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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JULIO DE MESQUITA FILHO”
CAMPUS DE BAURU
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO
Ana Maria Saraiva Coneglian
Estudo dos Problemas Ergonômicos da
Posição Sentada em Bancários
BAURU
DEZEMBRO 2006
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Ana Maria Saraiva Coneglian
Estudo dos Problemas Ergonômicos da
Posição Sentada em Bancários
Dissertação de mestrado apresentada
objetivando a obtenção do título de
mestre no curso de Desenho Industrial,
ênfase em ergonomia, na Faculdade
de Arquitetura, Artes e Comunicação
da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”.
Orientador: Prof. Dr. Abílio Garcia dos Santos Filho
BAURU
Dezembro 2006
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Ana Maria Saraiva Coneglian
Estudo dos Problemas Ergonômicos da
Posição Sentada em Bancários
Dissertação de mestrado apresentada
objetivando a obtenção do título de
mestre no curso de Desenho Industrial,
ênfase em ergonomia, na Faculdade
de Arquitetura, Artes e Comunicação
da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Abílio Garcia dos Santos Filho - Orientador
Faculdade de Engenharia Mecânica –UNESP -Bauru
Prof. Dr. João Cândido Fernandes
Faculdade de Engenharia Mecânica –UNESP- Bauru
Profª. Dra. Célia Aparecida Stellutti Pachioni
Faculdade de Fisioterapia-UNESP-Presidente Prudente
Bauru, dezembro de 2006
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família, em
memória de meu pai, à minha mãe e
Isabel, minha irmã, e principalmente aos
meus filhos Fernando e Caio pela ajuda
preciosa.
AGRADECIMENTOS
- Agradeço ao meu orientador Abílio Garcia dos Santos Filho, pela
orientação, incentivo, carinho e apoio mostrados.
- Agradeço à professora Célia Ap. S. Pachioni pelo afeto e pelas
orientações que foram de grande valia na organização deste estudo.
- Agradeço ao professor João Cândido Fernandes pelas participações
nas bancas e orientações no acabamento da pesquisa.
- Agradeço aos bancários que foram agentes fundamentais para o
estudo e ao gerente do departamento de apoio às agências José
Geraldo que abriu as portas, se mostrou solícito e deu apoio a tudo o
que foi preciso para a realização desta pesquisa.
- Agradeço ao professor João Guarnetti dos Santos pela colaboração e
atenção na banca de qualificação.
- Agradeço ao professor José Carlos Plácido da Silva pelos primeiros
incentivos.
- Agradeço ao professor Luis Carlos Paschoarelli pelo apoio na
construção do pensamento e elaboração de artigos científicos.
-
Agradeço a todos os colegas do mestrado, principalmente aqueles que
me ajudaram nesta empreitada científica e em especial aos amigos
Daniela e Ivan pelo apoio, afeto e companheirismo demonstrados nos
momentos difíceis dessa jornada.
- Agradeço ao professor Carlos Padovani na tentativa de realizar a parte
estatística do trabalho.
- Agradeço à professora Stela Miller pelas correções gramaticais.
- Agradeço ao amigo Hélio Vidrich Filho por me mostrar este caminho.
"Só há duas maneiras de viver a vida:
A primeira é vivê-la como se os milagres não existissem,
A segunda é vivê-la como se tudo fosse um milagre."
(Albert Einstein)
RESUMO
Essa pesquisa teve como objetivo fazer um estudo dos problemas ergonômicos da
posição sentada em um departamento de apoio às agências em bancários, na
cidade de Bauru. Devido à evolução do sistema bancário, à centralização do
processo administrativo e à utilização da informática, foi constatado que esta
população de trabalhadores permanece a maior parte do tempo na posição sentada.
A revisão bibliográfica deu definições do sistema bancário e fez uma síntese da
história dos bancos e do trabalho bancário no Brasil. Foi feita uma investigação dos
problemas ergonômicos, o mobiliário, as recomendações das normas técnicas e o
que de moderno em termos de mobiliário e equipamentos para se trabalhar
diante de um computador. A análise da postura sentada foi realizada de forma a
relacioná-las aos riscos que os funcionários estão correndo a permanecer nesta
postura por longos períodos e de forma inadequada. A metodologia constou da
aplicação de um questionário, para obter informações sobre o mobiliário,
equipamentos de adaptação, postura adotada na posição sentada e dores
(apontadas por meio do diagrama de Corllet e Manenica, 1980). Foram utilizados
também registros fotográficos dos postos de trabalho e dos funcionários em suas
respectivas atividades laborais na tentativa de identificar inadequações posturais e
layout do ambiente. Foi feita uma pesquisa descritiva, pela qual se realizou um
estudo de caso em departamento bancário onde foram pesquisados todos os
funcionários do local. O estudo de caso permitiu identificar as condições do posto de
trabalho, analisar o mobiliário, averiguar a postura adotada e mapear as dores
corporais apontadas pelos sujeitos. Os principais resultados mostraram que 81,63%
dos sujeitos disseram que o monitor estava na mesma altura dos olhos; 40%
disseram que não havia equipamentos de adaptação para melhorar o conforto no
posto de trabalho; 30% disseram que o mobiliário já ofereceu algum tipo de risco, ou
já tinha se lesionado; 38% indicaram inadequações na postura sentada e; finalmente
50% apontaram dores e as regiões do pescoço e ombros, foram as mais indicadas.
Concluiu-se que na observação feita in loco, as queixas da postura e mobiliário têm
relação com as partes com maior incidência de dores.
Palavras-chave: Ergonomia, Posição sentada, Bancários.
ABSTRACT
This research had as its objective to assumed by the ergonomic problems caused by
the sitting position in an agencies support department bank employees, in the city of
Bauru - SP. Due to the evolution of the banking system, to the centralization of the
administrative process and the use of computer science, it was verified that this
population of workers remains stays most of the time sitting. he bibliographical review
gave definitions of the banking system and offered made a synthesis of the history of
banks and theirs workers in Brazil. It was make an investigation of the ergonomic
problems, the furniture, and the recommendations of the technical norms and of
update furniture terms and equipments to work before a computer. The analysis of
the sitting posture was accomplished to relate them to the risks that the employees
are running by staying in this position for long periods and in an inadequate way. The
methodology consisted of an application of a questionnaire, to obtain information on
the furniture, adaptation equipments, position adopted in the sitting position and
pains (pointed through the diagram of Corllet and Manenica, 1980). And there were
used photographic registrations of the workstations and of the employees in their
respective working activities in the attempt to identify inadequate position and layout
of the environment. It was make a descriptive research, it in which a case study in a
banking department was performed where all the employees of the place were
researched. The case study made it possible to identify the conditions of the
workstation, to analyze the furniture, to discover the adopted position and to map the
pointed corporal pains for the subjects. The main results showed that 81,63% of the
interviewees said that the monitor was at the same height of their eyes; 40% of the
interviewees said that there were not adaptation equipments to improve their comfort
in the workstation; 30% of the interviewees said that the furniture had already offered
some risk types, or had already caused bruises; 38% of the interviewees didn't adopt
an appropriate position to keep their backs in the seat support and finally 50% of the
interviewees reported to feel pains and of those of the interviewees pointed that they
were located in the areas of their necks and shoulders. It was concluded that there is
relationship with the parts with larger incidence of pains in the observation done in
the place, with the complaints of position and furniture.
Key words: Ergonomics, Sitting position, Bank clerks.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1-Postura inadequada e conseqüentes danos à saúde .................................27
Figura 2 - Áreas de alcance ótimo e máximo na mesa, para trabalhador sentado ...28
Figura 3 - A borda do tampo em ângulo vivo (quina) causa compressão de músculos e
vasos sanguíneos do antebraço ...............................................................................29
Figura 4 - O projeto americano com várias alternativas de mesa interativa .............31
Figura 5 - Duas possibilidades de ajuste do assento da cadeira ..............................33
Figura 6 - Relação densidade do assento/ tuberosidades isquiáticas ......................35
Figura 7-
Maneiras correta e incorreta de se movimentar com a cadeira no posto
de trabalho .................................................................................................................35
Figura 8 - Flexibilidade do encosto, permitindo maior conforto para a coluna ..........36
Figura 9- Angulações no posto de trabalho ..............................................................37
Figura 10 - Cadeira canadense .................................................................................38
Figura 11- Cadeiras americanas ...............................................................................38
Figura 12- Detalhes dos ajustes para a adaptação do indivíduo .............................39
Figura 13 - Cadeira fabricada no Brasil .....................................................................39
Figura 14- Cadeira brasileira com design italiano, assento de couro e encosto de tela
....................................................................................................................................40
Figura 15 - Mouse vertical .........................................................................................40
Figura 16 - Os 2 modelos de mouse e as resposta nos ossos do ante-braço ..........40
Figura 17- Bandejas ajustáveis para teclado e mouse ..............................................41
Figura 18, 19 e 20 - Monitor de tela plana, alta definição e variáveis de braços
ajustáveis ...................................................................................................................42
Figura 21- A força exercida no disco intervertebral L5/S1 de acordo com a posição
....................................................................................................................................44
Figura 22- Pressões intradiscais registradas por meio invasivo, a referência, ou 100%,
é o valor individual registrado na posição em em repouso (em G) com curvaturas
vertebrais normais, os outros valores são variações em relação à escala inicial
....................................................................................................................................45
Figura 23-
A coluna vertebral na posição ereta, plano sagital, no detalhe, o disco
intervertebral, sem pressão .......................................................................................46
Figura 24 - Área dorsal do antebraço e mão .............................................................49
Figura 25 - Área ventral do antebraço e mão (palma) ...............................................49
Figura 26 - Músculo deltóide .....................................................................................50
Figura 27 - Músculo esternocleidomastoideo ............................................................50
Figura 28 - Músculo trapézio .....................................................................................51
Figura 29 -
Coluna vertebral na posição sentada, retroversão de pelve e aumento
na pressão intradiscal ................................................................................................51
Figura 30 - Deformações da coluna vertebral reveladas pela radiografia .................53
Figura 31 - Deformação da região lombar baixa na postura sentada .......................53
Figura 32 - Postura de datilografia ............................................................................54
Figura 33 - Postura de cocheiro ................................................................................54
Figura 34 - Posição de repouso ................................................................................55
Figura 35 - Variações na posição sentada ................................................................56
Figura 36 - Encaixe corpo x cadeira ..........................................................................57
Figura 37 – Posto de trabalho da gerência ...............................................................63
Figura 38 - Um lado das bancadas com 3 lugares ....................................................63
Figura 39 - Outro lado da bancada com 3 lugares ....................................................64
Figura 40 -
Diagrama para indicar partes do corpo onde se localiza as
dores provocadas por problemas de postura Corllet e Manenica, 1980) .................67
Figura 41- Gráfico da porcentagem das atividades que utilizam o computador ........68
Figura 42- Gráfico demonstrativo da porcentagem de adequação/ inadequação da
cadeira ......................................................................................................................70
Figura 43- Gráfico demonstrativo do número de sujeitos/ item de inadequações da
cadeira .......................................................................................................................70
Figura 44- Gráfico demonstrativo da porcentagem de adequação/ inadequação da
mesa ..........................................................................................................................72
Figura 45- Gráfico do número de sujeitos/ item de inadequação da mesa .............. 73
Figura 46- Gráfico demonstrativo da porcentagem da altura do monitor ..................74
Figura 47- Foto do posto de trabalho, onde foi registrado que o teclado e mouse estão
na mesma altura da mesa .........................................................................................75
Figura 48- Gráfico da porcentagem dos equipamentos de adaptação .....................75
Figura 49- Gráfico demonstrativo dos riscos do mobiliário ........................
........
.......76
Figura 50- Demonstrativa da porcentagem da posição adotada na atividade laboral.
...................................................................................................................................78
Figura 51- Gráfico demonstrativo da porcentagem das adequações/ inadequações na
postura sentada ........................................................................................................78
Figura 52- Gráfico do número de sujeitos/ item de inadequações posturais
.........
...
.79
Figura 53- Funcionário em atividade vista no plano sagital ..............................
.
..
..
....80
Figura 54- Funcionário em atividade vista no plano frontal .......................................80
Figura 55- Exemplo de postura sentada habitual de um funcionário: coxas
pressionadas e falta de apoio nos pés ......................................................................81
Figura 56- Gráfico demonstrativo da porcentagem das dores ..................................82
Figura 57: Diagrama de Corllet e Manenica (1980); pescoço: 12; ombro direito: 8;
ombro esquerdo: 6; costas-superior: 8; braço direito: 2; braço esquerdo: 1; costas-
médio: 4; ante-braço direito: 3; ante-braço esquerdo: 1; costas-inferior: 7; punho
direito: 3; bacia: 1; mão direita: 5; mão esquerda: 1; perna direita: 2; perna esquerda:
1 ................................................................................................................................83
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Especificação das funções exercidas, o número de funcionários e a
porcentagem .............................................................................................................62
Tabela 2 – Medidas da mesa de trabalho .................................................................76
Tabela 3 – Medidas do CPU .....................................................................................77
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16
2 OBJETIVOS ...........................................................................................................18
2.1.Objetivo geral .....................................................................................................18
2.2. Objetivos específicos .........................................................................................18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................19
3.1 O Sistema bancário .............................................................................................19
3.2 Ergonomia ............................................................................................................22
3.2.1 Definição ...........................................................................................................22
3.2.2 Normas Técnicas .............................................................................................23
3.2.3 Problemas ergonômicos ..................................................................................25
3.2.4 O mobiliário ......................................................................................................27
3.2.4.1 A mesa ..........................................................................................................27
3.2.4.2 Flexibilidade dos móveis ...............................................................................30
3.2.4.3 Suporte para os pés ......................................................................................31
3.2.4.4 A cadeira .......................................................................................................31
3.2.4.5 Cadeiras importadas .....................................................................................37
3.2.4.6 Cadeiras de fabricação brasileira .................................................................39
3.2.5 O computador ..................................................................................................40
3.2.5.1 O mouse .......................................................................................................40
3.2.5.2 Bandeja ajustável para o teclado .................................................................41
3.2.5.2 O Monitor .....................................................................................................41
3.3 Postura sentada .................................................................................................42
3.3.1 Sistemas de apoio, suporte e movimento .......................................................46
3.3.2 Sintomas físicos da posição sentada .............................................................57
3.3.2.1 Tensão ocular ..............................................................................................58
3.3.2.2 A dor no pescoço e cabeça .........................................................................58
3.3.2.3 Sintomas nos ombros e nos braços ............................................................59
3.3.2.4 Sintomas do punho, das mãos e dos dedos ...............................................59
3.3.2.5 Dor Lombar .................................................................................................59
3.3.2.6 Dor ciática ....................................................................................................60
3.3.2.7 Sintomas nas pernas e nos pés ..................................................................61
3.3.2.8 Fadiga ..........................................................................................................61
4 METODOLOGIA ...................................................................................................62
4.1 Sujeitos da pesquisa ...........................................................................................62
4.2 Descrição do ambiente do departamento de apoio às agências bancárias de
Bauru e região ...........................................................................................................62
4.3 Materiais ..............................................................................................................65
4.3.1 Instrumentos .....................................................................................................65
4.4 Métodos ...............................................................................................................65
4.4.1 Procedimentos ..................................................................................................65
4.4.1.1 Condições do posto de trabalho ....................................................................65
4.4.1.2 Medidas para verificação do mobiliário .........................................................65
4.4.1.3 Averiguação da postura dos bancários .........................................................66
4.4.1.4 A localização das dores .................................................................................66
4.5 Análise dos dados ...............................................................................................67
5 RESULTADOS e DISCUSSÕES ...........................................................................68
5.1 Aspectos gerais ...................................................................................................68
5.2 Condições do posto de trabalho bancário ...........................................................68
5.2.1 Elementos do posto de trabalho bancário ........................................................68
5.2.1.1 A cadeira .......................................................................................................68
5.2.1.2 A mesa ..........................................................................................................69
5.2.1.3 O computador ................................................................................................69
5.2.1.4 Equipamentos de adaptação .........................................................................69
5.2.2 Análise do posto de trabalho ............................................................................69
5.2.2.1 A cadeira de trabalho ....................................................................................69
5.2.2.2 A mesa ..........................................................................................................71
5.2.2.3 O monitor .......................................................................................................73
5.2.2.4 Teclado e mouse ...........................................................................................74
5.2.2.5 Equipamentos de adaptação .........................................................................75
5.2.2.6 Riscos do mobiliário ......................................................................................76
5.3 Medidas do mobiliário ..........................................................................................76
5.4 Postura adotada ..................................................................................................77
5.5 Observação do sujeito na atividade laboral .........................................................79
5.6 Dores apontadas ................................................................................................82
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................85
7 REFERÊNCIAS ......................................................................................................86
APÊNDICES ..............................................................................................................91
APÊNDICE A - Questionário.....................................................................................92
APÊNDICE B - Tabela do excel ................................................................................95
APÊNDICE C - Carta de informação .........................................................................97
16
1 INTRODUÇÃO
O sistema bancário sofreu mudanças nas suas operações. O bancário viu-se
obrigado a mudar a sua postura diante das necessidades atuais de mercado.
Antes da chegada da informática, o trabalho mesclava atividades manuais
com a utilização de algumas máquinas, dentre elas as calculadoras e as máquinas
de escrever; as atividades dos bancários se revestiam de muita atividade mental e
pouco ou quase nenhuma constituída de esforços físicos. Além de exercer muitas
atividades na posição sentada, o funcionário variava mais seus movimentos
corporais em decorrência da necessidade.
Com o advento da informática, a automação das tarefas, o treinamento e os
investimentos atuais em ergonomia mostram uma preocupação das diretorias atuais
de alguns bancos em melhorar a qualidade do trabalho bancário beneficiando, além
do cliente, o seu empregado. Atualmente este profissional está sujeito a muita
exigência e muitas pressões para a obtenção da excelência na qualidade. Costa
(2001) ressaltou que, na busca desenfreada de competitividade, inclui-se também a
crescente utilização de inovações tecnológicas e financeiras como diferenciais na
disputa por clientes. As instituições financeiras exigem que seus empregados sejam
cada vez mais polivalentes e flexíveis. São imediatamente despedidos os de baixa
escolaridade. Permanecem os supostamente com a condição necessária para a
absorção das inovações no processo de trabalho bancário.
Nesse contexto, administradores do setor financeiro buscam e valorizam os
conhecimentos ergonômicos e suas aplicações para a composição dos ambientes
de trabalho, tornando-os mais confortáveis, saudáveis e eficazes, uma vez que é
necessário dar condições físicas e de organização para que os funcionários possam
realizar suas tarefas com eficiência.
A ergonomia, desse ponto de vista, é necessária para a concepção de novos
postos de trabalho ou para a modificação dos ambientes ainda não atualizados para
essa nova realidade que exige uma adaptação de mobiliário e equipamentos aos
seus usuários. A automação conduziu o trabalhador ao posto de trabalho, onde o
computador é o centro. O indivíduo passa a maior parte da jornada de trabalho na
posição sentada diante de um monitor.
17
Na realidade atual, o envolvimento com a tarefa na posição sentada se
mostrou cada vez mais intenso, o funcionário pode ficar muito concentrado no
computador e “esquecer” do corpo e de seus prováveis desconfortos.
Os longos períodos na posição sentada pode causar fadiga, distúrbios
circulatórios, lombalgias e dores tensionais em conseqüência de posturas
inadequadas e/ou de mobiliário inadequado.
Na história do trabalho, a posição sentada era sinônimo de descanso. Ao
contrário, a atualidade mostra que o sentar em muitas atividades representa a
posição que dá suporte à realização das atividades laborais. Daí a importância de se
pesquisar a natureza desta posição e suas vicissitudes.
Baseado nestes conceitos, este estudo enfatiza os problemas ergonômicos
da posição sentada de bancários que passam a maior parte da jornada de trabalho
sentados diante do computador.
Para sua realização, delimitou-se um estudo de caso em um departamento
de apoio às agências bancárias de Bauru e região, caracterizando uma pesquisa
descritiva, pela qual se conseguiu realizar um apontamento dos problemas
ergonômicos desta população que permanece a maior parte da sua atividade laboral
na posição sentada.
18
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Esta pesquisa é um estudo de caso que tem como objetivo apontar
problemas ergonômicos da posição sentada no posto de trabalho de um
departamento de apoio às agências bancárias em nível regional de uma instituição
financeira localizada na cidade de Bauru - SP.
2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
identificar as condições do posto de trabalho bancário;
verificar o mobiliário;
averiguar a postura dos funcionários em suas respectivas
atividades laborais;
mapear as dores corporais.
19
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 O sistema bancário
Segundo Silva (1999), “Banco é definido como uma instituição que
comercializa dinheiro e crédito.”; e, para Almeida (1995), “Banco é a casa onde se
realizam transações de valores”.
De uma forma geral, os bancos possuem alguns setores bem definidos, a
saber: a alta administração, os departamentos de apoio às agências e as agências.
A mais alta hierarquia, a alta administração, é aquela que toma as decisões
estratégicas. Os departamentos de apoio são aqueles que tratam de forma
operacional as questões definidas no nível superior. As agências são os setores
onde se distinguem os serviços de atendimento ao público e a retaguarda que
oferece o suporte necessário ao atendimento.
Os principais aspectos da evolução do sistema bancário brasileiro são:
crescimento, dispersão geográfica e diversificação de serviços (Fleury apud
GONÇALVES, 1995).
Desde a Idade Antiga, na Babilônia, existiam pessoas que emprestavam,
tomavam emprestado e guardavam dinheiro de outros; incluindo os sacerdotes, que
guardavam dinheiro devido a seu caráter sagrado. Porém, segundo estudiosos de
arqueologia, foram os fenícios os primeiros a realizar “operações bancárias”. Os
romanos adotaram o nome “banco”, hoje utilizado universalmente, derivado do latim,
significando “mesa” que os cambistas utilizavam para efetuar as suas transações.
Na Idade Média aparece a figura do ourives, um profissional que trabalhava o ouro e
que, pelas circunstâncias, era requisitado pelos membros da elite e por viajantes a
guardar seus pertences valiosos, como jóias ou ouro, no estoque. Assim, lhe ocorre
a idéia de emprestar uma parcela do estoque de ouro ou ias, recebendo em troca
notas promissórias de pagamento no valor do ouro retirado mais a taxa de juros
combinado. Neste momento, os ourives deixam de trabalhar como casa de penhores
e passam a atuar como bancos comerciais tais como se conhece hoje.
A constituição das instituições financeiras no Brasil data do século XIX,
ainda sob o regime colonial, com a criação do Banco do Brasil em 1808, data que
20
coincide com a vinda da Família Real, após a fuga de D. João VI das investidas
napoleônicas.
Durante o período colonial surgem diversas outras instituições financeiras,
com diversos bancos locais de caráter regionalista.
No começo do século XX, a complexidade das relações econômico-sociais
aumenta e nesse mesmo período, começam a surgir no Brasil os centros urbanos
com seus aparatos industriais, muito em função do novo ciclo migratório e dos
excedentes da produção agrícola, que passam a financiar novos empreendimentos
produtivos. Em 1933, o governo de Vargas regulamenta o sistema financeiro,
propiciando a multiplicação dos bancos no Brasil (COELHO, 1999).
O quadro político e econômico em que se insere o sistema bancário no
Brasil, no momento atual, começou a ser delineado a partir da Reforma Bancária e
do Programa de Ação Econômica do Governo, no período 1964-1966. A execução
destes programas levou à especialização das empresas do setor financeiro e à
redução dos bancos comerciais. Este fato gerou a formação dos conglomerados
financeiros e um certo oligopólio do setor. Em 1966, existiam 225 sedes bancárias,
declinando este número para apenas 75 sedes, em 1974. Este processo de
concentração levou os bancos a ampliarem sua área geográfica de atuação. Houve,
nessa época, praticamente uma proibição de abertura de novas agências, o que
conduziu os grandes bancos a adquirirem pequenos e médios estabelecimentos
regionais, na tentativa de expansão. Foi em conseqüência deste fato que as
empresas bancárias começaram a ser caracterizadas como de caráter nacional, pela
dispersão geográfica de suas unidades.
A evolução do setor foi além, ocorrendo também no espectro de serviços
prestados. Ao final da década de 60 a rede bancária foi autorizada a efetuar serviços
de arrecadação de impostos e taxas, contribuições da previdência social e outros
fundos do governo. A partir de então, o número de serviços prestados cresceu
sempre.
O trabalho bancário, desde o seu surgimento, teve uma característica de
pouca exigência física dos trabalhadores, pois a demanda, no princípio, não
expunha o indivíduo a riscos físicos diretos. Com o crescimento dos centros urbanos
e a mudança cultural, as pessoas comuns passaram também a utilizar-se dos
21
serviços bancários e os pagamentos de tributos e serviços gerais passaram a ser
executados na casa de crédito. O grande volume de cheques e documentos a serem
compensados, o grande número de contas individuais, entre outros serviços, fizeram
o trabalhador bancário ser submetido a um regime de trabalho longo, com exigência
de produção em níveis de velocidade de escrita e toques na máquina de escrever e
posteriormente no microcomputador, tudo isso aliado à exigência de perfeição, à
impossibilidade de cometer erros. Um grande contingente de trabalhadores estavam
empregados no sistema financeiro. Com a crise deste sistema e as demissões em
massa iniciadas na década de 80, houve um aumento considerável na densidade do
trabalho imposto ao bancário, e as queixas de doenças relacionadas ao trabalho
bancário se tornam mais veementes.
Atualmente este profissional é mais exigido ainda, pois cumprimento de
metas para a captação de dinheiro, devido à alta concorrência. O bancário se
transformou também em vendedor, tem que vender todo o tipo de serviço oferecido
pelo banco tais como: seguros, poupança, aplicações, etc. Ele vende a imagem do
banco, que se vincula à sua pessoa.
Além da multiplicidade de serviços prestados, os bancos apresentam um
papel ativo dentro da economia, influenciando-a, mesmo sem produzir nada
materialmente.
Por outro lado, a evolução ocorrida no trabalho bancário não parece muito
promissora. No passado, o trabalho bancário oferecia certo grau de "status", era
visto como um trabalho intelectual. e as exigências para o ingresso no setor iam até
o diploma de contabilidade. Nos dias atuais, o que se percebe são trabalhos
rotineiros, parcelados, repetitivos.
As empresas bancárias caracterizam-se por pertencer aos chamados
conglomerados financeiros, ou seja, a grupos que englobam, além do banco
comercial, seguradoras, bancos de investimentos, crédito imobiliário.
Com a centralização do processo administrativo, decorrente da evolução
ocorrida, visto que as administrações passaram a controlar um maior número de
agências, as empresas intensificaram a padronização das rotinas e atividades.
Ainda, com relação à segurança das atividades, foram introduzidos diversos
22
esquemas para checar o trabalho efetuado, que iam desde a repetição de rotinas até
sistemas de conferência que envolviam o próprio cliente.
O trabalho bancário sofreu, então, profundas mudanças devido à
padronização, à centralização e ao controle das atividades. O processamento
eletrônico das movimentações das agências teve seu campo aberto a partir da
padronização das atividades e, com isso, veio a ruptura de algumas características
do trabalho, relevantes no passado (Fleury apud GONÇALVES, 1995).
Na década de 70, foi dado prioridade ao desenvolvimento da parte do
suporte nas agências bancárias, em detrimento do setor de atendimento. Contudo,
na década de 80, iniciou-se a informatização dos serviços aos clientes (Guimarães
apud GONÇALVES, 1995).
3.2 Ergonomia
3.2.1 Definição
Silva (1999) relata que algumas definições de ergonomia trazem uma
tendência de considerar a “ferramenta” e o “equipamento” como fatores principais do
estudo da ergonomia. Estas definições não contemplam as tarefas e a atividade que
são realizadas sem a necessidade de uso de equipamentos ou ferramentas ou os
aspectos emocionais e organizacionais do trabalho.
Segundo Maciel (2001), ergonomia é a ciência que lida com o estudo das
características dos trabalhadores para adaptar as condições de trabalho a essas
características. O objetivo da ergonomia é investigar aspectos de trabalho que
possam causar desconforto aos trabalhadores e propor modificações nas condições
de trabalho para torná-las confortáveis e saudáveis. Para isso, a ergonomia se utiliza
de cnicas de análise do trabalho e de conhecimentos advindos de várias outras
ciências, singularizando aquelas condições de trabalho que não estão em
conformidade com o funcionamento fisiológico e psicológico dos seres humanos. Um
dos princípios da ergonomia é que nenhum trabalho é exatamente igual ao outro.
Cada situação de trabalho ou posto de trabalho possui caractesticas únicas que
devem ser analisadas para uma compreensão real da relação entre as condições de
trabalho e a saúde e bem estar dos trabalhadores.
23
Atualmente, a ergonomia aprofunda-se no estudo dos conteúdos psíquicos e
cognitivos do trabalhador, a fim de aprimorar a relação existente entre o sistema
produtivo e o trabalhador. Ao mesmo tempo, observa-se que na área da saúde cada
vez mais se aceita o fator psíquico como uma das causas para alterações físicas e
desenvolvimento de doenças (fator psico-somático).
Moraes e Mont’Alvão (2000) disseram que o objeto da ergonomia, seja qual
for a sua linha de atuação, ou as estratégias e os métodos que utiliza, é o homem no
seu trabalho, realizando a sua tarefa cotidiana, executando as suas atividades do
dia-a-dia. Esse trabalho real e concreto compreende o trabalhador, operador ou
usuário no seu local de trabalho, enquanto executa sua tarefa, com suas máquinas,
ferramentas, equipamentos e meios de trabalho, num determinado ambiente físico e
arquitetural, com seus chefes e supervisores, colegas de trabalho e companheiros
de equipe, interações e comunicações formais e informais, num determinado quadro
econômico-social, ideológico e político.
Os administradores do setor financeiro (bancos) têm buscado na ergonomia
informações para a modificação de fatores físicos, tais como mobiliário, climatização,
iluminação, implantação de pontos de auto-atendimento informatizados,
desenvolvimentos de softwares específicos para automação de tarefas, etc. Isso
mostra a preocupação deste setor altamente competitivo com os avanços
tecnológicos e com a redução dos custos operacionais, acompanhando a tendência
do mercado em realizar o “downsizing” (redução do estafe ao menor número
possível). Com base nos princípios da ergonomia de tornar o trabalho mais
confortável, mais saudável, mais eficaz, e, principalmente, na visão antropocêntrica
da ergonomia, pode-se afirmar que as reduções no número de postos de trabalho
deve-se a uma condição do mercado e não às orientações ergonômicas sobre a
organização do trabalho (SANTOS, 2001).
3.2.2 Normas Técnicas
A norma regulamentadora número 17 pertence à Portaria 3214, de 8 de
junho de 1978, portaria esta que aprova as Normas Regulamentadoras NR do
capítulo V, título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e
Medicina do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Esta norma visa
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
24
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (BRASIL, 2002).
A NR - 17 diz que, sempre que o trabalho puder ser executado na posição
sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.
Para o trabalho sentado, o mobiliário deve oferecer: altura e características da
superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida
dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; ter área de trabalho de
fácil alcance e visualização pelo trabalhador; ter características dimensionais que
possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais.
Os assentos utilizados devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto:
altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; borda
frontal arredondada; encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção
da região lombar; suporte para os pés como adaptação ao comprimento da perna do
trabalhador (BRASIL, 2002).
Os parâmetros a serem observados para a escolha do mobiliário de
escritório estão contidos tanto na Norma Regulamentadora 17 do Ministério do
Trabalho (BRASIL, 2002) como nas normas brasileiras NBR 13960 a 13967
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1997, 1997a, 1997b, 1997c,
1997d, 2002, 2003, 2003a) e NBR 14109 a 14113 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS CNICAS, 1998, 1998a 2003b, 2003c). Essas regulamentações apenas
indicam o caminho a ser seguido, sem apresentar critérios ergonômicos
aprofundados. Também não existe um estudo antropométrico abrangente que
permita conhecer o perfil físico do brasileiro. Duque, em entrevista à Corbioli (2002),
explica:
Os dados mais consistentes utilizados pela indústria foram obtidos
em 1989 com a Pesquisa Antropométrica para Projeto de Postos de
Trabalho, realizada pelo Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de
Janeiro, mas esse foi um trabalho restrito, que avaliou apenas 3 mil
pessoas.
O design do mobiliário de trabalho deve priorizar a interface produto-usuário,
visando conforto e saúde para o ser humano e deixando os aspectos estéticos em
segundo plano.
25
As melhores mesas de trabalho são aquelas com manivelas para
regulagem. Mas, elas são feias, costumam ser usadas apenas em
call centers, onde ninguém as vê. A indústria deveria investir mais no
design dos itens que têm desempenho ergonômico reconhecido diz
Duque. (CORBIOLI, 2002).
Segundo nota cnica 060/2001 do Ministério do Trabalho e Emprego, a
postura mais adequada ao trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e que
pode ser variada ao longo do tempo (BRASIL, 2001).
O tempo de manutenção de uma postura deve ser o mais breve possível,
pois seus efeitos nocivos ou não, serão função do tempo durante o qual ela será
mantida. Todo esforço de manutenção postural leva a uma tensão muscular estática
(isométrica) que pode ser nociva à saúde. Os efeitos fisiológicos dos esforços
estáticos estão ligados à compressão dos vasos sanguíneos. O sangue deixa de fluir
e o músculo não recebe oxigênio nem nutrientes, os resíduos metabólicos não são
retirados, acumulando-se e provocando dor e fadiga muscular. Manutenções
estáticas prolongadas podem também induzir ao desgaste das articulações, discos
intervertebrais e tendões. As amplitudes de movimentos dos segmentos corporais
como os braços e a cabeça, assim como as exigências da tarefa em termos visuais,
de peso e esforço, influenciam na posição do tronco e no esforço postural, tanto no
trabalho sentado como no trabalho em pé (BARBOSA, 2002).
Oliver e Middleditch (1998) demonstraram que existe um aumento dos níveis
de atividade da coluna torácica superior e dos extensores da coluna vertebral como
resultado, por exemplo, da abdução do braço, quando se trabalha sobre uma mesa
muito alta.
3.2.3 Problemas ergonômicos
De acordo com Brandimiller (1999), deve-se evitar fazer movimentos
extremos no posto de trabalho pela razão de que as articulações trabalham no limite,
com alguns músculos fortemente contraídos e, inversamente, outros muito
esticados. Pode ser que no momento destes movimentos o indivíduo não sinta
qualquer desconforto ou dores, mas, quando alguns músculos ou tendões estão
sobrecarregados pelo trabalho, um movimento extremo pode desencadear uma dor
forte que pode travar por alguns dias o pescoço, o ombro ou mesmo a coluna
26
lombar. Continuando com o raciocínio de Brandimiller (1999): quanto mais próximo
do corpo suas mãos trabalharem, maior será o conforto.
O mesmo autor pontuou as principais posturas desfavoráveis e suas causas,
quando se trabalha num microcomputador: costas afastadas do encosto da cadeira;
cabeça inclinada para baixo ou para cima; cabeça virada para um dos lados; tronco
torcido para um dos lados.
Brandimiller (1999) estudou posições de conforto em vários segmentos
corporais. Com relação à região do punho, a mão e o antebraço devem ficar
alinhados na mesma reta, o indivíduo deve evitar trabalhar com angulações entre a
mão e o antebraço, ou seja, deve evitar trabalhar com a mão inclinada (dobrada)
para cima ou para baixo, ou virada para os lados. Na região do cotovelo, o ângulo
entre o braço e o antebraço deve ficar em torno de 100° (entre 90° e 110°), ou seja,
um ângulo reto ou pouco mais; o antebraço fica ligeiramente inclinado para baixo em
direção ao joelho, ou pelo menos na horizontal, ou seja, deve-se evitar trabalhar com
ângulo inferior a 90°, ou, dito de outra forma, com o antebraço inclinado para cima.
Na região do ombro, os braços devem permanecer pendentes junto ao tronco, com
cotovelos próximos da cintura; quando não apoio para o antebraço ou para o
punho, deve-se evitar que os cotovelos fiquem muito afastados do tronco, não
devendo o afastamento para os lados (abertura da “asa”) ultrapassar 2 e o
afastamento para a frente 25°.
Esqueisaro apud Corbioli (2005) aponta o desconhecimento sobre a postura
correta para o uso do móvel e sobre as possibilidades de regulagem que oferece. O
ideal é que o funcionário seja treinado para usar o mobiliário e tenha em seu poder o
manual de instruções para consultá-lo. A Figura 1 ilustra bem a utilização do
mobiliário e os riscos à saúde a que o trabalhador fica exposto.
27
Figura 1: Postura inadequada e conseqüentes danos à saúde (CORBIOLI, 2005).
3.2.4 O mobiliário
3.2.4.1 A mesa
Brandimiller (1999) pontua as características de conforto da mesa: boa
profundidade (distância entre a frente e o fundo da mesa), principalmente para poder
trabalhar com o monitor afastado de 70 a 80 cm dos olhos, o que também possibilita
dispor-se de um bom espaço de trabalho entre o teclado e o monitor para
documentos e objetos de trabalho; largura suficiente para se colocar nesse plano os
equipamentos, acessórios e materiais de trabalho mais utilizados; altura adequada
ao tamanho do usuário; espaço adequado para as pernas sob a mesa; flexibilidade
para poder modificar a disposição dos equipamentos, acessórios e espaços de
trabalho.
Iida (1990) acrescenta ainda a área de alcance ótimo sobre a mesa, que
pode ser traçada, girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços
caídos normalmente: estes descreverão um arco com raio de 35 a 45 cm. A parte
central, situada em frente ao corpo, fazendo interseção com os dois arcos, será a
área ótima para se usar as duas mãos (Figura 2).
28
Figura 2: Áreas de alcance ótimo e máximo na mesa, para trabalhador sentado (IIDA, 1990).
A área de alcance máximo será obtida fazendo-se girar os braços
estendidos em torno do ombro, os quais deverão descrever arcos de 55 a 65 cm de
raio.
Iida (1990) recomenda que a faixa situada entre a área ótima e aquela de
alcance máximo deve ser usada para colocação de peças a serem utilizadas na
montagem, ou tarefas menos freqüentes e que exijam menos precisão. Aquelas
tarefas de maior freqüência e com maiores exigências de precisão devem ser
executadas dentro da área ótima (Figura 2).
Iida (1990) aborda a hipótese de se fazer uma mesa regulável que deveria
ter entre 54 e 74 cm de altura.
Brandimiller (1999) se preocupa com a falta de opções para cada indivíduo,
pois, certamente, as pessoas que não se encaixam nesta estatura média poderão
sofrer nestes postos de trabalho, em conseqüência da má acomodação neste tipo de
mesa. O correto seria o tampo da mesa possuir mecanismo de regulagem de altura,
mas o autor ressalta a dificuldade, principalmente de custos: mecanismos mais
resistentes e práticos, que não comprometem a estabilidade da mesa, são mais
caros.
O posto de trabalho deve oferecer outra opção, a de ter, além de mesas de
trabalho com altura padrão, mesas mais baixas e mais altas.
De acordo com a American National Standart for Human Factors
Engineering of Visual Display Terminal Workstations (ANSI/HFS 100 1988, apud
29
MARTINS; JESUS, 1999) a mesa deve ter: uma profundidade mínima de 75 cm e
largura de 120 cm; a altura entre 56 e 74 cm aproximadamente para uso efetivo de
teclado e mouse, se for ajustável; se não for ajustável, 71 cm (aproximadamente)
desde que tenha o apoio do teclado abaixo da superfície de trabalho (mãos e
punhos ficando em posição neutra); a mesa não deve ter cantos afiados; o teclado
deve ficar entre 57,5 cm e 71 cm (aproximadamente) do chão, onde os cotovelos
encontram-se a 90 graus, com braços e mãos paralelos ao chão; a superfície de
onde se encontra o mouse e superfície usada para escrita devem estar dentro da
zona primária de alcance, oferecendo apoio à mão e ao punho.
A espessura do tampo da mesa não deve ultrapassar 3 cm. Embaixo do
tampo não deve haver gavetas ou travessas de apoio para o tampo, pois ambas
interferem no encaixe das pernas. Quando não se consegue encaixar bem as
pernas sob o tampo da mesa, torna-se necessário inclinar o corpo para a frente, sem
poder apoiar as costas no encosto da cadeira.
Segundo Brandimiller (1999), as bordas do tampo da mesa devem ser
arredondadas (Figura 3) e não em ângulo vivo, para evitar a compressão do
antebraço pela quina (quando se apóia o antebraço na borda da mesa).
Figura 3: A borda do tampo em ângulo vivo (quina) causa compressão de músculos e vasos
sanguíneos do antebraço (SILVA, 2006).
30
Para o conforto visual, o tampo deve ser fosco (não brilhante), para prevenir
reflexos. Evitar cores escuras ou muito claras, preferindo tons neutros como bege e
cinza.
Segundo Brandimiller (1999), o espaço livre para movimentar as pernas à
vontade e mudar de posição é uma condição importante para o conforto quando se
trabalha sentado. O autor ressalva que a altura do vão (espaço livre) sob a mesa
deve permitir que as coxas possam, folgadamente, entrar, sair e se movimentar para
os lados, inclusive quando se gira a cadeira. O apoio do teclado (ou, se não houver,
o tampo da mesa) deve ficar pelo menos 5 cm da coxa.
A largura do vão deve ser de pelo menos 70 cm e ser maior, caso o
indivíduo precise se deslocar sentado de um lado a outro da mesa. Não deve haver
caixilhos ou cantos de gavetas onde as pessoas possam bater pernas, joelhos ou
coxas.
O espaço sob a mesa deve ter profundidade suficiente para se esticar
completamente as pernas. Para poder movimentar livremente as pernas é preciso
que esse espaço não seja ocupado por objetos como torre (CPU), cesto de lixo,
estabilizador, impressoras (no caso de rack), etc.(BRANDIMILLER, 1999).
3.2.4.2 Flexibilidade dos móveis
Brandimiller (1999) aponta como a principal característica de conforto da
mesa de trabalho a flexibilidade de utilização de sua superfície, ou seja, a
possibilidade de mudar facilmente a disposição dos equipamentos, acessórios e
espaços de trabalho, conforme o conforto pessoal ou o tipo de trabalho que se está
executando. A característica oposta, segundo o mesmo autor é a rigidez do posto de
trabalho: cada equipamento instalado em um lugar predeterminado e não pode ser
alterado.
Os projetos atuais primam pela total flexibilidade modular, pois a disposição
poderá ser alterada conforme a necessidade. A Figura 4 mostra um projeto
americano de mesa interativa.
31
Figura 4: Projeto americano com várias alternativas de mesa interativa (WORKSPACES, 2006).
3.2.4.3 Suporte para os pés
As plataformas para apoiar os pés podem ser utilizadas em duas situações:
a) quando a mesa de trabalho possui tampo fixo (o que é situação habitual), com
altura padrão de 74 cm; b) quando o suporte para os s é utilizado como posição
alternativa para melhorar o conforto das pernas (BRANDIMILLER, 1999).
3.2.4.4 A cadeira
Sringer (2001) relatou que nenhuma cadeira é confortável quando o
indivíduo tem que sentar nela por um longo período, por isso ela tem que oferecer
condições mínimas de conforto, tais como flexibilidade no assento e encosto,
alavancas de altura que permitam apoio para os pés e eliminem a pressão na região
poplítea.
A cadeira que o funcionário usa deve ser adaptada à sua altura, ao seu
tamanho e aos contornos de seu corpo, para ter apoio e conforto máximos.
Donkin (1996) chama a atenção para o corpo de cada indivíduo, que
compara com as impressões digitais: cada um é diferente de todos os outros e
merece uma cadeira adaptada exclusivamente para si, o que lhe permitirá ficar
sentado com conforto durante muitas horas todos os dias.
32
O mesmo autor acrescenta ainda que “a postura perfeita ao sentar” não é
algo determinado para todos os seres humanos, mas varia de acordo com o tipo de
trabalho que se faz. O funcionário deve manter uma ou algumas posturas que o
façam sentir mais confortável, mas que ainda assim forneçam apoio enquanto
trabalha.
A cadeira deve ser levemente revestida de modo que a almofada distribua
por igual o peso do corpo e que se houver um afundamento no estofado, este não
chegue a três centímetros, pois o corpo perde o apoio de que necessita. O
revestimento de tecido no estofado ajuda a impedir que o indivíduo escorregue, e
assim reduz o esforço exigido para manter a postura apropriada.
Antes de 1900, pensava-se que a postura correta para o trabalho sedentário
fosse enquadrar-se numa cadeira que apoiava rigidamente a espinha, formando
ângulo reto com as pernas, e os joelhos ficando também dobrados em 90°.
Na verdade, essa posição logo se torna incômoda e quase impossibilita o
trabalho, pois desenvolve nas costas, nos quadris e nas coxas uma pressão que
dificulta a concentração em qualquer tarefa.
Quando as coxas estão em ângulo reto em relação à espinha, a curvatura da
parte inferior das costas tende a desaparecer, a menos que haja um apoio com
contorno apropriado para a região lombar e este seja usado adequadamente.
A compensação usual para uma falta de apoio adequado das costas é
reduzir o peso da parte superior do corpo que incide sobre sua parte inferior. A
maneira utilizada para isto é encurvar-se para a frente, mas essa postura encurvada,
porém, aumenta a pressão nos discos entre as vértebras. Os músculos e tendões
são mais exigidos e pode haver como conseqüência um aumento de tensão.
Schantz apud Martins e Jesus (1999) relatou que o empregado que utiliza o
computador deve dispor de uma cadeira ergonomicamente correta, que ofereça
flexibilidade e apoio, com braços, 4 ou 5 pernas e rodinhas (permitindo fácil
movimentação), com assento que acomode os quadris e nádegas, sem ficar muito
aquecido ou curvo, sendo igualmente ajustável, inclinando-se ligeiramente para
frente no momento da escrita e ligeiramente para atrás quando o teclado for
utilizado. Quando uma flexibilidade no ajuste do assento, as possibilidades
podem aumentar no nível de conforto físico (Figura 5).
33
Figura 5: Duas possibilidades de ajuste do assento da cadeira (DONKIN, 1996).
Segundo Nota Técnica do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL,2001),
o assento deve ser adequado à natureza da tarefa e às dimensões antropométricas
da população.
Não existe uma cadeira considerada “ergonômica” independentemente da
função exercida pelo trabalhador.
Altura do assento deve ser definida de forma que os pés estejam bem
apoiados.
A partir daí, ajusta-se a altura do assento em função da superfície de
trabalho.
A regulagem inadequada do assento prejudica o conforto postural.
No caso do assento ser muito alto, o apoio dos membros inferiores sobre o
solo é diminuído, e uma parte do peso é suportada pelas coxas, levando à
compressão da parte posterior das mesmas. Para diminuir esta pressão, as pessoas
tendem a se sentar na parte anterior da cadeira, exigindo contração estática dos
membros inferiores e das costas.
No assento muito baixo, o ângulo coxa-tronco diminui, induzindo a uma
cifose lombar e pressão sobre os órgãos abdominais.
Quando o plano de trabalho e o assento são reguláveis em altura, a
adequação do posto de trabalho é facilitada; o único problema que pode ainda existir
é o de espaço para as coxas.
Quando a altura do plano de trabalho for fixa, a regulagem do assento deve
satisfazer vários critérios a respeito do conforto dos membros inferiores: os pés
devem estar bem apoiados sobre o solo e não deve haver compressão das coxas.
34
Para adequar o posto de trabalho a todos, deve ser disponibilizado suporte para os
pés, destinado aos que têm estatura menor; o suporte não deve ser uma barra fixa,
mas sim uma superfície inclinada (ângulo de inclinação no máximo de 20°), que
apóie uma grande parte da região plantar e feito com material antiderrapante,
podendo necessitar ainda de regulagem em altura para melhor adaptação ao
comprimento das pernas dos trabalhadores. Com relação ao conforto dos membros
superiores, os ângulos de conforto do braço e do antebraço (para todos o
segmentos corporais) não são de limite de mobilidade articular, mas limites de
conforto, determinados em função da opinião subjetiva dos trabalhadores, da análise
de dados mídicos e medidas eletromiográficas. O mesmo pode-se dizer do conforto
visual que inclui a função da distância olho-plano de trabalho e as características da
atividade e da acuidade visual do trabalhador.
O Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2001), ao discorrer sobre as
características dos assentos, estabelece que a profundidade do assento não pode
ser muito reduzida nem muito grande, isto é, deve ser de um tamanho tal que o
maior percentil (pessoas muito altas) mantenha seu centro de gravidade sobre o
assento, no mínimo, igual à profundidade do tórax mais 2,5 cm para evitar uma base
que não lhe dê firmeza.
Segundo a Nota Técnica do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL,
2001), na literatura encontram-se medidas de assento que vão de 38 a 45 cm para a
largura e de 38 a 43 cm para a profundidade. No entanto, o assento não pode ser
muito profundo para que o menor percentil (pessoas pequenas) tenha mobilidade na
área popliteal. A conformação do assento deve também permitir alterações de
postura, aliviando, assim, as pressões sobre os discos intervertebrais e as tensões
sobre os músculos dorsais de sustentação. Portanto, assentos “anatômicos”, em que
as nádegas se encaixam neles, não são recomendados, pois permitem poucos
movimentos. A densidade do assento também é importante para suportar as
tuberosidades isquiáticas (densidade mínima recomendável de 50 kg/cm³) (Figura
6).
35
Figura 6: Relação densidade do assento/ tuberosidades isquiáticas (BRANDIMILLER, 1999).
Donkin (1996) chama a tenção para as cadeiras giratórias, que são a
maioria, ela é essencial no trabalho, mas o funcionário deve manter ombros e
nádegas alinhados o máximo possível (Figura 7). Esse trabalhador deve ser
orientado a evitar torção ou inclinação extremas, principalmente se for alcançar
objetos pesados como livros, manuais ou catálogos. Os rodízios devem deslizar
adequadamente e não travar na hora errada.
Figura 7: Maneiras correta e incorreta de se movimentar com a cadeira no posto de trabalho
(DONKIN, 1996).
Para Donkin (1996), os braços da cadeira são úteis porque apóiam os
antebraços, o que reduz a fadiga e a tensão nos ombros, no pescoço e na parte
superior do corpo. Os apoios de braço também fornecem um nivelamento ou apoio
para ajudar o funcionário a sentar e a se levantar da cadeira, mas deve-se deixar a
critério de cada indivíduo a utilização ou não do apoio, conforme a preferência e o
conforto de cada um.
36
O Ministério do Trabalho e Emprego cita a importância do encosto, que
possa fornecer um bom suporte lombar e seja regulável em inclinação e altura para
favorecer a adaptação da maioria das pessoas (BRASIL, 2001). DONKIN (1996)
ressalta a importância da cadeira ter flexibilidade no encosto (Figura 8) e de esta ser
usada freqüentemente para fins de alongamentos, que a postura reclinada para
trás reduz a tensão do disco intervertebral, além de poder trazer um estado
momentâneo de relaxamento e alívio da mente, podendo refazer as energias para a
volta da concentração.
Figura 8: Flexibilidade do encosto, permitindo maior conforto para a coluna (SCHULS, 198-?).
Segundo Schuls [198-?] a cadeira verdadeiramente ergonômica apóia,
sustenta e move seu ocupante por meio de características bem concebidas e
mecanismos inteligentes.
O sistema de movimentos que Schuls preconiza engloba o encosto para as
costas e a base para a cadeira.
O encosto das costas e a base para a cadeira são responsáveis pela
movimentação. O encosto para as costas deve continuamente acompanhar os
movimentos para frente e para trás das costas e, ao mesmo tempo, sustentar, ou
seja, apoiá-la em qualquer posição, sem nenhum efeito desagradável de
deslizamento entre a parte superior do corpo e o encosto das costas.
O mecanismo sincronizado de ponto é um sistema de ajuste fino que
coordena de maneira ideal o movimento da cadeira com o movimento de seu
ocupante e oferece um ângulo de ajuste com sistema de tratamento, caso se deseje,
ou seja, apropriada uma posição por longos períodos (por exemplo, ao telefonar ou
trabalhar em frente a um monitor de computador, inclinando-se para trás, ou ao
escrever, inclinando-se para frente).
37
A base otimizada de movimento deve ter: uma base giratória e roldanas
dirigíveis de segurança, especialmente para pisos duros ou macios, para um
movimento coordenado e seguro com a cadeira como um todo.
Viel e Esnault (2000, p.78) mostram um posto de trabalho adaptado a uma
pessoa de tamanho médio (entre 160 e 170 cm) ao trabalhar no computador (figura
9). Segundo os autores,
Ele pode ser concebido com as seguintes medidas: distância olhos-
tela, entre 40 e 60 cm, de acordo com a medida individual; tela abaixo
da horizontal do olhar (5-15°); distância solo-bord a anterior do assento
da cadeira, de acordo com a medida individual; inclinação anterior do
assento da cadeira de 5 a 20 graus goniométricos; distância solo-
plano de trabalho, entre 70 e 78 cm; um pequeno encosto que se
adapta à parte baixa das costas em vez de um encosto alto.
Figura 9: Angulações no posto de trabalho (VIEL E ESNAULT, 2000).
3.2.4.5 Cadeiras importadas
Nas figuras seguintes (Figuras 10, 11 e 12) é possível observar detalhes de
alguns modelos de cadeiras americanas e canadenses. Elas permitem e incentivam
a mudança variada de postura. A atividade dos músculos e a sobrecarga são
reduzidos na parte baixa da coluna vertebral. Alguns modelos possuem mais de 10
posições de ajustes, seguindo as normas internacionais. A superfície do assento e
do encosto e apoio da cabeça foram desenvolvidos com espuma inteligente que se
molda ao corpo facilmente e, após a utilização, retorna ao estado original.
Os pontos da pressão são reduzidos e a circulação do sangue é melhorada;
a sustentação lombar pode ser ajustada verticalmente e horizontalmente para cada
38
indivíduo; apoio de braço com possibilidades de ajuste de altura e movimentos
laterais, ajustes de profundidade do assento e ajustes de tensão do reclínio.
Figura 10: Cadeira canadense (ERGONOMIC OFFICE CHAIRS, 2006).
Figura 11: Cadeiras americanas (ERGONOMIC OFFICE CHAIRS, 2006).
39
Figura 12: Detalhes dos ajustes para a adaptação do indivíduo (ERGONOMIC OFFICE CHAIRS,
2006).
3.2.4.6 Cadeiras de fabricação brasileira
Pode-se observar a seguir alguns modelos de cadeiras ergonômicas
fabricadas no Brasil. Possuem revestimento do assento de microfibra/couro
ecológico, revestimento do encosto de tela, base giratória e fixa de aço cromado,
braços cromados com detalhe de poliuretano, mecanismo syncron (contato
permanente) ou relax(com flexibilidade na lombar), regulagem de altura pneumático
ou a gás (Figura 13).
.
Figura 13: Cadeira fabricada no Brasil (TOK & STOCK, 2006).
40
Figura 14: Cadeira brasileira com design italiano, assento de couro e encosto de tela (MERCADO
LIVRE, 2006).
3.2.5 O computador
3.2.5.1 O mouse
O mouse vertical, com um design novo, de fabricação americana, incorpora
postura ergonômica correta e neutra com moderna tecnologia óptica; tem cinco
teclas e é fácil de operar (Figura 15).
O formato neutro ajuda a reduzir dores da mão e do punho e outros males
causados por movimentos repetitivos.
O design do mouse vertical foi criado de forma a suportar a mão em posição
relaxada e eliminar o movimento rotatório do antebraço, movimento este que
acontece com o mouse horizontal (figura 16). Na utilização do mouse vertical, a mão
opera em posição funcional, a mesma utilizada na escrita (Figura 15).
Figura 15: Mouse vertical (ERGOPRO,2006). Figura 16: Os 2 modelos de mouse e as
respostas nos ossos do antebraço
(ERGOPRO, 2006).
41
3.2.5.2 Bandeja ajustável para o teclado
O alcance das bandejas ajustáveis do teclado é projetada para assegurar
que os usuários digitem e usem o mouse dentro da zona neutra do alcance,
incentivando desse modo posturas mais funcionais (Figura 17).
Figura 17: Bandejas ajustáveis para teclado e mouse (ERGONOMIC OFFICE CHAIRS, 2006).
3.2. 5.2 O Monitor
Os monitores mais modernos são lisos, de alta definição e menos brilho que
o CRT. Possuem a vantagem de serem facilmente instalados em um braço ajustável
e permite um posicionamento ideal para cada usuário. Os braços ajustáveis
permitem manter o monitor em uma posição confortável para a visão. A seguir, as
Figuras 18, 19 e 20 mostram os monitores e seus braços ajustáveis.
42
Figura 18, 19 e 20: Monitor de tela plana, alta definição e variáveis de braços ajustáveis
(ERGONOMIC OFFICE CHAIRS, 2006).
3.3 Postura sentada
A posição sentada é a posição mais freqüentemente adotada por grande
parte do público desta pesquisa e deve ser alvo de estudo sobre os riscos que estes
trabalhadores estão correndo.
Viel e Esnault (2000), em suas pesquisas, verificaram que, no início do
segundo milênio, o conceito de “trabalho e a natureza dessa atividade física
mudaram enormemente de aspecto, tendo como característica marcante a
multiplicação de atividades sentadas que substituíram as atividades em pé.
Em pesquisas de Grandjean (1998), observou-se que o pessoal que executa
funções em estações de trabalho apresenta uma freqüência de cervicalgia e de dor
nos ombros 13 vezes superior às queixas dos usuários de escrivaninhas tradicionais.
Isto se deve ao fato de, na informática, o monitor “fisga os olhos” e, no caso de uma
tarefa muito envolvente, a concentração aumenta, o que pode impedir a conciência
do pensamento no resto do corpo, até que a posição se torne muito desconfortável.
Viel e Esnault (2000) mais uma vez buscam respaldo na história para dizer
que a noção de “trabalho” diverge do modelo antigo. Antigamente, tratava-se de
tarefas árduas, feitas contra a vontade. Atualmente, centenas de operadores da
nossa sociedade de informação e de comunicação têm a sorte de realizar seu
trabalho com paixão e passam longas horas fascinados pelo que fazem.
O Ministério do Trabalho e Emprego em Nota Técnica (BRASIL, 2001) diz
que a posição sentada produz um esforço postural (estático) e as solicitações sobre
43
as articulações são mais limitadas em comparação com a posição em pé. A postura
sentada permite melhor controle dos movimentos, pois o esforço de equilíbrio é
reduzido. A nota conclui que esta posição é, sem sombra de dúvida, a melhor
postura para trabalhos que exijam precisão.
Quer se trate de atividades bancárias (traders), da engenharia (CAD), quer
de profissões relacionadas à multimídia, todas estas atividades são realizadas na
posição sentada. Viel e Esnault (2000) disseram que estes profissionais necessitam
de conforto, pois um incômodo persistente na região lombar perturba a
concentração.
Corbioli (2005) afirma que apesar da postura sentada ser menos cansativa e
permitir maior estabilidade postural que a postura em pé, quando assumida por
longos períodos de tempo pode provocar efeitos agressivos para o organismo e
conduzir ao aparecimento de lesões. Viel e Esnault (2000) dizem que o simples
fato de se sentar traz conseqüências, pois qualquer que seja a cadeira, o ato de
sentar produz uma retificação acentuada da lordose lombar.
Quanto à posição sentada, a primeira e mais importante alteração é que
ocorre um importante aumento, de cerca de 50%, na pressão dos discos
intervertebrais da coluna lombar. Um aumento em sua pressão interna tem como
consequência uma tendência aumentada à degeneração. Este aumento de pressão
ocorre porque, ao se sentar, fica subitamente eliminado todo amortecimento de
pressões dado pelo arco dos pés e pelos tecidos moles dos membros inferiores. Na
postura sentada, a pressão intradiscal na porção lombar é maior que em pé, que por
sua vez, é maior que na posição deitada.
Cox; D.C.; D.A.C.B.R. (2002) em seus estudos concluiu que a razão das
forças de sustentação de peso anterior e posterior do corpo é de 15 para 1; portanto,
levantar 45 kg com os braços estendidos coloca uma pressão total de 680 kg no
núcleo pulposo. Morris et al. apud Cox; D.C.; D.A.C.B.R. (2002), revelou que um
homem de 77 kg levantando 90 kg exerce uma força de 939 kg no espaço do disco
L5-S1 (Figura 21).
44
Figura 21: A força exercida no disco intervertebral L5/S1 de acordo com a posição (CORBIOLI, 2005).
Outro aspecto importante da pressão aumentada no disco é o fato de a
mesma ocorrer de forma assimétrica, sendo que, todas as vezes que o tronco se
inclina para frente, a parte anterior do disco se apresenta sob pressão e a parte
posterior, ponto crítico, se apresenta sob tensão, foando o cleo pulposo para
trás e favorecendo a patologia discal.
Quanto à inclinação do tronco para frente, adotada por muitas pessoas na
posição sentada, esta acarreta uma tendência de queda de todo o corpo, devido à
ação da gravidade. Então, para equilibrar este esforço e manter o tronco na posição
ereta, os músculos paravertebrais desenvolverão uma contração estática; como os
músculos paravertebrais estão firmemente fixados nos corpos vertebrais, esta
contração muscular resulta em um aumento da pressão nos discos lombares. Além
disso, pode resultar em fadiga muscular dos músculos das costas.
Viel e Esnault (2000) descrevem em gráfico as pressões intradiscais
registradas por meio invasivo (Figura 22). Os autores estudaram diferentes posturas
sentadas, encontrando o aumento da pressão em relação ao valor de referência
obtido em pé, em repouso e em situações como: sentar em um banco sem encosto;
sentar em uma cadeira com encosto e assento horizontal e sentar em uma cadeira
com assento inclinado para a frente.
45
Figura 22: Pressões intradiscais registradas por meio invasivo, a referência, ou 100%, é o valor
individual registrado na posição em pé em repouso (em G) com curvaturas vertebrais normais, os
outros valores são variações em relação à escala inicial (VIEL e ESNAULT, 2000).
Segundo Schuls [198-?], a dinâmica do sentar tem três estágios: apoio,
sustentação e movimento.
A postura ereta dos seres humanos confere liberdade para usar braços e
mãos em atividades complexas.
A transição do mover-se sobre quatro pernas para ficar em sobre duas
coincidiu com a total reorganização da estática do corpo. O que mantém o ser
humano equilibrado é um sistema de sustentação e apoio extremamente
engenhoso, coordenado e dinâmico, em conjunto com movimento e contra
movimento.
Tão sofisticado quanto este sistema, é a pré-disposição às disfunções.
A manutenção da mesma postura e dos mesmos movimentos por períodos
prolongados desequilibra o corpo ou sujeita-o ao estresse. Tensões na coluna
vertebral, músculos contraídos por longos períodos ou dores nos membros são
conseqüências de uma base fraca para um trabalho concentrado e pensamento
eficiente.
De acordo com Grandjean (1998), o prolongado ato de sentar pode causar
flacidez dos músculos da barriga, e ocasionar problemas na coluna e na musculatura
das costas, que em várias posturas sentadas são aliviadas, mas, de uma maneira
geral, são sobrecarregadas, ocorrendo o desenvolvimento de cifose na coluna
lombar.
De um ponto de vista puramente funcional, os seguintes sistemas orgânicos
em particular desempenham um papel no contexto do ato de sentar-se: a coluna
46
vertebral como um sistema de apoio; a cavidade abdominal com a pélvis como um
sistema de apoio; os músculos como sistema de sustentação.
Todos esses três também precisam de movimento e mudanças de posição
para permanecerem em estado de funcionamento.
O sentar sadio, segundo Schuls [198-?], consiste em movimentos e
mudanças de posição que geram ações preponderantes para manter o sistema de
sustentação e apoio do corpo em um estado equilibrado de funcionamento.
3.3.1 Sistemas de apoio, suporte e movimento.
Uma postura ereta com o mínimo uso dos músculos caracteriza o “S“
alongado da espinha vertebral suportando peso. Os discos intervertebrais
adaptáveis alternam-se em vértebras lidas e articuladas para manter a espinha
dorsal estável e flexível (Figura 23). Além disso, a coluna vertebral também age
como um suporte para os músculos das costas que estão ligados à estrutura óssea;
um duto para a medula espinhal, que, juntamente com o cérebro, é o centro do
sistema nervoso; e a entrada e saída para o sistema nervoso.
Figura 23: A coluna vertebral na posição ereta, plano sagital, no detalhe, o disco intervertebral, sem
pressão (SCHULS [198-?].
47
De acordo com Schuls [198-?], para que aconteçam esses três mecanismos
de apoio, sustentação e movimento, a coluna vertebral, a lvis e a musculatura
precisam trabalhar em conjunto e de forma harmônica, para se obter uma postura
mais saudável.
A cavidade abdominal e a pélvis constituem o segundo sistema de apoio do
organismo humano, além da coluna vertebral. Sua capacidade de apoio depende
basicamente do funcionamento adequado e do movimento dos músculos do
abdômen e do períneo. Se estes órgãos forem suficientemente preparados e
alongados, sustentarão os órgãos internos, e, assim, aliviarão o peso sobre a coluna
vertebral.
Juntamente com a coluna vertebral, toda a musculatura do corpo assegura
uma postura ereta. As fibras musculares são ativadas por impulsos nervosos, os
quais são controlados pelo cérebro e gerados em células nervosas motoras na
medula espinhal. Caso as fibras musculares tenham de trabalhar por períodos
prolongados, as mesmas se cansam e geram somente uma força reduzida.
Dessa forma, é importante que um grande número de fibras musculares
sejam estimuladas alternadamente e de modo que possam desenvolver força. Isso
somente pode ser realizado por meio de uma consciência correspondente e pela
utilização do corpo inteiro e alternando-se as posturas.
Barbosa (2002) relata que o trabalho muscular se faz de modo estático
quando exige contração contínua de alguns grupamentos musculares, visando a
manter uma determinada postura corporal, ou mesmo, mantendo estabilidade de
ação.
O trabalho muscular estático é altamente fatigante e deve ser evitado.
Quando isso não for possível, pode ser avaliado, permitindo mudanças de posturas,
melhorando o posicionamento de peças e ferramentas ou providenciando apoio para
as partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas dos músculos.
Barbosa (2002) também recomenda pausas de curta duração, mas de alta
freqüência, para promover o relaxamento muscular, promover o efeito bomba e,
conseqüentemente, o alívio da fadiga.
Viel e Esnault (2000) constataram que, quando um indivíduo permanece
sentado durante muito tempo, os seus sculos modificam o estado tensional e a
posição da coluna vertebral é modificada. Resistir a que as costas se curvem
necessita de um esforço consciente, voluntário, de contração e, neste caso, os
48
músculos das costas e do tronco são estruturas automatizadas pouco controladas
pela vontade.
Os músculos paravertebrais não se encontram em repouso em um indivíduo
sentado, mas oferecem uma resistência à flexão, o que pode ser considerado uma
atividade antigravitacional automatizada, segundo estudos de Viel e Esnault, (2000).
Os mesmos autores afirmam que o grau de atividade depende da posição, da
orientação do assento e do encosto.
Os músculos são uma proteção contra as pressões excessivas, mas seu
papel não é claramente conhecido e nem é unívoco. Sabe-se que eles são
indiscutivelmente estabilizadores e sua atividade pode ser avaliada, mas, por outro
lado, a contração muscular provoca um aumento da compressão dos discos
intervertebrais.
A análise eletromiográfica dos sculos da coluna vertebral evidencia os
bons e os maus aspectos da utilização dos estabilizadores: em repouso,
confortavelmente apoiados contra um encosto inclinado, os músculos são
silenciosos e a pressão intradiscal diminui. Assim que a pessoa se endireita ou se
inclina para a frente (posições de trabalho), as pressões aumentam.
O fator mais importante é que, tão logo a pelve se encontre em retroversão
(ou flexão), a atividade dos músculos superficiais e profundos cessa. Por um lado
(fator favorável), ocorre uma diminuição da pressão sobre os discos intervertebrais
e, por outro (fator desfavorável), a coluna vertebral é abandonada à sua estabilidade
ligamentar, sem a proteção da tensão muscular.
O indivíduo que trabalha a maior parte do tempo na posição sentada, diante
de um computador, utiliza muito a musculatura do antebraço e mão, e esta região
sofre riscos freqüentes se a pessoa não adotar posturas e mobiliário adequados.
Silva, (2006) disse que grande parte dos movimentos da mão são provenientes da
contração de músculos situados no antebraço. A transmissão da força destes
músculos até a mão se através dos tendões. A inervação do antebraço e mãos é
realizada pelos nervos "radial, mediano e cubital" (Figura 24).
49
Figura 24: Área dorsal do antebraço e mão
(SILVA, 2006).
O mesmo mecanismo é utilizado na face ventral do antebraço e palma da
mão. Os tendões desta face passam pelo chamado túnel do carpo (Figura 25).
Figura 25: Área ventral do antebraço e palma da mão (SILVA, 2006).
O movimento do dedo indicador é extremamente exigido durante a utilização
do mouse. O problema reside no fato de se manter o indicador em extensão estática
(contração) na maior parte do tempo que movimenta o mouse, para evitar o "click"
do botão.
A manutenção desta extensão (contração) por tempo prolongado, pode
gerar dor na região dos sculos extensores dos dedos, localizados na área dorsal
do antebraço.
Os músculos do ombro são muito utilizados no trabalho diante de um
monitor.
A área do "músculo deltóide" (Figura 26) é uma das que geram desconforto
quando trabalha-se no computador por tempo prolongado. Isto por ser uma das
regiões responsáveis em manter a elevação do braço.
50
Figura 26: Músculo deltóide (SILVA, 2006).
O pescoço é sustentado pela parte cervical da coluna e por vários
músculos.
Alguns desses sculos, dentre eles os músculos esternocleidomastoideo
e os trapézios (Figuras 27 e 28) costumam gerar desconfortos causados por cios
posturais, seja no seu posto de trabalho ou fora dele.
Outro fator importante no desencadeamento deste tipo de desconforto é
psico-emocional: o estresse.
Sob estresse, tem-se a tendência a contrair os músculos do corpo. O sujeito
contrai os músculos desta região, muitas vezes sem perceber, tornando-se comum
perceber a tensão, quando vem acompanhada de dor. A percepção da tensão é
importante para o necessário relaxamento. Este relaxamento tende a tornar-se um
reflexo automático com o treinamento, minimizando desconfortos nesta região
mesmo sob estresse.
Figura 27: Músculo esternocleidomastoideo (SILVA, 2006).
51
Figura 28: Músculo trapézio (SILVA, 2006).
Quando se utililiza a posição sentada, alivia-se a musculatura no tronco,
bacia, pernas e s. No entanto, em contrapartida se faz retroversão da pélvis, e
esse movimento é transferido à coluna vertebral, o que tende a produzir ombros
caídos e maior teno sobre os discos intervertebrais. Além disso, os sculos
abdominais são pressionados para frente e deixam de realizar sua função de
sustentação.
Quando o indivíduo senta inclinando-se para frente, a pressão sobre os
discos intervertebrais aumenta (Figura 29). O fluído tecidual é pressionado. Caso
essa posição se torne uma postura permanente, podem ocorrer alterações dolorosas
nas superfícies dos discos intervertebrais e de articulação das vértebras,
desenvolvendo uma flexão devido ao relaxamento dos músculos abdominais.
Figura 29: Coluna vertebral na posição sentada, retroversão de pelve e aumento na pressão
intradiscal ( SCHULS, [198-?]).
52
A pressão sobre os discos intervertebrais é atenuada em uma posição
ereta ao sentar. O retorno do fluído tecidual para os discos intervertebrais é facilitado
e, dessa forma, também o suprimento de nutrientes aos mesmos discos. Os
músculos abdominais conseguem sustentar melhor os órgãos abdominais sobre a
pélvis.
Por outro lado, não uma postura ideal permanente. As seguintes
desvantagens podem ser acrescidas àquelas acima mencionadas, especialmente no
caso de um posicionamento prolongado com uma inclinação para frente e com
pouquíssimo movimento: o tórax pode ser comprimido, prejudicando a respiração,
pois um fornecimento adequado de oxigênio é vital para todas as células do corpo; a
troca de energia do corpo e seu conseqüente bem-estar geral podem ser
prejudicados pela compressão do trato intestinal, problemas digestivos e alteração
do tmo dos batimentos cardíacos; o fluxo sanguíneo e o fluído linfático podem ser
prejudicados (ou seja, prejudicam-se o suprimento de nutrientes e transmissão de
informações aos órgãos, eliminação de substâncias estranhas dos tecidos e
baixa resistência a infecções); podem ocorrer tensão e dor na parte posterior do
pescoço; partes da musculatura podem ser pouco ou muito exigidas.
Viel e Esnault (2000) constataram que o simples fato de se sentar coloca a
coluna vertebral numa posição anormal. Estes autores se basearam no fenômeno
documentado por Troisier (1969), a respeito do qual Keegan (1953) realizou uma
longa série de imagens radiográficas em várias posturas, dentre as quais várias
incluem as posturas sentadas, desmonstrando isso de forma gráfica. Chega-se à
conclusão que a modificação da curvatura lombar é muito expressiva nesses
documentos. As reproduções de imagens radiográficas de Keegan mostram que, a
partir da posição “B”, ocorre uma retificação da lordose lombar (portanto, uma
modificação da forma da coluna vertebral), o que leva a uma tração dos ligamentos e
a uma compressão dos discos. Observa-se que, a partir da posição “C”, a
modificação da curvatura é acentuada com vistas à retificação da lordose ou mesmo
da cifose lombar (Figura 30).
53
Figura 30: Deformações da coluna vertebral reveladas pela radiografia (VIEL e ESNAULT, 2000).
Viel e Esnault (2000) citam a descoberta de Hans Schoberth (1962), que
após realizar ltiplas mensurações, permitiram-lhe demonstrar que a flexão
possível nos quadris é de somente 60° e que os 30° restantes devem ser realizados
pela região lombar baixa (daí a retificação da lordose ou o aparecimento de uma
cifose lombar) (Figura 31).
Figura 31: Deformação da região lombar baixa na postura sentada (VIEL e ESNAULT, 2000).
Kapandji (2000, p. 114) descreveu três posições sentadas com diferentes
apoios ósseos:
Na posição sentada com apoio isquiático na postura de datilógrafa
(Figura 32), sem apoio no espaldar, o peso do corpo repousa
unicamente sobre os ísquios, a pelve se encontra em equilíbrio
estável, solicitada em anteversão, daí uma hiperlordose lombar e as
curvaturas dorsais e cervicais acentuadas: os músculos da cintura
54
escapular, e especialmente o trapézio, que suporta a cintura
escapular e os membros superiores, agem para manter a estática
vertebral. A longo prazo, esta atitude causa dores, conhecidas como
a “síndrome das datilógrafas” ou síndrome dos trapézios.
Figura 32: Postura de datilografia (KAPANDJI, 2000)
.
Na posição sentada com apoio ísquio-femoral (Figura 33),
denominada de cocheiro, o tronco inclinado para a frente repousando
com os cotovelos sobre os joelhos, o apoio é obtido através das
tuberosidades isquiáticas e da face posterior das coxas. A pelve está
em anteversão e o aumento da cifose dorsal provoca a retificação da
lordose lombar. No caso dos membros superiores agirem como
escoras, o tronco permanece estável com um mínimo esforço
muscular e inclusive é possível cair no sono. É uma posição de
repouso dos músculos dos canais vertebrais, os doentes afetados de
espondilolistese adotam esta postura com freqüência, de maneira
instintiva, visto que ela diminui o efeito de cisalhamento sobre o disco
lombossacro e permite o relaxamento dos músculos do plano
posterior (KAPANDJI, 2000, p. 114).
Figura 33: Postura de cocheiro (KAPANDJI,2000).
55
Na posição sentada com apoio ísquio-sacro (Figura 34), o tronco,
totalmente girado para trás, repousa sobre o espaldar da cadeira e o
apoio se realiza com as tuberosidades isquiáticas e a face posterior
do sacro e do cóccix; a pelve está em retroversão, a lordose lombar
está retificada, a cifose dorsal aumentada e a cabeça pode cair para
a frente sobre o tórax, ao mesmo tempo,a lordose cervical se inverte.
Também é uma posição de repouso que pode inclusive levar ao
sono, embora a respiração se torne difícil, devido à flexão do
pescoço e ao peso da cabeça sobre o esterno: esta posição reduz o
deslizamento anterior de L5 e relaxa os músculos posteriores da
coluna lombar, aliviando as dores da espondilolistese (KAPANDJI,
2000, p. 114).
Figura 34: Posição de repouso (KAPANDJI, 2000).
Iida (1990) relata que, quanto à postura, as pessoas preferem posições
inclinadas, mais relaxadas, que se assemelham à de uma pessoa dirigindo um carro,
sendo, portanto, diferentes daquelas posturas geralmente adotadas em escritórios,
que são mais eretas (Figura 35A). Em postos de trabalho com terminais de
computadores, verificou-se que os operadores preferem adotar posturas mais
relaxadas, voltadas para trás (Figura 35B).
56
Figura 35: Variações na posição sentada (IIDA, 1990).
O mesmo autor recomenda que as cadeiras para uso em posto de trabalho
com computadores devem ter um encosto com inclinação regulável entre 9 e 120°.
Os músculos para se manterem sadios precisam de períodos iguais ou maiores de
relaxamento após o período de contração. A condição de não relaxamento do
músculo sustentada por um certo período de tempo, variável de acordo com o tipo e
o tamanho do músculo, pode provocar o aparecimento de processos irritativos, e em
maior grau, processos inflamatórios nas estruturas osteomusculares com
sintomatologia, entre outras, de dor.
Donkin (1996) constatou que seria mais cil sentar numa cadeira
convencional se o corpo humano fosse quadrado como uma caixa e se todos os
corpos fossem do mesmo tamanho, mas não é esse o caso. curvaturas,
inclinações e diferentes tamanhos e formatos. Esses contornos anatômicos não se
encaixam bem numa cadeira reta. Em termos ideais, uma cadeira deveria acomodar
e apoiar a forma e o contorno exclusivos do corpo (Figura 36).
57
Figura 36: Encaixe corpo x cadeira (DONKIN, 1996).
O grau em que uma cadeira deixe de fornecer essa adaptação e apoio
corresponde àquele em que o corpo sofrerá tensão física.
O Ministério do Trabalho e Emprego, em Nota Técnica (BRASIL, 2001),
destaca as vantagens e desvantagens da posição sentada.
As vantagens são: baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores,
reduzindo assim a sensação de desconforto e cansaço; possibilidade de evitar
posições forçadas do corpo; menor consumo de energia; facilitação da circulação
sanguínea pelos membros inferiores.
As desvantagens são: pequena atividade física geral (sedentarismo); adoção
de posturas desfavoráveis: lordose ou cifoses excessivas; estase sanguínea nos
membros inferiores, situação agravada quando há compressão da face posterior das
coxas ou da panturrilha contra a cadeira, se esta estiver mal posicionada.
Para Guimarães apud Barduco (2006), a falta de variação de postura é,
geralmente, a fonte de maior desconforto em postos de trabalho onde o indivíduo
permanece por longos períodos na posição sentada, pois pode gerar uma pressão
na área poplítea.
3.3. 2 Sintomas físicos da posição sentada
Segundo Donkin (1996), dor, restrição de movimentos, fadiga e o estresse
são sintomas que podem ser os principais fatores a limitar o grau de produtividade,
58
precisão, harmonia e satisfação no emprego do funcionário. Freqüentemente esses
fatores são o motivo de muitos trabalhadores abandonarem suas ocupações.
Schantz apud Martins (1999) divulgou pesquisa entre trabalhadores que
utilizam o computador em que aproximadamente 33% informaram problemas de
saúde: 66% relataram dores na região lombar, pescoço e ombro; 50% relataram
tensão nos olhos; e 15% relataram problemas nos cotovelos e danos nos braços.
Iida (1990) utilizou o diagrama de Corllet e Manenica (1980). Este diagrama
divide o corpo humano em diversos segmentos, para facilitar a localização de áreas
em que os trabalhadores sentem dores.
3.3.2.1 Tensão ocular
Donkin (1996) relata os desafios que o trabalhador enfrenta, devido às
características da emissão de luz, que, somadas à qualidade reflexiva da tela, em
sua mesa ou nas paredes podem interferir em sua capacidade de visualizar com
facilidade números, letras e símbolos na tela. Nessas circunstâncias o indivíduo
pode desenvolver tensão ocular, além de ter de esticar o pescoço ou ficar com o
corpo torto para evitar brilhos ou reflexos. “Este esforço físico extra pode inibir a
concentração e gerar uma tensão a mais no corpo” (DONKIN, 1996, p. 45).
3.3.2.2 A dor no pescoço e cabeça
Segundo Donkin (1996, p. 50), “as dores no pescoço, cabeça e na parte
superior da coluna são quase tão comuns quanto a lombar. Embora o pescoço o
suporte o peso do corpo todo, como faz a parte inferior da coluna, ele sustenta a
cabeça”.
O peso da cabeça é apoiado por sete vértebras do pescoço, que são unidas
por ligamentos e músculos. As posturas no trabalho causadoras de tensão
prolongada nos músculos do pescoço podem retrair e puxar as vértebras de forma a
criar imobilidade ou instabilidade nas vértebras, o que pode causar pressão e
irritação dos vasos sanguíneos e dos nervos do pescoço, gerando dor. Regiões
cervicais e dorsais alta da coluna vertebral devem sustentar o peso dos ombros e
dos braços.
59
De acordo com Viel e Esnault (2000), o sujeito, ao permanecer longas horas
na posição sentada, posiciona a cabeça naturalmente em flexão onde se encontra o
objeto que estiver sendo olhado. Estes mesmos autores estudaram as causas da
cervicalgia e se limitaram às mecânicas: quando se corrige abusivamente a cabeça,
retificando-a, sem considerar que a flexão faz parte da curvatura normal desta
região; quando erro de posição da tela, como a posição muito elevada de um
monitor de computador; quando contrações repetidas, pois os músculos do
pescoço, ricamente inervados pelo sistema gama e possuidores de uma
concentração muito pequena de inervação alfa, agem automaticamente e
respondem a uma impulsão por uma contração estática de longa duração e são
desprovidos do caráter fásico, se solicitadas contrações repetidas, a dor se instala.
3.3.2.3 Sintomas nos ombros e nos braços
O trabalhador que utiliza com freqüência um teclado de computador deve
manter os braços e as mãos em posição relaxada; quando isso não ocorre, ou
quando não existe ou ele não apóia devidamente estes segmentos, os efeitos
podem vir em forma de tensão e dores, não só nos braços e mãos, como também no
pescoço e ao longo das costas (DONKIN, 1996).
3.3.2.4 Sintomas do punho, das mãos e dos dedos
A dor nos punhos, nas mãos ou nos dedos, bem como a dormência ou o
formigamento, podem constituir uma ameaça às atividades profissionais. Os punhos
e mãos apresentam características tão pessoais quanto o restante do corpo. O
tamanho e forma das mãos são peculiares e é comum o uso do mesmo
equipamento por diferentes indivíduos. A posição apropriada de punhos e mãos
pode se tornar um diferencial para um conforto maior no trabalho (DONKIN, 1996).
3.3.2.5 Dor Lombar
Segundo Schimit (1999), dor lombar é uma dor ou rigidez na região baixa
das costas. Na maioria das vezes, é causada quando um músculo nas costas é
estirado, submetido a tração. Por exemplo, pode ocorrer quando alguém levanta um
objeto pesado ou quando permanece sentado ou de por muito tempo. Problemas
60
de saúde, como artrite, também podem causar dor nas costas. A dor lombar pode
durar um ou dois dias, algumas semanas, ou mais e pode ocorrer em lugar
específico ou atingir as nádegas e as pernas.
A maioria das dores lombares é decorrente de tensão/contração dos
músculos ou ligamentos da região lombar. Outras causas incluem doenças como o
deslizamento ou hérnia de disco, artrite, osteoporose e infecções das vias urinárias.
Oitenta por cento dos seres humanos sentem dor lombar (lombalgia) em
algum momento de suas vidas. Uma proporção menor tem dor cervical (pescoço) e
na nuca, sendo que outros sentem dorsalgia. A maioria destas pessoas pode manter
suas atividades habituais, mas as cumprirão com períodos de desconforto ou dor.
Cerca de 30% desse grupo faltará ao trabalho devido à lombalgia (ALMEIDA, 2006).
Segundo Andrusaitis apud Barduco (2006), uma das principais causas de
afastamento temporário e permanente do trabalho no Brasil é a lombalgia.
Lumbago é outra denominação para este tipo de dor. Ela pode acontecer
depois de um longo período sentado, após uma atividade de carregar peso ou
decorrente de um movimento brusco de torsão da coluna. A dor pode estar
localizada na região posterior da cintura, de um lado ou bilateralmente, e, em
casos mais graves, refletir para a região posterior da perna (ciatalgia). A dor pode se
instalar de forma abrupta ou ir piorando aos poucos.
Quando a dor é aguda ela pode ser incapacitante, pois a pessoa é impedida
de fazer até as pequenas coisas cotidianas.
3.3.2.6 Dor ciática
A dor ciática é o processo inflamatório do nervo ciático, podendo ser
provocada por uma hérnia discal lombar, L4 - L5 ou L5 - S1 principalmente, tendo
como sintoma a dor,além de sintomas sensoriais, como anestesia e disestesia, na
extensão do nervo (PRESS & YOUNG; McILWAIN et al. apud MARCHAND, 2002).
61
3.3.2.7 Sintomas nas pernas e nos pés
Problemas nas pernas e nos pés podem ser menos comuns do que dores
lombares, cefaléia ou fadiga, mas constituem uma ameaça para o bem-estar do
funcionário.
No caso do assento da cadeira ser alto demais para as pernas, a ponto de
não poder apoiar os pés firmemente no chão ou em um suporte para os pés, o
sujeito corre o risco de sofrer uma pressão excessiva na parte posterior dos quadris
e nos ossos da pelve. Essa pressão extra pode impedir o livre fluxo sanguíneo para
as pernas, além de esticar e irritar alguns dos nervos longos da espinha, que
passam por trás das pernas indo até os pés. Isso pode provocar câimbras, dor ou
dormência em qualquer parte das pernas. O desconforto pode provocar
inquietações, o que pode interferir na concentração (DONKIN, 1996).
3.3.2.8 Fadiga
“A queixa de fadiga é comum entre os profissionais, muitas vezes é difícil
mensurá-la, mas freqüentemente é descrita como um vago cansaço ou uma
sensação de falta de energia, falta de entusiasmo ou fraqueza” (DONKIN, 1996,
p. 64).
As principais causas são: postura incorreta, apoio da cadeira, bem como a
disposição inadequada de seu equipamento de trabalho. Altos níveis de estresse,
falta de exercícios e qualidade inadequada de sono e de repouso também são
responsáveis pela fadiga (DONKIN, 1996).
62
4 METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa descritiva, realizada por meio de um estudo de
caso em um departamento de apoio às agências bancárias em nível regional, na
cidade de Bauru, SP.
Foram pesquisados todos os funcionários. Os bancários responderam a um
questionário (APÊNDICE “A”), com perguntas objetivas e duas opções de respostas:
sim ou não.
Além disso foram verificadas as medidas do mobiliário e fotografados o
posto de trabalho e os funcionários em suas respectivas atividades laborais.
4.1 Sujeitos da pesquisa
Participaram deste estudo 50 funcionários, de ambos os gêneros, com idade
variando de 21 a 58 anos, sendo 32 homens e 18 mulheres. A tabela 1 especifica a
função, o número de funcionários em cada uma delas e a porcentagem.
Tabela 1 Especificação das funções exercidas, o número de funcionários e a
porcentagem correspondente
Função Número de funcionários Porcentagem
Gerente 9 18
Analistas 11 22
Escriturários 8 16
Estagiários 11 22
Auxiliares técnicos 8 16
Assistente administrativo 1 2
Recepcionistas 2 4
4.2 Descrição do ambiente do departamento de apoio às agências bancárias
de Bauru e região
O local da realização deste estudo foi o departamento de apoio às agências
bancárias de Bauru e região, situada em um prédio comercial na cidade de Bauru,
SP. Esse departamento é dividido em setores, onde existem bancadas de 6 a 8
lugares. e 2 postos de gerência que estão estrategicamente localizados nos 2
cantos da sala.
63
A diferença entre esses setores é notável quanto ao mobiliário. um
diferencial para os que ocupavam a função de gerente: a mesa mais ampla e
individualizada e a cadeira tem encosto reclinável e mais alto (Figura 37).
Figura 37: Posto de trabalho da gerência.
Os funcionários que não ocupam o cargo de gerente, trabalham nas
bancadas (Figuras 38 e 39); suas cadeiras são de porte menor, com alturas
ajustáveis a cada indivíduo, encosto menor e com menos flexibilidade que a cadeira
ocupada pelo gerente.
Figura 38: Um lado das bancadas com 3 lugares.
64
Figura 39: Outro lado da bancada com 3 lugares.
De acordo com a função de cada funcionário, as atividades são divididas
segundo a utilização ou não do computador.
São consideradas atividades que necessitam do computador: digitar para a
elaboração de planilhas, pagamentos de contratos, confecção de documentos,
conferência de dados e outros.
As atividades realizadas manualmente são: organizar e arquivar
documentos, conferência manual de dados, manuseio de informações, atendimento
de telefone e outros.
São de responsabilidade do serviço de apoio às agências bancárias as
seguintes atividades: gerenciamento, logística, infra-estrutura para as agências
bancárias, administração, compra e pagamento de bens imóveis de uso/não uso;
serviços diversos, como contratos de locação de veículos, transporte de valores e
documentos; fornecimento de água potável, vigilância, telefonia móvel; obras e
serviços de engenharia; condução de processos de licitação; realização de
publicações legais; elaboração de editais e avisos; quanto aos bens imóveis,
controle de imóveis funcionais, organização e acompanhamento de leilões, controle
de leiloeiro; compras de mobiliário; contratação de pequenos serviços e
manutenções; recebimento e distribuição de malotes; administração predial;
65
administração de condomínios; supervisão da empresa de vigilância; telefonia;
assistência técnica.
4.3 Materiais
4.3.1 Instrumentos
Questionário;
Diagrama de Corllet e Manenica, 1980;
Fotografias das posturas adotadas pelos funcionários durante a realização
das tarefas laborais e do ambiente de trabalho, utilizando a máquina
fotográfica da marca Fujifilm, modelo Finepix A205, digital 2 MP;
Trena para tomada das medidas do mobiliário.
4.4 Métodos
4.4.1 Procedimentos
4.4.1.1 Condições do posto de trabalho
A identificação das condições do posto de trabalho bancário foi realizada por
meio de observação sistemática do ambiente e da disposição dos equipamentos de
trabalho, e pelo registro fotográfico (Figuras 37, 38 e 39).
No questionário (apêndice A) as questões de 6 a 15 se referem às
características da cadeira de trabalho, as questões de 20 a 29 se referem às
características da mesa de trabalho, a questão de número 30 se refere aos
equipamentos de adaptação, a questão de número 31 se refere à cor do mobiliário e
as questões 32 e 33 se referem aos riscos do mobiliário (questões 32 e 33).
4.4.1.2 Medidas para verificação do mobiliário
Para verificar as medidas do mobiliário foi usada uma trena em que se
mediu a altura, profundidade/largura e comprimento da mesa. A cadeira não foi
medida pois a mesma se adaptava à altura da mesa, conforme a estatura de cada
66
indivíduo. Foram medidos os elementos do computador, tais como a altura do
teclado e mouse, e altura, comprimento e largura/profundidade do CPU.
4.4.1.3 Averiguação da postura dos bancários
Para averiguar a postura dos funcionários em suas respectivas atividades
laborais foram realizadas fotos do sujeito trabalhando.
No questionário (apêndice A), a pergunta de número 5, era sobre a posição
em que o funcionário(a) permanecia a maior parte do tempo, e as questões de 16 a
19, se referiam a postura sentado(a).
4.4.1.4 A localização das dores
Para o apontamento das dores utilizou-se o diagrama de Corllet e Manenica
(1980), inserido no questionário (apêndice A), na questão de número 34. Segundo
Iida (1990), o diagrama foi proposto por Corllet e Manenica (1980), dividindo o corpo
humano em diversos segmentos (Figura 40), facilitando a localização de áreas em
que os trabalhadores sentem dores.
.
67
Figura 40: Diagrama para indicar partes do corpo onde se localiza as dores provocadas por
problemas de postura (Corllet e Manenica, 1980).
4.5 Análise dos dados
A análise do questionário se restringiu à porcentagem de inadequação do
mobiliário e equipamentos de apoio dos sujeitos que adotam uma postura
inadequada para a realização das tarefas e de suas dores.
Os dados do questionário foram organizados em planilhas do Excel.
68
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Aspectos gerais
As tarefas realizadas pelo serviço bancário pesquisado, segundo
informações cedidas pelo gerente geral do departamento, são: 80% das atividades
diante do computador e 20% atividades que não necessitavam do uso do
computador, tais como: atendimento de telefone, arquivamento de documentos, etc.
(Figura 41).
Figura 41: Gráfico da porcentagem das atividades que utilizam o computador.
5.2 Condições do posto de trabalho bancário
5.2.1 Elementos do posto de trabalho bancário
5.2.1.1 A cadeira
Há 2 tipos de cadeiras usadas nesse local: as que são utilizadas pelos
gerentes são cadeiras de maior porte, com a superfície do encosto maior e com
molejo, permitindo maior flexibilidade da coluna e possuindo regulagem do apoio dos
braços (Figura 37, p. 62); por outro lado, as que são utilizadas pelos demais
funcionários são cadeiras que não possuem molejo, apresentam regulagem de
altura do assento e do encosto, que apresenta superfície menor que os encostos
Atividades com utilização do
computador
80%
20%
Tarefas com uso do
computador
Tarefas sem o uso do
computador
69
das cadeiras dos gerentes, e apresentam regulagem do apoio para os braços
(Figuras 38, p. 62 e 39, p. 63).
5.2.1.2 A mesa
A mesa desse posto de trabalho é formada por módulos, flexíveis, que se
tornam bancadas. O funcionário, ao trabalhar no computador, se coloca no canto da
bancada ou, quando não precisa utilizar o computador, pode se colocar no meio da
bancada (Figura 38, p. 62 e Figura 39, p. 63).
5.2.1.3 O computador
O computador é composto pelo monitor, CPU, teclado e mouse.
O monitor utilizado por esses funcionários é de modelo antigo, sem
regulagem para se adequar à altura dos olhos do funcionário, está colocado na
mesa, em cima do CPU.
O CPU é de modelo antigo, tem um formato retangular e está localizado
abaixo do monitor.
O teclado e mouse estão localizados em cima da mesa, sendo ambos de
modelo antigo, sem nenhuma inovação ergonômica.
5.2.1.4 Equipamentos de adaptação
Os equipamentos de adaptação observados neste local foram: suporte para
os pés e apoios para punhos no teclado e mouse.
5.2.2 Análise do posto de trabalho
5.2.2.1 A cadeira de trabalho
Na análise dos dados do questionário, 72% dos funcionários optaram por
respostas que indicavam adequação neste item do mobiliário e 28% optaram por
respostas que indicavam inadequação, como mostra a Figura 42.
70
Cadeira
72%
28%
Adequado
Inadequado
Figura 42: Gráfico demonstrativo da porcentagem de adequação/ inadequação da cadeira.
Cinco sujeitos optaram pela resposta que indicava que sua cadeira não favorece a
acomodação das nádegas e coxas; dois sujeitos, que o encosto da cadeira não se
adequa às suas costas; um sujeito, que o encosto da sua cadeira não oferece ajuste
de altura; três sujeitos, que o encosto da cadeira não oferece a possibilidade de
inclinação para trás; três sujeitos, que o apoio dos braços não oferece altura e
largura reguláveis; sete sujeitos, que os movimentos dos rodízios da cadeira são
dificultados pelo piso (Figura 43 e apêndice B, tabela Excel, colunas de G, I, J, K, M
e O, respectivamente).
Inadequações da cadeira
7
5
3 3
2
1
Movimentos dos rodízios da cadeira
são dificultados pelo piso
o favorece a acomodação das
nádegas e coxas
Encosto não oferece inclinação para
trás
Apoio dos braços não oferece altura
e largura reguláveis
Encosto não se adequa às costas
Encosto não oferece ajuste de altura
Figura 43: Gráfico demonstrativo do número de sujeitos/ item de inadequações da cadeira.
Nas questões referentes às características da cadeira foi possível detectar
que os problemas existentes são: a cadeira não oferece acomodações às nádegas e
coxas e os movimentos dos rodízios da cadeira são dificultados pelo piso.
De acordo com a nota técnica do Ministério do Trabalho e Emprego
(BRASIL, 2001), o assento deve ser adequado à natureza da tarefa e às dimensões
71
antropométricas da população. A nota deixa claro que a regulagem inadequada do
assento prejudica o conforto postural.
Quanto à dificuldade do rodízio da cadeira, Bucich apud Corbioli (2005)
afirma que os rodízios o podem, em hipótese alguma, ter seu movimento
dificultado pelo piso. Donkin (1996) diz que as cadeiras giratórias são a maioria no
trabalho, os rodízios devem deslizar adequadamente e não travar na hora errada
para que este trabalhador tenha condições mínimas de conforto e seja orientado a
evitar torção ou inclinação extremas, principalmente se for alcançar objetos pesados
como livros, manuais ou catálogos.
5.2.2.2 A mesa
A análise dos dados coletados no questionário evidencia que para 16% dos
trabalhadores ou oito funcionários, a altura do teclado não está no mesmo nível do
seu cotovelo (Figura 46 e apêndice B, tabela Excel, coluna U)
Foi observado e constatado por meio de fotografia que o teclado e o mouse
estavam na mesma altura da mesa e não um pouco abaixo da mesa e, portanto, não
alinhados com o braço da cadeira, não alinhados na extensão do punho e mãos.
A American National Standart for Human Factors Engineering of Visual
Display Terminal Workstations (ANSI/HFS 100 1988, apud MARTINS; JESUS,
1999) recomenda o teclado e mouse abaixo da superfície de trabalho, para que
mãos e punhos fiquem em posição neutra.
As figuras 53 e 54 (p. 79) registram o funcionário em atividade e a
inadequação da altura do teclado e mouse, mostrando um esforço tensional na
região da escápula, ombros e pescoço.
A Figura 44 mostra o gráfico da análise do questionário, 88% dos sujeitos
optaram por respostas que indicavam inadequação do mobiliário neste item e
apenas 12% optaram por respostas que indicavam adequação.
72
Mesa
12%
88%
Adequado
Inadequado
Figura 44: Gráfico demonstrativo da porcentagem de adequação/ inadequação da mesa.
A Figura 45 mostra o número de sujeitos, segundo as opções feitas no
questionário: oito funcionários optaram pela resposta que indicava que a altura do
teclado o está no mesmo nível do seu cotovelo; dois, que a mesa não é ampla o
suficiente para comportar todos os equipamentos para a sua tarefa; quatro, que não
espaço na mesa para se trabalhar de forma cômoda; quarenta e um, que a altura
do monitor está na mesma altura dos olhos; três, que a mesa não oferece espaço
que permita a mobilidade das pernas para frente; um, que a mesa não oferece
espaço que permita a mobilidade das pernas para as laterais; cinco, que as gavetas
na sua mesa não apresentam eficiência no abrir/fechar e suas alturas não lhes
permite as atividades de maneira dinâmica e sem sofrimentos físicos (Figura 47 e
apêndice B, tabela Excel, colunas U,V, W, X, AA, AB e AC, respectivamente).
73
Inadequaçôes da mesa
41
8
5
4
3
2
1
Altura do monitor está na mesma altura dos olhos
Altura do teclado não está no mesmo nível do cotovelo
As gavetas não apresentam eficiência no abrir/fechar e suas alturas não lhes permitem as atividades de maneira
dinânica e sem sofrimentos
Mesa sem espaço suficiente para se trabalhar se forma cômoda
Mesa não oferece espaço que permita a mobilidade das pernas para frente
Mesa não ampla o suficiente para comportar todos os equipamentos da sua tarefa
Mesa não oferece espaço que permita a mobilidade das pernas para as laterais
Figura 45: Gráfico do número de sujeitos/ item de inadequação da mesa.
Grandjean (1998) recomenda que haja espaço livre para as pernas de
maneira que elas possam ser cruzadas uma por cima da outra. O mesmo autor
recomenda que deve ter espaço livre suficiente para frente para esticar as pernas.
5.2.2.3 O Monitor
Segundo dados coletados, 81,63% optaram pela resposta que indicava que
o monitor estava na mesma altura dos olhos e 18,36% optaram pela resposta que
indicava que o monitor estava abaixo da altura dos olhos (Figura 46 e apêndice B,
tabela Excel, colunas X e Y, respectivamente).
74
Altura do monitor de trabalho
81,63%
18,36%
Mesma altura dos olhos Abaixo da altura dos olhos
Figura 46: Gráfico demonstrativo da porcentagem da altura do monitor.
Segundo Viel e Esnault (2000), a posição ideal do monitor do computador é
em torno de 1 abaixo da horizontal, o que permite manter a cabeça um pouco
inclinada para a frente (relaxando, conseqüentemente, os músculos do pescoço). No
posto de trabalho desta pesquisa não há possibilidade de ajustes na altura do
monitor do computador, há detecção de um problema com uma porcentagem alta de
indivíduos que permanecem numa postura inadequada da região cervical, podendo
colocar em risco essas estruturas corporais.
5.2.2.4 Teclado e mouse
Foi observado e constatado pelo registro fotográfico que o teclado e mouse
ficam na mesma altura da mesa (Figura 47). O fato do teclado e o mouse estarem na
mesma altura da mesa pode mostrar uma inadequação, pois a concepção dos novos
postos de trabalho vem recomendando que a altura do teclado e mouse estejam na
mesma altura do antebraço e mãos e que estes estejam alinhados e mais baixos em
relação à altura da mesa. (Esqueisaro apud CORBIOLI 2005, entre outros autores).
75
Figura 47: Foto do posto de trabalho, onde foi registrado que o teclado e mouse estão na mesma
altura da mesa.
5.2.2.5 Equipamentos de adaptação
Os dados coletados mostraram que 40% dos participantes disseram que não
havia equipamentos de adaptação para melhorar o conforto no posto de trabalho
(Figura 48 e apêndice B, tabela Excel, coluna AD).
Equipamentos de adaptação
40%
60%
o havia Havia
Figura 48: Gráfico da porcentagem dos equipamentos de adaptação.
Os equipamentos vistos e registrados no posto de trabalho desta pesquisa
foram suporte para os pés e apoios para punhos no teclado e mouse.
76
5.2.2.6 Riscos do mobiliário
Os dados coletados mostraram que 70% dos sujeitos optaram pela resposta
que indicava que o mobiliário não oferecia riscos e 30% optaram pela resposta que
indicava riscos no mobiliário. (Figura 49 e apêndice B, tabela Excel, colunas AF e
AG, respectivamente).
Riscos do mobiliário
70%
30%
Sem riscos Com riscos
Figura 49: Gráfico demonstrativo dos riscos do mobiliário.
De acordo com Brandimiller (1999), as bordas do tampo da mesa devem
ser arredondadas e não ter cantos vivos para evitar a compressão do antebraço
pela quina.
5.3 Medidas do mobiliário
As medidas da mesa estão à mostra na tabela 2.
Tabela 2 – Medidas da mesa de trabalho
Mesa
Altura Comprimento Largura/profundidade Espessura do tampo
------- 71,5 cm, sem opção
de regulagem;
32cm/ 28 cm/ 80 cm 60 cm 2,2 cm
De acordo com a American National Standart for Human Factors
Engineering of Visual Terminal Workstations (ANSI/HFS 100 – 1988 apud MARTINS;
JESUS, 1999) a mesa deve ter profundidade mínima de 75 cm e largura de 120 cm.
Neste caso esta mesa escom 15 cm a menos de largura/profundidade do que
recomenda a Instituição acima.
77
Iida (1990) e Brandimiller (1999) recomendam que a altura da mesa deve ter
entre 54 e 74 cm de altura. De acordo com a American National Standart for Human
Factors Engineering of Visual Terminal Workstations ( ANSI/HFS 100 1988 apud
MARTINS; JESUS, 1999) a altura deve variar entre 56 e 74 cm aproximadamente.
Grandjean (1998) determina que o espaço da mesa para as pernas deve ser
de, no mínimo, 68 cm de largura e 68 cm de altura.
Iida (1990) sugere, nos casos da altura da mesa ser fixa, que esta tenha 74
cm de altura. A mesma medida de altura da mesa fixa que Brandimiller (1999)
concluiu para pessoas com estatura próxima da média.
O teclado e mouse estão dispostos na mesma altura da mesa.
Grandjean (1998) recomenda que, como a altura do teclado determina a
altura do trabalho, este deve ficar na altura dos cotovelos, mas isto pode
corresponder a conflitos com a altura mínima para os joelhos. Por este motivo, as
mesas deveriam ter alturas graduáveis. O mesmo autor cita que a maioria dos
especialistas recomenda que as mesas tenham alturas graduáveis, com uma faixa
de graduação entre 60 e 70 cm.
As medidas do CPU estão à mostra na tabela 3.
Tabela 3 – Medidas do CPU
CPU
Altura Comprimento Largura/profundidade
------------------------- 5,4 cm 43,8 cm 39,5 cm
O monitor é de 15”.
5.4 Postura adotada
De acordo com os dados coletados, 84% dos(as) bancários(as) disseram
que a posição sentada é a posição em que permanecem a maior parte do tempo na
atividade laboral (Figura 50 e apêndice B, tabela Excel, coluna E).
78
Posição na atividade laboral
84%
16%
Sentado
Alternado
F
igura 50: Demonstrativo da porcentagem da posição adotada na atividade laboral.
De acordo com pesquisas de Grandjean (1998), o trabalho em que se utiliza
o computador, portanto na posição sentada, provoca 13 vezes mais de queixas de
cervicalgia e dor no ombro do que o pessoal que não utiliza o computador. Corbioli
(2005a) afirma que a postura sentada quando assumida por longos períodos de
tempo pode provocar efeitos agressivos para o organismo e conduzir ao
aparecimento de lesões. Viel e Esnault (2000) dizem que o simples fato de se sentar
traz conseqüências, como uma retificação da lordose lombar, conforme já foi referido
anteriormente. Segundo dados coletados sobre a postura sentado, 62% dos
funcionários optaram por respostas que indicavam adequação e 38% optaram por
respostas que indicavam inadequação (Figura 51).
Postura adotada
62%
38%
Adequado
Inadequado
Figura 51: Gráfico demonstrativo da porcentagem das adequações/ inadequações na postura
sentada.
Três sujeitos optaram pela resposta que indicava não apoiarem completamente a
nádega no assento; quatro sujeitos, não apoiarem os pés adequadamente; dois
sujeitos, não existir um conjunto cadeira/mesa para que o braço faça um ângulo
aproximado de 90° com o antebraço enquanto digitam e dezessete sujeitos, não
79
apoiarem as costas no encosto (Figura 52 e apêndice B, tabela Excel, colunas P, Q,
R e S, respectivamente).
Posturas inadequadas
17
4
3
2
o apoiam as costas no encosto
o apoiam os pés adequadamente
o apoiam completamente as nádegas no assento
o existe um conjunto cadeira/mesa para a formação de um ângulo de 90º do braço com o
antebraço na digitação
Figura 52: Gráfico do número de sujeitos/ item de inadequações posturais.
Segundo Nachemson apud Braccialli e Vilarta (2000), a posição sentada é
considerada a mais danosa para a coluna. Anderson, Ortengren, Nachemson e
Elfström apud Braccialli e Vilarta (2000) investigaram a pressão intradiscal em L3 e
a atividade mioelétrica de alguns músculos das costas. Estes autores encontraram
que sentado, com a coluna lombar em lordose, ocorre diminuição da pressão
intradiscal, devido ao fato de a manutenção da curvatura lordótica nesta região
manter o formato fisiológico do disco em cunha. Ao estudar o sentar com apoio, os
autores perceberam que ocorre uma diminuição da pressão discal e da atividade
mioelétrica, pois parte do peso corpóreo é transferido para o encosto. Grandjean
(1998) diz que o guia de orientação clássica propõe uma postura ereta do tronco
com um cotovelo lateralmente baixo e um ângulo de curvatura de 90°.
5.5 Observação do sujeito na atividade laboral
Foi observado o indivíduo no plano sagital (Figura 53) e no plano frontal
(Figura 54) através das fotografias.
80
Durante a jornada de trabalho, a estabilização do tronco se faz para que as
extremidades superiores trabalhem, gerando um esforço tensional na cintura
escapular, região do pescoço e ombros (Figuras 53 e 54).
Figura 53: Funcionário em atividade vista no plano sagital.
Figura 54: Funcionário em atividade vista no plano frontal
.
Grandjean (1998) diz que a atividade elétrica da musculatura dos ombros é
uma medida do consumo de força do músculo. Lundervold apud Grandjean (1998)
analisou eletromiograficamente a musculatura dos ombros e braços no trabalho de
datilografia. Ele chegou à conclusão de que era registrada a menor atividade elétrica
quando a pessoa em teste mantinha uma postura relaxada, ou quando ela fazia uso
81
do encosto de cadeira. O trabalho se tornava intenso quando era acompanhado de
um levantar de ombros e uma elevada atividade elétrica dos músculos deltóide e
trapézio (o deltóide levantando o braço e o trapézio levantando os ombros).
A Figura 55 mostra um sujeito na sua atividade laboral onde foi “flagrado”
numa posição viciosa. Nesta postura foi possível detectar uma pressão na região
poplítea e falta de apoio nos pés. Uma vez questionado por qual razão adotava esta
posição, o funcionário respondeu que se posicionando desta forma encaixava
melhor a coluna lombar. Este se caracteriza um exemplo de uma inadequação do
mobiliário e uma inadequação postural por falta de orientação.
Figura 55: Exemplo de postura sentada habitual de um funcionário: coxas pressionadas e
falta de apoio nos pés.
O Ministério do Trabalho e Emprego em Nota Técnica (BRASIL, 2001)
diz que a lordose ou cifose excessivas e a estase sanguínea nos membros
inferiores são as desvantagens da posição sentada, esta última pode ser
agravada quando compressão da face posterior das coxas ou das
pantorrilhas contra a cadeira, se esta estiver mal posicionada. A falta de
variação de postura é, geralmente, a fonte de maior desconforto em postos de
trabalho onde o indivíduo permanece por longos períodos na posição
sentada, pois pode gerar uma pressão na área poplítea (Guimarães apud
BARDUCO, 2006).
82
5.6 Dores apontadas
Em relação às dores o Diagrama de Corllet e Manenica (1980) estava
inserido no questionário (apêndice “A”), na questão de número 34. De acordo com
dados coletados, 50% dos indivíduos apontaram dores (Figura 56).
Dores
50%50%
Sem dores Apontaram dor
Figura 56: Gráfico demonstrativo da porcentagem das dores.
Da parcela dos sujeitos que apontaram dores, foi mostrado no Diagrama de
Corllet e Manenica (1980) o número de indicações por região (Figura 57).
83
Figura 57: Diagrama de Corllet e Manenica (1980); pescoço: 12; ombro direito: 8; ombro
esquerdo: 6; costas-superior: 8; braço direito: 2; braço esquerdo: 1; costas-médio: 4; ante-
braço direito: 3; ante-braço esquerdo: 1; costas-inferior: 7; punho direito: 3; bacia: 1; mão
direita: 5; mão esquerda: 1; perna direita: 2; perna esquerda: 1.
A análise da coleta de dados das dores mostra que uma diferença na
eleição das dores do pescoço para as demais regiões. Este dado parece oferecer
respostas às questões referentes às posturas inadequadas (38%); e ao mobiliário
inadequado, cadeira (28%) e mesa (88%). Dados relevantes para explicar as dores
no pescoço.
A análise mostrou também uma diferença entre os membros superiores direito
e esquerdo, sendo ombro e membro superior direito mais apontados nas dores do
que o lado esquerdo. Este dado indica que esta população está exposta aos riscos
devido às inadequações de postura e mobiliário como exposto acima, mas mostra a
necessidade de maiores investigações, pois neste estudo não se pesquisou o
número de destros existentes neste universo laboral.
Grandjean (1998) pesquisou como se sentam os escriturários. Os dados
coletados revelaram que 57% deste público se queixou de dores nas costas e utiliza
84
com freqüência o encosto da cadeira. Este dado mostra a necessidade de um
relaxamento periódico da musculatura das costas. Grandjean (1998) disse que o
levantar dos ombros é uma carga estática dolorosa. Pode ser determinado que uma
altura de trabalho muito alta seja compensada ou pelo levantar dos ombros ou pelo
levantar lateral do braço. As análises deste autor mostraram que o levantar dos
ombros representa 20% da força máxima do músculo trapézio, o que certamente
pode levar ao surgimento de estados dolorosos do músculo.
85
6 CONCLUSÕES
Diante do exposto, é possível concluir que os dados desta pesquisa, que
estudou questões da ergonomia relacionadas à posição sentada em um posto de
trabalho do departamento de apoio às agências bancárias em nível regional de uma
instituição financeira localizada na cidade de Bauru SP, o significativos e
revelam a existência de problemas ergonômicos com relação à posição pesquisada.
Existem problemas com a cadeira, com medidas no mobiliário e elementos
do computador, com equipamentos de adaptação e riscos no mobiliário.
Foram constatadas posturas inadequadas.
Altamente correlacionados a essas questões encontram-se os dados
relativos às dores corporais apontadas pela metade dos funcionários pesquisados,
dentre os quais uma parcela significativa localizou-as nas regiões do pescoço e
ombros. Esses dados reforçam a constatação do risco que esta população possa
estar correndo, risco este que, como dissemos, tem a probabilidade de estar
vinculado às inadequações posturais dos funcionários e ergonômicas do mobiliário.
Ficou evidente que, neste posto de trabalho, é muito mais o bancário que
procura se adaptar ao mobiliário do que este ao sujeito, como era de se esperar
pelas recomendações da ergonomia.
Novos e mais modernos postos de trabalho, diferentemente do local
pesquisado, têm sido concebidos respeitando o alinhamento do cotovelo e punho, a
mão no exercício das suas funções sendo uma continuidade, evitando esforços
estáticos para manutenção da postura e diminuindo os riscos de algia na coluna
vertebral.
É possível afirmar, depois de todo o exposto, que locais de trabalho como
este, que ainda não sofreram processo de modernização em sua infra-estrutura
material, precisam de maiores investigações, pois tanto a população de bancários
desta pesquisa como a de outras empresas podem estar necessitando de outros
equipamentos e/ou de uma orientação de como usá-los adequadamente.
86
7 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, E.
Problemas comuns
, 2006. Disponível em: <
www.linck.com.br/linck/saude_a_z/problemas/dor_lombar_lombalgia.asp >. Acesso
em: 28 mar. 2006.
ALMEIDA, M. M.
Análise das interações entre o homem e o ambiente
: estudo de
caso em agência bancária. 1995. Dissertação. (Mestrado em Engenharia)-
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 1995. Disponível em:
<http://www.epsc.ufsc.br/disserta/maristela/>. Acesso em: 15 jul. 2005.
AMARAL, F. R.
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91
APÊNDICES
92
APÊNDICE A - Estudo do Design Ergonômico em bancários
Questionário
1- Idade:
2 - Sexo:
3 - Função:
4 - Tempo de serviço:
5 - Em que posição permanece a maior parte do tempo?
Em pé ( ) Sentado(a) ( ) Alternância de posições ( )
Características da sua cadeira de trabalho:
6 - O material do assento é liso (escorregadio)?
Sim ( ) Não ( )
7 - Sua cadeira favorece a acomodação das nádegas e coxas, ficando somente as
dobras do joelho para fora?
Sim ( ) Não ( )
8 - As bordas do assento apresentam acabamento arredondado?
Sim ( ) Não ( )
9 - O encosto da cadeira se adequa às suas costas (região dorsal da coluna)?
Sim ( ) Não ( )
10 - O encosto da cadeira oferece ajuste de altura?
Sim ( ) Não ( )
11 - O encosto da cadeira oferece a possibilidade de inclinação para trás?
Sim ( ) Não ( )
12 - Há apoio para os braços?
Sim ( ) Não ( )
13 - Havendo apoio, este oferece altura e largura reguláveis?
Sim ( ) Não ( )
14 - Há rodízios na base da cadeira?
Sim ( ) Não ( )
15 - Havendo rodízios, seu movimento é dificultado pelo piso?
Sim ( ) Não ( )
93
Como é sua postura sentado?
16 - Você apóia completamente a nádega no assento?
Sim ( ) Não ( )
17 - Você apóia os pés no chão ou em apoio adequado à sua altura?
Sim ( ) Não ( )
18 - Existe no conjunto cadeira/mesa condições para que o seu braço faça um
ângulo de 90° com o seu antebraço, enquanto você di gita?
Sim ( ) Não ( )
19 - Você apóia suas costas perfeitamente no encosto?
Sim ( ) Não ( )
Características da sua mesa de trabalho:
20 - O teclado do computador está na mesma altura do mouse?
Sim ( ) Não ( )
21 - A altura do teclado está no mesmo nível do seu cotovelo?
Sim ( ) Não ( )
22 - A mesa é ampla o suficiente para comportar todos os equipamentos para a sua
tarefa?
Sim ( ) Não ( )
23 - Há espaço nesta mesa para se trabalhar de forma cômoda (faça sobre sua
mesa um movimento circular, do centro para fora, com os braços estendidos,
observando se houve espaço para este movimento)?
Sim ( ) Não ( )
24 - A altura da tela do computador é na mesma altura que os seus olhos?
Sim ( ) Não ( )
25 - A altura da tela do computador é mais baixa que altura dos seus olhos?
Sim ( ) Não ( )
26 - A altura da tela do computador é mais alta que a altura dos seus olhos?
Sim ( ) Não ( )
27 - A mesa oferece espaço que permite a mobilidade das pernas para a frente?
Sim ( ) Não ( )
94
28 - A mesa oferece espaço que permite a mobilidade das pernas para as laterais?
Sim ( ) Não ( )
29 - As gavetas na sua mesa apresentam eficiência no abrir/fechar e suas alturas
lhes permite as atividades de maneira dinâmica e sem sofrimentos físicos?
Sim ( ) Não ( )
30 - Há equipamentos de adaptação para melhorar o conforto no seu posto de
trabalho?
Sim ( ) Não ( )
31 - As cores do mobiliário são visualmente confortáveis?
Sim ( ) Não ( )
32 - Você já se machucou com o mobiliário, tais como batidas ou arranhões?
Sim ( ) Não ( )
33 - O mobiliário apresenta acabamentos como: cantos vivos, faces não
arredondadas, detalhes com pontas expostas, superfície brilhante?
Sim ( ) Não ( )
34 Indique as regiões do corpo que apresentam dores?
95
APÊNDICE B – TABELA EXCEL –colunas de A a O
A B
C
D E
F G
H
I J K
L M
N
O
P
1
34
1
2
7,6
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
2
49
1
2
23
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
3
24
1
2
1,25
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
4
21
1
2
0,83
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
5
22
2
2
0,33
2
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
6
39
2
2
2
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
7
44
2
1
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
8
47
2
1
26
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
9
50
2
2
31
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
10
23
2
2
5
2
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
11
48
2
2
27
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
12
46
2
2
24
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
13
34
1
2
4,8
2
0
1
1
1
1
1
1
1
1
14
27
2
2
6
1
0
0
1
1
1
1
1
1
1
0
0
15
25
2
2
1,25
1
0
0
1
1
1
1
1
1
1
0
1
16
21
2
2
0,75
2
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
17
36
2
2
18
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
18
27
2
2
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
19
50
2
1
23
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
20
21
2
2
1,5
1
0
1
1
1
1
1
1
0
1
0
1
21
40
2
1
26
1
0
1
1
1
0
0
1
0
1
0
1
22
42
1
2
17
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
23
29
1
2
4
1
0
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
24
47
1
2
7
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
25
21
1
2
0,4
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
26
45
1
2
6
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
27
46
1
2
18
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0
28
26
1
2
6
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
29
24
1
2
0,5
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
30
33
1
2
6
1
0
0
1
0
1
0
1
1
1
1
31
27
1
2
3,5
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
32
43
1
2
20
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
33
36
2
1
21
2
0
1
1
1
1
1
1
0
1
0
1
34
23
2
2
0,5
2
0
0
1
0
1
1
1
1
1
0
1
35
43
2
2
28
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
36
25
2
2
1
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
37
58
2
2
23
2
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
38
50
2
2
29
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
39
22
2
2
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
40
48
2
2
22
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
41
52
2
1
30
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
42
39
2
1
20
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
43
38
2
1
18
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
44
46
2
1
22
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
45
46
2
2
25
2
0
1
1
1
1
0
1
1
1
0
1
46
39
2
2
18
1
0
1
1
1
1
1
1
1
0
1
47
50
2
2
27
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
48
41
1
2
22
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
49
23
2
2
1,66
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
50
24
1
2
1,75
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
96
APÊNDICE B – TABELA EXCEL – colunas de Q a AG
Q
R
S
T U
V
W
X
Y
Z AA
AB
AC
AD
AE
AF
AG
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
0
1
0
0
2
1
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0
1
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0
3
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7
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0
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0
8
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1
1
1
1
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1
1
1
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0
1
1
1
1
1
1
1
10
1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
1
1
0
0
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0
0
1
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1
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0
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1
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0
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0
1
1
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0
1
1
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1
1
1
1
1
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0
1
1
1
0
0
15
1
1
0
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
0
1
0
0
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1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
1
1
0
0
17
1
1
0
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
1
1
0
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0
1
0
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
0
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0
19
1
1
0
1
0
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0
0
1
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0
1
0
0
20
1
1
1
1
1
1
1
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0
1
1
1
1
1
1
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1
1
1
0
0
1
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0
1
0
0
22
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1
1
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1
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0
0
1
1
1
0
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0
0
23
1
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0
1
1
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0
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1
1
1
1
1
1
24
1
1
0
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
1
1
0
0
25
1
1
0
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
0
1
0
0
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1
1
1
1
1
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1
0
0
1
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1
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0
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1
0
1
1
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1
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0
1
1
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0
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1
1
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0
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1
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0
0
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1
0
1
1
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0
0
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1
1
0
1
1
1
30
1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
0
1
1
1
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1
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
1
1
1
1
1
0
32
1
0
0
1
0
1
1
1
0
0
1
1
0
1
1
0
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1
1
1
1
0
1
1
1
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0
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1
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0
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1
0
0
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1
1
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0
0
1
1
1
1
1
0
0
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0
1
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1
0
1
0
0
1
1
1
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0
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1
1
1
1
1
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0
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0
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0
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0
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1
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1
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0
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1
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0
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1
1
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1
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1
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0
1
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1
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1
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1
1
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1
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1
1
1
1
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1
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0
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1
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0
1
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1
1
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49
1
1
1
1
1
1
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0
1
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1
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1
1
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1
1
1
1
0
1
1
1
1
0
1
1
1
0
1
0
0
97
APÊNDICE B – LEGENDAS DA TABELA EXCEL
As colunas de A à AG são referentes às questões de 1 à 33, respectivamente, do
questionário.
Colunas: B (1) mulher
(2) homem;
C (1) gerente
(2) não gerente;
E (0) em pé
(1) sentado(a)
(2) alternância de posições;
F à AG (0) não
(1) sim.
98
APÊNDICE C - CARTA DE INFORMAÇÃO
Bauru, setembro de 2005
Prezado(a) bancário(a),
Venho, por meio desta, muito respeitosamente, convidá-lo a participar
da pesquisa que será realizada para desenvolvimento de dissertação de mestrado
na Universidade Estadual Paulista, Campus de Bauru, linha de pesquisa em
Ergonomia, que fará um estudo do design ergonômico em bancários(as).
Para isso, é de suma importância que o preenchimento deste
questionário seja de forma consciente. As informações serão usadas para fins
educacionais (publicações em revistas e artigos científicos) e as informações
prestadas serão confidenciais e guardadas por força de sigilo profissional.
Atenciosamente,
Ana Maria Saraiva Coneglian
(Pesquisadora)
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