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I
FÁBIO CANDAL GOMES
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO COURO DE BOVINOS DE
DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA
PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO LOCAL
Universidade Católica Dom Bosco
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local
Mestrado Acadêmico
Campo Grande, 2007
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II
FÁBIO CANDAL GOMES
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO COURO DE BOVINOS DE
DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA
PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO LOCAL
Tese apresentada como exigência para obtenção
do título de mestre em Desenvolvimento Local,
sob a orientação do Prof. Dr. Luís Carlos Vinhas
Ítavo.
Universidade Católica Dom Bosco
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local
Mestrado Acadêmico
Campo Grande, 2007
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III
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Alberto e Duda, que em muitos momentos de dificuldades,
estavam sempre presentes, propondo auxílio e conforto, e não nos deixando tomar
caminhos errados nesta vida. Estes são muito mais do que pais, são simplesmente
tudo o que há de bom e verdadeiros exemplos de dedicação e perseverança. Pai, tu
és meu espelho, meu orgulho e minha fonte de inspiração. Mãe, tu és o ícone de
felicidade para todos.
Aos meus irmãos, Fabrício e Flávio, verdadeiros companheiros e amigos,
não importando dia ou situação.
A minha namorada Mirian, sempre prestativa, atenciosa e dedicada em
todos os momentos, trazendo muita alegria em meus dias e proporcionando ajuda
em momentos difíceis.
IV
AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida, saúde, proteção, fé, esperança e disposição para
estudar.
Ao Professor Doutor Luís Carlos Vinhas Ítavo, orientador, por ser um
grande amigo nas horas mais difíceis, sempre auxiliando e estimulando com muita
paciência as orientações prestadas.
Ao Doutor Manoel Antonio Chagas Jacinto, co-orientador, pesquisador da
Embrapa Gado de Corte, pela amizade, estímulo, orientações e ajuda com os
materiais, contribuindo para a obtenção de dados.
Ao Doutor Wilson Werner Koller, pesquisador da Embrapa Gado de Corte,
pela amizade e pelos conhecimentos adquiridos no dia-a-dia.
A Professora Doutora Cleonice Alexandre Le Bourlegat, por ser um
exemplo de alegria e pela grande contribuição das disciplinas prestadas.
Ao Professor Doutor Reginaldo Brito da Costa, pela participação da banca
examinadora, pelas orientações prestadas e por ser um grande amigo.
Ao amigo Alexandre Menezes Dias, por auxiliar com informações
necessárias para a elaboração e finalização deste projeto.
V
A secretária do programa de mestrado Desenvolvimento Local, Ariane de
Lima Zárate, por estar sempre orientando e passando as informações com muita
alegria e disposição.
Aos demais professores do mestrado, por nos ensinarem com alegria e
dedicação.
Aos colegas de mestrado, sempre mostrando serem cordiais e prestativos
no dia-a-dia.
Aos funcionários do frigorífico Campo Oeste, em especial a Dra Maria da
Graça, sempre disposta a ajudar na execução do projeto.
Ao Sr. Ildomar, do Couro Azul, Ltda, e Ramon de La Torres, da BMZ Ltda,
unidade de Campo Grande, MS, por permitirem a execução deste projeto;
Aos demais dirigentes e funcionários do curtume Couro Azul e BMZ
Couros Ltda., pela ajuda e contribuição na execução do projeto.
Aos dirigentes e colegas do Fundect, por garantir recursos necessários
permitindo a realização deste projeto e do mestrado.
VI
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................VIII
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................XI
LISTA DE SIGLAS ...............................................................................................XII
INTRODUÇÃO.....................................................................................................17
OBJETIVOS.........................................................................................................19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................20
Potencialidades da pecuária no Estado e o Desenvolvimento Local......20
A criação de bovinos e produção do couro.............................................23
Alimentação de Bovinos .........................................................................30
Processo de Curtimento .........................................................................37
MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................40
Experimento 1. Sistema de produção de novilho superprecoce.............40
Experimento 2. Sistema de produção de novilho precoce......................42
Avaliação de carcaça dos animais dos sistemas superprecoce e
precoce...................................................................................................43
Abate dos animais dos sistemas superprecoce e precoce .....................43
VII
Avaliações dos couros dos animais dos sistemas superprecoce e
precoce ..................................................................................................44
Avaliação da qualidade intrínseca - ensaios físico-mecânicos ...............45
Ensaios físico-mecânicos de controle de qualidade ...............................49
Delineamento experimental ....................................................................49
Análise Estatística...................................................................................49
RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................51
Sistema de produção de novilhos superprecoces...................................52
Sistema de produção de novilhos precoces ...........................................63
Comparação entre os sistemas de produção..........................................71
Implicações com o desenvolvimento local..............................................81
CONCLUSÕES....................................................................................................85
REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................87
VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição química dos concentrados, volumoso e das
dietas totais utilizadas no experimento para produção de
novilhos superprecoces ........................................................ 41
Tabela 2 - Composição química dos suplementos (Águas e Seca)
utilizadas no experimento para produção de novilhos
precoces................................................................................. 42
Tabela 3 - Classificação quanto a qualidade visual/estética (injúrias)
dos couros.............................................................................. 51
Tabela 4 - Médias de peso ao abate, espessura de gordura
subcutânea e características do couro de fêmeas, machos
castrados e machos não-castrados terminados em sistema
de confinamento (superprecoces) em função da fonte de
amido no concentrado............................................................ 52
Tabela 5 - Médias de peso ao abate, espessura de gordura
subcutânea e características do couro de bovinos
terminados em sistema de confinamento (superprecoces)
em função do sexo................................................................. 55
Tabela 6 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de fêmeas em função da fonte de amido no
concentrado, abatidos aos 15 meses de idade...................... 57
Tabela 7 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de machos castrados em função da fonte
de amido no concentrado....................................................... 58
Tabela 8 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de machos não-castrados em função da
fonte de amido no concentrado.............................................. 60
Tabela 9 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de fêmeas, machos castrados e machos
IX
não-castrados tendo milho como fonte de amido no
concentrado .......................................................................... 61
Tabela 10 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de fêmeas, machos castrados e machos
não-castrados em função da fonte de amido no
concentrado ........................................................................... 62
Tabela 11-Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de bovinos terminados em
sistema de pastagem (precoces), em função do tipo de
suplemento............................................................................. 63
Tabela 12-Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de bovinos terminados em
sistema de pastagem (precoces) recebendo diferentes
tipos de suplemento, em função do sexo............................... 64
Tabela 13 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de fêmeas terminadas em pastagem, em
função do tipo de suplemento (Águas e Seca) com 18 e
40% de proteína bruta............................................................ 66
Tabela 14 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de machos castrados terminados em
pastagem, em função do tipo de suplemento (Águas e
Seca) com 18 e 40% de proteína bruta.................................. 68
Tabela 15 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de bovinos terminados em pastagem
recebendo suplemento com 18% de PB (Águas), em
função do sexo do animal ...................................................... 69
Tabela 16 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-
acabado de bovinos terminados em pastagem recebendo
suplemento com 40% de PB (Seca), em função do sexo do
animal..................................................................................... 70
Tabela 17-iiiMédias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea
e características do couro de fêmeas e machos castrados
terminados em sistema de confinamento (superprecoces)
e em pastagem (precoces)..................................................... 71
Tabela 18 - Médias das características físico-mecânicas do couro
semi-acabado de fêmeas terminadas em confinamento ou
em pastagem ......................................................................... 74
Tabela 19 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-
acabado de machos castrados terminados em
confinamento e em pastagem ............................................... 75
X
Tabela 20 - Correlações de Pearson do couro de fêmeas, machos
castrados e machos não-castrados para as variáveis peso
ao abate (PA), espessura de gordura subcutânea (EGS),
peso do couro ao abate (PCo1), peso do couro pré-
descarnado/padronizado (PCo2), área do couro pré-
descarnado Wet-blue (Área) e perdas com o pré-descarne
(Perdas) ................................................................................. 76
Tabela 21 - Correlações de Pearson entre as variáveis peso ao abate
(PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do
couro após padronização (PCo2) e das características
físico-mecânicas (EL, ET, FT, RL, RT) para os testes de
tração, rasgamento e rasgamento contínuo do couro de
fêmeas dos sistemas precoce e superprecoce...................... 78
Tabela 22 - Correlações de Pearson entre as variáveis peso ao abate
(PA), espessura de gordura subcutânea (EGS)), peso do
couro após padronização (PCo2) e das características
físico-mecânicas (EL, ET, FT, RL, RT) para os testes de
tração, rasgamento e rasgamento contínuo do couro de
machos castrados dos sistemas precoce e superprecoce..... 79
Tabela 23 -Correlações de Pearson entre as variáveis peso ao abate
(PA), espessura de gordura subcutânea (EGS)), peso do
couro após padronização (PCo2) e das características
físico-mecânicas (EL, ET, FT, RL, RT) para os testes de
tração, rasgamento e rasgamento contínuo do couro de
machos não-castrados dos sistemas precoce e
superprecoce ........................................................................ 81
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Região do couro utilizada para os ensaios de resistência à
tração, resistência ao rasgamento e resistência ao
rasgamento-contínuo, conforme ISO 2418 (2002).................... 45
Figura 2 - Corpos-de-prova dos ensaios de tração (1), rasgamento (2),
e as respectivas facas, com dimensões determinadas pelas
normas correspondentes .......................................................... 46
Figura 3 - Corpos-de-prova em repouso por 48 horas em estufa do tipo
BOD, com temperatura e umidade controladas........................ 47
Figura 4 - Equipamento para determinar a medida da espessura do
couro, composto de relógio comparador (1), haste de
movimentação da massa de pressão (2), massa de pressão
(3) e base de apoio do couro (4)............................................... 47
Figura 5 - Equipamento de ensaio universal (dinamômetro) composto
de célula de carga (1), dispositivo do ensaio de tração e/ou
rasgamento contínuo (2), indicador digital (3) e seletor de
velocidade de afastamento da barra (4) ................................... 48
Figura 6 - Corpos-de-prova sendo avaliados no ensaio de tração............ 48
.
XII
LISTA DE SIGLAS
ABNP- Associação Brasileira de Novilho Precoce
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABQTIC – Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da
Indústria de Curtumes
AICSUL - Associação das Indústrias de Curtumes do Rio Grande do
Sul
ANUALPEC - Anuário da Pecuária Brasileira
BRASPELCO- Braspelco Indústria e Comércio Ltda
CICB- Centro das Indústrias do Brasil
CNPC- Conselho Nacional de Pecuária de Corte
CNPGC- Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte
EL- Espessura da tração longitudinal
EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ET- Espessura da tração transversal
FL- Força da tração longitudinal
FT- Força da tração transversal
IAGRO- Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS- Matéria Seca
PB- Proteína bruta
PDR- Proteína degradável no rúmen
PIB Produto Interno Bruto
XIII
RL- Resistência da tração longitudinal
RT- Resistencia da tração transversal
SISBOV- Sistema Brasileiro De Identificação E Certificação De
Origem Bovina E Bubalina
NDT Nutrientes digestivos totais
MO Matéria orgânica
EE Extrato etéreo
FDN Fibra em detergente neutro
FDA Fibra em detergente ácido
Ca Cálcio
P Fósforo
EGS Espessura de gordura subcutânea
PCo1 Peso do couro ao abate
PCo2 Peso do couro pré-descarnado/padronizado
PA Peso ao abate
14
RESUMO
Objetivou-se avaliar os efeitos do sistema de terminação (precoce e
superprecoce), do sexo (fêmeas, machos castrados e não-castrados) e da dieta
sobre as características do couro de bovinos cruzados. Foram utilizados 45 animais,
sendo 25 provenientes do sistema superprecoce, terminados em confinamento e 20
provenientes do sistema precoce, terminados em pastagens recebendo
suplementação protéico-energética. Os animais foram abatidos em frigorífico
comercial, e tiveram seus couros processados em curtume até a etapa de couro
semi-acabado, onde foram retiradas amostras dos corpos-de-prova da região do
dorso-lombar para os ensaios físico-mecânicos, (tração, rasgamento e rasgamento–
contínuo). Os corpos-de-prova foram armazenados em estufa com temperatura e
umidade controlada por 48 horas, e após este período foram realizados os testes
físico-mecânicos. Os dados foram arranjados em delineamento em blocos
casualizados quanto ao sexo e ao sistema de terminação. Foram avaliadas as
variáveis: peso ao abate (PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do
couro ao abate (PCo1), peso do couro padronizado (PCo2), área do couro
processado e perda com a padronização. Houve efeito do sistema de produção para
PA, EGS, PCo1 e Perdas, sendo as médias para as fêmeas inferiores para a
terminação em pastagem. Para os machos castrados as médias de EGS, PCo1 e
Perdas também foram inferiores às dos animais terminados em pastagem. Porém
não houve efeito significativo do sistema de terminação sobre PA, PCo2 e área do
couro, sendo as médias iguais a 473,60 kg, 40,60 kg e 4,52 m², para os animais
superprecoces e 462,83 kg, 29,77 kg e 4,31 m², para os precoces, respectivamente.
Em ensaios físico-mecânicos, houve efeito significativo da fonte de amido no
concentrado para os corpos-de-prova, o couro de animais que receberam milho
apresentou maior resistência comparado aos que receberam sorgo. Em análises
quanto ao sexo, o couro das fêmeas apresentaram maiores médias de resistência
em ensaios físico-mecânicos, sendo superiores aos couros de machos castrados e
não-castrados.
Palavras – chave: Bovino, Couro, Curtimento, Curtume, Frigoríficos
15
ABSTRACT
This study aim to evaluate finishing system (precocious and young steers),
sex (female, male) and diet effects on the leather characteristics of crossed bovines.
It was used 45 animals, being 25 young steers feedlot system and 20 animals in
pastures system, receiving supplement protein-energetic. The animals were
slaughtered with 26 months and the leathers processed in tanneries until the semi-
finished stage. where have been withdrawals the samples from the bodies of
samples from region of the back-slope about to the rehearsals physical-mechanics,
traction and tearing. Samples have been stored in oven with temperature and
humidity controlled for 48 hours, and after that period have been realized the quizzes
physical - mechanics. The data had been arranged in delineation block-type
casualizados how much to the sex and the system of termination. The variable had
been evaluated: slaughter weight (SW), thickness of subcutaneous fat (TSF), leather
weight in the slaughter (LWS), standard leather weight (SLW), leather area (LA) and
lost standardization (LS). It had effect of the production system for SW, TSF, LWS
and Lost. The smaller averages were the females in pastures system. The TSF, LWS
and lost averages of castrated males in pastures system was inferior compared to
the averages of animal finished in feedlot. However it did not have significant effect of
the termination system on SW, SLW and area. The results was 473.60 kg; 40,60 kg
and 4,52 m², for feedlot system animals and 462,83 kg, 29,77 kg and 4.31 m², for the
precocious system, respectively. In assays physicist-mechanics, There was
significant effect of the starch source in the concentrate for the body-of-test, the
leather of animals that had received maize presented comparative greater resistance
to that they had received sorghum. In analyses sex effect, the leather of the females
had presented resistance greater superior to castrated and not-castrated males
averages.
Key–words: Bovine, Cold storage rooms Leather, Tannery, Tanning.
16
INTRODUÇÃO
O Brasil tem se destacado pela sua participação no rebanho mundial de
bovinos. Segundo o Anuário da Pecuária Brasileira - ANUALPEC (2006), desde
1991 o Brasil vem se apresentando como o segundo maior detentor de gado bovino
do mundo, possuindo em 2006 aproximadamente 166 milhões de cabeças, ficando
atrás apenas da Índia, com 337 milhões de cabeças, aproximadamente, em função
de suas características religiosas e culturais.
Neste contexto apresentado, destaca-se a região Centro-Oeste, que
segundo IBGE (2004), possui o segundo maior rebanho bovino do país. Em 2004 o
total de cabeças era de 24.7 milhões. Os estados do Mato Grosso do Sul e Mato
Grosso são os principais produtores, concentrando, respectivamente, 35 % e 36%
do rebanho brasileiro (IBGE, 2004).
No Estado de Mato Grosso do Sul, a pecuária destaca-se como uma
atividade econômica crescente a cada ano, visto que seu rebanho bovino tem
aumentado, possuindo cerca de 24 milhões de cabeças, conforme dados fornecidos
pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul
IAGRO (2006) e o couro é o mais importante subproduto advindo da mesma,
pois, além de ser exportado em forma de
Wet-blue
1
, de ser vendido a outros Estados
para que sejam manufaturados, serve também de matéria-prima à fabricação
regional de selas, laços, arreios, rédeas, calças de couro, entre outros artefatos, de
utilização indispensável ao homem no campo, oferecendo inúmeras oportunidades
de negócios, desde que se aborde a pecuária dentro de um conceito mais amplo
1
Wet blue – couro que já sofreu os processos de estocagem, remolho, depilação, caleiro, descarne e
divisão, e foi curtido ao cromo, permanecendo úmido, podendo ser estocado ou comercializado.
17
denominado "agrobusiness", traduzido no Brasil por diversas denominações, entre
elas "complexo industrial", e que compreende a abrangência de todos os diversos
segmentos de sua cadeia produtiva.
Existem bons motivos para a produção de couro de melhor qualidade no
Estado de Mato Grosso do Sul. Mesmo diante de indicadores que afirmam a
importância do setor de peles, couros e derivados, é de razoável consenso que
existem entraves relevantes à ampliação da sua eficiência e competitividade no
País. No caso do couro
2
bovino, pesquisas atestam que o Brasil deixa de ganhar
cerca de US$ 900 milhões anuais, em virtude da baixa qualidade do couro produzido
no país e dos descompassos entre a oferta nacional e a demanda pelo produto
(CICB, 2001). É importante salientar que 85% dos couros produzidos no Brasil
apresentam defeitos, e que 60% desse montante ocorrem ainda nas propriedades
rurais. Os 40% restantes devem-se a danos que ocorrem na trajetória
propriedade/curtume (GOMES, 2000).
2
Couro – denominação da pele após o curtimento.
18
OBJETIVOS
Objetivou-se avaliar os efeitos do sistema de terminação (precoce e
superprecoce), do sexo do animal, da fonte de amido (milho ou sorgo) da dieta dos
animais em confinamento e do nível de proteína bruta da mistura múltipla no sistema
de pastejo na qualidade do couro de bovinos cruzados (3/4 Beefalo x 1/4 Nelore),
sobre as características do couro visando indústrias calçadistas e/ou automotivas.
19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
POTENCIALIDADES DA PECUÁRIA NO ESTADO E O DESENVOLVIMENTO
LOCAL
Muitos são os estudos encontrados sobre os conceitos a respeito de
Desenvolvimento Local, corroborando os que abordam os modelos econômicos e
sociais, e que valorizam a discussão do local como cenário econômico e social,
exigindo um redimensionamento integrado de seu espaço (QUEIROZ, 1998).
Para Pereira (1985) o desenvolvimento é um processo de transformação
econômica, social e política, e citou ainda o padrão de vida da população, que se
acerca a tornar-se autônomo e que as políticas sociais de um país tende a sofrer
profundas transformações. O desenvolvimento, portanto é um processo de
transformação. Para que isso ocorra, deverá ser estimulado um processo de criação
de novos espaços e oportunidades de relacionamentos. Isso facilitará a realização
dos projetos das pessoas e dar respostas aos diversos problemas.
Segundo Ávila (2000), Desenvolvimento Local é definido como uma
comunidade que desperta suas capacidades, competências e habilidades de
agenciamento e gestão das próprias condições e qualidade de vidas sozinhas, se
desperta para as participações e contribuições de qualquer agente externo.
Entretanto, o local no contexto da expressão Desenvolvimento Local
insere-se o sentido de espaço, de uma superfície territorial de dimensões plausíveis
para o desenvolvimento da vida e com uma identidade que a distingue de outros
espaços.
20
Ávila (2000) expôs as características do Desenvolvimento Local, sendo a
primeira como um movimento endógeno em dupla acepção, denominado como
INPUT ou de fora-para-dentro, visando a ”metabolização” das capacidades,
competências e habilidades de se desenvolver, com auto-estima e autoconfiança,
em âmbito comunitário e individual, e a segunda de output ou de dentro para fora
corroborando com a colocação das capacidades, competências, habilidades de se
desenvolver, e conseqüente auto-estima e autoconfiança “metabolizadas”, como
equilibradores de seus relacionamentos externos. O autor definiu ainda que seja ao
mesmo tempo democratizante e democratizador; bem como integrante e integrador
(Ávila, 2000).
Cada local tem uma identidade que distingue dos outros espaços e de
outros territórios, na qual as pessoas realizam a sua vida cotidiana: habitam, se
relacionam, trabalham, compartilham normas, valores, costumes e representações
simbólicas. Ao se considerar que o lugar constitui o resultado da atuação estratégica
de suas elites, ou melhor dizendo, de sua classe política (BOTTOMORE, 1974), uma
teia que evidencia a sua significativa união tendo em vista a manutenção de sua
própria sobrevivência, fazendo valer quase que somente seus interesses e que
nesse processo ela acaba por forjar, gerir e administrar esse lugar torna-se lícito
também afirmar que, em boa medida, o processo de singularização do lugar deve a
sua existência, o seu acontecer à ação de sua classe política. Evidentemente, como
se trata de um processo, é algo dinâmico, com suas temporalidades específicas, um
processo histórico, altamente conflituoso e dialético e que se manifesta na realidade,
justamente quando é observada a própria existência dos lugares.
Quando ao espaço no Desenvolvimento Local, Santos (1999) destacou
exatamente o que é contido na área, abordando o significado de espaço como lugar
mais ou menos bem delimitado. Para o autor, o território é simples noção, que tem
se alterado na trajetória da humanidade. Para Ávila (2000a), o espaço é como um
conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, não
considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá.
Ávila et al, (2000) mencionaram que espaço e território constituem duas
dimensões de um mesmo universo ou conjunto de realidade. A definição de Santos
(1994) é de que a configuração territorial e dada pelo conjunto formado pelos
sistemas naturais existentes em um dado país ou numa área e pelos acréscimos
que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais.
21
Recentemente, diversas áreas do conhecimento adotaram o território
como conceito essencial em suas análises. Todavia, o conceito de território é
utilizado como uma dimensão das relações sociais, enquanto na verdade, o território
é multidimensional, constituindo-se em uma totalidade.
Território e espaço se complementam em um todo bidimensional, o
primeiro como base de sustentação e delimitação geofísica para que o segundo
emerja e flua com configurações próprias de dinamismos fenomenológicos, inclusive
vitais, nos limites do primeiro (SANTOS, 1994).
Ao longo dos séculos desde a Antiguidade até os dias atuais poder e
território caminham nos ideais políticos dominantes nas sociedades. Nessa longa
caminhada o Estado-Nação delimitou um processo jurídico-político do território no
intuito de legitimar a valorização dos recursos naturais. O território torna-se base e
fundamento do Estado-Nação.
Algumas vezes, a definição de espaço estará sempre vinculada a uma
parte que se projete como antecessora quando comparado ao território. Podem-se
citar algumas idéias de que o espaço é construído por uma ação realizada e que
este acabe ocasionando mudanças significativas e que refletem de alguma maneira
no contexto desse espaço. Ao apropriar de um espaço, há a apropriação do
mesmo. Um fazendeiro demarcando a sua propriedade em um mapa, ou até mesmo
a utilização de arame para a mesma função demonstra claramente essa
assimilação. O que se conclui é que o Desenvolvimento Local implica na formação e
educação da própria comunidade em matéria de cultura, capacidades, competências
e habilidades, permitindo que ela gerencie todo o processo de desenvolvimento da
respectiva localidade (ÁVILA et al., 2000).
Na agricultura, o desenvolvimento assumiu a forma e significado de
modernização. Assim como em outros setores da economia, na agricultura, a
modernização e o desenvolvimento não atingiram a todos de forma igual. A
modernização do setor rural no Terceiro mundo, salvo poucas exceções, não foi
acompanhada da modificação da estrutura agrária, que é um fator determinante na
questão da sustentabilidade econômica, social e ambiental da pequena produção
familiar (ALMEIDA, 1997). Da crise do desenvolvimento vigente nascem, como um
movimento de revisão e contestação, conceitos como os de desenvolvimento
sustentável e de agricultura sustentável. O desenvolvimento com a preocupação da
22
sustentabilidade dos sistemas econômico, social e ambiental, origem àquilo que
passou a se denominar de desenvolvimento sustentável.
Franco (1999) observou que o desenvolvimento para ser sustentável
requer a formação de uma comunidade econômica de base, ou seja, uma cadeia de
iniciativas e empreendimentos que se completam, maximizando as potencialidades
de produção, comércio, consumos e serviços locais.
Neste sentido, Viederman (1992) sugeriu a seguinte definição: "Uma
sociedade sustentável é aquela que assegure a saúde e a vitalidade da vida e
cultura humana e do capital natural, para a presente e futuras gerações. Tais
sociedades devem parar as atividades que servem para destruir a vida e cultura
humanas e o capital natural, e encorajar aquelas atividades que servem para
conservar o que existe, recuperar o que foi destruído, e prevenir futuros danos".
O desenvolvimento sustentável pode ser quantificado por dois conjuntos
de medidas, o primeiro seria expresso pelas metas de desenvolvimento, conforme
classicamente referidas: taxa de crescimento do PIB, metas de produção setorial,
metas de escolarização, sanidade, etc; o segundo seria expresso pelos padrões de
sustentabilidade: conjunto de medidas que estabeleceriam restrições ao processo de
desenvolvimento.
Para que se possa estabelecer padrão de sustentabilidade de um
determinado sistema é mister que se conheçam, as leis internas de desenvolvimento
desse sistema. A sustentabilidade é, na concepção ora proposta, uma condição
"intrínseca" ao objeto estudado. Sem dúvida alguma que as informações externas
(do ambiente) podem fortalecer ou enfraquecer a dinâmica interna de um sistema.
Isto dependerá da existência da capacidade (condição básica ao sistema) de
adaptabilidade desse sistema. Para que tal se efetive duas outras condições básicas
devem se verificar: a diversidade e equidade dos componentes do sistema,
(VIEDERMAN, 1992).
A CRIAÇÃO DE BOVINOS E PRODUÇÃO DO COURO
Gonzáles e Serra Freire (1992) descreveram que o primeiro bovino foi
trazido ao Brasil pelos portugueses, provavelmente oriundo das Ilhas do Cabo Verde
para as capitanias hereditárias da Bahia, Pernambuco e São Vicente. Em 1555, os
23
irmãos Góis, na célebre caravana que durou cinco meses atravessando rios e
florestas, levaram um lote de bovinos de São Vicente para Assunção, no Paraguai.
Em 1569, Nuflo de Chavez desceu do Peru para Assunção com nova comitiva de
gado. Segundo os autores, o comercio inicial da Colônia do Sacramento foi de
couros secos, em 1668, e depois de sebo e de chifres. Tinha-se o couro como
principal produto do boi, e a carne era desprezada e acabava servindo aos abutres e
aos canídeos silvestres. Somente em 1698 é que fizeram, em caráter experimental,
os primeiros charques.
No início do desenvolvimento dos curtumes, as peles eram tratadas de
maneira rudimentar, em barris de madeira. As vendas de couros secos e salgados,
para mercados do sudeste do país, da Europa e dos Estados Unidos, alcançaram
2,5 milhões de unidades em 1884. Além disso, a implantação de uma ferrovia
ligando Porto Alegre a São Leopoldo, em 1874, e o prolongamento para Novo
Hamburgo, em 1876, facilitou o escoamento da produção entre o principal centro
consumidor/ distribuidor e o principal centro produtor (BRENNER, 1990).
A potencialidade do setor coureiro, hoje, pode ser diagnosticada através
de diferentes indicadores. Em termos quantitativos, os números que envolvem a
produção no Brasil são bastante expressivos, chegando, no ano 2000, a 32,5
milhões de couros bovinos, cerca de 10 % do mercado mundial, e 7,3 milhões de
peles de ovinos e caprinos produzidos (CICB, 2000).
O produtor, até recentemente, não tinha uma remuneração digna para o
couro, e muito menos diferenciada, que servisse de estímulo à produção do mesmo
em termos de qualidade. Com o incremento de novas tecnologias e o fomento da
cadeia produtiva de carne, peles e couro de qualidade, onde a implantação do
Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina
(Sisbov) também tem papel de destaque. A importância da qualificação para uma
remuneração mais justa está sendo atribuída a todos os componentes dessa cadeia.
Essa informação precisa ser levada até o setor primário, para que se torne efetiva na
prática. Tal preocupação foi motivo das recomendações técnicas publicadas através
do Informativo “Gado de Corte Divulga”, com o título “O couro não é apenas o
envoltório do animal, mas uma fonte de renda que o produtor deve explorar”
(GOMES, 2001) e do Comunicado Técnico “Análise da cadeia produtiva de peles e
couros no Brasil” (CARDOSO et al., 2001).
24
O couro, no Brasil, desempenha importante papel sócio-econômico como
matéria prima das indústrias coureiras, calçadistas e afins, que compõe a cadeia de
peles, couros e seus subprodutos. No mercado interno, por exemplo, representam
um potencial de 120 milhões de pares de sapatos e inúmeros outros produtos.
Contribui ainda significativamente no mercado externo com um apreciável volume de
produtos exportáveis, obtendo com isto, divisas que contribuem para a balança
comercial (GONZALES, 1983). A produção mundial de calçados classificou o Brasil,
em 1997 (INDICADORES, 2000), em quarto lugar, com 544 milhões de pares e, em
quinto como consumidor, com 427 milhões de pares. As exportações, portanto,
alcançavam, na época, apenas 117 milhões de pares. Além disso, a relevância do
segmento se respalda na geração significativa de divisas para o país, bem como
pela geração de emprego e renda. No ano 2000, o valor das exportações de carnes
rendeu para o país US$ 760 milhões, enquanto o setor de couros e manufaturados
atingiu US$ 2 bilhões.
A indústria brasileira de calçados produziu aproximadamente 530 milhões
de pares de calçados em 2000. A maior parcela, cerca de 70%, é destinada ao
mercado interno. O setor era composto, em 2000, por 6.860 estabelecimentos, que
empregavam 240 mil trabalhadores. As regiões do Vale dos Sinos, no Rio Grande
do Sul, e de Franca, no Estado de São Paulo, reúnem cerca de 70% do emprego e
65% dos estabelecimentos do segmento, organizados em arranjos produtivos locais.
Nas mesmas áreas se concentram os curtumes brasileiros.
A produção brasileira de couro cresceu nos anos 1990, passando de 23,5
milhões de couros em 1991, para 33 milhões em 2001 o que representa cerca de
10% do mercado mundial.
Com base nos dados do CICB (2006), pode-se constatar que o Brasil
produzia cerca de 23 milhões de couros crus desde 1990, volume que vem
crescendo gradualmente, chegando ao ano de 2004 a um total de 36 milhões de
couros crus produzidos. Observa-se que no ano de 1990, o total de exportações era
de mais de 5 milhões de couros, chegando a 26 milhões no ano de 2004.
Estima-se que os frigoríficos sejam responsáveis por 60% dessa
produção, os salgadores, 25% e outros, 5%, segundo dados da Associação das
Indústrias de Curtumes do Rio Grande do Sul (AICSUL, 2002).
25
Com base nos dados da CICB (2006), pode-se constatar que países
como a Itália, Hong Kong e a China vêm se destacando como os maiores
importadores, auferindo lucro superior a 780 milhões para o Brasil no ano de 2004.
Mesmo diante de indicadores que atestam a importância do setor de
peles, couros e derivados, é de razoável consenso que existem entraves relevantes
à ampliação da sua eficiência e competitividade no País. No caso do couro bovino,
segundo a CICB (2001), pesquisas atestam que o Brasil deixa de ganhar cerca de
US$ 900 milhões anuais, em virtude da baixa qualidade do couro produzido no país
e do descompasso entre a oferta nacional e a demanda pelo produto.
Para um couro de melhor qualidade, o criador necessita de orientação
técnica e apoio financeiro para produzir, não o couro, mas o bovino como um
todo. O couro, para o criador, não tem nenhuma expressão econômica. É apenas
um envoltório do animal. No processo de comercialização, tanto do couro, como da
carne, é muito tênue o estímulo financeiro para o produto de melhor qualidade. O
produtor, por sua vez, precisa ser estimulado e orientado a preservar o couro dos
animais por ele transportados. Além disso, este serviço deve ser normatizado e
fiscalizado pelo governo (GOMES, 1997).
Os abatedores também precisam ter acesso à informação, orientação e
adoção rotineira de processos de comercialização, que incluam compensações
financeiras (GONZÁLES, 1983).
As perdas de couro através de seus vários problemas, como o
parasitismo, escoriações por acidentes, marca a ferro e esfola, têm sido uma
preocupação constante para a indústria de couro brasileira. Oliveira (1983) relatou
que a larva da mosca do berne, Dermatobia hominis, era responsável por 89% dos
problemas encontrados no couro. Citou, ainda, que estas larvas possuem longo
período de vida parasitaria, e que provoca nos animais infestações desde leves até
maciças.
Segundo Lehman (1983), cerca de 70% do couro no Brasil, é defeituoso,
por causa de carrapatos, bernes, arames farpados e marcas de fogo; isso faz com
que a matéria-prima não consiga competir no mercado externo, por apresentar
muitos defeitos. Outro problema é a falta de padronização dos métodos que os
curtumes brasileiros utilizam para avaliar o grau de qualidade dos seus couros ou
peles.
26
O couro, por sua expressão econômica e, conseqüentemente, pela
implicação social, é merecedor de atenção nacional, quanto à identificação e
remoção de obstáculos comerciais ou no tocante ao investimento em pesquisa
técnica e científica, visando o aprimoramento de sua qualidade. A baixa qualidade
do couro é proveniente de sua condição de subproduto da carne, com um valor
extremamente baixo (cerca de 7% do valor da carne) e com a agravante de estar
embutido no preço final da arroba do boi, o que não é percebido pelo produtor por
ocasião da venda do animal para o abate (MEDEIROS, 2002). Os principais
problemas de qualidade que levam à depreciação dos couros começam na fazenda,
ou seja, dentro da porteira, e isso representa 60% dos defeitos do couro, entre estes
os ectoparasitos como o berne, o carrapato e a mosca-dos-chifres são responsáveis
por 40% dos defeitos (GONZALES, 1983).
Um couro, quanto melhor classificado pelos curtumes, terá maior valor
comercial, mas este, não aufere ao seu criador um diferencial financeiro por esta
qualificação. Assim, o produtor não tem estímulo para produzir couro melhor
qualificado, ainda terá gastos adicionais, com produtos veterinários para controle de
ectoparasitos, com qualificação da mão-de-obra, manejo, adequação de
mangueiros, cercas, embarcadouros, entre outros, porém, tem a responsabilidade
da maior parte dos defeitos ocorridos no couro.
Com isso, todos os elos da cadeia perdem; perde o produtor, pois não
recebendo um diferencial financeiro e explícito ao couro, além de não diversificar
sua renda, deixa de produzi-lo com melhor qualidade; perde o frigorífico, pois se
comprasse bovinos com couro de melhor qualidade, venderia o couro ao curtume
recebendo a mais por lotes diferenciados em categoria, tamanho e sexo e não
venderia por quilo e sem uma prévia classificação, como é feito rotineiramente e por
menor preço; perde o curtume, que deixa de comprar tipo e volume de couro
previamente negociado com seu cliente, onde poderia barganhar melhor preço em
vez de comprar “bica corrida”, sistema de negociação adotado por curtumes, no qual
compram dos frigoríficos todo o lote de couros produzidos no dia, não importando a
qualidade, para garantir o volume negociado, além de que, obteria melhor
custo/benefício, podendo tornar-se mais competitivo, pois estaria gastando menos
com produtos químicos ao obter um couro melhor qualificado; perde a indústria
calçadista, que para produzir calçado de melhor qualidade precisa importar couro
melhor qualificado pagando a mais por isso e perde também o governo, que poderia
27
arrecadar mais impostos com a produção do couro ao longo da cadeia se todo o
processo de acabamento do mesmo ocorresse no Estado de Mato Grosso do Sul,
pois sendo de melhor qualidade, seria atrativo para novos frigoríficos, curtumes e
indústrias do produto manufaturado, aumentando por conseqüência a oferta de
emprego, inclusão social e a renda do sul-mato-grossense.
Para Gomes (1997), a falta de incentivos à qualidade do couro seria uma
boa resposta aos problemas apresentados. No abate, os frigoríficos pagam ao
produtor o preço da carcaça bovina e o couro, considerado subproduto, não lhe
garante nenhuma remuneração. Os frigoríficos vendem o produto aos curtumes e
recebem por quilo. As peças são classificadas de acordo com seus defeitos e os
prejuízos econômicos são evidenciados, sendo para o produtor, que não receberá
pela qualidade da pele, para os frigoríficos, que vendem as peles por quilo e não por
qualidade de cada uma, e para o curtume, que adquire o lote de peles com
qualidade que variam de boas a ruins produzidas em frigoríficos.
Ainda que o produtor consiga produzir um couro de boa qualidade, pela
diminuição dos defeitos verificados nas propriedades, por meio de controle efetivo
das parasitoses, adequação das marcas, etc., os benefícios serão anulados em
virtude das injúrias que estes sofrem durante o transporte, esfola, armazenamento,
conservação e no próprio curtimento, evidenciando assim, que para melhorar a
qualidade do couro produzido no Brasil, necessidade do engajamento de todo o
sistema produtivo num trabalho de conscientização.
Oliveira (1983), examinando couros de bovinos provenientes dos Estados
de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Norte do Estado de Rio de Janeiro com
a finalidade de determinar as perdas causadas por berne, carrapatos, pela marca a
ferro quente (fora da região corporal regulamentar) e, ainda, pelas escoriações
acidentais e/ou devidas à esfola, verificou que: 89% das peles submetidas à
apreciação apresentavam perfurações provenientes de dermatobiose, perdendo-se
em média 18,56% da pele; para o carrapato havia sido perdido em média 4,2% em
90% das peles. Para as marcas a ferro quente verificou-se que 53% das peles
examinadas estavam em locais corretos conforme os decretos n
o
4.854 de
12/11/1942 e n
o
4.714 de 29/06/1965, que regulamentam o tamanho da marca e a
região que estas marcas são permitidas no animal. As escoriações provocadas por
arame farpado e/ou outros objetos contundentes, inclusive aqueles por vezes
28
utilizados no manejo dos animais, e as incisões na pele ocorridas durante a esfola
somaram uma perda de 1,78% em 26,92% das peles observadas.
Barat (1975) citou que o couro de um bovino de tamanho médio
representa de 7 a 7,5% do peso do animal e de 5 a 10% de seu valor comercial.
Mandin (1983) relatou uma estimativa do Centro de Indústrias de
Curtumes do Brasil segundo a qual, até então, apenas 15% dos 12 milhões de
couros produzidos anualmente poderiam ser classificados como de categoria. Os
85% restantes se classificariam em couros de 2ª, categoria e refugos, sendo
assim distribuídos: 40; 30 e 15%, respectivamente. Desde então, a indústria do
couro vem assumindo, gradualmente, maior importância dentro da cadeia pecuária
bovina. Organizada estrategicamente ela pode se transformar numa das maiores
geradoras de divisas internacionais para o País. Seu potencial é muito superior ao
da carne, que faturou US$ 670 milhões em exportações em 1999, devendo
estabilizar-se entre US$ 1,5 e 2,5 bilhões nos próximos anos. Segundo o Centro das
Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), apenas o setor de peles e couros bovinos
gerou, no ano de 2000, aproximadamente US$ 1,85 bilhão em divisas e as
exportações podem vir a ultrapassar, com facilidade, num futuro próximo, a marca
dos US$ 10 bilhões (CARDOSO et al., 2001).
Segundo a BRASPELCO (2001), cada 1 milhão de pares de sapatos
produzidos, gera cerca de 1 mil empregos diretos e indiretos na cadeia de calçados,
curtumes e frigoríficos. Mas, para tanto, a necessidade de desenvolver um
programa de melhoria da matéria-prima, envolvendo todos os elos da cadeia
produtiva do couro, tipificando e padronizando o produto, para dar credibilidade ao
setor garantindo um couro de melhor qualidade, para frigoríficos e curtumes e estes
obtendo incentivos fiscais do governo e por terem matéria-prima melhor qualificada,
poderem remunerar os produtores de acordo com a classificação de seu produto.
Esta é uma medida justa onde todos os elos da cadeia ganham e inserindo um
adicional financeiro, todos terão interesse em produzir cada vez mais um couro que
será mais bem qualificado.
Para que isto se torne uma realidade, é necessário também desenvolver
um programa de estudo continuado sobre a melhoria da qualidade do couro e
repassar informações aos produtores sobre como diminuir os defeitos que afetam a
qualidade do mesmo onde a maior parte destes, estão relacionados ao processo de
criação, portanto, sob sua responsabilidade. De acordo com o Centro das Indústrias
29
de Curtume do Brasil - CICB, o país em 2001, foi o segundo maior produtor mundial
de couro, com cerca de 30 milhões de abates/ano, perdendo apenas para os
Estados Unidos, com 37 milhões. Para o ano 2010, o Brasil estará abatendo entre
42 a 48 milhões de animais/ano, projetando-se firmemente como o maior país
fornecedor de couro e carne para o mundo (CICB, 2001).
ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS
O estabelecimento de métodos racionais de utilização de pastagens
depende não somente do conhecimento do potencial produtivo da forrageira e do
animal, assim como do atendimento das exigências nutricionais e interações entre
ambos. No Brasil é costume terminar os bovinos, em pastagens, sujeitos, muitas
vezes, a um regime nutricional baixo, sendo, portanto, abatidos tardiamente. Os
sistemas de produção de bovinos de corte vêm sofrendo alterações e se
intensificando. Nesse novo cenário, a idade de abate tem diminuído, principalmente,
pelo incremento do número de animais classificados como novilho precoce que é
constituída, na maioria dos casos, por indivíduos abatidos com idades entre 18 e 24
meses. A implementação de um sistema intensivo de produção de bovinos, tem
como objetivo o abate de animais mais jovens, com carcaça de melhor qualidade,
podendo, inclusive, aumentar a capacidade de suporte das pastagens (EUCLIDES
et al., 1997). Assim, torna-se preciso buscar os caminhos e metodologias para
conseguir esta eficiência, e obter a maior quantidade de carne e melhor qualidade
no menor tempo possível e de forma econômica e sustentável. Existe, no entanto, a
necessidade de obter ganhos em produtividade, minimizando os efeitos decorrentes
da sazonalidade quantitativa e qualitativa das forrageiras tropicais (PAULINO et al.
2001). Além disso, há a possibilidade os animais abatidos mais precocemente
sofrerem menos injúrias nos couros.
A terminação de bovinos em sistema de confinamento é uma alternativa
segura quando se deseja atingir determinados índices produtivos, por permitir
melhor controle da dieta e monitoramento da resposta animal.
As pesquisas em produção animal têm apontado várias alternativas para
a terminação dos animais em idade jovem, entre elas, o confinamento, com grande
adoção entre os produtores, que passaram a usar esta tecnologia a partir do grande
30
volume de informações produzidas em institutos de pesquisa brasileiros acerca da
composição da dieta a ser usada (VAZ e RESTLE, 2001).
No entanto, embora os alimentos concentrados desempenhem papel
fundamental para reduzir a idade de abate dos novilhos e, consequentemente,
melhorar a qualidade da carne bovina e couro (RESTLE e VAZ, 1998) visando
atender consumidores cada vez mais exigentes, é a fração volumosa a que participa
em maior proporção na dieta dos animais.
A pecuária brasileira vive um momento de crescimento. Além de possuir o
maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 185,4 milhões de bovinos, as
exportações de carne em 2004 atingiram 1,9 milhão de toneladas equivalente-
carcaça, colocando também o País, na posição de maior exportador mundial de
carne. Nos trópicos existe grande flutuação no suprimento de alimentos e na
qualidade da pastagem, resultando em ganhos de peso no período das águas e
perda de peso no período seco, sendo duas estações bem definidas no Centro-
Oeste.
Nos últimos anos, as pesquisas em produção animal têm apontado várias
alternativas para a terminação de bovinos jovens. Euclides Filho et al., (2001)
avaliaram idade para castração sobre desempenho em confinamento de animais F1
Angus-Nelore e observaram que animais não-castrados, excetuando-se os
superprecoces, para alcançarem o grau de acabamento desejado de cinco
milímetros de espessura de gordura subcutânea, necessitaram ser abatidos com
pesos mais elevados que animais castrados. Ainda segundo estes autores, animais
não-castrados, confinados a desmama, apresentaram desempenho comparável aos
animais castrados confinados aos 20 meses de idade. Restle et al. (2000), avaliaram
o efeito da castração em bovinos confinados e não observaram diferenças no
consumo de nutrientes, porém verificaram o fato que animais não-castrados
apresentaram melhor conversão alimentar. Segundo Gomes et al. (2004), não
diferença em desempenho entre animais não-castrados e castrados, no sistema de
confinamento. Ítavo et al., (2005) obtiveram melhores resultados econômicos em
animais não-castrados terminados em pastagens afirmando que a terminação de
animais não-castrados é um investimento rentável.
O consumo de alimentos de boa qualidade por novilhos jovens, que são
biologicamente mais eficientes, permite a redução da idade de abate. Esta
alternativa possibilita, nas propriedades que trabalham em sistema de ciclo
31
completo, a liberação de áreas para serem ocupadas por outras categorias, com
inúmeros benefícios (RESTLE et al., 1999). A redução da idade de abate é um dos
fatores fundamentais para intensificar o sistema de produção em bovinos de corte.
Animais em pastejo estão sujeitos a muitas alterações tanto na
quantidade como na qualidade das forragens consumidas. Sendo assim, em alguns
períodos consumo de energia suficiente para acumular reservas corporais,
enquanto que em outros, o consumo é suficiente para a manutenção ou
catabolismo das reservas corporais. Pastagens durante o período seco, em sua
maioria, apresentam menos de 7% de PB (proteína bruta), havendo assim,
deficiência de proteína degradável no rúmen (PDR) para crescimento microbiano e
atividade fermentativa adequadas (VAN SOEST, 1994), causando depressão na
digestão da celulose e no consumo, acarretando baixo desempenho animal, adiando
seu abate. Nestas condições, torna-se fundamental a correção da deficiência
protéica.
Segundo Paulino et al. (2001) a suplementação de animais em pastejo e
sua eficiência de ganho podem ter diferentes respostas produtivas. Esta precocidade
produtiva, que engloba rapidez de acabamento e pouca idade no início da vida
reprodutiva, é uma característica de grande importância para a pecuária.
Atualmente, várias são as alternativas que podem ser utilizadas para a produção do
novilho precoce, porém sempre utilizando estratégias envolvendo manejo sanitário,
potencial genético, alimentação e sistema de produção.
A Associação Brasileira do Novilho Precoce (ABNP), segundo Barbosa
(1995), estabeleceu o conceito de novilho precoce com base em três características:
1) peso da carcaça maior de 225 kg para novilhos machos castrados e machos não-
castrado e maior de 180 kg para as fêmeas; 2) idade do animal (até quatro dentes
definitivos para novilhos e fêmeas, e zero dente “dentição de leite” para machos
não-castrado; e 3) grau de acabamento da carcaça (3 a 10 milímetros de espessura
de gordura na altura da 12
a
costela).
Muitos trabalhos têm ressaltado a importância do peso a desmama para a
produção de animais precoce para o abate. Para a produção de novilho precoce o
peso a desmama deve ser superior a 180 kg e para a produção de novilho
superprecoce deve ser pelo menos 240 kg, para que atinja o peso para abate o mais
rápido possível (ENCARNAÇÃO, 1997).
32
O uso de animais geneticamente superiores, oriundos de seleção ou de
cruzamentos, combinados com estratégias de alimentação, podem promover
melhorias adicionais ao desempenho do sistema como um todo. No entanto,
qualquer que seja a estratégia utilizada, tanto para a produção de novilho precoce
como superprecoce, a economicidade do sistema deve ser avaliada.
Em relação à qualidade do produto final (carne), Euclides Filho (1997)
relatou que no futuro, deverá haver aumento na demanda por qualidade de carne,
principalmente no que diz respeito à maciez e ausência de resíduo. Haverá
implantação de um sistema de classificação de carcaça. A integração de outros
mercados e criação de alianças mercadológicas entre, produtores, frigoríficos e
mercados, assumirá papel importante quanto à melhoria da qualidade de carne e
conseqüentemente do couro.
A capacidade dos alimentos de fornecer energia ao animal é de extrema
importância na avaliação do seu valor nutritivo. Considera-se que a energia seja um
fator limitante no desempenho de ruminantes, e que o conhecimento da sua
disponibilidade nos alimentos seja fundamental à formulação de dietas que visem
uma adequada resposta produtiva.
A inadequação no balanceamento da energia da dieta pode resultar em
grandes prejuízos econômicos, ocasionados pelo fornecimento desnecessário ou
insuficiente, principalmente no caso de animais de alta produção, os quais suas
exigências são elevadas. Entretanto, as grandes variações observadas na
disponibilidade energética dos alimentos dificultam bastante o trabalho dos
nutricionistas na determinação da concentração ideal deste componente nas rações.
A caracterização dos alimentos quanto às suas frações de carboidrato e
proteínas, bem como as respectivas taxas de digestão e passagem, devem então
buscar o melhor entendimento da dinâmica dos nutrientes no trato gastrintestinal,
permitindo estimar a síntese de proteína microbiana, as perdas associadas à
fermentação e o escape ruminal de nutrientes, proporcionando uma predição mais
acurada da energia disponível da dieta, otimizando a utilização das fontes
nutricionais disponíveis, resultando em melhor desempenho animal.
A alimentação é um dos itens mais onerosos na produção de ruminantes.
É importante avaliar o valor nutritivo das fontes energéticas fornecidas, para
melhorar sua utilização pelos animais e, conseqüentemente, reduzir os custos da
alimentação. Com a crescente intensificação dos sistemas de produção, o uso de
33
concentrado se tornou essencial na alimentação de animais. Neste contexto, o
amido representa a principal fonte energética disponível, composto de grãos de
cereais, especialmente o milho e o sorgo.
O amido está presente em grandes quantidades nos grãos de cereais e é
a principal fonte de energia nas dietas de ruminantes de alta produção. Assim,
melhorar a utilização do amido é fundamental para aumentar a eficiência na
produção animal, o que pode ser alcançado através da utilização de métodos de
processamento dos grãos. No Brasil, o milho é a fonte de amido mais utilizada,
havendo pequena utilização do sorgo em algumas regiões do país. Outros cereais
não têm expressão, no Brasil, como fonte de amido para ruminantes (OLIVEIRA,
1993).
O amido é uma fonte importante de energia para os microrganismos
ruminais, e seu comportamento no rúmen difere grandemente entre as fontes,
resultando em um maior ou menor escape desse amido para o intestino delgado.
Segundo Rooney e Pflugfelder (1986), o amido representa em torno de 70 a 80% da
maioria dos grãos de cereais, grande porcentagem de muitas raízes e tubérculos.
O conteúdo de amido nos grãos, foi estudado por Nocek e Tamminga
(1991) e os resultados apontaram que o trigo contém a maior quantidade de amido,
em torno de 77%, seguido pelo milho (76,1%) e sorgo (75,4%). Porém, estes valores
não refletem diferenças entre as fontes de amido ou efeitos de variedades,
localização, condições climáticas e ano.
O sorgo (Sorghum bicolor) é uma planta robusta, resistente a seca,
adaptada às condições ambientais mais severas para a produção do milho (Zea
mays). Ele requer menor quantidade de água que o milho e pode sobreviver a
condições secas e depois terminar seu crescimento quando a umidade se tornar
disponível (CHEEKE, 1999). A folhagem do sorgo é muito parecida com a do milho,
porém suas folhas possuem algumas características xerofíticas, que diminui a perda
de água pela planta (ROSS e WALL, 1970). Os seus grãos são notavelmente
diferentes, produzidos como sementes pequenas e redondas em uma panícula
aberta.
Atualmente a cultura do sorgo está distribuída por praticamente todos os
continentes. O sorgo é uma das principais fontes de grãos de amido para a
alimentação nos trópicos de clima semi-árido. Praticamente toda a produção de
sorgo é utilizada na alimentação animal, enquanto que em países em
34
desenvolvimento, apenas uma pequena porcentagem da produção é utilizada na
alimentação animal, sendo quase sua totalidade utilizada na alimentação humana.
Dentro dos tipos de sorgo existem diversas linhas, variedades e híbridos.
Das diversas formas de sorgo granífero se diferenciam por uma série de fatores
como porte da planta, ciclo vegetativo, cor e composição química dos grãos. No
Brasil, a produção de sorgo está mais concentrada na região Centro-Oeste, a qual é
responsável por aproximadamente 70% da produção.
Uma análise comparativa de vários grãos para alimentação de ruminantes
como fonte econômica de nutrientes, indica que o sorgo é a fonte mais barata de
energia. O grão de sorgo é similar ao grão de milho na sua composição química,
exceto pelo fato do sorgo apresentar valores de proteína bruta e de tanino acima dos
valores do milho, e pouco ou nenhum caroteno (MAKAMA, 1989). A presença dos
taninos condensados, que são compostos polifenólicos, presentes em alguns
híbridos de grão de sorgo pode influenciar na porcentagem de substituição deste
pelo grão de milho nas rações para animais. A maior parte dos efeitos biológicos dos
taninos estão associados com a sua capacidade de reagir com proteínas, formando
complexos praticamente indigestíveis, interferindo negativamente no consumo.
Vários métodos de processamento podem ser utilizados para superar
parcialmente os efeitos dos taninos no sorgo. Dentre eles, a moagem tem sido o
processamento mais comum. É um processo através do qual o alimento tem seu
tamanho reduzido e isto modifica a estrutura física dos grãos, rompendo o
endosperma e a matriz protéica que protege os grânulos de amido, aumentando
assim, a superfície de exposição às enzimas digestivas e/ou microbianas. O
aumento de digestibilidade do amido obtido pela moagem pode proporcionar
melhores condições para o crescimento microbiano devido à maior disponibilidade
de esqueletos de carbono, conseqüentemente, poderá haver melhoras na
digestibilidade da celulose e da proteína.
Desta forma, o estudo da utilização de diferentes fontes amido em rações
para ruminantes é de extrema importância, principalmente para a obtenção de níveis
mais elevados de produção.
Segundo Zimmer e Euclides Filho (1997), as pastagens vêm ocupando
maior extensão de terra nas últimas décadas. Em 1970 eram 30 milhões de
hectares, chegando a 105 milhões de hectares em 1995, representando o aumento
de 250% em 25 anos. Esse crescimento resultou, principalmente da valorização da
35
terra, dos créditos especiais na década de 70 e da necessidade de aumentar a
produtividade da pecuária brasileira. Desta maneira, fica evidente a necessidade da
eficiente utilização dos campos de pastagens existentes no Mato Grosso do Sul,
visto que o baixo custo de produção de carne bovina no Brasil, de US$ 1,00
1,35/kg contra 2,00 3,00 nos EUA e Europa, respectivamente, pode ser o fator
relevante na conquista do mercado de exportação de carne (ZIMMER e EUCLIDES
FILHO, 1997).
Pode-se considerar que quase a totalidade dos animais de corte
terminados no Brasil, tem como único alimento o pasto, uma vez que o número de
bovinos confinados representa cerca de 5% do abate total de bovinos. Além disso,
esses animais são criados e recriados em pastagem até atingirem 350 a 380 kg de
peso corporal, permanecendo no confinamento de 100 a 120 dias. Isto implica que
70 a 80% do ganho de peso animal são obtidos em pastagem (ZIMMER e
EUCLIDES FILHO, 1997).
Segundo Euclides et al. (1997), um dos fatores responsáveis pela baixa
produção bovina nos trópicos é a inadequação da nutrição animal resultante
característica da produção forrageira. No Brasil, a maior parte da produção de
bovinos de corte está fundamentada em pastagens do gênero Brachiaria que, por
ser gramíneas tropicais, apresenta produção, tanto no aspecto de qualidade quanto
em quantidade, distribuída em dois períodos distintos, no período das chuvas e no
período de seca. Assim, a produção animal, que é reflexo da qualidade da forragem,
é frequentemente baixa em pastagens destas gramíneas.
algum tempo, em função da deficiência de instalações ou da falta de
divisões das propriedades em piquetes, a castração era a principal alternativa de
controle reprodutivo e uma forma de facilitar o manejo nas fazendas de gado de
corte. Era, também, uma forma de evitar distúrbios de comportamento provocados
pelo aumento da população em espaço físico reduzido. Mas esses problemas têm
sido superados com a maior organização e divisão do espaço, métodos de
suplementação e com o abate de animais precoces.
A castração desde muito tempo tem se constituído em uma prática
comum na pecuária de corte onde ela tem como principais vantagens a contribuição
para melhoria do manejo, uma vez que torna os animais mais dóceis e da qualidade
da carcaça contribuindo para maior aceitação do mercado com acabamento
desejado pelo frigorífico e mercado consumidor. Nesse novo contexto,
36
necessidade de se redefinir melhor a necessidade da castração, uma vez que, em
muitos casos, grande número de animais tem sido abatido entre 20 e 24 meses de
idade.
PROCESSO DE CURTIMENTO
Na produção de couro as peles passam por operações mecânicas como
descarne, divisão, enxugamento, rebaixamento, estiramento, vácuo, lixamento,
amaciamento, prensagem e medição, e por processos químicos que utilizam a água
como veículo na difusão dos produtos químicos, como, remolho, caleiro,
desencalagem, purga, desengraxe, piquelagem, curtimento, neutralização,
recurtimento, tingimento, engraxe, acabamento (THORSTENSEN, 1976).
O curtimento é realizado dentro de um cilindro de madeira denominado
fulão, medindo 2.500 mm de diâmetro por 2.500 mm de comprimento, tendo no seu
interior projeções cilíndricas de madeira (batoques) de 400 mm de comprimento por
100 mm de diâmetro, com capacidade para 5.000 quilos e/ou 120 couros com peso
médio entre 35 kg.
No caleiro, a camada epidérmica é eliminada da derme, com os pêlos ou
a lã (BAUMBERGER et al., 1942; DEMPSEY,1978), através da destruição das
pontes dissulfeto que unem duas cistinas, principal constituinte da queratina
(MOREIRA, 1994), produzindo um afrouxamento da estrutura fibrosa do colágeno
com o objetivo de prepará-la para os processos de curtimento. Nesta etapa, as peles
são tratadas com hidróxido de cálcio (cal), sulfeto de sódio, aminas e enzimas
(ADZET, 1985).
O tratamento de peles com produtos alcalinos favorece o intumescimento,
muito importante para as operações mecânicas de descarne e divisão. No descarne,
é eliminada a hipoderme, camada subjacente à derme constituída de tecido
muscular e adiposo (BELAVSKY, 1965). Na divisão, a espessura da pele é dividida
em duas metades.
Na desencalagem, etapa que se segue ao caleiro, é feita a eliminação da
cal que está quimicamente ligada ao colágeno, na forma de sais solúveis formados
na reação com produtos químicos amoniacais ou ácidos não intumescentes
(BIENKIEWICZ, 1983; HOINACKI, 1989), preparando a pele para receber a purga.
37
A purga é realizada com enzimas visando a limpeza da estrutura fibrosa
pela eliminação dos constituintes da pele que não fazem parte da rede de colágeno,
atuando sobre as proteínas globulares (KRITZINGER, 1948), glândulas, gorduras
naturais e componentes queratínicos degradados no caleiro (RODDY e
O’FLAHERTY, 1938; KOPPENHOEFER, 1942; BIENKIEWICZ, 1983). A purga é
realizada em limites controlados de pH e temperatura do banho para que apresente
seu melhor desempenho.
Após a purga as peles ainda apresentam gorduras naturais entre a
estrutura fibrosa que devem ser eliminadas para não prejudicar as etapas
subseqüentes. Os sistemas de curtimento modernos empregam o desengraxe desde
o caleiro até o curtimento, utilizando tensoativos, solventes e enzimas adequados ao
pH de cada etapa (KOPPENHOEFER, 1942; BOCCONE et al., 1980; ADZET, 1985;
FURLANETTO e FIGUEIREDO, 1988).
No píquel, etapa que antecede o curtimento, as peles são preparadas
para receberem os agentes curtentes que podem ser inorgânicos de origem mineral,
ou orgânicos de origem vegetal, sintético, e aldeídos (HOINACKI, 1989). Na
composição do píquel, além da água utilizada são empregados ácidos orgânicos e
inorgânicos e cloreto de sódio, na concentração mínima de Baumè com a função
de inibir o intumescimento da estrutura fibrosa, pois o pH elevado na faixa ácida tem
a capacidade de intumescer a pele (THORSTENSEN, 1976; BIENKIEWICZ, 1983).
No final do píquel as peles estão isentas de todas as substâncias que não
interessam do ponto de vista de curtimento e a rede dos feixes de fibras de colágeno
poderão receber o agente curtente que irá transformá-las em couro, material estável
e imputrescível (GUSTAVSON, 1956b; THORSTENSEN, 1976; HARLAN e
FEAIRHELLER, 1977; BIENKIEWICZ, 1983; ADZET, 1985). A estabilidade à ação
da água quente determinada por Nayudamma (1958), consiste no método de
verificação da quantidade de curtente incorporado na pele e combinado com o
colágeno, sendo muito empregado na avaliação das peles curtidas ao cromo. No
final do curtimento ao cromo, os couros recebem a denominação de Wet-blue, pois
apresentam a cor azul determinada pelo cromo. Nessas condições, podem ser
armazenados por longos períodos, se receberem o tratamento com fungicidas e
forem mantidos envoltos em plástico para evitar a desidratação.
Após o curtimento, os couros são enxugados e rebaixados para a
espessura próxima àquela solicitada pelo mercado, sendo classificados quanto à
38
ocorrência de defeitos e seguem para a etapa de neutralização ou desacidificação
onde o pH será adequado às condições dos produtos de recurtimento.
O recurtimento é executado após a etapa de neutralização ou
antecedendo-a, e visa definir parte das características físico-mecânicas, tais como
maciez, elasticidade, “enchimento” e algumas características de “toque” e tamanho
de poro - abertura do folículo piloso (HOINACKI, 1989). Os produtos de recurtimento
são empregados isoladamente ou misturados e podem ser orgânicos ou inorgânicos.
No mesmo banho de recurtimento ou em novo banho os couros são tingidos com
corantes aniônicos ou catiônicos dependendo do pH do substrato e do efeito
desejado.
As fibras da pele curtida ainda úmida deslizam facilmente entre si, mas
com a secagem, o couro fica rígido devido à desidratação das fibras e à aglutinação
em forma de um composto compacto. A operação de engraxe é realizada com a
finalidade de obter-se um couro de tato mais suave e flexível, o que é conseguido
pela incorporação de substâncias lubrificantes, solúveis ou não em água. Os
lubrificantes mantêm as fibras do couro separadas para deslizarem facilmente umas
em relação às outras (PORÉ, 1974). Mediante o engraxe é aumentada à resistência
ao rasgamento e ao rasgamento-contínuo (BOCCONE et al., 1987). A composição,
a quantidade e as combinações dos lubrificantes determinarão produtos distintos
com diferentes graus de hidrofugação e maciez (ADZET, 1985).
Após as etapas de neutralização, recurtimento, tingimento e engraxe, os
couros são estirados e submetidos ao vácuo para a eliminação do excesso de água,
e posteriormente são secos naturalmente no ambiente interno do curtume ou através
de estufa (GUSTAVSON, 1956b; SHARPHOUSE, 1971; BRIGGS, 1981; ADZET,
1985). Seguindo à secagem os couros são recondicionados para adquirirem a
umidade adequada para a operação de amaciamento, passarão para a lixa e
posteriormente para o acabamento final, onde receberão o tratamento que
proporcionará o aspecto definitivo.
.
39
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Fazenda Escola São Vicente da
Universidade Católica Dom Bosco em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, cujo
clima caracteriza-se segundo a classificação de Koopen, subtipo Aw, com
distribuição de chuvas e ocorrência bem definida de um período seco durante os
meses mais frios do ano e de um período chuvoso durante os meses mais quentes.
A propriedade está situada na latitude S 20º 23’ 07 8” e longitude W 54º 36’ 27,8”, a
480 m de altitude.
EXPERIMENTO 1. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE NOVILHO SUPERPRECOCE
Foram utilizados para o sistema de produção de novilho superprecoce 26
bovinos Beefalo-Nelore recém-desmamados, com um período experimental de sete
meses (setembro de 2005 a abril de 2006), sendo abatidos com idade média de 15
meses, sendo 10 machos castrados ao desmame (oito meses), 10 machos não-
castrados e seis fêmeas. A castração se deu pelo método do burdizo. Os animais
passaram por um período pós-operatório de 30 dias até o início do experimento.
Os animais foram confinados em baias individuais aos nove meses de
idade, com piso de chão batido, com 27m
2
de área total, sendo 9 m
2
cobertos. Após
a pesagem inicial foram submetidos a dois tipos de dieta compostas por milho ou
sorgo como fonte energética em uma proporção de 60 % de volumoso (silagem de
milho) e 40 % de concentrado. As pesagens dos animais foram realizadas a cada 28
dias, a contar da data da pesagem inicial, obedecendo a um jejum de 12 horas
(50% da dieta total). As dietas eram formuladas para ganhos de 1 kg/dia segundo
40
NRC (2000), tendo os alimentos fornecidos a vontade uma vez ao dia, de forma a
manter as sobras em torno de 5 a 10 % do fornecido, estando permanentemente à
disposição dos animais. A quantidade de ração oferecida e as sombras foram
registradas diariamente para a determinação do consumo dos nutrientes.
Após a pesagem inicial, os lotes estavam submetidos a dois tipos de dieta
composta por milho ou sorgo como fonte de amido na dieta, a proporção das dietas
foi de 60 % de volumoso, sendo silagem de milho planta inteira (
Zea mays) e 40 %
de concentrado. As dietas foram isoprotéicas com 18 % de proteína bruta no
concentrado com base na matéria seca, e as composições químicas do concentrado
e volumoso e da dieta total estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Composição química dos concentrados, volumoso e das dietas totais
utilizadas no experimento para produção de novilhos superprecoces
Concentrados Volumoso
Milho
1
Sorgo
2
Silagem de milho
MS (%) 88,28 89,02 30,86
MO (% da MS) 94,44 94,70 95,28
PB (% da MS) 18,00 18,00 7,26
EE (% da MS) 2,93 2,54 2,99
FDN (% da MS) 21,87 14,57 55,68
FDA (% da MS) 7,09 7,81 30,80
NDT (% da MS) 78,19 76,52 61,91
Ca (% da MS) 1,50 1,50 0,30
P (% da MS) 0,50 0,50 0,19
Dieta total
Milho Sorgo
MS (%) 53,83 54,12
MO (% da MS) 94,94 95,05
PB (% da MS) 11,56 11,56
EE (% da MS) 2,97 2,81
FDN (% da MS) 42,16 39,24
FDA (% da MS) 21,32 21,60
NDT (% da MS) 68,42 67,75
Ca (% da MS) 0,78 0,78
P (% da MS) 0,31 0,31
MS = matéria seca; MO = matéria orgânica; PB = proteína bruta (N total x 6,25); EE = extrato
etéreo; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; NDT = nutrientes
digestíveis totais; Ca = Cálcio; P = Fósforo
1
Concentrado com milho = 81,71% de milho quebrado; 11,28% de farelo de algodão; 5% de
núcleo mineral e 2% de uréia pecuária
2
Concentrado com sorgo = 85,37% de sorgo moído; 7,63% de farelo de algodão; 5% de
núcleo mineral e 2% de uréia pecuária
41
EXPERIMENTO 2. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE NOVILHO PRECOCE
Foram utilizados do sistema de produção de novilho precoce, terminados
em pastagem, 20 bovinos cruzados (3/4 Beefalo 1/4 Nelore) recém desmamados,
abrangendo um período experimental de 18 meses (outubro de 2004 a abril de
2006), sendo abatidos com idade média de 26 meses, recebendo suplementação
isoenergética com 66% de nutrientes digestíveis totais (NDT) e 18 ou 40% de
proteína bruta (PB) na mistura múltipla, considerados como suplemento Águas e
Seca, respectivamente.
Os animais foram suplementados nas fases de recria e terminação, sendo
10 machos castrados e 10 fêmeas, provenientes do rebanho da Fazenda-escola, os
quais foram inicialmente distribuídos em dois sistemas de pastejo (contínuo ou
rotacionado). No sistema de pastejo rotacionado, foram avaliados 10 animais, sendo
5 machos e 5 fêmeas alojados e distribuídos em piquetes de pastagens mistas de
Brachiaria decumbens e Brachiaria humidicola, no qual foi utilizado um ciclo de
pastejo de 28 dias, com sete dias de ocupação e 21 dias de descanso. A castração
se deu pelo método cirúrgico (tradicional).
A composição química dos suplementos múltiplos, em função da
porcentagem de proteína bruta, fornecido para os novilhos do sistema precoce está
apresentada na Tabela 2.
Tabela 2 - Composição química dos suplementos (Águas e Seca) utilizadas no
experimento para produção de novilhos precoces
Suplemento
Águas
1
Seca
2
MS (%) 89,00 89,40
MO (% da MS) 79,30 75,26
PB (% da MS) 18,34 40,62
EE (% da MS) 2,66 2,08
FDN (% da MS) 14,85 11,43
FDA (% da MS) 7,22 6,09
NDT (% da MS) 66,34 66,55
Ca (% da MS) 1,50 1,34
P (% da MS) 0,50 0,75
MS = matéria seca; MO = matéria orgânica; PB = proteína bruta (N total x 6,25); EE = extrato
etéreo; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; NDT = nutrientes
digestíveis totais; Ca = Cálcio; P = Fósforo
1
Suplemento Águas = 40,25% de milho quebrado; 35,00% Sorgo grão moído fino; 17,66% de
farelo de algodão-38; 2,00% Uréia pecuária; 5,08% de núcleo mineral
2
Suplemento Seca = 34,60% de milho quebrado; 55,50% de farelo de soja; 4,90% Uréia
pecuária; 5,00% de núcleo mineral
42
No sistema de pastejo contínuo, também foram avaliados 10 animais
sendo 5 machos e 5 fêmeas, os quais permaneceram em pastejo contínuo até o
abate.
Foi realizada uma pesagem inicial para distribuição dos animais nos
sistemas de pastejo, e realizadas pesagens a cada 28 dias, até que os animais
atingissem peso de abate e idade de abate (460 kg). As pesagens foram realizadas
após jejum de sólidos prévio de 12 horas.
Os suplementos foram fornecidos diariamente após as 13h00 em um (01)
kg/animal/dia. O fornecimento de água e sal mineral foi à vontade.
A distribuição dos animais nos tratamentos seguiu o modelo do
delineamento em blocos casualizados.
AVALIAÇÃO DE CARCAÇA DOS ANIMAIS DOS SISTEMAS SUPERPRECOCE E
PRECOCE
As pesagens e medidas de ultra-sonografias nos animais de ambos os
sistemas de produção (precoce e superprecoce), foram realizadas nos animais em
jejum (12 horas), segundo metodologia descrita por Herring et al. (1994). Para
realização da técnica de ultra-sonografia, efetuou-se a limpeza do local, entre a 12
a
e 13
a
costelas do lado esquerdo do animal, e colocou-se óleo vegetal no dorso, para
perfeito acoplamento do transdutor, o qual foi disposto de maneira perpendicular ao
comprimento do contrafilé (músculo Longissimus dorsi), entre a 12
a
e 13
a
costelas,
onde se capturou a imagem ultrasonográfica. Durante a leitura da imagem,
circundou-se a área de olho de lombo que aparece no monitor do aparelho, obtendo-
se instantaneamente sua medida da espessura de gordura subcutânea (EGS) e
marmoreio, no terço proximal da imagem do músculo.
O equipamento de ultra-sonografia utilizado foi o PIEMEDICAL Scanner
200 VET, com transdutor de 3,5 MHz de 18 cm e uma guia acústica.
ABATE DOS ANIMAIS DOS SISTEMAS SUPERPRECOCE E PRECOCE
Os referidos animais foram abatidos no Frigorífico Campo Oeste, situado
em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde foi aplicado um novo brinco do tipo
auricular com uma nova numeração única e individual, fixado na pele da pata
43
posterior esquerda. Este brinco tinha por objetivo identificar cada animal e preservar
as informações e características particulares do sistema de produção, sexo, etc.
AVALIAÇÕES DOS COUROS DOS ANIMAIS DOS SISTEMAS SUPERPRECOCE
E PRECOCE
Após o abate, o couro em questão foi conduzido até o Curtume Couro
Azul, que presta serviços à BMZ Couros LTDA. Todos os couros foram separados
em ordem numérica e pesados. Para a obtenção do peso do couro ao abate (PCo1),
realizou-se o descarne, e após esta etapa, cada couro obteve o número de
identificação com a utilização de martelo marcador.
Em seguida estes couros seguiram para as etapas de divisão,
enxugamento, rebaixamento, estiramento, vácuo, lixamento, amaciamento,
prensagem e medição, e por processos químicos que utilizam a água como veículo
na difusão dos produtos químicos, como, remolho, caleiro, desencalagem, purga,
desengraxe, piquelagem, curtimento, neutralização (THORSTENSEN, 1976) até a
obtenção do Wet-blue. Após estas etapas, foram embalados em plástico, evitando a
perda da umidade. Este processo é adotado para impedir que o couro adquira
rigidez e se torne inutilizável.
Após esta etapa, os couros agora denominados Wet-blue, seguiram para
a BMZ Couros LTDA, unidade de Franca, SP, onde receberam tratamento de
recurtimento, tingimento, engraxe e acabamento, para serem classificados e
destinados as indústrias de estofamentos de veículos automotores e/ou indústrias de
calçados.
Para a obtenção dos corpos-de-prova, foi retirada uma amostra da região
dorso lombar de cada couro, com dimensões de aproximadamente 25cm x 25cm.
Todas as amostras foram devidamente numeradas para preservar a identidade
individual de cada animal. Foram utilizadas navalhas com dimensões determinadas
pelas normas ISO 3376 (2002), ISO 3377 (2002), respectivamente, e com um
balancim (prensa hidráulica) obteve-se os corpos-de-prova, sendo estes compostos
por tração (três cortes transversais e três longitudinais), rasgamento (três cortes
transversais e três longitudinais) e rasgamento-contínuo (três cortes transversais e
três longitudinais).
44
Os corpos de prova foram armazenados em uma estufa do tipo B.O.D.,
com temperatura de 21°C + 2 e umidade de 50°C + por 48 horas, para os ensaios de
rasgamento, rasgamento-contínuo e tração. Os ensaios físico-mecânicos foram
realizados na Embrapa Gado de Corte, situada em Campo Grande, Mato Grosso do
Sul. Para determinar a carga, foi utilizado um equipamento universal de ensaio
(dinamômetro) marca Maqtest, com célula de carga de 200 kgf, calibrada com
padrões rastreáveis. Os resultados foram interpretados, estatisticamente, utilizando-
se o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UFV, 1997), e a
significância observada entre tratamentos por meio do teste Tukey em 5% de
probabilidade.
Para as análises extrínsecas, a BMZ Couros Ltda, unidade de Campo
Grande, MATO GROSSO DO SUL, avaliou os couros segundo suas características
durante o estágio de Wet-blue da seguinte forma: “B”, para couros de boa qualidade,
“M”, para couros com uma média qualidade e “Z” para couros de baixa qualidade e
refugos.
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE INTRÍNSECA - ENSAIOS FÍSICO-MECÂNICOS.
Do couro acabado foram retiradas amostras na região dorsal indicada na
Figura 1 (ISO 2418, 2002) para serem submetidas ao ensaio de resistência à tração,
resistência ao rasgamento e resistência ao rasgamento-contínuo.
Figura 1: Região do couro utilizada para os ensaios de
resistência à tração, resistência ao rasgamento e
resistência ao rasgamento-contínuo, conforme ISO 2418
(2002).
45
Os corpos-de-prova, para os ensaios de tração, rasgamento e
rasgamento-contínuo foram retirados no balancim (prensa hidráulica), através de
navalhas com dimensões determinadas pelas normas ISO 3376 (2002), ISO 3377
(2002), respectivamente.
Figura 2: Corpos-de-prova dos ensaios de tração (1),
rasgamento (2), e as respectivas facas, com dimensões
determinadas pelas normas correspondentes.
Nos ensaios de tração (ISO 3376, 2002), rasgamento (ISO 3377-2, 2002)
e rasgamento-contínuo (ISO 3377-1, 2002), foram utilizados corpos-de-prova,
retirados dos couros nas regiões estudadas, na direção longitudinal e transversal ao
eixo céfalo-caudal.
Os corpos-de-prova foram climatizados durante 48 horas sob temperatura
de 21
2ºC e umidade relativa de 50 5%, segundo norma ISO 2419 (2006) em
uma estufa do tipo B.O.D. (Figura 3).
As medidas de espessura dos couros foram feitas com um espessímetro
da marca Mitutoyo, modelo Deg 516 (Figura 4), com metodologia estabelecidos pela
norma ISO 2589 (2002) e destinou-se aos cálculos de resistência à tração,
rasgamento e rasgamento contínuo.
46
Figura 3. Corpos-de-prova em repouso por 48
horas em estufa do tipo BOD, com
temperatura e umidade controladas.
Figura 4: Espessímetro Mitutoyo utilizado
para determinar a medida da espessura do
couro, composto de relógio comparador (1),
haste de movimentação da massa de
pressão (2), massa de pressão (3) e base
de apoio do couro (4).
A medida da carga foi feita por um equipamento universal de ensaio
(dinamômetro) marca Maqtest (Figura 5 e 6), com célula de carga de 200 kgf,
47
calibrada por um laboratório pertencente à Rede Brasileira de Calibração, segundo
as normas MB3013 (ABNT, 1989c) e MB3015 (ABNT, 1989a).
Figura 5: Equipamento de ensaio universal
(dinamômetro) composto de célula de carga (1),
dispositivo do ensaio de tração e/ou rasgamento
contínuo (2), indicador digital (3) e seletor de
velocidade de afastamento da barra (4).
Figura 6: Corpos-de-prova sendo avaliados no ensaio de tração.
48
Na Figura 6, a seta 1 da figura A indica o corpo-de-prova em repouso. A
seta 2 indica a célula de carga do dinamômetro. A seta da figura B indica o corpo-
de-prova no momento em que a força de tração é aplicada, momentos antes do
rompimento. A seta da figura C indica o corpo-de-prova rompido após a aplicação da
força de tração.
ENSAIOS FÍSICO-MECÂNICOS DE CONTROLE DE QUALIDADE.
Os ensaios físico-mecânicos são os meios para a verificação e a garantia
da qualidade de peles e couros e devem fazer parte de um programa global da
empresa para a implantação e manutenção do sistema da qualidade (MARANHÃO,
1993).
Os ensaios físico-mecânicos são executados sob padrões estabelecidos
por normas técnicas (BOCCONE, 1978; BASF, 1984; GRATACÓS, 1989), e
empregados na avaliação de couros frente à carga e resistência à tração, carga e
resistência ao rasgamento, resistência da flor à distensão pela esfera, concentração
de óxido crômico, pH e cifra diferencial, extraíveis por diclorometano (ABNT, 1989a,
1989b), e normas complementares (ABNT, 1988a, 1988b, 1990).
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O delineamento experimental foi em blocos casualizados num sistema de
parcelas subdivididas tendo como parcelas o sexo (machos não-castrados,
castrados e fêmeas) e dois sistemas (confinamento e pasto contínuo), subparcelas
de 3 posições do couro e nas subparcelas 2 direções (transversal e longitudinal),
totalizando 18 corpos-de-prova de cada couro estudado.
ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Foram usados 45 couros de novilhos cruzados da raça Nelore e Beefalo,
analisados em delineamento em blocos casualizados. Realizou-se análise de
variância com o objetivo de verificar o efeito da direção de obtenção do corpo-de-
prova sobre a espessura de tração, de rasgamento e rasgamento contínuo, força de
tração, rasgamento e rasgamento contínuo, alongamento e resistência à tração,
49
rasgamento e ao rasgamento-contínuo. As médias dos ensaios físico-mecânicos nas
direções longitudinal e transversal foram comparados pelo teste Tukey, utilizando-se
o Sistema de Análises Estatísticas e genéticas - SAEG (1997). Foram considerados
três corpos-de-prova em cada direção.
As médias dos resultados dos ensaios físicos foram comparadas pelo
teste de Tukey, utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas e genéticas - SAEG
(1997).
50
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto à classificação adotada pela empresa BMZ em relação ao couro
dos animais do presente estudo, na Tabela 3 estão apresentados os resultados da
classificação visual dos couros dos animais experimentais, avaliados após o abate.
Observa-se que 32 couros apresentaram classificação “B” (bom) e 13 couros com a
classificação “M” (médio). Não houve animais com classificação “Z” (refugo). Tal fato
indica que ambos os sistemas de criação não apresentaram riscos à qualidade do
couro dos animais.
Tabela 3 – Classificação quanto à qualidade visual/estética (injúrias) dos couros
Classificação Número de couros %
B (Bom) 32 66,6
M (Médio) 13 33,3
R (Ruim) 0 0
Total 45 100
Os defeitos apontados nos couros dos animais precoces e superprecoces
foram veiamento, raia (penetração profunda da faca no lado interno da pele, sem
perfurá-la), estria, marca de fogo, risco cicatrizado e poucas marcas causadas por
carrapato. Os três primeiros defeitos são oriundos do frigorífico e os três últimos, da
criação no campo. Estes defeitos citados foram evidenciados no couro “flor integral”,
através do acabamento transparente. Tal fato indica que muitas dessas causas de
redução de aproveitamento total dos couros são devido aos defeitos causados no
frigorífico, isto é, após o abate do animal ou mesmo no transporte da fazenda para a
indústria frigorífica.
51
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE NOVILHOS SUPERPRECOCES
Na Tabela 4 encontram-se os valores médios em função dos sistemas de
terminação, por sexo dos animais referentes ao peso corporal ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do couro ao abate (PCo1), peso do
couro padronizado pré-descarnado (PCo2), área do couro processado até a etapa
de Wet-blue e perdas com o processo mecânico pré-descarne.
Tabela 4 - Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de fêmeas, machos castrados e machos não-
castrados terminados em sistema de confinamento (superprecoces) em
função da fonte de amido no concentrado
Fonte de amido no concentrado
Variáveis
Milho Sorgo
CV (%) P
Fêmeas
PA (kg) 496,00 a 442,33 b 3,50 0,01883
EGS (mm) 13,21 a 7,79 b 28,68 0,02223
PCo1 (kg) 46,00 a 37,50 b 8,41 0,08043
PCo2 (kg) 28,66 a 27,30 a 12,02 NS
Área (m²) 4,50 a 4,05 a 6,85 0,19363
Perdas (kg) 17,33 a 10,20 b 10,83 0,01556
Machos castrados
PA (kg) 501,60 a 445,60 b 7,55 0,03835
EGS (mm) 6,55 a 5,39 a 24,72 0,24615
PCo1 (kg) 43,60 a 37,60 b 10,54 0,05739
PCo2 (kg) 33,32 a 29,24 b 9,76 0,06766
Área (m²) 4,74 a 4,30 b 6,65 0,05226
Perdas (kg) 10,28 a 8,36 a 27,78 0,27460
Machos não-castrados
PA (kg) 505,80 a 462,67 a 12,97 NS
EGS (mm) 5,79 a 5,21 a 28,78 NS
PCo1 (kg) 51,20 a 46,40 a 16,96 NS
PCo2 (kg) 39,40 a 37,52 a 19,52 NS
Área (m²) 4,80 a 4,76 a 8,43 NS
Perdas (kg) 11,80 a 8,88 a 25,47 0,11768
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10);
PA = peso ao abate (kg); EGS = espessura de gordura subcutânea (mm); PCo1 = peso do couro ao
abate (kg); PCo2 = peso do couro pré-descarnado/padronizado (kg); Área = área do couro
processado até a etapa de
Wet-blue (m²); e perdas com o pré-descarne (Perdas).
Observam-se nas fêmeas terminadas em confinamento que houve efeito
da fonte de amido no concentrado para peso ao abate (PA), no peso do couro ao
abate (PCo1) e perdas com o pré-descarne, sendo as médias iguais a 496,00 kg,
46,00 kg e 17,33 kg, respectivamente, para o tratamento com milho, e 442,33 kg,
37,50 kg e 10,20 kg, respectivamente, para o tratamento com sorgo. Também foram
52
detectadas diferenças significativas para a EGS entre os tratamentos com milho e
sorgo como fontes de amido no concentrado, sendo as médias iguais a 13,21 e 7,79
mm, respectivamente. Esses valores são considerados elevados, pois a indústria
frigorífica preconiza valores de EGS entre 3 e 6 mm, para redução de perdas na
padronização das carcaças. Também se verifica que quanto maior a EGS, maior
será a perda na padronização do couro, sugerindo que animais mais gordos, isto é,
com maior deposição de gordura subcutânea (EGS), causariam maiores perdas para
os curtumes, podendo causar problemas com os resíduos da padronização.
Não houve efeito da fonte de amido para peso do couro padronizado
(PCo2) e área do couro em estagio Wet-blue das fêmeas terminadas em
confinamento, sendo as médias iguais a 28,66 kg e 4,50 m², respectivamente, para o
tratamento com milho, e 27,30 kg e 4,05 m², respectivamente, para o tratamento
com sorgo. de se destacar que o peso do couro padronizado e a área do couro
estão positivamente correlacionados com o peso ao abate, porém os maiores
valores de correlação para o PCo2 são com as variáveis PCo1 e área.
Para os machos castrados superprecoces, houve efeito significativo da
fonte de amido no concentrado (milho ou sorgo) para peso ao abate, peso do couro
ao abate, peso do couro pré-descarnado e em área do couro em estágio de
Wet-
blue
, sendo 501,60 kg, 43,60 kg, 33,32 kg e 4,74 m², respectivamente, para os
animais que receberam milho no concentrado, e 445,60 kg, 37,60 kg, 29,24 kg e
4,30 m², respectivamente, para os animais do tratamento com sorgo. Não foi
detectado efeito significativo para espessura de gordura subcutânea (EGS) e para
as Perdas na padronização do couro, sendo as médias iguais 6,55 mm e 10,28 kg,
respectivamente, para o tratamento com milho e 5,39 mm e 8,36 kg para o
tratamento com sorgo. Tal fato sugere que independentemente da fonte de amido no
concentrado, os animais castrados foram capazes de depositar a mesma quantidade
de gordura subcutânea, no sistema de terminação em confinamento, para produção
de novilhos superprecoces, causando o mesmo potencial de perda. Isto pode ser
confirmado pela elevada correlação entre as variáveis EGS e Perdas (Tabela 20),
para esta categoria.
Para os machos não-castrados terminados em confinamento, não
houveram efeitos significativos da fonte de amido no concentrado para as variáveis
estudadas (P>0,10). O peso corporal ao abate e espessura de gordura subcutânea
(EGS), apresentaram resultados de 505,80 e 462,67 kg; 5,79 e 5,21 mm,
53
respectivamente para a fonte de amido milho e sorgo. Para peso do couro ao abate
(PCo1), peso do couro padronizado (PCo2), área do couro em estágio de Wet-blue e
Perdas com a padronização, as médias foram 51,20 kg, 39,40 kg, 4,80 e 11,80
kg, respectivamente, para o tratamento com milho e 46,40, 37,52 kg, 4,76 e 8,88
kg, respectivamente, para o tratamento com sorgo. de se destacar que houve
uma tendência de superioridade (P=0,11768) para Perdas com a padronização do
couro dos animais tratados com milho. Tal fato sugere que apesar da inexistência de
diferenças significativas para PA, EGS e PCo1, essas médias foram numericamente
superiores e são estas variáveis que apresentam maiores correlações com as
Perdas (Tabela 20).
Evidenciando a capacidade de desenvolvimento muscular superior dos
animais não-castrados em relação aos castrados, como sugerido por Luchiari Filho,
(2000) sobre o fato dos resultados de pesquisa mostrar que animais não-castrados
crescem mais rápido, ao redor de 17%, produzindo carcaças com maior proporção
de carne comercializável e com menor teor de gordura.
Todavia, Gomes et al. (2004) estudando efeito da castração em bovinos
cruzados Beefalo-Nelore terminados em confinamento e em pastagens,
apresentaram médias de peso ao abate, aos 18 meses, para animais castrados aos
oito meses e não-castrados iguais a 475,67 e 510,67 kg, respectivamente. Esses
valores de peso de abate são similares aos apresentados na Tabela 5 para ambas
as classes sexuais (castrados e não-castrados). Vale ressaltar que os animais
superprecoces, terminados em confinamento foram abatidos aos 15 meses,
justificando os valores inferiores de PA comparados aos resultados apontados por
Gomes et al. (2004).
Contudo, os animais de Gomes et al. (2004) apresentaram valores de
EGS iguais a 4,56 e 1,27 mm, respectivamente para castrados e não-castrados
inferiores aos apresentados na Tabela 4. Tal fato sugere que o sistema de
terminação em confinamento, para produção de animais superprecoces, favorece a
deposição de gordura subcutânea devido ao intenso crescimento e ganho de peso
apresentado pelos animais, podendo interferir diretamente na produção e qualidade
do couro.
Na Tabela 5 encontram-se os valores médios em função dos sistemas de
terminação, por sexo dos animais referentes ao peso corporal ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do couro inicial ao abate (PCo1),
54
peso do couro padronizado pré-descarnado (PCo2), área do couro processado até a
etapa de Wet-blue e Perdas com o processo mecânico pré-descarne.
Ao se comparar os sexos, no sistema de terminação em confinamento,
recebendo milho como fonte de amido no concentrado, não houve efeito significativo
para o peso ao abate (PA), ao peso do couro ao abate (PCo1), ao peso do couro
padronizado (PCo2) e em área do couro em estágio Wet-blue. Entretanto houve
diferença significativa para as variáveis espessura de gordura subcutânea (EGS) e
perdas na padronização, sendo as médias para fêmeas superiores (13,21 mm e
17,33 kg) às dos machos castrados (6,55 mm e 10,28 kg) e não-castrados (5,79 mm
e 11,80 kg).
Tabela 5 - Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de bovinos terminados em sistema de
confinamento (superprecoces) em função do sexo
Sexo
Variáveis
Fêmeas Macho
castrado
Macho não-
castrado
CV (%) P
Milho como fonte de amido no concentrado
PA (kg) 496,00 a 501,60 a 505,80 a 10,85 NS
EGS (mm) 13,21 a 6,55 b 5,79 b 24,11 0,00070
PCo1 (kg) 46,00 a 43,60 a 51,20 a 15,66 0,29824
PCo2 (kg) 28,66 a 33,32 a 39,40 a 18,77 0,11419
Área (m²) 4,50 a 4,47 a 4,81 a 8,56 NS
Perdas (kg) 17,33 a 10,28 b 11,80 b 18,56 0,00573
Sorgo como fonte de amido no concentrado
PA (kg) 442,33 a 445,60 a 462,67 a 8,64 0,27387
EGS (mm) 7,79 a 5,39 a 5,21 a 33,24 0,14301
PCo1 (kg) 37,50 b 37,60 b 46,40 a 11,10 0,02857
PCo2 (kg) 27,30 b 29,24 b 37,52 a 12,12 0,01179
Área (m²) 4,05 b 4,30 b 4,76 a 6,10 0,02040
Perdas (kg) 10,20 a 8,36 a 8,88 a 29,71 NS
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10);
PA = peso ao abate (kg); EGS = espessura de gordura subcutânea (mm); PCo1 = peso do couro ao
abate (kg); PCo2 = peso do couro pré-descarnado/padronizado (kg); Área = área do couro
processado até a etapa de
Wet-blue (m²); e perdas com o pré-descarne (Perdas).
Observa-se para o tratamento com sorgo como fonte de amido, que houve
diferença estatística na variável peso do couro ao abate (PCo1), peso do couro
padronizado (PCo2) e na área do couro em estádio Wet-blue, sendo as médias para
fêmeas, machos castrados e machos não-castrados iguais a 37,50 kg, 37,60 kg,
46,40 kg, 27,30kg, 29,24 kg, 37,52 kg, 4,05 m², 4,30 m² e 4,76m² respectivamente.
Pacheco et al. (2005) encontraram valores médios de espessura de gordura
subcutânea de 5,39 e 6,55 mm, respectivamente para sorgo e milho, semelhantes
55
aos apresentados na Tabela 5. Valores quase ao extremo ao aceitável pelas redes
frigoríficas, sendo ótimo, pois não passando por “toaletes”, para retirada do excesso
acima de seis (6) mm. Gomes et al. (2004) avaliando características de carcaça de
animais com diferentes idades de castração, recebendo milho como fonte de amido
no concentrado, observaram valores médios inferiores, devido ao período de
confinamento. Não foram verificadas diferenças estatísticas nas variáveis dos
animais não-castrados onde são apresentados valores médios de peso de abate
462,67 e 505,80 kg respectivamente para sorgo e milho, sendo inferiores ao
apresentado por Gomes et al. (2004), que verificaram valores médios de 510,67 kg
para peso de abate dos animais não-castrados.
A espessura de gordura subcutânea (EGS) dos animais não-castrados
teve a média de 5,21 e 5,79 mm, respectivamente para sorgo e milho. Valores
expressivos, pois estão acima do mínimo exigido pelas redes frigoríficas (3 mm),
mesmo os animais sendo não-castrados. Gomes et al. (2004) encontraram valores
de 1,27 mm, inferiores aos apresentados neste trabalho, provavelmente devido a
diferença a menor quantidade de concentrado consumida pelos animais, além do
maior tempo de confinamento, pelos superprecoces.
Na Tabela 6 encontram-se os valores médios do couro semi-acabado de
fêmeas terminadas em confinamento, com 15 meses de idade (superprecoces)
recebendo concentrado com diferentes fontes de amido (milho e sorgo), referentes
da espessura dos corpos-de-prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força
longitudinal (FL) e transversal (FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT)
para os parâmetros tração, rasgamento e rasgamento-contínuo.
Para os ensaios de tração, não houve efeito significativo da fonte de
amido no concentrado. Pode-se observar que os maiores valores de resistência
foram para as fêmeas que receberam milho como fonte de amido para as variáveis
força longitudinal e transversal, com 152,21 e 174,65 N, e para resistência
longitudinal e transversal, sendo 11,10 e 12,44 N/mm². Há de se destacar que esses
animais apresentaram as maiores (P>0,10) médias de EGS (Tabela 5), podendo ser
um indicativo para os maiores valores de resistência. Esses valores de força
longitudinal e transversal são inferiores quando comparados aos valores obtidos por
Villarroel et al. (2004b), com caprinos (223,5 N).
Houve efeito significativo da fonte de amido no concentrado para os
ensaios de rasgamento nas variáveis espessura longitudinal (EL) e transversal (ET),
56
apresentando as maiores médias para as fêmeas que receberam sorgo como fonte
de amido, sendo as médias iguais a 1,43 e 1,45 mm, enquanto que as médias dos
animais que receberam milho como fonte de amido, as médias foram 1,37 e 1,38
mm. Por serem mais espessos, poderá influenciar nos resultados quanto a força
aplicada sobre os corpos de prova. Em pesquisas com caprinos, Villarroel et al.
(2004b) obtiveram corpos-de-prova com espessura de 0,95 mm, valores inferiores
quando comparados com os valores encontrados neste estudo. Vale ressaltar que
os autores avaliaram caprinos.
Tabela 6 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
fêmeas em função da fonte de amido no concentrado, abatidos aos 15
meses de idade
Fonte de amido no concentrado
Variáveis
Milho Sorgo
CV(%)
P
Tração
EL (mm) 1,36 a 1,36 a 2,57 NS
ET (mm) 1,37 a 1,39 a 2,17 NS
FL (N) 152,21 a 142,02 a 9,40 NS
FT (N) 174,65 a 158,37 a 21,15 NS
RL (N/mm²) 11,10 a 10,32 a 8,645 NS
RT (N/mm²) 12,44 a 11,14 a 19,62 NS
Rasgamento
EL (mm) 1,37 b 1,43 a 1,87 0,08875
ET (mm) 1,36 b 1,45 a 2,79 0,09692
FL (N) 55,86 a 60,10 a 13,78 NS
FT (N) 56,40 a 56,84 a 4,881 NS
RL (N/mm) 40,77 a 41,87 a 12,35 NS
RT (N/mm) 41,44 a 39,28 a 4,89 0,30702
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,37 a 1,36 a 3,15 NS
ET (mm) 1,38 a 1,39 a 3,14 NS
FL (N) 33,77 a 27,62 b 6,80 0,05053
FT (N) 35,73 a 29,25 b 8,95 0,09643
RL (N/mm) 27,58 a 20,00 b 7,28 0,05596
RT (N/mm) 25,96 a 21,01 b 8,38 0,07396
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Nos ensaios de rasgamento-contínuo, houve influência da fonte de amido
para as variáveis força longitudinal (FL) e transversal (FT), resistência longitudinal
(RL) e transversal (RT), sendo as médias dos animais que receberam milho como
fonte de amido no concentrado iguais a 33,77 e 35,73 N, 27,58 e 25,96 N/mm
respectivamente. Esta superioridade pode refletir em maior resistência do couro
57
desses animais, indicando que a dieta poderá interferir na qualidade do couro,
mesmo em animais superprecoces.
Na Tabela 7 encontram-se os valores médios referentes de bovinos
machos castrados terminados em confinamento, com 15 meses de idade
(superprecoces) com dieta a base de milho e de sorgo, da espessura dos corpos-de-
prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal (FT),
resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração,
rasgamento e rasgamento-contínuo do couro semi-acabado. Houve influência da
fonte de amido no concentrado para os ensaios de tração, rasgamento e
rasgamento contínuo do couro de machos castrados superprecoces.
Tabela 7 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
machos castrados em função da fonte de amido no concentrado
Fonte de amido no concentrado
Variáveis
Milho Sorgo
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,40 a 1,35 a 6,76 NS
ET (mm) 1,44 a 1,35 b 3,84 0,03141
FL (N) 135,78 a 153,56 a 17,46 0,29810
FT (N) 138,85 a 153,36 a 18,38 NS
RL (N/mm²) 9,74 a 11,38 a 19,11 0,23550
RT (N/mm²) 9,55 a 11,30 a 20,48 0,23446
Rasgamento
EL (mm) 1,46 a 1,40 a 4,76 0,16034
ET (mm) 1,47 a 1,35 b 4,39 0,01659
FL (N) 61,34 a 61,02 a 15,581 NS
FT (N) 54,10 a 57,10 a 15,85 NS
RL (N/mm) 42,10 a 43,57 a 15,07 NS
RT (N/mm) 36,82 a 42,38 a 16,04 0,20686
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,46 a 1,38 a 5,66 0,15510
ET (mm) 1,46 a 1,40 a 5,06 0,21645
FL (N) 32,75 a 34,90 a 13,60 NS
FT (N) 30,00 a 33,34 a 9,60 0,12086
RL (N/mm) 22,43 a 25,51 a 15,41 0,22442
RT (N/mm) 20,50 b 23,84 a 12,48 0,09310
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Para as análises de tração (Tabela 7), no sistema de terminação a base
de milho, a espessura transversal (ET) apresentou média igual a 1,44 mm, superior
(P<0,10) a espessura dos animais que receberam sorgo como fonte de amido, com
58
média igual a de 1,35mm. Para as análises de força longitudinal (FL) e transversal
(FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) as médias para o tratamento
com sorgo foram numericamente maiores. Villarroel et al. (2004b), em estudos com
caprinos de 260 dias, obtiveram resultados inferiores quanto a espessura dos
corpos-de-prova, sendo 0,95 mm. Indicando, novamente, que o couro de bovinos
teria um melhor aproveitamento pela indústria de transformação.
Para as análises de rasgamento, houve influência da fonte de amido no
concentrado de machos castrados superprecoces para espessura transversal (ET),
sendo a média igual a 1,47mm e 1,35 mm para o tratamento com sorgo como fonte
de amido no concentrado. Nas análises de rasgamento-contínuo, houve influência
da fonte de amido para as médias de resistência transversal, sendo os maiores
valores para os animais com dieta a base de sorgo com 23,84 N/mm contra 20,50
N/mm dos animais terminados em confinamento recebem milho como fonte de
amido no concentrado (Tabela 7).
Na Tabela 8 encontram-se os valores médios do couro semi-acabado de
bovinos machos não-castrados terminados em confinamento, com 15 meses de
idade (superprecoces) recebendo diferentes fontes de amido no concentrado (milho
e sorgo), referentes da espessura dos corpos-de-prova longitudinal (EL) e
transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal (FT), resistência longitudinal
(RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração, rasgamento e rasgamento-
contínuo.
Não houve influência da fonte de amido no concentrado para todas as
variáveis estudadas. Observa-se que para os ensaios de rasgamento e rasgamento
contínuo, os maiores valores numéricos encontram-se nos animais terminados com
milho como fonte de amido no concentrado (Tabela 8) para as variáveis força
longitudinal e transversal, sendo 56,00, 55,73, 31,51 e 31,38 N/mm respectivamente,
contra 47,30, 47,95, 28,30 e 28,96 N/mm dos animais que receberam sorgo,
respectivamente. Jacinto et al. (2004), ao analisarem corpo-de-prova de couro de
ovinos, observaram 67 N/mm, valores superiores aos obtidos neste estudo. Todavia
os autores avaliaram o couro de ovinos da Raça Santa Inês.
59
Tabela 8 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
machos não-castrados em função da fonte de amido no concentrado
Fonte de amido no concentrado
Variáveis
Milho Sorgo
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,48 a 1,44 a 4,42 0,33470
ET (mm) 1,48 a 1,44 a 4,32 0,33206
FL (N) 144,21 a 150,62 a 14,52 NS
FT (N) 145,26 a 136,30 a 12,06 NS
RL (N/mm²) 9,62 a 10,30 a 15,44 NS
RT (N/mm²) 9,68 a 9,36 a 10,23 NS
Rasgamento
EL (mm) 1,46 a 1,48 a 3,61 NS
ET (mm) 1,45 a 1,43 a 5,20 NS
FL (N) 56,00 a 47,30 a 16,22 0,13965
FT (N) 55,73 a 47,95 a 13,22 0,11073
RL (N/mm) 38,47 a 31,95 a 17,45 0,13197
RT (N/mm) 38,70 a 33,40 a 16,70 0,20074
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,45 a 1,45 a 4,32 NS
ET (mm) 1,48 a 1,46 a 4,88 NS
FL (N) 31,51 a 28,30 a 16,55 0,33612
FT (N) 31,38 a 28,96 a 16,61 NS
RL (N/mm) 21,74 a 19,41 a 15,65 0,28746
RT (N/mm) 21,25 a 19,77 a 16,60 NS
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Na Tabela 9 encontram-se os valores médios do couro semi-acabado de
bovinos fêmeas, machos castrados e machos não-castrados terminados em
confinamento, com 15 meses de idade (superprecoces) milho como fonte de amido
no concentrado, referentes da espessura dos corpos-de-prova longitudinal (EL) e
transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal (FT), resistência longitudinal
(RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração, rasgamento e rasgamento-
contínuo do couro semi-acabado.
Houve influência do sexo dos animais para as análises de tração nas
médias de espessura transversal, sendo o macho não-castrado com a média mais
alta, de 1,48mm, seguido pelo macho castrado com 1,44 mm de espessura e
finalizando a fêmea com a média mais baixa, de 1,38 mm.
Para as análises de rasgamento, houve influência do sexo para as médias
de espessura longitudinal (EL), sendo 1,46mm para machos não-castrados e
machos castrados e 1,37mm para as fêmeas. Também para o rasgamento-contínuo,
60
houve influência significativa do sexo nas médias de espessura transversal (ET) e
resistência transversal (RT), sendo 1,48mm para machos não-castrados, 1,46mm
para machos castrados e 1,38 para fêmeas.
Para a resistência transversal (RT), as fêmeas apresentaram as médias
superiores, sendo 25,96 N/mm, seguido de macho não-castrado com 21,25 N/mm, e
finalizando com macho castrado, apresentando a menor média de 20,50 N/mm.
Villarroel et al. (2004b), em estudos com caprinos de 260 dias de idade, observaram
valores superiores a 57,75 N/mm para o rasgamento. Esse valores são superiores
em relação aos obtidos neste estudo (Tabela 9).
Tabela 9 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
fêmeas, machos castrados e machos não-castrados tendo milho como
fonte de amido no concentrado
Estado sexual
Variáveis
Fêmeas Macho
castrado
Macho não-
castrado
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,36 1,39 a 1,48 a 5,90 0,13373
ET (mm) 1,38 b 1,44 a 1,48 a 3,48 0,05919
FL (N) 152,21 a 135,78 a 144,21 a 17,77 NS
FT (N) 174,65 a 138,85 a 145,26 a 19,14 0,25764
RL (N/mm²) 11,10 a 9,74 a 9,62 a 18,38 NS
RT (N/mm²) 12,45 a 9,56 a 9,68 a 19,20 0,14255
Rasgamento
EL (mm) 1,37 b 1,46 a 1,46 a 3,44 0,05442
ET (mm) 1,36 a 1,47 a 1,45 a 5,49 0,20647
FL (N) 55,86 a 61,35 a 56,00 a 15,68 NS
FT (N) 56,40 a 54,10 a 55,73 a 15,43 NS
RL (N/mm) 40,77 a 42,11 a 38,47 a 17,79 NS
RT (N/mm) 41,44 a 36,82 a 38,70 a 17,53 NS
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,37 a 1,46 a 1,45 a 4,80 0,24432
ET (mm) 1,38 a 1,46 a 1,48 a 4,51 0,11928
FL (N) 33,77 a 32,75 a 31,51 a 15,10 NS
FT (N) 35,73 a 30,00 a 31,38 a 13,37 0,22353
RL (N/mm) 24,58 a 22,43 a 21,74 a 14,29 NS
RT (N/mm) 25,96 a 20,50 b 21,25 b 14,26 0,09086
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Na Tabela 10 encontram-se os valores médios do couro semi-acabado de
bovinos fêmeas, machos castrados e machos não-castrados, terminados em
confinamento, com 15 meses de idade (superprecoces) recebendo sorgo como fonte
61
de amido no concentrado, referentes da espessura dos corpos-de-prova longitudinal
(EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal (FT), resistência
longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração, rasgamento e
rasgamento-contínuo.
Houve diferença significativa quanto ao sexo para os ensaios físico-
mecânicos de rasgamento, nas variáveis espessura transversal (ET), força
longitudinal (FL) e transversal (FT), e resistência longitudinal (RL) e transversal (RT),
sendo 1,35 mm, 61,02 e 57,10 N, e 43,58 e 42,34 N/mm respectivamente para
machos castrados. As médias para as fêmeas foram 1,45 mm, 60,10 e 56,84 N e
41,87 e 39,22 N/mm respectivamente.
Tabela 10 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
fêmeas, machos castrados e machos não-castrados em função da
fonte de amido no concentrado
Estado sexual
Variáveis
Fêmeas macho
castrado
macho não-
castrado
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,36 a 1,35 a 1,44 a 4,53 0,11210
ET (mm) 1,39 a 1,35 a 1,43 a 4,29 0,16067
FL (N) 142,02 a 153,56 a 150,62 a 11,98 NS
FT (N) 158,36 a 153,36 a 136,30 a 13,73 0,32760
RL (N/mm²) 10,32 a 11,38 a 10,30 a 13,95 NS
RT (N/mm²) 11,14 a 11,29 a 9,36 a 14,81 0,16872
Rasgamento
EL (mm) 1,43 a 1,39 a 1,48 a 4,46 0,19176
ET (mm) 1,45 a 1,35 b 1,43 a 3,19 0,02631
FL (N) 60,10 a 61,02 a 47,30 a 15,40 0,06843
FT (N) 56,84 a 57,10 a 47,95 b 10,70 0,06732
RL (N/mm) 41,87 a 43,58 a 31,95 b 12,17 0,00888
RT (N/mm) 39,22 a 42,34 a 33,39 b 11,27 0,02737
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,38 a 1,38 a 1,45 a 4,81 0,22628
ET (mm) 1,39 a 1,40 a 1,46 a 5,02 0,35527
FL (N) 27,62b 34,91 a 28,30 a 12,65 0,04596
FT (N) 29,25 a 33,34 a 28,96 a 11,82 0,18730
RL (N/mm) 20,00 a 25,51 a 19,41 b 14,77 0,03729
RT (N/mm) 21,01 a 23,84 a 19,78 a 12,60 0,11042
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
As menores médias de força longitudinal (FL) e transversal (FT) e
resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) nos ensaios de rasgamento são dos
62
machos não-castrados, sendo 28,30 e 28,96 N, e 19,41 e 19,78 N/mm
respectivamente.
Nas análises dos ensaios físicos-mecânicos, houve influência do sexo
para as variáveis força e resistência longitudinal nos ensaios de rasgamento
contínuo, sendo para as fêmeas 27,62 N e 20,00 N/mm, respectivamente, seguido
de machos não-castrados, sendo 28,30 N e 19,41 N/mm, e apresentando as
maiores médias os machos castrados, com 34,91 N para força longitudinal e 25,51
N/mm para resistência longitudinal.
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE NOVILHOS PRECOCES
Na Tabela 11 encontram-se os valores médios em função do suplemento
(Águas e Seca) para bovinos (machos castrados e fêmeas) terminados em
pastagens.
Tabela 11 -Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de bovinos terminados em sistema de pastagem
(precoces), em função do tipo de suplemento
Suplemento
Variáveis
Águas Seca
CV (%) P
Fêmea
PA (kg) 446,83 a 443,50 a 9,46 NS
EGS (mm) 4,36 a 4,00 a 36,85 NS
PCo1 (kg) 33,60 a 34,33 a 14,89 NS
PCo2 (kg) 27,56 a 25,45 a 14,17 NS
Área (m²) 4,11 a 4,14 a 9,05 NS
Perdas (kg) 6,76 a 7,05 a 25,79 NS
Macho Castrado
PA (kg) 459,67 a 455,50 a 8,97 NS
EGS (mm) 3,22 a 2,98 a 26,05 NS
PCo1 (kg) 33,16 a 36,75 a 12,66 0,24080
PCo2 (kg) 28,53 a 31,60 a 12,65 0,24272
Área (m²) 4,20 a 4,49 a 7,71 0,21529
Perdas (kg) 5,63 a 5,15 a 23,72 NS
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10);
PA = peso ao abate (kg); EGS = espessura de gordura subcutânea (mm); PCo1 = peso do couro ao
abate (kg); PCo2 = peso do couro pré-descarnado/padronizado (kg); Área = área do couro
processado até a etapa de
Wet-blue (m²); e Perdas com o pré-descarne (Perdas).
Tal fato sugere que no sistema de terminação em pastagem,
independente do nível de proteína no suplemento (considerando manter 18% de
63
proteína bruta) seria recomendado para o período de chuvas e o nível com 40%
para o período de seca, não interferiu no desempenho dos animais, avaliado pelo
PA e EGS. Conseqüentemente, as características do material, tais como o peso do
couro ao abate (PCo1) e o peso do couro padronizado (PCo2) não apresentariam
diferenças. Observa-se que não houve efeitos significativos quanto ao tipo de
suplemento com proteína bruta (18% e 40%PB), para nenhuma das variáveis
estudadas.
Na Tabela 12 encontram-se os valores médios de peso corporal ao abate
(PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do couro ao abate (PCo1),
peso do couro padronizado pré-descarnado (PCo2), área do couro processado até a
etapa de Wet-blue e perdas com o processo mecânico pré-descarne, em função do
sexo do animal por tipo de suplemento (Águas ou Seca).
Tabela 12 -Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de bovinos terminados em sistema de
pastagem (precoces) recebendo diferentes tipos de suplemento, em
função do sexo
Sexo
Variáveis
Fêmeas Machos
castrados
CV (%) P
Suplemento Águas (18%PB)
PA (kg) 446,83 a 459,67 a 8,51 NS
EGS (mm) 4,36 a 3,22 a 33,62 0,15230
PCo1 (kg) 33,60 a 33,16 a 14,09 NS
PCo2 (kg) 27,56 a 28,53 a 13,36 NS
Área (m²) 4,11 a 4,20 a 8,74 NS
Perdas (kg) 6,76 a 5,63 b 25,24 0,04458
Suplemento Seca (40%PB)
PA (kg) 443,50 a 455,50 a 10,30 NS
EGS (mm) 4,00 a 2,98 a 33,84 0,26985
PCo1 (kg) 34,33 a 36,75 a 13,32 0,24048
PCo2 (kg) 25,45 b 31,60 a 13,41 0,06343
Área (m²) 4,14 a 4,49 a 7,80 0,19449
Perdas (kg) 7,05 a 5,15 b 20,97 0,08044
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10);
PA = peso ao abate (kg); EGS = espessura de gordura subcutânea (mm); PCo1 = peso do couro ao
abate (kg); PCo2 = peso do couro pré-descarnado/padronizado (kg); Área = área do couro
processado até a etapa de
Wet-blue (m²); e Perdas com o pré-descarne (Perdas).
Observa-se que para o suplemento Águas, houve efeito significativo do
sexo para Perdas na padronização do couro. O PA das fêmeas foi numericamente
inferior (P>0,10) ao dos machos, 446,83 vs. 459,67 kg. Tal fato era de se esperar
devido às fêmeas apresentarem crescimento mais lento, que está diretamente
64
relacionado à antecipação da deposição de gordura na carcaça. A EGS das fêmeas
foi 4,36 mm enquanto que para os machos foi 3,22 mm. Para esta variável, a média
apresentada pelos machos é aproximadamente 26% inferior, todavia, há um elevado
coeficiente de variação que não permitiu identificar as diferenças significativas pela
análise estatística. Apesar de os machos apresentarem valor numericamente
inferior, este não comprometeu a avaliação de carcaça, pois o frigorífico preconiza
um mínimo de 3 mm para espessura de gordura para animais destinados ao abate.
Conseqüentemente, as características do couro, tais como Perdas para as fêmeas
foi superior às dos machos castrados, por apresentarem maior quantidade de
gordura subcutânea (EGS), podendo ser um indicador negativo para a avaliação do
couro desses animais (Tabela 12).
Para o suplemento Seca (40% de PB) observam-se efeitos do sexo para a
variável PCo2 e Perdas. Da mesma forma como ocorreu para o suplemento Águas,
o PA das fêmeas foi numericamente inferior ao dos machos castrados. Porém, a
EGS foi numericamente superior. Destaca-se que o suplemento Seca com 40% de
proteína bruta não foi capaz de favorecer a deposição de gordura subcutânea
mínima exigida pelos frigoríficos (3 mm) nos machos. Todavia, não foram detectadas
diferenças estatísticas, novamente, sugere-se que se deva ao elevado coeficiente de
variação dos dados. Mas também, o menor valor numérico de espessura de gordura
provavelmente pode estar relacionado ao excesso de proteína na dieta, uma vez
que esses animais estavam em pastagens com disponibilidade de folhas
razoavelmente boa, por volta de 2.000 kg/hectare. Assim, haveria um gasto de
energia para se excretar a proteína excedente.
Para o peso do couro após a padronização (PCo2) a média para as
fêmeas foi inferior à dos machos. Provavelmente esse aporte de proteína excedente
pode ter influenciado na densidade do couro dos animais. Consequentemente, as
fêmeas apresentaram maiores Perdas com a padronização, com média igual a 7,05
kg. Tal fato indica que um excesso na deposição de gordura subcutânea pode
influenciar negativamente no aproveitamento do couro pela indústria ou curtume.
Na Tabela 13 encontram-se os valores médios da espessura dos corpos-
de-prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal
(FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração,
rasgamento e rasgamento-contínuo do couro semi-acabado de fêmeas terminadas
em pastagem, em função do tipo de suplemento com diferentes níveis de proteína
65
bruta (18% e 40% PB), caracterizados como suplementos indicados para
fornecimento na época de chuvas (Suplemento Águas) e fornecimento na época de
estiagem (Suplemento Seca).
Tabela 13 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
fêmeas terminadas em pastagem, em função do tipo de suplemento
(Águas e Seca) com 18 e 40% de proteína bruta
Suplemento
Variáveis
Águas Seca
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,40 a 1,46 a 3,66 0,23542
ET (mm) 1,44 a 1,39 a 5,99 NS
FL (N) 150,30 a 177,24 a 15,29 0,12874
FT (N) 145,62 a 166,21 a 14,00 0,17681
RL (N/mm²) 10,62 b 12,72 a 13,84 0,07491
RT (N/mm²) 9,96 b 11,70 a 11,31 0,05579
Rasgamento
EL (mm) 1,43 a 1,39 a 5,73 NS
ET (mm) 1,42 a 1,40 a 5,86 NS
FL (N) 54,12 a 57,49 a 5,43 0,12102
FT (N) 55,31 a 62,06 a 20,26 NS
RL (N/mm) 37,80 b 41,37 a 6,45 0,06022
RT (N/mm) 38,75 a 43,87 a 16,71 0,27788
Rasgamento Contínuo
EL (mm) 1,44 a 1,39 a 5,13 0,33385
ET (mm) 1,39 a 1,37 a 5,03 NS
FL (N) 33,61 a 37,91 a 18,25 0,33149
FT (N) 30,78 b 40,28 a 22,52 0,09528
RL (N/mm) 23,34 a 27,04 a 17,23 0,21747
RT (N/mm) 22,23 b 29,30 a 21,98 0,08209
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Houve efeito da porcentagem de proteína bruta na mistura múltipla
fornecida aos animais em pastejo a avaliação da tração, as variáveis resistência
longitudinal (RL) e transversal (RT). Observa-se que os animais do tratamento com
18% de PB apresentaram as menores médias, sendo 10,62 e 9,96 N/mm²
respectivamente, e os animais do tratamento com 40% de PB apresentaram as
médias de 12,72 e 11,70 N/mm², respectivamente. Provavelmente, os animais que
receberam maior aporte de proteína pela suplementação (40%PB) apresentaram
maior resistência do couro. Isto sugere que quanto mais proteína o animal ingerir,
mais proteína será depositada no couro e, conseqüentemente, mais resistente este
ficará.
66
Da mesma forma, houve influência do nível de proteína no suplemento
dos animais terminados em pastagem para os ensaios mecânicos de rasgamento,
sendo 41,37 N/mm para resistência longitudinal (RL) do couro dos animais
provenientes do sistema de terminação em pastagens recebendo suplemento com
40% de PB (Seca), valores mais elevados em relação aos animais terminados
recebendo suplemento com18% de PB (Águas), sendo 54,12 e 55,31 N e 37,80
N/mm, respectivamente.
Para os ensaios mecânicos de rasgamento-contínuo, houve influência
significativa para força transversal e resistência transversal, sendo 40,28N e 29,30
N/mm para animais terminados recebendo suplemento com 40% de PB e 30,78 N e
22,23 N/mm para os animais terminados em pastagem recebendo suplemento com
18% PB (Águas). Pode se observar que todas as variáveis de força e resistência dos
animais terminados recebendo suplemento Seca, com 40% de PB, encontram-se
com as maiores médias.
Na Tabela 14 encontram-se os valores médios da espessura dos corpos-
de-prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal
(FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração,
rasgamento e rasgamento-contínuo do couro semi-acabado de bovinos machos
castrados terminadas em pastagem recebendo suplemento com 18 e 40% de
proteína bruta (PB).
Não houve influência estatística para estes valores apresentados (Tabela
14), podendo ser observado que os animais terminados recebendo suplemento
Águas com 18% de PB apresentaram médias mais altas em força longitudinal e
transversal nas análises de tração, sendo 172,31 e 155,53 N respectivamente,
quando comparados com os animais terminados com proteína 40%, apresentando
146,68 e 138,18 N.
Villarroel et al. (2004) obtiveram em experimentos com ovinos de 236 dias
resultados semelhantes aos encontrados neste estudo para os ensaios de tração,
sendo de 171,62 N.
67
Tabela 14 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado
de machos castrados terminados em pastagem, em função do tipo de
suplemento (Águas e Seca) com 18 e 40% de proteína bruta
Suplemento
Variáveis
Águas Seca
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,42 a 1,37 a 6,84 NS
ET (mm) 1,40 a 1,36 a 5,83 NS
FL (N) 172,31 a 146,68 a 23,74 0,33222
FT (N) 155,53 a 138,18 a 16,69 0,31008
RL (N/mm²) 12,02 a 10,65 a 23,25 NS
RT (N/mm²) 10,94 a 10,12 a 17,25 NS
Rasgamento
EL (mm) 1,42 a 1,35 a 4,87 0,16066
ET (mm) 1,42 a 1,38 a 5,86 NS
FL (N) 56,51 a 54,47 a 12,00 NS
FT (N) 57,33a 51,20 a 17,94 NS
RL (N/mm) 39,71 a 40,23 a 11,85 NS
RT (N/mm) 40,49 a 37,19 a 18,16 NS
Rasgamento Contínuo
EL (mm) 1,40 a 1,39 a 4,63 NS
ET (mm) 1,37 a 1,39 a 6,34 NS
FL (N) 35,41 a 35,21 a 18,93 NS
FT (N) 33,28 a 34,16 a 21,53 NS
RL (N/mm) 25,39 a 25,25 a 19,14 NS
RT (N/mm) 24,15 a 24,29 a 17,44 NS
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Para as demais análises, pode-se observar que os resultados dos ensaios
físicos das comparações dos animais terminados recebendo diferentes tipos de
suplementos, com 18% e 40% de proteína bruta, encontram-se muito próximos.
Na Tabela 15 encontram-se os valores médios da espessura dos corpos-
de-prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal
(FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração,
rasgamento e rasgamento-contínuo do couro semi-acabado de bovinos fêmeas e
machos castrados terminados em pastagem recebendo suplemento com 18% de
proteína bruta, caracterizado para fornecimento na época de chuvas (Suplemento
Águas).
Não houve influência do sexo para todas as variáveis estudadas. Para os
ensaios mecânicos de tração, nas variáveis: espessura longitudinal (EL) e
transversal (ET), as médias para bovinos machos castrados foram de 1,40 e
68
1,39mm, e das fêmeas de 1,38 e 1,42mm, podendo ser observado a proximidade
dos valores.
Tabela 15 Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
bovinos terminados em pastagem recebendo suplemento com 18% de
PB (Águas), em função do sexo do animal
Sexo
Variáveis
Fêmeas Machos castrados
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,40 a 1,42 a 5,73 NS
ET (mm) 1,44 a 1,40 a 5,43 NS
FL (N) 150,30 a 172,31 a 18,55 0,23155
FT (N) 145,62 a 155,53 a 12,36 NS
RL (N/mm²) 10,62 a 12,02 a 16,51 0,22429
RT (N/mm²) 9,96 a 10,94 a 11,90 0,20410
Rasgamento
EL (mm) 1,43 a 1,42 a 5,53 NS
ET (mm) 1,42 a 1,42 a 5,75 NS
FL (N) 54,12 a 56,51 a 8,12 NS
FT (N) 55,31 a 57,33 a 10,64 NS
RL (N/mm) 37,80 a 39,71 a 8,39 0,33295
RT (N/mm) 38,75 a 40,49 a 10,61 NS
Rasgamento Contínuo
EL (mm) 1,44 a 1,40 a 4,50 0,22833
ET (mm) 1,39 a 1,37 a 4,97 NS
FL (N) 33,61 a 35,41 a 17,09 NS
FT (N) 30,78 a 33,28 a 12,20 0,29274
RL (N/mm) 23,34 a 25,39 a 17,68 NS
RT (N/mm) 22,23 a 24,15 a 12,07 0,26358
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Quanto aos ensaios mecânicos de rasgamento e rasgamento contínuo,
para as análises de força longitudinal (FL) e transversal (FT) as médias
apresentadas para as fêmeas foram de 50,47, 58,01, 35,33 e 34,58 N/mm
respectivamente, e para os machos castrados de 55,70, 54,88, 35,33 e 25,33 N/mm
respectivamente. Pode ser observado que estes valores quando comparados ao
sexo, encontram-se muito próximos. Villarroel et al. (2004) em estudos com caprinos
observaram médias iguais a 57,75 N/mm em ensaios de rasgamento, valores
semelhantes aos encontrados neste estudo (Tabela 15).
Na Tabela 16 encontram-se os valores médios da espessura dos corpos-
de-prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal
(FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração,
69
rasgamento e rasgamento-contínuo do couro semi-acabado de bovinos fêmeas e
machos castrados terminados em pastagem recebendo suplemento com 40% de
proteína bruta, caracterizado para fornecimento na época de chuvas (Suplemento
Seca).
Tabela 16 Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
bovinos terminados em pastagem recebendo suplemento com 40% de
PB (Seca), em função do sexo do animal
Estado sexual
Variáveis
Fêmeas Machos castrados
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,46 a 1,37 a 5,65 NS
ET (mm) 1,39 a 1,36 a 6,65 NS
FL (N) 177,24 a 146,68 a 22,18 0,2742
FT (N) 166,21 a 138,18 a 19,28 0,2255
RL (N/mm²) 12,72 a 10,65 a 22,67 0,3118
RT (N/mm²) 11,70 a 10,12 a 17,93 0,2977
Rasgamento
EL (mm) 1,39 a 1,35 a 4,92 NS
ET (mm) 1,40 a 1,38 a 6,05 NS
FL (N) 57,49 a 54,47 a 11,03 NS
FT (N) 62,06 a 51,20 a 28,12 NS
RL (N/mm) 41,37 a 40,23 a 11,17 NS
RT (N/mm) 43,87 a 37,19 a 24,67 NS
Rasgamento Contínuo
EL (mm) 1,39 a 1,39 a 5,50 NS
ET (mm) 1,37 a 1,39 a 6,79 NS
FL (N) 37,91 a 35,21 a 20,66 NS
FT (N) 40,28 a 34,16 a 30,08 NS
RL (N/mm) 27,04 a 25,25 a 19,06 NS
RT (N/mm) 29,30 a 24,29 a 26,69 NS
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Não houve influência do sexo para todas as variáveis estudadas. Para os
ensaios mecânicos de tração, nas variáveis: espessura longitudinal (EL) e
transversal (ET), as médias para bovinos machos castrados foram de 1,37 e
1,36mm, e das fêmeas de 1,46 e 1,39mm, podendo ser observado a proximidade
dos valores. Quanto aos ensaios mecânicos de rasgamento e rasgamento contínuo,
para as análises de força longitudinal (FL) e transversal (FT) as médias
apresentadas para as fêmeas foram de 57,49, 62,06; 37,91 e 40,28 N
respectivamente, e para os machos castrados de 54,47, 51,20; 35,21 e 34,16 N
respectivamente. Pode ser observado que estes valores quando comparados ao
70
sexo, encontram-se muito próximos. Villarroel et al. (2004) em estudos com caprinos
observaram médias iguais a 57,75 N/mm em ensaios de rasgamento, valores
semelhantes aos encontrados neste estudo (Tabela 16).
COMPARAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Na Tabela 17 encontram-se os valores médios em função dos sistemas de
terminação, por sexo dos animais, referentes ao peso corporal ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do couro inicial ao abate (PCo1),
peso do couro padronizado pré-descarnado (PCo2), área do couro processado até a
etapa de Wet-blue e perdas com o processo mecânico pré-descarne.
Tabela 17 – Médias de peso ao abate, espessura de gordura subcutânea e
características do couro de fêmeas e machos castrados
terminados em sistema de confinamento (superprecoces) e em
pastagem (precoces)
Sistema de terminação
Variáveis
Superprecoces Precoces
CV (%) P
Fêmeas
PA (kg) 468,20 a 445,50 a 8,87 0,31977
EGS (mm) 11,38 a 4,21 b 36,78 0,00012
PCo1 (kg) 42,60 a 33,60 b 13,84 0,00641
PCo2 (kg) 28,12 a 26,72 a 12,99 NS
Área (m²) 4,33 a 4,12 a 8,43 0,31827
Perdas (kg) 14,48 a 6,88 b 28,54 0,00018
Machos castrados
PA (kg) 473,60 a 458,00 a 8,99 NS
EGS (mm) 5,87 a 3,12 b 24,45 0,00003
PCo1 (kg) 40,60 a 34,60 b 12,86 0,01249
PCo2 (kg) 31,28 a 29,77 a 12,27 NS
Área (m²) 4,52 a 4,31 a 8,06 0,20193
Perdas (kg) 9,32 a 4,84 b 28,64 0,00011
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P<0,10);
PA = peso ao abate (kg); EGS = espessura de gordura subcutânea (mm); PCo1 = peso do couro ao
abate (kg); PCo2 = peso do couro pré-descarnado/padronizado (kg); Área = área do couro
processado até a etapa de
Wet-blue (m²); e perdas com o pré-descarne (Perdas).
Observa-se nas fêmeas que houve efeito do sistema de produção para a
espessura de gordura subcutânea (EGS), no peso do couro ao abate (PCo1) e nas
perdas com o pré-descarne, apresentando as médias mais baixas para os animais
terminados em pastagem. Todavia, não houve diferença significativa para peso de
71
abate (PA) peso do couro padronizado (PCo2) e para a área do couro em estágio de
Wet-blue, sendo as médias 468,20 kg; 28,12 kg e 4,33 m² para as fêmeas do
sistema confinamento, e 445,50 kg; 26,72 kg e 4,12 para pastagem,
respectivamente. de se destacar que no sistema de terminação em
confinamento, a dieta favoreceu o acúmulo de gordura subcutânea (EGS),
determinando o maior peso do couro ao abate (PCo1).
Os pesos do couro ao abate (PCo1) representam, para fêmeas, 9,08 e
7,85% do peso corporal ao abate (PA,) e para os machos castrados 8,57 e 7,47% do
PA, respectivamente, para os animais terminados em confinamento e em pastagem.
Esses valores são superiores, com exceção dos machos castrados terminados em
pastagem, aos citados por Gomes (1997) que relatou que o couro pesa entre 7 e
7,5% do peso corporal do animal, e independente da sua qualidade, tem o valor
comercial estimado em 10% do animal ao abate. Provavelmente, a EGS do animal,
no momento do abate influenciou positivamente para o peso do couro ao abate
(PCo1). Este fato poderá interferir na rentabilidade da indústria frigorífica, pois a
mesma comercializa o couro em função do peso total, sem avaliações de qualidade.
As perdas apresentadas pelas fêmeas foram 14,48 e 6,88 kg,
respectivamente, para os sistemas de terminação em confinamento e em pastagem.
Esse valor elevado para os animais terminados em confinamento pode ser explicado
pelos maiores valores de EGS e PCo2 e suas correlações com as perdas (Tabela
17).
Para os machos castrados não houve efeito significativo do sistema de
terminação sobre as variáveis peso ao abate (PA), peso do couro padronizado (pré-
descarnado) (PCo2) e área do couro processado até o estágio de Wet-blue, sendo
473,60 kg, 40,60 kg e 4,52 m², respectivamente, para os animais superprecoces, e
458,00 kg, 29,77 kg e 4,31 m², respectivamente, para os animais precoces. A
ausência de efeito do sistema de terminação sobre o peso ao abate (PA) é devido à
pré-definição da idade para se abater os animais. Assim, não deveria haver
diferenças entre os sistemas. Entretanto, não era de se esperar que o peso do couro
padronizado (PCo2) e a área do couro fossem iguais, mas, pode ser explicada pela
elevada correlação entre peso ao abate (PA) e peso do couro padronizado (PCo2),
0,7092 e entre PA e área, 0,7408 (Tabela 20), independente do sistema de
terminação.
72
Todavia, foram detectados efeitos significativos para a espessura de
gordura subcutânea (EGS), para o peso do couro ao abate (PCo1) e para as perdas
com o pré-descarne, com 5,97 mm, 40,60 kg e 9,32 kg respectivamente, para o
sistema superprecoce, com as médias mais altas (P<0,10) quando comparadas ao
sistema de precoce, com médias menores, sendo 3,08 mm, 34,60 kg e 4,84 kg
respectivamente.
Valores de espessura de gordura subcutânea encontrados por Pacheco
(2005) foram 3,22 mm e 6,29 mm, respectivamente, para animais precoces e
superprecoces. Esses valores corroboram com os apresentados neste trabalho
(Tabela 17). Os maiores valores de EGS para os animais terminados em
confinamento era esperado, uma vez que os animais receberam uma dieta para
suprir exigências para ganhos de 1 kg/dia, favorecendo a deposição de gordura
subcutânea, uma vez que não apresentam perdas de energia para deslocamento, e
seleção de deita, enquanto que os animais terminados em pastagem tendem a
andar mais em busca de selecionar sua dieta, assim, podendo mobilizar mais
reservas para locomoção, reduzindo, assim, a deposição de gordura. Souza et al.
(2007) avaliaram o comportamento ingestivo diurno de bovinos em confinamento e
em pastagens, e encontraram que os animais em confinamento apresentam
menores valores para o tempo gasto para consumo de alimentos, caminhando e
maiores valores para ruminação e ócio, indicando que os animais poderiam
aproveitar melhor os alimentos ingeridos.
Na Tabela 18 encontram-se os valores médios do couro semi-acabado de
bovinos fêmeas terminados em confinamento, com 15 meses de idade e em
pastagem, com 28 meses de idade referentes da espessura dos corpos-de-prova
longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e transversal (FT),
resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros tração,
rasgamento e rasgamento-contínuo. Não houve efeito significativo quanto ao
sistema de terminação para os ensaios físico-mecânicos.
Observa-se que os animais criados e terminados em pastagem
apresentaram médias para espessura longitudinal e transversal, iguais a 1,39 e 1,42
mm, em força longitudinal, com 161,08 Newton e resistência lateral com 11,46
N/mm² para os ensaios de tração. Villarroel et al.(2004), em experimentos com
ovinos de 236 dias, observaram em ensaios mecânicos resultados de 171,62 N e
122,88 N, valores semelhantes aos obtidos neste projeto.
73
Tabela 18 -Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
fêmeas terminadas em confinamento ou em pastagem
Sistema de Terminação
Variáveis
Confinamento Pastagem
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,36 a 1,39 a 3,40 NS
ET (mm) 1,38 a 1,42 a 5,12 0,2895
FL (N) 148,14 a 161,08 a 15,12 NS
FT (N) 168,14 a 153,86 a 16,44 NS
RL (N/mm²) 10,79 a 11,46 a 14,40 NS
RT (N/mm²) 11,93 a 10,66 a 15,30 0,1949
Rasgamento
EL (mm) 1,40 a 1,42 a 4,98 NS
ET (mm) 1,40 a 1,42 a 5,19 NS
FL (N) 57,56 a 55,47 a 8,70 NS
FT (N) 56,58 a 58,02 a 16,96 NS
RL (N/mm) 41,21 a 39,23 a 8,82 0,3228
RT (N/mm) 40,55 a 40,80 a 14,49 NS
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,38 a 1,43 a 4,59 0,1830
ET (mm) 1,38 a 1,38 a 4,27 NS
FL (N) 31,31 a 35,33 a 17,04 0,2274
FT (N) 33,14 a 34,58 a 22,70 NS
RL (N/mm) 22,75 a 24,82 a 16,76 NS
RT (N/mm) 23,98 a 25,06 a 22,57 NS
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Para os ensaios de rasgamento, as médias para os animais terminados
em pastagem nas variáveis espessura lateral e transversal, foram 1,42 mm para
ambas, para força longitudinal 58,02 Newton e para resistência transversal 40,80
N/mm.
Na Tabela 19 estão apresentados os resultados das médias do couro
semi-acabado de machos castrados terminados em confinamento, abatidos aos 15
meses de idade e em pastagem, abatidos aos 28 meses de idade, a espessura dos
corpos-de-prova longitudinal (EL) e transversal (ET), força longitudinal (FL) e
transversal (FT), resistência longitudinal (RL) e transversal (RT) para os parâmetros
tração, rasgamento e rasgamento-contínuo. Não houve efeito significativo quanto ao
sistema de terminação para os ensaios físico-mecânicos.
Pode-se observar que os animais terminados em pastagem apresentaram
médias de resistência dos ensaios de tração numericamente maiores em relação
aos animais terminados em confinamento, tendo em força longitudinal e transversal
74
162,06 e 148,60 Newton/mm². As médias para resistência longitudinal (RL) e
transversal (RT), dos couros dos animais terminados em pastagem foram 11,47 e
10,61 N/mm, enquanto que as médias dos animais terminados em confinamento
foram 10,56 e 10,42 N/mm, respectivamente. Dal Monte et al. (2004) obtiveram
222,5 N em experimentos com caprinos, observaram valores superiores aos
encontrados neste estudo, sugerindo que os couros de caprinos poderiam ser mais
resistentes garantindo assim melhor emprego e utilização, seja nas indústrias
calçadistas ou automobilísticas. Todavia, há de se destacar que a área desses
couros são inferiores ao couro de bovinos, podendo ser um entrave para seu uso.
Tabela 19 - Médias das características físico-mecânicas do couro semi-acabado de
machos castrados terminados em confinamento e em pastagem
Sistema de Terminação
Variáveis
Confinamento Pastagem
CV (%) P
Tração
EL (mm) 1,37 a 1,40 a 6,61 NS
ET (mm) 1,40 a 1,39 a 5,37 NS
FL (N) 144,67 a 162,06 a 21,36 0,2500
FT (N) 146,11 a 148,60 a 17,48 NS
RL (N/mm²) 10,56 a 11,47 a 21,47 NS
RT (N/mm²) 10,42 a 10,61 a 19,07 NS
Rasgamento
EL (mm) 1,42 a 1,40 a 5,18 NS
ET (mm) 1,41 a 1,40 a 5,90 NS
FL (N) 61,18 a 55,70 a 13,35 0,1300
FT (N) 55,60 a 54,88 a 16,60 NS
RL (N/mm) 42,84 a 39,92 a 12,98 0,2400
RT (N/mm) 39,58 a 39,17 a 17,24 NS
Rasgamento contínuo
EL (mm) 1,41 a 1,40 a 5,32 NS
ET (mm) 1,43 a 1,38 a 5,65 0,17
FL (N) 33,83 a 35,33 a 15,82 NS
FT (N) 31,67 a 33,63 a 16,51 NS
RL (N/mm) 23,98 a 25,33 a 17,13 NS
RT (N/mm) 22,17 a 24,20 a 15,47 0,22131
Médias seguidas por letra minúscula iguais, não diferem pelo teste Tukey (P>0,10)
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Para os ensaios de rasgamento, os animais terminados em confinamento
apresentaram os maiores valores de resistência dos corpos-de-prova, todavia sem
diferenças significativas entre sistemas de terminação, sendo para espessura lateral
e transversal 1,42 e 1,41 mm, força longitudinal e transversal 61,18 e 55,60 N/mm e
resistência longitudinal e transversal 42,84 e 39,58 N/mm. Nos ensaios de
75
rasgamento continuo, pode ser observado que o sistema confinamento apresentou ,
novamente os maiores valores para as variáveis espessura longitudinal e
transversal, sendo 1,41 e 1,43mm contra 1,40 e 1,38mm dos animais terminados em
confinamento.
A Tabela 20 estão apresentadas as correlações de Pearson entre as
variáveis peso ao abate (PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do
couro ao abate (PCo1), peso do couro pré-descarnado/padronizado (PCo2), área do
couro pré-descarnado
Wet-blue (Área) e perdas com o pré-descarne (Perdas).
Tabela 20 - Correlações de Pearson do couro de fêmeas, machos castrados e
machos não-castrados para as variáveis peso ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do couro ao abate
(PCo1), peso do couro pré-descarnado/padronizado (PCo2), área do
couro pré-descarnado
Wet-blue (Área) e perdas com o pré-descarne
(Perdas)
PA EGS PCo1 PCo2 Área Perdas
Fêmeas
PA (kg) 1,0000 0,4952 0,5789 0,4535 0,4909 0,4926
EGS (mm) 1,0000 0,6984 0,2352 0,3771 0,8335
PCo1 (kg) 1,0000 0,7615 0,8337 0,8675
PCo2 (kg) 1,0000 0,8809 0,3383
Área (m²) 1,0000 0,5344
Machos castrados
PA (kg) 1,0000 0,2855 0,6526 0,7092 0,7408 0,3390
EGS (mm) 1,0000 0,6249 0,2528 0,2075 0,8491
PCo1 (kg) 1,0000 0,8669 0,7987 0,7899
PCo2 (kg) 1,0000 0,9105 0,3790
Área (m²) 1,0000 0,3625
Macho não-castrado
PA (kg) 1,0000 0,3694 0,7588 0,8342 0,7712 0,0896
EGS (mm) 1,0000 0,2222 0,0658 0,0054 0,4630
PCo1 (kg) 1,0000 0,9367 0,8716 0,5160
PCo2 (kg) 1,0000 0,9383 0,1834
Área (m²) 1,0000 0,1515
Para efeito de comparações e melhor entendimento, serão consideradas
elevadas as correlações que apresentarem valores acima de 0,7. Observa-se que
para as fêmeas, a correlação entre espessura de gordura subcutânea (EGS) e
perdas foi 0,8335, indicando que quanto maior for a deposição de gordura pelo
animal, maiores serão as perdas ocorridas no pré-descarne, isto é, na padronização
do couro no curtume. Este fato pode ser um indicativo da necessidade de se
adequar as quantidades de gordura na carcaça e conseqüentemente no couro para
76
reduzir os efeitos de acúmulo de resíduos nos curtumes, pois esse material retirado
do couro nessa etapa é descartado e com algumas exceções são enviados para
fábricas de sabão. Ainda em relação às fêmeas, outra correlação que se apresentou
elevada (0,7615) entre o peso do couro ao abate (PCo1) e o peso do couro
padronizado (PCo2). Tal fato confirma a hipótese de que quanto maior for o peso do
couro ao abate (PCo1), maior a possibilidade de se ter um couro mais pesado após
a padronização, indicando que estes podem ser mais densos e consequentemente
mais resistentes às trações, todavia, a correlação da EGS com o peso do couro ao
abate (PCo1) também se apresentou elevada, assim, esta hipótese pode não ser
totalmente verdadeira devido à alta correlação entre EGS e Perdas.
Para os machos castrados também houve alta correlação entre EGS e
perdas e entre peso do couro ao abate (PCo1) e perdas, confirmando as indicações
citadas anteriormente, pois esses animais também apresentam elevada capacidade
de deposição de gordura subcutânea, todavia, em menor grau que fêmeas criadas
em mesmo sistema de terminação. Já para os machos não-castrado, as correlações
entre as variáveis estudadas se apresentaram baixas, com exceção das correlações
entre peso ao abate (PA) com peso do couro ao abate (PCo1), peso do couro após
padronização (PCo2) e área, sendo os valores iguais a 0,7588; 0,8342 e 0,7712,
respectivamente. Também foram observados valores elevados para as correlações
entre peso do couro ao abate (PA) e peso do couro padronizado (PCo2) e área do
couro, com valores iguais a 0,9367 e 0,8716, respectivamente e o maior valor de
correlação observado, para esses animais, foi entre peso do couro padronizado com
a área do couro (0,9383). Esses valores indicam que para animais não-castrados as
maiores influências para a indústria do couro é o peso ao abate, com menor
interferência da EGS, pois esses animais apresentam maior capacidade de
deposição de colágeno e proteína na carcaça, incluindo o couro, podendo, desta
forma, produzir couros mais densos, e conseqüentemente, mais resistentes.
Na Tabela 21 estão apresentadas as Correlações de Pearson entre as
variáveis peso ao abate (PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do
couro após padronização (PCo2) e das características físico-mecânicas (EL, ET, FT,
RL, RT) para os testes de tração, rasgamento e rasgamento contínuo do couro de
fêmeas dos sistemas precoce e superprecoce. Para os resultados de correlação
entre as variáveis para os testes de tração, observa-se que o peso do couro
padronizado (PCo2) tem razoável influência na espessura longitudinal (0,5045).
77
Tabela 21 – Correlações de Pearson entre as variáveis peso ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do couro após
padronização (PCo2) e das características físico-mecânicas (EL, ET,
FT, RL, RT) para os testes de tração, rasgamento e rasgamento
contínuo do couro de fêmeas dos sistemas precoce e superprecoce
EGS PCo2 EL ET FL FT RL RT
Tração
PA 0,4952 0,4535 0,1582 -0,1195 -0,1154 -0,0181 -0,1487 0,0225
EGS 1,0000 0,2352 -0,2476 -0,2994 -0,1862 0,4401 -0,1134 0,5289
PCo2 1,0000 0,5045 0,1443 -0,4522 -0,2535 -0,5085 -0,2927
EL 1,0000 0,7128 0,2398 -0,0394 0,0933 -0,2567
ET 1,0000 0,1543 0,1592 0,0465 -0,1042
FL 1,0000 0,4492 0,9839 0,3699
FT 1,0000 0,5018 0,9616
RL 1,0000 0,4551
Rasgamento
PA 0,4952 0,4535 0,1017 -0,1341 -0,0312 -0,3270 -0,0836 -0,3150
EGS 1,0000 0,2352 -0,1808 -0,3398 0,0317 -0,2223 0,1310 -0,1195
PCo2 1,0000 0,4970 0,0544 -0,2914 -0,3131 -0,5369 -0,3841
EL 1,0000 0,7036 0,1750 0,3399 -0,3607 0,1270
ET 1,0000 0,2244 0,5086 -0,1716 0,2187
FL 1,0000 0,4287 0,8539 0,4205
FT 1,0000 0,2282 0,9507
RL 1,0000 0,3378
Rasgamento continuo
PA 0,4952 0,4535 0,0018 -0,1508 0,0172 -0,0375 0,0358 0,0066
EGS 1,0000 0,2352 -0,2296 -0,0986 -0,1317 -0,0725 -0,0684 -0,0538
PCo2 1,0000 0,2068 -0,0327 -0,2092 -0,3505 -0,2745 -0,3456
EL 1,0000 0,6100 0,2121 0,1391 -0,0418 0,0341
ET 1,0000 -0,2347
0,0689 -0,4055 -0,1086
FL 1,0000 0,6529 0,9670 0,6953
FT 1,0000 0,6272 0,9837
RL 1,0000 0,6996
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
Todavia, apresentou correlações negativas com as variáveis força
longitudinal (FL), transversal (FT), resistências longitudinal (RL) e transversal (RT).
Esse relato induz uma suposição que quanto mais pesado for o couro padronizado
de fêmeas, menos resistentes estes serão. Tal fato se confirma com os resultados
do teste rasgamento e rasgamento contínuo, onde as correlações entre o peso do
couro padronizado de fêmeas também apresentam correlações negativas.
Quando se observam os coeficientes de correlação entre peso ao abate
das fêmeas e as variáveis ET, FL, FT e RL para os testes de tração, os coeficientes
de correlação entre PCo2 e as variáveis ET, FL, FT, RL e RT para os testes de
rasgamento e os coeficientes de correlação entre PCo2 e as variáveis ET e FT para
78
os testes de rasgamento contínuo, os resultados sugerem que uma
proporcionalidade negativa entre o peso ao abate do animal e a qualidade de seu
couro. de se destacar que as fêmeas foram abatidas acima do peso mínimo
exigido pelo frigorífico (360 kg) (Tabela 17).
Na Tabela 22 estão apresentadas as Correlações de Pearson entre as
variáveis peso ao abate (PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do
couro após padronização (PCo2) e das características físico-mecânicas (EL, ET, FT,
RL, RT) para os testes de tração, rasgamento e rasgamento contínuo do couro de
machos castrados dos sistemas precoce e superprecoce.
Tabela 22– Correlações de Pearson entre as variáveis peso ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS)), peso do couro após
padronização (PCo2) e das características físico-mecânicas (EL, ET, FT,
RL, RT) para os testes de tração, rasgamento e rasgamento contínuo do
couro de machos castrados dos sistemas precoce e superprecoce
EGS PCo2 EL ET FL FT RL RT
Tração
PA 0,2855 0,7092 -0,1166 0,3863 -0,1826 0,0911 -0,1773 -0,0588
EGS 1,0000 0,2528 -0,2746 0,0198 -0,1415 -0,0924 -0,0488 -0,0758
PCo2 1,0000 0,1194 0,4154 -0,5601 -0,3486 -0,6137 -0,4747
EL 1,0000 0,7353 0,1230 -0,2337 -0,1938 -0,4577
ET 1,0000 0,1061 -0,0419 -0,1397 -0,3517
FL 1,0000 0,6637 0,9469 0,5876
FT 1,0000 0,7288 0,9457
RL 1,0000 0,7302
Rasgamento
PA 0,2855 0,7092 0,1406 0,3160 0,1838 0,0177 0,1415 -0,1072
EGS 1,0000 0,2528 0,2739 0,1040 0,2433 0,0256 0,1518 0,0020
PCo2 1,0000 0,3427 0,4454 0,0182 -0,3101 -0,1142 -0,4578
EL 1,0000 0,7134 0,3084 0,0165 -0,0606 -0,2254
ET 1,0000 0,0512 0,0569 -0,2238 -0,2932
FL 1,0000 0,6070 0,9303 0,5500
FT 1,0000 0,6251 0,9367
RL 1,0000 0,6600
Rasgamento continuo
PA 0,2855 0,7092 0,1211 0,2261 -0,2457 -0,2080 -0,2713 -0,3009
EGS 1,0000 0,2528 0,0482 0,1988 0,0314 -0,3332 0,0296 -0,3894
PCo2 1,0000 0,3425 0,5257 -0,2458 -0,1788 -0,3367 0,3939
EL 1,0000 0,7227 -0,0269 0,0301 -0,3485 -0,2316
ET 1,0000 0,1137 0,2835 -0,1242 -0,0701
FL 1,0000 0,5319 0,9456 0,5284
FT 1,0000 0,4897 0,9357
RL 1,0000 0,5702
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
79
Observa-se que os coeficientes de correlação entre o peso do couro
padronizado (PCo2) e as variáveis FL, FT, RL e RT para o teste de tração são
correlacionadas negativamente. Também, para o teste de rasgamento, as
correlações negativas são entre PCo2 e FT, RL e RT, e, para o teste de rasgamento
contínuo, onde se avalia a qualidade de resistência do couro, as correlações
negativas entre PCo2 foram com as variáveis FL, FT, RL e RT. Tal fato indica que a
resistência e ou a qualidade do couro não está diretamente relacionada à sua
densidade do couro.
Na Tabela 23 estão apresentadas as Correlações de Pearson entre as
variáveis peso ao abate (PA), espessura de gordura subcutânea (EGS), peso do
couro após padronização (PCo2) e das características físico-mecânicas (EL, ET, FT,
RL, RT) para os testes de tração, rasgamento e rasgamento contínuo do couro de
machos não-castrados dos sistemas precoce e superprecoce.
Observa-se que os coeficientes de correlação entre o peso do couro
padronizado (PCo2) e as variáveis FL e RL para o teste de tração são
correlacionadas negativamente. Também, para o teste de rasgamento, as
correlações negativas são entre PCo2, FL, FT, RL e RT, e, para o teste de
rasgamento contínuo, onde se avalia a qualidade de resistência do couro, as
correlações negativas entre PCo2 foram com as variáveis FL e RL.
Tal fato indica que a resistência e ou a qualidade do couro não está
diretamente relacionada à densidade do couro. Isto demonstra que a correlação do
couro padronizado apresenta valores negativos em testes de resistência.
Observam-se também nas correlações de rasgamento que para peso de
abate (PA) obteve-se valores negativos para FL, FT, RL e RT, contudo animais
apresentaram peso mínimo para o abate exigido pelos frigoríficos (460 kg) (Tabela
17).
80
Tabela 23- Correlações de Pearson entre as variáveis peso ao abate (PA),
espessura de gordura subcutânea (EGS)), peso do couro após
padronização (PCo2) e das características físico-mecânicas (EL, ET, FT,
RL, RT) para os testes de tração, rasgamento e rasgamento contínuo do
couro de machos não-castrados dos sistemas precoce e superprecoce
EGS PCo2 EL ET FL FT RL RT
Tração
PA 0,3694 0,8342 0,4068 0,5955 -0,2142 0,4318 -0,2859 0,3222
EGS 1,0000 0,0658 -0,3418 -0,3143 -0,3823 0,0583 -0,2396 0,1713
PCo2 1,0000 0,6413 0,5510 -0,2406 0,2953 -0,3733 0,2065
EL 1,0000 0,5789 -0,0791
0,3310 -0,3250 0,2273
ET 1,0000 0,2288 0,6691 0,0554 0,4152
FL 1,0000 0,5361 0,9668 0,5804
FT 1,0000 0,4430 0,9482
RL 1,0000 0,5239
Rasgamento
PA 0,3694 0,8342 0,4087 0,7230 -0,3768 -0,4609 -0,4446 -0,6003
EGS 1,0000 0,0658 -0,1757 -0,2451 0,1333 0,0603 0,1599 0,1137
PCo2 1,0000 0,5713 0,6952 -0,4105 -0,4188 -0,5058 -0,5632
EL 1,0000 0,5904 -0,0734 -0,1165 -0,2770 -0,3017
ET 1,0000 -0,3021 -0,3387 -0,4121 -0,5714
FL 1,0000 0,9564 0,9784 0,9174
FT 1,0000 0,9429 0,9640
RL 1,0000 0,9443
Rasgamento continuo
PA 0,3694 0,8342 0,6425 0,5470 -0,0809 0,1776 -0,2608 0,0204
EGS 1,0000 0,0658 -0,0878 -0,4463 -0,0977 0,0428 -0,0936 0,1464
PCo2 1,0000 0,8144 0,6848 -0,0081 0,2463 -0,2342 0,0534
EL 1,0000 0,6588 0,2873 0,4830 0,0182 0,2847
ET 1,0000 -0,0719 0,0981 -0,2447 -0,1652
FL 1,0000 0,9269 0,9622 0,9410
FT 1,0000 0,8295 0,9645
RL 1,0000 0,8970
EL = espessura longitudinal (mm); ET = espessura transversal (mm); FL = força longitudinal (N); FT =
força transversal (N), RL = resistência longitudinal (N/mm); RT = resistência transversal (N/mm)
IMPLICAÇÕES COM O DESENVOLVIMENTO LOCAL
A cadeia produtiva é composta por um significativo número de empresas,
compreendendo uma enorme heterogeneidade em suas estruturas e em seus
processos de produção. A cadeia produtiva do couro e calçados encontra-se entre
aquelas em que o Brasil apresenta fortes indicadores de competitividade. Os
curtumes, por sua vez, abastecem as empresas nacionais, tendo destaque a
indústria de artigos de couro, a de calçados e o mercado externo, em que se
destaca o mercado de estofamentos. Franco (1999) observou que o
81
desenvolvimento para ser sustentável requer a formação de uma comunidade
econômica de base, ou seja, uma cadeia de iniciativas e empreendimentos que se
completam, maximizando as potencialidades de produção, comércio, consumos e
serviços locais.
A cadeia produtiva do couro é composta por um significativo número de
empresas, compreendendo uma enorme heterogeneidade em suas estruturas e em
seus processos produtivos. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego
(RAIS-MTE), havia, ao final de 1999, 9.488 estabelecimentos formalmente
registrados apenas nos segmentos de couro, calçados e artigos de couro,
empregando 269.069 pessoas formalmente.
Segundo Ítavo et al., (2005) a utilização de um sistema de gerenciamento
pode garantir que a atividade não tenha seus custos de produção deficientemente
acompanhados. Entretanto, o mais comum nos dias atuais está no fato de que os
custos de produção são deficientemente acompanhados, fazendo com que muitos
produtores apenas sobrevivam na atividade, ou até mesmo estejam apresentando
prejuízos em seus resultados, tornando o sistema de produção insustentável. Assim,
deve-se buscar conhecimentos técnicos no propósito de vir a produzir um couro que
o mercado venha a absorver através de programas que auxiliem na atividade, como
a qualificação da mão-de-obra, buscando-se melhor qualidade de vida.
A ausência de planejamento produtivo pode acarretar situações
indesejáveis como o comprometimento do produto final pela falta de homogeneidade
dos animais produzidos, jovens e de mais idade, tipo de sexo, idade de abate e
sistema de produção utilizado, tendo como resultado couros de diferentes
qualidades. Desta forma, todo incentivo à produção do couro iria beneficiar desde o
produtor (remunerado por produzir um couro de melhor qualidade) até a indústria
coureira, com produtos de melhores qualidades (aproveitamento).
A cadeia produtiva de couro e calçados inicia-se na atividade de pecuária,
em que os diferentes sistemas de criação podem resultar em peles de qualidades
distintas, impondo restrições ao processamento do couro e seus derivados. Dados
da BRASPELCO (2001) mostram que com um couro acabado, no valor de US$
80,00 (preço de venda), podem ser produzidos 25 pares de sapatos com o valor
unitário de US$ 14,00, totalizando US$ 350,00 por couro, resultando que em cada 1
milhão de pares de sapatos produzidos serão criados mil empregos na indústria de
calçados, curtumes e componentes.
82
O problema na qualidade da matéria-prima está no fato de que como, via
de regra, o pecuarista não é remunerado pela qualidade do couro, não
mecanismos de mercado para induzir a redução dos defeitos.
Apesar da não ter havido remuneração pelo couro no presente trabalho,
observou-se que 66% do couro foram classificados pela BMZ Couros Ltda., como
bom, e 33% classificado como médio. Também se destaca que os poucos defeitos
existentes foram devido à carrapatos, mosca-dos-chifres, ferimentos e marcas
provenientes do frigorífico. Isso demonstra que se o couro fosse remunerado, esses
animais apresentariam um maior valor comercial. Desta forma, todo incentivo à
qualidade do couro iria beneficiar desde o produtor (remunerado por produzir um
couro de boa qualidade) até a indústria coureira, com produtos de melhores
qualidades (aproveitamento). Neste sentido, Pereira (1985) citou que o
desenvolvimento é um processo de transformação econômica, social e política, e
ainda que o padrão de vida da população, que se acercar a tornar-se autônomo e
que as políticas sociais de um país tende a sofrer profundas transformações.
Na agricultura, o desenvolvimento assumiu a forma e significado de
modernização. Assim, no Brasil a modernização do setor rural não foi acompanhada
da modificação da estrutura agrária, que é um fator determinante na questão da
sustentabilidade econômica, social e ambiental (ALMEIDA, 1997). Da crise do
desenvolvimento vigente nascem, como um movimento de revisão e contestação,
conceitos como os de desenvolvimento sustentável e de agricultura sustentável. O
desenvolvimento com a preocupação da sustentabilidade dos sistemas econômico,
social e ambiental, dá origem àquilo que passou a se denominar de desenvolvimento
sustentável.
Visando a melhoria da remuneração econômica do produtor rural,
incentivos à qualidade do couro, através da implantação de diferentes sistemas de
produção de bovinos, seriam recomendados. Neste sentido, Viederman (1992)
sugeriu a seguinte definição: "Uma sociedade sustentável é aquela que assegure a
saúde e a vitalidade da vida, cultura humana e do capital natural, para o presente e
futuras gerações. Tais sociedades devem encorajar aquelas atividades que servem
para conservar o que existe, recuperar o que foi destruído, e prevenir futuros danos”.
Sem dúvida, as informações externas, do ambiente, podem fortalecer ou
enfraquecer a dinâmica interna de um sistema de produção. Isto dependerá da
existência da capacidade de adaptabilidade desse sistema. Para que tal fato se
83
efetive, duas outras condições básicas devem se verificar: a diversidade e eqüidade
dos componentes do sistema (VIEDERMAN, 1992). Assim, uma das potencialidades
que se evidenciam em Mato Grosso do Sul é a pecuária, que se constitui na
principal atividade econômica presente em todas as regiões do estado, com um
rebanho estimado em mais de 24 milhões de animais, com terras aptas para a
agropecuária, oferecendo grandes oportunidades de negócios, desde a
comercialização da carne até à produção e industrialização do couro.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, através
da Secretaria do Desenvolvimento da Produção, em 2004 propôs metas para a
cadeia produtiva do couro. Dentre elas destacam-se:
a) Aumentar a produção em todos os elos da Cadeia Produtiva
visando atingir, no ano de 2006, o valor de US$ 15,5 bilhões, o que
significa um crescimento médio anual de 6,7%. Isso garantiria
maiores divisas para a região, gerando empregos na cadeia do
couro, elevando o índice de profissionais capacitados na área,
garantindo desta forma melhor qualidade de vida;
b) Ampliar em 21,5% a produção física de couro, visando alcançar, até
o ano de 2006, um volume de 40 milhões de peles;
c) Gerar investimentos totais da ordem de US$ 2,06 bilhões para
ampliar e modernizar a capacidade instalada em todos os elos da
Cadeia Produtiva, até o ano de 2006.
Assim, levantam-se alguns questionamentos sobre o tema: (a) Será que
haverá algum tipo de incentivo para o produtor quanto à produção de um couro de
boa qualidade? (b) Haverá um sistema único de classificação quanto à qualidade do
couro?
Sendo afirmativas as respostas, com base no exposto, acredita-se que
para o futuro, o produtor terá novas fontes de renda para seu bovino: carne e couro,
podendo gerar renda e trabalho.
84
CONCLUSÕES
Os pesos iniciais e área do couro dos machos não-castrados
apresentaram maior peso, e as fêmeas o menor peso. Isso garante ao produtor um
couro mais pesado, sendo que se estivesse atribuindo maior valor quanto à
qualidade deste couro, seria de grande valia, obtendo assim um preço final
diferenciado podendo, futuramente, receber não somente pelo peso e área, mas
também pela qualidade. Isso afeta diretamente as indústrias de calçados, pois um
couro maior resulta em mais pares de sapatos e maior renda.
Os bovinos terminados em confinamento recebendo milho como fonte
de amido no concentrado tiveram o couro mais pesado antes do pré-descarne, e
após esta etapa, seguido dos bovinos alimentados com sorgo, e, por último, o couro
dos animais terminados em pastagem, com pesos inferiores aos demais. O sistema
de terminação em confinamento se destacou em relação ao peso do couro. O couro
do animal terminado em confinamento é mais pesado em relação ao terminado em
pastagem, independentemente do sexo.
Quanto à classificação extrínseca, o sistema de terminação pasto
proporcionou um maior número e couros de qualidade M. Não houve animais com
couro de qualidade ruim. Nesse aspecto, o sistema de terminação em pastagem
apresenta resultados inferiores em relação ao sistema de confinamento devido à
maior exposição a arbustos com espinhos, dentre outros, que podem danificar o
couro dos animais, e também por serem animais mais velhos em relação aos
animais do sistema de confinamento.
O couro das fêmeas mostrou maior resistência em relação aos couros
de machos castrados e machos não-castrados. Os bovinos machos não-castrados
85
apresentaram menores resistências nos corpos-de-prova. Um couro de maior
resistência é mais bem empregado nas indústrias calçadistas e automotivas, pois é
a resistência que vai definir um couro com melhores empregos e resultar em
produtos mais duráveis, garantindo a qualidade necessária para o consumidor final.
Os corpos-de-prova dos sistemas de terminação mostraram que os
bovinos com concentrado a base de sorgo, no sistema confinamento, apresentaram
as menores médias quanto à resistência e a força empregada nos testes físicos-
mecânicos. Este fato pode estar relacionado diretamente a idade dos animais, já que
os bovinos terminados em pastagem eram mais velhos em relação aos terminados
em confinamento.
O Estado de Mato Grosso do Sul possui matéria-prima em abundância
(couro), e que exporta para outros Estados ainda na forma Wet-blue para receber as
etapas de acabamento e direcioná-lo quanto sua finalidade (calçados, estofamentos
dentre outros). Isso faz com que o Estado deixe de agregar maiores valores para o
couro, evitando a contratação de mão-de-obra especializada, a solicitação de
empregos diretos e indiretos na cadeia do couro e o aumento de suas divisas.
86
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