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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO
CENTRO DE RECURSOS HÍDRICOS E ECOLOGIA APLICADA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ENGENHARIA AMBIENTAL
Juliana Berninger da Costa
AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE EFLUENTE DE
TRATAMENTO SECUNDÁRIO DE ESGOTO SANITÁRIO APÓS
DESINFECÇÃO COM ÁCIDO PERACÉTICO, CLORO, OZÔNIO E
RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA.
Tese apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos,
da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Doutor em Ciências da
Engenharia Ambiental
ORIENTADOR: Prof. Dr. Evaldo Luiz Gaeta Espíndola
São Carlos – SP
2007
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Costa, Juliana Berninger da
C838a Avaliação ecotoxicológica de efluente de tratamento
secundário de esgoto sanitário após desinfecção com ácido
peracético, cloro, ozônio e radiação ultravioleta /
Juliana B
erninger da Costa ; orientador Evaldo Luiz Gaeta
Espíndola. –- São Carlos, 2007.
Tese (Doutorado) - Programa de Pós-
Graduão e Área de
Concentração em Ciências da Engenharia Ambiental --
Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de o
Paulo.
1. Esgotos sanitários. 2. Toxidade. 3. Desinfecção. 4.
Ácido peracético. 5. Cloro. 6. Ozônio. 7. Radiação
ultravioleta. I. Título.
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i
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão deste trabalho.
À minha família, que sempre me incentivou e sempre apoiou as minhas escolhas
profissionais e pessoais.
Ao meu marido e à minha filha, simplesmente por existirem.
Aos meus amigos que, apesar de muitas vezes não estarem fisicamente próximos a mim,
sempre estiveram no meu coração.
Ao meu orientador, que me apoiou em mais uma empreitada.
Ao Prof. Luiz Antônio Daniel, pela co-orientação “extra-oficial”.
Aos membros da banca examinadora, Profa. Odete Rocha, Profa. Ana Teresa Lombardi,
Prof. Luiz Daniel e Porf. Roque Passos Piveli, pelas críticas e sugestões.
À Clarisse, pelas conversas, discussões e amizade.
À Jeanette, Patrícia e Luci, pela grande ajuda na fase experimental deste estudo.
À CAPES, pela bolsa concedida.
Aos funcionários do DAAE de Araraquara, que sempre foram bastante prestativos durante
as coletas na ETE-Araraquara.
Aos funcionários do CHREA, em especial ao Amândio e ao Marcelo, que foram essenciais
para o desenvolvimento deste estudo.
Aos funcionários do Departamento de Hidráulica e Saneamento, em especial ao Paulo e à
Luci, pela ajuda nas análises de algumas amostras.
ii
iii
RESUMO
COSTA, J. B. (2007). AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE EFLUENTE DE
TRATAMENTO SECUNDÁRIO DE ESGOTO SANITÁRIO APÓS DESINFECÇÃO COM
ÁCIDO PERACÉTICO, CLORO, OZÔNIO E RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA.
São Carlos, 2007.
178p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
Neste estudo foi avaliado o potencial tóxico de diferentes desinfetantes (cloro, ácido
peracético, radiação ultravioleta e ozônio) utilizados na desinfecção de esgotos sanitários. Para
tanto, foram realizados ensaios de desinfecção (em diversas concentrações e tempos de contato)
com o esgoto doméstico originário da Estação de Tratamento de Esgotos da cidade de Araraquara
(SP) e, posteriormente, ensaios de toxicidade a fim de verificar possíveis efeitos agudos e crônicos
nos seguintes organismos-teste: Daphnia similis, Ceriodaphnia silvestrii, Chironomus xanthus,
Danio rerio e Allium cepa. Todos os desinfetantes, nas condições experimentais testadas, foram
capazes de produzir efeitos deletérios aos organismos-teste utilizados nesta pesquisa. O cloro foi
considerado o desinfetante mais tóxico, sendo seguido pelo ozônio, ácido peracético e radiação UV.
Verificou-se ainda que quando o efluente o desinfetado foi tóxico aos organismos-alvo, sua
toxidez foi potencializada com a adição dos diferentes agentes desinfetantes. Os resultados obtidos
neste estudo sugerem que a utilização do cloro para desinfecção de esgotos sanitários, sem prévia
descloração, deve ser revista, em face da eficiência satisfatória de inativação de bactérias
proporcionada por outros agentes de desinfecção potencialmente menos tóxicos (tais como o ácido
peracético e a radiação UV).
Palavras-chave: Toxicidade, desinfecção, ácido peracético, cloro, ozônio, radiação ultravioleta.
iv
v
ABSTRACT
COSTA, J. B. (2007). ECOTOXICOLOGICAL EVALUATION OF WASTEWATER
SECONDARY EFFLUENT DISINFECTED WITH PERACETIC ACID, CHLORINE, OZONE
AND ULTRAVIOLET RADIATION. São Carlos, 2007. 178p. Tese (Doutorado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
In this study, it was evaluated the toxic potential of different disinfectant agents (chlorine,
peracetic acid, ultraviolet radiation and ozone) used in the disinfection of urban wastewater. For so
much, disinfection assays were accomplished (in several concentrations and contact times) with the
domestic sewage from Araraquara city (SP) and toxicity bioassays were developed in order to
verify possible acute and chronic effects in the following test-organisms: Daphnia similis,
Ceriodaphnia silvestrii, Chironomus xanthus, Danio rerio and Allium cepa. All the disinfectants, in
the tested experimental conditions, were capable to produce harmful effects to the test-organisms
used in this research. Chlorine was considered the most toxic disinfectant, being followed by ozone,
peracetic acid and UV radiation. It was noticed that when the effluent, by itself, was toxic to the
test-organism, its toxicity was increased with the different disinfecting agents' addition. The results
obtained in this study suggest that the use of chlorine as a wastewater disinfectant, without previous
dechlorination, should be reviewed, because it was observed that other disinfection agents (such as
peracetic acid and UV radiation) were able to promote satisfactory levels of bacteria inactivation for
potentially less toxicity.
Keywords: Toxicity, disinfection, peracetic acid, chlorine, ozone, ultraviolet radiation.
vi
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CE50 Concentração Efetiva Média
CENO Concentração de Efeito Não Observado
CEO Concentração de Efeito Observado
CL50 Concentração Letal Média
COT Carbono Orgânico Total
DAAE Departamento Autônomo de Água e Esgotos
DBO
5
Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
ETE Estação de Tratamento de Esgotos
LD Limite de Detecção
LQ Limite de Quantificação
NTK Nitrogênio Total K
jeldhal
OD Oxigênio Dissolvido
PAA Ácido Peracético
pH Potencial hidrogeniônico
SDF Sólidos Dissolvidos Fixos
SDT Sólidos Dissolvidos Totais
SDV Sólidos Dissolvidos Voláteis
SSF Sólidos em Suspensão Fixos
SST Sólidos em Suspensão Totais
SSV Sólidos em Suspensão Voláteis
ST Sólidos Totais
STF Sólidos Totais Fixos
STV Sólidos Totais Voláteis
THM Trihalometano
UGRHI Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos
UV Ultravioleta
viii
ix
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS------------------------------------------------------------------------------------------ i
RESUMO-------------------------------------------------------------------------------------------------------- iii
ABSTRACT------------------------------------------------------------------------------------------------------ v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS----------------------------------------------------------------- vii
SUMÁRIO------------------------------------------------------------------------------------------------------- ix
1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------------- 13
1.1. Desinfecção ----------------------------------------------------------------------------------------------- 17
1.1.1 Cloro ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 21
1.1.2 Ozônio ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
1.1.3 Ácido Peracético----------------------------------------------------------------------------------------- 26
1.1.4 Radiação Ultravioleta ----------------------------------------------------------------------------------- 27
1.2 Toxicologia------------------------------------------------------------------------------------------------- 29
2. JUSTIFICATIVA ------------------------------------------------------------------------------------------ 32
3. OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------------------------ 35
4. HIPÓTESE DO TRABALHO ---------------------------------------------------------------------------- 35
5. MATERIAIS E MÉTODOS ------------------------------------------------------------------------------ 36
5.1. Área de coleta --------------------------------------------------------------------------------------------- 36
5.2. Coleta, transporte e estocagem das amostras --------------------------------------------------------- 40
5.3. Variáveis hidrológicas da ETE – Araraquara: vazão ------------------------------------------------ 40
5.4. Variáveis químicas, físicas e bacteriológicas do esgoto--------------------------------------------- 40
5.4.1. Nutrientes ----------------------------------------------------------------------------------------------- 41
5.4.2. Sulfetos -------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
5.4.3. Sulfatos -------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
5.4.4. Cloretos -------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
5.4.5. Metais ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
5.4.6 Sólidos totais, sólidos em suspensão totais e sólidos dissolvidos totais ------------------------- 43
5.4.7 Demanda Bioquímica de Oxigênio ------------------------------------------------------------------- 44
5.4.8 Demanda Química de Oxigênio ----------------------------------------------------------------------- 44
5.4.9 Carbono Orgânico Total ------------------------------------------------------------------------------- 44
5.4.10 Oxigênio Dissolvido ---------------------------------------------------------------------------------- 44
5.4.11 Alcalinidade -------------------------------------------------------------------------------------------- 44
5.4.12 Dureza --------------------------------------------------------------------------------------------------- 45
5.4.13 Potêncial Hidrogeniônico ----------------------------------------------------------------------------- 45
5.4.14 Condutividade------------------------------------------------------------------------------------------ 45
x
5.4.15 Absorbância a 254 nm -------------------------------------------------------------------------------- 45
5.4.16 Análises de Trihalometanos -------------------------------------------------------------------------- 45
5.4.17 Exames bacteriológicos ------------------------------------------------------------------------------- 46
5.5 Ensaios de desinfecção ----------------------------------------------------------------------------------- 46
5.5.1 Desinfecção com ácido peracético -------------------------------------------------------------------- 47
5.5.2 Desinfecção com radiação ultravioleta--------------------------------------------------------------- 47
5.5.3 Desinfecção com cloro --------------------------------------------------------------------------------- 51
5.5.4 Desinfecção com ozônio ------------------------------------------------------------------------------- 52
5.5.5 Eficência de desinfecção ------------------------------------------------------------------------------- 56
5.6 Bioensaios -------------------------------------------------------------------------------------------------- 57
5.6.1 Daphnia similis ----------------------------------------------------------------------------------------- 58
5.6.1.1 Manutenção das culturas de D. similis ------------------------------------------------------------- 59
5.6.1.2 Bioensaios de toxicidade aguda com amostras de esgoto utilizando D. similis como
organismo-teste------------------------------------------------------------------------------------------------- 59
5.6.2 Ceriodaphnia silvestrii --------------------------------------------------------------------------------- 59
5.6.2.1 Manutenção das culturas de C. silvestrii ----------------------------------------------------------- 60
5.6.2.2 Bioensaios de toxicidade crônica com amostras de esgoto utilizando C. silvestrii como
organismo-teste------------------------------------------------------------------------------------------------- 61
5.6.3 Chironomus xanthus ------------------------------------------------------------------------------------ 61
5.6.3.1 Manutenção das culturas de C. xanthus ------------------------------------------------------------ 62
5.6.3.2 Bioensaios de toxicidade crônica com amostras de esgoto utilizando C. xanthus como
organismo-teste------------------------------------------------------------------------------------------------- 63
5.6.4 Danio rerio ---------------------------------------------------------------------------------------------- 63
5.6.4.1 Manutenção dos organismos em laboratório------------------------------------------------------ 64
5.6.4.2 Bioensaios de toxicidade aguda com amostras de esgoto utilizando D. reiro como
organismo-teste------------------------------------------------------------------------------------------------- 64
5.6.5 Allium cepa ---------------------------------------------------------------------------------------------- 65
5.6.5.1 Obtenção dos organismos --------------------------------------------------------------------------- 66
5.6.5.2 Bioensaios de toxicidade aguda com amostras de esgoto utilizando A. cepa como
organismo-teste ------------------------------------------------------------------------------------------------ 66
5.6.6 Bioensaios de toxicidade com cloro, ácido peracético e radiação ultravioleta ----------------- 67
5.6.7 Teste de sensibilidade à substâncias de referência ------------------------------------------------- 68
5.6.8 Análises de dados dos bioensaios com amostras de esgoto --------------------------------------- 69
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ------------------------------------------------------------------------ 71
xi
6.1 Caracterização física, química e bacteriológica do esgoto bruto e tratado da ETE Araraquara:
Coleta preliminar ---------------------------------------------------------------------------------------------- 71
6.1.1 Avaliação ecotoxicológica do esgoto bruto e tratado da ETE – Araraquara: Coleta preliminar -
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 78
6.2 Variabilidade temporal das características físicas, químicas e bacteriológicas do esgoto tratado
da ETE – Araraquara------------------------------------------------------------------------------------------- 82
6.2.1 Avaliação ecotoxicológica do esgoto tratado da ETE – Araraquara------------------------------ 87
6.3 Ensaios de desinfecção ----------------------------------------------------------------------------------- 90
6.3.1 Desinfecção com ácido peracético -------------------------------------------------------------------- 90
6.3.2 Desinfecção com radiação ultravioleta --------------------------------------------------------------- 96
6.3.2.1 Ensaio para a determinação da intensidade média de radiação UV incidente ---------------- 96
6.3.2.2 Ensaio de desinfecção com radiação UV ---------------------------------------------------------- 97
6.3.3 Desinfecção com ozônio ------------------------------------------------------------------------------ 104
6.3.4 Desinfecção com cloro -------------------------------------------------------------------------------- 107
6.3.5 Avaliação Ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção ---------------- 113
6.3.5.1 Avaliação Ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção – 1ª bateria-----
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 114
6.3.5.2 Avaliação Ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção – 2ª bateria ----
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 118
6.3.5.3 Avaliação Ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção – 3ª bateria ----
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 121
6.4 Bioensaios de toxicidade com cloro, ácido peracético e radiação ultravioleta ------------------ 133
6.4.1 Bioensaio de toxicidade com ácido peracético ---------------------------------------------------- 133
6.4.2 Bioensaio de toxicidade com radiação UV --------------------------------------------------------- 135
6.4.3 Bioensaio de toxicidade com cloro ------------------------------------------------------------------ 135
6.5 Testes de sensibilidade à substâncias de referências ------------------------------------------------ 137
7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------- 142
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -------------------------------------------------------------------- 144
ANEXO I – Tabelas ----------------------------------------------------------------------------------------- 155
ANEXO II – Figuras ---------------------------------------------------------------------------------------- 168
13
1. INTRODUÇÃO
Dentre os ecossistemas aquáticos, os ambientes de água doce, como rios e lagos, constituem
apenas 0,007% da massa total da hidrosfera. Este recurso se destaca por ser indispensável às
atividades humanas, pois pode ser utilizado para diversos fins como dessedentação, irrigação,
abastecimento público e industrial, pesca, recreação, aqüicultura, via de transporte, disposição de
efluentes domésticos e industriais e produção de energia elétrica. Mas, apesar da água doce ser um
elemento fundamental para a manutenção da vida na Terra, a sua disponibilidade está cada vez mais
limitada em decorrência dos problemas relacionados ao aumento populacional, que acarretam
poluição e escassez deste recurso.
Atualmente, existem mais de 1 bilhão de pessoas com baixa disponibilidade de água para
consumo doméstico. Considerando que a quantidade de água disponível para o consumo humano
permanecerá constante, o cenário futuro é ainda mais dramático, pois a população mundial que, em
1996, era de 5,7 bilhões, será de 8,3 bilhões de habitantes em 2025 (BANCO MUNDIAL, 2000) e
de cerca de 10 bilhões de habitantes em 2050 (OMM/UNESCO, 1997 apud LIMA, 2000),
acarretando em um significativo aumento de demanda hídrica. Estima-se que no ano de 2030 haverá
cerca de 5,5 bilhões de pessoas vivendo em áreas com moderada ou séria falta d’água (WHO,
1998).
A disponibilidade de água para consumo humano também está sendo prejudicada devido aos
problemas relacionados aos aspectos qualitativos deste recurso. O desenvolvimento urbano, a
expansão industrial e agroindustrial, o desmatamento e uso indevido do solo causam a deterioração
progressiva dos corpos d’água e implicam em perda de seus usos múltiplos e perda de
biodiversidade, o que provoca alterações, muitas vezes irreversíveis, nos ecossistemas naturais.
Mesmo no Brasil, onde se concentra uma das maiores reservas de água doce do mundo (a
disponibilidade hídrica é de 5.745 km
3
/ano, segundo o censo do IBGE de 1996), a crescente
expansão demográfica e industrial, acompanhada pela falta de gerenciamento e planejamento
ambiental e utilização irracional dos recursos hídricos, tem gerado um gradativo e crítico
comprometimento das águas continentais superficiais, além de estar causando um sério conflito de
ocupação nas bacias hidrográficas.
Os corpos d’água que atravessam grandes áreas metropolitanas, como os rios Tietê e
Tamanduateí, na Região Metropolitana de São Paulo, são exemplos típicos de sistemas com
problemas ambientais, que têm apresentado, nas últimas décadas, péssimas condições sanitárias,
sem sinais de recuperação, demonstrando que sua capacidade de assimilação de cargas poluidoras
tem sido muitas vezes ultrapassada (CETESB, 2001).
14
Uma das principais fontes antropogênicas de contaminação das águas interiores é o
lançamento de efluentes domésticos in natura nos ambientes aquáticos, que afetam a qualidade
destes recursos na medida em que promovem alterações de natureza física (alterações na turbidez,
coloração, temperatura, condutividade, tensão superficial, viscosidade, etc.), química (variações no
pH, DBO, DQO, COT, concentração de nutrientes, etc.), biológica (diminuição da biodiversidade,
extinção de espécies, toxicidade, etc.) e também de regime hidrológico, produzindo desequilíbrios,
muitas vezes irreparáveis, no ciclo biogeoquímico normal dos sistemas.
Além de problemas ambientais, o lançamento de esgotos de origem orgânica nos corpos
d’água receptores favorece a disseminação de várias doenças infecciosas que afetam a saúde
humana. Para exemplificar, a cada litro de esgoto bruto lançado em um rio, podem estar presentes
cerca de 10
6
a 10
10
organismos coliformes, que direta ou indiretamente estão relacionados a agentes
patogênicos (ANDRADE NETO; CAMPOS, 1999). Na tabela 1.1, estão listados os
microorganismos mais comumente encontrados em esgotos domésticos e as doenças associadas a
eles.
Tabela 1.1. Principais organismos patogênicos presentes no esgoto doméstico não desinfetado.
Organismo Doença Sintomas
Bactéria
Escherichia coli Gastroenterite Diarréia
Leptospira spp. Leptospirose
Febre, dor de cabeça, tonteira, mal estar,
astenia, anorexia
Salmonella typhi
S. parathyphi A e B
Febre tifóide e paratifóide Febre elevada, diarréia
Vibrio cholerae Cólera Diarréia e desidratação
Shigella spp. Disenteria bacilar Diarréia, vômito
Protozoário
Entamoeba histolytica Disenteria amebiana
Diarréia, abscessos no fígado e intestino
delgado
Cryptosporidium parvum
C. muris
Criptosporidíase Diarréia
Giardia lamblia Giardíase Diarréia, náusea, indigestão, flatulência
Helminto
Taenia solium Teníase Diarréia, cólica, muco e sangue nas fezes
Ascaris lumbricoides Ascaridíase Diarréia, constipação intestinal
Virus
Enterovirus (72 tipos) Gastroenterite, Meningite, etc. Diarréia, anomalias cardíacas, paralisia, etc.
Vírus da Hepatite A e B Hepatite infecciosa Febre, icterícia, astenia
Rotavírus Gastroenterite Diarréia, vômito, anorexia
Fonte: USEPA (1999a), Von Sperling (1996).
As doenças relacionadas à água podem ser classificadas em quatro grupos distintos de
acordo com sua forma de transmissão (WHO, 1998):
15
1) doenças de veiculação hídrica propriamente ditas, que são causadas pela ingestão de água
contaminada por fezes e urina humana ou animal (contendo alguns dos agentes patogênicos
listados na tabela 1),
2) enfermidades relacionadas à higiene pessoal e limpeza com água (contato de água
contaminada com a pele e olhos; ex: escabiose, tracoma, conjuntivite, etc.),
3) doenças associadas à água, isto é, causadas por parasitas de organismos que vivem na água
(ex.: esquistossomose, etc.) e
4) moléstias cujos vetores se relacionam com a água, isto é, que são transmitidas por insetos
que apresentam parte do seu ciclo de vida na água (ex.: malária, dengue, febre amarela, etc.)
As doenças de veiculação hídrica, propriamente ditas (caso 1), e as transmitidas em função
da higiene pessoal insuficiente (caso 2) estão intimamente relacionadas à disposição imprópria dos
dejetos e ao consumo de água de péssima qualidade e, ainda hoje, continuam a ser a principal
ameaça à saúde humana. Segundo Prüss et al. (2002) e WHO (2002), a diarréia (sintoma
predominante em enfermidades de veiculação hídrica, como pode ser visto na tabela 1) é
responsável pela morte de mais de 5 milhões de pessoas por ano, o que equivale a 5,3% de todas as
mortes globais anuais.
A incidência das moléstias transmitidas pela água depende de vários fatores como clima e
geografia do local, tradição, cultura e bitos sanitários da população e, principalmente, da
quantidade e qualidade da água utilizada no abastecimento público e dos métodos de tratamento e
disposição do esgoto sanitário (SETTI et al., 2001).
Por isso, apesar destas doenças ocorrerem em todo o mundo, elas são muito mais freqüentes
nas zonas rurais e em países em desenvolvimento (América Latina, África e Ásia), onde há
precariedade ou mesmo ausência de saneamento básico e deficiências no abastecimento público de
água. Estima-se que cerca de metade da população que vive em países em desenvolvimento está
sofrendo, neste momento, de uma ou mais doenças associadas à água, sendo as crianças as
principais vítimas (WHO, 2002).
No Brasil, a deficiência de saneamento sico esentre seus cinco maiores problemas de
poluição ambiental. Embora as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste sejam as mais afetadas pela
fragilidade do sistema público de saneamento e de abastecimento de água, o índice de tratamento de
esgotos também é muito baixo em vários municípios das regiões Sul e Sudeste (BANCO
MUNDIAL, 1998).
Segundo a Secretaria dos Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (SRH/MMA,
1998), o abastecimento de água encanada na zona rural atinge apenas 9% da população, enquanto
que nas áreas urbanas esta porcentagem é de cerca de 90%, o que poderia parecer satisfatório caso
16
isto não significasse que mais de 11 milhões de pessoas que residem nas cidades não têm acesso à
água potável.
Com relação ao saneamento, a precariedade da infra-estrutura sanitária pode ser traduzida
pela baixa distribuição de redes coletoras de esgoto (figura 1.1). Dos 9.848 municípios brasileiros,
apenas 4.097, os quais são responsáveis por 49% de todo esgoto orgânico produzido no país,
apresentam rede coletora. Deste total, somente 1.383 municípios tratam, de alguma forma, seus
dejetos (o que equivale a 32% do esgoto produzido no Brasil). Portanto, mais de 7.000 municípios
lançam suas águas residuárias in natura em rios que, muitas vezes,o utilizados como mananciais
(IBGE, 2000).
Figura 1.1. Porcentagem dos distritos brasileiros que apresentam cobertura por rede coletora de esgoto
sanitário. (Dados: IBGE, 2000).
Como conseqüência da inadequação dos serviços e ações de saneamento no Brasil, estima-se
que 65% das internações hospitalares estejam relacionadas a doenças de veiculação hídrica, sendo a
diarréia responsável por cerca de 50 mil mortes de crianças anualmente (SILVA; ALVES, 1999).
Nas regiões menos privilegiadas do Brasil, as doenças intestinais infectam 99% da população
infantil e, em alguns estados do Nordeste, o índice de mortalidade infantil (morte de crianças com
menos de 1 ano de idade) supera o valor de 60 mortes por mil crianças nascidas vivas, um dos
maiores índices das Américas (IBGE, op cit.).
Diante desta situação, surge a necessidade de um controle mais efetivo da disseminação de
doenças de veiculação hídrica no Brasil, que deve ser incentivada principalmente pelo governo a
partir de mais investimentos na área do saneamento básico, promovendo a implantação de sistemas
de tratamento de água e esgoto em diversas localidades do país, garantindo a eficiência de unidades
de potabilização já existentes e também a proteção dos mananciais. A recuperação e manutenção da
58,40%
27,56%
14,04%
Coleta de esgoto sanitário nos distritos brasileiros.
Sem coleta
Com coleta, mas
sem tratamento de
esgoto
Com coleta e com
tratamento de es-
goto
17
qualidade da água dos mananciais não são apenas uma questão de saúde pública, mas também de
desenvolvimento sócio-econômico, pois a disponibilidade deste recurso é um dos principais fatores
limitantes das oportunidades de desenvolvimento de um país.
A degradação dos mananciais além de gerar sérios problemas ambientais também gera
dificuldades operacionais e econômicas para empresas de saneamento, pois os custos operacionais
referentes ao tratamento da água e melhoria dos sistemas para a manutenção do atendimento a
demanda, aumentam paulatinamente com a redução da qualidade do recurso hídrico, podendo levar
até a inviabilização do sistema e a busca de alternativas técnicas do tratamento (LARA et al., 1999).
No sentido de minimizar os impactos ambientais causados por efluentes domésticos, a
instalação de estações de tratamento de esgotos sanitários é primordial. A escolha do tipo de
tratamento, do número de estações e da eficiência do tratamento de esgotos depende de vários
fatores como local, classe, tipo e natureza do esgoto e do corpo hídrico receptor, assim como de
áreas disponíveis para implantação do sistema, recursos financeiros e tecnológicos disponíveis e
condições da rede coletora existente (ANDRADE NETO; CAMPOS, 1999).
O tratamento de esgotos pode abranger diferentes níveis que são denominados primário,
secundário e terciário e que têm como objetivo básico a remoção de sólidos em suspensão e de
matéria orgânica. No tratamento primário, ocorre a remoção dos sólidos mais grosseiros e a
sedimentação ou flotação de partículas em suspensão. O tratamento secundário envolve a
degradação de compostos carbonáceos através da atividade de bactérias aeróbias ou anaeróbias
(dependendo do tipo de processo envolvido) e, conseqüentemente, a decomposição de óleos,
graxas, carboidratos e proteínas. no tratamento terciário, a redução das concentrações de
nitrogênio (através dos processos de nitrificação e desnitrificação) e sforo (geralmente por
tratamento químico). Posteriormente, em muitos casos, ainda se faz necessário um sistema
específico para desinfecção, de forma que ocorra a remoção de grande parte dos organismos
patogênicos presentes nas águas residuárias (ANDRADE NETO; CAMPOS, op. cit.).
1.1. Desinfecção
Em um sistema de tratamento de água ou esgoto, o processo de desinfecção é um dos mais
importantes, pois tem como objetivo garantir proteção à saúde pública. É nesta etapa que ocorre a
inativação dos microorganismos patogênicos presentes no efluente, minimizando, assim, o risco de
proliferação de doenças de veiculação hídrica para os usuários do corpo d’água receptor e para o
ambiente. Além de ser um mecanismo primário de destruição de organismos patogênicos, as
técnicas de desinfecção podem promover a oxidação da matéria orgânica presente no esgoto,
remover ferro e manganês, assim como eliminar gosto e odor (BITTON, 1994).
18
Neste sentido, a desinfecção desempenha um papel fundamental no que se refere à garantia
da qualidade do efluente gerado, principalmente quando as águas residuárias são destinadas à
irrigação, ou quando o corpo hídrico receptor é utilizado para fins de abastecimento público,
recreação, pesca, aqüicultura etc. (USEPA, 1999a).
O mecanismo de desinfecção é complexo e depende das propriedades físicas e químicas do
agente desinfetante, da natureza do microorganismo patogênico, da interação do desinfetante com o
patógeno e da qualidade do efluente a ser desinfetado (ORANGE COAST WATCH, 2002).
Vários tipos de desinfetantes de ação química, física ou fotoquímica podem ser empregados
na desinfecção de esgotos sanitários. Os agentes desinfetantes químicos
mais utilizados são
oxidantes que, por causar danos à parede celular, interferir na biossíntese ou inibir a atividade
enzimática dos microorganismos, acabam por destruir ou impossibilitar a reprodução dos
patógenos. O desinfetante mais comumente utilizado é o cloro na forma líquida, gasosa ou sólida. O
hipoclorito de sódio (NaClO) e o hipoclorito de lcio (Ca(ClO)
2
x2H
2
O) são as substâncias mais
utilizadas na desinfecção de efluentes sanitários; enquanto que outros compostos como dióxido de
cloro (Cl
2
) e cloraminas, ozônio (O
3
), permanganato de potássio (KMnO
4
), peróxido de hidrogênio
(H
2
O
2
) e ácido peracético (C
2
H
4
O
3
) são considerados alternativos (DANIEL, 2001).
A retenção dos microorganismos por filtração (membranas sintéticas ou de areia) é um
método de desinfecção física
utilizado normalmente em combinação com outras técnicas para
aumentar sua eficiência. Já a aplicação de calor, que tem ação dissecante nos microorganismos, não
é praticada em tratamento de esgotos devido a seu alto custo (ACHER et al., 1997).
A radiação ultravioleta (UV) e a radiação solar são os agentes desinfetantes de ação
fotoquímica utilizados com certa freqüência na desinfecção de esgoto sanitário, apesar de ainda
serem considerados alternativos. A inativação dos microorganismos pelo uso da radiação UV se dá
em nível cromossômico, pois a radiação penetra na célula e é absorvida pelos ácidos nucléicos,
interrompendo a sua reprodução e sua capacidade de causar infecção. A radiação também pode
afetar as proteínas das células, causando morte aos organismos (USEPA, 1999b).
Dependendo da natureza do esgoto, da qualidade do efluente que se deseja obter, do nível e
tipo de sistema de tratamento de esgoto existente pode-se optar por um ou mais tipos de
desinfetantes a ser empregado como última barreira de proteção dos recursos hídricos receptores;
porém, é importante que o efluente seja tratado adequadamente antes da desinfecção a fim de que o
desinfetante seja efetivo. Deve-se também levar em consideração que cada agente desinfetante
apresenta vantagens e desvantagens, sendo que alguns parâmetros devem ser previamente avaliados
antes da sua utilização como, por exemplo: efetividade na remoção dos agentes patogênicos, custo,
facilidade de obtenção do produto, estabilidade do agente desinfetante, segurança durante a
manipulação do produto, confiabilidade, grau de periculosidade ao meio ambiente, etc.
19
Segundo Campos (1993), a desinfecção dos esgotos sanitários após o tratamento deve ser
estudada caso a caso e implantada em todos os locais onde haja risco à saúde humana,
principalmente tendo em vista que se trata de uma tecnologia barata face aos benefícios gerados.
Chernicharo et al. (2001) apud Gonçalves et al. (2003),
elaboraram um fluxograma de
tomada de decisão sobre a desinfecção de esgoto sanitário de uma determinada localidade. O
fluxograma, apresentado na figura 1.2, pre identificação do nível de risco à saúde humana,
levando em consideração os aspectos ambientais na aplicabilidade da alternativa de controle.
Sendo assim, se de um lado a desinfecção pode ser extremamente benéfica em termos de
inativação de microorganismos patogênicos, promovendo a melhoria na qualidade de vida da
população, por outro lado, pode ser danosa ao meio ambiente por também provocar alterações
químicas na água submetida a este processo.
Todos os desinfetantes têm a capacidade de induzir alterações químicas nos sistemas,
porém, os resultados destas alterações podem não estar restritos apenas à população microbiana. As
alterações na composição do efluente podem persistir mesmo após o término do processo de
desinfecção, apesar da natureza e extensão destas alterações variarem de acordo com o desinfetante
(tipo, concentração e tempo de contato), com o efluente e com os fatores ambientais (pH,
alcalinidade, temperatura, condutividade etc.). Tais mudanças químicas podem causar toxicidade do
efluente desinfetado (BLATCHLEY III, et al., 1997).
Muitos estudos têm mostrado que diferentes desinfetantes podem reagir com substâncias
orgânicas naturais (ácidos húmicos e fúlvicos) presentes nas águas superficiais e nos efluentes
domésticos, originando numerosos subprodutos com atividade mutagênica e/ou carcinogênica
(MONARCA et al., 2000). Porém, os efeitos tóxicos decorrentes de desinfecção podem ser
causados não apenas pelos subprodutos de desinfetantes como também pelos residuais dos próprios
agentes de desinfecção.
O residual de um desinfetante é a fração do composto dosado que, depois de satisfeita a
demanda, fica disponível para a desinfecção. A toxicidade do residual está relacionada com o grau
de reatividade química do composto; portanto, de uma forma geral, quanto mais reativo é o
residual, mais tóxico ele é. Quando um desinfetante apresenta um residual persistente, como é o
caso do cloro, o mesmo permanece no efluente (juntamente com os subprodutos da desinfecção)
mesmo após seu lançamento no corpo hídrico receptor, podendo causar efeito tóxico aos
organismos que lá habitam.
20
Sim
A água do corpo receptor é
utilizada para abastecimento
de
água? (público ou privado)
A água do corpo
receptor é utilizada para
recreaç
ão de contato,
criação de moluscos,
agricultura ou indústria?
O
l
ançamento
de esgotos
prejudica a qualidade da água
para consumo humano?
Avalie a possibilidade de
desinfetar os esgotos com
cloro
.
O uso do cloro para
desinfecção do esgoto
produz algum risco
à
saúde humana?
Descarte o uso do cloro.
H
á outra razão
para desinfecção?
O lançamento de
esgotos prejudica a
qualidade da
água no
ponto de uso
potencial?
Avalie a possibilidade
de desinfetar o esgoto
sazonalmente.
Há potencial de
toxicidade induzida pelo
cloro na vida aquática?
A desinfecção com
cloro é aceitável
Avalie formas
alternativas de
desinfecção.
Selecione o
método de
proteção
Prepare a
documentação para
o órgão ambiental
N
ão
Sim
N
ão
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
N
ão
N
ão
N
ão
Figura 1.2.
Fluxograma para a avaliação local da necessidade e dos requisitos da desinfecção dos
esgotos. Fonte:
Chernicharo
et al.
(2001)
apud
Gonçalves
et al.
(2003).
21
Existem vários exemplos na literatura que demonstram a ocorrência de efeitos deletérios ao
ambiente receptor causados por efluentes domésticos submetidos a processos de desinfecção
convencionais, sendo que aumentos estatisticamente significativos na toxicidade dos efluentes m
sido atribuídos a técnicas de desinfecção que utilizam, em ordem decrescente: cloração, ozonização
e radiação ultravioleta (BLATCHLEY III
et al.
, 1997; MONARCA
et al
, 2000; THOMPSON &
BLATCHLEY III, 1999).
1.1.1. Cloro
O cloro foi descoberto em 1808, porém, suas propriedades bactericidas foram comprovadas
apenas em 1881 pelo bacteriologista Koch. O uso do cloro como desinfetante foi aprovado pela
American Public Health Association (APHA) em 1886 e a partir do século XIX, este agente
químico era amplamente utilizado na desinfecção de águas de abastecimento público na Europa e
EUA (MACÊDO, 1997).
A partir de então, o cloro, principalmente na forma de hipoclorito de sódio, tem sido o
desinfetante mais utilizado também na desinfecção de esgotos sanitários devido ao seu baixo custo,
efetividade, praticidade e melhoria nas características do efluente (redução da cor, turbidez e odor),
porém, este método de desinfecção também tem sido o que causa maiores efeitos adversos à biota
que habita o curso hídrico receptor.
A reação entre o hipoclorito de sódio e a água produz ácido hipocloroso e sódio (1.1).
NaOCl + H
2
O
Na
+
+ ClO
-
+ H
2
O
Na
+
+ ClO
-
+ H
+
+ OH
-
HOCl + NaOH
(1.1)
O ácido hipocloroso (HOCl), por sua vez, se dissocia em hidrogênio e íons hipoclorito (1.2),
sendo que este processo é pH-dependente. O ácido hipocloroso e o íon hipoclorito são denominados
de cloro residual livre (CRL).
HOCl
H
+
+ OCl
-
(1.2)
Em pH acima de 8,5 todo o ácido hipocloroso se dissocia ao íon hipoclorito; em
contraposição, em pH abaixo de 6,5 não dissociação deste ácido. Considerando que o efeito
germicida do HOCl é superior ao do OCl
-
, a desinfecção com o cloro é mais eficiente em meio mais
ácido (DANIEL, 2001).
Se amônia ou compostos amoniacais estão presentes no efluente quando se adiciona um
derivado clorado, o que é bem provável uma vez que o esgoto apresenta altas concentrações de
22
uréia, então a formação de cloraminas inorgânicas (monocloramina, dicloramina e tricloramina),
denominadas de cloro residual combinado (CRC). Estes compostos são resultantes da reação da
amônia com o ácido hipocloroso.
As cloraminas (monocloramina, dicloramina) apresentam ação bactericida pelo menos 25
vezes inferior ao ácido hipocloroso. Percebe-se, portanto, que o cloro residual livre é mais reativo
do que o cloro residual combinado, o que equivale a dizer que seu potencial tóxico é muito maior.
A presença do cloro residual livre em águas de abastecimento é necessária para que não
ocorra uma nova contaminação por microorganismos patogênicos, porém sua persistência em águas
residuárias é extremamente maléfica para o corpo hídrico receptor.
O cloro residual (livre e combinado) é o agente ativo da desinfecção que reage
quimicamente com substratos orgânicos e inorgânicos. Quando o substrato orgânico é parte de um
organismo vivo (fitoplâncton, zooplâncton, cton, etc.), a reação pode gerar um efeito tóxico no
mesmo. A toxicidade pode afetar o metabolismo ou a reprodução do organismo, pode causar
alterações cromossômicas e acausar mortalidade.
Sabe-se que quanto maior a concentração de cloro residual (livre ou combinado) que
permanece no efluente, maiores são os efeitos adversos ao meio biótico e maior é a área que pode
ser impactada. Durante um ensaio de fluxo contínuo, Fisher
et al.
(1999) verificou que o cloro
residual livre causou toxicidade aguda em concentrações de CL50 (concentração que causa
letalidade a 50% dos organismos expostos) de 59
µ
g/L para a truta arco-íris
Oncorhynchus mykiss
,
78
µ
g/L para o Amphipoda
Hyalella azteca
, 32
µ
g/L para o Cladocera
Daphnia magna
e 62
µ
g/L
para o Mysidaceo
Mysidopsis bahia
(este último organismo é marinho).
Além do próprio cloro residual se mostrar extremamente tóxico aos organismos vivos,
ainda existem os subprodutos da cloração que, desde a década de 1970, são relacionados à indução
de disfunções genéticas em organismos a eles expostos.
É notório que ocorre a formação de compostos organoclorados (trihalometanos - THM) a
partir da reação do cloro residual livre com determinados precursores presentes no efluente. Tais
precursores são substâncias orgânicas, ácidos húmicos, fúlvicos e himatomelânicos, compostos de
metahidroxifenol (resorcinol) e
β
-dicetonas presentes no material húmico, estruturas de pirrol que
ocorrem na clorofila, substâncias resultantes da degradação de vegetais, e compostos aromáticos
que podem estar presentes naturalmente na água (MACÊDO,1997).
Os trihalometanos (THM) apresentam em sua estrutura molecular um átomo de carbono, um
de hidrogênio e três de halogênios. Dentre os THM, quatro ocorrem em maiores concentrações:
clorofórmio (CHCl
3
), diclorobromometano (CHBrCl
2
), dibromoclorometano (CHBr
2
Cl) e
bromofórmio (CHBr
3
). O clorofórmio é o mais abundante, enquanto que os outros três são
formados quando há a presença de íons brometo no efluente clorado (SANCHES
et al.
, 2003).
23
Os THM são bastante persistentes e se acumulam no sedimento e em ambientes aquáticos.
Além de serem considerados carcinogênicos, são indicadores da possível presença de outros
compostos organoclorados subprodutos da cloração (ácidos acéticos clorados, haloacetonitrilos,
cloropicrin, clorofenóis, cloropropanonas), mais perigosos do que os próprios THM. Em função dos
riscos, a EPA estabeleceu em dezembro de 1993 que 30 substâncias químicas o consideradas
nocivas à saúde, dentre essas se destacaram os THM (MACÊDO, 1997).
As propriedades toxicológicas dos ácidos haloacéticos ainda não o bem compreendidas,
porém, suspeitas de que estes compostos orgânicos sejam carcinogênicos e causem danos ao
fígado, assim como provoquem alterações em nível reprodutivo (COWMAN; SINGER, 1996).
Hashimoto
et al
(1998), por sua vez, verificaram que a alga verde
Scenedesmus subspicatus
quando
exposta ao ácido monocloroacético apresentava CE
10
-48h de 7
µ
g/L (concentração efetiva da
substância que causa efeito deletério a 10% da população em um período de exposição de 48 horas),
o que é altamente tóxico.
Plewa
et al
. (2002) avaliaram a genotoxicidade e citotoxicidade de diversos subprodutos da
cloração em lulas do ovário de hamster chinês AS52. Os pesquisadores observaram que os
compostos que estimularam o desenvolvimento de citotoxicidade crônica nas células foram em
ordem decrescente: ácido bromoacético (BA)
3-cloro-4-(diclorometil)-5-hidroxi-2[5H]-furano
(MX) > ácido dibromoacético (DBA) > ácido cloroacético (CA) > KBrO
3
> ácido tribromoacético
(TBA). Quanto a genotoxicidade destes agentes, avaliada pelo teste do cometa, verificou-se o
seguinte (em ordem decrescente): BA
MX > CA > DBA > TBA > KBrO
3
. O ácido
bromoacético foi 31 vezes mais citotóxico e 14 vezes mais genotóxico do que o MX, sendo que os
compostos bromados foram mais tóxicos do que seus análogos clorados.
Como a formação dos subprodutos da cloração é maior em águas com muita carga orgânica
e com altas concentrações de amônia, o que caracteriza um esgoto sanitário bruto (REBHUN
et al
.
1997), o uso do cloro para a desinfecção de efluentes domésticos é objeto de ressalvas. A USEPA
sugere que a cloração dos efluentes domésticos deva ser considerada quando riscos de saúde
pública e não deve ser realizada quando o enfoque primordial é a proteção à vida aquática. Além
disso, recomenda que técnicas alternativas de desinfecção sejam consideradas em ocasiões onde as
questões de saúde pública e de preservação ambiental entrem em conflito (SPELLMAN, 1999).
Neste sentido, o desenvolvimento de técnicas alternativas de desinfecção tem sido
estimulado para a aplicação em efluentes domésticos, dentre eles pode-se citar a ozonização, o
ácido peracético e a radiação ultravioleta. Um aspecto importante que deve ser investigado durante
o uso destas outras estratégias de desinfecção é o potencial tóxico que estes agentes desinfetantes
podem proporcionar ao efluente, principalmente comparando-os aos efeitos causados pelos
processos convencionais de desinfecção, como a cloração.
24
1.1.2. Ozônio
Os primeiros indícios de conhecimento do ozônio datam de 1781, quando seu odor pungente
característico foi detectado pela primeira vez, mas somente em 1867 sua fórmula química (O
3
) foi
reconhecida. Em 1886, foi descoberta a propriedade mais marcante do ozônio: seu potencial de
desinfecção, e em 1893 foi utilizado pela primeira vez no tratamento de água para abastecimento,
na Holanda (SANCHES, 2003).
A utilização do ozônio como desinfetante em estações de tratamento de esgotos começou em
1975, porém devido aos altos custos de operação e manutenção dos equipamentos, este sistema de
desinfecção acabou sendo abandonado. Atualmente, devido aos avanços tecnológicos, a ozonização
é mais economicamente viável, sendo cogitado como desinfetante alternativo à cloração, uma vez
que seu potencial de oxidação é cerca de 1,5 vezes mais forte que do cloro, como pode ser visto na
tabela 1.2. De acordo com Spellman (1999), quanto maior é o potencial de oxidação de um
desinfetante oxidante, mais rápida é a transferência de elétrons aos microorganismos e, portanto,
maior o poder de inativação de bactérias e vírus
. Porém, na prática, deve-se levar em consideração que o
potencial de desinfecção de um oxidante não é função apenas de seu potencial de oxidação.
Tabela 1.2
. Potencial de oxidação de diversos oxidantes (WITT; REIFF, 1995
apud
DIAS, 2001).
Oxidante Potencial de oxidação (Elétron-volts)
Flúor 2,87
Radical hidroxila 2,80
Ozônio 2,70
Ácido peracético 1,81
Permanganato 1,68
Dióxido de cloro 1,57
Hipoclorito de sódio 1,36
Além de ser utilizado como desinfetante, o ozônio também pode promover a oxidação de
compostos como fenol, cianeto, metais pesados, nitritos, sólidos em suspensão e matéria orgânica,
removendo a turbidez e a cor do efluente e melhorando, assim, sua qualidade. Porém, a presença
destas substâncias no esgoto pode interferir sensivelmente na eficiência de inativação dos
microorganismos.
O ozônio é produzido quando moléculas de oxigênio são dissociadas por alguma fonte de
energia em átomos de oxigênio e subseqüentemente colidem com uma molécula de oxigênio
formando o ozônio (1.3). O ozônio geralmente é produzido por energia elétrica, através da
aplicação de corrente alternada de alta voltagem em uma mara de descarga, na presença de ar
25
fresco ou oxigênio puro (USEPA, 1999c). Quando o gás de alimentação é o próprio ar atmosférico
pressurizado, a produção de ozônio permanece em torno de 2% em peso.
Ε
+ O
2
O
+ O
+
Ε
O
+ O
2
O
3
(1.3)
Este gás é muito instável e se decompõe rapidamente a oxigênio após sua geração, quando
em contato com a água (1.4).
2 O
3
3 O
2
(1.4)
Quando o ozônio se decompõe na água, o formados os radicais livres HO
2
e hidroxilas
(OH
-
) que apresentam grande capacidade de oxidação (na faixa de 10
10
a 10
13
Ms
-1
) e têm grande
influência no processo de desinfecção. Portanto, o mecanismo de desinfecção pode se dar tanto por
oxidação direta, através do O
3
, ou pela ação dos radicais livres sobre o substrato (DANIEL, 2001;
TASK FORCE ON WASTEWATER DISINFECTION, 1996).
O ozônio não promove a formação de residual ativo persistente, pois é bastante volátil,
decaindo espontaneamente a oxigênio em curto período de tempo. Em água destilada, o ozônio
apresenta meia vida de 165 minutos, a 20ºC. Na presença de materiais oxidantes na solução (como é
o caso de esgoto doméstico), sua meia vida é bastante reduzida. Logo, a probabilidade do ozônio
residual causar toxicidade à biota é nima. Outra vantagem do ozônio é o fato desta substância
aumentar a concentração de oxigênio dissolvido no efluente, o que é benéfico aos organismos
aeróbios do corpo hídrico receptor (SAMPAIO, 1985).
Apesar destas vantagens, a ozonização também tem potencial de formar subprodutos. Em
geral, a reação do ozônio com matéria orgânica leva a destruição da molécula original formando
produtos mais polares, mais facilmente biodegradáveis e com peso molecular menor, como é o caso
dos ácidos carboxílicos, que o são tóxicos, e dos aldeídos (de cadeias curtas: butanal, pentanal e
heptanal, ou de menor peso molecular: formaldeído, acetaldeído, dialdeído glioxal e ceto-aldeído
metil glioxal), cujo potencial tóxico ainda não é bem conhecido. Porém, em alguns casos, na
presença de determinadas substâncias, podem ser gerados compostos bastante tóxicos não ao
homem quanto ao meio ambiente (WEINBERG; GLAZE, 1996).
A ozonização de águas que contenham íons brometo, mediante a oxidação de Br
-
a HOBr
que reage com os precursores dos subprodutos, pode levar a formação de bromofórmios,
bromometanos, ácidos acéticos brominados e acetonitrilos brominados. Além disso, a oxidação do
brometo pode gerar bromatos.
26
O bromato é um subproduto associado tanto a ozonização quanto a cloração. O limite de
contaminação máxima de bromatos na água de abastecimento nos EUA é de 10
µ
g/L, pois, como
visto anteriormente, os compostos bromados têm alto potencial citotóxico e genotóxico. Acredita-se
que a formação de bromatos durante a ozonização seja influenciada pela eficiência de transferência
de ozônio para o efluente, pelo tempo de contato, ou, mais provavelmente, pelo ozônio residual,
pois a quantidade deste subproduto aumenta com a dose de ozônio aplicada no efluente. Outro
subproduto da ozonização que tem potencial tóxico é o peróxido de hidrogênio, cujo limite de
tolerância na Europa é de 100
µ
g/L, em águas de abastecimento (WEINBERG; GLAZE,
op. cit.
).
Desta forma, antes de eleger o ozônio como desinfetante substituto à cloração, é importante
que se investigue com cautela o efeito tóxico dos seus subprodutos sobre os organismos aquáticos,
pois estudos demonstraram que ambos os métodos de desinfecção tiveram o mesmo efeito de
indução mutagênica em testes
in vitro
(COGNET
et al.
,
1986).
1.1.3. Ácido Peracético
O ácido peracético foi patenteado em 1950 por Greenspan e Margulies para ser utilizado
como agente germicida no tratamento de frutas e vegetais contra a ação de bactérias e fungos.
Desde então, vem sendo utilizado como desinfetante em hospitais e laboratórios, indústrias
alimentícias, etc. A utilização do ácido peracético como desinfetante alternativo de esgotos
sanitários tem sido bastante difundida atualmente devido ao fato de ser um agente oxidante muito
forte (tabela 2), não formar subprodutos potencialmente tóxicos à biota e por se degradar
rapidamente em substâncias inócuas e biodegradáveis como ácido acético e oxigênio ativo
(SÁNCHEZ-RUIZ
et al
., 1995
apud
SOUZA, 2000).
O ácido peracético é produzido a partir da reação entre o peróxido de hidrogênio e o ácido
acético (1.5). Esta reação pode formar a15% de ácido peracético e 25% de água, sobrando um
residual de peróxido de hidrogênio de 25% e de ácido acético de até 35%.
H
2
O
2
+ CH
3
OOH
CH
3
COOOH + H
2
O (1.5)
O modo de ação primária do ácido peracético é a oxidação. Portanto, o mecanismo de
inativação dos microorganismos se através da oxidação da membrana celular externa das
bactérias, endosporos, esporos, etc. Dentro da célula, pode também oxidar enzimas, rompendo
ligações sulfídricas e sulfúricas nas mesmas, provocando alterações bioquímicas e podendo levar a
morte.
Segundo Monarca
et al.
(2002a) e Monarca
et al.
(2002b), os subprodutos formados pelo
ácido peracético são basicamente ácidos carboxilícos, sendo encontrados também alguns álcoois
27
não halogenados e compostos de carbonil que não são reconhecidos como mutagênicos. Porém,
como já foi mencionado anteriormente, os efeitos tóxicos decorrentes de desinfecção podem ser
causados não só pelos subprodutos de desinfetantes como também pelos seus residuais.
De acordo com Daniel (2001), efluentes desinfetados com ácido peracético indicaram
elevada toxicidade para alguns organismos aquáticos (
Daphnia similis
,
Brachidanio rerio
e
Photobacterium phosphorium
). Em um estudo mais recente, Buschini
et al.
(2004) verificaram,
através do teste do cometa, que o ácido peracético foi capaz de induzir genotoxicidade em
leucócitos humanos expostos a 1 hora de tratamento em concentrações iguais e superiores a 0,5
mg/L.
Portanto, apesar de Baldry
et al
. (1995) afirmarem que o ácido peracético apresenta
excelentes propriedades anti-microbianas, ainda se faz necessário um estudo mais aprofundado
sobre seu potencial tóxico em diferentes efluentes secundários no Brasil a fim de garantir proteção
aos ambientes aquáticos receptores, caso a utilização deste desinfetante seja priorizada.
1.1.4. Radiação Ultravioleta
A radiação ultravioleta foi reconhecida como método de desinfecção ainda no final do
século XIX, porém, sua aplicação desapareceu com a evolução das cnicas de cloração.
Atualmente, a radiação ultravioleta tem ressurgido como uma importante alternativa na desinfecção
de esgotos domésticos, não devido aos problemas de toxicidade de efluentes relacionados a
cloração, mas também pelo desenvolvimento da sua tecnologia que tem gerado mais confiabilidade
nos equipamentos e tem tornado os custos de operação e manutenção mais competitivos
(SPELLMAN, 1999).
A luz ultravioleta é muito efetiva na destruição de vírus e bactérias. Seu comprimento de
onda está situado na faixa de 40 a 400nm, entre os raios X e a luz visível, sendo que o seu maior
efeito bactericida é obtido entre 250 e 270nm.
A desinfecção com luz ultravioleta utiliza a energia elétrica para promover a inativação de
microorganismos, pois a radiação é geralmente obtida por meio de mpadas especiais de vapor de
mercúrio ionizado de baixa e média pressão e com diversos valores de potência (DANIEL, 2001).
Como estes arcos de lâmpada emitem essencialmente luz monocromática com comprimento de
onda de 253,7nm, os mesmos o bastante efetivos na eliminação dos microorganismos (USEPA,
1999b).
A efetividade do processo de desinfecção com UV depende da intensidade de luz emitida,
do tempo de contato e da qualidade do efluente (principalmente: densidade inicial de bactérias,
turbidez e concentração de sólidos totais em suspensão, que podem ocultar os microorganismos da
28
radiação, impedindo sua inativação). Portanto a dose de luz UV (produto da intensidade de radiação
pelo tempo de exposição) a ser aplicada irá depender das características do esgoto a ser tratado,
sendo que doses muito baixas podem não inativar alguns organismos mais resistentes e podem
provocar um efeito sub-letal sobre outros microorganismos, favorecendo a sua fotorreativação.
Por ser uma radiação eletromagnética, o mecanismo de inativação dos microorganismos se
por meio físico, através da indução de alterações fotobioquímicas dentro das células. As reações
de fotólise (quebra das moléculas por ação da luz) ocorrem se a radiação gera suficiente energia
para alterar as ligações químicas das células e se a radiação é absorvida pelas moléculas-alvo. Como
os ácidos nucléicos e as proteínas absorvem muito efetivamente a radiação ultravioleta,
principalmente nos comprimentos de onda de 240 a 260nm, estes são os principais componentes da
célula a serem atingidos durante a desinfecção (TASK FORCE ON WASTEWATER
DISINFECTION, 1996).
Acredita-se que a maior parte do dano causado pelo UV ocorre nas bases nitrogenadas que
compõe os ácidos nucléicos. Estas bases, chamadas de nucleotídeos, são derivadas da purina
(adenina e guanina) ou da pirimidina (citosina e timina ou uracil, no caso de RNA). A radiação UV
induz a formação de dímeros entre duas pirimidinas adjacentes numa tira de polinucleotídeos, sendo
que o dímero timina-timina é formado com maior eficiência. Os dímeros impossibilitam a
replicação do DNA, o que acaba sendo letal para a célula (CAMACHO, 1995).
Acredita-se que a desinfecção com UV, por ser um processo físico, é ambientalmente
segura, pois não forma subprodutos nem apresenta residual. No entanto, compostos que absorvem a
radiação ultravioleta e apresentam alto rendimento quântico de fotólise têm alto potencial para se
fotodegradar, podendo, inclusive, se transformar em compostos mais tóxicos do que os originais
(efeito de foto-ativação).
Um fenômeno de foto-ativação queo está relacionado com a água, porém é muito
conhecido em regiões altamente industrializadas, é a formação do
smog
oxidante (
smoke
, fumaça +
fog
, neblina) a partir de reações fotoquímicas de produtos de combustão incompleta e compostos
orgânicos, resultantes de motores de automóveis, com óxidos de nitrogênio, sob a incidência da luz
ultravioleta.
Nipper & Carr (2002) afirmam que um fator de importância em ambientes aquáticos é o
efeito dos raios ultravioleta da luz solar sobre a persistência e toxicidade de alguns compostos
orgânicos. Estes autores analisaram o efeito da irradiação solar sobre a fotodegradação e toxicidade
foto-induzida (fotoativação) de dois compostos nitroaromáticos (ácido pícrico e 2,6-DNT) em águas
marinhas e descobriram que o produto de foto-transformação do 2,6 DNT foi menos tóxico a
zoósporos da macroalga
Ulva fasciata
do que o composto original, porém foi mais tóxico a gametas
de equinodermos, indicando foto-ativação.
29
Porém, Sampaio (1985) afirma que as dosagens de radiação ultravioleta normalmente
empregadas para a desinfecção de águas residuárias são o pequenas que se pode considerar que
seus efeitos sobre as substâncias químicas presentes no efluente o insignificantes, com relação à
formação de novos compostos através de reações fotoquímicas. Oliver & Carey (1976)
apud
Sampaio (1985) confirmaram esta afirmação através de testes de toxicidade aguda com a truta arco-
íris. Estes peixes, expostos por um período de 96 horas a um efluente desinfetado com radiação
ultravioleta, o sofreram efeito deletério. No entanto, mais recentemente, Gjessing & Kallqvist
(1991) verificaram que amostras de água contendo substâncias húmicas desinfetadas com luz UV
produziram efeito tóxico na alga unicelular
Selenastrum capricornutum
.
Desta forma, apesar das vantagens da utilização da radiação UV como desinfetante de
efluentes domésticos (maior eficiência em mínimo tempo de contato quando comparado a outros
agentes de desinfecção, baixo custo de operação e manutenção), ainda se faz necessário verificar o
seu potencial tóxico sobre diferentes organismos aquáticos como forma de prevenção a um eventual
dano ambiental quando da sua aplicação.
1.2. Toxicologia
Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de
substâncias químicas ou agentes físicos com o organismo. Tem por objeto de estudo a intoxicação
sob todos os seus aspectos e por finalidade primordial a promoção de condições seguras de convívio
entre os agentes tóxicos e os organismos vivos, mormente o homem (CHAZIN; PEDROZO, 2003).
A Ecotoxicologia, como ramo da Toxicologia Tradicional, é uma ciência multidisciplinar
que objetiva proteger o ecossistema como um todo, avaliando, a partir de parâmetros ecológicos
(ensaios de toxicidade a um ou mais componentes do ecossistema), os efeitos dos poluentes no
ambiente, levando em consideração a interação existente entre o agente tóxico e o ambiente físico
no qual os organismos habitam (HOFFMAN
et al.
,
1995).
O termo "ecotoxicologia" foi proposto em 1969 pelo professor ReTruhaut, do Centro de
Pesquisas Toxicológicas da Universidade René Descartes, Paris, França, referindo-se à ciência que
procura estudar como os ecossistemas metabolizam, transformam, degradam, eliminam ou
acumulam, isto é, como se comportam quando sujeitos a ão tóxica de substâncias químicas,
naturais ou produzidas pelo homem.
Nesse sentido, na ecotoxicologia tenta-se estudar os efeitos adversos de substâncias tóxicas
em qualquer nível de organização de sistemas biológicos (de subcelular a comunidades e
ecossistemas), avaliando também os processos de recuperação da biota quando diminuição da
exposição dos agentes tóxicos (RAND
et al.
, 1995). Segundo os autores, ela trata dos efeitos que
30
podem provocar alterações tanto negativas como positivas das circunstâncias existentes em
determinado momento, mas enfoca principalmente os efeitos adversos e que deveriam cessar assim
que a exposição aos agentes tóxicos terminasse.
Nos estudos de ecotoxicidade o principal instrumento é o bioensaio, o qual pode ser
conduzido de diversas formas, podendo ser avaliados diferentes processos e efeitos de
contaminação a fim de buscar as respostas mais rápidas, precisas e de fácil interpretação.
Os métodos de ensaio de toxicidade incluem testes agudos, crônicos, de bioacumulação,
biodegradação e biomarcação (RAND; PETROCELLI, 1985), podendo ter como
endpoint
(efeito
biológico que é medido e aceito como indicador da toxicidade da substância testada) modificações
comportamentais, fisiológicas e de letalidade, assim como alterações bioquímicas, genéticas ou
teratogênicas. Os bioensaios podem ser realizados sob condições controladas, tanto em laboratório
como em campo.
Dentre os testes mais frequentemente utilizados em laboratório, os bioensaios agudos
ocupam posição de destaque devido a sua maior simplicidade e ao curto período de exposição dos
organismos ao agente tóxico. Normalmente, o
endpoint
é a letalidade (para peixes), imobilização
(para invertebrados), crescimento (para alga), etc. A resposta geralmente é dada em termos de CL50
(Concentração Letal dia, isto é, a concentração do agente tóxico que causa efeito agudo letal a
50% dos organismos-teste, num período de exposição determinado) ou CE50 (Concentração Efetiva
Média, isto é, a concentração do agente tóxico que causa efeito agudo não letal a 50% dos
organismos-teste, num determinado período de exposição). O bioensaio é realizado,
preferencialmente, no período de vida mais sensível do organismo-teste.
Os testes crônicos também são muito utilizados, pois apresentam respostas mais sensíveis ao
agente tóxico, sendo realizados durante um período mais prolongado de tempo. Nesse caso, os
organismos são expostos continuamente aos contaminantes, geralmente em menores concentrações,
por uma determinada etapa do ciclo de vida da espécie (envolvendo alguns estágios mais sensíveis
do organismo-teste) ou por todo o seu ciclo. Podem ocorrer mortes, porém, o principal objetivo
desses testes é estabelecer concentrações ambientalmente seguras observando efeitos na
reprodução, desenvolvimento, fertilidade, comportamento, além de alterações fisiológicas e
bioquímicas. A resposta pode ser dada em termos do CENO (Maior Concentração de Efeito Não
Observado) ou CEO (Menor Concentração de Efeito Observado), sendo que o Valor Crônico
(média geométrica dos valores de CENO e CEO) pode ser estimado.
O todo do teste de toxicidade a ser empregado, bem como os organismos-teste a serem
utilizados e os efeitos passíveis de serem observados (
endpoints
), devem ser escolhidos de acordo
com os objetivos do estudo. Caso o foco da pesquisa seja comparar o efeito tóxico de uma
substância em relação à outra, um protocolo operacional rígido de testes é mais apropriado, sendo
31
necessária a utilização de organismos cuja metodologia de testes já esteja padronizada, podendo ser
considerado inclusive o uso de um organismo-teste alóctone. Porém, caso pretenda-se descrever o
comportamento de uma mistura complexa em um sistema específico, pode ser mais vantajoso
adaptar a metodologia de teste às necessidades do estudo, conduzindo o ensaio sob condições
físicas e químicas características daquele ambiente e utilizando um organismo autóctone com maior
representatividade ecológica.
Segundo Guckert (1996)
apud
Gusmão (2004), as avaliações de toxicidade são, na maioria
das vezes, conduzidas utilizando apenas uma espécie de organismo-teste, a qual deve ser capaz de
representar todas as outras espécies do ambiente por ser indicadora sensível dos efeitos das
substâncias tóxicas. Porém, em função da multiplicidade de espécies existentes no ambiente, das
inúmeras relações de dependência entre elas e da variedade de efeitos adversos que agentes tóxicos
podem causar em diferentes espécies, preconiza-se que os testes sejam realizados com, no mínimo,
três organismos pertencentes a diferentes níveis tróficos, de modo a obter o resultado com o
organismo mais suscetível e estimar com maior segurança o impacto causado pelo toxicante
(AZEVEDO; CHASIN, 2003).
32
2. JUSTIFICATIVA
A desinfecção de esgotos sanitários, apesar de não ser obrigatória, em muitos casos é
necessária na medida em que garante a qualidade microbiológica do corpo d’água receptor e
permite o seus múltiplos usos por parte da população.
Quando um efluente doméstico é lançado no ambiente aquático sem ser previamente
desinfetado, ocorre um decréscimo natural dos organismos patogênicos ao longo do tempo devido à
diluição, porém, principalmente nos centros urbanos, os grandes volumes de esgotos gerados e a
multiplicidade de locais de descargas de águas residuárias tornam insuficiente a redução natural de
patógenos no corpo hídrico receptor.
Ademais, a crescente deterioração das fontes de abastecimento de água para consumo
humano, o gradativo aumento populacional e conseqüente incremento de demanda drica impõem
a necessidade de reúso dos efluentes para fins mais nobres, como recreação, irrigação e aquicultura.
Cabe ressaltar que nas últimas três cadas a irrigação com efluentes sanitários tornou-se
prática crescente em todo o mudo, por vezes acompanhada de rígido controle sanitário, outras não.
A utilização controlada de esgotos sanitários em irrigação, hidroponia e piscicultura já vem sendo
praticada em diversos países, sendo inclusive regulamentada em legislação específica em países
como México e Israel. No Brasil, apesar de não haver regulamentação específica, se reconhece a
prática disseminada do reúso de esgotos para irrigação (BASTOS
et al.
, 2003). Porém,
considerando que na maioria das estações de tratamento de esgotos no País inexistem processos de
desinfecção, o uso indiscriminado das águas residuárias impõerios riscos à saúde da população.
Diante desse fato, atualmente, o interesse na desinfecção de esgotos sanitários é cada vez
maior. Porém, a desinfecção dos esgotos sanitários após o tratamento deve ser estudada caso a caso.
Devido ao potencial de causar efeitos deletérios ao ambiente receptor, o uso de desinfetantes
convencionais, como o cloro, por exemplo, tem sido motivo de grandes preocupações. Certamente o
risco de infecção humana por microorganismos patogênicos deve ser priorizado, mas os impactos
ambientais decorrentes da desinfecção também precisam ser levados em consideração.
Vários pesquisadores compararam a eficiência de desinfecção do cloro com desinfetantes
considerados alternativos (ozônio, ácido peracético, radiação ultravioleta), e verificaram que estes
outros agentes também podem demonstrar habilidade de alterar a toxicidade dos efluentes
desinfetados (tabela 2.1).
33
Tabela 2.1
. Sumário dos efeitos tóxicos de desinfetantes de efluentes domésticos verificados por diferentes
autores. (S = toxicidade; N = ausência de toxicidade).
Organismo
Desinfetante
Pimephales
promelas
Ceriodaphnia
dubia
Selenastrum
capricornutum
Bactéria
heterótrofa
Vibrio
fischeri
Allium
cepa
Cloro - S (6) - - S (5) N (5)
Ozônio N (1) N (1); S (2) N (1) - S (5) N (5)
UV N (1) N (1); S (2) N (1); S (3) S (4) N (5) N (5)
PAA - - - - S (5) S (5)
(1) Oppenheimer et al. (1994) apud Blatchley III et al. (1997). (2) Blatchley III, et al. (1997)
(3) Gjessing & Kallqvist (1991) (4) Lund & Hongve (1994)
(5) Monarca et al. (2000) (6) Thompson & Blatchley III (1999)
Ao selecionar um desinfetante de esgoto sanitário visando a segurança microbiológica dos
corpos hídricos receptores, é importante, tanto do ponto de vista econômico, como de saúde pública
e de qualidade ambiental, estar consciente sobre o risco de formação de subprodutos potencialmente
tóxicos e sobre a persistência do residual de desinfecção. Estudos demonstram que a velocidade de
formação de qualquer subproduto, assim como sua concentração final, esaltamente relacionada
com os parâmetros de qualidade do efluente desinfetado (incluindo pH, temperatura, carga
orgânica, concentração de amônia e íons brometo, etc.), com o tempo de contato entre o
desinfetante e o efluente e com a concentração de residual dos desinfetantes.
Como os efluentes sanitários apresentam características químicas, físicas e microbiológicas
distintas entre si, tanto espacialmente como temporalmente, a demanda de desinfetante necessária
para promover a inativação de microorganismos patogênicos em um dado momento e em uma dada
localidade é diferente, assim como seu eventual potencial tóxico. Sendo assim, a aplicação do
desinfetante não pode se dar de forma aleatória, sem um estudo preliminar.
De acordo com Dias (2001), a escolha de um desinfetante tem por objetivo obter xima
eficiência e confiabilidade na desinfecção com o menor custo e mínimos efeitos indesejáveis sobre
o efluente a ser tratado e sobre o ambiente receptor. Consequentemente, durante a desinfecção, o
ideal seria utilizar a menor concentração do agente químico capaz de promover a inativação dos
microorganismos indesejados, de forma a liberar menores concentrações de residual e formar
menores quantidades de subprodutos.
Nesse sentido, a escolha de um processo de desinfecção de águas residuárias deve
preconizar a investigação de diferentes desinfetantes em diversas dosagens e tempos de contato, não
com o objetivo de avaliar a eficiência da desinfecção como também de verificar seu potencial
tóxico sobre a vida aquática.
34
Para avaliar os efeitos adversos que a desinfecção de esgoto sanitário pode causar na biota
dos corpos hídricos receptores, pode-se lançar mão de estudos ecotoxicológicos, cuja ferramenta
principal é o bioensaio de toxicidade.
Os bioensaios baseiam-se fundamentalmente na exposição de organismos-teste pré-
definidos (sejam eles representativos do ambiente em questão ou que apresentem metodologia de
testes padronizada) à várias concentrações de uma ou mais substâncias, misturas químicas
complexas ou à amostras ambientais, por um período de tempo determinado.
Os bioensaios são especialmente importantes para avaliar a toxicidade de misturas
complexas, como é o caso do efluente desinfetado, na medida em que essas misturas são
constituídas por uma infinidade de substâncias de difícil identificação. Ademais, que se
considerar as inúmeras interações que ocorrem entre os compostos químicos presentes nos efluentes
e os desinfetantes, resultando nas mais diferentes formas de ação sobre o organismos expostos e
que, muitas vezes, não podem ser quantificados por meio de análises químicas.
Cumpre ainda ressaltar que a expressão da toxicidade de uma substância química ou mistura
complexa depende das características da exposição e de seu comportamento no meio ambiente e no
sistema biológico. Além das propriedades físico-químicas da substância ou mistura complexa, deve-
se considerar a magnitude, a duração e a freqüência da exposição, as vias de introdução, a natureza
do
endponit
do tóxico que está sendo medido, as espécies testadas e a suscetibilidade dos
organismos, estando esta última diretamente interligada aos processos toxicocinéticos e
toxicodinâmicos (AZEVEDO; CHASIN, 2003; USEPA, 1989).
Pretendeu-se, neste trabalho, avançar no conhecimento sobre o potencial efeito tóxico de
diferentes agentes de desinfecção de efluente de tratamento secundário de esgoto sanitário. Trata-se,
portanto, de um estudo experimental, onde se buscou avaliar a eficiência de três tipos de agentes
químicos (hipoclorito de sódio, ozônio e ácido peracético) e um agente físico (radiação ultravioleta)
na inativação de coliformes totais e
Escherichia coli
presentes no esgoto doméstico proveniente da
Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da cidade de Araraquara (SP). Porém, principalmente,
procurou-se verificar se esses desinfetantes, após aplicados no esgoto sanitário, apresentaram
residuais persistentes ou formaram subprodutos que pudessem ser tóxicos aos cinco organismos-
teste utilizados nos bioensaios, os quais representam diferentes níveis da cadeia trófica de um
ambiente aquático.
Ressalta-se que a interpretação e extrapolação dos dados obtidos nos ensaios de toxicidade
devem permitir identificar os limites seguros e aceitáveis de contaminação dos esgotos
desinfetados, de forma a garantir que seu posterior lançamento no ambiente aquático não prejudique
a saúde dos corpos hídricos receptores.
35
3. OBJETIVOS
O objetivo principal deste estudo foi o de avaliar o potencial tóxico de diferentes
desinfetantes (hipoclorito de sódio, ácido peracético, radiação ultravioleta e ozônio) que podem ser
usados na desinfecção de esgotos sanitários. Para tanto, foram realizados ensaios de desinfecção
(diversas concentrações e tempos de contato) com o esgoto doméstico originário da cidade de
Araraquara (SP) e, posteriormente, ensaios de toxicidade a fim de verificar possíveis efeitos agudos
e crônicos em diferentes organismos-teste (
Daphnia similis
,
Ceriodaphnia silvestrii
,
Chironomus
xanthus
,
Danio rerio
e
Allium cepa
).
Os objetivos secundários incluem:
Caracterizar o esgoto sanitário bruto quanto às suas propriedades físicas, químicas e
bacteriológicas;
Verificar o potencial tóxico do esgoto sanitário após tratamento secundário.
Verificar possíveis alterações nas características físicas, químicas e bacteriológicas do
esgoto sanitário após a desinfecção com cada agente desinfetante;
Classificar os agentes desinfetantes utilizados na desinfecção do esgoto sanitário de acordo
com seu grau de toxicidade aos organismos-teste, levando-se em consideração as diferentes
concentrações e tempos de contato testadas.
Determinar qual dos agentes desinfetantes testados apresenta maior efetividade em termos
de inativação de coliformes totais e
Escherichia coli
e menor potencial tóxico aos
organismos-teste e, portanto, qual seria mais indicado para ser utilizado na desinfecção do
do efluente de tratamento secundário do esgoto sanitário de Araraquara (SP), de forma a
minimizar os impactos ao corpo hídrico receptor.
4. HIPÓTESE DO TRABALHO
A hipótese fundamental deste estudo baseia-se no fato de que “alguns agentes desinfetantes,
apesar de promoverem redução dos microorganismos patogênicos presentes no esgoto sanitário,
também podem produzir compostos tóxicos e genotóxicos, dependendo dos precursores existentes
no efluente e das doses dos desinfetantes” (MONARCA
et al.
, 2000). Por isso, quando se pretende
implantar um sistema de desinfecção em uma Estação de Tratamento de Esgotos de uma
determinada localidade, é prudente que se faça um estudo toxicológico prévio analisando o
potencial tóxico de formas convencionais e alternativas de desinfetantes, de forma que se possa
adotar o agente desinfetante mais adequado e eficaz àquele determinado efluente, o que minimizaria
possíveis efeitos adversos ao corpo hídrico receptor e a sua biota.
36
5. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho, de cunho experimental, foi desenvolvido no Laboratório de Ecotoxicologia e
Ecofisiologia de Organismos Aquáticos, pertencente ao Núcleo de Estudos de Ecossistemas
Aquáticos (NEEA), localizado no Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA), em
Itirapina, SP, o qual faz parte do Departamento de Hidráulica e Saneamento (SHS), da Escola de
Engenharia de São Carlos (EESC), Universidade de São Paulo (USP)
.
5.1. Área de coleta
Para o desenvolvimento do presente estudo, optou-se por utilizar as águas residuárias
provenientes da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Araraquara (SP), uma vez que não
havia ETE em São Carlos durante a fase experimental deste trabalho.
O município de Araraquara (SP), que está localizado a cerca de 40km deo Carlos, possui
uma área total de 1.312km
2
e aproximadamente 190 mil habitantes.
A Estação de Tratamento de Esgotos Sanitários de Araraquara (ETE-Araraquara), que foi
inaugurada em março de 2000 e é operada pelo Departamento Autônomo de Água e Esgotos
(DAAE), situa-se às margens do Ribeirão das Cruzes, na Rodovia SP 255, a 13km do perímetro
urbano. Essa Estação foi planejada para atender uma população de 270 mil habitantes, possuindo
capacidade total de tratamento de 800 l/s. Atualmente a ETE-Araraquara trata 100% dos esgotos
sanitários coletados na cidade. Sua rede de esgotos, formada por 893 km de coletores, atende a mais
de 98% dos estabelecimentos municipais de Araraquara.
O sistema de tratamento da ETE-Araraquara é de nível secundário, sendo constituído por
lagoas de estabilização que apresentam dois módulos em paralelo. Cada módulo é composto por
Lagoa de Aeração, Lagoa de Sedimentação e Lagoa de Lodo, como pode ser observado na figura
5.1. O processo de desinfecção não faz parte do sistema de tratamento dessa ETE.
No tratamento preliminar (físico), o resíduo bruto que chega na Estação por meio de
emissário subterrâneo é submetido a um gradeamento inicial para a separação dos detritos maiores
(figura 5.2). Posteriormente, o esgoto atravessa uma calha Parshal, que registra a vazão de esgoto a
ser tratado, e segue para as caixas retentoras de areia, cuja função é separar a areia do líquido que
seguirá para o tratamento nas Lagoas.
37
Figura 5.1.
Fluxograma da ETE - Araraquara.
1
Figura 5.2
.
Chegada do esgoto bruto por tubulação submersa à ETE-Araraquara (Tratamento Preliminar).
1
O tratamento biológico ocorre nas Lagoas de Aeração, onde o esgoto é submetido à agitação
mecânica realizada por aeradores (figura 5.3). Esses equipamentos movimentam a água
promovendo a oxigenação da mistura, eliminando gases indesejáveis e acelerando o processo de
decomposição da matéria orgânica por bactérias aeróbias. O volume útil das Lagoas de Aeração é
Coleta -
Afluente
Coleta -
Efluente
38
da ordem de 103.700,00m
3
, o que implica em um tempo de detenção médio do esgoto de 3 dias
nessas lagoas, considerando a vazão nominal média de 400L/s por módulo.
Em seguida, o esgoto é encaminhado para as Lagoas de Sedimentação, onde permanece em
descanso para que as partículas sólidas ainda presentes na mistura se depositem no fundo das lagoas
(figura 5.4). Esse processo de sedimentação remove a matéria orgânica da coluna d’água
transformando-a em biomassa (lodo). O volume útil dessas lagoas é da ordem de 57.600,00m
3
,
proporcionando um tempo de detenção médio de 1,7 dias, considerando a vazão nominal média de
cada módulo de 400L/s.
O lodo sedimentado no fundo das lagoas deve ser estabilizado por processos anaeróbios na
Lagoa de Lodo e removido periodicamente para um aterro sanitário; porém, até o término da fase
experimental deste estudo, a Lagoa de Lodo ainda o se encontrava em operação, devido ao fato
do lodo ainda não ter sido formado em quantidade suficiente durante todo o período de
funcionamento da ETE-Araraquara.
Ao sair da Lagoa de Sedimentação, o efluente líquido final não é submetido a nenhum
sistema de desinfecção, sendo lançado diretamente no Ribeirão das Cruzes (figura 5.5). Esse rio,
que atravessa a zona urbana de Araraquara, está inserido na Bacia do rio Jacaré-Guaçú (Médio Tietê
Inferior UGRHI Tietê/Jacaré) e é enquadrado, de acordo com o Decreto Estadual 39.173/94,
como rio de classe 4.
Apesar de as águas do Ribeirão das Cruzes estarem destinadas aos seus usos menos
exigentes, como navegação e harmonia paisagística, conforme classificação estabelecida pelo
CONAMA (Resolução 357 de 17 de março de 2005), podem ser encontradas represas às suas
margens utilizadas no meio rural para fins como a irrigação de pomares e canaviais.
Figura 5.3
. Lagoas de Aeração da ETE-Araraquara.
1
39
F
igura 5.4
. Lagoas de Aeração (ao fundo) e de sedimentação (à frente) da ETE-Araraquara.
1
Figura 5.5.
Efluente final da ETE-Araraquara sendo lançado no Ribeirão das Cruzes.
1
1
Fonte: SCALIZE, P. S. et al. (2003).
40
5.2. Coleta, transporte e estocagem das amostras
Neste estudo, foram realizadas quatro coletas instantâneas de esgoto na ETE-Araraquara. A
primeira coleta, considerada preliminar, foi efetuada em setembro de 2003. Nessa oportunidade,
foram amostrados 40L de esgoto bruto (antes de ser submetido ao gradeamento inicial figura 5.2)
e 40L de esgoto tratado (antes de ser lançado no Ribeirão das Cruzes – figura 5.5).
O objetivo dessa primeira coleta foi o de analisar as características físicas, químicas e
bacteriológicas gerais do esgoto sanitário bruto (afluente da ETE) e tratado (efluente da ETE) de
Araraquara e estimar seu potencial tóxico a diferentes organismos-teste. Não foram realizados
ensaios de desinfecção nesse momento.
As outras coletas foram efetuadas em abril, julho e novembro de 2004, quando foram
amostrados, em cada ocasião, 60L do esgoto tratado para a realização de ensaios de desinfecção,
testes de toxicidade e caracterização física, química e bacteriológica do efluente.
Todas as coletas foram realizadas durante o período matutino (entre 8h30min e 10h), sendo
as amostras transportadas em galões de plástico de 20L a o laboratório, onde uma fração foi
armazenada em geladeira a 4°C para posterior realização das análises físicas e químicas e outra
alíquota foi diretamente utilizada em ensaios de desinfecção e testes de toxicidade.
5.3. Variáveis hidrológicas da ETE-Araraquara: vazão
As medidas de vazão do esgoto bruto e tratado da ETE-Araraquara foram obtidas junto ao
DAAE, no momento de cada coleta, e foram expressas em L/s.
5.4. Variáveis químicas,sicas e bacteriológicas do esgoto
Após a coleta do efluente, o mesmo foi caracterizado quanto a sua concentração de
nutrientes, sulfetos,
sulfatos e cloretos, metais totais, sólidos totais (dissolvidos e em suspensão),
carga orgânica (demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio e carbono
orgânico total), oxigênio dissolvido, alcalinidade, dureza, pH, condutividade e absorbância a
254nm
.
Como parâmetros bacteriológicos, coliformes totais e
Escherichia coli
foram utilizados para
avaliação da eficiência dos sistemas de desinfecção, sendo realizados, portanto, exames no efluente
não desinfetado e desinfetado.
As metodologias específicas utilizadas para a determinação das variáveis químicas, físicas e
bacteriológicas do esgoto, com exceção dos nutrientes, tiveram como referência APHA (1998).
41
5.4.1. Nutrientes
Neste estudo, foram analisadas as concentrações de formas nitrogenadas (nitrogênio total
Kjeldhal, amônia, nitrito e nitrato) e fosfatadas (fósforo total, fosfato total dissolvido e fosfato
inorgânico dissolvido), bem como de silicato reativo, presentes nas amostras de efluente da ETE-
Araraquara.
Em laboratório, logo após as coletas, alíquotas de aproximadamente 200mL de amostras
homogeneizadas foram armazenadas e congeladas em frascos de polietileno para posterior análise
de nitrogênio orgânico total e fósforo total.
Para a análise dos outros nutrientes, frações de aproximadamente 500mL de cada amostra
foram filtradas em membranas de fibra de vidro GF/C WHATMAN, de 0,45
µ
m
de porosidade,
sendo congeladas em frascos de polietileno até sua determinação.
A metodologia específica para a determinação de cada nutriente é apresentada na tabela 5.1,
sendo a colorimetria utilizada em todos os casos. Com exceção no nitrogênio total Kjeldhal, cuja
medida é dada por titulometria, as concentrações dos outros nutrientes foram medidas por
espectrofotômetro de transmissão modelo “SHIMADZU UV – 2101PC”, seguindo os padrões
estabelecidos pelo Laboratório de Limnologia do NEEA/CRHEA.
Tabela 5.1
. Metodologias de análise de nutrientes utilizadas no presente estudo e capacidade de detecção de
cada método.
Variável Referências de Metodologias Faixa de Detecção
Nitrogênio Total K
jeldhal
Golterman et al (1978)
1 a 100mg/L
Nitrito
Golterman et al (1978)
0,01 a 1,0mg/L
Nitrato
Mackereth et al. (1978)
0,01 a 1,0mg/L
Amônia
Koroleff (1976)
0,02 a 2,0mg/L
Fósforo total
Strickland & Parsons (1960)
0,01 a 6,0mg/L
Fosfato total e inorgânico dissolvidos
Strickland & Parsons (1960)
0,01 a 6,0mg/L
Silicato reativo
Golterman et al. (1978)
0,4 a 25mg/L
Dada a grande concentração de determinados nutrientes nos efluentes testados, houve casos
em que ocorreu extrapolação da capacidade de detecção dos respectivos todos de análises.
Nessas situações, conforme recomendado por APHA (1998), foi necessário diluir as amostras com
água destilada e deionizada para que suas medidas se adequassem aos limites de concentração
específicos do método selecionado, sendo seus valores ajustados posteriormente.
42
5.4.2. Sulfetos
Em laboratório, alíquotas de 25mL de amostras de esgoto foram utilizadas para a
determinação de sulfetos totais. Foi adotado o método colorimétrico azul de metileno, o qual é
adequado para detectar concentrações de 0,1 a 20mg/L. A leitura foi realizada em espectrofotômetro
modelo DR/2000, marca HACH.
5.4.3. Sulfatos
Amostras homogeneizadas de esgoto foram mantidas sob refrigeração a 4°C para posterior
análise de sulfatos. Foi realizada a análise adicionando-se o conteúdo de uma embalagem do
reagente de
SulfaVer 4 Sulfate
a 25mL de amostra, sendo a leitura efetuada em espectrofotômetro
DR/2000, marca HACH. Esse método pode ser aplicado para amostras que contenham
concentrações de sulfatos entre 20 e 70mg/L. Em alguns casos, houve necessidade de diluir as
amostras com água destilada e deionizada para que suas medidas se adequassem aos limites de
concentração do método, sendo seus valores ajustados posteriormente.
5.4.4. Cloretos
Amostras homogeneizadas de esgoto foram mantidas sob refrigeração a 4°C para posterior
análise de íons cloretos. As concentrações de cloretos foram determinadas pelo método
colorimétrico, utilizando solução férrica e solução de mercúrio como reagentes. Esse método é
adequado para detectar de 1 a 200mg de Cl
-
/L. A leitura foi realizada em espectrofotômetro da
marca HACH, modelo DR/2000.
5.4.5. Metais
Logo após cada coleta, uma alíquota de 1000mL de esgoto foi armazenada em garrafa de
polietileno, fixada imediatamente com 1,5mL de ácido nítrico (HNO
3
) concentrado e mantida sob
refrigeração a 4ºC até o momento da análise. A preservação da amostra com ácido nítrico é
necessária para manter o pH do efluente abaixo de 2, evitando perdas de metais por volatilização,
adsorção ou precipitação nas garrafas.
Para a determinação da concentração total dos metais (chumbo, cromo, cádmio, cobre,
zinco, níquel, ferro, manganês, magnésio e cálcio) presentes no esgoto, a metodologia utilizada foi a
da digestão com ácido nítrico concentrado, acrescentando-se peróxido de hidrogênio, seguindo as
recomendações descritas em APHA (1998). A leitura foi feita em espectrofotômetro de absorção
atômica por chama modelo “VARIAN Spectr AA220”.
43
Os Limites de Detecção (LD) e Quantificação (LQ) determinados pelo laboratório de
Limnologia do NEEA/CRHEA para os metais analisados neste estudo estão apresentados na tabela
5.2.
Tabela 5.2
. Limites de detecção e quantificação para as análises de metais por espectrofotometria de
absorção atômica com chama. Fonte: NEEA/CRHEA/SHS/EESC/USP.
Metais LD (mg/L) LQ (mg/L)
Chumbo 0,040 0,132
Cromo 0,014 0,045
Cádmio 0,008 0,028
Cobre 0,004 0,012
Zinco 0,014 0,048
Níquel 0,030 0,100
Ferro 0,028 0,092
Manganês 0,010 0,030
Magnésio 0,005 0,015
Cálcio 0,130 0,430
Diversos autores orientam para que não sejam realizadas avaliações quantitativas baseadas
em concentrações obtidas próximas ao LD, sugerindo que se adote um limiar mais conservador, o
LQ.
5.4.6. Sólidos Totais, Sólidos em Suspensão Totais e Sólidos Dissolvidos Totais
Os sólidos totais (ST) presentes em uma amostra incluem os sólidos em suspensão totais
(SST) - porção dos sólidos retida por um filtro com porosidade igual ou inferior a 2,0
µ
m - e os
sólidos dissolvidos totais (SDT) - porção dos sólidos que passa através desse filtro (APHA, 1998).
No presente estudo, as concentrações de ST, SST
e SDT, bem como as respectivas frações
voláteis e fixas, presentes nas amostras de efluente antes e após cada desinfecção, foram
determinadas seguindo metodologias específicas descritas em APHA (
op. cit.
), as quais são
adequadas para detectar concentrações de sólidos de até 20.000mg/L.
Cabe ressaltar que, para a extração de SST, foram utilizados filtros de fibra de vidro GF/C
WHATMAN, com 0,45
µ
µµ
µ
m de porosidade, previamente calcinados em mufla e pesados em balança
analítica digital “METTLER AE 240”, com 0,0001g de precisão. As amostras de esgoto filtradas
por essas membranas foram utilizadas para a análise de SDT.
44
5.4.7. Demanda Bioquímica de Oxigênio
Para a determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO
5
), em mg O
2
/L, utilizou-se
o sistema de diluição e incubação (20°C em 5 dias), seguida por análise titulométrica (APHA,
1998). Cabe observar que as análises de DBO
5
foram iniciadas até, no máximo, 2 horas após a
coleta das amostras de efluente em campo.
5.4.8. Demanda Química de Oxigênio
Para a determinação da Demanda Química de Oxigênio (DQO) em amostras
homogeneizadas de efluentes não desinfetados e desinfetados, seguiu-se metodologia estabelecida
por APHA (1998). Utilizou-se o método colorimétrico, aplicado a amostras digeridas em frascos de
reação (tipo HACH) fechados, mantidos em termo-reator a 150°C por 2 horas. A leitura foi
realizada em espectrofotômetro modelo DR/2000. Os reagentes utilizados na digestão das amostras,
da marca HACH (
High range
), apresentam capacidade de detecção de concentrações que variam de
20 a 1.500 mg de O
2
/L.
5.4.9. Carbono Orgânico Total
As medidas de carbono orgânico total (COT) das amostras de esgoto foram obtidas no
próprio DAAE/ETE-Araraquara no momento da coleta. As análises foram efetuadas
s
eguindo
metodologia preconizada por APHA (1998) e os resultados foram expressos em mg de C/L.
5.4.10. Oxigênio Dissolvido
As concentrações de oxigênio dissolvido (OD) foram medidas pelo método do eletrodo de
membrana, utilizando oxímetro da marca Toledo, modelo MO128, e seus resultados foram
expressos em mg/L.
5.4.11. Alcalinidade
As medidas de alcalinidade em amostras de esgoto não desinfetado e desinfetado foram
determinadas pelo método titulométrico, utilizando ácido sulfúrico padronizado a 0,05 N e
potenciômetro, marca Micronal modelo B374.
O resultado foi expresso em termos de mg de
CaCO
3
/L.
45
5.4.12. Dureza
As concentrações de dureza foram obtidas em laboratório por meio de titulação volumétrica,
método EDTA. O resultado foi expresso em termos de mg de CaCO
3
/L.
5.4.13. Potencial Hidrogeniônico
As medidas do potencial hidrogeniônico (pH) das amostras foram feitas por meio de
eletrodos seletivos ao íon H (método potenciométrico), utilizando um potenciômetro da marca
Micronal modelo B374.
5.4.14. Condutividade
Esta variável foi medida em laboratório por meio de um condutivímetro marca Orion,
modelo 145 A+. O resultado foi expresso em
µ
S/cm.
5.4.15. Absorbância a 254nm
A absorbância das amostras de esgoto o desinfetado e desinfetado foi verificada em
comprimento de onda de 254nm. Suas medidas foram realizadas tanto em amostras brutas como
filtradas
em membranas de 0,45
µ
m de porosidade, para remover o material particulado. As
amostras foram inseridas em cubeta de quartzo com trajetória de 1cm e a leitura foi realizada em
espectrofotômetro de transmissão SHIMADZU UV 160A”, no Laboratório de Saneamento do
Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC-USP, pelo técnico Paulo Fragiácomo.
5.4.16. Análises de trihalometanos (THM)
Neste estudo, foram analisadas quatro espécies de THM: clorofórmio, bromofórmio,
bromodiclorometano e dibromoclorometano, que poderiam estar presentes nas amostras de esgoto
em um período de 24h e 48h após os ensaios de desinfecção com o hipoclorito de sódio.
Após os tempos de contato, frascos de vidro âmbar de 100mL, contendo ácido ascórbico em
uma quantidade suficiente para eliminar o residual do oxidante, foram completamente preenchidos
com amostras de esgoto desinfetado, devidamente tampados e imediatamente armazenados em
geladeira a 4ºC.
As medidas de THMs foram determinadas por cromatografia gasosa, seguindo o método 551
da USEPA (1999a). O cromatógrafo utilizado, da marca Varian 3600CX, era equipado com
detector de captura de elétrons (DCE), coluna J&W-DB-1, 30m x 0,32mm ID e filme de 5
µ
m de
espessura.
46
As análises foram realizadas no Laboratório de Recursos Hídricos da UNAERP pela técnica
responsável Eng. Cristina F. P. Rosa.
5.4.17. Exames bacteriológicos
Durante as saídas de campo na ETE-Araraquara, alíquotas de 100mL de esgoto não
desinfetado foram coletadas em “tio-bags” (contendo tabletes de tiossulfato de sódio) e
armazenadas em geladeira a 4°C até a realização dos exames bacteriológicos de coliformes totais e
Escherichia coli
. O mesmo procedimento foi adotado em laboratório com amostras de esgoto
desinfetado. O tiossulfato de sódio tem como objetivo desativar eventuais reações de oxidação
presentes nas amostras.
Os coliformes totais e
E. coli
foram examinados pelo todo do substrato definido (método
Colilert), patenteado pela IDEXX, cujo limite de detecção é de 1 organismo/100mL.
As amostras de esgoto o desinfetado e desinfetado foram diluídas e inoculadas com
enzimas Colilert e incubadas por 24h a 35,0 ± 0,5°C em bandeja
Quanti-Tray
, a qual possui 97
poços para análise. Após o período de incubação, foi feita a contagem dos poços que apresentavam
coloração amarelada (coliformes totais) e dos poços que apresentavam fluorescência azul ao serem
expostas à luz ultravioleta (
E. coli
). A estimativa de coliformes totais e de
E. coli
para 100mL de
amostra foi expressa como número mais provável (NMP/100mL).
5.5. Ensaios de desinfecção
Em laboratório, foram realizadas desinfecções no efluente sanitário proveniente da Estação
de Tratamento de Esgoto de Araraquara utilizando o ácido peracético (PAA), hipoclorito de sódio e
ozônio, em diferentes concentrações e tempos de contato, e radiação ultravioleta, em diferentes
intensidades de radiação, a fim de avaliar seu efeito tóxico a diversos organismos-teste.
Logo após cada coleta do efluente final na ETE de Araraquara, uma fração do esgoto foi
diretamente utilizada nos ensaios de desinfecção e, em seguida, nos testes de toxicidade. outra
fração foi armazenada em geladeira a 4ºC para, a cada 2 dias, executar novos ensaios de
desinfecção, a fim de proceder a renovação das amostras utilizadas durante os testes de toxicidade
com
C. silvestrii
, C
. xanthus
,
D. rerio
e
A. Cepa
, cujo sistema de exposição foi semi-estático.
Nas coletas efetuadas em abril e julho de 2004, os ensaios de desinfecção foram realizados
apenas com PAA e radiação UV; enquanto que na amostragem de novembro de 2004, foram
utilizados nos ensaios de desinfecção o PAA, a radiação UV, o Cloro e o Ozônio.
47
5.5.1. Desinfecção com ácido peracético
Os ensaios de desinfecção com ácido peracético (PAA) foram realizados em instalação tipo
batelada, utilizando-se béqueres de vidro de 2L sob agitação.
O produto utilizado para a desinfecção com PAA foi o PROXITANE 1512, o qual é
constituído por: ácido peracético (mínimo de 15%), peróxido de hidrogênio (mínimo de 23%),
ácido acético (máximo de 16%) e veículo estabilizante (100%), conforme descrito pelo fornecedor
(Thech Desinfecção SP). Trata-se de uma solução quida clara, ácida (pH de 2,8) e com odor
forte e irritante de vinagre.
A partir do PROXITANE 1512, foi preparada uma solução estoque de 1g/L de PAA, cuja
concetração foi confirmada utilizando-se o método colorimétrico DDPD da CHEMetrics de leitura
fotométrica.
Para cada ensaio de desinfecção foram utilizados quatro béqueres, dispostos sobre
agitadores magnéticos. Em cada quer foi inserido 1L de esgoto homogeneizado e adicionado o
volume específico da solução estoque de PAA de forma a obter concentrações de 5mg/L e 10mg/L
do reagente. O tempo de contato foi de 20 e 40 min., após o qual uma alíquota de 25mL foi retirada
da amostra a fim de verificar a concentração de ácido peracético residual.
A metodologia usada para determinar o ácido peracético residual foi colorimétrica DDPD
(em espectrofotômetro Hach DR/2000), desenvolvida e patenteada pela CHEMetrics, na qual
utiliza-se o kit Vacu-Vials.
Outra fração da amostra, de 100mL, teve a reação de oxidação desativada com a adição de
tiossulfato de sódio a 3% na concentração de 0,1mL/100mL de amostra (APHA, 1998), para que,
posteriormente, pudesse ser utilizada na análise de coliformes totais e
E. coli
.
O restante da amostra foi diretamente utilizado nos diversos bioensaios de toxicidade.
5.5.2. Desinfecção com radiação ultravioleta
Os ensaios com luz ultravioleta foram realizados em batelada utilizando uma unidade
experimental denominada mara de desinfecção. Essa unidade constitui-se de duas caixas de aço
inox retangulares (reatores I e II), um refletor removível de alumínio polido e seis lâmpadas
germicidas de baixa pressão de vapor de mercúrio da marca PHILIPS modelo G15-T18, de
fabricação holandesa (figura 5.6). As lâmpadas, cujas medidas são 45,0 cm de comprimento por 2,6
cm de diâmetro, são de longa duração e apresentam potência nominal de 15 W. Essas lâmpadas,
instaladas na cúpula refletora, são emersas e, portanto, não entram em contato direto com o líquido
a ser desinfetado (COLETTI, 2003).
48
4 5 c m
1 5 c m
R e a t o r I I
R e a t o r I
L â m p a d a U V
4 0 c m
4 5 c m
6 , 6 c m
( a ) ( b )
4 5 c m
1 5 c m
R e a t o r I I
R e a t o r I
L â m p a d a U V
4 0 c m
4 5 c m
6 , 6 c m
( a ) ( b )
Figura 5.6.
Representação esquemática da câmara de desinfecção em corte longitudinal (a) e da
cúpula refletora em vista interna (b).
Para o aquecimento e estabilização das lâmpadas germicidas, as mesmas foram ligadas 30
minutos antes da exposição do esgoto à irradiação.
A água residuária foi inserida no reator II de forma a atingir uma espessura de lâmina
líquida constante de 4 cm, o que equivale a um volume de 7,2L. A mara de desinfecção foi
mantida nivelada para que a lâmina líquida no seu interior recebesse a radiação de forma
homogênea.
Com o objetivo de garantir uma irradiação mais uniforme da amostra, o líquido foi mantido
homogeneizado através de agitadores magnéticos.
Nos ensaios de desinfecção, 6 lâmpadas germicidas foram ligadas durante dois tempos de
irradiação diferentes (30 segundos e 120 segundos). Sendo assim, as amostras de esgoto foram
submetidas a uma intensidade de energia radiante constante, porém a doses distintas.
Após cada desinfecção, uma alíquota de 100mL do esgoto foi coletada para proceder a
análise de coliformes totais e
E. coli
, enquanto que outra fração de mesmo volume foi utilizada para
determinar a absorbância da amostra em comprimento de onda de 254nm. O restante do esgoto
desinfetado foi utilizado nos ensaios de toxicidade.
Determinação da intensidade média de radiação ultravioleta incidente
Para determinar a dose de radiação UV aplicada no efluente, é necessário conhecer a
intensidade da radiação no reator e o tempo de irradiação, pois a dose é o produto das duas
quantidades. Como os tempos de exposição foram fixados, havia ainda a necessidade de estimar a
intensidade média (I
0
) de radiação ultravioleta em 254nm incidente na superfície irradiada, expressa
em termos de energia incidente por unidade de área (mW/cm
2
).
Para tanto, utilizou-se o método actinométrico, onde uma substância química reage na
presença de luz nos comprimentos de onda de interesse, mudando de cor. É possível calcular a I
0
tendo-se o tempo de irradiação e conhecendo a quantidade de reagente consumido ou produto
formado em função da quantidade de radiação absorvida (rendimento quântico da substância).
49
Neste estudo, a substância actinométrica utilizada foi o ferrioxalato de potássio em solução
de 0,006M, que possui rendimento quântico conhecido para o comprimento de onda de 254nm
(1,26 íon-grama/Einstein) e absorve 99% da radiação ultravioleta em 1cm de trajetória (DANIEL,
2001).
O procedimento para a preparação da solução de ferrioxalato de potássio 0,006M seguiu a
metodologia descrita por Hatchard & Parker (1956), sendo que os ensaios de actinometria,
utilizando-se o Método da Fenantrolina (APHA, 1998), foram realizados em ambiente com pouca
iluminação para proporcionar o desenvolvimento de cor da substância actinométrica.
Os ensaios actinométricos para a determinação de I
0
no interior do reator foram conduzidos
com 6 lâmpadas ligadas, com a mina líquida fixada em 1cm. (volume de 1,8L) e durante o
período de 60 segundos.
A concentração de Fe
2+
antes e depois da irradiação, determinada a partir de leituras de
absorbância realizadas no comprimento de onda de 510nm em espectrofotômetro marca
“SHIMADZU UV 2101PC”, foi calculada utilizando a curva de calibração de Fe
2+
e a equação
abaixo:
a
smedida
Fe
V
VC
C
=
+2
(5.1)
+2
Fe
C
: concentração de Fe
2+
na solução de ferrioxalato de potássio antes e após a irradiação
com UV (mg/L)
C
medida
: concentração de Fe
2+
obtida pela curva de calibração de determinação
espectrofotométrica (mg/L)
V
s
: volume dasolução irradiada (100mL)
V
a
: volume da alíquota da solução irradiada (2mL).
Cabe ressaltar que a curva de calibração de Fe
2+
para o espectrofotômetro “SHIMADZU UV
160A” foi confeccionada a partir da correlação entre volumes definidos de solução de sulfato
ferroso 0,1M e sua correspondente absorbância determinada no equipamento, conforme
metodologia estabelecida por Hatchard & Parker (1956).
A partir da equação (5.1) foi possível calcular a dose de radiação ultravioleta em 254nm
incidente na superfície irradiada utilizando-se a fórmula:
5
22
10719,4
][][
x
FeFe
D
Fe
ad
Φ
=
++
(5.2)
50
D: dose de radiação UV em 254nm incidente na superfície irradiada (mWs/cm
3
)
[Fe
2+
]
d
: concentração molar de Fe
2+
depois da irradiação (mol/L)
[Fe
2+
]
a
: concentração molar de Fe
2+
antes da irradiação (mol/L)
φ
Fe
: rendimento quântico de produção de
Fe
2+
em 254nm (1,26 íons-grama/Einstein)
4,719x10
5
: fator de conversão.
Finalmente, a I
0
foi estimada pela equação:
t
LD
I
=
0
(5.3)
I
0
: intensidade média de radiação UV incidente na superfície irradiada (mW/cm
2
)
L : espessura da lâmina líquida (cm)
t: tempo de exposição (s)
Dosagem de radiação UV
Considerando que a intensidade de energia radiante diminui à medida que aumenta a
espessura da mina líquida e que parte da energia emitida pela fonte de radiação é absorvida por
substâncias presentes na amostra (material dissolvido ou em suspensão), após determinada a I
0
, há a
necessidade de calcular a intensidade média de radiação na mina líquida durante os ensaios de
desinfecção. Esse cálculo pode ser feito pela integração da Lei de Beer-Lambert:
dxe
L
I
I
L
ax
m
=
0
0
(5.4)
Im : intensidade média de radiação UV na lâmina líquida de espessura L (mW/cm
2
)
I
0 :
intensidade média de radiação UV incidente na superfície irradiada (mW/cm
2
)
α
: coeficiente de extinção ou de absorção (cm
-1
)
O coeficiente de extinção ou de absorção depende da qualidade da amostra e deve ser
calculado a partir da absorbância do efluente desinfetado em comprimento de onda de 254nm:
TA log
=
(5.5)
A : absorbância
T : transmitância
51
ax
eA
= log
(5.6)
Como a absorbância é medida em espectrofotômetro em cubeta de quartzo de 1cm de
trajetória, logo, x = 1. Então:
Aa 303,2
=
(5.7)
Obtendo-se o valor da intensidade média de radiação UV na lâmina líquida, pode-se calcular
a dose de radiação recebida pela amostra de efluente, isto é, a energia total que efetivamente estava
disponível para a inativação dos microorganismos, que é dada por:
tID
mr
=
(5.8)
D
r
: dose recebida de radiação ultravioleta (Wh/m
3
)
I
m
: intensidade média de radiação UV namina líquida (Wh/m
3
)
t: tempo de exposição (s)
5.5.3. Desinfecção com cloro
Os ensaios de desinfecção com cloro foram realizados em instalação tipo batelada,
utilizando-se béqueres de vidro de 2L sob agitação. A substância empregada como desinfetante foi
o hipoclorito de sódio (NaOCl) a 12%, que é uma solução líquida clara, levemente amarelada,
alcalina e muito corrosiva.
Esses ensaios foram conduzidos de forma análoga aos ensaios de desinfecção com PAA. As
concentrações de 2,5mg/L e 7,0mg/L de cloro livre utilizadas para a desinfecção do esgoto foram
preparadas a partir de uma solução estoque de 1g/L de hipoclorito dedio. O tempo de contato foi
de 20 e 40 min., após o qual a amostra foi dividida em 4 lotes:
1. O primeiro lote, constituído por um volume de 25mL, foi utilizado para verificar a
concentração de cloro residual livre e total na amostra. O cloro residual foi mensurado
através do método colorimétrico DPD (em espectrofotômetro Hach DR/2000), proposto pela
CHEMetrics, no qual utiliza-se o kit Vacu-Vials e tem como referência APHA (1998).
2. O segundo lote, constituído por uma alíquota de 100mL da amostra, foi utilizado para a
análise de coliformes totais e E. coli após a adição de tiossulfato de sódio a 3% na
concentração de 0,1mL/100mL de amostra (APHA, 1998).
3. O terceiro lote, constituído por um volume de 100mL, foi armazenado e posteriormente
utilizado para a determinação de trihalometanos (THMs), conforme descrito no item 5.4.16.
52
4. O último lote, que continha o restante da amostra, foi diretamente utilizado nos diversos
bioensaios de toxicidade, sem prévia descloração.
5.5.4. Desinfecção com ozônio
Os ensaios de desinfecção com ozônio foram realizados em batelada na unidade piloto
instalada no Laboratório de Tratamento de Resíduos Orgânicos (LTR), que pertence ao
Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC/USP de São Carlos.
Unidade piloto
A unidade piloto consiste de um cilindro de oxigênio (1), dois filtros de ar (2), uma válvula
reguladora de pressão (3), um rotâmetro (4), uma câmara de refrigeração (5), o gerador de ozônio
(6) e a câmara de ozonização (7) com o frasco lavador (8). A câmara de ozonização e o frasco
lavador são sustentados por uma grade metálica (figura 5.7).
x xx x
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
x xx x
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
Figura 5.7.
Representação esquemática da unidade piloto utilizada nos ensaios de desinfecção com ozônio.
Adaptado de Bilotta (2000).
(1) O
cilindro de oxigênio
puro (98%), que possui capacidade de 10m
3
, alimenta o gerador de
ozônio.
(2) Os
filtros
Schulz, fixados próximos à saída de ar do compressor, são responsáveis pela
retenção de partículas superiores a 0,3µm (filtro particulado) e pela redução da umidade de ar (filtro
coalescente).
(3) A
válvula reguladora de pressão
tem a função de controlar a pressão de entrada de
oxigênio no gerador de ozônio em até 0,5 bar, pois acima deste valor, as paredes internas das
câmaras responsáveis pelas descargas elétricas podem sofrer fissuras.
53
(4) O
rotâmetro
(modelo OMEL) controla a vazão de entrada de oxigênio no equipamento, o
que é fundamental, pois a produção de ozônio é diretamente proporcional à vazão de gás que atinge
o ozonizador. O rotâmetro é composto por uma coluna de vidro graduada e um marcador esférico
metálico que flutua na escala de 0 a 400L/h em função da vazão ajustada.
(5) O
sistema de refrigeração
(modelo Belliere), instalado na saída do rotâmetro, tem o
objetivo de evitar o superaquecimento do gerador de ozônio, o qual favorece a decomposição do O
3
em O
2
. Além disso, a umidade do ar na entrada do ozonizador deve ser mínima. Sendo assim, o
sistema possui uma serpentina de cobre imersa em água mantida à temperatura de cerca de C.
Quando o ar circula pela serpentina, a baixa temperatura do meio condensa as gotículas de água que
vão acabar se acumulando em um recipiente externo (BILOTTA, 2000).
(6) O
gerador de ozônio
utilizado neste estudo era da marca Qualid’or modelo laboratorial.
Neste equipamento, o oxigênio é convertido em ozônio através de uma descarga corona, isto é, na
passagem de oxigênio entre dois eletrodos, aos quais é aplicada uma alta tensão que varia entre 8 e
20kV. A tabela 5.3 relaciona as características técnicas do ozonizador (DIAS, 2001).
O gerador de ozônio foi mantido em funcionamento por aproximadamente 15 minutos antes
da realização dos ensaios, para garantir o aquecimento e estabilização do equipamento.
Tabela 5.3.
Características técnicas do ozonizador modelo laboratorial.
(7) A
câmara de ozonização
(ou câmara de contato), construída em acrílico com 2m de altura
e 52mm de diâmetro interno, é o local onde ocorre a transferência do gás (ozônio) para o líquido
(efuente) e, portanto, é onde acontece a desinfecção propriamente dita. A configuração da câmara
de ozonização dessa unidade piloto é a coluna quida com injão des contra-corrente (fluxo de
gás ascendente e fluxo líquido descendente) e dispersão através de bolhas (figura 5.8).
O ensaio de desinfecção com ozônio foi feito através da transferência do esgoto para o
interior da câmara de ozonização, por meio de um funil (a). Preenchida a coluna, o registro da
esfera foi fechado (b), o gerador de ozônio ligado e o registro da agulha aberto (c), dando início à
ozonização. Ao término do tempo de contato, o ozonizador foi desligado, os registros e esfera (b) e
Especificações técnicas
Pressão máxima 0,5kgf/cm
2
Peso 40kg
Dimensão 50x50x30cm
Tensão 220V
Vazão máxima 12L/min
Amperímetro 0 – 2A (média: 1,2A)
Manômetro 0 - 2 kgf/cm
2
Intensidade Mínima, média e máxima
Capacidade 8g O
3
/h
54
(d) abertos e o efluente desinfetado foi retirado para análises posteriores e para a realização dos
bioensaios. A fração de ozônio gasoso excedente (off-gas) na câmara de contato foi capturado no
frasco lavador (e).
Entrada do esgoto
Saída do off-gas
Entrada de ozônio
Saída do esgoto ozonizado
(a)
(b)
(e) (f)
(g)
(a) Funil para a entrada da amostra
(b) Registro de entrada da amostra
(c) Câmara de ozonização
(d) Difusor de bolhas
(e) Registro de entrada de ozônio
(f) Registro de saída da amostra
(g) Frasco lavador
(c)
(d)
Fluxo líquido descendente
Fluxo gasoso ascendente
Entrada do esgoto
Saída do off-gas
Entrada de ozônio
Saída do esgoto ozonizado
(a)
(b)
(e) (f)
(g)
(a) Funil para a entrada da amostra
(b) Registro de entrada da amostra
(c) Câmara de ozonização
(d) Difusor de bolhas
(e) Registro de entrada de ozônio
(f) Registro de saída da amostra
(g) Frasco lavador
(c)
(d)
Fluxo líquido descendente
Fluxo gasoso ascendente
Figura 5.8.
Representação esquemática da câmara de ozonização ou de contato.
Adaptado de Monaco (2006).
(8) O
frasco lavador
, com capacidade de 1L, foi preenchido, antes da ozonização, com 500mL
de uma solução de iodeto de potássio (KI) a 2% para avaliar a concentração de excesso de ozônio
(off-gas) na coluna a partir do método iodométrico (titulometria), como descrito em APHA (1998).
Determinação da produção de ozônio
A capacidade de produção de ozônio do gerador Qualid’or foi determinada a partir de uma
curva de calibração calculada por SARTORI (2004), utilizando o método iodométrico (titulometria)
(APHA, 1998).
A produção foi quantificada variando-se a vazão de gás que percorria a mara de contato
contendo KI a 2%, empregando titulometria com tiossulfato de sódio 0,025N. Para a construção da
curva, foram adotados os seguintes valores de vazão de oxigênio: 5; 10; 20; 30; 60; 100; 150; 200 e
300L/h, sendo o tempo de contato fixado em 10 minutos.
A produção de ozônio foi calculada pela equação:
55
t
V
VcVbVtN
P
×
×
×
×
=
)(4,14
(5.9)
P: Produção de O
3
ou do off-gas (gO
3
/h)
N: Normalidade do titulante Na
2
S
2
O
3
(0,025N)
V
t
: Volume da solução de Na
2
S
2
O
3
consumido na amostra (mL)
V
b
: Volume da solução de Na
2
S
2
O
3
consumido no branco (mL)
V
c
: Volume da solução de KI namara de ozonização (L)
V: Volume coletado da amostra ozonizada (mL)
t: Tempo de contato
14,4: Fator de conversão de unidades
Na figura 5.9 pode-se observar a curva de calibração confecionada para o gerador de ozônio
utilizado neste estudo.
y = 0,00002x
2
+ 0,0143x + 0,0853
R
2
= 0,982
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 50 100 150 200 250 300 350
Vazão de oxigênio (L/h)
Produção de ozônio (g/h)
Figura 5.9.
Produção de ozônio do equipamento Qualid'or em relação à vazão de oxigênio
(calculada por SARTORI, 2004).
Com base na equação da curva de calibração acima, foi possível calcular as vazões de
oxigênio que foram utilizadas neste estudo para alcançar as dosagens e tempo de contato definidos.
Para relacionar dosagem e produção de ozônio, utilizou-se a equação (5.10):
l
V
tP
D
×
×
×
=
6
100
(5.10)
56
D : dosagem de ozônio (mg/L)
P : produção de ozônio (g/h)
t : tempo de contato (minutos)
V
l
: volume do efluente na coluna (mL)
Ensaios de ozonização
Para os ensaios de desinfecção, 1,5L de esgoto foram inseridos na câmara de ozonização,
sendo utilizadas as vazões de oxigênio de 18L/h e 30L/h em um tempo de contato de 5 minutos.
Ao término dos ensaios, as amostras retiradas da câmara de contato foram encaminhadas ao
CRHEA para a realização dos bioensaios.
Cumpre observar que um volume de 25mL de cada amostra foi utilizado para verificar a
concentração de ozônio residual ainda presente no esgoto desinfetado, através do método
colorimétrico Índigo (em espectrofotômetro Hach DR/2000), proposto pela CHEMetrics, no qual
utiliza-se o kit Vacu-Vials.
Outra fração da amostra, de 100mL, que posteriormente foi utilizada para a análise de
coliformes totais e E. coli, teve a reação de oxidação desativada com a adição de tiossulfato de
sódio a 3% na concentração de 0,1mL/100mL de amostra (APHA, op. cit.).
Além disso, foi recolhida uma alíquota de 200mL da solução de KI do frasco lavador para
determinar a concentração de ozônio gasoso que o foi absorvido pelo esgoto durante o processo
de desinfecção (off-gas), utilizando-se, para tanto, as equações 5.9 e 5.10.
A dose de ozônio efetivamente consumida pela amostra foi calculada pela expressão (5.11):
Dose efetiva = Dose aplicada – (ozônio residual + “ off-gas”)
(5.11)
5.5.5. Eficiência de desinfecção
A eficiência de cada sistema de desinfecção, avaliada pela redução do número de coliformes
totais e E. coli, foi calculada pela fórmula:
100
=
Co
CeCo
E
(5.12)
E = eficiência de desinfecção (%)
C
o
= concentração de coliformes totais ou
E. coli
antes da desinfecção
C
e
= concentração de coliformes totais ou
E. coli
após a desinfecção
57
5.6. Bioensaios
Neste estudo, foram realizados bioensaios com diluição seriada de esgoto bruto e efluente
tratado, bioensaios com amostras de esgoto desinfetado e testes de toxicidade com agentes
desinfetantes.
No caso da coleta, realizada em setembro de 2003, foram conduzidos bioensaios com
diluições seriadas, isto é, foram testadas amostras integrais (concentração de 100%) e diluídas
(concentrações de 75%, 50% e 25%) de esgoto bruto e tratado, utilizando Daphnia similis,
Ceriodaphnia silvestrii, Danio rerio e Chironomus xanthus como organismos-teste. Os resultados
desses primeiros ensaios foram expressos em termos de Concentração de Efeito o Observado
(CENO), isto é, a maior concentração da amostra que não causou efeito deletério estatísticamente
significativo na sobrevivência e reprodução dos organismos-teste.
Nas demais coletas, efetuadas em abril, julho e novembro de 2004, os bioensaios foram
realizados com amostras integrais de esgoto tratado antes e após cada desinfecção, utilizando
Daphnia similis, Ceriodaphnia silvestrii, Danio rerio, Chironomus xanthus e Allium cepa como
organismos-teste. Nesses casos, os resultados dos bioensaios foram expressos em termos
qualitativos, isto é, como “tóxicos” ou “não tóxicos”, confirmados por análises estatísticas
específicas.
Ressalta-se que os testes de toxicidade acima referidos foram iniciados no mesmo dia de
coleta dos esgotos, seguindo orientação de Gherardi-Goldstein et al. (1990), que afirmam que as
amostras de efluentes devem ser utilizadas em bioensaios até, no máximo, 24h após sua coleta.
Para os testes de toxicidade com C. silvestrii, C. xanthus, D. rerio e A. cepa, cujo sistema de
exposição é semi-estático, houve necessidade de preservar as amostras de esgoto em geladeira a
4°C para proceder a renovação da substância-teste (no caso, o efluente) ao longo dos ensaios.
Além dos bioensaios com amostras de esgoto, também foram realizados testes de toxicidade
com hipoclorito de sódio, ácido peracético e radiação ultravioleta, isoladamente, a fim de avaliar a
sensibilidade dos organismos-teste a diferentes concentrações (ou doses, no caso da radiação
ultravioleta) dos referidos agentes de desinfecção. o houve possibilidade de determinar a
sensibilidade dos organismos-teste ao ozônio devido a dificuldades em estabelecer baixas dosagens
desse gás na água de cultivo que seria utilizada nos testes. Cumpre observar que o equipamento da
unidade piloto que controla a entrada de ar no gerador de ozônio, o rotâmetro, possui uma escala
muito ampla (de 0 a 400L/h).
Cabe ainda ressaltar que a sensibilidade dos organismos-teste ao longo de diferentes
gerações foi avaliada por meio de ensaios com substâncias de referência definidas, com o objetivo
de averiguar a qualidade e homogeneidade das culturas e possibilitar sua utilização nos bioensaios
realizados no presente estudo.
58
As metodologias dos bioensaios para cada organismo-teste utilizado neste trabalho, bem
como a biologia e ecologia das espécies, são descritas a seguir.
5.6.1.
Daphnia similis
Claus, 1876
(Crustacea: Cladocera)
A Daphnia similis é um microcrustáceo zooplanctônico de água doce que mede a3,5mm
de comprimento e apresenta forma arredondada (figura 5.10). As espécies da família Daphniidae,
popularmente conhecidas como pulgas d'água, são abundantes no meio aquático e exercem funções
importantes na cadeia alimentar, que o filtradores (nutrem-se de algas, detritos e bactérias em
suspensão) e servem de alimento para consumidores secundários.
Deve-se ressaltar que os cladóceros, incluindo a D. similis, estão entre os organismos mais
utilizados em bioensaios no mundo, devido a sua facilidade de cultivo em laboratório, sensibilidade
constante aos agentes tóxicos (em função de sua reprodução partenogenética, que propicia
homogeneidade de seu material genético), curto ciclo de vida e outras características intrínsecas do
grupo (USEPA, 2002). Testes com esses organismos foram os primeiros a serem estabelecidos e
exigidos no Brasil (na década de 1980), sendo esse grupo recomendado para representar os
invertebrados aquáticos em estudos ecotoxicológicos (IBAMA, 1990).
Apesar da D. similis ser um organismo alóctone (encontrado em diversos ecossistemas da
Europa e dos Estados Unidos) e, portanto, não apresentar relevância ecológica para as águas
interiores do Brasil, sua utilização neste trabalho é bastante útil uma vez que, por apresentar
metodologia de teste padronizada, seus resultados podem ser comparados com qualquer outro
estudo realizado com este organismo por outros pesquisadores, aumentando o aproveitamento de
dados publicados. Ademais, essa espécie tem tido sua biologia amplamente estudada (HERBERT,
1978) e tem sido muito utilizada para avaliar a toxicidade de efluentes líquidos.
Figura 5.10.
Daphnia sp.
59
5.6.1.1. Manutenção das culturas de
D. similis
As culturas de D. similis foram mantidas no Laboratório de Ecotoxicologia e Ecofisiologia
de Organismos Aquáticos do NEEA/CRHEA/EESC-USP, seguindo metodologia recomendada pela
CETESB (1992).
Lotes de cerca de 50 organismos adultos foram mantidos em cristalizadores de vidro de 2 L,
contendo água reconstituída (oriunda de poço artesiano) filtrada e ajustada para pH entre 7,0 e 7,6 e
dureza de 40 a 48mgCaCO
3
/L. Os cristalizadores permaneceram em câmara incubadora de
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), com temperatura de 23 ± 2°C e fotoperíodo de 16h luz.
O alimento, fornecido diariamente, constituiu-se de suspensão algácea de Pseudokirneriela
subcapitata na concentração de 1 x 10
6
células de alga por organismo, e de uma solução composta
por ração microfloculada de alevinos de peixe e fermento tipo Fleishman.
5.6.1.2. Bioensaios de toxicidade aguda com amostras de esgoto utilizando
D. similis
como
organismo-teste
Os bioensaios com D. similis seguiram metodologia padronizada pela CETESB, norma
L5.018 (1992). Os testes são agudos, estáticos e com 48 horas de duração, sendo que o efeito
observado é a imobilidade. Os organismos utilizados no experimento devem apresentar idade entre
6 a 24 horas e devem ser obtidos por partenogênese a partir de fêmeas com idade entre 7 e 28 dias.
Para cada um dos tratamentos e para o controle, são preparadas 4 réplicas contendo 5 organismos
em 10 mL de amostra, sendo o controle constituído pela mesma água utilizada no cultivo de D.
similis (água reconstituída). Durante o teste não é fornecida alimentação, aeração nem iluminação.
A temperatura pode variar entre 22 ± 2ºC ao longo do bioensaio.
No início e final dos testes foram verificados o pH, oxigênio dissolvido, dureza e
condutividade das amostras e do controle.
5.6.2.
Ceriodaphnia silvestrii
Daday, 1902 (Crustacea: Cladocera)
C. silvestrii também é um microcrustáceo zooplanctônico de água doce pertencente à família
Daphniidae. Este organismo mede de 0,8 a 0,9mm de comprimento, possui corpo ovalado com
acentuado sinus cervical e com 9 a 12 espinhos anais (figura 5.11) (ABNT, 2005).
Como os microcrustáceos em geral, C. silvestrii ocupa lugar de destaque na cadeia trófica,
pois atua como consumidor primário, se alimentando por filtração de material orgânico particulado,
e é predado por consumidores secundários, como outros invertebrados e peixes. Ao contrário da D.
similis, a espécie C. silvestrii é amplamente encontrada em águas continentais brasileiras e
60
argentinas, principalmente em ambientes nticos. Logo, a utilização dessa espécie como
organismo-teste apresenta alta relevância ecológica neste estudo.
Cumpre observar que à época do desenvolvimento experimental deste trabalho, C. silvestrii
ainda não apresentava metodologia de testes padronizada, porém, atualmente a norma técnica
13373 da ABNT (2005) estabelece o protocolo de ensaios de toxicidade padronizado para essa
espécie.
Figura 5.11. Ceriodaphnia silvestrii
.
5.6.2.1. Manutenção das culturas de
C. silvestrii
Os organismos cultivados no Laboratório de Ecotoxicologia e Ecofisiologia de Organismos
Aquáticos do NEEA/CRHEA/EESC-USP foram originalmente obtidos nos tanques de plâncton da
Reserva Experimental da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
As culturas de C. silvestrii foram mantidas em cristalizadores de vidro de 1L com água
reconstituída (oriunda de poço artesiano) filtrada e ajustada para pH entre 7,0 e 7,6 e dureza de 40 a
48mgCaCO
3
/L. Cada cristalizador, contendo cerca de 50 fêmeas adultas, permaneceu em câmara
incubadora de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), com temperatura de 23 ± 2°C e fotoperíodo
de 16h luz.
O alimento, fornecido diariamente, constituiu-se de suspensão algácea de Pseudokirneriela
subcapitata, na concentração de 1 x 10
5
células de alga por organismo, e de uma solução composta
por ração microfloculada de alevinos de peixe e fermento tipo Fleishman.
A metodologia de cultivo acima descrita foi adaptada de CETESB (1992).
61
5.6.2.2. Bioensaios de toxicidade crônica com amostras de esgoto utilizando
C. silvestrii
como
organismo-teste
Os bioensaios com C. silvestrii foram baseados na metodologia de testes para Ceriodaphnia
dubia padronizada pela CETESB, norma L5.022 (1992), já que, à época do desenvolvimento
experimental deste trabalho, C. silvestrii ainda o apresentava protocolo de ensaios de toxicidade
padronizada.
Os ensaios são crônicos, com renovação de água a cada 48 horas e com 7 dias de duração,
sendo que o efeito observado é a reprodução. Os organismos utilizados no experimento devem
apresentar idade entre 4 e 8 horas e devem ser obtidos por partenogênese a partir de fêmeas com
idade entre 7 e 21 dias. Para cada um dos tratamentos e para o controle, são preparadas 10 réplicas
contendo 1 organismo em 15 mL de amostra. A água do controle utilizada no teste é a mesma do
cultivo (água reconstituída). Durante o teste é fornecida alimentação diariamente, porém não é
adicionada aeração e o fotoperíodo é de 16 horas luz. A temperatura pode variar entre 23 ± 2ºC ao
longo do teste.
Os bioensaios com C. silvestrii podem expressar tanto efeito agudo (imobilidade) como
efeito crônico (reprodução); por isso, a cada renovação de água, foi observado o número de
neonatos em cada béquer e a mobilidade dos adultos, sendo realizadas medidas de pH, oxigênio
dissolvido, condutividade e dureza da água.
5.6.3.
Chironomus xanthus
Rempel, 1931 (Insecta: Diptera)
Chironomus xanthus (figura 5.12) é um inseto neotropical pertencente à família
Chironomidae que possui sinonímia com Chironomus domizzi (PAGGI, 1977 apud FONSECA,
1997) e Chironomus sancticaroli (STRIXINO; STRIXINO, 1982). Seu ciclo de vida pode ser
dividido em quatro estágios distintos: ovo, larva, pupa e adulto, os quais se alternam entre a fase
aquática (estágio imaturo) e a fase aérea (adulto). Durante a fase aquática, as larvas são bentônicas e
vivem em tubos, formados por seda e lodo, que ficam enterrados a poucos centímetros de
profundidade do sedimento.
Os Chironomidae são representados por um grande número de espécies, as quais apresentam
alta abundância. São cosmopolitas e extremamente adaptáveis a todos os tipos de ambientes,
possuindo um amplo espectro quanto aos requisitos ambientais (LINDEGAARD, 1995). Algumas
espécies possuem hemoglobina, o que as torna capazes de tolerar baixas concentrações de oxigênio.
Cumpre ressaltar que diversas espécies de quironomídeos, tais como C. tentans e C.
riparius, têm sido utilizadas de forma eficiente como organismos-teste na avaliação da toxicidade
de sedimentos em diferentes países (ARAÚJO et al., 2006).
62
Figura 5.12.
Larva de Chironomus xanthus.
Chironomus xanthus é uma espécie autóctone que ocorre no estado de São Paulo e, portanto,
apresenta relevância ecológica regional, constituindo frequentemente a proporção mais significativa
da biomassa da comunidade bentônica, possuindo papel significativo na reciclagem e fixação de
nutrientes no sedimento e sendo importante na dieta de aves e peixes (BAUDIN; NUCHO, 1992).
Esta espécie, nas últimas décadas, vem sendo utilizada em diversos estudos ecotoxicológicos
com sedimentos no Brasil (ALMEIDA, 2002; ALMEIDA 2007; DORNFELD, 2002; FONSECA,
1997; PAMPLIN, 1999) devido a sua fácil manutenção em laboratório, curto ciclo de vida e a alta
fecundidade.
A utilização de C. xanthus neste estudo tem por finalidade avaliar se o efluente, antes e após
a desinfecção, pode causar efeito deletério a organismos bentônicos através da transferência de
substâncias potencialmente tóxicas da coluna d’água para o sedimento.
5.6.3.1. Manutenção das culturas de
C. xanthus
As culturas de C. xanthus foram mantidas no Laboratório de Ecotoxicologia e Ecofisiologia
de Organismos Aquáticos do NEEA/CRHEA/EESC-USP, seguindo metodologia adaptada por
Fonseca (1997).
Os organismos foram mantidos em bandejas de plástico retangulares contendo cerca de 200g
de areia (isenta de matéria orgânica) e 6 L de água reconstituída (água natural oriunda de poço
artesiano isento de contaminantes) filtrada e ajustada para pH entre 7,0 e 7,6 e dureza de 40 a 48
mgCaCO
3
/L. Cada bandeja continha aproximadamente 200 a 400 larvas dos insetos, os quais foram
mantidos sob aeração branda e constante, com um fotoperíodo de 12h luz e com a temperatura
variando entre 22 e 26ºC.
63
Cada bandeja foi coberta por uma gaiola de tela de náilon para reter os adultos emergentes,
sendo que a alimentação, constituída por uma solução de ração de peixe em flocos, foi fornecida na
concentração de 5,0g/L a cada 48h.
5.6.3.2. Bioensaios de toxicidade crônica com amostras de esgoto utilizando
C. xanthus
como
organismo-teste
Os bioensaios com C. xanthus são baseados no procedimento adaptado por Fonseca (1997).
Os ensaioso crônicos, com renovação de 1/3 do volume de amostra a cada 48 horas e com 7 dias
de duração, sendo que o efeito observado é a mortalidade.
Nos testes crônicos com este organismo, se utiliza uma proporção de 1:4 sedimento/água
(amostra), sendo que o sedimento utilizado no teste, que é o mesmo do cultivo, é incinerado em
mufla a 550ºC por 2 horas, para a retirada da matéria orgânica. Sendo assim, para cada tratamento e
para o controle, são preparadas 5 réplicas contendo 15g de sedimento e 60 mL de amostra. Em cada
réplica são inseridos 2 organismos que devem se encontrar no ínstar larval. A água do controle
utilizada no teste é a mesma do cultivo. Durante o teste, o fotoperíodo é de 12 h luz e a temperatura
pode variar entre 22 e 26ºC.o é fornecida aeração e a alimentação é adicionada a cada 48 horas.
No início e final dos testes foram realizadas medidas de pH, oxigênio dissolvido,
condutividade e dureza da água.
5.6.4.
Danio rerio
Hamilton-Buchana, 1822 (Cypriniformes: Cyprinidae)
O peixe ornamental Danio rerio é um teleósteo dulcícola de pequeno porte, com
comprimento médio de 4,0 a 5,0 cm. É popularmente conhecido como paulistinha ou peixe-zebra,
uma vez que apresenta listras horizontais na lateral do corpo (figura 5.13). Trata-se de um peixe
tropical, ovíparo e omnívoro, que atua como consumidor secundário na cadeia trófica aquática. Essa
espécie de peixe é originária da Índia e do Paquistão e foi introduzida em diversos países do mundo
(ABNT, 2003).
O peixe-zebra apresenta inúmeras características vantajosas que o tornaram um modelo
vertebrado importante para estudos ecotoxicológicos: é um organismo relativamente pequeno e que
requer pouco espaço para sua manutenção em laboratório; conseqüentemente, combina a relevância
de ser um vertebrado com a escala de estudo de um organismo invertebrado. Ademais, é de fácil
obtenção e manipulação, apresenta baixo custo, possui reprodução rápida e capacidade de absorver
prontamente compostos adicionados à água.
64
Figura 5.13. Danio rerio
.
Fonte: http:// www.forumlabo.com/2002/actus/cnrs/pics
Esse peixe foi um dos primeiros organismos a ser utilizado em testes de toxicidade pela
CETESB, em 1977, e é amplamente utilizado em estudos ecotoxicológicos no mundo todo. Por
todos os fatores acima citados e por apresentar metodologia de testes padronizada, optou-se por
utilizar o D. rerio neste trabalho, apesar de não ser uma espécie nativa do Brasil.
5.6.4.1. Manutenção dos organismos em laboratório
Juvenis de D. rerio foram obtidos comercialmente em uma loja especializada em aquários
(Cemusiquário) da cidade de São Carlos e mantidos em laboratório por um período mínimo de 1
semana antes da realização dos bioensaios (para aclimatação), conforme recomendado pela norma
ABNT (2003).
Lotes homogêneos de organismos foram mantidos em aquários de 25L, sob aeração
constante, sendo preservada a proporção de, no máximo, 1g de organismo por litro de água.
A água de manutenção, oriunda de poço artesiano, foi filtrada e ajustada para pH entre 7,0 e
7,6 e dureza de 40 a 48mgCaCO
3
/L. Os organismos foram mantidos a uma temperatura de 23 a
27°C e fotoperíodo de 12h luz, com luminosidade difusa.
A alimentação, constituída por ração comercial Tetramin, era fornecida duas vezes ao dia.
5.6.4.2. Bioensaios de toxicidade aguda com amostras de esgoto utilizando de
D. rerio
como
organismo-teste
Os bioensaios com D. rerio seguiram metodologia de testes padronizada pela CETESB,
norma L5.019 (1992). Os testes são agudos, semi-estáticos (renovação da amostra a cada 48h) e
com 96 horas de duração, sendo que o efeito observado é a mortalidade.
Para cada um dos tratamentos e para o controle, são preparadas 3 réplicas contendo 250 mL
de amostra e 5 peixes juvenis com idade entre 10 a 15 dias (mantendo a proporção de 1g de
65
organismo por litro de amostra). A água do controle utilizada no teste é a mesma do cultivo.
Durante o teste não é fornecida alimentação nem aeração e o fotoperíodo é de 12 horas/luz. A
temperatura pode variar de 23 a 27ºC ao longo do bioensaio.
No início e final dos testes foram verificados o pH, oxigênio dissolvido, dureza e
condutividade das amostras e do controle.
5.6.5.
Allium cepa
(Alliaceae)
A cebola comum, pertencente à família das Liliáceas, é uma das plantas cultivadas de mais
ampla difusão no mundo, sendo a segunda hortaliça em importância econômica, com valor da
produção estimado em US$ 6 bilhões anuais. Sua cultura teve origem no centro da Ásia de onde se
espalhou para a África e Europa. No Brasil a introdução da cebola se deu principalmente através do
Rio Grande do Sul.
Allium cepa (figura 5.14), apesar de não ser um organismo aquático e, por isso, não
apresentar relevância ecológica em relação ao corpo hídrico receptor do esgoto a ser testado, foi
escolhida como organismo-teste neste estudo por apresentar metodologia de teste simples, rápida e
de baixo custo e por ser uma espécie que pode, eventualmente, ser cultivada por pequenos
agricultores ribeirinhos que aproveitam as águas dos rios para irrigação.
Figura 5.14. Allium cepa.
A. cepa tem sido utilizada como sistema de testes para investigar efeitos deletérios de
diversas substâncias químicas, efluentes líquidos e amostras ambientais de água desde 1975
(RIBEIRO, 1999), sendo que seu uso tem sido recomendado por agências internacionais de
proteção ambiental para verificação preliminar do nível de toxicidade de misturas complexas
(FISKESJÖ, 1985).
66
5.6.5.1. Obtenção dos organismos
Os bulbos de cebola utilizados neste estudo foram obtidos comercialmente no Mercado
Municipal de São Carlos cerca de 24h antes da realização dos ensaios de toxicidade e mantidos em
laboratório, em ambiente ventilado, à temperatura ambiente.
Cumpre ressaltar que as cebolas selecionadas encontravam-se em bom estado de
conservação (sem traumas ou deformidades externas visíveis) e apresentavam diâmetro entre 2,5 e
3,5cm e peso entre 17 e 30g.
5.6.5.2. Bioensaios de toxicidade aguda com amostras de esgoto utilizando de
A. cepa
como
organismo-teste
Neste trabalho foi seguida a metodologia de testes de toxicidade para Allium cepa (teste I)
desenvolvida por Fiskejö (1993).
Cerca de 3h antes do início dos ensaios, as folhas mortas dos bulbos de cebola, bem como
suas raízes secas foram removidas com faca de forma cuidadosa para não danificar a área radicular.
As cebolas permaneceram em água destilada até o início dos testes a fim de que se reduzissem os
possíveis efeitos inibidores do brotamento.
O bioensaio consiste na exposição de 12 bulbos de cebola de tamanho uniforme (diâmetro
de 2,5 a 3,5cm e peso de 17 a 30g) e de forma individual à amostra por um período de 72 horas,
conforme pode ser visualizado na figura 5.15. As duas cebolas que apresentam menor crescimento
da raiz nas primeiras 48 horas de teste são descartadas. As raízes das cebolas são mensuradas ao
final do teste com um paquímetro e um valor médio do comprimento dos feixes das raízes de cada
tratamento deve ser reportado; portanto, o efeito observado nesse bioensaio é a inibição do
crescimento das raízes. Este teste, que é semi-estático (com renovação parcial de água a cada 24h),
deve ser mantido sem iluminação nem aeração e em temperatura de 22 ± 2ºC.
A porcentagem de inibição do crescimento da raíz da cebola foi calculada pela seguinte
fórmula:
100
=
C
MtC
I
(5.13)
I = inibição do crescimento da raíz da cebola (%)
C = comprimento médio das raízes de cebolas do controle
M
t
= comprimento médio das raízes de cebolas do tratamento
67
Figura 5.15.
Teste de toxicidade com bulbos de cebola (
Allium cepa
).
Acima: controle. Abaixo: solução a 1% de metanol. Fonte: Fiskejö (1993).
No início e final dos testes foram verificados os valores de pH, oxigênio dissolvido, dureza e
condutividade das amostras e do controle.
5.6.6 Bioensaios de toxicidade com cloro, ácido peracético e radiação ultravioleta
Para avaliar a sensibilidade dos diferentes organismos-teste ao hipoclorito de sódio, ácido
peracético e radiação ultravioleta, foram realizados testes de toxicidade que, para D. similis, D.
rerio e A. cepa, seguiram as respectivas metodologias descritas nos bioensaios com amostras de
esgoto. Nesse caso, no entanto, os organismos foram expostos a diferentes concentrações ou
dosagens (no caso da radiação ultravioleta) dos agentes desinfetantes, diluídas com água
reconstituída.
Para C. silvestrii e C. xanthus, as metodologias de testes com os agentes de desinfecção
diferiram dos respectivos métodos de bioensaios utilizados com amostras de esgoto.
Os testes de toxicidade realizados nesse momento com C. silvestrii foram estáticos, agudos,
com duração de 48 horas, sem fornecimento de alimento nem aeração, sendo o fotoperíodo de 24h
escuro e com a temperatura variando entre 23 e 25ºC. Para cada uma das concentrações-teste ou
doses-teste, foram preparadas 4 réplicas, contendo 5 organismos em 20mL de solução.
os testes com C. xanthus foram estáticos, agudos, com duração de 96h, com a adição de
alimento a cada 48h, mas sem fornecimento de aeração, sendo mantidos o fotoperíodo e a
temperatura utilizados nos cultivos. Para cada uma das concentrações-teste ou doses-teste, foram
preparadas 10 réplicas, contendo 1 organismo em 30mL de solução, sem a presença de substrato.
68
Após o término de cada experimento, foi observado o endpoint específico para os
organismos-teste (mortalidade ou imobilidade) nas diferentes concentrações ou doses testadas e,
quando possível, calculada a CL50 ou CE50 (concentração da amostra que causa efeito agudo, letal
ou não, a 50% dos organismos-teste, no tempo de exposição e nas condições de ensaio), assim
como seu intervalo de confiança (p = 0,05), por meio do método Trimmed Spearman-Karber
(HAMILTON, 1977) ou por meio de interpolação gráfica, no caso dos testes realizados com A.
cepa.
Na tabela 5.4 estão discriminadas as faixas de concentração utilizadas nos testes de
toxicidade com os diferentes organismos-teste.
Tabela 5.4.
Faixas de concentrações ou doses (recebidas) dos agentes tóxicos utilizadas em testes de
toxicidade neste estudo.
Organismo-teste Hipoclorito de sódio Ácido Peracético Radiação Ultravioleta
D. similis
0,005 a 0,08mg/L 0,1 a 1,2mg/L 78,31 a 313,26mWs/cm
2
C. silvestrii
0,005 a 0,04mg/L 0,1 a 1,2mg/L 78,31 a 313,26mWs/cm
2
D. rerio
0,02 a 4,80mg/L 0,4 a 4,2mg/L 78,31 a 313,26mWs/cm
2
C. xanthus
0,16 a 2,56mg/L 0,2 a 6,0mg/L 78,31 a 313,26mWs/cm
2
A. cepa
0,32 a 5,00mg/L 1,0 a 10,0mg/L 78,31 a 313,26mWs/cm
2
No início e final dos ensaios foram verificados os valores de pH, oxigênio dissolvido, dureza
e condutividade dos tratamentos e do controle.
5.6.7. Testes de sensibilidade à substância de referência
Os testes de sensibilidade consistem em expor os organismos-teste a diferentes
concentrações de uma determinada substância de referência. O objetivo desses ensaios é avaliar a
repetibilidade do método analítico em um determinado laboratório ao longo do tempo e permitir
comparações interlaboratoriais (ENVIRONMENT CANADA, 1990). Os resultados devem ser
expressos por meio de cartas-controle, onde são calculadas as faixas de sensibilidade de cada
organismo às substâncias de referência específicas. Os limites de aceitação de resultados devem
estar compreendidos nas faixas de sensibilidade, sendo esses valores um dos indicadores da
qualidade do ensaio ecotoxicológico.
Para D. similis, D. rerio e A. Cepa, os ensaios de sensibilidade foram realizados em
conformidade com as respectivas metodologias descritas nos bioensaios com amostras de esgoto,
sendo que o tempo de duração dos testes, em alguns casos, foi modificado. Já para C. silvestrii e C.
xanthus, os testes seguiram metodologias descritas no item 5.5.6. As substâncias de referência
69
utilizadas nos testes de sensibilidade, bem como as faixas de concentrações testadas são listadas na
tabela 5.5.
Tabela 5.5.
Características gerais dos testes de sensibilidade realizados com os organismos-teste.
Espécie Substância de referência
Faixa de concentração
Duração do teste
D. similis
Dicromato de Potássio 0,01 a 0,30mg/L 24h
C. silvestrii
Cloreto de Sódio 0,4 a 2,8mg/L 48h
D. rerio
Dicromato de Potássio 70,0 a 180mg/L 96h
C. xanthus
Cloreto de Potássio 1,0 a 7,8g/L 96h
A. cepa
Sulfato de Cobre 0,05 a 1,35mg/L 72h
Ao final de cada experimento, foi observada a mortalidade ou imobilidade total em cada
concentração e no controle e calculada a CL50 (ou CE50), assim como seu Intervalo de Confiança a
95%, através do método Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON, 1977).
As faixas de sensibilidade para cada organismo foram determinadas a partir das médias de
CL50 (ou CE50) ± 2 desvios-padrão dos resultados de testes pretéritos.
No início e final dos ensaios foram verificados os valores de pH, oxigênio dissolvido, dureza
e condutividade dos tratamentos e do controle.
5.6.8. Análises de dados dos bioensaios com amostras de esgoto
Os resultados dos bioensaios com amostras de esgoto foram analisados por meio de testes de
hipóteses. Primeiramente, os dados foram submetidos a testes de normalidade (teste de chi-
quadrado) e homocedasticidade (teste de Bartlett). Quando constatado que o conjunto de dados
apresentava distribuição normal e homogeneidade de variâncias, verificava-se se havia alguma
diferença estatística entre as dias dos tratamentos por meio de análise de variância (ANOVA).
Caso positivo, havia a necessidade de comparar as médias de cada tratamento com a do controle
experimental através do teste de Dunnett e/ou comparar todos os tratamentos entre si através do
teste de Tukey (VIEIRA, 1999).
Porém, quando a normalidade dos dados ou homogeneidade de suas variâncias o era
verificada, utilizava-se o teste de Steel Many One Rank (equivalente não paramétrico ao teste de
Dunnett), depois o teste de Kruskal-Wallis para a realização de comparações múltiplas entre os
tratamentos (NIPPER, 2002b).
Os resultados foram expressos em termos qualitativos, isto é, como “tóxicos” (tratamento
estatísticamente diferente do controle) ou “não tóxicos” (tratamento estatísticamente igual ao
controle).
70
O programa computacional utilizado para executar as análises estatísticas foi o TOXSTAT
3.3 (GULLEY, 1994), sendo que o nível de significância
de todos os testes utilizados para tratar os
conjuntos de dados deste estudo foi de 5% (
α
= 0,05).
Para analisar os dados de reprodução de C. silvestrii, além dos testes estatísticos acima
citados, também foi possível, em alguns casos, estimar a taxa intrínseca de crescimento
populacional através da equação de aumento natural da população sob condições ótimas, sugerido
por ALMEIDA et al. (2000), uma vez que as condições laboratoriais dos bioensaios permitiram
essa extrapolação.
Com relação aos resultados de sobrevivência ou mobilidade obtidos nos bioensaios com
diluições seriadas, foi possível, em alguns casos, calcular a CL50 ou CE50 (concentração que causa
efeito deletério agudo a 50% dos organismos-teste no tempo de exposição determinado), assim
como seu intervalo de confiança (p = 0,05) através do método Trimmed-Spearman-Karber
(HAMILTON et al., 1978). Nos casos em que não foi possível calcular a CL50 ou CE50, os
resultados dos testes foram expressos em termos de Concentração de Efeito Não Observado
(CENO), isto é, a maior concentração da amostra que não causa efeito deletério estatísticamente
significativo na sobrevivência e reprodução dos organismos-teste, nas condições de ensaio.
71
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse tópico, serão apresentados e discutidos primeiramente os resultados obtidos na coleta
preliminar (efetuada em setembro de 2003), estabelecendo uma comparação entre as características
do esgoto bruto e tratado da ETE-Araraquara. Em um segundo momento, serão expostos e
comparados os resultados das análises físicas, químicas, bacteriológicas e toxicológicas do esgoto
coletado nas 4 amostragens, a fim de analisar a variabilidade do efluente ao longo do tempo. Os
dados obtidos nos diferentes ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da 2ª, e coletas
serão apresentados na seqüência, bem como os bioensaios de toxicidade com amostras de esgoto
após a desinfecção. Por fim, serão descritos os resultados dos testes de sensibilidade aos
desinfetantes isoladamente e à substâncias de referência.
6.1. Caracterização física, química e bacteriológica do esgoto bruto e tratado da ETE-
Araraquara: coleta preliminar
O objetivo dessa primeira coleta, realizada em 15/9/2003, foi o de analisar as características
físicas, químicas e bacteriológicas gerais do esgoto sanitário bruto (afluente da ETE) e tratado
(efluente da ETE) de Araraquara e estimar seu potencial tóxico a diferentes organismos-teste.
Na tabela 6.1, o apresentados os resultados obtidos nessa coleta preliminar, bem como a
eficiência do tratamento de esgoto em termos de remoção de nutrientes, matéria orgânica,
coliformes e outros parâmetros.
72
Tabela 6.1.
Resultados das análises físicas, químicas e bacteriológicas realizadas em amostras de esgoto
afluente e efluente da ETE - Araraquara coletadas em 15/09/03.
Parâmetros Unidade Afluente Efluente
Eficiência de
Remoção (%)
Vazão L/s 495 500 -
Turbidez NTU 418 80 80,9
Temperatura ºC 25,8 21,8 -
pH 7,5 7,7
-
Condutividade µS/cm 607 436 28,3
OD mg/L 2,5 8,4 -
Dureza mgCaCO
3
/L
340 58 82,9
Cloreto mg/L 33,6 41,4 -
Sulfeto mg/L 0,21 0,05 76,2
Sulfato mg/L 74 50 32,4
ST mg/L 710 450 36,6
SST mg/L 116 34 70,3
SDT mg/L 608 416 31,7
NTK mg/L 38,08 14,32 62,4
Amônia mg/L 22,22 10,68 51,9
Nitrito mg/L 0,04 2,80 -
Nitrato mg/L 0,19 3,27 -
Fósforo total mg/L 8,07 6,42 20,5
Fosfato total dissolvido
mg/L 6,05 5,10 15,8
Fosfato inorgânico mg/L 5,41 5,04 6,8
Silicato mg/L 29,2 27,5 5,8
Pb mg/L 0,0310 ND -
Cr mg/L 0,0145 0,0225 -
Cd mg/L ND ND -
Cu mg/L 0,0095 ND -
Zn mg/L 0,1791 0,0360 79,9
Ni mg/L ND ND -
Fe mg/L 3,4845 1,9760 43,3
Mn mg/L 0,0865 0,0475 45,1
Ca mg/L 5,7565 9,5949 -
Mg mg/L 0,9593 0,9057 5,6
COT mg/L 126 25 80,0
DQO mg/L 390 160 59,0
DBO
5
mg/L 148,8 64,4 56,7
Coliformes totais NMP/100ml
10,95x10
6
12,59x10
5
88,5
E. coli
NMP/100ml
3,24x10
6
2,09x10
5
93,5
- : Não Determinado.
ND: Não Detectado.
Vermelho: abaixo do limite de detecção (LD) do equipamento.
Azul: abaixo do limite de quantificação (LQ) do equipamento.
73
O sistema de tratamento da ETE-Araraquara é de nível secundário, sendo constituído por
lagoas de estabilização.
Inicialmente, ocorre o tratamento preliminar ou físico, que é composto por um sistema de
gradeamento e caixas de areia mecanizadas e tem por finalidade remover os detritos em suspensão
mais grosseiros que chegam à estação. A seguir, ocorre o tratamento secundário (biológico), que é
feito por meio de lagoas aeradas de mistura completa e tem como objetivo principal a remoção de
matéria orgânica do esgoto, podendo, inclusive promover a remoção de alguns nutrientes.
Nas lagoas aeradas, onde o tempo de detenção do esgoto é de cerca de 3 dias, o processo de
decomposição da matéria orgânica se através da atividade de organismos heterótrofos aeróbios
(bactérias, fungos, rotíferos, etc.) que oxidam e degradam óleos, graxas, carboidratos e proteínas,
formando água e gás carbônico. Além da remoção desses compostos carbonáceos, bactérias
autótrofas quimiossintetizantes são responsáveis pelo processo de nitrificação do esgoto, formando
nitritos e nitratos, o que pode justificar o aumento das concentrações desses nutrientes no efluente
após o tratamento, conforme verificado neste estudo (tabela 6.1).
Como a energia introduzida nas lagoas aeradas de mistura completa é elevada, o efluente
contém altos teores de sólidos em suspensão nesse momento. Daí a necessidade de haver as lagoas
de sedimentação à jusante, onde o esgoto permanece em descanso por aproximadamente 1,7 dias
para que as partículas sólidas ainda presentes na mistura sejam sedimentadas por gravidade,
possibilitando a clarificação do efluente devido a remoção da matéria orgânica da coluna d'água.
Analisando os dados da tabela 6.1, pode-se verificar melhoria da qualidade do efluente
tratado em função da eficiência da ETE na remoção de sólidos, sulfetos, sulfatos, silicato,
nitrogênio total Kjeldahl (NTK), amônia, fósforo total, carbono orgânico total (COT), demanda
química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (
DBO
5
),
coliformes totais e E. coli,
além da redução das concentrações de ferro, zinco, manganês e magnésio e promoção da
oxigenação do esgoto (acréscimo de 70,8% de oxigênio dissolvido em relação ao afluente).
A título de comparação, é apresentada a tabela 6.2 com os resultados obtidos neste estudo e
no trabalho realizado por Scalize (2003), no ano de 2002, para amostras de esgoto coletadas na
mesma ETE-Araraquara.
74
Tabela 6.2.
Comparação entre os dados físicos, químicos e bacteriológicos do esgoto bruto e tratado da
ETE-Araraquara obtidos por Scalize (2003) no ano de 2002 e por este estudo no ano de 2003.
Parâmetros Unidade
Afluente
(2002)
Afluente
(2003)
Efluente
(2002)
Efluente
(2003)
Turbidez
NTU
-
418
90
80
pH
6,8
7,5
7,2
7,7
Condutividade
µS/cm
543
608
522
436
OD mg/L - 2,46 5,60 8,45
Cloreto
mg/L
43,7
33,6
45,3
41,4
ST
mg/L
646
710
363
450
SST
mg/L
247
116
53
34
SDT mg/L
540
608
315
416
NTK
mg/L
34,00
38,08
20,60
14,32
Amônia
mg/L
16,31
22,22
13,79
10,68
Nitrito
mg/L
0,12
0,04
1,83
2,80
Nitrato
mg/L
0,40
0,19
2,24
3,27
Fósforo Total mg/L
8,00
8,07
6,30
6,42
DQO
mg/L
730
390
141
160
DBO
5
mg/L
327,2
148,8
63,4
64,4
DQO/DBO
5
2,23
2,62
2,23
2,49
Coliformes totais
NMP/100ml
-
10,95x10
6
1,50x10
6
1,26x10
6
E. coli
NMP/100ml
-
32,4x10
5
3,30x10
5
2,09x10
5
- : Não Determinado.
Pode-se observar que, para o esgoto bruto (afluente), os valores de pH, condutividade,
sólidos totais e dissolvidos, NTK e amônia obtidas neste estudo foram superiores às encontradas por
Scalize (2003), enquanto que as medidas de DQO e DBO foram bastante inferiores às do referido
autor.
para o esgoto tratado (efluente), as concentrações de fósforo total, DQO e DBO
5
foram
equivalentes para os dois estudos, enquanto que as medidas de coliformes totais, E. coli, NTK e
amônia obtidas neste estudo foram inferiores às encontradas por Scalize (2003).
Na figura 6.1, pode ser observada a distribuição das formas de nitrogênio encontradas no
esgoto bruto e tratado da ETE-Araraquara nos anos de 2002 e 2003.
75
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Afluente
(2002)
Afluente
(2003)
Efluente
(2002)
Efluente
(2003)
mg/L
Nitrato
Nitrito
N orgânico
Amônia
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Afluente
(2002)
Afluente
(2003)
Efluente
(2002)
Efluente
(2003)
%
Figura 6.1.
Distribuição das formas de nitrogênio encontradas no esgoto bruto (afluente) e tratado (efluente)
da ETE-Araraquara nos anos de 2002 (SCALIZE, 2003) e 2003 (presente estudo).
Nota-se que, no esgoto bruto, a fração de nitrito e nitrato é desprezível quando comparada às
frações de amônia e nitrogênio orgânico, o que era esperado para um esgoto predominantemente
doméstico, onde a maior parte do NTK tem origem fisiológica. Já para o efluente tratado, as
concentrações de nitrito e nitrato são mais significativas.
Ao analisar a eficiência do sistema de tratamento de esgotos da ETE-Araraquara nos anos de
2002 e 2003 (figura 6.2), pode-se verificar que a remoção de nitrogênio total Kjeldahl e amoniacal
foi superior para o ano de 2003 em relação ao ano de 2002. Para os outros parâmetros analisados, a
eficiência da ETE foi maior no ano de 2002.
Merece especial atenção a eficiência do tratamento de esgotos na remoção de DBO
5
e DQO
observada neste estudo, a qual mostrou-se baixa (de apenas 56,73% e 58,97%, respectivamente)
quando comparada a trabalhos anteriores. Durante o período de outubro de 1999 a setembro de
2001, a eficiência dessa mesma ETE em termos de remoção de DBO
5
apresentou um valor médio
superior a 84% (PIERRI, 2001),
sendo que em 2002, sua eficiência foi de 80,6% tanto para DBO
5
como para DQO (figura 6.2). Nota-se, no entanto, que nos estudos anteriores, as concentrações de
DBO
5
e DQO no esgoto bruto foram cerca de duas vezes superiores às encontradas no presente
trabalho, o que pode ter ocasionado, em termos proporcionais, a discrepância na eficiência do
tratamento dos esgotos encontrada nos diferentes estudos.
76
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ST SST SDT DQO DBO NTK Ania P Total
%
Eficiência de Remoção
(2002)
Eficiência de Remoção
(2003)
Figura 6.2.
Eficiência da ETE-Araraquara na remoção de sólidos, DQO, DBO
5
, Nitrogênio total e amoniacal
e Fósforo total no ano de 2002 (SCALIZE, 2003) e 2003 (presente estudo).
Mesmo assim, considerando que, de acordo com o Decreto Estadual 8.468/76, o limite
de lançamento de DBO
5
em águas de classe 4 é de 60mg/L, sendo que esse valor pode ser
ultrapassado no caso de efluentes de sistemas de tratamento que reduzam a carga poluidora em, no
mínimo, 80%, observou-se que o efluente da ETE-Araraquara, neste estudo, o atingiu nenhum
dos dois critérios.
Outro parâmetro que indica a baixa eficiência da ETE-Araraquara na remoção de matéria
orgânica biodegradável no ano de 2003 é a relação entre DQO/DBO
5
(figura 6.3).
Segundo Von Sperling (2005), quanto mais baixa a relação DQO/DBO
5
, maior é a fração de
matéria orgânica biodegradável em relação à matéria orgânica química oxidável (e de mais difícil
degradação biológica) presente no esgoto. Sendo assim, nos casos de sistemas de tratamento
biológico de águas residuárias, uma tendência do valor dessa relação
aumentar à medida que o
esgoto passa pelas diversas unidades da estação de tratamento, devido à redução paulatina da fração
biodegradável, ao passo que a fração inerte do esgoto permanece praticamente inalterada.
Nesse sentido, o esgoto doméstico bruto (afluente), com fração biodegradável elevada,
possui valores da relação DQO/DBO
5
abaixo de 2,5 (em torno de 1,7 a 2,4 - mediana de 2,1);
enquanto que o efluente final de uma ETE com tratamento biológico possui valores da relação
DQO/DBO
5
em torno de 2,5, podendo chegar a 4,0 (VON SPERLING, op.cit.).
Na figura 6.3, pode-se observar que Scalize (2003) encontrou valores semelhantes de
relação DQO/DBO
5
para o afluente e o efluente da ETE-Araraquara no ano de 2002. Neste estudo,
no entanto, essa relação foi inferior para o efluente tratado em relação ao afluente, indicando que a
eficiência da ETE na remoção da fração biodegradável ficou aquém do esperado.
77
2,1
2,5
2,23 2,23
2,62
2,49
1,9
2,05
2,2
2,35
2,5
2,65
Afluente
(esperado)
Efluente
(esperado)
Afluente
(2002)
Efluente
(2002)
Afluente
(2003)
Efluente
(2003)
Relação entre DQO/DBO
Figura 6.3.
Estimativa de valores da relação entre DQO/DBO
5
para o esgoto doméstico bruto (afluente) e
tratado (efluente) e valores encontrados para a ETE-Araraquara nos anos de 2002 (SCALIZE, 2003) e 2003
(presente estudo).
Deve-se notar que, no presente trabalho, o valor para a relação DQO/DBO
5
do afluente foi
de 2,62, indicando que sua fração biodegradável não era elevada, o que pode ter acarretado menor
eficiência do sistema de tratamento biológico.
Cabe ressaltar que o esgoto que chega à ETE-Araraquara é sanitário. Isso significa que, além
do despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas
(esgoto doméstico), o esgoto também pode ser composto por despejo líquido resultante dos
processos industriais (esgoto industrial), pela água proveniente do subsolo que penetra nas
canalizações (água de infiltração) e por uma parcela do deflúvio superficial inevitavelmente
absorvida pela rede de esgotamento (contribuição pluvial parasitária), o que pode ocasionar
acréscimo na fração inerte do efluente, dificultando a sua tratabilidade quando a ETE é constituída
por sistema de tratamento biológico.
Acredita-se que a eficiência do sistema de tratamento de esgotos
de Araraquara na remoção
de DQO e DBO
5
no ano de 2003 também ficou prejudicada pela quebra de alguns aeradores
responsáveis pelo tratamento secundário da ETE, conforme informado pelo Departamento
Autônomo de Água e Esgotos (DAAE) de Araraquara, entidade responsável pela operação da
Estação.
A quebra dos aeradores, no entanto, não parece ter prejudicado a eficiência da ETE-
Araraquara em reduzir as concentrações de coliformes totais (88,5%) e E.coli (93,55%) no ano de
2003 (tabela 6.1 e figura 6.4), uma vez que a expectativa de eficiência dessa modalidade de sistema
de tratamento de esgoto varia entre 80 e 99%.
78
93,55
88,50
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Coliformes totais E. coli
%
Figura 6.4.
Eficiência da ETE-Araraquara na remoção de Coliformes totais e
E.coli
no ano de 2003.
Da mesma forma, as concentrações dos parâmetros físicos e químicos analisados neste
estudo, para o esgoto tratado, encontram-se dentro dos limites estabelecidos pelas Resoluções do
CONAMA (N° 20/86 e N° 357/2005) e pelo Decreto Estadual N° 8.468/76 para corpos d'água de
classe 4, já que a qualidade requerida para os usos preponderantes desses recursos hídricos
(navegação e harmonia paisagística) são os menos exigentes possíveis. Exceção seja feita para o
nitrogênio amoniacal, cuja concentração no esgoto tratado extrapolou o limiteximo de
lançamento de 5mg/L determinado pelo Decreto Estadual N° 8.468/76, o qual estabelece padrões de
lançamento mais restritivos do que as Resoluções do CONAMA (N° 20/86 e N° 357/2005). O
mesmo ocorreu para a DBO, conforme mencionado anteriormente.
6.1.1. Avaliação ecotoxicológica do esgoto bruto e tratado da ETE-Araraquara: coleta
preliminar
Com relação ao potencial tóxico do esgoto coletado em 15/9/2003, a melhoria da qualidade
do efluente tratado em relação ao esgoto bruto proporcionou significativa redução da sua
toxicidade, evidenciada por meio dos bioensaios com D. rerio e C. xanthus, conforme tabelas 6.3 e
6.4 e tabelas A-I.1, A-I.2, A-I.3 e A-I.4 (Anexo I).
79
Tabela 6.3.
Concentração de Efeito Não Observado
(CENO) da amostra de esgoto bruto (afluente) e
tratado (efluente).
CENO*
Organismos-teste
Efeito
observado
Tempo de
exposição (h)
Afluente
Efluente
D.similis
Imobilidade
48
100% 100%
D. rerio Mortalidade
96
50% 100%
C. xanthus Mortalidade
168
25% 100%
C. silvestrii Imobilidade
168
- 25%
*CENO: a maior concentração da amostra que não causa efeito deletério aos organismos-teste. Quanto menor, mais
tóxico.
Tabela 6.4.
Concentração do esgoto que causou efeito deletério a 50% dos organismos nos tempos de
exposição determinados.
CE ou CL 50 (%)
Organismos-
teste
Efeito
Observado
Tempo de
exposição (h)
Afluente Efluente
D. similis Imobilidade
48 NC NC
D. rerio Mortalidade
48 61,24 NC
C. xanthus Mortalidade
168 51,63 NC
62,29
38,67
C. silvestrii
Imobilidade
144
IC: 55,46 a 69,96%
IC: 34,19 a 43,74%
NC: Não Calculável
IC: Intervalo de Confiança com coeficiente de confiança de 95%.
O esgoto bruto (concentração de 100%) causou toxicidade aguda em todos os organismos-
teste com exceção de D. similis, para o qual foi observado indício de toxicidade. Para D. rerio e C.
silvestrii (tabelas A-I.2 e A-I.4), foram verificados 100% de mortalidade nas primeiras 24h de
exposição ao esgoto. para D. similis e C. xanthus (tabelas A-I.1 e A-I.3), foram observados 20%
de imobilidade e 70% de mortalidade, respectivamente, durante 48h de exposição. Sendo assim, é
possível concluir que até a comunidade bentônica pode ser afetada com o lançamento de esgoto in
natura nos corpos hídricos receptores.
Com relação à amostra integral do esgoto tratado (concentração de 100%), somente foi
verificado efeito tóxico para C. silvestrii, que sofreu mortalidade de 20% nas primeiras 48h de
exposição, 80% em 96h e 100% em 144h de exposição. Para os outros organismos, não foi
observada mortalidade ou imobilidade durante os respectivos períodos de teste.
Portanto, tomando como base os bioensaios realizados com afluente e efluente integrais,
observou-se redução da toxicidade do efluente em relação ao afluente para todos os organismos
80
estudados. Para C. xanthus e D. rerio, por exemplo, o teste estatístico de Kruskal-Wallis (α = 0,05)
identificou diferença significativa entre o afluente 100% e o efluente 100%. Para C. silvestrii, o
efeito deletério agudo do efluente puro foi visivelmente inferior ao do afluente puro, considerando o
período de exposição de 48h.
Esse mesmo padrão foi evidenciado nos bioensaios com diferentes concentrações do
afluente e efluente (25%, 50% e 75%) utilizando D. similis, D. rerio e C. xanthus como
organismos-alvo. Entretanto, nos testes com C. silvestrii, verificou-se que as amostras de efluente a
25% e 50% ocasionaram maior efeito tóxico a esse organismo (em termos de reprodução) do que as
mesmas concentrações do afluente. Ressalta-se que o afluente 25% foi o único tratamento que não
causou toxicidade crônica a C. silvestrii, não apresentando diferença significativa em relação ao
controle (teste estatístico de Steel Many One Rank).
Em termos de mortalidade, observou-se que, no ensaio com C. silvestrii, o valor da CE50
144h foi maior para o afluente do que para o efluente (tabela 6.4). Em termos de reprodução,
verificou-se que a menor concentração do efluente que causou efeito crônico a C. silvestrii foi de
25%, enquanto que do afluente foi de 50%. Essa espécie apresentou estimativa de crescimento
populacional (r) superior no afluente em relação ao efluente (figura 6.5).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (dias)
N° estimado de indivíduos
Controle r = 0,59
Afluente 25% r = 0,53
Efluente 25% r = 0,43
Afluente 50% r = 0,22
Efluente 50% r = -0,19
Figura 6.5.
Estimativa de crescimento populacional de
C. silvestrii
exposta ao esgoto
.
Cumpre ressaltar que foi observada a presença de um grande número de rotíferos somente
nas amostras de efluente. Rotíferos são invertebrados microscópicos (de 0,05 a 2,0mm de
comprimento) pertencentes ao super filo dos asquelmintes que se alimentam principalmente de
detritos, bactérias e pequenas algas (PARESCHI, 2004). Os rotíferos em geral são bons indicadores
81
de poluição orgânica, podendo ocorrer em esgotos com algum teor de oxigênio, como nos sistemas
de tratamento biológico aeróbio. Sua presença no efluente de uma ETE indica eficiência no sistema
de tratamento de esgotos (NUVOLARI, 2003).
Durante os bioensaios com C. silvestrii, a existência de grande quantidade de rotíferos no
efluente pode ter ocasionado competição por recursos ou atrito físico entre os dois organismos,
influenciando a maior mortalidade e menor reprodutividade de C. silvestrii nas amostras diluídas de
efluente em relação às de afluente. Esse fato pode não ter sido significativo nos bioensaios com
amostras integrais do esgoto (afluente e efluente) em função da mortalidade de C. silvestrii ter
ocorrido logo nas primeiras 24 horas de exposição ao afluente 100% concentrado, indicando sua
maior toxicidade aguda em relação ao efluente.
Os dados obtidos nesta coleta preliminar demonstram que o desempenho apresentado pela
ETE-Araraquara na remoção de matéria orgânica e nutrientes e na promoção da oxigenação do
esgoto foi suficiente para influenciar na alta eficiência desse sistema em termos de eliminação de
toxicidade para D. rerio, C. xanthus e D. similis. Mesmo assim, deve-se considerar que o esgoto
tratado ainda causou toxicidade crônica em C. silvestrii, indicando que substâncias tóxicas ainda
devem persistir ao tratamento promovido pela ETE.
Laitano & Matias (2006), em um estudo de tratamento de lixiviado em reator experimental
do tipo UASB, obtiveram 70% de eficiência em termos de remoção de DQO e 80% de eficiência
em termos de redução de toxicidade para D. magna, sendo ainda verificada a presença de alta
toxicidade para amostras do efluente tratado.
estudos realizados por Silva et al. (2000) e Magris et al. (2006), que avaliaram a
eficiência de ETEs do tipo Lagoas de Estabilização e reatores UASB, respectivamente, observaram
baixa eficiência na remoção de toxicidade, mesmo alcançando eficiência satisfatória na remoção de
matéria orgânica. Ambos os autores sugeriram que esse resultado pode indicar que as referidas
ETEs, além de receberem os despejos líquidos provenientes dos usos domésticos, estão sujeitos a
sofrerem o aporte de efluentes de pequenos estabelecimentos comerciais e industriais com
características distintas dos efluentes domésticos.
Tomando-se como base a eficiência de tratamento de esgotos da ETE de Araraquara
observada neste estudo e o custo médio da energia elétrica empregada nesse tipo de tratamento (em
torno de R$0,057 o m
3
de esgoto tratado, segundo Scalize, 2003), observa-se que o custo-benefício
da implementação de sistemas de tratamento de esgotos é altamente positivo, promovendo a
mitigação da contaminação orgânica dos corpos hídricos receptores.
Fica claro, portanto, a importância de maiores investimentos na área de saneamento sico
no Brasil. A ampliação da infra-estrutura sanitária em estados com precárias condições de
saneamento ambiental é um investimento capaz de proporcionar melhoria na qualidade de vida da
82
população, na medida em que promove a diminuição de incidência de doenças de veiculação hídrica
e internações hospitalares e, conseqüentemente, reduz gastos públicos e particulares com medicina
curativa. A implantação de sistemas de tratamento de esgotos ainda ajuda a reduzir despesas com o
tratamento de água de abastecimento público por evitar comprometer os recursos hídricos, sendo
que, melhorando a qualidade ambiental, a região torna-se mais atrativa para investimentos externos,
podendo inclusive desenvolver sua vocação turística.
6.2. Variabilidade temporal das características físicas, químicas e bacteriológicas do esgoto
tratado da ETE-Araraquara
Neste item serão apresentados e comparados os resultados das análises físicas, químicas e
bacteriológicas do esgoto tratado da ETE-Araraquara coletado nas 4 amostragens (15/09/2003,
26/04/2004, 05/07/2004 e 17/11/2004), a fim de analisar a variabilidade do efluente ao longo do
tempo.
As características do esgoto são determinadas em função dos usos à qual a água foi
submetida. Como os usos da água variam com o clima, com a situação social e econômica e hábitos
da população, a quantidade e a qualidade de esgotos gerados em uma dada localidade apresentam
variações ao longo do dia (variações horárias), ao longo da semana (variações semanais) e ao longo
dos anos (variação sazonal) (VON SPERLING, 2005). A composição e a qualidade dos efluentes
líquidos também podem variar ao longo do tempo devido a alterações na eficiência do sistema de
tratamento de esgotos.
Neste estudo, foi verificada variação sazonal da grande maioria dos parâmetros sicos,
químicos e bacteriológicos analisados para o esgoto tratado na ETE-Araraquara, conforme pode ser
observado na tabela 6.5 e figuras A-II.1. a A-II.9.
(em anexo).
Durante a coleta do dia 26/04/2004, observou-se a maior vazão do efluente (550L/s),
enquanto que a menor vazão foi obtida durante a coleta do dia 05/07/2004. Deve-se observar que no
mês de abril de 2004 ocorreu o mais alto índice pluviométrico para a região de Araraquara durante
o período estudado (65,8mm), seguido pelos meses de novembro de 2004 (58,9mm), julho de 2004
(43,9mm) e setembro de 2003 (14,5mm).
A temperatura do efluente oscilou entre 19,6ºC e 24,2ºC, sendo que a temperatura mais
baixa foi observada no inverno (05/07/2004 ) e a mais alta no verão (17/11/2004).
83
Tabela 6.5.
Resultados das análises físicas, químicas e bacteriológicas realizadas em amostras de efluente da
ETE - Araraquara coletadas em 15/09/03 (1ª coleta)
;
26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e
17/11/2004 (4ª coleta).
Parâmetros Unidade
1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
Vazão L/s 500 550 400 500
Temperatura ºC 21,8 21,2 19,6 24,2
pH 7,7 7,6 7,4 7,8
Condutividade µS/cm 436 613 573 604
Absorbância 254nm - 0,494 0,574 0,922
Alcalinidade mg/L - 174 100 170
OD mg/L 8,5 7,4 7,4 7,6
Dureza mg/L 58 52 60 54
Cloreto mg/L 41,4 - 49,0 56, 0
Sulfeto mg/L 0,05 - 0,13 0,19
Sulfato mg/L 50 - 64 52
ST mg/L 450 365 377 379
STV mg/L 220 104 152 142
STF mg/L 230 261 225 237
SST mg/L 34 57 101 81
SSV mg/L 30 47 87 63
SSF mg/L 4,6 10,1 14,2 18,2
SDT mg/L 416 309 279 286
SDV mg/L 198 170 83 206
SDF mg/L 218 139 196 80
NTK mg/L 14,32 27,76 23,38 12,51
Amônia mg/L 10,68 17,58 11,88 2,00
Nitrito mg/L 2,796 0,044 6,990 0,033
Nitrato mg/L 3,272 0,518 7,590 0,088
Fósforo Total mg/L 6,417 3,707 4,855 6,152
Fosfato total dissolvido
mg/L 5,097 3,504 4,260 2,035
Fosfato inorgânico mg/L 5,04 2,93 3,49 1,83
Silicato mg/L 27,50 17,80 21,20 20,10
Pb mg/L ND 0,014 0,005 0,010
Cr mg/L 0,0225 0,036 0,025 0,029
Cd mg/L ND ND ND ND
Cu mg/L ND ND ND ND
Zn mg/L 0,036 0,043 ND 0,230
Ni mg/L ND ND ND ND
Fe mg/L 1,976 1,837 0,672 4,240
Mn mg/L 0,047 0,061 0,029 0,056
Ca mg/L 9,595 8,153 5,941 5,139
Mg mg/L 0,906 0,909 0,809 0,908
COT mg/L 25,2 28,9 37,9 45,1
DQO mg/L 160 167 199 263
DBO mg/L 64,4 52,8 135,8 80,2
Coliformes totais NMP/100ml
12,59x10
5
2,62x10
5
26,13x10
5
48,84x10
5
E. coli NMP/100ml
2,09x10
5
0,31x10
5
1,89x10
5
10,12x10
5
- : Não Determinado
ND: Não Detectado.
Vermelho: abaixo do limite de detecção do equipamento.
Azul: abaixo do limite de quantificação do equipamento.
84
As medidas de pH, dureza e oxigênio dissolvido se mantiveram relativamente homogêneas
ao longo das diferentes amostragens.
O meio permaneceu básico, variando entre 7,42 e 7,78. A dureza variou entre 60 e
52mgCaCO
3
/L (dureza moderada). A concentração de oxigênio dissolvido oscilou entre 8,5 e
7,6mg/L. Essa oxigenação do esgoto tratado foi promovida primeiramente pela aeração das águas
residuárias nas Lagoas de Aeração e, posteriormente, pelo turbilhonamento do efluente ao longo do
canal de lançamento no Ribeirão das Cruzes.
Os valores de condutividade variaram de 436µS/cm a 613µS/cm (1ª e coletas,
respectivamente), sendo observada certa homogeneidade de suas medidas nas amostragens de
26/04/2004 e 17/11/2004.
A concentração de sólidos totais da ETE-Araraquara variou de 365,5mg/L (2ª coleta) a
450mg/L (1ª coleta). Em todas as coletas, a concentração de sólidos dissolvidos foi superior à de
sólidos em suspensão e a fração de sólidos totais fixos foi superior a de voláteis.
A proporção de sólidos em suspensão voláteis foi superior a de sólidos em suspensão fixos
em todas as amostragens. Porém, para os lidos dissolvidos, a fração fixa foi superior à volátil
somente na e 3ª coletas, enquanto que nas outras coletas essa proporção foi invertida (figura A-
II.7). Pode-se considerar que os sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica
presente nos sólidos e os sólidos fixos representam a matéria inorgânica ou mineral.
A importância de estudar a fração de sólidos presente no efluente reside no fato de que todos
os contaminantes, com exceção dos gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos nas águas
residuárias (VON SPERLING, 2005).
Com relação às formas nitrogenadas, o nitrogênio orgânico e a amônia foram as formas
predominantes no esgoto tratado da ETE-Araraquara. Nas duas primeiras coletas a proporção de
amônia foi superior à de nitrogênio orgânico, na coleta houve proporção equivalente entre
nitrogênio orgânico e amônia, enquanto que na última coleta essa proporção se inverteu (figura A-
II.6).
As concentrações de nitrito e nitrato nas amostras de esgoto da e coletas foram
insignificantes, enquanto que na e coletas essas formas oxidadas de nitrogênio foram mais
significativas.
Observa-se que o nitrogênio presente no esgoto fresco esquase todo combinado sob a forma
de proteína e uréia (nitrogênio orgânico). No sistema de tratamento de esgotos, as bactérias, no seu
trabalho de oxidação biológica, transformam o nitrogênio presente nas águas residuárias
primeiramente em amônia, depois em nitritos, e em seguida em nitratos. A concentração com que o
nitrogênio aparece sob essas várias formas indica a idade do esgoto e/ou sua estabilização em
85
relação à demanda de oxigênio. Nesse sentido, acredita-se que o processo de nitrificação do esgoto
na ETE-Araraquara durante ae 3ª coletas foi mais efetivo do que na 2ª e na 4ª coletas.
Das formas fosfatadas encontradas no esgoto tratado da ETE-Araraquara, o fosfato inorgânico
(polifosfatos e ortofosfatos) e dissolvido (ou solúvel) foi predominante nas 3 primeiras coletas,
enquanto que na última coleta a proporção do fosfato orgânico e particulado (em suspensão) foi
mais significativa (figura A-II.8). O fosfato inorgânico (ortofosfato e polifosfato) é constituinte de
vários materiais de limpeza, assim como de fertilizantes. Fosfatos orgânicos são formados
primeiramente por processos biológicos, podendo ser encontrados nos esgotos como restos de
alimentos e cadáveres. Também podem ser formados por ortofosfatos em processos de tratamento
biológico e pela biota do corpo hídrico afluente no esgoto.
As concentrações de silicato nas amostras do efluente tratado variaram de 27,5mg/L a
17,8mg/L (1ª e 2ª coletas, respectivamente).
Com relação a alcalinidade, foram obtidos valores entre 100 e 174mgCaCO
3
/L (2ª e
coletas, respectivamente). Considerando que o pH das amostras variou entre 7,42 e 7,78, o principal
constituinte da alcalinidade encontrado no esgoto foi o bicarbonato. Nota-se que a menor
concentração de alcalinidade foi obtida durante a coleta onde foi observada maior nitrificação do
esgoto, indicando que houve consumo de alcalinidade.
As concentrações de sulfeto e cloreto foram crescentes ao longo do tempo. A amostra de
esgoto coletada em 17/11/2004 apresentou concentração de sulfeto cerca de duas vezes maior do
que a amostra coletada em 15/09/2003 (0,188mg/L na 4ª coleta a 0,05mg/L na coleta). A
presença de sulfetos nos esgotos provêm principalmente da redução bacteriana do sulfato, porém
uma fração pode ter origem da decomposição da matéria orgânica (algumas vezes oriundas de
despejos industriais). As concentrações de sulfato foram maiores na coleta (64mg/L) e
equivalentes nas duas outras amostragens.
Quanto à concentração de matéria orgânica presente no esgoto, as medidas de COT e DQO
tenderam a aumentar ao longo do tempo. As menores concentrações de COT e DQO foram obtidas
na 1ª coleta (25,2 mgCOT/L e 160 mgDQO/L), enquanto que as maiores medidas foram verificadas
na 4ª coleta (45,1 mgCOT/L e 263 mgDQO/L).
As medidas de absorbância a 254nm das amostras seguiu o mesmo padrão de crescimento
ao longo do tempo, variando de 0,494 em 26/04/2004 a 0,922 em 17/11/2004. Esse resultado é
justificado pelo fato da absorbância estar diretamente relacionada com a concentração de matéria
orgânica e sólidos em suspensão do efluente.
as medidas de DBO oscilaram entre 52,78 e 135,85mg/L (2ª e coletas,
respectivamente), sendo que seu maior valor foi encontrado quando foi observada maior nitrificação
do esgoto.
86
A maior relação DQO/DBO encontrada neste estudo foi durante acoleta (3,28) e a menor
foi durante a 3ª coleta (1,46).
Com relação aos coliformes totais e E. coli, as menores concentrações foram obtidas na
coleta (2,62 x 10
5
e 3,1 x 10
4
NMP/100mL) e as maiores foram obtidas na coleta (4,88 x 10
6
e
1,01 x 10
6
NMP/100mL).
As concentrações dos metais chumbo, cromo,dmio, cobre e níquel se mantiveram sempre
abaixo do limite de quantificação do equipamento utilizado para sua análise. O mesmo foi
verificado para o zinco durante as 3 primeiras coletas, indicando que não houve input desses metais
no esgoto sanitário da ETE-Araraquara no período estudado.
Quanto ao ferro e manganês, suas maiores concentrações foram observadas durante a
coleta (4,24 mgFe/L e 0,056 mgMn/L) e suas menores medidas foram obtidas durante a coleta
(0,672 mgFe/L e 0,029 mgMn/L). o cálcio teve sua maior concentração durante a coleta (9,5
mgCa/L) e sua menor medida durante a 4ª coleta (5,13mgCa/L), enquanto que a concentração de
magnésio permaneceu estável durante o período amostral.
De uma maneira geral, as concentrações dos parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos
analisados neste estudo, encontram-se dentro dos limites estabelecidos pelas Resoluções do
CONAMA (N° 20/86 e N° 357/2005) e pelo Decreto Estadual 8.468/76 para corpos d'água de
classe 4. No entanto, a concentração de amônia presente no efluente extrapolou o padrão de
lançamento determinado pelo Decreto Estadual 8.468/76 (5mg/L) nas amostragens de
15/09/2003, 26/04/2004 e 05/07/2004. O mesmo ocorreu para os valores de DBO
5
nas amostras
coletadas em 15/09/2003, 05/07/2004 e 17/11/2004, já que o limite máximo de lançamento, que é
de 60mg/L, foi ultrapassado.
É importante lembrar que, segundo informações do Departamento Autônomo de Água e
Esgotos (DAAE) de Araraquara, a eficiência do sistema de tratamento de esgotos
de Araraquara
ficou prejudicada pela quebra de alguns aeradores responsáveis pelo tratamento secundário da ETE
durante o período amostral do presente estudo.
A composição do esgoto sanitário de Araraquara certamente o se restringe apenas aos
parâmetros ora analisados.
Araújo (2006), por exemplo, estudou a concentração de hormônios sexuais presentes no
esgoto bruto e tratado da ETE-Araraquara, os quais são excretados pela urina de mamíferos. A
autora identificou a presença de um hormônio natural (E2) somente no esgoto bruto, indicando que
a ETE-Araraquara foi eficiente na remoção desse analito.
Da mesma maneira, Peron (2007) constatou a presença de fármacos (diclofenaco sódico) nas
amostras do efluente doméstico da cidade de Araraquara-SP antes e após o tratamento, nas
concentrações de 18,0 e 22,0µg/L, respectivamente.
87
Portanto, em misturas heterogêneas e complexas, como é o caso do esgoto sanitário, uma
série de compostos orgânicos e inorgânicos potencialmente poluidores que são de difícil
determinação laboratorial.
Nesses casos, torna-se mais vantajoso avaliar o potencial tóxico do esgoto sanitário, através
de bioensaios, do que identificar e quantificar as espécies individuais de compostos presentes no
efluente, através de análises químicas.
6.2.1. Avaliação ecotoxicológica do esgoto tratado da ETE-Araraquara
Com relação ao potencial tóxico das amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara
coletadas em 15/9/2003, 26/04/2004, 05/07/2004 e 17/11/2004, a variabilidade das características
químicas, físicas e bacteriológicas do efluente também ocasionou alterações da sua toxicidade,
evidenciadas por meio dos bioensaios com D. similis, D. rerio, C. xanthus, C. silvestrii e A. cepa.
Analisando a tabela 6.6, pode-se observar que o esgoto de Araraquara provocou efeitos
deletérios aos organismos-teste em todas as coletas, porém, em diferentes níveis.
A amostra de esgoto coletada em 26/04/2004 (2ª coleta) se mostrou tóxica a três
organismos-teste distintos (C. silvestrii, D. rerio e A. cepa). o efluente coletado em 05/07/2004
foi significativamente diferente do controle apenas no bioensaio com C. silvestrii, porém, também
foi observado indício de toxicidade para A. cepa. Para a amostra coletada em 17/11/2004, foi
verificada toxicidade aguda para C. silvestrii e indícios de toxicidade para D. rerio; enquanto que na
coleta do dia 15/09/2003, apenas C. silvestrii sofreu efeitos deletérios (indícios de toxicidade aguda
para as primeiras 48h de exposição e toxicidade crônica para 168h de exposição, conforme pode ser
observado no item 6.1.1 deste estudo).
88
Tabela 6.6.
Resultados dos testes de toxicidade com amostras de esgoto tratado da ETE - Araraquara
coletadas em 15/09/03 (1ª coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
Amostras
Organismos-
teste
Efeito
observado
(%)
Período de
exposição (h)
Efluente
1ª coleta
Efluente
2ª coleta
Efluente
3ª coleta
Efluente
4ª coleta
D. similis
Imobilidade 48 0 0 0 0
D. rerio
Mortalidade 96 0 26,6 (T)
0 20 (IT)
C. xanthus
Mortalidade 168 10 0 0 10
C. silvestrii
Imobilidade 48 20 (IT) 50 (T) 100 (T) 60 (T)
A. cepa
Inibição de
Crescimento
72 - 44,12 (T)
27,33 (IT)
-16,9
*Inibição do crescimento da raiz da cebola (porcentagem em relação ao controle).
Valores em
vermelho correspondem a amostras significativamente diferentes do controle (teste de Dunnett para A. cepa e de Steel
Many One Rank para os outros organismos); isto é, tóxicas.
Valores em
azul correspondem a amostras onde houve indícios de toxicidade.
Logo, pode-se considerar que a amostra de esgoto mais tóxica foi a coletada em 26/04/2004,
sendo seguida pelas amostras de 5/7/2004 e 17/11/2004 e, por último, pela amostra de 15/09/03.
Observa-se, portanto, que o tratamento promovido pela ETE-Araraquara, durante o período
do estudo, não conseguiu remover todos os toxicantes presentes no esgoto sanitário oriundo da
cidade de Araraquara e que esse efluente deve estar contribuindo para a degradação do corpo
hídrico receptor.
Deve-se ressaltar, no entanto, que se o esgoto sanitário fosse lançado in natura no Ribeirão
das Cruzes, certamente haveria um prejuízo significativamente maior para a biota local, tomando
como base os resultados dos testes de toxicidade com amostras de esgoto bruto (afluente) já
apresentados no item 6.1.1 deste estudo.
Os resultados dos bioensaios ora apresentados demonstram claramente que cada espécie
apresenta sensibilidades e tolerâncias específicas a diferentes agentes tóxicos. Os organismos-teste,
quando expostos ao esgoto sanitário, entram em contato com inúmeras substâncias
simultaneamente, as quais podem sofrer interações de sinergismo, aditivismo e antagonismo,
alterando o potencial tóxico individual de cada uma delas. Sendo assim, é natural que os
organismos respondam de forma diversa quando submetidas às mesmas amostras de efluente.
Neste estudo, C. silvestrii foi o organismo-teste mais sensível, apresentando toxicidade em
todas as amostras analisadas. É importante lembrar que os bioensaios com C. silvestrii foram
originalmente desenhados para ocorrerem em um período de 7 dias (teste crônico), porém, como na
grande maioria dos experimentos (com exceção dos realizados com amostras da 1ª coleta), os
organismos não sobreviveram após 96 horas de exposição, optou-se por apresentar os resultados
obtidos no período de 48 horas de testes.
89
Sendo assim, considerando somente as primeiras 48 horas de teste, observa-se que o
efluente da coleta foi menos tóxico do que o das outras amostragens, sendo que na coleta foi
obtido o maior efeito deletério agudo a C. silvestrii (100% de mortalidade).
É importante lembrar que foi observada a presença de um grande número de rotíferos em
todas as amostras de efluente, o que pode ter ocasionado competição por recursos e influenciando
na maior mortalidade de C. silvestrii ao longo dos bioensaios. Deve-se considerar também a
hipótese de entupimento do aparelho filtrador desse organismo, em função das altas concentrações
de sólidos em suspensão no esgoto, que pode ter causado sua morte.
os organismos-teste D. similis e C. xanthus se mostraram mais resistentes quando
expostos a amostras de esgoto, não sofrendo efeito tóxico (mortalidade) em nenhuma das coletas.
Considerando que C. xanthus freqüentemente representa a porção mais significativa da
biomassa bentônica de ambientes de água doce (GIESY et al. 1988; LUCCA, 2006), a extrapolação
dos resultados dos bioensaios neste estudo pode sugerir que o esgoto tratado da ETE-Araraquara
não acarreta maiores prejuízos à comunidade bentônica do corpo hídrico receptor. Deve-se observar
que a concentração de oxigênio dissolvido ao longo dos testes sofreu um ficit considerável (de
8,5 a 3,0mg/L na coleta; 6,8 a 3,4mg/L na coleta e 5,6 a 4,2mg/L na coleta), o que não
provocou efeito deletério ao C. xanthus, uma vez que esse organismo tolera baixas quantidades de
oxigênio (CRANSTON, 1995).
Para D. rerio, somente foi verificada diferença significativa entre o controle e a amostra de
efluente coletada em 26/04/2004, indicando toxicidade aguda nesse período. Também foi observada
20% de mortalidade dos organismos-teste expostos à amostra do efluente em 17/11/2004, o que não
representa diferença estatística em relação ao controle, mas indica que a amostra provocou um certo
grau de efeito deletério ao D. rerio.
para A. cepa, foi verificada toxicidade apenas para a amostra de esgoto coletada em
26/04/2004. A amostra de 05/07/2004 provocou inibição no crescimento da raiz da cebola da ordem
de 27%, o que, independentemente de comprovação estatística, é um indicativo de toxicidade. Em
17/11/2004, a raiz da cebola, quando exposta à amostra de esgoto, acabou se desenvolvendo melhor
do que no controle, sugerindo que a constituição do esgoto naquela ocasião proporcionou alimento
e não toxicidade à esse organismo.
Deve-se observar que houve decréscimo dos valores de pH e oxigênio dissolvido ao longo
de todos os testes com A. cepa (na coleta: de pH 7,6 a 6,7mg/L e 6,0 a 0,8mg O
2
/L; na coleta:
de pH 7,4 a 7,0 e de 6,8 a 0,8mgO
2
/L; na 4ª coleta: de pH 7,8 a 7,2 e de 5,6 a 1,2mgO
2
/L).
De acordo com Ferreira (2000), a cebola desenvolve-se melhor em ambientes ricos em
matéria orgânica, em condições de pH (em água) de 6,0 a 6,5 e com quantidades específicas de
nitrogênio e potássio. O excesso desses nutrientes, pode provocar desequilíbrios na cultura. Nota-se
90
que as maiores concentrações de NTK foram observadas em 26/04/2004 e 05/07/2004, quando
verificou-se toxicidade ou indício de toxicidade das amostras. No efluente coletado em 17/11/2004,
observou-se a menor concentração de NTK e maior carga orgânica (COT, DQO) do estudo, o que
pode ter contribuído para o melhor desenvolvimento das raízes da cebola.
Apesar das várias hipóteses que possam ser levantadas com relação às causas da toxicidade
do esgoto, em geral não é possível estabelecer correlação entre a constituição física e química dos
efluentes e sua toxicidade, uma vez que os resultados dos bioensaios expressam um efeito
produzido em função das interações das substâncias nas amostras, as quais se mostram bastante
complexas e heterogêneas (JARDIM, 2004).
Nota-se, no entanto, que houve variabilidade sazonal do potencial tóxico do esgoto tratado
da ETE-Araraquara da mesma forma como ocorreu com sua composição física, química e
bacteriológica.
6.3. Ensaios de desinfecção
Os dados obtidos nos diferentes ensaios de desinfecção com amostras de esgoto sanitário
proveniente da ETE-Araraquara coletadas em 26/04/2004 (2ª coleta), 05/07/2004 (3ª coleta) e
17/11/2004 (4ª coleta) serão apresentados a seguir.
Cabe ressaltar que nas coletas efetuadas em abril e julho de 2004, os ensaios de desinfecção
foram realizados apenas com PAA e radiação UV; enquanto que na amostragem de novembro de
2004, foram utilizados nos ensaios de desinfecção o PAA, a radiação UV, o Cloro e o Ozônio.
6.3.1. Desinfecção com Ácido Peracético
Neste estudo, foram realizadas três baterias de ensaios de desinfecção com ácido peracético
(PAA), conforme descrito na tabela 6.7. Em cada bateria foram conduzidos experimentos com
concentrações de PAA e tempos de contatos diferentes, sendo utilizadas amostras de efluente
coletadas nas datas específicas.
91
Tabela 6.7.
Características dos ensaios de desinfecção de amostras de esgoto da ETE-Araraquara
empregando ácido peracético.
Bateria
Data de coleta do
efluente
Ensaios
Concentração
(mg/L)
Tempo de Contato
(min)
26/4/2004 1
5
40
26/4/2004 2 10 20
26/4/2004 3 10 40
5/7/2004 1 5 20
5/7/2004 2 5 40
5/7/2004 3 10 20
5/7/2004 4 10 40
17/11/2004 1 5 20
Na 1ª bateria, foram executados 3 ensaios de desinfecção com o efluente coletado em
26/04/2004. No primeiro ensaio, foi aplicada a concentração de 5mg/L de PAA durante 40 minutos;
enquanto que no segundo e terceiro ensaios, a concentração aplicada foi de 10mg/L de PAA, porém
os tempos de contato (TC) foram de 20 e 40 minutos, respectivamente. Os resultados das análises e
exames bacteriológicos da primeira bateria o apresentados na tabela 6.8.
Tabela 6.8.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas em
26/04/2004 utilizando ácido peracético (1ª bateria).
Variáveis Ácido Peracético Efluente
Concentração (mg/L) 5 10 10
-
Tempo de Contato (min.) 40 20 40
-
Residual (mg/L) 0,9226 0,9525 0,9898
Colif. Totais (NMP/100mL) > 2419,2 > 2419,2 > 2419,2 2,62 x 10
5
E. coli (NMP/100mL) 58,3 6,3 7,3 3,1 x 10
4
Eficiência inativação E. coli (%)
99,812 99,980 99,976 -
DQO (mg/L) 147,00 134,00 166,00 167,00
ST (mg/L) 390,50 390,00 364,50 365,50
SST (mg/L) 52,53 61,96 52,83 56,73
SDT (mg/L) 343,00 331,00 323,00 309,00
Alcalinidade (mg/L) 165,00 174,25 176,50 174,00
pH 7,63 7,39 7,46 7,61
Na bateria de testes, a amostra de efluente coletada em 05/07/2004 foi submetida a 4
ensaios de desinfecção com PAA. No primeiro e segundo ensaios, a concentração aplicada foi de
5mg/L de PAA com tempos de contato (TC) de 20 e 40 minutos, respectivamente. Já no terceiro e
quarto ensaios, foi usada a concentração de 10mg/L de PAA e os TCs foram de 20 e 40 minutos,
respectivamente. Os resultados das análises e exames bacteriológicos dessa segunda bateria de
ensaios de desinfecção são apresentados na tabela 6.9.
92
Tabela 6.9.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas em
05/07/2004 utilizando ácido peracético (2ª bateria).
Variáveis Ácido Peracético Efluente
Concentração (mg/L) 5 5 10 10
-
Tempo de Contato (min.) 20 40 20 40
-
Residual (mg/L) 0,8667 0,904 0,8443 0,9823 -
Colif. Totais (NMP/100mL) > 4838,4 > 4838,4 > 4838,4 > 4838,4 2,613 x 10
6
E. coli
(NMP/100mL) 187,2 267,4 2,0 449,4 1,89 x 10
5
Eficiência inativação E. coli (%)
99,901 99,859 99,999 99,762 -
DQO (mg/L) 220,00 223,00 240,00 228,00 199,00
ST (mg/L) 366,50 366,00 322,50 327,00 377,00
SST (mg/L) 93,54 77,50 90,37 83,70 101,33
SDT (mg/L) 284,00 303,00 230,00 238,00 279,00
Alcalinidade (mg/L) 101,00 108,00 101,75 108,25 100,00
pH 7,38 7,34 7,26 7,26 7,42
Na 3ª bateria de testes, foi realizado apenas 1 ensaio de desinfecção com o efluente coletado
na última amostragem (17/11/2004), sendo a concentração aplicada de 5mg/L e o TC de 20
minutos. Os resultados das análises e exames bacteriológicos dessa última bateria são apresentados
na tabela 6.10.
Analisando as tabelas 6.7 a 6.9 e a figura 6.6, verifica-se que o efeito do PAA na inativação
de E. coli, para todas as concentrações e tempos de contato testadas, esteve entre 99,8119% (2,73
log) e 99,9989% (4,98 log).
A menor eficiência de inativação foi verificada na 1ª bateria de testes, no tratamento de
5mgPAA/L e TC de 40 minutos. Ao passo que a maior eficiência encontrada foi para a
concentração de 10mg/L e 20 minutos, na 2ª bateria de ensaios.
Em termos gerais, pode-se considerar que a maior concentração testada (10mg/L) provocou
melhores resultados na inativação de E. coli. Porém, deve-se ressaltar que na última bateria de
testes, a concentração de 5mg/L e 20 minutos de TC obteve eficiência de 4,08 log (99,9917%), o
que representou a segunda melhor eficiência dos ensaios com PAA.
93
Tabela 6.10.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas
em 17/11/2004 utilizando ácido peracético (3ª bateria).
Variáveis Ácido Peracético Efluente
Concentração (mg/L) 5
-
Tempo de Contato (min.) 20
-
Residual (mg/L) 0,82568 -
Colif. Totais (NMP/100mL) > 24192 4,884 x 10
6
E. coli (NMP/100mL) 84 1,012 x 10
6
Eficiência inativação E. coli (%) 99,9917 -
DQO (mg/L) 174,00 263,00
ST (mg/L) 357,00 379,00
SST (mg/L) 62,07 81,17
SDT (mg/L) 316,00 286,00
Alcalinidade (mg/L) 167,50 170,00
pH 7,65 7,78
Para os ensaios realizados na bateria, o tempo de contato parece não ter influenciado na
eficiência de inativação da bactéria. Porém, na bateria, observou-se que os tratamentos com
maiores tempos de contato foram menos eficientes em termos de inativação de E. coli.
99,75
99,80
99,85
99,90
99,95
100,00
5 mg/L,
40'.
10 mg/L,
20'
10 mg/L,
40'
5 mg/L,
20'
5 mg/L,
40'.
10 mg/L,
20'
10 mg/L,
40'
5 mg/L,
20'
Ácido Peracético (Concentrações e Tempos de Contato)
Eficiência de inativação (%)
Figura 6.6.
Porcentagem de inativação de
E. coli
em amostras de esgoto da ETE-Araraquara
submetidas a desinfecção com PAA em diversas concentrações e tempos de contato.
(Obs.: Os pontos interligados
representam ensaios realizados na mesma bateria, isto é com efluentes da mesma coleta).
Era de se esperar que a concentração de E. coli decrescesse com o aumento da concentração
de ácido peracético e do tempo de contato. Porém, acredita-se que a composição heterogênea do
esgoto sanitário e a homogeneização do desinfetante na mistura possam ter interferido no resultado
deste estudo, ocasionando menor eficiência para concentrações e tempos de contato maiores.
94
Com relação ao residual de ácido peracético, observou-se que, em geral, os tratamentos que
obtiveram menor eficiência em termos de inativação de E. coli apresentaram as maiores
concentrações de ácido peracético residual, conforme pode ser observado na figura 6.7.
99,8
99,8
99,9
99,9
100,0
100,0
10, 40' 5, 40' 5, 40' 5, 20' 10, 40' 10, 20' 5, 20' 10, 20'
Concentrações (mg/L) e Tempos de Contato (min.)
Eficiência (%)
0,82
0,84
0,86
0,88
0,9
0,92
0,94
0,96
0,98
1
Residual de PAA (mg/L)
Eficiência
Residual
Figura 6.7.
Relação entre a concentração de ácido peracético residual (mg/L) e eficiência de inativação de
E.
coli
(%), obtidas para os diversos ensaios de desinfecção com ácido peracético.
Notou-se também que a demanda de ácido peracético foi aumentando ao longo das coletas
do efluente. Isso pode ser explicado pela deterioração da qualidade do esgoto nas diferentes
amostragens, evidenciada pelo aumento das concentrações de DQO, COT, sólidos, coliformes totais
e E. coli.
Sartori (2004) também analisou o efeito do ácido peracético na inativação de E. coli em
amostras do esgoto sanitário proveniente da ETE-Araraquara. A autora utilizou concentrações de 5,
10 e 15mg/L de PPA e tempos de contato de 10, 20 e 30 minutos. Nos seus ensaios, foram
encontrados níveis de inativação da bactéria que variaram de 99,58 (para a menor concentração e
tempo de contato) a 99,999 (para concentração de 10 e 15mg/L e tempos de contato a partir de 20
minutos). No referido estudo, foi verificada uma certa linearidade na inativação de E. coli em
relação às concentrações aplicadas e tempos de contato utilizados, o que não foi observado neste
estudo.
As concentrações de ácido peracético residuais obtidas pela autora (média de 0,27mg/L para
5mg/L de PAA e de 0,19 para a concentração de 10mg/L) foram bastante inferiores às encontradas
no presente trabalho (média de 0,87 para 5mg/L de PAA e de 0,94 para 10mg/L de PAA).
95
Por outro lado, Souza (2006), em seu estudo de desinfecção de água reconstituída, verificou
concentrações ainda elevadas de PAA residuais ao final dos ensaios. Para água com cor elevada
(COT = 14,53mg/L), desinfetada com 5mg/L de PAA durante 20 minutos, foi verificado residual de
2,37mg/L.
A eficiência de um desinfetante pode ser afetada por diversos fatores, sejam eles inerentes
ao próprio agente desinfetante (tempo de contato, concentração, propriedades físicas e químicas do
desinfetante), ou relacionadas com a qualidade do efluente a ser desinfetado (temperatura, pH,
alcalinidade, concentração de matéria orgânica, presença de sólidos em suspensão) ou ainda devido
a sua interação com o patógeno e a natureza do microorganismo patogênico.
Neste estudo, os tratamentos com ácido peracético não provocaram grandes alterações nos
valores de pH do esgoto, que variaram, no ximo, 0,22 unidades (para os ensaios da bateria) e
permaneceram sempre próximos à neutralidade. Esse resultado é compatível com o de outros
estudos que utilizaram PAA como desinfetante (BALDRY et al., 1995; SARTORI, 2004; SOUZA,
2006).
Com relação à DQO, observou-se na 1ª bateria de testes que houve uma pequena redução da
sua medida (de 33mg/L, no máximo) após a desinfecção do esgoto. Essa redução foi maior para o
ensaio da bateria (de 89mg/L). A diminuição da DQO indica que uma certa quantidade do agente
desinfetante (oxidante) transferida para o efluente pode ter sido consumida por matéria orgânica ou
mesmo inorgânica presente no esgoto (reações de oxi-redução), reduzindo assim sua
disponibilidade para a inativação dos microorganismos. Baldry et al. (op. cit.) também obteve um
pequeno decréscimo de DQO (da ordem de 10mg/L) em seus ensaios de desinfecção com PAA.
De forma inversa, na bateria houve aumento de até 41mg/L da DQO do esgoto após a
desinfecção. Sartori (op. cit.) também verificou esse comportamento nas amostras de esgoto da
ETE-Araraquara desinfetadas com PAA nas mesmas concentrações aqui testadas, inclusive com
valores semelhantes de acréscimo de DQO. Kitis (2003) afirma que o aumento do conteúdo
orgânico do efluente após desinfecção com PAA ocorre devido ao ácido acético que, além de já
estar presente na constituição da solução do ácido peracético (até 16%) também é formado após a
decomposição do produto, o que é indesevel para um agente desinfetante.
Com relação a concentração de sólidos em suspensão, notou-se diminuição de suas medidas
no efluente após todos os ensaios de desinfecção. Esse efeito pode ser justificado da mesma forma
que a redução de DQO nos tratamentos.
A alcalinidade do esgoto não sofreu grandes alterações após a desinfecção com os diferentes
tratamentos, o que pode indicar que os processos oxidativos promovidos pelo agente desinfetante
não foram suficientes para consumir a alcalinidade das amostras.
96
De uma maneira geral, apenas com uma exceção, observou-se que os diferentes tratamentos
foram mais eficientes quanto maior era a concentração de coliformes totais, E. coli, DQO e sólidos
totais no esgoto, o que ocorreu gradativamente ao longo das coletas. Alguns autores (SOBSEY,
1989) haviam verificado que a presença de matéria orgânica e sólidos, até um certo nível, não
afetam a eficiência de desinfecção do PAA.
6.3.2. Desinfecção com Radiação ultravioleta
Esse tópico será subdividido em duas etapas a fim de facilitar a compreensão dos eventos.
Na primeira etapa, serão descritos os resultados dos ensaios para determinação da intensidade
média de radiação ultravioleta incidente na superfície irradiada no interior da mara de
desinfecção. Na segunda etapa serão apresentados os resultados dos ensaios de desinfecção
propriamente ditos.
6.3.2.1. Ensaio para a determinação da intensidade média de radiação UV incidente
A intensidade média (I
0
) de radiação ultravioleta em 254nm incidente na superfície irradiada
no interior da mara de desinfecção para 6 lâmpadas ligadas foi determinada por actinometria,
utilizando uma solução de ferrioxalatao de potássio 0,006M.
É importante mencionar que os ensaios actinométricos foram conduzidos com a mina
líquida fixada em 1cm. (volume de 1,8L) e durante o período de 60 segundos.
Os dados obtidos para a construção da curva de calibração de Fe
2+
para o espectrofotômetro
SHIMADZU UV – 2101PC são apresentados na tabela 6.11. A curva de calibração pode ser
observada na
figura 6.8.
Tabela 6.11.
Valores obtidos para a construção da curva de calibração de
Fe
2+
.
Concentração de Fe
2+
(C
medida
)
(mg/L)
Absorbância
(510nm)
0 0
0,55 0,10
1,1 0,19
1,65 0,31
2,2 0,48
2,75 0,62
3,3 0,76
4,4 0,98
4,95 1,06
5,5 1,20
97
A equação da curva de calibração (6.1), obtida pelo todo dos nimos quadrados
(MMQ), foi utilizada para calcular a concentração medida de Fe
2+
(C
medida
) nos ensaios de
actinometria.
1061,04455,4
+
×
=
AbsC
medida
(6.1)
y = 4,4455x + 0,1061
R
2
= 0,9958
0
1
2
3
4
5
6
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Absorbância
Concentração de Fe2+
Figura 6.8.
Curva de calibração de Fe
2+
.
Os valores médios de dose de radiação ultravioleta em 254nm incidente na superfície
irradiada (D) e de I
0
,
obtidos por actinometria para 6 lâmpadas ligadas, foram calculados pelas
equações (5.2) e (5.3), respectivamente, e são apresentados na tabela 6.12.
Tabela 6.12.
Valores médios de dose e intensidade média de radiação UV na superfície irradiada
obtidos por actinometria para 6 lâmpadas ligadas durante 60 segundos.
Absorbância (510 nm) C Fe
2+
(mg/L) D
m
I
0m
Antes
da Irradiação
Depois
da Irradiação
Antes
da Irradiação
Depois
da Irradiação
(mWs/cm
3
) (mW/cm
2
)
0,011 0,236 7,75 57,76 335,37 5,59
6.3.2.2. Ensaio de desinfecção com radiação UV
De forma análoga aos ensaios de desinfecção com ácido peracético, a desinfecção com
radiação UV também foi realizada em 3 baterias. Em cada bateria foram conduzidos ensaios com 6
lâmpadas germicidas ligadas, lâmina líquida de amostra de 4cm e tempos de irradiação de 30 e
120s, sendo utilizadas amostras de efluente coletadas em datas específicas (tabela 6.13).
As intensidades médias de radiação na lâmina líquida (I
m
) e doses de radiação recebida (D
r
)
para cada amostra de efluente, foram calculadas a partir do valor de I
0m
determinado por
98
actinometria (vide equações 5.4 e 5.8). Os valores de I
m
e D
r
obtidos em cada ensaio de desinfecção
também são apresentados na tabela 6.13.
Tabela 6.13.
Características dos ensaios de desinfecção de amostras de esgoto da ETE-Araraquara
empregando radiação ultravioleta.
Baterias
Data de
coleta
Ensaios
TC
(s)
α
αα
α
(cm
-1
)
I
m
(mW/cm
2
)
D
a
(mWs/cm
2
)
D
r
(mWs/cm
2
)
D
rv
(Wh/m
3
)
1 26/4/2004
1 30 1,138
1,215 167,7 36,46 2,53
1 26/4/2004
2 120
1,138
1,215 670,8 145,9 10,13
2
05/07/2004
1 30 1,322
1,05 167,7 31,54 2,19
2
05/07/2004
2 120
1,322
1,05 670,8 126,2 8,76
3 17/11/2004
1 120
2,123
0,66 670,8 78,96 5,48
ΤC = Tempo de Contato α = coeficiente de absorção
D
a
= Dose aplicada D
rv
= Dose recebida por volume
Cabe ressaltar que a dose aplicada de radiação ultravioleta (D
a
) é a energia total que atinge a
superfície da mina líquida, sendo dependente do número de mpadas ligadas e do tempo de
irradiação. Ao passo que a dose recebida é a energia total efetivamente disponível para a inativação
dos microorganismos, a qual é influenciada não pelo tempo de irradiação e número dempadas
ligadas, mas também pela qualidade da amostra desinfetada (principalmente absorbância e lidos
em suspensão) e pela espessura da lâmina líquida. Nota-se, através da tabela 6.13, que quanto maior
foi o coeficiente de absorção do efluente (que é calculado a partir da absorbância), menor foi a dose
recebida pela amostra e vice-versa.
Na bateria de ensaios de desinfecção, o efluente coletado em 26/04/2004 foi submetido a
2 testes. No e testes, 6 lâmpadas germicidas foram ligadas durante dois tempos de irradiação
diferentes (30 segundos e 120 segundos). Sendo assim, as amostras de esgoto foram expostas à uma
intensidade de energia radiante constante, porém a doses distintas, como pode ser visto na tabela
6.13. A caracterização química do esgoto coletado em 26/04/2004 submetido aos ensaios de
desinfecção são mostrados na tabela 6.14.
99
Tabela 6.14.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas
em 26/04/2004 utilizando radiação ultravioleta (1ª bateria).
Variáveis UV Efluente
Dose recebida (mWs/cm
2
) 36,46 145,85
-
Colif. Totais (NMP/100mL) 1732,87 224,00 2,62 x 10
5
Eficiência inativação colif. (%)
99,3380 99,9145 -
E. coli
(NMP/100mL) 23,0 4,0 3,1 x 10
4
Eficiência inativação E. coli (%)
99,9258 99,9871 -
Absorbância bruta (254nm) 0,494 0,481 0,494
Absorbância filtrada (254nm) 0,282 0,296 0,282
DQO (mg/L) 162,00 348,00 167,00
ST (mg/L) 388,00 384,50 365,50
SST (mg/L) 52,77 52,67 56,73
SDT (mg/L) 334,00 316,00 339,00
Alcalinidade (mg/L) 166,75 168,50 174,00
pH 7,85 7,90 7,61
Na bateria, o efluente coletado em 05/07/2004 também foi submetido a 2 ensaios de
desinfecção utilizando 6 mpadas ligadas durante dois tempos de irradiação diferentes (30
segundos e 120 segundos), como pode ser visto na tabela 6.15.
Tabela 6.15.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas
em 05/07/2004 utilizando radiação ultravioleta (2ª bateria).
Variáveis UV Efluente
Dose recebida (mWs/cm
2
) 31,54 126,18
-
Colif. Totais (NMP/100mL) > 2419,2 > 2419,2 2,613 x 10
6
E. coli
(NMP/100mL) 2419,2 72,3 1,89 x 10
5
Eficiência inativação E. coli
(%)
98,7200 99,9617 -
Absorbância bruta (254nm) 0,579 0,582 0,574
Absorbância filtrada (254nm) 0,332 0,330 0,328
DQO (mg/L) 191,00 329,00 199,00
ST (mg/L) 389,50 384,00 377,00
SST (mg/L) 90,33 81,80 101,33
SDT (mg/L) 286,00 307,00 279,00
Alcalinidade (mg/L) 111,25 112,50 100,00
pH 7,57 7,59 7,42
Finalmente, na bateria foi realizado apenas um ensaio de desinfecção com amostra do
efluente coletado em 17/11/2004. O ensaio foi conduzido com 6 mpadas ligadas durante o tempo
de 120 segundos de irradiação (tabela 6.16).
100
Tabela 6.16.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas
em 17/11/2004 utilizando radiação ultravioleta (3ª bateria).
Variáveis UV Efluente
Dose recebida (mWs/cm
2
) 78,96
-
Colif. Totais (NMP/100mL) > 2419,2 4,884 x 10
6
E. coli
(NMP/100mL) 7270 1,012 x 10
6
Eficiência inativação E. coli (%) 99,2816 -
Absorbância bruta (254nm) 0,955 0,922
Absorbância filtrada (254nm) 0,680 0,691
DQO (mg/L) 188,00 263,00
ST (mg/L) 362,50 379,00
SST (mg/L) 76,93 81,17
SDT (mg/L) 295,20 286,00
Alcalinidade (mg/L) 168,75 170,00
pH 7,91 7,78
Pode-se observar, a partir das tabelas 6.14 a 6.16 e da figura 6.9, que quanto maior a dose
recebida, maior foi a eficiência do agente desinfetante. Como a dose recebida é dependente do
tempo de irradiação e da qualidade do efluente, pôde-se notar que quanto maior o tempo de
irradiação e melhor a qualidade do efluente (caracterizada pelas menores medidas de absorbância,
DQO e sólidos em suspensão), maior foi a eficiência da radiação UV na inativação de E. coli.
A eficiência de inativação de E. coli nas amostras que sofreram irradiação por 30 segundos
foi de 3,13 log para o efluente coletado em 26/04/2004 e de apenas 1,89 log para o efluente
coletado em 05/07/2004. Essa grande variabilidade se deve à diferença de qualidade das amostras
de esgoto. Na 1ª bateria de testes, as medidas de absorbância, DQO e sólidos foram inferiores às da
2ª bateria.
101
98,6
98,8
99,0
99,2
99,4
99,6
99,8
100,0
36,46 145,85 31,54 126,18 78,96
Dose recebida de radiação UV (mWs/cm2)
Eficiência de inativação (%)
Figura 6.9.
Porcentagem de inativação de
E. coli
em amostras de esgoto da ETE-Araraquara submetidas a
desinfecção com radiação ultravioleta.
(Obs.: Os pontos interligados representam ensaios realizados na mesma bateria, isto é com efluentes da mesma coleta).
Esse mesmo padrão foi observado para as amostras que sofreram irradiação por 120
segundos. A melhor eficiência de inativação de E. coli foi obtida na bateria (3,89 log), onde
observou-se melhor qualidade do esgoto desinfetado, enquanto que a menor eficiência foi obtida na
3ª bateria (2,14 log), onde foram verificadas as maiores medidas de DQO e sólidos no efluente.
De acordo com USEPA (1999a), concentrações de sólidos em suspensão superiores a
30mg/L tornam ineficiente a desinfecção com radiação UV quando se utilizam lâmpadas de baixa
pressão, como foi o caso neste estudo. Os sólidos em suspensão e a turbidez das águas residuárias
prejudicam a desinfecção com radiação UV, pois a agregação ou oclusão dos microorganismos na
matéria particulada impede a penetração da radiação incidente. Nesse sentido, o material em
suspensão representa uma proteção aos microorganismos.
Neste estudo, as maiores concentrações de sólidos em suspensão e de matéria orgânica no
efluente de fato afetaram o efeito de inativação do desinfetante sobre os
microorganismos
patogênicos, mas não de forma tão pronunciada, conforme relatado por USEPA (op. cit.) (figuras
6.10 e 6.11).
102
98,60
98,80
99,00
99,20
99,40
99,60
99,80
100,00
31,54 36,46 78,96 126,18 145,85
Dose recebida (mWs/cm2)
Eficiência (%)
50
60
70
80
90
100
110
SST (mg/L)
eficncia (%)
SST
Figura 6.10.
Relação entre as medidas de SST obtidas para as amostras de esgoto desinfetadas com radiação
UV e eficiência de inativação de
E. coli
.
98,60
98,80
99,00
99,20
99,40
99,60
99,80
100,00
31,54 36,46 78,96 126,18 145,85
Dose recebida (mWs/cm2)
Eficiência (%)
150
170
190
210
230
250
270
DQO
(mg/L)
eficncia (%)
DQO
Figura 6.11.
Relação entre as medidas de DQO obtidas para as amostras de esgoto desinfetadas com
radiação UV e eficiência de inativação de
E. coli
.
Relações semelhantes às apresentadas nas figuras 6.10 e 6.11 (maior eficiência de
desinfecção em amostras com menores medidas de sólidos em suspensão e DQO) foram
encontradas por outros autores (ALVES, 2003; CASTRO SILVA, 2001; GONÇALVES, 2003).
Mesmo assim, os referidos pesquisadores ainda demonstraram a aplicabilidade da radiação UV em
efluentes com elevados teores de sólidos suspensos (acima de 90mg/L), o que também foi
verificado neste estudo, indicando que a recomendação da literatura deve ser revista.
Outro parâmetro que pode influenciar a desinfecção com radiação UV é o pH, que afeta a
solubilidade de metais, os quais podem absorver luz ultravioleta (valores elevados de pH
103
possibilitam a precipitação de metais). Neste estudo, no entanto, não ocorreu grande variabilidade
das medidas de pH nas diferentes amostras de efluente, que mantiveram-se sempre próximas à
neutralidade.
A título de comparação, relacionaram-se os resultados deste estudo com os da pesquisa
realizada por Coletti (2003), que analisou a eficiência da desinfecção da radiação UV em amostras
de esgoto oriundas da ETE-Araraquara utilizando a mesmamara de desinfecção.
Neste estudo, para o tempo de irradiação de 30s, foi obtida eficiência de 1,89 e 3,13 log
para D
rv
de 2,19 e 2,53Wh/m
3
, respectivamente. para o tempo de irradiação de 120s, foi obtida
eficiência de desinfecção de 3,89 e 2,14 log para a D
rv
de 10,13 e 5,48Wh/m
3
, respectivamente.
Coletti (op. cit.) verificou que a eficiência do desinfetante na inativação de E. coli variou de
2,21 log a 2,75 log para D
rv
de 1,70 e 1,24Wh/m
3
, respectivamente,
em tempos de irradiação de 30s,
e de 4,09 log (99,95%) e 100% para a D
rv
de 5,69Wh/m
3
e 8,62Wh/m
3
, respectivamente, em tempos
de irradiação de 120s.
Com relação à caracterização química das amostras de esgoto desinfetadas com diferentes
doses recebidas de UV, verificou-se certa estabilidade das medidas de pH, alcalinidade, sólidos e
absorbância em relação aos respectivos efluentes não desinfetados, o que é normal em função do
mecanismo físico de desinfecção promovido pela radiação UV.
No entanto, foram verificadas grandes alterações das medidas de DQO somente nas
amostras de efluente desinfetadas com as maiores doses de radiação UV. Nas duas primeiras
baterias, a irradiação (nas doses de 145,9 e 126,2mWs/cm
2
) provocou aumento da concentração de
DQO do esgoto da ordem de 108% e 65%, respectivamente; enquanto que na terceira bateria, houve
redução na concentração da DQO de 28% para a dose de 78,96mWs/cm
2
. A alteração dos valores
de DQO do efluente após a desinfecção com radiação UV pode ter sido ocasionada por algum erro
analítico.
Porém, cabe mencionar que Nurizzo et al. (2005) verificaram a redução da concentração de
Carbono Orgânico Total (superior a 25%) em amostras de esgoto desinfetadas com doses de
radiação UV de 70mWs/cm
2
, enquanto que a dose de 25mWs/cm
2
não provocou alteração
significativa nas medidas de COT. Os autores atribuíram esse efeito à eventual mineralização do
carbono orgânico a CO
2
.
De acordo com Nick et al. (1992) apud Nurizzo et al. (op cit.) e Otaki & Ohgaki (1994),
baixas doses de radiação UV (<50mWs/cm
2
) podem afetar a decomposição de compostos orgânicos
somente de forma marginal. Porém, altas doses de irradiação (>1.000mWs/cm
2
), podem degradar
compostos orgânicos (pesticidas, por exemplo) e gerar sub-produtos.
104
6.3.3. Desinfecção com Ozônio
Para definir as dosagens do ozônio e tempo de contato utilizados nos ensaios de desinfecção
com o esgoto oriundo da ETE-Araraquara, foi necessário quantificar a produção de ozônio gerada
pelo equipamento Qualid’or.
A figura 5.9, apresentada no item Material e Métodos”, relaciona a produção de ozônio do
equipamento Qualid'or com sua vazão de oxigênio.
Com base na equação da curva de calibração obtida para o gerador de ozônio, foi possível
calcular as vazões de oxigênio necessárias para alcançar as doses de ozônio pré-estabelecidas.
Nesta pesquisa, foi realizada apenas uma bateria de testes com dois ensaios de desinfecção
empregando o ozônio como agente desinfetante. Esses ensaios foram conduzidos com amostras de
esgoto da ETE-Araraquara coletadas em 17/11/2004.
É importante salientar que a escolha da dose aplicada de ozônio foi dependente das
condições operacionais dos equipamentos utilizados nos experimentos, em especial do rotâmetro.
Embora a escala do rotâmetro permitisse selecionar a vazão de gás entre os limites de 0 e 400L/h,
na prática, para vazões inferiores a 15L/h, o aparelho mostrou-se pouco preciso, sofrendo oscilações
periódicas e dificultando seu ajuste.
Sendo assim, nos ensaios de desinfecção optou-se por utilizar vazões de oxigênio de 18L/h e
30L/h e tempo de contato fixado em 5 minutos. As doses aplicadas correspondentes às vazões de
oxigênio utilizadas nos dois experimentos são apresentadas na tabela 6.17. Cabe observar que as
doses efetivas de ozônio nos ensaios de desinfecção foram calculadas através da equação (5.11).
Tabela 6.17.
Características dos ensaios de desinfecção de amostras de esgoto da ETE-Araraquara
empregando ozônio.
Vazão de O
2
Dose aplicada
Off-gas Residual Dose efetiva
Ensaios
(L/h) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
1 18 43,6 12,31 1,44 29,90
2 30 66,5 19,85 1,56 45,13
Analisando a tabela 6.17, observa-se que as doses de ozônio efetivamente consumidas pelas
amostras de esgoto desinfetadas foram de 68,5% (1º ensaio) e de 67,8% (2º ensaio) em relação às
respectivas doses aplicadas, indicando que a porcentagem de ozônio absorvido o foi afetada pela
variação da vazão de oxigênio.
Monaco (2006), em seu estudo de desinfecção de esgoto sanitário oriundo de tratamento
anaeróbio em reator UASB, também verificou que cerca de 60% da dose teórica de ozônio aplicada
em seus experimentos foi efetivamente consumida. Deve-se ressaltar que a referida autora utilizou a
mesma instalação piloto e o mesmo equipamento gerador de ozônio utilizados no presente estudo.
105
Segundo a autora, a diminuição da taxa de ozônio absorvido pode estar associada principalmente às
limitações de desempenho inerentes ao sistema de desinfecção utilizado na pesquisa, tais como
configuração e dimensionamento da câmara de ozonização, por exemplo.
Na tabela 6.18, é apresentada a caracterização química e bacteriológica do esgoto submetido
aos ensaios de desinfecção com ozônio.
A partir da tabela 6.18 e figura 6.12, fica claro que a maior dose efetiva de ozônio provocou
maior inativação de coliformes totais e E. coli presentes no esgoto. Obteve-se 2,067 log de
eficiência de inativação de E. coli para a dose de 29,9mgO
3
/L e de 3,551 log para a dose de
45,13mgO
3
/L.
Sartori (2004), ao analisar o efeito do ozônio na inativação de E. coli em amostras do esgoto
sanitário proveniente da ETE-Araraquara, verificou eficiência de cerca de 3 log para concentração
efetiva de 30mgO
3
/L e TC de 10 min. e de 1,064 log para a concentração de 27mgO
3
/L e TC de
10min. Deve-se ressaltar que esses resultados foram obtidos para amostras de esgoto coletadas em
datas diferentes, o que explica a grande variabilidade da eficiência do agente desinfetante na
inativação de E. coli no referido estudo. A autora também verificou que quanto maior a dose efetiva
de ozônio e o tempo de contato, maior foi sua eficiência na inativação da bactéria.
Tabela 6.18.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas
em 17/11/2004 utilizando ozônio.
Variáveis Ozônio Efluente
Dose efetiva (mg/L) 29,90 45,13
-
Residual (mg/L) 1,44 1,56 -
Colif. Totais (NMP/100mL) 24197 4838,3 4,884 x 10
6
Eficiência inativação colif. (%) 99,5045 99,9009 -
E. coli
(NMP/100mL)
8664 1373,4 1,012 x 10
6
Eficiência inativação
E. coli
(%)
99,1439 99,9719 -
DQO (mg/L) 152 135 263
ST (mg/L) 352,5 355,5 379,0
SST (mg/L) 42,43 40,83 81,17
SDT (mg/L) 307,0 312,0 286,0
Alcalinidade (mg/L) 162,5 159,5 170
pH 7,74 7,89 7,78
106
99,0
99,1
99,2
99,3
99,4
99,5
99,6
99,7
99,8
99,9
100,0
29,9 45,13
Dose efetiva de ozônio (mg/L)
Eficiência (%)
E. coli Coliformes totais
Figura 6.12.
Porcentagem de inativação de
E. coli
e coliformes totais em amostras de esgoto da ETE-
Araraquara submetidas a desinfecção com ozônio.
Com relação às características químicas do esgoto após a desinfecção, notou-se considerável
redução da concentração de DQO (de 42% e 48%, para os ensaios 1 e 2, respectivamente) e de
sólidos em suspensão (de 47% e 50%, para os ensaios 1 e 2, respectivamente) em relação ao esgoto
não desinfetado, indicando que parte do agente desinfetante foi consumida na oxidação do material
orgânico presente no esgoto, o que pode ter diminuído a eficiência das reações de inativação das
bactérias. Deve-se observar ainda que as menores concentrações de DQO e sólidos em suspensão
foram obtidas para amostras de esgoto submetidas à maior dose efetiva de ozônio.
As medidas de pH não sofreram grandes alterações após a desinfecção do esgoto, se
mantendo entre 7,7 e 7,9 unidades de pH. De acordo com Lapolli et al. (2003), a maioria dos dados
disponíveis na literatura indica que a eficiência da desinfecção por ozônio é pouco afetada na faixa
de pH dos efluentes domésticos, isto é, entre 6 e 8.
As concentrações de alcalinidade do esgoto após a desinfecção sofreram um pequeno
decréscimo em relação ao esgoto não desinfetado; porém, suas medidas permaneceram elevadas.
Segundo Langlais et al. (1991), concentrações relativamente elevadas de alcalinidade inibem o
desenvolvimento das reações radicalares não-seletivas (mecanismo indireto de oxidação), reduzindo
a decomposição do ozônio. Como os radicais livres HO
2
e hidroxilas (OH
-
) apresentam capacidade
de oxidação inferior a do O
3
,
altos valores de alcalinidade beneficiam o mecanismo direto ou
molecular de oxidação, resultando em maior eficiência de inativação de microorganismos.
Ademais, o principal constituinte da alcalinidade em pH na faixa de 4,4 a 8,3 são os bicarbonatos, o
quais provocam um efeito estabilizante sobre o ozônio.
107
6.3.4. Desinfecção com Cloro
Neste estudo, foi realizada apenas uma bateria de ensaios de desinfecção com hipoclorito de
sódio, sendo utilizadas amostras de esgoto oriundas da ETE-Araraquara coletadas em 17/11/2004.
Nessa bateria foram conduzidos experimentos com concentrações de cloro de 2,5 e 7,0 mg/L e
tempos de contatos de 20 e 40 minutos, conforme descrito na tabela 6.19.
Tabela 6.19.
Características dos ensaios de desinfecção de amostras de esgoto da ETE-Araraquara
empregando cloro.
Ensaios
Concentração
(mg/L)
Tempo de Contato
(min)
1
2,5
20
2 2,5 40
3 7,0 20
4 7,0 40
Na tabela 6.20, é apresentada a caracterização química e bacteriológica do esgoto submetido
aos ensaios de desinfecção com cloro.
Tabela 6.20.
Resultados dos ensaios de desinfecção com amostras de esgoto da ETE-Araraquara coletadas
em 17/11/2004 utilizando cloro.
Variáveis Cloro Efluente
Concentração (mg/L) 2,5 2,5 7,0 7,0
-
Tempo de Contato (min.) 20 40 20 40
-
Residual Livre (mg/L) 0,03648 <0,026 0,48714 0,17634 -
Residual Total (mg/L) 0,19188 <0,026 2,92692 2,41928 -
Colif. Totais (NMP/100mL) > 24.192 7.701 1,00 1,00 4,884 x 10
6
Eficiência inativação colif. (%) - 99,8423 99,9999 99,9999 -
E. coli
(NMP/100mL)
62 30 >1 >1 1,012 x 10
6
Eficiência inativação
E. coli
(%)
99,9939 99,9970 100 100 -
DQO (mg/L) 177,00 191,00 186,00 169,00 263,00
ST (mg/L) 393,50 363,50 364,50 394,00 379,00
SST (mg/L) 87,75 92,90 77,60 81,85 81,17
SDT (mg/L) 284,00 301,00 295,00 279,00 286,00
Alcalinidade (mg/L) 168,50 169,50 169,50 170,00 170,00
pH 7,65 7,61 7,73 7,66 7,78
A tabela 6.20 e a figura 6.13 mostram que a concentração de 7mg/L de cloro foi mais
eficiente na inativação de coliformes totais e E. coli do que a concentração de 2,5mgCl
2
/L, o que
era esperado.
A concentração de 7mgCl
2
/L provocou a eliminação de 100% de E. coli presente no esgoto,
independentemente do tempo de contato utilizado no ensaio de desinfecção.
108
para o tratamento com 2,5mg/L de cloro, o tempo de contato influenciou na eficiência de
desinfecção. O ensaio com 40 minutos de duração mostrou-se mais efetivo na remoção de
coliformes totais e E. coli (2,82 log e 4,523 log, respectivamente) do que o com 20 minutos (inferior
a 2,4 log e 4,215 log, respectivamente).
99,99
99,99
99,99
100,00
100,00
100,00
2,5 - 20' 2,5 - 40' 7,0 - 20' 7,0 - 40'
Concentrações de cloro (mg/L) e tempos de contato (min)
Eficiência - E. coli (%)
99,82
99,84
99,86
99,88
99,9
99,92
99,94
99,96
99,98
100
Eficiência - Coliformes totais
(%)
E. coli (%) Coliformes totais
Figura 6.13.
Porcentagem de inativação de E. coli e coliformes totais em amostras de esgoto da ETE-
Araraquara submetidas a desinfecção com cloro.
Razzolini (2003),
ao estudar a viabilidade da utilização dos esgotos sanitários tratados pelo
sistema de lagoas de estabilização do município de Lins (SP) na irrigação de áreas agrícolas,
observou que nas amostras de esgoto submetidas à desinfecção com hipoclorito de sódio houve
variação na densidade de coliformes totais e E. coli dependendo da dosagem e tempo de contato
aplicados, sendo encontrados alguns valores similares aos obtidos neste estudo. A autora verificou
eficiência superior a 6 log na inativação de E.coli para a concentração de 8mg/L de cloro aplicado e
TC de 30 minutos e de 2,53 log na inativação de coliformes totais para concentração de 2,1mg/L de
cloro e 12 minutos de TC.
Aisse et al. (2003) afirmam que a dosagem típica para desinfecção de efluentes de lagoas de
estabilização para obter um padrão de lançamento de 1.000NMP/100mL de coliformes fecais deve
estar entre 6 a 13mg/L de hipoclorito de sódio.
Neste estudo verificou-se que a concentração de 2,5mg/L de cloro já foi suficiente para
atingir níveis de inativação de coliformes totais e E. coli significativos. Deve-se levar em
consideração, no entanto, que o presente estudo foi realizado em escala laboratorial.
Andrade Neto et al. (2002a e 2002b) compararam a eficiência de desinfecção de efluente de
filtros anaeróbios por hipoclorito de sódio em três escalas de experimentos (escala laboratorial,
piloto e real). De acordo com os referidos autores, para atingir resultados equivalentes em termos de
109
remoção bacteriológica, nos ensaios em escala piloto e escala real foram necessárias concentrações
de cloro bem superiores às obtidas nos ensaios de laboratório. Nos ensaios em laboratório as
demandas de cloro estiveram na faixa de 2,5 a 3,0mg/L, enquanto que nos tanques de contato em
escala piloto as demandas foram da ordem de 6,0 a 7,0 mgCl
2
/L e em escala real a demanda foi
ainda maior. Segundo os autores, isso confirma a importância da hidrodinâmica na eficiência de
desinfecção, já que a escala de laboratório apresentava condições de mistura ótimas enquanto que as
escalas piloto e real apresentavam condições de mistura e dispersão desfavoráveis. Deve-se
considerar também outros fatores, tais como as variações de temperatura nos ensaios de campo, as
quais devem influenciar na eficiência da desinfecção por cloro.
Com relação às concentrações de cloro residual presentes nas amostras de esgoto após a
desinfecção, neste estudo foram medidos o cloro livre residual (HOCl e OCl
-
) e o cloro total
residual, sendo que o cloro combinado residual (monocloramina, dicloramina e tricloramina) foi
calculado a partir da diferença entre as concentrações residuais de cloro total e livre.
Neste trabalho, observou-se que a demanda de cloro (calculada pela diferença entre a
concentração inicial aplicada e a residual total) nos diferentes experimentos foi diretamente
proporcional ao aumento da concentração de cloro aplicada e inversamente proporcional ao tempo
de contato.
Para o esgoto tratado com 2,5mg/L de cloro e 40 minutos de tempo de contato, a demanda
do desinfetante foi integral (a concentração de cloro residual ficou abaixo do limite de detecção do
método utilizado para sua análise); isto é, todo o cloro aplicado foi consumido pelos vários
constituintes da água residuária (figura 6.14).
Nos outros tratamentos, observou-se que as concentrações residuais de cloro combinado
foram consideravelmente superiores aos residuais de cloro livre. Esse resultado indica que houve
elevado consumo de cloro livre ao longo dos ensaios e que o cloro aplicado nas amostras reagiu
com compostos presentes no esgoto, em especial com a amônia, formando cloraminas, as quais
apresentam poder desinfetante bem inferior ao do cloro livre. Mesmo assim, a eficiência de
desinfecção desse oxidante foi considerada elevada em todos os casos (superior a 4 log para E.
coli).
110
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
2,5 - 20' 2,5 - 40' 7,0 - 20' 7,0 - 40'
Concentração de cloro aplicado (mg/L) e tempo de contato
(min.)
Concentração de residual de cloro
(mg/L)
Residual Livre (mg/L) Residual Total (mg/L)
Figura 6.14.
Concentrações de cloro residual livre e total obtidas nas amostras de esgoto da ETE-Araraquara
submetidas aos ensaios de desinfecção com cloro.
Nota-se que, para a concentração de 7mg/L de cloro, os valores de cloro residual ficaram
acima de 2mg/L, indicando que a dose aplicada do cloro foi bastante superior à necessária para a
inativação das bactérias indicadoras utilizadas neste estudo, já que ao final dos ensaios a
concentração de E. coli foi nula.
Deve-se observar que os valores de cloro residual livre encontrados neste estudo ficaram
abaixo do limite máximo estabelecido para água para consumo humano no Brasil, que é de
5mgCl
2
/L (BRASIL, 2005).
Quanto às características químicas do esgoto após a desinfecção (tabela 6.20), notou-se
considerável redução da concentração de DQO em relação ao esgoto não desinfetado (mínima de
27% e máxima de 36%, para os ensaios 2 e 4, respectivamente), indicando que parte do agente
desinfetante foi consumida na oxidação do material orgânico presente no esgoto, o que pode ter
diminuído a eficiência das reações de inativação das bactérias.
com relação aos sólidos em suspensão, não observou-se uniformidade dos seus valores
após a desinfecção. Porém, não foram identificadas grandes variações em relação ao esgoto não
desinfetado.
As medidas de pH e alcalinidade sofreram pequenas reduções em suas medidas após a
desinfecção do esgoto. O pH manteve-se entre 7,61 e 7,73 e a alcalinidade entre 168,5 e 170. Deve-
se lembrar que o mecanismo de desinfecção do cloro é pH-dependente, sendo mais eficiente em
meio mais ácido, uma vez que o ácido hipocloroso (HOCl), que é o produto resultante da
dissociação do cloro na água com maior efeito germicida, o se dissocia em pH abaixo de 6,5
(DANIEL, 2001).
Além das análises das variáveis químicas acima descritas, neste estudo também foi
verificada a formação de 4 trihalometanos (clorofórmio, bromodiclorometano, dibromoclorometano
111
e bromofórmio) em amostras de esgoto no período de 24 e 48 horas após à adição do cloro nas duas
concentrações testadas (tabela 6.21 e figura 6.15).
Tabela 6.21.
Formação de trihalometanos após a aplicação de cloro nas amostras esgoto da ETE-Araraquara
coletadas em 17/11/2004.
Variáveis Cloro
Concentração (mg/L) 2,5 2,5 7 7
Tempo (h) 24 48 24 48
Clorofórmio (
µ
g/L) 29,6 28,66 28,55 30,53
Bromodiclorometano (
µ
g/L) 10,37 9,46 9,3 10,24
Dibromoclorometano (
µ
g/L) <1,0 <1,0 <1,0 <1,0
Bromofórmio (
µ
g/L) <1,0 <1,0 <1,0 <1,0
Total (
µ
µµ
µ
g/L) 39,97 38,12 37,85 40,77
0
5
10
15
20
25
30
35
40
2,5 - 24 2,5 - 48 7,0 - 24 7,0 - 48
Concentração de cloro (mg/L) e Tempo (h)
Concentração de THM (ug/L)
Clorofórmio Bromodiclorometano
Figura 6.15.
Concentrações de clorofórmio e bromodiclorometano obtidas nas amostras de esgoto da ETE-
Araraquara submetidas aos ensaios de desinfecção com cloro após 24 e 48h de exposição.
A partir da tabela 6.21 e figura 6.15, pode-se verificar que o clorofórmio foi o composto
organoclorado predominantemente detectado nas amostras de esgoto após a cloração, sendo seguido
pelo bromodiclorometano. Quanto ao dibromoclorometano e ao bromofórmio, não foi verificada a
formação desses compostos no efluente após a cloração.
Segundo Sanches et al. (2003), o clorofórmio é o mais abundante dos THMs em águas
cloradas, enquanto que os outros três são formados quando há íons brometo complexados às
substâncias húmicas.
De uma maneira geral, não foi verificada relação entre a concentração de cloro aplicada e a
formação dos THMs, uma vez que os valores obtidos variaram pouco.
Da mesma forma, também não ficou evidenciada grande variação na formação dos THMs
com o decorrer do tempo. De acordo com Santos (1988), vários fatores influenciam
112
simultaneamente na velocidade de formação de THMs, não sendo possível predizer o tempo de
reação em função da complexidade das reações envolvidas e da mistura de estruturas
desconhecidas. Souza (2006) afirma que, em algumas circunstâncias, a formação de THMs pode
completar-se em menos de 1 hora, porém, em outras ocasiões, é possível que se exijam vários dias
antes que ocorra a máxima produção desses compostos organoclorados.
De qualquer forma, aceita-se como regra geral que quanto maior a temperatura e o pH da
amostra, maior será a probabilidade de formação de THMs e mais rápida será a reação. A presença
de brometos e iodetos também favorece a formação desses compostos, assim como a maior
concentração de matéria orgânica presente no efluente.
De acordo com WEF (1996), apesar dos efluentes de sistemas de tratamento possuírem
muitos precursores da formação de THMs (tais como substâncias orgânicas, ácidos húmicos,
fúlvicos e himatomelânicos, compostos aromáticos, etc.), a quantidade desses compostos nos
esgotos clorados pode ser pequena em função da seletividade da reação com a amônia e da menor
velocidade de reação com os compostos formadores de THMs na presença de cloro livre ou
combinado.
Neste estudo, o maior valor de THM total encontrado foi de 40,77µg/L
,
o qual encontra-se
abaixo do padrão ambiental americano para reuso público, que foi fixado em 80µg/L (USEPA,
2001), e abaixo do padrão de potabilidade brasileiro para água para consumo humano, que é de
100
µ
g/L de THMs (BRASIL, 2005).
Deve-se ressaltar, no entanto, que os THMs o apenas uma parcela dos subprodutos da
desinfecção por cloro, sendo indicadores da possível presença de outros compostos organoclorados
subprodutos da cloração (ácidos acéticos clorados, haloacetonitrilos, cloropicrin, clorofenóis,
cloropropanonas), os quais podem ser mais perigosos do que os próprios THMs.
Comparando todos os métodos de desinfecção estudados, pode-se considerar que, nas
condições testadas, todos os desinfetantes foram bem sucedidos na inativação de E. coli. Essa
afirmativa é verdadeira principalmente quando se considera que a desinfecção de esgotos,
diferentemente da água, não exige inativação total dos microorganismos patogênicos, podendo-se
exigir maior ou menor eficiência em função do uso a que se destina o efluente desinfetado.
Em termos gerais, para as doses e tempos de contato testados e para a mesma amostra de
efluente, verificou-se a seguinte ordem decrescente de eficiência de inativação de E. coli: cloro >
ácido peracético > ozônio > radiação UV. Resultados semelhantes também foram relatados por
outros autores.
Tyrrell et al. (1995) compararam o efeito do cloro e ozônio na inativação de bactérias e vírus
provenientes de efluentes secundários de esgoto sanitário e concluíram que o cloro é um bactericida
mais efetivo do que o ozônio, porém é um virucida menos eficiente do que o ozônio.
113
Razzolini (2003) também verificou que o ozônio foi menos efetivo do que o cloro na
remoção de E. coli e coliformes totais do esgoto sanitário tratado pelo sistema de lagoas de
estabilização do município de Lins (SP).
Sartori (2004), concluiu que o ácido peracético tem maior poder bactericida do que o
ozônio.
De acordo com Shaban et al (1997) apud Daniel (2001), as doses de radiação UV
necessárias para a promover a inativação de bactérias do grupo coliforme podem ser mais efetivas
do que a cloração. Deve-se ressaltar, no entanto, que a qualidade do esgoto a ser desinfetado
interfere na eficiência de desinfecção da radiação UV, o que deve ter sido verificado neste estudo.
Paraskeva & Graham (2005), ao estudar métodos de desinfecção a um efluente municipal
secundário, verificaram que o ozônio, nas doses de 7 a 10mg/L foram mais efetivos na inativação
de coliformes totais e E. coli do que a radiação UV nas doses que variaram entre 250 e 400
mWs/cm
2
. Os autores acreditam que, para aumentar a efetividade do UV, haveria a necessidade de
promover uma filtração do efluente anteriormente à desinfecção.
6.3.5. Avaliação ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção
Diversas variáveis devem ser consideradas na escolha de um processo de desinfecção de
esgoto sanitário, tais como: a eficiência de desinfecção em termos de inativação de diversos
microorganismos e parasitas, relação entre dose do desinfetante requerida e características do
esgoto, custo, facilidade de manipulação, riscos à saúde dos trabalhadores, potenciais efeitos
adversos à vida aquática, etc (GONÇALVES, 2003).
Com o objetivo de responder pelo menos uma das questões acima mencionadas, este estudo
procurou agregar conhecimentos em relação ao potencial tóxico que alguns agentes desinfetantes,
quando utilizados na desinfecção de esgotos sanitários, podem provocar em organismos
representativos da biota aquática, que não são encontrados muitos dados na literatura nacional
sobre esse assunto em específico.
Neste tópico serão descritos os resultados dos testes de toxicidade com amostras de esgoto
provenientes da ETE-Araraquara após os ensaios de desinfecção com ácido peracético, radiação
UV, ozônio e hipoclorito de sódio, utilizando D. similis, D. rerio, C. xanthus, C. silvestrii e A. cepa
como organismos-teste.
Os bioensaios foram divididos em 3 baterias. A primeira bateria de testes de toxicidade foi
realizada com amostras de esgoto coletadas em 26/04/2004, as quais foram submetidas a ensaios de
desinfecção com ácido peracético e radiação ultravioleta. A segunda bateria utilizou amostras de
esgoto coletadas em 05/07/2004, onde foram novamente realizados ensaios de desinfecção com
114
ácido peracético e radiação UV. E, por fim, a terceira bateria foi realizada com o esgoto amostrado
em 17/11/2004, o qual foi submetido a ensaios de desinfecção com ácido peracético, radiação UV,
cloro e ozônio.
6.3.5.1. Avaliação ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção – 1ª Bateria
Para os ensaios de desinfecção com ácido peracético e radiação ultravioleta realizados com
amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara coletadas em 26/04/2004, os resultados dos testes de
toxicidade podem ser visualizados nas tabelas A-I.5 a A-I.10 (Anexo I).
D. similis
:
Nos bioensaios com D. similis (tabela A-I.5 e figura 6.16), as análises estatísticas
identificaram diferença significativa entre o controle e todos os tratamentos com ácido peracético, já
que foi observada imobilidade dos organismos superior a 50% nas concentrações de 5 e 10mg/L de
PAA e tempos de contato de 20 e 40 minutos. Os outros tratamentos (efluente não desinfetado e
efluente submetido a desinfecção por radiação ultravioleta) não causaram efeito tóxico à D. similis.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Controle Efluente bruto UV 36,46
mWs/cm2
UV 145,85
mWs/cm2
PAA 5mg/L a
40 min
PAA 10mg/L
a 20 min
PAA 10mg/L
a 40 min
Tratamentos
Imobilidade (%)
Figura 6.16.
Porcentagem de imobilidade de
D. similis
expostas a amostras de esgoto coletadas em
26/04/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
Nota-se que a maior concentração de PAA testada (10mg/L) no menor tempo de contato (20
minutos) provocou maior imobilidade nesse organismo (65%).
É importante observar que o teste estatístico de Kruskal-Wallis evidenciou diferença
significativa entre os experimentos com amostra de esgoto não desinfetado e amostras de esgoto
115
desinfetado com ácido peracético, o que indica que a adição do ácido peracético ao efluente, o
tornou tóxico ao Cladocera.
Também foi verificada diferença significativa entre os experimentos de desinfecção com
radiação UV e com PAA, indicando que, para D. similis, a desinfecção do efluente com a radiação
UV seria a mais adequada nas condições testadas.
D. rerio
:
Nos bioensaios com D. rerio foi verificada toxicidade aguda para todos os tratamentos
testados, sendo que a amostra de efluente desinfetado com radiação UV na dose recebida de 145,85
mWs/cm
2
causou a maior mortalidade desse organismo (80%), enquanto que a amostra de efluente
não desinfetado provocou mortalidade de 26,6% ao peixe, como pode ser observado na tabela A-I.6
e figura 6.17.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Controle Efluente UV 36,46
mWs/cm2
UV 145,85
mWs/cm2
PAA 5mg/L a
40 min
PAA 10mg/L
a 20 min
PAA 10mg/L
a 40 min
Tratamentos
Mortalidade (%)
Figura 6.17.
Porcentagem de mortalidade de
D. rerio
expostos a amostras de esgoto coletadas em
26/04/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
Ressalta-se que a análise estatística de comparações múltiplas entre os tratamentos
identificou diferença significativa entre o experimento com esgoto não desinfetado e os seguintes
experimentos de desinfecção: radiação UV nas doses de 36,46 e 145,85mWs/cm
2
e ácido peracético
na concentração de 10mg/L e 40 min. de TC. Esse resultado sugere que a toxidez do efluente ao D.
rerio foi potencializada com a adição dos referidos agentes desinfetantes.
Nota-se que a mortalidade de D. rerio nos diversos tratamentos foi inversamente
proporcional às concentrações de oxigênio dissolvido encontradas nas amostras no final dos testes.
116
Dentre os tratamentos de desinfecção com ácido peracético, o teste onde obteve-se a maior
concentração residual de PAA (0,9898mg/L) provocou maior mortalidade nesse organismo
(73,3%).
Além disso, observou-se que a desinfecção do esgoto com radiação UV na dose recebida de
145,85 mWs/cm
2
foi estatisticamente mais tóxica ao D. rerio do que a desinfecção com ácido
peracético na concentração de 5mg/L.
C. xanthus
:
Nos bioensaios com C. xanthus, o foi verificada diferença significativa entre o controle e
os diversos tratamentos (tabela A-I.7). Logo, conclui-se que a sobrevivência desse organismo não
foi prejudicada quando da sua exposição ao esgoto da ETE-Araraquara coletado em 26/04/2004,
tenha sido ele desinfetado ou não.
C. silvestrii
:
Com relação aos bioensaios com C. silvestrii, observou-se toxicidade aguda em todos os
tratamentos testados, com 50% de imobilidade para o efluente não desinfetado, 100% para os
tratamentos com ácido peracético e 70 e 90% para os ensaios com radiação UV (36,46 e
145,85mWs/cm
2
, respectivamente) (tabela A-I.8 e figura 6.18). Novamente pode-se observar
potencialização da toxidez do efluente quando o mesmo é submetido à desinfecção.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Controle Efluente UV 36,46
mWs/cm2
UV 145,85
mWs/cm2
PAA 5mg/L a
40 min
PAA 10mg/L
a 20 min
PAA 10mg/L
a 40 min
Tratamentos
Imobilidade (%)
Figura 6.18.
Porcentagem de imobilidade de
C. silvestrii
expostas a amostras de esgoto coletadas em
26/04/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
117
A. cepa
:
Para A. cepa, o teste estatístico de Dunnett identificou diferença significativa entre o
controle e todos os tratamentos, com exceção do experimento de desinfecção com 10mg/L de ácido
peracético e 20 minutos de tempo de contato (tabela A-I.9 e figura 6.19).
Verificou-se que, dentre os tratamentos de desinfecção com ácido peracético, o teste onde
obteve-se a maior concentração residual de PAA (0,9898mg/L) provocou a maior inibição do
crescimento da raiz da cebola (50,4%).
com relação aos diferentes agentes de desinfecção, a concentração de 10mg/L de ácido
peracético, no tempo de contato de 20 minutos, provocou toxidez significativamente menor à A.
cepa do que as amostras de esgoto desinfetadas com radiação UV.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Controle Efluente
bruto
UV 36,46
mWs/cm2
UV 145,85
mWs/cm2
PAA 5mg/L a
40 min
PAA 10mg/L
a 20 min
PAA 10mg/L
a 40 min
Tratamentos
Crescimento da raíz das cebolsas (cm)
Figura 6.19.
Média de crescimento e crescimento máximo e mínimo das raízes de
A. cepa
submetidas a
amostras de esgoto coletadas em 26/04/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Quadrados em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
As tabelas 6.22 e A-I.10 apresentam o resumo dos resultados dos testes de toxicidade
realizados com amostras do esgoto da ETE-Araraquara coletadas em 26/04/2004 antes e após os
ensaios de desinfecção.
118
Tabela 6.22.
Toxicidade do efluente da ETE-Araraquara coletado em 26/04/04 antes e após a desinfecção
com PAA e UV e eficiência de remoção de
E. coli
.
Mortalidade / Imobilidade (%)
Inibição de
Crescimento
(%)
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Eficiência
E.
coli (%)
D.
similis
D.
rerio
C.
xanthus
C.
silvestrii
A. Cepa
Controle
5 0 0 0 0
Efluente
0 26,6 0 50 44,1
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226
99,812
50 33,3 0 100 28,7
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525
99,98
65 46,6 0 100 21,0
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898
99,976
55 73,3 0 100 50,4
UV 36,46 mWs/cm
2
99,987
0 73,3 0 70 58,8
UV 145,85 mWs/cm
2
99,926
0 80 10 90 59,6
Dr = Dose recebida de radiação UV.
Valores em vermelho correspondem a amostras significativamente diferentes do controle (teste de Dunnett para A. cepa e de Steel
Many One Rank para os outros organismos); isto é, tóxicas.
Analisando a tabela 6.22,, pode-se observar que cada organismo-teste respondeu de forma
diferenciada à exposição aos diversos tratamentos, o que é natural, já que espécies diferentes não
são igualmente susceptíveis à mesma substância química e, muito menos, à uma mistura complexa
heterogênea.
Nota-se que o ácido peracético foi tóxico a todos os organismos-teste, com exceção de C.
xanthus, sendo que sua maior concentração aplicada, que ocasionou maior concentração residual,
provocou maior toxicidade aos organismos-teste, de uma forma geral.
Com relação à radiação UV, este agente de desinfecção causou toxicidade somente quando
os organismos-teste também sofreram efeitos deletérios ao efluente não desinfetado. Nesses casos,
seu efeito tóxico foi superior ao do ácido peracético (exceção seja feita ao teste com C. silvestrii).
Notou-se também que quando o efluente não desinfetado mostrou-se, por si , tóxico aos
organismos-teste, sua toxidez foi potencializada com a adição dos diferentes agentes desinfetantes.
6.3.5.2. Avaliação ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção – 2ª Bateria
Os resultados dos testes de toxicidade com amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara
coletadas em 05/07/2004 e submetidas a desinfecção com ácido peracético e radiação ultravioleta
podem ser visualizados nas tabelas A-I.11 a A-I.16 (Anexo I).
D. similis
:
Nos bioensaios com D. similis houve diferença significativa somente entre o controle e os
tratamentos com ácido peracético na concentração aplicada de 10mg/L. Foi verificada 35 e 100% de
119
imobilidade dos organismos-teste nos tempos de contato de 20 e 40 minutos, respectivamente
(figura 6.20). Nesses experimentos foram encontrados residuais de PAA de 0,8443 e 0,9823mg/L,
respectivamente. Os outros tratamentos não causaram efeito tóxico à D. similis. (tabela A-I.11).
Também foi verificado, por meio de testes estatísticos de comparações múltiplas, que houve
diferença significativa entre a amostra submetida à desinfecção com ácido peracético na
concentração de 10mg/L e tempo de contato de 40 min. e todos os outros tratamentos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Controle Efluente UV 31,54
mWs/cm2
UV 126,18
mWs/cm2
PAA 5mg/L
a 20 min
PAA 5mg/L
a 40 min
PAA
10mg/L a 20
min
PAA
10mg/L a 40
min
Tratamentos
Imobilidade (%)
Figura 6.20.
Porcentagem de imobilidade de
D. similis
expostas a amostras de esgoto coletadas em
5/7/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
D. rerio
e
C. xanthus
:
Nos ensaios com D. rerio e C. xanthus, não foi evidenciada toxicidade em nenhum dos
tratamentos (tabelas A-I.12 e A-I.13, respectivamente).
C. silvestrii
:
Em contraposição, para C. silvestrii, novamente foi observada toxicidade aguda em todos os
experimentos, sendo verificadas porcentagens de imobilidade superiores a 90% em todos os casos
(tabela A-I.14 e figura 6.21).
120
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Controle Efluente UV 31,54
mWs/cm2
UV 126,18
mWs/cm2
PAA 5mg/L
a 20 min
PAA 5mg/L
a 40 min
PAA 10mg/L
a 20 min
PAA 10mg/L
a 40 min
Tratamentos
Imobilidade (%)
Figura 6.21.
Porcentagem de imobilidade de
C. silvestrii
expostas a amostras de esgoto coletadas em
5/7/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
A. cepa
:
Nos bioensaios com A. cepa, foi verificada diferença significativa entre o controle e os
tratamentos de desinfecção com radiação UV e PAA (10mg/L 40 min. de tempo de contato) (tabela
A-I.15 e figura 6.22). No entanto, independentemente de comprovação estatística, considera-se que
houve indícios de toxicidade nos outros tratamentos, uma vez que a porcentagem de inibição do
crescimento da raiz nos outros experimentos com ácido peracético e com o efluente não desinfetado
ficou acima de 25%.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Controle Efluente
bruto
UV 31,54
mWs/cm2
UV 126,18
mWs/cm2
PAA 5mg/L
a 20 min
PAA 5mg/L
a 40 min
PAA
10mg/L a 20
min
PAA
10mg/L a 40
min
Tratamentos
Crescimento das raízes das cebolas (cm)
Figura 6.22.
Média de crescimento e crescimento máximo e mínimo das raízes de
A. cepa
submetidas a
amostras de esgoto coletadas em 05/07/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA.
(Quadrados em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
121
As tabelas 6.23 e A-I.16 apresentam o resumo dos resultados dos testes de toxicidade
realizados com amostras do esgoto da ETE-Araraquara coletadas em 05/07/2004 antes e após os
ensaios de desinfecção.
Nessa bateria de testes de toxicidade, o efluente não desinfetado provocou efeito deletério
apenas a C. silvestrii, tendo sido verificado indícios de toxicidade à A. cepa. Como conseqüência, as
desinfecções do efluente com ácido peracético e radiação UV o causaram toxicidade à D. rerio e
os experimentos com 5mg/L de ácido peracético não se mostraram tóxicos à D. similis,
diferentemente do que foi observado nos bioensaios realizados na bateria, com amostras de
esgoto coletadas em 26/04/2004.
Tabela 6.23.
Toxicidade do efluente da ETE-Araraquara coletado em 05/07/04 antes e após a desinfecção
com PAA e UV e eficiência de remoção de
E. coli
.
Mortalidade / Imobilidade (%)
Inibição de
Crescimento
(%)
Amostras [PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Eficiência
E. coli (%)
D.
similis
D.
rerio
C.
xanthus
C.
silvestrii
A. Cepa
Controle
0 0 10 0 0,0
Efluente
0 0 0 100 27,3
PAA 5 mg/L, 20 min. 0,8667 99,901
0 0 10 90 25,0
PAA 5 mg/L, 40 min. 0,9040 99,859
0 6,66 10 100 29,4
PAA 10 mg/L, 20 min
0,8443 99,999
35 6,66 10 90 29,1
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823 99,762
100 0 0 90 37,2
UV 31,54 mWs/cm
2
98,720
10 0 0 90 34,6
UV 126,18 mWs/cm
2
99,962
0 0 10 100 44,5
Dr = Dose recebida de radiação UV.
Valores em vermelho correspondem a amostras significativamente diferentes do controle (teste de Dunnett para A. cepa e de Steel
Many One Rank para os outros organismos); isto é, tóxicas.
Valores em
azul correspondem a amostras onde houve indícios de toxicidade.
Novamente, notou-se potencialização da toxicidade do efluente com a adição dos agentes
desinfetantes. Esse fato pôde ser observado nos ensaios com A. cepa, onde houve indícios de
toxicidade quando esse organismo foi exposto ao efluente não desinfetado e toxicidade quando
houve exposição ao efluente desinfetado com ácido peracético (10mg/L em 40 minutos de tempo de
contato) e com radiação UV.
6.3.5.3. Avaliação ecotoxicológica do esgoto tratado após os ensaios de desinfecção – 3ª Bateria
Os resultados dos testes de toxicidade com amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara
coletadas em 17/11/2004 e submetidas a desinfecção com ácido peracético, radiação UV, ozônio e
cloro podem ser visualizados nas tabelas A-I.17 a A-I.22 (Anexo I).
122
D. similis
:
Para D. similis foi verificada toxicidade somente quando o efluente foi desinfetado com
ozônio e cloro. Os outros tratamentos o causaram efeito tóxico à D. similis. (tabela A-I.17 e
figura 6.23).
Houve imobilidade de 60 e 80% dos organismos expostos ao efluente desinfetado com dose
efetiva de ozônio de 29,9 e 45,15mg/L, respectivamente. Ressalta-se que as concentrações residuais
de ozônio nesses experimentos foram de 1,44 e 1,56mgO
3
/L.
o cloro provocou 100% de imobilidade aos organismos-teste nas primeiras 24 horas de
exposição para os tratamentos com concentrações de 7mg/L (tempos de contato de 20 e 40min.) e
2,5mg/L (20 min. de tempo de contato). Para a concentração de 2,5mg/L e 40 min. de tempo de
contato, foi verificada 85% de imobilidade nas primeiras 24 horas de exposição, sendo que nas
últimas 24 horas de teste, o foi evidenciado mais nenhum efeito tóxico aos organismos
remanescentes. Considerando que a maior porcentagem de imobilidade coincidiu com as maiores
concentrações residuais de cloro (livre e total) encontradas ao final dos ensaios de desinfecção,
atribui-se a esses residuais o efeito deletério causado aos cladocera.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
C
o
n
t
ro
l
e
Ef
l
u
e
n
te
PA
A
5
mg
/
L
a
2
0
m
i
n
U
V 7
8
,
9
6
m
W
s
/
cm
2
C
l
2
,
5
mg
/
L
2
0
'
C
l
2
,
5
mg
/L 4
0
'
C
l
7,0
m
g/L 2
0
'
Cl
7,0 mg/L 40'
Tratamentos
Imobilidade (%)
Figura 6.23.
Porcentagem de imobilidade de
D. similis
expostas a amostras de esgoto coletadas em
17/11/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA, ozônio e cloro.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
123
O teste estatístico de Kruskal-Wallis evidenciou diferença significativa entre a amostra de
efluente não desinfetada e os tratamentos com ozônio e cloro. Esse resultado indica que a adição
desses agentes desinfetantes ao efluente, o tornou tóxico ao cladocera.
Os experimentos de desinfecção com ozônio e cloro também foram significativamente mais
tóxicos à D. similis do que os experimentos com radiação UV e com PAA. Nesse sentido, para esse
organismo, a desinfecção do efluente com radiação UV ou com PAA, nas doses ou concentrações
testadas, seria o mais indicado nesse momento.
Ainda com relação aos bioensaios com D. similis, foi verificada diferença significativa entre
o tratamento com ozônio na dose de 29,9mgO
3
/L e os experimentos com cloro (7,0mg/L a 20 e 40
min. e 2,5mg/L a 20 min.).
D. rerio
:
Nos bioensaios com D. rerio, observou-se indícios de toxicidade para o efluente não
desinfetado e toxicidade aguda (comprovada por testes estatísticos) para todos os outros tratamentos
(tabela A-I.18 e figura 6.24). A mortalidade desse organismo foi superior a 50% nos experimentos
com os desinfetantes, atingindo 100% em todos os tratamentos com cloro.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Co
n
trole
Efluente
P
AA 5mg/
L
a
2
0 mi
n
UV 7
8
,9
6
mW
s/
c
m
2
C
l 2
,5
m
g
/L
2
0'
C
l 2
,5
m
g
/L
4
0'
C
l 7
,0
m
g/
L
20
'
C
l
7
,0
m
g/
L
40
'
Tratamentos
Mortalidade (%)
Figura 6.24
. Porcentagem de mortalidade de
D. rerio
expostos a amostras de esgoto coletadas em
17/11/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA, ozônio e cloro.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
Cumpre ressaltar que em todos os bioensaios com cloro foi observada mortalidade total dos
organismos nas primeiras 24 horas de teste, o que não ocorreu para os outros desinfetantes.
124
Verificou-se diferença significativa de toxicidade entre o esgoto o desinfetado e todos os
outros tratamentos, com exceção da desinfecção com ácido peracético e ozônio (na dose de
45,15mg/L). Esse resultado novamente demonstra que quando o efluente, por si só, já causa efeito
deletério a um organismo-teste, sua toxicidade é potencializada com a adição de desinfetantes.
Os experimentos de desinfecção com cloro também foram significativamente mais tóxicos à
D. rerio do que os experimentos com ozônio (45,15mg/L) e ácido peracético.
C. xanthus
:
Para C. xanthus, pela primeira vez no estudo foi verificada diferença significativa entre o
controle e os tratamentos. As amostras de efluente desinfetadas com cloro na concentração de
7mg/L se mostraram tóxicas a esse organismo, causando mortalidade de 90 e 50% para os tempos
de contato de 20 e 40 minutos, respectivamente. Os outros tratamentos não causaram efeito tóxico à
esse organismo. (tabela A-I.19 e figura 6.25).
Também foi evidenciada diferença de toxicidade entre os experimentos com 7mg/L de cloro
e todos os outros tratamentos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Co
n
trole
Efluente
P
AA 5
m
g/
L
a
2
0 mi
n
UV 7
8
,96
mW
s/cm
2
C
l 2
,5
m
g/
L
20
'
C
l
2
,5
m
g/L
40
'
C
l
7
,0
m
g/L
20
'
C
l
7,0 mg/L
40'
Tratamentos
Mortalidade (%)
Figura 6.25.
Porcentagem de mortalidade de
C. xanthus
expostos a amostras de esgoto coletadas em
17/11/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA, ozônio e cloro.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
125
C. silvestrii
:
Para C. silvestrii, mais uma vez foi observada toxicidade aguda em todos os experimentos
(tabela A-I.20 e figura 6.26). Deve-se salientar que, da mesma forma como ocorreu para D. similis e
D. rerio, as diferentes concentrações de cloro provocaram 100% de imobilidade a C. silvestrii nas
primeiras 24 horas de teste, o que não foi verificado nos outros tratamentos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Con
trole
Eflu
en
te
PAA
5m
g
/L
a
2
0
min
U
V
7
8,96 mWs/cm
2
Cl
2
,5 mg/L 20'
C
l
2
,5
m
g/
L
40'
Cl
7,
0
m
g/
L
20
'
Cl
7,0
mg
/
L 4
0
'
Tratamentos
Imobilidade (%)
Figura 6.26.
Porcentagem de imobilidade de
C. silvestrii
expostas a amostras de esgoto coletadas em
17/11/2004 antes e após desinfecção com UV e PAA, ozônio e cloro.
(Tratamentos em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
A. cepa
:
Nos bioensaios com A. cepa, apenas foi identificada diferença significativa entre o controle
e o cloro na concentração de 7,0mgCl
2
/L e 20 min. de tempo de contato (tabela A-I.21 e figura
6.27). No entanto, independentemente de comprovação estatística, considera-se que houve indícios
de toxicidade no tratamento com 7,0mgCl
2
/L e 40 min. de tempo de contato, uma vez que a
porcentagem de inibição do crescimento da raiz nesse experimento foi de 24,8%.
126
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
C
o
n
t
r
o
l
e
E
f
l
u
e
n
t
e
b
r
u
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o
P
A
A
5
m
g
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L
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2
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n
U
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7
8
,
9
6
m
W
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/
c
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2
C
l
2
,
5
m
g
/
L
2
0
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C
l
2
,
5
m
g
/
L
4
0
'
C
l
7
,
0
m
g
/
L
2
0
'
C
l
7
,
0
m
g
/
L
4
0
'
Tratamentos
Crescimento das raízes das cebolas (cm)
Figura 6.27.
Média de crescimento e crescimento máximo e mínimo das raízes de
A. cepa
submetidas a
amostras de esgoto coletadas em 17/11/2004 antes e após desinfecção com UV, PAA, ozônio e cloro.
(Quadrados em vermelho indicam valores significativamente diferentes do controle).
Outro efeito observado ao final dos bioensaios com os referidos tratamentos, foi o
enturgescimento e torção das raízes das cebolas (em forma de ganchos) (figura 6.28), bem como o
bifurcamento e quebra dos meristemas das raízes. Segundo Fiskesjö (1993), a manifestação desses
efeitos morfológicos macroscópicos é indício de citotoxicidade.
Monarca et al. (2000) observou essas mesmas modificações morfológicas nas raízes da
cebola quando expôs A. cepa à um efluente sanitário desinfetado com dióxido de cloro na
concentração de 1,5mg/L.
Nota-se que para os outros tratamentos (com exceção do ácido peracético e do ozônio na
dose de 45,15mg/L) houve estímulo do crescimento da raiz em relação ao controle, indicando que
as amostras tornaram-se nutritivas a esse organismo.
Deve-se levar em consideração que A. cepa é um vegetal terrestre e, assim sendo, possui
características e necessidades nutricionais distintas dos outros organismos utilizados neste estudo, o
que pode justificar o seu melhor desenvolvimento em amostras mais ricas em matéria orgânica, por
exemplo, do que a água utilizada no controle (água de cultivo dos cladocera).
Monarca et al. (op cit.) também verificou um maior crescimento da raiz da cebola quando
expôs A. cepa à um efluente sanitário desinfetado com ácido peracético (1mg/L), ozônio (3mg/L) e
radiação UV.
127
Figura 6.28.
Bioensaios com
A. cepa
.
Na figura maior,
os dois bulbos de cebola à esquerda representam indivíduos do controle, enquanto que os dois
bulbos à direita representam indivíduos expostos à 7mgCl
2
/L. A figura menor mostra a torção da raiz da cebola exposta
a 7mgCl
2
/L.
As tabelas 6.24 e A-I.22 apresentam o resumo dos resultados dos testes de toxicidade
realizados com amostras do esgoto da ETE-Araraquara coletadas em 17/11/2004 antes e após os
ensaios de desinfecção.
Tabela 6.24.
Toxicidade do efluente da ETE-Araraquara coletado em 17/11/2004 antes e após a desinfecção
com PAA e UV e eficiência de remoção de
E. coli
.
Mortalidade / Imobilidade (%)
Inibição de
Crescimento
(%)
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residua
l Livre
(mg/L)
Residual
Total
(mg/L)
Eficiência
E. coli (%)
D.
similis
D.
rerio
C.
xanthus
C.
silvestrii
A. Cepa
Controle
0,5 6,66 10 0 0,0
Efluente
0 20,0 10 60 -16,1
PAA 5 mg/L, 20 min. 0,8257 99,992
0 46,66
10 90 8,7
UV 78,96 mWs/cm
2
99,282
0 73,3 10 90 -13,9
Ozônio 29,9 mg//L 1,44 99,144
60 86,6 0 100 -33,0
Ozônio 45,15 mg//L 1,56 99,972
80 53,33
0 100 0,0
Cloro 2,5 mg/L, 20 min.
0,0365
0,1919 99,994
100 100 10 100 -32,6
Cloro 2,5 mg/L, 40 min.
<0,026
<0,026 99,997
85 100 0 100 -30,9
Cloro 7,0 mg/L, 20 min.
0,4871
2,9269 100
100 100 90 100 45,7
Cloro 7,0 mg/L, 40 min.
0,1763
2,4193 100
100 100 50 100 24,8
De = Dose efetiva de Ozônio.
Dr = Dose recebida de radiação UV.
Valores em vermelho correspondem a amostras significativamente diferentes do controle (teste de Dunnett para A. cepa e de Steel
Many One Rank para os outros organismos); isto é, tóxicas.
Valores em
azul correspondem a amostras onde houve indícios de toxicidade.
Nesta última bateria de bioensaios foi possível comparar o potencial tóxico dos quatro
agentes desinfetantes a diferentes organismos-teste.
128
De uma maneira geral, para as condições experimentais estudadas, o cloro foi considerado o
desinfetante mais tóxico aos organismos-alvo, sendo seguido pelo ozônio, ácido peracético e
radiação UV.
O cloro, na maior concentração testada, foi tóxico a todos os organismos-teste, inclusive a
C. xanthus, que é uma espécie bentônica em seu estágio larval. Esse resultado demonstra que
quando essa substância é adicionada a um efluente em concentrações superiores à sua demanda, as
conseqüências podem ser desastrosas à biota do corpo hídrico receptor, podendo prejudicar
inclusive o bentos.
Ressalta-se que mesmo a menor concentração de cloro estudada (2,5mg/L) proporcionou
efeito tóxico a D. similis, D. rerio e C. silvestrii superior à provocada pelos outros agentes de
desinfecção.
O cloro é um elemento extremamente reativo que reage rapidamente com substratos
orgânicos e inorgânicos. Quando o substrato orgânico é parte de um organismo vivo, a reação pode
provocar efeito tóxico, afetando a habilidade do organismo em se reproduzir ou metabolizar,
causando disfunções genéticas ou até mesmo matando o organismo (
TASK FORCE ON
WASTEWATER DISINFECTION, 1996).
Esses efeitos foram verificados no presente estudo.
Em um trabalho realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, foi observada
toxicidade aguda para Daphnia magna e Vibrio fischeri expostos a efluentes de lagoas de
estabilização desinfetados com dióxido de cloro, indicando que seu lançamento em corpos hídricos
receptores pode provocar impactos negativos à biota local (AISSE et al., 2003).
Schifino & De Luca (2003) apud
AISSE et al. (op. cit.) analisaram a toxicidade de quatro
efluentes biologicamente tratados, antes e após cloração e descloração, sobre a sobrevivência de
alevinos de Tilapia nilotica. Os autores verificaram que os efluentes o desinfetados já eram
tóxicos ao organismo-teste, sendo que a cloração, em todos os casos, potencializou esse efeito. a
descloração, em alguns casos provocou a redução da toxicidade dos esgotos.
De Luca & Cardoso (2004) também verificaram o potencial tóxico de efluentes municipais,
desinfetados ou o com hipocloração seguido de descloração, em Pimephales promelas. Foram
testadas duas concentrações de hipoclorito de sódio (6 e 13mg/L) em três ETEs distintas. De acordo
com os autores, os esgotos o desinfetados já apresentavam toxicidade aguda ao peixe, sendo
mantido esse efeito nos experimentos com desinfecção. Em um dos testes, no entanto, observou-se
diminuição da toxidez do efluente após a desinfecção com 6mg/L do oxidante, sugerindo “alguma
forma de limpeza dos compostos ou sinergismo do efluente”.
Com relação ao ozônio, de uma maneira geral, pode-se considerar que esse agente oxidante
foi o segundo desinfetante mais tóxico aos organismos testados. As duas doses efetivas de ozônio
estudadas provocaram toxicidade aguda em D. similis, D. rerio e C. silvestrii.
129
De acordo com Lapolli et al. (2003), a toxicidade a organismos aquáticos causada pela
ozonização de efluentes domésticos está associada aos subprodutos da desinfecção e não ao ozônio
propriamente dito, uma vez que o ozônio o promove a formação de residual ativo persistente,
pois é bastante volátil e decai espontaneamente a oxigênio em curto período de tempo. Na presença
de materiais oxidantes na solução (como é o caso de esgoto doméstico), sua meia vida é bastante
reduzida.
Xu et al. (2002), utilizando testes com Microtox
®
, o verificaram toxicidade em efluentes
domésticos (de nível secundário e terciário) desinfetados por ozônio nas doses efetivas que
variaram entre 5 e 30mg/L. Segundo os autores, a presença de toxicidade após a ozonização
geralmente está relacionada com a presença de esgoto industrial.
De forma semelhante, Paraskeva & Graham (2005), ao aplicar doses efetivas de ozônio de 2
a 10mg/L em um efluente secundário de esgoto doméstico também não verificaram efeitos tóxicos
nos testes com Microtox
®
.
Sartori (2004) observou toxicidade aguda para D. similis exposta ao efluente da ETE-
Araraquara desinfetado por ozônio na dose de 28mg/L (40% de imobilidade). No presente estudo, a
porcentagem de imobilidade de D. similis exposta a 29,9mg/L de ozônio foi de 60%.
Quanto ao ácido peracético, nos ensaios ora realizados, pode-se considerar que o tratamento
com a maior concentração (10mg/L) e tempo de contato (40 min.) provocou toxicidade mais
pronunciada aos organismos-teste D. similis, C. silvestrii, D. rerio e A. cepa. Também foi verificado
que a menor concentração testada de PAA (5mg/L) foi deletéria aos referidos organismos-alvo
quando suas concentrações residuais foram maiores, isto é, quando a demanda de PAA pelo
efluente foi menor, o que ocorreu nas amostras coletadas em 26/04/2004.
O mecanismo de ação do ácido peracético se através da oxidação da membrana celular
externa dos organismos, alterando suas funções osmóticas e impedindo sua atividade normal.
Dentro da célula, o PAA pode oxidar enzimas essenciais, rompendo ligações sulfídricas e sulfúricas
nas mesmas e degradar purinas, piridinas e nucleotídeos, provocando alterações bioquímicas e
podendo levar à morte (JOLIVET-GOUGEON et al., 1996).
Os subprodutos formados pelo ácido peracético não são reconhecidos como tóxicos, uma
vez que seu residual decompõe-se na água em: oxigênio, ácido acético e peróxido de hidrogênio.
Sendo assim, a toxicidade a organismos aquáticos causada pela desinfecção de efluentes domésticos
por esse oxidante está associada ao seu residual. Logo, para minimizar o efeito tóxico que a
desinfecção de esgotos com PAA pode provocar na biota dos corpos hídricos receptores, a sua
concentração aplicada não deve ultrapassar em muito a demanda do efluente por esse oxidante. Isso
foi verificado no presente estudo.
130
Outros estudos realizados no Brasil verificaram toxicidade para esgotos desinfetados com ácido
peracético.
Gasi et al. (1995), observaram toxicidade aguda para todos os organismos-alvo utilizados
(Daphnia similis, Danio rerio e Photobacterium phosphorium), sendo evidenciada uma relação
direta entre a concentração aplicada de PAA (3 a 5mg/L) e o aumento da sua toxidez.
Sartori (2004), por sua vez, verificou toxicidade aguda para D. similis exposta ao efluente da
ETE-Araraquara desinfetado por ácido peracético nas concentrações de 5 e 15mg/L (35 e 100% de
imobilidade, respectivamente). Novamente foi evidenciada uma relação direta entre a concentração
aplicada de PAA e o aumento da toxidez.
Com relação à radiação UV, nas condições experimentais ora estudadas, este agente de
desinfecção causou toxicidade somente para os organismos-teste que também sofreram efeitos
deletérios ao efluente não desinfetado. Nesses casos, seu efeito tóxico foi superior ao do ácido
peracético (exceção seja feita ao teste com C. silvestrii).
Acredita-se que a desinfecção com UV, por ser um processo físico, é ambientalmente
segura, pois não forma subprodutos nem apresenta residual. No entanto, compostos que absorvem a
radiação ultravioleta e apresentam alto rendimento quântico de fotólise têm alto potencial para se
fotodegradar, podendo, inclusive, se transformar em compostos mais xicos do que os originais
(efeito de foto-ativação).
Matthews et al. (1991) e Kopecky et al. (1992) observaram que vários compostos orgânicos,
especialmente aqueles que contêm estruturas em anéis, como fenóis, benzenos e pirimidinas
(compostos heterocíclicos nitrogenados) podem absorver radiação UV a 254nm (comprimento de
onda da radiação emitida pelas mpadas de mercúrio utilizadas na desinfecção de água e esgoto),
reagindo diretamente ou indiretamente. Na reação direta, uma molécula (à base de aminas ou fenol)
pode ser modificada quimicamente via absorção direta de radiação UV. na reação indireta, a
radiação é absorvida por espécies químicas foto-sensíveis (tais como íons nitrito/nitrato e
compostos húmicos), produzindo radicais capazes de reagir com outras substâncias orgânicas.
Gjessing & Källqvist (1991) conduziram experimentos de desinfecção com radiação UV em
água superficial contendo substâncias húmicas. Os resultados mostraram que a irradiação provocou
alterações na composição química da água (acidificação) e inibição do crescimento da alga
Selenastrum capricornutum conforme houve o incremento da dose aplicada. De acordo com os
autores, esse resultado pode ser explicado pelas interações fóton-iniciadas de substâncias húmicas e
outras substâncias químicas presentes água, resultando na formação de reagentes oxidantes, tais
como os radicais OH
-
; estes, por sua vez, oxidaram a matéria orgânica por abstração de hidrogênio.
Paraskeva & Graham (2005) estudaram o efeito da radiação UV em um efluente secundário
de esgoto doméstico. Nas doses testadas, as quais variaram entre 8,0 a 500mWs/cm
2
, o foram
131
verificados efeitos tóxicos para o método utilizado (Microtox
®
). Deve-se ressaltar, no entanto, que o
efluente não desinfetado não provocou toxicidade ao organismo utilizado.
Para D. similis, neste estudo foi observada a seguinte ordem decrescente de toxicidade dos
desinfetantes: cloro > ozônio > ácido peracético, sendo que a radiação UV não provocou toxicidade
em nenhum dos bioensaios realizados. Dessa forma, conclui-se que, para esse organismo, o melhor
agente desinfetante a ser utilizado seria a radiação UV, de forma a garantir a melhor qualidade do
efluente.
Para C. silvestrii, o lançamento do efluente não desinfetado no corpo hídrico receptor, por si
só já causaria impacto na sua sobrevivência. No entanto, os dados obtidos neste estudo levam a crer
que os desinfetantes provocaram potencialização do efeito tóxico do esgoto, sendo verificada a
seguinte ordem decrescente de toxicidade: cloro > ozônio > ácido peracético > radiação UV. Deve-
se lembrar que os bioensaios com C. silvestrii foram originalmente desenhados para findarem após
o período de 7 dias (teste crônico), porém, como em nenhum dos experimentos os organismos
sobreviveram após 96 horas de exposição, optou-se por apresentar os resultados obtidos no período
de 48 horas de teste.
Para D. rerio, verificaram-se duas situações distintas. Quando o efluente causou efeito
deletério a esse organismo, foi verificada a seguinte ordem decrescente de toxicidade aguda para os
tratamentos: cloro > ozônio > radiação UV > ácido peracético > efluente não desinfetado. Porém,
quando o efluente não provocou toxicidade ao peixe, a radiação UV e o ácido peracético não se
mostraram prejudiciais a esse organismo.
Deve-se considerar que os bioensaios com D. rerio foram realizados em sistema semi-
estático sem fornecimento de aeração, o que pode ter influenciado nos experimentos, em especial
nos testes com radiação UV, já que as menores concentrações de oxigênio dissolvido ao final dos
bioensaios (inferiores a 4,0mgO
2
/L) foram encontradas para as amostras desinfetadas com radiação
UV em que se observou toxicidade para o peixe.
Resultado similar foi encontrado por Blatchley III et al (1997), que analisaram a toxicidade
de efluentes de esgoto municipal de sete estações de tratamento antes e após a desinfecção com
cloração/descloração, ozonização e radiação UV, utilizando Ceriodaphnia dubia como organismo-
teste. Para quatro dos efluentes estudados, quando os mesmos não provocaram toxicidade ao
organismo-alvo, também não foi verificado efeito deletério em função de sua desinfecção. Porém,
quando esses efluentes apresentavam toxicidade, a desinfecção usualmente resultou em um
aumento da toxicidade, com uma tendência geral de cloração/descloração > ozonização > radiação
UV.
Para os outros três efluentes estudados pelos pesquisadores, foi verificado que quando os
mesmos não causavam toxicidade, a radiação UV também não era tóxica, porém a desinfecção com
132
cloração/descloração e ozonização se mostrava deletéria ao organismo-teste. Mas, quando os
efluentes apresentavam toxicidade, a cloração/descloração e ozonização provocavam um leve
aumento da mortalidade de C. dubia e a irradiação UV provocava a maior porcentagem de
mortalidade encontrada. Deve-se ressaltar que esses efluentes eram compostos não somente de
esgoto doméstico, mas também de esgoto industrial.
Os bioensaios com A. cepa seguiram o mesmo comportamento dos testes com D. rerio,
considerando os desinfetantes ácido peracético e radiação UV. Quando o efluente mostrou-se
tóxico, foi verificada a seguinte ordem decrescente de toxicidade para os desinfetantes: radiação UV
> ácido peracético. Porém, quando o efluente não provocou efeito adverso à cebola, a radiação UV
e o ácido peracético também não se mostraram tóxicos a esse organismo.
O cloro, na maior concentração estudada, certamente provocou os maiores efeitos adversos
à cebola, uma vez que, além de ter sido verificada grande porcentagem de inibição do crescimento
de sua raiz nesse tratamento, foram identificadas alterações morfológicas nas raízes (torções em
forma de gancho, enturgescimento, bifurcamento e quebra dos meristemas), as quais indicam efeito
citotóxico.
o ozônio (nas doses testadas) e o cloro (na concentração de 2,5mg/L) não prejudicaram o
crescimento da raiz da cebola.
Monarca et al. (2000) estudaram a influência dos desinfetantes ozônio (2,5 e 3mg/L), ácido
peracético (1mg/L), radiação UV (I
m
de 5,6 a 9,7mW/cm
2
e tempos de contato de 4 a 11s.) e dióxido
de cloro (1,2 e 1,5mg/L) na formação de compostos mutagênicos e tóxicos em águas residuárias
urbanas. Para avaliar a mutagenicidade dos tratamentos, foi usado o teste de Ames com Salmonella
typhimurium; para detectar danos no DNA, foram usados os testes de genotoxicidade (testes de
micronúcleo) com as plantas Allium cepa e Tradescantia; e para verificar o efeito tóxico das
amostras, foi empregada a bactéria marinha Vibrio fischeri em ensaios de bioluminescência.
Os autores verificaram a seguinte ordem decrescente de mutagenicidade nos tratamentos:
dióxido de cloro > ozônio > ácido peracético, sendo que para a radiação UV e para o esgoto não
desinfetado o foi identificado esse efeito deletério a partir do teste de Ames. Para as plantas, foi
observado efeito genotóxico apenas para o ácido peracético no teste com A. cepa. Já para V.
fischeri, foi evidenciada a seguinte ordem decrescente de toxicidade nos tratamentos: dióxido de
cloro > ozônio > ácido peracético > efluente não desinfetado > radiação UV. Cabe observar que
quando foi identificada toxicidade para a S. typhimurium na amostra de esgoto não desinfetada,
todos os outros tratamentos de desinfecção também se mostraram tóxicos a essa bactéria, inclusive
a radiação UV.
133
6.4. Bioensaios de Toxicidade com Cloro, Ácido Peracético e Radiação Ultravioleta
Além dos bioensaios com amostras de esgoto desinfetado, também foram realizados testes
de toxicidade com hipoclorito de sódio, ácido peracético e radiação ultravioleta, isoladamente, a fim
de avaliar a sensibilidade dos organismos-teste a diferentes concentrações (ou doses, no caso da
radiação ultravioleta) dos referidos agentes de desinfecção.
As concentrações de ácido peracético e de cloro testadas foram preparadas utilizando as
devidas proporções dos respectivos oxidantes e água de diluição. A água de diluição consistiu na
água reconstituída utilizada nos cultivos ou na manutenção dos organismos em laboratório.
para obter as diferentes dosagens de radiação ultravioleta, a água reconstituída foi
submetida à uma intensidade de energia radiante constante (6 lâmpadas ligadas), porém a tempos de
irradiação distintas.
Não houve possibilidade de determinar a sensibilidade dos organismos-teste ao ozônio
devido a dificuldades em estabelecer baixas dosagens desse s na água reconstituída. Cumpre
observar que, embora a escala do rotâmetro permitisse selecionar a vazão de gás entre os limites de
0 e 400L/h, na prática, para vazões inferiores a 15L/h, o aparelho mostrou-se pouco preciso,
sofrendo oscilações periódicas e dificultando seu ajuste.
6.4.1. Bioensaios de Toxicidade com Ácido Peracético
Neste estudo foram realizados diversos testes de toxicidade para determinar a CE50 (ou
CL50) dos organismos-teste ao ácido peracético.
Inicialmente foram conduzidos ensaios preliminares com a finalidade de estabelecer a faixa
de concentração tóxica em que se observava o efeito sobre os organismos num intervalo
delimitado pela menor concentração que causa 100% de mortalidade/imobilidade e a concentração
mais alta em que não se observa mortalidade/imobilidade dos organismos.
Posteriormente, foram realizados os ensaios definitivos com uma série de concentrações de
ácido peracético compreendidos na faixa acima mencionada.
Como resultado desses testes, foi possível calcular as CE50 ou CL50 dos diferentes
organismos-teste ao ácido peracético (tabela 6.25).
134
Tabela 6.25.
Valores das CE50 ou CL50 de cada organismo-teste obtidos a partir dos ensaios de toxicidade
com ácido peracético, seus respectivos intervalos de confiança e coeficientes de variação.
Organismo-Teste
Duração (h)
CE50 ou CL50 (mg/L)
IC (mg/L) CV (%)
D. similis
48 0,2834 NC 3,45
C. silvestrii 48 0,3713 NC 24,67
D. rerio
96 2,8259 2,72 a 2,93
-
C. xanthus 96 3,999 NC -
A. cepa
72 8,7851 NC -
NC = Não calculável
A partir da tabela 6.25 foi possível observar a seguinte ordem decrescente de sensibilidade
dos organismos-teste ao ácido peracético: D. similis > C. silvestrii >> D. rerio > C. xanthus > A.
cepa. Logo, o organismo mais resistente a esse oxidante foi a cebola, ao passo que os mais sensíveis
foram os cladocera.
As concentrações de ácido peracético necessárias para causar efeito tóxico agudo a 50% dos
Cladocera, nas condições de testes laboratoriais (0,28 e 0,37mgPAA/L para a D. similis e C.
silvestrii, respectivamente) foram bastante inferiores às concentrações residuais de PAA
encontradas nas amostras de efluente após as desinfecções (de 0,83 a 0,99mgPAA/L). Mesmo
assim, os cladocera se mostraram mais resistentes às amostras de esgoto desinfetado com PAA do
que às diluições desse oxidante em água reconstituída. Isso pode ser justificado pela grande
demanda de PPA existente no esgoto sanitário (em função da grande concentração de matéria
orgânica) em contraposição à baixa demanda desse oxidante na água reconstituída, o que
proporcionou a ação direta do desinfetante nos organismos-teste.
Em contrapartida, para os outros três organismos, as CE50 (ou CL50) obtidas para o ácido
peracético diluído em água reconstituída foram bastante superiores aos seus residuais encontrados
nas amostras de efluente após as desinfecções.
Para C. xanthus houve coerência entre o valor de CE50 encontrado nos testes de toxicidade
com água reconstituída e os resultados dos bioensaios com amostras de efluente desinfetados. Isto
é, os residuais de PAA no esgoto de fato estavam muito abaixo do valor necessário para causar
efeito deletério a esse organismo.
Para D. rerio e A. cepa, quando o efluente o causou toxicidade a esses organismos,
também foi verificada coerência entre o valor de CE50 encontrado nos testes de toxicidade com
água reconstituída e os resultados dos bioensaios com amostras de efluente desinfetados,
demonstrando que, de fato, as concentrações residuais encontradas no efluente se mostravam bem
135
abaixo do necessário para causar toxicidade aos organismos. Porém, quando o efluente não
desinfetado causava efeito deletério a esses organismos, mesmo concentrações residuais de ácido
peracético bastante inferiores às respectivas CE50 (ou CL50) ocasionaram aumento da sua
toxicidade, indicando que o efeito tóxico do esgoto o foi função somente do residual de PAA
encontrado. Certamente ocorreram interações entre o efluente e o desinfetante que provocaram um
aumento da toxicidade do esgoto.
6.4.2. Bioensaios de Toxicidade com Radiação UV
Os testes de toxicidade com radiação UV foram realizados mantendo a intensidade de
energia radiante constante (6 lâmpadas ligadas) e alterando os tempos de irradiação (15, 30 e 120
segundos). Considerando que a absorbância a 254nm da água reconstituída foi de 0,015, as doses de
radiação UV recebidas foram de 78,31, 156,63 e 313,26mWs/cm
2
.
Apesar da grande amplitude das doses de UV utilizadas nos bioensaios, não foi verificada
mortalidade ou imobilidade a nenhum organismo-alvo. De fato, ao final dos testes, os organismos
mostraram-se saudáveis. Esse resultado era esperado, uma vez que a radiação UV é um método de
desinfecção físico que não apresenta residual. Ademais, devido à composição química da água
reconstituída, havia pouca probabilidade de ser observado algum efeito de foto-ativação causado
pela radiação UV nestes testes.
Considerando que nos bioensaios realizados com amostras de esgoto desinfetado com UV
este agente de desinfecção causou toxicidade somente para os organismos-teste que também
sofreram efeitos deletérios ao efluente o desinfetado e que, nesses casos, houve potencialização
da toxidez do efluente, acredita-se que isso pode ter ocorrido pela presença no esgoto de compostos
capazes de absorver a radiação UV com alto potencial para se fotodegradar. Esses compostos
podem ter sofrido foto-ativação e ter se transformado em compostos mais tóxicos do que os
originais.
6.4.3. Bioensaios de Toxicidade com Cloro
De forma análoga aos testes de toxicidade realizados com ácido peracético, foram
conduzidos bioensaios com hipoclorito de sódio com o objetivo de tentar determinar a CE50 (ou
CL50) dos organismos-alvo a esse oxidante.
Os resultados desses testes podem ser visualizados na tabela 6.26.
136
Tabela 6.26.
Valores das CE50 ou CL50 de cada organismo-teste obtidos a partir dos ensaios de toxicidade
com cloro (hipoclorito de sódio) e seus respectivos intervalos de confiança.
Organismos-teste Duração (h) CE50 ou CL50 (mg/L)
IC (mg/L)
D. similis
48 0,0245 0,02 a 0,03
C. silvestrii 48 0,0255 0,02 a 0,03
D. rerio
96 0,7491 0,59 a 0,95
C. xanthus 96 2,8286 2,48 a 3,23
A. cepa
72 5,28 NC
NC = Não calculável
Para o cloro, também foi possível verificar a mesma ordem decrescente de sensibilidade dos
organismos-teste observada para o ácido peracético, isto é: D. similis > C. silvestrii > D. rerio >>
C. xanthus > A. cepa. Logo, o organismo mais resistente ao cloro também foi a cebola, ao passo que
os mais sensíveis novamente foram os cladocera.
Comparando os testes de toxicidade realizados com os dois oxidantes (ácido peracético e
cloro) observou-se que o cloro foi mais tóxico a todos os organismos-teste do que o ácido
peracético, já que os valores das CE50 (ou CL50) foram menores para o cloro. Esse mesmo
resultado também foi observado nos bioensaios com amostras de esgoto desinfetadas com cloro e
ácido peracético, considerando os respectivos residuais encontrados após os ensaios de desinfecção.
As concentrações de cloro livre necessárias para causar efeito tóxico agudo a 50% dos
Cladocera, nas condições de testes laboratoriais (0,024 e 0,025mgCl
2
/L para a D. similis e C.
silvestrii, respectivamente) foram, em geral, inferiores às concentrações residuais de cloro livre
encontradas nas amostras de efluente após as desinfecções. Sendo assim, supõe-se que a toxicidade
aguda encontrada para os cladocera nesses bioensaios foi em função das concentrações residuais de
cloro encontradas nas amostras de esgoto desinfetadas.
Para os outros três organismos, as CE50 (ou CL50) obtidas para o cloro livre foram
superiores aos seus residuais encontrados nas amostras de efluente após as desinfecções.
Para D. rerio, foi observada alta toxicidade do esgoto desinfetado com cloro apesar da
concentrações residuais de cloro livre terem se mostrado inferiores à sua CL50, indicando que o
efeito tóxico do esgoto não foi função somente do residual de cloro encontrado.
Para C. xanthus e A. cepa, foi observada toxicidade do esgoto desinfetado com cloro apenas
onde foram encontradas as maiores concentrações residuais de cloro livre. Mesmo assim, os valores
de seus residuais foram inferiores às respectivas CE50 ou CL50 encontrada para os organismos
neste estudo. Certamente ocorreram interações entre o efluente e o desinfetante que provocaram um
137
aumento da toxicidade do esgoto. Deve-se lembrar que, neste estudo, foi verificada formação de
trihalometanos no efluente após sua desinfecção com cloro. Provavelmente também houve
formação de outros compostos organoclorados subprodutos da cloração cidos haloacéticos,
haloacetonitrilos, cloropicrin, clorofenóis, cloropropanonas e outros aromáticos clorados) que são
potencialmente cancerígenos, mutagênicos e que podem ser bioacumulados nas cadeias tróficas.
6.5. Testes de Sensibilidade a Substâncias de Referência
A sensibilidade dos organismos-teste utilizados neste estudo foi avaliada por meio de
ensaios com substâncias de referência pré-determinadas, com o objetivo de averiguar a qualidade e
homogeneidade das culturas ao longo de diferentes gerações ou provenientes de diferentes lotes.
As características gerais dos
testes de sensibilidade realizados com os organismos-teste neste
estudo foram apresentadas na tabela 5.5 (tópico 5.6.7).
As faixas de sensibilidade para cada organismo-teste foram determinadas a partir das médias
de CL50 (ou CE50) ± 2 desvios-padrão dos resultados de testes de sensibilidade pretéritos.
É importante lembrar que os limites de aceitação dos resultados devem estar compreendidos
nas faixas de sensibilidade, caso contrário, os organismos não devem ser utilizados em bioensaios
ecotoxicológicos.
Para D. similis, a faixa de sensibilidade ao dicromato de potássio, calculada a partir dos
testes de sensibilidade realizados ao longo do desenvolvimento deste estudo, foi de 0,033 a
0,065mg/L (figura 6.29).
0,056
0,0600,06
0,039
0,025
0,030
0,035
0,040
0,045
0,050
0,055
0,060
0,065
0,070
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Testes de Sensibilidade
Dicromato de Potássio (mg/L)
CE 50 24h Limite Inferior Limite superior
Figura 6.29.
Faixa de sensibilidade de
Daphnia similis
ao Dicromato de Potássio ao longo do
desenvolvimento do estudo.
138
Os valores de CE50-24h que aparecem em destaque na figura 6.29 foram obtidos em testes
de sensibilidade conduzidos nos mesmos meses em que foram realizados os bioensaios com
amostras de esgoto. Percebe-se que esses valores se encontram dentro da faixa aceitável de
sensibilidade dos organismos.
Para D. rerio, foi encontrada a faixa de sensibilidade de 109,81 a 163,31mg/L de dicromato
de potássio, conforme pode ser observado na figura 6.30.
Os valores de CL50-96h apresentados na figura 6.30 foram obtidos em testes de
sensibilidade conduzidos nos mesmos meses em que foram realizados os bioensaios com amostras
de esgoto. Percebe-se que esses valores se encontram dentro da faixa aceitável de sensibilidade dos
organismos, indicando a qualidade do ensaio ecotoxicológico.
150,0
136,5
153,4
113,6
105,0
115,0
125,0
135,0
145,0
155,0
165,0
175,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Testes de Sensibilidade
Dicromato de Potássio (mg/L)
CL 50 96h Limite Superior Limite Inferior
Figura 6.30.
Faixa de sensibilidade de
Danio rerio
ao Dicromato de Potássio ao longo do desenvolvimento
do estudo.
Os resultados dos testes de sensibilidade com C. silvestrii, utilizando cloreto de sódio como
substância de referência, permitiram calcular uma faixa de sensibilidade que variou de 0,75 a
1,81g/L (figura 6.31).
139
1,3
1,1
1,3
1,8
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
0 1 2 3 4 5 6 7
Testes de Sensibilidade
Cloreto de Sódio (g/L)
CE 50 48h Limite Superior Limite Inferior
Figura 6.31.
Faixa de sensibilidade de
C. silvestrii
ao Cloreto de Sódio ao longo do desenvolvimento do
estudo.
Novamente, os valores de CE50-48h que aparecem em destaque na figura 6.31 foram
obtidos em testes de sensibilidade conduzidos nos mesmos meses em que foram realizados os
bioensaios com amostras de esgoto. Nota-se que, no teste 4, C. silvestrii se mostrou um pouco mais
resistente ao cloreto de sódio do que nos outros testes, porém, mesmo assim, sua sensibilidade
permaneceu dentro do limite aceitável.
Para C. xanthus, a faixa de sensibilidade ao cloreto de potássio obtida neste estudo foi de
2,28 a 5,52mg/L (figura 6.32).
Nota-se que os valores de CL50-96h apresentados na figura 6.32, os quais foram obtidos em
testes de sensibilidade conduzidos nos mesmos meses em que foram realizados os bioensaios com
amostras de esgoto, encontram-se compreendidos na faixa aceitável de sensibilidade dos
organismos, indicando a qualidade do ensaio ecotoxicológico.
3,54
2,66
4,14
3,88
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Testes de Sensibilidade
Cloreto de Potássio (g/L)
CL 50 96h Limite Superior Limite Inferior
Figura 6.32.
Faixa de sensibilidade de
C. xanthus
ao Cloreto de Potássio ao longo do desenvolvimento do
estudo.
140
Para A. cepa, não foi possível calcular sua faixa de sensibilidade ao sulfato de cobre devido
à pequena quantidade de testes de sensibilidade realizados ao longo do estudo (apenas 3), cujos
resultados são apresentados nas tabelas 6.27, 6.28 e 6.29. No entanto, por meio de interpolação
gráfica foi possível obter as CE50-72h para todos os testes realizados. No primeiro bioensaio, foi
calculado o valor de CE50-72h de 0,48mg/L de sulfato de cobre. No segundo, o valor de CE50-72h
foi de 0,37mg/L. no terceiro teste, o valor encontrado de CE50-72h foi de 0,57mg/L. Esses
valores não foram considerados discrepantes e, portanto, mostraram-se aceitáveis.
Tabela 6.27.
Comprimento das raízes (cm), media
±
desvio padrão e porcentagem de inibição de
crescimento das raízes de
A. cepa
no 1º teste de sensibilidade utilizando CuSO
4
como substância de
referência.
Réplicas Controle 0,05 mg/L 0,15 mg/L 0,45 mg/L 1,35 mg/L
1 3,0 4,7 1,7 3,2 1,4
2 4,4 3,1 3,0 2,2 0,4
3 3,9 3,7 3,4 2,6 0,5
4 4,2 3,7 3,0 1,3 0,9
5 3,2 4,1 2,0 2,1 1,3
Média
3,74
±
0,61 3,86
±
0,59 2,62
±
0,73 2,28
±
0,70
0,9
±
0,45
Inibição (%)
- -3,2 29,9 39,0 75,9
Tabela 6.28.
Comprimento das raízes (cm), media
±
desvio padrão e porcentagem de inibição de
crescimento das raízes de
A. cepa
no 2º teste de sensibilidade utilizando CuSO
4
como substância de
referência.
Réplicas Controle 0,05 mg/L 0,15 mg/L 0,45 mg/L 1,35 mg/L
1 3,5 3,2 2,0 2,1 0,4
2 3,7 3,4 1,3 0,7 0,5
3 2,7 3,1 1,5 1,5 0,9
4 2,5 4,8 1,7 0,7 0,3
5 2,5 4,7 2,7 1,1 0,4
Média
2,98 ± 0,58 3,84 ± 0,84
1,84 ± 0,55 1,22 ± 0,59 0,5 ± 0,23
Inibição (%)
- -28,86 38,25 59,06 83,22
141
Tabela 6.29.
Comprimento das raízes (cm), media
±
desvio padrão e porcentagem de inibição de
crescimento das raízes de
A. cepa
no 2º teste de sensibilidade utilizando CuSO
4
como substância de
referência.
Réplicas Controle 0,05 mg/L 0,15 mg/L 0,45 mg/L 1,35 mg/L
1 4,5 6,0 3,5 3,3 1,2
2 4,2 5,0 2,9 1,5 1,5
3 5,1 4,7 3,3 2,7 2,0
4 3,7 6,4 3,2 1,8 1,3
5 3,5 6,1 4,7 1,6 0,5
Média
4,2 ± 0,64 5,6 ± 0,74 3,5 ± 0,69 2,2 ± 0,79 1,3 ± 0,54
Inibição (%)
0 -34,28 16,19 48,10 69,05
142
7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que:
1. A eficiência apresentada pela ETE-Araraquara na melhoria da qualidade do efluente tratado
em relação ao afluente bruto, evidenciada por análises sicas e químicas, apesar de não
satisfatória em termos de remoção de matéria orgânica, promoveu a redução de toxicidade
do esgoto, o que foi verificado por meio de bioensaios.
2. Foi identificada variação temporal da grande maioria dos parâmetros físicos, químicos e
bacteriológicos analisados para o esgoto tratado na ETE-Araraquara, o que também
acarretou em variação de seu potencial tóxico ao longo do tempo. Essas variações, que
também foram reportadas na literatura, ocorrem em função de alterações na eficiência do
sistema de tratamento de esgotos e/ou dos diferentes usos ao qual a água foi submetida.
3. De acordo com os bioensaios realizados com C. silvestrii, D. rerio e A. cepa, a amostra de
esgoto mais tóxica foi coletada em 26/04/2004 (2ª coleta), sendo seguida pelas amostras de
5/7/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta) e, por último, pela amostra de 15/09/03 (1ª
coleta).
4. A toxicidade do efluente observada nas diferentes amostragens sugere que o tratamento
promovido pela ETE-Araraquara não foi suficiente para remover todos os toxicantes
presentes nas águas residuárias oriundas da cidade de Araraquara, indicando que o efluente
pode contribuir para a degradação do corpo hídrico receptor dependendo do fator de diluição
apresentado (vazão do efluente:vazão do rio). Todavia, ressalta-se que o lançamento do
esgoto in natura no Ribeirão das Cruzes provocaria um maior prejuízo para a biota local.
5. De uma maneira geral, as concentrações dos parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos
encontradas no efluente, mantiveram-se dentro dos limites estabelecidos pelas Resoluções
do CONAMA (N° 20/86 e 357/2005) e pelo Decreto Estadual 8.468/76 para corpos
d'água de classe 4. No entanto, a concentração de amônia foi superior ao padrão de
lançamento determinado pelo Decreto Estadual 8.468/76 (5mg/L) nas amostragens de
15/09/2003, 26/04/2004 e 05/07/2004. O mesmo ocorreu para os valores de DBO
5
nas
amostras coletadas em 15/09/2003, 05/07/2004 e 17/11/2004, que o limite máximo de
lançamento, que é de 60mg/L, foi ultrapassado.
6. Comparando todos os todos de desinfecção estudados, pode-se considerar que, nas
condições testadas, todos os desinfetantes foram bem sucedidos na inativação de E. coli. Em
termos gerais, para as doses e tempos de contato testados e para a mesma amostra de
efluente, verificou-se a seguinte ordem decrescente de eficiência de inativação de E. coli:
cloro > ácido peracético > ozônio > radiação UV.
7. Com relação aos bioensaios de toxicidade, observou-se que cada espécie apresenta
sensibilidades e tolerâncias específicas a diferentes agentes tóxicos, o que foi evidenciado
pelas respostas diferenciadas de cada organismo-teste aos diversos tratamentos.
8. Todos os desinfetantes, nas condições experimentais testadas, foram capazes de produzir
efeitos deletérios aos organismos-teste utilizados nesta pesquisa.
143
9. De uma maneira geral, para as condições experimentais estudadas, o cloro foi considerado o
desinfetante mais tóxico aos organismos-alvo, sendo seguido pelo ozônio, ácido peracético e
radiação UV.
10. O cloro, na maior concentração testada (7mg/L), foi tóxico a todos os organismos-teste,
indicando que quando essa substância é adicionada a um efluente em concentrações
superiores à sua demanda, as conseqüências podem ser desastrosas à biota do corpo hídrico
receptor, podendo prejudicar inclusive a comunidade bentônica. Ressalta-se que mesmo a
menor concentração de cloro estudada (2,5mg/L) proporcionou efeito tóxico a D. similis, D.
rerio e C. silvestrii superior à provocada pelos outros agentes de desinfecção.
11. O ozônio, de uma maneira geral, foi o segundo desinfetante mais tóxico aos organismos
testados. As duas doses efetivas de ozônio estudadas (29,9 e 45,15mgO
3
/L) provocaram
toxicidade aguda em D. similis, D. rerio e C. silvestrii.
12. Quanto ao ácido peracético, pode-se considerar que o tratamento com a maior concentração
(10mg/L) e tempo de contato (40 min.) provocou toxicidade em D. similis, C. silvestrii, D.
rerio e A. cepa. Também foi verificado que a menor concentração testada de PAA (5mg/L)
foi deletéria aos referidos organismos-alvo quando suas concentrações residuais foram
maiores, isto é, quando a demanda de PAA pelo efluente foi menor, o que ocorreu nas
amostras coletadas em 26/04/2004.
13. Com relação à radiação UV, nas condições experimentais estudadas, este agente de
desinfecção causou toxicidade somente quando os organismos-teste também sofreram
efeitos deletérios ao efluente não desinfetado. Nesses casos, seu efeito tóxico foi superior ao
do ácido peracético (exceção seja feita ao teste com C. silvestrii).
14. Notou-se que quando o efluente o desinfetado mostrou-se, por si só, xico aos
organismos-teste, sua toxidez foi potencializada com a adição dos diferentes agentes
desinfetantes.
15. A utilização do cloro para desinfecção de efluentes de estações de tratamento de esgotos,
sem prévia descloração, deve ser revista em face da eficiência satisfatória de inativação de
bactérias proporcionada por outros agentes de desinfecção potencialmente menos tóxicos.
16. A hipótese do presente trabalho foi confirmada; isto é, todos os agentes desinfetantes ora
estudados, apesar de promoverem redução dos microorganismos patogênicos presentes no
esgoto sanitário, também podem produzir compostos tóxicos, dependendo dos precursores
existentes no efluente e das doses dos desinfetantes, apresentando, portanto, potencial para
causar problemas ambientais.
17. No Brasil, estudos de avaliação do potencial tóxico de agentes desinfetantes utilizados na
desinfecção de esgotos sanitários devem ser estimulados,que se trata de assunto relevante
e há poucas informações disponíveis sobre o tema.
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155
ANEXO I – TABELAS
Tabela A-I.1. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras diluídas e integrais de esgoto bruto (afluente) e tratado (efluente) da ETE-
Araraquara, coletadas em 15/9/2003, utilizando D. similis como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L)
Amostras
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0
7,5 7,9 158,9 179,0 44,0 40,0
Efluente 100%
0 0 NT
7,5 7,5 436,0 508,0 52,0 56,0
Efluente 75%
0 0 NT
7,3 7,6 422,0 430,0 52,0 52,0
Efluente 50%
1 5 NT
7,4 7,7 412,0 344,0 50,0 52,0
Efluente 25%
0 0 NT
7,4 7,6 375,0 257,0 48,0 48,0
Afluente 100%
4 20 IT
7,7 8,0 607,8 642,0 320,0 60,0
Afluente 75%
0 0 NT
7,6 7,9 584,0 557,0 305,0 58,0
Afluente 50%
0 0 NT
7,6 7,9 522,0 433,0 280,0 52,0
Afluente 25%
0 0 NT
7,5 7,8 430,0 315,0 220,0 52,0
Tabela A-I. 2. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras diluídas e integrais de esgoto bruto (afluente) e tratado (efluente) da ETE-
Araraquara, coletadas em 15/9/2003, utilizando D. rerio como organismo-teste (96h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L)
Amostras
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle 0 0 7,5 7,9 164,0 180,0 44,0 40,0
Efluente 100%
0 0 NT
7,5 7,3 436,0 528,0 52,0 56,0
Efluente 75%
0 0 NT
7,3 7,3 422,0 439,0 52,0 52,0
Efluente 50%
0 0 NT
7,4 7,6 412,0 354,0 50,0 52,0
Efluente 25% 0 0 NT 7,4 7,7 375,0 272,0 48,0 48,0
Afluente 100%
10 100 T
7,7 7,9 607,8 768,0 320,0 70,0
Afluente 75%
10 100 T
7,6 8,0 584,0 611,0 305,0 62,0
Afluente 50%
0 0 NT
7,6 8,0 522,0 461,0 280,0 60,0
Afluente 25%
0 0 NT
7,5 7,8 430,0 340,0 220,0 56,0
NT = Não Tóxico IT = Indícios de Toxicidade T = Tóxico
157
Tabela A-I.3. Resultado do teste de toxicidade crônica com amostras diluídas e integrais de esgoto bruto (afluente) e tratado (efluente) da ETE-
Araraquara, coletadas em 15/9/2003, utilizando C. xanthus como organismo-teste (168h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0
7,80 7,47 71,2 152,3 30 32 6,6 5,9
Efluente 100%
1 10 NT
7,50 7,43 436,0 579,0 58 58 8,5 3,0
Efluente 75% 0 0 NT 7,26 7,35 422,0 454,0 58 58 6,7 3,1
Efluente 50%
0 0 NT
7,35 7,35 412,0 325,0 56 56 6,7 3,4
Efluente 25%
1 10 NT
7,38 7,35 375,0 218,0 50 38 6,9 4,0
Afluente 100%
10 100 T
7,67 7,78 607,8 846,0 320 70 2,5 0,0
Afluente 75% 7 70 T 7,60 7,66 584,0 683,0 305 68 2,8 0,6
Afluente 50%
5 50 T
7,60 7,56 522,0 494,0 280 62 3,2 2,1
Afluente 25% 0 0 NT 7,50 7,43 430,0 340,0 220 60 4,2 2,9
Tabela A-I.4. Resultado do teste de toxicidade crônica com amostras diluídas e integrais de esgoto bruto (afluente) e tratado (efluente) da ETE-
Araraquara, coletadas em 15/9/2003, utilizando C. silvestrii como organismo-teste (168h de exposição).
Imobilidade Reprodução pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
% Média
Efeito
Tóxico *
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 17,6
7,80 7,50 161,3 183,2 46 42 6,8 5,6
Efluente 100%
100 0 T
7,50 7,46 436,0 606,0 58 52 8,5 5,0
Efluente 75%
90 0 T
7,26 7,55 422,0 437,0 58 54 6,3 5,0
Efluente 50% 80 0,5 T 7,35 7,67 412,0 350,0 56 52 6,4 5,2
Efluente 25%
0 6,9 T
7,38 7,68 375,0 259,0 54 48 6,6 5,5
Afluente 100%
100 0 T
7,67 8,01 607,8 780,0 320 58 2,5 0,0
Afluente 75%
80 0 T
7,60 8,06 584,0 608,0 305 50 2,8 1,2
Afluente 50% 0 3,2 T 7,60 8,02 522,0 461,0 280 48 3,2 2,1
Afluente 25% 30 11,5 NT 7,50 7,92 430,0 324,0 220 46 4,2 2,9
NT = Não Tóxico T = Tóxico
158
Tabela A-I.5. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação UV,
coletadas em 26/4/2004, utilizando D. similis como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras [PAA] ou Dr
Residual de
PAA (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
1 5
7,60 7,96 186,0 203,0 44 42 7,2 7,0
Efluente
0 0 NT
7,61 8,21 613,0 534,0 52 54 6,0 6,1
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226 10 50 T 7,63 7,67 646,0 637,0 54 56 6,7 7,0
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525 13 65 T 7,39 7,67 645,0 577,0 56 54 7,1 6,8
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898
11 55 T
7,46 7,77 646,0 639,0 56 54 7,8 6,6
UV 36,46 mWs/cm
2
0 0 NT
7,85 8,18 608,0 561,0 52 48 7,5 6,2
UV 145,85 mWs/cm
2
0 0 NT 7,90 8,19 606,0 549,0 52 48 7,5 6,2
Tabela A-I.6.
Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação UV,
coletadas em 26/4/2004, utilizando D. rerio como organismo-teste (96h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras [PAA] ou Dr
Residual de
PAA (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle 0 0 7,60 7,53 186,0 174,1 44 42 7,2 6,7
Efluente
4 26,6 T
7,61 7,94 613,0 614,0 52 52 6,0 6,1
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226
5 33,3 T
7,63 7,94 646,0 605,0 54 56 6,7 4,7
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525 7 46,6 T 7,39 7,99 645,0 585,0 56 54 7,1 4,1
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898 11 73,3 T 7,46 7,85 646,0 605,0 56 54 7,8 3,9
UV 36,46 mWs/cm
2
11 73,3 T
7,85 7,79 608,0 653,0 52 46 7,5 3,8
UV 145,85 mWs/cm
2
12 80 T
7,90 7,92 606,0 621,0 52 46 7,5 3,6
Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico T = Tóxico
159
Tabela A-I.7. Resultado do teste de toxicidade crônica com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação
UV, coletadas em 26/4/2004, utilizando C. xanthus como organismo-teste (168h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras [PAA] ou Dr
Residual de
PAA (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0
7,60 7,61 186,0 176,0 44 40 7,2 7,1
Efluente
0 0 NT
7,61 8,16 613,0 583,0 52 44 6,0 6,4
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226 0 0 NT 7,63 8,31 646,0 575,0 54 40 6,7 6,8
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525
0 0 NT
7,39 8,36 645,0 571,0 56 44 7,1 6,0
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898
0 0 NT
7,46 8,33 646,0 568,0 56 42 7,8 6,3
UV 36,46 mWs/cm
2
0 0 NT
7,85 8,22 608,0 583,0 52 46 7,5 6,8
UV 145,85 mWs/cm
2
1 10 NT
7,90 8,25 606,0 581,0 52 46 7,5 6,6
Tabela A-I.8. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação UV,
coletadas em 26/4/2004, utilizando C. silvestrii como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Amostras [PAA] ou Dr
Residual de
PAA (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final
Controle 0 0 7,60 7,58 186,0 175,9
Efluente 5 50 T 7,61 7,61 613,0 637,0
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226
10 100 T
7,63 7,69 646,0 639,0
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525
10 100 T
7,39 7,60 645,0 577,0
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898 10 100 T 7,46 7,86 646,0 562,0
UV 36,46 mWs/cm
2
7 70 T 7,85 8,42 608,0 568,0
UV 145,85 mWs/cm
2
9 90 T 7,90 8,45 606,0 549,0
Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico T = Tóxico
160
Tabela A-I.9. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação UV,
coletadas em 26/4/2004, utilizando A. cepa como organismo-teste (72h de exposição).
C *
Inibição **
pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras [PAA] ou Dr
Residual de
PAA (mg/L)
(%) (%)
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
100,0 0
7,60 5,84 186,0 359,0 44 36 7,2 1,3
Efluente
55,9 44,1 T
7,61 6,68 613,0 606,0 52 52 6,0 0,8
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226 71,3 28,7 T 7,63 6,53 646,0 604,0 54 54 6,7 1,0
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525
79,0 21,0 NT
7,39 6,53 645,0 571,0 56 52 7,1 0,6
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898
49,6 50,4 T
7,46 6,58 646,0 590,0 56 50 7,8 0,5
UV 36,46 mWs/cm
2
41,2 58,8 T
7,85 6,68 608,0 615,0 52 52 7,5 0,3
UV 145,85 mWs/cm
2
40,4 59,6 T
7,90 6,53 606,0 607,0 52 52 7,5 0,2
* Crescimento relativo (em relação ao controle). ** Inibição do crescimento em relação ao controle.
Tabela A-I.10. Toxicidade do efluente da ETE-Araraquara coletado em 26/04/04 antes e após a desinfecção com PAA e UV e eficiência de remoção
de Escherichia coli.
Mortalidade / Imobilidade
Inibição de
Crescimento
Amostras [PAA] ou Dr
Residual de
PAA (mg/L)
Eficiência
E. coli
(%)
D. similis
D. rerio
C. xanthus
C. silvestrii
A. Cepa
Efluente NT T NT T T
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9226
99,812
T T NT T T
PAA 10 mg/L, 20 min
0,9525
99,98
T T NT T NT
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9898
99,976
T T NT T T
UV 36,46 mWs/cm
2
99,926
NT T NT T T
UV 145,85 mWs/cm
2
99,987
NT T NT T T
Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico T = Tóxico
161
Tabela A-I.11. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação
UV, coletadas em 5/7/2004, utilizando D. similis como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0
7,60 7,73 146,8 169,7 44 40 7,2 7,0
Efluente
0 0 NT
7,42 7,05 573,0 487,0 60 66 6,8 5,4
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,8667
0 0 NT
7,38 7,32 594,0 532,0 64 62 7,0 5,8
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9040 0 0 NT 7,34 7,33 608,0 522,0 62 66 6,6 5,9
PAA 10 mg/L, 20 min 0,8443
7 35 T
7,26 8,08 597,0 564,0 64 62 6,8 6,4
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823
20 100 T
7,26 8,08 603,0 565,0 62 64 6,9 6,4
UV 31,54 mWs/cm
2
2 10 NT
7,57 7,73 575,0 532,0 58 64 6,2 5,5
UV 126,18 mWs/cm
2
0 0 NT 7,59 7,94 576,0 521,0 60 60 6,5 5,5
Tabela A-I.12.
Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação
UV, coletadas em 5/7/2004, utilizando D. rerio como organismo-teste (96h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0 7,60 7,71 146,8 198,2 44 50 7,2 7,0
Efluente
0 0 NT
7,42 7,09 573,0 527,0 60 66 6,8 4,8
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,8667
0 0 NT
7,38 7,00 545,0 558,0 64 62 7,0 4,2
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9040
1 6,66 NT
7,34 7,28 549,0 557,0 62 66 6,6 4,3
PAA 10 mg/L, 20 min 0,8443 1 6,66 NT 7,26 7,87 568,0 585,0 64 62 6,8 5,7
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823
0 0 NT
7,26 7,88 577,0 595,0 62 64 6,9 6,1
UV 31,54 mWs/cm
2
0 0 NT
7,57 7,73 575,0 563,0 58 64 6,2 5,3
UV 126,18 mWs/cm
2
0 0 NT
7,59 7,94 576,0 566,0 60 70 6,5 5,9
Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico T = Tóxico
162
Tabela A-I.13. Resultado do teste de toxicidade crônico com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação
UV, coletadas em 5/7/2004, utilizando C. xanthus como organismo-teste (168h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
1 10
7,60 7,35 146,8 202,0 44 46 7,2 5,9
Efluente
0 0 NT
7,42 7,57 573,0 603,0 60 60 6,8 3,4
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,8667 1 10 NT 7,38 7,90 545,0 594,0 64 66 7,0 5,1
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9040
1 10 NT
7,34 7,82 549,0 596,0 62 66 6,6 5,2
PAA 10 mg/L, 20 min 0,8443
1 10 NT
7,26 7,81 568,0 605,0 64 64 6,8 5,0
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823
0 0 NT
7,26 7,89 577,0 599,0 62 66 6,9 5,2
UV 31,54 mWs/cm
2
0 0 NT
7,57 7,64 575,0 615,0 58 60 6,2 3,3
UV 126,18 mWs/cm
2
1 10 NT 7,59 7,61 576,0 631,0 60 60 6,5 3,7
Tabela A-I.14. Resultado do teste de toxicidade crônico com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação
UV, coletadas em 5/7/2004, utilizando C. silvestrii como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0
7,60 7,65 146,8 152,8 48 44 7,2 7,2
Efluente
10 100 T
7,42 7,07 573,0 520,0 60 60 6,8 4,8
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,8667
9 90 T
7,38 7,25 545,0 526,0 64 66 7,0 5,3
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9040 10 100 T 7,34 7,39 549,0 527,0 62 66 6,6 5,2
PAA 10 mg/L, 20 min 0,8443
9 90 T
7,26 8,11 568,0 558,0 64 64 6,8 6,4
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823
9 90 T
7,26 8,10 577,0 558,0 62 66 6,9 6,3
UV 31,54 mWs/cm
2
9 90 T
7,57 7,66 575,0 562,0 58 60 6,2 3,0
UV 126,18 mWs/cm
2
10 100 T 7,59 7,88 576,0 562,0 60 60 6,5 5,5
Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico T = Tóxico
163
Tabela A-I.15. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA e radiação
UV, coletadas em 5/7/2004, utilizando A. cepa como organismo-teste (72h de exposição).
C *
Inibição **
pH
Cond. (
µ
S/cm)
Dureza (mg/L) OD (mg/L)
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
(%) (%)
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
100,0 0
7,60 6,50 146,8 147,4 48 44 7,2 4,5
Efluente
72,7 27,3 IT
7,42 6,97 573,0 573,0 60 64 6,8 0,8
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,8667
75,0 25,0 IT
7,38 6,62 545,0 527,0 64 66 7,0 1,2
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9040 70,6 29,4 IT 7,34 6,48 549,0 514,0 62 64 6,6 0,6
PAA 10 mg/L, 20 min 0,8443
70,9 29,1 IT
7,26 6,77 568,0 555,0 64 62 6,8 0,7
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823
62,8 37,2 T
7,26 6,78 577,0 551,0 62 60 6,9 1,0
UV 31,54 mWs/cm
2
65,4 34,6 T
7,57 7,20 575,0 543,0 58 60 6,2 0,5
UV 126,18 mWs/cm
2
55,5 44,5 T
7,59 7,45 576,0 560,0 60 60 6,5 1,3
* Crescimento relativo (em relação ao controle). ** Inibição do crescimento em relação ao controle.
Tabela A-I.16. Toxicidade do efluente da ETE-Araraquara coletado em 5/7/04 antes e após a desinfecção com PAA e UV e eficiência de remoção de
Escherichia coli.
Mortalidade / Imobilidade
Inibição de
Crescimento
Amostras
[PAA] ou Dr
Residual
de PAA
(mg/L)
Eficiência
E. coli
(%)
D. similis
D. rerio
C. xanthus
C. silvestrii
A. Cepa
Efluente
NT NT NT T IT
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,8667 99,901
NT NT NT T IT
PAA 5 mg/L, 40 min.
0,9040 99,859
NT NT NT T IT
PAA 10 mg/L, 20 min
0,8443 99,999
T NT NT T IT
PAA 10 mg/L, 40 min.
0,9823 99,762
T NT NT T T
UV 31,54 mWs/cm
2
98,720
NT NT NT T T
UV 126,18 mWs/cm
2
99,962
NT NT NT T T
Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico IT = Indícios de Toxicidade T = Tóxico
164
Tabela A-I.17. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA, radiação UV,
Ozônio e Cloro coletadas em 17/11/2004, utilizando D. similis como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
OD (mg/L)
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residual
Livre (mg/L)
Residual
Total (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
1 0,5
7,61 8,00 144,7 198,5 7,2 7,1
Efluente 0 0 NT 7,78 7,35 604,0 619,0 5,6 4,8
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,82568
0 0 NT
7,65 8,26 601,0 617,0 9,4 5,9
UV 78,96 mWs/cm
2
0 0 NT
7,91 8,26 596,0 609,0 7,1 6,2
Ozônio 29,9 mg//L 1,44
12 60 T
7,74 8,27 612,0 641,0 7,5 6,7
Ozônio 45,15 mg//L 1,56 16 80 T 7,89 8,30 614,0 659,0 7,8 6,5
Cloro 2,5 mg/L, 20 min.
0,03648 0,19188
20 100 T
7,65 8,30 617,0 617,0 7,4 6,8
Cloro 2,5 mg/L, 40 min.
<0,026 <0,026
17 85 T
7,61 8,31 617,0 617,0 7,4 7,0
Cloro 7,0 mg/L, 20 min.
0,48714 2,92692
20 100 T
7,73 8,38 631,0 631,0 7,3 7,1
Cloro 7,0 mg/L, 40 min.
0,17634 2,41928 20 100 T 7,66 8,39 629,0 629,0 7,6 7,2
Tabela A-I.18. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA, radiação UV,
Ozônio e Cloro coletadas em 17/11/2004, utilizando D. rerio como organismo-teste (96h de exposição).
Mortalidade
pH
Cond. (
µ
S/cm)
OD (mg/L)
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residual
Livre (mg/L)
Residual
Total (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
1 6,66 7,61 7,60 144,7 198,5 7,2 5,9
Efluente
7 20,0 IT
7,78 7,84 604,0 619,0 5,6 4,2
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,82568
11 46,66 T
7,65 7,92 601,0 617,0 9,4 5,8
UV 78,96 mWs/cm
2
15 73,3 T
7,91 7,90 596,0 609,0 7,1 3,8
Ozônio 29,9 mg//L 1,44 13 86,6 T 7,74 7,96 612,0 641,0 7,5 5,0
Ozônio 45,15 mg//L 1,56
8 53,33 T
7,89 7,92 614,0 659,0 7,8 5,4
Cloro 2,5 mg/L, 20 min.
0,03648 0,19188
15 100 T
7,65 7,92 617,0 617,0 7,4 6,8
Cloro 2,5 mg/L, 40 min.
<0,026 <0,026
15 100 T
7,61 7,83 617,0 617,0 7,4 6,6
Cloro 7,0 mg/L, 20 min.
0,48714 2,92692 15 100 T 7,73 7,93 631,0 631,0 7,3 6,6
Cloro 7,0 mg/L, 40 min.
0,17634 2,41928
15 100 T
7,66 7,84 629,0 629,0 7,6 6,3
De = Dose efetiva de Ozônio. Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico IT = Indícios de Toxicidade T = Tóxico
165
Tabela A-I.19. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA, radiação UV,
Ozônio e Cloro coletadas em 17/11/2004, utilizando C. xanthus como organismo-teste (168h de exposição).
Mortalidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
OD (mg/L)
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residual
Livre (mg/L)
Residual
Total (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
1 10
7,61 7,22 144,7 196,4 7,2 5,1
Efluente
1 10 NT
7,78 7,69 604,0 590,0 5,6 4,2
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,82568
1 10 NT
7,65 7,67 601,0 601,0 9,4 4,0
UV 78,96 mWs/cm
2
1 10 NT
7,91 7,86 596,0 627,0 7,1 4,2
Ozônio 29,9 mg//L 1,44 0 0 NT 7,74 7,82 612,0 641,0 7,5 3,7
Ozônio 45,15 mg//L 1,56
0 0 NT
7,89 7,84 614,0 648,0 7,8 4,4
Cloro 2,5 mg/L, 20 min.
0,03648 0,19188
1 10 NT
7,65 7,60 617,0 654,0 7,4 4,1
Cloro 2,5 mg/L, 40 min.
<0,026 <0,026 0 0 NT 7,61 7,62 617,0 662,0 7,4 6,0
Cloro 7,0 mg/L, 20 min.
0,48714 2,92692
9 90 T
7,73 7,49 631,0 643,0 7,3 5,9
Cloro 7,0 mg/L, 40 min.
0,17634 2,41928
5 50 T
7,66 7,79 629,0 637,0 7,6 5,5
Tabela A-I.20. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA, radiação UV,
Ozônio e Cloro coletadas em 17/11/2004, utilizando C. silvestrii como organismo-teste (48h de exposição).
Imobilidade pH
Cond. (
µ
S/cm)
OD (mg/L)
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residual
Livre (mg/L)
Residual
Total (mg/L)
Total %
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
0 0
7,61 8,00 144,7 198,5 7,2 7,1
Efluente
6 60 T
7,78 7,35 604,0 619,0 5,6 4,8
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,82568
9 90 T
7,65 7,86 601,0 617,0 9,4 5,9
UV 78,96 mWs/cm
2
9 90 T 7,91 8,18 596,0 609,0 7,1 6,2
Ozônio 29,9 mg//L 1,44
10 100 T
7,74 8,27 612,0 641,0 7,5 6,7
Ozônio 45,15 mg//L 1,56
10 100 T
7,89 8,30 614,0 659,0 7,8 6,5
Cloro 2,5 mg/L, 20 min.
0,03648 0,19188
10 100 T
7,65 8,30 617,0 617,0 7,4 6,8
Cloro 2,5 mg/L, 40 min.
<0,026 <0,026 10 100 T 7,61 8,31 617,0 617,0 7,4 7,0
Cloro 7,0 mg/L, 20 min.
0,48714 2,92692
10 100 T
7,73 8,38 631,0 631,0 7,3 7,1
Cloro 7,0 mg/L, 40 min.
0,17634 2,41928
10 100 T
7,66 8,39 629,0 629,0 7,6 7,2
De = Dose efetiva de Ozônio. Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico T = Tóxico
166
Tabela A-I.21. Resultado do teste de toxicidade aguda com amostras de esgoto da ETE-Araraquara antes e após a desinfecção com PAA, radiação UV,
Ozônio e Cloro coletadas em 17/11/2004, utilizando A. cepa como organismo-teste (72h de exposição).
C * Inibição **
pH
Cond. (
µ
S/cm)
OD (mg/L)
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residual
Livre (mg/L)
Residual
Total (mg/L)
(%) (%)
Efeito
Tóxico
Inicial Final Inicial Final Inicial Final
Controle
100,0 0,0
7,61 7,07 144,7 161,6 7,2 4,8
Efluente 116,1 -16,1 NT 7,78 7,25 604,0 584,0 5,6 1,2
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,82568
91,3 8,7 NT
7,65 7,00 601,0 606,0 9,4 1,0
UV 78,96 mWs/cm
2
113,9 -13,9 NT
7,91 7,44 596,0 573,0 7,1 1,0
Ozônio 29,9 mg//L 1,44
133,0 -33,0 NT
7,74 7,45 612,0 566,0 7,5 1,4
Ozônio 45,15 mg//L 1,56 100,0 0,0 NT 7,89 7,01 614,0 588,0 7,8 2,9
Cloro 2,5 mg/L, 20 min.
0,03648 0,19188
132,6 -32,6 NT
7,65 7,19 617,0 610,0 7,4 2,8
Cloro 2,5 mg/L, 40 min.
<0,026 <0,026
130,9 -30,9 NT
7,61 7,38 617,0 613,0 7,4 2,5
Cloro 7,0 mg/L, 20 min.
0,48714 2,92692
54,3 45,7 T
7,73 7,06 631,0 650,0 7,3 3,9
Cloro 7,0 mg/L, 40 min.
0,17634 2,41928
75,2 24,8 NT
7,66 7,09 629,0 605,0 7,6 0,7
* Crescimento relativo (em relação ao controle). ** Inibição do crescimento em relação ao controle.
Tabela A-I.22. Toxicidade do efluente da ETE-Araraquara coletado em 17/11/04 antes e após a desinfecção com PAA, UV, Ozônio e Cloro e
eficiência de remoção de Escherichia coli.
Mortalidade / Imobilidade (%)
Inibição de
Crescimento
Amostras
[ ] ou De ou Dr
Residual
Livre
(mg/L)
Residual
Total
(mg/L)
Eficiência
E. coli
(%)
D. similis
D. rerio
C. xanthus
C. silvestrii
A. Cepa
Efluente
NT IT NT T NT
PAA 5 mg/L, 20 min.
0,82568 99,992
NT T NT T NT
UV 78,96 mWs/cm
2
99,282
NT T NT T NT
Ozônio 29,9 mg//L 1,44 99,144
T T NT T NT
Ozônio 45,15 mg//L 1,56 99,972
T T NT T NT
Cloro 1,5 mg/L, 20 min. 0,03648 0,19188 99,994
T T NT T NT
Cloro 1,5 mg/L, 40 min. <0,026 <0,026 99,997
T T NT T NT
Cloro 5 mg/L, 20 min.
0,48714 2,92692 100,000
T T T T T
Cloro 5 mg/L, 40 min.
0,17634 2,41928 100,000
T T T T IT
De = Dose efetiva de Ozônio. Dr = Dose recebida de radiação UV. NT = Não Tóxico IT = Indícios de Toxicidade T = Tóxico
167
ANEXO II – FIGURAS
Temperatura ºC
20
21
22
23
24
25
26
Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
ºC
OD mg/L
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
Condutividade µS/cm
370
420
470
520
570
620
Coleta Coleta Coleta Coleta
uS/cm
Dureza mg/L
48
50
52
54
56
58
60
62
Coleta Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
Figura A-II.1. Variação das medidas de temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade e dureza em amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara
coletadas em 15/09/03 (1ª coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
171
Cloreto
35
40
45
50
55
60
Coleta Coleta Coleta Coleta
mg/L
Sulfeto
0
0,04
0,08
0,12
0,16
0,2
Coleta Coleta Coleta 4ª Coleta
mg/L
Sulfato
35
40
45
50
55
60
65
Coleta Coleta Coleta Coleta
mg/L
Silicato
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Coleta Coleta Coleta Coleta
mg/L
Figura A-II.2. Variação das medidas de cloreto, sulfeto, sulfato e silicato em amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara coletadas em 15/09/03 (
coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
172
pH
7,2
7,3
7,4
7,5
7,6
7,7
7,8
Coleta Coleta Coleta Coleta
pH
Alcalinidade
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
Coleta 2ª Coleta Coleta 4ª Coleta
mg/L
Absorbância
0,350
0,450
0,550
0,650
0,750
0,850
0,950
Coleta Coleta Coleta
Absorbância
Figura A-II.3. Variação das medidas de pH, alcalinidade e absorbância em amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara coletadas em 15/09/03 (1ª
coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
173
COT
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Coleta Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
DQO
0
50
100
150
200
250
300
Coleta Coleta 3ª Coleta Coleta
mg/L
DBO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1ª Coleta Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
DQO/DBO
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
Relação DQO/DBO
Figura A-II.4. Variação das medidas de COT, DQO e DBO em amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara coletadas em 15/09/03 (1ª coleta);
26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
174
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Coleta Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
Ca
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
1ª Coleta Coleta 3ª Coleta Coleta
mg/L
Mn
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
Coleta Coleta 3ª Coleta Coleta
mg/L
Mg
0,76
0,78
0,80
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
Coleta Coleta 3ª Coleta Coleta
mg/L
Figura A-II.5. Variação das medidas de metais (Ferro, Cálcio, Manganês e Magnésio) em amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara coletadas em
15/09/03 (1ª coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
175
lidos Totais: Dissolvidos e em Suspensão
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
SDT
SST
lidos Totais: Fixos e Voláteis
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
STF
STV
lidos em Suspensão: Fixos e Voláteis
0
20
40
60
80
100
120
1ª Coleta 2ª Coleta Coleta 4ª Coleta
mg/L
SSF
SSV
lidos Dissolvidos: Fixos e Voláteis
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Coleta 2ª Coleta Coleta Coleta
mg/L
SDF
SDV
Figura A-II.6. Variação das medidas de sólidos totais, dissolvidos e em suspensão (fixos e voláteis) em amostras de esgoto tratado da ETE-Araraquara
coletadas em 15/09/03 (1ª coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
176
Formas nitrogenadas
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
Nitrato
Nitrito
N orgânico
Amônia
Formas nitrogenadas
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta Coleta
%
Nitrato
Nitrito
N orgânico
Amônia
Figura A-II.7. Distribuição das formas de nitrogênio (mg/L e %) encontradas no efluente tratado da ETE-Araraquara em diferentes amostragens.
177
Fomas fosfatadas
0
1
2
3
4
5
6
7
1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
P tot suspensão
P tot dissolvido
Formas fosfatadas
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Coleta Coleta Coleta 4ª Coleta
%
P tot suspensão
P tot dissolvido
Formas fosfatadas
0
1
2
3
4
5
6
7
Coleta Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
mg/L
P orgânico
P inorgânico
Formas fosfatadas
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1ª Coleta Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
%
P orgânico
P inorgânico
Figura A-II.8. Distribuição das formas de fósforo (mg/L e %) encontradas em amostras do efluente tratado da ETE-Araraquara coletadas em 15/09/03
(1ª coleta); 26/04/2004 (2ª coleta); 05/07/2004 (3ª coleta) e 17/11/2004 (4ª coleta).
178
Coliformes totais
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
4000000
4500000
5000000
1ª Coleta 2ª Coleta 3ª Coleta 4ª Coleta
NMP/100ml
E. coli
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1ª Coleta Coleta Coleta 4ª Coleta
NMP/100ml
Figura A-II.9. Variação das concentrações de coliformes totais e E. coli no efluente tratado da ETE-Araraquara em diferentes amostragens.
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