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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PEDIATRIA
ANÁLISE DAS COMPLICAÇÕES EM PUNÇÃO
LOMBAR E ASPIRADO/BIÓPSIA DE MEDULA
ÓSSEA SOB ANESTESIA GERAL EM PACIENTE
ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO
CLARICE FRANCO MENESES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Porto Alegre, Brasil
2007
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Livros Grátis
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PEDIATRIA
ANÁLISE DAS COMPLICAÇÕES EM PUNÇÃO
LOMBAR E ASPIRADO/BIÓPSIA DE MEDULA
ÓSSEA SOB ANESTESIA GERAL EM PACIENTE
ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO
CLARICE FRANCO MENESES
Orientador: Prof. Dr. ALGEMIR LUNARDI BRUNETTO
A apresentação desta dissertação é exigência do
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas: Pediatria, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, para a obtenção do título de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Algemir Lunardi Brunetto
Porto Alegre, Brasil
2007
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Catalogação Biblioteca FAMED/HCPA
M543a Meneses, Clarice Franco
Análise das complicações em punção lombar e
aspirado/biópsia de medula óssea sob anestesia geral em paciente
oncológico pediátrico / Clarice Franco Meneses ; orient. Algemir
Lunardi Brunetto. – 2007.
95 f. : il. color.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal Rio Grande
do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Ciências Médicas: Pediatria. Porto Alegre, BR-RS, 2007.
1. Neoplasias 2. Criança 3. Anestesia geral 4. Biópsia por
agulha fina 5. Punção espinal 6. Complicações I. Brunetto,
Algemir Lunardi II. Título.
NLM: QZ 275
“A paixão pela verdade é silenciada por respostas que tenham o
peso da autoridade incontestada.
Paul Tillich
Ao meu universo,
Hércules e Arateus.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que, pelo seu exemplo e amor, mostraram-me o caminho da luta e da
perseverança.
Ao meu marido Hércules por seu amor, paciência, carinho e parceria em tantos
momentos.
Ao meu filho Arateus, de quem este Mestrado “roubou” momentos preciosos, que tão
bem compreendeu e me apoiou.
A minha avó Maria de Lourdes, a quem devo o exemplo de e disposição diante da
vida.
Ao Prof. Dr. Algemir Lunardi Brunetto, orientador e estimulador do meu crescimento
profissional e científico.
À Dra. Regina Palma, a quem muito devo pelo incentivo e apoio para este trabalho.
A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas: Pediatria e
em particular aos Prof. Dr. Mário Wagner e Prof. Dr. Marcelo Goldani pelos ensinamentos
durante o curso.
A todos os professores do Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
de quem me apropriei dos melhores exemplos de ética e conhecimento científico, desde a
formação acadêmica até o término de minha residência médica.
AGRADECIMENTOS
VI
Ao Dr. Julio César de Freitas, profissional exemplar e dedicado no atendimento das
crianças em tratamento na Oncologia Pediátrica.
Aos colegas e amigos do Serviço de Oncologia Pediátrica, Cláudio Galvão Castro Jr.,
Jiseh Loss, Lauro Gregianin, Simone Selistre, Carolina Dame Osório e Daniela Roth, a quem
admiro pela competência, dedicação e carinho com os pacientes.
À Dra. Lúcia Pellanda pelo exemplo profissional que muito serviu de estímulo e auxílio
no delineamento deste projeto.
À Estatística Daniela Benzano Bumaguin pela dedicação e competência profissional,
estabelecendo as ferramentas fundamentais para a análise dos dados.
À equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico Ambulatorial, em especial Enfermeiros
Dionísio, Suzana e Afrodite pelo constante apoio e dedicação para com as crianças em
atendimento naquele setor.
Às equipes de enfermagem, de nutrição, de psicologia, de assistência social, de
recreação e de apoio pedagógico do 3
o
leste, que fazem parte da engrenagem de apoio aos
pacientes em tratamento na Oncologia Pediátrica do HCPA.
Ao Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul, que tanto apóia as crianças em
tratamento.
Às secretárias Ângela e Ondina, amigas e parceiras, que estão sempre disponíveis e
prontas a ajudar.
Aos pacientes e seus familiares que todos os dias nos fornecem lições de coragem,
resignação, amor, paciência e humildade. São eles os principais agentes deste trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................................. ix
LISTA DE TABELAS........................................................................................................................... xi
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................... xii
RESUMO ............................................................................................................................................. xiii
SUMMARY ......................................................................................................................................... xiv
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 1
1.1 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER INFANTIL.............................................................................. 2
1.2 TRATAMENTO............................................................................................................................. 3
1.3 PROGNÓSTICO............................................................................................................................. 3
1.4 TOXICIDADES DO TRATAMENTO .......................................................................................... 4
1.5 QUALIDADE DE VIDA................................................................................................................ 5
1.6 PROCEDIMENTOS INVASIVOS................................................................................................. 5
1.6.1 Aspirado e biópsia de medula óssea ..................................................................................................... 6
1.6.2 Punção lombar ...................................................................................................................................... 8
1.7 SEDAÇÃO E ANALGESIA ........................................................................................................ 10
1.7.1 Sedação............................................................................................................................................... 12
1.7.2 Anestesia geral.................................................................................................................................... 15
2 JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO ............................................................................................ 19
3 OBJETIVOS...................................................................................................................................... 20
3.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 20
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................ 20
4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................................. 21
4.1 DESENHO DO ESTUDO ............................................................................................................ 21
4.2 PACIENTES................................................................................................................................. 21
4.2.1 Critérios de inclusão ........................................................................................................................... 22
4.2.2 Critérios de exclusão........................................................................................................................... 22
4.3
METODOLOGIA DO ESTUDO................................................................................................. 22
4.4 DELINEAMENTO....................................................................................................................... 25
4.5 VARIÁVEL PREDITORA........................................................................................................... 25
4.6 VARIÁVEIS DE DESFECHO..................................................................................................... 25
4.7
TRATAMENTO ESTATÍSTICO ................................................................................................ 26
4.8 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS....................................................................................................... 26
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................ 28
SUMÁRIO
VIII
6
ARTIGO EM PORTUGUÊS: ANÁLISE DAS COMPLICAÇÕES EM PUNÇÃO
LOMBAR E ASPIRADO/BIÓPSIA DE MEDULA ÓSSEA SOB ANESTESIA GERAL EM
PACIENTE ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO................................................................................ 34
RESUMO............................................................................................................................................ 35
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 36
PACIENTES E MÉTODOS ............................................................................................................... 37
RESULTADOS................................................................................................................................... 39
DISCUSSÃO ...................................................................................................................................... 47
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................. 50
7
ARTIGO EM INGLÊS: ANALYSIS OF THE COMPLICATIONS IN PEDIATRIC
ONCOLOGY PATIENTS UNDERGOING GENERAL ANESTHESIA FOR LUMBAR
PUNCTURE AND BONE MARROW ASPIRATE/BIOPSY....................................................... 54
ABSTRACT........................................................................................................................................ 55
INTRODUCTION .............................................................................................................................. 56
PATIENTS AND METHODS............................................................................................................ 57
RESULTS ........................................................................................................................................... 59
DISCUSSION..................................................................................................................................... 67
ACKNOWLEDGMENTS .................................................................................................................. 69
REFERENCES ................................................................................................................................... 70
ANEXOS............................................................................................................................................... 74
ANEXO I - QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS .............................................................. 75
ANEXO II - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O ESTUDO......................... 80
LISTA DE ABREVIATURAS
AAP
American Academic of Pediatrics
AMO
Aspirado de medula óssea
ASA
American Society of Anesthesiologists
BMO
Biópsia de medula óssea
CCA
Centro Cirúrgico Ambulatorial
EUA
Estados Unidos da América
HAS
Hipertensão arterial sistêmica
HCPA
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
IT
Intratecal
LCR
Líquido cefalorraquidiano
LLA
Leucemia linfóide aguda
LMA
Leucemia mielóide aguda
NPO
Neil per oral
PL
Punção lombar
QT
Quimioterapia
QT IT
Quimioterapia intratecal
LISTA DE ABREVIATURAS
X
RBCs/µl
Células vermelhas do sangue por microlitro
RS
Rio Grande do Sul
SNC
Sistema nervoso central
SPPL
Síndrome de pós-punção lombar
SUS
Sistema Único de Saúde
TMO
Transplante de medula óssea
VO
Via oral
WHO
World Health Organization
LISTA DE TABELAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 1: Níveis de sedação e analgesia e definição de anestesia geral ..............................11
Tabela 2: Sugestão de jejum para sedação e analgesia .........................................................13
Tabela 3: Classificação do escore físico segundo a Sociedade Americana de Anestesia ....13
ARTIGO EM PORTUGUÊS
Tabela 1: Características dos pacientes .................................................................................40
Tabela 2: Duração dos períodos intra-operatório e pós-operatório, permanência no
CCA e tempo de jejum ..........................................................................................41
Tabela 3: Drogas inalatórias e endovenosas nas fases de indução e manutenção da
anestesia.................................................................................................................42
Tabela 4: Grau das complicações intra e pós-operatórias .....................................................42
Tabela 5: Detalhes das complicações ...................................................................................45
Tabela 6: Infiltração local com ropivacaína e dor no sítio AMO/BMO ...............................46
ARTIGO EM INGLÊS
Table 1: Patients´ characteristics .........................................................................................60
Table 2: Duration of the intraoperative and postoperative period, stay at the
outpatient surgery unit and fasting time ................................................................61
Table 3: Inhaled and intravenous drugs in induction and maintenance phases of
anesthesia...............................................................................................................62
Table 4: Grade of intra and postoperative complications....................................................62
Table 5: Details of the complications ..................................................................................65
Table 6: Local infiltration with ropivacaine and pain in BMA/BMB site ..........................66
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Aspirado de medula óssea obtido através da punção na crista ilíaca póstero-
superior.....................................................................................................................6
Figura 2: Posicionamento para punção lombar em nível L4....................................................8
RESUMO
INTRODUÇÃO: Procedimentos dolorosos de curta duração como o aspirado/biópsia de medula
óssea, a punção lombar, com ou sem quimioterapia intratecal, são realizados com freqüência
durante o tratamento de crianças com câncer. O objetivo desde estudo é avaliar a freqüência e a
severidade das complicações da anestesia geral para estes procedimentos.
PACIENTES E MÉTODOS: Um estudo observacional prospectivo foi realizado de Novembro
de 2003 a Agosto de 2005. Critérios de inclusão: pacientes com câncer e idade inferior a 21
anos, em tratamento no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, submetidos a procedimentos de curta duração, diagnósticos e/ou terapêuticos, sob
anestesia geral, no Centro Cirúrgico Ambulatorial.
RESULTADOS: Cento e trinta e sete pacientes foram submetidos a 423 procedimentos sob
anestesia geral. Eram do sexo masculino 61%, com média de idade de 7,5 anos (0,2 a 21) e
ASA II 98%. Oitenta e sete por cento dos procedimentos foram realizados em pacientes com
leucemia ou linfoma. A maioria dos procedimentos não apresentou eventos adversos durante os
períodos intra-operatório e pós-operatório. Nenhum procedimento foi suspenso após iniciado.
Um paciente teve dor lombar após o procedimento e foi internado com suspeita de hematoma
subdural, o que foi descartado. Nenhum paciente necessitou reanimação cardiopulmonar ou
tratamento em unidade de terapia intensiva.
CONCLUSÃO: A anestesia geral para procedimentos dolorosos de curta duração, em crianças
que realizam tratamento para neoplasias malignas, é segura quando realizada em centro
cirúrgico ambulatorial por profissionais treinados.
Palavras-chave: anestesia geral, aspirado/biópsia de medula óssea, complicações, oncologia
pediátrica, punção lombar.
SUMMARY
INTRODUCTION: Painful short duration procedures like bone marrow aspiration/biopsy and
lumbar puncture with or without intrathecal chemotherapy are frequently performed during the
treatment of children with cancer. The objective of this study is to evaluate the frequency and
severity of complications of general anesthesia for these procedures.
PATIENTS AND METHODS: A prospective observational study was performed from
November 2003 to August 2005. Inclusion criteria: patients with cancer younger than 21
years old, receiving treatment at the Pediatric Oncology Unity of Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, undergoing diagnostic and/or therapeutic short duration procedures carried out
under general anesthesia in the outpatient surgery unit.
RESULTS: One hundred and thirty seven patients were submitted to 423 procedures under
general anesthesia. There were 61% boys, mean age of 7.5 years (0.2-21) and ASA II 98%.
Eighty seven percent of the procedures were carried out in patients with leukemia or
lymphoma. The majority of the procedures had no adverse events during intraoperative and
postoperative periods. No procedure had to be suspended after it had begun. One patient had
lumbar pain after procedure and was admitted to the ward with suspected subdural bleeding,
but this was not confirmed. No patient needed cardiopulmonary reanimation or treatment in the
intensive care unit.
CONCLUSION: General anesthesia for short duration painful procedures in children
undergoing treatment for malignancies is safe when carried out by trained professionals in
outpatient clinical surgery unit.
Key-words: bone marrow aspirate/biopsy, complications, general anesthesia, lumbar
puncture, pediatric oncology
1 INTRODUÇÃO
Muitas crianças em tratamento para câncer são submetidas a procedimentos
diagnósticos ou terapêuticos como punção lombar (PL), com ou sem administração de
quimioterapia intratecal (QT IT), e aspirado e/ou biópsia de medula óssea (AMO/BMO) que
causam dor e desconforto.
A World Health Organization (WHO) e a Academia Americana de Pediatria (AAP)
recomendam a anestesia geral ou a aplicação de combinação de analgesia e drogas sedativas
durante procedimentos dolorosos em oncologia pediátrica (ZELTZER 1990; WHO 1998;
AAP 2006). Para redução da dor e da ansiedade são freqüentemente usadas em muitos
centros de Oncologia Pediátrica (HAIN 2001; BARNES 2002) drogas sedativas ou anestesia
geral. A intenção é obter com segurança a cooperação do paciente e a eficácia com a
medicação.
Vários estudos na literatura descrevem métodos de sedação para crianças submetidas a
procedimentos dolorosos e têm mostrado diferentes resultados. As alternativas mais
freqüentemente recomendadas são a sedação e uso de anestésicos tópicos/locais
(HOFFMANN 2002; MEYER 2003; EVANS 2005; GOTTSCHILLING 2005) ou a
anestesia geral breve (JAYABOSE 2001; VON HEIJNE 2004; GLAISYER 2005).
1 INTRODUÇÃO
2
Para garantir o conforto e a cooperação dos pacientes, mais de uma década o
Serviço de Oncologia Pediátrica do HCPA adotou a anestesia geral como parte da rotina na
realização de procedimentos eletivos de AMO/BMO e da PL, com ou sem administração de
QT IT. Uma das mais freqüentes questões trazidas pelos pais destes pacientes é sobre a
segurança da anestesia geral.
1.1 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER INFANTIL
O câncer na infância compreende um espectro de diferentes neoplasias. Nos Estados
Unidos, estima-se que aproximadamente 12.400 crianças menores de 18 anos são
diagnosticadas com câncer ao ano (RIES 1999). No Brasil, os dados registrados pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), do Rio Grande do Sul (RS) (DATASUS 2004), apontaram
que as neoplasias foram a segunda maior causa de morte em pacientes entre 4 a 19 anos de
idade, superada apenas por acidentes e/ou causas externas.
A freqüência e a incidência dos diferentes tipos de neoplasia variam entre crianças e
adolescentes (PIZZO 2006). Para crianças entre 0 a 14 anos, a neoplasia hematológica mais
comum é a leucemia linfocítica aguda (LLA), com cerca de 25% de todos os diagnósticos,
seguida da leucemia mielóide aguda (LMA), com aproximadamente 5% dos casos. para
os tumores sólidos, as lesões no sistema nervoso central (SNC) ocorrem em 22% dos casos,
seguidos do neuroblastoma (7,9%) e do tumor de Wilms (6 %).
Entre os 15 e 19 anos, a doença de Hodgkin (17%) e os tumores de células
germinativas (12%) são as neoplasias mais freqüentemente diagnosticadas, seguidas dos
tumores do SNC (9,8%).
1 INTRODUÇÃO
3
1.2 TRATAMENTO
O tratamento para a maioria das crianças com câncer consiste no uso de quimioterapia,
radioterapia e cirurgia, usadas isoladamente ou em combinação. Mais recentemente, doses
mieloablativas de quimioterapia e resgate com transplante autólogo (GEORGE 2006; SUNG
2007) ou alogênico (CASTRO 2003; SAARINEN-PIHKALA 2006) têm sido utilizados para
algumas neoplasias com resposta insatisfatória ao tratamento convencional.
Nas últimas quatro décadas vários avanços no diagnóstico e tratamento do câncer
infantil permitiram elevar significativamente as chances de cura tanto das leucemias quanto
dos diversos tipos de tumores sólidos. O melhor entendimento das características clínicas,
biológicas e moleculares do câncer, têm permitido estratificar o tratamento de acordo com
diferentes grupos de risco, oferecendo tratamento mais intensivo aos pacientes com doença
mais agressiva e tratamento com menos toxicidade para os pacientes de baixo risco de
recidiva. também uma marcada evolução nas técnicas diagnósticas de imagem,
permitindo caracterização dos tumores e o grau de invasão local, regional ou à distância.
A realização de estudos multinstitucionais por grupos cooperativos tem permitido
uniformização de tratamento e de exames e procedimentos necessários para o estadiamento,
testando, de forma prospectiva, novas drogas ou diferentes combinações de drogas efetivas e
a resposta terapêutica nas diferentes neoplasias.
1.3 PROGNÓSTICO
No presente, os índices de cura são elevados para a maioria das neoplasias da infância,
desde que os pacientes sejam tratados em centros de referência por equipe multidisciplinar.
1 INTRODUÇÃO
4
1.4 TOXICIDADES DO TRATAMENTO
Apesar dos avanços no prognóstico de crianças com câncer ocorrido nas últimas
décadas, o tratamento antineoplásico está associado a graus variáveis de toxicidade.
Os efeitos citotóxicos das drogas anticâncer em doses terapêuticas também atingem
células normais do indivíduo, especialmente aquelas com alto índice de proliferação como
as células do sistema hematopoiético e as células do epitélio das mucosas. A
mielosupressão, as náuseas e vômitos, a alopécia, a mucosite oral e gastrointestinal, a
disfunção hepática e as alergias representam efeitos colaterais agudos mais freqüentes em
pacientes recebendo tratamento antineoplásico.
outras toxicidades específicas a determinados órgãos ou tecidos como, por
exemplo, a cistite hemorrágica causada pelos agentes alquilantes como a ifosfamida e a
ciclofosfamida, a neuropatia periférica causada pelo alcalóide da vinca como a vincristina e
a coagulopatia causada pela asparaginase.
Outras drogas poderão estar associadas a eventos irreversíveis como cardiotoxicidade
(antraciclinas), neurotoxicidade central ou periférica (antimetabólicos como citarabina e
metotrexate) e nefrotoxicidade e ototoxicidade (derivados da platina como cisplatina e
carboplatina).
A quimioterapia intratecal pode estar associada à cefaléia, síndrome pós-punção
lombar, dor nas costas, náuseas/vômitos e a eventos neurológicos transitórios ou
permanentes (KEIDAN 2005).
Efeitos tardios incluem anormalidades do crescimento, do desenvolvimento, da função
reprodutiva, cardíaca, pulmonar e renal. Neoplasias malignas secundárias ao tratamento
quimioterápico ou radioterápico têm sido descritas de forma crescente (PETERSON 2006;
BATHIA 2007).
1 INTRODUÇÃO
5
1.5 QUALIDADE DE VIDA
Além da meta para alcançar os melhores índices de cura, a oncologia pediátrica
moderna busca no modelo multidisciplinar a prevenção e o diagnóstico precoce dos efeitos
tardios associados ao tratamento, incluindo alterações da saúde física e emocional que
possam comprometer a qualidade de vida.
Manter a criança em suas atividades diárias e seu vínculo com a escola, propiciar
atividades lúdicas através de terapia ocupacional e recreação, adaptar as restrições
alimentares mantendo a alimentação palatável, manejar náuseas e vômitos secundários ao
tratamento, minimizar a dor e o desconforto dos procedimentos invasivos devem fazer parte
da rotina em Serviços de Oncologia Pediátrica (MOODY 2006).
O uso de sedação ou anestesia geral na realização dos diferentes procedimentos tem
aumentado nos recentes anos porque oferece alívio da dor e da ansiedade aos pacientes, com
impacto positivo na qualidade de vida (CROCK 2003).
A qualidade de vida dos adolescentes em tratamento do câncer é inversamente
proporcional às situações que desencadeiam medo ou dor, o que enfatiza a necessidade do
adequado manejo da dor nestes pacientes (CALISSENDORFF-SELDER 2006).
1.6 PROCEDIMENTOS INVASIVOS
Os procedimentos de pequeno porte para diagnóstico ou estadiamento da neoplasia
como AMO/BMO e a PL ou os terapêuticos como a PL com administração de QT IT, são
necessários no tratamento da criança com câncer. Embora sejam de curta duração e de fácil
execução por profissional treinado, causam dor e ansiedade no paciente e seus familiares
(LJUNGMAN 2000; BARBI 2005).
1 INTRODUÇÃO
6
A medula óssea é um sítio comum de invasão neoplásica. A confirmação do
envolvimento metastático tem efeito sobre o prognóstico e o tratamento do paciente e é feita
através de exames de AMO e BMO, que são considerados complementares entre si (MOID
2005).
A realização da PL, para coleta de LCR, faz parte da investigação diagnóstica de
tumores do SNC e infiltração por leucemias e linfomas. Também é útil no caso de suspeita
de invasão metastática do SNC em alguns tipos de tumores sólidos.
Além disso, crianças com leucemia poderão ser submetidas repetidas vezes a estes
procedimentos para avaliar a resposta ao tratamento, bem como para infusão de
quimioterapia intratecal, através da PL.
1.6.1 Aspirado e biópsia de medula óssea
Figura 1: Aspirado de medula óssea obtido através da
punção na crista ilíaca póstero-superior
(www.msd-brazil.com
)
1 INTRODUÇÃO
7
O aspirado de medula óssea (AMO) consiste na coleta de sangue diretamente da
medula óssea para distensão de lâminas para análise do medulograma e a realização da
imunohistoquímica e do cariótipo de medula óssea. É útil principalmente no diagnóstico das
leucemias e na avaliação da remissão ou da recidiva, além do estadiamento dos linfomas e
tumores sólidos.
O paciente é colocado em decúbito lateral, com cabeça e joelho flexionados (Figura
1). A proeminência da espinha ilíaca póstero-superior é visível e palpável lateral e
superiormente à prega interglútea. A agulha tipo Rosenthal (turkel trephine needle), em
tamanho adequado para faixa etária, avança em direção à espinha ilíaca ântero-superior até
atingir a medular óssea. Faz-se a retirada da guia e aspira-se o conteúdo medular, de 0,1 a
0,2 ml, distendendo-se lâminas para o medulograma (BEUTLER 2001).
A biópsia de medula óssea (BMO) é realizada para a análise anatomopatológica de
fibrose e das doenças infiltrativas (BEUTLER 2001). É mais útil na avaliação diagnóstica,
na doença metastática e na recidiva de tumores sólidos (RILEY 2004). É realizada com a
mesma técnica descrita acima, mas com agulha tipo Jamshidi, onde um fragmento de
medula óssea é coletado para análise anatomopatológica. Este sítio de punção, bem como a
espinha ilíaca ântero-superior, pode ser utilizado para qualquer faixa etária.
Outros sítios para punção de medula óssea como fêmur e tíbia podem ser utilizados
em menores de dois anos e o esterno a partir dos seis anos de idade. No sítio de punção
podem ocorrer eventos como dor intensa durante o procedimento, infecção local - até
osteomielite - ou hemorragia (BAIN 2003). Complicações menos freqüentes como acidentes
de punção do processo espinhoso vertebral, com formação de abscesso, podem resultar em
paraplegia; punções mais laterais no esterno, em pneumotórax, tamponamento cardíaco ou
infecção no mediastino; e, punções da tíbia, em fratura.
1 INTRODUÇÃO
8
1.6.2 Punção lombar
A punção lombar (PL) em oncologia pediátrica segue a mesma técnica descrita para
coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR). Importante no auxílio diagnóstico de tumores
primários do SNC, na infiltração de doenças linfoproliferativas e na invasão metastática de
alguns tumores sólidos. Quando necessário, após a coleta de LCR, infunde-se drogas
quimioterápicas no espaço subaracnoideo para a profilaxia ou o tratamento da leucemia no
SNC.
Figura 2: Posicionamento para punção lombar em nível L4
(https://esclerosemultipla.wordpress.com)
O paciente pode ser posicionado sentado ou em decúbito lateral (direito ou esquerdo
conforme o lado dominante do realizador do exame), em perpendicular a uma mesa de
exame. A cabeça e os joelhos são flexionados com delicadeza até aumentar-se a distância
interlaminar. Uma linha imaginária (Linha de Jacoby) é traçada na porção superior das
1 INTRODUÇÃO
9
cristas ilíacas, passando pelo processo espinhoso L4, identificando-se no espaço interlaminar
L3-4, sítio seguro para a punção lombar (SHIRAISH 2006). Recomenda-se utilização de
agulha calibre 22 com mandril, puncionando-se a pele no meio entre os processos
espinhosos com ligeira inclinação cefálica e com o bizel paralelo às fibras longitudinais da
dura-máter (CHORDAS 2001). Ao ultrapassar a dura-máter o mandril é retirado e o LCR
flui. Caso seja necessário, a medida da pressão intracraniana deve ser realizada com
raquimanômetro antes da saída do LCR. Após a coleta de material para análise, a
administração intratecal de quimioterápico estéril, preparado em uma seringa, é feita
lentamente. Ao término da infusão da QT, se remove a seringa, recolocando o mandril antes
da retirada da agulha (STRUPP 1998).
Punção lombar traumática ou com sangramento têm incidências entre 8 a 29%,
dependendo da população estudada e da definição usada (BONADIO 1990; CARRACCIO
1995; RIDER 1995; HOWARD 2002). Em crianças com LLA (HOWARD 2002), a PL
traumática foi definida como aquela na qual o LCR tem mais de 10 RBCs/µl, (células
vermelhas por microlitro de LCR) e PL com sangramento (mais 500 RBCs/µl) com
incidências de 29% e 10%, respectivamente. Os fatores de risco descritos no estudo foram a
raça negra, a idade menor de um ano, a PL com intervalo menor de duas semanas e a
contagem de plaquetas menores 100 x 10
3
µ/L. Conforme estudo realizado em nosso Serviço
sugere-se que a PL traumática ao diagnóstico da leucemia aguda pode aumentar o risco para
recidiva de LLA no SNC (RECH 2005); por esta razão a punção lombar para realizar QT IT
ao diagnóstico de leucemias deve ser feita pelo médico mais experiente da equipe.
A cefaléia que ocorre logo após a PL tem incidências de 4% a 18% (KEIDAN 2005;
EBINGER 2004) e, em geral, está associada a causas diferentes daquelas que se relacionam
com a síndrome pós-punção lombar (SPPL) (CHORDAS 2001). A cefaléia da SPPL aparece
nos primeiros três dias da PL com sintomas posturais, piorando quando o paciente fica em
1 INTRODUÇÃO
10
posição supina. A dor ocorre em qualquer parte da cabeça, e é caracterizada por uma pressão
generalizada, podendo irradiar-se para o pescoço ou atrás dos olhos. Podem ocorrer
sintomas associados como visão turva, diplopia, fotofobia, náuseas, vômitos e tonturas; a
incidência na população pediátrica é variável, podendo variar de 5% a 25% (STRUPP 1998;
KEIDAN 2005; LEBLANC 2005). A idade do paciente, o sexo, o tipo e o tamanho da
agulha utilizada, repetidas punções, uso de QT IT, bem como a técnica da PL, podem
influenciar nas diferentes taxas de incidência descritas na literatura.
Outras complicações podem ocorrer depois da PL, em incidências bem menores. Entre
elas, dor nas costas, sangramento local ou hematoma subdural, disestesias, paralisias
transitórias de pares cranianos, infecções e herniação em pacientes com aumento da pressão
intracraniana (CHORDAS 2001).
1.7 SEDAÇÃO E ANALGESIA
A exposição ao tratamento oncológico e aos diversos tipos de procedimentos
necessários tanto para diagnóstico quanto para o tratamento impõem ao paciente pediátrico
uma necessidade de colaboração nem sempre possível devido a sua faixa etária ou ao seu
grau de maturidade. Mudanças na sua rotina diária e até mesmo limitações impostas pelos
sintomas da neoplasia e os diferentes graus de ansiedade dos pais são fatores freqüentemente
presentes em crianças e adolescentes, os quais podem interferir na sua capacidade de
compreender e tolerar procedimentos invasivos.
O uso de recursos sedativos ou anestesia geral, visando minimizar o desconforto
diante dos procedimentos, se torna, portanto, necessário na rotina de uma unidade
especializada em câncer infantil e varia conforme a cultura e os recursos de cada instituição
(HAIN 2001; BARNES 2002).
1 INTRODUÇÃO
11
Sedação e analgesia compreendem um continuum que vai desde a mínima sedação
(ansiolítica) até a anestesia geral. Requerem monitorização e manejo adequados, uma vez
que o aumento da dose do medicamento leva à progressiva redução do vel de consciência
e dos reflexos protetores das vias respiratórias, aumentando o risco de depressão
cardiopulmonar. As definições destes níveis de sedação-analgesia foram desenvolvidas e
recomendadas pela American Society of Anesthesiologists (ASA) como mostra a Tabela 1,
acrescentando-se a sedação dissociativa (KRAUSS 2006). O conhecimento do perfil
farmacológico das drogas utilizadas auxilia na prevenção de morbidade associada ao
procedimento.
Tabela 1: Níveis de sedação e analgesia e definição de anestesia geral
(ASA 2002; KRAUSS
2006)
Sedação mínima
Sedação/Analgesia
moderada
(Sedação
consciente)
Sedação
dissociativa
Sedação/Analgesia
profunda
Anestesia geral
Responsivi-
dade
Resposta normal
ao estímulo
verbal
Resposta a estímulo
tátil ou verbal
Estado de
catalepsia like
Resposta após
estímulo repetido ou
doloroso
Ausência de
resposta a estímulos
Vias aéreas
Não afetada
Não necessita
intervenções
Reflexos
protegidos
Pode requerer
intervenção
Requer intervenção
freqüente
Ventilação
espontânea
Não afetada Adequada Não afetada Pode ser inadequada
Freqüentemente
inadequada
Função
cardiovas-
cular
Não afetada
Usualmente
mantida
Estável
Usualmente
mantida
Pode estar alterada
indicação de anestesia geral para a realização de procedimentos diagnósticos e
terapêuticos que provocam dor intensa, por outro lado, pode ser um fator adicional de
estresse, que a anestesia é vista por muitos associada ao risco de morbidade e até de
mortalidade (COHEN 1990). O conhecimento das intercorrências perioperatórias da
anestesia geral permite orientar o paciente e seus familiares de maneira mais adequada
(GARCIA-AGUADO 2000; MURAT 2004). É fundamental existir entre a equipe, o
1 INTRODUÇÃO
12
paciente e os familiares uma boa comunicação para a escolha da sedação mais adequada
diante de cada procedimento que potencialmente possa gerar desconforto para a criança
(VON HEIJNE 2004).
O Serviço de Oncologia Pediátrica do HCPA, em funcionamento desde 1994, funciona
como centro de referência para tratamento do câncer na infância e adolescência, seguindo
protocolos terapêuticos e atendimento multidisciplinar. Procedimentos invasivos como
AMO/BMO, PL com ou sem QT IT, quando em caráter de urgência, são feitos pelo
oncologista pediátrico na Unidade de Internação, sob sedação e com analgesia adequados.
A combinação de drogas como petidina e midazolam foi substituída pela cetamina e
midazolam (WATHEN 2000; MEYER 2003; EVANS 2005). A maioria dos pacientes,
entretanto, é eletivamente agendada para estes exames sob anestesia geral, no Centro
Cirúrgico Ambulatorial (CCA), com supervisão do anestesista.
1.7.1 Sedação
Uma variedade de técnicas de sedação tem sido usada para procedimentos
diagnósticos, exames de imagem, endoscopias, pré-operatório, entre outros, visando
aumentar a tolerância, o conforto e a aceitação por parte dos pacientes.
A American Academy of Pediatrics (AAP 1985; 1992; 2002) e a American Society of
Anesthesiologists (ASA 1996; 2002) propõem guidelines para uniformizar a prática de
sedação e anestesia geral nas crianças, visando reduzir riscos durante sua realização. Entre
as recomendações para o manejo do paciente pediátrico que necessita procedimentos
diagnósticos e terapêuticos, estão o nível de sedação (Tabela 1), a monitorização de sinais
vitais desde o início até a recuperação da sedação, a oximetria de pulso, o jejum (Tabela 2),
o guia de risco pré-sedação (anamnese, exame físico), o escore físico ASA (Tabela 3) e o
1 INTRODUÇÃO
13
consentimento informado. A AAP e a American Academy of Pediatric Dentistry oferecem
recentemente aos pediatras update nos guidelines para a realização segura da sedação em
crianças (AAP 2006).
Tabela 2: Sugestão de jejum para sedação e analgesia
(ASA 1996)
Sólidos e líquidos não-
claros
Líquidos claros
Adultos 6-8 horas 2-3 horas
Crianças maiores 36 meses 6-8 horas 2-3 horas
Crianças 6-36 meses 6 horas 2-3 horas
Crianças menores 6 meses 4-6 horas 2 horas
evidências indicando redução de riscos de complicações com o uso de sedação em
procedimentos em crianças seguindo os guidelines da AAP-ASA (HOFFMAN 2002). No
entanto, nem todos utilizam estas recomendações durante os procedimentos (BARNES,
2002).
Tabela 3: Classificação do escore físico segundo a Sociedade Americana de Anestesia
(ASA 1963)
Classe I Paciente saudável
Classe II Paciente com mínima doença sistêmica
Classe III Paciente com doença sistêmica severa que não é
incapacitante
Classe IV Paciente com doença sistêmica incapacitante com
risco de vida constante
Classe V Paciente moribundo que não se espera que
sobreviva por 24 h com ou sem a cirurgia
Casos de emergência são identificados pela adição da letra ‘E’ ao número da classificação.
1 INTRODUÇÃO
14
Diferentes níveis de sedação podem ser atingidos quer por ajustes de doses quer pela
combinação de diferentes fármacos (HERTZOG 2000; KLEIN 2003; BORKER 2006).
O propofol é um agente anestésico que produz rápida hipnose com mínima
excitação. Pode ser usado para iniciar e manter a sedação em pacientes submetidos a
procedimentos de diagnóstico e a procedimentos cirúrgicos com anestesia local/regional ou
em sedação de pacientes em ventilação mecânica em unidade de terapia intensiva (VANE
2006). Produz uma depressão cortical inespecífica, meia vida curta e não está associado a
alucinações e pesadelos. Tem pouca ação analgésica, mas boa ação antiemética e sedativa.
A cetamina proporciona dissociação do sistema nervoso central para dor, através de
efeito sobre o sistema límbico e talamoneocortical, preservando o tônus muscular da via
aérea e de seus reflexos protetores, mantendo-se adequada respiração espontânea (GREEN
2000). A principal desvantagem da cetamina é a ocorrência de pesadelos ou alucinações,
com maior incidência em adultos do que em crianças. Em oncologia pediátrica, um estudo
do uso da cetamina para procedimentos dolorosos mostrou sua efetividade para analgesia e
sedação com baixo risco respiratório (EVANS 2005). Em serviços de emergência, a
cetamina intramuscular para sedação em crianças mostrou-se eficiente e segura na maioria
dos casos de sutura e para a redução de fraturas (GREEN 1998).
O midazolam é um benzodiazepínico de rápida ação, potente sedativo e com efeitos
amnésico e ansiolítico, mas sem ação analgésica. O uso do midazolam oral dez minutos
antes, no pré-operatório das crianças, é eficaz e pode reduzir experiências psicológicas
negativas no pós-operatório (KAIN 2000). Quando usado em combinação com opióides
pode aumentar o risco de hipóxia e apnéia (BAILEY 1990). Um estudo associando-o à
cetamina mostrou igual eficácia na sedação mas não reduziu a incidência de eventos
adversos de agitação, pesadelos ou alucinações advindos da cetamina, acrescentando a esta
1 INTRODUÇÃO
15
combinação uma pequena adição na incidência de distúrbios respiratórios nos menores de 10
anos (WHATEN 2000).
Os eventos adversos associados à sedação são mais freqüentes quando há uso de doses
além do preconizado ou com a interação de drogas, principalmente quando três ou mais
medicamentos são utilizados (COTÉ 2000). O uso de sedativos deve seguir os guidelines da
AAP (AAP 2006) e feito em local onde haja monitorização, pessoal treinado e com
conhecimento da farmacocinética das drogas, além de medicamentos para atendimento em
caso de necessidade de reanimação cardiopulmonar.
1.7.2 Anestesia geral
O atendimento cirúrgico ambulatorial iniciou no final da década de 70 nos Estados
Unidos, permitindo a realização de procedimentos cirúrgicos de pequeno e até médio porte
em determinados grupos de pacientes de forma segura e eficaz, sem necessitar da internação
hospitalar tradicional. Para garantir uma maior aceitação por parte de médicos cirurgiões e
anestesistas diante do temor das complicações pós-operatórias, foram criadas a Federação
Americana de Cirurgia Ambulatorial e a Sociedade Americana de Anestesia Ambulatorial, a
fim de unificar critérios, protocolar os procedimentos e aumentar a qualidade assistencial
ambulatorial (GARCIA-AGUADO 2000).
A expansão da cirurgia ambulatorial nas crianças foi também inevitável, minimizando
o trauma da internação hospitalar. Procedimentos como colonoscopia (DILLON 1998),
adenotonsilectomia (MACCALLUM 2001; STEWART 2002; EWAH 2006), cirurgias
urológicas (SPRUNGER 2001), radioterapia (SEILER 2001), coleta de medula óssea
(THORNE 1993), aspirado/biópsia de medula óssea, punção lombar com ou sem
1 INTRODUÇÃO
16
administração de quimioterapia intratecal (JAYABOSE 2001) têm sido realizados
ambulatorialmente em crianças, sob anestesia geral, e têm se mostrado seguros e efetivos.
Os agentes anestésicos preferencialmente utilizados são os com meia-vida mais curta,
com mais rápida recuperação da anestesia geral e com menor produção de efeitos adversos,
não retardando alta hospitalar.
A PL e o AMO/BMO são de curta duração, mas causam dor e ansiedade. O estresse e
o desconforto causado, se não aliviados, podem aumentar o potencial de injúria durante a
sua realização e prejudicar a relação entre médico/paciente/família (POWERS 1993). Em
1990, a Academia Americana de Pediatria, publicou recomendações no manejo da dor e
ansiedade relacionados aos procedimentos em crianças com câncer (ZELTZER 1990).
Segurança e eficácia podem ser obtidos por procedimentos realizados com sedação
moderada por não-anestesiologistas (LJUNGMAN 2001; IANNALFI 2005). No entanto, a
anestesia geral foi o único fator significativamente associado à redução da proporção de
pacientes sofrendo dor intensa quando submetidos a aspirado de medula óssea (CROCK
2003; HOLDSWORTH 2003; ZERNIKOW 2005).
A escolha da técnica da indução anestésica endovenosa ou inalatória varia de acordo
com a idade da criança e a resposta individual ou cooperação. Como as injeções
intravenosas ou intramusculares são experimentadas com desconforto pelas crianças, a
indução anestésica geralmente é realizada com drogas inalatórias (MOOS 2005;
AGUILERA 2003).
O sevoflurano é um agente anestésico inalatório introduzido na prática clínica na
década de 90 (LERMAN 2004). É opção na população pediátrica pela rápida indução e
mínima irritação das vias aéreas, com redução de laringoespasmo e de broncoespasmo,
sendo utilizado sozinho ou em combinação com o óxido nitroso. perda mais rápida do
reflexo do cílio e menor incidência de arritmia cardíaca com sevoflurano do que com
1 INTRODUÇÃO
17
halotano, embora as respostas sobre os reflexos das vias aéreas sejam similares. É uma
droga que pode ter como efeitos colaterais agitação, crise convulsiva e delírio (MOOS
2005).
O óxido nitroso é um gás com propriedades analgésicas conhecidas mais de dois
séculos. Em 1961, Tunstal introduziu uma mistura estável de óxido nitroso e oxigênio em
igual proporção (EMONO), sendo muito difundida para procedimentos anestésicos. É um
gás anestésico inorgânico, inerte, e com mínimos efeitos cardiovasculares. Tem rápida ação
indutória e recuperação, sem risco de hipertermia maligna. Não provê significativo
relaxamento muscular e tem baixa potência (MORGAN 2002), atingindo níveis de analgesia
variável, nem sempre efetiva para todos os pacientes (ANNEQUIN 2000). Pode ter como
efeito colateral a euforia transitória.
O isoflurano é um gás com baixo coeficiente de solubilidade no sangue, mas pode
induzir tosse e laringoespasmo antes da entubação traqueal. É um anestésico volátil com
mínima depressão cardíaca, depressão respiratória não maior que a de outros gases e boa
ação broncodilatadora. É considerado bom relaxante da musculatura esquelética (MORGAN
2002).
O propofol é um agente anestésico endovenoso de rápida ação, usado em crianças
desde 1990. Tem uma curta latência e duração de efeito, atividade anestésica dose-
dependente e é duas vezes mais potente que o tiopental. Tem vantagens como baixo efeito
cumulativo e oferece rápida recuperação da consciência após a cirurgia, ação antiemética e
redução dos riscos para laringoespasmo quando necessidade de entubação traqueal
(BRAGA 2001). Requer monitorização cardiorespiratória intensa podendo ocorrer
paraefeitos como hipotensão arterial, apnéia, contrações tônico-clônicas, dor durante a
infusão e raramente tromboflebite na veia utilizada. Tem tempo de recuperação anestésica
semelhante ao enflurano e ao isoflurano, mas menor em relação ao sevoflurano (MANICA
1 INTRODUÇÃO
18
2004). O propofol deve ser usado com cautela em crianças com câncer tratadas com
antraciclinas, pois tem maior risco de disfunção cardíaca, e naquelas com tumores de SNC
ou em tratamento com radioterapia ou QT IT, pelo aumento de risco de desordens
convulsivas (JAYABOSE 2001).
O fentanil pertence ao grupo de analgésicos, sendo um opióide sintético, cinqüenta
vezes mais potente que a morfina, rápida ação e meia vida curta. É utilizado em baixa dose e
associado ao óxido nitroso, propofol, tiopental ou outros agentes durante a anestesia geral
para obtenção de analgesia cirúrgica. Não produz sedação e aumenta o risco de depressão
respiratória. Em doses elevadas aumenta o risco para perda de consciência e um efetivo
bloqueio das respostas hemodinâmicas durante as manobras de laringoscopia e entubação
traqueal, sem depressão significativa da função ventricular (MANICA 2004).
O tiopental é um barbiturato com ação hipnótica e anticonvulsivante. Quando usado na
indução da anestesia geral, oferece risco de hipotensão, de taquicardia e de depressão
respiratória. Tem efeito protetor cerebral pela redução do fluxo sangüíneo cerebral e da
pressão intracraniana, com conseqüente aumento da pressão de perfusão e declínio do
consumo cerebral de oxigênio. Não provê relaxamento muscular (MORGAN 2002).
Não ainda consenso quanto ao melhor manejo dos pacientes oncológicos
pediátricos submetidos a procedimentos dolorosos (HAIN 2001). Cada serviço deve utilizar
guidelines, adequar a sua realidade e individualizar a assistência, oferecendo, em sua prática,
a melhor segurança possível para o paciente e para a equipe envolvida.
2 JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO
É indubitável a importância de oferecer conforto aos pacientes pediátricos com câncer
quando necessitam ser submetidos a procedimentos invasivos tanto por ocasião do
diagnóstico da doença quanto naqueles que fazem parte da terapia antineoplásica e os pais
necessitam ser informados dos efeitos colaterais que poderão advir destes procedimentos.
A observação prospectiva das complicações da realização de PL e AMO/BMO, sob
anestesia geral, no paciente oncológico pediátrico, permitirá avaliar a incidência destas
intercorrências, valorizar a qualidade do procedimento anestésico utilizado e oferecer aos
pacientes e familiares informações e dados sobre os riscos do procedimento.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar e descrever as complicações decorrentes da exposição do paciente oncológico
pediátrico a procedimentos cirúrgicos de PL e AMO/BMO sob anestesia geral.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Listar as complicações decorrentes dos procedimentos cirúrgicos de PL e
AMO/BMO, sob anestesia geral, em crianças em tratamento oncológico, durante os períodos
intra-operatório e pós-operatório imediato.
Avaliar se há influência da idade ou do sexo na incidência de complicações.
Examinar a relação entre o tipo de técnica anestésica e a incidência de
complicações.
Examinar a relação entre a realização de PL com ou sem administração de QT IT e
a incidência de complicações.
Avaliar se a presença de dor no pós-operatório é influenciada pelo anestésico local
utilizado no intra-operatório de AMO/BMO.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 DESENHO DO ESTUDO
No período de novembro de 2003 até agosto de 2005 foram acompanhados
prospectivamente 137 pacientes pediátricos em tratamento para neoplasia, no Serviço de
Oncologia Pediátrica do HCPA. Foram submetidos a 423 procedimentos de pequeno porte
como AMO/BMO e PL, com ou sem QT IT, sob anestesia geral no CCA.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do HCPA e todos os responsáveis pelos
pacientes assinaram termo de consentimento informado para participar do estudo.
4.2 PACIENTES
Foram incluídos no estudo pacientes consecutivos em acompanhamento no Serviço de
Oncologia Pediátrica, com idade de zero a 21 anos, encaminhados para realização de
procedimento invasivo de PL e AMO/BMO para diagnóstico, estadiamento, reavaliação ou
tratamento.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
22
4.2.1 Critérios de inclusão
Consideraram-se critérios de inclusão:
pacientes em acompanhamento pela equipe de Oncologia Pediátrica com
diagnóstico ou suspeita de câncer;
idade inferior ou igual a 21 anos.
4.2.2 Critérios de exclusão
Consideraram-se critérios de exclusão:
pacientes com necessidade de entubação traqueal ou uso de máscara laríngea;
pacientes com necessidade de realizar outros procedimentos de maior porte
concomitante.
4.3 METODOLOGIA DO ESTUDO
Este é um estudo observacional, prospectivo, com inclusão de pacientes com indicação
de procedimentos de AMO/BMO e PL, com ou sem QT IT, sob anestesia geral, no CCA. A
indicação do procedimento foi feita pelo médico assistente do Serviço de Oncologia
Pediátrica, conforme previsto no protocolo terapêutico em uso pelo paciente.
Todos os pacientes foram entrevistados por um enfermeiro e receberam avaliação
médica antes da anestesia, incluindo revisão de problemas médicos passados ou vigentes,
experiências prévias individuais e familiares com anestesia e histórico de alergias. Seguiu-se
4 MATERIAIS E MÉTODOS
23
exame físico e revisão do hemograma. Pacientes receberam transfusão de plaquetas quando
sua contagem era igual ou menor que 10 x 10
3
µ/L.
Coletou-se outros dados como a idade do paciente, o peso, a classificação do escore
físico ASA (Tabela 3), o diagnóstico da doença, o procedimento a ser realizado, as drogas
anestésicas usadas e o tipo de acesso venoso. O período intra-operatório foi definido como
iniciado com a indução da anestesia, até completar o procedimento cirúrgico, e a
transferência do paciente para a sala de recuperação; o período pós-operatório correspondeu
ao tempo de permanência do paciente na sala de recuperação. Registrou-se medidas de
sinais vitais alteradas e a presença de complicações na anestesia, quando houve queda da
saturação do oxigênio arterial 93%, laringoespasmo, broncoespasmo, vômitos, agitação e
sinais de alergia. Os dados associados a complicações dos procedimentos tais como a dor e o
sangramento também foram registrados, assim como intervenções terapêuticas e o uso de
qualquer outro manejo médico necessário para tratar as complicações. A coleta dos dados e
o seu registro foram feitos pelo investigador que não participou da indicação anestésica.
De acordo com os guidelines da Sociedade Americana de Anestesiologia (Tabela 2),
as crianças menores de 6 meses de idade, entre 6 e 36 meses e pacientes maiores de 36
meses necessitavam jejum antes da anestesia de 4, 6 e 8 horas, respectivamente. Embora a
maioria de nossos pacientes tenha cateter implantável colocado ao diagnóstico para acesso
venoso, não foi preferencialmente usado para os procedimentos a menos que estivesse em
uso por outro motivo. As drogas e as técnicas anestésicas foram escolhidas pelo anestesista.
Em adição às drogas sistêmicas usadas para anestesia, a rotina do serviço de oncologia
pediátrica inclui a realização de infiltração local com ropivacaína 0,75% na crista ilíaca
póstero-superior imediatamente antes da inserção da agulha para AMO/BMO.
Os pais permaneciam na sala de cirurgia até que a criança estivesse dormindo e
retornavam quando ela chegava na sala de recuperação.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
24
Pacientes com necessidade de entubação traqueal ou uso de máscara laríngea para
anestesia geral foram excluídos do estudo.
A monitorização durante o procedimento foi rigorosa com eletrocardiografia contínua,
estetoscópio pré-cordial, verificação da pressão arterial não invasiva, temperatura,
capnografia, oximetria de pulso e analisador de gases. O equipamento e as medicações para
manejo da via aérea e reanimação cardiopulmonar apropriados para as diferentes faixas
etárias dos pacientes estavam prontamente disponíveis. Os sinais vitais e a oximetria de
pulso seguiam controlados na sala de recuperação pela equipe de enfermagem e sob
supervisão do anestesista responsável.
Os critérios utilizados para alta (AAP 2006) consistiam em o paciente estar alerta,
estar orientado, assintomático e com sinais vitais estáveis - freqüência cardíaca, pressão
arterial, temperatura axilar e saturação - adequados para cada faixa etária. A alta foi feita
pelo anestesista responsável pela sala de recuperação.
A punção lombar traumática foi definida pela presença de mais de 500 hemácias por
microlitro de líquido cefalorraquidiano.
As complicações foram classificadas de acordo com a intervenção médica: a) mínima,
quando os eventos tiveram resolução sem necessidade de administração de drogas;
b) moderada, quando medicações orais ou endovenosas foram necessárias; c) severa, se o
paciente necessitasse admissão para tratamento em unidade de internação ou de terapia
intensiva.
A aprovação do Comide Ética do HCPA foi obtida antes do estudo e o termo de
consentimento informado foi obtido do responsável de cada paciente.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
25
4.4 DELINEAMENTO
Estudo de coorte prospectivo de pacientes pediátricos menores de 21 anos em
tratamento oncológico submetidos a procedimentos de punção lombar, quimioterapia
intratecal, aspirado/biópsia de medula óssea, sob anestesia geral inalatória ou endovenosa,
no Centro Cirúrgico Ambulatorial (CCA). O registro das informações foi feito em um
questionário (ANEXO I) aplicado, desde o momento da admissão do paciente no CCA até
sua alta anestésica, incluindo dados de identificação, sinais vitais, escore físico ASA (Tabela
3), medicações em uso, técnica anestésica utilizada e complicações observadas. O
questionário foi preenchido pelo oncologista pediátrico responsável pelo estudo a partir das
informações do anestesista durante o período intra-operatório e a partir do paciente,
acompanhante e equipe de enfermagem durante o período pós-operatório. As variações dos
sinais vitais, conforme faixa etária, seguiram as tabelas de rotina em pediatria (SMITH
1990, TASK FORCE 1987).
Três procedimentos foram suspensos: um por jejum inadequado, outro por herpes
zoster no dorso e outro por vômitos alimentares, com jejum adequado, no início da indução.
4.4 VARIÁVEL PREDITORA
Anestesia geral.
4.5 VARIÁVEIS DE DESFECHO
Complicações intra-operatórias e pós-operatórias.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
26
4.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Considerando uma incidência de efeitos colaterais moderados a graves de 2% e uma
margem de erro de 2 pontos percentuais para um nível de confiança de 95%, estimou-se a
necessidade de estudar 189 procedimentos. Para efeitos colaterais mínimos de 10% e uma
margem de erro de 3 pontos percentuais, estimou-se 384 procedimentos. Assim, decidiu-se
estudar em torno de 400 procedimentos, considerando a possibilidade de perdas ou
cancelamento do procedimento.
Este é um estudo observacional, incluindo consecutivamente pacientes pediátricos em
tratamento oncológico, encaminhados para procedimentos no centro cirúrgico ambulatorial.
Dados categóricos foram descritos pela freqüência absoluta e relativa e variáveis
contínuas foram descritas pela média (desvio padrão) e mediana (amplitude interquartil).
O teste do X
2
foi realizado para medir a associação entre variáveis categóricas e o teste
t Student, para amostras independentes para comparar médias. O valor P < 0,05 foi
considerado estatisticamente significativo. O banco de dados e os testes estatísticos foram
realizados no programa de computador SPSS for MS Windows Release 14.0.
4.8 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
De acordo com as diretrizes e normas regulamentares de pesquisas envolvendo seres
humanos, resolução mero 196-96, aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, em
10/10/96, esta foi uma pesquisa de baixo risco, uma vez que foram registrados em
questionário os eventos advindos de procedimento ao qual o paciente foi elegível no
contexto de seu tratamento oncológico. A indicação do procedimento sempre foi feita dentro
deste critério e não foi da alçada do oncologista envolvido com a pesquisa.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
27
O consentimento livre e informado foi aplicado a todos os participantes do estudo, não
havendo por parte dos responsáveis pelo paciente nenhuma recusa em participar.
O presente estudo seguiu as orientações do Comitê de Ética do HCPA.
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6 ARTIGO EM PORTUGUÊS: ANÁLISE DAS COMPLICAÇÕES EM PUNÇÃO
LOMBAR E ASPIRADO/BIÓPSIA DE MEDULA ÓSSEA SOB ANESTESIA
GERAL EM PACIENTE ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO.
Clarice F Meneses MD
1
, Julio Cesar de Freitas MD
2
, Claudio G Castro Jr. MD
1
, Felipe
Copetti MD
1
, Algemir L Brunetto MD, PhD
1
Palavras-chave: anestesia geral, aspirado/biópsia de medula óssea, complicações,
oncologia pediátrica, punção lombar
Correspondência para:
Clarice F Meneses
Serviço de Oncologia Pediátrica
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
90035-903 Ramiro Barcellos, 2350 – 3°andar.
Fone/Fax: XXX(51) 33308087
Porto Alegre - RS, Brasil.
1
Serviço de Oncologia Pediátrica, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - Brasil.
2
Serviço de Anestesiologia e Medicina Perioperatória, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, RS - Brasil.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
35
Análise das complicações em punção lombar e aspirado/biópsia de medula óssea sob
anestesia geral em paciente oncológico pediátrico
RESUMO
INTRODUÇÃO: Procedimentos dolorosos de curta duração como o aspirado/biópsia de
medula óssea, a punção lombar, com ou sem quimioterapia intratecal, são realizados com
freqüência durante o tratamento de crianças com câncer. O objetivo desde estudo é avaliar a
freqüência e a severidade das complicações da anestesia geral para estes procedimentos.
PACIENTES E MÉTODOS: Um estudo observacional prospectivo foi realizado de
Novembro de 2003 a Agosto de 2005. Critérios de inclusão: pacientes com câncer e idade
inferior a 21 anos, em tratamento no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, submetidos a procedimentos de curta duração, diagnósticos e/ou
terapêuticos, sob anestesia geral, no Centro Cirúrgico Ambulatorial.
RESULTADOS: Cento e trinta e sete pacientes foram submetidos a 423 procedimentos sob
anestesia geral. Eram do sexo masculino 61%, com média de idade de 7,5 anos (0,2 a 21) e
ASA II 98%. Oitenta e sete por cento dos procedimentos foram realizados em pacientes com
leucemia ou linfoma. A maioria dos procedimentos não apresentou eventos adversos durante
os períodos intra-operatório e pós-operatório. Nenhum procedimento foi suspenso após
iniciado. Um paciente teve dor lombar após o procedimento e foi internado com suspeita de
hematoma subdural, o que foi descartado. Nenhum paciente necessitou reanimação
cardiopulmonar ou tratamento em unidade de terapia intensiva.
CONCLUSÃO: A anestesia geral para procedimentos dolorosos de curta duração, em crianças
que realizam tratamento para neoplasias malignas, é segura quando realizada em centro
cirúrgico ambulatorial por profissionais treinados.
Palavras-chave: anestesia geral, aspirado/biópsia de medula óssea, complicações, oncologia
pediátrica, punção lombar.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
36
INTRODUÇÃO
Muitas crianças em tratamento para câncer são submetidas a procedimentos
diagnósticos e terapêuticos dolorosos como punção lombar e aspirado e/ou biópsia de
medula óssea. Para redução da ansiedade e da dor muitas drogas sedativas ou anestesia geral
são freqüentemente usadas em Centros de Oncologia Pediátrica (1, 2). A intenção é prover
segurança, curta-duração e efetivo controle da dor. A Organização Mundial da Saúde
(WHO) e a Academia Americana de Pediatria recomendam a anestesia geral ou a aplicação
de combinação de analgesia e drogas sedativas durante procedimentos dolorosos na
oncologia pediátrica (3-5).
Tem havido alguma discordância entre as percepções dos profissionais da saúde e dos
familiares em relação à cooperação da criança durante procedimentos dolorosos (6, 7).
Estudos examinando diferentes métodos de sedação para crianças submetidas aos
procedimentos dolorosos têm mostrado diferentes resultados. Enquanto alguns
investigadores sugerem que benzodiazepínicos e outras drogas intravenosas são eficazes (8-
11), outros recomendam anestesia geral breve (12-14) como sendo superior a todos outros
modos de sedação.
mais de uma década a anestesia geral tem sido adotada como prática de rotina na
realização de procedimentos ambulatoriais de aspirado de medula óssea (AMO), ou de
biópsia de medula óssea (BMO), e da punção lombar (PL), com ou sem quimioterapia
intratecal (QT IT). Uma das indagações mais freqüentes trazidas pelos pais dos pacientes é a
respeito da segurança destes procedimentos sob anestesia geral.
Portanto, é importante avaliar a incidência de complicações perioperatórias dos
pacientes submetidos à anestesia geral.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
37
PACIENTES E MÉTODOS
Cento e trinta e sete pacientes foram incluídos neste estudo observacional prospectivo
no período de novembro de 2003 até agosto de 2005.
Crianças e adolescentes menores de 21 anos, em tratamento para câncer, no Serviço de
Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, submetidos a procedimentos
de curta duração, sob anestesia geral, no Centro Cirúrgico Ambulatorial (CCA), foram
elegíveis e submetidos a 423 procedimentos consecutivos para aspirado/ biópsia de medula
óssea (AMO/BMO) e punção lombar (PL), com ou sem a administração de QT IT. Aspirado
e/ou biópsia de medula óssea foram realizados para diagnóstico, estadiamento ou quando o
paciente teve suspeita de recaída.
Todos os pacientes foram entrevistados por um enfermeiro e receberam avaliação
médica antes da anestesia, incluindo revisão de problemas médicos passados ou vigentes,
experiências prévias individuais e familiares com anestesia e histórico de alergias. Seguiu-se
exame físico e revisão do hemograma. Pacientes receberam transfusão de plaquetas quando
sua contagem era igual ou menor que 10 x 10
3
µ/L.
Coletou-se outros dados como a idade do paciente, o peso, a classificação do escore
físico segundo a Sociedade Americana de Anestesiologia - ASA (15), o diagnóstico da
doença, o procedimento a ser realizado, as drogas anestésicas usadas e o tipo de acesso
venoso. O período intra-operatório foi definido como iniciado com a indução da anestesia,
até completar o procedimento cirúrgico, e a transferência do paciente para a sala de
recuperação; o período pós-operatório correspondeu ao tempo de permanência do paciente
na sala de recuperação. Registrou-se medidas de sinais vitais alteradas e a presença de
complicações na anestesia, quando houve queda da saturação do oxigênio arterial 93%,
laringoespasmo, broncoespasmo, vômitos, agitação e sinais de alergia. Dados associados a
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
38
complicações dos procedimentos tais como a dor e o sangramento também foram
registrados, assim como intervenções terapêuticas e o uso de qualquer outro manejo médico
necessário para tratar as complicações. A coleta dos dados e o seu registro foram feitos pelo
investigador que não participou da indicação anestésica.
De acordo com os guidelines da ASA (16), as crianças menores de 6 meses de idade,
entre 6 e 36 meses e pacientes maiores de 36 meses necessitavam jejum antes da anestesia
de 4, 6 e 8 horas, respectivamente. Embora a maioria de nossos pacientes tenha cateter
implantável colocado ao diagnóstico para acesso venoso, não foi preferencialmente usado
para os procedimentos a menos que estivesse em uso por outro motivo. As drogas e as
técnicas anestésicas foram escolhidas pelo anestesista. Em adição às drogas sistêmicas
usadas para anestesia, a rotina no serviço de oncologia pediátrica inclui a realização de
infiltração local com ropivacaína 0,75% na crista ilíaca póstero-superior imediatamente
antes da inserção da agulha para AMO/BMO.
Os pais permaneciam na sala de cirurgia até que a criança estivesse dormindo e
retornavam quando ela chegava na sala de recuperação.
Pacientes com necessidade de entubação traqueal ou uso de máscara laríngea para
anestesia geral foram excluídos do estudo.
Todos os pacientes tiveram monitorização cardiopulmonar, incluindo
eletrocardiografia contínua, estetoscópio pré-cordial, oximetria de pulso, pressão arterial
não-invasiva, temperatura, capnografia e analisador de gases. Todo o equipamento
anestésico e medicações necessárias para suporte vital estavam disponíveis. O paciente tinha
alta quando apresentava sinais vitais estáveis, controle da via aérea, estava alerta, com
apropriada ingesta via oral e com habilidade para falar e sentar sem assistência, se
apropriado para a idade (5).
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
39
A punção lombar traumática foi definida pela presença de mais de 500 hemácias por
microlitro de líquido cefalorraquidiano.
As complicações foram classificadas de acordo com a intervenção médica: a) mínima,
quando os eventos tiveram resolução sem necessidade de administração de drogas;
b) moderada, quando medicações orais ou endovenosas foram necessárias; c) severa, se o
paciente necessitasse admissão para tratamento em unidade de internação ou de terapia
intensiva.
A aprovação do Comide Ética do HCPA foi obtida antes do estudo e o termo de
consentimento informado foi obtido do responsável de cada paciente.
Análise estatística
Este é um estudo observacional, incluindo consecutivamente pacientes pediátricos em
tratamento oncológico, encaminhados para procedimentos no centro cirúrgico ambulatorial.
Dados categóricos foram descritos pela freqüência absoluta e relativa e variáveis
contínuas foram descritas pela média (desvio padrão) ou mediana (amplitude interquartil).
O teste do X
2
foi realizado para medir a associação entre variáveis categóricas e o teste
t Student para amostras independentes para comparar médias. O valor P < 0,05 foi
considerado estatisticamente significativo. O banco de dados e os testes estatísticos foram
realizados no programa de computador SPSS for MS Windows Release 14.0.
RESULTADOS
As características dos pacientes são mostradas na Tabela 1. Cento e trinta e sete
pacientes foram submetidos a 423 procedimentos, sob anestesia geral, com mediana de 2
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
40
(amplitude interquartil de 25 a 75) procedimentos por paciente (1-12). A média de idade foi
de 7,5±4,3 anos (0,2-21 anos); eram 84 do sexo masculino e 53 do feminino. A maioria das
crianças (98%) tinha escore físico ASA II no momento do procedimento. A mãe e o pai ou
outra pessoa responsável estavam presentes na indução anestésica em 80% e 20% dos
procedimentos, respectivamente. A maioria dos procedimentos foi de PL com administração
de QT IT. Em 87% dos procedimentos os pacientes tinham neoplasias hematológicas e em
13% da amostra o diagnóstico foi de diferentes tumores sólidos.
Três procedimentos foram excluídos da análise: um devido a jejum inadequado antes
do procedimento, um por vômitos no início da anestesia de indução e outro devido à
presença de lesões na pele de herpes zoster no sítio da PL.
Tabela 1: Características dos pacientes
Características n %
Sexo
Masculino
84
61
Escore físico ASA
II
III
412
8
98
2
Procedimentos
AMO/BMO
AMO/BMO/PL
AMO/ BMO/PL-QT IT
PL
PL-QT IT
76
31
46
5
262
18
7
11
1
63
Diagnósticos
Doenças hematológicas
Tumores sólidos
365
55
87
13
AMO: aspirado de medula óssea; BMO: biópsia de medula óssea;
QT IT: quimioterapia intratecal; PL: punção lombar
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
41
A média de duração do período intra-operatório foi de 15,6 minutos e a média do pós-
operatório foi de 1,2 horas. A média do tempo total de permanência dos pacientes no CCA
foi de 2,3 horas. A média de tempo de jejum foi de 11 horas (Tabela 2).
Tabela 2: Duração dos períodos intra-operatório e pós-
operatório, permanência no CCA e tempo de jejum
Média±DP
Duração período intra-operatório (min) 15,6±5,6
Duração período pós-operatório (h) 1,2±0,4
Permanência no CCA (h) 2,3±0,7
Tempo de jejum (h) 11,2±1,5
Dos 420 procedimentos, 223 (53%) deles foram realizados sem punção venosa e os
pacientes receberam somente indução anestésica inalatória. Em cento e noventa e sete (47%)
procedimentos os pacientes estavam com acesso venoso periférico ou central e a indução
anestésica foi realizada usando drogas inalatórias ou endovenosas.
Como mostrado na Tabela 3, o sevoflurano sozinho ou combinado com óxido nitroso,
foi a mais freqüente opção para ambas as fases de indução e manutenção da anestesia geral.
O propofol como droga única ou combinado com fentanil foi a segunda opção mais
freqüente usada na indução da anestesia.
Complicações
A maioria das complicações no período intra-operatório foi mínima e no pós-
operatório moderada. Houve seis complicações classificadas como severa e todas elas
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
42
ocorreram no período pós-operatório (Tabela 4). Os detalhes destas complicações estão
listados na Tabela 5.
Tabela 3: Drogas inalatórias e endovenosas nas fases de indução e manutenção da
anestesia
Indução Manutenção
n % n %
Agentes inalatórios
Sevoflurano
Sevoflurano + N
2
O
Isoflurano
Isoflurano + N
2
O
Outros
33
247
-
-
1
7,9
58,8
-
-
0,2
85
280
19
22
12
20,2
66,7
4,5
5,2
3,0
Agentes endovenosos
Propofol
Propofol + Fentanil
Thiopental
Outros
80
31
14
2
19,0
7,4
3,3
0,4
1
1
-
-
0,2
0,2
-
-
Ambos agentes
12 3,0 - -
TOTAL 420 100 420 100
Tabela 4: Grau das complicações intra e pós-operatórias
Complicações Intra-operatório Pós-operatório
n % n %
Mínima 67 77,9 36 33,6
Moderada 19 22,1 65 60,8
Severa 0 0 6 5,6
TOTAL 86 100 107 100
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
43
Detalhes das complicações do período intra-operatório
As complicações do período intra-operatório ocorreram em 76 (18%) dos 420
procedimentos; em 68, em 6 e em 2 procedimentos observou-se 1, 2 e 3 tipos de
complicações, respectivamente, totalizando 86 complicações.
A taxa de complicações intra-operatórias não foi influenciada pela idade (P=0,60),
pelo sexo (P=0,90), pela administração de QT IT ou não (P=1,00), nem pelo uso de indução
inalatória ou endovenosa (P=0,25).
Dos 10 pacientes que desenvolveram bradicardia (variação de 43 a 64 bpm), em três
deles foi usado atropina; em quatro, a única intervenção foi a redução do fluxo anestésico e
em três, nenhuma intervenção foi necessária. Anormalidades dos níveis de pressão arterial
foram registradas em cinco pacientes (sistólica de 130 a 66 mmHg), as quais foram
consideradas mínimas e nenhuma intervenção farmacológica foi necessária em todos os
casos, com normalização dos níveis ocorrendo após completar a anestesia.
Anormalidades dos parâmetros do sistema respiratório consistiram em diminuição na
saturação arterial de oxigênio e laringoespasmo em 11 e em 5 pacientes, respectivamente. A
queda da saturação de oxigênio foi manejada com sucesso com o aumento do fluxo de
oxigênio dado por pressão positiva em máscara e redução do fluxo de anestésicos. O
laringoespasmo foi tratado com ventilação por pressão positiva e tração da mandíbula para
frente. Quando medidas conservadoras falharam foi usado succinilcolina ± lidocaína; todos
estes cinco episódios foram resolvidos sem interrupção do procedimento ou necessidade de
entubação traqueal.
Os casos de vômitos foram observados em um total de 8 procedimentos e resolveram
com drogas antieméticas. A agitação ocorreu em cinco eventos e se resolveu com a
progressão da indução da anestesia.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
44
Entre os 344 procedimentos de PL (com ou sem QT IT), 35 deles (10%) foram
traumáticos; em todos, o líquido cefalorraquidiano foi gradualmente ficando claro e os
pacientes receberam a administração da medicação IT. A contagem de plaquetas foi menor
que 50 x 10
3
µ/L somente em três destes 35 pacientes que tiveram punção traumática.
Detalhes das complicações do período pós-operatório
As complicações do período pós-operatório ocorreram em 85 (20%) dos 420
procedimentos; em 65, em 18 e em 2 procedimentos observou-se 1, 2 e 3 tipos de
complicações, respectivamente, totalizando 107 complicações.
A taxa de complicações do pós-operatório não foi influenciada pela média da idade
(P=0,60) ou pelo sexo (P=0,92), pela administração da QT IT ou não (P=0,85), nem o uso de
indução inalatória ou endovenosa (P=0,10).
Dos 4 pacientes que desenvolveram bradicardia (46 a 60 bpm) nenhum requereu
intervenção médica. Somente um paciente teve hipertensão arterial transitória mínima
(sistólica de 130 mmHg).
Anormalidades dos parâmetros do sistema respiratório consistiram em diminuição na
saturação arterial de oxigênio (variação de 84% a 92%) em 3 pacientes, o que se resolveu
com suplementação de oxigênio por cateter nasal. Nenhum paciente teve laringoespasmo ou
broncoespasmo.
Os vômitos foram observados em 16 procedimentos e todos se resolveram com o uso
de drogas antieméticas. A agitação ocorreu em 17 procedimentos e hipertermia ocorreu em
10 procedimentos (variação de 37
8 o
C
a
38
8
ºC), os quais necessitaram de administração de
medicamentos.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
45
A cefaléia ocorreu em 17 procedimentos; 14 em pacientes que tinham sido submetidos
à PL (13/14 receberam QT IT) que se resolveu com analgésicos.
Dos 420 procedimentos, somente 212 deles tinham hemogramas determinados até 72
horas antes do procedimento. Em 62, a contagem de neutrófilos foi menor ou igual a 1000
células/µL; cinco evoluíram com febre na sala de recuperação, levando à admissão
hospitalar para tratamento de febre e neutropenia.
Tabela 5: Detalhes das complicações
na: não aplicável
A dor no sítio de AMO/BMO/PL ocorreu em 21 procedimentos; a dor se resolveu
com analgesia e todos os pacientes tiveram alta da sala de recuperação sem sintomas, com
Intra-operatório Pós-operatório
Complicações
n % n %
Cardiovascular
Bradicardia
Taquicardia
Hipotensão
Hipertensão
10
6
4
1
11,6
7
4,6
1,2
4
1
0
1
3.7
0,94
0
0,94
Sistema respiratório
Queda da saturação O
2
Laringoespasmo
Broncoespasmo
11
5
0
12,8
5,8
0
3
0
0
2,8
0
0
Miscelânia
Vômitos
Agitação
Cefaléia
Hipertermia
Hipotermia
Alergia
Complicações procedimentos
PL traumática
Dor no sítio AMO/BMO/PL
Dor outros locais
Sangramento local
8
5
na
0
0
1
35
na
na
na
9,3
5,8
na
0
0
1,2
40,7
na
na
na
16
17
17
10
2
1
na
21
11
3
14,9
15,9
15,9
9,4
1,88
0,94
na
19,6
10,3
2,8
TOTAL 86 100 107 100
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
46
exceção de um paciente que teve significante dor pós-operatória no sítio de PL e teve alta
hospitalar somente 24 horas mais tarde após completa investigação que não mostrou
nenhuma evidência de sangramento e sem dor nas costas.
Dos 153 procedimentos de AMO/BMO, a infiltração local com ropivacaína foi
realizada em 134 (88,8%) procedimentos e a incidência de dor pós-operatória na crista ilíaca
posterior foi de 11%. Nenhum dos pacientes que deixou de receber ropivacaína local
apresentou dor no pós-operatório (P=0,20) (Tabela 6).
Tabela 6: Infiltração local com ropivacaína e dor no sítio AMO/BMO (P=0.20)
Infiltração local
Sem infiltração local
TOTAL
n % n % n %
15
11.2
0
0
15
9.8
119
88.8
19
100
138
90.2
Dor
Ausência de dor
TOTAL
134
100
19
100
153
100
Trinta e cinco procedimentos (8,3%) foram realizados com contagens de plaquetas
entre 20 a 50 x 10
3
µ/L. Em nenhum destes procedimentos os pacientes receberam
transfusões de plaquetas; em somente um, o paciente teve um pequeno sangramento local;
dois outros pacientes que experimentaram mínimo sangramento no tio de punção tinham
mais do que 50 x 10
3
µ/L plaquetas. Os 3 pacientes responderam bem ao curativo
compressivo local.
Não houve nenhum evento adverso perioperatório grave que demandasse manejo das
vias aéreas ou suporte vital em unidade de terapia intensiva.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
47
DISCUSSÃO
A punção lombar e o aspirado/biópsia de medula óssea são freqüentemente realizados
em crianças em tratamento para câncer e podem causar dor e ansiedade na maioria dos
pacientes (17, 18). A Academia Americana de Pediatria definiu recomendações para o
manejo da dor e d ansiedade relacionados aos procedimentos dolorosos para crianças com
câncer desde 1990, e mais recentemente um update foi publicado (3, 5). Segurança e
eficácia podem ser obtidos com moderada sedação por não-anestesiologistas (19, 20),
embora a anestesia geral realizada por anestesistas seja o método preferido usado para
pacientes submetidos a procedimentos que causem intensa dor como aspirado/biópsia de
medula óssea ou punção lombar (6, 7, 21).
A preferência para o uso de anestesia geral para procedimentos oncológicos em nosso
serviço e em muitos outros (12, 22) é devido ao fato de que eles podem ser realizados em
centro cirúrgico ambulatorial, local com equipe multidisciplinar treinada, incluindo equipe
de enfermagem, recreacionista, anestesista pediátrico e oncologista pediátrico provendo
assim sedação e ausência de dor sem contenção física do paciente.
A maioria dos procedimentos neste estudo foi realizada em pacientes com doenças
hematológicas, refletindo a necessidade de receber repetidas ITs, enquanto pacientes com
tumores sólidos tendem a ter somente uma PL ao diagnóstico para estadiamento.
A duração do período intra-operatório foi aproximadamente 15,6 minutos, similar aos
descritos na literatura (13, 23), e o tempo total de permanência no CCA foi de 2,3 horas.
Embora não se possa considerar este um período excessivamente longo, a média prolongada
do tempo de jejum de 11 horas pode ser um inconveniente para muitos pacientes,
particularmente para crianças pequenas. Tentou-se minimizar este aspecto, pelo menos em
parte, oferecendo líquidos tão logo a criança acorde na sala de recuperação. Atualmente, se
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
48
está seguindo guidelines de menor duração de jejum para pacientes submetidos à anestesia
geral (5).
Neste estudo, o sevoflurano associado com óxido nitroso foi usado na grande maioria
das anestesias inalatórias. O propofol sozinho ou combinado com fentanil foi a mais
freqüente opção para anestesia intravenosa. A opção para anestesia intravenosa ou inalatória
é usualmente feita pelo anestesista que leva em conta a idade do paciente, grau de
cooperação e/ou a preferência do paciente. Como em pediatria injeções intravenosa ou
intramuscular são vivenciadas com desconforto (24) e ansiedade (25), a anestesia geral é
usualmente induzida com drogas inalatórias. O sevoflurano sozinho ou combinado com
óxido nitroso tende a ser a opção mais freqüentemente usada na anestesia em pediatria (26),
como no caso deste estudo.
Embora se tenha registrado aproximadamente 38% de complicações nos
procedimentos, a maioria foi considerada mínima e, portanto, não requereu qualquer
medicação. É provável que muitos destes efeitos colaterais possam ser considerados como
reações fisiológicas aos medicamentos e que nem sempre são reportadas por muitos
anestesistas, os quais tendem a registrar na ficha anestésica mais eventos adversos maiores
do que menores durante a anestesia (27-29).
Com a intenção de melhor entender as causas das complicações, examinou-se suas
incidências separadamente em períodos intra-operatório e pós-operatório.
As complicações intra-operatórias foram vistas em 76 dos 420 procedimentos; foram
principalmente PL traumática e evento cardiovascular/respiratório. No período pós-
operatório registrou-se complicações em 85 dos 420 procedimentos, consistindo
principalmente de vômitos, dor, cefaléia e febre. Não se detectou influência da idade ou do
sexo como fator de risco para complicações.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
49
A complicação mais freqüente neste estudo foi a punção lombar traumática ocorrendo
em 35 dos 344 de procedimentos de PL, representando uma taxa de 10%, que é similar a
incidências reportadas na literatura que variam de 8 a 29% (30-33).
Foi interessante evidenciar no estudo que nenhum dos 19 pacientes que não recebeu
infiltração local com ropivacaina no sítio de punção de MO experimentaram dor no pós-
operatório. Portanto, não se recomenda mais tal prática para a rotina de AMO/BMO.
Seis pacientes internaram na unidade de oncologia pediátrica. Um teve dor severa nas
costas no sítio de PL no pós-operatório, mas a investigação descartou hematoma subdural.
Cinco dos 10 pacientes que desenvolveram febre no pós-operatório estavam neutropênicos
e, portanto, foram manejados como neutropenia febril. Todos os seis pacientes tiveram
desfecho sem intercorrências.
Embora estudos observacionais como este possam ter limitações de superestimar a
incidência de complicações mínimas, pode-se concluir que a anestesia geral para
procedimentos dolorosos de curta duração, em crianças que realizam tratamento para
neoplasias malignas, é segura quando realizada em centro cirúrgico ambulatorial por
profissionais treinados.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos pacientes da Unidade de Oncologia Pediátrica do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre por sua participação neste estudo e ao Instituto do Câncer
Infantil-RS.
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
50
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7 ARTIGO EM INGLÊS: ANALYSIS OF THE COMPLICATIONS IN
PEDIATRIC ONCOLOGY PATIENTS UNDERGOING GENERAL
ANESTHESIA FOR LUMBAR PUNCTURE AND BONE MARROW
ASPIRATE/BIOPSY
Clarice F Meneses MD
1
, Julio Cesar de Freitas MD
2
, Claudio G Castro Jr MD
1
,
Felipe Copetti MD
1
, Algemir L Brunetto MD, PhD
1
Key-words: bone marrow aspirate/biopsy, complications, general anesthesia, lumbar
puncture, pediatric oncology
Correspondence to:
Clarice F Meneses
Serviço de Oncologia Pediátrica
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
90035-903 Ramiro Barcellos, 2350 – 3°andar
Porto Alegre - RS, Brazil
Phone/Fax: +55(51) 33308087
1 Pediatric Oncology Unit, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul - Brazil
2 Anesthesiology and Perioperative Medicine Unit, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul - Brazil
7 ARTIGO EM INGLÊS
55
Analysis of complications in pediatric oncology patients
undergoing general anesthesia for lumbar puncture and bone
marrow aspirate/biopsy
ABSTRACT
INTRODUCTION: Painful short duration procedures like bone marrow aspiration/biopsy and
lumbar puncture with or without intrathecal chemotherapy are frequently performed during
the treatment of children with cancer. The objective of this study is to evaluate the frequency
and severity of complications of general anesthesia for these procedures.
PATIENTS AND METHODS: A prospective observational study was performed from
November 2003 to August 2005. Inclusion criteria: patients with cancer younger than 21
years old, receiving treatment at the Pediatric Oncology Unity of Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, undergoing diagnostic and/or therapeutic short duration procedures carried out
under general anesthesia in the outpatient surgery unit.
RESULTS: One hundred and thirty seven patients were submitted to 423 procedures under
general anesthesia. There were 61% boys, mean age of 7.5 years (0.2-21) and ASA II 98%.
Eighty seven percent of the procedures were carried out in patients with leukemia or
lymphoma. The majority of the procedures had no adverse events during intraoperative and
postoperative periods. No procedure had to be suspended after it had begun. One patient had
lumbar pain after procedure and was admitted to the ward with suspected subdural bleeding,
but this was not confirmed. No patient needed cardiopulmonary reanimation or treatment in
the intensive care unit.
CONCLUSION: General anesthesia for short duration painful procedures in children
undergoing treatment for malignancies is safe when carried out by trained professionals in
outpatient clinical surgery unit.
Key-words: bone marrow aspirate/biopsy, complications, general anesthesia, lumbar
puncture, pediatric oncology
7 ARTIGO EM INGLÊS
56
INTRODUCTION
Many children receiving treatment for cancer undergo painful diagnostic and
therapeutic procedures such as lumbar puncture and bone marrow aspiration/biopsy. For
reduction of anxiety and pain many sedative drugs or general anesthesia are frequently used
in Pediatric Oncology Units (1, 2). The goal is to provide safe, short-duration and effective
control of pain. The World Health Organization (WHO) and the American Academy of
Pediatrics (AAP) recommend general anesthesia or the application of combination analgesia
and sedative drugs during painful procedures in pediatric oncology (3-5).
There has been some disparity between the perceptions of healthcare professionals
and that of families with respect to how children cope with painful procedures (6, 7). Studies
examining different methods of sedation for children undergoing painful procedures have
shown different results. While some investigators suggest that benzodiapines and other
intravenous drugs are efficacious (8-11), others recommend brief general anesthesia (12-14)
as being superior to all other modes of sedation.
Over the last decade general anesthesia has been adopted as a routine practice when
performing outpatient bone marrow aspirate (BMA) or bone marrow trephine biopsy (BMB)
and lumbar punctures (LP) with or without intrathecal chemotherapy (IT QT). One of the
most frequently asked questions by the parents of children is regarding the safety of
undergoing such procedures under general anesthesia.
It is therefore important to report the incidence of perioperative complications of
patients undergoing general anesthesia.
7 ARTIGO EM INGLÊS
57
PATIENTS AND METHODS
One hundred and thirty seven patients were included in this prospectively
observational study carried out from November 2003 to August 2005.
Children and adolescents under 21 years of age receiving cancer treatment at the
Pediatric Oncology Unit of Hospital de Clínicas de Porto Alegre and submitted to short
duration procedures under general anesthesia in our outpatient surgery unit (CCA) were
eligible. They underwent 423 consecutive procedures for bone marrow aspiration/biopsy
(BMA/BMB) and lumbar puncture (LP) with or without IT QT administration. Bone
marrow aspirate (BMA) and/or bone marrow trephine biopsy (BMB) were carried out for
diagnosis, staging or when the patient had suspicion of relapse.
All patients were interviewed by a nurse and received medical evaluation before their
anesthesia, including a review of past and current medical problems, previous individual and
family experiences with anesthesia and history of allergic reactions. This was followed by a
physical examination and a review of the blood counts. Patients received platelets
transfusion when counts were equal or less than 10 x 10
3
µ/L.
We also collected data on patients’ age, weight, American Society of
Anesthesiologists (ASA) physical status score (15), disease diagnosis, procedure to be
performed, anesthetic drugs used and type of venous access. The intraoperative period was
defined as that starting with the anesthesia induction until completion of the surgical
procedures and transfer of the patient to the recovery room; the postoperative period
corresponded to the entire time the patient remained in the recovery room. We recorded
measurements of abnormal vital signs and the presence of anesthesia complications
including a decrease in arterial oxygen saturation 93%, laryngospasm, bronchospasm,
vomiting, agitation and signs of allergy. Data associated with procedure complications such
7 ARTIGO EM INGLÊS
58
as pain and bleeding was also recorded. Therapeutic interventions and the use of any
medical procedures required to treat complications were listed. Data collection and
recording were carried out by an independent investigator who did not participate in the
application of the anesthesia.
According to guidelines of the ASA (16) children less than 6 months of age, between
6 and 36 months and patients older than 36 months were required to fast before their
anesthesia for 4, 6 and 8 hours, respectively. Although the majority of our patients have an
implantable port inserted at the moment of diagnosis for venous access, they were preferably
not used for the procedure, unless they had already been connected for other purposes. The
anesthetic drugs and the techniques were chosen by a trained anesthesiologist. In addition to
the systemic drugs used for anesthesia the routine at our pediatric oncology unit was to
performed local infiltration with ropivacaine 0.75% in the midpoint of the posterior superior
iliac spine immediately prior to the insertion of the BMA/BMB needle.
Parents remained in the anesthetic room until the child was asleep and then returned
when he/she was transferred to the recovery room.
Patients requiring tracheal intubation or laryngeal mask airway for general anesthesia
were excluded.
All patients had cardiopulmonary monitoring, including continuous
electrocardiogram, precordial stethoscopy, pulse oximetry, noninvasive blood pressure,
temperature, capnography and blood gases analysis. All anesthetic equipment and
medications needed for life support was made available. The patient was discharged when
reached normalization of vital signs and airway control, full wakefulness, appropriate intake
and the ability to talk or sit without assistance if age-appropriate (5).
Traumatic lumbar puncture was defined as those in which the cerebrospinal fluid
contained at least 500 red blood cells (RBC) count per microliter.
7 ARTIGO EM INGLÊS
59
The complications were classified according to medical intervention as: a) mild,
when events were resolved without the need of drug administration; b) moderate, when oral
or intravenous drugs were required; and c) severe, if patient required hospital admission for
treatment at the pediatric oncology unit or intensive care unit.
Approval of the Hospital Ethics Committee was obtained prior to the study and
informed consent was obtained from the parents of all patients.
Statistical analysis
This is an observational study, including all consecutive cancer patients referred for a
procedure in the outpatient surgery unit. Categorical data was described for absolute and
relative frequency and continuous variables were described as mean (standard deviation) or
median (interquartile range).
The X
2
test was used to test association among categorical data and Student’s t test
for independent samples to compare the mean. P value < 0.05 was considered statistically
significant. Data and statistical tests were performed with the SPSS for MS Windows
Release 14.0 computer program.
RESULTS
The patients´ characteristics are shown on Table 1. One hundred and thirty seven
patients underwent 423 general anesthetic procedures with a median of 2 (interquartile range
25 to 75) procedures per patient (1-12). The mean age was 7.5±4.3 years (0.2 -21.0 years);
there were 84 males and 53 females. The majority of the children (98%) had an ASA II
7 ARTIGO EM INGLÊS
60
physical status at the moment of procedure. The mother and the father or other responsible
person was present at the general anesthesia induction in 80% and 20% of the procedures,
respectively. The majority of procedures were of lumbar punctures with chemotherapy
administration. In 87% of the procedures the patients had hematologic malignancies and in
13% of the sample the diagnosis was a range of different solid tumors.
Three procedures were excluded from analysis: one due to insufficient fasting time
prior to the procedure, one for vomiting at the beginning of the anesthesia induction and one
due to zoster herpes skin lesions at the site of the LP.
Table 1: Patients´ characteristics
Characteristics
n
%
Gender
Male
84
61
ASA physical status score
II
III
412
8
98
2
Procedures
BMA/BMB
BMA/BMB/LP
BMA/ BMB/LP-IT QT
LP
LP-IT QT
76
31
46
5
262
18
7
11
1
63
Diagnosis
Hematologic malignancies
Solid tumors
365
55
87
13
BMA: bone marrow aspirate; BMB: bone marrow trephine biopsy;
IT QT: intrathecal chemotherapy; LP: lumbar puncture
7 ARTIGO EM INGLÊS
61
The mean duration of the intraoperative period was 15.6 minutes and the mean of the
postoperative was 1.2 hours. The mean total time spent by patients at the outpatient surgery
unit was 2.3 hours. The mean fasting time was 11 hours (Table 2).
Table 2: Duration of the intraoperative and postoperative period, stay at the
outpatient surgery unit and fasting time
Mean±SD
Duration of the intraoperative period (min) 15.6±5.6
Duration of the postoperative period (h) 1.2±0.4
Stay at surgical unit (h) 2.3±0.7
Fasting time (h) 11.2±1.5
Of the 420 procedures, 223 (53%) of them were carried out without venous puncture
and the patient received only inhalation induction anesthesia. In one hundred and ninety
seven (47%) procedures the patients were using peripheral or central venous access and the
anesthesia induction were carried out with inhalation or intravenous drugs.
As shown on Table 3, sevoflurane alone or combined with nitrous oxide was the
most frequently used option for both the induction and maintenance phase of the general
anesthesia. Propofol as the only drug or combined with fentanyl was the second most
frequently used option for anesthesia induction.
7 ARTIGO EM INGLÊS
62
Table 3: Inhaled and intravenous drugs in induction and maintenance phases of
anesthesia
Induction Maintenance
n % n %
Inhaled agents
Sevoflurane
Sevoflurane + N
2
O
Isoflurane
Isoflurane + N
2
O
Others
33
247
-
-
1
7.9
58.8
-
-
0.2
85
280
19
22
12
20.2
66.7
4.5
5.2
3.0
Intravenous agents
Propofol
Propofol + Fentanyl
Thiopental
Others
80
31
14
2
19.0
7.4
3.3
0.4
1
1
-
-
0.2
0.2
-
-
Both agents
12 3.0 - -
TOTAL 420 100 420 100
Complications
The majority of the complications in the intraoperative period were mild and
moderate in the postoperative period. There was 6 complications classified as severe and all
of them were reported in the postoperative period (Table 4). The details of these
complications are listed on Table 5.
Table 4: Grade of intra and postoperative complications
Intraoperative Postoperative
n % n %
Mild 67 77.9 36 33.6
Moderate 19 22.1 65 60.8
Severe 0 0 6 5.6
TOTAL 86 100 107 100
7 ARTIGO EM INGLÊS
63
Details of the complications in the intraoperative period
Intraoperative period complications occurred in 76 (18%) of the 420 procedures; in
68, in 6 and in 2 of the procedures we observed 1, 2 and 3 types of complication
respectively, giving a total of 86 complications .
The rate of the intraoperative complications was not influenced by age (P=0.60),
gender (P=0.90), the administration of IT QT or not (P=1.00) or the use of either inhaled or
intravenous induction (P=0.25).
Of the 10 patients who developed bradycardia (range 43 to 64 beats/min), in 3 of
them atropine was used; in 4 the only intervention was reduction of the anesthetic flow rate
and in 3 no intervention was required. Abnormalities of blood pressure levels were
registered in five patients (systolic range 130 to 66 mmHg); they were minimal and no
pharmacological intervention was required in all cases, with normalization of the levels
occurring after completion of anesthesia.
Abnormalities of the respiratory system parameters consisted of decrease in oxygen
saturation (range 76% to 92%) and laryngospasm in 11 and 5 patients, respectively. Oxygen
desaturation was successfully managed with increases in flow rate of oxygen given for bag-
valve-mask ventilation and reduction of the anesthetic drugs flow rates. Laryngospasm was
treated with positive pressure ventilation and forward jaw thrust. When conservative
measures failed succinilcoline ± lidocaine was used; all these five episodes were resolved
without interruption of the procedure or need for tracheal intubation.
Cases of vomiting were observed in a total of 8 procedures and resolved with
antiemetic drugs. Agitation occurred in 5 events and was resolved with progression of
anesthesia induction.
7 ARTIGO EM INGLÊS
64
Among the 344 LP procedures (with or without IT QT), 35 of them (10%) were
traumatic; in all of them the spinal fluid became gradually clear and the patients had the IT
medication administered. The platelet counts were lower than 50 x 10
3
µ/L only in 3 of these
35 patients who had traumatic punctures.
Details of the complications in the postoperative period
Postoperative period complication procedures occurred in 85 (20%) of the 420
procedures; in 65, in 18 and in 2 of the procedures we observed 1, 2 and 3 types of
complication respectively, giving a total of 107 complications.
The rate of postoperative complications was not influenced by mean age (P= 0.60) or
gender (P= 0.92), administration of IT QT or not (P=0.85) or the use of either inhaled or
intravenous induction (P=0.10).
Of the 4 patients who developed bradycardia (range 46 to 60 beats/min) none
required medical intervention. Only one patient had transient mild systemic arterial
hypertension (systolic 130 mmHg).
Abnormalities of the respiratory system parameters consisted of decrease in oxygen
saturation (range 84% to 92%) in 3 patients which were resolved with supplemental oxygen
therapy with nasal catheter. No patient had laryngospasm or bronchospasm.
Vomiting was observed in 16 procedures and all cases were resolved with the use of
antiemetic drugs. Agitation occurred in 17 procedures and hyperthermia occurred in 10
procedures (range 37
8o
C
to
38
8
ºC) and needed drug administration.
Headache occurred in 17 procedures; 14 of them were in patients who had undergone
LP (13/14 received IT QT) and were resolved with analgesics.
7 ARTIGO EM INGLÊS
65
Of the 420 procedures, only 212 of them had blood counts determined at least 72
hours prior to the procedure. In 62 of them the ANC was less or equal to 1000 cells/µL; five
of them experienced fever in the recovery room, leading to hospital admission for the
treatment of febrile neutropenia.
Table 5: Details of the complications
Intraoperative Postoperative
Complications
n % n %
Cardiovascular
Bradycardia
Taquycardia
Hypotension
Hypertension
10
6
4
1
11.6
7
4.6
1.2
4
1
0
1
3.7
0.94
0
0.94
Respiratory system
Oxygen desaturation
Laryngospasm
Bronchospasm
11
5
0
12.8
5.8
0
3
0
0
2.8
0
0
Miscelaneous
Vomiting
Agitation
Headache
Hyperthermia
Hypothermia
Allergy
Procedure complications
Traumatic LP
Pain BMA/BMB/LP site
Pain in other sites
Local bleeding
8
5
na
0
0
1
35
na
na
na
9.3
5.8
na
0
0
1.2
40.7
na
na
na
16
17
17
10
2
1
na
21
11
3
14.9
15.9
15.9
9.4
1.88
0.94
na
19.6
10.3
2.8
TOTAL
86
100
107
100
na: not aplicable
Pain at the BMA/BMB/LP site occurred in 21 procedures; pain was resolved with
analgesia and all patients were discharged from the recovery room with no symptoms, with
7 ARTIGO EM INGLÊS
66
the exception of the patient who experienced significant postoperative pain in the lumbar
puncture site but was discharged only 24 hours later after complete investigation showed no
evidence of bleeding and without backache.
Of the 153 BMA/BMB procedures, local infiltration with ropivacaine was carried
out in 134 (88.8%) and the incidence of postoperative pain in the posterior superior iliac
spine was 11%. None of those who did not receive local ropivacaine experienced
postoperative pain (P=0.20), Table 6.
Table 6: Local infiltration with ropivacaine and pain in BMA/BMB site (P=0.20)
Local
infiltration
Without local
infiltration
TOTAL
n % n % n %
Pain
15
11.2
0
0
15
9.8
Without pain
119 88.8
19
100 138 90.2
TOTAL 134 100 19 100 153 100
Thirty five procedures (8.3%) were carried out with the platelet counts from 20 to 50
x 10
3
µ/L platelets. In none of these procedures patients received platelets transfusions; only
one patient had very small local bleeding; two other patients who experienced mild bleeding
at the puncture site had more than 50 x 10
3
µ/L platelets. These 3 patients responded well to
local compressive dressings.
There were no serious perioperative adverse events which demanded airway
management or life support in the intensive care unit.
7 ARTIGO EM INGLÊS
67
DISCUSSION
Lumbar puncture and bone marrow aspirate/biopsy are frequently performed in
children undergoing cancer treatment and they cause pain and anxiety in the majority of the
patients (17, 18). The American Academy of Pediatrics defined recommendations for the
management of pain and anxiety related to painful procedures for children with cancer since
1990, and more recently an update was published (3, 5). Safety and efficiency can be
obtained with moderate sedation by non-anesthetists (19, 20), although general anesthesia
carried out by anesthetists is the preferred method used for patients undergoing procedures
likely to cause intense pain such as bone marrow aspiration/biopsy or lumbar puncture (6, 7,
21).
The preference for the use of general anesthesia for oncology procedures in our
Service and in many others (12, 22) is due to the fact that they can be carried out in the
outpatient surgery unit, a setting staffed with a well trained multidisciplinary team including
a nursing team, recreation officer, pediatric anesthetist and pediatric oncologist, thus
providing sedation and pain relieve without physical restraint to the patient.
The majority of the procedures in our study were carried out in patients with
hematologic malignancies reflecting the need of these patients to receive repeated ITs while
patients with solid tumors tend to have only one LP at diagnosis for staging.
The duration of intraoperative period was approximately 15.6 minutes, similar to that
found in the literature (13, 23), and the total time spent at the outpatient surgery unit was
2.3 hours. Although we can consider these are not an excessively long period of time, the
prolonged mean fasting time of 11 hours may be an inconvenience for many patients,
particularly for young children. We tried to overcome this, at least in part, by offering
7 ARTIGO EM INGLÊS
68
liquids as soon as the children woke up in the recovery room. Currently we are following
guidelines of shorter duration for fasting time for patients undergoing general anesthesia (5).
In our study sevoflurane associated with nitrous oxide was used in the great majority
of the inhaled anesthesia. Propofol alone or combined with fentanyl was the most frequent
option for intravenous anesthesia. The option for intravenous or inhalation anesthesia is
usually taken by the anesthetist, taking into account the patients’ age, degree of co-operation
and/or the patients’ choice. As in pediatrics, intravenous or intramuscular injections are
experienced with discomfort (24) and anxiety (25), general anesthesia is usually induced
with inhalation drugs. Sevoflurane alone or combined with nitrous oxide, tends therefore to
be the most frequently chosen option used in pediatric anesthesia (26).
Although in our study we registered complications in approximately 38% of the
procedures, the majority of them were considered mild and therefore did not require any
intervention. It is likely that most of these side effects can be even considered as
physiological reactions to medications and that would be unlikely to be reported by most
anesthetists, who tend to report on the anesthesia sheet more major than minor adverse
events during anesthesia (27-29).
Aiming at better understanding the causes of complications we examined their
incidence separately in intraoperative and postoperative periods.
The intraoperative complications were seen in 76 of 420 procedures; they were
mostly traumatic lumbar punctures and cardiovascular/respiratory events. In the
postoperative period we registered complications in 85 of the 420 procedures, consisting
mostly of vomiting, pain, headache and fever. We could not detect influence of age or
gender as a risk factor for complications.
7 ARTIGO EM INGLÊS
69
The most frequent complication in our study was traumatic lumbar puncture
occurring in 35 of the 344 LP procedures, representing thus a rate of 10%, which is similar
to incidences ranging from 8 to 29% reported in the literature (30-33).
It was interesting to notice in our study that none of the 19 patients who did not
receive infiltration of ropivacaine at the site of BM puncture experienced postoperative pain.
We therefore do not recommend such practice for routine BM aspiration/biopsy.
Six patients were admitted to the pediatric oncology unit. One had severe
postoperative backache at the site of LP but investigation ruled out subdural hematoma. Five
of the 10 patients who developed fever at the postoperative period were neutropenic and
were, therefore, treated as for febrile neutropenia. All six patients had uneventful outcomes.
Although observational studies such as ours may have the limitation of having
overestimated the incidence of mild complications, we can conclude that general anesthesia
for short duration painful procedures in children undergoing treatment for malignancies is
safe when carried out by trained professionals in outpatient clinical surgery unit.
ACKNOWLEDGMENTS
The authors wish to thank the patients of the Pediatric Oncology Unit of Hospital de
Clínicas de Porto Alegre for their participation in this study and the Instituto do Cancer
Infantil-RS.
7 ARTIGO EM INGLÊS
70
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ANEXOS
ANEXOS
75
ANEXO I - QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS
IDENTIFICAÇÃO
Data: _____/_____/______ Hora admissão: _______________
Iniciais: ___________
Registro: _____________ DN _____/_____/____
Sexo: ( ) Masc ( ) Fem
Acompanhante: ( 1 ) Mãe ( 2 ) Pai ( 3 ) Outro
Cor: ( 1 ) Branco ( 2 ) Preto ( 3 ) Pardo ( 4 ) Outro
Diagnóstico: _______________________________________________
PROCEDIMENTOS
Exame de estadiamento ( ) Sim ( ) Não
Final de tratamento ( ) Sim ( ) Não
Suspeita de recaída ( ) Sim ( ) Não
Rotina do protocolo ( ) Sim ( ) Não
Tipo de procedimento Aspirado de medula óssea ( )
Biópsia de medula óssea ( )
Punção lombar ( )
Quimioterapia intratecal ( )
ANAMNESE
Classificação ASA _____
SNC ( ) tontura ( )desmaio ( ) cefaléia ( ) fraqueza muscular
( ) lesão nervosa/medular ( ) RDNPM ( ) convulsões
( ) hist AVC ( ) HIC ( ) Outro
ENDÓCRINO ( ) diabetes ( ) doença tireóide ( ) paratireóides
( ) supra-renal
( ) obesidade ( ) desnutrição
GASTRO-INTESTINAL ( ) icterícia ( ) sangramento digestivo ( ) RGE
( ) mucosite oral/anal ( ) dor abdominal
ANEXOS
76
GENITO-URINÁRIO ( ) rim único ( ) ITU ( ) IRA ( ) IRC
CARDIOVASCULAR ( ) cardiopatia congênita ( ) arritmia
( ) endocardite em tratamento
RESPIRATÓRIO ( ) asma ( ) BCP repetição ( ) massa torácica
FEBRE ( ) Febre com foco ( ) Febre sem foco ( ) ausente
OUTROS ( ) desidratação ( ) coagulopatia ( ) DHE ( ) infecção ativa
LABORATÓRIO
Ht _____ Hb _____ Leuc __________ (Neutr __________) Plaq ____________
Data ____/____/ ____
ALTERAÇÕES NO EXAME FÍSICO
( ) pele ( ) mucosas ( ) olhos ( ) dentes ( ) mandíbula ( ) pescoço
( ) abdômen ( ) tórax - AP ( ) ACV ( ) extremidades
( ) enchimento capilar ( ) ausentes
QUEIXAS ATUAIS
Tosse ( ) Coriza ( ) Náuseas ( ) Vômitos ( ) Diarréia ( )
Febre ( ) Dor ( )
MEDICAÇÕES EM USO
Sulfa profilático ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Quimioterapia EV últimas 24 hs ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Quimioterapia VO últimas 24 hs ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Antibióticos EV ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Anticonvulsivantes ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Morfina/Fentanyl/Codeina últimas 24 hs ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Antiácidos sistêmicos ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
ANEXOS
77
ANESTESIA
Hora de início: __________ Término: _________ Duração:_________
NPO desde às ______________ Duração NPO: ______________
Técnica anestésica
Indução Inalatória ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Drogas: ___________________
Indução EV ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Drogas: ___________________
Infiltração local MO ( 1 ) Sim ( 2 )Não Droga: ____________________
Manutenção Inalat ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Drogas: ___________________
Manutenção EV ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Drogas: ___________________
Acesso venoso prévio ( 1 ) sem acesso ( 2 ) veia periférica ( 3 ) veia central
Acesso venoso na SR ( 1 ) sem acesso ( 2 ) veia periférica ( 3 ) veia central
Portocath ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Monitor cardíaco ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Oxímetro de pulso ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Capnógrafo ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Analisador gases ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
INTERCORRÊNCIAS DURANTE A ANESTESIA
Vômitos ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Broncoespasmo ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Laringoespasmo ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Depressão respir ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Bradicardia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Taquicardia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipotensão ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipertensão ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipertermia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipotermia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipovolermia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Reação alérgica ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Agitação ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Choque ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Outra _____________________________
ANEXOS
78
INTERCORRÊNCIAS PÓS-ANESTÉSICAS
Vômitos ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Broncoespasmo ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Laringoespasmo ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Depressão respir ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Bradicardia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Taquicardia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipotensão ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipertensão ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipertermia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipotermia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Hipovolermia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Reação alérgica ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Agitação ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Choque ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Outra _____________________________
SINAIS VITAIS
FC FR Tax TA Sat O2
Admissão no CCA ________ _________ _________ __________ __________
Variações anestesia ________ _________ _________ __________ __________
Admissão na SR ________ _________ _________ __________ __________
Alterações na SR ________ _________ _________ __________ __________
INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À PL E/OU QUIMIO INTRATECAL
Realização de PL ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Acidente de punção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Bradicardia ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Aumento da PIC ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 3 ) Não avaliado
Outro: _____________
ANEXOS
79
INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS AOS PROCEDIMENTOS
Sangramento ( ) Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Dor ( ) Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Fístula LCR ( ) Intervenção ( 1 ) Sim ( 2 ) Não Qual: ______
Outra ______________________
CONDIÇÕES DE ALTA DA SR
Acordado, sinais vitais estáveis, sem náuseas ( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Horário da alta: ________________
Tempo de permanência na SR: ____________________
DESTINO DO PACIENTE
( 1 ) Para casa
( 2 ) Internação
( 3 ) Emergência
( 4 ) UTIP
( 5 ) Óbito
ANEXOS
80
ANEXO II - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O ESTUDO:
“ESTUDO PROSPECTIVO DE INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES ONCOLÓGICOS
PEDIÁTRICOS SUBMETIDOS A PROCEDIMENTOS DE PEQUENO PORTE SOB
ANESTESIA GERAL.”
Prezado Responsável:
Seu filho(a) está sendo convidado a participar de um levantamento de dados, o que
permitirá uma qualificação do trabalho que vem sendo feito no CCA.
Os procedimentos de aspirado de medula óssea e punção lombar com ou sem QT
intratecal são realizados na rotina do Serviço de Oncologia Pediátrica, sempre que possível,
no CCA, sob anestesia geral. Estamos agora registrando em um questionário as reações que
possam acompanhar o(s) procedimento(s) ao qual seu filho(a) está sendo submetido.
Desde o momento em que seu filho(a) iniciar a anestesia, iremos observando e
anotando em um questionário a temperatura, a pressão, os batimentos cardíacos, etc.;
quando for para a sala de recuperação anotaremos se teve náuseas, vômitos, cefaléia, etc. e
se necessitou de medicações para isto. Estas informações são sigilosas e para conhecimento
médico.
Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética do HCPA que garante, através de sua
aprovação, o conteúdo ético deste trabalho.
Fique ciente que sua participação é voluntária e que o tratamento de seu filho(a) não
se modificará em caso de recusa. Os nomes não aparecerão no momento da publicação dos
resultados.
Eu, _________________________________________, abaixo assinado,
responsável pelo paciente ___________________________________________, confirmo
que estou ciente das informações do estudo acima. Apresento pois meu livre
consentimento para que meu filho(a) possa participar. Qualquer recusa ou
interrupção na aplicação do questionário não afetará seu atendimento.
Data ___/___/___
Ass. Responsável
Dra. Clarice Franco Meneses
Fone 98085502
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