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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
"Estudo dos efeitos de Kalanchoe brasiliensis (Saião)
na linfopoese B e T."
Luciana Souza de Paiva
Tese de Doutorado apresentada
ao Instituto de Microbiologia
Professor Paulo de Góes, visando
a obtenção do grau de Doutor em
Ciências.
INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA
RIO DE JANEIRO
2008
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Estudo dos efeitos de Kalanchoe brasiliensis (Saião) na linfopoiese B e T
Luciana Souza de Paiva
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências (Microbiologia), Instituto de
Microbiologia Prof. Paulo de Góes, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Doutor em Ciências
(Microbiologia).
Orientador: Dr. Alberto Félix Antônio da Nóbrega
Co-orientadora: Drª Vivian M Rumjanek
Rio de Janeiro
Janeiro de 2008
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Estudo dos efeitos de Kalanchoe brasiliensis (Saião) na linfopoiese B e T
Luciana Souza de Paiva
Orientador: Dr. Alberto Félix Antônio da Nóbrega
Co-orientadora: Drª Vivian M Rumjanek
Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em Ciências
(Microbiologia), do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Doutor em Ciências (Microbiologia)
Aprovada por:
__________________________________________________________________
Dr. Alberto Félix Antônio da Nóbrega - Prof. Adjunto do IMPPG/UFRJ (orientador)
__________________________________________________________________
Dr. François Germain Noel - Prof. Titular do ICB /UFRJ
__________________________________________________________________
Drª Maria Isabel Dória Rossi – Profª Adjunta do ICB/UFRJ
__________________________________________________________________
Drª Elvira Maria Saraiva – Profª Associada do IMPPG/UFRJ
__________________________________________________________________
Drª Luciana Barros de Arruda Hinds – Profª Adjunta do IMPPG/UFRJ
Rio de Janeiro
Janeiro de 2008
circunstâncias na vida em que a dignidade humana pode exigir grandes
sacrifícios, isto é, heroísmo. Ninguém tem autoridade moral para exigir de outro
um comportamento heróico. Cada um de nós tem essa obrigação, não porque
os outros lho peçam ou censurem se o não fizer, mas porque as próprias
coisas lho pedem; pede-o sobretudo a dignidade humana.”
(Juan Luis Lorda)
AGRADECIMENTOS
À Deus - por ter me dado força em todos os momentos que pensei em desistir.
À meus pais José Maria e Izabel - por todo apoio durante toda a minha vida e por
representarem TUDO de mais importante nela.
Às minhas irmãs Isabella e Josemery - pelos momentos de compreensão e
amizade e por terem me dado os sobrinhos mais lindos do mundo: Caíque, João
Victor e Luísa.
À minha avó Alice - que muito contribuiu para que eu chegasse até aqui.
Ao meu marido e grande amigo Vinicius - que soube compreender minhas
ausências e noites no Fundão. Por ter tido paciência nos momentos em que eu
estava mais estressada. Obrigada pelo amor e carinho!!! E por ter segurado
tantas vezes os animais para mim...
Ao meu orientador Alberto Nóbrega - que me ensinou a ter paciência, a
perseverar e soube me mostrar o quanto eu era capaz. Por ter contribuído
enormemente para minha formação.
À Profa Vivian Rumjanek - sempre gentil e solícita, me fez ver que sempre
uma esperança quando tudo parece perdido e que não devemos desistir nos
momentos de desespero. Há sempre uma nova chance de recomeçar....
Às colaboradoras Profas Sônia Costa e Vera Koatz (in memorian) ninguém
constrói um edifício sozinho”. Estamos aí para nos ajudar...
À Profa Maria Bellio - por tantas vezes ter contribuído com idéias e por me
“salvar” quando eu precisava de uns animais. Agradeço também pela ajuda em
alguns experimentos.
Ao Prof. Marcelo Bozza - por ter dado uma força na fase de conclusão dos
artigos.
Aos amigos de laboratório: Elize, André, Carol, Márcia, Fátima, Gerlinde, Beatriz,
Cris, Raquel e Taiane mesmo aqueles que não estão mais no laboratório,
mas são sempre lembrados e aos que ainda estão, por terem me aturado nos
momentos de estresse. Obrigada pela ajuda no laboratório!!!
Ao Deivid - sempre com tanta boa vontade em segurar os animais para mim,
além de me avisar quando a bolsa já estava na conta...
À Giany e Michele - por terem realizado a parte química deste trabalho.
Ao Sr Emílio Faustino - por ser esta pessoa tão prestativa e estar sempre pronto
para ajudar.
À banca examinadora desta tese, à Profa Luciana Arruda por sua valiosa
contribuição para a revisão deste trabalho e em especial à Profa Thais Souto-
Padrón que esteve sempre disponível nos momentos em que mais precisei.
À CAPES, que ao me conceder a bolsa permitiu com que eu pudesse levar o
projeto adiante.
FICHA CATALOGRÁFICA
Paiva, Luciana Souza
Estudo dos efeitos de Kalanchoe brasiliensis (Saião) na linfopoese B e T/
Luciana Souza de Paiva. Rio de Janeiro: UFRJ/IMPPG, 2008.
ii.132f.:il; 29,7cm
Orientador: Alberto Felix Antônio da Nóbrega
Tese (doutorado) UFRJ/Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de
Góes/Programa de Pós-graduação em Ciências (Microbiologia), 2008.
Referências bibliográficas: 65-88f.
1.1- Visão geral do desenvolvimento dos linfócitos 1.2- O papel da IL-7 na
diferenciação dos linfócitos B e T 1.3- O papel de outras interleucinas na
diferenciação linfocitária. I. Nóbrega, Alberto Félix. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, Programa de Pós-
graduação em Ciências (Microbiologia). III. Estudo dos efeitos de Kalanchoe
brasiliensis (Saião) na linfopoese B e T.
i
Resumo
Kalanchoe brasiliensis (Kb) é uma planta medicinal da família das Crassuláceas
usada na medicina popular para o tratamento de doenças inflamatórias e infecciosas.
Neste trabalho, nós mostramos que o tratamento de camundongos com Kb leva a uma
forte e seletiva inibição da linfopoese, afetando as linhagens B e T, sem a redução do
desenvolvimento da linhagem mielóide. Essa é a primeira descrição de um produto
natural derivado de planta com estas propriedades. Efeitos semelhantes foram
observados após o tratamento com um composto altamente purificado, o KMC, dimalato
de kalancosina, obtido de Kb. O número de linfócitos maduros nos órgãos linfóides
secundários foi preservado em camundongos tratados com Kb/KMC. O efeito de
Kb/KMC não é dependente de um aumento secundário dos níveis plasmáticos de
corticóide endógeno nem envolve TNF-α, interferon tipo I ou ligantes de TLR2/TLR4, os
quais tem sido descritos como inibidores seletivos da linfopoese. A análise por
citometria de fluxo dos fenótipos dos precursores T e B indicam um bloqueio da
maturação nos estágios proliferativos dependentes de IL-7 in vivo. In vitro, Kb/KMC
inibiu a proliferação dependente de IL-7 das células preB, mas não induziu a apoptose
dos precursores B e T. Esses resultados sugerem que Kb/KMC bloqueia seletivamente
a linfopoese através de um mecanismo que não envolve as substâncias previamente
caracterizadas, possivelmente agindo na via de sinalização da IL-7, abrindo novas
perspectivas para um potencial uso terapêutico de Kb e seus produtos como agentes
imunomoduladores.
ii
Abstract
Kalanchoe brasiliensis (Kb) is a medicinal plant from the Crassulaceae family,
used in folk medicine to treat inflammatory and infectious diseases. In this work, we
show that short-term treatment of naïve mice with Kb led to a strong and selective
inhibition of lymphopoiesis, affecting both B and T cell lineages, without reduction of the
myeloid lineage development. This is the first description of a plant derived natural
product with these properties. Similar effects were observed after treatment with the
highly purified compound KMC, Kalanchosine dimalate, obtained from Kb. Numbers of
mature lymphocytes in secondary lymphoid organs were preserved in Kb/KMC treated
mice. The effect of Kb/KMC was not due to secondary augmentation of plasma levels of
endogenous corticoids neither involves TNF-α, type-I interferon or TLR2/TLR4 ligands,
which have all been described as selective inhibitors of lymphopoiesis. Flow-cytometry
analysis of the phenotypes of T and B cell precursors indicate a blockade of maturation
on IL-7 dependent proliferative stages in vivo. In vitro, Kb/KMC, inhibited the interleukin-
7 dependent proliferation of preB cells and did not induce massive apoptosis of B and T
cell precursors. These results suggest that Kb/KMC is selectively blocking
lymphopoiesis through a mechanism that do not involve the previous characterized
substances, possibly acting on the IL-7 signaling pathway, opening new perspectives for
a potential therapeutic usage of Kb and its derived products as immunomodulatory
agents.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................pág.i
ABSTRACT.............................................................................................................pág.ii
1.INTRODUÇÃO.....................................................................................................pág.01
1.1- Visão geral do desenvolvimento dos linfócitos .........................................pág.02
1.1.1- Desenvolvimento de células B......................................................................pág.03
1.1.2- Desenvolvimento de células T .....................................................................pág.06
1.1.3- Ondas de desenvolvimento de células B e timócitos em diferentes
sítios........................................................................................................................pág.09
1.1.4- O ambiente da linfopoese.............................................................................pág.10
1.1.5- Perturbações no ambiente da linfopoese......................................................pág.12
1.1.6- Diferenciação in vitro das linhagens de células B e T..................................pág.14
1.2- O papel da interleucina 7 na diferenciação dos linfócitos B e
T..............................................................................................................................pág.15
1.3- O papel de outras interleucinas na diferenciação linfocitária...................pág.17
2. OBJETIVOS........................................................................................................pág.19
3. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................pág.20
Animais....................................................................................................................pág.20
Células....................................................................................................................pág.20
Purificação e cultura de células.............................................................................pág.20
Preparação do sumo de Kb/KMC............................................................................pág.21
Experimentos in vivo com o sumo de Kb/KMC.......................................................pág.21
Marcação das células para análise em citômetro de fluxo......................................pág.22
Diferenciação de células B in vitro..........................................................................pág.22
Medida da proliferação de células B de baço estimuladas com LPS após o tratamento
com sumo de Kb......................................................................................................pág.23
Medida da proliferação de células de medula estimuladas com IL-7 após o tratamento
com sumo de Kb e KMC..........................................................................................pág.23
Medida da proliferação das células da linhagem FDCP-I estimuladas com IL-3 após o
tratamento com Kb e KMC......................................................................................pág.23
Medida da proliferação de células de baço estimuladas com Con A e IL-2 após o
tratamento com KMC...............................................................................................pág.24
Radioimunoensaio...................................................................................................pág.24
Testes estatísticos...................................................................................................pág.24
4.RESULTADOS....................................................................................................pág.25
4.1- Caracterização da fração ativa do sumo de Kalanchoe
brasiliensis............................................................................................................pág.28
4.2- Avaliação das diferentes subpopulações de células B na medula de animais
tratados com o sumo de Kb.................................................................................pág.30
4.3- Efeitos in vivo do sumo de Kb/KMC no timo e em outros
órgãos....................................................................................................................pág.33
4.4-.Dosagem dos níveis plasmáticos de corticosterona.................................pág.39
4.5- Os efeitos de Kb/KMC são independents de TNF-α
αα
α, IFN-β
ββ
β, TLR2 ou
TLR4.......................................................................................................................pág.43
4.6- Efeitos do sumo de Kb na diferenciação de linfócitos B in
vitro........................................................................................................................pág.47
4.7- Interferência do sumo de Kb/KMC na via de sinalização da interleucina 7 (IL-
7).............................................................................................................................pág.50
4.8- Efeitos do Kb/KMC na proliferação celular em resposta a estímulos por IL-2 e
IL-3
..........................................................................................................................pág.52
4.9- Medida da proliferação de linfócitos B de baço estimulados com LPS após
tratamento com o sumo de Kb............................................................................pág.56
5.DISCUSSÃO........................................................................................................pág.58
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................pág.65
7. ANEXOS............................................................................................................pág.89
LISTA DE SIGLAS
AMPc monofosfato de adenosina
BCR receptor de célula B
Con A concanavalina A
DMSO dimetilsulfoxi
DN linfócitos T duplo-negativos
DP linfócitos T duplo-positivos
FTOC cultura de órgão fetal tímico
HSA antígeno resistente ao calor
IgD imunoglobulina D
IFN- β interferon beta
IGF-I fator de crescimento insulina-like
IgG imunoglobulina G
IgM imunoglobulina M
Igα cadeia pesada da imunoglobulina A
IL-2 interleucina 2
IL-3 interleucina 3
IL-3R receptor de interleucina 3
IL-4 interleucina 4
IL-7 interleucina 7
IL-7R receptor de interleucina 7
IL-9 interleucina 9
IL-15 interleucina 15
JAK3 kinase janus ativada 3
Kb Kalanchoe brasiliensis
KMC dimalato de kalancosina
LPS lipopolissacarídeo
MHC complexo principal de histocompatibilidade
NK células natural killer
PGE2 prostaglandina E2
RAG genes ativadores de recombinação
SCF fator de célula tronco
SDF-I fator derivado de células estromais 1
SN sobrenadante
SP linfócitos T simples-positivos
STAT fator de transcrição
TCR receptor de célula T
TdT enzima terminal deoxinucleotidil transferase
TLR-2 receptor tipo Toll 2
TLR-4 receptor do tipo Toll 4
TNF-α fator de necrose tumoral
TSLP timopoetina
VLA-4 antígeno de ativação tardia
LISTA DE FIGURAS
Figura 1..........................................................................................................pág. 03
Figura 2 .........................................................................................................pág. 06
Figura 3 .........................................................................................................pág. 26
Tabela 1..........................................................................................................pág.27
Figura 4 .........................................................................................................pág. 28
Figura 5 .........................................................................................................pág. 29
Figura 6 .........................................................................................................pág. 31
Figura 7 .........................................................................................................pág. 32
Figura 8 ........................................................................................................pág. 34
Figura 9 ........................................................................................................pág. 35
Figura 10 ......................................................................................................pág. 36
Figura 11 .......................................................................................................pág. 37
Tabela 2 ........................................................................................................pág. 38
Figura 12 .......................................................................................................pág. 40
Figura 13 .......................................................................................................pág. 41
Figura 14 .......................................................................................................pág. 42
Figura 15 .......................................................................................................pág. 44
Figura 16 .......................................................................................................pág. 45
Tabela 3 ........................................................................................................pág. 46
Figura 17........................................................................................................pág. 48
Figura 18 .......................................................................................................pág. 49
Figura 19 .......................................................................................................pág. 51
Figura 20 .......................................................................................................pág. 53
Figura 21........................................................................................................pág. 54
Figura 22.........................................................................................................pág.55
Figura 23.........................................................................................................pág.57
1
1- INTRODUÇÃO
Produtos naturais obtidos de plantas constituem uma fonte importante de
novos agentes com valor terapêutico. O uso de plantas na medicina popular tem
estimulado a investigação dos efeitos de extratos de plantas em diferentes processos
inflamatórios. Mais recentemente, algumas classes de novos imunomoduladores
extraídos de plantas vem sendo descritos (Chiba, 2005).
Kalanchoe brasiliensis (Kb) é uma planta medicinal brasileira da família
das Crassulaceae comumente usada na medicina popular para o tratamento de certas
doenças inflamatórias crônicas tais como reumatismo, bem como em casos de
abscessos e gânglios aumentados.
O gênero Kalanchoe é composto por cerca de 100 espécies compostas
por diferentes classes de substâncias, dentre elas, terpenóides (Siddiqui et. al, 1989) e
flavonóides (Liu et. al ,1989) .
Em estudos prévios, o efeito direto do sumo de plantas do mesmo gênero
na ativação de linfócitos humanos in vitro foi investigado na tentativa de mostrar que as
propriedades de cura destas plantas poderiam estar associadas com uma ação no
sistema imunitário (Moraes et. al, 1994; Rossi-Bergmann et. al, 1994). A partir desses
trabalhos foi demonstrado que o sumo liofilizado de plantas do mesmo gênero inibia a
resposta proliferativa de linfócitos a mitógenos in vitro (Rossi-Bergmann et. al., 1994).
Em outros estudos realizados com um modelo de inflamação aguda, o
sumo de Kb demonstrou potente ação anti-inflamatória e imunomoduladora, na medida
em que reduziu o processo inflamatório induzido por zimosan, além de reduzir o número
de células B no linfonodo drenante (Ibrahim et. al, 2002).
Os efeitos imunomodulatórios de Kb foram descritos e acredita-se
estarem associados à presença de flavonóides, que são substâncias com largo
espectro de atividades biológicas (Middleton Jr & Kandaswami, 1994). Foram também
identificados sete patuletin-glicosídeos purificados do sumo de Kb (Costa et.al, 1994),
sendo três deles potentes inibidores da proliferação linfocitária.
Visto que a administração de Kb reduziu significativamente a população
de células B no linfonodo, acreditamos que haveria um efeito mais amplo do sumo de
2
Kb nas células do sistema imune, que passamos então a investigar. E, para melhor
compreendermos qual etapa do desenvolvimento e diferenciação linfocitária poderia
estar sendo influenciada por Kb descreveremos a seguir essas etapas.
1.1 – Visão geral do desenvolvimento dos linfócitos
Os linfócitos se desenvolvem nos chamados órgãos linfóides primários
sendo originados de células hematopoéticas pluripotentes a partir das quais todas as
linhagens de células sangüíneas se desenvolvem. Após a etapa de comprometimento
das células tronco hematopoéticas com a diferenciação da linhagem linfóide seguem-se
as etapas de expressão do receptor para antígenos, expansão celular e migração. Além
de todas as etapas de expressão de diferentes moléculas, comum ao processo de
diferenciação de diversos tipos celulares, as células B, assim como os linfócitos T,
apresentam uma etapa particular de seleção de repertório que exige um contato prévio
da célula com um antígeno via receptor. O repertório de células B expressando
imunoglobulinas específicas para auto-antígenos presentes nos órgãos linfóides é
selecionado da seguinte forma: alguns linfócitos cujos anticorpos tem baixa afinidade
por esses auto-antígenos sobrevivem (Schwartz & Stollar, 1994; Melchers et. al., 1995),
mas outros são eliminados em um processo chamado de seleção negativa. A seleção
em linfócitos T é dependente da ligação entre o peptídeo e as moléculas de MHC
presentes nas células do epitélio tímico. Uma pequena fração de células T imaturas
cujo TCR se associa com alta afinidade à peptídeos próprios ligados ao MHC sofre
apoptose, sendo este processo chamado de seleção negativa. Células que expressam
TCR que reconhece peptídeos próprios com afinidade moderada são positivamente
selecionadas. Essa seleção é uma das vias pelas quais o sistema imunitário torna-se
autotolerante. Uma pequena parte dos linfócitos que expressam receptores de
superfície emigram para os órgãos linfóides secundários, constituindo o que chamamos
de células recirculantes (Melchers & Rolink, 1999).
3
1.1.1 - Desenvolvimento de células B
Figura 1- Marcadores fenotípicos da linhagem B.
Nesta dissertação utilizaremos a nomenclatura de precursores de células
B introduzida por Melchers & Rolink, 1999 para tratar as diferentes etapas da ontogenia
de células B. O desenvolvimento da linhagem B até a fase de células B maduras é
marcado por sucessivos rearranjos nos genes de imunoglobulina e pela expressão de
marcadores intracelulares (Rolink & Melchers, 1991). Os progenitores de células B (pro
B) interagem com células estromais e IL-7, expressam os marcadores B220, CD19 e
CD43, além do receptor para IL-7 (IL-7R) que contribui para a sobrevivência,
proliferação e diferenciação dessas células (Corcoran et. al., 1996 e 1998). Durante a
expansão das células pro B no ambiente de células estromais em presença de IL-7,
ocorre a transição das mesmas para o estágio pre B-I (Rolink, Streb & Melchers, 1991b;
Melchers & Rolink, 1999). As células pre B-I apresentam boa capacidade proliferativa in
vitro na presença de células estromais e IL-7 (Lee et. al, 1989; Sudo et. al, 1989a). Em
4
camundongos RAG
-/-
,
deficientes no rearranjo de imunoglobulinas, as células pre B-I
desaparecem (Denis & Witte, 1989; Mombaerts et. al., 1992).
O próximo estágio de desenvolvimento da linhagem B é caracterizado pela
expressão citoplasmática da cadeia µH que define o estágio pre B-II (Arakawa &
Takeda, 1996) Nesse estágio, as células perdem a expressão de c-kit e TdT (Osmond,
1991) e a maioria também não expressa CD43. Por outro lado, as células passam a
expressar CD25 (Rolink et. al.,1994).
O compartimento pre B-II pode ser subdividido em 3 diferentes estágios de
desenvolvimento: 2 são chamados pre B-II grandes onde as células estão ciclando e 1
chamado de pre B-II pequena no qual as células estão em repouso. As células pre B-II
pequenas perdem a capacidade de serem clonadas nas células estromais em presença
de IL-7 e IL-3. As primeiras células do estágio grande expressam em sua superfície o
pre-BCR. Nesse estágio do desenvolvimento da célula B ocorrem dois eventos
importantes envolvendo o pre-BCR: a proliferação das células pre B que expressam o
receptor na superfície e o desligamento do rearranjo VDJ no segundo alelo da cadeia
pesada levando à exclusão alélica evitando que duas cadeias pesadas sejam
expressas na mesma linhagem de célula B (Loffert et. al., 1996). Então, a expressão do
pre-BCR leva a uma seleção positiva das células pre B-II que apresentam rearranjo
VDJ produtivo.
Quando as células pre B-II grandes, as quais não expressam RAG-1 e
RAG-2, tornam-se células pre B-II pequenas os genes RAG-1 e RAG-2 voltam a ser
expressos a nível de RNA e proteína. Nessa etapa, uma grande proporção de células
rearranjou o locus gênico da cadeia leve (Boekel, Melchers & Rolink, 1995) embora
essas células não expressem imunoglobulinas na superfície. Camundongos IL7
-/-
apresentam um bloqueio no desenvolvimento de células B na transição pre B-I para pre
B-II sugerindo que a IL-7 esteja envolvida na proliferação das células pre B-II que são
positivas para pre-BCR (Freeden-Jeffry et.al., 1995). Essas descobertas foram
reafirmadas por ter sido constatado que camundongos transgênicos para IL-7 tem o
compartimento pro/pre B expandido e que essa população juntamente com as células B
imaturas persistem no baço, linfonodo e sangue do animal adulto transgênico
(Mertsching et. al., 1996; Fisher et. al., 1995).
5
As células pre B-II pequenas que apresentam rearranjo produtivo da
cadeia leve κ ou λ podem tornar-se células B imaturas expressando IgM na superfície.
Em camundongos normais, as células B expressam uma razão de 10 cadeias κ para
cada cadeia λ (Cohn & Langman, 1990) e a razão entre células pre B-II pequenas e
células B imaturas é aproximadamente 1 (Osmond, 1991; Rolink et.a la., 1994). Então,
a incapacidade para produzir a proteína de cadeia leve tipo κ afeta a transição de
células pre B-II pequenas para células B imaturas. Sugere-se que isso ocorra devido à
ineficiência das cadeias λ em parear com a cadeia pesada µ ou devido à baixa
eficiência dos rearranjos gênicos da cadeia leve λ.
As células B imaturas ainda não podem responder à estimulação
antigênica ou mitogênica através de proliferação e não maturam em células secretoras
de imunoglobulinas (Lang et. al., 1996). Tais células ainda expressam as proteínas
RAG-1 e RAG-2 e podem sofrer um rearranjo secundário de cadeia leve (Rolink et. al.,
1993a; Ghia et. al, 1995). Acredita-se que o rearranjo secundário da cadeia leve possa
ser induzido por autoantígenos presentes nos órgãos linfóides centrais como, por
exemplo, na medula óssea (Radic & Zouali, 1996; Chen, Prak & Weigert, 1997). Sendo
assim, as células B auto-reativas podem perder a especificidade pelo auto-antígeno.
A transição das células imaturas para células B maduras é caracterizada
por uma série de mudanças na expressão de marcadores. Células B maduras
expressam: L-selectina, os receptores de complemento CR1 e CR2 (CD35 e CD21,
respectivamente), CD22, CD23 e CD40 (Hartley et. al., 1993), podendo ser estimuladas
por antígenos T-dependentes e T-independentes para proliferarem e maturarem em
células secretoras de anticorpos. Algumas são células de longa duração apresentando
meia-vida de 6 semanas ou mais. Além disso, alguns estudos têm demonstrado que um
nível constitutivo de sinalização pelo BCR é necessário para a manutenção das células
maduras na periferia (Lam, Kuhn & Rajewsky, 1997).
As células B imaturas entram no baço via artéria central e localizam-se
nas áreas folicular e extrafolicular (MacLennan & Chan, 1993; Chan & MacLennan,
1993). Nesses sítios do baço as células B são ainda imaturas e podem ser distinguidas
das maduras por terem uma meia-vida bem menor (dias ao invés de semanas), além de
terem baixa expressão de B220 e IgD e altos níveis de expressão de heat-stable
antigen (HSA) e IgM (Förster & Rajewsky, 1990; Hardy et. al, 1991).
6
Somente 5% a 10% das células B imaturas recém formadas se
diferenciam em células B maduras e o motivo dessa pequena proporção de células
selecionadas ainda não é totalmente conhecido (Osmond, 1993; Rajewsky, 1993).
A transferência de células B imaturas da medula para o baço é o primeiro
passo para que ocorra a maturação da célula B (Allman et. al., 1993). Camundongos
que expressam uma forma truncada de Igα apresentam um defeito nessa transferência,
sugerindo que a sinalização dada pela IgM de superfície é necessária para a maturação
(Torres et. al, 1996). Em camundongos CD45
-/-
tem-se observado no baço um aumento
de 3 a 4 vezes no número de células B imaturas (Benaar et. al, 1996), sugerindo que a
CD45 fosfatase pode estar envolvida no aumento da seleção de células B na medula
óssea, no aumento da sobrevivência de células B imaturas no baço ou ainda no
decréscimo da diferenciação em células B maduras.
1.1.2 - Desenvolvimento de células T
Figura 2- Etapas do desenvolvimento dos linfócitos T.
7
Da mesma forma, o desenvolvimento dos linfócitos T no timo depende da
expressão de vários genes e seus produtos e ocorre em diferentes etapas. Os
progenitores linfóides saem da medula óssea e migram via sangue para o timo, órgão
localizado no mediastino superior. Os progenitores mais precoces de células T não
expressam o receptor TCR, nem os co-receptores CD4 e CD8, sendo chamados de
timócitos duplo-negativos (DN) que correspondem de 1-3% das células no timo adulto.
Os timócitos DN em camundongos podem ser subdivididos em quatro
estágios de diferenciação definidos através da expressão de CD25 (cadeia α do
receptor de IL-2) e de CD44: DN1 (CD44
+
CD25
-
), DN2 (CD44
+
CD25
+
), DN3 (CD44
-
CD25
+
) e DN4 (CD44
-
CD25
-
) (Robey, Fowlkes & Pardoll, 1990). Outro marcador usado
nestes estágios é o receptor c-kit, que é co-expresso com CD44. Em humanos,
diferentes marcadores são usados para distinguir estágios correspondentes a estes em
camundongos. O rearranjo do receptor TCR tem um papel central na sobrevivência dos
timócitos. Os timócitos sobrevivem se os rearranjos das cadeias α, β, γ e δ do TCR
forem bem sucedidos e se associarem posteriormente ao complexo TCR/CD3. As
cadeias β e δ possuem os segmentos gênicos V, D e J para serem rearranjados e as
cadeias α e γ possuem apenas os segmentos gênicos V e J. O rearranjo da cadeia α
automaticamente deleta a cadeia δ. A regulação do rearranjo é essencial para a escolha
entre as linhagens de linfócitos T αβ e γδ.
No estágio DN1, os genes do TCR não estão ainda rearranjados
(Trowbridge et. al., 1985). No estágio DN2, as células passam a expressar CD25,
expandem consideravelmente e iniciam o rearranjo das cadeias β, γ e δ, mas não da
cadeia α (Rodewald et. al., 1993). No próximo estágio, DN3, as células perdem a
expressão de CD44, cessam a proliferação e rearranjam o TCR com a máxima
eficiência (Hoffman et. al., 1996). Neste estágio, se o rearranjo é improdutivo, as
células morrem. O caminho que essas células seguem à partir deste ponto depende do
rearranjo produtivo do TCR que pode ser do tipo αβ ou γδ. As células T γδ sofrem
pequenas modificações nos marcadores de superfície e deixam de expressar CD25.
Células que rearranjaram o TCRβ sofrem um processo seletivo conhecido como
seleção β. Essas células deixam de expressar CD25, passam a expressar CD4 e CD8,
paralizam o rearranjo das cadeias β, γ e δ e iniciam o rearranjo da cadeia α. As células
DN3 então, antes de se tornarem duplo-positivas (DP), passam por um estágio
8
proliferativo intermediário chamado DN4. A expressão do TCR leva à proliferação
celular durante o estágio DN4 até se tornarem DP, passando a expressar as moléculas
de CD4 e CD8 (Sprent et al, 1988).
Os timócitos DP (αβ TCR
+
CD4
+
CD8
+
), que correspondem a 90% do timo
de indivíduos jovens, interagem com as células epitelais do córtex tímico que
expressam alta densidade de moléculas de MHC classe I e classe II associadas com os
peptídios próprios. A sinalização que resulta na sobrevivência dos timócitos DP é
mediada pelas interações do TCR com os peptídios próprios ligados ao MHC (
Von
Boehmer, Teh & Kisielow, 1989). Uma interação fraca do complexo MHC/peptídio com
o receptor da célula T, resulta em morte celular por negligência e uma interação de alta
afinidade leva à morte por apoptose (seleção negativa). Em contrapartida, níveis
intermediários de interação do TCR com o MHC propicia a maturação efetiva dos
timócitos, por um processo denominado seleção positiva (Kisielow & Von Boehmer,
1995).
A seleção positiva induz o aumento da expressão do TCR (Shortman,
Vremec & Egerton, 1991) e da molécula de CD69 (Bendelac et al, 1992). Então, os
timócitos que estão passando pelo processo de seleção positiva expressam altos níveis
de CD69 na superfície celular. A molécula de CD69 tem sido descrita como um
marcador de ativação celular (Swat et al, 1993), que indica que o sinal do TCR via MHC
foi transmitido aos timócitos. Timócitos que expressam TCR e se associam a peptídios
próprios ligados ao MHC de classe I, perdem a expressão da molécula de CD4 e
tornam-se células T CD8
+
e aqueles que expressam TCR e se associam a peptídios
próprios ligados ao MHC classe II tornam-se células T CD4
+
. Essas células simples
positivas (SP) emigram da região medular do timo para os órgãos linfóides periféricos.
Um importante evento que ocorre durante essa diferenciação para o estágio de
timócitos SP é a aquisição de resistência à glicocorticóides, enquanto os timócitos DP
são mais sensíveis aos glicocorticóides (Scollay, Chen & Shortman, 1984).
9
1.1.3 - Ondas de desenvolvimento de células B e timócitos em diferentes
sítios
Linfócitos B são gerados durante o desenvolvimento embrionário e depois
do nascimento em diferentes sítios no camundongo (Kincade, 1981; Marcos et. al.,
1991). Por volta dos 11 ou 12 dias de gestação, os primeiros progenitores e
precursores da linhagem B podem ser detectados no fígado fetal (Owen, Cooper & Raff,
1974; Rolink et. al., 1993b) onde as linhagens de células B se desenvolvem em ondas
sincrônicas e então no dia 16, as primeiras células expressando IgM são detectadas.
No dia 18, o número de células B que expressam IgM e reagem a mitógenos atingem o
máximo e mais tarde declinam (Rosenberg & Cunningham, 1976; Melchers, 1977).
Precursores podem também ser encontrados no baço até 4 semanas depois do
nascimento (Rolink et. al, 1993b). O desenvolvimento da célula B na medula óssea
inicia-se no nascimento. As ondas de desenvolvimento de célula B do embrião são
abolidas no animal adulto (Clevers & Grosschedl, 1996; Singh, 1996).
As ondas de desenvolvimento de células B no fígado fetal geram
repertórios de cadeia pesada nos quais as junções entre os segmentos V, D, J não
contém inserções de N-nucleotídios porque a enzima terminal deoxinucleotidil
transferase (TdT) não é expressa nessa linhagem de células B (Feeney, 1990; Meek,
1990). As células pro B e pre B derivadas de medula óssea expressam a enzima TdT,
envolvida na geração da diversidade das regiões-N (Gregoire et. al., 1979).
Após 4 semanas do nascimento a medula óssea torna-se o maior sítio de
desenvolvimento de células B. Depois disso, o número de células B, principalmente de
precursores, diminui com a idade e esse processo parece ser regulado pelo tamanho
da população de células B na periferia (Osmond, 1993). A medula óssea vai sendo
preenchida, reduzindo o espaço para hematopoese e linfopoese de células B.
Entretanto, as células tronco hematopoéticas e os precursores da linhagem B não
desaparecem completamente : a medula óssea de camundongos adultos continua a ser
fonte suficiente para a reconstituição das linhagens de células sangüíneas, incluindo a
linhagem de células B na medula óssea e na periferia de camundongos letalmente
irradiados (Rolink et. al., 1993b).
O desenvolvimento dos timócitos é em geral bem semelhante entre timos
de camundongos pós-natais e fetais, mas há algumas diferenças. O estroma tímico fetal
desenvolve-se entre 10 e 12.5 dias de gestação. O epitélio tímico estabelece um
padrão de expressão gênica antes da chegada dos precursores linfóides (Manley,
2000).
Os precursores linfóides proliferam espontaneamente no timo fetal murino
aumentando de 10
4
células no dia 14.5 para cerca de 5 X 10
5
células no dia 18. Ao
contrário da cinética do timo pós-natal, no timo fetal as primeiras células Tαβ duplo-
positivas (DP) são geradas por volta do dia 16, as primeiras células T CD4 por volta do
dia 18 e as células CD8 no dia 19. As primeiras células que saem do timo vão para a
periferia 3 dias após o nascimento. No timo pós-natal, o tempo no estágio duplo-
negativo (DN) é de aproximadamente 14 dias, sendo de menos de 3 dias no timo fetal
(Rothenberg, 2005).
Os primeiros precursores que chegam no timo são capazes de gerar
células Tγδ com seu rearranjo VJ pré-determinado. Essas células são os primeiros
timócitos encontrados no camundongo, maturando entre os dias 15.5 e 16.5 do
desenvolvimento fetal e têm propriedades fisiológicas distintas (Dzierzak, Medvinsky &
Bruijn., 1998).
1.1.4 - O ambiente da linfopoese
A geração de células da linhagem B em diferentes sítios especializados
sugere que existe um ambiente especializado de células para precursores e
progenitores da linhagem B nos órgãos que suportam esse desenvolvimento. O
ambiente de células estromais nos órgãos de geração das células B não está ainda
bem definido (Dorshkind, 1990; Jacobsen & Osmond, 1990). Muitas linhagens de
células estromais medeiam somente os estágios proliferativos mais precoces da
linfopoiese das células B e falham em suportar a diferenciação a partir do estágio pré-B
(Hunt et. al., 1987; Deryungina & Muller-Sieburg, 1993) As células estromais S17, por
exemplo, promovem a diferenciação dos progenitores de célula B que respondem a IL-7
(Cumano et. al, 1990, Billips et. al., 1992).
Ainda não se conhece o estágio de diferenciação, regulação da atividade,
estabilidade e especificidade das células estromais que cooperam nos diferentes
estágios de desenvolvimento das células B. É provável que diferentes tipos de células
estromais sejam especializadas para interagir com diferentes tipos de precursores
(Nishikawa et. al, 1988). Essa interação deve ocorrer através de contatos moleculares
entre as células estromais e as células da linhagem B (Kincade, 1991; Law & Clark,
1994). foi descrito o papel da molécula de CD28, expressa nas células estromais, no
desenvolvimento de precursores de células B na medula óssea (Parkin et. al, 2002).
Camundongos CD28
-/-
apresentam decréscimo de 20% nos níveis de IgG basal
(Shahinian et. al., 1993). Além disso, estudos de Ferguson e colaboradores (1996)
demonstraram que a habilidade das células B de sofrerem hipermutação somática em
resposta a antígenos T-independentes é comprometida nos animais CD28
-/-
.
Além
disso, algumas citocinas produzidas pelas células estromais são também importantes
para o desenvolvimento da linhagem B, como a Stromal cell-derived factor -1 (SDF-1),
que age principalmente no fígado fetal, a IL-3 e a IL-7, dentre outras (Marshall et. al.,
1998; Egawa et. al, 2001). Células estromais também previnem a morte por apoptose
de linfócitos normais e transformados (Borghesi & Smithson & Kincade, 1997), além de
prevenir os efeitos negativos dos glicocorticóides na linhagem B (Borghesi, Smithson &
Kincade, 1997).
A geração da linhagem T em camundongos ocorre nos lóbulos tímicos, os
quais estão divididos em zonas distintas com diferentes células estromais que
caracterizam diferentes microambientes (Anderson et. al., 1996). O maior domínio é o
cortex onde se encontram os timócitos DP. Ao redor do córtex um domínio chamado
medula onde os timócitos encontram-se em um estágio mais avançado, o estágio de
simples-positivos (SP).
As células DP no córtex seguem para a medula após a seleção
positiva, caso contrário são fagocitadas pelos macrófagos residentes no córtex. A
maturação das células sobreviventes à seleção ocorre na medula do timo por cerca de
2 semanas. As células epiteliais medulares são distintas das células epiteliais do córtex.
Ainda não está claro exatamente como elas influenciam na maturação final das células
T, embora algumas evidências sugiram que elas expressem uma enorme variedade de
antígenos próprios que tem um papel na seleção negativa (Derbinski, 2001).
A compartimentalização das funções no timo provavelmente ajuda a guiar
certas transições durante o desenvolvimento. A responsividade intrínseca das células à
diferentes sinais proliferativos fazem-nas migrar, dependendo de seu estágio, de uma
região rica em um estímulo precoce para outra rica em um estímulo mais tardio
(Gounari et. al., 2001).
1.1.5 - Pertubações no ambiente da linfopoese
A introdução de uma variedade de agentes exógenos no camundongo
pode aumentar ou diminuir a produção de linfócitos B na medula óssea (Osmond et.al.,
1985; Fulop, Pietrangeli & Osmond, 1986). Além disso, a ação de fatores endógenos
também pode ser responsável pela supressão da linfopoese de células B na medula
óssea.
No final do século passado, observou-se que os glicocorticóides induziam
apoptose em casos de leucemias linfocitárias de células B (McConkey et. al., 1991).
Também nesse período foi demonstrado que 45% a 65% das células B220
+
e IgM
+
de
medula óssea murina sofrem apoptose quando expostas a glicocorticóides (Garvy et. al,
1993).
Entretanto, os progenitores resistentes aos glicocorticóides são capazes de
repopular a medula com as células B (Ku & Witte, 1986; Park & Osmond, 1989).
A
apoptose induzida em timócitos pelos glicocorticóides também está bem estabelecida
na literatura (Wyllie, 1980; Compton & Cidlowsky, 1986)
sugerindo que a apoptose
pode ter um papel na regulação da linfopoese.
A linfopoese de células B é seletivamente suprimida na medula óssea de
fêmeas grávidas ou de animais tratados com estrogênios (Medina & Kincade, 1994;
Medina, Strasser & Kincade, 2000). Quando os estrogênios são adicionados, os efeitos
supressores no desenvolvimento de células B podem ser observados tanto nos
sistemas in vivo como nos in vitro (Smithson et. al., 1995). Progenitores precoces
(células pro-B e pre-B) parecem ser menos afetados do que os estágios mais tardios de
diferenciação tais como pre-B II e células B imaturas (Medina, Smithson & Kincade,
1993). Os hormônios sexuais estrona, estriol e ß-estradiol medeiam essa supressão por
atuarem no microambiente das células estromais, as quais expressam receptores para
estrogênios (Medina & Kincade, 1994; Smithson et. al., 1995). A progesterona em si
não tem efeito próprio, mas sensibiliza o organismo à ação dos estrogênios. As fêmeas
que possuem uma deleção no gene produtor das gonadotrofinas (HPG/Bm-hpg/hpg)
apresentam uma deficiência secundária na produção de esteróides e tem uma alta
produção de linfócitos B na medula óssea que pode ser revertida com administração de
estrogênio (Smithson et. al., 1994). Então, os hormônios sexuais podem influenciar na
linfopoese de células B em condições normais e enquanto os andrógenos utilizam para
isso apenas um receptor, os estrogênios podem utilizar mais de um (Kincade, Medina &
Smithson, 1994; Smithson et. al, 1998). Além de suprimir a diferenciação, o estrogênio
também atua na proliferação reduzindo a atividade mitótica e a sobrevivência dos
precursores da linhagem B (Medina, Strasser & Kincade, 2000).
Além da supressão da linfopoese mediada pelos glicocorticóides e
estrogênios, as prostaglandinas, especialmente a prostaglandina E (PGE2) tem sido
estudada no que diz respeito à sua atuação no sistema imune. A PGE2 é conhecida por
regular negativamente a produção de interleucina-2 (IL-2) por células Th1 (Betz & Fox,
1991). Em algumas cincunstâncias, a PGE2, produzida pelas células epiteliais no timo
(McCormack et. al., 1991), osteoblastos e macrófagos da medula óssea (Shibata,
1995), pode induzir a apoptose de timócitos (McConkey, Orrenius & Jondal, 1990;
Suzuki &Tadakuma & Kizaki, 1991), assim como suprimir a proliferação de linfomas de
células B imaturas (Phipps et. al., 1989). A apoptose de clones de linfócitos B
dependentes de IL-7 induzida por PGE2, está diretamente relacionada à elevação do
AMPc intracelular, uma vez que os receptores da PGE2 são associados à via da
adenilato ciclase que estimula a formação de AMPc (Fedyk et. al., 1996; Shimozato &
Kincade, 1999), o qual por sua vez, está envolvido na indução de apoptose em
linfócitos B humanos e de camundongo (Lomo et. al., 1995).
Citocinas como o TNF-α e o IFN-tipo I e receptores Toll like como o TLR2
e TLR4 (Kincade, 1994) também foram descritos como sendo agentes supressores
da linfopoese. Já foi demonstrado que o tratamento com IFN tipo I leva à supressão do
desenvolvimento das linhagens B e T (Lin, Dong & Cooper, 1998; Ueda et. al., 2004). O
TNF-α também vem sendo descrito como um inibidor seletivo da linfopoese, sem afetar
a mielopoese (Ueda et. al., 2004). A inibição seletiva da linfopoese também foi
observada após o engajamento direto dos receptores TLR2 ou TLR4 nos progenitores
hematopoéticos (Nagai et. al., 2006).
1.1.6 - Diferenciação in vitro das linhagens de células B e T
Células pro B e pre B-I de camundongos normais e mutantes tem a
capacidade de proliferar por semanas e meses e serem clonadas in vitro quando
estimuladas por IL-7 ou IL-3 (Rolink et. al., 1991a; Winkler et. al, 1995b).
As células pro B e pre B-I necessitam de contato com as células estromais
para proliferarem por longo tempo em cultura. Células estromais são induzidas a
secretarem citocinas tais como IL-7, SCF- Stem-cell factor, IGF1-insulin-like growth
factor e muitas expressam moléculas de adesão e ligantes para receptores nas
células pre B (Jacobsen et. al., 1992; Landreth, Narayanan & Dorshkind, 1992). O SCF
é produzido na forma solúvel ou associado à membrana sendo uma das mais eficazes
citocinas que suportam a hematopoese de progenitores (Lyman & Jacobsen, 1998).
Dentre as moléculas de adesão envolvidas nesses contatos estão o CD44, o
hialuronato que é um dos ligantes das células estromais que se associa ao CD44, VLA-
4-very late activation antigen 4 e a fibronectina (Bernardi, Patel & Lodish, 1987; Miyake
et. al, 1990a; 1990b e 1991). Células pro B e pre B-I recebem sinais através dos
receptores de citocinas e das moléculas de adesão para proliferarem. Os receptores de
citocinas envolvidos na sinalização são o IL-7R, IL-3R, c-kit - o qual é o receptor para
SCF produzido pelas células estromais, e o receptor para IGF-1.
Anticorpos específicos para c-kit inibem a proliferação das células pro B e
pre B-I in vitro (Rolink et. al., 1991), bem como a hematopoese de muitas linhagens in
vivo. Curiosamente, o mesmo anticorpo que inibe a linfopoese de células B in vitro
aumenta a linfopoese de células B in vivo (Ogawa et. al., 1991). O aumento das células
pre B in vivo mostra que nem todas as células pre B usam o c-kit como um regulador do
crescimento (Kodama et. al, 1992; Takeda, Shimizu & Rodewald, 1997), sugerindo a
presença de uma subpopulação não-responsiva a c-kit.
No que diz respeito à diferenciação in vitro da linhagem T, as culturas de
órgão fetal tímico (FTOC) são capazes de suportar a completa maturação de células T,
comparável a que ocorre in vivo. Durante a cultura, o contato entre o estroma tímico e
os timócitos em desenvolvimento é mantido (Jenkinson & Anderson, 1994). A
arquitetura dos lóbulos tímicos consiste de diferentes tipos de células estromais as
quais incluem células epiteliais, células dendríticas e a linhagem monocítica, que são
essenciais para o desenvolvimento dos linfócitos in vitro (Ceredig et. al., 1982; Kisielow,
Leiserson & Von Bohemer, 1984). A remoção dos precursores de timócitos deste
ambiente estromal organizado impede a proliferação e o desenvolvimento da cultura
(Skinner et. al., 1987). Além disso, a interface dos lóbulos fetais micos intactos com o
meio de cultura e a atmosfera é importante para o desenvolvimento dos timócitos, pois
se os lóbulos fetais tímicos são colocados imersos no meio de cultura a proliferação
tímica cessa e os precursores tímicos são perdidos (Kingston, Jenkinson & Owen,
1985).
1.2 - O papel da interleucina 7 (IL-7) na diferenciação dos linfócitos B e T
A IL-7 é uma glicoproteína de 25 kDa produzida pelas células estromais
em muitos tecidos hematopoéticos incluindo a medula, baço, timo e fígado fetal. É
também produzida por queratinócitos, células do epitélio intestinal, células foliculares
dendríticas e células endoteliais (Kroncke et. al., 1996). O receptor de IL-7 consiste de
uma única cadeia α pareada com uma cadeia comum γc que também é encontrada nos
receptores de IL-2, IL-4, IL-9 e IL-15 (Park et. al., 1990; Noguchi et. al., 1993).
Camundongos que perderam a cadeia α tem uma severa deficiência no número de
células T e B na periferia e na linhagem B na medula óssea (Peschon et. al., 1994).
Camundongos com inativação da cadeia γc ou da IL-7 ainda assim possuem células B,
sugerindo a existência de uma citocina alternativa que parece ser a linfopoetina (TSLP),
que também se liga à cadeia α do receptor de IL-7 (Peschon et. al., 1994). Essa
citocina foi primeiramente identificada como fator de crescimento das células pré-B
sendo também produzida por uma linhagem estromal do timo e apresenta os mesmos
efeitos da IL-7 em cultura, embora seja capaz de induzir menos proliferação e mais
diferenciação (Ray et. al, 1996; Levin t. al., 1999). A sinalização através do receptor de
IL-7 requer JAK3 e ativa o fator de transcrição STAT5, enquanto a sinalização através
de TSLP é JAK3 independente, mas também ativa STAT5 (Levin et. al., 1999; Isaksen
et. al., 1999).
é conhecido o papel da IL-7 produzida pelas células estromais de
medula na proliferação e diferenciação dos precursores de células B in vitro (Sudo et.
al., 1989b; Corcoran et. al., 1996). A eliminação da IL-7 bloqueia o desenvolvimento de
células B na medula óssea, mas preserva o desenvolvimento fetal sugerindo uma
diferença no papel dessa interleucina nesses 2 compartimentos (Carvalho et. al, 2001)
A IL-7, na realidade, desempenha diferentes papéis dependendo do estágio de
desenvolvimento da célula B (Marshall et. al., 1998; Ray et. al., 1998).
A linfopoiese B diminui em camundongos idosos e isso parece ser
dependente da diminuição da responsividade dos precursores à IL-7 (Stephan, Sanders
& Witte, 1996; Stephan, Lill-Elghanian & Witte, 1997). Além disso, a IL-7 exógena em
doses ótimas pode estimular a linfopoese de células B in vivo, agindo principalmente
nas células do estágio pro B (Morrissey et. al., 1991a; Valenzona et. al., 1998) e
promovendo a regeneração após depleção e transplante de medula óssea (Morrissey
et. al., 1991b; Faltynek et. al.; 1992). Em contrapartida, o tratamento com anticorpos
anti-IL-7 in vivo e in vitro levou, respectivamente, à redução do compartimento
proB/preB e à inibição da proliferação das linhagens IL-7 dependentes (Alpert et. al.,
1993; Merchant, Garvy & Riley, 1996). A IL-7 expressa como um transgene leva à
desregulação do desenvolvimento normal das células B, causando linfoadenopatias de
células B (Valenzona et. al., 1996).
A estimulação dos timócitos por IL-7 parece ser mais restrita às
populações mais imaturas (Takeda, Gillis & Palacios, 1989). Nos estágios DN1-DN2 do
desenvolvimento das células T de animais adultos, a proliferação é dirigida pelos sinais
da IL-7, secretada pelo estroma tímico, com seu receptor (Freeden- Jeffry et. al., 1997).
Vem sendo demonstrado que a IL-7 é um fator de manutenção e sobrevivência para os
timócitos (Murray et. al., 1989). A inativação da cadeia γc, da IL-7 ou da cadeia α do
receptor de IL-7 em camundongos causa um declínio no número de células viáveis nos
estágios DN2 e DN3 (Candeias, Muegge & Durum, 1997; Di Santo & Rodewald, 1998).
Além disso, nos animais que tiveram a IL-7 inativada ocorre um bloqueio intra-tímico
que impede a passagem do estágio DN2 para o estágio DN3 (Moore et. al, 1996). A
neutralização com anticorpos anti-IL7 tem mostrado que essa interleucina tem um papel
importante no desenvolvimento T e B in vivo (Grabstein et. al., 1993; Sudo et. al., 1993).
Alguns trabalhos mostararam que outras interleucinas estão envolvidas no
desenvolvimento de células T fetais, mostrando que o desenvolvimento dessas células
é diferente dos timócitos de animais adultos (Crompton et. al., 1998). Em culturas onde
se utiliza simultaneamente lóbulos de timo fetal depletados de linfócitos e precursores
do fígado fetal tratados com IL-7 encontra-se um número aumentado de células T
imaturas, sugerindo que a IL-7 pode ser um regulador negativo para as células T fetais
maduras (Plum, Smedt & Leclercq., 1993; DeLuca & Clark, 2002).
1.3 - O papel de outras interleucinas na diferenciação linfócitária
As interleucinas IL-2 e IL-3, também desempenham um papel relevante na
diferenciação de linfócitos B. A interleucina 2 (IL-2), exerce um na ativação de linfócitos
B e T, sendo tal ação dependente do receptor da IL-2 presente nessas células
(Taniguchi et. al., 1986; Smith, 1988). O receptor da IL-2 é constituído de três cadeias
αβγ ou duas cadeias βγ e, ambas as cadeias β e γ são essenciais para a transdução de
sinais intracelulares (Kamino et. al., 1992; Takeshita et. al., 1992), sendo a cadeia γ
partilhada pelo receptor de outras interleucinas como a IL-4, a IL-7, a IL-9 e a IL-15
(Noguchi et. al., 1993a; Russel et. al., 1993). Camundongos com uma mutação
truncada na cadeia γ do receptor da IL-2 mostraram uma redução de células T, B e NK
(Ohbo et. al, 1996) de maneira similar aos camundongos que perderam completamente
a cadeia γ (Cao et. al., 1995; Di santo et. al, 1995). foi demonstrado também que a
utilização de anticorpos monoclonais que reconhecem a subunidade γc do receptor de
IL-2 bloqueia o desenvolvimento dos linfócitos T e B (He & Levy & Malek, 1995).
A interleucina 3 (IL-3) é um fator de crescimento hematopoético
multipotencial produzido por células T ativadas, monócitos, macrófagos e células
estromais (Metcalf, 1989; Ogawa, 1994) e exerce sua função através do receptor da IL-
3 (IL-3Rα). A IL-3 estimula a proliferação e diferenciação de células hematopoéticas de
várias linhagens incluindo neutrófilos, eosinófilos, basófilos, megacariócitos e eritrócitos
(Ihle, 1992; Aglietta et. al., 1993). Os efeitos da IL-3 no desenvolvimento das células B
são bastante complexos. A IL-3 é conhecida por suportar a linfopoese de células B em
camundongos jovens, embora tenha um papel menor na linfopoese da medula óssea
adulta (Winkler & Melchers & Rolink, 1995a). foi também demonstrado que a IL-3
estimula o crescimento de células pré-B in vitro (Palacios et. al., 1984; Rennick et. al.,
1989), embora tenha sido demonstrado um papel inibitório desta interleucina em
relação ao desenvolvimento de progenitores linfo-hematopoéticos de camundongos
(Hirayama et. al., 1994).
2 - OBJETIVOS
O objetivo central deste trabalho foi investigar os efeitos do sumo de Kb e
de suas frações in vivo e in vitro no desenvolvimento e diferenciação de linfócitos B e T.
Os objetivos específicos foram:
1) Verificar se o tratamento in vivo de camundongos com o sumo da planta
levaria a uma modificação no número de linfócitos e quais as etapas da
diferenciação estariam sendo afetadas em diferentes órgãos.
2) Após o fracionamento desse sumo, identificar qual a fração ativa do mesmo.
3) Verificar se os efeitos do sumo de Kb eram dependentes da elevação dos
níveis de corticóide, IFN-β, TNFα, TLR2/4 nesses animais, descritos na
literatura como substâncias inibidoras da linfopoese T e B.
4) Verificar se a diferenciação in vitro dos precursores de medula óssea de
camundongos seria afetada após o tratamento com o sumo de Kb e suas
frações.
5) Verificar se a resposta proliferativa de células B de baço ao LPS seria afetada
pelo sumo de Kb in vitro.
6) Verificar se o Kb possui algum efeito tóxico para as células induzindo a
apoptose de linfócitos B e timócitos in vitro.
7) Investigar uma possível interferência do sumo de Kb e de suas frações nas
vias de sinalização das citocinas IL-2, IL-3 e, principalmente IL-7,
caracterizada como uma interleucina importante no processo de diferenciação de
linfócitos B e T.
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
Animais: Foram utilizados animais C57BL/10 e C57BL/10ScCr (com idade entre 1,5 e
2 meses), obtidos da Universidade Federal Fluminense. Camundongos geneticamente
modificados TLR2
-/-
(Takeuchi et. al, 2002), TNFR1
-/-
(Rothe et. al., 1993) e C57BL/6
usados como controles das linhagens foram obtidos da FIOCRUZ Minas Gerais e Rio
de Janeiro. Camundongos IFN-R1
-/-
(Muller et. al., 1994) e os controles da linhagem
129xC57BL/6 foram obtidos do Departamento de Imunologia ICB-USP, São Paulo. Os
animais foram mantidos à temperatura controlada e receberam água e comida à
vontade. Os experimentos foram realizados de acordo com o Guia Internacional para
Uso de Animais de Laboratório. O estudo foi aprovado pelo comitê para estudos em
animais do CCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Células: Foi utilizada a linhagem celular FDCP-I (Dexter et. al., 1980) gentilmente
cedida pelo Prof. Radovan Borojevic - Departamento de Histologia/UFRJ. As células
foram cultivadas em meio RPMI 1640 suplementado com 10% de soro fetal bovino,
tampão Hepes 10mM, L-glutamina 2 mM, 100 µg/ml de estreptomicina e 50 UI//ml de
penicilina e mantidas em estufa com 7.5% de CO2 a 37°C. A linhagem FDCP-I foi
cultivada em presença de 10% de IL-3 (obtidas do sobrenadante de cultura de células
da linhagem WEHI, cedidas por Radovan Borojevik, UFRJ, Brasil). Todos os reagentes
utilizados são da marca Gibco.
Purificação e Cultura de células: Células retiradas diretamente da medula foram
centrifugadas e incubadas com anticorpo Anti-IgM ou Anti-B220 Microbeads (Miltenyl
Biotec) por 20 minutos no gelo. Na próxima etapa, as células foram ressuspendidas em
tampão PBS-EDTA 2mM, sendo posteriormente aplicadas em uma coluna magnética
onde foi
feita a seleção das células. A partir de então, as células foram cultivadas em
meio RPMI 1640 suplementado com 10% de soro fetal em placas de 24 orifícios (Nunc),
contendo 2 X 10
6
células/poço durante 72 horas em estufa com 7,5% de CO
2
a 37°C.
Em alguns poços, as células foram cultivadas com doses crescentes do sumo de Kb ou
de suas frações: KMC ou o sobrenadante, ou ainda com dexametasona (Sigma). O
antagonista do receptor de glicocorticóides Ru 486 (Sigma) foi utilizado diluído em 1,4
ml de DMSO (Sigma) na concentração de 2 µM. Após 72 horas, as células foram
recolhidas, contadas e marcadas com anticorpos para análise em citômetro de fluxo. Os
anticorpos utilizados foram Anti-IgM FITC e Anti-B220 PE (Pharmingen).
Preparação do sumo de Kb/KMC: Folhas de Kalanchoe brasiliensis foram coletadas
no município de Itaguaí- Rio de Janeiro no mês de julho, época do ano que não
coincide com o período de floração. As folhas foram misturadas e trituradas em um
processador e o sumo filtrado em papel de filtro, foi então liofilizado. Quatro gramas do
sumo resultante do processo de trituração das folhas foi subdividido em duas outras
frações após ser ressuspenso em 108 ml água destilada, fornecendo uma solução
amarelo-acastanhado. Essas frações foram obtidas após precipitação em 108 ml de
etanol (UV/HPLC, Tedia) permanecendo em geladeira a 8˚C por 3 dias, quando então
foi formado um floculado branco. As fases obtidas após a precipitação foram
denominadas como dimalato de kalancosina (KMC) que corresponde ao material
decantado (Costa et. al, 2006) e sobrenadante (SN), que corresponde ao material
líquido. O processo de separação das fases se por filtração da mistura em algodão,
ressuspensão do KMC em água destilada, com posterior evaporação do etanol
presente em banho-Maria, seguido de liofilização. As etapas de evaporação do etanol e
liofilização também foram realizadas com o sobrenadante. A proporção encontrada
entre as frações extraídas do sumo de Kb era de 60% de sobrenadante e 30% de
KMC. Em todos os experimentos, o sumo de Kb, SN ou KMC liofilizado foram
dissolvidos em água deionizada estéril e filtrado em membrana Millipore 0.22µm.
Experimentos in vivo com o sumo de Kb/KMC: Nos experimentos in vivo, os animais
foram separados em 4 grupos: controle (animais injetados com água deionizada estéril)
e animais injetados com sumo, KMC ou SN. Os animais foram injetados
intraperitonealmente por 4 dias consecutivos com 480mg/Kg/animal de sumo dissolvido
em um volume de 200 µl de água deionizada estéril/animal. As proporções relativas
das demais frações foram respeitadas no momento da injeção. No dia, os animais
foram sacrificados e as células de medula óssea foram obtidas pela lavagem do
conteúdo medular do fêmur, com o auxílio de uma seringa, contendo meio RPMI 1640.
O mesmo experimento foi realizado para a retirada de outros órgãos como timo, baço e
linfonodos mesentéricos, retirados de animais tratados como descrito acima. As
células do timo, baço e linfonodo foram obtidas após a dissociação dos órgãos e foram
mantidas também em meio RPMI 1640 durante a marcação com anticorpos
monoclonais. As células foram contadas em câmara de Neubauer e as subpopulações
foram identificadas por citometria de fluxo com a utilização de anticorpos monoclonais.
Nos experimentos de cinética da recuperação do tratamento com Kb os animais foram
sacrificados em diferentes tempos após os 4 dias de tratamento.
Marcação das células para análise em citômetro de fluxo: Células frescas obtidas
da medula óssea, baço, linfonodo e timo foram centrifugadas e ressuspendidas em PBS
com azida 0,01% (Sigma) e soro fetal 1% (Gibco). Foram utilizados anticorpos Anti-IgM
FITC (Southern Biotecnology), Anti- IgM alexa 647 (Caltag Laboratories, Burlingame,
CA), Anti-B220 PE, Anti-B220 FITC, Anti CD4-FITC, Anti-CD4 APC, Anti-CD8 PE, Anti-
CD3 FITC, Anti c-kit-PE, Anti-CD25 PE, Anti-CD25 APC, Anti-Mac1 FITC, Anti-Mac1
PE, Anti-TCRγδ FITC, Anti-TCRαβ FITC, Anti-Gr1 PE, Anti-Nk1.1 PE, Anti-CD44biot,
Streptavidina PE alexa 610, anexina V FITC (todos da BD PharMingen, San Diego, CA)
sendo as preparações incubadas em gelo por 20 minutos. As células foram
centrifugadas, ressuspendidas em PBS/azida 0,01% e a aquisição foi feita em citômetro
de fluxo FACSCALIBUR (BD Biosciences, San Jose, CA). As análises foram feitas
utilizando o programa CELLQuest (BD Biosciences).
Diferenciação de células B in vitro: Células retiradas diretamente da medula foram
centrifugadas e incubadas com anticorpo Anti IgM Microbeads (Miltenyl Biotec) por 20
minutos no gelo. Na próxima etapa, as células foram ressuspendidas em tampão PBS-
EDTA 2mM, sendo posteriormente aplicadas em uma coluna magnética onde foi feita a
seleção negativa das células IgM
-
. A partir de então, as células foram cultivadas em
meio RPMI 1640 em placas de 24 orifícios (Nunc), contendo 2 X 10
6
células/poço
durante 72 horas em estufa com 7,5% de CO
2
a 37°C. Em alguns poços, as células
foram cultivadas com concentrações crescentes do sumo de Kb, KMC ou sobrenadante.
O antagonista do receptor de glicocorticóides Ru 486 (Sigma) foi utilizado diluído em
1,4 ml de DMSO (Sigma) na concentração de 2 mM. Após 72 horas, as células foram
recolhidas, contadas e foi realizada a marcação para análise em
citômetro de fluxo com
os anticorpos Anti-IgM FITC e Anti-B220 PE. Para a purificação das células CD19
+
, as
células IgM
-
foram marcadas com anti-CD19 Microbeads (Miltenyl Biotec) e reaplicadas
na coluna magnética e sua pureza foi analisada por citometria de fluxo.
Medida da proliferação de células B de baço estimuladas com LPS após
tratamento com sumo de Kb
: As células totais de baço de animal normal foram
estimuladas com LPS 12,5 µg/ml (Sigma - Salmonella thyphimurium) após dissociação
do órgão e cultivadas em placas de 96 poços (Nunc) com concentrações crescentes de
sumo. O número de células foi de 2 X 10
5
células/poço e o tempo de cultura foi de 72
horas. A timidina 5mCi/mmol foi adicionada na concentração final de 1µCi/poço, 24
horas antes do término da cultura. Ao final da incubação, as células foram recolhidas
com o auxílio de um Cell Harvester (Cambridge Tecnology, INC.), através de lavagem
dos poços com água e etanol, com a retenção do DNA em papel de filtro e a
incorporação de timidina foi medida em cintilador (Packard).
Medida da proliferação de células de medula estimuladas com IL-7 após o
tratamento com sumo de Kb e KMC: As células de medula total após serem
dissociadas foram estimuladas com 10% de IL-7 obtida do sobrenadante de cultura da
linhagem J558 transfectada com o plasmídio de IL-7 (cedidas por Ana Cumano,
Instituto Pasteur, França) e cultivadas em placas de 96 poços com concentrações
crescentes de sumo ou KMC. O número de células foi de 1 X 10
5
células/poço e o
tempo de cultura foi de 120 horas. A timidina 5mCi/mmol foi adicionada na
concentração final de 1µCi/poço, 24 horas antes do término da cultura. A próxima etapa
foi semelhante à descrita anteriormente.
Medida da proliferação das células da linhagem FDCP-I estimuladas com IL-3
após o tratamento com Kb e KMC: As células da linhagem FDCP-I foram estimuladas
com IL-3 (10%) e cultivadas em placas de 96 poços com concentrações crescentes de
Kb ou KMC. O número de células foi de 10
4
células/poço e o tempo de cultura foi de 48
horas. A timidina 5mCi/mmol foi adicionada na concentração final de 1µCi/poço, 24
horas antes do término da cultura e as células recolhidas como descrito acima.
Medida da proliferação de células de baço estimuladas com Con A e IL-2 após o
tratamento com KMC: As células de baço total, após serem dissociadas, foram
crescidas por 72 horas com Con A (1µg/ml), lavadas 2 vezes com 30ml de α-metil-
manosídeo (Sigma) 40 mg/ml dissolvido em RPMI 1640 e posteriormente estimuladas
com IL-2 (10%) sendo cultivadas em placas de 96 poços com concentrações
crescentes de KMC. O número de células foi de 2 x 10
4
células/poço e o tempo de
cultura foi de 48 horas. A timidina [
3
H] foi adicionada na concentração final de
1µCi/poço, 24 horas antes do término da cultura. As células foram recolhidas como
descrito acima.
Radioimunoensaio: A quantificação da corticosterona foi realizada através da técnica
de radioimunoensaio (RIA, Radio Imune Assay) em kits da ICN Biomedicals
(Costa
Mesa, CA)
. Nesse ensaio foi avaliada a capacidade do hormônio presente nas
amostras de plasma em competir com amostras do hormônio marcado radioativamente
(I
125
)
pela ligação ao anticorpo específico. O produto da reação foi analisado em
comparação com uma curva padrão realizada a cada ensaio. A quantificação foi
realizada em contador gama (ISOMEDIC-ICN 4/600).
Testes estatísticos: A análise estatística dos dados foi obtida através dos testes
estatísticos Mann-Whitney (não paramétrico) e Teste T Student. Os dados foram
considerados significativos quando p< 0.05.
4 - RESULTADOS
Mediante os resultados dos estudos prévios que demonstraram uma ação
imunomoduladora de Kb (Moraes et. al., 1994; Rossi-Bergmann et. al, 1994; Ibrahim
et. al., 2002) na população linfocitária, passamos a investigar os efeitos do sumo de Kb
in vivo e in vitro na diferenciação e proliferação de linfócitos B e T.
Nos primeiros experimentos in vivo os animais foram separados em 2
grupos: o grupo controle, onde os animais foram injetados com água deionizada estéril
e um segundo grupo onde os animais foram injetados com o sumo de Kb. Os estudos
foram realizados utilizando camundongos C57BL/10. A injeção foi ministrada por 4 dias
consecutivos na cavidade peritoneal e no dia os animais foram sacrificados para a
retirada da medula, que foi obtida pela lavagem do conteúdo medular do fêmur. As
células foram então contadas e as subpopulações foram identificadas por citometria de
fluxo após a marcação com anticorpos monoclonais.
A figura 3 mostra o resultado da citometria de fluxo onde foi previamente
delimitada uma área de estudo (gate) abrangendo uma população que inclui
macrófagos, polimorfonucleares e os linfócitos. Embora não haja uma diferença
significativa entre o número total de células dos animais controles e tratados (Tabela
1), o gráfico da Figura 3 mostra uma profunda redução na região linfóide, indicada com
uma seta.
Na Tabela 1 podem ser vistos os resultados de 3 experimentos in vivo de
medula óssea independentes. Nessa tabela são mostradas as contagens do número
absoluto de células da medula óssea em cada animal e as porcentagens de células B
IgM
+
e IgM
-
nos mesmos. A redução média dos experimentos é de 80% no número de
células Pre B (B220
+
IgM
-
)
e de células B imaturas (B220
+
IgM
+
). Essa porcentagem foi
calculada com base na Tabela 1.
Figura 3 - A administração de Kalanchoe brasiliensis reduz a população linfóide
da medula óssea.
Camundongos C57BL/10 receberam diariamente tratamento intraperitoneal com água
(A) ou 480mg/kg de Kb (B) por 4 dias. No dia, as células da medula óssea foram
marcadas com anticorpos monoclonais e analisadas por citometria de fluxo. A Figura
mostra um gráfico de tamanho (Forward scatter) e granulosidade (Side scatter) de
células nucleadas da medula óssea (A e B). Células linfóides são indicadas com uma
seta.
Tabela 1 - Animais C57BL/10 receberam tratamento diário intraperitoneal com
480mg/Kg do sumo de Kb por 4 dias. No dia, células da medula óssea dos animais
controles injetados somente com água (CTR) ou tratados com 480mg/Kg do sumo de
Kb foram analisados por citometria de fluxo. Células da medula óssea foram marcadas
com anticorpos monoclonais anti-IgM e anti-B220 e as subpopulações pro/preB
(B220
+
IgM
-
) e B imaturas (B220
+
IgM
+
) foram analisadas. A tabela mostra o resultado
individual de 6 animais em 3 experimentos diferentes. Os dados apresentados acima
mostram uma redução estatisticamente significativa das subpopulações com valor
p<0.05.
4.1 - Caracterização da fração ativa do sumo de Kalanchoe brasiliensis
Por ser o sumo de Kb uma mistura complexa nossa próxima etapa foi
identificar qual a fração ativa do sumo. O fracionamento do sumo de Kb foi realizado
através de uma precipitação em etanol, obtendo-se 2 frações: o sobrenadante (SN) e
uma fração precipitada altamente purificada formada por um complexo sal composto de
kalancosina (ácido 3,6-diamino- 4,5-dihidroxioctanodióico) e ácido málico, na razão 1:2,
recentemente caracterizado (Costa et. al., 2006) e denominado como dimalato de
kalancosina (KMC).
Adaptado de Costa et. al., 2006
Figura 4- Estrutura química da kalancosina.
Para testar o efeito seletivo dessas frações, os animais foram tratados
com 480mg/Kg de Kb, 160 mg/Kg de KMC ou 320mg/Kg de SN para manter a
proporção entre as quantidades de KMC (33%) e SN (67%) encontradas no sumo
original. Como mostrado na Figura 5, a administração do KMC induziu uma profunda
depleção dos precursores de células B na medula óssea, semelhante aos efeitos
observados no sumo de Kb, enquanto os animais tratados com o SN exibiram um efeito
inibitório parcial nas Pro/PreB.
Figura 5 - Dimalato de kalancosina (KMC) purificado de Kalanchoe brasiliensis é o
principal responsável pela principal atividade inibitória no desenvolvimento das
células B.
Grupos de animais foram diariamente injetados intraperitonealmente com 480 mg/Kg de
Kb, 320mg/Kg de SN e 160mg/kg de KMC como descrito na metodologia. No dia, as
células da medula óssea foram retiradas e marcadas com anticorpos anti-IgM e anti-
B220 e suas subpopulações foram analisadas por citometria de fluxo. Os dados
mostram a média e o desvio padrão de 3 experimentos diferentes. O (*) indica que
p<0.05.
4.2 - Avaliação das diferentes subpopulações de células B na medula de
animais tratados com o sumo de Kb
Uma vez que o número de células B encontrava-se alterado na medula
óssea após o tratamento com o sumo da planta, resolvemos investigar, ainda no
mesmo experimento mostrado anteriormente, quais as etapas da diferenciação dessas
células poderiam estar sendo afetadas e se o tratamento afetaria também outros tipos
celulares. A Figura 6A mostra as células Pro/PreB, B imaturas e B maduras de um
animal controle dentro das células B totais, enquanto na Figura 6B podemos observar
as células Pro/PreB, B imaturas e B maduras de um animal tratado com o sumo de Kb.
Como demonstrado nessa figura, as células Pro/PreB estão sendo afetadas pelo sumo
da planta, ou seja, podemos notar uma redução significativa dessa população celular
nos animais tratados. A população de células B imaturas também é afetada nos animais
tratados, porém a magnitude do efeito é menor. As células B maduras foram
preservadas nesses animais.
Dentro da população Pro/PreB, as células Pre B-I e Pre B-II também foram
avaliadas. Na Figura 6C, são mostrados o número total de células Pre B-I, Pre B-II e B
imaturas dos animais controles e tratados. Há alterações estatisticamente significativas
no número de células das 3 subpopulações, embora o efeito na subpopulação Pre B-I
seja menor do que o observado nas células Pre B-II, sendo as Pre B-I percentualmente
aumentadas como pode ser visto na Figura 6D.
O número de células Mac1
+
(quadrante superior à esquerda) e de células
B (quadrante inferior à direita) na medula óssea de um animal controle pode ser visto
na Figura 7A. O animal tratado com o sumo de Kb sofre um aumento percentual no
número de células da linhagem mielóide em função da queda de porcentagem das
células B (Figura 7B), porém o número total de células da linhagem mielóide foi mantido
(Figura 7C).
Figura 6 - Precursores de células B e células B imaturas são preferencialmente
reduzidos em animais tratados com Kb.
Células da medula óssea obtidas como descrito na Figura 1 foram marcadas com
anticorpos anti-IgM e anti-B220 e analisadas por citometria de fluxo. A presença de
diferentes subpopulações de células B foi analisada. No gráfico, a população Pro/PreB
(B220
+
IgM
-
) está indicada em I, as células B imaturas (B220
+
IgM
+
) estão indicadas em II
e as células B maduras (B220
high
IgM
+
) em III. Os camundongos foram injetados com
água deionizada estéril (A) ou com Kb (B). Em (C), o número total de células Pro/PreB e
B imaturas/fêmur são mostradas em um gráfico de barras. Em (D), as porcentagens das
células PreBI, PreBII e B imaturas são mostradas em um gráfico de barras. As células B
maduras foram excluídas da análise. O (*) indica que p<0.05. Os dados apresentados
na figura são representativos de 3 experimentos diferentes com 3 animais por grupo.
Figura 7 - Células da linhagem mielóide são preservadas após o tratamento com
Kb.
Células da medula óssea foram marcadas com anticorpos para a identificação das
linhagens B220
+
e Mac1
+
nos animais tratados com água (A) e com Kb (B). Células
B220
+
e Mac1
+
estão envolvidas por um retângulo e suas porcentagens são indicadas
na Figura. O número total de células Mac1
+
e B220
+
por fêmur é mostrado em (C). A
Figura mostra o resultado obtido de 3 experimentos diferentes com 3 animais por grupo.
4.3 - Efeitos in vivo do sumo de Kb/KMC no timo e em outros órgãos
Além da medula óssea, no mesmo experimento in vivo mostrado
anteriormente também foram avaliados outros órgãos como o timo e os órgãos linfóides
secundários, dentre eles o baço e o linfonodo.
Como pode ser visto na Figura 8B, o timo dos animais tratados com o
sumo de Kb sofreu uma redução de 91% na porcentagem de linfócitos T duplo-positivos
(DP), quando comparados com os animais controles (Figura 8A). O número total de
cada população por timo (Figura 8C) e as porcentagens de cada população também
são mostrados (Figura 8D). A Tabela 2 mostra que o número dos linfócitos T totais está
reduzido nos animais tratados com Kb. É importante notar que embora as células
simples-positivas (SP) estejam aumentadas em percentual no timo dos animais tratados
com Kb, o que se deve à diminuição percentual das DP, o número absoluto dessas
células é menor do que nos animais controles (8C e 8D).
Em uma análise mais detalhada dos precursores de células T (Figuras 9A
e 9B), a avaliação da maturação das células T duplo-negativas (DN) mostra um
enriquecimento percentual da subpopulação DN2 (CD25
+
CD44
+
) nos animais tratados
com KMC e uma redução simultânea de DN3 (CD25
+
CD44
-
), com nenhum efeito nas
DN1 (CD25
-
CD44
+
). As porcentagens das populações DN e DP são mostradas na
Figura 9C. A Figura 9D mostra as porcentagens de DN1, DN2, DN3 e DN4 dentro das
DN totais.
O impacto do tratamento com Kb nos órgão linfóides periféricos foi
também investigado. Em contrapartida, não houve redução no número de células T e B
no baço dos animais tratados (Figuras 10A e 10B e Tabela 2). Também não
observamos uma redução significativa no número de células T e B no linfonodo desses
animais (Figuras 11A e 11B e Tabela 2).
Figura 8 - Supressão do desenvolvimento de células T em animais tratados com
Kalanchoe brasiliensis.
Conforme descrito na Figura 1, o timo dos animais tratados foram removidos, os
timócitos marcados com anticorpos anti-CD4 e anti-CD8 e analisados por citometria de
fluxo. Diferentes subpopulações de células T foram analisadas. Os animais foram
tratados com água deionizada estétil (A) ou Kb (B). As porcentagens de diferentes
subpopulações de células T são indicadas em cada quadrante. O número total de
células por fêmur de cada população (C) e as porcentagens de cada população (D) são
mostrados em gráfico de barras. O (*) indica que p<0.05. A Figura mostra o resultado
obtido de 3 experimentos diferentes com 3 animais por grupo.
Figura 9 - Efeito de KMC nos precursores de células T.
Conforme descrito na Figura 1, o timo dos animais tratados foram removidos, os
timócitos marcados com anticorpos anti-CD4, anti-CD8, anti-CD44 e anti-CD25 e
analisados por citometria de fluxo. Diferentes subpopulações de células T foram
analisadas. A Figura mostra a citometria de fluxo das subpopulações DN1 (CD4
-
CD8
-
CD44
+
CD25
-
), DN2 (CD4
-
CD8
-
CD44
+
CD25
+
), DN3 (CD4
-
CD8
-
CD44
-
CD25
+
) and DN4
(CD4
-
CD8
-
CD44
-
CD25
-
) nos animais controles (A) e nos animais tratados com KMC (B).
As porcentagens das DP CD4
+
CD8
+
e das DN CD4
-
CD8
-
são mostradas em (C) e as
porcentagens de DN1, DN2, DN3 e DN4 dentro das DN totais são mostradas em (D). O
(*) indica que p<0.05. A Figura é representativa de 2 experimentos diferentes com 5
animais por grupo.
A B
Figura 10 - Efeito de Kb nos linfócitos B e T do baço.
Conforme descrito anteriormente, o baço dos animais tratados com Kb foi removido, as
células marcadas com anticorpos anti-CD3 e anti-B220 e analisadas por citometria de
fluxo. A Figura mostra a citometria de fluxo das subpopulações T (CD3
+
) e B (B220
+
)
nos animais controles (A) e nos animais tratados com Kb (B). A Figura é representativa
de 2 experimentos diferentes com 5 animais por grupo.
Figura 11 - Efeito de Kb nos linfócitos B e T do linfonodo mesentérico.
Conforme descrito anteriormente, o linfonodo mesentérico dos animais tratados com Kb
foram removidos, as células marcadas com anticorpos anti-CD3 e anti-B220 e
analisadas por citometria de fluxo. A Figura mostra a citometria de fluxo das
subpopulações T (CD3
+
) e B (B220
+
) nos animais controles (A) e nos animais tratados
com Kb (B). A Figura é representativa de 2 experimentos diferentes com 5 animais por
grupo.
Tabela 2 - A administração de Kalanchoe brasiliensis reduz seletivamente os
linfócitos nos órgãos linfóides primários mas não nos secundários.
Animais C57BL/10 receberam diariamente tratamento intraperitoneal com água
deionizada estéril ou 480mg/Kg do sumo de Kb por 4 dias. No dia, células do baço,
linfonodo mesentérico e timo foram obtidas. A Tabela mostra o número total de células
por órgão, com os respectivos valores de média e desvio padrão. Os dados são
representativos de 2 experimentos diferentes com 3 animais por grupo.
4.4 - Dosagem dos níveis plasmáticos de corticosterona
Sendo o efeito do sumo de Kb na medula óssea e timo bastante
semelhante ao dos glicocorticóides no que diz respeito à diminuição de células B e T,
procuramos avaliar se tal efeito era dependente de um aumento dos níveis de corticóide
provocado pela injeção. O experimento in vivo contou com 3 grupos de animais, dentre
eles: um grupo controle (animais não injetados), um grupo em que os animais foram
injetados com água, ou seja, que foram estressados pela picada e um grupo de animais
injetados com o sumo de Kb. Após serem injetados por 4 dias, os animais foram
sacrificados e a dosagem dos níveis plasmáticos de corticosterona foi feita por
radioimunoensaio (vide metodologia). Como mostrado na Figura 12, não houve
diferença significativa dos níveis de corticosterona entre o grupo de animais injetados
com água e aqueles injetados com o sumo, embora o estresse da picada tenha sido
capaz de aumentar significativamente os níveis de corticosterona nesses animais,
quando comparados com os controles não injetados. Sendo assim, isso exclui a
hipótese de um aumento deste hormônio ser a causa dos efeitos observados nos
animais injetados com Kb.
Procuramos também avaliar a cinética de recuperação de animais tratados
com Kb, ou seja, quanto tempo após a interrupção do tratamento com o sumo da planta
o animal levava para se recuperar da imunosupressão. Como podemos observar na
Figura 13, a cinética de recuperação desses animais é bem lenta se comparada à
cinética de recuperação de animais tratados com corticóide conforme descrito na
literatura, sugerindo, mais uma vez, que o mecanismo de ação do Kb/KMC e dos
glicocorticóides é diferente.
Vem sendo também demonstrado na literatura que a supressão da
linfopoese observada após o tratamento com corticóide é devido a indução de apoptose
nos precursores linfóides, a qual pode ser observada in vitro. Embora o mecanismo de
ação do Kb não pareça ser dependente da elevação dos veis de corticóide endógeno
nós investigamos se a indução de apoptose pelo Kb estaria ocorrendo in vitro.
Conforme descrito, o tratamento in vitro das células Pro/PreB com doses crescentes
de dexametasona leva a uma elevada apoptose dos precursores (Figura 14 A-D),
entretanto somente um efeito marginal foi observado na presença de doses crescentes
de Kb. Efeitos semelhantes foram obtidos com os precursores de células T (Figura 14
E-H).
Figura 12 - Bloqueio da linfopoese por Kalanchoe brasiliensis é independente do
aumento dos níveis de corticóide endógeno.
Grupos de 5 animais C57BL/10 foram diariamente tratados intraperitonealmente com
água ou Kb por 4 dias. No dia, os níveis de corticóide sérico dos animais tratados e
dos animais controle (não injetados) foram medidos por radioimunoensaio. As barras
horizontais representam o valor da média por grupo e o (*) indica que os animais
tratados com água ou Kb apresentam diferenças significativas em relação aos valores
obtidos nos animais não manipulados.
Figura 13 - Interrupção do tratamento com KMC resulta na recuperação
progressiva da linfopoese B.
Grupos de 5 animais foram injetados diariamente no peritônio com 160 mg/kg de KMC
por 4 dias consecutivos. O grupo controle foi injetado com água deionizada. Células da
medula óssea foram retiradas e marcadas com anticorpos anti-IgM e anti-B220 nos dias
3, 5, 8 e 12 após o início do tratamento e analisadas para a presença de células
proB/preB (B220
+
IgM
-
) e células B imaturas (B220
+
IgM
+
) através de citometria de fluxo.
Os dados mostram os resultados de 3 experimentos diferentes com 5 animais por
grupo.
Figura 14. Efeito marginal sobre a apoptose de precursors T e B na presença de
Kb in vitro.
Células B220 purificadas da medula óssea foram cultivadas por 18 hs e a apoptose foi
medida por marcação com anexinaV e iodeto de propídio em citômetro de fluxo. (A)
Controle (B) dexametasona 10
-8
M; (C) Kb 30 µg/ml; (D) Kb 100 µg/ml. Timócitos foram
cultivados por 18 hs e a apoptose foi medida por marcação com anexinaV e iodeto de
propídio em citômetro de fluxo. (E) Controle. (F) dexametasona 10
-8
M; (G) Kb 30 µg/ml;
(H) Kb 100 µg/ml.
4.5 - Os efeitos de Kb/KMC são independentes de TNF-α
αα
α, IFN-β
ββ
β, TLR2 ou TLR4
Vem sendo demonstrado que TNF-α e IFN-β inibem seletivamente a
linfopoese, preservando a mielopoese (Lin & Dong & Cooper, 1998; Ueda et. al., 2004).
Para investigar se o efeito de Kb/KMC poderia estar associado à ação desses
mediadores endógenos conhecidos por modular a linfopoese, nós tratamos os
animais TNF-R1
-/-
e IFNR
-/-
com Kb/KMC. Os resultados obtidos em ambas as linhagens
mostraram que o tratamento com Kb/KMC leva também a uma profunda e seletiva
redução da linfopoese B e T nesses animais, semelhante àquela encontrada nos
animais controle (Figura 15 A, B e C e Tabela 3).
Recentemente, também tem sido demonstrado que a linfopoese pode ser
inibida pelo engajamento direto dos receptores TLR2 ou TLR4 nos progenitores mais
precoces (Nagai et. al, 2006). Sendo assim, nós também investigamos o papel desses
receptores nos animais tratados com Kb/KMC utilizando animais C57BL/10ScCr (que
consiste em um mutante natural para o receptor Toll 4) e animais TLR2
-/-
e observamos
que os resultados foram semelhantes àqueles observados em animais C57BL/10
selvagens (Figura 16 A e B e Tabela 3). Esses experimentos também foram importantes
para excluir a possível contaminação de origem bacteriana com LPS ou lipoproteínas
que poderiam estar presentes na preparação do Kb/KMC e serem os responsáveis
pelos efeitos observados.
Adicionalmente, a preparação do sumo de Kb foi submetida a uma coluna
de polimixina B para a remoção do LPS presente, confirmado pelo teste de Limulus e
se manteve efetiva em inibir a linfopoese assim como o sumo original (dados não
mostrados).
Figura 15- Kalanchoe brasiliensis suprime o desenvolvimento de células B em
animais TNF-R1
-/-
e IFN-R
-/-
.
Grupos de animais TNF-R1
-/-
receberam diariamente tratamento i.p. com 480mg/Kg de
Kb (A) ou 160 mg/Kg de KMC (B) e animais β-IFN-R
-/-
receberam diariamente
tratamento i.p. com 160 mg/kg de KMC (C) por 4 dias. No dia, as células da medula
óssea foram retiradas e marcadas com anticorpos anti-IgM e anti-B220 e suas
subpopulações foram analisadas por citometria de fluxo. Os dados mostram os valores
de média e desvio padrão de 3 experimentos diferentes com p<0.05 *.
Figura 16 - Kalanchoe brasiliensis suprime o desenvolvimento das células B nos
animais C57BL/10ScCr ou TLR2-/-.
Animais C57BL/10ScCr (A) ou TLR2
-/-
(B) receberam diariamente tratamento
intraperitoneal com água deionizada (CTR) ou 480mg/kg de Kb por 4 dias. No 5º dia, as
células da medula óssea foram retiradas e marcadas com anticorpos anti-IgM e anti-
B220 e suas subpopulações foram analisadas por citometria de fluxo. Os dados
mostram os valores de média e desvio padrão de 3 experimentos diferentes com
p<0.05 *.
Tabela 3. Dimalato de kalancosina suprime o desenvolvimento T e B nos animais
TNF-R1
-/-
, β
ββ
β-IFN-R
-/-
, C57BL/10ScCr ou TLR2 -/-.
Camundongos TNF-RI
-/-
, β-IFN-RI
-/-
, C57BL/10ScCr (mutante natural para TLR4) ou
TLR2
-/-
, receberam diariamente tratamento i.p. com água deionizada ou 160 mg/kg de
KMC por 4 dias. No dia, as células da medula óssea e do timo foram obtidas. A
Tabela mostra o número de células da medula óssea B220
+
/IgM
-
e timócitos
CD4
+
/CD8
+
. Os valores são expressos em porcentagens em relação ao número de
células obtidas no grupo controle injetado apenas com água deionizada (100%). Os
dados são representativos de 2 experimentos diferentes com 3 animais por grupo.
4.6 - Efeitos do sumo de Kb na diferenciação de linfócitos B in vitro
Tendo sido demonstrado o efeito do sumo de Kb na diferenciação de
linfócitos B in vivo procuramos avaliar se o fenômeno se repetiria em um modelo de
diferenciação de linfócitos B in vitro. Além disso, caso os efeitos in vitro de Kb fossem
semelhantes aos demonstrados para os corticóides (Garvy et. al., 1993)
levantaríamos a hipótese do Kb estar agindo como um agonista do receptor de
corticosterona.
No experimento in vitro, foram utilizados camundongos normais jovens, os
quais possuem grande número de precursores de células B na medula, de onde foram
depletadas as células B imaturas (IgM
+
) para que os precursores diferenciassem in vitro
por 3 dias. Decorrido esse tempo, foi feita a contagem das células na câmara de
Neubauer (Figura 17 A e B). O tratamento dessas células com o sumo de Kb é
mostrado na Figura 17 B e o tratamento com Dexametasona é mostrado na Figura 17
A. Além disso, confirmamos a descrita reversão do efeito da dexametasona nas
células B de medula pelo antagonista do receptor de glicocorticóides, o RU 486 (Figura
17A). Realizamos também a marcação dessas células após as 72hs de cultura e os
resultados demonstram que Kb não inibe a diferenciação de linfócitos B in vitro (Figura
18). E, uma vez que o sumo de Kb não teve efeito in vitro na população de células B da
medula óssea podemos descartar algum efeito agonista desse sumo no receptor de
corticosterona. Os resultados indicam também que o sumo de Kb não tem efeito tóxico
que eleve a mortalidade das células in vitro, mesmo quando mantidas em cultura por
72h.
Figura 17 - Efeitos do tratamento com dexametasona e Kb na diferenciação in
vitro dos precursores de células B
Células da medula óssea depletadas de linfócitos B maduros foram cultivadas por 72h
na presença de dexametasona (concentração expressa em Molar) na ausência ou na
presença de 2 µM RU486, antagonista do receptor de corticosterona (A). Em (B), as
células da medula óssea depletadas de linfócitos B maduros foram cultivadas na
presença de diferentes concentrações de Kb. No final da cultura, o número de células
B220 viáveis foi determinado por contagem em câmara de Neubauer. Os dados
mostrados são representativos de um experimento num total de 3 experimentos
realizados.
Figura 18 - Kalanchoe brasiliensis não inibe a diferenciação dos precursores de
células B in vitro.
Os precursors de células B obtidos através da seleção negativa foram cultivados in vitro
por 72 h, na ausência ou presença de diferentes concentrações do sumo de Kb. No
final da cultura, as células foram marcadas com anticorpos anti-IgM e anti-B220 e
analisadas por citometria de fluxo para a presença de diferentes populações de células
B: proB/preB (B220
+
IgM
-
) e células B imaturas (B220
+
IgM
+
). No gráfico, as células B
IgM
+
no dia 0 de cultura são indicadas em (A). Os dados mostram a diferenciação das
células B após 72h de cultura na ausência de Kb (B) e na presença de 100 µg/ml de Kb
(C).
4.7 - Interferência do sumo de Kb/KMC na via de sinalização da interleucina 7
(IL-7)
O papel relevante da interleucina 7 (IL-7) na proliferação dos precursores
de células T e B durante o desenvolvimento é bem conhecido. Sendo assim, uma
possível interferência na via de sinalização dessa interleucina poderia explicar o efeito
in vivo do sumo de Kb/KMC sobre esses dois tipos celulares. Baseados nessa hipótese,
decidimos averiguar se o sumo seria capaz de inibir total ou parcialmente essa via. Ao
investigarmos a proliferação na presença de IL-7, utilizamos células totais de medula
(Figura 19 A) ou precursores de células B purificados (Figura 19 B), os quais proliferam
bem em resposta a essa interleucina e obtivemos uma severa inibição na proliferação
celular em ambos os casos.
Figura 19 - Kb e KMC inibem a resposta proliferativa dos precursores de células B
à IL-7
(A) Células totais da medula óssea de animais normais foram cultivadas por 5 dias com
IL-7, lavadas e re-cultivadas por mais 72h com IL-7, na ausência ou na presença de
concentrações crescentes de Kb/KMC g/ml). A proliferação foi medida por
incorporação de timidina marcada conforme descrito na metodologia. (B) Células
B220
+
CD19
+
IgM
-
foram purificadas e cultivadas por 3 dias com IL-7 na ausência ou na
presença de concentrações crescentes de KMC g/ml). A proliferação foi medida por
incorporação de timidina marcada. Os dados são representativos de 3 experimentos
diferentes.
4.8 - Efeitos do do Kb/KMC na proliferação celular em resposta a estímulos por
IL-2 e IL-3
As vias de sinalização das interleucinas IL-2, IL-3 também foram alvo de
nossas investigações. A fim de avaliar se a proliferação celular em resposta ao estímulo
de IL-2 estaria sendo inibida após o tratamento com o KMC, desenvolvemos um modelo
in vitro onde células totais de baço foram primeiramente estimuladas com Con A e
posteriormente crescidas em presença de IL-2. Os resultados nos mostram que KMC foi
capaz de levar a uma inibição de até 43% na resposta à IL-2 (Figura 20). No caso da
IL-3, utilizamos a linhagem celular FDCP-I, que prolifera bem em resposta a essa
interleucina, e pudemos observar uma inibição da proliferação dessas células de até
95% (Figura 21) quando tratadas in vitro com concentrações crescentes de Kb. No caso
do KMC, uma inibição na proliferação celular de apenas 33% pode ser observada na
via da IL-3 (Figura 22).
Figura 20 - Medida da proliferação de células de baço em resposta à IL-2 com
concentrações crescentes de KMC
Células totais do baço de animais normais foram estimuladas com 1 µg/ml de
Concanavalina A por 72h e lavadas com 40mg/ml de α-metil-manosídeo.
Posteriormente, foram estimuladas com 10% de IL-2 e com as concentrações de 10, 30
e 100 µg/ml de KMC. O tempo de cultura foi de 48h. A proliferação basal representada
pela linha tracejada foi de 1257 cpm. Os dados são representativos de 3 experimentos
diferentes.
Figura 21 - Medida da proliferação de células FDC-P1 em resposta à IL-3 com
concentrações crescentes de Kb.
Células da linhagem FDC-P1 foram estimuladas com 10% de IL-3 e cultivadas em
placas de 96 poços com as concentrações de 10, 30 e 100 µg/ml do Kb. O tempo de
cultura foi de 48h. A proliferação basal representada pela linha tracejada foi de 6546
cpm. Os dados são representativos de 3 experimentos diferentes.
Figura 22 - Medida da proliferação de células FDC-P1 em resposta à IL-3 com
concentrações crescentes de KMC.
Células da linhagem FDC-P1 foram estimuladas com 10% de IL-3 e cultivadas
em placas de 96 poços com as concentrações de 10, 30 e 100 µg/ml do KMC. O tempo
de cultura foi de 48h. A proliferação basal representada pela linha tracejada foi de 6546
cpm. Os dados são representativos de 3 experimentos diferentes.
4.9 - Medida da proliferação de linfócitos B de baço estimulados com LPS
após tratamento com o sumo de Kb
Embora o sumo de Kb não tenha mostrado ação in vitro sobre a
diferenciação das células B, tentamos detectar uma inibição na proliferação dessas
células desenvolvendo um modelo de proliferação in vitro. O modelo consistiu de uma
proliferação de células B de baço durante 48 horas estimuladas com o mitógeno LPS. A
medida da proliferação celular foi feita pela contagem da cintilação, que mostrou que o
sumo de Kb inibe marginalmente a proliferação in vitro de linfócitos B em resposta ao
LPS (Figura 23), mostrando que Kb não está agindo como uma substância anti-mitótica
geral e inespecífica.
Figura 23 - Kb inibe marginalmente a resposta proliferativa de células B ao LPS.
Células de baço foram cultivadas por 72h com LPS na ausência ou presença de
concentrações crescentes de Kb g/ml). A proliferação foi medida por incorporação
com timidina marcada com trício. Os dados são representativos de 3 experimentos
diferentes.
5 - DISCUSSÃO
Kalanchoe brasiliensis (Kb) é uma planta medicinal brasileira da família
das Crassulaceae comumente usada na medicina popular para o tratamento de certas
doenças inflamatórias crônicas. O efeito direto do sumo de plantas do mesmo gênero
na ativação de linfócitos humanos in vitro foi investigado na tentativa de mostrar que as
propriedades de cura destas plantas poderiam estar associadas a uma ação no sistema
imunitário (Moraes et. al, 1994; Rossi-Bergmann et. al, 1994). A partir desses trabalhos,
foi demonstrado que o sumo liofilizado de plantas do mesmo gênero inibia a resposta
proliferativa de linfócitos a mitógenos in vitro (Rossi-Bergmann et. al., 1994).
Em outros estudos realizados com um modelo de inflamação aguda, o
sumo de Kb demonstrou potente ação anti-inflamatória e imunomoduladora, na medida
em que reduziu o processo inflamatório induzido por zimosan, além de reduzir o número
de células B no linfonodo drenante (Ibrahim et. al, 2002). A partir desses resultados,
nosso principal objetivo foi investigar os efeitos do sumo de Kb nas células do sistema
imune, principalmente os possíveis efeitos na maturação e na diferenciação das células
B eT.
No presente trabalho, após a injeção intraperitoneal de camundongos com
o sumo por 4 dias consecutivos observamos uma redução do número de linfócitos B
imaturos (B220
+
IgM
+
) e de seus precursores (B220
+
IgM
-
) na medula óssea e da
população duplo-positiva (CD4
+
CD8
+
) no timo. Esses resultados sugerem que um
efeito do sumo de Kb nas populações celulares de transição durante o processo de
diferenciação das células T e B. Os efeitos são somente observados nos órgãos
linfóides primários (medula e timo) e não nos secundários (baço e linfonodo) onde o
número de linfócitos B e T está preservado, levando-nos a acreditar que alguma
interferência esteja ocorrendo na diferenciação celular in vivo.
A preservação dos linfócitos maduros (B220
high
IgM
+
) observada após o
tratamento com Kb/KMC é condizente com a dinâmica normal de população dos
linfócitos. As células B estão sendo produzidas continuamente na medula óssea adulta
e, apenas 5-10% das células recém formadas são incorporadas no compartimento de
células B maduras (Osmond, 1993; Gaudin et. al., 2004). Essa analogia também se
aplica às células T, embora o número de células T recém formadas no animal adulto
seja menor do que o número de células B, isso é compensado pela intensa proliferação
das células T maduras nos órgãos linfóides periféricos. Portanto, tanto no repertório T
como no B, a porcentagem de linfócitos recém formados não excede 5-10% dos
linfócitos periféricos totais e isso explica porque a linfopoese pode ser dramaticamente
reduzida em poucos dias sem afetar os linfócitos maduros nos órgãos linfóides
secundários (Agenes & Rosado & Freitas, 1997), como observamos neste trabalho.
Vale ressaltar ainda que a redução da população celular parece estar
restrita à população linfóide, visto que o número absoluto de macrófagos na medula
óssea se mantém constante, embora sofra um aumento percentual que é devido à
redução proporcional da população B220
+
. Isso mostra que os efeitos observados não
são inespecíficos, não ocorrendo em todos os tipos celulares.
Os efeitos inibitórios do sumo de Kb na linfopoese in vivo e in vitro podem
ser reproduzidos pelo dimalato de kalancosina (KMC), um composto purificado obtido
pela precipitação em etanol do sumo. O KMC é composto de um novo metabólito
recentemente descrito, a kalancosina (ácido 3,6-diamino-4,5-dihidroxioctanodióico) e
ácido málico, na razão estequiométrica 1:2 (Costa et. al., 2006). O efeito inibitório
parcial obtido a partir do tratamento das Pro/PreB com o sobrenadante possivelmente
se deve a uma pequena contaminação com resíduos de KMC ainda presentes no
mesmo.
Um efeito semelhante ao do Kb/KMC havia sido demonstrado em
precusores hematopoéticos, precursores e progenitores de células B de medula óssea
e em timócitos tratados com glicocorticóides como a Dexametasona (Wyllie, 1980). A
exposição ao fármaco levou à indução da apoptose dos precursores de linfócitos B na
medula óssea, que pode ser revertida com o uso do antagonista do receptor de
glicocorticóides, o Ru 486 (Garvy et. al., 1993). Não é somente durante o tratamento
com agentes exógenos como os glicocorticóides que se observa essa redução no
número de células B da medula óssea. Agentes endógenos como os estrogênios
(Medina & Kincade, 1994), citocinas como o TNF-α e o IFN-tipo I e receptores Toll like
como o TLR2 e TLR4 (Kincade, 1994) também foram descritos como sendo agentes
imunosupressores.
O fato do sumo de Kb ter um efeito bastante semelhante ao dos
glicocorticóides nos linfócitos B e T nos levou a acreditar que a injeção do sumo poderia
estar induzindo o aumento dos veis de corticóide e que tal aumento seria o
responsável pela redução do número de linfócitos. Embora o aumento nos níveis de
corticóide tenha sido de fato constatado no plasma de animais injetados com o sumo,
esse aumento se deve ao estresse que os animais são submetidos no momento da
picada, e não ao sumo em si, uma vez que os animais que receberam apenas água
apresentaram níveis de corticosterona semelhantes àqueles injetados com sumo. Além
disso, precursores de células B e T cultivados in vitro com Kb/KMC sofrem uma
apoptose marginal, ao contrário daquela observada na presença dos glicocorticóides
(Fig. 11), trazendo mais uma evidência do distinto modo de ação entre Kb/KMC e os
glicocorticóides.
O desenvolvimento das células B é também suprimido por hormônios
estrogênios que inibem a secreção de fatores pelas células estromais, tais como a IL-7
endógena (Medina et. al., 2001; Kincade, 1994), sem induzir a apoptose dos
progenitores de células B. A linfopoese de células B é seletivamente suprimida na
medula óssea de fêmeas grávidas ou de animais tratados com estrogênios (Medina &
Kincade, 1994; Medina, Strasser & Kincade, 2000). Progenitores precoces (células pro-
B e pre-B) parecem ser menos afetados do que os estágios mais tardios de
diferenciação tais como pre-B II e células B imaturas (Medina, Smithson & Kincade,
1993). Entretanto, o tratamento de animais machos e fêmeas com o Kb/KMC nos
mostra que ambos são igualmente suscetíveis à supressão, excluindo a hipótese do
estrogênio ser um mediador do efeito de Kb in vivo.
A produção de IFN tipo I e TNF-α também poderia estar sendo induzida
pela administração de Kb/KMC, o que poderia explicar os efeitos inibitórios de Kb na
linfopoese (Lin & Dong & Cooper, 1998; Ueda et. al., 2004). As funções do TNF-α são
iniciadas pela sua interação com seus receptores que apresentam pesos moleculares
distintos: TNFR1 (TNFp55) e TNFR2 (TNFp75). Os domínios intracitoplasmáticos
desses receptores não apresentam homologia e acredita-se que as vias de sinalização
intracelulares desencadeadas por eles sejam diferentes, sendo que a maioria das
respostas celulares induzidas por TNF-α são atribuídas exclusivamente ao TNFR1
(Engelmann et. al., 1990). A administração de Kb/KMC nos animais TNFR1
-/-
e IFN-R1
-/-
também resultou em uma profunda redução da linfopoese T e B, sugerindo que os
efeitos de Kb/KMC in vivo são independentes dessas citocinas.
Os receptores TLR2 e TLR4, recentemente descritos como supressores
da linfopoese, (Kincade, 1994) foram também abordados neste trabalho. Os receptores
TLR2 reconhecem diversos componentes microbianos distintos, incluindo lipoproteínas
e lipopeptídios de bactérias Gram positivas (Takeuchi et. al., 2002). O receptor TLR4 é
essencial na resposta ao lipopolissacarídeo (LPS). Além do LPS, outras moléculas vem
sendo descritas como ligantes de TLR4. O taxol é um composto derivado de plantas
com propriedades anti-cancerígenas conhecido por mimetizar a ão do LPS em
camundongos (Takeuchi et. al., 2002). No presente trabalho, os experimentos com
animais TLR2
-/-
e C57BL/10ScCr (deficientes no receptor TLR4) também excluíram o
papel da sinalização de TLR2 e TLR4 no bloqueio da linfopoese via Kb/KMC (Tabela 3).
Uma outra hipótese ainda é de que o sumo de Kb estaria inibindo uma ou
várias vias de sinalização celular das interleucinas que participam das etapas de
diferenciação de linfócitos B e T. A manutenção dos precursores comprometidos com a
linhagem linfóide é dependente de uma série de fatores secretados pelo estroma da
medula óssea e do timo, dentre eles a IL-7, cuja presença do receptor composto pelas
cadeias α e γ é responsável pela sobrevivência e proliferação dos precursores mais
precoces (Namen et. al., 1988; Sudo et. al., 1989b), além de ser necessária durante a
transição das fases Pro B/PreB (Corcoran et. al., 1996 e 1998). foi demonstrado
inclusive que a IL-7 é suficiente para promover a diferenciação in vitro dos progenitores
da linhagem B, mesmo na ausência de células estromais (Miller et. al., 2002).
Os precursores linfóides perdem a capacidade de responder à IL-7 nos
estágios finais da diferenciação e essa etapa coincide com a expressão dos receptores
BCR e TCR na superfície dos linfócitos imaturos (Hardy et. al., 1991; Zuniga-Pflucker,
2004). Kb/KMC inibiu a proliferação dos precursores de células B em resposta à IL-7 in
vitro, o que poderia explicar a supressão da linfopoese observada in vivo e é coerente
com a redução preferencial das PreBII e B imaturas, sendo a população de células B
ckit
+
(PreBI) menos afetada com o tratamento com Kb/KMC (Fig. 2C e 2D).
Os resultados obtidos no desenvolvimento das células T também sugerem
que o Kb/KMC também interfere com a sinalização do receptor da IL-7. Animais IL-7KO
e IL-7RKO apresentam um bloqueio no desenvolvimento das células T na transição
entre DN2/DN3, acumulando células no estágio DN2 (Freeden-Jeffry, 1995). Nossos
dados mostraram que animais tratados com Kb/KMC possuem o compartimento DN2
aumentado e o DN3 diminuído, sugerindo que o tratamento com Kb/KMC, ao afetar a
IL-7, bloqueou a transição DN2/DN3 . Além disso, a expressiva redução dos timócitos
CD4
+
CD8
+
nos animais tratados com Kb está de acordo com a forte inibição da
proliferação da subpopulação DN4 que lhe origina, a qual depende de IL-7 como um
fator trófico (Di Santo & Rodewald, 1998). O tratamento com Kb/KMC afeta as 2
subpopulações com a maior capacidade mitótica, DN2 e DN4 e ambas dependem de
IL-7, o que leva a uma depleção das progênies imediatas, que são as DN3 e as duplo-
positivas, respectivamente (Penit, Lucas & Vasseur, 1995).
Outras interleucinas como a IL-2 e a IL-3 também foram investigadas. A
IL-2, inicialmente identificada como fator de crescimento das células T, também exerce
um papel no crescimento e ativação de células B (Smith, 1988), sendo sua ão
mediada pelo receptor da IL-2 presente nessas células (Taniguchi et. al.,1986). O
receptor da IL-2 é composto do heterotrímero αβγ ou do heterodímero βγ , sendo as
cadeias β e γ essenciais para a transdução de sinais intracelulares (Kamino et. al.,
1992). A cadeia γ do receptor da IL-2 é partilhada pelo receptor de outras interleucinas,
dentre elas a IL-7 (Noguchi et. al., 1993a e 1993b; Russel et. al., 1993). Embora a
cadeia γ seja indispensável para a sinalização de várias dessas interleucinas tais como
a IL-2, a IL-4, a IL-7, a IL-9 e a IL-15 (Kondo et. al, 1993; Giri et. al., 1994) a disfunção
da IL-7 é a responsável pelos defeitos nas células T e B em camundongos mutantes,
que ambos os defeitos são encontrados em camundongos IL7
-/-
(Freeden-Jefry et. al.,
1995) ou em casos de administração de anticorpo monoclonal anti-IL-7 (Grabstein et.
al., 1993). Nossos resultados mostram uma diminuição marginal da proliferação celular
em resposta à IL-2 durante o tratamento com o KMC. Uma vez que os receptores de IL-
2 e IL-7 partilham a cadeia γ e alguns membros da família JAK/STAT como JAK1,
JAK3, STAT3 e STAT5 (Noguchi et. al., 1993a e 1993b; Leonard, 2001), estudos mais
detalhados devem ser realizados na tentativa de identificar o alvo molecular de
Kb/KMC.
Em relação à IL-3, importante por estimular o crescimento das células Pre
B in vitro (Palacios et. al., 1984; Rennick et. al., 1989), também pode ser vista uma
inibição nas células da linhagem FDC-P1, que proliferam em resposta à IL-3, pelo sumo
de Kb porém esta inibição é bem mais modesta no tratamento com KMC. Face ao
exposto, sugerimos que o sumo da planta, assim como sua fração ativa, estejam
interferindo nas complexas vias de sinalização dos receptores de citocinas classe I, nos
quais estão inluídas as interleucinas IL-2, IL-3 e IL-7, porém com um efeito bem mais
expressivo na IL-7.
Na tentativa de esclarecer melhor qual etapa da diferenciação celular
estaria sendo bloqueada, utilizamos um modelo de diferenciação de células B in vitro.
Surpreendentemente, os efeitos do sumo da planta não puderam ser observados in
vitro, levando-nos a levantar algumas hipóteses na tentativa de explicar a ausência de
efeito in vitro.
Primeiramente, em nosso modelo de diferenciação in vitro, a grande
maioria das células B, após a depleção das B imaturas, são células que se encontram
no estágio Pre B-II pequena. O estágio Pre B-II é subdividido em Pre B-II grandes e Pre
B-II pequenas, sendo que essas últimas darão origem às células B imaturas durante o
processo de diferenciação celular (Melchers & Rolink, 1999). Sabendo que em nosso
sistema um predomínio de células Pre B-II pequenas é possível que o sumo de Kb,
assim como o KMC, não tenham ação na etapa de transição Pre B-II pequena/B
imatura, mas talvez possam estar agindo em uma etapa anterior. É possível também
que o sumo de Kb e o KMC possam estar sendo metabolizados in vivo, e que os
produtos de seu metabolismo sejam os responsáveis pelo efeito observado, o que
justificaria a ausência de efeito in vitro, ou ainda, por ser a população PreBII não mais
responsiva a IL-7, isso reafirma que o Kb/KMC estaria bloqueando a resposta
proliferativa dos precursores à IL-7, mas em um estágio mais avançado em que a célula
não mais depende dessa proliferação, a diferenciação dos linfócitos ocorreria
normalmente.
Ao avaliarmos a ação do sumo de Kb in vitro na proliferação de células B
de baço em resposta ao mitógeno LPS, vimos que a proliferação dessas células foi
preservada, sugerindo mais uma vez que a planta está mesmo agindo em alguma
etapa intermediária da diferenciação dos linfócitos B, mas não age na resposta da
célula B madura ao LPS. Isso nos sugere que a via do receptor TLR-4 não foi afetada,
ou seja, o sumo de Kb não foi capaz de interferir na resposta ao LPS.
O LPS é um componente estrutural da parede externa de bactérias Gram-
negativas sendo conhecido como um potente ativador de monócitos e macrófagos,
levando à síntese de inúmeras citocinas como IFNγ, TNF-α e IL-12 as quais podem
interferir no desenvolvimento dos linfócitos. Ao longo deste trabalho, levantamos a
hipótese de uma possível contaminação com LPS nas amostras do sumo de Kb e em
suas frações, que foi então investigada. De fato, detectamos a presença de 0.03% de
LPS em duas amostras de sumo plantadas em diferentes solos. Uma dessas amostras
de sumo foi extraída do caule de Kalanchoe brasiliensis, e não exerceu nenhum efeito
na população de células B (dados não mostrados). A outra amostra, extraída da folha,
exerceu o efeito aqui demonstrado, que foi estudado ao longo de todo nosso trabalho.
Vale destacar ainda, que ambas as amostras de sumo, a que teve efeito sobre as
células B e a que não teve, apresentam níveis de contaminação com LPS semelhantes,
confirmando assim que os efeitos observados ao longo deste trabalho não se devem à
presença do LPS.
Nossos resultados sugerem então que o sumo de Kb e sua fração
purificada KMC bloqueiam a linfopoese através de um novo mecanismo que difere do
modo de ação descrito para hormônios e citocinas com efeito análogo. Essa é a
primeira descrição de um produto derivado de planta com essas propriedades. Além
disso, a identificação do KMC como sendo a fração ativa do sumo de Kb representa a
descoberta de mais um agente imunosupressor, com efeitos semelhantes aos
descritos para outros fármacos. Nós então sugerimos que o Kb/KMC está interferindo
na resposta dos progenitores linfóides à IL-7 e, como a IL-7 vem sendo apontada como
importante citocina para o crescimento de linfomas de células T (Yamanaka et. al.,
2006), o Kb/KMC poderia ser apontado como um candidato promissor para o controle
desses tumores.
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO 1
Artigo aceito para publicação no
Journal of Leukocyte Biology
100
101
ANEXO 2
Artigo aceito para publicação no
International Immunopharmacology
102
INHIBITION OF B CELL DEVELOPMENT BY KALANCHOSINE DIMALATE.
Luciana S. de Paiva
*
, Elize A. Hayashi
*
, Giany O. De Melo
¶|
, Sonia S. Costa
, Vera Lúcia G. Koatz
||
,
Alberto Nobrega
*
(
*
) Departamento de Imunologia, Instituto de Microbiologia; (
) Núcleo de Pesquisas de Produtos
Naturais; (||)Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21941-590, Brasil.
Running Title:
Inhibition of B cell development by Kalanchosine dimalate.
Correspondence: Alberto Nobrega, PhD, Departamento de Imunologia, Instituto de Microbiologia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 21941-590, Brazil, Tel.: 55 21 2562-6747, Fax:
55 21 25612936
Av. Carlos Chagas Filho, 373 –CCS- Bl.I- sala I2-051- Instituto de Microbiologia- Cidade Universitária-
CEP:21941-902- Rio de Janeiro-RJ- Brazil
Email: afnobrega@gmail.com
103
ABSTRACT
Kalanchoe brasiliensis (Kb) is a medicinal plant from the Crassulaceae family, used in folk medicine to
treat inflammatory and infectious diseases. Here we show that short-term treatment of mice with a highly
purified compound named Kalanchosine dimalate (KMC), obtained from Kb, led to a strong and selective
inhibition of B cell development in the bone marrow, without affecting the myeloid lineage development.
Numbers of mature B lymphocytes in bone marrow or peripheral lymphoid organs were preserved in
KMC treated mice. The inhibitory effect of KMC was acute and rapidly reverted with the interruption of
the treatment. In vitro, KMC, inhibited the interleukin-7 dependent proliferation of B cell precursors and
do not induce cell death. Also in vitro, the maturation of B cell precursors was not affected by KMC.
KMC does not inhibit the proliferative response to IL-3 or IL-2. These results suggest that KMC is
selectively affecting B cell lymphopoiesis, possibly acting on the IL-7 signaling pathway, opening new
perspectives for a potential therapeutic usage of Kb derived drugs.
Keywords: Kalanchoe brasiliensis, kalanchosine dimalate, B cell development, interleukin-7.
104
INTRODUCTION
Plants from the genus Kalanchoe are traditionally used in folk medicine to treat inflammatory
diseases. Our group has been investigating the properties of compounds derived from plants of that genus,
aiming at the identification of new substances with potential therapeutical value. Previously we have
shown that the juice prepared from fresh leaves of K. brasiliensis (Kb) possess immunosuppressive
properties in a mouse model of arthritis [1] and that similar preparations derived from K. pinnata
presented immunomodulatory activity in a mouse model of leishmaniasis [2, 3]. More recently, we
showed that a highly purified compound named Kalanchosine dimalate (KMC), a pure complex formed by
the new compound kalanchosine and malic acid in a ratio 1:2, derived from K. brasiliensis [ 4 ], exhibited
a potent anti-inflammatory activity, strongly inhibiting acute inflammation experimentally induced with
zymozan [ 1 ].
Here we show that a short-term treatment of normal mice with KMC promotes a massive
depletion of immature B lymphocytes and B cell precursors in the bone marrow. This ablation is transient
and can be reversed in a few days after discontinuation of the treatment. The effect of KMC in the bone
marrow was found to be selective for the lymphoid lineage, with little effect on the myeloid compartment.
Using an in vitro assay for B cell differentiation, we present evidence to support the notion that depletion
of B cell lineage in the bone marrow by KMC is due to a selective blockade of IL-7 driven expansion of B
cell precursors, without interfering in their maturation process.
105
MATERIAL AND METHODS
Animals.
C57BL/10 (male, 25 g) were obtained from Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brazil.
Animals were housed in a temperature-controlled room, receiving water and food ad libitum. All the
procedures involving animal experiments were performed in accordance to the International Guidelines
for Animal Use.
Preparation of juice from aerial parts of Kalanchoe brasiliensis (Kb).
The aerial parts of cultivated and not bloomed specimens of K. brasiliensis were collected in the morning
hours at Rio de Janeiro state (Brazil). A voucher specimen 304627 was deposited at Botanical Garden of
Rio de Janeiro, Brazil. The fresh aerial parts of Kb (24 kg) were washed with a solution of sodium
hypochlorite at 100 ppm, rinsed and dried at room temperature. Twenty-four hours later, the fresh plant
material was triturated in an industrial food processor to obtain a green juice (19 L), which was clarified
by decantation at 5 °C for 24 h, resulting in a yellow preparation (17.3 L), named Kb juice, that was
lyophilized for further manipulations.
Preparation of kalanchosine dimalate (KMC) from Kb juice.
Lyophilized Kb juice was dissolved in pyrogen free water plus ethanol (50 % v/v) and the mixture
maintained at 5°C under agitation for 5 days. After this period, the white-flake precipitate was recovered
by paper filtration. The filters were washed with pyrogen free water (1.0 L) and the filtrates obtained were
re-precipitated with ethanol (1.5 L) and filtered again. The collected solid material obtained was partially
dried at 40 °C, dissolved in pyrogen free water, frozen and lyophilized. The
1
H NMR analysis showed that
the precipitate (0.319% yield w/w from the fresh plant) is a pure complex, formed by the new compound
kalanchosine and malic acid in a ratio 1:2, thereafter named KMC [ 4 ]. The chemical purity KMC
preparations was systematically monitored by using high performance liquid chromatography (HPLC)
106
with the column Asahipak GS-51OH and the Diodearray detector (Shimadzu, Japan), eluted with 20 mM
Tris-HCl buffer pH 8.0 in a flow rate of 0.4 ml/min.
Treatment with K. brasiliensis and fractions.
Just before use lyophilized Kalanchosine dimalate KMC was re-suspended in pyrogen free water and
filtered through a 0.22 µm Millipore filter. Groups of three to five mice were daily treated
intraperitoneally (i.p.) with an injection of 200 µl/mouse containing 160 mg/kg KMC, during the duration
of the experiment. The concentrations of KMC used throughout this study were determined before [1 ].
The preparation of KMC used in all experiments described here were passed through a polymyxin B
column to eliminate possible contaminants of bacterial origin (e.g. LPS and lipoproteins) and were
negative for the Limulus assay (LAL), limit of detection of 0.125 endotoxin U/ml (E-Toxate; Sigma-
Aldrich, St. Louis, MO). Mock injected animals received pyrogen free water, 200 µl/mouse. At the end of
treatment, mice were sacrificed and bone marrow was used to prepare single cell suspensions.
Cell staining and flow cytometry.
Fresh single cell suspensions from bone marrow was stained with fluorochrome conjugated monoclonal
antibodies and monitored by flow cytometry. The monoclonal antibodies (mAbs) used for staining were as
follow: FITC-goat anti-mouse IgM (Caltag Laboratories, Burlingame, CA), PE-anti-B220, PE-CD11b
(BD PharMingen, San Diego, CA), annexinV-FITC (BD PharMingen, San Diego, CA). Cells were
incubated with the mAbs in FACS buffer (PBS, 1% FCS, 0.05% Na-azide) for 20 min on ice and washed
twice with FACS buffer. Data were acquired on a FACSCalibur
TM
(BD Biosciences, San Jose, CA) and
analyzed using CELLQuest
TM
software (BD Biosciences). Staining with annexinV-FITC were done in
annexin binding buffer, following the protocol indicated by the manufacturer.
Magnetic cell sorting (MACS).
107
For depletion of IgM
+
B lymphocytes, bone marrow cells were incubated in MACS buffer (PBS
containing 2mM EDTA, 5% FCS) with anti-mouse IgM MicroBeads (Miltenyi Biotec, Germany) for 20
min on ice. Cells were washed and ressuspended in MACS buffer and passed through a nylon mesh and
applied to the magnetic column (Miltenyi Biotec); the effluent was collected, and washed in PBS, 2mM
EDTA, 5% FCS. Viable cells were scored by trypan blue exclusion dye, using a Neubauer
hemacytometer. Collected cells were described as the IgM negative fraction (>99 % purity). For
purification of B220+ cells, IgM-bone marrow cells, prepared as previously described, were incubated in
MACS buffer (PBS containing 2mM EDTA, 5% FCS) with anti-mouse B220 MicroBeads (Miltenyi
Biotec, Germany) for 20 min on ice. Cells were washed and ressuspended in MACS buffer and passed
through a nylon mesh; retained cells were eluted; this process was repeated twice, yielding a population
highly enriched for B220+ cells (> 98%).
Cell cultures.
In vitro B cell maturation: Cells from bone marrow obtained by negative selection using MACS anti-IgM
MicroBeads were cultivated for 72 h in RPMI 1640 supplemented with 10% FCS (GIBCO), 5 x 10
-5
M
2-ME, streptomycin 100µg/ml penicillin 100U/ml (Life Technologies) in a humidified atmosphere of 7%
CO
2
at 37°C, in absence or in the presence of different doses of KMC. At the end of culture period, cells
were stained with antibodies anti-IgM FITC and anti-B220 PE and analyzed by flow cytometry.
IL-7 assay: Total bone marrow cells (10
6
/ml) were cultivated in RPMI 1640 supplemented as above in the
presence of interleukin 7 (IL-7) enriched supernatant produced by a J558 cell line transfected with IL-7
plasmid. After 120 h, cells were recovered, extensively washed to remove IL-7, and re-cultured for 72 h,
in absence or in the presence of IL-7 with different doses of KMC and cell proliferation measured at the
end of the culture period.
IL-2 assay: For the generation of ConA T cell blasts, splenocytes were cultivated for 72 h in vitro in RPMI
supplemented supplemmented as above in 24-well flat-bottom plates in a humidified atmosphere of 5%
CO
2
at 37°C, in the presence 5µg/ml ConA; after this period, the cells were collected, washed and re-
108
cultured for 48 h in complete medium plus alfa-methyl-mannoside (100 mg/ml) and recombinant IL-2 (20
U/ml), in the presence or absence of KMC.
IL-3 assay: IL-3 dependent FDCP-1 cell line was in cultivated for 72 h in vitro in RPMI supplemented
supplemmented as above, in the absence or in the presence of IL-3 with different doses of KMC.
Proliferation assay.
Bone marrow cells (2 x 10
5
cells/well) were cultivated in RPMI supplemented as described above, in 96-
well flat-bottom plates in a humidified atmosphere of 5% CO
2
at 37°C. In the last 18 hr of cell culture,
Ci of [
3
H] Thymidine (SIGMA) was added to each culture well. Cells were harvested onto glass
microfiber filter paper 934AH (Whatman, Maidstone, UK) and radioactivity assessed by scintillation
counting. Con A blasts were cultivated in RPMI 1640 supplemented as described above, in 96-well flat-
bottom plates in a humidified atmosphere of 5% CO
2
at 37°C.for 48 hs (5 x 10
4
cells/well); cell
proliferation was measured as described. IL-3 dependent FDCP-1 cell line was cultivated in RPMI 1640
supplemented as described above, in 96-well flat-bottom plates in a humidified atmosphere of 5% CO
2
at
37°C; cell proliferation was measured as described.
Statistical Analysis.
The data were analyzed by the Student t-test or Mann-Whitney non-parametric test and were considered
statistically significant when p< 0.05.
109
RESULTS
Selective blockade of B cell development in the bone marrow after administration of Kalanchosine
dimalate: The preparation of KMC used in all experiments described here were passed through a
polymyxin B column to eliminate possible contaminants of bacterial origin (e.g. LPS and lipoproteins)
and were negative for the Limulus assay (see Material and Methods). Groups of three to five C57BL/10
mice were injected i.p. daily with 160 mg/kg of Kalanchosine dimalate (KMC), for 4 consecutive days,
and single cell suspensions of bone marrow cells were prepared and analyzed by flow cytometry, twenty-
four hours after the last injection. Control mice were mock-injected with pyrogen free water. Flow
cytometry analysis of bone marrow cell populations for the surface expression of Mac-1 and B220 showed
that B cell lineage was severely diminished in KMC treated mice (fig 1); percentage of Mac1+ cells were
augmented mostly because of the absence of the lymphoid lineage cells, however total numbers of Mac-
1+ myeloid lineage were little or not affected by the treatment (table 1); Mac1-/B220- cells were also
significantly reduced in KMC treated mice (table 1).
Analysis of the B cell lineage populations for the simultaneous expression of B220 and surface
IgM showed that B cell precursors and immature B cell numbers were significantly diminished in
mice treated with KMC (fig2 and table 2), with little effect on bone marrow re-circulating mature
B lymphocytes (fig2). Interestingly, numbers of mature B cells in peripheral lymphoid organs
were not affected by the treatment with KMC (not shown). Kinetic experiments showed that the
administration of KMC from 1 to 7 days led to increasing depletion of B cell lineage populations
in the bone marrow, being already close to maximum on day 5; interruption of the treatment
resulted in the progressive recovering of B cell lymphopoiesis (Fig 3); note that the depletion and
recovering of the immature B cell population shows a lag delay to the pro/preB population of B
cell precursors.
110
Kalanchosine dimalate selectively inhibits IL-7 dependent proliferation of B cell precursors: IL-7 is
a critical factor for the proliferation of adult bone marrow B cell precursors in the mouse; in the absence of
IL-7, B cell development is blocked in the adult animal [5, 6]. Because of the profound effect of in vivo
KMC treatment on the population of B cell precursors, we investigated if KMC would inhibit the in vitro
proliferation to IL-7 of purified B cell precursors. That was indeed the case, as shown in figure 4A. The
effect of KMC on IL-7 proliferative response was found to be specific for that cytokine, as the
proliferative response of T cell blasts to IL-2 was only marginally affected (fig 4B), and the proliferative
response to IL-3, of the IL-3 dependent FDCP-1 cell line, was not inhibited by similar doses of KMC (fig
4C).
Kalanchosine dimalate do not inhibit maturation nor induce death of B cell precursors: The
profound reduction of B cell lineage populations in KMC treated mice, affecting mostly B cell precursors
and immature B cells, is suggestive of a blockade of B cell development. Inhibition of IL-7 dependent
proliferation by KMC could strongly diminish the numbers of maturing precursors without affecting the
maturation process itself; or else, KMC could also interfere with maturation of the precursor. To
investigate in more detail this point, we used an in vitro model of B cell maturation that do not involve IL-
7. As shown in figure 5A, purified B cell precursors, B220+IgM- bone marrow cells, completed their
maturation process after 72 hs of culture in vitro, leading to a massive differentiation of preB cells into
immature B cells expressing surface BCR, IgM. This maturation process was not inhibited by KMC (fig
5B,C). Interestingly, the numbers of viable cells at the end of the culture period was found to be
equivalent in the presence or absence of KMC (fig 6A) showing that this compound also do not promote
death of B cell precursors, neither apoptosis (fig 6C). For comparison, a similar set of cultures was done in
the presence of dexamethasone, which induced massive mortality of B cell precursors (fig. 6B).
111
DISCUSSION
The data presented here show that a short term treatment of mice with the purified compound
Kalanchosine dimalate (KMC), derived from the medicinal plant Kalanchoe brasiliensis, promotes a
profound inhibition of B cell development in the bone marrow, leading to a reduction of B-lineage cells to
less than 20% or their normal numbers. Treatment with KMC did not affected myelopoieisis,
characterizing a selective action of this substance. KMC treated mice also presented a reduction of Mac1-
B220- cells in the bone marrow; as this subset consists of a heterogeneous population of hematopoietic
precursors and several different cell types, including mature T cells, NK cells, plasma cells, it is not
possible to ascertain which populations have been affected by KMC; it would be most relevant to study
the impact of KMC on hematopoietic stem cells. The phenotypic analysis of the different populations of
B-lineage cells in the bone marrow indicates that B cell precursors and immature B cells suffered the
major impact of KMC; numbers of mature B cells in bone marrow and in peripheral lymphoid organs
were preserved. Kinetic experiments showed an acute effect of KMC, affecting B cell lymphopoiesis
already 48 hours after initiation of the treatment (fig 3). The inhibition of B cell development (> 80 % ) is
maximum on day 5; longer treatments do not resulted in more pronounced effects (not shown). It is
important to note that B cell development is not definitively impaired in KMC treated animals, as the
interruption of the treatment allowed these mice to recover B cell lymphopoiesis to normal levels of
production (fig 3).
It is interesting to note that data obtained in the kinetic experiments revealed that numbers of B
cell precursors begin to decline before the reduction of the population of immature B cells; similarly, after
interruption of KMC treatment, numbers of B cell precursors started their recovery before the population
of immature B cells. This result strongly suggest that the original target of KMC is the population of B
cell precursors; it is expected that a reduction of this population would automatically lead to a delayed
reduction of immature B cells [7], as observed (fig 3).As IL-7 is a critical cytokine for B cell development
in adult mice, being responsible for the massive proliferation of B cell precursors during their maturation
112
[8-10], we then investigated if KMC would inhibit the proliferative response of B cell precursors to IL-7,
in vitro; that was indeed the case (fig. 4A). Moreover, the inhibitory effect of KMC was found to be
selective for IL-7; proliferative response to IL-3 and IL-2 was little or not affected (fig 4B and C); also the
proliferative response of mature B cells to LPS was not inhibited by KMC (not shown).
The observation that KMC suppress the response of B cell progenitors to IL-7 in vitro is
suggestive of their mode of action in vivo. However, a toxic effect on B cell precursors, or a blockade of
their maturation process, is also capable to explain the effects of KMC obtained in vivo. We have
investigated these two alternative possibilities using an in vitro model of B cell maturation (fig 5); the
results showed that KMC does not inhibit the maturation of B cell precursors in vitro, neither interferes
with their survival (fig 6). These results reinforce the notion that KMC would be acting through the
inhibition of IL-7 dependent proliferation of B cell precursors. IL-7 signaling pathway involves the
recruitement of Janus kinases JAK1 and JAK3 and the subsequent phosphorylation of the transcription
factors STAT5 [11]. An early action of KMC on IL-7 signaling may result in a reduction of cytoplasmatic
levels of phosphorylated STAT5; that point was not investigated here. It is interesting to note that IL-2
signaling also leads to phosphorylation of STAT5 [12], but IL-2 response was not inhibited (fig 4); it is
possible that KMC may target a late event on the IL-7 signaling pathway.
The data presented here is the first description of a plant derived product, Kalanchosine dimalate,
with a selective effect on B cell lymphopoiesis. Evidence was presented to support the notion the KMC
would be acting through the inhibition of IL-7 signaling, blocking the proliferation of B cell precursors.
To further re-inforce this hypothesis, it is interesting to add that T cell development was also inhibited in
KMC treated mice (manuscript in preparation). Besides its critical role in lymphopoiesis, IL-7 is also
involved in the physiology of mature lymphocytes and plays a role in the growth/survival of T cell
lymphomas and breast cancer [13-17], thus KMC could be a promising candidate as therapeutical agents
in immunoregulation or cancer. Specific studies on the toxicity of KMC to the organism have not yet been
conducted; however KMC is well tolerated by the animals, that kept signs of good health 30 days after
treatment, encouraging further study of this substance.
113
ACKNOWLEDGMENTS: This work was supported by the Brazilian Agencies: FAPERJ,
FINEP, FUJB, CNPq and CAPES. We are grateful to Zenildo B. Morais Filho (NPPN, Universidade
Federal do Rio de Janeiro) for technical support.
114
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117
FIGURE LEGENDS
Figure 1- Effect of KMC is selective for B cell lineage.
C57BL/10 mice received daily i.p. treatment with water or 160 mg/kg KMC for 4 days. On the fifth day,
bone marrow cells were analyzed by flow cytometry. Bone marrow cells were stained with mAbs to
identify the B220+ and Mac1+ cell lineages. Mock injected with water (A) and KMC-treated (B) mice.
Percentages of B220+ and Mac1+ cells are indicated in each quadrant. The figure shows a typical result
obtained from three different experiments with 3 to 5 animals per group.
118
Figure 2-
B cell precursors and immature B cells are preferentially diminished in mice treated with
KMC.
Bone marrow cells were obtained as described in Figure 1, stained with anti-IgM and anti-B220 mAbs and
analyzed by flow cytometry for the presence of different B cell lineage populations: proB and preB cells
(B220+IgM-), immature B cells (B220+IgM+) and mature B cells (B220high IgM+). In the plot, the
location of pro-B and pre-B cells are indicated as gate (1), immature B cells as gate (2) and mature B cells
as gate (3). Mice were mock injected with water (A) or with KMC (B). The data presented in the figure is
representative of three different experiments with 3 to 5 animals per group.
119
Figure 3- Interruption of the treament with KMC resulted in the progressive recovering of B cell
lymphopoiesis.
Groups of mice were injected i.p. daily with 160 mg/kg KMC for 4 consecutive days. Control group were
mock-injected with pyrogen free water. Single cell suspensions of bone marrow cells were prepared and
stained with anti-IgM and anti-B220 mAbs in days 3, 5
, 8
and 12
and analyzed for the presence of B cell
precursors (B220+IgM-) and immature B cells (B220+IgM+) by flow cytometry. The data show the
results from 3 different experiments with 3 to 5 mice per group.
120
Figure 4- KMC promotes the selective inhibition of IL-7 dependent proliferation.
(A): B220+IgM- bone marrow cells from naïve mice were cultured for 5 days with IL-7, washed and re-
cultivated for additional 72 h with IL-7, in absence or in the presence of increasing concentrations of
KMC (µg/ml); proliferation was measured by tritiaded-thymidine uptake; with IL-7, filled symbols;
without IL-7, open symbols; KMC alone has no effect (B): T cell blasts obtained from splenocytes
stimulated with Concanavalin-A for 72 h, were cultured for additional 2 days in complete medium
supplemented with alfa-methyl-mannoside (100 mg/ml) and recombinant IL-2 (20 U/ml), in absence or in
the presence of increasing concentrations of KMC (µg/ml); proliferation was measured by tritiaded-
thymidine uptake; with IL-2, filled symbols; without IL-2, open symbols; KMC alone has no effect (C):
Il-3 dependent FDCP-1 cell line was cultured for 72 hs in medium with 10% IL-3, in the presence of
increasing concentrations of KMC g/ml); proliferation was measured by tritiaded-thymidine uptake;
with IL-3, filled symbols; without IL-3, open symbols; KMC alone has no effect.
121
Figure 5- KMC does not inhibit in vitro maturation of B cell precursors.
B220+IgM-B cell precursors were cultured in vitro for 72 h, in the presence or absence of differents doses
of KMC. At the end of the culture, cells were stained with anti-IgM and anti-B220 mAbs and analyzed by
flow cytometry for the presence of different B cell lineage populations: proB and preB cells (B220+IgM-)
and immature B cells (B220+IgM+). In the plots, the location of IgM positive B cell is indicated with a
box. In (A), the plot shows the flow-cytometric profile of purified B220+IgM- bone marrow cells in the
beginning of the culture, day 0. Differentiation of B cell precursors at the end of the culture, 72 h, in the
absence of KMC (B) or in the presence of 100 µg/ml KMC (C).
122
Figure 6- KMC does not promotes death of B cells and B cell precursors.
B220+IgM-B cell precursors were cultured in vitro for 72 h, in the presence or absence of variable doses
of KMC. At the end of the culture the numbers of viable B220+ cells were counted by tryan blue
exclusion (A). Similar set of cultures was done in the presence of dexamethasone, which induced massive
mortality of B cell precursors (B); dexamethasone doses are expressed in molar, [M]; data shown are
representative from a total of three different experiments. In (C), the apoptosis of B cell precursors,
cultured in vitro for 24hs, was evaluated by flow-cytometry, measuring binding Annexin V to
phosphatidyl-serine.
123
TABLE 1
Total numbers of Mac-1+ myeloid lineage were little or not affected by the treatment with KMC.
C57BL/10 mice received daily i.p. treatment with 160mg/Kg of KMC for 4 days. On the fifth day, bone
marrow cells from KMC treated mice, or control animals mock injected with water only (CTR), were
analysed by flow cytometry. Bone marrow cells were stained with anti-Mac1 and anti-B220 mAbs. The
table shows the absolute numbers, million of cells/femur, of individual mice. Data is representative of four
different experiments, with three to five mice per group.
124
TABLE 2
Administration of KMC results in suppression of B cell lymphopoiesis.
C57BL/10 mice received daily i.p. treatment with 160mg/Kg KMC for 4 days. On the fifth day, bone
marrow cells from KMC treated mice or control animals mock injected with water only (CTR), were
analysed by flow cytometry. Bone marrow cells were stained with anti-IgM and anti-B220 mAbs and
analysed for the presence of different B cell lineage populations: proB and preB cells (B220+, IgM-) and
immature B cells (B220+, IgM+). The table shows the results of individual mice in three different
experiments, with three animals per group.
125
FIGURE 1
126
FIGURE 2
127
FIGURE 3
128
FIGURE 4
129
FIGURE 5
130
FIGURE 6
131
TABLE 1
132
TABLE 2
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