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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
UNESP – CAMPUS BAURU
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL
Eraldo Francisco da Rocha
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE DESENHO E IMPLANTAÇÃO DE
EDIFICAÇÕES UNIFAMILIARES E O CONSUMO DE ENERGIA
BAURU
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DEMESQUITA FILHO”
UNESP – CAMPUS BAURU
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL
Eraldo Francisco da Rocha
DEFESA DE MESTRADO
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE DESENHO E IMPLANTAÇÃO DE
EDIFICAÇÕES UNIFAMILIARES E O CONSUMO DE ENERGIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Desenho Industrial –
Área de Concentração: Ergonomia, da
Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
Campus de Bauru, como requisito para
obtenção dotulo de Mestre em Desenho
Industrial, orientado pela PROFª.DRª. Arq.
Léa Cristina Lucas de Souza.
BAURU
2007
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DEDICATÓRIA
A toda minha família, e em especial a minha esposa Adriana, pela paciência,
pelo apoio e sobre tudo pela companhia.
AGRADECIMENTOS
Aos proprietários das residências pesquisadas, que abriram suas casas para
essa pesquisa.
Aos alunos de iniciação cientifica, Aline Prado de Oliveira, Camila Mayumi
Nakata e Camila Pereira Postigo, pelo apoio dado com suas pesquisas e fontes.
A todo corpo docente dessa instituição que tanto contribuíram direta ou
indiretamente para o sucesso dessa pesquisa.
Aos funcionários do departamento de Pós-Graduação, Elder e Silvio, que
sempre estiveram presentes durante esse processo.
A Profa. Dra. Léa Cristina Lucas de Souza, que mais que uma orientadora, foi
minha grande amiga e tutora no início dessa trajetória cientifica.
RESUMO
Este trabalho pesquisa uma relação entre o consumo de energia elétrica e a
forma de implantação dos edifícios, buscando evidenciar diretrizes mais apropriadas
para o conforto do usuário. Para isso foi feito um levantamento das características de
localização, orientação e forma de cinco edifícios residenciais térreos no bairro Vila
Universitária, em Bauru-SP. Através de cruzamentos de dados e análises, foram
identificadas algumas tendências de consumo em função das seguintes variáveis:
área construída, fator de visão do céu (FVC), tempo de sombreamento, área de
exposição das fachadas NE, área de exposição das fachadas NO, área de exposição
das fachadas SO e área de exposição das fachadas SE. Aplicando-se técnicas de
Redes Neurais Artificiais (RNA) foi possível identificar a relevância de cada uma
dessas variáveis para o consumo de energia das edificações estudadas. Os
resultados revelam que a área de exposição das fachadas NO é a variável mais
importante dentre aquelas estudadas, seguida pelo tempo de sombreamento e o
FVC.
Palavra chave: consumo de energia, fator de visão do céu e ergonomia urbana.
ABSTRACT
This research seeks a relationship between electrical energy consumption and
the way buildings are settled, so that appropriated guidelines for the user comfort can
be pointed out. For this purpose a data collection was carried out, taking into
consideration the location, orientation and form of residential one-story buildings in
the neighborhood of Vila Universitária, in Bauru-SP. By cross-examining data and
analysis, some tendencies of energy consumption were identified, considering the
following variables: construction area, sky view factor (SVF), shadowing time, NE
façade exposition area, NW façade exposition area, SW façade exposition area, SE
façade exposition area. By applying Artificial Neural Networks (ANN) technique, we
have determined the relevance of each one of these variables on the energy
consumption of the studied units. The results showed that the NW façade exposition
is the most important variable among the variables studied, followed by the
shadowing time and the SVF.
Key worlds: energy consumption, sky view factor and urban ergonomics
SUMÁRIO
I LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................7
II LISTA DE TABELAS............................................................................................................11
1 APRESENTAÇÃO, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA .........................................................13
1.1 Apresentação...................................................................................................................13
1.2 Objetivos..........................................................................................................................12
1.3 Justificativa......................................................................................................................14
1.4 Metodologia Resumida....................................................................................................15
1.5 Divisão Dos Capítulos .....................................................................................................16
2 PLANEJANDO A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA URBANA...................................................17
3 CONDICIONANTES DO CONSUMO DE ENERGIA..........................................................22
3.1 Quanto à Posição Geográfica..........................................................................................22
3.2 Quanto à Localização no Entorno e no Lote ...................................................................23
3.3 Quanto à Orientação do Edifício......................................................................................30
3.4 Quanto à Forma do Edifício.............................................................................................31
3.5 Quantos as Características dos Materiais Construtivos..................................................32
3.6 Quanto às Aberturas dos Edifícios..................................................................................35
3.7 Quanto à Vegetação do Entorno.....................................................................................36
4 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.........................................................................................38
5 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................40
5.1 Sobre a Área de Estudo ..................................................................................................40
5.1.1 O Bairro de Estudo.......................................................................................................41
5.1.2 O Padrão de Consumo de Energia Elétrica no Bairro..................................................42
6 METODOLOGIA.................................................................................................................52
7 DADOS LEVANTADOS......................................................................................................54
7.1 Análise sobre o Loteamento............................................................................................70
7.2 Análise sobre as Faces ...................................................................................................71
8 ANÁLISES E RESULTADOS ............................................................................................72
8.1 Análise das diversas variáveis através de gráficos.........................................................72
8.2 Análise da importância das variáveis por modelos de RNA............................................79
9 CONCLUSÃO.....................................................................................................................83
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................85
ANEXO...................................................................................................................................91
I LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Disposição de residências unifamiliares no terreno..................................24
Figura 2 - Relação H/W.............................................................................................24
Figura 3 - Acesso solar de acordo com H/W.............................................................25
Figura 4 - Acesso solar de acordo com H/W.............................................................26
Figura 5 - Representação gráfica do fator de visão de céu.......................................27
Figura 6 - Influência de H/W no fluxo de ar...............................................................28
Figura 7 - Concentração de Poluentes lançados sem os obstáculos dos edifícios
e no centro da cidade de Baltimore................................................................29
Figura 8 - Diferentes possibilidades de implantação
de um bloco de mesmo volume..............................................................32
Figura 9 - Localização do Bairro em estudo no mapa de Bauru, no estado de São Paulo e
no Brasil.................................................................................................................... 41
Figura 10 - Quantidade de Moradores ......................................................................43
Figura 11 - Visualização em 3D, realizada no ArcView, do número de
moradores na região ..............................................................................43
Figura 12 - Numero de Dormitórios por Domicílios ...................................................44
Figura 13 - Faixa de Renda Familiar.........................................................................44
Figura 14 - Visualização em 3D, realizada no ArcView, da renda mensal das
famílias do bairro, em salários mínimos. ................................................45
Figura 15 - Habitantes da Área de Estudo ................................................................45
Figura 16 - Consumo Médio Mensal .........................................................................46
Figura 17 - Visualização em 3D, realizada no ArcView, do levantamento do consumo
médio de energia sobre o bairro.............................................................46
Figura 18 - Época do Ano de Maior Consumo Energético ........................................47
Figura 19 - Quantidade de Chuveiros Elétricos.........................................................47
Figura 20 - Quantidade de Geladeiras por Domicilio.................................................48
Figura 21 - Numero de Freezer.................................................................................48
Figura 22 - Quantidade de Aparelhos de Ar Condicionado.......................................49
Figura 23 - Quantidade de Aquecedores Elétricos....................................................49
Figura 24 - Visualização em 3D, realizada no ArcView, dos índices de Fator de
Visão do Céu na área de estudo ............................................................50
Figura 25 – Dados do Entorno de P1........................................................................55
Figura 26 – Croqui de implantação e FVC de P1......................................................56
Figura 27 – Foto de Fachada de P1..........................................................................57
Figura 28 – Corredor Lateral de P1...........................................................................57
Figura 29 – Fundos de P1.........................................................................................57
Figura 30 – Dados do Entorno de P2........................................................................58
Figura 31 – Croqui de implantação e FVC de P2......................................................59
Figura 32 – Fachada de P2.......................................................................................60
Figura 33 – Corredor lateral de P2............................................................................60
Figura 34 – Fundos de P2.........................................................................................60
Figura 35 – Outro corredor de P2..............................................................................60
Figura 36 – Dados do Entorno de P3........................................................................61
Figura 37 – Croqui de implantação e FVC de P3......................................................62
Figura 38 – Fachada de P3.......................................................................................63
Figura 39 – Corredor lateral de P3............................................................................63
Figura 40 – Fundos de P3.........................................................................................63
Figura 41 – Outro corredor de P3..............................................................................63
Figura 42 – Dados do Entorno de P4........................................................................64
Figura 43 – Croqui de implantação e FVC de P4......................................................65
Figura 44 – Fachada de P4.......................................................................................66
Figura 45 – Fundos de P4.........................................................................................66
Figura 46 – Corredor Lateral de P4...........................................................................66
Figura 47 – Dados do Entorno de P5........................................................................67
Figura 48 – Croqui de implantação e FVC de P5......................................................68
Figura 49 – Fachada de P5.......................................................................................69
Figura 50 – Corredor lateral de P5............................................................................69
Figura 51 – Fundos de P5.........................................................................................69
Figura 52 – Outra Lateral de P5................................................................................69
Figura 53 - Consumo médio mensal por residência estudada ..................................72
Figura 54 - Área construída por residência estudada................................................73
Figura 55 - Consumo por área construída das residências estudadas .....................73
Figura 56 - Fator de visão de céu por residências estudadas...................................74
Figura 57 - Consumo de Energia Elétrica em função do FVC das cinco unidades
estudadas..................................................................................................................75
Figura 58 - Consumo de energia elétrica em função do tempo de sombreamento...76
Figura 59 - Área de fachada exposta e suas respectivas unidades residenciais ......77
Figura 60 - Consumo por área exposta nas Fachadas Nordeste..............................77
Figura 61 - Consumo por área exposta nas Fachadas Noroeste..............................78
Figura 62 - Consumo por área exposta nas Fachadas Sudeste ...............................78
Figura 63 - Consumo por área exposta nas Fachadas Sudoeste .............................79
II LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comportamento de materiais em relação à radiação solar......................34
Tabela 2 - Faces de P1.............................................................................................56
Tabela 3 - Faces de P2.............................................................................................59
Tabela 4 - Faces de P3.............................................................................................62
Tabela 5 - Faces de P4.............................................................................................65
Tabela 6 - Faces de P5.............................................................................................67
Tabela 7 - Importância relativa das variáveis no valor do consumo de
energia elétrica conforme o modelo desenvolvido em RNA......................................81
13
1 INTRODUÇÃO
O clima urbano, além de ser regido pelas condições climáticas gerais de uma
determinada região, depende das características físicas e relações espaciais de cada
elemento que compõe a cidade e afeta diretamente o desempenho energético dos
edifícios. O consumo de energia elétrica de uma edificação, dentre variáveis
diversas, está diretamente ligado às condições luminosas e térmicas do seu entorno
urbano. Se por um lado a incidência solar, em determinado peodo do dia ou do ano,
representa ganho de calor em uma edificação, podendo levar o usuário a ativar um
equipamento elétrico para atingir o seu conforto térmico, por outro as condições de
céu para aquela mesma edificação podem estar favoráveis ao conforto lumínico do
usuário, não havendo necessidade de serem mantidos equipamentos de iluminação
ativados. Uma superfície iluminada resulta em uma fonte indireta de luz. Segundo
Mascaró (1985), a luz refletida pelo entorno representa de 10 a 15% da luz diurna
recebida por janelas, podendo, em locais cujo entorno não está exposto ao sol
direto, a luz refletida representar mais da metade da luz recebida por janelas
localizadas em superfícies sombreadas.
Sob este aspecto, influem diretamente na atitude do usuário o desempenho
termo-lumínico da edificação, resultante, dentre outras características do edifício, das
relações espaciais existentes entre as edificações e o seu entorno. Interferindo nos
padrões de temperatura e iluminação desempenhados pelo edifício, o projeto e sua
implantação na malha urbana é um dos fatores responveis pela demanda de energia
elétrica do usuário para utilização de lâmpadas e aparelhos elétricos.
Pesquisas anteriores de Souza e Pizarro (2001), Souza e Silva (2001) e
Souza et al (2002) demonstram que variáveis geométricas como forma, orientação e
altura do edicio são elementos relevantes para o consumo de energia em uma
edificação isolada. Por outro lado, Souza (1996), apresenta um modelo que relaciona
a geometria urbana das edificações como um dos elementos responsáveis pelo
balanço térmico urbano e a conseqüente formação de ilhas de calor. Watkins (1999)
cita diversas pesquisas elaboradas para estudos do fenômeno da ilha de calor,
porém indica que poucos estão preocupados com o impacto deste fenômeno no
consumo de energia dos edifícios.
14
Considerando-se que a forma de implantação de uma fração urbana interfere nas
condições de reflexão, absorção e transmissão de luz e calor para os edifícios que
compõem o entorno imediato, existe uma relação direta entre a forma de
implantação desta edificação e o padrão de consumo de energia elétrica de
edificações residenciais.
Diante do exposto não se pode esquecer que sempre que se fala em conforto,
refere-se ao usuário dessa edificação. Em várias escalas de projeto a Ergonomia
busca suprir essa demanda em mobiliário, máquinas, equipamentos, utensílios,
vestuário, etc. Aqui, estuda-se a escala da Ergonomia da Edificação e da Ergonomia
Urbana, ou seja, a adequação da edificação e da ocupação do meio urbano ao
conforto do usuário.
Este trabalho procura colaborar com a continuidade da pesquisa Projeto-CEU
(Consumo de Energia Urbano), coordenado pela Prof
a
Dr
a
Léa Cristina Lucas de
Souza, orientadora dessa pesquisa, e que deve a colaboração de diversos bolsistas
de Iniciação Científica, a saber: Pedrotti (2004/2005), Leme (2004/2005), Costa
(2005), Correa (2005), Oliveira (2006), Postigo (2006), Nakata (2006). Muitos dos
resultados até aqui encontrados pelo projeto são descritos resumidamente no corpo
desta dissertação.
Através do projeto CEU foram verificadas tendências de consumo de energia
elétrica no bairro residencial Vila Universitária na cidade de Bauru-SP, que
demonstram a necessidade de ser ampliado o estudo para questões mais
específicas da forma de implantação do edifício nesse consumo.
Trata-se, portanto de um trabalho que estabelece um estudo de interface
entre a escala urbana e a escala do edifício propriamente dita.
Logo, a abordagem tem como área de estudo o mesmo bairro residencial
estudado no PROJETO CEU, utilizando-se dos dados gerados com aquela pesquisa.
A pesquisa tem como objetivo geral o estudo da influência do desenho de
implantação do edifício sobre o consumo de energia elétrica promovido pelo usuário.
Para isso têm-se como objeto de estudo específico, as edificações residenciais
térreas.
Seus objetivos específicos podem ser destacados:
Dar continuidade e aprofundamento dos estudos realizados pelo Projeto
CEU;
15
Identificar os possíveis padrões de consumo de energia elétrica do
usuário causados pela localização, orientação e forma do edifício;
Gerar informações, tais como, qual a melhor posição de implantação da
unidade para um determinado lote, ou mesmo qual item mais interfere no consumo
de energia de uma unidade, e que essas informações possam ser transportadas
para o campo prático do projeto arquitetônico, de forma que algumas diretrizes ou
orientações projetuais possam ser extraídas;
Fornecer bases ambientais mais apropriadas para o desenvolvimento
urbano, promovendo maior ergonomia urbana.
A verificação dessa hipótese é elaborada através de coleta de dados,
cruzamento de informações, análise e formulação de diretrizes.
Para isso considera-se que os dados de consumo de energia elétrica da área
são comparados aos dados de forma, orientação e localização do edifício.
São realizadas etapas de classificação da implantação das edificações, para que
possam ser agrupadas em edificações que sejam comparáveis umas às outras. Esta
etapa permitiu selecionar as edificações a serem estudadas.
Com os dados de área construída, volume construído e área livre das
quadras, o padrão do entorno das edificações selecionadas pode ser identificado.
A forma como o edifício ocupa o lote e sua localização na quadra foi identificada,
assim como sua orientação ao sol.
O cruzamento destes dados foi realizado pela sobreposição das diversas
informações obtidas, permitindo a elaboração de gráficos e tabelas que auxiliam na
análise e identificação das possíveis relações das diversas características de
implantação com o consumo de energia elétrica.
A complexidade das relações levou ainda a uma verificação da importância de
cada variável no consumo de energia elétrica, aplicando-se técnicas de Redes
Neurais Artificiais (RNA). A partir destas informações puderam ser extraídas
diretrizes projetuais.
Os procedimentos metodológicos específicos são detalhadamente descritos em
capítulo apropriado.
Para a abordagem aqui proposta, essa dissertação está dividida em 9
capítulos.
16
Inicialmente (capítulos 1, 2, 3 e 4) é feita uma revisão bibliográfica e
aprofundamento teórico sobre eficiência energética, condicionantes do consumo de
energia e redes neurais artificiais.
O capítulo 5 caracteriza a área de estudo e apresenta os resultados já
alcançados pelo projeto CEU.
O capítulo 6 descreve detalhadamente a metodologia.
O capítulo 7 apresenta os levantamentos de dados para caracterização dos
edifícios residenciais selecionados.
O capítulo 8 aborda os resultados e análises.
Por último são apresentadas as conclusões no capitulo 9.
17
2 PLANEJANDO A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA URBANA
O conforto térmico é um dos requisitos necessários para que o ser humano
desenvolva suas atividades adequadamente. Dentre as variáveis do conforto térmico
estão as condições climáticas do meio ambiente, o metabolismo do corpo, o tipo de
vestimenta, o peso, a idade, o sexo e a atividade desenvolvida.
Quando a perda e ganho de calor do corpo humano não se igualam, é causado o
desconforto térmico. Segundo Frota e Schiffer (2003, p. 20) “O organismo humano
experimenta sensação de conforto térmico quando perde para o ambiente, sem
recorrer a nenhum mecanismo de termorregulação, o calor produzido pelo
metabolismo compatível com sua atividade.” Xavier e Lamberts (2002) acrescentam
que a neutralidade térmica se dá quando o organismo troca com o ambiente, cargas
proporcionais de absorção e liberação de calor.
Mas o ambiente tem que proporcionar condições para que esta neutralidade
ocorra. No caso de climas quentes, por exemplo, essa neutralidade nem sempre é
alcançada, pois o corpo só perde calor para o ambiente, quando este apresenta
temperaturas inferiores a do corpo. Com isso, o usuário acaba por vivenciar um
desconforto térmico. Desconforto este, que, segundo Costa, Rodrigues e Labaki
(2005, p.522), “diminui as condições de habitabilidade humana”.
Pela própria disponibilidade de recursos tecnológicos, para atingir o conforto
térmico, o ser humano recorre a alternativas dispendiosas de climatização dos
ambientes, provocando aumento no consumo de energia. Mascaró (1991) diz que a
energia usada para climatizar os locais pode representar uma drenagem constante de
recursos difíceis de repor. No caso brasileiro, as características climáticas
predominantes levam a cargas térmicas que provocam mais gasto de energia,
devido aos sistemas de condicionamento de ar e ventilação.
Mas, não só as questões térmicas estão envolvidas com o consumo de
energia, também os requisitos lumínicos para atender as necessidades do ser
humano resultam em consumo de energia. A necessidade de se utilizar iluminação
artificial é uma constante dos ambientes, mas que poderia ser minimizada com a
adequada utilização da iluminação natural como fonte de luz.
A luz nos permite captar as informações do entorno, sendo ela uma das
necessidades mais importantes para que possam ser desenvolvidas as atividades
18
cotidianas. A luz natural é a fonte fundamental para a iluminação dos ambientes, no
entanto, não se pode excluir a importância da luz artificial. Pelo contrário estas duas
fontes são complementares e a noite, quando a luz natural não está disponível, a luz
artificial torna-se a mais importante das fontes para o conforto lumínico do usuário.
Na busca de critérios para o projeto arquitetônico, a luz natural deve ser a
fonte mais valorizada. A luz natural, além de permitir a própria orientação temporal
pelo ritmo de sua variação diária cíclica, facilita a orientação e percepção do espaço
e suas cores, proporcionando maior produtividade das atividades exercidas em um
ambiente.
Neste caso a luz artificial pode ser projetada para ser utilizada apenas como um
complemento a iluminação natural, sendo utilizada somente quando a natural não for
suficiente para garantir a iluminação mínima desejada de um ambiente, podendo ser
acionada parcialmente.
O alto custo da utilização de energia elétrica necessária para a produção da
luz artificial é um dos problemas ambientais mais preocupantes diante da crise
energética mundial.
No ano de 2001 o Brasil vivenciou uma grande crise energética para a qual os
seguintes fatores simultaneamente podem ter colaborado: o aumento populacional, o
avanço da tecnologia, que cada vez mais produz aparelhos movidos à eletricidade, a
falta de conscientização, períodos de estiagem, além do uso de aparelhos que
climatizam ambientes. De acordo com a Vesper (www.escolavesper.com.br acesso
em 19 jan. 2006), estima-se que até 2030 a demanda mundial por energia dobre.
Com o crescimento urbano Santamouris (2001) alerta para o fato de que um aumento
de 1% na população urbana representa um aumento de 2.2% no consumo de energia.
A busca por melhor desempenho energético nas edificações deve ser
constante. Mas esta preocupação não se limita ao edifício isoladamente, já que toda
a cidade se configura como palco das atividades humanas e consumo de energia.
Nesse sentido, o planejamento urbano é uma ferramenta essencial para o
desempenho energético urbano. Conforme citam Gasparini et al (2004), o
crescimento das urbes levou a um desempenho urbano, que se reflete no seu tecido,
de forma que a ergonomia urbana encontra-se comprometida.
A idéia de planejamento urbano só surgiu nos países em desenvolvimento a
partir da década de 60, sob condições de um crescimento desordenado e
consequentes problemas acarretados ao meio ambiente. Segundo Lombardo (1985), o
19
processo de urbanização mundial leva à sobrecarga da natureza, alterando toda a
ecologia das cidades, em especial daquelas onde o crescimento foi mais rápido e
sem planejamento adequado.
A agressão de um ambiente urbano a um ambiente natural é tal, que pode
alterar o clima de uma determinada região. Mendonça (2003) afirma, por exemplo,
que a degradação vegetal aumenta com desenvolvimento urbano e a vegetação tem
um papel importante no controle, regulação e minoração das temperaturas urbanas.
Assim a sua degradação pode significar aumento das temperaturas atingidas por
uma cidade.
Gonçalves (2003), diz que as metrópoles são os ambientes mais
afetados climaticamente, poiso a parte da superfície terrestre mais modificada.
Quanto maior for a cidade, maiores e mais graves os problemas que ela traz ao meio
ambiente e conseqüentemente ao clima.
O planejamento voltado para as questões climáticas é uma preocupação
recente. Para Monteiro (2003), cada vez mais se faz necessário o planejamento
urbano sob a ótica dos aspectos climáticos e sociais, além da economia.
Instrumentos reguladores eficazes são cada vez mais necessários, para que
permitam o desenvolvimento urbano, porém garantido a eficiência energética. Neste
aspecto os Códigos de Obras e Edificações, que determinam vãos mínimos de áreas
de iluminação e ventilação natural, profundidades máximas de ambientes em relação
a sua altura, dentre tantos outros índices de salubridade e conforto assumem um
papel importante, como instrumentos que podem definir as condições desejáveis nas
construções. Mas as características das cidades devem ser identificadas para que o
planejamento e regulamentação possam alcançar seus objetivos.
No caso das cidades brasileiras, elas se desenvolveram de acordo com os
costumes e conhecimentos arquitetônicos das diferentes épocas. A cidade colonial,
por exemplo, não estabeleceu bases precisas para a fundação ou administração das
povoações, pelo caráter marginal de sua ocupação. Segundo Rolnik (1997), a
colonização portuguesa não apresentava um conjunto de regras escritas para o
desenho das cidades, ou seja, havia uma ocupação mais livre da terra, desde que os
lucros sobre a terra estivessem garantidos. Contudo, algumas normas, presentes
nos códigos lusitanos foram importantes para a definição de uma posterior ordem
urbanística brasileira.
20
Já com o desenvolvimento das cidades industriais, com as novas tecnologias
e hábitos do século XIX, foram surgindo modificações incorporadas nas cidades e
nas construções. Os códigos sanitários brasileiros foram desenvolvidos, inspirados
na legislação sanitária européia, e implantados pioneiramente em São Paulo. Esses
códigos visavam proporcionar à população um ambiente sadio e decente.
Mais tarde, as cidades modernas cresceram baseadas nas concepções da
Carta de Atenas e as cidades-jardim também foram incorporadas nos códigos
brasileiros, como é o exemplo de Brasília. Assim os princípios modernistas foram
absorvidos pela legislação a partir dos Congressos Internacionais da Arquitetura
Moderna (CIAM).
O crescimento desordenado do tecido urbano é a principal característica das
cidades atuais. O descaso em relação à ocupação implica na degradação da
qualidade de vida e da própria ergonomia urbana. Como argumentam Mascaró e
Mascaró (1992), ocorre um descompasso entre o crescimento populacional e a
ampliação da infra-estrutura urbana.
Os códigos atuais ainda guardam alguns detalhes do antigo, em relação às
posturas sanitárias e aos planos de zoneamento. Contudo existem iniciativas para a
adequação ambiental e a racionalização do consumo de energia (MASCARÓ;
MASCARÓ, 1992).
Em 1985, Mascaró e Mascaró (1992) apresentaram uma proposta para os
Códigos de Obras (preocupão com características físicas e geométricas dos
materiais, componentes das construções), os Planos Diretores e as Normas Técnicas
(caráter mais geral, válidas para todo o território nacional) como instrumentos
normativos aplicáveis ao projeto, construção, conservação e uso das edificações a
fim de apresentarem características técnico-ambientais desejáveis, constituindo-se
em agentes de defesa e promoção do bem-estar coletivo.
Até a década de 90, as únicas normas existentes no Brasil em relação à
eficiência energética eram as NBR 5431 e 6401, de 1982, mas tratavam somente de
iluminação e ar condicionado, sem a preocupação de eficiência energética nas
edificações. Um projeto de normas, no entanto, já há alguns anos em processo de
aprovação pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), passou a vigorar
em maio de 2005.
Para Tavares e Lamberts (2005), a primeira iniciativa instituída para promover
a eficiência energética resultou da crise de energia de 2001, pela Lei 10295 de
21
17/10/2001. Nesta Lei é estabelecido que “o Poder Executivo desenvolverá
mecanismo que promovam a eficiência energética nas edificações construídas no
País”. A partir daí uma série de iniciativas foram tomadas para a maior eficiência
energética no país.
Os mesmos autores indicaram que o Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica (PROCEL) da ELETROBRÁS estabeleceu um Plano de Ações em
edificações, incluindo vertentes de: arquitetura bioclimática, indicadores referenciais
para edificações, certificação de materiais e equipamentos, regulamentação e
legislação, remoção de barreiras à conservação de energia, e educação. Dos
diversos projetos envolvidos em cada uma destas vertentes, está justamente a
regulamentação da eficiência energética nas edificações.
As características das edificações são essenciais para o desempenho térmico
do edifício e da própria cidade. Neste caso, a nova norma técnica brasileira ABNT-
15220 de 2005 merece especial atenção. A norma sugere características
construtivas mínimas para o desempenho térmico adequado das edificações, dando
especial atenção às habitações de interesse social.
O setor residencial é um segmento que deve ser considerado minuciosamente.
Em 2003, segundo a Câmara Brasileira de Investidores em Energia Elétrica (CBIEE),
o consumo de energia no Brasil cresceu 5% de janeiro a julho, o equivalente a
174,053 gigawatts (GWh), com base em levantamento do Departamento de Estudos
Energéticos e Mercado (DEEM), da Eletrobrás (matéria de 07/10/2003). O mercado
que mais cresceu foi o comercial, com expansão de 7,1% no ano, mas, ainda assim, o
segmento onde ocorreu a maior expansão foi o residencial, com 11,7%. Para o ano
de 2006, o consumo doméstico mensal de 67% dos brasileiros estabelece-se entre,
51-300 kWh mensais.
É necessário, portanto que se estabeleçam critérios de construções
adequadas no setor residencial, de forma a que se alcance maior eficiência
energética. No entanto, estas questões não se limitam a considerações internas às
edificações, mas também às suas características de implantação. Nesse sentido, o
estudo das influências da forma de implantação do edifício no tecido urbano é
fundamental para que se alcance tal objetivo.
22
3 CONDICIONANTES DO CONSUMO DE ENERGIA
Levando em consideração as condicionantes energéticas dos edifícios, a
quantidade de energia utilizada depende de fatores como: a localização, as
condições climáticas, os materiais construtivos, a orientação e posição das
aberturas, a forma do edifício e uso de equipamentos eletro-eletrônicos. Soma-se a
isso a influência das atividades desenvolvidas no edifício, que estão diretamente
relacionadas à forma de utilização que o usuário estabelece naquele espaço.
Destaca-se, porém, que esta pesquisa não tem por objetivo estudar o
comportamento do usuário, o que exigiria uma outra abordagem metodológica.
Neste capítulo são especificadas apenas as questões quanto à implantação que
podem influir no consumo interno do edifício.
3.1 Quanto à Posição Geográfica
O local de implantação do edifício é um dos principais condicionantes
energéticos. A latitude e a altitude do local de implantação determinam a energia
solar recebida, porque a quantidade de energia solar, que chega à Terra em
diferentes comprimentos de onda, depende da época do ano, das condições
atmosféricas e do ângulo de incidência dos raios solares.
Locais cujas latitudes são mais próximas à linha do equador tendem a receber
maior quantidade de radiação solar, com ângulos de incidência mais ortogonais e
menores caminhos percorridos pelos raios solares na atmosfera. Para locais com
maiores latitudes, o inverso é verdadeiro.
Da mesma forma, a altitude influi na quantidade de energia, de forma que
quanto maior a altitude do local, menores as temperaturas alcançadas, já que
diminuem os gases de efeito estufa contidos na atmosfera terrestre e, portanto,
menor a capacidade de armazenamento de calor pela atmosfera. Em média, a cada
100 m de altura ocorre uma queda de 0,6
o
C na temperatura.
23
A inter-relação dos diversos elementos climáticos (radiação, temperatura, vento,
umidade) estabelece diversos tipos de clima (quente-úmido, quente-seco, composto,
frio, temperado, etc) sobre a superfície terrestre, e que determinam os diferentes ganhos
de energia e necessidades energéticas. Segundo o estudo de Schiller (2001), nas
latitudes mais altas da Europa, o acesso solar direto é um benefício e a legislação
privilegia isso. Já em climas quentes essa questão é mais complicada, porque a
sombra solar é desejável e a incidência direta de sol, geralmente, provoca
superaquecimento.
3.2 Quanto à Localização no Entorno e no Lote
A localização do edifício no lote é um dos principais parâmetros projetuais e
que tem influência no ganho de calor por radiação solar e no sombreamento.
Almeida et al (2006), por exemplo, mostram as diferentes formas de implantação no
lote (Figura 1), para residências multifamiliares. São destacadas as residências
implantadas de forma isoladas, geminadas e em faixas.
Pela comparação entre as forma de implantação observa-se que o acesso
solar de edificações isoladas é maior do que aquele em residências implantadas em
faixas ou geminadas.
24
A
A
Corte AA
B
A
Corte BB
B
B
A
B
Corte BB
Corte AA
A
Corte AA
Corte BB
B
A
B
Geometria das residências
unifamiliares isoladas
Geometria das residências
unifamiliares em banda
Geometria das residências
unifamiliares geminadas
Figura 1: Disposição de residências unifamiliares no terreno. Fonte: Almeida et al. (2006)
Ainda é possível analisar o entorno com relação à altura do edifício e a largura
da via (H/W) (Figura 2). Por esse fator pode-se ter uma idéia da interferência entre
edifícios e da proximidade entre eles. Quanto menor for esse índice, menor será
essa interferência e mais distantes estarão. As edificações interferem no fluxo de ar,
no acesso solar e na capacidade de absorção da radiação entre um e outro.
H
W
Figura 2: Relação H/W - Fonte: Souza (1996)
25
O acesso solar é reduzido com edifícios mais altos em localizações especiais
ou mesmo quando a largura da via é pequena. Isso pode sombrear áreas e reduzir
ganhos solares ao mesmo tempo em que pode prejudicar a iluminação (Figuras 3 e
4).
Perfil de via com edificações baixas
Região de incidência solar
Perfil de via com edificações altas
Região
de
sombra
Região de incidência solar
Região
de
sombra
Figura 3 - Acesso solar de acordo com H/W - Fonte: Souza (1996)
26
Figura 4 - Acesso solar de acordo com H/W - Fonte:Adaptado de Almeida (2006)
Outra forma de se verificar as relações do lote com seu entorno e o
conseqüente acesso solar é através do Fator de Visão do Céu. Souza (1996)
demonstra que o FVC é um dos parâmetros responsáveis pela troca de calor entre o
ambiente urbano e o céu. O resfriamento das superfícies terrestres é proporcional à
área de céu visível a partir desta superfície. O céu, com sua temperatura
normalmente inferior a da superfície terrestre, é elemento essencial no balanço de
energia. O FVC indica uma relação geométrica entre a Terra e o céu e que
representa uma estimativa da área visível de céu.
27
Em outras palavras, o FVC é uma estimativa geométrica da fração visível do
céu, considerando a “obstrução” feita pelos obstáculos do entorno. Seu valor é
sempre menor do que 1.
A Figura 5 apresenta uma representação do FVC para um ponto intra-urbano.
A máscara representa os edifícios do entorno de um ponto de observação, os pontos
o trajeto do sol nas diferentes épocas do ano e o centro da imagem, a porcentagem
de céu visível. Uma forma de se obter esta imagem é por fotos a partir de câmeras
fotográficas equipadas com lente tipo “olho de peixe”. Outra possibilidade é através
de recursos computacionais, como, por exemplo, o software 3DSkyView,
desenvolvido por Souza, Rodrigues e Mendes (2003), o qual gerou a imagem
apresentada na Figura 5.
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Figura 5 – Representação gráfica do fator de visão do céu, gerado pelo software 3DSkyView.
Também o comportamento das massas de ar é relacionado às suas
temperaturas e ao meio que estas dispõem para passagem do ar. Quanto menor a
área para a passagem do ar, maior será sua velocidade e a rugosidade das
superfícies também altera essa velocidade.
28
As edificações criam um campo de turbulência ao seu redor (Figura 6), mas a
medida em que o espaçamento diminui, o fluxo de ar tende a não penetrar nesses
espaços, criando um campo isolado, onde há uma redução na perda de calor por
turbulência.
a. Fluxos de ar entre os edifícios
b. Fluxos de ar entre os edifícios
c. Fluxo de ar tende a passar
Cubo
Vale
0
12345678
4
2
1
0,50
0,20
0,25
0,33
L/H
H/W
L
H
W
são independentes
se interagem
sobre os edificios
(a)
(b) (c)
H
W
Figura 6 - Influência de H/W no fluxo de ar - Fonte: SOUZA (1996)
Watkins (1999) afirma que durante a noite a velocidade do vento no meio
urbano é muito maior que no meio rural, ao contrário que durante o dia. Além disso,
as constatações deste estudo indicam que:
Ruas largas e espaços abertos facilitam o fluxo de ar e melhoram a
ventilação das partes internas da cidade (Figura 7);
O sistema quadriculado de ruas favorece a penetração do ar na cidade;
29
A baixa velocidade do ar em áreas urbanas reduz a dispersão de calor
gerada na cidade e seus efeitos podem ser particularmente danosos durante dias
calmos com alta radiação.
Figura 7 - Concentração de Poluentes lançados sem os obstáculos dos edifícios e no centro da cidade de
Baltimore – EUA. Fonte: artigo publicado pela Environmental Science & Technology
Duarte e Serra (2003) complementam os conceitos sobre ventilação, afirmando
que:
A altura variável de edifícios facilita parte do fluxo para baixo,
favorecendo a circulação do ar no nível do pedestre,
O uso de pilotis favorece a circulação por entre os edifícios,
Recuos maiores facilitam a circulação do vento e aumentam o
potencial de iluminação natural, reduzindo a carga térmica da iluminação artificial.
É possível mapear as trajetórias locais de vento para antecipar futuras
conseqüências da ocupação da cidade. Assim, pode-se determinar corredores de
vento, que devem permanecer desobstruídos para a melhoria do conforto urbano e,
para a dispersão de poluentes, inclusive com a presença de vegetação nessas
áreas.
Segundo Schiller (2001), o impacto do vento nas áreas urbanas, junto com o
acesso solar afeta vários aspectos urbanos e do desempenho da edificação, como
perdas de calor do edifício e o conforto nas áreas abertas, públicas ou privadas.
30
3.3 Quanto à Orientação do Edifício
Outro dado primordial para o desempenho do edifício é a orientação. Esta
tamm determina se a radiação e os ventos serão ou não favoráveis ao conforto da
edificação e que necessidade o usuário terá de acionar equipamentos eletrônicos
para alcançar esse conforto. Num edifício mal orientado não se consegue otimizar os
ganhos solares no inverno e é praticamente impossível evitar a penetração de
radiação com protetores solares durante o verão (ALMEIDA et al. , 2006).
Toledo (2003) mostra que há diferenças significativas na carga térmica
recebida pelo edifício conforme a orientação, principalmente quando se compara a
orientação norte-sul e a leste-oeste (diferença de 13,58%) e que o sombreamento
das aberturas sempre contribui para a redução de carga térmica de resfriamento (no
caso de climatização), especialmente a norte-sul.
Souza e Pizarro (2001) estudando quantitativamente a orientação de blocos de
edifícios residenciais de 4 andares indicam que esta variável se mostrou mais
importante do que o número de freezers, por exemplo. Segundo essa pesquisa, a
orientação contribui em média com 17% no consumo de energia elétrica. A orientação
de maior consumo correspondeu àquelas com fachadas voltadas a 100°N, enquanto o
ângulo de 30° N representou o menor consumidor, dentre os ângulos estudados.
Mascaró e Mascaró (1992) afirmam que a orientação é um fator mais crítico
em grandes latitudes, onde a variação da radiação recebida é mais ampla, do que
em pequenas.
Segundo artigo “Sustainable Design Strategies” da Technology Scanning Issues,
publicado pelo Departamento de Desenvolvimento de Moradia e Urbanismo dos
Estados Unidos:
Ruas com orientação de N/S podem ter sombras de 40 a 80% de sua
área, dependendo da latitude;
A orientação de NO/SE pode ter apenas de 30 a 50% de sua área
sombreada, durante o ano;
A orientação L/O também alcança apenas 30% de sua área
sombreada.
Para Rosenlund (2001), em lugares onde o conforto é atingido principalmente
pela movimentação de ar, é importante orientar o edifício de acordo com os ventos
31
predominantes. E em regiões onde a temperatura tem mais inflncia no conforto que a
ventilação, a orientação com relão ao sol é importante e pode facilmente ser
observada nos diagramas solares.
As recomendações dadas por Schiller (2001) em relação ao acesso solar nas
estações quentes são:
- As formas do edifício devem evitar grandes superfícies a leste e a oeste
expostas ao sol de verão;
- Edifícios devem prover sombra parcial na área de circulação de pedestres,
bem como espaços para a plantação de árvores que protejam a incidência solar ao
meio dia, quando o sol está fechado no zênite;
- Grandes espaços abertos (públicos ou privados) vão receber pouca
sombra dos edifícios vizinhos, então as principais fontes de sombra serão as
árvores.
3.4 Quanto à Forma do Edifício
Para análise da forma do edifício é possível utilizar um parâmetro que se
denomina fator de forma. Esse fator relaciona a área da envolvente e a área útil do
pavimento ou volume útil do edifício. Quanto menor for esse fator, mais compacto é o
edifício e menor é quantidade de trocas térmicas com o ambiente. As perdas térmicas
de um edifício são diretamente proporcionais ao fator forma, diminuindo com o
aumento do volume do edifício (ALMEIDA et al 2004).
A figura 8 mostra como um edifício de mesma área habitável, com mesmo
volume apresenta fatores de forma distintos.
32
C1 – Fator de Forma: 0,27 C2 – Fator de Forma: 0,25 C3 – Fator de Forma:0,21
Figura 8 - Diferentes possibilidades de implantação de um bloco de mesmo volume. Fonte: Adaptado
de ALMEIDA et al (2004)
3.5 Quanto as Características dos Materiais Construtivos
Os materiais possuem propriedades térmicas determinantes do conforto
térmico de um ambiente e, portanto do seu consumo de energia.
A condutividade térmica, a densidade e o calor específico dos materiais são as
caractesticas que influem no seu comportamento térmico.
A condutividade é a quantidade de calor que atravessa um metro linear do
material por unidade de tempo. Se um material tiver alta condutividade térmica, ele
será um bom condutor e a temperatura externa tende rapidamente a se manifestar
no interior do edifício. Os maus condutores isolam melhor o ambiente, fato que deve
ser aproveitado corretamente, de acordo com as necessidades de conforto.
O calor específico é a quantidade de calor que pode ser armazenado no
material e influi na velocidade de transmissão do calor de uma face à outra deste.
Quanto maior o calor específico de um material, maior será a quantidade de energia
calorífica necessária para aumentar sua temperatura e mais energia ele será capaz
de armazenar.
A densidade do material se relaciona a essas duas propriedades, pois se um
material é muito denso, ou seja, tem muitas partículas sólidas, a tendência é que
33
armazene bastante calor. Materiais pouco densos, com camadas de ar em seu
interior tendem a ter baixa condutividade, pois o ar parado é dos melhores isolantes.
A espessura das paredes é outro item importante, paredes espessas são capazes de
um melhor retardo térmico, ou seja, a temperatura de uma face demora a se
manifestar na outra.
A chamada inércia térmica é o conjunto de propriedades de retardo térmico
e amortecimento, ou seja, ela diz se a temperatura de uma face demorará a se
manifestar na outra. Segundo Almeida (2001), esse é um fator que claramente
interfere no desempenho térmico de uma edificação, e que torna possível a diferença
de mais de 20% de consumo de energia para edifícios com grande inércia térmica
quando comparado com aqueles de pequena.
No Brasil, a norma da ABNT, NBR 15.520 “Desempenho térmico das
edificações” (2005), conm recomendações quanto à:
Definições, símbolos e unidades;
Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica,
do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações;
Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para
habitações unifamiliares de interesse social;
Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo princípio
da placa quente protegida;
Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo método
fluximétrico.
Armelin e Cherry (2003) pesquisaram a eficiência das mantas de subcobertura
muito usadas sob coberturas de alumínio e em crescimento no mercado brasileiro. O
resultado foi que alguns desses aparatos conseguiram reduzir em até 80% a entrada
de calor na residência e que a ventilação da cobertura isolada diminui a entrada de
calor em 13%. Deste modo, é possível reduzir o aquecimento da casa, o desconforto
térmico e sua demanda por energia elétrica.
Além disso, o comportamento dos materiais em relação à radiação solar é a
característica que determina a quantidade de radiação solar que atravessa o material.
A absorção solar aumenta, pois o ambiente urbano está cercado de superfícies
refletoras, inclusive as ruas (Tabela 1).
34
Tabela 1 – Comportamento de materiais em relação à radiação solar (Fonte: Olgyay (1968)).
O material de revestimento dos edifícios também interfere no conforto térmico e
lumínico um do outro. Assim, os materiais reflexivos propiciam um bom isolamento
térmico do interior da edificação justamente por refletir a radiação solar para o
exterior, aquecendo esse ambiente.
Quanto à interferência entre edifícios na radiação, as principais características do
material de revestimento são:
Emissividade – relacionado à emissão de ondas longas, não depende
da cor, apenas do polimento da superfície. A mesma quantidade absorvida é emitida.
Quanto maior o polimento, menor a emissividade.
Reflexividade – depende diretamente da cor e do polimento da superfície,
sendo maior quanto mais claro e mais polido for o material.
Reflexibilidade % Emissividade %
Rad. Solar Rad. Térmica
Prata Brilhante 93 98 2
A
lumínio brilhante 85 92 8
Cal 80 - -
Cobre brilhante 75 85 15
Lâmina cromada 72 80 20
T
inta de chumbo branca 71 11 89
Mármore branco 54 5 95
Pintura verde clara 50 5 5
Pintura alumínio 45 45 55
A
rdósia 43 5 95
Madeira clara 40 5 95
Fibrocimento de um ano 29 5 95
T
ijolo de argila vermelho 23-30 6 94
T
inta cinza 25 5 95
Ferro galv. Oxidado 10 72 28
Preto fosco 3 5 95
Reação dos materiais à radiação solar e térmica
Radiação TérmicaSuperfície
0,8
0,7
0,5
Placa de concreto reforçado
Lâmina de fibrocimento cinza
Telha ou placa de argila
Coeficiente de absorção de radiação solar (onda curta)
35
3.6 Quanto às Aberturas dos Edifícios
O tamanho e o posicionamento das aberturas determinam ganhos solares (aumento
ou diminuição da energia térmica recebida pela edificação), iluminação e forma de
ventilação. A abertura normalmente é a maior fonte de perda/ganho de calor, como
de iluminação natural, que se utilizada pode-se reduzir significativamente o consumo
energético, como mostra a pesquisa de Westphal, Lamberts e Guisi(2002).
A luz natural é o resultado da luz direta e indireta do sol, sendo a indireta,
produto das reflexões da direta nas nuvens e nos edifícios. A luz natural não é
uniforme e depende da posição geográfica do local, da posição do sol, da
quantidade de nuvens no céu e ainda é afetada pela reflexão das fachadas dos
edifícios vizinhos, pelo fator de reflexão dos materiais dessas fachadas e das
paredes do ambiente interno (RABAG 2003).
No verão, a quantidade de luz natural depende mais da posição do sol e no
inverno, mais da quantidade e tipos de nuvens no céu e da quantidade de pó na
atmosfera (RABAG 2003).
A utilização de vidros está diretamente ligada à questão das aberturas. Segundo
Almeida (2001), a eficiência térmica do uso do vidro nas aberturas e seu efeito no
desempenho térmico do edifício dependem do tipo de vidro (se é simples ou duplo), do
tipo de caixilho (se é de madeira ou é metálico), e da permeabilidade de ar que a janela
propicia. Quanto às características lumínicas, atualmente existem novas tecnologias em
materiais de revestimento que usam o vidro integrado a sistemas de brises e estruturas
capilares de controle solar, como mostra a pesquisa de Rabag (2003). Assim, é possível
proteger a área próxima à janela da luz solar direta e redirecionar essa e a luz difusa
para o interior do ambiente, otimizando a iluminação natural e economizando energia.
36
3.7 Quanto à Vegetação do Entorno
A presença de árvores e vegetação em geral também é sentida no ambiente
urbano. Além de ser um fator de redução térmica, é também um agente de
atenuação da poluição, de aumento da umidade relativa, e até de melhora de
drenagem e das condições de ventilação e conseqüente dispersão de poluentes e
muitos outros benefícios psicológicos e físicos.
Segundo Romero (2001), as diferenças entre ambientes com e sem vegetação são:
- A vegetação tem menor capacidade calorífica e condutibilidade
térmica que os materiais dos edifícios.
- A radiação solar é, em grande parte, absorvida pelas folhas, e a
reflexão é pequena (albedo baixo).
- A taxa de evaporação é muito mais alta nas áreas verdes que nas
sem plantas.
- As folhas podem filtrar a poeira e a contaminação do ar.
- A vegetação reduz a velocidade do vento e as flutuações próximas
do solo.
Segundo Mascaró (1996):
“a vegetação desenvolve um papel extremamente importante,
devido ao fato de que regula a umidade do ambiente, pois
interfere na integridade da radião que chega ao solo ou aos
pedestres, no condicionamento do vento, na quantidade de água
a ser evaporada ou absorvida pelo solo, além de ser um fator de
sombra e suavização da temperatura”.
Os estudos feitos por Fonseca (2001), Melo (2001) e Gasparini (2002) sobre
as áreas públicas de lazer em Bauru mostram que as áreas sombreadas e com o
microclima mais agradável em virtude de uma maior quantidade de vegetação, atrai
mais pessoas. Conclui também que pisos impermeabilizados e sem sombra são os
que apresentam as maiores temperaturas, as menores umidades e as maiores
velocidades do vento.
De acordo com a pesquisa de Faria (2003) em Bauru, a distribuição da
vegetação exerce um papel fundamental na variação das características térmicas do
37
clima intra-urbano. As áreas mais densamente construídas apresentam maiores
taxas de aquecimento e de resfriamento, em contraposição a áreas com proporção
expressiva de vegetação, como bosques, praças e os fundos de vale com grandes
extensões de vazios com cobertura vegetal.
Alguns estudos como os de Duarte e Serra (2003) focam a vegetação e
discorrem sobre uma boa distribuição desta pela malha urbana. Segundo esses
autores, muitos outros pesquisadores concordam que o efeito de um parque grande
a partir de um ponto não é tão significativo além dos seus limites quanto a mesma
área espalhada pela cidade; cada bairro deveria ter sua parcela de área verde e
superfícies d’água para criar no seu entorno condições climáticas mais adequadas e
melhor qualidade do ar. Árvores espaçadas em vez de aglomeradas são também
mais eficazes para a filtragem de poluentes. Para o conforto higrotérmico do edifício e a
redução no consumo de energia para resfriamento, áreas verdes nos lotes em torno
das áreas construídas é muito mais significativo.
Em Tókio, pesquisas mostram que a brisa vinda de um parque para uma área
comercial tem o potencial de redução do condicionamento artificial até em 15% entre
1:00 h e 2:00 h da tarde. Para as condições brasileiras, esse índice pode ser até mais
alto, visto que as temperaturas são em geral, mais altas. Faltam, no entanto, estudos
que comprovem valores.
38
4 Redes Neurais Artificiais
Como é necessária uma técnica de análise para os dados estudados nesta
dissertação, aqui são abordadas as técnicas das Redes Neurais Artificiais como
parte da revisão metodológica.
A técnica das Redes Neurais Artificiais (RNA) consiste em um sistema de
equações interligadas, para o qual o resultado de uma equação é o valor de entrada
para outras, formando uma rede.
As RNA reproduzem uma função matemática, modelando relações entre
variáveis. Esse sistema é baseado no comportamento do cérebro humano, tendo o
neurônio como elemento de referência e fazendo parte da Inteligência Artificial (IA).
As RNA são capazes de reconhecer padrões em problemas complexos,
sendo esta uma das vantagens da sua aplicação. Assim podem ser gerados modelos
e identificada a importância das variáveis que geram um determinado evento.
Segundo Silva et al (2004) pode-se definir uma RNA como “um sistema
constituído por elementos de processamento, interligados, também chamados de
neurônios artificiais, os quais são dispostos em camadas (uma camada de entrada,
uma ou várias intermediárias e uma de saída) e são responsáveis pela não-
linearidade da rede, através do processamento interno de funções matemáticas.
Pode-se dizer que as RNA aprendem com exemplos. Estas possuem uma regra de
aprendizagem, que é responsável pela modificação dos pesos sinápticos a cada
ciclo de iteração, de acordo com os exemplos que lhes são apresentados.”
Os principais componentes de uma RNA são:
Elementos de processamento – ou neurônios artificiais, que constituem
a rede;
Estado de ativação – função responsável pelo sinal a ser transmitido
aos demais neurônios. É responsável pela não-linearidade da rede;
Função saída de cada elemento de processamento – controla a
intensidade de funções de ativação;
Ligações entre os elementos de processamento – matriz de pesos que
definem o sistema;
39
Propagação e função combinação – regras segundo as quais os
valores de entrada de um neurônio são combinados com os valores da
matriz de pesos para produzir a entrada líquida;
Aprendizagem – extração de informações relevantes dos dados,
criando uma representação própria para o problema. São regras bem
definidas para que a rede “aprenda” determinada função.
Existem vários tipos de RNA, das quais as mais utilizadas são as do tipo
Multilayer Perceptron (MLP). São redes que contêm camadas de entrada, camada
intermediária e camada de saída. Cada nó da camada de entrada leva para dentro
da rede o valor de uma variável independente.
Na prática, de posse de dados reais de um determinado evento e
conhecimento dos valores de variáveis também reais que podem interferir no valor
do evento, um software de RNA processa os dados, e através do processo de
aprendizagem, identifica as relações estabelecidas entre as variáveis que
influenciam no valor do evento.
Tanto dados de entrada como dados de saída são valores reais para que a
rede aprenda essas relações. Após desenvolvida a rede é então possível utilizar o
modelo para previsão.
No caso da metodologia aqui proposta, a aplicação dessa técnica é incluída,
não para utilização de modelos de previsão, mas para a simples identificação da
importância de variáveis e para facilitar assim uma análise.
40
5 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO
A pesquisa aqui proposta está vinculada ao PROJETO CEU – Consumo de
Energia Urbana. O projeto CEU procura estudar aspectos da geometria urbana,
temperatura e consumo de energia, tendo como base de estudo o bairro Vila
Universitária na cidade de Bauru.
Destaca-se que neste capítulo é inicialmente contextualizada a pesquisa do
Projeto CEU e seus resultados até aqui alcançados, para em seguida ser apontada a
metodologia do estudo proposto. Esclarece-se ainda que o conteúdo abordado sobre a
área de estudo é baseado nas pesquisas de Iniciação Científica que estão vinculadas
ao mesmo projeto, podendo-se citar os trabalhos de Pedrotti (2004/2005), Leme
(2004/2005), Costa (2005), Correa (2005), Postigo (2006), Oliveira (2006), Nakata
(2006).
5.1 Sobre a Área de Estudo
A cidade de Bauru (Figura 8) localiza-se entre as latitudes 22º15´S e 22º25´S
e entre as longitudes 49ºW e 49º10´W. Cidade de porte médio com população total
de 344.258 hab. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, 2004), sendo
que 98% de sua população é urbana. Abrange uma área de 673 km² e distante 343
km da cidade de São Paulo, 286 Km em linha reta (Fonte: Departamento de
Estradas de Rodagen - DER). Possui uma densidade demográfica de 467 hab/km².
Está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Tietê, entre os rios Batalha e
Bauru. Tem altitude máxima de 615m e mínima de 490m, com características
predominantemente planálticas e topografia pouco acidentada.
Apresenta estação de verão quente úmido e de inverno quente seco. Sua
temperatura média é de 26,3ºC. Por sua posição geográfica, sofre forte influência da
massa equatorial e continental durante o verão, o que produz como efeito muito
calor, umidade e precipitações. Sofre também influência da massa tropical atlântica,
no outono, inverno e primavera, com calmaria, baixa umidade relativa do ar e céu
limpo.
41
5.1.1 O Bairro de Estudo
O bairro estudado é caracterizado pelo Plano Diretor de 1996 como ZR.3 –
Zona Estritamente Residencial, e essa homogeneidade de usos é útil para a
verificação de padrões de consumo de energia. Compreende o Bairro Vila
Universitária e trechos do Jardim Infante Dom Henrique e é limitado pelas Avenidas
Nações Unidas e Otávio Pinheiro Brizolla (lateralmente) e pelo Campus da USP de
um lado, e o Bauru Shopping do outro (superior e inferiormente) como mostra a Figura
9.
Figura 9 Localização do Bairro em estudo no mapa de Bauru, no estado de São Paulo e no Brasil.
(Fonte: Montagem a partir de varias escalas de aproximação do programa Google Earth)
42
O bairro Vila Universitária se configura como uma das principais áreas
residenciais, que possui uma marcante diversidade construtiva, quanto à
verticalidade das edificações na cidade (criando diferentes alturas edificadas).
Apresenta ainda grandes infra-estruturas no bairro (hipermercado, shopping, lojas,
restaurantes...) que atrai o interesse de muitos moradores, inclusive universitários,
para a região.
No Projeto CEU, 60 pontos desta área foram estudados e determinados o
fator de vio do céu por Leme (2004/2005) em cada um deles. Conforme já
mencionado o fator de visão do céu (FVC) é um parâmetro adimensional, que permite
estabelecer a relação entre a área de céu visível em determinado ponto e aquela
que estaria disponível se não houvesse nenhuma obstrução do horizonte. É
comumente utilizado em estudos térmicos, porque o céu tem papel primordial no
balanço de energia, uma vez que toda a energia acumulada pela terra tende a ser
emitida para o céu. No caso do projeto CEU o FVC é utilizado como forma de se
quantificar a geometria urbana.
5.1.2 O Padrão de Consumo de Energia Elétrica no Bairro
Os dados de consumos de energia elétrica do bairro de estudo foram
coletados juntos a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) por Pedrotti (2004) e
as informações obtidas foram sistematizadas em tabelas. Além disso, um questionário
(exposto no anexo) foi elaborado por Correa (2005) para identificação do perfil do
usuário. Após essa etapa, Oliveira (2006) ampliou a coleta de dados de consumo de
energia.
As Figuras de 10 a 23 apresentam os resultados sobre o perfil do usuário para
uma melhor visualização dos dados obtidos com os questionários. Neles são
apresentadas as porcentagens para cada uma das perguntas do questionário,
englobando o resultado total entre os prédios de apartamentos e as residências
levantadas.
43
O levantamento desses dados permitiu um mapeamento da área de estudo,
com análises importantes sobre o consumo energético e características térmicas da
região. A criação de mapas do bairro realizada pelo mesmo grupo de estudo, foi feita
a partir do SIG (ArcView GIS 3.2), permitindo relações entre o consumo de energia e
demais características levantadas. Os mapas criados se apresentam nas Figuras 11,
14 e 17.
Quantidade de moradores
7%
22%
27%
25%
14%
5%
1 pessoa
2 pessoas
3 pessoas
4 pessoas
5 pessoas
`+ de 5
Figura 10: Quantidade de Moradores
n u m e r o m o r a d o r e s
0 - 2
2 - 3
3 - 4
4 - 5
5 - 5
Figura 11: Visualização em 3D, realizada no ArcView, do
número de moradores na região – Fonte: SOUZA (2006)
44
Número de Dormitórios por domicílio
0%
18%
68%
11%
3%
1 dorm.
2 dorms.
3 dorms.
4 dorms.
´+ de 4
Figura 12: Numero de Dormitórios por Domicílios
A faixa entre 1-10 salários mínimos aparece como a segunda concentração
maior de renda da população local. Isso pode ser explicado tanto pela considerável
presença de estudantes morando na área, como também a de muitos aposentados.
Faixa de Renda Familiar
36%
44%
16%
1%
3%
1-10 salários
10-20 salários
20-40 salários
40-60 salários
60-80 salários
Figura 13: Faixa de Renda Familiar
45
renda
0 - 10 salários mínimos
10 - 20
20 - 30
30 - 40
40 - 50
A maioria, ou seja, 31% dos entrevistados apresentaram um consumo de 100-
200 kwh/mês; logo em seguida fica a faixa entre 200-300 kwh/mês com 24% das
casas, seguido de 13% com 300-400 kwh/mês.
Habitantes da área de estudo
86%
14%
famílias
estudantes
Figura 15: Habitantes da Área de Estudo
Figura 14: Visualização em 3D, realizada no ArcView, da renda
mensal das famílias do bairro, em salários mínimos – Fonte:
SOUZA (2006)
46
Consumo Médio Mensal
2%
10%
31%
24%
13%
8%
8%
1%
2%
1%
até 50 kwh
50-100 kwh
100-200 kwh
200-300 kwh
300-400 kwh
400-500 kwh
500-600 kwh
700-800 kwh
800-900 kwh
`+1000 kwh
Figura 16: Consumo Médio Mensal
c
o
n
s
u
m
o
m
é
d
i
o(qu
e
s
t
i
o
n
á
r
i
o
)
0
-
5
9
k
Wh/m
ê
s
5
9
-
2
5
6
2
5
6
-
4
5
2
4
5
2
-
6
4
9
6
4
9
-
8
4
6
A Figura 18 demonstra o período do ano em que se costuma gastar mais
energia, com base nos moradores entrevistados. O resultado igualou-se entre os
meses mais frios do inverno e os mais quentes do verão, devido ao uso extra de
energia como chuveiro e possíveis ventiladores, respectivamente.
Figura 17: Visualização em 3D, realizada no ArcView, do
levantamento do consumo médio de energia sobre o bairro
– Fonte: SOUZA (2006)
47
28%
36%
36%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
(%)
Época do ano de maior consumo energético
Não faz diferença
Verão
Inverno
Figura 18: Época do Ano de Maior Consumo Energético
Ocorreu um equilíbrio entre as residências que apresentam tanto a época do
inverno quanto a do verão como as de maior custo.
Quantidade de chuveiros elétricos
27%
48%
19%
4%
2%
1 chuveiro
2 chuveiros
3 chuveiros
4 chuveiros
mais de 4
Figura 19: Quantidade de Chuveiros Elétricos
48
Quantidade de geladeiras por domicílio
82%
16%
2%
1 geladeira
2 geladeiras
3 geladeiras
Figura 20: Quantidade de Geladeiras por Domicilio
Número de freezers
58%
41%
1%
nenhum freezer
1 freezer
2 freezers
Figura 21: Número de Freezer
49
Quantidade de aparelhos de ar condicionado
81%
15%
2%
2%
nenhum aparelho
1 aparelho
2 aparelhos
3 aparelhos
Figura 22: Quantidade de Aparelhos de Ar Condicionado
Quantidade de aquecedores elétricos
94%
5%
1%
nenhum aquecedor
1 aquecedor
2 aquecedores
Figura 23: Quantidade de Aquecedores Elétricos
Quanto ao número de aparelhos elétricos nas casas, percebe-se que de
maneira geral a maior parte dos domicílios possui 2 chuveiros, 1 geladeira e nenhum
freezer, ar condicionado e aquecedor (dados estes dos percentuais mais altos da
pesquisa). Isto leva a constatar que não há interferência de uso excessivo (pela
quantidade) desses aparelhos no consumo, como o ar condicionado, por exemplo,
pois 81% das residências - como indicado no gráfico da figura 22 – não possuem
esse aparelho.
50
De uma forma geral, pode-se constatar que as regiões de maior consumo de
energia são praticamente as mesmas em que se localizam as famílias de maior
poder aquisitivo, e que a quantidade de pessoas que moram numa mesma
residência não é o fator mais relevante de influência no consumo energético da
moradia.
Paralelamente o PROJETO CEU promoveu uma coleta de dados de
temperaturas do ar, temperaturas superficiais, volume construtivo, área construída e
área de vegetação com a colaboração de Pedrotti(2005) e Leme (2005) e
posteriormente de Postigo (2006) e Nakata (2006).
Na comparação entre os mapas de consumo de energia e índices de Fator de
Visão do Céu (Figura 24), observa-se que os baixos índices de FVC correspondem a
maior consumo de energia. Os principais pontos de baixo FVC foram encontrados
em áreas com a característica de grande consumidor. A verticalização e a densidade
construtiva nesses pontos vêm gerando desconfortos, seja pelo excesso de
sombreamento, emissão adicional de ondas longas pelas superfícies diversas dos
edifícios, ou falta de ventilação.
Fator visão do céu
0.537 - 0.643
0.643 - 0.749
0.749 - 0.855
0.855 - 0.96
0.96 - 1.066
O baixo índice de FVC somado às boas condições financeiras da população
moradora do local ocasiona um alto consumo de energia. Porém, uma marcante
mancha de alto consumo foi localizada em área de menor condição econômica, o
que pode estar demonstrando que o alto índice de FVC daquela localidade no bairro
Figura 24: Visualização em 3D, realizada no ArcView, dos
índices de Fator de Visão do Céu na área de estudo –
Fonte: SOUZA (2006)
51
pode promover temperaturas desagradáveis e levar ao maior consumo de energia
elétrica para suprir esse desconforto.
Foi observado que as áreas mais verticalizadas do bairro são habitadas, em
sua grande maioria, por moradores de maior poder aquisitivo, verificando assim, que a
especulação imobiliária na constrão de prédios na rego está voltada para a classe
média-alta, classe cuja condição financeira permite maiores gastos com energia sem
maiores preocupações.
Este estudo inicial mostra aspectos gerais do consumo de energia, mas deixa
também claro que alguns estudos mais detalhados podem de fato permitir a
identificação de tendências do consumo em função da própria implantação do edifício.
É exatamente este o objeto de estudo dessa dissertão
52
6 METODOLOGIA
A partir dos questionários aplicados pelo Projeto CEU, foi feita uma triagem
entre todas as unidades habitacionais entrevistadas a fim de determinar parâmetros de
comparação entre elas.
Primeiro, foram separadas as unidades agrupadas em prédios de
apartamentos das unidades autônomas. Esse estudo abordará somente as unidades
autônomas e de apenas um pavimento (residências térreas).
Como objetos de comparação, foram adotadas aquelas unidades que figuram
entre as que possuem:
- 3 moradores
- 3 dormitórios
- 2 chuveiros
- 1 geladeira
- nenhum freezer
- nenhum aparelho de ar condicionado
- nenhum aquecedor
Estes sete critérios de comparação foram escolhidos por serem eles os itens da
pesquisa de campo que podem influenciar no consumo de energia elétrica da
residência. Assim sendo, somente serão comparáveis aquelas que possuam as
mesmas respostas para os critérios acima adotados.
Diante de um total de 100 (cem) unidades entrevistadas, foram encontradas
apenas 5 (cinco) unidades que atendam todos os critérios adotados. Cada uma
dessas unidades passa agora a ser descrita por: P1, P2, P3, P4 e P5.
Para cada unidade de estudo foram levantados dados de implantação desta
unidade no lote, tipo de construção (tipo de alvenaria, tipo de cobertura), cor
predominante da área externa, orientação do lote, orientação da implantação da
unidade no lote, percentual de aberturas (vãos e caixilhos), orientação de aberturas,
além de todos os dados que possam influenciar no consumo de energia elétrica.
Para cada uma das 5 casas foi determinado o fator de visão do céu, através
da extensão 3DSkyView. Esse procedimento foi possível, uma vez que toda a base
de dados da área já estava incorporada ao SIG ArcView, através do projeto CEU.
53
De posse de todos esses dados e em conjunto aos dados levantados pelo
Projeto CEU, foi feita uma análise no intuito de identificar quais os principais fatores
são responsáveis pela variação no consumo de energia elétrica de cada unidade
comparada. Essa identificação da importância das variáveis, por se tratar de
variáveis com relações bastante complexas, foi feita aplicando-se a técnica das
Redes Neurais Artificiais (RNA). Para fins de maior esclarecimento quanto a essa
técnica, o primeiro tópico desse capítulo faz uma apresentação sobre as RNA.
54
7 DADOS LEVANTADOS
As cinco unidades escolhidas para o estudo, passam agora a ser descritas e
analisadas. Para cada unidade, são apresentados dados de caracterização com os
seguintes itens:
Um quadro de apresentação do entorno adaptado do Projeto CEU,
usando como referência o ponto mais próximo avaliado por esse
projeto.
Um croqui de implantação da unidade no lote e a orientação do
respectivo lote.
Um gráfico do FVC (Fator de Visão de Céu) de cada unidade
pesquisada, com seus respectivos dados de análises.
Fotos da unidade em estudo.
Assim, por exemplo, no primeiro caso da residência P1, as figuras 25 e 26
mostram os dados obtidos para o ponto referência do projeto CEU com seu raio de
abrangência, contendo a unidade P1, enquanto a tabela 2 apresenta
dimensionamento das superfícies para esta mesma unidade. Em seguida são
apresentadas as fotos da respectiva edificação. Esse mesmo padrão de
apresentação é adotado para as demais residências, através das figuras de 26 a 52
e tabelas de 3 a 6.
55
Porcentagens das áreas Verdes e Construídas
7,41 29,32
63,27
0% 20% 40% 60% 80% 100%
1D
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FVC = 0,93
Diferença da Temp. do ar local - Ipmet
Ponto 1D
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Horário
Diferença em ºC
Figura 25: Dados do Entorno de P1 - Ponto de Medição do Projeto CEU
Fonte: Adaptado de NAKATA (2006)
56
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Dados de P1 – Consumo Médio 250 Kw/h
Figura 26: Croqui de implantação e FVC de P1
Tabela 2: Faces de P1 em m²
ORIENT. FACE
PAREDE
CAIXILHO
VÃO
TOT.FACE
TOT. RELEVANTE
NE 2 15,00 0,00 0,00 15,00
NE 4 25,85 4,15 0,00 30,00
TOTAL NE 40,85 4,15 0,00 45,00 30,00
NO 3 4,50 0,00 0,00 4,50
NO 5 23,90 1,60 0,00 25,50
TOTAL
NO 28,40 1,60 0,00 30,00 30,00
SO 6 45,00 0,00 0,00 45,00
TOTAL
SO 45,00 0,00 0,00 45,00 0,00
SE 1 12,60 2,40 15,00 30,00
TOTAL
SE
12,60 2,40 15,00 30,00 30,00
TOTAL DAS FACES 150,00
ÁREA 135,00
TOTAL RELEVANTE 90,00
FVC = 0,94
SOMBREAMENTO MÉDIO = 0:20h/dia
57
Fotos de P1
Figura 27: Fachada de P1
Figura 28: Corredor lateral de P1 Figura 29: Fundos de P1
58
Porcentagens das áreas Verdes e Construidas
4,01 28,65 67,34
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2H
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FVC = 0,79
Diferença da Temp. do ar local - Ipmet
Ponto 2H
-2
0
2
4
6
8
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Horário
Diferença em ºC
Figura 30: Dados do Entorno de P2 - Ponto de Medição do Projeto CEU
Fonte: Adaptado de NAKATA (2006)
59
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Dados de P2 – Consumo Médio 229 Kw/h
Figura 31: Croqui de implantação e FVC de p2
Tabela 3: Faces de P2 em m²
ORIENT. FACE
PAREDE
CAIXILHO
VÃO
TOT.FACE
TOT. RELEVANTE
NE 7 2,50 2,00 0,00 4,50
NE 11 9,00 0,00 0,00 9,00
NE 13 27,00 0,00 0,00 27,00
NE 17 2,50 2,00 0,00 4,50
TOTAL
NE
41,00 4,00 0,00 45,00 36,00
NO 4 0,00 0,00 12,00 12,00
NO 12 0,00 0,00 15,00 15,00
NO 14 27,00 0,00 0,00 27,00
NO 16 16,50 1,50 0,00 18,00
NO 18 15,00 0,00 0,00 15,00
TOTAL
NO 58,50 1,50 27,00 87,00 45,00
SO 1 0,00 0,00 15,00 15,00
SO 3 10,00 2,00 0,00 12,00
SO 5 0,00 0,00 9,00 9,00
SO 9 2,50 2,00 0,00 4,50
SO 15 4,50 0,00 0,00 4,50
TOTAL
SO 17,00 4,00 24,00 45,00 45,00
SE 2 0,00 0,00 12,00 12,00
SE 6 24,00 0,00 0,00 24,00
SE 8 10,00 2,00 0,00 12,00
SE 10 39,00 0,00 0,00 39,00
TOTAL
SE 73,00 2,00 12,00 87,00 24,00
TOTAL DAS FACES 264,00
ÁREA 224,00
TOTAL RELEVANTE 150,00
FVC = 0,92
SOMBREAMENTO MÉDIO = 0:20h/dia
60
Fotos de P2
Figura 32: Fachada de P2
Figura 33: Corredor lateral de P2 Figura 34: Fundos de P2
Figura 35: Outro corredor de P2
61
Porcentagens das áreas Verdes e Construidas
4,06 31,69 64,25
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2F
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FVC = 0,76
Diferença da Tem
p
. do ar local - I
p
met
Ponto 2F
-4
-2
0
2
4
6
8
10
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Horário
Diferença em º
C
Figura 36: Dados do Entorno de P3 - Ponto de Medição do Projeto CEU
Fonte: Adaptado de NAKATA (2006)
62
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Dados de P3 – Consumo Médio 292 Kw/h
Figura 37: Croqui de implantação e FVC de P3
Tabela 4: Faces de P3 em m²
ORIENT. FACE
PAREDE
CAIXILHO
VÃO
TOT.FACE
TOT.RELEVANTE
NE 2 15,00 0,00 0,00 15,00
NE 4 25,85 4,15 0,00 30,00
TOTAL NE 40,85 4,15 0,00 45,00 30,00
NO 3 4,50 0,00 0,00 4,50
NO 5 23,90 1,60 0,00 25,50
TOTAL
NO 28,40 1,60 0,00 30,00 30,00
SO 6 45,00 0,00 0,00 45,00
TOTAL
SO 45,00 0,00 0,00 45,00 0,00
SE 1 12,60 2,40 15,00 30,00
TOTAL
SE
12,60 2,40 15,00 30,00 30,00
TOTAL DAS FACES 150,00
ÁREA 135,00
TOTAL RELEVANTE 90,00
FVC = 0,94
SOMBREAMENTO MÉDIO = 1:20h/dia
63
Fotos de P3
Figura 38: Fachada de P3
Figura 39: Corredor lateral de P3 Figura 40: Fundos de P3
Figura 41: Outro corredor de P3
64
Porcentagens das áreas Verdes e Construidas
2,65 26,84 70,52
0% 20% 40% 60% 80% 100%
2D
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FVC = 0,59
Diferença da Temp. do ar local - Ipmet
Ponto 2D
-4
-2
0
2
4
6
8
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Horário
Diferença em ºC
Figura 42: Dados do Entorno de P4 - Ponto de Medição do Projeto CEU
Fonte: Adaptado de NAKATA (2006)
65
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Dados de P4 – Consumo Médio 250 Kw/h
Figura 43: Croqui de implantação e FVC de P4
Tabela 5: Faces de P4 em m²
FACE
PAREDE
CAIXILHO
VÃO
TOT.FACE
TOT. RELEVANTE
NE 2 64,00 8,00 0,00 72,00
TOTAL NE 64,00 8,00 0,00 72,00 72,00
NO 1 28,80 1,20 12,00 42,00
TOTAL
NO 28,80 1,20 12,00 42,00 42,00
SO 6 21,00 0,00 0,00 21,00
SO 4 49,00 2,00 0,00 51,00
TOTAL
SO
70,00 2,00 0,00 72,00 51,00
SE 5 4,00 2,00 0,00 6,00
SE 3 30,00 6,00 0,00 36,00
TOTAL
SE
34,00 8,00 0,00 42,00 36,00
TOTAL DAS FACES 228,00
ÁREA 302,00
TOTAL RELEVANTE 201,00
FVC = 0,89
SOMBREAMENTO MÉDIO = 2:00h/dia
66
Fotos de P4
Figura 44: Fachada de P4
Figura 45: Fundos de P4 Figura 46: Corredor lateral de P4
67
Porcentagens das áreas Verdes e Construidas
2,26 27,86 69,88
0% 20% 40% 60% 80% 100%
3G
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FVC = 0,55
Diferença da Temp. do ar local - Ipmet
Ponto 3G
-2
0
2
4
6
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
Horário
Diferença em ºC
Figura 47: Dados do Entorno de P5 - Ponto de Medição do Projeto CEU
Fonte: Adaptado de NAKATA (2006).
68
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Dados de P5 – Consumo Médio 330 Kw/h
Figura 48: Croqui de implantação e FVC de P5
Tabela 6: Faces de P5 em m²
ORIENT. FACE
PAREDE
CAIXILHO
VÃO
TOT.FACE
TOT. RELEVANTE
NE 2 24,00 0,00 0,00 24,00
NE 4 33,80 5,20 0,00 39,00
TOTAL NE 57,80 5,20 0,00 63,00 39,00
NO 3 2,10 2,40 0,00 4,50
NO 5 12,00 0,00 0,00 12,00
NO 7 1,00 11,00 0,00 12,00
TOTAL
NO 15,10 13,40 0,00 28,50 28,50
SO 6 37,00 2,00 0,00 39,00
SO 8 24,00 0,00 0,00 24,00
TOTAL
SO 61,00 2,00 0,00 63,00 39,00
SE 1 0,00 0,00 30,00 30,00
TOTAL
SE
0,00 0,00 30,00 30,00 30,00
TOTAL DAS FACES 184,50
ÁREA 102,00
TOTAL RELEVANTE 136,50
FVC = 0,89
SOMBREAMENTO MÉDIO = 2:00h/dia
69
Fotos de P5
Figura 49: Fachada de P5
Figura 50: Corredor lateral de P5 Figura 51: Fundos de P5
Figura 52: Outra lateral de P5
70
7.1 Análise sobre o Loteamento
Devido ao loteamento regular com quadras e arruamento regulares e
paralelos, aliado ao padrão dos terrenos retangulares e compridos no sentido da
frente da rua para o fundo, é possível observar também uma ocupação homogênea
das edificações. Essas normalmente apresentam uma configuração também
retangular no sentido do terreno. Havendo alguns apêndices e prolongamentos até a
divisa em alguns deles.
Esse padrão de ocupação determina, por conseqüência, um outro padrão, que
se torna relevante nesse estudo. Para as duas orientações principais de ocupação, é
possível observar que as faces expostas à insolação e ventilação, seguem também
um caráter homogêneo: faces paralelas a rua voltadas para frente, normalmente são
equivalentes as faces paralelas a rua voltadas para o fundo, e as faces
perpendiculares a rua de um lado e do outro, também, salvo somente quando uma
das faces esta encostada nas divisas e também encostadas em outras construções.
Quando o terreno está situado no sentido “norte-sul”, sua maior área de
paredes encontra-se nessa mesma orientação, e na grande maioria das vezes 50%
voltadas para o Leste (sol da manha) e 50% voltadas para o Oeste (sol da tarde). Já
quando o terreno encontra-se situado na orientação “Leste-Oeste”, a maior
proporção de paredes esta voltada para Norte e Sul com as mesmas características
das anteriores. As exceções ocorrem quando parte da casa encontra-se na divisa do
terreno e está encostada noutra parede vizinha. Nesses casos a área de parede não
sofre nenhuma influência da insolação ou da ventilação.
Partindo dessa observação, é possível afirmar que a orientação dos lotes no
sentido “Leste-Oeste”, seguindo o padrão de ocupação acima citado; faz com que
essa residência receba uma menor carga de insolação que as demais. Porém,
quando o entorno gera alguma interferência nessa quantidade de insolação
recebida, mesmo que por meio de reflexão de outras construções, a orientação do
lote e da ocupação do mesmo torna-se menos importante que a observação dessas
interferências.
71
7.2 Análise sobre as Faces
Para cada tipo de face de uma residência, é possível destacar uma
propriedade diferente em relação à absorção e reflexão da luz solar e sua
correspondente relação provocada dentro de um contexto de desempenho
energético.
Uma parede de alvenaria comum (tijolos furados, reboco e pintura), pode
variar no tocante a desempenho térmico em dois fatores principais: espessura e cor
da pintura. Normalmente esse tipo de parede é encontrado em duas espessuras
diferentes: “Meio tijolo” (15 cm) e “Um tijolo” (25 cm). Uma parede mais espessa tem
um melhor desempenho térmico que uma menos espessa. Quanto às cores esse
desempenho é amplamente variável de acordo com as tonalidades e as texturas
utilizadas nos revestimentos dessas paredes. Normalmente, uma cor mais escura
absorve mais calor que uma cor mais clara, enquanto outros materiais apresentam
diferentes características de absorção da radiação solar (conforme tabela 1).
As unidades em questão nessa análise seguem um padrão de construção
homogêneo, onde predominam as paredes de “meio tijolo”, enquanto as de “um
tijolo” só ocorrem quando encostadas nas divisas dos terrenos. Quando essas
paredes encostadas nas divisas também estão encostadas em outras paredes
vizinhas, elas são impedidas de receber insolação. Quanto às cores, existe um
padrão dentre as unidades dessa pesquisa pelas tonalidades claras e lisas. Isso
permite considerar um padrão homogêneo de absorção da insolação e não faz
desse item (cor), um fator que interfira nas possíveis diferenças nos consumos de
energia das unidades.
Todas as unidades também apresentaram um mesmo padrão de caixilho.
Os vãos que também aparecem mensurados nas tabelas de totalização das
faces sofrem uma influência distinta na insolação das unidades. Normalmente essas
faces contribuem muito para a ventilação das unidades e não para um ganho térmico
que possa interferir no aumento do consumo de energia da unidade.
72
8 ANÁLISES E RESULTADOS
Identificada, as características das residências selecionadas, foram gerados
gráficos que permitem a visualização e interpretação dos resultados. Todos os
gráficos foram desenvolvidos tendo como objetivo estudar as diversas
condicionantes do desenho do edifício.
8.1 Análise das diversas variáveis através de gráficos
Uma análise do consumo por residência estudada é apresentada no figura 53.
Nele a edificação 5 apresenta-se como a residência mais consumidora e a edificação
2 a menos consumidora.
Consumo X Residência
0
50
100
150
200
250
300
350
12345
Unidades estudadas
Consumo médio em
kWh/mês
Figura 53: Consumo médio mensal por residência estudada
73
A figura 54 indica a área construída de cada uma das residências. Observa-se
que a residência 4 apresenta a maior área construída, enquanto a residência 5
equivale à de menor área construída.
Área Constrda X Residência
0
50
100
150
200
250
300
350
12345
Resincia estudada
Área construída (m2)
rie1
Figura 54: Área construída por residência estudada
Cruzando-se essas informações anteriores, obtêm-se o consumo por área
construída das edificações, conforme apresentado no quadro abaixo (Figura 55).
CONSUMO X ÁREA CONSTRUÍDA
0
50
100
150
200
250
300
350
0 50 100 150 200 250 300 350
Área construída (m2)
Consumo médio kWh/mês
Figura 55: Consumo por área construída das residências estudadas
74
Verificou-se uma tendência, ainda que visualmente, de haver uma redução no
consumo de energia elétrica com o aumento da área construída. Essa informação
sozinha, no entanto, não é suficiente para estabelecer as determinantes do consumo
de energia elétrica em uma edificação, pois existem vários outros fatores que agem
simultaneamente.
Buscando-se, portanto, mais informações que identifiquem as influências do
desenho no consumo, foram estudados os valores do FVC das edificações
estudadas. Os resultados são apresentados na Figura 56.
FVC x Residência
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
12345
Resincias estudadas
FVC
Figura 56: Fator de visão de céu por residências estudadas
Nela observa-se que a residência de menor FVC é a residência 5, enquanto
as residências de número 1 e 3 são as de maiores valores de FVC.
Comparando-se as informações anteriores, verifica-se que a casa 5, é ao
mesmo tempo a de maior consumo, menor área construída e menor FVC.
Considerando-se a influência do FVC no consumo de energia elétrica das
edificações, foi gerado o gráfico da Figura 57.
Nele foi considerado a média anual do consumo de energia elétrica mensal
em kWh de cada residência estudada.
75
CONSUMO X FVC
0
50
100
150
200
250
300
350
0,78 0,80 0,82 0,84 0,86 0,88 0,90 0,92 0,94 0,96
FVC
Consumo em kWh/mês
Figura 57: Consumo de Energia Elétrica em função do FVC das 5 unidades estudadas
É possível estabelecer uma pequena tendência, entre essas 5 unidades
estudadas, em haver redução do consumo de energia com o aumento do FVC.
Como o aumento do FVC indica maior disponibilidade de luz natural, isso
pode estar revelando uma diminuição no uso da iluminação artificial e
conseqüentemente revelando o menor consumo.
No entanto, o consumo de energia elétrica é também uma conseqüência das
condições térmicas e não só das condições lumínicas. Assim, para ser verificada a
importância das condições térmicas sobre o consumo, foi elaborado o gráfico da
Figura 58, comparando-se o tempo de sombreamento das edificações com o
consumo.
76
CONSUMO X TEMPO DE SOMBREAMENTO
0
50
100
150
200
250
300
350
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo de Sombreamento (min)
Consumo em kWh/mês
Figura 58: Consumo de energia elétrica em função do tempo de sombreamento
Foi verificado que o aumento no tempo de sombreamento tende a representar
a diminuição no consumo de energia elétrica.
Isso indica que, assim como a disponibilidade de luz representa menor
consumo por iluminação artificial, o tempo de insolação representa aumento no
consumo de energia para condicionamento do ambiente.
Identificar, no entanto, qual das condicionantes ambientais é mais importante
para o consumo de energia elétrica, é uma tarefa bastante complexa, devido ao
número de variáveis envolvidas.
Numa tentativa de buscar maior esclarecimento sobre estas influências, foram
consideradas as áreas de fachadas relevantes, ou seja, aquelas fachadas que, ou
sofrem radiação solar direta, ou recebem por reflexão a radiação solar, e foram
excluídas nessa análise as paredes que se encontram encostadas em muros ou na
edificação vizinha. O resultado é apresentado na figura 59.
77
ÁREA DE FACHADA EXPOSTA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
12345
Unidades estudadas
Área exposta (m2)
FACHADA NE
FACHADA NO
FACHADA SO
FACHADA SE
Figura 59: Área de fachada exposta e suas respectivas unidades residenciais
Verifica-se que a casa 3 é a que mais apresenta áreas relevantes, expostas à
influência da insolação.
Comparou-se ainda o consumo de cada residência por área relevante de cada
orientação de fachada, com o objetivo de se obter a colaboração de cada fachada no
consumo. Os resultados são apresentados nas figuras 60, 61, 62 e 63.
CONSUMO X FACHADA NORDESTE
0
50
100
150
200
250
300
350
0 1020304050607080
área de fachada exposta (m2)
Consumo kWh
Figura 60: Consumo por área exposta nas Fachadas Nordeste
78
CONSUMO X FACHADA NOROESTE
0
50
100
150
200
250
300
350
0 1020304050
área de fachada exposta (m2)
Consumo kWh
Figura 61: Consumo por área exposta nas Fachadas Noroeste
CONSUMO X FACHADA SUDESTE
0
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20 25 30 35 40
área de fachada exposta (m2)
Consumo kWh
Figura 62: Consumo por área exposta nas Fachadas Sudeste
79
CONSUMO X FACHADA SUDOESTE
0
50
100
150
200
250
300
350
0 102030405060
área de fachada exposta (m2)
Consumo kWh
Figura 63: Consumo por área exposta nas Fachadas Sudoeste
Os gráficos, apesar de não apresentarem clara tendência pelo pequeno
número de residências em questão, podem estar indicando que a maior exposição
da fachada nordeste contribui para o aumento do consumo, assim como ocorre com
a fachada sudeste e sudoeste. No entanto, não fica clara a contribuição da fachada
noroeste.
Assim sendo, propõe-se uma análise da importância das variáveis através do
desenvolvimento de modelo de redes neurais artificiais.
8.2 Análise da importância das variáveis por modelos de RNA
A análise da importância das variáveis através das RNA foi realizada com a
aplicação do software Easy NN, possibilitada através do Departamento de
Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos-EESC-USP.
Diferentemente do objetivo para o qual esse tipo de modelo é desenvolvido,
aqui o intuito é apenas o de identificar a importância das variáveis, sem a
preocupação de haver uma avaliação do desempenho do modelo em si.
80
Usualmente a modelagem em RNA é feita em três fases: o treinamento, a
validação e o teste. O treinamento e validação são as etapas na qual o software
efetua a aprendizagem, determinando os pesos das variáveis, num processo
iterativo. Já a fase de teste é feita depois do modelo desenvolvido, através do qual é
elaborada uma simulação para se verificar as diferenças entre os valores reais e os
simulados.
No caso dessa análise aqui proposta apenas a primeira fase é pertinente, já
que as previsões passíveis de serem efetuadas pelo modelo em si não faz parte
dessa pesquisa.
A proposta aqui é desenvolver vários modelos de previsão, verificando-se as
tendências encontradas na ordem de importância das variáveis. Assim é possível
identificar os diferentes pesos relativos das variáveis para o consumo de energia
elétrica.
Para isso foram montados 5 conjuntos de dados de consumo de energia
elétrica durante 1 ano para todas as 5 unidades residenciais em estudo. Esses
conjuntos se diferenciaram apenas pela ordem dos valores que foram designados
para treinamento e para validação.
Adotou-se que o erro de validação a ser atingido deveria ser cerca de 10% do
valor real. Assumiu-se que esse erro não é significativo para a escala de consumo
que se está trabalhando.
Durante a simulação foi permitido o desenvolvimento de camadas escondidas
internas ao modelo para a melhoria da rede e diminuição dos erros de validação.
Tendo como variável de saída o consumo de energia elétrica real de cada
mês das 5 casas em questão, as variáveis consideradas para a modelagem foram:
área construída, FVC, sombreamento, área de exposição das fachadas NE, área de
exposição das fachadas NO, área de exposição das fachadas SO e área de
exposição das fachadas SE.
Os resultados encontrados para estes 5 conjuntos de dados são descritos na
tabela 7. Nela os valores das importâncias são tomados em porcentagem de
colaboração da variável no consumo real de energia elétrica.
81
Tabela 7 – Importância relativa das variáveis no valor do consumo de energia elétrica conforme o
modelo desenvolvido em RNA
Variáveis Modelo
FVC Sombra Área
Construída
NE NO SE SO
1 14% 20% 6% 13% 23% 7% 17%
2 15% 19% 9% 14% 24% 6% 13%
3 14% 19% 6% 14% 26% 8% 13%
4 13% 19% 5% 15% 22% 11% 15%
5 13% 20% 6% 14% 25% 9% 13%
Os resultados da referida tabela indicam que, apesar de pequena oscilação na
ordem e grau de importância das variáveis entre os modelos, algumas tendências se
configuram claramente, com mais facilidade do que até então estavam se
apresentando na análise por gráficos. Verificou-se que:
A variável mais importante se revelou a área de exposição da fachada
NO, com variação de 23 a 26% de importância;
O sombreamento assumiu um valor de 19 a 20%, mostrando-se como
segundo agente contribuinte no consumo;
O FVC, a área de fachada SO e a área de fachada NE assumiram
importâncias similares, podendo variar de 13 a 17%;
A área construída e a área de fachada SE obtiveram menor grau de
importância, com tendência à área da fachada SE exercer mais
influência do que a área construída da edificação.
Portanto, um dos fatores mais importantes para o desenho de edificações é a
área de exposição da fachada NO, sendo essa uma das principais informações
extraídas dessa pesquisa.
Acredita-se que a ampliação de dados para uma modelagem mais detalhada
é necessária em pesquisas futuras, para que se possa identificar precisamente o
82
valor ideal da área dessa fachada para que o consumo de energia seja minimizado.
Com os dados aqui estudados essa verificação ainda não é possível, uma vez que o
número de casos estudados é de apenas 5 residências.
Dessa forma as RNA apresentaram-se como uma excelente ferramenta na
determinação da importância de variáveis no consumo de energia elétrica.
83
9 CONCLUSÃO
Quanto à proposta da pesquisa em si, ressalta-se que as Redes Neurais
Artificiais configuraram-se como uma técnica bastante eficiente para o tipo de análise
aqui realizado.
Através do desenvolvimento de modelos RNA foi possível extrair as
informações quanto à importância das variáveis e identificar o grau de interferência
que assume o desenho do edifício para o consumo de energia elétrica.
A análise dos resultados permite determinar alguns fatores principais de
influência para o consumo de energia elétrica das edificações estudadas: A fachada
Noroeste, o tempo de sombreamento e o fator de visão do céu.
Para a fachada Nordeste é possível deduzir que sua grande importância deve-
se ao ganho térmico que ela propicia para a unidade, em se tratando de uma face
voltada para o sol da tarde. Isso indica que um aumento nessa face provocaria um
aumento no consumo de energia dessa unidade.
Já o Fator de Visão de Céu (FVC), está diretamente ligado ao sombreamento
da unidade, e sua relação com o consumo de energia elétrica pode ser observada
por dois ângulos diferentes. Um, quando o sombreamento proporcionado por esse
entorno diminui consideravelmente a luz natural na unidade, forçando a utilização de
iluminação artificial. Outro, quando esse mesmo sombreamento diminui a carga
térmica absorvida pela unidade, amenizando seu ganho de calor.
Desse modo é possível afirmar que uma grande parcela de influência para o
consumo de energia de uma unidade, deve-se a seu entorno. Em alguns casos,
podendo ser mais relevante para o consumo de energia do que a orientação da
unidade no lote.
Confirmou-se, portanto, a hipótese de que, apesar da inegável interferencia do
comportamento do usuário sobre o consumo do edifício, existe uma relação direta
entre a forma de implantação desta edificação e o seu padrão de consumo de
energia elétrica de edificações residenciais.
Tanto a interferência da fachada NO, quanto as interferências do FVC,
exercem ao mesmo tempo influências no consumo de energia elétrica de uma
unidade. Porém, o quanto isso representa para o aumento ou a diminuição do
84
consumo de energia de uma unidade, bem como a relação que uma exerce na outra,
não pôde ser determinada nessa pesquisa devido ao baixo número de unidades
pesquisadas e os poucos dados fornecidos por essas unidades.
Um novo estudo pode partir desse ponto, para pesquisar um maior número de
unidades no intuito de obter uma maior precisão dos dados encontrados e apurá-los,
determinando assim uma possível relação entre as influências levantadas e como
exatamente elas interferem para o consumo de energia de uma unidade residencial
autônoma.
Daqui é possível determinar algumas diretrizes de projeto que devem ser
observadas na implantação de uma unidade num lote urbano com as características
abordadas. Primeiro, uma cuidadosa observação do entorno e suas possíveis
interferências, sombreamentos, reflexões de radiação do sol etc. Depois, um cuidado
maior com as elevações voltadas para NO. Para que essas possam ser protegidas e
não tenham um grande ganho térmico para a unidade.
Outro aspecto a ser destacado é a questão do FVC. O estudo do FVC não é
usual nesse tipo de abordagem e muitas vezes esse é um fator desconhecido dos
profissionais ligados à área de construção civil. No entanto, a sua importância para a
minimização do consumo de energia nas edificações revela-o como ferramenta
essencial para se atingir padrões de consumo adequados.
85
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COTEDI, 2003.CD
91
ANEXO
Formulário de Pesquisa aplicada pelo projeto CEU
QUESTIONÁRIO DE PERFIL DO USUÁRIO
(Rua___________________________Quadra____ N
o
_____andar______)
1 Quantos são os moradores da casa? E quais as idades?
( )1 pessoa Idade:_____anos
( )2 pessoas Idades:_____ e _____anos
( )3 pessoas Idades: _____, ____ e ____anos
( )4 pessoas Idades:_____, _____, _____ e_____anos
( )5 pessoas Idades: _____,_____, _____,_____ e____anos
( )+de 6 pessoas Idades: ___________________________anos.
2 Qual a faixa de renda familiar (em caso de república de estudantes, considerar apenas a
soma dos valores percebidos pelos estudantes para a sua manutenção):
( ) 1 a 10 salários mínimos ( R$260 a R$2.600)
( ) 10 a 20 salários mínimos (R$2.600 a R$5.200)
( ) 20 a 40 salários mínimos (R$5.200 a R$10.400)
( ) 40 a 60 salários mínimos (R$10.400 a R$15.600)
( ) 60 a 80 salários mínimos (R$15.600 a R$20.800)
( ) 80 a 100 salários mínimo (R$20.800 a R$26.000)
( ) acima de 100 salários mínimos (acima de R$26.000)
3 Quantos domitórios existem na casa (ou apartamento)?
( ) 1 domitório
( ) 2 dormitórios
( ) 3 dormitórios
( ) 4 dormitórios
( )acima de 5 dormitórios
4 Qual o gasto médio mensal com energia elétrica?
( ) até 50KWh/mês ( ) de 500 a 600 KWh/mês
( ) de 50 a 100 KWh/mês ( ) de 600 a 700 KWh/mês
( ) de 100 a 200 KWh/mês ( ) de 700 a 800 KWh/mês
( ) de 200 a 300 KWh/mês ( ) de 800 a 900 KWh/mês
( ) de 300 a 400 KWh/mês ( ) de 900 a 1000 KWh/mês
( ) de 400 a 500 KWh/mês ( ) acima de 1000 KWh/mês
5 Qual o mês ou época do ano que você considera que mais se gasta com energia elétrica em sua casa?
( ) janeiro ( ) julho
( ) fevereiro ( ) agosto
( ) março ( ) setembro
( )abril ( ) outubro
( )maio ( ) novembro
( ) junho ( ) dezembro ( ) não faz diferença
6 Quantos chuveiros elétricos estão instalados em sua casa?
( ) 0 1( ) 2 ( ) 3 ( ) ( )4 ( ) mais de 4
7 Quantas geladeiras estão instaladas em sua casa?
( ) 0 1( ) 2 ( ) 3 ( ) ( )4 ( ) mais de 4
8 Quantos freezers estão instalados em sua casa?
( ) 0 1( ) 2 ( ) 3 ( ) ( )4 ( ) mais de 4
Quantos aparelhos de ar refrigerado estão instalados em sua casa?
( ) 0 1( ) 2 ( ) 3 ( ) ( )4 ( ) mais de 4
Quantos aquecedores elétricos estão instalados em sua casa?
( ) 0 1( ) 2 ( ) 3 ( ) ( )4 ( ) mais de 4
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