Resumo
Custódio MR. Avaliação do efeito isolado do fósforo e do paratormônio sobre
o tecido cardíaco de ratos urêmicos paratireoidectomizados [tese]. São
Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2007. 70p.
A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de mortalidade nos
pacientes com doença renal crônica (DRC) e a hipertrofia de ventrículo
esquerdo (HVE), a alteração mais freqüente. A remodelação cardíaca (RC)
patológica ocorre em resposta a agressões como sobrecarga de volume ou
de pressão e é influenciada por ativação neurohormonal, fatores locais,
inflamação, isquemia, necrose e apoptose celular. Os miócitos são as
principais células envolvidas na RC. Avaliamos o papel da hiperfosfatemia e
do paratormônio (PTH) em animais urêmicos. Trinta e dois ratos Wistar
machos foram submetidos à paratireoidectomia (PTX) e nefrectomia (Nx),
com reposição contínua de PTH em concentração fisiológica (PTHf= 0,022
μg/100g/h) ou elevada (PTHe=0,11μg/100g/h). Os animais sham (N=16)
foram operados e recebiam infusão de veículo. Apenas o conteúdo de
fósforo nas dietas era diferente, ou seja: pobre=0,2% (pP) ou rica em
fósforo=1,2% (rP). Dividimos os animais em 6 grupos: Sham: Sham-pP (G1),
Sham-rP (G2); PTX+Nx: PTHf-pP (G3), PTHf-rP (G4), PTHe-pP (G5), PTHe-
rP (G6). Semanalmente determinamos o peso e a pressão arterial caudal.
Creatinina, fósforo, cálcio PTH e hematócrito foram analisados. Após 8
semanas os animais foram sacrificados. A hipertrofia e fibrose miocárdicas
foram analisadas com o sistema digital Leica. O peso do coração corrigido
por 100g peso corporal foi maior nos grupos G5 e G6 e apresentou uma
correlação positiva com hipertrofia e fibrose miocárdica. A hipertrofia e
fibrose foram menores no G3, quando comparado aos grupos Nx. A
hipertrofia miocárdica foi maior no G6, evidenciando o papel do P neste
processo. A fibrose mocárdica ocorreu principalmente em subendocárdio e
foi mais intensa no G6. Analisamos a expressão do fator transformador de
crescimento (TGF-β) e angiotensina II que foram mais intensas nos grupos
G5 e G6. As lesões das artérias coronarianas foram avaliadas de forma
semi-quantitativa e os animais G5 e G6 mostraram calcificações de camada
média. A expressão da α-actina se correlacionou negativamente com as
lesões coronarianas. Nossos resultados demonstraram a importância do
fósforo e PTH na fisiopatologia da DCV, sendo necessário um melhor
controle destes elementos para prevenção de mortalidade nos pacientes
com DRC.
Descritores: doença cardiovascular, hiperfosfatemia, paratormônio,
hipertrofia de ventrículo esquerdo, remodelação cardíaca, fibrose,
angiotensina II, calcificação vascular.