Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
CARLA FERNANDA SANDER
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO URBANO
EM LOTEAMENTOS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR
MARINGÁ
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CARLA FERNANDA SANDER
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO URBANO
EM LOTEAMENTOS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Urbana da
Universidade Estadual de Maringá como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Urbana.
Orientador: Prof. Dr. Generoso De Angelis
Neto.
MARINGÁ
2007
ads:
ii
CARLA FERNANDA SANDER
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO URBANO
EM LOTEAMENTOS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PR
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia
Urbana no programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana da Universidade Estadual
de Maringá.
Prof. Dr. Evaristo Atêncio Paredes, Coordenador do Programa.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Generoso De Angelis Neto (Orientador) - UEM
_______________________________________________
Prof. Dr. Carlos Olavo Quandt. – PUC/PR
_______________________________________________
Prof. Dr. Antônio Belincanta - UEM
Maringá, 14 de dezembro de 2007.
iii
“A história das cidades não é a história dos
monumentos, nem a dos grandes
acontecimentos, mas sim a da construção
trivial e da vida cotidiana”.
Philippe Panerai
iv
À DEUS, meu guia, meu farol, meu melhor
amigo pelas bênçãos derramadas.
Aos meus pais, REMI E LIDIA, meu porto
seguro pelo apoio em todas as horas.
Ao meu irmão, JOSUÉ, meu amigo-irmão pelo
amor que nos une através de Deus.
v
A
GRADECIMENTOS
À Deus, por me pegar no colo quando minhas pernas não
possuíam mais forças para continuar.
Aos meus pais, pelo amor ilimitado em um mundo em que
tudo é quantificável e limitado.
Ao meu irmão, que me entende, me consola, me dá a
direção, é minha base e minha melhor cumplicidade.
Aos meus familiares pelo apoio e palavras de incentivo.
À Fundação Araucária.
Ao Professor Generoso, pela atenção e dedicação prestadas
no decorrer do trabalho, e pela amizade conquistada.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá.
Ao Douglas, pela amizade conquistada e auxilio despendido
sempre que necessário.
Aos colegas do mestrado pela amizade, carinho e apoio
desenvolvidos juntamente com o mestrado.
Ao Engenheiro Klaus, Secretário de Planejamento Arlen e
funcionários da Prefeitura Municipal de Marechal Cândido
Rondon pelo auxílio na obtenção dos dados necessários.
Ao Engenheiro Laércio e funcionários da SAAE que me
auxiliaram com dados.
A Professora Lia, pelo carinho, atenção e repasse de dados
da cidade obtidos através de sua pesquisa.
A população dos loteamentos, pelo tempo dedicado a ajudar
no levantamento dos dados.
Ao Daniel, Paloma, Shirlley e Débora pela amizade.
vi
R
ESUMO
Através desse trabalho foi possível a avaliação do desenvolvimento urbano de cinco
loteamentos urbanos da cidade de Marechal Cândido Rondon – PR. Foram utilizados vinte
e um indicadores da sustentabilidade para que a avaliação fosse feita se baseando no
desenvolvimento sustentável. Os indicadores foram selecionados de acordo com o Art. 2,
inciso I, do Estatuto das Cidades, onde fala que os cidadãos têm direito à cidade
sustentável, entendido então, como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento
ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte, aos serviços públicos e ao lazer.
Baseando-se neste artigo, buscou-se por indicadores já existentes bem como o que a teoria
tratava a respeito de cada um dos temas considerados como direito de todo cidadão (terra
urbana, moradia, saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, transporte, serviços
públicos e lazer), resultando então na obtenção dos vinte e um indicadores utilizados para a
avaliação dos loteamentos. Através desses vinte e um indicadores verificou-se que a
qualidade de vida hoje da população dos loteamentos em estudo pode ser considerada boa,
pois obteve nota três através da carta síntese, dado que as notas variavam de 1 a 6, sendo 1
considerado ótimo e 6 considerado péssimo. Como os loteamentos foram implantados sem
planejamento, pode-se verificar que esta falta de planejamento inicial trouxe muitos
transtornos a população, devido a implantação da infra-estrutura ocorrer apenas dezessete
anos após a implantação do primeiro loteamento, no entanto, após a implantação da infra-
estrutura a qualidade dos loteamentos melhorou muito, resultando então na nota três.
Palavras-chave: loteamentos, Marechal Cândido Rondon, planejamento urbano,
desenvolvimento sustentável.
.
vii
A
BSTRACT
Through that work was possible the evaluation of urban development of five urban lots of
the city of Marechal Cândido Rondon - PR. It was used twenty-one indicators of
sustainability so that the assessment was made based on sustainable development. The
indicators were selected according to the Art 2, item I, of the Statute of the cities, where
talks that citizens have the right to sustainable city, understood then, as the right to the land
urban, housing, environmental sanitation, urban infrastructure, transport, public services
and the leisure. Based on this article is sought by existing and indicators, which dealt a
theory about each of the topics considered as a right of every citizen (urban land, housing,
environmental sanitation, urban infrastructure, transportation, public services and
recreation), resulting him in the achievement of twenty-one indicators used for the
assessment of the blends. Through these twenty-one indicators found that the quality of life
of the population of today blends under study can be considered good, because three note
obtained through the letter synthesis, and the notes ranged from 1 to 6, with 1 considered
great and 6 considered evil. Because the blends were implanted without planning, you can
see that this lack of initial planning has brought inconvenience to many people, because the
deployment of the infrastructure occur only seventeen years after the deployment of the
first division, however, after the deployment of infrastructure - structure the quality of the
blends much improved, resulting in footnote then three.
Keywords: land divisions, Marechal Cândido Rondon, urban planning, sustainable
development.
viii
S
UMÁRIO
AGRADECIMENTOS V
RESUMO VI
ABSTRACT VII
SUMÁRIO VIII
LISTA DE FIGURAS XII
LISTA DE TABELAS XV
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 OBJETIVO 2
1.2 JUSTIFICATIVAS 2
1.3 METODOLOGIA 4
1.4 ETAPAS DA DISSERTAÇÃO 6
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10
2.1 D
ESENVOLVIMENTO URBANO 12
2.2 P
OLÍTICAS URBANAS 14
2.2.1 P
LANO DIRETOR 15
2.3
QUALIDADE DE VIDA 17
3
INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL APLICADOS A LOTEAMENTOS
URBANOS 19
3.1 T
ERRA URBANA 21
3.1.1 DECLIVIDADE E VENTILAÇÃO 21
3.1.2 DECLIVIDADE E ESCOAMENTO SUPERFICIAL 23
3.1.3 DECLIVIDADE E CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES 24
3.1.4 DECLIVIDADE E APROVEITAMENTO DO SOLO 25
3.1.5 TRAÇADOS URBANOS E CURVAS DE NÍVEL 26
3.2 MORADIA 27
ix
3.2.1 O LOTE 28
3.2.2 A HABITAÇÃO 32
3.3 SANEAMENTO AMBIENTAL 34
3.3.1 ACESSO AO SERVIÇO DE COLETA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS 35
3.3.2 DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 36
3.3.3 ACESSO AO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 38
3.3.4 ACESSO AO ESGOTAMENTO SANITÁRIO 39
3.4 INFRA-ESTRUTURA URBANA 42
3.4.1 R
EDE DE DRENAGEM PLUVIAL 43
3.4.2 R
EDE DE ELETRICIDADE 44
3.4.3 ACESSO AOS SERVIÇOS DE TELEFONIA 46
3.5 TRANSPORTE 47
3.5.1 LEITO CARROÇÁVEL 48
3.5.2 PASSEIOS 50
3.5.3 VIAS CICLÁVEIS 51
3.5.4 ACESSO AO TRANSPORTE PÚBLICO 52
3.6 SERVIÇOS PÚBLICOS 53
3.6.1 ACESSO À SAÚDE 53
3.6.2 ACESSO À EDUCAÇÃO 54
3.7 LAZER 55
3.7.1 PRAÇAS E ÁREAS VERDES 55
4 LOTEAMENTOS AVALIADOS EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON 57
4.1 A
COLONIZAÇÃO DA CIDADE 58
4.2 O
S LOTEAMENTOS 61
4.2.1 G
RUPO AMAZÔNIA 62
4.2.2 C
ONDOMÍNIO ARAUCÁRIA 64
4.2.3 JARDIM PAINEIRAS 65
4.2.4 RESIDENCIAL VITÓRIA 66
4.2.5 LOTEAMENTO NEUMEISTER 68
4.3 PLANO DIRETOR EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON 69
4.4 CARACTERIZAÇÃO IN LOCO DOS LOTEAMENTOS EM ESTUDO 72
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 76
5.1 I
NDICADORES REFERENTES À TERRA URBANA 77
x
5.1.1 INDICADOR DA DECLIVIDADE E VENTILAÇÃO 77
5.1.2 INDICADOR DA DECLIVIDADE E ESCOAMENTO SUPERFICIAL 79
5.1.3 INDICADOR DA DECLIVIDADE E CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES 79
5.1.4 INDICADOR DA DECLIVIDADE E APROVEITAMENTO DO SOLO 81
5.1.5 INDICADOR DOS TRAÇADOS URBANOS E CURVAS DE NÍVEL 83
5.2 INDICADORES REFERENTES À MORADIA 85
5.2.1 INDICADOR DOS LOTES 85
5.2.2 INDICADOR DA HABITAÇÃO 88
5.3 INDICADORES REFERENTES AO SANEAMENTO AMBIENTAL 94
5.3.1 INDICADOR DO ACESSO AO SERVIÇO DE COLETA DE LIXO DOMÉSTICO 94
5.3.2 INDICADOR DA DESTINAÇÃO FINAL DO LIXO 96
5.3.3 INDICADOR DO ACESSO A SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 98
5.3.4 INDICADOR DO ACESSO AO ESGOTAMENTO SANITÁRIO 102
5.4 INDICADORES REFERENTES À INFRA-ESTRUTURA URBANA 103
5.4.1 INDICADOR DA REDE DE DRENAGEM PLUVIAL 103
5.4.2 INDICADOR DA REDE DE ELETRICIDADE 105
5.4.3 INDICADOR DO ACESSO AOS SERVIÇOS DE TELEFONIA 106
5.5 INDICADORES REFERENTES AO TRANSPORTE 107
5.5.1 INDICADOR DO LEITO CARROÇÁVEL 107
5.5.2 INDICADOR DOS PASSEIOS 111
5.5.3 INDICADOR DAS VIAS CICLÁVEIS 116
5.5.4 INDICADOR DO ACESSO AO TRANSPORTE PÚBLICO 116
5.6 I
NDICADORES REFERENTES AOS SERVIÇOS PÚBLICOS 117
5.6.1 INDICADOR DO ACESSO À SAÚDE 117
5.6.2 INDICADOR DO ACESSO À EDUCAÇÃO 119
5.7 I
NDICADOR REFERENTE AO LAZER 123
5.7.1 INDICADOR DAS PRAÇAS E ÁREAS VERDES 123
5.8 CARTA SÍNTESE DA QUALIDADE SÓCIO-AMBIENTAL 127
6 CONCLUSÃO 142
7 REFERÊNCIAS 146
8 ANEXOS 150
8.1 LEI Nº 2.808 DE 10 DE MAIO DE 1993 151
8.2 L
EI Nº 2.833 DE 19 DE AGOSTO DE 1993 153
xi
8.3 LEI Nº 3.040 DE 27 DE MAIO DE 1996 155
8.4 DECRETO N
O
060/98 DE 18 DE AGOSTO DE 1998 157
8.5 DECRETO N
O
110/2002 DE 22 DE OUTUBRO DE 2002 160
8.6 DECRETO N
O
091/2004 DE 08 DE SETEMBRO DE 2004 163
8.7 QUESTIONÁRIO 166
xii
L
ISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 ITENS E SUB-ITENS DO CAPÍTULO 2 7
FIGURA 1.2 ITENS E SUB-ITENS DO CAPÍTULO 3 7
FIGURA 1.3 ITENS E SUB-ITENS DO CAPÍTULO 4 8
FIGURA 1.4 ITENS E SUB-ITENS DO CAPÍTULO 5 9
FIGURA 2.1 ESPAÇO ONDE OCORRERIA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10
FIGURA 3.1 COMPARAÇÃO DE UM LOTEAMENTO CONVENCIONAL COM A PROPOSTA
FRANCESA
30
FIGURA 3.2 EXEMPLOS DE RUAS SEM SAÍDA EM WELWYN GARDEN CITY 31
FIGURA 3.3 PARTES CONSTITUINTES DO SISTEMA VIÁRIO 48
FIGURA 4.1 LOCALIZAÇÃO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON 57
FIGURA 4.2 LOCALIZAÇÃO DOS LOTEAMENTOS EM ESTUDO 61
FIGURA 4.3 PERÍMETRO SUBURBANO ANTES DA IMPLANTAÇÃO DOS LOTEAMENTOS 62
FIGURA 4.4 IMPLANTAÇÃO DO GRUPO AMAZÔNIA 63
FIGURA 4.5 IMPLANTAÇÃO DO CONDOMÍNIO ARAUCÁRIA 64
FIGURA 4.6 IMPLANTAÇÃO DO JARDIM PAINEIRAS 65
F
IGURA 4.7 IMPLANTAÇÃO DO RESIDENCIAL VITÓRIA 67
FIGURA 4.8 IMPLANTAÇÃO DO LOTEAMENTO NEUMEISTER 69
F
IGURA 4.9 VISTA AÉREA DOS LOTEAMENTOS EM ESTUDO 75
FIGURA 5.1 MAPA DE DECLIVIDADE 78
FIGURA 5.2 PLANTA DA DECLIVIDADE DAS RUAS 80
FIGURA 5.3 PLANTA DA DECLIVIDADE E DO DETALHAMENTO DOS LOTES 82
F
IGURA 5.4 PLANTA DA DECLIVIDADE DO TRAÇADO URBANO 84
F
IGURA 5.5 PLANTA DA ÁREA DOS LOTES 86
FIGURA 5.6 PLANTA DA FORMA DOS LOTES 87
xiii
FIGURA 5.7 CASA SEM REVESTIMENTO - 1 89
FIGURA 5.8 CASA SEM REVESTIMENTO - 2 89
FIGURA 5.9 CASA IMPLANTADA NO GRUPO AMAZÔNIA 90
FIGURA 5.10 CASA IMPLANTADA NO LOTEAMENTO NEUMEISTER 90
FIGURA 5.11 CASA IMPLANTADA NO JARDIM PAINEIRAS 91
FIGURA 5.12 CASA IMPLANTADA NO RESIDENCIAL VITÓRIA 91
FIGURA 5.13 CASA IMPLANTADA NO CONDOMÍNIO ARAUCÁRIA 92
FIGURA 5.14 CASA EM CONSTRUÇÃO NOS LOTEAMENTOS 92
FIGURA 5.15 PLANTA DE CASAS POR LOTES 93
FIGURA 5.16 CAMINHÃO UTILIZADO NA COLETA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 95
FIGURA 5.17 SEPARAÇÃO DO LIXO BOM 97
FIGURA 5.18 LIXÃO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON 97
FIGURA 5.19 HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES DE ÁGUA NO GRUPO AMAZÔNIA 99
FIGURA 5.20 HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES DE ÁGUA NO CONDOMÍNIO ARAUCÁRIA 99
FIGURA 5.21 HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES DE ÁGUA NO JARDIM PAINEIRAS 99
FIGURA 5.22 HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES DE ÁGUA NO LOTEAMENTO NEUMEISTER 100
FIGURA 5.23 HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES DE ÁGUA NO RESIDENCIAL VITÓRIA 100
F
IGURA 5.24 SERVIÇO DE ÁGUA DOS LOTEAMENTOS 101
F
IGURA 5.25 IMPLANTAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM PLUVIAL SEM PROTEÇÃO 103
FIGURA 5.26 PLANTA DA DRENAGEM PLUVIAL 104
FIGURA 5.27 POÇO DE VISITA ABERTO SEM PROTEÇÃO 105
FIGURA 5.28 CASAS ATENDIDAS PELO SERVIÇO DE TELEFONIA 106
FIGURA 5.29 PLANTA DA PAVIMENTAÇÃO 108
FIGURA 5.30 RUA NÃO PAVIMENTADA 109
FIGURA 5.31 IMPLANTAÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO 110
FIGURA 5.32 RUA PAVIMENTADA 110
xiv
FIGURA 5.33 LOTE COM CALÇADA E GRAMA 111
FIGURA 5.34 PLANTA DAS CALÇADAS 112
FIGURA 5.35 LOTE COM CALÇADA 113
FIGURA 5.36 LOTE COM GRAMA 113
FIGURA 5.37 LOTE COM PEDRA BRITA 114
FIGURA 5.38 LOTE SEM CALÇADA 114
FIGURA 5.39 CALÇADA COM GRAMA DESTRUÍDA 115
FIGURA 5.40 CALÇADA COM GRAMA E ÁRVORES PREJUDICADAS 115
FIGURA 5.41 PESSOAS QUE UTILIZAM O TRANSPORTE PÚBLICO 117
FIGURA 5.42 LOCALIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE 118
FIGURA 5.43 LOCALIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE EDUCAÇÃO PÚBLICA 120
FIGURA 5.44 LOCALIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE EDUCAÇÃO PARTICULAR 121
FIGURA 5.45 LOCALIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO SUPERIOR 122
FIGURA 5.46 LOTES DA QUADRA Nº 7 DO RESIDENCIAL VITÓRIA 124
FIGURA 5.47 LOTES DA QUADRA Nº 9 DO RESIDENCIAL VITÓRIA 124
FIGURA 5.48 LOTE DA QUADRA Nº 4 DO LOTEAMENTO NEUMEISTER 125
FIGURA 5.49 LOCALIZAÇÃO DAS PRAÇAS DA CIDADE 126
F
IGURA 5.50 RUA SEM ÁRVORES 127
F
IGURA 5.51 CARTA SÍNTESE REFERENTE À TERRA URBANA 134
FIGURA 5.52 CARTA SÍNTESE REFERENTE À MORADIA 135
FIGURA 5.53 CARTA SÍNTESE REFERENTE AO SANEAMENTO AMBIENTAL 136
FIGURA 5.54 CARTA SÍNTESE REFERENTE À INFRA-ESTRUTURA URBANA 137
FIGURA 5.55 CARTA SÍNTESE REFERENTE AO TRANSPORTE 138
FIGURA 5.56 CARTA SÍNTESE REFERENTE AOS SERVIÇOS PÚBLICOS 139
FIGURA 5.57 CARTA SÍNTESE REFERENTE AO LAZER 140
FIGURA 5.58 CARTA SÍNTESE DA QUALIDADE SÓCIO-AMBIENTAL 141
xv
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 DIMENSÕES E TEMAS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA O BRASIL
20
TABELA 3.2 TEMAS E INDICADORES DE ESTUDO 20
TABELA 3.3 ALTERAÇÃO DO VENTO COM A DECLIVIDADE 22
TABELA 3.4 FORMA DE OBTENÇÃO DAS ÁREAS QUE INFLUENCIAM NOS VENTOS 22
TABELA 3.5 ESCOAMENTO DE ÁGUA EM RELAÇÃO À DECLIVIDADE. 23
TABELA 3.6 FORMA DE OBTENÇÃO DAS ÁREAS QUE TEM DECLIVIDADE IDEAL 24
TABELA 3.7 CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES EM RELAÇÃO À DECLIVIDADE. 25
TABELA 3.8 FORMA DE OBTENÇÃO DAS CALÇADAS QUE TRANSMITEM CONFORTO E
SEGURANÇA
25
TABELA 3.9 FORMA DE OBTENÇÃO DA PORCENTAGEM DE ÁREA OCUPADA E ÁREA VAZIA
EM FUNÇÃO DA DECLIVIDADE
26
TABELA 3.10 FORMA DE OBTENÇÃO DAS RUAS COM DECLIVIDADES ÓTIMAS 27
TABELA 3.11 FORMA DE OBTENÇÃO DE LOTES QUE POSSUEM ÁREA SUPERIOR A MÍNIMA
32
T
ABELA 3.12 FORMA DE OBTENÇÃO DE LOTES COM FORMAS REGULARES E FORMAS
IRREGULARES
32
T
ABELA 3.13 FORMA DE OBTENÇÃO DO MATERIAL UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO DAS
CASAS
34
TABELA 3.14 FORMA DE OBTENÇÃO DA QUANTIDADE DE CASAS POR LOTE 34
TABELA 3.15 FORMA DE OBTENÇÃO POPULAÇÃO ATENDIDA PELA COLETA DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
36
T
ABELA 3.16 FORMA DE OBTENÇÃO DA QUANTIDADE DE RUAS ASFALTADAS E RUAS NÃO
ASFALTADAS
49
TABELA 3.17 FORMA DE OBTENÇÃO DA QUANTIDADE DE LOTES QUE POSSUEM CALÇADAS
50
xvi
TABELA 3.18 FORMA DE OBTENÇÃO DA QUANTIDADE DE RUAS COM CICLOVIA 52
TABELA 3.19 FORMA DE QUANTIFICAR A DISTÂNCIA ENTRE OS LOTEAMENTOS E AS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO
55
TABELA 4.1 DETALHAMENTO DE OCUPAÇÃO DOS LOTES 72
TABELA 4.2 DETALHAMENTO DE OCUPAÇÃO DO JARDIM PAINEIRAS 73
TABELA 4.3 DETALHAMENTO DE OCUPAÇÃO DO LOTEAMENTO NEUMEISTER 73
TABELA 4.4 DETALHAMENTO DE OCUPAÇÃO DO GRUPO AMAZÔNIA 74
TABELA 4.5 DETALHAMENTO DE OCUPAÇÃO DO CONDOMÍNIO ARAUCÁRIA 74
TABELA 4.6 DETALHAMENTO DE OCUPAÇÃO DO RESIDENCIAL VITÓRIA 75
TABELA 5.1 INDICADORES A SER DETERMINADOS NOS LOTEAMENTOS 76
TABELA 5.2 QUANTIFICAÇÃO DAS ÁREAS QUE INFLUENCIAM NOS VENTOS 77
TABELA 5.3 QUANTIFICAÇÃO DAS ÁREAS QUE TEM DECLIVIDADE IDEAL. 79
TABELA 5.4 QUANTIFICAÇÃO DA DECLIVIDADE DAS RUAS 79
TABELA 5.5 QUANTIFICAÇÃO DA PORCENTAGEM DE ÁREA OCUPADA E ÁREA VAZIA EM
FUNÇÃO DA DECLIVIDADE
81
TABELA 5.6 QUANTIFICAÇÃO DE RUAS COM DECLIVIDADES ÓTIMAS 83
TABELA 5.7 QUANTIFICAÇÃO DE LOTES QUE POSSUEM ÁREA SUPERIOR A MÍNIMA 85
T
ABELA 5.8 QUANTIFICAÇÃO DE LOTES COM FORMAS REGULARES E FORMAS
IRREGULARES
88
T
ABELA 5.9 QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL UTILIZADA NA CONSTRUÇÃO DAS CASAS 88
T
ABELA 5.10 QUANTIDADE DE CASAS POR LOTE 94
TABELA 5.11 QUANTIFICAÇÃO DAS CASAS ATENDIDAS PELA COLETA DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
95
TABELA 5.12 HISTÓRICO DAS LIGAÇÕES DE ÁGUA 98
TABELA 5.13 QUANTIFICAÇÃO DAS RUAS COM PEDRA IRREGULAR E RUAS NÃO
PAVIMENTADAS
107
TABELA 5.14 QUANTIFICAÇÃO POR METRO LINEAR DAS RUAS COM PEDRA IRREGULAR
109
xvii
TABELA 5.15 QUANTIFICAÇÃO DE LOTES QUE POSSUEM CALÇADAS 111
TABELA 5.16 QUANTIFICAÇÃO DE RUAS COM CICLOVIA 116
TABELA 5.17 DISTÂNCIAS ACEITÁVEIS DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO 119
TABELA 5.18 DISTÂNCIA ENTRE OS LOTEAMENTOS E AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO 123
TABELA 5.19 ATRIBUIÇÃO DE VALORES PARA AS UNIDADES ESPACIAIS 127
TABELA 5.20 SÍNTESE PARA A AVALIAÇÃO DOS INDICADORES 129
TABELA 5.21 VALORES DAS UNIDADES ESPACIAIS ATRIBUÍDAS À CADA INDICADOR 130
TABELA 5.22 QUANTIFICAÇÃO DOS INDICADORES DE ACORDO COM A QUANTIA DE
UNIDADES ESPACIAIS
131
1 INTRODUÇÃO
Até pouco mais de 40 anos atrás a maioria das cidades brasileiras eram apenas locais de
passeio, de compra, de venda, e até mesmo de trocas de mercadorias, pois a maioria da
população residia na zona rural. Como as casas eram distantes e a tecnologia não era tão
avançada, o meio ambiente consumia os resíduos produzidos pelas pessoas da época.
De forma rápida e desordenada, a população passou a buscar moradia nas cidades, pois a
tecnologia expulsou a maioria do campo, já que as máquinas faziam todo o trabalho e em
menos tempo. Porém, as cidades não estavam preparadas para receber essa população e as
prefeituras municipais começaram a tomar medidas para resolver o problema
momentaneamente, não pensando nos problemas futuros.
Em Marechal Cândido Rondon Estado do Paraná, a realidade não foi diferente. Mesmo
sendo uma cidade nova, fundada em 1960, esta passou por todos os processos que outras
cidades passaram, similarmente. A implantação de loteamentos ocorreu de forma
desordenada, buscando apenas absorver a população que vinha do campo, não importando
a qualidade de vida e sim, a existência de local para morar.
Hoje se utiliza o planejamento territorial urbano como uma forma de ordenar o
crescimento das cidades, de modo a minimizar os problemas decorrentes da urbanização.
Compete ao homem a ocupação ordenada do solo, com a utilização racional do ambiente
físico, de forma a garantir um ecossistema urbano equilibrado que lhe ofereça as melhores
condições de vida.
Na realidade, o planejamento urbano tem ajudado muito no crescimento das cidades, para
que não se cometam erros e, desenvolver assim, as cidades de forma ordenada, reduzindo
os problemas causados pela urbanização. Em relação aos problemas causados devido à
falta de planejamento, pouco tem sido feito, a não ser quando estes se transformam em
problemas maiores, onde se busca soluções rápidas para corrigir o problema específico.
A população que reside em locais sem planejamento, ou seja, implantados de forma
desordenada, também está inserida nas leis e possuem os mesmos direitos, isto é, o direito
à cidades sustentáveis, o qual é entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao
trabalho e ao lazer para as presentes e futuras gerações.
Introdução 2
Será que esta população de Marechal Cândido Rondon - PR está tendo de fato esse direito?
Logo, pretende-se estudar alguns loteamentos implantados sem planejamento e de forma
desordenada, para verificar se a população residente nestes loteamentos está realmente
usufruindo desses direitos que por Lei lhe são garantidos.
1.1 OBJETIVO
Geral:
9 Avaliar o desenvolvimento urbano de alguns loteamentos em Marechal Cândido
Rondon – PR.
Específicos:
9 Aplicar instrumentos de sustentabilidade em alguns loteamentos urbanos
implantados na cidade de Marechal Cândido Rondon – PR;
9 Aplicar alguns indicadores de desenvolvimento sustentável para avaliação destes
loteamentos; e,
9 Caracterizar a qualidade de vida através da pesquisa de campo com a população
residente nos loteamentos.
1.2 JUSTIFICATIVAS
Atualmente busca-se estabelecer parâmetros de desenvolvimento antes da implantação de
loteamentos, para que os mesmos respeitem e transformem os espaços físicos disponíveis
num espaço urbano com a infra-estrutura necessária, para que a população possa, de fato,
residir em um local que atenda às suas necessidades. Mas pouco tem sido feito nos espaços
construídos sem o planejamento adequado, realidade de muitas cidades brasileiras devido
ao crescimento rápido e desordenado.
Desta forma, este trabalho pretende analisar a implantação de cinco loteamentos inseridos
na cidade de Marechal Cândido Rondon - PR, desde a sua liberação até os dias atuais,
baseando-se no modelo de desenvolvimento sustentável, principalmente conforme o Art. 2,
inciso I, do Estatuto das Cidades, onde diz que os cidadãos têm:
“garantia do direito à cidades sustentáveis, entendido como o direito à
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para
as presentes e futuras gerações”.
Introdução 3
Com base nesse Inciso, pretende-se analisar a condição da população local frente ao direito
à cidade sustentável, procurando mostrar como e quanto influi a falta de planejamento que
ocorreu durante a implantação destes loteamentos.
Embora existam muitos loteamentos que poderiam ser estudados além da área escolhida
(Grupo Amazônia, Condomínio Araucária, Jardim Paineiras, Loteamento Neumeister e
Residencial Vitória), a escolha da área foi principalmente pelo apego sentimental ao local.
Segundo Tuan (1980), ao elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico é dado o
nome de Topofilia, pois o apego ao objeto é exemplo de como a consciência do passado é
um elemento importante no amor pelo lugar. E como esse apego está intimamente ligado
ao passado da Autora, será contado resumidamente, aquilo que ela pôde ver, bem como, o
que pôde sentir devido a urbanização do local em estudo.
Quando criança, entre os 6 e 14 anos, a Autora teve a oportunidade de residir em uma
chácara
1,
a qual encontrava-se rodeada por outras chácaras, mas durante o tempo em que
ela morava lá com sua família, pôde ver tudo sendo mudado: as matas onde brincava foram
destruídas para que uma rua pudesse passar; as plantações e potreiros
2
foram se
transformando em lotes e ruas, e aquele local, perfeito para brincar, foi sendo transformado
sem que pudesse fazer algo. Muito mais que pastagens, plantações e matas, lá era
considerado um local seguro, onde podia fazer o que bem entendesse, e brincar do que
mais gostava e do que queria, mas com uma condição: a de voltar para casa antes de
escurecer.
Tuan (1980), no livro citado, faz uma pergunta muito interessante: “O que é um lar?” E,
segundo este autor, para a classe média lar é tipicamente composta de uma casa rodeada de
gramado e separada do mundo público das ruas; por outro lado, para as crianças que
encontram excitação na rua, o lar (casa e gramado) parece enfadonho e triste.
De acordo com essa explicação, hoje a Autora pode entender, que para ela, naquela época,
seu lar era muito mais do que os limites da chácara; era, portanto, todas as chácaras
vizinhas, junto com as ruas e matas. Mas, como criança que era, viu “seu lar” ser
urbanizado, e na sua cabeça de criança, aquilo tudo era apenas uma destruição do “seu”
1
s. f., Brasil, granja, quinta, perto da cidade.
2
s. m., terreno cercado para guardar gado.
Introdução 4
meio ambiente. E nada lhe fazia entender como uma paisagem bonita e acolhedora poderia
ser transformada em uma paisagem sem vida, sem árvores, sem grama, só com ruas e lotes
vazios.
Muito tempo se passou, e a Autora teve a oportunidade de desenvolver seu trabalho de
conclusão do curso de Engenharia Civil, onde foi possível estudar o que deveria ser feito
para conseguir uma licença para a implantação de loteamentos. Pôde observar que
atualmente, há exigências estabelecidas na lei em relação à liberação de novos
loteamentos, para que estes possam causar o mínimo possível de destruição ao ambiente, e
que seja inserido de forma a juntar-se ao ambiente, e não simplesmente transformar o
ambiente existente em um novo ambiente, totalmente diferente do anterior.
A partir desse estudo ela pôde compreender que quase nada foi feito em relação àqueles
loteamentos que tanto agrediram o ambiente. Assim, analisar-se-á, desde a data de
liberação até o momento atual, os loteamentos que foram implantados no local onde
ocorreu a história da Autora.
1.3 METODOLOGIA
A escolha dos loteamentos foi a primeira etapa realizada desse trabalho, o passo seguinte
foi a avaliação do desenvolvimento urbano desses loteamentos. Para que este objetivo
fosse alcançado, foram realizados levantamentos junto a Prefeitura Municipal, onde foram
obtidas as leis e decretos de liberação dos loteamentos, foram também buscados mapas que
demonstrassem como era o local antes da implantação, ou seja, quando ainda fazia parte da
zona rural. Também foram realizadas entrevistas com moradores que acompanharam o
desenvolvimento da região, podendo descrever sua história. Desta forma, foram levantados
os dados para que assim fosse construída a história do desenvolvimento urbano local.
Logo, como a idéia inicial era de analisar os loteamentos, e ver se eles estavam dando
condições dignas às pessoas ali residentes, a etapa seguinte do trabalho foi escolher
critérios para analisar estes loteamentos. Optou-se por analisá-los baseando-se no
desenvolvimento sustentável, e assim, buscou-se por indicadores que pudessem avaliar se a
população lá residente estava tendo acesso à cidade sustentável, que lhe é direito segundo o
Estatuto das Cidades.
Baseando-se no Estatuto das Cidades, buscou-se por indicadores que fossem relacionados à
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte,
Introdução 5
aos serviços públicos e ao lazer, pois, segundo o mesmo, esta é a definição de cidade
sustentável. Foram selecionados 21 indicadores ligados aos temas comentados
anteriormente, como indicadores diretamente ligados a Engenharia Urbana.
Referente à terra urbana foram avaliados 5 indicadores, onde buscou-se avaliar o seguinte
através de cada um desses indicadores:
9 Declividade e ventilação – áreas que influenciam na velocidade dos ventos;
9 Declividade e escoamento pluvial – área com declividade ideal para o escoamento;
9 Declividade e circulação de pedestres – ruas com declividade adequada para a
circulação de pedestres;
9 Declividade e aproveitamento do solo – área ocupada e área vazia;
9 Traçados urbanos e curvas de nível – ruas com declividade adequada.
Referente à moradia foram avaliados 2 indicadores:
9 O lote – lotes que respeitem as dimensões mínimas e a forma dos lotes;
9 A casa – material utilizado na construção das casas.
Referente ao saneamento ambiental foram mais 4 indicadores:
9 Acesso ao serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos – população atendida pela
coleta de lixo;
9 Destinação final dos resíduos sólidos – lixo coletado que recebe destino final
adequado;
9 Acesso ao sistema de abastecimento de água – população atendida pelo sistema de
abastecimento de água;
9 Acesso ao esgotamento sanitário – população atendida pelo esgotamento sanitário.
Referente à infra-estrutura urbana foram avaliados mais 3 indicadores:
9 Rede de drenagem pluvial – ruas com drenagem pluvial;
9 Rede de eletricidade – lotes com energia elétrica;
9 Rede de telefonia – população com acesso ao telefone fixo e móvel.
Referente ao transporte foram 4 indicadores:
9 Leito carroçável – ruas pavimentadas;
Introdução 6
9 Passeios – lotes que possuem calçada;
9 Ciclovias – ciclovias existentes;
9 Acesso ao transporte público – população que utilizam o transporte público.
Referente aos serviços públicos foram outros 2 indicadores:
9 Acesso à saúde – população com acesso fácil a saúde;
9 Acesso à educação – população com acesso fácil a educação.
Finalizando então os 21 indicadores, tem-se o indicador referente ao lazer:
9 Praças e áreas verdes – área que possui praças e áreas verdes.
A definição e constatação desses indicadores baseou-se na teoria de várias literaturas,
obtendo-se assim, parâmetros para que os indicadores pudessem ser avaliados, e também
conhecer o que se pretende com o levantamento de cada indicador.
A seguinte etapa foi a quantificação dos indicadores, o que foi possível através de visitas
in loco” e aplicação de questionários junto à população, buscando-se extrair a maior
quantidade de informações possíveis. Outros dados foram obtidos junto aos órgãos
responsáveis, tais como a Prefeitura Municipal, a SAAE (Serviço Autônomo de Água e
Esgoto) e a COPEL.
Feita a quantificação dos indicadores, o passo seguinte foi a caracterização da qualidade de
vida da população, a qual foi realizada através da carta síntese da qualidade sócio-
ambiental. Primeiramente foi realizada uma avaliação da qualidade de vida relacionada a
cada um dos sete temas distintos, ou seja, foram feitas cartas referentes à: terra urbana,
moradia, saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, transporte, serviços públicos e
lazer. A avaliação dos indicadores levou a média dos valores obtidos para cada tema,
chegando então na média dos sete temas, obtendo assim um valor que quantificasse a
qualidade de vida da população local.
1.4 ETAPAS DA DISSERTAÇÃO
Para que o objetivo deste trabalho fosse alcançado, ou seja, para que fosse avaliado o
desenvolvimento urbano dos loteamentos escolhidos em Marechal Cândido Rondon – PR,
a primeira etapa foi realizar um estudo sobre desenvolvimento sustentável, já que a análise
realizada nos loteamentos foi baseada neste assunto.
Introdução 7
No capítulo 2, com o tema de desenvolvimento sustentável são comentados três assuntos:
desenvolvimento urbano, políticas urbanas e qualidade de vida, como pode ser verificado
na Figura 1.1.
Figura 1.1 Itens e sub-itens do Capítulo 2
No Capítulo 2, buscou-se um melhor entendimento sobre o tema desenvolvimento
sustentável. Foi comentado a respeito de desenvolvimento urbano, como ocorreu no Brasil,
contando-se resumidamente a sua história, chegando então, aos dias atuais, onde existem
políticas urbanas baseadas, na maioria das vezes, no desenvolvimento sustentável. E para
finalizar este capítulo, é abordado o tema qualidade de vida, ou seja, o que se entende por
qualidade de vida e como obtê-la.
O Capítulo 3 trata dos indicadores de desenvolvimento sustentável aplicados a loteamentos
urbanos. São divididos em sete categorias de indicadores a serem analisados nos
loteamentos em estudo: terra urbana, moradia, saneamento ambiental, infra-estrutura
urbana, transporte, serviços públicos e lazer. Como é mostrado no Figura 1.2.
Figura 1.2 Itens e sub-itens do Capítulo 3
TEMAS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL APLICADOS A
LOTEAMENTOS URBANOS
TERRA URBANA
MORADIA
SANEAMENTO AMBIENTAL
INFRA-ESTRUTURA URBANA
TRANSPORTE
SERVIÇOS PÚBLICOS
LAZER
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DESENVOLVIMENTO URBANO
POLÍTICAS URBANAS
QUALIDADE DE VIDA
Plano Diretor
Introdução 8
Dentro de cada tema mostrado na Figura 1.2 foram analisados os indicadores
correspondentes ao assunto. Em relação à terra urbana: declividade e ventilação,
declividade e escoamento superficial, declividade e circulação de pedestres, declividade e
aproveitamento do solo e traçados urbanos e curvas de nível. Com relação à Moradia: o
lote e a casa. Em relação ao saneamento ambiental: acesso ao sistema de abastecimento de
água, acesso ao serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos, destinação final dos resíduos
sólidos e acesso ao esgotamento sanitário. Sobre infra-estrutura urbana: rede de drenagem
pluvial, rede de eletricidade e acesso aos serviços de telefonia. Sobre transporte: leito
carroçável, passeios, vias cicláveis e acesso ao transporte público. Nos serviços públicos:
acesso à saúde e acesso à educação. E, finalizando os vinte e um indicadores, tem-se o
último que é relacionado ao tema lazer: praças e áreas verdes.
No Capítulo 4 procurou-se realizar um estudo sobre a colonização de Marechal Cândido
Rondon – PR bem como um estudo dos loteamentos escolhidos, e sobre o plano diretor da
cidade, verificando-se assim, se a liberação dos loteamentos ocorreu dentro da lei local. A
estrutura do capítulo 4 pode ser verificada na Figura 1.3.
Figura 1.3 Itens e sub-itens do Capítulo 4
O objetivo do Capítulo 4 é compreender melhor a colonização da cidade, e posteriormente
o processo de liberação dos 5 loteamentos em estudo: Grupo Amazônia, Condomínio
Araucária, Jardim Paineiras, Residencial Vitória e o Loteamento Neumeister. Para que
MARECHAL CÂNDIDO RONDON
A COLONIZAÇÃO DA CIDADE
OS LOTEAMENTOS
PLANO DIRETOR DE MARECHAL
CÂNDIDO RONDON
Grupo Amazônia
Condomínio Araucária
Jardim Paineiras
Residencial Vitória
Loteamento Neumeister
CARACTERIZAÇÃO IN LOCO DOS
LOTEAMENTOS EM ESTUDO
9
estes loteamentos possam ser analisados, buscou-se estudá-los no contexto cidade. Após o
estudo dos decretos de liberação dos mesmos, foi analisado o plano diretor da cidade,
verificando se ele está em acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável
urbano. E, para finalizar, é apresentada uma caracterização dos loteamentos em estudo.
O Capítulo 5 é dividido igualmente ao Capítulo 3, mas o objetivo desse capítulo é
apresentar como foram obtidos os indicadores, a forma de obtenção dos dados, os dados
obtidos e para finalizar, foram analisado os resultados obtidos, comparando-os com
resultados existentes ao Município de Marechal Cândido Rondon, quando são existentes,
ou comparados aos resultados do Estado do Paraná quando existentes. A única diferença é
que no Capítulo 5 existe um item a mais, que trata-se da carta síntese da qualidade sócio-
ambiental, onde é dado um atributo ao loteamento entre 1 e 6. A estrutura do Capítulo 5
pode ser verificado na Figura 1.4.
Figura 1.4 Itens e sub-itens do Capítulo 5
E, finalizando este trabalho, no Capítulo 6, tem-se a conclusão, onde foram comentados os
dados obtidos, e foi respondido pergunta inicial, que é se “as pessoas residentes nos
loteamentos implantados sem planejamento estão tendo direito a cidade sustentável que
lhes é garantido por lei?”.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
INDICADORES REFERENTES Á TERRA
URBANA
INDICADORES REFERENTES Á MORADIA
INDICADORES REFERENTES AO
SANEAMENTO AMBIENTAL
INDICADORES REFERENTES À
INFRA-ESTRUTURA URBANA
INDICADORES REFERENTES AO
TRANSPORTE
INDICADORES REFERENTES AOS
SERVI
Ç
OS PÚBLICOS
INDICADORES REFERENTES AO LAZER
CARTA SÍNTESE DA QUALIDADE SÓCIO-
AMBIENTAL
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável é compreendido aqui como a garantia de que as
necessidades do presente serão atendidas sem comprometer a capacidade das gerações
futuras atenderem também as suas, buscando, desta forma, um equilíbrio entre os níveis de
desenvolvimento e os estoques de recursos naturais. Conforme Costa (2003, p.16).
[...] o ponto em comum entre as muitas definições encontradas tem sido a
abordagem integrada das dimensões sociais, econômicas e ambientais no
âmbito do desenvolvimento sustentável. Assim, este pode ser entendido
como um caminho progressivo em direção a um crescimento econômico
mais equilibrado, eqüidade social e proteção ao meio ambiente.
A Figura 2.1 representa de forma esquemática as conexões existentes entre as três
dimensões freqüentemente consideradas nos diferentes conceitos da sustentabilidade, bem
como o espaço onde ocorreria o desenvolvimento sustentável.
Figura 2.1 Espaço onde ocorreria o desenvolvimento sustentável
Fonte: COSTA, 2003, pg. 16
Para Costa (2003, p.13), “na dimensão social são considerados aspectos referentes ao bem-
estar da população e às condições necessárias para promovê-lo”, sendo que a principal
preocupação é em relação à promoção do capital social, “constituído pelas habilidades,
conhecimentos e capacidade dos indivíduos que integram a sociedade”. Já em relação à
dimensão econômica, não considera só o capital econômico ou monetário, mas também
enfatiza a preservação do capital em suas diferentes formas (capital econômico, social e
natural). A dimensão ambiental enfoca os “impactos das atividades humanas sobre o meio
ambiente, concentrando sua preocupação na preservação do que os economistas
denominam de capital natural”.
Desenvolvimento Sustentável 11
Levando-se em consideração os três pilares da sustentabilidade e realizando uma
interpretação literal da definição “desenvolvimento sustentável”, pode-se constatar que
[...] o adjetivo sustentável remete àquilo que está em perfeito equilíbrio,
que se conserva sem desgaste e se mantém no tempo. Quando aplicado ao
desenvolvimento, transfere essas qualidades a um modo de organizar a
vida social, criando a (falsa) expectativa de uma “sociedade sustentável”,
em perfeita harmonia com a natureza, sem conflitos ou tensões sociais
que perturbem ou ponham em risco a sua reprodução (CARVALHO,
1991 apud PROJETO TERRA SOLIDÁRIA, 2001, pg. 21).
Mas uma vida social global em perfeita harmonia com a natureza torna-se difícil, pelo fato
da necessidade de cada nação ser determinada social e culturalmente. Logicamente
diferentes classes sociais e nações terão diferentes objetivos em mente quando buscarem
por um desenvolvimento sustentável.
Portanto, ao se propor mecanismos de desenvolvimento na lógica da sustentabilidade, a
idéia de manter um constante ou crescente estoque de recursos naturais provavelmente
atenderá melhor o objetivo de um desenvolvimento em favor da igualdade entre uma e
outra geração e em prol dos desfavorecidos da sociedade. A igualdade entre as gerações
deve ser entendida como o ponto crucial do tema desenvolvimento sustentável, por
pressupor a garantia de que a geração seguinte tem o direito de ter acesso, no mínimo, à
mesma base de recursos que a geração anterior.
Logo, para que haja um desenvolvimento global sustentável, é necessário que os mais ricos
adotem um estilo de vida compatível com os recursos ecológicos do planeta. Para tanto,
deve haver um processo de mudança na sociedade geral, no qual a exploração dos recursos,
a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional estejam de acordo com as necessidades atuais e futuras, buscando uma
integração entre diferentes níveis da vida social.
Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado, é preciso “inventar” um novo
modo de desenvolvimento “que seja socialmente justo, economicamente viável,
ecologicamente sustentável e culturalmente aceito, recuperando técnicas, valores e
tradições” (ALMEIDA, 1995a apud PROJETO TERRA SOLIDÁRIA, 2001, pg. 22).
Para que ocorra desenvolvimento sustentável é importante que haja uma nova forma de
desenvolvimento. Porém, antes de se pensar em novas formas de viver, deve-se levar em
consideração o que já aconteceu bem como o que foi feito até hoje em relação ao
desenvolvimento sustentável urbano.
Desenvolvimento Sustentável 12
2.1 DESENVOLVIMENTO URBANO
A partir da Segunda Guerra Mundial com mais ênfase nos anos 60 do Século XX, inicia-se
em nível mundial um novo paradigma técnico, agora também científico, denominado de
Revolução Verde, que promove uma verdadeira ruptura com a forma milenar de produção
e difusão de conhecimentos para o manejo agrícola. A alta tecnologia produziu
equipamentos e insumos cada vez mais sofisticados e o trabalhador rural foi sendo expulso
da sua terra gradativamente, indo disputar emprego nos centros urbanos, deslocando-se
sempre para os maiores centros, os quais não estavam preparados para receber este
contingente populacional (SODRÉ, 1970).
Verifica-se que o crescimento da população urbana em relação à rural coincidiu com o
período de consolidação do país, sendo que em 1970, pela primeira vez, a população
urbana brasileira superou a rural. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2005), a taxa de urbanização brasileira passou de 56% em 1970, com um total de
87 milhões de habitantes, para 81,2% em 2.000, obtendo um total de 152 milhões de
habitantes nas cidades em apenas 30 anos.
Este rápido crescimento urbano trouxe muitos problemas às cidades, podendo ser
confirmado por Lima (2004, p.16),
A implantação de uma cidade e suas sucessivas transformações, as
constantes escavações para infra-estrutura, a queima de combustíveis, a
impermeabilização do solo e a substituição da vegetação nativa alteram a
paisagem original, produzindo um ecossistema muito diferente daquele
existente anteriormente. Normalmente ao crescimento das cidades não
está aliado o bem-estar da população, já que os problemas ambientais
intensificam-se.
Partindo do princípio que, normalmente, as cidades causam problemas ambientais
acrescidos do acelerado e desordenado crescimento da população urbana sem a devida
infra-estrutura das cidades, tanto no aspecto estrutural (transportes, distribuição de energia,
rede de comunicação) como nas questões de saneamento básico (distribuição de água, rede
coletora de esgoto e resíduos sólidos), as conseqüências geram inúmeros problemas
ambientais.
As administrações públicas não estavam preparadas para receber este contingente
populacional, tanto no aspecto financeiro de prover e implantar a estrutura necessária,
como no aspecto de legislação adequada para a implantação das cidades, como pode ser
verificado em Braga (2004, p. 216).
Desenvolvimento Sustentável 13
O desenvolvimento de nossa sociedade urbana e industrial, por não
conhecer limites, ocorreu de forma desordenada, sem planejamento, à
custa de níveis crescentes de poluição e degradação ambiental. Esses
níveis de degradação começaram a causar impactos negativos
significantes, comprometendo a qualidade do ar e a saúde humana em
cidades como Los Angeles e Londres, transformando rios como o
Tâmisa, em Londres, o Sena, em Paris, o Reno, na Alemanha e o Tietê,
em São Paulo, em verdadeiros esgotos a céu aberto, reduzindo a
fertilidade do solo e aumentando as áreas desérticas.
Logo, para que houvesse reversão destas situações críticas, foi utilizada de forma efetiva a
tecnologia. Foram desenvolvidos métodos de planejamento, modelos matemáticos,
equipamentos para controle de poluição e processos tecnológicos alternativos menos
poluentes, possibilitando a correção de problemas existentes, bem como
[...] a estimativa antecipada de efeitos e impactos de situações hipotéticas
futuras por meio de simulações com modelos físicos e matemáticos.
Passou-se, assim, a admitir que existam limites que devem ser respeitados
e que a tecnologia é fundamental, mas não é capaz de resolver todos os
problemas quando alguns limites, às vezes desconhecidos, são alcançados
(efeito estufa, depleção da camada de ozônio) (BRAGA, 2004, p. 216).
Mesmo a tecnologia não conseguindo resolver alguns problemas ambientais mais graves, a
busca pelo desenvolvimento sustentável deve ser constante, pelo fato de que para muitos
problemas ambientais, gerados anteriormente com o desenvolvimento desordenado das
cidades, ainda existe possibilidade de soluções. Caso não sejam tomadas decisões para
reduzir os problemas, estes poderão se tornar ainda maiores com graves conseqüências
para a sociedade.
Na Carta da Terra (ONU, 2000, p. 1), pode-se observar a preocupação com o rumo que o
planeta está tomando,
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época
em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo
torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao
mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante,
devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de
culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade
terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma
sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos
direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz.
Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra,
declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande
comunidade da vida, e com as futuras gerações.
Com o propósito de busca pelo desenvolvimento sustentável urbano surgiram as políticas
urbanas, as quais, para Ott (2004, p. 24), “refletem a preocupação local com a conservação
e a recuperação do meio ambiente natural e seus recursos para manutenção da vida através
Desenvolvimento Sustentável 14
dos instrumentos e impostos que são aplicados no Município”. Logo, as políticas urbanas
conduzirão, em instância local, ao “processo de adaptação das pessoas na maneira de viver,
nos novos hábitos de consumo, na utilização de novas tecnologias e no respeito à natureza
e todos seus elementos e as suas formas de vida”.
2.2 POLÍTICAS URBANAS
Segundo o Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, no Capítulo 1, Art.
2º criado pelo Ministério das Cidades:
A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes
diretrizes gerais:
I. Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o
direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à
infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos,
ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações.
Mas de acordo com Leme (1982, p. 6), “a qualidade do ambiente em que vive o homem é
determinada pelos complexos processos que ele utiliza para assegurar e tornar agradável a
sua vida”. Desta forma, o ambiente é alterado em decorrência do manejo dos recursos nele
existentes, tais como a água, o solo e o ar, resultando em efeitos que modificam a saúde,
conforto, senso estético e capacidade humana de atingir um ajustamento social.
Logo, para que os recursos existentes não sejam utilizados de forma equivocada, e que a
população tenha direito a cidades sustentáveis proposto pela Lei n
o
10.257/2001 é
importante que haja planejamento territorial. Para o Ministério das Cidades (2004, p. 14)
Fazer planejamento territorial é definir o melhor modo de ocupar o sítio
de um município ou região, prever os pontos onde se localizarão
atividades, e todos os usos do espaço, presentes e futuros. Pelo
planejamento territorial, pode-se converter a cidade em benefício para
todos; podem-se democratizar as oportunidades para todos os moradores;
podem-se garantir condições satisfatórias para financiar o
desenvolvimento municipal; e podem-se democratizar as condições para
usar os recursos disponíveis, de forma democrática e sustentável.
Segundo Olívio Dutra, do Ministério das Cidades (2004, p. 8), “as cidades brasileiras
esperam passar por mudanças profundas que lhes garantirão um futuro de desenvolvimento
equilibrado e universalizarão o direito à moradia digna em ambiente saudável para todos os
brasileiros”.
Assim, para que o desenvolvimento urbano aconteça de forma ordenada, os cidadãos terão
de instituir formas de planejamento e controle do território municipal utilizando os
Desenvolvimento Sustentável 15
potenciais e limites do seu meio físico, fugindo da recente experiência de urbanização,
onde o crescimento e desenvolvimento urbanos transformam-se em desequilíbrios e
deseconomias.
Planejar o futuro da cidade incorporando todos os setores sociais, econômicos e políticos
que a compõem de forma a construir um compromisso entre cidadãos e governos na
direção de um projeto que inclua todos, é o desao que o Estatuto da Cidade impõe a todos
os Planos Diretores, obrigatórios para cidades brasileiras até 2006. (MINISTÉRIO DAS
CIDADES, 2004, p. 8).
A aprovação do Estatuto das Cidades, para De Grazia (2003, p. 59 apud LIMA, 2004, p.
29) é uma conquista valiosa para a política urbana e que, se utilizado de forma apropriada
pela população e pelas administrações locais, será de grande utilidade na mudança do
quadro de desigualdade, exclusão e segregação, assim como, contribuirá na luta por
cidades justas, democráticas e sustentáveis.
2.2.1 Plano diretor
O Plano Diretor é um instrumento que visa garantir a todos os cidadãos do município um
lugar adequado para morar, trabalhar e viver com dignidade, definindo os parâmetros que
devem proporcionar o acesso à habitação adequada, saneamento ambiental, ao transporte e
mobilidade, ao trânsito seguro e aos serviços e equipamentos urbanos. Segundo o
Ministério das Cidades, a Constituição Federal e o Estatuto das Cidades determinam que os
municípios sejam obrigados a planejar o seu desenvolvimento através de um Plano Diretor.
Com a aprovação do Plano Diretor estarão estabelecidas as regras básicas para que seja
implantada a infra-estrutura adequada visando melhores condições de vida urbana. Será
alcançado seu objetivo mais rápido se houver a participação da comunidade já na
elaboração e estabelecimento das propostas básicas para este plano, de suma importância
para um desenvolvimento sustentável urbano.
Baseado na importância da participação da comunidade na elaboração do Plano Diretor e
de acordo com o Ministério das Cidades (2004, p. 13),
todos os cidadãos estão habilitados a participar do planejamento de sua
cidade e podem intervir na realidade de seu município. Para que essa
capacidade saia do plano virtual ou potencial e concretize-se na forma de
ação participativa, os processos de elaborar planos e projetos têm de
prever métodos e passos que todos os cidadãos compreendam com
clareza, em todos os municípios.
Desenvolvimento Sustentável 16
A construção e elaboração de projetos urbanos com a participação da sociedade servem
para transformar o planejamento da ação municipal em trabalho compartilhado entre os
cidadãos e assumido pelos cidadãos, bem como para assegurar que todos se comprometam
e sintam-se responsáveis e responsabilizados no processo de construção e implantação de
projetos urbanos.
De acordo com Sachs (1984 apud SAMPAIO, 2002, p. 68),
O Planejamento Participativo é uma metodologia aplicada aos níveis das
coletividades locais, consistindo em examinar cuidadosamente todos os
efeitos significativos de um projeto, identificado pelos atores sociais
potencialmente afetados de forma positiva ou negativa. E, a seguir,
suscita o posicionamento dos mesmos a fim de controlar e aperfeiçoar as
hipóteses inicialmente retidas sobre os efeitos e, sobretudo, para melhor
diagnosticar os problemas críticos à volta dos quais se ligam os conflitos
de interesse entre os atores. Alguns desses conflitos poderão ocasionar
soluções de compromisso elaboradas com a participação ativa dos
interessados e tornadas possíveis pelo melhor conhecimento que tem das
realidades locais. Haverá casos em que o poder público não poderá deixar
de intervir, mas o fará melhor se subsidiado pelas reais necessidades.
O Planejamento Participativo estará próximo de um projeto de desenvolvimento local,
buscando um diálogo permanente entre os atores sociais, desde associações de moradores
do bairro e empresas privadas até as secretarias municipais, estaduais e banco de
desenvolvimento. Deve sair da rotina atual, onde o projeto é realizado apenas por um
técnico, que se utiliza de exercícios formais como técnicas de planejamento e de cálculos
de otimização, baseando-se em indicadores sociais e nas contas da natureza para descrever
seus objetivos.
O cidadão, além de conhecer a realidade local, conhece os desejos da comunidade e, desta
forma, o planejamento participativo será uma garantia de que os próprios beneficiários
conduzam o desenvolvimento, contribuindo na efetividade do planejamento.
Não se deve ter em mente que o planejamento participativo será ideal, pois como toda
solução tem seus prós e contras, esta também os têm e todos os setores diretamente
interessados devem estar cientes das dificuldades e problemas que poderão ocorrer, antes
de optarem por um planejamento participativo.
Torna-se um grande desafio garantir que os diferentes segmentos da sociedade participem
nas atividades de planejar e gerir as políticas urbanas e territoriais, pois, como já citado
acima, “o processo de elaborar planos e projetos têm de prever métodos e passos que todos
os cidadãos compreendam com clareza, em todos os municípios” (MINISTÉRIO DAS
CIDADES, 2004, p.13).
Desenvolvimento Sustentável 17
2.3 QUALIDADE DE VIDA
A discussão sobre qualidade de vida é bastante ampla, já que o conceito é complexo. Mas
relacionando o tema ao desenvolvimento sustentável pode-se compreendê-la de forma mais
objetiva. De acordo com Bueno (2003, p. 54),
O pressuposto básico é poder exprimir conceitualmente as condições
ecológicas e sociais características de um espaço ocupado e explorado
pelo homem, com garantia da satisfação de suas necessidade mediante o
uso de recursos da natureza e de objetos por ele construídos. É um
conceito normativo que envolve o qualitativo, mas que se exprime
quantitativamente por seus componentes. O desenvolvimento das
economias nacionais, a criação de empregos, a produção de bens e
serviços e a melhoria das estruturas institucionais não são fins em si
mesmos, mas unicamente meios para permitir às populações responder às
suas necessidades de base – alimentação, vestuário e habitação – e viver
uma vida digna e livre. Não é a bel-prazer da produção industrial, das
reservas em ouro e, ainda menos, do poder militar que se julga um
desenvolvimento sustentável; são os serviços sanitários, pedagógicos, as
condições de habitação, o direito de cada cidadão para as escolhas
políticas e a participação em todas as decisões que afetam a qualidade de
sua vida.
Mas “a questão da qualidade de vida é múltipla e diversificada, não devendo restringir-se
ao acesso à infra-estrutura básica, aos equipamentos de uso coletivo, ao saneamento,
habitação e rendimento mínimo” (LIMA, 2004, p.27). Para Grizi (2000, p.151 apud LIMA,
2004, p. 28):
A boa qualidade de vida implica até num estado de bem-estar psicológico
e social, em que o ser humano, especialmente, satisfaz todas as
necessidades biológicas sem risco à sua segurança e saúde, podendo com
isso manter-se em equilíbrio dinâmico ou crescer numericamente de
acordo com suas aspirações.
Pode-se concluir que a discussão sobre qualidade de vida é complexa, ainda mais quando
busca-se pela qualidade de vida em loteamentos, ou até mesmo no bairro, já que a relação
da população local com seu bairro é dada em função da sua ligação com o mundo exterior,
ou seja, com outras partes da cidade. Assim, quanto mais os residentes se relacionam com
o mundo de fora, menos se envolvem com a vida de seu bairro.
De acordo com Tuan (1980), bairro e comunidade indicam conceitos populares dos
planejadores e assistentes sociais. Simultaneamente acontece com os loteamentos, em que
estes projetam um quadro de referência para organizar em subáreas manejáveis a complexa
ecologia humana de uma cidade.
Desenvolvimento Sustentável 18
Na maioria das vezes, a população residente no loteamento considera possuir qualidade de
vida morando ali. O que ocorre, porém, é que se trata de uma simples adaptação à
necessidade de sobreviver, e alguns habitantes aprovam porque “se sentem em casa”,
“acham que a vida é interessante ou excitante”, ou podem ser eles mesmos e “fazer o que
quiserem”. A satisfação com o bairro acaba dependendo mais da satisfação com os
vizinhos – sua amizade e respeitabilidade – do que das características físicas da área
residencial.
Segundo Tuan (1980) os moradores da cidade mostram maior apreço pela casa como lugar
de acesso para outros lugares do que pela casa em si mesma, e atribuem maior valor à
qualidade do bairro do que às vantagens da cidade ou à qualidade de sua casa. As pessoas
de renda elevada comumente expressam satisfação, o que não é de surpreender, pois estão
onde estão por sua própria escolha e dispõem de meios para melhorar a qualidade do seu
bairro. As pessoas de renda inferior são menos entusiastas: as razões dadas porque gostam
de sua área tendem a ser gerais e abstratas ao passo que as razões dadas por não gostarem
são mais específicas e concretas. Satisfação parece ser uma palavra mais fraca: pode
significar um pouco mais que ausência de irritações persistentes.
Desta forma, pode-se concluir que qualidade de vida “manifesta-se como forma superior
dos direitos: direito à liberdade, à individualização na socialização, ao habitat e à
habitação. O direito à obra (a atividade participante) e o direito à apropriação (bem distinto
da propriedade) se imbricam dentro do direito à cidade [...] a cidade seria a obra perpétua
dos seus habitantes” (LIMA, 2004, p.27).
No próximo capítulo serão descriminados os indicadores que serão analisados nos
loteamentos para que se possa constatar se a população residente nos loteamentos em
estudo tem qualidade de vida ou não.
3 INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL APLICADOS A
LOTEAMENTOS URBANOS
Para o IBGE (2002, p. 10), um desafio é criar indicadores do desenvolvimento sustentável
que sirvam como instrumentos de mensuração, pois os
Indicadores são ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que,
associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos
sobre os fenômenos a que se referem. Indicadores de desenvolvimento
sustentável são instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o
acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo ao
desenvolvimento sustentável.
O IBGE (2002, p.10) apresenta 50 indicadores que cumprem muitas funções e reportam-se
a fenômenos de curto, médio e longo prazos. Estes indicadores viabilizam o acesso à
informação já disponível sobre temas relevantes para o desenvolvimento, bem como
apontam a necessidade de geração de novas informações. Servem para identificar
variações, comportamentos, processos, tendências e também para estabelecer comparações
entre países e entre regiões dentro do Brasil, até mesmo indicar necessidades e prioridades
para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas e, por fim, por sua capacidade
de síntese, são capazes de facilitar o entendimento ao crescente público envolvido com o
tema.
Neste contexto o IBGE (2002, p.10) considera os indicadores em quatro dimensões, e
dentro de cada dimensão é possível verificar diferentes temas, como se observa na Tabela
3.1.
Como o objetivo deste estudo é a aplicação de instrumentos de sustentabilidade em
loteamentos, optou-se por analisar indicadores que pudessem mostrar se a população dos
loteamentos em estudo tem mesmo direito à cidade sustentável, isto é, possui garantia “à
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e
aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer”. Os temas e os indicadores a serem
analisados são apresentados na Tabela 3.2.
Considerando a Tabela 3.2, serão analisados vinte e um indicadores associados a sete
temas. A seguir fundamenta-se cada um desses indicadores.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 20
Tabela 3.1 Dimensões e temas do Desenvolvimento Sustentável para o Brasil
Fonte: IBGE, 2002, p. 10.
Dimensão Tema
População
Eqüidade
Saúde
Educação
Habitação
Social
Segurança
Atmosfera
Terra
Oceanos, mares e áreas costeiras
Biodiversidade
Ambiental
Saneamento
Estrutura econômica
Econômica
Padrões de produção e consumo
Estrutura institucional
Institucional
Capacidade institucional
Tabela 3.2 Temas e indicadores de estudo
Tema de estudo Indicadores
1. Declividade e ventilação
2. Declividade e escoamento pluvial
3. Declividade e circulação de pedestres
4. Declividade e aproveitamento do solo
Terra Urbana
5. Traçados urbanos e curvas de nível
6. O lote
Moradia
7. A habitação
8. Acesso ao serviço de coleta de resíduo sólido
9. Destinação final do resíduo sólido urbano
10. Acesso ao sistema de abastecimento de água
Saneamento Ambiental
11. Acesso ao esgotamento sanitário
12. Rede de drenagem pluvial
13. Rede de eletricidade
Infra-estrutura Urbana
14. Rede de telefonia
15. Leito carroçável
16. Passeios
17. Ciclovias
Transporte
18. Acesso ao transporte público
19. Acesso à saúde
Serviços Públicos
20. Acesso à educação
Lazer 21. Praças e áreas verdes
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 21
3.1 TERRA URBANA
Cada terreno possui seu ecossistema natural o qual é alterado e agredido quando se
implanta um assentamento urbano, e de acordo com Mascaró (2005, p. 13), “O novo
sistema ecológico criado poderá ser agradável ou não, estável ou instável, econômico ou
anti-econômico, dependendo, em grande parte, do critério com que o urbanista o trata”.
Muitas vezes, através de condições técnicas, áreas inteiras são cortadas ou aterradas,
criando-se então, um perfil topográfico mais simples com um único objetivo, o de facilitar
a subdivisão e a edificação de residências. Logo, os traçados mais agradáveis são aqueles
que menos alteram o meio, sendo também, mais econômicos e mais estáveis
ecologicamente (MASCARÓ, 2005, p.13).
O correto é que antes da implantação dos loteamentos, devido ao fato destes causarem
impactos negativos ao ambiente, tenha-se conhecimento das características ambientais do
local, bem como do seu entorno (BELINCANTA; DE ANGELIS NETO, 2006, p.14).
Antes da implantação de qualquer projeto de obra civil é necessário ter conhecimento do
local, assim como um estudo de todas as etapas e dos impactos que são gerados no local,
para que possa ser feito um planejamento da exploração dos recursos naturais, buscando-se
evitar riscos decorrentes de eventos perigosos.
O objetivo do tema “terra urbana” é justamente considerar os fatores que devem ser
analisados e estudados antes da implantação de qualquer loteamento, dando importância ao
solo como bem natural, que aliado ao estudo de locais viáveis para a ocupação urbana,
permitirá pensar no ser humano e na natureza de forma conjunta.
Foram escolhidos cinco indicadores nesse tema, por apresentarem associação com a
engenharia urbana e com a terra urbana. A seguir é feito o detalhamento destes
indicadores.
3.1.1 Declividade e ventilação
A velocidade dos ventos pode causar sérios problemas para as cidades. Segundo Mascaró
(2005, p. 19) a declividade pode acelerar ou diminuir os ventos em uma região: os ventos
serão mais fortes quanto maiores forem os desníveis e quanto menor for a vegetação do
local; em comparação, quanto menor a declividade e quanto mais vegetação tiver no topo,
mais fracos os ventos.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 22
A topografia exerce um efeito de barreira física já que pode canalizar e deslocar o
movimento dos ventos, pois uma pequena elevação no terreno pode gerar um efeito de
abrigo, enquanto que no seu topo tem-se de uma área desprotegida em termos de ventos.
Cabe salientar que em climas tropicais úmidos, os vales terão um clima quente abafado,
pouco agradável. Portanto, quanto mais perto do topo ficar a urbanização, mais agradável
será o clima. No entanto, a urbanização do topo irá piorar a situação do vale. Do ponto de
vista da ventilação, ruas paralelas às curvas de nível não são as mais recomendáveis.
(MASCARÓ, 2005, p. 21)
Considerando que a declividade possui uma forte influência na aceleração ou redução da
velocidade dos ventos, podendo desta forma causar danos às construções e vegetação local,
e tendo em vista que a topografia pode servir como um efeito de barreira física, este
indicador pretende analisar a porcentagem de área referente aos loteamentos que tem
influência na direção dos ventos. Esta análise será feita baseada na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 Alteração do vento com a declividade
Fonte: MASCARÓ (2005, p. 22)
i < 5 %
Tanto em aclive como em declive, não
tem influência na velocidade nem na
direção.
i < 50 %
Em aclive, a velocidade tende a aumentar.
Em declive, a velocidade diminui.
i > 50 %
O vento turbilhona, carecendo de uma
direção certa.
A partir dos dados coletados será feita uma análise da declividade do local através da
tabela 3.4.
Tabela 3.4 Forma de obtenção das áreas que influenciam nos ventos
Declividade Área Porcentagem
i < 5 % x x / (x+y+z)
5 < i < 50 % y y / (x+y+z)
i > 50 % z z / (x+y+z)
x+y+z
Realizados os levantamentos e os cálculos indicados será possível quantificar a
porcentagem da área local que influencia nos ventos.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 23
3.1.2 Declividade e escoamento superficial
Como o escoamento da água sofre alteração devido à declividade do terreno, e como
existem declividades ideais para que o escoamento não cause inundações nem erosão no
local, através deste indicador pretende-se levantar a porcentagem de área que possui
declividade ideal para ocorrer um bom escoamento pluvial.
A declividade tem grande influência no escoamento das águas superficiais, assim como em
relação aos sistemas de esgotos sanitários, drenagens profundas das águas pluviais e
trânsito da água potável (MOTA, 1981 apud BELINCANTA; DE ANGELIS NETO, 2006,
p. 21).
As declividades de nível médio são as consideradas ideais, pois são nessas declividades
que se tem o menor custo de urbanização; logo, as declividades ideais estão na faixa de 2%
a 8%. Declividades menores causam problemas de sedimentação por baixa velocidade nas
tubulações e as declividades maiores podem causar erosão no interior das mesmas, devido
a alta velocidade (MASCARÓ, 2005, p.23).
Como se pretende determinar com este indicador a porcentagem de áreas que possui
declividade ideal para ocorrer um bom escoamento pluvial, a análise será baseada na
Tabela 3.5, indicada para este cálculo.
Tabela 3.5 Escoamento de água em relação à declividade.
Fonte: MASCARÓ (2005, p. 23).
i < 2 %
O terreno natural alaga com inclinações
abaixo deste nível. Não se pode gramar.
i < 8 %
O terreno pode ser irrigado por aspersão.
A água que eventualmente fica em cima
da grama, escorrerá lentamente, sem
causar prejuízos.
i > 8 %
O terreno tem que ser protegido com uma
cobertura que pode ser vegetal.
Para tornar possível a quantificação das áreas com declividade ideal nos loteamentos em
estudo, pretende-se preencher a Tabela 3.6 com os dados levantados.
A aplicação desta tabela e a realização dos cálculos permitirá quantificar a porcentagem de
área que possui declividade ideal para o escoamento das águas.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 24
Tabela 3.6 Forma de obtenção das áreas que tem declividade ideal
Declividade Área Porcentagem
i < 2 % x x / (x+y+z)
2 < i < 8 % y y / (x+y+z)
i > 8 % z z / (x+y+z)
x+y+z
3.1.3 Declividade e circulação de pedestres
A fácil circulação dos pedestres está diretamente relacionada à declividade da área por
onde ele caminha pois, até a declividade de 7 %, os pedestres podem circular com muito
conforto. Assim, os pavimentos podem ser de baixo atrito, ou até mesmo, pode-se
caminhar pela grama sem problema nenhum, sem contar a facilidade com que os
deficientes podem circular com suas cadeiras de rodas (MASCARÓ, 2005, p. 24).
Entre a declividade 7% a 10 % os deficientes podem circular, mas a dificuldade vai
aumentando, enquanto que os pedestres circulam bem em caminhos rampeados até a
declividade de 13%, desde que o pavimento apresente atrito razoável. Entre 13 a 20 %, os
pedestres circulam, mas o atrito do pavimento deve ser muito forte. Desta forma, a
circulação não deve ser feita em rampas muito longas, já que são cansativas e perigosas.
Para que os pedestres circulem entre a declividade de 20 a 40 % é necessário tramos de
escadas interligados com patamares ou rampas. Nas declividades superiores a 40 %, para
que os pedestres possam circular com conforto, é necessário inclinar escadas ou rampas em
relação às curvas de nível, até diminuí-las a uma inclinação aceitável, ou seja, inferior a
40%.
A declividade afeta a circulação dos pedestres e por isso, os passeios devem possuir
fluidez, conforto e segurança. Assim, pretende-se com este indicador, determinar as
seguintes porcentagens: áreas onde os pedestres podem caminhar com conforto, áreas em
que deficientes circulam com dificuldade, áreas de caminhos com atrito, áreas onde são
necessárias rampas e onde são necessárias escadas. A quantificação será feita para que
então a análise possa ser feita baseada na Tabela 3.7.
Partindo destes dados, foi elaborada a Tabela 3.8, para que através dela seja possível a
obtenção destes valores. Desta forma é possível quantificar a porcentagem de calçadas que
transmitem conforto e segurança aos pedestres.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 25
Tabela 3.7 Circulação de pedestres em relação à declividade.
Fonte: MASCARÓ (2005, p. 24)
i < 7 %
Os pedestres circulam com muito conforto; os
pavimentos podem ser de baixo atrito ou,
inclusive, pela grama, sem problema nenhum.
Os deficientes circulam com suas cadeiras,
confortavelmente.
7 < i < 10 %
Os deficientes ainda podem circular, mas com
dificuldade crescente.
7 < i < 13 %
Os pedestres circulam bem em caminhos
rampeados, mas os pavimentos devem
apresentar atrito razoável.
13 < i < 20 %
Os pedestres ainda podem circular, mas os
pavimentos devem apresentar atrito muito
forte. A circulação não deve ser em rampas
muito longas, pois são cansativas e perigosas.
20 < i < 40 %
Para que pedestres circulem com estas
declividades, deve-se recorrer a tramos de
escadas intercalados com patamares ou
rampas.
i > 40 %
Para que os pedestres possam circular com
certo conforto, é necessário inclinar escadas ou
rampas em relação as curvas de nível, até
diminuí-las a uma inclinação nível aceitável
(40%)
Tabela 3.8 Forma de obtenção das calçadas que transmitem conforto e segurança
Declividade Ruas Porcentagem
i < 7% a a / (a+b+c+d+e+f)
7 < i < 10 % b b / (a+b+c+d+e+f)
10 < i < 13 % c c / (a+b+c+d+e+f)
13 < i < 20 % d d / (a+b+c+d+e+f)
20 < i < 40 % e e / (a+b+c+d+e+f)
i > 40 % f f / (a+b+c+d+e+f)
a+b+c+d+e+f
3.1.4 Declividade e aproveitamento do solo
Segundo Mascaró (2005, p. 23), os loteamentos com declividade de 2% ou menos são
locais que deverão ser evitados, pois haverá dificuldade de drenagem no local, mas podem
ser utilizados se forem pavimentados, pelo menos, parcialmente. Já os terrenos com
declividade de 2 a 7% são ideais para uso, pois tem-se a impressão de serem planos.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 26
Os terrenos com 8 a 15% de declividade servem com algumas restrições, sendo que na
situação atual, podem servir para atividades que não necessitem de construções, mas, se
essas forem necessárias, é importante providenciar cortes e aterros. As declividades entre
16 a 30% devem ser evitadas, devido ao fato de serem necessárias obras especiais para sua
utilização. Deve-se levar em consideração que um veículo carregado pode trafegar em
condições normais em rampas com até 18%. E inclinações maiores que 30% apresentam-se
inadequados para construções e precisam de obras especiais para sua estabilização.
Através deste indicador pretende-se calcular a porcentagem de área ocupada nestes
loteamentos e a porcentagem de áreas vazias em função da declividade. Então, para que
isso seja possível, os dados serão coletados e acrescidos na tabela 3.9 para que este
objetivo seja alcançado.
Tabela 3.9 Forma de obtenção da porcentagem de área ocupada e área vazia em função da
declividade
Declividade Área Ocupada Porcentagem Área Vazia Porcentagem
i < 2% a a / (a+b+c+d+e) f
f / (f+g+h+i+j)
2 < i < 8 % b b / (a+b+c+d+e) g
g / (f+g+h+i+j)
8 < i < 16 % c c / (a+b+c+d+e) h
h / (f+g+h+i+j)
16 < i < 30 % d d / (a+b+c+d+e) i
i / (f+g+h+i+j)
i > 30 % e e / (a+b+c+d+e) j
j / (f+g+h+i+j)
a+b+c+d+e f+g+h+i+j
Assim, com a execução da tabela será possível quantificar o percentual de área ocupada do
solo, bem como a área ainda não aproveitada em função da declividade.
3.1.5 Traçados urbanos e curvas de nível
De acordo com Mascaró (2005, p. 37),
O traçado urbano começa pela definição de avenidas, ruas e caminhos
para pedestres, necessários para tornar acessíveis as diferentes partes do
espaço a serem organizadas. Essas avenidas, ruas ou caminhos assumem
traçados e desenhos muito diferentes, conforme a topografia do local, as
características do usuário e o motivo pelo qual transita na rua.
Um aspecto importante a ser destacado é que se o traçado for feito sem ocorrer alterações
nas curvas de nível, a implantação será mais econômica, estável e agradável. Normalmente
os traçados se adaptam bem a terrenos planos ou de baixa declividade.
Todas as ruas deverão ter declividade, evitando-se o arruamento onde as ruas ficam quase
paralelas às curvas de nível. Mas se o terreno tiver uma forte declividade, deve-se evitar
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 27
também ruas perpendiculares às curvas de nível, pois as águas da chuva poderão atingir
altas velocidades, causando erosões nas ruas (MASCARÓ, 2005, p. 37).
Considerando-se a importância da escolha de um traçado urbano que tenha declividades
compatíveis com os usos bem como da mudança realizada no local através da implantação
dos loteamentos, o objetivo deste indicador é analisar as porcentagens de ruas com
declividades ótimas, ou seja, as ruas que possuem declividade adequada para o escoamento
pluvial no local, levando-se em consideração se houve ou não alteração na topografia.
Para que este valor seja quantificado, será utilizada a Tabela 3.10.
Tabela 3.10 Forma de obtenção das ruas com declividades ótimas
Declividade Ruas Porcentagem
i < 2 % x x / (x+y+z)
2 < i < 8 % y y / (x+y+z)
i > 8 % z z / (x+y+z)
x+y+z
Através da Tabela 3.10 será possível obter a quantificação pretendida.
3.2 MORADIA
Quando uma habitação é construída, a cidade também está sendo construída, não apenas do
ponto de vista morfológico, pois a casa está inserida em um lote, o qual se encontra
inserido numa quadra, e esta é delimitada por ruas que inscrevem o traçado urbano.
Considera-se os bairros ou áreas residenciais como partes decisivas da sua estrutura,
ligando-se às redes de infra-estrutura e assim, definindo o conteúdo e a forma de expansão.
Considera-se que a casa seja o “cus” privilegiado das atividades cotidianas de caráter
privado, sendo o oposto da vida pública que ocorre nas ruas, praças, parques e demais
lugares da cidade.
Para que essa separação, entre o ambiente íntimo da casa e a exposição e
publicidade que marcam os ambientes abertos da cidade, não se faça
bruscamente, são edificados espaços que realizam a transição entre
público e o privado, como varandas, pequenos jardins, soluções originais
de janelas, etc. (IAB e FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO, 1993,
p. 15).
Dessa forma, foram relacionados à moradia dois indicadores: um relacionado ao lote e
outro à casa. A seguir descrimina-se qual o objetivo do levantamento destes indicadores.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 28
3.2.1 O lote
Busca-se com este indicador, analisar a porcentagem de lotes que estão respeitando as
dimensões mínimas de moradia adequada em conformidade com a lei local, bem como a
forma que estes lotes possuem.
De acordo com Mascaró (2005, p. 53) as formas dos lotes são definidas “a priori” e com
uma espécie de princípio básico, com três características do ponto de vista geométrico: a
área da parcela, a relação de seus lados e o paralelismo de seus lados opostos. Estas três
características estão diretamente ligadas a um quarto fator, a topografia, que raramente é
levado em consideração.
Muitos loteadores privados minimizam a área da parcela para maximizar a quantidade de
parcelas e assim aumentar o rendimento econômico. Mas o custo dos loteamentos não é
formulado apenas em função da área do solo a ser loteada, mas é resultado da soma do
preço do solo com o custo das infra-estruturas.
Em alguns casos um dos termos pode ser mais importante que o outro, pois na medida em
que se aumenta a quantidade de parcelas, o custo do solo diminui. De forma similar, ao
mesmo tempo em que se aumenta a quantidade de parcelas por quilômetro de rede, o custo
da infra-estrutura diminui. A quantidade de infra-estrutura consumida em um loteamento
depende de dois fatores: a área e a testada da parcela.
Para se reduzir o custo da infra-estrutura por parcela, é importante que seja diminuída a
testada do lote, enquanto que a redução da profundidade quase não tem impacto nenhum
sobre os custos.
Logo, pode-se concluir que se o objetivo é baixar os custos com a urbanização, onde o
custo da infra-estrutura é significativo, deve-se buscar a diminuição das testadas dos lotes.
Para que as dimensões do lote sejam definidas da melhor forma, é importante que sejam
feitos “estudos de ocupação dos lotes em relação aos costumes da possível população-
alvo” (MASCARÓ. 2005, p. 57).
3.2.1.1 Lotes de formas regulares
De acordo com Mascaró (2005b, p. 58), “em terrenos planos, com declividades pequena e
homogênea, os lotes devem ser regulares” e, como já dito anteriormente, os lotes devem ter
a menor testada possível, reduzindo-se os custos de urbanização quando se busca por lotes
mais econômicos.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 29
Quanto ao seu aproveitamento, os lotes devem ser o mais quadrado possível, pois as casas
podem ser projetadas com mais liberdade e assim, oportunizar uma melhor orientação
solar.
Um critério importante para se definir as dimensões básicas dos lotes é a classe social, pois
para classes sociais mais baixas, o ideal seria testadas pequenas com fundos grandes, sendo
recomendado uma relação frente-fundo de 1:5 a 1:6 e áreas entre 125 e 200 m
2
. Para
classes altas e habitações coletivas recomenda-se a relação de 1:1 e 1:2, com áreas de 600 a
1600 m
2
.
3.2.1.2 Lotes de formas irregulares
Segundo Mascaró (2005, p. 59) existem propostas de se fazer lotes com lados não paralelos
e medidas de frente e fundo desiguais, com o objetivo de levar ao máximo a otimização
econômica dos lotes. Mas um dos problemas dessas propostas é que ambos os lados das
parcelas não são paralelos e tampouco perpendiculares à linha de frente, inviabilizando
determinados tipos de utilizações, revelando uma série de problemas de disposição das
casas.
A Figura 3.1 traz a proposta francesa para urbanizações de baixo custo no norte da África,
sendo que a mesma tem a virtude de aumentar a quantidade de lotes por quilômetro de
redes. Nela podemos constatar vários problemas, tais como:
9 As construções deverão ser dispostas isoladamente, encarecendo-as;
9 As construções não poderão ser apoiadas em nenhuma divisa, criando pequenos
espaços abertos nos lotes irregulares;
9 A metade das casas ficará perto do alinhamento enquanto a outra metade perto do
fundo, o que encarecerá as ligações de rede.
3.2.1.3 Lotes, quarteirões e ruas em terrenos acidentados
Em terrenos acidentados, quando da implantação de loteamentos, para se evitar grandes
cortes e aterros, as ruas não deverão ser totalmente retas e paralelas nem os cruzamentos
absolutamente ortogonais, resultando assim em quarteirões e lotes irregulares.
Como não existe norma rígida para casos deste tipo, existe um conjunto de critérios
básicos que os lotes deverão apresentar (MASCARÓ, 2005, p. 57):
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 30
Figura 3.1 Comparação de um loteamento convencional com a proposta francesa
Fonte: Mascaró (2005, p. 56)
9 Os seus quatro lados deixando de ser paralelos dois a dois e delimitando um
trapézio que permitirá a inscrição de um círculo de diâmetro pelo menos igual a
1,2 a testada mínima especificada para esse tipo de loteamento;
9 Não mais que quatro lados;
9 Perpendicularidade, pelo menos, na testada da frente e em um de seus lados;
9 Quando em forma trapezoidal, uma área mínima igual ou superior a 1,2 área
mínima especificada para os lotes de forma regular e se localizarão
preferencialmente nas esquinas do quarteirão.
Em relação às ruas, tem-se que:
9 Que as ruas principais e avenidas onde se prevê trânsito intenso tenham o seu
traçado o mais reto possível sendo feitos cortes e aterros quando não exista outra
alternativa;
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 31
9 Particularmente as de interiores dos bairros onde há frente de lotes residenciais,
que sejam traçadas acompanhando as curvas de nível, evitando-se cortes e aterros;
9 Que os cruzamentos sejam o mais perpendiculares que a topografia permita,
admitindo-se um ângulo mínimo de 60% entre elas.
Em relação aos quarteirões:
9 Que se evite os que sejam muito pequenos ou muito grandes. Admite-se como
normal, em terrenos acidentados, variações em 20% para mais ou para menos.
Assim, se forem especificados quarteirões de 10.000 m
2
será normal para terrenos
acidentados a existência de quarteirões de 8.000 a 12.000 m
2
;
9 Que se evite os muito compridos. Admite-se como limite máximo um lado com
comprimento de 150 a 160 metros.
Um outro aspecto a se levar em consideração para lotes irregulares é a presença de ruas
sem saída ou praças de retorno, como é verificado na Figura 3.2. Nesses casos, os melhores
lotes poderão ser os lotes trapezoidais, pois poderá ser colocado um número grande deles
ao redor da praça, dando vitalidade a mesma e criando assim espaços mais agradáveis.
Figura 3.2 Exemplos de ruas sem saída em Welwyn Garden City
Fonte: MASCARÓ (2005, p. 56)
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 32
3.2.1.4 Obtenção dos indicadores
Como este indicador pretende analisar a porcentagem de lotes que estão respeitando as
dimensões mínimas de moradia adequada em conformidade com a lei local que, de acordo
com a Lei nº 1.494, de 13 de novembro de 1984, determina que os lotes deverão ter área
mínima de 360 m
2
. Analisar-se-á a porcentagem de lotes que estão de acordo com a lei, ou
seja, que possuem ou são maiores que a área especificada como mínima, conforme a
Tabela 3.11.
Tabela 3.11 Forma de obtenção de lotes que possuem área superior a mínima
Área Lotes Porcentagem
> 360 x x / (x+y)
< 360 y y / (x+y)
x+y
Através deste indicador também será levantada a quantidade de lotes regulares e a
quantidade de lotes irregulares. A obtenção destes valores será feita através da Tabela 3.12.
Tabela 3.12 Forma de obtenção de lotes com formas regulares e formas irregulares
Forma Lotes Porcentagem
Regulares x x / (x+y)
Irregulares y y / (x+y)
x+y
3.2.2 A habitação
A casa é o local em que o homem desenvolve atividade onde quer que ele se fixe. Desta
forma, é necessário que nas habitações sejam oferecidas condições e oportunidades para
uma morada decente e digna, onde sejam satisfeitas as necessidades fisiológicas e
psicológicas dos moradores.
A idéia dominante, como no que se refere à própria habitação, é que tudo
que constitui o ambiente material da vida cotidiana influi sobre o
comportamento e participa assim da transformação progressiva da
natureza humana (KOPP, 1990, p. 56, 60 apud FOLZ, 2003, p. 41).
A edificação urbana que confere o caráter urbano às cidades, por abranger a maior parte da
superfície da cidade, é “destinada a proporcionar os locais de morada, de trabalho, de
estudo, de recreação, de reuniões e desempenhos multiformes” (PUPPI, 1981, p. 53).
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 33
Desta forma, a habitação e o contexto urbano são sistemas interligados e deveriam ser
considerados como interdependentes. Mas o que se observa no Brasil é que as cidades têm
crescido e com elas cresce também uma população com muita dificuldade em conseguir
uma habitação adequada (ABIKO, 1995, p. 5).
Na busca pela definição de habitação, de acordo com Abiko (1995, p. 12), tem-se uma
série de definições ligadas ao tema:
9 Habitação popular: termo genérico que define a solução de moradia voltada para a
população de baixa renda;
9 Habitação sub-normal: aquela que não oferece as condições mínimas de
segurança, durabilidade, tamanho, salubridade. Essas condições referem-se tanto
aos aspectos da construção (dimensionamento, número e disposição dos cômodos,
material, estrutura, etc.), quanto à carência e localização de sanitários, ausência de
água encanada, de ligação às redes de esgoto e energia elétrica;
9 Habitação para população de baixa renda: termo mais adequado que o anterior,
tendo a mesma conotação que habitação social. Este termo, no entanto traz a
necessidade de se definir a renda máxima das famílias e indivíduos situados nesta
faixa de atendimento;
9 Favela: definida como o conjunto de unidades domiciliares, construídas de
madeira, zinco, lata, papelão ou mesmo em alvenaria, distribuídas
desordenadamente em terrenos cuja propriedade individual do lote não é
legalizada para aqueles que os ocupam;
9 Casas precárias de periferia: são unidades executadas com técnicas rudimentares
pelos interessados ou eventualmente contratados, sem auxílio técnico
especializado, que sofrem ampliações e melhoramentos aos poucos. Os terrenos
pertencem aos moradores e geralmente estão localizados na periferia;
9 Cortiços: podem ser consideradas habitações de aluguel, precárias, localizadas na
cidade de maneira não uniforme, predominantemente nas áreas centrais. Enquanto
edificações, o cortiço é construído em alvenaria, normalmente insalubre,
apresentando quase sempre instalações elétricas e hidráulicas obsoletas e
deterioradas. As áreas livres externas e as áreas internas de circulação são comuns
a todos os moradores, que também se utilizam coletivamente de sanitários e de
tanques de lavar roupas. Os locais de dormir, do descanso, do preparo dos
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 34
alimentos e das refeições são normalmente cubículos mal iluminados e mal
ventilados. O congestionamento é uma característica marcante dos cortiços.
Levando-se em consideração essas definições, optou-se por analisar se as casas dos
loteamentos oferecem condições mínimas de segurança, durabilidade, tamanho e
salubridade. Desta forma, em relação ao aspecto da construção será analisado o material
utilizado na construção das casas e a quantidade de casas implantadas por lote. Em relação
ao acesso à água encanada, à ligação às redes de esgoto e energia elétrica, estes serão
analisados no tema saneamento ambiental e infra-estrutura urbana, mais adiante. A
obtenção deste indicador será feita através da Tabela 3.13.
Tabela 3.13 Forma de obtenção do material utilizado na construção das casas
Material Casas Porcentagem
Alvenaria x x / (x+y)
Madeira y y / (x+y)
x+y
Também será analisado neste indicador a quantidade de casas por lotes, desta forma, será
quantificado através da Tabela 3.14.
Tabela 3.14 Forma de obtenção da quantidade de casas por lote
Lotes Porcentagem
1 casa / lote a
a / (a+b+c+d+e)
2 casas / lote b
b / (a+b+c+d+e)
3 casas / lote c
c / (a+b+c+d+e)
1 casa / 2 lotes d
d / (a+b+c+d+e)
1 casa / 3 lotes e
e / (a+b+c+d+e)
a+b+c+d+e
3.3 SANEAMENTO AMBIENTAL
O saneamento ambiental está diretamente ligado à saúde da população local, ou seja, se
não existe saneamento básico no local, é fácil chegar a conclusão de que a população pode
ficar doente. Desta forma, o saneamento ambiental é um tema importante quando prima-se
por um desenvolvimento sustentável. Assim, busca-se com este tema analisar questões
ligadas à coleta do resíduo sólido urbano, destinação final do resíduo sólido urbano, acesso
ao sistema de abastecimento de água e acesso ao esgotamento sanitário. Como o
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 35
saneamento é um dos temas em dimensão ambiental levantados pelo IBGE, aqui serão
analisados quatro indicadores propostos pelo Instituto. A seguir explicita-se o que se
pretende conhecer através destes indicadores.
3.3.1 Acesso ao serviço de coleta dos resíduos sólidos domésticos
Uma das mais graves causas da poluição urbana é, sem dúvida, a quantidade de resíduos
que o próprio homem produz. No sentido etimológico, a palavra lixo quer dizer o que não
presta e sempre se joga fora, ou seja, imundice, sujeira, inutilidades, coisas indesejáveis.
Estas palavras sempre foram consideradas sinônimas de lixo o que, em parte, denuncia a
relação das pessoas com "os restos" oriundos da sua atitude de viver. O lixo é, portanto, a
expressão de uma sociedade. Sua composição e o tratamento recebido por parte da cidade
indicam o tipo de sistema sob o qual a população está submetida, reproduzindo a relação
desta com a natureza.
No passado, o lixo doméstico - um nome menos técnico para resíduos sólidos urbanos -
praticamente não constituía um problema. Como quase todos os objetos utilizados eram de
origem animal ou vegetal, eles se decompunham naturalmente regressando ao solo. Isso
acontecia devido à baixa densidade populacional, pois, quando os resíduos eram
acumulados, eram em menor quantidade e assim não causavam conseqüências graves.
Mas no decorrer do século passado o panorama foi alterado e através da tecnologia e da
ciência, passaram a existir novos materiais, passando a ser utilizados em largas escalas sem
analisar as conseqüências que os mesmos trariam em longo prazo.
Logo, deve-se buscar a minimização do resíduo gerado, contribuindo assim para a
proteção à saúde pública e à economia de recursos naturais.
Este indicador expressa a parcela da população atendida pelos serviços de coleta de
resíduos domésticos em um determinado território. Informações sobre a relação entre a
quantidade de resíduos produzidos bem como a quantidade de resíduos coletados são de
grande relevância, fornecendo um indicador que pode ser associado tanto à saúde da
população exposta quanto à proteção do ambiente, já que resíduos não coletados ou
dispostos em locais inadequados auxiliam na proliferação de vetores de doenças, bem
como contaminam, principalmente, o solo e corpos d’água.
As informações utilizadas são: população residente em domicílios particulares
permanentes e as distintas formas de coleta e destino do lixo, expressando, em percentuais,
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 36
a relação entre a população urbana atendida pelos serviços de coleta de lixo no total da
população urbana. Através da Tabela 3.15, busca-se chegar ao indicador em questão.
Tabela 3.15 Forma de obtenção população atendida pela coleta de resíduos sólidos
Coleta dos resíduos sólidos Casas Porcentagem
Casas atendidas x x / (x+y)
Casas não atendidas y y / (x+y)
x+y
3.3.2 Destinação final dos resíduos sólidos urbanos
Através deste indicador será apresentada a capacidade de fornecimento de um destino final
adequado ao resíduo coletado em um determinado território. O acesso ao serviço de coleta
de lixo está diretamente vinculado à proteção das condições de saúde, através do controle e
a redução de vetores, bem como das doenças relacionadas. A coleta do lixo nas áreas
beneficiadas traz melhorias para a qualidade ambiental do entorno, mas, sozinha não é
capaz de eliminar efeitos ambientais nocivos decorrentes da inadequada destinação do lixo,
tais como a poluição do solo e das águas através do chorume. Desta forma, o tratamento do
resíduo coletado é extremamente necessário para a preservação da qualidade ambiental e
da saúde da população.
Em conjunto com outras informações ambientais e sócio-econômicas, incluindo serviços
de abastecimento de água, saneamento ambiental, saúde, educação e renda, este é um bom
indicador de desenvolvimento humano. É importante tanto para a caracterização básica da
qualidade de vida da população residente em um território e das atividades usuárias dos
solos e das águas dos corpos receptores quanto para o acompanhamento das políticas
públicas de saneamento básico e ambiental.
Uma das formas de disposição e tratamento do resíduo bastante comum em muitas cidades
consiste em simplesmente lançar e amontoar o lixo em algum terreno baldio, dando origem
aos lixões. Mas este tipo de solução tem muitos problemas, tais como problema estético e
de saúde pública, por estimular a catação, bem como a poluição hídrica e atmosférica
(IBGE, 2002).
Uma alternativa seriam os aterros sanitários, onde o lixo é lançado sobre o terreno e
recoberto com solo do local, de forma a isolá-lo do ambiente, formando câmaras. Devido a
movimentação das máquinas de terraplenagem na execução dessas câmaras, o lixo é
compactado e seu volume reduzido.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 37
Mas se o aterro sanitário não for bem projetado poderá causar poluição do lençol freático
devido ao chorume liberado durante a biodegradação anaeróbia, bem como a poluição
atmosférica, causada pela liberação do gás metano produzido no mesmo processo, devendo
ser queimado ou até mesmo utilizado.
Outra desvantagem do aterro é a exigência de grandes áreas para sua construção, devendo
ser instalado em locais onde o entorno não seja prejudicado por inconvenientes ambientais
e paisagísticos que sua operação poderá trazer, tais como mau cheiro, tráfego de caminhões
de lixo e mau aspecto, dentre outros.
Existem também os aterros controlados, onde a disposição dos resíduos é feita da mesma
maneira que nos aterros comuns, porém os resíduos são cobertos com material inerte ou
terra, não existindo, contudo, nenhum critério de engenharia ou controle ambiental.
Outra solução pode ser a compostagem, que é um processo utilizado desde a remota
antiguidade pelos agricultores para produzir composto de restos agrícolas e utilizá-lo no
campo como condicionador de solo. Tem vantagem em relação aos aterros por ocupar uma
área menor para sua instalação e a reciclagem que propicia.
Por último tem-se a incineração como outra forma de tratamento do lixo, onde o lixo é
reduzido a cinzas e gases decorrentes de sua combustão. As cinzas podem ser dispostas em
áreas de dimensões reduzidas, sem causar inconvenientes, enquanto que as emissões
gasosas, produzidas durante o processo, podem ser lançadas à atmosfera, desde que sejam
utilizados equipamentos de combate à poluição.
Logo, todas estas soluções devem ser estudadas para cada local, levando-se em
consideração, além dos custos envolvidos, as características sócio-econômicas da região e
o custo ambiental envolvido buscando, desta forma, um desenvolvimento sustentável.
As variáveis utilizadas neste indicador são as quantidades de resíduo coletado por dia, que
recebe destino final considerado adequado, e a quantidade total de resíduo coletado
diariamente, expressas em toneladas/dia, como pode ser verificado na Eq. 3.1. Considera-
se um destino adequado para o resíduo a sua disposição final em aterros sanitários; sua
destinação a estações de triagem, reciclagem e compostagem; e sua incineração através de
equipamentos e procedimentos próprios para este fim. Por destino final inadequado
compreende-se seu lançamento, em bruto, em vazadouros a céu aberto, vazadouros em
áreas alagadas, locais não fixos e outros destinos, como a queima a céu aberto sem nenhum
tipo de equipamento. A disposição do lixo em aterros controlados também foi considerada
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 38
inadequada, principalmente pelo potencial poluidor representado pelo chorume que não é
controlado neste tipo de destino.
coletadosólidoresíduo
adequado final destino um recebem que sólidos resíduos
=Indicador
(Eq. 3.1)
Obtendo, assim, o valor do indicador referente à destinação final dos resíduos sólidos.
3.3.3 Acesso ao sistema de abastecimento de água
A finalidade do sistema de abastecimento de água é “o provimento a toda a população de
água aprazível aos sentidos e sanitariamente pura, bastante para todos os usos” (PUPPI,
1981, p. 215). Logo, a qualidade e a quantidade são as duas condições primordiais a serem
observadas. Mas só a água potável perfaz pré-determinados requisitos físicos, químicos e
bacteriológicos, ou seja, tem garantia higiênica, sendo oferecida à população para todos os
usos, até mesmo para casos onde a qualidade da água poderia ser inferior sem riscos
sanitários.
“As exigências de pureza são fixadas conforme o tipo de uso d’água” (MASCARÓ, 1989,
p. 91), sendo que a água destinada à bebida e alimentação possuem maior exigência de
qualidade, elevando o custo de potabilização. Para que a água seja transformada em
potável é necessária a existência de um sistema de abastecimento de água, o qual é
composto das seguintes partes (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005, pg. 103); (PUPPI,
1981, p. 228):
9 Captação – consiste em um conjunto de estruturas e dispositivos construídos ou
montados junto a um manancial para a captação de água destinada ao
abastecimento de água. A captação de água tem duas alternativas básicas: captação
de águas superficiais e captação de águas subterrâneas;
9 Adução – constituído pelo conjunto de peças especiais e obras de arte destinadas a
ligar as fontes de água bruta às estações de tratamento e estas aos reservatórios de
distribuição;
9 Recalque – trata-se da técnica que compreende o conjunto de edifícios, máquinas,
demais equipamentos e aparelhos necessários para a elevação de água de um ponto
para outro, ocorrendo quando o manancial ou o local mais prestável para a
captação estiver em nível inferior, não possibilitando o escoamento por gravidade;
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 39
9 Reservação – tem por finalidade assegurar uma reserva de água para combater
incêndios, fornecer água em casos de interrupção da adução e melhorar as
condições de pressão da água na rede de distribuição;
9 Tratamento – é destinado a adequar a água às condições necessárias ao consumo
quando a qualidade captada não é adequada, sendo dispendioso e só deverá ser
adotado quando demonstrada sua necessidade e sempre que a purificação seja
necessária;
9 Rede de distribuição – compõe-se de um conjunto de condutos colocados nas vias
públicas, junto aos edifícios, com a função de conduzir água aos prédios locais de
consumo público.
Neste indicador é apresentada a parcela da população com acesso adequado ao
abastecimento de água, pois o acesso à água tratada é fundamental para a melhoria das
condições de saúde e higiene. Em conjunto com outras informações ambientais e sócio-
econômicas, incluindo serviços de saneamento, saúde, educação e renda, é um indicador
universal de desenvolvimento sustentável, sendo importante para a caracterização básica
da qualidade de vida da população quanto ao acompanhamento das políticas públicas de
saneamento básico e ambiental.
As informações utilizadas são relativas à população residente em domicílios particulares
permanentes, que estão ligados à rede geral de abastecimento de água e ao conjunto de
moradores em domicílios particulares permanentes, como pode ser verificado na Eq. 3.2. A
relação entre os dois é expressa em porcentagem e discriminada pela situação do domicílio.
Como parte significativa da população é servida de água através de poço ou nascente, cuja
qualidade pode ou não ser satisfatória, neste indicador é considerado apenas o conjunto da
população que tem acesso à rede geral de abastecimento.
totalPopulação
água de ntoabastecime ao adequado acesso com População
=Indicador
(Eq. 3.2)
Realizados os cálculos será obtido o valor desejado, ou seja, a parcela da população com
acesso adequado ao serviço de fornecimento de água.
3.3.4 Acesso ao esgotamento sanitário
“Uma vez utilizada, a água distribuída à população se deteriora, tornando-se repulsiva aos
sentidos, imprestável mesmo a usos secundários e nocivos, em conseqüência da poluição e
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 40
da contaminação” (PUPPI, 1981, p. 242), Desta forma, o despejo do esgoto diretamente
nos rios pode causar um sério problema além da poluição, pois o esgoto consome o
oxigênio dissolvido da água, o qual é necessário para a vida da fauna e da flora
(MASCARÓ, 1991, p. 116).
Para melhorar a qualidade do esgoto e ocorrer o lançamento nos rios sem prejudicar a
fauna e a flora, existe a rede de esgoto sanitário, o qual compreende, geralmente, a rede de
canalizações, acessórios, órgãos complementares e dispositivos de tratamento dos esgotos
antes de seu lançamento no destino final (ZMITROWICZ; DE ANGELIS NETO, 1997, p.
11). Trata-se, portanto, de um complemento necessário ao sistema de abastecimento de
água, funcionando sob pressão atmosférica, em conduto livre e com vazão crescente, sendo
constituído de (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005, pg. 117):
9 Rede coletora de esgotos – tem como ponto inicial a instalação predial, constituída
de conjunto de aparelhos sanitários e a canalização que transporta o efluente
doméstico até o coletor predial;
9 Ligações prediais – tem por finalidade estabelecer a comunicação entre a
instalação predial de esgotos de um edifício e o sistema público correspondente;
9 Poços de visita – são dispositivos de inspeção construídos em pontos críticos ou
convenientes das canalizações (mudança de direção ou declividade) com a
finalidade de permitir a execução de trabalhos de manutenção e limpeza da
canalização;
9 Tanques fluxíveis – são dispositivos instalados em pontos da rede onde podem
ocorrer depósitos; eles provocam a lavagem do coletor e são usados apenas
quando não se é possível assegurar a declividade recomendada para os coletores;
9 Sifões invertidos – são canalizações rebaixadas, sob pressão, destinadas a
possibilitar a travessia de canais, obstáculos, valas;
9 Estações elevatórias – são indispensáveis em cidades ou áreas com pequena
declividade e onde for necessário bombear os esgotos até locais distantes;
9 Estação de tratamento – pode ser dividida em estações de tratamento de águas
residuárias convencionais (são instalações destinadas a eliminar os elementos
poluidores, permitindo que essas águas sejam lançadas nos corpos receptores
finais em condições adequadas) e lagoas de estabilização (lagoas de diversos
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 41
tamanhos e profundidade onde os efluentes ficam depositados e mantidos durante
vários dias, até ocorrer a digestão do esgoto pelas algas que ali se formam).
Mas nem sempre há possibilidade de se construir a rede de esgoto e uma estação de
tratamento, seja por falta de recursos econômicos bem como por falta de uma densidade
habitacional mínima. Desta forma, opta-se por outras alternativas, ou seja, as unidades
autônomas de depuração (MASCARÓ, 1991, pg. 156), as quais apresentam as seguintes
alternativas:
9 Fossa seca – trata-se de uma escavação cilíndrica ou prismática no solo, possuindo
uma laje com uma abertura central na sua cobertura, onde é permitida a passagem
de excrementos e uma casinha para dar privacidade ao usuário dela;
9 Privada “clivus” – trata-se de uma fossa seca com câmara dupla e fundo em
declive, sendo que os excretos humanos e os resíduos orgânicos são introduzidos
na câmara superior, descendo lentamente pela inclinação do fundo para a câmara
inferior, onde apodrece, podendo ser utilizado como adubo depois de um ou dois
anos;
9 Privada química – composta por uma bacia sanitária de aço inoxidável ou louça
vitrificada, a qual é instalada diretamente acima de um depósito metálico que
contém uma solução de soda cáustica;
9 Fossa séptica – é uma câmara fechada onde os esgotos domésticos são retidos por
certo período de tempo suficiente para que a maioria dos sólidos em suspensão se
sedimentem no fundo ou se acumulem na superfície, ficando retidos nela. Na fossa
séptica ocorre a proliferação de bactérias anaeróbias, que transformam a matéria
orgânica em gases e líquidos, pelo processo químico conhecido como digestão.
O indicador “acesso a esgotamento sanitário” trata da relação entre o contingente
populacional atendido por sistema de esgotamento sanitário e o conjunto da população
residente. A ausência ou deficiência dos serviços de esgotamento sanitário é fundamental
para a avaliação das condições de saúde, já que o acesso adequado a este sistema de
saneamento é essencial para o controle e a redução de doenças. Este é um indicador
universal de desenvolvimento sustentável, juntamente com informações ambientais e
sócio-econômicas e incluindo também outros serviços de saneamento, saúde, educação e
renda.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 42
Tem importância tanto para a caracterização básica da qualidade de vida da população
residente em um território quanto para o acompanhamento das políticas públicas de
saneamento básico e ambiental. As informações utilizadas são relativas à população
residente em domicílios particulares permanentes e às ligações existentes nestes domicílios
a algum tipo de esgotamento sanitário: rede coletora, fossa séptica e outros tipos. O
indicador expressa, em percentuais, a relação entre o total de população urbana que dispõe
de acesso adequado aos serviços de esgotamento sanitário pelo total da população urbana,
como pode ser verificado na Eq. 3.3.
totalPopulação
sanitário esgoto de sistema pelo atendida População
=Indicador
(Eq. 3.3)
3.4 INFRA-ESTRUTURA URBANA
Na busca pelo desenvolvimento sustentável urbano, a infra-estrutura tem um importante
papel, ou seja, ela é responsável em
[...] prover bens e serviços essenciais à melhoria da qualidade de vida da
população, viabilizando maior inclusão dos indivíduos nos circuitos de
produção, cidadania e consumo, para lhes proporcionar acesso equânime
às oportunidades no espaço nacional e internacional (BEZERRA;
RIBEIRO, 1999, p. 12 apud OTT, 2004, p.37).
Pode-se conceituar a infra-estrutura urbana como um sistema técnico de equipamentos e
serviços necessários ao desenvolvimento das funções urbanas, e segundo Zmitrowicz e De
Angelis Neto (1997, p.2), estas funções podem ser vista sob três aspectos:
Sob o aspecto social, a infra-estrutura urbana visa promover adequadas
condições de moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e segurança. Sob
o aspecto econômico, a infra-estrutura urbana deve propiciar o
desenvolvimento das atividades produtivas, isto é, a produção e
comercialização de bens e serviço. E sob o aspecto institucional, entende-
se que a infra-estrutura urbana deve proporcionar os meios necessários ao
desenvolvimento das atividades político-administrativas, entre os quais se
inclui a gerência da própria cidade.
Desta forma, pode-se concluir que a infra-estrutura é parte essencial das cidades. A seguir
será comentado a respeito dos quatro indicadores que serão analisados em relação a infra-
estrutura, que são rede de drenagem pluvial, rede de eletricidade e serviços de telefonia. Os
outros sistemas (abastecimento de água e esgoto) já foram comentados anteriormente, por
estarem inclusos no saneamento ambiental, e o sistema viário será comentado mais adiante,
por estar incluído no item transporte.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 43
3.4.1 Rede de drenagem pluvial
O sistema de drenagem pluvial tem como função “promover o adequado escoamento das
massas líquidas provenientes das chuvas que caem nas áreas urbanas, assegurando o
trânsito público e protegendo as edificações, bem como evitando os efeitos danosos das
inundações” (ZMITROWICZ; DE ANGELIS NETO, 1997, p. 07). No seu
dimensionamento deverá ser considerado o ciclo hidrológico do local, a topografia, a área
e a forma da bacia, sua cobertura e impermeabilização, bem como o traçado da rede.
Segundo Mascaró (1989, pg. 69) o sistema de drenagem de águas pluviais é constituído de
duas partes:
9 Ruas pavimentadas, incluindo as guias e sarjetas; e
9 Rede de tubulações e seus sistemas de captação.
“As ruas pavimentadas têm uma capacidade de vazão que permite a condução das águas
que deveriam ser aproveitadas” (MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005, pg. 81). Os elementos
das vias que participam da drenagem pluvial são:
9 Meios-fios – são elementos utilizados entre o passeio e o leito carroçável, paralelo
ao eixo da rua, geralmente de pedra ou concreto pré-moldado, formando um
conjunto com a sarjeta. A altura do meio-fio deve ser de aproximadamente 15 cm
em relação ao nível superior da sarjeta, pois se for maior, prejudica na abertura das
portas dos carros, e se menor diminui a capacidade de conduzir as águas pluviais;
9 Sarjetas – são faixas do leito das vias situadas junto ao meio-fio, formando canais
triangulares cuja finalidade é receber e dirigir as águas pluviais para o sistema de
captação. Deve ser dimensionado juntamente com o meio-fio em função da
declividade longitudinal e transversal da via, rugosidade e outros detalhes
construtivos;
9 Bocas-de-lobo – são caixas de captação das águas colocadas ao longo das sarjetas
com a finalidade de captar as águas pluviais em escoamento superficial e conduzi-
las ao interior das galerias. Existem três tipos de boca-de-lobo: sistema de
captação lateral, sistema de captação vertical e sistema de captação combinado,
vertical e lateral;
9 Condutos de ligação – são dutos que captam as águas numa boca-de-lobo e as
conduzem a uma caixa de ligação, a um poço de visita, ou ainda a outra boca-de-
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 44
lobo. Devem ser retilíneos e apresentar uma declividade, geralmente são
construídos em concreto pré-moldado;
9 Caixa de ligação – tem por função unir os condutos de ligação às galerias ou
conectar entre si condutos de ligação para reuni-los em um único. Não possui
entrada para limpeza, são quadrados e geralmente pouco utilizados devido ao
encarecimento da obra;
9 Poços de visita – são elementos do sistema que possibilitam o acesso aos condutos
para limpeza e inspeção. São necessários quando há mudança de direção ou
declividade na galeria, nas junções de galerias, nas extremidades de montante ou
quando ocorre mudança de diâmetro na galeria;
9 Galerias – são canalizações destinadas a receber as águas pluviais captadas na
superfície e encaminhá-las ao seu destino final.
Este indicador tem como objetivo determinar a porcentagem de ruas atendidas pela rede de
drenagem pluvial no local onde estão inseridos os loteamentos em estudo, será utilizada a
Eq.3.4 para que se obtenha o mesmo:
ruasdeTotal
pluvial drenagem com Ruas
=Indicador
(Eq. 3.4)
Através deste cálculo, será possível obter a porcentagem de ruas que possuem drenagem
pluvial.
3.4.2 Rede de eletricidade
Hoje em dia a energia é um componente incorporado às atividades cotidianas da população
urbana e, segundo Mascaró (1989, p. 120), o tamanho, morfologia e forma das cidades
ocorreu devido a generalização do uso da energia elétrica no fim do século XIX,
juntamente com outros fatores.
Um sistema elétrico de fornecimento, de acordo com Mascaró e Yoshinaga (2005, pg.
133), é.
[...] composto por um conjunto de elementos interligados que se
encarregam de captar energia primária, convertê-la em elétrica,
transportá-la até os centros consumidores e distribuí-la neles, onde é
consumida por usuários residenciais, comerciais, industriais, serviços
públicos, etc.
Pode-se dividir os sistemas elétricos nos seguintes subsistemas:
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 45
9 Geração – encontram-se em franca evolução e podem ser classificados da seguinte
forma: sistemas convencionais (centrais hidrelétricas, a vapor, com motores diesel,
com turbinas de gás e termonucleares), sistemas não convencionais (centrais
solares, eólicas e geotérmicas) e sistemas de desenvolvimento (centrais a pilha de
combustível, com células solares, pares termoelétricos e termiônicas). Acontece
uma forte tendência de se utilizar efetivamente os sistemas de geração de energia
que aproveitam energias alternativas ou renováveis, pelo baixo índice de
contaminação ao meio ambiente;
9 Transmissão – após ser gerada, a energia elétrica, na maioria das vezes, precisa ser
transportada à grandes distâncias, e para que a transmissão seja econômica, é
necessário primeiramente elevar sua tensão, já que a tensão produzida nas
máquinas geradoras é baixa; logo, as linhas de transmissão tem uma estação
elevadora no seu início e no final uma estação rebaixadora, pois a tensão deve ser
novamente rebaixada antes da distribuição;
9 Distribuição – pode-se dividir em dois grupos: linhas de distribuição primárias
(com tensões suficientemente baixas para operarem em vias públicas, e
suficientemente altas para assegurarem boa regulação) e linhas de distribuição
secundárias (operam com as tensões mais baixas do sistema e seu comprimento
não excede 200 a 300 m). As linhas de transmissão podem ter o seu
posicionamento aéreo ou subterrâneo, sendo que as linhas aéreas são mais
econômicas, pois as subterrâneas chegam a custar 3 a 4 vezes mais. As
subterrâneas só são indicadas quando a poluição visual é bastante elevada e ocorre
um grande perigo nas áreas densamente povoadas. Mas as linhas subterrâneas têm
algumas vantagens como: melhor serviço, por não estar sujeita aos agentes
atmosféricos; menos perigo, devido a queda da linha de transmissão aérea ser
bastante comum; e ausência de poluição visual. E para finalizar, existem as
ligações prediais, o que têm por finalidade estabelecer comunicação entre a rede
de distribuição e a instalação elétrica dos prédios (MASCARÓ, 1989, p. 137).
Devido ao fato do sistema elétrico ser composto de vários elementos interligados tendo
como destino final as residências ou comércios, pretende-se determinar, através deste
indicador, a porcentagem de lotes no local que contam com o serviço de energia elétrica, e
para isso será utilizado a Eq.3.5 para obtê-lo.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 46
lotesdeTotal
deeletricida de rede possuem que Lotes
=Indicador
(Eq. 3.5)
Efetuados os cálculos a partir das informações coletadas pela instituição responsável pelo
fornecimento e também na coleta de dados em campo, será possível chegar ao indicador
esperado.
3.4.3 Acesso aos serviços de telefonia
A rede de telefonia juntamente com a rede de televisão à cabo compreendem o sistema de
comunicações, um dos sistemas que mais se desenvolve atualmente. “Depois do acelerado
processo de “encurtamento” de distâncias via aumento da velocidade de transporte
(melhoria das vias e mais potência dos veículos), chega à vez de “diminuir” o mundo,
melhorando drasticamente a comunicação” (ZMITROWICZ; ANGELIS NETO, 1997, p.
15).
As redes que compõe este sistema (cabeamento e fios) seguem especificações similares ao
sistema energético, ou seja, de energia elétrica, e as conexões são feitas por condutores
metálicos, principalmente de fibras óticas, cabos terrestres ou submarinos e satélites.
Este indicador apresenta a relação do contingente populacional que desfruta dos serviços
de telefonia e a população total de um território, em determinado período, sendo mais usual
na determinação do nível de desenvolvimento em que se encontra o setor de
telecomunicações no País. Os serviços de telefonia proporcionam o contato, a troca de
informações e a obtenção de serviços entre a população, entre empresas, entre áreas
urbanas e rurais, entre países e entre regiões desenvolvidas e em atraso. À medida que os
serviços relacionados a este setor crescem, pode-se verificar uma redução das necessidades
de transporte, ocasionando efeitos favoráveis ao meio ambiente, principalmente em áreas
urbanas densamente povoadas. Constitui-se também num meio bastante eficaz na
promoção de movimentos culturais que permitam elevar o grau de conscientização em
questões relevantes para o desenvolvimento sustentável do planeta.
O objetivo deste indicador é apresentar a relação do contingente populacional que desfruta
dos serviços de telefonia e a população total de um território. Desta forma, as informações
utilizadas são: o número de acessos (linhas) ao serviço telefônico fixo comutado (STFC), o
número de acessos (linhas) ao serviço móvel celular e o contingente populacional total da
área considerada. Como pode ser verificado nas Eqs. 3.6 e 3.7.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 47
totalPopulação
fixo o telefônicserviço ao acessos de Número
=Indicador
(Eq. 3.6)
totalPopulação
móvel o telefônicserviço ao acessos de Número
=Indicador
(Eq. 3.7)
A razão entre os acessos e a população total é expressa na base de 1.000 habitantes.
3.5 TRANSPORTE
Para Zmitrowicz e De Angelis Neto (1997, pg. 05), “o sistema viário é considerado o mais
delicado, por ser um subsistema caro, que ocupa grande parcela do solo, difícil de
readequar ao aumento da demanda e mais ligado aos usuários, por conduzir pessoas.” Na
sua implantação o sistema viário urbano deve-se amoldar à configuração topográfica, tendo
em vista:
9 A possibilidade de deslocamentos fáceis e rápidos;
9 As condições técnicas e econômicas para a instalação dos equipamentos
necessários;
9 A constituição racional dos espaços; e
9 A limitação da superfície viária, tendo esta por objetivo garantir o aproveitamento
necessário da área.
“O perfil de via atual privilegia os veículos automotores em detrimento aos pedestres,
embora deva ser previsto, em algumas destas vias, o tráfego de veículos e pedestres”
(ZMITROWICZ; DE ANGELIS NETO, 1997, p. 07). Segundo Mascaró e Yoshinaga
(2005, pg. 59), as vias urbanas atuais são constituídas de duas partes diferenciadas por
causa da função que elas desempenham:
9 O leito carroçável, o qual é destinado ao trânsito de veículos, bem como, ao
escoamento das águas pluviais através do conjunto meio-fio – sarjeta até a boca-
de-lobo, e desta então, para a galeria pluvial;
9 Os passeios ou calçadas, adjacentes ou não ao leito carroçável, são limitados pelo
conjunto meio-fio – sarjeta e é destinado ao trânsito de pedestres.
Mas existe ainda uma terceira tipologia, a ciclovia, a qual é destinada ao trânsito de
bicicletas, que tem função de proteger o trânsito destes veículos ao mesmo tempo em que
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 48
os remove da pista de automóveis (ZMITROWICZ; ANGELIS NETO, 1997, p. 07), como
pode ser observado na Figura 3.3.
Figura 3.3 Partes constituintes do sistema viário
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, adaptado pela Autora
Através deste tema, pretende-se analisar fatores que influenciam no transporte da
população local, ou seja, se os loteamentos em estudo oferecem vias de fluxo com
segurança. Outro fator a ser analisado neste tema é se a população local está tendo acesso
ao transporte público, já que o mesmo ajuda a reduzir poluentes atmosféricos, contribuindo
assim, na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Relacionado ao tema transportes, serão analisados 4 indicadores: o leito carroçável, os
passeios, as ciclovias e o acesso ao transporte coletivo no local. A seguir descrimina-se
separadamente o que cada indicador pretende analisar.
3.5.1 Leito carroçável
O leito carroçável faz parte do sistema viário, o qual é considerado um dos elementos mais
caros na implantação de loteamentos urbanos e, através deste indicador, pretende-se
determinar a porcentagem de ruas que são pavimentadas bem como a porcentagem de ruas
que não são pavimentadas.
Em relação ao leito carroçável, durante a sua execução, o mesmo deve atender algumas
exigências, que segundo Mascaró e Yoshinaga (2005, pg. 64) são as seguintes:
9 Alta resistência às cargas verticais e horizontais, ao desgaste e à impermeabilidade
para evitar deterioração da base;
9 Baixa resistência à circulação dos veículos para diminuir o consumo de
combustível;
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 49
9 Facilidade de conservação;
9 Alto coeficiente de atrito para permitir boa frenagem, inclusive sob chuva e geada;
9 Baixa sonoridade para não aumentar excessivamente o ruído urbano;
9 Cor adequada para que motoristas e pedestres tenham uma boa viabilidade, mesmo
à noite ou com nevoeiro.
Na classificação dos tipos de leito carroçável, pode-se encontrar diferentes tipos
(MASCARÓ; YOSHINAGA, 2005, pg. 67):
9 Pavimentos flexíveis: conhecidos geralmente como asfálticos por ser elaborado a
partir da mistura de agregados e cimento asfáltico, indicados para a maioria dos
projetos de pavimentação, amoldam-se a deformações do subleito sem
necessariamente sofrerem ruptura. São bastante econômicos, mas não devem ser
usados onde as cargas concentram-se nos mesmos lugares;
9 Pavimentos semiflexíveis: geralmente formados por blocos de concreto (travados
ou não) ou paralelepípedos de pedra (granito ou rochas de alta resistência). São
adequados em vias ainda não servidas por melhoramentos públicos, como rede de
água, esgoto e energia, por permitirem maiores facilidades de remoção e
reaproveitamento;
9 Pavimentos rígidos: conhecidos vulgarmente como de concreto, normalmente são
constituídos de uma laje de concreto de cimento portland, sem armação. São
geralmente utilizados em projetos destinados a suportar grandes cargas, intenso
tráfego ou ainda em terrenos de baixa capacidade de suporte.
Através deste indicador pretende-se determinar a porcentagem de ruas que são asfaltadas,
bem como o percentual de ruas que não possuem asfalto. Estes valores serão obtidos
através da tabela 3.16.
Tabela 3.16 Forma de obtenção da quantidade de ruas asfaltadas e ruas não asfaltadas
Ruas Porcentagem
Asfaltadas x x / (x+y)
Não asfaltadas y y / (x+y)
x+y
Com o preenchimento desta tabela, serão obtidos os valores referentes ao indicador em
estudo.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 50
3.5.2 Passeios
Em relação aos passeios, Santos (1988, p. 98) os descreve como:
[...] um elemento urbanístico muito útil. Grande parte do lazer coletivo se
dá no passeio, lugar ótimo para crianças brincarem sob as vistas da mãe,
para adolescentes namorarem, para velhos tomarem sol, para os vizinhos
baterem papo... Na realidade, a maioria das calçadas é mais utilizada do
que a maiorias das praças, por várias razões: estão mais à mão, são
melhores vigiadas, são mais familiares. A calçada acaba funcionando
como verdadeira praça linear, com uma vantagem extra para o poder
público: é hábito brasileiro que cada um cuide do trecho em frente à sua
casa. A conservação e a limpeza se tornam muito mais simples.
Gold (2003, p. 11) atribui a qualidade da calçada para pedestres considerando-se
principalmente 3 fatores: fluidez, conforto e segurança. Uma calçada com fluidez apresenta
largura e espaço livre compatíveis com os fluxos de pedestres, que conseguem andar com
velocidade constante.
Uma calçada com conforto apresenta um piso liso e antiderrapante, mesmo quando
molhado. O piso é quase horizontal, com declividade transversal para escoamento de águas
pluviais de não mais de 2%. Não há obstáculos dentro do espaço livre ocupado pelos
pedestres. Uma calçada segura não oferece aos pedestres nenhum perigo de queda ou
tropeço.
De acordo com o material utilizado nas vias para pedestres, os ladrilhos cerâmicos são
indicados apenas para passeios internos aos lotes, devido ao fato de possuírem baixo
coeficiente de atrito quando molhados, tornando-se então escorregadios (MASCARÓ,
2005b, p. 63). Para passeios públicos laterais às ruas, o material mais indicado são os
ladrilhos hidráulicos de cimento (mosaico), pelo fato da sua execução ser rápida.
O objetivo deste indicador é determinar a quantidade de lotes que possuem e os que não
possuem calçadas em condições de uso adequado para os pedestres se deslocarem sem
precisar recorrer à rua. Para que este valor seja obtido será realizado o levantamento
usando a Tabela 3.17.
Tabela 3.17 Forma de obtenção da quantidade de lotes que possuem calçadas
Lotes Porcentagem
Com calçada x x / (x+y)
Sem calçada y y / (x+y)
x+y
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 51
Através deste levantamento, será possível obter o valor referente aos loteamentos em
estudo em relação ao item passeio.
3.5.3 Vias cicláveis
Em cidades planas a população acaba se utilizando da bicicleta para se locomover,
possibilitando assim o deslocamento de forma rápida e ambientalmente correta, e
contribuindo para a saúde da população que se utiliza desse meio de transporte. Pretende-
se determinar se os loteamentos em estudo são atendidos com ciclovias, já que a ciclovia
acaba sendo um local mais seguro para os ciclistas se deslocarem.
De acordo com Mascaró (2005, p. 92), são quatros os tipos básicos de ciclovia:
9 Alargamento de vias veiculares – o qual consiste no tráfego compartilhado de
veículos motorizados e biciclos leves. No caso de tráfego sem separação de faixas,
pode-se adotar alargamento mínimo de 1,50m, sendo que o alargamento total de
uma faixa para 3,90 m, mesmo sem separação física, já permite circulação de
veículos leves;
9 Ciclo faixa – é separada das outras faixas de tráfego por uma linha pintada no
pavimento, apresentando assim uma faixa exclusiva para tráfego de biciclos leves.
Quando o tráfego motorizado for ao mesmo sentido, a largura total deverá ser de
2,00 m, podendo ser reduzida em até 1,00 m no caso de trechos curtos ou sobre
obras de arte, sendo que a limitação deve ser pintada no solo com a largura de
0,30m, clara e forte;
9 Ciclovia – é uma faixa de tráfego exclusiva para a circulação de biciclos leves,
sendo separada fisicamente das faixas de tráfego motorizado, podendo ser
unidirecional ou bidirecional. Para ciclovia unidirecional recomenda-se largura de
2,00 m, e para o canteiro separador a largura mínima de 0,60 m, podendo ser
substituído por pinturas no solo. Já para ciclovia bidirecional recomenda-se uma
largura mínima de 3,00 m, podendo ser reduzida até 2,50 m; deve haver também
uma linha de delimitação dos dois fluxos;
9 Ciclovia independente quando a ciclovia é totalmente separada do sistema viário
existente.
Para se chegar à porcentagem de áreas destinadas à ciclovias no local, será utilizada a
Tabela 3.18.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 52
Tabela 3.18 Forma de obtenção da quantidade de ruas com ciclovia
Ruas Porcentagem
Com ciclovia x x / (x+y)
Sem ciclovia y y / (x+y)
x+y
Assim poderá ser quantificado o indicador em questão.
3.5.4 Acesso ao transporte público
O grau de desenvolvimento de uma sociedade está diretamente ligado ao grau de
sofisticação do seu sistema de transporte. Desta forma, o sistema de transporte é de
extrema importância no desenvolvimento da humanidade (SETTI, 1994, p. 1). A
Engenharia de Transportes estuda os sistemas de transportes, a qual é definida pelo ITE
(Institute of Transportation Engineers, 1991, p. A-30 apud SETTI, 1994, p. 2) como
[...] sendo a aplicação de princípios tecnológicos e científicos ao
planejamento, projeto funcional, operação, administração e
gerenciamento de instalações para qualquer modo de transporte de forma
que permita a movimentação de pessoas e bens de modo seguro, rápido,
confortável, conveniente e econômico com um mínimo de interferência
com o ambiente natural.
O transporte coletivo é um dos meios de transportes que menos prejudica o meio ambiente,
por deslocar várias pessoas ao mesmo tempo, reduzindo desta forma a poluição que seria
produzida se todos os passageiros se deslocassem com seus próprios veículos. Mas não
basta apenas que as cidades possuam transporte coletivo: ele deve atender a todas as áreas
da cidade e possuir trajetos rápidos e de fácil acesso.
De acordo com Rodrigues (1986, p. 93), “de todas as restrições à acessibilidade aos
centros, a mais danosa é sem dúvida a relativa aos transportes coletivos e públicos”, por
causa do desconforto causado aos usuários, juntamente com a dificuldade de acesso. Desta
forma, leva as pessoas a optarem pelo deslocamento em veículos privados,
sobrecarregando o trânsito e contribuindo para a poluição atmosférica do meio.
Como o transporte público contribui na redução de veículos particulares em circulação, e
considerando que se trata de um ponto importante na busca pelo desenvolvimento
sustentável, através deste indicador pretende-se determinar se a população local tem acesso
a este serviço, o que será levantado através Eq. 3.8.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 53
totalPopulação
coletivo e transporto utilizam que pessoas de Número
=Indicador
(Eq. 3.8)
Desta forma poderá se obter o valor referente a este indicador.
3.6 SERVIÇOS PÚBLICOS
O serviço público está subordinado ao coletivo, ou seja, é de interesse maior que o
interesse de cada cidadão sendo, desta forma, bastante diferente dos serviços prestados
pelas empresas privadas (CONSUMIDOR BRASIL, 2007). Logo, é o Estado que define e
estabelece quais serão os serviços de utilidade pública, sendo então prestados diretamente
pela estrutura oficial ou delegados a terceiros.
Neste item será comentado sobre dois serviços públicos de extrema importância para a
sociedade, a saúde e a educação, mas deixando claro desde já, que o objetivo nesse
trabalho não é discutir a qualidade destes serviços e sim o fácil acesso da população dos
loteamentos aos mesmos.
O fácil acesso aos serviços públicos é uma questão importante a ser levada em
consideração. Assim, através deste tema, busca-se analisar o acesso à saúde e à educação,
ou seja, se os loteamentos estão inseridos no raio considerado adequado de atendimento
para a população da região local.
3.6.1 Acesso à saúde
De acordo com o Art. 2º, da Lei nº 8.080 “a saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”.
Ainda nesta lei, chegando ao Art. 3º, pode-se verificar que a saúde não é determinada
sozinha,
A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros,
a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a
organização social e econômica do País.
De acordo com Lima (2004, p. 102), “os níveis de saúde da população, de alguma forma,
expressam a organização social e econômica da sociedade ou do país”; por isso, a saúde é
fator crucial quando se discute sobre a qualidade de vida da população.
Este indicador expressa o acesso da população aos serviços e equipamentos básicos de
saúde. Mesmo com os avanços nas condições de saúde em muitos países, expressos através
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 54
da redução das taxas de mortalidade e aumento da expectativa de vida, ainda há um imenso
desafio a ser enfrentado na área da saúde. O acesso universal a equipamentos e serviços
médicos de qualidade trata da condição para a conquista e manutenção de um elevado
padrão de saúde, considerado pré-requisito para o desenvolvimento.
Nesse indicador será analisado se o loteamento está dentro de um raio considerado bom em
relação aos estabelecimentos de saúde, possibilitando que a população possa ter realmente
acesso fácil à saúde.
Baseado nos dados de Puppi (1981, p. 303), tem-se que o raio de influência (metade do
distanciamento médio entre as unidades), com o centro de saúde para uma população de
10.000 habitantes e densidade demográfica de 100 hab/ha, é de 560 a 600 m; para 200
hab/ha o raio de influência é de 400 m; para uma população de 20.000 habitantes, com
densidade demográfica de 100 hab/ha o raio de influência é de 800 m; e para 200 hab/ha é
de 560 a 600 m.
3.6.2 Acesso à educação
Segundo a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 1o, no § 1º, tem-se que “Esta Lei
disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino,
em instituições próprias”. E, de acordo com Lima (2004, p. 94), os equipamentos urbanos
voltados a educação escolar
[...] devem priorizar alguns padrões urbanísticos para atender bem aos
fins que se destinam. Pode-se citar: as creches e escolas para Ensino
Fundamental (pré-escolar à 8ª série) devem localizar-se em áreas de
moradia, evitar movimento e poluição de qualquer natureza e estar perto
ou apresentar áreas verdes para esporte e recreação.
Para as instituições de cursos superiores ou de formação profissional se recomenda uma
maior segregação, dando condições de ambiente saudável e tranqüilo, bem como bastante
espaço para estas (PUPPI, 19981, p. 121).
Através deste indicador, pretende-se determinar se a população da região dos loteamentos
está tendo acesso fácil à educação, ou seja, se este espaço está inserido dentro do raio de
atendimento próximo das escolas, dando assim facilidade para a população chegar até a
escola, não precisando se deslocar por uma grande distância.
Segundo Puppi (1981, p. 302), o raio de influência de jardins de infância é de 250 m para
densidade demográfica de 100 hab/ha; para 200 hab/ha, o raio é de 180 m. Quando tratar-
se de escolas elementares (grupos escolares) e densidade demográfica de 100 hab/ha,
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Aplicados a Loteamentos Urbanos 55
sugere um raio de 500 m; já para 200 hab/ha, 350m. E por fim, as Escolas Secundárias
(ginásios ou colégios, oficinas ou oficializados) para a densidade demográfica de 100
hab/ha, o raio de incidência deve ser de 850 m, enquanto que para 200 hab/ha o raio é de
600 m.
Como será analisada a distância existente entre os loteamentos e as instituições de ensino
infantil, médio e superior mais próxima, a Tabela 5.19 servirá de auxilio no levantamento,
e posteriormente na análise do raio de atendimento das instituições existentes na cidade.
Tabela 3.19 Forma de quantificar a distância entre os loteamentos e as instituições de ensino
Distâncias aceitáveis Instituições de
Ensino
Distâncias
existentes
100 hab/ha 200 hab/ha
Educação Infantil 250 m 180 m
Ensino Médio 500 m 350 m
Ensino Superior 850 m 600 m
3.7 LAZER
Com a transformação, nas últimas décadas, das cidades em cidades industriais onde a
população é regulada pelo relógio, o lazer foi relegado, priorizando os sistemas produtivos
e a produção (LIMA, 2004, p. 97). O lazer passou a fazer parte das atividades banais,
associado ao conceito de ociosidade improdutiva devido a importância dada ao trabalho.
O lazer já consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos desde 1948 (NUCCI,
2001 apud LIMA, 2004, p. 98): “Artigo XXIV - todo homem tem direito a repouso e lazer,
incluindo a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas”.
O lazer pode ser feito em diversos locais tais como cinemas, igrejas e teatros, entre outros,
mas este item tem como objetivo principal analisar o que o loteamento dispõe para que sua
população desfrute do lazer, e desta forma, pode ocorrer em locais com praças e áreas
verdes, já que são partes integrantes dos decretos de liberação dos loteamentos os espaços
destinados para estes fins.
3.7.1 Praças e áreas verdes
A cultura atual ao lazer doméstico (TV, computador), a insegurança e o novo urbanismo
são fatores que deram outras qualificações e significações sociais à praça, alterando o seu
valor, surgindo espaços degradados e marginalizados com muita freqüência, que exigem
56
atenção extra do poder público e da comunidade para sua valorização e aceitação enquanto
espaço público.
Apesar da conotação muitas vezes negativa, a importância das praças enquanto espaço
público se faz cada vez mais premente, tendo em vista que com o advento da sociedade
pós-industrial o ócio das pessoas tende a aumentar, aliado ao aumento da longevidade,
prolongando o tempo de vida da população aposentada. A sociedade deve aprender a
utilizar este tempo livre para seu bem-estar, tornando-se imprescindíveis áreas atrativas,
destinadas a encontros fortuitos ou programadas, onde a tranqüilidade e a aprazibilidade
sejam asseguradas.
Quanto maior a área verde em uma cidade e quanto mais arborizadas suas ruas, maior o
conforto ambiental dos seus habitantes. Uma boa quantidade de árvores protege do calor,
melhora a defesa contra poluentes atmosféricos e o barulho, contribui na absorção das
águas pluviais e decora a cidade irrompendo por entre o edificado.
Para Troppmair e Galina (1989, p. 138) “as áreas verdes desempenham um papel
importante no mosaico urbano, porque constituem em espaço encravado no sistema
urbano, cujas condições ecológicas mais se aproximam das condições normais da
natureza”.
As áreas verdes não devem ser encaradas como corpos estranhos de uma cidade, mas
devem ser vistas como importantes elementos integrantes e participantes da estrutura e da
dinâmica urbana.
De acordo com Puppi (1981, p. 301), os dados referentes às zonas verdes urbanas em
relação aos jardins públicos infantis é de 1 m
2
por habitante, ou 6 a 9 m
2
por criança de
idade não escolar e pessoa idosa, possuindo capacidade para 5.000 a 10.000 habitantes.
Jardins públicos juvenis e parques intra-urbanos devem ter de 4 a 5 m
2
por habitante nas
cidades pré-existentes, e 8 a 9 m
2
por habitante nas cidades ou centros urbanos de
formação nova.
Este indicador pretende determinar a porcentagem de área existente nos loteamentos com
praças e áreas verdes, conforme a Eq. 3.10.
totalÁre
a
verdesáreas e praças com Área
=Indicador
(Eq. 3.9)
4 LOTEAMENTOS AVALIADOS EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON
O município de Marechal Cândido Rondon localiza-se na região do extremo oeste do
Estado do Paraná, entre as coordenadas 24º 26’ e 24º 46’ de latitude sul e 53º 57’ e 54º 22’
de longitude oeste (PFLUCK, 2002, p. 7) e possui uma área de 748 km
2
(IBGE, 2007). O
mesmo faz divisa com os municípios de Nova Santa Rosa a nordeste, Quatro Pontes e
Toledo ao leste, Ouro Verde do Oeste a sudeste, São José das Palmeiras e Pato Bragado ao
sul, República do Paraguai (Lago de Itaipu) ao oeste e Mercedes ao noroeste. A Figura 4.1
apresenta a localização de Marechal Cândido Rondon.
Mal. Cdo Rondon
Mercedes
Nova Sta Rosa
Quatro P ontes
Toledo
Ouro Verde
do Oeste
São José
das Palmeiras
Entre Rios
do Oeste
Pato
Bragado
PA RAGUAY
N
Sede
Para
Municípios
Microrregiões
Mesorregião
Legenda
PARAN
Á
:
Marechal Cândido Rondon
Figura 4.1 Localização de Marechal Cândido Rondon
Fonte: PFLUCK (2002)
Segundo PFLUCK (2002, p. 10), o plano piloto do município está localizado entre as cotas
400 e 424 metros de altitude.
Quando da colonização de Marechal Cândido Rondon ao final da década de 1940, as
características do relevo foram um fator preponderante. Os colonos adquiriram as terras
justamente por se tratar de terras planas, pois a topografia da região apresenta um relevo
predominante suave-ondulado, sendo que destes, 15% é relevo plano, 45% tem
características de um relevo suave-ondulado, 30% relevo ondulado e 10% um relevo forte
ondulado, de acordo com Weirich (2004, p.87).
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 58
4.1 A COLONIZAÇÃO DA CIDADE
O Oeste do Paraná, até meados de 1930, permanecia à margem da economia e da
sociedade brasileiras, pois a ocupação do espaço no Brasil, durante séculos, era restrita a
uma pequena faixa do litoral, com raras e pequenas ocupações do solo do interior. Apenas
quando a integração territorial nacional sofria ameaças, como no caso da Guerra do
Paraguai, o interior do país recebia atenção. Assim também ocorreu com a região Oeste
Paranaense, que na sua constituição e na sua articulação regional faz parte da Região
Platina, conforme relato do professor Valdir Gregory (2002, p. 88):
As emancipações políticas e a constituição dos estados nacionais da
Bacia do Prata, durante o século XIX, expuseram por um lado, o extremo
Oeste do atual Estado do Paraná às disputas fronteiriças entre o Brasil, a
Argentina e o Paraguai. Por outro lado, a navegabilidade dos rios da
região possibilitou a exploração imperialista do final do século passado e
da inicio deste. No caso do Oeste do Paraná houve concessões de terra,
empreendimentos multinacionais e uma sistemática exploração das
riquezas naturais. O mesmo ocorria no território argentino e no território
paraguaio. Os empreendimentos e suas ações exploratórias, produtivas e
comerciais não obedeciam a limites de fronteiras nacionais.
Este período foi propício para as atividades de exploração e de comércio, cujos vínculos
econômicos eram estabelecidos com a Argentina e com a Inglaterra, através da Bacia do
Prata. Somente a partir de 1930 foi iniciada a ocupação da região por população brasileira,
estabelecendo-se vínculos com o mercado nacional e com o mercado internacional da
agroindústria e do agrobusiness.
Na década de 1930 famílias oriundas das fazendas dos Campos Gerais chegaram ao Oeste
do Paraná, onde passaram a cultivar lavouras de subsistência. No período 1943/45
madeireiros de outras regiões implantaram as primeiras serrarias com objetivos comerciais.
Ao final da década de 40 tem início uma forte migração para o Oeste do Paraná em
decorrência das conjunturas nacional e mundial, que possibilitaram condições objetivas
para a ocupação e a colonização da região. Visando a rápida colonização, a venda de terras
foi realizada tendo por base a pequena propriedade familiar, priorizando colonos
descendentes de europeus do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, de acordo com Sander
(2005, p. 8).
Os planos de ação das empresas colonizadoras e madeireiras que atuaram na região
demonstravam preocupações com o elemento humano, com a pequena propriedade, com a
policultura e com a industrialização. A seleção dos agricultores indicava a busca de
colonizadores no sul do Brasil, ou seja, descendentes de alemães, italianos e de outros
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 59
imigrantes que já tinham experiência com o trabalho agrícola colonial na pequena
propriedade. Desta forma, o espaço teria sua estrutura fundiária, estradas e núcleos
populacionais de acordo com a experiência do espaço colonial das antigas colônias do sul.
As áreas se destinariam à agricultura e à criação para o consumo familiar e para o mercado.
Assim, em 1946 foi desencadeado o processo de colonização do Município pela
Colonizadora Rio Paraná S.A. – Maripá – através da compra da Fazenda Britânia, a qual
foi dividida em colônias, chácaras e lotes urbanos.
A companhia teve um retorno rápido do investimento realizado na região através da
exploração madeireira e venda dos lotes. Foram organizados núcleos urbanos tais como
Zona Bonita / General Rondon, que recebeu os primeiros moradores em março de 1950.
No decorrer da década de 50 a economia do distrito General Rondon era baseada na
exploração madeireira e policultura mercantil de subsistência. Sob a administração de
Willy Barth esta colonizadora dividiu glebas em áreas de 10 a 12 alqueires paulistas
3
e
procurou assentar os colonos de acordo com sua região de origem e religião, formando
núcleos de colonização bastante dinâmicos.
Os migrantes, oriundos principalmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina,
adquiriram suas áreas diretamente da Colonizadora Maripá. A população local no período
de colonização era composta basicamente por descendentes de europeus, sendo a maioria
de origem alemã, totalizando 95%, e apenas 5% de famílias italianas e luso-brasileiras, de
acordo com Tischer (2005, pg. 7).
O centro do espaço urbano de Marechal Cândido Rondon foi implantado com ângulos
retos, caracterizando-se
[...] como um tabuleiro de xadrez, com avenidas (Rio Grande do Sul e
Maripá) com 30 m de largura, ruas de 20 m de largura, quadras medindo
100x100 m, num total de 299 quadras, subdivididas em doze lotes
urbanos cada. Esta vila teve, portanto, 3.543 lotes urbanos, ou seja,
50,3% dos lotes urbanos da fazenda da Maripá. Nos núcleos urbanos,
entre eles General Rondon, empregou-se o método planialtimétrico de
levantamento o que leva à determinação da área desejada, independente
do relevo (PFLUCK, 2002, pg. 44).
A década de 60 foi caracterizada pelo desmatamento e ocupação realizados pelos
proprietários da maior parte das propriedades rurais, os quais estabeleceram as suas
3
Um alqueire paulista corresponde a 24.200 m
2
.
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 60
residências e instalações que a pequena propriedade exigia, resultando num crescimento
acelerado de toda a região.
E, em 25 de julho de 1960, o governador Moisés Lupion, através da Lei Estadual nº 4.025,
criou o Município de Marechal Cândido Rondon, desmembrando-se dos municípios de
Toledo e Foz do Iguaçu. Foi instalado em 02 de Dezembro de 1960, sendo administrado
pelo Senhor Ari Branco da Rosa até que o primeiro prefeito eleito, Senhor Arlindo Alberto
Lamb, tomasse posse em 1962. A partir de 1968 o Município, por estar localizado em área
de fronteira, passa a pertencer à Área de Segurança Nacional, sendo os seus prefeitos
indicados pelo Governador do Estado até 1985, quando novamente o prefeito passa a ser
escolhido pela própria população, através do voto direto.
Devido à modernização agrícola, dada pela entrada de máquinas e insumos que
incentivaram a monocultura de exportação caracterizado pelo binômio trigo-soja, surgiram
algumas desvantagens para a região, tais como o surgimento de problemas ambientais,
compactação do solo, processos erosivos e assoreamentos, poluição do solo, da água, do ar
e a contaminação de pessoas, plantas e animais.
Em 1982 Marechal Cândido Rondon teve sua área territorial reduzida por causa do
represamento do Rio Paraná para a construção da Hidrelétrica Itaipu Binacional, perdendo
17,78% do seu território. Convém destacar que as terras ocupadas pelo Lago Itaipu são
classificadas entre as mais férteis do mundo.
Estas perdas de território têm um significado bem abrangente, considerando-se a produção
interrompida, a evasão populacional e seus reflexos no decréscimo da receita e diminuição
da capacidade de investimentos dos municípios atingidos. Também ocorreram perdas de
infra-estrutura e equipamentos tais como estradas, redes de transmissão de energia, escolas,
hospitais, templos, sedes de órgãos públicos, residências, sedes de clubes sociais e
recreativos, campos de futebol, bem como investimentos feitos na terra para torná-la
produtiva.
A população atingida buscou um novo espaço transferindo-se para o espaço urbano em
busca de novas oportunidades, iniciando-se neste período a implantação de loteamentos,
promovendo assim a expansão da cidade sede do Município de Marechal Cândido Rondon,
com a formação de bairros.
Em 1978 ocorreu a implantação do Bairro Ana Paula, proposto pela Imobiliária Bier Ltda,
que através deste loteamento procedeu a expansão da cidade sede do Município, sendo um
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 61
dos primeiros bairros acrescentados ao traçado original. Sua implantação respeitou o
traçado original do espaço urbano, completando assim o “tabuleiro de xadrez”
originalmente proposto.
Quando da implantação deste bairro destinou-se área para a construção da Escola do Bairro
bem como área para a comunidade, onde foi edificado um pavilhão social e um campo de
futebol, administrados pela Associação de Moradores do Bairro Ana Paula.
4.2 OS LOTEAMENTOS
Na seqüência alguns loteamentos foram implantados no Bairro Ana Paula, compreendendo
o Jardim Paineiras, Loteamento Neumeister, Grupo Amazônia, Condomínio Araucária e
Residencial Vitória, loteamentos estes que serão analisados. A Figura 4.2 apresenta a
localização dos loteamentos em estudo na cidade de Marechal Cândido Rondon.
Figura 4.2 Localização dos loteamentos em estudo
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 62
No final da década de 80 o Município experimentou uma fase de crescimento urbano
acelerado, havendo considerável déficit de moradias. Uma das alternativas encontrada pela
iniciativa privada para possibilitar o acesso à habitação foi a formação de grupos com o
objetivo de aquisição de terrenos para os seus componentes, denominados condomínios.
De acordo com os critérios estabelecidos em estatuto próprio, buscava-se uma área
apropriada para a implantação de um loteamento que atendesse às necessidades do grupo.
O tamanho dos lotes e a largura das ruas eram diferenciados em relação ao traçado original
da cidade para atender a demanda de um maior número de beneficiários. Os loteamentos
foram dispensados da destinação de área para a implantação de bens públicos.
4.2.1 Grupo Amazônia
Antes da implantação, o local de estudo possuía apenas chácaras e poucas ruas suburbanas,
como pode ser verificado na Figura 4.3.
Figura 4.3 Perímetro suburbano antes da implantação dos loteamentos
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 63
O Grupo Amazônia foi o primeiro a implantar seu condomínio na área, em 1990. Mas
somente sob a Lei nº 2.808 (anexo 8.1), de 10 de maio de 1993, a Prefeitura Municipal de
Marechal Cândido Rondon - PR, autorizou manter como área rural parte da chácara nº
112/113 da sede municipal, com área de 10.000,00 m
2
, dispensando assim a
obrigatoriedade de passar pelo processo de loteamento, previsto na Lei nº 1.494, de 13 de
novembro de 1984.
O loteamento começou a ser implantado no local antes da autorização da Prefeitura, já que
a administração da época não concordou com a liberação. Com a mudança das autoridades
municipais foi sancionada a Lei nº 2.808/1993 liberando o Grupo Amazônia como
loteamento, autorizando também que parte da área das chácaras 112 e 113 permaneçam
como área rural, dispensando o processo de loteamento, não impondo nenhuma exigência
para a implantação do mesmo. Desta forma, o traçado local é implantado sem seguir o
traçado original da cidade. A Figura 4.4 ilustra a implantação do Grupo Amazônia.
Figura 4.4 Implantação do Grupo Amazônia
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 64
4.2.2 Condomínio Araucária
O processo de implantação de loteamentos em forma de condomínio tem continuidade e,
de acordo com a Lei nº 2.833 (anexo 8.2), de 19 de agosto de 1993, sancionada pela
Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, parte da chácara nº 115/116/A/B,
localizada na sede municipal, com área total de 27.280,00 m
2
, torna-se urbanizável,
aprovando desta forma o loteamento denominado “Condomínio Araucária”.
Ainda segundo a Lei citada anteriormente, os proprietários ficaram isentos do
cumprimento da Lei Municipal nº 1.494, de 13 de novembro de 1984, que dispõe sobre
loteamentos, permanecendo em vigor todos os demais dispositivos da citada legislação. Na
Figura 4.5 pode ser verificado a implantação do Condomínio Araucária.
Figura 4.5 Implantação do Condomínio Araucária
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
E assim dois loteamentos são implantados no local de estudo sem nenhuma exigência,
ocupando desta forma a área local, determinando quadras e ruas, sem dar seqüência ao
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 65
traçado original já implantado, embora sua localização seja bem próxima ao centro
distando apenas 600 metros da avenida principal da cidade, a Avenida Rio Grande do Sul.
4.2.3 Jardim Paineiras
Três anos mais tarde através da Lei nº 3.040 (anexo 8.3), de 27 de maio de 1996,
sancionada pela Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, foi autorizado o
desmembramento de parte das chácaras nºs 109 e 110, com 5.066 m
2
e 7.000 m
2
respectivamente, dispensando a obrigatoriedade de passar pelo processo de loteamento
previsto na Lei nº 1.494, de 13 de novembro de 1984. A figura 4.6 demonstra como ficou a
área em estudo após a implantação deste loteamento.
Figura 4.6 Implantação do Jardim Paineiras
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
Como este loteamento foi implantado no local mais próximo do traçado original e os
loteamentos implantados anteriormente não influenciaram este local, o mesmo foi
implantado seguindo o traçado original da cidade, já que estava inserido próximo aos
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 66
limites da área que delimita o centro da cidade. Mas como foi dispensado do processo de
loteamento, só foram abertas ruas, não sendo implantada nenhuma infra-estrutura no local.
4.2.4 Residencial Vitória
Apenas em 1998, com o decreto nº 060/98 (anexo 8.4), de 18 de agosto de 1998, é
aprovado o loteamento da chácara nº117, denominado então de “Ura”, sendo exigido o
cumprimento das exigências da Lei Complementar nº 007, de 23 de julho de 1996,
cedendo desta forma, à título gratuito, para a Prefeitura Municipal de Marechal Cândido
Rondon, a área de 11.809,24 m
2
, destinada à passagem de ruas no citado loteamento, e
ainda a área de 3.355,60 m
2
relativas aos lotes nºs 1 a 5 da quadra nº 7, e os lotes nºs 1, 2 e
3 da quadra nº 9, da planta em aprovação, destinada para equipamentos urbanos e
comunitários e para praças e áreas verdes.
O requerente assinou também um termo de compromisso no qual caucionou os lotes nºs 1 a
6 da quadra nº 5, num total de 2.800m
2
, como garantia de execução, dentro do prazo de um
ano, dos serviços de “implantação das redes de distribuição de energia elétrica pública e
domiciliar e de abastecimento de água”, “abertura, terraplanagem e recobrimento primário
ou encascalhamento dos logradouros públicos” e “arborização dos logradouros públicos”
(obras de infra-estrutura), conforme previstos na Lei Complementar nº 007.
No entanto, o empresário responsável pela implantação deste loteamento não efetuou a
infra-estrutura necessária, procedendo a venda de terrenos sem que houvesse acesso à rede
de energia e água, tendo sido realizada apenas a abertura das ruas demarcadas. Os
proprietários dos terrenos precisaram mobilizar-se para que a implantação dessa infra-
estrutura fosse autorizada.
De acordo com o decreto nº 091/2004 (anexo 8.6), de 08 de setembro de 2004, ficam
alterados os dispositivos do decreto nº 060/98, de 10 de agosto de 1998, com relação à
denominação do Loteamento Ura, o qual passa a ser denominado de Residencial Vitória,
permanecendo em vigor os demais artigos e determinações.
Como pode ser verificado no mapa da Prefeitura, Figura 4.7, as quadras locais não são
numeradas, impossibilitando a identificação dos lotes reservados aos equipamentos
urbanos e comunitários, praças e áreas verdes, bem como quais os lotes caucionados como
garantia da implantação dos serviços previstos na Lei Complementar nº 007.
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 67
Figura 4.7 Implantação do Residencial Vitória
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
Com a rede de energia elétrica implantada pela COPEL e a rede de abastecimento de água
implantada pela SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), bem como a abertura das
ruas devido à implantação dos loteamentos anteriores, faltava apenas que o requerente
fizesse a implantação de ruas internas do loteamento com recobrimento primário ou
encascalhamento e arborização dos logradouros públicos (obras de infra-estrutura). Mas
estas implantações não foram realizadas, podendo ser observada ainda hoje a falta de
arborização no local. Na rua principal do loteamento, a Rua Independência, que serve de
via de acesso do centro com o Anel Viário, o qual é a ligação para os distritos de
Margarida e São Roque, a Prefeitura Municipal colocou no ano de 2006 pedras irregulares.
Desta forma, os lotes caucionados deveriam ser da Prefeitura Municipal devido ao não
cumprimento do termo de compromisso pelo requerente do loteamento, o que não ocorreu,
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 68
já que as quadras que possuem 6 lotes possuem casas construídas, e da única quadra com 6
lotes que não possui nenhuma construção, os lotes estão à venda.
4.2.5 Loteamento Neumeister
Finalizando a implantação dos 5 loteamentos, o Decreto nº 110/2002 (anexo 8.5), de 22 de
outubro de 2002, da Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, aprova o
loteamento da chácara nº 111, situado na sede municipal desta cidade, denominando-o
“Neumeister”, com uma área total de 25.866,00 m
2
.
No decreto está estabelecido que no loteamento as diretrizes de arruamento são fornecidas
pela Prefeitura, e cumprindo as exigências da Lei Complementar nº 007, de 23 de julho de
1996, é cedido e transferido, a título gratuito para a Prefeitura Municipal, a área de
6.935,70 m
2
, destinada à passagem de ruas, e ainda a área total de 5.834,40 m
2
, relativa ao
lote urbano nº 01 da quadra nº 04, com 1.914,30 m
2
à reserva de mananciais. Com 3.920,10
m
2
, da planta em aprovação, é destinada para equipamentos urbanos e comunitários, como
praças e áreas verdes e/ou proteção de águas correntes (Sanga Arapongas).
De acordo com a Lei complementar nº 007, de 23 de julho de 1996, os requerentes assinam
Termo de Compromisso, caucionando os lotes nº 01 da quadra nº 01 e nº 02 da quadra nº
04 do loteamento em aprovação, com área total de 4.181,20 m
2
, como garantia de
execução, dentro do prazo de um ano, dos serviços de “abertura, terraplanagem e
cascalhamento de vias públicas”, “demarcação de quadras, lotes, logradouros públicos e
áreas destinadas a equipamentos urbanos e comunitários”, “colocação de meios-fios e
sarjetas”, “sistema de drenagem de águas pluviais (galerias)”, “rede de abastecimento de
água”, “rede de energia elétrica pública”, “iluminação pública” e “arborização dos
logradouros públicos” (obras mínimas de infra-estrutura).
Como pode ser verificado na Figura 4.8, as ruas deste loteamento tiveram a interferência
da implantação do Grupo Amazônia, primeiro loteamento implantado, já que as ruas
precisavam acompanhar aquele traçado já existente.
Na Figura 4.8 verifica-se também que as quadras seguem a numeração já existente do
Grupo Amazônia, acrescentando apenas a quadra nº 04, sendo que a demarcação dos lotes
desta quadra não consta no mapa da Prefeitura. Existe atualmente nesta quadra uma casa
implantada e outra sendo construída restando desta forma, dois lotes, dos quais num deverá
ser implantado praça ou áreas verdes pela Prefeitura, e no outro deveria ser caucionado
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 69
pela mesma, já que a implantação de galerias pluviais, meio-fio e sarjetas bem como da
pedra irregular foram implantados pela Prefeitura apenas em 2006.
Figura 4.8 Implantação do Loteamento Neumeister
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela autora
Além do estudo dos decretos de liberação dos loteamentos, foi realizada também uma
análise do Plano Diretor da cidade para saber como esta matéria é tratada, ou seja, se a
liberação dos loteamentos em estudo está em acordo com a lei local.
4.3 PLANO DIRETOR EM MARECHAL CÂNDIDO RONDON
Como toda cidade do Paraná deve ter seu próprio Plano Diretor, Marechal Cândido
Rondon, em 23 de julho de 1996, através da Lei Complementar Nº.005, instituiu o plano
em vigor, o qual estabeleceu diretrizes para as ações de planejamento do Município,
tornando-se então um parâmetro para as decisões do desenvolvimento local, juntamente
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 70
com algumas Leis Complementares que foram inseridas no mesmo. Como este Plano
Diretor já completou 10 anos, está sendo refeito de forma participativa pela Administração,
porém ainda na fase inicial.
A intenção deste trabalho não é analisar o Plano Diretor local e sim o que existe no
município sobre loteamentos bem como os diferentes níveis da sociedade para que sejam
sustentáveis. De acordo com a Lei nº 1.494, de 13 de novembro de 1984 da Prefeitura
Municipal de Marechal Cândido Rondon, que dispõe sobre loteamentos e dá outras
providências, encontra-se a seguinte definição para loteamento:
Entende-se, por loteamento urbano, ou para fins urbanos, a subdivisão da
área em lotes destinados a edificações de qualquer natureza, desde que se
realize de acordo com os projetos urbanísticos regularmente aprovados
pelo poder competente.
Mas na Lei Complementar nº 007 de 23 de julho de 1996 da Prefeitura Municipal de
Marechal Cândido Rondon referente ao parcelamento do solo, no Art. 4
o
, inciso I, lê-se que
“loteamento: é a subdivisão de gleba em lotes para fins urbanos, com abertura de novos
logradouros públicos, prolongamento, modificação ou ampliação dos existentes”.
Se o foco em ambas as definições é dada à subdivisão da área em lotes, na primeira
definição obrigando que deverá ser realizado de acordo com os projetos urbanísticos
aprovados, na segunda, de acordo com o Art. 8 da lei complementar nº 007 citada
anteriormente, o requerente apresentará à Prefeitura Municipal como projeto definitivo,
contendo:
I. planta das diretrizes e/ou modificações indicadas pela Prefeitura;
II. planta geral do loteamento com topografia indicada por curvas de
nível de metro em metro, na escala de 1:1.000 (um para mil), em
cinco vias, indicando:
a. sistema viário do loteamento com posição de alinhamentos
e meios-fios, respeitando-se os gabaritos mínimos
estabelecidos na Lei do Sistema Viário;
b. subdivisão das quadras em lotes;
c. espaços abertos de uso público e áreas destinadas a
equipamentos urbanos e comunitários;
d. faixas de domínio, servidões e outras restrições impostas
pela legislação municipal, estadual ou federal;
e. indicação do norte verdadeiro;
f. demais elementos necessários à perfeita e completa
elucidação do projeto.
III. perfis transversais e longitudinais das vias;
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 71
IV. memorial descritivo e justificativo do projeto contendo a relação
das ruas, quadras, lotes, áreas de uso público, inclusive as que
passarão para o patrimônio municipal;
V. anteprojeto das obras de infra-estrutura que o interessado deverá
executar, devidamente aprovado pelos órgãos competentes, em
duas vias;
VI. cronograma de execução das obras.
Ainda, o Art. 9, Parágrafo 3º, obriga que os projetos aprovados tenham prazo de validade
de 01 (um) ano para o início das obras, findo o qual deverão ser reapresentados à Prefeitura
Municipal para um novo exame. Constata-se, aqui, uma das falhas na lei municipal, pois
exige apenas a divisão do lote, a localização do sistema viário e a posição de meios-fios.
De acordo com Ferrari (2004, p. 212) a lei de loteamento é definida como:
Instrumento legal de controle urbanístico que regulamenta a divisão dos
espaços delimitados pelas vias projetadas em parcelas edificáveis de
terreno, chamadas de lotes urbanos. [...] A lei de loteamento, como a lei
de edificação, é de exclusiva competência municipal, ressalvada a
competência do Estado (assuntos sanitários) e da União (normas gerais)
naquilo que lhes compete, de modo complementar ou exclusivo. Note-se
que as leis sanitárias, em tudo que não se refira especificamente a
assuntos de salubridade do terreno, não podem sobrepor-se às leis
municipais. A forma e a largura das vias, por exemplo, são da
competência exclusiva do Município e não do Estado.
É evidente que a Lei nº 1.494, de 13 de novembro de 1984 de Marechal Cândido Rondon é
pouco específica, deixando muitas questões em aberto, questões estas importantes quando
se busca um desenvolvimento sustentável. Mesmo que muito tenha sido falado
ultimamente sobre cidades sustentáveis, se os municípios não implantarem leis que prezem
por isso, torna-se difícil alcançar cidades sustentáveis, bem como loteamentos sustentáveis.
De acordo com Ott (2004, p. 34), a Agenda 21 possui alguns programas ligados a
assentamentos humanos, onde prevê o que os mesmos deveriam possuir
[...] habitação digna, melhoria no manejo das cidades, a promoção do
planejamento sustentável para o uso da terra, integrar a infra-estrutura
ambiental: água, saneamento, drenagem e correto manejo dos resíduos
sólidos, sistemas sustentáveis de energia e transportes, planejamento e
manejo de assentamentos em áreas de risco, atividades sustentáveis na
indústria da construção, capacitação e desenvolvimento dos recursos
humanos e institucionais.
Rolnik (2001 apud LIMA, 2004, p.29) considera que o Estatuto das Cidades é uma
garantia legal para os brasileiros urbanos, ou seja, 80% da população, pois através dele é
assegurado o direito a cidades sustentáveis, com eficaz distribuição da infra-estrutura e da
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 72
função social da cidade, conforme o que está estabelecido no Art. 2, inciso I, do Estatuto
das Cidades (BRASIL, 2001), onde os cidadãos têm:
“garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para
as presentes e futuras gerações”.
Como pode ser observado, tanto a Agenda 21 quanto o Estatuto das Cidades, abordam de
forma muito clara quais são os direitos da população para que possam morar em locais
sustentáveis. Porém, não adianta estes direitos existirem nestas instâncias se cabe aos
municípios a decisão sobre autorização e a exigência do cumprimento das mesmas, sendo
que as autoridades responsáveis nem sempre prezam pela garantia destes direitos.
Como a lei local é bastante falha e a idéia é analisar se a população no local tem garantia
do direito à cidade sustentável conforme citado no Art. 2 do Estatuto das Cidades, serão
selecionados indicadores que permitam analisar se a população local está realmente tendo
direito “à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao
transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer”, ou seja, se a falta de
planejamento local interferiu ou não no direito da população local à cidade sustentável.
4.4 CARACTERIZAÇÃO IN LOCO DOS LOTEAMENTOS EM ESTUDO
Quando se realiza uma visita “in loco” pelos loteamentos em estudo pode-se perceber que
existem algumas residências construídas, estabelecimentos comerciais, uma igreja,
residências em construção e vazios urbanos. Na Tabela 4.1, tem-se a quantificação dos
cinco loteamentos em estudo.
Tabela 4.1 Detalhamento de ocupação dos lotes
Lotes Construções
Residencial Construído
137 154
Residencial em Construção
10 10
Estabelecimentos Comerciais
3 3
Vazios Urbanos
79 0
Igreja
2 1
TOTAL
231 168
Não existe distinção entre os loteamentos, o que os torna um conjunto. O Jardim Paineiras
é o primeiro loteamento que se encontra na direção centro - loteamentos em estudo. Este
diferencia-se dos demais por ser o mais próximo do centro, pois a Rua Tocantins marca a
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 73
divisa entre o loteamento e o centro da cidade. Possui traçado igual ao traçado padrão da
cidade, sendo assim uma continuidade do traçado original. Quatro de suas ruas são
pavimentadas por pedra irregular, e outras três não são pavimentadas, não possuindo
asfalto, fato que o diferencia do centro da cidade e o torna um conjunto com os outros
loteamentos. Neste loteamento existem 42 lotes, sendo que 30 lotes estão sendo ocupados,
como pode ser verificado na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 Detalhamento de ocupação do Jardim Paineiras
Lotes Construções
Residencial Construído
30 39
Residencial em Construção
0 0
Estabelecimentos Comerciais
1 1
Vazios Urbanos
9 0
Igreja
2 1
TOTAL
42 41
Continuando a visita encontra-se o Loteamento Neumeister. Existem cinco ruas
pavimentadas com pedra irregular e duas ruas sem pavimentação. Três quadras deste
loteamento completam quadras do Grupo Amazônia, dando a impressão de ser apenas um.
Neste loteamento existem 25 lotes, sendo que apenas 14 lotes estão ocupados ou possuem
casas em construção, como pode ser verificado na Tabela 4.3.
Tabela 4.3 Detalhamento de ocupação do Loteamento Neumeister
Lotes Construções
Residencial Construído
12 12
Residencial em Construção
2 2
Estabelecimentos Comerciais
0 0
Vazios Urbanos
11 0
Igreja
0 0
TOTAL
25 14
Logo a frente encontra-se o Grupo Amazônia, o primeiro loteamento implantado no local.
Todas as suas quadras possuem lotes do Grupo Amazônia e de outro loteamento, pois estas
são divididas entre os Loteamentos Neumeister ou Condomínio Araucária,
respectivamente. Todas as ruas são pavimentadas com pedra irregular. Durante a pesquisa,
quando a população era questionada em qual loteamento residiam, alguns moradores nem
sabiam que pertenciam ao Grupo Amazônia, informando que em algumas contas de água
e/ou energia consta como endereço Grupo Amazônia e em outras Condomínio Araucária.
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 74
Este loteamento é o que possui maior número de lotes entre os cinco, num total de 64, e
também o que mais tem edificações, num total de 54 construções, como pode ser
verificado na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 Detalhamento de ocupação do Grupo Amazônia
Lotes Construções
Residencial Construído
51 52
Residencial em Construção
1 1
Estabelecimentos Comerciais
1 1
Vazios Urbanos
11 0
Igreja
0 0
TOTAL
64 54
A partir do centro, à direita e na continuidade do Grupo Amazônia encontra-se o
Condomínio Araucária, liberado no mesmo ano que o Grupo Amazônia. Possui seis
quadras, sendo que duas destas são divididas entre o Condomínio Araucária e o Grupo
Amazônia. Oito de suas ruas são pavimentadas com pedra irregular, enquanto que três
delas não são pavimentadas. Na Travessa Rio Bonito, entre as quadras 3 e 6, encontra-se a
maior declividade de todos os loteamentos. Na Tabela 4.5 pode-se verificar que se trata do
segundo loteamento com mais construções, enquanto que é o terceiro loteamento com
maior número de lotes.
Tabela 4.5 Detalhamento de ocupação do Condomínio Araucária
Lotes Construções
Residencial Construído
35 40
Residencial em Construção
2 2
Estabelecimentos Comerciais
0 0
Vazios Urbanos
11 0
Igreja
0 0
TOTAL
48 42
Seguindo do centro em direção aos loteamentos em estudo, à esquerda do Grupo Amazônia
encontra-se o Residencial Vitória. Segundo loteamento emmero de lotes é também o
loteamento com maior número de lotes vazios. Efetuando uma comparação: das 10 casas
em construção nos cinco loteamentos em estudo, 5 localizam-se neste loteamento, como
pode ser verificado na Tabela 4.6. Trata-se do loteamento que mais está crescendo, pois a
pouco tempo existia apenas uma residência, como pode ser verificado segundo a Figura
4.9, imagem de satélite extraída em 2007 através do programa Google Earth.
Loteamentos Avaliados em Marechal Cândido Rondon 75
Considerando que quando se caminha por entre estes loteamentos têm-se a impressão de
que sejam apenas um, optou-se pelo estudo conjunto dos mesmos, sendo este o principal
motivo para que este cinco loteamentos fossem avaliados em conjunto. Contribui para esta
decisão o fato de que muitas pessoas ali residentes não sabem distinguir com precisão cada
loteamento.
Tabela 4.6 Detalhamento de ocupação do Residencial Vitória
Lotes Construções
Residencial Construído
9 11
Residencial em Construção
5 5
Estabelecimentos Comerciais
1 1
Vazios Urbanos
37 0
Igreja
0 0
TOTAL
52 17
Figura 4.9 Vista aérea dos loteamentos em estudo
Fonte: Google Earth (2007)
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo por base os preceitos estabelecidos no Artigo 2º do Estatuto das Cidades, com vistas
à garantia do direito a cidades sustentáveis e considerando os temas: terra urbana, moradia,
saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, transporte, serviços públicos e lazer, foi
realizado levantamento no local de estudo visando identificar os indicadores, definidos
conforme a tabela 5.1.
Tabela 5.1 Indicadores a ser determinados nos loteamentos
Indicadores Escopo
1. Declividade e ventilação
Áreas que influenciam na velocidade dos
ventos
2. Declividade e escoamento pluvial
Área com declividade ideal para o
escoamento
3. Declividade e circulação de pedestres
Ruas com declividade adequada para a
circulação de pedestres
4. Declividade e aproveitamento do solo Área ocupada e área vazia
5. Traçados urbanos e curvas de nível Ruas com declividade adequada
6. O lote
Lotes que respeitem as dimensões mínimas e
a forma dos lotes
7. A habitação
Material utilizado na construção das casas e
a quantidade de casas por lote
8. Acesso ao serviço de coleta do resíduo
sólido urbano
População atendida pela coleta de resíduo
sólido urbano
9. Destinação final do resíduo sólido urbano
Resíduo sólido coletado que recebe destino
final adequado
10. Acesso ao sistema de abastecimento de
água
População atendida pelo sistema de
abastecimento de água
11. Acesso ao esgotamento sanitário
População atendida pelo esgotamento
sanitário
12. Rede de drenagem pluvial Ruas com drenagem pluvial
13. Rede de eletricidade Lotes com energia elétrica
14. Rede de gás encanado Lotes com gás encanado
15. Rede de telefonia
População com acesso ao telefone fixo /
móvel
16. Leito carroçável Ruas pavimentadas
17. Passeios Lotes que possuem calçadas
18. Ciclovias Ciclovias existentes
19. Acesso ao transporte público População que utiliza o transporte público
20. Acesso à saúde População por unidade de saúde
21. Acesso à educação População que tem acesso fácil à educação
22. Praças e áreas verdes Área que possui praças e áreas verdes
Resultados e Discussão 77
Para que os dados da Tabela 5.1 sejam levantados e analisados, discrimina-se a seguir, as
metodologias que foram utilizadas para possibilitar a interpretação dos dados e a
confrontação com os valores indicados, bem como os resultados obtidos através dessa
coleta de dados.
5.1 INDICADORES REFERENTES À TERRA URBANA
Partindo do princípio de que a terra urbana é direito da população para que tenha acesso à
cidade sustentável e considerando que não basta apenas as pessoas residirem dentro da área
urbana, pois as mesmas devem ser inseridas em locais que dêem condições mínimas de
sobrevivência. Com os indicadores relacionados ao tema “terra urbana” foi analisado se no
local onde os loteamentos foram implantados existem condições dignas de sobrevivência
para a população local.
5.1.1 Indicador da declividade e ventilação
A quantificação da declividade do local foi realizada através do mapa de declividade, o
qual pode ser verificado através da Figura 5.1.
A partir da quantificação da área através do mapa de declividade foi possível o
preenchimento da Tabela 3.4, cujos resultados são apresentados na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 Quantificação das áreas que influenciam nos ventos
Declividade Área (m
2
) Porcentagem
i < 5 % 74.108 51,8 %
5 < i < 50 % 68.992 48,2 %
i > 50 % 0 0 %
143.100
A região dos loteamentos é caracterizada como uma região plana ao Norte e com mais
inclinação na parte Sul. A inclinação máxima encontrada nos loteamentos foi de 14 %, mas
o fato de se tratar duma região de morro e topo de morro tem-se uma região bastante
ventilada. Quando a população foi questionada quanto à ventilação, todos confirmaram a
ocorrência de muito vento na região, mas que isso não se tratará de um problema, pois para
os moradores, essa ocorrência era boa. Outro fator que contribui para que os ventos sejam
fortes no local é a falta de árvores, as quais reduziriam a velocidade do vento.
Resultados e Discussão 78
Figura 5.1 Mapa de declividade
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 79
5.1.2 Indicador da declividade e escoamento superficial
Com a quantificação obtida através do mapa de declividade apresentado na Figura 5.1, foi
possível o preenchimento da Tabela 3.6, resultando na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 Quantificação das áreas que tem declividade ideal.
Declividade Área (m
2
) Porcentagem
i < 2 % 4.823 3,4 %
2 % < i < 8 % 104.572 73,1 %
i > 8 % 33.705 23,5 %
143.100
Como pode ser verificado 73,1 % da área dos loteamentos estão na faixa de declividade 2
< i < 8 %, declividade considerada ótima já que trata-se uma declividade onde não ocorre
nem alagamento e nem erosões, enquanto que 23,5 % devem receber alguma cobertura
vegetal, protegendo o solo da erosão, já que a declividade é superior a 8%. Apenas 3,4 %
possuem declividade inferior a 2 %, considerada então como região alagável.
5.1.3 Indicador da declividade e circulação de pedestres
Para que esta análise fosse possível, foi determinada a inclinação das ruas, tendo em vista
que a circulação dos pedestres é feita através da rua ou na calçada. Assim, a quantificação
da inclinação das ruas é apresentada na Figura 5.2, a quantificação foi inserida na Tabela
3.8, gerando a Tabela 5.4.
Tabela 5.4 Quantificação da declividade das ruas
Declividade Ruas Porcentagem
i < 7% 36 90 %
7 < i < 10 % 4 10 %
10 < i < 13 % 0 0 %
13 < i < 20 % 0 0 %
20 < i < 40 % 0 0 %
i > 40 % 0 0 %
40
Como pode ser verificado 90% das ruas dos loteamentos permitem a circulação confortável
para todos os pedestres e cadeirantes, já, os outros 10% apresentam uma dificuldade
crescente para os cadeirantes enquanto que para a circulação confortável dos demais
pedestres é necessário a colocação de pisos com mais atrito. Logo, no contexto, a área de
estudo apresenta um circulação confortável em relação a declividade.
Resultados e Discussão 80
Figura 5.2 Planta da declividade das ruas
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 81
Percebe-se que a inclinação não é um problema para a circulação de deficientes com
cadeiras. O problema encontrado é que a pavimentação utilizada nas ruas é de pedra
irregular, enquanto que outras ruas nem possuem pavimentação, e a maioria dos lotes não
possui calçadas. Desta forma, a circulação nos loteamentos de deficientes em suas cadeiras
de rodas torna-se impossível, caso não possuam veículo para locomoção. A análise da
pavimentação e das calçadas será feita futuramente, por tratar-se de outros indicadores.
5.1.4 Indicador da declividade e aproveitamento do solo
Através deste indicador pretende-se calcular a porcentagem de área ocupada nestes
loteamentos e a porcentagem de áreas vazias em função da declividade. Então, para que
isto seja possível, os dados coletados através do mapa de declividade apresentando na
Figura 5.1, sobreposto o detalhamento da ocupação dos lotes apresentado na Figura 5.3,
foram quantificados os dados referente a porcentagem de área ocupada e área vazia através
da Tabela 5.5, baseada na Tabela 3.9.
Tabela 5.5 Quantificação da porcentagem de área ocupada e área vazia em função da
declividade
Declividade Área Ocupada (m
2
) % Área Vazia (m
2
) %
i < 2% 1.680 2.8% 2.100 5.7%
2 < i < 8 % 45.770 76.2% 12.176 33%
8 < i < 16 % 12.600 21% 22.674 61.4%
16 < i < 30 % 0 0% 0 0%
i > 30 % 0 0% 0 0%
60.050 (61,9 %) 36.950 (38,1%)
A área total ocupada pelos lotes corresponde aproximadamente a 97.000 m
2
, tendo um
total de 231 lotes nos 05 loteamentos, sendo que 143 lotes estão ocupados, obtendo uma
área aproximada de 60.050 m
2
ocupados, enquanto que 88 lotes estão vazios, perfazendo
um total de 36.950 m
2
vazios.
Através da Tabela 5.5 pode-se observar que 76,2 % da área ocupada encontra-se na faixa
de 2 a 7%, ou seja, trata-se de solos ideais para o uso com a impressão de serem planos. Já
a maior parte dos lotes vazios, ou seja, 61,4 % da área vazia localizam-se entre a inclinação
8 a 15%, tratando-se de áreas com algumas restrições: servem para atividades que não
necessitem de construções mas, se forem necessárias precisa-se fazer cortes e aterros.
Resultados e Discussão 82
Figura 5.3 Planta da declividade e do detalhamento dos lotes
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 83
5.1.5 Indicador dos traçados urbanos e curvas de nível
Através deste indicador avalia-se a porcentagem de ruas com declividades ótimas, ou seja,
a quantidade de ruas que foram implantadas com declividade, sem acompanhar apenas
uma única curva de nível. Baseado na importância das ruas possuírem certa declividade
mínima, e considerando ser importante que as ruas não acompanhem as curvas de níveis,
serão consideradas ruas com declividades ótimas, aquelas que possuírem declividade entre
2 e 8%, devido a necessidade do escoamento pluvial estar diretamente ligado ao traçado
urbano. Os valores obtidos no levantamento foram gerados através da Tabela 3.10 e são
apresentados na Tabela 5.6, os quais foram quantificados através da Figura 5.1 gerando a
Figura 5.4.
Tabela 5.6 Quantificação de ruas com declividades ótimas
Declividade Ruas Porcentagem
i < 2 % 09 22,5 %
2 < i < 8 % 28 70 %
i > 8 % 3 7,5 %
40
Um detalhe importante do local de implantação dos loteamentos em estudo é que o traçado
urbano no local ocorreu sem alteração nas curvas de nível, estando em acordo com o Art.
32 da Lei Municipal nº 1.494, de 13 de novembro de 1984. Além de adaptar-se ao terreno,
trata-se de uma implantação mais econômica, estável e agradável.
Como comentado no capítulo 3 todas as ruas devem ter certa declividade, para que seja
evitado o empoçamento de água, bem como a sedimentação de material nas tubulações,
devido a baixa velocidade causada pela falta de declividade. Mas, como pode ser
verificado nos dados obtidos, 22,5% das ruas do loteamento possuem declividade inferior a
2%, podendo causar facilmente empoçamento de água e sedimentação de material nas
tubulações.
Uma porcentagem pequena, ou seja, de 7,5% possui declividade superior a 8%, levando as
águas da chuva às altas velocidades, podendo causar erosão nas ruas ou lotes. De acordo
com Mascaró (2005, p.23), para ajudar a solucionar este tipo de problema o terreno deve
ser protegido com cobertura vegetal, que além de reduzir a velocidade do escoamento
superficial, torna também o ambiente mais natural, sendo menos agressivo à natureza local.
Resultados e Discussão 84
Figura 5.4 Planta da declividade do traçado urbano
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 85
5.2 INDICADORES REFERENTES À MORADIA
Através deste tema serão analisados dois indicadores, um relacionado ao lote e outro à
casa. A seguir será descrito como foi realizado o levantamento dos dados para a obtenção
destes indicadores.
5.2.1 Indicador dos lotes
Este indicador pretende analisar a porcentagem de lotes que estão respeitando as
dimensões mínimas de moradia adequada, em conformidade com a lei local que, de acordo
com a Lei Municipal nº 1.494, de 13 de novembro de 1984, determina que os lotes devam
ter área mínima de 360 m
2
.
Através da Tabela 3.11 foi gerada a Tabela 5.7, onde é apresentada a porcentagem de lotes
que possuem área inferior ou superior a área exigida pela Prefeitura Municipal.
Tabela 5.7 Quantificação de lotes que possuem área superior a mínima
Área Lotes Porcentagem
> 360 155 67,1%
< 360 76 32,9%
231
Como pode ser verificado através da Tabela 5.7, 32,9% dos lotes possuem área inferior à
mínima estabelecida na lei local. Neste levantamento são considerados apenas os lotes
liberados junto à Prefeitura Municipal, desconsiderando os lotes que foram divididos em
duas ou até mesmo três partes para venda.
Dos 76 lotes com área inferior a 360 m
2
, 49 são do Grupo Amazônia, 24 do Condomínio
Araucária, 03 do Loteamento Neumeister e 01 do Condomínio Residencial Vitória,
enquanto que o Jardim Paineiras não apresenta nenhum lote de tamanho irregular.
Foi analisada também a testada dos lotes, já que o Art. 42 da Lei Municipal nº 1.494, de 13
de novembro de 1984, determina que a testada mínima para zona residencial deva ser de
10m. Foi verificado que todos os lotes estão de acordo com a Lei, possuindo testada
mínima de 12 m os menores lotes, podendo ser encontrados lotes com testada de 19,5m. As
dimensões dos lotes variam muito, não possuindo certa regularidade, nem mesmo dentro
de uma mesma quadra. Na Figura 5.5 são detalhados os dados sobre os lotes que possuem
área inferior ou superior a 360m
2
.
Resultados e Discussão 86
Figura 5.5 Planta da área dos lotes
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 87
Figura 5.6 Planta da forma dos lotes
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 88
Na Tabela 5.8 é quantificada a porcentagem de lotes regulares e irregulares nos
loteamentos em estudo.
Tabela 5.8 Quantificação de lotes com formas regulares e formas irregulares
Forma Lotes Porcentagem
Regulares 227 98,3%
Irregulares 4 1,7%
231
Como pode ser verificado na Figura 5.6, apenas 04 lotes do condomínio Residencial
Vitória possuem formas irregulares, enquanto que todos os outros lotes dos loteamentos
em estudo possuem formas regulares.
Os quatro lotes de formas irregulares encontram-se entre a divisa do Anel Viário Helmut
Priesnitz e os loteamentos. O anel viário era utilizado para desvio dos caminhões do centro
da cidade, bem como ligação da cidade com o Distrito de Margarida e São Roque, que
fazem parte do Município de Marechal Cândido Rondon.
5.2.2 Indicador da habitação
O levantamento do material utilizado na construção das casas foi obtido através da visita
“in loco”, realizada em todas as ruas do loteamento. O valor deste indicador é obtido
através da inserção dos valores obtidos na Tabela 3.13, resultando na Tabela 5.9.
Tabela 5.9 Quantificação do material utilizada na construção das casas
Material Casas Porcentagem
Alvenaria 154 100 %
Madeira 0 0 %
154
Todas as casas construídas nos loteamentos são de alvenaria, sendo que em apenas 2 casas
as pessoas estão morando sem fazer o reboco e o acabamento, como pode ser verificado
nas Figuras 5.7 e 5.8.
Nas Figuras 5.9 a 5.13 são mostradas outras casas implantadas nos loteamentos. E na
Figura 5.14 mostra-se uma das casas em construção, pois existem 10 casas sendo
construídas atualmente, sendo todas também de alvenaria.
Resultados e Discussão 89
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.7 Casa sem revestimento - 1
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.8 Casa sem revestimento - 2
Resultados e Discussão 90
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.9 Casa implantada no Grupo Amazônia
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.10 Casa implantada no Loteamento Neumeister
Resultados e Discussão 91
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.11 Casa implantada no Jardim Paineiras
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.12 Casa implantada no Residencial Vitória
Resultados e Discussão 92
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.13 Casa implantada no Condomínio Araucária
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.14 Casa em construção nos loteamentos
Outro valor a ser quantificado neste indicador é a quantidade de casas edificadas por lote
nos loteamentos. O levantamento feito foi realizado através da Tabela 3.14 e assim o valor
obtido é apresentado na Tabela 5.10.
Resultados e Discussão 93
Figura 5.15 Planta de casas por lotes
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 94
Tabela 5.10 Quantidade de casas por lote
Lotes Porcentagem
1 casa / lote 113 85 %
2 casas / lote 13 9,8 %
3 casas / lote 4 3,0 %
1 casa / 2 lotes 2 1,5 %
1 casa / 3 lotes 1 0,8 %
133
Na tabela 5.10, pode-se observar que 85% dos lotes possuem apenas 1 casa, sendo que em
2,3 % (1,5% + 0,8%) dos lotes existe apenas 1 casa em mais de um lote; já em 12,8%
(9,8% + 3%) foram construídas mais de uma casa por lote. A Figura 5.15 apresenta o
detalhamento dos lotes ocupados nos loteamentos, bem como em quantas partes cada lote é
dividido.
5.3 INDICADORES REFERENTES AO SANEAMENTO AMBIENTAL
Através do tema Saneamento Ambiental pretende-se quantificar quatro indicadores, os
quais serão determinados através de levantamentos realizados referente aos seguintes itens:
acesso ao serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos, destinação final dos resíduos
sólidos, acesso ao sistema de abastecimento de água e acesso ao esgotamento sanitário.
5.3.1 Indicador do acesso ao serviço de coleta dos resíduos sólidos domésticos
Como o objetivo deste indicador é expressar a parcela da população atendida pelos
serviços de coleta de lixo doméstico, para possibilitar a obtenção do indicador foi realizado
o preenchimento do questionário que se encontra no Anexo 8.7. O questionário foi
aplicado em 50 casas, sendo que nos 5 loteamentos existem atualmente 154 casas. As casas
pesquisadas foram escolhidas aleatoriamente, ou seja, onde havia pessoas em casa e com
disposição em responder o questionário.
Outra forma de obtenção dos dados foi junto à empresa responsável pela coleta do resíduo
sólido urbano da sede do município e sedes distritais, a Companhia Mista de
Desenvolvimento Urbano de Marechal Cândido Rondon – CODECAR. As informações
foram obtidas junto aos motoristas, os responsáveis pela coleta e pelos funcionários
responsáveis pelo processo de seleção do Lixo Bom – nome dado aos resíduos recicláveis
selecionados pela população e recolhido separadamente do restante dos resíduos.
Resultados e Discussão 95
Através deste levantamento foi constatado que todas as casas nos cinco loteamentos são
servidas pelo serviço de coleta regular de resíduos sólidos municipal, sendo que os
resíduos sólidos gerados pela população local são coletados três vezes por semana (nas
segundas, quartas e sextas-feiras). A CODECAR não possui rota de coleta dos resíduos nos
loteamentos, sendo realizado o recolhimento como é mais conveniente ao motorista. O
caminhão utilizado na coleta é apresentado na Figura 5.16.
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.16 Caminhão utilizado na coleta dos resíduos sólidos
Nas segundas-feiras, a partir das 7h30min da manhã realiza-se a coleta do “Lixo Bom” nos
loteamentos, com caminhão próprio destinado a este tipo de coleta. O “Lixo Bom”
coletado passa por um processo de seleção: papéis simples, coloridos, saquinhos plásticos,
recipientes plásticos, garrafas plásticas coloridas e incolores, papelão, caixinhas
impermeabilizadas e vidros. Após a seleção são prensados em fardos e comercializados
com empresas de reciclados.
A Tabela 3.13 foi preenchida com os valores obtidos, resultando na Tabela 5.11. Como nas
50 casas visitadas, todas eram atendidas pela coleta de resíduos, para o preenchimento da
tabela utilizou-se 154 casas.
Tabela 5.11 Quantificação das casas atendidas pela coleta de resíduos sólidos
Coleta do lixo Casas Porcentagem
Casas atendidas 154 100 %
Casas não atendidas 0 0 %
154
Resultados e Discussão 96
Através do software “Atlas do desenvolvimento urbano”, o qual disponibiliza o perfil dos
municípios, é possível verificar que no ano de 2000, no município de Marechal Cândido
Rondon, 97,1 % da população que vive em domicílios urbanos era atendida pelo serviço de
coleta dos resíduos sólidos. Ao compararmos com a realidade local, podemos verificar que
a porcentagem encontrada nos loteamentos ultrapassa a porcentagem da realidade da
cidade.
5.3.2 Indicador da destinação final dos resíduos sólidos urbanos
A idéia deste indicador seria obter a quantidade de lixo coletada por dia nestes
loteamentos, que recebe destino final considerado adequado, a quantidade total de lixo
coletado diariamente, expressas em toneladas/dia, obtendo-se o indicador através Eq. 3.1.
Mas o lixo coletado na cidade não é pesado há oito anos e, como os loteamentos em estudo
são recentes, não existe nenhum dado referente à quantidade de resíduos coletados nesse
local.
Segundo informações prestadas por funcionários da Usina de Reciclagem, são recolhidas
25 toneladas/dia de resíduo sólido em toda a cidade, sendo depositados no lixão da cidade.
Do lixo coletado 70% é imediatamente aterrado. Do restante, recolhido como Lixo Bom,
25% não pode ser aproveitado, sendo destinado ao aterro e apenas 5% reaproveitável.
A Figura 5.17 mostra o local destinado à separação do Lixo Bom coletado na cidade. Já a
Figura 5.18 apresenta o “lixão” da cidade, ou seja, local onde é destinado todo lixo
coletado, sendo que o mesmo encontra-se praticamente cheio, e, de acordo com os
funcionários sua vida útil seria de apenas mais um mês de uso, todavia esta entrevista foi
realizada dia 12 de julho de 2007 e o “lixão” continua sendo utilizado até os dias atuais.
Pode-se verificar através dos dados obtidos, que o local de destinação dos resíduos sólidos
de Marechal Cândido Rondon é considerado inadequado, pois o mesmo constitui-se em
fonte de proliferação de insetos e roedores, podendo trazer como conseqüências riscos para
a saúde pública, além de incômodos estéticos e de mau cheiro.
Segundo o Secretário de Municipal de Coordenação e Planejamento encontra-se em
desenvolvimento um projeto para ser implantado e solidificado em cinco anos, onde todo
lixo produzido na cidade terá um destino final adequado, ou seja, a cidade não possuirá
mais “lixão”, nem irá construir um aterro controlado.
Resultados e Discussão 97
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.17 Separação do Lixo Bom
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.18 Lixão de Marechal Cândido Rondon
A idéia do projeto é tornar consciente a população local da importância da separação
adequada de todo lixo produzido, bem como a implantação de cooperativas de separação
dos resíduos reciclados na cidade, juntamente com a utilização de compostagem e
incineração para os resíduos não recicláveis. Para dar destinação adequada aos pneus e
Resultados e Discussão 98
lâmpadas entre outros, será feita uma licitação junto à empresas responsáveis por estes
tipos de resíduos.
De acordo com o Secretário, a implantação deste projeto será realizado durante os
próximos cinco anos, dando tempo para a população conscientizar-se da importância do
mesmo. Hoje, a coleta de lixo na parte central da cidade é feita durante os cinco dias úteis
da semana, mas através desse projeto, os dias de coletas serão reduzidos aos poucos,
chegando, então, o dia em que a coleta será feita apenas uma vez por semana.
De acordo com o IBGE (2004, p. 112), através do Índice de Desenvolvimento Sustentável,
temos que do total de lixo produzido no Paraná, apenas 39% possuem destinação
considerada adequada. Assim, a cidade de Marechal Cândido Rondon encontra-se entre a
maioria das cidades que possuem destinação inadequada.
5.3.3 Indicador do acesso ao sistema de abastecimento de água
Para que este indicador fosse determinado, foram pesquisados dados junto ao Serviço
Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Marechal Cândido Rondon, responsável pelo
abastecimento de água da cidade. Na Tabela 5.12 é apresentado o histórico das ligações de
água nos loteamentos em estudo, sendo que o setor possui registro de dados apenas a partir
de 1999, ou seja, as ligações de água instalada antes no local são todas consideradas como
feitas no ano de 1999.
Tabela 5.12 Histórico das ligações de água
Fonte: SAAE (2007)
Ano
Loteamento
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Grupo Amazônia 37 1 3 7 1 2 2 1 0
Condomínio Araucária 34 1 5 3 2 5 4 1 0
Jardim Paineiras 22 6 5 8 2 1 1 0 0
Residencial Vitória 0 0 0 0 0 0 0 9 4
Loteamento Neumeister 0 0 0 0 3 3 1 5 2
TOTAL
93 8 13 18 8 11 8 16 6
Nos cinco loteamentos em estudo existe atualmente um total de 181 ligações de água. Nas
Figuras 5.19 a 5.23 é apresentado o gráfico do histórico das ligações por loteamento,
demonstrando, assim, o crescimento apresentado no local nos últimos anos.
Resultados e Discussão 99
30
35
40
45
50
55
60
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Ligações
Figura 5.19 Histórico das ligações de água no Grupo Amazônia
30
35
40
45
50
55
60
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Ligações
Figura 5.20 Histórico das ligações de água no Condomínio Araucária
20
25
30
35
40
45
50
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Ligações
Figura 5.21 Histórico das ligações de água no Jardim Paineiras
Resultados e Discussão 100
0
5
10
15
20
2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Ligações
Figura 5.22 Histórico das ligações de água no Loteamento Neumeister
0
5
10
15
20
2006 2007
Ano
Ligações
Figura 5.23 Histórico das ligações de água no Residencial Vitória
Na Figura 5.24 são apresentados os diâmetros e das tubulações existentes nos loteamentos,
bem como o local e especificações das tubulações instaladas.
De acordo com levantamento foi constatado que existem atualmente 154 casas construídas
e mais 10 em construção, ou seja, existem mais ligações de água disponível no local do que
de casas construídas ou em construção. No entanto, para que o indicador fosse obtido, foi
utilizado o valor obtido junto as 50 casas levantadas, onde residem 162 pessoas, sendo
todas abastecidas pelo sistema de abastecimento de água. Levando em consideração que
existem 154 casas nos 5 loteamentos, fazendo-se então cálculo proporcional à população
levantada, no local devem existir aproximadamente 500 pessoas e todas são servidas pelo
serviço de água.
Através do “Atlas do Desenvolvimento Humano” obtêm-se o valor de 99,0% dos
domicílios localizados na zona urbana que são abastecidos pelo serviço de água canalizada,
ou seja, a porcentagem encontrada nos loteamentos é superior à realidade local.
Resultados e Discussão 101
Figura 5.24 Serviço de água dos loteamentos
Fonte: SAAE (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 102
5.3.4 Indicador do acesso ao esgotamento sanitário
A cidade de Marechal Cândido Rondon não é atendida por um serviço de esgotamento
sanitário. Desta forma, toda a população acaba sendo obrigada a construir fossa séptica nas
suas casas.
Como o IBGE considera fossa séptica como esgotamento sanitário, então, para que o
indicador seja obtido, será utilizado o mesmo valor que foi utilizado para o sistema de
abastecimento de água, ou seja, que no local devam existir aproximadamente 500 pessoas
e, de acordo com o levantamento realizado junto à população, todas as casas possuem sua
própria fossa séptica.
Através do levantamento junto as 50 casas pesquisadas, foi possível verificar que algumas
casas possuem mais de uma fossa séptica. Desta forma, existem 1,26 fossas por casa,
chegando a aproximadamente 200 fossas nas 154 casas existentes. Levando-se em
consideração que a área ocupada pelos 5 loteamentos em estudo é de 14,31 ha, e que
existem ainda 88 lotes vazios no local, quando todos os lotes estiverem sendo ocupados,
deverão existir aproximadamente 320 fossas no local, desconsiderando-se que as casas que
possuem 1 fossa venham a fazer mais fossas.
Junto à população entrevistada, foi questionado quanto ao serviço de esgotamento
sanitário, e apenas em uma casa foi citado que o solo do local possui muita pedra, não
existindo muito espaço para que as fossas possam ser feitas, bem como a existência de
muitas vertentes no local, sendo necessário chamar o serviço de limpeza de fossa
constantemente, já que as mesmas ficam cheias de água muito rapidamente. E, de acordo
com essa moradora, a solução seria que a cidade tivesse um serviço de esgotamento
sanitário. Nas outras casas a resposta era a de uma população conformada, pois quando
eram questionados se o serviço de esgotamento sanitário era bom, eles apenas respondiam
que não existe esgoto na cidade, e por isso tem fossa séptica.
De acordo com o IBGE (2004, p. 122), através do Índice de Desenvolvimento Sustentável,
no Estado do Paraná, 43,6% da população tem acesso a rede coletora, enquanto que 16,6%
utilizam fossa séptica, 38,9% têm outro tipo de esgotamento sanitário, e 0,9% não possui
nenhum esgotamento sanitário.
Resultados e Discussão 103
5.4 INDICADORES REFERENTES À INFRA-ESTRUTURA URBANA
Referente à infra-estrutura urbana serão determinados três indicadores, que são: rede de
drenagem pluvial, rede de eletricidade e rede de telefone.
5.4.1 Indicador da rede de drenagem pluvial
Como pode ser verificado na Figura 5.26 nem todas as ruas dos loteamentos são atendidas
pela rede de drenagem pluvial, ou seja, das 40 ruas, apenas 29 ruas possuem rede de
drenagem, ou boca-de-lobo. Desta forma, temos como indicador o seguinte valor,
calculado na Eq. 3.4.
725,0
40
29
==Indicador
Desta forma conclui-se que apenas 72,5% das ruas do loteamento são atendidas por rede de
drenagem pluvial.
A rede de drenagem pluvial foi implantada apenas no final de 2006 e início de 2007, no
Condomínio Araucária, pois antes não havia rede neste loteamento. Como a implantação
foi realizada enquanto a população já estava residindo no local, esta precisou passar por
alguns transtornos, bem como estava propícia a alguns acidentes, como pode ser
comprovado nas Figuras 5.25 e 5.27.
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.25 Implantação da rede de drenagem pluvial sem proteção
Resultados e Discussão 104
Figura 5.26 Planta da drenagem pluvial
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 105
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.27 Poço de visita aberto sem proteção
Quando da realização da pesquisa de campo junto à população, durante a aplicação do
questionário, percebe-se que com a implantação da pedra irregular e da rede de drenagem
pluvial, os loteamentos estão melhores.
5.4.2 Indicador da rede de eletricidade
Os dados referentes a quantidade de instalações existentes nos loteamentos foram buscados
junto à COPEL, a instituição responsável pela energia elétrica da cidade, mas de acordo
com a mesma, eles só possuem os dados agrupados por cidade, não por loteamento. Desta
forma, o mesmo foi levantado junto a população residente, e constatado que todas as casas
possuem acesso a rede de eletricidade. Como foram levantadas 50 casas, e destas todas
possuíam energia elétrica, considera-se então que as 154 casas são atendidas.
Através de contatos junto à população, uma pessoa disse que a iluminação das ruas é boa,
enquanto que outra reclamou que faltam postes na rua, tendo em vista que as ruas mais
distantes do centro são mal iluminadas; outra pessoa disse que a iluminação nas ruas é
ruim, pois “só pisca”. De acordo com outro morador, a fiação que passa pelos loteamentos
e destina-se para Margarida (interior do Município), e quando há algum problema naquela
localidade a população residente nos loteamentos em estudo acaba ficando sem energia,
tendo que esperar a solução dos problemas. Já, para outros morados a rede de eletricidade
no local é boa e nunca tiveram problemas.
Resultados e Discussão 106
No “Atlas do Desenvolvimento Humano” encontra-se que 99,4 % da população residente
na cidade de Marechal Cândido Rondon é atendida pelo serviço de energia elétrica,
enquanto que nos loteamentos, 100% são atendidos pelo serviço, ou seja, o atendimento no
local é superior ao índice do Município.
5.4.3 Indicador do acesso aos serviços de telefonia
O número de acessos ao serviço telefônico móvel e fixo foi levantado através do
questionário, onde pode ser constatado que em apenas uma casa das 50 pesquisadas não
utilizam este serviço, e desta forma, pode-se verificar que 98% da população local usufrui
da telefonia, tanto móvel quanto fixa, como pode ser verificado na Figura 5.28.
98%
2%
sim
não
Figura 5.28 Casas atendidas pelo serviço de telefonia
Para que as Eq. 3.6 e 3.7 sejam resolvidas, foram utilizados os valores quantificados
através do levantamento. Foram pesquisadas 50 casas, onde vivem 162 pessoas, existindo
40 telefones fixos e 91 telefones móveis. Logo, para 154 casas, estima-se que residam 500
pessoas, existindo 123 telefones fixos e 280 telefones móveis.
56,0
500
280
totalPopulação
móvel o telefônicserviço ao acessos de Número
===Indicador
25,0
500
123
totalPopulação
fixo o telefônicserviço ao acessos de Número
===Indicador
Pode verificar-se que 56% da população local usufrui do serviço de telefonia móvel, porém
em relação ao telefone fixo, não é possível fazer a mesma análise, tendo em vista que 40
casas são atendidas pelo serviço de telefonia fixa. É preciso considerar que todas as
Resultados e Discussão 107
pessoas da casa utilizam este serviço de telefonia fixa, não ficando restrito apenas a 25%
da população local.
No Índice de Desenvolvimento Sustentável (IBGE, 2004, p. 166), a razão entre os acessos
e a população total é expressa na base de 1.000 habitantes, logo, têm-se os seguintes
valores no loteamento: o indicador referente ao telefone fixo seria 246,91/1000 habitantes,
enquanto que o indicador que expressa a realidade do Estado do Paraná é de 153,89/1000
habitantes. Em relação ao indicador referente ao telefone móvel é de 561,73/1000
habitante, já no Estado do Paraná é de 293,29/1000 habitantes. Logo, pode-se verificar que
os valores deste indicador, obtidos nos 5 loteamentos é superior aos valores obtidos no
Estado do Paraná.
5.5 INDICADORES REFERENTES AO TRANSPORTE
Serão determinados quatro indicadores referentes ao transporte público: leito carroçável,
passeios, vias cicláveis e acesso ao transporte público.
5.5.1 Indicador do leito carroçável
Como através deste indicador pretende-se determinar a porcentagem de ruas que são
pavimentadas, bem como o percentual de ruas que não são pavimentadas, acrescentando os
valores obtidos na Tabela 3.16, obtemos a Tabela 5.13.
Tabela 5.13 Quantificação das ruas com pedra irregular e ruas não pavimentadas
Ruas Porcentagem
Pedra irregular 24 60%
Não pavimentadas 16 40%
40
Nos loteamentos utilizou-se a pedra irregular para pavimentar algumas ruas, como pode ser
verificado na Figura 5.30. Levando-se em consideração o comprimento das ruas, temos um
total de 3.206 m de ruas nos loteamentos e, calculando a porcentagem através do metro
linear de rua teremos outro resultado, como pode ser verificado na Tabela 5.14.
Resultados e Discussão 108
Figura 5.29 Planta da pavimentação
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 109
Tabela 5.14 Quantificação por metro linear das ruas com pedra irregular
Metro de rua Porcentagem
Pedra irregular 2.368 74%
Não pavimentadas 838 26%
3.206
Através do levantamento junto à população sobre a opinião dos mesmos quanto ao leito
carroçável, as respostas são bem divididas: metade afirma que agora os loteamentos estão
ótimos, tendo em vista que até 2006 a maioria das ruas não era asfaltada, “não havendo
nem comparação entre agora, com a pedra irregular com antigamente, quando as ruas não
eram asfaltadas”, conforme manifestação de moradora entrevistada. Já a outra metade da
população diz que poderia ser melhor, se fosse asfalto.
A implantação da pedra irregular em algumas ruas do loteamento foi realizada através de
verba oriunda do Ministério das Cidades. Nas Figuras 5.30 a 5.32 são apresentadas fotos
de algumas ruas que não possuem pedra irregular, bem como da implantação da pedra
irregular e de ruas com pavimentação de pedra irregular concluída.
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.30 Rua não pavimentada
Resultados e Discussão 110
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.31 Implantação da pavimentação
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.32 Rua pavimentada
Algumas pessoas comentaram sobre a falta de sinalização no local e de que ficam
preocupadas com o excesso de velocidade de veículos que trafegam pela Rua
Independência (Figura 5.32), a qual faz a ligação do centro da cidade com o Distrito de
Margarida.
Resultados e Discussão 111
5.5.2 Indicador dos passeios
Para que este indicador fosse obtido, o levantamento foi realizado baseando-se na Tabela
3.17, gerando a Tabela 5.15.
Tabela 5.15 Quantificação de lotes que possuem calçadas
Lotes Porcentagem
Com calçada 7 97%
Sem calçada 224 3%
231
Dos sete lotes com calçadas, duas são mistas, sendo a metade da largura calçada e a outra
metade gramada. Os outros cinco lotes possuem calçada completa. Verifica-se nas Figuras
5.33 a 5.38 que alguns lotes utilizam grama no local de calçada, sendo ecologicamente
correto e contribuindo assim na absorção das águas da chuva. Outros lotes utilizam pedra
brita no local, e a maioria não possui nenhuma forma de calçamento.
Quando as pessoas são questionadas quanto às calçadas dos loteamentos, três pessoas
consideram desnecessário ter calçadas, enquanto que uma acha que seria apenas necessário
na Rua Independência, tendo em vista que esta é a mais movimentada e os carros circulam
em alta velocidade. Todas as outras pessoas dizem “que não tem calçada, mas que era bom
se tivesse”.
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.33 Lote com calçada e grama
Resultados e Discussão 112
Figura 5.34 Planta das calçadas
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 113
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.35 Lote com calçada
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.36 Lote com grama
Resultados e Discussão 114
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.37 Lote com pedra brita
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.38 Lote sem calçada
Como o meio-fio em muitas quadras foi implantado recentemente, junto com a
implantação da rede de drenagem pluvial e da pavimentação, algumas árvores e gramas
acabaram sendo prejudicadas, como pode ser verificada na Figura 5.39 e 5.40.
Resultados e Discussão 115
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.39 Calçada com grama destruída
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.40 Calçada com grama e árvores prejudicadas
Resultados e Discussão 116
5.5.3 Indicador das vias cicláveis
Para se chegar a porcentagem de áreas destinadas à ciclovias no local, foi utilizada a
Tabela 3.18, gerando então a Tabela 5.16.
Tabela 5.16 Quantificação de ruas com ciclovia
Ruas Porcentagem
Com ciclovia 0 0 %
Sem ciclovia 40 100%
40
Nos loteamentos não existe ciclovia em nenhuma das ruas, e quando a população é
questionada da necessidade de implantação da mesma, apenas 1 pessoa acha importante
colocar ciclovias na Rua Independência, separando assim os ciclistas dos carros devido a
alta velocidade destes. O restante da população acha desnecessário, indicando ser mais
importante construir ciclovias no centro da cidade, em ruas e trajetos mais movimentados.
5.5.4 Indicador do acesso ao transporte público
Nas 50 casas levantadas, os moradores de apenas seis utilizam o transporte público, o qual
transporta as crianças para escolas e colégios. Nessas seis casas, totalizam-se nove crianças
que estudam no Colégio Estadual Eron Domingues e no Colégio Estadual Antônio
Maximiliano Ceretta. Levando-se em consideração que existem no local 154 casas, estima-
se que aproximadamente os moradores de 19 casas podem utilizar o transporte público,
totalizando 28 crianças aproximadamente. Substituindo estes valores na Eq. 3.8, tem-se:
056,0
500
28
==Indicador
(Eq. 5.1)
Desta forma, temos que 5,6 % da população local usufrui deste serviço, enquanto que 12%
das casas se utilizam do transporte público, como pode ser verificado na Figura 5.41.
Como a cidade é pequena e bastante plana, a população se desloca de preferência de
bicicleta que é muito utilizada na cidade. Pelo fato dos lugares serem bastante próximos,
pouco se utiliza do transporte público coletivo, mesmo porque só existe uma rota de
transporte público coletivo, ou seja, os coletivos circulam apenas pelas duas avenidas
principais da cidade, na Avenida Maripá e na Avenida. Rio Grande do Sul.
Resultados e Discussão 117
12%
88%
sim
não
Figura 5.41 Pessoas que utilizam o transporte público
5.6 INDICADORES REFERENTES AOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Em relação aos serviços públicos serão analisados dois indicadores, o acesso à saúde e o
acesso à educação.
5.6.1 Indicador do acesso à saúde
Nos loteamentos em estudo existem aproximadamente 500 pessoas residindo no local, mas
como não existem estabelecimentos de saúde no bairro, os estabelecimentos de saúde da
cidade atendem toda a população local e dos interiores. Na cidade funcionam dois
hospitais, o Hospital Fumagali e o Hospital Rondon, um Pronto Socorro 24 horas, um
hospital que atende dependentes de drogas e alcoólatras, o Hospital Filadélfia e um Mini-
hospital, que atende poucas pessoas, o Hospital Cruzatti. Nos bairros mais populosos e
sedes de Distrito funcionam mini-postos de saúde, com atendimento médico ambulatorial,
através de plantão dos profissionais da área.
Neste indicador foi analisado se o loteamento localiza-se num raio considerado bom em
relação aos estabelecimentos de saúde, possibilitando que a população possa ter realmente
acesso fácil à saúde.
Tomando como parâmetro a análise efetuada por Puppi (1981, p. 303), podemos concluir
que a cidade de Marechal Cândido Rondon possuí densidade demográfica menor que
100hab/ha, mas a população é superior a 20.000 habitantes. Se a análise do loteamento for
efetuada através dos valores para 20.000 habitantes, os estabelecimentos de saúde deverão
estar num raio de 800 m. Mas, como pode ser verificado na Figura 5.42, os loteamentos
Resultados e Discussão 118
encontram-se inseridos num raio de influência de 800m apenas do Hospital Filadélfia, o
qual se encontra a 250 m do local mais próximo do loteamento.
Figura 5.42 Localização dos estabelecimentos de saúde
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 119
O Hospital Fumagali é o estabelecimento de saúde que se encontra mais próximo dos
loteamentos, estando a quase 810m de distância, enquanto que o Pronto Socorro 24 horas
está a aproximadamente 850 m, o Hospital Rondon a 1260 m aproximadamente e em
relação ao Hospital Cruzatti, trata-se do estabelecimento mais distante dos loteamentos,
encontrando-se à aproximadamente 1520m. No entanto, a população entrevistada
considera que os estabelecimentos de saúde não estão longe, e são de fácil acesso.
5.6.2 Indicador do acesso à educação
Como se busca analisar a distância existente entre os loteamentos e as instituições mais
próximas de educação infantil, ensino fundamental, médio e superior, utilizou-se a Tabela
3.19 e assim foram geradas, através da Tabela 5.17, as distâncias para analisar se o raio de
atendimento é compatível com os raios existentes.
Tabela 5.17 Distâncias aceitáveis das instituições de ensino
Distâncias aceitáveis Instituições de
Ensino
Distâncias
existentes
100 hab/ha 200 hab/ha
Educação Infantíl 420 m 250 m 180 m
Ensino Médio 1040 m 500 m 350 m
Ensino Superior 1170 m 850 m 600 m
Os dados preenchidos na Tabela 5.17 referem-se às instituições mais próximas aos
loteamentos. Na Figura 5.43 podem ser verificados os locais onde se localizam as escolas
públicas freqüentadas s pelas crianças e adolescente que residem nos loteamentos em
estudo, enquanto que a Figura 5.44 indica as escolas e colégios particulares freqüentados
por algumas crianças e adolescentes dos loteamentos. Na Figura 5.45 são localizadas as
instituições de ensino superior.
As distâncias entre as instituições freqüentadas pela população e o ponto mais próximo dos
loteamentos são indicadas na Tabela 5. 18.
Quando a população é questionada quanto ao acesso à educação, praticamente todos os
entrevistados disseram que o acesso é fácil, e que não consideram longe a localização das
escolas em relação aos loteamentos.
Resultados e Discussão 120
Figura 5.43 Localização dos estabelecimentos de educação pública
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 121
Figura 5.44 Localização dos estabelecimentos de educação particular
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 122
Figura 5.45 Localização dos estabelecimentos de ensino superior
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 123
Tabela 5.18 Distância entre os loteamentos e as instituições de ensino
Ensino Instituições de Ensino Distâncias existentes
1. Ana Paula – Infantil e Fundamental (1-4)
420 m
2. Jean Piaget – Infantil e Fundamental (1-4)
730 m
3. Eron Domingues – Fundamental (5-8) e Médio
1710 m
4. Ceretta – Fundamental (5-8) e Médio
1560 m
5. Sesi - Infantil
2060 m
PÚBLICO
6. CEBEJA
2370 m
7. Rui Barbosa – Infantil, Fundamental e Médio
1170 m
8. Cristo Rei – Infantil, Fundamental e Médio
1040 m
PARTICULAR
9. Martin Luther – Infantil, Fundamental e Médio
1400 m
10. FALURB – Superior Particular
1170 m
11. UNIOESTE – Superior Público
1710 m
SUPERIOR
12. ISEPE – Superior Particular
2370 m
5.7 INDICADOR REFERENTE AO LAZER
Em relação ao lazer foi analisado apenas o indicador referente às praças e áreas verdes,
considerando que se trata de um item que consta em alguns decretos de liberação dos
loteamentos. A seguir é descriminado como foi obtido este indicador.
5.7.1 Indicador das praças e áreas verdes
Como é possível observar no capítulo 4, onde se detalha o processo de liberação de cada
um dos cinco loteamentos em estudo, pode-se verificar que apenas o Residencial Vitória e
o Loteamento Neumeister passaram pelo processo de liberação de loteamentos junto a
Prefeitura Municipal, e desta forma, apenas nestes loteamentos foram reservadas áreas para
praças e áreas verdes, como consta dos decretos municipais.
No Residencial Vitória foi destinada, para equipamentos urbanos e comunitários e para
praças e áreas verdes, a área de 3.355,60m
2
, relativas aos lotes nºs 1 a 5, da quadra nº 7, e
os lotes nºs 1, 2 e 3, da quadra nº 9. Já no Loteamento Neumeister foi separada a área total
de 5.834,40 m
2
, da planta em aprovação, destinada para equipamentos urbanos e
comunitários, para praças e áreas verdes e/ou proteção de águas correntes (Sanga
Arapongas), relativa ao lote urbano nº 01, da quadra nº 04, com 1.914,30 m
2
e à reserva de
mananciais, com 3.920,10 m
2
. Como a área total dos 5 loteamentos é de aproximadamente
143.100 m
2
, pode-se resolver então a Eq. 3.10.
06,0
143.100
5.834,43.355,6
=
+
=Indicador
Resultados e Discussão 124
Ou seja, juntando os 5 loteamentos, ter-se-ia 6 % da área total destinada a praças e áreas
verdes. Porém, até o momento não existe nenhuma praça ou área verde no local de
abrangência destes loteamentos.
Ao se analisar quais os lotes destinados a este fim, logo, nas Figuras 5.46 a 5.48, pode-se
verificar que os lotes estão vazios.
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.46 Lotes da quadra nº 7 do Residencial Vitória
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.47 Lotes da quadra nº 9 do Residencial Vitória
Resultados e Discussão 125
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.48 Lote da quadra nº 4 do Loteamento Neumeister
Através do levantamento junto à população, todas as pessoas falaram que é importante ter
uma praça e áreas verdes nos loteamentos, pois não existe local para as crianças e
adolescentes brincar, sendo importante ter algum campo e parquinho para que possam
brincar de forma segura, não precisando recorrer à rua.
Na Figura 5.49 mostra-se na planta o local dos loteamentos, bem como onde se localizam
as praças da cidade, em traçado urbano planejado. Desta forma, as 3 praças mais próximas
são praças que estão localizadas em frente à igrejas centrais da cidade.
Uma pessoa reclamou da falta de árvores nas ruas, achando que “todos deveriam plantar
árvores, mas que deveria ser uma árvore padrão”, tendo em vista que as árvores atualmente
plantadas são de espécies diferentes.
Na Figura 5.50 percebe-se a falta de árvores na Rua Independência.
Resultados e Discussão 126
Figura 5.49 Localização das praças da cidade
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 127
Carla Fernanda Sander, 2007.
Figura 5.50 Rua sem árvores
5.8 CARTA SÍNTESE DA QUALIDADE SÓCIO-AMBIENTAL
De acordo com Lima (2004, p. 153) as cartas da qualidade sócio-ambiental representam
uma síntese resultante da superposição e integração dos atributos especializados. Desta
forma, pretende-se fazer uma carta síntese final dos loteamentos. Os atributos que foram
considerados nesta carta foram os vinte e um indicadores analisados nos loteamentos.
Os indicadores foram avaliados a partir das unidades espaciais (U.E.), a qual se tratam de
valores entre 1 e 6. A avaliação e o valor atribuídos a cada uma das unidades espaciais
encontram-se descriminado na Tabela 5.19.
Tabela 5.19 Atribuição de valores para as unidades espaciais
Unidades espaciais Avaliação Valor
1 Ótimo 85 - 100
2 Muito Bom 68 - 84
3 Bom 51 - 67
4 Regular 34 - 50
5 Ruim 17 - 33
6 Péssimo 0 - 16
Resultados e Discussão 128
Deve-se destacar que as unidades espaciais não apresentam homogeneidade absoluta,
portanto, a carta sócio-ambiental a ser apresentada deve ser considerada relativa, já que o
fato de uma unidade apresentar maiores ou menores índices em todos os atributos não
significa que todas as pessoas desfrutem da mesma condição.
Para que a classificação quanto à qualidade sócio-ambiental fosse possível, foi criada a
Tabela 5.20, resultando da combinação de 6 unidades espaciais distintas, hierarquicamente
classificadas.
Na Tabela 5.20 pode ser verificado em quantas unidades espaciais cada um dos indicadores
foi dividido. A quantidade de unidades espaciais atribuída a cada indicador corresponde a
forma como o mesmo foi avaliado anteriormente. Por exemplo, a declividade e escoamento
pluvial foi avaliada entre os três intervalos: i < 2 %, 2 < i < 8 % e i > 8 %. Logo, a melhor
declividade trata-se de 2 < i < 8 %, já que não causa nem alagamento e nem erosão. Desta
forma, como a unidade espacial 1 é referente a melhor nota, então, se a maior porcentagem
do terreno dos loteamentos encontram-se nessa faixa, a nota recebida para os loteamentos é
1. Como só existem 3 intervalos, esse indicador possui apenas 3 unidades espaciais.
Partindo da avaliação realizada e descrita no capítulo 5, foi obtido a quantidade de
unidades espaciais para cada um dos indicadores, resultando então, na criação da Tabela
5.20.
Através da Tabela 5.20, obteve-se a Tabela 5.21, onde são apresentados os valores obtidos
em cada indicador. Como pode ser verificado todos indicadores referentes à terra urbana
receberam unidade espacial 1. É importante ressaltar, que as unidades espaciais dada a
cada indicador, diz respeito a maior porcentagem encontrada, como por exemplo em
relação a declividade e ventilação, existe área na região que encontram-se entre os valores
determinados para a unidade espacial 2, mas, como a maior porcentagem é referente a
unidade espacial 1, logo, esta é a unidade espacial considerada para a avaliação.
Serão construídas 7 cartas síntese onde serão avaliados separadamente os 7 temas distintos
referentes a à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana,
ao transporte e aos serviços públicos e ao lazer.
Como existem alguns indicadores com 2 unidades espaciais, alguns com 3, 5 e 6, optou-se
em analisar separadamente os indicadores pela quantia de unidades espaciais que existem,
para que a média fosse coerente. Os valores obtidos por cada unidade espacial são
apresentados na Tabela 5.22.
Resultados e Discussão 129
Tabela 5.20 Síntese para a avaliação dos indicadores
Unidade
espacial
Indicadores
1 2 3 4 5 6
1. Declividade e ventilação i < 5%
5 < i < 50
%
i > 50 % - - -
2. Declividade e escoamento
pluvial
2 < i < 8 % i < 2% i > 8 % - - -
3. Declividade e circulação
de pedestres
i < 7%
7 < i < 10
%
10 < i < 13 %
13 < i <
20 %
20 < i <
40 %
i > 40
%
4. Declividade e
aproveitamento do solo
2 < i < 7 % i < 2% 8 < i < 15 %
16 < i <
30 %
i > 30 % -
5. Traçados urbanos e curvas
de nível
2 < i < 8 % i < 2% i > 8 % - - -
6. O lote
Área > 360
m2
Área < 360
m2
- - - -
7. A casa Alvenaria Madeira - - - -
8. Acesso ao serviço de
coleta de resíduos sólidos
urbanos
90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
9. Destinação final do
resíduos sólidos
Aterros
sanitários,
estações de
triagem,
reciclagem,
compostagem
e incineração
Lixões e
aterros
controlados
- - - -
10. Acesso ao sistema de
abastecimento de água
90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
11. Acesso ao esgotamento
sanitário
90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
12. Rede de drenagem
pluvial
90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
13. Rede de eletricidade 90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
14. Rede de telefonia 90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
15. Leito carroçável Asfalto
Pedra
irregular
Sem
pavimentação
- - -
16. Passeios Calçada
Sem
calçada
- - - -
17. Ciclovias Ciclovia
Sem
ciclovia
- - - -
18. Acesso ao transporte
público
90 - 100 % 70 - 90 % 50 - 70 %
30 - 50
%
10 - 30
%
0 - 10
%
19. Acesso à saúde
Fácil
(distância
ideal)
Médio (até
o dobro da
dist. ideal)
Difícil (acima
do dobro da
dist. ideal)
- - -
20. Acesso à educação
Fácil
(distância
ideal)
Médio (até
o dobro da
dist. ideal)
Difícil (acima
do dobro da
dist. ideal)
- - -
21. Praças e áreas verdes Existe Não existe - - - -
Resultados e Discussão 130
Tabela 5.21 Valores das unidades espaciais atribuídas à cada indicador
Indicador
Unidade
Espacial
O que foi determinado
1. Declividade e ventilação 1
Áreas que influenciam na
velocidade dos ventos
2. Declividade e escoamento pluvial 1
Área com declividade ideal para
o escoamento
3. Declividade e circulação de
pedestres
1
Ruas com declividade adequada
para a circulação de pedestres
4. Declividade e aproveitamento do
solo
1
Área ocupada e área vazia
5. Traçados urbanos e curvas de nível 1 Ruas com declividade adequada
6. O lote 1
Lotes que respeitem as
dimensões mínimas e a forma
dos lotes
7. A casa 1
Material utilizado na construção
das casas
8. Acesso ao serviço de coleta de
resíduos sólidos urbanos
1
População atendida pela coleta
de lixo
9. Destinação final do resíduos sólidos 2
Lixo coletado que recebe destino
final adequado
10. Acesso ao sistema de
abastecimento de água
1
População atendida pelo sistema.
de abastecimento de água
11. Acesso ao esgotamento sanitário 1
População atendida pelo
esgotamento sanitário
12. Rede de drenagem pluvial 2 Ruas com drenagem pluvial
13. Rede de eletricidade 1 Lotes com energia elétrica
14. Rede de telefonia 1
População com acesso ao
telefone fixo / móvel
15. Leito carroçável 2 Ruas pavimentadas
16. Passeios 2 Lotes que possuem calçadas
17. Ciclovias 2 Ciclovias existentes
18. Acesso ao transporte público 6
População que utiliza o
transporte público
19. Acesso à saúde 2
População que tem acesso fácil à
saúde
20. Acesso à educação 2
População que tem acesso fácil à
educação
21. Praças e áreas verdes 2
Área que possui praças e áreas
verdes
Resultados e Discussão 131
Tabela 5.22 Quantificação dos indicadores de acordo com a quantia de unidades espaciais
Unidade espacial
Indicadores
1 2 3 4 5 6
Indicadores com 2 unidades
espaciais 50 - 100 0 - 49
Indicadores com 3 unidades
espaciais 66 - 100 33 - 65 0 - 32
Indicadores com 5 unidades
espaciais 80 - 100 60 - 79 40 - 59 20 -39 0 - 19
Indicadores com 6 unidades
espaciais 85 - 100 68 - 84 51 - 67 34 - 50 17 - 33 0 - 16
Para que a unidade espacial de cada tema seja obtido, optou-se pela obtenção da média dos
indicadores relacionados a cada tema, como por exemplo, a unidade espacial referente à
terra urbana obtida será a média dos cinco indicadores relacionados a este tema.
5
5Indicador 4Indicador 3Indicador 2Indicador 1Indicador
urbana Terra U.E.
+
+
+
+
=
Pode-se observar que nesse tema existem 3 indicadores com 3 unidades espaciais e 1
indicador com 5 unidades espaciais e 1 indicador com 6 unidades espaciais. Como os 3
indicadores que possuem 3 unidades espaciais receberam o atributo 1, o valor dado para
cada indicador é 83, por se tratar do valor médio entre 66 e 100, do qual é o intervalo de
valores dados para o atributo 1 aos indicadores que possuem 3 unidades espaciais.
Logo, para o indicador com 5 unidades espaciais, que possui o atributo 1, o valor sobe, já
que existem mais intervalos, logo, o valor para esse indicador é de 90, enquanto que o
indicador com 6 unidades espaciais, tem-se o valor 92,5. Fazendo-se a média dos valores
obtidos por cada indicador, tem-se o valor de 86,3 como pode ser verificado na próxima
equação.
3,86
5
83 90 5,92 38 83
urbana Terra U.E. =
+
+
+
+
=
Através dessa média, avalia-se o valor obtido entre os intervalos determinados para as 6
unidades espaciais, obtendo-se então, uma unidade espacial entre 1 e 6, para o tema terra
urbana, o loteamento em estudo possui atributo 1. A carta síntese referente à terra urbana é
apresentada na Figura 5.51.
O mesmo é feito para todos os temas, logo, referente ao tema Moradia, obteve-se o valor
médio 75, como pode ser verificado a seguir, já que possuem apenas 2 unidades espaciais,
Resultados e Discussão 132
logo, avaliando entre os 6 atributos, obteve-se atributo 2. A carta síntese referente à
moradia é apresentada na Figura 5.52.
2
7Indicador 6Indicador
Moradia U.E.
+
=
75
2
75 75
Moradia U.E. =
+
=
Para o tema saneamento ambiental, tem-se 4 indicadores, para os 3 indicadores que
possuem 6 unidades espaciais, tem-se o valor 92,5, já que os 3 receberam atributo1,
enquanto que o indicador que possui apenas duas unidades espaciais obteve o valor 25, já
que diz respeito ao atributo 2, obteve-se então a média de 75,6, o qual pode ser observado
na equação a seguir, tem-se então o atributo 2. A carta síntese referente ao saneamento
ambiental é apresentada na Figura 5.53.
4
11Indicador 10Indicador 9Indicador 8Indicador
ambiental Saneamento U.E.
+
+
+
=
6,75
4
5,925,92255,92
ambiental Saneamento U.E. =
+
+
+
=
No tema infra-estrutura urbana, tem-se os 3 indicadores com 6 unidades espaciais, para o
indicador que obteve o atributo 2, tem-se 76, enquanto que os indicadores com atributo 1,
obtiveram o valor 92,5, logo a média desse tema é 87, como pode ser observado na
equação a seguir, obtendo então o atributo 1. A carta síntese referente à infra-estrutura é
apresentada na Figura 5.54.
3
14Indicador 13Indicador 12Indicador
urbana estrutura-Infra U.E.
+
+
=
87
3
5,925,9276
urbana estrutura-Infra U.E. =
+
+
=
Relacionado ao tema transporte, para os dois indicadores com 2 unidades espaciais e
atributo 2, tem-se o valor 25, para o indicador com 3 unidades espaciais e atributo 2, tem-
se 49, e para o indicador com 6 unidades espaciais e atributo 6, obteve-se 8, logo, o valor
médio é de 26,8, como pode ser verificado a seguir, logo, o atributo é de 5. A carta síntese
referente ao transporte é apresentada na Figura 5.55.
Resultados e Discussão 133
4
18Indicador 17Indicador 16Indicador 15Indicador
Transporte U.E.
+
+
+
=
8,26
4
8252549
Transporte U.E. =
+
+
+
=
Com relação ao tema serviços públicos, obteve-se a média 49, como pode ser verificada na
equação a seguir, pois os dois indicadores possuem 3 unidades espaciais e receberam
atributo 2, logo, o atributo referente é 4. A carta síntese referente aos serviços públicos é
apresentada na Figura 5.56.
2
20Indicador 19Indicador
públicos Serviços U.E.
+
=
49
2
4949
públicos Serviços U.E. =
+
=
E, finalizando, no tema lazer, existe um indicador com 2 unidades espaciais e atributo 2,
logo, o valor é de 25, conforme a equação a seguir. Assim, o atributo dado é de 5. A carta
síntese referente ao lazer é apresentada na Figura 5.57.
1
21Indicador
Lazer U.E.
=
25
1
25
Lazer U.E. ==
Para que a carta síntese da qualidade sócio-ambiental fosse obtida, somaram-se todas as
médias obtidas em cada tema, e fez-se a média destes valores, conforme a equação a
seguir.
7,60
7
25498,26876,75753,86
.. =
+
+
+
+
+
+
=
EU
E assim, através das médias dos temas avaliados, obteve-se a média do loteamento,
resultando no atributo 3, a qual é a nota referente a carta síntese da qualidade sócio-
ambiental dos loteamentos, a qual é apresentada na Figura 5.58.
Resultados e Discussão 134
Figura 5.51 Carta síntese referente à terra urbana
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 135
Figura 5.52 Carta síntese referente à moradia
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 136
Figura 5.53 Carta síntese referente ao saneamento ambiental
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 137
Figura 5.54 Carta síntese referente à infra-estrutura urbana
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 138
Figura 5.55 Carta síntese referente ao transporte
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 139
Figura 5.56 Carta síntese referente aos serviços públicos
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
Resultados e Discussão 140
Figura 5.57 Carta síntese referente ao lazer
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
141
Figura 5.58 Carta síntese da qualidade sócio-ambiental
Fonte: Prefeitura Municipal de Marechal C. Rondon (2007), adaptado pela Autora
6 CONCLUSÃO
Pode-se verificar que atualmente a população dos cinco loteamentos estudados possuem
uma qualidade de vida boa, mesmo eles sendo implantados sem um planejamento. Chegou-
se a este resultado através de vinte e um indicadores analisados, resultando na carta síntese
da qualidade sócio-ambiental.
Como se pôde verificar, a região de implantação dos loteamentos é um local de morro e
topo de morro. Desta forma, possui bastante ventilação tornando o ambiente no local mais
agradável e bastante ventilado, sendo a ventilação considerada pelos morados do local
como boa.
Em relação ao escoamento pluvial, a maior parte da área dos loteamentos possui
declividade entre 2 e 8 %, considerada ideal para a implantação de loteamentos, pois nessa
faixa de declividade o custo de implantação é menor, sem contar que em declividades
muito baixas pode ocorrer problema de sedimentação nas redes de drenagem pluvial e
alagamentos, enquanto que declividades superiores causam erosão.
Quanto à circulação de pedestres pôde-se observar que a declividade encontrada nas ruas
permite que os pedestres circulem com conforto em todas das ruas e os cadeirantes
circulem confortavelmente em 90% das ruas. O problema encontrado para os pedestres é
que apenas 7 lotes possuem calçamento, desta forma, a circulação dos pedestres é feita pela
rua, sendo perigoso, pois na Rua Independência o tráfego é intenso e os carros circulam em
alta velocidade.
Em relação aos cadeirantes, eles poderiam circular livremente se existissem calçadas
adequadas e a pavimentação não fosse de pedra irregular, desta forma, o deslocamento dos
mesmos é praticamente impossível se não tiver algum veículo.
Uma solução para a melhor circulação dos pedestres seria a implantação da calçada
ecológica, tendo em vista que várias casas possuem apenas grama em frente ao seu lote.
Assim, além de possuírem calçada, tornando mais seguro o deslocamento da população,
estariam contribuindo com a natureza, e ajudando no escoamento das águas pluviais.
Relacionado à declividade e aproveitamento do solo, a maior parte da região que possui
declividade entre 2 a 7 % já têm casas construídas, havendo apenas poucos lotes vazios.
Mas, a maior parte dos lotes vazios encontram-se com declividade entre 8 a 15%
necessitando de corte ou aterro.
Conclusão 143
Em relação à área dos lotes constatou-se que alguns dos lotes possuem área inferior a
360m
2
, estando em desacordo com a lei local. Sendo que esta analise foi apenas feita em
função do tamanho dos lotes liberados junto à Prefeitura, desconsiderando onde existir
mais de uma casa por lote.
Todas as casas do loteamento são casas de alvenaria até mesmo as que estão sendo
edificadas. Elas oferecem condições adequadas à moradia digna no local, pois possuem
uma boa estrutura e são atendidas pelo serviço de abastecimento de água, de esgoto, de
energia e coleta de lixo.
A população local é servida pela coleta de resíduos sólidos urbanos, a qual é realizada 3
vezes por semana, o problema encontrado é a destinação final destes resíduos, pois trata-se
de um lixão.
Pode-se constatar que todas as casas são atendidas pelo serviço de abastecimento de água,
superando a quantidade de casas com o mesmo serviço na zona urbana da cidade de
Marechal Cândido Rondon.
Com relação ao esgotamento sanitário, a única forma encontrada na cidade são fossas
sépticas, pois a cidade não disponibiliza rede coletora de esgoto. Como a fossa séptica é
considerada adequada ao esgotamento sanitário, pois auxilia no controle e redução de
doenças, e todas as casas possuem fossa séptica, logo, o loteamento possui esgotamento
sanitário adequado.
Algumas ruas do loteamento não possuem rede de drenagem pluvial, problema ocorrido
devido à falta de implantação da infra-estrutura necessária durante a implantação dos
loteamentos. A implantação da rede nessas ruas foi realizada recentemente através de
recursos cedidos pelo Ministério das Cidades.
Relacionado à rede de eletricidade, todas as casas são atendidas por este serviço
ultrapassando a média da cidade, que é de 99,4% das casas que atendidas pelo serviço no
Município.
Verificou-se que nem todas as ruas do loteamento são pavimentadas e as que são
pavimentadas são de pedra irregular. Sendo bastante comentado pela população que está
melhor do que quando não era pavimentada, mas que poderia ser melhor se fosse asfalto.
Tanto as escolas públicas quanto as particulares, bem como o ensino superior, encontram-
se com distâncias superiores às distâncias recomendáveis, mas esse não é um problema
Conclusão 144
para a população local, pois a mesma não acha que o loteamento encontra-se longe das
escolas. O mesmo ocorre em relação aos estabelecimentos de saúde.
Um tema questionado por muitos moradores é a falta de praças e áreas verdes, pois as
crianças não têm nenhum local onde possam brincar. Mesmo que o Residencial Vitória e o
Loteamento Neumeister tenham áreas reservadas para este fim, os lotes destinados
encontram-se vazios.
Através deste estudo, pode-se constatar que mesmo os loteamentos terem sido implantados
sem nenhum planejamento, atualmente eles possuem bastante qualidades. Junto à
população verificou-se que a maioria está conformada com a situação, já que falta um
apego pelo local, pois muitas vezes quando questionados se seria importante a implantação
de mais benefícios nestes loteamentos, eles logo respondiam que deveria ser melhorado no
centro.
Logo, a falta de apego ao local acaba gerando falta de vontade em melhorar o ambiente
local. Pequenas atitudes poderiam transformar o local em um ambiente mais bonito e
acolhedor, como por exemplo, a implantação da calçada ecológica, juntamente com a
plantação de árvores nas calçadas. Poderiam ser plantadas 2 ou 3 espécies diferentes de
árvores, intercaladas, pois se alguma delas fosse atacada por pragas não acabaria com todas
as árvores da mesma espécie, pois não estariam próximas o suficiente para serem atacadas.
Através da carta síntese da qualidade sócio-ambiental, pode-se verificar que entre 6
unidades espaciais, onde 1 é considerado ótimo e a 6 péssimo, os loteamentos em estudo
obtiveram o atributo 3 sendo considerado bom. Mas o loteamento obteve notas das mais
variadas, indo de ótimo, relacionado à terra urbana e infra-estrutura, até ruim em transporte
e lazer.
Ao responder se as pessoas residentes no local de estudo estão tendo direito à cidade
sustentável, se este direito é obtido apenas quando a população tiver acesso aos 7 temas, a
população local não está tendo este direito. Mas se fossem avaliados pela maioria, percebe-
se que 4 indicadores estão com avaliação acima de boa, e apenas 3 estão com avaliação
inferior, logo a população está tendo acesso à cidade sustentável.
Finalizando, pode-se verificar que a falta de planejamento inicial trouxe muitos transtornos
a população, devido à implantação de a infra-estrutura ocorrer apenas 17 anos após a
implantação do primeiro loteamento no local, no entanto, após a implantação da infra-
estrutura a qualidade dos loteamentos melhorou muito.
Conclusão 145
Pode-se concluir então, que mesmo que o desenvolvimento urbano no local tenha ocorrido
de forma errada, já que a Prefeitura Municipal dispensou 3 dos 5 loteamentos em estudo do
processo de liberação, através dos anos eles foram se desenvolvendo, chegando hoje a
possuírem uma qualidade de vida boa, podendo chegar a Muito Bom, ou até mesmo Ótimo
se continuar a se desenvolver.
7 REFERÊNCIAS
ABIKO, Alex Kenia. Introdução à gestão habitacional. São Paulo: EPUSP, 1995. Texto
Técnico – Escola Politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil.
ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. EXE. 1.0.0 . Eduardo
Martins, ESM Consultoria. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/atlas/>. Acesso em:
<17 de maio de 2007>.
BELINCANTA, Antonio; DE ANGELIS NETO, Generoso.
Textos: Tecnologia em infra-
estrutura urbana. Volume I. Maringá, 2007.
BRAGA, Benedito et al.
Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall,
2004.
BRASIL. Estatuto das Cidades, Lei nº10.257, de 10 de Julho de 2001.
Regulamenta os
arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana
e dá outras providências. Congresso Nacional.
_____. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990.
Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Congresso Nacional.
_____. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece diretrizes e bases da
educação nacional. Presidência da República.
BUENO, Mariely Siqueira; et al.
Hospitalidade: Cenários e Oportunidades. 1
a
ed. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
CONSUMIDOR BRASIL.
Características dos serviços públicos. Disponível em:
<http://www.consumidorbrasil.com.br/consumidorbrasil/textos/ebomsaber/servicopublico/
caracteristicas.htm>. Acessado em: 28 de junho de 2007.
COSTA, Marcela da Silva.
Mobilidade urbana sustentável: um estudo comparativo e
as bases de um sistema de gestão para o Brasil e Portugal. São Carlos, 2003.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.
FERRARI, Celso.
Dicionário de urbanismo. São Paulo: Disal Editora, 2004.
FOLZ, Rosana Rita.
Mobiliário na habitação popular – discussões de alternativas para
melhhoria da habitabilidade. São Carlos: Rima, 2003.
GOLD, Philip Antony
. Melhorando as condições de caminhada em calçadas. In: 1º
Seminário Paranaense de Calçadas. São Paulo: Gold Projects, 2003.
GOOGLE EARTH. 4.2.0181.2634 (beta). Microsoft Windows XP. Kh.google.com.
Disponível em: < http://baixaki.ig.com.br/download/Google-Earth.htm>. Acesso em: < 14
de agosto de 2007>.
Referências 147
GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do
Paraná. Cascavel: Edunioeste, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
Cidades.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>. Acesso em: <25 de abril
de 2007>.
_____. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 15 de nov. de 2005.
_____.
Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2002. Rio de Janeiro: IBGE,
2002.
_____.
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
INSTITUTO DOS ARQUITETOS DO BRASIL (IAB); FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO
PAULO.
Arquitetura & Habitação Social em São Paulo 1989/1992. São Paulo, 1993.
LEME, Francílio Paes.
Engenharia do Saneamento Ambiental. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1982.
LIMA, Marli Secchi de.
Morfologia urbana e qualidade de vida na cidade de Assis
Chateaubriand/PR. Maringá, 2004. Disssertação (Mestrado em Geografia) –
Departamento de Geografia, Universidade Estadual de Maringá.
MARECHAL CÂNDIDO RONDON. Lei nº 1.494, de 13 de novembro de 1984. Dispõe
sobre loteamentos e dá outras providências. Prefeitura Municipal de Marechal Cândido
Rondon.
_____. Lei nº 2.808, de 10 de maio de 1993. Autoriza a manutenção de parte da chácara nº
112/113 como área rural e dá outras providências. Prefeitura Municipal de Marechal
Cândido Rondon.
_____. Lei nº 2.833, de 19 de agosto de 1993. Dispõe sobre a urbanização da chácara nº
115/116/A/B, aprova e dá outras providências. Prefeitura Municipal de Marechal Cândido
Rondon.
_____. Lei nº 3.040, de 27 de maio de 1996. Autoriza o desmembramento de parte da
chácara nºs 109 e 110, e dá outras providências. Prefeitura Municipal de Marechal Cândido
Rondon.
_____. Lei Complementar 07, de 23 de julho de 1996. Dispõe sobre o parcelamento do
solo urbano no Município de Marechal Cândido Rondon, nos termos da lei complementar
do plano diretor e dá outras providências. Prefeitura Municipal de Marechal Cândido
Rondon.
_____. Decreto nº 060/98, de 18 de agosto de 1998. Aprova loteamento da chácara nº 117,
situado na sede municipal de Marechal Cândido Rondon, denominado Ura, de interesse de
Egon Helmut Glitz e outros, e dá outras providências. Prefeitura Municipal de Marechal
Cândido Rondon.
_____. Decreto nº 110/2002, de 22 de outubro de 2002. Aprova loteamento da chácara nº
111, situado na sede municipal de Marechal Cândido Rondon, denominado “Neumeister”,
Referências 148
de interesse de Glaci Neumeister e outros, e dá outras providências. Prefeitura Municipal
de Marechal Cândido Rondon.
_____. Decreto nº 091/2004, de 08 de setembro de 2004. Aprova dispositivos do decreto nº
060/98, de 18 de agosto de 1998, com relação à denominação de loteamento, e dá outras
providências. Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon.
MASCARÓ, Juan L.
Desenho urbano e custos de urbanização. 2.ed. Porto Alegre:
Sagra, 1989.
_____.
Infra-estrutura habitacional Alternativa. Porto Alegre: Sagra, 1991.
_____.
Loteamentos urbanos. 2. ed. Porto Alegre: Masquatro Editora, 2005.
MASCARÓ, Juan L.; YOSHINAGA, Mário.
Infra-estrutura urbana. 1. ed. Porto Alegre:
Masquatro Editora, 2005.
MINISTÉRIO DAS CIDADES.
Plano diretor participativo: Guia para a elaboração
pelos municípios e cidadãos. 2004.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).
Carta da terra. Paris, 2000.
Disponível em: < http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.doc>.
Acesso em: 27 de maio de 2007.
OTT, Carla.
Gestão pública e políticas urbanas para cidades sustentáveis: a ética da
legislação no meio urbano aplicada às cidades com até 50.000 habitantes.
Florianópolis, 2004. Dissertação (Mestrado em Gestão Ambiental) – Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina.
PFLUCK, Lia.
Do mapeamento geo-ambiental ao planejamento urbano: Marechal
Cândido Rondon (PR), 1950/97. Cascavel: Edunioeste, 2002.
PROJETO TERRA SOLIDÁRIA.
Desenvolvimento Local. Florianópolis: Escola Sindical
Sul, 2001.
PUPPI, Ildefonso C.
Estruturação sanitária das cidades. Curitiba, Universidade Federal
do Paraná; São Paulo: CETESB, 1981.
RODRIGUES, Ferdinando de Moura.
Desenho urbano, cabeça, campo e prancheta. São
Paulo: Projeto, 1986.
SAMPAIO, Carlos Alberto Cioce.
Planejamento para o desenvolvimento sustentável:
Um estudo de caso e comparativo de Municípios. Florianópolis: Bernúncia, 2002.
SANDER, Remi.
Implantação do sistema agroecológico: sustentabilidade da Bacia do
Rio Paraná III
. Marechal Cândido Rondon, 2004. Monografia (Concurso Cultivando
Água Boa).
SANTOS, Carlos Nelson F. dos.
A cidade como um jogo de cartas. Niterói: Universidade
Federal Fluminense: EDDUFF; São Paulo: Projeto Editore, 1988.
Referências 149
SETTI, J. R.; WIDMER, J. A. Tecnologia dos transportes. 3. ed. Escola de Engenharia
de São Carlos, USP, São Carlos, 1994.
SODRÉ, Nelson Werneck.
Formação histórica do Brasil. 5 ed. São Paulo: Brasiliense,
1970.
TISCHER, Luiz Fernando as S
. Reurbanização da área central de Marechal Cândido
Rondon: uma análise geográfica. Marechal Cândido Rondon, 2005. Monografia
(Graduação em Geografia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
TROPPMAIR, Helmut; GALINA, Márcia Helena.
Áreas verdes. Território & Cidadania.
Ano III, Número 2, julho -dezembro de 2003.
TUAN, Yi-fu.
Topofilia: Um estudo da percepção, atitudes e valores do meio
ambiente. Tadução: Lívia de Oliveira, São Paulo: Difel,1980.
WEIRICH, Udilma Lins.
História e atualidades: perfil de Marechal Cândido Rondon..
Marechal Cândido Rondon: Germânica, 2004.
ZMITROWICZ, Witold; DE ANGELIS NETO, Generoso de.
Infra-estrutura urbana.
(Texto técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção
Civil) São Paulo: EPUSP, 1997.
8 ANEXOS
8.1 LEI Nº 2.808 DE 10 DE MAIO DE 1993
8.2 LEI Nº 2.833 DE 19 DE AGOSTO DE 1993
8.3 LEI Nº 3.040 DE 27 DE MAIO DE 1996
8.4 DECRETO Nº 060/98 DE 18 DE AGOSTO DE 1998
8.5 DECRETO Nº 110/2002 DE 22 DE OUTUBRO DE 2002
8.6 DECRETO Nº 091/2004 DE 08 DE SETEMBRO DE 2004
Anexos 151
8.1 LEI Nº 2.808 DE 10 DE MAIO DE 1993
Anexos 152
Anexos 153
8.2 LEI Nº 2.833 DE 19 DE AGOSTO DE 1993
Anexos 154
Anexos 155
8.3 LEI Nº 3.040 DE 27 DE MAIO DE 1996
Anexos 156
Anexos 157
8.4 DECRETO N
O
060/98 DE 18 DE AGOSTO DE 1998
Anexos 158
Anexos 159
Anexos 160
8.5 DECRETO N
O
110/2002 DE 22 DE OUTUBRO DE 2002
Anexos 161
Anexos 162
Anexos 163
8.6 DECRETO N
O
091/2004 DE 08 DE SETEMBRO DE 2004
Anexos 164
9 APÊNDICE
9.1 QUESTIONÁRIO
Apêndice 166
9.1 QUESTIONÁRIO
Apêndice 167
QUESTIONÁRIO
Rua:
Bairro:
Pessoas residentes:
Crianças e adolescentes ( 0 a 14 anos)
Jovens (15 a 24 anos)
Adultos (25 a 60 anos)
Idosos (mais de 61 anos)
A casa é atendida pela coleta de lixo:
Sim Não
Possui fossa séptica na casa?
Sim Não
Se sim, quantas?
Se não, como é feito o esgotamento?
A casa possui serviço de telefonia?
Sim Não
Se sim, quantos? Móvel Fixo
As pessoas da casa utilizam transporte público?
Sim Não
Quantas pessoas da casa estudam?
Onde estudam?
Indicadores O que a população acha a respeito
1. Declividade e ventilação
2. Declividade e escoamento pluvial
3. Declividade e circulação de pedestres
4. Declividade e aproveitamento do solo
5. Traçados urbanos e curvas de nível
6. O lote
7. A casa
8. Acesso ao serviço de coleta de lixo doméstico
9. Destinação final do lixo
10. Acesso ao sistema de abastecimento de água
11. Acesso ao esgotamento sanitário
12. Rede de drenagem pluvial
13. Rede de eletricidade
14. Rede de gás encanado
15. Rede de telefone
16. Leito carroçável
17. Passeios
18. Ciclovias
19. Acesso ao transporte público
20. Acesso à saúde
21. Acesso à educação
22. Praças e áreas verdes
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo