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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Estado nutricional, consumo alimentar e estilo de vida
de escolares de Campinas – SP
Mariana Schievano Danelon
Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre
em Ciências. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de
Alimentos
Piracicaba
2007
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Mariana Schievano Danelon
Bacharel em Ciências dos Alimentos
Estado nutricional, consumo alimentar e estilo de vida
de escolares de Campinas – SP
Orientadora:
Prof
a
. Dr
a
. MARINA VIEIRA DA SILVA
Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre
em Ciências. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de
Alimentos
Piracicaba
2007
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Danelon, Mariana Schievano
Estado nutricional, consumo alimentar e estilo de vida de escolares de Campinas – SP /
Mariana Schievano Danelon. - - Piracicaba, 2007.
230 p. : il.
Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007.
Bibliografia.
1. Alimentação escolar 2. Consumo de alimentos 3. Estado nutricional 4. Lanchonetes
5. Modo de vida I. Título
CDD 642.5
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
Aos meus pais, Oscar e Angélica,
pelo carinho, apoio, segurança e incentivo
em todos os momentos
Dedico
4
AGRADECIMENTOS
À Prof
a
Dr
a
Marina Vieira da Silva, pela orientação, incentivo, amizade e por todos os
conhecimentos transmitidos.
Ao Prof. Dr. Rodolfo Hoffmann pelo valioso auxílio com as análises estatísticas.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior – CAPES pela
concessão da bolsa de estudos.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, cujo apoio
financeiro viabilizou a realização deste estudo. A presente pesquisa integra o projeto “Contrastes
regionais nos custos, qualidade e operacionalização do Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE e seu impacto sobre os padrões alimentares da população brasileira”, financiado
pelo CNPq (Processo 504369/2003-2).
À Prof
a
Dr
a
Maria da Conceição Pereira da Fonseca e às alunas da Universidade Estadual
de Campinas, pela fundamental contribuição na etapa de coleta de dados.
Aos professores e funcionários do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição
da ESALQ/USP.
À bibliotecária Ligiana Clemente do Carmo, pela atenção na revisão do texto.
Às amigas Alessandra de Cássia Romero, Daniela Cristina Rossetto Caroba, Giovana
Eliza Pegolo, Michele Sanches, Priscila Neder Morato e Priscilla Siqueira Melo pelo auxílio
durante o mestrado e pela amizade e atenção demonstradas sempre.
A todos os alunos e familiares pela imprescindível colaboração nesta pesquisa.
5
SUMÁRIO
RESUMO ..................................................................................................................................... 7
ABSTRACT ................................................................................................................................. 8
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. 9
LISTA DE QUADROS ................................................................................................................ 10
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. 11
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 21
2.1 Estado nutricional .................................................................................................................. 21
2.2 Consumo alimentar ................................................................................................................ 29
2.3 Estilo de vida .......................................................................................................................... 34
2.4 A escola e o acesso dos alunos aos serviços de alimentação ................................................. 41
3 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 48
3.1 Local da pesquisa ................................................................................................................... 48
3.2 População de estudo ............................................................................................................... 50
3.3 Obtenção e análise dos dados ................................................................................................. 52
3.3.1 Estado nutricional ................................................................................................................ 53
3.3.2 Consumo alimentar ............................................................................................................. 56
3.3.3 Estilo de vida ....................................................................................................................... 61
3.3.4 Consumo de alimentos/refeições no ambiente escolar ......................................................... 62
3.3.5 Informações socioeconômicas ............................................................................................. 63
3.4 Análises estatísticas ................................................................................................................ 64
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 66
4.1 Condições socioeconômicas das famílias dos escolares ........................................................
66
4.2 Estado nutricional dos escolares ............................................................................................
70
4.3 Hábitos alimentares ...............................................................................................................
99
4.4 Consumo alimentar ................................................................................................................ 101
4.4.1 Necessidade energética estimada e ingestão de energia ..................................................... 101
4.4.2 Análise dos macronutrientes no Valor Energético Total – VET ........................................ 106
4.4.3 Consumo de nutrientes ....................................................................................................... 109
6
4.5 Análise da participação dos grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET e no
conteúdo de nutrientes da dieta ............................................................................................ 123
4.6 Estilo de vida ......................................................................................................................... 140
4.7 Consumo de alimentos no âmbito escolar .............................................................................
149
5 CONCLUSÕES ........................................................................................................................
182
5.1 Considerações finais ..............................................................................................................
184
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 186
ANEXOS .....................................................................................................................................
210
7
RESUMO
Estado nutricional, consumo alimentar e estilo de vida de escolares de Campinas – SP
O presente trabalho teve como objetivos a análise do estado nutricional, do consumo
alimentar e do estilo de vida de crianças e adolescentes de centro urbano relativamente mais
desenvolvido do estado de São Paulo. Também foi investigado o acesso destes aos serviços de
alimentação disponíveis nas unidades de ensino (Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNAE e as cantinas/lanchonetes escolares). Para tanto, foi realizado estudo de natureza
transversal tendo por base amostra integrada por 324 alunos, com idade entre 6 e 14 anos,
matriculados em seis unidades da rede pública de ensino de Campinas, estado de São Paulo.
Junto aos escolares foi realizada avaliação antropométrica e, para determinação do estado
nutricional, foram analisados os escores Z de altura para idade – ZAI e a distribuição dos
percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se dois parâmetros estabelecidos (um
internacional e um nacional) com base em populações de referência. O consumo alimentar foi
identificado por meio do emprego do Recordatório de 24 horas e as informações relativas ao
estilo de vida e à adesão aos serviços disponíveis nas escolas foram avaliadas adotando-se
questionários especificamente elaborados. Junto aos pais/responsáveis foram obtidas informações
relativas à condição socioeconômica. No que diz respeito ao estado nutricional, destaca-se a
reduzida proporção (1,6%) de alunos classificados com déficit de altura para idade (ZAI < 2).
No tocante ao IMC, proporções de 5,6%, 79,0% e 15,4% foram identificadas para baixo peso (3
o
P IMC), eutrofia (5
o
P IMC < 85
o
P) e excesso de peso (IMC 85
o
P), respectivamente,
mediante adoção de referencial internacional. Prevalências de 2,8% (baixo peso), 77,4%
(eutrofia) e 19,8% (excesso de peso) foram observadas adotando-se referencial nacional. Este
último critério revelou-se mais condizente com o processo de transição nutricional vivenciado no
país. No que se refere ao consumo de alimentos, 65% das dietas dos alunos apresentaram-se
inadequadas quanto à participação de pelo menos um dos macronutrientes energéticos.
Expressiva parcela dos escolares revelou reduzida ingestão de energia, fibras, vitamina A, ácido
fólico, ácido pantotênico, cálcio, fósforo, magnésio e potássio. Consumos elevados de colesterol
e de sódio foram observados para substancial proporção de alunos. A análise da participação dos
grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET revelou que os alimentos básicos de
origem vegetal contribuíram com 38,6% do conteúdo de energia da dieta, destacando-se a
expressiva participação (31,7%) daqueles de origem animal. No que se refere ao estilo de vida,
29,6% das meninas e 19,0% dos meninos foram considerados sedentários. A adesão dos alunos
aos serviços de alimentação escolares foi considerada expressiva: 75,3% consumiam as refeições
distribuídas pelo PNAE, sendo que destes, 51,0% o faziam de forma efetiva (entre quatro e cinco
dias por semana). Cerca de 76,0% dos alunos aderia às cantinas escolares, sendo que maior
proporção (52,1%) adquiria alimentos esporadicamente (um ou dois dias por semana). Estratégias
de orientação nutricional e de promoção da prática de atividades físicas devem ser estimuladas
com vistas à consolidação de hábitos saudáveis, que contribuirão para o adequado estado de
saúde e para a prevenção do risco de enfermidades crônicas na vida adulta. Destaca-se a escola
como um dos ambientes no qual as intervenções podem ser adotadas, tendo em vista que as
crianças e adolescentes permanecem por expressivo período de tempo diário nesse local.
Palavras-chave: Alimentação escolar; Consumo alimentar; Cantinas escolares; Estado
nutricional; Estilo de vida
8
ABSTRACT
Nutritional state, food consumption and lifestyle of pupils in Campinas – SP
The present work tried to analyze the nutritional state, the food consumption and the lifestyle of
kids and teenagers within the relatively most developed urban center in Sao Paulo State. These
pupils’ access to food services available at the learning centers (Brazilian School Meal Program –
PNAE and the school canteens/cafeterias) was also investigated. For so, a transversal-nature
study was performed, having as base a 324-student sampling, aged between 6 and 14, enrolled in
six schools in the Campinas public learning network, in Sao Paulo State. Along with the students,
an anthropometric evaluation was performed and, for determining the nutritional state, the Z-
scores for age – ZAI – and the Body Mass Index percentage distribution – IMC – were calculated
and analyzed, adopting two pre-established parameters (one international and one national),
based on reference populations. The food consumption was identified by using a 24-hour record-
keeper and the pieces of information related to the lifestyle and the adhesion to the services
available at the units were evaluated through specifically-elaborated questionnaires. With parents
and guardians, we obtained information related to the pupils’ socio-economic condition. As far as
the nutritional state is concerned, we highlight the small proportion (1.6%) of students classified
as having a height deficit for their age (ZAI < -2). Regarding the IMC, proportions of 5.6%,
79.0% and 15.4% were identified for low weight (3
rd
P IMC), eutrophia (5
th
P 85
th
< P) and
overweight (IMC 85
th
P), respectively, adopting an international references. Prevalence of 2.8%
(underweight), 77.4% (eutrophia) and 19.8% (overweight) were observed using national
references. The latter was more in agreement with the process of nutritional transition happening
in the country: tendency of reduction in the serious forms of malnutrition and increase on the
prevalence of overweight. Regarding the food consumption, 65% of the students’ diets are
inadequate in terms of participation of at least one of the energy macronutrients. An expressive
share of the students revealed a reduced intake of energy, fibers, vitamin A, folic acid,
pantothenic acid, calcium, phosphorus, magnesium and potassium. High cholesterol and sodium
consumption were observed for a substantial proportion of students. The analysis on the
participation of food groups in the Total Energy Value – VET – revealed that the basic, vegetal
foods contributed with 38.6% of the diet’s energy contents, highlighting the expressive
participation (31.7%) of the animal ones. As far as the lifestyle is concerned, 29.6% of the girls
and 19.0% of the boys were considered sedentary. The adhesion of students to the school food
services was considered expressive: 75.3% consumed the meals provided by the PNAE, being
51.0% effective eaters (between 4 and 5 days a week). Circa 76% of the students adhered to the
school cafeterias, being the highest proportion (52.1%) bought food sporadically (one or two days
a week). Strategies of nutritional orientation and promoting physical activities must be stimulated
trying to consolidate healthy habits, contributing for the adequate health state and the prevention
of chronic illnesses risks in adulthood. The school must be highlighted as an environment in
which interventions may be adopted, because children and teenagers spend an expressive share of
their daily lives in that place.
Keywords: School food; Food consumption; School cafeterias; Nutritional state; Lifestyle
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo de programa escolar envolvendo diferentes áreas de atuação
visando-se à educação nutricional, especificamente quanto à prevenção do
excesso de peso
................................................................................................................... 47
Figura 2 - Distribuição dos escolares de Campinas de acordo com a prática de
atividades físicas .............................................................................................. 140
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Indicadores socioeconômicos e de saúde do município de Campinas, São
Paulo ................................................................................................................ 49
Quadro 2 - Características selecionadas da rede de ensino do município de Campinas,
estado de São Paulo, no ano de 2003 ............................................................... 50
Quadro 3 - Recomendações diárias de nutrientes de acordo com a idade (em anos) dos
escolares do gênero masculino ........................................................................ 58
Quadro 4 - Recomendações diárias de nutrientes de acordo com a idade (em anos) dos
escolares do gênero feminino .......................................................................... 59
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Unidades escolares e número de alunos de Campinas – SP que integram a
amostra da pesquisa ......................................................................................... 52
Tabela 2 - Distribuição dos escolares da rede pública de ensino de Campinas, de
acordo com os estratos de idade e gênero ....................................................... 52
Tabela 3 - Distribuição das famílias dos alunos, da rede pública de ensino de
Campinas, de acordo com a renda familiar per capita .................................... 66
Tabela 4 - Distribuição das famílias dos alunos, da rede pública de ensino de
Campinas, de acordo com a classe econômica, adotando-se o Critério Brasil,
e comparação com os valores descritos para São Paulo e Brasil .................... 67
Tabela 5 - Distribuição dos pais/responsáveis pelos escolares, da rede pública de ensino
de Campinas, de acordo com o nível de escolaridade ...................................... 68
Tabela 6 - Distribuição das famílias dos escolares de Campinas de acordo com alguns
indicadores selecionados ................................................................................. 69
Tabela 7 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os estratos de idade e estado nutricional, com base nos escores de
altura para idade – ZAI .................................................................................... 70
Tabela 8 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os estratos de idade e estado nutricional, com base nos percentis do
Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial do CDC (2000) ... 73
Tabela 9 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os estratos de idade e estado nutricional, com base nos percentis do
Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial elaborado por
Conde e Monteiro (2006) ................................................................................ 74
Tabela 10 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa
Corporal – IMC, adotando referencial do CDC (2000) e gênero .................... 79
Tabela 11 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa
Corporal – IMC, adotando referencial elaborado por Conde e Monteiro
(2006) e gênero ................................................................................................ 79
12
Tabela 12 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, adotando-se referencial do CDC (2000),
maturação sexual e gênero ............................................................................... 81
Tabela 13 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, empregando-se referencial elaborado por Conde e
Monteiro (2006), maturação sexual e gênero .................................................. 82
Tabela 14 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os estratos de renda familiar per capita e estado nutricional, com base
nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial
do CDC (2000) ................................................................................................ 85
Tabela 15 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os estratos de renda familiar per capita e estado nutricional, com base
nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial
elaborado por Conde e Monteiro (2006) ......................................................... 86
Tabela 16 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com as classes econômicas, definidas pelo Critério Brasil, e o estado
nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC,
adotando-se o referencial do CDC (2000) ....................................................... 89
Tabela 17 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com as classes econômicas, definidas pelo Critério Brasil, e o estado
nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC,
adotando-se o referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006) ................ 90
Tabela 18 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os níveis de escolaridade materna e o estado nutricional, com base no
Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial do CDC (2000). 92
Tabela 19 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os níveis de escolaridade materna e o estado nutricional, com base no
Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial elaborado por
Conde e Monteiro (2006) ................................................................................ 93
Tabela 20 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a unidade de ensino
público a qual pertencem e o estado nutricional, com base no Índice de
Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial do CDC (2000) ................ 95
13
Tabela 21 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a unidade de ensino
público a qual pertencem e o estado nutricional, com base no Índice de
Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial elaborado por Conde e
Monteiro (2006) ............................................................................................... 96
Tabela 22 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a percepção do peso corporal e a avaliação do estado nutricional,
adotando-se critério do CDC (2000) ............................................................... 98
Tabela 23 - Distribuição dos escolares, da rede pública de ensino de Campinas, de
acordo com a realização das refeições e os estratos de idade .......................... 100
Tabela 24 - Percentis da necessidade energética estimada, ingestão de energia e
proporção de atendimento do balanço energético, de acordo com o gênero
dos escolares de Campinas .............................................................................. 102
Tabela 25 - Percentis de adequação do balanço energético, de acordo com os estratos de
idade dos escolares de Campinas .................................................................... 104
Tabela 26 - Percentis de adequação do balanço energético, de acordo com o estado
nutricional dos escolares de Campinas, adotando-se referencial do CDC
(2000) .............................................................................................................. 105
Tabela 27 - Percentis de adequação do balanço energético, de acordo com o estado
nutricional dos escolares de Campinas, adotando-se referencial de Conde e
Monteiro (2006) ............................................................................................... 106
Tabela 28 - Percentis do consumo de energia e da percentagem de macronutrientes no
Valor Energético Total – VET da dieta dos escolares de Campinas, de
acordo com o gênero ....................................................................................... 107
Tabela 29 - Distribuição dos escolares de Campinas de acordo com a participação dos
macronutrientes na dieta .................................................................................. 108
Tabela 30 - Estatística descritiva relativa ao consumo de nutrientes, pelos escolares do
gênero masculino, matriculados na rede pública de ensino do município de
Campinas ......................................................................................................... 110
Tabela 31 - Estatística descritiva relativa ao consumo de nutrientes, pelos escolares do
gênero feminino, matriculados na rede pública de ensino do município de
Campinas ......................................................................................................... 111
14
Tabela 32 - Participação dos grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET
diário dos escolares da rede pública de ensino de Campinas .......................... 124
Tabela 33 - Participação dos grupos de alimentos na dieta diária dos escolares da rede
pública de ensino de Campinas ....................................................................... 129
Tabela 34 - Participação dos grupos de alimentos no conteúdo de vitaminas da dieta
diária dos escolares da rede pública de ensino de Campinas .......................... 131
Tabela 35 - Participação dos grupos de alimentos no conteúdo de minerais da dieta
diária dos escolares da rede pública de ensino de Campinas .......................... 132
Tabela 36 - Participação dos grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET da
dieta dos escolares de Campinas, de acordo com os estratos de renda
familiar per capita ........................................................................................... 136
Tabela 37 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os níveis de prática de atividades físicas e o estado nutricional,
adotando-se referencial do CDC (2000) .......................................................... 142
Tabela 38 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os níveis de prática de atividades físicas e os rendimentos familiares
per capita (em salários mínimos) .................................................................... 143
Tabela 39 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com os níveis de prática de atividades físicas e a escolaridade materna ......... 145
Tabela 40 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o tempo dedicado a hábitos sedentários e o estado nutricional,
adotando-se referencial do CDC (2000) .......................................................... 146
Tabela 41 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o tempo dedicado aos hábitos sedentários e os rendimentos familiares
per capita (em salários mínimos) .................................................................... 147
Tabela 42 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o tempo dedicado aos hábitos sedentários e a escolaridade materna ...... 148
Tabela 43 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, acordo
com a adesão ao Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e a
unidade de origem ........................................................................................... 150
15
Tabela 44 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e a unidade de origem ...................................................................... 151
Tabela 45 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e os estratos de idade ................................................ 152
Tabela 46 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e os estratos de idade ...................................................................... 153
Tabela 47 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e o gênero .................................................................. 154
Tabela 48 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e o gênero ........................................................................................ 155
Tabela 49 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e os estratos de renda familiar per capita ................. 156
Tabela 50 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e os estratos de renda familiar per capita (em salários mínimos) ... 157
Tabela 51 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e as classes econômicas (Critério Brasil) .................. 158
Tabela 52 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e as classes econômicas (Critério Brasil) ........................................ 159
Tabela 53 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e a inscrição das famílias em programas de sociais
governamentais ................................................................................................ 160
Tabela 54 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e a escolaridade materna ........................................... 161
Tabela 55 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e a escolaridade materna ................................................................. 162
Tabela 56 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão ao PNAE e o estado nutricional, adotando-se referencial do
CDC (2000) ..................................................................................................... 163
Tabela 57 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, empregando-se referencial elaborado por Conde e
Monteiro (2006) e a adesão ao PNAE ............................................................. 163
16
Tabela 58 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com o estado nutricional,
adotando-se referencial do CDC (2000) e a freqüência de adesão ao PNAE.. 165
Tabela 59 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com o estado nutricional,
empregando-se referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006) e a
freqüência de adesão ao PNAE ....................................................................... 166
Tabela 60 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão à cantina escolar e os estratos de idade ..................................... 167
Tabela 61 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
à cantina escolar e os estratos de idade ........................................................... 168
Tabela 62 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão à cantina escolar e o gênero ...................................................... 169
Tabela 63 - Distribuição dos alunos de acordo com a freqüência de adesão à cantina
escolar e o gênero ............................................................................................ 169
Tabela 64 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão à cantina escolar e os estratos de renda familiar per capita ...... 170
Tabela 65 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
à cantina escolar e os estratos de renda familiar per capita (em salários
mínimos) .......................................................................................................... 171
Tabela 66 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão à cantina escolar e as classes econômicas (Critério Brasil) ...... 172
Tabela 67 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
à cantina escolar e as classes econômicas (Critério Brasil) ............................ 173
Tabela 68 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a adesão à cantina e a escolaridade materna ............................................ 174
Tabela 69 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
à cantina e a escolaridade materna .................................................................. 175
Tabela 70 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, adotando-se referencial do CDC (2000) e a adesão
à cantina escolar .............................................................................................. 176
Tabela 71 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com o estado nutricional, empregando-se referencial elaborado por Conde e
Monteiro (2006) e a adesão à cantina escolar ................................................. 176
17
Tabela 72 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a adesão ao Programa
Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e a adesão à cantina .................... 177
Tabela 73 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão
ao PNAE e a freqüência de adesão à cantina .................................................. 178
Tabela 74 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com as motivações para
aquisição de alimentos nas cantinas escolares ou em outros locais ................ 179
18
1 INTRODUÇÃO
A infância e adolescência caracterizam-se por acentuadas transformações físicas,
emocionais, cognitivas e sociais. Nesse período ocorre intenso crescimento, com necessidades
nutricionais especiais, condicionadas fundamentalmente pela construção e manutenção de novos
tecidos, pelo gasto energético com atividades físicas e pelo desenvolvimento cognitivo e
maturacional. Grande parte da formação do conteúdo mineral ósseo, por exemplo, ocorre nesses
estágios de vida. São fases críticas para o desenvolvimento de atividades e comportamentos
relacionados aos hábitos alimentares e de estilo de vida.
A avaliação do estado nutricional entre crianças e adolescentes subsidia a elaboração de
programas de educação nutricional, na atuação de gestores no que diz respeito à orientação de
políticas públicas, e para a indústria de alimentos, no desenvolvimento de produtos que atendam
às necessidades nutricionais desse grupamento.
Nas últimas décadas o Brasil vem passando por processo de transição nutricional,
caracterizado pela substituição da desnutrição, especialmente na sua forma mais crônica, pela
obesidade (MONTEIRO et al., 1995). Diversos estudos (COSTA; CINTRA; FISBERG, 2006;
LEÃO et al. 2003; NUZZO, 1998) conduzidos no país evidenciam que, especialmente nas grandes
cidades, as prevalências de excesso de peso têm aumentado entre crianças e adolescentes. Cabe
destacar que a obesidade em fases precoces da vida tem sido associada a aumento no risco de
doenças crônicas na idade adulta.
Os principais determinantes do excesso de peso da população, passíveis de mudanças,
referem-se aos hábitos alimentares inadequados e ao estilo de vida sedentário. As informações
disponíveis acerca do consumo alimentar, ainda que escassas para o grupamento de crianças e
jovens de algumas regiões do país, têm revelado ingestão excessiva de alimentos densamente
energéticos, ricos em gorduras, açúcares e sódio, bem como redução no consumo de frutas e
hortaliças (PHILIPPI, 2000). A carência de micronutrientes importantes para o desenvolvimento
adequado na infância e adolescência, tais como o cálcio e o ferro, tem sido motivo de preocupação
entre os especialistas da área de alimentação e saúde, motivando os profissionais da indústria de
alimentos a desenvolverem produtos enriquecidos com esses nutrientes.
Associadas aos hábitos inadequados de consumo, a disponibilidade de vários recursos que
diminuem os esforços físicos (por exemplo, o uso de automóveis para ir ao trabalho ou escola e o
19
emprego de eletrodomésticos com controle remoto) e as atividades recreativas, que são
freqüentemente muito sedentárias, reduzem o gasto energético (ZIWIAN, 1999).
A infância e a adolescência representam os melhores períodos para a elaboração de
estratégias de intervenção que, implementadas nestas fases da vida, possuem maiores
possibilidades de êxito, no que diz respeito à prevenção de enfermidades na vida adulta.
A família, na maioria das sociedades, ainda é o principal grupamento responsável pela
formação de expressiva parcela dos hábitos alimentares e de estilo de vida das crianças com
menor idade, pois são os pais (e com maior freqüência as mães) os responsáveis pela compra e
preparo dos alimentos (GAMBARDELLA; FRUTUOSO; FRANCH, 1999). Para os adolescentes,
além da família (primeiro grupo de referência), os amigos influenciam decisivamente para a
consolidação dos hábitos (RUFFO, 1997).
A escola também deveria desempenhar importante papel na formação de hábitos
saudáveis, uma vez que as crianças e adolescentes permanecem no ambiente escolar por
expressivo período de tempo diário. É fundamental que a escola promova a educação nutricional e
propicie condições para a vivência dos conceitos da área de nutrição e, também, para a realização
de atividades físicas.
Neste contexto, merece destaque o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE,
presente na totalidade das escolas públicas do país, como um serviço ao qual poderiam ser
incorporadas estratégias de intervenção, com vistas à consolidação de hábitos alimentares
saudáveis. Não é possível ignorar, também, a importância de orientar os alunos sobre os alimentos
que são comercializados pelas cantinas/lanchonetes, freqüentemente presentes nas escolas. Os
fatores que motivam os alunos a optar por um serviço, no âmbito escolar, ainda foram pouco
estudados.
São considerados escassos, também, os estudos que relacionam o estado nutricional de
crianças e adolescentes, moradores de grandes centros urbanos, com os hábitos alimentares e de
estilo de vida.
20
Tendo em vista o limitado acervo de informações sobre a situação nutricional e consumo
alimentar dos indivíduos, principalmente em idade escolar, realizou-se a presente pesquisa entre
alunos da Rede Pública de Ensino do município de Campinas, estado de São Paulo, tendo como
principais objetivos:
avaliar o estado nutricional de crianças e adolescentes (com idade entre 7 e 14 anos) e
identificar os seus principais condicionantes;
descrever, quantitativamente e qualitativamente, o consumo alimentar dos adolescentes;
descrever a prática de atividades físicas e os hábitos sedentários entre os adolescentes;
avaliar o consumo de alimentos pelas crianças e adolescentes, no âmbito escolar,
identificando os seus principais condicionantes.
21
_________________________________
1
Índice de Massa Corporal (IMC) =
peso (kg)
altura (m)
2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Estado nutricional
A avaliação do estado nutricional representa importante ferramenta na determinação das
tendências e magnitudes de distúrbios nutricionais que acometem a população. Particularmente no
que se refere ao grupamento das crianças e adolescentes, o diagnóstico precoce de possíveis
distúrbios e intervenções eficazes reduzem o risco de complicações, freqüentemente mais graves,
na idade adulta.
O procedimento mais utilizado para avaliar o estado nutricional de crianças e adolescentes
tem sido a adoção de alguns indicadores antropométricos tais como, a massa corporal e a altura,
além da determinação do Índice de Massa Corporal – IMC e parâmetros da composição corporal.
Com base nessas informações, os resultados obtidos são comparados com medidas de uma
população de referência, a qual representa a expressão do crescimento de uma população que
desfruta de ótimas condições de saúde e nutrição (WORLD HEALTH ORGANIZATION –
WHO, 1995). Os valores referenciais são provenientes de estudos com crianças e adolescentes de
países desenvolvidos e/ou de grupos populacionais pertencentes a estratos socioeconômicos
distintos, de países em desenvolvimento (RONQUE, 2003).
No que se refere ao Índice de Massa Corporal, também denominado de Índice de
Quetelet
1
, a ausência de um consenso entre os especialistas da área de saúde/nutrição sobre o uso
de referências e pontos de corte para a definição de baixo peso, sobrepeso e obesidade,
particularmente entre crianças e adolescentes, torna mais complexa a comparação de resultados de
estudos e a obtenção de uma visão geral da situação nutricional desse grupamento (FILOSOF et
al., 2001; LAMOUNIER, 2000).
Em 1995, a WHO recomendou o uso da referência para o IMC elaborada por Must, Dallal
e Dietz (1991), cujas curvas de percentis foram obtidas a partir de amostra de 20.839 americanos
com idade entre 6 e 74 anos, empregando-se dados do National Center for Health Statistics –
NCHS.
22
Em 2000, o Center for Disease Control and Prevention – CDC publicou um referencial
com novas curvas derivadas do National Center for Health Statistics. Os principais avanços
referem-se à inclusão de dois novos estudos para a população americana – National Health and
Nutrition Examination Survey – NHANES II e III; ao aprimoramento das técnicas estatísticas; à
padronização dos métodos de coleta de dados e à extensão de todas as curvas até a idade de 20
anos.
Cole et al. (2000) propuseram, sob respaldo da International Obesity Task Force – IOTF,
curvas de percentis para definir obesidade e sobrepeso na infância e adolescência, calculados a
partir de uma amostra de 192.727 crianças e adolescentes, com idade entre 2 e 18 anos,
representativas de populações dos seguintes países: Brasil, Inglaterra, China, Holanda, Singapura
e Estados Unidos. Os autores sugeriram pontos de corte para obesidade na infância e
adolescência, definidos pela curva de percentil do IMC, englobando os valores de 25 e 30,
recomendado pela OMS, respectivamente, para sobrepeso e obesidade.
Para a população brasileira, Conde e Monteiro (2006) estabeleceram um sistema de
referência (incluindo o delineamento de curva de referência e estabelecimento de valores críticos
para o diagnóstico de baixo peso, sobrepeso e obesidade) com base nos dados da Pesquisa
Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN, de 1989.
Segundo Conde (2004), a necessidade de tomar decisões de caráter clínico ou
programático na avaliação nutricional requer precisão e acurácia no desempenho do diagnóstico,
o que pode ser comprometido com o uso de curva de referência que adote definições da medida
do IMC ao longo da idade muito distintas daquelas da população local. No entanto, o padrão
internacional permanece extremamente útil para estudos comparativos ou para subsidiar estudos
epidemiológicos de maior envergadura.
Mesmo diante das dificuldades descritas, as pesquisas disponíveis têm revelado elevada
prevalência de inadequação do estado nutricional entre crianças e adolescentes. A obesidade na
infância e na adolescência vem se tornando um problema cada vez mais freqüente, o que desperta
preocupação, tendo em vista que esta enfermidade tende a persistir na vida adulta, elevando o
risco de doenças crônicas relacionadas ao excesso de gordura corporal (LAMOUNIER, 2000).
Em 1998, a WHO reconheceu a obesidade como a maior epidemia mundial em saúde
pública nas nações desenvolvidas e em expressiva parcela dos países em desenvolvimento.
23
De acordo com Ogden et al. (2006), que adotaram base de dados de 2003-04, nos Estados
Unidos, cerca de 17,1% das crianças e adolescentes (com idade entre 6 e 19 anos) eram obesos
(IMC 95
o
P), empregando-se critério do CDC (2000). Cabe destacar que em populações de
referência espera-se que até 5% dos indivíduos sejam classificados nesta condição. Segundo o
CDC (2007), um dos objetivos americanos para 2010 é reduzir a prevalência de excesso de peso
para 11%. A análise da evolução das prevalências de excesso de peso na população americana
permite constatar, contudo, que a proporção de crianças e adolescentes obesos vem aumentando
substancialmente desde 1980. Tendo por base os dados de pesquisas nacionais – NHANES, pode-
se verificar que as prevalências de crianças e adolescentes acima do peso (IMC 95
o
P)
praticamente duplicaram no período entre 1976-1980 (NHANES II) e 1988-1994 (NHANES III),
passando de 6% para 11%; e sofreram um aumento de 45% entre 1988-1994 e 1999-2002,
alcançando 16% (HEDLEY et al., 2004; OGDEN et al., 2002).
Nos países europeus, diversos estudos têm sido conduzidos com o objetivo central de
avaliar o estado nutricional de crianças e adolescentes, porém os métodos e critérios utilizados
para definição do baixo peso, sobrepeso e obesidade diferem entre as pesquisas. Lobstein e Frelut
(2003) utilizando metodologia internacionalmente reconhecida – da International Obesity Task
Force – para definição de excesso de peso (envolvendo, neste caso, a proporção de indivíduos
com sobrepeso e com obesidade) e visando à padronização de 21 estudos realizados na Europa
verificaram uma tendência de maior prevalência de excesso de peso entre crianças e adolescentes
na parte ocidental e, especialmente, no sul do continente. Países como Itália, Espanha e Grécia
apresentaram prevalências, entre crianças com idade entre 7 e 11 anos, de 36%, 34% e 31%,
respectivamente.
Expressiva parcela dos países em desenvolvimento vem passando por um processo de
transição nutricional, com a redução na proporção e gravidade da desnutrição e o aumento das
prevalências de sobrepeso e obesidade (FILOSOF et al., 2001; UAUY et al., 2001).
Durán (2005) destaca que em populações em processo de transição da América Latina, a
prevalência de deficiência nutricional aguda, avaliada pelo baixo peso em relação à idade, é
consideravelmente reduzida (de cerca de 3,3%, com desvio padrão = ±2). Ainda segundo o
referido autor, as deficiências nutricionais crônicas, que se manifestam com a baixa altura,
apresentaram uma tendência decrescente entre 1980 e 2000, passando de 25,6% para 12,6%.
24
Filozof et al. (2001) registraram que as prevalências de excesso de peso observadas em
alguns países da América Latina, que passavam pelo processo de transição nutricional, eram tão
elevadas quanto àquelas identificadas nas nações desenvolvidas. Olivares et al. (2004) avaliando
o estado nutricional de 1701 escolares chilenos, com idade entre 8 e 13 anos, verificaram que
enquanto 3,3% foram classificados com baixo peso (IMC < 10
o
P, adotando-se o critério do CDC,
2000), 19,8% dos alunos apresentavam sobrepeso (85
o
P IMC < 95
o
P) e 15,2% encontravam-se
obesos (IMC 95
o
P).
Dommarco (2006) registrou que, no período entre 1999 e 2006, a prevalência de
sobrepeso e obesidade entre escolares mexicanos (pontos de corte definidos de acordo com o
proposto por Cole et al., 2000) aumentou 33%, passando de 20,2% para 26,8%, e entre os
adolescentes, o crescimento no período foi de 14%, passando de 28,5% para 32,5%. Para as
crianças e os adolescentes são observadas maiores prevalências de excesso de peso entre aqueles
da área urbana e pertencentes a níveis socioeconômicos mais elevados. Segundo o referido autor,
no México a transição do excesso de peso dos grupos socioeconômicos privilegiados para os
grupos pobres vem ocorrendo antes nos adultos que nas crianças.
Grijalba (2006) relata que, no Paraguai, apesar das prevalências de desnutrição,
particularmente quanto ao déficit no crescimento, ainda permanecerem elevadas (cerca de 14%
para crianças menores de 5 anos), as proporções de sobrepeso e obesidade têm aumentado,
especialmente entre a população adulta. Estudo que adotou amostra de 2.668 escolares
ingressantes do primeiro ano daquele país, tendo por base o índice de peso para altura, evidenciou
que 8,2% das crianças apresentavam excesso de peso, alcançando 16,0% quando as crianças de
escolas particulares foram consideradas. Ainda de acordo com o autor, o aumento da pobreza,
levando a um maior consumo de alimentos farináceos, gorduras e açúcares e a desvalorização do
consumo de alimentos tradicionais, favorecida pela globalização, são os principais determinantes
da situação vivenciada pelos escolares paraguaios.
Segundo informe de WHO e Food and Agriculture Organization of the United Nations –
FAO (2003) o crescimento, nos últimos 20 anos, das prevalências de sobrepeso e obesidade entre
as crianças, em países em desenvolvimento com distintas características, como a Índia, o México
e a Nigéria, é alarmante e indica, além da adoção de hábitos alimentares errôneos, a inatividade
física da população infantil nestes países.
25
Entre os principais fatores que contribuíram para o processo de transição nutricional nos
países em desenvolvimento merecem destaques as alterações no perfil demográfico (tais como
aumento da expectativa de vida e redução das taxas de fertilidade), as migrações rurais-urbanas, a
globalização dos sistemas alimentares e as mudanças na composição da dieta e na prática de
atividades físicas (FILOSOF et al., 2001; SCHMIDHUBER; SHETTY, 2005).
No Brasil, vários desses fatores auxiliam na compreensão do cenário epidemiológico dos
problemas alimentares/nutricionais da população. Batista Filho e Rissin (2003) destacam que o
país passou por mudanças substanciais nos últimos cinqüenta anos: urbanização acelerada (de um
país fundamentalmente rural nos anos 50 passou à condição de urbano, com mais de 80% das
pessoas, em 2000, residindo nas cidades), rápida transição demográfica (com redução nas taxas
de fertilidade e mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida), alterações no mercado de
trabalho antes apoiado no setor primário para uma demanda concentrada especialmente no setor
terciário da economia (com transformações importantes no que se refere à geração de renda,
estilos de vida e demandas nutricionais), participação crescente da mulher no mercado de
trabalho, aumento da desigualdade social (coeficiente de Gini elevou-se de 0,497 em 1960 para
0,636 em 1990) e permanência das disparidades regionais de renda e entre o meio rural (mais
pobre) e o urbano. Ainda segundo os referidos autores, nos últimos 25 anos melhoraram
substancialmente o acesso e a cobertura das ações de saúde, as condições de saneamento e o
acesso aos meios de comunicação massiva.
Estes elementos, particularmente a renda, a escolaridade materna, o saneamento e o
acesso aos serviços de saúde, exercem influência como marcadores de risco para distúrbios
nutricionais, particularmente quanto à desnutrição energético-protéica (BATISTA FILHO;
RISSIN, 2003). Aliados a alterações no padrão alimentar da população brasileira e no estilo de
vida, especialmente quanto à prática de atividades físicas, estes fatores auxiliam na compreensão
das reduções nas prevalências de déficits de altura e baixo peso e no aumento do excesso de peso,
que tem caracterizado o processo de transição nutricional brasileiro desde a década de 90
(MONTEIRO et al., 1995).
Os dados dos últimos inquéritos nutricionais disponíveis no país (Estudo Nacional de
Despesas Familiares – ENDEF, 1974-75; Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN,
1989; Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF, 2002-2003) evidenciam que, nas últimas três
décadas, tomando-se como base o déficit estatural, que representa o efeito cumulativo do estresse
26
nutricional sobre o crescimento esquelético, ou seja, a desnutrição crônica, houve uma redução de
72% na prevalência de deficiência estatural entre crianças de até cinco anos (BATISTA FILHO;
RISSIN, 2003). Entre os adolescentes (com idade entre 10 e 19 anos), no período compreendido
entre 1974-75 e 2002-03, houve declínios freqüentes e contínuos no déficit de altura, passando de
uma prevalência média de cerca de 30% na década de 70, para 10% em 2002-03. Destaca-se que
entre os anos de 2002 e 2003, assim como no período entre 1974 e 1975, permanece havendo
duas vezes menos adolescentes com déficits de altura nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste
que nas regiões Norte e Nordeste do país (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE, 2006).
Analisando-se o índice de massa corpórea, entre os adolescentes brasileiros (com idade
entre 10 e 19 anos), no período de 1974-75 a 2002-03, nota-se que a prevalência de baixo peso
permaneceu relativamente reduzida, passando de cerca de 4,8% no primeiro período para 3,8%
em 2002. Já a freqüência de excesso de peso, que era de cerca de 5,7% em 1974-75, alcançou
valores de cerca de 16,7%, aumentando em todas as regiões do país. Para as adolescentes da
região sul, a prevalência de excesso de peso cresceu de 1974-75 a 1989 e declinou em 2002-03
(IBGE, 2006).
Particularmente no que diz respeito às crianças e aos adolescentes residentes em grandes
centros urbanos, um estudo realizado por Costa, Cintra e Fisberg (2006), tendo por base 10.822
crianças com idade entre 7 e 10 anos, da cidade de Santos – SP, registrou prevalências totais de
sobrepeso e obesidade – adotando-se os percentis 85
o
e 95
o
do IMC propostos em CDC (2000) –
de 15,7% e 18,0%, respectivamente. A prevalência de obesidade foi significativamente maior
entre os alunos das escolas particulares (totalizando 29,8% dos meninos e 20,3% das meninas)
em comparação com aqueles matriculados nas unidades de ensino públicas (16,9% e 14,3% para
meninos e meninas, respectivamente). Os autores destacam a necessidade de implementação de
políticas públicas e ações da iniciativa privada com o intuito de modificar o panorama
desfavorável identificado.
Pesquisa implementada em Salvador – BA envolvendo 387 escolares, com idade entre 5 e
10 anos, revelou prevalência de obesidade (IMC 95
o
P), com base na referência elaborada por
Anjos (1998), de 30,0% entre os alunos de escolas particulares e de 8,0% entre aqueles
matriculados nas escolas públicas. Verificou-se que as crianças obesas eram mais sedentárias e
apresentavam um consumo alimentar com elevada densidade energética (LEÃO et al., 2003).
27
Albano e Souza (2001) avaliando o estado nutricional de 92 adolescentes, com idade entre
11 e 17 anos, de uma escola pública no município de São Paulo, verificaram que as prevalências
de risco de sobrepeso (85
o
P IMC < 95
o
P) e sobrepeso (IMC 95
o
P) para o gênero masculino
foram de 27,9% e 4,6%, respectivamente, e para o gênero feminino alcançaram 10,2% e 16,3%,
respectivamente. Os autores concluíram que a predominância de excesso de peso neste
grupamento é um problema crescente e preocupante.
Fonseca, Sichieri e Veiga (1998) tendo por base uma amostra de 391 estudantes, com
idade entre 15 e 17 anos, de uma escola privada no Município de Niterói – RJ observaram
prevalência de sobrepeso (IMC > 90
o
P, com base nos dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e
Nutrição) em 23,9% dos meninos e 7,2% das meninas. Uma das conclusões das autoras ressalta a
influência alimentar e o sedentarismo, particularmente dos meninos, como importantes fatores no
desenvolvimento do sobrepeso e no caso das meninas, parece predominar um padrão estético de
magreza, que é alcançado por meio da adoção de hábitos e consumo alimentar incorretos.
Destaca-se que 62,4% das adolescentes aderiam a algum tipo de dieta para emagrecer.
Não se deve negligenciar que a preocupação, especialmente entre as adolescentes, com o
atual modelo estético de beleza, excessivamente delgado, amplamente difundido pela mídia, seja
um dos determinantes de transtornos alimentares graves como a anorexia e a bulimia. Vilela
(2000) relata que os transtornos do comportamento alimentar têm recebido uma crescente atenção
no meio científico, inicialmente devido a um aumento acentuado em sua incidência em todo o
mundo (a prevalência de anorexia nervosa é de 0,5% a 1,0% e a de bulimia entre 1,0% e 1,5%,
entre mulheres), não só em adolescentes e adultos como também em crianças, e em segundo lugar
pela gravidade destes quadros. O diagnóstico e tratamento destes distúrbios constituem desafios
para os profissionais de saúde/nutrição.
Com o objetivo de avaliar o estado nutricional de adolescentes, com idade entre 17 e 19
anos, de município nordestino, Santos et al. (2005) verificaram maiores prevalências de excesso
de peso (5,1%) no gênero feminino e de baixo peso (6,4%) no gênero masculino. No entanto,
chama a atenção a prevalência (25,0%) de déficit de altura observada entre os jovens, sendo
considerada pelos autores como grave em 10% dos casos. Destaca-se que mais de 90% dos
adolescentes pertenciam às classes socioeconômicas menos favorecidas (D e E).
Segundo Batista Filho e Rissin (2003), as diferenciações geográficas expressam,
basicamente, diferenças sociais na distribuição dos distúrbios nutricionais. No que se refere à
28
obesidade, em princípio existiria maior prevalência de excesso de peso entre os indivíduos das
regiões mais ricas, sendo esta condição o fator discriminante dos cenários epidemiológicos do
Nordeste e Sudeste do Brasil. No entanto, segundo os referidos autores já se observa, no período
de 1989 a 1996, uma tendência de aumento da ocorrência da obesidade entre os indivíduos
pertencentes aos estratos de rendimentos mais baixos (1
o
, 2
o
e 3
o
quartis), enquanto o
comportamento ascendente do problema começa a ser interrompido entre mulheres adultas de
renda mais elevada.
Estas extremas desigualdades sociais e regionais presentes no país, segundo Escoda
(2002), expressam-se nos indicadores de saúde, tornando a situação epidemiológica complexa:
prevalências de desnutrição persistem, especialmente nas formas leves e intermediárias,
concomitantemente à elevação das prevalências de excesso de peso. Tal condição certamente
dificulta as ações de atenção nutricional do sistema formal de saúde (TONIAL, 2002).
Ambas as situações, desnutrição e obesidade, condicionam complicações aos indivíduos.
O baixo peso está relacionado ao atraso no desenvolvimento motor e mental e diminuição da
capacidade de trabalho (WATERLOW; SCHÜRCH, 1994). O excesso de peso na infância e
adolescência, por sua vez, vem sendo associado a diversas enfermidades crônicas não-
transmissíveis na fase adulta (FRANKEL; GUNNEL; PETERS, 1998; MUST et al, 1992;
TERSHAKOVEC et al., 1998). Não sobram dúvidas de que as prevalências de distúrbios
nutricionais na população devem ser monitoradas e que as estratégias de controle que priorizem
as fases mais precoces da vida possuem maiores possibilidades de êxito.
Nos Estados Unidos, os programas que visam o controle do excesso de peso propõem
mudanças no estilo de vida, que incluem melhor qualidade da alimentação (com redução no
consumo de gorduras e alimentos energéticos) e incremento da prática de atividade física
(VEIGA, 2000).
No Brasil, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b) elaborou, em 2006, diretrizes relativas
à alimentação e ao estilo de vida da população, com vistas tanto à prevenção do excesso de peso e
das demais doenças crônicas quanto daquelas relacionadas às deficiências nutricionais e às
enfermidades infecciosas.
Tendo em vista a importância destes fatores (consumo alimentar e estilo de vida) na
determinação do estado de saúde e qualidade de vida dos indivíduos, a seguir é apresentada
revisão sobre o tema.
29
2.2 Consumo alimentar
Os hábitos de consumo alimentar da população brasileira vêm passando por várias
transformações nas últimas décadas, promovendo impactos nem sempre positivos sobre o estado
de saúde e nutrição dos indivíduos.
Levy-Costa et al. (2005) avaliando a evolução da disponibilidade domiciliar de alimentos
no país, no período compreendido entre 1974-2003, verificaram que a participação na dieta
aumentou para carnes em geral (aumento de quase 50%), carne bovina (+22%), carne de frango
(+100%), embutidos (+300%), leite e derivados (+36%), óleos e gorduras vegetais (+16%),
biscoitos (+400%), refrigerantes (+400%) e refeições prontas (+80%). Entre os alimentos e
grupos de alimentos que apresentaram tendência inversa estão arroz (redução de 23%), feijões e
outras leguminosas (-30%) e gordura animal (-65%).
Esses resultados apontados por Levy-Costa et al. (2005) corroboram os registros de Bleil
(1998) que alertavam para o fato da população brasileira incorporar, desde meados da década de
90, hábitos alimentares típicos dos países desenvolvidos, como a diminuição do consumo de
arroz e feijão e aumento da demanda por produtos industrializados.
Aspectos socioculturais e econômicos têm influenciado a ingestão de alimentos pela
população brasileira. Mendonça e Anjos (2004) indicam alguns fatores associados a mudanças
importantes nos padrões alimentares tradicionais: migração interna (acelerada com o processo de
industrialização); crescimento da alimentação fora do domicílio (as despesas das famílias com
alimentação fora do domicílio representaram 25,3% do total dos dispêndios com alimentação em
1995-96); crescimento na oferta de refeições rápidas – fast food e ampliação do uso de alimentos
industrializados/processados (os dados das últimas Pesquisas de Orçamentos Familiares indicam
incremento na aquisição de produtos industrializados e redução de alimentos in natura pelas
famílias). Estes fatores vinculam-se diretamente à renda das famílias e às possibilidades de
dispêndios com alimentação.
Entre os aspectos econômicos, destaca-se que com a implementação do Plano Real em
1994, a estabilização da moeda possibilitou um aumento no consumo de bens, incluindo o acesso
aos alimentos, que exibiu um crescimento de 50%. As mudanças mais significativas ocorreram
entre aqueles grupos de menores rendimentos, havendo ampliação na diversidade de alimentos
consumidos por estes grupamentos (MARQUES, 1998; SILVA, 1998b). No entanto, a maior
30
variedade de alimentos não implicou, necessariamente, em melhorias na qualidade da dieta da
população, sendo registrado, especialmente entre as famílias de menor renda, o aumento no
consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares (BLEIL, 1998). Drewnowski (2000) relata
que à medida que as populações tornam-se mais urbanizadas e os rendimentos se elevam, as
dietas ricas em carboidratos complexos e fibras dão lugar a dietas mais densamente energéticas.
No que se refere à disponibilidade de nutrientes para a população brasileira, entre os
principais resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2002-2003, Levy-Costa et al.
(2005) destacam, como aspectos positivos, a adequação do teor protéico das dietas e o elevado
conteúdo de proteínas de alto valor biológico para todas as famílias das regiões e estratos de
rendimentos. Entre as características negativas apontadas pelos referidos autores estão o excesso
de açúcar e a presença insuficiente de nutrientes provenientes de frutas e hortaliças na dieta da
população. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas, no meio urbano e entre famílias
com maiores rendimentos foi identificado excesso no teor da dieta de gorduras em geral e de
gorduras saturadas.
Mendonça e Anjos (2004) tendo por base análise do banco de dados, disponibilizado pela
FAO, relativo à folha de balanço alimentar do Brasil, registraram que a quantidade de energia per
capita disponível para consumo humano aumentou substancialmente nas últimas décadas,
passando de aproximadamente 2200 para 3000 kcal/habitante/dia entre 1961 e 1999, ou seja, em
torno de 188 kcal/dia de acréscimo por década. A principal modificação observada foi o aumento
da contribuição dos lipídeos no total de energia, sendo que o conteúdo de proteínas permaneceu
estável no período.
Quanto ao consumo alimentar dos adolescentes, particularmente entre aqueles residentes
em grandes centros urbanos, diversos autores (CARMO et al., 2006; CARVALHO et al., 2001;
KAZAPI et al., 2001) têm identificado como freqüente o consumo excessivo de alimentos (de
elevada contribuição energética para a dieta) com alto teor de gorduras e açúcares, como
refrigerantes, lanches do tipo fast food, além da reduzida ingestão de frutas e hortaliças. Além
disso, constitui-se hábito dos adolescentes a omissão de certas refeições, principalmente o
desjejum (FONSECA; SICHIERI; VEIGA, 1998; GAMBARDELLA; FRUTUOSO; FRANCH,
1999).
Carmo et al. (2006) avaliando o consumo de alimentos por adolescentes do município de
Piracicaba (SP) verificaram que 83,8% dos jovens apresentavam ingestão energética excessiva,
31
em relação aos valores preconizados pela National Academy of Sciences (2005). A análise dos
macronutrientes evidenciou o elevado consumo de lipídeos por 36,7% dos integrantes da
amostra. Destaca-se, também, que cerca de 78,2% dos adolescentes ultrapassaram a
recomendação de ingestão máxima de duas porções por dia do grupo dos doces.
Neutzling et al. (2007) analisando a ingestão alimentar de adolescentes (com idade entre
10 e 12 anos), de Pelotas – RS, verificaram que a maioria (83,9%) consumia dieta pobre em
fibras e mais de um terço (36,6%) possuía alimentação rica em gorduras. Adolescentes
pertencentes a famílias de nível socioeconômico mais elevado e cujas mães possuíam maior
escolaridade apresentaram dietas mais ricas em gorduras e menor freqüência de adoção de
alimentação pobre em fibras.
Os padrões e tendências relativos à disponibilidade domiciliar e ao consumo de alimentos
são consistentes com a situação de transição nutricional e com a importância crescente das
doenças crônicas no país. Nas últimas décadas têm-se acumulado evidências de que o consumo
alimentar é um importante elemento na definição do estado de saúde dos indivíduos. A dieta
inadequada, especialmente nos estágios mais precoces da vida, pode representar um fator de risco
para enfermidades, particularmente aquelas de origem metabólica, na idade adulta (SICHIERI et
al., 1997).
Inúmeros estudos vêm estabelecendo associações entre o consumo elevado de gorduras
saturadas e colesterol e o aumento do risco de doenças coronarianas, sendo que o início da
aterosclerose ocorre já na infância pelo aumento do colesterol plasmático, podendo ser
potencializado no decorrer da vida por fatores como sedentarismo, tabagismo e dieta inadequada
(CORONELLI; MOURA, 2003; NICKLAS et al.; 2002). Dietas ricas em fibras, vitaminas e
minerais parecem proteger os indivíduos contra certos tipos de câncer; dietas ricas em
carboidratos complexos são importantes no controle da hiperlipidemia e do diabetes mellitus
(BINGHAM et al., 2003; CAVALCANTI, 1989). Análises epidemiológicas revelam a existência
de forte associação entre o consumo habitual de sal e a pressão arterial dos indivíduos. Estudos de
coorte têm encontrado correlação significativa entre pressão arterial elevada em crianças e
adolescentes e a hipertensão na idade adulta (COOK et al., 1997; LAW; FROST; WALD, 1991).
A elevação do consumo energético representa um dos fatores cruciais na explicação do
aumento das prevalências de excesso de peso entre crianças e adolescentes. Serdula et al. (1993)
identificaram um risco no mínimo duas vezes maior de obesidade na idade adulta para as crianças
32
obesas em relação às não obesas; cerca de um terço dos pré-escolares e metade dos escolares
obesos tornam-se adultos obesos.
Outra preocupação dos profissionais da área de saúde e nutrição refere-se às carências
nutricionais entre a população brasileira, particularmente quanto à inadequação da dieta no
tocante a alguns micronutrientes importantes, associados ao crescimento em crianças e
adolescentes, como a vitamina A, o ferro, o cálcio e o zinco.
Ramalho, Flores e Saunders (2002) destacam, tendo por base os inquéritos de consumo
alimentar, realizados nos últimos 25 anos (em âmbito nacional, regional ou local), que a ingestão
de vitamina A de fontes naturais (incluindo provitamina A) é extremamente reduzida para 60%
ou mais da população, com uma adequação inferior a 50%. Além das funções relacionadas à
visão, à manutenção da integridade epitelial, à reprodução e ao sistema imune, a vitamina A é
importante durante a aceleração do crescimento na adolescência, sendo necessária para a
diferenciação e a proliferação celulares (CINTRA, 2006).
As evidências indicam uma forte interação entre o metabolismo da vitamina A e do zinco
com o ferro. A vitamina A contribui positivamente para a absorção do ferro e para a utilização
desse mineral pelo organismo (ASSIS, 2000).
O ferro é um micronutriente essencial para a formação da hemoglobina, pigmento das
hemáceas responsável pelo transporte de gases no sangue, além de possuir também atuação no
sistema imunológico. A deficiência de ferro pode comprometer o transporte de oxigênio para as
células, que seria utilizado para a produção de energia. A anemia por deficiência de ferro
constitui-se em um dos principais problemas de saúde pública no país, com prevalências de cerca
de 40 a 50% em crianças menores de 5 anos e de 30 a 40% em gestantes
(BATISTA FILHO;
RISSIN, 2003). Entre as causas mais comuns da anemia por deficiência de ferro estão as dietas
pobres em ferro biodisponível, o aumento da demanda em determinados estágios, como a
infância, a adolescência, a gravidez e a lactação ou decorrentes de perdas fisiológicas (menarca)
ou patológicas. A elevação da necessidade de ferro na adolescência está intimamente relacionada
à maturação esquelética, à expansão do volume sangüíneo e ao aumento muscular, assim como à
reposição das perdas menstruais entre as adolescentes (CINTRA, 2006).
Nos Estados Unidos, o consumo deficiente de ferro e cálcio foi classificado como questão
de saúde pública pelo governo. Entre os adolescentes americanos (com idade entre 11 e 18 anos)
a ingestão de cálcio vem diminuindo nas últimas décadas, passando de 1100 mg (valor médio)
33
em 1965 para 960 mg em 1994-96. O consumo de leite e derivados entre adolescentes decresceu,
neste período (1965 a 1994-96) em 36% (CAVADINI; SIEGA-RIZ; POPKIN, 2000).
No Brasil, os resultados de estudo multicêntrico, realizado em meados da década de 90,
envolvendo famílias das cidades de Campinas, Curitiba, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro
revelaram, de forma geral, alta prevalência de inadequação da disponibilidade de cálcio,
especialmente entre as famílias com menores rendimentos (com percentuais de adequação
variando entre 26% e 54%), para todas as cidades pesquisadas (GALEAZZI; DOMENE;
SICHIERI, 1997). Estudos (LERNER et al., 2000; SAMPAIO, 2002) conduzidos com
adolescentes também demonstram que é reduzida a ingestão de cálcio entre este grupamento.
Cabe destacar que a fase da adolescência é um período crucial de crescimento e
desenvolvimento, incluindo a aquisição do conteúdo mineral ósseo. O pico de formação da massa
óssea, geneticamente determinado, se dá até os vinte anos de idade quando 90% do total é
adquirido. Os outros 10% se completam até os 35 anos de idade. Uma adequada formação óssea
tem sido vista como um dos meios mais eficazes para prevenção da perda de massa óssea em
idades mais avançadas. É necessário, portanto, que haja um suprimento constante de cálcio
dietético nessa fase do desenvolvimento humano (LERNER et al., 2000).
O zinco, co-fator essencial para cerca de duzentas enzimas, afeta a síntese protéica e é
essencial para o processo de crescimento, sendo especialmente importante na adolescência em
função do rápido crescimento e maturação sexual que ocorrem nessa fase da vida (CINTRA,
2006).
O consumo alimentar adequado, envolvendo equilíbrio qualitativo e quantitativo de
alimentos e nutrientes da dieta, portanto, assume especial importância na infância e adolescência,
períodos marcados pelo intenso crescimento e, no caso dos adolescentes, pelo desenvolvimento
pubertário (CINTRA, 2006; VITOLO, 2006). Ao chegar à adolescência, o indivíduo traz consigo
os efeitos de uma interação de fatores genéticos e ambientais que, caso tenha sido desfavorável,
provavelmente, não permitirá o pleno desenvolvimento de seu potencial.
Há evidências de que o padrão alimentar passa por alterações da infância para a
adolescência: a ingestão de frutas, hortaliças, leite e sucos naturais freqüentemente decresce,
enquanto que o consumo de produtos com elevado conteúdo de açúcares simples, gorduras e sal
aumenta. Entre as principais motivações para as mudanças descritas na alimentação dos
adolescentes estão as alterações sociais, ambientais, culturais, além daquelas decorrentes do
34
desenvolvimento individual (NEUMANN, 2007; STORY; NEUMARK-SZTAINER; FRENCH,
2002). O aumento da independência, o consumo de alimentos fora do domicílio, a maior
preocupação com a aparência física e o peso corporal, particularmente entre as adolescentes, e a
necessidade de aceitação pelo grupo são elementos que influenciam a seleção dos alimentos por
este grupamento (NEUMANN, 2007).
Dessa forma, a dieta das crianças e adolescentes deve contemplar as necessidades de
energia e de macronutrientes, e apresentar variedade no tocante a vitaminas e minerais. Nota-se
que a família, a escola, o grupo de amigos e a publicidade assumem papéis importantes na
formação dos hábitos alimentares e na escolha, pelas crianças e adolescentes, dos alimentos que
integrarão a sua pauta alimentar.
Informe da WHO e FAO (2003) registra que é clara a importância do papel que os pais e
o ambiente escolar desempenham na formação dos hábitos alimentares e no estímulo à prática de
atividades físicas pelas crianças. Alguns estudos, segundo o referido informe, têm mostrado que
intervenções no meio escolar têm efeito positivo na prevenção da obesidade.
2.3 Estilo de vida
A atividade física, compreendida como qualquer movimento corporal produzido pela
contração da musculatura esquelética que implique em gasto de energia, deve ser promovida
desde a infância e adolescência, representando o primeiro passo na prevenção do
desenvolvimento de doenças crônicas futuramente (PINTO; LIMA, 2001).
A prática de atividade física, a taxa metabólica basal (que corresponde ao gasto para
manter em funcionamento as atividades vitais do organismo) e o efeito térmico dos alimentos
(gasto energético para a digestão, absorção e utilização dos alimentos pelo organismo) resultam
no gasto energético. Este, por sua vez, compõe, juntamente com o consumo de energia, o balanço
energético (MENDONÇA; ANJOS, 2004).
Uma mensuração adequada e válida da atividade física entre a população constitui quase
que um desafio, devido à diversidade de fatores que influenciam na atividade física, como o gasto
calórico, a intensidade aeróbica, o peso corporal, a flexibilidade e a resistência. Vários tipos de
instrumentos foram elaborados para mensurar as diversas dimensões e atributos da atividade
física. Em inquéritos epidemiológicos, desenhados para a avaliação de fatores de risco para
35
doenças crônicas, qualidade de vida e longevidade, a utilização de questionários constitui o
instrumento de escolha, apresentando como vantagens um custo razoável de aplicação e
conveniência ao participante (praticidade); a não alteração do comportamento do indivíduo
entrevistado (reatividade); a adequação do instrumento à população em questão (aplicabilidade);
e a confiabilidade e validade (acurácia). Os questionários mensuram a atividade por meio da
freqüência de realização; duração e intensidade da prática da atividade física (RIBEIRO, 2000).
Tendo por base estudos epidemiológicos, nos Estados Unidos 38,3% dos adultos
afirmaram não praticar qualquer tipo de atividade física no período de lazer e 21,1% relataram
realizar menos que 30 minutos diários de atividades leves a moderadas em cinco ou mais dias da
semana (SCHOENBORN; BARNES, 2002). Nos países europeus, cerca de 32% da população
adulta não praticava atividades físicas durante o lazer, sendo que esta proporção variou desde
12% na Suécia a 61% em Portugal (VUORI, 2001).
Ainda que os dados sobre as características de estilo de vida da população brasileira sejam
escassos, algumas mudanças têm sido relacionadas à redução no nível de atividade física, como
aquelas decorrentes da distribuição das ocupações por setores (no período de 1960 a 1991 houve,
entre os homens com mais de dez anos de idade, tendência de aumento das atividades dos setores
da indústria e serviços e redução na agricultura e extração); dos processos de trabalho, com
redução do esforço físico ocupacional; das atividades de lazer (por exemplo, de práticas
esportivas para o uso da televisão ou do computador) e do uso crescente de equipamentos
domésticos, com redução do gasto energético (MENDONÇA; ANJOS, 2004; ZIWIAN, 1999).
Os resultados da Pesquisa sobre Padrão de Vida, conduzida no período entre 1996 e 1997,
revelam que 20,0% da população brasileira afirmaram praticar exercícios físicos ou esporte no
período dedicado ao lazer, havendo diferenças entre o comportamento masculino (27,3%) e
feminino (13,1%). A freqüência de prática de exercícios físicos foi semelhante entre as regiões
Nordeste (18,7%) e Sudeste (20,9%), no entanto menor número de mulheres do Nordeste (8,9%)
praticava esportes comparado ao do Sudeste (15,9%) (MENDONÇA; ANJOS, 2004). Apenas
uma minoria dos indivíduos adultos (3,3%) seguia a recomendação do Ministério da Saúde de
praticar, no mínimo, 30 minutos diários de atividades físicas em cinco ou mais dias da semana
(MONTEIRO et al., 2003). Foi observada, também, associação positiva, independentemente da
idade, região ou área de residência (urbana ou rural), entre a prática de atividades físicas de lazer
e a condição socioeconômica, avaliada por meio dos rendimentos ou da escolaridade. Quanto
36
maior a renda e a escolaridade, maior foi a freqüência de atividades físicas (MONTEIRO et al.,
2003).
No estado de São Paulo, pesquisa conduzida em 29 cidades, tendo por base amostra
composta por 2.001 indivíduos, com idade entre 14 e 77 anos, revelou que 8,8% da população
podiam ser classificados como sedentários (MATSUDO et al., 2002).
No que se refere aos adolescentes, os dados da Pesquisa sobre Padrão de Vida mostraram
que este grupamento (com idade entre 10 e 15 anos) foi o que mais declarou realizar atividades
físicas (44%), sendo que as maiores proporções de jovens ativos foram observadas entre os
meninos (54%) e na região Sudeste em comparação com o Nordeste (ANJOS, 2000).
Caroba (2002) avaliando o estilo de vida de escolares de cidade do interior paulista
constatou que 78,6% dos adolescentes informaram praticar algum tipo de esporte, sendo que
39,4% realizavam alguma modalidade esportiva duas vezes por semana. Essa proporção pode ser
considerada positiva quando comparada com os resultados encontrados por Albano (2000) que,
analisando dados relativos aos adolescentes com idade entre 11 e 17 anos, da cidade de São
Paulo, verificou que 52,2% dos mesmos não realizavam qualquer atividade física.
Silva e Malina (2000) investigaram o nível de atividade física de amostra de adolescentes
(com idade entre 14 e 15 anos) de Niterói – RJ, por meio do emprego de questionário que
identifica as atividades moderadas e intensas realizadas pelos escolares nos sete dias anteriores ao
preenchimento do referido instrumento. Os autores verificaram que 85% dos meninos e 94% das
meninas foram consideradas sedentárias. As atividades físicas mais praticadas foram o futebol
entre os meninos e a caminhada entre as meninas, sendo que os adolescentes demonstraram maior
nível de atividade nos finais de semana em comparação aos demais dias da semana.
Frutuoso, Bismarck-Nasr e Gambardella (2003) tendo por base amostra de adolescentes,
freqüentadores de um centro de juventude (instituição filantrópica), do município de São Paulo,
verificaram que estes adolescentes mostraram-se mais ativos durante a semana, em comparação
com os fins de semana, evidenciando a importância da existência de locais públicos destinados à
prática de exercícios. As referidas autoras destacam que, de um modo geral, as camadas sociais
mais empobrecidas mostram-se mais sedentárias, devido ao reduzido número de espaços públicos
destinados à promoção da prática de atividades físicas e em virtude da dificuldade de
deslocamento em grandes centros urbanos.
37
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (2000) avaliaram os determinantes
sociodemográficos e ambientais relacionados aos padrões de atividade e inatividade físicas de
adolescentes americanos. Entre os principais resultados, os autores destacam a existência de
associação positiva entre fatores ambientais, como a participação dos estudantes nas aulas de
educação física e em programas de centros sociais de recreação, com um padrão de atividade
física mais intenso entre os adolescentes. A inatividade física mostrou-se mais associada a fatores
sociodemográficos, como a escolaridade materna e os rendimentos familiares, ou seja, maiores
níveis de escolaridade e renda apresentaram associação com menores freqüências de inatividade
física. Os autores concluem que há necessidade de aumentar as oportunidades para a prática de
atividade física, disponibilizando locais seguros e acessíveis para os adolescentes, sendo que,
para muitas comunidades, este ambiente pode ser a escola.
Cabe destacar que as crianças e adolescentes passam expressiva parcela do tempo na
escola. Este ambiente representa espaço ideal para a promoção da atividade física e de bons
hábitos.
Aburto (2006) investigando o tempo e a intensidade das atividades físicas, realizadas no
ambiente escolar, por crianças mexicanas, verificaram que o recreio e as aulas de educação física
foram os únicos períodos nos quais as crianças puderam praticar exercícios durante a jornada de
aulas. No entanto, apenas em 30% do tempo (o que correspondia a 10 minutos) da aula de
educação física os alunos participaram de exercícios moderados ou vigorosos. Cerca de 30% do
tempo da aula foi ocupado com tarefas administrativas e na aprendizagem das regras das
atividades. A autora concluiu que existe uma grande oportunidade de ampliar o nível de atividade
física das crianças por meio da elaboração de estratégias no ambiente escolar, como a promoção
de atividades no recreio e a dinamização das aulas de educação física.
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (2000) identificaram, com base nos dados de estudo
populacional, conduzido em 1995, envolvendo cerca de 20.000 adolescentes (com idade entre 11
e 21 anos) americanos, reduzida participação dos jovens nas aulas de educação física. Apenas
21,3% dos adolescentes afirmaram participar em um ou mais dias por semana das aulas.
Estudos têm evidenciado a importância da prática de atividades físicas desde a infância e
adolescência (LIVINGSTONE, 1994; WHO, 2002). Ramirez-Zea (2006) registram que o
exercício leve a moderado em crianças em recuperação nutricional devido a distúrbios como a
desnutrição aguda, combinado a uma dieta balanceada, têm efeito positivo sobre o crescimento
38
linear. Além disso, o exercício melhora a saúde mental ao reduzir o estresse, a depressão e
aumentar a confiança e as funções cognitivas entre este grupamento.
Berkey et al. (2003) tendo por base estudo de coorte conduzido no período entre 1997 e
1998 com 11.887 adolescentes americanos, com idade entre 10 e 15 anos, verificaram, por meio
de regressão linear, que entre aqueles indivíduos que haviam aumentado a prática de atividades
físicas no período, houve redução no Índice de Massa Corporal – IMC, sendo esta associação
mais forte entre os escolares classificados inicialmente com sobrepeso. De forma inversa, o maior
tempo dedicado à televisão/videogames foi associado a um aumento do IMC.
A realização de atividades físicas de forma regular, pela população, está associada ao
aumento do tempo de vida média; à redução da morbi-mortalidade por doenças cardiovasculares
(devido ao efeito positivo provocado na pressão arterial, à redução dos níveis de triglicérides, de
colesterol total e de sua fração LDL, além do aumento da fração HDL); à manutenção de um peso
corporal saudável; à redução da incidência e gravidade de doenças articulares; à melhora da
densidade óssea e do metabolismo glicídico (HARSHA, 1995).
Considerando a importância das atividades físicas regulares para a manutenção do peso
saudável e para a melhoria da qualidade de vida, o Ministério da Saúde, em 2006, recomendou a
realização, pela população, de pelo menos 30 minutos diários de atividades físicas (BRASIL,
2006b). Segundo Mendonça e Anjos (2004), essa recomendação foi introduzida inicialmente em
1995 para a população americana adulta, na perspectiva de que tal prática acarretasse dispêndio
de 1000 kcal por semana. No entanto, devido ao crescimento das prevalências de sobrepeso e
obesidade nos Estados Unidos, o Instituto de Medicina daquele país sugeriu, em 2002, que os
americanos realizassem pelo menos sessenta minutos de atividades moderadas (como caminhadas
entre 6 e 9 km/h) para a manutenção da massa corporal saudável. Tais recomendações foram
incorporadas ao guia alimentar americano elaborado pelo departamento de agricultura em 2005
(UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE – USDA, 2005). Ainda de acordo
com a referida publicação, as crianças e adolescentes devem diariamente (ou na maioria dos dias)
manter-se ativos durante sessenta minutos. Segundo Mendonça e Anjos (2004), a recomendação
de sessenta minutos se aproxima do valor de Nível de Atividade Física – NAF (NAF = gasto
energético de 24 horas / taxa metabólica basal de 24 horas) de 1,6, valor consistente com estilo de
vida ativo baseando-se em estudos de água duplamente marcada.
39
Particularmente para crianças e adolescentes, a redução dos níveis de atividade física
diária vem sendo relacionada a modificações no metabolismo lipídico, à redução da força e da
resistência muscular, além de estar associada a outros fatores de risco à saúde (BOREHAM;
RIDDOCH, 2001). Cabe destacar que a redução na prática de exercícios físicos e o excesso de
consumo de alimentos densamente calóricos vêm sendo identificados como os principais
condicionantes do excesso de peso. Dietz (1998) também ressalta a associação positiva entre o
excesso de peso e a inatividade física, avaliada, principalmente, pelo número de horas que o
adolescente passa assistindo televisão.
No que se refere à distribuição dos domicílios brasileiros de acordo com a aquisição de
alguns bens duráveis, destaca-se o aumento do número de residências com televisores nas últimas
décadas. Tendo por base a análise dos últimos censos demográficos nacionais, verifica-se que a
televisão estava presente em 24,1% dos domicílios em 1970, em 56,1% em 1980 e em 87,0% das
residências em 2000 (MENDONÇA; ANJOS, 2004).
Segundo Dietz (1998), que adotou como base uma revisão de inúmeras análises
existentes, há uma nítida relação entre a obesidade e o hábito de assistir televisão, sendo que o
risco de uma criança tornar-se obesa é proporcional ao número de horas diárias em que ela assiste
à TV devido a três fatores: a criança poderia realizar atividades físicas ao invés de assistir à
televisão; ela freqüentemente ingere alimentos diante da TV; e substancial parcela das
propagandas apresentadas nos horários dos programas infanto-juvenis refere-se a alimentos que a
criança acabará consumindo.
Pesquisa realizada por Caroba (2002) verificou que 95,5% (n = 551) dos adolescentes
integrantes da amostra revelaram assistir à televisão, sendo que o tempo médio que permaneciam
expostos à programação diária totalizava quatro horas. A autora pôde constatar também que
82,7% dos adolescentes costumavam consumir alimentos enquanto assistiam aos programas.
Frutuoso, Bismarck-Nasr e Gambardella (2003), tendo por base amostra de adolescentes
do município de São Paulo, identificaram associações estatisticamente significativas entre o
sobrepeso e a obesidade e a passividade e o consumo de alimentos em frente à televisão, para
ambos os gêneros. Estes resultados, segundo as autoras, mostraram que a inatividade física,
associada ao aumento no consumo de alimentos energéticos enquanto assistiam televisão ou em
decorrência da influência de comerciais de produtos alimentícios por ela veiculados, representa
40
um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de peso corporal excessivo durante a
adolescência.
Cabe ressaltar que a propaganda exerce um expressivo impacto na vida das pessoas,
principalmente por meio das mensagens veiculadas pela televisão. A propaganda estimula as
crianças e adolescentes a consumir alimentos que apresentam, freqüentemente, reduzido valor
nutritivo, elevado conteúdo energético e grande quantidade de substâncias como gordura, açúcar,
colesterol e sal (ZIWIAN, 1999). Vale lembrar também que é reconhecida a influência que as
crianças podem exercer sobre os pais no momento da compra de alimentos (WHO; FAO, 2003).
Estudo realizado por Almeida et al. (2002) teve como objetivo analisar a quantidade e
qualidade dos produtos alimentícios mostrados na televisão. Os autores optaram pela gravação da
programação de três redes de televisão do país, no período de 1998 a 2000, e foi possível
observar que as propagandas relacionadas à alimentação foram as mais veiculadas pelas redes de
televisão. Os autores analisaram 1.395 anúncios de produtos alimentícios neste período, sendo
que, deste total, 57,8% pertenciam ao grupo da pirâmide alimentar que abriga os óleos, gorduras,
açúcares e doces e 21,2% integravam o grupamento que representa pães, cereais, arroz e massas.
Não foram observadas propagandas sobre frutas e vegetais. Uma das conclusões dos autores foi a
de que a pirâmide alimentar construída a partir dos anúncios da TV difere radicalmente da
considerada ideal, contribuindo para uma mudança de hábitos alimentares de crianças e jovens e
para o agravamento do problema da obesidade na população.
Cabe registrar que atualmente encontra-se em fase final de elaboração pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, após período de consulta pública, regulamento técnico cujo
principal objetivo será regular a publicidade de alimentos potencialmente prejudiciais à saúde
quando consumidos em excesso (como aqueles com elevado conteúdo de açúcares, sal e
gorduras, especialmente as saturadas e do tipo trans), com especial atenção ao público infantil.
Entre os artigos presentes no referido documento, submetido à consulta pública, merecem
destaques a necessidade por parte dos anunciantes de inclusão de mensagem de alerta sobre os
perigos relativos ao consumo excessivo dos produtos; a proibição de utilização de brindes ou de
desenhos e de personagens admirados pelo público alvo nas propagandas e a limitação do tempo
de veiculação das mensagens em rádio e televisão, podendo ser transmitidas apenas no período
compreendido entre às vinte e uma e às seis horas.
41
2.4 A escola e o acesso dos alunos aos serviços de alimentação
A escola constitui um centro de ensino-aprendizagem, convivência e crescimento
importante e nela devem ser adquiridos valores vitais fundamentais (CAROBA, 2002). O
ambiente escolar representa local ideal para a formação e consolidação de hábitos saudáveis
relativos à alimentação e ao estilo de vida, visto que é neste ambiente que substancial proporção
de crianças e adolescentes permanecem por expressivo período de tempo diário.
Segundo Pipitone (2003), Mainardi (2005) e Caroba (2002), os programas de educação
nutricional devem ir além das atividades em sala de aula. É fundamental que a escola propicie
condições de concretização dos conceitos apresentados aos alunos. Experiências de
implementação de hortas didáticas, lanches comunitários e feiras educativas são exemplos de boa
integração dos alunos com temas de nutrição e alimentação.
Neste contexto, pode-se perceber, também, a importância que os serviços de alimentação
disponíveis no ambiente escolar – o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e as
cantinas/lanchonetes escolares – assumem, no que se refere ao fornecimento e/ou
comercialização de alimentos e refeições adequados do ponto de vista nutricional e sanitário.
O PNAE, que vigora no Brasil há mais de meio século, visa por meio da distribuição
gratuita de refeições durante o intervalo das atividades escolares, suplementar, com no mínimo
15% das necessidades nutricionais diárias (e no mínimo 30% das necessidades para creches e
escolas indígenas e de áreas remanescentes de quilombos), a alimentação dos alunos,
matriculados na educação infantil (creches e pré-escolas) e no ensino fundamental da rede
pública e em escolas mantidas por entidades filantrópicas, contribuindo para o desenvolvimento e
aprendizagem dos estudantes, bem como para a formação de bons hábitos alimentares (BRASIL,
2006a; WEIS; CHAIM; BELIK, 2005).
Gerenciado de forma descentralizada desde 1993, o PNAE é coordenado nacionalmente
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, do Ministério da Educação e do
Desporto – MEC. Este órgão é responsável, de forma parcial, pelos custos do programa relativos
à aquisição de gêneros, ficando sob responsabilidade dos Estados e Municípios a
complementação destes recursos e, ainda, os custos operacionais (BRASIL, 2006a). O programa
atendeu, em 2004, cerca de 36,4 milhões de alunos, com investimentos da ordem de R$ 1,266
bilhões (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FNDE, 2005).
42
Os valores per capita transferidos pelo governo federal alcançavam R$ 0,15 para os
alunos do ensino fundamental em 2004, ano de realização da coleta de dados da presente
pesquisa. Atualmente os recursos totalizam R$ 0,22 para os alunos matriculados nas creches, pré-
escolas e nas unidades de ensino fundamental (FNDE, 2007).
Particularmente no que se refere ao Programa de Alimentação Escolar do município de
Campinas – SP, este foi coordenado de forma municipalizada desde 1984, em cumprimento à
política de descentralização do governo estadual. No entanto, até o período de 1997 a prefeitura
do município enfrentou algumas dificuldades no gerenciamento do programa, tais como
limitações de orçamento; inadequada infra-estrutura das escolas; escassez de recursos humanos
capacitados; problemas de logística; e da legislação que regia os processos para aquisição de
gêneros, equipamentos e utensílios, freqüentemente atrelada a procedimentos lentos e
burocráticos (BRANDÃO, 2000; NOGUEIRA, 2004; VIANNA; TERESO, 1997).
Até 1991 o cardápio do programa de Campinas era composto exclusivamente por
alimentos formulados (produtos de rápido preparo e fácil estocagem e distribuição, como
enlatados, sopas e bebidas lácteas), que apresentavam como desvantagens o custo elevado e a
reduzida aceitação entre os escolares. A partir de 1991 os produtos in natura começaram a ser
incorporados ao programa; no entanto, até 1997 os formulados ainda representavam a maior parte
dos gêneros distribuídos por meio do Programa de Alimentação Escolar de Campinas, tornando
os cardápios monótonos (BRANDÃO, 2000; NOGUEIRA, 2004; VIANNA; TERESO, 1997).
No período compreendido entre 1997 e 2000 o programa, em Campinas, foi
operacionalizado por meio da adoção do modelo de gestão de terceirização. Entre as vantagens
observadas, destacam-se a manutenção da infra-estrutura do programa (estrutura das cozinhas,
aquisição de equipamentos, entre outros) e a logística adequada de abastecimento de gêneros e
insumos, questão problemática durante o período que o programa foi administrado pela
prefeitura. No entanto, o aumento dos custos decorrentes do modelo terceirizado (em comparação
com a auto-gestão); a falta de controle da prefeitura sobre a forma de pagamento às empresas
prestadoras do serviço; a quantidade per capita reduzida de alimentos servida aos alunos (não
atendendo às necessidades nutricionais preconizadas); entre outros problemas, fizeram com que
esta forma de gerenciamento se tornasse insustentável (NOGUEIRA, 2004).
Em 2001, quando um novo governo assumiu a gestão administrativa do município, o
modelo de terceirização foi gradativamente substituído pelo modelo de gestão compartilhado,
43
vigente atualmente, por meio do convênio entre a Secretaria Municipal de Educação e a Centrais
de Abastecimento de Campinas S/A – CEASA. No novo modelo, a responsabilidade pelo
gerenciamento do Programa de Alimentação Escolar foi assumida de forma compartilhada, sendo
atribuições da Secretaria da Educação a manutenção da infra-estrutura das cozinhas escolares,
incluindo equipamentos e utensílios, a análise da prestação de contas, o monitoramento do
programa, o repasse dos recursos financeiros à CEASA e a manutenção das atividades do
Conselho Municipal de Alimentação Escolar. À CEASA cabe a operacionalização do programa,
por meio da elaboração dos cardápios, aquisição, armazenamento e distribuição dos alimentos, e
supervisão técnica às escolas (NOGUEIRA, 2004; PORTES, 2006).
Em 2004 cerca de 156 mil alunos foram atendidos diariamente pelo programa, nas 509
unidades da cidade, incluindo as creches e escolas municipais de educação infantil, escolas
municipais e estaduais de ensino fundamental e núcleos de assistência social (CARMO, 2004).
Uma das vantagens que vem sendo apontada pelo modelo compartilhado é a possibilidade
de maior introdução de produtos in natura nos cardápios, favorecida pela parceria com a
CEASA. Em 2003, da pauta de produtos adquiridos para o programa, 31% foi representado pelo
grupo das carnes e 29% pelas frutas e hortaliças (CARMO, 2004). No entanto, estudos que
avaliem a adesão dos escolares ao Programa de Alimentação Escolar de Campinas são escassos,
particularmente após o período da gestão compartilhada.
No âmbito nacional, apesar de apresentar caráter universal, estudos (BRANDÃO, 2000;
MARTINS, 2004; OLIVEIRA, 1997; STURION, 2002) têm evidenciado, por meio da análise da
adesão dos alunos às refeições distribuídas, que esta ocorre de forma focalizada e que expressiva
parcela dos escolares não consome a merenda escolar. Pesquisa conduzida pelo FNDE, em 2001,
com o objetivo de avaliar o Programa de Alimentação Escolar revelou que a maior adesão ao
programa foi encontrada nas regiões Norte e Nordeste, especialmente nos municípios
classificados como pequenos, pertencentes à zona rural (83,9% contra 62,4% na área urbana). Já
a aceitação das refeições (avaliada pelo volume de preparações consumido pelos escolares em
relação ao que foi preparado e distribuído) foi mais elevada (cerca de 75,0%) nas regiões Sul e
Sudeste (FNDE, 2001).
Sturion et al. (2005) avaliando a adesão ao PNAE por 2.678 escolares, de dez municípios
brasileiros, verificaram que 46% dos alunos consumiam diariamente a alimentação oferecida na
escola, enquanto 17% não participavam do programa. As autoras concluíram que optavam pela
44
refeição distribuída gratuitamente os alunos com as seguintes características: menor idade,
aqueles identificados com algum tipo de comprometimento nutricional, pertencentes aos estratos
com menores rendimentos familiares per capita e aqueles cujos pais possuíam menor
escolaridade.
Esses resultados constituem subsídios para reforçar a convicção de que é necessário
modificar a concepção, por parte dos alunos, pais/responsáveis e até mesmo dos professores, de
que a alimentação escolar existe apenas para o aluno pobre e desnutrido. A alimentação
distribuída gratuitamente na unidade de ensino deve ser vista como uma refeição para manter o
aluno alimentado enquanto permanecer na escola, independentemente de sua condição
socioeconômica, e não como mecanismo para erradicar a desnutrição (MOYSES; COLLARES,
1995; PIRAGINE; HARACEMIV; MASSON, 2004).
Além dos aspectos socioeconômicos, fatores estruturais do programa podem contribuir
para a redução da adesão ao PNAE, como as condições de distribuição das refeições, envolvendo
a temperatura da alimentação, o desconforto dos refeitórios, o tempo reduzido disponível para o
consumo, entre outros (PANCIERA; STURION; SILVA, 2005). O não atendimento das
preferências dos escolares tem sido apontado, por diversos autores, como aspecto importante na
redução da freqüência de consumo da merenda (FLÁVIO, 2006; MARTINS et al., 2004;
OETTERER et al., 1999; PANCIERA; STURION; SILVA, 2005).
Dessa forma, a qualidade das refeições e, conseqüentemente, a maior aceitabilidade do
cardápio escolar dependem da obediência a critérios como hábitos alimentares dos escolares,
características nutricionais, aceitação das preparações, recursos disponíveis, horário de
distribuição e estrutura das cozinhas das unidades educacionais (MARTINS et al., 2004).
Além do Programa Nacional de Alimentação Escolar, em substancial parcela das unidades
de ensino brasileiras encontram-se disponíveis, também, os serviços das cantinas/lanchonetes. No
estado de São Paulo, analisando-se apenas as escolas integrantes da rede estadual, no ano de 2005
cerca de 1.670 unidades contavam com este tipo de serviço (LOIOLA, 2005).
É importante considerar que as cantinas escolares e os vendedores ambulantes, que
comercializam alimentos no entorno da escola, freqüentemente ofertam alimentos com elevado
teor de energia, gorduras, açúcares e/ou sódio, tais como balas, lanches, salgados do tipo chips,
refrigerantes e doces. A presença desses tipos de serviços nas escolas e imediações,
concomitantemente à distribuição gratuita de refeições pelo Programa de Alimentação Escolar,
45
possivelmente, gera dificuldades para que os alunos selecionem, de maneira adequada, os
alimentos que devem integrar a sua pauta alimentar (DANELON; DANELON; SILVA, 2006).
São escassas as pesquisas que relacionam o impacto da presença das cantinas na adesão e
aceitabilidade das refeições do Programa de Alimentação Escolar. Sturion et al. (2005) tendo por
base amostra composta por 2.678 alunos matriculados em vinte escolas das cinco regiões
geográficas do país verificaram que as variáveis renda familiar per capita, escolaridade dos pais,
idade, estado nutricional dos alunos e a maior freqüência de consumo de alimentos nas cantinas
escolares apresentaram-se inversamente associadas à adesão diária ao programa. Nas escolas que
não dispunham das cantinas, o estado nutricional foi a única variável inversamente associada à
adesão diária ao PNAE.
Danelon e Silva (2004b) avaliando o consumo de alimentos e os seus principais
condicionantes, por 161 alunos, de escolas públicas de Piracicaba – SP, verificaram que 65,5%
dos escolares afirmaram consumir a merenda escolar, enquanto as citações positivas para
consumo de alimentos nas cantinas alcançaram o valor de 86,3%.
Tendo por base amostra de alunos matriculados nas unidades particulares de ensino,
Danelon e Silva (2004a) registraram que 78,2% dos estudantes declararam ter o hábito de
consumir os alimentos comercializados pelas cantinas. Os alimentos mais freqüentemente
adquiridos pelos alunos foram o salgado caseiro, refrigerantes, balas/gomas e sucos. De acordo
com as informações fornecidas pelos pais, os valores para compra semanal de alimentos pelos
filhos variavam entre R$ 5,00 e R$ 50,00. Segundo os referidos autores, tal situação demandava
atenção, tendo em vista que as opções dos alunos nem sempre recaíam sobre os alimentos
considerados saudáveis e práticas alimentares inadequadas adotadas sistematicamente nesse
estágio de vida poderiam acarretar riscos para a saúde futura.
Caroba (2002) registrou que, ao dispor de autonomia para aquisição de alimentos, a
preferência dos adolescentes recaía sobre os produtos ricos em açúcar e energia, sendo a bala o
alimento mais citado pelos escolares, com 75,1% da preferência, seguida pelo salgadinho do tipo
chips (57,2%), doces (49,4%) e salgados caseiros (45,8%). A autora apontou a praticidade, a
rapidez e a aceitação pelo jovem como fatores que contribuíam para a incorporação destes
alimentos nas práticas alimentares.
Estudo implementado em 2.825 escolas públicas do estado de São Paulo identificou que
na opinião de pais, professores e funcionários as cantinas escolares deveriam substituir a
46
comercialização de refrigerantes e frituras pela venda de sucos, bebidas lácteas e salgados
assados. A referida pesquisa, realizada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, nos
dois primeiros meses de 2005, subsidiou a elaboração de portaria que prevê a comercialização de
alimentos mais saudáveis aos alunos pelas cantinas escolares do estado (LOIOLA, 2005). A
regulamentação, por meio de portarias, dos alimentos comercializados pelas cantinas também tem
sido adotada em estados como Santa Catarina e Rio de Janeiro.
É importante considerar que essas portarias, ainda que representem uma medida de
impacto em curto período de tempo, não eliminam a necessidade de orientação nutricional para
que os alunos selecionem de forma consciente os alimentos que integrarão a dieta (DANELON;
DANELON; SILVA, 2006).
Em maio de 2006 a Portaria Interministerial N
o
1.010 instituiu as diretrizes para a
promoção da alimentação saudável nas escolas de educação infantil, fundamental e médio das
redes pública e particular de ensino. Entre os eixos prioritários definidos merecem destaques a
promoção das ações de educação alimentar e nutricional; o estímulo à implantação de boas
práticas de manipulação de alimentos para os serviços disponíveis no ambiente escolar; a
restrição ao comércio, nas escolas, de alimentos com elevado conteúdo de açúcares, gorduras e
sal e o incentivo ao consumo de frutas e hortaliças e o monitoramento do estado nutricional dos
escolares (BRASIL, 2006c).
Story (1999) destaca que o ambiente escolar é ideal para elaboração de estratégias de
atuação para educação nutricional, especificamente no que diz respeito à prevenção das
crescentes prevalências de excesso de peso. Na Figura 1 é apresentado o modelo de programa
escolar, proposto por Story (1999), envolvendo as diferentes áreas de atuação disponíveis na
unidade escolar.
47
Figura 1 - Modelo de programa escolar envolvendo diferentes áreas de atuação visando-se à
educação nutricional, especificamente quanto à prevenção do excesso de peso
Fonte: Story (1999)
48
3 METODOLOGIA
3.1 Local da pesquisa
Antecedendo a descrição das características do local da pesquisa, julgou-se pertinente
registrar que a presente dissertação integrou o projeto intitulado “Contrastes regionais nos custos,
qualidade e operacionalização do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e seu
impacto sobre os padrões alimentares da população brasileira”, financiado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (processo N
o
504369/2003-2).
Este projeto, desenvolvido durante o período de 2004 a 2006, teve como principais objetivos
fornecer à sociedade, por meio de pesquisas cientificas, resultados e análises que subsidiassem
políticas/programas, especialmente no contexto da segurança alimentar e nutricional, por meio da
análise dos padrões alimentares da população brasileira e da sua interface com o maior programa
de suplementação alimentar em vigor no Brasil – o Programa Nacional de Alimentação Escolar –
PNAE. Para tanto, o projeto previu a adoção de amostra composta por municípios pertencentes
aos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro (SILVA, 2006).
Face ao exposto, a presente dissertação, visando atender aos objetivos do projeto
principal, foi realizada no município de Campinas, estado de São Paulo.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE (2003), a cidade de Campinas contava, em 2003, com uma área territorial de 795,70 km
2
e
população total de 969.396 habitantes. Os dois quadros, mostrados a seguir, reúnem algumas
características relacionadas ao município de Campinas; no quadro 1 foram reunidos indicadores
socioeconômicos e o quadro 2 apresenta informações relativas ao sistema de ensino do referido
município, à época da realização da coleta de dados da pesquisa, em 2004.
49
Indicadores (selecionados)
Município de Campinas
População
Urbana
Rural
Total
953.218
16.178
969.396
Renda per capita média (em Reais) 614,9
Abastecimento de água adequado (N
o
de domicílios)
(1)
273.147
Instalação adequada de esgoto (N
o
de domicílios)
(1)
241.826
Coleta de lixo (N
o
de domicílios)
(1)
278.598
Proporção de pobres
10,2
Mortalidade (até 1 ano)
14,1
Esperança de Vida ao nascer (em anos)
72,1
Percentual de crianças desnutridas
(2)
Rural
Urbana
Total
6,77
4,03
4,13
Quadro 1 – Indicadores socioeconômicos e de saúde do município de Campinas, São Paulo
Fontes: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2005), IBGE (2003)
(1)
e Benício e
Monteiro (1997)
(2)
50
Características (selecionadas) referentes ao sistema de ensino Município de Campinas
Número de unidades de ensino - pré-escolas
Urbana
Rural
125
-
Número de unidades de ensino fundamental
Urbana
Rural
184
3
Número de unidades de ensino E.J.A. (Educação de jovens e
adultos)
Urbana
Rural
57
-
Total geral de escolas 369
Número de alunos matriculados em pré-escolas
Urbana
Rural
20.080
-
Número de alunos matriculados no ensino fundamental
Urbana
Rural
120.349
257
Número de alunos matriculados em E.J.A. (Educação de jovens e
adultos)
Urbana
Rural
17.391
-
Total de alunos matriculados 158.077
Quadro 2 - Características selecionadas da rede de ensino do município de Campinas, estado
de São Paulo, no ano de 2003
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP (2004)
3.2 População de estudo
Atendendo ao que estabelece a Resolução N
o
196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho
Nacional de Saúde, a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba – SP, Universidade Estadual de Campinas, e aprovada (protocolo N
o
099/2004).
Tendo por base os objetivos da pesquisa foram solicitadas, junto à Secretaria de Educação
do município de Campinas – SP, informações relativas à rede pública de ensino, especialmente no
que se refere ao número de unidades de ensino e ao número de alunos matriculados em cada
51
escola. Também foram consultadas informações sobre o sistema de ensino no Censo Educacional
disponibilizado no endereço eletrônico do INEP (2004).
A partir dos dados obtidos foi adotado o seguinte procedimento para seleção das escolas
que compuseram a amostra: as unidades (ensino fundamental) foram sorteadas de maneira que a
probabilidade de uma escola ser incluída na amostra fosse proporcional ao seu número de alunos.
Para isso, foi elaborada uma tabela acumulando-se o número de alunos, de maneira que cada
escola ficava associada a um intervalo de valores da freqüência acumulada de estudantes.
Se os valores inicial e final do intervalo para a h-ésima escola são N
hi
e N
hf
,
respectivamente, então o número de alunos dessa escola é N
h
= N
hf
N
hi
+ 1. Seja N o número total
de alunos de todas as escolas consideradas para o município. Por meio de um programa de
computador especificamente elaborado, foi gerado um número aleatório inteiro de 1 a N, todos
com igual probabilidade. Em seguida verificava-se qual era a escola cujo intervalo de freqüência
acumulada incluía esse número inteiro obtido. Essa escola passava a integrar a amostra. Novos
números foram gerados até completar o número previamente estabelecido (n = seis unidades de
ensino) de escolas da amostra.
A partir da seleção das unidades de ensino foram sorteados três alunos com idade entre 6 e
14 anos (pertencentes ao ensino fundamental – 1
a
a 8
a
séries) de cada classe existente na escola
selecionada para integrar a amostra. Visando-se assegurar o total de três alunos de cada classe ao
final do processo, inicialmente foram entregues os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido
– TCLE aos pais ou responsáveis por seis escolares. No caso da devolução de mais de três
documentos – TCLE – com a aquiescência dos pais/responsáveis, novo sorteio foi realizado,
selecionando-se apenas três escolares para permanecerem na amostra.
Tendo por base que um dos objetivos do projeto principal, ao qual esta dissertação se
vinculou, consistia na análise do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE priorizou-
se, nesta pesquisa, a amostragem dos escolares com idade entre 6 e 14 anos por constituírem o
público beneficiário do referido programa. Dessa forma, a amostra da pesquisa foi formada por
324 alunos, de ambos os gêneros, com idade entre 6 e 14 anos.
A Tabela 1 reúne informações relativas às escolas e ao número de alunos selecionados
para integrar a pesquisa.
52
Tabela 1 - Unidades escolares e número de alunos de Campinas – SP que integram a amostra da
pesquisa
Unidades de ensino Número de alunos integrantes da amostra
A 27
B 83
C 51
D 39
E 65
F 59
TOTAL 324
Na Tabela 2 são apresentados dados referentes à distribuição dos alunos do município de
Campinas – SP de acordo com os estratos de idade e gênero.
Tabela 2 - Distribuição dos escolares da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os
estratos de idade e gênero
Gênero
Masculino Feminino
Total
Estratos de idade
(em anos)
N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 25 20,2 44 22,0 69 [21,3]
9 I 11 24 19,4 37 18,5 61 [18,8]
11
I 13 37 29,8 44 22,0 81 [25,0]
13
I 14 18 14,5 30 15,0 48 [14,8]
14
20 16,1 45 22,5 65 [20,1]
Total 124 [38,3] 200 [61,7] 324 100,0
Nota: os números entre colchetes são os percentuais em relação ao total de escolares (n = 324) da amostra.
3.3 Obtenção e análise dos dados
Cabe registrar que, como esta pesquisa integrou o projeto “Contrastes regionais nos custos,
qualidade e operacionalização do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e seu
53
impacto sobre os padrões alimentares da população brasileira” todos os pesquisadores e equipes
técnicas envolvidas com a coleta de dados, incluindo aqueles que assumiram as atividades da
pesquisa específicas de Campinas – SP, participaram de sessões de treinamentos que antecederam
às etapas de coletas de dados, visando-se ao entendimento dos instrumentos e à padronização dos
procedimentos para a avaliação antropométrica. Foi elaborado pela equipe de pesquisadores um
Manual do Entrevistador, contendo orientações específicas e descrições pormenorizadas para cada
uma das etapas da pesquisa.
Os questionários adotados para a coleta de dados junto aos escolares foram pré-testados
em unidade de ensino público do município de Piracicaba – SP, não integrante da amostragem.
Na seqüência são descritos os instrumentos utilizados para a obtenção de dados e os
parâmetros que nortearam as análises.
3.3.1 Estado nutricional
Para a análise do estado nutricional foi realizada avaliação antropométrica dos alunos
integrantes da amostra. Para determinação do peso corporal foi utilizada balança eletrônica do tipo
plataforma, com capacidade para 150 kilogramas e sensibilidade de 100 gramas, marca CAMRY
(ED-309). Os alunos foram medidos com roupas leves e descalços. Para a coleta dos dados de
altura foi utilizado estadiômetro portátil, com escala em milímetros, fixado em suporte de madeira
apropriado, sendo este firmemente apoiado à parede, assegurando-se que a criança encontrava-se
em posição correta para a leitura e registro da altura obtida.
Empregando-se o software Epi – Info 2000 (CDC, 2000) foi construído banco de dados,
visando-se à elaboração dos cálculos e análises dos indicadores antropométricos. Utilizou-se,
como referência, o padrão antropométrico do Center for Disease Control and Prevention – CDC
de 2000 (CDC, 2002) para o cálculo dos indicadores de altura para idade – escore ZAI e Índice de
Massa Corporal (IMC).
O critério de classificação adotado, com base no escore Z de altura para idade (ZAI),
envolveu três intervalos: menor que –2 (indicador de comprometimento do estado nutricional), de
–2 a menos que –1 (indicativo de risco de comprometimento do estado nutricional) e pelo menos
igual a –1 (indicador de eutrofia). É esperada em uma população de referência, que desfruta de
54
boas condições de saúde, 2,3% dos indivíduos geneticamente baixos (ZAI < 2), 13,6% em
situação de risco (2 ZAI < 1) e 84,1% eutróficos (ZAI 1).
Merece destaque que o critério para classificação com base nas unidades de desvio padrão
ou escores Z (obtidos mediante o valor da variável observada referente ao indivíduo, subtraído do
valor médio de referência esperado, dividido pelo desvio padrão da população de referência) é
considerado o índice mais apropriado para definir os pontos de corte na avaliação do crescimento
e evolução nutricional durante a infância (WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO, 1995).
Usualmente as crianças consideradas eutróficas distam até dois escores Z da mediana da
população de referência. A criança será considerada com déficit se apresentar-se abaixo de –2
desvios-padrão do valor mediano para idade e gênero (WATERLOW et al., 1977). Déficits de
altura-para-idade revelam retardo do crescimento linear da criança e indicam desnutrição de longa
duração, seja decorrente de deficiência de energia, de macro ou de micronutrientes. Déficits de
peso-para-idade, por sua vez, denotam retardo do crescimento linear e ou acúmulo insuficiente de
massa corporal ou catabolismo dos tecidos, representando uma medida sintética de várias formas
de desnutrição (IBGE, 2006).
Para avaliação do estado nutricional por meio do Índice de Massa Corporal (IMC = peso
(kg)/estatura (m)
2
) foi utilizada a distribuição em percentis (P) empregando-se, como referência, a
curva americana do CDC (2000).
No caso do Índice de Massa Corporal – IMC, devido à ausência de consenso sobre o uso
de uma curva de referência de origem distinta da população analisada, como a curva americana do
CDC (2000), foi adotada, também, nesta dissertação, a curva de referência nacional elaborada por
Conde e Monteiro (2006), com base nos dados da Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição –
PNSN, de 1989. Dessa forma, as análises do IMC, tendo por base o padrão do CDC (2000),
possibilitarão a comparação com expressivo volume de estudos, nacionais e internacionais,
disponível. O uso da curva nacional permitirá o diagnóstico mais preciso da situação nutricional
da população avaliada, evitando o efeito de sub/superestimações de medidas de prevalências de
baixo peso ou excesso de peso quando do emprego de curvas internacionais (CONDE, 2004).
A curva de referência elaborada por Conde e Monteiro (2006) propõe valores de corte do
IMC, com base no inquérito da PNSN, de 1989, equivalentes na infância e adolescência aos
valores de corte do IMC tradicionalmente utilizados para diagnosticar baixo peso, sobrepeso e
obesidade em adultos. Estes níveis de corte são equivalentes aos percentis 3, 85 e 95 da
55
distribuição do IMC que correspondem, na idade de 20 anos, ao IMC de 17,5 kg/m
2
, 25 kg/m
2
e
30 kg/m
2
, respectivamente.
Para definição dos percentis que caracterizam o estado nutricional foram adotados,
conforme preconizado pela WHO (1995), os seguintes intervalos: IMC < 5
o
P (indicativo de baixo
peso), 5
o
P IMC < 85
o
P (situação de eutrofia), 85
o
P IMC < 95
o
P (indicativo de sobrepeso) e
IMC 95
o
P (obesidade). No entanto, como o critério adotado por Conde e Monteiro (2006) para
definição de baixo peso foi o IMC 3
o
P, este intervalo também foi especificado nas tabelas que
reúnem os resultados.
De acordo com documento publicado pelo CDC (2003), o IMC pode ser usado para
avaliação tanto de baixo peso quanto do excesso de peso em crianças e adolescentes. Diversos
pesquisadores salientam que o uso do IMC justifica-se por sua correlação positiva com a gordura
corporal total dos adolescentes (COCETTI, 2001; CONDE, 2004; GAMBA; BARROS JÚNIOR,
1999), com a pressão arterial e com o perfil lipídico sérico tanto na adolescência quanto na vida
adulta (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003). Além disso, também confirmam que é um
método de avaliação nutricional de baixo custo, fácil realização e que permite a comparação com
inúmeros estudos disponíveis (GAMBA; BARROS JÚNIOR, 1999), mesmo que apresente como
limitação a não distinção dos diferentes componentes da massa corporal, ou seja, água, massa
muscular e massa adiposa (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003; COCETTI, 2001).
Gokhale e Kirschner (2003) registram que medidas consecutivas do IMC podem ser
bastante úteis para identificar indivíduos, principalmente a partir de 7 anos de idade, com risco de
se tornarem obesas na vida adulta.
Um fator que deve ser considerado na avaliação do estado nutricional, particularmente
entre os escolares com idade entre 10 e 14 anos, é o estágio de maturação sexual. Nesta pesquisa,
este aspecto foi indicado pelos escolares com idade pelo menos igual a 10 anos (n = 212) por meio
de auto-avaliação, utilizando-se as planilhas demonstrativas, em desenhos, dos estágios de
desenvolvimento sexual, segundo os critérios de Tanner (TANNER, 1962). Para classificação dos
escolares em pré-púberes ou púberes adotou-se o proposto pela World Health Organization
(1995): foram consideradas, tendo por base o desenvolvimento das mamas, pré-púberes as
meninas no estágio 1 e púberes a partir do estágio 2. Os meninos foram identificados, de acordo
com o desenvolvimento da genitália, como pré-púberes quando se encontravam nos estágios 1 e 2,
e púberes a partir do estágio 3.
56
Avaliou-se, também, a percepção corporal dos escolares por meio de instrumento
específico (ANEXO A).
3.3.2 Consumo alimentar
Para avaliação do consumo de alimentos dos indivíduos foi adotado o Inquérito
Recordatório de 24 horas de um dia (ANEXO B). Este método consiste na obtenção de
informações escritas ou verbais sobre a ingestão alimentar das últimas 24 horas, contendo dados
sobre os alimentos e bebidas e peso/tamanho das porções atualmente consumidas
(CAVALCANTE; PRIORE; FRANCESCHINI, 2004).
Amplamente utilizado por pesquisadores em diversos países, o Recordatório 24 horas é um
instrumento que permite a avaliação da dieta atual e a realização de estimativas dos valores
absolutos ou relativos da ingestão de energia e nutrientes distribuídos no total de alimentos
oferecidos ao indivíduo. Em geral, é bem aceito pelos entrevistados, o tempo de aplicação é curto,
o custo é baixo e não promove alteração da dieta habitual (BONOMO, 2000; CAVALCANTE;
PRIORE; FRANCESCHINI, 2004; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005).
Cabe destacar que o Recordatório 24 horas foi aplicado, na forma de entrevistas, pela
equipe de pesquisadores, junto aos escolares com idade igual ou superior a 10 anos. Para os
alunos com idade inferior a 10 anos, o Inquérito Recordatório 24 horas foi entregue aos
pais/responsáveis, com instruções para o preenchimento adequado do formulário. Este
procedimento foi adotado devido ao fato das crianças com menor idade encontrarem dificuldades
para informar os alimentos da dieta (PEGOLO, 2005). No entanto, por meio da análise dos
Recordatórios 24 horas preenchidos e devolvidos pelos pais, pôde-se perceber que estes também
apresentaram dificuldades no preenchimento, especialmente na declaração das porções
consumidas, freqüentemente omitidas. Desse modo, qualquer análise envolvendo os referidos
dados seria imprecisa, comprometendo os resultados e, portanto, optou-se pela avaliação do
consumo apenas dos adolescentes com idade entre 10 e 14 anos (n = 212).
Não foram realizadas entrevistas com os escolares às segundas-feiras, evitando-se a
obtenção de dados atípicos. Visando-se facilitar o registro das porções dos alimentos consumidos
pelos alunos, no momento da entrevista, realizada individualmente, adotou-se um modelo de
medidas caseiras, que permitiu ao entrevistado apontar qual(is) utensílio(s) utilizava diariamente.
57
Note-se que foi obtido um Inquérito Recordatório 24 horas de um dia para cada aluno.
Fisberg, Marchioni e Slater (2001) frisam a importância da obtenção de pelo menos dois
Recordatórios 24 horas da população avaliada, em curto período de tempo, para correção da
variabilidade intrapessoal, visto que os indivíduos freqüentemente alteram o tipo e a quantidade
de alimentos que consomem diariamente. Justifica-se, no entanto, que a presente pesquisa
vinculava-se ao projeto que envolveu outros municípios paulistas (além de Campinas), do Rio de
Janeiro e do Paraná. Fatores como a disponibilidade de recursos e de pessoal técnico capacitado e
treinado e o período de permanência nas escolas para realização das coletas de dados foram
determinantes no delineamento do projeto e na execução da pesquisa com a concretização de
apenas um Recordatório 24 horas.
Para a determinação dos nutrientes e energia consumidos pelos escolares, os dados foram
agrupados por meio do software Virtual Nutri (PHILIPPI; SZARFARC; LATERZA, 1996), após
criteriosa revisão dos alimentos, nutrientes e tamanho das porções cadastrados no banco original
do referido programa, visando-se, entre outros, à atualização das informações. Nesse processo de
revisão foram utilizadas as tabelas de composição alimentar desenvolvidas pelo Núcleo de
Estudos e Pesquisas em Alimentação – NEPA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
– UNICAMP, 2006), por Philippi (2002), pelo USDA, disponibilizada no sítio eletrônico da
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2001) e por Pinheiro et al. (2005), esta última
empregada para a avaliação das medidas caseiras.
As análises quantitativas, tendo por base o consumo alimentar, foram elaboradas em
relação à energia, macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos), colesterol, fibras, vitaminas
lipossolúveis (A e E), vitaminas hidrossolúveis (vitaminas C, tiamina, riboflavina, B
6
, B
12
,
niacina, folacina e ácido pantotênico) e minerais (sódio, cálcio, ferro, zinco, magnésio, potássio,
fósforo, cobre e selênio). Os resultados foram expressos em percentis de consumo, média,
mediana, valores mínimos e máximos de ingestão e desvios-padrão para cada nutriente.
Visando-se a obtenção de consumos plausíveis, as dietas com menos de 500 kcal/dia e
maiores que 5.000 kcal/dia foram excluídas do banco de dados (WILLET, 1998). Dessa forma, as
análises envolvendo o consumo alimentar tiveram por base 209 escolares.
As análises relativas à proporção de atendimento da ingestão de nutrientes em relação às
necessidades dos alunos foram realizadas tendo como parâmetro as Dietary Reference intakes
DRIs, critérios propostos pela National Academy of Sciences (2000). Os quadros 3 e 4 reúnem as
58
recomendações preconizadas para os escolares integrantes da pesquisa, de acordo com os estágios
de vida e o gênero.
Idade (em anos)
Nutrientes
10 11 12 13 14
Colesterol (mg) * 300 300 300 300 300
Fibras (g) ** 31 31 31 31 38
Vitamina A (µg) ** 600 600 600 600 900
Vitamina E (mg) ** 11 11 11 11 15
Tiamina (mg) ** 0,9 0,9 0,9 0,9 1,2
Riboflavina (mg) ** 0,9 0,9 0,9 0,9 1,3
Niacina (mg) ** 12 12 12 12 16
Vitamina B
6
(mg) ** 1,0 1,0 1,0 1,0 1,3
Folacina (µg) ** 300 300 300 300 400
Vitamina B
12
(µg) ** 1,8 1,8 1,8 1,8 2,4
Ácido Pantotênico (mg) *** 4 4 4 4 5
Vitamina C (mg) ** 45 45 45 45 75
Cálcio (mg) *** 1300 1300 1300 1300 1300
Fósforo (mg) ** 1250 1250 1250 1250 1250
Magnésio (mg) ** 240 240 240 240 410
Sódio (mg) *** 1500 1500 1500 1500 1500
Potássio (mg) *** 4500 4500 4500 4500 4700
Ferro (mg) ** 8 8 8 8 11
Zinco (mg) ** 8 8 8 8 11
Cobre (µg) ** 700 700 700 700 890
Selênio (µg) ** 40 40 40 40 55
Quadro 3 - Recomendações diárias de nutrientes de acordo com a idade (em anos) dos escolares
do gênero masculino
Notas:
(*)
Recomendações definidas pela American Heart Association (2006).
(**)
Recomendações definidas pela National Academy of Sciences (2005).
(***)
Ingestão adequada (Adequate intake – AI): baseia-se em níveis de ingestão ajustados experimentalmente
ou em aproximações da ingestão observada de nutrientes de um grupo de indivíduos aparentemente
saudável; é utilizada quando não há dados suficientes para a determinação da RDA. Fonte: National
Academy of Sciences (2004).
59
Idade (em anos)
Nutrientes
10 11 12 13 14
Colesterol (mg) * 300 300 300 300 300
Fibra total (g) ** 26 26 26 26 26
Vitamina A (µg) ** 600 600 600 600 700
Vitamina E (mg) ** 11 11 11 11 15
Tiamina (mg) ** 0,9 0,9 0,9 0,9 1,0
Riboflavina (mg) ** 0,9 0,9 0,9 0,9 1,0
Niacina (mg) ** 12 12 12 12 14
Vitamina B
6
(mg) ** 1,0 1,0 1,0 1,0 1,2
Folacina (µg) ** 300 300 300 300 400
Vitamina B
12
(µg) ** 1,8 1,8 1,8 1,8 2,4
Ácido Pantotênico (mg) *** 4 4 4 4 5
Vitamina C (mg) ** 45 45 45 45 65
Cálcio (mg) *** 1300 1300 1300 1300 1300
Fósforo (mg) ** 1250 1250 1250 1250 1250
Magnésio (mg) ** 240 240 240 240 360
Sódio (mg) *** 1500 1500 1500 1500 1500
Potássio (mg) *** 4500 4500 4500 4500 4700
Ferro (mg) ** 8 8 8 8 15
Zinco (mg) ** 8 8 8 8 9
Cobre (µg) ** 700 700 700 700 890
Selênio (µg) ** 40 40 40 40 55
Quadro 4 - Recomendações diárias de nutrientes de acordo com a idade (em anos) dos escolares
do gênero feminino
Notas:
(*)
Recomendações definidas pela American Heart Association (2006).
(**)
Recomendações definidas pela National Academy of Sciences (2005).
(***)
Ingestão adequada (Adequate intake – AI): baseia-se em níveis de ingestão ajustados experimentalmente
ou em aproximações da ingestão observada de nutrientes de um grupo de indivíduos aparentemente
saudável; é utilizada quando não há dados suficientes para a determinação da RDA. Fonte: National
Academy of Sciences (2004).
Cabe destacar que para a energia, de forma distinta do que ocorre com os demais
nutrientes, não é possível estabelecer uma recomendação para grupos da população porque a
necessidade energética depende de fatores, como o metabolismo basal (que por sua vez depende
da idade, gênero, maturação, picos de crescimento) e o nível de atividade física, condicionados
pela variabilidade individual (NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES, 2005).
60
Dessa forma, a necessidade energética
estimada foi calculada para cada adolescente
integrante da pesquisa com base nas fórmulas, elaboradas especificamente para viabilizar
cálculos, tendo por base as variáveis para crianças e adolescentes, com idade entre 9 e 18 anos,
descritas na publicação Dietary Reference Intakes – DRIs (NATIONAL ACADEMY OF
SCIENCES, 2005):
- EER = 88,5 61,9 x idade (anos) + NAF x [peso (kg) x 26,7 + 903 x altura (m)] + 25
kcal, para os meninos; (1)
- EER = 135,3 30,8 x idade (anos) + NAF x [peso (kg) x 10 + 934 x altura (m)] + 25
kcal, para as meninas. (2)
Sendo:
EER = Estimated Energy Requirement (Necessidade Energética Estimada).
NAF = Nível de atividade física, calculado com base nos seguintes valores: para indivíduos
sedentários, de ambos os gêneros, NAF = 1,00. Para crianças/adolescentes considerados
pouco ativos, foram adotados os valores de 1,13 para os meninos e de 1,16 para as
meninas; para os considerados ativos empregaram-se os valores de 1,26 e 1,31 para
meninos e meninas, respectivamente.
A classificação dos adolescentes em ativos, pouco ativos ou sedentários teve como base as
citações dos escolares relativas às práticas de atividades físicas, captadas por meio de questionário
específico descrito no item 3.3.3 Estilo de vida.
Cabe destacar também que, quanto à situação nutricional, para os escolares classificados
com baixo peso ou com excesso de peso, foram adotados, nas fórmulas para cálculo da
necessidade energética estimada, o peso ou a altura ideais para a idade, utilizando como referência
os valores descritos, para meninos e meninas americanos, com idade entre 3 e 18 anos, nas
Dietary Reference Intakes – DRIs da National Academy of Sciences (2005).
Os resultados referentes às necessidades energéticas estimadas (EER) dos escolares foram
apresentados na forma de médias, medianas, desvios-padrão e distribuição dos percentis. Visando-
se à identificação da adequação da ingestão energética dos escolares, foi calculada a relação
(balanço energético) entre o consumo de energia (avaliado por meio do emprego do Recordatório
24 horas) e a necessidade energética estimada para cada adolescente (EER), sendo o resultado
multiplicado pelo valor 100. Foram calculados médias, medianas, desvios-padrão e percentis para
avaliação da adequação do balanço energético.
61
Vale registrar que as análises envolvendo os cálculos da necessidade energética estimada e
ingestão de energia foram elaboradas somente para os adolescentes (10 a 14 anos) de Campinas
(n = 209) devido ao fato de que o Inquérito Recordatório 24 horas e o questionário para prática de
atividades físicas foram empregados entre os alunos com idade pelo menos igual a 10 anos.
A participação dos macronutrientes no Valor Energético Total – VET foi investigada
adotando-se os valores preconizados pelo Institute of Medicine da National Academy of Sciences
(2000), sendo considerados aceitáveis na dieta, para indivíduos com idade entre 4 e 18 anos, os
seguintes intervalos: 45% a 65% para carboidratos, 25% a 35% para lipídeos e 10% a 30% para
proteínas.
Também foi avaliada a participação dos grupos de alimentos como fontes de nutrientes e
sua contribuição no Valor Energético Total – VET da dieta. Para tanto, os alimentos citados pelos
alunos, por meio do Recordatório 24 horas, foram classificados em 19 grupos: dois de alimentos
básicos de origem vegetal (“leguminosas” e “cereais, tubérculos, raízes e derivados”), cinco
grupos de origem animal (“carnes”, “pescados”, “embutidos”, “leite e derivados” e “ovos”), dois
grupos de alimentos de origem vegetal, fontes de micronutrientes e fibras (“hortaliças” e “frutas”),
dois grupos essencialmente calóricos (“açúcares e doces” e “óleos e gorduras”), seis grupos de
bebidas (“chás”, “café”, “sucos naturais”, “sucos artificiais”, “refrigerantes” e “bebidas
alcoólicas”), um grupo contendo as “preparações” e um para os “condimentos”. A participação
dos alimentos no consumo diário dos adolescentes foi expressa a partir da proporção de energia
que o grupo de alimentos representava no VET da dieta dos escolares.
3.3.3 Estilo de vida
Para a avaliação da atividade física habitual foi utilizado questionário (ANEXO C)
elaborado e validado por Florindo et al. (2006), envolvendo 17 questões divididas em dois blocos:
1) esportes ou exercícios físicos (15 questões) e 2) atividades físicas de locomoção para a escola
(duas questões). Por meio deste instrumento pode-se avaliar a atividade física semanal (blocos 1 e
2) e anual (bloco 1). O questionário foi padronizado para gerar um escore final das atividades
físicas em minutos (semanal a anual). No bloco 1, a partir da modalidade citada, multiplica-se a
duração diária em minutos pela freqüência semanal e pelos meses por ano de prática. Até três
modalidades são aceitas (as três mais praticadas pelo estudante) e no final realiza-se a somatória
para a obtenção do valor final do bloco 1. No bloco 2, a atividade de locomoção (bicicleta ou
62
caminhada) leva um fator fixo de freqüência de cinco vezes por semana, que são multiplicados
pelos minutos por dia na atividade. A avaliação anual da prática de atividades físicas é elaborada
considerando-se apenas a pontuação do bloco 1; já para a avaliação semanal o escore final é
obtido somando-se os blocos 1 e 2 (FLORINDO et al., 2006)
Na presente pesquisa, a análise da prática de atividades físicas pelos escolares foi realizada
considerando-se a avaliação semanal (blocos 1 e 2 do questionário).
Para o cálculo do nível de atividade física – NAF realizado pelos estudantes utilizou-se o
ponto de corte de 300 minutos por semana de atividades físicas moderadas ou vigorosas,
recomendado por Pate et al. (2002) para classificação dos escolares em ativos (NAF igual a 1,26
para meninos e a 1,31 para meninas).
Os alunos que declararam realizar entre 150 e 299 minutos
semanais de atividades físicas foram considerados como pouco ativos (NAF igual a 1,13 para
meninos e a 1,16 para meninas).
Cabe destacar que, segundo Florindo et al. (2006), nos estudos de pré-teste do referido
questionário as aulas de educação física escolares contribuíram muito pouco para discriminar o
nível de atividade física dos adolescentes, não sendo consideradas, pelos autores, nos cálculos da
prática de exercícios do referido grupamento.
Além das questões relativas às práticas de atividades físicas, foram solicitadas, aos
escolares, informações sobre hábitos sedentários, como o tempo diário dedicado a atividades
como assistir televisão, jogar videogames, ou utilizar o computador.
As informações referentes ao estilo de vida foram obtidas junto aos adolescentes
(n = 212), com idade entre 10 e 14 anos.
3.3.4 Consumo de alimentos/refeições no ambiente escolar
As análises relativas ao consumo de alimentos no ambiente escolar foram realizadas por
meio do emprego de questionário específico (ANEXO D), contendo 29 questões, junto à
totalidade dos alunos integrantes da amostra (n = 324). A avaliação da adesão, bem como da
freqüência de adesão, dos estudantes ao Programa de Alimentação Escolar foi realizada por meio
das respostas dos alunos às duas primeiras questões do referido questionário. A análise da adesão
à cantina escolar e da freqüência de aquisição de alimentos nesses estabelecimentos, pelos alunos,
foi identificada por meio das questões dezenove e vinte do instrumento adotado. Em seguida, a
63
adesão ao PNAE e às cantinas e a freqüência de consumo nestes serviços foram associadas às
variáveis unidade de ensino, gênero, idade e condições socioeconômicas das famílias, visando-se
à identificação dos principais condicionantes do consumo de alimentos no ambiente escolar.
3.3.5 Informações socioeconômicas
Junto aos pais e/ou responsáveis pelos escolares foram obtidas informações, por meio de
questionário (ANEXO E), relativas às condições socioeconômicas da família, tais como situação
da moradia, número de equipamentos do domicílio, escolaridade da responsável do gênero
feminino, renda familiar, número de moradores do domicílio, atividade profissional dos pais,
percepção do comportamento dos filhos relativos à alimentação, entre outros.
É importante mencionar que os questionários contendo as informações socioeconômicas
foram entregues a todos os alunos integrantes da pesquisa, que foi realizada no ambiente da
unidade de ensino, com recomendações para que fossem encaminhados aos pais/responsáveis e
devolvidos, em data previamente agendada, na escola para a equipe da pesquisa. No entanto,
apesar dos esforços empreendidos, a devolução dos questionários foi efetivamente concluída por
75,3% da amostra (n = 244).
Além da renda familiar per capita e da escolaridade materna, foi empregado, para
avaliação do nível socioeconômico das famílias, o Critério de Classificação Econômica Brasil,
adotado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – ABEP (2003). Este critério
consiste na atribuição de pontos a determinados itens de bens materiais disponíveis no domicílio
(número de televisores, banheiros, automóveis, etc) somados à escolaridade do chefe da família,
categorizando-se os escolares como pertencentes às classes econômicas A1 (de maior nível
socioeconômico), A2, B1, B2, C, D e E (de menor nível socioeconômico).
Algumas adaptações foram feitas para a adoção desse critério nesta pesquisa: para
atribuição da pontuação relativa à escolaridade, considerou-se o maior nível de instrução, quer
fosse associado ao pai ou à mãe do aluno. Além disso, não foram computados os pontos referentes
à empregada mensalista, visto que esta questão não integrava o questionário da pesquisa. No
entanto, destaca-se que esta limitação pode ser minimizada pelo fato de cerca de 81% das famílias
terem sido classificadas nas classes C, D e E, com menores possibilidades de contratação de uma
empregada do tipo mensalista. Ainda, com base nos dados informados pelos pais/responsáveis no
64
tocante aos rendimentos familiares, 75% das famílias pesquisadas recebiam até um salário
mínimo per capita mensal, o que indica uma boa correlação entre esses índices (Critério Brasil e
renda familiar). Optou-se pela utilização do Critério de Classificação Econômica Brasil, além da
análise da renda familiar per capita, devido ao fato de que as pessoas freqüentemente subestimam
ou não declaram os seus rendimentos em levantamentos liderados por agências governamentais e
em questionários epidemiológicos.
Hoffmann (1988) avaliando a relação entre o valor do Produto Interno Bruto per capita e o
rendimento declarado (dados censitários) concluiu que as diferenças observadas tiveram por base
a subdeclaração dos rendimentos, que tende a ser tanto maior quanto mais elevado for o valor dos
rendimentos auferidos pela pessoa. Essa afirmativa também encontra suporte no conhecimento
que se tem sobre o comportamento das pessoas relativamente ricas quando questionadas sobre os
seus rendimentos. Merece destaque que a subdeclaração de rendimentos ocorre não só nos dados
censitários, mas também em qualquer conjunto de dados obtidos por meio de questionários.
Por outro lado, nos últimos anos a identificação dos programas de transferência de renda
tem revelado expressivo alcance. Tendo como prioridade o atendimento dos grupamentos mais
pobres, é possível que seus integrantes tendam, por razões óbvias, a omitir algum tipo de
rendimento, especialmente se o mesmo for temporário ou inconstante no que se refere ao valor.
De acordo com o IBGE (2004a) nos domicílios particulares em que algum morador
recebeu dinheiro oriundo de programa social governamental, quase 91% declararam rendimento
per capita de até um salário mínimo e 1,1% de mais de dois salários. Naqueles domicílios em que
nenhum morador recebeu transferência monetária de programa social, a parcela dos sem
rendimento ou com renda mensal familiar per capita de até um salário mínimo representou 43,0%
e entre aqueles que tinham mais de dois salários, 27,2%.
3.4 Análises estatísticas
No que tange às análises estatísticas foram elaboradas tabelas de contingência (exemplos:
Índice de Massa Corporal versus renda familiar per capita ou adesão à merenda escolar versus
idade dos alunos) acompanhadas dos testes de qui-quadrado comum e de tendência linear
(Mantel-Haenzel). Os cálculos foram elaborados com o auxílio do software Statistical Analysis
System – SAS (SAS INSTITUTE, 2000), versão 8.2.
65
Cabe destacar que o qui-quadrado comum destina-se a captar qualquer tipo de relação
entre as duas variáveis utilizadas na elaboração da tabela de contingência.
O qui-quadrado de tendência linear destina-se a detectar a tendência de crescimento ou de
redução da proporção de uma variável dependente em função do nível da outra variável
considerada. Sendo um teste com finalidade específica, o qui-quadrado de Mantel-Haenzel é mais
poderoso que o qui-quadrado comum (MANTEL; HAENZEL, 1959).
66
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Condições socioeconômicas das famílias dos escolares
É reconhecida a influência dos indicadores sociais no estado de saúde e nutrição das
crianças e adolescentes. Visando-se à obtenção de subsídios que auxiliem na explicação dos
resultados registrados para a amostra pesquisada, são apresentadas a seguir tabelas que reúnem
informações sobre as condições socioeconômicas das famílias dos escolares. Na Tabela 3 é
apresentada a distribuição das famílias de acordo com a renda familiar per capita.
Tabela 3 - Distribuição das famílias dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a renda familiar per capita
Observações Estratos de renda familiar per
capita (em salários mínimos)
N
o
% % acumulada
¼ 28 14,7 14,7
¼ | ½
46 24,1
38,8
½ | 1
70 36,6
75,4
1 | 2
34 17,8
93,2
> 2 13 6,8 100,0
Total 191 100,0 100,0
Nota: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 191 pais/responsáveis, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
Destaca-se o reduzido nível socioeconômico de expressiva parcela da população
pesquisada. Proporção de 75,4% dos escolares pertencia a famílias cujo rendimento per capita
não ultrapassava, na época da coleta de dados, um salário mínimo (R$ 260,00). Os dados da
Tabela 4 mostram a distribuição das famílias de acordo com o Critério Brasil que envolve, para
classificação da condição econômica, a aquisição de alguns itens de bens materiais (como
eletrodomésticos e automóveis) e o nível de escolaridade dos pais.
67
Tabela 4 - Distribuição das famílias dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo
com a classe econômica, adotando-se o Critério Brasil, e comparação com os valores
descritos para São Paulo e Brasil
Campinas Brasil*
São Paulo (região
metropolitana)*
Classes
econômicas
N
o
% % acumulada % %
A1 0 0,0 0,0 1,0 1,0
A2 2 0,8 0,8 5,0 6,0
B1 6 2,5 3,3 9,0 10,0
B2 37 15,4 18,7 14,0 16,0
C 102 42,3 61,0 36,0 38,0
D 80 33,2 94,2 31,0 26,0
E 14 5,8 100,0 4,0 2,0
Total 241 100,0 100,0 100,0 100,0
Fontes: Dados da presente pesquisa e ABEP (2003)*
Nota: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 241 pais/responsáveis, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
De acordo com a adoção do Critério Brasil (Tabela 4), nota-se que a maioria das famílias
pertencia às classes C e D (42,3% e 33,2%, respectivamente).
No que se refere à ocupação dos responsáveis pelos escolares em 2004, 82,8% dos
responsáveis do gênero masculino afirmaram exercer algum tipo de atividade remunerada; 12,3%
estavam desempregados; 3,4% eram aposentados e 1,5% integraram a categoria identificada por
“outros”. Entre aqueles que exerciam alguma atividade, destaca-se que 64,4% afirmaram ser
trabalhadores assalariados registrados; 11,4% autônomos sem estabelecimento próprio; 8,9%
assalariados sem carteira assinada e 7,9% autônomos com estabelecimento próprio.
Entre as responsáveis do gênero feminino, praticamente a metade (48,5%) afirmou exercer
alguma atividade remunerada; 19,4% estavam desempregadas; 3,5% eram aposentadas; 26,8%
eram estudantes e 1,8% não souberam responder. Entre aquelas que declararam exercer alguma
atividade, destaca-se que 39,2% eram trabalhadoras assalariadas registradas; 15,8% assalariadas
sem registro; 14,6% sem remuneração e 14,0% autônomas sem estabelecimento próprio.
A Tabela 5 reúne as informações relativas à escolaridade dos pais/responsáveis.
68
Tabela 5 - Distribuição dos pais/responsáveis pelos escolares, da rede pública de ensino de
Campinas, de acordo com o nível de escolaridade
Responsável masculino Responsável feminino
Observações Observações
Níveis de escolaridade
N
o
%
%
acumulada
N
o
%
%
acumulada
Sem escolaridade 8 3,9 3,9 6 2,7 2,7
Ensino fundamental
incompleto
102 49,0 52,9 112 50,0 52,7
Ensino fundamental
completo
25 12,0 64,9 27 12,1 64,8
Ensino médio 44 21,1 86,0 52 23,2 88,0
Ensino técnico 6 2,9 88,9 9 4,0 92,0
Ensino superior 12 5,8 94,7 11 4,9 96,9
Não sabe 11 5,3 100,0 7 3,1 100,0
Total 208 100,0 100,0 224 100,0 100,0
Nota: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 208 responsáveis masculinos e 224 responsáveis
femininos, para os quais dispõe-se de informações válidas.
A distribuição da escolaridade entre os responsáveis dos gêneros masculino e feminino foi
bastante similar. Maior proporção dos pais/responsáveis possuía ensino fundamental incompleto
(49,0% dos homens e 50,0% das mulheres) e apenas uma reduzida parcela declarou ter concluído
o ensino de nível técnico ou superior (8,7% dos homens e 8,9% das mulheres).
A Tabela 6 mostra as principais informações sobre as condições de moradia dos escolares
pesquisados.
69
Tabela 6 - Distribuição das famílias dos escolares de Campinas de acordo com alguns indicadores
selecionados
Observações
Indicadores selecionados
N
o
%
Características da residência
Casa/apartamento 221 92,1
Casa de cômodos, quartos e/ou cortiço 11 4,6
Barraco 8 3,3
Situação da residência
Própria já paga 132 55,0
Alugada 40 16,7
Própria pagando 28 11,7
Emprestada 27 11,3
Outra 13 5,3
Número de cômodos da residência
3 72 30,1
3 | 6
146 61,1
> 6 20 8,4
Não sabe 1 0,4
Rua é asfaltada ou com paralelepípedo
Sim 125 52,5
Não 112 47,1
Não sabe 1 0,4
Abastecimento de água
Rede pública 230 95,4
Poço ou nascente 4 1,7
Não sabe 7 2,9
Instalação sanitária
Dentro da residência 223 92,9
Fora da residência 12 5,0
Não sabe 5 2,1
Destino do esgoto
Rede pública 159 66,5
Fossa 48 20,1
Céu aberto 23 9,6
Não sabe 9 3,8
Destino do lixo
Coleta pública regular 238 98,8
Céu aberto (não tem coleta) 2 0,8
Não sabe 1 0,4
Nota: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 241 pais/responsáveis, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
70
Cabe destacar, ainda, que 20,0% das famílias (n = 45) estavam inscritas, em 2004, em
algum programa assistencial. Entre os principais programas citados pelas famílias estavam o
bolsa-escola (57,5% das famílias afirmaram receber recursos deste programa), o bolsa-família
(15,0%) e o renda mínima (10,0%). Praticamente a totalidade (95,0%) das famílias inscritas
nesses programas afirmou receber valores iguais ou inferiores a R$ 45,00; 2,0% recebiam
recursos entre R$ 45,00 e R$ 90,00 e 3,0% declararam recebimento de valores que superavam R$
90,00.
4.2 Estado nutricional dos escolares
Os resultados relativos à situação nutricional da totalidade dos escolares (n = 324) do
município de Campinas – SP, tendo por base o escore Z de altura para idade – ZAI (Tabela 7), são
apresentados a seguir.
Tabela 7 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os
estratos de idade e estado nutricional (com base nos escores de altura para idade –
ZAI)
Estado nutricional
Observações
ZAI < 2 2 ZAI < 1 ZAI 1
Estratos
de idade
(em anos)
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 68 21,0 2 2,9 9 13,3 57 83,8
9 I 11 61 18,9 1 1,6 9 14,8 51 83,6
11
I 13 81 25,1 0 0,0 5 6,2 76 93,8
13
I 14 48 14,9 1 2,1 4 8,3 43 89,6
14
65 20,1 1 1,5 9 13,9 55 84,6
Total 323 100,0 5 1,6 36 11,1 282 87,3
Nota: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 323 escolares, para os quais dispõe-se de informações
válidas.
Ao examinar os dados da Tabela 7, nota-se que a proporção total de escolares identificados
com ZAI < 2 é de 1,6%. Essa percentagem pode ser considerada bastante satisfatória, sendo
71
inferior à expectativa para uma população de referência (2,3% dos indivíduos considerados
geneticamente baixos). Nota-se que apenas para o grupamento das crianças com idade inferior a 9
anos a proporção de indivíduos (2,9%) identificados neste intervalo é ligeiramente superior à
esperada.
O déficit de altura encontrado (1,6%) é inferior, também, ao registrado (6,4%) pela
Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003, para adolescentes com idade entre 10 e 19 anos,
residentes no meio urbano da região sudeste (IBGE, 2006).
No que se refere ao intervalo 2 ZAI < 1, indicativo de risco de comprometimento da
altura, a proporção de escolares classificada neste intervalo (11,1%) é inferior à esperada (13,6%).
Entre as crianças com idade entre 9 e 11 anos foi observada a maior percentagem (14,8%) para
este intervalo.
Proporção de 87,3% dos escolares foi identificada no intervalo ZAI 1, indicativo de
eutrofia. Como em populações de referência espera-se 84,1% de indivíduos nesta condição, os
resultados registrados podem ser considerados bastante satisfatórios.
Barros et al. (1990) tendo por base estudo, conduzido em 1985, com 1942 crianças da 1
a
série, de escolas particulares e estaduais de Campinas – SP, verificaram, por meio do escore Z de
altura para idade (ZAI), tendo como referência o NCHS de 1977-78, que 22,0% das crianças
foram classificadas no intervalo de ZAI menor que –1, indicando comprometimento da altura.
Destaca-se, analisando-se os dados da presente pesquisa, que, para o grupamento de escolares
com idade inferior a 9 anos, 16,2% dos alunos foram identificados no referido intervalo. Tal
situação representa evidências de melhoria na situação nutricional, no que se refere à redução do
déficit de altura, das crianças matriculadas na rede pública de ensino de Campinas.
É importante considerar que o Brasil vem passando por processo de transição, com
tendência de redução nas prevalências de desnutrição crônica, caracterizada pela baixa estatura.
Os dados dos últimos inquéritos nacionais disponíveis (Estudo Nacional da Despesa Familiar, de
1974-75, Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, de 1989, Pesquisa de Orçamentos Familiares,
de 2002-03) permitem constatar que, para os adolescentes, declínios intensos e contínuos
caracterizam a evolução da freqüência de déficit de altura para idade nas últimas décadas (IBGE,
2006). Segundo Monteiro e Freitas (2000), mudanças positivas nos determinantes do estado
nutricional, como renda familiar, escolaridade materna, saneamento e acesso a serviços de saúde
72
justificaram parte substancial do declínio da desnutrição observado entre meados das décadas de
80 e 90.
Merece destaque que o escore de altura para idade é um indicador da situação nutricional
pregressa, refletindo muito bem, entre crianças e adolescentes, as conseqüências dos eventos
sociais, econômicos e biológicos ocorridos nos primeiros anos de vida (MONTEIRO, 1989).
Dessa forma, pode-se inferir que, mesmo em se tratando de escolares com reduzido nível
socioeconômico, a situação nutricional pregressa, identificada por meio do escore Z de altura para
idade (ZAI), das crianças e adolescentes do município de Campinas pode ser considerada
satisfatória.
Situação semelhante à encontrada na presente pesquisa foi descrita por Cocetti (2001).
Avaliando o estado nutricional e a composição corporal de 315 alunos de reduzida condição
socioeconômica, com idade entre 7 e 11 anos, de uma escola pública de Campinas, a autora
verificou que a média do escore Z de altura para idade apresentou distribuição semelhante à
população de referência, NCHS, de 1977. Mesmo para uma população considerada pela autora
como carente, a proporção de escolares classificada no intervalo abaixo de – 2 escores Z foi de
1,9%.
Os resultados referentes à situação nutricional, com base na distribuição dos percentis do
IMC são apresentados na Tabelas 8 – referencial CDC (2000) e 9 – referencial Conde e Monteiro
(2006).
73
Tabela 8 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os estratos de idade e estado nutricional,
com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial do CDC (2000)
Estado Nutricional
Observações
IMC 3
o
P
3
o
P < IMC < 5
o
P
5
o
P IMC < 85
o
P 85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Estratos
de idade
(em anos)
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 68 21,0 5 7,4 3 4,4 48 70,6 9 13,2 3 4,4
(27,8) (37,5) (19,4) (25,7) (20,0)
9
I 11 61 18,9 4 6,6 2 3,3 45 73,8 6 9,8 4 6,5
(22,2) (25,0) (18,2) (17,1) (26,7)
11
I 13 81 25,1 5 6,2 1 1,2 61 75,3 10 12,4 4 4,9
(27,8) (12,5) (24,7) (28,6) (26,7)
13
I 14 48 14,9 2 4,2 0 0,0 41 85,4 3 6,2 2 4,2
(11,1) (0,0) (16,6) (8,6) (13,3)
14
65 20,1 2 3,1 2 3,0 52 80,0 7 10,8 2 3,1
(11,1) (25,0) (21,1) (20,0) (13,3)
Total 323 100,0 18 5,6 8 2,5 247 76,5 35 10,8 15 4,6
74
Tabela 9 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os estratos de idade e estado nutricional,
com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial elaborado por Conde e Monteiro
(2006)
Estado Nutricional
Observações
IMC 3
o
P
3
o
P IMC < 85
o
P 85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Estratos de
idade (em
anos)
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 68 21,0 3 4,4 52 76,5 11 16,2 2 2,9
(33,4) (20,8) (22,0) (14,3)
9
I 11 61 18,9 1 1,6 47 77,1 11 18,0 2 3,3
(11,1) (18,8) (22,0) (14,3)
11
I 13 81 25,1 0 0,0 62 76,5 13 16,1 6 7,4
(0,0) (24,8) (26,0) (42,8)
13
I 14 48 14,9 2 4,2 40 83,3 4 8,3 2 4,2
(22,2) (16,0) (8,0) (14,3)
14
65 20,1 3 4,6 49 75,4 11 16,9 2 3,1
(33,3) (19,6) (22,0) (14,3)
Total 323 100,0 9 2,8 250 77,4 50 15,5 14 4,3
75
No que se refere à distribuição do IMC adotando-se o referencial do CDC (Tabela 8),
nota-se que, para o intervalo de baixo peso (IMC < 5
o
P), a prevalência observada (8,1%) superou
àquela (5,0%) da população de referência, concentrando-se, especialmente, entre os indivíduos de
menor idade (11,8% para os menores de 9 anos e 9,9% para os com idade entre 9 e 11 anos).
Avaliando-se a situação oposta, ou seja, o excesso de peso, observa-se que as prevalências
totais de sobrepeso (10,8%) e de obesidade (4,6%) foram concordantes com as proporções
esperadas (10,0% e 5,0%, respectivamente). A análise dos resultados de acordo com os estratos
etários permite constatar que apenas para os grupamentos de alunos com idade inferior a 9 anos e
dos adolescentes com idade entre 11 e 12 anos as prevalências de sobrepeso foram ligeiramente
(13,2% e 12,4%, respectivamente) superiores às esperadas. Para o intervalo que discrimina o
grupo classificado como “obesos”, a situação de proporções maiores às esperadas só foi
observada para as crianças integrantes do estrato de 9 a 10 anos, alcançando o valor de 6,5%.
Tendo como base a distribuição do IMC adotando-se o referencial proposto por Conde e
Monteiro (Tabela 9) pode-se constatar que 2,8% dos indivíduos foram classificados como baixo
peso (IMC 3
o
P), proporção próxima à esperada em populações de referência (3,0%).
Analisando-se o excesso de peso (Tabela 9), nota-se que a prevalência de sobrepeso
(15,5%) superou à esperada (10,0%) para este intervalo (85
o
P IMC < 95
o
P). Apenas para os
adolescentes com idade igual a 13 anos a proporção de sobrepeso (8,3%) foi inferior à observada
em populações de referência. Entre as crianças com idade entre 9 e 10 anos a prevalência de
sobrepeso (18,0%) foi praticamente o dobro da esperada.
A prevalência de obesidade, ainda tendo por base os dados da Tabela 9, foi de 4,3%,
sendo inferior à esperada (5,0%). Apenas para o grupamento dos escolares com idade entre 11 e
12 anos a proporção (7,4%) de obesos foi mais elevada.
Vale registrar a condição de maiores prevalências de obesidade identificadas para os
alunos com idade entre 9 e 10 anos, por meio do emprego do referencial internacional, e para os
escolares com idade entre 11 e 12 anos, adotando-se referencial nacional. É possível que as
prevalências de excesso de peso possam decorrer, em parte, do processo de repleção, que se
caracteriza pelo aumento proporcionalmente maior do peso quando comparado à altura,
refletindo em armazenamento de gordura. Geralmente esta fase ocorre entre zero e nove meses de
idade e no início da adolescência, antecedendo o estirão de crescimento. Por meio dos dados da
Pesquisa sobre Padrão de Vida, conduzida entre 1996 e 1997, pôde-se verificar que para os
76
meninos a idade observada para o estirão de crescimento foi de 12 anos e para as meninas, 10
anos (ABRANTES; LAMOUNIER; COLOSIMO, 2002).
Com base nos resultados apresentados nas Tabelas 8 e 9 para a distribuição do IMC
empregando-se os referenciais CDC (2000) e Conde e Monteiro (2006), respectivamente,
algumas diferenças, decorrentes da adoção destes critérios, puderam ser identificadas. Avaliando-
se o baixo peso (IMC 3
o
P), a proporção de indivíduos (5,6%) classificados nesta condição,
empregando-se a referência internacional, representou o dobro da percentagem (2,8%) de
escolares com baixo peso, adotando-se o referencial nacional. As maiores diferenças foram
observadas quanto à classificação dos escolares de menor idade (inferior a 12 anos).
Em documento publicado pelo IBGE, em 2006, visando à divulgação dos resultados da
Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2002-2003, foram utilizados para análise do estado
nutricional dos adolescentes, por meio do IMC, dois referenciais para definição de baixo peso: o
da WHO (1995), adotando-se o IMC < 5
o
P, e o elaborado por Conde e Monteiro (2006),
empregando-se o critério que considera dois desvios abaixo da média da curva gerada a partir dos
dados da PNSN, de 1989 (ou IMC 3
o
P). As prevalências descritas para os adolescentes (com
idade entre 10 e 19 anos) residentes no meio urbano da região sudeste do país foram, à
semelhança do observado para os escolares de Campinas – SP, mais elevadas quando se adotou o
critério internacional (6,8%) do que se empregando o referencial nacional (3,2%). Segundo a
referida publicação, o uso do padrão desenvolvido no Brasil revelou-se mais condizente com a
tendência de transição nutricional vivenciada pela população (IBGE, 2006).
Analisando-se a situação de excesso de peso, destaca-se que para todos os estratos etários
as prevalências de sobrepeso (85
o
P IMC < 95
o
P) foram superiores adotando-se a referência de
Conde e Monteiro (2006). No tocante à obesidade, as prevalências foram ligeiramente superiores
(diferenças de 1,5% e 3,2%) apenas para os dois primeiros grupamentos de idade (menores de 9
anos e entre 9 e 10 anos, respectivamente) empregando-se a referência americana.
Segundo Anjos, Veiga e Castro (1998), os valores relativos aos percentis mais elevados
das referências americanas (como os utilizados para avaliação de risco de sobrepeso e obesidade)
são bastante superiores aos da população brasileira. Dessa forma, os brasileiros teriam que ganhar
muitas unidades de IMC para que o excesso de peso fosse identificado por meio deste critério.
Estas referências serviriam, de acordo com os autores, para identificar aqueles indivíduos que,
indubitavelmente, apresentassem sobrepeso.
77
Veiga (1997) analisando a prevalência de sobrepeso em amostra composta por 1540
adolescentes com idade entre 10 e 17,9 anos, estudantes de uma escola privada de Niterói – RJ,
também observou que esta era maior (22,1% e 46,2%, para meninas e meninos, respectivamente)
quando avaliada com base na distribuição de IMC para a população brasileira, adotando-se
referência proposta por Anjos et al. (1998), com base na PNSN de 1989, do que na distribuição
para a população americana (14,2% para meninas e 26,2% para meninos), empregando-se
referência da WHO (1995).
Ainda tendo por base os dados da Tabela 8, nota-se que empregando a referência
americana a proporção de baixo peso (8,1%) para os escolares de Campinas apresentou-se
superior à esperada, enquanto que as prevalências relativas ao excesso de peso foram elevadas
apenas para alguns grupamentos de idade. Adotando-se a referência brasileira (Tabela 9) foi
possível observar de forma mais nítida a tendência registrada nas últimas décadas por meio de
estudos de abrangência nacional e em expressiva parcela das pesquisas envolvendo dados da
população de grandes cidades: prevalências de baixo peso próximas às esperadas e aumento das
prevalências de excesso de peso.
Cocetti (2001) avaliando o estado nutricional de 315 alunos, com idade entre 7 e 11 anos,
de uma escola pública da cidade de Campinas identificou, empregando a referência WHO (1995)
para o IMC, 6,0% dos escolares com baixo peso (IMC < 5
o
P), 12,4% com sobrepeso (85
o
P
IMC < 95
o
P) e 9,8% obesos (IMC 95
o
P). A referida autora destaca ainda que, embora a
amostra estudada tenha apresentado peso e altura próximos à população de referência, a análise
dos indicadores de peso para altura, IMC e área muscular do braço revelou que a aparente
melhora do perfil nutricional ocorreu às custas de maior quantidade de gordura, com
comprometimento da massa magra.
Koga (2005) tendo como referência o CDC 2000 para o estudo do IMC em escolares de 7
a 10 anos, de reduzido nível socioeconômico, da região sudeste da cidade de São Paulo, observou
prevalências de 4,5% para baixo peso (IMC < 5
o
P), 15,3% para sobrepeso (85
o
P IMC < 95
o
P) e 11,0% para obesidade (IMC 95
o
P).
Garcia, Gambardella e Frutuoso (2003) avaliando o estado nutricional de 153
adolescentes (com idade entre 10 e 14 anos), de reduzida condição socioeconômica, que
freqüentavam uma entidade assistencial de São Paulo, identificaram reduzida proporção (1,9%)
de baixo peso e prevalência de cerca de 19,5% de excesso de peso (IMC 85
o
P).
78
Guimarães (2001) tendo por base amostra composta por 1256 alunos de 1
as
séries de
Cuiabá – MT verificou, no tocante ao IMC, adotando-se a referência da WHO (1995), proporção
(13,7%) de escolares com baixo peso (considerando-se IMC 15
o
P) próxima à esperada em
populações de referência, tanto em escolas públicas quanto nas particulares. Para a situação de
sobrepeso (IMC 85
o
P) foi observada prevalência de 14,4% destacando-se, no entanto, as
diferenças registradas entre as escolas públicas (12,3%) e privadas (32,8%).
Pesquisa conduzida na cidade de Santos – SP tendo por base amostra de 10.822 crianças
(com idade entre 7 e 10 anos) registrou, adotando-se como critério o CDC (2000), expressivas
prevalências de sobrepeso (15,7%) e especialmente de obesidade (18,0%) entre os alunos
(COSTA; CINTRA; FISBERG, 2006).
Toral (2006) identificou prevalências, empregando-se como referência o CDC (2000), de
4,4% para baixo peso (IMC < 5
o
P) e de 10,8% para obesidade (IMC 95
o
P) entre 390 alunos,
com idade entre 10 e 17 anos, da cidade de Piracicaba – SP. De acordo com a referida autora, os
resultados observados para o município do interior paulista eram preocupantes e condizentes com
o panorama mundial de elevação dos percentuais de excesso de peso entre os adolescentes.
No que se refere à realidade internacional, nos Estados Unidos estudos longitudinais têm
evidenciado tendência secular positiva de crescimento da obesidade. Freedman et al. (1997)
identificaram aumento médio de peso de 0,2 kg por ano em crianças, tendo por base estudo de
coorte conduzido entre 1973 e 1994. Para o grupamento de crianças e adolescentes (idade entre 5
e 14 anos), houve aumento de peso (3,4 kg) e do Índice de Massa Corporal (1,5 kg/m
2
).
As Tabelas 10 e 11 reúnem os dados que mostram as associações entre o IMC e o gênero
dos escolares.
79
Tabela 10 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC,
adotando referencial da CDC (2000) e gênero
Gênero
Observações
Masculino Feminino
Estado nutricional
N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P 18 5,6 9 50,0 9 50,0
(7,3) (4,5)
3
o
P < IMC < 5
o
P
8 2,5 3 37,5 5 62,5
(2,4) (2,5)
5
o
P IMC < 85
o
P 247 76,5 92 37,3 155 62,8
(74,8) (77,5)
85
o
P IMC < 95
o
P 35 10,8 12 34,3 23 65,7
(9,8) (11,5)
IMC 95
o
P 15 4,6 7 46,7 8 53,3
(5,7) (4,0)
Total
323 100,0 123 38,1 200 61,9
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
χ
2
= 1,84, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,22, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Tabela 11 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC,
adotando referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006) e gênero
Gênero
Observações
Masculino Feminino
Estado nutricional
N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
9 2,8 1 11,1 8 88,9
(0,8) (4,0)
3
o
P < IMC < 85
o
P
250 77,4 101 40,4 149 59,6
(82,1) (74,5)
85
o
P IMC < 95
o
P
50 15,5 17 34,0 33 66,0
(13,8) (16,5)
IMC 95
o
P
14 4,3 4 28,6 10 71,4
(3,3) (5,0)
Total
323 100,0 123 38,1 200 61,9
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
χ
2
= 4,24, com 3 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,22, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
80
Do exame dos dados das Tabelas 10 e 11 depreende-se que não foi possível captar
associação entre o estado nutricional e o gênero dos escolares. Cabe destacar a prevalência de
baixo peso (7,3%, com base no IMC 3
o
P) verificada entre os escolares do gênero masculino
quando foi empregado o parâmetro internacional. Adotando-se o critério nacional, a proporção de
meninos classificados nesta condição foi de 0,8%. Segundo Conde (2004), para o gênero
masculino os valores das prevalências de baixo peso, sobrepeso e obesidade tendem a ser
superiores quando são empregados os centis tradicionalmente utilizados na referência americana,
em comparação aos pontos de corte, em crianças e adolescentes, equivalentes aos valores do IMC
para os adultos, conforme proposto no referencial de Conde e Monteiro (2006). Para o gênero
feminino, a mesma “superestimação” existiria apenas para o diagnóstico da obesidade. Nota-se,
ainda tendo por base os dados das Tabelas 10 e 11, que a proporção de meninas com excesso de
peso (sobrepeso e obesidade) foi ligeiramente superior adotando-se o critério de Conde e
Monteiro (2006), em comparação à referência internacional.
Devido às variações individuais em relação aos eventos pubertários foi analisada,
também, a associação do estado nutricional em função da maturação sexual e gênero dos
escolares (Tabelas 12 e 13). Cabe lembrar que os dados relativos ao estágio de desenvolvimento
sexual foram obtidos junto aos alunos com idade pelo menos igual a dez anos.
81
Tabela 12 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o estado nutricional, adotando-se
referencial do CDC (2000), maturação sexual e gênero
Maturação sexual
Masculino* Feminino**
Observações Pré-púberes Púberes Observações Pré-púberes Púberes
Estado nutricional
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
5 5,9 3 60,0
(12,5)
2 40,0
(3,3)
53,9 120,0
(14,3)
4 80,0
(3,3)
3
o
P < IMC < 5
o
P 1 1,2 1 100,0
(4,2)
00,0
(0,0)
21,6 00,0
(0,0)
2 100,0
(1,7)
5
o
P IMC < 85
o
P
68 81,0 17 25,0
(70,8)
51 75,0
(85,0)
103 80,5 6 5,8
(85,7)
97 94,2
(80,2)
85
o
P IMC < 95
o
P
7 8,3 2 28,6
(8,3)
5 71,4
(8,4)
13 10,2 0 0,0
(0,0)
13 100,0
(10,7)
IMC 95
o
P
3 3,6 1 33,3
(4,2)
2 66,7
(3,3)
53,8 00,0
(0,0)
5 100,0
(4,1)
Total 84 100,0 24 28,6 60 71,4 128 100,0 7 5,5 121 94,5
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
*
χ
2
= 5,38, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
**
χ
2
= 3,22, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
82
Tabela 13 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o estado nutricional, empregando-se
referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006), maturação sexual e gênero
Maturação sexual
Masculino* Feminino**
Observações Pré-púberes Púberes Observações Pré-púberes Púberes
Estado nutricional
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
1 1,2 0 0,0
(0,0)
1 100,0
(1,6)
53,9 00,0
(0,0)
5 100,0
(4,1)
3
o
P IMC < 85
o
P
69 82,1 20 29,0
(83,3)
49 71,0
(81,7)
97 75,8 6 6,2
(85,7)
91 93,8
(75,2)
85
o
P IMC < 95
o
P
10 11,9 3 30,0
(12,5)
7 70,0
(11,7)
20 15,6 1 5,0
(14,3)
19 95,0
(15,7)
IMC 95
o
P
4 7,8 1 25,0
(4,2)
3 75,0
(5,0)
64,7 00,0
(0,0)
6 100,0
(5,0)
Total 84 100,0 24 28,6 60 71,4 128 100,0 7 5,5 121 94,5
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
*
χ
2
= 0,74, com 3 graus de liberdade, não-significativo.
**
χ
2
= 0,44, com 3 graus de liberdade, não-significativo
83
Tendo por base os resultados presentes nas Tabelas 12 e 13, verificou-se que 28,6% e
5,5% dos meninos e meninas, respectivamente, foram classificados como pré-púberes. Segundo
Castilho (2003) os meninos iniciam a puberdade em média dois anos mais tarde que as meninas.
Entre as meninas o estirão de crescimento marca o início da maturação sexual. As mamas
começam a se desenvolver (estágio 2) à medida que a velocidade de crescimento acelera
(TANNER, 1986). Os meninos iniciam a maturação genital (estágio 2) antes de iniciar a
aceleração do crescimento (TANNER, 1986).
Analisando-se os dados das Tabelas 12 e 13, nota-se que foram observadas diferenças
quanto ao diagnóstico nutricional, em função dos referenciais adotados.
Empregando-se a referência internacional, verificou-se que 66,7% dos meninos e 14,3%
das meninas que apresentavam baixo peso (IMC < 5
o
P) encontravam-se no estágio de pré-
púberes. Tal condição é particularmente importante entre os meninos, visto que estes
possivelmente ainda não iniciaram a fase de aceleração do crescimento e a situação de baixo peso
pode comprometer o desenvolvimento adequado desses escolares. No entanto, tendo por base o
referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006), nota-se que não foram identificados
escolares no estágio de pré-púberes entre os indivíduos classificados com baixo peso
(IMC 3
o
P) por meio deste critério.
Toral (2006) tendo por base amostra de alunos com idade entre 10 e 17 anos da cidade de
Piracicaba – SP verificou que do total de escolares que apresentou baixo peso (4,4%), 35,3%
encontravam-se no estágio de pré-púberes.
No que se refere à situação de excesso de peso, segundo Wang (2002), as meninas com
IMC mais elevado tendem a passar pelos processos de desenvolvimento maturacional de forma
mais precoce que àquelas eutróficas. Esse fato estaria relacionado ao acúmulo de quantidade de
gordura corporal (bem como a sua distribuição) necessário para desencadear o processo de
maturação na adolescência (FRISCH, 1994). Destaca-se, com base nas Tabelas 12 e 13, que
praticamente a totalidade das meninas com excesso de peso foram classificadas como púberes.
Oliveira e Veiga (2005) avaliaram o estado nutricional e a maturação sexual de 502
alunos de escolas públicas e privadas, com idade entre 10 e 14 anos, do município do Rio de
Janeiro. As autoras verificaram que nas unidades particulares, maior prevalência de sobrepeso e
obesidade foi observada para as meninas e maior número de alunos estavam em estágios mais
avançados de maturação sexual. Ainda de acordo com as referidas autoras, o risco de apresentar
84
sobrepeso/obesidade foi maior nas meninas em estágios mais avançados de maturação sexual,
sendo esta associação observada apenas entre as alunas (e não para os meninos) das unidades
públicas. As diferenças entre os gêneros podem ser explicadas, possivelmente, pelas alterações na
composição corporal, que ocorre de forma diferenciada entre as meninas e meninos.
Castilho (2003) realizou estudo junto à amostra composta por 1.348 escolares, com idade
entre 9 e 17 anos, de três unidades de ensino particulares do município de Campinas – SP, com o
objetivo de avaliar a composição corporal durante o processo de maturação sexual dos alunos. A
autora verificou que durante a puberdade as meninas apresentaram um gradual aumento da
gordura corporal e os meninos um ganho mais acentuado de tecido muscular, à medida que o
IMC aumentava.
Julgou-se pertinente analisar a associação entre algumas variáveis socioeconômicas
selecionadas, como o rendimento familiar e a escolaridade materna, e o estado nutricional
observado entre os alunos integrantes da amostra.
Cabe registrar que a determinação do estado de saúde e nutrição das crianças depende, de
forma expressiva, da condição socioeconômica das famílias, à medida que a disponibilidade de
alimentos e a possibilidade de utilização de outros bens e serviços, tais como, vestuário, moradia
e saneamento, dependem do poder aquisitivo (MONTEIRO; FREITAS, 2000).
As Tabelas 14 e 15 apresentam a relação entre a situação nutricional (tendo por base a
distribuição dos percentis do IMC) e os estratos de rendimento familiar per capita. Considerou-
se, para definição das classes de renda, o valor do salário mínimo de R$ 260,00, vigente nos
meses de setembro, outubro e novembro de 2004, período no qual foi realizada a coleta de dados
da presente pesquisa.
85
Tabela 14 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os estratos de renda familiar per capita e
estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial do CDC (2000)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 190 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 10,12, com 16 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 2,23, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Estado Nutricional
Observações
IMC 3
o
P
3
o
P < IMC < 5
o
P 5
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Estratos de renda
familiar per
capita (em
salários mínimos)
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 28 14,7 2 7,1 1 3,6 21 75,0 3 10,7 1 3,6
(18,2) (20,0) (14,8) (13,6) (10,0)
¼
I ½ 46 24,2 3 6,5 2 4,3 38 82,6 2 4,4 1 2,2
(27,2) (40,0) (26,8) (9,1) (10,0)
½
I 1 70 36,8 3 4,3 1 1,4 50 71,5 12 17,1 4 5,7
(27,3) (20,0) (35,2) (54,6) (40,0)
1
I 2 33 17,4 3 9,1 1 3,0 23 69,7 3 9,1 3 9,1
(27,3) (20,0) (16,2) (13,6) (30,0)
> 2 13 6,9 0 0,0 0 0,0 10 76,9 2 15,4 1 7,7
(0,0) (0,0) (7,0) (9,1) (10,0)
Total 190 100,0 11 5,8 5 2,6 142 74,7 22 11,6 10 5,3
86
Tabela 15 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os estratos de renda familiar per capita e
estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial elaborado por
Conde e Monteiro (2006)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 190 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 12,72, com 12 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 2,94, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
Estado Nutricional
Observações
IMC
3
o
P
3
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Estratos de renda
familiar per
capita (em
salários mínimos)
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 28 14,7 1 3,6 22 78,5 4 14,3 1 3,6
(16,7) (15,6) (12,1) (10,0)
¼
I ½ 46 24,2 3 6,5 37 80,4 4 8,7 2 4,4
(50,0) (26,2) (12,1) (20,0)
½
I 1 70 36,8 0 0,0 50 71,4 17 24,3 3 4,3
(0,0) (35,5) (51,5) (30,0)
1
I 2 33 17,4 2 6,0 23 69,7 6 18,2 2 6,1
(33,3) (16,3) (18,2) (20,0)
> 2 13 6,9 0 0,0 9 69,2 2 15,4 2 15,4
(0,0) (6,4) (6,1) (20,0)
Total 190 100,0 6 3,1 141 74,2 33 17,4 10 5,3
87
Cabe registrar que as análises relativas à variável “renda familiar per capita” foram
realizadas com um número menor de observações (n = 190) em relação à amostra inicial, tendo
em vista que esta variável foi obtida por meio da renda familiar e do número de moradores
residentes no domicílio, informações fornecidas pelos pais/responsáveis por meio do
preenchimento e devolução de questionário relativo às condições socioeconômicas.
Tendo por base os dados da Tabela 14, destaca-se que não foi possível captar associação
estatisticamente significativa entre as variáveis consideradas, com base no referencial do CDC.
Os dados da Tabela 15 revelam associação significativa apenas ao nível de 10% entre o
estado nutricional e a renda familiar per capita. Tendo por base o referencial elaborado por
Conde e Monteiro, nota-se que as menores proporções de escolares classificados como eutróficos
(69,7% e 69,2%) foram observadas entre aqueles pertencentes a famílias com maiores
rendimentos (entre um e dois salários e acima de dois salários mínimos, respectivamente).
Contribuíram para essa condição as elevadas prevalências de excesso de peso identificadas entre
esses escolares.
Com relação ao excesso de peso, tendo por base os dados da Tabela 15, verifica-se que
este é mais preocupante especialmente entre os três últimos estratos de rendimentos. A
prevalência de sobrepeso (8,7%) foi inferior à esperada apenas para os escolares pertencentes às
famílias que afirmaram receber entre um quarto e meio salário mínimo per capita. Ressalta-se a
elevada proporção (24,3%), que representa mais que o dobro da esperada (10,0%), de alunos com
sobrepeso integrantes do estrato de renda per capita entre meio e um salário mínimo. A
prevalência de obesidade (Tabela 15) aumentou significativamente com o aumento da renda per
capita. Destaca-se a elevada prevalência de excesso de peso (30,8%), o dobro do esperado em
populações de referência, entre os escolares de maiores rendimentos (acima de dois salários).
Os resultados descritos para as crianças e adolescentes de Campinas – SP assemelham-se
aos dados nacionais identificados por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2002-
2003, disponíveis para os adolescentes. Os dados da POF revelam tendência de redução nas
prevalências de déficit de peso para idade e aumento das prevalências de sobrepeso e obesidade
com a elevação da renda familiar per capita (IBGE, 2006). Ainda com base nos dados nacionais,
destaca-se, por exemplo, que a prevalência de excesso de peso, entre os meninos, foi de 8,5%
entre os pertencentes a famílias com rendimentos per capita de até um quarto de salário mínimo,
passando para 20,2% entre aqueles que recebiam entre um e dois salários.
88
Barros et al. (1990) por meio de estudo, conduzido em 1985, envolvendo amostra de 1942
crianças de 1
as
séries de Campinas – SP, verificaram que 22% das crianças apresentaram peso
abaixo do considerado ideal para a idade e gênero e que este déficit foi observado em 32% das
crianças pertencentes a famílias de reduzido nível socioeconômico. Ainda segundo os referidos
autores, 5% das crianças apresentavam sobrepeso, sendo que 11,6% das crianças pertencentes às
famílias relativamente mais ricas eram obesas. Os autores assumiram que os resultados
indicavam, na década de 90, a necessidade de desenvolvimento de diferentes programas para
enfrentar os problemas nutricionais em distintos grupos da população.
Engstrom e Anjos (1996) avaliaram a influência das condições socioeconômicas sobre o
estado nutricional de crianças menores de dez anos, com base nos dados da PNSN, de 1989. Os
autores identificaram associação direta entre maiores prevalências de sobrepeso nas crianças e o
aumento da renda domiciliar per capita. Os autores também observaram associação entre o
excesso de peso e as condições de moradia (2,7% das crianças dos domicílios em más condições
possuíam sobrepeso enquanto 6,9% das que viviam em boas condições foram classificadas na
mesma situação nutricional).
Guimarães (2001) tendo por base estudo de caso-controle com 474 crianças de 1
as
séries
de Cuiabá – MT, com o objetivo de identificar variáveis associadas ao sobrepeso infantil,
verificou maiores chances de excesso de peso entre os escolares com renda familiar per capita
maior que três salários mínimos; nível mais alto de escolaridade da mãe; pais com IMC 30
kg/m
2
; tempo despendido em brincadeiras e dormindo por período menor ou igual a dez e oito
horas, respectivamente e ser do gênero feminino.
Estudo conduzido com 10.822 crianças da cidade do litoral paulista identificou maior
prevalência de baixo peso entre as crianças das escolas públicas (freqüentemente de menor nível
socioeconômico) que entre aquelas que freqüentavam as unidades particulares. Avaliando o
excesso de peso, as prevalências de sobrepeso e obesidade foram superiores entre os escolares da
rede privada (cerca de 20,0% e 25,0%, respectivamente), em comparação (14,3% e 15,6%,
respectivamente) com os pertencentes às unidades públicas (COSTA; CINTRA; FISBERG,
2006).
As Tabelas 16 e 17 reúnem as informações sobre o estado nutricional, avaliado por meio
do IMC, e o Critério de Classificação Econômica Brasil.
89
Tabela 16 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com as classes econômicas, definidas pelo
Critério Brasil, e o estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o
referencial do CDC (2000)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 240 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 13,73, com 20 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 1,24, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Estado Nutricional
Observações
IMC
3
o
P
3
o
P < IMC < 5
o
P 5
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Classes
econômicas
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
E 14 5,8 0 0,0 1 7,1 11 78,6 2 14,3 0 0,0
(0,0) (20,0) (6,2) (6,9) (0,0)
D 80 33,4 7 8,8 2 2,5 57 71,2 9 11,2 5 6,3
(50,0) (40,0) (32,0) (31,0) (35,7)
C 101 42,1 6 5,9 2 2,0 76 75,3 9 8,9 8 7,9
(42,9) (40,0) (42,7) (31,0) (57,1)
B2 37 15,4 1 2,7 0 0,0 28 75,7 7 18,9 1 2,7
(7,1) (0,0) (15,7) (24,1) (7,2)
B1 6 2,5 0 0,0 0 0,0 5 83,3 1 16,7 0 0,0
(0,0) (0,0) (2,8) (3,5) (0,0)
A2 2 0,8 0 0,0 0 0,0 1 50,0 1 50,0 0 0,0
(0,0) (0,0) (0,6) (3,5) (0,0)
Total 240 100,0 14 5,8 5 2,1 178 74,2 29 12,1 14 5,8
90
Tabela 17 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com as classes econômicas, definidas pelo
Critério Brasil, e o estado nutricional, com base nos percentis do Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o
referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 240 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 17,12, com 15 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 4,38, com 1 grau de liberdade, significativo a 5%.
Estado Nutricional
Observações
IMC
3
o
P
3
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Classes
econômicas
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
E
14 5,8
1 7,1 11 78,6 2 14,3 0 0,0
(16,7) (6,2) (4,8) (0,0)
D 80 33,4 2 2,5 63 78,8 11 13,8 4 5,0
(33,3) (35,2) (26,2) (30,8)
C 101 42,1 2 2,0 77 76,2 15 14,9 7 6,9
(33,3) (43,0) (35,7) (53,9)
B2 37 15,4 1 2,7 24 64,9 10 27,0 2 5,4
(16,7) (13,4) (23,8) (15,4)
B1 6 2,5 0 0,0 4 66,7 2 33,3 0 0,0
(0,0) (2,2) (4,8) (0,0)
A2 2 0,8 0 0,0 0 0,0 2 100,0 0 0,0
(0,0) (0,0) (4,8) (0,0)
Total 240 100,0 6 2,5 179 74,6 42 17,5 13 5,4
91
Destaca-se não foi possível estabelecer associação entre as variáveis condição
socioeconômica, identificada por meio do Critério Brasil, e o estado nutricional, empregando-se a
referência internacional (Tabela 16). Foi captada, no entanto, associação significativa (ao nível de
5%) entre as variáveis (Tabela 17) quando se considerou o referencial de Conde e Monteiro
(2006).
De acordo com os dados da Tabela 17, verificou-se, no tocante ao baixo peso, que as
maiores prevalências foram identificadas entre os escolares de menor nível socioeconômico
(pertencentes às classes E, D e C). Não foram observados alunos com baixo peso entre aqueles
que pertenciam às famílias classificadas nas classes B1 e A2. Cabe registrar, no entanto, que as
prevalências de escolares com baixo peso, empregando-se a referência nacional, foram próximas
às esperadas para todas as classes econômicas.
Quanto ao excesso de peso, avaliando-se aqueles indivíduos classificados no intervalo de
IMC 85
o
P (sobrepeso e obesidade), nota-se que as prevalências de excesso de peso aumentam
conforme se eleva o nível socioeconômico das famílias, confirmando tendência observada para a
renda familiar per capita.
Leão et al. (2003) tendo por base pesquisa realizada com 387 alunos de Salvador – BA
verificaram associação direta entre a obesidade e o nível socioeconômico, avaliado por meio do
Critério de Classificação Econômica Brasil. As autoras observaram maior prevalência (30%) de
obesidade (IMC 95
o
P) entre os escolares pertencentes a unidades particulares, em comparação
com a registrada (8%) entre aqueles matriculados na rede pública de ensino.
As Tabelas 18 e 19 reúnem as análises tendo por base a variável escolaridade materna e a
situação nutricional dos escolares.
Cabe destacar que a escolaridade materna representa importante indicador tendo em vista
que dela dependem a utilização da renda (do ponto de vista do cuidado infantil) e dos serviços
públicos disponíveis. Além disso, esta variável exerce influência sobre as oportunidades de
emprego e salários, condicionando, em grande medida, o poder aquisitivo das famílias
(MONTEIRO; FREITAS, 2000).
92
Tabela 18 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os níveis de escolaridade materna e o
estado nutricional, com base no Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial do CDC (2000)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 223 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 12,87, com 16 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,05, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Estado Nutricional
Observações
IMC 3
o
P
3
o
P < IMC < 5
o
P 5
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Estratos de
escolaridade
materna
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
117 52,5 8 6,8 2 1,7 87 74,4 11 9,4 9 7,7
Fundamental
incompleto
(66,7) (50,0) (52,1) (40,8) (69,2)
27 12,1 0 0,0 1 3,7 19 70,4 4 14,8 3 11,1
Fundamental
completo
(0,0) (25,0) (11,4) (14,8) (23,1)
52 23,3 3 5,8 0 0,0 40 76,9 9 17,3 0 0,0
Ensino médio
(25,0) (0,0) (23,9) (33,3) (0,0)
20 9,0 1 5,0 1 5,0 15 75,0 2 10,0 1 5,0
Nível técnico e
superior
(8,3) (25,0) (9,0) (7,4) (7,7)
7 3,1 0 0,0 0 0,0 6 85,7 1 14,3 0 0,0
Não sabe
(0,0) (0,0) (3,6) (3,7) (0,0)
Total 223 100,0 12 5,4 4 1,8 167 74,9 27 12,1 13 5,8
93
Tabela 19 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os níveis de escolaridade materna e o
estado nutricional, com base no Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial elaborado por Conde e
Monteiro (2006)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 223 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 11,35, com 12 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,46, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Estado Nutricional
Observações
IMC
3
o
P
3
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Estratos de
escolaridade
materna
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
117 52,5 2 1,7 93 79,5 15 12,8 7 6,0
Fundamental
incompleto
(50,0) (55,4) (38,5) (58,3)
27 12,1 0 0,0 19 70,4 5 18,5 3 11,1
Fundamental
completo
(0,0) (11,3) (12,8) (25,0)
52 23,3 1 1,9 35 67,3 15 28,9 1 1,9
Ensino médio
(25,0) (20,8) (38,5) (8,3)
20 9,0 1 5,0 15 75,0 3 15,0 1 5,0
Nível técnico e
superior
(25,0) (8,9) (7,7) (8,3)
7 3,1 0 0,0 6 85,7 1 14,3 0 0,0
Não sabe
(0,0) (3,6) (2,6) (0,0)
Total
223 100,0 4 1,8 168 75,3 39 17,5 12 5,4
94
Não foi encontrada, nesta pesquisa, associação entre a escolaridade materna e o estado
nutricional, com base na distribuição do IMC.
Analisando os dados da Tabela 18, vale registrar que 66,7% e 69,2% dos alunos (n = 223)
classificados no intervalo de baixo peso (IMC 3
o
P) e obesidade (IMC 95
o
P),
respectivamente, pertenciam a famílias cujas mães/responsáveis possuíam reduzida escolaridade
(até ensino fundamental incompleto).
Tendo por base os resultados da Tabela 19, chama a atenção a prevalência de sobrepeso
(28,9%) entre os escolares cujas mães/responsáveis possuíam ensino médio (cerca de 11 anos de
estudo). Tal valor representa, praticamente, o triplo do esperado (10,0%). A prevalência de
excesso de peso (sobrepeso e obesidade) também foi elevada (29,6%) entre os alunos cujas
mães/responsáveis afirmaram possuir ensino fundamental completo (8 anos de estudo), sendo que
a prevalência de obesidade (11,1%) para este grupamento foi o dobro da esperada.
De acordo com Guimarães (2001), os estudos que investigam a influência da escolaridade
materna sobre o estado nutricional têm revelado resultados contraditórios.
Engstrom e Anjos (1996) avaliando o estado nutricional de crianças menores de dez anos,
com base nos dados da PNSN verificaram que a prevalência de sobrepeso (3,3%) foi menor entre
as crianças cujas mães apresentavam pouca ou nenhuma escolaridade (até quatro séries cursadas),
aumentando conforme o aumento dos anos de estudo. A maior prevalência de sobrepeso (9,0%)
foi identificada no grupo com maior escolaridade (entre as mães com doze ou mais séries
cursadas). Ainda tendo como referência a mesma base de dados, os referidos autores, em 1999,
registraram redução na prevalência de desnutrição conforme aumentava a escolaridade materna
(ENGSTROM; ANJOS, 1999).
Giugliano e Carneiro (2004) identificaram, no entanto, maior prevalência de sobrepeso e
obesidade entre alunos, com idade entre 6 e 10 anos, de Brasília – DF, cujas mães possuíam
reduzido nível educacional.
As Tabelas 20 e 21 registram a associação entre o estado nutricional dos alunos e as
escolas do município de Campinas envolvidas na pesquisa.
95
Tabela 20 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a unidade de ensino público a qual pertencem e o estado nutricional,
com base no Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se o referencial do CDC (2000)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
χ
2
= 26,13, com 20 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,57, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Estado Nutricional
Observações
IMC
3
o
P
3
o
P < IMC < 5
o
P
5
o
P
IMC < 85
o
P 85
o
P
IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Unidade de
ensino
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
27 8,3 0 0,0 1 3,7 24 88,9 0 0,0 2 7,4A
(0,0) (12,5) (9,7) (0,0) (13,3)
83 25,7 6 7,2 2 2,4 66 79,5 7 8,5 2 2,4B
(33,3) (25,0) (26,7) (20,0) (13,3)
51 15,8 3 5,9 0 0,0 36 70,6 9 17,6 3 5,9C
(16,7) (0,0) (14,6) (25,7) (20,0)
38 11,8 1 2,6 2 5,3 29 76,3 5 13,2 1 2,6D
(5,6) (25,0) (11,8) (14,3) (6,7)
65 20,1 7 10,8 3 4,6 46 70,8 4 6,1 5 7,7E
(38,9) (37,5) (18,6) (11,4) (33,4)
59 18,3 1 1,7 0 0,0 46 78,0 10 16,9 2 3,4F
(5,5) (0,0) (18,6) (28,6) (13,3)
Total 323 100,0 18 5,6 8 2,5 247 76,5 35 10,8 15 4,6
96
Tabela 21 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a unidade de ensino público a qual pertencem e o estado nutricional,
com base no Índice de Massa Corporal – IMC, adotando-se referencial elaborado por Conde e Monteiro (2006)
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
χ
2
= 14,92, com 15 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 1,25, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Estado Nutricional
Observações
IMC
3
o
P
3
o
P < IMC < 85
o
P
85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Unidades de
ensino
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
27 8,3 1 3,7 22 81,5 2 7,4 2 7,4A
(11,1) (8,8) (4,0) (14,3)
83 25,7 2 2,4 71 85,6 9 10,8 1 1,2B
(22,2) (28,4) (18,0) (7,1)
51 15,8 2 3,9 33 64,7 12 23,5 4 7,9C
(22,2) (13,2) (24,0) (28,6)
38 11,8 0 0,0 32 84,2 5 13,2 1 2,6D
(0,0) (12,8) (10,0) (7,1)
65 20,1 3 4,6 48 73,9 10 15,4 4 6,1E
(33,4) (19,2) (20,0) (28,6)
59 18,3 1 1,7 44 74,6 12 20,3 2 3,4F
(11,1) (17,6) (24,0) (14,3)
Total 323 100,0 9 2,8 250 77,4 50 15,5 14 4,3
97
A análise do estado nutricional dos alunos, discriminados conforme a unidade de ensino
de origem (Tabelas 20 e 21), permite que as estratégias de intervenção sejam elaboradas com
maior precisão e os recursos alocados visando maior efetividade.
No que se refere à situação de baixo peso, empregando-se o referencial do CDC (Tabela
20), nota-se que as maiores prevalências foram observadas para as escolas E (15,4%) e B (9,6%).
Adotando-se o critério elaborado por Conde e Monteiro (Tabela 21), verifica-se que as
prevalências de baixo peso descritas para as unidades foram próximas àquelas identificadas em
populações de referência.
Quanto à situação de excesso de peso (sobrepeso e obesidade), tendo como base a Tabela
20 destaca-se que as prevalências foram expressivas nas unidades C (23,5%) e F (20,3%). Com
base na Tabela 21 nota-se que além das escolas C e F (com prevalências de 31,4% e 23,7%,
respectivamente), também foi identificada proporção de alunos (21,5%) acima da esperada na
unidade E.
Integrava o instrumento utilizado para as entrevistas junto aos escolares, com idade igual
ou superior a dez anos, questão relativa à percepção corporal dos alunos. Cabe destacar que a
autopercepção e a satisfação com a imagem corporal são fatores preponderantes na auto-
aceitação do adolescente e podem gerar atitudes inadequadas que prejudicam seu crescimento e
desenvolvimento (BRANCO; HILÁRIO; CINTRA, 2006).
A avaliação dos estudantes quanto ao peso corporal foi associada ao estado nutricional
(Tabela 22). Destaca-se que como os resultados foram semelhantes empregando-se os dois
referenciais para definição do estado nutricional (CDC, 2000; CONDE; MONTEIRO, 2006),
optou-se pela apresentação das análises adotando-se a referência internacional.
98
Tabela 22 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a percepção do peso corporal e a avaliação
do estado nutricional, adotando-se critério do CDC (2000)
Percepção do peso corporal
Alunos
Muito baixo Baixo Adequado Alto Muito alto
Estado nutricional
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
IMC < 5
o
P
13 6,3 1 7,7 4 30,8 8 61,5 0 0,0 0 0,0
(14,3) (15,4) (6,9) (0,0) (0,0)
5
o
P IMC < 85
o
P
166 80,2 5 3,0 22 13,3 102 61,4 26 15,7 11 6,6
(71,4) (84,6) (88,7) (60,5) (68,8)
85
o
P IMC < 95
o
P
20 9,6 1 5,0 0 0,0 4 20,0 12 60,0 3 15,0
(14,3) (0,0) (3,5) (27,9) (18,7)
IMC 95
o
P
8 3,9 0 0,0 0 0,0 1 12,5 5 62,5 2 25,0
(0,0) (0,0) (0,9) (11,6) (12,5)
TOTAL
207 100,0 7 3,4 26 12,6 115 55,5 43 20,8 16 7,7
Notas: Os números entre colchetes são os percentuais em relação ao total (n = 207) observado na linha.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 207 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 48,59, com 12 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 27,74, com 1 grau de liberdade, não-significativo a 1%.
99
Entre os indivíduos classificados no intervalo característico de baixo peso (IMC < 5
o
P),
38,5% dos alunos reconheceram estarem abaixo do peso ideal. No entanto, a maioria (61,5%)
afirmou achar que o peso estava adequado para a altura e idade. Entre os escolares eutróficos,
61,4% acreditavam que o peso apresentava-se ideal para a altura. Proporção de 22,3% dos alunos,
apesar de apresentar Índice de Massa Corporal dentro da normalidade, afirmou possuir peso
elevado para a altura.
Para os alunos classificados com excesso de peso, nota-se que a maioria (75,0% e 87,5%
dos escolares identificados com sobrepeso e obesidade, respectivamente) possuía a percepção de
que apresentava peso superior ao esperado. A percentagem de alunos com excesso de peso que
acreditava estar com o peso adequado (20,0% e 12,5% para sobrepeso e obesidade,
respectivamente) foi inferior à proporção de escolares classificados como magros (61,5%) que
afirmava ter peso ideal.
É importante considerar que existe uma forte tendência social e cultural em considerar a
magreza como o pado de beleza ideal. Os adolescentes possuem como característica
comportamental a contestação, que os torna vulneráveis, seguidores de líderes, grupos e modas,
desenvolvendo preocupações ligadas ao corpo e à aparência (GAMBARDELLA, 1995).
Branco, Hilário e Cintra (2006) analisando a percepção corporal junto a adolescentes, com
idade entre 14 e 19 anos, da cidade de São Paulo, verificaram que embora a maioria da população
avaliada fosse classificada na condição de eutrofia, parcela dos jovens, particularmente as
meninas (39%), afirmava apresentar sobrepeso. A insatisfação com a imagem corporal foi mais
prevalente entre os adolescentes com sobrepeso e obesidade, especialmente entre as meninas. De
acordo com as referidas autoras, a autopercepção corporal não condizente com a real situação
nutricional deve ser avaliada pelos profissionais de saúde e nutrição para diagnósticos mais
precisos junto aos adolescentes.
4.3 Hábitos alimentares
A Tabela 23 apresenta a proporção de escolares que afirmou consumir as refeições
(desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia) com uma freqüência igual ou
superior a quatro vezes por semana, condição estabelecida, nesta pesquisa, para que a realização
da refeição pelo aluno fosse reconhecida como um hábito.
100
Tabela 23 - Distribuição dos escolares, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
realização das refeições e os estratos de idade
Refeições
Desjejum*
Lanche da
manhã**
Almoço***
Lanche da
tarde
Jantar Ceia
Estratos
de idade
(em
anos)
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
11 12 66,7 11 61,1 18 100,0 11 61,5 18 100,0 4 22,2
11 I 13 73 91,2 33 41,2 76 95,0 51 63,8 75 93,8 26 32,5
> 13 90 79,7 27 23,9 99 87,6 64 56,6 103 91,2 40 35,7
Total 175 [82,9] 71 [33,7] 193 [91,5] 126 [59,7] 196 [92,9] 70 [33,3]
Notas: Os números entre colchetes são os percentuais em relação ao total (n = 211) de informações válidas.
*
χ
2
= 8,14, com 2 graus de liberdade, significativo a 5%.
**
χ
2
= 12,97, com 2 graus de liberdade, significativo a 1%.
***
χ
2
(MH) = 5,03, com 1 grau de liberdade, significativo a 5%.
O hábito de consumir alimentos no desjejum foi identificado entre 82,9% dos escolares,
sendo que a menor proporção (66,7%) que afirmou realizar essa refeição foi verificada entre as
crianças menores de 11 anos. Sabe-se que o café da manhã representa importante refeição pelo
número de horas em que o indivíduo passou sem se alimentar durante o período da noite. Além
disso, esta refeição tradicionalmente contribui com expressivo consumo de produtos lácteos,
fontes de cálcio.
No entanto, o lanche da manhã é significativamente realizado mais freqüentemente pelo
grupamento de menor idade refletindo, em parte, a observação de que é maior a adesão pelos
mais jovens às refeições do Programa de Alimentação Escolar, distribuídas neste período.
Nota-se que a totalidade dos escolares com idade igual ou inferior a 11 anos afirmou que
almoçava. Entre os alunos com idade igual a 14 anos 87,6% afirmaram almoçar pelo menos
quatro dias na semana.
Foram verificadas elevadas proporções de omissão, entre os escolares, do consumo dos
lanches e da ceia. É possível que não tenham sido computados, pelos alunos, os comportamentos
popularmente conhecidos como “beliscar” alimentos durante as refeições principais como a
realização formal de uma refeição.
Neumann (2007) avaliando os hábitos alimentares de adolescentes (com idade entre 13 e
19 anos) de Campinas – SP também observou expressivos percentuais de omissão, durante a
101
semana, de lanches (54,7% para o da manhã e 50,1% para o da tarde), ceia (73,6%) e desjejum
(24,7%).
Garcia, Gambardella e Frutuoso (2003) tendo por base amostra de adolescentes, com
idade entre 10 e 14 anos, de reduzido nível socioeconômico, matriculados em um Centro de
Juventude (entidade assistencial), registraram que 94% dos escolares realizavam pelo menos três
refeições diárias. O café da manhã foi negligenciado por 12,3% dos alunos. Ainda de acordo com
as referidas autoras, o consumo de bebidas gaseificadas e de alimentos ricos em açúcares e
gorduras era realizado principalmente nas refeições intermediárias.
4.4 Consumo alimentar
4.4.1 Necessidade energética estimada e ingestão de energia
As distribuições dos percentis relativas à necessidade energética estimada, à ingestão de
energia e à proporção de atendimento do balanço energético, de acordo com o gênero dos
escolares, são apresentadas na Tabela 24. Cabe destacar que estas análises foram elaboradas para
os adolescentes (10 a 14 anos) de Campinas (n = 209), para os quais se dispõe de informações
sobre o consumo de nutrientes e energia, obtidas por meio do Inquérito Recordatório de 24 horas,
e de prática de atividades físicas.
102
Tabela 24 - Percentis da necessidade energética estimada, ingestão de energia e proporção de
atendimento do balanço energético, de acordo com o gênero dos escolares de
Campinas
Energia
Estatísticas
Necessidade
energética estimada
Ingestão
energética
Proporção de atendimento
do balanço energético
Gênero masculino
Média 2369,4 2031,2 88,3
Desvio-padrão 442,1 761,6 35,9
Mínimo 1409,2 502,5 14,9
10
o
P 1801,2 1042,2 44,3
25
o
P 2039,1 1539,1 61,6
Mediana 2350,2 2011,6 82,7
75
o
P 2730,0 2513,8 113,3
90
o
P 2932,2 3059,5 135,8
Máximo 3400,6 4035,0 195,5
Gênero Feminino
Média 2019,6 1975,0 98,8
Desvio-padrão 282,9 937,7 47,4
Mínimo 1410,9 506,0 23,6
10
o
P 1638,1 925,4 48,5
25
o
P 1766,2 1227,6 63,0
Mediana 2039,9 1812,0 91,3
75
o
P 2268,5 2566,8 119,5
90
o
P 2365,6 3276,5 157,7
Máximo 2652,6 4960,0 270,3
Avaliando a distribuição dos percentis de ingestão e necessidade energéticas (Tabela 24),
destaca-se que para os meninos, a ingestão de energia (3059,5 kcal) foi ligeiramente superior à
necessidade estimada (2932,2 kcal) a partir do 90
o
percentil. Para as meninas, 25% das
adolescentes com maior ingestão energética adotaram consumo que superou as necessidades
estimadas de energia.
Tendo por base os valores que envolvem a relação entre a ingestão de energia e a
necessidade energética estimada (balanço energético), nota-se que 10% dos meninos e meninas
apresentaram um balanço de energia que não alcança 50% (44,3% e 48,5%, respectivamente),
sugerindo entre estes escolares, uma ingestão calórica insuficiente que, se mantida em longo
prazo, pode comprometer o crescimento e desenvolvimento adequados destes adolescentes,
especialmente se estes ainda não passaram pela fase de estirão de crescimento. Analisando a
103
situação inversa, ou seja, o valor do 90
o
percentil, verifica-se que 10% dos meninos e meninas
adotaram ingestões que superaram em cerca de 36% e 58%, respectivamente, as necessidades
estimadas. Tal situação, mantida em longo prazo, pode resultar em ganho de peso, que pode ser
indesejável, dependendo do estado nutricional dos escolares.
Observa-se, ainda com relação à adequação do balanço energético (Tabela 24), que, para
ambos os gêneros, cerca de metade dos integrantes da amostra apresentou insuficiente ingestão
de energia em relação às necessidades energéticas estimadas. É preciso considerar, no entanto,
que as informações sobre consumo alimentar foram obtidas empregando-se o Recordatório de 24
horas. Alguns pesquisadores (BANDINI et al., 1999; GORIS; WESTERTERP, 1999;
LIVINGSTONE; BLACK, 2003) têm evidenciado o sub-relato do consumo de alimentos por
meio da adoção de inquéritos dietéticos como métodos de avaliação. Alguns fatores que podem
contribuir para a subestimação do consumo alimentar são os lapsos de memória, dificuldades na
quantificação dos alimentos consumidos, não citação de alguns alimentos ingeridos por diversas
razões ou citação de um menor consumo dos mesmos (SAMPAIO, 2002).
As proporções médias de adequação do balanço energético entre meninos (88,3%) e
meninas (98,8%), na presente pesquisa, foram superiores às registradas (73,8% e 87,6% para
gênero masculino e feminino, respectivamente) por Neumann (2007) entre jovens de Campinas
(com idade entre 13 e 19 anos), utilizando metodologia similar para avaliação do consumo
alimentar e necessidades estimadas. De forma semelhante ao ocorrido na presente pesquisa,
Neumann (2007) também verificou que a maioria dos alunos pesquisados revelou um consumo
energético inferior ao recomendado, indicando que, possivelmente, parte deste déficit possa ser
atribuído ao sub-relato no questionário de registro diário, utilizado naquele estudo.
Sampaio (2002) tendo por base amostra de 145 jovens universitárias registrou que cerca
de 75% destas apresentaram consumo energético inferior ao preconizado nas Recommended
Dietary Allowances – RDAs, de 1989.
Sanches (2002) avaliando o consumo alimentar de escolares, com idade entre 7 e 14 anos,
do município de Piracicaba – SP, por meio do emprego do Recordatório de 24 horas, verificou
que cerca de 50% dos alunos revelou insuficiente ingestão energética.
A Tabela 25 registra a distribuição dos escolares de acordo com a relação entre a ingestão
de energia e a necessidade energética (balanço de energia) e os estratos de idade.
104
Tabela 25 - Percentis de adequação do balanço energético, de acordo com os estratos de idade
dos escolares de Campinas
Percentis de adequação do balanço energético
Estratos
de idade
(em anos)
Média
Desvio-
padrão
Mínimo Máximo 10
o
P 25
o
P 50
o
P 75
o
P 90
o
P
11
95,2 40,9 23,6 181,1 44,3 63,4 91,6 123,9 153,4
12
104,4 47,3 31,0 229,5 56,0 72,2 96,6 120,2 169,3
13
105,0 50,4 33,6 270,3 57,0 61,9 104,5 132,2 171,6
14
79,7 32,4 14,9 157,2 39,5 57,2 72,5 107,1 134,6
Entre os escolares com menor ingestão (10
o
P) a adequação de energia foi inferior a 60%
para todos os grupamentos etários. Destaca-se a reduzida proporção (39,5%) de atendimento
identificada entre os alunos com menor ingestão (10
o
P) com idade de 14 anos. O consumo
energético deficiente, quando mantido por longo período de tempo, pode ser preocupante
especialmente entre aqueles indivíduos que ainda não passaram pela fase de expressivo
crescimento (conhecido como estirão) biológico e maturacional, característico da adolescência.
Por meio da análise do estágio de maturação sexual dos escolares de Campinas, registra-se que
14,6% dos escolares (n = 31), de ambos os gêneros, foram classificados como pré-púberes.
Destes, 16,1% (n = 5), com idade igual ou inferior a doze anos, apresentaram adequação do
balanço energético entre o 25
o
e o 50
o
percentis, ou seja, inferior a 100%. Para estes alunos, em
especial, além do risco de baixo peso, a ingestão calórica insuficiente pode comprometer a
estatura final e o desenvolvimento adequado.
Quando se considera a situação descriminada pelo valor referente ao 90
o
percentil,
observa-se que para os escolares com idade entre 12 e 13 anos o consumo excedeu a demanda de
energia em cerca de 70%. Esta ingestão excessiva, se persistente, pode auxiliar na explicação do
aumento das prevalências de excesso de peso entre crianças e adolescentes.
Na Tabela 26 são registrados os percentis de adequação do balanço energético de acordo
com o estado nutricional dos escolares, tendo por base o CDC (2000).
105
Tabela 26 - Percentis de adequação do balanço energético, de acordo com o estado nutricional
dos escolares de Campinas, adotando-se referencial do CDC (2000)
Percentis de adequação do balanço enrgético
Estado nutricional
Média
Desvio-
padrão
10
o
P 25
o
P 50
o
P 75
o
P 90
o
P
IMC < 5
o
P
104,9 31,3 65,0 73,5 112,8 126,2 135,8
5
o
P IMC < 85
o
P
95,4 45,2 46,2 62,2 87,5 116,7 155,5
85
o
P IMC < 95
o
P
79,8 35,5 35,8 50,9 73,6 116,9 134,2
IMC 95
o
P
96,0 34,3 53,5 76,4 92,5 103,9 169,3
De forma inversa à expectativa, nota-se que entre os indivíduos com baixo peso
(IMC < 5
o
P) cerca de metade dos escolares apresentou consumo superior à necessidade
energética (balanço de energia positivo). Proporções de 25% de alunos classificados nos demais
intervalos do estado nutricional apresentaram balanço energético positivo. Já para a situação de
excesso de peso, particularmente quanto ao sobrepeso (85
o
P IMC < 95
o
P) verifica-se que o
valor (50,9%) que separa 25% dos adolescentes com menor consumo é bastante inferior ao
observado (62,2%) para os escolares classificados como eutróficos. Se essa situação for mantida
em longo prazo, aliada à atividade física e outras práticas classificadas como promotoras de um
estilo de vida saudável, espera-se que os indivíduos tendam a alcançar uma situação que seja
reflexo do estado nutricional considerado normal.
No entanto, esta condição de maior consumo energético relatado por indivíduos com
baixo peso, e menor ingestão entre aqueles com maior IMC, já foi relatada por Neumann (2007) e
vem sendo relacionada ao sub-relato nas entrevistas para avaliação da ingestão de alimentos.
Alguns pesquisadores (BANDINI et al., 1990; GORIS; WESTERTERP, 1999; KEMPEN et al.,
1995) registraram que, adotando-se o método Recordatório 24 horas, entre os indivíduos com
baixo peso a diferença entre o consumo relatado e a ingestão real pode variar de 0 a 30%. Entre
os obesos, essa diferença pode oscilar entre 19 e 50%.
Por meio da análise de correlação entre o IMC dos adolescentes, com base no CDC
(2000), e os valores de adequação de consumo e demanda energéticos (balanço) obteve-se um
coeficiente de Pearson igual a – 0,18 (p = 0,008), sugerindo-se a tendência de que quanto maior o
IMC, menor a ingestão calórica. No entanto, não houve correlação significativa quando foram
106
utilizados os valores do IMC tendo como base a referência elaborada por Conde e Monteiro
(2006). Na Tabela 27 são registrados os percentis de adequação do balanço energético de acordo
com o estado nutricional dos escolares, tendo por base o referencial nacional.
Tabela 27 - Percentis de adequação do balanço energético, de acordo com o estado nutricional
dos escolares de Campinas, adotando-se referencial de Conde e Monteiro (2006)
Percentis de Adequação da Relação Ingestão/Necessidade Energéticas
Estado nutricional
Média
Desvio-
padrão
10
o
P 25
o
P 50
o
P 75
o
P 90
o
P
IMC < 3
o
P
115,9 62,7 31,0 65,0 119,3 157,2 203,6
3
o
P IMC < 85
o
P
93,6 43,0 48,5 61,9 86,7 116,1 150,5
85
o
P IMC < 95
o
P
92,7 41,8 37,0 57,4 91,3 116,9 139,1
IMC 95
o
P
104,3 44,3 65,4 75,7 92,7 108,0 182,4
Tendo por base os dados da Tabela 27, destaca-se que apenas a relação para os indivíduos
com baixo peso foi mantida. Proporção de 50% dos escolares classificados com baixo peso
revelou balanço energético positivo. Destaca-se que o valor que separa os 10% dos alunos
magros com maior relação de adequação do balanço de energia representa o dobro do
considerado adequado.
4.4.2 Análise dos macronutrientes no Valor Energético Total - VET
São apresentados a seguir os dados relativos aos percentis de ingestão de energia e da
proporção de macronutrientes no VET da dieta dos escolares. Destaca-se que estas análises foram
elaboradas tendo por base os dados dos alunos (n = 209) com idade igual ou superior a dez anos.
107
Tabela 28 - Percentis do consumo de energia e da percentagem de macronutrientes no Valor
Energético Total – VET da dieta dos escolares de Campinas, de acordo com o
gênero
Percentis
Energia, macronutrientes e
gênero
10
o
P 25
o
P 50
o
P 75
o
P 90
o
P
Gênero Masculino
Energia (kcal) 1042,19 1539,06 2011,63 2513,78 3059,46
Proteínas (%) 10,78 13,30 15,74 19,24 22,76
Carboidratos (%) 37,38 45,53 52,03 60,77 66,73
Lipídios (%) 18,95 24,01 30,79 37,05 42,85
Gênero Feminino
Energia (kcal) 925,40 1227,62 1811,99 2566,78 3276,46
Proteínas (%) 9,31 11,93 14,93 18,25 21,84
Carboidratos (%) 40,56 47,37 55,77 61,82 66,83
Lipídios (%) 20,84 24,12 28,95 34,75 40,93
Tendo por base os valores de referência preconizados pela National Academy of Sciences
(2002) para a participação dos macronutrientes na dieta, nota-se que, por meio da análise de todos
os percentis, no que se refere às proteínas, a participação revelou-se em conformidade com o
recomendado (10 a 30%) para o grupamento masculino. Entre as meninas, observa-se que o valor
(9,3%) que separa 10% das dietas com menor participação do referido nutriente mostrou-se
inferior ao preconizado (10,0%).
Para os carboidratos, destaca-se que os valores (37,4% e 40,6% para meninos e meninas,
respectivamente) que discriminam 10% dos alunos com menor ingestão deste macronutriente não
alcançaram o mínimo adotado como referência (45,0%). Para os demais percentis, para ambos os
gêneros, as percentagens identificadas integraram as proporções preconizadas (45 a 65%).
No que se refere aos lipídios, registra-se que os valores (cerca de 19% e 21% para
meninos e meninas, respectivamente) que separaram os 10% dos escolares com menor consumo
não atingiram o mínimo adotado como referência (25%). No entanto, os valores que discriminam
os 25% dos meninos e as 10% das meninas com maior ingestão de lipídios extrapolaram o
intervalo preconizado para o referido nutriente (25 a 35%).
A distribuição dos escolares de acordo com a participação dos macronutrientes na dieta é
apresentada na tabela a seguir. Cabe destacar que foram consideradas como adequadas as dietas
cuja participação da totalidade dos macronutrientes energéticos (lipídios, proteínas e
108
carboidratos) incluíam-se nos intervalos preconizados pela National Academy of Sciences
(2000).
Tabela 29 - Distribuição dos escolares de Campinas de acordo com a participação dos
macronutrientes na dieta
Alunos
Participação dos macronutrientes na dieta
N
o
%
Adequada 73 34,9
Inadequada (pelo menos um macronutriente) 136 65,1
Inadequada (percentual de lipídios) 58 27,8
Inadequada (percentual de carboidratos) 4 1,9
Inadequada (percentual de proteínas) 12 5,7
Inadequada (percentual de lipídios e carboidratos) 46 22,0
Inadequada (percentual de lipídios e proteínas) 1 0,5
Inadequada (percentual de carboidratos e proteínas) 3 1,4
Inadequada (percentual de lipídios, carboidratos e proteínas) 12 5,7
Verifica-se que 34,9% dos escolares de Campinas - SP adotaram dietas classificadas como
adequadas quanto à participação dos macronutrientes. No entanto, para a maioria (65,1%)
predominou o consumo inadequado no tocante à contribuição dos macronutrientes energéticos
para o VET.
Destaca-se que as principais inadequações observadas relacionaram-se ao conteúdo de
lipídios (participação inadequada em 27,8% das dietas) e a concomitante proporção (22,0%) de
lipídios e carboidratos na alimentação dos escolares. Cabe lembrar que os resultados reunidos na
Tabela 28 mostraram que parcela dos alunos, de ambos os gêneros, apresentou consumo inferior
ao preconizado para carboidratos e acima do recomendado para lipídios.
Retomando os dados da Tabela 29, verifica-se que proporção de 5,7% das dietas foi
classificada como inadequada quanto à participação simultânea dos três macronutrientes.
Os dados dos inquéritos nacionais disponíveis permitem verificar, no que se refere à
participação de macronutrientes na dieta da população brasileira, que no período compreendido
entre 1974 e 2003 houve manutenção da contribuição das proteínas (em torno de 12% a 13% do
Valor Energético Total no período), diminuição dos carboidratos totais (passando de 62% em
1974-75 para 56% em 2002-03) e complexos e aumento das gorduras (passando de 25,8% na
109
década de 70 para 30,5% em 2002-03), principalmente das saturadas. Particularmente os
resultados observados no tocante aos carboidratos e gorduras representam tendências
preocupantes, caracterizando padrões de consumo inadequados e de risco ao desenvolvimento de
enfermidades crônicas (IBGE, 2004b).
Neumann (2007) por meio de pesquisa conduzida com 160 jovens da cidade de Campinas
verificou resultados semelhantes aos descritos na presente pesquisa quanto à participação dos
macronutrientes na alimentação dos escolares. O consumo de proteínas foi considerado em
concordância com o recomendado. As dietas de 40,3% e 29,0% dos meninos e meninas,
respectivamente, revelaram quantidades de lipídeos que ultrapassavam as percentagens
preconizadas e proporções de 16,4% dos meninos e 12,0% das meninas apresentaram reduzido
conteúdo de carboidratos na dieta.
Carmo et al. (2006) tendo por base estudo envolvendo 390 alunos do município de
Piracicaba – SP identificaram expressiva parcela dos escolares com adoção de dietas adequadas
no tocante à participação de carboidratos e proteínas, sendo observado, no entanto, elevado
conteúdo lipídico na alimentação de 36,7% dos alunos integrantes da pesquisa.
Ribeiro (2005) avaliando o consumo alimentar quanto à participação dos macronutrientes
na dieta de 1.325 escolares, de vinte municípios brasileiros, verificou que de forma geral, a
maioria dos alunos (55%) adotava dietas inadequadas (quando se analisa a inadequação para pelo
menos um macronutriente), sendo que as situações mais desfavoráveis atingiam os estudantes dos
municípios das Regiões Nordeste e Norte. Situação inversa foi identificada quando foram
avaliadas as dietas dos escolares de Joinville – SC (71,3% do grupo adotavam dietas adequadas).
4.4.3 Consumo de nutrientes
As Tabelas 30 e 31 apresentam os resultados do consumo de nutrientes pelos escolares do
município de Campinas – SP, de acordo com o gênero. As análises foram elaboradas tendo por
base informações obtidas junto aos alunos com idade entre 10 e 14 anos (n = 209), com destaque
para alguns nutrientes selecionados.
110
Tabela 30 – Estatística descritiva relativa ao consumo de nutrientes, pelos escolares do gênero
masculino, matriculados na rede pública de ensino do município de Campinas
Estatística descritiva
Nutrientes
Média
Desvio-
padrão
10
o
P 25
o
P 50
o
P 75
o
P 90
o
P
Lipídios insaturados (g) 36,98 23,17 10,36 18,30 34,38 51,57 72,19
Colesterol (mg) 281,63 229,59 92,48 145,52 227,70 355,69 517,72
Fibras (g) 15,27 8,70 6,29 9,26 14,03 19,16 24,22
Vitamina A (µg) 593,95 1717,69 44,11 106,97 234,52 470,44 929,88
Vitamina E (mg) 14,41 8,60 4,48 8,09 13,37 18,25 26,32
Tiamina (mg) 1,72 0,90 0,73 1,17 1,58 2,09 2,76
Riboflavina (mg) 1,59 1,02 0,66 1,01 1,44 1,84 2,54
Vitamina B
6
(mg) 1,59 0,81 0,70 1,00 1,50 1,96 2,78
Vitamina B
12
(µg) 5,32 12,83 1,02 1,93 3,49 5,81 8,02
Niacina (mg) 21,22 12,24 8,20 12,73 19,92 27,83 35,95
Folacina (µg) 195,25 115,18 72,47 114,90 164,47 244,71 361,39
Ácido Pantotênico (mg) 3,56 1,95 1,57 2,02 3,25 4,55 5,89
Vitamina C (mg) 98,10 146,30 9,40 21,53 48,67 127,30 226,06
Sódio (mg) 3607,53 1867,58 1627,89 2225,09 3340,59 4738,66 5955,04
Cálcio (mg) 625,94 393,48 196,82 304,20 535,27 827,10 1162,36
Magnésio (mg) 218,99 96,23 101,79 149,12 206,83 285,31 354,62
Zinco (mg) 11,23 6,46 4,86 6,46 9,81 15,51 19,81
Potássio (mg) 2203,01 991,04 922,45 1413,35 2184,20 3015,99 3264,29
Fósforo (mg) 970,75 411,00 525,82 675,91 917,09 1188,30 1490,29
Ferro (mg) 15,70 6,62 7,70 10,74 15,46 19,66 23,44
Cobre (µg) 1476,78 998,33 579,00 927,00 1282,00 1807,00 2254,00
Selênio (µg) 85,04 52,33 40,48 55,25 69,88 98,05 158,48
111
Tabela 31 - Estatística descritiva relativa ao consumo de nutrientes, pelos escolares do gênero
feminino, matriculados na rede pública de ensino do município de Campinas
Estatística descritiva
Nutrientes
Média
Desvio-
padrão
10
o
P 25
o
P 50
o
P 75
o
P 90
o
P
Lipídios insaturados (g) 31,37 21,83 9,81 14,69 24,83 45,15 60,90
Colesterol (mg) 238,24 192,38 51,16 112,33 187,08 324,21 466,18
Fibras (g) 12,72 7,50 4,76 7,21 11,49 17,01 22,24
Vitamina A (µg) 525,73 1370,39 45,44 121,77 261,71 517,60 928,57
Vitamina E (mg) 11,52 8,99 3,84 5,14 9,10 14,94 23,72
Tiamina (mg) 1,65 0,86 0,58 1,13 1,55 1,91 2,91
Riboflavina (mg) 1,56 1,05 0,51 0,86 1,39 1,99 2,54
Vitamina B
6
(mg) 1,43 0,94 0,50 0,77 1,26 1,84 2,70
Vitamina B
12
(µg) 4,30 10,02 0,50 1,10 2,67 5,06 7,98
Niacina (mg) 20,31 12,43 7,52 10,76 17,47 25,14 39,61
Folacina (µg) 178,57 123,83 53,39 82,70 149,31 246,96 332,13
Ácido Pantotênico (mg) 3,26 1,89 1,27 1,89 2,87 4,12 5,67
Vitamina C (mg) 122,96 268,13 12,92 26,07 58,68 132,89 243,04
Sódio (mg) 2978,00 1965,02 1106,59 1667,54 2474,43 3864,75 5477,78
Cálcio (mg) 638,65 396,52 190,05 307,83 610,15 801,92 1087,15
Magnésio (mg) 192,20 101,29 78,85 122,60 177,83 240,74 314,62
Zinco (mg) 9,46 6,16 3,11 4,91 7,82 12,46 16,89
Potássio (mg) 1908,76 1032,75 730,54 1128,47 1800,71 2458,86 3187,97
Fósforo (mg) 822,37 420,23 315,19 514,03 733,18 1087,87 1369,07
Ferro (mg) 14,94 8,92 5,97 9,12 13,01 18,78 25,77
Cobre (µg) 1215,63 968,87 416,00 624,00 955,50 1543,00 2060,00
Selênio (µg) 75,76 39,23 32,01 44,91 68,85 100,62 130,32
Segundo Brasil (2006b) é preconizado, tendo por base a energia total consumida (VET),
o intervalo de participação de no máximo 14% para os ácidos graxos monoinsaturados e 10%
para os poliinsaturados. A National Academy of Sciences (2000) também recomenda, para os
ácidos graxos poliinsaturados, o intervalo entre 5% e 10% do VET. Examinando-se os dados de
Campinas, para um consumo médio de energia de 2031,2 kcal e 1975,0 kcal, identificado entre
meninos e meninas, respectivamente, a ingestão de lipídios insaturados não deveria superar 54,2g
e 52,7g para os dois grupos. Os resultados registrados nas Tabelas 30 e 31 mostram que o
conteúdo médio ingerido pelos alunos (36,9g e 31,4g) encontra-se em concordância com o
recomendado. No entanto, os valores (72,2g e 60,9g) que separam os 10% dos alunos que
exibiram maior consumo extrapolaram os parâmetros adotados como referência. Avaliando-se as
112
diferenças por gênero, nota-se que os valores observados para as meninas foram inferiores aos
identificados para os meninos, quando são considerados todos os intervalos da distribuição.
Quanto ao colesterol, merecem destaques os valores ingeridos pelos 25% dos escolares
com maior consumo do referido nutriente que ultrapassaram os níveis recomendados (300 mg)
pela American Heart Association (2006). A comparação dos dados relativos à distribuição de
valores referentes aos gêneros revela que os meninos consumiram maiores quantidades do
referido nutriente.
O colesterol desempenha importante papel na formação dos hormônios esteróides, na
biossíntese do ácido biliático e como componente das membranas celulares. No entanto, devido à
capacidade dos tecidos de sintetizar quantidades suficientes de colesterol para as necessidades
estruturais e metabólicas, não existem evidências que subsidiem o estabelecimento de uma
recomendação dietética específica para este nutriente. Além disso, vários estudos indicam uma
tendência positiva entre a ingestão do colesterol e a concentração das lipoproteínas de baixa
densidade – LDL colesterol – conduzindo ao aumento do risco de doenças cardiovasculares
(NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES, 2005).
Moura et al. (2000) visando descrever o perfil lipídico e a prevalência de alterações no
colesterol sérico entre os escolares (n = 1600; com idade entre 7 e 14 anos) do município de
Campinas – SP verificaram que 35,0% dos alunos apresentaram hipercolesterolemia, sendo
considerada grave (colesterol 200 mg/dl) para 9,5% dos casos. Segundo os referidos autores, a
obesidade e a adoção de dietas desbalanceadas têm sido apontadas como fatores de risco para a
elevação dos níveis de colesterol sérico.
Garcia, Gambardella e Frutuoso (2003) tendo por base pesquisa conduzida com
adolescentes da cidade de São Paulo, de reduzido nível socioeconômico, identificaram que cerca
da metade dos integrantes da amostra (n = 153) apresentou elevada ingestão de colesterol (valor
médio de 329 mg).
Sanches (2002) avaliando o consumo alimentar de escolares (n = 210; idade entre 7 e 14
anos) do município de Piracicaba – SP, também constatou ingestão (420,9 mg), entre 10% dos
alunos com maior consumo, que extrapolou o valor preconizado para o referido nutriente.
Situação preocupante foi verificada na presente pesquisa com relação ao consumo das
fibras (Tabelas 30 e 31). A ingestão média diária deste nutriente (15,3g e 12,7g para meninos e
meninas, respectivamente) representou menos da metade do valor médio preconizado (32,4g para
113
os meninos e 26g para as meninas), de acordo com o grupamento de idade e gênero. Destaca-se
que os valores (24,2g e 22,2g) que separam 90% dos escolares de Campinas revelaram-se
inferiores às quantidades médias preconizadas.
O consumo insuficiente de fibras vem sendo descrito como freqüente entre a população
brasileira. Caroba (2007) avaliando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2002-
2003 para as regiões Nordeste e Sudeste do país verificou que a disponibilidade de fibras para as
famílias dessas regiões é reduzida, alcançando apenas 35% do valor preconizado (31g) entre as
famílias residentes na área urbana. Enes (2005) também tendo por base de dados a POF 2002-
2003 e avaliando a disponibilidade de nutrientes para as regiões Sul e Norte registrou que os
valores disponíveis para as famílias no tocante às fibras não atingiram metade do recomendado
(31g), sendo observadas as menores disponibilidades entre as famílias com rendimentos mais
reduzidos.
Resultados semelhantes aos obtidos por meio da presente pesquisa foram descritos por
Caroba (2002) que selecionou amostra composta por 578 adolescentes de Piracicaba – SP. A
autora descreveu consumo médio de 13,2g de fibras, sendo que as dietas de cerca de 90% dos
escolares não alcançaram os valores preconizados para o referido nutriente.
Neutzling et al. (2007) tendo por base estudo conduzido junto a 4.452 escolares, com
idade entre 10 e 12 anos, da cidade de Pelotas – RS, identificaram que a maioria (83,9%) dos
adolescentes possuía dietas pobres em fibras e mais de um terço (36,6%) consumia alimentação
rica em gorduras. Ainda de acordo com os referidos autores, os alunos pertencentes a famílias
com melhor nível socioeconômico apresentaram maior freqüência de consumo de fibras.
As fibras apresentam funções importantes no organismo e o seu consumo deve ser
estimulado. As fibras solúveis são responsáveis pelo aumento da viscosidade do conteúdo
intestinal e têm sido relacionadas a efeitos hipocolesterolêmicos (PIEDADE, 2001) e
hipoglicêmicos (PERPÉTUO, 2000; REYES; AREAS, 2001; SCHWARTZ; LEVINE, 1980). As
fibras insolúveis regularizam o funcionamento intestinal, aumentando o volume do bolo fecal e
reduzindo o tempo de trânsito no intestino grosso (CAVALCANTI, 1989; PACHECO;
SGARBIERI, 2001).
A distribuição do consumo de fibras de acordo com o gênero dos escolares revela que a
ingestão deste nutriente foi invariavelmente superior para os meninos (Tabelas 30 e 31).
114
Matos e Martins (2000) avaliando o consumo de fibras, identificado por meio do método
da história alimentar, de amostra composta por 559 indivíduos, com mais de 20 anos, do
município de Cotia – SP, observaram que o consumo médio de fibras totais revelou-se reduzido
(24g), com diferença estatisticamente significativa entre os gêneros (consumo de 20g para
mulheres e 29g para homens). Os autores registraram, ainda, que expressiva parcela dos
alimentos presentes na dieta habitual da população continha baixo teor de fibras, sendo o feijão a
principal fonte desse nutriente na alimentação.
Quando são analisadas as informações referentes à ingestão das vitaminas, chama a
atenção os resultados envolvendo as lipossolúveis. O consumo médio (594,0
µg e 525,7 µg para
meninos e meninas, respectivamente
) da vitamina A foi inferior ao recomendado (660 µg para
meninos e 620 µg para meninas) pela National Academy of Sciences (2002). Contudo, verifica-se
elevada variabilidade de consumo (valores de desvio-padrão = 1717,7 e 1370,4 para os distintos
gêneros). Destaca-se que para cerca de 75% dos escolares, de ambos os gêneros, a ingestão da
referida vitamina foi inferior à preconizada. Nota-se, também, que para os 50% dos alunos com
menor consumo do nutriente, a quantidade ingerida (234,5 µg para os meninos e 261,7 µg para as
meninas) não atingiu 50% das recomendações.
Sanches (2002) tendo por base amostra de alunos do interior paulista relatou reduzido
consumo de vitamina A para cerca de metade dos escolares integrantes da amostra.
Pegolo (2005) avaliando o consumo alimentar de alunos do município de Piedade – SP
também verificou que expressiva parcela (75%) dos adolescentes apresentou dietas com
inadequado conteúdo de vitamina A.
Gonçalves-Carvalho et al. (1995) determinaram os níveis séricos de retinol e avaliaram o
consumo alimentar de crianças (n = 131; idade entre 3 e 10 anos) residentes em favelas do
município de Campinas – SP. Os resultados revelaram que a prevalência de hipovitaminose A,
associada à elevada inadequação (cerca de 66%) na ingestão da referida vitamina por meio da
dieta, indicou a existência de certo risco de saúde pública.
A deficiência de vitamina A é considerada um problema de saúde pública, concentrando-
se a sua prevalência nos países em desenvolvimento. No Brasil, dados disponíveis dos inquéritos
nutricionais, dos últimos 25 anos, indicam que a ingestão de vitamina A oriunda de fontes
naturais é extremamente reduzida (adequação inferior a 50%) para 60% ou mais da população. Só
115
no estado de São Paulo (excluindo-se a capital) a prevalência de déficit de vitamina A atinge 18%
da população de todos os estratos etários (RAMALHO; FLORES; SAUNDERS, 2002).
O reduzido consumo de vitamina A traz prejuízos à visão e a outras funções orgânicas,
como as relacionadas à reprodução, ao sistema imunológico e à integridade epitelial
(SAUNDERS; RAMALHO; LEAL, 2001).
No que se refere à vitamina E (Tabelas 30 e 31), cerca de 25% dos meninos e 50% das
meninas apresentaram ingestão inferior à preconizada (11,8 mg). Resultados semelhantes foram
descritos por Neumann (2007). Avaliando o consumo alimentar de adolescentes do município de
Campinas a referida autora verificou, por meio do método EAR – Estimated Average
Requirement – como ponto de corte, prevalências de inadequação para a vitamina E de 15,9%
para os meninos e de 48,8% para as meninas.
Maestro e Silva (2007) avaliando o consumo de alimentos por escolares (n = 508) do
município de Piedade – SP, que se caracteriza por expressiva parcela da população residir na área
rural, registraram reduzida ingestão de vitamina A por 50% dos alunos e de vitamina E por 75%
dos integrantes da amostra.
Cabe destacar que a vitamina E (tocoferol) apresenta importante ação antioxidante no
combate aos radicais livres (NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES, 2000).
Quanto ao consumo das vitaminas hidrossolúveis (Tabelas 30 e 31), maior proporção de
atendimento da dieta é verificada quando são analisadas as vitaminas tiamina, riboflavina, B
6
, B
12
e niacina. Nota-se que cerca de 25% dos escolares apresentaram dietas deficientes para a
vitamina B
6
e 10% dos meninos e 25% das meninas adotavam consumo aquém do preconizado
para as vitaminas B
2
e B
12
. Para a tiamina e a niacina, apenas 10% dos integrantes da amostra
apresentaram ingestão classificada como insuficiente para os referidos nutrientes.
Neumann (2007) registrou proporções inferiores a 8% de inadequação das dietas de
meninos e meninas de Campinas para as vitaminas tiamina, riboflavina, B
6
, B
12
e niacina. No
tocante aos folatos, as dietas dos integrantes da amostra da referida pesquisa mostraram-se
deficientes nesta vitamina, sendo que cerca de 95% dos adolescentes, de ambos os gêneros,
consumiram valores inferiores às necessidades estimadas.
Tendo por base os dados das Tabelas 30 e 31, observa-se, quanto ao ácido fólico, que
expressiva parcela das dietas dos escolares apresentava deficiência para esta vitamina. Cerca de
116
75% dos alunos de Campinas consumia quantidade (244,7 µg para os meninos e 247,0 µg para as
meninas) de folacina bastante inferior ao valor médio recomendado para o grupo (320 µg).
Ribeiro (2005) avaliando o consumo alimentar de alunos matriculados em vinte escolas de
dez municípios brasileiros verificou que a ingestão média de folatos (149,3 mg) revelou-se
inferior à preconizada para os estudantes de todas as regiões consideradas.
A carência de ácido fólico acarreta a anemia megaloblástica, malformações congênitas e
alterações no trato intestinal. A deficiência também vem sendo relacionada a doenças do coração,
câncer de cólon, leucemia, doenças mieloproliferativas e à depressão (CATHARINO; GODOY,
2002). A obrigatoriedade – Resolução RDC N
o
344, de 13 de dezembro de 2002 – da fortificação
de alimentos básicos, como as farinhas de trigo e milho, com ácido fólico e ferro vem sendo
adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, desde 2002, como estratégia
para melhorar a situação nutricional da população. Cada 100g de produto devem conter 150 µg de
ácido fólico e 4,2 mg de ferro (BRASIL, 2002a).
Para o ácido pantotênico (Tabelas 30 e 31), nota-se que 50% dos meninos e 75% das
meninas apresentaram ingestão que não alcançava a quantidade considerada ideal (4,20 mg) para
o grupamento com idade entre 10 e 14 anos. Avaliando-se a distribuição conforme os gêneros,
destaca-se que foi observada maior prevalência de déficit entre as meninas.
Pegolo (2005) verificou, tendo por base amostra de escolares da cidade de Piedade - SP,
que 50% dos alunos apresentavam ingestão de ácido pantotênico que não alcançava a
recomendação. Segundo a autora, tendo em vista que o município de Piedade caracteriza-se por
maior parcela da população residir na área rural, eram necessárias atividades de orientação no que
se referia ao aproveitamento dos alimentos produzidos na região, com vistas ao incremento na
ingestão de vitaminas e fibras pela população.
Para a vitamina C, destaca-se que o consumo médio (98 mg para os meninos e 123 mg
para as meninas) representa cerca do dobro da quantidade média preconizada (50 mg, para ambos
os gêneros). No entanto, nota-se que houve expressiva variabilidade de ingestão (desvios-padrão:
146,3 para os meninos e 268,1 para as meninas). Observou-se que as meninas apresentaram,
considerando a totalidade dos percentis, maior consumo da referida vitamina, sendo que cerca de
25% revelou ingestão inferior à recomendada. Metade dos meninos foi identificada com consumo
abaixo do parâmetro de referência.
117
A análise da disponibilidade de alimentos e nutrientes para a população brasileira, por
meio dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003, permite concluir que é
reduzida a participação da vitamina C na dieta. Caroba (2007) verificou que entre as famílias
residentes na área urbana da região Nordeste, o conteúdo desta vitamina alcançava 68,2% do
valor médio recomendado. Para as famílias da região Sudeste, no meio urbano, a disponibilidade
totalizou apenas 42,6% do preconizado. Enes (2005) também verificou reduzida participação
desta vitamina na dieta das famílias urbanas das regiões Norte e Sul.
Neumann (2007) verificou que 20,3% dos meninos e 21,5% das meninas de Campinas
apresentaram dietas com inadequado conteúdo de vitamina C.
Sanches (2002) constatou que 50% dos escolares de Piracicaba – SP revelaram consumo
insuficiente quanto à vitamina C.
A vitamina C (ou ácido ascórbico) está presente nas frutas frescas (particularmente as
cítricas) e nas hortaliças. Esta vitamina é um importante antioxidante hidrossolúvel, cujo
consumo freqüente vem sendo relacionado a efeitos benéficos na prevenção de doenças crônicas
como as cardiovasculares, certos tipos de câncer e na formação da catarata. Apresenta, também,
importante atuação como co-fator de diversas enzimas envolvidas na biossíntese do colágeno e de
neurotransmissores (CARR; FREI, 1999). Além disso, o ácido ascórbico é considerado elemento
essencial para o aproveitamento do ferro alimentar, favorecendo a absorção do ferro do tipo não-
heme, presente principalmente nos alimentos de origem vegetal (SILVA, 1998a).
Tendo por base os resultados referentes aos minerais, cabe destacar a distribuição dos
percentis de consumo para o sódio. A ingestão média deste nutriente revelou-se bastante elevada
(3608 mg para os meninos e 2978 mg para as meninas), correspondendo a aproximadamente o
dobro, para os dois grupos, do valor preconizado (1500 mg) pela National Academy of Sciences
(2004). Nota-se que apenas 10% dos meninos e 25% das meninas com menor ingestão do
referido mineral ingeriram quantidade que se aproximou das recomendações. Destaca-se que os
valores (5955 mg e 5478 mg para os meninos e meninas, respectivamente) que separaram os 10%
dos escolares com maior ingestão equivaliam a aproximadamente quatro vezes o valor
preconizado. Avaliando-se a distribuição, tendo por base os gêneros, registra-se que o consumo
se revelou expressivo entre os meninos. Os valores identificados para 75% dos meninos e 50%
das meninas com maior consumo são considerados preocupantes.
118
Cabe destacar que o sódio, assim como o potássio, é essencial para a regulação dos fluidos
intra e extracelulares, atuando na manutenção da pressão sangüínea (BRASIL, 2006b). O maior
efeito adverso de uma substancial ingestão de cloreto de sódio é a elevação da pressão arterial,
fator de risco para doenças cardiovasculares e renais (NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES,
2004).
Os dados nacionais disponíveis relativos às despesas com a aquisição de alimentos para
consumo no domicílio revelam que a ingestão média estimada de sal é de 9,6 gramas per capita
por dia (IBGE, 2004b). Segundo Brasil (2006b), o consumo recomendado desse alimento é de no
máximo cinco gramas diários. Isso significa que o consumo atual de sal pela população deve ser
reduzido à metade (BRASIL, 2006b).
Situação que requer atenção foi observada, também, com relação ao cálcio. Examinando-
se os valores médios de ingestão do referido nutriente (626 mg para os meninos e 639 mg para as
meninas), nota-se que estes não alcançaram metade das recomendações diárias (1300 mg)
definidas com base nos estratos de idade dos alunos. Cerca de 90% dos escolares revelaram
ingestão (1162 mg para os meninos e 1087 mg para as meninas) inferior à recomendada.
Várias pesquisas têm revelado o reduzido consumo de cálcio entre a população brasileira.
No Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar (GALEAZZI; DOMENE; SICHIERI, 1997), a
ingestão de alimentos e nutrientes de amostra de famílias moradoras de sete cidades brasileiras
foi investigada. Examinando-se os dados obtidos para cálcio, verificou-se elevada prevalência de
indivíduos com reduzido consumo (variando entre 50 a 80% das recomendações), tendo por base
a totalidade do universo estudado. Especificamente quanto às famílias de Campinas (cidade
integrante da amostra), observou-se inadequação na ingestão que variou de 25% a 55%, de
acordo com os estratos de rendimentos familiares. O consumo médio de cálcio (633,6 mg) não
atingiu 50% do valor preconizado (1300,0 mg) para os adolescentes (10 a 14 anos).
Neumann (2007) registrou que o consumo médio de cálcio foi de 852 mg e de 642 mg
para os alunos dos gêneros masculino e feminino, respectivamente, de Campinas. Esses valores
são classificados como insatisfatórios para o atendimento das demandas (1300 mg). Por meio da
distribuição de percentis de ingestão do referido nutriente, a autora verificou que cerca de 75%
dos meninos e 95% das meninas adotavam dietas deficientes em cálcio.
Sanches (2002) avaliando o consumo alimentar de escolares da rede pública constatou que
90% dos alunos apresentaram dietas deficientes para o cálcio.
119
Garcia, Gambardella e Frutuoso (2003) tendo por base amostra de adolescentes de
reduzido nível socioeconômico, da cidade de São Paulo, verificaram que a ingestão de cálcio
entre esses escolares foi reduzida (valor médio de 515 mg). As autoras justificaram este déficit
pelo baixo consumo de alimentos fonte deste nutriente (leite e derivados), sendo estes
freqüentemente substituídos por sucos industrializados e refrigerantes, e por proporção (12,3%)
de alunos que afirmou negligenciar a refeição do desjejum, tradicionalmente composta por
produtos lácteos.
Nota-se que, na presente pesquisa, o desjejum, os lanches da manhã e da tarde e a ceia,
refeições que podem usualmente contribuir com alimentos fontes de cálcio para a dieta, foram
negligenciados por 17,1%, 66,3%, 40,3% e 66,7% dos escolares, respectivamente.
Nos Estados Unidos, o consumo médio de cálcio, avaliado tendo por base pesquisa –
National Health and Nutrition Examination Survey conduzida no período entre 1999 e 2002, foi
estimado para crianças (idade entre 6 e 11 anos) em 993,5 mg e 858,2 mg para meninos e
meninas, respectivamente, e em 1125 mg e 813,8 mg para adolescentes (idade entre 12 e 19 anos)
dos gêneros masculino e feminino, respectivamente (FORSHEE; ANDERSON; STOREY, 2006).
Cabe destacar que o cálcio é elemento essencial para a manutenção da estrutura óssea e
dos dentes, além de participar das atividades de contração e relaxamento muscular (SAMPAIO,
2002). A infância e a adolescência caracterizam-se como períodos de maior aumento na massa
óssea, sendo que durante as transformações dos eventos pubertários os adolescentes acumulam
40% de sua massa óssea total (SILVA; TEIXEIRA; GOLDBERG, 2004). Durante os anos de
estirão de crescimento, o organismo dos adolescentes retém cerca de quatro a cinco vezes mais
cálcio do que o observado na idade adulta (JACKMAN et al., 1997), além de incorporar o dobro
da quantidade de ferro, zinco e magnésio. Dessa forma, a adequada ingestão de cálcio durante a
infância e adolescência deve ser estimulada, visando-se à maximização do pico de massa óssea
durante a adolescência e à prevenção de doenças como a osteoporose e a osteopenia (SILVA;
TEIXEIRA; GOLDBERG, 2004).
Quanto ao fósforo (Tabelas 30 e 31), verifica-se que 75% dos escolares consumiram
quantidades (1188 mg para os meninos e 1088 mg para as meninas) que não alcançavam os
valores recomendados (1250 mg) para o grupamento de idade considerado.
A maior parcela do fósforo (cerca de 90%), assim como o cálcio (99%), no organismo,
encontra-se depositada nos ossos. Portanto, esses dois minerais devem estar presentes em
120
quantidades suficientes na dieta para facilitar a absorção dos mesmos (GUNTER, 1986). Tendo
por base os resultados para a amostra de Campinas, observa-se que a ingestão diária de cerca de
90% e 75% dos escolares foi inferior à preconizada para cálcio e fósforo, respectivamente. Além
destes minerais, o magnésio é citado como importante coadjuvante no processo de mineralização
óssea.
Ao analisar a distribuição dos percentis para o magnésio nota-se que metade dos meninos
e a maioria (75%) das meninas revelaram dietas deficientes neste mineral. Cabe destacar que
parte expressiva do magnésio absorvido se deposita nos ossos como fosfato e carbonato, sendo
que a presença deste mineral é essencial para a mobilização do cálcio dos ossos, além de ser
fundamental para a retenção celular do potássio (GUNTER, 1986).
Ribeiro (2005) avaliando o consumo alimentar de escolares de dez municípios brasileiros
registrou que a totalidade dos alunos apresentou consumo que não atendia às recomendações no
tocante ao fósforo e magnésio. Especificamente para este último mineral, a maior proporção de
atendimento foi identificada pela autora entre os escolares da unidade localizada no município de
Tailândia – PA e, na situação oposta, encontram-se os estudantes da região sul.
Neumann (2007) verificou situação preocupante quanto à ingestão de fósforo e magnésio
por jovens da amostra examinada. De acordo com a referida autora, praticamente a totalidade
(100,0% das meninas e 99,4% dos meninos) dos adolescentes apresentou dietas classificadas
como insuficientes no tocante ao conteúdo de magnésio. As prevalências de inadequação de
fósforo também foram consideráveis particularmente para as meninas (96,2%), em comparação à
proporção (40,5%) identificada para os meninos. A autora concluiu que o reduzido percentual de
atendimento das dietas quanto a esses nutrientes e ao cálcio representava uma grande
preocupação, tendo em vista a importância da atuação desses minerais no processo de formação
da estrutura óssea dos adolescentes.
Quando se considera o consumo de potássio (Tabelas 30 e 31), verifica-se que este foi
reduzido entre os alunos de Campinas. A ingestão média deste nutriente (2203 mg para os
meninos e 1909 mg para as meninas) representou menos da metade da preconizada (4540 mg/dia)
pela National Academy of Sciences (2004). Os valores (3264 mg e 3188 mg para os dois grupos)
que separaram os 90% dos alunos com menor consumo revelaram-se inferiores ao preconizado.
Cabe destacar que o potássio, juntamente com o cálcio, envolvem-se nas atividades
relacionadas à transmissão dos impulsos nervosos, além de atuar no crescimento celular. A
121
ingestão insuficiente deste nutriente pode ocasionar perturbações na contração muscular, como
cãibras, até alterações na atividade rítmica do coração (PEDROSO, 1998).
No que se refere à ingestão de ferro, destaca-se que o consumo médio (15,7 mg para os
meninos e 14,9 mg para as meninas) atinge às recomendações (8,6 mg e 9,4 mg para gêneros
masculino e feminino, respectivamente). Apenas para os 10% dos escolares com menor ingestão
(7,7 mg para os meninos e 6,0 mg para as meninas) a dieta revelou-se deficiente para o referido
nutriente, representando cerca de 89,5% e 63,5% dos valores médios preconizados, para alunos
do gênero masculino e feminino, respectivamente. Cabe destacar, no entanto, que além da
quantidade consumida de ferro, é importante considerar a biodisponibilidade deste elemento na
dieta.
No Brasil, a deficiência de ferro tem sido reconhecida como importante causa de anemia
há mais de três décadas. As implicações da anemia ferropriva parecem bem estabelecidas na
redução da atividade física, do rendimento do aprendizado e do comprometimento dos sistemas
de defesa imunológica, facultando a ocorrência e/ou o agravamento de doenças infecciosas
(CARDOSO; PENTEADO, 1994).
Frozi (2003) avaliou o consumo de ferro, cálcio e vitamina A entre 672 famílias, com
consumo energético adequado, da cidade de Campinas. A autora verificou reduzida ingestão dos
micronutrientes em densidade nutricional (quantidade dos nutrientes expressas por 1000 kcal da
dieta). Cerca de 5,1%, 3,1% e 22,4% das famílias apresentaram consumo adequado para cálcio,
ferro e vitamina A, respectivamente. Tendo por base os dados analisados na presente pesquisa,
reunidos nas Tabelas 30 e 31, destaca-se que o consumo de cálcio e vitamina A pelos escolares
revelou-se reduzido, de forma similar ao encontrado pela referida autora. No entanto, a ingestão
de ferro entre os escolares da amostra desta pesquisa foi classificada como insuficiente para
apenas 10% das dietas.
Neumann (2007) registrou que a deficiência de ferro não era um problema prevalente
entre a amostra de adolescentes matriculados em unidade de ensino de Campinas. A autora
identificou que cerca de 5% das meninas e 0,01% dos meninos adotavam dietas deficientes neste
mineral.
Ainda tendo por base os dados das Tabelas 30 e 31 para o consumo de ferro, cabe
ressaltar que os 10 % dos escolares (discriminados pelo 90
o
Percentil) revelaram ingestão (23,4
mg e 25,8 mg para cada uma dos grupos) que supera, em cerca de três vezes, os valores adotados
122
como referência. Esta condição pode acarretar prejuízos, podendo contribuir para o aumento da
severidade de infecções após o consumo de quantidades elevadas de ferro. Isso ocorreria tendo
em vista que no organismo os microrganismos competem com o hospedeiro pela captação do
ferro e uma ingestão excessiva deste mineral pode favorecer a utilização pelos microrganismos
(MENEZES; BERTOLA, 2001).
No que se refere ao consumo do cobre, nota-se que os meninos apresentaram ingestão
superior àquelas reveladas pelas meninas. Cerca de 10% dos meninos e 25% das meninas com
menor consumo do referido mineral possuíram dietas deficientes em relação ao preconizado
(738 µg).
Ribeiro (2005) avaliando o consumo alimentar de escolares da rede pública de ensino de
dez municípios brasileiros verificou que a totalidade dos estudantes apresentou ingestão diária de
cobre igual ou superior a 1000 µg, que atendia às recomendações para os grupamentos (idade
entre 7 e 14 anos).
Cabe destacar que o cobre, juntamente com o ferro e o zinco, desempenham importante
papel no período do estirão de crescimento para os adolescentes. Além disso, o cobre envolve-se
em diversos sistemas enzimáticos e na síntese da hemoglobina (URBANO et al., 2002).
Os meninos apresentaram dietas com maior conteúdo de zinco. Os valores que separam
25% dos meninos e 50% das meninas com menor consumo do mineral (6,5 mg para e 7,8 mg
para escolares do gênero masculino e feminino, respectivamente) foram inferiores aos valores
médios recomendados (8,6 mg e 8,2 mg para alunos dos dois grupamentos de gênero).
Maior prevalência de dietas inadequadas quanto ao conteúdo de zinco foi verificada para
as meninas (42,5%), em comparação com os meninos (1,6%) de amostra composta por estudantes
de Campinas (NEUMANN, 2007).
Pegolo (2005) registrou situação, considerada pela autora, como desfavorável no tocante
ao consumo de zinco pelos estudantes de município do interior paulista. A autora constatou que
cerca da metade dos alunos revelou ingestão que não atendia às recomendações.
Cabe destacar que o zinco participa no crescimento celular como co-fator de enzimas
necessárias para a síntese do ácido ribonucléico (RNA) e desoxirribonucléico (DNA), além de
controlar o desenvolvimento maturacional (URBANO et al., 2002). Portanto, a ingestão deste
nutriente, particularmente na infância e adolescência, deve atender plenamente às demandas,
tendo em vista a sua contribuição para o crescimento e maturação sexual.
123
A ingestão de selênio revelou-se satisfatória entre os escolares. Pode-se considerar que
apenas 10% das meninas com menor consumo desse mineral apresentaram dietas deficientes em
selênio, com atendimento de cerca de 74% das recomendações para este grupamento. Neumann
(2007) também registrou reduzida prevalência de inadequação das dietas de adolescentes (3,9%
para os meninos e 6,5% para as meninas) de Campinas para o referido mineral.
Maestro e Silva (2007) verificaram tendo por base amostra de escolares do município de
Piedade – SP que 50% dos alunos apresentou ingestão que superou as recomendações para o
selênio.
Vale registrar que o selênio atua, juntamente com o tocoferol, nas atividades de proteção
das células e organelas de membrana contra danos oxidativos. Além disso, esse mineral contribui
para a síntese de imunoglobulinas (NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES, 2000).
4.5 Análise da participação dos grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET e no
conteúdo de nutrientes da dieta
Tendo em vista a importância de dispor de análises envolvendo a contribuição dos grupos
de alimentos para o conteúdo de energia e de nutrientes da dieta, a Tabela 32 reúne os resultados
relativos à participação dos macronutrientes no total – VET da dieta dos escolares. Cabe lembrar
que estas análises foram elaboradas com base nas informações obtidas por meio da adoção do
Recordatório 24 horas, empregado junto aos escolares (n = 209) com idade igual ou superior a
dez anos.
124
Tabela 32 - Participação dos grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET diário dos
escolares da rede pública de ensino de Campinas
Participação (média) dos nutrientes no VET
Grupos de alimentos
Energia Proteínas Carboidratos
Lipídios
Totais
Cereais, tubérculos, raízes e
derivados
34,92 18,62 47,97 20,59
Snacks (salgadinhos tipo chips e
biscoitos)
7,30 2,44 8,16 8,81
Preparações 9,18 9,03 9,12 9,67
Leguminosas 3,67 5,15 3,62 3,02
Carnes (bovina, suína e de frango) 18,65 45,66 0,62 34,58
Pescados 0,26 1,03 0,00 0,34
Embutidos 3,19 4,68 0,12 7,58
Leite e derivados 8,65 10,96 5,79 11,87
Ovos 0,94 1,46 0,05 1,98
Hortaliças 0,72 0,82 0,98 0,54
Frutas 2,11 0,58 4,03 0,33
Óleos e gorduras 1,68 0,03 0,00 5,51
Açúcares e doces 5,03 1,20 7,81 2,43
Chás 0,10 0,00 0,18 0,00
Sucos artificiais 4,12 0,07 7,68 0,03
Sucos naturais 2,25 0,63 4,07 0,22
Refrigerantes 3,25 0,00 6,27 0,00
Café 0,75 0,02 1,58 0,02
Bebidas alcoólicas 0,10 0,01 0,04 0,00
Condimentos 0,43 0,05 0,07 1,29
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Os alimentos básicos de origem vegetal (cereais, tubérculos, raízes e leguminosas)
contribuíram com cerca de 38,6% do VET da dieta dos escolares. Os produtos de origem animal
(carnes, pescados, embutidos, leite e derivados, ovos) corresponderam a 31,7% da energia total
ingerida, seguidos pelos alimentos essencialmente calóricos (óleos e gorduras, açúcares e doces,
sucos artificiais, refrigerantes e bebidas alcoólicas), com cerca de 14,2%, e pelo grupo das
preparações, com 9,2%.
De acordo com a WHO (2003) recomenda-se que os alimentos ricos em carboidratos
complexos garantam de 45 a 65% da energia total da dieta. Na presente pesquisa observou-se que
a somatória dos grupos “cereais, tubérculos, raízes e derivados”, “leguminosas” e “preparações”
contribuíram com 47,8% do total energético da alimentação dos escolares. Tal proporção é
125
semelhante à encontrada (45,0%) na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003, tendo por
base a participação dos grupos básicos de origem vegetal para a região sudeste (LEVY-COSTA
et al., 2005).
Ainda tendo por base os dados da presente pesquisa, somando-se os grupos que
contribuem com açúcares simples (açúcares e doces e bebidas adoçadas), observa-se proporção
de 60,2% de participação no VET, de acordo com o preconizado (entre 55% e 75%) pela WHO
(2003) para a contribuição dos carboidratos totais na dieta (complexos mais açúcares simples).
No entanto, cabe destacar a expressiva participação dos açúcares simples para o atendimento da
demanda de energia, em detrimento dos carboidratos considerados complexos, como aqueles
provenientes dos cereais, tubérculos e raízes. Vale registrar que os cereais, raízes e tubérculos
além de excelentes fontes de energia, nas suas formas integrais são compostos também por
vitaminas, minerais e fibras (BRASIL, 2006b).
Entre os alimentos que compuseram o grupo de “cereais de derivados” na presente
pesquisa, é interessante notar que os biscoitos e salgadinhos do tipo chips participaram com cerca
de 7,3% da energia da dieta dos escolares.
Os resultados dos últimos inquéritos alimentares disponíveis – Estudo Nacional de
Despesa Familiar, 1974-75 e Pesquisas de Orçamentos Familiares de 1986-88; 1995-96 e 2002-
03 – permitiram verificar tendência, no período compreendido entre 1974 e 2003, de redução de
5% no consumo dos alimentos pertencentes ao grupo dos cereais e derivados, destacando-se o
decréscimo contínuo no consumo do arroz (23%) e do pão francês (13%) e, inversamente, o
aumento expressivo no consumo de biscoitos (400%). Houve redução, também, no consumo de
raízes, tubérculos e derivados (32%) e do feijão (31%). Esses resultados indicam tendência de
alterações no padrão alimentar brasileiro, principalmente no tocante ao menor consumo de
alimentos tradicionais como o arroz e o feijão (IBGE, 2004b).
Especificamente quanto ao grupo das leguminosas, dados da POF 2002-2003 revelam
participação de 5,9% deste grupamento no total de energia disponível nos domicílios das famílias
moradoras da região sudeste. Na dieta dos escolares de Campinas verificou-se reduzida
participação (3,7%) deste grupo de alimentos no Valor Energético Total.
Destaca-se que a participação dos grupamentos que fornecem basicamente açúcares
simples (bebidas açucaradas – sucos artificiais e refrigerantes – açúcares e doces) totaliza 12,4%
da energia da dieta. Tal proporção é superior à ingestão máxima recomendada (10% do VET)
126
pela WHO (2003). No que se refere especificamente ao refrigerante, análise da evolução da
disponibilidade domiciliar de alimentos, no Brasil, no período de 1974 a 2003, revelou um
aumento de até 400% na participação da referida bebida na dieta (LEVY-COSTA et al., 2005),
passando de 0,43% em 1974-75 para 2,12% em 2002-03 (IBGE, 2004b).
No que se refere aos produtos de origem animal, na presente pesquisa, verificou-se
participação (31,7%) bastante superior à média de contribuição (18,7%) deste grupo no total de
energia, para famílias da região sudeste, registrada pela POF 2002-2003 (LEVY-COSTA et al.,
2005). Destaca-se que, apesar da elevada contribuição dos produtos de origem animal para o
valor energético total da dieta dos escolares, a participação dos pescados foi bastante reduzida
(0,3%) e idêntica ao descrito na POF 2002-2003 para a região sudeste (LEVY-COSTA et al.,
2005). Cabe registrar, também, que a contribuição do grupo do leite e derivados (8,7%) foi
semelhante (7,6%) à observada para as famílias da região sudeste, em 2002-03 (LEVY-COSTA
et al.).
Os dados nacionais revelam que no período compreendido entre os anos de 1974 e 2003 a
participação do grupo das carnes aumentou em cerca de 50%, principalmente entre as carnes
bovinas (23%), de frango (100%) e embutidos (300%). Houve acentuada redução na participação
dos pescados, sendo que em 2003 a contribuição deste alimento na dieta representava cerca da
metade do consumo estimado em 1974. O consumo de ovos também sofreu alterações que se
caracterizam pela redução (84%) nas últimas décadas e os grupos dos leites e derivados, no
entanto, aumentaram em 36% a participação na dieta (IBGE, 2004b).
As frutas (incluindo sucos naturais) e as hortaliças contribuíram com apenas 5,1% para o
VET, proporção que não alcança as recomendações estabelecidas pela WHO (6,0% a 7,0% do
VET), em 2003, e pelo Ministério da Saúde (9,0% a 12,0% do VET, considerando uma dieta com
2000 kcal/dia), em 2006 (BRASIL, 2006b). Levy-Costa et al. (2005), tendo por base análises da
POF 2002-2003, também verificaram reduzida participação (2,7%) das frutas, verduras e legumes
no valor energético da dieta da população residente na região sudeste do país.
Quanto à participação dos grupos de alimentos no total da energia oriunda das proteínas,
destaca-se a contribuição (cerca de 63,8%) dos produtos de origem animal, que possuem
proteínas classificadas como de alto valor biológico. Os alimentos básicos de origem vegetal
(cereais, tubérculos, raízes e leguminosas) corresponderam a 23,8% da energia vinda das
proteínas, seguidos pelo grupo das preparações, com 9,0%. Merecem destaque as reduzidas
127
participações (1,0% e 1,5%, respectivamente) dos grupos dos pescados e ovos para a energia
vinda das proteínas. Esses resultados estão de acordo com a tendência de consumo no país:
análise da evolução da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil, no período de 1974 a
2003, indica redução na participação relativa dos peixes (-50%) e ovos (-84%) na dieta da
população, alcançando valores, em 2002-2003, de 0,6% e 0,3%, respectivamente (LEVY-
COSTA et al., 2005).
Entre os grupos de alimentos com participação expressiva no conteúdo energético dos
carboidratos estão os cereais, tubérculos e raízes (48,0%), as bebidas açucaradas – refrigerantes e
sucos artificiais – (14,0%), as preparações (9,1%), e os açúcares e doces (7,8%).
Merece destaque a elevada proporção (21,8%) de energia dos carboidratos vinda dos
grupos que fornecem basicamente açúcares simples para a dieta (bebidas açucaradas, açúcares e
doces).
Carmo et al. (2006) tendo por base amostra de adolescentes matriculados em escolas
públicas do município de Piracicaba – SP obtiveram, por meio de questionário de freqüência
alimentar, dados que revelaram o elevado consumo médio de doces (sendo que 78,2% dos
escolares ultrapassaram a recomendação máxima de duas porções diárias para o referido grupo de
alimentos) e de bebidas com adição de açúcar. Segundo as referidas autoras, estratégias
educativas deveriam ser adotadas com vistas à redução do consumo de açúcares na alimentação
dos adolescentes.
Cavadini, Siega-Riz e Popkin (2000) avaliando as tendências de consumo entre os
adolescentes americanos, no período de 1965 a 1996, registraram que o consumo de leite e
derivados apresentou decréscimo de 36%, sendo percebida substituição, pelos adolescentes,
destes alimentos pelos refrigerantes e sucos artificiais, bebidas com expressivo conteúdo de
açúcares simples e que não são reconhecidas fontes de cálcio.
Vale registrar ainda que os açúcares simples da dieta estão relacionados à elevação do
índice glicêmico dos alimentos, o que representa um fator de risco adicional para o
desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, como as cardiovasculares, diabetes e
obesidade (ROSADO; MONTEIRO, 2001).
Quanto à energia oriunda dos lipídeos, o grupo das carnes alcançou a maior proporção
(34,6), seguido pelos cereais e derivados – destacando-se a participação dos snacks (8,8%) – leite
e derivados (11,9%), preparações (9,7%), embutidos (7,6%) e óleos e gorduras (5,5%).
128
Nota-se que os produtos de origem animal, apesar de apresentarem proteínas de elevado
valor biológico e constituírem em boas fontes de vitaminas (principalmente as do complexo B) e
minerais (como o ferro, fósforo, zinco, magnésio, sódio e potássio), no tocante ao teor de lipídios
contribuem, também, com quantidades expressivas de colesterol e ácidos graxos saturados, que
podem causar enormes prejuízos à saúde, no caso de ingestão excessiva (PHILIPPI, 2003;
SAMPAIO; CARDOSO, 2002).
A Tabela 33 apresenta a participação dos grupos de alimentos na dieta dos escolares no
tocante aos lipídios insaturados, colesterol e fibras.
129
Tabela 33 - Participação dos grupos de alimentos na dieta diária dos escolares da rede pública de
ensino de Campinas
Participação (média) dos nutrientes na dieta
Grupos de alimentos
Lipídeos insaturados Colesterol Fibras
Cereais, tubérculos, raízes e derivados 23,68 5,66 30,94
Snacks (salgadinhos tipo chips e
biscoitos)
9,07 0,00 5,93
Preparações 10,51 5,57 10,90
Leguminosas 4,71 0,27 35,06
Carnes (bovina, suína e de frango) 44,31 46,22 0,93
Pescados 0,03 0,73 0,00
Embutidos 8,54 5,49 0,00
Leite e derivados 2,09 12,75 0,68
Ovos 2,20 21,01 0,03
Hortaliças 0,61 0,05 6,36
Frutas 0,17 0,00 10,46
Óleos e gorduras 1,42 1,57 0,00
Açúcares e doces 1,49 0,49 2,45
Chás –
Sucos artificiais
Sucos naturais 0,16 0,00 1,88
Refrigerantes –
Café 0,02 0,00 0,18
Bebidas alcoólicas 0,00 0,00 0,01
Condimentos 0,06 0,19 0,12
Total 100,00 100,00 100,00
Nota: Os traços indicam que a participação foi nula.
Quanto aos lipídios insaturados, contribuíram de forma expressiva para o consumo deste
nutriente os grupos das carnes (44,3%), dos cereais, tubérculos e raízes (23,7%), das preparações
(10,5%), dos embutidos (8,5%) e das leguminosas (4,7%).
No que diz respeito ao colesterol, os grupos das carnes (46,2%), dos ovos (21,0%) e do
leite e derivados (12,8%) foram os que obtiveram participação mais elevada na dieta dos
escolares.
Pegolo (2005) avaliando o consumo alimentar de alunos (n = 105; idade entre 10 e 14
anos) de município do interior paulista, cuja parcela expressiva da população (cerca de 56%, no
ano 2000) reside na área rural, também verificou que as principais fontes de colesterol da dieta
foram representadas pelos grupos das carnes e embutidos (participação de cerca de 50,4%), ovos
(24,5%) e produtos lácteos (11,0%).
130
Ao examinar os dados sobre a participação das fibras na dieta, nota-se que as
“leguminosas” e os “cereais, tubérculos, raízes e derivados” foram os grupos que mais
contribuíram com estes nutrientes (35,1% e 30,9%, respectivamente). Destaca-se que as frutas
(incluindo os sucos naturais) e as hortaliças participaram com apenas 18,7% do conteúdo de
fibras da dieta.
Caroba (2006) avaliando a disponibilidade de nutrientes para as famílias residentes nas
regiões sudeste e nordeste do país verificou, no tocante às fibras, que a disponibilidade destas
para as famílias de ambas as regiões representou menos da metade dos valores preconizados de
ingestão para adultos, para todos os estratos de rendimentos analisados. Segundo a referida
autora, fatores como a falta de hábito do consumo diário, e em quantidades adequadas, de
alimentos vegetais, como leguminosas, frutas e hortaliças, além da insuficiência dos rendimentos
entre àquelas famílias relativamente mais pobres podem auxiliar na explicação do reduzido
consumo desses grupos de alimentos pela população brasileira.
As Tabelas 34 e 35 reúnem as informações relativas à participação dos grupos de
alimentos para o conteúdo de vitaminas e minerais da dieta dos escolares de Campinas.
131
Tabela 34 - Participação dos grupos de alimentos no conteúdo de vitaminas da dieta diária dos escolares da rede pública de ensino de
Campinas
Participação (média) das vitaminas na dieta
Grupos de alimentos
Vitamina
A
Vitamina E Tiamina Riboflavina Vitamina B
6
Vitamina B
12
Niacina Folacina
Ácido
pantotênico
Vitamina
C
Cereais, tubérculos, raízes
e derivados
7,83 25,48 47,49 23,27 24,31 1,48 32,25 34,42 29,29 2,80
Snacks (salgadinhos
tipo chips e biscoitos)
0,34 3,51 9,42 5,20 0,57 0,13 7,05 8,62 2,04 0,26
Preparações 15,73 10,30 10,52 7,75 9,67 4,69 9,91 6,48 9,81 6,95
Leguminosas 0,13 8,68 7,24 2,33 5,44 0,30 2,15 13,35 3,94 0,58
Carnes (bovina, suína e de
frango)
27,57 30,84 7,56 22,04 32,21 64,84 35,15 7,14 18,28 1,40
Pescados 0,12 0,21 0,12 0,27 0,36 0,46 0,86 0,19 0,13 0,00
Embutidos 0,00 0,51 5,77 2,61 3,71 6,25 3,85 0,61 2,98 1,38
Leite e derivados 11,05 3,59 7,63 26,71 7,32 16,73 1,89 7,31 21,19 3,34
Ovos 2,35 1,40 0,49 1,92 0,75 2,81 0,03 2,92 4,72 0,03
Hortaliças 21,33 3,74 1,73 1,66 2,91 0,00 1,03 9,20 3,50 7,08
Frutas 2,63 1,38 1,72 2,02 1,75 0,00 1,77 1,99 1,50 16,67
Óleos e gorduras 4,49 6,50 0,00 0,04 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00
Açúcares e doces 1,83 6,17 5,99 7,84 9,32 2,42 6,51 0,29 0,51 4,59
Chás 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,01 0,10 0,00 0,07
Sucos artificiais 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 9,63
Sucos naturais 4,46 1,09 3,67 1,32 1,98 0,00 1,37 15,83 3,95 44,44
Refrigerantes 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,86
Café 0,00 0,00 0,00 0,08 0,08 0,00 3,12 0,00 0,07 0,00
Bebidas alcoólicas 0,00 0,00 0,01 0,05 0,10 0,01 0,04 0,07 0,05 0,00
Condimentos 0,48 0,12 0,06 0,06 0,09 0,01 0,06 0,07 0,09 0,18
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
132
Tabela 35 - Participação dos grupos de alimentos no conteúdo de minerais da dieta diária dos escolares da rede pública de ensino de
Campinas
Participação (média) dos minerais na dieta
Grupos de alimentos
Cálcio Fósforo Magnésio Sódio Potássio Ferro Zinco Cobre Selênio
Cereais, tubérculos, raízes e
derivados
19,70 27,73 24,07 36,27 14,13 43,49 17,49 37,65 51,52
Snacks (salgadinhos tipo
chips e biscoitos)
1,07 3,61 6,41 5,90 2,50 15,31 2,56 7,61 2,45
Preparações 7,48 9,34 11,18 10,82 11,84 10,70 7,81 12,79 10,98
Leguminosas 3,30 8,35 13,34 7,01 10,65 7,83 0,89 10,22 1,22
Carnes (bovina, suína e de
frango)
2,96 35,23 16,32 27,82 21,82 19,76 55,88 26,33 17,27
Pescados 0,84 1,01 0,30 0,09 0,10 0,27 0,09 0,21 2,60
Embutidos 0,68 3,84 1,45 8,06 2,64 1,62 4,52 1,49 5,25
Leite e derivados 45,77 6,89 15,34 3,81 16,36 3,67 9,41 3,21 4,65
Ovos 0,92 2,04 0,56 1,98 0,63 1,24 1,21 0,58 4,89
Hortaliças 2,32 1,46 3,13 0,53 5,44 1,61 0,94 2,22 0,86
Frutas 1,41 1,20 1,43 0,01 2,84 2,82 0,68 1,65 0,31
Óleos e gorduras 0,07 0,05 0,02 0,47 0,02 0,02 0,01 0,04 0,01
Açúcares e doces 6,28 0,49 4,81 0,45 0,34 4,45 0,26 0,54 0,16
Chás 0,00 0,00 0,05 1,14 0,12 0,01 0,01 0,03 0,00
Sucos artificiais 5,79 0,01 0,09 0,02 1,79 0,37 0,00 0,00 0,00
Sucos naturais 1,24 1,34 3,83 0,03 6,93 1,02 0,37 2,48 0,20
Refrigerantes 0,49 0,19 0,00 0,03 0,00 0,31 0,00 0,00 0,00
Café 0,61 0,72 3,78 0,04 4,05 0,71 0,39 0,33 0,01
Bebidas alcoólicas 0,04 0,04 0,17 0,01 0,12 0,04 0,01 0,04 0,02
Condimentos 0,10 0,07 0,13 1,43 0,18 0,06 0,03 0,19 0,05
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
133
Nota-se que, no tocante à vitamina A, a participação dos grupos de origem animal
(38,6%) foi semelhante a dos grupos de origem vegetal (36,4%). É importante lembrar que a
vitamina A da dieta provém do retinol e de vários carotenóides, que são precursores da vitamina
A. O retinol só é encontrado em alimentos de origem animal (VANNUCCHI et al., 1990). Entre
os carotenóides com atividade provitamínica-A, os mais comumente presentes nos alimentos são
o β-caroteno, o α-caroteno e a β-criptoxantina (RODRIGUEZ et al., 2006).
Padovani e Amaya-Farfán (2006) avaliaram a disponibilidade de alguns carotenóides
selecionados em domicílios urbanos brasileiros, por meio da análise dos dados da Pesquisa de
Orçamentos Familiares 1995-1996. Os autores verificaram que os principais alimentos que
contribuíram para o fornecimento de beta-caroteno foram a cenoura, a abóbora, a manga e o
tomate. No entanto, as ingestões individuais diárias consideradas ideais deste nutriente, bem
como dos carotenóides totais, não puderam ser alcançadas em qualquer uma das regiões
pesquisadas.
No que diz respeito à vitamina E, o grupo das carnes foi responsável por 30,8% da
participação deste nutriente na dieta, seguido pelos cereais (25,5%), preparações (10,3%),
leguminosas (8,7%) e óleos e gorduras (6,5%).
Com relação às vitaminas hidrossolúveis, para a tiamina os principais grupos que
contribuíram de forma expressiva para o conteúdo desta vitamina na dieta foram os “cereais,
tubérculos, raízes e derivados” (47,5%) e as preparações (10,5%). Quanto à riboflavina, merecem
destaque os grupos dos produtos lácteos (26,7%), dos cereais, tubérculos e derivados (23,3%) e
das carnes (22,0%). Os grupos das carnes (64,8%) e do leite e derivados (16,7%) apresentaram
expressiva contribuição para o conteúdo de vitamina B
12
da dieta. Para as vitaminas B
6
e niacina
os principais grupos que contribuíram para o atendimento destes nutrientes foram “carnes”
(32,2% e 35,2%, respectivamente), “cereais, tubérculos, raízes e derivados” (24,3% e 32,3%,
respectivamente) e “preparações” (9,7% e 9,9%, respectivamente).
Quanto ao ácido pantotênico, destacam-se os grupos dos cereais, raízes e tubérculos
(29,3%), do leite e derivados (21,2%) e das carnes (18,3%).
No que se refere à folacina, contribuíram de forma expressiva para o conteúdo desta
vitamina na dieta dos alunos os grupos dos cereais, tubérculos e raízes (34,4%), dos sucos
naturais de frutas (15,8%), das leguminosas (13,3%) e das hortaliças (9,2%).
134
Chama a atenção a participação do suco de frutas na dieta dos escolares para o
atendimento das demandas de vitamina C. Nota-se que esse grupo foi responsável por
praticamente a metade (44,4%) do conteúdo desta vitamina da dieta dos alunos. Além do suco
natural, as frutas (16,7%), os sucos artificiais (9,6%) e as hortaliças (7,1%) contribuíram para a
expressiva ingestão deste nutriente.
Cabe ressaltar que cerca de 25% e 37% dos alunos afirmaram ter consumido sucos
naturais e artificiais, respectivamente. As porções médias diárias ingeridas pelos escolares foram
de 374 mL para sucos naturais e 496 mL para os artificiais. É interessante notar que apesar do
menor consumo pelos alunos, as contribuições dos sucos naturais para a dieta foram muito
superiores às registradas para as bebidas artificiais, particularmente quanto à vitamina C e
folacina, destacando a importância do consumo do suco de frutas natural.
Examinando-se os dados da Tabela 35, verifica-se que os principais grupos que
contribuíram para o atendimento do cálcio da dieta dos escolares foram “leite e derivados”
(45,8%), “cereais, tubérculos e raízes” (19,7%) e “preparações” (7,5%).
De acordo com Pereira, Volp e Rosado (2005) os produtos lácteos contribuem com cerca
de dois terços do cálcio alimentar, sendo o restante suprido pelo consumo de hortaliças, frutas e
grãos. Cabe registrar que na presente pesquisa 66% dos alunos afirmaram consumir leite e
iogurtes, sendo que o consumo médio foi de 338 mL diários.
No tocante ao fósforo, merecem destaque os grupos das carnes (35,2%), dos cereais,
tubérculos e raízes (27,7%), das preparações (9,3%) e das leguminosas (8,4%).
Para o magnésio, expressiva parcela deste mineral da dieta foi proveniente dos cereais,
tubérculos e raízes (36,3%), das carnes (16,3%) e do leite e derivados (15,3%).
Quanto ao sódio, os principais grupos que contribuíram com o conteúdo deste mineral na
dieta foram os cereais (36,3%) e as carnes (27,8%). Merece destaque, também, o grupo dos
embutidos (8,1%). Resultados dos últimos inquéritos alimentares, no âmbito nacional, revelam
que, no período compreendido entre 1974-75 e 2002-03, a participação dos embutidos na dieta da
população aumentou em 300%, sendo este acréscimo preocupante devido ao elevado teor de
gorduras e sal presente nestes produtos (IBGE, 2004b).
Contribuíram para o conteúdo de potássio da dieta os grupos das carnes (21,8%), do leite
e derivados (16,4%), dos cereais, tubérculos e raízes (14,1%), das preparações (11,8%) e das
leguminosas (10,7%).
135
Os grupos dos cereais e derivados, das carnes, das preparações e das leguminosas foram
os principais contribuintes para o alcance do atendimento do cobre e do ferro. Ainda com relação
ao ferro, a expressiva contribuição do grupo dos cereais (43,5%) pode estar associada à
obrigatoriedade, por meio da Resolução RDC N
o
344, de 13 de dezembro de 2002, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, da fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e
ácido fólico. Nota-se, por exemplo, que os biscoitos e salgadinhos do tipo chips, de elevado
consumo entre os escolares, representaram 15,3% do total deste nutriente na dieta. Cabe destacar,
também, a expressiva contribuição das carnes (19,8%), que apresentam o ferro do tipo heme, de
maior biodisponibilidade (com proporção de absorção de cerca de 22%) que àquela observada
para o ferro do tipo não-heme (relativamente pouco absorvido, entre 1 a 6%), presente nos
alimentos de origem vegetal (BRASIL, 2002b).
Quanto ao selênio, a maior quantidade deste mineral foi fornecida pelo consumo dos
cereais, tubérculos e raízes (51,5%). Destaca-se, também, a contribuição das carnes (17,3%) e das
preparações (11,0%).
A maior proporção de zinco da dieta foi motivada pela contribuição oriunda do grupo das
carnes (55,9%), seguido pelos cereais (17,5%), leite e derivados (9,4%) e preparações (7,8%).
Na Tabela a seguir são reunidas as informações relativas à participação dos grupos de
alimentos no VET da dieta dos escolares, de acordo com a renda familiar per capita.
136
Tabela 36 - Participação dos grupos de alimentos no Valor Energético Total – VET da dieta dos
escolares de Campinas, de acordo com os estratos de renda familiar per capita
A maior participação (41,4%) do grupo dos “cereais, tubérculos, raízes e derivados” na
dieta foi identificada para os escolares pertencentes às famílias com menores rendimentos (até um
quarto do salário mínimo). A menor contribuição desse grupo ocorre entre os alunos das famílias
com renda per capita entre um e dois salários.
Caroba (2007) avaliando a contribuição dos grupos de alimentos para o conteúdo de
energia disponível nos domicílios das famílias moradoras das regiões sudeste e nordeste do país,
tendo por base dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 verificou, no tocante aos
grupamentos da região sudeste, que a participação do grupo dos cereais e derivados apresentou
tendência de redução conforme aumentavam os rendimentos. Dessa forma, a contribuição desse
grupo foi mais expressiva (41,9%) entre aquelas famílias pertencentes ao menor estrato de
Estratos de renda familiar per capita (em salários mínimos)
Grupos de alimentos
¼
¼
| ½ ½
| 1 1
| 2
> 2
Cereais, tubérculos, raízes e
derivados
41,4 34,5 36,6 31,6 34,7
Snacks (salgadinhos tipo
chips e biscoitos)
9,9 8,1 7,0 8,8 8,2
Preparações 3,1 11,2 10,9 9,6 10,2
Leguminosas 3,4 4,9 3,4 3,1 3,0
Carnes (bovina, suína e de
frango)
12,2 18,3 19,4 18,5 16,3
Pescados 0,0 0,1 0,1 0,2 0,0
Embutidos 3,6 3,7 1,5 3,0 5,8
Leite e derivados 9,3 7,8 7,7 8,7 10,1
Ovos 4,7 1,0 0,7 1,3 0,0
Hortaliças 0,5 0,6 0,6 0,5 0,7
Frutas 3,3 2,5 2,6 1,5 0,0
Óleos e gorduras 2,2 1,8 1,5 2,1 1,5
Açúcares e doces 4,0 3,9 5,3 3,9 7,6
Chás 0,0 0,3 0,4 0,0 0,0
Sucos artificiais 6,0 5,0 4,0 4,5 3,2
Sucos naturais 3,2 0,7 2,3 2,3 2,1
Refrigerantes 1,8 2,9 1,7 7,4 4,6
Café 1,2 0,7 0,6 1,2 0,0
Bebidas alcoólicas 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0
Condimentos 0,1 0,1 0,4 0,6 0,2
Total 100,0 100,00 100,00 100,00 100,00
137
rendimentos familiares (até dois salários mínimos) e a menor proporção (31,0%) de participação
no VET foi identificada para aquelas cujos rendimentos foram pelo menos iguais a 30 salários.
Cabe registrar, de acordo com a Tabela 36, a expressiva contribuição dos salgadinhos do
tipo chips e biscoitos para o VET, especialmente quando são considerado os escolares
pertencentes a famílias com reduzidos rendimentos (até um quarto do salário mínimo).
No que se refere às leguminosas, a participação destas na dieta foi semelhante,
independentemente dos estratos de rendimentos aos quais os escolares pertenciam, à exceção do
valor observado para os alunos cujas famílias possuíam renda per capita entre um quarto e meio
salário mínimo (4,9 – proporção ligeiramente superior quando comparada aos demais estratos).
Levy-Costa et al. (2005) verificaram, tendo por base os dados da POF 2002-2003, que a
participação das leguminosas na dieta da população brasileira apresentou relação inversa com os
rendimentos familiares, passando de 9,7% para as famílias com rendimentos de até um quarto de
salário per capita a 5,5% entre as famílias que dispunham de melhores condições
socioeconômicas (entre 2 e 5 salários mínimos). Tendo por base os resultados da presente
pesquisa, registra-se que os valores de participação para o grupo das leguminosas se revelaram
inferiores aos dados nacionais disponíveis.
Por meio da análise do consumo alimentar domiciliar, observa-se tendência de redução no
consumo de feijões pela população. No período compreendido entre 1974 e 2003 a participação
relativa destes alimentos na dieta sofreu decréscimo de 31% (IBGE, 2004b).
Quanto ao grupo das carnes, destaca-se que a menor contribuição (12,2%) deste grupo no
VET da dieta foi observada para os escolares relativamente mais pobres (até um quarto do salário
mínimo). A maior participação (19,4%) foi identificada entre aqueles alunos pertencentes às
famílias com rendimentos entre meio e um salário mínimo. Nota-se a existência de oscilações nos
valores relativos à participação desses alimentos na dieta conforme a variação dos rendimentos.
Destaca-se, também que a contribuição do grupo das carnes para o VET pode ser considerada
expressiva para todos os alunos, quando comparada aos dados (médios) nacionais de
disponibilidade domiciliar (LEVY-COSTA et al., 2005) ou ainda, as informações obtidas para as
famílias da região sudeste (CAROBA, 2007).
Para o grupo composto pelos embutidos, nota-se que os escolares com maiores
rendimentos revelaram dietas cuja participação deste grupo foi mais expressiva (5,8%).
138
Levy-Costa et al. (2005) identificaram que a contribuição do grupo das carnes (incluindo
os embutidos) cresceu de maneira sistemática com a elevação do nível de rendimentos familiares.
Comportamento similar foi verificado pelos autores no que diz respeito ao efeito exercido pela
renda sobre o nível de contribuição do grupo do leite e derivados: aumento na participação do
grupo no VET conforme se elevavam os rendimentos.
Na presente pesquisa observou-se maior contribuição (10,1%) do grupo do leite e
derivados entre os alunos relativamente mais ricos (rendimentos que superam dois salários). No
entanto a participação (9,3%) desses alimentos na dieta dos alunos pertencentes ao menor estrato
de renda também não se distancia daquela verificada para o grupamento com maiores
rendimentos.
Caroba (2007) registrou que para as famílias da região sudeste do país a contribuição
menos expressiva do leite e derivados (4,3%) foi encontrada entre as famílias mais pobres e
atingia cerca de 42% da maior contribuição média verificada (10,2%) entre os moradores
relativamente mais ricos (rendimentos entre 20,1 e 30 salários mínimos).
Situação interessante é observada para o grupo dos ovos. A maior participação (4,7%) foi
registrada para os escolares pertencentes às famílias com menores rendimentos. Para os alunos
classificados nos demais quatro estratos de rendimentos, destaca-se que a contribuição desse
grupo foi muito reduzida, sendo nula para o grupamento de alunos cujas famílias são
relativamente mais ricas (renda acima de dois salários).
No que se refere às hortaliças, a participação deste grupo na dieta foi similar para a
totalidade dos escolares, destacando-se a reduzida contribuição deste grupo de alimentos para a
dieta dos alunos.
Os dados da POF 2002-2003 revelam aumento da participação de hortaliças e frutas na
dieta da população com a elevação da renda familiar per capita (LEVY-COSTA et al., 2005).
Os resultados da presente pesquisa relativos à contribuição das frutas revelaram-se
surpreendentes. Nota-se que a participação do grupamento foi inversamente proporcional aos
rendimentos. Dessa forma, o valor preconizado (6% a 7% do VET) pela WHO (2003) para o
consumo de frutas e hortaliças foi alcançado (7%, incluindo-se os sucos naturais) apenas entre os
alunos pertencentes às famílias com menores rendimentos (até um quarto do salário).
Esse dado revela-se curioso na medida em que se tem associado o baixo consumo das
frutas e hortaliças aos preços relativamente mais elevados e dos rendimentos das famílias.
139
Barretto e Cyrillo (2001) avaliando a estrutura do consumo alimentar com base nos dados da
POF, relativos aos períodos de 1990-92 e 1994-96, registraram que à medida que há crescimento
dos rendimentos, verifica-se um aumento dos gastos com alimentos in natura. Os referidos
autores constataram que entre as famílias mais pobres, a proporção da renda despendida com
frutas, verduras e legumes correspondia a cerca da metade daquela observada entre as famílias
com rendimentos mensais superiores a vinte salários mínimos.
No que se refere aos grupos de alimentos que contribuem com açúcares simples para a
dieta (açúcares e doces, sucos artificiais e refrigerantes) destaca-se que apenas para os escolares
pertencentes a famílias com rendimentos entre meio e um salário mínimo o limite máximo (10%)
registrado pela WHO (2003) não foi extrapolado. Situação mais preocupante (proporções de
15,8% e 15,4% do VET) foi observada para os escolares cujas famílias foram classificadas nos
dois estratos de rendimentos mais elevados.
Com relação à participação dos sucos artificiais, nota-se que esta foi mais expressiva para
aqueles escolares identificados nos dois estratos de renda que discriminam os mais pobres. Para o
consumo de refrigerantes, verifica-se que, inversamente, a contribuição para o VET da dieta é
maior para os alunos pertencentes a famílias com rendimentos que superam um salário mínimo
per capita.
Levy-Costa et al. (2005) verificaram que houve aumento intenso e contínuo da
participação dos refrigerantes na dieta da população brasileira com o aumento dos rendimentos,
sendo que a contribuição dessas bebidas se revelou cinco vezes maior na classe de maiores
rendimentos quando comparada a de menores rendimentos.
Enes (2005) avaliando a participação de energia e nutrientes para a dieta das famílias das
regiões sul e norte do país, tendo por base os dados da POF 2002-2003, constatou que a maior
contribuição (2,4%) do grupo dos refrigerantes foi observada para as famílias da região sul, cujo
rendimento supera trinta salários mínimos. Ainda segundo a referida autora, é preciso lembrar
que os dados da POF envolvem apenas a disponibilidade domiciliar de alimentos, não
abrangendo o consumo fora do domicílio. Particularmente para o grupo dos refrigerantes os
valores de participação na dieta podem estar subestimados.
140
4.6 Estilo de vida
A Figura 2 apresenta a distribuição dos escolares de Campinas – SP de acordo com a
prática de atividades físicas. Cabe lembrar que estas análises foram elaboradas tendo por base as
respostas dos alunos (n = 212) com idade igual ou superior a dez anos. Conforme descrito na
seção de metodologia, foram considerados sedentários os alunos que afirmaram realizar
exercícios físicos (envolvendo a prática de esportes e de atividades de deslocamentos) por
período inferior a 150 minutos semanais, o que corresponde a menos de 30 minutos diários. Os
escolares que praticavam exercícios entre 150 e 299 minutos semanais foram classificados como
pouco ativos e aqueles que revelaram adotar a referida prática por pelo 300 minutos semanais
foram considerados ativos.
19,0
29,6
22,7
64,3
16,7
47,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
< 150 minutos
semanais
(sedentário)
150 a 299
minutos
semanais
(pouco ativo)
300 minutos
semanais (ativo)
prática de atividadesica
percentual
masculino
feminino
Figura 2 - Distribuição dos escolares de Campinas de acordo com a prática de atividades físicas
Observa-se que expressiva parcela (64,3% e 47,7% dos meninos e meninas,
respectivamente) dos escolares de Campinas foi classificada como ativa, praticando acima de 300
minutos semanais de atividades físicas moderadas ou vigorosas.
Considerando-se que o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b) preconiza para a população
a realização de pelo menos 30 minutos diários de atividades físicas, nota-se que 81% dos
meninos e 70,4% das meninas atendiam a esta recomendação.
141
No que se refere ao sedentarismo, maior proporção de meninas (29,6%) foi classificada
nesta condição, quando comparada aos meninos (19,0%). Estes resultados são semelhantes
àqueles relatados por diversos autores (CDC, 1999; GARCIA; GAMBARDELLA; FRUTUOSO,
2003; GUEDES et al., 2001; NEUMANN, 2007; OEHLSCHLAEGER et al., 2004), cujas
conclusões mostram que os meninos são mais ativos que as meninas.
Cabe destacar que a proporção de escolares classificados como sedentários na presente
pesquisa (24,3%) foi inferior à identificada (56,0%) para os adolescentes com idade entre 10 e 15
anos, por meio da Pesquisa sobre Padrão de Vida, conduzida entre 1996 e 1997 (ANJOS, 2000).
Os resultados apresentados na Figura 2 podem ser considerados satisfatórios, também,
quando comparados com as análises obtidas por Silva e Malina (2000). Os referidos autores
verificaram, tendo por base amostra composta por 325 alunos de escolas públicas do município
de Niterói – RJ e empregando-se questionário estruturado que estabelecia pontuação para a
prática de atividades físicas, que 85% dos meninos e 94% das meninas foram classificados como
sedentários.
Guedes et al. (2001) avaliando a atividade física habitual de amostra de 281 adolescentes,
com idade entre 15 e 18 anos, do município de Londrina – PR, identificaram, por meio de
instrumento retrospectivo de auto-recordação das atividades diárias, que cerca de 55% dos jovens
foram considerados como sedentários. Ainda de acordo com os referidos autores, foi captada
associação significativamente estatística quando se considerou a prática de atividades físicas e o
gênero dos integrantes da amostra, sendo que maior proporção (54,1%) dos adolescentes do
gênero masculino foi classificada como mais ativa quando comparada às meninas (35,5%).
Proporções expressivas de adolescentes (89,6% dos meninos e 75,3% das meninas) que
praticavam atividades físicas mais vigorosas foram observadas por Neumann (2007). Tendo por
base amostra de adolescentes, com idade entre 13 e 19 anos, da cidade de Campinas – SP, a
referida autora verificou que os adolescentes do gênero masculino mostraram-se mais ativos,
sendo que a maioria dos meninos (73,1%) afirmou realizar atividades físicas intensas
(classificadas pela autora como aquelas que demandavam quantidade de energia superior a 210
kcal), enquanto entre as meninas predominou (41,9%) as atividades moderadas (gasto energético
entre 120 kcal e 210 kcal), seguidas pelas intensas (33,3%).
No que se refere à literatura internacional, registra-se que no final da década de 90 cerca
de 50% dos adolescentes eram considerados sedentários nos Estados Unidos (CDC, 1999).
142
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (2000) analisando dados de pesquisa americana conduzida
junto a adolescentes registraram que em média 43,9% e 24,2% dos meninos e meninas,
respectivamente, dedicavam-se à pratica de atividades físicas moderadas ou vigorosas durante
cinco ou mais dias da semana.
Cabe registrar que a comparação dos resultados relativos à prática de atividades físicas e
sedentarismo encontrados na presente pesquisa com os demais estudos apresenta limitações,
devido às diferenças metodológicas para classificação da atividade física e dos distintos
instrumentos utilizados na aferição.
A Tabela 37 reúne as informações relativas à associação entre a prática de atividades
físicas e o estado nutricional. Cabe destacar que a associação entre as variáveis consideradas foi
semelhante quando se adotou, para classificação do estado nutricional, a referência do CDC
(2000) e a elaborada por Conde e Monteiro (2006). Dessa forma, optou-se pela apresentação dos
resultados empregando-se o referencial internacional.
Tabela 37 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os
níveis de prática de atividades físicas e o estado nutricional, adotando-se referencial
do CDC (2000)
Estado Nutricional
Observações
IMC < 5
o
P
5
o
P IMC < 85
o
P 85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Níveis de
Prática de
atividades
físicas
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Sedentário 54 25,5 3 5,5 46 85,2 3 5,6 2 3,7
(23,1) (26,9) (15,0) (25,0)
Pouco ativo 43 20,3 4 9,3
(30,8)
35 81,4
(20,5)
4 9,3
(20,0)
00,0
(0,0)
Ativo 115 54,2 6 5,2 90 78,3 13 11,3 6 5,2
(46,1) (52,6) (65,0) (75,0)
Total 212 100,0 13 6,1 171 80,7 20 9,4 8 3,8
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas
χ
2
= 4,66, com 6 graus de liberdade, não-significativo
χ
2
(MH) = 1,57, com 1 grau de liberdade, não-significativo
Cabe registrar que entre os escolares classificados como eutróficos, a maioria (52,6%) foi
considerada ativa quanto à prática de exercícios físicos. Destaca-se, no entanto, que não foi
143
possível captar associação estatisticamente significativa, nesta pesquisa, entre o estado
nutricional dos escolares e a prática de atividades físicas.
As Tabelas 38 e 39 reúnem as informações relativas à prática de atividades físicas e à
condição socioeconômica dos escolares, avaliada pela renda familiar per capita e pela
escolaridade materna.
Tabela 38 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os
níveis de prática de atividades físicas e os rendimentos familiares per capita (em
salários mínimos)
Níveis de prática de atividades físicas
Observações
Sedentário Pouco ativo Ativo
Estratos de
renda
familiar
per capita
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 20 15,9 8 40,0 5 25,0 7 35,0
¼ | ½
24 19,0 5 20,8 9 37,5 10 41,7
½ | 1
47 37,3 13 27,7 9 19,1 25 53,2
1 | 2
22 17,5 8 36,4 3 13,6 11 50,0
> 2 13 10,3 4 30,8 1 7,7 8 61,5
Total 126 100,0 38 30,2 27 21,4 61 48,4
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 126 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 8,27, com 8 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,89, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Entre os escolares pertencentes a famílias com menores rendimentos (de até um quarto do
salário mínimo) 40% dos alunos foram considerados sedentários. Ainda tendo por base os alunos
com menores rendimentos (de até um quarto do salário e entre um quarto e meio salário mínimo
per capita) foram observadas expressivas percentagens de alunos (25,0% e 37,5%,
respectivamente) classificados como pouco ativos. Uma das principais atividades que
contribuíram para a identificação destes estudantes nesta situação foi o tempo despendido com os
deslocamentos a pé ou de bicicleta para a escola ou outros locais.
Na condição de ativos, destaca-se que 61,5% dos alunos pertencentes às famílias com
maiores rendimentos afirmaram praticar atividades físicas por período pelo menos igual a 300
minutos semanais.
144
Os testes que acompanham a Tabela 38 indicam, no entanto, que não foi possível captar
associação entre as variáveis consideradas.
Os resultados relativos à Pesquisa sobre Padrão de Vida conduzida no período entre 1996
e 1997 revelaram associação positiva independentemente da idade, região ou área de residência
(urbana ou rural), entre a prática de atividades físicas de lazer e o estado socioeconômico,
avaliado por meio dos rendimentos ou da escolaridade. Quanto maior a renda e a escolaridade,
maior foi a freqüência de realização de atividades físicas pela população (MONTEIRO et al.,
2003).
Oehlschlaeger et al. (2004) tendo por base estudo conduzido com 960 adolescentes, com
idades entre 15 e 18 anos, da cidade de Pelotas – RS verificaram que a prevalência de
sedentarismo, condição definida pelos autores como aquela na qual o adolescente deveria ter
participado de atividades físicas por período inferior a 20 minutos diários e freqüência menor que
três vezes na semana, apresentou-se negativamente associada com a classe social. Dessa forma,
entre os alunos pertencentes às classes A e B, 28,9% foram considerados sedentários, enquanto
para os das classes D e E a proporção de escolares classificados nesta condição totalizou 49,6%.
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (2000) analisando os dados de pesquisa conduzida
junto a adolescentes americanos verificaram que os escolares pertencentes a famílias com
rendimentos mais elevados apresentaram maior probabilidade de praticar atividade física de
forma moderada a intensa, reduzindo a probabilidade de serem classificados como sedentários.
No entanto, os autores concluíram que a prática de atividades físicas estava mais associada aos
fatores ambientais, como a disponibilidade e o acesso aos centros de recreações comunitários, do
que com aspectos socioeconômicos das famílias como, por exemplo, os rendimentos e a
escolaridade materna. Estas últimas variáveis estariam mais relacionadas aos padrões de
inatividade física.
Garcia, Gambardella e Frutuoso (2003) tendo por base amostra de adolescentes de baixo
nível socioeconômico, matriculados em um centro de juventude da cidade de São Paulo,
verificaram que 92,4% e 90,2% dos meninos e meninas, respectivamente, afirmaram realizar
atividades físicas moderadas ou intensas, classificadas pelas autoras de acordo com o dispêndio
energético. Segundo as referidas autoras, o ingresso dos alunos ao centro de juventude foi fator
decisivo para o estímulo à prática de atividades físicas.
145
Tabela 39 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com os
níveis de prática de atividades físicas e a escolaridade materna
Níveis de prática de atividades físicas
Observações
Sedentário Pouco ativo Ativo
Escolaridade Materna
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Fundamental incompleto 70 47,6 19 27,1 14 20,0 37 52,9
Fundamental completo 20 13,6 8 40,0 4 20,0 8 40,0
Ensino médio 42 28,6 13 31,0 9 21,4 20 47,6
Ensino técnico e superior 15 10,2 3 20,0 2 13,3 10 66,7
Total 147 100,0 43 29,3 29 19,7 75 51,0
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 147 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas
χ
2
= 3,09, com 6 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,05, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Destaca-se a expressiva proporção (66,7%) de indivíduos classificados como ativos
observada entre aqueles alunos cujas mães/responsáveis possuíam maior escolaridade (ensino
técnico ou superior). No entanto, não foi possível estabelecer associação estatisticamente
significativa entre as variáveis consideradas.
Oehlschlaeger et al. (2004) verificaram associação entre a escolaridade materna e o
sedentarismo entre adolescentes do município de Pelotas – RS. Entre os alunos cujas mães
possuíam menor escolaridade (até quatro anos de estudo) 57,1% foram classificados como
sedentários, sendo esta proporção superior àquela (28,4%) identificada pelos autores para os
alunos cujas mães possuíam mais estudo (pelo menos igual a nove anos).
Além da prática de atividades físicas, julgou-se pertinente avaliar o tempo dedicado pelos
escolares aos hábitos sedentários, como assistir à televisão, jogar videogames e utilizar o
computador. A Tabela 40 mostra a associação entre o estado nutricional e a inatividade. Cabe
destacar que, conforme relatado anteriormente, optou-se, na apresentação dos resultados, pela
adoção do referencial internacional para classificação do estado nutricional devido às
semelhanças nas análises empregando-se os distintos referenciais.
146
Tabela 40 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
tempo dedicado a hábitos sedentários e o estado nutricional, adotando-se referencial
do CDC (2000)
Estado Nutricional
Observações
IMC < 5
o
P
5
o
P IMC < 85
o
P 85
o
P IMC < 95
o
P IMC 95
o
P
Tempo diário
(em horas)
dedicado a
hábitos
sedentários
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
2 62 29,7 6 9,7 49 79,0 5 8,1 2 3,2
(46,1) (29,0) (25,0) (28,6)
2,1 a 4,0 62 29,7 2 3,2
(15,4)
55 88,7
(32,5)
4 6,5
(20,0)
11,6
(14,3)
> 4,0 85 40,6 5 5,9 65 76,5 11 12,9 4 4,7
(38,5) (38,5) (55,0) (57,1)
Total 209 100,0 13 6,2 169 80,9 20 9,6 7 3,3
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 209 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 5,62, com 6 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 1,85, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Tendo por base os dados da Tabela 40, destaca-se que expressiva parcela (40,6%) dos
escolares afirmou dedicar diariamente tempo superior a quatro horas com hábitos sedentários,
como assistir televisão, jogar videogames ou utilizar o computador. Cabe registrar que por meio
das informações socioeconômicas fornecidas pelos pais/responsáveis foi possível verificar que
91,8% e 16,8% dos domicílios dos escolares possuíam aparelhos de televisão e computadores,
respectivamente.
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (2000) identificaram, entre adolescentes americanos,
que 31,7% dos jovens ocupavam até 10 horas semanais com as atividades de assistir televisão,
jogar videogames e utilizar o computador. A maior proporção (36,6%) de adolescentes afirmou
despender tempo igual ou superior a 25 horas semanais com as referidas atividades.
Silva e Malina (2000) tendo por base amostra de adolescentes de reduzido nível
socioeconômico de Niterói – RJ verificaram que o tempo médio gasto assistindo televisão foi de
4,7 horas diárias. Segundo os referidos autores, provavelmente para estes adolescentes
pertencentes a famílias com menor poder aquisitivo assistir à televisão representava um meio de
147
lazer de baixo custo e que oferecia a segurança nem sempre encontrada nas ruas das grandes
cidades para a prática de exercícios físicos.
Pesquisa realizada com adolescentes de reduzido nível socioeconômico de São Paulo
revelou que, no tocante à inatividade física, 38,7% dos escolares ocupavam pelo menos 28 horas
semanais com hábitos sedentários. Cerca de 75% dos adolescentes consumiam alimentos
enquanto assistiam televisão, destacando-se aqueles ricos em açúcares e gorduras, como
biscoitos, refrigerantes, salgadinhos industrializados, pipoca e pães. Foi observada, ainda,
associação significativa entre o excesso de peso dos alunos e o maior tempo dedicado à
inatividade (FRUTUOSO; BISMARCK-NASR; GAMBARDELLA, 2003).
Embora existam evidências de que o sobrepeso e a obesidade estejam fortemente
associados ao estilo de vida sedentário (OEHLSCHLAEGER et al., 2004), na presente pesquisa
não foi possível captar associação entre as variáveis consideradas na Tabela 40.
Nas Tabelas 41 e 42 são apresentadas as associações entre os hábitos sedentários e as
condições socioeconômicas das famílias, avaliadas por meio dos rendimentos per capita e da
escolaridade materna.
Tabela 41 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
tempo dedicado aos hábitos sedentários e os rendimentos familiares per capita (em
salários mínimos)
Tempo (em horas) diário dedicado a hábitos sedentários
Observações
2 2,1 a 4,0 > 4,0
Estratos de
renda
familiar
per capita
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 20 16,0 7 35,0 8 40,0 5 25,0
¼ | ½
23 18,4 10 43,5 4 17,4 9 39,1
½ | 1
47 37,6 16 34,0 12 25,6 19 40,4
1 | 2
22 17,6 6 27,3 6 27,3 10 45,4
> 2 13 10,4 1 7,7 6 46,2 6 46,1
Total 125 100,0 40 32,0 36 28,8 49 39,2
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 125 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 8,51, com 8 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 3,23, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
148
Nota-se que entre os alunos com maior renda per capita (acima de dois salários), 46,1%
relataram que pelo menos quatro horas diárias eram reservadas para os hábitos sedentários. Entre
os alunos pertencentes a famílias com menores rendimentos, 25,0% dos escolares afirmou adotar
o mesmo comportamento. Cabe registrar que a inatividade, nesta pesquisa, foi identificada por
meio das informações relacionadas à audiência de televisão, jogos de videogame e utilização de
computador, ou seja, práticas condicionadas ao acesso dos integrantes da pesquisa a estes
equipamentos.
Destaca-se que expressiva parcela (91,8%) dos domicílios para os quais se dispõe de
informações contava com aparelhos de televisão, o mesmo não ocorrendo com o computador
(16,8%). Embora não tenha sido possível controlar o acesso dos alunos relativamente mais pobres
a estes bens em centros comunitários, por exemplo, possivelmente os escolares com rendimentos
mais elevados possuem maior acesso a computadores e jogos eletrônicos.
Os testes que acompanham a Tabela 41 revelam associação estatisticamente significativa
entre as variáveis apenas ao nível de 10%.
Tabela 42 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
tempo dedicado aos hábitos sedentários e a escolaridade materna
Tempo (em horas) diário dedicado a hábitos
sedentários
Observações
2 2,1 a 4,0 > 4,0
Escolaridade Materna
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Fundamental incompleto 69 47,2 25 36,3 27 39,1 17 24,6
Fundamental completo 20 13,7 5 25,0 5 25,0 10 50,0
Ensino médio 42 28,8 10 23,8 9 21,4 23 54,8
Ensino técnico e superior 15 10,3 2 13,4 5 33,3 8 53,3
Total 146 100,0 42 28,8 46 31,5 58 39,7
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 146 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 13,52, com 6 graus de liberdade, significativo a 5%.
χ
2
(MH) = 9,22, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Entre os alunos que afirmaram reservar pelo menos quatro horas para os hábitos
sedentários, a menor proporção (24,6%) pertencia ao estrato cujas mães possuíam menor
149
escolaridade (ensino fundamental incompleto). Destaca-se que para os demais grupamentos,
aproximadamente metade dos alunos permanecia inativos por mais de quatro horas.
Em situação oposta ao observado na presente pesquisa, Gordon-Larsen, McMurray e
Popkin (2000) verificaram, por meio da análise de estudo com adolescentes americanos, que a
escolaridade materna mais elevada estava inversamente associada ao maior sedentarismo
(avaliado por meio das atividades de assistir televisão, jogar videogames e utilizar o computador).
De acordo com os referidos autores, é necessário aumentar as oportunidades de acesso das
crianças e adolescentes à prática de atividade física, por meio, por exemplo, do estímulo à adesão
dos alunos às aulas de educação física escolares e da disponibilidade de locais seguros
apropriados para a realização de exercícios, como a escola.
Berkey et al. (2003) destacam que os estudos de intervenção que visam ampliar a
promoção da atividade física no ambiente escolar têm demonstrado êxito na redução do tempo
dedicado pelos escolares com hábitos sedentários, no aumento da prática de atividades físicas e
na redução do peso corporal dos alunos.
4.7 Consumo de alimentos no âmbito escolar
Nesta seção são apresentados os principais resultados relativos ao consumo (e seus
principais condicionantes), pelos escolares, das refeições distribuídas gratuitamente pelo
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e dos alimentos adquiridos nas cantinas
presentes nas unidades de ensino.
Cabe destacar, no que se refere ao consumo das refeições do PNAE e dos alimentos da
cantina, que foram formuladas duas questões básicas aos escolares: se o aluno costumava, na
ocasião da pesquisa, consumir a alimentação escolar e os alimentos da cantina (cujas respostas
poderiam ser sim ou não, visando-se à identificação da adesão) e quantos dias por semana o aluno
costumava consumir a alimentação (com o objetivo de avaliar a freqüência de adesão).
Em
seguida, foram elaboradas análises de associação entre a adesão e a freqüência aos serviços de
alimentação e as variáveis: unidade de ensino, idade, gênero e estado nutricional dos escolares,
além daquelas que refletem, em parte, as condições socioeconômicas das famílias (como a renda
familiar per capita e a escolaridade materna), visando-se à identificação dos principais
determinantes do consumo de alimentos pelos alunos no âmbito escolar. A Tabela 43 apresenta
150
os resultados relativos à adesão dos alunos de acordo com as unidades de ensino público de
Campinas – SP.
Tabela 43 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e a unidade de
origem
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Unidades de ensino
N
o
% N
o
% N
o
%
A 27 8,3 10 37,0 17 63,0
B 83 25,6 71 85,5 12 14,5
C 51 15,7 24 47,1 27 52,9
D 39 12,0 35 89,7 4 10,3
E 65 20,1 53 81,5 12 18,5
F 59 18,2 51 86,4 8 13,6
Total 324 100,0 244 75,3 80 24,7
Notas:
χ
2
= 57,49, com 5 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 12,58, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
A proporção (média) de escolares que afirmou consumir as refeições distribuídas pelo
Programa de Alimentação Escolar foi de 75,3%.
Sturion (2002) avaliando as características estruturais e operacionais do PNAE em dez
municípios brasileiros, utilizou os seguintes parâmetros para classificação da adesão dos
escolares às refeições distribuídas pelo programa: elevada (adesão acima de 70%), média (entre
50 e 70%), baixa (entre 30 e 50%) e muito baixa (menor que 30%).
Tendo por base os critérios adotados por Sturion (2002), destaca-se que, para os
resultados de Campinas (Tabela 43), a adesão média (75,3%) dos escolares pode ser considerada
como elevada. No entanto, para as unidades A e C a adesão revelou-se baixa. Avaliações
pormenorizadas das motivações dos alunos dessas duas unidades para rejeitarem as refeições
distribuídas gratuitamente podem contribuir para a melhoria da eficácia do programa.
Brandão (2000) avaliando a participação dos escolares de 1
a
a 4
a
séries, de dez unidades
de ensino do município de Campinas, durante o triênio 1997/1999, no Programa de Alimentação
Escolar, identificou adesão média de 50% dos alunos ao programa. A autora constatou ampla
151
variação (de 22% a 71%) nas percentagens de adesão das crianças conforme a localização das
escolas.
Vale destacar que o fato dos alunos responderem que costumam consumir a merenda
escolar não significa que eles aderem de forma integral ao programa, sendo necessária a
avaliação da freqüência de consumo das refeições. A Tabela 44 apresenta a distribuição dos
alunos de acordo com a freqüência semanal de consumo da alimentação escolar e a unidade de
ensino de origem.
Tabela 44 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e a unidade de origem
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Unidades
de
ensino
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
A 10 4,1 2 20,0 3 30,0 3 30,0 1 10,0 1 10,0
B 71 29,2 5 7,0 12 16,9 15 21,1 9 12,7 30 42,3
C 24 9,9 7 29,2 7 29,2 4 16,7 3 12,5 3 12,5
D
34 14,0 4 11,8 5 14,7 8 23,5 8 23,5 9 26,5
E
53 21,8 5 9,4 9 17,0 10 18,9 8 15,1 21 39,6
F
51 21,0 4 7,8 5 9,8 11 21,6 10 19,6 21 41,2
Total 243 100,0 27 [11,1] 41 [16,9] 51 [21,0] 39 [16,1] 85 [35,0]
Notas: Os números entre colchetes são os percentuais em relação ao total (n = 243) observado na linha.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 243 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 25,51, com 20 graus de liberdade, não significativo
χ
2
(MH) = 2,67, com 1 grau de liberdade, não significativo.
Avaliando-se a freqüência mais sistemática de consumo das refeições distribuídas pelo
PNAE (Tabela 44), verifica-se que 35,0% dos escolares afirmaram aderir à alimentação escolar
diariamente. Considerando-se como adesão efetiva àquela superior a três dias na semana, nota-se
que cerca de 51,1% dos alunos costumavam consumir a alimentação escolar freqüentemente, ou
152
seja, o Programa de Alimentação Escolar do município de Campinas possuía, em 2004, adesão
efetiva de cerca de metade dos escolares.
Chama a atenção que as menores proporções de alunos que afirmaram consumir a
merenda freqüentemente (entre quatro e cinco dias na semana) foram identificadas para as
escolas A e C (20,0% e 25,0%, respectivamente). Nestas duas unidades, diferentemente das
demais escolas integrantes da amostra, são atendidos apenas alunos com idade pelo menos igual a
10 anos. É importante destacar que alguns estudos (PANCIERA; STURION; SILVA, 2002;
STURION et al., 2005; SILVA et al., 1998) têm identificado diferenças na adesão dos escolares
de acordo com o grupamento etário. As Tabelas 45 e 46 reúnem os principais resultados,
observados na presente pesquisa, referentes à distribuição dos alunos de acordo com a
adesão/freqüência ao PNAE e os grupamentos etários, para o município de Campinas.
Tabela 45 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e os estratos de idade
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Estratos de idade
N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 69 21,3 64 92,8 5 7,2
9 | 11
61 18,8 52 85,3 9 14,7
11 | 13
81 25,0 58 71,6 23 28,4
13 113 34,9 70 61,9 43 38,1
Total 324 100,0 244 75,3 80 24,7
Notas:
χ
2
= 25,98, com 3 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 25,68, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Verifica-se que conforme aumenta a idade a adesão ao programa diminui. Dessa forma,
enquanto 92,8% dos escolares com até 8 anos de idade afirmaram consumir as refeições, cerca de
62% dos alunos com idade igual ou superior a 13 anos adotaram o referido comportamento.
Nota-se que para o grupamento de escolares com menos de 13 anos a adesão à alimentação
escolar pode ser considerada elevada; já entre os alunos com idade de 13 e 14 anos, a menor
adesão ao programa foi classificada como mediana, de acordo com o critério adotado por Sturion
153
(2002). Os testes que acompanham a Tabela 45 revelam a forte associação, significativa ao nível
de 1%, entre as variáveis consideradas.
Sturion et al. (2005) avaliando os principais condicionantes do consumo da alimentação
fornecida pelo PNAE, implementado em dez municípios, das cinco regiões geográficas
brasileiras, registraram que a variável idade mostrou-se inversamente associada com a adesão
diária às refeições distribuídas pelo programa. De acordo com as autoras, da totalidade de
escolares entrevistados (n = 2768), 87,5% dos alunos mais novos (com idade entre 7 e 10 anos)
afirmaram que participavam do programa, enquanto 71,2% dos escolares com maior idade (entre
10 e 14 anos) possuíam o mesmo hábito.
Panciera, Sturion e Silva (2005) também verificaram, por meio de estudo conduzido com
402 alunos do município de Piracicaba – SP, associação inversa entre a idade do aluno e o
consumo das refeições distribuídas pelo Programa de Alimentação Escolar.
Tabela 46 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e os estratos de idade
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Estratos
de idade
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 63 25,9 4 6,4 5 7,9 11 17,5 7 11,1 36 57,1
9 | 11
52 21,4 4 7,7 8 15,4 7 13,4 12 23,1 21 40,4
11 | 13
58 23,9 7 12,1 10 17,2 15 25,9 9 15,5 17 29,3
13 70 28,8 12 17,2 18 25,7 18 25,7 11 15,7 11 15,7
Total 243 100,0 27 11,1 41 16,9 51 21,0 39 16,0 85 35,0
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 243 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 33,46, com 12 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 25,77, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Quando são analisados os dados referentes ao consumo mais sistemático da merenda
escolar (Tabela 46), observa-se que a proporção de alunos que afirmou consumir as refeições
distribuídas pelo PNAE cinco dias na semana diminui conforme o aumento dos estratos de idade.
154
Dessa forma, enquanto 57,1% dos escolares com até 8 anos revelaram aderir ao programa
diariamente, apenas 15,7% dos alunos com idade acima de 12 anos adotavam o referido costume.
Analisando-se o consumo mais esporádico da alimentação escolar, nota-se que a adesão ao
programa em 1 ou 2 dias da semana se eleva com o aumento da idade dos alunos. Proporções de
6,4% e 7,9% das crianças, com idade de até 8 anos, consumiam a merenda 1 e 2 dias na semana,
respectivamente, enquanto que para os adolescentes (acima de 12 anos), esse comportamento foi
adotado por 17,2% e 25,7% (para 1 e 2 dias, respectivamente) dos alunos.
Pesquisa conduzida por Silva et al. (1998) em Piracicaba – SP, com escolares da rede
pública de ensino, revelou resultados semelhantes aos observados na presente pesquisa no que se
refere à associação entre a freqüência de consumo da alimentação escolar e os grupamentos
etários dos estudantes. Segundo as referidas autoras, à medida que aumentava a idade, diminuía a
proporção de alunos que consumia a merenda escolar com maior freqüência.
As Tabelas 47 e 48 apresentam os resultados envolvendo as variáveis adesão e freqüência
de consumo das refeições distribuídas pelo PNAE de acordo com o gênero dos escolares.
Tabela 47 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e o gênero
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Gênero dos alunos
N
o
% N
o
% N
o
%
Masculino
124 38,3 100 80,7 24 19,3
(41,0) (30,0)
Feminino 200 61,7 144 72,0 56 28,0
(59,0) (70,0)
Total 324 100,0 244 75,3 80 24,7
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
χ
2
= 3,08, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
χ
2
(MH) = 3,07, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
Observou-se associação entre as variáveis adesão ao PNAE e gênero dos escolares.
Destaca-se que a adesão às refeições foi elevada (80,7% e 72,0% para meninos e meninas,
respectivamente) para ambos os gêneros, sendo a rejeição ao programa maior entre as meninas
(28,0%, em comparação com a proporção de meninos, que alcançou 19,3%).
155
Sturion et al. (2005) verificaram forte associação entre as variáveis adesão dos alunos ao
Programa de Alimentação Escolar e gênero, sendo que os meninos apresentaram maior adesão
(85,5%) que as meninas (81,3%). No entanto, não foi captada, pelas autoras, associação entre o
gênero dos escolares e a freqüência semanal de consumo da alimentação escolar.
Tabela 48 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e o gênero
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Gênero
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Masculino 100 41,1 11 11,0
(40,7)
10 10,0
(24,4)
19 19,0
(37,3)
17 17,0
(43,6)
43 43,0
(50,6)
Feminino 143 58,9 16 11,2
(59,3)
31 21,7
(75,6)
32 22,4
(62,7)
22 15,4
(56,4)
42 29,3
(49,4)
Total 243 100,0 27 11,1 41 16,9 51 21,0 39 16,1 85 35,0
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 243 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 8,30, com 4 graus de liberdade, significativo a 10%.
χ
2
(MH) = 5,03, com 1 grau de liberdade, significativo a 5%.
Quanto à freqüência de consumo das refeições do PNAE, verifica-se que entre os meninos
maior proporção (43,0%) de escolares afirmou consumir a alimentação escolar diariamente. Entre
as meninas observa-se menor proporção (29,3%), em comparação aos meninos, de alunas que
afirmaram aderir ao programa cinco dias na semana, havendo expressiva adesão deste
grupamento ao programa em 2 ou 3 dias da semana.
Julgou-se pertinente avaliar a adesão dos alunos ao PNAE de acordo com algumas
variáveis relativas à condição socioeconômica das famílias dos escolares (renda familiar per
capita, Critério de Classificação Econômica Brasil e escolaridade materna).
As Tabelas 49 e 50 reúnem os resultados referentes à distribuição dos alunos de acordo
com a adesão e a freqüência semanal de consumo das refeições do PNAE e a renda familiar per
capita, em salários mínimos. Cabe ressaltar que se empregou, para classificação dos rendimentos,
156
o valor do salário mínimo igual a R$ 260,00, valor vigente nos meses de coleta de dados da
pesquisa (setembro a novembro de 2004).
Tabela 49 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e os estratos de renda familiar per capita
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Estratos de renda familiar
per capita (em salários
mínimos)
N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 28 14,8 26 92,9 2 7,1
¼ | ½
46 24,2 39 84,8 7 15,2
½ | 1
70 36,8 55 78,6 15 21,4
1 | 2
33 17,4 19 57,6 14 42,4
> 2 13 6,8 5 38,5 8 61,5
Total 190 100,0 144 75,8 46 24,2
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 190 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 22,61, com 4 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 20,10, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
A adesão ao PNAE revelou-se inversamente associada com os estratos de renda familiar
per capita dos escolares. A proporção de alunos que afirmou consumir as refeições distribuídas
nas unidades diminui conforme ocorre o aumento dos rendimentos familiares. Dessa forma, entre
os escolares cujas famílias possuíam renda per capita mensal de no máximo um quarto do salário
mínimo a adesão ao PNAE foi de 92,9%, proporção que praticamente reflete a universalidade. Já
entre os escolares com rendimentos familiares per capita que superam dois salários, nota-se que
apenas 38,5% revelaram consumir as refeições distribuídas pelo programa, adesão que pode ser
classificada como reduzida.
Kageyama e Hoffmann (2007) tendo por base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios – PNAD destacam que o alcance do PNAE tem sido similar nas áreas urbanas e
rurais, atingindo de forma praticamente “focalizada” os alunos relativamente mais pobres. A
parcela de alunos que consome a merenda escolar é bem maior entre os grupos mais pobres
(89%) em relação aos demais (76%). Especificamente no caso do estado de São Paulo, o PNAE
alcança 94% da população escolar.
157
Sturion et al. (2005) também verificaram associação negativa entre a variável renda
familiar per capita e o consumo da merenda escolar.
A adesão ao PNAE apresentou associação negativa com a renda familiar em estudo
conduzido no município de Piracicaba – SP, com 161 alunos, com idade entre 7 e 18 anos.
Verificou-se que 75% dos alunos pertencentes a famílias com rendimentos mensais inferiores a
R$ 1.000,00 afirmaram consumir a alimentação escolar, enquanto apenas cerca de 46% dos
escolares, cujas famílias possuíam renda superior ao referido valor, revelaram aderir às refeições
distribuídas pelo programa (DANELON; SILVA, 2003).
Os resultados da presente pesquisa confirmam a importância que o PNAE assume
especialmente para os alunos pertencentes às famílias de baixa renda. Cabe destacar, no entanto,
que a merenda escolar não deve ser vista como uma refeição apenas para o aluno relativamente
mais pobre, mas como um recurso para mantê-lo alimentado durante a jornada de aulas,
independentemente de sua condição socioeconômica, constituindo-se em um direito do escolar,
assegurado pela Constituição (MOYSES; COLLARES, 1995; PIRAGINE; HARACEMIV;
MASSON, 2004).
Tabela 50 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e os estratos de renda familiar per capita (em salários mínimos)
Alunos Freqüência (dias/semana) de adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Estratos
de renda
familiar
per
capita
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 26 18,2 3 11,5 3 11,6 6 23,1 5 19,2 9 34,6
¼ | ½
39 27,3 2 5,1 6 15,4 13 33,3 5 12,8 13 33,4
½ | 1
54 37,7 8 14,8 14 25,9 11 20,4 8 14,8 13 24,1
1 | 2
19 13,3 1 5,3 3 15,8 5 26,3 3 15,8 7 36,8
> 2 5 3,5 3 60,0 1 20,0 1 20,0 0 0,0 0 0,0
Total 143 100,0 17 11,9 27 18,9 36 25,1 21 14,7 42 29,4
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 143 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 20,48, com 16 graus de liberdade, não-significativo
χ
2
(MH) = 3,45, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
158
Observa-se redução na freqüência de consumo diário das refeições com o aumento da
renda familiar per capita. Dessa forma, enquanto praticamente a metade (53,8%) de alunos
pertencentes a famílias com menores rendimentos (não superiores a um quarto do salário
mínimo) beneficiava-se do programa de forma mais freqüente (quatro ou cinco dias na semana),
entre os alunos com maiores rendimentos (acima de dois salários) a participação ao programa
(80,0%) restringia-se a um ou dois dias por semana.
Resultados semelhantes foram observados por Silva et al. (1998) tendo por base amostra
de escolares de Piracicaba – SP. As referidas autoras verificaram que entre os alunos cujas
famílias dispunham de menores rendimentos, 40% afirmaram consumir as refeições entre quatro
e cinco dias na semana, sendo que essa proporção reduzia-se a 12,5% entre aqueles pertencentes
a famílias com renda mais elevada.
Os resultados obtidos para as associações envolvendo o acesso dos alunos ao Programa de
Alimentação Escolar e os rendimentos familiares per capita foram semelhantes aos registrados
quando foram relacionadas a adesão e a freqüência de consumo das refeições do PNAE e o
Critério de Classificação Econômica Brasil, apresentados nas Tabelas 51 e 52.
Tabela 51 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e as classes econômicas (Critério Brasil)
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Classes econômicas
N
o
% N
o
% N
o
%
E 14 5,8 13 92,9 1 7,1
D 80 33,2 71 88,7 9 11,3
C 102 42,3 73 71,6 29 28,4
B2 37 15,4 22 59,5 15 40,5
B1 6 2,5 4 66,7 2 33,3
A2 2 0,8 1 50,0 1 50,0
Total 241 100,0 184 76,4 57 23,6
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 241 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 17,14, com 5 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 15,02, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
159
Proporção de 92,9% dos alunos pertencentes à classe E (relativamente mais pobres)
afirmou aderir ao PNAE. Inversamente, a maior (50,0%) rejeição ao programa foi observada
entre os estudantes pertencentes à classe A2. Os testes que acompanham a Tabela 51 confirmam
a associação significativa, ao nível de 1%, entre as variáveis classes socioeconômicas e a adesão
ao programa. Dessa forma, a participação dos escolares pertencentes às classes E, D e C ao
PNAE foi mais elevada quando comparada àquela identificada entre os alunos pertencentes às
classes B e A.
Tabela 52 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e as classes econômicas (Critério Brasil)
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Classes
econômicas
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
E 13 7,1 0 0,0 1 7,7 4 30,8 2 15,4 6 46,1
D 71 38,8 7 9,8 8 11,3 20 28,2 14 19,7 22 31,0
C 72 39,3 6 8,3 17 23,6 14 19,5 9 12,5 26 36,1
B2 22 12,0 8 36,4 5 22,7 2 9,1 4 18,2 3 13,6
B1 4 2,2 2 50,0 1 25,0 0 0,0 0 0,0 1 25,0
A2 1 0,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 100,0 0 0,0
Total 183 100,0 23 12,6 32 17,5 40 21,8 30 16,4 58 31,7
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 183 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 36,81, com 20 graus de liberdade, significativo a 5%.
χ
2
(MH) = 9,32, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Nota-se que o consumo diário das refeições distribuídas pelo programa foi maior entre os
alunos pertencentes as menores classes de rendimentos (E, D e C). De forma inversa, destaca-se
que proporções de 50,0% e 36,4% de estudantes integrantes das classes B1 e B2,
respectivamente, aderiam ao programa esporadicamente (um dia por semana).
160
Analisando os testes que acompanham a Tabela 52, registra-se que foi possível captar
associação estatisticamente significativa entre as variáveis freqüência de adesão ao PNAE e a
condição socioeconômica dos escolares, avaliada por meio do Critério de Classificação
Econômica Brasil.
Tendo por base que 20,0% das famílias dos escolares eram beneficiadas, em 2004, por
programas sociais do governo (principalmente o “Bolsa-Escola”, “Bolsa Família” e “Renda
Mínima”) julgou-se pertinente avaliar a participação destes alunos no Programa de Alimentação
Escolar (Tabela 53).
Tabela 53 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e a inscrição das famílias em programas de sociais
governamentais
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Programas sociais
governamentais
N
o
% N
o
% N
o
%
Sim 45 20,9 41 91,1 4 8,9
Não 170 79,1 123 72,4 47 27,6
Total 215 100,0 164 72,3 51 23,7
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 215 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 6,92, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 6,89, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Cabe destacar que a adesão ao PNAE entre os alunos cujas famílias estavam vinculadas a
programas sociais mantidos pelo governo federal foi mais elevada (91,1%) quando se compara
com aqueles (72,4%) não atendidos por esta modalidade de programas sociais. Tal situação
confirma a importância do PNAE para as famílias classificadas como pobres. É possível que
essas famílias entendam que os filhos, sendo alimentados na escola, possam eventualmente,
diminuir a ingestão de alimentos disponíveis no domicílio. Desse modo, provavelmente menor
parte dos rendimentos (e entre esses obviamente se incluem os recursos provenientes dos
programas sociais) seja despendida com a aquisição de alimentos.
Dall’Acqua (1994) avaliando o
Programa de Alimentação Escolar como política social registra, tendo por base estudo conduzido
em Campinas, que para cerca de 70% dos alunos de escolas públicas pertencentes a famílias com
161
rendimentos familiares de até US$ 170,00 a alimentação escolar foi considerada importante na
decisão de manter os filhos na escola.
As Tabelas 54 e 55 registram os dados relativos à escolaridade materna e a adesão e a
freqüência de consumo da alimentação escolar, respectivamente.
Tabela 54 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e a escolaridade materna
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Escolaridade materna
N
o
% N
o
% N
o
%
Ensino fundamental
incompleto
118 52,7 97 82,2 21 17,8
Fundamental completo
27 12,1 20 74,1 7 25,9
Ensino médio
52 23,2 35 67,3 17 32,7
Nível técnico e superior
20 8,9 16 80,0 4 20,0
Não sabe
7 3,1 4 57,1 3 42,9
Total
224 100,0 172 76,8 52 23,2
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 224 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 6,31, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,25, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Os alunos cujas mães/responsáveis possuíam menor nível de escolaridade (ensino
fundamental incompleto) foram os que mais afirmaram aderir ao programa (82,2%). No entanto,
também foram observadas proporções mais elevadas (80,0%) de adesão entre os alunos cujas
mães apresentavam maior instrução (nível técnico e superior). Os testes de qui-quadrado
confirmam que não foi encontrada associação, nesta pesquisa, entre as variáveis analisadas
(adesão ao PNAE e escolaridade materna).
162
Tabela 55 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e a escolaridade materna
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Escolaridade
Materna
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Ensino
fundamental
incompleto
97 58,1 9 9,3 13 13,4 23 23,7 19 19,6 33 34,0
Fundamental
completo
20 12,0 2 10,0 4 20,0 7 35,0 1 5,0 6 30,0
Ensino médio
35 20,9 5 14,3 7 20,0 8 22,9 5 14,3 10 28,5
Nível técnico
e superior
15 9,0 4 26,7 4 26,7 1 6,6 2 13,3 4 26,7
Total 167 100,0 20 12,0 28 16,8 39 23,3 27 16,2 53 31,7
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 167 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 11,15, com 12 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 3,91, com 1 grau de liberdade, significativo a 5%.
No tocante à freqüência de adesão ao programa
(Tabela 55), nota-se que conforme se
eleva a escolaridade materna, o consumo da alimentação escolar de forma esporádica (em um ou
dois dias da semana) aumenta. De forma inversa, a adesão diária ao programa era realizada por
menor grupo de escolares (26,7%) cujas mães/responsáveis possuíam maior nível de escolaridade
(técnico ou superior).
Sturion et al. (2005) por meio de pesquisa, envolvendo dados de amostra de alunos
brasileiros, também registraram que à medida que crescia a escolaridade da mãe, reduzia a
freqüência semanal de consumo da alimentação oferecida na escola. Neste sentido, a freqüência
de adesão ao PNAE dos escolares cujas mães possuíam de um a quatro anos de escolaridade, era
22,8 pontos percentuais superior à identificada para os alunos cujas mães apresentavam de doze a
quinze anos de estudo.
As Tabelas seguintes (56 a 59) reúnem as informações relativas à associação entre o
estado nutricional, tendo por base os dois referenciais empregados na presente pesquisa (CDC,
2000; CONDE; MONTEIRO, 2006) e a adesão e a freqüência de consumo das refeições do
PNAE pelos escolares de Campinas.
163
Tabela 56 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão ao PNAE e o estado nutricional, adotando-se referencial do CDC (2000)
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Estado nutricional
(Intervalos de IMC)
N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
18 5,6 15 83,3 3 16,7
3
o
P < IMC < 5
o
P 8 2,5 6 75,0 2 25,0
5
o
P IMC < 85
o
P
247 76,5 184 74,5 63 25,5
85
o
P IMC < 95
o
P
35 10,8 28 80,0 7 20,0
IMC 95
o
P
15 4,6 10 66,7 5 33,3
Total 323 100,0 243 75,2 80 24,8
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 323 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 1,72, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,45, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Tabela 57 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
estado nutricional, empregando-se referencial elaborado por Conde e Monteiro
(2006) e a adesão ao PNAE
Adesão ao PNAE
Alunos
Sim Não
Estado nutricional
(Intervalos de IMC)
N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
9 2,8 7 77,8 2 22,2
3
o
P < IMC < 85
o
P 250 77,4 190 76,0 60 24,0
85
o
P IMC < 95
o
P
50 15,5 37 74,0 13 26,0
IMC 95
o
P
14 4,3 9 64,3 5 35,7
Total 323 100,0 243 75,2 80 24,8
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 323 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 1,05, com 3 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,82, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
164
Tendo por base os dados das Tabelas 56 e 57, nota-se que as maiores proporções de
escolares que afirmaram aderir ao Programa de Alimentação Escolar foram classificadas no
intervalo IMC < 5
o
P, que discrimina o grupo de alunos com baixo peso, independentemente do
referencial adotado (nacional ou internacional). As menores percentagens de adesão foram
observadas entre os alunos classificados como obesos (IMC 95
o
P), para ambos os referenciais.
No entanto, não foi possível estabelecer associação significativa entre as variáveis consideradas.
Caroba (2002), em pesquisa conduzida com 578 adolescentes do município de Piracicaba
– SP, também não verificou associação significativa entre o estado nutricional e o consumo da
alimentação escolar.
Examinando-se os resultados da freqüência de consumo da alimentação distribuída nas
escolas (Tabelas 58 e 59), nota-se que não foi possível captar associação estatisticamente
significativa entre esta variável e o estado nutricional, para ambos os referenciais adotados.
Destaca-se que, tendo por base (Tabela 58) o referencial americano do CDC (2000), entre
os indivíduos de baixo peso a maior proporção de escolares (53,3%) aderia ao programa
diariamente. Adotando-se o referencial proposto por Conde e Monteiro (2006), essa situação para
os alunos com baixo peso não se repetiu, sendo que a maior percentagem (42,8%) de escolares
classificados neste intervalo de estado nutricional aderia ao programa duas vezes por semana
(Tabela 59).
Sturion et al. (2005) verificaram forte associação entre o estado nutricional e a freqüência
de adesão à alimentação escolar, sendo esta mais elevada entre os escolares com baixo peso
(IMC < 5
o
P). Segundo as referidas autoras, no entanto, o consumo diário das refeições
distribuídas pelo programa, realizado por cerca de 50% dos escolares com baixo peso, não
poderia ser considerado satisfatório devido ao elevado custo operacional do programa e às
expectativas dos gestores em relação à contribuição do mesmo para a melhoria do estado
nutricional dos alunos.
165
Tabela 58 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com o estado nutricional, adotando-se referencial do CDC (2000), e a
freqüência de adesão ao PNAE
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Estado nutricional
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
15 6,2 0 0,0 4 26,7 2 13,3 1 6,7 8 53,3
3
o
P < IMC < 5
o
P 6 2,5 0 0,0 0 0,0 1 16,7 2 33,3 3 50,0
5
o
P IMC < 85
o
P
183 75,6 22 12,0 34 18,6 37 20,2 31 17,0 59 32,2
85
o
P IMC < 95
o
P
28 11,6 4 14,3 3 10,7 7 25,0 4 14,3 10 35,7
IMC 95
o
P
10 4,1 1 10,0 0 0,0 4 40,0 1 10,0 4 40,0
TOTAL 242 100,0 27 11,2 41 16,9 51 21,1 39 16,1 84 34,7
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 242 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 14,27, com 16 graus de liberdade, não-significativo
χ
2
(MH) = 0,60, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
166
Tabela 59 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com o estado nutricional, empregando-se referencial elaborado por Conde
e Monteiro (2006) e a freqüência de adesão ao PNAE
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão ao PNAE
1 2 3 4 5
Estado nutricional
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
7 2,9 0 0,0 3 42,8 2 28,6 0 0,0 2 28,6
3
o
P < IMC < 85
o
P 189 78,1 20 10,6 31 16,4 37 19,6 32 16,9 69 36,5
85
o
P IMC < 95
o
P
37 15,3 5 13,5 7 18,9 7 18,9 7 18,9 11 29,7
IMC 95
o
P
9 3,7 2 22,2 0 0,0 5 55,6 0 0,0 2 22,2
Total 242 100,0 27 11,2 41 16,9 51 21,1 39 16,1 84 34,7
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 242 escolares, para os quais dispõe-se de informações válidas.
χ
2
= 15,73, com 12 graus de liberdade, não-significativo
χ
2
(MH) = 0,91, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
167
As Tabelas a seguir reúnem os principais resultados relativos à adesão às cantinas
escolares e à freqüência de consumo dos alimentos adquiridos nestes locais. Cabe lembrar que as
cantinas eram mantidas em três unidades de ensino, do total (n = 6) que integra a amostra da
presente pesquisa.
Tabela 60 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão à cantina escolar e os estratos de idade
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Estratos de idade
N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 22 13,5 17 77,3 5 22,7
9 | 11
24 14,7 16 66,7 8 33,3
11 | 13
41 25,2 31 75,6 10 24,4
13 76 46,6 60 79,0 16 21,0
Total 163 100,0 124 76,1 39 23,9
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 163 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 1,53, com 3 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,45, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Cerca de 76% dos escolares afirmou que adquiria alimentos comercializados pelas
cantinas escolares. Avaliando-se a adesão à cantina de acordo com os estratos etários (Tabela 60),
nota-se que 79% dos alunos com idade superior a treze anos consumiam alimentos adquiridos
nesses estabelecimentos. Destaca-se, no entanto, que não foi observada associação significativa
entre as variáveis idade e adesão à cantina.
Na Tabela 61 são apresentados os dados relativos à freqüência de aquisição na cantina e
estratos de idade.
168
Tabela 61 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão à cantina
escolar e os estratos de idade
Alunos Freqüência (dias/semana) de adesão à cantina escolar
1 2 3 4 5
Estratos
de idade
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
< 9 17 13,8 7 41,2 2 11,8 2 11,8 3 17,6 3 17,6
9 | 11
16 13,0 4 25,0 6 37,5 5 31,3 1 6,2 0 0,0
11 | 13
31 25,2 7 22,6 9 29,0 2 6,4 3 9,7 10 32,3
13 59 48,0 8 13,6 21 35,6 15 25,4 4 6,8 11 18,6
Total 123 100,0 26 21,2 38 30,9 24 19,5 11 8,9 24 19,5
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 123 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 20,75, com 12 graus de liberdade, significativo a 10%.
χ
2
(MH) = 1,18, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Avaliando-se a freqüência de consumo das cantinas pelos escolares, nota-se que a
proporção de alunos que afirmou adquirir alimentos destes locais uma vez por semana foi
decrescendo conforme o aumento da idade dos alunos. Dessa forma, enquanto 41,2% dos
escolares menores de nove anos consumiam alimentos das cantinas uma vez na semana, 13,6%
dos alunos com idade igual ou superior a trezes anos adotavam o mesmo comportamento.
Analisando-se a situação oposta, ou seja, o consumo diário, chama a atenção a expressiva
proporção (32,3%) de escolares com idade entre onze e doze anos que afirmaram adquirir
diariamente os alimentos das cantinas.
As Tabelas 62 e 63 registram as informações referentes à adesão e à freqüência de
consumo de alimentos adquiridos das cantinas de acordo com o gênero dos escolares.
169
Tabela 62 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão à cantina escolar e o gênero
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Gênero dos alunos
N
o
% N
o
% N
o
%
Masculino
66 40,5 38 57,6 28 42,4
(30,6) (71,8)
Feminino
97 59,5 86 88,7 11 11,3
(69,4) (28,2)
Total 163 100,0 124 76,1 39 23,9
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 163 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 20,85, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 19,18, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Foi possível verificar forte associação estatisticamente significativa entre a adesão à
cantina escolar e o gênero dos alunos, sendo que maior proporção de meninas (69,4%) consumia
alimentos adquiridos nesses estabelecimentos, em comparação com os meninos (30,6%).
Tabela 63 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão à cantina
escolar e o gênero
Alunos Freqüência (dias/semana) de adesão à cantina escolar
1 2 3 4 5
Gênero
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Masculino
38 30,9 9 23,7
(34,6)
16 42,1
(42,1)
513,1
(20,8)
5 13,2
(45,5)
37,9
(12,5)
Feminino
85 69,1 17 20,0
(65,4)
22 25,9
(57,9)
19 22,3
(79,2)
6 7,1
(54,6)
21 24,7
(87,5)
TOTAL 123 100,0 26 21,2 38 30,9 24 19,5 11 8,9 24 19,5
Notas: Os números entre parênteses são os percentuais em relação aos valores (totais) observados nas colunas.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 123 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 8,44, com 4 graus de liberdade, significativo a 10%.
χ
2
(MH) = 3,47, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
170
O consumo entre as meninas foi particularmente maior (87,5%), em comparação com os
meninos (12,5%), quando se analisa a aquisição diária de alimentos. Entre os meninos
predominou o consumo esporádico (um ou dias na semana). Cabe lembrar que a adesão mais
sistemática ao Programa de Alimentação Escolar foi maior entre os meninos.
Nas Tabelas 64 a 69 foram reunidos os dados que permitem conhecer a adesão à cantina
(bem como a freqüência de consumo) e as condições socioeconômicas dos alunos, adotando-se
como critérios a renda familiar per capita, o Critério de Classificação Econômica Brasil e a
escolaridade materna.
Tabela 64 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão à cantina escolar e os estratos de renda familiar per capita
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Estratos de renda familiar
per capita (em salários
mínimos)
N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 14 13,8 5 35,7 9 64,3
¼ | ½
23 22,8 18 78,3 5 21,7
½ | 1
33 32,7 26 78,8 7 21,2
1 | 2
19 18,8 17 89,5 2 10,5
> 2 12 11,9 11 91,7 1 8,3
Total 101 100,0 77 76,2 24 23,8
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 101 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 16,28, com 4 graus de liberdade, significativo a 1%.
χ
2
(MH) = 10,99, com 1 grau de liberdade, significativo a 1%.
Os testes de qui-quadrado revelam a existência de forte associação estatística entre a
adesão à cantina escolar e os estratos de rendimentos familiares per capita. Observa-se que a
adoção da aquisição de alimentos comercializados pela cantina aumenta conforme crescem os
rendimentos. Dessa forma, enquanto 35,7% dos escolares pertencentes a famílias com menor
renda per capita (de até um quarto de salário mínimo) afirmaram aderir à cantina, 91,7% dos
alunos das famílias com maiores rendimentos (acima de dois salários) possuíam este
comportamento.
171
Tabela 65 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão à cantina
escolar e os estratos de renda familiar per capita (em salários mínimos)
Alunos Freqüência (dias/semana) de adesão à cantina escolar
1 2 3 4 5
Estratos
de renda
familiar
per
capita
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
¼ 5 6,5 0 0,0 3 60,0 1 20,0 0 0,0 1 20,0
¼ | ½
18 23,4 5 27,8 3 16,7 6 33,3 2 11,1 2 11,1
½ | 1
26 33,7 4 15,4 9 34,6 7 26,9 2 7,7 4 15,4
1 | 2
17 22,1 5 29,4 4 23,5 3 17,7 0 0,0 5 29,4
> 2 11 14,3 0 0,0 2 18,2 4 36,3 3 27,3 2 18,2
Total 77 100,0 14 18,2 21 27,2 21 27,3 7 9,1 14 18,2
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 77 escolares, para os quais dispõe-se de informações
válidas.
χ
2
= 17,94, com 16 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 1,64, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Avaliando-se a freqüência de adesão à cantina escolar em função dos rendimentos
familiares per capita, destaca-se que praticamente a metade (45,5%) dos alunos cujos
rendimentos integravam os estratos de maior renda (acima de dois salários) afirmou adquirir
freqüentemente (quatro a cinco dias na semana) alimentos na cantina. Entre as famílias com
menores rendimentos (até um quarto do salário mínimo), 60,0% dos alunos consumiam duas
vezes por semana alimentos nestes locais. Não foi possível captar, no entanto, associação entre as
variáveis consideradas.
172
Tabela 66 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão à cantina escolar e as classes econômicas (Critério Brasil)
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Classes econômicas
N
o
% N
o
% N
o
%
E 10 8,1 6 60,0 4 40,0
D 45 36,3 33 73,3 12 26,7
C 38 30,7 31 81,6 7 18,4
B2 24 19,3 20 83,3 4 16,7
B1 5 4,0 4 80,0 1 20,0
A2 2 1,6 1 50,0 1 50,0
Total 124 100,0 95 76,6 29 23,4
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 124 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 3,76, com 5 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 1,04, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Embora não tenha sido possível estabelecer associação significativa entre as variáveis
adesão à cantina escolar e classes econômicas, de acordo com o Critério Brasil, nota-se, à
semelhança do observado para a renda familiar per capita, que menor proporção (60,0%) de
alunos que afirmou aderir à cantina pertencia a famílias com rendimentos mais reduzidos (classe
E), com exceção da percentagem observada (50%) entre os alunos pertencentes a maior classe
econômica. Destaca-se, no entanto, a reduzida proporção (n = 2) de alunos integrantes deste
intervalo de rendimentos.
173
Tabela 67 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão à cantina
escolar e as classes econômicas (Critério Brasil)
Alunos Freqüência (dias/semana) de adesão à cantina escolar
1 2 3 4 5
Classes
econômicas
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
E 6 6,4 2 33,3 2 33,3 1 16,7 0 0,0 1 16,7
D 32 34,0 7 21,9 11 34,4 7 21,9 4 12,5 3 9,3
C 31 33,0 4 12,9 9 29,0 9 29,0 1 3,3 8 25,8
B2 20 21,3 4 20,0 6 30,0 5 25,0 2 10,0 3 15,0
B1 4 4,2 1 25,0 2 50,0 0 0,0 1 25,0 0 0,0
A2 1 1,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 100,0
Total 94 100,0 18 19,2 30 31,9 22 23,4 8 8,5 16 17,0
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 94 escolares, para os quais dispõe-se de informações
válidas.
χ
2
= 15,14, com 20 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 1,01, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Registra-se, tendo por base os dados dos escolares pertencentes às classes E e D, que a
maioria (66,6% e 56,3%, respectivamente) destes alunos afirmou consumir alimentos das
cantinas esporadicamente (uma ou duas vezes na semana). Entre os alunos pertencentes à classe
C de rendimentos, destaca-se que 25,8% afirmaram aderir diariamente à cantina escolar.
174
Tabela 68 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com a
adesão à cantina e a escolaridade materna
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Escolaridade materna
N
o
% N
o
% N
o
%
Fundamental incompleto
59 50,0 46 78,0 13 22,0
Fundamental completo
14 11,9 11 78,6 3 21,4
Ensino médio
29 24,6 24 82,8 5 17,2
Nível técnico e superior
11 9,3 6 54,6 5 45,4
Não sabe
5 4,2 4 80,0 1 20,0
Total
118 100,0 91 77,1 27 22,9
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 118 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 3,76, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,20, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
A menor proporção (54,6%) de escolares que aderiam à cantina foi observada entre
aqueles estudantes cujas mães/responsáveis possuíam maior nível de escolaridade (ensino técnico
ou superior). No entanto, não foi possível captar associação significativa entre as variáveis adesão
à cantina e escolaridade materna.
175
Tabela 69 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão à cantina
e a escolaridade materna
Alunos Freqüência (dias/semana) de Adesão à Cantina Escolar
1 2 3 4 5
Escolaridade
Materna
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
Fundamental
incompleto
46 52,9 9 19,6 15 32,6 11 23,9 4 8,7 7 15,2
Fundamental
completo
11 12,6 1 9,1 4 36,4 5 45,4 0 0,0 1 9,1
Ensino médio
24 27,6 7 29,2 5 20,8 4 16,7 3 12,5 5 20,8
Nível técnico
e superior
6 6,9 0 0,0 3 50,0 1 16,7 1 16,6 1 16,7
Total 87 100,0 17 19,6 27 31,0 21 24,1 8 9,2 14 16,1
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 87 escolares, para os quais dispõe-se de informações
válidas.
χ
2
= 9,70, com 12 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,23, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Observa-se que para os alunos cujas mães possuíam menor escolaridade (até ensino
fundamental incompleto) a maior percentagem (52,5%) informou adquirir alimentos da cantina
uma ou duas vezes na semana. Para os alunos cujas mães apresentavam mais estudo (ensino
técnico ou superior), 50,0% adotavam o mesmo costume, proporções bastante semelhantes. Os
testes que acompanham a Tabela 69 confirmam que não foi possível captar associação entre as
variáveis consideradas.
As Tabelas 70 e 71 apresentam os resultados relativos à adesão dos alunos à cantina e o
estado nutricional, tendo por base os dois referenciais (CDC, 2000; CONDE; MONTEIRO, 2006)
adotados nesta pesquisa.
176
Tabela 70 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
estado nutricional, adotando-se referencial do CDC (2000) e a adesão à cantina
escolar
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Estado nutricional
(Intervalos de IMC)
N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
9 5,5 8 88,9 1 11,1
3
o
P < IMC < 5
o
P 3 1,9 1 33,3 2 66,7
5
o
P IMC < 85
o
P
128 78,5 96 75,0 32 25,0
85
o
P IMC < 95
o
P
16 9,8 13 81,3 3 18,7
IMC 95
o
P
7 4,3 6 85,7 1 14,3
Total 163 100,0 124 76,1 39 23,9
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 163 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 4,50, com 4 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,09, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
Tabela 71 - Distribuição dos alunos, da rede pública de ensino de Campinas, de acordo com o
estado nutricional, empregando-se referencial elaborado por Conde e Monteiro
(2006) e a adesão à cantina escolar
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Estado nutricional
(Intervalos de IMC)
N
o
% N
o
% N
o
%
IMC 3
o
P
5 3,1 5 100,0 0 0,0
3
o
P < IMC < 85
o
P 128 78,5 93 72,7 35 27,3
85
o
P IMC < 95
o
P
23 14,1 20 87,0 3 13,0
IMC 95
o
P
7 4,3 6 85,7 1 14,3
TOTAL 163 100,0 124 76,1 39 23,9
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 163 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 4,25, com 3 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 0,78, com 1 grau de liberdade, não-significativo.
177
Avaliando os dados das Tabelas 70 e 71, verifica-se entre os indivíduos classificados
como magros (IMC 3
o
P), 88,9% empregando-se critério internacional e 100,0%, adotando-se
referencial nacional, afirmaram aderir à cantina. Entre os escolares identificados como eutróficos
foram observadas as maiores proporções de rejeições à aquisição de alimentos nesses
estabelecimentos. Percentagens idênticas (85,7%), quando se consideram os dois referenciais do
estado nutricional, de alunos classificados como obesos aderiam à cantina. Nota-se que não foi
possível estabelecer associação estatisticamente significativa entre as variáveis consideradas.
Também não foi possível captar associação quando se considerou a freqüência de
aquisição de alimentos, pelos alunos, e o estado nutricional, independentemente do referencial
adotado. Verificou-se que entre os alunos eutróficos a maioria (73,7% adotando-se referencial do
CDC, 2000 e 76,1% empregando-se critério de Conde e Monteiro, 2006) afirmou consumir
alimentos das cantinas escolares com uma freqüência de até três vezes na semana.
As Tabelas 72 e 73 reúnem os dados relativos à convivência dos dois serviços de
alimentação – o Programa Nacional de Alimentação Escolar e as cantinas – disponíveis nas
unidades de ensino.
Tabela 72 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a adesão ao Programa Nacional
de Alimentação Escolar – PNAE e a adesão à cantina
Adesão à cantina escolar
Alunos
Sim Não
Adesão ao PNAE
N
o
% N
o
% N
o
%
Sim 107 65,6 77 72,0 30 28,0
Não 56 34,4 47 83,9 9 16,1
Total 163 100,0 124 76,1 39 23,9
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 163 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
χ
2
= 2,89, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
χ
2
(MH) = 2,87, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
Entre os alunos (Tabela 72) que aderiam (65,6%) à alimentação distribuída pelo PNAE,
72,0% também afirmaram consumir os alimentos da cantina escolar. Proporção de 28,0% dos
estudantes aderia ao PNAE e não consumia os alimentos comercializados pelas cantinas. Entre os
178
alunos que não consumiam a alimentação escolar (34,4%), expressivo contingente (83,9%)
adquiria alimentos das cantinas.
Tabela 73 - Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com a freqüência de adesão ao
PNAE e a freqüência de adesão à cantina
Alunos Freqüência (dias/semana) de adesão à cantina escolar
1 2 3 4 5
Freqüência
(dias/semana)
de adesão ao
PNAE
N
o
%
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
1 11 14,5 1 9,1 5 45,4 1 9,1 2 18,2 2 18,2
(4,8) (17,2) (10,0) (33,3) (20,0)
2 19 25,0 7 36,8 3 15,8 5 26,3 1 5,3 3 15,8
(33,3) (10,4) (50,0) (16,7) (30,0)
3 17 22,4 3 17,6 8 47,1 1 5,9 3 17,6 2 11,8
(14,3) (27,6) (10,0) (50,0) (20,0)
4 7 9,2 2 28,6 4 57,1 1 14,3 0 0,0 0 0,0
(9,5) (13,8) (10,0) (0,0) (0,0)
5 22 28,9 8 36,4 9 40,9 2 9,1 0 0,0 3 13,6
(38,1) (31,0) (20,0) (0,0) (30,0)
Total 76 100,0 21 27,6 29 38,2 10 13,1 6 7,9 10 13,2
Notas: Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 76 escolares, para os quais dispõe-se de informações
válidas.
χ
2
= 17,72, com 16 graus de liberdade, não-significativo.
χ
2
(MH) = 2,85, com 1 grau de liberdade, significativo a 10%.
É possível identificar (Tabela 73) tendência de comportamento que revela que os
escolares que consomem freqüentemente a alimentação escolar diminuem a freqüência de adesão
à cantina. Dessa forma, proporções de 85,7% e 77,3% de alunos que afirmaram aderir ao PNAE
quatro e cinco dias na semana, respectivamente, adquiriam alimentos da cantina em um ou dois
dias da semana.
179
Entre os escolares cuja adesão à cantina pode ser classificada como efetiva (quatro e cinco
dias por semana), maior proporção (100,0% entre os que consomem quatro dias e 70,0% para os
que adquirem alimentos diariamente) afirmou participar do PNAE até três vezes por semana.
Integrava o instrumento adotado nas entrevistas junto aos escolares questão que solicitou
ao aluno que selecionasse, entre as opções pré-estabelecidas, as motivações para a aquisição de
alimentos na cantina ou em outros locais, como lanchonetes localizadas no entorno da unidade de
ensino, para serem consumidos durante a jornada de aula. Com base nas respostas dos estudantes,
elaborou-se a Tabela 74, cujos resultados auxiliam o entendimento sobre as opções dos alunos
para o consumo de alimentos no âmbito escolar.
Tabela 74 – Distribuição dos alunos de Campinas de acordo com as motivações para aquisição de
alimentos nas cantinas escolares ou em outros locais
Opção dos alunos
Sim Não
Motivações
N
o
% N
o
%
Mesmo quando consome a merenda compra na cantina 80 47,1 90 52,9
Quando não gosta da merenda oferecida no dia 54 31,8 116 68,2
Quando não consome a merenda oferecida na escola 27 15,9 143 84,1
Quando não traz lanche de casa 11 6,5 159 93,5
Notas: Respostas não excludentes.
Análises elaboradas tendo por base os dados referentes a 170 escolares, para os quais dispõe-se de
informações válidas.
Expressiva parcela dos estudantes (47,1%) aderia à cantina mesmo quando consumia a
refeição escolar. É importante considerar que as aquisições na cantina podem variar desde um
alimento que complemente a alimentação escolar, como exemplo um suco de frutas, quando esta
é considerada insuficiente pelo aluno, ou ainda, daqueles classificados como “guloseimas”, como
doces, refrigerantes, salgadinhos industrializados, entre outros.
Chama a atenção que 31,8% dos escolares optavam pela compra na cantina quando não
apreciavam as preparações distribuídas pelo Programa de Alimentação Escolar. Resultados
semelhantes foram observados por Sturion, Panciera e Silva (2005) por meio de análise de dados
180
de amostra (n = 402) de alunos do município de Piracicaba – SP. Os autores verificaram
associação inversa entre o consumo de merenda escolar e a freqüência de aquisição dos alimentos
comercializados pelas cantinas. Praticamente a metade (50%) dos alunos revelou adquirir
alimentos nas cantinas (ou em locais próximos às unidades de ensino, para consumo no intervalo
das atividades escolares) mesmo quando optava pelo consumo das refeições distribuídas pelo
Programa de Alimentação Escolar, sendo que 31% dos estudantes afirmaram que este
comportamento era adotado quando as preparações não atendiam as suas preferências e
expectativas.
Tal situação reafirma a importância da avaliação dos cardápios do programa,
incorporando, na medida do possível, alimentos e preparações balanceados nutricionalmente, que
atendam às preferências dos alunos e que sejam economicamente sustentáveis.
Deve-se considerar, também, que as motivações que levam as crianças e adolescentes a
optarem por determinado alimento, tais como as preferências alimentares, norteadas pelo paladar,
fatores culturais e comportamentais (como a autonomia e a necessidade de inserção na sociedade
e no grupo de amigos, demonstradas freqüentemente pelos adolescentes), aliadas à rejeição
voluntária, constituem um dos principais desafios relacionados à alimentação, sendo necessário o
desenvolvimento de processos que priorizem a orientação, visando-se contemplar maior
diversidade de alimentos na dieta habitual dos alunos (CRUZ et al., 2001; DREWNOWSKI,
1997; NEUMANN, 2007; STORY; NEUMARK-SZTAINER; FRENCH, 2002).
Ainda de acordo com a Tabela 74, para 22,4% dos escolares a cantina representa uma
opção para a alimentação, visto que estes alunos não consomem as refeições distribuídas pelo
programa ou não possuem o hábito de levar para a escola os lanches preparados no domicílio. No
entanto, é importante destacar que os alimentos comercializados pelas cantinas escolares
freqüentemente possuem elevado teor de energia, gorduras, açúcares e/ou sódio, representando
um entrave para a educação nutricional.
Por meio da análise das citações dos alunos de Campinas quanto aos alimentos
freqüentemente adquiridos nas cantinas das unidades pôde-se constatar que a preferência dos
escolares recaía sobre os produtos ricos em açúcares e energia, sendo a bala o alimento mais
citado (66,4%), seguida pelo salgadinho do tipo chips (49,2%), doces (45,1%), salgado do tipo
caseiro (44,3%), refrigerante (41,8%) e chocolate (19,7%). Alimentos como sucos, lanche natural
e bolo foram citados por pequena parcela dos alunos (3,3%, 4,1% e 2,5%, respectivamente).
181
Caroba (2002) registrou que, ao dispor de autonomia para aquisição de alimentos no
ambiente escolar, as escolhas dos alunos nem sempre são as mais adequadas do ponto de vista
nutricional. A autora aponta a praticidade, a rapidez para a aquisição e a aceitação pelos
adolescentes como fatores que contribuem para a incorporação dos alimentos comercializados
pelas cantinas às práticas alimentares.
Pode-se perceber, portanto, a importância da atividade de orientação aos alunos, pautada
no fornecimento de subsídios para a seleção consciente de alimentos no ambiente escolar. Alguns
estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina adotaram portarias que visam
regulamentar a comercialização de produtos pelas cantinas. Estas medidas representam
importante passo em direção à transformação da escola em ambiente facilitador para escolhas
alimentares adequadas.
182
5 CONCLUSÕES
A presente pesquisa, desenvolvida tendo por base amostra de alunos da rede pública de
Campinas – SP, viabilizou a obtenção de acervo de análises que se acredita que possam
contribuir para a ampliação do conjunto de informações que caracterizam o estado nutricional, o
consumo de alimentos, a adesão aos programas de suplementação alimentar e o estilo de vida de
crianças e adolescentes que vivem em centros urbanos economicamente mais desenvolvidos do
país.
Por meio das informações fornecidas pelos pais/responsáveis pelos escolares, verificou-se
que expressiva parcela dos alunos integrava famílias que podem ser classificadas como
relativamente pobres.
A análise do estado nutricional revelou situação satisfatória quanto à proporção (1,6%) de
crianças e adolescentes com déficit de altura para idade, prevalência que não alcança à observada
(2,3%) em populações que desfrutam de boas condições de saúde e nutrição. Avaliando-se o
Índice de Massa Corporal – IMC, foram identificadas diferenças quanto à adoção de dois
referenciais (o internacional – CDC, 2000 – e o nacional, proposto por Conde e Monteiro em
2006). Nota-se que as prevalências de baixo peso (2,8%) e de excesso de peso (19,8%)
observadas empregando-se o referencial nacional revelaram-se mais condizentes com o processo
de transição nutricional, vivenciado pelo país, quando comparadas àquelas obtidas por meio da
adoção do referencial internacional.
A avaliação da distribuição do IMC associada aos rendimentos familiares per capita
mostrou que as prevalências de excesso de peso foram mais preocupantes especialmente entre os
escolares pertencentes às famílias com maiores rendimentos.
Quanto ao consumo alimentar, especificamente com relação à ingestão de energia,
verificou-se que 50% dos escolares apresentaram consumo energético insuficiente em relação às
necessidades estimadas e 10% foram classificados na condição oposta – balanço energético
positivo.
No tocante à participação dos macronutrientes no Valor Energético Total, merece
destaque que 65% das dietas dos adolescentes foram classificadas como inadequadas no que se
refere à contribuição de pelo menos um macronutriente. De forma geral, as dietas apresentaram
adequado conteúdo protéico e parcela dos escolares revelou consumo de carboidratos
considerado insuficiente, enquanto a ingestão de lipídios, avaliada como excessiva.
183
Merecem destaque as conclusões baseadas nos dados relativos ao consumo de fibras,
vitamina A, ácido fólico, ácido pantotênico, cálcio, fósforo, magnésio e potássio que atestam a
exposição de expressiva parcela dos alunos à ingestão insuficiente. Substancial proporção de
escolares apresentou dietas ricas em colesterol e sódio. Esses resultados são preocupantes tendo
por base que o elevado consumo desses nutrientes vem sendo associado a aumento do risco de
desenvolvimento de doenças crônicas como as cardiovasculares e a hipertensão.
Quanto à contribuição dos grupos de alimentos para o Valor Energético Total – VET, as
conclusões apontam elevada participação (31,7%) do grupo dos alimentos de origem animal
(carnes, leite, ovos e embutidos) na dieta dos escolares. Cabe registrar que esse grupo contribui
com proteínas consideradas de elevado valor biológico, vitaminas e minerais; porém apresenta
expressiva quantidade de gorduras, particularmente as saturadas, e colesterol, que podem causar,
no caso de ingestão excessiva, consideráveis prejuízos à saúde. Destaca-se, também, a expressiva
contribuição (12,4%) dos açúcares simples para a dieta dos escolares, extrapolando o limite
recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Por meio da análise da participação dos grupos de alimentos na dieta, em função dos
rendimentos familiares, pôde-se verificar que a menor contribuição do grupo das carnes foi
identificada para as dietas dos alunos relativamente mais pobres. O grupo dos ovos, de forma
inversa, apresentou a maior participação para o VET dos escolares pertencentes às famílias com
menores rendimentos. Cabe registrar, ainda, a contribuição expressiva dos sucos artificiais para o
VET dos alunos mais pobres e dos refrigerantes entre aqueles pertencentes às famílias com
maiores rendimentos.
No tocante ao estilo de vida dos alunos, é considerável a proporção (29,6%) das meninas
classificadas como sedentárias, enquanto 19,0% dos meninos integram essa categoria. Pelo
menos quatro horas diárias eram reservadas por contingente expressivo (40,6%) dos escolares
para hábitos sedentários como, por exemplo, assistir televisão, jogar videogame e utilizar o
computador.
Entre as conclusões merece destaque a identificação dos principais condicionantes do
consumo de alimentos, pelas crianças e adolescentes, no ambiente escolar. A adesão (cerca de
75%) dos alunos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE pode ser considerada
como expressiva. Entre os estudantes que consumiam as refeições distribuídas gratuitamente pelo
programa, praticamente a metade aderia ao PNAE de forma efetiva (entre quatro e cinco dias na
184
semana). A adesão ao programa foi mais freqüente entre os alunos com as seguintes
características: menor idade, gênero masculino e integrantes de famílias com menores
rendimentos.
Conclusões acerca da adesão das crianças e adolescentes às cantinas escolares merecem
atenção, tendo em vista que cerca de 76% dos alunos adquiria alimentos comercializados por
esses estabelecimentos, sendo a adesão mais freqüente entre as meninas e entre aqueles
relativamente mais ricos. Destaca-se, também, que as preferências dos alunos, no tocante aos
alimentos adquiridos nas cantinas, recaíam sobre aqueles com elevado conteúdo de energia,
açúcares, gorduras e sódio.
5.1 Considerações finais
A avaliação do estado nutricional dos escolares de Campinas – SP revelou situação
comparável a de populações que desfrutam de boas condições de saúde e nutrição no que diz
respeito às prevalências de déficit de altura para idade. Essa situação evidencia que s condições
nutricionais pregressas das crianças e adolescentes podem ser consideradas satisfatórias, ainda
que a análise das condições socioeconômicas tenha revelado que expressiva parcela dos alunos
pertencia a famílias com reduzido nível socioeconômico.
As proporções de baixo peso e excesso de peso identificadas entre os escolares revelaram-
se condizentes com o processo de transição nutricional vivenciado pelo país, no qual as
prevalências de desnutrição, nas suas formas mais graves, vêm sendo substituídas pelo excesso de
peso em todos os grupamentos da população, incluindo aquele composto pelas crianças e
adolescentes.
Análises relativas ao consumo alimentar dos alunos revelaram que as dietas adotadas não
contemplavam o atendimento de expressiva parcela dos nutrientes, especialmente no que se
refere às vitaminas e aos minerais. As crianças e adolescentes, em decorrência da exposição ao
intenso crescimento e desenvolvimento, necessitam que as suas demandas nutricionais sejam
plenamente atendidas.
Cabe lembrar que o consumo insuficiente, por períodos prolongados, pode determinar a
prevalência de carências nutricionais. Entre essas, as mais prevalentes estão relacionadas à
vitamina A e ao ferro. Os resultados gerados por meio da presente pesquisa revelam substancial
185
parcela dos escolares cujo consumo de vitamina A pode ser considerado como preocupante. É
preciso considerar, no entanto, que a ingestão desta vitamina revela expressiva variabilidade. No
que se refere ao consumo de ferro, de forma satisfatória o conteúdo das dietas pôde ser
considerado concordante com as recomendações.
Particularmente os resultados identificados para a ingestão de cálcio, fósforo e magnésio
são relevantes e preocupantes, visto que estes minerais são essenciais nas fases precoces da vida
para a consolidação da massa óssea e a prevenção de enfermidades futuras como, por exemplo, a
osteoporose.
Tendo por base as considerações descritas, evidencia-se que a complexidade da situação
nutricional e do padrão alimentar de crianças e adolescentes constituem-se em desafios no tocante
à determinação de estratégias de intervenção que aloquem adequadamente os recursos,
freqüentemente considerados escassos, destinados pelo governo, por exemplo, aos sistemas de
saúde e aos programas de promoção da educação alimentar.
Os resultados relativos ao estilo de vida dos escolares indicam que estes dedicam
expressiva parcela do tempo diário a atividades que demandam reduzido gasto energético. Tendo
em vista a importância da prática de atividades físicas e da adoção de hábitos alimentares
saudáveis desde a infância, destaca-se a escola como ambiente no qual os programas de educação
nutricional podem ser desenvolvidos com maior possibilidade de êxito. Cabe registrar que
particularmente na adolescência, fase de contestação de padrões pré-estabelecidos, a adoção de
estratégias, pelos profissionais das áreas de saúde e alimentação, para o estímulo de estilo de vida
classificado como mais saudável, pelos jovens, constitui desafio adicional.
É preciso ressaltar, também, que a escola deve propiciar condições para a realização de
atividades físicas e para a concretização dos conhecimentos que possam ser transmitidos em sala
de aula. Dessa forma, representa uma contradição que as cantinas/lanchonetes disponíveis no
ambiente escolar comercializem alimentos com alto teor energético, ricos em açúcares e
gorduras. A regulamentação desse tipo de corcio nas escolas (por meio de portarias
específicas) representa um primeiro passo em direção à escola como local facilitador de escolhas
alimentares saudáveis. No entanto, essa medida não substitui a necessidade de orientação
nutricional como recurso para estimular os escolares para que selecionem, de maneira consciente,
os alimentos que integrarão a sua pauta alimentar.
186
REFERÊNCIAS
ABRANTES, M.M.; LAMOUNIER, J.A.; COLOSIMO, E.A. Prevalência de sobrepeso e
obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria, Rio
de Janeiro, v. 78, n. 4, p. 335-340, 2002.
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1999.
210
ANEXOS
211
ANEXO A – Questionário para avaliação da percepção corporal junto aos alunos com idade
igual ou superior a dez anos
PESQUISA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA
1. Escola:
2. Endereço:
IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO
1. Nome:
2. Série que freqüenta: 3. Período: 1. Manhã 2. Tarde 3. Noite
4. Data de nascimento: _____/_____/_____ 5. Data da entrevista: _____/_____/_____
6. Sexo: 1. Masculino 2. Feminino 7. Identificação do questionário: nº_______
QUESTIONÁRIO: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO CORPORAL
1. Quanto você acha que está pesando agora? kg
2. Quanto você acha que tem de altura hoje? m
3. O que você acha do seu peso? Com qual das seguintes opções você concorda:
1. Você acha que seu peso está muito alto para sua altura.
2. Você acha que seu peso está alto para a sua altura.
3. Você acha que seu peso está adequado para a sua altura.
4. Você acha que seu peso está baixo para a sua altura.
5. Você acha que seu peso está muito baixo para a sua altura.
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA
“LUIZ DE QUEIROZ”
212
ANEXO B - Recordatório 24 horas para os alunos com idade igual ou superior a dez anos
Identificação :__________ Escola: __________________________ Data:___/___/____
QUESTIONÁRIO: RECORDATÓRIO DE 24 HORAS
1. Que dia da semana foi ontem? (Atenção: o entrevistador deve responder esta questão, não solicite a resposta ao
entrevistado)
1. Segunda-feira
2. Terça-feira
3. Quarta-feira
4. Quinta-feira
5. Sexta-feira
6. Sábado
7. Domingo
CAFÉ DA MANHÃ
2. Ontem você tomou café da manhã?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 5- Período da Manhã)
3. A que horas você tomou seu café da manhã? _________
4. Onde você tomou seu café da manhã?
1. Em casa.
2. Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. Outro local. Qual? ______________________________________
CAFÉ-DA-MANHÃ
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
PERÍODO DA MANHÃ
5. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa entre o café da manhã e almoço?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 7- Almoço)
213
6. Onde você comeu esses alimentos?
1. Em casa.
2. Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. Outro local. Qual? ______________________________________
PERÍODO DA MANHÃ
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
ALMOÇO
7. Ontem você almoçou?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 10- Período da Tarde)
8. A que horas você almoçou? _________
9. Onde você almoçou?
1. Em casa.
2. Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. Outro local. Qual? ______________________________________
ALMOÇO
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
PERÍODO DA TARDE
10. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa entre o almoço e o jantar?
214
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 12- Jantar)
11. Onde você comeu esses alimentos?
1. Em casa.
2. Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. Outro local. Qual? ______________________________________
PERÍODO DA TARDE
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
JANTAR
12. Ontem você jantou?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 15- Período da Noite)
13. A que horas você jantou? _________
14. Onde você jantou?
1. Em casa.
2. Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. Outro local. Qual? ______________________________________
JANTAR
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
215
PERÍODO DA NOITE
15. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa depois do jantar (ou antes de dormir)?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 17-Hábitos Alimentares)
16. Onde você comeu esses alimentos?
1. Em casa.
2. Outro local. Qual? ______________________________________
PERÍODO DA NOITE
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
HÁBITOS ALIMENTARES
Assinale as refeições realizadas normalmente (4 vezes por semana ou mais) e o respectivo local:
17. Café da manhã: 1. Sim. Local?________________________
2. Não
18. Lanche da manhã/ merenda: 1. Sim. Local?________________________
2. Não
19. Almoço: 1. Sim. Local?________________________
2. Não
20. Lanche da tarde/ merenda 1. Sim. Local?________________________
2. Não
21. Jantar: 1. Sim. Local?________________________
2. Não
22. Lanche da noite: 1. Sim. Local?________________________
2. Não
216
ANEXO C – Questionário relativo ao estilo de vida (prática de atividades físicas e
sedentarismo), adotado para os alunos com idade igual ou superior a dez anos
Identificação :__________ Escola: __________________________ Data:___/___/____
QUESTIONÁRIO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA
1. Você pratica ou praticou esporte ou exercício físico em clubes, academias, escolas de esportes, parques, ruas ou
em casa nos últimos 12 meses?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 16)
2. Qual esporte ou exercício físico você pratica ou praticou mais freqüentemente?
3. Quantas horas por dia você pratica ou praticou?
4. Quantas vezes por semana você pratica ou praticou?
5. Quantos meses por ano você pratica ou praticou?
6. Você pratica ou praticou um segundo esporte ou exercício físico?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 16)
7. Qual esporte ou exercício físico você pratica ou praticou?
8. Quantas horas por dia você pratica ou praticou?
9. Quantas vezes por semana você pratica ou praticou?
217
10. Quantos meses por ano você pratica ou praticou?
11. Você pratica ou praticou um terceiro esporte ou exercício físico?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 16)
12. Qual esporte ou exercício físico você pratica ou praticou?
13. Quantas horas por dia você pratica ou praticou?
14. Quantas vezes por semana você pratica ou praticou?
15. Quantos meses por ano você pratica ou praticou?
16. Você participa das aulas de Educação Física escolar?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 19)
3. É dispensado (passe para questão 19)
17. Quantas aulas por semana?
18. Qual a duração de cada aula?
19. Você costuma ir de bicicleta ou a pé para a escola, clube, academia ou cursos em geral?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 21)
20. Quantas horas por dia você gasta nessas atividades?
218
INATIVIDADE FÍSICA
21. Quantas horas por dia você costuma assistir à televisão nos dias de semana?
22. Quantas horas você costuma assistir à televisão nos finais de semana, somando sábado e domingo?
23. Você costuma jogar videogame?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 26)
24. Quantas horas por dia você costuma jogar videogame?
25. Quantas vezes por semana você costuma jogar videogame?
26. Você costuma usar o computador?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (fim deste questionário; passe para a próxima seção)
27. Quantas horas por dia você costuma usar o computador?
28. Quantas vezes por semana você costuma usar o computador?
ANOTAÇÕES GERAIS:
219
ANEXO D – Questionário utilizado para avaliação do Programa de Alimentação Escolar junto
aos alunos
QUESTIONÁRIO: AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
1. Você costuma comer a merenda oferecida pela escola?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 5)
2. Quantos dias por semana você costuma comer a merenda oferecida pela escola?
(Atenção: marque somente uma opção e passe para questão seguinte)
1. 1 dia na semana 4. 4 dias na semana
2. 2 dias na semana 5. 5 dias na semana
3. 3 dias na semana
3. Você gosta da merenda oferecida na escola no horário do recreio?
1. Sim, gosto de todas as preparações oferecidas na merenda (passe para questão 4)
2. Não gosto de algumas. (Se a opção for esta, peça para o aluno citar quais são as refeições que ele não gosta.
Em seguida, passe para questão 4)________________
3. Não gosto de nenhuma (passe para questão 4)
4. Agora, eu vou pedir sua opinião sobre as refeições que são servidas gratuitamente na sua escola. Antes de falar sua
opinião, olhe atentamente as carinhas/figuras. Na primeira figura, a criança do desenho mostra que detesta
aquilo que comeu. Na segunda figura, a criança do desenho mostra que não gosta daquilo que comeu. Na
terceira figura, a criança do desenho mostra que gosta parcialmente daquilo que comeu. Na quarta figura, a
criança do desenho mostra que gosta daquilo que comeu. Na quinta figura, a criança do desenho mostra que
adora aquilo que comeu. Assim, me diga que carinha pode ser comparada à sua, quando você come as seguintes
“merendas” na escola. (passe para questão 7)
Legenda: 1. Detesta 4. Gosta
2. Não gosta 5. Gosta muito
3. Gosta parcialmente
220
Refeições*:
Código referente à
figura/ carinha
Nunca comeu
1.
2.
3.
4.
5.
6.
*Refeições selecionadas com base na programação dos cardápios oferecidos nas unidades integrantes da amostra,
com representantes de todos os tipos.
5. Por que você não come a merenda oferecida pela escola? Fale o(s) motivo(s): (passe para questão seguinte)
______________________________________________________________
6. Você já experimentou a merenda?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 9)
7. Na sua opinião a temperatura da merenda servida no recreio é:
1. Sempre boa (passe para questão seguinte)
2. Às vezes é boa (Se a opção for esta, pergunte o por quê. Em seguida, passe para questão seguinte)
____________________________________________________________
3. Nunca é boa (passe para questão seguinte)
8. Na sua opinião a quantidade de comida que é servida na merenda é:
1. Muita (exagerada) (passe para questão seguinte)
2. Boa (suficiente) (passe para questão seguinte)
3. Pouca (insuficiente) (passe para questão seguinte)
9. Na sua opinião o refeitório onde é servida a merenda é confortável?
1. Sim (passe para questão 11)
2. Não (passe para questão seguinte)
10. Se você acha que o refeitório não é confortável, diga-me o motivo.
(Atenção: respostas não excludentes; assinale e passe para questão 11)
1. Não tem lugar para todos sentarem
2. Não tem mesa
221
3. É sujo
4. É barulhento
5. Outro(s). Qual (is)? ___________________________________________________
11. Você gosta dos talheres oferecidos na merenda?
1. Sim (passe para questão 13)
2. Não (passe para questão seguinte)
12. Por que você não gosta dos talheres oferecidos na merenda?
(Atenção: respostas não excludentes; assinale e passe para questão 13)
1. Não gosto de comer comida sólida com colher
2. Prefiro comer com colher
3. Não gosto de talher de plástico
4. O talher é sujo
5. Outro(s). Qual (is)? ___________________________________________________
13. Você gosta do tipo de copo/caneca usado na merenda?
1. Sim (passe para questão 15)
2. Não (passe para questão seguinte)
14. Por que você não gosta do copo/caneca usado na merenda?
(Atenção: respostas não excludentes; assinale e passe para questão seguinte)
1. Não gosto de beber no copo/caneca de plástico
2. Não gosto de beber no copo/caneca de alumínio
3. O copo/caneca tem cheiro estranho
4. O copo/caneca é sujo
5. Outro (s). Qual (is)? ___________________________________________________
15. Você gosta do tipo do prato no qual é servida a merenda?
1. Sim (passe para questão 17)
2. Não (passe para questão seguinte)
16. Por que você não gosta do tipo do prato no qual é servida a merenda?
(Atenção: respostas não excludente; assinale e passe para questão 17)
1. Não gosto de comer no prato de plástico
2. Não gosto de comer no prato de alumínio
3. O prato é sujo
4. Não tem prato suficiente para todos
222
5. Outro(s). Qual (is)? ____________________________________________________
17. Na sua opinião o tempo disponível para comer a merenda é:
1. Curto (passe para questão seguinte)
2. Suficiente (passe para questão seguinte)
3. Longo (passe para questão seguinte)
18. Na sua opinião a distribuição da merenda é demorada por ter uma fila muito grande?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão seguinte)
19. Você costuma comprar alimentos na cantina da escola?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 24)
20. Quantos dias por semana você costuma comprar os alimentos na cantina da escola?
(Atenção: marque somente uma opção e passe para questão seguinte)
1. 1 dia na semana
2. 2 dias na semana
3. 3 dias na semana
4. 4 dias na semana
5. 5 dias na semana
21. Qual(is) alimento(s) você costuma comprar na cantina da escola? (passe para questão seguinte)
_________________ _________________ __________________ _________________
_________________ _________________ __________________ _________________
22. Você costuma comprar alimentos em outros locais para serem consumidos no recreio?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 27)
23. Quais são os outros locais em que você costuma comprar alimentos para serem consumidos no recreio?
Local(is): _____________________________________________(passe para questão seguinte)
24. Quais são os alimentos que você costuma comprar nesses outros locais para serem consumidos no recreio?
Tipo(s) de alimento(s): __________________________________________________(passe para questão seguinte)
25. Quando você costuma comprar alimentos na cantina da escola ou em outros locais?
223
(Atenção: respostas não excludentes. Assinale e passe para questão seguinte)
1. Quando não come a merenda oferecida na escola
2. Quando não traz lanche de casa
3. Quando não gosta da merenda oferecida no dia
4. Mesmo quando come a merenda, compra na cantina
26. Quantos reais você costuma gastar por dia comprando alimentos na cantina da escola ou em outros locais?
1. Na cantina: R$__________________________ (passe para questão seguinte)
2. Em outros locais: R$__________________________ (passe para questão seguinte)
27. (ATENÇÃO: esta questão será respondida apenas por menores de 10 anos. Se não for o caso, passe para a
questão 29). Ontem você comeu algum alimento na escola, durante o período ou jornada de aula?
1. Sim (passe para questão seguinte)
2. Não (passe para questão 29)
28. Fale detalhadamente o(s) alimento(s) que você comeu ontem na escola:
ALIMENTO QUANTIDADE ORIGEM* HORÁRIO**
* Utilizar a numeração abaixo para o preenchimento do campo reservado para a identificação da origem do(s)
alimento(s) citado(s):
1. Merenda; 2. Casa; 3. Lanchonete (cantina); 4. Ambulantes; 5. Outros.
** Utilizar a numeração para o preenchimento do campo reservado para a identificação do horário de consumo do(s)
alimento(s) citado(s):
1. Entrada; 2. Entre intervalo e entrada; 3. Intervalo; 4. Entre intervalo e saída; 5. Saída.
29. Das refeições de merenda apresentadas, escolha o que você gostaria que fosse oferecido na sua escola. Escolha
refeições para os 5 dias da semana, podendo repetir a escolha quantas vezes quiser. (Atenção: marque o número
da escolha nos dias da semana da tabela e passe para questão seguinte)
Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira
Escolha (n
o
)
224
CARDÁPIO PARA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (questão 29)
Tipo
Prato único
Refeição 7 Refeição 8
Macarronada com carne moída
Fruta
A
rroz com frango desfiado
Suco de fruta
Tipo
Doce
Refeição 9 Refeição 10
Creme de chocolate
A
rroz doce
Tipo
Lanche com leite
Refeição 11 Refeição 12
Leite com chocolate
Bolo
Leite batido com fruta
Biscoito
Tipo
Sopa
Refeição 5 Refeição 6
Sopa de legumes com carne
Pão com doce de banana
Sopa de feijão com macarrão
Fruta
Tipo
Almoço
Refeição 1 Refeição 2
A
rroz e feijão
Carne moída
Salada
Fruta
A
rroz e feijão
Frango desfiado com legumes
Fruta
Tipo
Lanche com suco
Refeição 3 Refeição 4
Pão com queijo
Suco de fruta
Pão com patê de carne moída
Suco de fruta
225
ANEXO E - Questionário socioeconômico
PESQUISA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA
1. Escola:
2. Endereço:
IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO
1. Nome:
2. Série que freqüenta: 3. Período: 1. Manhã 2. Tarde 3. Noite
4. Data de nascimento: _____/_____/_____ 5. Data da entrevista: _____/_____/_____
6. Sexo: 1. Masculino 2. Feminino
7. Identificação do questionário: _______
IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA QUE RESPONDEU O QUESTIONÁRIO
1. Data: _____/_____/_____
2. Nome: 3. Idade: _______ anos
4. Grau de parentesco com a criança / adolescente:
1. ( ) Pai
2. ( ) Mãe
3. ( ) Irmão/Irmã
4. ( ) Avô/Avó
5. ( ) Outro. Especificar: __________________
1. A criança (ou adolescente) que está participando desta pesquisa freqüentou creche antes de completar 5 anos de
idade?
1. ( ) Sim
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei
2. Se você respondeu que a criança freqüentou a creche, escreva por quanto tempo (escreva o tempo acompanhado,
por exemplo dias, meses ou anos):
__________________________________
ESTA PARTE DO QUESTIONÁRIO É REFERENTE AO RESPONSÁVEL DO SEXO MASCULINO
PELA CRIANÇA OU ADOLESCENTE
3. Quem é o responsável do sexo masculino pela criança (ou adolescente)?
1. ( ) Pai
2. ( ) Padrasto
3. ( ) Avô
4. ( ) Outro. Especificar: __________________
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA
“LUIZ DE QUEIROZ”
226
5. ( ) Não sei
6. ( ) A criança (ou adolescente) não tem responsável do sexo masculino (passe para questão
11)
4. O responsável do sexo masculino mora com a criança (ou adolescente)?
1. ( ) Sim
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei
5. Qual é a idade do responsável do sexo masculino pela criança (ou adolescente)?
1. ( ) ______________ anos
2. ( ) Não sei
6. Até que série o responsável do sexo masculino estudou?
1. ( ) Nunca freqüentou a escola 7. ( ) Curso técnico de nível médio incompleto
2. ( ) Nunca freqüentou a escola, mas sabe ler e escrever 8. ( ) Curso técnico de nível médio completo
3. ( ) 1
o
grau incompleto 9. ( ) Curso superior incompleto
4. ( ) 1
o
grau completo 10. ( ) Curso superior completo
5. ( ) 2
o
grau incompleto 11. ( ) Não sei
6. ( ) 2
o
grau completo
7. Atualmente, o responsável do sexo masculino exerce alguma atividade remunerada (trabalho)?
1. ( ) Sim 5. ( ) Não, porque é aposentado ou pensionista
2. ( ) Sim, mas está afastado por motivo de doença 6. ( ) Não, porque é somente estudante
3. ( ) Sim, e também é aposentado 7. ( ) Outro. Especificar: __________________
4. ( ) Não, porque está desempregado 8. ( ) Não sei
8. O responsável do sexo masculino é:
1. ( ) Trabalhador assalariado (com carteira profissional assinada)
2. ( ) Trabalhador assalariado (sem carteira profissional assinada)
3. ( ) Trabalhador sem remuneração
4. ( ) Trabalhador por conta própria com estabelecimento
5. ( ) Trabalhador por conta própria sem estabelecimento
6. ( ) Não sei
9. Escreva quanto o responsável do sexo masculino recebeu em dinheiro no mês passado (junte todos os ganhos, por
exemplo, o salário do trabalho, pensão, aposentadoria ou outras rendas):
1. ( ) R$ ________________________
2. ( ) Não sei
ESTA PARTE DO QUESTIONÁRIO É REFERENTE À RESPONSÁVEL DO SEXO FEMININO PELA
CRIANÇA OU ADOLESCENTE
10. Quem é a responsável do sexo feminino pela criança (ou adolescente)?
1. ( ) Mãe
2. ( ) Madrasta
3. ( ) Avó
4. ( ) Outra. Especificar: __________________
5. ( ) Não sei
6. ( )A criança (ou adolescente) não tem responsável do sexo feminino (passe para questão 18)
11. A responsável do sexo feminino mora com a criança (ou adolescente)?
1. ( ) Sim
227
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei
12. Qual é a idade da responsável do sexo feminino pela criança (ou adolescente)?
1. ( ) ______________ anos
2. ( ) Não sei
13. Até que série a responsável do sexo feminino estudou?
1. ( ) Nunca freqüentou a escola 7. ( ) Curso técnico de nível médio incompleto
2. ( ) Nunca freqüentou a escola, mas sabe ler e escrever 8. ( ) Curso técnico de nível médio completo
3. ( ) 1
o
grau incompleto 9. ( ) Curso superior incompleto
4. ( ) 1
o
grau completo 10. ( ) Curso superior completo
5. ( ) 2
o
grau incompleto 11. ( ) Não sei
6. ( ) 2
o
grau completo
14. Atualmente, a responsável do sexo feminino exerce alguma atividade remunerada (trabalho)?
1. ( ) Sim 6. ( ) Não, porque é dona-de-casa
2. ( ) Sim, mas está afastada por motivo de doença 7. ( ) Não, porque é somente estudante
3. ( ) Sim, e também é aposentada 8. ( ) Outro. Especificar: ______________
4. ( ) Não, porque está desempregada 9. ( ) Não sei
5. ( ) Não, porque é aposentada ou pensionista
15. A responsável do sexo feminino é:
1. ( ) Trabalhadora assalariada (com carteira profissional assinada)
2. ( ) Trabalhadora assalariada (sem carteira profissional assinada)
3. ( ) Trabalhadora sem remuneração
4. ( ) Trabalhadora por conta própria com estabelecimento
5. ( ) Trabalhadora por conta própria sem estabelecimento
6. ( ) Não sei
16. Escreva quanto a responsável do sexo feminino recebeu em dinheiro no mês passado (junte todos os ganhos, por
exemplo, o salário do trabalho, pensão, aposentadoria ou outras rendas):
1. ( ) R$ ________________________
2. ( ) Não sei
17. Alguma pessoa da família está inscrita em algum programa de donativo (exemplo: igreja, ONG,...) ou do governo
(exemplo: prefeitura, governo federal,...)?
1. ( ) Sim
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei
18. Se alguma pessoa família recebe dinheiro de algum programa, por favor escreva abaixo o(s) nome(s) do(s)
programa(s) e o valor (total) recebido no último mês:
1. Nome do programa: _______________________________________
2. Valor (total) recebido: R$___________________________________
AS QUESTÕES A SEGUIR REFEREM-SE AO DOMICÍLIO ONDE A CRIANÇA OU ADOLESCENTE
MORA
19. Qual é o número de famílias que mora na residência?
1. ( ) Uma família
2. ( ) Mais de uma família. Quantas? _____________
3. ( ) Não sei
228
20. Qual é o número de moradores na residência?
1. ( ) ________ moradores
2. ( ) Não sei.
21. Qual é o número total de crianças com idade até 10 anos que moram na residência?
1. ( ) ________ crianças
2. ( ) Não sei.
22. Características da residência:
1. ( ) Casa 4. ( ) Casa de cômodos, quartos e/ou cortiço
2. ( ) Apartamento 5. ( ) Outra. Especificar: ____________________
3. ( ) Barraco 6. ( ) Não sei
23. A residência é:
1. ( ) Emprestada 4. ( ) Própria pagando
2. ( ) Alugada 5. ( ) Outro. Especificar: ___________________
3. ( ) Própria já paga 6. ( ) Não sei
24. Quantos CÔMODOS
têm na residência, tirando o banheiro:
1. ( ) ________ cômodos
2. ( ) Não sei.
25. A RUA
da residência é asfaltada ou com paralelepípedo?
1. ( ) Sim
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei
26. O ABASTECIMENTO DE ÁGUA
na residência é de:
1. ( ) Rede pública
2. ( ) Poço ou nascente
3. ( ) Outro. Especificar_________________
4. ( ) Não sei
27. A INSTALAÇÃO SANITÁRIA
(banheiros) é:
1. ( ) Dentro da residência
2. ( ) Fora da residência
3. ( ) Outro. Especificar:_________________
4. ( ) Não sei
28. Qual é o destino do ESGOTO
?
1. ( ) Rede Pública
2. ( ) Fossa
3. ( ) Céu aberto
4. ( ) Não sei
29. Qual é o destino do LIXO?
1. ( ) Coleta pública regular
2. ( ) Outro. Especificar: ______________
3. ( ) Não sei
30. Dos equipamentos abaixo, faça um X naquele(s) que estão disponíveis na casa onde mora a criança (ou
adolescente) que está participando desta pesquisa. Escreva na frente de cada um dos equipamentos, a
quantidade (número) que tem na casa:
1. ( ) Geladeira: ______ 9. ( ) Máquina de lavar louça: ______
2. ( ) Freezer: ______ 10. ( ) Ar condicionado: ______
229
3. ( ) Televisão: ______ 11. ( ) Telefone fixo: ______
4. ( ) Máquina de lavar roupas: ______ 12. ( ) Telefone celular: ______
5. ( ) Aparelho de som: ______ 13. ( ) Computador: ______
6. ( ) Aparelho de vídeo: ______ 14. ( ) Forno de microondas: ______
7. ( ) Aparelho de DVD: ______ 15. ( ) Carro: ______
8. ( ) Aspirador de pó: ______ 16. ( ) Moto: ______
AS QUESTÕES A SEGUIR REFEREM-SE À SAÚDE DA FAMÍLIA
31. A criança (ou adolescente) apresenta alguma das doenças abaixo?
DOENÇA 1. Sim 2. Não 3. Não sei
1. Hipertensão
2. Doença renal crônica
3. Artrite artrose, reumatismo
4. Osteoporose
5. Câncer, tumor maligno. Especificar:___________________
6. Doença do coração
7. Doença digestiva crônica (úlcera, gastrite)
8. Doença crônica do pulmão (asma, bronquite,enfisema)
32. Alguma pessoa da família apresenta alguma das doenças abaixo?
DOENÇA 1. Sim.
Quem?
2. Não 3. Não sei
1. Hipertensão
2. Doença renal crônica
3. Artrite artrose, reumatismo
4. Osteoporose
5. Câncer, tumor maligno. Especificar:__________________
6. Doença do coração
7. Doença digestiva crônica (úlcera, gastrite)
8. Doença crônica do pulmão (asma, bronquite,enfisema)
33. Quantos Reais (R$) a família gastou com saúde no último mês?
Gastos 1. Valor 2. Não sei
1. Medicamentos R$
2. Mensalidade de plano de saúde R$
3. Tratamento dentário e prótese R$
4. Gastos com óculos + lente de contato R$
5. Outros gastos. Quais?__________________________ R$
AS QUESTÕES A SEGUIR REFEREM-SE À MERENDA ESCOLAR E À CANTINA
34. Na sua opinião, a merenda oferecida pela escola é:
1. ( ) Muito boa
2. ( ) Boa
3. ( ) Ruim
4. ( ) Muito Ruim
230
5. ( ) Não sei
35. A criança (ou adolescente) que está participando desta pesquisa consome a merenda oferecida pela escola?
1. ( ) Sim. Quantos dias por semana? _____________________
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei
36. Na cidade onde o(a) Sr.(a) vive atualmente o Conselho de Alimentação Escolar – CAE tem atuação (com
funcionamento regular)?
1. ( ) Sim
2. ( ) Não
3. ( ) Não sei se o Conselho de Alimentação Escolar existe
4. ( ) Não sei se o Conselho de Alimentação Escolar tem atuação regular
37. No caso do CAE ser atuante na cidade onde o(a) Sr.(a) vive, escreva qual(is) é(são) a(s) principal(is)
atividades(s):
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
38. Na sua opinião, a existência de estabelecimentos que vendem alimentos nas escolas (exemplo: cantinas,
lanchonetes,...) é:
1. ( ) Muito boa
2. ( ) Boa
3. ( ) Ruim
4. ( ) Muito Ruim
5. ( ) Não sei
6. ( ) Na escola não tem cantina
________________________________________
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