Download PDF
ads:
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E
PRODUÇÃO DE SILAGEM DE CLONES DE
BATATA-DOCE
JOÃO AGUILAR MASSAROTO
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
JOÃO AGUILAR MASSAROTO
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E PRODUÇÃO DE SILAGEM
DE CLONES DE BATATA-DOCE
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras,
como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de concentração
Fitotecnia, para a obtenção do título de “Doutor”.
Orientador
Prof. Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2008
ads:
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Massaroto, João Aguilar.
Características agronômicas e produção de silagem de clones de batata-doce /
João Aguilar Massaroto. -- Lavras : UFLA, 2008.
73 p. : il.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador: Luiz Antonio Augusto Gomes.
Bibliografia.
1. Ipomoea batatas. 2. Nematóide. 3. Formato. 4. Resistência a insetos. I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD – 635.2293
JOÃO AGUILAR MASSAROTO
CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E PRODUÇÃO DE SILAGEM
DE CLONES DE BATATA-DOCE
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras,
como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de concentração
Fitotecnia, para a obtenção do título de “Doutor”.
APROVADA em 25 de janeiro de 2008
Prof. Dr. Wilson Roberto Maluf UFLA
Prof. Dr. Ernani Clarete da Silva UNIFENAS
Prof. Dr. Valter Carvalho de Andrade Júnior UFVJM
Pesq. Dr. Luciano Donizete Gonçalves EPAMIG
Prof. Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
A DEUS,
pela minha vida e objetivos alcançados.
Aos meus pais,
Adolfo Antonio Massaroto e Norma Aguilar Massaroto,
pelo apoio constante e incondicional.
Ao meu irmão,
Jeferson Aguilar Massaroto (in memorian),
saudade eterna.
OFEREÇO
A José Antonio de Cá (in memorian),
parte deste trabalho te pertence.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras (UFLA) e ao Departamento de
Agricultura, pela oportunidade de realização do curso de doutorado, e à Fapemig
pela concessão da bolsa de estudos.
Muito especialmente ao professor Luiz Antonio Augusto Gomes,
profissionalmente pela orientação, dedicação, disponibilidade e conhecimentos
transmitidos; pessoalmente, pelo privilégio da amizade com uma pessoa íntegra
e amiga. Muito obrigado!
Ao professor Wilson Roberto Maluf, pela orientação e conhecimentos
transmitidos, pela disponibilidade, pelo apoio durante a realização do curso e
condução dos experimentos, pessoa fundamental para a realização deste trabalho
e na minha formação profissional. Muito obrigado!
À HortiAgro Sementes Ltda, especialmente nas pessoas de Vicente
Licursi e Paulo Moretto, pela concessão da área e estrutura física e humana
durante a condução dos experimentos. Muito obrigado a todos os funcionários
que me auxiliaram durante a realização do trabalho de campo. Um abraço
especial para o funcionário Sebastião Naves (Ná), por seu ótimo humor e
dedicação.
À professora Angelita Duarte Corrêa, pela disponibilização do laboratório
de química, pela ajuda nas análises bromatológicas, pela amizade e
conhecimentos transmitidos.
Ao professor José Cleto da Silva Filho, pela disponibilização de
laboratório para a análise bromatológica da silagem e pelos conhecimentos
transmitidos.
À Aline Beraldo Monteiro e Cláudia Fernandes Gasparino, pelo auxílio
nas análises da silagem.
À Juliana Nogueira Westerich, Sindynara Ferreira, Alice Ribeiro do Vale
Augusto Gomes e Henrique Dias Franco pela ajuda na condução e avaliação dos
experimentos.
Ao professor e amigo Élberis Pereira Botrel, pela troca de conhecimentos,
pela ajuda e apoio, e pela amizade desde a graduação.
Aos professores José Eduardo Brasil Pereira Pinto e Rovilson José de
Souza, pelas contribuições e pela amizade.
Ao professor Moacir Pasqual, pela ajuda e apoio durante a minha
transição da vida acadêmica como discente para a vida acadêmica como docente.
Às funcionárias do Setor de Agricultura, Marli e Nelzy, pela amizade,
convívio e ajuda durante o curso.
Ao amigo Ronaldo Alves Libânio, exemplo de vida e de que dificuldades
são para serem vencidas, e não para sermos vencidas por elas.
Aos grandes amigos Edilene e Giuliano Marchi, Flávia Dionísio, Jacinto
Santos, José Luiz Sandes, Louise Ferreira Rosal, Renata Rodrigues Silva, Renata
da Silva, Ricardo Monteiro, Túllio Raphael, Vanessa Orgânica, Vanisse de
Fátima Silva, pela amizade e convívio aprazível no decorrer do curso.
A todos aqueles que estiveram presentes e, de alguma forma, contribuíram
para a realização deste trabalho.
MUITO OBRIGADO!
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................i
ABSTRACT ........................................................................................................iii
CAPÍTULO 1........................................................................................................1
1 INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................1
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................2
2.1 Batata-doce .....................................................................................................2
2.2 Usos da batata-doce com finalidade alimentar ...............................................4
2.2.1 Batata-doce na alimentação humana............................................................4
2.2.2 Batata-doce na alimentação animal .............................................................9
2.3 Principais fatores que contribuem para a baixa produtividade de batata-
doce no Brasil .....................................................................................................12
2.3.1 Insetos de solo............................................................................................12
2.3.2 Nematóides de galhas ................................................................................13
2.4 Melhoramento de batata-doce.......................................................................15
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................17
CAPÍTULO 2: Produtividade de raízes e parte aérea, formato de raízes,
resistência de raízes aos insetos, e produtividade e qualidade de silagem
produzida a partir de ramas de clones de batata-doce cultivados na região sul
de Minas Gerais..................................................................................................25
1 RESUMO.........................................................................................................25
2 ABSTRACT ....................................................................................................26
3 INTRODUÇÃO...............................................................................................27
4 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................28
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................36
6 CONCLUSÕES...............................................................................................52
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................53
CAPÍTULO 3: Caracterização de clones de batata-doce quanto à resistência
ao nematóide de galhas Meloidogyne incognita raça 1 ......................................59
1 RESUMO.........................................................................................................59
2 ABSTRACT ....................................................................................................60
3 INTRODUÇÃO...............................................................................................61
4 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................62
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................65
6 CONCLUSÕES...............................................................................................70
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................71
i
RESUMO
MASSAROTO, João Aguilar. Características agronômicas e produção de
silagem de clones de batata-doce. 2008. 73 p. Tese (Doutorado em Fitotecnia)
– Universidade Federal de Lavras, Lavras.
1
Dois ensaios foram desenvolvidos com o objetivo de avaliar clones de
batata-doce quanto à produtividade e qualidade de raízes, produção e qualidade
de silagem e resistência ao nematóide de galhas Meloidogyne incognita raça 1,
no município de Ijaci, Minas Gerais. No primeiro ensaio, foram avaliados vinte
acessos originados de programa de melhoramento vegetal no estado de
Tocantins, em conjunto com cinco cultivares comerciais (Brazlândia Branca,
Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e Palmas). O experimento foi
conduzido entre fevereiro e agosto de 2006, em condições de campo, em
delineamento em blocos casualizados, com três repetições e dezesseis plantas
por parcela. As raízes foram avaliadas quanto à produtividade total, peso médio,
produtividade comercial, peso médio de raízes comerciais, formato e resistência
aos insetos de solo. A parte aérea foi avaliada quanto à produtividade total de
matéria fresca, teor de matéria seca, produtividade de matéria seca e
produtividade de proteína bruta. As silagens de cada clone foram avaliadas
quanto a pH, teor de matéria seca e teores de proteína bruta, fibra em detergente
neutro, matéria mineral e extrato etéreo em porcentagem da matéria seca. A
cultivar Palmas e o acesso UFT-48 se mostraram boas opções para cultivo de
dupla finalidade, visando à comercialização de raízes in natura e uso da parte
aérea na alimentação animal. Os acessos UFT-52 e UFT-112 também foram
promissores para plantio de dupla finalidade, porém, suas raízes indicadas
somente para processamento industrial. O acesso UFT-22 foi indicado somente
para comercialização de raízes in natura, enquanto os acessos UFT-02-AL,
UFT-09-AL e UFT-115 foram indicados apenas para a produção de raízes para
processamento. O acesso UFT-10-AL se mostrou boa opção apenas para
alimentação animal. No segundo ensaio, foram avaliados quinze acessos
originados de programa de melhoramento no estado de Tocantins, trinta clones
originados de programa de melhoramento em Minas Gerais e cinco cultivares
comerciais (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e
Palmas), para resistência ao nematóide de galhas Meloidogyne incognita raça 1.
O experimento foi realizado no período de fevereiro a junho de 2006, em casa de
vegetação, utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado. Ramas de
cada genótipo foram plantadas em bandejas de poliestireno expandido,
1
Comitê de Orientação: Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes – UFLA (Orientador), Ph.D.
Wilson Roberto Maluf - UFLA
ii
utilizando-se como substrato Plantmax
®
, cada parcela composta por seis plantas.
Dezessete dias após o plantio, foi feita a inoculação, na proporção de 30 ovos
mL
-1
de substrato. Noventa dias após a inoculação, as ramas foram retiradas,
suas raízes lavadas e coradas para determinação do índice de massas de ovos por
sistema radicular. As cultivares Brazlândia Branca e Palmas foram utilizadas
como testemunhas para genótipo suscetível e resistente, respectivamente. Foi
observada a existência de variabilidade entre e dentro das coleções de
germoplasma. Treze acessos apresentaram alta resistência ao nematóide de
galhas, seis oriundos de Tocantins e sete de Minas Gerais. Treze acessos
apresentaram resistência, enquanto dezesseis apresentaram moderada resistência,
podendo ser utilizados como germoplasma suplementar para a característica.
Somente três acessos foram suscetíveis ao patógeno. A cultivar Brazlândia
Rosada apresentou moderada resistência ao nematóide de galhas, contrariando
resultados de suscetibilidade apresentados na literatura científica.
iii
ABSTRACT
MASSAROTO, João Aguilar. Agronomic characteristics and silage
production of sweet potato clones. 2008. 73 p. Thesis (Doctorate in Plant
Sciences) – Federal University of Lavras, Lavras.
2
Two assays were developed to evaluate sweet potato clones to yield, root
quality, silage yield and quality and resistance to the root-knot nematode
Meloidogyne incognita race 1, in the municipality of Ijaci, Minas Gerais State,
Brazil. In the first assay, twenty accessions from a breeding program from the
state of Tocantins, Brazil, together with five commercial cultivars (Brazlândia
Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e Palmas) were
evaluated. The experiment was carried out from February to August of 2006, in
open field, in randomized blocks design, with three replicates and sixteen plants
each parcel. Roots were evaluated for total yield, average weight, commercial
yield, average commercial weight, form and resistance to soil insects. Aerial part
was evaluated for total fresh matter yield, dry matter content, dry matter yield
and crude protein yield. The silage of each clone was evaluated for pH values,
dry matter content, and contents of crude protein, neutral detergent fiber, mineral
matter and ether extract in percentage of dry matter. The cultivar Palmas and the
accession UFT-48 showed to be good options for double purpose tillage, aiming
commercialization of in natura roots and use of the aerial part for animal
feeding. Accessions UFT-52 and UFT-112 showed to be good options for
double purpose tillage too, however, roots able industrial processing. Accession
UFT-22 was indicated only for in natura roots commercialization, while
accessions UFT-02-AL, UFT-09-AL e UFT-115 were indicated only for roots
tillage for industrial processing. Accession UFT-10-AL showed to be good
option only for animal feeding. The second assay evaluated the resistance to the
root-knot nematode Meloidogyne incognita race 1 of fifteen accessions from
breeding program from the state of Tocantins, thirty clones from breeding
program from the state of Minas Gerais, together with five commercial cultivars
(Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e Palmas).
The experiment was carried out from February to June of 2006, under
greenhouse conditions, in completely randomized design. Stems of each
genotype were planted in polystyrene trays filled with commercial substrate
Plantmax
®
. Seventeen days after planting, nematode egg were inoculated, in a
proportion of 30 eggs mL
-1
of substrate. Ninety days after inoculation, the stems
were collected, their radicular systems washed and colored for accounting of
2
Guidance Comittee: Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes – UFLA (Major professor),
Ph.D. Wilson Roberto Maluf - UFLA
iv
egg-masses index. Cultivars Brazlândia Branca and Palmas were used as control
for susceptible and resistant genotypes, respectively. It was observed variability
among and within germoplasm collections. Thirteen genotypes presented high
resistance to the root-knot nematode, six originating from Tocantins State and
seven from Minas Gerais State. Thirteen accessions presented resistance, while
sixteen presented moderate resistance, being able to be used as supplementary
germoplasm to this characteristic. Only three accessions were susceptible to the
root-knot nematode. The cultivar Brazlândia presented moderate resistance,
being against results of susceptibility showed in scientific literacy.
1
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO GERAL
A batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.] é uma hortaliça tuberosa
rústica, de ampla adaptabilidade, sendo cultivada em praticamente todo o
território brasileiro. Entre as culturas alimentícias, é a sétima mais importante
mundialmente (Centro Internacional de La Papa, CIP, 2005b), e a quarta mais
importante no Brasil (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE,
2007). Apesar de apresentar fundamental importância social e econômica,
principalmente nas regiões mais pobres do país, notadamente naquelas onde
predomina a agricultura familiar, ainda é pouco valorizada no Brasil (Ritschel et
al., 2007).
É uma hortaliça com múltiplos usos, podendo ser utilizada na
alimentação humana in natura ou processada industrialmente, nas formas de
amido, macarrão e farinha. Pode, ainda, ser utilizada na alimentação animal
(Fuglie, 2003; Huang et al., 2003) ou como alternativa na produção de
biocombustível (Momenté et al., 2004a,b).
Apesar de apresentar elevado potencial produtivo, no Brasil é comum
encontrar baixas produtividades, ocasionadas principalmente pela utilização de
materiais genéticos ultrapassados e/ou degenerados, em sua maioria suscetíveis
às pragas e doenças, o que é favorecido pelo fato de a cultura ser propagada
comercialmente por meio de reprodução assexuada, através de ramas,
perpetuando a degenerescência dos clones a cada geração. Além desse aspecto,
a utilização de tratos culturais de baixa tecnologia também leva a uma
produtividade aquém da mínima desejável (Miranda et al., 1984; Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, 2007).
2
No Brasil, encontra-se grande variabilidade genética para a espécie.
Em praticamente todo o país são encontradas cultivares regionais, com
características próprias (Cardoso et al., 2005). Uma vez que a base do
melhoramento vegetal é a existência de variabilidade genética na espécie, onde
os genótipos podem apresentar respostas diferentes à necessidade nutricional,
resistência às pragas e doenças e outros, além de morfologia diferente, a
caracterização de cada genótipo é de fundamental importância para que essa
variabilidade possa ser utilizada de forma eficiente no desenvolvimento de
novas cultivares, de acordo com as características das regiões para as quais
serão destinadas.
Esse trabalho teve como objetivos avaliar e caracterizar clones de
batata-doce oriundos de diversas regiões do país quanto à produtividade,
formato, resistência a insetos de solo, resistência ao nematóide de galhas
Meloidogyne incognita raça 1 e produção e qualidade bromatológica de silagem.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Batata-doce
A batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.] é uma hortaliça tuberosa de
origem americana. O exato lugar do continente relativo à origem da espécie é
ainda indeterminado. Alguns pesquisadores indicam como centro de origem a
América Central, outros, a América do Sul (CIP, 2005a). No entanto, a maior
parte das evidências indicam a faixa contida entre o México e o norte da
América do Sul como a mais provável região de origem da espécie (Ritschel et
al., 2007). Existem algumas regiões do mundo nas quais a cultura se
desenvolveu separadamente de seus ancestrais americanos. Em algumas regiões
3
da Ásia e em Papua Nova Guiné são encontrados muitos tipos de batata-doce
geneticamente distintos dos tipos encontrados no seu habitat de origem.
A espécie pertence à família Convolvulaceae, sendo o único membro
hexaplóide, 2n = 90 (Jones, 1965; Austin, 1977). A variabilidade dentro da
espécie é muito alta, sendo o elevado nível de ploidia uma provável explicação
para este fato. Sementes botânicas originadas de uma mesma planta são
geneticamente diferentes (Jones et al., 1986).
Planta rústica, tolerante à seca e à baixa fertilidade do solo, possui fácil
adaptação a praticamente qualquer ambiente. Devido à sua rusticidade,
necessita de poucos tratos culturais, dispensando o uso de tecnologia agrícola
mais avançada, o que torna o seu custo de produção inferior ao de outras
culturas, como batata e mandioca.
Mundialmente, a batata-doce é a sétima colocada entre as espécies
cultivadas mais importantes (CIP, 2005b), com média de produtividade em
torno de 15 t ha
-1
, muito abaixo do potencial da espécie, acima de 40 t ha
-1
(Miranda et al., 1984; Embrapa, 2006). A espécie é de fundamental importância
para diversos países, notadamente por ser cultura pouco exigente em tratos
culturais e altamente nutritiva (Ritschel et al., 2007). Segundo CIP (2005a),
cerca de 95% da produção de batata-doce mundial é obtida em países em
desenvolvimento, locais onde a cultura encontra-se no máximo como quinta
colocada entre as espécies vegetais cultivadas. Em países como a Indonésia e a
China, a batata-doce é de fundamental importância social e econômica, sendo
utilizada tanto na alimentação humana como na alimentação animal (Fuglie,
2003; Huang et al., 2003). Além dessas finalidades, a batata-doce pode ainda
ser utilizada na fabricação de biocombustível, como álcool (Momenté et al.,
2004a,b) e de bioplásticos (Cereda et al., 2001).
No Brasil, a espécie ocupa a quarta colocação entre as hortaliças com
maior volume de produção, e é a quinta com maior valor de produção (IBGE,
4
2007). No entanto, apresenta produtividade média baixa, em torno de 11,2 t
ha-1 (Brasil, 2005a,b,c). É cultivada em todo o país, normalmente em caráter
de subsistência, com destaque para as regiões Sul e Nordeste (IBGE, 2007).
Apesar de pouco valorizada no Brasil, possui elevado valor nutritivo, sendo
rica em carboidratos, vitaminas do complexo B e vitamina C, apresentando
ainda, em alguns casos, elevados teores de vitamina A (Miranda et al., 1995).
2.2 Usos da batata-doce com finalidade alimentar
2.2.1 Batata-doce na alimentação humana
O principal produto comercial da batata-doce constitui-se das raízes
tuberosas, amplamente utilizadas na alimentação humana. Enquanto em alguns
países o consumo por habitante é bastante alto (160 kg ano-1 em Ruanda, 102 kg
ano
-1
em Burundi, e 95 kg ano
-1
em Uganda) (CIP, 2005a), no Brasil, a produção
per capita é muito baixa (2,75 kg ano
-1
habitante
-1
), inferior à da batata (16 kg
ano
-1
habitante
-1
) e à da mandioca (124 kg ano
-1
habitante
-1
).
O valor nutricional das raízes da batata-doce é semelhante ao da mandioca ou da
batata (Tabela 1). São alimentos essencialmente energéticos, ricos em amido e
pobres em lipídeos e proteínas. Contudo, a batata-doce pode superar a mandioca
e a batata em algumas características, como por exemplo o teor de beta-caroteno,
em virtude da existência de clones de coloração amarela ou alaranjada, que
apresentam raízes muito ricas neste precursor da vitamina A. Além do aspecto
atrativo da polpa amarela ou alaranjada, sua riqueza em beta-caroteno pode
torná-la alimento potencialmente eficiente, barato e de fácil aceitação para
combate a avitaminoses decorrentes da falta de vitamina A na dieta, como a
xeroftalmia, a ceratomalácia e as lesões da córnea (Hagenimana et al., 1998).
5
TABELA 1. Composição centesimal e valor energético da batata-doce (raiz
cozida), mandioca (raiz cozida) e batata (tubérculo cozido).
Composição
Batata-doce
branca (cozida)
Mandioca
(cozida)
Batata
(cozida)
Calorias (em 100g)
125,10 119,00 85,30
Glicídios (g/100g) 27,90 28,90 19,10
Proteínas (g/100g) 1,80 0,60 2,00
Lipídios (g/100g) 0,70 0,20 0,10
Cálcio (mg/100g) 30,00 28,00 11,00
Fósforo (mg/100g) 49,00 37,00 56,00
Ferro (mg/100g) 0,70 0,90 0,70
Glicídios (g/100 cal)
22,30 24,29 22,39
Proteínas (g/100cal) 1,44 0,50 2,34
Lipídios (g/100 cal) 0,56 0,17 0,12
Cálcio (mg/100 cal)
23,98 23,53 12,90
Fósforo (mg/100 cal) 39,17 31,09 65,65
Ferro (mg/100 cal) 0,56 0,76 0,82
Fonte: Franco (2005).
O potencial de utilização da batata-doce na alimentação humana não se
limita, no entanto, ao consumo das raízes tuberosas. As folhas consumidas em
grande escala em países africanos, são excelentes fontes de proteína, glicídios,
cálcio, fósforo e ferro, além de vitamina A e vitamina C (Xiaoding, 1995). Por
unidade calórica, as folhas de batata-doce superam em teor de proteína até
mesmo o feijão, uma das principais fontes protéicas da população brasileira de
baixa renda (Tabela 2). Suas folhas têm valor alimentício semelhante ao das
folhas de mandioca, e, tal como esta, pode ser empregada em multimisturas para
combate à desnutrição, conforme preconizado por Rede Mulher de Educação
(2005), bem como pastorais da criança e outras organizações não-
governamentais. No entanto, possui a vantagem, sobre as folhas de mandioca, de
não possuir princípios tóxicos (compostos cianogênicos), não exigindo, portanto,
detoxificação prévia antes do uso. O uso de brotações de batata-doce como
hortaliça
6
TABELA 2. Composição centesimal e valor energético das folhas de batata-
doce e mandioca comparadas com grãos crus ou cozidos de feijão
comum.
Composição
Batata-doce
(folhas frescas)
Mandioca
(folhas secas)
Feijão preto
(cru)
Calorias (em 100g)
49,00 91,00 343.,60
Glicídios (g/100g) 10,20 18,30 62,37
Proteínas (g/100g) 4,60 7,00 20,74
Lipídios (g/100g) 0,20 1,00 1,27
Cálcio (mg/100g) 158,00 303,00 145,00
Fósforo (mg/100g) 84,00 119,00 471,00
Ferro (mg/100g) 6,20 7,60 4,30
Glicídios (g/100 cal)
20,82 20,11 18,15
Proteínas (g/100 cal) 9,39 7,69 6,04
Lipídios (g/100 cal) 0,41 1,10 0,37
Cálcio (mg/100 cal) 322,45 332,97 42,20
Fósforo (mg/100 cal) 171,43 130,77 137,08
Ferro (mg/100 cal) 12,65 8,35 1,25
Fonte: Franco (2005).
hortaliça verde, tem sido também prioridade de pesquisa em países asiáticos
(Xiaoding, 1995).
Raízes de batata-doce podem ser processadas na fabricação de doces
caseiros, de doces industrializados (marron-glacé), farinha, macarrão, fécula,
alimentos infantis e chips.
No Brasil, a utilização da batata-doce para indústria limita-se à produção
de doces caseiros, ou, então, ao processamento para produção de doces enlatados
industrializados (marron-glacé). Em ambos os casos, a produção é bastante
limitada. Contudo, o potencial para a produção agroindustrial é bem maior.
Como farinha (Tabela 3), a batata-doce tem composição centesimal bastante
semelhante à da farinha de mandioca (amplamente utilizada em todo o país), e,
no entanto, é virtualmente desconhecida pela população. Como farinha, poderia
ser mais amplamente empregada, com vantagens sobre a cultura da mandioca,
7
pois apresenta menor ciclo de produção e seu processamento causa menor
problema ambiental, uma vez que no processamento de mandioca, a manipueira,
que é um resíduo do processamento, é altamente tóxica devido à presença de
compostos cianogênicos.
O processo de produção da farinha de batata-doce é semelhante ao da
farinha de mandioca - descascamento, lavagem, moagem, espalhamento,
secagem (que pode ser ao sol) e, no caso de se querer algo que se assemelhe à
farinha de trigo, moagem (Peters & Wheatley, 1997). É um processo simples,
barato, e particularmente apropriado para a agricultura familiar. É largamente
empregado na China, predominantemente por pequenos agricultores, e tem sido
bastante empregado também na Indonésia, Quênia e Uganda.
A farinha da batata-doce tem enorme potencial para a panificação e para
a fabricação de macarrão, especialmente em média e pequena escala. Na
panificação, é preconizada (Peters & Wheatley, 1997) para a substituição parcial
da
TABELA 3. Composição centesimal e valor energético das farinhas de batata-
doce, mandioca e batata.
Composição
Farinha de
batata-doce
Farinha de
mandioca
Farinha de
batata
Calorias (em 100g)
346,80 336,80 348,00
Glicídios (g/100g) 84,74 81,15 81,40
Proteínas (g/100g) 1,95 2,20 3,90
Lipídios (g/100g) 0,00 0,05 0,70
Cálcio (mg/100g) 106,00 21,00 7,00
Fósforo (mg/100g) 99,00 125,00 49,00
Ferro (mg/100g) 5,30 0,80 1,30
Glicídios (g/100 cal)
24,43 24,09 23,39
Proteínas (g/100 cal) 0,56 0,65 1,12
Lipídios (g/100 cal) 0,00 0,01 0,20
Cálcio (mg/100 cal) 30,57 6,24 2,01
Fósforo (mg/100 cal) 28,55 37,11 14,08
Ferro (mg/100 cal) 1,53 0,24 0,37
Fonte: Franco (2005).
8
da farinha de trigo - produto que no Brasil é ainda em grande escala importado e
sujeito a grandes altas de preços. Nos EUA, Greene (2006) usando até 65% de
farinha de batata-doce em misturas com farinha de trigo, verificou que em todas
as proporções utilizadas a qualidade do pão foi aceitável. Tanto a produção de
farinha de batata-doce como a sua utilização na panificação são tecnologias já
estudadas e disponíveis no Brasil (Savelli et al., 1995).
A fabricação de macarrões a partir de amido de batata-doce é
amplamente empregada na China, onde 1/3 da produção (39 milhões de
toneladas, ou oitenta vezes a produção total anual brasileira de batata-doce) é
destinada à obtenção do amido e seus produtos (Huang et al., 2003).
Cultivares de batata-doce com maior teor de amido e menor teor de
mono e dissacarídeos, têm sido desenvolvidas (Becker, 2001) de modo a
permitir a produção de chips e batatas-fritas, em substituição à batata inglesa.
Estes estudos têm sido realizados nos EUA pelo USDA, dado o fato de que as
cultivares americanas, em sua grande maioria, são inapropriadas para este tipo
de processamento, pois possuem baixo teor de amido e alto teor de mono e
dissacarídeos. Considerando que o Brasil e outros países latino-americanos
possuem um germoplasma de batata-doce extremamente diverso, em que tipos
com maior teor de amido e menor teor de mono e dissacarídeos são bem mais
freqüentes, é razoável supor que o resgate e avaliação destes materiais
autóctones possa levar, em curto prazo, à identificação de cultivares apropriadas
a este tipo de processamento.
É preciso observar que nos últimos 10 anos, com a disponibilização no
mercado de equipamento de pequeno porte e baixo custo para a produção de
chips de batata-inglesa, este tipo de processamento em pequena escala tornou-se
bastante comum no país, num segmento que era anteriormente totalmente
ocupado por grandes empresas multinacionais. A batata-doce poderia assim
9
tornar-se mais uma alternativa para uso destes pequenos processadores, urbanos
ou rurais.
Têm-se também preconizado o uso da batata-doce na confecção de dietas
de baixo custo para combate à desnutrição infantil. No Peru, onde 25% das
crianças abaixo de 5 anos sofrem de desnutrição, especialmente em áreas rurais
e peri-urbanas, uma situação não muito diferente da brasileira, foram
desenvolvidas formulações balanceadas instantâneas à base de batata-doce e soja
para alimentação de crianças na fase de desaleitamento (entre 6 meses e 3 anos
de idade) (Espinola, 1998). Estas fórmulas foram desenvolvidas através de
cooperação entre o CIP-Centro Internacional de la Papa e o Ministério da Saúde
do Peru, e tiveram um custo que variou entre US$ 0,16 e US$ 0,18 por ração de
90 g - preço substancialmente inferior ao que o Ministério da Saúde daquele país
considerava aceitável (US$ 0,26 por ração de 90g).
2.2.2 Batata-doce na alimentação animal
A batata-doce pode ser utilizada para alimentação de várias espécies
animais, tais como suínos e bovinos (Barrera, 1989). Pode ser aproveitada
integralmente para esse fim; no entanto, na maioria dos países onde essa prática
é comum, aproveitam-se as raízes com padrão comercial para alimentação
humana, e as raízes deformadas ou com qualquer outro defeito que inviabilize
sua comercialização ou consumo pelo ser humano são destinadas aos animais,
bem como as ramas. Em alguns casos, folhas e brotos são consumidos por aves e
peixes (Embrapa, 2004).
Anualmente, cerca de 43% da produção mundial de batata-doce (30 a 50
milhões de toneladas) é utilizada na alimentação animal (CIP, 1998). A
alimentação de suínos e outros animais com batata-doce é prática comum em
países como a China (Scott, 1991), Vietnã, Indonésia, Filipinas, Papua Nova
10
Guiné e Uganda (Peters et al., 2005). Somente na China, nos últimos 30 anos,
ocorreu um aumento constante no uso de raízes e ramas de batata-doce na
alimentação de suínos e outros animais (Dapeng & Xiu-Qing, 2004). De modo
geral, pode-se afirmar que, em qualquer local onde a planta seja cultivada,
alguma parte da planta é utilizada, de alguma forma, na produção animal (Scott
et al., 1999).
Apesar da elevada utilização na alimentação animal, a batata-doce,
notadamente suas raízes, apresentam diversos restrições quanto ao aspecto
nutricional. Normalmente, apresentam baixo teor de proteínas, com teor médio
entre 1,3 a 4,0% da matéria seca (Li, 1974; Purcell et al., 1976; Walter et al.,
1984), e mais de 40% do nitrogênio total é nitrogênio não-proteico (Purcell et al.,
1976). Normalmente, essa deficiência é corrigida pelos produtores por meio de
suplementação da dieta com soja, folhas de mandioca e da própria batata-doce,
ou outro produto rico em proteína. Essa restrição se torna pior pela presença de
inibidores de tripsina, que reduzem a digestibilidade de proteínas em raízes não
cozidas (Yeh & Bouwkamp, 1985). Diferentes níveis de atividade de inibidor de
tripsina são descritos na literatura (Lin & Chen, 1980; Dickey et al., 1984;
Bradbury et al., 1985). Apesar de o processo de cozimento das raízes eliminar
esse fator indesejável na utilização da batata-doce como alimento animal, o
processo consome elevado tempo e é de alto custo para o produtor, o que leva
muitos a não submeter as raízes ao cozimento. Consequentemente, o
desenvolvimento dos animais se torna menor, e o retorno econômico para o
produtor decresce.
Outro problema da utilização da batata-doce na alimentação animal é a
sua baixa capacidade de armazenamento in natura, sofrendo ataque de doenças e
apodrecimento acelerado, tornando-a inviável para a finalidade. Dessa maneira,
se torna necessária a preparação de material fresco todos os dias, tornando
trabalhosa a utilização da cultura para esse fim (Peters et al., 2005).
11
Uma alternativa viável para aproveitar a batata-doce na alimentação
animal sem consumir muitas horas de trabalho ou altas somas de capital do
produtor é a sua utilização como silagem. A ensilagem reduz o nível de inibidor
de tripsina, além de permitir o armazenamento do material por até cinco meses
em condições de anaerobiose. Quando combinada com folhas de mandioca
picadas ou esterco de aviário, sua qualidade se torna superior. Peters et al. (2005)
verificou que silagem de raízes de batata-doce não cozidas promoveram ganho
de peso na alimentação de suínos igual ao ganho promovido pelo fornecimento
de raízes cozidas, com a vantagem de eliminar o trabalho de cozimento das
raízes tuberosas e, desta maneira, economizando mão-de-obra e capital do
produtor. Zuohua et al. (2004) observou aumento nos teores de matéria seca e
proteína no fornecimento de raízes e ramas de batata-doce na forma de silagem
em relação ao fornecimento do material fresco, na alimentação de suínos.
Observou ainda que a silagem produzida poderia apresentar proporções de até
60% de batata-doce na sua composição sem afetar a palatabilidade da mesma, e
reduzindo o custo de produção da silagem de milho. Resultados semelhantes
forma encontrados por Sutoh et al. (1973), Ruiz et al. (1980) e Brown &
Chavalimu (1985).
O melhoramento vegetal se constitui em uma opção altamente viável
para elevar o nível nutricional da batata-doce visando à alimentação animal. Na
década de 1990, uma parceria entre o CIP e a Universidade do Estado da
Carolina do Norte, nos Estados Unidos, avaliou a possibilidade de aumentar a
eficiência alimentar da batata-doce na alimentação animal. Várias características
nutricionais e anti-nutricionais, como os teores de matéria seca, fécula, proteína,
inibidor de tripsina e digestibilidade da fécula foram avaliados. Os resultados
mostraram que a variabilidade observada em diversos acessos da cultura torna
possível o melhoramento vegetal da espécie visando à melhoria da qualidade
nutricional para alimentação animal (Dapeng & Xiu-Qing, 2004).
12
2.3 Principais fatores que contribuem para a baixa produtividade de
batata-doce no Brasil
Atualmente, no país, os principais fatores relacionados à queda na
produtividade estão ligados ao uso de cultivares ultrapassadas, suscetíveis a
insetos de solo e aos nematóides de galhas do gênero Meloidogyne spp.
(Miranda et al., 1995; Peixoto et al., 1999; Cardoso et al., 2005).
2.3.1 Insetos de solo
Os principais insetos de solo que atacam a batata-doce são elaterídeos,
crisomelídeos e curculionídeos. A principal praga da cultura é a broca-da-raiz
Euscepes postfaciatus (Fairmaire), considerada a segunda praga mais importante
no mundo e a primeira no Japão (Shimoji & Kohama, 1996) e no Brasil (Seixas
& Amaral, 1952; Murayama, 1987).
As fêmeas da broca-da-raiz depositam ovos sobre a superfície das raízes
de batata-doce. Essa deposição de ovos costuma durar entre quatro e seis meses,
exatamente o tempo que a cultura fica no campo. Com a eclosão dos ovos, as
larvas passam a produzir galerias nas raízes na medida em que se alimentam,
caminhando sempre em direção ao centro da raiz tuberosa. O estádio larval dura
entre dezoito e trinta e um dias, após o qual a larva se transforma em pupa. Após
o término deste estádio, os adultos saem das raízes e ocorre o acasalamento entre
machos e fêmeas, reiniciando o ciclo (Caribbean Agricultural Research and
Development Institute, CARDI, 2000).
A ação da broca-da-raiz torna as raízes com aspecto não comerciável,
podendo ocasionar a contaminação das mesmas devido às excreções e
13
facilitando a colonização por fungos e bactérias. Normalmente, as raízes
atacadas pelo inseto produzem terpenóides, resultando em odor e sabor
desagradável (CARDI, 2000).
O controle químico da praga tem se mostrado inviável, principalmente
devido ao elevado custo e inexistência de produtos registrados para a cultura
(França & Ritschel, 2002). Assim, o uso de cultivares resistentes (Hall & Phatak,
1993), o controle biológico por meio de predadores e parasitóides (Jansson,
1992) e uso da técnica do macho-estéril (Shimoji & Kohama, 1996) tornaram-se
objeto de estudo como métodos de controle do inseto.
Dentre os métodos citados, a utilização de cultivares resistentes é o mais
utilizado. Desde a década de 1980, trabalhos visando a seleção de germoplasmas
resistentes se tornaram mais freqüentes (Peixoto et al., 1999; Azevedo et al.,
2002, Wanderley et al., 2004). Uma grande razão para isso é o fato do controle
por meio de cultivares resistentes não onerar o produtor, reduzindo o seu custo
de produção em relação ao cultivo utilizando defensivos ou controle biológico,
além de não ser agressivo ao meio ambiente.
2.3.2 Nematóides de galhas
Os nematóides de galhas do gênero Meloidogyne spp. são altamente
danosos para a cultura da batata-doce. A mesma é caracterizada como “falsa
não-hospedeira”, pois não produz o sintoma mais característico do patógeno, as
galhas, que são produzidas pela oviposição das fêmeas após a penetração das
raízes (Embrapa, 2004).
O principais nematóides que afetam a cultura são o Meloidogyne
javanica e Meloidogyne incognita raças 1, 2, 3 e 4 (Maluf, 2003). Fêmeas
penetram as raízes, principalmente o sistema radicular secundário, e depositam
massas de ovos. Dos ovos eclodem os juvenis do primeiro estádio, que procuram
14
novas raízes para infectar. Após a infecção, o nematóide passa a se alimentar de
metabólitos da planta, desenvolvendo-se, até se tornar um adulto. Quando
atingem a fase adulta, as fêmeas depositam massas de ovos no sistema radicular,
e o ciclo novamente se inicia.
Além de se alimentar de metabólitos produzidos pelo vegetal, os
nematóides de galhas também reduzem a capacidade da mesma absorver água e
nutrientes do solo, podendo causar a morte da planta (Charchar & Miranda, 1989;
1990; Charchar et al., 1991; Charchar, 1995). Os efeitos sobre a parte comercial
não são diretos, pois os nematóides raramente infectam as raízes tuberosas;
porém, com a redução na disponibilidade de água, nutrientes e assimilados na
planta, o efeito é indireto, ocorrendo queda acentuada de produtividade
(Embrapa, 2004).
O uso de nematicidas é uma atividade cara e ineficiente, dificilmente se
atingindo um nível satisfatório de controle. O uso de genótipos resistentes é a
principal técnica utilizada para o controle do patógeno na cultura da batata-doce,
motivo pelo qual diversos trabalhos vêm sendo realizados nos últimos anos
visando à identificação de fontes de resistência para uso como cultivar ou para
introdução em programas de melhoramento visando o desenvolvimento de
genótipos resistentes para serem lançados como novas cultivares (Huang et al.,
1986; Silveira et al., 1992; Silveira & Maluf, 1993; Azevedo, 1995; Silveira et
al., 1997; Wanderley & Santos, 2004). Essa identificação é de suma importância,
pois alguns genótipos podem ser resistentes a uma espécie e não a outra; além
desse aspecto, existe resistência variável inclusive para raças de Meloidogyne
incognita.
O controle por meio da utilização de germoplasma resistente é o método
mais indicado em cultivos comerciais, devido a não onerar o custo de produção e
não ser agressivo ao meio ambiente.
15
2.4 Melhoramento de batata-doce
A cultura da batata-doce não possui muita pesquisa científica no Brasil,
talvez por não ser considerada cultura de importância econômica relevante. No
entanto, sua importância social é inegável, sendo cultivada em caráter de
subsistência em grande parte das pequenas propriedades rurais do país.
Devido ao fato de ser cultura amplamente disseminada nas diversas
regiões do Brasil, inclusive em comunidades indígenas mais isoladas, existe uma
variada quantidade de genótipos de batata-doce espalhadas pelo território
nacional. Muitas vezes, uma mesma cultivar recebe nomes diferentes de região
para região; em outras, cultivares diferentes recebem um nome comum,
encobrindo materiais de diferente constituição genética (Cardoso et al., 2005).
Como a espécie é quase que totalmente propagada por ramas, ou seja,
reprodução assexuada, foram formados diversos “bancos de germoplasma” para
a espécie por todo o território, gerando uma grande variabilidade genética,
conforme os anos se passaram. Essa variabilidade é reconhecida na literatura,
onde o Brasil é citado como um dos centros secundários da espécie (Ritschel et
al., 1999).
A utilização eficiente dessa variabilidade genética da batata-doce
depende, entre outros fatores, de uma coleção de germoplasma bem mantida e
com a caracterização de cada acesso; além desse aspecto, são necessários
ensaios para avaliação dos melhores materiais, conduzidos em condições
representativas de cultivo (Hersey & Amaya, 1982).
No Brasil, algumas instituições mantêm bancos de germoplasma
caracterizados para diversas características da espécie, como é o caso da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, que mantém em seu
acervo 357 acessos já caracterizados para resistência aos nematóides de galhas
16
do gênero Meloidogyne spp. (Embrapa, 2004). No entanto, poucas pesquisas
estão sendo conduzidas no sentido de desenvolver e testar novas cultivares para
a espécie.
A indisponibilidade de novas cultivares acarreta na queda de
produtividade da cultura. Uma vez que a principal forma de propagação no
cultivo comercial é a vegetativa, a retirada contínua de ramas de um mesmo
clone durante gerações acabam levando ao acúmulo sistêmico de doenças,
levando a perda do vigor do genótipo. Além disso, com o passar do tempo essas
variedades ficam obsoletas, suscetíveis a pragas e doenças, contribuindo ainda
mais para a queda na produtividade da cultura.
Desta maneira, é urgente e necessário o aumento das pesquisas no país
visando à caracterização de novas fontes de variabilidade para a espécie e o
desenvolvimento de novas variedades de batata-doce.
17
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUSTIN, D.F. Hybrid haploids in Ipomoea section batatas. Journal of
Heredity, v.68, p.259-260, 1977.
AZEVEDO, S.M. Avaliação de famílias de meios-irmãos de batata-doce
[Ipomoea batatas (L) Lam.] quanto à resistência aos nematóides do gênero
Meloidogyne e aos insetos de solo. 1995. 61p. Dissertação (Mestrado em
Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
AZEVEDO, S.M.; MALUF, W.R.; SILVEIRA, M.A.; FREITAS, J.A. Reação
de clones de batata-doce aos insetos de solo. Ciência e Agrotecnologia, Lavras,
v.26, n.3, p.545-549, 2002.
BARRERA, P. Batata-doce. 2.ed. São Paulo: Ícone, 1989. 91p.
BECKER, H. Tater treats – nutritious sweet potato chips and fries.
Agricultural Research, p.8-9, maio 2001.
BRADBURY, J.H.; HAMMER, B.; NGUYEN, T.; ANDERS, M.; MILLER,
J.S. Protein quantity and quality and trypsin inhibitor content of sweetpotato
cultivars from the highlands of Papua New Guinea. Journal of Agriculture and
Food Chemistry, v.33, p.281-285, 1985.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: produção de lavouras temporárias e permanentes. 2005a. Disponível em:
<ttp://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em: 22 abr. 2005.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: área colhida de lavouras temporárias e permanentes. 2005b. Disponível
em: <http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em 22 abr. 2005.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: Produtividade média de Lavouras Temporárias e Permanentes. 2005c.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/ >. Acesso em 22 abr. 2005.
BROWN, D.L.; CHAVALIMU, L. Effects of ensiling or drying on five forage
species in western Kenya: Zea mays (maize stover), Pennisetum purpureum
(Pakistan napier grass), Pennisetum sp. (bana grass), Ipomoea batatas
(sweetpotato vines) and Cajanus cajan (pigeon pea leaves). Animal Feed
Science and Technology, v.13, p.1-6, 1985.
18
CARDOSO, A.D.; VIANA, A.E.S.; RAMOS, P.A.S.; MATSUMOTO, S.N.;
AMARAL, C.L.F.; SEDIYAMA, T.; MORAIS, O.M. Avaliação de clones de
batata-doce em Vitória da Conquista. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23,
n.4, p. 911-914, out./dez. 2005.
CARIBBEAN AGRICULTURAL RESEARCH AND DEVELOPMENT
INSTITUTE. Workshop on the integrated pest management of sweetpotato.
Saint Vincent, 2000. 5p.
CENTRO INTERNACIONAL DE LA PAPA. Sweetpotato facts. a
compendium of key figures and analysis for 33 important sweetpotato producing
countries. Lima, 1998.
CENTRO INTERNACIONAL DE LA PAPA. About sweetpotato. Disponível
em: <http://www.cipotato.org/sweetpotato/sweetpotato.htm> Acesso em: 21 abr.
2005a.
CENTRO INTERNACIONAL DE LA PAPA. CIP Sweetpotato facts -
socioeconomic indicators. Disponível em: <http://www.cipotato.org/market/
Sweetpfacts/swtpind.htm>. Acesso em: 21 abr. 2005b.
CEREDA, M.P.; FRANCO, C.M.L.; DAIUTO, E.R.; DEMIATE, J.M.;
CARVALHO, L.J.C.B.; LEONEL, M.; VILPOUX, D.F.; SARMENTO, S.B.S.
Propriedades gerais do amido. Campinas: Fundação Cargill, 2001.
CHARCHAR, J.M. Meloidogyne em hortaliças. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE NEMATOLOGIA TROPICAL; CONGRESSO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEMATOLOGIA, 19.; ENCONTRO
ANUAL DA ORGANIZAÇÃO DOS NEMATOLOGISTAS DA AMÉRICA
TROPICAL, 27.; 1995, Rio Quente. Programa e Anais… Rio Quente:
SBN/ONTA, 1995. p.149-153.
CHARCHAR, J.M.; MIRANDA, J.E.C. Seleção de clones de batata-doce para
resistência à nematóide de galhas (Meloidogyne spp.). Horticultura Brasileira,
Brasília, v.7, n.1, p.49, 1989. Resumo.
CHARCHAR, J.M.; MIRANDA, J.E.C. Seleção de clones de batata-doce para
resistência à nematóide de galhas Meloidogyne spp. Fitopatologia Brasileira,
Brasília, v.15, n.2, p.130, 1990. Resumo.
19
CHARCHAR, J.M.; MIRANDA, J.E.C.; GONÇALVES, C.R.; MEDEIROS,
J.G. Seleção de clones de batata-doce para resistência à nematóide de galhas
Meloidogyne spp. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.16, n.2, p.130, 1991.
Resumo.
DAPENG, Z.; XIU-QING, L. Sweetpotato as animal feed: the perspective of
crop improvement for nutrition quality. In: FUGLIE, K.; HERMANN, M. (Ed.).
Sweetpotato post-harvest research and development in China. Bogor: CIP,
2004. p.26-40.
DICKEY, L.F.; COLLINS, W.W.; YOUNG, C.T. Root protein quantity and
quality in a seedling population of sweetpotatoes. Hortscience, v.19, p.689-692,
1984.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Avaliação do
banco de germoplasma de batata-doce da Embrapa hortaliças para
resistência a Meloidogyne spp. Brasília: Embrapa, 2004. 28p. (Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento, 3).
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivares
desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças. Disponível em:
<http://www.cnpmf.embrapa.br>. Acesso em: 25 abr. 2006.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultura da
batata-doce. (Sistemas de Produção, 6). Disponível em:
<http://www.cnph.embrapa.br/sistprod/batatadoce/composicao_uso.htm>.
Acesso em: 20 set. 2007.
ESPINOLA, N.; CREED-KANASHIRO, H.; UGAZ, M.E.; VAN HALL, M.;
SCOTT, G. Development of a sweet potato based instant weaning food for
poorly nourished children six months to three years old. In: CENTRO
INTERNACIONAL DE LA PAPA. CIP Report, Lima: CIP, 1998. p.295-302.
FRANÇA, F.H.; RITSCHEL, P.S. Avaliação de acessos de batata-doce para
resistência à broca da raíz, crisomelídeos e elaterídeos. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.20, n.1, p.79-85, mar. 2002.
FRANCO, G. Nutrição, composição química e valor energético dos
alimentos. Disponível em: <http://www.webcalc.com.br>. Acesso em: 17 maio
2005.
20
FUGLIE, K.O. Progress in potato and sweetpotato research in Indonesia.
Indonesia: CIP, 2003. 242p.
GREENE, J.L. Bread making properties of a sweet potato flour. Disponível
em: <http://ift.confex.com/ift/2003/techprogram/paper_20409.htm>. Acesso em:
15 jun. 2006.
HAGENIMANA, V.; KARURI, E.G.; OYUNGA, M.A. Oil content in fried
sweet potato processed products. Journal of Food Processes and
Conservation, n.22, p.123-137, 1998.
HALL, M.R.; PHATAK, S.C. Sweet potato Ipomoea batatas (L.) Lam. In:
KALOO, G.; BERGH, B.O. (Ed.). Genetic improvement of vegetable crops.
New York: Pergamon, 1993. 808p.
HERSEY, C.; AMAYA, A. Germoplasma de yuca: evolución, distribución y
colección. In: CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA
TROPICAL. Yuca, investigación, producción y utilización. Cali, 1982. p.77-
89.
HUANG, J.; SONG, J.; QIAO, F.; FUGLIE, K.O. Sweetpotato in China:
economic aspects and utilization in pig production. Indonesia: Indonésia: CIP,
2003. 72p.
HUANG, S.P.; MIRANDA, J.E.C.; MALUF, W.R. Resistance to root-knot
nematodes in a Brazilian sweet potato collection. Fitopatologia Brasileira, v.11,
n.4, p.761-767, 1986.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção
agrícola municipal 1990-2005. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>.
Acesso em: 17 abr. 2007.
JANSSON, R.K. Biological approaches for management of weevils of root and
tuber crops: a review. Florida Entomologist, Florida, v.75, p.578-584, 1992.
JONES, A. Cytological observations and fertility measurements of sweet potato
[Ipomoea batatas (L.) Lam.]. Proceedings of the American Society of
Horticultural Sciences, v.86, p.527-537, 1965.
JONES, A.; DUKES, P.D.; SCHALK, J.M. Sweet potato breeding. In: BASSET,
M.J. (Ed.). Breeding vegetable crops. Westport: AVI, 1986. p.1-35.
21
LI, L. Variation in protein content and its relation to other characters in
sweetpotatoes. Journal of Agricultural Association of China, v.88, p.17-22,
1974.
LIN, Y.H.; CHEN, H.L. Level and heat stability of trypsin inhibitor activity
among sweetpotato (Ipomoea batatas L.) lines. Botanical Bulletin of the
Academy Sinica, v.21, p.1-13, 1980.
MALUF, W.R. Melhoramento genético da batata-doce [Ipomoea batatas (L.)
Lam.]. Lavras: UFLA, 2003. 10p. (Notas de aula).
MIRANDA, J.E.C.; FRANÇA, F.H.; CARRIJO, O.A.; SOUZA, A.F.;
AGUILAR, J.A.E. Cultivo da batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.].
Brasília: Embrapa, 1984. 7p.
MIRANDA, J.E.C.; FRANÇA, F.H.; CARRIJO, O.A.; SOUZA, A.F.;
PEREIRA, W.; LOPES, C.A.; SILVA, J.B.C. A cultura da batata-doce.
Brasília: EMBRAPA/CNPH, 1995. 94p.
MOMENTÉ, V.V.; RODRIGUES, S.C.S.; TAVARES, I.B.; SILVEIRA, M.A.;
SANTANA, W.R. Desenvolvimento de cultivares de batata-doce no estado do
Tocantins, visando à produção de álcool, como fonte alternativa de energia para
as condições tropicais. Horticultura Brasileira, v.22, n.2, jul. 2004a.
Suplemento. CD-Rom.
MOMENTÉ, V.V.; TAVARES, I.B.; RODRIGUES, S.C.S.; SILVEIRA, M.A.;
SANTANA, W.R.. Seleção de cultivares de batata-doce adaptados à produção
de biomassa, via programa de melhoramento, visando à produção de álcool no
estado do Tocantins. Horticultura Brasileira, v.22, n.2, jul. 2004b.
Suplemento. CD-Rom.
MURAYAMA, Z. Horticultura. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino
Agrícola, 1987. 322p.
PEIXOTO, J.R.; SANTOS, L.C., RODRIGUES, F.A.; JULIATTI, F.C.; LYRA,
J.R.M. Seleção de clones de batata-doce resistentes à insetos de solo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.3, p.385-389, mar. 1999.
22
PETERS, D.; TINH, N.T.; THACH, P.N. Sweetpotato root silage for efficient
and labor saving pig raising in Vietnam. Disponível em:
<http://www.fao.org/DOCREP/ARTICLE/AGRIPPA/554_EN.HTM>. Acesso
em: 21 abr. 2005.
PETERS, D.; WHEATLEY, C. Small scale agro-enterprises provide
opportunities for income generation: sweet potato flour in West Java, Indonesia.
Quarterly Journal of International Agriculture, 12p. 1997.
PURCELL, A.E.; WALTER, W.M.; GIESBRECHT, F.G. Distribution of
protein within sweetpotato roots (Ipomoea batatas L.). Journal of Agriculture
and Food Chemistry, v.24, p.64-66, 1976.
REDE MULHER DE EDUCAÇÃO. Segurança alimentar: reflexões a partir de
alguns dados e experiências com alimentação viva e enriquecida. Disponível em:
<http://www.redemulher.org.br/seguran.html>. Acesso em: 17 maio 2005.
RITSCHEL, P.S.; HUAMAN, Z.; LOPES, C.A.; MENEZES, J.E.; TORRES,
A.C. Catálogo de germoplasma de batata-doce. Brasília: Embrapa/CNPH,
1999. 47p. (Embrapa Hortaliças. Documentos, 23).
RITSCHEL, P.S.; LOPES, C.A.; HUAMÁN, Z.; FERREIRA, M.E.; FRANÇA,
F.H.; MENEZES, J.E.; TEIXEIRA, D.M.C.; TORRES, A.C.; CHARCHAR,
J.M.; THOMAZELLI, L. Organização do banco ativo de germoplasma de
batata-doce: situação atual e perspectivas. Disponível em:
<http://www.cpatsa.embrapa.br/catalogo/livrorg/batatadoce.pdf>. Acesso em: 17
abr. 2007.
RUIZ, M.E.; PEZO, D.; MARTINEZ, L. The use of sweetpotato (Ipomoea
batatas (L.) Lam.) in animal feeding. Tropical Animal Production, v.5, n.2,
p.144-151, 1980.
SAVELLI, R.A.; PÁDUA, T.S.; DOBRZYCKI, J.H.; CAL-VIDAL, J. Análises
texturométricas e microestruturais de pães franceses contendo farinha de batata-
doce. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.30, n.3, p.395-400, 1995.
SCOTT, G.J. Sweetpotato as animal feed in developing countries: present
patterns and future perspectives. In: FAO. The use of roots, tubers, plantains
and bananas in animal feeding. Cali: CIAT, 1991.
23
SCOTT, G.J.; ROSEGRANT, M.W.; RINGLER, C. Roots and tubers for the
21st century: trends, projections and policy for developing countries.
Washington: IFPRI, 1999.
SEIXAS, C.A.; AMARAL, S.F. Uma praga da batata-doce. Biológico, São
Paulo, v.7, p.100-104, 1952.
SHIMOJI, Y.; KOHAMA, T. An artificial diet for the west indian sweet potato
weevil, Euscepes postfasciatus (Fairmaire) (Coleoptera: Curculionidae).
Applied Entomology and Zoology, v.31, p.153-155, 1996.
SILVEIRA, M.A.; AZEVEDO, S.M.; MALUF, W.R.; CAMPOS, V.P.;
MOMENTÉ, V.G. Palmas e Canuanã: novas cultivares de batata-doce
resistentes aos nematóides do gênero Meloidogyne. Horticultura Brasileira,
Brasília, v.15, n.2, p.122-123, nov. 1997.
SILVEIRA, M.A.; MALUF, W.R. Resistência de clones de batata-doce à
Meloidogyne spp. Horticultura Brasileira, Brasília, v.11, n.2, p.131-133, 1993.
SILVEIRA, M.A.; MALUF, W.R.; CAMPOS, V.P. Avaliação da resistência à
Meloidogyne javanica em uma coleção de clones de batata-doce. Nematologia
Brasileira, Piracicaba, v.6, n.1-2, p.98, 1992. Resumo.
SUTOH, H.; UCHIDA, S.; KANEDA, K. Studies on silage-making: the
nutrient content of sweetpotato (Ipomoea batatas L. var. edulis) at the different
stages and the quality of sweetpotato vine silage. Japanese Scientific Report,
v.41, p.61-68, 1973.
WALTER, W.M.; COLLINS, W.W.; PURCELL, A.E. Sweetpotato protein: a
review. Journal of Agricultural Food Chemistry, v.32, p.695-697, 1984.
WANDERLEY, P.A.; BOIÇA JÚNIOR, A.L.; WANDERLEY, M.J.A.
Resistência de cultivares de batata-doce a Euscepes postfasciatus Fairmaire
(Coleoptera: Curculionidae). Neotropical Entomology, v.33, n.3, p.371-377,
2004.
WANDERLEY, M.J.A.; SANTOS, J.M. Resistência de cultivares de batata-
doce a Meloidogyne incognita. Fitopatologia Brasileira, v.29, n.4, p.437-440,
2004.
XIAODING, G. Evaluation of sweet potato tips as green vegetables. Taiwan:
ARC Training, 1995. 9p.
24
YEH, T.P.; BOUWKAMP, J.C. Roots and vines as animal feed. In:
BOUWKAMP, J.C. (Ed.). Sweetpotato products: a natural resource for the
tropics. Boca Raton: CRC, 1985. p.235-253.
ZUOHUA, L.; ZONGHUI, L.; JIAN, H.; FEIYUN, Y.; ZHENGZE, Z.; WEN, L.
Sweetpotato roots silage for efficient feeding of weaner and finishing pigs in
China. In: FUGLIE, K.; HERMANN, M. (Ed.). Sweetpotato post-harvest
research and development in China. Bogor: CIP, 2004. p.88-99.
25
CAPÍTULO 2
1 RESUMO
MASSAROTO, João Aguilar. Produtividade de raízes e parte aérea, formato de
raízes, resistência de raízes aos insetos, e produtividade e qualidade de silagem
produzida a partir de ramas de clones de batata-doce cultivados na região sul de
Minas Gerais. In: ______. Características agronômicas e produção de
silagem de clones de batata-doce. 2008. Cap. 2, p.25-58. Tese (Doutorado em
Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.
1
Um ensaio foi realizado para avaliar o desempenho agronômico, para
produção de raízes e silagem, de vinte acessos de batata-doce, juntamente com
cinco cultivares comerciais (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia
Roxa, Canuanã e Palmas), cultivadas no período de fevereiro a agosto de 2006,
em campo aberto, no município de Ijaci, Minas Gerais. Utilizou-se o
delineamento em blocos casualizados, com três repetições, e as parcelas
compostas por dezesseis plantas. As raízes foram avaliadas quanto à
produtividade total, peso médio, produtividade comercial, peso médio de raízes
comerciais, formato e resistência aos insetos de solo. A parte aérea foi avaliada
quanto à produtividade total de matéria fresca, teor de matéria seca,
produtividade de matéria seca e produtividade de proteína bruta. As silagens de
cada clone foram avaliadas quanto a pH, teor de matéria seca e teores de
proteína bruta, fibra em detergente neutro, matéria mineral e extrato etéreo em
porcentagem da matéria seca. A cultivar Palmas e o acesso UFT-48 se
mostraram boas opções para cultivo de dupla finalidade, visando à
comercialização de raízes in natura e uso da parte aérea na alimentação animal.
Os acessos UFT-52 e UFT-112 também foram promissores para plantio de dupla
finalidade, porém, suas raízes indicadas somente para processamento industrial.
O acesso UFT-22 foi indicado somente para comercialização de raízes in natura,
enquanto os acessos UFT-02-AL, UFT-09-AL e UFT-115 foram indicados
apenas para produção de raízes para processamento. O acesso UFT-10-AL se
mostrou boa opção apenas para alimentação animal.
1
Comitê de Orientação: Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes – UFLA (Orientador), Ph.D.
Wilson Roberto Maluf - UFLA
26
CHAPTER 2
2 ABSTRACT
MASSAROTO, João Aguilar. Root and aerial part yield, form of roots,
resistance of roots to soil insects, and yield and quality of silage produced from
aerial part of sweet potato clones cultivated in the south region of Minas Gerais.
In: ______. Agronomic characteristics and silage production of sweet potato
clones. 2008. Chap. 2, p.25-58. Thesis (Doctorate in Plant Sciences) – Federal
University of Lavras, Lavras.
1
An assay was realized to evaluate the agronomic performance of twenty
sweet potato accessions, together with five commercial cultivars (Brazlândia
Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e Palmas), cultivated out
from February to August of 2006, in open field, at the municipality of Ijaci,
Minas Gerais, Brazil. The assay was realized in randomized blocks design, with
three replicates. Each parcel was composed by sixteen plants. Roots were
evaluated for total yield, average weight, commercial yield, average commercial
weight, form and resistance to soil insects. Aerial part was evaluated for total
fresh matter yield, dry matter content, dry matter yield and crude protein yield.
The silage of each clone was evaluated for pH values, dry matter content, and
contents of crude protein, neutral detergent fiber, mineral matter and ether
extract in percentage of dry matter. The cultivar Palmas and the accession UFT-
48 showed to be good options for double purpose tillage, aiming
commercialization of in natura roots and use of the aerial part for animal
feeding. Accessions UFT-52 and UFT-112 showed to be good options for
double purpose tillage too, however, roots able industrial processing. Accession
UFT-22 was indicated only for in natura roots commercialization, while
accessions UFT-02-AL, UFT-09-AL e UFT-115 were indicated only for roots
tillage for industrial processing. Accession UFT-10-AL showed to be good
option only for animal feeding.
1
Guidance Comittee: Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes – UFLA (Major professor),
Ph.D. Wilson Roberto Maluf - UFLA
27
3 INTRODUÇÃO
A batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.] é uma planta tropical, não
tolerante à geadas, de baixa exigência em fertilidade do solo e água. Cultura de
fácil cultivo, pouco exigente em tratos culturais, possui baixo custo de produção,
o que a torna importante para a agricultura familiar (Souza, 2000).
Devido à sua ampla adaptação, é cultivada entre 40º de latitude Norte e
40º de latitude Sul, principalmente nas regiões tropicais. Além de ser utilizada
na alimentação humana, pode ser utilizada na alimentação animal (Centro
Internacional de La Papa, CIP, 1998; Peters et al., 2005) e também na fabricação
de biocombustível e bioplástico (Cereda et al., 2001; Momenté et al., 2004a,b).
Mundialmente, é a sétima hortaliça mais consumida, sendo produzidas
aproximadamente 136 milhões de toneladas por ano (CIP, 2005). No Brasil, é a
quarta hortaliça em volume de produção, com média anual de 495 mil toneladas
(Brasil, 2005a,b,c), e produtividade média de 11,2 t ha
-1
, abaixo da média
mundial, de 15 t ha
-1
. A baixa produtividade não mostra o real potencial da
cultura, que pode atingir produtividades de mais de 40 t ha
-1
(Miranda et al.,
1984; Embrapa, 2006), e coloca o país na décima posição mundial na produção
de batata-doce.
Um dos principais motivos para a baixa produtividade é a utilização de
cultivares obsoletas, de baixo potencial produtivo e suscetíveis aos insetos de
solo. Como a cultura é propagada vegetativamente, principalmente através de
ramas, o uso contínuo de um mesmo material para cultivo e propagação leva ao
acúmulo sistêmico de doenças e degeneração do material. Além disso, pode-se
considerar o nível de tecnologia aquém do desejável aplicado à cultura pela
grande maioria dos produtores, contribuindo também para a baixa produtividade.
Mesmo sendo uma cultura importante para o país, principalmente pela
função social, a batata-doce é cultura ainda pouco pesquisada no Brasil,
28
principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de novas cultivares
produtivas mais adaptadas para as diferentes regiões do país (Centro Nacional de
Pesquisa de Hortaliças, CNPH, 1995). Existem muitos genótipos regionais sendo
utilizadas por produtores, constituindo importante fonte de variabilidade a ser
empregada em pesquisas com a cultura, visando desenvolver novas cultivares.
A batata-doce também pode ser utilizada na alimentação animal, fato
comum em países como a China e o Vietnã, tanto utilizando somente a parte
aérea (ramas) como se misturando parte aérea e raízes tuberosas, seja na forma
fresca ou na forma de silagem. A difusão de técnicas de silagem de batata-doce é
objetivo principal de instituições como o AVRDC (Asian Vegetable Research
and Development Center), em Taiwan (Consultative Group on International
Agricultural Research, CGIAR, 2005). No entanto, no Brasil, a utilização de
ramas de batata-doce na alimentação animal é prática pouco conhecida. Na
maioria das vezes, o produtor de batata-doce colhe as raízes e despreza a parte
aérea, descartando o material. Porém, a utilização desse material para
alimentação animal poderia aumentar a renda liquida do produtor, aproveitando
o produto gerado dentro da propriedade, tornando-o menos dependente de
insumos externos.
O objetivo deste trabalho foi avaliar clones de batata-doce quanto à
produtividade de raízes e parte aérea, formato de raízes, resistência de raízes aos
insetos, e qualidade de silagem produzida a partir de ramas.
4 MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios de campo foram conduzidos nas instalações da Estação
Experimental de Hortaliças da HortiAgro Sementes Ltda., Fazenda Palmital,
município de Ijaci, MG (altitude 920 m, 21°14´S e 45°00’W). O clima da região
29
é classificado como temperado úmido com verão quente e inverno seco, sendo
portanto do tipo Cwa na classificação de Köppen. Segundo Brasil (1992),
apresenta temperatura média anual de 19,3°C e precipitação média anual de
1529,7 mm, e umidade relativa média anual de 76,2%. As análises
bromatológicas da silagem foram realizadas no Laboratório de Análise Animal
da Universidade Federal de Lavras, MG.
Foram utilizados vinte acessos de batata-doce, além de cinco cultivares
comerciais, utilizadas como testemunhas (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada,
Brazlândia Roxa, Palmas e Canuanã). Os acessos foram gentilmente cedidos
pela Universidade Federal de Tocantins, denominados UFT-02-AL, UFT-04-AL,
UFT-08, UFT-09-AL, UFT-10-AL, UFT-14-AL, UFT-19-AL, UFT-22, UFT-
23-AL, UFT-25-AL, UFT-35-AL, UFT-36-AL, UFT-48, UFT-52, UFT-58,
UFT-100, UFT-106, UFT-112, UFT-114 e UFT-115.
A cultivares Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada e Brazlândia Roxa
apresentam raízes de formato alongado e uniforme, com produtividades de até
37 t ha
-1
, 33 t ha
-1
e 25 t ha
-1
, em cinco meses de cultivo irrigado (CNPH, 1995).
As cultivares Canuanã e Palmas apresentam raízes de formato fusiforme e
produtividades de até 23,7 t ha
-1
e 40,7 t ha
-1
, respectivamente, em cinco meses
de cultivo irrigado (Silveira et al., 1997).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados,
com vinte e cinco tratamentos e três repetições, sendo a parcela experimental
composta por 16 plantas.
O preparo do solo foi feito por meio de uma aração e duas gradagens,
após as quais foi feito o enleiramento com 0,40 m de altura. O espaçamento
entre leiras foi de 0,80 m, e a distância entre plantas dentro das leiras foi de 0,35
m. A adubação de plantio foi feita aplicando-se 100 g de formulado NPK 4-14-8
por metro de leira.
30
As ramas foram selecionadas, após multiplicação dos materiais em vasos,
e cortadas em tamanho padrão de 0,50 m de comprimento antes do plantio,
realizado em 10/02/2006. Após o plantio realizaram-se os tratos culturais,
capinas e irrigação por aspersão, sempre que necessário.
Na colheita, em 10/08/2006, foram colhidas tanto a parte aérea como as
raízes de cada planta. A parte aérea da planta foi cortada rente ao solo, e pesada
para determinação da produção. Imediatamente após a pesagem, parte das ramas
de cada parcela foi colocada em sacos de papel e pesada para determinação da
matéria fresca. Em seguida, os sacos foram colocados em estufa de ventilação
forçada, a 60º-65ºC, onde permaneceram até atingir peso constante, para
determinação da matéria seca.
Outra porção das ramas de cada parcela foi passada em picadeira
acoplada a trator, gerando partículas variando entre 1 e 2 cm, e depositadas
dentro dos silos de laboratório, para o experimento de avaliação de silagem. Para
cada parcela presente no campo foi montado um silo de laboratório, constituindo
três repetições para cada clone avaliado.
Os silos de laboratório utilizados nesse estudo seguiram o modelo
adotado por Pereira et al. (2005). São construídos em tubo de PVC com 100 mm
de diâmetro, 400 mm de profundidade para depósito da silagem e 150 mm de
profundidade para compartimento de efluentes (Figura 1), com capacidade para,
aproximadamente, 2,5 kg de silagem de batata-doce (800 kg m
-3
). Antes do
preenchimento com silagem, o compartimento para efluentes foi preenchido com
areia esterilizada. Após o preenchimento com areia, a separação entre o
compartimento para silagem e o compartimento para recolhimento de efluentes
foi feito utilizando-se uma tela de náilon de malha fina. Em seguida, as
partículas de ramas foram compactadas utilizando-se pêndulos de ferro.
Imediatamente após a compactação, os silos foram fechados com tampas de
PVC e lacrados com fita adesiva, para garantir a vedação contra o ar atmosférico.
31
FIGURA 1. Modelo de silo de laboratório utilizado para produção de silagem.
Ainda na parte superior do silo, foram instaladas válvulas conectadas a
mangueiras submersas em recipientes com água, para garantir a condição de
anaerobiose dentro dos silos (Figura 2). A abertura dos silos foi realizada após
40 dias da ensilagem.
Para as análises, foram desprezados os cinco centímetros das porções
superior e inferior da silagem, pois as mesmas são passíveis de sofrer processo
de respiração aeróbia.
32
FIGURA 2. Silos após fechamento e vedação. Ijaci, MG, 2006.
Para as raízes, foram avaliadas as seguintes características:
a) produtividade total de raízes: determinada pela pesagem do total de raízes
produzidas, sendo seus valores expressos em toneladas por hectare (t ha
-1
);
b) peso médio de raízes: determinado pela divisão da massa pelo número de
raízes produzidas, sendo o valor expresso em gramas (g);
c) produtividade de raízes comerciáveis: determinada pela pesagem das
raízes com padrão comercial, sendo os valores expressos em toneladas por
hectare (t ha
-1
);
d) peso médio de raízes comerciáveis: determinado pela divisão da massa de
raízes comerciáveis pelo número de raízes comerciáveis produzidas, sendo
o valor expresso em gramas (g);
33
e) formato de raízes comerciáveis: determinado de acordo com escala de
notas estabelecida e mostrada fotograficamente por Silveira (1993), sendo:
nota 1 para raízes de formato fusiforme, regular, sem veias ou rachaduras;
nota 2 para raízes predominantemente fusiformes, mas com alguma
desuniformidade, com possível presença de veias ou curvaturas na raiz;
nota 3 para raízes com formato irregular, não fusiforme, com algumas
veias e/ou rachaduras, mas comercialmente aceitável; nota 4 para raízes
com formato muito irregular, com rachaduras e veias; e nota 5 para raízes
deformadas, curvas, fora dos padrões comerciais, com possíveis
rachaduras e venosidades. Essa atribuição foi feita a cada raiz comerciável
de cada clone, sendo o valor final dado pela média aritmética. No presente
experimento, as raízes foram distribuídas de acordo com a Figura 3;
FIGURA 3. Notas para formato de raízes de batata-doce. Ijaci, MG, 2006.
34
f) danos causados por insetos de solo, utilizando-se escala de notas
estabelecida por França et al. (1983) e mostrada fotograficamente por
Silveira (1993), sendo a nota 1 atribuída para raízes livres de danos; nota 2
para raízes com poucos danos, porém observáveis, mas com aspecto
comercial aceitável; nota 3 para raízes com danos verificados sem muito
esforço visual, com aspecto comercial objecionável; nota 4 para raízes
com danos muito claros, abrangendo a maior parte da superfície, de
aspecto praticamente imprestável para comercialização; e nota 5 para
raízes com danos abrangendo toda a superfície, sem padrão comercial, não
aceita para consumo humano e até mesmo consumo animal. No presente
experimento, utilizando a escala de notas acima, as raízes foram
distribuídas de acordo com a Figura 4.
FIGURA 4. Notas para danos causados por insetos às raízes de batata-doce.
Ijaci, MG, 2006.
35
Para a parte aérea, foram avaliadas as seguintes características:
a) produtividade de matéria fresca: determinada pela pesagem do total de
ramas produzidas, sendo seus valores expressos em toneladas por hectare
(t ha
-1
);
b) teor de matéria seca: após a colheita da parte aérea, parte das ramas foi
pesada, colocada em sacos de papel e armazenada em estufa de ventilação
forçada, a 60º-65ºC, até atingir peso constante. O teor de matéria seca foi
obtido pela diferença entre a matéria fresca e matéria seca de ramas,
dividida pela matéria fresca, sendo seus valores expressos em
porcentagem (%);
c) produtividade de matéria seca: determinada pelo produto entre a
produtividade de matéria fresca e o teor de matéria seca, sendo seus
valores expressos em toneladas por hectare (t ha
-1
);
d) produtividade de proteína bruta: determinada pelo produto (teor de
proteína bruta da silagem x produtividade de matéria seca da parte aérea x
10), sendo seus valores expressos em quilogramas por hectare (kg ha
-1
).
Para a silagem, foram avaliadas as seguintes características:
a) pH em água: 9 g da amostra em 60 mL de água, conforme metodologia
descrita por Evangelista et al. (2004);
b) teor de matéria seca: as amostras foram colocadas em sacos de papel e
armazenadas em estufas de ventilação forçada e armazenada em estufa de
ventilação forçada, a 60º-65ºC, até atingir peso constante. O teor de
matéria seca foi obtido pela diferença entre a matéria fresca e matéria seca
de ramas, dividida pela matéria fresca, sendo seus valores expressos em
porcentagem (%);
36
c) teores de proteína bruta e matéria mineral: conforme metodologia descrita
por Association of Official Analytical Chemists, AOAC (1995), sendo
seus valores expressos em porcentagem de matéria seca (% da MS);
d) teor de extrato etéreo: extraído com éter de petróleo em extrator contínuo
de Sochslet, de acordo com metodologia descrita em AOAC (1995), sendo
seus valores expressos em porcentagem de matéria seca (% da MS);
e) teor de fibra em detergente neutro: conforme metodologia descrita em
Silva & Queiroz (2002), sendo seus valores expressos em porcentagem de
matéria seca (% da MS).
A análise estatística foi realizada por meio do programa SAS (1993). Foi
realizada a análise de variância utilizando-se o teste de F e as médias foram
agrupadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes às raízes podem ser vistos na Tabela 4. A
cultivar Palmas e o acesso UFT-08 se destacaram quanto à produtividade de
raízes, porém com valores aquém do potencial produtivo da cultura, que pode
chegar a mais de 40 t ha
-1
(Miranda et al., 1984; Embrapa, 2006). Isto talvez
possa ser atribuído à época de cultivo, com o plantio no mês de fevereiro,
quando, a partir de 60 dias da cultura implantada no campo, ou seja, no mês de
abril, ocorre queda na temperatura na região. No entanto, as produtividades
alcançadas por esses dois genótipos, acima de 26 t ha
-1
, estão muito próximas às
alcançadas em outros trabalhos realizados com a mesma finalidade, como
Cardoso et al. (2005), que obtiveram produtividade máxima de 28,5 t ha
-1
.
39
Sete acessos (UFT-04, UFT-25-AL, UFT-36-AL, UFT-106, UFT-14-AL,
UFT-10-AL e UFT-23-AL) obtiveram produtividades inferiores à média
nacional, de 11,2 t ha
-1
(Brasil, 2005a,b,c), bem como a cultivar Canuanã.
O acesso UFT-112 apresentou maior peso médio de raízes entre os
genótipos avaliados, sendo estatisticamente superior a dez acessos e a cultivar
Canuanã, sendo o único a apresentar valor para a característica acima de 400
gramas. No outro extremo, o acesso UFT-100 apresentou o menor peso médio
de raiz, com 143,0 gramas.
É importante notar que essa diferença de valores não significa
necessariamente que um acesso seja superior ao outro em produtividade, visto
que, apesar de uma diferença de aproximadamente 9 t ha
-1
, a mesma não foi
significativa. Provavelmente, o acesso UFT-112 apresenta ciclo mais precoce do
que o acesso UFT-100 e que outros com menor peso médio de raízes, o que
proporcionou maior tuberização.
O acesso UFT-08 apresentou maior produtividade de raízes comerciáveis,
juntamente com a cultivar Palmas. Cardoso et al. (2005) encontrou
produtividade comercial de raízes máxima de 21,3 t ha
-1
em ensaio de
produtividade de clones de batata-doce em Vitória da Conquista, BA. Já Peixoto
et al. (1999), em ensaio realizado em Uberlândia, encontraram produtividade
comercial variando entre 28,0 e 0,7 t ha
-1
. Nota-se, no presente trabalho, que os
clones avaliados apresentaram produtividades em uma amplitude menor,
variando entre 22,6 e 4,6 t ha
-1
. Também é importante salientar que, dos 25
clones avaliados, 11 apresentaram produtividade comercial superior à média
nacional, de 11,2 t ha
-1
(Brasil, 2005a,b,c), sendo 9 acessos e 2 cultivares.
Semelhante ao observado para peso médio de raízes, o acesso UFT-112
apresentou maior peso médio de raízes comerciais, superando todos os demais
clones. O peso médio de 889,0 gramas obtido por esse genótipo reforça a
hipótese de que o mesmo possui ciclo mais curto que os demais clones, o que
40
contribuiu para um valor tão superior, mais de 300 gramas acima do segundo
colocado (UFT-48).
A classificação comercial para raízes de batata-doce é dividida em
quatro classes: extra A, para tubérculos entre 301 e 400 gramas; extra B, para
tubérculos entre 201 e 300 gramas; especial, tubérculos entre 151 e 200 gramas;
diversos, para tubérculos entre 80 a 150 gramas, ou maiores do que 400 gramas.
Assim, deve ser ressaltado que o peso médio do acesso UFT-112 classifica-o
como “diversos” entre produtores e atacadistas, reduzindo o seu valor de
comercialização (Miranda et al., 1995). À exceção do acesso UFT-112, o peso
médio de raízes comerciáveis dos demais clones se situou entre 233,7 e 585,4
gramas. Duas cultivares (Brazlândia Roxa e Canuanã) e cinco acessos (UFT-22,
UFT-52, UFT-58, UFT-35-AL e UFT-36-AL) se enquadraram na classificação
extra A. Ainda, se enquadraram na classificação extra B os acessos UFT-09-AL,
UFT-100, UFT-25-AL, UFT-106, UFT-14-AL, UFT-10-AL e UFT-23-AL.
Analisando-se conjuntamente a produtividade total de raízes,
produtividade de raízes comerciáveis e o peso médio de raízes comerciáveis,
pode-se inferir que alguns genótipos produziram pouco por, possivelmente,
serem mais tardios. Um exemplo é a cultivar Brazlândia Roxa; apesar da
produtividade relativamente baixa (12,7 t ha
-1
), a mesma apresentou
produtividade de raízes comerciáveis de 10,6 t ha
-1
, ou seja, 83,4% de
aproveitamento, além de raízes comerciáveis de peso médio na classe extra A.
Provavelmente, com um tempo de cultivo um pouco maior, a produtividade seria
elevada.
Houve diferença significativa entre os genótipos testados, relativo ao
formato. A cultivar Brazlândia Roxa e o acesso UFT-114 apresentaram os
melhores formatos, com notas 2,27 e 2,32, respectivamente. Os acessos UFT-08,
UFT-22, UFT-23-AL e UFT-35-AL apresentaram nota média inferior a 3,0 e
muito próximas às notas das cultivares utilizadas como testemunhas,
41
caracterizando-se, juntamente com o acesso UFT-114, como promissores,
próximos ao formato fusiforme. Peixoto et al. (1999), avaliando 72 clones de
batata-doce em Uberlândia, MG, encontraram formatos próximos ao ideal, com
notas variando entre 2,00 e 2,93, corroborando com os resultados encontrados
neste trabalho. Azevedo (1995), em experimento semelhante, encontrou tanto
formatos próximos ao ideal, como diversos clones com nota média superior a
3,00, como foi o caso de quatorze clones deste ensaio.
Para resistência aos insetos de solo, os acessos UFT-112, UFT-35-AL e
UFT-09-AL apresentaram notas inferiores a 2,00, juntamente com as cultivares
Palmas, Brazlândia Roxa e Canuanã, caracterizando-os como de resistência alta
a moderada. No entanto, outros sete acessos apresentaram notas abaixo de 2,40,
valores menores do que a nota 2,51, obtida pela cultivar Brazlândia Branca,
reconhecidamente suscetível a insetos de solo (Silveira, 1993; Azevedo, 1995;
Miranda et al., 1995; Peixoto et al., 1999), tornando-os promissores para cultivo.
Baseando-se exclusivamente no teste de médias, torna-se difícil a
análise e a comparação dos clones, pois clones com médias muito diferentes não
apresentaram diferença significativa entre si, a exemplo da produtividade total
da cultivar Palmas (26,6 t ha
-1
) e o acesso UFT-35-AL (11,5 t ha
-1
).
Dessa maneira, analisando-se conjuntamente as características avaliadas,
em termos práticos, pode-se afirmar que o acesso UFT-22 é promissor para a
produção visando ao consumo in natura, pois apresentaram produtividade
comparável à melhor cultivar comercial utilizada como testemunha (Palmas),
com peso médio de raízes comerciáveis na classe extra A. Os acessos UFT-08 e
UFT-48 também são promissores, tendo o acesso UFT-08 apresentado
produtividade superior a todas elas, apesar da diferença ser não significativa.
Porém, esses acessos apresentaram peso médio de raízes acima de 400 gramas,
sendo classificados como diversos, de menor valor comercial. Provavelmente
são cultivares de ciclo menor do que seis meses e a colheita mais precoce
42
produzirá tubérculos dentro da classe extra A. Além da produtividade, os três
acessos citados apresentaram notas para formato e resistência aos insetos que os
caracterizam como boas opções para cultivo, visando ao consumo in natura.
Seguindo o mesmo raciocínio, os acessos UFT-02-AL, UFT-09-AL,
UFT-52, UFT-112 e UFT-115 apresentaram produtividade elevada e resistência
aos insetos de solo, porém, formato não desejável para a comercialização para
consumo in natura; dessa maneira, são boas opções para o produtor que deseja
destinar sua produção para finalidade industrial, uma vez que para essa
finalidade o formato não é importante, e sim, a produtividade. Os referidos
acessos obtiveram produtividades (não-significativas) abaixo somente da
cultivar Palmas, e superiores às demais cultivares.
Os acessos UFT-10-AL, UFT-14-AL, UFT-23-AL, UFT-36-AL e UFT-
106 apresentaram baixa produtividade, não sendo indicados para cultivo, seja
qual for a finalidade comercial.
Os resultados para as avaliações da parte aérea e silagens podem ser
vistos na Tabela 5. O acesso UFT-23-AL não produziu matéria aérea suficiente
para as análises, motivo pelo qual seus dados não foram disponibilizados.
Constatou-se que a produtividade de matéria fresca da parte aérea do
acesso UFT-48 foi superior às testemunhas Brazlândia Branca e Brazlândia
Roxa, bem como aos acessos UFT-22, UFT-114, UFT-100, UFT-106 e UFT-58.
Ainda, foi observado que a cultivar Brazlândia Rosada foi superior somente ao
acesso UFT-58.
Os altos coeficientes de variação observados para as características
matéria fresca e matéria seca da parte aérea são comuns em estudos dessa
natureza com a cultura da batata-doce. Resultados semelhantes foram
encontrados por Cardoso et al. (2005), em ensaio de avaliação de clones de
batata-doce em Vitória da Conquista, BA.
45
Apesar de ser mais produtivo em termos de matéria fresca da parte
aérea, o acesso UFT-48 não foi o que apresentou maior teor de matéria seca.
Nessa característica, os acessos UFT-112 e UFT-52 foram superiores somente
ao acesso UFT-22.
Normalmente, o melhor material para alimentação animal, considerando
produtividades iguais, é aquele que apresenta maior teor de matéria seca
(Andriguetto et al., 2002). No entanto, devido às produtividades de matéria
fresca diferentes, o acesso UFT-48 foi superior a cultivar Brazlândia Branca e
aos acessos UFT-22, UFT-114, UFT-106, UFT-100 e UFT-58 na produção de
matéria seca por área. Ainda, o acesso UFT-52 foi superior somente a cultivar
Brazlândia Branca e aos acessos UFT-100 e UFT-58.
O acesso UFT-48 forneceu a maior quantidade de proteína bruta por
hectare (820,8 kg ha
-1
), diferindo significativamente das cultivares Brazlândia
Branca e Brazlândia Roxa, bem como dos acessos UFT-22, UFT-58, UFT-100,
UFT-106 e UFT-114. O acesso UFT-52 diferiu dos mesmos clones do acesso
UFT-48, à exceção da cultivar Brazlândia Roxa.
Comparações entre produtividades de grãos de milho, soja e feijão
apresentadas na literatura e a produtividade de ramas de batata-doce encontradas
neste estudo, bem como produtividades de proteína bruta dessas culturas, são
mostradas na Tabela 6, tanto para níveis de média produtividade como de alta
produtividade. Pode-se observar que a cultura da batata-doce supera a
produtividade de proteína bruta de feijão, nos diferentes níveis de produtividade
apresentados. Mesmo para a cultura do milho, no melhor nível de produtividade,
a cultura da batata-doce apresenta diferença de 141,8 kg ha
-1
para proteína bruta.
Levando-se em consideração o nível de tecnologia e o gasto com insumos
aplicados em uma lavoura de milho para atingir alto nível de produtividade,
maior do que o nível de tecnologia aplicado no cultivo de batata-doce, é possível
afirmar
46
TABELA 6. Produtividade de grãos de milho, soja, feijão e ramas de batata-
doce, e suas respectivas produtividades de proteína bruta, em
diferentes níveis. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Cultura
Nível de
produtividade
grãos / ramas
(kg ha
-1
)
proteína bruta
(kg ha
-1
)
médio 06048 0544,3
milho (grãos)
(1)
alto 10695 0962,6
médio 02570 1063,0
soja (grãos)
(2)
alto 04085 1580,0
médio 02052 0417,6
feijão (grãos)
(3)
alto 03249 0679,0
médio 24800 0468,0
batata-doce
(ramas frescas)
alto 50000 0820,8
1
Extraído de Amaral Filho et al. (2005)
2
Extraído de Tanaka et al. (1995)
3
Extraído de Lemos et al. (2004)
afirmar que a batata-doce é uma promissora fonte de proteína bruta para
alimentação animal, principalmente para aqueles produtores que não dispõem de
recursos e nível tecnológico mais elevado em suas propriedades. Além da
aplicação na alimentação animal, os valores mostrados indicam que as ramas de
batata-doce também podem se constituir em ingrediente protéico na formulação
de alimentos para consumo humano.
Quanto às características bromatológicas da silagem produzida a partir
dos clones avaliados, não houve significância para pH e extrato etéreo. É
importante ressaltar que os valores encontrados de pH para todas as amostras
estão dentro do padrão ideal para silagens, que se situa entre 3,8 a 4,5 (Borges et
al., 1997; Silva & Queiroz, 2002).
Os valores de extrato etéreo variaram entre 6,1% e 11,2%. Azevedo et
al. (2006) encontraram valores de extrato etéreo variando entre 1,76% a 2,37%
em experimento semelhante, utilizando parte aérea de mandioca como produto
para ensilagem. Já Possenti et al. (2005) encontraram teores de 3,2% e 10,1%
47
para silagens de milho e girassol, respectivamente. Segundo Andriguetto et al.
(2002), um grama de lipídeos fornece 9,3 quilocalorias de energia bruta,
geralmente de alta digestibilidade, e até 32,2% da energia das rações de aves, na
forma de gordura, é bem utilizada. Uma vez que o valor de extrato etéreo reflete
o teor de lipídeos do alimento (Silva & Queiroz, 2002), os valores observados
para os clones de batata-doce os caracterizam como boas fontes para equilibrar a
energia de rações que necessitam de elevado valor energético, superando o
milho e equiparando-se ao girassol.
Para a característica teor de proteína bruta, a cultivar Palmas foi
significativamente superior aos acessos UFT-09-AL e UFT-19-AL. Já o acesso
UFT-35-AL foi superior somente ao acesso UFT-19-AL. Os demais clones não
diferiram entre si.
Avaliando silagens de híbridos de milho, sorgo e girassol, Mello &
Nörnberg (2004) obtiveram teores médios de 5,9% para milho, 4,9% de proteína
bruta em sorgo e 11,3% em girassol. Possenti et al. (2005) encontraram teores de
proteína bruta de 9,4% e 11,6%, para silagens de milho e girassol,
respectivamente, em estudo sobre parâmetros bromatológicos de silagens.
Azevedo et al. (2006) observaram teores entre 7,24% e 10,44% na silagem de
parte aérea de três cultivares de mandioca, enquanto Ítavo et al. (2000)
encontraram teor de 8,48% na silagem de bagaço de laranja. Prado et al. (2003)
observaram teor de 8,83% na silagem de resíduo industrial de abacaxi, teor
também observado por Lallo et al. (2003). Pereira et al. (2005), avaliando
silagens de três genótipos de girassol produzidas em silos experimentais
semelhantes aos utilizados neste estudo, encontraram teores médios de proteína
bruta variando entre 8,96% e 9,47%. Comparando-se os teores encontrados neste
experimento, conclui-se que os clones de batata-doce avaliados, com valores
variando entre 9,6% e 13,2%, constituem fontes promissoras de proteína bruta
48
na forma de silagem, superando o milho e sorgo, e equiparando-se ao girassol e
à mandioca.
Para a característica fibra em detergente neutro, a cultivar Brazlândia
Roxa apresentou o maior valor médio, diferindo significativamente apenas da
cultivar Brazlândia Rosada e do acesso UFT-22. Os demais clones não diferiram
entre si e também não diferiram dos clones acima citados.
A fibra em detergente neutro inclui a fração insolúvel de fibras, de
digestão lenta e incompleta, ocupando espaço no trato gastrintestinal dos
animais (Mertens, 1996). Valores elevados de fibra reduzem a qualidade da
silagem, pois limitam o consumo de matéria seca e de energia pelo animal (Rech
et al., 2007).
Em estudo sobre a degradabilidade da fibra de alguns alimentos, Cabral
et al. (2005) encontraram teores de 56,58% para silagem de milho e 75,42% para
silagem de capim-elefante. Avaliando 21 híbridos de milho para utilização como
silagem, Mittelmann et al. (2005) observaram valores de fibra em detergente
neutro variando entre 52,6% e 57,1%. Restle et al. (2000) e Neumann et al.
(2002), avaliando silagem de sorgo forrageiro, encontraram valores médios para
fibra em detergente neutro de 61,5% e 55,84%, respectivamente.
Uma vez que os teores de fibra em detergente neutro neste estudo
variaram entre 37,9% e 58,2%, e que somente sete genótipos apresentaram
teores acima de 50%, infere-se que os clones de batata-doce avaliados,
provavelmente, são superiores, em digestibilidade, quando comparados ao
milho, ao capim-elefante e ao sorgo forrageiro. Notadamente, as cultivares
Brazlândia Rosada (37,9%) e Brazlândia Branca (43,4%), e os acessos UFT-22
(38,6%), UFT-08 (41,1%), UFT-112 (43,5%) e UFT-52 (43,8%) se
apresentaram promissoras opções como silagens com baixo teor de fibras de
difícil digestão. Entretanto, para confirmar essa hipótese, será necessária a
49
realização de estudos sobre a digestibilidade in vitro ou in situ da silagem de
batata-doce.
Quanto ao teor de matéria mineral, o acesso UFT-10-AL apresentou o
maior valor médio (17,6%), diferindo dos acessos UFT-48 e UFT-112, somente.
Teores de matéria mineral de 5,8% e 14,7% foram encontrados por
Possenti et al. (2005) na avaliação de silagens de milho e sorgo,
respectivamente. Cabral et al. (2005) observaram teores de matéria mineral de
5,8% para silagem de milho e 11,18% para silagem de capim-elefante. Azevedo
et al. (2006) observaram valores de matéria mineral entre 5,66% e 6,10%, em
silagens produzidas a partir da parte aérea de três cultivares de mandioca.
Neste estudo, os clones de batata-doce avaliados apresentaram teores de
matéria mineral variando entre 12,6 e 17,6%, os quais maiores do que os
observados pelos autores citados anteriormente.
É importante ressalvar, entretanto, que o teor de matéria mineral (cinzas)
indica a riqueza do material analisado em amostras minerais, sem, no entanto,
mostrar sua composição mineral (Rech et al., 2007). O valor nutritivo da fração
mineral depende do material avaliado. Segundo Silva & Queiroz (2002), quando
se tratam de produtos vegetais, o teor de cinzas tem relativamente pouco valor,
pois seus componentes são muito variáveis; ainda, alguns desses alimentos de
origem vegetal são ricos em sílica, resultando em elevado teor de cinzas, porém,
de pobre valor nutricional.
Dessa maneira, apesar de os clones avaliados mostrarem-se promissoras
fontes de minerais, torna-se necessário o fracionamento da matéria mineral das
silagens para determinar a sua verdadeira contribuição mineral para a
alimentação animal.
Quanto ao teor de matéria seca, observou-se que todas as cultivares não
apresentaram diferenças significativas em relação aos acessos avaliados. O
acesso UFT-106, com 26,3% de matéria seca, superou os acessos UFT-52, UFT-
50
48 e UFT-09-AL que não apresentaram diferenças significativas em relação aos
demais clones.
Restle et al. (2000) observaram teor de 28,9% de matéria seca na
silagem de sorgo. Rosa et al. (2004) encontraram teor médio de matéria seca de
30,7% em silagem de diferentes híbridos de milho. Avaliando as silagens de três
genótipos de girassol produzidas em silos experimentais, Pereira et al. (2005)
observaram teores de matéria seca variando entre 22,83% e 23,84%. Já Azevedo
et al. (2006) encontraram teores de matéria seca variando entre 28,31% e
29,79% na silagem de parte aérea de mandioca, também produzida em silos
experimentais. Os acessos de batata-doce apresentaram valores menores de
matéria seca na silagem em relação a essas culturas, à exceção dos acessos UFT-
106 e UFT-114, superiores somente ao girassol, mas com valores próximos às
demais culturas.
Analisando-se conjuntamente os dados sobre ramas e silagem
apresentados, observa-se que o acesso UFT-48 é a melhor opção entre os clones
avaliados visando à alimentação animal, principalmente na forma de ramas
frescas. Na parte aérea, esse acesso apresentou a maior produtividade absoluta
de proteína bruta e de matéria fresca.
Também devem ser destacados, quanto à produtividade de proteína
bruta na parte aérea, a cultivar Brazlândia Rosada (696,2 kg ha
-1
) e os acessos
UFT-10 (737,8 kg ha
-1
), UFT-52 (798,0 kg ha
-1
) e UFT-112 (678,0 kg ha
-1
).
Além da proteína bruta, esses clones atingiram as maiores produtividades de
ramas, juntamente com o acesso UFT-48. Quanto à silagem, a cultivar
Brazlândia Rosada apresentou a menor porcentagem de fibra em detergente
neutro, importante para garantir boa digestibilidade na alimentação animal.
Apesar de os clones UFT-48 e UFT-52 apresentarem baixo percentual de
matéria seca na silagem, a alta produtividade de ramas compensa sua utilização.
51
Considerando em conjunto, para as condições em que o trabalho foi
desenvolvido, as características de raízes, ramas frescas e silagem avaliadas,
observa-se que o acesso UFT-48 apresenta vocação para cultivo de dupla
finalidade, uma vez que foi um dos melhores para a produção de raízes visando
ao consumo in natura, e para alimentação animal, seja na forma de ramas
frescas ou de silagem. A cultivar Palmas também pode ser utilizada com dupla
finalidade, ressalvando-se que o fornecimento de proteína das ramas foi de
apenas 69,2%, em comparação com o acesso UFT-48. Já o acesso UFT-22,
promissor para a comercialização de ramas in natura, não apresentou bons
resultados para alimentação animal.
Dentre os acessos UFT-02-AL, UFT-09-AL, UFT-52, UFT-112 e UFT-
115, somente os acessos UFT-52 e UFT-112 apresentaram aptidão para cultivo
de dupla finalidade, sendo as raízes destinadas à indústria e a parte aérea para
alimentação animal, tanto na forma de ramas frescas, como na forma de silagem.
Os demais acessos se prestaram somente para a produção de raízes, visando à
comercialização para processamento industrial.
O acesso UFT-10-AL se mostrou promissor apenas para utilização na
alimentação animal. Sua produtividade de raízes foi muito baixa, tornando-o não
recomendável para cultivo com essa finalidade.
Finalmente, deve-se ter em mente que essas observações estão baseadas
principalmente no comportamento das testemunhas, uma vez que, baseando-se
exclusivamente no teste de médias, tornaram-se difíceis a análise e a
comparação, pois clones com médias muito diferentes não apresentaram
diferença significativa entre si. Dessa maneira, acessos que não se mostraram
promissores para algum tipo de utilização não devem ser descartados e, sim,
submetidos a mais avaliações para a confirmação dos resultados aqui obtidos.
52
6 CONCLUSÕES
A cultivar Palmas e o acesso UFT-48 são indicados para cultivo com
dupla finalidade, visando à comercialização de raízes para consumo in natura e
à utilização da parte aérea na alimentação animal.
Os acessos UFT-52 e UFT-112 são indicados para cultivo de dupla
finalidade, visando à comercialização de raízes para processamento industrial.
O acesso UFT-22 é indicado somente para cultivo visando à
comercialização de raízes para consumo in natura.
Os acessos UFT-02-AL, UFT-09-AL, e UFT-115 são indicados apenas
para cultivo visando à comercialização de raízes para processamento industrial.
O acesso UFT-10-AL é indicado somente para alimentação animal.
A batata-doce é cultura potencial para utilização na alimentação animal,
tanto na forma de ramas frescas como na forma de silagem.
53
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL FILHO, J.P.R.; FORNASIERI FILHO, D.; FARINELLI, R.;
BARBOSA, J.C. Espaçamento, densidade populacional e adubação nitrogenada
na cultura do milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.29, p.467-473,
2005.
ANDRIGUETTO, J.M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; GEMAEL, A.;
FLEMMING, J.S.; SOUZA, G.A.; BONA FILHO, A. Nutrição animal. São
Paulo: Nobel, 2002. v.1, 395 p.
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official
methods of analysis. 16.ed. Washington, 1995. 2000p.
AZEVEDO, E.B.; NÖRNBERG, J.L.; KESSLER, J.D.; BRÜNING, G.; DAVID,
D.B.; FALKENBERG, J.R.; CHIELLE, Z.G. Silagem da parte aérea de
cultivares de mandioca. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.6, p.1902-1908,
nov./dez. 2006.
AZEVEDO, S.M. Avaliação de famílias de meios-irmãos de batata-doce
[Ipomoea batatas (L) Lam.] quanto à resistência aos nematóides do gênero
Meloidogyne e aos insetos de solo. 1995. 61p. Dissertação (Mestrado em
Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
BORGES, A.L.C.C.; GONÇALVES, L.C.; RODRIGUES, J.A.S; ZAGO, C.P.;
SAMPAIO, I.B.M. Qualidade de silagens de híbridos de sorgo de porte alto
com diferentes teores de tanino, de umidade no colmo e seus padrões de
fermentação. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo
Horizonte, v.49, n.4, p.441-452, 1997.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Normais
climatológicas: 1961-1990. Brasília, 1992. 84p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: produção de lavouras temporárias e permanentes. 2005a. Disponível em:
<ttp://www.agricultura.gov.br/ >. Acesso em: 22 abr. 2005.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: área colhida de lavouras temporárias e permanentes. 2005b. Disponível
em: <http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em: 22 abr. 2005.
54
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: produtividade média de lavouras temporárias e permanentes. 2005c.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/ >. Acesso em: 22 abr. 2005.
CABRAL, L.S.; VALADARES FILHO, S.C.; ZERVOUDAKIS, J.T.; SOUZA,
A.L.; DETMANN, E. Degradabilidade in situ da matéria seca, da proteína bruta
e da fibra de alguns alimentos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
v.40, n.8, p.777-781, ago. 2005.
CARDOSO, A.D.; VIANA, A.E.S.; RAMOS, P.A.S.; MATSUMOTO, S.N.;
AMARAL, C.L.F.; SEDIYAMA, T.; MORAIS, O.M. Avaliação de clones de
batata-doce em Vitória da Conquista. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23,
n.4, p.911-914, out./dez. 2005.
CENTRO INTERNACIONAL DE LA PAPA. Sweetpotato facts. A
compendium of key figures and analysis for 33 important sweetpotato producing
countries. Lima, 1998.
CENTRO INTERNACIONAL DE LA PAPA. CIP Sweetpotato facts.
Socioeconomic indicators. 2005. Disponível em: <http://www.cipotato.org/
market/Sweetpfacts/swtpind.htm>. Acesso em: 21 abr. 2005.
CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE HORTALIÇAS. Cultivo da
batata-doce. Brasília, 1995. 18p. (Embrapa/CNPH. Instruções Técnicas, 7).
CEREDA, M.P.; FRANCO, C.M.L.; DAIUTO, E.R.; DEMIATE, J.M.;
CARVALHO, L.J.C.B.; LEONEL, M.; VILPOUX, D.F.; SARMENTO, S.B.S.
Propriedades gerais do amido. Campinas: Fundação Cargill, 2001.
CONSULTATIVE GROUP ON INTERNATIONAL ARICULTURAL
RESEARCH. Pork and sweetpotato, please. Indonesia, 2005. 17p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivares
desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças. Disponível em:
<http://www.cnpmf.embrapa.br>. Acesso em: 25 abr. 2006.
EVANGELISTA, A.R.; ABREU, J.G.; AMARAL, P.N.C.; PEREIRA, R.C.;
SALVADOR, F.M.; SANTANA, R.A.V. Produção de silagem de capim
Marandu (Brachiaria brizantha Stapf cv. Marandu) com e sem emurchecimento.
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.28, n.2, p.443-449, mar./abr. 2004.
55
FRANÇA, F.H.; MIRANDA, J.E.C.; FERREIRA, P.E.; MALUF, W.R.
Comparação de 2 métodos de avaliação de germoplasma de batata-doce visando
resistência a pragas de solo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
OLERICULTURA, 23., 1983, Rio de Janeiro. Resumos... Rio de Janeiro: SOB,
1983. p.176.
ITAVO, L.C.V.; SANTOS, G.T.; JOBIM, C.C.; VOLTOLINI, T.V.; FARIA,
K.P.; FERREIRA, C.C.B. Composição e digestibilidade aparente da silagem de
bagaço de laranja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29. n.5, p. 1485-1490,
2000.
LALLO, F.H.; PRADO, I.N.; NASCIMENTO, W.G.; ZEOULA, L.M.;
MOREIRA, F.B.; WADA, F.Y. Níveis de substituição da silagem de milho pela
silagem de resíduos industriais de abacaxi sobre a degradabilidade ruminal em
bovinos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32. n.3, p.719-726, 2003.
LEMOS, L.B.; OLIVEIRA, R.S.; PALOMINO, E.C.; SILVA, T.R.B.
Características agronômicas e tecnológicas de genótipos de feijão do grupo
comercial Carioca. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.4,
p.319-326, abr. 2004.
MELLO, R.; NÖRNBERG, J.L. Fracionamento dos carboidratos e proteínas de
silagens de milho, sorgo e girassol. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.5,
p.1537-1542, set./out. 2004.
MERTENS, D.R. Using fiber and carbohydrate analyses to formulate dairy
rations. In: INFORMATIONAL CONFERENCE WITH DAIRY AND
FORAGE INDUSTRIES, 1996, Wisconsin. Proceedings... Wisconsin, 1996.
p.81-92.
MIRANDA, J.E.C.; FRANÇA, F.H.; CARRIJO, O.A.; SOUZA, A.F.;
AGUILAR, J.A.E. Cultivo da batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.].
Brasília: Embrapa, 1984. 7p.
MIRANDA, J.E.C.; FRANÇA, F.H.; CARRIJO, O.A.; SOUZA, A.F.;
PEREIRA, W.; LOPES, C.A.; SILVA, J.B.C. A cultura da batata-doce.
Brasília: EMBRAPA/CNPH, 1995. 94p.
56
MITTELMANN, A.; SOBRINHO, F.S. OLIVEIRA, J.S.; FERNANDES,
S.B.V.; LAJUS, C.A.; MIRANDA, M.; ZANATTA, J.C.; MOLETTA, J.L.
Avaliação de híbridos comerciais de milho para utilização como silagem na
região Sul do Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.3, p.684-690,
maio./jun. 2005.
MOMENTÉ, V.V.; RODRIGUES, S.C.S.; TAVARES, I.B.; SILVEIRA, M.A.;
SANTANA, W.R. Desenvolvimento de cultivares de batata-doce no estado do
Tocantins, visando à produção de álcool, como fonte alternativa de energia para
as condições tropicais. Horticultura Brasileira, Brasilia, v.22, n.2, jul. 2004a.
Suplemento. CD-Rom.
MOMENTÉ, V.V.; TAVARES, I.B.; RODRIGUES, S.C.S.; SILVEIRA, M.A.;
SANTANA, W.R. Seleção de cultivares de batata-doce adaptados à produção
de biomassa, via programa de melhoramento, visando à produção de álcool no
estado do Tocantins. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, jul. 2004b.
Suplemento. CD-Rom.
NEUMANN, M.; RESTLE, J.; ALVES FILHO, D.C.; BRONDANI, I.L.;
PELLEGRINI, L.G.; FREITAS, A.K. Avaliação do valor nutritivo da planta e
da silagem de diferentes híbridos de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench).
Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.1, p.293-301, 2002. Suplemento.
PEIXOTO, J.R.; SANTOS, L.C., RODRIGUES, F.A.; JULIATTI, F.C.; LYRA,
J.R.M. Seleção de clones de batata-doce resistentes à insetos de solo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.3, p.385-389, mar. 1999.
PEREIRA, L.G.R.; GONÇALVES, L.C.; TOMICH, T.R.; BORGES, I.;
RODRIGUEZ, N.M. Silos experimentais para avaliação da silagem de três
genótipos de girassol (Helianthus annuus L.). Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.57, n.5, p.690-696, out. 2005.
PETERS, D.; TINH, N.T.; THACH, P.N. Sweetpotato root silage for efficient
and labor saving pig raising in Vietnam. Disponível em:
<http://www.fao.org/DOCREP/ARTICLE/AGRIPPA/554_EN.HTM>. Acesso
em: 21 abr. 2005.
POSSENTI, R.A.; JUNIOR, E.F.; BUENO, M.S.; BIANCHINI, D.; LEINZ,
F.F.; RODRIGUES, C.F. Parâmetros bromatológicos e fermentativos das
silagens de milho e girassol. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.5, p.1185-
1189, set./out. 2005.
57
PRADO, I.N.; LALLO, F.H.; ZEOULA, L.M.; CALDAS NETO, S.F.;
NASCIMENTO, W.G.; MARQUES, J.A. Níveis de substituição da silagem de
milho pela silagem de resíduo industrial de abacaxi sobre o desempenho de
bovinos confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.3, p.737-744,
2003.
RECH, C.L.S.; XAVIER, E.G.; DEL PINO, F.A.B.; ROLL, V.F.B.; RECH, J.L.;
CARDOSO, H.B.P.; NASCIMENTO, P.V.N. Análises bromatológicas e
segurança laboratorial. Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/faem/lna/
01efe997b40767101/index.html>. Acesso em: 30 jul. 2007.
RESTLE, J.; ALVES FILHO, D.C.; BRONDANI, I.L.; FLORES, J.L.C. Palha
de soja (Glycine max) como substituto parcial da silagem de sorgo forrageiro
(Sorghum bicolor (L.) Moench) na alimentação de terneiros de corte confinados.
Ciência Rural, Santa Maria, v.30, n.2, p.319-324, 2000.
ROSA, J.R.P.; SILVA, J.H.S.; RESTLE, J.; PASCOAL, L.L.; BRONDANI, I.L.;
ALVES FILHO, D.C.; FREITAS, A.K. Avaliação do comportamento
agronômico da planta e valor nutritivo da silagem de diferentes híbridos de
milho (Zea mays L.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.2, p.302-312,
2004.
SAS Institute. SAS/STAT user’s guide: statistic. 4.ed. Cary, 1993. 943p.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e
biológicos. 3.ed. Viçosa: UFV, 2002. 235p.
SILVEIRA, M.A. Resistência de clones de batata-doce [Ipomoea batatas (L)
Lam.] quanto aos nematóides do gênero Meloidogyne e aos insetos de solo.
1993. 41p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
SILVEIRA, M.A.; AZEVEDO, S.M.; MALUF, W.R.; CAMPOS, V.P.;
MOMENTÉ, V.G. Canuanã e Palmas: novas cultivares de batata-doce
resistentes aos nematóides das galhas. Horticultura Brasileira, Brasilia, v.15,
n.2, p.122-123, nov. 1997.
SOUZA, A.B. Avaliação de cultivares de batata-doce quanto a atributos
agronómicos desejáveis. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.24, n.4, p.841-
845, out./dez. 2000.
58
TANAKA, R.T.; MASCARENHAS, H.A.A.; REGITANO-D’ARCE, M.A.B.;
GALLO, P.B. Concentração e produtividade de óleo e proteína de soja em
função da adubação potássica e da calagem. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.30, n.4, p.463-469, abr. 1995.
59
CAPÍTULO 3
1 RESUMO
MASSAROTO, João Aguilar. Caracterização de clones de batata-doce quanto à
resistência ao nematóide de galhas Meloidogyne incognita raça 1. In: ______.
Características agronômicas e produção de silagem de clones de batata-
doce. 2008. Cap. 3, p.59-73. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade
Federal de Lavras, Lavras.
1
Um ensaio foi realizado para avaliar o nível de resistência de acessos de
batata-doce, oriundos de programas de melhoramento vegetal dos estados de
Tocantins e Minas Gerais, ao nematóide de galhas Meloidogyne incognita raça 1.
Quarenta e cinco acessos, juntamente com cinco cultivares comerciais
(Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e Palmas),
foram avaliados no período de fevereiro a junho de 2006, em casa de vegetação,
no município de Ijaci, Minas Gerais. Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado, com quatro repetições. Ramas de cada genótipo foram plantadas em
bandejas de poliestireno expandido, utilizando-se como substrato Plantmax
®
,
sendo cada parcela composta por seis plantas. Dezessete dias após o plantio, foi
feita a inoculação, na proporção de 30 ovos mL
-1
de substrato. Noventa dias após
a inoculação, as ramas foram retiradas, suas raízes lavadas e coradas para a
determinação do índice de massas de ovos por sistema radicular. As cultivares
Brazlândia Branca e Palmas foram utilizadas como testemunhas para genótipo
suscetível e resistente, respectivamente. Foi observada a existência de
variabilidade entre e dentro das coleções de germoplasma. Treze acessos
apresentaram alta resistência ao nematóide de galhas, seis oriundos de Tocantins
e sete de Minas Gerais. Treze acessos apresentaram resistência, enquanto
dezesseis apresentaram moderada resistência, podendo ser utilizados como
germoplasma suplementar para a característica. Somente três acessos foram
suscetíveis ao patógeno. A cultivar Brazlândia Rosada apresentou moderada
resistência ao nematóide de galhas, contrariando resultados de suscetibilidade
apresentados na literatura científica.
1
Comitê de Orientação: Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes – UFLA (Orientador), Ph.D.
Wilson Roberto Maluf - UFLA
60
CHAPTER 3
2 ABSTRACT
MASSAROTO, João Aguilar. Characterization of sweet potato clones for
resistance to the root-knot nematode Meloidogyne incognita race 1. In: ______.
Agronomic characteristics and silage production of sweet potato clones.
2008. Chap. 3, p.59-73. Thesis (Doctorate in Plant Sciences) – Federal
University of Lavras, Lavras.
1
An experiment was realized to evaluate the resistance level of sweet
potato clones of plant breeding programs from Tocantins State and Minas Gerais
State, Brazil, to the root-knot nematode Meloidogyne incognita race 1. Forty five
accessions, together with five commercial cultivars (Brazlândia Branca,
Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Canuanã e Palmas) were evaluated out
from February to June of 2006, under greenhouse conditions, in the municipality
of Ijaci, Minas Gerais State, Brazil. The assay was realized in completely
randomized design, with four replicates. Stems of each genotype were planted in
polystyrene trays filled with commercial substrate Plantmax
®
, each parcel
composed by six plants. Seventeen days after planting, nematode egg were
inoculated, in a proportion of 30 eggs mL
-1
of substrate. Ninety days after
inoculation, the stems were collected, their radicular systems washed and
colored for accounting of egg-masses index. Cultivars Brazlândia Branca and
Palmas were used as control for susceptible and resistant genotypes, respectively.
It was observed variability among and within germoplasm collections. Thirteen
genotypes presented high resistance to the root-knot nematode, six originating
from Tocantins State and seven from Minas Gerais State. Thirteen accessions
presented resistance, while sixteen presented moderate resistance, being able to
be used as supplementary germoplasm to this characteristic. Only three
accessions were susceptible to the root-knot nematode. The cultivar Brazlândia
presented moderate resistance, being against results of susceptibility showed in
scientific literacy.
1
Guidance Comittee: Dr. Luiz Antonio Augusto Gomes – UFLA (Major professor),
Ph.D. Wilson Roberto Maluf - UFLA
61
3 INTRODUÇÃO
A batata-doce [Ipomoea batatas (L.) Lam.] é uma cultura rústica, pouco
exigente em água e fertilidade do solo. Possui ampla adaptação, sendo cultivada
em diversas regiões do país, notadamente naquelas onde predomina a agricultura
familiar, favorecida principalmente por sua baixa exigência em tratos culturais.
Apesar do seu alto potencial produtivo, de mais de 40 t ha
-1
(Miranda et
al., 1995), a produtividade comercial no Brasil ainda é muito baixa, cerca de
11,2 t ha
-1
(Brasil, 2005a,b,c). A utilização de cultivares obsoletas, suscetíveis a
doenças e insetos de solo, é uma das principais causas da baixa produtividade.
Entre as doenças, os nematóides de galhas do gênero Meloidogyne spp. são um
dos mais importantes.
Os nematóides do gênero Meloidogyne spp. penetram as raízes de batata-
doce, causando danos no sistema radicular, podendo inclusive causar a morte da
planta (Charchar, 1995). Normalmente, as fêmeas se concentram nas raízes
secundárias, onde depositam as massas de ovos, formando galhas invisíveis a
olho nu, caracterizando a planta como “falsa não-hospedeira” (Embrapa, 2004).
A grande população de fêmeas e massas de ovos nas raízes secundárias reduzem
a absorção de nutrientes e água pela planta, reduzindo a produtividade (Charchar
& Miranda, 1989; 1990; Charchar et al., 1991). Não são observadas galhas nas
raízes tuberosas, à exceção de genótipos altamente suscetíveis, o que acaba por
depreciar o valor comercial dessas variedades (Embrapa, 2004).
Devido aos seus efeitos maléficos sobre o desenvolvimento da cultura, a
utilização de cultivares resistentes aos nematóides é de fundamental importância,
visto que o controle utilizando nematicidas, além de caro, normalmente é
ineficiente e ambientalmente insustentável (McSorley et al., 1985; Noling &
Becker, 1994; McSorley & Porazinska, 2001). Vários estudos foram conduzidos
nos últimos anos para avaliar a resistência de clones de batata-doce aos
62
nematóides de galhas, principalmente para as espécies Meloidogyne javanica e
Meloidogyne incognita raças 1, 2, 3 e 4 (Huang et al., 1986; Silveira et al., 1992;
Silveira & Maluf, 1993; Azevedo, 1995; Silveira et al., 1997, Wanderley &
Santos, 2004).
O Brasil apresenta grande variabilidade de germoplasma de batata-doce,
sendo encontradas diferentes cultivares nas diversas localidades brasileiras
(Jones et al., 1986; Ritschel et al., 1999; Cardoso et al., 2005). Esses genótipos
podem se constituir em valiosas fontes de resistência, desde que sejam avaliados
sob condições representativas de cultivo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a reação de clones de batata-doce
quanto à infecção pelo nematóide de galhas Meloidogyne incognita raça 1.
4 MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram conduzidos nas instalações da Estação Experimental
de Hortaliças da HortiAgro Sementes Ltda., Fazenda Palmital, município de
Ijaci, MG.
Foram utilizados cinqüenta clones de batata-doce, sendo cinco cultivares
comerciais (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Palmas e
Canuanã), quinze acessos provenientes de programa de melhoramento vegetal
no estado de Tocantins, gentilmente cedidos pela Universidade Federal do
Tocantins (UFT), e trinta acessos provenientes de programa de melhoramento
vegetal no estado de Minas Gerais, gentilmente cedidos pela Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Os acessos provenientes do estado do Tocantins foram: UFT-02-AL,
UFT-04-AL, UFT-08, UFT-09-AL, UFT-10-AL, UFT-14-AL, UFT-25-AL,
UFT-35-AL, UFT-36-AL, UFT-48, UFT-52, UFT-58, UFT-100, UFT-106 e
63
UFT-115. Os acessos provenientes do estado de Minas Gerais foram: UFVJM-
Arruba, UFVJM-Batata Mandioca, UFVJM-Cambraia, UFVJM-Coração
Magoado, UFVJM-Espanhola, UFVJM-Licuri, UFVJM-Marmel, UFVJM-
Princesa, UFVJM-Tomba Carro, UFVJM-04, UFVJM-06, UFVJM-07, UFVJM-
11, UFVJM-12, UFVJM-14, UFVJM-15, UFVJM-24, UFVJM-25, UFVJM-31,
UFVJM-34, UFVJM-38, UFVJM-39, UFVJM-42, UFVJM-45, UFVJM-46,
UFVJM-54, UFVJM-56, UFVJM-61, UFVJM-65 e UFVJM-67.
Segundo Embrapa (2004), as cultivares Brazlândia Branca e Brazlândia
Rosada são suscetíveis ao nematóide Meloidogyne incognita raça 1, enquanto a
cultivar Brazlândia Roxa é altamente resistente; Silveira et al. (1997)
caracterizaram as cultivares Palmas e Canuanã como resistentes ao patógeno.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado,
com quatro repetições, sendo a parcela experimental composta por seis plantas.
O experimento foi implantado e conduzido em casa de vegetação.
Ramas de cada clone foram plantadas em bandejas de poliestireno expandido de
72 células, contendo unicamente substrato Plantmax
®
. Plantas de tomate,
cultivar Santa Clara, foram utilizadas como controle, para determinar o sucesso
na inoculação com nematóides.
O plantio das ramas foi realizado dia 25/02/2006. No dia 14/03/2006, o
substrato foi infestado com ovos de M. incognita raça 1, utilizando-se seringa de
uso veterinário, em uma concentração de 30 ovos mL
-1
de substrato. Os ovos de
M. incognita foram extraídos de tomateiros suscetíveis (cv Rey de los
Tempranos), conforme técnica descrita por Hussey & Baker (1973), sendo as
raízes de tomateiro processadas em liquidificador por 30 segundos, em solução
de hipoclorito a 0,5%. Em seguida, o material processado foi passado em
peneira de 500 mesh para retenção dos ovos e retirada do resíduo de hipoclorito,
e os ovos coletados em recipiente plástico. Após contagem do número de ovos
em microscópio, foi formulada a solução na concentração desejada.
64
Noventa dias após a inoculação, as plântulas foram retiradas
cuidadosamente das bandejas de poliestireno expandido e suas raízes lavadas e
submetidas à solução contendo corante bordeaux e tartrazina (Q.refresco
®
morango), segundo metodologia descrita por Rocha et al. (2005), para coloração
de massas de ovos. A reação dos clones ao nematóide foi determinada por meio
de metodologia descrita por Huang et al. (1986). Inicialmente, notas entre 1 e 5
foram atribuídas para quantificar o número de massas de ovos em todo o sistema
radicular de cada planta/repetição e determinar o índice de massas de ovos, da
seguinte maneira: nota 1 para raízes sem massas de ovos; nota 2 para raízes
apresentando entre 1 e 5 massas de ovos; nota 3 para raízes apresentando entre 6
e 15 massas de ovos; nota 4 para raízes apresentando entre 16 e 30 massas de
ovos; nota 5 para raízes apresentando mais de 30 massas de ovos. A reação dos
clones ao nematóide foi, então, determinada com base na média de índices de
massas de ovos das repetições, de acordo com a seguinte classificação:
altamente resistentes (AR) – clones apresentando médias de índice de massas de
ovos entre 1,00 e 1,80; resistentes (R) – clones apresentando médias de índice de
massas de ovos entre 1,81 e 2,60; moderadamente resistentes (MR) – clones
apresentando médias de índice de massas de ovos entre 2,61 e 3,40; suscetíveis
(S) – clones apresentando médias de índice de massas de ovos entre 3,41 e 4,20;
altamente suscetíveis (AS) – clones apresentando médias de índice de massas de
ovos entre 4,21 e 5,00 (Huang et al., 1986).
Os índices de massas de ovos obtidos foram submetidos à análise
estatística, pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade, por meio do programa
estatístico SAS (1993). Foram utilizadas como testemunhas as cultivares Palmas
e Brazlândia Branca, respectivamente, como padrão de genótipo resistente e
suscetível quanto à reação ao nematóide M. incognita. Os resultados obtidos
foram comparados com a classificação obtida pelo índice de massas de ovos,
conforme Huang et al. (1986).
65
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os índices médios de massas de ovos de M. incognita raça 1 por sistema
radicular dos clones avaliados, bem como os resultados da análise estatística
comparativa, podem ser observados na Tabela 7. Foram constatados desde
genótipos altamente resistentes até genótipos suscetíveis, indicando a existência
de variabilidade genética, caracterizando a grande variabilidade genética
encontrada no Brasil para a batata-doce (Ritschel et al., 1999).
Entre as testemunhas, somente a cultivar Brazlândia Rosada apresentou
reação ao patógeno controversa aos relatos citados na literatura. Em trabalho
realizado por Embrapa (2004), utilizando também a metodologia de Huang et al.
(1986) para determinar a reação de acessos de batata-doce aos nematóides de
galhas, a cultivar Brazlândia Rosada é relatada como suscetível a M. incognita
raça 1; porém, neste trabalho, os resultados apontaram que a mesma é
moderadamente resistente. Esta evidência é reforçada pelo fato de a diferença
entre médias das cultivares Brazlândia Rosada e Palmas ser não significativa.
Os acessos provenientes de Tocantins apresentaram reação ao patógeno
variando entre moderada a alta resistência. Destes, seis se mostraram altamente
resistentes pelo índice de massas de ovos (UFT-02-AL, UFT-04-AL; UFT-09-
AL, UFT-14-AL, UFT-35-AL e UFT-36-AL), concordando com a diferença
significativa de suas médias em relação à cultivar Brazlândia Branca. Quatro
acessos (UFT-08, UFT-10-AL, UFT-25-AL e UFT-100) foram resistentes,
apresentando diferença de médias não significativas para as duas cultivares
testemunhas. Dos cinco acessos que apresentaram resistência moderada (UFT-
48, UFT-52, UFT-58, UFT-106 e UFT-115), apenas o acesso UFT-115
apresentou diferença de médias não significativa em relação à cultivar Palmas, o
que
66
TABELA 7. Médias de índice de massas de ovos, nível de reação e comparação
das médias de índice de massas de ovos com cultivar suscetível
(Brazlândia Branca) e resistente (Palmas) ao Meloidogyne
incognita raça 1, para clones de batata-doce, 90 dias após a
inoculação. Ijaci, MG, 2006.
Clones
Índice de
massas de
ovos
Nível de
resistência
T >
B. Branca
T >
Palmas
Brazlândia Branca 3,56 S ------ **
Brazlândia Rosada 2,73 MR ns ns
Brazlândia Roxa 1,79 AR ** ns
Canuanã 2,58 R ns ns
Palmas 1,48 AR ** ------
UFT-02-AL 1,79 AR ** ns
UFT-04-AL 1,33 AR ** ns
UFT-08 2,33 R ns ns
UFT-09-AL 1,25 AR ** ns
UFT-10-AL 2,20 R ns ns
UFT-14-AL 1,12 AR ** ns
UFT-25-AL 2,17 R ns ns
UFT-35-AL 1,33 AR ** ns
UFT-36-AL 1,33 AR ** ns
UFT-48 3,39 MR ns **
UFT-52 3,00 MR ns *
UFT-58 3,11 MR ns **
UFT-100 2,48 R ns ns
UFT-106 3,22 MR ns **
UFT-115 3,00 MR ns ns
UFVJM-Arruba 1,83 R * ns
UFVJM-B. Mandioca 2,31 R ns ns
UFVJM-Cambraia 3,37 MR ns **
UFVJM-C. Magoado 1,20 AR ** ns
UFVJM-Espanhola 2,59 R ns ns
UFVJM-Licuri 2,78 MR ns *
UFVJM-Marmel 3,67 S ns **
UFVJM-Princesa 3,20 MR ns **
UFVJM-Tomba Carro 2,50 R ns ns
UFVJM-04 3,82 S ns **
UFVJM-06 2,11 R * ns
UFVJM-07 2,51 R ns ns
...continua...
67
TABELA 7, Cont.
UFVJM-11 2,87 MR ns *
UFVJM-12 3,58 S ns **
UFVJM-14 1,72 AR ** ns
UFVJM-15 1,53 AR ** ns
UFVJM-24 2,69 MR ns ns
UFVJM-25 3,12 MR ns **
UFVJM-31 1,42 AR ** ns
UFVJM-34 1,83 R ** ns
UFVJM-38 1,99 R ** ns
UFVJM-39 1,69 AR ** ns
UFVJM-42 1,29 AR ** ns
UFVJM-45 1,57 AR ** ns
UFVJM-46 3,01 MR ns **
UFVJM-54 3,18 MR ns **
UFVJM-56 2,77 MR ns *
UFVJM-61 2,90 MR ns *
UFVJM-65 3,33 MR ns **
UFVJM-67 2,39 R ns ns
T – probabilidade das médias dos tratamentos serem diferentes das médias das testemunhas
* e ** significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste de Dunnett.
que pode indicar que, apesar de ser classificado como moderadamente resistente,
o acesso pode possuir nível de resistência um pouco mais elevado do que os
demais clones que apresentaram resistência moderada.
Para os acessos originados de Minas Gerais, foram observadas reações
variando entre suscetibilidade e alta resistência. Dos trinta acessos avaliados,
sete apresentaram alta resistência pelo índice de massas de ovos (UFVJM-
Coração Magoado, UFVJM-14, UFVJM-15, UFVJM-31, UFVJM-39, UFVJM-
42 e UFVJM-45) e, assim como ocorrido para os acessos originados de
Tocantins, apresentaram diferença altamente significativa de suas médias em
relação à cultivar Brazlândia Branca. Nove acessos se mostraram resistentes
(UFVJM-Arruba, UFVJM-Batata Mandioca, UFVJM-Espanhola, UFVJM-
Tomba Carro, UFVJM-06, UFVJM-07, UFVJM-34, UFVJM-38 e UFVJM-67),
68
tendo os acessos UFVJM-Arruba, UFVJM-06, UFVJM-34 e UFVJM-38
apresentado diferenças de médias significativas em relação à cultivar Brazlândia
Branca, o que pode ser indício de maior nível de resistência destes acessos em
relação aos demais resistentes. Os acessos UFVJM-Cambraia, UFVJM-Licuri,
UFVJM-Princesa, UFVJM-11, UFVJM-24, UFVJM-25, UFVJM-46, UFVJM-
54, UFVJM-56, UFVJM-61 e UFVJM-65 apresentaram resistência moderada,
tendo somente o acesso UFVJM-24 apresentado diferença de médias não
significativa para a cultivares Palmas. Os três acessos que se mostraram
suscetíveis (UFVJM-Marmel, UFVJM-04 e UFVJM-12) obtiveram diferença de
médias altamente significativas em relação à cultivar Palmas, corroborando o
nível de resistência apresentado pelo índice de massas de ovos.
É importante observar que os resultados observados na aplicação do
teste de Dunnett para a comparação entre as médias de índice de massas de ovos
confirmaram a maior parte das reações ao M. incognita raça 1 conferidos pela
escala de notas utilizada na metodologia de Huang et al. (1986). Todos os clones
classificados como altamente resistentes (AR) apresentaram diferença altamente
significativa de médias em relação à cultivar Brazlândia Branca, padrão de
suscetibilidade adotado para a cultura. À exceção dos acessos UFVJM-Arruba,
UFVJM-06, UFVJM-34 e UFVJM-38, outros dez clones classificados como
resistentes (R) apresentaram diferenças de médias não significativas tanto para a
cultivar Brazlândia Branca como para a cultivar Palmas, esta última foi adotada
como padrão de resistência para a cultura, uma vez que não foi detectado, até o
momento, genótipo de batata-doce imune ao patógeno. Dos dezessete clones
classificados como moderadamente resistentes (MR), apenas a cultivar
Brazlândia Rosada e os acessos UFT-15 e UFVJM-24 apresentaram diferenças
de médias não significativas para as cultivares testemunhas; os demais
apresentaram diferença significativa ou altamente significativa quando
comparadas à cultivar Palmas. Quanto aos quatro clones classificados como
69
suscetíveis (S), todos apresentaram diferenças de médias altamente
significativas, quando comparados à cultivar Palmas.
Dessa maneira, pode-se afirmar que o teste de Dunnett pode ser utilizado
como recurso adicional para avaliar a reação de genótipos de batata-doce aos
nematóides de galhas.
70
6 CONCLUSÕES
Existe variabilidade genética quanto à reação ao nematóide de galhas
Meloidogyne incognita raça 1, entre e dentro das coleções de germoplasma
avaliadas.
As cultivares Palmas e Brazlândia Roxa, e os acessos UFT-02-AL,
UFT-04-AL, UFT-09-AL, UFT-14-AL, UFT-35-AL, UFT-36-AL, UFVJM-
Coração Magoado, UFVJM-14, UFVJM-15, UFVJM-31, UFVJM-39, UFVJM-
42 e UFVJM-45 são altamente resistentes, caracterizando promissoras fontes de
resistência à Meloidogyne incognita raça 1.
A cultivar Canuanã e os acessos UFT-08, UFT-10-AL, UFT-25-AL,
UFT-100, UFVJM-Arruba, UFVJM-Batata Mandioca, UFVJM-Espanhola,
UFVJM-Tomba Carro, UFVJM-06, UFVJM-07, UFVJM-34, UFVJM-38 e
UFVJM-67 são resistentes ao Meloidogyne incognita raça 1.
A cultivar Brazlândia Rosada e os acessos UFT-48, UFT-52, UFT-58,
UFT-106, UFT-115, UFVJM-Cambraia, UFVJM-Licuri, UFVJM-Princesa,
UFVJM-11, UFVJM-24, UFVJM-25, UFVJM-46, UFVJM-54, UFVJM-56,
UFVJM-61 e UFVJM-67 são moderadamente resistentes ao Meloidogyne
incognita raça 1, podendo ser utilizados como fonte suplementar de resistência
em programa de melhoramento vegetal.
A cultivar Brazlândia Branca e os acessos UFVJM-Marmel, UFVJM-04,
UFVJM-12 são suscetíveis ao Meloidogyne incognita raça 1.
71
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, S.M. Avaliação de famílias de meios-irmãos de batata-doce
[Ipomoea batatas (L) Lam.] quanto à resistência aos nematóides do gênero
Meloidogyne e aos insetos de solo. 1995. 61p. Dissertação (Mestrado em
Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: produção de lavouras temporárias e permanentes. 2005a. Disponível em:
<http://www.agricultura.gov.br/ >. Acesso em: 22 abr. 2005.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: área colhida de lavouras temporárias e permanentes. 2005b. Disponível
em: <http://www.agricultura.gov.br/ >. Acesso em: 22 abr. 2005.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Culturas -
Brasil: produtividade média de lavouras temporárias e permanentes. 2005c.
Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/ >. Acesso em: 22 abr. 2005.
CARDOSO, A.D.; VIANA, A.E.S.; RAMOS, P.A.S.; MATSUMOTO, S.N.;
AMARAL, C.L.F.; SEDIYAMA, T.; MORAIS, O.M. Avaliação de clones de
batata-doce em Vitória da Conquista. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23,
n.4, p.911-914, out./dez. 2005.
CHARCHAR, J.M. Meloidogyne em hortaliças. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE NEMATOLOGIA TROPICAL; CONGRESSO DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEMATOLOGIA, 19.; ENCONTRO
ANNUAL DA ORGANIZAÇÃO DOS NEMATOLOGISTAS DA AMÉRICA
TROPICAL, 27., 1995, Rio Quente. Programa e Anais… Rio Quente:
SBN/ONTA, 1995. p.149-153.
CHARCHAR, J.M.; MIRANDA, J.E.C. Seleção de clones de batata-doce para
resistência à nematóide de galhas (Meloidogyne spp.). Horticultura Brasileira,
Brasília, v.7, n.1, p.49, 1989. Resumo.
CHARCHAR, J.M.; MIRANDA, J.E.C. Seleção de clones de batata-doce para
resistência à nematóide de galhas Meloidogyne spp. Fitopatologia Brasileira,
Brasília, v.15, n.2, p.130, 1990. Resumo.
72
CHARCHAR, J.M.; MIRANDA, J.E.C.; GONÇALVES, C.R.; MEDEIROS,
J.G. Seleção de clones de batata-doce para resistência à nematóide de galhas
Meloidogyne spp. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.16, n.2, p.130, 1991.
Resumo.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Avaliação do
banco de germoplasma de batata-doce da Embrapa hortaliças para
resistência a Meloidogyne spp. Brasília, 2004. 28 p. (Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, 3).
HUANG, S.P.; MIRANDA, J.E.C.; MALUF, W.R. Resistance to root-knot
nematodes in a Brazilian sweet potato collection. Fitopatologia Brasileira, v.11,
n.4, p.761-767, 1986.
HUSSEY, R.S.; BARKER, K.R. A comparison of methods of collecting inocula
of Meloidogyne spp. including a new technique. Plant Disease Reporter,
Washington, v.57, n.12, p.1025-1028, Dec. 1973.
JONES, A.; DUKES, P.D.; SCHALK, J.M. Sweet potato breeding. In: BASSET,
M.J. (Ed.). Breeding vegetable crops. Westport: AVI, 1986. p.1-35.
McSORLEY, R.; McMILLAN, R.T.; PARRADO, J.L. Soil fumigants for
tomato production on Rockdale soils. Proceedings of the Florida State
Horticulture Society, v.98, p.232-237, 1985.
McSORLEY, R.; PORAZINSKA, D.L. Elements of sustainable agriculture.
Nematropica, v.31, n.1, p.1-9, 2001.
MIRANDA, J.E.C.; FRANÇA, F.H.; CARRIJO, O.A.; SOUZA, A.F.;
PEREIRA, W.; LOPES, C.A.; SILVA, J.B.C. A cultura da batata-doce.
Brasília: EMBRAPA/CNPH, 1995. 94p.
NOLING, J.W.; BECKER, J.O. The challenge of research and extension to
define and implement alternatives to methyl bromide. Supplement of the
Journal of Nematology, v.26, p.573-586, 1994.
RITSCHEL, P.S.; HUAMAN, Z.; LOPES, C.A.; MENEZES, J.E.; TORRES,
A.C. Catálogo de germoplasma de batata-doce. Brasília: CNPH, 1999. 47 p.
(Embrapa Hortaliças. Documentos, 23).
73
ROCHA, F.S.; MUNIZ, M.F.S.; CAMPOS, V.P. Coloração de fitonematóides
com corantes usados na indústria alimentícia brasileira. Nematologia
Brasileira, v.29, n.2, p.293-297, 2005.
SAS Institute. SAS/STAT user’s guide: statistic. 4.ed. Cary: 1993. 943p.
SILVEIRA, M.A.; AZEVEDO, S.M.; MALUF, W.R.; CAMPOS, V.P.;
MOMENTÉ, V.G. Canuanã e Palmas: novas cultivares de batata-doce
resistentes aos nematóides das galhas. Horticultura Brasileira, Brasilia, v.15,
n.2, p.122-123, nov. 1997.
SILVEIRA, M.A.; MALUF, W.R. Resistência de clones de batata-doce à
Meloidogyne spp. Horticultura Brasileira, Brasília, v.11, n.2, p.131-133, 1993.
SILVEIRA, M.A.; MALUF, W.R.; CAMPOS, V.P. Avaliação da resistência à
Meloidogyne javanica em uma coleção de clones de batata-doce. Nematologia
Brasileira, Piracicaba, v.6, n.1-2, p.98, 1992. Resumo.
WANDERLEY, M.J.A.; SANTOS, J.M. Resistência de cultivares de batata-
doce a Meloidogyne incognita. Fitopatologia Brasileira, v.29, n.4, p.437-440,
2004.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo