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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS
PROGRAMA DE PÓS
-
-
GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS
GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS
E MATEMÁTICA
E MATEMÁTICA
João Ricardo Freire de Melo
A formação inicial do professor de química e o uso das novas
tecnologias para o ensino: um olhar através de suas necessidades
formativas
Natal
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE
CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA
JOÃO RICARDO FREIRE DE MELO
A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE QUÍMICA E O USO DAS
NOVAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO: UM OLHAR ATRAVÉS DE SUAS
NECESSIDADES FORMATIVAS
Natal-RN
abril de 2007
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JOÃO RICARDO FREIRE DE MELO
A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE QUÍMICA E O USO DAS
NOVAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO: UM OLHAR ATRAVÉS DE SUAS
NECESSIDADES FORMATIVAS
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-graduação em Ensino de Ciências
Naturais e Matemática PPGECNM, da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Ensino
de Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Isauro Beltrán Nuñez
Natal-RN
abril de 2007
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial
Mestrado do Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.
Melo, João Ricardo Freire de.
A formação inicial do professor de química e o uso das novas tecnologias para o
ensino: um olhar através de su
as necessidades formativas / João Ricardo Freire de
Melo. – Natal, 2006.
168 f. : il.
Orientador: Isauro Beltrán Nuñez.
Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências
Naturais e Matemática.
1. Química – Ensino – Dissertação. 2. Educação – Novas tecnologias –
Dissertação. 3.
educativo
Dissertação. 4. Química computacional
JOÃO RICARDO FREIRE DE MELO
A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE QUÍMICA E O USO DAS
NOVAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO: UM OLHAR ATRAVÉS DE SUAS
NECESSIDADES FORMATIVAS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Ensino de Ciências
Naturais e Matemática PPGECNM, da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Ensino
de Ciências.
APROVADA EM 30/04/2007
AGRADECIMENTOS
A Deus seja dada toda honra, glória e louvor.
À minha esposa, Elda Melo, a quem estou preso por vontade própria, meu
amor.
Ao meu filho Petrus César, cujo sorriso alegra meu viver, meu carinho.
Á minha família, D. Maria, Seu César, Emmanuela e Maria Cecília, minha
constante dedicação.
Ao professor e meu orientador Isauro Beltrán Nuñez pela paciência,
singularidade e excelência demonstradas no percurso acadêmico.
As professoras Anádja Marilda Gomes Braz e Marcia Adelino da Silva Dias por
suas enormes contribuições ao meu trabalho.
Ao professor Guido Lemos de Souza Filho por possibilitar o meu primeiro
contato com a informática voltada ao ensino.
Aos professores da Gerência de Informática do CEFET-RN pela minha
formação inicial.
Aos professores Franklin Nelson da Cruz e a Francisco Gurgel de Azevedo in
memoriam por acreditarem que um aluno formado em computação traria
alguma contribuição a um Programa de Pós Graduação em Ensino.
Aos amigos do PPGECNM, Jailson da Costa Pontes, Odenise Maria Bezerra,
Candice Alves de Souza Cavalcante, Adriana Cassia Freitas de Moises e Tacio
Vitalino da Silva, pelos momentos de estudo e de descontração.
Aos amigos do PPGEd, José Paulino Filho, Antônia Francimar da Silva, Tereza
Cristina Leandro de Faria, Sairo Rogério da Rocha Silva, Raimunda Porfírio
Ribeiro, Gelza Lúcia de Brito Souza, Josenilton Nunes Vieira e Analice de
Almeida Lima, pelos diversos encontros acadêmicos e embates teóricos tão
indispensáveis à formação de um pesquisador.
As funcionárias do PPGECNM, Nízia Maria de Lima e Iguaracy Medeiros, pelo
pronto atendimento e pela cordialidade demonstrados em todo o tempo.
Aos colegas Peritos Criminais e auxiliares do Instituto Técnico-científico de
Polícia do Rio Grande do Norte, pelo apoio.
Aos meus nobres amigos de convívio extra acadêmico, Marconi Medeiros,
Márcio Costa, Márcio Barros e Nelson Hotta, pela compreensão e carinho
demonstrados na vida secular.
Feliz o homem que acha sabedoria, e o
homem que adquire conhecimento; porque
melhor é o lucro que ela dá do que o da prata, e
melhor a sua renda do que o ouro mais fino.
(BÍBLIA SAGRADA, Pr. 3: 13 e 14)
RESUMO
A dissertação (desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Ensino de
Ciências Naturais e Matemática da UFRN) traz à tona a dimensão das
necessidades formativas dos licenciandos em Química em relação ao uso das
Novas Tecnologias de Informação e Comunicação - NTIC, em especial, à
utilização de programas computacionais voltados ao ensino da química. Na
atual sociedade do conhecimento, torna-se imperativo a eclosão de novas
formas de aprender e ensinar, que requerem, por sua vez, de novas
concepções do fazer pedagógico. Nesse sentido, exige-se do professor o
desenvolvimento de novas habilidades e competências. O presente trabalho
está implicado com a possibilidade de orientar os processos formativos do
professor de química no sentido de contribuir para uma melhor preparação dos
professores durante a formação inicial, a partir do conhecimento de suas
necessidades de formação. Foi utilizado um questionário como instrumento
para diagnosticar e apreender as necessidades formativas dos licenciandos,
averiguando-as e correlacionando-as a fim de traçar semelhanças ou
discrepâncias das habilidades inerentes às competências desejadas.
Realizamos análises dos dados obtidos a partir desse instrumento, através da
estatística descritiva univariada e multivariada, com intuito de identificar as
necessidades formativas dos sujeitos da pesquisa. Determinamos assim, por
meio de uma auto-avaliação dos sujeitos, que além de apresentarem um baixo
grau de desenvolvimento das habilidades para ensinar usando as NTIC, eles
(aproximadamente 90%) acreditam que existem necessidades formativas a
serem supridas, no decorrer da formação inicial, por meio da aquisição de
diversas habilidades exigidas para a utilização de recursos informáticos no
ensino.
Palavras-chave: Necessidades Formativas; Licenciatura em Química; Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação; Software Educativo; Química
Computacional.
RESUMEN
La disertación, desarrollada en el Programa de PostGraduación en Enseñanza
de las Ciencias Naturales y de la Matemática de la UFRN, estudia las
necesidades formativas de licenciandos en Química sobre el uso de las nuevas
tecnologías de la información y de las comunicaciones (NTIC), en especial, las
relacionadas con la utilización de programas computacionales para la
enseñanza de la química. En la actual sociedad del conocimiento, se torna
imperativo la eclosión de nuevas formas de aprender y de enseñar, que
requieren de nuevas concepciones del trabajo pedagógico. En ese sentido, se
exige de los profesores el desarrollo de nuevas habilidades y competencias. El
presente trabajo está comprometido con la búsqueda de elementos que
puedan nortear los procesos formativos de profesores de química con el
objetivo de contribuir con una mejor preparación de la formación inicial,
tomando en cuenta sus necesidades de formación. Fue utilizado el cuestionario
como instrumento de investigación para diagnosticar y caracterizar las
necesidades fomativas, buscando establecer correlaciones entre diferentes
variables que cacarterizan el estudio, con el fin de establecer semenazas y
discrepancias entre las habilidades docentes en estudio y las necesidades
formativas. Los analises de los datos tomo elementos de la estadistica
descriptivo e inferencial, con analises multivariados, lo que posibilitó identificar
las necesidades formativas. Los resultados muestran ue de forma general los
licenciandos evaluan como de bajo, el grado de desarrollo de las habilidades
para enseñar usando las NTIC, así como manifiestan sentir necesidades
formativas en todas las habilidades referentes a esa esfera del trabajo docente.
Palabras claves: Necesidades formativas, Licenciatura en Química, Formación
Inicial, NTIC, Software Educativo, Química Computacional.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 –
Necessidades formativas individuais ......................................
90
Figura 02 –
Escala de variação do índice de correlação de pearson ........ 104
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Relação entre os paradigmas educativos, suas
características e algumas modalidades de software
educativo ..........................................................................
52
Quadro 02 –
Plano do questionário para o perfil dos licenciandos,
atividades de ensino e utilização de recursos informáticos no
ensino
................................................................................
96
Quadro 03 – Argumentações para a não utilização de softwares
educativos no ensino de química .....................................
96
Quadro 04 – Habilidades estabelecidas para se trabalhar com
softwares educativos no ensino de química .....................
97
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 –
Distribuição dos licenciandos por instituição da formação
inicial .......................................................................................
98
Tabela 02 –
Distribuição dos licenciandos por sexo ...................................
99
Tabela 03 –
Resumo estatístico referente a idade dos licenciandos ..........
99
Tabela 04 –
Distribuição dos licenciandos por idade ..................................
99
Tabela 05 –
Distribuição dos licenciandos por estado civil .........................
100
Tabela 06 –
Distribuição dos licenciandos pela experiência como docente
100
Tabela 07 –
Distribuição dos licenciandos por anos de experiência como
docente ................................................................................... 100
Tabela 08 –
Distribuição da carga horária semanal dos licenciandos
organizada por instituição de origem ......................................
101
Tabela 09 –
Distribuição dos licenciandos pela carga horária semanal .....
101
Tabela 10 –
Distribuição dos licenciandos em relação à posse de
computador .............................................................................
106
Tabela 11 –
Distribuição dos licenciandos em relação ao uso do
computador .............................................................................
106
Tabela 12 –
Distribuição dos licenciandos em relação ao uso de recursos
áudio visuais para o ensino .....................................................
107
Tabela 13 –
Distribuição dos licenciandos em relação ao uso de
softwares no ensino ................................................................
107
Tabela 14 –
Freqüências, por grau de concordância dos licenciandos,
organizadas pela ordem da questão e divididas por sexo ......
117
Tabela 15 –
Argumento de concordância dos licenciandos organizadas
pela ordem da questão e divididas por
sexo..........................................................................................
118
Tabela 16 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de pesquisar softwares educativos na internet
ou em outras bases de informação .........................................
120
Tabela 17 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de identificar as funcionalidades dos softwares
pesquisados para o ensino .....................................................
121
Tabela 18 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de manusear o programa computacional para
ensinar .................................................................................... 122
Tabela 19 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de usar alguma linguagem de programação
para construir/alterar softwares educativos ............................ 124
Tabela 20 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de selecionar os conteúdos de química para
serem utilizados nos softwares educativos .............................
124
Tabela 21 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de determinar a adequação do software ao
nível e perfil da turma ..............................................................
125
Tabela 22 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de definir os objetivos da aprendizagem com o
uso dos softwares educativos .................................................
126
Tabela 23 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de organizar atividades de ensino usando os
programas computacionais .....................................................
127
Tabela 24 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de elaborar situações problemas que
conduzam os alunos a suas soluções utilizando softwares ....
128
Tabela 25 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de avaliar os resultados alcançados pelos
alunos mediante a utilização dos softwares educativos .........
129
Tabela 26 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de avaliar os resultados alcançados pelos
alunos mediante a utilização dos softwares educativos .........
130
Tabela 27 –
Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento
da habilidade de domínio de língua estrangeira para o uso
de softwares escritos em outros idiomas ................................
131
Tabela 28 –
Coeficientes de correlação entre as variáveis
correspondentes as habilidades computacionais ................... 133
Tabela 29 –
Coeficientes de correlação entre as variáveis
correspondentes as habilidades pedagógicas ........................
135
Tabela 30 –
Percentual médio de estudantes com acesso a recursos em
casa ordenados por software educativo ................................. 165
Tabela 31 –
Percentual de computadores nas escolas por alunos ............
166
Tabela 32 –
Escore médio na escala de ciências, por gênero e
ordenados pelo escore da média ............................................
167
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da dificuldade de acesso ao computador
(hardware) ............................................................................
107
Gráfico 02 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da dificuldade de acesso ao programa de
computador (software) ..........................................................
108
Gráfico 03 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do descrédito por parte da equipe pedagógica
da escola ..............................................................................
108
Gráfico 04 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do software escritos em outros idiomas .............
109
Gráfico 05 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da não adequação pedagógica dos softwares
para o ensino de química .....................................................
110
Gráfico 06 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do recurso inapropriado para alunos do ensino
médio ....................................................................................
110
Gráfico 07 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da forma de ensino não consegue motivar o
aluno .....................................................................................
111
Gráfico 08 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento de que oferece ao aluno um controle excessivo
sobre o que se deseja fazer .................................................
111
Gráfico 09 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do desconhecimento a respeito desses
softwares por parte dos docentes ........................................
112
Gráfico 10 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da falta de curso de capacitação dos docentes
para usar esse recurso .........................................................
113
Gráfico 11 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do pouco tempo para preparar aulas dessa
forma ....................................................................................
113
Gráfico 12 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da resistência a novidades por parte dos
professores ...........................................................................
114
Gráfico 13 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da resistência a novidades por parte dos alunos
115
Gráfico 14 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do descrédito dos softwares educativos por
parte dos professores ...........................................................
115
Gráfico 15 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento do descrédito dos softwares educativos por
parte dos alunos ...................................................................
116
Gráfico 16 –
Grau de concordância, por número de licenciandos, com o
argumento da organização da estrutura curricular não
propiciar a utilização dessa ferramenta ................................
116
Gráfico 17 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de pesquisar softwares
educativos na internet ou em outras bases de informação
(N1) .......................................................................................
121
Gráfico 18 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de identificar as
funcionalidades dos softwares pesquisados para o ensino
(N2) .......................................................................................
122
Gráfico 19 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de manusear o programa
computacional para ensinar (N3) .........................................
123
Gráfico 20 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de usar alguma linguagem
de programação para construir/alterar softwares educativos
(N4) .......................................................................................
124
Gráfico 21 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de selecionar os conteúdos
de química para serem utilizados nos softwares educativos
(N5) .......................................................................................
125
Gráfico 22 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de determinar a adequação
do software ao nível e perfil da turma (N6) ..........................
126
Gráfico 23 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de definir os objetivos da
aprendizagem com o uso dos softwares educativos (N7) ....
127
Gráfico 24 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de organizar atividades de
ensino usando os programas computacionais (N8) .............
128
Gráfico 25 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de elaborar situações
problemas que conduzam os alunos a suas soluções
utilizando softwares (N9) ......................................................
129
Gráfico 26 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de avaliar os resultados
alcançados pelos alunos mediante a utilização dos
softwares educativos (N10) ..................................................
130
Gráfico 27 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de auto-avaliação da
pertinência do uso dos softwares para a aprendizagem dos
alunos (N11) .........................................................................
131
Gráfico 28 –
Percentual válido da necessidade formativa para o
desenvolvimento da habilidade de domínio de língua
estrangeira para o uso de softwares escritos em outros
idiomas (N12) .......................................................................
132
Gráfico 29 –
Coeficientes de correlações entre as habilidades
computacionais organizadas por ordem decrescente de
coeficiente de correlação ......................................................
134
Gráfico 30 –
Coeficientes de correlações entre as habilidades
pedagógicas organizadas por ordem decrescente de
coeficiente de correlação (1ª parte) ......................................
135
Gráfico 31 –
Coeficientes de correlações entre as habilidades
pedagógicas organizadas por ordem decrescente de
coeficiente de correlação (2ª parte) ......................................
136
Gráfico 32 –
Coeficientes de correlações entre as habilidades
pedagógicas organizadas por ordem decrescente de
coeficiente de correlação (3ª parte) ......................................
136
Gráfico 33 –
Nível de deficiência no que se refere às habilidades,
organizadas por número de licenciandos .............................
137
Gráfico 34 –
Necessidades Formativas apresentadas pelos licenciandos
organizadas por percentual ..................................................
138
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AC
Argumento de Concordância
BD
Banco de Dados
BIOS
Basic Input/Output System
CBT
Computer Based Training
CD
Compact Disc
CEE
Comunidade Econômica Européia
CSCW
Computer Supported Cooperative Work
CNE
Conselho Nacional de Educação
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DCN
Diretrizes Curriculares Nacionais
DFT
Discrete Fourier Transform
DNA
Ácido Desoxirribonucléico
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FUNDESCOLA
Fundo de Fortalecimento da Escola
FUNDEF
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental
e Valorização do Magistério
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
INEP
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educativos Anísio
Teixeira
IES
Instituição de Ensino Superior
LDB
Lei de Diretrizes e Bases
MEC
Ministério da Educação
MPn
Moller-Plesset Pertubation Theory de ordem n
NTIC
Novas Tecnologias da Informação e Comunicação
OECD
Organisation for Economic Co-operation and Development
PAPED
Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância
PC
Personal Computer
PCN
Parâmetros Curriculares Nacionais
pH
Potencial Hidrogeniônico
PISA
Programme for International Student Assessment
PNE
Plano Nacional para a Educação
PROINFO
Programa Nacional de Informática na Educação
SAEB
Sistema de Avaliação da Educação Básica
SEED
Secretaria de Educação a Distância
SEI
Secretaria Especial de Informática
TIC
Tecnologia da Informação e Comunicação
UERN
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte
UFRN
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UNIREDE
Universidade Virtual Pública do Brasil
ZDP
Zona de Desenvolvimento Proximal
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................
21
CAPÍTULO 1 NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA ....................................................
25
1.1 A sociedade do conhecimento e suas repercussões para a educação
............................................................................................................................
33
1.2 Programas do governo brasileiro para a formação em NTIC ................
35
1.3 Referenciais teóricos sobre as concepções de ensino-aprendizagem
37
1.3.1 Concepções de ensino-aprendizagem no ensino da química ..................
37
1.3.2 Concepções de ensino-aprendizagem e o uso dos recursos
tecnológicos .......................................................................................................
41
1.4 Natureza e classificação de softwares educativos .................................
50
1.5 Evolução da computação e da química computacional .........................
57
CAPÍTULO 2 A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE QUÍMICA E
SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS ...........................................................
62
2.1 A química e o ensino de química ..............................................................
63
2.1.1 Fundamentos históricos da química ........................................................
63
2.2 Bases legais: Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de
graduação em licenciatura em química .........................................................
67
2.3 O estudo das necessidades formativas ...................................................
85
2.3.1 A importância das necessidades formativas .............................................
90
2.3.2 A análise das necessidades formativas ....................................................
91
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O CONTEXTO DA
PESQUISA .........................................................................................................
93
3.1 Caracterizando o contexto da pesquisa ..................................................
94
3.2 Caracterizando o instrumento de pesquisa ............................................
94
3.2.1 Estrutura do questionário ..........................................................................
95
3.2.2 Escala Likert ..............................................................................................
97
3.3 Caracterização dos sujeitos ......................................................................
98
3.4 Estratégias de processamento de dados ................................................
102
3.4.1 Argumento de concordância para a Técnica de Likert ..............................
102
3.4.2 Análise estatística multivariada – o coeficiente de correlação de
Pearson ..............................................................................................................
102
CAPÍTULO 4 ANÁLISANDO OS RESULTADOS ............................................
105
4.1 A utilização de recursos informáticos pelos licenciandos ....................
106
4.2 Opiniões sobre o uso de softwares no ensino de química ....................
107
4.3 Grau de desenvolvimento das habilidades .............................................
120
4.4 As necessidades formativas .....................................................................
137
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................,,,,,,.....................................
139
REFERÊNCIAS ..................................................................................................
145
APENDICES ......................................................................................................
157
APENDICE A: O QUESTIONÁRIO ...................................................................
158
ANEXOS ............................................................................................................
164
ANEXO A: TABELA SOBRE RECURSOS TECNOLÓGICOS .........................
165
ANEXO B: TABELA SOBRE COMPUTADORES NA ESCOLA ......................
166
ANEXO C: TABELA DO RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA ÁREA DE
CIÊNCIAS ..........................................................................................................
167
ANEXO D: ESTRUTURA CURRRICULAR DE QUÍMICA ................................
168
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
22
A sociedade atual passa por mudanças caracterizadas por uma
profunda valorização da informação. Nessa chamada Sociedade da
Informação, os processos de aquisição do conhecimento assumem um papel
de destaque e passam a exigir um cidadão crítico, criativo, com capacidade de
pensar sobre sua prática, de trabalhar em grupo e de se conhecer como
indivíduo. A educação não deve se sustentar apenas na instrução repassada
pelo professor, mas na construção do conhecimento na dialética
aluno/professore e no desenvolvimento de novas competências como: criação
do novo a partir do conhecido, criatividade, autonomia e comunicação.
Com as novas tecnologias, além das novas formas de aprender, novas
competências são exigidas, novas formas de realizar o trabalho pedagógico
são necessárias e, torna-se fundamental formar continuamente o novo
professor para atuar nesse ambiente em que a tecnologia serve como um
recurso didático no processo de ensino-aprendizagem.
No contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma
abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado.
O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica requer a
conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as
habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias.
A questão da formação de professores para o uso da informática como
meio de ensino é relativamente recente, além disso, apresenta certo grau de
complexidade uma vez que não existe um modelo único a ser seguido. Assim,
põe em pauta desafios ainda maiores a serem superados pelos cursos de
formação.
Diante dessa problemática, tornou-se nosso interesse investigar as
necessidades formativas apresentadas pelos futuros licenciados para se
trabalhar com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) e
em particular com os Softwares Educativos. Interesse esse ratificado em razão
do atual contexto internacional em que se insere o Brasil, o qual, dentre
diversos países, apresentou um dos mais baixos índices no que tange a
utilização de recursos tecnológicos na educação. Tal assertiva é discutida por
publicação da OECD (Organisation for Economic Co-operation and
INTRODUÇÃO
23
Development) denominada Are students ready for a technology-rich world?
What pisa studies tell us 2005. Nela, o Brasil, num total de 41 países
participantes, aparece como último colocado, pois apenas 9% de estudantes
têm acesso a softwares educativos em casa. No que se refere ao acesso aos
computadores, ocupa a 37ª posição (ANEXO A). Aparece como penúltimo, com
apenas 0,02%, quanto ao número de computadores nas escolas por alunos
(ANEXO B). E no tocante aos resultados da competência em Ciências, o PISA
(Programme for International Student Assessment)
1
, avaliação também da
OECD, o país aparece como penúltimo colocado (ANEXO C).
Face ao quadro acima delineado, desenvolvemos o presente estudo
através do qual buscamos analisar nosso objeto de estudo, qual seja, as
necessidades formativas dos licenciandos que estão nos últimos anos em
química frente às NTIC especialmente na utilização de softwares educativos. A
fim de identificar em que medida o curso de formação inicial contribui com
essas competências.
Este trabalho centra-se, principalmente, nas perspectivas teóricas sobre
necessidades formativas de Nuñez (2002), Rodrigues e Esteves (1993),
Zabalza (1998) e Pennington (1985); no referencial para formação e
profissionalização docente de Ramalho, Nuñez, Gauthier (2003), Brzezinski
(2001); além de alguns outros teóricos que tratam especificamente, da questão
da formação docente na perspectiva das NTIC, Valente (2003) e Mercado
(2002).
Para uma maior compreensão do percurso realizado, serão explicitadas,
a seguir, as partes que se constituem este trabalho. A dissertação foi
organizada em três partes, as quais proporcionam uma maior visibilidade
acerca dos aspectos estudados, bem como dos passos percorridos.
1
O Pisa, programa internacional de avaliação de alunos, é coordenado em território brasileiro
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educativos Anísio Teixeira (Inep), do Ministério
da Educação. As avaliações do programa incluem cadernos de prova e questionários, com
ênfases distintas em três áreas: leitura, matemática e ciências. Também são aplicados
questionários sobre o perfil dos alunos e da escola.
INTRODUÇÃO
24
No primeiro capítulo, apresentamos o referencial teórico sobre as NTIC,
a Sociedade do Conhecimento, os Softwares Educativos, além de uma
discussão sobre as concepções do ensino aprendizagem nas NTIC.
O referencial sobre a Formação Inicial e as Necessidades Formativas é
discutido no capítulo dois dessa dissertação. Abordamos aqui a Química e o
Ensino de Química, as bases legais dos cursos de formação inicial em
Química, e a importância da análise das necessidades formativas.
No terceiro capítulo apresentamos o percurso metodológico que
permeou a investigação e no quarto capítulo analisamos os resultados
empíricos obtidos. Concluímos tecendo algumas considerações acerca das
necessidades apreendidas no estudo e seus reflexos para a formação inicial.
É evidente que o estudo em tela não encerra a temática, nem tem a
pretensão para tal. No entanto, cremos nas suas contribuições para se
(re)pensar a formação inicial de professores de química faces às novas
demandas tecnológicas postas pela sociedade atual.
Capítulo
1
N
NN
NOVAS
OVAS OVAS
OVAS TECNOLOGIA
TECNOLOGIATECNOLOGIA
TECNOLOGIAS
SS
S
DE
DE DE
DE
IN
ININ
INFORMAÇÃO E
FORMAÇÃO E FORMAÇÃO E
FORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO
COMUNICAÇÃO NO ENSINO
NO ENSINO NO ENSINO
NO ENSINO
DE QUÍMICA
DE QUÍMICADE QUÍMICA
DE QUÍMICA
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
26
É indubitável o processo de transição que vem ocorrendo no âmbito
educacional vigente. Isso ocorre em face do grande desenvolvimento
tecnológico, que tem acarretado inúmeras transformações também nos âmbitos
político, econômico, social, cultural e científico.
Afirma Gadotti, em relação a essa nova cultura instaurada,
As conseqüências da evolução das novas tecnologias,
centradas na comunicação de massa, na difusão do
conhecimento, ainda não se fizeram sentir plenamente no
ensino como previra McLuhan em 1969 –, pelo menos na
maioria das nações, mas a aprendizagem a distância,
sobretudo a baseada na Internet, parece ser a grande
novidade educacional neste início de novo milênio. A
educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura
atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a
da televisão e a da informática, particularmente a linguagem
da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior
obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da
educação a distância com base na Internet. Por isso, os jovens
que ainda não internalizaram inteiramente essa cultura
adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do
computador. Eles estão nascendo com essa nova cultura, a
cultura digital. (GADOTTI, 2000, p.2)
Chamam-se de NTICs as tecnologias e métodos para comunicar
surgidos no contexto da Revolução Informacional, Revolução Telemática ou
Terceira Revolução Industrial, desenvolvidos a partir da segunda metade da
década de 1970 e, principalmente, nos anos 1990. A maioria delas se
caracteriza por agilizar e tornar menos palpável (fisicamente manipulável) o
conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em
redes (mediada ou não por computadores) para a captação, transmissão e
distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som).
Segundo Levy (1999), a imagem e o áudio têm ocupado cada vez mais
espaço na constituição e expressão do conhecimento humano, seja no âmbito
da informação, do entretenimento e, mais atualmente, da educação. O
surgimento e disponibilidade do computador certamente podem contribuir para
impulsionar o letramento científico no que se refere ao caráter prevalente da
visualização para a tessitura do conhecimento. Atualmente, é possível dispor
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
27
da linguagem audiovisual integrada a outras linguagens, ou a formas de
expressão, nas situações de aprendizagem em sala de aula, em razão de uma
característica determinante das tecnologias da informação e comunicação, que
é o fenômeno da convergência das mídias.
A aprendizagem por meio eletrônico consiste na utilização de
informações eletrônicas e da tecnologia das comunicações para oferecer
produtos de aprendizagem voltados para a expansão dos conhecimentos e
melhoria do desempenho.
A primeira tecnologia moderna de aprendizagem surgiu durante a
Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos usaram filmes para
treinar seus soldados no mundo todo. Esses filmes de treinamento militar
abordavam tópicos como higiene pessoal e manutenção de armas.
Na década de 60, foram desenvolvidos os primeiros tipos de máquinas
de ensinar, ao mesmo tempo que os filmes instrucionais tornavam-se mais
difundidos e ampliavam seu público para crianças em ambiente escolar. Algum
tempo depois, por volta dos anos 80, a televisão passou a ser usada como
um novo método de treinamento, mas, como os custos eram excessivamente
altos e o formato adotado para a transmissão de informações muito árido,
poucas tentativas foram bem-sucedidas. Esse esforço resultou na produção de
fitas de vídeo que passaram a serem usadas em ambientes organizacionais e
em escolas.
A necessidade de interatividade entre os alunos levou os profissionais
de aprendizagem a usar o Treinamento Baseado no Computador (CBT). A
maior utilização de computadores em casa e nas organizações revelou um
mundo totalmente novo, aberto a novas possibilidades de aprendizagem. Esse
mundo trouxe consigo um conjunto específico de aspectos tecnológicos com os
quais os alunos agora tinham que lidar, como as incompatibilidades entre
hardware e software, o desempenho lento dos sistemas ou a falta de espaço
de memória. Isso impôs uma curva de aprendizagem tecnológica tanto à
indústria do conhecimento que fabricava esses produtos, como aos alunos que
os utilizavam. Muitos desses problemas foram resolvidos pela rápida evolução
dos sistemas e das redes e pela incorporação de recursos de ajuda on-line.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
28
Hoje, as tecnologias da internet representam uma parte integrante de
nossas vidas. Os projetistas instrucionais têm a sua disposição tecnologias
novas e mais flexíveis e os alunos podem optar entre uma infinidade de
alternativas. A internet abriu caminho para a oferta on-line de cursos,
seminários, fóruns de debates e outros métodos de aprendizagem que adotam
soluções inovadoras para promover a interação do aluno com os tutores e com
outros alunos.
A aprendizagem por meio eletrônico permite uma mudança no foco da
aquisição de conhecimentos, ultrapassando a mera memorização cumulativa.
Ela dirige os alunos no sentido de melhorar seu desempenho e inovar,
fornecendo-lhes métodos variados para seu aprendizado, uma vez que
possibilita (re)construir novos conhecimentos, (re)descobrir novas formas de
atribuir significado a algo, baseado em experiências e situações simuladas por
computador ou outro meio eletrônico. Daí surge um estímulo para uma nova
forma de pensar em que o aluno, ao invés de assimilar o conteúdo
passivamente, reconstrói o conhecimento existente, dando um novo significado
(o que implica em novo conhecimento).
Essa tecnologia é vista como um catalisador e uma ferramenta que
reativa a empolgação de professores e alunos pelo aprender, tornando a
aprendizagem mais relevante no século atual. Porém, a tecnologia não é uma
solução mágica ela é somente um ingrediente necessário aos esforços da
reforma. Esse aparato é usado de forma mais poderosa como uma nova
ferramenta para apoiar a indagação, composição, colaboração e comunicação
dos alunos na aprendizagem.
Ao invés de ser ensinada separadamente, a tecnologia deveria ser
integrada na estrutura instrucional e curricular mais geral. Uma das principais
repercussões das novas tecnologias no trabalho docente verificadas
atualmente é, justamente, a separação existente entre o conteúdo ministrado
pelos docentes e as ferramentas computacionais desenvolvidas e
implementadas por um setor ou grupo preocupado especificamente com a
informática. Traçando um paralelo entre a empresa e a escola, é interessante
notar o que Lüdke e Boing (2004) descrevem entre o setor empresarial e o
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
29
setor educacional no que se refere às novas tecnologias e aos postos de
trabalho por elas disponibilizados.
No setor empresarial o incremento tecnológico é inversamente
proporcional aos postos de trabalho, isto é, à medida que as
empresas introduzem novas tecnologias, mais desemprego é
gerado. Na escola, além de ter pouco impacto na redução de
mão-de-obra, as novas tecnologias têm levado,
paradoxalmente, à criação de novos postos de trabalho.
(LÜDKE;
BOING,
2004, p. 1169)
Criou-se um verdadeiro apêndice ao trabalho docente, isolado e
projetado por não-docentes. Competências, cujo domínio seria desejável que
todo professor dominasse em ambientes informatizados, ficam restritas a um
grupo especializado.
Na nossa compreensão, os modelos de ensino devem estar baseados
nos princípios éticos e na transmissão de valores. Devem, inclusive, ser
incorporados às novas tecnologias na docência e na gestão escolar. A
aprendizagem é um processo ativo e social que ocorre em ambientes
centrados no aluno, nos quais os professores assumem papéis de facilitadores
para orientar os alunos em indagações significativas. Neles, descobrir relações
entre os fatos é mais valorizado que memorizar os fatos em si, e as atividades
construtoras de conhecimento são balanceadas com o uso sensato da prática
orientada e da instrução direta.
Em meio a essa nova cultura, suportada pelas novas tecnologias, o
aluno deve sair da escola não apenas com um volume de informações
acumuladas, mas com habilidade para buscar novas informações, conhecer os
meios por onde elas trafegam, examiná-las criticamente e se posicionar frente
ao seu teor. A formação deve dar subsídios ao exercício da cidadania ativa,
crítica e responsável. Isso supõe pessoas que, verdadeiramente, sejam
sujeitos de uma história pessoal e social, com uma identidade claramente
assumida, capazes de fazer opções conscientes em termos éticos e de sentido
da vida humana. Indivíduos com uma visão de realidade sócio-econômica e
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
30
cultura forjada a fim de poder ser um sujeito ativo em relação à humanização
da sociedade em que vivemos.
O papel desse aluno crítico, ou melhor, desse cidadão crítico é
evidenciado por Ramal,
Ser um cidadão crítico e consciente, capaz de participar de
seu meio e de agir sobre as estruturas injustas, implica agora
desenvolver as diversas potencialidades mentais e afetivas
para atuar como um pesquisador da realidade, tendo
capacidade de aprender permanentemente, a fim de encontrar
respostas para as situações novas que vão exigir aplicação e
desenvolvimento de conhecimentos, competências e
habilidades. (RAMAL, 2003, p.185)
A escola está procurando se modificar a essas situações novas, e uma
maneira encontrada é a inclusão de novas tecnologias. Torna-se imperativo a
eclosão de novas formas de aprender e ensinar que requerem por sua vez
novas concepções do fazer pedagógico. Assim, evidencia-se a necessidade do
uso dos computadores, os quais estão se estabelecendo como mediadores do
processo de ensino-aprendizagem, exigindo do professor o desenvolvimento
de novas habilidades e competências. Novas competências como as
habilidades de colaborar, reconhecer e analisar problemas com sistemas, de
adquirir e utilizar grandes quantidades de informação e de aplicar a tecnologia
na solução de problemas do mundo real, são resultados valorizados. Os alunos
precisam de um acesso adequado à tecnologia, incluindo máquinas na sala de
aula e recursos portáteis adicionais que possam ser compartilhados entre as
classes. A tecnologia é, dessa forma, melhor compreendida no contexto das
tarefas significativas.
Porém, enfatiza-se que o papel da informática na educação deverá ir
além de requerer professores treinados para fazerem uso da racionalidade
instrumental e de utilizá-la como mero instrumento de continuação de uma
prática pedagógica que prioriza a transmissão dos conteúdos em detrimento de
sua real importância para a construção social do indivíduo.
A questão central não está na mudança do ensino tradicional
para os mediatizados por tecnologias, mas na transição de
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
31
uma educação e uma formação estritamente institucionalizada
para uma situação de troca de saberes. (LEVY, 1999, p.34)
Entendemos que a informação está disponível em várias instituições, no
entanto, a escola é o lugar por excelência da sistematização e recriação do
conhecimento e de sua proliferação. Faz-se necessário, então, que essa abra
suas portas no sentido de situar em seus espaços as novas tecnologias, as
quais auxiliarão no processo de sistematização de conhecimento, pois a
instituição educacional que assim não o fizer estará sujeita à marginalidade do
desenvolvimento científico e a exclusão tecnológica e social.
O uso de computadores tem adquirido suma importância nos dias atuais,
que se faz necessário em todos os setores da sociedade em escala
universal. No que se refere às escolas, têm se tornado uma poderosa
ferramenta educacional, sendo considerados até mesmo vital para uma futura
educação, essencial em qualquer currículo. A divulgação do conhecimento
produzido e o acesso à informação, que se constituem pilares da educação
ocidental moderna, acontecem de forma cada vez mais ágil. Com isso, os
critérios de perenidade e permanência dos conhecimentos acumulados
somam-se ao critério da atualidade e quantidade. Embora o novo
conhecimento produzido esteja disponível em quantidade, profundidade e com
rapidez a quem desejar conhecê-lo, a escola deve ser um espaço próprio de
visão crítica e reflexiva sobre esse mesmo conhecimento.
Por outro lado, existem docentes que não se encontram devidamente
seguros e preparados para utilizar as ferramentas das NTICs devido ao próprio
sentimento de medo desses em relação a essa nova tecnologia, pois altera
suas práticas e concepções de ensino. Também é importante destacar que,
embora os docentes capacitados, em sua maioria, tenham uma atitude positiva
com relação às NTICs, como ferramentas didáticas, existem, porém, sérios
riscos de que alguns discursos institucionais possam cair no reducionismo
tecnologista, que supõe que o acesso às máquinas e à tecnologia implica, por
si só, uma melhoria substancial na qualidade da educação.
Existem experiências sistemáticas de uso didático do vídeo, do rádio ou
da televisão, assim como a formação crítica de telespectadores, considerando
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
32
que esses meios são os mais comuns para o acesso à informação por parte
dos educadores e da cidadania em geral. Num considerável número de
projetos existentes de formação em NTIC e através de NTIC, boa parte dos
docentes participantes estão, ainda, em níveis básicos de alfabetização
informática. Segundo Valente (2003), existem experiências de sucesso onde os
professores planejam e implementam, com certa efetividade, ambientes de
aprendizagem com apoios tecnológicos e os implementam nas classes para
melhorar a eficiência do processo. Uma barreira importante que se pode
encontrar é a sustentabilidade no tempo de projetos de formação docente
inicial e contínua com altos níveis de qualidade, que incluam competências
tecnológicas. Começam com força, mas se desgastam por falta de recursos
para sua continuidade e de políticas gerais que lhes dêem consistência para se
manter em longo prazo e estabelecer padrões de qualidade para o país. Sem
essas condições, os docentes em exercício e em formação não obtêm as
competências necessárias para cumprir seu papel, o que deteriora a imagem
profissional do docente e sua motivação. Por outro lado, embora existam
algumas experiências incipientes, é pouca a produção de materiais nacionais
de informática educativa, internet e meios audiovisuais, para o
desenvolvimento adequado de conteúdos da Reforma Educacional que se
implementa no país.
Segundo Kuenzer (1998), ainda por parte de cientistas, pedagogos e
administradores escolares que querem produzir resultados em curto prazo,
muita ansiedade em torno de saber o que o computador será capaz de fazer
pela educação. Alguns educadores querem ver-se livres dos métodos
tradicionais e substituir tudo o que se estabeleceu nos séculos passados por
uma panacéia cibernética, capaz de resolver todos os seus problemas. Está
certo que a área de educação é a área que mais pode beneficiar-se destas
novas tecnologias, mas a transformação está apenas começando. Diversas
experiências se frustraram devido à falta de preparo e de planejamento em
longo prazo.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
33
A tecnologia foi considerada uma solução a parte para um
problema. Julgava-se que seria apenas uma questão de
aperfeiçoá-la para poder mudar tudo. Isto é absolutamente
equivocado. (HAWKINS, 1995, p. 60).
Talvez essa visão, que acabou sendo frustrada, tenha contribuído ainda
mais para que os docentes construíssem uma representação equivocada a
respeito das novas tecnologias e do seu uso como ferramenta de ensino-
aprendizagem, o que supõe uma necessidade de incluir competências relativas
às NTIC na formação inicial e continuada. É nesse sentido que o nosso objeto
de estudo delimita-se no sentido de compreender as necessidades formativas
dos professores em relação ao uso de softwares educativos no ensino de
química.
1.1 – A sociedade do conhecimento e suas repercussões para a educação
Dentro de um amplo universo de tecnologias, as NTIC formam um dos
grupos mais dinâmicos e provocam um grande impacto na competitividade dos
setores industriais e comerciais, pois ao encurtarem as distâncias e
reformularem as noções de tempo e espaço sociais, influem na organização do
trabalho e nos perfis de capacitação dos cidadãos/trabalhadores.
Esses avanços tecnológicos no decorrer da história culminam em várias
revoluções industriais, pois a cada mudança estrutural e administrativa das
organizações advinda de renovações tecnológicas desencadeia,
paralelamente, mudanças na economia, na política e na vida sócio-cultural
mundial, influindo nos comportamentos individuais e sociais, ou seja, nas
maneiras de sentir, pensar e agir de toda a sociedade. Para Garcia (1999),
nossa sociedade está envolta em um complicado processo de transformação.
Uma transformação não planificada que está afetando a forma como nos
organizamos, como trabalhamos, como nos relacionamos, e como
aprendemos. Essas mudanças têm um reflexo visível na escola como
instituição encarregada de formar novos cidadãos.
Alguns referenciais teóricos sobre a concepção moderna de sociedade
baseada na informação consideram a Sociedade da Informação como
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
34
conseqüência direta das novas formas de organização, produção e circulação
de produtos, serviços e bens culturais mundiais que m se pautado no intenso
uso das NTIC.
Costuma-se definir nossa era como a era do conhecimento. Se
for pela importância dada hoje ao conhecimento, em todos os
setores, pode-se dizer que se vive mesmo na era do
conhecimento, na sociedade do conhecimento, sobretudo em
conseqüência da informatização e do processo de globalização
das telecomunicações a ela associado. (GADOTTI, 2000, p.70)
Segundo Nagel (2002), a Sociedade do Conhecimento é a forma
brasileira de traduzir Sociedade da Informação ou Super Estrada da
Informação, expressões conceitualmente mais realistas, menos pretensiosas
em sua compreensão e mais precisas em sua extensão. Ela teve sua origem
nos anos 90, pela Comunidade Econômica Européia (CEE) e pelos Estados
Unidos, com o objetivo de planejar ou concentrar esforços na construção de
uma infra-estrutura global da informação.
Esse termo é, antes de tudo, a expressão empresarial dos investimentos
racionalmente programados para o mundo globalizado, relativos à informática,
telecomunicação/redes de comunicação digital, sistemas de comunicação
móvel, que incluem, de modo mais imediato, a) o ensino à distância, b) os
serviços de telemática para pequenas e médias empresas, c) o tráfego
computadorizado, d) a gerência de tráfego aéreo, e) a licitação e compra
eletrônica, f) as redes de administração pública, g) o controle de infovias
urbanas ligadas à prestação de serviços das prefeituras, h) o uso da
telemedicina, entre outros tantos.
Esse discurso da educação direcionado para a era da Sociedade do
Conhecimento também pode ser analisado por outro prisma. Por um exercício
de lógica, considera-se impossível a superação da desigualdade via
conhecimento ensinado nas escolas, principalmente, quando se dispõe, sob
nova forma didática, os alunos da rede pública ou privada, diante do poder
instrucional da telemática (informática associada à telecomunicação e aos
meios de comunicação), ao mesmo tempo que assegura-se, por adesão às
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
35
regras do Banco Mundial, uma legislação que garante a aprovação compulsória
dos aprendizes.
Apagando essas contradições concretas, substituindo-as,
no discurso, por desejos de cidadania universalizada, por
esperanças de acesso generalizado à informação, por
promessas de democratização de oportunidades, ou
mesmo, pela crença na habilitação dos trabalhadores
para o mercado, é que a defesa linear da sociedade do
conhecimento permanece sem críticas nos devaneios
acadêmicos. (NAGEL, 2002, p.3)
A autora ainda frisa que sob o rótulo da Sociedade do Conhecimento
limita-se o conhecimento dos cidadãos de segunda classe, assegurando uma
valorização desmedida à informação, sem interesse em estimular o
conhecimento, quer como processo mental, quer como saber sistematizado.
Dessa feita, vislumbra-se uma nova forma de exclusão, garantida sob a capa
de uma ideologia igualitária.
1.2 – Programas do governo brasileiro para a formação em NTIC
As políticas de governo em relação à Educação e frente à Informática
datam do início da década de 80, quando nasceu o Projeto Educom voltado
para a Informática Educativa. O projeto ficaria a cargo da Funtevê, apoiado
financeiramente pela SEI-MEC-CNPq-FINEP.
Os usos de vídeo, televisão e computador como recursos didáticos em
sala de aula de cursos presenciais tornaram-se relativamente comuns no Brasil
a partir de projetos como Vídeo Escola, TV Escola e ProInfo. A idéia inicial do
Vídeo Escola surgiu em 1985 por iniciativa do diretor da Globovídeo em
parceria com a Fundação Banco do Brasil. Com o apoio das Secretarias de
Educação, foi implantado o projeto em duas mil escolas públicas. O projeto
forneceu às escolas televisões, videocassetes e coletâneas de fitas de vídeo
com temas diversos.
Em 1995, foi criada no Brasil, pelo Ministério da Educação (MEC), a
Secretaria de Educação à Distância (SEED), sendo este o órgão responsável
pelo Programa Nacional de Educação à Distância, mantendo como principais
programas a TV Escola, o Programa Nacional de Informática na Educação
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
36
(PROINFO) e o Programa de Apoio à Pesquisa em EAD (PAPED), além da
Universidade Virtual Pública do Brasil (UNIREDE).
O Proinfo foi criado pela portaria 522 de 9 de abril de 1997 e
desenvolvido em parceria do governo federal com os governos estadual e
municipal. Com esse projeto, além de outras medidas, foram distribuídos
computadores às escolas públicas do Brasil. O ProInfo, proposto pelo governo
federal, iniciou um processo inacabado de universalização do uso de tecnologia
de ponta no sistema público de ensino. Sua implementação descentralizada
tornou-o flexível e contextualizado evitando os riscos de ignorar peculiaridades
locais.
O Proinfo é o mais atual programa educacional
governamental que visa à disseminação do uso
pedagógico das novas tecnologias de informação e
comunicação nas escolas públicas de Ensino
Fundamental e Médio em todo o país. A iniciativa é do
Ministério da Educação e dos governos
estaduais/municipais em conjunto com a Secretaria de
Educação à Distância. O Programa prevê, além da
aquisição de computadores para as escolas e da
capacitação de técnicos de informática para o suporte,
a capacitação de professores para o uso da informática
como ferramenta de apoio didático-pedagógico ao
processo ensino-aprendizagem (LIMA, 2004a, p.17)
Segundo a autora citada anteriormente, compreender as idéias dos
professores-formadores do Proinfo sobre a prática docente e formativa com a
utilização dos recursos informáticos, implica em entender o contexto histórico e
político em que o Programa está inserido, bem como, as problemáticas que
permeiam seu processo formativo na atualidade.
Identifica-se nesse ponto que o processo de introdução e
desenvolvimento da informática na educação no Brasil esteve voltado muito
mais para interesses econômicos do que para fazer avançar o processo
educacional do país. E como conseqüências disso,
As políticas se equivocaram, primeiro porque o
ofereceram condições para que seus ideais
florescessem nas escolas, principalmente por
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
37
problemas financeiros, e segundo, porque é necessário,
inicialmente, fazer as escolas compreenderem os
processos históricos nos quais as tecnologias estão
inseridas, para então criar condições para que
alunos e professores possam se apropriar das
diferentes linguagens trazidas pelos recursos
tecnológicos, possibilitando a construção de uma visão
crítica desses objetos no contexto local e mundial.
(LIMA, 2004a, p.194)
1.3 – Referenciais teóricos sobre as concepções de ensino-aprendizagem
O ensino de química, assim como a educação de modo geral, ao longo
do tempo, foi influenciado por diversas concepções de ensino-aprendizagem.
Tais concepções estavam diretamente ligadas à concepção de ciência em vigor
em cada tempo e espaço. Portanto, descreveremos, de modo sucinto, as três
principais concepções que pautaram a educação, de modo geral, e, por
conseguinte, o ensino de química. São elas: o ensino tradicional, o ensino por
descoberta e a perspectiva construtivista.
Além disso, situaremos a utilização dos recursos tecnológicos em cada
uma dessas concepções acrescentando-se às concepções citadas, a da
aprendizagem colaborativa.
1.3.1 Concepções de ensino-aprendizagem no ensino da química
A pedagogia tradicional, de acordo com Faria e Nuñez (2004), começou
a gestar-se no século XVIII, com o surgimento das escolas na Europa e na
América Latina. Pauta-se no paradigma da aprendizagem por transmissão, ou
seja, os alunos devem assimilar o conhecimento transmitido por meio de
diversas técnicas dessa forma de aprendizagem. Ainda de acordo com Faria e
Nuñez (2004, p. 17),
O pressuposto básico dessa pedagogia está em considerar
que a aquisição de conhecimentos se realiza principalmente
na escola, cuja tarefa é preparar intelectual e moralmente o
aluno para assumir seu papel na sociedade. O caminho em
direção ao ‘saber’ é o mesmo para todos os alunos, havendo
necessidade de que estes apenas se esforcem. Nessa
perspectiva, quem sabe (o professor) ensina a quem não sabe
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
38
(o aluno). [...] Os conteúdos de ensino são os conhecimentos
e valores sociais acumulados ao longo das gerações
passadas, que devem ser repassados ao aluno como
verdades absolutas. Esses conteúdos, geralmente pouco
relacionados com a experiência de vida do aluno e com sua
realidade social, têm um caráter seqüencial, que se expressa
nos programas curriculares, embora suas partes não
apresentem interação entre os temas, os quais, inclusive,
podem aparecer de forma isolada, sem relação entre si. [...] O
ensino ancora-se na exposição verbal da matéria e na
demonstração, oferecendo ao aluno uma grande quantidade
de informações, que devem ser memorizadas, o que faz com
que a pedagogia tradicional seja chamada enciclopedista e
intelectualista (FARIA; NUÑEZ, 2004, p. 17).
Na pedagogia tradicional, privilegia-se “a transmissão de conhecimentos
verbais, prevalece a lógica interna das disciplinas sobre qualquer outro critério
de organização dos conteúdos e ao aluno fica reservado um papel meramente
reprodutivo” (FARIA; NUÑEZ, 2004, p. 24).
De acordo com os autores,
Quanto mais científico ou acadêmico, melhor o currículo. Além
do mais, os conhecimentos são apresentados como saberes
acabados, estabelecidos, proporcionando aos alunos uma
cisão estática e absoluta do saber científico. [...] O
conhecimento científico apresenta-se como produto e se
desconhecem os processos de sua produção (FARIA; NUÑEZ,
2004, p. 25).
Essa pedagogia fez suscitar grande insatisfação por parte daqueles
ligados à didática das ciências, os quais insatisfeitos começaram a buscar um
novo modo de entender o processo de ensino e aprendizagem. Surge então, a
aprendizagem por descoberta, conhecida também como método da
redescoberta. Conforme Santos e Praia (1992), esse concepção foi bastante
difundida nas décadas de 1960 e 1970, tendo como base epistemológica o
modelo empirista/indutivista e com base psicológica no behaviorismo. Ou seja,
o educando aprenderia por meio do contato com um ambiente organizado para
a descoberta. Desse modo, o professor perdia um pouco da sua centralidade
no processo de ensino e aprendizagem.
Lima, Paulino Filho e Nuñez (2004), afirmam que,
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
39
Na tentativa de superar a metodologia predominante no
ensino-aprendizagem de ciências até então marcado pela
transmissão-recepção de informações, a aprendizagem por
descoberta, ao contrário do que se esperava, passa a ser alvo
de muitas críticas por vários pesquisadores, em virtude de
limitações apresentadas ao ensino de ciências, ente as quais
podemos destacar a visão distorcida sobre a ciência e trabalho
dos cientistas que eram transmitidos aos alunos (LIMA;
PAULINO FILHO; NUÑEZ, 2004, p. 86).
Na prática o primeiro modelo nunca perdeu sua hegemonia e o segundo
aparecia somente nas feiras de ciências com trabalhos orientados para esse
fim.
Maldaner (2000) esclarece que, embora balizadas em bases
diferenciadas, as duas concepções caminhavam na mesma direção, ou seja,
defendiam a neutralidade científica e que “há uma ciência constituída de
verdades científicas que é necessário que as novas gerações assimilem, ou
por transmissão ou por descoberta ou por qualquer outro modelo, para
continuarem o processo” (MALDANER, 2000, p. 113).
Os resultados obtidos, por ambos modelos, em diversas avaliações
internas e externas não foram satisfatórios, fazendo surgir, na década de 1980,
novos modelos pedagógicos.
O cerne da questão passa a ser a aprendizagem calcada na mudança
conceitual. Para tanto, lança-se mão dos pressupostos construtivistas. Um
conjunto de idéias baseadas na psicologia cognitivista explicitadas
fundamentalmente por Piaget, as quais postulam que a aprendizagem se
através do ativo envolvimento do aprendiz na construção do conhecimento e
que as idéias prévias dos estudantes desempenham um papel fundamental no
processo de aprendizagem, que essa é possível a partir do que o aluno
sabe, Mortimer (1994). Ainda nessa direção, Driver e Oldham (1986), citados
por Lima, Paulino Filho e Nuñez (2004), explicitam que na abordagem
construtivista,
Os estudantes têm suas idéias explicativas sobre os conceitos
físicos e químicos, mesmo antes de chegarem à escola; a
mudança conceitual produzir-se-á em uma situação na qual as
idéias não conseguem explicar o fenômeno. A nova teoria será
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
40
formada por reestruturação da teoria prévia e deve superá-la
quando estabelecer novas e melhores relações entre idéias; a
aprendizagem ativa de significados supõe uma seqüência de
situações de equilíbrio e desequilíbrio ou de conflito cognitivo,
embora seja importante destacar que nem todos os conflitos
cognitivos conduzem a uma re-estruturação da teoria inicial; o
aluno deve ser protagonista de sua própria aprendizagem e
isso deve manifestar-se necessariamente em sua tomada de
consciência e na existência de um conflito cognitivo (LIMA;
PAULINO FILHO; NUÑEZ, 2004, p. 91).
A principal crítica lançada a este modelo de aprendizagem diz respeito
ao fato dele não enfatizar a atividade social dos alunos, no sentido de não
permitir uma compreensão do meio físico e social, bem como a participação na
transformação desse meio.
Entra em cena um novo modelo com uma base teórica diferenciada do
modelo anterior, a abordagem histórico-cultural, difundida por Vygotsky (1987).
A cognição do sujeito, bem como o desenvolvimento de suas características
mentais superiores passa a ser vista como algo que se constitui na interação
mediada com o mundo social em que se acha inserido o indivíduo e as idéias
correntes do meio social. uma grande ênfase no caráter histórico-cultural
dos processos de conhecimento e de desenvolvimento da consciência e outras
faculdades mentais. As idéias prévias são vistas como elaborações individuais
próprias, mas derivadas da internalização das significações inicialmente
mediadas e vivenciadas em interação com os outros.
Para Vygotsky, a escola desempenha papel fundamental no
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores da criança. É na
situação de sala de aula, com recursos mediacionais adequados para
proporcionar o acesso ao conhecimento sistematizado com ajuda explícita do
professor e domínio de novos instrumentos de mediação, é lançada para novos
domínios que a sua vivencia fora da escola dificilmente permitiria. Desse modo,
Vygotsky (1987) postulava que a mente é elástica, podendo ser estimulada
para diversas direções. Para dar conta desse processo surge o que o autor
denominou de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), ou seja, uma faixa
potencial de aprendizagem de cada pessoa e que sofre mudanças
culturalmente no contato com o meio social.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
41
No concernente à aprendizagem de química, Maldaner (2000) expõe
que, sob o prisma da concepção histórico-cultural, ensino e aprendizagem,
aluno e professor, matéria e currículo podem melhorar sensivelmente, elevando
o nível de conhecimento químico aprendido na escola. Porém, faz-se
necessário superar o tradicionalismo das propostas de ensino de química que
focalizam conteúdos descontextualizados, segundo uma lógica de
conhecimento sistematizado que é adequado apenas para quem conhece
química. De acordo com o autor, são estes os programas de química,
geralmente, contidos nos livros didáticos utilizados pelos professores.
Dessa forma, Maldaner (2000) propõe um novo caminho de
desenvolvimento curricular no ensino de química, que envolva a participação
de professores de escola, por meio de pesquisas que demonstrem os
interesses dos alunos, para que a partir dos quais os conteúdos sejam
selecionados, evitando assim sua descontextualização e contemplando a
vivência dos alunos. O autor crer que, por meio dessa ação mediada pelo
professor, seja possível uma efetiva melhoria no desenvolvimento do processo
de ensino/aprendizagem em química.
1.3.2 Concepções de ensino-aprendizagem e o uso dos recursos tecnológicos
Como já explicitado, a educação foi influenciada ao longo do tempo por
diversas concepções. Nos últimos tempos com o desenvolvimento de novas
tecnologias novas questões e desafios foram postos aos docentes, que ao
utilizar tais recursos sentiram necessidade de uma referência para balizar sua
prática. Nesse sentido, alguns retomam os pressupostos tradicionais, outros,
as premissas construtivistas e, mais recentemente, a aprendizagem
colaborativa passa a ser considerada uma forma profícua de conjugar no
processo de ensino e aprendizagem todos os envolvidos, aluno-professor-
recursos-ambiente, de modo a equilibrar e definir o papel de cada um nesse
processo.
Dessa forma, faz-se necessário situar o uso das novas tecnologias nas
tendências acima mencionadas.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
42
As principais teorias de aprendizagem consideradas durante muito
tempo dividiam-se em duas correntes: uma empirista e uma apriorista.
Para os aprioristas, a origem do conhecimento está no próprio sujeito, ou
seja, sua bagagem cultural está geneticamente armazenada dentro dele, a
função do professor é apenas fazer com que os conhecimentos aflorem.
para os que seguem as teorias empiristas, cujo princípio é tão
longínquo quanto os ensinamentos de Aristóteles, as bases do conhecimento
estão nos objetos, em sua observação. Para estes, o aluno é tábula rasa e o
conhecimento é algo fluido, que pode ser repassado de um para outro pelo
contato entre eles, seja de forma oral, escrita, gestual, etc. É nesta teoria que
baseia-se a maioria das correntes pedagógicas.
A educação tradicional estruturou-se sobre uma concepção empirista de
ser humano, segundo a qual o aluno era considerado uma folha de papel em
branco que deveria ser preenchida. Isso gerou um ensino pautado na
transmissão, no qual o professor assume a centralidade do processo de
ensino, atuando como expositor, verificador e até mesmo disciplinador dos
processos. A esse dado se acrescenta a influência do pensamento liberal, que
deu valor prioritário ao desenvolvimento da razão e do pensamento lógico-
matemático.
Nesse modelo pedagógico, o aluno não é estimulado a fazer
descobertas. Ensinar equivale a apresentar coisas prontas, definidas por
antecipação. Ao aluno cabe um papel passivo, de receptor das verdades
absolutas que deve aprender, sem muita interação com o mestre. Desse modo,
dissemina-se o desinteresse, a falta de criatividade e de autonomia.
Conforme Faria e Nuñez (2004), na pedagogia tradicional, o
relacionamento entre o professor e os alunos é vertical, predominando a
autoridade do professor, que exige atitude receptiva dos alunos e não estimula
a comunicação entre eles no decorrer da aula. Desse modo, a classe torna-se
intelectual e afetivamente dependente do professor.
Nessa perspectiva, o uso das novas tecnologias corre o risco de
reproduzir práticas tradicionais, limitando-se a escrever conteúdos em forma de
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
43
aula expositiva, transmitidos, no entanto, por meio de uma ferramenta
visualmente interessante.
De acordo com Belisário (2003), o material didático oferecido por meio
das novas tecnologias, via de regra, são simples tutoriais ou apostilas de
realização de exercícios preparatórios para realização de provas visando algum
tipo de aprendizagem. Ainda segundo o autor,
A utilização do computador na educação, embora ainda
recente, não se constitui mais em novidade; porém o
desenvolvimento de um Sistema Educacional que conjugue
estes instrumentos e idéias, com base em um rigororso
conceito de qualidade e na necessária dialogicidade, que seja
capaz de incentivar o ‘participante’ a estudar e aprofundar
estes estudos (a partir de seu próprio ritmo e de suas
necessidades), este sim é um grande desafio (BELISÁRIO,
2003, p.135).
Desse modo, faz-se necessário adotar metodologias que estejam em
consonância com o avanço tecnológico, possibilitando ao estudante o
desenvolvimento de um processo contínuo de formação. Ao contrário do modo
como vem ocorrendo, onde o professor, para melhorar sua aula, lança mão dos
efeitos especiais e ambientes atrativos que as novas tecnologias oferecem.
Associando os dois paradigmas apriorista e empirista emergem as
teorias de Piaget (1978). Ele observou como um recém-nascido passava do
estado de não reconhecimento de sua individualidade frente o mundo que o
cerca indo até a idade de adolescentes, onde tem início o estágio das
operações de raciocínio mais complexas.
Do fruto de suas observações, posteriormente sistematizadas com uma
metodologia de análise, denominada o Método Clínico, Piaget estabeleceu as
bases de sua teoria, a qual chamou de Epistemologia Genética. Piaget (1978),
descreve que as relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa
interação radical, de modo tal que a consciência o começa pelo
conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado
diferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares,
um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias
coisas.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
44
A Epistemologia Genética, conforme mencionado anteriormente, é uma
fusão das teorias existentes, pois Piaget não acreditava que todo o
conhecimento seja, a priori, inerente ao próprio sujeito (apriorismo), nem que o
conhecimento provenha totalmente das observações do meio que o cerca
(empirismo). De acordo com suas teorias, o conhecimento, em qualquer nível,
é gerado através de uma interação radical do sujeito com seu meio, a partir de
estruturas previamente existentes no sujeito. Assim, a aquisição de
conhecimentos depende tanto de certas estruturas cognitivas inerentes ao
próprio sujeito (S), como de sua relação com o objeto (O), não priorizando ou
prescindindo de nenhuma delas.
A relação entre estas duas partes S - O se através de um processo
de dupla face, por ele denominado de adaptação, o qual é subdividido em dois
momentos: a assimilação e a acomodação. Por assimilação, entende-se as
ações que o indivíduo irá tomar para poder internalizar o objeto, interpretando-o
de forma a poder encaixá-lo nas suas estruturas cognitivas. A acomodação é o
momento em que o sujeito altera suas estruturas cognitivas para melhor
compreender o objeto que o perturba. Destas sucessivas e permanentes
relações entre assimilação e acomodação, o indivíduo vai adaptando-se ao
meio externo através de um interminável processo de desenvolvimento
cognitivo.
Por ser um processo permanente, e estar sempre em desenvolvimento,
esta teoria foi denominada de "construtivismo", dando-se a idéia de que novos
níveis de conhecimento estão sendo indefinidamente construídos através das
interações entre o sujeito e o meio. Mas, o construtivismo não se reduz
somente a esta dimensão. Seus horizontes e aplicações o muito mais
amplos, como definiu Becker (1999), construtivismo é uma forma de conceber
o conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento. É, por conseqüência, um
novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais.
Para Lima, Paulino Filho e Nuñez (2004, p. 84),
O construtivismo sustenta a idéia de que o homem, tanto nos
aspectos cognitivos e sociais do comportamento como nos
afetivos, não é um mero produto do ambiente nem um simples
resultado de suas disposições, mas sim uma construção da
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
45
interação ativa deste com o ambiente em que vive. O
conhecimento, portanto, não é uma cópia da realidade, mas
uma construção humana.
Para que um ambiente de ensino seja construtivista é fundamental que o
professor conceba o conhecimento sob a ótica levantada por Piaget (1998), ou
seja, que a aprendizagem se por meio de uma efetiva interação entre o
sujeito e o objeto e, ainda, por meio do conflito cognitivo, o qual, de acordo com
Faria e Nuñez (2004a, p. 43), “é um estado psicológico que contradiz a
experiência (as estruturas cognitivas), ou seja, entra em contradição com as
idéias que o aluno tem sobre o objeto ou fenômeno. É imprescindível que se
compreenda que sem uma atitude do objeto que perturbe as estruturas do
sujeito, este não tentará acomodar-se à situação, criando uma futura
assimilação do objeto, dando origem às sucessivas adaptações do sujeito ao
meio, com o constante desenvolvimento de seu cognitivismo. Silva (2003)
explicita que sob essa abordagem deve ocorrer:
A transição da lógica da distribuição (transmissão) para a
lógica da comunicação (interatividade). Isso significa
modificação radical no esquema clássico da informação
baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor: o
emissor o emite mais no sentido que se entende
habitualmente, uma mensagem fechada, ele oferece um leque
de elementos e possibilidades à manipulação do receptor. A
mensagem não é mais emitida, não é mais um mundo
fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado, ela é um
mundo aberto, modificável na medida em que responde às
solicitações daquele que a consulta. O receptor não está mais
em posição de recepção clássica, ele é convidado à livre
criação, e a mensagem ganha sentido sob sua intervenção
(SILVA, 2003, p. 137).
Um ambiente construtivista pressupõe interação, contudo, essa deve
promover a integração do objeto de estudo à realidade do educando, dentro de
suas condições, de forma a estimulá-lo e desafiá-lo, mas ao mesmo tempo,
permitindo que as novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas
cognitivas existentes, propiciando o seu desenvolvimento.
Outros aspectos primordiais nas teorias construtivistas são: a troca do
repasse da informação para a busca da formação do aluno e a nova ordem
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
46
revolucionária que retira o poder e autoridade do mestre transformando-o de
todo poderoso detentor do saber para um educador-educando.
Outro fator importante em um ambiente de aprendizagem que pretenda
ter uma conduta de acordo com as descobertas de Piaget (1998) é a forma de
lidar com o erro e a avaliação. Em uma abordagem construtivista, o erro é uma
importante fonte de aprendizagem. O aprendiz deve sempre questionar-se
sobre as conseqüências de suas atitudes e a partir de seus erros ou acertos ir
construindo seus conceitos, ao invés de preocupar-se apenas em verificar o
quanto do que foi repassado foi realmente assimilado. Nesse contexto, a forma
e a importância da avaliação mudam completamente em relação às práticas
convencionais. Desse modo, o erro deve deixar de ser uma arma de punição e
passa a ser uma situação que nos leva a entender melhor nossas ações e
conceitualizações.
O quesito mais importante para a construção de um ambiente
construtivista é que o professor realmente conscientize-se da importância do
"educador-educando", e que todos os processos de aprendizagem, inclusive os
que utilizam as novas tecnologias, passem necessariamente por uma interação
entre o sujeito da aprendizagem e o objeto. Somente a partir desta interação
completa é que se pode pensar na construção de novos estágios de
conhecimento.
Essa interatividade aliada à integração entre alunos, professores,
recursos e ambiente são os pilares da aprendizagem colaborativa, a qual é
definida como uma estratégia de ensino, de acordo com Silva (2003), na qual
os alunos de vários níveis de performance trabalham juntos em pequenos
grupos tendo uma única meta. Sendo, cada um, responsável pela
aprendizagem uns dos outros, assim como a sua própria. A troca ativa de
idéias em pequenos grupos não somente aumenta o interesse como promove o
pensamento crítico. evidências de que grupos cooperativos atingem níveis
mais avançados de pensamento e retém informação por mais tempo que os
alunos que trabalham individualmente. A atividade em grupo possibilita uma
menor competitividade, pois na negociação reúne propostas e soluções dos
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
47
vários elementos, possibilitando assim alcançar níveis qualitativos mais
elevados em termos de conteúdo.
A aprendizagem colaborativa destaca a participação ativa e a interação,
tanto dos alunos como dos professores. O conhecimento é visto como uma
construção social e, por isso, o processo educativo é favorecido pela
participação social em ambientes que propiciem a interação, a colaboração e a
avaliação. Pretende-se que os ambientes de aprendizagem colaborativos
sejam ricos em possibilidades e propiciem o crescimento do grupo.
Piaget (1998) defendia que todo e qualquer crescimento cognitivo
ocorre a partir de uma ação, concreta ou abstrata, do sujeito sobre o objeto de
seu conhecimento. Por conseqüência, a teoria construtivista de aprendizagem
baseada na Epistemologia Genética tem este pressuposto como sua pedra
estrutural, colocando a ação, ou mais especificamente a interação, como
requisito fundamental para a sua prática.
Neste novo paradigma, o aluno transforma-se de um agente passivo de
recepção dos conhecimentos repassados pelo professor a um ser ativo,
responsável pelo próprio desenvolvimento. O professor, por sua vez, perde seu
posto de detentor e repassador do conhecimento e passa a ser aquele que
fomenta o desequilíbrio cognitivo do aluno.
Em seus estudos sobre a solidariedade, Piaget (1998) argumenta que,
sem usufruir os benefícios do convívio social, o aluno não consegue desvendar
ou compreender a ciência, ficando restrito a uma acumulação de conhecimento
que o indivíduo sozinho seria incapaz de reunir. Para que isto ocorra, no
entanto, o sujeito precisa ter desenvolvido certas estruturas que permitam
elaborar o que o autor denomina de ‘solidariedade interna’. Nesse estágio, o
aluno tem capacidade de criar sua próprias regras em conjunto com seu grupo,
e exercer a cooperação intelectual. As condições indispensáveis para que isto
ocorra são as mesmas que caracterizam um ambiente de aprendizagem
colaborativa: ausência de hierarquia formal, um objetivo comum entre todos,
respeito mútuo às diferenças individuais e liberdade para exposição de idéias e
questionamentos.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
48
A Zona de Desenvolvimento Proximal ZDP, segundo Vygotsky (1998),
é considerada um traço central de aprendizagem, onde se encontram as
funções em processo de maturação. O conhecimento está vinculado ao
contexto sócio-cultural do aluno, uma situação social definida, onde são
igualmente importantes o que os indivíduos realizaram e como o realizaram.
Por meio de análise destes processos, pode ser verificada a mudança cognitiva
(construção do conhecimento).
Para Vygotsky (1998), a colaboração entre alunos ajuda a desenvolver
estratégias e habilidades gerais de soluções de problemas pelo processo
cognitivo implícito na interação e na comunicação. Para ele linguagem é
fundamental na estruturação do pensamento, sendo necessária para
comunicar o conhecimento, as idéias do indivíduo e para entender o
pensamento do outro envolvido na discussão. E através dos grupos ou
comunidades, os alunos terão grandes possibilidades de trocas e negociações.
Este processo faz com que se pense sobre o objeto em estudo e isso leva ao
aprendizado.
Nesse contexto, as novas tecnologias desempenham um importante
papel, uma vez que possibilitam essa colaboração entre pares e a interação
efetiva não somente com os recursos tecnológicos, mas também com o
professor. Para Valdés (2002), não se trata de utilizar a qualquer custo as
tecnologias, mas sim de acompanhar consciente e deliberadamente uma
mudança de civilização que está questionando profundamente as formas
institucionais, as mentalidades e cultura dos sistemas educativos tradicionais,
assim como os papéis de professor e aluno.
Pedagogicamente pode-se dizer que essa forma de trabalho tenta
atender as seguintes competências e habilidades:
i. conhecimento compartilhado: a valorização do universo do
conhecimento prévio, das experiências pessoais, línguas, estratégias e
culturas que os alunos e os professores trazem para a situação de
aprendizagem;
ii. autoridade compartilhada entre professores, alunos e especialistas;
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
49
iii. aprendizagem mediada pelos autores e ações que se constroem nesses
espaços (professores como mediadores);
iv. valorização das diversidades e das diferenças (gênero, etnia, classe
social, estilos e ritmos de aprendizagem, as histórias pessoais e as
trajetórias sociais);
v. a construção de significações e ressignificações no processo de
aprendizagem.
No tocante às características pedagógicas, o ambiente colaborativo
pressupõe:
i. a flexibilidade dos papéis e movimentos no processo das comunicações
e relações que fazem a mediação da aprendizagem;
ii. a valorização das diferentes autorias do professor/organizador, monitor
e alunos participantes;
iii. a democratização das participações nos diferentes espaços do
ambiente e da inserção de colaborações individuais e coletivas dos
grupos de trabalho;
iv. alcance de metas realizadas coletivamente;
v. debates que privilegiam novas leituras, interpretações, associações e
críticas em espaços formais e informais;
vi. suporte aos estudos individuais.
Os ambientes colaborativos de aprendizagem são espaços
compartilhados de convivência que dão suporte à construção, inserção e troca
de informações pelos participantes visando à construção social do
conhecimento.
Ao invés de apenas receber informação, o aluno tem a experiência da
participação na elaboração do conteúdo da comunicação e da criação do
conhecimento. Para Silva (2003), o suporte digital permite que o aluno não
apenas interprete como também organize e estruture seu conhecimento.
Portanto, para trabalhar com as novas tecnologias na perspectiva da
aprendizagem colaborativa é necessário que o docente abra o da posição
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
50
de transmissor do saber e torne-se aquele que, por ser mais experiente, está
legitimado para coordenar as ações das quais derivarão a aprendizagem dos
alunos e, nesse sentido, a construção do conhecimento. É preciso que ele
esteja disposto a oferecer e fomentar a troca de informações e de
experiências, para que dessa associação possa surgir um conhecimento
construído por todos os envolvidos.
1.4 – Natureza e classificação de softwares educativos
Nesse tópico, torna-se necessário explicitar uma definição para o que
seja software ou programa computacional. A Lei 9.609/98 Lei do Software,
expõe no seu artigo 1°,
Programa de computador é a expressão de um conjunto
organizado de instruções em linguagem natural ou codificada,
contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego
necessário em máquinas automáticas de tratamento de
informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos
periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-
los funcionar de modo e para fins determinados. (BRASIL, 1998,
p. 1)
Em relação a sua finalidade, os programas computacionais podem ser
classificados em três grandes categorias. A categoria de software de sistema
que incluiu o firmware (como o BIOS
2
dos computadores pessoais, por
exemplo), drivers de dispositivos, o sistema operacional e tipicamente uma
interface gráfica que, em conjunto, permitem ao usuário interagir com o
computador e seus periféricos. Outra categoria é definida como Software
Aplicativo, que permite ao usuário fazer uma ou mais tarefas específicas. E por
último, existem a categoria do software embutido ou software embarcado,
indicando o software destinado a funcionar dentro de uma máquina, que não é
um computador, de uso geral e normalmente com uma finalidade muito
específica.
2
A BIOS, Basic Input/Output System, armazenada em um chip de memória, é o primeiro
programa executado pelo computador ao ser inicializado. Sua função primária é preparar a
máquina para que outros programas, armazenados em diversos tipos de dispositivos (Discos
Rígidos, Disquetes, CDs, etc) possam ser executados.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
51
A aplicabilidade de softwares de computador é muito vasta. Podendo ser
aplicado a qualquer situação em que um conjunto previamente especificado de
rotinas procedimentais seja definido
3
. Segundo Pressman (1995),
O software científico e de engenharia tem sido caracterizado por
algoritmos de processamento de números. As aplicações variam
da astronomia à vulcanologia, da análise de fadiga mecânica de
automóveis à dinâmica orbital de naves espaciais recuperáveis,
e da biologia molecular à manufatura automatizada.
(PRESSMAN, 1995, p. 20)
Sendo assim, softwares educativos podem ser considerados softwares
científicos com a peculiaridade de auxiliar o usuário no processo de ensino-
aprendizagem. Essa tecnologia, que tem como suporte o computador,
desenvolve o potencial cognitivo do indivíduo e possibilita um alto poder de
interatividade e conectividade, permitindo desenvolver experiências de
aprendizagem. Além de servir, de maneira clara, para a exploração de
resultados e para o incentivo de investigações, os softwares educativos podem
sugerir caminhos para a realização de demonstrações desconhecidas
sugerindo artifícios que, muitas vezes, em demonstrações formais são
necessários e de difícil compreensão.
Esses softwares aplicados na sala de aula podem impulsionar a
Educação de Química aumentando a eficiência dentro de um laboratório pelos
seguintes motivos:
i. hardwares/softwares atraem e motivam os estudantes a aprender;
ii. exploração e experimentação em laboratórios podem ser encorajadas
através do computador;
iii. reduz custos na aquisição de reagentes e materiais no laboratório;
iv. a aplicação do software para resolução de problemas simples pode ser
estendido ao laboratório e também, após o entendimento do estudante,
ser proposto algo mais complexo;
3
Exceções a essa regra são os softwares de sistemas especialistas e os softwares de redes
neurais.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
52
v. aumenta-se a capacidade de compreensão e memorização devido a
rapidez de realimentação de dados no programa computacional;
vi. o aprendizado visual é intensificado;
vii. o software permite aos estudantes a aprendizagem e o desenvolvimento
autodidático.
Para Teixeira (2001), quando um Software Educativo é desenvolvido
para ser utilizado como apoio ao processo de aprendizado de um determinado
conteúdo, entende-se que uma das etapas no seu desenvolvimento é definir a
concepção pedagógica daqueles que estão envolvidos na sua modelagem e/ou
implementação, pois o tipo de uso a que se destina, reflete a concepção
pedagógica do software. A autora apresenta algumas características dos
softwares de acordo com o paradigma educacional utilizado na concepção e
desenvolvimento. Quando um software é utilizado para fins educativos,
invariavelmente o mesmo (ou o uso que se faz dele) reflete um dos paradigmas
educativos: comportamentalista ou construtivista. A tabela a seguir, produzida
a partir de suas observações, apresenta algumas dessas classificações em
relação a modalidades de softwares educativos.
Paradigma
Educacional
Visão da
natureza
humana
Quanto a
atividade
do
aprendiz.
Quanto ao
direcionamento
na utilização do
software
Modalidades de
Software
Educativo
Comportamentalista
Empirista e
racionalista
Algorítmico
Dura Tutoriais,
Exercitação e
prática
Construtivista Interacionalista
Heurístico Branda Simulação,
Jogos
Quadro 01 – Relação entre os paradigmas educativos, suas características e algumas
modalidades de software educativo.
Quanto a atividade do aprendiz, um software pode ser algorítmico ou
heurístico. Num software algorítmico é predominante a ênfase na transmissão
de conhecimentos do sujeito que sabe para o sujeito que deseja aprender,
sendo função do desenvolvedor do software projetar uma seqüência bem
planejada de atividades que conduzam o aluno ao conhecimento desejado.
num software heurístico, predomina a aprendizagem experimental ou por
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
53
descobrimento, devido a criação de um ambiente rico em situações que o aluno
possa explorar.
Quanto ao direcionamento na utilização do software, podem ser
consideradas duas abordagens: dura e branda. Na abordagem dura os planos
são previamente traçados para uso do computador e as atividades dos alunos
resumem-se a responder perguntas apresentadas, registrando-se e
contabilizando-se erros e acertos. Na abordagem branda, a atividade e
interação com o computador não parecem ter um objetivo definido, permitindo
com que o aluno esteja no comando, fazendo uma série de atividades
consideradas interessantes por ele, onde desafio. Os erros são fontes de
reflexão e desenvolvimento de novos projetos.
A partir das características desses dois paradigmas educativos
(comportamental e construtivista), algumas modalidades de softwares são
classificados quanto a função que desempenham: os tutoriais, os simuladores,
os de exercício e prática, os jogos.
Como visto, existem diversas formas de classificação de softwares
educativos. É importante, ainda, ressaltar a concepção do software: aberto ou
fechado
4
, o nível de aprendizagem dos alunos, além do objetivo pedagógico a
que se propõe o programa computacional.
Especificamente, Ribeiro e Greca (2003) classificam os softwares
educativos para Educação Química, encontrados entre 1978 e 1994 no
periódico Journal of Chemical Education em 12 categorias:
i. Aquisição de dados e análise de experimentos: esses programas podem
fazer a organização e a análise dos dados do experimento, traçando
gráficos e apresentando várias tabelas com estatísticas diferentes,
conforme a necessidade.
ii. Base de Dados (BD) simples: conjunto organizado de dados com uma
lógica que permite rápido acesso, recuperação e atualização por meio
eletrônico.
4
Referem-se à classe de software educativo que permite ou não a criação de situações
problemas por parte dos professores ou de soluções alternativas por parte dos alunos a partir
da modificação no software original.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
54
iii. BD / Modelagem: apresenta características comuns aos de base de
dados simples, isto é, utilizam os mesmos recursos de acesso e
gerenciamento de dados e das modelagens, que executam normalmente
uma grande quantidade de cálculos matemáticos.
iv. BD / Hipertexto e/ou Multimídia: as bases de dados existentes para
PC’s com os recursos de som e imagens coloridas.
v. Cálculo computacional: resolvem equações matemáticas dos mais
diferentes tipos, realizam inúmeros cálculos, como por exemplo, os
relativos a pH, propriedades termodinâmicas, equilíbrio químico,
análises qualitativas e quantitativas, etc, propiciam uma ponte entre o
que se tem, por exemplo, equações e dados experimentais, e o que se
deseja, geralmente informações e resultados estruturados na forma de
tabelas e gráficos variados.
vi. Exercício e prática: apresentando um conjunto de exercícios ou
questões para o aluno resolver.
vii. Jogo educacional: programas de jogos que permitem que o aluno
desenvolva a habilidade de testar hipóteses, funcionando como se fosse
um constante desafio a sua imaginação e criatividade.
viii. Produção de gráficos e caracteres especiais: muito úteis no ensino de
certos conteúdos de química.
ix. Simulação: programas que trazem modelos de um sistema ou processo.
São softwares de instrução auxiliada por computador que consiste na
construção de modelos de um sistema real ou imaginário, em forma
dinâmica e simplificada, para a exploração de situações fictícias ou
reais, possibilitando ao aluno formular hipóteses, testá-las e analisar os
resultados sem se expor aos possíveis riscos da situação.
x. Sistema especialista: programas de grande complexidade e custo,
usados em diagnósticos e pesquisas.
xi. Tutorial: programa que ensina ao aluno uma determinada área de
conhecimento, tendo a vantagem de ser mais dinâmico e animado (sons
e imagens) que um livro texto.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
55
xii. Outros: tipos de programas que, por sua especificidade e pequena
quantidade, não puderam constituir uma classificação específica.
É clara a importância dada ao item Softwares de Simulação para o
ensino da química, uma vez que esse tipo de programa permite ao aluno
empregar os modelos computacionais
5
construídos para simular fatos reais.
Em lugar de o aluno observar a realidade de modo fragmentado como nos
laboratórios de química e física, as experiências são simuladas na tela do
computador. Apesar do medo e da resistência de alguns professores de
química, esses instrumentos podem representar um grande salto qualitativo na
aquisição dos conteúdos da disciplina, que de acordo com Ribeiro e Greca,
É uma ciência essencialmente simbólica, isto é, trabalha com
símbolos para representar elementos e fenômenos, e o aluno,
além de ter que conhecer tais símbolos, ainda deve ter a
capacidade de transformar determinada forma de
representação em outra equivalente, de maneira mais
apropriada. (RIBEIRO; GRECA, 2003, p. 544)
As autoras explicitam que para explicar e explorar fenômenos,
processos e idéias abstratas, bem como para proporcionar aos alunos o
desenvolvimento da capacidade de representação em seus distintos níveis e
auxiliá-los na competência representativa, deve-se sugerir várias abordagens
pedagógicas, dentre as quais tem se destacado o uso de simulações
computacionais. Assim, os softwares educativos de simulação podem ser de
grande utilidade, no sentido de que os educadores consigam proporcionar
condições aos alunos de compreender os fenômenos estudados.
Ainda segundo Ribeiro e Greca (2003), simulações computacionais
podem ser classificadas genericamente como conceituais e operacionais. As
conceituais se referem a princípios e fatos relacionados aos eventos simulados,
5
A modelagem computacional é a área da computação que trata da simulação de soluções
para problemas científicos, analisando os fenômenos, desenvolvendo modelos matemáticos
para sua descrição e elaborando códigos computacionais para obtenção daquelas soluções.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
56
como simular a estrutura de uma molécula. as operacionais incluem
seqüências de operações e procedimentos que podem ser aplicados aos
sistemas simulados. A exemplo disso, temos a simulação de uma esterilização
e manuseio de um equipamento ao realizar um determinado procedimento.
Nesta perspectiva, as autoras colocam que,
Em uma simulação, o comportamento deve representar o
funcionamento do sistema real, segundo as teorias ou
modelos que o descrevem, ou seja, são representações de
um sistema que a teoria supõe ser real, que possibilitam
interações sem as limitações ou perigos que o sistema real
possa ter. (RIBEIRO, 2003, p. 545)
As simulações são feitas através de um software que abriga um modelo
pré-determinado, construído pelo professor ou pesquisador, onde o aluno não
tem acesso, deste modo, não pode questioná-lo ou modificá-lo. Nesse sentido,
questiona-se em certa medida até que ponto as interações existentes nesse
processo permitem realmente que o aluno interaja com o programa.
Em um artigo intitulado O uso do computador num projeto construtivista
de educação”, a autora Regina de Oliveira Heidrich expõe o seguinte
pensamento:
O uso do computador se expressa em um contexto de
contínua interação. Nesse sentido, o computador não é
apenas um instrumento que prolonga nossos poderes de
comunicação ou de processar informações: realiza operações
e interpreta informações de modo correspondente ao nosso.
Com isso possibilita uma qualidade de interação, que tem
valor de desenvolvimento. Piaget chamava essa qualidade
dialética de interação de "formas de interdependência". Trata-
se de uma interação em que os elementos devem funcionar ao
mesmo tempo, como "todo" e como "parte", ou seja, devem
atuar de forma interdependente. Como “todo” porque são
"responsáveis" por suas decisões, e como “parte”, porque sua
ação depende da ação de um outro. Não é assim, entre nós e
um programa de computador? Não deveria ser assim,
também, na escola? (
HEIDRICH, 2006, p.4)
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
57
Sendo assim, os softwares apesar de não serem projetados para que o
aluno os modifiquem, proporcionam um tipo de interação com o programa que
permite ao aluno visualizar eventos que acontecem em nível microscópico para
construir posteriormente um modelo mental do fenômeno macroscópico,
fazendo assim suas próprias inferências e previsões.
Não obstante, é desejável que os professores passem de meros
utilizadores de softwares educativos, ou simples avaliadores, para
idealizadores e produtores destes produtos, desenvolvendo-os de maneira a
atender às necessidades e realidades específicas de seus alunos. Afinal, quem
melhor do que o professor, com sua vivência diária com os alunos, conhecedor
de suas realidades e anseios, poderia desenvolver um produto eficiente e
pedagogicamente correto?
Como visto, apesar de existirem mais de vinte anos, os softwares
educativos ainda não foram utilizados em todo seu potencial na prática
docente. A adoção sistemática de softwares educativos nas escolas é carente,
devido às poucas informações sobre aspectos técnicos e pedagógicos dos
sistemas existentes e da própria qualidade educacional destes. Além disso, as
informações disponíveis sobre a funcionalidade dos softwares são limitadas,
sendo os mesmos avaliados inadequadamente. Observa-se ainda uma limitada
divulgação de relatos de experiências vividas por profissionais da área em
eventos e em periódicos específicos da área.
1.5 – Evolução da computação e da química computacional
É indispensável, nesta investigação, frisar a importância dada à Química
Computacional, pois a evolução dos softwares educativos de química está
fortemente atrelada ao desenvolvimento da própria Química Computacional,
uma vez que a criação de softwares científicos no campo da química serve,
além do propósito técnico, ao ensino do conteúdo objeto do programa
computacional.
Em termos de máquinas capazes de executar esses softwares
científicos, durante as três primeiras décadas da era do computador, o principal
desafio foi desenvolver um hardware que reduzisse o custo de processamento
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
58
e o custo da armazenagem de dados. Ao longo da década de 1980, avanços
na microeletrônica, principalmente na evolução dos semicondutores
6
,
resultaram em maior poder de computação a um custo cada vez mais baixo.
Segundo Vazquez (2001), o resultado da redução dos preços e desses
avanços, em termos de desempenho, levou com que a distância que separava
os grandes computadores dos equipamentos de uso pessoal diminuísse ao
ponto de permitir a popularização de métodos computacionais da química em
grande escala. A Química Computacional está claramente associada a esse
desenvolvimento de computadores desde a metade do século passado.
Para Wynn (2002), a redução do tamanho de computadores, juntamente
com o aumento da eficiência de energia e velocidade, pode resultar no
desenvolvimento de biochips
7
, utilizando como princípio a presença ou não de
átomos num local determinado de um grupo de moléculas. E numa evolução
ainda maior, poder-se-ia obter spinchips, que seriam possíveis se tirássemos
proveito do fato de que em uma corrente elétrica normal ocorre com os elétrons
um spin de uma mistura aleatória de dois estados quânticos: alto e baixo.
Inclusive alguns cientistas conseguiram criar esses dois estados e, assim, os
interruptores do tipo ligado-desligado necessários para os spinchips.
Atualmente, o principal desafio é de melhorar a qualidade e reduzir o custo de
soluções baseadas também em softwares.
Química Teórica, Química Computacional e Química Matemática são
termos utilizados para descrever métodos utilizados na interpretação e previsão
quantitativas das propriedades químicas. Esse ramo da química serve para
introduzir técnicas computacionais modernas cujo papel é cada vez mais
importante para a visualização, compreensão e predição de fenômenos
químicos. Especificamente, a Química Computacional é um ramo da Química
Teórica e da Química Quântica. O objeto desse ramo da química é produzir e
6
O circuito integrado ou chip foi criado em 1958, quando um engenheiro da Texas Instruments,
Jack Kilby, descobriu uma maneira de juntar todos os componentes do circuito numa única
pastilha de silício semicondutora. Os chips modernos podem ter centenas de milhões de
transistores. Os processador 80486, lançado em 1989, tinha pouco mais de 1 milhão de
transistores e cada um deles media aproximadamente 1 micron, 1 milésimo de milímetro. O
Pentium 4, no seu lançamento, já tinha 42 milhões de transistores e cada um deles media 0,18
micra.
7
Moléculas orgânicas fabricadas por bactérias projetadas pela Engenharia Genética.
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
59
utilizar programas computacionais para o estudo das propriedades (energia,
momento dipolar, freqüências de vibração, entre outras) de moléculas e de
sólidos. Os objetos de estudo e implementação dos softwares podem ser
agrupados em representar átomos e moléculas; armazenar, organizar e buscar
dados sobre entidades químicas; identificar de padrões, tendências e
correlações entre estruturas químicas e suas propriedades; analisar estruturas
baseadas na simulação de campos e força; criar modelos para desenvolver
sínteses eficientes de compostos e projetar moléculas que interajam com
outras, especificamente na produção de fármacos.
Na Química Teórica os químicos e os sicos desenvolvem algoritmos e
teorias que permitam prever propriedades atômicas e moleculares. Os estudos
estão divididos, a priori, para encontrar um ponto de partida para sínteses em
laboratório, e a posteriori, para explorar mecanismos de reação e explicar
observações em reações vistas em laboratório. A própria concordância
numérica entre os resultados de um experimento computacional e um
experimento de laboratório é uma indicação de que o modelo subjacente é
satisfatório. Como mencionado, e além dessa constatação experimental, é
salutar que a computação deva apontar o caminho para as estruturas e
propriedades das moléculas que ainda não foram preparadas, como também
de materiais que ainda serão sintetizados quimicamente.
Acerca desse impacto da computação na química, escreve Laschuk
(2005),
O impacto da química teórica e computacional se faz sentir
sobre praticamente todos os ramos da pesquisa química:
correlação entre estruturas moleculares e atividade biológica,
materiais com propriedades ópticas especiais, análise e
previsão de espectros, análise conformacional, previsão e
elucidação de mecanismos reacionais são exemplos de áreas
do conhecimento químico que se beneficiam grandemente dos
resultados produzidos por meio da química teórica e da
computação (...) o desenvolvimento tanto dos formalismos
teóricos como das técnicas computacionais permitem-nos
realizar hoje, em computadores pouco dispendiosos, cálculos
que seriam absolutamente inviáveis na realidade de apenas
dez anos atrás. (LASCHUK, 2005, p. 17)
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
60
O procedimento completo de lidar com moléculas muito grandes e
observar como elas se empacotam é de grande interesse para os químicos de
proteínas e de polímeros e é considerado por muitos a ferramenta essencial
para projetar fármacos. Entretanto, mesmo hoje, cálculos de alto nível são
factíveis apenas para sistemas moleculares relativamente pequenos, e as
técnicas computacionais ainda não atingiram o grau de desenvolvimento
necessário para o tratamento, em alto nível de teoria, da maioria dos sistemas
de interesse químico.
Mesmo assim, verifica-se que algumas firmas comerciais são
entusiastas dessas técnicas computacionais. Não existem dúvidas de que o
constante aumento no poder computacional e na sofisticação dos softwares
fará com que o papel da Química Computacional, nesses campos, torne-se
ainda mais contundente.
Com relação a implementação computacional de métodos na ciência,
escreve Morgon (2001),
No caso da implementação de métodos, os dois exemplos são
marcantes. O primeiro refere-se à Teoria de Perturbação
(MPn), fundamentada nos trabalhos de Moller e Plesset da
década de 30, mas que apenas a partir da década de 70 teve
cálculos de energia e gradientes implementados
eficientemente nos programas computacionais. O segundo
exemplo, é mais recente, trata-se da Teoria do Funcional de
Densidade, formulada a partir dos trabalhos de Kohn,
Hohenberg e Sham, que se tornou popular a partir de meados
da década de 80, ou seja, 20 anos depois. E, com relação a
algoritmos mais eficientes destacam-se implementações de
cálculo direto de integrais eletrônicas, métodos de organização
global, da integração numérica (DFT), cálculos analíticos de
gradientes de energia, da matriz hessiana (freqüência e
intensidades), busca na superfície de energia potencial de
estado de transição, entre outros. (MORGON, 2001, p.677)
Identificamos nesse pensamento de Morgon, uma gama enorme de
implementações algorítmicas cabíveis no universo da Química Computacional.
A identificação do nosso objeto de estudo levou-nos, até o momento, a
uma análise e discussão do papel das NTIC para o ensino, dessas tecnologias
no ensino de Química, e da origem da área da Química Computacional. A partir
CAPÍTULO 1 – NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
61
desse ponto, discutiremos o ensino da Química, a formação inicial desses
professores, e suas necessidades formativas.
Capítulo
2
FORMAÇÃO
FORMAÇÃO FORMAÇÃO
FORMAÇÃO INICIAL DE
INICIAL DE INICIAL DE
INICIAL DE
PROFESSORES DE
PROFESSORES DE PROFESSORES DE
PROFESSORES DE QUÍMICA
QUÍMICAQUÍMICA
QUÍMICA
E
E E
E SUAS
SUASSUAS
SUAS NECESSIDADES
NECESSIDADES NECESSIDADES
NECESSIDADES
FORMATIVAS
FORMATIVASFORMATIVAS
FORMATIVAS
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
63
2.1 A química e o ensino de química
A formação inicial tem sido tema de diversos estudos desenvolvidos
tanto no Brasil como em todo o mundo, Schön (2000), Nóvoa (2003),
Perrenoud (2002), Garcia (1992), Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003),
Brzezinski (2001), entre outros. A qualidade da formação, os modelos
adotados, os novos paradigmas que os pautam dentre outros são questões
amplamente discutidas no meio acadêmico. A formação de professores, de um
modo geral, e, do professor de química, de modo particular, tem sido discutida
no sentido de transformar um modelo historicamente de ensino pautado no
racionalismo técnico, advindo do positivismo em uma nova forma de
compreender e ensinar química. Esse é o modelo defendido por Ramalho,
Nuñez e Gauthier (2003) e definido pelos autores como Modelo Emergente da
formação inicial. Para compreender essa ressignificação que atualmente tem
sido posta aos professores de química, faz-se necessário compreender o
processo histórico sofrido pela química, explicitando seu estatuto
epistemológico, científico e, por conseguinte, sua incorporação nos currículos
escolares como disciplina.
2.1.1 Fundamentos históricos da química
A química tem estado presente no desenvolvimento das civilizações,
desde os seus primórdios, suprindo as primeiras necessidades humanas, tais
como: o domínio do processo de cozimento necessário à sobrevivência, a
fermentação, o tingimento e a vitrificação.
De acordo com o documento de Orientações Curriculares de Química
OCQ (2005), inicialmente, o ser humano conheceu a extração, produção e o
tratamento de metais como o cobre, o bronze, o ferro e o ouro. Porém, é o
domínio do fogo que representa uma das mais antigas descobertas químicas e
aquela que mais profundamente revolucionou a vida do homem.
Na cultura ocidental, os gregos da época clássica foram os primeiros a
teorizar sobre a composição da matéria. As idéias de átomo e elemento,
centrais em todo o desenvolvimento da química, surgiram na Antigüidade,
propostas primeiramente pelos filósofos gregos Leucipo e Demócrito (400
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
64
a.C.). Entretanto, acredita-se que a revolução científica ocorreu no Ocidente,
em específico na Europa, em função do desenvolvimento do modo de
produção capitalista, dos interesses econômicos da classe dirigente, da lógica
das relações de produção e das relações de poder que marcam esse sistema
produtivo.
Decerto, ao se falar sobre o contexto histórico da química é necessário
delinear o contexto político, religioso e social. O poder, representado pela
riqueza, e a cura de todas as doenças, sinônimo de vida eterna, foram e são
buscas incessantes da humanidade. É nessa perspectiva que, no século III da
era cristã até o final da Idade dia, a alquimia, um misto de ciência, religião e
magia, desenvolveu-se simultaneamente entre os árabes, egípcios, gregos e
chineses.
Sobre a alquimia, Goldfarb (2001) revela que os alquimistas buscavam o
elixir da vida eterna e a pedra filosofal (transmutação de todos os metais em
ouro). Dedicavam-se à tarefa da experimentação, mas agiam de modo
hermético, em segredo, uma vez que a sociedade da época era contra
procedimentos experimentais, por acreditar tratar-se de bruxaria. Segundo
Chassot (2004), eles buscavam no elixir da longa vida o que hoje se busca por
meio de remédios: melhorar a qualidade de vida e até prolongá-la. A busca de
novos materiais para o fabrico de vestuário e para construção de habitações se
assemelha ao que faziam os alquimistas, que, com a evaporação dos líquidos
ou com a recalcinação de sólidos, procuravam melhorar a qualidade das
substâncias. As retortas, os crisóis, os alambiques de então estão nos
modernos laboratórios de hoje, sob a forma de sofisticada aparelhagem de
vidros especiais.
Dos experimentos que realizaram, os alquimistas descobriram a
extração, produção e tratamento de diversos metais. Destacam-se o cobre, o
ferro e o ouro, além das vidrarias que foram sendo aperfeiçoadas, fazendo
parte, muitas delas, dos laboratórios até a atualidade. Apesar da fantasia (e da
realidade) contida nos textos alquímicos, permeados de escritos indecifráveis,
clandestinamente, aos poucos, eles se difundiram pela Europa.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
65
No final do século XIV e início do século XV, o contexto histórico do fim
do feudalismo, representado pelas aglomerações urbanas emergentes, pelas
péssimas condições sanitárias, pela fome, pelas pestes em especial a peste
negra de 1347 gerou um desequilíbrio demográfico e problemas relacionados
ao trabalho, o qual também se modificava estruturalmente. A burguesia, classe
social emergente, começava a ocupar o espaço econômico e a comandar a
reestruturação do espaço e do processo produtivo.
No século XVII, na Europa, ocorria a expansão da indústria, do
comércio, da navegação e das técnicas militares, particularmente em cidades
como Paris, Londres, Berlim, Florença e Bolonha, onde existiam as grandes
universidades. Nesse contexto, foi fundada, em Paris, a Academie de Sciences
e outra similar em Berlim, ambas subvencionadas e subordinadas ao Estado.
Paralelamente, em Londres, foi criada a Royal Society, mantida pelos próprios
participantes e sem qualquer relação com o Estado, livre para colocar em ação
as teorias científicas aliadas às práticas populares e ao cotidiano das pessoas.
Nesse mesmo século, ocorreu a revolução química com a incorporação
de alguns elementos empíricos da alquimia: o mágico cedeu lugar ao científico;
a química ascendeu ao fórum das ciências. O avanço da ciência química
estava vinculado às investigações sobre a composição e estrutura da matéria,
estudos estes partilhados com a física, que investigava as forças internas que
regem a formação da matéria.
O químico que marcou o século XVIII foi Antonie Laurent Lavoisier, que
elaborou o Traité Elementaire de Chimie (Tratado Elementar da Química),
publicado em março de 1789, e deu início à fase moderna dessa ciência.
Lavoisier propôs uma nomenclatura universal para os compostos
químicos que foi aceita internacionalmente. A química ganhou não apenas uma
linguagem universal quanto à nomenclatura adotada, mas, também, quanto aos
seus conceitos fundamentais.
No desenvolvimento do seu trabalho, Lavoisier demonstrou que a
queima é uma reação química com oxigênio, superando a antiga Teoria do
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
66
Flogisto
8
, até então amplamente usada nas explicações sobre transformações
químicas. O trabalho de Lavoisier, em especial o episódio da descoberta do
oxigênio gerou uma crise a respeito das explicações de fenômenos como
combustão, calcinação e respiração. A superação da idéia do flogisto e o
esclarecimento da combustão, por Lavoisier, trouxeram novos direcionamentos
para as investigações sobre a natureza das substâncias.
O século XIX foi o período no qual a ciência moderna se consolidou.
John Dalton apresentou sua teoria atômica em uma série de conferências
realizadas na Royal Institution de Londres. Para ele, a matéria era constituída
de pequenas partículas esféricas maciças e indivisíveis, denominadas átomos,
os quais seriam reorganizados pelas reações químicas (matéria e sua
natureza).
Em 1860, foi realizado o primeiro Congresso Mundial de Química, em
Karslsruche, no território da atual Alemanha. A partir de uma proposta de
Friedrich August Kekulé, apoiado por Charles Adolphe Wurtz, 140 eminentes
químicos se reuniram para discutir definições dos conceitos de átomo,
molécula, equivalente, atomicidade e basicidade. Como conseqüência, foi
estabelecida a classificação periódica dos elementos, por Dmitri Ivanovitch
Mendeleev. De acordo com estudos de Beltran e Ciscato,
A surpreendente exatidão da tabela de Mendeleev dos nossos
dias, o que para nós era algo habitual, esconde o intenso
esforço do cientista para compreender tudo o que era
conhecido no seu tempo acerca das transformações da
matéria. Foi graças a esse gigantesco trabalho que a
grandiosa e intuitiva hipótese acerca da existência da lei da
periodicidade das propriedades dos elementos químicos se
tornou uma realidade (BELTRAN; CISCATO, 1991, p. 133).
Os interesses da indústria da segunda metade do século XIX
impulsionaram pesquisas e descobertas sobre o conhecimento químico; dentre
estas, os avanços da eletricidade trouxeram significativas contribuições,
8
Flogisto é a denominação dada nos primeiros tempos da Química a algo que se pensava
estar presente em todas as substâncias que queimavam.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
67
sobretudo, no que se refere aos conceitos de afinidade química e eletrólise,
que esclareceram a estrutura da matéria (matéria e sua natureza).
Tais descobertas originaram-se, essencialmente, nas indústrias e não
nas instituições de pesquisa e ensino, como poder-se-ia supor. Isso por que os
setores de produção industrial e de produção científica não apresentavam
interesses em comum com o Estado, Hobsbawm (2001).
No final do século XIX, com o surgimento dos laboratórios de pesquisa,
a Química se consolidou como a principal disciplina associada aos efetivos
resultados na indústria. Braverman (1987) localizou as primeiras relações de
produção de conhecimentos nas instituições científicas e na indústria na
Alemanha, Estado recém-unificado e em busca de desenvolvimento econômico
e científico e de reorganização territorial. Seguido por outras nações, o
exemplo alemão no investimento em pesquisas alavancou ainda mais o
desenvolvimento da Química. Segundo essa teoria, substâncias extraídas de
organismos vivos não podiam ser reproduzidas em laboratório, pois somente
os seres vivos dispunham da força vital capaz de sintetizá-las.
No século XX, a Química e todas as outras Ciências Naturais tiveram um
grande desenvolvimento, em especial, nos Estados Unidos e Inglaterra. Com o
esclarecimento da estrutura atômica, foi possível entender melhor a
constituição e formação das moléculas, em especial, a do DNA.
Ainda segundo o OCQ (2005), o estreitamento dessas relações geridas
pelos interesses econômicos e pelas instâncias do poder resultou, entre outros
fatores, na eclosão das duas guerras mundiais do século XX e no paradoxo da
evolução científica que contribuiu, simultaneamente, para os avanços da
humanidade e para seu possível aniquilamento.
Passada a Segunda Guerra Mundial, as pesquisas sobre o átomo foram
mais incrementadas, buscando desvendar suas características. Tais pesquisas
realizavam-se em gabinetes e laboratórios, com recursos próprios, e em
grandes centros de pesquisa com muita divulgação promovida pelas grandes
indústrias. Os cientistas químicos contribuíram e contribuem amplamente com
conhecimentos e descobertas que interferem no desenvolvimento da química
e, em muitos casos, na vida do planeta.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
68
Hébrard (2000) afirma que esse percurso histórico contribuiu para
constituição da química como disciplina escolar, inicialmente na França, no
governo de Napoleão III, quando o ministro Victor Dury aprovou um dispositivo
legal que prolongou a escola primária. Assim, os adolescentes que já
trabalhavam podiam voltar à escola para seguir o curso noturno, no qual eram
reforçados os conhecimentos de base. Os conhecimentos de química foram
incorporados à prática dos professores e abordados conforme a necessidade
dos alunos, como, por exemplo, estudos sobre a correção dos solos e a tintura
dos tecidos.
De acordo com Goodson (1995), um forte movimento em prol das
ciências das coisas comuns ocorreu na Inglaterra na década de 1850, o que
resultou em uma política financiada pelo governo inglês, tendo em vista a
produção de material didático, equipamentos para as escolas e a formação de
professores voltada para a classe operária. Tratava-se de um ensino dos
conhecimentos científicos que estabelecia relação com os interesses
pragmáticos da vida cotidiana.
A reação incisiva das classes média e alta contra essa iniciativa bem-
sucedida de educação científica de massas provocou o desmantelamento das
ciências das coisas comuns e a excluiu do currículo escolar por cerca de vinte
anos. Aquela metodologia de ensino foi substituída por uma abordagem que
apresentava aos alunos um misto de ciência pura e ciência laboratorial, com
uma linguagem ligada à elite universitária que permaneceu como uma herança
na Educação Básica até a atualidade.
No Brasil, as primeiras atividades de caráter educativo em Química
surgiram no início do século XIX, provenientes das transformações políticas e
econômicas que ocorriam na Europa. Conforme Chassot (1995), a construção
dos currículos, nessa época, teve por base três documentos históricos que
foram produzidos em Portugal, na França e no Brasil, a saber,
respectivamente.
i. Normas do curso de filosofia contidas no Estatuto da Universidade de
Coimbra;
ii. texto de Lavoisier: sobre a maneira de ensinar Química;
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
69
iii. diretrizes para a cadeira de Química da Academia Médico-Cirúrgica da
Bahia.
As recomendações de Coimbra definiram o que seria o ensino em
Portugal e marcaram fortemente todo o período imperial brasileiro. O texto do
cientista Lavoisier foi decisivo, porque foi adotado nas escolas militares
brasileiras, nas escolas de engenharia e nas escolas preparatórias para o
ensino superior. As diretrizes para a cadeira de Química, elaboradas pelo
Conde da Barca, influenciadas por uma carta do rei de Portugal, reconheciam a
importância da química para o progresso dos estudos da medicina, cirurgia e
agricultura e, além disso, indicavam o ensino dos princípios práticos da química
e seus diferentes ramos aplicados às artes e à farmácia para o perfeito
conhecimento dos produtos naturais do Brasil.
De acordo com Schwartzman (2001), a Primeira Guerra Mundial
impulsionou a industrialização brasileira e acarretou aumento na demanda da
atividade dos químicos.
Em conseqüência, abriram-se as portas para o ensino de Química de
nível superior, oficializado com um projeto para criação do curso de Química
Industrial, aprovado em 1919, subsidiado pelo governo federal.
O primeiro Congresso Brasileiro de Química realizou-se em 1922, no Rio
de Janeiro, tendo como resultados a fundação da Sociedade Brasileira de
Química e o movimento de modernização para o ensino brasileiro.
Em 1929, no Brasil, a crise do café fez mudar o eixo de produção
econômica, pois o país deixou de ser somente agrário e passou a investir na
industrialização. Esse processo possibilitou a modernização do ensino
brasileiro, em especial do ensino superior. A partir de 1931, com a Reforma
Francisco Campos, a disciplina de Química passou a ser ministrada de forma
regular no currículo do Ensino de grau no Brasil, hoje denominado Ensino
Médio. Documentos da época apontam alguns objetivos para o ensino de
Química voltados para a apropriação de conhecimentos específicos e também
para despertar o interesse científico nos alunos e enfatizar a sua relação com a
vida cotidiana, Macedo e Lopes (2002).
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
70
Entre as décadas de 1950 e 1970, o ensino de Química foi marcado pelo
positivismo expresso no método científico de ensinar ciências por meio da
descoberta e redescoberta, influenciado por programas norte-americanos do
ensino de Química, Biologia e Física, a partir de experimentos com o objetivo
de preparar o aluno para ser cientista. Isto influenciou preponderantemente a
atividade docente.
Essa assertiva é confirmada pelos estudos descritos por Maldaner, nos
quais afirma,
Na essência os professores de ensino médio tendem a
manter, tacitamente, as mesmas concepções da ciência
química que vivenciaram ou que lhes foi “passada na
universidade, ou seja, conforma a racionalidade técnica
derivada do positivismo (MALDANER, 2000, p. 53).
De acordo com Krasilchik (2000), tomando como marco inicial a década
de 1950, é possível afirmar que a Ciência e a Tecnologia têm sido
reconhecidas como essenciais no desenvolvimento econômico, cultural e
social. O ensino das Ciências, em todos os níveis, foi crescendo em termos de
importância, sendo objeto de movimentos de transformação do ensino e das
reformas educativas.
No final da década de 1970, as idéias da pedagogia construtivista se
consolidaram sob o princípio da construção do conhecimento pelo aluno por
meio de desequilíbrios cognitivos, possibilitando a articulação de suas
concepções ao conceito científico já estabelecido.
No início dos anos de 1980, de acordo com Rocha (2003), os currículos
brasileiros passaram a ter um enfoque sociológico, sob a preocupação de
desvelar o papel do currículo como espaço de poder. Predominou a idéia de
que o currículo pode ser compreendido quando contextualizado política,
econômica e socialmente.
Nos anos de 1990, as mudanças neoliberais realizadas no mundo do
trabalho colocaram a educação em pauta novamente, o que afetou as
discussões a respeito de currículo. Em âmbito mundial, encontros e
conferências priorizavam a educação inclusive a Educação Básica como
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
71
alvo das reformas necessárias para a formação do trabalhador. Organizações
financeiras internacionais, como o Banco Mundial, passaram a condicionar
seus empréstimos, para países como o Brasil, à adoção de políticas sociais e
educativos que atendessem aos interesses daquelas mudanças. Nesse
contexto, ocorreu a produção e a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional LDB 9394/1996, bem como a construção dos
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs.
Os PCNs foram apresentados, então, como documento balizador para
as reformulações curriculares que deveriam ocorrer nos estados brasileiros e
trouxeram, em seu discurso, a busca pelo significado do conhecimento escolar,
pela contextualização e interdisciplinaridade, a fim de evitar a
compartimentação do conhecimento. No entanto, tratava-se de uma política
maior que, de acordo com Brzezinski (2001), gerou um esvaziamento de
conteúdos das disciplinas, os quais passaram a ser apenas um meio para
desenvolver as competências e habilidades necessárias ao ingresso no
mercado de trabalho, ao final do Ensino Médio.
A ênfase na abordagem de temas transversais também foi criticada, uma
vez que dissociava o que é específico dos conhecimentos historicamente
constituídos, num enfoque reducionista das possibilidades de trabalho
pedagógico interdisciplinar.
Atualmente, o conhecimento químico, assim como todos os demais, tem
sido compreendido não como algo pronto, acabado e inquestionável, mas em
constante transformação. Esse processo de elaboração e transformação do
conhecimento ocorre a partir das necessidades humanas, passível de
falibilidade e inseparável dos processos sociais, políticos e econômicos. “A
ciência já não é mais considerada objetiva nem neutra, mas preparada e
orientada por teorias e/ou modelos que, por serem construções humanas com
propósitos explicativos e previstos, são provisórios” (CHASSOT, 1995, p. 68).
Desse modo, o desenvolvimento da sociedade no contexto capitalista
passou a exigir das ciências respostas precisas e específicas às suas
demandas econômicas, sociais, políticas.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
72
A partir das décadas de 1960 e 1970, quanto à relação entre o sistema
produtivo e a produção científica, no Brasil, o processo de industrialização
influenciou a formação de cursos profissionalizantes com métodos que
privilegiavam a memorização de fórmulas, a nomenclatura, as classificações
dos compostos químicos, as operações matemáticas e a resolução de
problemas. Uma característica marcante no ensino tradicional é confundir os
conceitos com definições. O aluno apenas memoriza a definição do conceito,
mas não o compreende, pois isso somente ocorre quando o entendimento e
aplicação de um conceito químico é relacionado a outros conceitos químicos
conhecidos.
Sobre isso, Santos e Mol afirmam que,
A vocação técnica e instrumental do conhecimento científico
tornou possível a sobrevivência do homem a um vel nunca
antes atingido, mas, porque concretizada sem a contribuição
de outros saberes, aprendemos a sobreviver no mesmo
processo na medida em que deixamos de saber viver. Um
conhecimento anônimo reduziu a práxis à técnica (SANTOS;
MOL, 2004, p. 148).
Portanto, “uma abordagem tradicional não atende as expectativas atuais,
fazendo emergir um ensino de Química voltado à construção e reconstrução de
significados dos conceitos científicos nas atividades em sala de aula”
(MALDANER, 2000, p. 144). Isso implica compreender o conhecimento
científico e tecnológico para além do domínio estrito dos conceitos de química.
Faz-se necessário, a compreensão e apropriação do conhecimento
químico, por meio do contato do aluno com o objeto de estudo da química, que
é o estudo da matéria e suas transformações. Este processo deve ser
planejado, organizado e dirigido pelo professor, numa relação dialógica, em
que a aprendizagem dos conceitos químicos se realize para organizar o
conhecimento científico.
Para Chassot e Oliveira (1998), os conceitos científicos devem contribuir
para a formação de sujeitos que compreendam e questionem a ciência do seu
tempo.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
73
No ensino tradicional, o experimento ilustra a teoria, serve para verificar
conhecimentos e motivar os alunos. As aulas de laboratório seguem
procedimentos como se fossem receitas, que não podem dar errado, isto é, ter
um resultado diferente do previsto na teoria.
Na perspectiva da abordagem conceitual do conteúdo químico,
considera-se que a experimentação favorece a apropriação efetiva do conceito
e “o importante é a reflexão advinda das situações nas quais o professor
integra o trabalho prático na sua argumentação” (AXT, 1991, p. 81).
Esses fundamentos buscam dar sentido aos conceitos químicos, de
modo que se torna muito importante a experimentação na atividade
pedagógica. Entretanto, não são necessários materiais laboratoriais de
precisão, pois as análises realizadas nas escolas não visam ao resultado
quantitativo dos experimentos.
Para Rosito (2003, p. 206), “muitos professores acreditam que o ensino
experimental exige um laboratório montado com materiais e equipamentos
sofisticados, situando isto como a mais importante restrição para o
desenvolvimento de atividades experimentais”. No entanto, possibilidades
de se realizar experimentos na sala de aula, ou mesmo fora dela, utilizando
materiais de baixo custo. Não significa dizer que um laboratório bem equipado
não é importante para a condução de um bom ensino, mas a falta de um
laboratório não deve justificar um ensino fundamentado apenas no livro texto.
A importância da abordagem experimental está na caracterização do seu
papel investigativo e de sua função pedagógica em auxiliar o aluno na
explicitação, problematização, discussão, enfim, na significação dos conceitos
químicos.
É necessário perceber que o experimento faz parte do contexto de sala
de aula e que não se deve separar a teoria da prática. Isso porque faz parte do
processo pedagógico que os alunos se relacionem com os fenômenos sobre os
quais se referem os conceitos a serem formados e significados.
Outra questão relacionada ao ensino de química é a crítica ao privilégio
que se concede às operações matemáticas em detrimento do trabalho com o
conteúdo químico.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
74
Sem dúvida, os números, os resultados quantitativos trazem muitos
subsídios para a construção do conceito químico de concentração e, portanto,
não devem ser menosprezados. Contudo, eles podem ser mais bem
compreendidos por outras vias que não somente a dos cálculos matemáticos.
De acordo com Bernardelli (2004), muitas pessoas resistem ao estudo
da química pela falta de um método que contextualize seus conteúdos. Muitos
estudantes do Ensino Médio têm dificuldade de relacioná-los em situações
cotidianas, pois ainda se espera deles a excessiva memorização de fórmulas,
nomes e tabelas.
O mesmo autor destaca que o professor deve criar condições favoráveis
e agradáveis para o ensino e aprendizagem da disciplina, aproveitando, no
primeiro momento, a vivência dos alunos, os fatos do dia-a-dia, a tradição
cultural e a mídia, buscando, através disso, reconstruir os conhecimentos
químicos para que o aluno possa refazer a leitura do seu mundo, Bernardelli
(2004).
O meio ambiente está intimamente ligado à química, uma vez que o
planeta vem sendo atingido por vários problemas que correspondem a esse
campo do conhecimento. Grande parte da humanidade sabe do agravamento
do efeito estufa e do conseqüente aumento da temperatura da Terra, dos
problemas causados pelo buraco da camada de ozônio da estratosfera, por
onde passam os nocivos raios ultravioleta que atingem a superfície com maior
intensidade.
A química tem forte presença na procura de novos produtos, sendo cada
vez mais solicitada nas novas áreas específicas surgidas nos últimos anos:
biotecnologia, química fina, pesquisas direcionadas para oferta de alimentos e
medicamentos. Essas questões podem e devem ser abordadas nas aulas de
química. Santos e Mol (2004) também afirmam que uma estratégia
metodológica que tem sido recomendada é a discussão de aspectos sócio-
científicos, ou seja, de questões ambientais, políticas, econômicas, éticas,
sociais e culturais relativas à ciência e à tecnologia.
Uma prática comum, adotada pelos professores da disciplina, é o
trabalho de temas como: lixo, efeito estufa, camada de ozônio, água,
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
75
reciclagem, química ambiental, poluição, drogas, química da produção, por
meio da metodologia de projetos que, algumas vezes, envolve toda a escola.
Isso, porém, não garante a construção e apreensão do conhecimento da
química. O aluno sabe pelo senso comum e pelo contexto da vida o que é
droga, o que é lixo; sabe que é importante preservar a água limpa. Cabe ao
professor dar-lhe oportunidade para que desenvolva o conhecimento científico,
aproprie-se dos conceitos da química e seja sensibilizado a um
comprometimento com a vida no planeta.
2.2 Bases legais: Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de
graduação em licenciatura em química
Com o fenômeno da globalização e o grande avanço científico e
tecnológico, as universidades perderam a sua posição de centralidade na área
do saber. Isto faz com que o estudante saia dos cursos de graduação com
conhecimentos desatualizados e não suficientes para uma ação interativa e
responsável na sociedade onde está inserido, seja como profissional, seja
como cidadão.
A simples análise da conjuntura brasileira atual, em termos do Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH, frente aos países desenvolvidos, é suficiente
para destacar as diferenças existentes e a necessidade urgente de
reestruturação do sistema educacional vigente no país, seja nos níveis
fundamental e médio como também no nível superior.
Neste sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
promulgada pela Lei Federal n
o
9.394, de 20 de dezembro de 1996, ressalta a
preocupação do poder público em reconstruir o sistema educacional brasileiro
com finalidade voltada para o pleno exercício da cidadania. No seu capítulo IV,
sobre a Educação Superior, determina, entre outras ações, o estímulo à
criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo. Recomenda a formação de diplomados não apenas aptos ao
exercício da profissão, mas também capazes de colaborarem para o
desenvolvimento cultural da sociedade brasileira. Fomenta a investigação
científica visando o progresso da ciência e da tecnologia e a criação e difusão
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
76
da cultura voltada para a integração “homem – meio ambiente”. Suscita o
desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional, bem como
recomenda estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular, os nacionais e regionais.
Analisando as necessidades cotidianas da sociedade e suas exigências,
é fácil verificar que, dos profissionais que trabalham no aproveitamento dos
recursos naturais e transformações da matéria, o profissional da química é um
dos principais vetores de transformação do mundo atual, sendo de extrema
necessidade nos setores produtivos que garantem a qualidade de vida da
sociedade, tais como: alimentação, saúde, habitação, meio ambiente e
educação, entre outros.
Desse modo, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o curso
de graduação em Química explicitam as novas demandas para o professor,
assim como para os cursos de graduação em Química.
Ao tratar acerca do perfil dos egressos dos cursos de Química as DCNs
orientam que o licenciado em Química deve ter formação generalista, sólida e
abrangente em conteúdos dos diversos campos da química, deve ainda ter
preparação adequada à aplicação pedagógica do conhecimento e experiências
de química e de áreas afins, na atuação profissional como educador na
educação fundamental e média.
No tocante às competências e habilidades, devem ser adquiridas
considerando as diversas dimensões da formação. Com relação à formação
pessoal, as DCNs explicitam que o licenciado deve: possuir conhecimento
sólido e abrangente na área de atuação, com domínio das técnicas básicas de
utilização de laboratórios, bem como dos procedimentos necessários de
primeiros socorros, nos casos dos acidentes mais comuns em laboratórios de
química; possuir capacidade crítica para analisar de maneira conveniente os
seus próprios conhecimentos; assimilar os novos conhecimentos científicos
e/ou educativos e refletir sobre o comportamento ético que a sociedade espera
de sua atuação e de suas relações com o contexto cultural, socioeconômico e
político; identificar os aspectos filosóficos e sociais que definem a realidade
educacional; identificar o processo de ensino/aprendizagem como processo
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
77
humano em construção; ter uma visão crítica com relação ao papel social da
Ciência e a sua natureza epistemológica, compreendendo o processo histórico-
social de sua construção; saber trabalhar em equipe e ter uma boa
compreensão das diversas etapas que compõem uma pesquisa educacional;
ter interesse no auto-aperfeiçoamento contínuo, curiosidade e capacidade para
estudos extra-curriculares individuais ou em grupo, espírito investigativo,
criatividade e iniciativa na busca de soluções para questões individuais e
coletivas relacionadas com o ensino de química, bem como para acompanhar
as rápidas mudanças tecnológicas oferecidas pela interdisciplinaridade, como
forma de garantir a qualidade do ensino de química; ter formação humanística
que permita exercer plenamente sua cidadania e, enquanto profissional,
respeitar o direito à vida e ao bem estar dos cidadãos; ter habilidades que o
capacitem para a preparação e desenvolvimento de recursos didáticos e
instrucionais relativos à sua prática e avaliação da qualidade do material
disponível no mercado, além de ser preparado para atuar como pesquisador no
ensino de química.
com relação à compreensão da química, o licenciado, segundo as
DCNs, deve: compreender os conceitos, leis e princípios da química; conhecer
as propriedades físicas e químicas principais dos elementos e compostos que
possibilitem entender e prever o seu comportamento físico-químico, aspectos
de reatividade, mecanismos e estabilidade; acompanhar e compreender os
avanços científico-tecnológicos e educativos; reconhecer a química como uma
construção humana e compreender os aspectos históricos de sua produção e
suas relações com o contexto cultural, socioeconômico e político.
Com relação à busca de informação e à comunicação e expressão, o
egresso do curso de Licenciatura em Química deverá: saber identificar e fazer
busca nas fontes de informações relevantes para a química, inclusive as
disponíveis nas modalidades eletrônica e remota, que possibilitem a contínua
atualização técnica, científica, humanística e pedagógica; ler, compreender e
interpretar os textos científico-tecnológicos em idioma pátrio e estrangeiro
(especialmente inglês e/ou espanhol); saber interpretar e utilizar as diferentes
formas de representação (tabelas, gráficos, símbolos, expressões, etc.); saber
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
78
escrever e avaliar criticamente os materiais didáticos, como livros, apostilas,
"kits", modelos, programas computacionais e materiais alternativos; demonstrar
bom relacionamento interpessoal e expressar corretamente os projetos e
resultados de pesquisa na linguagem educacional, oral e escrita (textos,
relatórios, pareceres, posters, internet, etc.) em idioma pátrio.
No que se refere ao ensino de química, o egresso deve: refletir de forma
crítica a sua prática em sala de aula, identificando problemas de
ensino/aprendizagem; compreender e avaliar criticamente os aspectos sociais,
tecnológicos, ambientais, políticos e éticos relacionados às aplicações da
química na sociedade; saber trabalhar em laboratório e saber usar a
experimentação em química como recurso didático; possuir conhecimentos
básicos do uso de computadores e sua aplicação em ensino de química;
possuir conhecimento dos procedimentos e normas de segurança no trabalho;
conhecer teorias psicopedagógicas que fundamentam o processo de ensino-
aprendizagem, bem como os princípios de planejamento educacional; conhecer
os fundamentos, a natureza e as principais pesquisas de ensino de química;
conhecer e vivenciar projetos e propostas curriculares de ensino de química;
ter atitude favorável à incorporação, na sua prática, dos resultados da pesquisa
educacional em ensino de química, visando solucionar os problemas
relacionados ao ensino/aprendizagem.
Quanto à profissão, o licenciado em química deve: ter consciência da
importância social da profissão como possibilidade de desenvolvimento social e
coletivo; ter capacidade de disseminar e difundir e/ou utilizar o conhecimento
relevante para a comunidade; atuar no magistério, em nível de ensino
fundamental e médio, de acordo com a legislação específica, utilizando
metodologia de ensino variada; contribuir para o desenvolvimento intelectual
dos estudantes e para despertar o interesse científico em adolescentes;
organizar e usar laboratórios de química; escrever e analisar criticamente livros
didáticos e paradidáticos e indicar bibliografia para o ensino de química;
analisar e elaborar programas para esses níveis de ensino; exercer a sua
profissão com espírito dinâmico, criativo, na busca de novas alternativas
educativas, enfrentando como desafio as dificuldades do magistério; conhecer
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
79
criticamente os problemas educativos brasileiros; identificar, no contexto da
realidade escolar, os fatores determinantes no processo educativo, tais como, o
contexto socioeconômico, a política educacional, a administração escolar e
fatores específicos do processo de ensino-aprendizagem de química; assumir
conscientemente a tarefa educativa, cumprindo o papel social de preparar os
alunos para o exercício consciente da cidadania; desempenhar na sociedade,
outras atividades, cujo sucesso dependa de uma sólida formação universitária.
De modo recorrente, as DCNs recomendam que se deve buscar a
integração entre os conteúdos de química, além de correlações entre a química
e as áreas afins, objetivando a interdisciplinaridade e definindo os conteúdos
essenciais, sejam eles básicos ou específicos.
Dentre os conteúdos considerados básicos, estão inclusos conceitos da
matemática, da física e da química, sendo ressaltado o papel fundamental da
prática laboratorial. No que se refere aos conteúdos específicos, as DCNs
apresentam os conteúdos profissionais e as atividades extra-classe. Os
primeiros são considerados essenciais para o desenvolvimento de
competências e habilidades. De acordo com as referidas diretrizes,
considerando as especificidades regionais e institucionais, a IES estabelecerá
os currículos com vistas ao perfil do profissional que deseja formar, priorizando
a aquisição das habilidades mais necessárias e adequadas àquele perfil,
oferecendo conteúdos variados, permitindo ao estudante selecionar os que
mais atendam as suas escolhas pessoais dentro da carreira profissional de
químico, em qualquer das suas habilitações.
Para a licenciatura em Química, serão incluídos no conjunto dos
conteúdos profissionais os conteúdos da Educação Básica, consideradas as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores em nível
superior, bem como as Diretrizes Nacionais para a Educação Básica e para o
Ensino Médio.
As DCNs evidenciam uma preocupação com o que denominam de
Atividades Complementares, as quais são descritas como essenciais para a
formação humanística, interdisciplinar e gerencial. Segundo as DCNs, as IESs
deverão oferecer um leque abrangente de conteúdos e atividades comuns a
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
80
outros cursos da instituição para a escolha dos estudantes. Sugerem-se, para
este segmento curricular, conteúdos de filosofia, história, administração,
informática, instrumental de língua portuguesa e línguas estrangeiras, dentre
outros. A elaboração de monografia de conclusão do curso será inserida
também nestes conteúdos.
De modo geral, os documentos oficiais concebem a química como uma
forma de pensar e falar sobre o mundo que pode ajudar o cidadão a participar
da sociedade industrializada e globalizada, na qual a ciência e a tecnologia
desempenham um papel cada vez mais importante.
Tais documentos compreendem que o ensino da química na escola
média brasileira está mudando para atender a essa finalidade, e muitas dessas
mudanças estão expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a área
de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias.
As referidas mudanças organizam-se em torno de três exigências
básicas.
i. conceber o estudante como o centro do processo de ensino-
aprendizagem. Os alunos são ativos, constroem seu conhecimento por
meio de um diálogo entre as novas formas de conhecer que lhes o
apresentadas na escola e aquilo que eles sabiam de sua vivência
cultural mais ampla;
ii. propor um ensino que prepare o cidadão para participar do debate e da
tomada de decisões na sociedade sobre problemas ambientais, sociais,
políticos e econômicos que envolvam a ciência e a tecnologia. O aluno
deve ser capaz de ler e interpretar textos e informações científicas
divulgadas pela mídia e de usar o conhecimento científico na sua vida
diária;
iii. propor um ensino em que o aluno aprenda não os conceitos
científicos, mas também como funciona a ciência e como os cientistas
procedem para investigar, produzir e divulgar conhecimentos. A história
da ciência desempenha papel importante para ajudar o aluno a entender
a natureza do conhecimento científico, ao mostrar que a atividade
científica faz parte da atividade humana.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
81
Os desafios postos ao ensino médio brasileiro são cada vez maiores e
mais complexos. À medida que os governos foram investindo maciçamente no
ensino fundamental, ao longo das últimas décadas, congruentemente, a
demanda no ensino médio foi se ampliando.
Acrescentam-se ainda, outros fatores que têm contribuído para o
inchaço desse nível de ensino. O avanço científico e tecnológico, que põe em
xeque uma formação restrita ao exercício técnico de um ofício, antes suficiente
para adentrar o mercado de trabalho, e nele permanecer, com possibilidade da
manutenção de uma posição social.
Indubitavelmente, os currículos escolares sofrem influências do contexto
político, social e econômico no qual está inserido. À medida que as relações
societárias se complexificam, a escola é levada a redimensionar suas
concepções, condutas e posturas. Desse modo, a formação dos professores
também sofre pressões no sentido de adequar-se para suprir as novas
exigências.
Não obstante as exigências postas, a formação em nível médio tem
conservado uma desarticulação com a realidade do mundo do trabalho, bem
como com o estilo de vivência atual.
Nessa perspectiva, Pardal (2001) explicita que deve haver um
redimensionamento da formação do professor do nível médio, cujo cerne deve
considerar de modo geral,
A heterogeneidade sócio-cultural dos alunos; um professor
polivalente; uma maior valorização do ensino experimental;
uma maior articulação do componente profissionalizante da
formação; uma maior valorização das tecnologias; a
orientação social e profissional dos alunos. (PARDAL, 2001, p.
98)
Diante desse contexto, os cursos de formação de professores precisam
assumir a responsabilidade de suprir as necessidades formativas desses
profissionais. Para Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003), formar professores nos
dias atuais pressupõe adotar o modelo emergente de formação, pautado na
profissionalização.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
82
No Brasil, ainda, muito fortemente arraigado, o modelo hegemônico
de formação, no qual “se misturam tendências próprias do racionalismo técnico
e da formação academicista e tradicional”, Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003,
p. 21). Nesse modelo, o papel do professor é minimizado a uma execução
reprodutivista e consumidora de saberes profissionais produzidos por
especialistas das áreas científicas, considerados hierarquicamente legítimos
para essa tarefa. Esse contexto ratifica a desvalorização e conseqüente
desprofissionalização do professor, cuja formação e prática são pensadas por
terceiros.
No entanto, esse modelo não mais se adequa ao profissional pensado
para responder as demandas da sociedade atual. Porém, um processo de
transformação de uma profissão não se de forma mecânica e nem linear. É
um processo complexo e como defende Pardal (2001),
Transformar a profissão docente na direção apontada significa
alterar a cultura docente. Alterar essa cultura significa interferir
numa forma de ação que, por muitos considerada positiva no
passado e no presente, configura a base da estabilidade de
grupo e individual: o individualismo tradicional e o isolamento
das disciplinas. Intervir nesta cultura pode significar uma
agressão a autonomia individual. E até uma certa solidão
criadora e uma desvalorização do estatuto profissional e social
(PARDAL, 2001, p. 105).
Entretanto, como o próprio autor afirma é preciso mudar. É nesse
processo de mudança que a adoção de novos modelos de formação se fazem
prementes. Tomando por base o denominado modelo de formação
emergente, passam a ser prerrogativas da profissão de professor: a reflexão
(SCHÖN, 2000); a pesquisa (STENHOUSE, 1987), por meio da qual o
professor torna-se um investigador; e a crítica (FREIRE, 1997), componente
essencial para a compreensão de sua condição e de seu papel enquanto
profissional da educação. Conforme advogam Ramalho, Nuñez e Gauthier
(2003), tais prerrogativas,
Possibilitam ao professor participar na construção de sua
profissão e no desenvolvimento da inovação educativa,
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
83
norteiam a formação de um profissional não para
compreender e explicar os processos educativos dos quais
participa, como também para contribuir na transformação da
realidade educacional no âmbito de seus projetos pessoais e
coletivos.
(
RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER,
2003, p.23).
É também por meio desses elementos que o professor pode
protagonizar o processo de inovação educativa “para a transformação não
do currículo como também da escola no contexto social” (RAMALHO; NUÑEZ;
GAUTHIER, 2003, p. 28).
O professor que se coloca nessa condição caminha para a conquista de
uma autonomia profissional necessária à construção de saberes e
competências que, por sua vez, concorrerão para a sua própria
profissionalização.
No caso do professor de química, os desafios se colocam ainda maiores,
pois subjacente a sua prática estão não só as exigências ligadas à formação do
professor, de modo geral, mas também, de modo particular, aquelas inerentes
ao metier peculiar à disciplina como conhecimento científico. Nessa direção
Maldaner (2000, p. 177) explicita que “a formação dos professores de química
pode trazer uma complicação a mais que é a formação ligada à parte
experimental da ciência química”. Segundo o autor, os cursos de química
geralmente oferecem as aulas teóricas paralelamente às aulas práticas. Assim,
esses currículos procuram formar o técnico especialista ou o profissional
pesquisador (bacharel), em detrimento do profissional professor, ficando a
parte formativa para a sala de aula marginalizada na formação.
As licenciaturas são espaços, por excelência, destinados à formação de
professores, aliados aos cursos de formação superior e aos remanescentes
cursos de magistério. De acordo com Pereira (1999), no Brasil, as licenciaturas
foram criadas nas antigas faculdades de filosofia, nos anos de 1930, a partir da
preocupação com a regulamentação do preparo de docentes para a escola
secundária.
Essa concepção de formação docente conduz ao modelo voltado para a
racionalidade técnica, no qual o professor é visto como um especialista que
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
84
aplica com rigor, na sua prática cotidiana, as regras que derivam do
conhecimento científico e do conhecimento pedagógico. Portanto, para formar
esse profissional, é necessário um conjunto de disciplinas científicas e um
outro de disciplinas pedagógicas, que fornece as bases para sua ação. No
estágio supervisionado, o futuro professor aplica tais conhecimentos e
habilidades científicas e pedagógicas às situações práticas de aula. Apesar da
inadequação desse modelo para os dias atuais, muitos cursos, especialmente
da área tecnológica, ainda adotam currículos com essa formatação. As
principais críticas que lhe são atribuídas são: a separação entre teoria e prática
na preparação profissional; a prioridade dada à formação teórica em detrimento
da formação prática e a concepção da prática como mero espaço de aplicação
de conhecimentos teóricos, sem um estatuto epistemológico próprio.
Um outro equívoco citado por Maldaner (2000) consiste em acreditar que
para ser bom o professor basta ter o domínio da área do conhecimento
específico que vai ensinar.
Nas universidades brasileiras, esse modelo ainda não foi totalmente
superado, uma vez que disciplinas de conteúdo específico, de responsabilidade
dos institutos básicos, continuam precedendo as disciplinas de conteúdo
pedagógico, sem haver a devida articulação. Além disso, afirma Pereira (1999,
p. 113), o contato com a realidade escolar continua acontecendo nos
momentos finais dos cursos e de maneira pouco integrada com a formação
teórica prévia.
No sentido de transformar essa realidade, o próprio MEC criou as
resoluções nº 01/2000 e 02/2000. Essas resoluções estabelecem a importância
da articulação teoria-prática, por meio dos estágios a partir da segunda metade
do curso. Isso ocorreu a fim de evitar uma formação de licenciado com enfoque
em um curso de bacharelado, no qual o ensino do conteúdo específico
prevalece sobre o pedagógico e a formação prática assume, por sua vez, um
papel secundário.
Se por um lado a parte pedagógica fica prejudicada, por outro, a
compreensão de que o licenciado não precisa se aprofundar no conteúdo
específico da química conduz a negligência do conteúdo experimental em
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
85
química, formando um professor inseguro e, conseqüentemente, atingindo a
qualidade da formação dos seus alunos. Para Maldaner (2000), a existência de
um espaço adequado como um laboratório, embora não seja suficiente para
uma boa proposta de ensino de química, é condição necessária para que esse
ensino se efetive. No entanto, por vezes esses espaços, quando existem nas
escolas, são mal aproveitados pelos professores, em função das lacunas de
sua formação inicial.
Diante desse contexto, percebe-se que a tarefa é complexa, porém, os
cursos de formação em química devem se preocupar em atender as
necessidades formativas atuais, buscando, formar um professor profissional,
capaz de transformar a realidade educativa; de superar práticas reprodutoras,
transformando o contexto da sala de aula, da escola e da sociedade,
contribuindo assim, para que se tornem espaços de conscientização para a
democracia.
Essas mudanças implicam uma série de novas demandas sobre o quê e
como ensinar. Nessa perspectiva, as necessidades formativas dos licenciandos
em Química assumem um papel preponderante na ressignificação e
reformulação do ensino da disciplina.
2.3 O estudo das necessidades formativas
Ao saírem dos cursos de licenciatura, os professores, sem terem
problematizado o conhecimento específico em que vão atuar e, tão pouco, o
ensino desse conhecimento na escola, recorrem, usualmente, aos programas,
apostilas, anotações e livros didáticos que os professores deles
proporcionaram quando cursavam o ensino médio. Isso denota um motivo que
mantém o círculo vicioso de um precário ensino de química em nossas escolas.
Vimos até o momento que a formação de professores é um tipo de
atividade permanente, Brzezinski (2001), sistematizada e planejada,
fundamentada nas necessidades reais e na perspectiva da profissão, orientada
a uma formação de competências, de atitudes, de qualidades da personalidade
do(a) professor(a) em serviço a fim de objetivar um programa formativo que
leve em conta o seu nível, suas experiências, suas necessidades, tanto
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
86
particulares como coletivas, que emanam da prática, Ramalho, Nuñez,
Gauthier (2003).
As novas exigências do séc XXI vêm sendo traduzidas nas reformas do
sistema educativo impondo rupturas profundas no agir profissional do
professor, exigindo, conseqüentemente, novas necessidades formativas.
No campo das NTICs, pesquisas apontam como necessidade na
formação dos docentes de ciências a utilização de recursos informáticos.
Afirma Perez (2002) em relação aos processos formativos da formação
profissional,
Sobre o tipo de processos formativos de que mais
necessitariam ou que lhes seriam mais úteis para auxiliarem na
formação profissional e no desenvolvimento do ensino de
Ciências, trinta e sete ou 78,7% dos professores assinalaram a
necessidade de estudos relacionados à didática e metodologia
de ensino (dezessete ou 45,9%), à atualização em conteúdos
específicos da área curricular de trabalho (dez ou 27,0%), às
atividades práticas de laboratório (oito ou 21,6%); à temas da
atualidade como violência, uso de drogas, sexualidade, meio
ambiente, etc (sete ou 18,9%); à troca de experiências
profissionais (cinco ou 13,5%); às relações humanas, relações
entre e com adolescentes (quatro ou 10,8%); à aplicação dos
recursos tecnológicos na educação tais como vídeo,
informática, etc (cinco ou 13.5%). (PEREZ, 2002, p. 222, grifo
nosso)
Embora a formação docente no uso das NTICs como vídeo, rádio,
televisão, internet, informática educativa, nos últimos anos tenha sofrido
avanços importantes na América Latina, ainda restam grandes desafios que
dependem, entre outros aspectos, das condições sócio-culturais e econômicas
de cada país e da seriedade com que se encare a formação integral de
formadores.
Para estudar o papel da motivação no ensino é necessário partir das
necessidades e dos motivos para o estudo. As necessidades são consideradas
como uma força interna que se realiza na atividade, pois constitui uma
propriedade psíquica da personalidade e sua manifestação expressa-se na
interação do sujeito com seu meio.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
87
A literatura sobre esse assunto refere que a sobrevivência, o bem estar
e o desenvolvimento do ser humano, quer em nível biológico, quer em nível
psicológico e social, dependem da satisfação de necessidades que consideram
fundamentais ou autênticas.
As necessidades são dinâmicas e estão ligadas entre si como numa
rede complexa, onde são infinitas e nem todas podem ser identificadas com
clareza. As necessidades são individuais e, ao mesmo tempo, coletivas, dadas
na dialética das relações que estabelecem os indivíduos com o grupo.
Vemos, portanto, que o conceito de necessidade para o(a) professor(a)
é algo útil, imprescindível num momento dado desejável, ligado a valores, que
parte de experiências anteriores, define a procura de algo que falta para poder,
conscientemente, fazer o trabalho docente com maior profissionalismo, Nuñez
e Ramalho (2002).
As necessidades docentes têm sua origem na prática, desse modo,
como categoria norteadora, faz-se necessário pesquisar a prática do(a)
professor(a), seu cotidiano na sala de aula e na escola, enquanto profissional e
pessoa que é.
Os conhecimentos que têm os professores, como conseqüência de suas
diferentes concepções, não são apenas frutos do resultado do elemento
cognitivo, mas também de seus interesses como indivíduos que pertencem a
um grupo social. Assim que, face à realidade do sujeito, como membro desse
grupo, ele adota determinadas condutas, não só por ter uma dada
racionalidade, mas também por apresentar determinados interesses
(conscientes ou no plano inconsciente), etc.
Segundo Rodrigues e Esteves (1993), as necessidades podem ser
categorizadas. Vejamos.
i. Necessidades das Pessoas X Necessidades do Sistema
De acordo com esta categorização, temos as necessidades dos
indivíduos e as necessidades sistêmicas, ou seja, aquelas que dizem
respeito a condições não satisfeitas, mas que são necessárias à
existência e ao funcionamento de um sistema. As necessidades dos
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
88
indivíduos e as dos grupos nem sempre são coincidentes com as dos
sistemas, o que constitui, freqüentemente, uma fonte de conflito.
ii. Necessidades Particulares X Necessidades Coletivas
Nessa perspectiva, temos, por um lado as necessidades de um
indivíduo, de um grupo ou de um sistema ( necessidades particulares) e,
por outro, as necessidades que abarcam um número considerável de
indivíduos, grupos ou sistemas (necessidades coletivas), partindo do
princípio que as necessidades variam de pessoa para pessoa, de grupo
para grupo e de sistema para sistema.
iii. Necessidades Conscientes X Necessidades Inconscientes
As necessidades podem ser conscientes, traduzindo-se, em solicitações
precisas, o que não acontece relativamente às necessidades
inconscientes, uma vez que os indivíduos ou não têm consciência delas
ou sentem-nas de forma muito difusa.
iv. Necessidades Atuais X Necessidades Potencias
Podendo sentir-se em relação ao momento presente (necessidades
atuais) ou em relação ao futuro (necessidades potenciais). As que
incidem sobre a educação são, de um modo geral, necessidades
potenciais, na medida em que a ação educativa não tem efeitos
imediatos. Assim sendo, as necessidades que emergem não começam a
ter existência manifesta de imediato.
v. Necessidades segundo o setor em que se manifestam
De acordo com a sua definição, as necessidades, nessa perspectiva,
emergem dos diferentes quadros em que os indivíduos se movem ao
longo da sua vida: quadros de vida privada e familiar, social, política,
cultural, profissional e de ócio e desporto.
Em relação à educação, Zabalza (1998) categoriza as necessidades em
normativas, sentida, comparativas e de desenvolvimento.
i. Necessidades Normativas são presentes nos programas oficiais de
ensino, sendo conceitualizadas em função de um aluno ideal.
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
89
ii. Necessidades Sentidas ou Percebidas, entendidas como necessidades
que têm em conta as finalidades da educação e as que remetem para os
métodos de ensino. Despertam novas necessidades nos indivíduos, uma
vez que a escola deve promover uma formação que leve em
consideração a conjugação dos temas que as pessoas expressam e dos
temas não expressos, mas relevantes do ponto de vista educativo.
iii. Necessidades Comparativas, ou relativas são muito importantes porque
permitem saber, através de comparação, as necessidades que podem
estar em falta.
iv. Necessidades de Desenvolvimento corresponde aos desejos e
interesses das pessoas enquanto indivíduos, grupos ou coletividades.
De forma geral, em consonância com diversos autores, a necessidade é
uma palavra polissêmica (NUÑEZ, 2002); inexiste uma necessidade absoluta,
uma vez que se manifestam face aos sujeitos e aos contextos (RODRIGUES;
ESTEVES, 1993); é dinâmica, evolui e origina novas necessidades
(PENNINGTON, 1985; RODRIGUES e ESTEVES, 1993), pode ser conflitual
(SILVA, 2000; STUFFLEBEAM, 1985); infinita (PENNINGTON, 1985) e
individual e coletiva (NUÑEZ, 2002).
Segundo Nuñez (2002),
Vemos o conceito de necessidade no(a) professor(a) como algo
útil, imprescindível num momento dado desejável, ligado a
valores, que parte de experiências anteriores, definem a
procura de algo que falta para poder, conscientemente, fazer o
trabalho docente com maior profissionalismo. Estas
necessidades são individuais e/ou coletivas, o que permite
dirigir a formação do professorado face às novas tarefas da
prática profissional. As necessidades docentes têm sua origem
na prática, assim que, como categoria norteadora, faz-se
necessário pesquisar a prática do(a) professor(a), seu cotidiano
na sala de aula e na escola, enquanto profissional e pessoa
que ele é. (NUÑEZ, 2001, p. 02)
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
90
Figura 01 – Necessidades formativas individuais.
2.3.1 A importância das necessidades formativas
Uma pesquisa bibliográfica da literatura atual permite reconhecer que a
detecção das necessidades formativas constitui uma das atividades centrais do
campo da gestão de recursos humanos, dessa forma, configura-se como um
fator determinante para a evolução das próprias organizações.
Essa necessidade formativa indica claramente uma busca de novas
competências profissionais, haja vista que se evidencia uma lacuna na
formação dos docentes e esses, por sua vez, almejam supri-la. Verifica-se
uma busca por algo que é novo, por uma quebra, uma ruptura, mesmo
identificando que a idéia de estabilidade ainda é mais forte.
A realização de uma pesquisa que nos proporcione elementos para uma
análise das necessidades reais, do comportamento real e do comportamento
desejado, e a análise dessa diferença de comportamento tem um importante
papel na renovação curricular do ensino médio no sentido de uma melhor
formação dos professores. Nessa perspectiva, o presente estudo está
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
91
implicado com a possibilidade de orientar os processos formativos no sentido
de contribuir para uma melhor preparação dos professores em formação inicial.
2.3.2 Análise das necessidades formativas
Definindo necessidades como uma discrepância mensurável entre a
situação em que nos encontramos e aquela em que deveríamos nos encontrar
a avaliação de necessidades é um processo que permite identificar essas
discrepâncias.
A análise das necessidades educativas, como área de pesquisa, fez o
seu aparecimento no final dos anos 60 (BARBIE e LESNE, 1977;
STUFFLEBEAM, 1985), desde então, vem sendo utilizada como um
instrumento fundamental no planejamento e tomada de decisão na área
educativa. Isso obedece a uma preocupação com a racionalização dos
processos formativos e os desejos de conseguir planos mais estruturados e
eficazes que respondam, adequadamente, às exigências sociais, na intenção
de encontrar procedimentos mais eficientes na formação do professor
(RODRIGUES e ESTEVES, 1993).
A determinação das necessidades formativas é uma etapa do processo
que deve ser vista como um momento de fundamental importância. Portanto
ela deve acontecer antes da definição dos programas de formação e das
concepções metodológicas que orientarão a formação nos programas de
capacitação. Configura um momento de grande importância na hora de
organizar um programa de capacitação docente e tem como base uma
caracterização das possibilidades dos professores, seus saberes, como ponto
de partida para uma reflexão da prática e a definição das metas. Uma nova
proposta pedagógica exige uma nova postura profissional dos professores.
Entretanto, não se pretende originar uma mudança imediatista, e sim um
processo de reformulação a partir das experiências dos docentes, suas
competências e saberes.
Dessa forma, entendemos que a análise de necessidades é um
processo de recolhida e análises de informações que possibilita identificar
áreas deficitárias a serem melhoradas sob o planejamento de ações
CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE QUÍMICA E SUAS NECESSIDADES FORMATIVAS
92
específicas, relativas aos indivíduos, grupos, instituições, sociedades etc
(SUAREZ, 1985). A análise de necessidades possibilita, portanto, avaliar as
discrepâncias entre a situação real e a situação desejada, a fim de contribuir
para que se adote providências a fim de diminuir, ou mesmo eliminar, essas
diferenças. Essa análise constitui-se num momento indispensável em
processos de formação continuada de professores(as), tanto ao nível do
macrossistema (sistemas educativos) como do microssistema (professores).
Capítulo
3
METODOLOGIA
METODOLOGIAMETODOLOGIA
METODOLOGIA:
: :
:
IDENTIFICANDO
IDENTIFICANDO IDENTIFICANDO
IDENTIFICANDO O
O O
O
CONTEXTO DA PESQUISA
CONTEXTO DA PESQUISACONTEXTO DA PESQUISA
CONTEXTO DA PESQUISA
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
94
Os dois capítulos anteriores formam a ntese do referencial teórico que
foi utilizado nas interpretações e na análise dos resultados da pesquisa. Neste
capítulo, apresentamos a metodologia da pesquisa para o estudo das
necessidades formativas dos futuros professores da licenciatura em química
em relação aos recursos das NTIC e especialmente a utilização de softwares
educativos.
3.1 Caracterizando o contexto da pesquisa
Uma investigação empírica pressupõe uma coleta de dados. Por vezes,
a investigação centra-se em grupos muito grandes de sujeitos, instituições,
documentos, entre outras fontes de dados. A fim de identificar as necessidades
formativas para se trabalhar com softwares educativos, realizamos a pesquisa
com os discentes que estavam concluindo a graduação. Objetiva-se, dessa
forma, apreender as necessidades formativas dos sujeitos, averiguando-as e
correlacionando-as a fim de traçar semelhanças ou discrepâncias das
habilidades inerentes a competência de se trabalhar utilizando softwares
educativos.
Delimita-se, assim a extensão do campo da investigação, enfocando o
curso de graduação em Química, que prepara universitários para o trabalho em
instituições escolares (curso de licenciatura), tomando-se como sujeitos
cinqüenta e cinco alunos concluintes nos últimos anos.
3.2 Caracterizando o instrumento
Para Günther (2003), são três os caminhos principais para compreender
o comportamento humano no contexto das ciências sociais empíricas.
i. Observar o comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real;
ii. criar situações artificiais e observar o comportamento ante tarefas
definidas para essas situações;
iii. perguntar às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam
(pensaram).
Como o objetivo do presente estudo é diagnosticar as necessidades
formativas dos discentes da licenciatura, aplicamos um questionário que
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
95
pudesse nos conduzir a compreensão, no mínimo parcial, do comportamento
dos sujeitos.
Para caracterizar, no geral, as necessidades individuais e,
conseqüentemente, as necessidades dos licenciandos de química, foi utilizado
um questionário de questões fechadas. O questionário procurou caracterizar o
grau de desenvolvimento de cada habilidade objeto de estudo (segundo
critérios estabelecidos) e as necessidades de se trabalhar ou não o conteúdo
dessas competências nos programas formativos. O questionário possibilitou em
pouco tempo, trabalhar com uma quantidade expressiva de licenciandos.
O questionário como definido por Yaremko (1986) representa um
conjunto de perguntas sobre um tópico que não testa a habilidade do
respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de
personalidade e informação biográfica.
A fim de disponibilizar e automatizar a tabulação e o processamento dos
dados, criamos dois questionário, idênticos em conteúdo, porém, um próprio
para impressão e outro em formato digital. Os dois foram criados no software
aplicativo Microsoft Word, com a peculiaridade de que o questionário digital era
protegido contra alterações, o sujeito respondente da pesquisa tinha acesso
apenas aos campos das respostas, e o questionário era enviado e recebido por
correio eletrônico. O outro, por sua vez, foi impresso e aplicado diretamente
aos sujeitos em momentos presenciais no decorrer da aula.
3.2.1 Estrutura do questionário
O questionário (ver apêndice A) era dividido basicamente em cinco
partes que continham perguntas abertas e fechadas. A primeira parte do
instrumento solicitava os dados gerais do indivíduo (sexo, idade e estado civil);
a segunda parte contemplava as informações sobre o curso de formação e as
atividades docentes (instituição da formação inicial, experiência como docente,
número de turmas e escolas, além de outros questionamentos); a terceira
abordava a utilização de recursos informáticos (possui computador, uso do
computador, recursos áudios-visuais, uso de software educativo e outros
questionamentos).
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
96
PARTE OBJETIVOS PERGUNTAS
I Caracterizar o perfil dos
licenciandos
sexo, idade, estado civil.
II Identificar as atividades de ensino
dos licenciandos
situação acadêmica, instituição de
ensino superior, período no curso,
formação na graduação, anos de
experiência, carga horária, número
de escolas, número de turmas,
outras atividades.
III Identificar a utilização de recursos
informáticos no ensino
Posse de computador, uso do
computador, recurso áudio visual
no ensino, tempo de utilização,
utiliza software, tempo de
utilização.
Quadro 02 – Plano do questionário para o perfil dos licenciandos, atividades de ensino
e utilização de recursos informáticos no ensino
Nas duas últimas partes do questionário o sujeito era levado a julgar
critérios pré-estabelecidos em relação a utilização de softwares educativos, ao
grau de desenvolvimento das habilidades e a sua respectiva necessidade
formativa. Por sua vez, esses critérios foram originados de uma pesquisa
bibliográfica e de um levantamento de dados junto a instituições
9
de pesquisa
que investigam programas computacionais para o ensino de química.
A quarta parte do questionário solicitava a opinião por parte dos sujeitos
quanto aos motivos pelos quais não se utilizava softwares de química pelo
professor dessa disciplina. Seguem abaixo as argumentações estabelecidas.
ARGUMENTAÇÕES
Dificuldade de acesso ao computador (hardware)
Dificuldade de acesso ao programa de computador (software)
Descrédito por parte da equipe pedagógica da escola
Softwares escritos em outros idiomas
Não adequação pedagógica dos softwares para o ensino de química
Recurso inapropriado para alunos do ensino médio
Essa forma de ensino não consegue motivar o aluno
9
A principal contribuição para o levantamento desses dados foi realizada através do Centro de
Química da Universidade de Liverpool na Inglaterra CTI Centre for Chemistry – que organiza
uma série de estudos em softwares e materiais sobre o ensino de química por meio de
programas computacionais. As avaliações dos softwares disponibilizadas pelo CTI foram
realizadas por avaliadores acadêmicos independentes e publicados em periódicos da
universidade de janeiro de 1990 a novembro de 1999.
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
97
Oferece ao aluno um controle excessivo sobre o que se deseja fazer
Desconhecimento a respeito desses softwares por parte dos docentes
Falta de curso de capacitação dos docentes para usar esse recurso
Pouco tempo para preparar aulas dessa forma
Resistência a novidades por parte dos professores
Resistência a novidades por parte dos alunos
Descrédito por parte dos professores
Descrédito por parte dos alunos
A organização da estrutura curricular não propicia a utilização dessa
ferramenta
Quadro 03 – Argumentações para a não utilização de softwares educativos
no ensino de química
A última parte do instrumento de coleta solicitava uma auto-avaliação
sobre o nível de habilidades para se trabalhar com softwares e a respectiva
necessidade formativa para tal.
HABILIDADES
Pesquisar softwares educativos na internet ou em outras bases de
informação.
Domínio de língua estrangeira para o uso de softwares escritos em
outros idiomas.
Selecionar os conteúdos de química que serão utilizados nos
softwares educativos.
Identificar as funcionalidades dos softwares pesquisados para ensinar.
Determinar a adequação do software ao nível e perfil da turma.
Definir os objetivos da aprendizagem com o uso desses programas
computacionais.
Manusear o programa computacional para ensinar.
Organizar atividades de ensino usando os programas.
Elaborar situações-problemas que conduzam os alunos a suas
soluções utilizando os softwares.
Avaliar os resultados alcançados pelos alunos mediante a utilização
dos softwares educativos.
Auto-avaliação da pertinência do uso dos softwares para a
aprendizagem dos alunos.
Usar alguma linguagem de programação para construir / alterar
softwares educativos.
Quadro 04 – Habilidades estabelecidas para se trabalhar com softwares
educativos no ensino de química
3.2.2 Escala Likert
Na quarta parte do questionário, foi solicitado que os licenciandos
respondessem, de acordo com um grau de concordância, uma escala com
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
98
argumentações pré-estabelecidas sobre a não utilização de softwares
educativos no ensino. Essa escala obedece ao padrão Likert.
Entre as muitas técnicas de medida desenvolvida ao longo do tempo,
uma das mais utilizadas é a técnica de Likert. Essa técnica consiste em uma
escala, Escala Likert, proposta por Rensis Likert em 1932. Ela se baseia na
coleta de opiniões objetivas dos sujeitos pesquisados a respeito de um
conjunto de afirmações. Para cada afirmação, o pesquisado deve assinalar seu
grau de concordância ou de discordância em uma escala de cinco pontos,
normalmente expressada nas alternativas: concordo fortemente, concordo
parcialmente, indiferente, discordo parcialmente e discordo fortemente.
3.3 Caracterização dos sujeitos
A coleta de dados da parte metodológica foi realizada através da
aplicação do questionário a 55 (cinqüenta e cinco) alunos da licenciatura em
Química, sendo 14 (quatorze) alunos da Universidade Estadual do Rio Grande
do Norte (UERN) e 41 (quarenta e um) alunos da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
Tabela 01 – Distribuição dos licenciandos por instituição da formação inicial
INSTITUIÇÃO
Freqüência
Percentual
UERN 14
25,45
UFRN 41
74,55
Total 55
100,00
Os discentes escolhidos na UFRN cursam(ram) a disciplina de Prática
de Ensino em Química
10
, durante os últimos anos (2005, 2006 e 2007),
enquanto os alunos selecionados da UERN cursaram o último semestre letivo
no ano de 2006. Ambos critérios de escolha satisfazem a exigência de
trabalharmos com sujeitos próximos à conclusão da formação inicial.
Do grupo escolhido, mais da metade dos sujeitos era do sexo feminino
(54,55%), cuja média de idade aproximava-se de 24 anos, enquanto que a dos
homens aproximava-se de 27 anos.
10
Essa disciplina é oferecida, conforme estrutura curricular da licenciatura em Química
(APÊNDICE A), no último semestre letivo.
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
99
Tabela 02 – Distribuição dos licenciandos por sexo
SEXO Freqüência
Percentual
Feminino 30
54,55
Masculino 25
45,45
Total 55
100,00
Tabela 03 – Resumo estatístico referente a idade dos licenciandos
IDADE Homens
Mulheres
Média 27,08
24,68
Mínimo 20
21
Máximo 55
34
Desvio
Padrão 7,46
3,25
Total 25
30
É interessante perceber que a medida do desvio padrão referente à
idade dos homens é o dobro da mesma medida em relação às mulheres. Ao
avaliarmos esses desvios podemos concluir que uma maior dispersão nas
idades dos homens: os valores de idade dos homens são mais desagrupados
do que os valores de idade das mulheres. Isso é ratificado pelos índices de
idade máxima e mínima: homens variam de 20 a 55 anos, enquanto as
mulheres variam de 21 a 34 anos. Como pode ser visualizada na próxima
tabela, a maior freqüência dos alunos de Química aparece entre 21 a 24 anos.
Também utilizando o parâmetro de idade, constatamos que mais da
metade dos sujeitos (53,70%) tem até 24 anos. E que apenas 14,55% dos
sujeitos têm idade acima de 30 anos.
Tabela 04 – Distribuição dos licenciandos por idade
IDADE Freqüência
Percentual
Percentual
Válido*
Percentual
Acumulado*
20
1
1,82
1,85
1,85
21
7
12,73
12,96
14,81
22
6
10,91
11,11
25,93
23
6
10,91
11,11
37,04
24
9
16,36
16,67
53,70
25
4
7,27
7,41
61,11
26
5
9,09
9,26
70,37
27
3
5,45
5,56
75,93
28
3
5,45
5,56
81,48
29
2
3,64
3,70
85,19
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
100
31
3
5,45
5,56
90,74
32
2
3,64
3,70
94,44
34
1
1,82
1,85
96,30
41
1
1,82
1,85
98,15
55
1
1,82
1,85
100,00
Sub Total 54
98,18
100,00
Não
respondeu 1
1,82
Total 55
100,00
* O percentual válido leva em consideração o número total de indivíduos que
respondeu ao questionamento.
** O percentual acumulado refere-se ao percentual válido atual somado aos
percentuais anteriores.
Em relação ao estado civil da nossa amostra, a grande maioria dos
sujeitos é solteira.
Tabela 05 – Distribuição dos licenciandos por estado civil
ESTADO CIVIL Homens
Mulheres
Total
Solteiro(a) 20
22
42
Casado(a) 3
6
9
Separado(a) 1
2
3
Viúvo(a) 1
0
1
Total
25
30
55
Um outro dado interessante constatado na pesquisa é que, por mais que
os alunos ainda não tenham concluído a formação inicial, quase dois terços
dos sujeitos já têm alguma experiência como docente em química.
Tabela 06 – Distribuição dos licenciandos pela experiência como docente
DOCENTE Freqüência
Percentual
Sim 34
61,81
Não 19
34,55
Não Respondeu
2
3,64
Total 55
100,00
Tabela 07 – Distribuição dos licenciandos por anos de experiência como docente
11
ANOS DE
PROFESSOR
Freqüência
Percentual
Percentual
válido
Percentual
acumulado
0
19
34,55
35,85
35,85
1
16
29,09
30,19
66,04
2
7
12,73
13,21
79,25
3
4
7,27
7,55
86,79
4
1
1,82
1,89
88,68
5
1
1,82
1,89
90,57
11
0 (zero) ano de experiência significa, neste caso, não ter experiência no ensino de química.
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
101
6
4
7,27
7,55
98,11
8
1
1,82
1,89
100,00
Sub Total 53
96,36
100,00
Não
respondeu 2
3,64
Total 55
100,00
Dos sujeitos que atualmente trabalham como docentes de Química, a
média da carga horária semanal dos oriundos da UFRN é, praticamente, 20
horas semanais, por sua vez, aqueles oriundos da UERN trabalham mais de 10
horas por semana em atividade de ensino. Praticamente, metade de todos os
sujeitos (53,85%) trabalha até 15 horas semanais nessa atividade.
Tabela 08 – Distribuição da carga horária semanal dos licenciandos organizada por
instituição de origem
Carga Horária Semanal
INSTITUIÇÃO
Média
Mínima
Máxima
UFRN 19,33
6
30
UERN 11,21
6
33
Tabela 09 – Distribuição dos licenciandos pela carga horária semanal (CHS)*
CHS (h/a)
Freqüência Percentual
Percentual
válido
Percentual
acumulado
6
11
42,31
42,31
42,31
12
1
3,85
3,85
46,15
15
2
7,69
7,69
53,85
19
1
3,85
3,85
57,69
20
4
15,38
15,38
73,08
21
1
3,85
3,85
76,92
24
2
7,69
7,69
84,62
25
2
7,69
7,69
92,31
30
1
3,85
3,85
96,15
33
1
3,85
3,85
100,00
Total 26
100,00
100,00
* a diferença entre o total da freqüência da tabela acima com os dados da tabela de
experiência como docente é fruto do não preenchimento do campo de carga horária.
Em resumo, no grupo não grande predominância de indivíduos por
sexo, a maioria encontra-se na faixa etária de 21 a 24, solteiros e possuindo
experiência como docente.
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
102
3.4 Estratégias de processamento de dados
3.4.1 Argumento de concordância para a Técnica de Likert
Para uma melhor análise dos resultados, foi realizada uma outra
abordagem quantitativa para estabelecer o Argumento de Concordância (AC)
para o questionário onde utilizamos a Escala de Likert, quarta parte, para
mensurar o grau de concordância dos sujeitos que responderam os
questionários.
Verificou-se quanto à concordância ou discordância das questões
avaliadas, através da obtenção do AC da pontuação atribuída às respostas,
relacionando à freqüência das respostas dos respondentes que fizeram tal
atribuição. O valor para concordo plenamente tinha peso +2, concordo
parcialmente tinha peso +1, não concordo e nem discordo tinha peso 0,
discordo parcialmente tinha peso -1 e discordo plenamente tinha peso -2.
Assim, obtemos:
AC =
=
5
1
).(
i
ii
pf
Onde,
AC = Argumento de concordância
f
i
= freqüência do respectivo grau de concordância, variando de concordo
plenamente a discordo plenamente;
p
i
= peso correspondente a f
i
, variando de +2 a -2.
3.4.2 Análise estatística multivariada – o coeficiente de correlação de Pearson
Observamos a necessidade de verificar uma medida descritiva da
associação linear entre as variáveis pedagógicas e as computacionais
apresentadas no questionário.
O objetivo de um estudo correlacional é a determinação da força do
relacionamento entre duas observações emparelhadas. O termo correlação
significa literalmente co-relacionamento, pois indica até que ponto os valores
de uma variável estão relacionados com os de outra. Dessa forma, a
correlação é definida entre 02 (duas) variáveis aleatórias e representa uma
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
103
grandeza adimensional que expressa a relação linear entre um par de variáveis
que forma medidas, originalmente, em unidades diferentes ou não.
A forma mais comum de análise de correlação envolve dados contínuos.
O grau de relacionamento entre duas variáveis contínuas é sintetizado por um
coeficiente de correlação conhecido como r de Pearson, em homenagem ao
grande matemático Karl Pearson que desenvolveu a técnica. Essa técnica é
válida se pudermos levantar certas hipóteses um tanto gidas. As hipóteses
são descritas abaixo.
i. Tanto x como y são variáveis aleatórias contínuas. Isto é, as variáveis x
e y devem variar livremente.
ii. A distribuição de freqüência conjunta é normal. Isto é o que se chama de
distribuição normal bivariada.
O coeficiente de correlação tem duas propriedades que caracterizam a
natureza de uma relação entre duas variáveis. Uma é o sinal (+ ou -) e a outra
é sua magnitude. O sinal é o mesmo que o do coeficiente angular de uma reta
imaginária que se ajustasse aos dados se fosse traçada num diagrama de
dispersão, e a magnitude de r indica quão próximos da reta estão os pontos
individuais.
(
)
(
)
( ) ( )
2/1
1
2
1
2
2/1
1
2
1
2
1 11
,
)()(
.
=
= == =
= ==
n
i
n
i
ii
n
i
n
i
ii
n
i
n
i
i
n
i
iii
yx
yynxxn
yxyxn
r
Onde: n é o número de observações dos pares em estudo, e x e y são
os pares analisados.
Da fórmula em tela obtemos que o cálculo da correlação de Pearson
apresenta uma escala de medidas que vai de -1 a 1. São consideradas para
efeito de resultado as grandezas em termos de sentido positivo e negativo; e
em termos de força fraca, moderada e forte. Se o resultado da correlação for
próximo a zero, não correlação entre as variáveis comparadas; quando o
resultado estiver mais próximo de -1, haverá uma correlação negativa entre as
variáveis. Porém se o resultado está próximo a 1, existe uma correlação
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA: IDENTIFICANDO O
CONTEXTO DA PESQUISA
104
positiva. Sendo assim, a correlação pode se apresentar como: negativa forte,
negativa moderada ou negativa fraca; nula; ou ainda, positiva fraca, positiva
moderada ou positiva forte.
Os campos presentes no questionário (argumentações sobre a não
utilização de softwares no ensino, sobre as habilidades dos sujeitos e sobre o
uso do computador) podem ser quantificados uma vez que indicam graus de
pertinência, são também contínuos e podem ser tomados os valores dos pares.
Portanto, é pertinente, neste estudo, o uso da análise de correlação entre
algumas das variáveis presentes no questionário.
-1 -0,9 -0,5 -0,1 0 +0,1 +0,5 +0,9 +1
Negativa
Perfeita
Negativa
Forte
Negativa
Moderada
Negativa
Fraca
Ausência
Positiva
Fraca
Positiva
Moderada
Positiva
Forte
Positiva
perfeita
Figura 02 – Escala de variação do índice de correlação de Pearson
Capítulo
4
ANALISANDO OS
ANALISANDO OS ANALISANDO OS
ANALISANDO OS
RESULTADOS
RESULTADOSRESULTADOS
RESULTADOS
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
106
4.1 A utilização de recursos informáticos pelos licenciandos
Visando identificar as necessidades formativas dos sujeitos constituintes
desta pesquisa, iniciamos neste tópico uma discussão acerca da utilização de
recursos informáticos e das suas percepções/crenças sobre as habilidades
inerentes a essa competência. Concomitante a essa identificação,
confrontaremos o pensamento dos sujeitos com as bases teóricas que
pautaram esse estudo.
Dos sujeitos da pesquisa, mais de dois terços possuem computador em
casa e o usam com freqüência e menos de um terço o usa com pouca
freqüência, sendo que apenas um indivíduo não utiliza essa ferramenta.
Verifica-se, naturalmente, certa correspondência entre o ter e o usar.
Tabela 10 – Distribuição dos licenciandos em relação à posse de computador
POSSUI
PC
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Não 19
34,54
34,54
Sim 36
65,46
100
Total 55
100
Tabela 11 – Distribuição dos licenciandos em relação ao uso do computador
USO DO PC Freqüência
Percentual
Percentual
válido
Percentual
acumulado
<não respondeu> 1
1,82
1,82
1,82
Não usa 1
1,82
1,82
3,64
Usa com freqüência 38
69,09
69,09
72,73
Usa com pouca freqüência
15
27,27
27,27
100
Total 55
100
100
Inversamente ao constatado anteriormente, cerca de dois terços dos
alunos não utilizam recursos áudios-visuais na sala de aula. Apenas 5% dos
licenciandos utilizam algum tipo de software educativo para o ensino. Assim
mesmo, foi solicitado aos alunos, via questionário, preencher o software
educativo com que trabalhavam. Nenhuma das respostas denominava um
programa computacional, apenas mencionavam tipos ou descreviam respostas
evasivas, por exemplo, programas de ensino e softwares de química.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
107
Tabela 12 – Distribuição dos licenciandos em relação ao uso de recursos áudio visuais
para o ensino
USO DE
RECURSO
Freqüência
Percentual
Percentual
válido
Percentual
acumulado
<não respondeu> 1
1,82
1,82
1,82
Não 36
65,45
65,45
67,27
Sim 18
32,73
32,73
100
Total 55
100
100
Tabela 13 – Distribuição dos licenciandos em relação ao uso de softwares no ensino
USO DE
SOFTWARE
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Não 52
94,54
94,54
Sim 3
5,46
5,46
Total 55
100
100
4.2 Opiniões sobre o uso de softwares no ensino de química
Praticamente 80% dos estudantes acreditam que a não utilização desse
recurso refere-se à dificuldade de acesso às máquinas, enquanto que 78%
aceitam a idéia da dificuldade de acesso aos programas computacionais.
Argumentos esses que são ratificados pelos dados da OECD (ANEXOS A e B),
visto que a mesma entidade afirma que o percentual médio de estudantes com
acesso a software educativo no Brasil é de apenas 9%.
24
20
4 4
3
0
5
10
15
20
25
30
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
Não concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 01 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
dificuldade de acesso ao computador (hardware)
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
108
25
18
6
5
1
0
5
10
15
20
25
30
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 02 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
dificuldade de acesso ao programa de computador (software)
Mais de 60% dos licenciandos acreditam que a não utilização desse
recurso refere-se ao descrédito dos próprios profissionais da equipe
pedagógica da escola, sendo que quase 20% dos sujeitos não concordam com
essa idéia.
15
19
10
4
6
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 03 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
descrédito por parte da equipe pedagógica da escola
Quase 70% dos licenciandos acreditam que a não utilização desse
recurso refere-se à dificuldade que o mesmo apresenta visto que muitos
softwares são escritos e desenvolvidos em outros idiomas.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
109
É interessante notar que a sociedade do conhecimento requer cada vez
mais o aprendizado de uma outra língua. As próprias redes de comunicação
favorecem essa demanda por outro idioma visto que se pode obter informação
em qualquer lugar do mundo através do computador. Outro fator importante é
que a grande maioria dos programas computacionais no ocidente está escrita
em língua inglesa.
19
18
6 6
3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 04 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
software escritos em outros idiomas
O maior índice de não concordância e nem discordância, com
aproximadamente 30% dos alunos, refere-se à argumentação da não
adequação pedagógica dos softwares para o ensino de química, por sua vez
45% dos sujeitos, de alguma forma, concordam com o argumento. Isso ratifica
o que expomos no capítulo 1, desta dissertação, quando frisamos que se
criou um verdadeiro apêndice ao trabalho docente, isolado e projetado por não-
docentes. Competências que seriam desejáveis que todo professor dominasse,
em ambientes informatizados, ficam restritas a um grupo especializado em
informática ou com acesso particular a esses recursos, que acaba por não
executar um trabalho fundamentado em referências da aprendizagem que
possam nortear o trabalho docente. Esse parâmetro reflete diretamente na
qualidade do software produzido, uma vez que pode não atender
pedagogicamente ao que é proposto.
.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
110
11
14
16
9
5
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 05 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
não adequação pedagógica dos softwares para o ensino de química
Aproximadamente 45% dos alunos discordam, de alguma forma, com o
argumento do software ser um recurso inapropriado para o ensino médio. Por
outro lado, a concordância a essa idéia é de quase 40%. Assim, a idéia do
software educativo, como ferramenta apropriada para o ensino médio, reflete
uma divisão na posição dos alunos pesquisados. Ora pelo próprio
desconhecimento desses recursos ou mesmo pela não utilização dos mesmos.
6
15
10 10
14
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 06 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
recurso inapropriado para alunos do ensino médio
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
111
A grande maioria, mais de 75% dos estudantes, faz referência a
argumentação de que o uso de softwares, como ferramenta educacional,
consegue motivar o aluno. Fato esse mostrado no referencial teórico deste
trabalho. hardwares/softwares em sala de aula atraem e motivam os
estudantes a aprender.
2
3
8
14
28
0
5
10
15
20
25
30
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 07 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
forma de ensino não consegue motivar o aluno
Mais da metade dos sujeitos discorda que o programa computacional
ofereça um controle excessivo sobre o que se deseja fazer na aula.
5
10
11
13
16
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 08 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento de
que oferece ao aluno um controle excessivo sobre o que se deseja fazer
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
112
A maioria dos respondentes concorda com o fato do não conhecimento
desses programas pelos docentes. Isso é ratificado visto que, dos três sujeitos
da pesquisa que utilizam essa ferramenta no ensino, nenhum sabia denominar
nenhum software com o qual trabalhava. Esse é um ponto interessante em
notar, pois o desconhecimento por parte dos professores e a pouca divulgação
desses programas computacionais no meio, pode representar uma limitação
importante para o uso das NTICs, em geral, no ensino de química.
17
13
11
5
8
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 09 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
desconhecimento a respeito desses softwares por parte dos docentes
Mais de 70% dos sujeitos pesquisados acreditam na falta de cursos de
capacitação para que os docentes utilizem esse recurso. E aproximadamente
10% dos respondentes discordam plenamente dessa assertiva. Esse índice de
concordância com a falta de cursos de capacitação evidencia-se nos escassos
cursos de capacitação que instruem o professor a usar o computador como
ferramenta pedagógica. Em grande medida isso é verdade e provavelmente
continuará sendo assim até que os computadores sejam introduzidos na rotina
dos professores e até que as universidades incluam em seus currículos uma
prática de ensino voltada à incorporação das novas tecnologias revendo a
formação ofertada aos seus alunos.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
113
23
17
6
3
6
0
5
10
15
20
25
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 10 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
falta de curso de capacitação dos docentes para usar esse recurso
Mais de 60% dos sujeitos acreditam que o professor tem pouco tempo
para prepara aulas com o uso de softwares. Figura-se aqui a organização da
própria escola e das condições de trabalho partilhadas pelos professores, uma
vez que, a maioria dos docentes é submetida ao acirramento da intensificação
do trabalho gerado pela limitação de tempo e excesso de tarefas e atividades.
Questão essa que não possibilita a familiarização e o uso desse recurso.
21
14
9
6
5
0
5
10
15
20
25
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 11 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
pouco tempo para preparar aulas dessa forma
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
114
De igual modo, cerca de 60% dos sujeitos acreditam que existe
resistência a novidades por parte dos professores na utilização de softwares.
Observando os comportamentos e atitudes dos docentes frente às novas
idéias, novas tecnologias, novas culturas e ao que está fora dos seus domínios
de conhecimento, começamos a entender o quanto não é trivial implantar
novidades nas práticas educativas. Interessante notar que, no campo da
educação, os investimentos, em boa parte, não são suficientes e o processo
tende a resistir à mudança, especialmente quando se trata da incorporação de
novas técnicas, pois altera práticas e concepções de ensino. Em contraponto,
no campo da informação e comunicação, por exemplo, o processo incorpora
rapidamente as inovações tecnológicas e os avanços são quase imediatos.
Evidentemente não queremos colocar em equivalência campos sociais bem
diferentes, alertamos apenas para as diferenças em relação à absorção do
novo.
11
22
9
6
7
0
5
10
15
20
25
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 12 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
resistência a novidades por parte dos professores
Por outro lado, 40% dos alunos concordam com a idéia da resistência às
novidades por parte dos alunos e 40% não concorda com esse argumento.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
115
8
14
11
10
12
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 13 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
resistência a novidades por parte dos alunos
Mais de 40% dos licenciandos concordam com o fato do descrédito por
parte dos professores de Química. Esse fator contribui e muito para o
insucesso da formação. Deve-se reconhecer que frequentemente os
professores foram confrontados com inovações, em diversos níveis, sem que
se tenha o cuidado de investir na sua formação e sem que tenham sido
chamados a participar e a integrar o processo.
7
19
9
13
7
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 14 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
descrédito dos softwares educativos por parte dos professores
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
116
No que se refere ao descrédito dos softwares educativos por parte dos
alunos, os respondentes, em sua maioria, 54%, não concordam com a
assertiva.
5
9
11 11
19
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 15 Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento do
descrédito dos softwares educativos por parte dos alunos
Também, com cerca de 54% dos alunos, aceita-se que organização da
estrutura curricular da escola do ensino médio não propicia a utilização dessa
ferramenta computacional. A atual flexibilização curricular também decorre da
demanda do processo de conhecimento e em razão do avanço da tecnologia,
exigindo dos cursos um processo permanente de investigação articulado com a
produção do saber e de novas tecnologias.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
117
15 15
7
8
10
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Concordo
plenamente
Concordo
parcialmente
o concordo
e nem
discordo
Discordo
parcialmente
Discordo
plenamente
Gráfico 16 – Grau de concordância, por número de licenciandos, com o argumento da
organização da estrutura curricular não propiciar a utilização dessa ferramenta
Com intuito de obter o argumento de concordância (AC), em relação a
não utilização de softwares educativos, criamos uma tabela com as freqüências
das respostas da Escala Likert.
Tabela 14 – Freqüências, por grau de concordância dos licenciandos, organizadas
pela ordem da questão e divididas por sexo
Questões
Concordo
Plenamente
Concordo
Parcialmente
Não Concordo
e nem
Discordo
Discordo
Parcialmente
Discordo
Plenamente
Homens 8
11
2
2
2
Mulheres 16
9
2
2
1
1
Total 24
20
4
4
3
Homens 9
9
5
1
1
Mulheres 16
9
1
4
0
2
Total 25
18
6
5
1
Homens 6
7
6
3
3
Mulheres 9
12
4
1
3
3
Total 15
19
10
4
6
Homens 5
10
4
4
0
Mulheres 14
8
2
2
3
4
Total 19
18
6
6
3
Homens 3
6
9
4
3
Mulheres 8
8
7
5
2
5
Total 11
14
16
9
5
Homens 1
7
8
3
6
Mulheres 5
8
2
7
8
6
Total 6
15
10
10
14
Homens 0
0
5
5
15
7
Mulheres 2
3
3
9
13
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
118
Total 2
3
8
14
28
Homens 3
6
6
4
6
Mulheres 2
4
5
9
10
8
Total 5
10
11
13
16
Homens 9
6
6
0
3
Mulheres 8
7
5
5
5
9
Total 17
13
11
5
8
Homens 9
10
1
1
4
Mulheres 14
7
5
2
2
10
Total 23
17
6
3
6
Homens 7
7
5
4
2
Mulheres 14
7
4
2
3
11
Total 21
14
9
6
5
Homens 4
7
7
2
5
Mulheres 7
15
2
4
2
12
Total 11
22
9
6
7
Homens 3
6
5
3
8
Mulheres 5
8
6
7
4
13
Total 8
14
11
10
12
Homens 2
9
5
6
3
Mulheres 5
10
4
7
4
14
Total 7
19
9
13
7
Homens 3
6
5
2
9
Mulheres 2
3
6
9
10
15
Total 5
9
11
11
19
Homens 4
7
6
4
4
Mulheres 11
8
1
4
6
16
Total 15
15
7
8
10
Como exposto no item 3.4.1 desta dissertação, utilizando as freqüências
da tabela anterior e seus pesos correspondentes obtivemos o argumento de
concordância para a não utilização de softwares educativos.
Tabela 15 – Argumento de concordância dos licenciandos organizadas pela ordem da
questão e divididas por sexo
Questões
Argumento de
Concordância
Homens 21
Mulheres 37
1
Total 58
Homens 24
Mulheres 37
2
Total 61
Homens 10
Mulheres 23
3
Total 33
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
119
Homens 16
Mulheres 28
4
Total 44
Homens 2
Mulheres 15
5
Total 17
Homens -6
Mulheres -5
6
Total -11
Homens -35
Mulheres -28
7
Total -63
Homens -4
Mulheres -21
8
Total -25
Homens 18
Mulheres 8
9
Total 26
Homens 19
Mulheres 29
10
Total 48
Homens 13
Mulheres 27
11
Total 40
Homens 3
Mulheres 21
12
Total 24
Homens -7
Mulheres 3
13
Total -4
Homens 1
Mulheres 5
14
Total 6
Homens -8
Mulheres -22
15
Total -30
Homens 3
Mulheres 14
16
Total 17
Através da tabela acima, identificamos que a argumentação que
apresenta a maior posição, em grau de concordância, refere-se a dificuldade
de acesso ao computador, enquanto que a argumentação que representa o
menor grau de aceitação é: essa forma de ensinar, utilizando softwares
educativos, não consegue motivar o aluno.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
120
Uma outra vantagem dessa técnica é a possibilidade de visualizar os
dados divididos por sexo. Por intermédio dessa visualização, constatamos que,
enquanto os homens pesquisados, em média, discordam da argumentação de
que uma resistência a novidades por parte dos alunos, as mulheres, em
média, concordam com essa mesma argumentação. Uma outra constatação é
que a maior diferença entre os argumentos de concordância de homens e
mulheres refere-se à argumentação da resistência a novidades por parte dos
professores.
4.3 Grau de desenvolvimento das habilidades
Nesse ponto, foi solicitado que os alunos fizessem uma auto-avaliação
do nível de desenvolvimento que apresentavam em determinadas habilidades
pré-estabelecidas e relativas ao uso de softwares para ensinar química no
ensino médio. O respondente era levado a identificar seu nível de habilidade
entre o bom, o regular e o deficiente. Os resultados seguem abaixo.
A internet se configura atualmente como o maior repositório de
informação do mundo, com um crescimento de ordem exponencial. A
quantidade de informações disponibilizadas requer do seu usuário a habilidade
de efetuar pesquisas em sites de busca, em portais acadêmicos, em diretórios,
em repositórios de softwares, em mapas geográficos e em outras bases de
informação. Essa habilidade é requerida do usuário desde a sua ambientação
com o meio virtual. Para os licenciandos pesquisados, o seu nível de habilidade
é mostrado na tabela abaixo.
Tabela 16 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de pesquisar softwares educativos na internet ou em outras bases de informação
Nível
(H1)
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Bom 22
40,00
40,00
Deficiente
8
14,55
54,55
Regular 25
45,45
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
121
10%
90%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 17 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de pesquisar softwares educativos na internet ou em outras bases de
informação (N1)
A identificação das funcionalidades dos softwares é uma das principais
métricas do programa computacional. Uma vez que o usuário consegue
identificar as funções do programa, ele poderá usá-lo de forma mais eficiente,
compará-lo a outros softwares e decidir por sua aplicação na sala de aula.
Apenas 30% dos licenciandos consideraram ter um bom nível nessa
habilidade, com 88% de necessidade formativa.
Tabela 17 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de identificar as funcionalidades dos softwares pesquisados para o ensino
Nível (H2) Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
<não
respondeu> 2
3,64
3,64
Bom 17
30,91
34,55
Deficiente 15
27,27
61,82
Regular 21
38,18
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
122
12%
88%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 18 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de identificar as funcionalidades dos softwares pesquisados para o ensino
(N2)
O manuseio do programa computacional é um outro parâmetro
considerado de suma importância. Na interação homem-computador, a
usabilidade normalmente se refere à simplicidade e facilidade com que uma
interface, um programa de computador ou um website pode ser utilizado.
Cerca de 40% dos indivíduos pesquisados acreditam ter bom nível
nessa habilidade, com 92% de necessidade formativa.
Tabela 18 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de manusear o programa computacional para ensinar
Nível (H3) Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
<não
respondeu> 1
1,82
1,82
Bom 21
38,18
40,00
Deficiente 13
23,64
63,64
Regular 20
36,36
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
123
8%
92%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 19 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de manusear o programa computacional para ensinar (N3)
Uma linguagem de programação representa um método padronizado
para expressar instruções para um computador. É um conjunto de regras
sintáticas e semânticas usadas para definir um programa de computador.
Segundo Valente (1997), para programar o computador usando uma
linguagem de programação, o aluno realiza uma série de atividades que são de
extrema importância na aquisição de novos conhecimentos. Primeiro, a
interação com o computador através da programação requer a descrição de
uma idéia em termos de uma linguagem formal e precisa. Segundo, o
computador executa fielmente a descrição fornecida e o resultado obtido é fruto
somente do que foi solicitado à máquina. Terceiro, o resultado obtido permite
ao aluno refletir sobre o que foi solicitado ao computador. Finalmente, se o
resultado não corresponde ao que era esperado, o aluno tem que depurar a
idéia original através da aquisição de conteúdos ou de estratégias.
No desenvolvimento dessa habilidade, a grande maioria, 65% dos
alunos, apresentou-se como deficiente, com 92% de necessidade formativa.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
124
Tabela 19 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de usar alguma linguagem de programação para construir/alterar softwares educativos
Nível (H4)
Freqüência
Percentual
Percentual
Acumulado
Bom 11
20,00
20,00
Deficiente 36
65,45
85,45
Regular 8
14,55
100,00
Total 55
100
8%
92%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 20 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de usar alguma linguagem de programação para construir/alterar softwares
educativos (N4)
Saber escolher os conteúdos propostos é o resultado da seleção de um
universo maior de conhecimentos e saberes, conforme o objetivo que se tenha
na aprendizagem do aluno. Essa habilidade requer uma relação íntima com a
habilidade de identificar funcionalidades dos programas computacionais.
Aproximadamente 40% dos alunos responderam que tem um nível
apenas regular nessa habilidade, com 92% de necessidade formativa.
Tabela 20 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de selecionar os conteúdos de química para serem utilizados nos softwares educativos
Nível (H5) Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
<não
respondeu> 2
3,64
3,64
Bom 19
34,55
38,18
Deficiente 13
23,64
61,82
Regular 21
38,18
100,00
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
125
Total 55
100
8%
92%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 21 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de selecionar os conteúdos de química para serem utilizados nos softwares
educativos (N5)
Estabelecer um perfil do programa e utilizá-lo de forma coerente com a
turma é outra habilidade do campo pedagógico que requer tanto conhecimento
do programa como das limitações inerentes aos aprendizes.
A maioria dos respondentes julga ter um bom nível nessa habilidade,
com 90% de necessidade formativa.
Tabela 21 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de determinar a adequação do software ao nível e perfil da turma
Nível (H6)
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Bom 20
36,36
36,36
Deficiente 18
32,73
69,09
Regular 17
30,91
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
126
10%
90%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 22 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de determinar a adequação do software ao nível e perfil da turma (N6)
Dentre tantos aspectos, para que um programa computacional promova
a aprendizagem, é preciso que os objetivos da aprendizagem sejam
significativos e estabelecidos a priori.
Aproximadamente 35% dos alunos consideram que possuem um vel
bom nessa habilidade, com 92% de necessidade formativa.
Tabela 22 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de definir os objetivos da aprendizagem com o uso dos softwares educativos
Nível (H7)
Freqüência
Percentual
Percentual
Acumulado
Bom 19
34,55
34,55
Deficiente 13
23,64
58,18
Regular 23
41,82
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
127
8%
92%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 23 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de definir os objetivos da aprendizagem com o uso dos softwares
educativos (N7)
Ter capacidade didática pressupõe a habilidade de organizar atividades
de ensino motivadoras, atualizadas no conteúdo e adaptadas à dinâmica do
avanço dos conhecimentos científicos nas áreas de computação e da própria
química. Essa habilidade de organizar atividades é fundamental para uma
melhor formação metodológica do professor.
Aproximadamente 45% dos alunos consideram que possuem um vel
apenas regular nessa habilidade, com 96% de necessidade formativa.
Tabela 23 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de organizar atividades de ensino usando os programas computacionais
Nível (H8)
Freqüência
Percentual
Percentual
Acumulado
Bom 17
30,91
30,91
Deficiente 14
25,45
56,36
Regular 24
43,64
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
128
4%
96%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 24 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de organizar atividades de ensino usando os programas computacionais
(N8)
Para Macedo (2002), as situações-problema caracterizam-se por
recortes de um domínio complexo, cuja realização implica mobilizar recursos,
tomar decisões e ativar esquemas. Ainda segundo Nuñez, Marujo e Dias
(2004), a situação-problema pode ser considerada como um estado psíquico
de dificuldade intelectual, quando o aluno enfrenta uma tarefa que não pode
explicar nem resolver com os meios de que dispõe, embora esses meios
possibilitem a compreensão da própria situação-problema e o trabalho para a
sua solução. O uso adequado dessas situações-problema feito pelo professor
junto aos seus alunos, utilizando o computador como recurso didático, pode
facilitar e enriquecer o aprendizado de conceitos químicos no ensino médio.
Aproximadamente 36% dos alunos consideram que possuem um vel
apenas regular nessa habilidade, com 94% de necessidade formativa.
Tabela 24 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de elaborar situações problemas que conduzam os alunos a suas soluções utilizando
softwares
Nível (H9)
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Bom 16
29,09
29,09
Deficiente 19
34,55
63,64
Regular 20
36,36
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
129
6%
94%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 25 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de elaborar situações problemas que conduzam os alunos a suas soluções
utilizando softwares (N9)
Com intuito de poder analisar os efeitos na aprendizagem obtidos das
práticas com a utilização do computador, o professor deve avaliar os resultados
alcançados pelos alunos na dinâmica da aula. Essa avaliação fornece ao
professor um feedback de como está ocorrendo o processo de aprendizagem
pelos alunos com a utilização desses softwares.
Aproximadamente 35% dos alunos consideram que possuem um bom
nível nessa habilidade, com 90% de necessidade formativa.
Tabela 25 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de avaliar os resultados alcançados pelos alunos mediante a utilização dos softwares
educativos
Nível (H10)
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Bom 19
34,55
34,55
Deficiente 19
34,55
69,09
Regular 17
30,91
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
130
10%
90%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 26 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de avaliar os resultados alcançados pelos alunos mediante a utilização dos
softwares educativos (N10)
O exercício da auto-avaliação é, antes de tudo, o primeiro passo para o
processo de aprendizagem e de transformação. Quanto mais preciso e
metodológico ele for, mais benefícios serão obtidos.
Aproximadamente 35% dos alunos consideram que possuem um bom
nível nessa habilidade, com 92% de necessidade formativa.
Tabela 26 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de auto-avaliação da pertinência do uso dos softwares para a aprendizagem dos
alunos
Nível (H11)
Freqüência
Percentual
Percentual
Acumulado
Bom 19
34,55
34,55
Deficiente 18
32,73
67,27
Regular 18
32,73
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
131
8%
92%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 27 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de auto-avaliação da pertinência do uso dos softwares para a
aprendizagem dos alunos (N11)
No mundo de hoje, onde a informação está disponível para uma grande
parcela da sociedade, poder apropriar-se desse conhecimento, mesmo que
seja em outro idioma, é um requisito importante na atual Sociedade da
Informação. Como já mencionado neste trabalho, uma predominância no
mundo ocidental de softwares escritos em Língua Inglesa.
Mais da metade dos alunos apresenta um deficiente nível nessa
habilidade, com 92% de necessidade formativa.
Tabela 27 – Distribuição dos licenciandos por nível de desenvolvimento da habilidade
de domínio de língua estrangeira para o uso de softwares escritos em outros idiomas
Nível (H12)
Freqüência
Percentual
Percentual
acumulado
Bom 13
23,64
23,64
Deficiente 30
54,55
78,18
Regular 12
21,82
100,00
Total 55
100
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
132
8%
92%
Desnecessário
Necessário
Gráfico 28 – Percentual válido da necessidade formativa para o desenvolvimento da
habilidade de domínio de língua estrangeira para o uso de softwares escritos em
outros idiomas (N12)
A fim de podermos identificar correlações entre as questões presentes
no nosso objeto de coleta, primeiramente agrupamos em três grandes
categorias as habilidades para o uso dos softwares educativos. Congregamos
as habilidades obedecendo a um critério funcional, como apresentado abaixo.
Habilidades Computacionais
i. Pesquisar softwares educativos na internet ou em outras bases de
informação (H1).
ii. Identificar as funcionalidades dos softwares pesquisados para ensinar
(H2).
iii. Manusear o programa computacional para ensinar (H3).
iv. Usar alguma linguagem de programação para construir/alterar softwares
educativos (H4).
Habilidades Pedagógicas
i. Selecionar os conteúdos de química que serão utilizados nos softwares
educativos (H5).
ii. Determinar a adequação do software ao nível e perfil da turma (H6).
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
133
iii. Definir os objetivos da aprendizagem com o uso desses programas
computacionais (H7).
iv. Organizar atividades de ensino usando os programas (H8).
v. Elaborar situações-problemas que conduzam os alunos a suas soluções
utilizando os softwares (H9).
vi. Avaliar os resultados alcançados pelos alunos mediante a utilização dos
softwares educativos (H10).
vii. Auto-avaliação da pertinência do uso dos softwares para a
aprendizagem dos alunos (H11).
Outras Habilidades
i. Domínio de língua estrangeira para o uso de softwares escritos em
outros idiomas (H12).
Após a realização do agrupamento e mediante a utilização do coeficiente
de correlação de Pearson, exposto no item 3.4.2 desta dissertação, aplicamos
a fórmula ao conjunto de dados referentes às habilidades computacionais e
pedagógicas, uma vez que possuem mais de uma habilidade específica.
Dessa maneira, obtivemos conforme tabelas a seguir:
Habilidades Computacionais
Tabela 28 – Coeficientes de correlação entre as variáveis correspondentes as
habilidades computacionais
Habilidades
Habilidades
1
2
3
4
1
***
0,549
0,7628
0,2399
2
0,549
***
0,4851
0,4446
3
0,7628
0,4851
***
0,2512
4
0,2399
0,4446
0,2512
***
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
134
0,7628
0,4851
0,549
0,4446
0,2512
0,2399
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1 e 3 1 e 2 2 e 3 2 e 4 3 e 4 1 e 4
Habilidades
Coeficiente de Correlação
Gráfico 29 – Coeficientes de correlações entre as habilidades computacionais
organizadas por ordem decrescente de coeficiente de correlação
Dos resultados, pode-se observar que as habilidades com o maior índice
de correlação foram as de pesquisar software na internet e a de manusear o
software para o ensino. Essas habilidades relacionadas apresentaram um alto
nível de correlação positiva. Intuitivamente, acreditamos que ao pesquisar
softwares na internet estamos, também, manuseando um aplicativo
computacional. É interessante notar que as páginas da internet, principalmente
os portais de busca
12
, também podem ser vistos como programas
computacionais uma vez que recebem uma informação, processam a consulta
e expõem o resultado para o usuário final. A própria familiaridade dos sujeitos
da pesquisa com softwares como editores de texto, navegadores, planilhas
leva-lhes a crer que tenham a habilidade de manusear os programas
computacionais.
Por outro lado, as habilidades com menor índice de correlação foram as
habilidades de pesquisar software na internet e a de usar alguma linguagem de
programação para construir/alterar softwares. Isso fica claro no momento em
12
São websites especializados em buscar e listar páginas da internet a partir de palavras-
chaves indicadas pelo utilizador. Entre os maiores portais encontram-se o Google, o Yahoo, o
Lycos e o Cadê.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
135
que a pesquisa/utilização da internet não está vinculada com o conhecimento
de uma linguagem de programação.
Habilidades Pedagógicas
Tabela 29 – Coeficientes de correlação entre as variáveis correspondentes as
habilidades pedagógicas
Habilidades
Habilidades
5
6
7
8
9
10
11
5
*** 0,5494
0,6258
0,6409
0,5324
0,3198
0,4106
6
0,5494
*** 0,7187
0,6401
0,6082
0,6058
0,6131
7
0,6258
0,7187
*** 0,7935
0,6756
0,6084
0,5548
8
0,6409
0,6401
0,7935
*** 0,7067
0,5842
0,5906
9
0,5324
0,6082
0,6756
0,7067
*** 0,742
0,698
10
0,3198
0,6058
0,6084
0,5842
0,742
*** 0,8002
11
0,4106
0,6131
0,5548
0,5906
0,698
0,8002
***
Graficamente podemos visualizar como segue.
0,7935
0,8002
0,742
0,7067
0,698
0,7187
0,6756
0,6
0,62
0,64
0,66
0,68
0,7
0,72
0,74
0,76
0,78
0,8
0,82
10 e 11 7 e 8 9 e 10 6 e 7 8 e 9 9 e 11 7 e 9
Habilidades
Coeficiente de Correlação
Gráfico 30 – Coeficientes de correlações entre as habilidades pedagógicas
organizadas por ordem decrescente de coeficiente de correlação (1ª parte)
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
136
0,6084
0,6082
0,6058
0,6401
0,6409
0,6258
0,6131
0,58
0,59
0,6
0,61
0,62
0,63
0,64
0,65
5 e 8 6 e 8 5 e 7 6 e 11 7 e 10 6 e 9 6 e 10
Habilidades
Coeficiente de Correlação
Gráfico 31 – Coeficientes de correlações entre as habilidades pedagógicas
organizadas por ordem decrescente de coeficiente de correlação (2ª parte)
0,5906
0,5842
0,5548
0,5494
0,5324
0,4106
0,3198
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
8 e 11 8 e 10 7 e 11 5 e 6 5 e 9 5 e 11 5 e 10
Habilidades
Coeficiente de Correlação
Gráfico 32 – Coeficientes de correlações entre as habilidades pedagógicas
organizadas por ordem decrescente de coeficiente de correlação (3ª parte)
Dos resultados verificados, as habilidades com o maior índice de
correlação foram as de avaliar os resultados alcançados pelos alunos mediante
a utilização dos softwares educativos e de auto-avaliação da pertinência do uso
dos softwares para a aprendizagem dos alunos. Semanticamente, acreditamos
nessa correlação visto que nas duas habilidades é imprescindível a atitude de
realizar uma avaliação.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
137
Por outro lado, as habilidades com menor índice de correlação foram as
de selecionar os conteúdos de química que serão utilizados nos softwares
educativos e de avaliar os resultados alcançados pelos alunos mediante a
utilização dos softwares educativos.
As maiores deficiências encontradas pelos respondentes foram nas
habilidades de usar alguma linguagem de programação para construir/alterar
softwares educativos e a habilidade de domínio de língua estrangeira para o
uso de softwares escritos em outros idiomas.
Por sua vez, a menor deficiência nas habilidades encontradas pelos
respondentes foi a de pesquisar softwares educativos na internet ou em outras
bases de informação.
36
30
19 19
18 18
15
14
13 13 13
8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
H4 H12 H9 H10 H6 H11 H2 H8 H5 H7 H3 H1
Gráfico 33 – Nível de deficiência no que se refere às habilidades, organizadas por
número de licenciandos
4.4 As necessidades formativas
Da pesquisa em tela, fica claramente observado que os sujeitos indicam
que existe uma necessidade formativa para se trabalhar com softwares
educativos. Essa indicação gira entre 88% e 96%, o que evidencia uma real
necessidade de formação desses futuros professores.
CAPÍTULO 4 – ANALISANDO OS RESULTADOS
138
Quando tratamos de necessidades, a maior necessidade formativa
refere-se à habilidade de organizar atividades de ensino usando os programas
computacionais, seguido pela habilidade de elaborar situações problemas que
conduzam os alunos a suas soluções utilizando softwares. Essas habilidades,
além de apresentarem os maiores índices para a necessidade formativa,
também aparecem com um alto índice de correlação, 0,7067.
A menor necessidade formativa refere-se à identificação das
funcionalidades dos softwares pesquisados para ensinar.
96
94
92 92 92 92 92 92
90 90 90
88
84
86
88
90
92
94
96
98
N8 N9 N12 N4 N3 N5 N7 N11 N6 N1 N10 N2
Gráfico 34 – Necessidades formativas apresentadas pelos licenciandos organizadas
por percentual
Identificamos ainda que, por mais que apareçam com os maiores índices
de deficiências nos sujeitos, esses não as incluíram como as de maior
necessidade formativa. Provavelmente, por considerarem que as habilidades
de conhecer uma linguagem de programação e de conhecer um outro idioma,
não sejam habilidades próprias de um licenciado em química.
Diante do quadro delineado, em função das necessidades formativas
apresentadas pelos sujeitos, Pardal (2001) explicita que não é possível aceitar
inovação sem conhecermos com clareza seus objetivos e sem que partilhemos
sua construção. Assim, considera que o investimento na formação dos
professores e na sua profissão constituirá a principal e indispensável garantia
do avanço das transformações pretendidas.
CONSIDERAÇÕES
CONSIDERAÇÕESCONSIDERAÇÕES
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
FINAIS FINAIS
FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
140
Como discutido ao longo do trabalho, a questão da formação docente
inicial, de modo geral, sobretudo a partir das últimas décadas do século XX,
tem sido objeto de inúmeros estudos, pesquisas e propostas. A intensificação
das pesquisas e das discussões nesta área tem conduzido a um repensar da
formação inicial em química, uma vez que os problemas existentes na escola
persistem, ora agravados, ora ressignificados. Dessa forma, políticas e
modelos de formação docente não são idéias abstratas, nem desvinculadas da
realidade social em que se vive, que as demandas de formação docente
também se originam nas mudanças ocorridas no mundo do trabalho e nas
relações sociais, cenário, portanto, a ser considerado quando se procura refletir
porque se faz, como se faz e em favor de quem se faz a formação docente.
A necessidade de introduzir novas teorias, concepções e paradigmas na
educação brasileira tem sido uma prática recorrente, sem falar nas inovações
tecnológicas que permeiam a vida de todos, seja dentro ou fora da escola. No
ensino de química não é diferente. No entanto, os futuros professores, na sua
grande maioria, não se sentem preparados para adotar novas posturas ou
utilizar as novas tecnologias, uma vez que passam por uma formação lacunar.
Nesse contexto, as propostas de adoção de novas formas de ensinar,
utilizando os novos recursos tecnológicos provocam resistências e dificuldades
na apropriação dos novos conceitos por parte dos professores. Essa postura
não é atribuída apenas a um conformismo dos professores aos modelos
tradicionais, mas se constitui em uma resposta receosa a uma série de outros
fatores que podem acarretar uma mudança de sua ação.
Segundo afirma NUÑEZ(2003), as transformações da chamada
sociedade do conhecimento trazem exigências a respeito de novos estilos de
trabalho para o professor. Hoje o professor(a) não detém o monopólio do saber
e a escola deixou de ser o lugar exclusivo para aprender, para o aluno ser
educado. As novas tecnologias de informação, as novas formas de
organização do trabalho obrigam a escola a redefinir seu projeto educativo para
inserir-se no sistema social, numa dinâmica complexa, reconhecendo a
necessidade do diálogo com a comunidade e assumindo novos tipos de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
141
relações com a comunidade e o conhecimento. A escola, por si só, não pode
dar respostas às novas formas de educação dos alunos.
A aprendizagem da química, assim como a de qualquer uma das
ciências exatas é um processo gradual com exploração ou manuseio da
realidade concreta que aos poucos vai atingindo os diversos graus do
pensamento formal e de desenvolvimento da personalidade integral do
estudante. Por isso, embora a educação química seja a meta fundamental em
qualquer currículo de química, as estratégias para seu ensino devem variar de
acordo com o contexto, os objetivos e com as motivações e necessidades dos
estudantes. Primar por correlacionar o teórico ao prático, demonstrar a
correlação existente entre a química e as demais ciências, e suas
repercussões para o meio social são ingredientes básicos para uma educação
química ética e responsável.
Diante das exigências de formação postas pelo novo cenário, o
professor de química se impelido a mudar sua prática para acompanhar as
novidades que atingem a sociedade atual e, por conseguinte, o cotidiano da
sala de aula. Porém, mudanças em direção a essa adequação envolvem uma
série de investimentos: por parte dos professores, em estudos; por parte dos
órgãos oficiais na elaboração de projetos de capacitação e de formação
continuada do docente; e, por parte do Estado, na captação e alocação dos
recursos financeiros e humanos.
Portanto, diante das exigências de uma melhor formação, requerida pela
sociedade dinâmica em que vivemos e das políticas governamentais
direcionadas aos profissionais da educação, o professor se envolvido em
uma trama que exigirá novas competências, novos caminhos, um novo
repensar e a consciência acerca dos objetivos de sua própria formação e do
tipo de profissional que irá formar.
É a partir desse raciocínio que o professor compreenderá que sua
principal função não pode mais ser apenas a difusão dos conhecimentos, e que
esses, necessitam ser trabalhados de forma eficaz por diferentes meios. Sua
competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem, o
pensamento e a educação integral. É exigido dele habilidades e posturas,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
142
como advoga LÈVY (1999), ao afirmar que o professor deve tornar-se um
animador da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Pois a
sua atividade deverá estar centrada no acompanhamento e na gestão das
aprendizagens, ou seja, no incitamento à troca dos saberes, na mediação
relacional e simbólica, no direcionamento personalizado dos percursos de
aprendizagem, etc.
A constatação dessa situação tem trazido desafios aos educadores.
Conhecer as diversas tecnologias da informação e da comunicação e saber
utilizá-las para vencer os obstáculos impostos em cada realidade educacional
específica, estar aberto às mudanças, procurar entendê-las e ter disposição de
(des)construir e (re)construir seus saberes para atuar em cenários diferentes,
são atitudes condizentes com a atual conjuntura. Outro aspecto que pode ser
apontado como conseqüência da adoção deste novo paradigma diz respeito à
autoridade e as questões de poder associadas à relação
professor/aluno/conhecimento. O que deve prevalecer hoje, no meio escolar, é
uma perspectiva dialética em que os participantes detenham conhecimentos
específicos, diferenciados e relevantes, e que tenham acesso a novas e
heterogêneas informações. A formação inicial não pode desconsiderar as
necessidades de formação que são vinculadas aos saberes e expectativas dos
futuros licenciados.
Nessa perspectiva, as necessidades formativas ganham visibilidade,
pois os professores, como profissionais críticos, reflexivos e comprometidos,
devem participar ativamente na reformulação de seus hábitos, identificando
suas necessidades e construindo novas estratégias formativas que possam
assegurar novas referências teórico-metodológicas e novas formas de avaliar,
surgindo daí um ponto de partida para compreensão do percurso trilhado pelos
alunos na aquisição do conhecimento, e ainda, um indicador para que o
professor reflita sobre a adequação de sua prática, conduta metodológica e
instrumentos avaliativos. O professor tomará como ponto de partida a riqueza
das experiências profissionais para reconstruir sua prática, e, por conseguinte,
para ajudar a reconstruir a escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
143
Considerando o referencial adotado neste trabalho e os resultados
alcançados, percebe-se que os professores têm consciência da necessidade
de mudanças macroestruturais, mas também de mudanças na sua prática atual
e na sua prática como licenciado, cujo cerne se deslocará de uma simples
prática reprodutora para uma práxis, ou seja, uma prática refletida a partir das
necessidades pedagógicas surgidas nas situações vivenciadas e pelas
necessidades formativas.
Porém, identificar as necessidades não é suficiente, tampouco criar
programas formativos tradicionais marcados pelos mecanismos de treinamento
que explicam passo a passo (transmissão) o que deve e como deve ser feito,
segundo uma racionalidade fechada. Os novos programas formativos, que
emergem das necessidades do objeto da profissão e dos professores, devem
organizar-se na própria filosofia do perfil profissional que se espera formar nos
professores, Ramalho, Nuñez e Gauthier (2003). Nesse sentido, os professores
devem ser capazes de vivenciar novas experiências, de aprender a aprender,
de refletir sobre suas práticas, levando seus alunos heuristicamente a esse
mesmo processo.
O estudo das necessidades se orienta como uma contribuição para
pensar os processos formativos dos professores, mas não constituem o único
critério para esse fim, pois outros fatores influenciam o desenvolvimento
profissional dos professores, como as próprias reformas curriculares e as
tendências do desenvolvimento profissional, que exigem uma visão longitudinal
da profissão.
Não obstante, a constatação das necessidades a partir das próprias
experiências do professor é que deve nortear as diretrizes para os cursos de
formação docente, pois como demonstrado no decorrer desse estudo, os
professores têm consciência da premência de uma prática diferenciada;
expressam o desejo de renovar suas práticas; buscam conhecer as inovações
tecnológicas subjacentes à área; preocupam-se com a formação da qual têm
sido vetores, enfim, a postura que assumem é de positividade em relação às
demandas de toda ordem impostas. No entanto, essa postura não tem sido
suficientes para efetivar a transformação almejada. Tal constatação, de acordo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
144
com este estudo, revela que as mudanças precisam ser profundas e
abrangentes, não podem prescindir do envolvimento e da participação dos
docentes, mas também precisam ser o mote das demais instâncias co-
responsáveis pela efetivação de uma educação de qualidade. É nesse ponto
que os cursos de formação podem contribuir, dotando o professor das
condições necessárias para realizar um bom trabalho na formação dos seus
discentes.
De modo geral, pode-se concluir, neste trabalho, que essa nova postura
gera uma visão que pautará os cursos de formação docente, que por sua vez
devem buscar gradativamente preencher as lacunas vigentes e prestar atenção
às expectativas da atividade docente profissional, obtendo, assim, a
flexibilidade para modificar-se à medida que tais necessidades formativas
também se modificam. Esse quadro de retroalimentação deve gerar novas
demandas no âmbito educacional, requerendo do professor uma constante
tomada de consciência acerca de seu papel nesse processo e, especialmente,
a compreensão de como a formação docente pode auxiliá-lo neste cenário.
Requerem, igualmente, uma nova cultura escolar com uma nova organização
curricular de tempo e espaço educacionais.
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APENDICE A – QUESTIONÁRIO
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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E
MATEMÁTICA
LINHA DE PESQUISA: ENSINO DE QUÍMICA
ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES
EDUCATIVOS NO ENSINO DE QUÍMICA
Caro colega,
O presente questionário trata de um trabalho que permeia a discussão
sobre a utilização de recursos informáticos, no caso, Softwares Educativos
(programas de computador) para o Ensino de Química. A sua contribuição é
importante para o entendimento da problemática do trabalho de professores de
Química em relação ao uso dessa ferramenta de ensino. Agradecemos.
DADOS GERAIS
Sexo: masculino feminino
Idade: __ Anos
Estado Civil:
Solteiro(a) Casado(a)
Separado(a) Viúvo(a)
SOBRE O CURSO DE FORMAÇÃO
Situação Acadêmica:
Professor(a) Aluno(a)
Instituição onde cursa ou cursou o ensino
superior:
UFRN UERN
APENDICES
159
Período Atual no curso:
_____ período
Formação ao nível de graduação:
Licenciatura Bacharelado
Anos de Experiência em Sala de Aula como
professor de Química: _____
(anos referentes ao tempo que leciona disciplinas de
Química)
Tempo de Trabalho em Sala de Aula:
_____ horas / semana
(atualmente)
Número de Escolas em que trabalha:
_____
Número total de turmas em que ministra aulas:
_____
Desenvolve outras atividades:
Sim Não
Em caso afirmativo, qual(is)?
_____________________________________
___
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS INFORMÁTICOS
Possui computador em sua residência:
Sim Não
Em relação ao uso do computador:
Usa com freqüência
Usa com pouca freqüência
Não usa
Utiliza algum tipo de recurso áudio-visual para
dar aulas:
Sim Não
Em caso afirmativo, qual(is):
Projetor multimídia
Transparências
Aparelho de Som
Computador
Tempo de utilização de recursos áudios-
visuais?
_____ anos
Utiliza algum tipo de software educativo para
ensinar química:
Sim Não
Em caso afirmativo, qual(is)?
_________________________________
Tempo de utilização desses softwares:
_____ anos
APENDICES
160
UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCATIVOS PARA O ENSINO DE QUÍMICA
No seu entendimento, quais das causas abaixo, seriam as mais importantes para a NÃO
utilização de softwares no ensino de química pelo professor dessa disciplina.
MARQUE COM UM X no quadrado correspondente a sua opção.
Siga o critério abaixo:
5 – Concordo Completamente; 4 – Concordo Parcialmente; 3 – Não Concordo e nem Discordo; 2 – Discordo
Parcialmente; 1 – Discordo Completamente.
ORD
ARGUMENTAÇÃO
5 4 3 2 1
1
Dificuldade de acesso ao
computador (hardware)
2
Dificuldade de acesso ao programa
de computador (software)
3
Descrédito por parte da equipe
pedagógica da escola
4
Softwares escritos em outros
idiomas
5
Não adequação pedagógica dos
softwares para o ensino de química
6
Recurso inapropriado para alunos
do ensino médio
7
Essa forma de ensino não
consegue motivar o aluno
8
Oferece ao aluno um controle
excessivo sobre o que se deseja
fazer
9
Desconhecimento a respeito
APENDICES
161
desses softwares por parte dos
docentes
10
Falta de curso de capacitação dos
docentes para usar esse recurso
11
Pouco tempo para preparar aulas
dessa forma
12
Resistência a novidades por parte
dos professores
13
Resistência a novidades por parte
dos alunos
14
Descrédito por parte dos
professores
15
Descrédito por parte dos alunos
16
A organização da estrutura
curricular não propicia a utilização
dessa ferramenta
APENDICES
162
HABILIDADES PARA O USO DE SOFTWARES EDUCATIVOS
Desejamos saber como você avalia seu nível de desenvolvimento para usar softwares no
ensino de química. E se necessita, ou não, de formação para o desenvolvimento dessas
habilidades.
MARQUE COM UM X no quadrado correspondente a sua opção.
NÍVEL DE
DESENVOLVIMENTO
DA HABILIDADE
NECESSIDADE
FORMATIVA
ORD HABILIDADES
Bom Regular Deficiente Necessário Desnecessário
1
Pesquisar softwares educativos na
internet ou em outras bases de
informação.
2
Domínio de língua estrangeira para
o uso de softwares escritos em
outros idiomas.
3
Selecionar os conteúdos de
Química que serão utilizados nos
softwares educativos.
4
Identificar as funcionalidades dos
softwares pesquisados para
ensinar.
5
Determinar a adequação do
software ao nível e perfil da turma.
6
Definir os objetivos da
aprendizagem com o uso desses
programas computacionais
APENDICES
163
7
Manusear o programa
computacional para ensinar
8
Organizar atividades de ensino
usando os programas
9
Elaborar situações-problemas que
conduzam os alunos a suas
soluções utilizando os softwares.
10
Avaliar os resultados alcançados
pelos alunos mediante a utilização
dos softwares educativos.
11
Auto-avaliação da pertinência do
uso dos softwares para a
aprendizagem dos alunos.
12
Usar alguma linguagem de
programação para construir /
alterar softwares educativos.
Muito Obrigado!
ANEXOS
ANEXOSANEXOS
ANEXOS
ANEXO A – TABELA SOBRE RECURSOS TECNOLÓGICOS
Tabela 30 – Percentual médio de estudantes com acesso a recursos em casa ordenados
por software educativo
Recursos
Países
Computador
Software
Educacional
Calculadora Livros
Austrália 94
67
97
80
Reino Unido 91
67
97
90
Holanda 96
63
98
42
Canadá 93
62
98
75
Estados Unidos 87
60
93
73
Nova Zelândia 87
58
96
82
Noruega 94
58
97
86
Islândia 97
57
99
89
República Checa 77
53
98
84
Alemanha 91
53
98
85
Bélgica 87
52
97
76
Suécia 95
51
92
81
Irlanda 80
48
97
79
Polônia 60
48
97
92
Luxemburgo 90
47
98
86
Coréia 95
46
60
85
China (Hong Kong) 93
46
95
68
Liechtenstein 94
45
99
73
França 79
44
98
85
Áustria 93
42
99
71
Espanha 79
41
96
83
Suíça 87
38
98
73
China Macau 89
38
87
55
Finlândia 88
37
97
79
Portugal 75
37
96
83
Dinamarca 93
34
97
77
Itália 78
30
94
84
Uruguai 46
30
87
89
Letônia 44
29
93
88
Hungria 68
28
91
87
Eslováquia 57
25
97
83
Rússia 29
21
91
87
México 33
20
80
63
Grécia 53
16
74
72
Tailândia 26
16
82
70
Sérvia 38
15
86
77
Turquia 23
13
75
75
Japão 46
11
69
77
Indonésia 8
11
60
81
Tunísia 20
10
54
53
Brasil 27
9
71
82
Fonte: Bancos de Dados OECD
ANEXO B – TABELA SOBRE COMPUTADORES NA ESCOLA
Tabela 31 – Percentual de computadores nas escolas por alunos
Países Percentual
Liechtenstein 0.33
Estados Unidos 0.30
Austrália 0.28
Coréia 0.27
Hungria 0.23
Nova Zelândia 0.23
Reino Unido 0.23
Áustria 0.22
Canadá 0.22
China (Hong Kong) 0.22
Dinamarca 0.19
Japão 0.19
Islândia 0.18
Luxemburgo 0.18
Noruega 0.18
Finlândia 0.17
Suíça 0.17
Suécia 0.16
Bélgica 0.15
Holanda 0.14
Itália 0.13
China Macau 0.12
República Checa 0.11
Irlanda 0.11
México 0.09
Alemanha 0.08
Grécia 0.08
Espanha 0.08
Polônia 0.07
Portugal 0.07
Eslováquia 0.07
Letônia 0.06
Tailândia 0.05
Uruguai 0.05
Turquia 0.04
Indonésia 0.04
Rússia 0.03
Sérvia 0.03
Brasil 0.02
Tunísia 0.01
Fonte: Bancos de Dados OECD
ANEXO C – TABELA DO RESULTADO DA AVALIAÇÃO DA ÁREA DE
CIÊNCIAS
Tabela 32 – Escore médio na escala de ciências, por gênero e ordenados pelo escore da
média
Escores
País
Média
Homens
Mulheres
Diferença
Finlândia 548 545 551 –6
Japão 548 550 546 4
Hong Kong (China) 539,5
538 541 –3
Coréia do Sul 536,5
546 527 18
Austrália 525 525 525 0
Liechtenstein 525 538 512 26
Macau (China) 525 529 521 8
Holanda 524,5
527 522 5
República Checa 523 526 520 6
Canadá 521,5
527 516 11
Nova Zelândia 521 529 513 16
Suíça 513 518 508 10
França 511 511 511 0
Bélgica 509 509 509 0
Suécia 506,5
509 504 5
Irlanda 505 506 504 2
Hungria 503,5
503 504 –1
Alemanha 503 506 500 6
Polônia 497,5
501 494 7
Islândia 495 490 500 –10
Eslováquia 494,5
502 487 15
Estados Unidos 491,5
494 489 5
Áustria 491 490 492 –3
Federação Russa 489,5
494 485 9
Letônia 489 487 491 –4
Espanha 487 489 485 4
Itália 487 490 484 6
Noruega 484 485 483 2
Luxemburgo 483 489 477 13
Grécia 481 487 475 12
Dinamarca 475,5
484 467 17
Portugal 468 471 465 6
Uruguai 438,5
441 436 4
Sérvia 436,5
434 439 –5
Turquia 434 434 434 0
Tailândia 429 425 433 –8
México 405 410 400 9
Indonésia 395 396 394 1
Brasil 390 393 387 6
Tunísia 385 380 390 –10
Fonte: Bancos de Dados OECD PISA 2003
ANEXO D – ESTRUTURA CURRICULAR DE QUÍMICA
13
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação
DAE - Departamento de Administração Escolar
Sistema de Registro e Controle Acadêmico
Estrutura Curricular
Informações Gerais do Currículo:
Unidade - Curso: CCET - QUIMICA
Turno - Cidade: N - NATAL
Modalidade: LICENCIATURA PLENA
Habilitação:
Currículo:01 Ano Semestre entrada vigor:19601
QUANTIDADE SEMESTRES P/CONCLUSÃO CRÉDITOS P/SEMESTRE
MÁXIMA 14 99
IDEAL 10 98
MÍNIMA 9 1
Semestre
Código Nome
Créditos
Aula
Est.
Lab
.
Tot.
Obrig.
LET0001 LINGUA PORTUGUESA I
4
0
0
4
S
MAT0057
CALCULO I
4
0
2
6
S
QUI0300 HISTORIA DA QUIMICA
4
0
0
4
S
1
DIM0038 PROGRAMACAO I
1
0
2
3
S
MAT0058
CALCULO II
4
0
2
6
S
QUI0510 QUIMICA FUNDAMENTAL I
4
0
2
6
S
QUI0601 QUIMICA FUNDAMENTAL II 6
0
0
6
N
QUI0602 QUIMICA EXPERIMENTAL
0
0
3
3
N
2
FIS0001 FISICA I
2
0
2
4
S
MAT0056
INTRODUCAO A ALGEBRA LINEAR
2
0
1
3
S
QUI0511 QUIMICA FUNDAMENTAL II
4
0
2
6
S
3
FIS0002 FISICA II
4
0
2
6
S
FIS0003 FISICA III
4
0
2
6
S
LET0029 LINGUA INGLESA IX
4
0
0
4
S
QUI0520 TERMODINAMICA E EQUILIBRIO QUIMICO
4
0
2
6
S
4
EDU0680
FUNDAMENTOS SOCIO-FILOSOFICOS DA EDUCACAO
4
0
0
4
S
PSI0601 PSICOLOGIA DA ADOLESCENCIA
4
0
0
4
S
QUI0521 CINETICA ELETROQUIMICA
4
0
2
6
S
QUI0530 FUNDAMENTOS DE QUIMICA INORGANICA
4
0
2
6
S
5
LET0030 LINGUA INGLESA X
4
0
0
4
S
FIL0001 FILOSOFIA I
4
0
0
4
S
QUI0522 SEMINARIO I
3
0
0
3
N
QUI0531 QUIMICA DE COORDENACAO
4
0
2
6
S
6
QUI0540 ANALISE QUIMICA QUALITATIVA
4
0
2
6
S
13
Essa estrutura curricular do curso de Licenciatura em Química foi substituída pela estrutura
curricular aprovada por meio do Projeto Político Pedagógico do Curso de Química em 2005.
QUI0570 FUND.DE EXPLORACAO E PROD.DE PET.E GAS NATURAL
4
0
0
4
N
QUI0571 FIS.-QUIMICA DE SUP.E INT.APLIC.AO PETROL.E GAS N.
4
0
0
4
N
EDU0681
FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL
4
0
0
4
S
FIL0120 FILOSOFIA DA CIENCIA I
4
0
0
4
S
QUI0532 SEMINARIO II 3
0
0
3
N
QUI0541 ANALISE QUIMICA QUANTITATIVA
4
0
2
6
S
QUI0550 FUNCOES ORGANICAS
4
0
2
6
S
QUI0577
QUALIDADE AMBIENTAL E IMPACTO CAUSADOS P/ ATIV.
PETROLIFERAS
4
0
0
4
N
7
EDU0682
ORGANIZACAO DA EDUCACAO BRASILEIRA
4
0
0
4
S
DCS0013
INTRODUCAO A SOCIOLOGIA
4
0
0
4
S
EDU0683
DIDATICA
4
0
0
4
S
FIL0121 FILOSOFIA DA CIENCIA II
4
0
0
4
N
FIL0923 FILOSOFIA DA CIENCIA
4
0
0
4
N
QUI0512 EDUCACAO AMBIENTAL
4
0
0
4
S
QUI0542 SEMINARIOS III
3
0
0
3
N
QUI0551 MECANISMOS DE REACOES ORGANICAS
4
0
2
6
S
8
ART0071
TECNICAS CORPORAIS PARA ARTE, CIENC. E EDUCACAO
4
0
0
4
N
QUI0240 METODOS BIBLIOGRAFICOS DA EDUCACAO QUIMICA
4
0
0
4
N
QUI0513 QUIMICA CONTEMPORANEA
4
0
0
4
S
QUI0552 QUIMICA ORGANICA BIOLOGICA
4
0
0
4
S
QUI0553 SEMINARIOS IV
3
0
0
3
N
QUI0560 INSTRUMENTACAO PARA O ENSINO DA QUIMICA
3
0
1
4
S
QUI0572 REOLOGIA
4
0
0
4
N
QUI0573 METODOS CROMATOGRAFICOS
4
0
0
4
N
QUI0574 METODOS ESPECTROSCOPICOS
4
0
0
4
N
QUI0575 COMBUSTAO BASICA I
4
0
0
4
N
QUI0576 COMBUSTAO BASICA II
4
0
0
4
N
9
GEO0068
ELEMENTOS DE MINERALOGIA
4
0
0
4
S
MEC0539
MATERIAIS E MEIO AMBIENTE
4
0
0
4
N
MEC0571
CIMENTACAO
3
0
1
4
N
QUI0579 COMPOSICAO E PROPRIEDADES DE FLUIDOS DE PERFURACAO
4
0
0
4
N
QUI0580 MATERIAIS CATALITICOS
4
0
0
4
N
QUI0581 REOLOGIA DE FLUIDOS DE PERFURACAO
4
0
0
4
N
QUI0582 ANALISE FISICO-QUIMICA DE COMBUSTIVEIS
4
0
0
4
N
10
EDU0684
PRATICA DE ENSINO DE QUIMICA
0
3
0
3
S
Carga horária exigida para Integralização Curricular
CARGA HORÁRIA CRÉDITOS
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS: 2565 165
ATIVIDADES OBRIGATÓRIAS: 0
COMPLEMENTARES: 135
TOTAL: 2700
Fonte: Sistema de registro e controle acadêmico da UFRN – PONTO A
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências Naturais e Matemática
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