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2.4 Das Relações entre Matemática e Música
Desde a Antiguidade, a música fazia parte do programa de artes liberais,
porém, ora a tradição relacionava-a à gramática, ora às matemáticas. Cicero (De
oratore, I, 187 e III, 127 apud BRITO, 1999, p. 107) inseria a música na matemática.
Agostinho (séc. IV) em seu De Ordine (l. 2, XIV E XV, apud BRITO, 1999, p 107),
relacionava explicitamente a gramática e a música.
Segundo Lintz, (2002, p. 93), Arquitas de Tarento, viveu na primeira metade
do século IV a.C. e, portanto foi contemporâneo de Platão. Seus interesses eram
muito amplos e incluíam não só a matemática, como a física, a música, entre outros
saberes. Foi o primeiro a sistematizar o estudo da proporção aritmética, geométrica
e harmônica. Para Arquitas, a fusão entre a música e a matemática é perfeita, como
pode ser observado abaixo:
Há três proporções em música: a aritmética, a geométrica e em terceiro lugar,
a contraposta, assim chamada harmônica. A aritmética, quando três termos
se manifestam de modo análogo à seguinte diferença: o segundo supera
tanto o primeiro quanto o terceiro supera o segundo. E, nesta analogia,
percebe-se que a relação dos termos maiores é menor e a dos menores é
maior. A geométrica, quando o primeiro termo está para o segundo como o
segundo para o terceiro. As maiores guardam as mesmas relações que as
menores. A contraposta assim chamada proporção harmônica, quando (os
termos) se comportam da seguinte maneira: quanto da própria grandeza, o
primeiro termo supera o segundo, tanto o médio supera o terceiro. Nesta
analogia, a relação dos termos maiores á maior, a dos menores, menor.
(LINTZ, 2002, p. 93).
Assim, como vemos, para Arquitas, a teoria das proporções era parte da
música bem como da geometria, isto é, as relações entre as grandezas geométricas
deveriam estar associadas às relações entre sons (LINTZ, 2002, p. 93).
Para entender melhor essa inter-relação, é preciso analisar uma experiência
que foi fundamental para a consolidação ou, por que não dizer, para a descoberta