meios não-lingüísticos e são culturalmente específicos. Mas aspectos lingüísticos não-
culturais não deixam de ser culturalmente manifestados e convencionalizados e,
inversamente, o conhecimento cultural originariamente não-lingüístico não deixa de poder ser
considerado como fazendo parte da convenção lingüística ou do significado convencional,
mesmo que não chegue a ser verbalizado. “Assim se compaginam e se interligam na cognição
e na linguagem fatores universais, diretamente ligados ao fato de os indivíduos terem a
mesma estrutura biológica e interagirem num mundo basicamente igual para todos” (SILVA,
2004, p.04). No entanto, como levar, e saber trabalhar, toda essa teoria para a sala de aula no
ensino de línguas constitui um desafio que não pode ser ignorado e sim trazido à tona para
discussão na busca de uma solução entre prática e teoria no ensino e aprendizagem de línguas.
Tavares (2006, p.22) sintetiza bem a questão da cultura no contexto de ensino e aprendizagem
de línguas:
Se pensarmos a cultura de forma mais filosófica, veremos que o contexto de
sala de aula é um exemplo de grupo social e, como tal, um excelente
fenômeno para ser observado e analisado. De fato, pesquisadores na área de
ensino-aprendizagem de línguas, em especial de língua estrangeira (LE),
atestam que só podemos definir o perfil de aprendiz a ser desenvolvido com
os nossos alunos de LE ao estabelecermos a abordagem que daremos ao
conceito de cultura em nossa metodologia de ensino. Assim, Brito (1999),
ao fazer uma reavaliação dos métodos e abordagens de ensino de LE,
verifica, por exemplo, que o método gramática e tradução percebe a idéia
de cultura como acesso à civilização, o que corresponde a que muitos
consideram como “alta cultura” da língua alvo. Persegue-se, então, um
envolvimento com a “cultura MLA (música, literatura e artes)”. Isso faz
com que os alunos leiam e traduzam textos sobre esses temas. Já o método
audiolingual cultiva a inserção da cultura como forma de acesso à vida
cotidiana das comunidades. Se analisarmos a abordagem comunicativa,
veremos que, nela, a cultura também é, algumas vezes, abordada de forma
mecanicista, favorecendo a reprodução de padrões de comportamento pré-
estabelecidos e trivializando as questões de uso da língua. O aspecto cultura,
contudo, deve ser visto de forma mais abrangente e profunda. Com base em
uma abordagem comunicativa pedagógica, alguns pesquisadores passaram a
rever o termo “comunicativo”, dando maior enfoque para as questões sócio-
culturais na aprendizagem de LE (CANNALE, 1983; ALMEIDA FILHO,
1994; GREENALL, 1994).
Portanto, a cultura, de uma forma ou de outra, sempre esteve vinculada ao ensino e
aprendizagem de línguas, porém, atualmente percebe-se que a forma como se trabalhou os
aspectos culturais ao longo dos anos foi de forma superficial. Torná-los mais abrangentes e
estudá-los de uma forma mais profunda é um desafio que emerge desse contexto. Como bem
coloca Lameiras (2006), temos de priorizar o aluno, suas necessidades, seus interesses e do