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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA
ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL, PESO E PERÍMETRO
ESCROTAL À DESMAMA DE BOVINOS DA RAÇA
CANCHIM
Fabiana Barichello
Médica Veterinária
Jaboticabal – SP – Brasil
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA
ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL, PESO E PERÍMETRO
ESCROTAL À DESMAMA DE BOVINOS DA RAÇA
CANCHIM
Fabiana Barichello
Orientador: Prof. Dr. Maurício Mello de Alencar
Co-orientador: Dr. Roberto Augusto de Almeida Torres Júnior
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias Unesp, Campus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Genética e
Melhoramento Animal.
Jaboticabal – SP – Brasil
Fevereiro de 2007
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Barichello, Fabiana
B252e Estimativas de parâmetros genéticos para escores de avaliação
visual, peso e perímetro escrotal à desmama em bovinos da raça
Canchim / Fabiana Barichello. – – Jaboticabal, 2007
x, 81 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2007
Orientador: Maurício Mello de Alencar
Banca examinadora: Humberto Tonhati, Luiz Otávio Campos da
Silva
Bibliografia
1. Bovinos de corte. 2. Escores visuais. 3. Herdabilidade. I. Título.
II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 636.2:636.082
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
iii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
FABIANA BARICHELLO - nascida em Cruz Alta - RS, no dia 04 de outubro
de 1982, é formada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa
Maria RS, em julho de 2005. Durante o período de janeiro a março de 2004 e
janeiro a junho de 2005, realizou estágio na área de Melhoramento Genético
Animal na Embrapa Gado de Corte, sob a orientação do Dr. Roberto Augusto de
Almeida Torres Júnior. Em agosto de 2005, iniciou o mestrado em Genética e
Melhoramento Animal, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp,
Campus de Jaboticabal, sob a orientação do Prof. Dr. Maurício Mello de Alencar e
co-orientação do Dr. Roberto Augusto de Almeida Torres Júnior.
iv
D esafio
D esafioD esafio
D esafio
H á um potro dentro de m im, pedindo cancha.
Sinto-lhe o bater do coração inquieto
como um tambor a rufar em véspera de peleia braba.
N o m eu olhar o seu olhar de fogo se confunde
na ânsia de devassar a vastidão de todos os cam inhos
que os seus cascos de bronze e asas não pisaram .
Potro de sangue ancestral,
telúrico em seu ímpeto selvagem ,
maior porque contido no seu lance
como um cartucho que sente o gatilho pronto para o tiro.
Tudo o que fica além de m eu passo de nômade prisioneiro,
tudo o que não alcança o meu braço de m úsculos dorm idos,
tudo o que m eu olhar não pressente na distância
- isso tudo a chamá-lo,
tudo a cham á-lo
como um toque de cincerro no silêncio da noite.
Seus ouvidos de animal selvagem
são sensíveis ao apelo da distância,
ao apelo da noite,
ao grito dos que rom pem cancelas e aram ados
para abrir a golpes de audácia o seu cam inho de aventuras.
H á um potro dentro de m im, pedindo cancha...
N o laço de chegada,
que fica sem pre além ,
e ainda m ais além ,
o sol não se põe nunca,
para vestir de ouro os que tiveram pata
para engolir todo o estirão da raia
que é um desafio de léguas pela frente.
M as como custa arrebentar o laço
do andarível de partida desta cancha!
(Apparicio Silva Rillo)
v
Aos meus tios Izidro e Ivete,
por serem além de tios, pais, am igos, conselheiros
e estarem sem pre ao meu lado, em todos os momentos dessa jornada
À m inha irmã M aysa e m eu cunhado D aniel,
por todo o carinho, com panheirismo e compreensão
À m inha prim a Ângela,
sim plesm ente um anjo em minha vida
Ao M árcio,
por m e ensinar a viver e, indiferente ao tempo e a distância, me fazer feliz...
E é prim avera, te amo (Cassiano e Sílvio Rochael)
D edico e Ofereço
vi
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Abrilinho e Orilde pela vida, oportunidade e apoio.
Ao Dr. Maurício Mello de Alencar pela orientação segura e dedicada, os
ensinamentos transmitidos, incentivos e amizade, muito obrigada.
Ao Dr. Roberto Augusto de Almeida Torres Júnior pelas constantes
orientações e ensinamentos, por me mostrar os encantamentos do melhoramento
genético animal, a beleza da pesquisa, pela amizade, por acreditar e investir em
mim, minha eterna gratidão.
Aos criadores de Canchim pela coleta de dados e à Associação Brasileira
de Criadores de Canchim (ABCCAN) por sua disponibilização.
À Embrapa Pecuária Sudeste pela disponibilização da infra-estrutura e pela
atenção e apoio de seus pesquisadores e funcionários.
À Prof. Sandra Aidar de Queiroz pelas valiosas considerações prestadas no
Exame de Qualificação.
Ao Dr. Luiz Otávio Campos da Silva e Prof. Humberto Tonhati pela
disponibilidade em participar da banca examinadora e por suas valiosas sugestões
que permitiram aperfeiçoar este trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Animal da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Unesp, pela oportunidade de
desenvolver meu mestrado.
vii
À Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pela concessão da bolsa de estudos.
Aos companheiros de pós-graduação do departamento de Melhoramento
Genético Animal e do departamento de Zootecnia da Unesp, pela amizade,
convívio, ajuda e aprendizagem.
Aos moradores da República Arueira, Marcelo (Vaga-Lume), Fernanda
(Leydi-Dá) e Letícia (Caçulinha) e aos inúmeros agregados, Larissa, Pedro
(Bagão), Naiara (Breja), Ana Carolina (Vodka), Natália (Lipo), Franciele, pela
amizade, convivência, pelos inúmeros momentos de alegria e loucura.
À Sarah Laguna Meirelles pela amizade e agradável convivência na
Fazenda Canchim.
Ao Fernando Baldi, pela amizade, pelos mates e inúmeras ajudas.
Aos amigos da Fazenda Canchim, Paulinho, Leandro, Caio, Gisele,
Adriana, João, Marcelo, Gustavo, Aninha, pela amizade e bons momentos de
convívio.
Aos amigos distantes, mas não menos importantes, Débora Azambuja,
Caroline Flores Zielinski, Émerson Bolson Rauber, Lucas Pedroso Colvero,
Tatiana Parreira de Oliveira Mello.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho
fosse realizado, muito obrigada.
viii
SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS..........................................................1
Revisão de literatura................................................................................................3
Referências Bibliográficas .....................................................................................12
CAPÍTULO 2 EFEITOS AMBIENTAIS E GENÉTICOS SOBRE PESO,
PERÍMETRO ESCROTAL E ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL À
DESMAMA, EM BOVINOS DA RAÇA CANCHIM..................................................22
Resumo .................................................................................................................22
Palavras-chave ......................................................................................................22
Introdução..............................................................................................................23
Material e Métodos ................................................................................................25
Resultados e Discussão ........................................................................................28
Conclusões ............................................................................................................42
Referências Bibliográficas .....................................................................................43
CAPÍTULO 3 ESTIMATIVAS DE HERDABILIDADE DE PESO,
PERÍMETRO ESCROTAL E ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL À
DESMAMA, EM BOVINOS DA RAÇA CANCHIM..................................................48
Resumo .................................................................................................................48
Palavras-chave ......................................................................................................48
Introdução..............................................................................................................49
Material e Métodos ................................................................................................50
Resultados e Discussão ........................................................................................54
Conclusões ............................................................................................................60
Referências Bibliográficas .....................................................................................61
CAPÍTULO 4 ESTIMATIVAS DE CORRELAÇÕES GENÉTICAS ENTRE O
PESO, O PERÍMETRO ESCROTAL E ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL
À DESMAMA, EM BOVINOS DA RAÇA CANCHIM ..............................................66
Resumo .................................................................................................................66
Palavras-chave ......................................................................................................66
Introdução..............................................................................................................67
Materiais e Métodos...............................................................................................68
Resultados e Discussão ........................................................................................71
Conclusão..............................................................................................................75
Referências bibliográficas......................................................................................76
CAPÍTULO 5 – IMPLICAÇÕES .............................................................................80
ix
ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA ESCORES DE
AVALIAÇÃO VISUAL, PESO E PERÍMETRO ESCROTAL À DESMAMA DE
BOVINOS DA RAÇA CANCHIM
RESUMO Neste trabalho, avaliaram-se os efeitos de ano e época de
nascimento, proprietário, sexo do bezerro, regime alimentar, idade do bezerro e
idade da vaca ao parto e os efeitos aditivos direto e materno da raça Charolesa e
heterótico materno entre as raças Charolesa e zebu sobre o peso (P225), o
perímetro escrotal (PE) e os escores visuais de conformação frigorífica (CF), de
umbigo (UM) e de pelagem (PEL) à desmama e estimaram-se parâmetros
genéticos para essas características, utilizando-se dados de, respectivamente,
12.103, 5.278, 8.343, 9.111 e 7.986 animais Canchim nascidos de 1999 a 2005.
Os resultados indicaram, em geral, efeitos significativos de todas essas fontes de
variação sobre as características estudadas. Foram avaliados diferentes modelos
estatísticos que incluíram, além de efeitos fixos, os efeitos aleatórios genéticos
aditivos direto e materno e de ambiente permanente materno, em diferentes
combinações, em análises feitas pelo método da máxima verossimilhança restrita.
O modelo completo (efeitos genético aditivos direto e materno e de ambiente
permanente) foi o mais adequado para P225, PE, CF e UM, e o modelo sem o
efeito de ambiente permanente foi adequado para PEL. As estimativas de
herdabilidade direta foram 0,17; 0,13; 0,20; 0,18 e 0,52 para P225, PE, CF, UM e
PEL, respectivamente, indicando a possibilidade de se obter progresso genético
para essas características, principalmente PEL. As correlações genéticas aditivas
diretas entre as características foram, em geral, baixas, com exceção daquelas de
P225 com PE (0,38) e CF (0,61), indicando que seleção para P225 proporcionará
respostas correlacionadas em PE e CF.
Palavras-chave: bovinos de corte, conformação frigorífica, correlação
genética, escore de umbigo, herdabilidade, qualidade da pelagem
x
GENETIC PARAMETER ESTIMATES OF VISUAL SCORES, WEIGHT
AND SCROTAL CIRCUMFERENCE AT WEANING IN CANCHIM CATTLE
ABSTRACT Year and season of birth, herd, sex of calf, feeding regime,
age of calf and age of dam effects, additive direct and maternal effects of the
Charolais breed, and heterotic effects of the Charolais and Zebu breeds on weight
(WW), scrotal circumference (SC) and visual scores for slaughter conformation
(CON), sheath and navel (SN), and hair coat (HC) at weaning were evaluated, and
genetic parameters for these traits were estimated, using data on, respectively,
12,103, 5,278, 8,343, 9,111 and 7,986 Canchim animals born from 1999 to 2005.
The results, in general, indicated that all traits were affected by these genetic and
non genetic effects. Statistical models, which included fixed effects and different
combinations of additive direct, additive maternal, and permanent environmental
random effects, in restricted maximum likelihood analyses, were evaluated. The
complete model, with all three random effects, was the best one for WW, SC, CON
and SN, and the model without the permanent environmental effect was adequate
for HC. The direct heritability estimates were 0.17, 0.13, 0.20, 0.18 and 0.52 for
WW, SC, CON, SN and HC, respectively, indicating that it is possible to obtain
genetic progress for these traits by selection, mainly for HC. The additive direct
genetic correlations among the traits were, in general, low, except for WW with SC
(0.38) and CON (0.61), indicating that selection to improve WW should result in
correlated response in SC and CON.
Key Words: beef cattle, hair coat score, sheath and navel score, slaughter
conformation, heritability, genetic correlation
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
As mudanças ocorridas nos últimos anos em todo o mundo vêm influenciando
todos os setores da economia, inclusive a cadeia produtiva da carne, sendo
imprescindível a busca por novas tecnologias que contemplem as mais diversas
exigências de mercado. A competitividade imposta por outras carnes, a dificuldade de
inclusão de novas áreas para a exploração pecuária e a necessidade de estruturação
de sistemas de produção competitivos e sustentáveis têm induzido mudanças no perfil
tecnológico da pecuária de corte brasileira (FIGUEIREDO, 2005).
Para que o Brasil consiga atender às exigências de mercado, tanto interno
quanto externo, é necessária a busca de animais que tenham alto potencial de
produção, precocidade e eficiência reprodutiva, e alta capacidade de adaptação ao
ambiente. Neste contexto, o melhoramento genético animal é uma das ferramentas que
permitem alcançar esses objetivos.
Dentre as estratégias do melhoramento genético animal, a seleção procura
utilizar as diferenças genéticas existentes entre indivíduos dentro de uma raça,
organizando acasalamentos que visam à obtenção da melhor combinação aditiva nos
animais do sistema.
Antes de se implementar um programa de melhoramento genético, seja para um
rebanho ou uma raça, devem-se definir, primeiramente, os objetivos de seleção e,
então, estabelecer quais serão os critérios de seleção a serem implementados, ou seja,
quais as características que serão utilizadas para a escolha dos animais.
A definição do objetivo de seleção depende, segundo Alencar (2002),
basicamente, de dois fatores: do sistema de produção e do mercado. No caso do
sistema de produção, o próprio desempenho atual do rebanho determina aquilo que
precisa ser melhorado, ou seja, deve-se melhorar aquelas características que estão
afetando o desempenho econômico do sistema. Outros fatores importantes que
compõem o sistema de produção e que determinam a ênfase a ser dada a
determinadas características são o ambiente (clima, solo, topografia), o manejo
(reprodutivo, nutricional, sanitário) e a infra-estrutura. No caso do mercado, o cliente
2
determina o tipo de produto necessário, sendo que, cada tipo de cliente apresenta
exigências peculiares para o produto final. Como clientes, há, por exemplo, o
consumidor final, o frigorífico ou o próprio produtor; o consumidor final busca carne mais
macia e saudável, o frigorífico pode buscar um animal com maior carcaça e com bom
acabamento, o produtor pode ter o seu mercado voltado para a produção de
reprodutores ou de animais para abate. Para cada um desses clientes, o objetivo de
seleção para o produtor pode ser diferente.
Segundo Rosa-Perez et al. (1999), as definições dos objetivos de seleção
dependem das corretas avaliações dos produtos de interesse, ou seja, a seleção de
animais para determinadas características sem o prévio conhecimento dos seus efeitos
aditivos, suas correlações com outras características de interesse, ou então, dos efeitos
não-aditivos e ambientais que as influenciam, pode colocar em risco o progresso
genético esperado.
Nas duas últimas décadas, vários programas de avaliação genética foram
implementados no Brasil, para várias raças bovinas de corte, visando ao fornecimento
de subsídios aos programas de seleção. A avaliação genética dos bovinos da raça
Canchim em nível nacional é feita pela parceria da Associação Brasileira de Criadores
de Bovinos da Raça Canchim (ABCCAN) com o Programa Embrapa de Melhoramento
de Gado de Corte - Geneplus, desde 1999. Essa avaliação genética é feita para várias
características, entre elas, peso, perímetro escrotal e conformação frigorífica à
desmama. São estimadas diferenças esperadas na progênie (DEP) para efeitos diretos
e maternos. Duas outras características registradas, muito importantes, principalmente,
para uma raça sintética como a Canchim, por se tratarem de características
adaptativas, o os escores de umbigo e de qualidade da pelagem à desmama. O
estudo de parâmetros genéticos dessas características é importante para verificar a
viabilidade de sua inclusão no programa de avaliação genética da raça.
O objetivo neste estudo foi avaliar as características peso, perímetro escrotal e
escores visuais de conformação frigorífica, umbigo e qualidade de pelagem de bovinos
da raça Canchim, medidas à desmama, com potencial de serem incluídas como
3
critérios de seleção, por meio de estimativas de parâmetros genéticos, levando-se em
consideração a magnitude e a direção de efeitos ambientais e genéticos não-aditivos.
Revisão de literatura
A raça Canchim
Segundo Rosa (2005), as raças zebuínas evoluíram em condições mais
desfavoráveis e sua seleção remete a um passado mais recente, quando comparadas
com as raças européias, e apresentam, em relação a essas últimas, alguns índices
produtivos mais baixos, tais como, menor precocidade reprodutiva. Por outro lado,
apresentando características anatômicas distintas do gado europeu, toleram melhor o
calor, a umidade e os endo e ectoparasitas. Estas características de adaptabilidade
constituem o grande trunfo das raças zebuínas para sistemas de produção em meio
ambiente tropical.
Ainda segundo Rosa (2005), a maioria das raças do continente europeu o de
grande porte e a principal característica dessas raças é a presença de grandes massas
musculares, razão pela qual, apresentam excelente conformação de carcaça e elevado
rendimento ao abate. Comparativamente às raças britânicas, no entanto, são mais
tardias do ponto de vista sexual e em termos de acabamento de carcaça; são,
entretanto, superiores nestas características quando comparadas às raças zebuínas.
São também muito sensíveis aos efeitos de clima, como os verificados em regiões
tropicais, apresentando, ainda, maiores custos de mantença. Nestas condições, elas
são indicadas para utilização em cruzamentos com raças locais ou raças mais
adaptadas ao ambiente.
Vários são os usos do cruzamento entre raças na bovinocultura de corte, entre
eles, a formação de base genética ampla para o desenvolvimento de nova raça, na qual
se inicia o processo de seleção. No Brasil, buscou-se desenvolver uma nova raça
bovina de corte que tivesse na sua constituição genes de alguma raça européia, que
lhe conferissem elevada produtividade, e genes de raças zebuínas, que lhe
4
habilitassem viver sob os rigores do clima tropical (ALENCAR, 2000). Com o objetivo de
unir as características de adaptabilidade aos trópicos dos zebuínos às características
de precocidade e de rendimento econômico dos bovinos de origem européia iniciaram-
se estudos de cruzamento que posteriormente deram origem a nova raça Canchim
(VIANNA et al., 1978). A raça européia utilizada foi a Charolesa e, segundo Alencar
(1988), no início, a raça zebuína que mais contribuiu para a formação do gado Canchim
foi a Indubrasil, mas também foram utilizados animais das raças Guzerá e Nelore. Hoje
existem rebanhos Canchim localizados de norte a sul do País e, atualmente, a raça
zebuína mais utilizada na obtenção de animais Canchim é a Nelore.
A constituição da raça, em média, é de 5/8 de genes de Bos taurus (Charolês) e
3/8 de genes de Bos indicus (zebu). A raça, segundo Barbosa (2000), vem
demonstrando boa capacidade de ganho de peso a pasto e em confinamento, boa
habilidade materna e fertilidade, tanto para machos quanto para fêmeas.
A Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN) reconhece quatro
esquemas de acasalamentos (Tabela 1) para obtenção de animais Canchim, que são: I
Alternado, II Absorvente, III Cruzado e Absorvente e IV UEPAE (ALENCAR,
1988). Os diferentes esquemas de acasalamentos permitem a manutenção e ampliação
da base genética da raça, que é fundamental para o sucesso de programas de
melhoramento genético (BARBOSA, 2000).
De acordo com Alencar (1988), o esquema Alternado produz animais Canchim,
em média, com 62,5% dos genes de Charolês e 37,5% dos genes do Zebu, em quatro
gerações, e tem a vantagem de aumentar a diversidade genética da raça pela utilização
constante de novos animais da raça Charolesa. O esquema Absorvente utiliza
continuamente touros Canchim, com o objetivo de absorver a raça zebuína (ou
Charolesa) e produz Canchim, em média, com 58,59% (ou 64,84%) dos genes do
Charolês e 41,41% (ou 35,16%) dos genes do zebu, em quatro gerações, e apresenta a
vantagem de utilizar touros Canchim selecionados e facilitar o manejo por trabalhar com
touros de apenas uma raça. O esquema Cruzado e Absorvente permite a utilização de
touros Charolês, Canchim e Zebu, dependendo de como é iniciado, e produz animais,
em média, com 59,37% de genes do Charolês e 40,63% de genes zebuínos, em três
5
gerações, permitindo a obtenção de Canchim em menor tempo e o aumento da
diversidade genética pela utilização de novos animais Charolês e de touros Canchim
selecionados. O esquema de acasalamento UEPAE produz animais Canchim que
apresentam 3,12% a mais de genes da raça Charolesa, quando comparado aos outros
sistemas de acasalamento, e apresenta a vantagem de produzir animais Canchim em
três gerações e de possibilitar o aumento da diversidade genética pelo uso de novos
animais Charolês e zebuínos.
Tabela 1. Esquemas de acasalamento para a formação do gado Canchim.
I - Alternado II - Absorvente
Touro X Vaca Touro X Vaca
Charolês Zebu Canchim Z
1
ou C
2
Zebu ½ C + ½ Z Canchim “A”
3
Charolês ¼ C + ¾ Z Canchim “T1”
4
5/8 C + 3/8 Z 5/8 C + 3/8 Z Canchim V
5
Canchim Canchim
III – Cruzado e Absorvente IV – UEPAE
Touro X Vaca Touro X Vaca
C ou Z Z ou C Canchim Zebu
Canchim “T2”
6
Charolês “A”
Canchim “V” “MA”
7
“MA”
Canchim Canchim
1
Zebu;
2
Charolês;
3
5
/
16
Charolês e
11
/
16
Zebu;
4
15
/
32
Charolês e
17
/
32
Zebu;
5
35
/
64
Charolês e
29
/
64
Zebu;
6
½ Charolês + ½ Zebu;
7
21
/
32
Charolês +
11
/
32
Zebu.
Adaptado de Alencar (1988).
6
Características estudadas
Peso à desmama
Dentre as características de crescimento, os pesos em diferentes idades
integram a maioria das avaliações genéticas efetuadas no Brasil, por serem de fácil
obtenção e apresentarem herdabilidade de média a alta, sugerindo elevado progresso
genético pela seleção, sendo usualmente utilizadas como critérios de seleção pelos
produtores. O peso à desmama, segundo Alencar (2002), é utilizado para avaliar a
habilidade materna das vacas e o mérito genético do bezerro para crescimento, e é
uma característica diretamente relacionada com o produto final carne.
No Brasil, as estimativas de herdabilidade direta para o peso à desmama na raça
Canchim variaram de 0,36 a 0,69 (ALENCAR et al., 1993; MASCIOLI et al., 1996 e
1997; MELLO et al., 2002; ALENCAR et al., 2005b), e em outras raças bovinas de corte
de 0,07 a 0,54 (MARTINS et al., 2000; MAIWASHE et al., 2002; GARCIA et al., 2003;
KOURY FILHO et al., 2003; BERTAZZO et al., 2004; CYRILLO et al., 2004; DIAS et al.,
2005; GRESSLER et al., 2005; LIMA et al., 2005), sugerindo a possibilidade de
obtenção de progresso genético nessa característica pela seleção. A herdabilidade
materna apresenta valores entre 0,01 e 0,27 (MAIWASHE et al., 2002; GARCIA et al.,
2003; KOURY FILHO et al., 2003; MUCARI et al., 2003; BERTAZZO et al., 2004;
CYRILLO et al., 2004; DIAS et al., 2005; LIMA et al., 2005). As correlações genéticas
com outros pesos são elevadas e positivas (0,57 a 0,83) (FERRAZ FILHO et al., 2002;
MAIWASHE et al., 2002; MALHADO et al., 2002; MUCARI et al., 2003), indicando que a
seleção baseada no peso à desmama também levará a incrementos nos demais pesos.
Perímetro escrotal
O perímetro escrotal nos machos, comumente avaliado ao ano e ao sobreano,
apresenta herdabilidade de média a alta (0,30 a 0,77) (ALENCAR et al., 1993;
BERGMANN et al., 1996; PEREIRA et al., 2000; SILVA et al., 2000; CYRILLO et al.,
2001; GARNERO et al., 2001). De acordo com Silva (2000a), é a medida mais simples
e usual na avaliação da eficiência reprodutiva, em razão da sua alta correlação com os
7
demais parâmetros da reprodução. É uma característica indicadora, de fácil medição, e
está correlacionada positiva e favoravelmente com características de peso (ALENCAR
et al., 1993; CYRILLO et al., 2001; GARNERO et al., 2001) e negativa e favoravelmente
com a idade ao primeiro parto de fêmeas (MARTINS FILHO et al., 1991; PEREIRA et
al., 2000), sugerindo que a seleção para essa característica, além de apresentar
resposta direta, deve resultar em mudanças nos pesos de machos e fêmeas e na
precocidade reprodutiva das fêmeas.
Escores de avaliação visual
Segundo Nicholson et al. (1986), as avaliações por escores visuais permitem a
avaliação de um grande número de animais sem haver a necessidade de contenção
individual, o que pode agilizar o processo de coleta de dados e diminuir o estresse dos
animais, além de ser uma técnica de baixo custo de implementação. Embora este tipo
de avaliação apresente caráter subjetivo, a prática do avaliador aumenta a
confiabilidade das medidas.
Escore de conformação frigorífica
Segundo Dal-Farra et al. (2002), os programas de melhoramento animal têm
buscado um animal mais precoce e de bom acabamento e, com este intuito, têm
lançado mão de avaliações por escores visuais. As características que têm sido
consideradas para a avaliação visual são a conformação (C), em que se procura avaliar
o potencial de produção de carcaças adequadas à produção de carne, a precocidade
(P), em que se busca o potencial de terminação com menor peso e idade, e a
musculosidade (M), em que se avalia o desenvolvimento das massas musculares do
animal.
As estimativas de herdabilidade para os escores de C, P e M à desmama
encontrados na literatura variam de 0,18 a 0,37; de 0,19 a 0,39; e de 0,19 a 0,35,
respectivamente (ELER et al., 1996; CARDOSO et al., 2001a; VAN MELIS et al., 2003;
KIPPERT et al., 2006). Segundo Cardoso et al. (2001a), embora haja certo grau de
subjetividade na avaliação, os escores visuais relacionados às características de
8
carcaça podem ser utilizados na seleção direta, quando criteriosamente utilizados por
avaliadores qualificados.
Os escores de C, P e M apresentam correlações genéticas com o peso à
desmama de moderadas a altas (ELER et al., 1996; CARDOSO et al., 2001a)
evidenciando a associação genética entre peso à desmama e os escores visuais na
mesma fase de crescimento e indicando que essas características são determinadas,
em grande parte, pelos mesmos conjuntos de genes, seguindo a mesma tendência ao
sobreano.
As correlações genéticas entre os escores de C, P e M são de médias a altas
magnitudes (ELER et al., 1996; CARDOSO et al., 2001a) o que indica, segundo Eler et
al. (1996) e Cardoso et al. (2001a), que eles podem ser reunidos em um só escore,
descrevendo o potencial para produção de carne do animal como um todo.
Dentro da idéia de avaliação visual, o Programa Embrapa de Melhoramento de
Gado de Corte - Geneplus, utiliza a avaliação de conformação frigorífica com nota
única, que combina as qualidades do animal para C, P e M, buscando simplificar a
coleta de dados (TORRES JÚNIOR et al., 2005).
A avaliação da conformação frigorífica (CF), segundo Silva (2000a), é feita com
notas de 1 a 6 (1 pior; 6 melhor) dentro de grupo de contemporâneos, de forma
relativa. A conformação frigorífica leva em conta a quantidade de carne terminada
produzida pelo animal, e é uma forma de avaliar a composição do ganho obtido.
Escore de umbigo
No Brasil, a grande maioria do rebanho bovino de corte é criada em grandes
áreas de pastagens e, tratando-se de reprodutores, o tamanho e posicionamento do
umbigo e prepúcio são características importantes, pois umbigos mais pronunciados ou
pendulosos apresentam maior predisposição a lesões e traumatismos ocasionados pela
vegetação, podendo levar à perda do reprodutor (LAGOS et al., 1970). Outro aspecto a
ser considerado, segundo Viu et al. (2002), é a ocorrência de prolapso prepucial, em
que sua etiologia está relacionada com a hereditariedade, ambiente e fatores
infecciosos.
9
A avaliação por escores visuais, por meio de notas atribuídas conforme o
tamanho e a forma do umbigo, é uma das maneiras utilizadas para classificar os
animais (VIU et al., 2002). As notas dos escores variam de acordo com as associações
de raça, sendo mais comum escores de 1 a 5 ou de 1 a 6, em que as maiores notas
são atribuídas para os umbigos maiores, mais pendulosos (TORRES JÚNIOR et al.,
2003).
Para escore de umbigo, os valores estimados de herdabilidade encontrados na
literatura variam de 0,06 a 0,75 (LAGOS et al., 1970; KRIESE et al., 1991; ALENCAR et
al., 1994; VIU et al., 2002; KOURY FILHO et al., 2003). Essa grande amplitude de
valores relatados deve-se em parte às metodologias empregadas na mensuração da
característica, às metodologias de análise dos dados e também às diferenças genéticas
entre raças e populações estudadas.
Escore de qualidade de pelagem
Nas regiões de clima tropical, em que as temperaturas e a radiação solar são
elevadas, com flutuação sazonal na produção de forragem e com infestação de
parasitas, a exploração comercial bovina depende, entre outros fatores, do potencial de
produção dos animais e da capacidade de adaptação ao ambiente, muitas vezes
estressante (ALENCAR et al., 2005a).
Várias características do pelame são desejáveis para bovinos que vivem em
clima tropical, como pêlos curtos e assentados, alta densidade numérica de pêlos,
maior diâmetro dos pêlos e pelame claro, entre outras. Essas características permitem
maior proteção contra a radiação solar e o estresse térmico, contribuindo para maior
conforto dos animais e, conseqüentemente, melhor desempenho zootécnico em
condições de campo (Silva, 2000b).
Existem evidências de a capa do pelame dos animais estar relacionada também
à resistência a ectoparasitas. Fraga et al. (2003 e 2005) verificaram, na raça Caracu,
que as infestações por carrapatos e moscas-dos-chifres aumentavam com o aumento
da espessura do pelame dos animais.
10
No programa de melhoramento da raça Canchim, a característica qualidade de
pelagem é avaliada com escore de 1 (pior; peludo, sem brilho e de baixa densidade) a 6
(melhor; pêlos lisos, brilhantes e de alta densidade), segundo Silva (2000a), como
medida da adaptabilidade do animal.
Fontes de variação sobre características avaliadas à desmama
Efeitos ambientais
Em bovinos de corte, vários são os fatores que interferem no desempenho
ponderal e nos escores de avaliação visual dos animais do nascimento à desmama,
devendo ser considerados por ocasião da estimação de valores genéticos. Alguns
efeitos de ambiente que devem ser considerados são a idade do bezerro ao desmame,
a idade da vaca ao parto, o mês de nascimento ou a data juliana de nascimento
(CARDOSO et al., 2001b; JORGE JÚNIOR et al., 2001; DAL-FARRA et al., 2002;
PELICIONI et al., 2002; JORGE JÚNIOR et al., 2004; KIPPERT et al., 2006), o sexo do
bezerro (MASCIOLI et al., 1997; CARDOSO et al., 2001b; BOCCHI et al., 2004), a
época ou estação de nascimento (CARDOSO et al., 2000; BOCCHI et al., 2004) e o
ano de nascimento (PONS et al., 1989; MARTINS et al., 2000).
Viu et al. (2002) relataram efeitos significativos de ano, época de nascimento,
fazenda, idade à desmama e grupo genético sobre os escores de umbigo, sendo
recomendado o ajuste para essas variáveis.
Efeitos aditivos e não-aditivos
O efeito aditivo pode ser definido como a ação individual do gene sobre uma
característica e, no caso de animais cruzados ou de raças sintéticas, este efeito estará
também relacionado com a proporção de genes de uma dada raça no indivíduo
(TEIXEIRA, 2004). Segundo Cunningham (1987), este componente de desempenho é
proporcional à contribuição gênica de cada raça.
11
A heterose pode ser definida como a superioridade dos animais cruzados em
relação à média das raças puras de origem. Segundo Hohenboken (1985), este grau de
superioridade varia conforme os graus de heterozigoses maternas e individuais nos
animais, a distância genética entre as raças cruzadas, as freqüências gênicas nas
populações de base e, também, a característica considerada.
Na literatura, é possível encontrar trabalhos estimando os efeitos aditivos diretos
e maternos e os efeitos heteróticos individuais e maternos em cruzamentos entre várias
raças. Dependendo das raças utilizadas, dos ambientes considerados, das
características de interesse (pesos, ganhos em peso, reprodutivas, avaliação visual), da
população ou rebanho, do ambiente e de diferentes formas de avaliação desses efeitos,
é possível encontrar as mais variadas estimativas: positivas, negativas, lineares e o-
lineares, entre outras (DILLARD et al., 1980; PEACOCK et al., 1981; TREMATORE et
al., 1998; ARTHUR et al., 1999; PEROTTO et al., 2000; ROSO e FRIES, 2000; DAL-
FARRA et al., 2002; TEIXEIRA et al., 2005).
Diante do exposto, fica explícita a importância do conhecimento do
comportamento dos efeitos ambientais, genéticos aditivos e genéticos não-aditivos, das
estimativas dos parâmetros genéticos dentro de cada população de interesse e suas
inter-relações, para características de importância econômica, visando subsidiar os
programas de avaliação genética de bovinos de corte.
12
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CAPÍTULO 2 EFEITOS AMBIENTAIS E GENÉTICOS SOBRE PESO, PERÍMETRO
ESCROTAL E ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL À DESMAMA, EM BOVINOS DA
RAÇA CANCHIM
Efeitos Ambientais e Genéticos sobre Peso, Perímetro Escrotal e Escores de
Avaliação Visual à Desmama, em Bovinos da Raça Canchim
Resumo O conhecimento de fatores de meio e genéticos que influenciam as
características de importância econômica é fundamental para o delineamento de
programas de avaliação genética em bovinos de corte. Neste trabalho, avaliaram-se os
efeitos de ano e época de nascimento, proprietário, sexo do bezerro, regime alimentar,
idade do bezerro e idade da vaca ao parto e os efeitos aditivos direto e materno da raça
Charolesa e heterótico materno entre as raças Charolesa e zebu sobre o peso (P225),
o perímetro escrotal (PE) e os escores visuais de conformação frigorífica (CF), de
umbigo (UM) e de pelagem (PEL) à desmama, em bovinos da raça Canchim, pelo
método dos quadrados mínimos. Foram utilizados dados de 12.334 animais Canchim
nascidos de 1999 a 2005. Os resultados indicaram efeitos significativos de ano e época
de nascimento, de proprietário, de regime alimentar e de idade da vaca (efeitos linear e
quadrático) sobre todas as características estudadas, de sexo sobre P225 e UM, de
idade do bezerro sobre P225, PE, CF e PEL, das proporções de Charolês no bezerro e
na mãe sobre P225, CF e PEL e da heterozigose materna sobre P225, PE, CF e UM.
Os efeitos aditivos diretos e maternos da raça Charolesa como desvio da zebu foram
negativos e positivos, respectivamente, sobre P225, CF e PEL. Os efeitos heteróticos
maternos foram positivos sobre P225, PE, CF e UM. Os resultados indicam que, em
geral, essas fontes de variação devem ser consideradas por ocasião da obtenção de
estimativas de parâmetros genéticos e das avaliações genéticas dos animais Canchim,
para as características estudadas.
Palavras-chave: bovinos de corte, efeitos aditivos, efeitos de meio, efeitos
heteróticos
23
Introdução
A cadeia produtiva da bovinocultura de corte vem sofrendo constantes alterações
para se adaptar às mais diversas exigências de mercado. Nesse contexto, melhorias do
potencial genético dos animais e sua adequação ao ambiente e ao manejo são pontos
importantes para se alcançar maior eficiência dos sistemas de produção. Para tal, a
pesquisa e a implantação de novas tecnologias se tornam indispensáveis, e uma das
ferramentas de que se dispõe é o melhoramento genético animal.
Por muitos anos, a seleção dos animais foi realizada, basicamente, utilizando
medidas de peso e de ganhos em peso nas diversas idades, ou características
altamente correlacionadas com peso, como critérios de seleção, o que proporcionou
substancial incremento na produção de carne. No entanto, este tipo de seleção pode
provocar desequilíbrio entre as exigências de mantença e os sistemas de produção
utilizados. Em razão disso, muitos programas de melhoramento têm utilizado escores
visuais na tentativa de buscar animais mais equilibrados e adaptados às condições de
criação em pastagem tropical.
Algumas dessas medidas são os escores visuais de conformação (capacidade
de predizer quanto o animal produziria de carne se fosse abatido no momento da
avaliação), precocidade (capacidade do animal chegar a um mínimo de acabamento de
carcaça) e musculosidade (presença de massas musculares). Outra forma de avaliação
visual que apresenta objetivo semelhante é a conformação frigorífica (CF), que utiliza
apenas um escore visual para predizer a capacidade produtiva do animal como um
todo.
Na pecuária de corte brasileira predomina o uso da monta natural, sendo que
apenas cerca de 6% do rebanho de corte faz uso da inseminação artificial (TORRES
JÚNIOR et al., 2003) e, tratando-se de reprodutores, o tamanho e posicionamento do
umbigo e prepúcio são características importantes, pois umbigos mais pronunciados ou
pendulosos apresentam maior predisposição a lesões e traumatismos ocasionados pela
vegetação, podendo levar à perda do reprodutor (LAGOS et al., 1970). Segundo Viu et
al. (2002), a avaliação por escore visual, por meio de notas atribuídas conforme o
24
tamanho e a forma do umbigo, é uma das maneiras utilizadas para classificar os
animais.
No Brasil, a grande maioria do rebanho bovino de corte é criada em grandes
áreas de pastagens e a maior concentração de produção se encontra em áreas de
clima tropical. A viabilidade da atividade depende, entre outros fatores, do potencial de
produção dos animais e da capacidade de adaptação ao ambiente. Várias
características do pelame são desejáveis para bovinos que vivem em climas tropicais,
como pêlos curtos e assentados, alta densidade numérica de pêlos, maior diâmetro dos
pêlos e pelame claro, entre outras. Essas características permitem maior proteção
contra a radiação solar e o estresse térmico, contribuindo para maior conforto dos
animais e, conseqüentemente, melhor desempenho zootécnico em condições de
campo (Silva, 2000). A avaliação visual por meio de escores de qualidade de pelagem
pode ser uma forma de classificar animais mais adaptados ao sistema de produção.
No entanto, a seleção de animais com base em características sem o prévio
ajuste para fatores ambientais e genéticos que as influenciam pode colocar em risco o
progresso genético esperado. Vários trabalhos na literatura relatam a influência de
fatores ambientais (MASCIOLI et al., 1996; JORGE JÚNIOR et al., 2001; DAL-FARRA
et al., 2002; JORGE JÚNIOR et al., 2004) e heteróticos (TREMATORE et al., 1998;
PEROTTO et al., 2000; ROSO e FRIES, 2000; DAL-FARRA et al., 2002) sobre escores
visuais de conformação, precocidade, musculosidade e, ou, características de
crescimento, havendo carência de estudos sobre os escores visuais de conformação
frigorífica, qualidade de pelagem e umbigo.
Os objetivos neste estudo foram identificar possíveis fontes de variações
ambientais, assim como avaliar os efeitos aditivos direto e materno da raça Charolesa
em relação ao zebu e da heterozigose materna sobre o peso, o perímetro escrotal e os
escores visuais de conformação frigorífica, de umbigo e de qualidade de pelagem,
avaliados à desmama, em bovinos da raça Canchim pertencentes ao programa de
avaliação genética da raça.
25
Material e Métodos
Os dados utilizados neste trabalho foram provenientes de bovinos da raça
Canchim criados no Brasil, participantes da avaliação genética executada pelo
Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte Geneplus. Foram utilizados
dados de peso, de perímetro escrotal e de escores visuais, obtidos à desmama, de
12.344 animais Canchim nascidos no período de 1999 a 2005.
As notas dos escores foram atribuídas individualmente para cada animal, sendo
cada escore avaliado sob metodologia própria, descrita a seguir.
Para a atribuição do escore de conformação frigorífica (animais harmônicos entre
desenvolvimento de musculatura, deposição de gordura subcutânea e tamanho de
carcaça), inicialmente foi feita uma inspeção geral dentro do lote a ser avaliado e, nesse
procedimento, procurou-se visualizar o melhor animal (cabeceira), o pior animal (fundo)
e o animal médio (meio), para então serem dados os escores individualmente, mas em
relação ao grupo. Os escores de conformação frigorífica variaram de 1 a 6, sendo que o
escore 6 representa a expressão mais desejável da característica.
O escore de umbigo foi atribuído a cada animal em relação a um padrão
absoluto, sendo que este variou de 1 a 6, em que o escore 1 é atribuído àqueles
animais com umbigo maiores, mais pendulosos e de angulação superior a 45
0
em
relação ao ventre, e o escore 6 representa os animais com umbigo curto e colado ao
ventre. A característica foi considerada como a mesma em machos e fêmeas, sendo
empregado apenas o termo escore de umbigo. Para as análises, foi realizada a
seguinte transformação
UMobUM
=
7
(
UM
é o escore de umbigo transformado e
UMob
é o escore de umbigo observado), ou seja, o escore 1 passou a ser atribuído
para os animais de menores umbigos e o escore 6 para os animais de maiores
umbigos.
A qualidade de pelagem também foi avaliada com referência a um padrão
absoluto. A característica teve notas variando de 1 a 6, sendo que o escore 1
representou aqueles animais com pêlos compridos, sem brilho e com baixa densidade,
26
não sendo desejado, enquanto o escore 6 se referia aos animais com pelagem
considerada adaptada ao clima (pêlos lisos, brilhantes e com alta densidade).
O peso à desmama foi padronizado para 225 dias de idade, média de idade à
desmama dos bezerros, utilizando-se o ganho de peso médio diário do nascimento à
desmama.
A edição e consistência dos dados foram realizadas pelo emprego do software
SAS (2002/2003).
Na Tabela 1 são observadas as medidas descritivas que auxiliam a
caracterização do banco de dados utilizado. Na Tabela 2 encontram-se os grupos
genéticos dos touros e vacas dos acasalamentos que resultaram no produto Canchim,
a proporção de Charolês (PCM) e a heterozigose (PHM) materna para cada grupo
genético de vaca, e a proporção de Charolês no animal (PCA), proporcionada pela
combinação de grupos genéticos maternos e paternos. A heterozigose materna foi
calculada de acordo com a seguinte fórmula:
=
i
i
i
v
p
H 1
em que
i
p
= fração da raça
i
(Charolesa e zebu) no pai; e
i
v
= fração da raça
i
(Charolesa e zebu) na mãe.
Os dados de peso, perímetro escrotal e escores visuais foram analisados pelo
método dos quadrados mínimos utilizando-se modelos estatísticos que incluíram os
efeitos de ano e época de nascimento (1 - dezembro a fevereiro; 2 - março a maio; 3 -
junho a agosto; e 4 - setembro a novembro), criador-proprietário, regime alimentar (1 -
pasto; 2 - pasto adubado; 3 - suplementado e 4 - confinado ou exposição), sexo do
bezerro e as covariáveis PCA, PCM, PHM e idade do bezerro, efeitos linear, e idade da
vaca ao parto, efeitos linear e quadrático, além do resíduo. Outros dois regimes
alimentares (pasto adubado e manejo rotacionado e pasto irrigado), também existentes,
foram desconsiderados nessa análise pelo baixo número de observações.
A proporção de heterozigose no animal não foi considerada nas análises por ter
apresentado pequena variação, com valores mínimo e máximo de 0,4512 e 0,4927,
respectivamente, e coeficiente de variação de 1,90%.
27
Tabela 1.
Número de observações (N), média, valores mínimo (Min) e máximo
(Max), desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) para as
características peso (P225), perímetro escrotal (PE), conformação
frigorífica (CF), umbigo (UM) e qualidade de pelagem (PEL) à desmama e
as covariáveis idade do bezerro à desmama (ID), idade da vaca ao parto
(IVP), proporção de Charolês no animal (PCA), proporção de Charolês
materna (PCM) e proporção de heterozigose materna (PHM), proporção
de heterozigose no animal (PHA).
Característica N Média Min Max DP CV%
P225 (kg) 11.563
208,77
80,64
399,00
40,02
19,08
PE (cm) 5.020
18,78
11,00
30,00
2,40
12,80
CF (escore) 7.846
4,43
1 6 1
,19
26,84
UM (escore) 8.598
1,99
1 6 1,07
21,33
PEL (escore) 7.476
4,39
1 6
1,33
30,44
ID (dias) 12.334
230,06
165
285 21,79
9,09
IVP (dias) 12.334
2225,00
730 7910
1046,18
46,22
PCA 12.334
0,6223
0,5625
0,6563
0,0179
2,88
PCM 12.334
0,6216
0,5313
0,6563
0,0262
4,25
PHM 12.334
0,5185
0,4512
0,7500
0,0891
17,65
PHA 12.334 0,4698 0,4512 0,4927 0,0090 1,90
Tabela 2. Grupos genéticos do pai (GGPai), da mãe (GGMãe) e do bezerro (GGBez),
número de acasalamentos (N), valores mínimos (Min) e máximos (Max)
para a proporção de Charolês materna (PCM), proporção de heterozigose
materna (PHM) e proporção de Charolês no animal (PCA)
PCM PHM PCA
GGPai
GGMãe
GGBez N Min Max Min Max Min Max
CN
1
V
2
CN 708 0,5313
0,5781
0,5000
0,5087
0,5625
0,6094
5/8Ch
3
5/8Ch CN 146 0,6250
0,6250
0,7500
0,7500
0,6250
0,6250
CN 5/8Ch CN 100 0,6250
0,6250
0,7500
0,7500
0,6055
0,6406
CN CN CN 9.137 0,5586
0,6563
0,4512
0,4941
0,5723
0,6563
CN MA
4
CN 1.537 0,6465
0,6563
0,6875
0,7070
0,6133
0,6563
MA MA CN 706 0,6465
0,6563
0,6875
0,7070
0,6514
0,6523
1
CN: Canchim;
2
35
/
64
Charolês +
29
/
64
Zebu;
3
Ch: Charolês;
4
21
/
32
Charolês +
11
/
32
zebu.
28
Resultados e Discussão
Na Tabela 3, são apresentados os resumos das análises de variância resultantes
do modelo empregado. Observa-se que os efeitos de ano e época de nascimento,
regime alimentar, proprietário e idade da vaca ao parto influenciaram (P<0,01) todas as
características estudadas. O sexo do bezerro influenciou (P<0,01) P225 e UM, e a
idade do bezerro influenciou (P<0,01) P225, PE, CF e PEL.
Os efeitos de ano de nascimento e de proprietário sobre as características P225,
PE, CF, UM e PEL são, provavelmente, conseqüência de diferenças na disponibilidade
de alimentos e no manejo dos animais entre os vários anos e proprietários. Esses
efeitos foram observados também por outros autores (MARTINS et al., 2000;
SARMENTO et al., 2003).
Tabela 3. Resumo das análises de variância do peso (P225), do perímetro escrotal
(PE) e dos escores visuais de conformação frigorífica (CF), umbigo (UM) e
qualidade de pelagem (PEL), à desmama
Graus de Quadrados médios
Fonte de Variação liberdade P225 PE CF UM PEL
Ano de nascimento 6 26.762
**
44,7
**
10,7
**
10,4
**
13,7
**
Proprietário 65
1
28.390
**
64,6
**
51,9
**
48,9
**
128,0
**
Regime alimentar 3 650.693
**
580,6
**
94,4
**
8,3
**
82,1
**
Época de nascimento 3 216.920
**
90,3
**
25,4
**
6,4
**
16,8
**
Sexo 1 638.457
**
- 0,3
66,3
**
2,2
PCA 1 6.789
**
3,0
5,1
*
1,1
32,9
**
PCM 1 7.572
**
4,3
3,5
*
0,7
27,1
**
PHM 1 146.567
**
102,3
**
32,2
**
24,7
**
0,3
Idade à desm., linear 1 235.499
**
1.477,0
**
25,2
**
0,0
34,9
**
Idade da vaca, linear 1 765.060
**
505,8
**
188,0
**
16,7
**
8,2
**
quadrático
1 615.816
**
387,9
**
136,5
**
11,1
**
4,6
*
Resíduo 11.478
2
977 4,0 0,9 0,8 0,8
** P<0,01; * P<0,05
1
graus de liberdade = 54, 46, 50 e 47 para PE, CF, UM e PEL, respectivamente.
2
graus de liberdade = 4.947, 7.780, 8.528 e 7.409 para PE, CF, UM e PEL, respectivamente.
Quanto aos efeitos de época de nascimento, os bezerros nascidos de junho a
agosto foram mais pesados e apresentaram maior perímetro escrotal e melhor
conformação (Tabela 4). A ausência de problemas sanitários durante as primeiras
29
semanas de vida e a desmama em época mais favorável com maior disponibilidade de
forragens, provavelmente foram responsáveis pelo melhor desempenho dos bezerros
nascidos no período seco do ano. Alencar et al. (1982 e 1993) e Mascioli et al. (1996)
também verificaram a importância desses efeitos na raça Canchim.
Tabela 4. Médias estimadas do peso (P225), do perímetro escrotal (PE) e dos
es
cores visuais de conformação frigorífica (CF), umbigo (UM) e qualidade
de pelagem (PEL) à desmama, de acordo com a época de nascimento, o
sexo do bezerro e o regime alimentar
Época P225 PE CF UM PEL
dez. - fev.
214 ± 1,35
19,16 ± 0,13
4,17 ± 0,05 2,35 ± 0,04 3,87 ± 0,05
mar. - mai.
218 ± 1,58
19,77 ± 0,16
4,25 ± 0,06 2,48 ± 0,05 3,98 ± 0,06
jun. - ago.
237 ± 1,32
19,92 ± 0,13
4,48 ± 0,05 2,44 ± 0,04 4,07 ± 0,05
set. - nov.
230 ± 1,27
19,63 ± 0,13
4,28 ± 0,05 2,35 ± 0,04
3,86 ± 0,05
Sexo
Macho
232 ± 1,27
-
4,29 ± 0,05 2,49 ± 0,04
3,96 ± 0,05
Fêmea
217 ± 1,25
-
4,30 ± 0,05 2,31 ± 0,04 3,93 ± 0,05
Reg. alimentar
Pasto
202 ± 0,99
18,88 ± 0,10
4,10 ± 0,04 2,39 ± 0,03 3,59 ± 0,03
Pasto adubado
214 ± 2,83
18,36 ± 0,29
3,78 ± 0,14 2,64 ± 0,10 3,89 ± 0,16
Suplementado
222 ± 1,91
19,52 ± 0,19
4,39 ± 0,08 2,40 ± 0,07 3,96 ± 0,07
Conf. - Expos.
261 ± 1,62
21,72 ± 0,16
4,91 ± 0,06 2,18 ± 0,05 4,33 ± 0,05
Os machos foram mais pesados do que as fêmeas, Tabela 4, corroborando com
a literatura (ALENCAR et al., 1982; ELER et al., 1989; MASCIOLI et al., 1996 e 1997;
GUIMARÃES et al., 2003; BOCCHI et al., 2004). A ausência de efeito de sexo sobre o
escore de conformação frigorífica difere das demais literaturas, mas pode ser pelo fato
de as avaliações serem relativas aos lotes, que consideraram o sexo na sua formação.
Cardoso et al. (2001) estudaram outros escores visuais (conformação, precocidade,
musculatura e tamanho), também relativos aos grupos de contemporâneos, e relataram
a presença do efeito de sexo sobre eles.
Não houve diferenças entre os sexos para o escore de pelame, enquanto para o
escore de umbigo os machos apresentaram escores maiores do que as fêmeas (Tabela
4). Viu et al. (2002) também relataram maiores escores para machos.
30
O efeito de época de nascimento sobre o escore de pelame observado neste
trabalho pode ser reflexo do efeito de época sobre o desempenho ponderal dos
bezerros, ou seja, bezerros mais desenvolvidos e de melhor conformação em razão da
melhor época de nascimento apresentavam a pelagem mais lisa e assentada (Tabela
4). Essa explicação, entretanto não pode ser dada para o efeito de época sobre o
escore de umbigo.
Os bezerros confinados (exposição) e os suplementados foram os mais pesados,
com maior perímetro escrotal e melhor conformação (Tabela 4). O efeito de regime
alimentar sobre a característica PEL pode ser reflexo dos efeitos sobre as
características de crescimento, fato que não explica o efeito sobre o escore de umbigo.
Entretanto, é possível que o tamanho do umbigo tenha sido um dos critérios utilizados
na escolha de animais a serem confinados, explicando a menor média de tamanho de
umbigo para esse grupo.
Os valores estimados de P225, de PE e dos escores CF, UM e PEL em função
da idade da vaca ao parto são apresentados nas Figura 1 e 2.
Analisando-se as Figuras 1 e 2, observa-se que o efeito da idade da vaca ao
parto apresentou comportamento quadrático semelhante para todas as características
estudadas. Para P225, PE, CF, UM e PEL, o bezerro apresentou desempenho
crescente com o aumento da idade da vaca, até esta atingir a maturidade fisiológica,
tendo o pico ao redor dos oito anos de idade (3.000 dias), vindo a decrescer
gradativamente com seu envelhecimento. Resultados semelhantes foram relatados por
outros autores que trabalharam com peso à desmama (ALENCAR et al., 1982;
MASCIOLI et al., 1996; PELICIONI et al., 2002; GUIMARÃES et al., 2003). Verificou-se
que as vacas ao redor dos 5.500 dias de idade (aproximadamente 15 anos) começaram
a desmamar bezerros mais leves que as novilhas, tendência essa também observada
por Pelicioni et al. (2002) com vacas da raça Gir quando estas alcançaram 12 anos, e
por Bocchi (1999), citado por Pelicioni et al. (2002), com vacas Guzerá aos nove anos,
Tabapuã aos 11 anos, Indubrasil aos 12 anos e Nelore aos 15 anos. Esses resultados
mostram não ser interessante a manutenção de vacas depois de alcançada
determinada idade.
31
Figura 1. Valores estimados par
a o peso à desmama e o perímetro escrotal em função da idade da vaca
ao parto.
32
Para o escore CF não foi encontrado relato na literatura sobre o seu
comportamento em função da idade da vaca ao parto, no entanto, existem alguns
trabalhos com escores visuais de conformação, precocidade e musculosidade (JORGE
JÚNIOR et al., 2001; CARDOSO et al., 2001; DAL-FARRA et al., 2002; JORGE
JÚNIOR et al., 2004; KIPPERT et al., 2006), em diferentes raças bovinas, que
apresentaram comportamento semelhante ao aqui encontrado para CF. Para o escore
PEL, não foram encontrados trabalhos que permitam a comparação. É possível que os
efeitos de idade da vaca sobre CF e PEL sejam reflexo de seus efeitos sobre o peso à
desmama, ou seja, os bezerros mais pesados apresentavam melhor CF e possuíam
pelame mais assentado e curto.
Para o escore de umbigo, o bezerro apresentou menor umbigo no início e no
final da vida produtiva da vaca, tendo seus maiores escores quando a vaca se
encontrou em idade mediana, quando atinge a maturidade fisiológica, não sendo
Figura 2.
Valores estimados para os escores de conformação frigorífica (CF), umbigo (UM) e qualidade
de pelagem (PEL) em função da idade da vaca ao parto.
33
encontrados relatos na literatura sobre o comportamento desta característica em função
da idade da vaca ao parto.
O efeito da IVP sobre todas as características encontra-se coerente, em que as
características P225, PE e CF aumentam de acordo com a idade da vaca, chegam a
um valor máximo e depois decrescem com o envelhecimento da vaca.
Nas Figura 3 e 4, observa-se o comportamento das características P225, PE, CF
e PEL em função da idade do bezerro à desmama. O efeito linear negativo da idade do
bezerro sobre P225 é justificado pela padronização que a característica recebeu pelo
ganho de peso médio diário do nascimento à desmama, assumido constante, em que
os bezerros desmamados mais novos foram favorecidos em relação aos desmamados
mais velhos. Mascioli (1995), ao padronizar o peso à desmama para 240 dias de idade
de bezerros Canchim, também encontrou coeficiente de regressão negativo da idade do
bezerro à desmama. Para as demais características, todas apresentaram aumento de
expressão com o incremento de idade, ou seja, animais mais velhos apresentaram
maiores escores de conformação frigorífica e de pelagem, além de maior perímetro
escrotal.
Corrêa et al. (2006) também encontraram efeito significativo apenas linear da
idade sobre o peso à desmama de bovinos Devon, no entanto, como seus dados não
sofreram pré-ajuste, este efeito foi positivo. Ortiz Peña et al. (2000), trabalhando com
características ao sobreano, relataram a influência linear positiva da idade sobre o
perímetro escrotal. Dal-Farra et al. (1999) relataram efeito linear e quadrático da idade
sobre o perímetro escrotal ao sobreano, indicando que o perímetro escrotal apresenta
desenvolvimento semelhante ao de peso.
O comportamento do escore de conformação frigorífica se assemelha ao
comportamento de outros escores visuais (conformação, precocidade, musculosidade e
tamanho), segundo Jorge Júnior et al. (2001 e 2004), Kippert et al. (2006) e Cardoso et
al. (2001), em que os maiores escores visuais foram atribuídos aos indivíduos
desmamados mais velhos e, os menores, aos animais que desmamaram mais cedo, ou
seja, animais mais velhos tenderam a ser maiores e mais pesados, levando a
confundimento do avaliador, que emitiu melhores escores para esses animais.
34
Figura 3. Valores estimados para o peso a desmama (P225) e perímetro escrotal (PE) em função da
idade à desmama.
35
Nas Figuras 5 e 6 encontram-se os valores estimados para o peso à desmama e
para os escores de conformação frigorífica e de qualidade de pelagem em função da
proporção de Charolês no animal (PCA) e na mãe (PCM), respectivamente.
O efeito aditivo direto da raça Charolesa (PCA) como desvio do zebu foi negativo
e significativo apenas para P225, CF e PEL, sendo responsável por 4,64% (9,68 kg),
8,35% (0,37 unidades de escore) e 16,00% (0,70 unidades de escore) da variação em
P225, CF e PEL, respectivamente. Estes resultados indicam que bezerros com maior
proporção de genes da raça Charolesa apresentaram piores desempenhos na fase de
cria, independentemente dos outros fatores.
Figura 4.
Valores estimados para os escores de conformação frigorífica (CF) e qualidade de pelagem
(PEL) em função da idade à desmama.
36
.
Figura 5.
Valores estimados para o peso à desmama e para os escores de conformação frigorífica (CF) e
de qualidade de pelagem (PEL), em função da proporção de Charolês no animal.
37
Para o escore de qualidade de pelagem este resultado era esperado, visto que, a
raça Charolesa apresenta pêlos maiores e mais grossos, diferentemente de animais de
Figura 6. Valores estimados para o peso à desmama e para os escores de conforma
ção frigorífica (CF) e
de qualidade de pelagem (PEL), em função da proporção de Charolês materna.
38
raça zebuína, em que a pelagem característica é justamente aquela mais lisa, curta e
assentada, sendo este, também, um dos fatores para os animais de raças zebuínas
serem melhores adaptados ao clima tropical. Também, menores escores de pelagem
com o aumento da proporção de Charolês no bezerro pode ser reflexo do efeito sobre o
peso à desmama.
Este efeito aditivo direto negativo sobre o peso à desmama do bezerro discorda
dos trabalhos de Dillard et al. (1980), Peacock et al. (1981) e Trematore et al. (1998),
que relataram maior desenvolvimento do bezerro quanto maior a proporção de genes
da raça Charolesa como desvio das raças Hereford, Brahman e Nelore,
respectivamente. Trematore et al. (1998) justificaram este comportamento pelas
características inerentes à raça Charolesa, que é de grande porte e apresenta elevado
potencial para crescimento, quando comparada com a Nelore. Borba et al. (2000)
também relataram efeitos observados semelhantes aos de Trematore et al. (1998),
trabalhando com animais Blonde D’Aquitaine como desvio da raça Nelore. Teixeira et
al. (2005), estudando bezerros cruzados Nelore x Hereford e Nelore x Angus,
encontraram efeito aditivo direto para a raça Nelore superior ao da raça Hereford e
inferior ao da raça Angus, o que levou os autores a creditarem a utilização de touros
Nelore de qualidade superior aos Hereford.
Uma possível explicação para o efeito aditivo direto negativo do Charolês em
relação ao zebu, talvez seja o fato de os touros do grupo genético MA, que foram os
responsáveis pelas proporções mais elevadas de Charolês nos bezerros (Tabela 2),
terem, provavelmente, sofrido menor pressão de seleção comparados com os do grupo
Canchim, resultando em filhos com desempenhos inferiores.
As menores notas de conformação frigorífica com o aumento da proporção de
Charolês no bezerro podem ser conseqüência do efeito semelhante sobre o peso à
desmama.
O efeito aditivo materno da raça Charolesa (PCM) como desvio do zebu foi
significativo e positivo para as características P225, CF e PEL, sendo responsável por
5,03% (10,51 kg), 5,67% (0,25 unidades de escore) e 11,50% (0,50 unidades de
escore) das variações sobre P225, CF e PEL, respectivamente. Estes resultados
39
indicaram que quanto maior a proporção de genes da raça Charolesa na mãe, maior
será P225 e melhores escores de CF e PEL serão atribuídos ao bezerro. Este efeito
positivo da proporção de genes da raça Charolesa na vaca pode ser resultado do maior
potencial leiteiro da raça Charolesa em relação à raça zebuína. Estes resultados
diferiram dos encontrados por Trematore et al. (1998) e Teixeira et al. (2005) que
relataram efeitos aditivos maternos negativos das raças Charolesa, Hereford e Angus,
como desvio da raça Nelore, respectivamente, para o peso à desmama.
A pequena amplitude dos valores de PCA (0,5527 a 0,6563) e de PCM (0,5313 a
0,6563) nos animais deste estudo impediu interpretação mais profunda dos resultados,
pois extrapolar estes valores para animais puros não seria correto, isto é, se houvesse
valores variando entre os extremos (0 a 1), animais puros e vários níveis de
cruzamento, o comportamento das características em função das frações de genes das
raças poderia não ser o aqui estimado.
Nas Figura 7 e 8 encontram-se os valores estimados para o peso, o perímetro
escrotal e os escores de conformação frigorífica e de umbigo em função da
heterozigose materna (PHM). Os valores dos efeitos heteróticos, associados à
heterozigose materna, correspondem a 7,31% (15,27 kg), 3,56% (0,67 cm), 6,52%
(0,29 unidades de escore) e 3,88% (0,19 unidades de escore) para P225, PE, CF e UM,
respectivamente. Estes resultados indicam que quanto maior a porcentagem de
heterozigose materna, maior será P225, PE, CF e UM. Dillard et al. (1980), trabalhando
com cruzamentos entre animais Charolês, Angus e Hereford, Peacock et al. (1981), que
trabalharam com cruzamentos de animais Charolês e Brahman, e Trematore et al.
(1998), estudando cruzamento de animais Charolês x Nelore, também obtiveram efeito
positivo da heterozigose materna sobre o peso à desmama.
40
Figura 7.
Valores estimados para o peso à desmama e o perímetro escrotal em função da proporção de
heterozigose materna.
41
Dal-Farra et al. (2002) relataram valores estimados de heterose, associados a
heterozigose materna, em animais cruzados Angus x Nelore e Hereford x Nelore, para
escores visuais de conformação, precocidade e musculosidade, variando de 8,5% a
10,9%. Gregory et al. (1980) relataram que 60% ou mais da heterose em características
que contribuem para o peso ao desmame é atribuída à heterose materna, e relataram
aumento de 23% na quantidade de quilos de bezerros desmamados por vaca colocada
em reprodução, em razão dos efeitos heteróticos na fertilidade, na produção de leite, na
sobrevivência e no desenvolvimento do bezerro. Koch et al. (1989), citados por Roso e
Fries (2000), também relataram incremento de 23% na produção por vaca em
cruzamentos Bos taurus x Bos taurus, em áreas temperadas e incremento de 50% em
cruzamentos Bos indicus x Bos taurus, quando em áreas subtropicais, em
conseqüência do efeito de heterose.
Figura 8. Valores estimad
os para os escores de conformação frigorífica (CF) e umbigo (UM) em função
da proporção de heterozigose materna.
42
Conclusões
Efeitos de ambiente, como ano e época de nascimento, proprietário, sexo do
bezerro e regime alimentar devem ser considerados por ocasião da obtenção de
parâmetros e valores genéticos para peso, perímetro escrotal e escores visuais de
conformação frigorífica, de umbigo e de pelagem à desmama na raça Canchim.
Também devem ser consideradas nos modelos estatísticos as covariáveis porcentagem
de Charolês no bezerro e na mãe para o peso e os escores de conformação frigorífica e
de pelagem e de heterozigose materna para o peso e os escores de conformação
frigorífica, de pelagem e de umbigo.
43
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48
CAPÍTULO 3 ESTIMATIVAS DE HERDABILIDADE DE PESO, PERÍMETRO
ESCROTAL E ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL À DESMAMA, EM BOVINOS DA
RAÇA CANCHIM
Estimativas de Herdabilidade de Peso, Perímetro Escrotal e Escores de Avaliação
Visual à Desmama, em Bovinos da Raça Canchim
Resumo Para o delineamento de programas de melhoramento genético de
bovinos de corte, é necessário o conhecimento dos parâmetros genéticos das
características de interesse, cujas estimativas dependem da definição de modelos de
análises adequados. Neste trabalho, utilizaram-se dados de 12.103 pesos (P225),
5.278 perímetros escrotais (PE), 8.343 escores de conformação frigorífica (CF), 9.111
escores de umbigo (UM) e 7.986 escores de qualidade de pelagem (PEL) à desmama
de bovinos da raça Canchim, para estabelecer o melhor modelo para avaliação
genética de animais. Além dos efeitos fixos (grupo de contemporâneos, idade do
bezerro e da vaca), os modelos incluíram os efeitos aleatórios genéticos aditivos direto
e materno e de ambiente permanente materno, em diferentes combinações, e as
análises foram feitas pelo método da máxima verossimilhança restrita livre de
derivadas. O modelo completo (efeitos genético aditivos direto e materno e de ambiente
permanente) foi o mais adequado para P225, PE, CF e UM, enquanto que o modelo
que incluiu os efeitos aditivos direto e materno foi o mais adequado para PEL. As
herdabilidades diretas e maternas estimadas foram 0,17 e 0,09; 0,13 e 0,07; 0,20 e
0,08; 0,18 e 0,04; e 0,52 e 0,06 para P225, PE, CF, UM e PEL, respectivamente,
indicando a possibilidade de se obter progresso genético para essas características,
principalmente PEL. As correlações entre os efeitos aditivos diretos e maternos foram -
0,17 (P225); 0,00 (PE); -0,59 (CF e UM); e -0,68 (PEL), indicando antagonismos entre
esses efeitos para P225, CF, UM e PEL.
Palavras-chave: bovinos de corte, conformação frigorífica, efeito direto, efeito
materno, pelagem, umbigo
49
Introdução
A avaliação e a seleção de animais em idades mais precoces requerem alguns
cuidados. Características avaliadas no período pré-desmama são influenciadas não
apenas pelo genótipo do indivíduo, mas também pelo genótipo da sua mãe para
características maternas e pelos efeitos de ambiente permanente materno. Para
estabelecer as estratégias de seleção e alcançar o progresso genético esperado, é
necessário o conhecimento prévio dos parâmetros genéticos das características de
interesse, sendo que estes parâmetros diferem entre populações e ambientes. Para
obter esses parâmetros, é necessária a definição do modelo de análise.
Estão disponíveis, na literatura, para a raça Canchim, diferentes estimativas de
herdabilidade para o peso à desmama. Assim, para um mesmo rebanho Canchim,
Alencar et al. (1998 e 2005) e Mello et al. (2002 e 2006) obtiveram estimativas que
variaram de 0,29 a 0,48, utilizando diferentes modelos estatísticos, que variaram do
mais simples, com apenas o efeito aleatório aditivo direto ao mais completo, com os
efeitos aleatórios aditivos direto e materno e de ambiente permanente. No entanto, ao
se tratar de características como o perímetro escrotal avaliado à desmama ou mesmo
os escores de avaliação visual, percebe-se carência de estudos para animais da raça
Canchim.
Os objetivos neste trabalho foram definir o modelo mais adequado para obter
estimativas de parâmetros genéticos para as características peso, perímetro escrotal e
escores de avaliação visual de conformação frigorífica, de umbigo e de qualidade de
pelagem à desmama para bovinos da raça Canchim criados no Brasil, e verificar a
possibilidade de inclusão dos escores de umbigo e de qualidade de pelagem na
avaliação genética da raça Canchim.
50
Material e Métodos
Os dados utilizados neste trabalho são provenientes de bovinos da raça
Canchim criados no Brasil, participantes da avaliação genética executada pelo
Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte - Geneplus. Foram utilizados
dados de peso, de perímetro escrotal e de escores visuais, obtidos à desmama, de
18.452 animais nascidos no período de 1999 a 2005.
As notas dos escores foram atribuídas individualmente para cada animal, sendo
cada escore avaliado sob metodologia própria, descrita a seguir.
Para a atribuição do escore de conformação frigorífica (animais harmônicos entre
desenvolvimento de musculatura, deposição de gordura subcutânea e tamanho de
carcaça), inicialmente foi feita uma inspeção geral dentro do lote a ser avaliado e, nesse
procedimento, procurou-se visualizar o melhor animal (cabeceira), o pior animal (fundo)
e o animal médio (meio), para então serem dados os escores individualmente, mas em
relação ao grupo. Os escores de conformação frigorífica variaram de 1 a 6, sendo que o
escore 6 representa a expressão mais desejável da característica.
O escore de umbigo foi atribuído a cada animal em relação a um padrão
absoluto, sendo que este variou de 1 a 6, em que o escore 1 é atribuído àqueles
animais com umbigo maiores, mais pendulosos e de angulação superior a 45
0
em
relação ao ventre, e o escore 6 representa os animais com umbigo curto e colado ao
ventre. Para as análises, os dados foram transformados, ou seja, o escore 1 passou a
ser atribuído para os animais de menores umbigos e o escore 6 para os animais de
maiores umbigos.
A qualidade de pelagem também foi avaliada com referência a um padrão
absoluto. A característica teve notas variando de 1 a 6, sendo que o escore 1
representou aqueles animais com pêlos compridos, sem brilho e com baixa densidade,
não sendo desejado, enquanto o escore 6 se referia aos animais com pelagem
considerada adaptada ao clima (pêlos lisos, brilhantes e com alta densidade).
51
O peso à desmama foi padronizado para 225 dias de idade, média de idade à
desmama dos bezerros, utilizando-se o ganho de peso médio diário do nascimento à
desmama.
A edição e a consistência dos dados foram realizadas pelo emprego do SAS
(2002/2003). A matriz de parentesco foi formada a partir de animais informativos, ou
seja, apenas constaram aqueles animais que apresentavam parentesco com os animais
que continham observação, permitindo assim análise mais rápida e sem perda de
informação. A matriz de parentesco continha 37.346 animais e coeficiente médio de
endogamia de 0,017. Os animais com observação foram provenientes de 345 a 503
touros e de 3.070 a 4.975 avôs maternos distintos, dependendo da característica. Na
Tabela 1 são observadas as medidas descritivas que auxiliam na caracterização do
banco de dados utilizado.
Tabela 1. Número de observações (N), de vacas (V) e de vacas com dois ou mais
filhos (VD), dia d
e filhos por vaca (F/V), média, valores mínimos (Min) e
máximo (Max), desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) para as
características peso (P225), perímetro escrotal (PE) e escores de
conformação frigorífica (CF), umbigo (UM) e qualidade de pelagem (PEL) à
desmama e as fontes de variação idade do bezerro à desmama (ID), idade
da vaca ao parto (IVP), proporção de Charolês no animal (PCA), proporção
de Charolês na mãe (PCM) e heterozigose materna (PHM)
Caract. N V VD F/V Média Min Max DP CV%
P225 (kg) 12.103 7.191 3.179 1,68
208,8
80,6
399,0
39,7
19,08
PE (cm) 5.278 4.063 994 1,30
18,76
11,00
30,00
2,40
12,80
CF (escore) 8.343 5.076 2.187 1,64
4,42
1 6
1,19
26,84
UM (escore) 9.111 5.646 2.335 1,61
1,98
1 6
1,07
21,33
PEL (escore) 7.986 4.936 2.091 1,62
4,36
1 6
1,33
30,44
ID (dias) 18.452 - - -
230,6
165,0
285,0
22,0
9,09
IVP (dias) 18.452 - - -
2.200
730 7.910
1.030
46,22
PCA 18.452 - - -
0,622
0,553
0,656
0,018
2,88
PCM 18.452 - - -
0,621
0,531
0,656
0,026
4,25
PHM 18.452 - - -
0,517
0,451
0,750
0,088
17,65
As análises estatísticas foram realizadas sob quatro modelos, diferentes apenas
no que se refere aos efeitos aleatórios. O primeiro modelo (M1) constou apenas do
52
efeito aleatório genético aditivo direto. O segundo modelo (M2) incluiu, além do efeito
genético aditivo direto, o efeito genético aditivo materno. O terceiro modelo (M3)
contemplou o efeito genético aditivo direto e o efeito de ambiente permanente,
enquanto que o quarto modelo (M4), ou modelo completo, continha todos esses efeitos
aleatórios. Todos os modelos incluíram o efeito de grupo de contemporâneos e as
covariáveis proporção de Charolês no animal (PCA; linear), proporção de Charolês na
mãe (PCM; linear), proporção de heterozigose na mãe (PHM; linear), idade da vaca ao
parto (IVP; efeitos linear e quadrático) e idade do bezerro à desmama (ID; linear). A
proporção de heterozigose no animal não foi considerada nas análises por ter
apresentado pequena variação (0,4512 a 0,4954).
Foram formados grupos de contemporâneos pela junção das variáveis criador-
proprietário, ano e época (1 dezembro a fevereiro, 2 março a maio, 3 junho a
agosto e 4 setembro a novembro) de nascimento, regime alimentar (1 pasto, 2
pasto adubado, 3 pasto adubado e rotacionado, 4 pasto irrigado, 5 suplementado
e 6 confinado ou exposição) e sexo. Essa configuração da junção das variáveis
resultou em 934 (P225), 416 (PE), 637 (CF), 722 (UM) e 642 (PEL) grupos de
contemporâneos para a estimativa dos parâmetros.
Os modelos podem ser representados na forma matricial como:
Modelo 1:
eZaXy
+
+
+
=
β
µ
Modelo 2:
eMmZaXy
+
+
+
+
=
β
µ
Modelo 3:
eWcZaXy
+
+
+
+
=
β
µ
Modelo 4:
eWcMmZaXy
+
+
+
+
+
=
β
µ
em que:
y
= vetor das variáveis dependentes;
β
= vetor de efeitos fixos (grupo
de contemporâneos e covariáveis);
a
= vetor de efeitos genéticos aditivos diretos;
m
=
vetor de efeitos genéticos aditivos maternos;
c
= vetor de efeitos de ambiente
permanente materno;
e
= vetor de erros aleatórios residuais associados às
observações; e
WMZX ,,,
= são as respectivas matrizes de incidência para cada
efeito.
53
Para tal, foram assumidas as seguintes pressuposições:
β
XyE =
=
=
2
2
2
2
000
000
00
00
0
0
0
0
en
cnc
mam
ama
I
I
AA
AA
e
c
m
a
Var
e
c
m
a
E
σ
σ
σσ
σσ
em que:
2
a
σ
= componente de variância genético aditivo direto;
2
m
σ
=
componente de variância genético aditivo materno;
am
σ
= componente de covariância
genético aditivo direto e materno;
2
c
σ
= componente de variância de ambiente
permanente materno;
2
e
σ
= componente de variância residual;
A
= matriz de
parentesco;
nc
I = matriz identidade de ordem
nc
em que
nc
é o número de mães e
n
I =
matriz identidade de ordem
n
em que
n
é o número de observações.
Os componentes de (co)variância e os parâmetros genéticos foram estimados
pelo método de máxima verossimilhança restrita livre de derivadas, utilizando-se o
programa computacional MTDFREML (BOLDMAN et al., 1993), em análises
unicaracterísticas sob modelo animal. O critério de convergência das análises foi
considerado satisfeito quando o logaritmo da função de verossimilhança foi inferior a
1x10
-9
.
Utilizou-se o teste de razão de verossimilhança (Likelihood ratio test LRT),
segundo Hogg et al. (1995), para comparar os modelos e escolher o mais adequado
para cada característica, comparando-se o aumento na função de máxima
verossimilhança (-2 log L) causada pela adição dos parâmetros ao modelo à
distribuição de Qui-quadrado com g graus de liberdade e probabilidade de erro de 5%,
em que g é a diferença em números de parâmetros estimados nos modelos
comparados.
54
Resultados e Discussão
Na Tabela 2 encontram-se os valores dos componentes de (co)variância, dos
parâmetros genéticos e fenotípicos e do máximo do logaritmo da função de
verossimilhança (log L), estes últimos expressos como desvios do modelo de menor
valor, para os modelos utilizados.
A comparação dos modelos pelo LRT indicou o modelo completo (M4) como o
mais adequado para P225, PE, CF e UM. Diante disso, a decomposição do
componente materno em genético aditivo e de ambiente permanente da mãe é
necessária para essas características, nesse conjunto de dados. Dias et al. (2005),
estudando o peso de bovinos Tabapuã em diferentes idades, também consideraram o
modelo completo como o mais adequado para ajustar os efeitos estudados, mesmo
para os pesos após a desmama. Meyer (1992), avaliando o peso à desmama de
animais Hereford, Angus e cruzados zebu, avaliou ser o M4 mais adequado para os
animais Hereford e cruzados zebu, enquanto que para a raça Angus, o modelo
completo não diferiu significativamente dos modelos que consideraram, além do efeito
aditivo direto, o efeito materno ou os efeitos materno e de ambiente permanente,
indiferente das covariâncias entre os efeitos aditivos direto e maternos. Cyrillo et al.
(2004) não encontraram diferença entre os modelos M4 e M3 para o peso à desmama
em machos Nelore.
Cardoso et al. (2001), estudando escores visuais em uma população Angus, não
incluíram o efeito aditivo materno na estimação dos parâmetros para os escores pois
não encontraram importância significativa em análise prévia dos dados, mas
mantiveram o efeito de ambiente permanente materno.
55
Tabela 2 .
Componentes
1
de (co)variância e parâmetros
2
genéticos e fenotípicos
obtidos pelos modelos (M) com os efeitos aditivo direto (M1), aditivos direto
e materno (M2), aditivo direto e de ambiente permanente (M3) e aditivos
direto e materno e de ambiente permanente (M4), e testes de log L para
peso, perímetro escrotal e escores de conformação frigorífica, de umbigo e
de qualidade de pelagem à desmama.
Peso (P225)
M
σ
a
2
σ
m
2
σ
am
σ
c
2
σ
e
2
σ
f
2
h
a
2
h
m
2
r
am
c
2
e
2
Teste log L
M1 379 - - - 471 849 0,45
- - - 0,55
0
M2 136 131 -7 - 550 808 0,17
0,16
-0,05
- 0,68
M2 - M1 = 85
*
M3 188 - - 120 496 804 0,23
- - 0,15
0,62
M3 - M1 = 93
*
M4 137 71 -17 87 520 798 0,17
0,09
-0,17
0,11
0,65
M4 - M1 = 117
*
M4 - M2 = 32
*
M4 - M3 = 24
*
Perímetro escrotal (PE)
M1 0,94
- - - 2,47
3,51
0,27
- - - 0,73
0
M2 0,45
0,40
0,00 - 2,60
3,45
0,13
0,12
0,00 - 0,75
M2 - M1 = 20
*
M3 0,59
- - 0,45
2,40
3,44
0,17
- - 0,13
0,70
M3 - M1 = 19
*
M4 0,44
0,23
0,00 0,27
2,48
3,43
0,13
0,07
0,00 0,08
0,72
M4 - M1 = 24
*
M4 - M2 = 4
*
M4 - M3 = 5
*
Conformação frigorífica (CF)
M1 0,24
- - - 0,66
0,90
0,27
- - - 0,73
0
M2 0,17
0,17
-0,07
- 0,66
0,89
0,19
0,15
-0,49
- 0,74
M2 - M1 = 24
*
M3 0,15
- - 0,08
0,65
0,88
0,17
- - 0,10
0,74
M3 - M1 = 29
*
M4 0,17
0,07
-0,07
0,07
0,63
0,88
0,20
0,08
-0,59
0,08
0,71
M4 - M1 = 36
*
M4 - M2 = 12
*
M4 - M3 = 7
*
Umbigo (UM)
M1 0,20
- - - 0,56
0,76
0,27
- - - 0,73
0
M2 0,13
0,07
-0,02
- 0,57
0,75
0,18
0,09
-0,23
- 0,76
M2 - M1 = 14
*
M3 0,12
- - 0,08
0,55
0,74
0,16
- - 0,10
0,74
M3 - M1 = 31
*
M4 0,13
0,03
-0,03
0,08
0,54
0,74
0,18
0,04
-0,59
0,11
0,73
M4 - M1 = 36
*
M4 - M2 = 22
*
M4 - M3 = 5
*
Pelagem (PEL)
M1 0,24
- - - 0,39
0,63
0,38
- - - 0,62
0
M2 0,34
0,04
-0,07
- 0,35
0,65
0,52
0,06
-0,68
- 0,54
M2 - M1 = 18
*
M3 0,24
- - 0,00
0,39
0,63
0,38
- - 0,00
0,62
M3 - M1 = 0
M4 0,34
0,04
-0,07
0,00
0,35
0,65
0,52
0,06
-0,68
0,00
0,54
M4 - M1 = 18
*
M4 - M2 = 0
M4 - M3 = 18
*
1
σ
a
2
, σ
m
2
, σ
c
2
, σ
e
2
, σ
f
2
, σ
am
= componentes de variância aditiva direta, aditiva materna, de ambiente
permanente, residual e fenotípica total e de covariância entre os efeitos aditivos direto e materno.
2
h
a
2
, h
m
2
, c
2
, e
2
, r
am
= herdabilidades direta e materna, efeito de ambiente permanente, efeito residual e
correlação entre os efeitos genéticos direto e materno, cujos erros-padrão variaram de 0,03 a 0,07; 0,02
a 0,03; 0,02 a 0,04; 0,03 a 0,05; e 0,10 a 0,42, respectivamente, dependendo da característica.
* P<0,05.
56
Para o escore de PEL, M2 mostrou-se suficiente, indicando que o efeito de
ambiente permanente materno apresentou pouca ou nenhuma influência sobre essa
característica.
As características avaliadas na fase pré-desmama são fortemente influenciadas
pela habilidade materna da vaca. A expressão da habilidade materna no desempenho
do bezerro pode ser confundida com o potencial genético do bezerro para crescimento
(DIAS et al., 2005).
Segundo Willham (1972), o efeito materno é um dos efeitos que contribuem para
o valor fenotípico de um indivíduo pela sua mãe, ou seja, a diferença genética entre
mães para o efeito materno é expressa nos valores fenotípicos de seus filhos e,
segundo Meyer (1992), a não inclusão desse efeito nas avaliações genéticas pode
resultar em superestimativa do efeito aditivo direto do animal. Outro fator a ser
considerado nas avaliações genéticas é a inclusão do efeito de ambiente permanente
da vaca, que pode ser descrito como um efeito da vaca que se expressa,
principalmente, através da produção de leite, o que justifica sua grande influência nas
características pré-desmama. De fato, observa-se, Tabela 2, que os componentes de
variância aditiva direta das características P225, PE, CF e UM reduziram
significativamente do modelo M1 para o M4, resultando em redução nas estimativas de
herdabilidade direta. Para essas características, os modelos M2 e M3 também foram
melhores do que o modelo M1 e a inclusão do efeito aditivo materno ou do efeito de
ambiente permanente também reduziu a magnitude do efeito aditivo direto.
Para a característica qualidade da pelagem (PEL), o modelo M2 foi semelhante
ao modelo M4, indicando que a inclusão do efeito de ambiente permanente no modelo
que contém o efeito aditivo direto o contribuiu para modificar os componentes de
variância. Neste caso, também não houve diferença entre os modelos M1 e M3,
indicando não significância do efeito de ambiente permanente. Entretanto, o modelo M2
foi melhor do que o M1, indicando a importância dos efeitos aditivos maternos. Neste
caso, a inclusão do efeito aditivo materno aumentou o componente de variância aditivo
direto e, conseqüentemente, a herdabilidade direta. É possível que os efeitos genéticos
57
aditivos maternos sobre a característica PEL sejam reflexo de efeito similar sobre as
características de crescimento.
As estimativas de herdabilidade direta de P225 (0,17 ± 0,03) e de PE (0,13 ±
0,04) foram inferiores às estimativas relatadas para o peso à desmama por Alencar et
al. (1993 e 1998) (0,69 e 0,29), Mascioli et al. (1996 e 1997) (0,47 e 0,43), Mello et al.
(2002 e 2006) (0,48 e 0,38) e Alencar et al. (2005) (0,36) e de perímetro escrotal aos 12
meses de idade por Alencar et al. (1993) (0,40), Silva et al. (2000) (0,30) e Gianlorenço
et al. (2003) (0,52), para animais Canchim. Essas baixas estimativas em relação aos
outros autores se justificam pelos diferentes métodos e modelos utilizados na estimação
dos parâmetros e pela diferença na idade em que as características foram avaliadas.
Valores de herdabilidade direta para peso à desmama encontrados na literatura,
com modelos de estimação semelhantes e raças zebuínas ou seus cruzamentos,
variam de 0,11 a 0,48 (ELER et al., 1996; EVERLING et al., 2001; GUIMARÃES et al.,
2003; KOURY FILHO et al., 2003; DIAS et al., 2005; GRESSLER et al., 2005). Eler et
al. (1996) também relataram estimativa de herdabilidade para perímetro escrotal ao
sobreano de 0,52 na raça Nelore.
Os valores de herdabilidade direta obtidos neste trabalho para P225 e PE são
considerados baixos, o que implica em pequeno progresso genético pela seleção.
Os valores estimados de herdabilidade materna foram de 0,09 ± 0,03 e 0,07 ±
0,04 e os efeitos de ambiente permanente materno foram de 0,11 ± 0,02 e 0,08 ± 0,04
para P225 e PE, respectivamente. O valor estimado para a herdabilidade materna de
P225 encontra-se entre os valores de 0,06 a 0,29 relatados na literatura (ELER et al.,
1996; EVERLING et al., 2001; KOURY FILHO et al., 2003; GUIMARÃES et al., 2003).
Eler et al. (1996) relataram valores de proporção da variância fenotípica atribuída ao
ambiente permanente materno de 10%.
Mohuiddin (1993) relatou que, para o peso à desmama, a herdabilidade materna
tende a ser menor do que a herdabilidade direta indicando maior influência do genótipo
do bezerro sobre a característica do que influência materna.
As magnitudes dos efeitos maternos obtidos neste trabalho podem não ser tão
elevadas, mas não se pode desconsiderá-los nas análises de P225 e PE para a
58
população avaliada. As junções do efeito aditivo materno e de ambiente permanente
materno chegam a responder por 16% e 20% da variação do fenótipo do bezerro para
PE e P225, respectivamente.
O valor estimado para a correlação genética entre os efeitos direto e materno de
P225 (-0,17 ± 0,19) está próximo da média (-0,16) de 23 trabalhos sumarizados por
Koots et al. (1994) e, pelo erro-padrão estimado, não é diferente de zero. Alencar et al.
(1998) e Mello et al. (2002), trabalhando com rebanhos Canchim, estimaram valores de
correlações entre os efeitos diretos e maternos de -0,54 e 0,01, respectivamente.
Segundo Willham (1972), se existe correlação genética negativa entre os efeitos direto
e materno, a mãe passará para o bezerro genes responsáveis por elevado efeito direto
e baixo efeito materno, ou vice e versa.
O valor de herdabilidade direta estimado para o escore visual CF (0,20 ± 0,04)
está dentro da amplitude de valores encontrados na literatura para outros escores
visuais (conformação, precocidade, musculosidade e tamanho), que variaram de 0,18 a
0,39 (ELER et al., 1996; CARDOSO et al., 2001; KIPPERT et al., 2006). As correlações
genéticas entre os escores visuais de conformação, precocidade, musculosidade e
tamanho (CARDOSO et al., 2001) são de médias a altas magnitudes, indicando que
boa parte dos escores são controlados pelos mesmos grupos de genes, levando
Cardoso et al. (2001) a concluírem que eles poderiam ser reunidos em um único escore
que descrevesse o potencial produtivo do animal como um todo, o que dá respaldo à
utilização do escore de conformação frigorífica estudado neste trabalho.
Para o escore de umbigo, o valor de herdabilidade direta estimado neste trabalho
(0,18 ± 0,04) foi superior ao valor encontrado para o escore de umbigo de fêmeas (0,06)
obtido por Viu et al. (2002), mas concorda com o valor encontrado pelo mesmo autor
quando estudaram a característica nos machos (0,18). Os demais valores encontrados
na literatura são todos superiores ao estimado neste trabalho, variando de 0,21 a 0,75
(LAGOS et al., 1970; KRIESE et al., 1991; ALENCAR et al., 1994; KOURY FILHO et
al., 2003). Essa grande amplitude de valores relatados deve-se em parte à metodologia
empregada por esses autores para a mensuração da característica, às metodologias de
59
análise dos dados e também a diferenças genéticas inerentes a cada raça e população
estudadas.
Os efeitos maternos (aditivo e de ambiente permanente) também mostraram-se
importantes para os escores de CF e UM, respondendo por aproximadamente 15% da
variação fenotípica do bezerro, sendo necessário a sua inclusão nas análises genéticas
para que não haja superestimação do componente aditivo direto. A alta correlação
genética estimada entre os efeitos aditivos diretos e maternos para essas duas
características (-0,59) também merece grande consideração no planejamento de
estratégias de seleção para essas características.
O escore de qualidade de pelagem apresentou estimativa de herdabilidade direta
de alta magnitude (0,52 ± 0,07), sugerindo que a característica deve apresentar boa
resposta à seleção. No entanto, a correlação genética entre os efeitos aditivo direto e
materno foi negativa e de alta magnitude (-0,68 ± 0,10), sugerindo que animais que
transmitem efeitos diretos para boa qualidade de pelagem, também transmitem aos
seus descendentes efeitos maternos para qualidade de pelagem inferior.
Para a estimativa dos parâmetros genéticos da qualidade de pelagem, a
decomposição dos efeitos em aditivo direto e materno foi suficiente, sendo a materna
responsável por 6% da variação fenotípica do bezerro.
As estimativas relativamente baixas para a herdabilidade direta das
características P225, PE, CF e UM, devem-se, em parte, aos altos valores estimados
para a variância residual (
2
e
σ
), que levaram os modelos a apresentar altas frações de
variância fenotípica atribuída ao resíduo (
2
e
, que variou de 0,65 a 0,73), sendo que o
escore de qualidade de pelagem apresentou a menor fração de variância atribuída ao
resíduo (0,54), tendo como conseqüência, maior estimativa de herdabilidade direta. Isto
implica em dizer que melhores controles e ajustes precisam ser feitos para os fatores
ambientais e não genéticos, como a padronização de processos de coleta de dados e o
treinamento de técnicos.
60
Conclusões
Os efeitos aditivo materno e de ambiente permanente devem ser considerados
por ocasião da avaliação genética dos animais Canchim para as características peso,
perímetro escrotal, conformação frigorífica e escore de umbigo à desmama, mas para a
característica qualidade de pelagem dos efeitos maternos apenas o aditivo foi
suficiente.
As características P225, PE, CF e UM podem ser considerados no programa de
seleção da raça Canchim, mas com progresso genético menor do que o esperado da
seleção para qualidade de pelagem, que deverá apresentar ganho genético mais
rápido.
61
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66
CAPÍTULO 4 – ESTIMATIVAS DE CORRELAÇÕES GENÉTICAS ENTRE O PESO, O
PERÍMETRO ESCROTAL E ESCORES DE AVALIAÇÃO VISUAL À DESMAMA, EM
BOVINOS DA RAÇA CANCHIM
Estimativas de correlações genéticas entre o peso, o perímetro escrotal e escores
de avaliação visual à desmama, em bovinos da raça Canchim
Resumo O conhecimento das correlações genéticas entre as características
de importância econômica é fundamental para o delineamento de programas de
melhoramento genético em bovinos de corte. Neste trabalho, foram utilizados dados de
12.103 pesos à desmama (P225), 5.278 perímetros escrotais (PE), 8.343 escores de
avaliação visual para conformação frigorífica (CF), 9.111 escores de umbigo (UM) e
7.986 escores de qualidade de pelagem (PEL) de bovinos da raça Canchim, para
estimar a correlação genética entre essas características. Utilizou-se o método da
máxima verossimilhança restrita, sob modelo animal em análises bi-características, com
modelo estatístico que considerou os efeitos fixos de grupo de contemporâneos
(criador-proprietário, ano e época de nascimento, sexo e regime alimentar) e das
covariáveis proporção de Charolês no animal e na e, proporção de heterozigose na
mãe, idade do bezerro à desmama e idade da vaca ao parto, além dos efeitos
aleatórios genéticos aditivos direto e materno, de ambiente permanente materno
(exceto para PEL) e residual. As correlações genéticas aditivas diretas entre as
características variaram de -0,16 a 0,61, sugerindo que a seleção para P225
proporcionará incremento genético em PE e CF, ou vice versa.
Palavras-chave: bovinos de corte, conformação frigorífica, escore de umbigo,
parâmetros genéticos, qualidade da pelagem
67
Introdução
Um aspecto importante a ser considerado nos programas de seleção em bovinos
de corte, segundo Oliveira et al. (1993), são as correlações entre as características de
interesse econômico. Segundo Ramalho et al. (2001), duas ou mais variáveis são
correlacionadas quando a variação em uma delas é acompanhada por variação
simultânea na outra, assim, a correlação genética procura explicar, por meio de
mecanismos genéticos, a variação conjunta das variáveis, sendo o desequilíbrio de
ligação e a pleiotropia os fenômenos responsáveis por tais comportamentos.
A grande relevância da correlação genética para o melhoramento animal,
segundo Falconer e Mackay (1996), está centrada na seleção, a importância do
conhecimento de como o incremento em um caráter pode causar alterações
simultâneas em outras características.
A conseqüência da correlação genética para o melhoramento animal, segundo
Santos et al. (2005), é que se correlação alta e favorável entre duas características
economicamente importantes, poder-se-á dar ênfase à seleção de apenas uma, mas
obtendo-se progresso em ambas e, também, obter resposta indireta à seleção em
características de difícil avaliação ou de expressão tardia. Portanto, a obtenção de
estimativas de correlações genéticas entre características de interesse econômico é
essencial para o delineamento de programas de seleção em bovinos.
Santos et al. (2005) ainda mencionaram que o ambiente também é uma causa
de correlação, em que duas características são influenciadas pelas mesmas diferenças
de condições de ambiente. Portanto, o conhecimento da correlação de ambiente entre
as características também é importante para os sistemas de produção.
na literatura vários estudos sobre correlações fenotípicas, genéticas e
ambientais entre pesos em diferentes idades (OLIVEIRA et al., 1993; BIFFANI et al.,
1999a,b; FERRAZ FILHO et al., 2002; MALHADO et al., 2002). Trabalhos que
estimaram correlações genéticas, ambientais e fenotípicas para escores visuais e
características de adaptação são poucos, e para a raça Canchim ainda faltam estudos.
Esses parâmetros, de acordo com Koots et al. (1994), são intrínsecos de cada
68
população avaliada e podem ser alterados por meio da seleção e da adequação dos
métodos de manejo, justificando sua constante estimação.
O objetivo neste estudo foi avaliar a associação entre o peso, o perímetro
escrotal, o escore de conformação frigorífica e as características adaptativas escores de
umbigo e de qualidade de pelagem de bovinos da raça Canchim, avaliados à desmama,
por meio de estimativas das correlações genéticas direta e materna, ambientais e
fenotípicas entre esses caracteres.
Materiais e Métodos
Os dados utilizados neste trabalho são provenientes de bovinos da raça
Canchim criados em todo o Brasil, participantes do programa de avaliação genética da
raça, executado pelo Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte
Geneplus. Foram utilizados dados de peso, de perímetro escrotal e de escores visuais,
obtidos à desmama, de 18.452 animais nascidos no período de 1999 a 2005.
As notas dos escores foram atribuídas individualmente para cada animal, sendo
cada escore avaliado sob metodologia própria, descrita a seguir.
Para a atribuição do escore de conformação frigorífica (animais harmônicos entre
desenvolvimento de musculatura, deposição de gordura subcutânea e tamanho de
carcaça), inicialmente foi feita uma inspeção geral dentro do lote a ser avaliado e, nesse
procedimento, procurou-se visualizar o melhor animal (cabeceira), o pior animal (fundo)
e o animal médio (meio), para então serem dados os escores individualmente, mas em
relação ao grupo. Os escores de conformação frigorífica variaram de 1 a 6, sendo que o
escore 6 representa a expressão mais desejável da característica.
O escore de umbigo foi atribuído a cada animal em relação a um padrão
absoluto, sendo que este variou de 1 a 6, em que o escore 1 é atribuído àqueles
animais com umbigo maiores, mais pendulosos e de angulação superior a 45
0
em
relação ao ventre, e o escore 6 representa os animais com umbigo curto e agarrado ao
ventre. Para as análises, os dados foram transformados, ou seja, o escore 1 passou a
69
ser atribuído para os animais de menores umbigos e o escore 6 para os animais de
maiores umbigos.
A qualidade de pelagem também foi avaliada com referência a um padrão
absoluto. A característica teve notas variando de 1 a 6, sendo que o escore 1
representou aqueles animais com pêlos compridos, sem brilho e com baixa densidade,
não sendo desejado, enquanto o escore 6 se referia aos animais com pelagem
considerada adaptada ao clima (pêlos lisos, brilhantes e com alta densidade).
O peso à desmama foi padronizado para 225 dias de idade, média de idade à
desmama dos bezerros, utilizando-se o ganho de peso médio diário do nascimento à
desmama.
A edição e a consistência dos dados foram realizadas pelo emprego do SAS
(2002/2003). A matriz de parentesco foi formada a partir de animais informativos, ou
seja, apenas constaram aqueles animais que apresentavam parentesco com os animais
que continham observação, permitindo assim análise mais rápida e sem perda de
informação. A matriz de parentesco continha 37.346 animais e média de coeficiente de
endogamia de 0,017. Os animais com observação foram provenientes de 345 a 503
touros e de 3.070 a 4.975 avôs maternos distintos, dependendo da característica. Na
Tabela 1 são apresentadas as medidas descritivas que auxiliam na caracterização do
banco de dados utilizado.
O modelo utilizado nas análises para estimar os parâmetros genéticos das
características, pode ser assim representado:
eWcMmZaXy
+
+
+
+
+
=
β
µ
em que:
y
= vetor das variáveis dependentes;
β
= vetor de efeitos fixos (grupo
de contemporâneos e covariáveis);
a
= vetor de efeitos genéticos aditivos diretos;
m
=
vetor de efeitos genéticos aditivos maternos;
c
= vetor de efeitos de ambiente
permanente materno;
e
= vetor de erros aleatórios residuais associados às
observações; e
WMZX ,,,
= são as respectivas matrizes de incidência para cada
efeito. Este modelo foi aplicado para todas as características, exceto para o escore de
70
qualidade de pelagem cujo modelo não incluiu o efeito de ambiente permanente
materno.
Tabela 1. Número de observações (N), de vacas (V) e de vacas com dois ou mais
filhos (VD), dia de filhos por vaca (F/V), média, valores mínimos (Min) e
máximo (Max), desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) para as
características peso (P225), perímetro
escrotal (PE) e escores de
conformação frigorífica (CF), umbigo (UM) e qualidade de pelagem (PEL) à
desmama e as fontes de variação idade do bezerro à desmama (ID), idade
da vaca ao parto (IVP), proporção de Charolês no animal (PCA), proporção
de Charolês na mãe (PCM) e proporção de heterozigose materna (PHM)
Caract. N V VD F/V dia Min Max DP CV%
P225 (kg) 12.103 7.191 3.179 1,68
208,8
80,6
399,0
39,7
19,08
PE (cm) 5.278 4.063 994 1,30
18,76
11,00
30,00
2,40
12,80
CF (escore) 8.343 5.076 2.187 1,64
4,42
1 6
1,19
26,84
UM (escore) 9.111 5.646 2.335 1,61
1,98
1 6
1,07
21,33
PEL (escore) 7.986 4.936 2.091 1,62
4,36
1 6
1,33
30,44
ID (dias) 18.452 - - -
230,6
165
285
22,0
9,09
IVP (dias) 18.452 - - -
2.200
730 7.910
1.030
46,22
PCA 18.452 - - -
0,622
0,553
0,656
0,018
2,88
PCM 18.452 - - -
0,621
0,531
0,656
0,026
4,25
PHM 18.452 - - -
0,517
0,451
0,750
0,088
17,65
Os efeitos fixos incluídos nos modelos foram o grupo de contemporâneos e as
covariáveis proporção de Charolês no animal (PCA; linear), proporção de Charolês na
mãe (PCM; linear), proporção de heterozigose na mãe (PHM; linear), idade da vaca ao
parto (IVP; efeitos linear e quadrático) e idade do bezerro à desmama (ID; linear). A
proporção de heterozigose no animal não foi considerada nas análises por ter
apresentado pequena variação (0,4512 a 0,4954).
Os grupos de contemporâneos foram formados pela junção das variáveis
fazenda, ano e época (1 dezembro a fevereiro, 2 março a maio, 3 junho a agosto
e 4 setembro a novembro) de nascimento, regime alimentar (1 pasto, 2 pasto
adubado, 3 pasto adubado e rotacionado, 4 pasto irrigado, 5 suplementado e 6
confinado ou exposição) e sexo. Essa configuração da junção das variáveis resultou em
934 (P225), 416 (PE), 637 (CF), 722 (UM) e 642 (PEL) grupos de contemporâneos para
a estimativa dos parâmetros.
71
Os parâmetros genéticos e as correlações foram estimados pelo método de
máxima verossimilhança restrita livre de derivadas, utilizando-se o programa
computacional MTDFREML (Multiple Trait Derivative Free Restricted Maximum
Likelihood), descrito por Boldman et al. (1993), em análises bi-características sob
modelo animal. O critério de convergência das análises foi considerado satisfeito
quando o logaritmo da função de verossimilhança foi inferior que 1x10
-9
.
Resultados e Discussão
Na Tabela 2 o apresentadas as dias das estimativas das herdabilidades
direta e materna, da correlação entre os efeitos direto e materno e dos efeitos de
ambiente permanente e residual obtidas pelos modelos bicaracterísticas. Os valores
representam a média das quatro análises bicaracterísticas, para todos os casos, e são
consistentes com os valores estimados pelas análises unicaracterísticas (Capítulo 3).
As herdabilidades para os escores visuais, nas análises bicaracterísticas não
sofreram incrementos expressivos. Esses resultados foram semelhantes aos
encontrados por Cardoso et al. (2001) que trabalharam com escores visuais de
conformação, precocidade e musculosidade de bezerros Angus em análises
bicaracterísticas com ganho de peso do nascimento à desmama. Segundo Cardoso et
al. (2001), esses resultados indicaram que modelos unicaracterísticas foram adequados
para as análises de escores visuais na fase de desmama, quando não há pré-seleção
dos animais que participam da avaliação.
72
Tabela 2 . Médias e amplitude das estimativas dos co
mponentes de variância e dos
parâmetros genéticos do peso (P225), do perímetro escrotal (PE) e dos
escores de conformação frigorífica (CF), de umbigo (UM) e de qualidade de
pelagem (PEL) à desmama, obtidas pelas análises bicaracterísticas.
Parâmetro
P225 PE CF UM PEL
2
a
h
0,17
0,17 a 0,18
0,14
0,13 a 0,16
0,19
0,17 a 0,20
0,17
0,17 a 0,18
0,51
0,49 a 0,52
2
m
h
0,09
0,08 a 0,11
0,06
0,05 a 0,06
0,09
0,07 a 0,11
0,09
0,08 a 0,10
0,06
0,05 a 0,07
am
r
-0,19
-0,13 a -0,28
0,10
-0,01 a 0,37
-0,60
-0,62 a -0,51
-0,58
-0,58 a -0,58
-0,67
-0,64 a -0,69
2
c
0,11
0,10 a 0,11
0,08
0,08 a 0,09
0,08
0,07 a 0,08
0,11
0,10 a 0,11
-
-
2
e
0,65
0,65 a 0,65
0,71
0,70 a 0,73
0,72
0,71 a 0,73
0,73
0,72 a 0,73
0,55
0,54 a 0,56
2
a
h
,
2
m
h
,
am
r
,
2
c
e
2
e
= herdabilidades direta e materna, correlação genética entre os efeitos aditivos
direto e materno, efeitos de ambiente permanente e residual.
Os componentes de covariância e as correlações genéticas, ambientais e
fenotípicas entre P225, PE, CF, UM e PEL encontram-se na Tabela 3.
A estimativa de correlação genética aditiva direta de P225 com PE de 0,38 está
de acordo com os valores relatados por Garnero et al. (2001) (0,37), para peso à
desmama e perímetro escrotal ao sobreano, Ortiz Peña et al. (2001) (0,30), para
perímetro escrotal aos 550 dias e o ganho de peso do nascimento à desmama, e
Pereira et al. (2001) (0,27), para peso à desmama e perímetro escrotal aos 18 meses
de idade, na raça Nelore. Alencar et al. (1993), trabalhando com animais Canchim aos
12 meses de idade, estimaram, pelo método de quadrados mínimos, correlações
genéticas entre peso e perímetro escrotal de 0,91
±
0,07.
A correlação genética de 0,61 encontrada entre P225 e CF também está dentro
da amplitude dos valores reportados na literatura para peso à desmama (0,53 a 0,68) e
escores de conformação, precocidade e musculosidade (ELER et al., 1996) e entre os
escores e o ganho de peso do nascimento à desmama (0,71 a 0,86) (CARDOSO et al.,
2001).
73
Estes valores estimados para as correlações de PE e CF com P225 demonstram
moderada a alta associação genética entre as características, ou seja, boa parte dos
genes de ação aditiva que determinam P225 também influenciam PE e CF.
Tabela 3 .
Covariâncias
1
(acima da diagonal) e correlações (abaixo da diagonal) entre
peso (P225), perímetro (PE) escrotal e escores de conformação frigorífica
(CF), de umbigo (UM) e de qualidade de pelagem (PEL) à desmama,
obtidas de análises bicaracterísticas.
P225 PE CF UM PEL
Efeito genético aditivo direto
P225 3,20 2,88 0,95 1,59
PE 0,38 0,05 0,00 0,00
CF 0,61 0,17 -0,02 0,00
UM 0,22 0,04 -0,15 -0,04
PEL 0,23 0,01 0,02 -0,20
Efeito genético aditivo materno
P225 1,46 1,46 1,10 0,82
PE 0,42 0,03 0,00 -0,04
CF 0,70 0,27 0,00 0,03
UM 0,67 -0,12 0,06 -0,01
PEL 0,42 -0,45 0,52 -0,49
Efeito de ambiente permanente
P225 3,90 2,40 0,97 -
PE 0,80 0,14 0,02 -
CF 0,93 0,89 0,03 -
UM 0,37 0,17 0,38 -
PEL - - - -
Efeito residual
P225 18,21 8,77 0,01 3,38
PE 0,52 0,38 0,08 0,19
CF 0,48 0,31 -0,02 0,16
UM 0,00 0,07 -0,04 -0,02
PEL 0,25 0,20 0,33 -0,04
Efeito fenotípico
P225 27,61 14,69 1,54 5,67
PE 0,54 0,58 0,11 0,23
CF 0,55 0,34 -0,01 0,20
UM 0,06 0,07 -0,01 -0,04
PEL 0,25 0,15 0,26 -0,06
1
Em kg
2
para P225, em cm
2
para PE e em unidades
2
para CF, UM e PEL.
74
A estimativa de correlação genética entre o escore de umbigo e o peso à
desmama foi de 0,22, sugerindo que ocorrerá pouca modificação no escore de umbigo
com a seleção para peso à desmama. Este resultado está de acordo com o encontrado
por Koury Filho et al. (2003), que estimaram correlações de -0,09 a 0,16 em animais
Nelore, indicando ser possível a seleção para reduzir o umbigo, sem influenciar
significativamente a seleção para peso à desmama.
Alencar et al. (1994) estimaram, em fêmeas da raça Canchim, pelo método de
quadrados mínimos, correlação genética de 0,37
±
0,33 para peso aos 12 meses de
idade e o tamanho do umbigo medido com régua milimetrada. Outros autores (FRANKE
et al., 1985; CARDOSO et al., 1998b) estimaram correlações superiores às aqui
encontradas, mas a metodologia de avaliação e as raças consideradas também eram
outras. Segundo Franke et al. (1985), a seleção baseada em peso, com alguma
atenção para redução de umbigo, pode ser uma maneira de atenuar umbigos muito
proeminentes, sem, no entanto, reduzir significativamente o ganho em características
de crescimento.
A correlação genética estimada entre o escore de qualidade de pelagem e o
peso à desmama foi positiva e favorável (0,23), indicando que a seleção em uma
proporcionará incremento, no mesmo sentido, na outra.
As correlações genéticas aditivas diretas entre as demais características
variaram de -0,15 a 0,17, demonstrando baixa associação genética entre elas, ou seja,
as características são praticamente independentes.
As correlações aditivas maternas de P225 com PE, CF e UM variaram de 0,42 a
0,70, sugerindo que parte dos efeitos aditivos maternos que influenciam o peso à
desmama também influenciam as outras características (Tabela 3). As correlações
aditivas maternas de PE com CF (0,27) e UM (-0,12) e de CF com UM (0,06) sugerem
independência entre os efeitos aditivos maternos dessas características. A
característica PEL apresentou correlação genética aditiva materna de magnitude
mediana com todas as outras características, positiva com P225 (0,42) e CF (0,47) e
negativa com PE (-0,45) e UM (-0,34).
75
As correlações de ambiente permanente entre as características P225, PE, CF
e UM variaram de 0,17 a 0,93, sugerindo que, em geral, parte dos efeitos não aditivos
que influenciam uma característica também influenciam as outras (Tabela 3).
As correlações residuais e fenotípicas totais entre as características estudadas
foram, em geral, de baixa a média magnitude, variando de -0,05 a 0,52 e de -0,06 a
0,55, respectivamente.
Conclusão
As análises univariadas foram suficientes para estimar os parâmetros genéticos
para as características de avaliação visual, o havendo considerável mudança nas
herdabilidades quando analisadas conjuntamente com alguma outra característica
âncora. Entretanto, para perímetro escrotal e conformação frigorífica, as correlações
genéticas sugerem ganho na acurácia quando a análise é feita juntamente com o peso.
A seleção para maiores pesos à desmama não deverá proporcionar mudanças
nos escores de umbigo, sendo possível a seleção de animais com bom desempenho
para as características de crescimento, sem modificar significativamente o umbigo.
76
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CAPÍTULO 5 – IMPLICAÇÕES
Em bovinos de corte, para o adequado delineamento de um programa de
seleção, é imprescindível a definição dos objetivos de seleção e, a partir destes, os
critérios de seleção que serão empregados para que se atinjam as metas estabelecidas
da taxa de incremento genético anual para as características desejadas.
Dentro deste contexto, alguns pontos devem ser considerados, como a correta
seleção dos pais para a próxima geração, adequação dos genótipos disponíveis para a
exploração de acordo com o ambiente de criação, perspectivas de mercado e a
sustentabilidade da atividade.
Quando da execução das avaliações genéticas, é necessário a correta
estimativa dos parâmetros genéticos das características. Para tal, a remoção de efeitos
de ambiente (manejo alimentar, idade da vaca, etc.) e genéticos do grupo genético
(efeitos heteróticos e aditivo de grupo genético), bem como a decomposição dos efeitos
aleatórios do animal e da mãe em cada um dos seus componentes, tornam-se
necessárias. Estas medidas, quando tomadas corretamente, diminuem a possibilidade
de super ou sub estimar o valor genético de um dado animal.
A avaliação genética da raça bovina Canchim é feita para várias características,
entre elas, o peso, o perímetro escrotal e o escore de conformação frigorífica à
desmama. São estimadas diferenças esperadas na progênie (DEP) para efeitos diretos
e maternos. Duas outras características registradas, muito importantes, principalmente,
para uma raça sintética como a Canchim, por se tratarem de características
adaptativas, o os escores de umbigo e de qualidade da pelagem à desmama. O
estudo dessas características, por meio da avaliação de possíveis fontes de variação e
de estimativas de parâmetros genéticos, é importante para verificar a viabilidade de sua
inclusão no programa de avaliação genética da raça.
Os resultados deste trabalho indicaram, em geral, a importância de se considerar
as variáveis criador-proprietário, ano e época de nascimento, regime alimentar, sexo do
bezerro e as covariáveis idade da vaca ao parto (efeitos linear e quadrático), idade do
bezerro à desmama (efeito linear), proporções de Charolês no bezerro e na vaca e
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heterozigose materna por ocasião da avaliação genética dos animais para peso (P225),
perímetro escrotal (PE) e índices de conformação frigorífica (CF), de umbigo (UM) e de
qualidade da pelagem (PEL) à desmama.
Após composição dos grupos de contemporâneos pelas variáveis de
classificação significativas e considerando-se também as covariáveis como efeitos fixos
nos modelos estatísticos, verificou-se que o melhor modelo para análise de P225, PE,
CF e UM foi o completo que incluiu os efeitos aleatórios aditivos direto e materno e de
ambiente permanente, enquanto que para PEL não foi necessário incluir o efeito de
ambiente permanente no modelo.
As estimativas de herdabilidade direta indicaram que todas essas características
podem ser incluídas como critérios de seleção, principalmente PEL que apresentou
herdabilidade de 0,52. Esta característica está ligada à adaptação dos animais ao
ambiente, o que é importante para o Canchim, que é uma raça sintética com cerca de
5/8 de alelos do Charolês e 3/8 do zebu. No caso do escore de umbigo, a herdabilidade
de 0,18 também indica que essa característica pode ser considerada como critério de
seleção, também importante para a raça Canchim.
As correlações genéticas aditivas diretas entre as características indicam que a
seleção para P225 deve resultar em respostas correlacionadas nas outras
características, mas principalmente em PE e CF, enquanto que a seleção para qualquer
uma das outras características não deve causar mudanças correlacionadas a não ser
em P225.
Os resultados deste trabalho sugerem que a característica escore de pelagem
possui variação genética aditiva suficiente para justificar sua inclusão nos programas de
melhoramento da raça Canchim.
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