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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESTUDOS SOBRE OS MECANISMOS DAS ALTERAÇÕES DO METABOLISMO
ENERGÉTICO E DAS ATIVIDADES DE ECTO-NUCLEOTIDASES EM ANIMAIS
SUBMETIDOS À HIPERARGININEMIA
DÉBORA DELWING
ORIENTADORA
Profª. Drª. Angela Terezinha de Souza Wyse
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas –
Bioquímica, ICBS da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito
parcial à obtenção do grau de Doutor em Bioquímica
Porto Alegre, 2007
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II
Dedico este trabalho à minha família, pelo
incentivo constante, amor e compreensão.
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III
"O poder nasce do querer. Sempre
que o homem aplicar a veemência e
perseverante energia de sua alma a um
fim, vencerá os obstáculos, e, se não
atingir o alvo fará, pelo menos, coisas
admiráveis."
Dale Carnegie
IV
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora e amiga, Profa. Dra. Angela T. S. Wyse pela oportunidade,
presença constante, paciência, incentivo, compreensão, ensinamentos, exemplo
profissional, conselhos e pelo carinho com que orientou este trabalho.
Aos professores do grupo dos Erros Inatos do Metabolismo: Clóvis, Moacir e
Dutra, pela convivência e pelos ensinamentos.
Aos bolsistas e colegas alunos de pós-graduação: Daniela, Fábria, Caren,
Francieli, Cristiane Matté, Siomara, Andréa Kurek, Cristiane Mattos, Emilene,
Alexandra e Emílio, Bárbara, Vanize, Janaina, Thiago, Andréa Cornélio, Juliana,
Virginia, Manuela, Ana Elisa e Renan pela amizade, apoio, colaboração na realização
deste trabalho e também pela alegria e companheirismo sempre manifestados.
Aos meus pais, Ciro e Dalila, pelo amor, compreensão, carinho, incentivo, por
tudo que me ensinaram e por serem sempre o meu porto seguro.
À minha irmã Daniela por estar sempre presente; pelo incentivo, confidências,
amizade, companheirismo e vontade de vencer.
Ao meu irmão bio pelo apoio constante e carinho; e, sobretudo, por ter sido o
intercessor na realização deste sonho.
Ao meu marido Luciano, pela compreensão, incentivo, amor e paciência.
A todos os funcionários e professores deste Departamento pela atenção e
auxílio.
Àqueles que de uma forma ou de outra estiveram ao meu lado durante a
execução deste trabalho.
Ao CNPq, CAPES, FAPERGS, PROPESQ e UFRGS.
A Deus, pela vida e por ter me mostrado o caminho pelo qual eu deveria seguir.
V
RESUMO
A hiperargininemia é um erro inato do ciclo da uréia causado pela deficiência na
atividade da arginase hepática, a qual catalisa a conversão de arginina (Arg) em uréia
e ornitina. Esta doença é caracterizada bioquimicamente pelo acúmulo tecidual de Arg.
Retardo mental e outras alterações neurológicas, cujos mecanismos são ainda
desconhecidos, são sintomas comuns em pacientes hiperargininêmicos.
Considerando que a disfunção neurológica característica da hiperargininemia é
pouco conhecida e que o metabolismo energético está associado com a fisiopatologia
de muitas doenças que afetam o sistema nervoso central, o objetivo geral do nosso
estudo foi investigar o efeito da administração aguda de Arg sobre alguns parâmetros
importantes de metabolismo energético, tais como a captação de glicose, liberação de
lactato, produção de CO
2
a partir de glicose, atividade de enzimas da cadeia
respiratória (CR) e atividades da creatinaquinase (CK) e Na
+
,K
+
-ATPase em cérebro
de ratos. Também verificamos o efeito da Arg sobre a hidrólise de nucleotídeos em
sinaptossomas obtidos de hipocampo de ratos e em soro de ratos, bem como o efeito
da administração intracerebroventricular de Arg sobre alguns parâmetros de estresse
oxidativo. Em adição, também investigamos a influência dos antioxidantes, α-tocoferol
e ácido ascórbico e do N
ϖ
-nitro-L-arginine methyl ester (L-NAME), um potente inibidor
da enzima óxido nítrico sintase, sobre os efeitos causados pela Arg.
Os resultados do presente trabalho mostraram que a Arg reduziu o metabolismo
energético cerebral, uma vez que houve redução na captação de glicose, aumento da
liberação de lactato, diminuição na atividade do complexo II e da succinato
VI
desidrogenase (SDH) da CR, redução na produção de CO
2
a partir de glicose e
redução nas atividades das enzimas CK e Na
+
,K
+
-ATPase, provavelmente através da
geração de óxido nítrico e/ou peroxinitrito e/ou outros radicais livres, visto que
antioxidantes importantes como o α-tocoferol e ácido ascórbico e o L-NAME
preveniram esses efeitos. Verificamos também que a Arg induziu o estresse oxidativo,
visto que a infusão intracerebroventricular de Arg acarretou em aumento da formação
de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA-RS) e diminuição da capacidade
antioxidante total não-enzimática (TRAP), corroborando assim, com nossos resultados
prévios. Em adição, também mostramos que a administração aguda de Arg alterou a
hidrólise de nucleotídeos adenínicos em sinaptossomas de hipocampo de ratos, bem
como em soro de ratos. Esses resultados em conjunto, poderão auxiliar no
entendimento dos sintomas e distúrbios neurológicos observados em pacientes
hiperargininêmicos. Além disso, se confirmados em humanos, esses resultados podem
sugerir que a suplementação com antioxidantes possa ser utilizada como uma
estratégia no tratamento da hiperargininemia.
VII
ABSTRACT
Hyperargininemia is an inherited metabolic disease caused by severe deficiency
of liver arginase activity, an enzyme of the urea cycle which catalyses the conversion of
arginine (Arg) to urea and ornithine. This disease is biochemically characterized by
tissue accumulation of Arg. Mental retardation and other neurological features, whose
mechanisms are still obscure, are common symptoms in hyperargininemic patients.
Considering that the neurological disfunction characteristic of hyperargininemia is
not yet well established and that energy metabolism is associated with the
pathophysiology of several diseases that affect the central nervous system, the geral
objective of the present study was to investigate the effect of acute Arg administration
on some important parameters of energy metabolism, such as glucose uptake, lactate
release, CO
2
production from glucose, activities of enzymes of the respiratory chain
and activities of creatine kinase (CK) and Na
+
,K
+
-ATPase in rat brain. We also tested
the effect of Arg on the hydrolysis of nucleotides in synaptosomes from hippocampus
of rats and in serum of rats, as well as the effect of intracerebroventricular injection of
Arg on some parameters of oxidative stress. In addition, we also evaluated the
influence of antioxidants, namely α-tocopherol plus ascorbic acid and N
ϖ
-nitro-L-
arginine methyl ester (L-NAME), a potent nitric oxide sinthase inhibitor, on the effects
elicited by Arg.
The results of the present study showed that Arg impairs brain energy
metabolism, since decreased glucose uptake, increased lactate release, diminished
the activities of complex II and succinate dehydrogenase (SDH) of the respiratory
VIII
chain, inhibited CO
2
production from glucose and decreased the activities of the
enzymes CK and Na
+
,K
+
-ATPase, probably through the generation of nitric oxide and
/or its derivates peroxynitrite and/or other free radicals, since important antioxidants
such as α-tocopherol plus ascorbic acid and the L-NAME prevented these effects. We
also verified that Arg induced oxidative stress, since intracerebroventricular infusion of
Arg increased the production of thiobarbituric acid-reactive substances (TBA-RS) and
reduced total radical-trapping parameter (TRAP). These results are in agreement with
our previous findings. In addition, we also showed that acute Arg administration altered
adenine nucleotide hydrolysis in synaptosomes from hippocampus of rats, as well as in
serum of rats. This group´s results may be helpful in the understanding of the
symptoms and brain disfunction showed by hyperargininemic patients. Besides, if
these findings also occur in humans, we can suggest that the supplementation with
antioxidants should be used as a strategy to the treatment of hyperargininemia.
IX
SUMÁRIO
I INTRODUÇÃO...........................................................................................................01
1.1 Erros Inatos do Metabolismo..............................................................................01
1.2 Ciclo da uréia........................................................................................................02
1.2.1 Argininemia ou hiperargininemia...................................................................05
1.3 Modelo animal de hiperargininemia................................................................. .10
1.4 Radicais livres e estresse oxidativo...................................................................11
1.5 Óxido nítrico.........................................................................................................12
1.6 Metabolismo energético......................................................................................14
1.6.1 Glicólise e ciclo do ácido cítrico..........................................................................15
1.6.2 Cadeia Respiratória Mitocondrial........................................................................17
1.7 Na
+
, K
+
-ATPase.....................................................................................................19
1.8 Creatinaquinase...................................................................................................22
1.9 Ectonucleotidases................................................................................................24
II OBJETIVOS..............................................................................................................27
Objetivo Geral...........................................................................................................27
Objetivos específicos
Capítulo I .................................................................................................................28
Capítulo II.................................................................................................................29
Capítulo III ................................................................................................................30
Capítulo IV.................................................................................................................31
Capítulo V ................................................................
.................................................32
X
Capítulo VI......................................................................................................
...........33
III RESULTADOS E METODOLOGIAS.......................................................................34
Capítulo I ...................................................................................................................34
Capítulo II...................................................................................................................48
Capítulo III ....................................
.............................................................................60
Capítulo IV..................................................................................................................72
Capítulo V ................................................................................................................104
Ca
pítulo VI................................................................................................................113
IV DISCUSSÃO...........................................................................................................120
V CONCLUSÕES........................................................................................................138
VI PERSPECTIVAS....................................................................................................143
VII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................144
XI
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Representação esquemática do ciclo da uréia (Berg et al.,
2004)...............................................................................................................................3
FIGURA 2. Conversão de arginina em uréia e ornitina...................................................5
FIGURA 3. Vias catabólicas para arginina em pacientes hiperargininêmicos (Adaptado
de Marescau et al., 1990)................................................................................................7
FIGURA 4. Reação entre óxido nítrico e ânion superóxido, formando ânion
peroxinitrito, ácido peroxinítrico e nitrato (Adaptado de Dawson e Dawson,
1996).............................................................................................................................13
FIGURA 5. Ciclo do ácido cítrico (Adaptado de Berg et al., 2004)................................16
FIGURA 6. Fluxo de elétrons através dos quatro complexos da cadeia respiratória
(Adaptado de Smith et al., 2005)...................................................................................19
FIGURA 7. Estrutura da Na
+
, K
+
-ATPase (Adaptado de Voet et al., 2006)...................21
FIGURA 8. Reação de transfosforilação catalizada pela enzima creatinaquinase.......22
XII
LISTA DE ABREVEATURAS
AcetilCoA: acetil coenzima A
ADP: adenosina 5’-difosfato
AL: arginossuccinato liase
AMP: adenosina 5’-monofosfato
Arg: arginina
ArgA: ácido arginínico
AS: arginossuccinato sintase
ATP: adenosina 5’- trifosfato
CK: creatinaquinase
CoQ: coenzima Q
COX: citocromo c oxidase
CO
2
: gás carbônico
CP: carbamil fosfato
CPS: carbamil fosfato sintase
CR: cadeia respiratória
Cr: creatina
EI: erros inatos
EIM: erros inatos do metabolismo
FAD: flavina adenina dinucleotídeo (forma oxidada)
FADH
2
: flavina adenina dinucleotídeo (forma reduzida)
FMN: flavina mononucleotídeo
GAA: ácido guanidinoacético
GBA: ácido γ-guanidinobutírico
GTP: guanosina trifosfato
GVA: ácidos α-ceto-γ-guanidinovalérico
L-NAME: N
ϖ
-nitro-L-arginine methyl ester
NAArg: N-α-acetilarginina
NAD
+
: nicotinamida adenina dinucleotídeo (forma oxidada)
XIII
NADH. H
+
: nicotinamida adenina dinucleotídeo (forma reduzida)
NO: óxido nítrico
NOS: óxido nítrico sintase
ONOO
-
: ânion peroxinitrito
OTC: ornitina transcarbamilase
FO: fosforilação oxidativa
O
2
:
oxigênio molecular
O
2
-
: ânion superóxido
PCr: fosfocreatina
PPi: pirofosfato inorgânico
SDH: succinato desidrogenase
SNC: sistema nervoso central
TBA-RS : substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico
TRAP: capacidade antioxidante total não-enzimática
1
I. INTRODUÇÃO
1.1 Erros inatos do metabolismo
Em 1908, o inglês Archibald Garrod introduziu na literatura médica o termo erros
inatos do metabolismo (EIM), iniciando seus estudos em indivíduos afetados com
alcaptonúria, albinismo, pentosúria e cistinúria. Garrod sugeriu um modelo de herança
autossômica recessiva para essas doenças, pois elas geralmente ocorriam em irmãos
e filhos de pais consangüíneos (Scriver et al., 2001).
De acordo com Bickel (1987), EIM são alterações genéticas que se manifestam
pela síntese de uma proteína anômala, geralmente uma enzima, ou por uma
diminuição ou mesmo ausência de sua síntese. Estas alterações resultam em
deficiência da atividade da enzima envolvida, ocasionando bloqueio de rotas
metabólicas. Como conseqüência, pode ocorrer tanto o acúmulo de metabólitos tóxicos
como a falta de produtos essenciais, ambos com doença subseqüente.
Foram descritos até o momento mais de 500 EIM (Scriver et al., 2001), a maioria
deles envolvendo processos de ntese, degradação, transporte e armazenamento de
moléculas no organismo (Benson e Fensom, 1985).
A classificação mais utilizada para os EIM é realizada de acordo com a área do
metabolismo afetada (Scriver et al., 2001) e subdivide-se em: EIM de aminoácidos,
ácidos orgânicos, glicídios, lipídios, glicosaminoglicanos, glicoproteínas, purinas e
pirimidinas, enzimas eritrocitárias, lipoproteínas, hormônios e proteínas plasmáticas.
Os EIM mais comuns são os EIM de aminoácidos. Citam-se como exemplos a
fenilcetonúria, a homocistinúria e a hiperargininemia, os quais apresentam acúmulo
tecidual de fenilalanina, homocisteína e arginina (Arg), respectivamente. Este trabalho
2
enfoca um EIM de aminoácidos denominado hiperargininemia, o qual corresponde a
um erro inato (EI) do ciclo da uréia.
1.2 Ciclo da uréia
As vias de degradação dos aminoácidos são muito similares na maioria dos
organismos. Os esqueletos carbônicos dos aminoácidos, em geral, seguem para o
ciclo do ácido cítrico, para a gliconeogênese ou para a síntese de corpos cetônicos
(Berg et al., 2004ª; Lehninger et al., 2007). o grupamento amino, liberado na forma
de amônia, é em parte consumido na biossíntese de compostos nitrogenados e o
excesso é convertido em uréia pelo ciclo da uréia (Berg et al., 2004a). Essa é levada
através da circulação sangüínea para os rins onde é facilmente excretada através da
urina (Lehninger et al., 2007).
Em 1932, Hans Krebs e Kurt Henseleit elucidaram uma série de reações, as
quais compunham o ciclo da uréia. O ciclo da uréia foi a primeira via metabólica cíclica
a ser caracterizada (Berg et al., 2004a).
O ciclo da uréia consiste de cinco reações enzimáticas. As etapas do ciclo são
descritas a seguir. A carbamil fosfato sintase (CPS), uma enzima de matriz
mitocondrial, catalisa a biossíntese de carbamil fosfato (CP), a partir da condensação
e ativação de amônio e bicarbonato e subseqüente hidrólise de duas moléculas de
adenosina 5’-trifosfato (ATP). N-acetilglutamato é um cofator alostérico da CPS e um
importante regulador da ureagênese. A ornitina transcarbamilase (OTC), também uma
enzima de matriz mitocondrial, catalisa a biossíntese de citrulina a partir de ornitina e
CP. A citrulina é transportada para o citosol, onde é condensada com aspartato via
3
arginossuccinato sintase (AS) para formar arginossuccinato, reação impelida pela
clivagem de ATP a AMP e pirofosfato inorgânico (PPi) e subseqüente hidrólise do PPi.
O arginossuccinato é clivado em Arg e fumarato pela arginossuccinato liase (AL). Por
fim, a Arg é hidrolisada pela arginase em uréia e ornitina, que, por sua vez, é
transportada para o interior da mitocôndria via sistema de transporte específico, para
novamente ser transcarbamilada a citrulina (Brusilow e Horwich, 2001; Berg et al.,
2004a; Voet e Voet, 2006) e a uréia é excretada na urina (Fig. 1).
Figura 1. Representação esquemática do ciclo da uréia (Berg et al., 2004)
.
As doenças conhecidas como EI do ciclo da uréia eram consideradas,
algumas décadas atrás, doenças raras e que ocorriam principalmente em neonatos.
Contudo, após vinte anos de pesquisas realizadas em centros de referência, verificou-
4
se que estas doenças também podem ocorrer em idades mais avançadas e de forma
mais comum do que previamente se imaginava (Brusilow e Horwich, 2001).
Os EI do ciclo da uréia estão geralmente associados à deficiência de uma enzima
particular do ciclo. Foram descritas cinco doenças ocasionadas pela deficiência na
biossíntese das enzimas do ciclo da uréia (deficiência de CPS, OTC, AS, AL e
arginase), sendo a prevalência total estimada em 1 caso para cada 30.000 nascidos
vivos (Msall et al., 1984).
Os EI do ciclo da uréia são caracterizados por sinais e sintomas tais como:
hiperamoninemia, encefalopatia e alcalose respiratória. Acredita-se que esses
sintomas são induzidos pelo acúmulo de precursores de uréia, principalmente amônia
e glutamina. Quatro destas cinco doenças deficiência de CPS, OTC, AS e AL
apresentam manifestações clínicas praticamente idênticas e são caracterizadas por
sinais e sintomas que parecem ser induzidos pelo acúmulo de amônia (Brusilow e
Horwich, 2001).
A deficiência de arginase é caracterizada por um quadro clínico que consiste de
espasticidade progressiva, retardo mental e hiperamonemia sintomática, a qual pode
ser tratada. A hiperamonemia decorrente da deficiência de arginase é menos comum e
severa do que a hiperamonemia presente na deficiência das demais enzimas do ciclo
da uréia (Brusilow e Horwich, 2001).
5
1.2.1 Argininemia ou Hiperargininemia
Hiperargininemia é um EI do ciclo da uréia causado pela deficiência na atividade
da arginase hepática, a qual catalisa a conversão de Arg em uréia e ornitina (Fig. 2). A
herança é autossômica recessiva (Snyderman et al., 1977).
Figura 2. Conversão de arginina em uréia e ornitina.
A principal via de formação e degradação da Arg é o ciclo da uréia. Na
hiperargininemia, ocorre deficiência na atividade da arginase, o que compromete a
metabolização e eliminação do nitrogênio proveniente da degradação protéica.
A arginase está presente em altas concentrações no fígado, mas encontra-se
também em outros tecidos. O gado é o único órgão que contém todas as enzimas do
ciclo da uréia e caracteriza-se por ser o órgão em que ocorre a ureagênese (Jenkinson
et al., 1996; Brusilow e Horwich, 2001).
Em 1983, foi demonstrada a existência de duas isoenzimas da arginase: a
arginase A I, que é citosólica, presente no fígado e também em eritrócitos, e que
possui atividade catabólica e ureagênica; e a arginase A II, que é substancialmente
mitocondrial, presente em tecidos extra-hepáticos, como o rim, trato gastrointestinal,
cérebro e próstata, e que é considerada uma enzima biossintética, a qual tem, como
principal produto, a ornitina (Jenkinson et al., 1996; Gotoh et al., 1997).
ARGININA
arginase
URÉIA + ORNITINA
6
A principal conseqüência da deficiência de arginase é a elevação de Arg no
plasma e no fluído rebro-espinhal, o que se comprova em todos os pacientes com
hiperargininemia. A concentração plasmática de Arg pode atingir 1,5 mM e há dados
mostrando que no fluído cérebro-espinhal, os valores podem ser até 10 vezes
superiores ao valor normal (Snyderman et al., 1977).
A Arg acumulada na hiperargininemia poderá ser metabolizada por uma série de
reações enzimáticas secundárias, formando uma quantidade significativa de seus
metabólitos, os compostos guanidínicos. Dessa forma, a Arg pode ser catabolizada
por transaminação a ácido α-ceto-γ-guanidinovalérico (GVA); por descarboxilação
oxidativa a GVA e ácido γ-guanidinobutírico (GBA); por redução a GVA e por ação de
uma desidrogenase à ácido arginínico (ArgA) (Marescau et al., 1982). Como
alternativa, a transamidinação da Arg pode formar ácido guanidinoacético (GAA)
(Dubnoff e Borsook, 1941) e GBA (Pisano e Underfriend, 1963) e sua acetilação
resultar em N-α-acetilarginina (NAArg). A via metabólica secundária mais favorecida é
a de formação de GVA por transaminação. A atividade de hidrogenação de GVA a
ArgA é também bastante pronunciada. o aumento na atividade de transamidinação
envolvida na biossíntese de GAA, GBA e ácido β-guanidinopropiônico (GPA) é bem
menos evidente (Natelson e Sherwin, 1979) (Fig. 3).
7
ARG
1
GVA
2
ArgA
GAA
ARG
3
GPA
GBA
ARG
4
NAArg
Figura 3. Vias catabólicas para arginina em pacientes hiperargininêmicos. 1-
Transaminação; 2- Hidrogenação; 3- Transamidinação; 4- Acetilação (Adaptado de
Marescau et al., 1990).
A Arg também é o substrato para a síntese de óxido nítrico (NO). Esse é gerado
em todas as células do sistema nervoso central (SNC) por ação da enzima óxido
nítrico sintase (NOS), a qual, na presença de oxigênio molecular (O
2
),
tetraidrobiopterina, flavina adenina dinucleotídeo (FAD) e flavina mononucleotídeo
(FMN), catalisa a conversão de Arg em NO e citrulina (Lincoln et al., 1997; Lohse et
al., 1998; Law et al., 2001). A Arg parece ser o único substrato fisiológico para a
síntese de NO em células eucarióticas. Por outro lado, análogos da Arg são inibidores
potentes da NOS (Grant et al., 1998).
Pacientes hiperargininêmicos apresentam uma síndrome neurológica que
consiste de um grau variado de retardo mental e psicomotor, epilepsia, severa
8
espasticidade (com os membros inferiores afetados mais severamente que os
membros superiores), hiperatividade e perda progressiva da capacidade motora e
mental (Snyderman et al., 1977; Cederbaum et al., 1979; Marescau et al., 1992; De
Deyn et al., 1997). Os pacientes podem apresentar episódios intermitentes de vômito,
irritabilidade, letargia e coma. Ressalta-se que esses sintomas poderão também ser
observados em outros EI do ciclo da uréia (Colombo, 1992). Porém, um sinal bastante
peculiar desta doença é a espasticidade progressiva, que não é observada nas demais
doenças do ciclo da uréia, sendo, portanto, característica da hiperargininemia
(Marescau et al., 1990).
A patogênese do quadro clínico característico apresentado por pacientes
hiperargininêmicos é ainda desconhecida (Cederbaum et al., 1977).
A hiperamonemia parece ser a causa do dano causado ao SNC de pacientes
com enzimopatias do ciclo da uréia. No entanto, em pacientes hiperargininêmicos, a
hiperamonemia observada é intermitente, ao contrário das demais enzimopatias do
ciclo da uréia. Portanto, o acúmulo de amônia, não é o único fator responsável pelo
dano cerebral observado nesses pacientes. Supõe-se que outros fatores devam
contribuir com os sintomas neurológicos característicos de pacientes
hiperargininêmicos (Mizutani et al., 1987). Nesse contexto, Marescau e colaboradores
(1990), propuseram a hipótese de que a Arg, ao invés da amônia, seria neurotóxica
nestas condições. Este fato levou diversos pesquisadores a investigarem o papel da
Arg e de seus metabólitos, os compostos guanidínicos, na patogênese dessa doença
(Marescau et al., 1990, 1992; De Deyn et al., 1997; Silva et al., 1999).
9
Também foi sugerido que o excesso de Arg presente na hiperargininemia poderia
servir de substrato para a síntese de NO, e que o excesso de produção desse poderia
ter um papel na fisiopatologia dessa doença (Mori et al., 1998). Entretanto, o(s)
mecanismo(s) pelo(s) qual(is) esse composto e os compostos guanidínicos atuariam
no SNC e o quão responsáveis eles seriam pelo dano neurológico presente na
hiperargininemia ainda permanecem desconhecidos.
Em relação ao diagnóstico, primeiramente, a hiperargininemia pode ser
bioquimicamente diagnosticada pela dosagem dos altos níveis de Arg existentes nos
fluídos biológicos dos pacientes (Cederbaum et al., 1977). Pode-se também, utilizar
como parâmetro bioquímico, a dosagem dos compostos guanidínicos, os quais são
catabólitos da Arg, na urina, plasma e líquor. No entanto, a confirmação do
diagnóstico, deve ser obtida através da determinação da atividade da arginase em
eritrócitos (Marescau et al., 1992).
Após o diagnóstico, inicia-se o tratamento da hiperargininemia. A restrição
protéica foi a primeira medida adotada por pacientes hiperargininêmicos, uma vez que
redução da ingesta de nitrogênio reduz o seu fluxo através do ciclo da uréia,
diminuindo assim, a biossíntese de Arg (Brusilow e Horwich, 2001).
Os primeiros trabalhos publicados, que descreviam apenas o uso de terapia
dietética em pacientes com deficiência de arginase, sugeriam que uma aplicação
rigorosa desse tratamento poderia reduzir os níveis plasmáticos de Arg para normais
ou próximos ao normal, além de diminuir os níveis anormais de aminoácidos no fluído
cérebro-espinhal (Snyderman et al., 1979; Cederbaum et al., 1982; De Deyn et al.,
1997). No entanto, estudos mais recentes demonstraram que somente o uso de
10
restrição protéica não é suficiente para normalizar a hiperargininemia (Marescau et al.,
1990; Iyer et al., 1998). Esses estudos sugerem que uma combinação de terapia de
restrição protéica juntamente com um suplemento de aminoácidos essenciais com ou
sem a administração de benzoato de sódio parece ser eficaz em diminuir os níveis de
Arg nos fluídos biológicos (Marescau et al., 1990).
No tratamento da hiperargininemia, pode-se utilizar como estratégia a
estimulação de rotas alternativas para excreção de amônia. A administração de
benzoato de sódio e/ou ácido fenilacético é efetiva em aumentar a excreção de
metabólitos nitrogenados não uréicos em pacientes com EI do ciclo da uréia. A
administração oral de benzoato de sódio e ácido fenilacético reduz a amônia
plasmática por aumentar a excreção de ácido hipúrico e fenil acetil glutamina,
respectivamente (Batshaw et al., 1981; Mizutani et al., 1983; Brusilow e Horwich, 2001;
Berg et al., 2004a).
Contudo, apesar do sucesso obtido no manejo de alguns pacientes, não há
tratamento definitivo para a hiperargininemia, uma vez que todas as medidas
terapêuticas encontradas até o momento são temporárias e devem ser mantidas por
toda a vida do indivíduo.
1.3 Modelo animal de hiperargininemia
O modelo animal de hiperargininemia utilizado nesse trabalho foi o mesmo
empregado em outros trabalhos do nosso grupo de pesquisa e baseia-se no modelo
experimental desenvolvido por Buchmann e colaboradores (1996). O modelo tem
como objetivo reproduzir, em ratos, níveis de Arg semelhantes aos encontrados em
11
pacientes hiperargininêmicos. A dose de Arg administrada aos ratos é de 0,8 g/Kg de
peso corporal, dose em que Buchmann e colaboradores (1996) encontraram níveis de
Arg plasmáticos e concentrações cerebrais de aproximadamente 1,3 mM e 0,3
nmol/Kg, respectivamente. Esses dados foram confirmados em nosso grupo de
pesquisa.
1.4 Radicais livres e estresse oxidativo
Um radical livre é definido como qualquer espécie capaz de uma existência
independente, por mais breve que seja e que contenha um ou mais elétrons não
pareados (Halliwell e Gutteridge, 1984). Os principais exemplos de radicais livres de
oxigênio são os radicais superóxido, hidroxil, peroxil, alcoxil e hidroperoxil; e como
exemplos de radicais livres de nitrogênio citam-se o NO e o dióxido de nitrogênio
(Evans e Halliwell, 2001). As espécies reativas de oxigênio o formadas em grande
quantidade pela respiração celular, na mitocôndria, principalmente nos complexos I e
III da cadeia respiratória (CR), onde ocorre redução incompleta (2-5%) do O
2
(Lenaz,
2001). Depois de formados, estes compostos produzem uma reação de oxidação em
cadeia resultando na destruição, modificação ou inativação de inúmeras moléculas. As
espécies reativas de oxigênio podem atuar sobre diversos alvos celulares, entre estes
estão os lipídios, as proteínas e o DNA (Halliwell e Whiteman, 2004).
O estresse oxidativo é conceituado como um desequilíbrio entre a produção de
espécies reativas e defesas antioxidantes (Halliwell e Whiteman, 2004). As defesas
antioxidantes podem ser divididas em enzimáticas e não-enzimáticas. Entre as
enzimas antioxidantes, as principais são superóxido dismutase, catalase, glutationa
12
peroxidade e glutationa redutase (Halliwell, 2001; Salvador e Henriques, 2004).
Quanto às defesas antioxidantes não-enzimáticas, as principais são as vitaminas,
como as vitaminas A, C, E, riboflavina e tiamina, os polifenóis e os compostos de baixo
peso molecular, que incluem bilirrubina, α-cetoácidos, melatonina, urato, ácido lipóico,
estrógenos e glutationa (Salvador e Henriques, 2004)
O estresse oxidativo é um importante processo que vem sendo relatado na
patogênese de algumas condições que afetam o SNC, tais como epilepsia, esclerose
múltipla, demência e doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson
(Reznick e Packer, 1993; Halliwell, 2001; Salvador e Henriques, 2004). Esse fato
torna-se facilmente compreensível, visto que o SNC é particularmente vulnerável ao
estresse oxidativo, em face ao alto consumo de O
2
; ao alto conteúdo lipídico,
principalmente de ácidos graxos poliinsaturados; aos altos níveis de ferro, os quais
favorecem a lipoperoxidação; e à baixa defesa antioxidante (Butterfield e Stadtman,
1997; Halliwell, 2006).
1.5 Óxido nítrico
O NO é sintetizado endogenamente pela ação da enzima NOS em tecidos
especializados tendo como precursora a L-Arg (Moncada e Higgs, 1993; Law et al.,
2001). Nesse contexto, especula-se que os altos níveis de Arg, encontrados em
pacientes hiperargininêmicos, possam resultar em aumento dos níveis cerebrais de
NO. Essa suposição foi apoiada pelos achados de Buchmann e colaboradores (1996),
onde se verificou aumento nas concentrações de citrulina no cérebro de ratos após a
administração aguda de Arg.
13
O NO desempenha importante papel fisiológico no SNC em condições normais,
como, por exemplo, liberação de neurotransmissores, expressão gênica, percepção da
dor, plasticidade sináptica e aprendizado (Dawson e Dawson, 1996; Lincoln et al.,
1997; Prast e Philippu, 2001). No entanto, quando há formação excessiva, o NO torna-
se um importante mediador de neurotoxicidade (Dawson e Dawson, 1996).
O NO é um radical livre e em muitos sistemas biológicos tem meia vida curta,
devido a sua reatividade com outros constituintes intracelulares, como o ânion
superóxido (O
2
.-
)
(Beckman et al., 1993; McCord, 2000). A reação entre o NO e O
2
.-
resulta na formação do ânion peroxinitrito (ONOO
-
), o qual é citotóxico (Lipton et al.,
1993). Essa reação é extremamente favorável, pois o NO pode efetivamente competir
com a enzima superóxido dismutase pelo O
2
.-
(Beckman et al., 1993). Em meio ácido,
o ONOO
-
é transformado em ácido peroxinítrico, o qual leva à formação espontânea de
radical hidroxila. Os nitratos são os produtos finais dessas reações (Fig. 4) (Bergendi
et al.,1999).
.NO + O
2
.-
ONOO
-
ONOO
-
+ H
+
ONOOH
ONOOH .OH + .NO
2
NO
3
-
+ H
+
Figura 4. Reação entre óxido nítrico e ânion superóxido, formando ânion
peroxinitrito, ácido peroxinítrico e nitrato (Adaptado de Dawson e Dawson, 1996).
14
Estudos realizados em nosso laboratório mostraram que a administração aguda
de Arg aumenta a lipoperoxidação (quimiluminescência), diminui a capacidade
antioxidante total não-enzimática (TRAP) e reduz a atividade da enzima catalase em
cérebro de ratos e que a administração de N
ϖ
-nitro-L-arginine methyl ester (L-NAME),
um inibidor competitivo da NOS, previne esses efeitos (Wyse et al., 2001; Delwing et
al., 2002). Esses resultados sugerem que a administração de Arg induz o estresse
oxidativo como conseqüência do aumento na formação de NO e/ou ONOO
-
.
1.6 Metabolismo energético
A glicólise e a fosforilação oxidativa (FO) são particularmente importantes no
cérebro para a produção de energia, uma vez que a glicose é o principal composto
energético utilizado pelo SNC e, no cérebro, a FO fornece mais de 95% do ATP
sintetizado (Siesjo, 1978). Durante o jejum prolongado os corpos cetônicos substituem
parcialmente a glicose como substrato energético para o cérebro (Nelson e Cox, 2000;
Berg et al., 2004b). O transporte da glicose através da barreira hemato-encefálica,
bem como através das membranas neuronais e das células gliais é muito rápido.
Sendo assim, o metabolismo cerebral da glicose é regulado principalmente por sua
fosforilação do que por seu transporte (Lund-Andersen, 1979). A reserva energética
cerebral (glicogênio) é extremamente pequena em relação à elevada atividade
metabólica desse órgão, de modo que a função normal do SNC requer o suprimento
contínuo de glicose a partir da circulação (Erecinska e Silver, 1994). O glicogênio está
localizado principalmente, mas não exclusivamente, nos astrócitos (Cataldo e
15
Broadwell, 1986). No cérebro mais de 95% da glicose é convertida em CO
2
e água
(H
2
O) enquanto uma pequena fração é convertida em lactato ou segue outras rotas
metabólicas (Hawkins et al, 1974; Siesjo, 1978).
Tendo em vista que a FO é responsável pela quase totalidade do ATP produzido
no SNC, a regulação da respiração mitocondrial é central para o metabolismo e
funções cerebrais.
1.6.1 Glicólise e ciclo do ácido cítrico
A degradação da glicose para produção de energia ocorre em todos os seres
vivos, desde a mais antiga e simples bactéria até os complexos organismos
multicelulares. A glicólise, também conhecida como via de Ebden-Meyerhof, é a rota
metabólica pela qual a glicose é convertida, via frutose-1,6-bifosfato, a piruvato, com a
geração de 2 moles de ATP/mol de glicose. Essa seqüência de 10 reações
enzimáticas tem papel fundamental no metabolismo energético por fornecer parte da
energia utilizada pela maioria dos organismos. Em condições anaeróbicas, o piruvato
é prontamente convertido a um produto final reduzido, o lactato. As enzimas da via
glicolítica estão localizadas no citosol (Berg et al., 2004b; Voet e Voet, 2006).
Entretanto, sob condições aeróbicas, a etapa seguinte na produção de energia a partir
de glicose é a descarboxilação oxidativa do piruvato para formar acetil coenzima A
(acetil CoA). A acetil CoA é conseqüentemente completamente oxidada a CO
2
pelo
ciclo do ácido cítrico, através de uma rie de reações também conhecida como ciclo
dos ácidos tricarboxílicos ou ciclo de Krebs. Em contraste à glicólise, as reações do
ciclo do ácido cítrico ocorrem no interior da mitocôndria. O ciclo do ácido cítrico opera
16
somente em condições aeróbicas, porque requer um suprimento de NAD
+
e FAD. Em
cada volta do ciclo, são formadas três moléculas de NADH. H
+
, uma molécula de
FADH
2
, duas de CO
2
e uma de GTP (Fig. 5). Os carreadores, NAD
+
e FAD, são
regenerados quando o NADH. H
+
e o FADH
2
transferem seus elétrons ao O
2
através
da cadeia de transporte de elétrons, com a concomitante produção de ATP (Nelson e
Cox, 2000; Berg et al., 2004c). Cabe salientar, que a acetil CoA, também é obtida pela
oxidação de outras biomoléculas, como aminoácidos e ácidos graxos (Berg et al.,
2004b).
Figura 5. Ciclo do ácido cítrico (Adaptado de Berg et al., 2004).
o
xaloacetato
citrato
isocitrato
2-cetoglutarato
succinil-CoA
succinato
fumarato
malato
NADH
GTP
H
2
O
CO
2
acetil-CoA
NADH
CO
2
FADH
2
NADH
+
+
17
1.6.2 Cadeia Respiratória Mitocondrial
A energia necessária para produção de ATP é gerada através da FO. A FO é
um processo que requer a ão orquestrada de cinco complexos enzimáticos
distribuídos de forma especial na membrana mitocondrial interna, os quais constituem
a chamada cadeia respiratória (CR). Os elétrons oriundos do NADH. H
+
e FADH
2
,
provenientes do ciclo de Krebs e de outras reações catalisadas por desidrogenases,
são transferidos para a CR, tendo o O
2
como aceptor final. O processo de
transferência de elétrons é acoplado à translocação de prótons através da membrana
mitocondrial interna e à ntese endoergônica de ATP, tendo como força motriz a
energia armazenada primariamente como gradiente eletroquímico de prótons
(Babcock e Wikstöon, 1992; Voet e Voet, 2006). Os complexos enzimáticos da CR
compreendem a maior parte das proteínas embebidas na membrana mitocondrial
interna. Cada complexo é constituído de vários componentes protéicos que são
associados com uma variedade de grupamentos prostéticos com potencial de oxi-
redução sucessivamente maiores (Di Donato, 2000; Voet e Voet, 2006).
Os componentes da CR o os seguintes: NADH:Q oxidorredutase (complexo I),
succinato:Q oxidorredutase (complexo II), citocromo c oxidorredutase (complexo III) e
citocromo c oxidase (COX) (complexo IV). Além destes complexos, a CR possui dois
transportadores móveis de elétrons, que são a coenzima Q, entre os complexos I e III,
e o citocromo c, entre os complexos III e IV (Berg et al., 2004c; Lehninger et al., 2007).
A síntese de ATP a partir de adenosina 5’-difosfato (ADP) é realizada pelo complexo
V, também conhecido como ATP sintase (Fig. 6).
18
O gradiente eletroquímico gerado na CR durante a transferência de elétrons para
o O
2
cria uma polarização na membrana mitocondrial interna, que pode ser revertida
pelo fluxo de prótons através do canal de prótons presente no componente F
o
da ATP
sintase. Este fluxo de prótons leva à condensação do ADP e fosfato inorgânico em
ATP (Saraste, 1999; Wallace, 1999). A ATP sintase é uma enzima reversível, uma vez
que pode catalisar, não apenas a síntese de ATP, usando a força próton motriz
através da membrana mitocondrial interna, como também a hidrólise do ATP (Saraste,
1999).
Devido ao papel fundamental que a CR desempenha no metabolismo energético,
o dano a um ou mais complexos da cadeia poderá ocasionar queda na síntese de ATP
celular (Davey e Clark, 1996). Com base nesse contexto, O NO pode atuar como um
importante regulador da respiração celular, uma vez que esse pode reagir com
constituintes celulares, tais como o O
2
.-
e peróxido de hidrogênio, produzindo ONOO
-
, o
qual é extremamente citotóxico (Henry e Guissani, 1999; McCord, 2000). Trabalhos
têm mostrado que o ONOO
-
danifica ou inibe os complexos I e II, as enzimas ATP
sintase, aconitase, creatinaquinase, superóxido dismutase, o DNA mitocondrial e induz
o desacoplamento mitocondrial (Konorev et al., 1998; Sharpe e Cooper, 1998; Radi et.,
2002). Corroborando com esses dados, alguns pesquisadores relataram que o NO é
um potente, rápido e reversível inibidor da COX (Brown e Cooper, 1994; Radi et al.,
2002; Antunes et al., 2004).
19
Figura 6. Fluxo de elétrons através dos quatro complexos da cadeia respiratória
(Adaptado de Smith et al., 2005).
1.7 Na
+
, K
+
- ATPase
A Na
+
,K
+
-ATPase é uma proteína integral de membrana, encontrada na maioria
das células de eucariotos, que transloca íons Na
+
e K
+
contra seus gradientes de
concentração através da membrana plasmática, utilizando a energia proveniente da
hidrólise do ATP como força motriz.
O fluxo de íons, ou seja, o transporte de três íons Na
+
para o meio extracelular e
de dois íons K
+
para o meio intracelular mantém um gradiente eletroquímico através
da membrana celular (Lingrel e Kuntzweiler, 1994; Erecinska et al., 2004). Este
gradiente é utilizado como fonte energética para a manutenção do potencial de
repouso e da excitabilidade das células, regulação do volume celular, pH intracelular e
para o transporte de moléculas ligadas ao co-transporte de Na
+
, como glicose,
20
aminoácidos e neurotransmissores (Geering, 1990). Além disso, a Na
+
,K
+
-ATPase
consome o ATP produzido pelas células, sendo este consumo de 40 a 60% nas
células neuronais (Erecinska e Silver, 1994).
A Na
+
,K
+
-ATPase é uma proteína oligomérica com duas subunidades α
transmembrana, que contém os sítios de ligação para Na
+
, K
+
, ATP e glicosídeos
cardíacos, duas subunidades β regulatórias, na forma de glicoproteínas, e uma
subunidade γ (Fig. 7). A subunidade α é formada por 1012 aminoácidos, tem massa de
aproximadamente 100 kD e é responsável pelas propriedades catalíticas da enzima. A
subunidade β contém em torno de 300 aminoácidos e uma massa de 60 kD. Embora
não existam sítios catalíticos nesta subunidade, não é possível separá-la da
subunidade α sem perda da atividade enzimática (Geering, 1990; Skou e Esmann,
1992; Erecinska et al., 2004). A subunidade γ tem peso molecular de
aproximadamente 12 kDa, sendo encontrada somente nos rins. Sua função não está
completamente elucidada, mas evidências sugerindo que essa subunidade modula
a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase, além de pertencer a uma família de pequenas
proteínas de membrana envolvidas na passagem de íons pela membrana (Therien et
al., 1997; Blanco e Mercer, 1998; Kaplan, 2002).
21
Figura 7. Estrutura da Na
+
,K
+
-ATPase (Adaptado de Voet e Voet, 2006).
Durante o ciclo catalítico da Na
+
,K
+
-ATPase a subunidade α é fosforilada e
desfosforilada em um resíduo de ácido aspártico, estabilizando sua estrutura em duas
formas, E
1
e E
2.
(Vasilets e Schwarz, 1993; Kaplan, 2002; Devlin, 2003). A forma E
1
é
estabilizada pela ligação de três íons Na
+
. A fosforilação da enzima promove a perda
da afinidade pelos íons Na
+
e liberação dos mesmos no meio extracelular. A enzima
passa para a forma E
2
, com alta afinidade por íons K
+
, ligando assim dois íons K
+
, o
que provoca a desfosforilação da enzima, seguida pela perda da afinidade pelos íons
K
+
, que são liberados no meio intracelular. Finalmente, a enzima volta à forma E
1
, que
tem alta afinidade por Na
+
, completando o ciclo. Esta enzima tem sua atividade inibida
por glicosídeos cardíacos, como a digoxina e a ouabaína (Vasilets e Schwarz, 1993;
Kaplan, 2002; Devlin, 2003; Jorgensen et al., 2003).
Dados da literatura mostram que a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase está reduzida na
isquemia cerebral (Wyse et al., 2000), na epilepsia (Grisar, 1984), em crises
convulsivas (Renkawek et al., 1992) e em determinadas doenças neurodegenerativas
22
(Lees, 1993; Hattori et al., 1998, Yu, 2003), como por exemplo na doença de Alzheimer
(Liguri et al., 1990; Hattori et al., 1998).
1.8 Creatinaquinase
A enzima creatinaquinase (CK; ATP: creatina N-phosphoryl-transferase) catalisa
a transferência metabolicamente reversível do grupo N-fosforil da fosfocreatina (PCr)
para o ADP, regenerando desta forma o ATP (Fig. 8). A CK exerce um papel essencial
na homeostasia energética de células com necessidades energéticas variáveis e
intermitentes, como por exemplo, músculos esquelético e cardíaco e tecidos
neuronais, como cérebro e retina (Wallimann et al., 1998).
Figura 8. Reação de transfosforilação catalisada pela enzima creatinaquinase.
As células contêm isoformas diferentes de CK: 2 isoformas citosólicas, M-CK
(músculo) e B-CK (cérebro), as quais formam moléculas diméricas; e duas isoformas
mitocondriais: Mi
a
-CK (ubíqua) e Mi
b
-CK (sarcomérica), as quais são expressas
predominantemente no cérebro e no músculo estriado, respectivamente, formando
moléculas diméricas e octaédricas (Wallimann et al., 1992).
As isoenzimas da CK citosólica (MM-, MB- e BB-CK) são sempre co-expressadas
juntamente com a isoforma mitocondrial (Mi-CK). Usando fracionamento bioquímico e
localização in situ, foi demonstrado que as isoenzimas da CK são solúveis,
subcelularmente compartimentalizadas e unidas funcionalmente e/ou estruturalmente
PCr + Mg
2+
ADP + H
+
Cr + Mg
2+
ATP
23
com sítios de liberação de energia (glicólise e mitocôndria) ou consumo de energia
(ATPases celulares, como ATPase actinomiosina e ATPase retículo sarcoplasmático),
formando um sistema de distribuição de energia altamente complexo e regulado
(Wallimann et al., 1992).
No tecido nervoso, a CK encontra-se em duas isoformas, uma mitocondrial (Mi
a
-
CK) e outra citosólica (BB-CK), acoplada funcionalmente à Na
+
, K
+
- ATPase (Blum et
al., 1991). O cérebro tem capacidade de sintetizar parte da Cr de que necessita
(Defalco e Davis, 1961), sendo o restante captado através de um sistema de co-
transporte Na
+
/Cr (Guimbal e Kilimann, 1993).
Uma vez que a energia é fundamental para o desenvolvimento e a regulação das
funções cerebrais, foi postulado que o prejuízo na função da CK possa ter um papel
crítico no processo neurodegenerativo que leva à perda neuronal (Tomimoto et al.,
1993). A atividade da CK está reduzida em várias doenças neurodegenerativas, como
doença de Alzheimer, doença de Pick e em modelos animais de esclerose lateral
amiotrófica (David et al., 1998; Aksenov et al., 2000; Wendt et al., 2002; Burklen et al.,
2006). Também uma leve diminuição na atividade da CK foi observada no cérebro de
pacientes com epilepsia, esquizofrenia e psicose maníaco-depresiva (Burbaeva et al.,
1987, 1990). Ressalta-se que a redução observada na atividade da CK pode, nestas
doenças, refletir um distúrbio no metabolismo energético cerebral. Além disso, devido
a sua importante participação nos processos de manutenção de energia necessária
para a mielogênese nos oligodendrócitos e para transporte iônico de
neurotransmissores e mediadores entre astrócitos e neurônios, danos à sua função
24
podem levar a distúrbios na transdução de sinal cerebral (Wallimann et al, 1985;
Kuzhikandathil e Molly, 1994; Roth et al, 1995; Zilles et al, 1995).
1.9 Ectonucleotidases
Nucleotídeos extracelulares podem ser hidrolisados por uma variedade de
enzimas que estão localizadas na superfície celular ou podem ser solúveis nos meios
intra e extracelulares. Nos últimos anos, consideráveis progressos têm sido feitos na
caracterização de uma família de enzimas responsáveis pela degradação de
nucleotídeos, conhecida como família das E-NTPDases (Zimmermann, 2001, 2006;
Oses et al., 2004).
Até o momento, oito membros da família das NTPDases têm sido identificados.
NTPDase 1, NTPDase 2, NTPDase 3 e NTPDase 8 são proteínas transmembrana,
ancoradas à membrana plasmática pelos terminais N-terminal e C-terminal e com sítio
catalítico voltado para o espaço extracelular. Essas enzimas hidrolisam tanto os
nucleotídeos das purinas como das pirimidinas. As atividades catalíticas dessas
enzimas estão adaptadas ao ambiente extracelular e requerem a presença de cátions
divalentes como Ca
2+
ou Mg
2+
e pH próximo da neutralidade (Zimmermann, 2001;
Bigonesse et al., 2004).
A especificidade pelo substrato é a principal diferença entre essas enzimas.
Assim, a NTPDase 1, também conhecida como CD39, ecto-apirase ou ecto-ATP
difosfoidrolase, hidrolisa ATP e ADP igualmente bem, sendo a proporção de hidrólise
de 1:1 (Zimmermann, 2001, 2006). A NTPDase 2 (CD39L1, ecto-ATPase) tem uma
alta preferência pelo ATP, cerca de 30:1, agindo como um produtor extracelular de
25
ADP. A NTPDase 3 (CD39L3) e a NTPDase 8 tem propriedades funcionais
intermediárias, a NTPDase 3 hidrolisando o ATP com cerca de três vezes mais
eficiência do que o ADP (Smith e Kirley, 1998; Zimmermann, 2001, 2006) e a
NTPDase 8 hidrolisando o ATP com cerca de duas vezes mais eficiência do que o
ADP (Bigonesse et al., 2004). Ao presente momento, as diferenças funcionais na
especificidade pelo substrato e suas conseqüências nas células ou tecidos o estão
completamente compreendidas (Zimmermann, 2001).
As NTPDases 4,5,6 e 7 estão ancoradas em membranas de organelas intracelulares
por um ou dois domínios transmembrana e com o sítio catalítico voltado para o lúmem
das organelas (Braun et al., 2000; Shi et al., 2001; Zimmermann, 2001). Dentre essas, as
NTPDases 5 e 6 também podem se localizar na membrana plasmática por somente um
domínio transmembrana na porção N-terminal, o que possibilita que sejam clivadas
proteoliticamente e liberadas para o meio extracelular (Mulero et al., 1999).
Apesar das diferenças catalíticas e de distribuição dessas enzimas, todas as
NTPDases apresentam cinco domínios com seqüências altamente conservadas,
denominadas “regiões conservadas da apirase”, que possivelmente participam da
formação do sítio catalítico dessas enzimas (Zimmermann, 2001).
Juntamente com as NTPDases, uma outra enzima responsável pela degradação
de nucleotídeos extracelulares é a ecto-5’-nucleotidase ou CD73. Essa enzima possui
uma ampla distribuição tecidual e é classificada em quatro grupos de acordo com a
localização celular e as propriedades bioquímicas: uma ecto-5’-nucleotidase ancorada
à membrana plasmática, uma forma solúvel derivada da ecto-5’-nucleotidase, e duas
formas citoplasmáticas. A atividade catalítica da ecto-5’-nucleotidase controla os níveis
26
intra e extracelulares de AMP e outros nucleosídeos monofosfatados (Kawashima et
al., 2000; Robson et al., 2006). Assim, a associação dessas enzimas (NTPDase e
ecto-5’-nucleotidase) constitui uma via altamente sofisticada, desenvolvida com o
objetivo de controlar os níveis extracelulares de ATP e adenosina, capazes de modular
uma série de processos fundamentais a nível celular em muitos órgãos e tecidos,
principalmente no SNC e periférico.
De acordo com a literatura, a adenosina é um nucleosídeo envolvido em muitas
situações fisiológicas, possuindo um importante papel na modulação da atividade
neuronal no SNC. Devido aos seus efeitos modulatórios, a adenosina é descrita como
uma substância neuroprotetora e neuromoduladora em muitas áreas do SNC de
mamíferos (Dunwiddie e Masino, 2001; Latini e Pedata, 2001). Apesar de seus efeitos
modulatórios, a adenosina não é considerada um neurotransmissor por não ser
armazenada em vesículas sinápticas e não ser liberada da mesma forma que os
neurotransmissores clássicos conhecidos (Brundege e Dunwidie, 1997). Além disso, a
adenosina promove vasodilatação coronariana e atua inibindo a agregação plaquetária
(Oliveira et al., 1997; Marshall, 2000).
27
II. OBJETIVOS
Objetivo geral
Considerando que: (1) a administração aguda de arginina reduz as atividades da
Na
+
,K
+
-ATPase e da acetilcolinesterase em cérebro de ratos, (2) induz estresse
oxidativo, (3) provoca déficit de memória em ratos, (3) reduz o metabolismo energético
em hipocampo de ratos, (4) e que os mecanismos envolvidos na disfunção neurológica
característica da hiperargininemia são pouco conhecidos, o objetivo geral do nosso
estudo foi investigar o efeito da Arg sobre alguns parâmetros importantes do
metabolismo energético (atividade de enzimas da CR, creatina quinase e Na
+
,K
+
-
ATPase) e estresse oxidativo em cérebro de ratos, bem como o efeito desse
aminoácido sobre a hidrólise de nucleotídeos em sinaptossomas obtidos de
hipocampo de ratos e em soro de ratos. A influência dos antioxidantes, α-tocoferol e
ácido ascórbico, e do L-NAME, um potente inibidor da NOS, sobre os efeitos causados
pela Arg, também foram avaliados.
Este trabalho será dividido em seis capítulos como segue:
28
Capítulo I
Objetivos específicos
1. Investigar o efeito da administração aguda de Arg sobre alguns parâmetros de
metabolismo energético, tais como: captação de glicose, produção de lactato e
atividades de complexos da CR (succinato desidrogenase, complexo II e
complexo IV) em cerebelo de ratos.
2. Verificar o efeito do pré-tratamento com α-tocoferol e ácido ascórbico sobre os
efeitos causados pela Arg sobre o metabolismo energético em hipocampo e
cerebelo de ratos.
29
Capítulo II
Objetivos específicos
1. Investigar o efeito da Arg sobre a produção de CO
2
a partir de glicose em
meios com diferentes concentrações extracelulares de K
+
.
2. Investigar o efeito da Arg sobre a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase em membrana
plasmática sináptica de fatias de hipocampo de ratos.
3. Avaliar a influência do L-NAME sobre os efeitos causados pela Arg nos
parâmetros analisados a fim de investigar o possível envolvimento do NO e ou
de seu derivado ONOO
-
.
30
Capítulo III
Objetivos específicos
1. Verificar o efeito da administração aguda de Arg sobre a atividade da enzima
creatina quinase em homogeneizado total e nas frações citosólica e
mitocondrial de cerebelo de ratos.
2. Investigar a influência do pré-tratamento com α-tocoferol e ácido ascórbico,
bem como do L-NAME, sobre os efeitos causados pela administração aguda de
Arg sobre a atividade da creatina quinase.
31
Capítulo IV
Objetivos específicos
1. Verificar o efeito in vivo da administração intracerebroventricular de Arg sobre
a atividade da enzima Na
+
,K
+
-ATPase em membrana plasmática sináptica de
hipocampo de ratos.
2. Verificar o efeito in vivo da administração intracerebroventricular de Arg sobre
alguns parâmetros de estresse oxidativo, denominados formação de
substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e capacidade
antioxidante total não-enzimática (TRAP) em hipocampo de ratos.
3. Verificar o efeito do pré-tratamento com α-tocoferol e ácido ascórbico sobre os
efeitos causados pela administração intracerebroventricular de Arg.
4. Verificar a influência do L-NAME sobre os efeitos causados pela
administração intracerebroventricular de Arg.
32
Capítulo V
Objetivos específicos
1. Verificar o efeito da administração intraperitoneal de Arg sobre a atividade das
enzimas NTPDase e ecto-5’-nucleotidase em sinaptossomas obtidos de
hipocampo de ratos.
2. Verificar o efeito da administração intracerebroventricular de Arg sobre a
atividade das enzimas NTPDase e ecto-5’-nucleotidase em sinaptossomas
obtidos de hipocampo de ratos.
3. Investigar o efeito in vitro de diferentes concentrações de Arg sobre a atividade
das enzimas NTPDase e ecto-5’-nucleotidase em sinaptossomas obtidos de
hipocampo de ratos.
4. Realizar estudos cinéticos da atividade da NTPDase e ecto-5’-nucleotidase na
presença de Arg, quando adicionada ao ensaio enzimático (in vitro) em
sinaptossomas de hipocampo de ratos.
33
Capítulo VI
Objetivos específicos
1. Investigar o efeito da administração aguda de Arg sobre a hidrólise dos
nucleotídeos ATP, ADP e AMP em soro de ratos.
2. Verificar o efeito in vitro de diferentes concentrações de Arg sobre a hidrólise
dos nucleotídeos em soro de ratos.
3. Verificar a influência do L-NAME sobre os efeitos causados pela Arg sobre a
hidrólise dos nucleotídeos.
OBS: todos os capítulos serão apresentados na forma de artigos científicos.
34
III. RESULTADOS E METODOLOGIAS
CAPÍTULO I – ARTIGO 01
α
αα
α-tocopherol and ascorbic acid administration prevents the impairment of brain
energy metabolism of hyperargininemic rats
Débora Delwing, Bárbara Tagliari, Fábria Chiarani, Clovis M.D. Wannmacher, Moacir
Wajner and Angela Terezinha de Souza Wyse
Periódico: Cellular and Molecular Neurobiology
Status: Publicado
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
CAPÍTULO II – ARTIGO 02
Inhibition of CO
2
production from glucose by arginine in brain slices of rats
Débora Delwing, Francieli M. Stefanello, Moacir Wajner, Marcos L.S. Perry and Angela
T.S. Wyse
*
Periódico: Metabolic Brain Disease
Status: Publicado
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
CAPÍTULO III – ARTIGO 03
Arginine Administration Reduces Creatine Kinase Activity in Rat Cerebellum
Débora Delwing, Andrea R. Cornélio, Moacir Wajner, Clóvis M.D. Wannmacher and
Angela T.S. Wyse
*
Periódico: Metabolic Brain Disease
Status: Publicado
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
CAPÍTULO IV– ARTIGO 04
Protective effect of antioxidants on brain oxidative damage caused by
intracerebroventricular arginine administration
Débora Delwing, Daniela Delwing, Caren S. Bavaresco and Angela T.S. Wyse
*
Periódico: Brain Research
Status: Enviado
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
CAPÍTULO V – ARTIGO 05
NTPDase and 5’-nucleotidase activities of synaptosomes from hippocampus of
rats subjected to hyperargininemia
Débora Delwing
1
, Daniela Delwing
1
, Manuela C.F. Gonçalves
1
, João J.F. Sarkis
1
and
Angela T.S. Wyse
1,2
Periódico: Neurochemical Research
Status: Publicado
105
106
107
108
109
110
111
112
113
CAPÍTULO VI – ARTIGO 06
L-NAME administration prevent the inhibition of nucleotide hydrolysis by rat
blood serum subjected to hyperargininemia
Débora Delwing
1
, Manuela C.F. Gonçalves
1
, João J.F. Sarkis and Angela T.S. Wyse
*
Periódico: Amino Acid
Status:
Publicado
114
115
116
117
118
119
120
IV. DISCUSSÃO
Os EIM do ciclo da uréia compreendem desordens metabólicas nas quais há uma
deficiência enzimática em qualquer uma das etapas da rota ureagênica, tendo como
conseqüência o acúmulo de átomos de nitrogênio numa variedade de moléculas, cujo
padrão varia conforme o ponto de bloqueio enzimático. Uma característica entre as
desordens do ciclo da uréia é o aumento dos níveis plasmáticos de amônia (Brusilow e
Horwich, 2001).
A hiperargininemia é um EI do ciclo da uréia, causada pela deficiência de
arginase, a qual é a quinta enzima do ciclo da uréia e que hidrolisa Arg em uréia e
ornitina. Pacientes afetados por essa doença apresentam acúmulo de Arg e seus
derivados (compostos guanidínicos) nos tecidos e fluídos biológicos. De forma diversa
às demais desordens que alteram a rota ureagênica, as concentrações plasmáticas de
amônia encontram-se normais ou levemente aumentadas (Cederbaum, 1977;
Snyderman, 1977).
Pacientes hiperargininêmicos apresentam sintomas clínicos que incluem vômitos,
irritabilidade, letargia, retardo mental, espasticidade, convulsões e coma. A severa
espasticidade é característica de pacientes hiperargininêmicos, não estando presente
nas demais enzimopatias do ciclo da uréia. Todavia, estes sintomas neurológicos não
são explicados unicamente pela hiperamonemia ou hiperargininemia, sugerindo-se
que outros fatores devam contribuir com o aparecimento dos mesmos, tais como o
aumento dos níveis de compostos guanidínicos e/ou NO (Mizutani et al., 1987).
121
Estudos realizados no nosso grupo de pesquisa mostraram que a administração
aguda de Arg provocou redução significativa na atividade das enzimas Na
+
,K
+
-ATPase
(Wyse et al., 2001) e catalase (Delwing et al., 2002), aumentou significativamente a
peroxidação lipídica (quimiluminescência) e diminuiu a capacidade antioxidante total
não-enzimática (TRAP) em cérebro de ratos (Wyse et al., 2001). Também mostramos
que a administração aguda de Arg provocou redução no metabolismo energético
hipocampal (Delwing et al., 2003) e diminuição de memória em ratos (Reis et al.,
2002). Estes efeitos foram prevenidos pela administração simultânea de Arg e L-
NAME, sugerindo que a Arg afeta esses parâmetros através da produção de NO e /ou
ONOO
-
.
No presente trabalho, utilizamos o modelo experimental animal de
hiperargininemia descrito por Buchmann e colaboradores (1996), os quais relataram
que os níveis sangüíneos de Arg aumentam sete vezes após a administração de Arg,
enquanto que a concentração cerebral de Arg aumenta 2,3 vezes comparada aos
ratos tratados com salina. Os mesmos autores relataram um aumento da
concentração de citrulina no cérebro de ratos após a administração de Arg, o que
sugere aumento na formação de NO.
Primeiramente, investigamos o efeito da administração aguda de Arg sobre
alguns parâmetros do metabolismo energético, entre eles, a captação de glicose,
liberação de lactato e atividade de enzimas chave da CR em cerebelo de ratos. O
cerebelo foi utilizado nesses experimentos por ser uma estrutura cerebral essencial
para a atividade motora, a qual se encontra comprometida em pacientes
hiperargininêmicos (Blouin et al., 2004; Debaere et al., 2004). Nossos resultados
122
mostraram que a administração aguda de Arg reduziu significativamente a captação
de glicose e aumentou a produção de lactato em cerebelo de ratos, sugerindo que a
administração desse aminoácido provavelmente comprometeu a glicólise aeróbica e
aumentou a glicólise anaeróbica. Esta inversão na utilização do metabolismo aeróbico
pelo anaeróbico poderá ocasionar diminuição na produção de energia celular,
provavelmente através da redução da produção de ATP. Esses resultados estão de
acordo com nossos estudos anteriores, onde mostramos que a administração aguda
de Arg comprometeu os mesmos parâmetros em hipocampo de ratos (Delwing et al.,
2003).
Com o propósito de esclarecer a redução energética cerebelar provocada pela
administração de Arg, avaliamos a função da CR medindo as atividades de complexos
cruciais para a função normal da CR: a SDH, o complexo II e a COX (complexo IV), os
quais são considerados marcadores de função neural. Nós observamos que a Arg não
alterou a atividade da COX, mas inibiu significativamente as atividades da SDH e do
complexo II. Portanto, é possível que a redução nas atividades dessas enzimas
causada por altos níveis de Arg, possa explicar a redução da captação de glicose,
bem como o aumento da produção de lactato. Resultado similar foi verificado em
hipocampo de ratos (Delwing et al., 2003).
Dados da literatura sugerem que distúrbios secundários do metabolismo
energético desempenham papel importante nos distúrbios fisiopatológicos de doenças
neurodegenerativas, incluindo as doenças de Alzheimer e Parkinson (Cassarino e
Bennet, 1999; Chinta e Andersen, 2006; Onyango e Khan, 2006).
123
Considerando que a proteção antioxidante do α-tocoferol é crucial para uma
respiração mitocondrial cerebral eficiente e que o cerebelo possui baixa concentração
desta vitamina (Vatassery, 1998, 2004), neste trabalho nós também verificamos se o
pré-tratamento com os antioxidantes α-tocoferol e ácido ascórbico seria capaz de
prevenir o comprometimento do metabolismo energético causado pela Arg em
cerebelo e também em hipocampo de ratos. O hipocampo é uma estrutura cerebral
essencial para o aprendizado, o qual se encontra comprometido em pacientes
hiperargininêmicos (Squire, 2004). Nossos resultados mostraram que esses
antioxidantes foram capazes de prevenir o aumento da liberação de lactato, bem como
a diminuição da captação de glicose e das atividades da SDH e do complexo II
provocados pela Arg, em ambas as estruturas cerebrais. Esses dados sugerem que
radicais livres removidos por α-tocoferol e ácido ascórbico estão provavelmente
envolvidos nos efeitos causados pela Arg sobre os vários parâmetros de metabolismo
energético testados.
Nossos resultados estão de acordo com outros estudos, os quais mostram os
efeitos protetores do α-tocoferol contra o dano oxidativo tecidual, com ênfase no SNC
(Anderson et al., 1988; Hara et al., 1990; Vatassery et al., 2004). Nesse contexto, o α-
tocoferol é considerado o principal antioxidante lipofílico em humanos, sendo essencial
para uma função cerebral normal (Vatassery, 1998). Essa vitamina é capaz de impedir
a propagação da peroxidação lipídica por radicais livres (Burton et al., 1990),
produzindo o radical tocoferil. O ácido ascórbico é um antioxidante ativo contra
radicais livres (Halliwell e Gutteridge, 2000) sendo um doador de elétrons, um agente
124
redutor, prevenindo a oxidação de outros compostos. Essa vitamina é hidrossolúvel e
possui um papel importante na regeneração do α-tocoferol. Durante o processo, o α-
tocoferol é convertido à radical tocoferil, necessitando de ácido ascórbico para sua
regeneração à forma reduzida (α-tocoferol) (Frei et al., 1990; Buettner, 1993; Carr and
Frei, 1999).
Considerando que a Arg inibiu significativamente a atividade do complexo II, cuja
atividade enzimática é fundamental para o funcionamento da CR e que um bloqueio da
CR pode acarretar outras alterações mitocondriais, como inibição do ciclo do ácido
cítrico, nosso próximo objetivo foi investigar os efeitos in vivo da Arg sobre a produção
de CO
2
a partir de glicose em fatias de hipocampo de ratos adultos incubadas em
meio com concentrações fisiológica (2,7 mM) e elevada (50,0 mM) de K
+
extracelular.
A glicose é o principal composto energético utilizado pelo SNC, sendo quase
completamente oxidada a CO
2
e H
2
O no metabolismo aeróbico (Berg et al., 2004b).
Nossos experimentos mostraram que na presença de uma concentração extracelular
fisiológica de K
+
, a Arg inibiu significaticamente a produção de CO
2
a partir de glicose
em fatias de hipocampo de ratos, não alterando a produção de CO
2
a partir de glicose
em meio com alta concentração extracelular de K
+
. Tem sido demonstrado que a
estimulação do metabolismo por ativação funcional é dependente da atividade da
Na
+
,K
+
-ATPase, a qual contribui para a manutenção dos níveis basais de K
+
, os quais
in vivo são em torno de 3 mM. Em condições patológicas, como convulsão ou
depressão, tais níveis podem aumentar atingindo valores em torno de 50-80 mM
(Erecinska and Silver, 1994). Nesse contexto, em nosso estudo verificamos um
125
aumento significativo na produção de CO
2
a partir de glicose no meio com alta
concentração extracelular de K
+
em comparação ao meio com concentração fisiológica
de K
+
extracelular.
Com o propósito de estudar um possível mecanismo pelo qual a Arg inibiu a
produção de CO
2
a partir de glicose em meio de incubação com concentração
extracelular fisiológica de K
+
, nós também investigamos os efeitos in vitro de diferentes
concentrações de Arg (0,1-1,5 mM) sobre a produção de CO
2
a partir de glicose em
fatias de hipocampo. Ao contrário dos estudos in vivo, não observamos alterações
significativas na produção de CO
2
a partir de glicose in vitro, o que sugere que a
inibição da produção de CO
2
a partir de glicose observada in vivo é provavelmente
induzida por efeitos indiretos da Arg, através de seus metabólitos e não pelo próprio
aminoácido. De acordo com estes resultados e sabendo que altos níveis de Arg,
encontrados em pacientes hiperargininêmicos, resultam em aumento dos níveis
cerebrais de NO, nós avaliamos a influência do L-NAME, um potente inibidor da NOS,
sobre o efeito inibidor da Arg sobre a produção de CO
2
a partir de glicose, a fim de
verificar o possível envolvimento do NO e/ou seu derivado ONOO
-
em tal efeito. Nós
verificamos que a administração de L-NAME, por si não alterou a produção de CO
2
a partir de glicose, mas preveniu o efeito inibidor da Arg, indicando que o NO e/ou seu
derivado ONOO
-
está(ão) envolvido(s) no efeito inibidor da Arg sobre a produção de
CO
2
a partir de glicose em fatias de hipocampo.
Tendo conhecimento de que a Na
+
,K
+
-ATPase, proteína integral de membrana,
contribui para a manutenção dos níveis basais de K
+
(Erecinska and Silver, 1994) e
que essa enzima pode ser inibida por NO e seus derivados (Wyse et al., 2001; Yousef
126
et al., 2002), nós também investigamos o efeito da Arg sobre a atvidade da Na
+
,K
+
-
ATPase em membrana plasmática sináptica de fatias de hipocampo de ratos. Nossos
resultados mostraram que a Arg inibiu significativamente a atividade da Na
+
,K
+
-
ATPase. Em concordância com esse resultado, estudos prévios do nosso laboratório
mostraram que a Arg reduziu significativamente a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase em
membrana plasmática sináptica de hipocampo de ratos e que esse efeito foi prevenido
pela administração de L-NAME (Reis et al., 2002), sugerindo que o efeito protetor do
inibidor da NOS pode ser mediado por sua habilidade em prevenir o desenvolvimento
do estresse oxidativo (Avrova et al., 1999). De fato, estudos relatam que a Arg
aumenta a produção de NO em fatias de cérebro de ratos e têm relacionado altas
concentrações de NO com neurotoxicidade, possivelmente através de atividade
excitotóxica (Bruneli et al., 1997; Sarti et al., 1999). Além disso, Sato e colaboradores
(1995) propõem que o NO e seus derivados, como o ONOO
-
, podem inibir a atividade
da Na
+
,K
+
-ATPase por interagir com grupos SH no sítio ativo da enzima.
Nossos resultados indicam que a Arg leva à produção de radicais livres, os quais
possivelmente são responsáveis pela inibição da atividade da Na
+
,K
+
-ATPase induzida
pela Arg e estão de acordo com estudos anteriores realizados em nosso laboratório,
onde mostramos que a Arg induz o estresse oxidativo cerebral (Wyse et al., 2001;
Delwing et al., 2002). Nesse cenário, nossos resultados sugerem que a redução da
produção de CO
2
causada pela Arg foi provavelmente mediada pelo NO e/ou seus
derivados, os quais podem agir inibindo a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase.
Dando continuidade aos nossos estudos e considerando que a Arg compromete
o metabolismo energético cerebral e que a enzima CK desempenha um papel
127
importante na manutenção da homeostasia energética cerebral, investigamos os
efeitos in vivo da hiperargininemia quimicamente induzida sobre a atividade da CK em
homogeneizado total, bem como nas frações citosólica e mitocondrial preparadas a
partir de cérebro de ratos. Nossos resultados mostraram que a administração aguda
de Arg reduziu significativamente a atividade da CK em homogeneizado total e na
fração citosólica em cerebelo de ratos. No entanto, a Arg não alterou a atividade da
CK na fração mitocondrial. Tendo conhecimento através de estudos prévios de que a
Arg induz o estresse oxidativo (Wyse et al., 2001; Delwing et al., 2002), nós também
verificamos o possível envolvimento do NO ou de outros radicais livres sobre os
efeitos causados pela Arg, uma vez que a CK possui resíduos de cisteína em sua
estrutura, que podem ser alvo para o NO e outros radicais livres, os quais inativam a
enzima (Yuan et al., 1992; Mekhfi et al., 1996; Wolosker et al., 1996; Konorev et al.,
1998; Stachowiak et al., 1998). Com esse propósito, nós investigamos a influência dos
antioxidantes α-tocoferol e ácido ascórbico e do L-NAME sobre os efeitos causados
pela Arg sobre a atividade da CK. Nós observamos que a injeção de uma alta dose de
L-NAME (20.0 mg/Kg), um potente inibidor da NOS, foi capaz de prevenir o efeito
inibidor da Arg, sugerindo que o NO e/ou seu derivado ONOO
-
está(ão) envolvido(s)
na redução causada pela Arg na atividade da CK cerebelar. Além disso, o pré-
tratamento com os antioxidantes α-tocoferol (o qual remove radical peroxil e é capaz
de interromper o processo de lipoperoxidação) e ácido ascórbico (o qual remove
radicais hidroxil e superóxido) também preveniu a inibição da CK causada pela Arg em
homogeneizado total e na fração citosólica de cerebelo de ratos. Esses resultados
128
indicam, mais uma vez, que a Arg induz a produção de radicais livres, os quais são
provavelmente responsáveis pela inibição da CK provocada por esse aminoácido e
novamente corroboram com nossos resultados anteriores, onde mostramos que a
administração aguda de Arg induz o estresse oxidativo (Wyse et al., 2001) e diminui a
atividade da catalase (Delwing et al., 2002) em cérebro de ratos.
Tem sido relatado que a atividade da CK diminui após a exposição cerebral a
agentes que promovem a geração de radicais livres (Wolosker et al., 1996; Arstall et
al., 1998; Konorev et al., 1998; Stachowiak et al., 1998) e a reagentes que reagem
com grupos tióis (Gross et al., 1996; Wolosker et al., 1996) provavelmente por
oxidação dos grupamentos sulfidrila localizados na enzima. A CK possui 8
grupamentos sulfidrila por monômero. Um resíduo altamente conservado de cisteína
(Cys-283 na isoforma citosólica e Cys-278 na isoforma mitocondrial) está localizado
próximo ao sítio catalítico da CK e é importante para a plena atividade enzimática.
Acredita-se que este resíduo interage com os grupamentos guanidino da Cr sendo
responsável pela orientação correta do substrato no sítio ativo. Esses grupamentos
sulfidrila têm sido apontados como os principais alvos para a inativação química da CK
por várias substâncias, não somente através de reações de oxidação como também
por outras modificações pós-translacionais, como ocorre com o NO, via reações de S-
nitrosilação, ONOO
-
pela formação de ácido sulfênico ou acrilamida por alquilação.
Além disso, foi relatado que o NO, ONOO
-
e outros radicais livres inativam a enzima
em músculo esquelético (Wolosker et al., 1996) e cardíaco (Yuan et al., 1992; Mekhfi
et al., 1996; Stachowiak et al., 1998). Dessa forma, várias estratégias têm sido
desenvolvidas para bloquear diferentes etapas da cascata de eventos que leva à
129
injúria tecidual decorrente do estresse oxidativo. Entre elas, a prevenção da geração
de espécies reativas do oxigênio e sua neutralização por antioxidantes têm despertado
especial interesse (Choi, 1990), tanto para a compreensão dos mecanismos protetores
fisiológicos como para fins terapêuticos.
A redução da atividade da CK tem sido relacionada ao desenvolvimento de
diversos estados patológicos envolvendo os tecidos que apresentam alta necessidade
energética, como o cérebro, o músculo esquelético e o músculo cardíaco. Diminuição
na atividade da CK tem sido encontrada em diversas doenças neurodegenerativas,
incluindo a Doença de Alzheymer, a Doença de Pick, epilepsia, esquizofrenia e
psicose maníaco-depressiva. Nossos resultados mostraram que a Arg reduz a
atividade da CK em cerebelo de ratos, provavelmente através da geração de NO e/ou
ONOO
-
e/ou outros radicais livres, prejudicando assim a homeostasia energética
cerebral, o que possilvelmente contribui para o dano cerebral encontrado em pacientes
hiperargininêmicos. Além disso, trabalhos realizados em nosso laboratório mostraram
que alguns aminoácidos acumulados em certas doenças genéticas, tais como,
fenilalanina (Costabeber et al., 2003), leucina (Pilla et al., 2003), prolina (Kessler et al.,
2003), triptofano (Cornelio et al., 2004) e cistina (Fleck et al., 2005) inibem a atividade
da CK em cérebro de ratos.
Tendo em vista que a administração intraperitoneal de Arg induz o estresse
oxidativo e compromete o metabolismo energético cerebral, decidimos estender nosso
estudo, usando outro modelo experimental. Assim, primeiramente investigamos o
efeito da infusão intracerebroventricular de Arg [solução a 0,1 (valor indivíduos
normais), 0,5 e 1,5 mM (valores encontrados na doença)] sobre a atividade da Na
+
,K
+
-
130
ATPase em membrana plasmática sináptica de hipocampo de ratos sacrificados 30
min, 1 h e 4 hs após a administração. Nossos resultados mostraram que a infusão de
Arg (1,5 mM) inibiu significativamente a atividade da enzima 1 h após a sua
administração, não alterando a mesma nos demais intervalos de tempo testados.
Embora não tenhamos medido as concentrações hipocampais de Arg e de seus
metabólitos nestes períodos após a administração de Arg, supomos que este efeito
transitório ocorreu no momento em que havia altas concentrações de Arg ou de seus
metabólitos no hipocampo do animal.
Na etapa seguinte de nosso estudo, verificamos o efeito da infusão
intracerebroventricular de Arg (solução a 0,1, 0,5 e 1,5 mM)
sobre alguns parâmetros
de estresse oxidativo, denominados formação de substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico (TBA-RS), o qual é usado como um índice de dano a lipídeos e
capacidade antioxidante total não-enzimática (TRAP) em hipocampo de ratos 30 min,
1 h e 4 hs após a administração de Arg. Nós verificamos que a Arg (1,5 mM)
aumentou significativamente os níveis de TBA-RS, o que indica que esse aminoácido
induz a lipoperoxidação e reduziu significativamente o TRAP, o que sugere um
prejuízo na defesa antioxidante total não-enzimática tecidual. Ambos os resultados
foram observados 1 h após a infusão de Arg. Uma vez que o estresse oxidativo é
conceituado como um desequilíbrio entre a produção de espécies
reativas e defesas
antioxidantes (Halliwell e Whiteman, 2004), nossos resultados sugerem que a Arg
induz o estresse oxidativo cerebral. Nexto contexto, cabe enfatizar que o cérebro é
altamente suscetível ao estresse oxidativo, uma vez que este possui baixa defesa
antioxidante quando comparado aos demais tecidos, grande consumo de O
2
por
131
unidade de massa de tecido, alto conteúdo lipídico das membranas neuronais (ácidos
graxos de cadeia lateral poliinsaturada) que sofrem peroxidação por radicais livres e
áreas com altas concentrações de ferro que estimulam a reação de Fenton com a
subseqüente produção de radical hidroxila (Reznick and Packer, 1993; Halliwell, 1996;
Floyd, 1999).
Esses resultados corroboram com nossos estudos prévios, onde mostramos que
a administração intraperitoneal de Arg aumentou a quimiluminescência e reduziu o
TRAP (Wyse et al., 2001). Tendo conhecimento de que as altas concentrações de Arg
aumentam a produção de NO e que as espécies reativas NO e O
2
-
são instáveis e
reagem avidamente formando um radical livre mais danoso, o ONOO
-
(Rubbo et al.,
1994; Nelson et al., 2003), que promove lipoperoxidação (Darley-Usmar et al., 1995) e
inibe a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase por reagir com grupos sulfidrilas essenciais para
sua atividade catalítica (Radi et al., 1991; Kurella et al., 1999; Wang et al., 2003),
podemos sugerir que a inibição da Na
+
,K
+
-ATPase provocada pela Arg provavelmente
ocorreu através da geração de NO e/ou ONOO
-
e/ou outros radicais livres. Todas as
alterações foram constatadas 1 h após a infusão de Arg, tempo em que possivelmente
os níveis dessas espécies reativas e radicais estavam elevados. Nesse contexto,
verificamos também a influência dos antioxidantes α-tocoferol e ácido ascórbico e do
L-NAME sobre os efeitos causados pela Arg sobre a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase,
TBA-RS e TRAP. Nossos resultados mostraram que essas substâncias por si não
alteraram a atividade da enzima, mas preveniram a inibição causada pela Arg sobre a
atividade da Na
+
,K
+
-ATPase. Embora não se conheça o mecanismo exato pelo qual a
132
Arg inibe a atividade dessa enzima, nossos dados corroboram com nossa hipótese
inicial, onde sugerimos que a inibição da enzima provocada pela Arg provavelmente
ocorra através da geração de NO e/ou ONOO
-
e/ou outros radicais livres,
possivelmente através da oxidação dos grupos SH da enzima e/ou por peroxidação
dos lipídeos da membrana, na qual a enzima está embebida. Também verificamos que
os antioxidantes α-tocoferol e ácido ascórbico preveniram completamente os efeitos
da Arg sobre o TBA-RS e o TRAP. Por outro lado, o L-NAME preveniu completamente
o aumento do TBA-RS, mas não a redução do TRAP causada pela Arg, sugerindo que
as espécies reativas de oxigênio envolvidas neste efeito provavelmente sejam aquelas
removidas pelo α-tocoferol e ácido ascórbico.
A fim de dar continuidade aos nossos estudos e ampliar nosso campo de
pesquisa, decidimos investigar o efeito da administração de Arg sobre a hidrólise dos
nucleotídeos adenínicos ATP, ADP e AMP em sinaptossomas de hipocampo de ratos.
Nucleotídeos extracelulares podem ser hidrolisados por uma variedade de enzimas
que estão localizadas na superfície celular ou que podem ser solúveis nos meios intra
e extracelulares. Nos últimos anos, consideráveis progressos têm sido feitos na
caracterização de uma família de enzimas responsáveis pela degradação de
nucleotídeos, conhecida como família das E-NTPDases (Zimmermann, 2001, 2006).
Os nucleotídeos adenínicos são rapidamente hidrolisados e convertidos a
adenosina no espaço extracelular (Dunwiddie et al., 1997). NTPDase é a
denominação utilizada para as enzimas que hidrolisam ATP, ADP e outros trifosfo- e
difosfo-nucleosídeos a monofosfonucleosídeos e fosfato inorgânico na presença de
133
íons Ca
2+
ou Mg
2+
(Zimmermann, 2001, 2006). O AMP formado, por ação da
NTPDase, é metabolizado à adenosina por ão da enzima ecto-5’-nucleotidase
(Zimmermann, 1996). Assim, a associação dessas enzimas pode controlar as
concentrações extracelulares de ATP, ADP e AMP através do aumento ou diminuição
de suas hidrólises com um conseqüente aumento ou diminuição nos níveis de
adenosina, um metabólito protetor natural (Bruno et al., 2002), o qual apresenta
propriedades anticonvulsivante e neuroprotetora (Dunwiddie e Masino, 2001).
Nós verificamos que a administração intraperitoneal de Arg (uma ou três injeções)
não alterou a hidrólise dos nucleotídeos. Por outro lado, a infusão
intracerebroventricular de Arg (solução a 1,5 mM) reduziu significativamente a hidrólise
do ATP (32%), ADP (30%) e AMP (21%) em sinaptossomas de hipocampo de ratos. É
provável que quando administrada intraperitonealmente, a Arg não atinja no cérebro a
concentração necessária para reduzir a atividade da NTPDase e da ecto-5’-
nucleotidase. Interessantemente, estudos prévios do nosso laboratório mostraram que
a administração intraperitoneal de Arg inibiu a atividade das enzimas Na
+
,K
+
-ATPase e
acetilcolinesterase em cérebro de ratos (Wyse et al., 2001, 2004). Esse fato sugere
que as enzimas NTPDase e ecto-5’-nucleotidase são relativamente mais resistentes
aos efeitos da administração de Arg, quando comparadas a outras enzimas.
Na etapa seguinte, verificamos os efeitos in vitro de diferentes concentrações de
Arg (0,1-1,5 mM) sobre a atividade das enzimas NTPDase e ecto-5’-nucleotidase em
sinaptossomas de hipocampo de ratos. Nossos resultados mostraram que a adição de
Arg 1,5 mM ao meio de incubação reduziu significativamente a hidrólise do ATP
(19%), ADP (17%) e AMP (23%) em sinaptossomas de hipocampo de ratos, sugerindo
134
assim, um efeito inibitório direto da Arg sobre as enzimas NTPDase e ecto-5’-
nucleotidase. Considerando nossos resultados, nós também realizamos estudos
cinéticos de inibição da atividade das enzimas NTPDase e ecto-5’-nucleotidase.
Nossos resultados mostraram que a Arg inibe a atividade dessas enzimas de forma
acompetitiva em relação aos substratos ATP, ADP e AMP.
Esses dados sugerem que
a Arg não altera a atividade da NTPDase e ecto-5’-nucleotidase por interagir
diretamente com o sítio de ligação do ATP, ADP (NTPDase) e AMP (ecto-5’-
nucleotidase), mas por se ligar a outro centro de ligação presente em tais enzimas.
Em resumo, nossos resultados mostraram que a administração
intracerebroventricular de Arg e a adição desse aminoácido ao ensaio enzimático
(estudos in vitro) afetou a cascata enzimática responsável pela hidrólise de ATP a
adenosina em sinaptossomas de hipocampo de ratos, interferindo assim, na produção
de adenosina, provavelmente reduzindo os níveis desse composto e aumentando os
níveis extracelulares de ATP no SNC. Uma vez que o ATP é um importante
neurotransmissor excitatório no SNC, a inibição da hidrólise do ATP causada pela Arg
poderá desencadear uma série de processos relacionados a excitabilidade cerebral.
Esses resultados sugerem que alterações na hidrólise dos nucleotídeos possam estar
envolvidas na disfunção cerebral causada pela hiperargininemia. Dados da literatura
também mostram que altas concentrações de ATP extracelular podem induzir morte
celular em diferentes tipos celulares, incluindo timócitos, hepatócitos, células
microgliais e mielóides (Tinton et al., 1993; Chvatchko et al., 1996; Ferrari et al., 1997,
1999; Di Virgilio, 2000). Além disso, a análise cinética revelou que o efeito inibitório da
Arg foi do tipo não competitivo em relação ao ATP, ADP e AMP. O conhecimento do
135
tipo de inibição é importante, uma vez que pode ser útil para o desenvolvimento de
drogas que impeçam os efeitos deletérios da hiperargininemia.
Tendo conhecimento de que a Arg alterou a cascata enzimática responsável pela
hidrólise de ATP à adenosina em sinaptossomas de hipocampo de ratos e sabendo-se
que a NTPDase possui diferentes papéis fisiológicos dependendo do tecido em que se
encontra, nosso próximo objetivo foi verificar os efeitos in vivo e in vitro da Arg sobre a
hidrólise do ATP, ADP e AMP em soro de ratos. Nas células endoteliais, seu principal
efeito está relacionado com a hidrólise do ADP, uma vez que este é um conhecido
agente indutor de agregação plaquetária. Desta forma a NTPDase desempenha um
importante papel na hemostasia e tromborregulação (Kaczmarek et al., 1996;
Burnstock e Williams, 2000).
Nossos resultados mostraram que a administração aguda de Arg (três injeções)
reduziu significativamente a hidrólise do ATP (34%), ADP (28%) e AMP (29%). Por
outro lado, a adição da Arg ao meio de incubação (estudos in vitro) o alterou a
hidrólise desses nucleotídeos, sugerindo um efeito indireto desse aminoácido sobre a
hidrólise dos nucleotídeos, promovido por metabólitos da Arg.
Tendo em vista, através de nossos estudos, que a Arg induz o estresse oxidativo
e considerando o fato de que altos níveis de Arg aumentam a produção de NO, nós
também investigamos a influência do L-NAME sobre os efeitos produzidos pela
administração de Arg sobre a hidrólise dos nucleotídeos com o objetivo de analisar o
possível envolvimento do NO e/ou seu derivado, ONOO
-
, sobre tais efeitos. Nós
observamos que a injeção de uma alta dose de L-NAME (20.0 mg/Kg) por si não
alterou a hidrólise do ATP, ADP e AMP, mas quando administrada simultaneamente
136
com a Arg preveniu a inibição da hidrólise dos nucleotídeos em soro de ratos,
indicando que essa inibição causada pela administração de Arg foi provavelmente
mediada via formação do NO. Neste contexto, cabe salientar que a formação
excessiva do NO torna-o um importante mediador de neurotoxicidade (Dawson e
Dawson, 1996). Além disso, os efeitos neurotóxicos do NO têm sido relatados em uma
série de doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer
(Law et al., 2001).
Por fim, considerando que o bom funcionamento da cadeia enzimática”
(NTPDase e ecto-5’-nucleotidase) representa um mecanismo crítico para o controle da
homeostasia vascular, contribuindo para a inibição de eventos trombogênicos,
podemos propor que o aumento nos níveis do nucleotídeo ADP sérico, decorrente da
inibição da hidrólise do ATP, ADP e AMP causada pela Arg via formação de NO,
poderá causar agregação plaquetária em pacientes hiperargininêmicos.
Assim, considerando nossos resultados anteriores em que mostramos que a
administração aguda de Arg diminui a atividade das enzimas NTPDase e ecto-5’-
nucleotidase em sinaptossomas de hipocampo de ratos e os resultados acima citados,
podemos propor que a determinação da atividade da NTPDase e ecto-5’-nucleotidase
em soro possa ser utilizada como um marcador periférico para os efeitos neurotóxicos
da Arg na hiperargininemia.
Embora pouco se conheça sobre os mecanismos responsáveis pelo dano
cerebral apresentado por pacientes hiperargininêmicos, nosso trabalho mostrou que a
Arg reduziu o metabolismo energético cerebral, uma vez que houve redução na
captação de glicose, aumento da liberação de lactato, diminuição na atividade do
137
complexo II e da SDH da CR, redução na produção de CO
2
a partir de glicose e
redução na atividade das enzimas CK e Na
+
,K
+
-ATPase. Esses efeitos provavelmente
ocorreram através da geração de NO e/ou ONOO
-
e/ou outros radicais livres, visto que
antioxidantes importantes como o α-tocoferol e ácido ascórbico e o L-NAME
preveniram tais efeitos. Verificamos também que a Arg induziu o estresse oxidativo,
visto que a infusão intracerebroventricular de Arg acarretou em aumento do TBA-RS e
diminuição do TRAP, corroborando assim, com nossos prévios resultados (Wyse et al.,
2001). Em adição, também mostramos que a Arg altera a hidrólise de nucleotídeos
adenínicos em sinaptossomas de hipocampo de ratos, bem como em soro de ratos.
Nossos resultados em conjunto, poderão auxiliar no entendimento dos sintomas e
distúrbios neurológicos observados em pacientes hiperargininêmicos. Além disso, se
esses resultados forem confirmados em humanos, poderíamos sugerir que a
suplementação com antioxidantes possa ser utilizada como uma estratégia terapêutica
no tratamento da hiperargininemia.
138
V. CONCLUSÕES
A administração aguda de Arg:
Reduziu significativamente a captação de glicose e aumentou a produção de lactato
em cerebelo de ratos
Não alterou a atividade da COX em cerebelo de ratos
Inibiu significativamente as atividades da SDH e do complexo II em cerebelo de ratos
Inibiu a produção de CO
2
a partir de glicose em fatias de hipocampo de ratos na
presença de uma concentração extracelular fisiológica de K
+
, não alterando a
produção de CO
2
a partir de glicose em meio com alta concentração extracelular de K
+
Inibiu significativamente a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase em membrana plasmática
sináptica de fatias de hipocampo de ratos
Reduziu significativamente a atividade da CK em homogeneizado total e na fração
citosólica em cerebelo de ratos
Não alterou a hidrólise dos nucleotídeos em sinaptossomas de hipocampo de ratos
Reduziu significativamente a hidrólise do ATP, ADP e AMP em soro de ratos
A administração intracerebroventricular de Arg (solução a 1,5 mM):
Inibiu significativamente a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase em membrana plasmática
sináptica de hipocampo de ratos
Aumentou significativamente os níveis de TBA-RS em hipocampo de ratos
Reduziu significativamente o TRAP em hipocampo de ratos
139
Reduziu significativamente a hidrólise do ATP (32%), ADP (30%) e AMP (21%) em
sinaptossomas de hipocampo de ratos
A adição de Arg ao ensaio enzimático:
Não alterou a produção de CO
2
a partir de glicose em fatias de hipocampo de ratos
Reduziu significativamente a hidrólise do ATP (19%), ADP (17%) e AMP (23%) em
sinaptossomas de hipocampo de ratos
o alterou a hidrólise dos nucleotídeos adenínicos (ATP, ADP e AMP) em soro de
ratos
A administração simultânea de Arg e L-NAME:
Preveniu a redução da produção de CO
2
a partir de glicose causada pela Arg em
fatias de hipocampo de ratos
Previniu a inibição da CK causada pela Arg em homogeneizado total e na fração
citosólica de cerebelo de ratos
Preveniu a inibição causada pela Arg administrada intracerebroventricularmente
sobre a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase em membrana plasmática sináptica de
hipocampo de ratos
Preveniu o aumento do TBA-RS causado pela administração intracerebroventricular
de Arg em hipocampo de ratos
Preveniu a inibição da hidrólise dos nucleotídeos em soro de ratos
140
O pré-tratamento com α
αα
α-tocoferol e ácido ascórbico:
Preveniu o aumento da liberação de lactato, bem como, a diminuição da captação de
glicose e das atividades da SDH e do complexo II provocados pela Arg em hipocampo
e cerebelo de ratos
Preveniu a inibição da CK causada pela Arg em homogeneizado total e na fração
citosólica de cerebelo de ratos
Preveniu a inibição causada pela Arg administrada intracerebroventricularmente
sobre a atividade da Na
+
,K
+
-ATPase em membrana plasmática sináptica de
hipocampo de ratos
Preveniu o aumento do TBA-RS e a redução do TRAP causada pela administração
intracerebroventricular de Arg em hipocampo de ratos
Estudos cinéticos de inibição:
Arg inibe a atividade das enzimas NTPDase e 5’-nucleotidase de forma o
competitiva em relação aos substratos ATP, ADP e AMP
Os resultados do presente trabalho em conjunto, poderão auxiliar no
entendimento dos sintomas e distúrbios neurológicos observados em pacientes
hiperargininêmicos. Além disso, se esses resultados forem confirmados em humanos,
poderíamos sugerir que a suplementação com antioxidantes possa ser utilizada como
uma estratégia terapêutica no tratamento da hiperargininemia.
141
ESQUEMA RESUMIDO DOS RESULTADOS OBTIDOS
1. Administração in vitro e in vivo [intraperitoneal (I.P.) e intracerebroventricular (I.C.V)] da
arginina sobre alguns parâmetros bioquímicos.
IN VITRO I.P. I.C.V
Captação de glicose
Liberação de lactato
SDH
Complexo II
Citocromo C oxidase -
Produção de CO
2
a partir glicose -
Na
+
,K
+
-ATPase
CK (HT e Cit)
TBA
TRAP
Hidrólise de nucleotídeos (ATP,ADP,AMP) (ATP,ADP,AMP)
(sinaptossomas de hipocampo)
Hidrólise de nucleotídeos - (ATP,ADP,AMP)
(soro)
142
2. Utilização de antioxidantes e L-NAME sobre as alterações causadas pela arginina em
alguns parâmetros bioquímicos.
PRÉ- TRATAMENTO L-NAME
(VIT. E e C)
Captação de glicose preveniu
Liberação de lactato preveniu
SDH preveniu
Complexo II preveniu
Produção de CO
2
a partir glicose preveniu
Na
+
,K
+
-ATPase preveniu preveniu
CK preveniu preveniu
TBA preveniu preveniu
TRAP preveniu -------
Hidrólise de nucleotídeos preveniu
(soro)
143
VI. PERSPECTIVAS
1) Investigar o efeito da administração intracerebroventricular de arginina sobre a
memória espacial e a memória de trabalho no labirinto aquático de Morris.
2) Investigar o efeito do tratamento com os antioxidantes, vitaminas E e C e L-
NAME sobre a performance cognitiva de ratos submetidos à administração
intracerebroventricular de arginina através da memória espacial e memória de trabalho
no labirinto aquático de Morris.
3) Investigar o efeito in vitro de diferentes concentrações de arginina sobre a
captação do glutamato em fatias de hipocampo de ratos.
4) Verificar o efeito da administração intracerebroventricular de arginina sobre a
captação do glutamato em fatias de hipocampo de ratos.
5) Verificar a influência do pré-tratamento com vitaminas E e C e do L-NAME sobre
o efeito causado pela administração intracerebroventricular de arginina na captação de
glutamato em fatias de hipocampo de ratos.
144
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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