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FARELO DE VAGEM DE ALGAROBA NA ALIMENTAÇÃO
DE OVINOS SANTA INÊS
GESIANE MOURA NEVES REBOUÇAS
2007
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GESIANE MOURA NEVES REBOUÇAS
FARELO DE VAGEM DE ALGAROBA NA ALIMENTAÇÃO DE
OVINOS SANTA INÊS
Dissertação apresentada à Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Zootecnia,
Área de Concentração em Produção Ruminantes, para
obtenção do grau de “Mestre”.
Orientadora:
Cristiane Leal dos Santos
Co-orientadores:
Cristina Matos Veloso
Paulo Bonomo
ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Área de Concentração em Produção de Ruminantes
Campus de Itapetinga-BA
TERMO DE APROVAÇÃO
Título: “Farelo de Vagem de Algaroba na alimentação de ovinos Santa Inês”.
Autora: Gesiane Moura Neves Rebouças
Orientador: Pro
fª. Drª. Cristiane Leal dos Santos
Co-orientadores: Profª Drª Cristina Matos Veloso
Prof. Dr. Paulo Bonomo
Aprovada como parte das exigências para obtenção do Título de MESTRE EM
ZOOTECNIA, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PRODUÇÃO DE RUMINANTES,
pela Banca Examinadora:
____________________________________________________
Profª. DSc. Cristiane Leal dos Santos - UESB
Presidente
____________________________________________________
Prof. Dsc. Luiz Gustavo Pereira Ribeiro - Embrapa Semi-Árido
______________________________________________________
Prof. Dsc. Mauro Pereira de Figueiredo – UESB
Data da defesa: 13 de agosto de 2007
UESB – Campus Juvino Oliveira, Praça Primavera nº 40 – Telefone: (77) 3261-8628
Fax: (77) 3261-8701 – Itapetinga – BA – CEP: 45.700-000 – E-mail: [email protected]
Aos meus pais, GENILDO e FÁTIMA, pela minha
formação, pelo amor e dedicação despendidos em todas
as etapas da minha vida.
A minha irmã ANA CLARA, pelo seu amor incondicional
e pelo exemplo de força e determinação.
À MARCO AURÉLIO... força, carinho, amor,
compreensão e paciência.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
Em especial gostaria de agradecer:
À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, por conceder-me a oportunidade de
realização do curso e pelo apoio financeiro aos meus estudos;
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação, pela atenção e compreensão;
À Professora Dsc. Cristiane Leal dos Santos pela orientação;
À Equipe de Pesquisas em Ovinos e Caprinos – EPOC – pelo auxílio na condução do
experimento, pelo estímulo e força;
Ao Laboratório de Nutrição Animal, sempre marcado pelo pulso firme e
profissionalismo de quem o conduz e pelo companheirismo e espírito de cooperação de sua
equipe. Jamais vou esquecer a sincera acolhida. Voltar ao LNA resgatou o ânimo pela pesquisa
e a vontade de ir sempre além;
Aos voluntários que nos auxiliaram durante as longas noites de coleta de dados, especial
lembrança a Milena e Aline;
Aos colegas pela boa convivência e pela grata troca de experiências e conhecimento. Às
amigas Cristiane, Lizziane e Jacqueline pela alegria e pelo apoio. Em especial, agradeço a
minha colega-amiga-companheira Rita de Cássia por tudo...apoio, ombro amigo, conselhos e
incentivo, sempre;
Àqueles professores que de fato se fizeram presentes e nos deram à honra de
compartilhar experiência e conhecimento;
Aos funcionários do campus Juvino Oliveira. Àqueles que se prestaram as suas funções
sem exigências e com boa vontade, em especial a Aracaju e a José;
A todos vocês que contribuiriam diretamente para a realização deste trabalho, meus
sinceros agradecimentos.
RESUMO
REBOUÇAS, G. M. N. Farelo de vagem de algaroba (Prosopis juliflora) na alimentação de
ovinos Santa Inês. Itapetinga: UESB, 2007. 44p. (Dissertação – Mestrado em Zootecnia –
Produção de Ruminantes).*
Diferentes níveis de inclusão (0, 15, 31, 47 e 58%) do farelo de vagem de Algaroba (Prosopis
juliflora) no concentrado foram avaliados segundo o consumo voluntário e a digestibilidade
aparente da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente
neutro, fibra em detergente ácido em ovinos Santa Inês. O balanço de nitrogênio, valor
energético e o custo das dietas também foram avaliados. Foram utilizados cinco ovinos adultos,
machos, castrados, alojados em gaiolas metabólicas para coleta total de fezes e urina. O
delineamento experimental utilizado foi o quadrado latino com cinco tratamentos, cinco
períodos e cinco repetições. As causas de variação dos resultados foram analisadas através de
ANOVA e as médias submetidas a estudo de regressão. O consumo de matéria seca, matéria
orgânica, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e proteína bruta não foram
influenciados (P>0,05) pelo aumento de farelo de vagem de algaroba (FVA) na dieta. O
consumo de fibra em detergente ácido (390,0; 410,0; 460,0; 440,0; 460,0 g/dia) e de extrato
etéreo (48,7; 40,2; 32,2; 35,5; 40,3 g/dia) foram influenciados pelo aumento de FVA na dieta
(P<0,05). A digestibilidade da fibra em detergente ácido e extrato etéreo não foram
influenciados (P>0,05). O balanço de nitrogênio (N) foi positivo e não influenciado pelo
aumento dos níveis de FVA, assim como a excreção de N nas fezes e na urina e o N retido. O
valor energético das dietas não sofreu variação (P>0,05) com a inclusão do FVA. Os valores de
nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM),
Energia líquida de ganho (Elg) e Energia líquida de mantença (Elm) não foram afetados. O
custo de N retido (R$/g) apresentou maior variação em relação ao quilo de matéria seca e ao
quilo de NDT. Estes resultados mostraram que a utilização de FVA em dietas de ovinos Santa
Inês, não afetou o consumo de matéria seca, a retenção de N e os teores energéticos das dietas.
O custo das dietas decresceu à medida que se aumentou a inclusão de FVA. A substituição do
milho moído mostrou-se satisfatória ao passo que não alterou o consumo de nutrientes básicos e
apresentou redução no preço final da dieta.
Palavras-chave: análise econômica, balanço de nitrogênio, consumo, digestibilidade
__________________________________
* Orientador: Cristiane Leal dos Santos, DSc., UESB e Co-orientadores: Cristina Matos
Veloso, DSc., UESB e Paulo Bonomo, DSc., UESB
ABSTRACT
REBOUÇAS, G. M. N. Mesquite (Prosopis juliflora) pod meal in Santa Inês sheep diet.
Itapetinga: UESB, 2007. 44p. (Thesis – Mastership in Zootechny – Production of Ruminants).*
Different mesquite (Prosopis juliflora) pod meal levels of inclusion (0, 15, 31, 47 and 58%)
was rated according to the voluntary intake and the apparent dry matter digestibility, organic
matter, crude protein, ether extract, neutral detergent fiber and acid detergent fiber in Santa Inês
sheep. Nitrogen balance, energetic values and diet cost also was evaluated. It was used adult
sheeps, males, castrates, sheltered in metabolic cages to lees and urine collection. The trial
drawing used was latin square with five treatments, five periods and five repetitions. The causes
of variety results was analyzed by ANOVA and the averages was submitted to regression
studies. Dry matter, organic matter, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and crude
protein intake was not affected (p>0.05) by diet mesquite pod meal (MPM) increase. The fiber
intake in acid detergent (390.0; 410.0; 460.0; 440.0; 460.0 g/day) and ether extract (48.7; 40.2;
32.2; 35.5; 40.3 g/day) was affected by diet MPM increase (p<0.05). The fiber digestibility in
acid detergent and ether extract was not affected (p>0.05). Nitrogen (N) balance was positive
and not affected by MPM increases, such as lees and urine N excretion and the retained N. The
diet energetic values was not affected by the MPM inclusion (p>0.05). Total digestible nutrient
(TDN) values, digestible energy (DE) metabolizable energy (ME), liquid gain energy (Lge) and
liquid maintenance energy (Lme) was not affected. The diet total cost changes 1.2%. The
retained N cost (R$/g) had shown higher variation in respect to dry matter kilo and TDN kilo.
This results showed that Santa Inês sheep diet MPM utilization did not affect the dry matter
intake, the N retention and diet energetic contents. The cost of diets decreased while MPM
inclusion was increased. The corn meal to MPM substitution has showed satisfactory while did
not affect basic nutrient intake and reduced diet final price.
Keywords: analysis economic, digestibility, intake, , nitrogen balance
__________________________________
* Adviser: Cristiane Leal dos Santos, DSc., UESB e Co-advises: Cristina Matos Veloso, DSc.,
UESB e Paulo Bonomo, DSc., UESB
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Proporção de ingredientes nos concentrados e composição química das rações
experimentais, com base na matéria seca (%MS)........................................................................21
Tabela 2 - Composição química dos principais ingredientes utilizados nas rações
experimentais................................................................................................................................22
Tabela 3 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
)
e variação (CV) de consumo e digestibilidade da matéria seca (MS) e matéria orgânica
(MO) em ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de
algaroba (FVA).............................................................................................................................25
Tabela 4 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e
variação (CV) de consumo e digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN) e da fibra em
detergente ácido (FDA) em ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de
vagem de algaroba (FVA)............................................................................................................27
Tabela 5 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e
variação (CV) de consumo e digestibilidade dos carboidratos não fibrosos (CNF) e carboidratos
totais (CHOT) em ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de
algaroba (FVA).............................................................................................................................29
Tabela 6 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e
variação (CV) de consumo e digestibilidade do extrato etéreo (EE) e da proteína bruta (PB) em
ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de algaroba
(FVA)...........................................................................................................................................30
Tabela 7 - Média e equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
)
e variação (CV) do consumo de nitrogênio (N), N excretado nas fezes e urina e
balanço de nitrogênio em ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de
farelo de vagem de algaroba (FVA).............................................................................................32
Tabela 8 - Valores energéticos das rações experimentais............................................................33
Tabela 9 - Custo dos ingredientes das dietas experimentais........................................................35
Tabela 10 - Custo das dietas experimentais.................................................................................35
Tabela 11 - Custo dos nutrientes das dietas experimentais..........................................................36
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Consumo de fibra em detergente ácido em função da % de inclusão de farelo de
algaroba na dieta...........................................................................................................................28
Figura 2 - Consumo de carboidratos não fibrosos em função dos níveis de inclusão de FVA nas
dietas.............................................................................................................................................29
Figura 3 - Consumo de matéria seca em função da concentração de nutrientes digestíveis totais
das dietas......................................................................................................................................32
Figura 4 - Cotação do milho (grão) ao longo dos últimos anos no estado da Bahia....................36
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................9
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................................11
2.1 Rebanho Ovino Nordestino....................................................................................................11
2.2 A Algaroba………………………………………………………………………………….12
2.2.1 Características agronômicas................................................................................................13
2.2.2 O Farelo de Vagem de Algaroba (FVA) e seu valor nutritivo............................................14
2.3 Consumo Alimentar................................................................................................................14
2.4 Digestibilidade........................................................................................................................16
2.5 Balanço de Nitrogênio............................................................................................................17
2.6 Custo da Ração.......................................................................................................................18
3 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................................20
3.1 – Local e Instalações..............................................................................................................20
3.1.1 – Digestibilidade in vivo.....................................................................................................20
3.1.2 – Animais.............................................................................................................................20
3.1.3 – Período Experimental e Tratamentos...............................................................................20
3.1.4 – Origem e manejo da Algaroba..........................................................................................21
3.1.5 – Amostragem do Material..................................................................................................22
3.1.6 – Análises Químicas............................................................................................................23
3.1.7 – Análise Econômica...........................................................................................................24
3.1.8 – Delineamento e Análise Estatística..................................................................................24
4 RESULTADO E DISCUSSÃO.................................................................................................25
4.1 – Consumo e Digestibilidade Aparente dos Nutrientes..........................................................25
4.1.1 – Matéria seca e Matéria Orgânica......................................................................................25
4.1.2 – Fibra em detergente neutro e Fibra em detergente ácido.................................................26
4.1.3 – Carboidratos não fibrosos e Carboidratos totais...............................................................29
4.1.4 – Extrato Etéreo e Proteína Bruta........................................................................................30
4.2 – Balanço de Nitrogênio.........................................................................................................31
4.3 – Valores energéticos das dietas.............................................................................................32
4.4 – Análise Econômica..............................................................................................................34
5 CONCLUSÕES.........................................................................................................................38
6 REFERÊNCIAS........................................................................................................................39
INTRODUÇÃO
A produção mundial de carne de caprinos e ovinos de 2003 a 2005 cresceu 6,5%, o que
significa o maior avanço relativo dentre os principais tipos de carne consumidos (ANUALPEC,
2005). Essa tendência se repetiu no mercado brasileiro. Isso se deve, em parte, pelo elevado
potencial do mercado consumidor dos grandes centros urbanos que têm estimulado esse
aumento de produção, fazendo com que essa atividade se expandisse não só nas regiões
tradicionalmente produtoras, mas também em outras regiões do país, como é o caso de São
Paulo e Mato Grosso do Sul (ANUALPEC, 2005).
É no Nordeste brasileiro que se encontra o maior rebanho de ovinos do Brasil. Das
16,05 milhões de cabeças, 53,3% estão nessa região (ANUALPEC, 2005). Apesar da expressão
desses números e da tradição na criação de ovinos, esse segmento produtivo é relegado a uma
porção marginal, em especial por estar ligado à agricultura familiar e de subsistência. Porém, é
por conta disso também que essa atividade assume papel de destaque socioeconômico, sendo de
fundamental importância para a região, pois representa, segundo Silva et al. (2004), uma
alternativa de oferta de carne, leite e derivados de boa qualidade à população rural, contribuindo
para erradicar a fome e estimulando a geração de emprego e renda, em conseqüência, ajudando
na fixação do homem ao campo.
Por conta desse caráter de subsistência, entre outros fatores, a ovinocultura no Nordeste
é marcada por características como a baixa produtividade e o baixo desfrute do rebanho. Outro
fator de extrema relevância nesse quadro é que o maior percentual desses animais é criado em
regiões semi-áridas e em sistema extensivo, sendo submetido a condições variáveis de
alimentação, já que nessa região o regime de chuvas e, por conseguinte, de oferta de alimentos é
bem definido e se resume há poucos meses durante o ano. Como alternativa a essa situação e
visando aumentar a produtividade, a suplementação alimentar dos animais durante o período
seco do ano tem sido adotada por produtores e recomendada pelos pesquisadores.
Com esse objetivo, grãos e cereais são introduzidos na dieta desses animais. No entanto,
essas espécies, comumente adaptadas a climas mais amenos, nem sempre atingem produções
expressivas no Nordeste brasileiro. O milho é um exemplo clássico. Participa em 60 a 70% das
fórmulas dos concentrados comerciais (SILVA et al., 2002a) e por apresentar baixa
produtividade em regiões semi-áridas, em conseqüência, elevado preço no período seco do ano,
tem sido objeto de estudo de diversas pesquisas, que visam substituí-lo na formulação de rações
por alimentos alternativos. Esse fator, aliado ao fato desses alimentos integrarem a dieta
humana, aumentam o custo da suplementação animal, tornando a produção de carne onerosa e
nem sempre sustentável para o produtor.
Neste contexto a Algaroba constitui-se uma opção potencial. É uma leguminosa arbórea
que, no Nordeste do Brasil, frutifica no período seco, ou seja, na entressafra da maioria das
forrageiras utilizadas na alimentação de ruminantes. Além disso, a algaroba concentra seu valor
nutritivo nas vagens (frutos), constituindo uma rica fonte de carboidratos com valores de
energia bruta comparáveis aos do milho.
Dessa forma, o presente estudo teve como objetivos avaliar a influência da inclusão do
farelo de vagem de algaroba em dietas para ovinos sobre a composição, o consumo de
nutrientes, a digestibilidade aparente dos nutrientes, o balanço de nitrogênio e o custo das rações
experimentais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 – Rebanho ovino nordestino
O Brasil, quando se trata de produção de carne ovina, tem todos os atributos necessários
para, além de atender o mercado consumidor interno, ser também um grande exportador, pois,
atualmente cerca de 50% da carne ovina consumida oficialmente no país é importada do
Uruguai, Argentina e Nova Zelândia (SIMPLÍCIO, 2001). Esses dados demonstram o quanto
esse mercado ainda pode oferecer à pecuária brasileira que, não por falta de recursos naturais,
deixa a desejar no desenvolvimento dessa atividade.
A região Nordeste do Brasil detém o maior rebanho de ovinos, com 56,3% do rebanho
nacional (ANUALPEC, 2005). No entanto, apesar da representatividade numérica, a produção
dessa atividade não supre, em quantidade e qualidade, a demanda de carne do mercado
consumidor nacional. Isso se deve, em parte, pelos baixos índices produtivos e reprodutivos,
além do nível tecnológico empregado nessa atividade.
Uma característica marcante do rebanho nordestino é sua formação. Constituído em sua
maioria por animais sem raça definida (SRD), deslanados ou com resquícios de lã, e pelas raças
Somalis brasileira, Santa Inês, Morada Nova, Rabo Largo e Bergamácia (OLIVEIRA, 2005),
verificando a necessidade de melhorias, tanto no melhoramento genético dessas raças, como nas
condições de manejo empregadas.
Nas últimas décadas, raças precoces, especializadas em produção de carne, têm sido
introduzidas no rebanho nacional, por apresentaram melhores resultados zootécnicos e
econômicos. Porém, pelas condições edafoclimáticas adversas que apresenta o Nordeste, tem-se
buscado também cruzamentos com raças que se adaptem a essas condições e/ou o
melhoramento de raças existentes na região, e por conseqüência, já adaptadas.
Pela grande capacidade de adaptação e um potencial aceitável de produção, a raça Santa
Inês tem conquistado espaço em várias regiões do Brasil, em especial, em regiões semi-áridas.
Foi originada do cruzamento de ovinos Bergamácia, de origem italiana, com ovinos das raças
Morada Nova e Crioula, ambas de origem nacional (SANTOS, 1986; URANO, 2005).
Considerada uma raça de dupla aptidão, vem sendo trabalhada através do melhoramento animal
para produção de carne, tanto pelo seu potencial, quando pelas características de carcaça
desejáveis no mercado consumidor como, por exemplo, o baixo teor de gordura
(CORRADELLO, 1988).
No entanto, a busca por melhores índices produtivos não pode ser restrita ao
melhoramento genético das raças utilizadas nessa atividade. Faz-se necessário observar que os
ovinos do Nordeste são explorados, predominantemente, na zona semi-árida e em caráter
extensivo (OLIVEIRA, 2005), gerando, por conta da estacionalidade forrageira, redução nos
níveis produtivos.
Uma forma de reduzir os custos de alimentação e contornar o problema da
estacionalidade seria implementar a utilização de alimentos alternativos em substituição a
ingredientes tradicionais dos concentrados. Uma das alternativas que se apresenta é a utilização
de vagens de algaroba (Prosopis juliflora), uma vez que essa pode substituir o milho
parcialmente na formulação de concentrados, permitindo uma diminuição no custo de produção.
2.2 – A Algaroba
A Algaroba (Prosopis juliflora (SW) D.C.) foi introduzida no Brasil há mais de 50 anos,
sendo bem difundida no Nordeste, principalmente por constituir-se em uma das raras espécies
capazes de possibilitar aos animais e ao homem subsídios necessários para driblar o fenômeno
adverso e periódico da seca (SILVA et al., 2002b).
É uma leguminosa arbórea, não oleaginosa, da família Mimosaceae (Leguminosae,
subfamília Mimosoideae), pertencente ao gênero Prosopis. O desenvolvimento evolucionário de
especiação do gênero originou-se no continente africano (África Tropical), onde persiste a P.
africana e sua migração para o continente americano ocorreu quando estes continentes eram
ligados, envolvendo diferentes espécies adaptadas à dispersão a curta distância, mas de difusão
efetiva endozóica, através de pássaros e mamíferos (BURKART, 1976 citado por LIMA, 1999).
Segundo Silva (1988), essa espécie ocorre naturalmente no México, América Central e
norte da América do Sul (Peru, Equador, Colômbia, e Venezuela). Sua utilização é bastante
variada, e vai desde a produção de madeira e reflorestamento, bem como, carvão vegetal, álcool,
melaço, arborização urbana, apicultura, alimentação animal, podendo assim, ser considerada
uma cultura de valor social e econômico.
No Nordeste do Brasil, Prosopis juliflora é encontrada em populações cultivadas e
subespontâneas. Sua introdução no país ocorreu a partir de 1942 em Serra Talhada em
Pernambuco, com sementes procedentes de Piura, Peru (AZEVEDO, 1961). A partir daí, sua
expansão para os demais estados da federação ocorreu através de regeneração natural e plantios
(LIMA, 1988).
Além disso, especial atenção merece o fato da sua disseminação no Nordeste brasileiro.
Lima (1988), afirma que a importância desse gênero para o semi-árido consiste em sua
capacidade de adaptar-se a solos e climas inóspitos; taxa de crescimento rápido; alta
palatabilidade como forragem; produtividade; capacidade de rebrotar e resistir a podas e ao
pastejo; e resistência a pragas e doenças. Atualmente, estima-se uma área superior a 500 mil
hectares, não havendo, entretanto, inventário sobre a superfície atual de algarobeiras plantadas
e/ou regeneradas, ou potencialidade das áreas onde se encontram (SILVA, 1988).
2.2.1 – Características agronômicas
A algaroba, pela sua adaptação às condições semi-áridas do Nordeste e pelos seus
múltiplos usos, inclui-se como alternativa agronômica já comprovada (SOUZA & TENÓRIO,
1982). Dell Valle et al. (1983) afirmam que a velocidade de crescimento e a adaptação em solos
áridos e semi-áridos, mesmo com baixa pluviosidade anual, são razões suficientes para o
investimento nesta espécie.
A algarobeira cresce em condições diferentes de solo, desde solos rochosos, arenosos a
salinos, tendo também excelente desenvolvimento em solos ricos em nutrientes minerais,
apresentando boa produção de vagens (NOBRE, 1982). Quanto à precipitação, apresenta bom
desenvolvimento em locais com 300 até 500mm anuais e melhor se adapta à temperaturas
superiores aos 20ºC (SILVA, 1988). Além disso, relata-se a capacidade dessa arbórea em
restabelecer a fertilidade e produtividade de solos degradados, talvez pela sua capacidade de
associação simbiótica com Rhizobium (FRANCO, 1988).
Em geral, as algarobeiras que vegetam no Nordeste do Brasil, apresentam ramos
ascendentes ou flexuosos, espinhos ou inermes, espinhos geminados, flores amarelo-
esverdeadas agrupadas em inflorescências em racimos em forma de espigas. São bissexuais,
actinomorfas, apresentando cinco sépalas, cinco pétalas e dez estames. Os frutos são de
coloração amarelo-palha, em forma de lomento drupáceo, casualmente falcado, retos,
indeiscentes, com 10 a 40 cm de comprimento, 15 a 20 mm de largura e 4 a 5 mm de espessura
contendo, em média, 17 sementes (LIMA, 1988).
Normalmente, reflorestadores e agricultores têm plantado algarobeiras com o principal
objetivo de produção de vagens para a alimentação de ruminantes e fabricação de farinha.
Quanto aos sistemas utilizados, Lima (1988) descreve a estrutura de alguns, onde a espécie é
consorciada ou não à cultura agrícola e/ou a pecuária.
No entanto, uma das características mais notáveis, e que por isso, fazem da algaroba
objeto de estudo é a época da frutificação. Em geral, os pontos de máxima floração e posterior
frutificação, em regiões tropicais, se dão na primavera – de setembro a novembro – quando
também se observam menores precipitações (LIMA, 1994). Segundo o mesmo autor, ainda
ocorre outro período de frutificação, menor que o supracitado, entre os meses de abril e julho.
A produção anual de vagem de in natura no nordeste brasileiro pode variar de 0,6 a 1,1
milhão de toneladas, sendo que sua produção se concentra inteiramente nessa região (SILVA et
al, 2002a).
2.2.2 - O Farelo de Vagem de Algaroba (FVA) e seu valor nutritivo
O valor nutritivo de um alimento depende, fundamentalmente, da quantidade de
nutrientes que é destinado ao animal, do consumo e digestibilidade dos mesmos (BERCHIELLI,
2005).
A vagem de algaroba, constituída de 58% de pericarpo, 23,1% de casca de semente e
13,9% de sementes (DELL VALLE et al.,1983); é comumente utilizada na forma de farelo. A
utilização do farelo é recomendada, pois neste processo, além da incorporação de todos os
componentes da vagem - tornando-os mais susceptíveis ao ataque de enzimas e
microorganismos do trato gastrintestinal – favorece-se o controle de possíveis fatores
antinutricionais termolábeis; reduz-se o ataque de insetos no armazenamento; agrega-se valor ao
produto e eliminam-se os casos de perfuração intestinal em ruminantes (SILVA et al., 2002b).
O farelo de vagem de algaroba (FVA) é obtido pela secagem das vagens, a temperaturas que
variam entre 60 e 80ºC, e posterior moagem (SILVA et al., 2002a).
Gomes (1987), após analisar a vagem de algaroba, concluiu que ela é composta, em
média, por 12,93% de proteína bruta (PB), 4,06% de extrato etéreo (EE), 19,08% de fibra bruta
(FB), 43,16% de extratos não nitrogenados (ENN), 3,75% de matéria mineral (MM) e 17,02%
de umidade. Já Stein (2005), avaliando o próprio FVA, encontrou os seguintes resultados:
8,34% de PB, 25,26% de fibra em detergente neutro (FDN), 18,89% de fibra em detergente
ácido (FDA), 3,464 Mcal de energia bruta (EB), 0,33% de cálcio e 0,34% de fósforo.
Silva et al. (2001), além de mencionarem a excelente palatabilidade da algaroba,
apresentam dados interessantes sobre sua composição. Segundo os mesmos, a vagem de
algaroba apresenta de 25 a 28% de glicose, 11 a 17% de amido, 7 a 11% de proteínas, 14 a 20%
de ácidos orgânicos, pectinas e demais substâncias.
Após análise detalhada desse fruto, são diversos os autores que recomendam sua
utilização na alimentação de ruminantes em substituição ao milho e/ou como componente
adicional à dieta (TALPADA & SHUKLA, 1988; NOBRE, 1982; SILVA, 1982; RAVIKALA
et al., 1995).
2.3 – Consumo Alimentar
O consumo é o componente que exerce papel de maior importância na nutrição animal,
uma vez que determinará o nível de nutrientes ingerido e, consequentemente, seu desempenho
(BERCHIELLI et al., 2006), dessa forma, o consumo e sua intensidade assumem particular
importância nos sistemas de produção.
Entende-se por consumo voluntário, a quantidade de determinado alimento, tomada em
peso seco, que o animal é capaz de consumir no período médio de 24 horas, quando esse
alimento é fornecido à vontade (ALVES, 2001).
Nussio (1993) comenta que se torna difícil determinar a importância relativa do
consumo voluntário e do valor nutritivo do alimento, porque ambos estão correlacionados,
sendo o valor nutritivo a função que define a resposta de produção por unidade de consumo.
Segundo Mertens (1994), o consumo alimentar depende de três fatores básicos:
relativos ao animal (peso vivo, nível de produção e estado fisiológico); às condições de
alimentação (disponibilidade, espaço de cocho, tempo e acesso ao alimento); e ao alimento
(nutrientes, densidade energética, necessidade de mastigação e capacidade de enchimento).
Mertens (1994) ainda salienta que o desempenho animal é função do consumo de nutrientes
digestíveis e metabolizáveis, uma vez que cerca de 50 a 90% das variações em desempenho são
explicadas pelas variações correspondentes ao consumo e apenas 10 a 40% são creditadas a
variações obtidas com a digestibilidade.
As características físicas e químicas dos ingredientes da dieta e suas interações podem
ter um grande efeito sobre o consumo de matéria seca (ALLEN, 2000). Dentre as características
químicas, a FDN constitui-se no parâmetro mais usado para o balanceamento das rações, pois,
segundo Van Soest et al. (1991), fornece medidas quantitativas das diferenças entre os diversos
alimentos, estando relacionada com a modulação do consumo, a densidade energética do
alimento, a mastigação, a taxa de passagem e a digestibilidade. As teorias que explicam o
controle de ingestão voluntária de alimentos em ruminantes dizem que este mecanismo pode ser
um produto da ação integrada ou isolada de fatores físicos (saciedade física) e fisiológicos
(saciedade química) (ALLEN, 2000).
A FDN está diretamente relacionada com o efeito de enchimento e inversamente
relacionada com o nível energético da dieta, esta pode ser usada para caracterizar a dieta e
expressar os dois mecanismos de controle de consumo numa mesma escala (MERTENS, 1992).
Dietas com elevada concentração de fibra, necessariamente, possuem densidade energética e a
repleção ruminal limita a ingestão, reduzindo o desempenho animal. Por outro lado, dietas com
baixa concentração de fibra, também podem resultar em menor ingestão total de matéria seca,
uma vez que as exigências energéticas do animal são supridas em níveis mais baixos de ingestão
(VAN SOEST & MERTENS, 1984).
Porém, devido às diferentes respostas no desempenho, metabolismo e cinética ruminal,
surgiu o conceito de fibra efetiva (FDNe). Allen, (1997) define fibra efetiva como a fração do
alimento que estimula a atividade de mastigação e, por conseqüência, a secreção de saliva e
produção de tamponantes (bicarbonato e fosfato), responsáveis pela neutralização dos ácidos
produzidos pela fermentação da matéria orgânica. Isso interfere diretamente no pH ruminal, o
qual, abaixo de 6,2, pode reduzir o consumo de MS.
Segundo Milford (1960), existe uma associação positiva entre consumo de matéria seca
e o incremento do teor de proteína bruta, ou seja, geralmente, o consumo de matéria seca
aumenta com o aumento do teor de proteína dos alimentos. A baixa ingestão de proteína
ocasiona redução de apetite, baixo consumo de matéria seca, e baixa eficiência na utilização dos
alimentos, acarretando limitação do crescimento, redução no desenvolvimento muscular e perda
de peso (NRC, 1985a). O consumo esperado de MS para ovinos em mantença varia em torno de
2% do seu PV, com ingestão diária de 2,4 Mcal de energia digestível e 95 g de proteína bruta
(NRC, 1985a).
2.4 – Digestibilidade
Qualquer consideração sobre a utilização de alimentos pelos ruminantes deve ser feita
no contexto das complexas interações que ocorrem entre os diversos componentes da dieta e os
microorganismos do retículo-rúmen (RODRIGUES, 2001). As transformações que o alimento
sofre são determinadas por atributos intrínsecos do alimento e por sua interação com os
processos cinéticos da digestão (ELLIS et al. 1994). Isto implica na necessidade de se conhecer
o valor nutritivo dos alimentos que compõem a dieta do animal e sua digestibilidade.
Como descrito anteriormente, o consumo depende de diversos fatores, dentre os quais, a
digestibilidade do alimento, que por sua vez depende também do consumo e, ambos, dependem
da cinética de degradação do alimento no rúmen ou do escape do mesmo.
O consumo e a digestibilidade são parâmetros essenciais em vários sistemas de
formulação de dietas para ruminantes. A medição desses parâmetros faz-se necessária, pois,
estes possuem alta correlação com a ingestão de matéria seca, assim como eficiência de
absorção e aproveitamento dos nutrientes (MACEDO JUNIOR et al., 2006).
A digestibilidade do alimento representa a capacidade do animal em utilizar seus
nutrientes, em maior ou menor escala, expressa pelo coeficiente de digestibilidade do nutriente
em apreço, sendo uma característica do alimento e não do animal (SILVA & LEÃO, 1979).
Os ensaios in vivo sobre digestibilidade normalmente referem-se à digestibilidade
aparente. Apesar disso, são considerados confiáveis, pois, são baseados na observação das
quantidades ingeridas e excretadas das frações de interesse do alimento (BERCHIELLI et al.,
2005).
A equação para determinação do coeficiente de digestibilidade aparente é a seguinte:
Digestibilidade de X =
Consumo de X – Excreção de X
Consumo de X
SILVA & LEÃO (1979) relataram que o coeficiente de digestibilidade real ou
verdadeiro diferencia-se do aparente pelo fato de se distinguirem nas fezes as proporções de
nutrientes de origem dietética e de origem endógena: em conseqüência, fornece uma estimativa
da quantidade que é realmente absorvida pelo animal.
A digestibilidade dos nutrientes da ração fornece, em outras palavras, uma idéia da
capacidade do alimento em ser aproveitado pelo animal (LIMA JUNIOR, 2006) e pode ser
influenciada por vários fatores, dentre os quais, a composição química da ração e a interação
entre os alimentos que a compõe.
Um importante fator a ser estudado em experimentos para determinação da
digestibilidade é a influência que um alimento apresenta sobre a digestibilidade do outro numa
associação de alimentos que formam uma ração (OLIVEIRA, 2005). Assim, podemos encontrar
resultados diferentes de dois alimentos juntos ou isolados.
Ao considerar-se a composição dos alimentos de determinada dieta, outro fator
relevante é a influência do teor de lignina sobre a digestibilidade. Segundo Forbes (1995), há
uma correlação linear negativa entre os teores de lignina e a digestibilidade da dieta. Entre as
espécies comumente utilizadas como forrageiras, as leguminosas, por conta de características
estruturais, apresentam, em geral, maiores conteúdos de lignina quando comparadas às
gramíneas e, logo, menores digestibilidades. Essa correlação pode estar relacionada não só à
digestibilidade da matéria seca, como também à de outros nutrientes. Longo (2002) afirma que a
utilização de proteína bruta do alimento pode ser prejudicada pela indisponibilidade do
nitrogênio fixado à lignina, acarretando uma queda na digestibilidade deste nutriente.
Também deve se considerar a relação volumoso:concentrado que, de acordo com
Santini (1992) é um dos fatores mais importantes a influenciar a digestibilidade da dieta. Assim,
o fornecimento de dietas mistas é preferencial uma vez que, combinadas, melhoram a
digestibilidade da dieta. Segundo Stein (2002), essa melhora é devido ao aumento da taxa de
passagem do concentrado ocasionado pelo volumoso, servindo este de substrato para a flora
ruminal, favorecendo a digestão e produção de energia, ácidos graxos voláteis (AGV) a partir de
carboidratos estruturais do alimento fibroso.
Urness (1977), ao avaliar diversas espécies com potencial forrageiro, encontrou valores
entre 58 e 60% de digestibilidade aparente para vagens de algaroba trituradas.
2.5 – Balanço de Nitrogênio
A proteína tem um papel fundamental na nutrição e ruminantes, sendo sua
essencialidade não apenas pelo fornecimento de aminoácidos para o animal, mas
principalmente, como fonte de nitrogênio para a síntese de proteína microbiana (OLIVEIRA
JUNIOR, 2004). Com dietas para ovinos não é diferente, o nitrogênio, expresso como proteína
bruta, é um dos ingredientes que recebe especial atenção, não só pela sua influência no
metabolismo e produção animal, mas também pelo elevado custo deste nutriente na dieta.
As pesquisas em nutrição de ruminantes têm verificado a importância da população
microbiana tanto na digestão de carboidratos como na contribuição de proteína microbiana para
suprir os requisitos de proteína do animal (BERCHIELLI, 1994). Como nesses animais os
alimentos ingeridos são degradados primeiramente no rúmen, antes de sofrerem a digestão
enzimática no abomaso e intestino, grande parte da proteína verdadeira da dieta é modificada,
sendo convertida em compostos simples (como amônia, aminoácidos e peptídeos) e, por
conseqüência, fontes de nitrogênio para a síntese de proteína microbiana. Assim, chega-se aos
conceitos de proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR)
(NRC, 1985b).
Sabe-se que em ruminantes recebendo alimentos comuns, o fluxo de nitrogênio não
amoniacal (NNA) para o intestino delgado consiste de proteína microbiana (40 a 80%), proteína
que escapa da fermentação ruminal e NNA da descamação de células epiteliais e de secreção
abomasal (SNIFFEN et al. 1992). Determinar quantitativamente esses compostos e conhecer
como ocorre variação dos mesmos em diferentes alimentos e regimes alimentares é importante
na avaliação da contribuição protéica dos alimentos e no cálculo dos requisitos protéicos de
ruminantes. A taxa e extensão da proteólise ruminal afeta não somente a síntese de proteína
microbiana, mas também a quantidade e qualidade da proteína dietética não degradável que
alcança o duodeno (STEM et al., 1994).
O NRC (1985b) utiliza a produção estimada de proteína microbiana para calcular a
exigência de PDR, considerando a produção de proteína microbiana 13% dos nutrientes
digestíveis totais (NDT) da dieta. Este é um valor médio, uma vez que se sabe que a energia
pode ser limitante para o crescimento microbiano no rúmen e que o rendimento microbiano está
muitas vezes relacionado com a quantidade de matéria seca ingerida ou matéria orgânica
digerida no rúmen (ARC, 1980). Surge assim o conceito de sincronização dos suprimentos
energético e protéico, uma vez que a síntese de proteína microbiana depende de ATP, o qual é
derivado da fermentação dos carboidratos (RSKOV, 1992).
Dessa forma, a resposta animal ao efeito associado da ingestão de energia e proteína
indica uma resposta quadrática do balanço de nitrogênio (N) a níveis crescentes do suprimento
de proteína quando a energia não é limitada, logo, a produção através da ingestão de proteína
depende do nível de energia suprido e vice-versa (CHOWDHURY & RSKOV, 1997).
Qualquer minimização das perdas de nitrogênio estará relacionada com a maior eficiência do
rúmen em utilizar o nitrogênio dietético (ROCHA, 2002).
A concentração de uréia no sangue é influenciada pela extensão na qual os aminoácidos
absorvidos são oxidados e pela absorção de amônia do rúmen, refletindo substancialmente a
extensão do balanço de N da dieta (RSKOV, 1992). Como é conhecido, a amônia em excesso
é absorvida pela corrente sanguínea e convertida em uréia no fígado, sendo excretada pela urina,
ou seja, altos níveis de N urinário indicam altos consumos de N inorgânico ou de proteína de
rápida digestão ruminal.
2.6 – Custo da Ração
Considerando o mercado brasileiro, o consumo da carne ovina é emergente, sendo
fundamentais as pesquisas para fomentar uma prática que viabilize a oferta desse produto em
todas as épocas do ano, proporcionando também carne de melhor qualidade e retorno de capital
investido em curto prazo. Para isso, fazem-se necessários não só estudos direcionados à
qualidade nutricional do alimento, mas, também de viabilidade econômica.
A análise econômica é o processo pelo qual se conhecem os resultados obtidos em
termos monetários (URANO, 2005). Sendo o custo da ração fator limitante à produção animal,
o estudo de alimentos alternativos deve ser avaliado sob esse prisma.
Ao avaliar dietas contendo 0, 15 e 30% de vagem de algaroba triturada (VAT) na
alimentação de cordeiros em crescimento, Ravikala et al. (1995) demonstraram não haver
diferenças significativas entre os tratamentos, porém, a dieta com 15% de VAT resultou em
maiores médias de ganho de peso diário, assim como a melhor eficiência alimentar. Quanto ao
custo de alimentação/kg de ganho, os autores encontraram redução significativa com o aumento
da inclusão da algaroba na dieta, viabilizando economicamente sua utilização.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 – Digestibilidade in vivo
3.1.1 – Local e Instalações
O experimento foi realizado no Núcleo de Ensaios Nutricionais de Ovinos e Caprinos –
ENOC da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus Juvino Oliveira, no
município de Itapetinga –Ba, no período de agosto a outubro de 2006.
Os animais foram alojados em gaiolas metabólicas, com bolsas para separação de fezes
e urina, e dimensões de 0,75 x 1,25m providas de piso ripado em ferro, comedouro para ração e
bebedouro.
3.1.2 – Animais
Foram utilizados 05 ovinos machos, adultos e castrados da raça Santa Inês com peso
médio inicial de 45 kg. Previamente ao período experimental, os animais foram submetidos à
análise coproparasitológica para contagem de ovos de endoparasitas, porém nenhum animal
apresentou necessidade de controle por vermifugação.
3.1.3 – Período Experimental e Tratamentos
O período experimental teve duração de 77 dias, sendo 14 dias de adaptação inicial às
dietas e à gaiola metabólica com períodos subseqüentes de 07 dias, intercalando coleta de dados
e adaptação.
Os tratamentos consistiram de cinco rações contendo cinco níveis diferentes de FVA (0,
15, 31, 47 e 58%), em substituição parcial ao milho moído, sendo as rações isoprotéicas e
isoenergéticas. A composição percentual dos ingredientes nos concentrados e a composição
química das dietas experimentais está apresentada na Tabela 1. As dietas foram fornecidas ad
libitum duas vezes ao dia, sendo o fornecimento ajustado diariamente considerando os valores
das sobras, de modo a obter 20% da quantidade total fornecida. As porções de cada período de
alimentação foram diferenciadas, sendo que 60% do volume total foi fornecido pela manhã e o
restante à tarde, segundo recomendações de Berchielli et al. (2007).
Tabela 1- Proporção de ingredientes nos concentrados e composição química das rações
experimentais, com base na matéria seca (%MS)
Concentrado
Ingrediente
0%
1
15%
1
31%
1
47%
1
58%
1
Farelo de Vagem de Algaroba - 15,73 31,46 47,19 58,79
Farelo de Soja 2,94 3,23 3,51 3,65 3,80
Milho Moído 92,83 76,82 60,81 44,94 33,46
Sal Comum 2,52 2,52 2,52 2,52 2,36
Calcário calcítico 0,98 0,98 0,98 0,98 0,91
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Valores calculados Composição Química
2
Matéria seca 83,68 84,31 83,90 83,20 83,68
Matéria Orgânica 79,86 80,46 79,57 79,06 78,25
Proteína Bruta 8,14 7,82 8,05 8,40 8,22
Fibra Detergente Neutro 79,03 76,27 73,68 70,20 70,15
Fibra Detergente Ácido 26,97 28,73 29,54 30,04 30,58
Hemicelulose 52,06 47,53 44,15 40,16 39,58
Carboidratos totais 84,66 85,54 85,53 85,06 83,55
Carboidratos não fibrosos 9,45 13,13 16,18 19,00 18,96
Lignina 4,85 4,87 5,42 5,57 5,24
Matéria Mineral 3,82 3,85 4,33 4,14 5,57
Extrato Etéreo 3,38 2,79 2,09 2,40 2,66
1
Nível de inclusão de FVA na dieta total.
2
Composição química da dieta total determinada no Laboratório de Nutrição Animal – UESB.
As dietas foram formuladas à base de farelo de vagem de algaroba, milho moído em
grão, farelo de soja e feno de Tifton, visando atender às exigências para mantença de ovinos de
acordo com recomendações do NRC (1985b). A relação volumoso/concentrado adotada foi de
60:40. A composição química dos ingredientes da dieta encontra-se na Tabela 2.
Tabela 2 – Composição química dos principais ingredientes utilizados nas rações experimentais.
Ingredientes MS MO PB FDN FDA HCEL LIG EE MM
Farelo de Vagem de Algaroba
87,60 82,24 9,60 20,90 13,50 7,40 3,77 3,0 5,32
Farelo de Soja 89,70 85,14 44,0 12,90 9,90 3,00 3,00 2,0 4,30
Farelo de Milho
88,63 86,93 8,87 9,98 5,44 4,54 2,90 4,3 1,70
Feno de Tifton 91,70 84,77 10,00 74,70 24,3 50,40 8,00 1,4 6,95
Analises realizadas Laboratório de Nutrição Animal – UESB.
3.1.4 – Origem e manejo da Algaroba
O farelo da Vagem de algaroba foi obtido após a colheita, realizada por catação, e
trituração das mesmas. A trituração é foi feita em maquinário apropriado, tipo betoneira e
antecedeu a secagem do material. Utilizou-se secador da marca D’Andrea® o material
permaneceu por aproximadamente 10 horas em temperatura média de 60º C até a obtenção de 7
a 10% de umidade. Após essa fase, ocorreu a moagem com moinho Koopers® para a obtenção
do farelo. As rações utilizadas foram fornecidas pela Riocon - Fazendas Reunidas Rio de Contas
LTDA, sendo estas, parte do grupo de rações comercializados pela empresa.
3.1.5 – Amostragem do Material
Para o fornecido (feno e concentrado) e as sobras adotou-se coleta diária, sendo para
última coletadas alíquotas de 10% do total. Ambos os materiais foram mantidos à -10ºC, para
posteriores análises. Os dados de consumo de matéria seca e por animal foram obtidos através
da diferença entre a quantidade de alimento oferecido e recusado.
Também foram coletadas amostras diárias de fezes de cada animal nos diferentes
períodos, sendo estas armazenadas em sacos plásticos devidamente lacrados, etiquetados e
preservados à -10ºC.
Para a coleta de urina foram utilizados pequenos baldes plásticos de 5 l contendo 50 ml
de Ácido Clorídrico 1:1. Diariamente foi feita a mensuração do volume total e a amostragem de
2% deste. As amostras foram armazenadas em potes plásticos, congeladas à -10ºC e analisadas
posteriormente para determinação do nitrogênio de acordo com AOAC (1985). A retenção de
nitrogênio foi calculada através das fórmulas:
- Retenção de N (g/dia) = N
consumido
– N
fezes
- N
urina
- Retenção de N (% de N consumido) = [(N
consumido
– N
fezes
- N
urina
)/ N
consumido
] x 100
- Retenção de N (% de N ingerido) =
[(N
consumido
– N
fezes
- N
urina
)/( N
consumido
x Digestibilidade aparente de N)] x 100
Ao final do experimento o material coletado foi descongelado à temperatura ambiente e
foram formadas amostras compostas animal/tratamento/período. Para as fezes, fornecido
(concentrado e volumoso) e sobras foram retiradas alíquotas para secagem em estufa com
ventilação forçada a temperatura de 65ºC por 72 horas. As amostras foram moídas em moinho
tipo Wiley® com peneiras de 1mm e armazenadas em potes vedados. A digestibilidade aparente
dos nutrientes foi calculada através da seguinte fórmula:
DAN =
(MSC x NMS) – (MSF x NMF) x 100
(MSC x NMS)
Em que,
DAN = digestibilidade aparente dos nutrientes
MSC = matéria seca consumida
MSF = matéria seca fecal
NMF = porcentagem do nutriente na matéria seca fecal
NMS = porcentagem do nutriente na matéria seca consumida
3.1.6 – Análises Químicas
De todo o material amostrado foram realizadas análises no Laboratório de Nutrição
Animal na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus de Vitória da Conquista,
visando caracterizá-lo quimicamente segundo AOAC (1995) (MS – matéria seca; MM – matéria
mineral; MO – matéria orgânica; e PB – proteína bruta) e segundo Van Soest & Wine (1967)
(FDN – fibra em detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; LDA – lignina em
detergente ácido; CEL – celulose; e HCEL – hemicelulose.
Os teores de carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF) foram
calculados segundo as equações:
CHOT = 100 - (%PB + %EE + %MM) (SNIFFEN et al., 1992); e
CNF = 100 – (%PB + %FDNmp + %EE + %MM),
Em que:
FDNmp = fibra em detergente neutro corrigida para o seu conteúdo em matéria mineral e
proteína.
Para o cálculo dos NDT, utilizou-se a equação indicada por Sniffen et al. (1992):
NDT = PBD + (EED . 2,25) + CHOTD
Em que,
PBD = proteína bruta digestível
CEED = extrato etéreo digestível
CHOTD = carboidratos totais digestíveis
A concentração de NDT foi calculada pela fórmula (SNIFFEN et al., 1992):
% de NDT = Consumo de NDT/Consumo de MS
A energia digestível (ED) foi calculada como o produto entre o teor de NDT e o fator
4,409 e a concentração de energia metabolizável (EM) foi considerada 82% da ED (Silva &
Leão, 1979). Os valores de energia líquida de mantença (Elm) e energia líquida de ganho (Elg)
foram calculados conforme recomendações de Sniffen et al. (1992):
Elm = -1,12 + 1,37 EM – 0,138 EM
2
+ 0,0105 EM
3
Elg = -1,65 + 1,42 EM – 0,174 EM
2
+ 0,0122 EM
3
3.1.7 – Análise Econômica
O levantamento do custo das rações experimentais foi realizado no estado da Bahia em
julho de 2006, em cidades distintas e com atividade pecuária relevante. Foram escolhidas para
tal, Guanambi, Itapetinga e Vitória da Conquista. Utilizou-se para amostragem 50% dos
estabelecimentos, sendo usado como critério a revenda de todos os ingredientes do concentrado,
com exceção do FVA.
Para o FVA, os preços foram fornecidos pela Empresa Riocon®, já aí inclusos os custos
de frete. O custo do quilo das rações foi obtido a partir das quantidades dos ingredientes que as
compunham.
3.1.8 – Delineamento e Análise Estatística
O delineamento adotado foi um quadrado latino 5x5 (5 períodos e 5 tratamentos),
adotando-se para análise estatística o procedimento programa SAS (1993). Foi utilizado o
seguinte modelo estatístico:
Y
ijk
= M + A
i
+ P
j
+ R
k
+ E
ijk
Onde:
M = Média geral
A
i
= Efeito de animal
P
j
= Efeito de período
R
k
= Efeito das rações experimentais
E
ijk
= Efeito aleatório
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 – Consumo e Digestibilidade Aparente dos Nutrientes
4.1.1 – Matéria seca e Matéria Orgânica
Os dados de consumo e digestibilidade aparente da matéria seca e matéria orgânica
encontram-se na Tabela 3.
Tabela 3 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e variação (CV)
de consumo e digestibilidade aparente da matéria seca (DAMS) e matéria orgânica (DAMO) em ovinos
Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de algaroba (FVA).
Tratamentos
2
Ítens
1
0
15 31 47 58
ER R
2
CV(%)
MS
Consumo, kg/dia
1,44 1,44 1,54 1,47 1,51 Ŷ = 1,48 - 6,62
DA, %
57,6 59,1 62,6 60,8 61,0 Ŷ = 60,21 - 5,94
MO
Consumo, kg/dia
1,15 1,16 1,23 1,16 1,18 Ŷ = 1,18 - 6,70
DA, %
45,91 47,56 49,78 48,06 47,73 Ŷ = 47,81 - 0,64
* Significativo (p<0,05) pelo teste F
1. DA = digestibilidade aparente;
2. Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
O maior CMS, em relação àquele recomendado pelo NRC (1985b) e aqui apresentado,
pode estar relacionado a fatores metabólicos. A supressão de carências nutricionais de dietas
anteriores ao experimento pode ter ocasionado um ganho de peso compensatório e,
consequentemente, aumento no CMS.
Resultados semelhantes foram encontrados por Ravikala et al. (1995) quando usaram
níveis de inclusão de FVA de 0, 15 e 30%. Porém, neste experimento o consumo de matéria
seca (CMS) foi maior, alcançando uma média de 3,91 kg/100kg de peso vivo. Pode-se explicar
essa diferença pela idade dos animais usados nos dois experimentos. Os autores, supracitados,
utilizaram cordeiros em fase de crescimento ao invés de animais adultos, tendo assim uma
maior exigência nutricional.
Os resultados de Mahgoub et al. (2006) também corroboram com aqueles alcançados
neste experimento. Utilizando ovelhas Omani sendo alimentadas com três dietas diferenciadas,
uma das quais contendo 30% de FVA no concentrado, os autores não encontraram diferenças na
ingestão de matéria seca. Porém, Febres et al. (1997) ao avaliar a inclusão de 30% de FVA em
dietas para ovinos, encontrou CMS inferior quando comparado à dieta contendo 30% de
concentrado comercial. A digestibilidade aparente da matéria seca (DAMS) expressa em
porcentagem, não diferiu estatisticamente entre os tratamentos (P>0,05).
De acordo com Valadares Filho et al. (1985), carboidratos não estruturais possuem
coeficiente de digestibilidade aparente total acima de 90% e carboidratos estruturais próximos
de 50%. Pode ser esta a causa que tenha contribuído para o comportamento similar entre as
dietas com relação à DAMS. Apesar de as dietas contendo FVA apresentarem porcentagens
superiores de FDA e Lignina, o percentual de CNF foi superior quando comparadas com a dieta
sem inclusão de FVA equilibrando, provavelmente, os percentuais de digestibilidade. Além
disso, Neumann (2002) chama a atenção que na relação entre fibra e digestibilidade, embora
bem estabelecida, muitas vezes não se consegue reconhecer que a proporção total de fibra do
alimento é, usualmente, mais importante para a digestibilidade total do que a própria
digestibilidade ou composição da fibra.
Os resultados de DAMS obtidos neste trabalho foram superiores àqueles obtidos por
Mahgoub et al. (2005a) com inclusão de 10, 20 e 30% de FVA na dieta de cabras. Esses autores
obtiveram DAMS de 46, 47 e 47%, respectivamente. Em outro trabalho, Mahgoub et al.
(2005b) - desta vez trabalhando com ovelhas - encontraram resultados de DAMS inferiores para
dietas contendo 35% de FVA, quando comparadas com dietas contendo concentrado comercial
e dietas mistas (concentrado comercial + concentrado com FVA). Para a dieta contendo apenas
o concentrado com FVA a DAMS foi de 60%, ou seja, equivalente à encontrada no presente
estudo para o mesmo nível de inclusão de FVA.
O consumo e digestibilidade da MO seguem uma tendência lógica e bastante similar
com os resultados obtidos pra a MS. Dessa forma, não foram constatadas diferenças (P>0,05)
entre as dietas experimentais.
4.1.2 – Fibra em detergente neutro e Fibra em detergente ácido
Os dados de consumo e digestibilidade aparente da FDN e da FDA estão apresentados
na Tabela 4.
O consumo médio de FDN foi de 1,09 kg/dia. Isso representa, em média, 2,2% do PV
dos animais utilizados no experimento, ficando acima daquele proposto por VAN SOEST
(1994). Esses resultados podem estar relacionados, não só com os altos índices de consumo de
matéria seca, mas também com o percentual de FDN das dietas experimentais.
Tabela 4 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e variação (CV)
de consumo e digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN) e da fibra em detergente ácido (FDA)
em ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de algaroba (FVA).
Tratamentos
2
Ítens
1
0
15 31 47 58
ER R
2
CV(%)
FDN
Consumo
(kg/dia)
1,14 1,10 1,14 1,00 1,06 Ŷ = 1,093 - 6,72
DA, %
60,22 60,11 61,87 57,79 50,71 Ŷ = 58,14 -
1,43
FDA
Consumo
(kg/dia)
0,39 0,41 0,46 0,44 0,46
Y = -0,0227x
2
+ 2,5225x + 386,98*
0,90 6,70
DA, %
37,99 42,36 48,38 45,17 44,92 Ŷ = 43,76 - 2,28
* Significativo (p<0,05) pelo teste F
1. DA = digestibilidade aparente;
2. Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
A digestibilidade aparente da fibra em detergente neutro (FDN) pode ser influenciada
pelos conteúdos dos componentes da parede celular, além da própria estrutura e forma de
organização da mesma (LOUSADA JR. et al., 2005). A extensão da digestão da fibra depende
assim da quantidade indigestível e da relação entre a taxa de degradação e a taxa de passagem.
O milho e a vagem de algaroba, alimentos aqui avaliados, têm uma composição distinta,
com relação à FDN (Tabela 2), no entanto, essa diferença não foi perpetuada na dieta com
inclusão crescente de FVA em substituição ao milho moído (Tabela 1). Além disso, o fato de o
presente estudo não apresentar diferenças significativas, no que se refere ao coeficiente de
digestibilidade aparente da FDN, pode ter relação com a quantidade de carboidratos não
fibrosos presentes nas dietas, uma vez que este tipo de carboidrato promove ação depressiva na
digestibilidade da fibra (VAN SOEST, 1994).
Os resultados apresentados para a DAFDN corroboram com aqueles encontrados por
Mahgoub et al. (2005b) quando trabalharam com ovelhas e também com aqueles encontrados
pelos mesmos autores, em 2006, em estudos realizados com cordeiros. Ambos os trabalhos
encontraram DAFDN com 35 e 20 de inclusão de FVA no concentrado de 60 e 58%,
respectivamente.
Para o consumo de fibra em detergente ácido (CFDA), houve diferenças significativas
(P<0,05) entre as dietas. O estudo de regressão apontou uma tendência quadrática no CFDA em
relação aos níveis de inclusão de FVA nas dietas experimentais.
y = -0,0227x
2
+ 2,5225x + 386,98
R
2
= 0 , 9 0 14
350
370
390
410
430
450
470
0 15304560
Níveis de inclusão de FVA
Consumo de FDA, g/dia
Figura 1 – Consumo de fibra em detergente ácido em função da % de inclusão de farelo
de vagem de algaroba na dieta.
Como pode ser observado na Figura 1, houve, a princípio, um aumento no consumo
deste nutriente à medida que se elevam os níveis de FVA. Essa tendência, porém, é alterada a
partir do tratamento com 47% de inclusão, onde ocorre uma queda no consumo, com posterior
aumento deste quando o nível de inclusão se eleva a 58%.
O crescimento inicial do CFDA pode ser explicado pelos teores desse nutriente nas
dietas (Tabela 1), onde, tanto os teores de FDA como os de lignina aumentam conforme
aumenta a inclusão de FVA. Como revisado anteriormente, a vagem de algaroba tem em sua
composição 28,1% de casca, caracterizada como dura e fibrosa. Logo, à medida que se
aumentam os níveis de inclusão deste alimento na dieta, a porcentagem de componentes
fibrosos também é aumentada.
Segundo a equação ajustada, o maior consumo de FDA se daria com a inclusão de
24,38% de FVA na dieta. A redução no consumo de FDA ocorrida no tratamento 4 (com 47%
de FVA) pode ser explicada pela seleção feita pelos animais, que se comportaram de forma
diferente entre os tratamentos. A sobra de talos e partes mais lignificadas do feno foi observada
durante o período experimental. Da mesma forma, a sobra de concentrado no tratamento 5 (com
58% de FVA) pode ter contribuído para um aumento no CFDA neste tratamento. Essa relativa
rejeição ao concentrado pode ter evidenciado o consumo de feno, o que acarretou maior
consumo de FDA. Ovinos digerem mais completamente a fibra, quando submetidos a dietas de
baixa qualidade e elevado teor de fibra, mas diminuem a taxa de consumo (BROWN &
JOHNSON, 1984 citados por SMITH & SHERMAN, 1994).
Para os coeficientes de digestibilidade aparente da FDA não houve efeito significativo
(P>0,05) com a inclusão de FVA às dietas. Apesar de, em termos absolutos, a DAFDA
apresentar um comportamento condizente com o consumo deste nutriente, isso não foi
expressivo estatisticamente.
A digestibilidade média de 43,76% encontrada no presente trabalho é inferior àquela
relatada por Mahgoub et al. (2005b), que com inclusão de 35% de FVA no concentrado,
obtiveram 52% de digestibilidade. Há de se observar, no entanto, que aliado ao FVA foram
utilizados, nos dois experimentos, volumosos distintos e, por conseqüência, com composições
químicas diferentes. Essas diferenças podem ter influenciado os resultados discrepantes. Porém,
Mahgoub et al. (2005b) corroboram com estes resultados quando também não encontram
diferenças significativas (P>0,05) para a DAFDA com a inclusão de FVA em dietas para
ovelhas.
4.1.3 – Carboidratos não fibrosos e Carboidratos totais
O consumo e a digestibilidade dos carboidratos não fibrosos e carboidratos totais
encontram-se na Tabela 5. Como pode ser observado, houve diferença significativa (P<0,05)
tanto para o consumo quanto para a digestibilidade dos CNF. Houve um crescimento linear no
consumo destes nutrientes à medida que se aumentaram os teores de FVA na dieta. Isso também
é evidenciado na própria composição das dietas experimentais (Tabela 1).
Tabela 5 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e variação (CV)
de consumo e digestibilidade dos carboidratos não fibrosos (CNF) e dos carboidratos totais (CHOT) em
ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de algaroba (FVA).
Tratamentos
2
Ítens
1
0
15 31 47 58
ER R
2
CV
(%)
CNF
Consumo
(g/dia)
135,8 189,2 249,5 279,8 286,7
Ŷ = -0,0352x
2
+ 4,7258x + 133,01*
0,99 7,69
DA, %
55,21 68,26 76,76 79,19 79,61
Ŷ = 0,0239x
3
- 4,7498x
2
+ 313,7x -
6858
0,99
5,13
CHOT
Consumo
(kg/dia)
1,22 1,23 1,32 1,25 1,26
Y = 1,26
- 6,70
DA, %
53,02 56,86 54,40 58,55 56,75 Ŷ = 56,92 - 2,28
* Significativo (p<0,05) pelo teste F
1. DA = digestibilidade aparente;
2. Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
O maior consumo registrado ocorreu no maior acréscimo de FVA (58%), o que pode ser
explicado pela própria constituição do FVA quando comparado ao milho moído. A vagem de
algaroba é rica em açúcares solúveis e amido, carboidratos que rápida e completamente
digeríveis no trato gastrintestinal. Isso ficou evidenciado na DA, que também é crescente à
medida que se aumenta o teor de FVA das dietas. A Figura 2 demonstra a influência dos níveis
de inclusão de FVA no consumo dos CNF.
y = -0,0352x
2
+ 4,7258x + 133,01
R
2
= 0,9953
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
0 102030405060
Níveis de inclusão de FVA (%)
Consumo de CNF (g/dia)
Figura 2 – Consumo de carboidratos não fibrosos em função dos níveis de inclusão de
FVA nas dietas
Não houve diferenças significativas (P>0,05) para a digestibilidade e consumo de
CHOT com a inclusão do FVA. A média de consumo de carboidratos totais foi de 1,26 kg/dia e
a digestibilidade média de 56,92%. Mesmo tendo maior percentual de CNF, as dietas contendo
FVA não se destacaram com relação à digestibilidade dos CHOT, o que pode ser explicado
pelos maiores teores de FDA e FDN tanto da própria vagem de algaroba quanto das dietas com
maiores inclusões de FVA. O consumo de CHOT não sofreu influência com a alteração nos
níveis de FVA em detrimento ao milho moído, seguindo o mesmo padrão do CMS e CMO.
4.1.4 – Extrato Etéreo e Proteína Bruta
Os dados de consumo e digestibilidade aparente do EE e da PB estão dispostos na
Tabela 6.
Houve diferenças significativas (P<0,05) para o consumo e digestibilidade do EE entre
os diferentes tratamentos. O maior consumo estimado de EE ocorre com a inclusão de 0,65% de
FVA. A resposta à inclusão de FVA é quadrática, sendo o maior consumo de 5g/dia, no
tratamento 1, sem a inclusão de FVA. O menor consumo deste nutriente é observado no
tratamento 3, com 3 g/dia e 31% de inclusão.
Não houve diferenças significativas (P>0,05) no consumo e digestibilidade da PB para
os tratamentos avaliados. Este resultado pode ser explicado pelo fato de as dietas serem
balanceadas, em média 8,0% de PB, como pode ser observado na composição das mesmas na
Tabela 1.
Tabela 6 - Média, equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e variação (CV)
de consumo e digestibilidade do extrato etéreo (EE) e da proteína bruta (PB) em ovinos Santa Inês
alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de algaroba (FVA).
Tratamentos
2
Ítens
1
0
15 31 47 58
ER R
2
CV(%)
EE
Consumo
(g/dia)
48,7 40,2 32,3 35,5 40,3
Ŷ = 0,0129x
2
– 0,9058x + 49,265*
0,97 7,14
DA, %
74,22 65,44 65,97 69,05 70,28 Ŷ = 63,95 -
1,46
PB
Consumo
(kg/dia)
117,0 112,8 124,1 123,8 124,2
Y = 120,38
0,90 7,70
DA, %
48,00 46,74 53,29 52,95 52,94 Ŷ = 50,78 - 2,01
* Significativo (p<0,05) pelo teste F
1
DA = digestibilidade aparente;
2
Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
Houve diferenças significativas (P<0,05) para o consumo e digestibilidade do EE entre
os diferentes tratamentos. O maior consumo estimado de EE ocorre com a inclusão de 0,65% de
FVA. A resposta à inclusão de FVA é quadrática, sendo o maior consumo de 5g/dia, no
tratamento 1, sem a inclusão de FVA. O menor consumo deste nutriente é observado no
tratamento 3, com 3 g/dia e 31% de inclusão.
Não houve diferenças significativas (P>0,05) no consumo e digestibilidade da PB para
os tratamentos avaliados. Este resultado pode ser explicado pelo fato de as dietas serem
balanceadas, em média 8,0% de PB, como pode ser observado na composição das mesmas na
Tabela 1.
O consumo médio encontrado foi de 120 g/dia, o que sugere que a inclusão de FVA
supra as exigências protéicas e foi efetiva no que se propôs - uma dieta para mantença - já que o
NRC (1985b) recomenda a ingestão de 95 g/dia para animais dessa categoria. Estes resultados
foram superiores àqueles encontrados por Lousada Jr. et al. (2005) em ovinos SRD utilizando
subprodutos da indústria de suco de frutas (abacaxi, acerola, goiaba, maracujá e melão). Porém,
ao trabalhar com ovinos Santa Inês e utilizando palma forrageira em substituição ao milho,
Véras et al. (2005) encontraram valores um pouco superiores, com média de 125 g/dia de CPB.
A DAPB média foi de 50,78% e foi menor que os valores encontrados por Mahgoub et
al. (2005b), de 70%, quando trabalharam com ovelhas e adicionaram 35% de FVA no
concentrado. Em trabalho posterior, Mahgoub et al. (2006) e, com menor inclusão de FVA –
20% - também encontraram valores diversos daqueles aqui apresentados. Porém, faz-se
necessária a observação que a digestibilidade avaliada nesses experimentos é da dieta total,
tendo, portanto, fatores que podem ser definitivos na determinação da DAPB. É extremamente
influente, por exemplo, a presença de lignina associada à PB. Apesar das diferenças encontradas
nos teores de Lignina das dietas experimentais (Tabela 1), não houve influência destes na
DAPB, o que pode indicar que não houve associação entre esta e a lignina.
4.2 – Balanço de Nitrogênio
Os consumos médios diários de nitrogênio (N), N excretado nas fezes e urina e o
balanço de N encontram-se dispostos na Tabela 7.
O consumo de N não foi influenciado pela inclusão de FVA nas dietas (P>0,05),
observando-se um valor médio de 18,15 g/dia. Vale ressaltar que as dietas eram balanceadas e
que a mesma fonte de proteína foi utilizada (farelo de soja).
Os valores aqui encontrados foram inferiores àqueles apresentados por Zeoula et al.
(2003), quando utilizaram farinha de varredura de mandioca em substituição ao milho e àqueles
encontrados por Damasceno et al. (2000) ao trabalharem com palha de arroz amonizada, com
valores médios de 24,4 e 19,11 g/dia, respectivamente.
Tabela 7 – Média e equação de regressão ajustada (ER), coeficiente de determinação (r
2
) e variação (CV)
do consumo de nitrogênio (N), N excretado nas fezes e urina e balanço de nitrogênio em ovinos Santa
Inês alimentados com diferentes níveis de farelo de vagem de algaroba (FVA).
Tratamentos
2
Ítens
1
0
15 31 47 58
ER R
2
CV(%)
N
consumido
(g/dia)
17,58
17,30
18,66
18,60
18,64
Ŷ = 18,15 - 10,01
N urinário
(g/dia)
% NC
7,98
45,39
6,36
36,76
5,48
29,37
5,72
30,75
7,98
42,81
Ŷ = 6,70
Ŷ = 37,02
- 44,99
N fecal
(g/dia)
% NC
9,22
52,45
8,68
50,17
8,82
47,27
8,72
46,88
8,84
47,42
Ŷ = 8,86
Ŷ = 48,84
- 13,60
N Retido
(g/dia)
% NC
0,38
2,16
2,26
13,06
4,36
23,37
4,16
22,37
1,82
9,76
Ŷ = 2,60
Ŷ = 14,14
- 47,13
* Significativo (p<0,05) pelo teste F
1. NC = nitrogênio consumido;
2. Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
Não houve efeito de tratamento (P>0,05) para a quantidade de N excretada nas fezes.
Essa relação está ligada com a quantidade de proteína bruta da dieta. Valadares et al. (1997)
relatam que à medida que a ingestão de N aumenta, ocorre uma diminuição na proporção de
compostos fecais excretados com relação àqueles excretados na urina. Rogério et al. (1992)
ainda salientam que a maior resposta à variação da ingestão de N ocorre nos compostos
excretados na urina. Isso é evidenciado pela relação do N excretado nas fezes com o N
consumido, que, no presente trabalho ultrapassou 40%.
Para a excreção de N na urina também não foram observadas diferenças entre os
tratamentos (P>0,05). Zeoula et al. (2003) e Damasceno et al. (2000) encontraram valores
similares a este estudo no que diz respeito à excreção de N em g/dia. O mesmo não ocorreu com
os valores de excreção de N urinário quando relacionados ao N consumido. A média de
excreção de 36,86% está acima daquelas encontradas nos trabalhos anteriormente citados.
Não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os tratamentos para a retenção de N,
sendo o valor médio de 2,60 g/dia e em relação ao N consumido de 14,14%. Os valores
encontrados são similares àqueles relatados por Febres et al. (1997), que ao trabalharem com
inclusão de 30% de FVA na dieta total, observaram retenção de N de 2,86 g/dia.
4.3 – Valores energéticos das dietas
Na Tabela 8 estão dispostos os valores referentes à avaliação da energia das dietas. O
teor de NDT não foi influenciado (P>0,05) pelo crescente nível de inclusão de FVA das dietas.
O valor médio encontrado foi de 56,60% e está acima daqueles recomendados pelo NRC
(1985b) para essa categoria animal. Verás et al. (2005), ao substituir o milho por níveis
crescentes de palma forrageira observou que a concentração de NDT das dietas diminuiu
linearmente. Os valores encontrados estão abaixo daqueles apresentados por Zeoula et al.
(2003) que avaliaram a inclusão de farinha de varredura de mandioca, alimento rico em amido,
em detrimento ao milho. Henrique et al. (2003) observaram teores de NDT superiores, com
média de 72%, ao trabalharem com altos teores de concentrado e polpa cítrica em dietas para
ovinos em crescimento. Porém, faz-se necessária a observação que esses autores objetivavam
ganho de peso e trabalharam com animais em fase de crescimento, logo, com maiores
exigências energéticas.
São poucos os trabalhos que avaliam a influência da adição de FVA nos valores
energéticos das dietas. Ravikala et al. (1995), ao incluir níveis de 15 e 30% de FVA em dietas
para cordeiros observaram valores inferiores, de 54,94 e 54,52% de NDT, em média. Porém,
também não encontraram diferenças entre estes e o tratamento com 0% de FVA.
Tabela 8 – Valores energéticos das rações experimentais
Tratamentos
2
Ítens
1
0
15 31 47 58
ER
R
2
CV(%)
NDT
(%)
54,45
56,40
58,20
57,97
55,97
Ŷ = 56,60 - 8,22
ED
(Mcal/kg)
2,40 2,49 2,57 2,56 2,47
Ŷ = 2,50
- 8,22
EM
(Mcal/kg)
1,97 2,04 2,10 2,10 2,02
Ŷ = 2,05
- 8,22
Elm
(Mcal/kg)
1,12 1,18 1,25 1,24 1,17
Ŷ = 1,19
- 12,31
Elg
(Mcal/kg)
0,56 0,62 0,68 0,67 0,61
Ŷ = 0,63
- 20,31
* Significativo (p<0,05) pelo teste F
1. NDT = nutrientes digestíveis totais, ED = energia digestível, EM = energia metabolizável, Elm = energia líquida
de mantença, Elg = energia líquida de ganho;
2. Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
Segundo Mertens (1992), em ruminantes, o limite mais baixo de consumo de MS é
definido pela ação da densidade energética mais alta, desde que não prejudique a fermentação
ruminal. Por outro lado, o limite superior de consumo ocorre quando a ração tem densidade
mínima de energia e nutrientes necessários para atender às exigências do animal. Por outro lado,
o limite superior de consumo ocorre quando a ração tem densidade mínima de energia e
nutrientes necessários para atender às exigências do animal. Nessa última opção o fator que
definirá o CMS será o enchimento ruminal. Na Figura 2 temos a relação entre o CMS e a
concentração de NDT. Pode ser observado que, à medida que a concentração de NDT na dieta
aumentou, houve uma resposta positiva do CMS. Porém, quando essa concentração ocorre
acima de 60% (tratamento 4, com 47% de inclusão de FVA) há uma leve redução do CMS. O
ponto máximo de CMS – 1,54 kg/dia – ocorre com a concentração de 55,2% de NDT na matéria
seca. Essa redução no consumo pode indicar uma repressão de caráter quiomiostático e indicar a
concentração ótima de NDT na dieta.
y = 0,0481x
3
- 8,12x
2
+ 456,68x - 8557,2
R
2
= 0,9873
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
54,0 55,0 56,0 57,0 58,0 59,0
(%)NDT
Consumo de MS (kg/dia)
Figura 3 – Consumo de matéria seca em função da concentração de nutrientes digestíveis totais
nas dietas
Os teores de energias metabolizável e digestível não foram afetados pela inclusão de
FVA nas dietas. Os valores médios de ED e EM, 2,50 e 2,05 Mcal/kg, estão acima daqueles
relatados por Ravikala et al. (1995) para inclusão de FVA nos níveis de 15 e 30% na dieta total
que, em média, foram de 1,59 e 1,30 Mcal/kg, respectivamente.
4.4 – Análise Econômica
As Tabelas 9 e 10 trazem os dados referentes aos custos dos ingredientes e das dietas
experimentais.
Tabela 9 – Custo dos ingredientes das dietas experimentais
Ingredientes
R$/Ton MS
Feno de Tifton
545,00
Farelo de Milho
473,88
Farelo de Vagem de Algaroba
433,79
Farelo de Soja
635,45
Fosfato Bicálcico
1020,00
Calcário Calcítico
100,00
Sal Comum
180,00
Fonte: Empresa Riocon - Fazendas Reunidas Rio de Contas LTDA (2006)
A diferença encontrada entre os preços do farelo de milho e do farelo de vagem de
algaroba, da ordem de 9,5%, não se reflete no custo total das dietas, já que estas são balanceadas
e visam fornecer o mesmo aporte nutricional. Como pode ser observado, as diferenças entre os
preços das dietas atingem 1,2%, referente ao valor máximo (inclusão de 0% de FVA) e mínimo
(58% de FVA).
Tabela 10 – Custo das dietas experimentais
Tratamentos
1
0 15 31 47 58
Ingredientes
Qtd
(%)
R$/100kg
(MS)
Qtd
(%)
R$/100 kg
(MS)
Qtd
(%)
R$/100 kg
(MS)
Qtd
(%)
R$/100 kg
(MS)
Qtd
(%)
R$/100kg
(MS)
Feno de Tifton
60 32,72 60 32,72 60 32,72 60 32,72 60 32,72
Farelo de Milho
37,13 17,60 30,73 14,56 24,32 11,52 17,98 8,52 13,38 6,34
Farelo de Vagem de
Algaroba
-- -- 6,29 2,73 12,58 5,46 18,88 8,19 23,52 10,20
Farelo de Soja
1,18 0,75 1,29 0,82 1,40 0,89 1,46 0,93 1,52 0,97
Fosfato Bicálcico
0,29 0,30 0,29 0,30 0,29 0,30 0,29 0,30 0,27 0,28
Calcário Calcítico
0,39 0,04 0,39 0,04 0,39 0,04 0,39 0,04 0,36 0,04
Sal Comum
1,01 0,18 1,01 0,18 1,01 0,18 1,01 0,18 0,94 0,17
Total
100 51,29 100 51,35 100 51,11 100 50,88 100 50,72
1
Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
São poucos os trabalhos que tratam da viabilidade econômica na utilização do FVA em
dietas para ovinos. Aqueles que são apresentados na literatura, em sua maioria, não refletem a
situação econômica atual, trazendo índices produtivos abaixo daqueles alcançados hoje e,
tampouco, consideram os custos, principalmente em relação ao FVA, produto que outrora não
era produzido em parâmetros industriais.
A relação entre os preços da vagem de algaroba e do milho grão apresentada na
literatura é da ordem de 0,70 (NOBRE, 1982). No presente estudo é de 0,90. Porém, há de se
considerar que essa relação é variável conforme a época do ano, principalmente por conta do
preço do milho. Stein et al. (2005) encontraram, para esses mesmo alimentos, relação de 0,55. A
Figura 3 traz as cotações para o preço do milho grão para o período de janeiro de 2002 a janeiro
de 2007 para a cidade de Irecê, na Bahia.
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
1/
1/
02
1
/
4/
0
2
1/7/02
1
/
10/0
2
1/
1/
03
1
/
4/
0
3
1/7/03
1/10/03
1/1/04
1/4/04
1/7/04
1/
1
0/04
1/1/05
1/4/05
1/
7/
05
1/
1
0/05
1/
1/
06
1
/
4/
0
6
1/
7/
06
1/10/06
1/
1/
07
Período
R$/Saca 60kg
Fonte: Seagri (2007)
Figura 4– Cotação do milho (grão) ao longo dos últimos anos no estado da Bahia
Observa-se a variação de preços durante todo o ano, com picos característicos nos
períodos de seca. A sazonalidade não é o único fator que pode influenciar a variação desses
preços, porém, no Nordeste brasileiro, pode ser o principal.
A Tabela 11 apresenta, de acordo com a composição da dieta e os resultados
anteriormente apresentados, os custos da MS, NDT e N retido, reafirmando a diferença para os
custos entre as dietas, agora evidenciado pelo aporte nutricional que proporcionam. As dietas
com 31e 47% de inclusão de FVA apresentaram os melhores resultados na relação aporte
nutricional/custo da ração. A dieta com 58% de FVA, apesar de apresentar os menores custos,
tanto para o custo da dieta quanto para o custo de N retido, não apresentou bons resultados
quando este se relaciona ao NDT, o que pode comprometer sua utilização pelo produtor. Porém,
foi a dieta sem adição de FVA que a relação aporte nutricional/custo da ração foi pior, tanto
para NDT quanto para N retido.
Tabela 11 – Custo dos nutrientes das dietas experimentais
Tratamentos
2
Nutrientes
1
0 15 31 47 58
Matéria Seca
(R$/kg)
0,51 0,51 0,51 0,50 0,50
Matéria Seca
(R$/t)
512,90 513,50 511,10 508,80 507,20
NDT
(R$/kg)
0,94 0,91 0,88 0,88 0,91
NDT
(R$/t)
941,97 910,46 878,18 877,70 906,20
N retido
(RS/g)
2,64 0,36 0,18 0,16 0,33
N retido
(RS/kg)
263,99 36,49 18,14 16,42 32,97
1
NDT = nutrientes digestíveis totais; N retido = nitrogênio retido.
2
Níveis de inclusão de FVA no concentrado (%).
É necessário dizer que, quando se trata de alimento alternativo e custo da dieta, algumas
observações devem ser feitas. A utilização de alimentos alternativos muitas vezes é limitada
devido à problemática de custo e produção desses alimentos. Stein et al. (2005) afirma que, na
maioria das vezes não são encontrados em quantidades disponíveis no mercado a ponto de
suprir uma possível demanda para incorporá-los as rações experimentais. O FVA utilizado neste
experimento, assim como os valores de custo apresentados, foi fornecido pela única empresa
existente na Bahia que investe na produção e processamento de vagens de algaroba.
Considerando que não existe efetiva distribuição no estado, as possibilidades de queda de preço
desse produto são maiores, posto que, com a introdução de novas indústrias e pólos produtores
haverá uma possível tendência de redução de preço do FVA.
5 CONCLUSÕES
A inclusão de farelo de vagem de algaroba em substituição ao farelo de milho em dietas
pra ovinos Santa Inês não influenciou a digestibilidade e o consumo dos nutrientes, com
exceção do consumo da fibra em detergente ácido, carboidratos não fibrosos e extrato etéreo.
Os preços das dietas decresceram linearmente com a inclusão de FVA. É interessante a
utilização de FVA na alimentação de ovinos, principalmente no período de entressafra do milho,
quando o custo desses ingredientes sofre alteração.
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