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3 Os caminhos metodológicos desta jornada discursiva – da trajetória do
pesquisador à descrição dos informantes e locais de pesquisa
Minhas experiências como pesquisador tiveram início ao fim de minha graduação em
Psicologia em 2004, na área de direitos sexuais e reprodutivos de jovens, participando de
programas de pesquisa e extensão universitária. Foi neste período que participei de um projeto
de âmbito nacional, coordenado por Jorge Lyra, coordenador do Instituto Papai, ONG de
Recife, no Estado de Pernambuco (PE), o qual pretendia construir outros olhares sobre os
direitos sexuais e reprodutivos de jovens. Nesta pesquisa, que contemplava as cinco regiões
do Brasil, fui membro da equipe responsável pela região sul, a qual foi coordenada pela prof.a
Dra. Maria Juracy F. Toneli, do núcleo de Pesquisas Margens (Modos de Vida, Família e
Relações de Gênero) da UFSC.
Na seqüência daquele projeto surgiram outros em âmbito nacional, durante 2005 e
2006 (anos em que eu cursava o Mestrado em Psicologia), em parceria com o Instituto Papai e
outras universidades brasileiras, abrangendo assuntos tais como: a inserção de homens nos
serviços de saúde
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e sobre instituições que oferecem assistência a homens autores de
violência
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. A participação nessas pesquisas, tanto antes, quanto durante o período em que eu
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O projeto de pesquisa financiado pelo Ministério de Saúde do Brasil, intitulado “Homens nos Serviços Públicos de Saúde -
Rompendo barreiras culturais, institucionais e individuais Recife, Florianópolis e São Paulo”, tem como objetivo principal
promover a inserção de homens nos programas de saúde reprodutiva/saúde integral de hospitais de referência em três capitais
brasileiras: Recife, São Paulo e Florianópolis, por meio da capacitação de profissionais, elaboração de estratégias de
comunicação, embasadas em pesquisa-diagnóstico e avaliação visando contribuir para a sociedade brasileira. A proposta é
que essa experiência possa servir de modelo para outras experiências congêneres e para o próprio Ministério da Saúde/ Área
da Saúde da Mulher através da sistematização desta iniciativa em um dossiê e da articulação política junto ao Ministério, o
UNFPA e ao movimento de mulheres e de juventude, de forma que a inserção dos homens em programas de saúde tenha na
experiência do presente projeto uma contribuição importante na construção de políticas de gênero. Este objetivo está em
consonância com tratados internacionais em direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário, e a atual plataforma feminista
brasileira, na medida em que busca contribuir para implementação de políticas públicas que visem envolver os homens em
questões relativas à sexualidade e à reprodução, com vistas a garantir e ampliar o exercício dos direitos sexuais e direitos
reprodutivos de mulheres e de homens. (Fonte: INSTITUTO PAPAI. Homens nos Serviços Públicos de Saúde - Rompendo
barreiras culturais, institucionais e individuais Recife, Florianópolis e São Paulo. Projeto de pesquisa. Recife, 2004. 17 p.)
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Projeto de pesquisa intitulado “Violência Sexual e Saúde Mental: análise dos programas de atendimento a homens autores
de violência sexual, tendo os objetivos de 1) desenvolver uma análise das atuais propostas de ação voltadas ao atendimento a
homens autores de violência sexual contra mulheres e 2) implementar uma experiência piloto de atendimento a agressores. A
partir dessas duas ações pretende delinear uma proposta de atendimento psicossocial, inspirada, por um lado, nas atuais
diretrizes do governo brasileiro para redução da violência contra as mulheres e por outro, nas atuais políticas públicas
brasileiras em saúde mental, a partir de uma perspectiva crítica. Esta é uma iniciativa conjunta do Núcleo de Pesquisa
MARGENS - Modos de Vida, Família e Relações de Gênero do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de
Santa Catarina, do grupo de pesquisa Representações, Práticas socioculturais e Processos de Exclusão do Departamento de
Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades (GEMA) do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco e da ONG Instituto PAPAI (Recife). Com apoios da
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do Ministério da Saúde e do CNPq, entre outras organizações, esses grupos
vêm desenvolvendo diferentes atividades voltadas para a investigação, intervenção e ensino, direcionadas à eqüidade de
gênero em torno de diversas problemáticas: saúde e direitos sexuais e reprodutivos, violência e discriminações de gênero,
paternidades e masculinidades, processos de exclusão/inclusão, bem como ações articuladas com instituições de São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo, entre outros estados brasileiros que integram a Rede de Homens
pela Equidade de Gênero - RHEG. Neste projeto, fui responsável pelo campo de pesquisa realizado na Ciudad del México e
também no Rio de Janeiro, realizando entrevistas e visitas às intituições alocadas nestas cidades, que trabalham com grupos