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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
MPUS DE JABOTICABAL
AÇÃO REVERSORA IN VITRO E IN VIVO DO VERAPAMIL
SOBRE A RESISTÊNCIA DE Haemonchus contortus À
IVERMECTINA.
Fernando de Almeida Borges
Orientador: Prof. Dr. Alvimar José da Costa
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Beltrão Molento
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
MPUS DE JABOTICABAL
AÇÃO REVERSORA IN VITRO E IN VIVO DO VERAPAMIL
SOBRE A RESISTÊNCIA DE Haemonchus contortus À
IVERMECTINA.
Fernando de Almeida Borges
Orientador: Prof. Dr. Alvimar José da Costa
Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Beltrão Molento
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Doutor em Medicina
Veterinária (Patologia Animal)
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
DEZEMBRO DE 2007
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ii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
FERNANDO DE ALMEIDA BORGES filho de José Machado Borges e Zilda
Therezinha de Almeida Borges, nascido em 28 de outubro de 1978, no município de
Uberaba MG. Médico Veterinário, graduado pela Universidade Federal de Uberlândia
em janeiro de 2001. Iniciou, no mesmo ano, suas atividades como pesquisador no
Centro de Pesquisas em Sanidade Animal (CPPAR), FCAVJ/UNESP, onde
permaneceu até maio 2007, quando então, foi aprovado em concurso público para o
cargo de professor de Parasitologia e Doenças Parasitárias, no curso de Medicina
Veterinária, na Universidade estadual de Maringá campus avançado de Umuarama,
Paraná. Em dezembro de 2007 foi aprovado no concurso público para Professor
Assistente de Doenças Parasitárias para o curso de Medicina Veterinária na
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
iii
Dedico este trabalho à Dra. Johanna
Martha Kopte, em reconhecimento
ao seu apoio, exemplo de
profissionalismo.e ao suporte dado
para a realização desta tese.
iv
Agradecimentos
Agradeço a Deus.
Ao Prof. Dr. Alvimar José da Costa, o apenas por sua orientação em meu doutorado,
mas por todas as oportunidades, ensinamentos, apoio e confiança. Minha gratidão é o
mínimo que posso oferecer-lhe.
Ao Prof. Dr. Marcelo Beltrão Molento, meu co-orientador e amigo.
Aos professores que aceitaram compor as bancas de qualificação e defesa: Prof. Dr.
Gilson, Prof. Dr. Adjair, Prof. Dr. Alessandro Amarante, Dra. Giane, Prof. Dr. Flávio e
Prof. Dr. Edanir, por sua imensurável contribuição.
A todos aqueles com quem tive a oportunidade de conviver no CPPAR, mais do que
colegas de trabalho, amigos e companheiros: Carol, Welber, Rafael, Cláudio, Tiago,
Daniel, Luis Fernando, Mário, Vando, Roberto, Marina, Lívia, Tatisa, Thaís, Nancy,
Fortunato Alexandre, Ana Lúcia, Jouvana, Cláudia, Paulo e Walter
Ao pessoal do LBM/FCAVJ, especialmente à profa. Maria Ines Tiraboschi Ferro.
À meus pais, Zilda e José por sempre estarem ao meu lado.
Aos meus irmãos Fabiano e Flávia, por tudo o que construímos juntos e com quem
sempre poderei contar.
À família Vieira: Orestes, Yvone, Karina e Gustavo, pela torcida e apoio.
À Juliana Arena Galhardo, por sua presença, dedicação, companheirismo e amor.
A todos aqueles que consideraram esta vitória como se fosse deles próprios.
À Fapesp, pela concessão do auxílio financeiro (processo 04/12803-1), sem o qual não
seria possível a realização deste projeto.
v
SUMÁRIO
ASSUNTO PÁGINA
LISTA DE TABELAS...........................................................................................
vi
LISTA DE FIGURAS............................................................................................
viii
RESUMO.............................................................................................................
x
SUMMARY...........................................................................................................
xi
I. INTRODUÇÃO..................................................................................................
12
II. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................
14
III. OBJETIVOS..................................................................................................
27
IV. MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................
28
4.1. Caracterização de estirpes de Haemonchus contortus resistente e
susceptível à ivermectina...............................................................................
28
4.2. Manutenção da estirpe pura de H. contortus resistente a
ivermectina.....................................................................................................
30
4.3. Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vitro
migração de larvas em gel de ágar................................................................
31
4.4 Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vivo avaliação
anti-helmíntica em ovinos experimentalmente infectados..............................
34
4.5 Estudo genotípico relacionado à glicoproteína P e canais de cloro
ativados por glutamato na estirpe de H. contortus resistente à
ivermectina.....................................................................................................
37
4.6 Análise estatística....................................................................................
41
V. RESULTADOS................................................................................................
43
5.1 Caracterização de estirpes de Haemonchus contortus resistente e
susceptível à ivermectina...............................................................................
43
5.2. Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vitro
migração de larvas em gel de agar................................................................
46
5.3 Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vivo avaliação
anti-helmíntica em ovinos experimentalmente infectados..............................
50
5.4 Estudo genotípico relacionado à glicoproteína P e canais de cloro
ativados por glutamato na estirpe de H. contortus resistente à ivermectina..
53
VI. DISCUSSÃO..................................................................................................
61
VII. CONCLUSÕES.............................................................................................
70
VIII. REFERÊNCIAS............................................................................................
71
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA GINA
Tabela 1. Contagens de OPG, sexo, e peso no período pré-tratamento dos ovinos
experimentais, naturalmente infectados por Haemonchus contortus (cepa R).
CPPAR/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.................................................................
29
Tabela 2. Grupos experimentais e respectivos tratamentos aplicados às larvas de
Haemonchus contortus no teste de migração em gel de ágar.
CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil......................................................
34
Tabela 3. Grupos experimentais e respectivos tratamentos administrados nos
ovinos experimentalmente infectados com larvas de Haemonchus contortus
resistente à ivermectina. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
36
Tabela 4. Quantificação de Haemonchus contortus recolhidos de ovinos dos
grupos controle e tratado, necropsiados no sétimo dia pós-tratamento; percentuais
de eficácia da ivermectina1%. Médias aritméticas. CPPAR/UNESP, Jaboticabal -
SP, Brasil...................................................................................................................
44
Tabela 5. Quantificação de Haemonchus contortus recolhidos de ovinos dos
grupos controle e tratado, necropsiados no sétimo dia pós-tratamento; percentuais
de eficácia da ivermectina1% e análise estatística. Médias geométricas.
CPPAR/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil...................................................................
44
Tabela 6. Número médio de larvas de Haemonchus contortus sobreviventes e
percentuais de eficácia da ivermectina em diferentes diluições, isoladamente
(Grupo I) e associada ao Verapamil (Grupo II), provenientes do teste in vitro.
CPPAR/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil..................................................................
48
Tabela 7. Número médio de larvas de Haemonchus contortus sobreviventes e
percentuais de eficácia do verapamil em diferentes diluições, isoladamente (Grupo
III) e associado à ivermectina (Grupo IV)...................................................................
48
Tabela 8. Contagens médias de OPG*, realizadas em ovinos dos grupos controle
e tratados. CPPAR/UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil. Médias aritméticas................
51
Tabela 9. Contagens médias de Haemonchus contortus, realizadas em ovinos dos
grupos controle e tratados CPPAR/UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil. Médias
geométricas................................................................................................................
52
Tabela 10. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras
submetidas a diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador PGP2............
55
vii
Tabela 11. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras
submetidas a diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador MXD..............
57
Tabela 12. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras
submetidas a diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador F4275............
59
Tabela 13. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras
submetidas a diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador R603.............
60
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA GINA
Figura 1. Placa de Petri contendo o aparato utilizado no teste de migração de larvas
em gel de Agar..............................................................................................................
32
Figura 2. Estufa do tipo BOD onde foram mantidas as placas de Petri,
demonstrando exposição a uma fonte de luz incandescente de 60W..........................
33
Figura 3. Número de Haemonchus contortus recolhidos de ovinos dos grupos
controle e tratado, necropsiados no sétimo dia pós-tratamento. Médias
geométricas. CPPAR/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.........................................
45
Figura 4. Percentuais de eficácia (médias geométricas) da ivermectina 1% em
ovinos naturalmente infectados e necropsiados no sétimo dia pós-tratamento.....
45
Figura 5. Curva dose x resposta da ivermectina contra a cepa de Haemonchus
contortus resistente (grupo I) e resultado do cálculo da
DL50................................................
47
Figura 6. Curva dose x resposta da ivermectina associada a 2mM de verapamil
(grupo II) contra a cepa de Haemonchus contortus resistente e resultado do cálculo
da DL50........................................................................................................................
47
Figura 7. Número médio e desvio padrão de larvas da cepa de Haemonchus
contortus resistente, sobreviventes ao tratamento com verapamil em diferentes
diluições, isoladamente (GrupoIII) e associado à ivermectina (Grupo
IV)...............................
49
Figura 8. Eletroforese em gel de agarose 1% de produto da reação em cadeia da
polimerase (PCR), a partir de amostras de Haemonchus contortus, submetido a
diferentes tratamentos............................................................................................
53
Figura 9. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de Haemonchus
contortus, submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR,
utilizando-se o iniciador PGP-2................................................................................
55
Figura 10. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de Haemonchus
contortus, submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR,
utilizando-se o iniciador MXD..................................................................................
56
Figura 11. Eletroforese em gel de agarose 1% de produto da reação em cadeia da
polimerase (PCR), a partir de amostras de Haemonchus contortus, submetido a
diferentes tratamentos.............................................................................................
58
ix
Figura 12. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de Haemonchus
contortus, submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR,
utilizando-se o iniciador F4275................................................................................
58
Figura 13. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de Haemonchus
contortus, submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR,
utilizando-se o iniciador R603.................................................................................
59
Figura 14. Desenho esquemático da glicoproteína P na membrana celular. ..............
60
x
Ação reversora in vitro e in vivo do verapamil sobre a resistência de Haemonchus
contortus à ivermectina.
RESUMO
A presente pesquisa teve como objetivo caracterizar e isolar uma estirpe de
campo de Haemonchus contortus resistente à ivermectina, avaliar a ação reversora do
verapamil, por meio de testes in vitro (migração de larvas em gel de ágar) e in vivo
(redução de OPG e necropsias parasitológicas), e realizar a análise de genes
relacionados à glicoproteína-P e canais de cloro ativados por glutamato (GP-P e
HcGluCL). A estirpe de H. conctortus isolada apresentou elevada resistência à
ivermectina, sendo observada eficácia ínfima de 6,59%. O verapamil isoladamente não
apresentou efeito nematodicida, porém, em concentrações crescentes, associado à
ivermectina (DL50-4,317μmol) proporcionou aumento de eficácia contra a cepa
resistente de H. contortus, alcançando o percentual de 94,3% (verapamil 100 mmol). Os
resultados do teste anti-helmíntico controlado, em que foram utilizados 42 ovinos
experimentalmente infectados com H. contortus resistente à ivermectina, revelaram que
o verapamil apresentou uma atividade de reversão parcial significativa (P<0,05) da
resistência. Pela análise genotípica efetuada nas sete amostras desta população de H.
contortus, submetidas aos diferentes tratamentos com ivermectina, verapamil ou
associação entre estas drogas, verificou-se similaridade em relação à glicoproteína-P e
pouca semalhança em relação aos canais de cloro ativados por glutamato..
Palavras-chave: fosfo-glicoproteína, Haemonchus contortus, ivermectina, resistência,
reversão, verapamil.
xi
Verapamil in vitro and in vitro reversing action in Haemonchus contortus
ivermectin resistance.
SUMMARY
The present work aimed to identify and isolate a field ivermectin-resistant
Haemonchus contortus strain, evaluate the effect of verapamil as a P-GP modulator
agent by in vitro (agar gel larval migration assay) and in vivo (FECRT and controlled
test), and analyze the genes related to the P-glycoprotein (P-GP) and H. contortus
glutamate chloride (HcCluCl) chanel expression. The H. contortus field strain isolated
was highly resistant to ivermectin, showing only 6.59% of efficacy. Verapamil alone
didn’t show any in vitro anthelmintic action but increasing concentrations of this drug
associated to ivermectin (LD50-4.317μmol) resulted in higher efficacy, when compared
to ivermectin alone, with 94.3% efficacy in the 100 mmol concentration. The results of
the anthelmintic controlled test, in wich it was used 42 sheep experimentally infected
with the field ivermectin-resistant H. contortus strain, showed a significant (P<0,05)
parcial ivermectin resistance reversion by verapamil. The genomic analysis of the seven
samples from this H. contortus resistant population submited to diferent treatment with
ivermctin, verapamil and the association between theese two drugs, showed similarity in
the genes related to the expression of P-GP and high polimorfism related to HcGluCL
Keywords: Haemonchus contortus, ivermectin, P glycoprotein, resistance, reversion,
verapamill.
12
I. INTRODUÇÃO
A produção de lã e carne ovina desempenha importante papel sócio-econômico
no Brasil. O rebanho ovino brasileiro está estimado em 15.588.041 animais (IBGE,
2005). Ao contrário do que ocorria no passado, quando a maior parte dos criatórios
encontrava-se na região sul, atualmente, 58,44% deste rebanho pertence à região
nordeste, onde predominam ovinos com pelagem curta, e apenas 28,56% à região sul,
onde a maioria é lanada.
A ovinocultura, embora tenha sofrido com a diminuição do comércio internacional
da lã, principalmente por Japão e Austrália, e tamm pela competição com a
agricultura, especialmente na região sul do Brasil, continua, ainda, uma atividade
rentável. Segundo DORNELLES (2002), é o setor mais lucrativo da pecuária,
propiciando rápida recuperação do capital empregado. Além disto, possui grande
importância social, representando significativa fonte de renda para a produção
agropecuária familiar, fixando o homem no campo.
As infecções parasitárias causadas por nematódeos gastrintestinais representam
grave problema sanitário na pecuária ovina, sendo responsáveis por grandes perdas
econômicas. Dentre os helmintos, o Haemonchus contortus destaca-se como sendo o
de maior importância econômica no Brasil. Este parasito apresenta grande capacidade
de adaptação a adversidades climáticas, podendo ser encontrado até mesmo no
Círculo Ártico (LINDQUIST et al., 2001). Possui maior intensidade de infecção dentre os
demais nematódeos em ovinos nos estados de São Paulo (AMARANTE, 1995), Santa
Catarina (PALOSCHI & RAMOS, 1991), Paraná (CUNHA FILHO et al., 1998) e Rio
Grande do Sul (BORBA, 1996). Sua patogenicidade é caracterizada pelo intenso
13
hematofagismo na fase adulta (PRADHAN & JOHNSTONE, 1972). Além dos danos à
mucosa gástrica na forma inibida, a ação deste parasito causa queda na produção e na
qualidade da lã, redução no ganho de peso (20 a 60%) e mortalidade (20 a 40%)
(ECHEVARRIA, 1988).
O método mais empregado no controle de verminoses de ruminantes domésticos
é o uso de produtos químicos. Porém, a utilização de anti-helmínticos como ferramenta
exclusiva de controle, tem seu futuro comprometido devido ao progressivo aumento do
número de casos de resistência e à falta de perspectiva de descoberta de novas
moléculas com propriedades terapêuticas antiparasitárias. Desta forma, é importante
adotar medidas que prolonguem a vida útil das drogas disponíveis no mercado, assim
como meios de controle complementares (FAO, 2003).
Estes fatores têm levado ao desenvolvimento de pesquisas de controles
complementares, tais como pastejo alternado (FERNANDES et al., 2004), seleção de
animais geneticamente resistentes (AMARANTE & AMARANTE, 2003) e controle
biológico utilizando fungos nematófagos ( ARAÚJO et al., 2004), dentre outros. Uma
nova alternativa que está sendo pesquisada é a utilização de drogas com atividade
reversora na resistência a anti-parasitários, a chamada "reversão química da
resistência", que poderia prolongar o uso de importantes grupos químicos como os
benzimidazóis e as lactonas macrocíclicas.
14
II. REVISÃO DE LITERATURA
A resistência às drogas é atualmente o maior entrave no controle de parasitos
dos animais de produção (NARI & EDDI, 2003). É definida como a habilidade de uma
população de parasitos em tolerar doses de drogas que seriam letais para a maioria
dos indivíduos de uma população normal (susceptível) desta mesma espécie (STONE,
1972). Esta é uma característica genética, portanto, herdável.
Os benzimidazóis, introduzidos no mercado em 1962, foram os primeiros anti-
helmínticos com amplo espectro de ação, apresentando elevada eficácia contra
nematódeos gastrintestinais. No entanto, já em 1964 foram encontradas cepas de
campo de H. contortus resistentes a este grupo químico (CONWAY, 1964; DRUDGE et
al., 1964). No Brasil, a resistência deste parasito a este princípio ativo foi relatada pela
primeira vez em 1967 no Rio Grande do Sul por SANTOS & GONÇALVES (1967).
A partir de 1979, surgiu outro grupo químico de amplo espectro de ação,
denominado lactonas macrocíclicas (LM). Tais compostos resultam do processo de
fermentação de um actinomiceto do gênero Streptomyces, encontrado no solo (BURG
et al., 1979). A este grupo pertencem as avermectinas (a sem + verm verme + ect
ectoparasita + in produto farmacêutico): ivermectina, abamectina, doramectina,
eprinomectina e selamectina.
O produto semi-sintético, 22,23 dihidroavermectin B
1
, ou ivermectina, foi o
primeiro entre as LM a ser comercializado (CHABALA et al., 1980; EGERTON et al.,
1980) e graças a sua elevada eficácia contra artrópodes e nematódeos, segurança
clínica e novo modo de ação, tornou-se o tratamento de escolha para parasitoses de
15
bovinos, ovinos, caprinos, suínos e eqüinos (CAMPBELL et al., 1983; CAMPBELL &
BENZ, 1984).
O exato mecanismo de ação das LM ainda não está esclarecido, devido a
algumas características da droga, tais como, apresentar vários locais de ação, várias
espécies alvo com sensibilidades diferentes a seu efeito e pouca solubilidade em
soluções aquosas (TURNER & SCHAEFFER, 1989).
A primeira hipótese formulada para explicar o modo de ação das LM constitui em
sua atuação como agonistas do ácido gama amino butírico (GABA), aumentando a
permeabilidade dos íons cloro (Clˉ), resultando em paralisia muscular (MELLIN et al.,
1983; ALBERT et al., 1986).
Esta hipótese poderia explicar porque as avermectinas não agem sobre
cestódeos e trematódeos, uma vez que estes não possuem receptores GABA. Sua
baixa toxicidade para os mamíferos é explicada pela impossibilidade de atravessar a
barreira hematocefálica, não atingindo, assim, os receptores GABA restritos quase
exclusivamente ao sistema nervoso central (MARTIN et al., 2002). Recentemente,
confirmou-se que os receptores GABA estão associados ao modo de ação das LM nos
insetos (LUDMERER et al., 2002).
Observações de alguns autores desencadearam a hipótese de que poderia haver
outro mecanismo de ação nos nematódeos. SCOTT & DUCE (1987) demonstraram que
feixes musculares específicos do gafanhoto (Schistocerca gregaria) que recebem
apenas inervação excitatória, não sendo sensíveis ao GABA, exibiram resposta
irreversível à ivermectina. MARTIN & PENNIGTON (1988), utilizando um modelo
experimental com Ascaris suum, observaram que não houve ação da ivermectina nos
16
canais GABA, mas sim em canais diferentes de cloro. Outro fato que suporta esta
hipótese é a presença, em mamíferos, de receptores GABA periféricos, que o
possuem barreira protetora como os do sistema nervoso central, estando vulneráveis a
ação destas drogas. Deste modo, como explicar porque as LM não agem nestes
receptores e não causam efeitos nos mamíferos?
O uso do nematódeo de vida livre Caenorhabditis elegans permitiu estudos mais
aprofundados sobre o modo de ação de drogas anti-helmínticas. A primeira descoberta
importante, com este tipo de estudo, foi que a ivermectina liga-se especificamente a
proteínas de membrana deste nematódeo (SCHARFFER & HAINES, 1989).
Posteriormente, outros autores (SCHAEFFER et al., 1989, 1990; ARENA et al., 1995)
apontaram a presença de um possível receptor para ivermectina em nematódeos.
A manipulação do material genético de C. elegans permitiu a descoberta dos
canais de cloro potencializados pelo glutamato (GluCl), sensíveis à ivermectina e
presentes apenas em invertebrados (ARENA et al., 1991,1992). Os receptores GluCl
possuem duas subunidades, α e β, a primeira é sensível às avermectinas e a segunda
ao glutamato (CULLY et al. 1994). Estes receptores estão presente em diversos locais
do organismo dos invertebrados. Deste modo, as LM possuem vários locais de ação,
bloqueando transmissões interneurais de nervos excitatórios, agindo diretamente sobre
a musculatura (KASS et al., 1980), causando paralisia, principalmente da faringe
(GEARY et al., 1993). evidências da presença de receptores em células musculares
do aparelho reprodutivo de Ascaris (FELLOWES et al. 2000), o que pode explicar a
ação destas drogas na fertilidade e ovipostura dos nematódeos.
17
Em 1985, 33 meses após a introdução da ivermectina na África do Sul, foi
constatado o primeiro relato de resistência, quando foi observada redução na eficácia
anti-helmíntica em ovinos que haviam sido tratados 26 vezes ao longo de 32 meses.
Estes animais eram parasitados por Ostertagia spp., Trichostrongylus spp.,
Nematodirus spp., e em menor intensidade, por Haemonchus spp. Após os sucessivos
tratamentos com ivermectina, todos neros de nematódeos haviam sido eliminados,
exceto Haemonchus spp (CARMICHAEL et al., 1987).
Resistência à ivermectina também foi registrada em H. contortus no estado do
Rio Grande do Sul em 1989 em ovinos que haviam recebido 32 tratamentos no decorrer
de 54 meses. Ao final deste período, foi observado um acentuado declínio da eficácia
contra vermes adultos (apenas 59%) (ECHEVARRIA & TRINDADE, 1989). Outro
estudo, realizado no mesmo Estado, investigou 29 rebanhos de ovinos, sendo
observada resistência em H. contortus à ivermectina, em oito deles (FARIAS et al.,
1997). Em Santa Catarina, a resistência deste nematódeo à ivermectina (0,2 mg/kg) foi
constatada em 77% dos 65 rebanhos estudados (RAMOS et al., 2002). Entre dez
propriedades avaliadas na região de Londrina, oito apresentaram ocorrência de
resistência, prevalecendo o gênero Haemonchus spp. (CUNHA FILHO et al., 1998).
Tamm no Paraná, SOCCOL et al. (1996) relacionaram casos clínicos agudos, e
mortalidade causados por H. contortus resistente à ivermectina. Em São Paulo, foi
avaliada a eficácia anti-helmíntica da ivermectina (0,2 mg/kg) em nove propriedades
rurais, sendo observada ineficácia da droga em quatro delas (AMARANTE et al., 1992).
Melo et al. (2003), no Ceará, avaliaram a eficácia de oxfendazole, levamisole e
ivermectina em 25 rebanhos (16 de ovinos, 7 de caprinos e 2 mistas) e observaram
18
prevalência da resistência em 88%, 41% e 59% rebanhos ovinos e 87.5%, 75% e
37.5% em caprinos, respectivamente, sendo Haemonchus o principal gênero. Em
alguns destes trabalhos estão relatados casos de resistência múltipla desta espécie a
diversos grupos químicos, demonstrando a gravidade do problema.
A resistência de Haemonchus spp. às lactonas macrocíclicas é controlada por
um gene único e completamente dominante, quando em estágio larval e ligado ao sexo
no estágio adulto, estando mais presente em fêmeas (LE JAMBRE et al., 2000).
Modelos matemáticos sugerem que o desenvolvimento de resistência às lactonas
macrocíclicas se desenvolve mais rapidamente que para os benzimidazóis, nos quais é
determinada por mais de um gene (BARNES et al., 1995).
Nos nematódeos, o fenômeno da mutação parece estar ausente, sendo a
resistência causada pela seleção dentro de uma população de genes que conferem
esta característica, pela sua existência, antes do primeiro contato com a droga
(MCKENZIE, 1985). Neste processo, ocorrem três fases: na inicial há baixa freqüência
de indivíduos resistentes na população; na intermediária, com a contínua exposição à
droga, aumento dos indivíduos heterozigotos (SR); na última fase, os indivíduos
homozigotos (RR) predominam na população e o são eliminados pela droga
(PRICHARD et al., 1990).
As características genéticas que conferem resistência são traduzidas em
diferentes modificações bioquímicas e moleculares que determinam a diminuição do
efeito da droga contra o parasito. Podem ocorrer as seguintes modificações: alterações
de sistemas enzimáticos necessários para que se produza o efeito da droga, diminuição
do número e/ou da afinidade dos receptores aos quais a droga se liga, modificações
19
estruturais que reduzem a captação do princípio ativo, aumentem do metabolismo
enzimático e/ou efluxo (MOTTIER & LANUSSE, 2001).
O mecanismo de resistência a lactonas macrocíclicas pode ser resultado de mais
de uma alteração genética (KÖHLER, 2001). Comparações entre o polimorfismo de
cepas de H. contortus sensível e resistente à ivermectina revelaram que seleção de
um gene que codifica sub-unidades de canais de cloro ativados por glutamato (GluCl)
(BLACKHALL et al., 1998a), os quais estão relacionados ao mecanismo de ação deste
grupo químico (CULY et al., 1994; ARENA et al., 1995).
Estudos com Caenorhabditis elegans, que teve todo seu genoma seqüenciado,
revelaram alterações dos genes denominados Dyf, que expressam produtos
responsáveis pela captação da ivermectina na cutícula do nematódeo, causando
resistência nos parasitos, que tornam-se menos permeáveis à droga (DENT et al.,
2000).
O primeiro gene, associado à resistência das lactonas macrocíclicas em H.
contortus foi o PGP-A, responsável pela expressão de uma glicoproteína de membrana,
a fosfo-glicoproteína (GP-P), membro da família dos transportadores tipo ABC com
cassete de ligação com ATP (XU et al., 1998). Muitos organismos, inclusive os
vertebrados, possuem GP-P que age como transportadora na membrana plasmática,
retirando componentes estranhos à célula, estando, tamm, envolvida nos precessos
de absorção, distribuição, metabolismo e excreção de compostos xenobióticos
(MEALEY, 2004).
A GP-P está sendo muito estudada, pois o aumento de sua expressão está
relacionado à resistência de células cancerígenas humanas à quimioterápicos, uma vez
20
que age transportando a droga para fora da célula tumoral. Este fenômeno é
denominado resistência múltipla a drogas (RMD), pois pode envolver vários grupos
químicos (JULIANO & LING, 1976; GOTTESMAN & PASTAN, 1993). Resistência
múltipla a drogas também é observada em parasitos do gênero Trypanosoma,
protozoário de grande importância para o homem e para os animais (KERBOEUF et al.,
2003).
A primeira evidência de que as lactonas macrocíclicas poderiam interagir com a
GP-P surgiu ao acaso, quando camundongos, cujo gene mdr1a (responsável pela
expressão de GP-P) havia sido bloqueado, apresentaram infestação por sarna e
necessitaram de tratamento, sendo aplicado ivermectina spray. Após tratamento, os
camundongos apresentaram sintomas neurotóxicos e, decorridas 24 horas, estavam
todos mortos. Descobriu-se que nestes camundongos havia um defeito na barreira
hemato-encefálica, sendo encontrada concentração de ivermectina no sistema nervoso
central 100 vezes maior que em animais normais (SCHINKEL et al., 1994).
Em H. contortus, o RNAm relacionado à expressão de GP-P localiza-se
predominantemente no tecido do trato digestivo, destacando-se a faringe (SMITH &
PRICHARD, 2002). Neste segmento anatômico intenso transporte de membrana,
deste modo, esta proteína participaria da excreção, no trato digestivo, de moléculas de
drogas, como as lactonas macrocíclicas.
A clara evidência de associação entre genes da GP-P e a resistência a lactonas
macrocíclicas sugere que estes genes possam ser marcadores moleculares úteis para
seu diagnóstico (PRICHARD, 2002). Até o momento, sabe-se que existem três
21
homólogos de GP-P relacionados a resistência à ivermectina em H. contortus (XU et al.,
1998; LE JAMBRE et al., 1999; SANGSTER et al., 1999).
Considerando o surgimento de estirpes de nematódeos com resistência múltipla
às drogas e o fato dos princípios ativos disponíveis para o controle químico poderem
ser considerados um recurso não renovável, a procura por medidas que possam
reverter o quadro de resistência aos atuais grupos químicos parasiticidas pode trazer
uma importante alternativa no controle anti-parasitário. Existem diferentes estratégias
de reversão que estão sendo avaliadas por diversos autores, entre elas: reversão
natural, diluição dos genes resistentes, substituição total de populações e utilização de
drogas moduladoras.
A técnica da reversão natural consiste em um retorno à susceptibilidade quando
da ausência da pressão de seleção pela droga por longos períodos (acima de 10 anos).
Segundo esta teoria, os parasitos dentro de uma população que possuem os genes que
conferem a resistência a determinado princípio ativo estão, inicialmente, em frequência
muito baixa por apresentarem menor vantagem de sobrevivência quando comparados
aos nematódeos susceptíveis. A população resistente que foi selecionada com o uso de
determinado princípio ativo, normalmente, apresenta-se em desvantagem biológica em
relação aos parasitos susceptíveis, assim sendo, na ausência da seleção por anti-
helmínticos, a população susceptível teria a tendência a predominar novamente
(JACKSON & COOP, 2000). Porém, segundo SANGSTER (1999), os isolados de
parasitos resistentes apresentam pouca ou nenhuma tendência a reverterem à
susceptibilidade. Tal fato se deve à permanência de alelo para a resistência na
população, mesmo após um longo período de desuso de determinada droga. Assim, a
22
reutilização do princípio ativo precedente do processo de reversão, pode resultar em
um retorno rápido da resistência.
Os resultados obtidos pela cnica da reversão natural o controversos.
BORGESTEEDE & DUYN (1989) não observaram aumento de susceptibilidade ao
benzimidazole contra um isolado resistente de H. contortus após seis anos de
suspensão do uso desta molécula. WARUIRU (1997) também observou que uma
população de H. contortus manteve a resistência a benzimidazol e levamizol, apesar do
fato desta cepa não ter sido exposta a estes princípios ativos durante quatro anos, em
um rebanho ovino em Kênia. Por outro lado, MELO et al. (2004) observaram em uma
propriedade no Estado do Ceará, onde houve suspensão do uso de benzimidazóis em
ovinos durante dois anos, aumento da eficácia de 91% em 2001 para 97% em 2003.
WYK & VAN SCHALKWYK (1990) propuseram a diluição dos genes da
resistência em H. contortus por meio de infecções artificiais com populações de
parasitos susceptíveis. Com o objetivo de obter resultados sob condições de campo,
todos os animais de duas propriedades, onde havia resistência múltipla a drogas, foram
medicados com uma formulação altamente eficaz e inoculados com larvas de uma
estirpe susceptível. Os resultados demonstraram aumento da susceptibilidade das
populações desta espécie nas duas áreas, inclusive nos parasitos presentes nos
animais que nasceram naquelas pastagens após o início do experimento e que não
haviam sido inoculados.
A técnica de reversão da resistência por meio da substituição total de uma
população de Teladorsagia circuncincta resistente a benzimidazóis por outra
susceptível, foi avaliada na França por MOUSSAVOU-BOUSSOUGOU et al. (2006).
23
Foram utilizados diferentes piquetes onde havia histórico de resistência a
benzimidazóis, com freqüência genotípica de até 89%, os quais permaneceram sem
animais durante sete meses. Prosseguindo, os piquetes receberam ovinos
experimentalmente infectados por um isolado de T. circuncincta susceptível a
benzimidazóis. Em período pré determinado, estes ovinos foram tratados com
fenbendazole, sendo observada eficácia entre 97% e 99% na redução da carga
parasitária e freqüência da resistência entre 0 e 3% na avaliação genotípica desta
população após a substituição e o tratamento com benzimidazol. Segundo estes
autores, para o estabelecimento desta nova população de helmintos deve-se evitar
tratamentos com benzimidazóis durante dois anos e apontaram, ainda, a necessidade
do monitoramento da eficácia por um longo período, alertando para algumas possíveis
dificuldades na introdução de uma nova população de nematódeos em uma
propriedade, entre elas, o risco de emergência de novos patógenos.
Segundo JACKSON & COOP (2000), o sucesso da reversão depende da
frequência dos genes de resistência na população parasitária, podendo ocorrer pouca
ou nenhuma reversão quando houver predominância de homozigotos resistentes. Por
outro lado, quando a maioria for heterozigota, a chance de reversão é maior.
Atualmente, um conceito muito utilizado no tratamento químico de células
tumorais é a reversão da resistência múltipla a fármacos, empregando-se drogas
moduladoras. Estes moduladores agem competindo com as drogas de interesse
terapêutico por locais de ligação na GP-P, impedindo que sejam retiradas da célula alvo
e/ou inibindo a hidrólise de ATP (WATANABE et al., 1995, GARRIGOS et al., 1997).
24
O verapamil é um bloqueador de canais de cálcio (TSURUO et al., 1981) que
está sendo utilizado com esta finalidade. O primeiro estudo a respeito do uso de
verapamil como agente modulador reversor de resistência a anti-helmínticos foi
realizado por BEUGNET et al. (1997), sendo observada reversão parcial da resistência
de H. contortus a benzimidazóis por meio de teste in vitro de eclodibilidade de ovos. O
aumento da atividade anti-helmíntica de ivermectina e de moxidectina, associados ao
verapamil, foi observado em um modelo experimental utilizando gerbils
experimentalmente infectados com larvas de H. contortus resistentes (MOLENTO &
PRICHARD, 1999). O estudo in vitro de migração de larvas em gel tamm demonstrou
que aumento de eficácia destas associações medicamentosas, contra cepas de H.
contortus resistente a estas lactonas macrocíclicas (MOLENTO & PRICHARD, 2001).
Experimento realizado com ovinos demonstrou que o verapamil, administrado via
subcutânea (3mg/kg, 3x), proporcionou aumento significativo dos parâmetros
farmacocinéticos como área sob a curva e pico de concentração máxima de
ivermectina, administrada via oral (MOLENTO et al., 2004). Segundo os autores, o
verapamil inibe a ação de GP-P presente no fígado e no intestino, reduzindo a excreção
biliar, além de aumentar a absorção intestinal da droga.
O verapamil é considerado modulador de GP-P de primeira geração e outras
drogas estão sendo estudadas para esta finalidade. Segundo MEALEY (2004), diversos
principios ativos poderiam ser utilizados como inibidores seletivos de GP-P, entre eles
os anti-depressivos floxetina, erva-de-São-João e paroxetina; os agentes
antimicrobianos eritomicina, itraconazol e cetoconazol; os opióides metadona e
pentazocina; os antiarrítmicos cardíacos verapamil, amiodarona, carvedilol, quinidina e
25
nicardipina; imunosupressores, incluindo a cyclosporina, tacrolimus e outros, como
bromocriptina, clorpromazina e tamoxifen.
Reversão altamente significativa (acima de 50%) da resistência ao tiabendazol foi
obtida em ovos de H. contortus previamente expostos a lecitina, sendo desconhecido
ainda o exato mecanismo de ação (KERBOUEF et al., 2002). RIOU et al. (2003)
observaram que a composição da membrana celular, especialmente os lipídios,
condiciona a atividade da GP-P, havendo aumento da resistência anti-helmíntica em H.
contortus quando redução de colesterol e, o efeito contrário, quando acréscimo
desta substância. O efeito de itraconazol e valspodar como moduladores de GP-P foi
observado por BALLENT et al. (2006) por meio de testes in vitro e in vivo.
LIFSCHITZ et al. (2002) após a administração de loperamida, juntamente a
moxidectina em ovinos, observaram que o uso de estratégias baseadas na combinação
de endectocidas e substratos de GP-P aumentam a biodisponibilidade da droga, e,
conseqüentemente, a eficácia anti-helmíntica contra nematódeos resistentes. O mesmo
efeito foi observado por DUPUY et al. (2003) em ovinos medicados com quercetina e
moxidectina.
A redução dos investimentos na descoberta de novas drogas anti-parasitárias,
pela indústria farmacêutica veterinária ou por centros de pesquisas e o limitado
conhecimento da biologia básica dos parasitos, caminho que poderia apontar para
novos mecanismos de ação de drogas, diminuem a perspectiva do surgimento de
novos grupos químicos, especialmente aqueles com excelente ação endectocida, como
as lactonas macrocíclicas (GEARY & THOMPSON, 2003). Desta forma, qualquer
26
medida que possibilite o prolongamento do período de utilização deste grupo químico é
importante.
27
III. OBJETIVOS
Em face à ausência de trabalhos com a avaliação de bloqueadores da GP-P em
ovinos experimentalmente infectados, assim como de estudos moleculares de estirpe
brasileira de campo de H. contortus resistente à ivermectina, os objetivos do presente
trabalho foram:
1. caracterização e isolamento de estirpes de campo de H. contortus resistente e
susceptível à ivermectina;
2. avaliar a ação do verapamil como reversor da resistência à ivermectina em H.
contortus, por meio de testes in vitro e in vivo;
3. caracterização molecular de pontos de mutação gênica relacionados à expressão
de glicoproteína P em H. contortus resistente à ivermectina, submetido a diferentes
tratamentos.
28
IV. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Caracterização de estirpes de Haemonchus contortus resistente e
susceptível à ivermectina
Foram feitas rias tentativas para encontrar uma estirpe de H. contortus
sensível à ivermectina. Dezoito propriedades rurais no Estado de São Paulo foram
visitadas, sendo colhidas amostras de fezes de 850 ovinos para realização de exames
coprológicos (contagens de OPG e coproculturas) antes e após o tratamento com
ivermectina, via subcutânea (200 μg/kg de peso vivo).
A estirpe de H. contortus resistente à ivermectina foi obtida de ovinos
pertencentes ao setor de ovinocultura da Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias
de Jaboticabal - Unesp, onde eram criados cerca de 150 animais da raça Ile de France,
mantidos em pastagens do gênero Cynodon sp. Estes animais eram submetidos a
freqüentes tratamentos anti-helmínticos ao longo do ano, utilizando-se diversos
princípios ativos, conforme a disponibilidade. Devido ao histórico do rebanho e à
realização de exames coproparasitológicos prévios, os quais levantaram a suspeita de
ineficácia da ivermectina, realizou-se um teste anti-helmíntico controlado (necropsias),
seguindo-se a metodologia recomendada por WOOD et al. (1995).
Dez ovinos naturalmente infectados por nematódeos, incluindo o gênero
Haemonchus sp foram selecionados, por meio de três contagens diárias consecutivas (-
3, -2 e -1) de ovos por grama de fezes (OPG) (GORDON & WHITLOCK, 1939) em,
sendo o diagnóstico genérico quantificado por meio de coproculturas (Robert &
29
O’Sulivan, 1950). Os animais foram listados em ordem decrescente pelo número médio
de OPG e distribuídos em dois grupos com cinco repetições cada. Os dois ovinos com
contagens mais elevadas foram destinados à repetição número um, os dois seguintes à
repetição dois e assim, consecutivamente, até a constituição das cinco repetições. Após
sorteio, um dos grupos foi tratado com ivermectina, via subcutânea (200 µg/kg de peso
vivo) e outro mantido como controle (não tratado), conforme demonstrado na Tabela 1.
Tabela 1. Contagens de OPG, sexo, e peso no período pré-tratamento dos ovinos
experimentais, naturalmente infectados por Haemonchus contortus.
CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
-3 -2 -1 Média
5 M 400 525 470 465 20 -
6 M 800 755 830 795 20 -
10 M 600 675 650 642 20 -
13 M 475 425 500 467 20 -
18 M 525 500 550 525 20 -
579
2 M 675 600 625 633 21,7 0,43
5 M 750 875 775 800 20,5 0,41
6 F 225 250 200 225 19,0 0,38
7 F 625 500 525 550 18,4 0,37
113 M 550 500 625 558 17,0 0,34
553
Média
Sexo
Dose
(ml)
Controle
Ivermectina
Média
Ovino
Tratamento
Contagens de OPG/Dias pré-tratamento
Peso
(kg)
No sétimo dia pós-tratamento os ovinos foram sacrificados e submetidos à
necropsia parasitológica para estimativa da carga parasitária. O sistema digestório foi
separado, por meio de ligaduras duplas, nos diferentes segmentos anatômicos
(abomaso, duodeno, jejuno, íleo, ceco, cólon e reto), sendo seus conteúdos removidos,
e as mucosas raspadas. O material obtido foi lavado em tamis (0,297mm e tyler 48) e a
parte sólida retida, fixada em solução de formol 10% a 80
o
C. Apesar da localização de
H. contortus ser restrita ao abomaso, durante a necropsia pode haver passagem do
30
material presente neste órgão para outros compartimentos do sistema digestório, o que
justifica a pesquisa deste parasito nos diferentes segmentos anatômicos.
Para digestão da mucosa abomasal foi empregada metodologia preconizada por
WOOD et al. (1995), ou seja, o órgão foi imerso em solução de pepsina 1% e ácido
clorídrico 3% a 37
o
C durante cinco horas.
A colheita, contagem e identificação genérica dos parasitos presentes em cada
órgão foram efetuadas em microscópio estereoscópio. O diagnóstico específico foi
realizado por meio de microscopia de luz comum (LEVINE, 1968; COSTA, 1982; UENO
& GONÇALES, 1998).
4.2. Isolamento e manutenção da estirpe pura de H. contortus resistente à
ivermectina
Fêmeas de H. contortus foram colhidas de abomaso de ovinos, pertencentes ao
mesmo rebanho no qual a estirpe havia sido caracterizada como resistente à
ivermectina (item 4.1) e imediatamente colocadas em placas de Petri contendo solução
fisiológica, sendo mantidas em estufa a 36
o
C durante duas horas para realização de
ovipostura. Posteriormente, os ovos foram colocados em vermiculita e mantidos a 27
o
C
durante dez dias, quando foram obtidas larvas de terceiro estádio.
Dois ovinos, com idade entre dois e quatro meses, foram adquiridos e medicados
com anti-helmínticos até apresentarem-se livres de infecção por H. contortus.
Posteriormente, foram infectados com 1000 larvas e permaneceram no setor de ovinos
do Centro de Pesquisa em Sanidade Animal (CPPAR/UNESP), em baias suspensas
31
individuais que impossibilitavam possíveis reinfecções helmínticas, recebendo silagem
de milho e água ad libitum.
4.3. Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vitro migração
de larvas em gel de ágar
4.3.1 Larvas infectantes (L3) de H. contortus
Larvas (L3) de H. contortus da cepa resistente, oriundas de coproculturas
realizadas com amostras de fezes dos ovinos experimentalmente infectados, foram
utilizadas para avaliação in vitro da reversão da resistência à ivermectina pelo
verapamil.
4.3.2 Produtos
Ivermectina 0,08% (Ivomec
®
Solução Oral, Merial Saúde Animal).
Verapamil (Sigma, St Luis, Missouri).
4.3.3 Procedimentos experimentais
Foi utilizada a metodologia de D’ASSONVILLE et al. (1996) modificada por
MOLENTO & PRICHARD (2001).
mero variável de larvas infectantes (L3) de H. contortus foi colocado em
contato com solução de hipoclorito de sódio 0,08%, em estufa tipo B.O.D. à
temperatura de 27
o
C, durante aproximadamente duas horas. Quando mais de 90% das
larvas viáveis estavam sem a bainha, o material foi lavado três vezes com água
32
destilada e separado em alíquotas de 0,5 mL. A esta alíquota foi adicionado 0,5 mL de
solução contendo os tratamentos em diferentes concentrações, conforme o grupo
experimental (Tabela 2). Após homogeneização, esta solução contendo larvas e a
droga foi mantida em estufa a 27
o
C, durante seis horas. Decorrido este período, foi
adicionado 1 mL de solução de ágar (1,4%) a 45
o
C. A solução final (2mL) contendo
ágar, larvas e a droga foi transferida para uma placa de Petri contendo um aparato
especial (Figua 1) e mantida em estufa a 27
o
C, onde foi exposta a uma fonte de luz
incandescente de 60W, durante 18 horas (Figura 2.).
Este aparato especial consiste em um cilindro de plástico (0,8 cm de altura x 3,0
cm de diâmetro) sobreposto a duas telas metálicas, uma delas com abertura de 38 µm
e outra com abertura maior (Figura 1). A placa de Petri contendo o aparato foi
previamente preenchida com 22 mL de água destilada e mantida em congelador. A
água congelada deve cobrir as telas metálicas e o fundo do cilindro plástico, deixando
espaço suficiente neste para a solução final.
Figura 1. Placa de Petri contendo o aparato utilizado no teste de migração de larvas em
gel de ágar
33
Figura 2. Estufa do tipo BOD onde foram mantidas as placas de Petri, demonstrando
exposição a uma fonte de luz incandescente de 60W.
Como a exposição à luz estimula a movimentação das larvas que sobrevivem à
ação da droga, consideradas resistentes, migraram para fora do ágar, passando pelas
telas metálicas, indo para a porção aquosa, presente na placa de Petri. Esta porção
líquida foi transferida para um tubo plástico de 50 mL. Após sedimentação, o
sobrenadante foi retirado, mantendo volume de 10 mL no tubo. Deste volume, foram
retiradas três alíquotas homogêneas (vortex) de 1 mL para quantificação das larvas. O
resultado das contagens de larvas em cada alíquota foi multiplicado por 10. O
experimento foi realizado em triplicata.
34
4.3.5 Grupos experimentais do teste in vitro
Tabela 2. Grupos experimentais e respectivos tratamentos aplicados às larvas de
Haemonchus contortus no teste de migração em gel de ágar. CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
Grupo
Tratamento
Concentrações
I
Ivermectina
1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128 e 256 µM
II
Ivermectina +
Verapamil
1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128 e 256 µM de
ivermectina + 2 mM de verapamil
III
Verapamil
1, 2, 5, 10 e 100 mM
IV
Ivermectina +
Verapamil
DL50 de ivermectina + 0, 1, 2, 5, 10 e 100 mM
de verapamil
Em cada grupo experimental houve uma triplicata que recebeu apenas água
destilada, servindo como controle para o cálculo de eficácia.
4.4 Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vivo avaliação anti-
helmíntica em ovinos experimentalmente infectados.
Os procedimentos experimentais foram realizados seguindo a metodologia
preconizada pelos guias internacionais para avaliação de anti-helmínticos para
ruminantes, "World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology"
(WOOD et al., 1995) e "International Co-operation on Harmonisation of Technical
Requirements for Registration of Veterinary Medicinal Products" (VERCRUYSSE et al.,
2001).
35
4.4.1 Local
Os animais foram mantidos, durante o período experimental, em baias individuais
pertencentes ao setor de ovinos do CPPAR/FCAVJ/UNESP”.
4.4.2 Seleção de ovinos
50 ovinos, sem raça definida, foram adiquiridos de um rebanho, pesados
individualmente e identificados com a colocação de brincos numerados na orelha direita
e medicados com a associação albendazole 2,0%, cloridrato de levamisole 2,55% e
ivermectina 0,08%
1
, via oral, na dose de 1mL/4kg de peso vivo, visando a eliminação
das infecções naturais por helmintos gastrintestinais. Todos os animais foram mantidos,
ao longo do experimento, em baias que impossibilitavam possíveis reinfecções
helmínticas.
4.4.3 Desafio
Cada animal foi inoculado, via oral, no mesmo dia para todos os grupos
experimentais, com 15 mL de água contendo 8460 larvas infectantes (L3) de H.
contortus resistente à ivermectina.
4.4.4 Delineamento experimental
Entre os 50 ovinos infectados experimentalmente, foram selecionados 42
animais por meio de três contagens consecutivas de OPG (32, 33 e 34 dias pós-
inoculação). Os animais foram listados em ordem decrescente pelo número médio de
OPG e distribuídos em sete grupos com seis repetições cada. Os sete ovinos com
1
Trimix
TM
Merial Saúde Animal Ltda.
36
contagens mais elevadas foram destinados à repetição número um, os sete seguintes à
repetição dois e assim, consecutivamente, até a constituição das seis repetições. Após
sorteio, foram realizados os seguintes tratamentos, via subcutânea, no 35
o
dia pós-
inoculação, nos grupos experimentais, conforme demonstrado na Tabela 3.
Tabela 3. Grupos experimentais e respectivos tratamentos administrados nos ovinos
experimentalmente infectados com larvas de Haemonchus contortus resistente à
ivermectina. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
Grupo
N
o
de
ovinos
OPG
(-3,-2 e-1)
Tratamento
Dose
I
6
3520
Controle
-
II
6
3532
Ivermectina 1%
200μg de ivermectina/kg
III
6
3569
Verapamil
(oleoso)
3mg de verapamil/kg
IV
6
3532
Verapamil
(aquoso)
3mg de verapamil/kg (3x)
V
6
3415
Ivermectina 1%
+ Verapamil
(aquoso)
200μg de ivermectina/kg + 3mg de
verapamil/kg (3x)
VI
6
3584
Ivermectina 1%
+ Verapamil
(oleoso)
200μg de ivermectina/kg + 3mg de
verapamil/kg
VII
6
3656
Ivermectina 2%
+ Verapamil
(oleoso)
400μg de ivermectina/kg + 3mg de
verapamil/kg
Os ovinos pertencentes aos grupos IV e V receberam três doses de verapamil 3
mg/kg, via subcutânea, a cada 12 horas. Esta dose é a que apresenta menor ocorrência
de reação no local de administração em ovinos, utilizando-se como veículo solução
salina (Molento et al. 2004).
4.4.5 Exames coprológicos
37
Foram realizados novos exames coprológicos para avaliação do efeito dos
medicamentos na redução das contagens de ovos de nematódeos (OPG) no dias 1, 2,
3, 5 e 7 pós-tratamento (DPT) .
4.4.6 Necropsias parasitológicas
Foram realizadas necropsias parasitológicas no sétimo dia DPT, segundo
metodologia descrita no item 2.1, exceto na forma de conservação dos parasitos, sendo
utilizado álcool absoluto.
4.5 Estudo genotípico relacionado à glicoproteína P e canais de cloro ativados
por glutamato na estirpe de H. contortus resistente à ivermectina
4.5.1 Amostras de parasitos
50 exemplares de H. contortus machos, foram colhidos à necropsia do abomaso
de ovinos de cada grupo experimental (Tabela 3) e imediatamente lavados quatro
vezes com solução RPMI, acondicionados individualmente em tubos tipo eppendorf,
congelados e mantidos em temperatura de 20
o
C até o momento de sua utilização.
4.5.2 Extração de DNA
O DNA total de cada amostra foi extraído utilizando o DNeasy® Tissue Kit - Qiagen,
segundo protocolo preconizado pelo fabricante, que utiliza a tecnologia avançada da
38
membrana de gel de sílica. Trata-se de um processo rápido e eficiente de purificação
do DNA celular total, sem necessidade de extração orgânica ou precipitação com
etanol. Cada amostra de DNA foi eluída em 150 μL de Buffer AE (10 mM de Tris-HCl;
0,5 mM de EDTA; pH 9.0).
4.5.3 Amplificação de DNA relacionado à PG-P
Um fragmento de DNA, relacionado à expressão de GP-P, foi amplificado por
meio da reação em cadeia da polimerase (PCR). A amplificação foi realizada com uma
solução de reação de 50 μL, contendo 5 μL 10x de Taq Buffer, 5 μL 2 mM dNTPs (Dntp
Set - Eppendorf
®
), 2 μL 50 mM MgCl
2
, 1 μL de 20mM de primer solutions, 1 U Taq
polimerase (Platinum Taq Dna Polimerase High Fidelity - Invitrogen
®
), 2 ng DNA
template e água até completar 50 μL. Um iniciador direto PGP2s (5’-3’) com a seguinte
seqüência: GAAATGACTCAAGCACAAG e um iniciador reverso MX-D (5’-3’) com a
seqüência AGACAAAGACATTCAGAG (invitrogen
®
) foram empregados para amplificar
um fragmento de DNA de 840-bp que codifica a região de ligação de ATP em GP-P e
é altamente conservada, com 85-94% de homologia a GP-P ou proteínas relacionadas
à resistência múltipla, oriundas de outras fontes (BLACKHALL et al., 1998a).
Após desnaturação inicial a 95
o
C, durante quatro minutos, foram realizados 40
ciclos de desnaturação a 95
o
C durante 15 segundos, anelamento a 53
o
C durante 30
segundos e alongamento a 70
o
C durante um minuto e 30 segundos, após a realização
dos ciclos, foi mantida a temperatura de 70ºC por cinco minutos (termociclador PTC-
100 MJResearch Inc
®
).
39
Alíquotas dos produtos da PCR foram analisados em eletroforese em ágar gel
contendo brometo de etídio (0,5 mg/mL). Os produtos restantes foram purificados
utilizando QIAquick (Qiagen) e eluído em água para seqüenciamento.
4.5.4 Amplificação de DNA relacionado aos canais de cloro ativados por
glutamato (GluCl)
Para a amplificação de um fragmento de DNA relacionado à expressão dos
canais de cloro ativados por glutamato, preparou-se uma solução de reação contendo 5
μL 10x de Taq Buffer, 5 μL 2 mM dNTPs (Dntp Set - Eppendorf
®
), 2 μL 50 mM MgCl
2
, 1
μL de 20mM de primer solutions, 1 U Taq polimerase (Platinum Taq Dna Polimerase
High Fidelity - Invitrogen
®
), 2 ng DNA template e água até completar 50 μL. Um
iniciador direto F4275 (5’-3’) com a seguinte seqüência: GAA TTT TTC TTA CAG GTT
GG e um iniciador reverso R603 (5’-3’) com a seqüência CGG TTT TTC CTC TTT CCA
(invitrogen
®
).
Após desnaturação inicial a 94
o
C, durante três minutos, foram realizados 40
ciclos de desnaturação a 94
o
C durante 15 segundos, anelamento a 53
o
C durante 25
segundos e alongamento a 72
o
C durante 20 segundos. Após a realização dos ciclos, foi
mantida a temperatura de 72ºC por cinco minutos.
Alíquotas dos produtos da PCR foram analisados em eletroforese em ágar gel
contendo brometo de etídio (0,5 mg/mL). Os produtos restantes foram purificados
utilizando QIAquick (Qiagen) e eluído em água para seqüenciamento.
40
4.5.5 PCR para Sequenciamento
As reações para o seqüenciamento foram realizadas em microplacas utilizando
0,5 μL dos terminadores Big Dye, 2 μL de Primer, 1 μL de DNA plasmidial, 3,5 μL de
tampão Save Money 2,5 X e completando a reação com H
2
O mili-Q estéril para 10 μL.
Os oligonucleotídeos iniciadores utilizados foram os mesmos da amplificação. A
reação foi submetida a um termociclador (PTC-100 MJResearch Inc
®
) seguindo o
mesmo programa utilizado anteriormente
4.5.6 Lavagem dos produtos da PCR
Após a reação, as amostras foram preparadas para o seqüenciamento, sendo
adicionados 80 μL de isopropanol 75%, em seguida, as placas foram vedadas com
selos de alumínio e agitadas levemente. Posteriormente, as amostras permaneceram
durante 15 minutos em temperatura ambiente e centrifugadas a 4000g, por 30 minutos,
a 20ºC. Descartado o sobrenadante, as placas foram deixadas por cinco minutos,
invertidas em papel absorvente. Nelas, foram adicionados 200 μL de etanol 70%, sendo
então novamente seladas e centrifugadas a 4000g, por 10 minutos, a 20ºC. Esta última
operação foi repetida novamente. Foi colocado um pedaço fino de papel absorvente
sob a placa e esta, invertidamente, centrifugada por 20 segundos em aceleração um e
breque um. Na seqüência, a placa foi seca por cinco minutos na bomba de vácuo.
Em seguida, as amostras foram ressuspendidas com 9μL de Hi-Di Formamide
Catálogo P/N 4311320 ABI Prism) e desnaturadas a 95º C por cinco minutos e
colocadas no gelo por mais dois minutos.
41
O sequenciamento dos produtos da PCR foi realizado no seqüenciador modelo
ABI 3700 Perkin Elmer.
4.5.7 Análise dos resultados do sequenciamento
As sequências de bases obtidas foram alinhadas utilizando-se o programa
Bioedit Sequence Alignment Editor (HALL, 1999) . Para o conjunto de sete amostras
amplificadas com cada um dos quatro iniciadores (PGP2, MXD, F 4275 e R603), foram
contruídas as matrizes de identidade por meio deste mesmo programa.
Foram pesquisadas analogias com sequências depositadas no banco de dados
Genbank, por meio do endereço eletrônico: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/.
4.6 Análise estatística
Nas avaliações anti-helmínticas em ovinos (itens 4.1 e 4.4), foi utilizado um
delineamento do tipo em blocos casualizados. Para Análise de Variância dos dados
obtidos, utilizou-se uma transformação [log (x + 1)], preconizada por LITTLE & HILLS
(1978). As análises foram realizadas aplicando-se o teste F e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey, utilizando-se o Software SAS (1996).
Para o cálculo da eficácia terapêutica das formulações ensaiadas, foi utilizada a
fórmula recomendada por WOOD et al. (1995).
100x
controle grupo do helmintos de número do Média
tratadogrupo do - controle grupo do
helmintos de número do Média helmintos de número do Média
eficácia de Percentual
42
Para a avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vitro migração de
larvas em gel de ágar, calculou-se a DL50 de ivermectina contra a cepa resistente
isolada de H. contortus, sendo utilizadas diluições de 0, 0,5, 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64 e 128
μMol de ivermectina/0,5 mL (Grupo I). Dos resultados obtidos, construiu-se uma curva
sigmóide da relação dose x resposta, sendo os dados das contagens de larvas que
migraram pelo gel (sobreviventes) transformados em logaritmo e, posteriormente,
normalizados, utilizando o programa GraphPad Prism. Version 4.0 (GraphPad Software,
San Diego, California,. USA, http://www.graphpad.com), utilizando-se a seguinte
equação:
Y=(100*X^-1.039) / [(DL50^-1.039) + (X^-1.039)]
Em que:
X= logaritmo da concentração
Y= número de larvas
43
V. RESULTADOS
5.1 Caracterização de estirpes de Haemonchus contortus resistente e susceptível
à ivermectina
Não foi possível caracterizar uma estirpe de campo de H. contortus susceptível à
ivermectina no Estado de São Paulo Os percentuais de redução de OPG, nos 18
rebanhos ovinos avaliados, demonstraram claramente a insensibilidade, das diferentes
estirpes encontradas, à ivermectina. A maior eficácia encontrada foi de 75 % em uma
propriedade rural onde não é realizado o controle de verminoses com ivermectina
mais de dois anos.
Em relação à estirpe resistente, a quantificação de H. contortus recuperados
após a necropsia de ovinos tratados e controle está condensada nas Tabelas 4 (médias
aritméticas) e 5 (média geométrica) e ilustrada na Figura 3. Os percentuais de eficácia e
os resultados da análise estatística efetuada estão tamm registrados na Tabela 5 e
na Figura 4
Observou-se maior número de H. contortus nos animais tratados com
ivermectina do que nos ovinos o tratados (grupo controle), particularmente, em
relação ao número de machos deste parasito (Tabela 4). Porém, quando estes dados
foram transformados em log (x+1), médias geométricas, houve um ajuste e o mero
total de H. contortus presentes nos animais tratados foi estatisticamente inferior (P<
0,05) ao dos animais controle (Tabela 5). Resultado aceitável em face da discrepância
observada no número de nematódeos recuperados no abomaso do ovino número sete.
44
Tabela 4. Quantificação de Haemonchus contortus recolhidos de ovinos dos grupos
controle e tratado, necropsiados no sétimo dia pós-tratamento; percentuais de eficácia
da ivermectina1%. Médias aritméticas. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP,
Brasil.
10
13
18
6
5
média
113
7
2
5
6
média
Eficácia (%)
Total de Haemonchus contortus
Total
Ovino
Tratamento
Machos
Fêmeas
72
373
214
255,8
294
191
41
579
103
199
154
205
179
87
93,4
94,6
13
424
54
194
127
162,4
96,4
28
155
18
137
52
99
80
94
157
51
100
74
111
0,00
3,11
0,00
Controle
Ivermectina
Tabela 5. Quantificação de Haemonchus contortus recolhidos de ovinos dos grupos
controle e tratado, necropsiados no sétimo dia pós-tratamento; percentuais de eficácia
da ivermectina1% e análise estatística. Médias geométricas. CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
10
13
18
6
5
total
dia
89,55
b
90,59
a
180,31
a
113
7
2
5
6
total
dia
95,03
a
66,11
b
168,42
b
Eficácia (%)
Ovino
Tratamento
Total de Haemonchus contortus
Machos
Fêmeas
Total
0,00
27,02
6,59
9,9121
9,1340
11,1448
0,1229
2,2900
2,2553
2,5729
2,1072
1,9445
2,3324
0,0333
Probabilidade de significância do
valor de F
Valor de F
0,0848
0,0174
0,1531
0,0482
1,8633
2,1903
2,3139
2,4698
1,6128
11,2921
2,7634
9,7845
9,8091
Ivermectina
1,7404
1,2788
1,1461
1,4624
2,6284
2,1931
2,0043
1,8751
2,0492
2,1987
2,1399
2,0170
2,3010
1,7243
Controle
2,0000
1,9085
1,9777
1,7160
45
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Machos Fêmeas Total
N
o
de H. contortus
Controle Ivermectina
b
a
a
a
b
b
Figura 3. Número de Haemonchus contortus recolhidos de ovinos dos grupos controle
e tratado, necropsiados no sétimo dia pós-tratamento. Médias geométricas.
CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Machos Fêmeas Total
Eficácia (%)
Figura 4. Percentuais de eficácia (médias geométricas) da ivermectina 1% em ovinos
naturalmente infectados e necropsiados no sétimo dia pós-tratamento.
CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
46
A ivermectina 1% apresentou eficácia nula (-33,97%) quando calculada por meio
de médias aritméticas e alcançou 6,59% utilizando-se médias geométricas, sendo,
desta maneira, demonstrada claramente a resistência desta população de H. contortus.
5.2. Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vitro migração de
larvas em gel de agar.
Na Figura 5 está apresentada a curva sigmóide da relação dose x resposta,
utilizando-se apenas ivermectina em concentrções crescentes (Grupo I). O valor da
DL50 de ivermectina foi de 4,317 μMol, obtido por meio de análise de regressão não
linear, com 95% de probalilidade deste valor encontrar-se entre 3,045 e 5,900 μMol
A curva sigmóide da relação dose x resposta da ivermectina associada a 2mM de
verapamil (Grupo II) está apresentada na Figura 6.
Os percentuais de eficácia da ivermectina em diferentes concentrações
isoladamente (Grupo I) e associada ao verapamil (Grupo II) estão apresentados na
Tabela 6.
47
0
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
10
-6
10
-5
10
-4
EC50
4.317e-006
concentração de ivermectina ( mol)
número de larvas
Figura 5. Curva dose x resposta da ivermectina contra a cepa de Haemonchus
contortus resistente (grupo I) e resultado do cálculo da DL50. CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
0
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
10
-6
10
-5
10
-4
EC50
4.239e-006
concentrão de ivermectina ( mol)
mero de larvas
Figura 6. Curva dose x resposta da ivermectina associada a 2mM de verapamil (grupo
II) contra a cepa de Haemonchus contortus resistente e resultado do cálculo da DL50.
CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
48
Tabela 6. Número médio de larvas de Haemonchus contortus sobreviventes e
percentuais de eficácia da ivermectina em diferentes diluições, isoladamente (Grupo I) e
associada ao Verapamil (Grupo II), provenientes do teste in vitro.
CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
Na Tabela 7, estão registrados as médias de larvas sobreviventes à exposição
ao verapamil em concentrações crescentes (Grupo III) e da associação deste com a
ivermectina DL50 (Grupo IV), assim como os percentuais de eficácia.
Tabela 7. Número médio de larvas de Haemonchus contortus sobreviventes e
percentuais de eficácia do verapamil em diferentes diluições, isoladamente
(Grupo III) e associado à ivermectina (Grupo IV). CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
Ivermectina
(μM/0,5 ml)
Número de
larvas
Eficácia
Ivermectina
(μM/0,5 ml)
Número de
larvas
Eficácia
zero* 572 - zero* 2197 -
1 548 4,2 1 2050 6,69
2 474 17,2 2 2357 0,00
4 356 37,8 4 1063 51,62
8 278 51,4 8 1057 51,89
16 288 49,7 16 857 60,99
32 358 37,4 32 823 62,52
64 246 56,9 64 817 62,83
128
210 63,3
128 530 75,88
* As triplicatas receberam apenas água destilada, servindo como grupo controle
Grupo I: Ivermectina
Grupo II: Ivermectina + 2 mM Verapamil
Verapamil
(m mol)
Número de
larvas
Eficácia
Verapamil
(m mol)
Número de
larvas
Eficácia
zero* 467 - zero 219 53,1
1 420 10,0 1 310 33,6
2 417 10,7 2 177 62,1
5 417 10,7 5 157 66,4
10 430 7,9 10 180 61,4
100 458 1,9 100 27 94,3
* As triplicatas receberam apenas água destilada, servindo como grupo controle
Grupo III: Verapamil
Grupo IV: Ivermectina (LD50) +
Verapamil
49
0
1
2
5
10
100
0
100
200
300
400
500
sem ivermectina
com ivermectina (LD50)
[verapamil] mmol
número de larvas
0
1
2
5
10
100
0
100
200
300
400
500
sem ivermectina
com ivermectina (LD50)
[verapamil] mmol
número de larvas
Figura 7. mero médio e desvio padrão de larvas da cepa de H. contortus resistente,
sobreviventes ao tratamento com verapamil em diferentes diluições, isoladamente
(GrupoIII) e associado à ivermectina (Grupo IV). CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal -
SP, Brasil.
Os resultados de contagens de larvas após tratamento com verapamil
isoladamente e DL50 de ivermectina + verapamil, grupos III e IV, respectivamente,
estão ilustrados na Figura 7.
O verapamil isoladamente não apresentou ação nematodicida (Grupo II), mesmo
em altas concentrações (100mM).
A ivermectina associada ao verapamil (grupo II), quando comparada a esta
lactona macrocíclica administrada isoladamente (grupo I), apresentou percentuais de
eficácia superiores, exceto na concentração de 2μM/0,5mL. Observou-se que na
concentração de 128μM/0,5mL de ivermectina houve aumento de 12,55% de eficácia
quando adicionou-se 2mM de verapamil (Tabela 6).
50
Em contraste a estes resultados, a DL50 da ivermectina associada ao verapamil,
contra a estirpe resistente de H. contortus (Figura 6), permaneceu semelhante à da
ivermectina isolada (Figura 5).
Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que concentrações
crescentes de verapamil associado à ivermectina (DL50) resultaram em aumento dos
percentuais de eficácia da ivermectina contra a cepa resistente de H. contortus (Grupo
IV). Verapamil na concentração de 1 mM não causou aumento na eficácia da
ivermectina, porém, nas concentrações de 2, 5 e 10, observou-se efeito reversor à
resistência, com acrécimo de 8,3% a 13,3% na eficácia antihelmíntica. A ivermectina
(DL50) administrada isoladamente apresentou eficácia de 53,1% contra larvas da
estirpe resistente de H. contortus, enquanto esta mesma concentração de ivermectina
associada a 100 mM de verapamil atingiu eficácia de 94,3%, ou seja, aumento de
41,2%.
5.3 Avaliação da atividade reversora do verapamil: teste in vivo avaliação anti-
helmíntica em ovinos experimentalmente infectados.
Os resultados das contagens médias aritiméticas de OPG em ovinos dos grupos
controle e tratados estão inseridos na Tabela 8.
A quantificação de H. contortus recolhidos nos abomasos dos em ovinos
pertencentes aos controle e tratados, assim como os percentuais de eficácia, estão
apresentados nas Tabelas 9 (médias aritiméticas) e 10 (médias geométricas).
51
Ao final do estudo, não foi observada qualquer reação, de natureza local ou
sistêmica, em decorrência da administração de verapamil e de ivermectina.
Os resultados das contagens de OPG (Tabela 8) demonstram que houve
aumento do mero de ovos de H. contortus eliminados junto às fezes dos animais de
todos os grupos, tratados e não tratado, em relação ao dia zero. Em relação ao grupo
controle, apenas o tratamento ivermectina 1% + verapamil 15% (veículo oleoso)
apresentou eficácia anti-helmíntica, embora tenha sido um valor muito reduzido
(14,84%).
O verapamil administrado isoladamente, assim como foi observado nos
resultados do teste in vitro, não apresentou atividade anti-helmíntica.
TABELA 8. Contagens médias de OPG*, realizadas em ovinos dos grupos controle e
tratados. Médias aritméticas. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
0
**
1 3 5 7
Média 3533 2777 2348 4563 8166
Eficácia (%) - 17,48 46,90 9,88 0,00
Média 3569 3373 5970 5947 10363
Eficácia (%) - 0,00 0,00 0,00 0,00
Média 3533 3617 4095 7429 11576
Eficácia (%) - 0,00 7,40 0,00 0,00
Média 3415 4292 3608 4963 10006
Eficácia (%) - 0,00 18,41 1,99 0,00
Média 3585 2145 2432 4069 6165
Eficácia (%) - 36,27 45,00 19,64 14,84
Média 3657 2910 2591 5594 8130
Eficácia (%) - 13,51 41,41 0,00 0,00
Controle Média 3520 3365 4423 5063 7240
TRATAMENTO
Contagens de OPG / Dias pós-tratamento
Ivermectina 1%
Verapamil (veic.
oleoso)
Verapamil (veic.
aquoso) 3X
Ivermectina 1% +
Verapamil aquoso
Ivermectina
1%+Verapamil 15%
Ivermectina
2%+Verapamil 15%
Observou-se ineficácia da ivermectina administrada isoladamente, o que
confirma o fenótipo de resistência na estirpe de H. contortus, isolada e inoculada nos
ovinos experimentais (Tabela 9).
52
A ivermectina administrada concomitantemente ao verapamil em veículo aquoso,
porém em formulações distintas, apresentou eficácia de 36,02%, sendo 29,89% contra
machos e 42,15% contra as fêmeas de H. contortus. Este valor foi 4,65 vezes maior que
o apresentado pelo endectocida administrado isoladamente (7,75%). Estes resultados
demonstram uma reversão parcial da resistência deste nematódeo à ivermectina.
TABELA 9. Contagens médias de Haemonchus contortus, realizadas em ovinos dos
grupos controle e tratados. Médias geométricas. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal -
SP, Brasil.
Machos Fêmeas Total
Média
408 506 937
Eficácia (%)
9,43 7,26 7,75
Média
480 597 1087
Eficácia (%)
0,00 0,00 0,00
Média
338 440 789
Eficácia (%)
24,95 19,43 22,35
Média
316 316 650
Eficácia (%)
29,89 42,15 36,02
Média
415 566 995
Eficácia (%)
7,97 0,00 2,14
Média
468 538 1042
Eficácia (%)
0,00 1,34 0,00
Controle Média
451 546 1016
Número de Haemonchus contortus
Verapamil (veic.
aquoso) 3X
Ivermectina 1% +
Verapamil aquoso
Ivermectina
1%+Verapamil 15%
Ivermectina
2%+Verapamil 15%
TRATAMENTO
Ivermectina 1%
Verapamil (veic.
oleoso)
A associação verapamil e ivermectina (1% ou 2%) em uma mesma formulação,
contendo veículo oleoso, não causou aumento na eficácia anti-helmíntica da
ivermectina contra esta estirpe resistente de H. contortus, sendo encontrado elevado
número de parasitos nos animais tratados.
53
5.4 Estudo genotípico relacionado à glicoproteína P e canais de cloro ativados
por glutamato na estirpe de H. contortus resistente à ivermectina
5.4.1 Glicoproteína P
Os fragmentos de DNA amplificados por meio da PCR, foram analisados em
eletroforese em ágar gel (1%) contendo brometo de etídio (Figura 8). As sete amostras,
oriundas de ovinos submetidos a tratamento com ivermectina, verapamil e/ou a
associação entre estes dois macos, apresentaram uma banda com o tamanho de
aproximadamente 840 pares de base, o que indica que esta população de H. contortus
após exposição ou não aos tratamentos supracitados, apresentou o mesmo padrão em
relação a este gene.
Figura 8. Eletroforese em gel de agarose 1% de produto da reação em cadeia da polimerase
(PCR), a partir de amostras de H. contortus, submetido a diferentes tratamentos: (M) Marcador
de peso molecular 1 Kb DNA Ladder; 1) Controle. (2) Ivermectina, sc (200 mcg/kg); (3)
Verapamil veículo oleoso (3 mg/kg); (4) Verapamil veículo aquoso (3 mg/kg, 3x a cada 12
horas); (5) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (6)
Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg); (7) Ivermectina, sc (400 mcg/kg) +
Verapamil (3 mg/kg)
M
1 2 3 4 5 6 7
506 bp
1018 bp
54
As seqüência de bases do produtos de PCR obtidos com os iniciadores PGP2S e
MX-D a partir do DNA genômico de amostras de H. contortus submetidas a diferentes
tratamentos, estão apresentadas nas Figuras 9 e 10.
As matrizes de identidade das sequências, obtidas após amplificação com estes
dois iniciadores, estão inseridas nas Tabelas 9 e 11.
Não foi observada nenumha homologia com qualquer seqüência depositada no
GenBank.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 GAGAGGAGTTTTNGGTCAGACNCCTTCGTTTTTCATCTATACGTACCCGCNNTGCGTAGTCAGAGCCTGNAGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGT
2 PGP2 GAGAGGAGTTTTNGGTCAGANCNGTTCGTTTTTCATCTAAACGTACCCGTAGTGCGTAGTCAGAGCCTGAAGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGT
3 PGP2 GAGAGGAGTTNGGTCAGATCCCTTCGTTTTTCATCTATACGTACCTCNCNNTGCGTANNCAGAGNCTGNNGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGTT
4 PGP2 GAGAGGAGTTTTAGGTCAGANCCGTTCGTTTGTCATCTAAACGTACCCGTAGTGCGTAGTCAGAGCCTGAAGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGT
5 PGP2 GAGAGGAGTTTTAGGTCAGACCAGTTCGTTTTTCATCTAAACGTACCCGTAGTGCGTAGTCAGAGCCTGAAGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGT
6 PGP2 GAGAGGAGTTTTAGGTCANNCCAGTTCGTTTNTCATCTAAACGTANCCNTAGTGCGTANTCAANGCCTGAAGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGT
7 PGP2 GAGAGGAGTTTTAGGTCAGANTCCTTCGTTTTTCATCTAAACGTACCCGCAGTGCGTAGTCAGAGCCTGAAGTTTCATAGTGAAGACCTCCCTTGTATGT
110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 TTTTGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCAGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTA
2 PGP2 TTTTGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCAGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTA
3 PGP2 TTNGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCNGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTAA
4 PGP2 TTTTGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCAGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTA
5 PGP2 TTTTGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCAGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTA
6 PGP2 TTTTGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCAGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTA
7 PGP2 TTTTGATTGCGAATCGGACGCTCATAATCGCAGAGGTCAACCAACTCGGCGACTTCAACCAATCCAGCGCCATTGATTGACGCAAAAGCGTCGAGCGCTA
210 220 230 240 250 260 270 280 290 300
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 AGCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCGATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCG
2 PGP2 AGCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCGATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCG
3 PGP2 NCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCNATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCGA
4 PGP2 AGCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCGATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCG
5 PGP2 AGCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCGATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCG
6 PGP2 AGCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCGATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCG
PGP2 AGCGTCGGCCGGCAAGCGGCGTCAATCAGTGGCGCTGTGCTCACTTGAGAGCGCCGCTCGTCGATCGATACCACATGAGTCTGTGTTTGATACTTTTCCG
310 320 330 340 350 360 370 380 390 400
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 ATTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTNCNNTTTNANCNACGGAAGGAAGAAGGGANCAAANTTCCGCCTNTN
2 PGP2 ATTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTNCNTTTTNGNCNACGGAGGTANGANGNGACAAANNTNCGCTNTNAN
3 PGP2 TTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTNCTATTTNGACNACGGAGGTANGANGNGACAAAANTACGCCTNTNAT
4 PGP2 ATTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTCNATTTTGACNACTGAGGNATGATGTGACAAAACTACGCTATTANG
5 PGP2 ATTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTNCNATTTNNACNACGGAGGNANAANGNNACAAACCNNCCCTNTNAN
6 PGP2 ATTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTNCATTTTGANCAACGGNGGANGANGGGACNAAACNTCCCCNTTNNN
7 PGP2 ATTTGATTATTTGGCGTAGAGTCAGTTAGTTTTGATATATGGACTTGTTTTTTTTCTATTTTGACNACGGNGGTANGANGNGANAAANCTNCCCTNTTAT
410 420 430 440 450 460 470 480 490 500
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 ANAAAAAANCNCNAAGAACNNNNGTNAAANNANCTNNNCNCNTTTGGCNCAAACGGNACNTNGCNNNACAANNNANCNNNCCCNNNCAANAACNNTGGAC
2 PGP2 AAAAAANCNCNAAGNANCNCNGTNAAAANANNGTANCNCCTTNGGCGCAAACGGNACCTNGNNNNACAAGNNANCCNNNCCCGTCAAAAACNNTNGANGC
3 PGP2 GAAAAANCTCNGAGNACCTCTGTTAAAATANCGTATCACCTTTGGCGCAAACGGNACCTNGNNGTACAAGTGANCCNCNCCCGTCNAAAACNNTNGACGC
4 PGP2 AAAAANCTCTGAAGANCTCTGTTAAAATAACGTATCAGCTTTGGCGCAGANGGNANCTTGGCGTANAANTGANGCTATCGCGTCCAANANNCTTGACGCT
5 PGP2 NAAAAACCNCNAAGAACCNCNGTNAAANNANCNNANCACCTTNGGCNCAAACGGNNCNTNGNCNNACAATNNACCCNNNCCNNNCAAAAACCCTNGACCC
6 PGP2 AAAAANCNCCGAAGANCTNNNGTTAAANAANNTANCCNCNTTTGGCNNAAANGGANCNTGGNGTAAAAANGNNNCNNTCCCNNCCAAAAACCNTGGAGCN
7 PGP2 GAAAAANCNCNNAGGANCNNTGTTAAAANAACGTNTCACCTTTGGNGCAAACGGTACCTNGGNGTACAAGTGANNCTNNCCCGNCAAAAACNCTNGANNC
510 520 530 540 550 560 570 580 590 600
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 GCNGTCNNNGAANGCCCCCCATNNTGGTTANNACCNCCNTNNTGGCATCAGAATCCGNGGGGATGNTGGTCCTNAAAAAATAAAAAGTNATTTCNAANAA
2 PGP2 NGTNNNNGGAANNCCCCCACNCNGGTTNATNCCNCCTTAGTGGCATCAGAATCCGNGGGGATGNTGGTNCTNATAAAATAAAAANGAATTTCCAAGAAAA
3 PGP2 NGTNCNNGGAAAGCCCCCACNCGGGTTTATACCACCNATNTGGCANCCGAATCCAGGNGANNGCGGTTCTTAGTCAAATTAGAAGGNATTTNCAAANATA
4 PGP2 GTACTCTGAAAGCNCCCACTCGTGTTTATACCATCNGTACTGNCATCAGAACCAGGTGAATGCTGTTCTTAATAGAATAGAAAGTANTTTCNAAAAANNT
5 PGP2 NNNANNCNNAANCCCCCNCCCCTGGTTNTTACNNCCNTNANGGCATCCNAACCCGGGGGANGGCGGTNCTNANAAAANAAAANNNATTTTCAAAAAAATC
6 PGP2 NNNNNCNGAAANCCCCCANNCCTGGTTANNCCNTCCGTANTGNCATCCGAANCNNGGGAATGNTGGTCCTAATANAATAAAAAGTANTTTCCAANAAATT
7 PGP2 NGTANTNNGAAANCCCCCACNCGGGTTTATACCNCCNNNNNGGCAATNGAATCCGGGGGAAGGNGGTTNTTAAAAAANAAAAAAGAATTTTCNANAATAT
610 620 630 640 650 660 670 680 690 700
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
55
1 PGP2 TATCCTNATAATCCATNCANGNTGACGAATNNATNNTNAATTAACCAACTGGCNTCNAAATGAGNGGAGAANANAATTTTNAAAANACNGAACNATTACN
2 PGP2 TTCTAATTATCCATNCATNNTGANNAAGCNATGGTTANTTTANCCACCCTGCCTCCAACTTGAGNGGANNATNAANTTTTTNAAAAATNCNGAACAATTA
3 PGP2 TTCNNATTAANCATTCANTGTGAACGAGNTNATNGTTNATTTANCCAACCTGCCTNCNACTNGANGTGGAAATGAGATTTTTNAAAAATANGNACNAATA
4 PGP2 TCCTANTAATCCATCGATGTGNACGAGTCNATGNTCATTTAGCCNACCTGNCNTCNANATGNAGTGGAGAATAAAATTTTTNAAAAAAACNGNACCANNA
5 PGP2 CNNATTATCCATCCANGNNGANNAATNNATNNTNCTTTNACCNNCCNNCNTCCAANNGANNGGAANAAAAAATTTTTNAAAAAACNGAACCNTNNCNAAN
6 PGP2 CCNAATAATCCATCNATGNGNACAAGTCNATGNTTATTTTNCCNACCTGCCCTCNANTGGAGTNGAAAANAAAAATTTTTANAAAANNGGNANCANTAAC
7 PGP2 TCNTATNANCCANTCNNTGTGNACNANNNANGGTTNNTTTNTCCANCCNGNCNNCCNCNTGAGGNGGANAAAAAANTTTTTAAAAANANGGANCANNTNN
710 720 730 740 750 760 770 780 790 800
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 PGP2 AANTNCAANGGGATCCCTCCNGCTCCGAGTNCTATTTGGCCCCNNGAGAAAACCGANNACTTNCCGCNGGTGGTNAAAAANAACANAGANATCCGAANGC
2 PGP2 NCNAATGNNNAGAGGANTCCCTCCTGCCCCCGATGNNNCTNTTTGGCCCCCCTGAGGAANACCCGANNACTTNCCCCCNGGTNGNTNAAAATCAAANAAN
3 PGP2 NCGANNGTCAGAGGAATCCCTCCNGCCCCGGAGCCNCTNTTTNGCNCCCNTGAGNACANCCGAGCACNTNCCCGCCGGTNGNTNAAAATCANNCANATGA
4 PGP2 NCGAAATGTCNAGAGGTATCCCNNCCGGCTCCNGANGNCCCTNTTTGNCNCCCCNTGANGAACANCCNGAGCTACNNNCCCGCCGGGTCGNTTAAAAAAC
5 PGP2 TNNCANANGNNCCCTCCCGGCCCNGANGNCCNATTTNGNCCCCCNGAGGAANACCCNNCNNCNTNNCCNCCGGGNGGNTNAAAANNAAANCACNNNNCNC
6 PGP2 GAATGGNCAGANGNANCCCTCCCNNCCCNGAANGTCCCTATTTGGNCCCCCCNGAGNAAAACCCGACCACCTNGCCGNCGGGTCGGTNNAAATANAANCA
7 PGP2 NGANNGNNGNNAGGNGNCCCNCCNGCCCCNGAGGNNCNATTTNGGCCCCCCNGAGNAAAACNNNNNNACNANGCNGCNGGGGGGGNNNAAAAAAAANAAA
810 820 830
....|....|....|....|....|....|....|.
1 PGP2 TTGTNAAAANNNNNAANNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
2 PGP2 AGGNANCCGNAAGGNCTTNTNAAAAAANNNNNAAAN
3 PGP2 CCCCGGAAGGCNTTCAAANNNTNNCNAANNNNNNNN
4 PGP2 AAANCACATGNCCNCGNNAAGNTCTTTCNAAAAANN
5 PGP2 CNNAANNNCTNTNAAAAAAAAANNNNNNNNNNNNNN
6 PGP2 CATGNCANNNGNAAGGTTTNTNNAAAANNNANANAA
7 PGP2 NGNGNCCCNNNNGGNTTTTNNAAAAANNNANNAANN
Figura 9. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de H. contortus,
submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR, utilizando-se o
iniciador PGP-2. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
Tabela 10. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras submetidas a
diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador PGP2.
1 PGP2
2 PGP2
3 PGP2
4 PGP2
5 PGP2
6 PGP2
7 PGP2
1* PGP2
ID
0,606
0,304
0,559
0,635
0,580
0,619
2* PGP2
0,606
ID
0,420
0,647
0,694
0,680
0,751
3* PGP2
0,304
0,420
ID
0,329
0,372
0,368
0,413
4* PGP2
0,559
0,647
0,329
ID
0,601
0,688
0,617
5* PGP2
0,635
0,694
0,372
0,601
ID
0,681
0,682
6* PGP2
0,580
0,680
0,368
0,688
0,681
ID
0,675
7* PGP2
0,619
0,751
0,413
0,617
0,682
0,675
ID
*
(1) Controle. (2) Ivermectina, sc (200 mcg/kg); (3) Verapamil veículo oleoso (v.o.) (3 mg/kg); (4)
Verapamil veículo aquoso (v.a.) (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (5) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) +
Verapamil (v.a.) (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (6) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (v.o.) (3
mg/kg); (7) Ivermectina, sc (400 mcg/kg) + Verapamil (v.o.) (3 mg/kg).
Observou-se que as sete subpopulações, pertencentes à mesma população de
H. contortus resistente à ivermectina, expostas a sete diferentes tratamentos
apresentaram semelhança nas sequências de bases sequenciadas (Tabelas 10 e 11).
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD GTTGCTTTGTNTTTCTACCGACCCGGCGGGCTCGGTAGCTCGGGTTGTTCCTCATGGGGAGTCAAAATAGTGACATCAGGAGCAGGAAGGGATACCTCTT
2 MXD GTTGCTTTGTTTTTCTACCGACCCGGCGGGCNAGGTAGCTCGGAGTTGTTCCTCATGGGGAGTCAAAATAGTGNCATCAGGAGCAGGAAGGGATGCCTCT
3 MXD GTTGCTTTGTTTTTCTACCGACCCGGCGGGCTAGGTAGCTCGGGTTGTTCCTCATGGGGAGNCAAAATAGTGACATCAGGAGCAGGGAAGGGATNCCTCT
4 MXD GTTGCTTTGTTTTTCTACCGACCCGGCGGGCTAGGTAGCTCGGGTTGTTCCTCATGGGGAGTCAAAATAGTGACATCAGGAGCAGGAAGGGATACCTCTT
5 MXD GTTGCTTTGTTTTTCTACCGACCCGGCGGGCNAGGTAGCTCGGGTTGTTCCTCATGGGGAGTCAAAATAGTGACATCAGGAGCAGGAAGGGATNCCTCTT
6 MXD GTTGCTTTGTNTTTCTACCGACCCGGCGGGCNAGGTAGCTCGGGTTGTTCCTCATGGGGAGTCAAAATAGTGACATCAGGAGCAGGAAGGGATACCTCTT
7 MXD GTTGCTTTGTTTTTCTACCGACCCGGCGGGCTAGGTAGCTCGGGTTGTTCCTCATGGGGAGTCAAAATAGTGACATCAGGAGCAGGGAAGGGATNCCTCT
56
110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD GACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTATTCTCCACTTCATGTCGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACNTCGATT
2 MXD TGACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTATTCTCCACTTCATGTACGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACNTCNA
3 MXD TGACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTNTTCTCCACTTCATGTCGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACNTCNAT
4 MXD GACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTATTCTCCACTTCATGTCGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACATCGATT
5 MXD GACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTATTCTCCACTTCATGTCGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACATCGATT
6 MXD GACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTATTCTCCACTTCATGTCGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACATCGATT
7 MXD TGACACTTCGCTACTGGTTCCGTATTTTCTAAAAAATCTTATTCTCCACTTCATGTCGAAGGCAGGTTGGCTAAATGAACATTGACTCGTTCACNTCGAT
210 220 230 240 250 260 270 280 290 300
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD GATTAATAGGAGTATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGATCTGATTGCAGTACTGATGGTATAAACACGAGTGGGCGCT
2 MXD TTGATTAATAGGANTATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGATCTGATTGCAGTACTGATGGNATAAACACNAGTGGGCG
3 MXD TGATTAATAGGAGTATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGATCTGATTGCAGTACTGATGGTATAAACACGAGTGGGCGC
4 MXD GATTAATAGGAATATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGNTCTGATTGCAGTACTGATGGTATAAACACGAGTGGGCGCT
5 MXD GATTAATAGGAATATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGATCTGATTGCAGTACTGATGGTATAAACACGAGTGGGCGCT
6 MXD GATTAATAGGANTATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGATCTGATTGCAGTACTGATGGTATAAACACGAGTGGGCGCT
7 MXD TGATTAATAGGAATATCTTCGAAACTACTTTCTATTCTATTAAGAACAGCATTCACCTGGATCTGATTGCAGTACTGATGGTATAAACACGAGTGGGCGC
310 320 330 340 350 360 370 380 390 400
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD TTCAGAGTACAGCGTCAAGCGTCTTCGACGCGATAGCGTCACTTGTACGCCAAGGTACCGTCTGCGCCAAAGCTGATACGTTATTTTAACAGAGCTCCTC
2 MXD CTTTCANAGTACANCGTCAAGCGTCNTCNACGCGATAGCGTCACGTTGTACGCCAAGGTACNGTCTGCGCCAAAGCTGATACNTTATTTTAACAGAGCTC
3 MXD TTTCAGAGTACAGCGTCAAGCGTCTTCGACGCGATAGCGTCACTTGTACGCCAAGGTACNGTCTGCGCCAAAGCTGATACNTTATTTTNACAGAGCTCCT
4 MXD TTCAGAGTACAGCGTCAAGCGTCTTCGACGCGATAGCGTCACTTGTACGCCAAGGTACCGTCTGCGCCAAAGCTGATACGTTATTTTAACAGAGCTCCTC
5 MXD TTCAGAGTACAGCGTCAAGCGTCTTCGACGCGATAGCGTCACTTGTACGCCAAGGTACCGTCTGCGCCAAAGCTGATACGTTATTTTAACAGAGCTCCTC
6 MXD TTCAGAGTACAGCGTCAAGCGTCTTCGACGCGATAGCGTCACTTGTACGCCAAGGTACCGTCTGCGCCAAAGCTGATACGTTATTTTAACAGAGCTCCTC
7 MXD TTTCAGAGTACAGCGTCAAGCGTCTTCGACGCGATAGCGTCACTTGTACGCCAAGGTACCGTCTGCGCCAAAGCTGATACGTTATTTTAACAGAGCTCCT
410 420 430 440 450 460 470 480 490 500
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD AGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCAGTAGTCAAAATAGAAAAAAAACAGNNCCTNCNNNCAAAACCTACNGGNCCCNCCCCN
2 MXD CTCAGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCAGNAGTCNAAATAGAAAAAAAACAGCTCCTGCCNNCAAAANCTACTGGNCNCTCC
3 MXD CAGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCAGNAGTCAAAATAGAAAAAAAACAGNTCCTGCNTACAAAAACTANNNGACCNCTNCN
4 MXD AGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCAGTAGTCAAAATAGAAAAAAACNAGTCCNTATATCAAAACTAACTGACTCNACNCCAA
5 MXD AGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCANTAGTCAAAATAGAAAAAAANCAGNNCCTNNNTNAAAANCNACNGNNNCCTCCCCCA
6 MXD AGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCANTAGTCAAAATAGAAAAAAANCAGTNCCTNNNNCAAAACCTACNGGACCCNCCCCNA
7 MXD CAGAGCTTTTTCATAATAGCGTAGTTTTGTCACATCATACCTCAGTAGTCAAAATAGAAAAAAAACAGGTCCTTNTNNAAAANCTANNNGNCNCTCCNCC
510 520 530 540 550 560 570 580 590 600
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD AAATATNCAATNCGGAAAGTTNNCNANCCCTGANCCCTGGNGGTNNCANNNACCAANNGGNNNNNNCAGNNNNNCACNNGCCCANGGANTGNNCCCGGCT
2 MXD CCCAANTATTCNNNNNGNNAANTGANCTACCNCTGACCNCTGGGGGTTTCNANNNACCAANNGGNNNNNNCANTNNNCNCCACCCGCCGNGGANTGAACC
3 MXD CCAAATATTCGANNCGGAAAAGTATCTAACNCTGGNCTCATGNGGTNTCGATCNNCNAGNGGNGNTCTCAAGTGANCACANGCCCGNGGANTNGACCCNA
4 MXD ATNATCCAATCGGAAAAGTATCAAACNCNGACNCCTGTGGTATCNANCGACGANCGGCGCTCTCCAGTGANCACAGCGCCACTGATTGACGCCGCTTGGC
5 MXD ANTATNCAATNCGGAAAGNTNNNAACCCCNNCNCCTGGNGGTNNCANNNACCAANGGNNNNNNCCAGNGANNCACGNGNCCANGGATGGACNCCGCNTGG
6 MXD ATTATNCAATNNGAAAAGTTTNCAACNCNNACCCCTGGGGNNTNNANNGNCGAANGGCGCTNTNCAGTGGNCNCCNNGCCCNTGGTTTGGCCCCGCNTGG
7 MXD AAATANNCAATNCGGAAANGTNNCAANCNCNGNCNCATGTGGTATCANNNNNCNAGCGGNGNNCNCAGGTGNGCACNNCGCCANNGATGGACGCCGCTGG
610 620 630 640 650 660 670 680 690 700
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD GGCGGNCNAAGCCTAACNCTTGAANCCTTTGNCNCCATCCATGGGNCCTGGNTNGNTGNAATCCCCCAANTNGGTNAACCCCGCNAATTATNGCGTCCGA
2 MXD CGCCTGGCGGCCGAACCCTAANNCTTGAACNCTTTNNNNCCATCAATGGGGCCTGGATGGNTGAAANCCCCCAAATNGTTGAACCCCGGNAATTATAANC
3 MXD CTNGCGGGCCNACCCTAANCGCTCGNGACTTTNNCGCNATCANNGGCGCTGGATGGGTTAANCCCCCAANTNGNTGACCTCGCGATTATGAGCCCCNATN
4 MXD GGCCGACGCTTAACGCTCGACGCTTTTGCGTCAATCAATGGCGCTGGATTGGTTGAAGTCCCCNANTTGGTTGACCTCNGCGANTATGAGCGTCCGANTC
5 MXD CGGNCGGACCCTAACNCTCGANGCCTTTGCNNCNATCAATGGGGNCNGNATGGTTGAAATCCCCCANTTGGTNGACCTCCGCGATTANAACGNCCGATNN
6 MXD CGGNCCAANCCTAACGCTNGAAACCTTTGCGNCNATCNATGGGNCTGGGNTGGNTTAAATCCCCCAANTTGGTTNACCCNGGNAATTNGAGCGTCCNANN
7 MXD CGGGCCGACNCTTANCGCTGAACGCTTTTGCGTCATCCATGGGCNCTGGATGGGTTGAATNCCCCAAGTTGGTGGACCNCNGCNATNATGAGCGNCCAAT
710 720 730 740 750 760 770 780 790 800
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD NNCCCATCAAAAAANACANGGGAGGTCTNCCTANGAAACTNNGGCTCCGACTACNCNTNACGGTNCNTTNAATGAAAACNACNGGTCGACNAAAATTCCN
2 MXD CCCAATGCNNTCAAAAANNNAAAGGGNGGGTTCATANNAAACTCNGGCCGGACCACCNCNACGGTNCTTTNAATAAAAAAACNGGTCGACCAANNTNCNC
3 MXD CGCACCAAAACGTACAGGGGGGNCTCATANNNAACTNNGGCNTGACNCNCCNACGGTNCTTTNNATGAAAACNANNGGTCTGACNAANCTNCCCTCCTCT
4 MXD CCAATCAAAACATACNAGGGAGGNCTTCNNTATGAAACTTCAGGNTCTGACTACCCNTACGGGTACNTTNNATGAAAACGAANGGNCTGACCAAAACTCC
5 MXD CCATCNAAANNANCAAGGGAGGNCNNCCTAGGAAANTCNGGCNNGACTACCCCTANGGNACTTTTAATGAAAACNACNGGTNGACTAAACTCCTNTCCTC
6 MXD NCCATCNAAAACATANAGGGGAGGTCTNCNTANNAAACTNTGGNTNNGACTACCCNNTANGGNNANTTTAAATNAAAACNAACTGGTCNGACNAAAATTC
7 MXD TCGCATCAAAAACAACANGGGNGGGCTNCCTATGAAACTTTGGNTCGGACTACNCNCTACGGGNAGTTTNNATGAAAACAAANGGNCTGACCNAAACTNC
810 820 830 840
....|....|....|....|....|....|....|....|
1 MXD CTCCTCCCTGTNGAGACTGGGNNTGGANCNTCAAAAAANN
2 MXD TCCTCCCTGCNGAGAATGGNNNNNNATNTTCAAAAAANNN
3 MXD NTGTCGAGATGGGNNNNNNGANTTTCAAAANNNNNNTNAA
4 MXD TCTNCNTCCNTGGCNGAGATGGGNNNNNNNNCTTNNAAAN
5 MXD CNTGTCGAGATGGGGNNGNANNATTNAAAAANNNNNNNNN
6 MXD CCCTNCNTTCNTGGCNGAGATGGGNNNNNNNATNTTTNAA
7 MXD CCCNCCTCCCTGTCGAGATGGGNNNNNNANAATTTNAAAA
Figura 10. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de H. contortus,
submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR, utilizando-se o
iniciador MXD. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
57
Tabela 11. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras submetidas a
diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador MXD. CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
1 MXD
2 MXD
3 MXD
4 MXD
5 MXD
6 MXD
7 MXD
1 MXD
ID
0,328
0,347
0,670
0,684
0,667
0,390
2 MXD
0,328
ID
0,365
0,318
0,314
0,320
0,383
3 MXD
0,347
0,365
ID
0,359
0,357
0,358
0,670
4 MXD
0,670
0,318
0,359
ID
0,683
0,751
0,420
5 MXD
0,684
0,314
0,357
0,683
ID
0,754
0,382
6 MXD
0,667
0,320
0,358
0,751
0,754
ID
0,464
7 MXD
0,390
0,383
0,670
0,420
0,382
0,464
ID
*
1) Controle. (2) Ivermectina, sc (200 mcg/kg); (3) Verapamil veículo oleoso (3 mg/kg); (4) Verapamil
veículo aquoso (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (5) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg, 3x
a cada 12 horas); (6) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg); (7) Ivermectina, sc (400
mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg)
5.4.2 Canais de cloro ativados por glutamato (HcGluCl)
Os produtos de PCR foram analisados em eletroforese em ágar gel (1%)
contendo brometo de etídio. Observou-se que as sete amostras apresentaram uma
banda de aproximadamente 200 pares de bases (pb), relacionada com a subunidade α
do canal HcGluCl bem definida e sem a presença de bandas inespecíficas (Figura 11).
Estes sete produtos de PCR foram seqüenciados e os resultados estão
apresentados nas Figuras 12 e 13, referentes aos iniciadores F4275 e R603,
respectivamente.
58
Figura 11. Eletroforese em gel de agarose 1% de produto da reação em cadeia da polimerase (PCR), a
partir de amostras de H. contortus, submetido a diferentes tratamentos: (M) Marcador de peso molecular
100 bp DNA Ladder Invitrogen
®
; 1) Controle. (2) Ivermectina, sc (200 mcg/kg); (3) Verapamil veículo
oleoso (3 mg/kg); (4) Verapamil veículo aquoso (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (5) Ivermectina, sc (200
mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (6) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3
mg/kg); (7) Ivermectina, sc (400 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg)
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1F4275 CGATCGGCTTGATGTCAGACATGTGTAGTGTTNTCTGCTTCAGAGNCNTATACTACNTNTNCCCNTCGGTANGGCTNGNANGGNCTTCNAANTGTCNCTN
2F4275 CGNTCGCTTGATGTCAGACATGTGTAGTGGTTCTTGCTTCATACNCNTATCACTNCAAAGNCCTTCGGTAANNCTNGGANGGNCTTCNAANTNTCCCTNC
3F4275 CGNTCGCTTGATGTCAGAATGTGTAGTNNNNTTTGCTTCATACGCNTATACTACTNCCNACATCGGTAAGNCTTGGAAGGTCTTCAGANTGTCACTACCA
4F4275 GATNCGCNTGNTGTCAGACATGTGTAGTGNCNTTTGCTTCATACNCTTATCCTACAAACGACNTCGGTAAGGCTNCGANGGNCTTCNAATGTANCTACTA
5F4275 CGATTCGCTTGATGTCAGACATGTGTAGTGGTTNTTGCTTCATACGCNTATCACTACGATNGCCATCGGTAAGACTTGGAAGGTCTTCANAATNATCNCT
6F4275 GTGTAGTGGATTTTGCTTCATACGCCTATACTACNAAAGNCNTCGGTAAGACTTGGAAGGTCTTCAAANTATCNCTACCAGGGTANCAATCTATTTNCTT
7F4275 CGNTCGCTTGATGTCAGACATGTGTAGTGGTTNTTGCTTCATACNCTTNTCCTNCAAANNCCTTCGGTANNGCTNGNANGGCCTTCNAATTGTCCCTNCC
110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1F4275 CCNGGGGAATCTNTTNNCTCTTCTGGNTTGGCTNCANNANNNCGGNGGGATAGGNGNAANGACGGACCGATNATANNNTGTATTGGTAGATCTNGTAGTA
2F4275 CNGGGNANCANTTTATTTNCTNGNTTGNCTCCANAATTCCGGNGGGAAGGNGNAAAACCGNACCGATNATANNNTNTATTGGTAGATCTNGTANTAGTTA
3F4275 GGGTATCNATTTCTTTTCTNGATTGTCTTCANGAATNCGGANGGATAGGNGGAAANACGGACCGNNNATNNNNNNANNTNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
4F4275 GGAGATCTACCAATTCTTTTGATTGCGTTTTTTCNANAGTACGGGATGGANAGAGGACGAACCGATNATANNNTGTATTGGTAGATCTNGTAGTAGTTAC
5F4275 NCCAGGGTATCAATTTATTTTCTNGATTGTCTTCAAAAANCCGGANGGAAGGAGNAAAAACNGACCGNCNNTNNNNTNTNTTGNTNNNTCTNGTNNTNNT
6F4275 GATTNCTTCAGAAAACCGGAGGGAAGGAGANGCCCCCCGGCCCNNAGNNNNNNANGNNNNNTNNNNNNNNNNNNNNNNNNNCNNNNNNNNNNNNNNNNNN
7F4275 NGGGNATCANTTNNTTTNCTGGNTTGCCTCCANNNTNNNGGTGGGATAGGAGAAAANNCGNACCGATNATANNNTNTATTGGTAGATCTNGTAGTAGTTA
210 220 230 240 250 260 270 280 290 300
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1F4275 GTTACATTTTGAAGTCNTTCGNNGCCTNNNTTTTGTGNNNTNGCNTANNNGNNNCTCCNTTNTTCGCNNNNNNNCNCCNNNANNNNTCAANNNNNNNNNN
2F4275 CNTTTTGAANTCNTTCGNAGCCNANNTTTTGTGNNNTNGCNNTNAGCNATCCCCNTCTTCNNNNTNNNNCNCNNTAANNNNTCAANNNNNNNNNNNNNNN
3F4275 NNNNNNNNGNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNTNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNTTT
4F4275 ATTTTGAAGTCNTTCGAAGCCTTNTCTTTTGTGTNNTNGCNTANNNNNAACTCCCTTCTTCGCNGNTANCCANCNNTAANNNNNTCAANNNNNNNNNNNN
5F4275 TACNTTTTGAAGTCNTTCNNAGCNNTNCNNNNNNNTNTNNCNNTNNNNNNNCNANNNNNTNNNNNNNNNNNCNCNNNNNNNNNTCANNNNNNNNNNNNNN
6F4275 NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNCNNNNNNNNNCNNNNNNNNNNNNNNNNCNNNNNNNNNNCNAANNNNNNNCNNNNNNNNNNNNNNN
7F4275 CNTTTTGAANTCNTTCGNNNCCNTNTTTTTNTNGTGTNGCNNTNANCNANCTCNTTNNTTNNNNNTATNCNNCNNTAANNNNTCAANNNNNNNNNNNNNN
Figura 12. Sequências alinhadas dos produtos das sete amostras de H. contortus,
submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR, utilizando-se o
iniciador F4275. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
M
1 2 3 4 5 6 7
59
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 R603 GTNTTGAAANCAGAAATGTATTGATCCCTNGTAGTGATATTCTGTAAGACCTTCCTCNTCTTNCCGANGTCTNTCGTANNATAGGCGTNCGAANGAAACN
2 R603 GTNTTGAAATCAGAAATGAATTGATCCCTGGTAGTGATATTCTGTGACCTTCCNCGTCTTACCGATGTCTTTCGTANTATAGGCGTNTGANNCAAATNCN
3 R603 N~TTGNANATCAGAAATGAATTGATCCCTNGTAGTGATATTCTGAAGACCTTCCNCNTCTTACCGATGTCTTTCGTANTATAGGCGTATGAAGNAAANTC
4 R603 GTNTTTCACCNANAAATGTATTGGTNNCTCNCNTATGANNTACATGTATTGCNGTCTTCCTCNNCCTNACGGATGTCNTTTGTAGTGNGTGCGTATGAAG
5 R603 GTCTTGAAAATCAGAAATAATTGATCCCTCGGTAGTGATATTCTGAAGACCTTCCACGTCTTACCGATGTCTTTCGTAGTATAGGCGTATGAAGCAAANN
6 R603 GTNTTGTANATCAAGAAAATGAATTGCATACCCNTTTGCNAGTGNATATTCTGAAGACCTTCCTTGNCTTACCGATGTCTTTCGTAGTATAGGCGTATGA
7 R603 ATCAAGAAATGTATTGATCCCTNNTAGTGATATTCNGAAGACCTTCCTNCTCTTACCGANGTCTNTCGTANNATAGGCGTNCGANNGAAATCCNNTNCNC
110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|
1 R603 CNANNCNCNTGGCNNGTCCGTNCGGCGNANNGGNGGCCNGCCNGNANGAAAAATNAATTCANNNNNNNNNNTNTNGNNNNNTNNNNTNNTNNTTNCNTTT
2 R603 NNTCNCNTGGNNGGTCCGTCAGGNGNATAGNNGGCCAGCNNGAAANAAAATTNNATTCANNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNCNNTTN
3 R603 CANTNCCCTNGNCNGTCCGTCANGCGGATANNNGGCCAGCCNGNAAGAAAAATTNATTCANNNNNNNNNNANNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNTTNCNTTT
4 R603 CCCAATCCACTANNCTNGTCTGTACGTNGAGCGGGTGANCGGCCGACCTGNAAGTATCAATTCANNNNNNNNTNTNTTGGTAGATCTNGTAGTAGTTACA
5 R603 CCANTCCCCTNGNCNGTCCGTCANGCGGATANNNGGCCAACCNGNAAGAAAAATNNATTCANNNNNNNNNNNTNTNGNTNNNTCTNGTANTNNTTACNTT
6 R603 AGCAAAANCCACTCCCCTNGNCNGTCCGTCNNGNGGATANGCGGCCANCCNGTAANAAAAATNNANTCAANNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
7 R603 NTGNCNGGTCCGTNCGGNGAANNGGNGNCCNGCNGGNANNAAAATTCNATTCANNNNNNNNNNTNNNGGNNNNNNNGTNTNANTTACNTTTTGANNTCNT
210 220
....|....|....|....|....
1 R603 TGNNNTCNTTCNNNNCNNNNTTTT
2 R603 NNNNTCNNNCNNNNCNNTNNNNNN
3 R603 TGNNNTCNNTCNNNNCNNNNNNNN
4 R603 TTTTGAAGTCATTCGNAGCCTNTT
5 R603 TTGNNNTCNTTCNNNNCNTNNTTT
6 R603 NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
Figura 13. Seqüências alinhadas dos produtos das sete amostras de H. contortus,
submetidas a diferentes tratamentos*, amplificados por meio da PCR, utilizando-se o
iniciador R603. CPPAR/FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, Brasil.
Ao contrário do que foi observado para glicoproteína P, em relação à subunidade
α do canal HcGluCl, houve pouca similaridade entre as sete amostras, observando-se
menores valores na matriz de identidade (Tabelas 12 e 13).
Tabela 12. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras submetidas a
diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador F4275. CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
1 F4275
2 F4275
3 F4275
4 F4275
5 F4275
6 F4275
7 F4275
1 F4275
ID
0,252
0,269
0,207
0,422
0,224
0,228
2 F4275
0,252
ID
0,283
0,377
0,228
0,256
0,612
3 F4275
0,269
0,283
ID
0,335
0,397
0,470
0,370
4 F4275
0,207
0,377
0,335
ID
0,228
0,249
0,446
5 F4275
0,422
0,228
0,397
0,228
ID
0,349
0,221
6 F4275
0,224
0,256
0,470
0,249
0,349
ID
0,266
7 F4275
0,228
0,612
0,370
0,446
0,221
0,266
ID
60
Tabela 13. Matriz de identidade das sequências de bases das amostras submetidas a
diferentes tratamentos* e amplificadas com o iniciador R603. CPPAR/FCAV/UNESP,
Jaboticabal - SP, Brasil.
1 R603
2 R603
3 R603
4 R603
5 R603
6 R603
7 R603
1 R603
ID
0,446
0,544
0,267
0,611
0,321
0,285
2 R603
0,446
ID
0,486
0,250
0,325
0,388
0,281
3 R603
0,544
0,486
ID
0,263
0,366
0,343
0,276
4 R603
0,267
0,250
0,263
ID
0,258
0,209
0,200
5 R603
0,611
0,325
0,366
0,258
ID
0,334
0,285
6 R603
0,321
0,388
0,343
0,209
0,334
ID
0,281
7 R603
0,285
0,281
0,276
0,200
0,285
0,281
ID
*1) Controle. (2) Ivermectina, sc (200 mcg/kg); (3) Verapamil veículo oleoso (3 mg/kg); (4) Verapamil
veículo aquoso (3 mg/kg, 3x a cada 12 horas); (5) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg, 3x
a cada 12 horas); (6) Ivermectina, sc (200 mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg); (7) Ivermectina, sc (400
mcg/kg) + Verapamil (3 mg/kg)
61
VI. DISCUSSÃO
Devido à forma errônea como o controle de verminose em ovinos vem sendo
realizado na região sudeste do Brasil, sobretudo pelo uso indiscriminado de anti-
helmínticos, a prevalência de populações de helmintos, resistentes à ivermectina, tem
alcançado índices elevados, sendo observados casos de resistência múltipla às drogas,
como relatado por SOUTELLO et al. (2006) na região noroeste de São Paulo. Por esta
razão, não foi possível, identificar e isolar uma estirpe de H. contortus sensível à
ivermectina, que seria utilizada no estudo. A dificuldade encontrada para identificar uma
cepa sensível à ivermectina, ressalta, ainda mais, a importância de pesquisas em
medidas complementares e no desenvolvimento de drogas reversoras.
Os resultados do teste anti-helmíntico controlado realizado para a caracterização
da estirpe de campo de H. contortus demonstraram diferença na atividade nematodicida
da ivermectina em relação ao sexo do parasito, ou seja, eficácia nula contra os
indivíduos machos e 27,02% contra fêmeas. Segundo LE JAMBRE et al. (2000), a
resistência à ivermectina é uma característica genética completamente dominante e
ligada ao sexo, considerando-se os machos de H. contortus mais susceptíveis do que
as fêmeas, fato contrário ao observado neste experimento.
A eficácia contra H. conturtus apresentada pela ivermectina (6,59%) permite
inferir que esta população era resistente, uma vez que para uma estirpe de nematódeo
pode ser denominada resistente quando mais de 1000 vermes sobrevivem ao
tratamento ou quando a eficácia de um determinado princípio químico, calculada por
meio de médias geométricas, é inferior a 90% (FAO, 2004).
62
Quando foram utilizadas as médias aritméticas para o cálculo de eficácia anti-
helmíntica, observou-se eficácia nula da ivermectina, embora o recomendado seja a
utilização de médias geométricas que representam melhor a distribuição do número de
ovos ou da população de nematódeos em um grupo de animais, fornecendo, assim,
percentuais de eficácia mais precisos (WOOD et al., 1995).
A metodologia utilizada para a realização do teste de migração de larvas em gel
de ágar apresentou-se como uma forma prática, pouco onerosa e rápida para avaliação
de eficácia de formulações anti-helmínticas, mostrando-se, ainda, como uma possível
ferramenta para o diagnóstico de resistência de nematódeos parasitos de ruminantes.
MOLENTO & PRICHARD (2001), empregando a mesma metodologia, obtiveram
resultados semelhantes aos do presente trabalho. Foram utilizadas duas populações de
H. contortus selecionadas após 17 passagens (gerações) em ovinos para resistência à
ivermectina (IVF17) e à moxidectina (MOF17), sendo observadas eficácias de 41% e
63% para a moxidectina isoladamente e associada a 2nM de verapamil,
respectivamente, assim como 55% e 84% para a ivermectina, contra a estirpe MOF17.
Contra a população IVF17, foi observado efeito significativo (P<0,05) apenas na
associação moxidectina e verapamil.
A reversão parcial da resistência pelo verapamil em H. contortus também foi
observada por BEUGNET et al. (1997), utilizando teste in vitro de eclodibilidade de
ovos em isolados susceptíveis e resistentes a benzimidazóis. Observou-se redução da
DL50 de tiabendazole e albendazole quando associados ao verapamil, sendo este
efeito mais acentuado em populações resistentes do que nas sensíveis. Também não
foi observada reversão total da resistência após o uso de verapamil.
63
Os resultados do presente experimento estão de acordo com os encontrados
para outras drogas moduladoras da P-GP. A exposição prévia de ovos de H. contortus
à lecitina aglutinina de Lens culinaris (lentilha) resultou em redução da DL50 do
tiabendazol em 50,9% em uma estirpe susceptível e 47,2% e 27,4% em dois isolados
resistentes, sendo desconhecido ainda o exato mecanismo pelo qual isso ocorreu
(KERBOUEF et al., 2002). Estes resultados são contrários aos demais trabalhos
supracitados em que a ação de drogas moduladoras da GP-P foi mais acentuada em
estirpes resistentes.
O efeito de itraconazol e valspodar como moduladores de GP-P foi avaliado por
BALLENT ET AL. (2006) por meio de teste in vitro, empregando o modelo do saco
intestinal invertido, e in vivo. Observou-se que o acúmulo de ivermectina na parede
intestinal foi maior quando associada ao itraconazol (0,115 nmol/g/min) e ao valspodar
(0,238 nmol/g/min) do que quando administrada isoladamente (0,016 nmol/g/min),
devido à ação moduladora da GP-P, destas drogas. Segundo estes autores, os agentes
moduladores de GP-P podem ser uma ferramenta útil para melhorar os parâmetros
farmacocinéticos de anti-helmínticos.
Ivermectina e verapamil são substratos para a GP-P, sendo transportados por
esta proteína de membrana. No entanto, as taxas de efluxo destas drogas e dos demais
moduladores de GP-P são diferentes, ou seja, a afinidade, velocidade e quantidade de
transporte podem variar. Os fatores que influenciam na ligação e no transporte pela GP-
P ainda não foram totalmente elucidados. Aparentemente, interações hidrofóbicas são
responsáveis pela ligação entre a droga e a proteína, enquanto a carga catiônica
associada à lipofilicidade da droga está relacionada ao seu transporte (efluxo). Devido a
64
estas características, a ivermectina é transportada cerca de nove vezes a mais do que o
verapamil (POULIOT et al., 1997). Por este motivo, segundo estes autores, a
ivermectina representa um potente reversor de GP-P no tratamento de células
cancerígenas com resistência múltipla a drogas.
O estudo da composição físico química das drogas moduladoras de GP-P pode
indicar futuras moléculas com maior potencial de ligação e transporte por esta proteína,
com taxas de efluxo superiores à ivermectina, superando os resultados obtidos na
reversão da resistência à ivermectina pelo verapamil observados no presente trabalho e
na literatura (BEUGNET et al., 1997; MOLENTO & PRICHARD, 2001).
O teste in vivo demonstrou uma reversão parcial da resistência deste nematódeo
à ivermectina. Estes são os primeiros resultados na literatura demonstrando o efeito do
verapamil na reversão de resistência à ivermectina em ovinos experimentalmente
infectados com uma estirpe de campo de H. contortus.
BORGES et al. (2005) avaliaram a associação destas duas drogas por meio de
teste de redução de contagens de OPG em ovinos naturalmente infectados e
observaram 74,71% de eficácia no 14
o
dia pós-tratamento, enquanto a ivermectina
nesta mesma data apresentou eficácia nula.
MOLENTO & PRICHARD (1999) avaliaram o efeito reversor do verapamil por
meio de um modelo experimental utilizando gerbils (Meriones unguiculatus) infectados
com H. contortus, sendo observada eficácia de 26% para a ivermectina isolada e 48%
para a associação desta droga com o modulador de GP-P. utilizando este mesmo
modelo experimental, XU et al. (1998) observaram eficácia da ivermectina de 80% e
93% e da moxidectina de 70 e 96%, respectivamente na ausência e na presença de
65
verapamil contra uma estirpe de H. contortus selecionada artificialmente para
resistência à moxidectina durante 14 gerações (MOF14), sendo utilizada uma dose de
verapamil de 20 mg/kg, muito acima da empregada no presente trabalho (3mg/kg).
A associação verapamil e ivermectina (1% ou 2%) em uma mesma formulação,
contendo veículo oleoso, não causou aumento na eficácia anti-helmíntica da
ivermectina contra a estirpe resistente de H. contortus, sendo encontrado elevado
número de parasitos nos animais tratados. Estes resultados demonstraram a influência
da formulação na eficácia anti-helmíntica, visto que utilizando-se veículo aquoso, foram
obtidos resultados satisfatórios. O objetivo de utilizar um veículo oleoso para o
verapamil seria permitir uma absorção mais lenta no local de aplicação, uma vez que
esta droga é absorvida e eliminada muito rapidamente do organismo (MCTAVISH &
SORKIN, 1989), enquanto as lactonas macrocíclicas apresentam maior meia-vida de
absorção e tempo de residência médio mais prolongado. Estudos futuros sobre a
farmacocinética desta associação administrada em ovinos serão necessários para que
seja obtida uma formulação com veículo e concentração adequados.
No presente trabalho, foi observada diferença entre os resultados obtidos nos
testes in vitro e in vivo. tal diferença pode ser explicada pelo fato de terem sido
utilizadas altas concentrações de verapamil no teste in vitro, o que não seria possível
no teste in vivo devido à possível ocorrência de efeitos adversos, conforme descrito por
MOLENTO & PRICHARD (1999). Além disso, a interação organismo : droga : parasito é
eliminada nos estudos in vitro, sendo a atividade anti-parasitária relacionada à presença
de uma concentração ativa da droga no local de ação, por um determinado período de
tempo.
66
região de análise
genômica
loop citoplasmático
região de ligação de ATP
região de ligação
de ATP
intracelular
extracelular
membrana
plasmática
domínios de
transmembrana
Os produtos de PCR obtidos no presente trabalho, com os iniciadores PGP2S e
MX-D a partir do DNA genômico amplificam uma região que codifica uma porção do
loop citoplasmático central da estrutura da GP- P (Figura 14), segundo BLACKHALL et
al (1998a).
Figura 14. Desenho esquemático da glicoproteína P na membrana celular. O quadrado
indica, aproximadamente, a região do DNA genômico amplificada por PCR (extraído de
BLACKHALL et al., 1998a).
A presença de polimorfismo genético associado à resistência a ivermectina,
evidencia o envolvimento da glicoproteína P neste mecanismo, uma vez que maior
quantidade desta glicoproteína poderia resultar em maior efluxo da droga. No entanto,
parece não haver um aumento no mero de cópias desta estrutura em parasitos
resistentes, mas sim, a expressão de diferentes alelos deste gene (BLACKHALL et al.,
1998a; XU et al., 1998).
ZUBIETA (2005), na Argentina, estudou a variação genética relacionada à
codificação da GP-P e da subunidade α dos receptores de cloro ativados por glutamato
67
(HcGluCl), entre estirpes de H. contortus resistentes e sensíveis à ivermectina, por meio
da técnica de Polimorfismo de DNA amplificado randomicamente (Random Amplified
Polymorphic Dna - RAPD). O autor estabeleceu um padrão diferencial de bandas de
amplificação com RAPD-PCR apenas para os receptores GluCl entre estas duas
estirpes. o foi possível realizar um padrão para a fosfo-glicoproteína devido a
presença de uma banda de amplificação inespecífica. Segundo SANGSTER et al.
(1999), a GP-P faz parte de uma grande família de proteínas codificadas por genes que
apresentam uma grande quantidade de alelos. Provavelmente, esta grande variedade
seria responsável por amplificações inespecíficas.
No presente trabalho, os produtos de PCR foram do tamanho esperado (840 bp),
seguindo descrição de BLACKHALL et al. (1998a). Porém, após o sequenciamento, não
se observou homologia com qualquer seqüência depositada no GenBank, nem mesmo
com a aquela da qual foram extraídos os iniciadores utilizados na PCR (PGP-A,
GenBank No. AF003908). É necessário cautela na extrapolação de resultados obtidos
de estirpes selecionadas em laboratório para estirpes de campo, pois, no
desenvolvimento das estirpes de laboratório poderia haver perda na variabilidade
genética da população, o que não ocorreria na seleção natural presente na estirpe de
campo (BLACKHALL et al., 1998a). Desta forma, os resultados obtidos no presente
trabalho poderiam, possivelmente, ser uma constatação deste conceito.
O desenvolvimento de marcadores moleculares para os genes que estejam
relacionados à sobrevivência de H. contortus aos tratamentos com anti-helmínticos
pode ser uma importante ferramenta no diagnóstico precoce da resistência, permitindo
que seja detectada quando a freqüência de genes resistentes ainda é baixa. Isso
68
representa uma grande vantagem em relação às demais técnicas de diagnóstico, pois,
realizado precocemente, pode-se adotar medidas para seu controle. Segundo LE
JAMBRE et al. (2000), no caso de nematódeos gastrintestinais, especialmente para o
grupo das lactonas macrocíclicas, seria importante dispor de técnicas que detectam a
freqüência do fenótipo resistente na população, quando esta ainda for abaixo de 1%.
Os resultados deste experimento demonstram a participação do gene
relacionado à GP-P no processo de resistência de H. contortus à ivermectina e reforça
a necessidade de mais estudos envolvendo outras estirpes resistentes de campo e,
também, de uma estirpe sensível à ivermectina. A pesquisa de polimorfismo do gene
relacionado a GP-P foi prejudicada pela ausência de uma estirpe sensível, que seria
comparada à estirpe resistente isolada.
Além do efluxo de ivermectina pela GP-P, outro mecanismo molecular da
resistência são alterações nos recptores nos canais de cloro ativados por glutamato
(HcGluCl). Estes canais são constituídos por três subunidades: α, ativada pela
ivermectina; β, ativada por glutamato e δ que tem apenas a função estrutural (CULLY et
al., 1994). A ivermectina apresenta um comportamento dual nestes receptores, ou seja,
em baixas concentrações atua como potencializadora do glutamato e em altas
concentrações esta molécula liga-se direta e irreversivelmente ao canal de cloro,
ativando-o e, conseqüentemente, causando paralisia flácida em invertebrados (CULLY
et al., 1994).
Aparentemente, isolados de H. contortus resistentes apresentam alterações na
quantidade de sítios α e β nos canais de cloro ativados por glutamato, com evidente
aumento destes últimos, que o são receptores para a ivermectina, o que reduz a
69
eficácia do anti-helmíntico (HEJMADI et al., 2000). BLACKHALL et al. (1998b)
demonstraram o aumento da freqüência de um alelo do gene da subunidade α de
HcGluCL em populações de H. contortus resistentes a avermectinas.
No presente trabalho, observou-se que as sete amostras apresentaram uma
banda de aproximadamente 200 pares de bases (pb), relacionada com a subunidade α
do canal HcGluCl bem definida e após o seqüenciamento dos produtos da PCR, houve
pouca similaridade entre as amostras, podendo indicar diferença na seleção após
tratamento com ivermectina, verapamil ou a associação entre ambas drogas. Estas
alterações também podem indicar a participação deste gene no mecanismo molecular
de resistência à ivermectina nesta população de campo de H. contortus.
Desta forma, a reversão apenas parcial da resistência à ivermectina observada
no presente trabalho pode ser justificável devido à participação de mais de um
mecanismo molecular de resistência e não apenas a GP-P. Ou seja, o verapamil age
apenas sobre um mecanismo de resistência, a GP-P, e o sobre as alteração nos
receptores HcGluCl.
O verapamil mostrou-se um eficiente modulador da glicoproteína-P, porém outros
mecanismos de resistência à ivermectina estão presentes em H. contortus. As
formulações avaliadas no teste in vivo não apresentaram o elevado percentual de
eficácia observado no teste in vitro, provavelmente devido a diferenças de concentração
e à interação organismo:droga. Estes resultados demonstram o potencial do uso de
drogas reversoras de resistência e a necessidade de estudos utilizando o modelo
animal e não apenas testes in vitro.
70
VI. CONCLUSÕES
1. A dificuldade na obtenção de uma estirpe de H. conturtus sensível à
ivermectina reforça a grave situação da resistência anti-helmíntica em ovinos no Estado
de São Paulo
2 Os resultados obtidos por meio de teste in vitro permitem inferir que o
verapamil é um potente reversor da resistência à ivermectina.
3 O efeito da formulação na eficácia anti-helmíntica, observado no teste in
vivo, demonstra a necessidade de novos estudos, incluindo a farmacocinética de
verapamil e ivermectina em ovinos.
4 GP-P e HcGluCl participaram do mecanismo molecular de resistência à
ivermectina desta estirpe de campo de H. conturtus .
5 O uso de drogas moduladoras de GP-P podem ser uma importante
ferramenta no controle de populações de helmintos resistentes às lactonas
macrocíclicas e merecem outros estudos.
71
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