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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CURSO DE MESTRADO
ESTIMULAÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: EFEITOS DA PRÁTICA
DE ATIVIDADES COGNITIVAS E ATIVIDADES FÍSICAS
FLORIANÓPOLIS
2007
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ii
LORINE TAVARES
ESTIMULAÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: EFEITOS DA PRÁTICA
DE ATIVIDADES COGNITIVAS E ATIVIDADES FÍSICAS
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Psicologia,
Programa de Pós-Graduação em Psicologia,
Mestrado, Centro de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal de Santa
Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Emílio Takase
FLORIANÓPOLIS
2007
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iii
LORINE TAVARES
ESTIMULAÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: EFEITOS DA PRÁTICA
DE ATIVIDADES COGNITIVAS E ATIVIDADES FÍSICAS
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no Programa de
Pós-Graduação em Psicologia, Curso de Mestrado, Centro de Filosofia e Ciências Humanas
da Universidade Federal de Santa Catarina, pela seguinte banca examinadora:
________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Emílio Takase
Departamento de Psicologia, UFSC
________________________________________
Prof. Dr. Eduardo José Legal
Departamento de Psicologia, UNIVALI
________________________________________
Prof. Drª. Carmen Leontina Ojeda Ocampo Moré
Departamento de Psicologia, UFSC
________________________________________
Prof. Dr. José Baus
Departamento de Psicologia, UFSC
Florianópolis, 28 de setembro de 2007.
iv
Dedico este trabalho a todos os idosos
institucionalizados que dele participaram, a meu amor e a
meus familiares.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos idosos que participaram deste trabalho, que doaram um pouco do seu
tempo, compartilharam suas histórias e apostaram nos benefícios dos programas de
estimulação;
Às instituições que cederam seu espaço, acreditaram na proposta da pesquisa e
visaram ao bem-estar de seus idosos;
Ao meu orientador, Prof.Dr.Emílio Takase, pela contribuição intelectual e postura
determinante na condução deste trabalho, além da amizade, ensinamentos e reflexões acerca
de pesquisa, docência e intervenção;
Às monitoras do grupo de atividades cognitivas, Amanda Arruda Chaves e Beatriz
Schmidt, e à monitora do grupo de atividades físicas, Brunella Castiglioni Guidoni, que
participaram, além da intervenção, de toda a criação dos programas de estimulação, da coleta
de dados, e que, juntamente comigo, tiveram suas emoções afloradas pela realidade
institucional;
À amiga, Ms. Caroline Di Bernardi Luft, que contribuiu em todo o processo da
pesquisa, principalmente na análise estatística dos dados, compartilhando seus saberes e
questionamentos;
A todos os colegas e professores da Área 3 do Programa de Mestrado em Psicologia
da UFSC e a todos os membros do LANESPE Laboratório de Neurociência do Esporte e
Exercício da UFSC, pelo convívio, contribuições e interesses compartilhados;
Ao Prof.Dr.Alexandro Andrade, pela participação como membro da banca na
qualificação do projeto de dissertação e pelas notáveis contribuições que forneceu à pesquisa,
e à Profª Ms. Roseana Silva, pelos pontuais auxílios frente à dissertação;
Aos professores, Dr. Eduardo José Legal, Drª. Carmen Leontina Ojeda Ocampo Moré
e Dr. José Baus, por aceitarem participar da banca examinadora e por dedicarem sua atenção
ao trabalho;
A meus pais, Teófilo e Sandra, e à minha irmã Tehane, que de perto vivenciaram todas
as minhas aflições, dúvidas e questionamentos. Obrigada pelo suporte incondicional;
E por fim, ao meu amor, Luiz, por toda sua compreensão, incentivo contínuo e em
meu trabalho. Obrigada por estar presente em todos os momentos dos últimos três anos e por
dividirmos sonhos e lutas com a esperança de atingirmos um objetivo. Muito obrigada a
todos,
Lorine Tavares
vi
Os profissionais [...] não devem aceitar apenas a longevidade do ser humano como a
principal conquista da humanidade contemporânea, mas que esse ser humano tenha garantida
uma vida com qualidade, felicidade e ativa participação em seu meio. As ‘coisas da idade’
não devem ser vistas como uma determinação, mas, sim, como possibilidade (Silvestre &
Neto, 2003, p.844).
vii
SUMÁRIO
Lista de tabelas ..........................................................................................................................xi
Lista de figuras ........................................................................................................................xiii
Lista de abreviaturas................................................................................................................xiv
Resumo.....................................................................................................................................xv
Abstract....................................................................................................................................xvi
I.Introdução.............................................................................................................................17
Objetivos ...............................................................................................................................22
Objetivo geral................................................................................................................22
Objetivos específicos.....................................................................................................22
II. Revisão de Literatura........................................................................................................23
O aumento da população idosa..............................................................................................23
A institucionalização de idosos.............................................................................................26
O envelhecimento..................................................................................................................30
O envelhecimento cognitivo..................................................................................................32
Memória .......................................................................................................................35
Depressão ..............................................................................................................................38
Estimulação: a interação entre cérebro e ambiente...............................................................42
Plasticidade do cérebro idoso................................................................................................44
A estimulação em idosos.......................................................................................................45
Intervenção cognitiva em idosos...........................................................................................47
O treinamento cognitivo ...............................................................................................48
Prática de atividade física em idosos....................................................................................53
III. Método...............................................................................................................................58
Caracterização da Pesquisa ...................................................................................................58
Local......................................................................................................................................60
Participantes..........................................................................................................................62
Instrumentos..........................................................................................................................63
a) Mini-Exame do Estado Mental (MEEM).......................................................................63
b) Formulário de Caracterização Geral e Auto-Avaliação dos Idosos .............................64
viii
c) Entrevista semi-estruturada............................................................................................65
d) Escala de Depressão em Geriatria (GDS-15) ................................................................65
e) Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT).........................................65
Procedimentos.......................................................................................................................66
Aspectos Éticos..................................................................................................................66
Seleção dos Participantes...................................................................................................67
Aplicação dos instrumentos de avaliação..........................................................................68
Os programas de estimulação ............................................................................................70
GAC (Grupo de Atividades Cognitivas).......................................................................70
GAF (Grupo de Atividades Físicas) .............................................................................76
Levantamento, organização e análise dos dados...................................................................78
IV. Resultados.........................................................................................................................81
I Etapa: Características gerais dos participantes...................................................................81
Metacognição.................................................................................................................86
Hábitos de Atividade Física...........................................................................................87
Hábitos de Atividade Cognitiva.....................................................................................88
Hábitos de Lazer............................................................................................................90
Repouso .........................................................................................................................91
Ambiente da Instituição de Longa Permanência para Idosos e Relações Sociais .........92
Fé e Espiritualidade .......................................................................................................93
II Etapa: Comparação dos resultados antes e depois.............................................................93
Estatística descritiva das variáveis estudadas no pré e pós-teste...................................94
Descrição da amostra no pré-teste .................................................................................94
Descrição da amostra no pós-teste.................................................................................95
Comparação do grupo de AC entre o pré-teste e o pós-teste.........................................95
Comparação do grupo de AF entre o pré-teste e o pós-teste .........................................96
Comparação entre o pré-teste e o pós-teste de todos os participantes...........................96
Resultados de todos os participantes em cada uma das variáveis estudadas.................97
III Etapa: Opiniões dos participantes sobre os programas de estimulação .........................105
Percepção sobre as atividades realizadas.....................................................................105
Exercícios específicos..................................................................................................106
Efeitos das intervenções...............................................................................................107
IV Etapa: Descrição dos participantes ................................................................................107
ix
Participantes do Grupo de Atividades Cognitivas.......................................................108
Dona Jade.................................................................................................................108
Seu Rubi...................................................................................................................111
Seu Citrino...............................................................................................................114
Dona Safira..............................................................................................................116
Dona Esmeralda.......................................................................................................119
Participantes do Grupo de Atividades Físicas .............................................................122
Dona Turmalina.......................................................................................................122
Dona Ametista .........................................................................................................124
Dona Pérola..............................................................................................................125
Seu Berilo ................................................................................................................126
Dona Ágata..............................................................................................................128
Participantes que não foram incluídos na pesquisa .....................................................129
V. Discussão...........................................................................................................................132
Características gerais dos participantes...............................................................................132
Idade e Sexo.................................................................................................................132
Tempo de asilamento...................................................................................................133
Escolaridade.................................................................................................................133
Uso de fármacos e histórico de problemas de saúde ou doenças.................................135
Funcionalidade – Atividades da vida diária.................................................................136
Diagnóstico de depressão.............................................................................................139
Metacognição...............................................................................................................139
Hábitos de atividade física...........................................................................................141
Hábitos de atividade cognitiva.....................................................................................143
Hábitos de lazer ...........................................................................................................144
Repouso .......................................................................................................................145
Ambiente da Instituição de Longa Permanência para Idosos e Relações Sociais .......146
Religião, fé e espiritualidade .......................................................................................148
Resultados dos testes...........................................................................................................148
MEEM .........................................................................................................................150
GDS-15........................................................................................................................152
RAVLT........................................................................................................................154
Contraste entre o grupo de atividades cognitivas e o grupo de atividades físicas.......156
x
O tempo de asilamento e os resultados nos testes .......................................................156
A freqüência de participação e os resultados nos testes ..............................................157
Opiniões dos participantes sobre os programas de estimulação .........................................157
Descrição dos participantes: contribuição da análise de cada caso.....................................161
Participantes que não foram incluídos na pesquisa.............................................................161
Exposição abreviada e conclusiva da discussão dos resultados..........................................162
Limitações do estudo...........................................................................................................163
VI. Considerações Finais......................................................................................................166
VII. Referências.....................................................................................................................174
VIII. Apêndices......................................................................................................................195
Formulário de caracterização geral e auto-avaliação dos idosos ........................................196
Entrevista Semi-Estruturada................................................................................................199
Roteiro de perguntas da entrevista 1 (pré-teste) ..............................................................199
Roteiro de perguntas da entrevista 2 (pós-teste)..............................................................199
Autorização da Instituição de Longa Permanência para Idosos..........................................200
Declaração...........................................................................................................................201
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (idoso)........................................................202
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (representante legal) ..................................204
Grade de números (exercício utilizado no grupo de atividades cognitivas)........................206
Exercício da grade de números (diferentes níveis de dificuldade)......................................207
Atividade realizada na segunda sessão (grupo de atividades cognitivas)...........................208
Caixa fechada (atividade realizada no grupo de atividades cognitivas)..............................209
IX. Anexos .............................................................................................................................210
Cadastro de Entidades Asilares...........................................................................................211
Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)............................................................................213
Escala de Depressão em Geriatria (GDS-15)......................................................................214
Pontuação do Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey.........................................215
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Delineamento da pesquisa .......................................................................................60
Tabela 2. Caracterização dos participantes em relação ao grupo, sexo, idade e tempo de
asilamento.................................................................................................................................81
Tabela 3. Média, mediana e desvio-padrão das variáveis idade e tempo de asilamento dos
grupos de AC e AF...................................................................................................................82
Tabela 4. Funcionalidade para as atividades rotineiras...........................................................83
Tabela 5. Descrição individual da funcionalidade dos participantes para as atividades
rotineiras...................................................................................................................................84
Tabela 6. Distribuição de ocorrências de problemas de saúde ou doenças no histórico dos
participantes..............................................................................................................................85
Tabela 7. Avaliação da memória, concentração e capacidade para novas aprendizagens ......86
Tabela 8. Comparação da memória e capacidade para aprender coisas novas hoje e em
relação há cinco anos................................................................................................................86
Tabela 9. Facilidade para leitura e lembrança de fatos interessantes......................................87
Tabela 10. Atividades físicas ou esportes citados pelos participantes como aqueles praticados
no passado ................................................................................................................................88
Tabela 11. Atividades cognitivas citadas pelos participantes como aquelas praticadas na
juventude ..................................................................................................................................88
Tabela 12. Gosto pela prática de atividades físicas e atividades cognitivas............................89
Tabela 13. Atividades de lazer citadas pelos participantes......................................................90
Tabela 14. Avaliação da qualidade de descanso ou repouso...................................................91
Tabela 15. Dificuldade para dormir.........................................................................................91
Tabela 16. Relacionamento com outros idosos da instituição.................................................92
Tabela 17. Percepção sobre o ambiente da instituição............................................................92
Tabela 18. Descrição das médias, medianas, desvios-padrões, mínimos e máximos obtidos
pelos grupos no pré e pós-teste.................................................................................................94
Tabela 19.Descrição da amostra no pré-teste (média ± desvio-padrão) com valores de p......94
Tabela 20.Descrição da amostra no pós-teste (média ± desvio-padrão) com valores de p.....95
Tabela 21. Comparação do grupo de AC entre o pré-teste e o pós-teste.................................96
Tabela 22.Comparação do grupo de AF entre o pré-teste e o pós-teste..................................96
Tabela 23. Comparação entre o pré-teste e o pós-teste de todos os participantes, sem
separação de grupos..................................................................................................................97
xii
Tabela 24. Escores individuais obtidos no MEEM antes e após as intervenções....................98
Tabela 25. Escores individuais obtidos na GDS-15 antes e após as intervenções ..................99
Tabela 26. Escores individuais obtidos antes e após as intervenções no RAVLT................100
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação esquemática com os passos metodológicos da pesquisa................59
Figura 2 - Diagrama ilustrativo da seleção dos participantes..................................................69
Figura 3 - Descrição das atividades realizadas no programa de atividades cognitivas...........71
Figura 4 - Fluxograma da organização e análise dos dados (tratamento estatístico). .............80
Gráfico 1 - Escolaridade máxima completa dos participantes.................................................82
Gráfico 2 – Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 1 (Jade). ...............................101
Gráfico 3 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 2 (Rubi). ...............................101
Gráfico 4 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 3 (Citrino).............................102
Gráfico 5 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 4 (Safira). .............................102
Gráfico 6 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 5 (Esmeralda).......................102
Gráfico 7 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 6 (Turmalina). ......................103
Gráfico 8 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 7 (Ametista)..........................103
Gráfico 9 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 8 (Pérola)..............................103
Gráfico 10 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 9 (Berilo)............................104
Gráfico 11 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 10 (Ágata). .........................104
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS
AC Atividade Cognitiva
AF Atividade Física
APA American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria)
DA Doença de Alzheimer
DSM-IV Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4ª Edição
GAC Grupo de Atividades Cognitivas
GAF Grupo de Atividades Físicas
GDS-15 Geriatric Depression Scale (Escala de Depressão em Geriatria)
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILPI Instituições de Longa Permanência para Idosos
MEEM Mini-Exame do Estado Mental
OMS Organização Mundial de Saúde
PNSI Política Nacional de Saúde do Idoso
RAVLT Rey Auditory Verbal Learning Test (Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal
de Rey)
TC Treinamento Cognitivo
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
xv
RESUMO
TAVARES, L. (2007). Estimulação em idosos institucionalizados: efeitos da prática de
atividades cognitivas e atividades físicas. Florianópolis. 215 f. Dissertação (Mestrado em
Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa
Catarina.
Engajamento em atividades cognitivas e físicas está associado com a manutenção da saúde
cognitiva e com a prevenção de declínio cognitivo na população idosa. O objetivo do presente
estudo foi verificar os efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas em idosos
institucionalizados. Para tanto, cinco idosos de uma instituição de longa permanência para
idosos (ILPI) participaram de vinte e duas sessões de um programa de atividades cognitivas, e
cinco idosos de outra ILPI participaram de treze sessões de um programa de atividades físicas.
Anteriormente às intervenções, os participantes responderam ao Formulário de Caracterização
Geral e Auto-avaliação de Idosos e a uma entrevista semi-estruturada para identificação do
histórico de atividade cognitiva e física. Os instrumentos: a) Mini-Exame do Estado Mental
(MEEM), b) Escala de Depressão em Geriatria (GDS-15) e c) Teste de Aprendizagem Auditivo-
Verbal de Rey (RAVLT), foram aplicados antes e logo após as intervenções para verificação
de seus efeitos na capacidade cognitiva geral, nos sintomas depressivos e na memória de
trabalho dos participantes. Uma entrevista semi-estruturada foi aplicada após as intervenções
para verificação da opinião dos participantes sobre os programas de estimulação. Verificou-se
que, de modo geral, os participantes possuem histórico restrito de engajamento em atividades
físicas e cognitivas. O teste não-paramétrico de Wilcoxon constatou que não houve diferença
estatisticamente significativa antes e depois entre os grupos nas variáveis estudadas.
Entretanto, as diferenças entre as médias individuais obtidas pelos participantes nos testes
mostram efeitos positivos, sugerindo que o programa de atividades cognitivas produziu
maiores efeitos positivos na capacidade cognitiva de seus participantes, e que o programa de
atividades físicas foi mais eficaz em reduzir a intensidade dos sintomas depressivos de seus
participantes. As opiniões dos participantes de ambos os programas se mostraram, na sua
grande maioria, positivas, e suas falas sugerem apreço ao envolvimento nos programas de
estimulação, percebendo efeitos positivos oriundos da participação nos mesmos. Sugere-se a
necessidade de novas pesquisas relacionadas à investigação da eficácia de programas de
estimulação na saúde cognitiva de idosos institucionalizados.
Palavras-chave: idosos institucionalizados; atividades cognitivas; atividades físicas.
xvi
ABSTRACT
TAVARES, L. (2007). Estimulação em idosos institucionalizados: efeitos da prática de
atividades cognitivas e atividades físicas. Florianópolis. 215 f. Dissertação (Mestrado em
Psicologia) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa
Catarina.
The engagement in cognitive and physical activities is associated with the maintenance of the
cognitive health and with the prevention of the cognitive decline in the elder population. The
objective of the present study is to verify the effects of cognitive and physical activities in
institutionalized elder people. For such, five elderly people from an elder people long-term
institution have participated in twenty two sessions of a program of cognitive activities and
five elder people of another institution have participated in thirteen sessions of a physical
activities program. Before the interventions, the participants answered a form of general
caracterization and self evaluation for elder people, and took part in an semi-structured
interview for identification of their historical on physical and cognitive activities. The
instruments: a) Mini-Mental State Examination (MMSE), b) Geriatric Depression Scale
(GDS-15) and c) Rey Auditory-Verbal Learning Test (RAVLT) have been applied before and
right after the interventions with the goal of verifying the effects in the participants’ general
cognitive capacity, their depressive symptoms and their working memory. A semi-structured
interview has been applied after the interventions to verify the opinion of the participants
about the stimulation programs. It could be verified that in a general way the participants have
a restricted log of engagement on physical and cognitive activities. The non-parametric test of
Wilcoxon could verify that there were no statistically significative differences before and after
among the groups in the studied variables. Though, the difference between the individual
averages obtained by the participants in the tests could show positive effects, sugesting that
the program of cognitive activities produced effects in the cognitive capacity of the
participants, and that the program of physical activities was more efficient in reducing the
intensity of depressive symptoms on its participants. The opinions of the participants about
both programs, on it’s great majority were positive and their speech suggested appreciation
about the involvement in the stimulation programs, realizing the positive effects caused by the
participation in those programs. New researches investigating the efficiency of cognitive
health stimulation programs on elderly institutionalized people is suggested.
Key words: institutionalized elderly; cognitive activities; physical activities.
17
I. INTRODUÇÃO
O crescimento da população idosa e a longevidade são fenômenos mundiais cujas
projeções indicam que, no Brasil, a vida média da população alcançará o patamar de 81,3
anos em 2050 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2004). O efeito
combinado da redução dos níveis de fecundidade e de mortalidade resultou na transformação
da pirâmide etária da população brasileira, sobretudo a partir de meados dos anos 1980,
fazendo emergir uma pirâmide populacional que retrata o franco processo de envelhecimento.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, já em 2025, a população com 80 anos ou
mais constituirá o grupo etário de maior crescimento (IBGE, 2000), o que levará o Brasil à
posição entre os países mais envelhecidos do mundo (Souza, Galante & Figueiredo, 2003).
Despertada pela revolução demográfica, a sociedade científica vem direcionando
muitas pesquisas e valorizando as intervenções realizadas com a população idosa,
interessando-se por medidas de prevenção e promoção à saúde do idoso. Tal fato é levantado
por Prado e Sayd (2004) que constatam, na última década do século 20, um verdadeiro
crescimento gerontológico. Desde então, o saber relacionado ao envelhecimento se propalou
de tal forma que, em nossos dias, a geração atual aspira à eterna juventude e ao pleno bem-
estar (um ideal inclusive perpassado pela mídia) apoiando-se no discurso científico vigente.
Isto é, pretende-se seguir as propostas da ciência de ser fisicamente ativo, seguir uma dieta
saudável e praticar atividades intelectualmente estimulantes, com a esperança de se
envelhecer com o vigor físico e a capacidade cognitiva da juventude.
Todavia, apesar do aumento da expectativa de vida e do avanço da ciência, ainda há
uma disparidade entre longevidade e qualidade de vida. Doenças crônico-degenerativas e suas
seqüelas, hospitalização e dependência para realizar as atividades na vida diária, além de
diminuírem a qualidade de vida do idoso, aumentam a chance para a sua institucionalização.
Nos países em desenvolvimento as instituições de longa permanência para idosos (ILPI) têm
aumentado devido às características de vida familiares em centros urbanos que levaram à
necessidade da existência de lugares que pudessem atender e hospedar idosos. Morar só,
suporte social precário e baixa renda associada à viuvez, aposentadoria, menor oportunidade
de empregos formais e estáveis e aumento dos gastos com a própria saúde são fatores de risco
para a institucionalização cada vez mais freqüentes no Brasil (Chaimowicz & Greco, 1999).
A realidade dos idosos institucionalizados mostra que nem toda a parcela da população
idosa consegue se beneficiar das recomendações da ciência relativas a como alcançar um
envelhecimento saudável, resultante da interação entre saúde física, saúde mental,
18
independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica
(Ramos, 2003). O descaso mostrado pela sociedade frente à maioria das instituições de longa
permanência é evidenciado pela marginalização de muitos idosos que ali vivem, e que,
deixados de lado, passam o restante de suas vidas como sujeitos passivos, constatando a sua
não utilidade para a sociedade, e apenas aguardando um fim para toda a impotência e
dependência em que vivem.
Apesar da existência de leis e medidas práticas direcionadas ao idoso, como a Política
Nacional do Idoso de 1994, a Política Nacional de Saúde do Idoso aprovada em 1999 e o
Estatuto do Idoso de 2003, a implementação de políticas públicas em relação ao idoso
institucionalizado ainda encontra-se distante. Quando se observam as diretrizes presentes nas
políticas, percebe-se que os cuidados frente ao idoso continuam recaindo quase que
exclusivamente sobre a família. Entretanto, apesar de priorizar o cuidado familiar e colocar a
institucionalização em segundo plano, o Estado deve dar conta de buscar formas de promover,
proteger e recuperar, igualmente o idoso institucionalizado (Gordilho et al., 2001). De acordo
com a Constituição de 1988, é considerada responsabilidade da família, da sociedade e do
Estado dar suporte aos idosos, assegurar sua participação na comunidade, defender sua
dignidade e bem-estar, bem como garantir o seu direito à vida (art. 230).
Com base na Portaria SAS 73/01, as ILPI devem oferecer cuidados ao idoso, conforme
o seu grau de dependência, criando serviços especializados para atender diferentes categorias
de clientela. No entanto, apesar das recomendações explícitas também na Política Nacional do
Idoso, a realidade das instituições asilares brasileiras ainda apresenta estruturas deficitárias no
que diz respeito aos cuidados com os idosos (Born & Boechat, 2006). Inclusive pode-se
perceber que grande parte das ILPI carece de condições propícias ao bem-estar de seus idosos,
bem como de profissionais interessados em preservar e estimular os idosos a se manterem
cognitivamente e fisicamente saudáveis.
Coutinho, Gontiès, Araújo e (2003) ressaltam que as pessoas idosas são mais
suscetíveis à depressão quando perdem sua auto-estima e começam a se considerar inúteis.
Além disso, o convívio com a solidão, a perda de sentido de vida e a desistência são desafios
constantes para o idoso. Assim, não havendo um esforço das instituições em estimular seus
idosos, aumentam-se os sentimentos de não utilidade, que contribuem para a incidência de
sintomas depressivos. Do ponto de vista epidemiológico, estima-se que cerca de 15% dos
idosos apresentam alguns sintomas da depressão, sendo 2% do tipo grave. Nas populações
hospitalizadas ou institucionalizadas a freqüência é ainda mais elevada, atingindo de 5% a
19
13% dos pacientes hospitalizados e de 12% a 16% dos residentes em asilos (Das Gupta,
2001).
Deste modo, se existe um esforço da ciência em pesquisar e intervir com a população
idosa, este mesmo esforço deve ser dirigido também à sua parcela institucionalizada, visto que
uma grande demanda de ILPI para as próximas décadas. Esta demanda, atrelada à
realidade vivenciada nessas instituições, exige o esforço da ciência em descobrir formas de
melhorar a qualidade de vida dos idosos que ali vivem, encontrando maneiras de prevenir as
doenças comuns do envelhecimento e de manter o idoso mais independente e, fisicamente e
cognitivamente saudável por mais tempo. Assim, programas para a promoção da qualidade de
vida são necessários para que, apesar das condições em que vivem, os idosos
institucionalizados usufruam de um envelhecimento saudável. Para a realização desse
objetivo, oportunidades devem ser dadas, dentre as quais se destaca a oportunidade para a
manutenção da capacidade cognitiva.
À luz dos estudos das neurociências sobre as bases neurais da cognição, e também
dentro da Psicologia Cognitiva, novas formas de significado e novas maneiras de se
comportar, estudar e intervir junto à população idosa vêm surgindo. Estudos (Silver, Jilinskaia
& Perls, 2001; Erickson & Barnes, 2003) têm mostrado que o envelhecimento não
necessariamente vem acompanhado de declínio e prejuízo cognitivo, assim como novos
aprendizados podem ocorrer até o fim da vida. Recentemente um foco na busca pela
compreensão de como os fatores do estilo de vida podem afetar como os idosos irão
experienciar declínio nas habilidades cognitivas.
A maior elucidação sobre o fenômeno do envelhecimento cognitivo envolve a busca
pela compreensão da dinâmica da interação entre organismo e meio, e mais especificamente,
entre cérebro e ambiente. Testar a hipótese de que o ambiente pode estimular até mesmo um
cérebro idoso vem sendo o foco de estudos que buscam verificar como se essa interação
para traçar um perfil do envelhecimento saudável e descobrir formas, não só de tratamento,
mas, igualmente, de prevenção de declínio cognitivo.
Descobriu-se, por exemplo, que maior estimulação, como treinamento cognitivo e
engajamento ativo em atividades intelectuais estão associados com o menor risco de declínio
cognitivo (Hultsch, Hertzog, Small & Dixon, 1999; Schaie, 2005) e também para desenvolver
a doença de Alzheimer (Wilson et al., 2002). Esses resultados são consistentes com estudos
de estimulação cognitiva, que mostram que exercícios semanais, tais como tarefas de resolver
problemas e jogos de memória, aumentam o bem-estar psicológico daqueles que os praticam.
20
E não são apenas as atividades cognitivas que parecem produzir alterações no processo
de envelhecimento cognitivo. Atividades físicas que as pessoas comumente associam com a
melhora ou manutenção do bem-estar físico e redução do risco de doenças cardiovasculares
podem também ajudar idosos a permanecerem cognitivamente saudáveis. Várias evidências
sugerem que pessoas que se exercitam regularmente possuem menos chance de
experienciarem declínio cognitivo do que pessoas que não se engajam em programas de
exercício ou que não se exercitam regularmente (Butler, Forette & Greengross, 2004).
Apesar de o cérebro, por razões que ainda não estão muito claras, mudar com a idade,
um grande volume de estudos (Stern et al., 1994; Gold et al., 1995; Scarmeas, Levy, Tang,
Manly & Stern, 2001; Wilson et al., 2002; Scarmeas et al., 2003) sugere que o engajamento
social, a estimulação intelectual e a atividade física, possuem um papel chave na manutenção
da saúde cognitiva e na prevenção do declínio cognitivo. Devido ao número de pessoas idosas
que está aumentando, inclusive o número de pessoas idosas institucionalizadas, e ao fato de
que estas estão vivendo cada vez mais, torna-se indispensável desenvolver e implementar
estratégias à essa população. A Psicologia, apoiando-se principalmente nos estudos da
Psicologia Cognitiva, pode contribuir ao pesquisar, desenvolver e realizar intervenções que
assegurem a manutenção da saúde cognitiva e o bem-estar psicológico do idoso. Analisando
todo o contexto exposto, a necessidade de intervenções e pesquisas que visem identificar a
eficácia de programas de estimulação na população idosa institucionalizada, que cada vez
mais cresce no Brasil, visando tornar seu emprego válido e necessário junto a essa população.
É importante ainda ressaltar que, enquanto área de pesquisa no Brasil, há uma carência
de estudos que investiguem efeitos e avaliem programas destinados à população idosa
institucionalizada, consoante constatação em bases de dados nacionais (Scielo)
1
. Conforme
Assis, Hartz e Valla (2004), na experiência brasileira em pesquisas relacionadas a programas
de promoção da saúde do idoso, predominam relatos de experiências, enquanto que em
pesquisas internacionais predominam estudos quase-experimentais. Dessa forma, justifica-se
também a realização de pesquisas que avaliem efeitos de diferentes programas de estimulação
na população idosa institucionalizada, visando aumentar o arsenal teórico-científico nessa
área.
1
No que se refere à constatação no Scielo, ao se realizar uma busca por artigos relacionados a “idoso” e
“institucionalizadoe “programa”, conforme constatação em três de setembro de 2007, não houve resultados.
Utilizando os termos “idosos” e “institucionalizados”, encontram-se apenas dezoito artigos, onde, destes,
somente um está relacionado a programas e processos cognitivos, fazendo uma relação entre institucionalização,
programas de atividades, sintomas depressivos e desempenho cognitivo (Plati et al., 2006), não se destinando a
avaliar e fornecer os programas.
21
Na medida em que pelo menos dois tipos de relevância a se considerar numa
pesquisa, a teórica e a social (Luna, 2002), provou-se por meio das explicitações anteriores, a
relevância de uma pesquisa que envolva programas destinados à saúde do idoso
institucionalizado. Segundo Néri (1993), descobrir as condições necessárias para uma boa
qualidade de vida na velhice reveste-se de grande importância científica e social, pois ao
tentar resolver a aparente contradição que existe entre velhice e bem-estar, a pesquisa
contribui para a compreensão do envelhecimento, como também para a geração de
alternativas válidas de intervenção visando ao bem-estar de pessoas idosas.
As evidências da estimulação em idosos, o atual panorama da realidade populacional
brasileira e a demanda crescente de instituições fazem emergir uma preocupação em
incentivar hábitos de estimulação cognitiva e física em idosos institucionalizados, com o
intuito de proporcionar maior qualidade de vida a essa população. Desta forma, a partir das
considerações feitas, a seguinte pergunta de pesquisa foi elaborada: quais os efeitos da
prática de atividades cognitivas e atividades físicas em idosos institucionalizados?
22
OBJETIVOS
Geral
Verificar os efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas em idosos
institucionalizados.
Específicos
- Caracterizar o perfil dos idosos participantes quanto às questões sociais, de saúde e
de hábitos de atividade física e cognitiva.
- Verificar a capacidade cognitiva geral, a memória de trabalho e a depressão de idosos
institucionalizados.
- Desenvolver e implementar um programa de atividades cognitivas e um programa de
atividades físicas para idosos institucionalizados.
- Comparar a capacidade cognitiva geral, a memória de trabalho e a depressão entre os
idosos institucionalizados que participaram do programa de atividades cognitivas com os que
participaram do programa de atividades físicas, antes e depois das intervenções.
- Verificar a influência do histórico de vida (histórico de atividades cognitivas e
atividades físicas) dos idosos institucionalizados nas respostas às testagens e às diferentes
intervenções.
- Verificar a opinião dos participantes quanto à contribuição geral das sessões dos
programas de estimulação.
23
II. REVISÃO DE LITERATURA
Atualmente, do cenário das ciências cognitivas
2
relativas ao processo do envelhecer,
despontam-se muitas pesquisas a respeito da estimulação como forma de promover a saúde
cognitiva, como é o caso, por exemplo, dos estudos sobre a relação entre a prática de
atividades físicas e cognitivas e a diminuição da incidência de prejuízo cognitivo entre os
idosos. Para esta pesquisa, o marco teórico basear-se-á nos estudos relacionados
principalmente à Psicologia Cognitiva
3
, elaborados em torno do fenômeno da estimulação em
idosos, a saber: prática de atividades cognitivas e físicas.
No contexto do aumento mundial da população idosa, a revisão de literatura abordará
a institucionalização de idosos, população esta a estudada na presente pesquisa, partindo então
para aspectos do envelhecimento cognitivo. A memória de trabalho e a depressão de idosos
receberão destaque por serem variáveis medidas na pesquisa. Ao desenvolver a questão da
interação entre cérebro e ambiente, buscar-se-á igualmente revisar a noção de estimulação.
Em seguida, a ênfase recairá nas pesquisas atuais sobre intervenções cognitivas e a prática de
atividades físicas entre idosos.
O aumento da população idosa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define atualmente a população idosa como
aquela a partir dos 60 anos de idade para os países em desenvolvimento, e a partir dos 65 para
os países desenvolvidos (IBGE, 2002). O envelhecimento populacional iniciou-se no final do
século XIX em alguns países da Europa Ocidental, espalhou-se pelo resto do Primeiro
Mundo, no século passado, e se estendeu, nas últimas décadas, por vários países do Terceiro
Mundo, inclusive o Brasil. No caso brasileiro, a partir do final dos anos 1960, houve uma
rápida e generalizada queda da fecundidade, havendo, conseqüentemente, um célere processo
de envelhecimento da população (Carvalho & Garcia, 2003).
Segundo Gordilho e colaboradores (2001), o processo de urbanização, iniciado na
década de 60 no Brasil, propiciou um maior acesso da população a serviços de saúde e
saneamento, contribuindo para a queda verificada na mortalidade, e também um maior acesso
2
Estudo interdisciplinar da mente e da inteligência, que inclui em seu escopo filosofia, psicologia, inteligência
artificial, neurociência, lingüística e antropologia (Thagard, 1998).
3
Parte da ciência cognitiva, que segundo Matlin (2004), procura responder às questões relativas à mente. Surgiu
nos anos 50, em um momento de transformações devido às mudanças de visão acerca da natureza da ciência e
porque o behaviorismo predominante tinha falhado em fornecer uma descrição adequada da cognição humana
(Eysenck & Keane, 1994).
24
a programas de planejamento familiar e a métodos anticoncepcionais, levando a uma
significativa redução da fecundidade. Junto a isso, conquistas tecnológicas da medicina
moderna favoreceram a adoção de medidas capazes de prevenir ou curar muitas doenças até
então fatais. O conjunto dessas medidas provocou uma queda da mortalidade infantil e,
consequentemente, um aumento da expectativa de vida ao nascer. No Brasil, em 1900, a
expectativa de vida ao nascer era de 33,7 anos; na década de 60 era de 55,9 anos. De 1960 a
1980 essa expectativa de vida ampliou-se para 63,4 anos. De 1980 ao ano 2000, o aumento
estimado se situa em torno de cinco anos, ocasião em que cada brasileiro, ao nascer, tem a
esperança de vida de 68 anos e meio.
A partir de 1960 o grupo com 60 anos ou mais foi o que mais cresceu
proporcionalmente no Brasil, enquanto a população jovem desacelerou seu processo de
crescimento, mais notadamente a partir de 1970. O grupo etário de 60 anos ou mais vem,
desde então, apresentando taxas de crescimento progressivamente mais altas e sempre muito
superiores às da população total e às da população jovem (Ramos, Veras & Kalache, 1987).
Em 2000, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos, havia 18,3 idosos de 65 anos ou
mais. Para os próximos 50 anos, a relação poderá ser de 100 para 105,6 (IBGE, 2004).
O envelhecimento da população é um fenômeno também alcançado através do
aumento da expectativa de vida, historicamente favorecido pelos Serviços de Saúde, pela
medicina científica e por interesses econômicos. Na medida em que a Revolução Vital (termo
referente à grande queda da mortalidade que se verificou nos países industrializados a partir
do século passado, e nos países não-desenvolvidos mais recentemente, sobretudo após a
Guerra Mundial) foi reduzindo a mortalidade, porém, a morbidade foi aumentando devido às
condições de vida na sociedade atual. Nesse sentido, o prolongamento da vida não está
necessariamente atrelado à saúde da população idosa, visto que as sociedades industriais
capitalistas fomentam um terreno propício para o desenvolvimento de enfermidades crônico-
degenerativas (Singer, Campos & Oliveira, 1978).
De acordo, Chaimowicz (1997) argumenta que o Estado não vem sendo capaz de
aplicar estratégias para a efetiva prevenção e tratamento das doenças crônico-degenerativas e
suas complicações. Em um contexto de importantes desigualdades regionais e sociais, idosos
não encontram amparo adequado no sistema público de saúde e previdência, acumulam
doenças, desenvolvem incapacidades, perdem autonomia e qualidade de vida.
Destaca-se que o conceito de qualidade de vida é amplo e complexo, estando
relacionado à auto-estima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a
capacidade funcional, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o
25
autocuidado, o estilo de vida, o ambiente em que se vive, dentre outros (Vecchia, Ruiz,
Bocchi & Corrente, 2005). Para Minayo, Hartz e Buss (2000), o termo abrange muitos
significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e
coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo,
portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural. Ainda segundo os
autores, qualidade de vida pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os
elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar.
Andrade (2001) argumenta que qualidade de vida reflete também a satisfação
harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém, estando associada aos fatores sociais,
biológicos e psicológicos, com forte influência da percepção subjetiva, da história e do
contexto na qual a pessoa está inserida. Reflete ainda a percepção de que as necessidades
estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas oportunidades de alcançar a
felicidade e a auto-realização (Pereira et al., 2006). Segundo Nahas (2003), qualidade de vida
é um constructo muito subjetivo de percepção individual, ou seja, ela difere de pessoa para
pessoa. No entanto, o seu conceito geral envolve: estado de saúde, longevidade, satisfação no
trabalho/estudo, perspectivas e oportunidades de um bom salário, emprego, lazer e até
espiritualidade.
Assis (1998) observa que os inúmeros problemas que afetam a qualidade de vida dos
idosos em um país subdesenvolvido demandam respostas urgentes em diversas áreas. Às
políticas públicas cabe garantir os direitos fundamentais (habitação, renda, alimentação) e
desenvolver ações voltadas às necessidades específicas da população idosa, como centros de
convivência, assistência especializada à saúde, centros-dia, serviços de apoio domiciliar ao
idoso, programa de medicamentos, universidades da terceira idade, entre outros. Segundo o
médico geriatra P.C.S. Borges (comunicação pessoal, 21 Maio, 2007) o envelhecimento pode
passar a representar um problema ao invés de uma conquista da sociedade, caso os anos de
vida ganhos não sejam vividos em condições de independência e saúde. Para Chaimowicz
(1997), inclusive maior destaque deve ser dado às questões da capacidade funcional
4
e
autonomia do idoso, e não tanto às questões de morbidade, pois são elas que se relacionam
diretamente à qualidade de vida, cabendo às metas da sociedade promover a saúde e o bem-
estar durante toda a vida do indivíduo. Concordando com a urgência de o Estado trabalhar
4
Para Cordeiro (2005), capacidade funcional é o grau de preservação da habilidade em executar de forma
autônoma e independente, as atividades básicas da vida diária (atividades de autocuidado) e atividades
instrumentais de vida diária (atividades mais complexas) dependentes de habilidades físicas e mentais.
26
para o bem-estar e qualidade de vida de seus idosos, Ramos (1987) destaca a necessidade de
planejamentos para as futuras gerações:
Chegaremos ao ano 2025 com uma população de cerca de 34 milhões de
pessoas acima de 60 anos, uma população maior do que a de qualquer Estado
brasileiro na atualidade. Essas pessoas serão as nascidas a partir de meados deste
século e que hoje encontram-se no apogeu de suas vidas produtivas, muitas em
posição de decisão sobre os rumos políticos e econômicos da nação. Cabe a essa
geração trabalhar para que se inicie um planejamento a curto, médio e longo prazos,
visando ao estabelecimento de uma política de bem-estar social e de cuidados à saúde
da população de idosos no Brasil (Ramos et al., 1987, p.223).
A institucionalização de idosos
Segundo o Decreto 1.948, de 03 de julho de 1996, artigo 3°, existem duas formas
distintas de atendimento aos idosos: a primeira, a modalidade asilar (atendimento, em regime
de internato, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência,
de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência
social), que rege a vida do mesmo por meio de normas específicas e o ampara civil e
socialmente; e a modalidade não-asilar (Centros de Convivência, Centros de Cuidados
Diurno, Hospitais-Dia, Casas-Lar e Oficinas Abrigadas de Trabalho), que se destina a atender
o idoso por determinado período do dia.
Devido ao caráter genérico da definição de asilo, outros termos surgiram para
denominar locais de assistência a idosos como, por exemplo, abrigo, lar, casa de repouso,
clínica geriátrica e ancionato. Atualmente, tem sido proposta a denominação de instituições de
longa permanência para idosos (ILPI), definindo-as como estabelecimentos para atendimento
integral a idosos, dependentes ou não, sem condições familiares ou domiciliares para a sua
permanência na comunidade de origem (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia,
2003). De acordo com Bruno, Marques e Silva (2006) as instituições de longa permanência
para idosos podem ser filantrópicas, privadas ou públicas, diferenciando no que diz respeito à
qualidade de vida dos idosos internos.
27
Conforme Toral, Gubert e Schmitz (2006), não existem dados oficiais quanto ao
número de idosos institucionalizados no Brasil. Born (1997), citado pelos mesmos autores,
mencionou que somente um estudo, datado de 1984, estimava que entre 0,6% e 1,3% da
população idosa brasileira se encontrava em instituições. De acordo com Yuaso e Almeida
(1997), estudos sugerem que entre 1985 a 2060 o número de idosos institucionalizados no
Brasil aumentará de 1,3 para 4,5 milhões, sendo a grande parte de idosos dependentes.
Os idosos residentes nas comunidades das principais capitais brasileiras apresentam
alta prevalência de fatores de risco para institucionalização: doenças crônico-degenerativas e
suas seqüelas, hospitalização recente e dependência para realizar atividades da vida diária
(Chaimowicz & Greco, 1999). Diversos motivos muitas vezes trazem o idoso para perto de
seus familiares que, nem sempre, podem exercer a função de cuidadores. Como alternativa,
aparece a institucionalização (Porcu et al., 2002).
Ferrari (1991) analisou alguns estudos realizados em asilos de São Paulo e observou
que as principais causas de asilamento são: desajustamento familiar (52,8%), desajustamento
social (28,2%), falta de recursos materiais (14,2%) e outras causas (4,5%). Já para Telles
Filho e Petrilli Filho (2002), dentre os principais motivos da admissão de idosos em asilos
estão a falta de respaldo familiar relacionado a dificuldades financeiras, distúrbios de
comportamento e precariedade nas condições de saúde. O idoso, visto como uma pessoa
improdutiva e ultrapassada, nem sempre é amparado pelos familiares, sendo obrigado a morar
em asilos ou albergues, forçado a viver isolado, na solidão, longe de parentes e amigos
(Davim, Torres, Dantas & Lima, 2004).
A internação dos idosos em serviços de longa permanência representa um modelo
excludente e causa uma importante deterioração na capacidade funcional e autonomia destes
(Silvestre & Neto, 2003). A situação das instituições asilares no Brasil, na sua maioria, não
propicia maior bem-estar, e, muitas vezes, o idoso acaba por perder sua individualidade e
junto com isto a possibilidade de novos projetos. O idoso institucionalizado é obrigado a se
adaptar a uma nova rotina, a dividir seu ambiente com estranhos e a ficar distante da família.
A individualidade e o poder de escolha são substituídos pelo sentimento de ser apenas mais
um dentro de outra coletividade (Porcu et al., 2002).
No Brasil, a situação familiar do idoso reflete o efeito cumulativo de eventos
socioeconômicos, demográficos e de saúde ao longo dos anos, demonstrando que o tamanho
da prole, as separações, o celibato, a mortalidade, a viuvez, os recasamentos e as migrações,
vão originando, no desenvolver das décadas, tipos de arranjos familiares e domésticos, onde o
morar sozinho, com parentes ou em asilos, pode ser o resultado desses desenlaces. Nesse
28
sentido, com a existência de vários fatores, tais como os demográficos, sociais e de saúde,
aumenta-se a demanda pela institucionalização. No Brasil, embora grande proporção de
idosos institucionalizados seja dependente por problemas físicos ou mentais, a miséria e o
abandono são os principais motivos da institucionalização (Davim et al., 2004).
Para os idosos, o processo de institucionalização pode ser encarado como perda de
liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte, além da ansiedade quanto à
condução do tratamento pelos funcionários. Contudo, muitas vezes a institucionalização
cumpre papel de abrigo para o idoso excluído da sociedade e da família, abandonado e sem
um lar fixo, podendo se tornar o único ponto de referência para uma vida e um
envelhecimento dignos (Freire Jr. & Tavares, 2005). Nesse cenário, como Davim e
colaboradores (2004) ressaltam, a permanência de um idoso em um asilo pode também ser
compreendida como uma escolha dentro de um contexto de vida de cada indivíduo.
Bruno e colaboradores (2006) verificaram em sua pesquisa que idosos de asilos estão
menos preocupados com o futuro que os idosos que participam de grupos de convivência. Os
institucionalizados, segundo os autores, têm poucas perspectivas, pois vêem o asilo como reta
final, relatam que o futuro é a morte, que não sairão de vivos, que o dia de amanhã se
igual ao de hoje, que é igual ao de ontem, ou seja, não têm com o que se preocupar. um
conformismo e uma aceitação do amanhã como ele for, até por estarem isolados da sociedade,
convivendo só com idosos num cotidiano de adoecer e morrer.
Em um estudo comparativo realizado por Porcu e demais pesquisadores (2002) sobre a
prevalência de sintomas depressivos em idosos hospitalizados, institucionalizados e residentes
na comunidade, observou-se que os idosos institucionalizados apresentaram escores mais
altos na Escala de Hamilton para a Avaliação de Depressão, condizentes com depressão grave
e muito grave. A menor prevalência de sintomas depressivos foi encontrada entre os idosos
residentes na comunidade. Para Rabelo e Neri (2005), à medida que a prevalência de muitas
condições crônicas aumenta com a idade, os idosos vão adquirindo risco de crescente estresse
psicológico e de um funcionamento psicológico fragilizado, o que demonstra que as doenças
crônicas e as incapacidades conseqüentes podem afetar significativamente o bem-estar dos
idosos.
Conforme Reilly e colaboradores (2006), todos os lares para idosos deveriam
desenvolver habilidades para o cuidado de pessoas com diferentes níveis de necessidades. Os
cuidados para uma pessoa idosa devem visar à manutenção de seu estado de saúde, com uma
expectativa de vida ativa máxima possível (Silvestre & Neto, 2003). Freire Jr. e Tavares
29
(2005) igualmente ressaltam a necessidade de se buscar estratégias que coloquem o idoso
como coadjuvante no processo de promoção e bem-estar de sua vida.
Sabe-se que os modelos de prevenção para a população idosa têm especificidades.
Segundo Caldas (1999), para adquirir uma mentalidade preventiva e promover
adequadamente a saúde do idoso é fundamental a evolução e disseminação do conhecimento
sobre o envelhecimento. É importante que, em qualquer faixa etária, todos saibam reconhecer
situações que ponham em risco a qualidade de vida no presente e no futuro, e como preveni-
las. A proposta para os que são idosos é a de promover a saúde por meio da manutenção ou
recuperação da autonomia e independência. Com isso, naturalmente, procurar-se-á postergar,
ao máximo, o início das doenças, pois estas, em sua imensa maioria, são crônicas, e depois de
instaladas são de difícil resolução e evolução lenta.
Importante mencionar que saúde e doença configuram processos compreendidos como
um continuum, relacionados aos aspectos econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e
estilos de vida (Seidl & Zannon, 2004). Nesse sentido, saúde não pode ser definida como a
simples ausência de doença. Para Minayo (1998) o conceito de saúde pode ser compreendido
como uma resultante de várias condições, dentre as quais estão alimentação, renda, meio
ambiente, trabalho, lazer, liberdade e acesso aos serviços de saúde, sendo o resultado das
formas de organização social da produção.
Dessa forma, o conceito de promoção de saúde deve ser compreendido como um
fenômeno social, requerendo ações intersetoriais, alianças interdisciplinares e participação da
comunidade. Conforme Czeresnia (2004), a promoção da saúde é referida por Leavell e
Clarck (1976) de maneira mais ampla que prevenção, pois se trata de medidas que não se
dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para melhorar a saúde e o bem-
estar gerais.
Silvestre e Neto (2003) apontam para o fato de que a Política Nacional de Saúde do
Idoso (PNSI) assume que o principal problema que pode afetar o idoso, como conseqüência
da evolução de suas enfermidades e de seu estilo de vida, é a perda das habilidades físicas e
mentais necessárias para a realização de suas atividades básicas e instrumentais da vida diária.
Todas as ações em saúde do idoso, como o previsto na PNSI, devem objetivar ao máximo
manter o idoso na comunidade, junto de sua família. Seu deslocamento para um serviço de
longa permanência, seja ele um hospital, asilo, casa de repouso ou similar, pode ser
considerada como alternativa, somente quando falharem todos os esforços anteriores.
De acordo com Estatuto do Idoso (Brasil, 2003), Lei n. º 10.741, de de outubro de
2003, é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao
30
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e a convivência familiar e comunitária. O art.49 do mesmo estatuto orienta que as
entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa permanência adotem os
seguintes princípios:
I - Preservação dos vínculos familiares;
II - Atendimento personalizado e em pequenos grupos;
III - Manutenção do idoso na mesma instituição salvo em caso de força maior;
IV - Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;
V - Observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI - Preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e
dignidade.
Para Telarolli Junior, Machado e Carvalho (1996), os asilos devem permanecer como
alternativa de exceção na assistência à terceira idade. Os autores alertam, entretanto, que o
futuro é preocupante, pois grande parte dos casais que já tiveram um número menor de filhos,
a partir da década de 60, quando se iniciou a redução da fecundidade no país, está entrando ou
encontra-se prestes a ingressar na terceira idade. Com isso, a tendência é que um número
menor de jovens seja sobrecarregado com a responsabilidade de cuidar de um número cada
vez maior de idosos, o que certamente contribuirá para levar ao colapso o atual modelo
assistencial centrado na família.
Embora os asilos constituam a modalidade mais antiga de atendimento ao idoso fora
do seu convívio familiar, possuem o inconveniente de favorecer seu isolamento e sua
inatividade física e mental, trazendo conseqüências negativas à sua qualidade de vida (Brito &
Ramos, 1996). Devido a essa realidade e à própria demanda crescente de ILPI no país, é
importante encontrar formas de promover o bem-estar e a saúde dos idosos que ali vivem,
com intervenções voltadas não somente às doenças e sintomas, mas também preocupadas com
o incremento da qualidade de vida. E nesse sentido, a prevenção de prejuízo cognitivo e a
manutenção da saúde cognitiva possuem papel chave para a qualidade de vida do idoso
institucionalizado.
O envelhecimento
O envelhecimento se configura nos processos de transformação do organismo que
ocorrem após a maturação sexual, traduzindo-se na diminuição gradual da probabilidade de
31
sobrevivência (Néri, 2001). Já a velhice, segundo Santos (2003), é a última fase do processo
de envelhecer humano, onde algumas modificações biológicas ocorrem, como as
morfológicas, reveladas por aparecimento de rugas, cabelos brancos e outras; as fisiológicas,
relacionadas às alterações das funções orgânicas; e as bioquímicas, diretamente ligadas às
transformações das reações químicas que se processam no organismo. A velhice traz também
modificações psicológicas, que ocorrem quando o idoso precisa se adaptar a cada situação
nova do seu cotidiano, e modificações sociais, que são verificadas quando as relações tornam-
se alteradas em função da diminuição da produtividade.
O envelhecimento implica maior incidência de doenças crônico-degenerativas, por sua
vez causadoras de demência
5
. Para Caramelli e Barbosa (2002) as quatro causas mais
freqüentes de demência são: doença de Alzheimer, demência vascular, demência com corpos
de Lewy e as demências frontotemporais. Segundo Almeida e Crocco (2000) a doença de
Alzheimer (DA) é a causa mais freqüente de demência e seu diagnóstico clínico está ligado à
existência de declínio em habilidades intelectuais como a memória, linguagem, percepção,
atividades motoras, abstração e planejamento. A DA acomete de 1% a pouco mais de 6% da
população a partir dos 65 anos, atingindo valores de prevalência superiores a 50% em
indivíduos com 95 anos ou mais (Lopes & Bottino, 2002). Vilela e Caramelli (2006)
comentam que a DA tem curso lentamente progressivo, com duração média de oito anos entre
o início dos sintomas e o óbito.
Entretanto, como Ramos (2003) aborda, nem todos os idosos portadores de doenças
crônicas ficam limitados por essas doenças, e muitos levam uma vida perfeitamente normal,
com as suas enfermidades controladas e expressa satisfação na vida. Na velhice, conforme o
mesmo autor, o conceito de saúde deve remeter à noção de autonomia, ou seja, a capacidade
do idoso em determinar e executar seus próprios desígnios.
Segundo Ramos e Lacomblez (2005), a abordagem científica do envelhecimento foi
evoluindo à medida que o corpo teórico também se desenvolveu. Nos anos 50, as teorias do
envelhecimento privilegiavam os aspectos biológicos, e, mais tarde, a partir dos anos 80, os
estudos sobre o envelhecimento passaram a seguir o novo paradigma emergente na psicologia,
situando-se no desenvolvimento da corrente da psicologia cognitiva e colocando a ênfase na
dimensão cognitiva do envelhecimento.
5
Síndrome crônica, cujas características principais são: declínio de memória, declínio intelectual ou de outras
funções cognitivas, mudanças no comportamento e personalidade, além de prejuízo no desempenho psico-social.
O grau de incapacidade aumenta com o avanço do déficit cognitivo e suas características implicam num
comprometimento importante na qualidade de vida da pessoa (American Psychiatric Association - APA, 1994).
32
Embasado pela Psicologia Cognitiva, este estudo privilegia o envelhecimento
cognitivo. Cognição é o termo empregado para descrever toda a esfera do funcionamento
mental. Esse domínio implica a habilidade de sentir, pensar, perceber, lembrar, raciocinar,
formar estruturas complexas de pensamento e a capacidade de produzir respostas às
solicitações e estímulos externos (Vieira & Koenig, 2002). Condizente com os objetivos
propostos no presente estudo, aborda-se a seguir primordialmente o envelhecimento cognitivo
saudável, ressaltando-se a memória de trabalho, processo cognitivo este medido na presente
pesquisa para verificação de efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas. A
depressão será posteriormente comentada por se tratar de um quadro de grande prevalência na
população idosa e também por ser uma variável medida na pesquisa.
O envelhecimento cognitivo
O que caracteriza o envelhecimento cerebral é, essencialmente, a atrofia de grupos
neuronais, redução da atividade sináptica, aumento da atividade glial
6
, diminuição de
determinados grupos de receptores e o acúmulo de produtos metabólicos (Franceschi et al.,
2000). No envelhecimento ocorre o aumento de radicais livres, o prejuízo no metabolismo
energético, a perturbação na homeostase do Ca
2+
intracelular, e processos inflamatórios,
estando o interesse atual sobre o envelhecimento cognitivo na delimitação dos fatores
genéticos (como o alelo 4 da apolipoprotreína E
7
que está associado ao risco para demências)
e ambientais (como atividade física, dieta e estímulo cognitivo) que modulam a atividade
celular e alteram as chances de degeneração neuronal (Verkhratsky, Mattson & Toescu,
2004).
Dentre as mudanças que nossos cérebros sofrem com o envelhecimento, alguns
autores incluem a diminuição da substância cinzenta
8
(Resnick, Pham, Kraut, Zonderman &
Davatzikos, 2003) e queda na densidade sináptica (Terry, 2000). Estudos de imageamento
cerebral têm documentado perda do volume cerebral com o aumento da idade. Isto é mais
proeminente no córtex pré-frontal
9
, mas está presente também em outras áreas (Raz et al.,
1997). Em comparação com sujeitos jovens, os idosos podem ter reduzidas atividades
6
As células da glia são responsáveis pela sustentação do sistema nervoso e pela formação dos circuitos
neuronais (Junqueira & Carneiro, 1990).
7
Possui função no metabolismo de lipídeos e no transporte de colesterol (Souza et al., 1998).
8
Áreas do sistema nervoso compostas predominantemente por corpos celulares. Produz ou recebe os estímulos
nervosos (Kolb & Whishaw, 2002).
9
Localizado na frente dos córtices motor e pré-motor, o córtex pré-frontal integra informações sensitivas
externas e internas e é responsável pelo planejamento e execução das ações motoras complexas (Kolb &
Whishaw, 2002).
33
cerebrais em regiões que são descobertas ativas nos jovens (Cabeza, Anderson, Houle,
Mangels & Nyberg, 2000). Não obstante, as pessoas idosas podem mostrar ativações
significativas de áreas que não são ativadas pelos sujeitos mais jovens (Reuter-Lorenz, 2002).
Observa-se assim, que o envelhecimento é um processo complexo, singular, em que o
prejuízo cognitivo não pode ser generalizado, pois experiências pessoais, tais como estilo de
vida, influenciam o modo como o idoso vivenciará a velhice.
Estilo de vida, de acordo com Andrade (2001), caracteriza-se pelas escolhas que cada
indivíduo faz no seu dia a dia, em sua vida, bem como pelas oportunidades sociais resultantes
de sua condição sócio-econômica, associadas ao hábito alimentar, ao consumo de drogas ou
não, ao nível de prática de atividade física regular, do tipo de trabalho e lazer. O estilo de vida
pode ser descrito como ativo (quando o indivíduo realiza alguma prática de atividade física
regular) ou sedentário (quando o indivíduo não realiza nenhuma prática de atividade física
regular com uma intensidade mínima que resulte na melhora de sua aptidão física relacionada
à saúde). Um estilo de vida saudável inclui a atividade física regular, bons hábitos
alimentares, sono adequado, controle de peso e baixo consumo de álcool e de tabaco
(Sharkey, 2001). Alguns fatores de risco associados às doenças coronárias e cerebrovasculares
estão intimamente relacionados aos hábitos de vida. De acordo com Paffembarger e Lee
(1996), mudanças na maneira de viver e a adoção de um estilo de vida mais ativo promovem
melhor saúde e longevidade.
Entretanto, em geral, adultos mais velhos possuem um desempenho menos acurado do
que adultos jovens em uma variedade de tarefas cognitivas, incluindo percepção, atenção e
tarefas de memória (Fergus, Craik & Salthouse, 2000). Idosos podem experienciar limitações
nas habilidades de compreender e lembrar informações, e dificuldades com a aquisição e
recuperação de nova informação (Zacks, Hasher & Li, 2000). No que se refere à compreensão
de textos, por exemplo, os idosos, em certas condições, parecem não compreender textos tão
bem como os mais jovens o fazem (Finucane et al., 2002).
Para Zec (1995) as áreas do funcionamento cognitivo mais afetadas na velhice são a
memória de trabalho, a localização espacial, a atenção seletiva e a velocidade de
processamento de informações, o que reflete em um pior tempo de reação por parte do idoso.
O tempo de reação é o intervalo de tempo que decorre entre apresentação de um estímulo não-
antecipado até o início da resposta de um indivíduo, sendo um indicador da velocidade de
processamento de informação (Schmidt & Wrisberg, 2001). Conforme Charchat, Nitrini,
Caramelli e Sameshima (2001), em pacientes nos estágios iniciais da doença de Alzheimer,
esse tempo é maior. Os mesmos autores levantam a hipótese de que o tempo de reação seja
34
subjacente a todas as funções cognitivas, pois representaria a velocidade com que as
informações são processadas pelo sistema nervoso central independente da acurácia deste
processamento. De acordo com Shephard (2003), além do declínio no tempo de reação, o
idoso também apresenta uma certa desaceleração do tempo de movimento por causa de
fatores como a rigidez de articulações e a perda de força muscular.
Glady e Craik (2000) ressaltam que quando uma tarefa de memória está combinada
com uma tarefa de tempo de reação, o desempenho na tarefa de memória reduz tanto em
jovens como adultos mais velhos, entretanto, o tempo de reação aumenta entre os mais velhos.
Shephard (2003) supõe que a diminuição no mero e tamanho dos neurônios, a diminuição
na velocidade de condução nervosa e no fluxo sangüíneo cerebral, e aumento do tecido
conectivo nos neurônios que possivelmente acontecem nos idosos, proporcionam menor
tempo de reação. Entretanto, se sabe que exercícios físicos, por exemplo, podem melhorar,
além do balanço, da força muscular e da coordenação, o tempo de reação de indivíduos idosos
(Lord & Fitzpatrick, 2001; Davidson, 2003; Goodlin, 2005).
No envelhecimento cognitivo normal, as habilidades cognitivas tendem a declinar
mais lentamente e em menor grau do que as habilidades físicas. Mesmo assim, algum nível de
prejuízo cognitivo é esperado enquanto o envelhecer progride, comparado aos níveis de
desempenho em idades mais novas (Erickson & Barnes, 2003). Todavia, enquanto alguns
adultos mais velhos mostram déficits cognitivos pronunciados, outros possuem um
desempenho similar a jovens adultos em determinadas tarefas (Christensen et al., 1999).
Fatores educacionais, de saúde e de personalidade, bem como do nível intelectual global e
capacidades mentais específicas do indivíduo podem contribuir para o declínio gradual das
funções cognitivas na velhice (Canineu & Bastos, 2002).
De acordo com Barzilai, Atzmon, Derby, Bauman e Lipton (2006), uma variação
genética associada à longevidade também parece estar ligada à preservação da memória e da
capacidade intelectual em idosos. Os pesquisadores descobriram que indivíduos que possuem
o tal gene possuem duas vezes mais chances de ter uma boa saúde cerebral do que aqueles que
não o possuem. Para Kieling, Schuh, Gonçalves e Chaves (2006), apesar das muitas teorias
propostas para se explicar o envelhecimento, parece não haver, até o momento, um acordo em
relação à melhor explicação para o fenômeno.
35
Memória
A hipótese de que existe uma deterioração da memória na velhice tem sido confirmada
(Fergus et al., 2000), e parece que, dentre os sistemas de memória, a memória de trabalho
parece ser a responsável pela redução significativa no desempenho em tarefas cognitivas
associada ao envelhecimento (Salthouse, 1994).
O conceito de memória de trabalho inicialmente proposto por Atkinson e Schiffrin
(1968) é tido atualmente como um componente central na cognição humana e assume
fundamentalmente as funções de armazenamento temporário de informação, com capacidade
limitada. Segundo Matlin (2004), Baddeley e colaboradores foram os primeiros a utilizar a
nomeação de “memória de trabalho” no lugar de memória de curto prazo, ressaltando que sua
função principal seria a de reter várias informações inter-relacionadas ao mesmo tempo, de
modo que possam ser manuseadas e processadas. A memória de trabalho, segundo a
abordagem de Baddeley, é um sistema tripartido, dividido (para efeitos de estudo) em circuito
fonológico, bloco de esboço visuoespacial e executivo central, que conserva e manipula
temporariamente as informações enquanto se executam tarefas cognitivas. Mais recentemente
(Baddeley, 2000), menciona-se um quarto componente da memória de trabalho armazém
[buffer] episódico que seria uma interface entre os três restantes e os registros de memória
de longo termo.
Diferentemente da memória de curto prazo em que os sujeitos apenas armazenam a
informação em um breve período de tempo, a memória de trabalho, de acordo com Colom e
Flores-Mendonza (2001), representa um sistema de memória em que os sujeitos armazenam
transitoriamente a informação e a submetem a um trabalho de processamento. Para Engle,
Tuholski, Laughlin e Conway (1999), a memória de trabalho deve reter uma informação
durante o seu processamento. Além disso, ela ajuda na lembrança de informações visuais e
espaciais, coordena as atividades cognitivas, planeja estratégias, é de curta duração e imediata
(Matlin, 2004).
A memória de trabalho está dentre as áreas do funcionamento cognitivo mais afetadas
na velhice (Zec, 1995). O envelhecimento normal comumente é acompanhado da diminuição
na velocidade de processamento de informação e de um declínio nas habilidades de memória
(McEvoy, Pellouchoud, Smith & Gevins, 2001). Idosos demonstram uma diminuição na
capacidade para reter informações e uma diminuição na habilidade para manipular as
informações retidas, o que demonstra que a habilidade da memória de trabalho é afetada com
36
o avanço da idade. Em geral, adultos mais velhos possuem menor capacidade de memória de
trabalho do que adultos jovens (Verhaeghen, Marcoen, & Goosens, 1993).
O envelhecimento normal também é acompanhado de um declínio nas habilidades de
atenção
10
(McEvoy et al., 2001). Conforme McDowd e Shaw (2000), os lapsos de atenção
podem ser a causa das queixas de falta de memória entre idosos, pois existe uma dificuldade
dos idosos em focalizar a atenção e inibir informações irrelevantes. Nesse sentido, supõe-se
que falhas na memória de trabalho também possam ser derivadas de lapsos de atenção, pois
não focando a atenção, o idoso pode ser incapaz de guardar a informação. Para McDowd e
Fillon (1992) a habilidade de ignorar estímulos irrelevantes parece diminuir com o avanço da
idade.
A percentagem média de evocações dos últimos itens de uma lista de palavras ou
números pode ser significativamente diferente conforme a idade do sujeito. Salthouse (1980)
obteve diferenças significativamente inferiores no grupo de idosos em termos de média de
evocações dos últimos quatro itens de uma lista de 12 palavras. Pinto (1990) verificou
também que a média de evocações dos últimos quatro itens de uma lista de 16 palavras era
significativamente inferior no grupo de idosos em relação ao grupo de jovens.
Swanson (1999) ressalta que os idosos encontram dificuldades na memória de trabalho
quando é preciso reter alguma informação, enquanto o material é processado ou manipulado.
Entretanto, apesar de a habilidade da memória de trabalho ser deteriorada com o avanço da
idade, as pessoas idosas mantêm a habilidade para adquirirem novas informações e estratégias
(Cavallini, Pagnin & Vecchi, 2003).
Vale mencionar que idosos normais apresentam também prejuízo na memória espacial
comparados com os mais jovens (Erickson & Barnes, 2003). Porém, há certos tipos de
memória que parecem não declinar durante o envelhecimento normal. Por exemplo, idosos
normais não esquecem como escrever, dirigir um carro ou como fazer uma xícara de chá
(funções da memória implícita
11
e de procedimento são, nesse sentido, menos prejudicadas
com o envelhecimento), e o vocabulário parece aumentar com o decorrer da vida. Estudos
10
A atenção é um mecanismo que consiste na estimulação da percepção seletiva e dirigida, direcionando nossa
vigília para as informações que são captadas pelos nossos sentidos (Samulski, 2002). Gould e Damarjian (2000)
afirmam que a atenção envolve a seleção do estímulo relevante, a mudança do foco de atenção conforme a
necessidade e a habilidade de manter a atenção e concentrar-se, ficando atento a um estímulo por um
determinado período.
11
Para Kolb e Whishaw (2002) a memória implícita é responsável pela formação de hábitos, não estando
acessível à consciência, e a memória de procedimento se refere à capacidade de se memorizar como se realizam
determinadas tarefas motoras.
37
mostram (Matlin, 2004) que a memória de longo prazo
12
declina lentamente ou não declina à
medida que as pessoas envelhecem.
No que se refere a funções tais como a memória episódica (que armazena eventos ou
conhecimentos), estudos utilizando PET
13
e MRI funcional
14
a partir de tarefas cognitivas
descobriram que essas estão associadas com ativações proeminentes no córtex pré-frontal
(Cabeza & Nyberg, 2000; Fletcher & Henson, 2001). Essas ativações no córtex pré-frontal
são algumas vezes lateralizadas (concentrando-se em um dos hemisférios), possivelmente
refletindo a natureza dos processos e/ou os estímulos envolvidos. Os resultados de uma
pesquisa de Cabeza, Anderson, Locantore e McIntosh (2002) também mostram que a
atividade do córtex pré-frontal durante uma atividade de busca na memória se concentra no
hemisfério direito entre participantes jovens com bom desempenho e entre adultos com
desempenho inferior em testes de memória, mas é bilateral nos adultos mais velhos com
melhor desempenho nos testes.
Para Cabeza e colaboradores (1997) e Cabeza (2002), aumentando a bilateralidade em
adultos mais velhos pode-se ajudá-los a neutralizar a associação entre idade e déficits
cognitivos. Consistente com essa hipótese, num estudo de Cao, Vikingstad, Paige George,
Johnson e Welch (1999) e num estudo com PET de Reuter-Lorenz e colaboradores (2000),
adultos mais velhos que possuíam um modelo bilateral da atividade do córtex pré-frontal
foram mais rápidos em uma tarefa de memória de trabalho verbal do que aqueles que não
possuíam tal padrão bilateral de atividade.
Outro aspecto que merece atenção no envelhecimento é a metamemória. Segundo
Yassuda, Lasca e Neri (2005), metamemória inclui o conhecimento sobre os processos da
memória, o monitoramento da memória, sentimentos e emoções sobre a memória; e auto-
eficácia
15
para memória. West e Yassuda (2004) descobriram que tanto jovens como adultos
mais velhos que relatam menos controle sobre suas memórias possuem um menor
desempenho em tarefas de memória.
De acordo com Mecacci e Righi (2006) os idosos reclamam ter preocupações notáveis
sobre suas próprias habilidades cognitivas, todavia, parecem não ser capazes de recordar os
lapsos cognitivos que parecem ocorrer com mais freqüência com o avanço da idade. Como
12
A memória de longo prazo é a memória que possui capacidade praticamente ilimitada de guardar informações,
guardando experiências e informações que acumulamos durante toda a vida (Kolb & Whishaw, 2002).
13
Scan de tomografia por emissão de sitrons que mensura o fluxo sanguíneo no interior de regiões do cérebro
a fim de obter um quadro da atividade cerebral (Matlin, 2004).
14
Ressonância magnética funcional que mede a quantidade de oxigênio no sangue que vai para diversas áreas
cerebrais (Matlin, 2004).
15
De acordo Yassuda e colaboradores (2005), o conceito da auto-eficácia para Bandura (1997) se refere à
avaliação que um indivíduo faz de sua habilidade de realizar uma tarefa dentro de um certo domínio.
38
Wilson, Evans, Emslie e Malinek (1997) apontam, várias estratégias são empregadas para
aliviar ou compensar problemas de memória. Estas incluem adaptações ambientais, exercícios
e jogos de memória, dentre outras. Pessoas com prejuízos na memória têm problemas com
ajuda compensatória porque esquecem de usá-las; são incapazes de programá-las; utilizam-
nas de maneira não sistemática; ou sentem-se frequentemente embaraçados por ela. Nesse
sentido, intervenções que ensinem idosos a utilizar estratégias de memória são muito
importantes, pois diminuem o sofrimento ocasionado pelos esquecimentos eventuais.
Apesar de a memória ser uma área de estudo bastante controvertida, face às diferenças
teóricas entre os diferentes pesquisadores e a existência de uma ampla extensão de termos
diferentes utilizados para indicar conceitos similares, os estudos e as pesquisas sugerem
orientações, técnicas e estratégias possíveis para se melhorar os problemas de memória
(Ferrari, 1995).
Depressão
Segundo Laks (1998), a depressão está entre os diagnósticos mais frequentemente
encontrados nos serviços de Psiquiatria destinados ao atendimento da população idosa.
Conforme classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM-
IV (APA, 1994), pode-se diagnosticar uma depressão maior quando ocorrem
ininterruptamente durante pelo menos duas semanas, cinco dos nove seguintes sintomas: 1)
humor depressivo acompanhado de grande tristeza, isolamento e vazio interior; 2) perda
anormal de interesse e prazer; 3) distúrbios do apetite com conseqüentes alterações de peso;
4) distúrbios no sono; 5) distúrbios na atividade motora; 6) fadiga anormal ou perda de
energia; 7) culpa excessiva e inapropriada; 8) fraca concentração e grande indecisão; 9)
pensamentos mórbidos e suicidas (sendo que, pelo menos um dos sintomas é: humor
depressivo ou perda anormal de interesse e prazer).
De acordo com Bahls (1999), as principais teorias relativas à base biológica da
depressão situam-se nos estudos sobre neurotransmissores cerebrais e seus receptores, embora
outras áreas também estejam sob investigação. Algumas considerações neuroanatômicas e
neurofisiológicas acerca da depressão também são tecidas. Encontra-se em pacientes com
depressão maior, por exemplo, redução de volume e hipometabolismo nos lobos frontais,
gânglios da base e estruturas mediais e temporais do cérebro, envolvendo essencialmente
conexões entre os gânglios da base, os lobos frontais e o sistema límbico. Postula-se que: a) a
39
disfunção no sistema límbico
16
seja responsável pelas emoções alteradas; b) a disfunção nos
gânglios da base
17
envolva as alterações motoras; c) a disfunção no córtex pré-frontal
anterolateral esquerdo responda pelo prejuízo cognitivo; e d) a disfunção hipotalâmica
18
seja a
causa das alterações de sono, apetite, comportamento sexual, endocrinológicas e imunológicas
na depressão.
também o modelo cognitivo da depressão, que conforme coloca Rangé (2001),
envolve três pressupostos conceituais: a tríade cognitiva, os esquemas e modos
depressogênicos, e os pensamentos automáticos e processamento falho das informações. Com
a tríade cognitiva, observa-se que o indivíduo deprimido tem uma visão negativa de si
mesmo, do mundo à sua volta e do seu futuro. Através dos esquemas e modos
depressogênicos, constata-se que as conceituações sobre as situações do deprimido são
distorcidas para conformarem-se aos esquemas disfuncionais predominantes, que por sua vez,
seguem um padrão de modo negativo, gerando assim pensamentos negativistas,
perseverativos e ruminativos. A ativação de um modo negativista, por sua vez, gera a ativação
de esquemas depressogênicos, que disparam pensamentos automáticos negativos, com erros
de interpretação dos fatos, preservando as crenças disfuncionais do deprimido na validade de
seus conceitos negativistas. Os sintomas da depressão são conseqüências da ativação dos
padrões negativistas da tríade, dos esquemas e modos e dos pensamentos automáticos.
Segundo Beck, Rusch, Shaw e Emery (1997), os esquemas disfuncionais tornam-se ativados
quando a depressão é precipitada, seja por estresse psicológico, desequilíbrio bioquímico,
estimulação hipotalâmica, ou outro agente.
Seligman (1977), com sua teoria do desamparo aprendido, colabora com os conceitos
cognitivistas através da compreensão de que o aprendizado da impotência perante os
acontecimentos, que se estabelece em determinadas pessoas no início da vida, é responsável
pela representação cognitiva de fracasso existente nos pacientes deprimidos. De acordo com a
teoria do desamparo aprendido, ao se analisar o repertório comportamental da pessoa
deprimida, pode-se observar que este apresenta uma baixa freqüência de respostas,
principalmente daquelas que gerariam reforçadores. Por acontecerem mudanças no ambiente,
a pessoa pode não receber mais reforçamento para respostas que antes produziam tais
16
Consiste em estruturas situadas entre o neocórtex e o tronco encefálico, formando um sistema que controla o
comportamento afetivo e certas formas de memória. Inclui o córtex cingulado e o hipocampo (Kolb & Whishaw,
2002).
17
Grupo de estruturas no prosencéfalo localizado abaixo do neocórtex. Coordenam os movimentos dos membros
e do corpo (Kolb & Whishaw, 2002).
18
De acordo, também, com Kolb e Whishaw (2002), o hipotálamo é uma parte do diencéfalo que contém muitos
núcleos associados à regulação da temperatura, à fome, à sede e ao comportamento sexual.
40
reforçamentos. Além disso, uma falta de controle adequado sobre as condições aversivas.
Segundo esse modelo, o indivíduo aprende que seus comportamentos não levam a nada, e,
portanto não os emite, pois percebe que não tem controle sobre seus reforçadores e nem sobre
os estímulos aversivos. O indivíduo deprimido aprende que seu ambiente mudou e que devido
a isso não receberá os reforçadores que antes recebia, logo, deixa de emitir tais
comportamentos. Emitindo uma gama menor de comportamentos, receberá menos
gratificações, o que forma um círculo vicioso no comportamento de depreciar-se.
A noção de desamparo aprendido pode, em parte, explicar a situação de depressão de
muitos idosos institucionalizados. Supõe-se que o idoso, no momento em que é
institucionalizado, deixa para trás além de sua casa, familiares, amigos, vizinhos e atividades
prazerosas que costumava se envolver. Além disso, geralmente perdeu entes queridos,
como marido ou esposa. Ou seja, tudo aquilo que antes lhe conferia bem-estar, entendidos
como reforçadores de suas respostas, parecem não existir mais. O que antes trazia alegria,
escuta, carinho, ou simplesmente companhia, agora não acontece mais. Quando percebe que,
estando institucionalizado, não tem controle sobre seus reforçadores, o idoso pode entrar em
estado de desamparo aprendido, passando a ter sintomas depressivos. O idoso percebe que
nada do que fizer ali na instituição fará com que ele volte a ter todo o prazer que antes sentia,
quando estava ao lado de seus familiares, amigos, vizinhos, e mesmo realizando as atividades
que antes costumava fazer. E nesse sentido, passa a emitir uma gama menor de
comportamentos, pois aprende que nada do que fizer ali fará com que ele volte a ter tudo
aquilo que tinha antes. E assim, o idoso pode acabar por ficar apático, sem vontade de agir,
reagir. Fica desmotivado, o que lhe traz ainda, menos contato social e menos reforçamentos.
Tal situação pode explicar o porquê de muitos idosos institucionalizados não terem motivação
suficiente para se engajarem em atividades de estimulação, quando estas lhe são oferecidas.
O desamparo aprendido caracteriza os casos primordiais da depressão, onde o
indivíduo se mostra lento para dar início a respostas, acredita estar impotente e sem
esperança, e seu futuro através de um pessimismo. A origem da depressão, portanto, está
na crença de que toda a ação é inútil. De acordo com Seligman (1977), o objetivo principal na
terapia da depressão e desamparo aprendido seria o de expor a pessoa às contingências, ou
seja, fazer com que ela volte a experimentar que suas respostas produzem reforço. O
deprimido necessita retomar a controlabilidade e previsibilidade sobre as respostas e suas
conseqüências. Nesse contexto, estratégias que envolvem assumir controle podem atenuar
depressões leves. É importante que intervenções atuem na restauração do senso de eficácia do
indivíduo deprimido. A depressão pode ser tratada, entre outras coisas, com a recomendação
41
de prática de exercícios físicos, pois eles caracterizariam experiências de controle sobre o
responder e os reforços, além de favorecem a produção de endorfinas (morfinas endógenas),
substâncias produzidas pela hipófise que diminuem a sensação de dor e provocam felicidade e
euforia. Uma alimentação adequada, número adequado de horas de sono, recuperação de
hábitos básicos de higiene e engajamento em atividades sociais também podem ser úteis no
tratamento da depressão. O indivíduo precisa descobrir que através de suas ações pode obter
uma vida saudável e feliz.
Destaca-se, entretanto, que as teorias mais recentes ligam a depressão a alterações
fisiológicas no funcionamento do eixo Hipotálamo-Hipófise-Supra-Renal e na
neurotransmissão serotoninérgica (Saraiva, Fortunato & Gavina, 2005). Os depressivos
possuem concentrações elevadas de cortisol, considerado o hormônio do estresse. Por sua vez,
McLullich e colaboradores (2005) descobriram que altos níveis de cortisol estão associados
com pior desempenho cognitivo de idosos. Por esta razão, acredita-se que declínios cognitivos
possam ser acelerados pela ocorrência de depressão (Shephard, 2003), dada a sua relação com
aumento dos níveis de cortisol. Muitos idosos com declínio cognitivo sofrem de humor
depressivo, que afeta negativamente as atividades da rotina diária e a qualidade de vida,
agravando ainda mais o prejuízo cognitivo (Okumiya et al., 2005).
Para Tuma (2000), a depressão causa mudanças no humor, nos comportamentos e nas
atividades da vida diária, é muitas vezes associada a comorbidades médicas e com freqüência
é caracterizada como um problema crônico e recorrente nos idosos. Alguns estudos, como o
de Wang, Snyder e Kaas (2001), destacam que grande prevalência de depressão e
ansiedade entre os idosos, e que estes apresentam um número significativo de comorbidades
associadas, sendo que uma das principais é o prejuízo cognitivo.
Alexopoulos, Kiosses e Klimstra (2002) alertam que a prevalência de sintomas
depressivos em indivíduos idosos americanos que vivem na comunidade é de 22%, sendo que
em idosos institucionalizados este número tende a aumentar. Porcu e colaboradores (2002)
também verificaram na realidade brasileira que os idosos institucionalizados apresentam
maiores escores depressivos, condizentes com depressão grave e muito grave, comparados
com idosos não institucionalizados. Gazalle, Lima, Tavares e Hallal (2004) ressaltam para o
fato de que na população idosa os quadros depressivos têm características clínicas peculiares.
Nessa faixa etária uma diminuição da resposta emocional, acarretando um predomínio de
sintomas como diminuição do sono, perda de prazer nas atividades habituais, ruminações
sobre o passado e perda de energia. Segundo Ávila e Bottino (2006), em relação às alterações
da cognição de idosos deprimidos, muitos estudos concordam que esta população apresenta
42
desempenho rebaixado em testes de memória, mas são as funções executivas que apresentam
maior comprometimento, seguidas de déficits atencionais e queda na velocidade de
processamento.
Entre as principais características associadas à depressão no idoso, estão as variáveis
demográficas, como por exemplo, idade avançada e ser do sexo feminino (Ramos et al.,
1998). Condições de saúde, como o declínio do estado funcional, doenças crônicas e prejuízo
cognitivo (Penninx, Deeg, Eijk, Beekman & Guralnik, 2000) além das condições sociais
precárias (Mann, 2001) também parecem estar associadas à depressão no idoso. Esta tem sido
também associada à qualidade de vida (Xavier et al., 2002). Papaléo-Netto e Ponte (1996)
indicam que a depressão provoca no idoso uma deterioração do estado geral de saúde e um
declínio significativo na sua qualidade de vida, sendo uma das principais origens da perda da
capacidade de realizar as atividades diárias.
Atualmente, de acordo com Drewnowski e colaboradores (2003), muito mais
importante que o envelhecimento cronologicamente determinado é o envelhecimento bem
sucedido, definido como a manutenção do funcionamento físico e mental e do envolvimento
com as atividades sociais e de relacionamento. Algumas recomendações visando alcançar este
objetivo incluem orientações sobre dieta e a prática de atividade física e cognitiva visando à
melhora da qualidade de vida.
Assim, analisando-se os aspectos cognitivos mais afetados na velhice, como a
memória de trabalho, e verificando-se a prevalência de depressão entre os idosos e a sua
relação com o declínio cognitivo, destaca-se a necessidade da criação e avaliação de
intervenções que aumentem a qualidade de vida e diminuam a incidência de prejuízo
cognitivo, principalmente entre idosos institucionalizados, dada sua maior prevalência de
sintomas depressivos e sua evidente menor qualidade de vida.
Estimulação: a interação entre cérebro e ambiente
A década de 90 foi denominada como a “década do cérebro”, em virtude da ênfase na
investigação da estrutura, função e desenvolvimento do sistema nervoso central. No entanto,
as interpretações reducionistas dos resultados (relacionados ao determinismo neurogenético)
se mostraram prejudiciais (El-Hani et al., 1997). O século XX retomou o debate entre instinto
versus aprendizado argumentado entre etologistas e behavioristas, e com a controvérsia,
perdia-se de vista a possibilidade de ser o comportamento a um tempo produto da biologia
e da cultura, do processo evolutivo e do aprendizado social. Atualmente, o progresso da
43
genética e da neurobiologia tem lidado com a síntese moderna de que o desenvolvimento
neural e o comportamento resultam da ação interdependente tanto do hereditário, como do
ambiente (Wyman, 2005).
O questionamento antigo sobre a interação entre cérebro e ambiente, apesar de
superado nas ciências cognitivas, parece voltar à cena quando se questiona a estimulação em
indivíduos idosos. Enquanto a abordagem behaviorista (behaviorismo metodológico) se
concentra apenas em reações objetivas e observáveis, enfatizando os estímulos ambientais na
determinação do comportamento, a abordagem cognitiva enfatiza as estruturas e processos
mentais. Sabe-se, entretanto, que os processos cognitivos são ativos e não passivos, e que são
inter-relacionados, ou seja, não operam isoladamente (Matlin, 2004).
A partir da aceitação do princípio de que a cultura e a evolução cultural podem afetar o
desenvolvimento cognitivo, é possível levar em conta a plasticidade de que os idosos
mostram ser capazes, tais como adaptação a novas situações que a vida lhes oferece e
a possibilidade de pensar em estratégias que sirvam de fatores protetores em seu
desenvolvimento cognitivo (Argimon & Stein, 2005, p.70).
Assim, é razoável pensarmos que dentro de um projeto de estimulação cognitiva e
física ocorram alterações nas funções cognitivas, tais como atenção e memória de trabalho,
em cérebros em franco processo de envelhecimento. Se corpo e cérebro interagem
intensamente entre si, o organismo que eles formam interage de forma não menos intensa com
o ambiente que o rodeia (Damásio, 1996).
A plasticidade cerebral se refere às alterações vitalícias na estrutura do cérebro que
acompanham a experiência. Esse termo sugere que o cérebro é maleável, e pode ser moldado
em diferentes formas, em nível microscópico. Os cérebros, expostos a diferentes experiências
ambientais, são moldados de forma diferente. Quase não dúvida de que o cérebro dos
adultos é influenciado pela exposição a novos ambientes e experiências (Kolb & Whishaw,
2002).
Salthouse (2006) fez um apanhado de pesquisas que buscam validar a “hipótese do
exercício-mental”, ou seja, de que a taxa de declínio cognitivo associado à idade será menos
pronunciada em pessoas que são mentalmente ativas. Segundo o pesquisador, existe uma
variabilidade substancial no desempenho cognitivo entre indivíduos de todas as idades,
possivelmente explicada pelos fatores associados a um estilo de vida, como o nível de
participação em atividades de estimulação mental. Entretanto, muitos dos resultados de
44
pesquisas relativas à estimulação cognitiva e física em idosos são derivados de dados não
estatisticamente significativos. Dessa forma, ainda se questiona como ocorre a influência do
estímulo ambiental nos processos cognitivos dos idosos.
Ainda assim, é notório que dois indivíduos possam diferir drasticamente no seu
desempenho intelectual, dependendo do meio social no qual cresceram (Van Schaik, 2006).
Apesar de não se saber ao certo os efeitos do exercício mental, um estilo de vida que seja
intelectualmente engajado, fisicamente e socialmente ativo, tende, a pelo menos, aumentar a
qualidade de vida do indivíduo (Salthouse, 2006). O estilo de vida das pessoas está
relacionado à qualidade de vida em geral e pressupõe-se que o indivíduo terá mais saúde e
bem estar quanto mais equilibrar seu estilo de vida (Andrade, 2001).
Para Nahas (2003) existem sólidas evidências de que o estilo de vida individual, que é
um conjunto de crenças, valores e atitudes que se refletem nos hábitos cotidianos, ou seja, no
padrão de comportamento, apresenta um elevado impacto sobre a saúde, em geral,
determinando para a grande maioria das pessoas, o quão doentes ou saudáveis serão a médio e
longo prazos. Em síntese, é em face do estilo de vida individual com seus comportamentos
relacionados a saúde que surgirão os reflexos positivos ou negativos na qualidade de vida
atual e na velhice. Porém, diante dos mais diferentes graus de desequilíbrios e contrastes
socioeconômicos em que se vive nos dias de hoje, pode-se admitir que ainda as pessoas estão
longe de um estilo de vida ideal.
Plasticidade do cérebro idoso
De acordo com Yassuda, Batistoni, Fortes e Neri (2006), o estudo sobre a plasticidade
cognitiva revela-se um campo fértil para a pesquisa básica, considerando que gera
informações essenciais a respeito do envelhecimento humano. Para Holderbaum, Rinaldi,
Brandão e Parente (2006), o envelhecimento normal está associado com a redução da
plasticidade cerebral, mas não com sua perda completa. Estudos com animais (Tanapat,
Hastings, Reeves & Gould, 1999; Van Praag, Christie, Sejnowski & Gage, 1999) mostram
que novas células nervosas podem continuar a crescer mesmo na fase adulta. Nesses estudos,
ambientes estimulantes, estrogênio e exercício aeróbico parecem aumentar a produção do
crescimento de células nervosas no cérebro. Para Erickson e Barnes (2003), a concepção de
que há perda da substância neuronal com a idade é errônea e vem do fato de que os neurônios
morrem como conseqüência de processos degenerativos e da doença de Alzheimer. Ou seja,
45
os neurônios não morrem em larga escala no envelhecimento saudável, e parecem continuar a
se regenerar bem na fase adulta.
O declínio cognitivo, dessa forma, parece não ser uma função inevitável da idade,
como é mostrado pelo número de pessoas que mantêm a vitalidade cognitiva mesmo depois
dos 100 anos de idade (Silver et al., 2001). Recentes pesquisas sobre o envelhecimento estão
mostrando o impacto do exercício na cognição e na prevenção de declínio cognitivo. Estas
pesquisas acabam por abrir um novo leque de possibilidades que permitem às pessoas manter
a vitalidade cognitiva enquanto elas envelhecem (Butler et al., 2004). Para a eficácia
cognitiva continuar com o avanço da idade, mais suporte cognitivo e treinamentos são
necessários (Baltes, Staudinger & Lindenberger, 1999).
A estimulação em idosos
Dados epidemiológicos sugerem que maior nível educacional, ocupação (Stern et al.,
1994), e mais engajamento ativo nas atividades intelectuais, sociais e físicas (Scarmeas et al.,
2001; Wilson et al., 2002) estão associados com menor risco para a incidência de demência.
Indivíduos com maiores níveis de habilidade intelectual, educação e status socioeconômico
são mais propensos a desenvolver um estilo de vida mais engajado, o que contribui para a
manutenção da inteligência verbal mais tarde na vida (Gold et al., 1995). Instrução baixa, por
sua vez, está associada com saúde e funções debilitadas nos sujeitos mais velhos e com uma
taxa mais rápida do declínio cognitivo (Nguyen, Black, Ray, Espino & Markides, 2002).
Pacientes com Alzheimer com um estilo de vida mais engajado podem manter ficits
clínicos similares com pacientes que possuem Alzheimer e que têm um estilo de vida não
engajado, apesar de possuírem uma patologia mais severa no cérebro como avaliado por PET
scans (Scarmeas et al., 2003). Lima (2007), num estudo quase-experimental brasileiro,
analisou os efeitos do treino de memória e da atividade física no comportamento, humor,
funcionalidade e memória de oito portadores da Doença de Alzheimer e verificou que houve
benefício em ambas as atividades, sendo a atividade física mais eficaz na melhora do humor e
o treino de memória mais eficaz na recordação imediata.
Plati, Covre, Lukasova e Macedo (2006), num dos outros poucos estudos brasileiros,
aplicaram vários instrumentos, dentre eles a Escala de Depressão Geriátrica, o Mini-Exame
do Estado Mental, e as versões computadorizadas do Teste Hooper de Organização Visual
(testa a capacidade de ntese mental de fragmentos de figuras) e do teste de Nomeação de
Boston (avalia a capacidade de nomeação através de confronto visual), em 120 idosos, com o
46
objetivo de avaliar a freqüência de sintomas depressivos e o desempenho cognitivo entre
idosos não institucionalizados, institucionalizados que realizavam atividades (tais como
terapia ocupacional, jogos, arte, pintura, literatura, ginástica, etc.) e institucionalizados que
não realizavam atividades. Os idosos institucionalizados apresentaram maior freqüência de
depressão, sendo que os idosos institucionalizados sem atividade tiveram desempenho inferior
aos outros dois grupos nos testes Mini-Exame do Estado Mental, Teste de Nomeação de
Boston e Hooper. Para os pesquisadores, o pior desempenho cognitivo dos idosos parece estar
relacionado com a institucionalização e as atividades diárias de estimulação podem ser
eficientes em minimizar as perdas cognitivas dos idosos institucionalizados.
Num outro estudo longitudinal com delineamento pré-experimental, Krawczynski e
Olszewski (2000) criaram um programa que incorporava exercícios físicos, treinamento em
relaxamento, e seminários que direcionam assuntos de criatividade, psicologia, filosofia de
vida e comunicação, para que os participantes freqüentassem durante 7 horas na semana, por
um período de quatro meses. O objetivo era verificar se o programa, aplicado em 75 pessoas
acima de 60 anos de idade, podia melhorar o bem-estar destas pessoas, avaliando-se os efeitos
psicológicos do programa em três parâmetros selecionados: o sentimento de propósito de
vida, depressão e hipocondria. Os participantes demonstraram melhoras estatisticamente
significativas em todas as variáveis psicológicas medidas.
Estimulação mental e o uso de determinados medicamentos, de acordo com Fishcer,
Sananbenesi, Wang, Dobbin e Tsai (2007), também podem ajudar pessoas com doenças
degenerativas, como o mal de Alzheimer, a recuperar a memória e a capacidade de aprender.
O estudo realizado pelos pesquisadores mostra que o progresso é possível mesmo depois de
sérios danos ao cérebro. No estudo, os cientistas usaram ratos geneticamente manipulados,
nos quais uma proteína ligada a doenças degenerativas estava presente. Primeiramente, os
ratos aprenderam a evitar choques elétricos e a encontrar comida. Depois de seis semanas com
a doença, estes não conseguiam mais se lembrar de como desempenhar essas atividades. Na
tentativa de verificar se os ratos conseguiriam reaprender, alguns foram colocados em um
ambiente muito estimulante, com brinquedos, esteiras elétricas e outros ratos. Descobriu-se
então que esses animais puderam se lembrar das atividades que haviam aprendido muito mais
facilmente, e inclusive aprender novas tarefas com mais facilidade, do que aqueles que
permaneceram em ambientes isolados. Posteriormente, ao testarem um tipo de medicação,
conhecida como inibidores HDAC (histona desacetilase), constatou-se que a mesma fez com
que a memória e a habilidade de aprender dos ratos também melhorassem. Os resultados
dessa pesquisa oferecem esperanças para pessoas com a Doença de Alzheimer, visto que
47
mostrou que até mesmo depois de um estágio avançado é possível recuperar o aprendizado e a
memória, e prova, mais uma vez, que estimular traz ganhos notáveis.
Estimular envolve provocar o uso de processos cognitivos específicos por meio de
estímulos ambientais, tais como leitura, jogos e recreação, envolvendo igualmente o
movimento corpóreo enquanto estímulo para o cérebro. Está claro que engajamento social,
estimulação intelectual e atividades físicas têm um papel poderoso na saúde cognitiva (Butler
et al., 2004). Na seqüência, faz-se uma revisão acerca de pesquisas atuais que indicam
benefícios de intervenções cognitivas, dentre elas o treinamento cognitivo abarcando a prática
de atividades cognitivas, e a prática de atividades físicas entre os idosos.
Intervenção cognitiva em idosos
A intervenção cognitiva em idosos tem objetivos de manter as funções existentes e
permitir que elas compensem as funções comprometidas (Singer, Linderberger e Baltes,
2003). Entretanto, Holderbaum e colaboradores (2006) ressaltam que intervenções cognitivas
controladas em idosos e em pacientes com demência do tipo Alzheimer são poucas e recentes.
Mesmo assim, tem se descoberto que altos níveis de participação em atividades
mentalmente estimulantes, tais como ler livros ou revistas, jogar jogos tais como baralho ou
palavras-cruzadas, ou ir a museus, estão associados com menor risco para a doença de
Alzheimer (Fabrigoule et al., 1995; Wilson et al., 2002). O engajamento em atividades
cognitivas tais como a prática de jogos e leituras, parece favorecer a manutenção da saúde
cognitiva, exercitando a memória, a atenção, a linguagem, comportamentos de habilidades
motoras, planejamento e julgamento (Butler et al., 2004).
Esses resultados são consistentes com estudos de estimulação cognitiva, que mostram
que exercícios semanais, tais como tarefas de resolver problemas e jogos de memória,
aumentam o bem-estar psicológico
19
de pacientes nas fases iniciais da doença de Alzheimer
(De Rotrou, Cantegreil-Kallen, Gosselin, Wenisch & Rigaud, 2002). Segundo Schaie (1993),
os estudos sobre treinamento cognitivo realizados com os sujeitos de sua pesquisa
longitudinal (“The Seattle Longitudinal Studies”), sugerem que muitos declínios observados
em pessoas idosas são provavelmente uma função do desuso, e isto é frequentemente
reversível. Aproximadamente 2/3 dos sujeitos experimentais de sua pesquisa mostraram
19
O bem-estar psicológico é determinado pela interação entre as oportunidades e as condições de vida, a maneira
como as pessoas organizam o conhecimento sobre si e sobre os outros e as formas como respondem às demandas
pessoais e sociais (Queroz & Neri, 2005).
48
melhora significativa após treinamento cognitivo e cerca de 40% daqueles que declinaram
significantemente ao longo de 14 anos, retornaram ao nível anterior do declínio.
Nesse sentido, é notório que os fatores do estilo de vida afetam a maneira como os
idosos irão experienciar declínio nas habilidades cognitivas. Para Schaie (2005), indivíduos
com um estilo de vida caracterizado por um alto nível de atividade, incluindo o hábito de
leituras de livros e revistas, mostram menos declínio no funcionamento cognitivo em até 7 a
14 anos do que indivíduos com baixos níveis de atividade.
O Treinamento Cognitivo
Clare e Woods (2004) delimitam três intervenções cognitivas para pessoas com
demência: estimulação cognitiva, treinamento cognitivo e reabilitação cognitiva. Treinamento
cognitivo (TC) e reabilitação cognitiva são as abordagens mais usadas com pessoas que estão
no estágio inicial da DA. De modo geral, as intervenções cognitivas devem ajudar com as
dificuldades de memória, que por sua vez, ajudam na redução da invalidez excessiva e
aumento do bem-estar. O termo “reabilitação cognitiva”, oriundo do trabalho com lesados
cerebrais, surgiu no final da década de 1980, sendo utilizado pela neuropsicologia para definir
a recuperação de uma função cognitiva perdida (Holderbaum et al., 2006).
Para Ávila e colaboradores (2004), a reabilitação neuropsicológica é usada para
melhorar as funções cognitivas, tais como a facilitação do desempenho da memória através do
uso de ajuda externa e estratégias internas. Os efeitos da reabilitação neuropsicológica através
do treinamento de memória e treinamento das atividades da vida diária foram testados numa
amostra de cinco idosos (média de idade de 77,4 anos) com a doença de Alzheimer,
juntamente com seus cuidadores, antes e após 14 semanas. Os resultados mostraram uma
melhora estatisticamente significativa das atividades da vida diária, e uma pequena melhora
na memória e nos sintomas psiquiátricos.
A prioridade da maioria das intervenções propostas para reabilitação cognitiva é
estabelecer o uso mais eficiente da memória. As técnicas de repetição e treinamento partem
da concepção de que ‘exercícios’ da memória podem melhorar de forma global o
funcionamento mnéstico” (Bottino et al., 2002, p.71).
TC envolve a prática de tarefas direcionadas a certos aspectos da cognição, como a
memória, linguagem, atenção ou função executiva, onde variam os níveis de dificuldade das
tarefas. Ele possui vários formatos e varia no seu conteúdo. Nesse sentido, pode envolver
sessões de treinamento individuais acompanhas por um terapeuta, encontros em grupo,
facilitação por membros familiares, e prática computadorizada (Clare, 2003).
49
O TC é uma abordagem específica direcionada para as dificuldades de memória
rotineiras (Clare, Woods, Moniz Cook, Orrell & Spector, 2003), mas tem demonstrado
melhorar o desempenho cognitivo em geral. De acordo com Reys, Martin e Rico (no prelo),
os programas de TC podem utilizar distintos procedimentos de intervenção para a melhora
dos componentes cognitivos, metacognitivos e afetivos-motivacionais de aprendizagem. Além
disso, implicam na aquisição e manutenção de novas formas de receber, processar e responder
à informação que vem do exterior.
De Vreese, Iacono, Finelli, Gianelli e Neri (1998) compararam 24 pacientes com DA
divididos em quatro grupos: placebo, tratamento medicamentoso, treinamento cognitivo e
tratamento combinado (tratamento medicamentoso + treinamento cognitivo) e os resultados
mostraram que os pacientes que receberam o tratamento combinado apresentaram melhor
efeito terapêutico em relação ao funcionamento cognitivo e desempenho nas atividades
diárias. Ball e colaboradores (2002) avaliaram três intervenções de treinamento cognitivo em
2832 idosos também divididos em quatro grupos (grupo de treinamento de memória; grupo de
treinamento de resolução de problemas; grupo de treinamento de velocidade de
processamento e grupo controle). De modo geral, as conclusões mostraram a efetividade e
durabilidade de todos os treinamentos cognitivos na melhora de habilidades cognitivas.
Cavallini e colaboradores (2003) também investigaram a capacidade de sessenta pessoas
idosas para se beneficiarem de um treinamento de memória. Os resultados de seu estudo
mostraram eficácia do treinamento verificada na melhora do desempenho numa bateria de
tarefas cognitivas.
Dez sessões de treinamento cognitivo produziram melhoras nas habilidades de
decisão, de enfrentamento de problemas, habilidade de memória e velocidade de
processamento mental em idosos, provando o quão importante é continuamente o idoso
realizar novas aprendizagens e experiências (Willis et al., 2006).
Rasmusson, Rebok, Bylsma e Brandt (1999) estudaram os efeitos de três programas na
memória de aposentados. As intervenções envolviam: (a) um curso em grupo baseado na
memória; (b) programas individualizados que faziam uso de fitas de áudio comercialmente
disponíveis; e (c) treinamento da memória através do uso de computadores individualizados.
Ganhos significativos no desempenho da memória foram encontrados após nove semanas,
havendo pouca evidência de que uma intervenção foi superior a outra, sugerindo que
atividade de estimulação mnemônica, mais do que qualquer processo específico, foi
responsável pela melhora.
50
Yassuda e demais pesquisadoras (2006) investigaram os efeitos de um programa de
treino de memória de quatro sessões de 90 minutos oferecido a idosos brasileiros saudáveis.
Os resultados sugeriram efeitos modestos do treino. Observou-se que os participantes desse
estudo intensificaram o uso das estratégias ensinadas, entretanto, o desempenho de memória
não foi proporcionalmente impactado por este fato, o que sugere a presença da deficiência da
utilização. As autoras constataram que o treino com quatro sessões foi suficiente para
encorajar os participantes a usar as estratégias, mas não foi suficiente para levá-los ao estágio
no qual as estratégias já automatizadas se convertem em desempenho expressivamente
melhor.
Os resultados de um estudo realizado por Laurienti e colaboradores (2007), sugerem
que treinamento da atenção pode alterar a atividade cerebral de pessoas idosas, fazendo com
que elas possam interromper estímulos de distração e dessa forma, aumentar a concentração.
Os pesquisadores realizaram um treinamento (utilização de jogos, dentre outras formas de
estimulação, realizadas em grupo ou individualmente) para o cérebro do idoso, e concluíram
que os dados comportamentais e também os obtidos através de ressonância magnética
confirmam a hipótese de que treinamento para a atenção é uma forma de melhorar o
processamento sensorial de idosos, que geralmente é mais suscetível a estímulos de distração.
Num estudo de Okumiya e colaboradores (2005), buscou-se verificar o efeito de um
programa de trabalho em grupo para trabalhar a função cognitiva e a qualidade de vida de
idosos com declínio cognitivo associado à idade e/ou sintomas depressivos. Trinta e seis
sujeitos, com média de idade de 79,8 anos, participaram de grupos de um programa que
abrangia atividades tais como, artesanato, desenhar, tirar fotografias, escrever poesia,
cozinhar, jogar jogos, jardinagem, dirigir e fazer caminhadas, brincar com crianças, etc. Cada
participante realizou quatro meses de sessões (três horas por aula, uma vez por semana). Os
resultados mostraram melhora nos sintomas depressivos e na qualidade de vida dos sujeitos.
Nos idosos que sofriam de sintomas depressivos, o programa foi efetivo na melhora e
prevenção de deterioração não somente nos sintomas depressivos, mas também na função
cognitiva.
Diversos estudos (Zanetti et al., 1997; Paciaroni et al., 1998; Bottino et al., 2002) com
idosos portadores de algum quadro de demência têm mostrado alguns benefícios do
treinamento cognitivo, como melhora dos déficits cognitivos e maior estabilidade de sintomas
depressivos. Breuil e colaboradores (1994) avaliaram os resultados de um programa de
estimulação cognitiva para pacientes com demência. Vinte e nove pacientes foram submetidos
a 10 sessões de estimulação durante cinco semanas, sendo comparados a 27 pacientes não
51
estimulados, que foram utilizados como controles. As avaliações, feitas na primeira e na
sétima semanas, mostraram melhora significativa no Mini-Exame do Estado Mental (p<0,01)
e no Teste de Memória Verbal (p=0,09).
Seis pacientes com diagnóstico de doença de Alzheimer leve foram submetidos a um
tratamento combinado com medicação (Rivastigmina
20
, 6-12 mg/dia) por dois meses, seguido
por grupo de reabilitação cognitiva semanal, por cinco meses. Ao final do acompanhamento
houve estabilização ou discreta melhora dos déficits cognitivos e das atividades de vida diária
dos pacientes, e estabilização ou redução dos níveis de depressão e ansiedade (Bottino et al.,
2002). Paciaroni e colegas (1998) mostraram que oito pacientes com DA leve, submetidos
por 3 meses a programa de treino de memória, apresentaram, em relação ao grupo controle
(N=10), maior estabilidade quanto à performance cognitiva e sintomas depressivos.
Suemaru, Maeba e Magata (1998) também relataram melhora das alterações de
comportamento e no desempenho cognitivo de 19 pacientes com demência de vários níveis de
gravidade, após um programa de três meses de atividades externas diárias, incluindo jogos,
exercícios físicos, treino de orientação para realidade e atividades de socialização.
A reminiscência também pode ser usada para manter a adaptação da saúde psicológica
nos anos posteriores da vida. De acordo com Zauszniewski e colaboradores (2004), a
reminiscência envolve recontar os eventos e as experiências anteriores da vida e reflete uma
adaptação na saúde psicológica na última fase da vida. No estudo dos pesquisadores,
examinou-se a efetividade de um específico tipo de reminiscência (a reflexão focada) na
redução de emoções negativas em 32 idosos residentes em comunidades de aposentados,
durante seis semanas, com duas horas de sessão em grupo. O programa usava imagens visuais
de categorias de temáticas específicas, tal como dias de escola, feriados, comidas, modos de
transporte, animais e entretenimento, para encorajar os idosos a relembrarem de suas
experiências. Os resultados mostraram uma redução dos sintomas de depressão e ansiedade,
favorecendo o aumento do bem-estar psicológico dos idosos. A terapia de reminiscência tem
como objetivo estimular o resgate de informações por meio de figuras, fotos, músicas, jogos e
outros estímulos relacionados à juventude dos pacientes. Essa técnica tem sido muito utilizada
para resgatar emoções vividas previamente, gerando maior socialização e entretenimento
como parte da terapia (Fraser, 1992).
20
A rivastigmina é um anticolinesterásico que vem sendo testado quanto à sua eficácia e tolerabilidade para o
tratamento de pacientes com doença de Alzheimer. Parece inibir a acetilcolinesterase cerebral, e parece atuar de
forma adequada no hipocampo e córtex cerebral, que são áreas significativamente comprometidas em pacientes
com doença de Alzheimer (Almeida, 1998b).
52
A prática de jogos na velhice, tais como o xadrez, o quebra-cabeça, a palavra-cruzada,
dentre outros, é percebida como comum na população idosa, e pode ser usada no treinamento
cognitivo. O xadrez, por exemplo, é um jogo que exige muitos recursos mentais do jogador, e
envolve muitos aspectos de altos níveis de cognição e requer habilidades sofisticadas para
resolver problemas. Em um estudo de Atherton, Zhuang, Bart, Hu e He (2003), empregou-se a
ressonância magnética de imagem para identificar áreas corticais que são ativadas durante a
análise de posições no xadrez comparados com uma tarefa espacial com estímulo visual.
Ativação bilateral foi revelada no lobo frontal superior, nos lobos parietais, e occipitais.
Dessa maneira, percebe-se que jogar xadrez, ao ativar bilateralmente áreas do cérebro,
pode favorecer a manutenção da saúde cognitiva de idosos, visto que, como Cabeza e
colaboradores (1997) e Cabeza (2002) afirmaram, aumentando a bilateralidade em adultos
mais velhos pode-se ajudá-los a neutralizar a associação entre idade e déficits cognitivos.
Outros jogos podem ser usados no treinamento cognitivo. Greenless, Thelwell e Holder
(2006), por exemplo, utilizaram a “Harris and Harri´s concentration grid exercise” (grade de
exercício de concentração), com o objetivo de aumentar a concentração e a velocidade de
exploração visual de seus sujeitos experimentais.
Intervenções cognitivas, como se observa, também podem abarcar jogos lúdicos como
forma de estimular funções específicas, visto que envolvem a prática de tarefas graduadas
direcionadas a certos aspectos da cognição (Clare, 2003), como a memória de trabalho e a
atenção. Pode-se ainda envolver terapia de reminiscência, para facilitar a socialização e
aumentar a aderência à intervenção.
Num estudo de Bjorklund, Miller, Coyle e Slawinski (1997) conforme mostrado por
Yassuda e colaboradores (2006), constatou-se que o ensino de estratégias de memória parece
ser um processo gradual no qual o participante inicialmente não usa espontaneamente a
estratégia; passa a usar a estratégia posteriormente, mas seu desempenho de memória não
aumenta; e finalmente, o participante usa a estratégia espontaneamente e seu desempenho
aumenta devido ao uso da estratégia.
Importante mencionar que, conforme a verificação de McDougall (1994) em sua
pesquisa, apenas os idosos que acreditavam ser capazes de melhorar sua memória se
beneficiaram de treinamento cognitivo. Assim, necessitam-se intervenções que aumentem o
senso de auto-eficácia dos idosos, enfraquecendo a idéia de que a deterioração cognitiva é
irreversível e natural da idade.
Analisando todas as pesquisas expostas, constata-se também que, de modo geral,
intervenções cognitivas que utilizam a estimulação através de treinamentos e atividades
53
cognitivas, têm mostrado efeitos positivos no desempenho cognitivo, em sintomas
depressivos e na qualidade de vida dos idosos. Entretanto, pesquisas vêm sendo feitas mais
em idosos com algum tipo de demência, e não tanto em idosos saudáveis, como
institucionalizados, o que torna necessário verificar a eficácia de intervenções cognitivas, tal
como a prática de atividades cognitivas, nesta população enquanto prevenção de declínio e
prejuízo cognitivo.
Prática de atividade física em idosos
Uma revisão sistemática nos efeitos de programas de atividades físicas
21
em idosos
institucionalizados indica um forte efeito positivo na força muscular e mobilidade destes
idosos (Rydwik, Frandin & Akner, 2004). Buscando estudar os efeitos de dois programas de
atividades físicas na prevenção de quedas, função física e invalidez, os pesquisadores Faber,
Bosscher, Chin A Paw e van Wieringen (2006) realizaram intervenções em quinze lares de
idosos, onde os programas de atividades consistiam de vinte semanas, com um encontro
semanal durante as quatro primeiras semanas, e dois encontros semanais durante o restante
das semanas. Os resultados mostraram que os participantes dos dois programas tiveram uma
pequena, mas significativa, melhora nos escores de desempenho físico e risco de queda, mas
os resultados só foram observados nos idosos que ainda não eram frágeis.
Exercícios podem ser eficazes em prevenir, retardar ou reverter o processo de
fragilidade (Ferruci et al., 2004), que seria a instabilidade e o risco de perda de função
funcional, mental, e física, observada em pessoas idosas (Faber et al., 2006). Em um estudo
de Almeida, Moreira, Araújo e Pinho (2005), descobriu-se que alguns distúrbios do sono
foram menos freqüentes entre idosos que participavam regularmente de atividades de lazer,
incluindo atividades físicas, revelando que a manutenção de atividades prazerosas, como as de
lazer, pode repercutir positivamente na saúde desse grupo populacional.
Com o objetivo de verificar os feitos de um programa de quatro semanas de exercício
aeróbico regular na dispnéia e na habilidade de andar de 22 idosos institucionalizados
(divididos em grupo controle e grupo da intervenção) sem problemas cardíacos e pulmonares,
os pesquisadores Bo, Fontana, Mantelli e Molaschi (2006) observaram melhoras significativas
na dispnéia e na resistência para caminhar dos idosos após o programa. A prática regular de
21
Como Reis, Petroski e Lopes (2000) ressaltam, a atividade física é entendida por Carspersen e colaboradores
(1985) como qualquer movimento corporal realizado pela musculatura esquelética, que leve a um gasto
energético acima do repouso.
54
atividade física, mesmo se iniciada após os 65 anos, contribui para a maior longevidade,
redução das taxas gerais de mortalidade, melhora da capacidade fisiológica em portadores de
doenças crônicas, redução do número de medicamentos prescritos, prevenção do declínio
cognitivo, manutenção de status funcional mais elevado, redução da freqüência de quedas e
incidência de fraturas e benefícios psicológicos, como melhora da auto-estima (Elward &
Larson, 1992).
muitos benefícios em se manter ativo durante o envelhecimento. Uma pesquisa
canadense, realizada por Melov, Tarnopolsky, Beckman, Felkey e Hubbard (2007), mostrou
que treinamentos regulares de resistência realizados por pessoas com mais de 65 anos,
parecem reverter os sinais de envelhecimento nos músculos. As análises de tecidos
musculares mostraram que, após exercícios, o maquinário molecular que move as células
musculares se torna tão ativo quanto o de pessoas de 20 anos. Antes das sessões, os mais
velhos eram 59% mais fracos que os jovens. Após treinamento com equipamentos tradicionais
de ginástica e um programa de 30 contrações de cada grupo muscular, entretanto, os mais
velhos estavam apenas 38% mais fracos.
Atividade física também pode influenciar favoravelmente a plasticidade do cérebro
facilitando os processos neurogenerativos, neuroadaptativos e neuroprotetores (Dishman et
al., 2006). O exercício físico, nesse sentido, influencia positivamente o funcionamento
cognitivo (Tomporowski, 2003). Para Butler e colaboradores (2004), altos níveis de atividade
física estão associados com redução do declínio cognitivo. Além disso, outros tipos de
atividades físicas, tais como trabalho no jardim, limpar a casa, etc., também podem estar
associadas com menores taxas de declínio cognitivo. Um estudo mostrou que dançar quatro a
cinco vezes por semana pode ser bom para o cérebro idoso, tanto quanto para o corpo, e pode
contribuir para a diminuição significativa da incidência de demência (Verghese et al., 2003).
Crabbe e Dishman (2004) demonstraram que uma sessão de exercício físico provoca o
aumento da ativação no lobo frontal esquerdo, que é o inverso da ativação associada à
depressão, sugerindo que esse pode ser um dos motivos pelos quais a prática regular de
atividade física favoreça o bem estar psicológico. Além de estar associada à assimetria
esquerda e a menores níveis de depressão, a atividade física também parece melhorar a
cognição. Um estudo de revisão realizado por Mcauley, Kramer e Colcombe (2004)
demonstrou que existe forte correlação entre aptidão física e capacidade cognitiva. Shephard
(2003) igualmente indica que a prática de atividade física melhora o funcionamento cognitivo
dos idosos.
55
Mcdowell, Kerick, Santa Maria e Hatfield (2003) compararam as diferenças no P300
(medida de potencial evocado que evidencia a reação cerebral a um determinado estímulo) de
jovens e idosos praticantes e não praticantes de atividade física regular. Os resultados
indicaram que os idosos praticantes apresentavam um P300 com um menor período de
latência do que os não praticantes, indicando maior velocidade de resposta. No entanto, ao
comparar os jovens praticantes e não praticantes, essa diferença não foi tão grande. Esses
dados sugerem que a atividade física regular ajuda a atenuar o declínio no processamento de
informações decorrente do processo de envelhecimento.
Larson e colaboradores (2006) verificaram que a incidência de demência em idosos
por um período médio de 6,2 anos foi na proporção de 13 para cada 1000 pessoas por ano
entre os participantes que se exercitaram três ou mais vezes por semana, comparado com 19,7
para cada 1000 pessoas por ano entre os que se exercitaram menos de três vezes por semana.
Os autores do estudo sugeriram que a prática regular de atividade física está associada com
redução do risco de desenvolver demência.
Para McAuley e colaboradores (2004), um melhor condicionamento físico está
positivamente associado com melhor funcionamento cognitivo. Tomporowski (2003) realizou
um estudo sobre os efeitos do exercício em diferentes intensidades sobre a cognição. Ele
verificou que exercício aeróbico de intensidade moderada produz benefícios para a memória
de curta duração, a atenção e a solução de problemas.
A atividade física vem sendo considerada também como um meio efetivo para
melhora no bem estar e no estado de humor. Alguns estudos (Moses, Steptoe, Mathews &
Edwards, 1989) têm demonstrado que o exercício diminui a ansiedade, a tensão e afeto
negativo, e que aumenta o afeto positivo. Para Blumenthal e colaboradores (1999) o exercício
físico pode ser considerado como método alternativo aos antidepressivos para tratamento de
depressão em pessoas idosas. Entretanto, muitos estudos que abordam esse tema ainda sofrem
de limitações metodológicas (Barbour & Blumenthal, 2005).
Benefícios psicológicos estão relacionados com um estilo de vida fisicamente ativo. A
atividade física regular pode atuar na prevenção e no tratamento de distúrbios psicológicos
bem como na promoção da saúde mental, através da melhoria do humor e do autoconceito,
maior estabilidade emocional e autocontrole, maior auto-eficácia, controle do estresse,
melhoria da função intelectual, redução da ansiedade e da depressão (Werneck, Bara Filho &
Ribeiro, 2005). Rudolph e McAuley (1996) demonstraram que o exercício aumenta a auto-
eficácia, estando inversamente relacionada à percepção de esforço, o que, teoricamente
56
favoreceria um maior benefício psicológico, através de um maior senso de autocontrole da
situação e, em longo prazo, pelo aumento do autoconceito.
Os pesquisadores Berke, Gottlieb, Moudon e Larson (2007) descobriram em seu
estudo que viver em um bairro onde se possa praticar atividade física através de caminhadas
livres pode ajudar homens idosos a melhorar os sintomas da depressão. Os autores
verificaram que homens que vivem em áreas onde possam caminhar para passear tendem a
mostrar menos sintomas depressivos do que homens que não vivem em áreas assim. Dessa
forma, o artigo sugere que, além da prática ser benéfica para indivíduos depressivos, por
praticarem atividades físicas, o fato de poderem caminhar, aumenta sua conectividade com a
comunidade em que vivem e os tornam menos isolados socialmente.
Cheik e colaboradores (2003) também investigaram a influência do exercício físico e
da atividade física na depressão e na ansiedade de 54 idosos saudáveis de ambos os sexos
divididos em três grupos, um grupo controle, outro de prática de atividade física sistematizada
e outro com atividades de lazer. O treinamento aconteceu por um período de quatro meses. Os
resultados indicaram que o grupo de atividade física sistematizada reduziu significativamente
os escores de ansiedade e depressão. Os resultados sugerem que a prática regular de exercício
físico pode contribuir na redução dos escores para depressão e ansiedade em indivíduos com
mais de 60 anos.
Diversos fatores no estilo de vida afetam a maneira como se vive e por quanto tempo
se vive e entre esses fatores a atividade física e a boa alimentação são fatores decisivos na
formação e manutenção de uma composição corporal adequada para manutenção da saúde e
qualidade de vida (Nahas, 2003). Uma alimentação bem variada e balanceada, a prática
regular de exercícios físicos, o controle do estresse, a adoção de um comportamento
preventivo e o hábito de não usar drogas, são componentes da categoria estilo de vida, que
podem ser modificados para viver melhor, com qualidade (Nahas, 1996). As mudanças no
estilo de vida, incluindo nos veis de atividade física e na dieta, podem contribuir para o
processo de prevenção de doenças que se manifestam com a idade, principalmente os
problemas funcionais que se evidenciam nas pessoas mais velhas (Bouchard, Shephard &
Stefens, 1993).
Drewnowski e colaboradores (2003) ressaltam que poucos estudos avaliaram a relação
entre atividade física e qualidade de vida em idosos. Alguns demonstraram a melhora da
qualidade de vida com a prática de exercício em ambiente de grupo, possivelmente
promovido pelos efeitos de uma maior interação social ou melhora da capacidade funcional.
57
Tomporowski (2003) igualmente alerta para a necessidade de mais estudos empíricos que
apóiem a relação entre prática de atividades físicas e melhor funcionamento cognitivo.
De acordo com Werneck, Bara Filho e Ribeiro (2005), um dos grandes desafios para
os pesquisadores tem sido desenvolver e testar uma teoria que explique porque e como o
exercício altera o estado psicológico, e ela tem sido testada e debatida por diversos autores
através de hipóteses fisiológicas, psicológicas e psiconeurofisiológicas. As hipóteses
fisiológicas incluem a hipótese termogênica e a hipótese do fluxo sanguíneo cerebral, segundo
as quais, o aumento da temperatura corporal e do fluxo sanguíneo cerebral, respectivamente,
promoveriam efeitos psicológicos positivos, diminuindo a tensão e a ansiedade. As hipóteses
psicológicas incluem a hipótese da distração; a hipótese das interações sociais; a hipótese do
autocontrole, da auto-eficácia e do aumento do autoconceito; a hipótese da expectativa de
mudança; e a hipótese da avaliação cognitiva ou do prazer pela atividade. Por fim, na hipótese
psiconeurofisiológica, existem pelo menos três explicações: hipótese das monoaminas;
hipótese da lateralização cerebral; e hipótese das endorfinas. De acordo com este modelo, as
mudanças afetivas após o exercício estariam associadas à regulação do sistema cerebral
monoaminérgico, do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenocortical e do aumento de ondas da
atividade cerebral. Apesar das diferentes hipóteses para explicação das mudanças psicológicas
induzidas pelo exercício, não há, até o momento, um consenso sobre o real mecanismo deste
fenômeno. Dependendo do indivíduo, do exercício e do ambiente, diferentes fatores em graus
variáveis podem contribuir para melhorar o estado de humor das pessoas que se exercitam.
A respeito da explicação para a melhoria do humor induzida pelo exercício físico,
torna-se relevante salientar que, independente das hipóteses, as atividades físicas têm
demonstrado, como se percebe nas pesquisas citadas, tanto cientificamente como na
subjetividade de seus praticantes, ser um método eficaz e importante na aquisição de
benefícios psicológicos e fisiológicos, proporcionando melhores condições de saúde e
qualidade de vida. Por isso, aliado ao estudo teórico das alterações psicológicas do exercício,
devem ser desenvolvidas estratégias para que todas as pessoas possam desfrutar dos seus
benefícios (Werneck, Bara Filho & Ribeiro, 2005), e entre elas, os idosos institucionalizados.
58
III. MÉTODO
Caracterização da Pesquisa
Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de campo, de natureza descritiva, com
abordagem quantitativa e qualitativa. De acordo com Günther (2006), a pesquisa de campo
engloba uma ampla variedade de delineamentos, podendo realizar uma integração de
abordagens qualitativas e quantitativas num mesmo estudo. O autor inclusive comenta que
alguns manuais sobre métodos incluem na delimitação do estudo de campo desde métodos
quantitativos experimentais até procedimentos qualitativos clínicos. Para Campos (2001), a
pesquisa quantitativa prevê a mensuração de variáveis pré-determinadas, buscando verificar e
explicar sua existência, relação ou influência sobre outra variável, enquanto que a pesquisa
qualitativa se baseia em dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisados a
partir dos significados que os sujeitos atribuem a um fato.
Por sua vez, a pesquisa de natureza descritiva focaliza principalmente a medida precisa
de uma ou mais variáveis dependentes numa população definida, ou amostra daquela
população, e, segundo Richardson (1999), seu propósito está em descrever aspectos desta
população ou analisar determinadas características ou atributos. De acordo com Rudio (2002),
está interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los,
bem como interpretá-los.
Dessa forma, a abordagem quantitativa foi utilizada para verificar os efeitos
22
de dois
programas distintos de estimulação, a saber, prática de atividades cognitivas e atividades
físicas, na capacidade cognitiva geral, na depressão e na memória de trabalho de idosos
institucionalizados. Por sua vez, a abordagem qualitativa da pesquisa, de caráter
complementar e utilizada para compor os resultados e enriquecer a discussão, refere-se à
utilização da descrição como maneira de relatar os dados de cada participante do estudo
obtidos em entrevistas e diários de campo. Para Triviños (1987), a pesquisa qualitativa é
adequada para buscar significados contidos nas ações e informações advindas dos sujeitos
participantes da pesquisa.
A figura 1 ilustra os passos metodológicos que foram seguidos para alcançar os
objetivos determinados neste estudo.
22
A pesquisa não pôde ser caracterizada enquanto um estudo experimental, pois a amostra foi pequena, não
homogênea, e não teve a existência de um grupo controle. Além disso, não foi possível realizar as intervenções
no mesmo período de tempo, o que diminuiu o controle sobre as variáveis. Dessa forma, o estudo não satisfez as
condições de um estudo experimental (Triviños, 1987).
59
Figura 1 – Representação esquemática com os passos metodológicos da pesquisa.
Verificar os efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas em idosos institucionalizados
Referencial Teórico
O aumento da população idosa
A institucionalização de idosos
O envelhecimento
O envelhecimento cognitivo
Memória
Depressão
Estimulação: a interação entre
cérebro e ambiente
Plasticidade do cérebro idoso
A estimulação em idosos
Intervenção cognitiva em idosos
O treinamento cognitivo
Prática de atividade física em idosos
Método
Estudo de campo, de
natureza descritiva, com
abordagem quantitativa e
qualitativa
Dois grupos equiparados
antes e depois: a) GAC:
Grupo de Atividades
Cognitivas (n=5) e b)
GAF: Grupo de Atividades
Físicas (n=5)
Coleta de dados
Procedimentos
Pré
-
intervenção
Pós
-
intervenção
Objetivos específicos
MEEM: Capacidade
cognitiva geral
GDS-15: Depressão
RAVLT: Memória de
trabalho
Caracterização
dos
participantes:
Formulário de
caracterização
Geral e Auto-
Avaliação dos
Idosos
Entrevista
semi-
estruturada
inicial
(identificação
do histórico de
atividades
cognitivas e
físicas)
Entrevista
semi-
estruturada
final
(verificação
das opiniões
dos
participantes
sobre os
programas de
estimulação)
Caracterizar o perfil dos idosos
participantes quanto às questões
sociais, de saúde e de hábitos de
atividade física e cognitiva
Verificar a capacidade cognitiva
geral, a memória de trabalho e a
depressão de idosos
institucionalizados
Desenvolver e implementar um
programa de atividades cognitivas e
um programa de atividades físicas
para idosos institucionalizados
Comparar a capacidade cognitiva
geral, a memória de trabalho e a
depressão entre os idosos
institucionalizados que participaram
do programa de atividades
cognitivas com os que participaram
do programa de atividades físicas,
antes e depois das intervenções
Verificar a influência do histórico
de vida (histórico de atividades
cognitivas e atividades físicas) dos
idosos institucionalizados nas
respostas às testagens e às
diferentes intervenções
Verificar a opinião dos participantes
quanto à contribuição geral das
sessões dos programas de
estimulação
Análise dos dados
Resultados
Discussão dos resultados
Considerações finais
ESTIMULAÇÃO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: EFEITOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADES
COGNITIVAS E ATIVIDADES FÍSICAS
60
Nesta pesquisa empregaram-se dois grupos equiparados antes e depois: a) GAC:
Grupo de Atividades Cognitivas e b) GAF: Grupo de Atividades Físicas. Não foi incluído um
grupo controle devido a uma preocupação ética, tendo em vista que a pesquisa deu-se em
instituições de longa permanência para idosos (ILPI) e não havia parâmetros para que se
selecionassem os idosos que não poderiam participar das intervenções de estimulação (o
objetivo maior foi promover qualidade de vida através da manutenção da saúde cognitiva, e
não restringi-la). Os programas de estimulação foram observados separadamente nos grupos
específicos (programa de atividades cognitivas e programa de atividades físicas). Antes das
intervenções foram avaliadas a capacidade cognitiva geral, a memória de trabalho e a
depressão dos idosos através de instrumentos específicos, e após o período das intervenções
foram verificados os efeitos dos programas através de uma nova avaliação. Uma entrevista
semi-estruturada com o intuito de verificar o histórico de vida dos participantes, bem como
um formulário de caracterização geral dos participantes, foram aplicados anteriormente às
sessões, e uma segunda entrevista semi-estruturada foi aplicada posteriormente às sessões
visando verificar a opinião dos participantes sobre os programas de estimulação.
O delineamento da pesquisa pode ser ilustrado da seguinte forma:
Tabela 1. Delineamento da pesquisa
Grupos Pré - teste Tratamento Pós -teste
GAC* O
1
O
2
X1
a
O
3
O
4
GAF** O
1
O
2
X2
b
O
3
O
4
*grupo de atividades cognitivas. **grupo de atividades físicas.
1
Valores de pré-teste da capacidade cognitiva
geral, memória de trabalho e depressão.
2
Entrevista semi-estruturada com os idosos sobre seu histórico de vida e
formulário de caracterização geral dos participantes.
3
Valores de pós-teste da capacidade cognitiva geral,
memória de trabalho e depressão.
4
Entrevista semi-estruturada com os idosos sobre os programas de
estimulação.
a
Programa de atividades cognitivas realizado duas vezes por semana com cerca de uma hora de
duração, durante 22 sessões.
b
Programa de atividades físicas realizado duas vezes por semana com cerca de uma
hora de duração, durante 13 sessões.
Local:
A pesquisa foi realizada em duas ILPI, localizadas na Grande Florianópolis, que se
caracterizam por serem similares, ou seja, por serem semelhantes em suas filosofias, padrões
cognitivos de seus idosos (sem grandes prejuízos cognitivos) e em suas atividades realizadas
(não forneciam programas sistematizados de atividades aos seus idosos).
Através do cadastro de entidades asilares (anexo 1) disponibilizado pelo Ministério
Público de Santa Catarina, fez-se um levantamento de instituições interessadas em participar
61
da pesquisa. Como no cadastro não constavam todas as instituições de longa permanência
para idosos da grande Florianópolis, outras ILPI também foram contatadas. As instituições
indicadas para a pesquisa foram aquelas que melhor se encaixaram nos requisitos descritos
acima, como forma de diminuir a influência de outros fatores nos resultados. Foram
escolhidas duas instituições para cada grupo (Instituição A para GAC e Instituição B para
GAF). Apesar de outras instituições terem se mostrado interessadas na pesquisa, constatou-se
que, quando porventura possuíam ambiente adequado para realização das atividades
propostas, estas não possuíam idosos motivados a participar da pesquisa. Vale mencionar que
inclusive os instrumentos chegaram a ser aplicados
23
em uma instituição, mas, no início das
intervenções (de atividades cognitivas), os idosos não desejaram mais participar. Assim,
depois de um período de cerca de dois meses de tentativas, contatou-se e firmou-se o acordo
da realização da pesquisa em outras duas instituições, onde de fato foi possível a realização da
mesma.
A Instituição A localiza-se em Florianópolis, sendo coordenada pela Igreja Católica.
Foi fundada no ano de 1902, e conta para sua manutenção com a ação pública, com as
mensalidades de seus associados e com os auxílios em geral. Trata-se de uma instituição
filantrópica. Entretanto, aqueles idosos que podem contribuir, contribuem com alguma
porcentagem de sua aposentadoria. A instituição atualmente abriga 45 idosos, e divide-se em
duas alas: a feminina e a masculina. Cerca de 8 a 10 quartos compõem cada ala, onde alguns
idosos dividem seus quartos com mais um ou dois companheiros, e idosos enfermos
permanecem em quartos privados. Para cada ala há um lavabo coletivo para cinco pessoas. Os
banhos acontecem três vezes na semana. A rotina dos idosos que vivem na ILPI A assim
acontece: tomam seu café às 07:30hs, fazem um lanche às 09:00hs (horário da missa),
almoçam às 11:30hs, fazem o lanche da tarde às 14:30hs e às 17:30hs jantam. A Instituição
conta com um fisioterapeuta e uma psicóloga, onde estes realizam suas atividades no decorrer
da semana. Os idosos que ali vivem permanecem a maior parte de seu tempo reunidos em
uma sala de estar, vendo televisão e descansando, sem a realização de atividades
sistematizadas. Segundo a enfermeira responsável, apesar de a Constituição regulamentar que
os asilos são destinados aos idosos que não possuem nenhum familiar vivo, esta não é a
realidade ali. A maioria possui parentes vivos, mas eles nem sequer os visitam.
23
Este momento possibilitou que a aplicação dos instrumentos e os mesmos fossem repensados pela equipe, bem
como as atividades propostas. Um dos instrumentos (“CogState Battery” - Bateria de Avaliação Cognitiva
Computadorizada para medida de atenção, memória de trabalho e tempo de reação) que constava no projeto, teve
que ser substituído pelo RAVLT, visto que a maioria dos idosos não conseguiu se adaptar ao instrumento
computadorizado.
62
a Instituição B localiza-se em São José e é vinculada a uma Sociedade Espírita. É
uma instituição filantrópica, mantida pela comunidade. Desde sua inauguração, em 1967, esta
instituição tem promovido o amparo de centenas de idosos carentes, das mais diversas regiões
do estado de Santa Catarina, reconhecida como Instituição de Longa Permanência que tem
por missão: ser referência no atendimento integral da pessoa idosa sócio-economicamente
carente. Atualmente, a Instituição, que é dividida por duas grandes alas, uma feminina e outra
masculina, abriga 35 idosos. Os idosos mais dependentes permanecem em quartos separados
das alas. A rotina para os idosos na ILPI B começa às 07:30hs, quando tomam o café da
manhã, às 09:00hs fazem um lanche, às 11:00hs almoçam, às 14:30hs tomam o café da tarde,
às 17:30hs jantam e entre 20:00hs e 21:00hs realizam o último lanche do dia. No restante do
tempo os idosos realizam atividades com uma fisioterapeuta, uma terapeuta ocupacional,
atividades religiosas, permanecem na sala assistindo televisão, dentre outras atividades não
sistematizadas.
Uma forma alternativa, que talvez trouxesse maior controle e homogeneidade aos
grupos, seria a realização da pesquisa em apenas uma instituição, da qual se captariam os dois
grupos da pesquisa. Entretanto, por se propor fornecer programas que aumentem a saúde
cognitiva, bem-estar psicológico e qualidade de vida aos participantes, pode-se considerar
antiético restringir a participação de certos participantes a determinados grupos. Estar-se-ia,
desta forma, diminuindo o bem-estar daqueles grupos que, embora quisessem, não pudessem
participar de determinadas atividades. Assim, justifica-se a forma pela qual se optou por
escolher duas instituições para a realização da pesquisa.
Para garantir maior controle sobre eventos que pudessem interferir nos resultados, as
monitoras das atividades, juntamente com a pesquisadora, ficaram encarregadas de coletar
informações sobre eventos ocorridos na instituição, atividades e mudanças na rotina ocorridas
durante o período anterior aos pré-testes e durante o período das intervenções.
Participantes
O universo estudado foi constituído por dez idosos institucionalizados residentes em
duas ILPI da grande Florianópolis (cinco idosos da Instituição A fizeram parte do grupo de
AC e cinco idosos da Instituição B fizeram parte do grupo de AF). Os participantes foram
intencionalmente escolhidos de acordo com os seguintes critérios de inclusão e exclusão:
63
Critérios de Inclusão:
a) Ter a idade mínima de 60 anos. Para efeitos da Lei Federal Nº 8.842, de 4 de janeiro
de 1994, que dispõe sobre a política nacional do idoso, considera-se idoso, a pessoa maior de
sessenta anos de idade.
b) Ter capacidade para locomover-se (mesmo que apenas membros superiores) e para
realizar atividades físicas de leve intensidade (para os grupos que realizaram atividade física).
c) Ter condição geral de saúde preservada (não estar acamado).
d) Ter condições de se comunicar verbalmente.
e) Possuir disponibilidade para freqüentar as sessões durante a semana.
Critérios de Exclusão:
a) Ter menos de 60 anos de idade.
b) Ter contra indicação para a prática de atividades físicas (para os grupos que
realizaram atividade física).
c) Ter uma freqüência inferior a 50% nas intervenções.
Instrumentos
a) Mini-Exame do Estado Mental – MEEM (anexo 2):
Para a avaliação da capacidade cognitiva geral, antes e após as intervenções, foi
utilizado o MEEM, que foi elaborado por Folstein e colaboradores em 1975, e é usado para a
avaliação da função cognitiva e rastreamento de quadros demenciais, sendo um dos testes
mais empregados e mais estudados em todo o mundo (Lourenço & Veras, 2006). É um
instrumento de rastreio de comprometimento cognitivo utilizado como meio de detecção de
perdas cognitivas, no seguimento evolutivo de doenças, e no monitoramento de resposta ao
tratamento ministrado, e é também integrante de várias baterias neuropsicológicas (Brucki,
Nitrini, Caramelli, Bertolucci & Okamoto, 2003).
O MEEM é a escala mais utilizada para o rastreamento de demências e sua utilidade é
confirmada por estudos brasileiros (Almeida, 1998). No Brasil, o MEEM foi traduzido e
validado para o uso na pesquisa e na clínica em indivíduos idosos obtendo um índice de
confiabilidade de 0,85 (Bertolucci, Brucki, Campacci & Juliano, 1994; Laks et al., 2003).
O instrumento é composto por 11 questões (orientação temporal, orientação espacial,
memória imediata, cálculo, evocação de palavras, nomeação, repetição, comando, leitura,
frase e cópia de desenho) que testam cinco aspectos do funcionamento cognitivo: orientação
64
(espacial e temporal), processamento, atenção, cálculo, memória e linguagem. Cada subtítulo
possui tarefas a serem executadas pelo participante, às quais são atribuídos pontos de acordo
com a execução correta. Cada um dos 11 itens do instrumento do Mini-Mental são avaliados
por meio de uma pontuação que varia de 1 a 5 pontos cada, sendo o máximo 30 pontos.
Lourenço e Veras (2006) sugerem que para fins de rastreamento cognitivo de
populações idosas, em unidades ambulatoriais gerais de saúde, o MEEM deve ser utilizado
considerando os pontos de corte 18/19 e 24/25, segundo a ausência ou presença de instrução
escolar formal prévia, respectivamente. A informação sobre escolaridade auxiliou igualmente
o instrumento de rastreamento de demência utilizado no estudo de Caramelli, Herrera e
Nitrini, (1999), sendo considerado 24 o ponto de corte em alfabetizados e 18 em analfabetos
(pontuações abaixo dessas indicam déficit cognitivo moderado). Almeida (1998) igualmente
sugeriu que o ponto de corte para diagnóstico de demência em idosos brasileiros seja 19/20
em sujeitos sem escolaridade enquanto 23/24 em sujeitos com escolaridade.
b) Formulário de Caracterização Geral e Auto-Avaliação dos Idosos (apêndice 1):
De acordo com Marconi e Lakatos (1999), um formulário é caracterizado pelo contato
face a face entre pesquisador e informante, onde o roteiro de perguntas é preenchido no
momento da entrevista, pelo entrevistador. O Formulário de caracterização geral e auto-
avaliação dos idosos” foi adaptado com questões do “Questionário de Auto-Avaliação do
Estilo de Vida, Controle e Ocorrência do Stress”, desenvolvido por Andrade (2001b), e com a
inclusão do Índice de atividades rotineiras do paciente obtido no instrumento “Índice Katz
para atividades da vida diária”, utilizado para avaliar a funcionalidade do idoso, que é
classificado como: I (independente), A (precisa de assistência) e D (dependente). O escore
origina-se da atribuição de pontos para cada item: I: 0, A:1 e D:2. Segundo Almeida (1999) o
Índice Katz pode ser respondido pelo paciente ou familiar. Na presente pesquisa, esta parte do
formulário foi respondido pelas enfermeiras responsáveis das instituições, que melhor
puderam responder às questões relativas à funcionalidade dos idosos.
O formulário de caracterização geral dos idosos, aplicado somente no pré-teste, teve o
objetivo de caracterizar os idosos quanto à idade, sexo, escolaridade, funcionalidade, tempo
de asilamento, utilização de medicamentos, hábitos de atividade física, cognitiva e lazer,
metacognição, repouso, ambiente do asilo e relações sociais, fé e espiritualidade. A primeira
parte do formulário, visando não desgastar os idosos, foi respondida pelas enfermeiras
responsáveis das instituições, devido às características das questões. A segunda parte do
formulário foi respondida pelos próprios idosos.
65
A aplicação do formulário em forma de entrevista foi utilizada pela possibilidade do
entrevistador explicar melhor as questões, caso necessitasse, garantindo maior confiabilidade
quanto à compreensão dos idosos a respeito das questões.
c) Entrevista semi-estruturada (andice 2):
Para a identificação do histórico de atividade cognitiva e física dos idosos foi aplicada
uma entrevista semi-estruturada, com questões abertas sobre as atividades realizadas durante a
maior parte da vida.
Uma segunda entrevista (roteiro 2 da entrevista semi-estruturada, no apêndice 2), após
o término das intervenções foi feita com os idosos dos dois grupos de estimulação sobre as
atividades que foram realizadas, buscando conhecer os aspectos positivos e negativos
avaliados pelos participantes.
d) Escala de Depressão em Geriatria – GDS-15 (anexo 3):
Para a verificação do nível de depressão dos idosos antes e após as intervenções foi
utilizada a GDS-15 desenvolvida por Yesavage, Brink, Rose, Adey e Leirer (1983). A GDS,
em sua versão com 15 perguntas é de fácil aplicação e é utilizada para rastreamento de
depressão em população de idosos. Uma recente revisão sistemática realizada por Watson e
Michael (2003) evidenciou a boa acurácia desse instrumento.
A versão original da GDS é constituída por 30 itens com perguntas fechadas
dicotômicas, onde apresenta um sintoma depressivo e apresenta duas opções de resposta: “sim
e não”. Quanto maior a pontuação, maior o nível de depressão. Foram elaboradas versões
reduzidas da GDS, com 1, 4, 10, 15 e 20 questões. A versão brasileira com 15 questões (GDS-
15) será utilizada neste estudo por apresentar um índice de confiabilidade de 0,81 (Almeida &
Almeida, 1999), similar ao da versão com 30 itens e superior ao encontrado nas versões com
1, 4, 10 e 20 questões.
e) Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey
24
“Rey Auditory-Verbal Learning Test”
– RAVLT (anexo 4):
O objetivo deste teste é avaliar o aprendizado verbal e a memória. O RAVLT é uma
medida breve, fácil de ser administrada através de caneta e papel, que acessa a capacidade de
memória imediata (memória de trabalho). De acordo com Schmidt (1996), a versão francesa
original foi desenvolvida por Andre Rey em 1958, onde Taylor (1959) e Lezak (1976,1983)
24
Tradução também adotada por Lima (2007).
66
alteraram o teste e o adaptaram para o uso com sujeitos da língua inglesa. A versão utilizada
no presente estudo é a mesma de Lima (2007).
muitas variações do teste, entretanto, a mais utilizada consiste em ler 15 palavras
de uma lista (dando um intervalo de um segundo para cada palavra) por cinco vezes, onde
cada vez que a lista é lida, pede-se que o sujeito lembre livremente das palavras que ali
constam. A ordem da apresentação das palavras para o sujeito mantém-se fixa a cada nova
leitura, e as instruções do teste são repetidas a cada nova leitura da lista. Depois de completa a
quinta leitura da mesma lista de palavras, uma lista de interferência de 15 novas palavras é
introduzida (lista B de palavras), onde o sujeito também deverá lembrar das palavras que nela
constam. Imediatamente depois de lembrar as palavras da lista B, o sujeito deverá lembrar as
palavras da lista A, sem a leitura adicional da mesma. Por último, o administrador do teste
uma lista com 25 palavras (dentre as quais estão palavras da lista A e lista B, e ainda palavras
foneticamente ou semanticamente similares àquelas), dentre as quais as 15 palavras
aprendidas deverão ser identificadas. Para este estudo, o número de palavras recordadas em
cada etapa foi registrado e com esses dados foi elaborada uma curva de aprendizagem para
cada participante.
Para Costa, Azambuja, Portuguez e Costa (2004), os testes que envolvem aprendizado,
isto é, a repetida exposição ao material a ser recordado, são mais sensíveis para detectar
prejuízos de memória do que testes apresentados somente uma vez. Isto é o que acontece no
RAVLT, visto que se a lista de palavras para o examinando, pausadamente, cinco vezes
consecutivas. Após cada uma das vezes em que são apresentadas as 15 palavras, o sujeito
deve fazer a evocação do material, sem precisar seguir a mesma ordem de apresentação.
Procedimentos
Aspectos Éticos
Todas as etapas do estudo foram aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisas com
Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Primeiramente, uma reunião com
os responsáveis das instituições foi realizada, onde todas as informações pertinentes à
pesquisa foram fornecidas. Antes da coleta de dados e do início das intervenções, o
responsável pela instituição oficializou uma autorização (apêndice 3) para a realização da
pesquisa na instituição e uma declaração (apêndice 4) objetivando atender as exigências para
a obtenção de parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.
67
Posteriormente, todos os participantes receberam orientações orais e escritas sobre a
pesquisa, sendo informados sobre todos os aspectos relacionados ao formato da pesquisa,
sigilos dos dados, responsabilidade dos pesquisadores e profissionais envolvidos, sobre a
possibilidade de deixarem de participar da pesquisa a qualquer momento e o direito a recusar
a participação na mesma. Para o início da coleta de dados e das intervenções, os participantes,
quando puderam, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice 5),
ficando a cargo do responsável pela instituição (apêndice 6), quando algum participante, por
algum motivo, não pudesse assinar o termo. Assim, a inclusão dos participantes na pesquisa
foi realizada somente mediante a autorização da instituição e à assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes.
Seleção dos Participantes
Após todos os procedimentos éticos tomados com os responsáveis das ILPI
envolvidas, iniciou-se o processo de seleção de participantes. Devido à dificuldade em
encontrar idosos que se enquadravam nos pré-requisitos da pesquisa (muitos tinham demência
severa, não conseguiam se comunicar verbalmente, estavam acamados ou não podiam praticar
atividades físicas), as enfermeiras das Instituições indicaram participantes em potencial para a
pesquisa, o que facilitou o processo de recrutamento dos participantes. Os idosos da
Instituição A foram convidados a participar do programa de atividades cognitivas e os idosos
da Instituição B foram convidados a participar do programa de atividades físicas. Entretanto,
ainda assim foi dificultoso realizar a seleção dos participantes, pois, dentre os idosos que se
enquadravam nos requisitos da pesquisa, muitos não sentiram motivação suficiente para a
participação na mesma (alegavam cansaço e falta de vontade para realizar as atividades
propostas).
Todos os interessados puderam participar do grupo de atividades cognitivas ou do
grupo de atividades físicas. No total, dezessete idosos institucionalizados mostraram interesse
na pesquisa, responderam aos instrumentos no pré-teste (antes do início das intervenções) e
iniciaram o programa de estimulação proposto. Entretanto, apenas dez idosos se adequaram
aos critérios de inclusão e exclusão anteriormente descritos, dentre os quais compreendia a
freqüência mínima de 50% de participação nos programas de estimulação.
Estipulou-se como ponto de corte a freqüência mínima de 50% de participação nos
programas de estimulação, visto que a média de freqüência daqueles dezessete participantes,
no grupo de atividades cognitivas, que consistiu de 22 sessões, foi 13,6 sessões (61% de
freqüência) e do grupo de atividade física, que foi constituído por 13 sessões, foi de 7,5
68
sessões (57% de freqüência). Apesar de a maioria dos estudos estipularem como ponto de
corte uma freqüência mínima de 75% de participação nas intervenções propostas, aqui,
entretanto, tal freqüência nima forneceria ao final do estudo poucos dados. Apenas seis
idosos tiveram uma freqüência de no mínimo 75%, e dentre estes, quatro eram do grupo de
atividades cognitivas e apenas dois do grupo de atividades físicas (o que dificultaria a
comparação entre os grupos). Assim, justifica-se a opção por tal ponto de corte. Na descrição
de cada participante a freqüência do mesmo está observada e a verificação de possíveis
explicações sobre a baixa adesão às intervenções propostas está realizada na discussão dos
resultados.
A figura 2 mostra como se deu a etapa de seleção dos participantes.
Aplicação dos instrumentos de avaliação
A aplicação dos instrumentos foi realizada por uma equipe (pesquisadora e demais
colaboradores envolvidos na pesquisa) treinada previamente à aplicação dos instrumentos. A
testagem foi agendada pelos responsáveis das instituições, que indicaram o melhor dia e
horário a ser realizada. A mesma foi feita em momentos nos quais os idosos estavam livres de
atividades tais como banho, refeições e descanso, visando diminuir estímulos que
interfeririam nos resultados.
Os instrumentos foram aplicados no período de uma semana (para alguns participantes
bastaram dois dias) para evitar o cansaço por parte dos participantes. Primeiramente foram
aplicados o MEEM, o Formulário de Caracterização e Auto-avaliação dos Idosos, e a GDS-
15. Destaca-se que para a aplicação do Formulário de Caracterização e Auto-avaliação dos
Idosos, primeiramente foi feita uma entrevista com a enfermeira responsável de cada ILPI
para que a mesma respondesse à primeira parte do formulário. Somente depois foi realizada a
entrevista com os idosos. A aplicação desses instrumentos levou em torno de uma hora e meia
de duração por participante (para alguns idosos foi necessária uma pausa para descanso).
Posteriormente, a entrevista semi-estruturada e o RAVLT foram aplicados, onde a primeira
levou em torno de 10 minutos para ser respondida, e a segunda em torno de 10 minutos por
participante. Importante relatar que, durante a aplicação dos instrumentos, alguns idosos
mencionaram estar cansados, principalmente no formulário de caracterização, por ser longo, e
no RAVLT, por demandar uma maior concentração.
69
Figura 2 - Diagrama ilustrativo da seleção dos participantes.
Contatos via telefone realizados com as instituições disponibilizadas pelo MPSC
Visitas realizadas pela equipe em nove ILPI onde se observou que muitas não tinham
ambiente adequado para a realização dos programas de estimulação, e constatação de que
muitos idosos não tinham motivação para participar da pesquisa
Realização de coleta de dados e
início de atividades cognitivas
com oito idosos de uma ILPI
localizada em São José (SC) /
Desistência da participação dos
idosos na pesquisa – Não houve
aderência dos mesmos ao
programa / Oportunidade de
reflexão sobre a aplicabilidade
dos instrumentos e dos
programas de estimulação entre
a população idosa
institucionalizada
Interesse da ILPI B na realização
do programa de atividades físicas
Interesse da ILPI A na realização do
programa de atividades cognitivas
Depois de todos os procedimentos
éticos, realização da coleta de dados
(pré-teste) com nove idosos e início
do
programa
Dois idosos desistiram de
participar das atividades: um
alegou não ter gostado das
atividades e outro alegou não
gostar da presença de um outro
idoso no grupo de atividades
cognitivas / Outros dois
participantes não tiveram a
freqüência mínima de
participação nas atividades
Ao final das 22 sessões,
cinco idosos enquadraram-
se nos requisitos para
inclusão na pesquisa
Novos contatos com outras
ILPI da grande Florianópolis
Depois de todos os procedimentos
éticos, realização da coleta de dados
(pré-teste) com oito idosos e início do
programa
Uma idosa desistiu de participar do
programa, sem alegar um motivo (não
participou de nenhuma sessão de
atividade física) / Outros dois
participantes não tiveram a freqüência
mínima de participação nas atividades
Ao final das 13 sessões,
cinco idosos enquadraram-se
nos requisitos para inclusão
na pesquisa
Inclusão de dez participantes no estudo /
Cinco do grupo de atividades cognitivas e
cinco do grupo de atividades físicas
70
Todos os instrumentos foram aplicados individualmente, em forma de entrevista, em
uma sala preparada na própria instituição. Entretanto, quando alguns idosos não puderam ser
levados para tal sala por algum motivo, os instrumentos foram aplicados no lugar onde o
idoso se encontrava, como a sala principal da instituição ou quarto. Foram tomados todos os
cuidados, na medida do possível, relativos ao conforto físico dos participantes e controle de
estímulos que pudessem interferir nos resultados, tais como iluminação, temperatura, limpeza,
ruídos sonoros, cadeiras confortáveis, dentre outros.
A aplicação dos instrumentos de avaliação no pós-teste foi realizada nas mesmas
condições que a aplicação no pré-teste, com a diferença que no pós-teste houve a inclusão do
segundo roteiro da entrevista semi-estruturada. Esta, por sua vez, conseguiu ser gravada na
Instituição A onde se realizou o programa de atividades cognitivas, mas não na Instituição
B
25
, onde se realizou apenas a transcrição das falas obtidas na mesma.
Os programas de estimulação:
GAC (Grupo de Atividades Cognitivas): Foi composto por cinco idosos que
participaram de um programa de 22 sessões de atividades cognitivas. O programa de
atividades cognitivas foi realizado em grupo com freqüência de duas vezes por semana e
duração de cerca de 1 hora. As sessões foram monitoradas por duas bolsistas do Programa de
Iniciação Científica Voluntário da UFSC (graduandas em Psicologia), que receberam por sua
vez, supervisões semanais e acompanhamentos ocasionais durante as sessões com a
pesquisadora. O programa de atividades cognitivas foi realizado em uma sala da Instituição A
que normalmente era utilizada por um grupo de mulheres que realizam trabalho voluntário. A
sala era adequada para a realização do programa, visto que nela existia uma mesa grande
(imprescindível para a realização dos exercícios) onde os participantes podiam se acomodar
confortavelmente, até mesmo aqueles que necessitavam o uso de cadeiras de rodas.
O programa de atividades cognitivas consistiu de atividades lúdicas, dinâmicas e
práticas de tarefas direcionadas à estimulação de determinados processos cognitivos,
principalmente da memória e atenção. A estimulação da memória de trabalho foi realizada
algumas vezes através da prática de jogos de memória, e também através de dinâmicas
baseadas no programa criado por Zauszniewski e colaboradores (2004), que enfatiza a
reflexão focada como um tipo de reminiscência usando imagens visuais de categorias de
25
A equipe neste dia não conseguiu a obtenção de um gravador de voz.
71
temáticas específicas, tal como dias de escola, feriados, comidas, modos de transporte,
animais e entretenimento.
A estimulação da atenção e da memória de trabalho também foi realizada através da
utilização ocasional da grade de números para exercícios de concentração (Greenless et al.,
2006) que consiste numa grade de 100 quadrados, onde dois números (de 00 a 99) são
arranjados aleatoriamente no centro de cada um dos quadrados (apêndice 7). A tarefa do
participante da tarefa envolve marcar a maior quantia possível de números consecutivos em
um período específico de tempo sob diferentes níveis de distração conforme escolha do
administrador do exercício. A grade pode também ser utilizada para trabalhar a memória de
trabalho, pois durante a tarefa a pessoa utiliza a capacidade imediata e limitada da memória,
além de ter que lembrar de informações visuais e espaciais e de coordenar atividades
cognitivas. Importante mencionar que as grades foram criadas especialmente para cada
participante, respeitando suas dificuldades. Algumas grades de exercícios realizadas por
alguns participantes encontram-se no apêndice 8.
Conforme a necessidade e aderência do grupo à proposta do programa, novas
abordagens foram utilizadas a cada novo encontro visando estimular a participação dos
idosos. As monitoras das atividades foram orientadas a elaborarem um diário de campo, que
foi utilizado na discussão dos resultados, enriquecendo a análise dos mesmos.
Na figura
26
3 pode-se observar a descrição das atividades realizadas no programa de
atividades cognitivas, assim como seus objetivos.
SESSÃO ATIVIDADES REALIZADAS OBJETIVOS
- Aprender sobre o uso de um calendário.
- Desenhar ou procurar em uma revista, alguma atividade,
objeto ou ser vivo que lhe agradasse, explicando
posteriormente sua escolha enquanto segurava uma
peteca. Após isso, o participante deveria escolher alguém
para entregar a peteca. O que recebesse deveria então
explicar a escolha de seu desenho ou figura, realizando o
mesmo procedimento.
- Encontrar dentro de uma grade de números aleatórios,
os números seqüenciais (marcar de 00 a 20, por
exemplo). Quando o participante terminava a atividade,
uma nova grade lhe era dada, esta com um maior nível de
dificuldade.
- Jogo onde cada participante deveria falar para o grupo o
nome de uma fruta. Cada participante que falava passava
uma peteca para um outro participante, e assim
sucessivamente. Depois de cada participante ter falado
uma fruta, foi pedido que cada um lembrasse, além do
Através da utilização do calendário
estimular cada participante a
aumentar sua orientação temporal e
sua coordenação motora fina. Na
segunda atividade, trabalhar a
atenção, a memória de longo prazo
(evocação), a memória de trabalho e
a interação social. Exercitar a atenção
e a memória de trabalho no exercício
de grade de números. Estimular a
memória de longo prazo e a memória
de trabalho na última atividade.
Buscou-se ainda aumentar a
interação entre os participantes
através de atividades em que são
necessários a escuta e o contato
(através da peteca, por exemplo,
incitou-se os participantes a se
26
Uma versão simplificada desta tabela constou no painel intitulado “Treinamento Cognitivo: uma proposta de
estimulação em idosos institucionalizados” apresentado na 6ª SEPEX (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão
da UFSC) em 2007. O resumo encontra-se disponibilizado em www.sepex.ufsc.br.
72
nome de sua fruta escolhida anteriormente, o nome da
fruta escolhida pela pessoa que lhe havia passado a
peteca.
olharem, falarem entre si e escutarem
um ao outro).
- Indagações sobre o dia do mês e da semana em que
estavam, ano, país, Estado, cidade e o nome da rua em
frente à Instituição.
- Foram colocados sobre a mesa, um a um, oito objetos,
enquanto se falava um pouco a respeito de cada um deles.
Pediu-se que os participantes tentassem memorizar os
objetos, pois estes seriam cobertos por um lençol.
Aproximadamente um minuto depois, retirou-se o lençol
e foi pedido que os participantes dessem uma última
olhada nos objetos, pois, em seguida, estes seriam
cobertos novamente e a atividade seria a de desenhar os
objetos que lembrassem (apêndice 9).
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial indagando-se sobre dia do
mês e da semana, ano, país, estado,
cidade e o nome rua em frente ao
asilo. Exercitar a atenção (ao
focalizar os objetos dispostos na
mesa), a memória de trabalho (ao ter
que lembrar os objetos escondidos
pelo lençol) e a coordenação motora
fina (ao ter que desenhar os objetos
lembrados). Foi optado que os idosos
desenhassem os objetos, visto que
nem todos sabem escrever, e além
disso, mesmo que os desenhos
estivessem difíceis de serem
interpretados, cada participante
saberia e poderia descrever seu
desenho. A interação social entre os
participantes também foi incentivada.
- Indagações sobre o dia do mês e da semana em que
estavam, ano, país, Estado, cidade e o nome da rua em
frente à Instituição.
- Adivinhar qual objeto se encontrava dentro de uma
caixa fechada (apêndice 10), apenas tocando com uma
das mãos, através de um buraco, sem olhar. Em princípio
ficou combinado que cada um tentaria adivinhar o que se
encontrava na caixa, e depois que todos tocassem o
objeto ele seria revelado.
- Após essa atividade, foi realizado um jogo onde cada
participante deveria falar o nome de um animal na
primeira rodada, e na segunda, falar outro animal
escolhido e repetir o animal escolhido pelo colega.
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial indagando-se sobre dia do
mês e da semana, ano, país, estado,
cidade e o nome rua em frente ao
asilo. Exercitar a percepção através
da brincadeira da caixa fechada com
objetos. Estimular a memória de
longo prazo e a memória de trabalho
na última atividade. Nesta sessão
observou-se que a interação social
aumentou em relação à primeira
sessão, visto que todos os
participantes falam entre si, buscando
ajudar ou brincar com outro.
- A atividade realizada, previamente realizada na
primeira sessão, constava em marcar de forma seqüencial
os números de uma grade.
Devido às dificuldades de alguns participantes em seguir
sequencialmente os números, foi colocado, acima de cada
grade, a seqüência dos números pela qual o participante
deveria seguir (ex: 00 01 02 03...).
- Exercitar a atenção e a memória de
trabalho no exercício de grade de
números. Devido às dificuldades de
alguns participantes na tarefa, e em
algumas de suas falas que alertavam
para o fato de a atividade não ser
agradável, a realização da mesma foi
interrompida no programa.
- Mostrou-se aos participantes uma lista de presença. Foi
estipulado que o participante que tivesse uma alta
participação nas atividades durante cada mês, receberia
ao final do mês uma lembrança, tal como sabonete, lenço,
pasta de dente, etc.
- Como praxe, indagou-se sobre o dia do mês e da
semana, além do ano, do país, do Estado e da cidade.
Também questionou sobre o nome das monitoras e
pesquisadora da pesquisa.
- O exercício principal proposto na sessão foi realizado
em duplas. Cada pessoa teria que contar à outra uma
história verídica ou inventada, onde deveriam prestar
atenção porque a segunda parte da atividade consistia em
contar a história do outro para o grupo. Entretanto, os
participantes tiveram dificuldades em trabalhar em dupla,
- Trabalhar a orientação temporal
com as indagações referentes a data.
Exercitar a memória de trabalho e de
longo prazo indagando-se sobre a
sessão anterior. Incentivar a interação
social através da formação de duplas
ou através das histórias contadas em
grupo. Exercitar a atenção (ao passo
que deveriam ouvir a história de
outro participante) e a memória de
trabalho (quando deveriam, ao final
da atividade, lembrar-se da história
contada previamente pelos colegas).
73
não conseguindo interagir. Sendo assim, alterou-se o
exercício para que apenas contassem uma história para o
grupo. Foram recortadas figuras de revista (como
animais, automóveis, comidas, flores, etc) e dito que
podiam usar as figuras para lembrar de uma história ou
para inventar, caso não quisessem contar uma história
verdadeira. Para a segunda parte da atividade deveriam
lembrar das histórias contadas.
- Foram feitas as indagações sobre o dia, o mês, o ano, o
Estado e o País.
- Jogar dominó.
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial com as indagações
referentes à data, Estado e país.
Através do dominó exercitar a
tomada de decisão, atenção, memória
de trabalho e interação social.
- A atividade principal da sessão foi a mesma realizada
na terceira sessão: adivinhar qual objeto se encontrava
dentro de uma caixa fechada, apenas utilizando o tato.
Nesta sessão, os participantes foram orientados a não
falarem o nome do objeto até o final da rodada, e sim,
apenas características do objeto. Foi pedido ainda que
prestassem atenção porque no segundo momento da
atividade tentariam lembrar os objetos que haviam sido
usados.
- Exercitar a percepção através do
tato, a memória de longo prazo na
descrição das características dos
objetos e a memória de trabalho, ao
final da sessão, na lembrança dos
objetivos que estavam na caixa.
- Indagações sobre a data, Estado e país.
- Exercício de mímicas e adivinhações. Cada participante
deveria fazer uma mímica sobre alguma atividade ou
objeto. Enquanto fazia a mímica, o restante do grupo
deveria tentar adivinhar o que ele estava fazendo. Ainda,
nesta sessão, por sugestão dos participantes, piadas foram
contadas pelos mesmos.
- Exercitar a orientação temporal e
espacial com as indagações
referentes à data, Estado e país.
Estimular a criatividade, a percepção,
coordenação motora, a fala, a atenção
e a interação social através de
mímicas e adivinhações.
- Indagações sobre data, Estado e país.
- Visualização mental. Foi proposto que cada um
planejasse mentalmente um piquenique, imaginando cada
passo do planejamento: o lugar, as pessoas convidadas, o
horário do piquenique, o tipo de comida e bebida, além
de outras atividades que gostariam de fazer no
piquenique. Por último, foi pedido que cada um
lembrasse das roupas que guardava em seu quarto e
escolhesse a mais apropriada para a ocasião. Durante a
visualização, a monitora foi lembrando que cada item
deveria ser pensado como algo que viesse a agradar a eles
e aos convidados, e que podiam lembrar-se de ocasiões
similares agradáveis para montar a cena. Foram dadas
opções pra essa construção, para que percebessem que
recursos poderiam usar. A monitora mencionou ainda que
podiam fechar os olhos, podiam desenhar e até mesmo
podiam escrever (foram deixados papéis e lápis na mesa
onde estavam sentados).
- Jogo de adivinhação. A monitora realizava perguntas,
e, para descobrir a resposta, os participantes deveriam
buscar figuras de revistas expostas na mesa (as respostas
estariam nas figuras).
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial com as indagações
referentes à data, Estado e país.
Estimular a criatividade, a
imaginação, a atenção, a percepção e
a memória de longo prazo (evocação)
através da visualização mental e
através do jogo de adivinhação e
busca por figuras.
10ª - Indagações referentes à data, Estado e país.
- Encontrar determinadas figuras em uma folha repleta
de figuras diferentes, circulá-las ou fazer um “x”. Porém,
para dificultar a tarefa, a monitora deveria falar apenas
algo que caracterizasse a figura, cabendo ao idoso
descobrir a figura em questão. Para algumas figuras,
bastou-se uma dica, já para outras, mais de uma dica
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial com as indagações
referentes à data, Estado e país.
Estimular a atenção (ao ter que
desvendar as dicas da adivinhação e
encontrar a figura desejada na folha),
a memória de trabalho (ao ter que
74
foram fornecidas.
gravar as dicas, descobrir a figura em
questão e encontrá-la na folha) e a
coordenação motora fina (ao ter que
marcar um “x” ou circular a figura).
11ª - Indagações sobre as atividades realizadas na sessão
anterior.
- Nesta sessão foi utilizado um cd com músicas, figuras
de revista e uma bola. A primeira atividade era encontar
figuras que continham elementos cantados na música. A
música utilizada foi “Àguas de Marçode Tom Jobim.
Para isso, num primeiro momento, cada figura era
mostrada e todos os elementos contidos eram
comentados. Depois a música foi ouvida (duas vezes) e aí
as figuras foram apontadas.
- A segunda atividade era ouvir uma música enquanto
uma bola era passada de mão em mão. Ocasionalmente a
música seria parada e quem estivesse com a bola nas
mãos deveria cantar a palavra seguinte. A música
utilizada foi “Nossa Senhora” cantada por Roberto
Carlos.
- Estimular a memória de trabalho
(ao fazer com que os participantes
relembrassem a atividade da sessão
anterior, ao ter que memorizar frases
da música para procurar figuras, e ao
ter que manter a música na memória
para então cantar a próxima frase), a
atenção (no prestar atenção na
música e nas figuras dispostas da
mesa), e estimular o processo de
evocação da memória de longo prazo
(quando deviam relembrar uma
música já conhecida para cantá-la).
Além disso, a interação social foi
incentivada através da utilização de
uma bola que propiciava contato
entre os participantes.
12ª - No exercício desta sessão, um dos participantes deveria
descrever um objeto (escolhido pela monitora) e sua
utilidade para que os outros participantes tentassem
adivinhar qual era o objeto. Para isso foi utilizada a caixa
com o furo para uma mão (utilizada anteriormente) e os
objetos: escova de dentes, coador de plástico, copo de
plástico, boneca, pincel, lápis de cor, esponja metálica,
tampa de madeira para vidro, espelho de interruptor,
vidro de esmalte, chaves, óculos, garfo. No decorrer da
sessão incorporou-se ainda à atividade, colocar a mão
dentro da caixa quando a adivinhação estivesse muito
difícil.
- A segunda atividade, durou 10 minutos e foi
realizada em uma sessão anterior. Cada participante
deveria lembrar o nome de uma fruta e depois relembrar a
fruta falada pelo colega. Após essa atividade foi pedido
que os participantes lembrassem dos objetos utilizados na
primeira atividade.
- Estimular a criatividade,
imaginação e percepção através da
descrição dos objetos, além da
evocação da memória de longo
prazo. Estimular a memória de
trabalho na tarefa de pensar e
relembrar o nome de uma fruta, e
através da tentativa de relembrar os
objetos utilizados na primeira
atividade.
13ª - Nesta sessão foi realizado um bingo. Para uma maior
descontração, utilizou-se música tocando ao fundo.
- Estimular a atenção e a memória de
trabalho através de um bingo.
14ª - Indagações sobre a data do dia e sobre as atividades
realizadas na sessão anterior.
- Classificar animais em: animais do ar, animais da terra e
animais da água. Para tanto, a monitora mencionava, ou
mostrava a foto de um animal, e pedia que os
participantes os classificassem. Depois, cada participante
deveria citar um animal diferente, e o restante do grupo
deveria classificá-lo.
- No segundo exercício foi pedido que cada participante
imaginasse estar numa feira (exercício de visualização
mental, também realizado na nona sessão, mas com um
tema diferente), e que cada um escolhesse coisas que
poderia comprar na feira.
- Trabalhar a orientação temporal
com as indagações referentes à data;
estimular a memória de trabalho com
as indagações referentes à sessão
anterior; trabalhar os esquemas, e
nesse sentido, a memória de longo
prazo através da classificação dos
animais; estimular a criatividade, a
imaginação, a atenção, a percepção e
a memória de longo prazo (evocação)
através do exercício de visualização
mental.
15ª - Indagações sobre data e local em que estavam.
- Primeiramente informações foram dadas a respeito da
saúde dos olhos na velhice. Posteriormente, o exercício
de estimulação foi o de, com os olhos tapados, cheirar e
tentar adivinhar o aroma que havia dentro de potes
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial com as indagações
referentes à data e local em que
estavam; realizar uma intervenção
educativa sobre saúde dos olhos na
75
escuros (potinhos de filmes fotográficos). Os aromas
eram nove: açúcar baunilha, café, canela, cravo, orégano,
cominho, pasta de dente, gengibre e alho. Posteriormente,
os participantes foram incentivados a contar histórias
lembradas através dos aromas sentidos.
velhice; estimular a percepção e a
memória de longo prazo através da
utilização de potes com aromas.
16ª - Indagações sobre a data e sobre as atividades realizadas
na sessão anterior.
- Atividade de visualização mental. Tema: planejamento
de uma festa. Na atividade, foi solicitado aos
participantes que fizessem de conta que iriam planejar
uma festa. Eles deveriam pensar em um lugar agradável,
em um horário para festa, convidados, comidas e música.
- Trabalhar a orientação temporal
com as indagações referentes à data;
estimular a memória de trabalho com
as indagações referentes à sessão
anterior estimular a criatividade, a
imaginação, a atenção, a percepção e
a memória de longo prazo (evocação)
através do exercício de visualização
mental. Nesta sessão, foi a terceira
vez que o exercício de visualização
mental foi feito no programa. Optou-
se por sua utilização devido aos
participantes, que demonstraram
gostar de tal atividade.
17ª - Indagações sobre data e localização.
- Informações foram dadas a respeito de fatores
relacionados à insônia.
- Na atividade do dia, os participantes deveriam
selecionar nomes de frutas e de animais para escrever em
papeizinhos (escrito pela monitora da atividade). Depois,
os papéis seriam misturados, e cada participante deveria
retirar um papel (a monitora lia o que estava escrito) e dar
informações a respeito da fruta ou do animal até que os
outros conseguissem adivinhar do que se tratava.
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial com as indagações
referentes à data e localização;
realizar uma intervenção educativa
sobre fatores relacionados à insônia;
trabalhar esquemas (e logo, memória
de longo prazo), atenção, memória de
trabalho, imaginação e criatividade
através da atividade sobre animais e
frutas.
18ª - Indagações sobre data e sobre as atividades realizadas
na sessão anterior.
- Informações foram dadas sobre higiene bucal.
- O exercício de estimulação foi feito através do jogo da
memória. Para tanto foi confeccionado um jogo com dez
pares de figuras, em cartas de tamanho 12x7, com as
seguintes figuras: sol, estrela, coração, folha, xícara,
árvore, olho, maçã nuvem e bola. Após o jogo,
recolheram-se as cartas e foi pedido a cada um que
citasse uma das figuras que se encontrava anteriormente
na mesa.
- Uma segunda atividade foi realizada, de visualização
mental. O tema foi o de ir ao supermercado e escolher um
item que é vendido em supermercados para comprar.
- Trabalhar a orientação temporal
com as indagações referentes à data;
estimular a memória de trabalho
através de questionamentos sobre a
sessão anterior; realizar uma
intervenção educativa sobre higiene
bucal; estimular memória de trabalho
e atenção através do jogo da
memória; estimular imaginação,
criatividade e memória de longo
prazo na atividade de visualização
mental.
19ª - Devido à falta de salas, que estavam todas ocupadas,
para a realização da atividade, neste dia o exercício de
estimulação foi realizado através de conversas entre a
monitora e os participantes, individualmente.
- Estimular processos de linguagem e
memória de trabalho através de
conversas informais.
20ª - O intuito desta sessão era o de realizar algumas das
atividades já realizadas previamente no programa.
Esperava-se realizar, brevemente, um pouco do exercício
da caixa de objetos, do exercício de visualização mental,
do exercício do nome de fruta, e do exercício com
música. Iniciou-se a sessão com a atividade da caixa.
Entretanto, na adivinhação do primeiro objeto, a sessão
foi interrompida pela enfermeira, que convidou os idosos
a assistirem a um coral que visitava a Instituição. Ainda
assim, questionou-se sobre data, localização e sobre a
- Trabalhar a orientação temporal e
espacial indagando-se sobre dia do
mês e da semana, ano, país, estado,
cidade e o nome da rua em frente à
Instituição; verificar as crenças e
pensamentos dos participantes em
relação às atividades realizadas;
exercitar a percepção através da
brincadeira da caixa fechada com
objetos.
76
utilidade das atividades.
21ª - Nesta sessão, realizou-se a brincadeira da mímica, que
havia tido sucesso no programa. Cada participante teve
que fazer uma mímica sobre alguma atividade ou objeto.
Enquanto fazia a mímica, o restante do grupo deveria
tentar adivinhar o que ele estava fazendo.
- Estimular a criatividade, a
percepção, a coordenação motora, a
linguagem, a atenção, a memória de
longo prazo (evocação), a memória
de trabalho e a interação social
através das mímicas e adivinhações.
22ª - Sessão de encerramento do programa de atividades
cognitivas. Foi realizado um bingo e um lanche para
confraternização dos participantes.
- Estimular a atenção e a memória de
trabalho através do bingo, e a
interação social através do lanche de
confraternização.
Figura 3 - Descrição das atividades realizadas no programa de atividades cognitivas.
Destaca-se que se optou por realizar a prática de atividades cognitivas ao invés de
treinamento cognitivo, pois o último geralmente é mais sistematizado e direcionado para
reabilitação cognitiva, e além do mais, sua utilização dificultaria o processo de comparação
com o grupo de atividades físicas, visto que este igualmente não fez uso de um programa de
treinamento e exercício físico mais sistematizado.
GAF (Grupo de Atividades Físicas): Foi composto por cinco idosos que participaram
de um programa de 13 sessões de atividades físicas. A intervenção foi realizada por uma
educadora física
27
e também graduanda em Psicologia, com monitoramento de uma pós-
graduanda em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina e orientação do
Prof.Dr.Alexandro Andrade (UDESC). O programa de atividade física foi realizado com
freqüência de duas vezes por semana e duração de cerca de 40 a 60 minutos. As atividades
foram realizadas numa sala da Instituição B, visto que esta possuía espaço suficiente para a
realização dos movimentos, para acomodar aqueles que faziam uso de cadeiras de rodas, e
igualmente possuía sofás que permitiam que os participantes sentassem, caso necessitassem.
Cada sessão do programa de atividade física foi estruturada didaticamente em três
partes:
Parte inicial (10 minutos): aquecimento e alongamento de grandes grupos musculares;
Parte principal (20 minutos): movimentos básicos e ritmados de membros;
Parte final (10 minutos): relaxamento e volta à calma, com exercícios respiratórios e
de alongamento.
Os exercícios foram moderados, sem controle de intensidade, onde cada participante
foi estimulado a realizar o exercício de maneira confortável. Na volta à calma, foram
27
Parte dos dados dessa dissertação estão igualmente presentes no trabalho de conclusão do curso de Educação
Física da Universidade Estadual de Santa Caratina (UDESC), da monitora do grupo de atividade física Brunella
Castiglioni Guidoni, intitulado “Atividade Física e Depressão em Idosos Asilados”, apresentado em junho de
2007.
77
utilizados exercícios do yoga, com música e respiração controlada. Para a realização de cada
sessão de atividade física foram utilizados som e cd’s com músicas selecionadas a gosto dos
participantes.
De maneira geral, as atividades ministradas foram simples e de fácil execução para
melhor entendimento e acompanhamento dos participantes. As aulas iniciavam com 10
minutos de aquecimento (geral e articular) e alongamento, partindo então para cerca de 20
minutos com movimentos básicos e ritmados de membros (os exercícios foram acompanhados
de músicas da época da juventude dos idosos, como as da “Jovem Guarda”, as dos anos
sessenta e setenta, “Roberto Carlos”, “Erasmo Carlos”, “Wanuza”, etc.) e finalizava-se com
mais 10 minutos de relaxamento e alongamento.
Na parte inicial alongavam-se tronco (lateral e frontal), pescoço (lateral e frontal),
punho (flexão e extensão), panturrilha, tornozelos, etc. O aquecimento dava-se pela execução
de movimentos laterais com o quadril, movimentos circulares como rotação do tornozelo, do
punho e do pescoço e flexão de joelhos, dos dedos das mãos e dos cotovelos. na parte
principal da aula, realizavam-se movimentos dançantes ritmados de membros superiores e
exercícios pausados de membros inferiores como elevação de calcanhar, extensão de dedos,
abdução e adução de pernas, etc., realizados na posição sentada, dadas as condições físicas
dos idosos participantes. Na parte final, realizavam-se o alongamento e relaxamento:
soltavam-se pernas, braços, pés e mãos, alongavam-se todos os músculos solicitados durante a
aula (pés, pernas, tronco, braços, mãos, pescoço) e, por último, realizavam-se exercícios de
respiração profunda, com flexão de joelho (para aqueles idosos que conseguiam ficar em pé),
e posterior extensão de tronco, com extensão dos braços acima da cabeça (na inspiração do
ar), para adiante relaxar o tronco a frente (e expirar o ar).
Cabe mencionar que apenas um dos participantes do grupo de atividades físicas fazia
uso de cadeira de rodas, e este realizava as atividades movimentando a parte superior do
corpo e alongando um dos pés (movimentos giratórios).
Devido à padronização das sessões de atividade física e seus objetivos traçados,
considerou-se não necessária uma tabela de descrições das mesmas.
Como forma de controlar eventos que pudessem interferir nos resultados, como
freqüência nas atividades, motivação e engajamento nas aulas, mudança de medicação,
eventos emocionais, dentre outros, estes foram controlados por sessão e registrados em um
diário de campo pelas monitoras dos programas e repassadas para a pesquisadora. As
informações obtidas por meio dos diários de campo são utilizadas na descrição dos
participantes (apresentada nos resultados) e na discussão dos resultados.
78
Levantamento, organização e análise dos dados
Os resultados das testagens foram levantados de acordo com os seus respectivos
manuais de instrução e organizados conforme os dois grupos distintos no Programa Microsoft
Excel ao longo da pesquisa. Para os dados referentes à caracterização geral dos participantes
(sexo, idade, escolaridade, funcionalidade, ingestão de medicamentos, histórico esportivo e
cognitivo, dentre outros) foi aplicada a estatística descritiva com o auxílio do programa
estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 10. Através da estatística
descritiva verificou-se a freqüência das variáveis nominais e ordinais, e o desvio padrão,
média e mediana das variáveis intervalares.
Analisou-se a distribuição dos dados através do teste de Shapiro Wilk, além dos
valores de assimetria e curtose, sendo que se constatou que os dados não apresentaram
distribuição normal, o que indicou a utilização de testes não paramétricos a fim de evitar erros
do tipo II (falhar em rejeitar a hipótese nula quando ela é falsa). A estatística não-paramétrica
foi utilizada para comparar os dois grupos de estimulação. A prova U de Mann-Whitney foi
utilizada para determinar as diferenças entre as médias da GDS-15, MEEM e RAVLT, entre
os grupos de AC e AF, tanto nos pré-testes quanto nos pós-testes. Por sua vez, para a
comparação e verificação de diferenças significativas em cada grupo entre os pré-testes e pós-
testes, utilizou-se o Teste Wilcoxon. A Figura 4 ilustra como foi organizado o tratamento
estatístico dos dados do presente estudo.
Os resultados foram tratados quantitativamente entre os grupos, com medidas
repetidas (pré-teste e pós-teste) e, em cada grupo entre o pré-teste e o pós-teste. Além disso,
os resultados também foram analisados individualmente visando explorar qualitativamente os
efeitos dos dois programas de estimulação. Para melhor visualização, a apresentação dos
resultados foi dividida em quatro etapas: I Etapa: Características gerais dos participantes; II
Etapa: Comparação dos resultados antes e depois; III Etapa: Opiniões dos participantes sobre
os programas de estimulação; e IV Etapa: Descrição dos participantes.
Na primeira etapa caracterizaram-se os participantes (em relação à sexo, idade, tempo
de asilamento, nível de escolaridade, funcionalidade para as atividades rotineiras, uso de
fármacos, histórico de problemas de saúde, metacognição, hábitos de atividade física,
cognitiva e de lazer, repouso, ambiente da instituição e relações sociais, fé e espiritualidade),
e quando oportuno, de acordo com os grupos de estimulação que participaram: grupo de
atividades cognitivas (AC) e grupo de atividades físicas (AF); na segunda etapa compararam-
se os resultados entre os grupos (estatística descritiva das variáveis estudadas no pré e pós-
79
teste, descrição da amostra no pré-teste e pós-teste, comparação dos grupos de AC e AF entre
o pré-teste e pós-teste, e comparação entre o pré-teste e o pós-teste de todos os participantes),
e os resultados antes e depois das intervenções de cada grupo de estimulação (resultados de
todos os participantes em cada uma das variáveis estudadas) foram igualmente mostrados.
Na terceira etapa dos resultados, as opiniões dos participantes sobre os programas de
estimulação foram apresentadas. A categorização temática foi montada a partir do roteiro da
entrevista semi-estruturada final. Com base na análise dos dados, agruparam-se os resultados
em três categorias: Percepção sobre as atividades realizadas, Exercícios específicos e Efeitos
das intervenções. Na quarta etapa, de descrição dos participantes, foram apresentados os casos
individuais para melhor observação qualitativa e quantitativa dos efeitos dos programas de
estimulação. Note-se que nomes fictícios com o tema de pedras preciosas foram utilizados
para a nomenclatura dos participantes. A escolha pelo tema se destina a retratar o alto valor de
cada participante para o presente estudo.
A quarta etapa visou buscar uma compreensão maior sobre os resultados dos testes e
sobre os ganhos individuais que os participantes tiveram com as intervenções, e que, embora
muitas vezes não demonstrados nos instrumentos, foram observados pela pesquisadora e
monitoras das atividades no desenrolar das sessões. Dados mais específicos de cada
participante foram demonstrados, assim como os dados referentes à história de vida de cada
participante foram relatados. Ainda nesta etapa, os relatos coletados na entrevista semi-
estruturada final foram utilizados visando verificar a percepção de cada participante sobre os
programas desenvolvidos. Ao final da descrição dos participantes, descreveram-se os idosos
que também participaram da pesquisa, mas que não responderam os pré-requisitos da mesma,
e por isso não fizeram parte das análises dos resultados. Tal descrição visou refletir sobre
motivos que os levaram a não obter uma freqüência mínima nas intervenções, com o intuito
de ajudar a repensar as abordagens de estimulação aqui propostas.
80
Figura 4 - Fluxograma da organização e análise dos dados (tratamento estatístico).
Tratamento estatístico dos dados
Pacote estatístico SPSS 10.0
®
for Windows
Teste de normalidade
de Shapiro-Wilk
Variáveis nominais e
ordinais
Variáveis intervalares
Estatística descritiva:
frequência
Estatística descritiva:
Média, mediana e desvio
padrão
Estatística não-
paramétrica: Prova U
de Mann
-
Whitney
GAC
(MEEM,
GDS-15,
RAVLT)
GAF
(MEEM,
GDS-15,
RAVLT)
Estatística não-paramétrica:
Teste Wilcoxon
Estatística não-paramétrica:
Teste Wilcoxon
Pré-
Teste
Pré-
Teste
Pós-
Teste
Pós-
Teste
Estatística
não-
paramétrica:
Teste
Wilcoxon
Resultados
Discussão
81
IV. RESULTADOS
I Etapa: Características gerais dos participantes
Participaram do estudo dez idosos institucionalizados de duas ILPI da grande
Florianópolis. Conforme mostrado na tabela 2, desses, sete são mulheres e três são homens,
cujas idades variaram de 65 a 89 anos de idade (média= 75 anos; desvio padrão= 7,4 anos;
mediana= 73,5 anos). O tempo de asilamento dos participantes variou de 8 meses a 19 anos,
sendo que a média foi de 6 anos e 2 meses (m
d
= 3,7 anos; DP= 6,9 anos).
Tabela 2. Caracterização dos participantes em relação ao grupo, sexo, idade e tempo de
asilamento
Part.* Grupo** Sexo Idade T.asilamento
a
1 (Jade) AC F 65 12
2 (Rubi) AC M 78 120
3 (Citrino) AC M 77 204
4 (Safira) AC F 66 228
5 (Esmeralda) AC F 74 48
6 (Turmalina) AF F 72 8
7 (Ametista) AF F 73 38
8 (Pérola) AF F 84 9
9 (Berilo) AF M 89 52
10 (Ágata) AF F 72 24
*Identificação do participante (nomes fictícios). **Grupo/Programa de estimulação que participou: AC
(atividades cognitivas) e AF (atividades físicas). Sexo: feminino e masculino. Idade em anos.
a
Tempo de
asilamento em meses.
Os participantes fizeram parte de dois grupos distintos de estimulação: grupo de
atividades cognitivas AC (n=5) e grupo de atividade física - AF (n=5), totalizando os dez
participantes. Quanto ao sexo, o grupo de atividades cognitivas foi composto por três
mulheres e dois homens, e o grupo de atividades físicas, por quatro mulheres e um homem.
A média de idade entre os participantes do grupo de atividades cognitivas foi de 72 anos (m
d
=
74; DP= 6,12) sendo que as idades variaram de 65 a 78 anos, e no grupo de atividades físicas
a média foi de 78 anos (m
d
= 73; DP= 7,97), variando de uma idade mínima de 72 anos, com
máxima de 89 anos. Ambos os grupos se assemelham tanto na mediana de idade quanto no
predomínio do sexo feminino. Destaca-se que a prova U de Mann-Whitney foi utilizada para
comparar as médias de idade entre os grupos e constatou-se que os grupos se mostraram
homogêneos para a variável idade (p> 0,05).
Em relação ao tempo de asilamento, os participantes do grupo de atividades cognitivas
vivem na instituição em média dez anos e dois meses (DP= 7,85 anos; m
d
= 10 anos) e os
82
participantes do grupo de atividades físicas, por sua vez, em média de há dois anos e dois
meses (DP= 1,58 anos; m
d
= 1,6 anos). O tempo de asilamento entre os participantes do grupo
de atividades cognitivas, variando de um a dezenove anos, é superior em relação ao tempo de
asilamento entre os participantes do grupo de atividades físicas, que variou de oito meses a
quatro anos e quatro meses. Apesar da diferença do tempo de asilamento, através da prova U
de Mann-Whitney verificou-se que não diferença estatisticamente significativa (p> 0,05)
para essa variável entre os grupos. Na tabela 3 encontram-se as médias, medianas e desvios-
padrões das variáveis idade e tempo de asilamentos dos dois grupos.
Tabela 3. Média, mediana e desvio-padrão das variáveis idade e tempo de asilamento dos
grupos de AC e AF
Idade Tempo de asilamento
AC AF AC AF
Média 72 78 10,2 2,2
Mediana 74 73 10 1,6
Desvio-padrão 6,12 7,97 7,85 1,58
AC: grupo de atividades cognitivas. AF: grupo de atividades físicas. Média, mediana e desvio-padrão das
variáveis idade e tempo de asilamento em anos.
Quanto ao nível de escolaridade máxima completa, cinco participantes do estudo
estudaram até o primário, três participantes nunca estudaram, um participante completou o
Grau e outro participante completou o Grau. A escolaridade dos participantes de acordo
com seus respectivos grupos pode ser vista no gráfico 1. Ainda, dos dez participantes, apenas
seis sabem ler (três de cada grupo) e seis sabem escrever (dois do grupo de AC e quatro do
grupo de AF).
Gráfico 1 - Escolaridade máxima completa dos participantes.
3 participantes (AC)
e 2 participantes (AF)
2 participantes (AC)
e 1
participante
(AF)
1 participante (AF)
1 participante (AF)
Nenhuma
Primário
1º Grau
2º Grau
83
Em relação à freqüência com que os participantes se mostraram: independentes,
precisam de assistência ou dependentes para suas atividades rotineiras, através da tabela 4 que
mostra a funcionalidade dos participantes, percebe-se que para a atividade de tomar banho,
cinco dos participantes precisam de algum tipo de assistência, quatro são independentes e
apenas um é dependente. Para a atividade de vestir-se, quatro participantes são independentes,
três precisam de assistência e três são dependentes. Em relação a ir ao banheiro e a
locomoção, oito se mostraram independentes e apenas dois precisam de assistência. Para a
continência, cinco são independentes e outros cinco precisam de assistência. Para a atividade
de alimentação, nove são independentes e apenas um participante precisa de assistência.
Sendo assim, observa-se que as atividades que mais parecem demandar assistência aos idosos
institucionalizados, são as tarefas de tomar banho e de continência. As que geram maior
independência são as atividade de alimentação, ir ao banheiro e locomoção. E a tarefa de
vestir-se parece ser, dentre as outras, a que causa maior dependência para três dos dez
participantes.
Tabela 4. Funcionalidade para as atividades rotineiras
Independentes Precisam de assistência Dependentes
AC AF T AC AF T AC AF T
Tomar banho 3 1 4 1 4 5 1 - 1
Vestir-se 3 1 4 - 3 3 2 1 3
Ir ao banheiro 3 5 8 2 - 2 - - -
Locomoção 3 5 8 2 - 2 - -
-
Continência 3 2 5 2 3 5 - -
-
Alimentação 4 5 9 1 - 1 - - -
N=10. Atividades rotineiras de tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, locomoção, continência e alimentação,
obtidas através do Índice Katz. Grupos: AC (atividades cognitivas), AF (atividades físicas). T: total de
participantes.
Observando os escores individuais na tabela 5, percebe-se que a maioria dos
participantes apresenta pequeno grau de dependência para as atividades rotineiras, sendo que
os dois participantes que se mostraram mais dependentes pertencem ao grupo de atividades
cognitivas, e os três que se mostraram mais independentes pertencem ao mesmo grupo.
84
Tabela 5. Descrição individual da funcionalidade dos participantes para as atividades
rotineiras
Part. Grupo Tomar
Banho
Vestir-
se
Ir ao
banheiro
Locomoção Continência Alimentação Escore
total
1 AC A D A A A A 7
2 AC I I I I I I 0
3 AC D D A A A I 7
4 AC I I I I I I 0
5 AC I I I I I I 0
6 AF I I I I A I 1
7 AF A A I I A I 3
8 AF A A I I I I 2
9 AF A A I I I I 2
10 AF A D I I A I 4
N=10. Grupo: AC (Atividades Cognitivas), AF (Atividades Físicas). Índice Katz para atividades da vida diária.
I= independente; A= precisa assistência; D= dependente. Escore total obtido na medida (quanto menor o escore
mais independente é o participante).
Quanto ao uso de fármacos, todos os participantes estavam sob medicação, porém em
fórmulas e quantidades diferentes (a quantidade variou de dois a seis medicamentos para cada
participante). Todos os participantes tiveram histórico com algum problema de saúde ou
doença. Os participantes do grupo de atividades cognitivas relataram de uma a seis doenças
ou problemas de saúde em seu histórico, os participantes do grupo de atividades físicas
relataram de duas a cinco doenças ou problemas. A tabela 6 retrata os problemas de saúde ou
doenças no histórico dos participantes mais citados: sete participantes possuem histórico com
hipertensão arterial, três com depressão, dois com acidente vascular cerebral (AVC) e dois
participantes com algum tipo de hérnia. Os demais problemas de saúde relatados foram
observados somente em casos individuais: aneurisma, colesterol alto, demência senil,
diabetes, dificuldade motora proveniente de problema neurológico, escoliose, epilepsia,
esquizofrenia, fratura em alguma parte do corpo, hemorróidas, hidrocefalia, insônia, nanismo,
osteoporose, paralisia infantil, problema na tireóide, problema neurológico e reumatismo.
85
Tabela 6. Distribuição de ocorrências de problemas de saúde ou doenças no histórico dos
participantes:
Problemas de saúde ou doenças* OCORRÊNCIAS
NO GRUPO AC
OCORRÊNCIAS
NO GRUPO AF
TOTAL
Hipertensão arterial 3 4 7
Depressão 2 1 3
AVC 0 2 2
Hérnia 2 0 2
Aneurisma 1 0 1
Colesterol alto 0 1 1
Demência Senil 0 1 1
Diabetes 0 1 1
Dificuldade motora proveniente de
problema neurológico
1 0 1
Escoliose 0 1 1
Epilepsia 0 1 1
Esquizofrenia 1 0 1
Fratura em alguma parte do corpo 1 0 1
Hemorróidas 0 1 1
Hidrocefalia 1 0 1
Insônia 1 0 1
Nanismo 1 0 1
Osteoporose 1 0 1
Paralisia infantil 0 1 1
Problema na tireóide 1 0 1
Problema neurológico 1 0 1
Reumatismo 1 0 1
*Problemas de saúde ou doenças presentes no histórico dos participantes, citadas pelas enfermeiras responsáveis.
Dois participantes do grupo de atividades cognitivas tiveram algum diagnóstico de
depressão, sendo que apenas um ainda sofre do transtorno e toma antidepressivo. Do grupo de
atividades físicas, apenas um dos participantes possui diagnóstico de depressão e toma
medicamento. Ainda, dos dez participantes, três necessitam o uso de cadeira de rodas (dois do
grupo de AC, e um do grupo de AF).
Em relação ao hábito de fumar, apenas um participante do grupo de AC é fumante,
fumando cerca de 30 cigarros por dia.
86
Metacognição
Conforme mostra a tabela 7, a maioria dos participantes avalia a memória (n=5) e a
concentração (n=6) como “boas” e avalia a capacidade para novas aprendizagens (n=5) como
“regular”. Em relação a cinco anos atrás, oito participantes avaliam atualmente a memória
como “igual ou melhor”, e cinco avaliam atualmente sua capacidade para novas
aprendizagens como “igual” quando comparada a cinco anos atrás (tabela 8).
Tabela 7. Avaliação da memória, concentração e capacidade para novas aprendizagens
Péssima Ruim Regular Boa Excelente
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
Avaliação da
memória:
- - - - - - 2 2 4 3 2
5
- 1 1
Avaliação da
concentração:
- - - - - - 2 2 4 3 3
6
- - -
Avaliação da
capacidade
para novas
aprendizagens:
- - - - - - 3 2
5
2 2 4 - 1 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de atividades físicas. T: Total de participantes.
Tabela 8. Comparação da memória e capacidade para aprender coisas novas hoje e em
relação a cinco anos atrás
Muito pior Pior Igual Melhor Muito melhor
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
Em relação a
cinco anos
atrás, avalia a
memória
atualmente
como:
- - - - 2 2 4 0
4
1 3
4
- - -
Em relação a
cinco anos
atrás, avalia
sua atual
capacidade
para
aprender
coisas novas
como:
- - - - 2 2 5 0
5
0 2 2 - 1 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de atividades físicas. T: Total de participantes.
Em relação à leitura, observa-se, como mostra a tabela 9, que cinco participantes
responderam que não acham difícil entender o que lê, entretanto, tal constatação provém
principalmente do grupo de AF (três participantes). Nota-se, por sua vez, que a maioria dos
87
participantes do grupo de AC considera difícil entender o que lê. Percebe-se também que a
maioria (sete participantes) considera fatos interessantes fáceis para lembrar.
Tabela 9. Facilidade para leitura e lembrança de fatos interessantes
Sim Às vezes Não
AC AF T AC AF T AC AF
T
Considera difícil entender o que
lê:
3 1 4 0 1 1 2 3
5
Fatos interessantes são fáceis para
lembrar:
3 4
7
2 0 2 0 1 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de atividades físicas. T: Total de participantes.
Sete participantes do estudo acreditam que não possuem uma vida intelectualmente
ativa (com leituras e jogos), sendo que os outros três participantes que acreditam que possuem
uma vida intelectualmente ativa fazem parte do grupo de AC. Ainda, sete dos participantes
gostariam de ter uma vida mais intelectualmente ativa (três do grupo de AC e quatro do grupo
de AF). De todos os participantes, apenas dois (um de cada grupo) costumam adotar
estratégias para se lembrar das coisas, tal como usar uma agenda para marcar datas, e
acreditam que estas estratégias os ajudam a lembrar das coisas. Além disso, a maior parte dos
participantes (n=9) acredita que se treinar e exercitar a memória e a concentração pode
melhorá-lhas. Apenas um participante do grupo de AC mencionou não saber responder tal
questão.
Hábitos de Atividade Física
Quanto ao histórico de atividade física, um participante do grupo de AF declarou que
não praticava atividades físicas ou esporte no passado, quatro (dois de cada grupo) declararam
que praticavam poucas vezes, quatro (sendo três do grupo de AC) afirmaram que apenas às
vezes praticavam e apenas um do grupo de AF mencionou ter praticado muitas vezes.
Nenhum dos participantes mostrou ter um histórico de atividade física freqüente. Observa-se
assim, que a maioria dos participantes possui um histórico restrito de atividade física. Dentre
as atividades que eram mais praticadas pelos participantes, constata-se corrida, peteca,
caminhadas, dança e trabalhar na roça. Os dados referentes ao tipo de atividade física ou
esporte praticado no passado contam na tabela 10.
88
Tabela 10. Atividades físicas ou esportes citados pelos participantes como aqueles praticados
no passado
Atividade física ou esporte Freqüência
AC - AF
TOTAL
Corrida 1 – 2 3
Peteca 2 – 0 2
Caminhada 1 – 1 2
Dança 0 – 2 2
Trabalhar na roça (lavoura, capinar) 1 – 1 2
Ginástica 0 – 1 1
Alongamentos 0 – 1 1
Vôlei 1 – 0 1
Pular corda 0 – 1 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de atividades físicas. Total de participantes que citaram a
prática da atividade ou esporte em questão no passado.
Hábitos de Atividade Cognitiva
No que se refere ao hábito de leitura e de jogos cognitivos na juventude, sete (sendo
quatro do grupo de AF) participantes declaram ter possuído tal hábito. Dentre as atividades
cognitivas citadas por esses participantes como aquelas praticadas na juventude, destacam-se,
como se observa na tabela 11, a leitura de livros, revistas e jornais, a realização de palavras-
cruzadas, jogos de baralho e quebra-cabeças.
Tabela 11. Atividades cognitivas citadas pelos participantes como aquelas praticadas na
juventude
Atividade física ou esporte Freqüência
AC - AF
TOTAL
Leitura de livros, revistas e jornais 1 – 2 3
Palavras-cruzadas 1 – 2 3
Baralho 2 – 0 2
Quebra-cabeça 0 – 2 2
Dominó 1 – 0 1
Caça-palavras 1 – 0 1
Tarefas da escola 0 – 1 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de atividades físicas. Total de participantes que citaram a
prática da atividade cognitiva em questão na juventude.
No que diz respeito ao hábito atual de ler, apenas cinco participantes do estudo
mencionaram que realizam algum tipo de leitura (sendo três do grupo de AC), e essa leitura se
refere a principalmente: ler orações e a Bíblia, ler o horóscopo e ler caça-palavras, ler palavras
89
escritas na instituição, tal como nomes nas portas e paredes, e ler livros. Quanto à freqüência
dessas leituras, dois dos participantes (um de cada grupo) que costumam ler afirmaram que
lêem uma vez por semana, outro (grupo de AC) afirmou que duas vezes na semana, outro
(grupo de AC) afirmou que lê cinco vezes por semana, e por fim, um participante do grupo de
AF declarou que sete vezes na semana. Vale notar que quando indagados sobre o número
de livros lidos por prazer nos últimos três meses, oito participantes declaram não ter lido
nenhum livro, e apenas um participante do grupo de AC e outro do grupo de AF afirmaram ter
lido de 1 a 2 livros.
Atualmente, apenas dois participantes (estes do grupo de AC) mencionaram que
costumam se envolver em jogos cognitivos. Os jogos citados por esses participantes foram:
caça-palavras, baralho e bingo.
A tabela 12 mostra o gosto dos participantes pela prática de atividades físicas e de
atividades cognitivas. Constata-se um gosto variado pelas práticas, sendo que a maior
freqüência (três participantes, sendo que um necessita o uso de cadeira de rodas e outro de um
andador, e logo, possuem dificuldades para a prática de atividades físicas) declarou gosto
“médio” pela prática de atividades físicas atualmente, bem como o mesmo número afirmou
não gostar da prática de jogos cognitivos e outros três participantes afirmaram gostar muito de
jogos cognitivos tais como quebra-cabeças, palavras-cruzadas e jogos de memória. Quatro
participantes declararam não gostar de ler, sendo que apenas dois (um de cada grupo)
mencionaram gostar demais. Nesse sentido, percebe-se que o gosto pela prática atual de
atividades físicas e atividades cognitivas é baixo entre os participantes (a maioria das
respostas se concentrou entre não absolutamente e gosto médio). Destaca-se que das duas
participantes que declararam não gostar absolutamente da prática de atividades físicas ou
esportes, uma é cadeirante e outra possui diagnóstico de depressão.
Tabela 12. Gosto pela prática de atividades físicas e atividades cognitivas
Não
absolutamente
Pouco Médio Muito Demais
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
Gosta de
praticar
atividade física
ou esportes
atualmente:
2 - 2 1 1 2 1 2
3
1 - 1 - 2 2
Gosta de jogar
quebra-
cabeças,
palavras-
cruzadas, jogos
1 2
3
2 - 2 - 1 1 1 2
3
1 - 1
90
de memória,
etc:
Gosta de ler:
2 2
4
1 1 2 1 - 1 - 1 1 1 1 2
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de Atividade Física. Total de participantes que
responderam às questões relativas ao gosto pela prática atual de atividades físicas e cognitivas.
Hábitos de Lazer
Em relação às atividades de lazer que possuem, os participantes citaram algumas
atividades que costumam fazer atualmente para passar o tempo, como se pode ver na tabela
13. Nota-se que a atividade de lazer mais citada pelos participantes foi assistir televisão,
seguida de conversar, fazer crochê ou renda e ajudar nas tarefas da instituição. Percebe-se
ainda que os participantes do grupo de atividade física foram os participantes que menos
citaram atividades de lazer.
Tabela 13. Atividades de lazer citadas pelos participantes
Atividades de lazer Freqüência
AC - AF
TOTAL
Ver televisão 4 – 1 5
Conversar 2 – 1 3
Fazer crochê ou renda 2 – 0 2
Ajudar nas tarefas da instituição (lavar louça, levar
o lixo para fora, buscar remédios, ajudar com outros
idosos, etc.)
1 – 1 2
Ler 1 – 0 1
Rezar o terço 1 – 0 1
Pensar na vida 0 – 1 1
Ir à missa 1 – 0 1
Ouvir rádio 1 – 0 1
Fazer palavras-cruzadas 1 – 0 1
Fazer caça-palavras 1 – 0 1
Pintar e desenhar 1 – 0 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de Atividade Física. Total de participantes que realizam
atualmente a atividade de lazer em questão.
Quando indagados se possuem algum passatempo preferido, apenas um participante
do grupo de AF mencionou não possuir. Dentre os passatempos preferidos, destacam-se: ver
televisão, fazer crochê ou renda e conversar. Em relação à quantidade de tempo em que
passam assistindo televisão, seis participantes (quatro do grupo de AC) afirmaram assistir de
91
uma a três horas diárias, três participantes (sendo dois do grupo de AF) declararam assistir
menos de uma hora por dia, e um participante do grupo de AF declarou assistir mais de seis
horas por dia.
Repouso
Quanto às questões referentes ao repouso, três participantes avaliaram seu descanso ou
repouso como “regular” e outros três como “bom”. Os outros quatro participantes, como se
observa na tabela 14, variaram nas suas avaliações entre “ruim” e “excelente”. Percebe-se,
porém, que a maioria dos participantes avalia positivamente sua qualidade de repouso, visto
que as respostas se concentraram entre regular e excelente. Entretanto, três participantes ainda
afirmaram que possuem dificuldade média para dormir, sendo que o restante dos participantes
variou em suas respostas, mas sobressaindo a freqüência de respostas positivas sobre a
dificuldade. Nota-se, também, que os participantes do grupo de AC parecem possuir maior
dificuldade para dormir (respostas de “média” a “demais” dificuldade) do que os participantes
do grupo de AF (respostas de “nenhuma” a “média” dificuldade), como sugere a tabela 15.
Tabela 14. Avaliação da qualidade de descanso ou repouso
Péssimo Ruim Regular Bom Excelente
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
Avaliação da
qualidade de
descanso ou
repouso:
- - - 1 1 2 1 2
3
2 1
3
1 1 2
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de Atividade Física. Total de participantes que
avaliaram sua qualidade de descanso ou repouso.
Tabela 15. Dificuldade para dormir
Nenhuma Pouca Média Muita Demais
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
Dificuldade
para dormir:
- 2 2 - 2 2 2 1
3
2 - 2 1 - 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de Atividade Física. Total de participantes que avaliaram
sua dificuldade para dormir.
92
Ambiente da Instituição de Longa Permanência para Idosos e Relações Sociais
Quando indagados se participam de atividades na instituição, sete participantes (sendo
cinco do grupo de AF) declararam que participam, dois declararam que às vezes participam e
apenas um declarou que não participa de nenhuma atividade. Dentre as atividades que
participam, os participantes citaram: atividades religiosas tais como leitura do terço e grupo
de oração (seis idosos, sendo quatro do grupo de AF), movimento dos idosos deficientes
físicos (um idoso que possui uma deficiência física do grupo de AC citou tal atividade), bingo
(dois idosos do grupo de AC) e massagem (um idoso do grupo de AF).
Sete participantes, como mostra a tabela 16, avaliam seu relacionamento com os
outros idosos da instituição como bom, e seis afirmam que o ambiente da instituição nunca os
incomoda (tabela 17). Assim, constata-se que, preponderantemente, as relações sociais e o
ambiente da instituição são percebidos mais positivamente pelos participantes da pesquisa.
Tabela 16. Relacionamento com outros idosos da instituição
Péssimo Ruim Regular Bom Excelente
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
Relacionamento
com outros
idosos da
instituição:
- -
-
1 - 1 - 1 1 4 3
7
- 1 1
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de Atividade Física. Total de participantes que avaliaram
seu relacionamento com outros idosos da instituição.
Tabela 17. Percepção sobre o ambiente da instituição
Nunca Um pouco Médio Muito Demais
AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T AC AF T
O ambiente
incomoda de
alguma
forma:
3 3
6
2 2 4 - - - - -
-
- - -
N=10. AC: Grupo de atividades cognitivas. AF: Grupo de Atividade Física. Total de participantes que
responderam a questão sobre a percepção que possuem sobre o ambiente da instituição.
Para os quatro participantes que declararam que o ambiente da instituição incomoda
um pouco, destacam-se os motivos: companheiro de quarto (para um idoso do grupo de AC),
acordar de manhã para o café (para um idoso do grupo de AF) e outros idosos da instituição
(para um idoso do grupo de AC). Um idoso do grupo de AF não quis comentar o motivo pelo
incômodo.
Vale notar que sete participantes declararam confiar em amigos ou em apenas um para
compartilhar coisas importantes, sendo que três participantes que mencionaram não confiar
93
são todos pertencentes do grupo de AF. Todos os participantes do estudo afirmaram que
gostam de fazer novas amizades.
Quando indagados se, caso pudessem, aceitariam morar sozinhos, nove participantes
declararam que não aceitariam (apenas um participante do grupo de AF afirmou que gostaria).
Fé e Espiritualidade
Quanto à religião, todos os participantes do grupo de AC são católicos, e do grupo de
AF três participantes o católicos, um é evangélico e outro espírita. Em relação à e a
espiritualidade dos participantes, a grande maioria (nove participantes) declarou crer
totalmente em Deus ou em um ser superior, e mesma quantia acredita que sua auxilia em
sua vida. Apenas um participante do grupo de AF mencionou ter dúvidas nessas questões.
Ainda, a maioria (sete participantes) acredita que caso esteja doente e seus familiares, amigos
e outras pessoas de fé rezem, orem pedindo intencionalmente a Deus por sua recuperação, isto
ajuda totalmente, sendo que o restante das respostas se concentrou em ajuda muito”. Além
disso, a maioria dos participantes (sete) também afirmou fazer orações “muito
frequentemente”. O restante dos participantes afirmou orar “às vezes” e “frequentemente”.
Constata-se assim, que a grande maioria dos participantes possui fé e grande espiritualidade.
II Etapa: Comparação dos resultados antes e depois
Nesta etapa, os resultados obtidos através das avaliações realizadas antes e após os
programas de estimulação foram organizados e demonstrados através de tabelas, seguindo-se
relatos elucidativos dos mesmos. Primeiramente, os resultados foram verificados conforme os
grupos de estimulação, buscando compará-los. Importante mencionar que o tamanho da
amostra deste estudo pode prejudicar o cálculo de testes estatísticos. Porém, ainda assim, para
fins de verificação, estatística não-paramétrica foi utilizada, onde a prova U de Mann-
Whitney foi empregada para determinar as diferenças entre as médias da GDS-15, MEEM e
RAVLT entre os grupos de atividades cognitivas e atividades físicas, tanto nos pré-testes
quanto nos pós-testes, e por sua vez, o Teste Wilcoxon foi utilizado para a comparação entre
os pré e pós testes de ambos os grupos. Posteriormente, os resultados de todos os participantes
em cada uma das variáveis estudadas foram demonstrados em tabelas cujos ganhos ou perdas
nos escores foram também verificados.
94
Estatística descritiva das variáveis estudadas no pré e pós-teste
Na tabela 18 pode-se observar a estatística descritiva das variáveis estudadas tanto no
pré-teste como no pós-teste de cada grupo.
Tabela 18. Descrição das médias, medianas, desvios-padrões, mínimos e máximos obtidos
pelos grupos no pré e pós-teste
Média Mediana Desvio
Padrão
Mínimo Máximo Variáveis /
Escores obtidos
nos instrumentos
Avaliações
AC AF AC AF AC AF AC AF AC AF
PRÉ 4,40 6,00 4,00 7,00 3,36 2,92 1 2 10 9
GDS - 15
PÓS 4,00 5,00 4,00 3,00 2,74 3,24 1 2 8 9
PRÉ 18,80 19,00 19,00 18,00 2,28 4,85 15 14 21 27
MEEM
PÓS 20,00 19,00 20,00 19,00 3,32 3,67 17 15 25 24
PRÉ 26,00 22,40 20,00 25,00 12,14 7,70 17 14 46 32
RAVLT escore
total
PÓS 25,40 23,00 25,00 22,00 8,68 7,11 16 16 38 33
PRÉ -2,20 -1,20 -1,00 -1,00 2,39 2,28 -6 -4 0 1
RAVLT escore
de diferença
PÓS -1,40 -2,20 -1,00 -2,00 1,52 1,30 -3 -4 0 -1
PRÉ 7,20 9,40 6,00 9,00 3,56 4,04 4 5 11 14
RAVLT escore
de
reconhecimento
PÓS 8,00 8,60 6,00 7,00 5,24 2,70 3 6 15 12
N=10. AC: grupo de atividades cognitivas. AF: grupo de atividades físicas. GDS-15: Escala de depressão em
geriatria. MEEM: Mini-Exame do Estado Mental. RAVLT: escore total das tarefas de A1 a A5 do Teste de
Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, Escore de diferença (Tarefa A6-A5) do RAVLT e escore de
reconhecimento (palavras corretamente identificadas) do RAVLT.
Descrição da amostra no pré-teste
A tabela 19 mostra que não houve diferença estatisticamente significativa entre os
grupos nas variáveis obtidas no pré-teste: idade, tempo de asilamento, escore total do KATZ,
escores da GDS-15, escores do MEEM e escores do RAVLT. O teste Mann-Whitney foi
usado porque a maioria das variáveis não apresentou distribuição normal.
Tabela 19. Descrição da amostra no pré-teste (média ± desvio-padrão) com valores de p
AC AF p
Idade 72 ± 6,12 78 ± 7,97 ,463
Tempo de asilamento 122,40 ± 94,26 26,20 ± 18,95 ,076
Escore total do Katz 2,80 ± 3,83 2,40 ± 1,14 ,595
GDS-15 4,40 ± 3,36 6,00 ± 2,92 ,459
95
MEEM 18,80 ± 2,28 19,00 ± 4,85 ,459
Escore total - RAVLT 26,00 ± 12,14 22,40 ± 7,70 ,602
Escore de diferença -
RAVLT
-2,20 ± 2,39 -1,20 ± 2,28 ,523
Reconhecimento -
RAVLT
7,20 ±3,56 9,40 ± 4,04 ,292
N=10. AC: grupo de atividades cognitivas. AF: grupo de atividades físicas. Idade em anos. Tempos de
asilamento em meses. Escore total do Katz (atividades rotineiras). GDS-15: Escala de depressão em geriatria.
MEEM: Mini-Exame do Estado Mental. RAVLT: Pontuação total das tarefas de A1 a A5 do Teste de
Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, Escore de diferença (Tarefa A6-A5) do RAVLT e escore de
reconhecimento (palavras corretamente identificadas) do RAVLT. Diferença significativa onde p<0,05 (Teste de
Mann-Whitney U).
Descrição da amostra no pós-teste
A tabela 20 por sua vez, mostra que igualmente não houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos nas variáveis obtidas no pós-teste: escores da GDS-15, escores
do MEEM e escores do RAVLT. Portanto, foi possível comparar os escores da GDS-15,
MEEM e RAVLT antes e depois, pois os grupos se mostraram homogêneos para as variáveis
escolhidas.
Tabela 20. Descrição da amostra no pós-teste (média ± desvio-padrão) com valores de p
AC AF p
GDS-15 4,00±2,74 5,00± 3,24 ,598
MEEM 20,00±3,32 19,00± 3,67 ,528
Escore total - RAVLT 25,40±8,68 23,00± 7,11 ,675
Escore de diferença -
RAVLT
-1,40±1,52 -2,20±1,30 ,334
Reconhecimento -
RAVLT
8,00±5,24 8,60±2,70 ,598
N=10. AC: grupo de atividades cognitivas. AF: grupo de atividades físicas. GDS-15: Escala de depressão em
geriatria. MEEM: Mini-Exame do Estado Mental. RAVLT: Pontuação total das tarefas de A1 a A5 do Teste de
Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, Escore de diferença (Tarefa A6-A5) do RAVLT e escore de
reconhecimento (palavras corretamente identificadas) do RAVLT. Diferença significativa onde p<0,05 (Teste de
Mann-Whitney U).
Comparação do grupo de AC entre o pré-teste e o pós-teste
No grupo que realizou atividades cognitivas os escores obtidos no pós-teste na GDS-
15, no MEEM e no RAVLT não tiveram diferença estatisticamente significativa em relação
ao pré-teste (tabela 21).
96
Tabela 21. Comparação do grupo de AC entre o pré-teste e o pós-teste
Média dos Escores Pré-teste Pós-teste p
GDS-15 4,40 4,00
,854
MEEM 18,80 20,00
,416
RAVLT – escore total 26,00 25,40
,498
RAVLT – escore de
diferença
-2,20 -1,40
,854
RAVLT – escore de
reconhecimento
7,20 8,00
,581
Diferença estatística significativa onde p<0,05 (Teste de Wilcoxon).
Comparação do grupo de AF entre o pré-teste e o pós-teste
No grupo que realizou atividades físicas os escores obtidos no pós-teste na GDS-15,
no MEEM e no RAVLT também não tiveram diferença estatisticamente significativa em
relação ao pré-teste (tabela 22).
Tabela 22. Comparação do grupo de AF entre o pré-teste e o pós-teste
Média dos Escores Pré-teste Pós-teste p
GDS-15 6,00 5,00
,180
MEEM 19,00 19,00
1,000
RAVLT – escore total 22,40 23,00
,892
RAVLT – escore de
diferença
-1,20 -2,20
,197
RAVLT – escore de
reconhecimento
9,40 8,60
,588
Diferença estatística significativa onde p<0,05 (Teste de Wilcoxon).
Como observado, não houve diferenças estatisticamente significativas entre o pré e
pós-teste quanto aos escores da GDS-15, MEEM e RAVLT, tanto no grupo que realizou
atividades cognitivas, como no grupo que praticou atividades físicas.
Comparação entre o pré-teste e o pós-teste de todos os participantes
Quando se verificam o pré e pós-teste (escores da GDS-15, MEEM e RAVLT) de
todos os participantes, sem a separação dos mesmos em grupos (tabela 23), constata-se que
igualmente não houve diferença estatisticamente significativa nos resultados.
97
Tabela 23. Comparação entre o pré-teste e o pós-teste de todos os participantes, sem
separação de grupos
Média dos Escores Pré-teste Pós-teste p
GDS-15 5,20 4,50
,461
MEEM 18,90 19,50
,512
RAVLT – escore total 24,20 24,20
,878
RAVLT – escore de
diferença
-1,70 -1,80
,478
RAVLT – escore de
reconhecimento
8,30 8,30
1,000
Diferença estatística significativa onde p<0,05 (Teste de Wilcoxon).
Assim, verifica-se que as intervenções não promoveram diferenças estatisticamente
significativas nos resultados relativos aos sintomas depressivos, à capacidade cognitiva geral
e nem à capacidade de memória de trabalho de seus participantes.
A descrição dos resultados conforme seus grupos específicos (AC: grupo de atividades
cognitivas e AF: grupo de atividades físicas) visando compará-los foi realizada. Segue uma
comparação dos resultados antes e depois das intervenções de cada participante.
Resultados de todos os participantes em cada uma das variáveis estudadas
Através da tabela 24, verificam-se os resultados de todos os participantes na medida de
rastreamento de demência (MEEM), obtidos nas avaliações antes e após as intervenções.
Constata-se, ao se observar os escores individuais que, dentre os dez participantes, cinco
tiveram ganhos em seus escores após as intervenções (ganhos de um a cinco pontos), outros
quatro participantes tiveram declínio em seus escores (declínios de um a três pontos) e apenas
um participante manteve sua pontuação antes e após as intervenções. Assim, com exceção dos
participantes 3, 5, 6 e 9, os demais apresentaram aumento ou mantiveram sua pontuação no
MEEM após as intervenções. A variação mais expressiva, se observadas as médias dos
participantes dentro de seus grupos, ocorreu no grupo de AC, que na avaliação inicial
apresentou uma média de 18,80 (DP= 2,28), tendo obtido após a intervenção uma média igual
a 20 (DP= 3,32). no grupo de AF não houve alteração na média após as treze sessões, que
permaneceu 19 antes (DP= 4,85) e depois (DP= 3,67).
98
Tabela 24. Escores individuais obtidos no MEEM antes e após as intervenções
Participante Grupo MEEM Antes MEEM Depois D - A
1 (Jade) AC 21 25 +4
2 (Rubi) AC 19 21 +2
3 (Citrino) AC 20 17 -3
4 (Safira) AC 15 20 +5
5 (Esmeralda) AC 19 17 -2
6 (Turmalina) AF 27 24 -3
7 (Ametista) AF 18 21 +3
8 (Pérola) AF 14 15 +1
9 (Berilo) AF 17 16 -1
10 (Ágata) AF 19 19
N=10. Nomes fictícios. Grupo: AC (Atividade Cognitiva), AF (Atividade Física). MEEM: Mini-Exame do
Estado Mental. Antes: avaliação inicial. Depois: avaliação final, após as respectivas intervenções. D A: Escore
final menos escore inicial. : escore não alterado.
A tabela 25 demonstra os escores de todos os participantes na medida de depressão
(GDS-15) obtidos nas avaliações antes e após as intervenções. Observa-se que houve a
diminuição da pontuação em quatro participantes (diminuição de um, dois, quatro e seis
pontos), a manutenção do escore em quatro deles e o aumento de dois e quatro pontos em dois
participantes. Nesta medida, a diminuição do escore indica a diminuição dos sintomas
depressivos, e aqui, portanto, percebe-se que as intervenções mantiveram ou melhoraram os
sintomas depressivos em oito participantes, com exceção de apenas dois participantes (estes
do grupo de atividades cognitivas) que aumentaram seus sintomas. Ao considerar os
participantes em seus respectivos grupos, o grupo de AC diminuiu sua média de 4,40 (DP=
3,36) para 4,00 (DP= 2,74). o grupo de AF iniciou com média de 6,00 pontos (DP= 2,92),
tendo após a intervenção apresentado média de 5,00 (DP= 3,24). Assim, percebe-se que a
variação mais expressiva se deu no grupo de AF, que parece ter conseguido manter os
sintomas depressivos de seus participantes ou melhorá-los, sem aumentá-los (fato este que
ocorreu em dois participantes do grupo de AC). Destaca-se que no pré-teste o grupo de AF
possuía mediana igual a 7,00, e no pós-teste mediana igual a 3,00, confirmando a acentuada
diminuição dos sintomas depressivos dos participantes do grupo.
99
Tabela 25. Escores individuais obtidos na GDS-15 antes e após as intervenções
Participante Grupo GDS-15 Antes GDS-15 Depois D - A
1 (Jade) AC 1 1
2 (Rubi) AC 3 5 +2
3 (Citrino) AC 4 2 -2
4 (Safira) AC 10 4 -6
5 (Esmeralda) AC 4 8 +4
6 (Turmalina) AF 2 2
7 (Ametista) AF 4 3 -1
8 (Pérola) AF 7 3 -4
9 (Berilo) AF 8 8
10 (Ágata) AF 9 9
N=10. Nomes fictícios. Grupo: AC (Atividade Cognitiva), AF (Atividade Física). GDS: Escala de Depressão em
Geriatria. Antes: avaliação inicial. Depois: avaliação final, após as respectivas intervenções. D A: Escore final
menos escore inicial. : escore não alterado.
A tabela 26, por sua vez, mostra a pontuação obtida pelos participantes nas diferentes
tarefas do RAVLT, que foi utilizado para verificação da memória de trabalho, antes e após as
intervenções. A pontuação total refere-se à quantidade total de palavras relembradas na tarefa
de recordação imediata de uma lista de quinze palavras que foi testada com cinco repetições
seguidas. Na tarefa de evocação tardia, os participantes deveriam relembrar as quinze palavras
da primeira lista, sem ouvi-las novamente, depois da leitura de uma lista de distração. A
pontuação da evocação tardia, nesse sentido, refere-se ao número de palavras relembradas.
a pontuação da tarefa de reconhecimento diz respeito ao número de palavras corretamente
identificadas numa lista com 25 palavras como pertencentes à primeira lista.
Como se observa, na pontuação total, apenas quatro participantes relembraram um
número maior de palavras após as intervenções (três deles do grupo de AF). Os ganhos
variaram de três a onze pontos, os declínios, de um a nove pontos. Na tarefa de evocação
tardia, apenas três participantes evocaram um número maior de palavras após as intervenções
(de uma a seis palavras a mais), sendo que dois mantiveram suas pontuações e cinco
diminuíram de uma a três palavras evocadas. Na tarefa de reconhecimento, quatro
participantes reconheceram um número maior de palavras (de uma a nove palavras a mais)
após as intervenções, cinco reconheceram um número menor (de uma a oito palavras a
menos), e um participante manteve sua pontuação.
100
Tabela 26. Escores individuais obtidos antes e após as intervenções no RAVLT
P. G. Pontuação
Total (A1 a A5)
A D
D-A Evocação
Tardia
A D
D-A Reconhecimento
A D
D-A
1 AC 46 38 -8 -6 0 +6 6 15 +9
2 AC 20 19 -1 -3 -3 4 12 +8
3 AC 18 29 +11 -1 0 +1 11 6 -5
4 AC 29 25 -4 0 -1 -1 11 3 -8
5 AC 17 16 -1 -1 -3 -2 4 4
6 AF 32 27 -5 1 -1 -2 14 7 -7
7 AF 14 17 +3 -4 -3 +1 6 11 +5
8 AF 25 16 -9 -3 -4 -1 13 12 -1
9 AF 26 33 +7 1 -2 -3 9 7 -2
10 AF 15 22 +7 -1 -1 5 6 +1
N=10. Participantes. Grupo: AC (Atividade Cognitiva), AF (Atividade Física). RAVLT: Teste de Aprendizagem
Auditivo-Verbal de Rey. A: avaliação inicial. D: avaliação final, após as respectivas intervenções. D – A: Escore
final menos escore inicial. : escore não alterado.
Poucas foram as mudanças observadas nas médias dos grupos para a variável memória
de trabalho observada através do RAVLT após as intervenções. Vale mencionar que a média
de palavras memorizadas no pré-teste para o grupo de AC nas tarefas de A1 a A5 foi de 26
(DP= 12,14), e no pós-teste de 25,40 (DP= 8,68). Já o grupo de AF obteve uma média no pré-
teste de 22,40 (DP= 7,70) palavras memorizadas nas tarefas de A1 a A5, e uma média de 23
(DP= 7,11) no pós-teste. Deve notar que no escore total do RAVLT, para o grupo de AC, a
mediana era igual a 20,00 no pré-teste, passando para 25,00 no pós-teste, deflagrando assim,
aumento do número de recordações do grupo que realizou atividades cognitivas. Já a mediana
do grupo de AF, era igual a 25,00 no pré-teste, tendo diminuído para 22,00 no pós-teste.
No escore de diferença do RAVLT (número de palavras memorizadas na tarefa A6
menos o número de palavras na tarefa A5), a dia foi de -2,20 (DP= 2,39) para o grupo de
AC no pré-teste e de -1,40 (DP= 1,52) no pós-teste, sendo que o grupo de AF teve uma média
de -1,20 (DP= 2,28) no pré-teste e de -2,20 (DP= 1,30) no pós-teste. O número negativo é
referente ao esquecimento de palavras ocorridas na tarefa A6, e nesse sentido, percebe-se que
o grupo de AC teve uma maior lembrança na tarefa A6 após a intervenção, ao contrário do
grupo de AF, que obteve uma média menor de palavras lembradas quando comparadas às
101
obtidas no pré-teste. Por fim, na tarefa de reconhecimento do RAVLT, a média foi de 7,20
(DP= 3,56) palavras para o grupo de AC no pré-teste e de 9,40 (DP= 4,04) para o grupo de
AF, e no pós-teste, média de 8 (DP= 5,24) para o grupo de AC e de 8,60 (DP= 2,70) para o
grupo de AF.
Entretanto, visando verificar se os participantes de fato beneficiaram-se ou não das
repetições em sua memória de trabalho, e se as intervenções (AC: atividade cognitiva e AF:
atividade física) produziram algum efeito nessa variável, um gráfico foi elaborado para cada
participante com a curva de aprendizagem para a seqüência do teste (RAVLT). O eixo x dos
gráficos representa as etapas realizadas, sendo de A1 a A5 as cinco vezes que os participantes
escutaram a mesma lista de palavras, A6 a recordação após a distração e sem leitura prévia da
lista e A7 a identificação das palavras da primeira lista em uma outra lista com 25 palavras.
No eixo y encontra-se o número de palavras corretamente recordadas pelo participante em
cada uma das etapas. As curvas de aprendizagem ilustram os desempenhos antes e depois das
intervenções (AC ou AF).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AC
Depois da AC
Gráfico 2 – Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 1 (Jade).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AC
Depois da AC
Gráfico 3 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 2 (Rubi).
102
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AC
Depois da AC
Gráfico 4 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 3 (Citrino).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AC
Depois da AC
Gráfico 5 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 4 (Safira).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AC
Depois da AC
Gráfico 6 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 5 (Esmeralda).
103
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AF
Depois da AF
Gráfico 7 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 6 (Turmalina).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AF
Depois da AF
Gráfico 8 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 7 (Ametista).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AF
Depois da AF
Gráfico 9 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 8 (Pérola).
104
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AF
Depois da AF
Gráfico 10 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 9 (Berilo).
0
2
4
6
8
10
12
14
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7
Etapas realizadas - RAVLT
Número de palavras
corretamente recordadas
Antes da AF
Depois da AF
Gráfico 11 - Curva de aprendizagem (RAVLT) – Participante 10 (Ágata).
Apesar das diferenças individuais, conforme constata-se nos gráficos dos
participantes, percebe-se que, de modo geral, não houve mudanças consideráveis no aumento
do número de recordações nas tarefas do RAVLT após as intervenções. Dentre os
participantes que obtiveram alguma melhora na pontuação, destaca-se o participante 1, que na
tarefa de reconhecimento (A7) obteve uma grande melhora, os participantes 3, 7 e 10, que
obtiveram pontuação melhor em cinco das sete tarefas do teste na avaliação final, e o
participante 9, que foi melhor na avaliação final nas tarefas de A1 a A5, sugerindo que tenha
realizado aprendizagem auditivo-verbal. As participantes 6 e 8 não obtiveram pontuação
superior em nenhuma das tarefas do RAVLT após a intervenção.
Vale mencionar que metade dos participantes (participantes 1, 5, 7, 8 e 9) conseguiram
realizar aprendizagem auditivo-verbal em ambas as avaliações (antes e depois), e outros dois
(participantes 2 e 6) apenas conseguiram na avaliação final, visto que o número de palavras
memorizadas na quinta leitura foi superior à primeira leitura. Fato contrário, ocorreu com o
participante 4, demonstrado pelo número de palavras recordadas ao longo das leituras da lista
105
de palavras nas tarefas de A1 a A5, e com o participante 3, visto que mais palavras foram
lembradas na tarefa A1 do que A5. a participante 10, apenas obteve pontuação superior na
tarefa A5 em relação à A1, na primeira avaliação, permanecendo com o mesmo número de
palavras lembradas nas tarefas de A2 a A5 na avaliação final.
Percebe-se ainda, que na tarefa A6, na qual a maioria dos gráficos indicam diminuição
expressiva no número de palavras recordadas, também se verifica que nos participantes 1, 3, 7
e 10, a pontuação diminuiu menos do que na avaliação inicial, tendo permanecido a mesma
nos participantes 2 e 4. Entretanto, os participante 5, 6, 8 e 9 (todos participantes do grupo de
AF) demonstraram declínio nessa etapa na avaliação final.
Destaca-se o padrão de curvas dos gráficos, que apresenta mais irregularidades entre
os participantes do grupo de AC, e mais semelhança na progressão de recordações no grupo
de AF.
III Etapa: Opiniões dos participantes sobre os programas de estimulação
Na entrevista semi-estruturada final, verificou-se a opinião dos participantes sobre os
programas de estimulação realizados. A categorização temática foi montada a partir dos
roteiros das entrevistas, e cada categoria converge as regularidades e os aspectos
diferenciados encontrados em cada grupo. Segundo Bardin (1977) as categorias são rubricas
ou classes que reúnem um grupo sob um título genérico, agrupamento efetuado em razão dos
caracteres comuns destes elementos. Com base na análise dos dados, agruparam-se os
resultados em três categorias: Percepção sobre as atividades realizadas, Exercícios específicos
e Efeitos das intervenções. Na apresentação dos dados, foram descritas as falas dos idosos.
Percepção sobre as atividades realizadas: percepção dos idosos sobre as atividades que foram
desenvolvidas.
Ao se indagar para os idosos participantes do grupo de AC sobre o que acharam a
respeito das atividades desenvolvidas, as respostas (transcrições da gravação feita no
momento da entrevista) foram: “Eu achei ótimo querida. Graças a Deus pude participar de
todas, mas gostei mesmo, gostei!” (Dona Jade); “Ótimo. É um ´distraimento´ né.” (Seu
Citrino); Bom. Foi bom pra memória” (Seu Rubi); “Gostei muito, gostei. Tava muito bom.
As coisas que elas faziam com a gente, pra gente clarear a memória...Muito bom” (Dona
Safira); “Achei bom. Foi bom conhecer vocês. Vocês foram muito legais com a gente, tiveram
paciência” (Dona Esmeralda). Os idosos que participaram do grupo de AF relataram: “Gostei
106
um pouco” (Dona Ágata); Achei bom” (Dona Pérola); “Achei boas” (Dona Ametista); “Eu
achei bom” (Dona Turmalina); “Achei que melhorei muita coisa, me alegrou mais” (Seu
Berilo).
Exercícios específicos: opiniões dos idosos a respeito dos exercícios que mais e menos
gostaram.
Sobre o que gostaram mais nas atividades, os participantes do grupo de AC
responderam: “Olha, todas, todas! a presença de vocês é muito importante. Eu contava
os dias que vocês vinham. A gente já sabia os dias que vocês vinham. A gente comentava com
os outros, com o Topázio, que pena que ele não pôde mais participar (este desistiu por causa
de desavenças com um outro participante) (Dona Jade)”; “Pra mim todas elas ‘é ótimas’ A
gente ficava com vontade né. É bom porque a gente se distrai né, ‘distraimento’ né.” (Seu
Citrino); “Das perguntas, adivinhações” (Seu Rubi); Gostei muito. Tudo eu gostei. Gostei
da Amanda, gostei de você, gostei da Bia (mencionando as monitoras e pesquisadora)
(Dona Safira)”; “Do que acontecia na sala né? Gostei da caixa de adivinhação, dos cartões
virados pra cima, e depois virados pra baixo, a gente tinha que lembrar (referindo-se ao
jogo da memória e de adivinhações). Então muita coisa a gente sabia...Eram coisas muito
simples..” (Dona Esmeralda). Por sua vez, os participantes do grupo de AF responderam:
“Exercícios com os braços” (Dona Ágata); “Do alongamento” (Dona Pérola); Dançar”
(Dona Ametista); “O que mais gostei foi levantar a mão pra cima e empurrar...mexer as
mãos, os pés” (Dona Turmalina); “Fazer exercícios. Gostei das muitas perguntas pra gente,
porque a gente ia se distraindo e pegando mais explicação das coisas” (Seu Berilo).
Quando indagados sobre o que menos gostaram nas atividades, os participantes do
grupo de AC mencionaram: Não tenho o que dizer que menos gostei, porque gostei de todas,
de todas mesmo. Aquela de perguntas, de todas eu gostei. É uma alegria pra gente sabe.
Gostei de todas mesmo. não pude participar acho que um dia porque uma amiga veio me
visitar... O resto eu participei de todas. Eu gostei mesmo..Se precisasse fazer eu faria tudo de
novo porque sei que é muito importante”(Dona Jade); “Ah, queria que falassem mais sobre
animais (mencionando as atividades relacionadas a adivinhações) e o jogo da memória.
Gostei de tudo eles...” (Seu Citrino); “Tudo bom” (Dona Safira); “Gostei de todas elas” (Seu
Rubi); Gostei de tudo, foi muito legal pra nós” (Dona Esmeralda). Já os participantes do
grupo de AF mencionaram: “Gostei de tudo” (Dona Ágata); “Nada” (Dona Ametista);
107
“Nada” (Dona Pérola); “Não teve nada que não gostei” (Seu Berilo); “Virar a cabeça para
o lado, doía, mas tinha que fazer né” (Dona Turmalina).
Efeitos das intervenções: relatos dos participantes sobre os efeitos que perceberam ou não,
relativos às intervenções realizadas.
A respeito dos efeitos ou mudanças percebidos pelos idosos mediante a participação
nas sessões dos programas de estimulação, as respostas do grupo de AC foram: “Mudou,
mudou. Entre a gente, com eles (os outros idosos da instituição), porque eles são muito
fechados, não se comunicam, e a maioria não sabe ler né...Então a gente se comunicava: -
Ah, hoje é o dia que as gurias vêm!...Claro, daí era aquela coisa: - Gostei disso, gostei
daquilo...Eu fiz aquilo, teve aquilo... E tem que manter isso, a gente jamais vai perder isso,
jamais vai esquecer mesmo. A nossa atenção mudou, porque agora a gente se comunica mais.
porque eu sou a que estou aqui menos tempo, eles achavam que eu não podia estar
conversando e chamando alguém. Agora não, a gente pode conversar que não tem aquela
coisa mais. O nosso relacionamento melhorou(Dona Jade); Mudou bastante, porque isso é
um ‘distraimento’ né” (Seu Citrino); “Não, ta tudo o mesmo. Às vezes eu me esqueço, depois
eu lembro de novo (referindo-se à sua memória)” (Dona Safira); O relacionamento melhorou
entre a gente..As atividades deixavam com bom senso de humor” (Seu Rubi); “De resto, a
gente era bem recebida...E apareça” (Dona Esmeralda).
Já o grupo de AF relatou que percebeu os efeitos: “Melhorei mais na parte da
ginástica, de pular. Fiquei mais alegre.Tudo melhorou, o trabalho com a Dona Zircônia, o
que a professora fez com ela. Todo mundo adorou. Das atividades do asilo, a que mais gostei
foi essa (atividade física). O médico disse para eu fazer exercício físico. Tudo o que a
professora pediu, passou, eu fiz” (Dona Pérola); “Não sei” (Dona Ágata); “Não. Não mudou
nada. Ficou igual(Dona Ametista); “Fiquei mais alegre...O exercício deveria ser feito mais
na frente da casa, e não dentro da casa. A atividade deveria ser feita fora, no pátio”
(Dona Turmalina); “Mudou muita coisa, o pensamento. Gostei de fazer exercícios para
mexer o corpo, melhorei muito (antes sentia dores no corpo) (Seu Berilo).
IV Etapa: Descrição dos participantes
O pequeno tamanho da amostra e do tempo de duração das intervenções podem ser os
responsáveis pela dificuldade em se verificar diferenças estatisticamente significativas nos
108
resultados dos testes, pois mesmo os testes não paramétricos são afetados pela distribuição
dos dados (Dancey & Reidy, 2004). Entretanto, como observado através dos resultados de
todos os participantes em cada uma das variáveis estudadas, apesar dos resultados estatísticos,
diferenças individuais nos escores foram observadas. Nesta etapa de descrição dos
participantes, as diferenças individuais dos resultados foram relatadas com o intuito de se
verificar qualitativamente os efeitos das intervenções. Ainda nesta etapa, dados obtidos nas
entrevistas realizadas antes e após as intervenções foram utilizados, assim como os registros
obtidos nos diários de campo das monitoras das atividades, para enriquecer a análise dos
resultados. Entretanto, vale mencionar que, devido o tempo de duração do programa de
atividades cognitivas ter sido maior e devido o mesmo ter proporcionado um número
expressivamente maior de observações relativas ao comportamento dos participantes (a
natureza do programa permitiu com que se observasse e se registrasse mais falas dos
participantes), mais relatos do grupo de atividades cognitivas foram incluídos na descrição de
cada participante.
Participantes do Grupo de Atividades Cognitivas
Dona Jade
Dona Jade, participante número 1 (grupo de atividades cognitivas), com 65 anos
(idade mais baixa entre os participantes) e tempo de um ano de asilamento, faz uso de cadeira
de rodas e é uma das participantes mais comunicativas. Segundo dados obtidos através da
entrevista semi-estruturada inicial, Dona Jade sabe ler e estudou até a quarta série do
primário, possuindo um histórico de grande engajamento em jogos cognitivos como caça-
palavras e baralho, além de freqüentemente realizar trabalhos manuais, como crochê. No que
se refere ao histórico de atividade física, a participante não relatou prática regular nem gosto
pela prática de atividades físicas.
Apesar de acreditar que a prática de atividade física pode melhorar sua saúde, Dona
Jade diz que não pode praticar, pois possui uma prótese no joelho que precisa ser trocada (por
isso o uso da cadeira de rodas). Acredita ainda que, caso troque a prótese através de uma
operação, poderá voltar a andar de muleta. A maior parte de sua vida trabalhou como
empregada doméstica, o que sugere que, apesar de relatar um histórico restrito de atividade
física no passado, através de sua profissão tenha se exercitado bastante. Dona Jade teve um
aneurisma cerebral cerca de 15 anos atrás, momento este em que ‘esqueceu’ como fazer
109
seus trabalhos manuais, tendo que reaprender. Posteriormente, por estar morando sozinha
(não tem filhos), fez a opção de ir viver na instituição, pois estava muito doente, não
conseguindo nem mesmo mais cozinhar para si. Dona Jade diz que no início pensava que a
instituição era ‘o fim do mundo’, e que estava ali ‘para não morrer em casa’. Atualmente,
porém, diz estar muito melhor, com auto-estima elevada, visto que na instituição cuidam de
dar seus remédios nas horas certas e fazer sua comida.
A participante declarou que gostaria de ter uma vida com mais leituras e jogos, e diz
que acredita que sua memória e concentração podem melhorar com treino. Acrescentou:
“...por isso tenho boa memória, porque faço bastante caça-palavra, exercito a cabeça”.
Com 95% de freqüência nas sessões (só teve uma falta), Dona Jade, segundo os
registros obtidos no diário de campo das monitoras do programa, foi uma das participantes
mais motivadas e envolvidas nas sessões do programa de atividades cognitivas, e igualmente
uma das que realizou com mais rapidez muito dos exercícios propostos, como o exercício da
grade de números e as atividades de memorização de objetos. Alguns fatos interessantes
registrados pelas monitoras e relacionados ao comportamento da participante referem-se
como, por exemplo, na nona sessão, quando Dona Jade levou suas balas de banana (tão
importantes para ela) para compartilhar com os ‘colegas do grupo’. Nesse sentido, percebe-se
que a noção de pertencer a um grupo estava presente nesta sessão. Interessante também foi
que Dona Jade, no desenrolar das sessões, ao ver as monitoras chegando à Instituição, ia para
o quarto se ‘arrumar’ como ela mencionava, ou mesmo, aguardava as mesmas com suas
melhores roupas, como aconteceu na décima tima sessão, em que usava seus melhores
colares, brincos e um broche de flor vermelha. Segundo a participante, gostava de se enfeitar
para aguardar as monitoras e iniciar as atividades em grupo.
Vale destacar que, na décima sétima sessão de atividades cognitivas, Dona Jade quis
conversar com a monitora sobre suas dificuldades na instituição. Disse que tinha dificuldades
para dormir, pois uma de suas companheiras de quarto era racista e durante a noite gritava,
alegando que Dona Jade havia roubado certos pertences seus. Certa vez Dona Jade mencionou
ter acordado com uns barulhos e percebeu que esta senhora estava mexendo em seu armário
atrás dos vários milhões que acusava de tê-la roubado, e em outra ocasião, mencionou ter
acordado no meio da noite com esta mesma senhora em cima de sua cama, ameaçando bater
Dona Jade com sua bengala. Após mencionar o medo que sentia da companheira, as
monitoras conversaram com as enfermeiras da instituição, mas as mesmas afirmaram ser um
problema recorrente, impossível de ser solucionado no momento. Ainda segundo as
110
enfermeiras, Dona Jade sempre procura motivos para se queixar, como problemas de saúde,
dores, e agora, a companheira de quarto.
Apesar das queixas (nem sempre infundadas) recorrentes sobre dores e doenças,
mencionadas pelas enfermeiras e constatadas pelas monitoras, ainda assim vale ressaltar que
Dona Jade foi uma das participantes mais comunicativas, simpática, além de muito vaidosa.
Na décima nona sessão, inclusive a participante mencionou estar muito feliz, pois havia
colocado uma dentadura, e por isso estava com um ‘novo sorriso’ e mais ‘elegante’, podendo
usar batom.
Quanto aos escores obtidos nas medidas de avaliação, Dona Jade manteve-se na
mesma pontuação baixa da GDS-15 (um ponto) antes e após a prática de atividades
cognitivas. Aumentou quatro pontos no MEEM (aumentou um ponto em cada um dos itens:
orientação temporal, orientação espacial, atenção/cálculo e linguagem), o que sugere que ela
tenha se beneficiado da intervenção. No escore total do RAVLT, Dona Jade diminuiu oito
pontos, mas teve uma evocação tardia melhor, com uma lembrança de seis palavras a mais do
que na pré-avaliação e um reconhecimento de palavras também superior, com nove palavras a
mais. Além disso, a curva de aprendizagem sugere que Dona Jade se saiu melhor em três das
sete tarefas do teste, na avaliação realizada após a intervenção. Importante notar que a
participante conseguiu realizar aprendizagem auditivo-verbal, visto que em ambas as
avaliações (antes e depois), o número de palavras memorizadas na quinta leitura foi superior à
primeira leitura. Ainda, no pós-teste, apesar de não observado um maior número de palavras
memorizadas em relação ao pré-teste, nota-se uma extrema melhora na tarefa de
reconhecimento da participante.
É notório que Dona Jade foi uma das participantes que apresentou os escores mais
altos nas avaliações iniciais e finais do MEEM e mais baixos na GDS-15. Em termos de
diminuição de sintomas depressivos, não houve uma diferença expressiva nos seus resultados,
provavelmente devido a seu baixo escore inicial. Assim, sugere-se que a participante tenha se
beneficiado da intervenção principalmente em sua capacidade cognitiva geral e na
manutenção de seu humor.
Na entrevista final, Dona Jade declarou que gostou muito de participar das atividades,
relatando ainda que a presença das monitoras e pesquisadora por si era muito importante
(tal declaração sugere que a presença destas possa ter relação também com os ganhos obtidos
nas variáveis estudadas). A participante mencionou saber os dias em que as monitoras iam até
a instituição para a realização da intervenção, e que ficava aguardando esses dias. Declarou
ainda que ela e os outros participantes, entre os dias das sessões, conversavam sobre as
111
atividades e sobre outros idosos que não participaram e que deveriam ter participado. Dona
Jade não mencionou o que menos gostou das atividades, pois segundo ela gostou de todas.
Pelas suas falas, sugere-se que tenha gostado bastante das atividades de adivinhações. A
participante mencionou ter faltado apenas uma sessão devido a uma visita de uma amiga que
havia recebido na instituição, e parece se orgulhar em dizer que pôde participar de
praticamente todas as sessões.
Nas próprias palavras de Dona Jade:
“-Se precisasse fazer eu faria tudo de novo, porque sei que é muito
importante”.
Sobre o fato de sentir alguma mudança com as atividades, Dona Jade declarou que
percebeu muitas mudanças, principalmente referente à comunicação entre os participantes e a
interação social. A participante afirma que, antes das sessões, os participantes eram muito
‘fechados’ e, somado ao fato de muitos não saberem ler, pouco se comunicavam. Jade coloca
que após o início das sessões, os participantes passaram a se comunicar mais:
“-Então a gente se comunicava: Ah, hoje é o dia que as gurias
vêm!...Claro, daí era aquela coisa: Gostei disso, gostei daquilo...Eu fiz
aquilo, teve aquilo... E tem que manter isso, a gente jamais vai perder
isso, jamais vai esquecer mesmo....A nossa atenção mudou, porque
agora a gente se comunica mais...Só porque eu sou a que estou aqui
menos tempo, eles achavam que eu não podia estar conversando e
chamando alguém. Agora não, a gente pode conversar que não tem
aquela coisa mais...O nosso relacionamento melhorou”.
Seu Rubi
O participante número 2, do grupo de atividades cognitivas, Seu Rubi, tem 78 anos e
vive dez anos na instituição A. Faz uso de um andador pois possui uma hérnia umbilical
que dificulta seu caminhar. Possui o primário completo, sabendo ler. O participante, de acordo
as enfermeiras da Instituição, possui esquizofrenia. Segundo suas respostas na entrevista
semi-estruturada, Seu Rubi possui um histórico restrito de atividades cognitivas e físicas,
embora tenha citado que corria na praia quando jovem (mas essa prática não era regular). Na
entrevista semi-estruturada, sua fala lenta relatou um discurso negativo frente a sua trajetória
de vida: “-Sofri um acidente e cai da ponte Colombo Sales. Fiquei inválido. Tenho uma
hérnia. Fui membro da Assembléia de Deus, e tive um casamento frustrado”.
112
Embora direto, Seu Rubi não explorou maiores aspectos e fatos de sua vida. Declarou
ter trabalhado a maior parte de sua vida como chapeiro’ de um lanche, e ter trabalhado
como vigia para uma família, onde aprendeu a falar algumas frases na língua inglesa.
Mencionou que na juventude pescar era sua atividade de lazer, e acredita que atividade física
pode melhorar a saúde. Segundo o participante, no passado costumava fazer palavras-
cruzadas. Mencionou querer ter uma vida com mais jogos e leituras, e acredita que pode
melhorar sua memória e concentração através de treino.
Com 81% de freqüência de participação no programa, Seu Rubi apenas teve quatro
faltas, estas derivadas de um surto relativo à esquizofrenia. Na décima segunda sessão
inclusive o participante mencionou que aquela seria sua última sessão, visto que em breve iria
embora, pois seria preso por cinqüenta anos (delírios persecutórios). Destaca-se que Seu Rubi
disse isso na sala de atividades do programa, com todos os presentes, e os outros
participantes disseram a ele para “deixar de falar besteiras”. Entretanto, Seu Rubi afirmou que
não iria para a sessão, porque estava esperando pela polícia que vinha prendê-lo. Houve uma
tentativa dos participantes para que ele permanecesse na sessão, como foi o caso de Dona
Jade, que insistiu para que Seu Rubi ficasse, mas o mesmo estava decidido a não ficar. Nota-
se a importância do restante do grupo para que o colega permanecesse junto a eles. Por sua
vez, na décima sexta sessão, uma das monitoras chegou à Instituição e encontrou Seu Rubi a
recepcionando sorridente, dizendo good afternoon!” (termo que há tempo não utilizava,
desde quando passou a relatar seus delírios de perseguição). Neste dia, além de ter falado
várias frases em inglês e francês (como sempre fazia quando se sentia mais feliz), não
mencionou mais nada sobre carros de polícia, prisão e seqüestro, e voltou a participar
normalmente da sessão, participando ativamente dos exercícios propostos. Ao final da décima
sétima sessão inclusive demonstrou grande interesse em continuar participando das sessões,
pois mostrou ansiedade pelas mesmas, indagando quando seria a próxima sessão.
Outro fato interessante refere-se à penúltima sessão, quando todos tentavam adivinhar
a mímica realizada por um dos participantes, e outro participante (Seu Citrino) antes de iniciar
sua mímica falou para Seu Rubi: “Rubi, se sabes não solta já, és muito avião demais!”. Todos
os participantes riram, especialmente Seu Rubi, que, demonstrando alegria, concordou que
estava “acertando tudo”.
Nas medidas de avaliação, Seu Rubi, na avaliação após a intervenção, aumentou em
dois pontos seu escore no MEEM (um ponto na orientação temporal e outro na
atenção/cálculo). Aumentou também seu escore em dois pontos da GDS-15, o que aqui retrata
o aumento de sintomas depressivos. E no escore total do RAVLT, na avaliação final, Seu
113
Rubi diminuiu um ponto, permaneceu com a mesma pontuação na evocação tardia e teve um
aumento de oito palavras no teste de reconhecimento. Por sua vez, sua curva de aprendizagem
mostra que, das sete tarefas do teste, permaneceu com a mesma pontuação em duas e obteve
uma melhor pontuação também em duas, embora diminuindo sua pontuação nas tarefas A1,
A3 e A4 (queda pequena da pontuação). Em ambas as avaliações (antes e depois às
intervenções) percebe-se que o participante não conseguiu realizar grande aprendizagem
auditivo-verbal, que é demonstrada pelo número de palavras recordadas ao longo das leituras
da lista de palavras nas tarefas de A1 a A5.
Os resultados sugerem que Seu Rubi se beneficiou das dezoito sessões que participou
do grupo de atividades cognitivas em relação a sua capacidade cognitiva geral, não obtendo
resultados expressivos no RAVLT. O aumento dos sintomas depressivos pode ser explicado
pela recorrência de um surto durante o período da intervenção
28
. Seu Rubi possui
esquizofrenia, e segundo as enfermeiras da instituição, seus surtos são recorrentes e
agressivos. Importante que durante a recorrência do surto no período das intervenções, Rubi
deixou de ir às sessões, mas não se mostrou agressivo, apenas relatou seu anseio por ser preso
e perseguido pela polícia (delírios de perseguição). Deste modo, observa-se que o participante
conseguiu se beneficiar nos quesitos de orientação temporal e atenção/cálculo (medidos pelo
MEEM) após o programa de atividades cognitivas.
Na entrevista final, Seu Rubi mencionou que as atividades cognitivas foram boas para
a memória e diz ter gostado mais das atividades de perguntas e adivinhações. Não relatou
atividades que tenha lhe desagradado, afirmando que gostou de todas. Declarou também que
percebeu que o relacionamento entre os participantes melhorou e que as atividades foram boas
para o humor (apesar de ter apresentado aumento nos sintomas depressivos no escore da
GDS-15):
“...O relacionamento melhorou entre a gente...As atividades deixavam
com bom senso de humor”.
Assim sendo, pode-se indagar se a GDS-15 foi adequada em medir seus sintomas
depressivos, ou ainda, pode-se sugerir que, embora Seu Rubi tenha obtido uma pontuação na
GDS-15 superior à encontrada na avaliação inicial, este relatou que, durante as sessões,
percebia uma mudança positiva em seu estado de humor, fato este que pode ser observado
como um efeito positivo da intervenção.
28
De acordo com Bressan (2000), sintomas depressivos são bastante freqüentes em todas as fases da
esquizofrenia e as taxas de ocorrência são bem superiores às da população normal.
114
Seu Citrino
Com 77 anos de idade, Seu Citrino é o terceiro participante (grupo de atividades
cognitivas) e vive 17 anos na instituição A. O participante possui nanismo
(acondroplasia
29
) e necessita de cadeira de rodas devido a um problema no quadril. Através da
entrevista semi-estruturada inicial, observou-se que Seu Citrino possui um histórico de poucas
atividades cognitivas, devido a sua baixa escolaridade (primário) e restrição no envolvimento
em atividades cognitivas. Em relação às atividades de lazer que costumava fazer no passado,
Seu Citrino relatou brincadeiras de sua infância, e em relação ao histórico de atividade física,
citou a educação física na escola e caminhadas. Destaca-se que o participante acredita que a
prática de atividade física pode melhorar sua saúde, mas menciona não saber se pode
melhorar sua memória e atenção através de treinamento. O participante mencionou que no
passado costumava ler (mas ressalta que com letra de forma) e jogar, mas não tem
interesse em ter uma vida com mais leituras e jogos atualmente.
Seu Citrino, quando criança, ajudava na roça e no engenho. Mais tarde, quando ainda
criança, passou a morar com o pai que era carcereiro, dentro de um presídio, pois a mãe havia
os abandonado. Posteriormente, Seu Citrino passou a engraxar sapatos (atividade que exerceu
na maior parte de sua vida), e atualmente é presidente do movimento de idosos deficientes
físicos e adora ir às missas da Igreja.
De acordo com o diário de campo das monitoras do programa de atividades cognitivas,
Seu Citrino, que teve 90% de freqüência de participação nas sessões do programa (teve
apenas duas faltas), possuía certa dificuldade em prestar atenção nos outros participantes,
como ocorrido no exercício de mica, e inclusive tinha dificuldade para esperar sua vez de
começar a fazer a mímica. Em certas ocasiões, Seu Citrino pedia para fazer jogos de
adivinhações com o restante dos participantes, porém, começava a contar uma história,
demorando para fazer sua adivinhação, e logo diminuindo a atenção do grupo. Destaca-se que
a baixa escolaridade às vezes dificultava a elaboração de suas palavras para futuras
adivinhações do grupo, como por exemplo, ocorreu na décima sessão, quando o participante
afirmou: “Quero pegar a turma... Deixa eu fazer uma adivinhação”. Seu Citrino disse então
que o que ele queria começava com a letra fu”. Depois de muitas tentativas frustradas do
restante dos participantes, descobriu-se que a figura a qual ele se referia era “foguete”.
29
Segundo Soares (1993), a acondroplasia é uma anomalia de fundo genético condicionada por gene dominante
autossômico, em que se observa o desenvolvimento anormal da cartilagem de conjugação e defeito da
ossificação, como conseqüência o nanismo deformante.
115
Apesar disso, ressalta-se que o participante no desenrolar das sessões aumentou sua
motivação e participação, e inclusive demonstrava passar os dias fora das sessões pensando
em formas de ‘pegar a turma’. Durante a atividade da décima sessão, surpreendentemente,
Seu Citrino levou um nariz de palhaço, que foi utilizado no jogo da caixa fechada para futura
adivinhação através do toque, demonstrando ter ficado muito animado porque o grupo achou
muito difícil e não conseguiu adivinhar seu objeto.
Nas medidas de avaliação, Seu Citrino, que participou de vinte, das vinte e duas
sessões do grupo de atividades cognitivas, obteve um escore inferior no MEEM de três pontos
na avaliação realizada após a intervenção. Em relação a GDS-15, Seu Citrino diminuiu dois
pontos na avaliação feita após a intervenção, o que sugere que tenha melhorado seus sintomas
depressivos. No escore total do RAVLT, por sua vez, no pós-teste, Seu Citrino aumentou
onze pontos, aumentando também um ponto na evocação tardia. Na tarefa de reconhecimento,
Seu Citrino reconheceu cinco palavras a menos do que na avaliação inicial. A curva de
aprendizado mostra igualmente que, das sete tarefas do teste, o participante obteve pontuação
melhor em cinco delas, mantendo a mesma em uma das tarefas, apenas diminuindo a
pontuação na tarefa de reconhecimento. Porém, a pontuação de A1 a A5 sugere que o
participante não tenha realizado grande aprendizagem auditivo-verbal em ambas as avaliações
(pré e pós), visto que mais palavras foram lembradas na tarefa A1 do que A5.
Os escores finais, dessa forma, sugerem que a prática de atividades cognitivas parece
ter produzido melhora nos sintomas depressivos, assim como na memória de trabalho de Seu
Citrino, ao contrário da capacidade cognitiva geral, que declinou em três pontos. O declínio
da capacidade cognitiva geral deve ser interpretado com cautela, na medida em que não se
pode afirmar com certeza seu motivo. Entretanto, o declínio na pontuação talvez indique uma
tendência do participante em declinar cognitivamente com o passar do tempo, o que sugere
que os profissionais estejam atentos, e procurem estimular o idoso para que este não venha a
declinar mais. Importante mencionar que o participante possui falas que muitas vezes fogem
ao contexto da conversa em questão, assim como possui devaneios, que segundo as
enfermeiras da instituição, são próprios da idade em que se encontra. Contrariamente à
conformação de que devaneios e falta de atenção sejam obrigatoriamente conseguidos pelo
avanço da idade, sugere-se que intervenções de estimulação, dentre outras de naturezas
diversas, sejam feitas visando que o idoso venha a estimular sua cognição, evitando declínios
maiores.
116
Na entrevista final, Seu Citrino afirmou que a intervenção foi ótima, sendo uma
distração para eles. O participante não relatou atividades que mais gostou. Em suas próprias
palavras:
“Pra mim todas elas é ótimas...A gente ficava com vontade né...É bom
porque a gente se distrai né..distraimento né... Gostei de tudo eles...”.
Afirmou também que gostaria de ter realizado mais atividades de adivinhações e jogo
da memória. Vale lembrar que, durante as sessões, Seu Citrino era um dos mais
entusiasmados com as atividades de adivinhações, sendo que trazia objetos para serem
descobertos pelos colegas, propunha adivinhações e piadas. O participante mencionou que
percebeu mudanças no decorrer da intervenção, principalmente referente ao lazer que a
atividade proporcionava. De certa forma, tal resposta mostra a importância que atividades,
mesmo que apenas recreativas, têm na vida de idosos institucionalizados, visto que, na
maioria das vezes, se vêem sem atividades para realizar, nem novidades no seu cotidiano.
Estimular é necessário, principalmente através de exercícios e atividades que saiam da rotina
diária do idoso.
Dona Safira
A quarta participante do grupo de atividades cognitivas, Dona Safira, possui 66 anos
de idade, e vive na instituição 19 anos. A participante nunca estudou, e logo, não sabe ler
nem escrever. Através da entrevista semi-estruturada inicial, Dona Safira relatou ter
trabalhado a maior parte de sua vida em atividades na roça, como por exemplo, capinando,
plantando milho, cana de açúcar e fazendo chapéu de palha. Em relação ao seu histórico de
atividades cognitivas, Dona Safira teve um histórico restrito, sem leituras e sem prática de
jogos cognitivos. A participante apenas citou que fazia e faz renda de malha como atividade
de lazer. Ainda na entrevista inicial, Dona Safira relatou que cuidou de sua madrinha, que era
parkinsoniana, durante seis anos. Devido a isso Dona Safira diz não ter podido estudar. A
participante não casou, nem teve filhos. Dona Safira acredita que atividade física pode
melhorar a saúde e, embora acredite que sua memória e concentração possam melhorar
através de treino, diz que apenas gostaria de ter uma vida com mais leituras e jogos se fosse
para ganhar dinheiro fora da instituição.
Uma importante informação obtida através da enfermeira da instituição, foi a de que
Dona Safira esteve internada num hospital psiquiátrico, pois sua família acreditava que ela
era “louca”. Porém, segundo a enfermeira, a participante não possui nenhum diagnóstico
117
psiquiátrico, mas nasceu com hidrocefalia
30
e possui uma válvula em seu cérebro colocada
através de uma cirurgia, e devido a isso, possui algumas dificuldades motoras e cognitivas,
que foram confundidas pela família.
De acordo com o registro do diário de campo, observou-se que Dona Safira, nas
primeiras sessões do programa, apresentava uma postura rígida, declarando que não queria
participar das atividades, pois não gostava das mesmas: “não vou para fazer isso aí”, e
inclusive questionou o programa, acreditando que as monitoras estavam ali para “testar a
idéia” dos idosos, e ver se eles eram ou não “doentes da cabeça”. Entretanto, as monitoras
prontamente reafirmaram no decorrer das sessões seus papéis e o objetivo da intervenção e,
após os esclarecimentos, Dona Safira reviu suas crenças e compreendeu o objetivo das
sessões, passando a adotar uma postura mais flexível e favorável sobre as mesmas.
Posteriormente, constatou-se inclusive que a participante possuía dificuldades e
resistência frente a alguns exercícios devido a sua dificuldade em ler até mesmo números.
Assim, em certas ocasiões, devido à dificuldade de Dona Safira em alguns exercícios, as
monitoras davam opções de outros para que ela os realizasse sem problemas. Interessante que
no desenrolar das sessões, a participante passou a gostar dos exercícios propostos, chegando
inclusive a mencionar em certas ocasiões que ainda estava cedo e que não queria deixar a
sessão. Em algumas sessões, a participante chegou a aguardar as monitoras na sala das
atividades antes mesmo das mesmas chegarem à Instituição, fato que mostra a motivação que
a participante possuía para o programa.
Destaca-se também que Dona Safira, assim como Seu Citrino, possuía certa
dificuldade para prestar atenção no restante dos participantes e dificuldade para compreender
certos exercícios, demandando assim auxílio constante das monitoras. Exercícios mais
abstratos, como o de mica e o de imaginação, foram mais difíceis para Dona Safira. Numa
atividade de mímica, por exemplo, Dona Safira fez gestos que pareciam ser “fazer massa”. Ao
ouvir dos outros participantes: “fazer bolinho”, “fazer bolo”, “fazer pão”, Dona Safira
afirmava que não era aquela, continuando a mímica. Quando ninguém mais sabia o que dizer,
30
De acordo com Juca, Lins Neto, Oliveira e Machado (2002), a hidrocefalia é uma “entidade nosológica
definida como aumento da quantidade de líquido cefalorraquidiano dentro da caixa craniana, mormente nas
cavidades ventriculares, mas podendo ocorrer também no espaço subdural. Sua principal conseqüência clínica
imediata é a hipertensão intracraniana, a qual muitas vezes exige pronto tratamento cirúrgico” (p. 60). Dentre os
aspectos que despertam maior preocupação estão as possíveis seqüelas apresentadas pelos pacientes após o
tratamento da hidrocefalia, sendo uma das mais temidas o retardo do desenvolvimento neuro-psicomotor, fator
limitante das potencialidades da criança e freqüentemente causador de desajustes familiares e sociais. Foi
verificada grande diminuição da mortalidade e da morbidade em crianças hidrocéfalas após a introdução do uso
de drenagens valvuladas unidirecionais com o objetivo de derivar o líquido em excesso nos ventrículos cerebrais
para outras cavidades corporais, anulando a base fisiopatológica da hipertensão intra-craniana.
118
Dona Safira então afirmou: “fazer massa para broa”. Numa atividade de imaginação, Dona
Safira igualmente teve dificuldades em compreender que se tratava de imaginar uma cena, e
não de vivenciá-la de fato. Porém, apesar das dificuldades que encontrava, ainda assim Dona
Safira sempre se mostrou motivada pelas sessões do programa, como na décima quinta sessão,
em que, ao ver a monitora chegando na Instituição, interrompeu bruscamente uma conversa
realizada com outra senhora, dando logo o braço para que a monitora a ajudasse a caminhar
até a sala das atividades.
Com uma participação em dezenove sessões (86% de freqüência nas atividades), Dona
Safira na avaliação após a intervenção, obteve um escore no MEEM com cinco pontos a mais
do que na avaliação inicial (obteve ganhos na orientação temporal, memória espacial, e
memória recente). Destaca-se o fato de que a participante obteve uma das pontuações mais
inferiores no MEEM, obtida no pré-teste, e esta deve ser analisada conforme sua baixa
escolaridade (Dona Safira nunca estudou). Já na GDS-15, obteve uma pontuação com seis
pontos a menos, o que indica uma notória queda de seus sintomas depressivos após as
intervenções. Destaca-se igualmente que, antes ao início das intervenções a enfermeira da
Instituição havia informado que Dona Safira já havia recebido o diagnóstico clínico de
depressão mais de 10 anos e desde então tomava medicamento antidepressivo (fato que
não mudou no decorrer das sessões). Em relação à pontuação total obtida no RAVLT na
avaliação final, Dona Safira teve uma diminuição de quatro pontos, sendo que na evocação
tardia também obteve diminuição de um ponto, e no reconhecimento oito pontos a menos do
que na avaliação inicial. A curva de aprendizagem mostra que Dona Safira obteve uma
pontuação melhor em apenas uma tarefa (A5) em relação a avaliação feita antes do início do
programa de atividades cognitivas, mas uma pontuação inferior no restante das tarefas. Nesse
sentido, a curva pode retratar uma diminuição da atenção da participante na execução da
tarefa, visto que esta passa a lembrar de menos palavras no decorrer das novas leituras da
mesma lista de palavras, ou mesmo uma dificuldade em realizar aprendizagem auditivo-
verbal. A participante não obteve melhora em sua capacidade de memória de trabalho ao
longo das tarefas do teste.
Assim, os escores das medidas sugerem que a quarta participante do grupo de
atividades cognitivas tenha se beneficiado da intervenção na capacidade cognitiva geral e na
melhora de seus sintomas depressivos. Destaca-se o fato que Dona Safira foi a participante
com o maior escore inicial da GDS-15 (mais sintomas depressivos), e com a maior melhora
no mesmo teste na avaliação final. Ainda, no MEEM foi uma das participantes com os escores
119
mais inferiores na avaliação inicial (indicando certo prejuízo cognitivo), e igualmente com o
maior ganho após a intervenção.
Na entrevista final Dona Safira relatou que gostou de todas as atividades realizadas no
programa de atividades cognitivas:
“Gostei muito, gostei...Tava muito bom...As coisas que elas faziam com
a gente...pra gente clarear a memória..Muito bom”.
A participante ressaltou em suas respostas que gostou muito das monitoras das
atividades, e não demonstrou preferências por exercícios específicos. Ainda, Dona Safira diz
não ter percebido mudanças decorrentes da intervenção:
“Não..tá tudo o mesmo...Às vezes eu me esqueço, depois eu lembro de
novo...”
Percebe-se assim, que a resposta da participante, mostrando que não percebeu
mudanças positivas em sua memória, vem ao encontro com o escore obtido no RAVLT.
Dona Esmeralda
Com 74 anos, a quinta participante do programa de atividades cognitivas vive na
Instituição quatro anos. Dona Esmeralda nunca estudou e, portanto, não sabe ler nem
escrever. Na entrevista inicial, Dona Esmeralda mencionou ter oito irmãos, informou que
antigamente tinha muitas amizades e que sempre foi dedicada à Igreja. Casou com um viúvo,
porém, diz que sofria agressões físicas do mesmo, e por isso se divorciou. Tem uma filha que
casou e mudou de religião, o que segundo Dona Esmeralda torna o relacionamento entre elas
difícil. Um sobrinho de Dona Esmeralda também vive na Instituição, e inclusive participou de
algumas sessões do programa, porém, não completou freqüência suficiente para ser incluído
no estudo e não tinha idade suficiente para ser considerado idoso.
Dona Esmeralda na maior parte de sua vida trabalhou na roça, na olaria e foi dona de
casa. Sobre as atividades de lazer que costumava ter antigamente, mencionou jogar cartas e
dominó, e afirma que sempre gostou de uma boa conversa. Atualmente a participante acredita
que pode melhorar sua memória e concentração através de treino e afirma que sempre jogou
cartas e dominó. Dona Esmeralda também afirmou que no passado jogava vôlei, peteca e que
sempre caminhou, e diz acreditar que a atividade física melhora sua saúde. A participante
informou que realiza caminhadas até hoje.
Dona Esmeralda participou de quinze sessões (68% de freqüência de participação),
sendo que seis de suas faltas foram decorrentes de uma hospitalização. A participante sofreu
120
um atropelamento enquanto realizava sua caminhada perto da Instituição e por isso teve que
ser hospitalizada no decorrer do programa. Vale destacar que Dona Esmeralda foi uma das
participantes que mais realizava com êxito os exercícios propostos, assim como Dona Jade.
Entretanto, uma dificuldade percebida nas primeiras sessões, foi a de Dona Esmeralda se
localizar em relação ao ano. Perguntava-se o ano e Dona Esmeralda respondia: “mil
novecentos e noventa e sete”, e quando outro participante dizia: “é dois mil”, Dona Esmeralda
declarava: “Não! É dois mil novecentos e noventa e sete”. De todo o modo, a data era
relembrada em todas as sessões, o que fez com que ao final do programa, a participante já se
localizasse melhor.
Alguns fatos relacionados ao comportamento da participante no decorrer das sessões
são interessantes. Dona Esmeralda sempre se mostrava motivada para participar dos
exercícios propostos, realizando brincadeiras e interagindo com o restante do grupo. Numa
ocasião, inclusive chegou a deixar a sala das atividades para buscar em seu quarto uma cobra
de madeira para ser colocada secretamente na caixa fechada para futuras apalpações e
adivinhações dos participantes. Dona Esmeralda, que trouxe a cobra para a sessão, foi a
última a colocar a mão na caixa, fazendo uma encenação muito divertida, de que havia algo
puxando e picando sua mão dentro da caixa. Todos os participantes acharam muito divertido,
dando muitas risadas. Destacam-se ainda as sessões em que se jogava dominó em duplas,
quando Dona Esmeralda demonstrava seu conhecimento sobre o jogo, vencendo e vibrando
demais com a vitória (a cada vez que vencia, Dona Esmeralda cumprimentava Seu Rubi seu
companheiro no jogo - com um aperto de mão). Nota-se que a interação entre os participantes
nem sempre se deu dessa forma. Apenas ao longo das sessões os participantes passaram a
interagir e a apreciar a companhia do outro nas atividades.
A hospitalização de Dona Esmeralda, ocorrida na décima segunda sessão, veio como
uma notícia triste para todos os envolvidos no programa. A ausência de Dona Esmeralda teve
grande repercussão nos participantes, sendo que durante as sessões, alguns mencionavam
preocupação com a ‘colega’ do grupo. Na décima oitava sessão Dona Esmeralda voltou a
participar das sessões, e percebeu-se que estava mais calada do que antigamente. Nas últimas
sessões, a participante mencionou sentir dores e dificuldade para respirar, e o grupo se
mostrou solidário com Dona Esmeralda, que se sentiu emocionada com o interesse do grupo.
A hospitalização
31
da participante foi um evento importante ocorrido no decorrer do programa
31
Segundo Gorzoni e Pires (2006b), internações hospitalares apresentam benefícios e riscos, podendo resultar
em piora do estado geral e da qualidade de vida do idoso asilado durante e/ou após a hospitalização.
121
de atividades cognitivas, e por isso, os resultados finais dos testes devem ser avaliados com
cautela.
Em relação aos seus escores nas medidas de avaliação, Dona Esmeralda diminuiu dois
pontos no MEEM na avaliação final, e aumentou quatro pontos na GDS (o que indica
aumento de sintomas depressivos). No escore total do RAVLT diminuiu um ponto, na
evocação tardia diminuiu dois, e na tarefa de reconhecimento manteve a mesma pontuação. A
curva de aprendizagem da participante mostra que ela não obteve ganhos com a intervenção
visto que a pontuação da tarefa A5 (última vez em que a pessoa deve relembrar palavras de
uma lista lida cinco vezes) manteve-se a mesma. Porém, destaca-se o fato de que a
participante realizou aprendizagem auditivo-verbal em ambas as avaliações (pré e pós), visto
que o número de palavras lembradas na tarefa A5 foi sempre superior à tarefa A1.
Dona Esmeralda foi hospitalizada durante a intervenção (mas voltou a realizar as
sessões quando retornou do hospital), ou seja, as medidas de avaliação foram realizadas antes
da hospitalização e após a hospitalização. Obviamente esse fato interferiu nos resultados, pois
a hospitalização ocorreu devido a um atropelamento, onde a participante correu risco de
morte. Sendo assim, a piora em todos os escores das medidas de avaliação não deve ser
interpretada como derivada simplesmente da intervenção, mas de todo um conjunto de
variáveis, tais como a hospitalização, a solidão no hospital, o medo da morte, dentre outras
questões. Importante notar que, ao retornar às sessões, a participante relatou estar muito feliz
por voltar ao grupo. As monitoras realizaram visitas à participante no hospital, onde a mesma
chegou a ficar emocionada com tal atitude das mesmas. Por diversas vezes Dona Esmeralda
mandou abraços para os outros participantes do programa de atividades cognitivas, e quando
de volta às sessões, novamente agradeceu à preocupação de todos. Sendo assim, percebe-se
que talvez o grupo de atividades cognitivas tenha sido importante para a participante neste
momento tão delicado de sua vida, visto que o sentimento de pertencer a um grupo lhe deu
forças, fazendo-a se sentir querida por todos.
Na entrevista final, Dona Esmeralda declarou ter gostado das atividades e
principalmente por ter conhecido as monitoras e pesquisadora:
“Achei bom, foi bom conhecer vocês...Vocês foram muito legais com a
gente, tiveram paciência”.
Informou ter gostado mais das atividades de adivinhações, da caixa de adivinhação e
dos jogos de memória. Relatou que as atividades eram todas simples, e que sabiam como
resolvê-las. Não alegou ter gostado menos de alguma atividade específica:
“Não....Gostei de tudo, foi muito legal pra nós”.
122
Por fim, a participante mencionou que percebeu mudanças decorrentes da participação
na intervenção, mas não as especificou. Finalizando a entrevista, Dona Esmeralda proferiu as
seguintes palavras:
“De resto, a gente era bem recebida...E apareça!”.
Tal relato pode demonstrar o quanto a participante apreciou a companhia das
monitoras e pesquisadora, convidando-as novamente para voltar, e nesse sentido, percebe-se
em sua fala carinhosa o quanto se sente ‘em casa’ na instituição.
Participantes do Grupo de Atividades Físicas
Dona Turmalina
A participante número seis do estudo, Dona Turmalina, tem 72 anos e tem o menor
tempo de asilamento dentre todos os participantes: vive na instituição B apenas há oito meses,
estando, portanto, em processo de adaptação. Mencionou que desde que passou a viver na
instituição, possui dificuldade de repouso por causa do barulho, e também tem dificuldade em
dormir com o quarto fechado, devido a um problema de respiração. Destaca-se que na
aplicação da GDS-15, após a intervenção, Dona Turmalina mencionou que gostaria de
conhecer seus netos.
Dona Turmalina é a participante com o maior grau de escolaridade, estudou até o
segundo grau. Na entrevista inicial Dona Turmalina relatou que sua vida foi muito boa, mas
que depois que se desfez de todas as suas coisas, inclusive de sua casa, veio morar na
instituição. Durante a maior parte de sua vida, Dona Turmalina trabalhou como cobradora em
ônibus coletivos no estado do Rio de Janeiro. A participante citou que antigamente tinha
como atividades de lazer cuidar do jardim, da casa, viajar e ir à Igreja.
Em relação às atividades cognitivas realizadas no passado, Dona Turmalina
mencionou que gostava muito de ler e de escrever. Atualmente diz que não porque na
instituição não têm livros nem revistas. Já sobre seu histórico de atividades físicas, Dona
Turmalina, na entrevista, citou que toda manhã, para ir ao trabalho, ia correndo. De acordo
com mais dados seus coletados através do formulário de caracterização, pode-se observar que
Dona Turmalina realizava atividades físicas no passado (como correr, pular corda e
alongamentos), embora não as tenha citado na entrevista.
Das treze sessões realizadas no grupo de atividades físicas, Dona Turmalina participou
de nove (69% de freqüência no programa). De acordo com o registro do diário de campo da
123
monitoria, os dias em que Dona Turmalina faltava nas sessões era pelo fato de dizer estar sem
vontade ou por não estar na sala no horário marcado (quando isso acontecia e ela chegava à
sala quando a sessão de atividade física havia começado, ela queixava-se por não terem a
chamado no quarto para a aula). Entretanto, nas aulas em que participava, estava sempre
motivada e satisfeita por conseguir realizar os exercícios, onde os executava sentada, pois
tinha dificuldade no equilíbrio e fazia uso de muletas. No decorrer das sessões mencionava
que gostava muito de praticar a atividade física, porque quanto mais fazia, melhor se sentia
para andar.
Da sua participação no programa de atividades sicas, observou-se que seus escores
finais mostraram um declínio de três pontos no MEEM. Mas vale ressaltar que a pontuação no
MEEM, no pré-teste, é a pontuação maior dentre todos os participantes do estudo, e seu nível
de escolaridade também é o maior dentre os participantes, o que por sua vez, talvez reflita que
essas variáveis possam estar relacionadas. em relação à GDS-15, observa-se que a mesma
pontuação baixa (de dois pontos) se manteve em ambas as avaliações. Por sua vez, sua
pontuação total no RAVLT diminuiu em cinco pontos, sua evocação tardia diminuiu dois
pontos e a pontuação da tarefa de reconhecimento diminuiu sete pontos na avaliação final.
Sua curva de aprendizagem igualmente mostra que Dona Turmalina não se beneficiou da
intervenção, visto que em nenhuma das tarefas a participante apresentou pontuação superior.
Assim sendo, os escores sugerem que Dona Turmalina não se beneficiou da prática de
atividades físicas em sua capacidade cognitiva geral nem em sua memória de trabalho.
Entretanto, ressalta-se que a intervenção talvez tenha sido eficaz na manutenção do humor da
participante.
Na entrevista final Dona Turmalina declarou que achou muito boas as atividades,
sendo o que mais gostou foram os exercícios de levantar a mão para cima e empurrar
(alongamentos), e mexer as mãos e os pés. A participante destacou que não gostava muito dos
exercícios de virar a cabeça para o lado:
...Doía, mas tinha que fazer né.
Sobre se sentiu algum efeito da prática de atividades físicas, Dona Turmalina relatou
mudança em seu humor:
Fiquei mais alegre.
Assim, observa-se que, apesar de sua pontuação ter se mantido a mesma em ambas as
avaliações na GDS-15, a participante relatou ter ficado mais alegre, o que mostra um efeito
positivo da intervenção. Por fim, Dona Turmalina sugeriu que as atividades fossem realizadas
na parte exterior da instituição, e não só em seu interior como era realizada:
124
O exercício deveria ser feito mais na frente da casa, e não só dentro da
casa. A atividade deveria ser feita fora, no pátio.
Dona Ametista
Dona Ametista, a sétima participante do estudo, pertencente ao grupo de atividades
físicas, possui 73 anos de idade e vive na instituição três anos e dois meses. Estudou até a
quarta série (primário), sabendo ler e escrever. Em seu histórico de doenças e problemas de
saúde consta que Dona Ametista teve um AVC
32
(acidente vascular cerebral). Em sua
entrevista inicial, Dona Ametista relatou ter tido uma vida feliz, com saúde, diversão, paz e
sossego. Destaca-se que Dona Ametista foi a única participante do estudo que afirmou que, se
pudesse, moraria sozinha, visto que morou antigamente sozinha. Declarou que na maior
parte de sua vida trabalhou na roça, plantando cebola e colhendo café. Como atividades de
lazer, costumava fazer renda, dançar e passear. Segundo a participante, lia e escrevia bastante
quando jovem, chegando até mesmo a dar aula para a primeira série. Dona Ametista inclusive
foi a participante que citou a maior freqüência de leitura entre os participantes no formulário
de caracterização dos idosos. A participante, porém, mencionou que não gostava de jogar
jogos cognitivos. Em relação à prática de atividades físicas no passado, citou o trabalho na
roça, caminhadas, danças nos bailes e acrescentou que adorava jogar futebol.
Dona Ametista participou de nove sessões (69% de freqüência) realizadas no grupo de
atividades físicas. Os motivos pelos quais Dona Ametista faltava às sessões eram por ela estar
fazendo a unha (na maioria das vezes), por alegar estar triste ou ainda indisposta. Entretanto,
nas aulas em que participava, estava sempre alegre e realizava os exercícios em posição
sentada, pois usa muletas e nesse sentido se desequilibrava facilmente. Assim, a participante
executava todos exercícios de membros superiores e os de membros inferiores, mas de
maneira adaptada, uma vez que os realizava sentada.
Os escores obtidos nas medidas de avaliação mostram que a participante aumentou em
três pontos sua pontuação no MEEM no pós-teste. Já na GDS-15, vale mencionar que na
32
De acordo com Radanovic (2000), o termo AVC é usado para designar o déficit neurológico (transitório ou
definitivo) em uma área cerebral secundário a lesão vascular. Zétola, Nóvak, Camargo, Júnior, Coral, Muzzio e
colaboradores (2001) ressaltam que os AVC têm pico de incidência entre a e décadas de vida quando se
somam com as alterações cardiovasculares e metabólicas relacionadas à idade, mas também podem ocorrer mais
precocemente devido a outros fatores de risco. O AVC pode acarretar graves conseqüências médicas e sociais,
incluindo prejuízos motores, comprometimento da fala, distúrbios psiquiátricos, problemas sexuais, além de
dificuldades familiares e laborativas. Entre as complicações emocionais do AVC, a depressão é a mais comum
(Rocha, Cunha & Giacomin, 1993).
125
aplicação final da GDS-15, Dona Ametista mencionou que estava triste porque havia se
desentendido com uma colega da instituição, porém, ainda assim diminuiu seu escore em um
ponto, sugerindo que a intervenção proporcionou modesta melhora de seus sintomas
depressivos. Em relação ao escore total obtido no RAVLT, percebe-se que Dona Ametista
obteve um acréscimo de três pontos, sendo que na evocação tardia obteve também um
acréscimo, de um ponto, e na tarefa de reconhecimento, um acréscimo de cinco pontos. A
curva de aprendizagem da participante mostra que, embora não tenha aumentando sua
capacidade de memória de trabalho consideravelmente, ainda assim, obteve pontuações
melhores em cinco das sete tarefas do teste, sendo que nas outras duas, permaneceu com a
mesma pontuação. Dessa forma, os escores sugerem que Dona Ametista tenha se beneficiado
da prática de atividades físicas principalmente na melhora de sua capacidade cognitiva, e
modestamente em sua memória de trabalho e em seus sintomas depressivos.
Em sua entrevista final, Dona Ametista brevemente declarou que achou boas as
atividades, tendo preferência pelos exercícios de dança. Não citou atividades que menos
gostou, e ainda, mencionou não ter sentido efeitos das aulas:
...Não mudou nada. Ficou igual.
Dona Pérola
Dona Pérola, a oitava participante do estudo, possui 84 anos e está morando nove
meses na instituição. Estudou até o primário, mas não sabe ler nem escrever. Dona Pérola
declarou na entrevista inicial que trabalhou, durante a maior parte de sua vida, na casa de
outras pessoas, como empregada doméstica. Segundo ela, realizando seu trabalho, ganhava
muitas coisas de seus patrões, como conforto, roupas, idas a dentistas e inclusive viajava
muito, para vários estados através de seu trabalho. Suas atividades de lazer, nesse sentido,
eram as viagens que fazia com as famílias para a qual trabalhava. A participante, entretanto,
mencionou que em seu passado, além de não ler nem escrever, também não praticava jogos
cognitivos. Já em relação ao seu histórico de atividades físicas, mencionou que pulava corda e
caminhava, mas não regularmente.
Dona Pérola participou de dez (77% de participação) das treze sessões do programa de
atividades físicas. Dona Pérola faltava às sessões quando estava na palestra espírita da
instituição ou por estar dormindo. Vale mencionar que nas aulas em que participava, Dona
Pérola o fazia com prazer embora tivesse dificuldades em coordenar os movimentos, mas
126
conseguia realizar os de membros superiores e inferiores, conseguindo manter-se em pé, mas
sem muito equilíbrio.
Dona Pérola foi a participante com a menor pontuação obtida no pré-teste do MEEM,
mas é necessário atentar para o fato de que a participante não sabe ler nem escrever, e seu
nível de escolaridade máxima (primário) deve ser levado em conta ao se analisar o escore.
Ainda referente ao MEEM, a participante obteve uma pontuação melhor na avaliação final
(um ponto a mais, relativo à melhora na memória recente e imediata).
Em relação à GDS-15, obteve uma queda de quatro pontos, o que mostra a melhora de
seus sintomas depressivos. No escore total do RAVLT teve uma diminuição de nove pontos, e
na evocação tardia e no reconhecimento teve uma diminuição de um ponto em cada uma das
tarefas. Sua curva de aprendizagem mostra, por sua vez, que Dona Pérola não obteve
pontuação superior em nenhuma das tarefas do RAVLT. Sendo assim, seus escores sugerem
que a participante tenha se beneficiado modestamente da intervenção em relação a sua
capacidade cognitiva geral e em relação a seus sintomas depressivos de forma mais efetiva.
Em sua entrevista final, Dona Pérola diz ter achado as atividades boas, e mencionou
que as atividades de alongamento eram suas preferidas. Não citou atividades que menos tenha
gostado. Em relação aos efeitos percebidos com a prática de atividades físicas, Dona Pérola
percebeu alguns benefícios:
Melhorei mais na parte da ginástica, de pular. Fiquei mais alegre.Tudo
melhorou, o trabalho com a Dona Zircônia
33
, o que a professora fez
com ela. Todo mundo adorou.
Ainda, ao final da entrevista mencionou que dentre todas as atividades realizadas na
instituição, a prática de atividades físicas foi sua preferida:
Das atividades do asilo, a que mais gostei foi essa (atividade física). O
médico disse para eu fazer exercício físico. Tudo o que a professora
pediu, passou, eu fiz.
Seu Berilo
O participante número nove, Seu Berilo, tem 89 anos, a idade mais avançada dentre os
participantes do estudo. Vivendo cerca de quatro anos na Instituição, necessita o uso de
cadeira de rodas. O participante mencionou que teve paralisia infantil e por isso teve perda da
33
Dona Zircônia, que não foi incluída no estudo pois não teve freqüência de participação suficiente, com apenas
quatro sessões de atividade física mencionou sentir menos dores no corpo e dormir melhor.
127
mobilidade dos membros inferiores, o que transformou sua vida. O participante também já
teve um AVC (acidente vascular cerebral). Seu Berilo nunca estudou e, portanto, e escreve
muito pouco. O participante relatou na entrevista inicial que no passado tinha bons amigos e
alegria, mas que hoje em dia, sente muita tristeza e solidão. Afirmou ter tido um
relacionamento familiar ruim. Na maior parte de sua vida trabalhou na lavoura e numa
sapataria. Quando se refere às atividades de lazer que realizava, menciona o próprio trabalho,
como amansar e lançar gado, e ainda andar a cavalo e viajar. Comenta ainda que no passado
lia e escrevia, mas não gostava de jogos (embora tenha mencionado ter jogado quebra-cabeça
e palavra-cruzada na sua juventude no formulário de caracterização). Destaca-se que
atualmente Seu Berilo não porque, como menciona, seu óculos não permite. Referente à
prática de atividade física no passado, Seu Berilo citou no formulário de caracterização a
prática de esportes como caminhar e correr, além de mencionar que praticava “instrução de
briga de guerra” em sua entrevista.
Seu Berilo participou de sete sessões (54% de freqüência no grupo de atividades
físicas). Quando faltava às sessões, Seu Berilo alegava que era por estar na palestra espírita,
por sentir dores no corpo, por sentir-se cansado ou ainda por estar sem vontade. Entretanto,
durante as aulas em que participava, Seu Berilo sentia-se alegre, realizava totalmente os
movimentos de membros superiores, mas realizava muito pouco os movimentos de membros
inferiores, uma vez que faz uso de cadeiras de rodas.
O participante teve uma queda de um ponto no escore do MEEM (diminuição na
pontuação referente à orientação espacial) ao se analisar a avaliação final em comparação com
a inicial. Já na GDS-15, seu escore, por sinal alto (oito pontos) permaneceu o mesmo. Vale
mencionar que a enfermeira da instituição informou antes mesmo ao início da intervenção,
que Seu Berilo havia recebido o diagnóstico clínico de depressão três anos, e desde então
tomava medicamento antidepressivo (fato que não mudou no decorrer do programa de
atividade física). O participante faz uso de cadeira de rodas e sofreu um AVC, fatos que
podem ter relação com seus sintomas depressivos. Destaca-se o fato que o Seu Berilo foi o
participante que mais mencionou ter praticado atividade física no passado, o que sugere que
seu histórico de atividade física não tenha influenciado seu índice de depressão. A pontuação
total do RAVLT foi maior em sete pontos na avaliação final, mas teve queda de três pontos na
evocação tardia e de dois na tarefa de reconhecimento. A curva de aprendizagem do RAVLT,
entretanto, mostra que Seu Berilo realmente foi melhor na avaliação final nas tarefas de A1 a
A5, o que mostra que o participante conseguiu aprender e memorizar um maior número de
palavras após a intervenção. Assim, os escores sugerem que a prática de atividades físicas
128
pôde beneficiar o participante número nove do estudo apenas modestamente em sua memória
de trabalho.
Suas respostas na entrevista final mostram que Seu Berilo gostou de freqüentar o
grupo de atividades físicas:
Achei que melhorei muita coisa, me alegrou mais.
Nesse sentido, a fala do participante, ao contrário do mostrado pela pontuação obtida
da GDS-15, sugere que Seu Berilo tenha melhorado seu humor durante a prática de atividade
física. O participante mencionou ainda que o que mais lhe agradou nas atividades foi o
próprio fato de fazer exercícios e ainda alertou que não teve nada que tenha lhe desagradado.
Vale relembrar que o participante havia mencionado anteriormente ao início das sessões,
gosto médio pela prática de atividades físicas. Sua fala atual sugere que o programa
influenciou positivamente no seu interesse e gosto pela prática. Também relatou que gostava
quando a monitora das atividades fazia perguntas durante os exercícios (perguntas estas sobre
os próprios movimentos, dificuldades e instruções de como fazer):
Gostei das muitas perguntas pra gente, porque a gente ia se distraindo
e pegando mais explicação das coisas.
Quando indagado se percebeu algum efeito da prática de atividades físicas, Seu Berilo
afirmou que percebeu muitas mudanças:
Mudou muita coisa, o pensamento (referindo-se a ter mais
pensamentos positivos)... Gostei de fazer exercícios para mexer o
corpo, melhorei muito.
Dona Ágata
Dona Ágata, a décima e última participante do estudo, tem 72 anos e vive na
instituição há dois anos. Sabe ler e escrever (estudou até o ginásio). No formulário de
caracterização não relatou prática de atividade física, relatou pouco hábito de leitura e afirma
que não realizava e nem pratica jogos. Segundo as enfermeiras da Instituição, Dona Ágata
teve uma grande decepção amorosa na juventude, tendo depressão (mas não teve um
diagnóstico clínico a respeito, não chegando a tomar medicamentos) após esse fato, e
conforme diagnósticos clínicos, possui demência senil. Com poucas palavras, Dona Ágata não
quis entrar em detalhes de sua vida, mencionando não se lembrar. Vale notar que a monitora
das atividades observou durante a intervenção que a participante em algumas ocasiões diz não
se lembrar das coisas por não querer responder, e não por realmente não se lembrar.
129
Entretanto, a participante ainda mencionou que exerceu, durante a maior parte de sua vida,
trabalho como empregada doméstica. Como lazer, quase não realizava atividades de
passatempo no passado, mas quando fazia, costumava passear e viajar. Dona Ágata afirmou
que não gostaria de ter atualmente uma vida mais intelectualmente ativa.
Dona Ágata, quando faltava às sessões do programa, assim fazia por estar assistindo à
palestra espírita (contida na própria instituição) no horário da sessão ou por dizer estar
cansada. Destaca-se o fato de que na maioria das sessões em que participava, a participante
estava motivada e realizava os exercícios com boa coordenação e total atenção, conseguindo
realizar tanto os exercícios de membros superiores como o de membros inferiores, tendo a
capacidade de realizá-los em pé, com equilíbrio.
Seu escore no MEEM permaneceu o mesmo antes e após a intervenção (destaca-se
que seus escores devem estar relacionados ao fato de a participante ter demência senil), assim
como seus sintomas depressivos. Vale ressaltar que Dona Ágata foi a única participante que
mencionou não ter praticado nenhuma atividade física no passado e foi a segunda que mais
sintomas depressivos apresentou no pré-teste da GDS-15 (pontuação igual a 9). Nesse sentido,
seu alto índice de sintomas depressivos pode estar relacionado ao seu baixo histórico de
atividades físicas no passado. Sua pontuação total no RAVLT aumentou em sete pontos após
a intervenção, a evocação tardia permaneceu a mesma e a tarefa reconhecimento obteve um
aumento de um ponto. Assim, os escores, com pequenas alterações, sugerem que a
participante tenha se beneficiado pouco da intervenção, somente levemente na memória de
trabalho.
Dona Ágata participou de onze sessões, tendo 84% de participação no grupo de
atividades físicas. Na entrevista final, Dona Ágata também brevemente declarou ter gostado
“um pouco” das atividades, sendo que os exercícios preferidos foram os realizados com os
braços. A participante não mencionou atividades que menos tenha gostado:
Gostei de tudo.
A participante diz não saber se percebeu mudanças e efeitos da intervenção.
Participantes que não foram incluídos na pesquisa
Alguns idosos participaram dos programas de intervenção, mas não foram incluídos na
pesquisa por não responderem aos pré-requisitos da mesma. Aqui, uma breve explicação do
motivo pela não inclusão desses participantes:
130
Seu Âmbar (freqüentou o grupo de AC): Seu Âmbar possui diagnóstico de
esquizofrenia, e tinha muitas oscilações de humor nas sessões. Em certas ocasiões era
amigável, e já em outras, falava mal das monitoras e dos outros participantes do grupo de AC.
Brigou por diversas vezes com o restante dos participantes, sendo que estes passaram a se
sentirem incomodados com sua presença. Por diversas vezes iniciava a sessão, mas logo a
deixava depois de muito discutir. Seu Âmbar deixou de freqüentar as sessões por motivos de
inimizades com os participantes do grupo. Não foi incluído na pesquisa por não apresentar
freqüência mínima de participação.
Seu Topázio (freqüentou o grupo de AC): Durante a coleta de dados e durante as
intervenções costumava “se esconder” das monitoras e pesquisadora, mas quando indagado se
gostaria de participar, respondida com simpatia aceitando participar da pesquisa. Durante a
realização do exercício da grade de números comentava: “muito demorado”, “muito chato”,
“parece quebra-cabeça”. Quando terminou, falou para a monitora que a atividade tinha o
deixado com a “cabeça fervendo”. Fora das sessões teve uma briga com Seu Âmbar (que
também não foi incluído na pesquisa) e, por isso, alegou que não freqüentaria mais o grupo de
AC, visto que naquela época Seu Âmbar participava das sessões. Mesmo quando a monitora
alertou que Seu Âmbar não estaria presente nas sessões, Seu Topázio ainda assim não quis
participar da atividade, alegando que não gostaria de se ‘prejudicar no asilo, arranjando
brigas, visto que aquele era o único lugar que lhe restava’. o foi incluído na pesquisa, pois
não teve freqüência mínima de participação nas sessões do programa.
Seu Jaspe (freqüentou o grupo de AC): Após ter participado de três sessões do
programa, Seu Jaspe desistiu de participar, alegando não ter gostado das atividades propostas
e também por não querer ficar sentado dentro da sala, preferindo passar suas tardes no jardim
cuidando das flores (sua atividade preferida). Mesmo após as monitoras sugerirem outras
atividades, ainda assim Seu Jaspe não quis participar. Seu Jaspe não teve freqüência mínima
de participação.
Seu Diamante (freqüentou o grupo de AC): Seu Diamante participou de dez sessões,
tendo 45% de freqüência de participação no grupo de atividades cognitivas. Além de não ter
freqüência mínima de participação, Seu Diamante possui idade inferir a 60 anos (54), não
podendo ser incluído na pesquisa. Seu Diamante é sobrinho de Dona Esmeralda, participante
do grupo de AC que foi hospitalizada, e por diversas vezes faltou às sessões para visitá-la no
hospital. Vale mencionar que no último dia do programa, Seu Diamante mencionou ter
gostado demais das atividades realizadas.
131
Dona Zircônia (freqüentou o grupo de AF): Teve uma participação esparsa em apenas
quatro sessões. Costumava se queixar de indisposição, de dores nas costas, permanecendo
muitas vezes apenas observando as sessões de atividade física, não querendo participar das
mesmas. Dona Zircônia não foi incluída na pesquisa, pois não teve freqüência mínima de
participação.
Seu Ônix (freqüentou o grupo de AF): Frequentemente mencionava se sentir chateado
e com dores no corpo, o que não lhe dava motivação para participar das sessões. Apesar da
insistência da monitora, Seu Ônix apenas participou de três sessões e por isso não foi incluído
na pesquisa.
Dona Opala (grupo de AF): Participou da coleta de dados inicial, mas se negou a
participar das sessões de atividade física.
132
V. DISCUSSÃO
Dez idosos institucionalizados participaram de dois programas distintos de
estimulação, sendo que cinco realizaram um programa de vinte e duas sessões de atividades
cognitivas e os outros cinco realizaram um programa de treze sessões de atividades físicas.
Um formulário de caracterização geral foi aplicado no pré-teste com o objetivo de caracterizar
os idosos quanto à idade, sexo, escolaridade, funcionalidade, tempo de asilamento, utilização
de medicamentos, hábitos de atividade física, cognitiva e lazer, meta-cognição, repouso,
ambiente do asilo e relações sociais, fé e espiritualidade. Instrumentos que visavam verificar a
depressão, a capacidade cognitiva geral e a capacidade de memória de trabalho foram
aplicados antes ao início das intervenções e logo após o término das mesmas. Uma entrevista
semi-estruturada possibilitou a identificação do histórico de atividade cognitiva e física dos
idosos, bem como sobre suas atividades realizadas durante a maior parte da vida; e uma
segunda entrevista, realizada após o término das intervenções, permitiu com que se
conhecessem os aspectos positivos e negativos avaliados pelos participantes sobre as mesmas.
Características gerais dos participantes
Idade e Sexo
Através do formulário de caracterização geral, constatou-se que ambos os grupos (AC
realizou atividades cognitivas e AF praticou atividades físicas) se assemelham tanto na
mediana de idade (AC= 74 anos e AF= 73 anos) quanto no predomínio do sexo feminino
(AC= três mulheres e dois homens e AF= quatro mulheres e um homem). Furtado (1997)
destaca uma classificação em que idosos da faixa etária entre 60 e 69 anos são considerados
jovens idosos, na faixa etária entre 70 e 79 anos são considerados meio idosos e acima de 80
anos idosos velhos. Nesse sentido, a maioria dos participantes do estudo podem ser
classificados como meio idosos.
Já em relação ao predomínio feminino, no Brasil, desde 1950, como relembram Grossi
e Souza (2003), as mulheres apresentam uma expectativa de vida maior frente aos homens
(vivem, em média, cinco anos a mais do que os homens). Além disso, Chaimowicz e Greco
(1999) puderam observar, ao estudarem a dinâmica da institucionalização de idosos em Belo
Horizonte, que a institucionalização parece ser, em grande medida, uma questão feminina,
visto que as mulheres constituem 81,1% da população dos asilos. Para Chaimowicz (1997)
essa tendência pode ser explicada por alguns fatores, dentre os quais estão o fato de as
133
mulheres viverem, em média, mais do que os homens, tornarem-se viúvas mais cedo,
apresentarem maior dificuldade para casar ou para o recasamento após separação ou viuvez, e
menores níveis de instrução, taxa de ocupação e renda. Ainda para esse autor, a proporção de
idosas morando sós, e com renda ainda menor, tem aumentado no Brasil, fato este que pode
colaborar para a demanda da institucionalização.
Tempo de asilamento
O tempo de asilamento entre os participantes do grupo de atividades cognitivas,
variando de um a dezenove anos (média de dez anos e dois meses) é superior em relação ao
tempo de asilamento entre os participantes do grupo de atividades físicas, que variou de oito
meses a quatro anos e quatro meses (média de dois anos e dois meses). Silva, Menezes,
Coelho e Moraes (2005), ao realizarem uma pesquisa numa instituição de longa permanência
para idosos em Belo Horizonte, verificaram um tempo médio de permanência no asilo por
parte dos idosos de 7,7 anos, e chegaram a observar idosos internos 26 anos. Oliveira,
Souza, Freitas e Ribeiro (2006) também constataram em sua pesquisa que 12,12% dos idosos
permaneciam institucionalizados mais de 10 anos. Nesse sentido, percebe-se que os
participantes do grupo de atividade física possuem uma média de tempo de asilamento
inferior à média geralmente encontrada em outros estudos, o que pode ter relação com os
escores obtidos nos testes (tal relação é observada posteriormente na discussão dos resultados
dos testes). Em contrapartida, a média alta de tempo de asilamento dos participantes do grupo
de atividades cognitivas pode favorecer sua exclusão social, visto que o asilo não parece ser o
ambiente mais adequado para o convívio social e exercício de cidadania, de acordo com os
últimos autores supracitados, pois os idosos se tornam limitados ao convívio entre si, não
participando da sociedade em sua totalidade política, produtiva e cultural.
Escolaridade
Quanto ao nível máximo de escolaridade, observa-se que a maioria possui baixo vel
de escolaridade, sendo que apenas metade dos participantes estudou até o primário (n=5), três
nunca estudaram e apenas dois chegaram a completar o primeiro ou o segundo grau.
Interessante que, dos dez participantes, apenas seis afirmaram saber ler e escrever. Entretanto,
este resultado é ainda superior a muitos encontrados em outros estudos, como o de Ramos,
Rosa, Oliveira, Medina e Santos (1993), no qual verificaram que, dentre a população idosa
estudada, apenas 26% dos idosos tinham o primário como escolaridade máxima completa.
Davim e colaboradores (2004) igualmente encontraram, em seu estudo realizado em três
134
instituições asilares na cidade de Natal (RN), baixo nível de escolaridade, visto que 46% dos
idosos pesquisados não eram alfabetizados, e o restante tinha apenas o primeiro grau
concluído.
Especificamente em Florianópolis, conforme dados do IBGE (2003) encontrados em
Cardoso (2006), um panorama da população idosa da cidade revela que 8,4% de idosos
vivendo na capital, dos quais 11,9% possuem nível superior e 14,3% são analfabetos (nota-se
que parte dos idosos que vivem em Florianópolis provém de outros Estados). De acordo com
Merlotti, Casara e Cortelletti (2004), a situação de analfabetismo ou de semi-alfabetizado
compromete o nível de entendimento das pessoas. Além disso, a escolaridade dos
participantes mostra que, no passado, estudar era privilégio para poucos. De alguma forma
essa constatação revela a pouca importância dada à educação escolar naquela época, juntando-
se a isso o fato de a maioria dos idosos institucionalizados serem procedentes de meio rural,
onde o número de escolas era bastante reduzido e o acesso difícil. As exigências dos afazeres
de casa e da roça exigiam também a presença da mão-de-obra dos filhos de qualquer idade,
principalmente das mulheres, o que também contribuía para que elas não estudassem.
Cumpre refletir que a baixa escolaridade dos participantes pode estar relacionada ao
não interesse dos mesmos por atividades intelectuais, tais como jogos e leituras. Além disso, a
falta de interesse pela leitura pode estar atrelada à dificuldade para entender o que que a
maioria dos participantes do grupo de atividades cognitivas declarou possuir. Tal fato foi
preponderante na elaboração das sessões do programa de atividades cognitivas, visto que
muitas das atividades de estimulação que possuíam leitura e escrita tiveram que ser retiradas
do programa a pedido da maioria dos participantes, pois os mesmos não apreciavam o
envolvimento nestas atividades.
Segundo Telarolli Júnior e colaboradores (1996), no campo específico à saúde, a
alfabetização torna o indivíduo mais sensível às ações de educação sanitária, a familiaridade
com a linguagem escrita torna mais segura a aplicação dos testes de avaliação cognitiva, e
pressupõe, também, uma maior proximidade com os meios de comunicação de massa e, em
conseqüência, um acervo pessoal maior de informações sobre as diferentes alternativas
disponíveis para assistência à saúde e normas individuais de conduta saudável. Quanto à
aplicação dos instrumentos, nota-se que a baixa escolaridade pode ter dificultado a
compreensão para alguns. A GDS-15 pareceu ser a de mais fácil aplicação e de entendimento
para os idosos, ao contrário do Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, que pareceu
ser o mais complicado.
135
Vale relembrar que alguns autores (Stern et al., 1994; Gold et al., 1995; Scarmeas et
al., 2001; Wilson et al., 2002) confirmaram a associação do maior nível educacional com
menor risco para a incidência de demência e com a propensão para desenvolver um estilo de
vida mais engajado, e o contrário, a instrução baixa entre os idosos está associada com
saúde e funções debilitadas e com uma taxa mais rápida do declínio cognitivo (Nguyen et al.,
2002). Inclusive Pitanga e Lessa (2005) alertam que indivíduos com menor nível de
escolaridade tendem a adotar, com mais freqüência, hábitos de vida prejudiciais à saúde, por
disporem de menor acesso à informação e às condições de vida que propiciam a incorporação
de comportamentos considerados saudáveis. Para uma melhor análise, a escolaridade é um
fator observado na discussão dos resultados dos testes.
Uso de fármacos e histórico de problemas de saúde ou doenças
Quanto ao uso de rmacos, todos os participantes estavam sob medicação, porém em
fórmulas e quantidades diferentes (a quantidade variou de dois a seis medicamentos para cada
participante). A quantidade relativamente grande de medicamentos usados por alguns idosos
pode ser explicada pelo fato de que todos os participantes tiveram histórico com algum
problema de saúde ou doença, sendo que a doença mais citada foi a hipertensão arterial (n=7).
Tal constatação se assemelha com o estudo de Ramos (2003), que verificou entre idosos com
alta prevalência de doenças crônicas, a hipertensão arterial como a principal delas. Para
Gordilho e colaboradores (2001), a maioria dos idosos apresenta pelo menos uma doença
crônica e cerca de 10% destes idosos possuem, no mínimo, cinco destas patologias.
Dentre as abordagens preventivas e de tratamento da hipertensão arterial, são
recomendadas medidas direcionadas, segundo Zaitune (2005), a um estilo de vida mais
saudável. Entre os comportamentos saudáveis, a prática de atividade física tem sido
amplamente incentivada pelos programas mundiais de promoção da saúde tendo em vista seus
benefícios físicos e psicossociais. Dessa forma, verifica-se mais uma importância de os
participantes do estudo se engajarem na prática de atividades físicas.
Destaca-se que, ainda assim, envelhecer sem nenhuma doença crônica é antes exceção
do que regra, o que faz com que a abordagem médica tradicional, centrada em uma queixa
principal, não possa ser aplicada em relação ao idoso. A presença de uma doença crônica não
significa que o idoso o possa gerir sua própria vida e viver de forma independente, visto
que a maioria dos idosos brasileiros é capaz de se autodeterminar e organizar-se sem
necessidade de ajuda, mesmo sendo portador de uma ou mais enfermidade crônica (Silvestre
& Neto, 2003). De acordo com os mais modernos conceitos gerontológicos, o idoso que
136
mantém sua autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão para agir no seu
cotidiano deve ser considerado um idoso saudável, mesmo quando portador de uma ou mais
doenças crônicas (Gordilho et al., 2001). Ramos (2003) igualmente menciona que nem todos
os idosos ficam limitados pelas doenças, desde que controladas, e podem levar uma vida
perfeitamente normal, com expressa satisfação de vida. Importante que Vitoreli, Pessini e
Silva (2005) verificam em estudo realizado com idosos institucionalizados, que o número de
doenças crônicas interfere na auto-estima do idoso.
Algumas doenças e problemas de saúde apresentados pelos participantes da presente
pesquisa atraem atenção. Nota-se, por exemplo, que um dos participantes do grupo de AC
possui diagnóstico de esquizofrenia e outra participante declara ter nascido com hidrocefalia.
Alcântara (2004) inclusive verificou que a institucionalização dos idosos se em algumas
vezes pelo fato do idoso necessitar de um tratamento do alcoolismo, de doenças mentais ou
mesmo por necessitar de tratamentos diferenciados devidos a certos problemas de saúde do
idoso, fatores que dificultam a integração com a família. Para essa autora, circunstâncias
em que a família está completamente impossibilitada de assumir os idosos e, na falta de outras
opções, vê-se obrigada a decidir pelo internamento, o que pode não excluir o sentimento de
remorso.
No grupo de AF, verificou-se no histórico de doenças de um dos participantes, o
diagnóstico de demência senil. Gorzoni e Pires (2006), ao estudarem os aspectos clínicos da
demência senil em instituições asilares, verificaram que os dementados apresentam alto risco
de serem institucionalizados durante a evolução do quadro sindrômico, devido ao progressivo
aumento de dependência física e mental e à necessidade de cuidados profissionais. Esses
idosos exigem avaliações periódicas de equipe multidisciplinar quanto à prevenção e ao
tratamento de infecções, distúrbios do comportamento, desnutrição, imobilidade e
incontinência urinária. Ainda segundo os autores, cuidados sobre esses aspectos clínicos
poderão propiciar a manutenção e o prolongamento de melhor qualidade de vida a esses
pacientes.
Funcionalidade – Atividades da vida diária
Em relação à funcionalidade dos participantes, observou-se que a maioria apresentou
pequeno grau de dependência para as atividades rotineiras (com exceção de dois participantes
do grupo de AC), sendo que as atividades que mais parecem demandar assistência são as
tarefas de tomar banho e de continência, e as que geram maior independência são as
atividades de alimentação, ir ao banheiro e locomoção. Dentre as atividades que mais
137
demandam assistência, destaca-se a continência. Segundo Levy (2001), os problemas
relacionados à incontinência urinária costumam ocorrer em 40% a 60% dos idosos
institucionalizados, estando associada com um maior número de infecções, distúrbios do
sono, além de poder criar o isolamento social do idoso.
Para Gordilho e colaboradores (2001), a capacidade funcional pode ser compreendida
como a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias a uma vida
independente e autônoma. Do ponto de vida da saúde pública, como anteriormente
comentado, a capacidade funcional surge como um novo conceito de saúde, mais adequado
para instrumentalizar e operacionalizar a atenção à saúde do idoso. Para os autores, ações
preventivas, assistenciais e de reabilitação devem objetivar a melhoria da capacidade
funcional ou, no mínimo, a sua manutenção e, sempre que possível, a recuperação desta
capacidade, uma vez perdida pelo idoso. Guedes e Silveira (2004), ao realizarem uma análise
da capacidade funcional da população geriátrica institucionalizada na cidade de Passo Fundo
(RS), constataram um alto índice de incapacidade funcional dos idosos.
Nota-se ainda que, apesar da maioria dos participantes do presente estudo serem
aqueles idosos das instituições que se mostraram mais saudáveis para participar da pesquisa,
ainda assim possuem suas fragilidades e na maioria das vezes não conseguem viver de forma
totalmente independente na prática. A própria necessidade de assistência e de auxílio de
cuidadores pode estar associada ao motivo de institucionalização dos participantes.
Entretanto, vale ressaltar que, embora os mesmos tenham mostrado pequeno grau de
dependência para as atividades da vida diária, é necessário que intervenções sejam feitas
visando estimular a independência dos mesmos, visto que o ambiente de institucionalização
pode não ser o mais adequado para manter os idosos independentes e com autonomia por mais
tempo.
A institucionalização das pessoas idosas está associada com vários fatores ligados à
saúde (agravamento no quadro de doenças degenerativas) e, principalmente, com o aumento
da dependência para a realização das atividades da vida diária. Alguns dos fatores que levam
ao aumento da dependência nas atividades da vida diária estão associados a desordens
degenerativas ao longo do processo de envelhecimento, patologias e estilo de vida sedentário
adotado durante todo o período de desenvolvimento. Além disso, o sedentarismo e a típica
inatividade nas atividades da vida diária pelos idosos institucionalizados têm impacto em sua
dinâmica comportamental de locomoção, o que serve como um alerta sobre fatores de risco,
associados ao estilo de vida sedentário e à dinâmica institucional (Cozzani & Mauerberg-
deCastro, 2005).
138
Dessa forma, cabe a indagação: podem idosos institucionalizados, na sua maioria,
serem considerados idosos saudáveis se o novo conceito de saúde para idosos está relacionado
com sua capacidade funcional? Idosos que vivem institucionalizados, de parcela significativa
dependentes, sob regras e decisões na maioria das vezes tomadas por outrem, podem ter sua
autonomia e sua saúde postas em prova. Além disso, questiona-se até que ponto as
instituições, e a própria sociedade em geral, enxergam benefícios em manter e estimular a
capacidade funcional dos idosos institucionalizados. Para muitos, um dos benefícios em
estimular a capacidade funcional destes idosos, seria a contenção de gastos com fármacos,
cuidadores e profissionais da área da saúde. para outros, a explicação maior estaria na
melhoria da qualidade de vida destes idosos. Infelizmente, porém, a realidade vem
demonstrando que os idosos que se encontram nesse contexto são esquecidos não por seus
familiares, mas também pela sociedade, pelas políticas públicas direcionadas à saúde do
idoso, e, por vezes, pelas pessoas tidas como as mais próximas e mais presentes: os
profissionais das instituições.
Devido a esses fatos, verifica-se não ser tão simples a tarefa desses profissionais que
se dedicam a uma atividade tão importante e necessária, mas emocionalmente dolorosa e
desgastante, que é a de cuidar de pessoas que estão na última fase da vida, e, na maior parte
dos idosos institucionalizados, sozinhas. Além disso, esses mesmos profissionais dos quais se
questiona sua prática, na maioria das vezes não possuem capacitação e treinamento suficientes
que lhe dêem condições de suportar e de trabalhar adequadamente para o incremento da
qualidade de vida dos idosos institucionalizados. De fato, como Gordilho e colaboradores
(2001) bem afirmam, nem todo o idoso dependente perde sua autonomia, e nesse sentido,
trabalhar com idosos que, apesar de debilitados, possuem desejos e planos (o que é ótimo),
não é uma tarefa fácil, e requer paciência e treinamento para tanto.
Deste modo, a promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da máxima
capacidade funcional do indivíduo que envelhece pelo maior tempo possível (foco central da
PNSI), significam a valorização da autonomia e da autodeterminação e a preservação da
independência física e mental do idoso (Gordilho et al., 2001). Como tanto as doenças físicas
quanto as mentais podem levar à perda da capacidade funcional, estimular os idosos
institucionalizados a se manterem cognitivamente mais saudáveis por meio de programas de
exercícios cognitivos e físicos, é uma das possibilidades para se buscar cumprir as diretrizes
da PNSI, embora ela não proponha metas para com aqueles idosos que vivem em instituições
de longa permanência.
139
Caldas (2003) aponta para o fato de que no Brasil, é notória a inexistência de um
programa de governo direcionado para a população idosa que desenvolve dependência. Ainda
conforme o autor, embora a Constituição Federal (Brasil, 1988), a Política Nacional do Idoso
(Brasil, 1994) e a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil, 1999) apontem a família como
responsável pelo atendimento às necessidades do idoso, até agora o delineamento de um
sistema de apoio às famílias e a definição das responsabilidades das instâncias de cuidados
formais e informais, na prática, não aconteceram. O sistema de saúde, público ou privado, não
está preparado para atender nem a demanda de idosos que cresce a cada dia, nem a de seus
familiares. Por sua vez, o sistema previdenciário, público ou privado, não prevê formas de
financiamento para o estabelecimento de redes de apoio às necessidades de assistência aos
idosos dependentes, com ou sem família (inclusive os institucionalizados). Como a
dependência não é um estado permanente, e sim um processo dinâmico cuja evolução pode se
modificar e até ser prevenida ou reduzida se houver ambiente e assistência adequados, é
importante que o governo invista em programas que procurem manter os idosos a se
manterem fisicamente e cognitivamente ativos por mais tempo, contribuindo assim para a sua
maior independência física e mental.
Diagnóstico de depressão
Quanto ao diagnóstico de depressão, a maioria dos idosos (n=8) relatou nunca ter
recebido um diagnóstico clínico de depressão, entretanto, não necessariamente esses idosos
não tenham sintomas da doença, visto que estudos já confirmaram a alta prevalência de
sintomas depressivos entre a população idosa institucionalizada (Alexopoulos et al., 2002;
Porcu et al., 2002; Cheloni, Pinheiro, Filho & Medeiros, 2003). Na aplicação da GDS-15 com
os participantes deste estudo, observou-se que mesmo aqueles idosos que nunca tiveram um
diagnóstico clínico da doença, apresentaram alguns sintomas depressivos. Destaca-se que
doenças como depressão e demência estão entre as principais causas de anos vividos com
incapacidade, exatamente por conduzirem à perda da independência e quase, necessariamente,
à perda da autonomia (Gordilho et al., 2001).
Metacognição
Referente às questões de metacognição, observou-se que a maioria dos participantes
avalia positivamente a memória, a concentração e capacidade para novas aprendizagens. Em
relação a cinco anos atrás, a maioria dos participantes avalia atualmente a memória como
“igual ou melhor”, e a metade avalia atualmente sua capacidade para novas aprendizagens
140
como “igual” quando comparada a cinco anos atrás. Tal constatação difere dos resultados
obtidos por Almeida (1998c), que verificou entre duzentos e vinte idosos atendidos em um
ambulatório de saúde mental, uma porcentagem de 59,1% de idosos que se queixava de
problemas com a memória. Para o autor, queixas de problemas com a memória são freqüentes
entre os idosos, e sintomas ansiosos e depressivos podem ser um pouco mais freqüentes
nesses pacientes. Ventura e Bottino (2002) também ressaltam que as queixas relacionadas a
distúrbio da memória, comuns durante o processo de envelhecimento, podem ser causadas por
estresse, ansiedade, depressão, demências, dentre outras doenças. Apesar dessas afirmações,
entretanto, no presente estudo observou-se uma tendência positiva em relação à avaliação
subjetiva da memória, da concentração e da capacidade para novas aprendizagens.
Destaca-se que atualmente o conceito de metamemória inclui diversos aspectos, tais
como: a) o conhecimento sobre os processos da memória; b) o monitoramento da memória; c)
sentimentos e emoções sobre a memória; e d) a auto-eficácia para memória, que poderia ser
definida como o grau de certeza de um indivíduo sobre sua capacidade de realizar uma tarefa
envolvendo memória (Yassuda et al., 2005). Segundo as mesmas autoras, a metamemória é
entendida, na literatura cognitiva, como o conjunto de idéias e sentimentos a respeito da
memória. A hipótese de que o desempenho dos idosos em tarefas de memória pode também
ser influenciado por suas atitudes e crenças a respeito de sua capacidade de memorizar, vem
ainda sendo comprovada. Entretanto, se sabe que crenças mais negativas sobre a memória
podem influenciar importantes variáveis moduladoras do desempenho, tais como esforço
despendido, motivação e o uso de estratégias.
Um dado interessante é observado pelos autores Jorm, Christensen, Korten, Jacomb e
Henderson (2001) e por Edwards, Lindquist e Yaffe (2004): queixas atuais de memória de
idosos têm validade preditiva para demência e podem evidenciar comprometimento cognitivo
passado e futuro. Além disso, queixas de memória em idosos podem aumentar em quatro
vezes o risco para desenvolvimento de demência quando comparados a indivíduos sem queixa
de memória (Tobiansky, Blizard, Livingston & Mann, 1995). Almeida (1998c) inclusive
observou em seu estudo, que 72,4% dos indivíduos que se queixaram de problemas de
memória tinham efetivamente um diagnóstico de demência. Assim sendo, o fato de os
participantes desta pesquisa avaliarem mais positivamente a memória é favorável,
considerando-se os estudos anteriormente citados.
A maioria dos participantes (n=7) acredita que não possui uma vida intelectualmente
ativa (com leituras e jogos), e sete participantes gostariam de ter uma vida mais
intelectualmente ativa. Percebe-se aqui que, embora não usufruam de um ambiente
141
cognitivamente estimulante, um interesse dos participantes em se engajarem em
comportamentos mais cognitivamente saudáveis. Vale ressaltar que a maioria dos
participantes prefere o engajamento em jogos e atividades cognitivas que não sejam a leitura,
visto que a maioria possui nível baixo de escolaridade e apresenta dificuldade para entender o
que lê. Interessante também foi observar que a grande maioria dos participantes (n=9) acredita
que se treinar e exercitar a memória e a concentração pode melhorá-lhas. O fato de acreditar
no treino e exercício para os processos cognitivos pode fazer com que os idosos se sintam
predispostos e motivados a participar de exercícios dessa natureza. Assim, tal constatação é
positiva.
De todos os participantes, apenas dois costumam adotar estratégias para se lembrar
das coisas (uso de agenda, etc), e acreditam que estas estratégias os ajudam a lembrar das
coisas. Yassuda e colaboradores (2005) citam uma hipótese que sugere que o idoso tem um
estilo cognitivo menos eficiente, pois tende a usar menos estratégias de memorização, tem
dificuldade de inibir o processamento de informações irrelevantes e tem menor controle sobre
sua atenção.
De acordo com Ham (2001), muitas técnicas de recordação ou de prevenção da
perda de memória para que o indivíduo não perca a capacidade de lidar com o seu dia-a-dia,
como, por exemplo, avisos, lembretes, anotações e agendas. O fato de os participantes, na sua
maioria (n=8), não usarem estratégias para se lembrar das coisas, fez com que, no programa
de atividades cognitivas, as monitoras, já na primeira sessão, ensinassem o uso de calendários.
Vale notar que os participantes demonstraram grande alegria por saberem a data certa no
calendário, visto que muitos não sabiam em que dia, mês ou mesmo ano estavam. Embora de
início tenha-se questionado os profissionais das ILPI em incentivar os idosos a se localizarem
quanto à datas e eventos importantes, observou-se, entretanto, que não uma total
despreocupação por parte dos mesmos, visto que em ambas as instituições em que foi
realizada a pesquisa, cartazes relacionados a datas importantes eram colocados nas salas
principais com o intuito de situar o idoso no tempo. Apesar de os idosos terem aprendido a
usar os calendários, ainda assim, percebeu-se que a maioria não fez uso dos mesmos no seu
dia-a-dia, fora das sessões do grupo de AC.
Hábitos de atividade física
Apesar da variabilidade de respostas quanto à freqüência de prática de atividade física
no passado, a maioria dos participantes apresenta um histórico restrito de atividade física.
Como observado, a prática de atividades físicas no passado pode contribuir para a
142
manutenção da saúde cognitiva e física dos idosos (Tomporowski, 2003). Nesse sentido, o
fato de os participantes terem mencionado pouca prática em seu histórico é um fato
prejudicial que pode mostrar que, além da não familiaridade com esse tipo de atividade, os
participantes podem não se mostrar motivados para iniciar tal prática na idade em que se
encontram. Ainda, se no passado a prática era pouco exercida, a mesma freqüência tende a ser
mantida ou mesmo diminuída no decorrer dos anos, visto que geralmente é observado um
declínio na prática de atividade física com o aumento da idade (Spirduso, 1995).
Entretanto, cabe referir que a maioria dos participantes (n=7) exerceu, na maior parte
de sua vida, profissões de gasto calórico elevado, como trabalhar na roça, capinando e
plantando (Dona Safira, Dona Esmeralda, Dona Ametista e Seu Berilo), e trabalhando como
empregada doméstica (Dona Jade, Dona Pérola e Dona Ágata). Mesmo os participantes não
enxergando em suas profissões possibilidades de ser fisicamente ativos, pode-se afirmar de
certa forma, que, através das profissões dos participantes, estes se exercitavam regularmente.
Além disso, o fato de suas profissões demandarem um gasto energético maior pode ter
influenciado a opção pela não prática regular de outras atividades físicas, visto que se
exercitar mais, para esses idosos, poderia ser considerado um evento estressante. Dessa forma,
cumpre refletir que programas de estimulação devem estar atentos às profissões exercidas
pelos idosos no passado, visando descobrir crenças sobre atividades físicas ou mesmo
cognitivas, modificando-as quando necessário, buscando dessa forma uma maior aceitação e
aderência às práticas.
Ainda assim, idosos institucionalizados possuem o inconveniente de não possuírem
ambiente adequado para a prática de atividades físicas e nem incentivo para a mesma. Melo,
Mendonça, Giovani e Madureira (2003) ao analisarem o vel de atividade física em casas de
repouso e asilos do Distrito Federal, verificaram que 100% das instituições não possuíam
qualquer tipo de programa de trabalho ou planejamento semanal para a realização de
atividades físicas com seus idosos, caracterizando-se com o nível zero de atividade física. Já
em relação ao espaço físico, somente 18% das instituições tinham um local em que se poderia
realizar alguma atividade física, e destas, apenas 9% possuía uma quadra de esportes.
Apesar de os participantes do presente estudo não relatarem um histórico com
participação freqüente em atividades físicas, destaca-se o fato de que programas de atividades
físicas iniciados na velhice também podem trazer grandes contribuições. Benedetti, Petroski
& Gonçalves (2003) ao estudarem idosas da Sociedade Espírita Obreiros da Via Eterna-
SEOVE, em Florianópolis, verificaram que após um programa de exercício físico com
duração de cinco meses (três sessões semanais de 60 minutos), as participantes do grupo
143
apresentaram melhora significativa na auto-estima. Outros estudos, como o de Elward &
Larson (1992), Verghese e colaboradores (2003), Faber e colaboradores (2006), dentre outros,
igualmente demonstraram a eficácia da participação em programas de atividade física para
participantes idosos na sua saúde cognitiva e física, validando dessa forma a utilização desses
programas.
Hábitos de atividade cognitiva
No que se refere ao hábito de leitura e de jogos cognitivos na juventude, a maioria dos
participantes (n=7) declarou ter possuído tal hábito. Entretanto, no que diz respeito ao hábito
atual de ler, apenas metade dos participantes mencionou que realiza algum tipo de leitura,
sendo que a freqüência desta girou em torno de uma a duas vezes por semana. A grande
maioria dos participantes (n=8) declarou não ter lido nenhum livro nos últimos três meses por
prazer, e atualmente, apenas dois participantes (estes do grupo de AC) mencionaram que
costumam se envolver em jogos cognitivos (como caça-palavras, baralho e bingo). Quanto ao
gosto pela prática de atividades físicas e cognitivas, percebe-se que o gosto pela prática atual
de atividades físicas e atividades cognitivas é baixo entre os participantes (a maioria das
respostas se concentrou entre não absolutamente e gosto médio). Assim, observa-se que os
participantes apresentam além da baixa freqüência em atividades físicas no passado, baixa
freqüência atual de participação em atividades cognitivas, e pouco gosto e interesse atual
pelas mesmas atividades.
Tais constatações são alarmantes, pois conforme os pesquisadores Wilson, Scherr,
Schneider, Tang e Bennett (2007) verificaram em sua pesquisa, atividades cognitivas
freqüentes na velhice estão associadas com menor risco para incidência da Doença de
Alzheimer. Segundo os autores, uma pessoa cognitivamente inativa, possui 2,6 vezes mais
chance de desenvolver Alzheimer do que uma pessoa cognitivamente ativa. Além disso,
atividades cognitivas freqüentes também estão associadas com menor incidência para prejuízo
cognitivo e menor rapidez de declínio na função cognitiva.
Wilson, Scherr e colaboradores (2007) observaram ainda que, em geral, maiores níveis
de, tanto a participação passada como a atual em atividades cognitivas estão associadas em ser
mais sociável e fisicamente ativo e ter maior função cognitiva. Os resultados da pesquisa
realizada por esses autores sugerem que a participação em atividades mentalmente
estimulantes durante a velhice está associada com a incidência de demência. Para os
pesquisadores, os dados dessa pesquisa em conjunto com extensas pesquisas realizadas com
animais suportam a idéia de que sistemas neurais envolvidos na memória e no processamento
144
de informação são parcialmente dependentes de níveis de atividade. Dessa forma, ser
cognitivamente ativo pode contribuir com a reserva cognitiva (quantidade de danos do
cérebro que um indivíduo pode tolerar antes de alcançar um ponto inicial para o prejuízo),
mantendo a eficiência de sistemas neurais, aumentando a adaptação para mudanças
patológicas associadas à idade, ou mesmo realizando uma combinação desses mecanismos.
Como se evidenciou, o ambiente asilar parece não conseguir manter e estimular a
saúde cognitiva e físicas dos idosos que ali vivem. Dessa forma, mais uma vez se constata que
programas de estimulação parecem ser indicados para essa população.
Hábitos de lazer
Em relação às atividades de lazer que possuem, os resultados chamam a atenção para a
atividade de assistir televisão que mais foi citada pelos participantes. Em relação à quantidade
de tempo em que passam assistindo televisão, a maioria (n=6) afirmou assistir de uma a três
horas diárias, três participantes declararam assistir menos de uma hora por dia, e um
participante declarou assistir mais de seis horas por dia. A atividade de assistir televisão,
segundo Acosta-Orjuela (1999) compreende a que consome mais tempo em todas as faixas
etárias, perdendo somente para o sono e o trabalho. Para os idosos, a televisão possui várias
funções, dentre as quais destacam-se: fonte de informação e de entretenimento; meio para
reduzir o isolamento, uma vez que oferece companhia e comunicação substitutiva; ocupação
do tempo livre; relaxamento; divertimento e fuga da realidade. O estudo de Dias (1999),
mencionado por Almeida e colaboradores (2005), avaliou os tipos de atividades de lazer,
selecionadas segundo predileção de idosos, e encontrou os seguintes percentuais: 44% dos
idosos optam pela televisão como lazer de preferência, o rádio foi o segundo com 32%, ouvir
música ficou em terceiro, com 15%. A atividade física como forma de lazer somou apenas
5%, o que, segundo o autor, demonstrou a inatividade física tão comum nessa faixa etária.
Também de acordo com Almeida e colaboradores (2005), o lazer como atividade
prazerosa e voluntária, em suas dimensões cultural, física, intelectual e artística, interfere no
desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. Os mesmos autores, ao realizarem um
estudo na Bahia com idosos residentes na comunidade, verificaram que a maioria não
participa de atividades de lazer e que as mulheres participam ainda menos que os homens.
Diversos fatores como a saúde afetada, a dificuldade de locomoção, a falta de entusiasmo, a
ausência de estímulo interno e externo, o estilo de vida, a forma de convivência, uma cultura
sem lazer na juventude, a falta de oferta de atividades culturais, a falta de condições
145
socioeconômicas e a desatenção ao idoso podem contribuir para sua não participação em
atividades de lazer.
Apesar de a maioria dos participantes ter mencionado se envolver com algum
passatempo, ainda assim os resultados referentes às atividades de lazer dos participantes
alertam para a necessidade de que programas de estimulação sejam implementados em ILPI,
bem como programas que incentivem a socialização e a criatividade, visto que parece ser
comum para a população idosa institucionalizada permanecer inativa e sem atividades
prazerosas no decorrer de seus dias. Inclusive Davim e colaboradores (2004), em seu estudo
realizado em três instituições asilares na cidade de Natal (RN), constataram que as mesmas
possuíam atividades de lazer limitadas ou mesmo ausentes: 69% dos idosos de duas
instituições participavam de atividades de lazer e 100% da terceira instituição eram totalmente
sedentários.
Repouso
Quanto às questões referentes ao repouso, percebe-se que a maioria dos participantes
avalia positivamente sua qualidade de repouso, mas relata certa dificuldade para dormir.
Destaca-se o fato de que muitos dos participantes diariamente necessitam de fármacos para
conseguir dormir. Como mostram estudos citados por Xavier, Ferraz, Bertollucci, Poyares e
Moriguchi (2001), o sono de idosos difere do de adultos jovens principalmente por uma
tendência a um maior mero de interrupções, a uma discreta diminuição da profundidade do
sono, e parece existir maior dificuldade para manter-se dormindo para pacientes com episódio
depressivo de qualquer idade.
Segundo Geib, Neto, Wainberg e Nunes (2003), entre os fatores psicossociais
responsáveis pelos distúrbios de sono no idoso estão o luto, a aposentadoria e as modificações
no ambiente social (isolamento, institucionalização, dificuldades financeiras). Os fatores
comportamentais com maior interferência sobre os distúrbios de sono na velhice são a
redução da atividade física e da exposição à luz solar.
A maioria dos idosos tem queixas relacionadas ao sono decorrentes de mudanças
fisiológicas específicas do processo de envelhecimento ou de doenças que podem causar
distúrbios secundários de sono. Conforme Ham (2001), um distúrbio do sono pode ser um
sintoma de depressão ou de outros distúrbios, mas também pode ser fruto de uma vida sem
exercícios físicos, com monotonia, inatividade e cochilos diurnos. A maioria dos distúrbios de
sono são clinicamente importantes e tratáveis com medidas não farmacológicas, que incluem
146
a orientação sobre rotinas e rituais de sono, atividades de vida diária e condições ambientais
(Geib et al., 2003).
Ambiente da Instituição de Longa Permanência para Idosos e Relações Sociais
A respeito das questões relacionadas ao ambiente da instituição e às relações sociais, a
maioria (n=7) dos participantes declarou que participa de atividades nas instituições. Dentre
as atividades que participam, os participantes citaram principalmente as atividades religiosas
tais como leitura do terço e grupo de oração. A escolha por atividades religiosas pode estar
relacionada à e espiritualidade presentes nos participantes, e também ao fato de que as
próprias instituições incentivam tal escolha, por serem elas mesmas, instituições de caráter
religioso. Inclusive vale destacar que, durante o programa de AC, por diversas vezes freiras
adentraram na sala onde as sessões se realizavam com o intuito de chamar os idosos para
atividades religiosas (e onde se observou a preferência dos participantes pela permanência no
programa de AC). Nesse sentido, questiona-se se a participação em tais atividades é imposta
ou se é realmente uma escolha dos participantes.
Preponderantemente, as relações sociais e o ambiente da instituição são percebidos
mais positivamente pelos participantes da pesquisa. A maioria (n=7) dos participantes
declarou confiar em amigos para compartilhar coisas importantes e todos os participantes do
estudo afirmaram que gostam de fazer novas amizades. Para Silva, Menezes, Santos,
Carvalho e Barreiros (2006), a definição de amigo e amizade para o idoso institucionalizado
está associada às suas carências na vida asilar, onde as relações de amizade transcendem
idades, culturas e condições físicas. Conforme Davim e colaboradores (2004), o cotidiano
com os semelhantes que possuem experiências da mesma época, de partilhar essas
experiências e os vínculos afetivos, mescla-os com os novos amigos, tornando-se a imagem
tão forte que os idosos verbalizam a expressão “pegar amizade”.
Born e Abreu (1996) alertam para o fato de que nem sempre a interação entre os
idosos institucionalizados é harmônica, podendo esta ser conflituosa. Born (1996) até mesmo
constatou em seu estudo que existe certa dificuldade, principalmente vinda dos idosos
institucionalizados mais antigos, em aceitar os mais novos. Assim, acabam por construir uma
barreira emocional que impede o estabelecimento de vínculos afetivos entre si. Cabe citar que
para a minoria (n= 4) dos participantes que declararam que o ambiente da instituição
incomoda um pouco, destacam-se os motivos: companheiro de quarto, acordar de manhã para
o café e outros idosos da instituição. Sendo assim, aqui percebe-se que nem todos conseguem,
dentro de uma instituição de longa permanência, construir fortes laços de amizade.
147
O comportamento de isolamento social acarreta uma série de repercussões na saúde do
idoso. Incentivar o fortalecimento das relações de amizade surge como uma grande estratégia
dos profissionais de saúde para incrementar o local no qual o idoso vive, promovendo saúde e
lhe fazendo experimentar o prazer dos vínculos no seu viver. Nesse sentido, é necessário criar
contextos sociais para aumentar a qualidade de vida do idoso através do fortalecimento das
redes sociais significativas, buscando, dessa forma, gerar condições para que o idoso possa se
ver como co-construtor das mudanças em sua vida. Conforme Andrade e Vaitsman (2002)
apontam, investigações vêm mostrando que a pobreza de relações sociais constitui fator de
risco à saúde. Ainda de acordo com os autores, as relações sociais contribuem para dar sentido
à vida, favorecendo a organização da identidade através dos olhos e ações dos outros, que
se sente que "estamos aí para alguém".
Para Silva e colaboradores (2006) a importância do amigo para o idoso asilado, está
no fato de que este no outro não somente uma saída da monotonia, mais ainda um apoio
para o enfrentamento das dificuldades da vida diária e atendimento das necessidades básicas
para manutenção da vida. O amigo de instituição asilar torna o dia-a-dia do idoso asilado mais
interessante, preenchendo sua vida cotidiana e conferindo ao ambiente asilar uma conotação
mais próxima do ambiente familiar.
Uma pesquisa recente e interessante foi a de Wilson, Krueger, Arnold, Schneider,
Kelly, Barnes e colaboradores (2007), que verificaram que solitários têm o dobro de risco
para a Doença de Alzheimer. Segundo os pesquisadores, pode ser que a solidão afete sistemas
no cérebro que lidam com a obtenção de conhecimento e a memória, tornando pessoas
sozinhas mais vulneráveis aos efeitos da deterioração das vias neurológicas ligadas à idade
avançada. Curioso nesse estudo é o fato de que é a percepção individual de solidão e não o
grau real de isolamento social que parece se relacionar mais com o risco de Alzheimer.
Condizentes com a questão da solidão, quando indagados se, caso pudessem,
aceitariam morar sozinhos, nove participantes do presente estudo declararam que não
aceitariam. A maioria dos idosos institucionalizados, pesquisados por Davim e demais
pesquisadores (2004), também afirmaram sentir-se bem nas instituições onde residem, e
afirmaram que não gostariam de sair do convívio asilar, justificando gostar de morar no local,
não ter para onde ir, serem muito velhos e não terem ninguém que gostaria de estar com eles.
Nesse sentido, percebe-se que, apesar do ambiente institucional ser distante de um ambiente
familiar, ainda assim os participantes do estudo vêem a instituição em que vivem como um
ambiente agradável e preferem viver ali a viverem sozinhos. Vale mencionar Larratéa (1992)
que comenta que alguns idosos aprovam a condição de institucionalizados, em decorrência da
148
falta de recursos financeiros próprios ou familiares, sendo que outros vêm sua condição como
uma marginalização, abandono e rejeição, prostrando-se a espera da morte, sem ter
expectativas e desafios.
Religião, fé e espiritualidade
Com relação à religião, a maioria dos participantes é católica e a grande maioria dos
participantes possui fé e grande espiritualidade. Nove participantes declararam crer totalmente
em Deus ou em um ser superior e mencionaram acreditar que sua fé auxilia em sua vida.
Além disso, a maioria dos participantes (n=7) também afirmou fazer orações “muito
frequentemente”. Para Goldstein e Sommerhalder (2002), a questão religiosa está muito
presente na vida dos idosos e isso ocorre devido a várias causas, dentre elas, o fato de que o
processo de envelhecimento suscita questões existenciais, às quais geralmente a religião tenta
responder. Duarte e Santos (2004) em sua pesquisa com idosas institucionalizadas e não
institucionalizadas, verificou que a religião aparece como um recurso da rede de apoio que
confirma as necessidades de autocuidado e instrospecção crescentes na velhice. O papel
reconhecido da religião como um conforto para a possibilidade iminente da morte, como uma
alternativa menos sofrida para encarar a finitude da condição humana, foi amplamente
confirmado por essa pesquisa. Entretanto, os autores questionam se a esperança de uma
condição de existência melhor em um futuro incerto não é de alguma forma conseqüência de
necessidades que, na sua condição de vida atual, não estão sendo preenchidas de maneira
satisfatória. De todo o modo, a questão da espiritualidade como um aspecto bastante
significativo na terceira idade foi amplamente confirmado pela presente pesquisa.
Resultados dos testes
Quanto aos resultados dos testes obtidos nas avaliações antes e após as intervenções,
não houve diferenças estatisticamente significativas que indiquem que as intervenções de
estimulação tenham produzido efeitos significativos nas variáveis: capacidade cognitiva geral,
depressão e memória de trabalho. Ainda assim, diferenças nos resultados antes e após a
prática de atividades cognitivas e a prática de atividades físicas foram encontradas em cada
grupo e entre os participantes, quando estes foram analisados individualmente. De maneira
geral, percebeu-se após as intervenções de estimulação, uma tendência à melhora da
capacidade cognitiva geral e diminuição de sintomas depressivos dos participantes.
149
Para as análises estatísticas, foi eleito p<0,05 como ponto de corte de significância,
mas não foi encontrado em nenhum dos instrumentos. A dificuldade em encontrar diferenças
estatisticamente significativas provavelmente é derivada do pequeno tamanho da amostra
(cinco idosos para cada grupo), da sua não homogeneidade e do pequeno tempo das
intervenções. O tempo de duração das intervenções, vinte e duas sessões de atividades
cognitivas e trezes sessões de atividades físicas, pode ter sido insuficiente para produzir
mudanças significativas nas variáveis medidas. Além do mais, idosos institucionalizados
podem levar um tempo maior para se adaptarem a programas de estimulação, dadas as
condições em que vivem, e nesse sentido, um tempo maior de duração seria o ideal para
motivá-los a participar e a se familiarizar com os exercícios, tirando o maior proveito dos
mesmos. Pode-se especular assim que, caso as amostras nos grupos tivessem sido maiores e o
tempo de duração das intervenções também maiores, diferenças estatisticamente significativas
seriam encontradas.
Destaca-se que nenhum dos participantes teve 100% de freqüência de participação nos
programas e, apesar do motivo das faltas na maioria das vezes ter sido por motivos exteriores
aos programas, ainda assim um tempo maior de duração dos programas provavelmente
contribuiria com uma maior adaptação aos mesmos, e talvez, com uma maior adesão dos
participantes. Imprescindível nessa tarefa é o papel dos profissionais da saúde envolvidos nos
programas de estimulação, em motivar a participação e a aderência dos participantes. Como
exemplo, tem-se o fato de que, nesta pesquisa, as monitoras do programa de atividades
cognitivas aproveitaram pedidos de presentes dos participantes
34
para incrementá-los ao fim
de cada mês, dando-os como “prêmios” para aqueles que tivessem uma grande freqüência no
programa ao final de cada mês, ou ao final do bingo, por exemplo. As premiações eram
simples, mas mesmo assim os participantes se mostravam felizes e agradecidos. Importante,
porém, que a aderência aos programas, de maneira alguma se deu pelos presentes e incentivos
materiais, visto que os participantes também os ganhavam fora dos programas, através de
outras pessoas. Mais do que isso, provavelmente a aderência dos participantes se deu pelos
incentivos verbais das monitoras das atividades, que constantemente elogiavam a participação
e boa execução dos mesmos nos exercícios, e, principalmente, pelos ganhos percebidos pelos
idosos como oriundos das intervenções. Ressalta-se o papel exercido pela monitora do grupo
de atividade física que, sendo educadora física, conseguia motivar os idosos a participarem
34
Nota-se que os participantes são idosos que, sem condições financeiras, carecem de produtos tais como pastas
e escovas de dente, sabonetes, perfumes, lenços, talcos, etc, contando para isso, de doações e ajudas vindas de
terceiros.
150
das atividades através de sua postura energética, e sendo também estudante de Psicologia,
sabia que comportamentos reforçar; e das monitoras do grupo de atividades cognitivas que,
cursando Psicologia, conseguiam responder adequadamente às demandas psicológicas e
emocionais que eventualmente surgiam nas falas dos participantes durante as sessões
35
,
reforçando igualmente os comportamentos de aderência e de boa execução nos exercícios.
Dadas as colocações, para uma melhor discussão dos resultados dos testes, optou-se
por isolar a discussão para cada teste específico.
MEEM
Observando os escores individuais, constata-se que em relação à capacidade cognitiva
geral, a maioria (n=6) dos participantes do estudo apresentou aumento ou manteve seu escore
após as intervenções, e os ganhos foram superiores ao declínio observado em quatro
participantes. Quando observadas as médias dos grupos, verificou-se uma variação na média
do MEEM apenas para o grupo de AC na avaliação final (houve um acréscimo de 1,2 pontos),
variação esta expressiva se comparável ao grupo de AF, que manteve a mesma média (19,00)
em ambas as avaliações.
O fato de o programa de atividades cognitivas ter produzido maiores efeitos positivos
(apesar de não estatisticamente significativos) na capacidade cognitiva de seus participantes,
pode estar relacionado ao seu tempo de duração, maior que o tempo do programa de
atividades físicas, e mesmo pode estar relacionado à natureza do programa, que visava
estimular os processos cognitivos propriamente ditos.
A escolaridade e a idade têm efeito sobre o desempenho no MEEM, sendo que a
pontuação diminui com a idade e aumenta com a educação, como observado em estudos de
normatização em populações idosas não dementes, na comunidade e em instituições, e em
populações sem doença neuropsiquiátrica (Cummings, 1993). Ao se relacionar as variáveis:
MEEM (pontuação obtida no pré-teste) e escolaridade máxima, observa-se que a participante
com maior nível de escolaridade (Participante 6 Dona Turmalina) obteve a maior pontuação
no MEEM, pontuação esta que destacou-se das demais. Nota-se que Dona Turmalina
igualmente mencionou que na sua juventude possuía o hábito de realizar atividades cognitivas
tais como leitura e jogos cognitivos, o que pode estar relacionado à manutenção de sua
capacidade cognitiva. Por sua vez, as pontuações mais inferiores obtidas no pré-teste do
35
Sabendo que não se tratava de terapia em grupo, as monitoras constantemente direcionavam a atenção para o
que era proposto nas atividades, sem, contudo ferir ou frustrar as expectativas dos participantes. Em
determinadas ocasiões, porém, foi necessário, fora das sessões, realizar uma escuta para com os idosos, sentida
como tão importante para os mesmos.
151
MEEM foram relativas a participantes que possuem nenhuma escolaridade (participante 4
Dona Safira) ou que possuem o primário como escolaridade máxima (participante 8 Dona
Pérola).
O histórico de atividades físicas dos participantes parece não influenciar a capacidade
cognitiva geral dos mesmos, visto que Dona Jade e Dona Turmalina, que tiveram os escores
maiores no MEEM (pré) mencionaram ter praticado poucas vezes atividade física no passado,
assim como as participantes com os menores escores (Dona Safira e Dona Pérola) igualmente
mencionaram ter praticado poucas vezes. Zaitune, Barros, César, Carandina e Goldbaum
(2007), sugerem que os profissionais de saúde precisam estar atentos em identificar a
presença de transtorno mental comum em idosos, pois aqueles com o transtorno terão maior
dificuldade em aderir às práticas de exercício físico e, por outro lado, seriam os idosos que
muito se beneficiariam, inclusive nos aspectos emocionais, com o desenvolvimento destas
práticas.
Os escores dos participantes no MEEM mostram que Dona Jade, segundo dados
obtidos num estudo de normatização na população de 18 até mais de 85 anos de idade (Crum,
Anthony, Basset & Folstein, 1993), estaria dentro do esperado para sua faixa etária e
escolaridade, assim como Seu Rubi, Dona Turmalina e Seu Berilo. Interessante que Dona
Safira e Dona Ametista, na avaliação inicial demonstraram comprometimento cognitivo, mas
na avaliação final apresentaram escores esperados para suas faixas etárias e escolaridade.
Entretanto, Dona Esmeralda, Dona Pérola e Dona Ágata (que inclusive possui diagnóstico de
demência senil), em ambas as avaliações demonstraram estar um pouco abaixo do esperado
para sua faixa etária e escolaridade, indicando comprometimento cognitivo. Por sua vez, é
necessário atentar para Seu Citrino, que na pré-avaliação estava com uma pontuação esperada
no MEEM, mas na avaliação final obteve uma queda em sua pontuação que deflagra um
declínio na sua capacidade cognitiva.
Assim, percebe-se a importância que os programas de estimulação tiveram na saúde
cognitiva dos idosos institucionalizados, melhorando ou realizando a manutenção da
capacidade cognitiva da maioria dos participantes e até mesmo atenuando o
comprometimento cognitivo (deflagrado pelo MEEM) em duas participantes. Cabe destacar
que mesmo naqueles em que se constata comprometimento e declínio cognitivo, programas de
estimulação são necessários e urgentes com vistas a manter as funções existentes e permitir
que elas compensem as funções comprometidas. Nesses casos, contudo, medidas de curto
prazo devem ser tomadas, e essas mantidas por um período mais extenso do que o proposto e
realizado com os participantes do presente estudo. Assim, presumi-se que se os programas de
152
estimulação tivessem sido realizados com uma duração de tempo maior, mais diferenças
seriam observadas nos escores do MEEM dos participantes, visto que como confirmado,
atividades físicas e exercícios de estimulação cognitiva estão relacionados positivamente à
saúde cognitiva de idosos (Scarmeas et al., 2001; Wilson et al., 2002; Shephard, 2003; Butler
et al., 2004; Ferruci et al., 2004).
GDS-15
A média da GDS-15 diminuiu na avaliação final (sugerindo diminuição de sintomas
depressivos) nos dois grupos, sendo que a diminuição na média do grupo de AC foi de 0,40 e
no grupo de AF de 1,00, sugerindo assim maior efetividade da prática de atividade física na
diminuição de sintomas depressivos (apesar de não estatisticamente significativa). Como
forma de interpretação para tais resultados, Peluso e Andrade (2005) sugerem que a atividade
física seria responsável por atuar diretamente nos fatores psicológicos (distração, auto-eficácia
e interação social) e nos fatores fisiológicos (aumento da transmissão sináptica das
monoaminas
36
, que supostamente funcionaria como as drogas antidepressivas e o efeito
inibitório da endorfina
37
no sistema nervoso central) que resultariam, conseqüentemente, na
melhora da ansiedade e do humor após a prática de atividade física.
Verificando os escores individuais, percebe-se que as intervenções mantiveram ou
melhoraram os sintomas depressivos em oito participantes do estudo. Destaca-se que eventos
intervenientes ocorreram durante as intervenções para os dois participantes que tiveram
aumento de seus sintomas depressivos: Seu Rubi, que teve aumento de dois pontos na GDS-
15, teve um surto de esquizofrenia durante o período do programa de atividades cognitivas, e
Dona Esmeralda, que aumentou quatro pontos na GDS-15, foi hospitalizada durante também
o período que o programa de atividades cognitivas foi realizado.
Vale observar que duas participantes que mais diminuíram seus sintomas depressivos
após as intervenções (Dona Safira e Dona Pérola), foram algumas das que tinham os maiores
escores da GDS-15, aplicada no pré-teste. Isso vem de acordo com o que DeVreese, Iacono,
36
De acordo com Bahls (1999), as principais teorias relativas à base biológica da depressão situam-se nos
estudos sobre neurotransmissores cerebrais e seus receptores, estando as monoaminas como a principal hipótese
envolvendo os neurotransmissores cerebrais. As mesmas subdividem-se em catecolaminas: dopamina (DA) e
noradrenalina (NE), e na indolamina: serotonina (5HT).
De acordo com Werneck, Bara Filho e Ribeiro (2005), a
hipótese das monoaminas preconiza que o exercício aumenta o nível dos neurotransmissores noradrenalina e
serotonina, os quais se encontram diminuídos em pessoas depressivas, promovendo uma melhoria no estado de
humor.
37
A hipótese das endorfinas argumenta que o aumento das endorfinas circulantes durante e após o exercício
estaria associado a sentimentos de euforia e uma redução da ansiedade, tensão, raiva e confusão mental
(Werneck, Bara Filho & Ribeiro, 2005).
153
Finelli e Neri (1998) encontraram em seu estudo: aqueles indivíduos que apresentaram
maiores dificuldades na avaliação inicial foram aqueles que mais se beneficiaram da
intervenção de estimulação.
Não se verificou uma relação entre sexo e a presença de sintomas depressivos.
Igualmente parece não ter havido uma relação entre a ocorrência de sintomas depressivos no
pré-teste e o histórico de atividades físicas dos participantes. Porém, percebe-se que os
menores escores da escala no pré-teste pertencem a participantes que declararam ter praticado
às vezes ou poucas vezes atividade física no passado. Ressalta-se que a única participante que
mencionou não ter praticado nenhuma atividade física no passado (Dona Ágata), foi a
segunda com mais sintomas depressivos no pré-teste da GDS-15 (e mantendo-os no pós-
teste), mas esses resultados podem estar relacionados também ao diagnóstico de demência
senil da participante, visto que como Penninx, Deeg, Eijk, Beekman e Guralnik (2000)
alertam, prejuízo cognitivo também parece estar associado à depressão no idoso.
Por sua vez, Seu Berilo, que mais mencionou ter praticado atividade física no passado,
foi o terceiro com maior pontuação na GDS-15. Assim, percebe-se que não se estabeleceu
uma relação clara entre essas variáveis, provavelmente derivada da amostra pequena, o que
faz com que não seja possível afirmar que os participantes idosos que foram mais ativos em
seu passado apresentam menores índices de depressão.
Vale destacar que seis participantes não apresentaram escore indicativo de depressão
(inferior a cinco pontos) no pré-teste, ao contrário de Dona Safira, Dona Ágata, Seu Berilo e
Dona Pérola que apresentaram indicativo de depressão leve ou moderada (superior a cinco
pontos)
38
. Posteriormente às intervenções, apenas Dona Ágata e Seu Berilo continuaram com
escores indicativos de depressão, e Dona Esmeralda, que antes não tinha, mas passou a ter
escore indicativo de depressão leve ou moderada (provavelmente influenciado pela
hospitalização que sofreu no decorrer da intervenção).
Dessa forma, percebe-se que, apesar de não constatados resultados estatisticamente
significativos que indiquem que os programas de estimulação tenham diminuído os sintomas
depressivos dos participantes, ainda assim, verificou-se que a maioria deles se beneficiou das
intervenções nesse parâmetro. Ambas as intervenções, prática de atividades cognitivas e
prática de atividades físicas, conseguiram melhorar em média os sintomas depressivos de seus
participantes. Uma maior efetividade da prática de atividade física foi observada na média dos
38
O ponto de corte >5 para a GDS-15, de acordo com Almeida e Almeida (1999b), produziu índices de
sensibilidade de 90,9% e de especificidade de 64,5% para diagnóstico de episódio depressivo maior de acordo
com o DSM-IV.
154
participantes, mas essa pode ser explicada, em partes, pelo fato de a amostra ser pequena e ao
fato de que os dois únicos participantes que aumentaram seus sintomas depressivos (devido a
fatores intervenientes) faziam parte do grupo de atividades cognitivas, o que provavelmente
teve influência na média final do grupo. Ainda assim, destaca-se que a maioria dos
participantes conseguiu melhorar ou realizar a manutenção de seus sintomas depressivos
através dos programas de estimulação.
Cabe ressaltar que a melhora dos sintomas depressivos em ambos os grupos pode ser
explicada por, além das atividades de estimulação, também por ambas serem realizadas em
grupo, o que favorece a interação social. Inclusive Barbour e Blumenthal (2005) comentam
que muitos estudos ainda sofrem de limitações metodológicas, pois se observa uma melhora
no bem-estar psicológico, melhora da depressão e melhora da qualidade de vida, mas estas
possivelmente promovidas pelos efeitos de uma maior interação social. Todavia, apesar das
limitações, estudos indicam que intervenções cognitivas ajudam no aumento do bem-estar
(Holderbaum et al., 2006) e a prática de atividade física está amplamente relacionada à
diminuição de sintomas depressivos (Blumenthal et al., 1999; Cheik et al., 2003; Crabbe &
Dishman, 2004; Guimarães & Caldas, 2006), tornando-a necessária junto à população idosa
institucionalizada, que é, dentre a população idosa, a que mais sofre de sintomas depressivos
(Alexopoulos et al., 2002; Porcu et al., 2002).
RAVLT
Em relação à capacidade de memória de trabalho, medida através do RAVLT, apenas
diferenças sutis foram observadas na pontuação antes e após as intervenções (visto que neste
instrumento os pontos se referem ao número de palavras memorizadas). A média de palavras
memorizadas entre o grupo de AC nas tarefas de A1 a A5 diminuiu 0,6 na pós-avaliação, ao
contrário do grupo de AF, que aumentou 0,6 em sua média. Por sua vez, os escores de
diferença do RAVLT mostram que o grupo de AC teve uma maior lembrança de 0,8 na tarefa
A6 (esta em relação à tarefa A5) após a intervenção, ao contrário do grupo de AF que obteve
uma média de 1,00 ponto a menos, sugerindo que o grupo de AF lembrou, em média, uma
palavra a menos nesta tarefa na avaliação final. Por fim, na tarefa de reconhecimento do
RAVLT, o grupo de AC aumentou sua média em 0,8 pontos, sugerindo que reconheceu mais
palavras na avaliação final, e o grupo de AF, por sua vez, diminui sua média em 0,8 pontos,
sugerindo que reconheceu um número menor de palavras após a intervenção. Destaca-se ainda
que se analisados os escores individuais, os ganhos na pontuação, quando aconteceram, foram
superiores aos declínios observados nas tarefas. Ainda assim, apesar das diferenças
155
individuais, as médias dos grupos e os gráficos da curva de aprendizagem dos participantes
sugerem que, de modo geral, não houve mudanças consideráveis no número de recordações
nas tarefas do RAVLT após ambas as intervenções.
Além disso, não foi possível verificar uma possível relação entre os escores obtidos no
RAVLT e o restante das variáveis, visto que os participantes (de número pequeno)
apresentaram grande variabilidade em seus escores nas diferentes tarefas do teste.
Segundo os pesquisadores brasileiros Mattos, Lino, Rizo, Alfano, Araújo e Raggio
(2003), um desempenho normal no RAVLT é caracterizado pelo aumento de palavras
memorizadas no decorrer das tarefas, mostrado numa curva de aprendizado. Entretanto, como
se observou nas curvas de aprendizagem para a seqüência do teste dos participantes, apenas
cinco participantes conseguiram realizar aprendizagem auditivo-verbal (o número de palavras
memorizadas na quinta leitura foi superior à primeira leitura) nas avaliações iniciais e finais
(Dona Jade, Dona Esmeralda, Dona Ametista, Dona Pérola e Seu Berilo) e outros dois (Seu
Rubi e Dona Turmalina) apenas conseguiram na avaliação final. Tal fato sugere que para Seu
Rubi (participante do grupo de atividades cognitivas) e para Dona Turmalina (participante do
grupo de atividades físicas), as intervenções produziram benefícios na aprendizagem auditivo-
verbal, e logo, na capacidade de memória de trabalho.
Conforme os dados normativos
39
estudados por Geffen (1995) e transcritos por
Schmidt (1996) para o RAVLT de acordo com o sexo e a idade, a maioria dos participantes
do presente estudo lembrou, em média, um número menor de palavras no teste do que os
dados normativos apontam, tanto no pré-teste como no pós-teste. Assim, destaca-se a
necessidade de programas que estimulem a memória de trabalho de idosos institucionalizados
para que estes consigam realizar com mais facilidade as atividades que demandam tal
processo cognitivo, aumentando, como conseqüência, seu bem-estar psicológico. É essencial
comentar que a memória de trabalho parece ser dentre os sistemas de memória, a que mais
declina com o avançar da idade (Verhaeghen, et al., 1993; Zec, 1995; Fergus et al., 2000), e
por isso merece a devida preocupação e destaque nos estudos sobre o envelhecimento. Além
disso, é urgente que medidas de avaliação da memória de trabalho sejam estudadas e
validadas junto à população idosa institucionalizada brasileira, visto que o baixo desempenho
dos participantes no estudo pode ter ocorrido, dentre outros fatores, devido à dificuldade
encontrada pelos mesmos na realização do teste.
39
Estudo realizado com a população americana.
156
Contraste entre o grupo de atividades cognitivas e o grupo de atividades físicas
Ao se contrastar, com fins meramente exploratórios, o desempenho do grupo de
atividades cognitivas (AC) com o do grupo de atividade física (AF) nas diferentes medidas,
constata-se em termos de tendência, que o grupo de AC atingiu melhores resultados em um
número maior de testes do que o grupo de AF. As diferenças entre pré e pós-avaliação foram
maiores no grupo de AC para os seguintes instrumentos: MEEM, RAVLT (escore de
diferença) e RAVLT (tarefa de reconhecimento). O grupo AF, no entanto, obteve melhores
resultados nas seguintes medidas: GDS-15 e RAVLT (tarefas A1 a A5). Destaca-se que a
média do grupo de AC também mostra uma melhora de sintomas depressivos, mas de forma
menos expressiva que a do grupo de AF. Além disso, ressalta-se novamente que as mudanças
observadas no instrumento RAVLT não foram significativas. Dessa forma, constata-se através
das médias dos grupos, que o programa de vinte e duas sessões de atividades cognitivas se
mostrou eficaz em produzir efeitos positivos na capacidade cognitiva geral de seus
participantes, e também, mas de maneira menos expressiva, em seus sintomas depressivos.
Por sua vez, o programa de treze sessões de atividade física se mostrou eficaz em diminuir os
sintomas depressivos de seus participantes.
O tempo de asilamento e os resultados nos testes
Verificando as médias de tempo de asilamento e dos escores na GDS-15 no pré-teste
dos dois grupos, percebe-se que a média na escala foi maior (indicando mais sintomas
depressivos) para o grupo que realizou atividades físicas, que por sinal, possui uma média de
tempo de asilamento inferior ao grupo de atividades cognitivas. Pode-se especular que os
idosos do grupo de atividades físicas estariam em processo de adaptação, e, de certa forma,
frágeis por todo o processo, justificando a média maior de sintomas depressivos. Sugere-se,
assim, que medidas de intervenção que visem estimular os idosos a se manterem
cognitivamente, psicologicamente e fisicamente saudáveis (programas de socialização, de
atividades físicas, atividades cognitivas, de treinamento cognitivo, intervenções psicológicas,
etc) sejam implementadas já no início da institucionalização dos mesmos, buscando dar
suporte e colaborando para seu processo de adaptação.
Interessante que a média no MEEM no pré-teste foi um pouco menor para o grupo que
realizou atividades cognitivas, que possui, em média, maior tempo de asilamento, e, por sinal,
este mesmo grupo foi o que mais se beneficiou da intervenção no MEEM. Especula-se
novamente que o maior tempo de asilamento fez com que a baixa estimulação proporcionada
pelo ambiente da instituição não possibilitasse que os idosos que ali vivem se mantessem
157
cognitivamente engajados, acarretando num menor desempenho no pré-teste. Porém, depois
de estimulados, os idosos tiveram ganhos na sua capacidade cognitiva. Tal fato reforça a
necessidade de se oferecer programas de estimulação para idosos institucionalizados, para que
os mesmos mantenham sua saúde cognitiva por mais tempo. Como Plati, Covre, Lukasova e
Macedo (2006) ressaltam, atividades diárias de estimulação podem ser eficientes em
minimizar as perdas cognitivas dos idosos institucionalizados.
Em relação à pontuação nas tarefas do RAVLT não foi possível estabelecer uma
relação com o tempo de asilamento dos participantes, visto que estes variaram muito em seus
escores e a maioria parece não ter tido um bom desempenho no teste.
A freqüência de participação e os resultados nos testes
Parece não ter havido uma correspondência entre freqüência de participação dos
idosos nos programas e diferenças entre os resultados obtidos antes e depois das intervenções
nos instrumentos aplicados. Porém, percebeu-se, de maneira geral, que a participação dos
idosos foi se tornando mais constante conforme o desenrolar das sessões, o que sugere que
tenham apreciado o envolvimento nas mesmas. Cabe mencionar os participantes que tiveram
mais de 75% de freqüência: Dona Jade, Seu Citrino, Dona Safira e Seu Rubi (participantes do
grupo de atividades cognitivas), Dona Ágata e Dona Pérola (participantes do grupo de
atividades físicas).
Opiniões dos participantes sobre os programas de estimulação
Observou-se que as opiniões dos participantes sobre os programas de estimulação se
apresentaram na sua grande maioria positivas. Destaca-se que no grupo de AC um
participante ressaltou o aspecto de lazer e de recreação (atividade de distração) da
intervenção, dois participantes mencionaram o aspecto da importância da intervenção em
exercitar processos cognitivos (memória), e um opinou alegando que gostou da intervenção
em grande parte pelo papel exercido pelas monitoras. No grupo de AF as respostas foram
mais breves, destacando a apreciação pelas atividades, e um participante chegou a mencionar
ter se sentido mais alegre nas atividades.
Constatou-se que, ao responderem sobre o que mais gostaram nas atividades, os
participantes do grupo de AC focaram suas respostas na presença e companhia das monitoras,
na atividade de lazer que a intervenção proporcionava e em alguns exercícios específicos que
eram destinados a estimular determinados processos cognitivos. Os participantes do grupo de
158
AF, por sua vez, na sua maioria focaram suas respostas nos exercícios realizados no programa
e um participante mencionou ter gostado do papel exercido pela monitora durante as sessões.
Quando indagados sobre o que menos gostaram nas atividades, nessa questão
observou-se que os participantes, na sua grande maioria, afirmaram ter gostado das atividades,
ressaltando os aspectos positivos e não citando aquelas atividades que tenham menos
apreciado. Apenas um participante do grupo de AC mencionou que gostaria que se utilizasse
mais o tema sobre animais para a realização das atividades e que fossem realizados mais jogos
de memória; e apenas um participante do grupo de AF mencionou que em alguns exercícios
sentia alguma dor, mas que mesmo assim os realizava.
Cabe mencionar o valor da música nas atividades, principalmente no programa de
atividades físicas. Apesar de não terem mencionado na entrevista semi-estruturada final,
grande parte dos participantes, segundo registros do diário de campo, no decorrer das sessões
mostravam-se motivados em realizar os exercícios quando as músicas tocadas como fundo
eram aquelas ‘de seu tempo’. Segundo Miranda e Godeli (2002), a música parece ter um papel
significativo no sucesso das sessões de atividade física para idosos, tornando importante a
escolha da seleção musical adequada, para que esta possa contribuir para a motivação e o
prazer de estar naquele ambiente.
Os relatos sugerem que os participantes perceberam efeitos na sua maioria positivos
como derivados da participação nos programas de estimulação. Participantes do grupo de AC
perceberam efeitos referentes à melhor comunicação entre si e relacionamento interpessoal,
efeitos positivos no humor, efeitos na memória e um participante considerou importante a
mudança de rotina trazida pela intervenção (atividade de lazer, de distração). Um participante
do grupo de AC mencionou não ter percebido efeitos em sua memória. Alguns dos efeitos
percebidos pelos participantes do grupo de AC são documentados por outros estudos, tal
como o de Clare e Woods (2004), que afirmam que as intervenções cognitivas devem ajudar
os idosos com as dificuldades de memória e aumento do bem-estar. Zauszniewski e
colaboradores (2004), também encontraram em seu estudo uma redução dos sintomas de
depressão e ansiedade, favorecendo o aumento do bem-estar psicológico dos idosos.
Por sua vez, os participantes do grupo de AF declararam ter percebido efeitos, também
na sua maioria positivos, em relação ao humor, à mudança de pensamentos e à própria
melhora no aspecto físico, sendo que um participante chegou a declarar ter sentido menos
dores no corpo após as sessões de atividade física. Um participante do grupo de AF
mencionou não saber se percebeu efeitos ou não, e outro declarou que não percebeu efeito
algum. Alguns dos efeitos percebidos pelos participantes do grupo de AF vão de acordo com
159
Crabbe e Dishman (2004), que argumentam que a prática de atividade física favorece o bem
estar psicológico, estando associada a menores níveis de depressão e à melhora da cognição.
Destaca-se que Dona Turmalina sugeriu que as atividades fossem realizadas na parte
externa da instituição. Tal sugestão tem coerência, na medida em que realizar atividade física
ao ar livre pode ser muito mais prazeroso, e, portanto, tal sugestão deve ser levada em
consideração em intervenções futuras. Entretanto, vale relembrar que as atividades foram
realizadas no interior da instituição, devido à própria requisição da responsável da mesma,
visto que a locomoção dos idosos para fora seria muito mais lenta, e no pátio não haveria
sofás para os mesmos descansarem quando fosse preciso, e nem para aqueles que precisassem
permanecer sentados durante a realização dos exercícios. Vale igualmente expor a opinião de
Melo e colaboradores (2003), que ressaltam a necessidade da formulação de programas de
atividades físicas para idosos institucionalizados, mesmo não existindo um local específico
para isto, utilizando as áreas abertas e salas que estas instituições possuem, para que haja uma
modificação na rotina destes indivíduos.
Importante mencionar que o participante que percebeu mudanças em seu pensamento,
Seu Berilo, é cadeirante. Durante a realização dos exercícios movimentava apenas as partes
do corpo que conseguia. Assim, sua fala talvez reflita o fato de que ao movimentar mais o
corpo, sua percepção sobre o mesmo, e logo, seus pensamentos, possam ter modificado.
Conforme Norman (1995), uma vez que o participante idoso enfrenta um desafio na
realização da atividade física, do mais simples ao mais complexo, e consegue transpor esse
obstáculo, isso fará com que ele tenha sucesso adicional, encorajando-o e propiciando-lhe
confiança quando enfrentar outros desafios, não só nos exercícios, mas em outras áreas.
Interessante que a primeira fala do grupo de AC, de Dona Jade, demonstra sua
dificuldade inicial em estabelecer contato e interação com os outros idosos da instituição por
ser a moradora mais recente na mesma. A dificuldade, principalmente vinda dos idosos
institucionalizados mais antigos em aceitar os mais novos, é inclusive documentada por Born
(1996). A fala de Dona Jade, além disso, remete ao fato de que no processo de
institucionalização, o idoso vê-se excluído de seu contexto familiar, perdendo, na maioria das
vezes, o contato com seus parentes e amigos. O idoso então passa a enfrentar e a buscar novas
formas de adaptação a todas as mudanças, pois, em geral não conta com o apoio que antes
possuía. Durante essa fase de adaptação, segundo Born e Abreu (1996), o comportamento
adotado pelo idoso recém asilado pode ser o de se isolar e priorizar apenas a atenção dos
profissionais e dos outros funcionários da instituição. Tal comportamento de isolamento
social pode ser considerado como uma ação de distanciamento de uma realidade objetiva e
160
externa que, freqüentemente, é usado como mecanismo de defesa contra a pressão e ansiedade
produzidas pelas relações interpessoais ou grupais.
O idoso isolado passa a apresentar dificuldade em estabelecer contatos e de se
comunicar facilmente, passa a viver em solidão, não realiza troca de experiências, e mesmo
em grupo, sua ação não é cooperativa. Com o passar do tempo, entretanto, inicia-se o
processo de construção de novas amizades. O idoso, antes isolado, passa a se relacionar com
os companheiros de asilo, a partilhar suas queixas, tristezas, alegrias e descobertas (Silva,
2001).
Como percebido pela fala de Dona Jade e observado pelas monitoras das atividades,
principalmente no grupo de AC (que exigia mais interação e comunicação dos participantes),
inicialmente à intervenção, e até mesmo na coleta de dados inicial, percebia-se que os
participantes pouco interagiam, permanecendo na sala principal da instituição apenas sentados
e assistindo à televisão. Interessante que, conforme as sessões realizadas em grupo iam
passando, os participantes passaram a interagir mais, construindo novos laços fortes de
amizade.
Quando os idosos institucionalizados estabelecem vínculos entre si, sentem-se mais
fortalecidos para enfrentar a tristeza ou a doença, compartilhando a dor, a ansiedade e a
preocupação. Quando um idoso institucionalizado possui um agravamento de uma
enfermidade, por exemplo, pode-se perceber uma infinidade de sentimentos frente à
possibilidade de perda deste amigo. A relação de amizade entre alguns idosos se estabelece de
forma espontânea, mas algumas vezes de forma estimulada. Todavia, segundo os próprios
idosos, é muito difícil de ocorrer, porque a maioria deles não está disposta a se deixar
envolver, mas afirmam: quando acontece é mesmo para valer (Silva et al., 2006). Nota-se que
a possibilidade de perda de uma amiga foi experienciada pelo grupo de AC. Dona Esmeralda
foi hospitalizada e houve uma comoção geral do grupo que se sensibilizou pela ausência da
companheira. Na sua volta, a mesma sentiu-se emocionada e agradecida pela preocupação e
pelas preces dos companheiros do grupo.
Sem dúvida alguma, os amigos de instituição asilar são importantes e tidos como
fatores de elevação da qualidade de vida asilar (Silva et al., 2006). Assim, os efeitos
alcançados através das intervenções podem ter sido promovidos, também, pelo fato de as
mesmas terem sido realizadas em grupo, promovendo maior interação social e
proporcionando a formação de novos laços de amizade.
Os programas de estimulação, para serem significativos, devem trazer satisfação para
os participantes. Nesse sentido, as falas dos participantes sugerem que eles tenham apreciado
161
o envolvimento nos mesmos, percebendo, na sua maioria, efeitos positivos. Alguns
participantes destacaram o aspecto social, outros os emocional, o cognitivo ou mesmo o
físico, no caso do programa de atividade física. Falas interessantes foram percebidas em
relação à interação social e comunicação, sugerindo que os participantes tenham apreciado a
realização dos exercícios em grupo.
Descrição dos participantes: contribuição da análise de cada caso
A descrição de cada participante permitiu a verificação dos escores individuais, assim
como seus ganhos e declínios em cada teste, bem como colaborou com a descrição dos dados
obtidos nas entrevistas semi-estruturadas realizadas antes às intervenções e após as mesmas.
Nesse sentido, o breve histórico de vida de cada participante, bem como seu histórico de
atividades físicas e cognitivas, juntamente com informações importantes obtidas no
formulário de caracterização, permitiram com que se analisasse qualitativamente os resultados
dos testes, fornecendo mais respaldo para a interpretação dos mesmos. Valiosas informações
obtidas nos diários de campo das monitoras das atividades também foram mencionadas na
descrição dos participantes, o que contribuiu para com que se elucidasse a maneira singular de
se comportar dos idosos durante algumas sessões dos programas de estimulação.
A análise de cada caso teve grande contribuição para a interpretação dos resultados,
mostrando a relevância dos dados qualitativos junto aos quantitativos. Para Bogdan e Biklen
(1994), na pesquisa qualitativa, a preocupação maior é com o conhecimento do processo e não
simplesmente com os resultados e o produto. Günther (2006), inclusive argumenta que ambas
as abordagens, a quantitativa e a qualitativa, têm suas vantagens e desvantagens. De acordo
com Pope e Mays (1995), os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem e não
guardam relação de oposição. De acordo com os autores supracitados, o método qualitativo
contribui para melhor compreensão dos fenômenos, fato este que foi constatado na presente
pesquisa.
Participantes que não foram incluídos na pesquisa
Na coleta de dados iniciada previamente às intervenções, dezessete idosos
responderam aos instrumentos. Entretanto, apenas dez se enquadraram aos pré-requisitos da
pesquisa. Os motivos alegados pela não participação freqüente dos outros sete idosos nos
programas de estimulação sugerem que para alguns os programas não tenham se mostrado
interessantes e, ainda, podem sugerir que os problemas de saúde freqüentes na velhice que
162
acarretam em dores no corpo, por exemplo, não motivam a participação dos mesmos em
programas de estimulação. Desavenças entre participantes igualmente parecem ter impedido a
aderência de alguns idosos aos programas.
Assim, sugere-se que pesquisas futuras estejam atentas à elaboração dos programas de
estimulação, visando adequar, na medida do possível, os exercícios para cada participante,
para que assim os mesmos se tornem atraentes e a aderência ao programa aumente.
Exposição abreviada e conclusiva da discussão dos resultados
De maneira geral, observou-se que os programas de estimulação, apesar da diferente
natureza dos mesmos e tempo de duração, proporcionaram uma tendência à melhora da
capacidade cognitiva geral e diminuição de sintomas depressivos de seus participantes.
Apesar de não observada nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os resultados
obtidos antes ao início das intervenções e os resultados obtidos após as intervenções, foram
observados resultados quantitativos quando analisados os escores individuais, e qualitativos,
estes expressos na maioria das vezes pelo comportamento dos participantes no decorrer das
sessões, e pelas falas, tanto nas sessões, como na entrevista semi-estruturada final.
A conclusão dessa pesquisa foi a de que o programa de vinte e duas sessões de
atividades cognitivas produziu maiores efeitos positivos na capacidade cognitiva de seus
participantes, e já o programa de treze sessões de atividades físicas foi mais eficaz em reduzir
a intensidade dos sintomas depressivos de seus participantes. Embora não se tenha encontrado
resultados estatisticamente significativos, provavelmente devido ao número relativamente
pequeno de participantes, ao número de sessões igualmente pequeno e aos tempos diferentes
de cada intervenção, ainda assim, quando se “enxerga” cada idoso com seu histórico de vida e
os efeitos quantitativos e qualitativos que a intervenção produz, constata-se que ambos os
programas de estimulação produziram benefícios aos seus participantes.
As opiniões dos participantes de ambos os programas se mostraram, na sua grande
maioria, positivas, e suas falas sugerem que tenham apreciado o envolvimento nos programas
de estimulação, percebendo efeitos positivos como oriundos da participação nos mesmos.
Alguns participantes destacaram o aspecto social, outros os emocional, o cognitivo ou mesmo
o físico, no caso do programa de atividade física. Falas interessantes foram percebidas em
relação à interação social e comunicação, mostrando que os participantes apreciaram a
realização dos exercícios em grupo, o que sugere que os resultados obtidos possam estar
relacionados a essa prática.
163
Limitações do estudo
Apesar dos resultados positivos encontrados, o estudo sofreu diversas limitações
metodológicas que necessitam ser expostas. Outros estudos (Tomporowski, 2003; Salthouse,
2006) inclusive têm questionado os problemas metodológicos encontrados em estudos que
realizam intervenções de estimulação, o que torna interessante tecer algumas observações
sobre a metodologia utilizada no presente estudo com o propósito de incitar algumas reflexões
e sugestões para intervenções futuras e pesquisas na área.
Em relação ao tamanho da amostra, deve-se destacar que o número modesto de
participantes que se adequou aos critérios de inclusão da pesquisa pode estar atrelado às
características peculiares da população institucionalizada. Poucos foram os idosos
institucionalizados que demonstraram interesse em participar da pesquisa e motivação
suficiente para ter uma freqüência de participação satisfatória nos programas, o que pode estar
atrelado à alta prevalência de depressão entre essa população, tal como alertam Alexopoulos e
colaboradores (2002) e Porcu e colaboradores (2002), visto que a mesma pode provocar nos
idosos institucionalizados perda de prazer nas atividades e perda de energia (Gazalle et al.,
2004) podendo esta ser a causa da não motivação suficiente para o engajamento nos
programas de intervenção. Outra hipótese para a baixa motivação e engajamento nos
programas de estimulação pode ser o não interesse pelos mesmos por parte da população
idosa institucionalizada ou mesmo o uso de medicamentos, que como se observou, foi alto
entre os participantes da presente pesquisa.
Sendo assim, destaca-se a necessidade de novas pesquisas que venham investigar o
interesse de idosos institucionalizados em se envolver em programas de estimulação, bem
como verificar quais os processos cognitivos que desejam exercitar, que atividades físicas
gostariam de se envolver, dentre outras questões, para que futuras pesquisas e intervenções
consigam se adequar às necessidades e à demanda desta população, conseguindo um maior
engajamento e motivação de seus participantes.
Outra limitação encontrada se refere à heterogeneidade da amostra, visto que se trata
de participantes com históricos de vida diferenciados, níveis também diferentes de depressão,
bem como capacidades cognitivas e de memória de trabalho não semelhantes. Diagnósticos de
esquizofrenia, demência senil, depressão, e até um caso de uma senhora que nasceu com
hidrocefalia, foram encontrados, o que não conferiu à amostra homogeneidade, dificultando a
comparação entre as médias dos escores entre os diferentes grupos de estimulação (os escores
obrigatoriamente tiveram que ser analisados em separado junto ao histórico de vida de cada
164
participante). A não homogeneidade da amostra igualmente pode estar atrelada às
peculiaridades da população idosa institucionalizada, visto que muitos dos idosos foram
institucionalizados justamente por terem os diagnósticos citados. Assim, não foi possível
controlar tantas variáveis dentro de uma amostra tão pequena. Futuros estudos devem
contemplar critérios de inclusão e exclusão mais rígidos incluindo rastreamento mais
abrangente das funções cognitivas, níveis de depressão, dentre outras variáveis, antes da
admissão de idosos aos grupos dos programas de estimulação.
Dessa forma, a dificuldade em encontrar uma amostra de tamanho satisfatória e
homogênea, e sua não aleatoriedade, fez com que a pesquisa se desqualificasse de sua
metodologia pretendida inicialmente, descrita como um estudo experimental. Além disso, a
impossibilidade que se teve de realizar duas intervenções de tempo de duração semelhantes
também não conferiu o controle necessário para um experimento. Se o método experimental
fosse o utilizado, não seria possível obter uma análise válida (os resultados poderiam ser
derivados de outros fatores que não os medidos).
O método utilizado na pesquisa: estudo de campo com abordagem quantitativa e
qualitativa, pareceu ser pertinente para verificar os efeitos da prática de atividades cognitivas
e da prática de atividades físicas em idosos institucionalizados. O método permitiu com que se
observassem, além das diferenças quantitativas, igualmente as qualitativas, estas alcançadas
através das entrevistas e registros dos diários de campo das monitoras. O método permitiu que
os resultados, mesmo que pequenos, fossem observados (como o fato de a interação social ter
aumentado entre os idosos do grupo de atividades cognitivas), que de outra forma não o
poderia. Destaca-se que encontrar pequenos resultados positivos, sejam eles quantitativos ou
qualitativos, e sejam eles em todos ou em apenas alguns participantes, já valida a aplicação de
programas de estimulação.
Outra limitação desse trabalho foi o período de tempo diferente das intervenções. A
intervenção do programa de atividades cognitivas iniciou-se previamente à de atividades
físicas, devido ao acordo firmado com a instituição onde a mesma foi realizada. Por sua vez, a
intervenção de atividade física não pôde ser realizada na mesma época devido às exigências
da instituição e das possibilidades da monitora. Além disso, a monitora do programa de
atividade física, por motivos pessoais, teve que encerrar a intervenção, previamente
estabelecida com vinte e duas sessões, na décima terceira sessão. Dessa forma, o número
diferente das sessões das intervenções demandou maior cuidado no processo de comparar os
grupos, visto que as diferenças nos resultados podem estar relacionadas ao maior tempo que
determinado grupo foi submetido a uma intervenção em comparação com o outro.
165
Com relação às avaliações dos participantes, destaca-se nessa área de pesquisa a
escassez de instrumentos de medida brasileiros validados construídos para idosos
institucionalizados, o que dificulta o processo de verificação de resultados. Apesar de não
utilizado nenhum instrumento que medisse qualidade de vida, o relato e a experiência das
sessões e inserções no campo, demonstrou que houve uma melhora na qualidade de vida dos
idosos institucionalizados (benefícios secundários). Ao início da pesquisa, por exemplo,
encontravam-se os idosos sentados em sofás solitários, assistindo televisão, aguardando uma
visita, na maioria das vezes sem interação social. Ao final da pesquisa, verificou-se que
muitos dos idosos que antes ficavam sozinhos, agora conversavam entre si, mesmo fora das
sessões, provando que as sessões de estimulação, ao serem realizadas em grupo, estimulam os
idosos a interagirem mais, fortalecendo os laços sociais. Idosos que interagem mais se
mantêm cognitivamente saudáveis por mais tempo (Wilson, Krueger et al., 2007). Nesse
sentido, as sessões de estimulação garantiram efeitos positivos, além daqueles observados
através dos instrumentos. Falas espontâneas, registros das monitoras no diário de campo,
observações do comportamento dos participantes, foram recursos, que embora não
sistematizados, mostraram alguns dos resultados obtidos.
Neste estudo constatou-se também a dificuldade que se tem em descobrir se a
diminuição dos sintomas depressivos observada nos dois programas de estimulação
(principalmente no grupo que praticou atividade física) e se a melhora da capacidade
cognitiva nos participantes do grupo de atividades cognitivas foram derivadas dos programas
propriamente ditos ou se da interação social promovida por eles, visto que foram realizados
em grupos. Além disso, é notória a associação entre estados depressivos e o desempenho
cognitivo, sendo plausível supor que uma diminuição em sintomas depressivos originada pela
participação em sessões de intervenções grupais seja um dos mecanismos responsáveis pelo
melhor desempenho (Yassuda et al., 2006). Outros estudos, como o de Bennet, Schneider,
Tang, Arnold e Wilson (2006), e o de Teri, Gibbons, McCurry, Longsdon e Buchner (2003),
ressalvam que em muitas pesquisas é o contato social, juntamente com a atividade física, que
produzem efeitos positivos, tanto no humor como no relacionamento social. Dessa forma a
necessidade de mais estudos empíricos que apóiem a relação entre programas de estimulação
e saúde cognitiva e psicológica de idosos institucionalizados.
166
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo caracterizou-se o perfil dos idosos participantes em relação a sexo, idade,
tempo de asilamento, escolaridade, funcionalidade, uso de medicamentos, histórico de
doenças e problemas de saúde, metacognição, hábitos de atividade física, cognitiva e de lazer,
repouso, ambiente da instituição, relações sociais, e espiritualidade. Apesar das diferenças
individuais, verificou-se que, de modo geral, o perfil dos participantes se assemelha ao perfil
de idosos institucionalizados encontrado em outros estudos, estes mencionados no capítulo
anterior.
Dois programas distintos de estimulação foram desenvolvidos e implementados. Um
programa de atividades cognitivas foi elaborado e executado por um período de
aproximadamente três meses, sendo realizado duas vezes por semana e totalizando vinte e
duas sessões. Um programa de atividades físicas foi elaborado e executado por um período de
aproximadamente um mês e meio, sendo realizado duas vezes por semana e totalizando treze
sessões.
Verificou-se a capacidade cognitiva geral, a depressão e a memória de trabalho dos
participantes por meio dos instrumentos: Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), Escala de
Depressão em Geriatria (GDS-15) e Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey
(RAVLT), aplicados antes e após o programa de atividades cognitivas, realizado com cinco
idosos de uma ILPI, e após o programa de atividades físicas, realizado com cinco idosos de
outra ILPI. Constatou-se que o programa de vinte e duas sessões de atividades cognitivas
produziu maiores efeitos positivos na capacidade cognitiva de seus participantes, e o
programa de treze sessões de atividades físicas se mostrou mais eficaz em reduzir a
intensidade dos sintomas depressivos de seus participantes. A capacidade da memória de
trabalho dos participantes parece não ter sofrido notáveis influências das intervenções.
Embora não se tenha encontrado resultados estatisticamente significativos, quando se
verificam as diferenças nos escores individuais e os relatos dos participantes sobre os
programas e sobre os efeitos percebidos, constata-se que ambos os programas de estimulação
produziram benefícios aos seus participantes.
Verificou-se a influência do histórico de vida (histórico de atividades cognitivas e
atividades físicas) dos idosos institucionalizados nas respostas às testagens e às diferentes
intervenções, porém, devido à pequena amostra, não foi possível estabelecer uma associação
significativa entre variáveis. Ainda assim, o histórico de vida forneceu subsídios para uma
melhor interpretação dos resultados. Verificou-se também a opinião dos idosos participantes
167
quanto à contribuição geral das sessões dos programas de estimulação, constatando-se que a
grande maioria dos participantes avaliou positivamente os programas. Alguns efeitos
percebidos pelos participantes remetem à esfera social, outras à emocional, cognitiva ou
mesmo a física.
As limitações do estudo citadas ao final da discussão dos resultados, como o tamanho
da amostra, sua não homogeneidade e tempos diferentes de intervenção, provavelmente
contribuíram para a não significância estatística encontrada nos resultados. Cabe citar
Salthouse (2006) que comenta que muitos dos resultados de pesquisas relativas à estimulação
cognitiva e física em idosos são derivados de dados não estatisticamente significativos, o que
torna válido o questionamento atual sobre como ocorre a influência do estímulo ambiental nos
processos cognitivos dos idosos e igualmente válido o incentivo frente a novas pesquisas
neste campo de investigação.
Devido às características singulares desse estudo, optou-se pela não comparação com
outros, visto que não estudos realizados com a mesma população, mesmo tamanho da
amostra e mesmos protocolos de intervenção. Destaca-se que em artigos nacionais e
internacionais não espaço para a descrição detalhada das intervenções feitas, o que
dificulta a possibilidade de replicação de estudos. Dessa forma, realizar uma comparação com
estudos diferentes seria incoerente ou mesmo inválido. Ainda assim, visando que futuras
pesquisas repliquem a proposta do presente estudo com o intuito de verificar a eficácia do
modelo em estimular e produzir melhoras significativas na cognição de idosos
institucionalizados, os protocolos de intervenção, que mostram o que foi realizado nas
sessões, foi apresentado na descrição dos programas. Ressalta-se ainda, a necessidade de que
pesquisas que avaliam efeitos de programas de estimulação, anexem seus protocolos, registros
das sessões, visando que outras pesquisas repliquem o experimento. poucos modelos de
intervenção propostos, o que dificulta o processo de comparar dados, replicar experimentos, e
assim provar a eficácia de intervenções, que embora diversas, afirmam-se similares.
Analisando o exposto, compreende-se que os resultados obtidos estão associados à
contextualidade do presente estudo, não podendo ser generalizados a outras populações.
Apenas são possíveis generalizações factíveis para circunstâncias específicas, e aqui, apenas
se pode supor que os mesmos resultados seriam alcançados caso as intervenções fossem
realizadas com os protocolos seguidos e com uma amostra da população idosa
institucionalizada que possui as características da observada no presente estudo.
Considerações acerca do processo de pesquisar junto à população idosa
institucionalizada são igualmente interessantes de relatar para que futuros pesquisadores
168
estejam atentos frente a estas questões. Nesta pesquisa, estabelecer vínculos com os
participantes se mostrou imprescindível para a concretização das sessões realizadas e para a
coleta de dados. Entretanto, a própria institucionalização dos idosos, o convívio com a
solidão, com dores, com doenças crônicas, torna o estabelecimento do vínculo complexo. O
idoso pode estar indisposto para conversar, para responder aos testes, pode ter dificuldades
visuais e auditivas (que por sua vez podem dificultar a compreensão dos instrumentos), pode
estar indisposto para participar das sessões, pode estar sentido dores, sono, fome, pode estar
impossibilitado de sair de seu quarto, triste, sob efeito de medicações, ou mesmo, recebendo
visitas, dentre outros fatores que interferem nos resultados e na própria eficácia dos
programas de estimulação propostos.
Importante ainda relembrar que a pesquisa foi realizada no próprio lar de cada
participante. Ou seja, para os idosos que participaram da pesquisa, a Instituição de Longa
Permanência é o seu lar, e nesse sentido, temos que considerar que nem sempre visitas são
bem vindas. Apesar do consentimento das instituições para a realização das atividades, muitas
vezes o participante tinha o direito de não querer participar e nem de receber e conversar com
as monitoras e pesquisadora. É um direito que teve que ser respeitado.
Assim, pesquisar neste contexto, apesar de gratificante, torna-se algumas vezes
doloroso para o pesquisador. Lidar com o sofrimento e solidão de muitos idosos, lidar com os
sentimentos de impotência que a condição dos idosos institucionalizados provoca, lidar com
as frustrações de não conseguir realizar a coleta de dados no momento em que se deseja, com
o fato de que os instrumentos podem não ser bem-recebidos ou compreendidos pelos mesmos,
dentre outras condições, torna o processo de pesquisar e intervir junto à população idosa
institucionalizada desgastante para o pesquisador e demais profissionais envolvidos.
Importante colocar que a pesquisa realizada foi desafiante, uma vez que previu e realizou
diversas etapas e atividades de pesquisa, que demandaram tempo para a realização das
atividades e para até mesmo a integração dos dados.
Todavia, apesar de todas essas dificuldades e fatores incontroláveis, considera-se
essencial realizar pesquisas com a população idosa no ambiente institucional para auxiliar os
idosos e os próprios profissionais que trabalham com essa realidade, além de aumentar o
conhecimento acerca desse fértil campo de investigação. Consonante com os pressupostos da
presente pesquisa, pressupõe-se que aos pesquisadores cabe investigar melhor como se a
relação entre estimulação e manutenção da saúde cognitiva de idosos institucionalizados, e
aos profissionais cabe a busca constante por aprender a melhor estimular e manter os idosos
saudáveis e mais independentes por mais tempo possível.
169
Porém, sabe-se que poucos são os cursos de graduação na área da saúde que preparam
os futuros profissionais para esta atividade. Além disso, são poucas as universidades com
laboratórios e linhas que estudam o envelhecimento, e menos ainda as que se interessam pelo
idoso institucionalizado. Dentre os profissionais da saúde, os psicólogos possuem grande
papel. Para Néri (2004), o aumento da duração da vida humana e do número de idosos na
população configura um contexto propício para a realização de estudos e de intervenções em
psicologia. Nesse sentido, a psicologia do envelhecimento pode focalizar, dentre outros
assuntos, as mudanças nos desempenhos cognitivos, afetivos e sociais.
Quanto aos estudos de treino, e igualmente de prática de atividades cognitivas, estes
divergem não somente quanto à duração, mas em particular, quanto às estratégias ensinadas e
à metodologia empregada, havendo na literatura grande diversidade quanto à magnitude dos
efeitos, sua generalização para tarefas não treinadas e manutenção a longo prazo. As
evidências a favor das estratégias como mecanismo responsável pelo ganho gerado pelo treino
são até o momento preliminares. Outros mecanismos explicativos devem ser examinados para
que os componentes essenciais das intervenções de memória sejam determinados (Yassuda et
al., 2006).
No Brasil, ainda segundo Yassuda e colaboradores (2006), o estudo sobre treino
cognitivo no envelhecimento encontra-se em seus estágios iniciais e recebe tímida atenção
dos pesquisadores. Os efeitos produzidos pelos treinos, entretanto, os tornam amplamente
justificados. Deve-se ressaltar uma vez mais a relevância do tema, visto que a função
cognitiva do idoso está relacionada à sua saúde e qualidade de vida. Próximos estudos devem
testar a eficácia de diferentes tipos de intervenção, sempre visando à obtenção de resultados
duradouros e que se generalizem para os desafios cognitivos diários dos nossos idosos.
Juntamente com a necessidade de que pesquisas e intervenções sejam feitas com a
população idosa, inclusive com a institucionalizada, há a necessidade de que uma nova
concepção do idoso seja formada. Como Uchôa (2003) bem analisa, delimitado inicialmente a
partir de sua dimensão biológica, o envelhecimento foi associado à deterioração do corpo e,
em conseqüência, tratado como uma etapa da vida caracterizada pelo declínio. Cristalizou-se,
assim, uma visão orgânica do envelhecimento. Entretanto, estudos realizados em sociedades
não ocidentais tornaram conhecidas imagens bem mais positivas da velhice e do
envelhecimento, questionando a universalidade da visão ocidental e ensinando que uma
representação de velhice enraizada nas idéias de deterioração e perda não é universal. O
mesmo autor ainda menciona Corin (1985) para ressaltar que a velhice é, geralmente, descrita
no Ocidente em termos negativos (perda, falta) do que é valorizado socialmente. Esta
170
exacerbação da visão deficitária do envelhecimento estaria ligada à maneira pela qual a
velhice no Ocidente situa-se na contracorrente de uma sociedade centrada na produção, no
rendimento, na juventude e no dinamismo.
De modo apropriado, novos estudos das neurociências têm contribuído para uma nova
visão sobre o envelhecimento ao pensar e sugerir estratégias que servem de fator protetor para
a saúde cognitiva (Silver et al., 2001; Erickson & Barnes, 2003; Argimon & Stein, 2005)
mostrando que declínio cognitivo não é uma conseqüência inevitável do processo de
envelhecer. Entretanto, parece existir uma falta de difusão do conhecimento geriátrico e do
conhecimento oriundo das ciências cognitivas junto aos profissionais da saúde.
Cabe a todos os profissionais ligados a essa temática, todavia, buscar o
aperfeiçoamento necessário para aumentar seu arsenal teórico, prático e científico, que
conta de atender à demanda proporcionada por toda a população idosa, seja ela a
institucionalizada, a que vive na comunidade com suas famílias, a hospitalizada, etc.
Imprescindível também, como Silvestre e Neto (2003) ressaltam, é a necessidade de o
profissional estar voltado à criação de novos valores, colaborando com uma nova concepção
de ser idoso, trabalhando mais a saúde do que a doença e por meio do trabalho
interdisciplinar. Ainda conforme os autores, os profissionais não devem aceitar apenas a
longevidade do ser humano como a principal conquista da humanidade contemporânea, e,
portanto, devem lutar para que o idoso tenha garantida uma vida com qualidade, felicidade e
ativa participação em seu meio. A noção de que existem “coisas da idade” já determinadas
deve ser combatida, e logo, deve-se pensar em possibilidades e maneiras de prevenir declínios
cognitivos com o avanço da idade e promover saúde ao idoso.
É cabível complementar que o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda é bastante
precário, e este apoio e dedicação não cabem somente aos profissionais que lidam com essa
temática. O Estado possui um papel preponderante na promoção, proteção e recuperação da
saúde do idoso (Gordilho et al., 2001), e por isso, apesar de priorizar o cuidado familiar e
colocar a institucionalização em segundo plano, deve dar conta de buscar formas de
promover, proteger e recuperar o idoso que se encontra mais fragilizado e esquecido, que é o
idoso institucionalizado. necessidade de políticas públicas voltadas ao bem-estar da
população idosa, inclusive a população idosa institucionalizada. Políticas públicas de saúde
também devem incentivar um estilo de vida ativo, visando melhorias na qualidade de vida das
pessoas de todas as idades, principalmente nas idosas, onde os riscos da inatividade física se
potencializam (Silva & Nahas, 2002). Assim, está claro que as pessoas têm a responsabilidade
171
de buscar e adotar estilos de vida saudáveis e ativos, mas de maneira alguma essa
responsabilidade retira a do Estado.
A compreensão de que se deve priorizar ações de saúde voltadas para o idoso
saudável, aliadas a programas qualificados para os doentes, é uma concepção de cuidado
aceita por muitos gestores da saúde, mas ainda pouco implementada (Lourenço, Martins,
Sanchez & Veras, 2005). O objetivo da Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) aprovada
em 1999 é permitir um envelhecimento saudável, o que significa preservar a capacidade
funcional, a autonomia e manter o nível de qualidade de vida. A PNSI estabelece as diretrizes
essenciais que norteiam a definição ou redefinição dos programas, planos, projetos e
atividades do setor saúde na atenção integral às pessoas em processo de envelhecimento e à
população idosa. Essas diretrizes são: promoção do envelhecimento saudável; a manutenção
da capacidade funcional; a assistência às necessidades de saúde do idoso; a reabilitação da
capacidade funcional comprometida; a capacitação de recursos humanos especializados; o
apoio ao desenvolvimento de cuidados informais; e o apoio a estudos e pesquisas (Gordilho et
al., 2001). Entretanto, se não se verifica na prática a implementação da proposta da PNSI na
população idosa que vive na comunidade com suas famílias, nos idosos que vivem em
Instituições de Longa Permanência para Idosos tal proposta está ainda mais distante.
Devido à inexistência de programas focalizados para idosos que habitam em
instituições asilares, este fato prejudica a promoção em saúde para este contingente
populacional, tornando o asilo um ‘depósitos de velhos’ (Araújo, Coutinho & Saldanha,
2005). Para Zaitune e colaboradores (2007), as políticas públicas voltadas à promoção de
qualidade de vida devem privilegiar, em especial, os segmentos socialmente mais
desfavorecidos evitando um crescimento das desigualdades sociais na morbi-mortalidade e
assegurando maior eqüidade na adoção de comportamentos favoráveis à saúde.
Duarte e Santos (2004) igualmente mostram preocupação para o fato de a sociedade
não estar preparando seus filhos para o cuidado com os velhos que um dia também virão a ser.
Dessa forma, com a demanda crescente da institucionalização dos idosos, é preciso então que
a qualidade do cuidado prestado pelas instituições seja capaz de oferecer essa assistência da
melhor maneira possível. Nesse contexto, atitudes vinculadas ao bem-estar do idoso,
estimulando a preocupação consigo, sua autonomia, sua auto-estima e sociabilidade,
constituem-se em práticas sociais preventivas, contrárias à condição humana quase inerte que
muitas vezes permeia a visão assistencialista de vários organismos sociais. Assim, programas
de estimulação para que os idosos institucionalizados se mantenham cognitivamente e
172
fisicamente saudáveis por mais tempo são urgentes para que os mesmos usufruam também de
um envelhecimento com qualidade de vida.
Analisando o exposto nos últimos capítulos, acredita-se que esta pesquisa contribuiu
ao propor programas de estimulação (prática de atividades cognitivas e de atividades físicas) e
realizando intervenções cujos benefícios foram maiores dos que os medidos na própria
pesquisa. No entanto, a temática da busca por resultados de intervenções de estimulação em
idosos institucionalizados ainda está longe de ser esgotada e necessitam-se outras pesquisas
que proponham, avaliem e mesmo repliquem experimentos, visando alcançar resultados mais
sólidos frente a essa investigação. Da mesma maneira, pesquisas nesta área têm muito a
auxiliar e acrescentar nas intervenções e pesquisas no campo da Psicologia. Demanda-se,
ainda, o crescimento de linhas e áreas de estudo do envelhecimento no Brasil e principalmente
no sul do país.
Mesmo que a estimulação através de atividades cognitivas e atividades físicas seja
apenas um dos meios coadjuvantes para se alcançar maior bem-estar e qualidade de vida aos
idosos institucionalizados - tendo em vista que a existência de diversos fatores, tais como os
sociais, os biológicos e os psicológicos, torna essa problemática complexa -, ainda assim sua
prática deve ser incentivada. Em termos de políticas públicas, este estudo contribui para a
importância de se alertar os recursos humanos a estimularem e acolherem melhor os idosos
institucionalizados, bem como contribui para a elaboração de políticas de construção de
instituições de longa permanência para idosos, visando que as mesmas adequem recursos
disponíveis e suas rotinas visando estimular seus idosos para que os mesmos usufruam de um
envelhecimento mais digno e saudável.
Por fim, os resultados encontrados na pesquisa confirmam a hipótese de que
programas de estimulação, e neste caso, prática de atividades cognitivas e atividades físicas,
produzem efeitos positivos (embora não estatisticamente significativos) na capacidade
cognitiva geral, na memória de trabalho e na depressão de idosos institucionalizados, sendo
que os idosos que participaram de um programa de treze sessões de atividades físicas
obtiveram maiores benefícios na depressão, enquanto os que participaram de um programa de
vinte e duas sessões de atividades cognitivas obtiveram maiores benefícios na capacidade
cognitiva geral. O histórico de vida dos participantes influenciou nas respostas às diferentes
testagens e intervenções, contribuindo para a melhor compreensão dos resultados, e esses, por
sua vez, confirmaram a noção de que estimulação mental e física é favorável à saúde
cognitiva e ao bem-estar de idosos institucionalizados. Cabe ressaltar que, se os programas de
estimulação implementados já produziram efeitos positivos em seus participantes através da
173
realização de atividades cognitivas e físicas num curto período de tempo, programas de
treinamento cognitivo de maior longa duração, visando a reabilitação cognitiva, e de
exercícios físicos mais condicionados, provavelmente produziram ainda mais efeitos
positivos, caso esses programas fossem apreciados pelos idosos institucionalizados.
Outros estudos internacionais e nacionais que investigam programas de estimulação e
igualmente encontram tendências de melhora cognitiva dos participantes, também parecem ter
dificuldade para encontrar resultados estatisticamente significativos (Clare & Woods, 2004).
Assim, é urgente a necessidade de mais pesquisas na área que comprovem a relação entre
estimulação e saúde cognitiva e igualmente verifiquem se os resultados encontrados nos
instrumentos são transferidos para a vida diária dos idosos. O aumento da população idosa, a
demanda crescente pela institucionalização de idosos e a realidade dessa institucionalização
demandam um trabalho sério dos pesquisadores e profissionais da área que se preocupam com
a qualidade de vida da população e com o bem-estar daqueles que fizeram muito e podem
continuar a fazer. Garantir um envelhecimento saudável cabe não somente a nós, mas a toda
sociedade, que deve estabelecer prioridades. A ciência mostra as diretrizes, mas optar por
seguí-las dependerá também de oportunidades.
174
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pacientes jovens: análise de 164 casos. Arquivos de Neuropsiquiatria, 59(3-B), 740-745.
195
VIII. APÊNDICES
196
1.
Formulário de caracterização geral e auto-avaliação dos idosos
ORIENTAÇÕES PARA O PREENCHIMENTO
Pergunte ao idoso e preencha o que ele responder, repita para ele a resposta para se certificar de que a alternativa
marcada foi a correta. Peça ao idoso que responda diretamente a pergunta e deixe-o livre para fazer comentários
sobre as questões.
CARACTERIZAÇÃO DO PARTICIPANTE
ID:_____________________Asilo:______________________________
A ser respondido pela enfermeira ou responsável do Asilo (o que não souber responder, deve ser perguntado
para o idoso)
Nome do
Idoso:_______________________________________________________________________________
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Data de Nascimento:______________________________
Tempo de asilamento:___________________________________________________________________
Atividades rotineiras do idoso:
I= é independente; A= precisa assistência, D= é dependente.
Tomar Banho: (I) Não precisa de ajuda
(A) Precisa de ajuda para lavar apenas uma parte do corpo (costas ou pernas).
(D) Precisa de ajuda para higiene completa (ou não toma banho).
Vestir-se:
(I) Pega as roupas e veste-se sem nenhuma ajuda.
(A) Pega as roupas e veste-se sem ajuda, com exceção de amarrar os sapatos.
(D) Precisa de ajuda para pegar as roupas ou para vestir-se, ou fica parcial ou
completamente não vestido.
Ir ao banheiro:
(I) Vai ao banheiro, faz a higiene, e se veste sem ajuda (mesmo usando um objeto para
suporte como bengala, andador, cadeira de rodas, e pode usar urinol à noite,
esvaziando este de manhã).
(A)Recebe ajuda para ir ao banheiro, ou para fazer a higiene, ou para se vestir depois
de usar o banheiro, ou para uso do urinol a noite.
(D)Não vai ao banheiro para fazer suas necessidades.
Locomoção:
(I) Entra e sai da cama, assim como da cadeira, sem ajuda (pode estar usando objeto
para suporte, como bengala ou andador).
(A) Entra e sai da cama ou da cadeira com ajuda.
(D) Não sai da cama.
Continência:
(I) Controla a urina e movimentos do intestino completamente por si próprio.
(A) Tem acidentes ocasionais.
(D) Supervisão ajuda a manter controle de urina ou intestino, cateter é usado, ou é
incontinente.
Alimentação:
(I) Alimenta-se sem ajuda.
(A) Alimenta-se, com exceção no caso de cortar carne ou passar manteiga no pão.
(D) Recebe ajuda para se alimentar ou é alimentado parcial ou completamente por
meio de tubos ou fluidos intravenosos.
Toma algum medicamento? ( ) sim ( ) não
Qual(is)?_____________________________________________________________________________
Já teve alguma doença importante?
Qual?________________________________________________________________________________
Apresenta algum problema de saúde? ( ) não ( ) sim , qual(is):
_____________________________________________________________________________________
Já teve algum diagnóstico clínico de depressão? ( )sim ( )não
Caso afirmativo, a quanto tempo? ________ Tomou medicamentos? ( ) sim ( )não
Ainda sofre de depressão: ( )não ( ) sim ( ) tem crises ocasionalmente
Toma medicamento antidepressivo? ( ) sim ( )não
Necessita o uso de cadeiras de rodas? Se sim, qual o
motivo?______________________________________________________________________________
Informações adicionais: _________________________________________________________________
197
A ser respondido pelo idoso:
Estatura:_______cm Peso:_______Kg Religião:____________________________________
1)Escolaridade máxima completa?
( ) Nenhuma ( ) Primário ( ) Ginásio ou 1º grau ( ) grau completo (científico, técnico)
( ) Curso superior
2)Sabe ler? ( ) sim ( )não
3)Consegue escrever ( ) sim ( )não
4)Lateralidade: (1) destro (2) canhoto (3) ambidestro (pergunte pedindo para que o idoso pegue um objeto
e depois pergunte com qual mão ele come, escreve e recorta)
5)Você fuma? ( )Sim ( )Não
6)Quantos cigarros você fuma por dia: _________
META-COGNIÇÃO
7) Como o(a) senhor(a) avalia sua memória?
( ) Péssima. ( ) Ruim. ( ) Regular. ( ) Boa. ( ) Excelente.
8) Em relação a cinco anos atrás, a sua memória atualmente está:
( )Muito pior ( )Pior ( )Igual ( )Melhor
( )Muito Melhor
9) Como o(a) senhor(a) avalia a sua concentração?
( ) Péssima. ( ) Ruim. ( ) Regular. ( ) Boa. ( ) Excelente.
10) Como você avalia sua capacidade para aprender coisas novas?
( ) Péssima. ( ) Ruim. ( ) Regular. ( ) Boa. ( ) Excelente.
11) Em relação a cinco anos atrás, a sua capacidade para aprender coisas novas atualmente está:
( )Muito pior ( )Pior ( )Igual ( )Melhor
( )Muito Melhor
12) Você acha difícil entender o que lê? ( )Sim ( )Às vezes ( )Não
13) Fatos que você acha interessantes são fáceis para lembrar?
( )Sim ( )Às vezes ( )Não
14) Você considera que tem uma vida intelectualmente ativa (lê livros, revistas, joga, etc)?
( )sim ( ) não
15) Gostaria de ter uma vida mais intelectualmente ativa? ( )sim ( )não
16) O(a) senhor(a) costuma adotar estratégias para se lembrar das coisas, tal como usar uma agenda para marcar
datas, etc? ( )sim ( )não
- Se sim, acredita que elas ajudam o(a) senhor(a) a se lembrar das coisas?
( )sim ( )pouco ( )não
17) O(a) senhor(a) acredita que, se treinar e exercitar a memória e a concentração, pode melhorá-las?
( )sim ( )não sei ( )não
HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, COGNITIVA E LAZER
18) Sobre seu histórico de atividade física, você praticou atividade física ou esportes:
( ) Não praticava. ( )Poucas vezes ( ) Às vezes ( )Muitas vezes ( ) Freqüente/atleta
19) Que tipo(s) de atividade física ou esportiva você praticava regularmente?
_________________________________________________________________________________________
20) O que o(a) senhor(a) costuma fazer para passar o tempo?
_________________________________________________________________________________________
21) Qual o seu passatempo preferido?
_________________________________________________________________________________________
22) Quanto tempo por dia o(a) sr(a) assiste tv?
( )menos de uma hora ( )de 1 a 3 horas ( )de 3 a 6 horas ( )mais de 6 horas
23) O(a) senhor(a) costuma realizar alguma leitura? ( ) sim ( ) não
24)O que o(a) senhor(a) costuma ler?
_________________________________________________________________________________________
25) Com que freqüência você realiza estas leituras? _______ vezes por semana
26) Qual o número de livros lidos por prazer nos últimos 3 meses:
( )nenhum ( ) 1 a 2 ( )2 a 3 ( ) mais de 3
27) O(a) senhor(a) costuma jogar ou fazer atividades tipo palavras-cruzadas, quebra-cabeças, baralho, etc? ( )
sim ( ) não
Quais?____________________________________________________________________________________
28) O(a) senhor(a) conhece as cartas de baralho? ( )sim ( )não
198
29) Na época da sua juventude, o(a) senhor(a) tinha o hábito de leitura, jogos cognitivos tais como quebra-
cabeças, etc? ( )sim ( )não Quais?_________________________________________
30) Atualmente o(a) senhor(a) gosta de praticar atividade física ou esportes?
( ) não absolutamente ( ) pouco ( ) médio ( ) muito ( ) demais
31) O(a) senhor(a) gosta de jogar quebra-cabeças, palavras-cruzadas, jogos de memória, etc?
( ) não absolutamente ( ) pouco ( ) médio ( ) muito ( ) demais
32) O(a) senhor(a) gosta de ler?
( ) não absolutamente ( ) pouco ( ) médio ( ) muito ( ) demais
REPOUSO
33) Como o(a) senhor(a) avalia a qualidade do seu descanso ou repouso?
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Excelente
34) O(a) senhor(a) apresenta alguma dificuldade para dormir?
( ) nenhuma ( ) pouca ( ) média ( ) muita ( ) demais
AMBIENTE DO ASILO e RELAÇÕES SOCIAIS
35) Como é o seu relacionamento com os (as) idosos (as) aqui do asilo?
( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Excelente
36) O ambiente do asilo te incomoda de alguma forma?
( ) Nunca ( ) Um pouco ( ) Médio ( ) Muito ( ) Demais
37) O(a) senhor(a) confia nos seus amigos (ou em apenas 1) para contar as coisas importantes?
( ) sim ( ) não
38) O(a) senhor(a) gosta de fazer novas amizades? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes
39) Se o(a) senhor(a) pudesse morar sozinho(a), aceitaria?
( ) sim ( ) não ( )não sabe
40) O(a) senhor(a) participa de alguma atividade no asilo? ( ) sim ( )não ( )às vezes
Qual(is)?_____________________________________________________________________________
41) Existe alguma coisa que te incomode no ambiente do asilo?
_____________________________________________________________________________________
FÉ – ESPIRITUALIDADE
42) O(a) senhor(a) acredita em Deus ou em um ser superior a nossa existência no planeta?
( )Não creio de
forma nenhuma 0%
( ) Tenho muitas
dúvidas/ 25%.
( )Creio. Moderado.
Tenho dúvidas/ 50%.
( ) Creio muito.
Poucas dúvidas75%
( ) Creio
totalmente/ 100%.
43)Em sua opinião, caso o(a) senhor(a) esteja doente e seus familiares, amigos e outras pessoas de fé rezem,
orem pedindo intencionalmente a Deus por sua recuperação, você acredita que isto:
( ) Não ajuda ( ) Ajuda pouco ( ) Média ajuda ( ) Ajuda muito ( ) Ajuda total
44) O(a) senhor(a) costuma fazer orações?
( )Nunca ( ) Poucas vezes ( )Às vezes ( ) Frequentemente ( ) Muito frequentemente
45) O(a) senhor(a) acredita que a sua fé em Deus ou em um ser superior a nossa existência a auxilia em sua
vida?
( )Não creio de
forma nenhuma
( ) Tenho muitas
dúvidas
( )Creio. Moderado.
Tenho dúvidas
( ) Creio muito.
Poucas dúvidas
( ) Creio
totalmente
199
2.
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
Roteiro de perguntas da entrevista 1 (pré-teste):
1- Como o(a) senhor(a) descreveria a sua história de vida? Descreva os principais fatos da sua
trajetória até aqui:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2- Qual foi a sua ocupação durante a maior parte da sua vida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3- Quais as atividades de lazer que você costumava fazer?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4- No passado, costumava ler, escrever, ou jogar jogos que gostasse muito?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5 - Costumava praticar alguma atividade física ou esporte no passado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Roteiro de perguntas da entrevista 2 (pós-teste):
1 - O que o(a) senhor(a) achou das atividades que foram desenvolvidas nos últimos três
meses?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2 - O que o(a) senhor(a) mais gostou nas atividades?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3 - O que o(a) senhor(a) menos gostou nas atividades?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4 - O(a) senhor(a) sentiu algum efeito das aulas? O que mudou com as aulas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5 - Mais alguma coisa que o(a) senhor(a) gostaria de falar?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
200
3.
AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
Declaro ter conhecimento sobre o projeto de pesquisa “Estimulação em idosos
institucionalizados: efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas”, e autorizo
a pesquisadora aqui denominada por Lorine Tavares, mestranda em Psicologia, a
responsabilidade, juntamente com o seu orientador, o Prof. Dr. Emílio Takase, pelo
desenvolvimento e respectiva conclusão da pesquisa com os idosos desta instituição.
________________________________________
Assinatura do Responsável
Cargo: ______________________________________
Florianópolis, ______/________/__________
201
4.
DECLARAÇÃO
Declaro para os devidos fins e efeitos legais que, objetivando atender as
exigências para a obtenção de parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, e
como representante legal da Instituição, tomei conhecimento do projeto de pesquisa:
“Estimulação em Idosos Institucionalizados: Efeitos da Prática de Atividades Cognitivas e
Atividades Físicas”, e cumprirei os termos da Resolução CNS 196/96 e suas complementares,
e como esta instituição tem condição para o desenvolvimento deste projeto, autorizo a sua
execução nos termos propostos.
________________________________________
Assinatura do Responsável
Cargo:________________________________________
Florianópolis, / /
202
5.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado(a) Senhor(a):
Meu nome é Lorine Tavares, e sou aluna do Programa de Mestrado em Psicologia da
Universidade Federal de Santa Catarina. Estou desenvolvendo, sob orientação do Prof.Dr.
Emílio Takase, uma pesquisa intitulada: Estimulação em Idosos Institucionalizados: efeitos
da prática de atividades cognitivas e atividades físicas.
Os idosos podem apresentar problemas de saúde decorrentes do avanço da idade, e
também podem apresentar problemas de memória e concentração. Assim, este projeto tem
como objetivo verificar os efeitos de um programa de três meses de atividades cognitivas e de
atividades físicas no bem estar dos idosos.
O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar do programa de atividades que
será composto por atividades físicas de leve intensidade, e/ou jogos e dinâmicas para
estimular a memória e a concentração. O programa acontecerá no asilo, duas vezes por
semana com duração de uma hora cada atividade, por um período aproximado de três meses.
Para participar, o(a) senhor(a) terá que dispor um tempo para testes e para as
atividades. Primeiramente serão feitas entrevistas onde o(a) senhor(a) responderá a perguntas
gerais e de auto-avaliação da sua saúde, bem estar, história de vida, memória, entre outras.
Após as avaliações terem sido realizadas, as atividades começarão, sendo monitoradas por
uma Psicóloga, estudantes de Psicologia e Educação Física. Após três meses, o(a) senhor(a)
novamente realizará as avaliações, com o objetivo de verificarmos se o programa trouxe
benefícios à sua saúde.
Garantimos o sigilo dos seus dados, pois cada participante será identificado por
números e não pelo nome. O(a) senhor(a) terá vantagens em participar do estudo, entre elas a
oportunidade de participar de um grupo de atividades que visam o seu bem-estar e a
possibilidade de colaborar com a ciência. O(a) senhor(a) pode se retirar do estudo a
qualquer momento e poderá tirar dúvidas a qualquer hora com a pesquisadora e monitora das
atividades. O envolvimento na pesquisa apresenta risco mínimo para os participantes, ou seja,
os riscos não são maiores nem mais prováveis do que aqueles ligados a atividades da vida
diária.
Solicitamos a vossa autorização para o uso de seus dados para a produção de artigos
científicos. A sua identificação será mantida em sigilo, pois seu nome não será apresentado na
pesquisa.
Agradecemos a vossa participação e colaboração
Contato: Lorine Tavares – tel (47)99145560; (47)33671902; l[email protected]
Professor Dr.Emílio Takase – tel (48)91118601; [email protected]
203
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre t
odos os procedimentos da pesquisa “Estimulação em Idosos
Institucionalizados: Efeitos da Prática de Atividades Cognitivas e
Atividades Físicas”, que tem
como objetivo verificar os efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas na
capacidade cognitiva geral, memória e depressão d
os idosos. Fui convidado e concordei em
participar das avaliações iniciais, do programa de atividades cognitivas e/ou de atividades físicas
, e
das avaliações finais do projeto. Os pesquisadores estarão à disposição
para tirar quaisquer dúvidas
relacionadas a pesquisa. Recebi de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao
projeto e sei que todos os dados a meu respeito serão sigilosos.
Nome por extenso _________________________________________________________ .
Assinatura _____________________________________ Florianópolis, ____/____/____ .
204
6.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado(a) Senhor(a):
Meu nome é Lorine Tavares, e sou aluna do Programa de Mestrado em Psicologia da
Universidade Federal de Santa Catarina. Estou desenvolvendo, sob orientação do Prof.Dr.
Emílio Takase, uma pesquisa intitulada: Estimulação em Idosos Institucionalizados: efeitos
da prática de atividades cognitivas e atividades físicas.
Os idosos podem apresentar problemas de saúde decorrentes do avanço da idade, e
também podem apresentar problemas de memória e concentração. Assim, este projeto tem
como objetivo verificar os efeitos de um programa de três meses de atividades cognitivas e de
atividades físicas no bem estar dos idosos.
O(a) senhor(a) está sendo convidado(a) a participar do programa de atividades que
será composto por atividades físicas de leve intensidade, e/ou jogos e dinâmicas para
estimular a memória e a concentração. O programa acontecerá no asilo, duas vezes por
semana com duração de uma hora cada atividade, por um período aproximado de três meses.
Para participar, o(a) senhor(a) terá que dispor um tempo para testes e para as
atividades. Primeiramente serão feitas entrevistas onde o(a) senhor(a) responderá a perguntas
gerais e de auto-avaliação da sua saúde, bem estar, história de vida, memória, entre outras.
Após as avaliações terem sido realizadas, as atividades começarão, sendo monitoradas por
uma Psicóloga, estudantes de Psicologia e Educação Física. Após três meses, o(a) senhor(a)
novamente realizará as avaliações, com o objetivo de verificarmos se o programa trouxe
benefícios à sua saúde.
Garantimos o sigilo dos seus dados, pois cada participante será identificado por
números e não pelo nome. O(a) senhor(a) terá vantagens em participar do estudo, entre elas a
oportunidade de participar de um grupo de atividades que visam o seu bem-estar e a
possibilidade de colaborar com a ciência. O(a) senhor(a) pode se retirar do estudo a
qualquer momento e poderá tirar dúvidas a qualquer hora com a pesquisadora e monitora das
atividades. O envolvimento na pesquisa apresenta risco mínimo para os participantes, ou seja,
os riscos não são maiores nem mais prováveis do que aqueles ligados a atividades da vida
diária.
Solicitamos a vossa autorização para o uso de seus dados para a produção de artigos
científicos. A sua identificação será mantida em sigilo, pois seu nome não será apresentado na
pesquisa.
Agradecemos a vossa participação e colaboração
Contato: Lorine Tavares – tel (47)99145560; (47)33671902; l[email protected]
Professor Dr.Emílio Takase – tel (48)91118601; [email protected]
205
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa Estimulação em Idosos
Institucionalizados: Efeitos da Prática de Atividades Cognitivas e
Atividades Físicas”, que tem
como objetivo verificar os efeitos da prática de atividades cognitivas e atividades físicas
na
memória, na capacidade cognitiva geral e na depressão dos idosos. Como representante legal dos
idosos da in
stituição, confirmo que todos receberam informações relativas ao termo de
consentimento livre e esclarecido e informações relacionadas ao desenvolvimento da pesquisa, e
autorizo a participação destes nas avaliações iniciais, no programa de atividades, e na
s avaliações
finais do projeto. Informarei à família dos idosos sobre a pesquisa, assim como sobre a
possibilidade de o idoso se retirar do projeto a qualquer momento. Os pesquisadores estarão à
disposição para tirar quaisquer dúvidas relacionadas a pesqui
sa. Eu e os idosos recebemos de forma
clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e sabemos que todos os dados serão
sigilosos.
Nome por extenso _________________________________________________________ .
Cargo ___________________________________________________________________ .
Assinatura _____________________________________ Florianópolis, ____/____/____ .
206
7.
GRADE DE NÚMEROS
207
8.
EXERCÍCIO DA GRADE DE NÚMEROS –
(DIFERENTES NÍVEIS DE DIFICULDADE)
Exercícios realizados pelos participantes na primeira e quarta sessão do programa de
atividades cognitivas.
208
9.
ATIVIDADE REALIZADA NA SEGUNDA SESSÃO – GRUPO DE ATIVIDADES
COGNITIVAS
209
10.
CAIXA FECHADA
Utilizada na terceira, sétima, décima segunda e vigésima sessão do programa de atividades
cognitivas.
210
IX. ANEXOS
211
1.
Cadastro de Entidades Asilares - Documentação remetida pelos Promotores de Justiça
1-Casa de Repouso Santa Rita de Cássia Ltda.
Resp.: Cláudio Nicolino Filho
End.: Rua Major Livramento, 1414 (entrada p/ Antônio Carlos), BIGUAÇU/SC, CEP. 88160-
000
Fone (0xx48)243-3261;
2-Pensionato São Miguel
Resp.: Maura Iolanpio Pereira
End.: Servidão Chácara do Sol, s/nº, Praia de Baixo, São Miguel, BIGUAÇU/SC, CEP.
88160-000
Fone: (0xx48)243-4370;
3-Pensionato Taiane
Resp.: Floriano Artur Rosa
End.: Rua das Azaléias, 2791, Morro da Bina, BIGUAÇU/SC, CEP. 88160-000
Fone: (0xx48)243-4371
4-Lar Osvaldo Olipio da Silva - Amparo aos Idosos
Resp.: Maria de Lourdes Reis
End.: Rua Prof. Avelino Muller, s/nº, Bairro Vendaval, BIGUAÇU/SC, CEP. 88160-000
Fone (0xx48)243-3402;
5-Associação Irmão Joaquim
Res.: João Bosco Caminha
End.: Av. Mauro Ramos, 901, Centro, FPOLIS/SC, CEP. 88020-301
Fone: (0xx48)224-3099;
6-Residencial Geriátrico Sagrada Família
Resp.: Rita Grabner Antonelli
End.: Rua Antonio Mattos de Areia, 132, Bal. Estreito, FPOLIS/SC, CEP. 88075-110
Fone: (0xx48)348-0259;
7-OFS - Sociedade Lar São Francisco
Resp.: Helena Caminha Borba
End.: Rua Baldissero Filomeno, 2078, Alto Ribeirão, FPOLIS/SC, CEP. 88064-970
Fone: (0xx48)337-1024;
8-Lar Para Idosos Nossa Senhora Aparecida Ltda.
Resp.: Terezinha Francisca
End.: Av. Ivo Silveira, 2878, Capoeiras, FPOLIS/SC, CEP. 88085-000
Fone: (0xx48)244-2269;
9-Clínica Geriátrica Santa Inês Ltda.
Resp.: Maria Inês Simas
212
End.: Rua XV de Novembro, 263, Bal. Estreiro, FPOLIS/SC, CEP. 88075-000
Fone: (0xx48)244-1481;
10-Associação Metodista de Ação Social
Resp.: Edith Lang Sishler
End.: Rua Pastor Willian Richard Sishler, 861, Itacorubi, FPOLIS/SC, CEP. 88034-100,
Fone: (0xx48)334-4310;
11-SERTE - Sociedade Espírita de Recuperação, Trabalho e Educação
Resp.: Hélio Abreu Filho
End.: Rod. Leonel Pereira, 604, Cachoeira Bom Jesus, FPOLIS/SC, CEP. 88056-300
Fone: (0xx48)284-5249;
12-SEOVE - Sociedade Espírita Obreiros da Vida Eterna
Resp.: Regine Abreu
End.: Av. Pequeno Príncipe, 721, Campeche, FPOLIS/SC, CEP. 88063-000
Fone: (0xx48)237-4123;
13-Casa Santa Maria dos Anjos
Resp.: Laura Silva
End.: Rua Pe. Réus, s/nº, Caminho Novo, PALHOÇA/SC, CEP. 88130-000
Fone: (0xx48)242-2478;
14-Lar dos Velhinhos de Zulma
Resp.: Cecília Maria Coelho Noronha End.: Av. Irineu Bornhausen, 119, Campinas, SÃO
JOSÉ/SC, CEP: 88111-300
Fone: (0xx48)241-0981;
15-Centro Vivencial Para Pessoas Idosas
Resp.: Vera Catarina Luz Miranda
End.: Rua Domingos Filomeno, s/nº, Centro, SÃO JOSÉ/SC, CEP. 88103-450
Fone (0xx48)247-0851 Obs.: Não confirmado
16-Orionópolis Catarinense
Resp.: Pe. Luigi Angelo Frizon
End.: Rua Frederico Afonso, 5568, Centro, SÃO JOSÉ/SC, CEP. 88114-000
Fone: (0xx48)343-0087
213
2.
MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL
Identificação: _________________
ITENS Pontuação
Obtida
Pontuação
Máxima
ORIENTAÇÃO TEMPORAL
Que ano estamos?Em que mês estamos?
Que dia do mês é hoje?
Que dia da semana é hoje?
Qual a estação do ano?
( )
5
ORIENTAÇÃO ESPACIAL
Em que estado estamos?
Em que país?
Em qual cidade?
Em que bairro, ou rua próxima?
Que lugar é este aqui?
( )
5
MEMÓRIA IMEDIATA
Repetir as 3 palavras: gelo, leão, vaso
( )
3
ATENÇÃO E CÁLCULO
subtração de setes seriadamente
100-7 = 93-7= 86-7= 79-7= 72-7= 65
( )
5
MEMÓRIA RECENTE
Quais as três palavras que você repetiu antes?
( ) 3
LINGUAGEM
Mostrar um relógio de pulso e uma caneta e pedir os nomes
( )
2
Repetir: “nem aqui, nem ali, nem lá” ( ) 1
Comando: Pegue este papel com a mão direita (1 ponto), dobre-o ao meio (1
ponto) e coloque-o no chão (1 ponto).
( ) 3
Leia e obedeça: “feche os olhos” ( ) 1
Escreva uma sentença (ela deve conter sujeito e verbo, não precisa corrigir
erros gramaticais)
( ) 1
Copie o desenho (estará correto se existirem 10 ângulos, dos quais dois devem
estar interseccionados)
( ) 1
TOTAL DE PONTOS ( ) 30
214
3.
ESCALA DE DEPRESSÃO EM GERIATRIA
Identificação: _________________________________
Pergunta Escore
NÃO SIM
1- Você está basicamente satisfeito com a sua vida? 1 0
2- Você deixou muitos de seus interesses e atividades? 0 1
3- Você sente que sua vida está vazia? 0 1
4- Você se aborrece com freqüência? 0 1
5- Você se sente de bom humor a maior parte do tempo? 1 0
6- Você tem medo que algum mal vá lhe acontecer? 0 1
7- Você se sente feliz a maior parte do tempo? 1 0
8- Você sente que a sua situação não tem saída? 0 1
9- Você prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? 0 1
10- Você se sente com mais problemas de memória do que a maioria? 0 1
11- Você acha maravilhoso estar vivo? 1 0
12- Você se sente inútil nas atuais circunstâncias? 0 1
13- Você se sente cheio de energia? 1 0
14- Você acha que sua situação é sem esperanças? 0 1
15- Você sente que a maioria das pessoas está melhor do que você? 0 1
TOTAL DE PONTOS
215
4.
PONTUAÇÃO RAVLT
Nome: Examinador:
Data de nascimento: Data:
Escolaridade:
Lista A A1
A2
A3
A4
A5
Lista B B1
A6
Lista A
TAMBOR
MESA
TAMBOR
CORTINA
POLÍCIA
CORTINA
SINO
PÁSSARO
SINO
CAFÉ
SAPATO
CAFÉ
ESCOLA
FOGÃO
ESCOLA
PAI
MONTANHA
PAI
LUA
ÓCULOS
LUA
JARDIM
TOALHA
JARDIM
CHAPÉU
NUVEM
CHAPÉU
FAZENDEIRO
BARCO
FAZENDEIRO
NARIZ
CARNEIRO
NARIZ
PERU
REVÓLVER
PERU
COR
LÁPIS
COR
CASA
IGREJA
CASA
RIO
PEIXE
RIO
# Respostas
corretas
# Respostas
Corretas
TOTAL A1 a A5= _________________________
DIFER. A6 – A5=__________________________
Reconhecimento: # palavras corretamente identificadas______________
RECONHECIMENTO:
COZINHA SOL TAMBOR PORTA CADEIRA MEL
CORTINA RUA SINO LEITE ARROZ CAFÉ
FARMÁCIA ESCOLA TIA PAI LUA MÃO
JARDIM FLOR CHAPÉU MAÇÃ FAZENDEIRO NARIZ
PASTO IGLÚ PERU TINTA COR
TOCA PRÉDIO CASA MAR FILHO RIO
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