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Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada – PPGLA
A ESTÉTICA NAS AULAS DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA: UM
ESTUDO DE CASO
Mônica Rodrigues da Luz
Brasília
2007
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ii
Mônica Rodrigues da Luz
A ESTÉTICA NAS AULAS DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA: UM
ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Lingüística Aplicada do
Departamento de Línguas Estrangeiras e
Tradução da Universidade de Brasília como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre
em Lingüística Aplicada na Área de Ensino-
Aprendizagem de Segunda Língua e Línguas
Estrangeiras.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Percília Lopes
Cassemiro dos Santos
Brasília
2007
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iii
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Dr.ª Percília Lopes Cassemiro dos Santos Orientadora
Prof.ª Dr.ª Edleise Mendes de Oliveira Santos Examinadora Externa
Prof.ª Dr.ª Cynthia Ann Bell dos Santos Examinadora Interna
Prof.ª Dr.ª Maria Luisa Ortíz Álvarez Suplente
iv
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação ao meu filho Gustavo
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha orientadora Prof.ª Dr.ª Percília Lopes Cassemiro dos Santos por me
apresentar e me iniciar no ensino e pesquisa de Português para Falantes de Outras Línguas,
por me incentivar a buscar conhecimentos nessa área, por despertar o meu interesse pela sala
de aula, por acreditar na minha capacidade, por ter aceitado me orientar e por me conduzir,
com sabedoria, na construção desta pesquisa.
À Prof.ª Dr.ª Edleise Mendes de Oliveira Santos, agradecimento especial por ter
aceitado fazer parte da banca de examinadores, por todo o seu profissionalismo,
disponibilidade e generosidade em realizar a leitura e fazer uma avaliação deste trabalho.
À Prof.ª Dr.ª Cinthya Ann Bell dos Santos por ter aceitado, gentilmente, compor a
banca, por realizar uma leitura tão atenta e criteriosa e por analisar esta dissertação.
À Prof.ª Dr.ª Maria Luisa Ortíz Álvarez por ter aceitado, de prontidão, compor a banca
como suplente e por todos os seus ensinamentos acadêmicos e de vida.
À Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, via EAPE, que possibilitou a
conclusão deste trabalho ao conceder-me o afastamento remunerado para estudos.
Aos professores das disciplinas que cursei durante o mestrado, cada um deles
contribuiu para a realização deste trabalho: Prof. Dr. José Carlos Paes de Almeida Filho que,
sapientemente, ajudou-me na definição da temática deste trabalho. Prof. Dr. Augusto César L.
Moura Filho pelas lições sobre autonomia na aprendizagem de línguas. Prof. Dr. Enrique
Huelva que compartilhou conosco muito de seu saber teórico. E aos demais professores do
Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada.
À Prof.ª Dr.ª Maria Jandyra Cavalcanti Cunha por ter me iniciado na pesquisa na área
de Português para Falantes de Outras Línguas e por todo incentivo.
À Prof.ª Dr.ª Daniele Marcele Grannier que contribuiu para aumentar o meu
conhecimento na área de Português como Segunda Língua.
À professora participante da pesquisa por colaborar comigo, o só, permitindo a
minha entrada em seu ambiente de trabalho, mas por ir além cedendo-me espaço para
vi
aplicação da minha proposta e por acompanhar-me durante todo o processo, obrigada por sua
participação e generosidade.
Aos alunos participantes desta pesquisa que, também, permitiram a minha entrada no
ambiente de aprendizagem deles para a realização desta pesquisa me acolhendo e colaborando
comigo. Sem a participação de vocês esta pesquisa não teria sido realizada. Muito obrigada!
Aos meus colegas do mestrado, em especial, Edleide Santos Menezes por todas as
trocas realizadas. Ao Luís Carlos Ramos e Deise Scherer por compartilhar comigo momentos
de estudos. À turma mais autônoma do Prof. Augusto (Camila, Cibele, Débora, George, Leila,
Monike), saudade da nossa turma, com vocês e com o professor Augusto aprendi muito. A
minha colega Maria da Guia Taveiros que veio da Educação para colaborar com nosso
aprendizado na Lingüística Aplicada e por ter me ajudado na elaboração e apresentação de
trabalhos nas disciplinas. Ao Alexis Kouamé e à Maria do Carmo Saunders pelos momentos
de convivência e auxílio na apresentação de trabalhos. Ao Leandro Rodrigues, que nossos
caminhos acadêmicos continuem se cruzando. À Marilena Bomfim pela a amizade, por todo
incentivo e apoio.
À secretaria do Programa que sempre me atendeu com gentileza e presteza. Thelma
Elita, muito obrigada por tudo.
As minhas amigas Alessandra, Galiléia, Iara, Kátia, Tatiana e minha prima Janine,
amigas de sempre e para sempre. Obrigada pela amizade e por entenderem minha ausência.
Ao meu pai José Rodrigues por todas as lições passadas a mim ao longo da vida e por
ter me emprestado livros sobre estética e arte que foram importantes na confecção desta
pesquisa.
A minha mãe Maria das Dôres, muito obrigada, por todo seu companheirismo e apoio
incondicional em todos os momentos da minha vida.
A minha querida irmã, Iza Rodrigues da Luz, que me ajudou na construção deste
trabalho desde a origem até a sua finalização, compartilhando muito do seu saber acadêmico
comigo, você é um exemplo!
Ao meu marido Amando por todo incentivo, ajuda material e emocional, por
compartilhar comigo a vida, projetos e sonhos e por me dar equilíbrio.
vii
A pessoas que não estão mais aqui, mas que marcaram profundamente a minha
vida: meu primo Miro, meu amigo Alan e meu sogro Guido dos Santos.
Aos meus irmãos José Carlos e Ana Kátia, as minhas sobrinhas (Laisy, Ladny e
Maria), meu sobrinho (Raphael), as minhas cunhadas (Isa e Ana Paula), ao meu cunhado
(Lincoln), a minha sogra (Célia dos Santos) e a Gelma por terem colaborado de alguma forma
para a realização deste trabalho.
A DEUS princípio e fim.
viii
LER: uma leitura multidimensional
(Multidimensional reading)
Francisco GOMES DE MATOS
LER: uma leitura multidimensional
Ler é processo
Ler é procura
Ler é projeto
Ler é pintura
Ler é processar
Ler é procurar
Ler é projetar
Ler é pintar
Ler é produzir
Ler é parafrasear
Ler é provocar
Ler é problematizar
Ler é propor
Ler é prever
Ler é provar
Ler é prover
Ler é percorrer
Ler é perguntar
Ler é perscrutar
Ler é perspectivar
Ler é formar
Ler é INformar
Ler é reformar
Ler é TRANSformar
Ler é SABER
Ler é PODER
SABER LER?
PODER DA INCLUSÃO!
Não ler?
Não saber LER?
ix
Desumana verdade:
PODER DA EXCLUSÃO!
O direito de saber ler
para melhor REpensar
a todo humano ser
devemos assegurar
LER é pensamento,valor,emoção
LER é sentimento, poder, antecipação
LER é prosa, poesia, cognitivAÇÃO
LER é a alma da CRIAÇÃO
x
RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar a recepção de uma proposta estética para as aulas de
Português como Segunda Língua por aluno(a)s estrangeiro(a)s, em um contexto específico,
tendo como principais referências teóricas os estudos de Almeida Filho, André, Coelho,
Cunha, Gai, Kramsch, Rosenfield e Tosta. A proposta foi desenvolvida em um curso de
português para estrangeiros, nível avançado I, de uma instituição localizada em Brasília, sua
aplicação foi realizada em quatro aulas de intervenção pela pesquisadora no decorrer do
curso, onde a professora regente esteve presente acompanhando todo o processo. O presente
estudo configurou-se em um estudo de caso que utilizou procedimentos de base etnográfica
para a coleta de dados efetuada por meio de observações realizadas, anteriormente, e durante
as aulas de intervenção, aplicação de questionários e entrevistas gravadas em áudio. A
elaboração da proposta foi feita pela pesquisadora que a partir de um tema gerador congregou
elementos estéticos da produção artística brasileira como: textos literários (conto e poema),
música popular, filme, pintura e fotografia. Tendo como base esses elementos estéticos
atividades foram apresentadas com o propósito de auxiliar os alunos no desenvolvimento de
suas habilidades lingüísticas (ler, ouvir, falar e escrever) em Língua Portuguesa e, também, de
explorar questões estéticas como contemplação, percepção, reflexão e opinião. Além disso, as
atividades propostas tiveram, também, como propósito promover a interação entre os
participantes, abrir espaço para discussões e compartilhar das produções orais e escritas
realizadas pelos alunos. Outra preocupação manifestada nesta pesquisa foi a de tentar
perceber se o deslocamento desses elementos estéticos que, geralmente, são periféricos, nas
aulas de ensino de idiomas, para a posição central na dinâmica das aulas favoreceu o ambiente
de ensino e aprendizagem motivando os alunos para aprendizagem da ngua Portuguesa, se
provocou um maior interesse dos mesmos pela cultura brasileira e se fomentou mudanças no
próprio processo de ensino/aprendizagem colaborando para uma aprendizagem mais
autônoma dos alunos. As informações construídas durante a pesquisa sinalizaram uma boa
receptividade dos alunos a introdução desses elementos estéticos. No entanto, sinalizaram,
também, a necessidade de um tempo maior para o trabalho de intervenção para a obtenção de
resultados mais abrangentes.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura, estética, ensino-aprendizagem, Português, segunda língua.
xi
ABSTRACT
The purpose of this study was to verify the receptiveness to an aesthetic proposal for
Portuguese as second language classes, for foreign student(s) in a specific context. The major
theoretical references in the literature were found in the studies of Almeida Filho, André,
Coelho, Cunha, Gai, Kramsch, Rosenfield and Tosta. The proposal was piloted in a
Portuguese as a foreign language course, advanced level I, held at an institution located in
Brasília. The proposal was implemented in four classes taught by the researcher during the
language course, semester the with regular teacher present and following the whole process.
This study was based on case study methodology, which employed ethnographic tools for
data collecting, for instance, observation, questionnaires, and audio recorded interviews. The
researcher elaborated on the proposal starting out with a generative theme and congregating
aesthetic elements of Brazilian artistic production, such as, literary texts (poem and short
story), pop music, a movie, a painting and photography. These aesthetic elements were the
basis for underlying all the activities presented by the researcher. The core purpose of
presenting these activities was to help students develop their linguistic skills (reading,
listening, speaking and writing) in Portuguese, and also, to explore forming aesthetic issues,
for instance, contemplation, perception, reflection and opinion. Additionally, the proposed
activities aimed at promoting interaction and open discussion among the participants and
creating an opportunity for the students to share their own oral and written productions. This
research study also attempted to perceive whether the reallocation of aesthetic elements,
usually recognized as having a peripheral role in language teaching classes, to the core
position in class dynamics, would favor the teaching and learning environment, thus,
increasing student’s motivation towards learning Portuguese, enhancing their interest in
Brazilian culture, and fomenting any changes in the teaching and learning processes
themselves. The data collected and analyzed throughout the research study demonstrated that
students responded, in general, positively towards the introduction of these aesthetic elements.
More comprehensive results might be obtained if the intervention occurred for a longer period
of time.
KEY WORDS: Culture, aesthetics, teaching and learning, Portuguese, second language.
xii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS -------------------------------------------------------------------------------- v
RESUMO ------------------------------------------------------------------------------------------------ ix
ABSTRACT --------------------------------------------------------------------------------------------- x
SUMÁRIO ----------------------------------------------------------------------------------------------- xi
LISTA DE TABELAS ------------------------------------------------------------------------------- xv
LISTA DE GRÁFICOS ----------------------------------------------------------------------------- xv
LISTA DE FIGURAS ------------------------------------------------------------------------------- xvi
LISTA DE ABREVIATURAS --------------------------------------------------------------------- xvi
CAPÍTULO I – A PESQUISA
1.1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------- 17
1.2 Contextualização do tema da pesquisa ---------------------------------------------------- 18
1.2.1 Educação, estética e ensino de línguas ------------------------------------------------------- 19
1.2.2 O Português no cenário mundial-------------------------------------------------------------- 21
1.3 Justificativas do tema de pesquisa ---------------------------------------------------------- 22
1.4 Objetivos da pesquisa ------------------------------------------------------------------------- 23
1.5 Pergunta de pesquisa ------------------------------------------------------------------------- 24
1.6 Metodologia de pesquisa --------------------------------------------------------------------- 24
1.6.1 Perfil dos participantes da pesquisa ---------------------------------------------------------- 26
1.6.2 Contexto da pesquisa --------------------------------------------------------------------------- 28
1.6.3 Instrumento de coleta de dados --------------------------------------------------------------- 28
1.6.3.1 Entrevista semi-estruturada ------------------------------------------------------------------ 28
1.6.3.2 Gravação de áudio das aulas ----------------------------------------------------------------- 29
1.6.3.3 Questionários (aberto e fechado) ----------------------------------------------------------- 29
xiii
1.6.3.4 Relatórios de observação --------------------------------------------------------------------- 29
1.6.4 Organização e desenvolvimento da pesquisa ----------------------------------------------- 30
1.6.4.1 Procedimentos realizados antes e durante as aulas de intervenção --------------------- 31
1.6.4.2 Informações complementares ao contexto de pesquisa ---------------------------------- 32
1.7 Organização da dissertação ----------------------------------------------------------------- 33
CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Cultura -------------------------------------------------------------------------------------------- 35
2.1.1 Conceito de Cultura ----------------------------------------------------------------------------- 36
2.1.2 Cultura e ensino de línguas -------------------------------------------------------------------- 37
2.2 Estética ------------------------------------------------------------------------------------------- 40
2.2.1 A perspectiva Estética -------------------------------------------------------------------------- 42
2.2.2 Linguagem Estética ----------------------------------------------------------------------------- 43
2.2.3 Competência Estética --------------------------------------------------------------------------- 43
2.3 Literatura e outras artes --------------------------------------------------------------------- 44
2.3.1 Literatura e o ensino e aprendizagem de línguas -------------------------------------------- 49
2.4 A abordagem de ensino de línguas --------------------------------------------------------- 54
2.4.1 A aula --------------------------------------------------------------------------------------------- 54
2.5 O ensino de Português como Segunda Língua ------------------------------------------- 56
CAPÍTULO III– ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
3.1 Introdução ------------------------------------------------------------------------------------- 59
3.2 Relato e análise das observações e das anotações das aulas -------------------------- 59
3.2.1 Anotações e observações das duas aulas de intervenção ---------------------------------- 60
xiv
3.3 Descrições, observações e análises das aulas de intervenção -------------------------- 62
3.4 Análises dos questionários (aberto e fechado) -------------------------------------------- 77
3.5 Análises das entrevistas (alunos e professora regente) --------------------------------- 89
3.5.1 Entrevista com os alunos ---------------------------------------------------------------------- 90
3.5.2 Entrevista com a professora regente -------------------------------------------------------- 100
3.6 Triangulação dos dados ---------------------------------------------------------------------- 105
3.6.1 Alunos ------------------------------------------------------------------------------------------- 105
3.6.2 Professora Regente ---------------------------------------------------------------------------- 106
3.6.3 Professora Pesquisadora --------------------------------------------------------------------- 107
3.7 Considerações Finais ------------------------------------------------------------------------ 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------- 114
REFERÊNCIAS DAS OBRAS UTILIZADAS NAS AULAS DE INTERVENÇÃO E
REFERÊNCIA DOS TEXTOS BIOGRÁFICOS DOS AUTORES ----------------------- 120
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA -------------------------------------------------------------- 122
ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------------------- 124
LISTA DE ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------- 125
CONVENÇÕES ------------------------------------------------------------------------------------- 126
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -------------------------------------------------------------------------------------------------- 27
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 77
Gráfico 2 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 78
Gráfico 3 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 78
Gráfico 4 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 79
Gráfico 5 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 80
Gráfico 6 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 80
Gráfico 7 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 81
Gráfico 8 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 81
Gráfico 9 ------------------------------------------------------------------------------------------------- 82
Gráfico 10 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 82
Gráfico 11 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 83
Gráfico 12 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 84
Gráfico 13 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 84
Gráfico 14 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 85
Gráfico 15 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 85
Gráfico 16 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 86
Gráfico 17 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 86
Gráfico 18 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 86
Gráfico 19 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 87
Gráfico 20 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 87
xvi
Gráfico 21 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 88
Gráfico 22 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 89
Gráfico 23 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 89
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 105
LISTA DE ABREVIATURAS
LA: Lingüística Aplicada
LM: Língua Materna
L1: Primeira Língua
L2: Segunda Língua
LE: Língua Estrangeira
PLE: Português Língua Estrangeira
17
CAPÍTULO I: A PESQUISA
1.1 Introdução
Pensar em novas formas para o ensino e aprendizagem de línguas, especialmente no
ensino de Português como ngua estrangeira ou segunda língua
1
, é muito motivador e
instigante. Trazer novos elementos para sala de aula, buscar trabalhar de outra forma velhos
elementos, promover a interdisciplinaridade, reunir materiais que dialogam entre si e
promover a interação entre aluno/aluno e aluno/professor na busca da construção de um
conhecimento são propósitos almejados na educação em geral e, especialmente, no ensino e
aprendizagem de línguas. O tema dessa pesquisa é a estética no ensino e na aprendizagem de
Português como segunda ngua: uma proposta de ensino com aplicação de textos literários e
interação com mídia e outras artes.
Além do desafio de tentar inovar, a preocupação com o aluno é constante, suscitando
perguntas do tipo: como ele irá receber tais inovações? Será que ele está preparado? Será que
é o que ele busca? Será que realmente inovações? Será que se dará um efetivo
aprendizado? São muitos os questionamentos que surgem e neste estudo apresento uma
proposta para verificar a recepção de aluno(a)s estrangeiro(a)s em um curso que contempla
elementos estéticos para as aulas de Português como segunda língua, na qual o ensino alia-se
à estética e tem como ponto de partida um tema gerador que une a produção artística
brasileira: textos literários, música popular, filme, pintura e fotografia. A proposta foi
desenvolvida em um curso, em Brasília, voltado para aluno(a)s estrangeiro(a)s, jovens e
adultos, iniciados no processo de aquisição da Língua Portuguesa. Com a sua realização,
pretendeu-se verificar a partir de interações dialógicas, também, a aceitação dos aprendizes
em relação ao tema proposto que tem por base os elementos estético-culturais brasileiros.
Como professora, a pesquisadora aplicou e desenvolveu a proposta no intuito de observar e
¹ Cunha (2007a, p.28) no QUADRO 5: Ensino de Português realiza a seguinte distinção: ENSINO DE PORTUGUÊS-
TIPO:Ensino de Português como língua materna SITUAÇÃO: Português como língua falada na comunidade e na
sociedade envolvente. CONTEXTO: Língua-alvo usada em contexto de imersão total. TIPO: Ensino de Português como
segunda língua - SITUAÇÃO: Português como língua oficial do Estado e, geralmente, a ngua dominante na sociedade
envolvente – CONTEXTO: Língua-alvo falada nos círculos públicos e no âmbito da sociedade. TIPO: Ensino de Português
como outra língua SITUAÇÃO: Português como ngua que não a segunda, sem a pressão do estado - CONTEXTO:
Língua-alvo não usada nos círculo doméstico e/ou público em geral e SITUAÇÃO: Português como língua estrangeira
ensinado no exterior - CONTEXTO: Língua-alvo aprendida em outro país, fora de contexto natural de imersão.
18
analisar se os elementos estéticos favoreceram o ambiente de ensino e aprendizagem
motivando os alunos para aprendizagem da Língua Portuguesa e provocando um maior
interesse dos mesmos pela cultura brasileira. Além disso, procurou-se observar a reação
do(a)s alunos(a)s no próprio processo de ensino/aprendizagem em decorrência do
deslocamento desses elementos estéticos, que geralmente são periféricos nas aulas de ensino
de idiomas, para posição central na dinâmica das aulas. Pretendeu-se, ainda, instigar uma
aprendizagem mais autônoma por parte dos alunos com sugestões de leituras e consultas a
internet com base nas atividades desenvolvidas em sala. As atividades constantes na proposta
visaram trabalhar, além dos aspectos estético-culturais, aspectos lingüísticos da Língua
Portuguesa presentes na literatura, na música e nos filmes, estimulando os alunos a
desenvolver suas habilidades lingüísticas por meio de atividades de produção oral, de
produção escrita, de compreensão oral e de leitura e ao desenvolver essas atividades que o(a)s
aluno(a)s pudessem, também, ter ao seu alcance sugestões de materiais que facilitassem a
aprendizagem autônoma da Língua Portuguesa.
1.2 Contextualização do tema da pesquisa
Vivenciamos na atualidade processos de transformações globais constantes que nos
intimam à reflexão. Todas as mudanças que vêm ocorrendo no mundo, devido aos avanços
tecnológicos têm impacto em todas as áreas, mas, principalmente, na área de educação onde
os envolvidos são chamados a refletir e a tentar compreender como tais mudanças irão incidir
sobre os modos de aprender e de ensinar, na maneira de nos relacionarmos e como responder
as questões que surgem nesse novo contexto altamente mutável. Atualmente, diante dessa
nova situação, ações mais dinâmicas e adaptáveis surgem dentro do cenário educacional na
tentativa de promover uma aprendizagem mais efetiva e uma melhor formação do indivíduo.
A aprendizagem é fundamental para ascensão pessoal, é uma capacidade presente em todo ser
humano e que possibilita ampliar a compreensão do outro e de si; possibilitando, também, um
enriquecimento cultural.
Diante desse cenário, nossa intenção foi a de verificar a recepção de aprendizes de
Português como Segunda Língua a uma proposta que contempla elementos estéticos da
produção artística brasileira.
19
1.2.1 Educação, estética e ensino de línguas
O compromisso formador que acompanha todo educador encontra na estética um forte
aliado, pois a mesma possibilita uma reflexão sobre tudo o que nos rodeia:
A estética é uma forma de pensamento reflexivo. É a mente humana
refletindo sobre sua própria atividade. A estética concebida como filosofia
da arte é, evidentemente, solidária com o método geral da filosofia, isto é,
com a observação intuitiva, a pesquisa essencial, o exame da realidade em
todos os seus modos de existência, a disposição de cada parte dessa realidade
numa estrutura de conjunto, e, sobretudo, no caso presente, o método
reflexivo. A reflexão é a concentração do espírito procurando conhecer-
se na sua atividade espontânea e nos seus produtos. (SOURIAU, 1973,
p.10, grifo nosso)
Portanto a reflexão está na base da estética e se almejamos pessoas mais reflexivas e
mais conscientes de suas ações, na educação a estética é um elemento que irá colaborar, não
de forma imediata, mas dentro de um processo, onde haja uma preocupação com a formação
de um indivíduo crítico e reflexivo, contribuindo também com a construção de cidadania. Em
artigo, Pinto e Miranda (2006, p.3) abordam sobre essa temática:
Ora, foi com o intuito de contribuir para o desenvolvimento das
metodologias da didáctica das línguas, de propor formas de articulação do
ensino/aprendizagem de uma língua com a Educação para a Cidadania e de
construir novos materiais didácticos que nasceu um projecto que apresenta
propostas, caminhos, meios e instrumentos para ajudar a levar a cabo os
objectivos ambiciosos das aulas de língua. O projecto, intitulado “Com as
Línguas e as Artes a Caminho da Cidadania”, foi concebido e tem sido posto
em prática por um grupo de professores-investigadores (palavra composta
que, idealmente, devia constituir um pleonasmo) de língua e cultura. O
trabalho que está a ser desenvolvido contempla o português (como língua
não-materna), o inglês e o alemão. Foi esta a resposta que os docentes
envolvidos na iniciativa procuraram dar a uma insatisfação que sentiam
relativamente a algumas das metodologias que eram seguidas nestas
disciplinas bem como ao papel subalterno que nelas estavam a ter tanto a
Educação para a Cidadania como a formação cultural e estética dos alunos.
Constatamos no artigo de Pinto e Miranda que uma preocupação em se realizar
projetos que priorizem a formação cultural e estética dos alunos para desenvolver a educação
para cidadania, também, em aulas de idiomas, abrindo um caminho para uma integração e
articulação dessas áreas no desenvolvimento de novas metodologias para o ensino e
aprendizagem de línguas.
Reis (2005) defende a idéia que a escola deve chamar para si a educação estética como
central e fundamental no processo de mediação cultural. Para ele a importância do
conhecimento estético é fundamental na formação humana. Todas as áreas dentro do contexto
20
educacional podem trabalhar a mediação cultural com exemplos que surgem a todo o
momento no contexto de vida dos alunos e também trabalhar para que os mesmos possam
comparar o momento atual com o que passou e refletirem sobre os fatos e analisá-los. Para
Campos (2002, p. 19-20):
Conhecer o passado e refletir sobre o contemporâneo acredita-se que seja
uma ação necessária para que se possa entender e compreender o contexto
em que se está inserido. Analisar e entender o seu tempo possibilita antever
o possível devir que permeia as ações do presente. No passado distante,
conhecer o seu espaço limitava-se às vivências de uma comunidade. O
homem, desde os primórdios da história, sempre se relacionou com o meio e
construiu conhecimento através das percepções sensoriais e racionais.
Vivências subjetivas, observação do mundo a sua volta e experiências diretas
com a matéria possibilitaram apreender os fenômenos.
Razão e sensibilidade acompanham o ser humano desde sempre e a escola não pode
omitir-se e valorizar apenas a razão em detrimento da sensibilidade, ambas devem integrar o
processo do desenvolvimento humano. Campos (op.cit., p.28), ainda, afirma que:
Pound tinha razão quando disse: a soma da sabedoria humana não está
contida em uma única linguagem”, admitindo a necessidade de se
conquistar outras formas de conhecimento. A analogia com a pré-história e
o contexto contemporâneo faz com que acreditemos que os conhecimentos
construídos através das percepções sensíveis, especialmente a visão,
continuam tão válidos quanto o foram no passado, embora os contextos
sejam radicalmente outros. O Olhar sensível e racional continua
representando uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento e a
construção dos valores subjetivos e objetivo do ser humano.
A educação cabe pensar em resgatar os espaços de construção das percepções
sensíveis, e também preparar tanto o corpo docente quanto discente no desenvolvimento de
tais percepções. Para Freire (1980, p.38), “o homem cultiva-se e cria cultura no ato de
estabelecer relações com o outro, com o meio e ao responder aos desafios que lhe apresenta a
natureza.” E esse mesmo homem é também capaz de criticar, incorporar o seu próprio ser e
traduzir, por uma ação criadora, a aquisição da experiência humana.
A estética vem complementar o processo educacional que pode ser resgatado em
diversas áreas do conhecimento, realizando interdisciplinaridade e buscando reflexão, pois o
belo se manifesta das mais variadas formas e pode estar presente numa equação matemática,
em um desenho geométrico, na formação de elementos químicos, na geografia de um país.
Temos é de exercitar nossos sentidos, despertar a sensibilidade para o que nos rodeia e quem
sabe assim desenvolveremos melhor nosso senso de responsabilidade em relação à nossa
cidade, ao nosso país, ao mundo e todos os seres que neles habitam. No ensino de Línguas,
21
também, a estética pode ser mais explorada e pode contribuir com a aprendizagem da língua
e, sobretudo, despertar a sensibilidade e uma melhor compreensão da cultura daquela língua
que está sendo aprendida. Foi com esse propósito que apresentamos neste estudo, uma
proposta com base nos elementos estéticos, procurando trabalhá-los mais em sala de aula,
dando-lhes ênfase e trazendo-os para uma posição central na dinâmica das aulas.
1.2.2 O Português no cenário mundial
Segundo as informações extraídas do sítio eletrônico
(www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt3.php) o português é a oitava língua mais falada do planeta
(terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o espanhol), é a língua oficial em sete
países: Angola (10 milhões), Brasil (185 milhões), Cabo Verde (415 mil), Guiné Bissau (1,4
milhão), Moçambique (18,8 milhões), Portugal (10,5 milhões), São Tomé e Príncipe (182
mil) e Timor Leste (800 mil). Hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas falam português no
mundo.
O Português, desde 1986, é uma das línguas oficiais da União Européia, ocasião da
admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do MERCOSUL (Mercado
Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português passou a ser ensinado como língua
estrangeira nos demais países que dele participam. A Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) foi criada em 1996 e reúne os países de língua oficial portuguesa com o
objetivo de fomentar a cooperação e o intercâmbio cultural entre os países membros, assim
como o de tentar tornar uniforme a língua portuguesa e promover a sua difusão.
De acordo com a visão de vários lingüistas o português apresenta-se, como qualquer
língua viva, internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais ou
menos acentuada quanto à pronúncia, à gramática e ao vocabulário na vasta e descontínua
área em que é falado. Contudo, a unidade do idioma não foi comprometida por essa
diferenciação e a Língua Portuguesa, apesar da acidentada história da sua expansão na Europa
e, principalmente, fora dela conseguiu manter a hoje apreciável coesão entre as suas
variedades.
Diante de tal contexto, os países lusófonos vêm reunindo esforços para promover o
Português no mundo e o estudo e a difusão do ensino da Língua Portuguesa passou a ser
22
interesse dos mesmos. Segundo Souza (2003), nas últimas décadas Portugal, Brasil e os
demais países pertencentes a CPLP, têm buscado implementar ações favoráveis na divulgação
e expansão da Língua Portuguesa por meio de Institutos e Centros de Estudos tendo em vista
a solidificação da cultura lusófona e luso-brasileira via língua portuguesa. O fortalecimento do
bloco lingüístico vai ao encontro de uma política de expansão da língua Portuguesa como
segunda língua/língua estrangeira ¹ (L2/LE). O Brasil tem obtido destaque em termos
políticos, econômicos e culturais, e talvez, seja esse um aspecto relevante que provavelmente
influencie o interesse de falantes de outras línguas pelo Português. Isso se verifica através de:
(1) a negociação diplomática brasileira para chegar à cadeira do Conselho de Segurança da
ONU; (2) a liderança do Brasil no cenário econômico-comercial da América Latina; (3) a
presença constante de produtos culturais brasileiros nas vitrines internacionais como o cinema
brasileiro no festival de Cannes e nas indicações ao Oscar, em Hollywood, e sua música que é
bem divulgada no mundo inteiro.
Esse cenário se mostra bastante favorável para que pesquisadores e professores de
Português como segunda língua ou língua estrangeira voltem sua atenção para estudar formas
de como ensinar e tornar mais positiva a aprendizagem da Língua Portuguesa, assim como
promover e despertar o interesse por sua aprendizagem. Em consonância com a Lingüística
Aplicada, dentro de sua subárea de ensino e aprendizagem de línguas, tanto os pesquisadores,
quanto os professores de Português como segunda língua e como língua estrangeira, sem
descartar também, os professores de Português como língua materna, devem ficar atentos às
inovações surgidas na área e principalmente conhecer os seus princípios para melhor
compreender o ensino e a aprendizagem de línguas e de todas as questões que as cercam.
1.3 Justificativa do tema de pesquisa
Compartilhando com as idéias expostas abaixo de A. Coelho (2002, p.01) elaborei
a proposta que contempla os elementos estéticos com o objetivo de mostrar aos alunos
uma parte dos “produtos” constitutivos de nossa cultura, pois:
A ngua é veículo e manifestação da cultura de um povo e, portanto, sua
aquisição requer também o conhecimento dos traços culturais próprios da
sociedade que a utiliza. Cada língua, como sistema autônomo de expressão e
comunicação de uma comunidade, geográfica e historicamente definida,
reflete suas estruturas sócio-culturais. Portanto, se a língua está ligada
profundamente a cada vel da existência individual e coletiva, um projeto
de formação lingüística não pode deixar de levar em conta as situações nas
23
quais esta realidade se manifesta, ou seja, o conjunto de elementos típicos de
um determinado grupo social.
A falta de uma abordagem cultural nos livros de Português como língua estrangeira
foi constatada por meio de pesquisas. No resumo de sua pesquisa R. Moura (2005) após
realizar a análise de três livros didáticos de Português para estrangeiros nos informa que:
Concluímos que todo o material analisado, apesar de dar algum espaço a
aspectos da cultura brasileira, poderia explorar mais este item, de modo a
permitir ao aprendiz uma aproximação maior com o país, sendo a língua um
veículo capaz de garantir tal proximidade. Além disso, a abordagem cultural
não é algo fechado, pronto no livro didático, e deve ser fortemente explorada
de outras formas no processo de ensino-aprendizagem de segunda língua.
Verifica-se uma lacuna, pois, geralmente, os livros didáticos não trazem ou trazem
poucos materiais, em que, de fato, os aspectos culturais possam ser trabalhados. A questão
estética, então, não se aborda. Verifica-se isso no nosso sistema de ensino que valoriza mais
os aspectos estruturais do que os aspectos culturais e estéticos. No entanto, no ensino e
aprendizagem de línguas estrangeiras os aspectos culturais obtêm destaque nas áreas de
estudo e pesquisa, porém são poucos os que abordam a questão estética desses elementos e de
como trabalhá-los em sala de aula no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. A
escolha dessa temática ocorreu-me ainda no curso de Pós-Graduação em Literatura (lato
sensu), especialização em Literatura Brasileira, no qual desenvolvi uma proposta para o
ensino e recepção da Literatura Brasileira e sua interação com mídia e outras artes. Por essa
razão fiquei motivada a investigar a eficiência de uma proposta caracterizada por elementos
estéticos presentes na produção artística brasileira no ensino e aprendizagem do Português
como segunda língua. O intento da proposta foi desenvolver as habilidades lingüísticas dos
alunos juntamente com a sensibilidade estética e, assim, ampliar seus conhecimentos, de uma
forma geral, sobre a cultura brasileira.
1.4 Objetivos da pesquisa
1.4.1 Geral:
Contribuir com o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa como segunda língua
por meio da aplicação de uma proposta que contemple elementos estéticos presentes na
cultura brasileira.
24
1.4.2 Específicos:
1.4.2.1 Verificar a recepção a de uma proposta, que contempla elementos estéticos para as
aulas de Português como Segunda Língua, por aluno(a)s estrangeiro(a)s em um curso em
Brasília.
1.4.2.2 Promover aprendizagem com interação participativa nas reflexões e discussões
suscitadas pelos textos literários e outras manifestações artísticas brasileiras.
1.4.2.3 Favorecer a produção escrita e discursiva do(a) s aluno(a)s na língua alvo.
1.5 Pergunta de Pesquisa
Como é a recepção de aprendizes de Português como segunda língua de uma
proposta de ensino que contempla elementos estéticos (literatura, música, pintura,
filme, fotografia) da produção artística brasileira? Em relação a:
a aceitação do tema proposto pela professora/pesquisadora;
as atividades desenvolvidas em sala de aula;
as atividades desenvolvidas fora de sala de aula.
1.6 Metodologia de pesquisa
O estudo proposto foi realizado pela conjugação de métodos teóricos e práticos de
investigação. Tendo como ponto de partida a sala de aula, por ser lócus privilegiado, onde
podemos observar e sermos observado e, também, refletirmos sobre a nossa prática e verificar
a receptividade dos alunos. Aproximar-se da sala de aula para realizar pesquisa, segundo
André (2005a, p.41) “é como colocar uma lente de aumento na dinâmica das relações e
interações que constituem o seu dia-a-dia.” Ela destaca também ações próprias da pesquisa
em contexto escolar, tais como: tentar observar e entender as forças que a impulsionam ou
que a retêm, identificar as estruturas de poder e seu modo de organização, bem como
compreender o papel e a atuação de cada sujeito nesse complexo interacional onde ões,
relações, conteúdos são construídos, negados, reconstruídos ou modificados.
25
Para André (2005) o professor- pesquisador deverá estar atento ao ambiente em que se
processa o ensino (forças institucionais, estrutura administrativa, rede de relações intra e
extra-escolar) para que assim possa refletir sobre a sua prática.
De acordo com Alvarenga (2005, p.111):
Na teoria de Lingüística Aplicada (LA), uma forte vertente tem se
posicionado no cenário de formação de professores de línguas atribuindo
importância à conscientização do professor acerca de sua prática,
conscientização essa possível de ocorrer a partir do processo de reflexão
realizado pelo próprio professor. Essa prática deve ser entendida de imediato
como objeto natural de reflexão constante.
A reflexividade, na atualidade, como coloca Libâneo (2005) já se configura como um
dos elementos de formação profissional dos professores e Lüdke et alii (2001) sintetiza que
reflexão-na-ação e a reflexão sobre a ação são dois níveis essenciais para a prática reflexiva
do professor.
Para esta pesquisa adotamos o estudo de caso por a mesma se aproximar de suas
principais características, reunidas por André e Lüdke (1986, p.18-20) que destacam que:
Os estudos de caso visam à descoberta, enfatizam a “interpretação em
contexto”, buscam retratar a realidade de forma completa e profunda, usam
uma variedade de fontes de informação, revelam experiência vicária e
permitem generalizações naturalísticas, procuram representar os diferentes e
às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social. Os
relatos do estudo de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais
acessível do que outros relatórios de pesquisa.
O presente estudo, ainda se insere na denominação de estudo de caso do tipo
etnográfico, ou seja, um estudo de um fenômeno educacional, com ênfase na singularidade e
levando em conta os princípios e métodos da etnografia.
A metodologia do estudo de caso foi adotada, também, considerando a pergunta de
pesquisa, o pouco controle do pesquisador sobre o que aconteceu no desenrolar da pesquisa e
ainda a contemporaneidade do fenômeno estudado numa situação real. De acordo com André
(2005a, p.51):
Para Yin (1988) deve ser dada à preferência à metodologia de estudo de caso
quando (1) as perguntas de pesquisa forem do tipo “como” e “por que”; (2)
quando o pesquisador tiver pouco controle sobre aquilo que acontece ou que
pode acontecer; e (3) quando o foco de interesse for um fenômeno
contemporâneo que esteja ocorrendo numa situação de vida real. Quanto à
26
metodologia de estudo de caso, são usadas múltiplas fontes e meios de
investigação.
Na concepção de Stake (1995, p.xi) apud André (2005b, p.18) o “estudo de caso é o
estudo da particularidade e da complexidade de um caso singular, levando a entender sua
atividade dentro de importantes circunstâncias.” Stake (id.) define-se por uma concepção de
estudo de caso qualitativo, fundamentada nos métodos de pesquisa naturalístico, holístico,
etnográfico, fenomenológico e biográfico.”
Segundo Stake (1994, p.236 apud André 2005, p.16) o que caracteriza o estudo de
caso não é um método específico, mas um tipo de conhecimento. Para ele uma questão
fundamental é o conhecimento derivado do caso, ou melhor, o que se aprende ao estudar o
caso.
A pesquisa valeu-se de múltiplos casos (seis alunos). Gil (2002) considera cada
participante da pesquisa como um caso a ser analisado. Pode-se classificar esta pesquisa
como descritiva qualitativa e que se complementa de registros quantitativos.
1.6.1 Perfil dos participantes da pesquisa
Os participantes são: aluno(a)s estrangeiro(a)s residentes em Brasília, de diversas
nacionalidades, jovens e adulto(a)s, a professora regente do curso de Português para
estrangeiros, nível avançado I e a professora pesquisadora que aplicou a proposta para
realização da pesquisa. Denominaremos A - para os alunos, PR – para a professora regente do
curso e PP - para a professora pesquisadora. Segue na próxima página tabela para visualização
do perfil dos participantes e as informações relacionadas a cada um deles, que foram
consideradas pertinentes para a nossa pesquisa.
27
Aluno(a)s –
Sexo -
Idade
Nacionalidade Língua
Materna
Outras
línguas
Tempo no Brasil
e o motivo pelo
qual está aqui
Início da
Aprendizagem
do Português
A1 – F - 25 Espanhola Espanhol e
Catalão
Alemão,
Inglês
8 meses- a
trabalho
8 meses
A2 – F – 38 Paraguaia Espanhol - 9 meses- a
trabalho
9 meses
A3 – F- 22 Suíça Alemão
suíço
Francês,
Inglês,
Espanhol
3 meses- morar
com o namorado
e cursar Relações
Internacionais
6 meses
A4 – M – 26 Espanhol Catalão Espanhol,
Inglês,
Francês
8 meses- a
trabalho
8 meses
A5 – F – 59 Francesa Francês Inglês 7 anos a
trabalho e por
decisão própria
7 anos
A6* - F Uruguaia
Professoras
– Idade
Naturalidade Graduação – local - ano
Tempo como Professora
de Português
como L1* e como L2*
PR - 24 Vitória (ES) Letras: Português do Brasil como
Segunda Língua - Universidade de
Brasília – 2004
6 anos (L1)
4 anos (L2)
PP - 35 Brasília (DF) Letras: Licenciatura e Bacharelado em
Língua Portuguesa e respectivas
literaturas - Universidade de Brasília
1995 e 1997
11 anos (L1)
3 anos (L2)
TABELA 1
*A6 – aluna com perfil incompleto
* L1 – Português como língua materna
* L2 – Português como segunda língua
28
1.6.2 Contexto da pesquisa
Curso de Português para estrangeiros, em Brasília. A proposta foi apresentada e
desenvolvida em um Curso de Português para Estrangeiros - Avançado I com carga horária
correspondente a 48 horas/aula por bimestre, o bimestre em questão foi o bimestre de 2007
(maio - julho), com aulas três vezes por semana (segunda-feira, terça-feira e quinta-feira) no
horário de 17h15min. às 18h 55min., tendo portanto cada aula a duração de 1h e 40 min. O
curso é pago pelos alunos que são selecionados para as turmas conforme o desempenho em
uma prova de nivelamento. As aulas de intervenção começaram após duas semanas do início
das aulas neste bimestre, após a apresentação, da proposta e da pesquisadora, e da
concordância dos alunos em participarem da pesquisa. Essa turma foi escolhida em razão do
nível de aprendizado da língua, ou seja, por serem alunos que tinham algum conhecimento
sobre a Língua Portuguesa e, também, devido à concordância e boa recepção da proposta pela
professora regente.
1.6.3 Instrumentos de coleta de dados
A coleta de dados realizou-se por meio das observações em sala de aula, anotações,
gravações de áudio das aulas de intervenção, entrevistas semi-estruturadas realizadas com
o(a)s aluno(a)s e com a professora regente, gravadas em áudio, e aplicação de questionários
aberto e fechado para o(a)s aluno(a)s.
1.6.3.1 Entrevistas semi-estruturadas
Segundo Cunha (2007b, p.72) “a entrevista é um procedimento que permite a obtenção
de informações sobre os assuntos complexos, e, até, emocionalmente carregados.” A escolha
desse instrumento foi importantíssima para esse estudo, por se tratar de uma interação face a
face, possibilitando observar a reação dos entrevistados durante a entrevista e tentar captar
informações extras nesse momento tão rico de interação. A modalidade de entrevista semi-
estruturada foi a que melhor se encaixou para os objetivos propostos, pois partiu de um roteiro
inicial, mas não impediu o surgimento de outras questões que foram abordadas,
oportunamente, na medida em que apareciam na ocasião da entrevista. A entrevista foi
29
realizada ao final das aulas de intervenção com os alunos e com a professora regente do curso,
que esteve presente em todas as aulas de intervenção, observando e acompanhando todo o
processo.
1.6.3.2 Gravação de áudio das aulas
A gravação de áudio é um importante instrumento para análises posteriores. A partir
dessas gravações, torna-se possível a realização das transcrições das falas que servirão de
apoio para as análises do pesquisador e, também, servirão como uma forma de acesso ao leitor
do que foi dito nessas gravações. Neste estudo as gravações de áudio foram utilizadas para
registrar as aulas de intervenção e as entrevistas semi-estruturadas.
1.6.3.3 Questionários (aberto e fechado)
Na visão de Cunha (2007b, p.70):
O questionário compõe-se de um número de questões elaboradas com o
objetivo de investigar, entre outros, opiniões, crenças, valores e vivências de
um indivíduo ou de um conjunto deles. Essas questões são elaboradas de
acordo com os objetivos da pesquisa e podem ser fechadas, abertas ou
relacionadas.
Para este estudo foram feitos dois tipos de questionário aplicados por meio de
formulário, sendo o primeiro composto por questões abertas com o objetivo de investigar
opiniões, crenças, valores e vivências dos alunos pesquisados antes do início das aulas de
intervenção. O segundo questionário foi composto por questões fechadas em que os alunos
deveriam marcar a alternativa que melhor representasse a sua situação ou ponto de vista
dentre as cinco opções apresentadas para cada questão. Este questionário foi aplicado após as
aulas de intervenção com o objetivo de verificar a recepção e a avaliação dos alunos às aulas
de intervenção.
1.6.3.4 Relatórios de observação
30
Para Cunha (2007b, p.64) observar é ato primeiro do fazer ciência”. A escolha desse
instrumento se deu por ele ser primordial na pesquisa qualitativa. Nessa perspectiva deve-se
ficar atento a tudo que se passa no ambiente observado. Ainda, segundo Cunha (op.cit.) é
prestar atenção nos atores do cenário de pesquisa e seguir cuidadosamente suas ações. Não é
olhar e escutar, mas, examinar criticamente os eventos relevantes e os fatos reincidentes.
Neste estudo o processo de observação se deu de forma direta e participante. Para André
(2005a, p.26) “a observação é chamada de participante porque se admite que o pesquisador
tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela
afetado”. A pesquisadora se incluiu no processo da dinâmica das aulas, observou as situações
de ensino-aprendizagem, antes das aulas de intervenção e depois durante as aulas de
intervenção, focou sua observação, principalmente, na receptividade dos alunos às atividades
propostas, na aceitação do tema e na realização das atividades a partir da aplicação do
material didático.
1.6.4 Organização e desenvolvimento da pesquisa
A pesquisa foi realizada nas salas de aula de um curso de português para estrangeiros,
nível avançado I, e desenvolveu-se em quatro etapas:
1ª etapa: observação de duas aulas.
etapa: aplicação da proposta em aulas de intervenção (4 aulas), e realização de
observações, apontamentos e gravação em áudio das aulas, para posterior descrição
e análise, sobre a reação dos alunos e a recepção dos mesmos ao material utilizado
nas aulas em relação à: aceitação ao tema proposto; exposição e articulação do
tema nas atividades propostas; realização de discussões dos temas abordados em
aula (suscitados pelas manifestações artísticas apresentadas); realização de
atividades em pares; realização de atividades em casa; sugestões de leituras e
consultas a sítios na internet. Foram solicitadas anotações do(a)s aluno(a)s sobre as
impressões que tiveram de algumas atividades e a colaboração da professora
regente para que também observasse a reação dos alunos nas aulas de intervenção.
etapa: Audição, transcrição e descrição das aulas de intervenção para avaliar a
recepção do(a)s aluno(a)s a essa proposta.
31
4ª etapa: análise e discussão dos dados com a realização da triangulação das
informações obtidas com os participantes da pesquisa (alunos, professora regente e
professora pesquisadora).
1.6.4.1 Procedimentos realizados antes e durante as aulas de intervenção
Primeiramente estabeleci um contato com a professora regente do curso de português
como segunda língua, nível avançado I, para explicar-lhe minha pesquisa e mostrar-lhe o
material que eu iria utilizar. Conversamos e acertamos que inicialmente eu observaria duas
aulas antes de iniciar o desenvolvimento da proposta. Ela concordou com minhas sugestões e
me deixou observar duas aulas e me cedeu mais quatro aulas (1 aula por semana) para
aplicação da proposta. No primeiro dia apresentei-me e expliquei a minha proposta de
pesquisa para os alunos e perguntei-lhes se concordavam em participar da pesquisa, os alunos
concordaram e eu fiquei na sala para realizar a observação. No segundo dia, além da
observação solicitei a colaboração dos alunos para responderem um questionário após a aula.
Eles concordaram e então iniciei um contato com eles, antes de começar as aulas de
intervenção (quatro aulas).
A proposta teve como tema gerador o Nordeste brasileiro para desenvolver as
atividades das aulas de intervenção. Depois de observar duas aulas iniciei as aulas de
intervenção trabalhando o conto: “Baleia” de Graciliano Ramos, leitura silenciosa do conto e
atividade escrita referente ao texto. Na primeira aula também projetei a pintura “Os
retirantes”, de Cândido Portinari realização de uma atividade oral.
Na segunda aula trabalhei o poema de Patativa do Assaré “Dois quadros” e também a
música “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A atividade referente ao poema
foi uma atividade escrita para ser feita em sala de aula. Após a atividade do poema trabalhei a
música e os alunos fizeram uma atividade de compreensão oral.
Na terceira aula projetei o filme “O auto da compadecida” de Guel Arraes, adaptação
da obra de Ariano Suassuna (aproximadamente 104 min.). Neste dia a exibição do filme
tomou todo tempo da aula
Na quarta e última aula eu pretendia realizar uma discussão sobre o filme para
realização de atividade oral, porém não foi possível porque os alunos o estavam todos
32
presentes no dia da exibição do filme. Trouxe também duas páginas do livro “O auto da
compadecida” de Ariano Suassuna e pedi para eles lerem e conversamos sobre as adaptações
de peças teatrais para o cinema. Por último, projetei a fotografia “Vidas Seca” de Duda
Sampaio e pedi para os alunos realizarem uma atividade oral e depois uma atividade escrita e,
ainda, lemos um texto que falava sobre festas juninas realizando uma relação do que acontecia
no momento (época das festas juninas) ao tema trabalhado.
Voltei duas semanas depois para aplicar outro questionário e pedir a colaboração dos
aluno(a)s para responderem-no, realizar entrevistas com o(a)s aluno(a)s e com a professora
regente.
Em todas as aulas levei textos extraídos da internet (Wikipedia) com a biografia dos
autores das manifestações artísticas trabalhadas em sala, alguns textos foram lidos oralmente
pelos alunos durante as aulas, mas a maioria foi para que eles tivessem uma leitura
complementar extraclasse. Também forneci o endereço de páginas eletrônicas que eles
poderiam acessar pela internet para terem mais informações sobre os autores trabalhados em
sala de aula e suas obras.
1.6.4.2 Informações complementares ao contexto de pesquisa
Devido ao fato de estar afastada das salas de ensino de Português como L2 e atuando
como professora de L1 não foi possível elaborar a proposta de intervenção com a participação
dos alunos. Faço essa ressalva por considerar a participação dos alunos no processo de ensino
e aprendizagem um fator muito importante para se atingir os objetivos esperados. Desse
modo, as informações construídas aqui se referem a uma proposta formulada pela professora-
pesquisadora, que é adaptável, mas que no inicio das aulas de intervenção já estava pronta.
Apesar disso, como o objetivo da pesquisa foi verificar a recepção dos alunos a uma
proposta que introduz elementos estéticos no ensino de Português como L2, no sentido de
colaborar, de jogar uma luz sobre essa temática que ainda carece de estudos e pesquisas,
consideramos que esse objetivo não foi prejudicado pela não participação dos alunos na
elaboração da proposta. A literatura foi o carro-chefe dessa proposta e atrelada a ela estavam à
pintura, a música, o filme e a fotografia.
33
A questão da designação do campo específico de trabalho, desenvolvimento e pesquisa
para esta área de ensino de Português é abordada por Almeida Filho (2007, p.33). Ele tem se
referido à área como EPLE [...]. Nessa acepção se trata do ensino de português como outra
língua (não materna). Esse é um sentido de ampla circulação e mais genérico. Ensino de
Português para Falantes de Outras Línguas (EPFOL) ou Ensino de Português como Língua
Não-Materna (EPNAMAT) seriam referências mais rigorosas para indicar essa área. Nesses
casos, todos os tipos de ensino de português que não sejam em contextos de língua materna
estariam cobertos pelas duas siglas. O ensino de Português como Segunda Língua pode
muitas vezes indicar genericamente qualquer tipo de ensino que não o de L1, mas com maior
freqüência e precisão tem sido reservado para o ensino de Português a estrangeiros em países
que falam a língua portuguesa como língua materna ou L1. É o caso, por exemplo, de
aprendizes que estão temporariamente num país de língua portuguesa como o Brasil e
Portugal e que se candidatam a aprender o português nas variantes vigentes. Devido a essa
última explanação, e de acordo com a nota¹, nesta pesquisa, optamos pela terminologia
Português como Segunda Língua.
Informo, também, que durante a pesquisa uma aluna desistiu do curso e outra aluna
não estava nos dias em que fiz as entrevistas. O primeiro questionário foi respondido por seis
alunos, nas aulas de intervenção variou o número de alunos presentes, e o segundo
questionário foi respondido por cinco alunos. Foi realizada a descrição do perfil completo de
cinco alunos, e as entrevistas foram realizadas com quatro alunos e a professora regente. Por
fim, esclareço que, por ter sido participante da pesquisa, na redação da dissertação o uso do
pronome varia ora em 1ª pessoa do singular, ora em 1ª pessoa do plural.
1.7 Organização da dissertação
Nesse primeiro capítulo desta dissertação apresentamos a constituição da pesquisa, sua
contextualização, o porquê da escolha e do interesse pelo tema, sua justificativa, seus
objetivos, a pergunta de pesquisa, a metodologia para coleta dos dados, o perfil dos
participantes, os instrumentos que foram utilizados, sua organização e os procedimentos
realizados.
No segundo capítulo, apresentaremos o referencial teórico, abordando os principais
conteúdos relacionados à temática da pesquisa e a ótica dos autores dos assuntos suscitados.
34
No terceiro capítulo, traremos as discussões e análises dos dados em sua maioria de
forma qualitativa, porém alguns dados também terão uma análise quantitativa. Ao final desse
capítulo são feitas as considerações finais acerca desta dissertação.
35
CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Cultura
Pensar em cultura é pensar em diversidade. Até mesmo seu conceito passa por várias
definições dependendo do enfoque e do prisma pelo qual está sendo olhada. Sabemos que
atualmente várias áreas têm interesse em aprofundar as questões culturais em seus estudos
para melhor compreender as ações humanas em diversos contextos. E para isso seu estudo
torna-se indispensável, nas ciências sociais. Devido à amplitude de seu conceito, neste estudo,
abordarei a cultura voltada para o contexto de ensino e aprendizagem de línguas, focalizando,
principalmente seus aspectos voltados para as áreas de Educação e Linguagem e restringindo-
a ao meu interesse principal que são as manifestações culturais por via estética. As artes assim
como a linguagem estão imbricadas na cultura de um povo, ambas são formas de expressá-la
e revelá-la, assim como ambas também são universais e estão presentes em todas as culturas.
Em razão desse caráter de universalidade e de serem reveladoras da cultura a que estão
ligadas, é necessário que haja uma melhor exploração nas aulas de idiomas dessa relação entre
arte e linguagem. Não esquecendo que ambas também estão imbricadas, pois a arte é uma
forma de linguagem e transmite mensagem.
Essa relação precisa ser mais trabalhada na área de ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras, pois cada vez mais a cultura é abordada neste contexto, mas ainda, não é bem
trabalhada, visto que, muitas vezes, prevalecem os estereótipos e a forma superficial em
abordagens culturais nas aulas de idiomas. Kramsch (2005 apud TAVARES 2006, p. 9) expõe
muito bem a relação entre cultura e ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras:
A cultura era considerada um acréscimo dispensável no ensino de línguas
estrangeiras. A cultura agora é vista como parte integral na maneira de
pensarmos e falarmos sobre educação em línguas estrangeiras. Cultura não é
mais a alta cultura canônica de uma elite educada. Nem a comida exótica,
feiras e folclore de um Outro. Também não é o modo de vida de um
autêntico falante nativo. Atualmente, cultura é uma complexa realidade
histórica e simbólica que pede uma visão pós-estruturalista da relação
histórica, identitária e ideológica entre linguagem/cultura. Ensinar língua e
cultura é um reflexo da língua como força simbólica.
36
2.1.1 Conceito de Cultura
Dentre os vários conceitos para Cultura, sobressai, para este estudo, o de Edgar Morin
(1975, p.10): “Uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e
imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as
emoções.”
Edgar Morin, sociólogo francês, apresenta a religação dos saberes com novas
concepções sobre o conhecimento e a educação e propõe o conceito de complexidade ao invés
da especialização, da simplificação e da fragmentação de saberes (FERRARI, 2006, p. 55). E
é essa complexidade que observamos em seu conceito de cultura acima. Ler, ver, saber sobre
a cultura de um povo é muito menos complexo do que entender, vivenciar uma cultura. É
diferente para um indivíduo aprender uma língua como língua estrangeira no seu país, de um
outro que aprende uma segunda língua em um contexto de imersão, onde ele tem de vivenciar
uma outra cultura. É neste contexto que muitas vezes se o choque cultural, o que poderá
influenciar negativamente o aprendizado da língua do país em que se es imerso.
Experimentar um novo código de normas e condutas, observar e tentar entender os símbolos,
buscar conhecer os mitos e enxergar as imagens que vão penetrando esse indivíduo e
reestruturando seus instintos e reorientando suas emoções é algo muito complexo. E ajudar
quem vem de um outro modelo cultural para que ele seja capaz de se reestruturar dentro de
um novo modelo, sem perder sua identidade e sem rejeitar, não se adequando ao novo, é algo
que pode ser oferecido em uma aula de idiomas, apesar da tarefa ser bastante complexa, mas
não impossível. Para Tavares (2006, p.24):
Segundo Kramsch (1993) manter o status quo não deve ser o objetivo
educacional ao se ensinar uma língua estrangeira. O ideal seria que o
aprendiz desenvolvesse uma visão de mundo e de cultura da língua-alvo,
tampouco guiada por princípios de sua língua nativa. que ter lugar para
uma “terceira cultura”, ou para um “entre-espaço cultural” aquele
desenvolvido ao longo de reflexões sobre as culturas estudadas e discutidas.
Uma cultura que similarmente, ao projeto estético-literário
(antropofágico), de Oswald de Andrade (1890 -1954) permitisse a
deglutinação da cultura estrangeira transformando-a em um novo
posicionamento, em um crescimento de cidadania.
Portanto, para este estudo é esta a visão do conceito de cultura a ser aplicado nas
aulas de Português como Segunda Língua.
37
2.1.2 Cultura e ensino de línguas
Quando se aprende uma ngua estrangeira aprendemos muito mais sobre a gramática
dessa língua estrangeira do que sobre o uso da língua no dia a dia. Mesmo com o advento da
abordagem comunicativa para o ensino de línguas, ainda hoje percebe-se que o ensino está
mais focalizado nos aspectos lingüísticos, em sua forma, em sua estrutura sintática e em suas
regras. No ensino e aprendizagem de línguas as estruturas semânticas e conceituais são pouco
exploradas, assim como os aspectos culturais. Pode-se até aprender sobre a cultura dessa
língua, mas muito mais como informação do que no desenvolvimento de atividades que
realmente trabalhem essa inter-relação entre língua e cultura. Como muitos pesquisadores
afirmam, a língua não pode ser ensinada separadamente de sua cultura. No entanto, essa inter-
relação ainda é muito problemática no ensino de idiomas que prioriza mais a forma e que
muitas vezes o consegue estabelecer uma relação proporcional dentro da sala de aula onde
haja uma paridade entre o ensino dos aspectos lingüísticos e o ensino dos aspectos culturais.
várias lacunas que precisam ser preenchidas com o propósito de desenvolver um trabalho
para melhorar a relação entre o individual (psicológico, universal) e o coletivo (sócio-cultural,
variável) no ensino e aprendizagem de línguas.
Para Kramsch (2001) a língua pode ser interpretada de duas maneiras fundamentais,
ambas estão intimamente ligadas à cultura: através do que se diz ou do que se refere na
codificação dos signos (semântica) e através do que se faz na ação dentro de um contexto
(pragmática). Ela, também, aborda que a codificação cultural se realiza no interior de uma
comunidade, onde os signos correspondem às formas como os membros de uma comunidade,
em seu discurso, os codificam de acordo com suas experiências. E enfatiza que não se pode
separar o significado do signo dessas experiências.
A linguagem e cultura estão fortemente ligadas e Langacker (1994 apud SILVA,
2004) acrescenta, ainda, a cognição a essa relação. Ele propõe a seguinte chave interpretativa
das relações entre linguagem, cultura e cognição: a linguagem e a cultura são “facetas
imbricadas” da cognição, pois, para ele, sem a linguagem um certo nível de
conhecimento/desenvolvimento cultural não poderia ocorrer e, inversamente, um alto nível de
desenvolvimento lingüístico se obtém através da interação sócio-cultural. Por outro lado,
certos aspectos da linguagem são não-culturais, por serem capacidades psicológicas
provavelmente inatas (como a capacidade para articular sons); e, inversamente, certos
aspectos da cultura são basicamente não-lingüísticos, na medida em que são apreendidos por
38
meios o-lingüísticos e são culturalmente específicos. Mas aspectos lingüísticos não-
culturais não deixam de ser culturalmente manifestados e convencionalizados e,
inversamente, o conhecimento cultural originariamente não-lingüístico não deixa de poder ser
considerado como fazendo parte da convenção lingüística ou do significado convencional,
mesmo que não chegue a ser verbalizado. “Assim se compaginam e se interligam na cognição
e na linguagem fatores universais, diretamente ligados ao fato de os indivíduos terem a
mesma estrutura biológica e interagirem num mundo basicamente igual para todos” (SILVA,
2004, p.04). No entanto, como levar, e saber trabalhar, toda essa teoria para a sala de aula no
ensino de línguas constitui um desafio que não pode ser ignorado e sim trazido à tona para
discussão na busca de uma solução entre prática e teoria no ensino e aprendizagem de línguas.
Tavares (2006, p.22) sintetiza bem a questão da cultura no contexto de ensino e aprendizagem
de línguas:
Se pensarmos a cultura de forma mais filosófica, veremos que o contexto de
sala de aula é um exemplo de grupo social e, como tal, um excelente
fenômeno para ser observado e analisado. De fato, pesquisadores na área de
ensino-aprendizagem de línguas, em especial de língua estrangeira (LE),
atestam que podemos definir o perfil de aprendiz a ser desenvolvido com
os nossos alunos de LE ao estabelecermos a abordagem que daremos ao
conceito de cultura em nossa metodologia de ensino. Assim, Brito (1999),
ao fazer uma reavaliação dos métodos e abordagens de ensino de LE,
verifica, por exemplo, que o método gramática e tradução percebe a idéia
de cultura como acesso à civilização, o que corresponde a que muitos
consideram como “alta cultura” da língua alvo. Persegue-se, então, um
envolvimento com a cultura MLA (música, literatura e artes)”. Isso faz
com que os alunos leiam e traduzam textos sobre esses temas. o método
audiolingual cultiva a inserção da cultura como forma de acesso à vida
cotidiana das comunidades. Se analisarmos a abordagem comunicativa,
veremos que, nela, a cultura também é, algumas vezes, abordada de forma
mecanicista, favorecendo a reprodução de padrões de comportamento pré-
estabelecidos e trivializando as questões de uso da língua. O aspecto cultura,
contudo, deve ser visto de forma mais abrangente e profunda. Com base em
uma abordagem comunicativa pedagógica, alguns pesquisadores passaram a
rever o termo “comunicativo”, dando maior enfoque para as questões sócio-
culturais na aprendizagem de LE (CANNALE, 1983; ALMEIDA FILHO,
1994; GREENALL, 1994).
Portanto, a cultura, de uma forma ou de outra, sempre esteve vinculada ao ensino e
aprendizagem de línguas, porém, atualmente percebe-se que a forma como se trabalhou os
aspectos culturais ao longo dos anos foi de forma superficial. Torná-los mais abrangentes e
estudá-los de uma forma mais profunda é um desafio que emerge desse contexto. Como bem
coloca Lameiras (2006), temos de priorizar o aluno, suas necessidades, seus interesses e do
39
mundo que o cerca considerando a pluralidade de abordagens presentes no processo de
ensino/aprendizagem de línguas. É importante inserir a aprendizagem de uma língua viva em
um contexto cultural onde haja um contato com mais de uma cultura, porém sem haver
superioridade de uma sobre a outra, ao contrário, esse contato deve proporcionar um
enriquecimento para o aprendiz. Assim, o aprendiz será como um artesão, participando da
construção de seu saber, face a outros saberes. Lameiras (2006, p. 31) conclui que:
Pensando em um ensino de línguas associado à questões relativas a cultura,
evocamos uma consideração constante do documento elaborado no final do
I encontro Nacional sobre Política de Ensino de Línguas Estrangeiras
(Florianópolis, 1996 grifo da autora) que traz a afirmação de que a
aprendizagem de línguas não visa apenas a objetivos instrumentais,
mas faz parte da formação integral do aluno.
Como professores de línguas devemos ter e passar tranqüilidade para os alunos ao
aprenderem um novo idioma, pois como bem coloca Kramsch (2001) o sentido não é
alcançado por todos de uma vez, é necessário ir conquistando o sentido um pouco de cada
vez no discurso por meio de ações verbais e interações dos falantes, ouvintes, escritores e
leitores. Ela destaca também a importância e a necessidade de se estabelecer um princípio de
cooperação entre falantes de experiências culturais diversas, pois entre eles pode haver
diferentes interpretações para vários assuntos, portanto se faz necessário o estabelecimento de
um princípio cooperativo entre essas pessoas para que haja a comunicação.
A construção e interpretação dos signos lingüísticos na prática o motivadas,
segundo Kramsch (2001), pela necessidade e pelo desejo dos usuários de uma língua para
influenciar e agir sobre as pessoas ou, simplesmente, para perceber o mundo em sua volta.
Portanto, o signo lingüístico não possui significado em um vácuo social. A dimensão social
está por trás da relação de língua e cultura, pois é que ela se estabelece. Fora de sua
ocupação dentro do contexto social e histórico original, os signos lingüísticos podem
esvaziar-se completamente de seus significados e usados apenas como símbolos. Para essa
autora os estereótipos culturais são signos congelados que afetam tanto aqueles que fazem uso
deles quanto aqueles que são caracterizados por eles. O professor de línguas deve se atentar
para o fato dos estereótipos culturais e não se deixar influenciar por eles, assim como deve
mostrar aos seus alunos os estereótipos culturais presentes na cultura da língua alvo a qual
está ensinando e tentar desfazê-los, tentando aproximar os alunos da realidade cultural que
cerca aquela língua.
40
O estudo da cultura de um povo é muito abrangente, portanto neste trabalho
escolhemos o viés estético para abordar a cultura brasileira por meio de suas manifestações
artísticas. Não por considerar que esses elementos estéticos são de “alta cultura”, mas por
estar, atualmente, mais acessíveis e presentes na nossa realidade. A escolha se deu por
acreditar que a Estética pode ampliar horizontes, visto que desenvolve a percepção e trabalha
os sentidos, enriquecendo as aulas de línguas.
2.2 Estética
A Estética é inerente ao nosso dia-a-dia, porém parar e observar o que esteticamente nos
agrada ou não, refletir sobre isso não é um costume para quem vive constantemente correndo
contra o tempo e muitas vezes não percebe e por isso não contempla o que está a sua volta.
Segundo Rosenfield (2006, p.7)
A palavra “estética” vem do grego aísthesis, que significa sensação,
sentimento. Diferente da poética, que parte de gêneros artísticos
constituídos, a estética analisa o complexo das sensações e dos sentimentos,
investiga sua integração nas atividades sicas e mentais do homem,
debruçando-se sobre as produções (artísticas ou não) da sensibilidade, com
o fim de determinar suas relações com o conhecimento, a razão e a ética.
Desenvolver a sensibilidade e saber utilizá-la para ganhar conhecimento, discernir a razão
e ter consciência da ética são contribuições importantíssimas da Estética.
De acordo com Melo (2004, p.10), a disciplina estética começa com Alexander
Gottlieb Baumgartem (1714-1762) , em 1750, quando o mesmo publica a obra Estética ou
Teoria das Artes Liberais, apresentando uma nova disciplina filosófica que tinha por objetivo
estudar o belo e as suas manifestações na Arte. Gadamer (1985 apud GAI 2005) coloca que
Baumgarten foi quem primeiro reconheceu na experiência do belo e da arte um
questionamento próprio da filosofia. A tentativa de Baumgarten era conceder à arte, mais
especificamente, ao belo, uma condição que suplantasse a mera subjetividade. A questão era:
“Que verdade, que se torne comunicável, atinge-nos no belo?(GADAMER, 1985, pp. 31-
32). Mas, para Gai (op.cit.) Kant foi quem avançou nas reflexões sobre essa questão,
entendendo que a aspiração da arte é ter validade, mas não ser incluída entre conceitos com
objetivos finalistas. A visão Kantiniana da arte ainda exerce sobre a explicação do fenômeno
artístico uma influência significativa. Esta visão é corroborada por Rosenfield (2006) que
41
considera que a plena autonomia da experiência estética se manifesta na Crítica do juízo, de
Kant (1790) e com algumas reservas, na Estética, de Hegel (1820). No começo da reflexão de
Kant sobre o juízo do gosto, percebe-se que ainda se faz presente uma hierarquia que
subordina a experiência sensível à cognitiva, racional e ética. Porém, depois Kant irá mostrar
como a imaginação contribui para selecionar um conjunto de dados da experiência sensível,
oferecendo-os à avaliação cognitiva.
A arte é inerente à cultura de um povo, chegava-se a confundir a história da arte com a
história da cultura, em tempos remotos. Rosenfield (op.cit.) coloca que durante milênios, a
história da arte se confundiu com a história da cultura. A arte ocupou espaços importantes
preenchendo muitas funções sociais, o belo estava integrado ao modo de vida das pessoas e
estava presente nos cultos religiosos, políticos e sociais. A educação grega estava baseada no
belo que girava em torno da Kalokagathía, que tem por princípio a convergência do valor
estético com os valores éticos da comunidade, sustentando a Paidéia clássica que não dissocia
a ética e a política da estética.
Recuperar a importância da estética na educação é promover conhecimento. Não se
trata de uma volta saudosista à Época da Grécia Antiga, mas saber trabalhar com os conceitos
estéticos adaptados à nossa época é voltar-se para a inclusão de valores éticos a partir do
desenvolvimento da sensibilidade, da contemplação. Para Gai (2005, p.81)
Estética e conhecimento são termos mutuamente implicados. É tarefa da
Filosofia ocupar-se do conhecimento, enquanto à Estética, como ramo da
Filosofia, cabe buscar na especificidade da obra artística a delimitação ou a
identificação do conhecimento que esta produz.
Convém ressaltar que a estética se realiza dentro de uma situação estética que
ocorre segundo Vázquez (1999), quando sujeito e objeto, dois termos dessa relação concreta,
singular, constituem uma totalidade ou uma estrutura peculiar, pois para ele, antes ou fora
dessa situação estética, o objeto estético só tem uma existência virtual ou potencial, por
exemplo: o quadro ou a escultura não contemplados, a obra musical não executada e,
portanto, o ouvida, o original guardado, sem leitores, na gaveta do seu autor, têm uma
existência muda, potencial, preexistente por certo a sua existência efetiva , mas que ainda não
é estética. adquire quando, ao entrar em relação com um sujeito (espectador, ouvinte ou
leitor).
Daí advém a importância de expor objetos estéticos às pessoas, de se ter um momento
para contemplação, reflexão, discussão sobre o que aquele objeto estético provocou ou o
42
provocou. Estamos rodeados de objetos que podem, ou não, serem vistos de um ponto de
vista estético, porém se não houver a contemplação, a audição ou a leitura não se realiza a
situação estética e esses objetos têm sua existência efetiva, mas não estética. Desenvolver a
sensibilidade estética é possível em qualquer época da vida humana, despertar para arte e
para sua contemplação pode ser um ato voluntário, individual ou pode ser cultivado num
espaço coletivo. E o contexto educacional, em geral, é um ambiente propício para expor
indivíduos a objetos para realizar uma situação estética e desenvolver a sensibilidade artística
nos fazendo enxergar o mundo sob um outro ponto de vista.
2.2.1 A perspectiva Estética
A estética possibilita que enxerguemos o mundo sob novas perspectivas. O aprendiz,
ao se deparar com uma obra artística, poderá enxergar por outros ângulos algo que estava a
sua volta, mas que necessitava de tempo para reflexão e quem sabe, a partir desse encontro,
ocorra uma transformação em sua forma de ver o mundo. Para N. Coelho (1993) a Arte nutre
o ser humano de valores e sem a perspectiva estética nós o poderíamos habitar o Universo,
pois não o entenderíamos e nem mesmo nos conheceríamos. Ela condiciona o nosso modo de
pensar, agir e perceber o mundo. A arte, em suas diferentes manifestações, propicia uma
ligação entre a realidade comum e o mundo do indizível e cabe ao artista revelar aos demais
as várias faces da realidade comum e os possíveis valores do mundo do indizível e, esses, por
último darão sentido àquela realidade comum.
E tantas vezes, dentro do próprio contexto escolar, as Artes em geral são deslocadas e
não recebem o devido valor. É vista como uma disciplina complementar, acessória, e muitas
vezes menor. Os ambientes na escola não favorecem ao trabalho com as artes, faltam
recursos, materiais, profissionais especializados e é uma área que carece de pesquisas e
estudos mais contundentes que estabeleçam a importância da arte na promoção do
desenvolvimento humano.
É interessante observar que a arte, embora sendo uma das mais elaboradas
produções da mente humana, não fez parte do repertório dos estudos aos
quais os cientistas poderiam voltar-se e que promoveriam o conhecimento do
ser humano. [...] Considerando que a arte é quase sempre uma atividade
desviante, no sentido de que ela impulsiona a mente para uma outra
realidade, ou para a irrealidade, como querem alguns, não deverá
corresponder aos propósitos das ciências cognitivas que desejam alcançar
43
objetivos específicos, mensuráveis e com uma tendência progressista e
finalista. (GAI, 2005, p.83-84).
2.2.2 Linguagem Estética
A linguagem estética transcende a palavra abarcando diversos signos e auxilia a
comunicação humana que se amplia por meio da linguagem estética envolvendo sentidos,
principalmente, o olhar através da contemplação. Costa (2005, p.60) coloca seu ponto de vista
sobre a linguagem estética:
Compreendemos a linguagem estética como a materialização da
expressividade e afetividade que corroboram uma maior percepção para a
comunicação. Acreditamos que essa compreensão provoca a construção da
significação na língua-alvo e permite que o próprio aluno seja co-construtor
e co-autor do seu conhecimento. Isso acontece porque essa linguagem nos
permite distanciarmos do mundo para que possamos lançar um olhar “mais
de fora” e nos traz de volta mais conscientes dos nossos vários mundos.
A co-construção e co-autoria dos aprendizes em seu processo de aprendizagem são
fundamentais para que ocorra uma aprendizagem mais independente, mais autônoma,
permitindo assim, ao aprendiz ir além dos limites da sala de aula.
2.2.3 Competência Estética
A competência estética é uma das competências que se alia às outras competências em
busca de uma comunicação mais efetiva. Para G. Moura (2005) a competência estética se
funde a outros elementos que são inerentes à linguagem humana, como por exemplo, a
afetividade, e os mobiliza para uma comunicação mais efetiva, fluida e coerente. Pois, a
competência estética reforça o desenvolvimento da sensibilidade e auxilia os sujeitos a
expressarem o que sentem diante do que é belo/feio, apropriado/inapropriado,
harmonioso/não-harmonioso na língua alvo, capacitando-os a realizar inferências, criar e
produzir um discurso autêntico.
Assim, compreendemos o termo competência estética nesse trabalho como a
capacidade de mobilização, transposição e (re) organização de elementos
simbólicos harmoniosamente para capacitar os sujeitos a (re) criarem,
produzirem e/ou interpretarem suas percepções sobre como vêem, sentem e
pensam. (MOURA, 2005. p.96).
O autor acredita, ainda, que não seja possível separar língua da afetividade, estética,
ética, cultura sem fragmentar, desfigurar e empobrecer seus múltiplos significados.
44
Vemos que no âmbito da Lingüística Aplicada já há uma consciência de que a Estética
é importante no desenvolvimento do ser humano de forma plena e levá-la para sala de aula de
línguas pode ser efetivo para que o aprendiz desenvolva sua capacidade de fazer inferências,
produzir um discurso autêntico, de ter mais autonomia dentro de sua aprendizagem e também
senso crítico. A Literatura aliada a outras artes nos possibilita um trabalho dentro da
perspectiva estética.
2.3 Literatura e outras artes
A partir da Literatura pode haver o início de um diálogo com outras artes, a literatura é
arte que se esgota em si mesma, mas ligá-la a outras artes em um contexto pedagógico pode
ser uma maneira eficiente de aproximação entre a arte literária e outras manifestações
artísticas realizando uma ponte para o enriquecimento e o conhecimento artístico de uma
forma geral. Afinal como bem coloca Silva (1973, p.15-17):
“Arte é criação.”
“Arte é uma criação que busca uma comunicação (imediata ou mediata).”
“A comunicação de uma obra de arte pode ser maior ou menor no tempo e no espaço.”
“ESTÉTICA é a palavra chave para todos os conceitos de arte.”
Silva (1973, p.13) conclui que:
1. Belo é tudo o que desperta no ser humano a sensibilidade estética.
2. A Estética é a dimensão humana de distinção entre o belo e o feio.
3. O artista é o ser dotado de sensibilidade estética capaz de criar o belo.
4. A arte é a criação estética de um artista.
5. As artes são os tipos de manifestação estética de acordo com a forma de expressão de um
artista.
Segundo Silva (1973, p.14)
As artes mais comuns são:
45
a. A música – arte que se manifesta através do som.
b. A escultura/ arquitetura – arte que se manifesta através da linha, da forma.
c. A dança – arte que se manifesta através do movimento.
d. A pintura – arte que se manifesta através da cor.
e. O teatro- arte que se manifesta através da interpretação. (É uma arte bastante complexa).
f. O cinema – fotografia - arte que se manifesta através da imagem.
g. A literatura – arte que se manifesta através da palavra. (Manuel Bandeira)
Unir algumas dessas artes, tendo como ponto de partida a Literatura, para desenvolver
um trabalho estético-pedagógico em aulas de línguas foi pensado a partir do ponto que todas
elas têm em comum, que é a linguagem. Segundo N. Coelho (1993), dependendo da matéria
que a arte utiliza como expressão ela busca expressar uma vivência ou uma experiência
humana em termos de harmonia ou impacto; de cor ou de movimento; de visualidade ou de
sons, pois toda expressão artística é vista como fenômeno expressivo que possui uma
linguagem específica.
A partir dessas formas que podem expressar uma vivência o aprendiz, ao entrar em
contato com essas manifestações artísticas, pode extrair delas algo de novo para sua
aprendizagem, que o ajude a entender melhor a cultura da língua que está aprendendo e que
possa até mesmo depreender porque as pessoas se expressam daquela forma na língua alvo de
sua aprendizagem. Mas o podemos ignorar a complexidade de um trabalho como esse, as
obras de artes podem suscitar pensamentos, sentimentos, percepções, muito próprias e
individuais. A relação estabelecida entre o artista, a obra e o receptor se constrói de forma
muito singular, apesar de todos estarem inseridos em um contexto social. Gai (2005) coloca
que as reflexões sobre arte e conhecimento são complexas devido a esse três elementos
fundamentais: artista, obra e receptor, pois os mesmos podem desdobrar-se em outros
elementos admitindo várias inter-relações. Dessa forma, o social é um elemento que perpassa
todos os três, mas também pode-se admitir outros desdobramentos como o histórico, o
antropológico, o religioso e etc. No entanto, a linguagem é a questão central que precisa ser
considerada, pois o conhecimento se revela através de palavras. Para Vygotsky (1989) a
linguagem é um sistema simbólico de grupos humanos que representou um salto qualitativo
46
na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a
mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais
superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas.
Nesse processo de interação da literatura com outras artes, o objetivo, também, é
trabalhar para que os alunos adquiram conhecimento por meio da linguagem literária e que
também a percebam como arte e possam desfrutar do prazer estético proporcionado por ela.
Na estética da recepção literária, Zilberman (1989, p.64) destaca que a hermenêutica literária,
cuja organização metodológica é exigida e providenciada por H. R. Jauss, supõe três etapas: a
de compreensão do texto, decorrente da percepção estética e associada à experiência primeira
de leitura; a de interpretação, quando o sentido do texto é reconstituído no horizonte da
experiência do leitor; e aplicação, quando as interpretações prévias são trabalhadas e medida a
história de seus efeitos. O aluno é a peça chave para a recepção de textos literários.
Nesta pesquisa, o texto literário é o foco principal que agrega em torno de si as outras
artes desenvolvidas na proposta possibilitando trabalhar todos esses elementos numa
perspectiva cognitiva, de acordo com Gai (2005, p.102):
A idéia de que a cognição é uma cognição criativa permite aproximar vida e
arte tanto no sentido de que a vida possui os elementos característicos da
arte, tais como a invenção, o prazer, o conhecimento, quanto que a arte é
vida, isto é, que a arte não é do domínio do falso, que ela pode se
incorporada como um estado de ser.
A leitura de um texto literário, dentro dessa perspectiva cognitiva pode provocar
modificações na mente de uma pessoa, levando-o a interpretar um texto como um modo de
interpretar a vida humana. Nisso se constitui o papel do professor, como mediador e
orientador de leituras possíveis, revelando pistas e ajudando o aluno a ter uma melhor
compreensão do que foi lido. Para Olmi (2005, p.29):
A tarefa de quem trabalha com leitura/texto é, portanto, a de treinar os
leitores para a disponibilidade de compreender integralmente o texto, de
abandonar-se a seu fascínio, sempre que o texto possua essa qualidade, mas
também de indagar sobre seu funcionamento, para depois abandonar-se
novamente, e com uma consciência ainda maior. [...] mais viável e mais
honesto seria transmitir a idéia de que uma e outra fazem parte de um
itinerário de formação global do indivíduo-leitor, ou seja, de uma formação
estética e cognitiva.
Como bem coloca Proença Filho (1995, p.28) “a literatura é uma forma de linguagem
que tem a língua como suporte.” Portanto a literatura o pode ser excluída do processo de
ensino e aprendizagem de uma língua, pois ela carrega a autenticidade de uso e de expressão
de uma língua. O texto literário possui uma configuração mimética do real, sendo assim, serve
47
de veículo para a comunicação de uma forma peculiar evidenciando um uso especial do
discurso que está a serviço da criação artística reveladora.
Devemos ter a clareza de saber trabalhar o texto literário adequando-o ao nível de
aprendizagem e a realidade de cada sala de aula no ensino de línguas. Sabemos que devido à
linguagem literária muitas vezes ser carregada de símbolos, não se pode apresentá-la sem que
antes haja uma preparação para que os aprendizes possam recepcioná-la e ter entendimento da
mensagem ali veiculada. Porém, a literatura é fundamental no entendimento de uma cultura
justamente por ela está ligada à mimese. Para Proença Filho (1995) a língua como
concretização da linguagem limita-se apenas na representação de fatos ou situações, a
literatura se caracteriza por dimensionar elementos universais na essência desses fatos ou
situações. A realidade imediata não se revela de forma absoluta. A partir do texto literário se
configura uma situação cuja sua existência se no próprio texto literário e que tem como
característica uma apreensão profunda do homem e do mundo que se por meio das tensões
de caráter individual ou coletivo presentes na obra literária. Visões de mundo e ideologia são
reveladas por meio da literatura, porém sua linguagem é ambígua possui um caráter de
permanente abertura e atualização e está fortemente ligada ao caráter conotativo que a
singulariza.
A literatura, portanto se abre a várias interpretações. Mas devido ao seu caráter
conotativo, de se ter uma preocupação com o aprendiz de uma língua que ao entrar em
contato com um texto literário dessa língua saiba desvendar com auxílio, ou mesmo sozinho,
os elementos conotativos presentes no texto. Ao realizar tal tarefa percebe-se o ganho e o
enriquecimento em nível de vocabulário que o aprendiz tem. E depois as discussões das
interpretações possíveis para aquele texto exigem que o aprendiz manifeste opiniões,
produzindo discurso autêntico, o trabalho com a literatura é cheio de possibilidades e cabe ao
professor saber explorar essas possibilidades. Para Kramsch (2001) a metáfora lingüística
consiste na palavra carregada de significado semântico cultural dentro de um ambiente
lingüístico e com passar do tempo o conhecimento semântico é armazenado pela comunidade,
e ao realizar um trabalho com as metáforas os alunos também podem processá-las e
armazená-las, ampliando sua capacidade comunicativa na comunidade onde se insere a língua
alvo por ele aprendida.
Segundo Bakhtin (1997) a linguagem é dialógica e suas idéias sobre o homem e a vida
são marcadas pelo princípio dialógico. Por isso acreditamos que o estudo da literatura não
48
pode se limitar a transmissão de informações sobre sua periodização e seus autores. A
literatura é um importante meio de comunicação. É importante observar a literatura vinculada
a outras expressões artísticas de seu tempo e a interação entre elas. Nesse sentido:
A ciência literária deve, acima de tudo, estreitar seu vínculo com a história
da cultura. A literatura é uma parte inalienável da cultura, sendo impossível
compreendê-la fora do contexto global da cultura numa dada época. Não se
pode separar a literatura do resto da cultura e, passando por cima da cultura,
relacioná-la diretamente com fatores sócio-econômicos, como é prática
corrente. Esses fatores influenciam a cultura e somente através desta, e junto
com ela, influenciam a literatura. (BAKHTIN, 1997, p.362).
O universo cultural é atingido pela literatura. A literatura configura-se importante
instrumento no estudo das relações culturais e trazê-la para sala de aula é vislumbrar esse
universo. A literatura pode ajudar ao aprendiz a estruturar o seu universo cultural. É por ter
essa função artística reveladora que a literatura tem de ser mais bem aproveitada no ensino de
línguas, ela pode estabelecer uma ponte para um melhor entendimento da cultura da língua
alvo, pois a literatura é matéria cultural e por sua natureza criadora e fundadora ela pode
refletir uma situação ou denunciá-la, através dela pode se perceber atitudes conservadoras ou
transformadoras, mas sendo obra ficcional não se confunde a realidade que se encontra no
texto literário com a realidade socialmente dada. Para Lefevre (1971 apud PROENÇA
FILHO, 1995, p. 35) a linguagem literária é:
Uma questão que não é daquelas que podem ser respondidas pela ciência,
pela moral ou pela sociologia [...]. Ela interroga o mundo sobre sua realidade
e a linguagem sobre sua obsessão de uma adequação perfeita ao ser do
mundo. Não é uma solução, uma fuga para fora da linguagem e do humano:
ela encarna uma nostalgia.
Não se espera de imediato que o aprendiz de uma língua estrangeira ou de uma
segunda língua tenha uma leitura eficiente e com total entendimento do texto literário, não é
esse o objetivo primeiro, ele pode até ocorrer, mas o que importa é o contato, é a
apresentação, pois não o leitor ideal, mas sim um potencial de indivíduos leitores. “A
leitura de qualquer trabalho de literatura é, necessariamente, uma ocorrência individual e
única que envolve a mente e as emoções de algum leitor particular.” (ROSENBLATT, 1998,
p.1057 apud PELLANDA, 2005, p.67). Ao aprendiz deve se abrir o leque de autores
literários, comentar sobre suas obras, instigar a leitura dessas obras para que permitam uma
abordagem de leitura do texto literário como uma possibilidade de transformação das idéias
de um indivíduo, ou como uma luz que se projeta na relação entre o indivíduo e o mundo. A
relação entre Literatura e outras artes e o ensino de línguas estrangeiras necessita ser revista
para que se possa estabelecer um novo paradigma, pois:
49
Um outro aspecto que permite o estabelecimento dessa ponte entre estética e
cognição é a experiência. A obra de arte é um artefato cuja essência é a
fixação da experiência, de uma ou de várias. O próprio ato criativo constitui
uma forma específica de experiência. [...] E a experiência, segundo Varela,
consiste no fato de estarmos no mundo inseparáveis de nossos corpos, nossa
linguagem e nossas relações sociais. (GAI, 2005, p.102)
E nesse encontro com a literatura e outras artes que a imaginação possa ser guia no
campo das experiências onde haja uma ampliação da consciência, cabendo aos professores
mais do que trazer dados e informações para sala de aula oferecer espaço para que o aluno
aprenda. Para Perissé (2006) é uma difícil tarefa para o professor deixar-se aprender mais do
que ensinar, sugerir mais do que explicar, o importante para ele é que o professor permita que
o contato vivo com a literatura traga à tona temas vitais fazendo brotar a reflexão responsável,
compromissada e entusiasmante. Nessa perspectiva, a literatura se abre ao diálogo com outras
e uma proposta que prioriza a cultura e a estética compartilha das idéias expostas a seguir:
Como força dinâmica do processo cultural, a Literatura dialoga com outras
artes e linguagens, às vezes tomando a dianteira do processo de mudanças,
às vezes ficando à mercê de mudanças que ocorrem em outras artes. Sem
perder de vista o objeto central o texto literário -, na aula de Literatura
cabe a música popular, a pintura, o cinema, o teatro, a TV, o cartum, o
quadrinho, a internet. Cabem enfim, todas as linguagens e todos os textos e
mídias, ou seja, cabe a vida que com a Literatura dialoga. (CEREJA, 2005,
p.1).
2.3.1 Literatura e o ensino-aprendizagem de línguas
A literatura no ensino de uma língua estrangeira ou de uma segunda língua esteve
durante muito tempo ligada ao Método Gramática Tradução conhecida tradicionalmente como
"método" AGT, cujo objetivo final, segundo Leffa (1988, p.214):
É - ou era - levar o aluno a apreciar a cultura e a literatura da L2. Na
consecução desse objetivo, acreditava-se que ele acabava adquirindo um
conhecimento mais profundo de seu próprio idioma, desenvolvendo sua
inteligência e capacidade de raciocínio.
Porém, atualmente, se tem uma visão renovada da literatura no ensino de línguas. A
idéia anterior configurava-se dentro do padrão de uma elite que restringia tanto a
aprendizagem de uma língua estrangeira, quanto o acesso à literatura e a outras artes em geral
a um pequeno grupo. Hoje em dia com a universalização da educação e a inclusão tanto de
artes quanto da língua estrangeira na composição de um currículo educacional, o se pode,
ainda, associá-las apenas a elite, apesar de reconhecer que a elite ainda conta com uma
facilidade maior de acesso ao ensino de uma língua estrangeira e também das artes em geral.
50
A preocupação é em expandir o ensino de qualidade para todos. Priorizando a qualidade no
ensino de línguas e, também, promovendo as artes no processo educacional.
Lebrun (2007) em seu artigo localiza muito bem a problemática da literatura no ensino
de línguas estrangeiras. Para ela a perspectiva no ensino de idiomas parece ser, num primeiro
momento, mais pragmática ou funcional do que propriamente cultural ou estética e aborda
que de acordo com uma pesquisa feita por australianos, as pessoas quando se iniciam na
aprendizagem de uma língua estrangeira m objetivos, principalmente, de ordem pragmática
ou instrumental (viagem, trabalho ou comunicação interpessoal) e sendo assim, poucas
pensam, de forma espontânea, na literatura da língua que aprendem. Ela aponta para uma
possível justificativa destacando que até os anos sessenta, a aprendizagem de línguas
estrangeiras recorria muito aos textos literários, em uma perspectiva cultural, mas que depois,
em razão de um “rápido desenvolvimento da lingüística e do esfacelamento do conceito de
cultura, a aprendizagem passou a ser concentrada mais na eficiência da comunicação”.
(LEBRUN, 2007, p.17).
O lingüista M. A. K. Halliday (1978, p.139 apud TOSTA, 2006, p.115) propõe que
todo texto “é um evento sociológico, um encontro semiótico através do qual os significados
que constituem o sistema são compartilhados.” A utilização dos textos literários nas aulas de
idiomas se constitui numa forma eficiente de contextualizá-la, pois para Tosta (2006, p. 115)
ela “liga o real ao imaginário, o concreto ao abstrato, a verdade a mentira, a experiência e a
possibilidade, o sucesso e o fracasso, o individual e o coletivo.” Para o autor a literatura
explora a linguagem de maneira única e especial, tanto na parte lingüística, estética,
conceitual ou sociopolítica.
Configura-se, então, uma nova visão na relação entre ensino de línguas e literatura. A
potencialidade da exploração do texto literário pode dar-se de diversas formas. O importante é
contemplar os alunos com textos literários para que eles possam entrar em contato com uma
forma de linguagem que é ao mesmo tempo singular, mas também muito representativa da
cultura de um povo. E aliá-la a outras artes como música, filme, fotografia, pintura, é
enriquecê-la e conectá-la com outras leituras. Edgar Morin (apud COELHO, 2000, p.13)
propõe que, juntamente com o teatro e o cinema, a literatura é “uma escola de vida”, uma
“escola de complexidade humana”, ou seja, uma forma de arte onde “a cultura de cada época
se corporifica”. E ainda destaca o papel da literatura na história das culturas como o principal
51
instrumento na condução e transmissão de geração para geração dos valores de base na
cultura de um povo. Brumfit e Carter (2000) afirmam que o ensino de uma língua estrangeira
permite ensinar uma cultura dada e vivenciar experiências estéticas.
Segundo Kramsch (2006 apud LEBRUN, 2007) em nossa época de globalização
lidamos com leitores multilíngües cujos valores são complexos e a aprendizagem de nguas
deve ultrapassar seu aspecto funcional e buscar a manipulação do sistema simbólico, que
permite que além da conotação. A “competência simbólica” deve ser alimentada pela a
imaginação literária em todos os níveis da aprendizagem.
Tosta (2006, p.115-116) cita vários autores favoráveis e contrários a utilização de
textos literários em aulas de idiomas. Alguns autores que reconhecem a importância da
literatura como H. G. Widdowson (2001) acredita que ao utilizarmos textos literários é
necessário que haja intensa exploração da linguagem” (p.178) e uma “atenção direcionada a
esta própria linguagem” (p.179). Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar (1998, p.
9-10) reconhecem o valor educacional da literatura, pois para ambas: ao decifrar-lhe o texto
o leitor estabelece elos como as manifestações socioculturais que lhe são distantes no tempo e
no espaço”. Esse conhecimento possibilita que o leitor tenha uma melhor compreensão do
presente e seu papel como sujeito histórico. Para as autoras, os livros, em geral, são fontes de
conhecimento, porém os textos literários o fazem de modo mais abrangente, ao passo que, os
textos informativos atêm-se aos fatos particulares. A literatura conta da totalidade do real,
pois alcança uma significação mais ampla ao representar o particular. Segundo N. Coelho
(2000, p.14) “a literatura, a palavra escrita, a leitura [...] vêm sendo resgatadas como forma
‘mais eficaz’ para a nova ‘leitura de mundo’ que se faz urgente para formação de crianças e
jovens ou para ‘reciclagem’ de adultos.” Por isso, vemos que a literatura é muito importante
para o atual contexto educacional, ela abre, descortina a visão para uma leitura diferente do
mundo, tornando-nos sujeitos mais críticos e perspicazes da realidade a nossa volta.
Mas autores que se posicionam contrariamente ao uso da literatura no ensino de
idiomas. Sandra McKay (2000, p.191 apud Tosta 2006) apresenta três razões para justificar a
falta do uso da literatura em aulas de LE. Ela acredita primeiro que a complexidade estrutural
da literatura e seu uso sem igual da linguagem não contribuem para o ensino da gramática da
língua, segundo que o estudo da literatura não ajuda os alunos a atingirem seus objetivos
acadêmicos e profissionais, e por fim que como a literatura normalmente reflete uma
52
perspectiva cultural particular, e isso pode ser bastante difícil para os alunos. Esta é uma visão
que ainda impera em muitos cursos de idiomas, principalmente, em cursos que valorizam
mais os aspectos instrumentais da língua. Muitos outros argumentos contrários à utilização da
literatura em salas de aula de LE são usados, como por exemplo, a extensão dos textos e a
idéia de que o uso de um texto na aula de língua estrangeira pode estragar a sua apreciação
literária. Long (2000, p.42) reclama, ainda, a falta uma metodologia consistente para o ensino
de literatura para alunos estrangeiros, que em sua maioria “focalizam o ensino de itens
isolados, correção da forma gramatical, repetição de uma série de estruturas em progressão e
léxico restrito” não se encaixando com um uso efetivo da literatura.
Todos os argumentos contrários são muito pertinentes e válidos. Trabalhar a literatura
de forma superficial, apenas levando um texto ou outro de forma descontextualizada como
uma ilustração, ou, então, utilizar o texto literário, como bem colocou o autor acima,
focalizando itens isolados, correção da forma gramatical e repetição são formas de “matar” o
texto literário, de reduzi-lo não explorando os seus aspectos estéticos, não desvendando os
múltiplos sentidos que a linguagem literária pode nos oferecer. Sabemos que essa é uma
realidade e que as dificuldades encontradas pelos professores de línguas estrangeiras em
buscar e saber como trabalhar textos literários adequadamente em suas aulas, faz com que
muitos deles desistam preferindo excluir a literatura de suas aulas.
Realmente, falta uma metodologia que nos auxilie nesse trabalho, pois muitos cursos
de licenciatura não preparam os professores para o trabalho com literatura. Devido à
dificuldade metodológica muitos desses professores não se sentem seguros para desenvolver a
literatura na aula de língua estrangeira, então, o caminho da exclusão é o mais fácil. Porém
uma série de professores que buscam encontrar formas criativas de se trabalhar a literatura
nas aulas de LE e por isso é importante que haja uma divulgação do que tem sido feito, se faz
necessário a troca de experiências, o compartilhamento de idéias, apesar da forte resistência
de alguns em considerar as aulas de LE como um espaço inapropriado para o
desenvolvimento desse trabalho. Paradigmas precisam ser rompidos, é preciso refletir e
buscar novos paradigmas para o uso da literatura nas aulas de idiomas, e assim contribuir para
o estabelecimento de um novo modelo, onde haja uma preparação adequada, pois “é
simplesmente tido como fato que a literatura, no nível apropriado, é um componente viável
dos programas de língua estrangeira e que uma das maiores funções da literatura é servir
53
como um meio para transmitir a cultura de um povo que fala a língua na qual é escrita”
(VALDES, 1998, p.137).
Não se deve ignorar o uso da literatura e sim apropriar seu uso, visto que ainda há uma
preocupação em saber qual é o estágio mais apropriado para se trabalhar com textos literários.
Alguns autores defendem o uso de textos literários no nível iniciante, porém outros autores
como Valdes (1998, p.138) sugerem que o uso da literatura é apropriado apenas a partir do
nível intermediário para avançado. Já Tosta (2006) sugere que os textos literários sejam
introduzidos em níveis iniciantes, especialmente, o poema.
A literatura pode ser uma aliada importantíssima no ensino de línguas por
proporcionar aos aprendizes um contato com um uso autêntico da língua e, ainda, possibilitá-
los o acesso a diferentes estilos de escrita. Ignorar a riqueza de exploração que um texto
literário pode oferecer é manter-se dentro de um modelo que pode até se preocupar com
questões culturais, mas não as trabalha efetivamente em sala. Logo:
A literatura é vista por muitos autores como “um bom estímulo para a
aquisição lingüística que encoraja a habilidade de leitura e o pensamento
empático, crítico e criativo, expande a consciência lingüística dos alunos, é
uma boa base para expansão do vocabulário, pode iniciar discussões ou
redações e, como envolve emoções e o intelecto, pode contribuir para o
desenvolvimento pessoal e educacional”. (TOSTA, 2006, p.118)
Desfazer a idéia de elitismo que, por vezes, ainda acompanha a literatura, assim como
a imagem de que a aula de literatura é uma aula monótona, cheia de informações, com uma
única possibilidade de interpretação para os textos literários, com atividades entediantes é
fundamental para se ter êxito nesse trabalho.
Não se deve esquecer que trabalhar com textos literários é utilizar-se de material
autêntico, ou seja, não é material preparado ou adaptado para o ensino de LE ou L2. Então, ali
se revela tantos elementos lingüísticos quanto elementos culturais, sendo importante dar
ênfase aos aspectos literários e propor atividades que motivem os alunos ao trabalho em grupo
ou em duplas e despertem suas curiosidades pelos temas presentes. É dar significado à aula
com textos e atividades que envolvam a participação de todos. E para que isso ocorra o
educador, o professor necessita estar ciente de sua abordagem em sala de aula para trabalhar a
literatura nessa perspectiva no ensino de línguas estrangeiras.
54
2.4 A abordagem de ensino de línguas
Segundo Almeida Filho (2005, p.13) a abordagem de ensino de línguas pode ser
entendida como o conjunto de disposições de que o professor dispõe para orientar as ações no
processo de ensinar uma língua estrangeira. Uma abordagem se constitui numa filosofia de
trabalho, uma força potencial capaz de orientar, dar consistência e rumo ao trabalho do
professor.
Diante dessa colocação verifica-se que o professor de LE está sempre orientando-se
por meio de um conjunto de crenças, pressupostos e princípios para ensinar. Portanto, para
que ocorra um trabalho eficiente com artes e literatura, ambas devem fazer parte do repertório
do professor, assim como ele também precisa acreditar na eficiência e na contribuição que
elas podem trazer para o ensino de línguas, ou melhor, para a formação pessoal e educacional
do aprendiz, é realmente querer ir além do ensino instrumental.
Segundo Leffa (1988, p. 211-212) é necessário realizar uma distinção entre
abordagem e método:
Abordagem é o termo mais abrangente e engloba os pressupostos teóricos
acerca da língua e da aprendizagem [...]. O método tem uma abrangência
mais restrita e pode estar contido dentro de uma abordagem. Não trata dos
pressupostos teóricos da aprendizagem de línguas, mas de normas de
aplicação desses pressupostos.
O que guia este estudo é uma abordagem que se orienta pela utilização da estética
como um importante elemento formador/transformador do ser humano e que as aulas de
línguas estrangeiras como portas abertas para o trabalho com elementos estéticos que tem
como objetivo, além do aprendizado da língua alvo, o enriquecimento cultural e humanístico
dessas aulas.
2.4.1 A Aula
O ponto de partida para a utilização dos elementos estéticos é a aula de língua
estrangeira. Para cada aula foi pensado a utilização de um elemento estético e uma atividade
relacionada ao trabalho com esse elemento. É no contexto da sala de aula, no encontro com os
aprendizes que se pode estabelecer a melhor maneira de realizar esse trabalho. Para Almeida
Filho (2005, p. 25):
55
No processo de aprendizagem formal de LE a aula pode não ser
quantitativamente a maior porção do trabalho de ensinar e aprender, mas é
certamente a mais impactante. Por isso, a aula, que é o contato face-a-face
do professor e do aluno, se assemelha à ponta aparente de um grande iceberg
submerso. Mas esse contato pessoal mediado pela língua estrangeira, que
geralmente nunca ou muito pouco o aluno encontra em outros cenários da
sua vida, é vital nessa disciplina. Não é o único cenário onde deve se dar o
ensino comunicativo da nova língua mas os procedimentos estabelecidos
são chave para a construção de significados e ações nessa língua que sem
esse ambiente rico se constituiriam para o aprendiz com grande esforço
em condições afetivas especiais.
A aula é uma caixa de surpresas, mesmo que tenha sido cuidadosamente planejada e
pensada todas as atividades, o elemento surpresa pode aparecer e dar a aula um outro rumo,
isso para quem valoriza a interação e abre espaço para os aprendizes. Mas, até mesmo para o
elemento surpresa, o professor deve estar preparado e saber conduzir a situação sem perder
seu foco. A aula é a parte prática de qualquer curso de licenciatura e merece uma atenção
maior no decorrer desses cursos.
A aula de língua estrangeira, então, exige toda uma preparação singular, pois para o
profissional que quer atuar nessa área, além do domínio do idioma, é preciso que ele tenha
uma noção de como se realiza o processo de aquisição lingüística. Almeida Filho (2005) vai
além, para ele, a aula de língua estrangeira possibilita ao aluno, não só a sistematização de um
novo código lingüístico, mas lhe dará, também, a chance de se transportar para dentro de
outros lugares, de outras situações marcando sua percepção e memória para sempre. A aula de
língua estrangeira ou segunda ngua tem características singulares, devido em parte, a sua
natureza específica do que pode representar para cada indivíduo a aprendizagem de uma outra
língua.
Numa perspectiva de compreensão teórica do que é aprender significativamente uma
nova língua, Almeida Filho (2005), propõe que o importante é que se estabeleça um clima de
confiança no ambiente e entre os aprendizes para que o professor comunicativo possa levantar
as expectativas do grupo, codificar seus tópicos e temas e preparar formas de contato com a
nova ngua, mantendo ou imprimindo um ritmo justo na busca pela a aprendizagem de seus
alunos. Para ele é possível reconhecermos 4 fases prototípicas necessárias à fruição ideal do
encontro aula de LE/L2.
Essas fases não são redutíveis umas às outras sem perdas ao processo e se
resumem a: 1) o estabelecimento de clima e confiança; 2) apresentação de
amostras significativas de linguagem; 3) ensaio para fluência coerente e uso
real; 4) Fechamento do encontro, compensações, estratégias de aquisição.
(ALMEIDA FILHO, 2005, p.32)
56
Para a realização das aulas, as atividades configuram-se como partes constitutivas da
aula ou extra-aula, como complemento da mesma. Almeida Filho; Oeiras e Rocha (1998,
p.08) têm uma teoria sobre atividade:
A atividade é uma forma de fazer direcionada a um objetivo, e transformar
esse objetivo numa saída é o que motiva a existência da atividade. O
objetivo diferencia as atividades umas das outras, e pode ser material ou algo
menos tangível, como uma idéia ou um plano, que aos poucos pode ser
compartilhado para manipulação e transformação pelos participantes da
atividade. As atividades não são entidades rígidas ou estáticas e estão em
constante mudança e desenvolvimento não linear ou direto.
As atividades realizadas em sala após a exposição de cada elemento estético e também
as atividades “para casa”, e sua realização servirão para analisar como os alunos receberam a
proposta de utilização de elementos estético-culturais presentes nas manifestações artísticas
brasileiras para as aulas de Português como Segunda Língua.
2.5 O ensino de Português como Segunda Língua
A preocupação com o ensino/aprendizagem de Português como Língua Estrangeira
tornou-se mais consistente e evidente nos últimos quinze anos, devido a uma maior procura
que ocorreu em virtude do destaque da Língua Portuguesa no cenário internacional e,
concomitantemente, ocorreu também a necessidade de promover uma melhor formação para
os profissionais desta área.
O ensino da Língua Portuguesa como segunda língua tem uma história de quase cinco
séculos, quando os jesuítas portugueses ensinavam os índios que habitavam as terras
brasileiras de acordo com Almeida Filho (1992). Na década de 1950, os cursos de Português
para estrangeiros no Brasil eram escassos e só a partir da década de 60, nos Estados Unidos, o
ensino do Português como língua estrangeira começou a ter um maior desenvolvimento.
O material utilizado na década de 50, segundo Gomes de Matos (1997), era a obra
Spoken Portuguese, de autoria de Vicenzo Cioffari. Na década de 60, nos Estados Unidos, em
Austin capital do Texas, reunia-se uma equipe binacional (norte-americana/brasileira),
liderada pelo lingüista aplicado Francisco Gomes de Matos, para elaborar um manuscrito para
uma edição experimental chamada Modern Portuguese. Entre o preparo do texto experimental
de Modern Portuguese e a elaboração do manuscrito passou-se uma década e somente em
1971 foi finalizada sua produção.
57
Uma das autoras pioneiras na produção de material didático de português para
estrangeiros, no Brasil, foi Mercedes Marchant que vinha publicando livros desde a década
de 50. No entanto, apenas na década de 80 há um aumento na produção de materiais didáticos
voltados para o ensino de português para estrangeiros no Brasil, como afirma Almeida Filho
(1992) que somente na década de 80 é que surgem as séries de livros didáticos brasileiros,
produzidos por nacionais no Brasil e para um público de alunos estudando no Brasil em
ambiente de imersão. Ele cita, como exemplos: Português para falantes de espanhol
(Lombello & Baleeiro, 1983), de Falando... Lendo... Escrevendo: um curso para estrangeiros
(Lima & Iunes, 1981) de Tudo bem (Ramalhete, 1984) e de Fala Brasil (Coudry & Fontão,
1989). E apesar do crescimento dessa produção, até os dias atuais sua produção não é
satisfatória se compararmos com a publicação de materiais didáticos voltados para o ensino de
outras línguas estrangeiras. Ainda nesta década, intensificou-se um interesse pela pesquisa na
área de ensino e aprendizagem do português como língua estrangeira por profissionais ligados
ao ensino e aprendizagem de línguas.
Na década de 90, vários programas de ensino de português para falantes de outras
línguas, eclodiram oficialmente em várias universidades pelo Brasil. E de acordo com
Almeida Filho (op.cit.) hoje com certeza movimento de ensino de PLE nas universidades:
do Rio Grande do Sul (UFRGS), de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (UNICAMP),
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Católica do Rio de Janeiro (PUC - RJ), Federal de Minas
Gerais (UFMG), Federal de Santa Catarina (UFSC), de Brasília (UnB), Católica do Rio
Grande do Sul (PUC – RS) e Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Em 1998, a oficialização do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para
Estrangeiros, variedade brasileira (CELPE-Bras), foi um importante fator que desencadeou
uma demanda ainda maior pela procura por curso de português para estrangeiros aumentando,
conseqüentemente, sua oferta. De acordo com Cunha & Santos (2000, p. 33):
Talvez essa progressão na oferta de ensino de PLE seja uma conseqüência de
novas exigências quanto à demonstração de proficiência em Português.
Estrangeiros cujos propósitos sejam ou de exercerem profissões liberais no
Brasil ou o de estudarem, obrigatoriamente, deverão mostrar seu
desempenho na variante brasileira do Português.
Outros fatores também contribuem para a expansão do ensino de PLE, a proposta de
inclusão da Língua Portuguesa no currículo de escolas públicas de países pertencentes ao
Mercosul , também contribuiu para fomentar o ensino de português no exterior. Os CEBs
58
(Centro de Estudos Brasileiros) vinculados ao Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty)
que são os responsáveis pela divulgação da língua e da cultura brasileira fora do país também
contam com programas de ensino da Língua Portuguesa. E ainda há, no Brasil, o setor privado
de ensino de Português, instituições e escola de línguas que oferecem curso de português para
estrangeiros.
A área de ensino e pesquisa em PLE conta, de acordo com Almeida Filho (1992, p.
14), “conta com muitos trabalhos de pesquisa, em nível de mestrado e doutorado,
desenvolvido em universidades brasileiras com programas de pós-graduação em Letras e
Lingüística.” Porém, a preparação de profissionais para atuarem nesta área ainda requer uma
oferta maior de cursos, seja em nível de graduação ou de pós-graduação, pois atualmente,
apenas duas universidades oferecem cursos de graduação voltados especificamente para
formação de professores de PLE, a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal
da Bahia (UFBA). Na UnB é ofertada a Licenciatura em Letras- Português do Brasil como
Segunda Língua e a UFBA oferece ao aluno do curso de Letras uma dupla habilitação:
Português como Língua Materna e Português como LE/L2. E em nível de pós-graduação a
PUC-Rio oferece uma especialização, lato sensu, voltada para a área de ensino do PLE. São
essas as instituições que oferecem cursos voltados especificamente para a área de ensino de
PLE, no entanto, muitos profissionais oriundos de licenciaturas de outras línguas estrangeiras
ou com formação em Português como Língua Materna atuam em PLE e acabam se
estabelecendo na área devido à experiência adquirida na prática. Essa situação é a mais
próxima da realidade brasileira, porém sabemos que no exterior nem sempre as pessoas que
estão ministrando aulas de Português têm formação em ensino de línguas.
A busca por melhorias no ensino de Português como Língua Estrangeira ou como
Segunda Língua se faz presente, atualmente e em muitos lugares. Portugal, Brasil e a
comunidade lusófona buscam promover e realizar ações que visam à ascensão da Língua
Portuguesa no mundo.
59
CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
3. 1 Introdução
Este estudo tem como objetivo principal verificar a recepção de alunos estrangeiros
aprendendo a língua portuguesa, no Brasil, a uma proposta que contempla os elementos
estéticos da cultura brasileira. Para chegarmos a esse objetivo, primeiramente investigamos as
opiniões, crenças, valores dos alunos participantes da pesquisa a respeito da importância
desses elementos e dos aspectos ligados a eles para a aprendizagem da língua portuguesa.
Queríamos saber se eles conheciam esses elementos, se eles se interessavam por eles, se
achavam que era importante conhecê-los. Em seguida, procuramos observar como os alunos
receberam o tema apresentado, as atividades propostas em sala e as atividades pedidas para
eles realizarem em casa. Ao final das aulas de intervenção, procuramos saber qual foi a
apreciação deles em relação a essas aulas, coletar suas opiniões, observações, críticas,
sugestões para poder, então, analisar como foi a recepção dos alunos a essa proposta que
contempla elementos estéticos dentro de um contexto de educação formal numa situação real
de ensino e aprendizagem.
3.2 Relato e análise das observações e das anotações das aulas
Segundo André & Lüdke (1986) a observação ocupa um lugar de destaque nas
pesquisas de abordagem qualitativa na área educacional. Neste estudo foi utilizada como um
instrumento importante de investigação associada a outras técnicas de coleta.
A observação para este estudo foi direta e participante. De acordo com André &
Lüdke (op. cit.), direta porque permitiu que o observador chegasse perto da “perspectiva dos
sujeitos” e participante porque desde o início, no primeiro contato, a identidade do
pesquisador e os seus objetivos do estudo são revelados ao grupo pesquisado. A pesquisadora
começou o trabalho como espectadora, em duas aulas em que observou o grupo de alunos e a
professora regente, e depois tornou-se um participante, pois foi quem desenvolveu a proposta,
por ela apresentada, em quatro aulas de intervenção, onde houve uma inversão – a professora
regente passou a ser espectadora e a pesquisadora passou a ser regente do processo.
60
A análise consistirá de duas etapas: na primeira etapa a pesquisadora descreve os fatos
ocorridos em notas de campo das duas aulas em que esteve como espectadora. Nessa etapa
buscou-se analisar como foi que os alunos receberam a pesquisadora e sua proposta, como era
a dinâmica das aulas, as atividades desenvolvidas, a reação dos alunos e a interação entre o
grupo. Na segunda etapa a análise consistirá de observações realizadas nas aulas de
intervenção e se apoiará em notas feitas e nas gravações de áudio para analisar como foi à
recepção dos alunos ao tema proposto e às atividades desenvolvidas.
3.2.1 Observação de duas aulas antes das aulas de intervenção
Aula 1: 15/05/07, terça-feira, 17h15 às 18h55
Presentes: seis alunos (2 espanhóis, 1 francesa, 1 suíça, 1 paraguaia e 1 uruguaia), a
professora regente e a pesquisadora.
A aula foi iniciada com a professora abrindo um espaço para que eu me apresentasse,
falasse da minha pesquisa e da proposta que eu gostaria de aplicar. Após essa explanação, os
alunos concordaram e se mostraram bastante receptivos. Perguntei se poderiam responder um
questionário após a aula e todos concordaram. A professora entregou uma folha para os
alunos com um texto da revista VEJA intitulado “Como evitar entrar numa fria”, cujo assunto
era sobre compras pela internet. Após realizaram a leitura a professora ouviu e fez
comentários a respeito do texto. Eles se expressam bem e demonstram boa interação com a
professora e com os colegas. Contaram sobre suas experiências com internet e emitiram
opiniões sobre o assunto. Esse primeiro contato foi tranqüilo. Fui bem recebida pelos alunos e
pela professora e não houve nenhum tipo de questionamento, nem imposição ou observação.
O intuito era esse mesmo, chegar de forma tranqüila, me apresentar, falar dos meus objetivos
e depois ficar observando e tentando estabelecer um vínculo, para que depois pudesse entrar
em “cena” nas aulas posteriores, aplicando a proposta.
Após a leitura do texto Como evitar entrar numa fria”, de Thiago Minami, que faz
seis recomendações para reduzir a possibilidade de imprevistos nas compras realizadas pela
internet, a professora pediu que os alunos produzissem uma carta, enviada por e-mail ao setor
responsável da empresa apresentando sua queixa. Ela deu um tempo para eles realizarem a
tarefa. Enquanto escreviam, alguns deles também tiravam dúvidas perguntando a professora
sobre qual palavra seria melhor usar, como se escrevia tal palavra etc. Os alunos se mostraram
61
participativos e todos realizaram a tarefa. Ao final, a professora pediu para que cada um lesse
seu texto e também me perguntou se eu já tinha tido alguma experiência desagradável em
compras pela internet. Falei que não, mas que também não utilizava muito a internet para
fazer minhas compras. Como não havíamos combinado nada sobre a minha postura nessas
aulas, me limitei a falar o mínimo possível, buscando observar ao ximo os vários
elementos da situação. Como última atividade, a professora pediu aos alunos que copiassem e
identificassem as palavras escritas de forma invertida no quadro, mas que foram retiradas do
texto. Após um tempo, ela corrigiu a tarefa, solicitando a participação dos alunos. A aula
acabou uns 5 minutos antes, com o propósito de deixar um espaço para eu aplicar um primeiro
questionário com questões abertas (falarei deste questionário na seção de análise
correspondente).
Foi muito boa a participação dos alunos em sala e na realização das atividades. Apesar de
perceber que alguns realizam a tarefa de forma mais rápida e apresentam menos dúvidas, o grupo
pareceu-me homogêneo em relação ao nível em que se encontram na aquisição da língua portuguesa.
Os alunos apresentaram seus pontos de vista com clareza e demonstraram gostar muito do ambiente
das aulas e da professora. Receberam-me bem, responderam ao questionário, não apresentando
dúvidas no entendimento das questões. Verifiquei que todos responderam todas as questões, como
entenderam bem a explicação da minha proposta. Na saída, um dos alunos veio conversar comigo e
me disse que gosta muito de filmes e literatura. Foi um bom começo para as minhas atividades de
pesquisa.
Aula 2: 17/05/07, quinta-feira, 17h15 às 18h55
Presentes: seis alunos (2 espanhóis, 1 francesa, 1 suíça, 1 paraguaia e 1 uruguaia), a
professora regente e a pesquisadora.
A professora iniciou a aula realizando uma revisão dos tempos verbais: futuro do
presente e futuro do pretérito do indicativo com os verbos trazer, fazer e dizer. Observo que
os alunos ficam atentos e se interessam pelas regras gramaticais explicadas pela professora.
Depois de realizar a revisão, a professora introduziu a explicação sobre o tempo verbal
perfeito do subjuntivo, porém antes um aluno pediu para que a professora explicasse algumas
regras de acentuação e outra aluna perguntou sobre encontros vocálicos. Ela explicou os
pontos perguntados por eles e depois continuou falando sobre verbos, os que são regulares e
os que são irregulares. Trabalhou alguns modelos de conjugação verbal dos verbos cantar,
vender, ter e dizer no tempo imperfeito do subjuntivo.
62
Noto uma curiosidade dos alunos pelo assunto, pois eles repetem, anotam, perguntam,
acompanham a explicação e parecem bastante concentrados. Como tarefa, a professora pede
que os alunos anotem e depois respondam as três questões colocadas por ela no quadro. O que
você faria se: 1) fosse demitido, 2) fosse morrer amanhã e 3) fosse morar em um país
estrangeiro. Noto que eles gostam de escrever e de comentar suas respostas. Após um
determinado tempo, a professora começa a ouvir as respostas dos alunos, corrigindo quando
necessário. Ao final eles também querem saber como a professora responderia às questões e é
um momento muito descontraído, de muita interação; eles sorriem de suas respostas e das
respostas dos colegas e da professora também. Novamente, a professora me faz participar da
aula perguntando-me também quais seriam as minhas respostas para aquelas questões. E
assim a aula se encerra num clima muito favorável.
O interesse dos alunos por questões gramaticais são evidentes, novamente percebo uma boa
interação entre os alunos e a professora e nessa aula já me senti integrada ao grupo.
3.3 Descrição e observação das aulas de intervenção
1ª aula de intervenção: 24/05/2007, quinta-feira, 17h15 às 18h55
Presentes: quatro alunos (2 espanhóis, 1 paraguaia e 1 suíça) e a professora regente
Apresentação do tema: região nordeste
Literatura: conto Baleia, de Graciliano Ramos
Atividade escrita
Pintura: Retirantes, de Cândido Portinari
Atividade oral
Iniciei a aula falando sobre a região nordeste, mostrando-a no mapa que estava
pendurado na parede da sala de aula e perguntando se eles já tinham visitado o nordeste.
PP: Então, eu estava falando com você sobre o nordeste, você também conhece o nordeste? ((aponto
para o mapa existente na sala e pergunto para uma aluna)).
A: Não.
PP: Não?
PP: Ainda não teve a oportunidade de visitar nenhum desses estados?
A: ainda não.
Apenas uma aluna não conhecia o nordeste, os outros três presentes conheciam.
Conversamos, então, sobre os lugares que eles tinham visitado, falaram sobre Fortaleza,
63
Salvador, Maceió e da beleza desses lugares. Os que conheciam, gostaram muito,
principalmente das praias. Confirmei que o nordeste atraía muitos turistas principalmente por
suas belas praias e que a região nordeste seria o tema gerador das aulas que eu iria ministrar.
Dessa nossa conversa sobre o litoral eu passei para o interior nordestino indagando se algum
deles tinha visitado o interior. Como nenhum deles conhecia perguntei o que sabiam de lá,
se tinham ouvido falar sobre o interior nordestino. Uma aluna falou que era desértico e
eu falei seco, e ela confirmou: seco, muito seco, ?" Eu falei que sim, que então era
diferente a vida das pessoas que moravam no interior do nordeste, pois sofriam com a falta de
água e com isso não podiam plantar e que muitos saíram de para outras regiões do país em
busca de melhores condições de vida. Conversamos desse movimento migratório do nordeste
para outras regiões do Brasil, principalmente, para a região sudeste e, especificamente, para
São Paulo e Rio de Janeiro. Ressaltei que Brasília também recebeu muitos nordestinos para
trabalhar na sua construção. Um aluno, então, lembrou-se do presidente Lula, ele sabia que o
presidente tinha deixado Pernambuco para trabalhar em São Paulo, confirmei que sim, e falei
que ele saiu do nordeste e foi para São Paulo num pau-de-arara”; eles não conheciam essa
expressão e a professora aproveitou então e cantou um trecho de uma canção: “só deixo meu
cariri, no último pau-de-arara”. Foi um momento de descontração, e logo depois expliquei que
era um meio de transporte em que as pessoas eram trazidas na carroceria de um caminhão,
sem nenhum conforto.
Perguntei se eles conheciam algo da cultura nordestina, como música, culinária, e uma
aluna falou em forró e maracatu, outra lembrou-se da tapioca e um outro aluno falou da
moqueca de peixe baiana. Esse mesmo aluno lembrou-se de Lampião e Maria Bonita, que
eram cangaceiros e que ele tinha lido sobre a história deles. Falei com eles que poderia ter
utilizado um outro tema ou uma outra região do país como tema gerador, mas que escolhi o
nordeste porque sua cultura se espalhou pelo Brasil devido a esse movimento migratório. Os
nordestinos trouxeram para o restante do país um pouco das suas raízes ao deixarem seus
estados de origem em busca do sonho de uma vida melhor. Também quis mostrar essa região
do Brasil para que eles conhecessem um pouco sobre o sertão nordestino.
Eles aceitam bem o tema, se mostram curiosos e não fazem nenhuma reclamação ou
observação de que não gostariam de saber um pouco mais sobre essa região. Aceitam quando falo
que irei trabalhar com cinco elementos estéticos ligados a essa temática: literatura (conto e poema),
pintura, música, filme e fotografia.
Depois dessa introdução ao tema iniciei o trabalho com a primeira atividade proposta
que seria o conto: “Baleia” de Graciliano Ramos. A primeira pergunta que faço é se eles
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conhecem esse autor, porém nenhum deles conhece Graciliano Ramos. Levei o romance
“Vidas Secas” e o livro circulou entre eles, levei também um material tirado da internet sobre
quem foi Graciliano Ramos. Realizamos a leitura do que estava em destaque e os dois
primeiros parágrafos desse texto retirado da internet. Após a leitura perguntei se alguém
gostaria de ler. Inicialmente ninguém se ofereceu; mas logo depois uma aluna realizou a
leitura. O texto continha várias informações sobre o autor, além de sua biografia; uma das
informações era a de que o autor pertenceu ao modernismo. Falei então, que eu não iria
trabalhar a literatura naquela perspectiva, mas o autor em questão pertencia a essa escola.
Informei-lhes que tínhamos modernismo como uma escola literária, que a literatura está
dentro de um período histórico, que tinha suas características, e que o autor tinha se destacado
na escola de 30 que se referia à década iniciada em 1930. Comentei um pouco sobre as
nossas escolas literárias e que, geralmente, é assim que se trabalha a literatura no nível do
ensino médio em uma escola regular no Brasil e que nos países deles, também deveria ter
classificações semelhantes e alguns deles confirmaram que sim.
Após a leitura da biografia de Graciliano Ramos e de saber um pouco mais sobre ele, e
sua obra, iniciei uma preparação com os alunos antes da leitura do conto e da realização da
atividade que se refere ao conto. Segue um trecho transcrito de como ocorreu essa preparação.
PP: Então, hoje a gente vai trabalhar com um conto do livro “Vidas Secas”, de 1938, e o
próprio título como vocês já podem ver “Vidas secas”, não é, e remete, né, ao nordeste, como eu falei
para vocês a essa região, e aí o conto que nós vamos ler chama-se... ((anoto o nome no quadro)).
Podem ler?
Alunos: Baleia.
PP: Baleia. Humhum. E o que é uma baleia?
AA: ...
A: um animal.
PP: Humhum. Mas, onde ele vive?
A: ... Ele vive no mar.
PP: E?
A: Mas no sertão não tem baleia.
PP: Oi?
A: No sertão não tem baleia.
PP: Humhum. Certo. Pois é, então, a gente tem esse nome baleia, mamífero, que vive no mar e
baleia, também, aqui no conto... Vocês já viram esse nome sendo utilizado com outro significado?
Nenhum aluno soube dizer que outro significado que baleia poderia ter. Falei com eles
do sentido pejorativo, quando essa é utilizada para se referir a pessoas que estão acima do
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peso. Disse, ainda, que essa conversa toda sobre o título é para que eles pudessem imaginar
sobre o que falava um conto com esse título.
Após a leitura do conto, eu então perguntei aos alunos se alguém poderia me contar o
que tinha entendido da história, o que eles acharam do conto e para minha surpresa, a aluna
que se dispôs a falar foi uma aluna que não é hispano falante.
PP: Terminaram?
AA: Humhum.
PP: Dentro do que eu tinha programado. E o que acharam? Pode falar...
A: Problema com o vocobulário.
PP: Com o vocabulário? Você achou difícil?
A: Sim. Tem tantas palavras que eu não conheço.
PP: É? Mas um pouquinho da história, o que você pode me falar um pouquinho, mesmo com essas
várias palavras que você achou difícil, o que você pode me dizer do que você entendeu, um pouco.
A: Que se trata de um cachorro.
PP: E quem é?
A: Que se chama baleia.
PP: Isso.
A: Cachorro aí é doente, enton ... Família dele queria matar ele.
PP: Humhum.
A aluna consegue contar a história de uma forma resumida identificando o essencial,
assim como vemos uma outra aluna que percebe que a cachorra não queria morrer. Essa
sensibilidade advém da percepção dos aspectos subjacentes queno texto, da capacidade de
captar a forma que o autor trabalhou a linguagem. Para uma primeira leitura eu achei muito
boas as colocações feitas pelos alunos. Um deles até teceu um comentário mais crítico,
dizendo que o texto era descritivo. Desse modo, demonstrou também perceber as
características do texto, não se limitando a reproduzir o que estava escrito. Os alunos fizeram
reclamações e tiveram muitas dúvidas sobre o vocabulário, mas isso não impediu a
compreensão do texto.
Depois pedi para que cada aluno escolhesse uma palavra para tirar dúvidas e trabalhar
o vocabulário. Eles mesmos falaram e sabiam que seria impossível, apenas naquela aula
esclarecer todas as dúvidas, então pedi para que cada aluno escolhesse uma palavra para que
eu esclarecesse. Informei-lhes também que na atividade escrita haveria mais uma
possibilidade de trabalhar o vocabulário, pois uma questão pediria para que eles fizessem a
correspondência entre as palavras retiradas do texto e seus significados correspondentes. As
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dúvidas que eles me apresentaram foram: preá, capeta excomungado, beiço e mandacaru.
Todas foram esclarecidas e contextualizadas.
Após esse momento entreguei a atividade I escrita (vide anexo p.133) para eles
fazerem em15 minutos e, se quisessem, em duplas.
Passados 25 minutos, eu realizei a correção da atividade com a participação dos
alunos.
Para a Questão 1) Responda às questões com base na leitura do conto: “Baleia”, letra
a) Quem é baleia? A resposta dada pelos alunos foi: um cachorro. E então, eu chamei a
atenção que a resposta estava no masculino, e baleia era a cachorra ou, outra opção para
resposta seria: a cadela de Fabiano. Falando para os alunos que cachorra e cadela são palavras
sinônimas, mas que o masculino de cadela é cão.
Letra b) Identifique os personagens do conto. A resposta dos alunos foi: Fabiano, a
mulher dele e seus filhos. Chamei atenção dos alunos para que eles identificassem os nomes
da mulher e dos filhos e eles perceberam que o nome da mulher era sinhá Vitória, mas que
seus filhos não tinham nomes, que um era o menino mais novo e que o outro era o menino
mais velho.
Letra c) Por que o dono de Baleia queria matá-la? Porque Fabiano estava desconfiado
que ela estava doente.
Letra d) O que aconteceu com Baleia no fim do conto? Morreu. Mas eu chamo a
atenção dos alunos e pergunto-lhes se o autor diz com todas as letras que ela morreu, e eles
dizem que não, mas que ele descreve sua morte.
Questão 2) Relacione a coluna (palavras) de acordo com a coluna (significado
das palavras) Faço a correção relacionando a primeira coluna, que eram as das palavras,
com a segunda, que continham os seus significados correspondentes. Essa foi a questão que
eles acharam mais difícil, e o índice de acerto foi baixo. Chamei atenção para algumas
palavras como bulir e caritó. Expliquei-lhes que no nordeste utiliza-se a expressão “ficar no
caritó” para as moças que não se casam e eles acharam muito engraçado, mas falei que era um
uso bem regional.
Questão 3) Você conhece alguma expressão que seja usada para abrandar a notícia de
morte de alguém? Se conhecer alguma expressão cite-a. Eles não conseguiram responder essa
questão, mas aproveitei para falar de expressões bem usuais como “passar dessa para melhor”,
“está com Deus", “teve o descanso eterno” e outras expressões para falar indiretamente sobre
morte. Expliquei que essa figura de linguagem era um eufemismo, ou seja, o abrandamento
que é utilizado para certas palavras ou expressões.
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Questão 4) Você supõe por que o autor do conto escolheu o nome Baleia para o
animal de estimação da família de Fabiano? Qual a relação que entre os dois animais
(Baleia= personagem do conto e baleia= animal aquático)? - A resposta que os alunos deram
foi que uma era gorda e que a baleia do conto deveria ser magra. Muito bem e continuei: uma
vive no mar e eles me responderam a outra vive na terra, no sertão; uma tem acesso a
alimentos e eles me responderam: e a outra não tem com o que se alimentar; que a baleia do
conto era domesticada e que a baleia que vive no mar o pode ser domesticada. Então falei
com eles que essa era uma relação de oposição e se eles percebiam o contraste entre as duas,
eles afirmaram que sim e assim encerramos essa atividade.
A aula estava quase terminando, faltavam 10 minutos, mas ainda deu tempo para
realizar a última atividade. Projetei a imagem da pintura: Retirantes” de 1944, de ndido
Portinari. Pedi para que os alunos observassem aquela imagem. Falei que o ideal seria a tela,
mas que tínhamos ali a imagem dessa tela famosa de Portinari, que era um reconhecido pintor
brasileiro, e que em muitos livros, principalmente, nos livros didáticos, algumas pinturas de
Cândido Portinari estão relacionadas à obra de Graciliano Ramos por serem próximas no
tempo e na temática que abordam. Pedi para que eles escolhessem uma palavra em português
para se referirem àquela pintura e as palavras escolhidas foram: fugitivos, imigrantes (duas
vezes) e miséria. Entreguei um material da internet com o endereço eletrônico do pintor
Cândido Portinari e comentei que os alunos iriam gostar de ver esta página, que além de sua
biografia poderiam conhecer outras pinturas dele e que valia a pena visitarem, seria muito
interessante. Encerrei a aula pedindo a colaboração dos alunos, para que respondessem a
última questão da atividade escrita, que também estava relacionada com a pintura de Portinari
e que me trouxessem na próxima aula.
Para primeira aula avaliei positivamente, pois houve a participação ativa de todos os alunos nas
atividades desenvolvidas. Ao refletir sobre minha postura, nessa aula, notei que em alguns momentos
mantive o turno de fala durante muito tempo comigo. Esperava um pouco mais de interação entre eles
mesmos e entre mim e eles. Entretanto, preocupei-me mais em cumprir com o que havia planejado
para essa aula que era desenvolver atividades com dois dos elementos estéticos selecionados. A
atividade oral relativa à pintura deixou a desejar, pois o tempo não foi suficiente para realizar um
trabalho mais extenso e mais profundo. Aqui eu planejava ter um retorno dos alunos, uma avaliação
estética feita por eles, gostaria de ter deixado mais tempo para eles realizarem contemplação e ouvir
uma opinião deles sobre a pintura. Quando pedi para que eles utilizassem uma palavra em português
para se referirem à obra, pensei que eles fossem utilizar uma palavra como feio, bonito, triste, alegre,
sem cor, mas eles relacionaram a temática com a qual estávamos trabalhando, pois associaram a
imagem a fugitivos, ou seja, os fugitivos da seca, a imigrantes, nome bastante citado no início da aula,
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e miséria. O julgamento estético não foi realizado, mas acredito que o processo iniciado com essas
aulas sirva para despertar, em algum momento e os auxilie na construção da maneira deles
perceberem e entenderem um pouco mais a cultura brasileira. A questão do tempo nesse caso
prejudicou uma das atividades planejadas. A atividade escrita teve um espaço maior do que a
atividade oral. Como retorno dessa última atividade percebi que os alunos gostaram da
pintura e que não conheciam Cândido Portinari.
2ª aula de intervenção - 31/05/2007, quinta-feira, 17h15 às 18h55
Presentes: cinco alunos (2 espanhóis, 1 francesa, 1 paraguaia e 1 uruguaia) e a
professora regente
Literatura: poema “Dois quadros” – Patativa do Assaré
Atividade escrita
Música: “Asa Branca” – Luiz Gonzaga
Atividade de compreensão oral
Atividade escrita
A aula foi iniciada com a professora regente cobrando o dever que ela havia
passado para casa na aula anterior. Também cobrei a atividade extraclasse da semana passada.
Alguns alunos entregam o dever de casa da aula anterior para a professora regente e se
desculparam por não entregarem a minha. Alguns disseram que estavam muito ocupados,
outra admitiu que se esqueceu. Falei com eles, que então, eu receberia a atividade até a última
aula de intervenção. Como aquele era o segundo dia de aula comigo, eles teriam ainda mais
duas chances. havia falado que eu o iria avaliá-los por essas atividades, que naquele
momento, para mim o importante era que eles fizessem para que eu pudesse coletar dados
para a pesquisa, mas não estaria dando uma nota para eles, pois não foi esse o acordo que
tinha feito com eles e com a professora regente. Então iniciei a minha intervenção, avisando-
lhes, como fiz na aula anterior, que a aula seria gravada.
Perguntei se alguém tinha ouvido falar em Patativa do Assaré, e todos
responderam que não, que não sabia quem era e nem tinham ouvido falar nesse nome. Falei
que era o autor do poema que iríamos trabalhar naquela aula, que ele não pertencia ao cânone
dos grandes poetas brasileiros como Carlos Drummond de Andrade ou João Cabral de Melo
Neto, mas que sua poesia tinha um reconhecimento popular, principalmente, dos nordestinos,
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pois seu nome também estava ligado à literatura de cordel. Então, perguntei se tinham
ouvido falar em literatura de cordel. Segue um trecho da transcrição da aula nesse momento:
PP: Alguém aqui também já ouviu falar de literatura de cordel?
A1: Eu já tenho alguns livrinhos que comprei em Recife.
A2: Eu também
PP: Ah! É. E vocês estão lembrados do nome do autor, do título do livro, alguma coisa
assim?
A1: A gente comprô lá na rua, e era sempre o mesmo, mas não lembro.
A2: É, era sempre o mesmo autor.
PP: E o que mais?... O que vocês acharam? O que vocês leram?
A1: Lembro da história de Lampião e Maria Bonita.
A2: É de história de aventuras.
Continuei perguntando se os alunos (eram dois) que tinham comprado esses livros
de literatura de cordel tinham encontrado algum repentista. A princípio eles falaram que não,
mas após eu explicar o que era e o que fazia um repentista, eles se lembraram que
encontraram com repentistas na praia, mas que não gostaram e os acharam muito chatos.
Falei, então, que eles eram conhecidos também como trovadores ou improvisadores, que
improvisavam suas rimas na hora. Uma aluna me perguntou por que o adjetivo cordel, e eu
expliquei que cordel vinha de corda, que é onde geralmente se expõe os livros ou folhetos. Os
dois alunos que compararam os livros de cordel falaram que os livros que compraram estavam
expostos em bancas na rua e que não estavam dependurados. Disse-lhes então que o nome
vem também do fato de alguns desses livros serem impressos por meio da técnica de
xilogravura, e que por essa razão tinham de ficar pendurados para secar, mas que depois de
secos podem ser encontrados nas bancas, como eles encontraram.
Distribuí o material retirado da internet que continha a biografia de Patativa do
Assaré, e alguém foi logo perguntando se esse era realmente o nome dele. Então pedi para que
se fizesse a leitura oral dos dois primeiros parágrafos. Uma aluna se ofereceu para ler, após a
leitura, os alunos constataram que Patativa era seu apelido, pois sua poesia era comparada
com a beleza do canto dessa ave e Assaera o nome do lugar onde ele nasceu. Depois da
leitura das informações sobre o autor pedi para que os alunos fizessem a leitura do poema
“Dois quadros”. O tempo dado para a leitura foi de 5 minutos e após esse tempo perguntei o
que acharam do poema. Eles disseram que gostaram, mas foram logo perguntando as dúvidas
de vocabulário. As dúvidas surgidas foram das palavras: roceiro, anjico, caboclo, desata,
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araponga, palhoça, fartura, farfalha, esvoaçar e ouro branco. Esclareci todas e dei exemplos de
uso.
Depois distribuí a atividade II escrita (vide anexo p.136) relacionada ao poema
para eles fazerem. Foi dado um tempo de dez minutos para a realização da atividade. Passados
13 minutos iniciei a correção com a participação dos alunos.
Questão 1) Por que o poema tem o título: “Dois quadros”? A aluna respondeu que o
título do poema “Dois quadros” referia-se à seca e à chuva. Outro aluno falou de pobreza e
riqueza. Falei com eles que para esta questão não havia uma única resposta correta, não é uma
questão fechada, é uma questão que pode ter mais de uma resposta, pois é interpretativa e tem
por base a leitura do poema. A idéia de oposição que permeia todo o poema foi evidenciada
pela referência dos alunos nas duas respostas. Expliquei-lhes também que outra relação de
oposição que poderia ser estabelecida é entre o norte e o sul do país. Esclareci que, muitas
vezes, a região nordeste é colocada no geral como norte, assim como a região sudeste é
colocada como sul. No poema, então, também estaria presente essa oposição, o norte como a
região economicamente menos desenvolvida e o sul como a região economicamente mais
desenvolvida.
Questão 2) O povo se achando sem pão e sem veste”. Reescreva o verso com outras
palavras matendo o mesmo significado. Nesta questão foi pedido para que os alunos
reescrevessem o verso “O povo se achando sem pão e sem veste” mantendo o mesmo sentido.
Uma aluna respondeu: Um povo muito pobre. Outra aluna respondeu: As pessoas não tem o
que comer e nem o que vestir. Falei que a última resposta estava correta, mas que o povo
poderia ser substituído por pessoas, e que o verbo “se achando” também teria um substituto
equivalente. Um aluno, então, respondeu: “as pessoas se encontrando sem comida e sem
roupas.” E eu o elogiei.
Questão 3) Na terceira estrofe o que o poeta escreve sobre o campo? A diferença que
no campo na época da seca e na época da chuva. Na época da seca, tristeza, pobreza, na
época da chuva alegria, riqueza.
Questão 4) Marque o significado da palavra copa empregado na quarta e na oitava
estrofe. Com exceção de uma aluna que se confundiu marcando a opção 4, os outros alunos
marcaram a opção 3 que era a correta. Comentei, aqui, se eles perceberam os vários
significados que a palavra copa poderia ter em português. Eles falaram que sim, mas, ressaltei
que para nós brasileiros estava muito associada a futebol, ao torneio mundial entre times.
Uma aluna me perguntou se a palavra copeiro, vinha de copa. E eu confirmei que sim.
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Questão 5) Escolha uma significado diferente do que foi empregado no poema para a
palavra copa e escreva uma frase. Os alunos deveriam elaborar uma frase empregando a
palavra copa. Vários alunos empregaram a palavra copa com o sentido de taça. Por exemplo,
a frase feita por uma aluna foi a seguinte: “Ele pegou a copa de vinho para mim e a copa caiu
e quebrou.” Ressaltei que aqui, no Brasil, os três sentidos mais empregados para palavra copa
seria como torneio mundial de futebol, como compartimento da casa ou lugar onde se toma
um café, um lanche, onde se guarda talheres e louças e, por último, copa no sentido de taça ou
troféu que é o prêmio para os vencedores ao final de um torneio ou de uma competição. Mas
que como utensílio para beber água ou vinho, temos copo ou taça.
Questão 6) Na décima estrofe a palavra apressada rima com molhada. Escreva
outras palavras que podem rimar com apressada. As respostas foram: assanhada, estragada,
apreciada, gargalhada. Uma aluna não fez a questão, pois achou que a rima deveria ser feita
com um sinônimo da palavra apressada, mas eu falei que não era uma palavra que eles
tinham que escolher para rimar com apressada. Então falei um pouco sobre rima e as sua
classificações mais comuns em Português.
Iniciei então a atividade III (vide anexo p.137) com a música: Asa branca de Luiz
Gonzaga, um aluno já tinha me dito que o gostava de forró, e então, eu falei que aquela
música era um clássico do forró nordestino. Disse que Luiz Gonzaga era conhecido como o
rei do baião. Uma aluna me pede para escrever a palavra forró no quadro, então, escrevo.
Outra aluna perguntou se baião era também um tipo de música nordestina, eu falei que sim.
Distribuí para os alunos uma folha com parte da letra da música, para os alunos, ao ouvir a
música, tentarem completar as lacunas. Toquei o cd com a música: Asa branca” duas vezes,
para que eles completassem a letra.
Depois disso distribuí uma outra folha contendo a letra completa da música em duas
versões, uma na linguagem mais formal e outra numa linguagem mais regional. Os alunos
deveriam comparar essas letras com a que completaram e conversar com os colegas sobre o
que ouviram. A música reproduzida tinha uma mistura das duas formas. Os alunos pediram
para ouvir mais uma vez a música e identificaram as partes cantada com uma linguagem mais
regional. No primeiro verso ele utiliza uma linguagem mais formal, cantando Quando olhei
a terra ardendo”, mas em outro verso canta : “Inté mesmo a asa branca.” Em vez de utilizar a
palavra até. As palavras sublinhadas foram omitidas na letra distribuída para alunos como
atividade de compreensão oral, e os alunos perceberam essa diferença, após ouvirem a música
novamente. Depois falaram que ninguém conseguiu completar corretamente toda a música,
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principalmente, quando cantada na linguagem regional. Uma aluna até falou que ouviu “inté”,
mas escreveu “até”.
O objetivo da atividade era estimular a compreensão oral, e facilitar o reconhecimento
de algumas palavras empregadas regionalmente, mas que podem ser ouvidas no dia a dia.
Apesar da necessidade de que a linguagem aprendida no curso de português seja a variante
mais formal, consoante com a norma padrão, trouxe aquelas duas versões para que os alunos
pudessem ouvir como é a variante do interior do nordeste, como o sertanejo fala.
Para casa eu distribuí cópias com a biografia de Luiz Gonzaga. Pedi para os alunos
realizarem a leitura em casa. Avisei-lhes que o endereço da gina eletrônica de onde foi
retirado o texto estava no material e que por meio desse endereço poderiam conhecer um
pouco mais Luiz Gonzaga e também ouvir sua música.
Nesta aula senti uma maior participação dos alunos nas atividades. Eles perguntaram e se
envolveram mais do que na aula anterior. Tanto o poema, quanto à música são composições mais
curtas, então não tive de esperar muito para a realização da leitura. Pude logo iniciar as atividades e
todos os alunos responderam e participaram bem da aula. A questão do vocabulário continuou sendo
muito explorada e noto o interesse deles em saber não os significados das palavras, mas também
quando e como usá-las corretamente.Uma das alunas me confirmou isso ao terminar de realizar o
exercício de elaboração de frases. Afirmou que eles confundiram muito o uso da palavra copa e
depois ela comentou que era importante fazer essa correção de uso. A postura de um aluno que não
queria falar a resposta que ele sabia que não estava correta, também chamou minha atenção.
Algumas posturas tradicionais dos alunos se repetem; não querer falar o que pode está errado, , ficar
inibido, ter vergonha de ter errado. Destaquei para ele que a sua a participação era importante para
mim.Depois disso ele concordou em falar. Na sala de aula, observei como os papéis convencionais,
que alunos e professores costumam desempenhar, permeiam toda a interação neste ambiente e a
abertura para que possa haver uma mudança requer quebra de paradigmas.
3ª aula de intervenção - 14/06/2007, quinta-feira, 17h15 às 19h05
Presentes: 3 alunos (2 espanhóis e 1 paraguaia)
Filme: “O auto da compadecida” de Guel Arraes baseado na peça teatral de Ariano
Suassuna – 104 minutos – aproximadamente
Atividade de compreensão oral
Nesta aula houve a exibição do filme em DVD. Duas alunas assistiram ao filme do
início ao fim e um aluno teve de se ausentar antes do fim, pois tinha compromisso. Eles
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assistiram ao filme tranquilamente, não houve pausas ou interrupções. Ao final da exibição, as
duas alunas falaram que gostaram muito do filme e que acharam muito engraçado. Disseram
que tinham compreendido bem a história que se passou mesmo sem entenderem todas as
palavras. Combinei com as alunas presentes que a próxima aula aconteceria na próxima
segunda-feira e não na quinta-feira como de costume, pois, tinha combinado com a
professora regente que a aula posterior ao filme teria um espaço menor para que os alunos
pudessem se lembrar com mais detalhes do filme.
A recepção ao filme foi muito boa. Perguntei se gostaram do filme e as alunas me
responderam que acharam muito divertido. Também perguntei se elas tinham conseguido entender o
filme, elas disseram que sim, apesar de não entenderem todas as palavras. Preocupei-me com a
viabilidade da atividade que eu havia planejado que consistia numa discussão sobre o filme, pois,
apenas duas alunas assistiram ao filme por completo. Por essa razão saí com a intenção de planejar
outra atividade.
4ª aula de intervenção – 18/06/2007, segunda –feira, 17h15 às 18h55
Presentes: 4 alunas (1 espanhola, 1 francesa, 1 paraguaia e 1 suíça) e a professora
regente
Fotografia: “Vidas seca” de Dida Sampaio
Atividade oral e
Atividade escrita
Iniciei a aula conversando sobre o filme da aula anterior e que a minha intenção era de
fazer uma atividade oral com alguns pontos do filme para discutirmos, porém como apenas,
duas alunas assistiram ao filme todo não seria possível a realização da atividade. Falei que
aquele filme foi muito divulgado, que antes do filme tinham feito uma minissérie para a
televisão. Pergunto a uma aluna o que ela tinha achado do filme.
PP: Você gostou do filme?
A: Humhum.Gostei, sim.
PP: Eu e a professora estávamos conversando aqui, e ela me perguntou como foi a
compreensão de vocês, se vocês pediram para parar o filme, e eu falei que pareceu-me que
vocês tiveram uma boa compreensão, pois não me pediram para interromper o filme em
nenhum momento. E aí, como foi a sua compreensão?
A: Não dava para entender cada palavra.
PP: Humhum.
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A: Mas dava para entender o filme, até porque tinha a imagem que ajudava a entender
quando não entendia tudo o que estava sendo falado.
PP: Vocês ficaram tranqüilamente até o final do filme e, no geral, acho que deu para vocês
entenderem o que passou no filme, né?
A: sim.
PP: O filme está dentro do gênero comédia. Mas A1 você poderia contar um pouco do filme
para as suas colegas
A1: É um filme engraçado pelas personagens, mas ao mesmo tempo triste porque retrata o
modo de vida de pessoas do nordeste, suas dificuldades, como elas vivem, sobrevivem por lá.
Mostrei a capa do DVD e perguntei se as outras alunas que não estavam presentes na
exibição se elas tinham assistido ao filme em um outro momento. As duas alunas disseram
que ainda não tinham assistido. Perguntei a aluna que assistiu se ela saberia o porquê do título
do filme, e ela falou que não tinha entendido. Falei do caráter religioso do filme, que se trata
de uma história sobre a fé do povo nordestino em Nossa Senhora, e mostrei a imagem da capa
do DVD e expliquei que a palavra auto é porque se trata de uma peça de teatro, que foi
adaptada para o cinema; e que compadecida referia-se a Nossa Senhora, que é para quem o
personagem do filme vai fazer um pedido, que será atendido. Ou seja, ela irá se compadecer
dele, ter piedade por ele. Mostrei também o livro com o texto que deu origem ao filme e o
livro circulou pelas mãos das alunas.
Perguntei se tinha alguém que assistia a programação da televisão brasileira, pois iria
passar uma minissérie na TV do mesmo autor, chamada Pedra do Reino, apenas uma aluna
viu o anúncio. As outras falaram que nem viram o anúncio e que raramente acompanham a
programação da TV brasileira, pois têm TV a cabo e vêem outras programações.
Falei que tanto o texto literário (conto e poesia) quanto à música, a pintura tinham sido
de autores falecidos, mas que os autores que eu iria trabalhar naquele dia, tanto do filme
quanto da fotografia ainda estavam vivos. E que Ariano Suassuna, o autor da peça que deu
origem ao filme, tinha concedido uma entrevista à revista Época duas semanas devido à
repercussão da minissérie da televisão que ia passar e que, também, tinha se baseado em sua
obra “A pedra do reino”.
Distribuí as cópias das páginas da revista com a entrevista de Ariano Suassuna. Fiz a
leitura de uma breve biografia que estava em destaque e pedi às alunas que lessem aquele
material em casa, com calma.
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Trabalhei as expressões idiomáticas presentes no filme e distribuí uma folha com a
cópia de duas páginas do livro o auto da compadecida. Pedi às alunas que tinham assistido ao
filme para primeiramente se lembrarem da parte do filme que aquele trecho se referia. Uma
delas se lembrou que foi quando o personagem João Grilo engana o capitão dos cangaceiros
com a gaita. Elogiei-a e perguntei se ela saberia me dizer o que significa a expressão “cabra
frouxo” presente ali no texto. Ela demorou um pouquinho para responder, mas depois falou:
“- que não tem coragem” e eu confirmei dizendo que o significado era esse mesmo: quem não
era corajoso, que tinha medo. Depois, perguntei sobre a palavra “cabra”. Uma aluna disse que
era um animal. Eu falei que estava correto, mas que naquele contexto, no nordeste, a palavra
tinha o sentido de homem, pessoa; e que “cabra frouxo” seria homem fraco, sem coragem.
Perguntei, então, o que seria “cabra-macho”. Alguém respondeu que seria o contrário de cabra
frouxo e eu confirmei que sim. Expliquei-lhes que “cabra-macho” era: valente, sem medo,
corajoso, assim como “cabra da peste”, que também teria o mesmo sentido e que essas
expressões eram muito utilizadas no nordeste, e às vezes, até fora de lá. Perguntei se as alunas
que assistiram ao filme se lembravam da expressão: “hoje eu tô com a gota”, “hoje eu com
a moléstia”. Elas o se lembraram e eu perguntei se saberiam me dizer o que significava,
mas ninguém soube. Então, eu falei que seria o mesmo que dizer: “Hoje eu estou brava”,
Hoje eu estou com raiva”. Falei também de Padre Cícero e da do povo nordestino nesse
padre, que para eles é como um santo. Encerramos essa atividade.
Passei para a atividade seguinte. Projetei a fotografia no quadro branco e pedi para as
alunas observarem aquela imagem por alguns minutos. Depois acendi as luzes, mas a foto
ainda continuou sendo projetada e eu distribuí uma folha para a realização de uma atividade
IV escrita (vide anexo p.138) relacionada à fotografia. Estipulei o tempo de 10 minutos para a
realização da atividade e avisei que eu a recolheria. Perguntei, então, pela atividade escrita
passada para casa, e ninguém tinha trazido. Uma aluna até falou que tinha feito, mas que tinha
esquecido em casa. Recolhi a atividade, porém não corrigi junto com as alunas. Em seguida
distribuí um material da internet com a biografia de Dida Sampaio, autor da fotografia e elas
realizaram a leitura silenciosa daquele material em sala. Todas disseram que entenderam bem
o texto. Comentei que o autor fazia fotojornalismo, assim como Sebastião Salgado. Perguntei
se alguém já tinha ouvido falar nesse nome e uma aluna disse que já tinha visto uma
exposição de fotos dele. Conversamos um pouco sobre fotojornalismo. Elas acharam a foto
muito bonita, comentaram o contraste entre claro e escuro. Uma aluna me perguntou que
palavra utilizávamos para o amanhecer, eu falei “amanhecer” e ela falou o outra, e disse
algo como “orora” e aí, eu lembrei-me, e falei aurora. Recolhi as atividades.
76
Para encerrar a aula, falei com elas que aproveitando o mês de junho, tinha trazido
também um texto que se referia à cultura nordestina e que falava das festas juninas. Perguntei
se alguém tinha ido a alguma festa junina. Algumas alunas tinham ido e nos relataram
como foi. Elas disseram que gostaram, principalmente, das comidas e bebidas. Distribuí o
texto sobre festas juninas e elas fizeram uma leitura silenciosa de dez minutos. Esclareci
algumas dúvidas de vocabulário como balão, e mostrei a ilustração e falei que hoje em dia
era proibido soltar balões na cidade, devido ao risco de incêndio. Conversamos também sobre
as datas de junho e os santos homenageados nessas datas, a aluna da Espanha falou que lá eles
também comemoram São João, mas São João na noite do dia 24 de junho. Disse, também,
que são feitas comidas especiais para festa e é comemorado com música e danças típicas de
cada região. No Paraguai também se comemora São João e as comidas típicas são feitas de
milho e mandioca e também danças paraguaias. Conversamos sobre os trajes típicos aqui
no Brasil e sobre Campina Grande. Informei que era uma cidade que se localiza na Paraíba,
que é um estado nordestino, onde se realiza o maior São João do mundo. Assim encerrei as
atividades das aulas de intervenção, agradecendo muito a participação de todos, de terem
permitido a minha entrada e o desenvolvimento daquele trabalho. Agradeci também pela
colaboração no preenchimento de questionários, mas que eu ainda voltaria para entrevistá-los,
elas também me agradeceram e que ficariam a minha e espera para a entrevista.
Apesar de não ter tido a possibilidade de realizar uma discussão sobre o filme, pude explorar
aspectos interessantes sobre seu vocabulário e enredo. Com isso pude novamente explorar aspectos
culturais do nordeste como a religiosidade
A atividade realizada com a fotografia buscou uma intertextualidade, o propósito era de que
quando os alunos vissem o título da foto “Vidas seca” se lembrassem e fizessem uma referência a
obra de Graciliano Ramos, mas o que notei ao ler as respostas foi que eles relataram apenas o que
estavam vendo. Porém, notei que houve um momento de contemplação e uma apreciação estética ao
destacarem o contraste de cores, a beleza da foto, o céu ao amanhecer, a sensibilidade em perceber
as pessoas indo em busca de água logo que o dia amanhece. Foi muito bom ter esse retorno por
parte dos alunos. O encerramento, também, foi bom, o tema das festas juninas estava relacionado à
temática proposta e possibilitou uma boa interação das alunas entre si e delas comigo. Conversamos
sobre festa junina em clima de bate-papo, falando do que gostávamos: comida, bebida, danças e
roupas, de uma forma leve, sem preocupações. Por não ter tido uma atividade formal ligada a esse
texto, penso que isso tenha contribuído para que houvesse um clima favorável de interação. E assim
foram encerradas as aulas de intervenção.
77
3.4 Análise dos questionários (aberto e fechado)
O objetivo da aplicação do primeiro questionário foi saber se os alunos se
interessariam pelos aspectos culturais na aprendizagem de línguas e o que eles conheciam da
nossa cultura, dos autores, das obras, dos elementos estéticos a serem trabalhados. O
questionário é composto por dez questões abertas. Este questionário foi aplicado antes das
aulas de intervenção e a partir dele realizei algumas escolhas para essas aulas considerando as
opiniões dos alunos. O conteúdo preparado para as aulas de intervenção foi submetido à
professora regente do curso que não apresentou sugestões e nem objeções. a aplicação do
segundo questionário teve por objetivo verificar o que os alunos acharam das aulas de
intervenção, como eles receberam essas aulas. O questionário foi composto por dez questões
fechadas, com cinco opções de respostas, e foi aplicado após as aulas de intervenção.
As análises das respostas dadas pelos alunos, nesses questionários, e seus respectivos
resultados podem ser conferidos nos gráficos a seguir.
Questionário IQuestões abertas (vide anexo p.127)
1) Você se interessa mais pelos aspectos gramaticais ou culturais da língua?
ambos 40%
aspectos
gramaticais 40%
aspectos
culturais 20%
Gráfico 1
Dois participantes responderam que se interessam mais pelos aspectos gramaticais, porque os
aspectos culturais podem ser aprendidos na rua. Outros dois responderam que se interessam
pelos dois, pois consideram os dois importantes para poder se expressarem melhor na língua
alvo. Um não respondeu à questão de forma objetiva, a resposta foi: “Por que eu vou morar no
Brasil por cinco anos.” E outro respondeu que se interessa pelos aspectos culturais, porque é o
que você não consegue aprender em outro país.
78
2) Você considera importantes as informações culturais nas aulas de idiomas?
importantes 60%
mais ou menos
40%
Gráfico 2
Três participantes responderam considerar importantes as informações culturais. Uma o
respondeu objetivamente, a resposta dela foi: “assim a gente conhece a cultura do Brasil” de
onde infere-se que para ela as informações culturais tem um grau de importância. Dois
participantes relativizaram a importância dessas informações culturais. Um por achar que
depende do interesse do aluno. Outra por achar pouco importante quando se está imerso, mas
considera importante quando você está aprendendo a língua fora de um contexto de imersão.
3) Por quais aspectos culturais brasileiros você se interessa? Ou os aspectos culturais
brasileiros não lhe interessam?
Literatura,
música e outras
artes 43%
tudo é
importante 29%
modo de vida
das pessoas 14%
valores e
costumes 14%
Gráfico 3
Todos os participantes responderam que se interessam por algum aspecto da cultura brasileira.
Uma participante respondeu que quer saber como vivem as pessoas aqui, o que lêem, do que
gostam, os filmes que vêem. Outro respondeu que se interessa por artes e literatura. Uma
79
respondeu que tudo é importante na cultura do Brasil, ainda mais para ela que vai morar 5
anos aqui. Outra respondeu que se interessa por tudo para que possa conhecer ao máximo a
sociedade brasileira. Uma participante respondeu que se interessa por costumes e valores, mas
música e arte não lhe interessam. Outro respondeu que tem interesse especial pela literatura,
principalmente, pela poesia e teatro.
4) Você conhece a obra de algum artista brasileiro?
sim 67%
não 33%
Gráfico 4
Dois participantes responderam – Não
Quatro participantes responderam - Sim.
Dos participantes que responderam sim: uma citou Capitães de Areia de Jorge Amado,
poemas de Fernando Pessoa (que o é brasileiro, mas que a participante o deve ter se
lembrado que é um autor português, e ter considerado pelo fato de ser um grande escritor da
Língua Portuguesa) e Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda (que não se enquadra
dentro da perspectiva de uma obra de arte, mas sim dentro de um perspectiva sociológica).
Afirmou, também, que conheceu essas obras aqui e que foram emprestadas por amigos. Outra
respondeu que conhece cantores e escritores, porém não citou nomes e que os conheceu em
seu país. Um aluno citou Vinicius de Moraes, Drummond de Andrade, Jorge Amado, afirmou
estar lendo Castro Alves e ter visto em São Paulo a obra de Nelson Rodrigues: “Toda nudez
será castigada”. A outra aluna respondeu conhecer bem a obra de Neimeyer, por ser arquiteta.
5) Você já leu algum livro de escritor brasileiro?
80
sim 100%
Gráfico 5
Uma participante respondeu que leu muitos livros de Jorge Amado, mas em francês. Outro
respondeu que leu “ O encontro marcado” de Fernando Sabino e traduzido para o espanhol, “
Grande sertão veredas” de Guimarães Rosa, também traduzido para o espanhol e contos de
Machado de Assis. Uma respondeu “Meu de laranja lima”, mas não citou o autor. Uma
outra participante respondeu Capitães de Areia” de Jorge Amado. Uma respondeu não se
lembrar do nome. E outra respondeu que leu muitos livros de Paulo Coelho, o autor favorito
dela no mundo.
6) Conhece algum cantor/compositor brasileiro?
sim 100%
Gráfico 6
Uma participante respondeu muitos, mas que não se lembrava dos nomes. Outra participante
respondeu que não se lembra do nome. Uma respondeu Seu Jorge e Ana Carolina e rios
músicos do samba, dos quais não lembrava o nome e os do rádio, pois ouve músicos mais
modernos. Uma respondeu Alceu Valença, Maria Bethânia, Gilberto Gil, entre outros. Outro
participante respondeu que antes de vir para o Brasil, conhecia Caetano Veloso, Carlinhos
Brown e Ivete Sangalo e outros mais famosos e que depois que chegou aqui conheceu
81
também, Barão Vermelho, Os Mutantes e Legião Urbana. Uma respondeu que conhece
poucos compositores brasileiros e citou Gilberto Gil, Tom Jobim e Roberto Carlos.
7) Você já assistiu algum filme brasileiro?
sim 83%
não 17%
Gráfico 7
Uma participante respondeu que sim que viu filmes brasileiros, mas que não se lembrava
dos nomes. Outro “citou “O céu de Suely”,“ O ano que meus pais saíram de férias”, “Cartola”
e destacou que foram filmes vistos aqui no Brasil. Uma participante respondeu que não. Outra
citou Cidade de Deus” que assistiu na Alemanha, mas que aqui no Brasil ela já tinha visto
outros filmes, mas não lembrava os nomes. Uma citou o filme “Meu tio matou um cara”.
Outro citou que sim, mas que não se lembrava dos nomes.
8) Você já viu algum quadro de pintor brasileiro?
sim 33%
não 67%
Gráfico 8
Quatro participantes responderam que não. Um deles escreveu que gostaria muito de ter visto
um exposição com os quadros de Di Cavalcanti em São Paulo, mas não pode viajar na data da
exposição e que considera Brasília muito ruim para exposições. Duas responderam sim. Uma
82
aluna não soube citar os nomes, e afirmou ter estado na Bienal de São Paulo. A outra
respondeu que viu muitos quadros de pintores de brasileiros e citou Portinari, mas que não se
lembrava dos nomes do quadros.
9) Você já viu o trabalho de algum fotógrafo brasileiro?
sim 33%
não 67%
Gráfico 9
Quatro participantes responderam que não. Duas participantes responderam que sim, mas que
não lembravam os nomes dos fotógrafos.
10) O que você conhece da cultura brasileira?
Literatura,música
e outras artes 40%
comida e dança
20%
muitas coisas 20%
História e
costumes 20%
Gráfico 10
Um participante respondeu que conhece mais a música e a literatura, e que gostaria de
conhecer mais filmes, inclusive o que representaria o Brasil no Oscar. Novamente critica
Brasília, segundo sua opinião “é uma cidade ruim para cultura, há pouca oferta.” Outra
respondeu pouco” e destacou a música e alguns livros. Uma respondeu comidas e danças.
Outra respondeu que já conhece muitas coisas, mas acha que precisa aprender mais ainda.
83
Uma escreveu que não conhece muito, somente alguns escritores e músicos e destaca o fato
do Brasil ter muita diversidade cultural, que é um país com muita música, mas que não gosta
muito de ler. Afirma, ainda, que está aqui pouco tempo. A outra aluna respondeu que
conhece um pouco da história do Brasil e dos costumes de algumas regiões brasileiras.
Questionário II composto por 9 questões (a questão 6 consta de item a, b e c) totalizando
11 questões fechadas com cinco possibilidade de resposta para marcação de (1) uma opção.
Na questão 10 do questionário o participante poderia marcar mais de uma opção com sete
possibilidades de resposta (vide anexo p.131). 5 alunos responderam o questionário II
aplicado após as aulas de intervenção.
1) O que você achou da proposta de aprender Português por meio da apresentação de
textos literários, músicas, filmes, pintura e fotografia?
muito boa 40%
boa
mais ou menos
60%
ruim
sem necessidade
Gráfico 11
O gráfico mostra que a maioria dos alunos acharam mais ou menos aprender Português
por meio da proposta apresentada. Porém, considerando que 40% dos alunos acharam a
proposta muito boa, considero que houve uma boa receptividade da proposta pelos alunos.
2) Foi importante conhecer um pouco das manifestações artísticas brasileiras para a
aprendizagem da Língua Portuguesa?
84
muito
importante 20%
importante 20%
mais ou menos
60%
pouco
importante
sem importância
Gráfico12
A maioria dos alunos considera que a proposta teve uma importância relativa em sua
aprendizagem da Língua Portuguesa. Considerando que a proposta foi desenvolvida em
poucas aulas (4) as respostas são coerentes. Nesse curto espaço de tempo a proposta não
teria como influenciar de modo decisivo na aprendizagem da língua.
3) E para a sua formação pessoal, foi importante conhecer um pouco das manifestações
artísticas brasileiras?
muito
importante 20%
importante 80%
mais ou menos
pouco
importante
sem importância
Gráfico 13
Todos os alunos consideraram importante a proposta para sua formação pessoal, o que
ressalta a importância de se trabalhar conteúdos que também agreguem crescimento para
formação pessoal do aluno, não apenas os conteúdos que priorizam o conhecimento
instrumental e o funcional na aprendizagem de línguas.
85
4) Você acha que a proposta ajudou-o (a) no desenvolvimento de suas habilidades
lingüísticas de ler, falar, ouvir e escrever?
ajudou muito
ajudou
mais ou menos
60%
ajudou pouco
40%
não ajudou
Gráfico 14
Os alunos acham que a proposta ajudou pouco no desenvolvimento das habilidades
lingüísticas de ler, ouvir, escrever e falar. Apesar de a proposta ter se preocupado em trabalhar
as quatro habilidades o período de quatro aulas foi, realmente, curto para se trabalhar
significativamente essas habilidades.
5) Conhecer algumas manifestações artísticas brasileiras o (a) motivou a aprender ainda
mais a Língua Portuguesa?
motivou muito
motivou 80%
mais ou menos
motivou pouco
20%
não me motivou
Gráfico 15
A maioria dos alunos considerou que a proposta os motivou para a aprendizagem da
Língua Portuguesa. Como a motivação é um importante fator para aprendizagem, a proposta
contribuiu positivamente.
86
6) a)Você procurou conhecer, por conta própria, mais sobre os autores e artistas
brasileiros e suas obras?
procurei muito
procurei 40%
mais ou menos
procurei pouco
40%
não procurei
20%
Gráfico 16
b)Você se interessou em ler mais, ouvir mais músicas e ver mais filmes, pinturas e
fotografias de artistas brasileiros depois de conhecer essa proposta no curso?
interessei-me
muito
interessei-me
20%
mais ou menos
40%
interessei-me
pouco 20%
não me
interessei 20%
Gráfico 17
c)Você considera que seu conhecimento sobre a cultura brasileira aumentou em
geral depois de ser apresentado a essa proposta no curso?
aumentou muito
aumentou 40%
mais ou menos
20%
aumentou pouco
40%
não aumentou
Gráfico 18
87
A questão número 6 foi subdividida em três com o objetivo de saber sobre a
receptividade às atividades extraclasses, para essas atividades foram distribuídos materiais
para leitura sobre os artistas brasileiros e suas obras. Conforme os valores demonstrados no
gráfico na questão 6a, os alunos procuraram saber um pouco mais sobre os artistas e suas
obras, porém alguns afirmaram que procuraram pouco ou não procuraram. O índice de
receptividade pode ser considerado como fraco para realização dessas atividades extraclasse.
Conforme informações obtidas com as entrevistas, a falta de tempo foi a principal causa para
a não realização das atividades. A questão 6b, conforme os valores do gráfico, demonstra que
os alunos se interessaram em conhecer um pouco mais das nossas manifestações artísticas. Na
questão 6c, eles também consideraram que a proposta aumentou um pouco o conhecimento
deles sobre a cultura brasileira. As atividades extraclasses não obtiveram a receptividade
esperada. Tendo em vista que os alunos eram adultos e trabalhavam o momento das aulas era
muito importante, pois esse é o único momento que paravam, exclusivamente, para se
dedicarem a aprendizagem da língua.
7) Você sentiu–se à vontade para poder expressar–se e dar opiniões nas aulas de
intervenção da professora /pesquisadora?
muito à vontade
20%
à vontade 60%
mais ou menos
20%
pouco à vontade
não me senti à
vontade
Gráfico 19
Os alunos se sentiram à vontade para expressarem suas opiniões nas aulas de
intervenção, confirmando o clima de confiança que se estabeleceu nas aulas e foi percebido
pela pesquisadora.
8) Você acha que a sua comunicação melhorou fora do contexto de sala de aula?
88
melhorou muito
melhorou 20%
mais ou menos
60%
melhorou pouco
não melhorou
20%
Gráfico 20
A maioria dos alunos consideraram que a comunicação fora do contexto de sala de
aula melhorou mais ou menos. Novamente percebe-se coerência nas respostas dos alunos,
visto que a proposta foi realizada em quatro aulas, um período curto para se perceber uma
melhora significativa em sua comunicação fora da sala de aula.
9) A proposta desenvolvida pela professora/pesquisadora ajudou você a complementar
sua aprendizagem da Língua Portuguesa?
ajudou muito
ajudou 40%
mais ou menos
40%
ajudou pouco
20%
não ajudou
Gráfico 21
A maioria dos alunos considerou que a proposta os ajudou em alguma medida a
complementar a aprendizagem da Língua Portuguesa. Novamente ressalta-se que o período do
desenvolvimento da proposta foi curto para ser considerada como um auxílio importante na
aprendizagem da Língua.
10) De qual atividade você mais gostou?
89
Literatura 34%
Filme 33%
Música 33%
Gráfico 22
Conforme os valores demonstrados no gráfico abaixo, que se refere ao conjunto das
respostas às questões do questionário aplicado após as aulas de intervenção, os alunos se
posicionaram mais de forma positiva (47%) em relação aos diversos itens avaliados.
0 10 20 30 40 50
Positivas 47%
Mais ou
menos 33%
Negativas
20%
Gráfico 23
3.5 Análise das entrevistas
Nas análises das entrevistas a ênfase é para os pontos mais importantes para a
pesquisa. Não foram analisadas as entrevistas por completo e nem as respostas de todas as
questões. Destacamos os principais pontos colocados pelos alunos. Apenas na primeira
questão foi considerada a resposta da professora regente, nas demais foram analisadas apenas
as respostas dos alunos. Como a entrevista foi semi-estruturada segui a seqüência em que
realizei a entrevista com os alunos, fazendo um recorte de uma questão comum que todos
responderam, mas nem sempre perguntada da mesma forma. Por essa razão, desencontro
90
nas falas de algumas respostas pela variação na minha forma de perguntá-los, mas o assunto
era o mesmo. As entrevistas, na íntegra, se encontram nos anexos.
3.5.1 Entrevista com os alunos
PP: 1)Bem, e aí o que você achou das aulas de intervenção que trabalhou alguns elementos
estéticos da cultura brasileira?
A1: É acho interessante conhecer algumas coisas, assim da cultura.
A2: Achei muito interessante.
A3: Hum ... Eu gostei muito, aprendi muita coisa sobre o Brasil, sobre uma parte do Brasil que ainda
não conheço. Então, acho que... Também me preparei pra, não, pra ficar um tempo lá. Não sei.
A4: Eu achei interessante, só que ... Primeiro, foi só três aulas para mim ...
PR: Muito interessante, achei que ... Pôde ser desenvolvido um bom trabalho, é... É... para
explorar muita coisa, a parte de vocabulário, a parte de conhecimento da própria cultura, é... A forma
como os alunos puderam desenvolver, a competência lingüística deles a partir disso, foi bem
interessante.
Nesse trecho confirma-se que a proposta teve uma boa aceitação. A maioria dos
participantes achou interessante. Como já foi ressaltado, o período foi curto para que se
pudesse fazer uma avaliação melhor, como colocado pelo aluno A4 que participou somente de
três aulas. Muitas outras coisas poderiam ser exploradas, como bem coloca a professora
regente. Como este estudo serviu apenas para introduzir a discussão da utilização de
elementos estéticos da produção artística, em outros momentos pode-se dar continuidade a
outros estudos que tenham a mesma abordagem para que se possa avaliar melhor os impactos
das mudanças sugeridas pela proposta.
PP: 2)E você achou que essas aulas prejudicaram o andamento do curso ou elas podem fazer parte
do curso?
91
A1: Podem fazer parte se... Estiver programado, porque acho que ... É porque agora a gente tá meio
que... Correndo, atraba...ando a gramática que a gente tinha que fazer, se já está no programa,
a gente já tem isso previsto.
A2: Não. Não, não atrapalharam.
A3: Podem fazer parte, mas acho que... Hum... Só, podem fazer parte, trinta por cento, mais de
trinta por cento é demais.
A4: Não. Acho que podem fazer parte do curso.
Os alunos acharam que a proposta pode fazer parte de um curso, mas fizeram
importantes observações sobre a necessidade de planejamento prévio e da manutenção dos
outros conteúdos corriqueiros como os gramaticais.
PP: 3)E o que você esperava dessas aulas, corresponderam as suas expectativas, ou não?
A1: É que eu não sabia que seria... É que seria assim, que a gente usaria um exemplo de cada coisa,
um conto, um...
PP: Humhum.
A1: uma música, assim... Eu achava que você explicaria pra gente mais...
PP: Hum?
A1: isso, que explicaria um pouco a história da literatura do Brasil, um pouco assim...
PP: Humhum.
A1: Eu achava que seria isso.
A2: Ah! Eu achava que iva ser mais... É... Mais... Como se fala... Mais é... Menos interessante, que
iva ser muito chato.
PP: Humhum.
A2: Mas eu achei muito interessante, ((risos))
PP: ((risos))
A2: Divertido ((risos))...
92
A3: Sim.
PP: Humhum.
A3: Totalmente.
A4: Eu achava que seria uma aproximação assim mais em geral, os aspectos mais conhecidos,
principalmente, da literatura brasileira.
As respostas demonstram que os alunos esperavam mais informações da literatura em
geral, do modo como é trabalhada numa perspectiva tradicional do ensino da literatura.
Entretanto, também sinalizam que a proposta os surpreendeu e foi interessante.
PP: 4)E o que mais, então, de importante para ser trabalhado nessas aulas? O que mais você
destacaria que fosse mais importante, pra gente trabalhar... Como sugestão mesmo?
A1: Aí eu talvez acho que, quando a gente ainda não sabe nada...
PP: Certo.
A1: Aí talvez seria mais interessante ... Trabalhar com... Não sei... Contos de Machado de Assis.
PP: Humhum.
A1: Então, não sei... Autores assim, mais conhecidos internacionalmente. Que a gente ainda não tem
essa base mesmo.
A2: Eu achei interessante na parte ... Na parte de filme, eu gostei muito de filme.
PP: Filme. Humhum.
A2: É.
PP: Então, mais filmes, de repente, fosse mais interessante.
A2: Sim.
93
A3: .... Acho que... Cobrar mais, cobrar mais lugares...
PP: Humhum.
A3: So... Não sei.
PP: Então, quer dizer a sua sugestão seria trabalhar com outras regiões do Brasil?
A3: Sim, também, um pouco com cada religi... Com cada região.
PP: Humhum.
A3: Isso seria bom.
A4: Sim, a gramática, o vocabulário, que... Acontece... É interessante, porque eu gosto muito
também de ler, mas o que acontece é que às vezes eu leio, as apalavras que estou aprendendo não são
as palavras que... Os artesões (?)... Que as pessoas, normalmente, falam.
PP: Humhum.
A4: Então, também, é importante ter, primeiro ter, conhecer o que a gente fala, o que as pessoas
daqui no Brasil falam, para depois passar cada vez mais.
Os alunos apresentaram sugestões diversas. Trabalhar com autores mais
internacionalmente conhecidos, incluir mais filmes, trabalhar com outras regiões do país.
Todas as sugestões são passíveis de serem incluídas em uma proposta de maior duração. Um
dos alunos também ressaltou a importância de conhecer a linguagem coloquial, o que é
possível de se trabalhar também com outros textos, como as crônicas que têm uma linguagem
mais próxima de como as pessoas falam na rua. Além disso, esse mesmo aluno sugere uma
gradação, ou seja, iniciar o trabalho com textos mais fáceis para depois passar para os mais
complexos.
PP: 5) Mas você gostou das atividades desenvolvidas nessas aulas?
A1: Isso sim. Achei interessante sim. Eu não conhecia.
A2: É. Eu gostei.
A3: Sim, gostei especialmente dessa parte da música, do filme.
94
A4: Sim, gostei.
Os alunos gostaram das atividades desenvolvidas em sala, destacando as atividades
com música e filme.
PP: 6) E você procurou aprender mais sobre os autores dos elementos trabalhados em sala? Assim,
você consultou a internet, Consultou livraria, biblioteca? Alguma coisa a mais?
A1: Eu teria consultado na internet, só que não deu tempo.
PP: Humhum.
A1: Mas foi assim, mas eu teria feito.
PP: OK! Humhum, certo.
A2: Não.
PP: Não?
A2: Não, é porque... Tenho muito trabalho.
PP: Trabalho.
A2: Então, por isso.
A3: Não, mas eu li os textos...
PP: Humhum.
A3: Que você me deu.
A4: Na verdade, não.
Aqui se evidencia que as atividades extraclasses como leitura do material que eu dei, a
sugestão de consulta à internet, de buscarem mais informações em livraria e bibliotecas, o
foram realizadas pelos alunos. Duas se justificaram, uma pela falta de tempo e a outra porque
tem muito trabalho. Um aluno não se justificou e apenas uma aluna disse ter lido o material
95
que dei a eles, mas afirmou que também não procurou mais informações nem na internet, nem
em livrarias ou bibliotecas devido às provas da faculdade.
PP: 7) E quando se está imerso muitos aspectos culturais são aprendidos fora de sala de aula, mas
você acha importante, também, aprendê-los na sala?
A1: Acho sim. Por que... É você, fora da aula, você... Ouve as coisas.
PP: Humhum.
A1: Mas nunca tem certeza de quando as coisas se usam...
PP: Humhum.
A1: As expressões...
PP: Certo.
A1: Tudo isso! Aí você ouve e talvez, numa desta situação determinada... Você sabe que dá para usar
isso...
PP: Ok.
A1: que aqui na aula, tem mais situações, tem mais... se explica tudo, aí você sabe se isso dá
para usar aqui, ou não.
A2: Acho que sim. Acho que sim. Para que as pessoas non, non fiquem... Sorpresas.
PP: Humhum. Com dia-a-dia?
A2: Sim.
PP: Às vezes ouvem alguma expressão...
A2: A gente não entende.
A3: É... Não acho, na verdade, não acho não importante. Mas é... É bom. É bom.
96
A4: Sim. Acho que também pode ajudar, porque às vezes aspectos da.... É toda a pessoa tem uns
interesses particulares...
PP: Humhum.
A4: Alguns aspectos, por exemplo, para mim é a literatura.
PP: Humhum.
A4: A fotografia, o teatro, tal... Isso eu posso fazer fora das aulas.
PP: Humhum.
A4: Eu vou fazer fora das aulas.
PP: Certo.
A4: Por exemplo, a fotografia, a pintura ou mesmo a música.
Duas alunas consideram importantes que os aspectos culturais sejam aprendidos em
sala de aula mesmo em contexto de imersão. Como eu já havia colocado nas análises dos
questionários, o importantes para se expressarem melhor, saber adequar à linguagem,
entender as expressões próprias daquele contexto. Porém dois outros alunos não consideram
tão importantes assim e destacam que depende dos interesses particulares de cada aluno. Se
considerarmos que a língua faz parte da cultura, o aluno pode enriquecer sua visão cultural do
país onde viveu através de uma aprendizagem da língua que utilize mais os elementos
estético-culturais.
PP: 8) Em outras aulas de aprendizagem de idiomas, você tinha visto algo parecido com essa
proposta, assim você ... Que tenham uma abordagem, justamente, mais assim... Mais voltada para a
literatura, para as manifestações artísticas mesmo da cultura?
A1: Eu nunca fiz. Mas aqui, acho que, é sempre bem quando você já sabe bastante da língua
PP: Humhum.
A1: Tem que falar muito bem já para começar a trabalhar com a literatura, assim.
PP: Humhum. Certo. Ah! Então vo acha, justamente, que sempre tem que ser num nível mais
avançado mesmo, assim, não daria para um iniciante?
97
A1: É né, para iniciante o, a partir de intermediário eu acho que daria, porque tem textos
literários, que mesmo sendo literário...
PP: Humhum.
A1: Dá para entender quando a gente já... Já fala um pouco assim.
A2: Não.
A3: Na ( ), eu sempre. Ah! Também... Ah! ... Quando... Quando... Eu tava fazendo um curso de
espanhol, dois, duas horas por, não pra... Pra assistir filmes, para discutir e quatro horas por a
gramática.
A4: É... Eu acho, na minha experiência...
PP: Humhum.
A4: Os franceses...
PP: Humhum.
A4: Gostam muito de fazer isso.
PP: Certo.
A4: Para eles, aula de francês é... É aula de “francophonie”.
PP: Humhum.
A4: Ahn... O que significa que não é só a língua escrita, a gramática, mas é a cultura também.
A4: Você tem que escrever, tem de escrever, você tem que falar, apresentar isso aí. É importante,
porque é o jeito que você tem de comunicar isso. Mas, o conteúdo é muito importante.
Como a maioria dos alunos tinham tido a experiência de aprender outras línguas,
achei oportuno saber se eles já tinham visto algo parecido com a proposta que desenvolvi em
outras aulas de idiomas. Dois deles relataram experiências parecidas em aulas de espanhol e
francês, e um deles fez uma observação que nas aulas de francês, não é só escrita e gramática,
mas cultura também faz parte na aprendizagem do idioma. A incorporação de elementos
98
culturais na aprendizagem de línguas está presente na metodologia de ensino de outros
idiomas. Outro ponto abordado nesta questão é em relação ao nível de aprendizagem em que
se encontra o aluno quando entra em contato com esses elementos estético-culturais,
principalmente a literatura, que para um deles não dá para ter contato no nível iniciante, mas a
partir do intermediário, quando já se fala um pouco, como ela mesma coloca, já da pra
entender um texto, mesmo sendo literário.
Porém, muitos estudiosos como Lebrun (2007) já acham possível introduzir pequenos
textos literários no nível iniciante, segundo ela pode influenciar positivamente na auto-estima
do aluno que está iniciando uma aprendizagem de uma língua estrangeira. Concordo que
textos literários curtos possam ser trabalhados a partir do nível iniciante, mas a sensibilidade
do professor em saber quando é possível introduzi-los e se é conveniente é fundamental. É
necessário ter uma metodologia, uma preparação, introduzir só por introduzir, acredito que
não colaboraria com a aprendizagem. Entretanto, verificar se é possível e pensar em como
realizar esse primeiro contato é que pode fazer a diferença, às vezes, não na aprendizagem do
idioma propriamente dito, mas contribuiria para fatores importantes para o processo de
aprendizagem como motivação e auto-estima.
PP: 9)Ok. E a última é para você ficar livre para expressar mais opiniões, alguma coisa que você
queira falar.
A1: Hum.
PP: sobre as aulas...
A1: Ah! Então, é isso. Eu acho... Eu acho também interessante isso, quando você aprender um idioma
de fazê-lo através de... É de textos, de coisas relacionadas com a cultura do país...
PP: Humhum.
A1: Quando você aprende a língua na verdade você quer conhecer o país.
PP: Humhum.
A2: Sobre as aulas?
PP: Isso.
99
A2: Ah! Como eu falei, é... Eu achei muito interessante.
PP: Humhum.
A2: Ah! Por exemplo, para mim, tudo bem.
A3: Ahn... Acho que... Ajudou muito... Ahn... Ahn. Isso.
A4: Hum... Difícil...
PP: Difícil?
A4: É... Que eu já falei...
PP: Humhum.
A4: Não sei... Acho que talvez fosse mais interessante fazer a experiência com mais aulas...
PP: Humhum.
A4: Para ter... Para fazer um curso mais estimulante.
PP: Certo.
A4: Mas, acho que foi interessante.
Senti que os alunos ficaram pouco à vontade para dar mais opiniões e fazerem mais
observações. Final de entrevista, a sensação que se tem é quese falou tudo, como um deles
destacou que já tinha falado, então complementou com uma sugestão que foi de que se
realizasse a experiência com mais aulas. Todos avaliaram de forma geral as aulas como
interessantes, que foi tudo bem e que ajudou muito. Destaco a fala de um deles que fez o
seguinte comentário: “quando se aprende a língua na verdade você quer conhecer o país.
Este comentário não atinge a grande maioria dos alunos quando estão aprendendo uma língua,
mas alguns já demonstram esse interesse que ultrapassa os objetivos instrumentais, funcionais
ou comunicacionais que a aprendizagem de um idioma pode ter. Sendo assim, faz-se
necessário o estudo e a pesquisa de outras abordagens para o ensino de línguas visando a
atingir os diversos interesses que um aluno pode ter ao aprender uma língua.
100
3.5.2 Entrevista com a professora regente
PP: 1)Bem, o que você achou da proposta das aulas de intervenção que trabalhou os
elementos estéticos da cultura brasileira?
PR: Muito interessante, achei que... Pode ser desenvolvido um bom trabalho, é ... É ...
para explorar muita coisa, a parte de vocabulário, a parte de conhecimento da própria cultura, é... A
forma como os alunos puderam desenvolver, a competência lingüística deles a partir disso, foi bem
interessante.
PP: 2) E você acha viável essa proposta? Ela pode ser adaptada para as aulas de Português
como Segunda Língua ou Língua Estrangeira?
PR: Exatamente.
PP: Hum.
PR: Ela sendo adaptada, acho que vai funcionar muito bem.
PP: Humhum.
PR: É... Eu acredito que um trabalho... É... Solto, não, não funcione, a não ser que seja um
trabalho paralelo, e com uma proposta diferente.
PP: Humhum.
PR: Agora quando você começa a trabalhar a parte de gramática, é... Do... De um conteúdo
proposto, você tende a adaptar isso, porque os alunos pedem isso, né?
PP: Humhum.
PR: Eu acho um trabalho maravilhoso, acho que pode ser desenvolvido, mas acho que eles
valorizam mais quando é associado à parte do conteúdo mesmo, que é nisso que eles se apegam, mas
dá para desenvolver um trabalho muito bom, a partir disso.
PP: 3)E o que você acha que poderia, quer dizer, o que mais você acha que poderia ser
trabalhado?
PR: É isso o que eu falei, né? ... Poderia é... É associar ao conteúdo, trabalhar elementos,
mas... Eu gostei muito da parte da música, do filme, do texto...
PP: Humhum.
101
PR: ... É a gente poderia também pegar outros, outras... Outros elementos culturais próximos
daqueles que você trabalhou, de lugares próximos daquele, é... Quando dessem textos falassem de
outros textos, de outros autores, quando é... Quando falasse do filme, falasse de outros personagens
de outros filmes para estimular o aluno mesmo a busca, não ficar só naquilo...
PP: Humhum.
PR: Quando você fala um pouco a partir daquilo você desenvolve outras idéias, outros
trabalhos... É... O aluno tem mais... Tem um interesse a mais pra... Pra procurar, pra ver essa outra
parte também.
PP: 4)E na sua opinião qual foi a recepção dos alunos a essa proposta?
PR: Foi boa, foi, foi significativa. Eu achei... Só que eles acharam tudo muito novo e
diferente, às vezes eles se sentiram um pouco é... Fora, um peixe fora d’água, né? Mas, isso
inicialmente, no início de cada proposta, depois eles desenvolveram bem e a receptividade foi boa.
PP: 5)E as atividades, o que você achou das atividades?
PR: Interessantes, é... Eu só acrescentaria a parte de, de... Do trabalho comunicativo mesmo
na parte oral, né?
PP: Humhum.
PR: Acho que, por exemplo, no filme poderia ter havido uma discussão sobre o filme, até
mesmo em partes do filme, é... É... Sobre vocabulário, sobre algumas situações, sobre algumas cenas,
comparar essas cenas à situação do povo do nordeste, o povo brasileiro, como é a cultura, como as
pessoas vivem, o porquê de determinada ações, né?
PP: Humhum.
PR: A própria crítica do filme, isso, acho que poderia ter havido um debate, uma discussão
sobre isso, é... É... Entre outras propostas também. Agora a parte das atividades, né, escritas e tal, eu
achei muito interessante.
PP: 6)E agora, justamente, fique livre para expressar opiniões e observações. Tem alguma
que você queira fazer?
PR: Acho que já falei bastante. Né? ((risos))
PP: Não, pode continuar. ((risos))
PR: Mas, é... Em relação a esse trabalho...
102
PP: Hum.
PR: Eu sempre gostei, sempre fiz um trabalho parecido, só que adaptado, né?
PP: Humhum.
PR: Eu nunca pensei em pegar, por exemplo, um tema e a partir dele desenvolver o filme, a
música, a pintura, né, a arte, o poema e tal. E essa idéia eu achei bem interessante...
PP: Humhum.
PR: Porque você pega vários elementos a partir de um único tema.
PP: Humhum.
PR: E acho que a gente pode fazer isso a todo tempo, justamente no nível didático, porque os
nossos livros didáticos não trazem isso dessa forma, né?
PP: Humhum.
PR: Ou às vezes é um texto, às vezes é uma coisa jogada, e pra gente aprofundar, pra que se
tenham esses elemen... Pra que tenha esses elementos culturais nas aulas a gente precisa, realmente,
trazer, e quando a gente tiver um trabalho assim, que é elaborado, que você viu elementos que é...
Que tinham relação entre eles, fica um trabalho mais ligado, mais rico, aí você pode ter um resultado
melhor.
PP: Humhum.
PR: Se a gente conseguir adaptar isso a um determinado nível como, como um elemento a
mais, uma atividade a mais, um material de apoio de repente, acho que pode enriquecer muito o
ensino de língua, de Português como Segunda Língua.
PP: Pois é, a idéia é essa mesmo. Porque...
PR: Porque ...É... É... Eu acho... Eu acho que essa parte de material é fraca ainda no
nosso...
PP: Humhum.
PR: Ensino de língua... né?
PP: Pois é, a idéia que eu tinha é isso mesmo, é de ver essa viabilidade, de justamente, a
partir da minha proposta não ser algo fechado, mas que a partir daí despertasse...
PR: Humhum.
103
PP: Entendeu? Nos professores em geral, e se realmente ela é adaptável...
PR: Super, super, eu achei riquíssima, e realmente a gente precisa adaptar, né?
PP: Isso.
PR: Fazer mudanças...
PP: Contexto.
PR: De acordo com curso e tal, mas a idéia, a proposta eu achei muito legal, muito boa, e
necessária.
PP: Humhum.
PR: Não boa, mas necessária, porque enriquece muito. E a gente trabalha, por exemplo,
você trabalhou com vocabulários, que em sala... Em contexto de sala, normalmente, a gente não
trabalharia...
PP: Humhum.
PR: Né?
PP: Certo.
PR: Então, a não ser que alguém viesse com uma idéia e tal, a gente, dificilmente, trabalharia
esse vocabulário específico. Que a partir desse material que você trouxe a gente pôde, a gente pôde
trabalhar essa questão vocabular.
PP: Humhum. Ok. Muito obrigada!
Coloquei a transcrição da entrevista da professora regente na íntegra porque achei que
todas as observações feitas por ela foram muito pertinentes e também para saber da opinião de
quem acompanhou todo o processo, mas teve um distanciamento, um olhar de fora. Em
relação a receptividades dos alunos e das atividades eu destaco esse trecho para corroborar a
boa receptividade que os alunos tiveram a proposta.
PP: Certo. E na sua opinião, qual foi a recepção dos alunos a essa proposta?
PR: Foi boa, foi significativa, eu achei... que eles acharam tudo muito novo e diferente, às
vezes eles se sentiram um pouco é... Fora, um peixe fora d’água, né? Mas, isso inicialmente, no início
de cada proposta, depois eles desenvolveram bem e a receptividade foi boa.
PP: Humhum. E as atividades, o que você achou das atividades?
104
PR: Interessantes, é... Eu só acrescentaria a parte de, de... Do trabalho comunicativo mesmo
na parte oral, né?
PP: Humhum.
PR: Acho que, por exemplo, no filme poderia ter havido uma discussão sobre o filme, até
mesmo em partes do filme, é... É... Sobre vocabulário, sobre algumas situações, sobre algumas cenas,
comparar essas cenas a situação do povo do nordeste, o povo brasileiro, como é a cultura, como as
pessoas vivem, o porquê de determinada ações, né?
PP: Humhum.
PR: A própria crítica do filme, isso, acho que poderia ter havido um debate, uma discussão
sobre isso, é... É... Entre outras propostas também. Agora a parte das atividades, né, escritas e tal, eu
achei muito interessante.
A entrevista da professora regente, além de confirmar que os alunos tiveram uma boa
receptividade à proposta apresentada, traz ainda outros elementos importantes no que se refere
à temática. Foi confirmada a informação de R. Moura (2005) de que os livros didáticos são
fracos quanto à apresentação de aspectos estéticos e culturais. Isso destaca a importância da
incorporação dos elementos culturais nas propostas pedagógicas dos cursos de Português
como língua estrangeira. Vale ainda destacar a novidade que foi para a professora ver um
único tema gerador desencadear várias atividades. Essa novidade apresentada pela proposta,
que foi pensada e colocada em prática por Paulo Freire, e, também, proposta por Almeida
Filho (2005) que preconiza a importância das aulas temáticas no contexto de aprendizagem de
idiomas. Para Almeida Filho (2005) ao propor e integrar temas que estão sendo vividos e
experienciados pelos alunos, esses se tornam sujeitos ativos do processo de ensino-
aprendizagem. A introdução de elementos novos deve ser planejada e integrar os objetivos
previstos pela proposta pedagógica. Sem essa articulação, os esforços de mudança podem ser
vãos. Diante dessa situação se destaca a importância de se planejar mudanças na formação dos
professores de Português como Segunda Língua que incluam a aprendizagem de elementos
estéticos e culturais, que devem ser tidos como fortes aliados no ensino de línguas.
105
3.6 Triangulação dos dados
Figura 1
3.6.1 Alunos
A proposta que trabalhou os elementos estéticos da produção artística brasileira foi,
em geral, bem recebida pelos alunos de um curso avançado nível I de Português como
segunda língua. A participação e o envolvimento dos alunos nas atividades propostas foram
descritas nas aulas de intervenção. Na análise dos questionários e das entrevistas pode-se,
Aluno(a)s
Professora
Pesquisadora
Professora
Regente
A triangulação dos dados foi realizada a partir das análises dos
instrumentos anteriores. A partir dessa técnica foi possível gerar dados
para se perc
eber o posicionamento dos alunos em relação à receptividade
dessa proposta e a aceitação do tema proposto com base nas atividades
desenvolvidas em sala e nas atividades propostas para casa. A professora
regente, que acompanhou as aulas, e a pesquisadora, q
ue atuou como
professora na aplicação da proposta, contribuíram para a realização dessa
triangulação ao registrar suas percepções sobre como os alunos receberam
a proposta desenvolvida nas aulas de intervenção. As informações da
professora regente foram ob
tidas por meio da entrevista e as informações
da pesquisadora são fruto do conjunto de todas as análises.
106
também, constatar essa boa receptividade. O índice de 47% de respostas totalmente positivas
e 33% de mais ou menos do segundo questionário nos permite realizar essa avaliação, assim
como o índice de 60% no que se refere aceitação das atividades desenvolvidas em sala. As
atividades realizadas em casa não foram avaliadas, pois os alunos não devolveram essas
atividades à pesquisadora. Conforme depoimento dos alunos a falta de tempo e o trabalho
comprometeram a realização dessas atividades. Porém, como se tratava de tarefas
complementares, a sua o realização não prejudicou o andamento das outras atividades
desenvolvidas em sala. O objetivo principal dessas atividades era estimular a autonomia dos
alunos na aprendizagem da Língua Portuguesa e despertar-lhes o interesse pela busca do
conhecimento, sem atrelar essa busca a uma avaliação ou punição. Priorizou-se nessas
atividades a liberdade, a consciência e os limites de cada um. No momento da realização da
pesquisa o objetivo esperado não foi alcançado, pois os alunos, ainda se mostraram muito
dependentes do contexto de sala de aula.
Durante as entrevistas, a palavra interessante foi a que mais se sobressaiu nas
respostas dos alunos, quando foram perguntados sobre o que acharam da proposta. Essas
respostas, também caracterizam como positiva a recepção que tiveram da mesma. Foi
importante também ouvir os alunos e saber de suas opiniões, críticas e sugestões como
contribuições para serem consideradas na elaboração de uma outra proposta e no
planejamento de aulas. Como eles mesmos colocaram, o tempo foi curto para uma avaliação
mais profunda. Todavia uma luz foi lançada para quem se interessa pela temática, indicando
possibilidades de um trabalho futuro com alunos aprendendo português como segunda língua
ou língua estrangeira.
3.6.2 Professora Regente
Ela confirma que os alunos tiveram uma boa receptividade, mas por acharem tudo
muito novo teve momentos de estranhamento, o que eu também senti, e talvez, tenha sido um
dos fatores que prejudicou uma melhor interação entre os alunos e entre mim e eles. Porém
ela confirma que depois de um certo período inicial eles se envolvem com as atividades
desenvolvendo-as. O trabalho comunicativo, também, foi observado por ela como algo que
poderia ser mais bem trabalhado. Devido ao meu afastamento das aulas de Português como
Segunda Língua não percebi essa falha no desenrolar das aulas, mas acredito também que o
tempo de contato que tive com os alunos foi curto para trabalhar mais intensivamente essa
107
parte. Como não foi possível fazer a discussão do filme devido aos motivos explicados na
descrição da quarta aula de intervenção, e a atividade seria uma da que mais exigiria dos
alunos a parte oral, esse aspecto de fato ficou prejudicado no desenvolvimento da proposta. O
enfoque dado pela professora regente à necessidade de adaptar a proposta para incluir “os
conteúdos” propriamente ditos, indica a importância de conciliar o ensino de aspectos
gramaticais por meio da inclusão dos elementos estéticos e culturais. Sendo assim, fica
novamente reforçado o fato do professor precisar ser o grande articulador das interações que
ocorrem na sala de aula.
3.6.3 Professora Pesquisadora
Após a realização das observações, descrições, análises dos questionários e das
entrevistas considero que os alunos receberam bem a proposta. Como as demais experiências
que envolvem situações complexas de interação, a proposta apresentou algumas falhas em sua
elaboração e execução. Entretanto, como colocado nas observações realizadas, os alunos
participaram e desenvolveram todas as atividades apresentadas em sala, participaram das
aulas, perguntaram e demonstravam interesse pelo o que estava sendo falado. Além disso, em
nenhum momento foram colocados entraves ou objeções à realização da proposta. Percebi em
alguns momentos que a aula poderia ter sido mais interativa e que os alunos poderiam ter se
expressado mais. Mas considerei bom o índice das respostas apresentadas no segundo
questionário, pois percebi uma coerência entre o que desenvolvi e as respostas apresentadas.
Assim como senti uma receptividade ainda maior deles pela proposta ao realizar a entrevista,
onde pude observar numa interação face a face, as reações que eles tinham ao responderem as
questões.
De acordo com todas as análises feitas classifico como boa a receptividade que os
alunos tiveram ao tema proposto e às atividades realizadas em sala. As atividades extraclasses
tiveram um retorno insuficiente para a realização de uma avaliação. Por se tratar de um estudo
de caso, as observações e resultados descritos neste trabalho não podem ser generalizados.
Ressalta-se, que as análises consideraram apenas uma turma de cinco alunos, devido à falta de
tempo e dificuldades inerentes a realização de um estudo qualitativo mais abrangente com
mais turmas e em outros níveis da aprendizagem de Português como Segunda Língua. Desse
modo, as informações contidas neste trabalho que serviram de base para a análise crítica,
devem ser consideradas observando-se essas limitações.
108
Com base nas análises das aulas, gráficos dos questionários, entrevistas e da
triangulação dos dados, os alunos tiveram uma boa receptividade à proposta que contemplou
elementos estéticos da produção artística brasileira apresentada e desenvolvida nas aulas de
intervenção.
Conforme a descrição da primeira aula de intervenção, na qual foi apresentado o tema
para as aulas de intervenção aos alunos, houve uma boa receptividade e aceitação do tema
proposto.
De acordo com a participação dos alunos nas aulas e dos dados demonstrados no
gráfico 23 do Questionário II, que sintetizou as respostas das questões realizadas após as aulas
de intervenção por meio desse questionário, apontou que 47% das respostas foram positivas,
sinalizando uma boa recepção dos alunos a essas atividades.
Segundo as descrições das aulas, dos dados demonstrados nos gráficos 16 e 17 do
Questionário II relativos às atividades desenvolvidas fora de sala e nas entrevistas a recepção
dos alunos a essas atividades não foi muito boa, mas os dados não foram suficientes para
afirmar que houve uma rejeição. Os alunos se justificaram por não terem desenvolvido essas
atividades alegando falta de tempo, principalmente, por conta do trabalho.
3.7 Considerações Finais
O presente estudo foi realizado com a intenção de iniciar uma discussão de novas
metodologias para o ensino de Português como Segunda Língua ou Língua Estrangeira. Não
se pretendeu de forma alguma esgotar ou generalizar os resultados apresentados aqui, mas
como foi colocado, anteriormente, o propósito maior foi lançar uma luz sobre questões
abordadas nesta pesquisa e contribuir para a abertura de novos caminhos para o ensino e a
pesquisa na área de ensino-aprendizagem de línguas, especificamente, na área de Português
como Segunda Língua.
É consenso que a Cultura é um aspecto muito importante para ser trabalhado no
ensino-aprendizagem de línguas, e são várias as formas com as quais podemos trabalhá-la.
Devido sua complexidade, não uma única ou uma melhor forma. Existe, sim, adequação a
um contexto de ensino-aprendizagem. Para Santos (2006):
109
A cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade.
Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como por
exemplo, se poderia dizer da arte. Não é apenas uma parte da vida social
como, por exemplo, se poderia falar da religião. Não se pode dizer que
cultura seja algo independente da vida social, algo que nada tenha a ver com
a realidade onde existe. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos
os aspectos da vida social, e não pode dizer que ela exista em alguns
contextos e não em outros.
A escolha do viés estético foi uma forma de inclusão da cultura no ensino de
Português como Segunda Língua, porém estamos cientes que esta é uma parte da cultura e
que não se trabalhou a cultura brasileira em sua totalidade. Consideramos importante trazer
esses elementos constitutivos da nossa cultura como um modo a mais para realizar uma
aproximação do aprendiz com a cultura da língua alvo aprendida. Valores e costumes podem
ser apreendidos através dos elementos estéticos trabalhados pela proposta, que sendo adaptada
podem-se trabalhar outros temas e trazer mais informações, abarcando e repassando uma
visão da sociedade brasileira, seus costumes e valores.
O estético e o artístico estão historicamente condicionados e acredito que as obras de
arte de um país mostram, também, um pouco de sua história proporcionando um melhor
entendimento da atualidade. Revelar a cultura de um lugar por meio do seu patrimônio
artístico é valorizar seus bens culturais.
Como foi constatado, no primeiro questionário, muitos alunos estrangeiros conhecem
um pouco da cultura brasileira, mas desejam conhecer mais. Alguns deles buscam, por conta
própria ter um contato maior e direto com os elementos culturais, outros apesar de estarem
inseridos na cultura não m a oportunidade ou não querem ter esse contato maior, por o
achar importante. Mas, percebemos que a cultura e suas manifestações artísticas interessam
aos aprendizes de língua.
A importância dos aspectos culturais se destacou nas análises das respostas dos alunos
nesse questionário, mas os aspectos gramaticais ainda prevalecem, segundo as respostas dos
participantes desta pesquisa. Em um contexto de imersão alguns alunos colocaram que os
aspectos culturais podem ser aprendidos fora da sala de aula e priorizam os aspectos
gramaticais nas aulas de Português como Segunda Língua. Porém, quem considere que os
aspectos culturais são muito importantes em um contexto de imersão, pois, de acordo com
uma resposta dada por uma aluna, “é o que você não consegue aprender em outro país.”
Alguns alunos consideraram importante para sua aprendizagem os aspectos culturais e
110
gramaticais conjugados, pois assim eles podem se expressar melhor e aprendem, também, a
realizar uma adequação da linguagem ao contexto de uso da língua alvo.
No entanto, mesmo com uma aprendizagem fora do ambiente de sala de aula pelos
alunos dos aspectos culturais, considero pertinente trabalhá-los em sala. Creio que muitos
precisam de orientações para filtrar informações e perceberem as sutilezas e as nuanças dos
aspectos culturais em determinados contextos. Reforço que em um contexto de imersão as
informações culturais são importantes, pois você pode trazer para sala de aula experiências
vividas e perguntar por que é assim. Pode-se, também, trazer exemplos próximos da realidade
dos alunos para entendê-los melhor e ter uma melhor compreensão do modo de vida desse
país em que eles se encontram. O que não acontece quando se está aprendendo fora desse
contexto, onde os exemplos não são vividos pelos alunos e não permitem o confronto das
informações que são passadas. O que acontece quando se está imerso, onde o enriquecimento
da aprendizagem é potencializado ao unir as informações culturais trabalhadas em sala de aula
à experiência vivida fora dela.
Nas respostas referentes à Literatura, Jorge Amado foi citado, mais de uma vez,
confirmando sua fama de um dos autores brasileiros mais conhecidos internacionalmente. Vi
as respostas dadas pelos alunos e preocupei-me em apresentar-lhes outros nomes da literatura
brasileira.
Percebemos o caráter de acessibilidade que a música tem junto aos alunos, apesar de
alguns deles não terem citado nomes de cantores e músicas, foi nessa questão do questionário
que apareceu o maior número de artistas citados pelos alunos. Não se deve ignorar o trabalho
com canções em sala de aula, pois é um importante aliado na aprendizagem, por ser lúdica
traz consigo, muitas vezes, descontração e leveza ao ambiente de ensino-aprendizagem.
Percebemos que a maioria viu um filme brasileiro e que a linguagem visual também é
muito importante na atualidade. O filme pensado para trabalhar a proposta não foi citado
pelos alunos e está ligado à literatura e ao tema proposto e assim como a música, o filme
também permite uma aprendizagem mais lúdica.
Os participantes também demonstram interesse por exposições e um deles critica
Brasília, por considerar que a cidade é “muito ruim” nessa área. Alguns alunos tinham visto
muitos quadros de pintores brasileiros, evidenciado por parte de alguns o interesse por Artes.
111
A maioria não conhece o trabalho de fotógrafos brasileiros, a proposta também possibilitou
esse contato entre os alunos e a fotografia. A fotografia , assim como o filme, é importante
para se trabalhar a linguagem visual que está fortemente presente em nosso contexto no
momento e é um registro do que acontece a nossa volta. Por essa razão foi incluída na
proposta o trabalho com a fotografia, e em especial o fotojornalismo. Esse gênero além de
realizar o registro de uma realidade pode-se agregar um valor estético, utilizado para mostrar
e conscientizar as pessoas de como vivem outras pessoas e as situações adversas que muitas
enfrentam. Portanto, dar oportunidade para que alunos conheçam mais a nossa produção
artística é possibilitar um maior contato, também, com a nossa realidade.
A cultura de um país é muito complexa e multifacetada e pode ser trabalhada,
aprendida, apreendida, passada, vivenciada de muitas formas. Considero que tudo que se
refere à cultura de um país é muito importante e precisa ser abordado de alguma forma nas
aulas de aprendizagem de línguas.
Os materiais utilizados eram autênticos, pois ainda não um livro didático de
Português como Segunda Língua que priorize os elementos culturais. As atividades passadas
como extraclasse, que não foram realizada pelos alunos durante as aulas de intervenção,
podem despertar, em algum outro momento, o interesse dos mesmos e sua curiosidade em
saber mais sobre o que foi trabalhado nessas aulas.
Para os professores de línguas, em geral, na atualidade, o problema não é apenas
escolher entre o material autêntico e o material construído, o mais importante é selecionar
algo que seja, realmente, significativo para aprendizagem de seus alunos, tanto do ponto de
vista cultural como do ponto de vista lingüístico, e que atenda suas necessidades e desenvolva
suas habilidades lingüísticas.
A idéia do senso de plausibilidade proposto por Prabhu (1990, 1992) enfatiza a
construção, pelo professor de LE, de teorias pessoais a partir das articulações e explicações
que consegue estabelecer entre o seu ensino e a aprendizagem de seus alunos. Prabhu (1990)
afirma que os professores precisam ser teóricos, não no sentido de usarem o aparato da
academia ou as habilidades do argumento acadêmico, mas em termos de operarem com um
conceito ativo da relação entre o ensino que realizam e a aprendizagem correspondente, e de
desenvolverem e modificarem esse conceito à luz de sua experiência contínua de sala de aula.
112
Em consonância com o que foi exposto acima a experiência de voltar às salas de aula
de Português como Segunda Língua foi lida e instigante, o contato com os alunos e a
vivência nesse ambiente me enriqueceu e também me modificou. Aprendi muito nesse
período.
A leitura não de palavras, mas também de mundo” como bem colocava Paulo
Freire (1992, p.15) deve está presente na prática pedagógica e o professor deve estar atento
para o desenvolvimento dessa habilidade. E o professor de LE, também, não pode está
preocupado apenas com decodificação das palavras realizadas por seus alunos, mas também
em proporcionar-lhes leituras de mundo, principalmente, se esse aluno estiver imerso no país
onde ele está aprendendo a língua-alvo.
Como destacam Mello, Santos & Almeida (2002): “A leitura é inerente ao nosso dia-a-
dia, é constante e imprescindível no nosso quotidiano. Sendo assim, é tarefa do professor de
L2 tornar seus alunos proficientes na leitura desse idioma.” As autoras (op.cit.) ainda
destacam que os alunos numa situação de imersão necessitarão ler não apenas textos verbais,
mas também compreender textos não verbais. Destacam também a importância de o professor
considerar o elemento cultural que é intrínseco a esses textos. Nesse sentido torna-se
necessário verificar o impacto de elementos estéticos na aprendizagem de uma língua
estrangeira para se ter mais elementos para uma melhor compreensão do processo de ensino e
aprendizagem.
Ressalto, ainda, a importância de se pensar em incluir alguns desses elementos
estético-culturais na confecção de materiais didáticos ou de sua inclusão nas aulas, quando os
mesmos não os contemplarem. Vejo a produção de materiais didáticos como sendo de suma
importância para ser ter um ensino de Português LE/L2 de qualidade, assim como iniciativas
de cursos via internet. Porém, em relação a esses aspectos também o muitas ofertas.
Muitas publicações de livros de Português como LE/L2 estão defasadas e necessitam não
de uma nova edição, mas de reformulações e atualizações. Há, também, uma carência de
novas publicações que estejam mais de acordo com as propostas e abordagens
contemporâneas para o ensino de línguas. Não se pode esquecer, também, que esta pesquisa
traz questões que merecem ser analisadas num continuum. Sendo ideal que fosse desenvolvida
durante um período maior e, também, em outros níveis. A sugestão é para que novas
pesquisas sobre estética no ensino de línguas sejam feitas. Assim como, sejam realizadas mais
113
pesquisas que abranjam a utilização do texto literário no contexto específico de ensino de
Português como Segunda Língua para que haja uma maior contribuição e enriquecimento para
essas aulas.
Ações e sugestões de pessoas que almejam a melhoria na qualidade de ensino de
Português como Língua Estrangeira ou como Segunda Língua, sejam de pessoas que
permanecem atuando na área ou de pessoas que se afastaram, mas que ainda se preocupam
em cooperar, precisam ser mais estimuladas e que elas também sejam encorajadas a expor
essas sugestões e que possam, assim, contribuir com o ensino- aprendizagem na área de
Português como Língua Estrangeira ou Segunda Língua. E esse é mais um dos objetivos dessa
pesquisa, servir de estímulo a produção de novas reflexões, materiais e propostas de ensino de
Português como Segunda Língua. Fica o convite àqueles que quiserem se juntar a nós!
114
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Cortez, 1998.
ANEXOS
125
LISTA DE ANEXOS
Questionário I ---------------------------------------------------------------------------------------- 127
Perguntas para compor perfil do aluno – participante da pesquisa --------------------------- 128
Perguntas para compor o perfil da professora – participante da pesquisa ------------------- 129
Roteiro para as entrevistas ------------------------------------------------------------------------- 130
Questionário II ---------------------------------------------------------------------------------------- 131
Atividade I -------------------------------------------------------------------------------------------- 133
Atividade II ------------------------------------------------------------------------------------------- 136
Atividade III ------------------------------------------------------------------------------------------- 137
Atividade IV ------------------------------------------------------------------------------------------- 138
Entrevista – A1 ---------------------------------------------------------------------------------------- 139
Entrevista – A2 --------------------------------------------------------------------------------------- 143
Entrevista – A3 --------------------------------------------------------------------------------------- 146
Entrevista – A4 --------------------------------------------------------------------------------------- 148
Entrevista – PR --------------------------------------------------------------------------------------- 152
126
CONVENÇÕES
Convenções para Transcrição de registro
AA: Alunos (as)
A1: Aluno 1
A2: Aluno 2
A3: Aluno 3
A4: Aluno 4
A5: Aluno 5
A6: Aluno 6
PP: Professora Pesquisadora
PR: Professora Regente
(( )) Comentário descritivo do transcritor
( ) Incompreensão de palavras ou segmentos
... Qualquer pausa
127
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Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Professora-orientadora: Dr. Percília Lopes Cassemiro dos Santos
Prezado(a) aluno(a):
Meu nome é Mônica Rodrigues da Luz sou aluna do Programa de Pós-Graduação em
Lingüística Aplicada da Universidade de Brasília onde estou desenvolvendo o projeto de
Pesquisa intitulado: “A estética nas aulas de Português como Segunda Língua”, sob a
orientação da Profª. Drª. Percília Lopes Cassemiro dos Santos.
Este questionário é um instrumento de coleta de dados que me auxiliará no projeto de
pesquisa citado acima. Por gentileza, solicito a sua colaboração em responder às questões
abaixo. As informações prestadas, aqui, serão utilizadas apenas para fins de pesquisa. Sua
participação é muito importante. Muito Obrigada!
QUESTIONÁRIO I
1) Ao freqüentar um curso para aprender Português como Segunda Língua no Brasil
você se interessa mais pelos aspectos gramaticais ou culturais da língua? Por quê?
2) Você considera importantes as informações culturais nas aulas de idiomas? Por
quê?
3) Por quais aspectos culturais brasileiros você se interessa, ou os aspectos culturais
brasileiros não lhe interessam?
4) Você conhece a obra de algum(a)(ns) artista(s) brasileiro(a)(s)? Quem? Onde você
conheceu?
5) Você já leu algum livro de um(a) escritor(a) brasileiro(a)? Qual?
128
6) Você conhece algum cantor(a)/compositor(a) brasileiro(a)? Quem?
7) Você já assistiu a algum filme brasileiro? Qual(is)? Onde?
8) Você já viu algum quadro de um(a) pintor(a) brasileiro(a)? Qual(is)? Onde?
9) Você conhece o trabalho de algum fotógrafo(a) brasileiro(a)? De quem? Onde
você conheceu?
10) O que você conhece da cultura brasileira?
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Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Esta é uma ficha para conhecer o perfil dos participantes da pesquisa. Por gentileza,
solicito a sua colaboração em preencher os campos abaixo. As informações prestadas, aqui,
serão utilizadas apenas para fins de pesquisa. Sua participação é muito importante. Muito
Obrigada!
PERFIL DO(A) ALUNO(A) – PARTICIPANTE DE PESQUISA
Nome:______________________________________________________________________
Data de nascimento: ____/____/____
País de origem: ______________________________________________________________
Língua materna:______________________________________________________________
Outras línguas- Quais?________________________________________________________
Há quanto tempo está no Brasil?_________________________________________________
Por quanto tempo vai ficar no Brasil? ____________________________________________
Há quanto tempo começou a aprender Português?___________________________________
Onde começou sua aprendizagem de Português?____________________________________
129
Por que você quis aprender Português?____________________________________________
Muito Obrigada pelas as informações.
130
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Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Esta é uma ficha para conhecer o perfil dos participantes da pesquisa. Por gentileza,
solicito a sua colaboração em preencher os campos abaixo. As informações prestadas, aqui,
serão utilizadas apenas para fins de pesquisa. Sua participação é muito importante. Muito
Obrigada!
PERFIL DA PROFESSORA REGENTE – PARTICIPANTE DE PESQUISA
Nome: _________________________________________________________________
Data de nascimento: ___/____/___
Local de nascimento: ______________________________________________________
Graduação: ______________________________________________________________
Ano da Graduação: _________
Local da Graduação: ______________________________________________________
Pós-Graduação:
Ano da Pós-Graduação: ______ Local da Pós-Graduação: _________________________
Há quanto tempo é professora? _______________________________________________
Há quanto tempo ministra aulas de Português como Segunda Língua?
________________________________________________________________________
Onde começou a ministrar aulas de Português como segunda língua? Por que começou a
ministrar aulas de Português como L2? Pretende continuar ministrando aulas de Português
como L2?
________________________________________________________________________
Muito obrigada pelas informações.
131
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Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Perguntas para entrevista semi-estruturada com os alunos:
1) E aí, o que você achou das aulas de intervenção que trabalhou alguns dos
elementos estéticos da cultura brasileira?
2) Você achou que essas aulas prejudicaram o andamento do curso, ou elas podem
fazer parte do curso?
3) O que você esperava dessas aulas? Corresponderam as suas expectativas?
4) O que mais seria importante para ser trabalhado nessas aulas?
5) Você gostou das atividades desenvolvidas nas aulas?
6) Você procurou aprender mais sobre os autores e os elementos trabalhados em sala?
Você consultou a internet? Você consultou bibliotecas, livrarias?
7) Quando se está imerso os aspectos culturais são aprendidos fora da sala de aula,
mas você acha importante aprendê-los também na sala de aula?
9) Essas aulas ajudaram a melhorar a sua pronúncia, sua compreensão oral, sua
produção oral e escrita?
10) Em outras aulas de aprendizagem de idiomas, vocês já tinham visto algo parecido
com essa proposta?
11) Fique livre para expressar mais opiniões.
Perguntas para a professora regente
1) O que você achou da proposta das aulas de intervenção que trabalhou os elementos
estéticos da cultura brasileira?
2) Você acha viável essa proposta? Ela pode ser adaptada para as aulas de Português
como Segunda Língua ou língua estrangeira? Se não, por quê?
3) O que mais você acha que poderia ser trabalhado?
4) Na sua opinião, qual foi a recepção dos alunos a essa proposta?
5) E as atividades, o que você achou das atividades?
6) Fique livre para expressar opiniões e observações.
132
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Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Prezado(a) aluno(a):
Este questionário é um instrumento de coleta de dados que me auxiliará no projeto de
pesquisa desenvolvido. Por gentileza, solicito a sua colaboração em responder às questões
abaixo. As informações prestadas, aqui, serão utilizadas apenas para fins de pesquisa. Sua
participação é fundamental. Obrigada!
QUESTIONÁRIO II
Para responder o questionário, escolha 1(uma) das opções de resposta e marque um (x) na
opção que estiver de acordo com sua opinião.
1) O que você achou da proposta de aprender Português por meio da apresentação de
textos literários, músicas, filmes, pintura e fotografia?
( ) muito boa ( ) boa ( ) mais ou menos ( )ruim ( ) sem necessidade
2) Foi importante conhecer um pouco das manifestações artísticas brasileiras para a
aprendizagem da Língua Portuguesa?
( ) muito importante ( ) importante ( ) mais ou menos ( ) pouco importante
( ) sem importância
3) E para a sua formação pessoal, foi importante conhecer um pouco das manifestações
artísticas brasileiras?
( ) muito importante ( ) importante ( ) mais ou menos ( ) pouco importante
( ) sem importância
4) Você acha que a proposta ajudou-o(a) no desenvolvimento de suas habilidades
lingüísticas de ler, falar, ouvir e escrever?
( ) ajudou muito ( ) ajudou ( ) mais ou menos ( ) ajudou pouco ( ) não ajudou
5) Conhecer algumas manifestações artísticas brasileiras o(a) motivou a aprender ainda
mais a Língua Portuguesa?
( ) motivou muito ( ) motivou ( ) mais ou menos ( ) motivou pouco
( ) não me motivou
6) Depois de ser apresentado a essa proposta no curso você:
(a) Procurou conhecer, por conta própria, mais sobre os autores e artistas brasileiros e
suas obras?
( ) procurei muito ( ) procurei ( ) mais ou menos ( ) procurei pouco ( ) não procurei
133
(b) Interessou-se em ler mais, ouvir mais músicas e ver mais filmes, pinturas e fotografias
de artistas brasileiros?
( ) interessei-me muito ( ) interessei-me ( ) mais ou menos ( ) interessei-me pouco
( ) não me interessei
(c) Considera que, em geral, seu conhecimento sobre a cultura brasileira aumentou?
( ) aumentou muito ( ) aumentou ( ) mais ou menos ( ) aumentou pouco
( ) não aumentou
7) Você sentiu–se à vontade para poder expressar–se e dar opiniões nas aulas de
intervenção da professora /pesquisadora?
( ) muito à vontade ( ) à vontade ( ) mais ou menos ( ) pouco à vontade ( ) não me senti
à vontade
8) Você acha que a sua comunicação melhorou fora do contexto de sala de aula?
( ) melhorou muito ( ) melhorou ( ) mais ou menos ( ) melhorou pouco ( ) não
melhorou
9) A proposta desenvolvida pela professora /pesquisadora ajudou você a complementar
sua aprendizagem da Língua Portuguesa?
( ) ajudou muito ( ) ajudou ( ) mais ou menos ( ) ajudou pouco ( ) não ajudou
10) De qual atividade você mais gostou?
( ) atividade com textos literários ( ) atividade com música ( ) atividade com pintura
( ) atividade com filme ( ) atividade com fotografia ( ) todas ( ) nenhuma
MUITO OBRIGADA PELA COLABORAÇÃO!
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Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
ATIVIDADE ESCRITA I - LITERATURA - Conto: Baleia de Graciliano Ramos
1) Responda às questões com base na leitura do conto: “Baleia”
a) Quem é Baleia?
b) Identifique os personagens do conto.
c) Por que o dono de Baleia queria matá-la?
d) O que aconteceu com Baleia no fim do conto?
2) Relacione a 1ª coluna (palavras) de acordo com a coluna (*os significados correspondentes
das palavras).
( a ) açular
( b ) arregaçar
( c ) bulir
( d ) camarinha
( e ) caritó
( f ) cocorote
( g ) enxotar
( h ) fatigada
( i ) hidrofobia
( j ) Polvarinho
( l ) seixo
( m ) taramela
( n ) tilintar
( ) Verbo transitivo direto. 1.Puxar, ou dobrar para cima (as calças,
ou outra peça ou parte do vestuário)2.Levantar, contraindo-os ou
arqueando-os,os lábios,mostrando, deixando ver (riso, sorriso).Verbo
pronominal.4.Levantar-se, enrolando-se, arqueando-se, contraindo-
se, enrugando-se.
( ) Verbo transitivo direto.1 Incitar, instigar, estimular, excitar.
( ) Substantivo feminino 1.Quarto de dormir; quarto, câmara.
( ) Verbo transitivo indireto.1.Mover, agitar, balançar de leve;2.Tocar,
mexer, mover de leve: 3.Pôr as mãos; 4.tocar mover, movimentar;
5.Falar,tocar:6.Caçoar,mexer; 7. seduzir, deflorar;8.Comover,
sensibilizar, tocar.
( ) Substantivo masculino. 1.Pancada na cabeça com o nó dos
dedos.
( ) Substantivo masculino. Bras. N.E. 1.V.casinhola. 2.Gaiola onde
se prendem caranguejos para engorda. 3.Pequena prateleira ou nicho
escavado nas paredes dos quartos ou salas das casas do sertão, e
onde se guardam certos objetos miúdos: 4.Quarto onde se amontoam
velharias. 5.Moça velha, que não casa; solteirona. Ficar no caritó. 1.
Bras. N.E. V. ficar para tia.
( ) Verbo transitivo direto. 1. Fazer soar como campainha, sino,
moedas que se chocam.
( ) Substantivo feminino.1.Neur. Doença causada por vírus que
acomete o sistema nervoso de mamíferos. No homem, a doença tem
um período de incubação que vai de um a três meses e é adquirida a
partir de mordedura de animal com raiva (cachorro, gato, morcego,
etc.).
( ) Substantivo masculino1.Utensílio onde se leva pólvora para a
caça.
( ) Adjetivo. 1.Que tem, ou denota fadiga; cansada.
( ) Substantivo masculino. 1.Fragmento de rocha dura; pedra solta.
135
( ) Substantivo
feminino. 1.Peça
de madeira, que
gira ao redor de
um prego, para fechar porta, porteira.
( ) Verbo transitivo direto. 1.Afugentar, empurrando, batendo ou
gritando; afastar. 2.Pôr fora; fazer retirar; expulsar.
3) Você conhece alguma expressão brasileira que seja usada para abrandar a notícia de morte
de alguém? Se conhecer alguma expressão cite-a.
4) Você supõe por que o autor escolheu o nome baleia para o animal de estimação da família de
Fabiano? Qual a relação que entre os dois animais (Baleia= personagem do conto e
baleia= animal aquático)?
Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
ATIVIDADE ESCRITA PARA CASA
1) Escreva um comentário e sua opinião sobre o conto: Baleia de Graciliano Ramos e a
pintura: Retirantes de Cândido Portinari.
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Nome:_________________________________________________Data: ___/___
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Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Atividade Escrita II- LITERATURA - Poema: Dois Quadros de Patativa do Assa
1) Por que o poema tem o título: “Dois quadros”?
2) “O povo se achando sem pão e sem veste.” Reescreva o verso com outras palavras
mantendo o mesmo sentido.
3) Na terceira estrofe o que o poeta escreve sobre o campo?
4) Marque o significado* da palavra copa empregado na quarta e na oitava estrofe.
( ) 1.Vaso; taça, copo.
( ) 2.A parte superior do chapéu.
( ) 3.Bot. Ramagem superior de uma árvore, que forma uma superfície convexa.
( ) 4.Compartimento da casa onde se lavam e se guardam as louças e talheres de uso
diário, certos gêneros alimentícios, etc. e onde, em geral, há mesa de refeições.
( ) 5.Louça para serviço de mesa; baixela.
( ) 6.Torneio desportivo em que se disputa uma copa ou taça:a copa do mundo.
5) Escolha um significado diferente do que foi empregado no poema para a palavra copa e
escreva uma frase.
6) Na décima estrofe a palavra apressada rima com molhada. Escreva outras palavras que
podem rimar com apressada.
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Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
ATIVIDADE III – MÚSICA: Asa Branca de Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
1) Ouça a música e tente completar as lacunas:
Asa Branca
Quando ______________a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu _______________a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação.( 2x)
Que braseiro, que ___________________.
Nem um pé de _____________________
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão.(2x)
____________mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
____________eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.( 2x)
Hoje longe muitas léguas,
Nessa triste solidão,
Espero a chuva cair de novo,
Pra eu ________________ pro meu sertão. (2x)
Quando o verde dos teus ______________,
Se ____________ na ________________, eu te
Asseguro, ____________ chores não, viu
Eu _____________________meu coração. (2x)
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Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras – IL
Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LET
Mestrado em Lingüística Aplicada
Pesquisadora-aluna: Mônica Rodrigues da Luz
Atividade Escrita IV- Fotografia : Vidas Seca de Dida Sampaio
1) O que você vê na foto de Dida Sampaio “Vidas Seca”?
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2) Com que você relaciona o título da foto?
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Entrevista - A1
PP: Bem, e o que você achou das aulas de intervenção que trabalhou alguns elementos estéticos da
cultura brasileira?
A1: O que eu achei? Como, em geral?
PP: Isso. É... Em geral. Humhum.
A1: É acho interessante conhecer algumas coisas, assim da cultura.
PP: Certo. E você achou que essas aulas prejudicaram o andamento do curso ou elas podem fazer parte
do curso?
A1: Podem fazer parte se... Estiver programado, porque acho que... É porque agora a gente meio
que... Correndo, atraba...ando a gramática que a gente tinha que fazer, se está no programa, a
gente já tem isso previsto.
PP: Humhum.
A1: Aí pode fazer parte.
PP: Humhum.
A1: Só que aí...
PP: Certo.
A1: Só que aí tem que ou fazer a gramática, depois texto, ou fazer tudo misturado, né?
PP: Humhum. E uma proposta assim, que justamente, não abordasse a gramática, mas só mesmo mais
a questão da literatura, você acha, que, por exemplo, deveria ser um curso a parte? Ou poderia tá jun...
Inserido, mas trabalhando dessa forma... Que não fosse... Você tem a parte gramatical e essa outra
parte...
A1: É poderia fazer também um curso separado, só pra... Pra parte de literatura...
PP: Literatura e outras artes, né?
A1: É...
PP: Humhum. ´
A1: É que quando a gente vem para cá é para aprender mesmo.
PP: Humhum.
A1: Que não, não têm muitas, não tem muita... Uma parte da gramática que a gente ainda não
conhece...
PP: Humhum. Certo.
A1: Aí talvez com pessoal que já...
PP: Humhum.
A1: que já conhece mais tudo isso, aí talvez sim.
PP: E um curso mais específico, que você, por exemplo, chegasse e já soubesse, fosse mais
direcionado?
A1: É... Aí que você já sabe que você vai fazer isso... Acho também interessante porque você também
aprende a língua.
PP: Ok, Humhum. Certo.
PP: E o que você esperava dessas aulas, corresponderam as suas expectativas, ou não?
141
A1: É que eu não sabia que seria... É que seria assim, que a gente usaria um exemplo de cada coisa,
um conto, um...
PP: Humhum.
A1: uma música, assim... Eu achava que você explicaria pra gente mais...
PP: Hum?
A1: isso, que explicaria um pouco a história da literatura do Brasil, um pouco assim...
PP: Humhum.
A1: Eu achava que seria isso.
PP: Certo.
PP: E o que mais, então, de importante para ser trabalhado nessas aulas? O que mais você destacaria
que fosse mais importante, pra gente trabalhar... Como sugestão mesmo...
A1: É que eu achei que... Não sei... Por exemplo, o Ls Gonzaga, eu acho que é bastante conhecido.
PP: Humhum.
A1: Só que o conto,
PP: Humhum.
A1: Do Graciliano Ramos...
PP: Isso.
A1: Eu não conhecia ele.
PP: Humhum.
A1: Acho que é, um autor pouco conhecido.
PP: Hum.
A1: Aí eu talvez acho que, quando a gente ainda não sabe nada...
PP: Certo.
A1: Aí talvez seria mais interessante ... Trabalhar com... Não sei... Contos de Machado de Assis.
PP: Humhum.
A1: Então, não sei. Autores assim, mais conhecidos internacionalmente. Que a gente ainda não tem
essa base mesmo.
PP: Ok! Ótimo. Humhum. Mas você gostou das atividades desenvolvidas nessas aulas?
A1: Isso sim. Achei interessante sim. Eu não conhecia.
PP: Certo. E você procurou aprender mais sobre os autores dos elementos trabalhados em sala? Assim,
você consultou a internet? Consultou livraria? E biblioteca? Alguma coisa a mais?
A1: Eu teria consultado na internet, só que não deu tempo.
PP: Humhum.
A1: Mas foi assim, mas eu teria feito.
PP: OK! Humhum, certo.
PP: E quando se está imerso, justamente, no caso de vocês que vieram para o Brasil e estão imerso
aqui, né?
A1: Humhum.
PP: Na cultura brasileira... É lógico que, muitos elementos são aprendidos fora de sala, né?
142
A1: É.
PP: Mas, são... É isso que eu quero saber, que... Você acha importante aprendê-los também na sala de
aula?
A1: Acho sim. Porque... É você, fora da aula, você... Ouve as coisas.
PP: Humhum.
A1: Mas nunca tem certeza de quando as coisas se usam...
PP: Humhum.
A1: As expressões...
PP: Certo.
A1: Tudo isso! você ouve e talvez, numa desta situação determinada... Você sabe que dá para usar
isso...
PP: Ok.
A1: que aqui na aula, tem mais situações, tem mais... se explica tudo, você sabe se isso
para usar aqui, ou não.
PP: Humhum.
A1: Que pode ser mal entendido, que você nunca sabe essas coisas.
PP: Humhum.
A1: Aí você na aula tem como...
PP: Humhum.
A1: Aí na aula...
PP: Esclarecer...
A1: Tem como esclarecer tudo isso.
PP: Saber um pouco mais. Muito bem.
PP: E você acha que essas aulas ajudaram a melhorar sua pronúncia, sua audição, sua produção oral e
escrita, ou não, você acha que não influenciou muito?
A1: Eu acho que sempre que a gente tem que falar...
PP: Humhum.
A1: Ou sempre que a gente tem que ler, tem que procurar palavras novas no dicionário,
PP: Humhum.
A1: Aí sempre ajuda um pouco.
PP: Humhum.
A1: Entendeu?
PP: Humhum. Certo
PP: E em outras aulas de aprendizagem de idiomas, assim que você tenha estudado um outro idioma,
é... Você já tinha visto algo parecido assim, com está proposta, assim desta forma como foi trabalhado,
como eu trabalhei com vocês? Como vo falou, não estava esperando que fosse um conto...Já tinha
sido trabalhado dessa forma?
A1: Sim, acho que... Acho que os professores sempre tentam trabalhar assim com textos que falem
PP: Humhum.
A1: sobre coisas culturais do país.
143
PP: Humhum.
A1: Talvez, não sei.
A1: Aqui mesmo também,... Se pega um texto, pega um texto que fale sobre as festas juninas
PP: Humhum.
A1: ou pega um texto, no exame, que fale sobre Brasília.
PP: Certo.
A1: Ou nas aulas de inglês ou de alemão que eu também fiz.
PP: Humhum.Isso.
A1: Aí eles também, normalmente, pegam texto que falem da cultura do país, que é...
PP: Mas que tenham uma abordagem, justamente, mais assim... Mais voltada para a literatura, para as
manifestações artísticas mesmo da cultura?
A1: Eu nunca fiz. Mas aqui, acho que, é sempre bem quando você já sabe bastante da língua
PP: Humhum.
A1: Tem que falar muito bem já para começar a trabalhar com a literatura, assim.
PP: Humhum. Certo. Ah! Então você acha, justamente, que sempre tem que ser num nível mais
avançado mesmo, assim, não daria para um iniciante?
A1: É né, para iniciante não, a partir de intermediário eu acho que daria, porque tem textos
literários, que mesmos sendo literários,
PP: Humhum.
A1: Dá para entender quando a gente já... Já fala um pouco assim.
PP: Ok. E a última é para você ficar livre para expressar mais opiniões, alguma coisa que você queira
falar.
A1: Hum.
PP: sobre as aulas...
A1: Ah! Então, é isso. Eu acho... Eu acho também interessante isso, quando você aprender um idioma
de fazê-lo através de... É de textos, de coisas relacionadas com a cultura do país...
PP: Humhum.
A1: Quando você aprende a língua na verdade você quer conhecer o país,
PP: Humhum.
A1: Aí, eu acho isso interessante também quando você pega... Eu também havia feito isso no inglês, é
você aprende vocabulário lendo o texto literário de alguém,
PP: Humhum.
A1: Ou algum texto que fale sobre a cultura, de não sei, de alguma coisa, de alguma coisa cultural de
um algum país de fala inglesa.
PP: Humhum.
A1: Aí, em geral, eu acho isso interessante. Porque na verdade quando a gente aprende a língua é para
isso, é para conhecer a cultura.
PP: Humhum.
A1: Em geral, eu acho que é... Que é uma boa idéia de... Aprender a língua através de... Através da
cultura do país.
144
PP: Ok. Prontinho. Obrigada!
Entrevista - A2
PP: E o que você achou das aulas de intervenção que trabalhou alguns dos elementos estéticos da
cultura brasileira?
A2: Achei muito interessante.
PP: Humhum.
A2: É...
PP: Você achou que essas aulas prejudicaram o andamento do curso ou elas podem fazer parte do
curso?
A2: Desculpa, eu não entendi.
PP: Essas aulas atrapalharam, prejudicaram, por exemplo, essas aulas que eu dei se elas atrapalharam
o andamento do curso que vocês tinham? Porque na verdade essas aulas não estavam, né...
A2: Não. Não, não atrapalharam.
PP: Não?
A2: Mas...
PP: Hum?
A2: Mas, eu acho que são interessantes, em meu caso, por exemplo...
PP: Certo.
A2: Por que eu tenho filhas, que vão na escola no Brasil.
PP: Humhum, humhum.
A2: E às vezes elas falam...
PP: Humhum...
A2: Eu não sei, tal.
PP: Certo, por que elas estão aprendendo lá... E tudo... Aquelas...
A2: Acho que são interessantes.
PP: Humhum.
A2: Em meu caso.
PP: Certo. O que você esperava dessas aulas quando eu falei que... Você fazia idéia antes do que, é
assim, quando eu cheguei e falei, você tinha uma idéia de que seria da forma que eu trabalhei ou de
uma outra forma , que idéia, o que você esperava quando eu falei que ia trabalhar os elementos
estéticos da cultura brasileira, o que você imaginou?
A2: Eu achei interessante... É...
PP: Mas você, por exemplo, era da forma mesmo que você, por exemplo, que eu fosse trabalhar, eu
expliquei no início que eu ia trabalhar literatura, poesia, filme, música.
A2: Hum.
PP: Então, era mais ou menos o que você achava, ou teve alguma coisa que você não esperava que
fosse assim?
145
A2: Ah! Eu achava que iva ser mais... É... Mais... Como se fala... Mais é... Menos interessante, que
iva ser muito chato.
PP: Humhum.
A2: Mas eu achei muito interessante. ((risos))
PP: ((risos))
A2: Divertido ((risos))...
PP: E o que mais você achou:
A2: Eu achava que ia ser uma classe que... A pessoa ficaria sentada, sem fazer nada, solo escutando o
que você falara, falara, falara... Só isso.
PP: Ok. E assim, o que mais de importante você acha que pode ser trabalhado nessas aulas? Alguma
coisa, alguma sugestão que você daria para se trabalhar mais?
A2: Eu achei interessante na parte... Na parte de filme, eu gostei muito de filme.
PP: Filme. Humhum.
A2: É.
PP: Então, mais filmes de repente fossem... Humhum... Mais interessante.
A2: Sim.
PP: Humhum. Mas você gostou das atividades?
A2: É. Eu gostei.
PP: Certo. E você apren... Procurou aprender mais sobre os autores dos elementos trabalhados em
sala, por exemplo, você consultou internet? Você leu aquele material que eu dei em casa? Viu
livrarias?
A2: Não.
PP: Não?
A2: Não, é porque ... Tenho muito trabalho.
PP: Trabalho.
A2: Então, por isso.
PP: Certo. E quando se está imerso, no seu caso, você está imersa na cultura brasileira porque você
está morando aqui.
A2: Humhum.
PP: Muitos elementos culturais são aprendidos fora de sala.
A2: Humhum.
PP: Mas você acha importante aprendê-los, também, dentro de sala?
A2: Acho que sim. Acho que sim. Para que as pessoas non, non fiquem... sorpresas.
PP: Humhum. Com dia-a-dia?
A2: Sim.
PP: Às vezes ouvem alguma expressão...
A2: A gente não entende.
PP: Certo. E essas aulas então, ajudaram a melhorar sua pronúncia, sua audição, é... Sua produção
oral e escrita? Você acha que ajudou?
A2: Acho que sim, ajudou.
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PP: Humhum. E em outras aulas de idiomas, você aprendeu algum outro idioma, mesmo que não
seja, por exemplo, no país, mas no seu país você já estudou inglês ou qualquer outra língua?
A2: Não.
PP: Não?
A2: Não, não estudei muito não.
PP: Não?
A2: Não.
PP: Então, assim, por exemplo, essa proposta, você ainda não tinha visto nada. Nenhum. Essa
proposta, assim, você não tinha visto em nenhuma outra aula de idiomas, nada parecido?
A2: Não, primeira vez.
PP: Primeira vez. Certo.
A2: Humhum.
PP: E qual outra opinião que você tem? Agora você vai ficar livre para expressar a opinião que você
teve sobre as aulas?
A2: Sobre as aulas?
PP: Isso.
A2: Ah! Como eu falei, é... Eu achei muito interessante.
PP: Humhum.
A2: Ah! Por exemplo, para mim, tudo bem.
PP: Ah! É? Foi válido, então, o trabalho?
A2: Sim.
PP: Humhum.Ok. Muito obrigada!
147
Entrevista - A3
PP: E o que você achou das aulas de intervenção que trabalhou alguns dos elementos estéticos da
cultura brasileira?
A3: Hum... Eu gostei muito, aprendi muita coisa sobre o Brasil, sobre uma parte do Brasil que ainda
não conheço. Então, acho que... Também me preparei pra, não, pra ficar um tempo lá. Não sei.
PP: Humhum. E você achou que essas aulas prejudicaram o andamento do curso ou elas podem fazer
parte do curso?
A3: Podem fazer parte, mas acho que... Hum... Só, podem fazer parte, trinta por cento, mais de
trinta por cento é demais.
PP: Humhum.
A3: Porque ainda temos de aprender muita gramática e muitas outras coisas. Então, eu acho que...
Não fica tanto tempo pra aprender essas coisas.
PP: Humhum. E o que você esperava dessas aulas? Quer dizer, corresponderam as suas expectativas?
A3: Sim.
PP: Sim?
A3: Sim.
PP: Humhum.
A3: Totalmente.
PP: E o que mais de importante, como sugestão, você sugeriria, assim, para ser trabalhado?
A3: .... Acho que... Cobrar mais, cobrar mais lugares...
PP: Humhum.
A3: Só... Não sei.
PP: Então, quer dizer a sua sugestão seria trabalhar com outras regiões do Brasil?
A3: Também, um pouco com cada religi... Com cada região.
PP: Humhum.
A3: Isso seria bom.
PP: Certo. Mas você gostou das atividades?
A3: Sim, gostei especialmente dessa parte da música, do filme.
PP: Humhum.E você procurou aprender mais sobre os autores dos elementos trabalhos em sala?
Assim, se você consultou internet, bibliotecas, livrarias? Você procurou saber?
A3: Não, mas eu li os textos...
PP: Unram.
A3: Que você me deu.
PP: Certo. E quando se está imerso muitos aspectos culturais são aprendidos fora de sala de aula, mas
você acha importante, também, aprendê-los na sala?
A3: É... Não acho, na verdade, não acho não importante. Mas é... É bom. É bom.
PP: Certo. Mas, então, você acha que... Não seria. Quando se está imerso, não seria tão importante?
A3: Tão importante, não. Mas, é sempre bom aprender mais sobre uma cultura.
148
PP: Humhum.Ok. E essas aulas ajudaram a melhorar sua pronúncia, sua audição, sua produção oral e
escrita? Ou você acha que não influenciaram nisso?
A3: Acho que não influenciou tanto, porque não foram tantas aulas.
PP: Humhum.
A3: Então, eu acho que... Ah! ... Aprendi muitas coisas, sobre as gírias, os costumes, essas coisas.
Pronun... As pronúncias diferentes, mas... Eu acho que para mim... Acho que não mudou tanto assim.
PP: Certo. Isso. Em outras aulas de aprendizagem de idiomas, você já tinha visto algo parecido com
essa proposta, assim você...
A3: Sim.
PP: Sim, e quando foi?
A3: Acho que... Não sei... Sempre fazem essas atividades é que tem nada a ver com a gramática...
PP: Humhum.
A3: são essas atividades, são mais pra... Nós temos de desenvolver... Não sei... Ah!
PP: Mas assim, um exemplo, que outra língua que você aprendeu? Onde que você...
A3: Eu só lembro que... Sempre fiz essas coisas, essas mesmas coisas que você fez...
PP: Onde?
A3: Nas outras... Nas outras aulas também...
PP: Humhum.
A3: Na ( ). Eu sempre. Ah! Também... Ah! ... Quando... Quando... Eu tava fazendo um curso de
espanhol, dois, duas horas por, pra... Pra assistir filmes, para discutir e quatro horas por a gramática.
PP: Humhum. Ok. Muito bem.
PP: E agora, alguma opinião que voqueira dar, mais, assim livremente, sobre o curso, o que você
achou? Colocar a sua opinião, o que você acha sobre o curso, no geral...
A3: Ah! ... Acho que... Ajudou muito... Ahn ... Ahn. Isso.
PP: Ok. Obrigada.
149
Entrevista -A4
PP: O que você achou das aulas de intervenção que trabalhou alguns dos elementos estéticos da
cultura brasileira?
A4: O que eu achei?
PP: É.
A4: Em geral?
PP: Em geral. Isso.
A4: Eu achei interessante, só que... Primeiro, foi só três aulas para mim...
PP: Humhum.
A4: Muito pouco, né?
PP: Certo.
A4: Depois também, eu acho que pra... Para uma pessoa que não conhece muito bem a cultura
brasileira, também teria sido mais interessante localizar nos aspectos gerais, nos autores mais
conhecidos...
PP: Humhum.
A4: Não só, ahn... Não ficar só no nordeste.
PP: Certo.
A4: Acho... Para uma pessoa que não conhece tanto como vocês a cultura brasileira, seria mais
interessante saber, primeiro, assim um pouco no aspecto geral.
PP: Humhum. Ok. E você achou que as aulas prejudicaram o andamento do curso ou elas podem fazer
parte do curso?
A4: Não. Acho que podem fazer parte do curso.
PP: Humhum.
A4: Só que... Se vão fazer parte do curso é bom também que... Que... Que estejam também de acordo
com a parte gramatical.
PP: Certo.
A4: É...Sei que às vezes isso é difícil. Por exemplo, né, tipo neste curso a gente traba... Trabalhou o
subjuntivo.
PP: Humhum.
A4: Então, eu não sei se tem textos ou contos que esteja ( )
PP: Humhum. Ok. E o que você esperava dessas aulas, corresponderam as suas expectativas?
A4: É... Só o que eu já falei para você,
PP: Humhum.
A4: Eu achava que seria uma aproximação assim mais em geral, os aspectos mais conhecidos,
principalmente, da cultura brasileira.
PP: Humhum.
A4: Não só literatura, mas também música, uma visão mais geral do país.
PP: Certo. E... O que seria mais importante para ser trabalhado nessas aulas? Acho que você falou
dessa parte gramatical também, seria minha próxima pergunta... Então, seria, realmente, a
150
gramática que você acha, de repente, também vocabulário... Ou alguma outra sugestão que você
colocaria?
A4: Sim, a gramática, o vocabulário, que ... Acontece... É interessante, porque eu gosto muito
também de ler, mas o que acontece é que às vezes eu leio, as apalavras que estou aprendendo não são
as apalavras que.... Os artesões (?)... Que as pessoas, normalmente, falam.
PP: Humhum.
A4: Então, também, é importante ter, primeiro ter, conhecer o que a gente fala, o que as pessoas daqui
no Brasil falam, para depois passar cada vez mais.
PP: Humhum. Certo. Mas você acha que a literatura seria uma forma de aproximar?
A4: Também.
PP: Talvez não, por exemplo, porque como realmente foi um projeto piloto eu centralizei no Nordeste,
mas se fossem crônicas, com autores mais atuais?
A4: Sim, sim. Com certeza.
PP: Mas você gostou das atividades desenvolvidas... Na aula?
A4: Sim, gostei.
PP: E você procurou aprender mais sobre os autores dos elementos trabalhados em sala? Assim, você
consultou a Internet, foi à biblioteca, à livraria para saber um pouco mais, ou não?
A4: Na verdade, não.
PP: Não. Ok.
PP: E quando se está imerso os aspectos culturais são aprendidos fora de sala de aula também, mas
você acha importante também aprendê-los dentro de sala, mesmo quando neste contexto de imersão,
ou seja, você tá no Brasil...
A4: Hum.
PP: Quer dizer mesmo fora, todo tempo, você pode tá, né, aprendendo.
A4: Humhum.
PP: Mas você acha também importante trabalhá-los, assim em sala?
A4: Sim. Acho que também pode ajudar, porque às vezes aspectos da.... É toda a pessoa tem uns
interesses particulares...
PP: Humhum.
A4: Alguns aspectos, por exemplo, para mim é a literatura.
PP: Humhum.
A4: A fotografia, o teatro, tal... Isso eu posso fazer fora das aulas.
PP: Humhum.
A4: Eu vou fazer fora das aulas.
PP: Certo.
A4: Por exemplo, a fotografia, a pintura ou mesmo a música.
PP: Humhum.
A4: eu acho que é... ( )
PP: Humhum. Certo. Você acha que essas aulas ajudaram a melhorar sua pronúncia, sua audição, sua
produção oral e escrita, ou não influenciaram?
A4: A pronúncia, acho que não.
151
PP: Humhum.
A4: Pode ser a escrita.
PP: Humhum.
A4: Porque é importante... Importante escrever...
PP: Ok. Humhum.Certo. Em outras aulas de aprendizagem de idiomas que você tenha freqüentado,
não aqui, mas em outros lugares
A4: Hum.
PP: Você já... Assim, por exemplo, aprendeu inglês ou outra língua, você tinha visto algo parecido
com essa proposta que eu desenvolvi?
A4: É... Eu acho, na minha experiência...
PP: Humhum.
A4: Os franceses...
PP:Humhum.
A4: Gostam muito de fazer isso.
PP: Certo.
A4: Para eles, aula de francês é... É aula de “francophonie”.
PP: Humhum.
A4: Ahn... O que significa que não é só a língua escrita, a gramática, mas é a cultura também.
PP: humhum.
A4: E mesmo nas provas que você tem... Oficiais de francês...
PP: Humhum.
A4: Você tem perguntas que são de cultura francesa.
PP: Humhum.
A4: Você tem que escrever, tem de escrever, você tem que falar, apresentar isso aí. É importante,
porque é o jeito que você tem de comunicar isso. Mas, o conteúdo é muito importante.
PP: Certo. E agora, é... Sua visão sobre o nordeste, vo que conhecia o nordeste, a partir dessas
aulas, mudou, continua a mesma, o que você pôde perceber? ... Assim, a visão, a idéia que você tinha,
como você já conhecia... Se tinha idéia dessa outra face, deste contexto, como é que ficou, mudou ou
não?
A4: Não, acho que não mudou.
PP: Hum.
A4: Mais ou menos é o mesmo... É a música... ( )... O ... O que se sabe mesmo da ... Hum... Que é
uma zona muito seca...
PP: Isso, isso, isso.
A4: Acho mesmo que reforçou a idéia que eu tinha sobre o nordeste.
PP: você já tinha, já tinha mais ou menos esse conhecimento? Mesmo conhecendo o litoral, quer dizer
você sabia que no nordeste, no sertão...
A4: No sertão.
PP: A realidade é outra, né?
A4: Sim.
152
PP: certo. E agora fique livre, assim rapidinho, para você expressar mais alguma opinião que você
tenha tido sobre o curso.
A4: Opinião?
PP: É... O que você queira colocar, livremente...
A4: Hum... Difícil...
PP: Difícil?
A4: É... Que eu já falei...
PP: Humhum.
A4: Não sei... Acho que talvez fosse mais interessante fazer a experiência com mais aulas...
PP: Humhum.
A4: Para ter... Para fazer um curso mais estimulante.
PP: Certo.
A4: Mas, acho que foi interessante.
PP: Humhum. E outra coisa que eu também que eu tava conversando com outros alunos, e também
com você, acho que você também tinha me falado, da questão assim... De um curso voltado, por
exemplo, se vocês viessem aqui, chegassem, já vissem o curso, quer dizer um horário programado, que
tivesse só um enfoque para literatura, não fosse assim...
A4: É...
PP: Talvez, também seria... Você acharia interessante?
A4: Para mim, sim, seria interessante.
PP: Humhum. Certo. Só isso. Muito Obrigada!
153
Entrevista – PR
PP: Bem, o que você achou da proposta das aulas de intervenção que trabalhou os elementos estéticos
da cultura brasileira?
PR: Muito interessante, achei que... Pôde ser desenvolvido um bom trabalho, é... É... Dá para explorar
muita coisa, a parte de vocabulário, a parte de conhecimento da própria cultura, é... A forma como os
alunos puderam desenvolver, a competência lingüística deles a partir disso, foi bem interessante.
PP: Humhum. E você acha viável essa proposta? Ela pode ser adaptada para as aulas de Português
como segunda língua ou língua estrangeira?
PR: Exatamente.
PP: Hum.
PR: Ela sendo adaptada, acho que vai funcionar muito bem.
PP: Humhum.
PR: É. Eu acredito que um trabalho... É ... Solto, não, não funcione, a não ser que seja um trabalho
paralelo e com uma proposta diferente.
PP: Humhum.
PR: Agora quando você começa a trabalhar a parte de gramática, é... Do... De um conteúdo proposto,
você tende a adaptar isso, porque os alunos pedem isso, né?
PP: Humhum.
PR: Eu acho um trabalho maravilhoso, acho que pode ser desenvolvido, mas acho que eles valorizam
mais quando é associado a parte do conteúdo mesmo, que é nisso que eles se apegam, mas para
desenvolver um trabalho muito bom, a partir disso.
PP: Certo. E o que você acha que poderia, quer dizer, o que mais você acha que poderia ser
trabalhado?
PR: É isso o que eu falei, ? ... Poderia é... É associar ao conteúdo, trabalhar elementos, mas... Eu
gostei muito da parte da música, do filme, do texto...
PP: Humhum.
PR: ... É a gente poderia também pegar outros, outras... Outros elementos culturais próximos daqueles
que você trabalhou, de lugares próximos daquele, é... Quando dessem textos falassem de outros
textos, de outros autores, quando é... Quando falasse do filme, falasse de outros personagens de outros
filmes para estimular o aluno mesmo a busca, não ficar só naquilo...
PP: Humhum.
PR: Quando você fala um pouco a partir daquilo você desenvolve outras idéias, outros trabalhos é... O
aluno tem mais... Tem um interesse a mais pra... Pra procurar, pra ver essa outra parte também.
PP: Certo. E na sua opinião, qual foi a recepção dos alunos a essa proposta?
PR: Foi boa, foi, foi significativa. Eu achei... que eles acharam tudo muito novo e diferente, às
vezes eles se sentiram um pouco é... Fora, um peixe fora d’água, né? Mas, isso inicialmente, no início
de cada proposta, depois eles desenvolveram bem e a receptividade foi boa.
PP: Humhum. E as atividades, o que você achou das atividades?
PR: Interessantes, é... Eu só acrescentaria a parte de, de... Do trabalho comunicativo mesmo na parte
oral, né?
PP: Humhum.
154
PR: Acho que, por exemplo, no filme poderia ter havido uma discussão sobre o filme, até mesmo em
partes do filme, é... É... Sobre vocabulário, sobre algumas situações, sobre algumas cenas, comparar
essas cenas a situação do povo do nordeste, o povo brasileiro, como é a cultura, como as pessoas
vivem, o porquê de determinada ações, né?
PP: Humhum.
PR: A própria crítica do filme, isso, acho que poderia ter havido um debate, uma discussão sobre isso,
é... É... Entre outras propostas também. Agora a parte das atividades, né, escritas e tal, eu achei muito
interessante.
PP: Humhum. E agora, justamente, fique livre para expressar opiniões e observações. Tem alguma que
você queira fazer?
PR: Acho que já falei bastante. Né?((risos))
PP: Não, pode continuar. ((risos))
PR: Mas, é... Em relação a esse trabalho...
PP: Hum.
PR: Eu sempre gostei, sempre fiz um trabalho parecido, só que adaptado, né?
PP: Humhum.
PR: Eu nunca pensei em pegar, por exemplo, um tema e a partir dele desenvolver o filme, a música, a
pintura, né, a arte, o poema e tal. E essa idéia eu achei bem interessante...
PP: Humhum.
PR: Porque você pega vários elementos a partir de um único tema.
PP: Humhum.
PR: E acho que a gente pode fazer isso a todo tempo, justamente no nível didático, porque os nossos
livros didáticos não trazem isso dessa forma, né?
PP: Humhum.
PR: Ou às vezes é um texto, às vezes é uma coisa jogada, e pra gente aprofundar, pra que tenha esses
elemen... Pra tenha esses elementos culturais nas aulas a gente precisa, realmente, trazer, e quando a
gente tiver um trabalho assim, que é elaborado, que você viu elementos que é... Que tinham relação
entre eles, fica um trabalho mais ligado, mais rico, aí você pode ter um resultado melhor.
PP: Humhum.
PR: Se a gente conseguir adaptar isso a um determinado vel como, como um elemento a mais, uma
atividade a mais, um material de apoio de repente, acho que pode enriquecer muito o ensino de língua,
de Português como segunda língua.
PP: Pois é, a idéia é essa mesmo. Porque...
PR: Porque... É... É... Eu acho... Eu acho que essa parte de material é fraca ainda no nosso
PP: Humhum.
PR: Ensino de língua... né?
PP: Pois é, a idéia que eu tinha é isso mesmo, é de ver essa viabilidade, de justamente, a partir da
minha proposta não ser algo fechado, mas que a partir daí despertasse...
PR: Humhum.
PP: Entendeu? Nos professores em geral, e se realmente ela é adaptável...
PR: Super, super, eu achei riquíssima, e realmente a gente precisa adaptar, né?
PP: Isso.
155
PR: Fazer mudanças...
PP: Contexto.
PR: De acordo com curso e tal. Mas a idéia, a proposta, eu achei muito legal, muito boa e necessária.
PP: Humhum.
PR: Não boa, mas necessária, porque enriquece muito. E a gente trabalha, por exemplo, você
trabalhou com vocabulários, que em sala... Em contexto de sala, normalmente, a gente não
trabalharia...
PP: Humhum.
PR: Né?
PP: Certo.
PR: Então, a não ser que alguém viesse com uma idéia e tal, a gente, dificilmente, trabalharia c esse
vocabulário específico. Que a partir desse material que vo trouxe a gente pôde, a gente pôde
trabalhar essa questão vocabular.
PP: Humhum. Ok. Muito obrigada!
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