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dificuldades relacionadas com as inovações pedagógico-curriculares e, assim, do
desenvolvimento dos alunos.
O aspecto físico volta a ser destacado em razão de os professores encontrarem
dificuldade de atender aos alunos individualmente, no que diz respeito às intervenções para
que eles avancem em suas dificuldades. Não bastante o atendimento coletivo não se faz
satisfatório, pois ao que consta, as salas não são apropriadas para o atendimento aos alunos,
por serem apertadas, com pouca ventilação e iluminação.
As dificuldades foram: pouco tempo e material para diversificar e realizar as
atividades e planejar, espaço físico impróprio, falta de auxílio, sozinho se realiza as
atividades, porém, não com o sucesso esperado. (Elen – NE)
[...] o professor tem que rebolar, essa questão de atividade diferenciada, [...]. Exige
tempo para você e também materiais. Por mais que você pense que tudo possa se
transformar, tentamos. Então eu vejo que tudo envolve o social, tem que investir
também, tem que ter condições para funcionar e às vezes eu vejo até mesmo a sala
de aula que, por exemplo, não dá abertura para atender o número de alunos que seria
o que a escola ciclada prevê. [...]. (Fernanda – NO)
A professora diz que agora ela tem 20 alunos que está bom de trabalhar, mas que
tinha 28 e assim é difícil, que não tem espaço, a sala é apertada. (Fernanda -
observação)
[...] E às vezes enquanto educadora ficamos até meia assim, para falar com o pai
sobre o projeto da escola ciclada: se prega uma coisa e na realidade é outra. Sabe
Irene, porque é muito bem clara, dá para gente entender, dá para fazer, mas aí vêm
os empecilhos que torna quase que impossível de acontecer e os colegas dizem: Ah!
Não dá certo. Aí eu vou pelejando e vou vendo o que dá certo, até onde não dá. Mas
eu vejo assim, que o que seria é dar mais condição, ampliar a sala de aula, ver
carteira, ver espaço para cada um. (Fernanda – NO)
No projeto a escola ciclada, tudo é lindo e maravilhoso, mas que na realidade na
prática é completamente diferente. Temos salas de aula lotadas, em péssimas
condições de trabalho, poucas horas para planejar atividades diferenciadas para
atender a cada nível e falta de materiais (Fernanda – NE).
As salas são pouco iluminadas e com pouca ventilação, quando chove a sala fica
cheia de água. (Julia, Fernanda e Elen – observação)
Os professores “gritam” por condições de trabalho. Bom começo, segundo eles,
seria dar melhores condições de trabalho, ampliar e investir em espaço adequado para
atendimento aos alunos. Essas ações podem contribuir para mobilizar os professores a
melhorar a prática, e para os pais compreenderem que, quando se implementa uma mudança
na organização da escola, como a escola organizada por ciclos, é porque ela condirá com uma
aprendizagem mais efetiva a seus filhos.
Outro fator que dificulta a introdução de práticas pedagógico-curriculares
inovadoras no espaço da escola se evidencia na ausência de um quadro de profissionais fixo
na escola. Essa carência afeta o dia-a-dia da escola, por conta da troca constante de
professores. Nesse sentido, sempre haverá um profissional recém-chegado que, no mais das
vezes, traz de bagagem uma cultura herdada de um modelo de escola que já não dá conta de
responder aos desafios da escola hoje.