2004).
O sexo do animal também é fator importante, já que machos costumam
apresentar pesos corporais superiores às fêmeas da mesma idade, que
consequentemente, influenciam os escores e ganhos de peso (COSTA, 2005).
Efeito de idade da vaca ao parto é outro fator de importância sobre os escores
visuais e exerce forte influência sobre a característica de conformação (PONS et al.,
1989; JORGE JUNIOR, 2002). Jorge Junior (2002) relatou aumento dos escores de C,
P e M de acordo com o aumento da idade da vaca até a mesma atingir entre oito e nove
anos de idade, decrescendo a seguir. Da mesma forma que para a característica GPD,
espera-se influência materna reduzida sobre escores visuais ao sobreano (COSTA,
2005). O mesmo autor chamou a atenção para a importância de data juliana e ano de
nascimento como fatores de influência sobre escores visuais.
Herdabilidade de escores visuais (CPM)
Estimativas de herdabilidade para C, P e M ao sobreano observadas na literatura
consultada variaram de 0,09 a 0,52 e evidenciam que os escores visuais são tão
herdáveis quanto os ganhos médios diários e que a seleção individual para essas
características pode ser eficiente.
Eler et. al. (1996), também avaliando escores visuais ao sobreano de bovinos Nelore,
relataram valores de 0,34; 0,29 e 0,33 de h
2
para C, P e M respectivamente.
Koury Fillho (2001), avaliando escores visuais ao sobreano de animais Nelore,
relatou estimativas de h
2
de 0,11 a 0,13 para C, 0,09 a 0,11 para P e 0,16 a 0,18 para
M.
Estimativa de 0,52 ± 0,19 para C foi encontrada para bovinos da raça Hereford
por Pons et al. (1989). Na raça Angus, estimativas de h
2
para CPM ao sobreano de
0,19; 0,25 e 0,26, respectivamente, foram relatadas por Cardoso et al. (2004).
17
Correlação genética entre temperamento, GPD e C, P e M
Koury Filho (2005) verificou que estudos de crescimento com base nos pesos
são comuns na literatura, porém, escassos são os trabalhos que relacionam dimensões
corporais com características de desenvolvimento ponderal bem como desempenho
reprodutivo em zebuínos.
Diversos estudos apontam correlação favorável entre temperamento e ganho de
peso pós-desmama, em que animais de temperamento mais brando tendem a
apresentar maiores taxas de ganho de peso (FORDYCE et al., 1985; BURROW &
DILLON, 1991; BORBA et al., 1997). Figueiredo et al. (2005) relataram estimativa de
correlação genética entre escore de temperamento em ambiente aberto (onde escores
mais altos representavam maior mansidão) e ganho de peso aos 18 meses de 0,38.
Correlação igual a -0,47 entre escore composto de temperamento (adaptado de
PIOVEZAN, 1998, em que valores mais altos representam animais mais bravos) e
ganho de peso também foi observada por Silveira et al. (2006), indicando incremento de
ganho de peso conforme mansidão do animal.
Ganho de peso pós-desmama também apresenta correlação favorável com
escores visuais (KOURY FILHO, 2005). De maneira geral, as características de
crescimento e os escores visuais de C, P e M apresentam correlação positiva e alta,
indicando que a seleção utilizando avaliações visuais poderá promover mudança
genética correlacionada no ganho de peso (COSTA, 2005). Koury Filho (2005) estimou
valores de correlação iguais a 0,83; 0,59 e 0,58 de GPD com C, P e M respectivamente.
18
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26
CAPÍTULO 2 – ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS DE ESCORE DE
TEMPERAMENTO E DE CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO E DE CARCAÇA
EM ANIMAIS DA RAÇA NELORE
RESUMO – O temperamento bovino é uma característica geralmente definida por um
conjunto de comportamentos dos animais em relação ao homem. Essa característica
influencia o potencial produtivo de rebanhos, por estar correlacionada com
características de desempenho e qualidade de carcaça e ter relação com aspectos
facilitadores do dia a dia do manejo, bem-estar e segurança de animais e funcionários.
O presente estudo teve o objetivo de verificar a possibilidade de inclusão do
temperamento como critério de seleção, por meio de estimativas de herdabilidade e
correlação genética desta característica com escores visuais de conformação (C),
precocidade (P), musculosidade (M) e ganho de peso pós-desmama (GPD). Foram
utilizados 33.967 registros de escores de temperamento, dados de GPD, C, P e M de
uma população da raça Nelore pertencente ao PAINT
®
, programa de melhoramento
genético da Lagoa da Serra Ltda. As análises realizadas visaram estimar, pelo método
de máxima verossimilhança restrita, parâmetros genéticos, fenotípicos e ambientais
para T, GPD, C, P e M. Análises uni e bi-características foram realizadas entre T e
GPD, C, P e M a fim de estimar correlação genética e herdabilidade das características.
As herdabilidades estimadas nas análises uni-características foram 0,18 ± 0,02; 0,27 ±
0,03; 0,28 ± 0,03; 0,33 ± 0,03 e 0,36 ± 0,03 para T, GPG, C, P e M, respectivamente.
Os valores de correlação genética entre temperamento e as outras características
mostraram-se de pequena magnitude, mas favoráveis. Os resultados demonstraram
que as características podem responder à seleção e que há tendência de resposta
correlacionada.
PALAVRAS-CHAVE: bovinos, temperamento, herdabilidade, ganho de peso, escores
visuais, correlações genéticas.
27
INTRODUÇÃO
O Temperamento vem se tornando uma característica de forte importância
econômica e foi introduzido como critério de seleção em alguns programas de
melhoramento em bovinos. A busca pelos pecuaristas por animais mais dóceis e de
fácil manejo, assim como as diversas pesquisas buscando melhor entendimento do
comportamento animal são justificadas pela relação direta do temperamento com
características produtivas, de qualidade de carne e bem-estar animal. Diversos estudos
relacionaram maior intensidade de temperamento (animais mais bravios) com impacto
em características econômicas, tais como: problemas de concepção (BURROW et al.
1988), menores taxas de ganho de peso (TULLOH, 1961; FORDYCE et al., 1985;
BORBA et al., 1997; SILVEIRA et al., 2006), maior incidência de contusões de
carcaças, redução de pH, maciez e escurecimento da carne (FORDYCE et al., 1988;
BURROW, 1997; VOISINET et al., 1997; PARANHOS DA COSTA et al., 2002) e
menores taxas de crescimento (TULLOH, 1961), dentre outras.
Apesar de temperamento envolver uma grande amplitude de aspectos do
comportamento, sua definição mais comumente utilizada é a de se tratar de um
conjunto de comportamentos dos animais em relação ao homem, geralmente atribuído
ao medo (FORDYCE et al., 1982).
De acordo com Piovezan (1998), as estimativas de herdabilidade encontradas
para T na literatura variam conforme a metodologia, a população e a raça, podendo ir
de valores baixos a moderados. Assim, temperamento pode responder à seleção e
apresentar correlações favoráveis com outras características relacionadas à eficiência
produtiva e à de qualidade da carne. Variações de 0,35 a 0,44 podem ser observadas
para trabalhos que avaliaram temperamento pelo método de Flight speed ou velocidade
de fuga (PIOVEZAN, 1998; BURROW, 2001; PARANHOS DA COSTA et al., 2002).
Piovezan (1998), avaliando temperamento por escores compostos de movimentação,
relatou herdabilidade de 0,34. Estimativa igual a 0,17 foi obtida por Figueiredo et al.
(2005), utilizando avaliação de escore de temperamento em ambiente aberto.
Hearnshaw & Morris (1984) relataram herdabilidade igual a 0,46 para escores de
temperamento em ambiente de restrição. Possibilidade de resposta correlacionada
28
entre T e GPD foi relatada, com estimativa de correlação entre as características de -
0,47 (SILVEIRA et al., 2006). Temperamento é influenciado pela idade, tornando-se
mais brando a medida que o animal adquire experiência e habitua-se com o manejo
(HEARNSHAW & MORRIS, 1984; BECKER, 1994; BURROW, 1997). Muitos estudos
observaram a influência do sexo sobre a reatividade de bovinos, no entanto, pela
diversidade de resultados distintos, a afirmação de que temperamento sofra influência
do sexo ainda é inconclusiva (BURROW, 1997). Vários autores relataram a influência
da raça ou composição racial sobre temperamento, principalmente destacando o fato de
animais com maior proporção de genes das raças zebuínas tenderem a apresentar
maiores escores de temperamento que animais taurinos.
O manejo também exerce importante influência sobre o temperamento
(PARANHOS DA COSTA et al., 2002), em que o baixo nível de capacitação de mão de
obra, baixa qualidade de manejo, instalações, etc., podem influenciar o temperamento
de animais e acarretar em sérias perdas para o sistema de produção.
Muitas são as metodologias que abordam aspectos do comportamento animal.
BURROW (1997) relatou que, essas podem se dividir entre testes de restrição, que
geralmente envolvem avaliações com a movimentação animal restrita, com
mensurações de intensidade e freqüência de movimentações, audibilidade de
respiração, vocalizações, tentativas de fuga, etc., e testes de não restrição, que
englobam avaliações com o animal em uma área relativamente espaçosa, que permite
movimentação. Apesar de ambos os tipos terem relação com comportamento, podem
medir distintos aspectos, devendo ser importante a correta definição do método
conforme os objetivos da fazenda.
Temperamento está relacionado a características de crescimento (FIQUEIREDO
et al, 2005), com favoráveis correlações entre T e ganho de peso pós-desmama (GPD),
que por sua vez também demonstra correlações favoráveis com escores visuais de
conformação (C), precocidade (P) e musculosidade (M), também denominados por
CPM. O uso de CPM é importante para permitir a seleção de animais com biotipo mais
adaptado ao ambiente de criação e que apresentem carcaças que atendam à demanda
frigorífica.
29
O objetivo deste estudo visaram à verificação da possibilidade de inclusão do
temperamento como critério de seleção, por meio de estimativas de herdabilidade e
correlação genética desta característica com escores visuais de conformação (C),
precocidade (P), musculosidade (M) e ganho de peso pós-desmama (GPD).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram considerados 33.967 dados de animais da raça Nelore, nascidos entre os
anos de 2002 e 2005, controlados e avaliados pelo programa de melhoramento
genético PAINT
®
, oriundos de 90 rebanhos distribuídos no Brasil, nos estados do Acre,
Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Pernambuco, Rondônia, São Paulo e Tocantins e no Paraguai.
O PAINT
®
é o programa de melhoramento genético de gado de corte da empresa
Lagoa da Serra Ltda. Fundado em 1994, com o projeto CEIP ( Certificado Especial de
Identificação e Produção) Nº. 011 junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, pecuária e
Abastecimento), o programa conta atualmente 140.598 matrizes em controle e 170
rebanhos distribuídos por 14 estados brasileiros e Paraguai.
A seleção praticada pelos participantes do programa se caracteriza pelo uso de
características de ganho de peso do nascimento à desmama, escores visuais de C, P M
e umbigo (U) na desmama, ganho de peso pós-desmama, escores visuais de C, P, M,
U e temperamento ao sobreano, perímetro escrotal ajustado à idade e perímetro
escrotal ajustado à idade e peso. Tais características compõem o índice PAINT
(IPAINT), utilizado como critério para emissão de CEIP e ranqueamento dos animais
para seleção. Os acasalamentos de animais avaliados são realizados por meio de
acasalamentos dirigidos em programa computacional próprio. Anualmente realiza-se o
teste de progênie de cerca de 25 reprodutores oriundos dos rebanhos participantes e de
outros programas de melhoramento genético brasileiros.
Foram utilizados dados de ganho de peso pós-desmama (GPD), conformação
(C), precocidade (P), musculosidade (M) e temperamento (T), todos baseados nas
30
medidas colhidas no momento da pesagem de sobreano (ao redor dos 450 dias de
idade).
O sistema de criação nas fazendas foi semelhante, sendo os animais, em sua
grande maioria, mantidos a pasto, com eventuais suplementações em épocas de seca.
Os grupos de manejo foram formados considerando mês de nascimento e capacidade
de suporte de pastagens, ou seja, conforme o volume de nascimentos e divisões de
pastagens de cada fazenda. No momento da desmama tais grupos foram submetidos a
jejum alimentar e hídrico de 10 a 14 horas e, em seguida, pesados e avaliados para os
escores visuais de C, P, M e umbigo (U). Após avaliação genética, animais inferiores na
desmama foram descartados.
Ao sobreano, os animais não descartados foram submetidos aos mesmos
procedimentos da avaliação feita à desmama, acrescidos de mensuração de perímetro
escrotal (PE), para machos, e avaliação de temperamento para ambos os sexos.
Os avaliadores passaram por treinamento e capacitação realizados pela equipe
técnica do PAINT
®
. Uma vez aprovados, foram submetidos a reciclagens anuais de
critérios e conceitos em avaliação de escores de conformação (C), precocidade (P),
musculosidade (M), umbigo (U) e temperamento (T), além de acompanhamentos
periódicos via análise estatística de dados das avaliações de campo e avaliações
conjuntas com a equipe técnica, em vários momentos do ano, a fim de manter um
padrão nos conceitos e pontuações dos escores.
Descrição das avaliações de escores visuais de CPM no PAINT
®
Os escores visuais de CPM são avaliações realizadas à desmama e ao
sobreano, numa escala relativa de “1” a “5”, utilizada para classificar os animais de um
lote de manejo entre “fundo” e “cabeceira”. As várias características têm por objetivo
descrever melhor o biotipo do animal, possibilitando selecionar animais mais produtivos.
Valores mais altos determinam maior prevalência da característica (LAGOA DA
SERRA, 2006).
31
Antes de cada avaliação, o grupo de manejo passou por uma vistoria, em que
foram observados os animais que representaram cada biotipo que caracterizava as
notas de CPM. Essa vistoria permitiu que a pontuação de CPM fosse feita sempre
tendo as notas pré-observadas no lote como parâmetro de avaliação de cada animal.
Dessa forma, produtos que receberam nota “1” para um escore visual durante a
avaliação pertenciam ao conjunto de animais com menor intensidade da característica
em seu grupo de manejo. A nota “2” representou o conjunto que apresentou a
intensidade da característica um pouco abaixo da média do grupo de manejo. A nota “3”
representou o conjunto de animais medianos para a característica, a “4” os animais com
intensidade da característica um pouco acima da média do grupo, e a “5” aqueles com
maior intensidade da característica dentro do grupo em avaliação.
De acordo com FRIES (2004), a pontuação de escores visuais com notas
relativas ao grupo de manejo permite evitar que tais avaliações resultem em um
conjunto de dados extremamente concentrado em torno de um valor considerado como
“bom”.
As características observadas para os escores de CPM no PAINT, descritas pelo
Sumário PAINT Consolidado (2006), seguem o seguinte critério:
- Conformação: Indica o peso total da carcaça produzida pelo animal (tamanho
do esqueleto em uma visão tridimensional do corpo do animal). O tamanho do
esqueleto (estrutura corporal) é definido pela avaliação do conjunto (1) comprimento, (2)
profundidade de costelas, bem como (3) arqueamento de costelas, conforme
demonstrado na figura 1.
32
Figura1. Características de comprimento (1), profundidade (2) e arqueamento (3)
de costelas, utilizadas na avaliação de conformação.
- Precocidade: Indica o potencial ou velocidade de terminação do animal. É
avaliada pelo potencial de depositar uniformemente a gordura de cobertura necessária
na carcaça. Observa-se na carcaça deposição de gordura em determinados pontos
como as regiões sobre (1) o “patinho” (corte constituído das massas musculares da face
anterior do coxão separado do coxão-mole, do coxão-duro e da maminha-da-alcatra.),
da (2) “picanha” (corte constituído das massas musculares compreendidas entre o
lombo e o coxão) (3) da linha dorso-lombar, (4) da “paleta” (seção dos músculos em
torno das regiões escapular e braquial) e (5) do “peito” (massas musculares que
recobrem o esterno e cartilagens costais), além da associação com a silhueta
(profundidade de costelas) do animal. A Figura 2 demonstra os pontos de observação
da característica de precocidade no animal.
33
Figura 2. Regiões do patinho (1), picanha (2), linha dorso-lombar (3), palheta (4)
e peito (5), relativas aos pontos de observação da característica de precocidade.
Musculosidade: reflete a quantidade total de massa muscular no animal,
avaliada, principalmente, pelos volumes de musculatura nas regiões do antebraço (1) e
paleta (1), dorso-lombo (2) e traseiro (3), conforme demonstra a Figura 3.
34
Figura 3. Regiões do antebraço (1) e paleta (1), dorso-lombo (2) e traseiro (3),
relativas aos pontos de observação da característica de musculosidade.
Descrição das avaliações de Temperamento no PAINT
®
No sobreano, os grupos de manejo foram trazidos ao curral para avaliação,
quando os animais foram submetidos à pesagem pós jejum de 10 a 14 horas,
mensuração de perímetro escrotal e, em seguida, avaliados individualmente para as
características de C, P, M, U e T.
A avaliação de temperamento é feita a partir da saída do animal da balança,
quando este é solto sozinho em uma das divisões do curral e então pontuado para os
escores de temperamento.
Os escores de temperamento, ao contrário da escala utilizada para avaliar CPM,
foram atribuídos numa escala absoluta de “1” a “5”, sendo que a nota “3” não é utilizada
35
nas avaliações com a intenção de estabelecer uma melhor diferenciação entre as
classes de maior ou menor intensidade de temperamento. A descrição dos critérios de
uso para cada escore na avaliação de temperamento do programa PAINT
®
é citada por
Carneiro et al. (2006), sendo apresentada na Tabela 2.
Tabela 2. Descrição do escore de temperamento utilizado no PAINT
®
Escore Temperamento Descrição
1
Muito dócil
Animal calmo e de fácil manejo. Não demonstra incômodo
em relação ao ambiente de curral ou à presença humana.
Não busca por fuga. Movimenta-se de forma lenta e
tranqüila.
2
Dócil
1
Animal calmo e de fácil manejo. Não demonstra incômodo
em relação ao ambiente de curral ou à presença humana.
Não busca por fuga. Movimenta-se com agilidade sem
apresentar movimentos bruscos. Está atento ao ambiente e
ao que ocorre à sua volta, mas não apresenta
agressividade.
4
Agitado
Animal agitado. Revela-se incomodado com o ambiente do
curral e presença humana. Busca por fuga, mas não tenta
romper ou saltar a cerca do curral. Movimenta-se com
agilidade, e apresenta movimentos bruscos. Está atento ao
ambiente e ao que ocorre à sua volta, mas não apresenta
agressividade.
5
Agressivo
Animal agitado. Revela-se-se incomodado com o ambiente
do curral e presença humana. Apresenta movimentos ágeis
e bruscos. Está atento ao ambiente e ao que ocorre à sua
volta. Tenta romper ou saltar a cerca do curral e demonstra
agressividade em relação à presença humana.
Em estudo prévio (FRIES, 2002
*
) foi observada tendência por parte de
avaliadores em fazer uso da nota “3” quando estes apresentavam dificuldade em ter
1
A nota 2 é considerada como sendo a mais próxima de um comportamento normal.
*
Comunicação pessoal
36
uma boa distinção entre diferentes níveis de temperamento. A exclusão do escore “3”
das avaliações de temperamento teve a intenção de inibir essa tendência.
De forma análoga a análises realizadas para variáveis similares na literatura
(PIOVEZAN, 1998), pode-se assumir que, embora os escores se apresentem como
grandezas de uma escala nominal, entende-se que a característica se expressa
biologicamente de forma contínua, sendo que os intervalos entre valores da escala
utilizada representam respostas comportamentais compreendidas entre os extremos de
um contínuo que varia desde “muito dócil” até “agressivo”, não sendo acessíveis
através da medida de escores.
Informações sobre os dados
Os dados colhidos durante as avaliações foram submetidos previamente a
consistências de rotina do PAINT
®
, com o intuito de verificações e/ ou exclusões de
animais com duplicidade de identificação, checagem de filiação, composição racial,
peso ao nascer, presença de avaliações em ambos os momentos (desmama e
soberano), perdas de medidas de peso e PE, ganho de peso do nascimento à
desmama nulo ou fora do intervalo de 250 g a 1500 g, ganho de peso pós-desmama
nulo ou fora do intervalo de 100 a 1300 g e escores de CPMU e temperamento fora do
padrão.
Para as notas de CPM e medidas de GPD, foram utilizados dados já ajustados
para idade ao sobreano e corrigidos por fatores de correção oriundos de dados de uma
população Nelore (GENSYS, 2007
*
).
Especificamente para as análises deste estudo, foram mantidos no conjunto de
dados apenas produtos nascidos entre 2002 e 2005 com pais conhecidos, reprodutores
com mais de três filhos e grupos de contemporâneos com mais de três produtos. O
período de nascimento determinado deve-se ao fato de o início das mensurações da
característica temperamento ter ocorrido a partir de 2002, bem como a implantação do
jejum pré-pesagens de desmama e sobreano. Portanto, produtos avaliados ao
*
Comunicação pessoal
37
sobreano a partir de 2002 necessariamente tinham dados de Temperamento, GPD, C,
P e M, sendo as avaliações dessas características feitas de forma conjunta.
Na Tabela 3 são apresentados os números de observações, médias, desvios-
padrão, valores mínimos e máximos observados das características idade ao sobreano
(idadesob), T, GPD, C, P e M. Os dados de GPD e CPM foram previamente corrigidos
para idade ao sobreano.
Tabela 3. Número de observações, médias, desvios-padrão (DP), valores mínimos
(Min.) e máximos (Max.) das características idade ao sobreano (idadesob),
temperamento (T), Ganho de peso pós-desmama (GPD), conformação (C),
precocidade (P) e musculosidade (M) de bovinos Nelore.
Característica N Média ± DP Mín. Max.
Idadesob 33.967 499,16 ± 51,46 334,00 727,00
T (escore) 33.967 2,25 ± 1,17 1,00 5,00
GPD
*
(Kg) 33.967 73,55 ± 28,68 24,50 308,22
C
*
(escore) 33.967 2,87 ± 0,95 -0,35 5,34
P
*
(escore) 33.967 2,97 ± 1,16 0,14 5,98
M
*
(escore) 33.967 2,85 ± 1,15 -0,15 6,09
*
Característica possui valores previamente corrigidos para idade ao sobreano.
Os grupos de contemporâneos foram iguais para todas as características, sendo
formados pela concatenação das informações: sexo, estação (verão, outono, inverno,
primavera) de nascimento, fazenda, grupo de manejo, retiro/local, ano e regime
alimentar na desmama e no sobreano. O total de grupos de contemporâneos nas
análises foi de 2.130 para todas as características.
Animais e grupos de contemporâneos desconectados foram excluídos do
conjunto de dados. A conectabilidade de animais e grupos de contemporâneos foi
garantida por um mínimo de 10 laços genéticos por grupo (ROSO et al., 2006). Para a
verificação de níveis de conectabilidade e definição de animais e grupos de
contemporâneos desconectados a serem excluídos do conjunto de dados, foi utilizado o
programa AMCW2.exe, desenvolvido por Roso et al. (2006). O número de animais
38
considerados nas análises foi de 33.967 produtos, 380 reprodutores e 29.799 matrizes.
O número de animais na matriz de parentesco foi de 64.099.
Considerou-se um modelo para as análises bi-características, tendo-se
temperamento como “característica âncora”, classe de grupo de contemporâneos como
efeito fixo e idade ao sobreano como co-variável linear. A análise de variância,
utilizando o procedimento GLM (SAS, 2002), auxiliou na definição de idade ao sobreano
(Idadesob) como covariável considerada no modelo misto.
Os efeitos maternos genético e de ambiente permanente não foram
considerados nos modelos. A estrutura do arquivo não permitiu que o efeito de
ambiente permanente fosse considerado nas análises, pois a maior parte das vacas
possuía apenas um filho.
As análises para estimação dos parâmetros genéticos foram efetuadas pelo
método de máxima verossimilhança restrita, em modelo animal bi-característica,
utilizando o programa computacional MTDFREML (Multiple Trait Derivative-Free
Restricted Maximum Likelihood), descrito por Boldman et al. (1995). Os valores iniciais
requisitados pelo programa procederam das análises de variância prévias e da
literatura. Depois de atingida a convergência, estipulada em 10
-9
, as análises foram
reiniciadas até que fosse confirmado que aquele resultado encontrado era o máximo
global e não local. O modelo matricial utilizado foi o seguinte:
+
+
=
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
0
0
0
0
e
e
Z
Z
b
b
X
X
y
y
ω
ω
em que:
1
y
=
vetor de registros da variável 1 (T);
2
y
= vetor de registros da variável 2 (GPD, C, P, M);
1
b = vetor de efeitos fixos para a variável 1 (T);
39
2
b = vetor de efeitos fixos para a variável 2 (GPD, C, P ou M);
1
ω
= vetor de efeito aleatório de valor genético direto para a variável 1;
2
ω
= vetor de efeito aleatório de valor genético direto para a variável 2;
)(
21
XX = matriz de incidência associando os elementos de )(
21
bb a )(
21
yy ;
)(
21
ZZ
= matriz de incidência associando os elementos de )(
21
ω
ω
a
)(
21
yy
.
1
e = Erro aleatório associado à variável 1 (T)
2
e = Erro aleatório associado à variável 2 (GPD, C, P, M)
Para o modelo bi-característica em geral,
iii
bXyE
=
)( para i =1, 2 e a matriz
de variância e covariância dos elementos aleatórios no modelo é dada por:
Em que:
A
= numerador da matriz de parentesco;
2
2
2
1
,
aa
σ
σ
= variância genética aditiva para as características 1 e 2, respectivamente;
21aa
σ
=covariância genética aditiva entre as características 1 e 2;
2
2
2
1
,
ee
σ
σ
= variância residual para as características 1 e 2, respectivamente.
1
e
= Erro aleatório associado à variável 1 (T)
2
e = Erro aleatório associado à variável 2 (GPD, C, P, M)
=
2
2
2
1
2
2
21
21
2
1
2
1
2
1
000
000
00
00
e
e
a
aa
aa
a
I
I
AA
AA
e
e
Var
σ
σ
σσ
σσ
μ
μ
40
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média de 2,25 ± 1,17 para os escores de temperamento observado na Tabela
3, bem como a distribuição para os escores de temperamento observada na Figura 4
sugerem que a população avaliada apresenta, de uma forma geral, valores de escores
mais baixos para temperamento, sinalizando a presença de animais com
temperamento, em média, mais brando.
Siegel (1975) relatou que o uso de métodos paramétricos para análise de dados
cuja distribuição não se apresenta de forma contínua, não pode ser considerada
equivocada, posto que não existe consenso entre especialistas a esse respeito.
Figura4. Distribuição dos escores de temperamento para a população avaliada.
O efeito linear de idade sobre temperamento pôde ser verificado por análise de
variância, testando o efeito de idadesob sobre temperamento dos animais, conforme
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Nº de produtos avaliados
1245
Níveis de escores de temperamento
41
demonstra a Tabela. 4. A estimativa do coeficiente de regressão linear para idadesob
foi de -0,001681841 ± 0,0004 com nível de significância de Pr < 0,0001. Os resultados
corroboram pesquisas anteriores, sendo condizente com resultados que sinalizam uma
redução dos níveis de temperamento de acordo com o avançar da idade (Pr < 0,0001),
que leva à aquisição de experiência e adaptação ao manejo da fazenda.
Hearnshaw et al. (1979) demonstraram que, na medida em que o tempo passou
em relação à primeira avaliação de temperamento, os escores tiveram menores valores,
indicando que os animais se acostumavam com o manejo de rotina. Essa tendência
também foi observada por Hearnshaw & Morris (1984), ao avaliar temperamento ao
desmame de bezerros mestiços e observar que vacas apresentaram menor média de
escores de temperamento que bezerros. Sato (1981), Fordyce & Goddard (1984), Roy
& Nagpaul (1984) também obtiveram resultados semelhantes em relação à influência da
idade sobre o temperamento em bovinos.
Tabela 4. Resumo da análise de variância para temperamento ao sobreano de animais
da raça Nelore para verificação de efeito de idade ao sobreano (Idadesob)
sobre temperamento.
Fontes de Variação GL QM
GC 2129 4,556034***
Idadesob (linear) 1 17,611352***
Resíduo 1, 15520
R
2
= 21,00 CV (%) = 47,72
QM = quadrados médios; GL = graus de liberdade; GC = grupo
contemporâneo; R
2
= Coeficiente de determinação;
CV = coeficiente de variação; *** = P<0,0001.
Na Tabela 5 estão apresentados os componentes de variância nas análises uni-
características para temperamento e GPD, C, P e M.
42
Tabela 5. Componentes de variância e herdabilidade estimados nas análises uni-
características para temperamento (T) e ganho de peso pós-desmama
(GPD), conformação (C), precocidade (P) e musculosidade (M) de bovinos
Nelore.
Característica
2
^
a
σ
2
^
e
σ
2
^
p
σ
h
2
T 0,21 0,96 1,17 0,18 ± 0,02
GPD 84,99 230,45 315,45 0,27 ± 0,03
C 0,21 0,53 0,73 0,28 ± 0,03
P 0,40 0,81 1,21 0,33 ± 0,03
M 0,41 0,74 1,15 0,36 ± 0,03
2
^
a
σ
Estimativa de variância genética aditiva;
2
^
e
σ
Estimativa de variância residual;
2
^
p
σ
Estimativa de variância fenotípica; h
2
– herdabilidade.
A estimativa do coeficiente de herdabilidade obtida para temperamento foi igual a
0,18 ± 0,02, representando valor de menor magnitude quando comparado a outros
resultados observados na literatura (BURROW, 1997, 2001; PIOVEZAN, 1998;
HEARNSHAW & MORRIS, 1984; PARANHOS DA COSTA et al., 2002). Entretanto,
pode-se observar em pesquisas que utilizaram escalas de medidas semelhantes às
utilizadas no PAINT
®
(FIGUEIREDO et al., 2005) ou que trabalharam com populações
da raça Nelore, mas com avaliações por distância de fuga (MATSUNAGA et al., 2002),
valores de estimativas de herdabilidade para temperamento semelhantes às
encontradas neste estudo. Também se observam valores de h
2
semelhantes em
estudos com metodologias e grupos genéticos distintos (LE NEINDRE et al., 1995;
FORDYCE et al., 1982, BURROW et al., 1997).
De acordo com os resultados do presente estudo, bem como diversos trabalhos
encontrados na literatura, temperamento é uma característica com herdabilidade que
justifica a seleção e que pode responder à seleção.
A estimativa de herdabilidade obtida para GPD foi de 0,27 ± 0,03, evidenciando
ser uma característica cuja herdabilidade justifica a seleção e que pode responder à
43
seleção fenotípica. Esse resultado encontra-se dentro dos valores observados na
literatura pesquisada. Em estudos envolvendo ganho de peso médio diário da desmama
ao sobreano em populações da raça Nelore, estimativas de herdabilidade variando
entre 0,11 a 0,29 foram observadas por diversos autores (SIMONELLI et al., 2004; VAN
MELIS et al., 2003; SARMENTO et al., 2003; MARCONDES et al., 2000; KOURY
FILHO et al., 2000; BIFFANI et al., 1998). Costa (2005), avaliando uma população da
raça Brangus, obteve valores para h
2
de 0,14 ± 0,02. Bolignon et al. (2006) relataram
valor de 0,44 para animais mestiços, com composição racial Nelore-Angus. Estimativa
de 0,20 para animais Angus foi descrita por Cardoso et al. (2004). Fernandes &
Ferreira. (2000), ao testar diferentes modelos para estimativas de variância de ganho de
peso pós-desmama em bovinos da raça Charolesa por diversos modelos, observaram
valores de herdabilidade variando entre 0,36 e 0,37.
As herdabilidades obtidas para conformação, precocidade e musculosidade
foram iguais a 0,28 ± 0,03, 0,33 ± 0,03 e 0,36 ± 0,03, respectivamente, mostrando-se
similares aos resultados obtidos em estudos com a raça Nelore por Eler et al. (1996) de
0,34; 0,29 e 0,33, por Van Melis et al. (2003) de 0,22; 0,21 e 0,22 e por Koury Filho
(2005), de 0,24; 0,32 e 0,27 para C, P e M respectivamente.
Cardoso et al. (2004) relataram estimativas de herdabilidade para C, P e M na
raça Angus de 0,19; 0,25 e 0,26. Costa (2005), estudando C, P e M na raça Brangus,
relatou valores de 0,12; 0,14 e 0,13 para as respectivas característica .
Os resultados obtidos, bem como os observados na literatura reforçam
afirmações de que os escores visuais de C, P e M, quando aplicados criteriosamente
por avaliadores bem qualificados, podem ser utilizados para seleção direta (KOURY
FILHO, 2005). Também indicam que essas características, avaliadas visualmente,
apresentam variabilidade genética similar às descritas para características de
crescimento.
Na Tabela 6 são apresentados os valores de correlações genéticas, fenotípicas e
ambientais entre temperamento e as características GPD, C, P e M.
44
Tabela 6. Estimativas de correlações genética (
^
a
r
), fenotípica (
^
p
r
), ambiental (
^
e
r
) de
análises bi-características entre temperamento (T) e as características: ganho
de peso pós-desmama (GPD), conformação (C), precocidade (P) e
musculosidade (M).
Característica
^
a
r
^
p
r
^
e
r
GPD - 0,24 ± 0,08 -0,10 -0,06
C - 0,25 ± 0,08
-0,10 -0,04
P -0,33 ± 0,07 -0,14 -0,09
M -0,22 ± 0,08 -0,09 -0,04
^
a
r
- Correlação genética;
^
p
r
- Correlação fenotípica
^
e
r
- Correlação ambiental
Os valores de correlação genética estimados neste estudo confirmam resultados
de trabalhos encontrados na literatura que indicam relação desejável entre
temperamento e taxas de crescimento, em que animais mais dóceis apresentam
maiores taxas de crescimento em relação aos de temperamento mais bravio
(FORDYCE et al., 1996). Voisinet et al. (1997) e Burrow & Dillon (1997) destacaram que
bovinos que se tornam mais agitados durante o manejo, apresentam reduções
significativas no ganho de peso. Silveira et al. (2006) também chamaram a atenção
para o fato de animais calmos apresentarem maior ganho de peso pela relação com
maior ingestão de matéria seca conforme o temperamento mais brando .
Não foram encontrados na literatura valores de correlação entre temperamento e
escores visuais de C, P e M, evidenciando a necessidade de mais estudos relacionando
tais características.
Apesar de favoráveis, os valores de correlação genética obtidos foram de baixa
magnitude, o que sinaliza para respostas correlacionadas mais baixas, sem mudanças
muito intensas do temperamento em função das características estudadas e vice-versa.
Entretanto, a resposta à seleção concomitante das características em análise tende a ir
ao encontro dos objetivos dos selecionadores, de forma mais lenta, porém consistente.
45
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos permitem concluir que:
O efeito de idade ao sobreano sobre temperamento foi importante e deve ser
considerado na correção de temperamento, dada a tendência de redução de níveis de
escores de temperamento com o aumento da idade.
Os valores de herdabilidade apresentados denotam a possibilidade de se realizar
seleção com base em temperamento, ganho de peso pós-desmama e escores visuais
de conformação, precocidade e musculosidade.
As correlações encontradas sinalizam que a resposta à seleção para
temperamento e ganho de peso pós-desmama, conformação, precocidade e
musculosidade pode ser favorável, visto que a seleção para temperamento pode
contribuir para melhorias das outras características analisadas e vice-versa.
46
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52
CAPÍTULO 3 – IMPLICAÇÕES
Este estudo procurou analisar uma característica já em uso prático por um
programa de melhoramento genético empregando metodologia própria de escores de
temperamento. Neste caso, a característica envolveu níveis de resposta do animal
(entre os extremos “muito dócil” e “agressivo”) em relação ao homem e rotinas de
manejo de curral. O estudo focou a estimação de herdabilidade do temperamento, bem
como a correlação genética com outras características relacionadas à produtividade
animal (GPD, C, P e M).
Os resultados obtidos indicam que os valores de herdabilidade de T, GPD, C, P e
M podem permitir resposta à seleção. As correlações entre T e GPD, C, P e M, apesar
de baixas permitem respostas correlacionadas e o uso das cinco características em um
programa de melhoramento genético pode permitir o trabalho direcionado aos objetivos
do programa.
Além da aquisição de experiência do animal com o aumento da idade, pode-se
supor que a maturidade fisiológica, com efeitos sobre o metabolismo hormonal, também
possa ter influência sobre o temperamento
Temperamento é uma característica que abrange vários aspectos do
comportamento animal, sendo bastante ampla e sofrendo influência de efeitos
genéticos e ambientais.
As diversas metodologias existentes para avaliação de temperamento na
literatura têm a intenção de buscar por um sistema de avaliação simples, funcional, de
fácil implementação e aceitabilidade e que tenha relação positiva com componentes do
temperamento associados à resposta do animal ao homem e manejo da fazenda. Tais
fatores devem ser considerados pelo selecionador ao optar por avaliar temperamento.
É importante que se considerem os fatores citados na literatura que influenciam o
temperamento, tais como: idade do animal, sexo, raça, qualidade do manejo e estrutura
de trabalho, qualificação de mão de obra.
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