239
JUSSARA - É dentro da Coordenação de Arquitetura estávamos sempre, há todo
momento dando esclarecimentos, quer a proprietários de imóveis, quer aos interessados
em adquirir imóveis no Centro Histórico ou os responsáveis por obras ou arquitetos que
estavam submetendo projetos à apreciação ou mesmo interessados em informações de
projetos. Então, nossa postura, enquanto arquitetos na Coordenação de Arquitetura e
Ecologia do IPHAEP sempre foi muito mais ligada a educação de explicar e fazer com
que aquelas pessoas entendessem o valor daquele espaço, daquela área pra cidade. Né?
Da própria história da cidade, que deveria ser preservada para servir de memória pros
nossos filhos e netos. Né? A importância da preservação desse patrimônio! –
explicando a todos os que acessavam nossa sala, a importância daquelas ações de
preservação de manutenção de características das edificações ou até ajudando muitos
deles a esclarecer por que o imóvel dele não podia ser demolido, ou da importância
dele adquirir um imóvel naquela área do Centro Histórico e dele respeitar as
características que aquela edificação possuía, dar a ela um uso compatível a sua
volumetria, a sua estrutura. Né? Então, eu acredito que enquanto arquitetos todos os
técnicos da Coordenadoria de Arquitetura, mesmos os mais voltados para análises de
projetos ou de fiscalização, nós estávamos sempre educando todas as pessoas buscando
educar sobre a idéia de preservar o patrimônio – a manutenção dessa história para que
nossos netos e descendentes tenham acesso. E ainda da mesma forma, se possível, que
como estamos vivendo hoje!
IVONILDE - Muito bem, Jussara!
Bem Jussara, considerando esta vinculação do patrimônio com a educação – você sabe
informar a utilidade maior do ponto de vista educativo, dessa cartilha,?
JUSSARA - A cartilha foi bastante utilizada. Ela não foi... Não posso dizer
amplamente, porque infelizmente nós tivemos uma edição... Nos dois casos. Né? Do
volume é.. desenhado e do 2º. Volume que tem desenho e fotomontagem. Foram
ambas, edições bastante reduzidas! Mas, dentro do possível, e dentro do número
reduzido de técnicos do IPHAEP, sempre que possível divulgávamos a cartilha para
Secretários de Educação, Prefeitos, e responsáveis por ONG(s) ou diretores de escolas
estaduais ou municipais que visitávamos. Né? E, que era possível fazer uma cartilha, é
possível explicar o patrimônio fácil, de uma forma fácil de todos assimilarem por que a
cartilha é uma coisa bem objetiva (como é que vou dizer?) assim... Muito... É... Quase
na linha da alfabetização, mesmo, não é? A 1ª idéia que você tem, são as primeiras
letras. Então, a 1ª noção de patrimônio. Né? Você já tem a noção de patrimônio porque
você tem posse de alguma coisa! Você é de algum lugar! Então aquela cidade é sua,
né? Você frequenta aquela praça, você vai aquela igreja, ou você freqüentou aquela
escola! Então você tem a noção de posse! Mas, você não entende. Muitos não
entendem, não compreendem o valor que isso possui! Né? Mesmo sendo a sua
cidadezinha, lá no interior da Paraíba, sem uma projeção para o Estado, mas aquela
igreja, aquela pracinha ou o cemitério né, os eventos religiosos, a quermesse, a festa do
santo padroeiro, tudo é parte da cultura, e é o patrimônio daquela cidade. Então,
estimulamos sempre que possível né... E...E (vamos dizer assim) com a cartilha, a gente
mostrava para eles, é.. Agentes e responsáveis pela administração pública, as vezes
prefeitos, as vezes secretários de educação ou as vezes até diretores de escolas, que é
possível você mostrar para a população que o patrimônio pode ser preservado, de que
forma pode ser preservado, que ele existe e que ele é da população . Isso é que é mais
importante! Né? Que eles têm.... Que eles já conhecem e eles podem preservar aquilo
que eles conhecem. E preservando, eles vão garantir que outros conheçam o que é