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UNIVALI – UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ROSANA BRUNETTI
A ORGANIZAÇÃO EM REDE E O TURISMO NO ESPAÇO RURAL NO ESTADO
DO PARANÁ: o caso GETER - Grupo de Empreendedores do
Turismo no Espaço Rural
Balneário Camboriú
2006
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1
ROSANA BRUNETTI
A ORGANIZAÇÃO EM REDE E O TURISMO NO ESPAÇO RURAL NO ESTADO
DO PARANÁ: o caso GETER - Grupo de Empreendedores do
Turismo no Espaço Rural
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação Strictu Sensu em Turismo
e Hotelaria, da Universidade do Vale do
Itajaí, Centro de Educação Balneário
Camboriú, como requisito parcial para
obtenção do título de mestre em Turismo
e Hotelaria.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Antonio
dos Anjos
Balneário Camboriú
2006
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2
ROSANA BRUNETTI
A ORGANIZAÇÃO EM REDE E O TURISMO NO ESPAÇO RURAL NO ESTADO
DO PARANÁ: o caso GETER - Grupo de Empreendedores do
Turismo no Espaço Rural
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de mestre e
aprovada pelo Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Turismo e Hotelaria,
da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú.
Balneário Camboriú, 23 de novembro de 2006
________________________________________
Prof. Dr. Francisco Antonio dos Anjos
Orientador
_________________________________________
Prof. Dr. Gregório Jean Varvakis Rados
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
__________________________________________
Prof. Dr. Paulo dos Santos Pires
UNIVALI – CE de Balneário Camboriú
3
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação aos meus sobrinhos, para que
sirva de exemplo da grande satisfação que é alcançar um
objetivo. Mas principalmente, para que entendam que o essencial
é que o caminho percorrido na busca de cada objetivo, seja
trilhado de forma consciente, paciente e intensa, pois somente
assim as vitórias serão traduzidas em alegrias verdadeiras e
duradouras e a vida, manifestada em sua rotina diária, será plena
de significados.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, meu companheiro mais constante e fiel.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco Antonio dos Anjos, que soube ao mesmo
tempo orientar e respeitar minhas idéias e meu ritmo de trabalho.
Aos Professores Doutores Paulo dos Santos Pires e Gregório J. Varvakis Rados,
participantes da banca de qualificação e de defesa, pelas sugestões e incentivo.
À todas as pessoas entrevistadas , em especial os coordenadores do GETER, que
por compreenderem a importância de estudos acadêmicos, colocaram-se sempre à
disposição e foram grandes incentivadores.
A todos os professores e colegas do mestrado que, mesmo sem saber, contribuíram
na construção dessa dissertação.
Ao Sérgio, meu primo e amigo, cuja presença possibilitou minha ausência no
trabalho, para que eu pudesse alcançar mais esse objetivo.
Aos meus pais, que além de respeitarem minhas decisões, são companheiros da
jornada.
5
Aprendi com lealdade e reparto sem invejo, e não escondo as riquezas que ela (a
sabedoria) encerra.
Livro da Sabedoria, 7,13
6
SUMÁRIO
RESUMO
..................................................................................................................009
ABSTRACT
..............................................................................................................010
LISTA DE FIGURAS
................................................................................................011
LISTA DE QUADROS
..............................................................................................012
1 INTRODUÇÃO
...............................................................................................015
1.1 Contextualização do tema.............................................................................015
1.2 Problemática da pesquisa..............................................................................018
1.3 Objetivos........................................................................................................019
1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................019
1.3.2 Objetivos específicos.....................................................................................019
1.4 Metodologia...................................................................................................020
1.4.1 Procedimento da pesquisa............................................................................020
1.4.2
Organização, análise e interpretação dos dados..........................................022
2 A ORGANIZAÇÃO EM REDE.......................................................................024
2.1 Sistemas........................................................................................................026
2.1.1 Teoria Geral dos Sistemas............................................................................026
2.1.2 Teoria da Autopoiese.....................................................................................028
2.2 Redes............................................................................................................031
2.2.1 Morfologia das redes.....................................................................................032
2.2.1.1 Auto-organização........................................................................................032
2.2.1.2 Horizontalidade............................................................................................034
2.3 As redes de pequenas e médias empresas...................................................036
2.3.1 Contextualização histórica para o advento de redes de empresas............036
2.3.2 Sobre redes de pequenas e médias empresas.............................................039
2.4 As regiões no contexto de redes...................................................................044
3 TURISMO NO ESPAÇO RURAL
..................................................................051
3.1 Turismo Rural x Agroturismo.......................................................................053
3.2 Ecoturismo....................................................................................................055
3.3 A dinâmica do turismo no espaço rural........................................................058
7
4 ALGUNS CASOS DE ORGANIZAÇÀO EM REDE NO TURISMO.
..............063
4.1 A rede francesa “Accueil Paysan” e seu correspondente brasileiro “Aco-
lhida na Colônia”..............................................................................................063
4.1.1 Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia – AACC..............................065
4.2 A Organização das Cidades Patrimônio Mundial e o caso espanhol:
Associação das Cidades Patrimônio da Humanidade da Espanha................067
4.2.1 A Associação das Cidades Patrimônio da Humanidade da Espanha.............069
4.3 Uma síntese....................................................................................................070
5 O DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DO GETER
.........................071
5.1 Contextualização histórico-geográfica do turismo no espaço rural norte
paranaense: da hegemonia da cafeicultura à diversificação econômica..071
5.1.1 O início da colonização..................................................................................073
5.1.2 O norte do Paraná e o café............................................................................076
5.1.3 O turismo no contexto do “Novo Rural” no norte do Paraná.........................076
5.2 RETUR – Rede de Turismo Regional............................................................078
5.3 GETER – Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural............082
5.3.1 Participantes do GETER...............................................................................085
6 O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO NO GETER..................................091
6.1 Discurso do Sujeito Coletivo: princípios, conceitos e procedimentos..........091
6.2 O discurso dos coordenadores do GETER...................................................095
6.2.1 Surgimento da idéia de redes visando o desenvolvimento e fortalecimento
do turismo realizado no espaço rural norte paranaense..............................095
6.2.2 O papel da RETUR em relação ao GETER e suas formas de relaciona-
mento...........................................................................................................099
6.2.3 Os aspectos de formalização do GETER.....................................................102
6.2.4 A dinâmica de ação do GETER....................................................................105
6.2.5 A compreensão das dimensões da confiança e da cooperação, juntamen-
te com a competição, dentro do GETER......................................................107
6.2.6 A dispersão geográfica do GETER e suas conseqüências..........................111
6.2.7 A questão da rotatividade dos empreendimentos participantes do GETER.113
6.2.8 Percepções sobre resultados alcançados e barreiras percebidas no
8
desenvolvimento do GETER........................................................................115
6.3 O discurso dos empreendedores do GETER...............................................122
6.3.1 A motivação para a inserção no GETER....................................................122
6.3.2 A tomada de decisões no GETER...............................................................126
6.3.3 O relacionamento entre os coordenadores e os participantes do GETER..127
6.3.4 Os resultados advindos da participação no GETER...................................129
6.3.5 Os aspectos inibidores de melhores resultados no contexto do GETER....131
6.3.6 Motivações para a saída do GETER...........................................................134
6.3.7 A questão da comunicação entre os participantes do GETER...................138
6.4 O cruzamento dos discursos........................................................................141
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................145
7.1 Quanto aos objetivos do trabalho..................................................................145
7.2 Quanto à utilização do “Discurso do Sujeito Coletivo”...................................147
7.3 Sugestões para trabalhos futuros..................................................................148
7.4 Conclusões....................................................................................................148
REFERÊNCIAS........................................................................................................150
APÊNDICES
.............................................................................................................157
Apêndice 1 - Roteiro de entrevista com coordenadores do GETER........................158
Apêndice 2 - Roteiro de entrevista com empreendedores turísticos participan-
tes do GETER....................................................................................159
Apêndice 3 - Transcrição entrevista Wanda Pille – coordenadora...........................160
Apêndice 4 - Transcrição entrevista Prof. Jacó Gimenes – coordenador................165
Apêndice 5 - Transcrição entrevista empreendedor 1 (E1)......................................169
Apêndice 6 - Transcrição entrevista empreendedor 2 (E2)......................................172
Apêndice 7 - Transcrição entrevista empreendedor 3 (E3)......................................174
Apêndice 8 - Transcrição entrevista empreendedor 4 (E4)......................................175
9
RESUMO
Esta dissertação pretende analisar o formato da organização em rede, enquanto alternativa
de gestão visando contribuir para o desenvolvimento do turismo no espaço rural. A
atividade turística realizada no espaço rural é recente no Brasil, não oferecendo subsídios
suficientes para que os ingressantes na atividade possam apoiar-se no processo de
desenvolvimento do novo negócio. O norte do Paraná é sede de uma iniciativa pioneira – o
GETER – Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural, que, utilizando o formato
da organização em rede, com eficácia comprovada em outros setores econômicos, visa
promover o desenvolvimento satisfatório da atividade turística no espaço rural, constituindo-
se no caso aqui estudado e analisado. A fim de embasar a análise proposta, estudou-se o
assunto redes a partir das teorias de sistemas, com ênfase para as teorias desenvolvidas
por Bertalanffy e Maturana & Varela, passando-se a seguir à dinâmica de uma rede e sua
utilização como estratégia de gestão. O tema região foi abordado sob diferentes óticas a fim
de justificar a dispersão geográfica observada no desenvolvimento do GETER. O turismo
no espaço rural foi tratado de maneira a mostrar as particularidades envolvidas nesta
modalidade específica, a fim de contribuir para a compreensão da atividade e de sua
gestão. Antes de passar ao estudo de caso específico - o GETER, foi apresentado alguns
outros casos de redes no turismo. A metodologia utilizada para construir a fundamentação
teórica foi a pesquisa bibliográfica, e a estratégia de análise constituiu-se em um estudo de
caso, complementado pela técnica do DSC Discurso do Sujeito Coletivo, aplicada às
entrevistas realizadas junto aos coordenadores e empreendedores do GETER, objetivando
conhecer o pensamento do conjunto formado por cada um desses grupos.
Palavras-chave:
1. Redes 2. turismo no espaço rural 3. GETER
10
ABSTRACT
The present research intends to analyse the format of network organization as an alternative
of management, aiming to contribute to the tourism development in rural areas. The tourist
activity achieved in rural areas is very recent in Brazil, because of that new businessmen do
not have enough subsidies to support them during the development process of new
investments. The north of Parana is the cradle of a pioneer initiative GETER
Entrepreneurs Group of Tourism in Rural Areas, which are using a network format, with
proved efficiency in other economic sectors, aiming to promote the satisfactory development
of the touristic activities in rural areas, consisting in the case studied here. In order to give
basis for the proposed analysis, the subject networks was studied from the Theory of
Systems, emphasizing the ones developed by Bertalanffy and Maturana & Varela, followed
by the dynamics of a network and its use as a managemnet strategy. The subject “region”
was treated under several views, in order to justify the geographic dispersion observed
during the GETER development. The tourism in the rural area was treated in a way to show
the particularities involved in this specific modality, so as to contribute to the comprehension
of the activity and its management. Before presenting the specific case study, other network
cases in tourism were shown. The metodology used to construct the theoretical framework
was a bibliographic research, and the analysis strategy was constituted of a case study -
GETER, complemented by the DSC technique the Discourse of the Collective Subject,
applied to the interviews made with the coordinators and entrepreneurs members of GETER,
aiming to acknowledge the thought of each group.
Key words
1. networks 2. tourism in rural areas 3. GETER
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação de Rede..........................................................................033
Figura 2: Mapa de orientação conceitual................................................................040
Figura 3: Logomarca Projeto Costa Rica................................................................081
Figura 4: Logomarca Projeto Rota do Café.............................................................081
Figura 5: Logomarca Projeto Caminhos da Cachaça..............................................081
Figura 6: Logomarca Projeto Sou Daqui.................................................................082
Figura 7: Logomarca Projeto GETER......................................................................082
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Participantes GETER – edição mapa-guia 2001..................................086
Quadro 02: Participantes GETER – edição mapa-guia 2002..................................086
Quadro 03: Participantes GETER – edição mapa-guia 2004..................................088
Quadro 04: Empreendimentos part icipantes nos mapas-guia RETUR/GETER.....089
Quadro 05: IAD 1 - Questão 1 da entrevista com coordenadores do GETER........095
Quadro 06: IAD 2 – Redes são nós interconectados por laços de interesses.......097
Quadro 07: IAD 2 – Redes auxiliam pequenas e médias empresas alcança-
rem seus objetivos, através do trabalho conjunto................................097
Quadro 08: IAD 2 – Um roteiro turístico, com diversos atrativos (neste caso
empreendimentos), alavanca o turismo como um todo........................097
Quadro 09: IAD 2 – A rede promove a qualificação dos empreendimentos partici-
pantes, através do compartilhamento de informações e habilidades...098
Quadro 10: IAD 1 - Questão 2 da entrevista com coordenadores do GETER.......100
Quadro 11: IAD 2 – O GETER é um dos projetos da RETUR ...............................101
Quadro 12: IAD 2 – O GETER é coordenado pela RETUR....................................101
Quadro 13: IAD 2 – O GETER passa a ser referência em seu mercado de atua-
ção.......................................................................................................101
Quadro 14: IAD 1 - Questão 3 da entrevista com coordenadores do GETER.......103
Quadro 15: IAD 2 - A coordenação do GETER é feita por uma entidade neutra -
a RETUR, para que o interesse do grupo seja salva guardado.....104
Quadro 16: IAD 2 – O GETER é dinâmico..............................................................104
Quadro 17: Questão 4 da entrevista com coordenadores da GETER....................105
Quadro 18: IAD 2 – As reservas e divulgação dos participantes do GETER,
eram feitas através de um escritório central.........................................106
Quadro 19: IAD 2 – Cada participante deveria divulgar os demais membros do
GETER, através da distribuição dos mapas-guia para seus hóspe-
des........................................................................................................106
Quadro 20: IAD 2 – A rede era responsável pela viabilização de cursos objeti-
vando o aprimoramento profissional dos participantes.........................107
Quadro 21: Questão 5 da entrevista com coordenadores do GETER....................107
Quadro 22: IAD 2 – Os participantes que compreendem a dinâmica da rede
13
passam a perceber os demais integrantes como parceiros, ainda
que sejam concorrentes entre si..........................................................109
Quadro 23: IAD 2 – O trabalho em rede implica fluidez de informações entre
os participantes....................................................................................110
Quadro 24: IAD 2 – A dimensão da cooperação e da confiança entre concorren-
tes integrantes de uma rede é alcançada a longo prazo......................110
Quadro 25: Questão 6 da entrevista com coordenadores do GETER...................111
Quadro 26: IAD 2 – A rede é baseada em um objetivo comum, e não na proximi-
dade geográfica....................................................................................112
Quadro 27: Questão 7 da entrevista com coordenadores do GETER....................113
Quadro 28: IAD 2 – O compartilhamento de objetivos é essencial para a perma-
nência na rede......................................................................................114
Quadro 29: IAD 2 – Redes são dinâmicas,não é possível controlar sua evolução,
mas apenas acompanhar.....................................................................115
Quadro 30: Questão 8 da entrevista com coordenadores do GETER....................116
Quadro 31: IAD 2 – A cooperação entre participantes de uma rede é essencial
para seu sucesso.................................................................................118
Quadro 32: IAD 2 – A falta de amadurecimento/comprometimento retardou os
resultados do trabalho em rede............................................................119
Quadro 33: IAD 2 – Funcionários de empreendimentos turísticos localizados no
espaço rural precisam ser treinados para serem multifuncionais........119
Quadro 34: IAD 2 – A rede intensifica o processo de comunicação entre partici-
pantes...................................................................................................120
Quadro 35: IAD 2 – O GETER contribuiu para a geração de empregos, melhorias
nos processos de comercialização, prestação de serviços e divulga-
ção dos empreendimentos participantes..............................................120
Quadro 36: IAD 2 – o GETER auxiliou os empreendimentos participantes inseri-
rem-se no mercado..............................................................................120
Quadro 37: Questão 1 da entrevista com empreendedores do GETER..................122
Quadro 38: IAD 2 - A adesão ao GETER se deu pela aceitação de um convite
por parte de seus coordenadores........................................................124
Quadro 39: IAD 2 – A adesão ao GETER teve como principal motivação o dese-
jo de organizar o setor turístico na região...........................................124
Quadro 40: IAD 2 – A perspectiva de maior divulgação do empreendimento
14
motivou a inserção no GETER.............................................................124
Quadro 41: IAD 2 – Participar do GETER possibilitou a troca de informações e
experiências.........................................................................................125
Quadro 42: Questão 2 da entrevista com empreendedores do GETER.................126
Quadro 43: IAD 2 – as decisões eram tomadas conjuntamente em reuniões
mensais................................................................................................127
Quadro 44: Questão 3 da entrevista com empreendedores do GETER.................128
Quadro 45: IAD 2 – O relacionamento entre coordenadores e empreendedores
era bom, amistoso e harmônico...........................................................128
Quadro 46: Questão 4 da entrevista com empreendedores do GETER.................129
Quadro 47: IAD 2 – Antes do GETER, os empreendimentos turísticos atuavam
no mercado sem um foco ou identidade..............................................130
Quadro 48: IAD 2 – O trabalho em rede possibilita a troca de experiências..........130
Quadro 49: IAD 2 – O GETER auxiliou na organização do setor em que atuava...130
Quadro 50: IAD 2 – O trabalho em grupo tem maior repercussão no mercado e
contribui para a melhora nos negócios................................................131
Quadro 51: Questão 5 da entrevista com empreendedores do GETER.................131
Quadro 52: IAD 2 – A diversidade de objetivos dos participantes de uma rede
provoca um distanciamento de seu foco original.................................133
Quadro 53: IAD 2 – A diversidade de empreendimentos participantes dificultava
a tomada de decisões que fossem benéficas a todos.........................133
Quadro 54: Questão 6 da entrevista com empreendedores do GETER...............134
Quadro 55: IAD 2 – A questão da remuneração dos coordenadores da rede
causou um descompasso entre estes e os empreendedores..............136
Quadro 56: IAD 2 – Parte dos empreendimentos, que apresentava maior coesão
entre si, juntou-se em torno de uma nova associação.........................136
Quadro 57: IAD 2 – A saída do GETER foi motivada pela contenção de gastos...137
Quadro 58: Questão 7 da entrevista com empreendedores do GETER.................138
Quadro 59: IAD 2 – A comunicação permanece no grupo que segmentou a rede
em torno de empreendimentos com características similares...........139
Quadro 60: IAD 2 – A comunicação diminuiu, sendo importante, porém, que
seja restabelecida...............................................................................140
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do Tema
A análise do fenômeno turístico revela a complexidade de atividades envolvidas no
processo turístico, do planejamento ao resultado final, ou seja, à fruição do local
turístico por parte dos turistas. A complexidade se justifica devido às diversas faces
desta atividade. Como expõe Beni (2003), o turismo compreende quatro ambientes:
cultural, ecológico, econômico e social, entre os quais são realizadas trocas
constantes, revelando o amplo universo a ser abarcado no planejamento turístico.
Ingressantes na atividade, dentre os quais aqueles que optam por abrir suas
propriedades rurais aos turistas, muitas vezes desconhecem essa complexidade.
O turismo realizado no espaço rural vem merecendo a atenção de diversos setores
da sociedade brasileira. No campo político esboça-se um esforço no sentido de
estruturar a regulamentar a atividade através da publicação do caderno “Diretrizes
para o desenvolvimento do Turismo Rural”, que ao discorrer sobre a evolução
histórica da atividade no país, afirma que:
“a partir do final de 1990, esses aspectos positivos do Turismo Rural no
Brasil (dentre os quais a diversificação da economia regional, a
conservação de recursos naturais, a geração de novas oportunidades de
trabalhos) foram amplamente difundidos, fazendo com que um
significativo número de empreendedores investisse nesse segmento,
muitas vezes de forma pouco profissional ou sem o embasamento técnico
necessário. Conseqüentemente aspectos negativos de sua implantação
também começaram a se manifestar.” (BRASIL, 2003, p. 6)
No campo acadêmico é possível evidenciar essa preocupação através dos diversos
eventos realizados sobre o assunto, com destaque, no Brasil, para o CITURDES
Congresso Internacional sobre Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável, e o
CBTUR Congresso Brasileiro de Turismo Rural; além disso, evidencia-se, ainda
que empiricamente, devido à falta de dados oficiais, o aumento do número de
propriedades rurais que se voltam para a atividade turística, paralelamente à
constatação, a partir de pesquisa bibliográfica, da insipiência de estudos na área de
gestão que colaborem com o desempenho satisfatório da atividade, e sua
conseqüente efetivação no espaço rural.
16
A decisão de estudar o formato de organização em rede como forma de alavancar a
atividade turística no espaço rural foi inicialmente alicerçada no conhecimento prévio
de uma experiência na região norte e noroeste do Paraná a partir do ano de 2001,
onde, através da instituição do GETER Grupo de Empreendedores do Turismo no
Espaço Rural, idealizado e coordenado pela RETUR Rede de Turismo Regional,
buscou-se o aprimoramento da atividade através do associativismo. Somou-se a
isso, o fato do formato da organização em rede apresentar consideráveis vantagens
para que pequenas e médias empresas possam inserir-se no mercado
competitivamente, conforme demonstra a experiência em outros setores da
economia. O caso da região italiana de Emilia-Romagna, exposto por Casarotto
Filho & Pires (1998) por exemplo, atribui a este formato de organização o
considerável aumento da renda per capita de sua população.
Como forma indutiva de se ordenar o conhecimento, buscou-se a origem e o formato
das redes organizacionais a fim de alicerçar a análise pretendida. O tema “sistemas”
inicia a fundamentação teórica e permite entender a organização e o funcionamento
de uma rede biológica e depois aplicar esse conhecimento no campo social. São
abordadas duas teorias: a Teoria Geral dos Sistemas, de Ludwig von Bertalanffy
(1975), e a Teoria da Autopoiese, de Humberto Maturana & Francisco Varela (1997).
A partir desta fundamentação, passa-se então ao entendimento da organização de
uma rede, baseado principalmente em um estudo apresentado pela WWF-Brasil
(2003), que utilizando estudos de Capra (1996, 2005), Castells (2003) e na própria
experiência, discorre sobre a dinâmica de uma rede na área social. A abordagem
seguinte refere-se ao estudo de redes de pequenas e médias empresas, área que
mais se aproxima ao objeto de análise deste estudo. As redes de pequenas e
médias empresas já foram estudadas por diversos autores (PORTER, 1999a, 1999b;
BALESTRIN & VARGAS, 2004; EBERS & JARILLO, 1998; CASAROTTO FILHO &
PIRES, 1998; entre outros) e apresentam diversas motivações para sua formação,
bem como resultados diversos, de acordo com o objetivo da própria rede. Este
aliás, é fundamental para existência da rede e ponto de partida para uma análise
crítica sobre o pressuposto de sua perenidade.
Considerando que o estudo de caso dessa dissertação, o GETER – Grupo de
Empreendedores do Turismo no Espaço Rural, apresentou considerável dispersão
17
geográfica ao longo do período analisado, entendeu-se ser importante abordar o
tema regiões dentro das diversas escolas geográficas, a fim de justificar a união de
empreendedores localizados em diferentes pontos do estado do Paraná, que
basearam-se em outras características comuns, que não as físico-geográficas, para
delimitar seu campo de atuação. O capítulo três mostra que o entendimento de
região deve sempre abarcar a noção de inter-relação entre os fenômenos físicos,
humanos, políticos e econômicos.
Corroborando com os diversos autores que creditam à rede a capacidade de manter
e viabilizar pequenas empresas no mercado, o atual governo federal , no Programa
de Regionalização do Turismo (2004), também prevê a organização em rede como
instrumento para viabilizar a “troca de informações, experiências e fortalecimento
das relações e parcerias entre os diversos atores envolvidos no Programa” (p. 41),
contribuindo então para o desenvolvimento do turismo, através de diversas ações
resultantes desta troca de informações possibilitada pela rede, como a identificação
de novas oportunidades de ação para as diferentes regiões, a adaptação ou
recriação de soluções, estabelecimento e consolidação de novas relações,
otimização e captação de recursos, entre outros.
A priorização do desenvolvimento do turismo regional pelo governo federal
contempla, entre outras, a atividade realizada no espaço rural e suas diversas
manifestações, de acordo com a tradição histórico-cultural de cada lugar, resultando
em diversificados produtos turísticos. Neste estudo, porém, a abordagem do tema
Turismo no Espaço Rural prioriza aspectos de gestão, visto estes estarem
diretamente relacionado à formação da rede aqui analisada. Inicia-se com uma
breve análise sobre a terminologia empregada, em especial o turismo rural,
agroturismo e ecoturismo ou turismo ecológico, por acreditar serem as atividades
mais recorrentes entre os integrantes da rede - GETER; seguido de algumas
considerações sobre o assunto, que enfocam as motivações para a realização do
turismo neste espaço, suas particularidades e possíveis impactos, corroborando com
o descrito acima, sobre a complexidade do fenômeno turístico.
Em um esforço de estabelecer uma ponte entre as bases teóricas sobre
organizações em redes, com ênfase nas redes de pequenas e médias empresas e o
18
desenvolvimento satisfatório do turismo no espaço rural, são apresentados alguns
casos conhecidos acerca da aplicação deste formato de organização em rede no
desenvolvimento do turismo. Ao buscar relatos dessas experiências, verificou-se
ser restrito ainda o número de casos de redes no setor turístico, assim uma das
experiências apresentada utiliza outra denominação Associação das Cidades
Patrimônio da Humanidade da Espanha, mas que uniram-se a fim de alcançar um
objetivo comum a todos, o que se aproxima de um dos pilares para a formação de
uma rede.
Para finalizar, é apresentada a experiência do GETER no período de 2001 a 2004.
A análise dessa experiência inicia-se com a contextualização histórico-geográfica do
espaço rural norte paranaense e sua transformação ao longo do tempo, a fim de
auxiliar no entendimento do cenário que contribuiu para que o turismo fosse ofertado
no espaço rural abordado pelo GETER. Logo após descreve-se os conceitos e
objetivos do GETER e apresenta-se sua formação ao longo do período analisado.
A técnica utilizada para conhecer a real contribuição do formato de organização em
rede no caso específico do GETER, bem como os obstáculos percebidos para que a
maximização dos resultados pretendidos fosse atingida, foi o DSC Discurso do
Sujeito Coletivo, através do qual foram ouvidos os coordenadores e parte dos
empreendedores participantes e feita uma análise exaustiva de suas falas para que
se chegasse a essência do conjunto dos depoimentos.
A análise dos Discursos do Sujeito Coletivo coordenadores e empreendedores,
alicerçada no referencial teórico apresentado, possibilitou um aprofundamento nas
características referentes ao formato organizacional das redes, permitindo a
apresentação de avaliações sobre sua eficácia e pressupostos.
1.2 Problemática da Pesquisa
A definição clara de um problema está na base de qualquer pesquisa científica. Mas
o que é um problema? Para Tobar e Yalour (2001), “enfrentamo-nos com um
problema quando existe um vácuo entre onde estamos agora e onde queremos
estar, e não sabemos como atravessar esse vácuo.” (p. 34)
19
Assim, a constatação empírica e generalizada sobre o crescimento do turismo no
espaço rural brasileiro, que acontece em descompasso com a profissionalização e o
ordenamento do setor, foi o ponto central da problemática desta pesquisa.
Constatou-se a ausência de ações que permitiriam construir bases sólidas para que
o seu desenvolvimento fosse constante e produzisse resultados positivos e
duradouros para todos os envolvidos: turistas, empreendedores e população local.
A iniciativa pioneira do GETER, visou suprir as lacunas percebidas no
desenvolvimento da atividade, através de um trabalho conjunto entre
empreendedores do setor, e serve como o caso a ser estudado, a fim de analisar o
papel das redes para que esse objetivo seja atingido.
Portanto, a pergunta central desta pesquisa foi:
De que maneira a aplicação do
formato de organização em rede, contribui para o desenvolvimento satisfatório
da atividade turística no espaço rural, bem como, quais fatores são inibidores
de melhores resultados previstos neste formato de organização?
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Analisar o papel das redes, como forma de organização, no desenvolvimento
da atividade turística realizada no espaço rural.
1.3.2 Objetivos específicos
Correlacionar os conceitos de organização em redes ao setor turístico, a partir
dos casos de organizações em redes criadas com o objetivo de desenvolver o
turismo, no Brasil e no exterior;
Caracterizar o GETER Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço
Rural, sob os aspectos de localização, formação, agentes envolvidos,
objetivos propostos e alcançados;
20
Verificar a percepção dos atores envolvidos no GETER Grupo de
Empreendedores do Turismo no Espaço Rural, quanto às contribuições e
limitações da aplicação da organização em rede na alavancagem da atividade
turística rural dos empreendimentos participantes.
1.4 Metodologia
O objeto deste estudo está compreendido no âmbito das ciências sociais, onde o
principal ator é o ser humano e suas inter-relações com o meio no qual está inserido.
Laville & Dionne (1999) defendem o caráter não previsível das ações humanas,
tornando difícil a submissão de fatos humanos / sociais à experimentação, como o
observado no universo sico, onde, através da repetição de um fenômeno, é
possível a formulação de leis. Justifica-se, assim, a adoção do método qualitativo de
pesquisa.
Quanto ao seu objetivo, ainda segundo Laville & Dionne (1999), esta pesquisa
classifica-se como explicativa, pois visa compreender o papel do formato da
organização em rede aplicado no desenvolvimento do turismo realizado no espaço
rural, seja através de seus pontos positivos, seja através das limitações percebidas.
Para tanto, faz uso da pesquisa exploratória, visto utilizar-se do conhecimento
acumulado e sistematizado sobre o assunto, e também da pesquisa descritiva, que
fornece as características do objeto estudado.
1.4.1 Procedimento da pesquisa
A primeira parte da pesquisa constituiu-se no levantamento teórico dos temas
“redes” e “turismo no espaço rural”. Esse levantamento, obtido através de livros e
artigos científicos de autores nacionais e estrangeiros e teses e dissertações
apresentadas à universidades brasileiras, formaram o referencial teórico sobre o
qual os resultados da pesquisa são apoiados.
A estratégia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso, ancorado nos procedimentos
descritos por Yin (2005), a fim de eliminar, ou ao menos reduzir os efeitos negativos
atribuídos à esta estratégia de pesquisa. Yin denomina esses efeitos negativos
como preconceitos. Os mais recorrentes são:
21
“A falta de rigor da pesquisa”: essa característica é observada em alguns
pesquisadores negligentes e tendenciosos; justificada, em parte, pela ausência,
até recentemente, de literatura que conduzisse o pesquisador nesta estratégia de
pesquisa;
“Estudos de casos fornecem pouca base para fazer uma generalização
científica”: a este argumento, Yin (2005) responde que o estudo de caso não
representa uma amostragem, assim seu objetivo é expandir e generalizar teorias,
e não enumerar freqüências, como acontece com experimentos em um
laboratório.
A escolha pela estratégia “estudo de caso” é justificada, segundo Yin (2005, p. 19),
por algumas características da pesquisa, destacando-se casos em que se utilizam
questões do tipo “como” e “porque”; quando pouco controle sobre os
acontecimentos por parte do pesquisador e quando o foco da pesquisa recai sobre
fenômenos contemporâneos. Assim, a necessidade de compreender o papel das
organizações em rede no desenvolvimento do turismo no espaço rural, congrega
todas essas características.
“...a clara necessidade pelos estudos de caso surge do desejo de se
compreender fenômenos sociais complexos... O estudo de caso permite
uma investigação para se preservar as características holísticas e
significativas dos acontecimentos da vida real tais como ciclo de vidas
individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças
ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de
setores econômicos.” (YIN, 2005, p.20)
Este estudo de caso teve caráter explanatório, e o apenas exploratório, pois
objetivava entender como a organização em rede contribui no desenvolvimento da
atividade turística no espaço rural e, além de explicitar limitações percebidas,
procura compreender porque elas ocorrem.
O material utilizado no estudo de caso é proveniente de documentos que atestam os
compromissos assumidos e as ações realizadas pelos envolvidos no GETER –
Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural. Além disso, como
22
importante fonte de análise, tem-se o conjunto das entrevistas semi-estruturadas
junto aos coordenadores e aos participantes do projeto, base para a aplicação da
técnica de análise escolhida: o Discurso do Sujeito Coletivo. A elaboração das
questões para estas entrevistas considerou a revisão teórica procedida e sua
relação com os objetivos da pesquisa, resultando no caminho para se compreender
o papel da organização em rede no desenvolvimento da atividade turística no
espaço rural. Embora o universo abarcado pela pesquisa não seja demasiadamente
extenso (35 empreendimentos participantes do GETER), sua dispersão geográfica e
questões que conduzem à reflexões às vezes longa, torna onerosa e trabalhosa a
investigação integral de toda a população. Assim, optou-se por ouvir representantes
de empreendimentos participantes de uma, duas ou três edições dos mapas
publicados pela rede, seu resultado mais visível, além dos dois coordenadores do
projeto. Essa postura é alicerçada em Lefèvre & Lefèvre (2003, p.38), que em
situações similares a encontrada nesta pesquisa, defendem que “o pesquisador
pode proceder a uma escolha intencional dos sujeitos a serem pesquisados.”
1.4.2 Organização, análise e interpretação dos dados
Ao conjunto de entrevistas realizadas com coordenadores e integrantes do GETER
foi aplicada a técnica do DSC Discurso do Sujeito Coletivo, “uma proposta de
organização e tabulação de dados qualitativos de natureza verbal, obtidos de
depoimentos, artigos de jornal, matérias de revistas semanais, cartas, papers,
revistas especializadas, etc.” (LEFÉVRE & LEFÉVRE, 2003, p. 15-16).
A utilização do DSC justifica-se pelo caráter qualitativo das informações coletadas de
forma individual, sendo necessário transformá-las em um único discurso
representativo da coletividade, obtido pela escolha das expressões-chave (ECH),
que contêm as mesmas idéias centrais (IC) ou ancoragem (AC), ou seja, discursos
alicerçados nos mesmos pressupostos, teorias, conceitos ou hipóteses.
O resultado do DSC é um discurso-síntese redigido na primeira pessoa do singular,
revelador do pensamento coletivo sobre determinado tema / assunto / questão,
mantendo, porém, o discurso individual. O processo para se chegar ao DSC
pressupõe um exaustivo trabalho de síntese dos discursos obtidos nas entrevistas,
até que se obtenha uma representação social sobre um fenômeno.
23
Ainda que o tema desta pesquisa remeta à questão de gestão, o fato dos
participantes deste estudo de caso não serem, em sua maioria, administradores por
formação ou experiência, e da atividade turística constituir-se, para eles, em um
novo negócio tanto no sentido temporal como setorial, e do ineditismo da
experiência, ou seja, a utilização do formato de organização em rede, pela iniciativa
privada, no contexto do turismo no espaço rural, justifica-se a escolha desta
estratégia como meio para perceber tanto as contribuições como as limitações da
organização em rede no desenvolvimento da atividade analisada, a partir das
percepções dos envolvidos, visto o componente humano ser essencial no
desenvolvimento do trabalho em rede, como pode ser atestado no levantamento
teórico realizado sobre o tema.
24
2 A ORGANIZAÇÃO EM REDE
O termo redes traz em si um complexo emaranhado de conceitos e usos pelas mais
diversas esferas da sociedade civil e áreas do saber. O estudo da organização dos
seres vivos revela a conectividade existente e imprescindível para integridade do
funcionamento de um organismo vivo. Capra (1996, p.77) afirma que “onde quer
que encontremos sistemas vivos organismos, partes de organismos ou
comunidades de organismos – podemos observar que seus componentes estão
arranjados a maneira de rede (...) O padrão da vida, poderíamos dizer, é um padrão
de rede capaz de auto-organização.”
Essa afirmação nos conduz então ao estudo dos sistemas, pois, conforme
demonstrado por Anjos (2004), sistema e rede estão interligados, visto a segunda
ser o padrão formal das organizações que sustenta o sistema.
As noções de redes, originárias da Biologia, foram transpostas para outras esferas
do conhecimento, revelando opiniões diversas de seus estudiosos. Duas teorias têm
servido de base para esses estudos: a Teoria Geral dos Sistemas e a Autopoiese.
Ludwig von Bertalanffy, formulador da Teoria Geral dos Sistemas, defende a
característica aberta dos sistemas e afirma que “os fenômenos sociais devem ser
considerados como sistemas, por mais difíceis e mal-estabelecidas que sejam
atualmente as definições das entidades sócio-culturais” (1977, p. 23). Maturana &
Varela (1997), formuladores do conceito de autopoiese, relacionada à organização
circular do vivo, reconhecem a utilização de sua teoria por outros estudiosos
(CAPRA, 1996; 2005; MORGAN, 1996), que a transpõem para outros campos do
saber, inclusive as ciências sociais; porém, deixam claro a limitação dessa
utilização/apropriação, visto as sociedades humanas possuírem aspectos que vão
além dos observados em organismos vivos: elas apresentam também a dimensão
do significado, que lhes confere o grau máximo de existência independente, pois
cada sociedade cria seus próprios valores, constituindo-se em parâmetros sobre os
quais suas ações são conduzidas, característica esta não observada em organismos
celulares.
25
Apesar da controvérsia sobre a transposição da teoria da autopoiese para o campo
social, a utilização do conceito de redes e de organizações em redes pela sociedade
civil é fato. O processo da globalização, em especial o de globalização econômica,
que previa-se conduzir a um estágio superior de desenvolvimento, beneficiando as
populações das mais diferentes nações, ricas ou pobres, e que, entretanto, fez
aprofundar o fosso entre ambas (CASTELLS, 2003), conduziu a utilização desses
conceitos como estratégia e meio de sobrevivência para diversas organizações civis,
situadas em diferentes setores da economia, ONG’s Organizações Não-
Governamentais, OSCIP’s Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
etc.
Castells (2003, p. 565), em sua análise sobre a utilização do conceito de redes na
sociedade civil, afirma que “redes constituem a nova morfologia social de nossas
sociedades e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação
e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura.
Na transposição do conceito de redes para o universo dos negócios, algumas
denominações recebidas são: redes de cooperação, aglomerados, aglomerações,
arranjos cooperativos, associativismo, arranjos produtivos locais e clusters. Essas
organizações visam a qualificação, a atualização e o aperfeiçoamento constante de
seus membros, a fim de competirem em um mundo globalizado, e
conseqüentemente exigente quanto à qualidade dos produtos e serviços
consumidos.
A organização de empresas no formato de redes é estudada por alguns autores.
Dentre eles destaca-se Porter (1999, P.210), que utilizando o termo “aglomerados”,
afirma que estes são “concentrações geográficas de empresas inter-relacionadas,
fornecedores especializados, prestadores de serviços, empresas em setores
correlatos e outras instituições específicas (universidades, órgãos de normatização e
associações comerciais), que competem mas também cooperam entre si.”
Mendonça (1986) entende rede como a mola motriz do sistema produtivo, pois está
tanto na super como na infra-estrutura, existindo um sistema de fluxos e conexões
que delineia a organização de determinado espaço. O autor também analisa redes
26
sob o aspecto de organização social, como meio de congregar esforços de
diferentes origens e objetivos, geralmente relacionados à questões ambientais e
sociais.
O GETER Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural, organizou-se
no formato de rede para viabilizar melhorias e a própria viabilidade da atividade
turística nesse espaço. A rede possibilitaria a troca de informações, acesso a novas
informações, crédito e maior visibilidade dos participantes no mercado.
2.1 Sistemas
O item sobre “sistemas” será subdividido em dois pontos distintos, obedecendo à
ordem cronológica da formulação das teorias e conseqüentemente refletindo o
avanço alcançado no estudo do tema.
Primeiramente, será apresentada a “Teoria Geral dos Sistemas” de Ludwig von
Bertalanffy, biólogo que introduziu a abordagem sistêmica (holística, totalitária,
organísmica) no pensamento científico das mais diversas áreas do saber naturais
e sociais.
Em seguida será apresentada a teoria desenvolvida por dois biólogos chilenos,
Humberto Maturana e Francisco Varela, segundo a qual admite-se os organismos
como ambientes autônomos e organizacionalmente fechados, porém fazendo parte
de um ambiente maior com o qual se inter-relacionam. (MATURANA & VARELA,
1997; 2001). Embora essa teoria, denominada autopoiese tenha sido desenvolvida
pensando-se em organismos biológicos, ela foi transposta para o campo social por
diversos outros autores, dentre os quais Capra (1996; 2005), Luhman (apud CAPRA,
1996), Morgan (1996) e significou a base sobre a qual se assentam novas
perspectivas para a compreensão da vida, em seu mais amplo sentido (biológico,
econômico, social, político, etc.).
2.1.1 Teoria geral dos sistemas
O conceito de sistemas, segundo Bertalanffy (1977), começou a ganhar maior
importância no período da Segunda Guerra Mundial, quando novas tecnologias
27
exigiram a união de componentes de diferentes áreas do saber e a relação entre
homem e máquina tornou-se mais complexa. O considerável aumento do tráfego
aéreo e de automóveis, por exemplo, exigiu planejamento e organização. Mas o
enfoque sistêmico também tornou-se necessário no campo político, no tratamento
de problemas como a poluição do ar e da água, o crime organizado, a delinqüência
juvenil, entre outros. Enfim, a revolução tecnológica ultrapassou seus próprios
limites, reorientando o pensamento científico, ao tratar todos os campos do
conhecimento de maneira sistêmica.
A base do estudo de Bertalanffy é a Biologia, por ser esta sua formação acadêmica.
Assim, ele descreve que na concepção mecanicista, adotada anteriormente pela
Biologia, estudava-se partes e processos isoladamente, a concepção organísmica
entende “o comportamento das partes diferente quando estudado isoladamente e
quando tratado no todo. (BERTALANFFY, 1977, p.53). Essa afirmação traz
implícita a idéia de sistema, entendido como o conjunto de elementos em interação,
além da característica aberta dos sistemas, defendida pelo autor.
Bertalanffy (1977, P. 193) afirma que “o organismo vivo mantém-se numa contínua
troca de componentes... o sistema aberto define-se como um sistema em troca de
matéria com seu ambiente apresentando importação e exportação, construção e
demolição dos materiais que o compõem.”
Beni (2003) ao sistematizar a atividade turística, utilizou a Teoria Geral dos Sistemas
como vetor de seu estudo, baseado na premissa de que não é possível entender
qualquer fenômeno que seja, incluindo o turismo, quando isolado de seu contexto.
Ele destaca os princípios observados por Bertalanffy como presentes em todos os
níveis de um sistema: a integralidade e a auto-organização.
Bertalanffy (1977, p. 254) refuta todos os conceitos adotados pela concepção
mecanicista:
O esquema estímulo-resposta é inválido por não considerar grande parte do
comportamento como resultante de atividades espontâneas;
O ambientalismo simplesmente ignora o fato dos seres humanos serem
diferentes uns dos outros;
28
O princípio do equilíbrio considera a manutenção do equilíbrio, quando o
essencial, em um sistema aberto, é a manutenção do desequilíbrio;
O princípio da economia, segundo o qual despende-se o mínimo de energia
mental ou vital no desenvolvimento de qualquer atividade, invalida o próprio
processo de desenvolvimento da humanidade/ sociedade.
O homem é então considerado um ser ativo, criador de seu próprio universo.
Diferentemente de outros elementos encontrados na natureza, esta análise
comporta também o elemento “cultura”. O sistema social é repleto de símbolos e
valores que governam o comportamento humano. (BERTALANFFY, 1977, p. 262)
2.1.2
Teoria da
Autopoiese
Uma outra abordagem sobre sistemas foi proposta pelos biólogos chilenos Humberto
Maturana e Francisco Varela no início da década de 1970, que cunharam o termo
autopoiese auto-criação, para referir-se à organização do ser vivo. A
preocupação desses biólogos foi entender como a vida se forma, ou como ela se
caracteriza. O ponto de partida para esta análise foi a abordagem mecanicista, visto
ser importante estudar os componentes de um ser vivo, porém destacando os
processos e as relações entre os processos realizados por meio desses
componentes, ou seja, o pensamento norteador de toda análise foi o sistêmico.
A diferença fundamental no estudo de Maturana & Varela em relação aos estudos
realizados até então, e que resultou em uma perspectiva de análise totalmente nova,
foi o de procurar entender os fenômenos a partir de sua logística interna, e não
como observadores do fenômeno, metodologia freqüentemente adotada até então,
inclusive por Bertalanffy. O avanço teórico apresentado por esses dois biólogos foi o
de que sistemas vivos são organizacionalmente fechados, fazendo referência
somente a eles mesmos, ainda que existam dentro de outros ambientes, e que o
fundamental é o inter-relacionamento existente. Assim, Maturana & Varela (1997,
p.15) escrevem que o ser vivo é:
“uma dinâmica molecular, um processo que acontece como unidade separada e
singular como resultado do operar, e no operar, das diferentes classes de
moléculas que a compõem, em um interjogo de interações de relações de
proximidade que o especificam e realizam como uma rede fechada de câmbio e
29
sínteses moleculares que produzem as mesmas classes de moléculas que o
constituem, configurando uma dinâmica que ao mesmo tempo especifica em
cada instante seus limites e extensão.”
É a esta rede de componentes que se denomina autopoiese. São três os
determinantes de um sistema autopoiético: autonomia, circularidade e auto-
referência. Esses determinantes coexistem dentro de um sistema
organizacionalmente fechado, inserido em um sistema maior, cujas alterações,
porém, são determinadas internamente.
A autonomia apresenta-se através do esforço dos sistemas vivos subordinarem
todas as mudanças que ocorrem em seu ambiente à conservação de sua própria
organização
1
. Assim, sua identidade é mantida independentemente de suas
interações com um observador.
A circularidade e a auto-referência são mais facilmente compreendidas
conjuntamente. Gareth Morgan (1996, p. 243), ao utilizar a metáfora em que
organizações são vistas como fluxo e transformação, afirma, baseado na teoria da
autopoiese, que sistemas vivos engajam-se
“em padrões circulares de interações nos quais mudanças em um
elemento do sistema se acham casadas com mudanças em todas as
outras partes do sistema, estabelecendo padrões contínuos de interação
que são sempre auto-referentes. São auto-referentes pois um sistema
não pode entrar em interações que não estejam especificadas dentro do
padrão de relações que definem a sua organização. Assim, a interação
de um sistema com seu “ambiente” é, na realidade, um reflexo e parte da
sua própria organização.”
Desta forma, as alterações ocorridas em um ambiente não são resultados das
flutuações externas, mas sim de flutuações ocorridas no próprio ambiente
(ambientes dentro de ambientes) daquele organismo, e que ele “decide” adotar com
as devidas modificações necessárias para manter sua identidade.
Capra sintetiza essas três características ao afirmar que “as redes vivas criam ou
recriam a si mesmas continuamente mediante a transformação ou a substituição de
1
O termo ambiente, neste contexto, refere-se ao ambiente maior do qual um organismo faz
parte.
30
seus componentes. Dessa maneira, sofrem mudanças estruturais contínuas ao
mesmo tempo que preservam seus padrões de organização, que sempre se
assemelham a teias.” (2005, p.27)
Maturana & Varela, defensores da teoria da autopoiese, deixam claro que o objeto
de análise de seus estudos é restrito à Biologia, não sendo possível, ao menos para
eles, fazer afirmações mais elaboradas sobre a organização em outros esferas,
como a social, por exemplo. Em “A Árvore do Conhecimento” (MATURANA;
VARELA, 2001), os autores escrevem sobre a utilização do conceito de autopoiese
em organismos multicelulares (organismos, ecossistemas, sociedades): o que
podemos dizer é que [sistemas multicelulares] têm fechamento operacional na sua
organização: sua identidade é especificada por uma rede de processos dinâmicos
cujos efeitos não abandonam a rede. Mas, com relação à forma explícita dessa
organização, não falaremos mais” (MATURANA & VARELA, 2001, p.52 ). Ou seja,
admitem que o conceito de fechamento organizativo, inserido na Teoria da
Autopoiese, possa ser estendido a todos os sistemas vivos, porém a autopoiese em
si, é restrita às redes celulares.
Outros autores, porém, têm aplicado a teoria da autopoiese aos mais diferentes
campos do saber. Capra (1996, p. 171) destaca a característica diferenciada dos
sistemas sociais humanos que além de existirem em um domínio físico, governado
por leis inquebráveis da natureza, também existem em um domínio social simbólico,
onde regras sociais podem ser quebradas. Diferentemente de um organismo
molecular, cuja fronteira é delimitada por uma membrana, a fronteira dos sistemas
sociais são as expectativas, as confidências, a lealdade,... valores que diferenciam-
se de uma comunidade para outra. Para ele, a dimensão do significado é o
diferencial na compreensão dos sistemas sociais, visto todas as ações, sejam de um
indivíduo ou de uma comunidade, estarem diretamente relacionadas a um objetivo.
Luhmann (apud CAPRA, 1996, p.172), sociólogo alemão, concebe a comunicação
como determinante da rede autopoiética em um processo social: “os sistemas
sociais usam a comunicação como seu modo particular de reprodução autopoiética.
Seus elementos são comunicações que são... produzidas e reproduzidas por uma
rede de comunicações e que não pode existir fora dessa rede.” Capra (2005,
31
p.94) afirma que “redes sociais são antes de mais nada, redes de comunicação que
envolvem a linguagem simbólica, os limites culturais, as relações de poder e assim
por diante”. Ao relacionarmos o processo de comunicação com a dimensão do
significado, percebemos que as mudanças em uma comunidade estão vinculadas
aos seus valores que, através de uma rede de comunicações, podem ser
negociadas, porém sempre dependentes de fatores internos, ou seja, de suas
estruturas sociais. Fatos externos podem apenas perturbar a dinâmica de uma
comunidade, cuja estrutura (identidade cultural) determinará se essa perturbação
levará ou não à alterações em suas regras de comportamento.
Na área da gestão, Morgan (1996, p. 246) ao utilizar a autopoiese metaforicamente
para a compreensão das organizações, destaca a tentativa dessas em atingir uma
forma de confinamento auto-referencial em relação aos seus ambientes, a
problemática em manter um tipo de identidade ao lidar com seus ambientes e o
vínculo existente entre a evolução das organizações, sua identidade e sua forma de
relações com o mundo exterior.
Capra (2005) justifica a utilização da compreensão sistêmica ao domínio social
através da constatação de que a própria evolução dos diversos sistemas vivos
sempre ter ocorrido utilizando-se do padrão em rede. Embora esse padrão se torne
cada vez mais elaborado, em sua essência continua apresentando as mesmas
características das mais simples estruturas biológicas.
2.2 Redes
O pensamento de Capra que finaliza o item antecedente a este, mais do que
conduzir ao estudo de redes, interconecta os temas sistemas e redes apresentados
aqui seqüencialmente, e amplia seu conceito (redes) para o domínio da sociedade
civil, objeto de análise deste estudo.
Como mencionado, Castells, em uma análise crítica da sociedade civil global na
atualidade, considera a organização em rede o novo formato de organização social.
Paradoxalmente, atribui à rede, cujos princípios pressupõem a participação
igualitária e a inclusão sem barreiras de número irrestrito de integrantes, a
32
responsabilidade pela exclusão de sociedades e empresas situadas ao largo da
nova morfologia social e financeira: “a construção social das novas formas
dominantes de espaço e tempo desenvolve uma meta-rede que ignora as funções
não essenciais, os grupos sociais subordinados e os territórios desvalorizados...cada
vez mais, a nova ordem social, a sociedade em rede, parece uma meta-desordem
social para a maior parte das pessoas.” (2003, p. 573)
Para o objetivo deste estudo, a importância da análise de Castells consiste na
constatação da organização em rede como elemento intrínseco à sociedade global
atual. O caráter negativo de sua análise, enfatiza ainda mais a importância de
estudos acerca de redes, suas contribuições e limitações como vetor de
desenvolvimento para sociedades como um todo. Para alcançar este fim, é
necessário conhecer os princípios sicos que norteiam a formação de uma rede e
sua aplicabilidade.
A WWF-Brasil, em um estudo sobre redes publicado no ano de 2003, apresenta e
analisa a morfologia de redes, baseada na organização de redes sociais, na qual a
própria WWF está inserida. Para ela, “as redes tornaram-se a principal forma de
expressão e organização coletiva, no plano político e na articulação de ações de
grande envergadura, de âmbito nacional ou internacional, das ONG’s e dos novos
movimentos sociais.” (WWF-Brasil-b, 2003, p.11)
2.2.1 Morfologia das redes
Como mencionado no início deste capítulo, o conceito de redes é originário da
Biologia, e é a partir dessa área do saber que é possível conhecer sua morfologia, e
depois aplicá-la em outras áreas, procedendo às adaptações necessárias. duas
propriedades creditadas como próprias e essenciais à caracterização de uma
organização em rede: auto-organização e horizontalidade, cuja separação em
tópicos distintos obedece apenas a critérios metodológicos, não ocorrendo na
prática.
2.2.1.1 Auto-organização
Uma definição bastante simples de rede é um agrupamento de pontos (ou nós) que
se ligam a outros pontos por meio de linhas” (WWF-Brasil-b, 2003, p.15). A
33
simplicidade desta definição revela a essência de uma rede, mas para melhor
entender seu funcionamento, é preciso aprofundar sua análise.
Fig. 1: Representação de Rede
Fonte: WWF-Brasil
O primeiro aspecto a considerar é que em uma rede, embora os pontos sejam
imprescindíveis, ela não existe sem que esses pontos estejam ligados; assim, as
conexões o mais importantes que os pontos. Os pontos, por si , não se
configuram em uma rede, pois ao não estarem conectados, são simples pontos
isolados, que não se beneficiam da infinita troca de informações possibilitadas a
partir do momento que estes pontos estejam inter-relacionados.
As relações (ligações) contidas em uma rede, conforme afirma Capra (1996), se
estendem em todas as direções, configurando sua não-linearidade, conforme pode
ser atestado na figura 1. Não é necessário que cada ponto estabeleça uma relação
direta com todos os demais, porém sempre haverá um caminho a percorrer para se
chegar ao ponto desejado, melhor dizendo, que abranja todos os envolvidos.
Esse aspecto da rede, que permite que uma informação percorra um caminho cíclico
dentro da rede, conduz à realimentação, contribuindo para que os erros cometidos
sejam rapidamente identificados e corrigidos por todos os participantes da rede.
Essa característica confere à rede uma capacidade de auto-organização, ou seja,
qualquer alteração ou nova informação se espalha pela rede, através de conexões
estabelecidas, resultando em sua atualização constante. A rede constitui-se,
portanto, em uma forma de organização.
34
Por outro lado, se um desses pontos isolar-se, não participando da trama da rede,
além de não contribuir para a maximização de resultados que este tipo de
organização pode auferir, se distanciará cada vez mais do padrão alcançado pelos
demais, conduzindo a uma provável estagnação de sua atividade. Esse aspecto,
quando transportado ao universo dos negócios, é válido principalmente para
pequenas e médias empresas.
Outro aspecto importante na análise da morfologia de uma rede é a densidade das
conexões entre seus pontos - “a medida da rede é o número de conexões, não de
pontos” (WWF-Brasil-b, 2003, p.19). Um sistema se caracteriza pela interação de
seus elementos. Uma rede pode ter poucos pontos, mas se todos eles estiverem
interligados diretamente, essa rede terá alcançado o grau máximo de conexões, ou
seja, mais compacta, coesa, e integrada ela será, e conseqüentemente, mais ativa.
Em uma rede social, ou uma rede de pequenas e médias empresas, a comunicação
é o meio pelo qual essas ligações se estabelecem, tornando importante a
viabilização de oportunidades onde essas comunicações aconteçam, sejam elas
através de meio-eletrônico, reuniões, cursos, convenções.
O estudo da WWF-Brasil defende o pressuposto de que uma rede só aparece
quando é acionada, ou seja, ela existe de forma invisível e à medida que um
objetivo, uma missão emerge no âmbito social, a comunidade abrangida é colocada
em ação. Esse pressuposto é certamente válido quando referente a objetivos
sociais, como nos casos de calamidade pública, em que se necessita ajudar vítimas
de uma enchente, por exemplo. Em redes de pequenas e médias empresas, a
conexão deve ser constante e os objetivos comuns renovados para que o interesse
das empresas em fazer parte de uma rede seja mantido, ou ainda, para que a rede
continue possuindo uma razão de ser.
2.2.1.2 Horizontalidade
Recorrendo novamente à figura de uma rede (figura 1), percebemos, primeiramente,
sua horizontalidade, ou seja, não uma esfera controladora situada em um ponto
superior aos demais. Essa afirmação é justificada pela origem do estudo de redes
na Biologia, pois, na natureza, não acima ou abaixo, apenas redes dentro de
35
redes. Assim, é possível afirmar que “rede produz horizontalidade e a
horizontalidade produz rede.” (WWF-Brasil, 2003, p.17).
O segundo aspecto relacionado à horizontalidade da rede, é a ausência de centro e
conseqüentemente, de periferia, ou seja, “todos são iguais perante um mesmo
conjunto de normas e seguem a mesma lei de maneiras indistintas” (WWF-Brasil,
2003, p.45). Ao mesmo tempo em que todos são donos da rede, ela não é
propriedade de ninguém. Por outro lado, é possível afirmar que existem vários
centros dentro de uma rede, que se destacam de acordo com o objetivo mais
urgente.
Um terceiro aspecto relacionado à horizontalidade de uma rede é a de que não é
possível delimitar as conexões estabelecidas pelos seus integrantes. Redes têm
caráter dinâmico, elas se reconstroem a todo momento, sendo a auto-organização
um aspecto importante de sua morfologia, como visto. Assim, pode-se dizer que
redes são um sistema aberto, à medida que é possível apenas acompanhar, e não
controlar, sua evolução; porém, é fechado quando se considera sua área de
atuação, ou seja, no caso de redes sociais por exemplo, um número ilimitado de
pessoas pode participar de uma rede, assim como uma pessoa pode participar de
um número ilimitado de rede, porém, cada rede apresenta seus limites,
estabelecidos de acordo com sua razão de ser.
Ao focar organizações civis, percebemos que nem todos os aspectos sobre o caráter
horizontal de redes são possíveis de serem visualizados. Nestes ambientes ainda
se faz necessária a presença do poder, ainda que diferenciado do tradicionalmente
existente em uma estrutura vertical onde a determinação do que deve ser feito é
geralmente imposto de cima para baixo.
Assim, embora a presença do poder o fique imunizada em organizações civis que
assumem o formato de redes, ele tende a se diluir, dado o caráter democrático das
rede, onde cada integrante desempenha importante papel no desempenho do todo.
A existência de um mecanismo que facilite e agilize a operacionalidade da rede,
viabilizado através de uma secretaria executiva, por exemplo, deve ser
36
constantemente monitorado a fim de que não migre para uma função controladora,
desfigurando a própria rede.
2.3 As redes de pequenas e médias empresas
Com base nas teorias apresentadas sobre sistemas e nos estudos sobre a
configuração em rede, válida para organismos vivos e aplicada e adaptada à
organizações civis, é possível proceder a uma análise sobre o processo em que
pequenas e médias empresas passaram a utilizar o formato de organização em rede
no esforço de atingir seus objetivos e no próprio esforço de permanecer no
mercado.
2.3 .1
Contextualização histórica para o advento de redes de empresas
Andion (2003) apresenta um retrospecto sobre as relações que moldaram o
desenvolvimento da sociedade até a atualidade, através do qual é possível
perceber a proximidade entre os conceitos de desenvolvimento e crescimento
econômico, que vigororaram do advento do capitalismo, mais propriamente da
transição do mercantilismo para o capitalismo, no século XVIII, à última cada do
século XX.
Na Antiguidade e na Idade Média, o desenvolvimento harmonioso de uma sociedade
estava diretamente relacionado ao objetivo comum que os membros dessa
sociedade compartilhavam, e conseqüentemente à existência de cidadãos virtuosos,
corajosos, honestos e voltados ao interesse geral. A partir do advento do
capitalismo, valores relacionados a interesses pessoais, como ambição e
acumulação, foram legitimados, pois o comércio adquiriu status de promotor do
desenvolvimento social, ou seja, o desenvolvimento foi atrelado ao bom
desempenho econômico de uma sociedade. A divergência entre os pensadores
desse período era sobre quem exercia o controle do processo de regulação: se a
esfera pública ou privada.
A crise de 1930, conhecida como a Grande Depressão, ocasionou nova evolução no
pensamento econômico, tendo como principal pensador John Maynard Keynes, que
37
ao refletir sobre os graves problemas do capitalismo e do liberalismo, propôs a
participação do Estado na economia - o intervencionismo, a fim de “compensar o
declínio dos investimentos privados nos períodos depressivos das crises
econômicas” (ROSSETTI, 1987, p. 104).
Nas décadas de 1950 e 1960, um modelo de desenvolvimento conhecido como
fordista, alicerçado no papel do Estado como promotor e garantidor dos direitos
sociais básicos e no livre mercado como gerador e distribuidor de riquezas, foi
adotado por grande parte dos países localizados no hemisfério norte e depois
transposto para os países do hemisfério sul e países do Leste. A recessão
econômica vivenciada nos anos 1970 colocou em xeque alguns elementos
essenciais à regulação do sistema capitalista vigente, e evidenciou a ineficácia de se
ter o crescimento econômico como único motor do desenvolvimento, mostrando
ainda, o aumento das desigualdades sociais, principalmente entre países do Norte e
do Sul, entre centro e periferia.
Assim, a década de 1980 foi o nascedouro de um novo pensamento acerca do
conceito de desenvolvimento. A adoção de um modelo único de desenvolvimento foi
descartada e as particularidades locais consideradas no plano de desenvolvimento
local e regional, enfatizando a parceria entre Estado, mercado e sociedade civil, e
adotando os conceitos-chave de sustentabilidade, território, participação da
sociedade civil e ênfase nos valores dessa sociedade.
Sachs, em sua análise acerca do desenvolvimento sustentável defende que é
preciso haver uma “harmonização de objetivos sociais, ambientais e econômicos”
(2000, p. 54) na formulação das estratégias desse tipo de desenvolvimento, que, por
sua vez, devem ser concebidas e aplicadas em conjunto com a população,
auxiliadas por políticas eficazes de responsabilização. O autor destaca oito critérios
de sustentabilidade a serem considerados: social, cultural, ecológico, ambiental,
territorial, econômico, e político – nacional e internacional.
O território deve ser visto como o espaço resultante da “interação entre o cidadão e
seu ambiente,... contém o passado (história), mas também as possibilidades futuras
de construção de uma nova realidade, a partir da participação dos atores e do uso
38
dos próprios recursos existentes no local (desenvolvimento endógeno).” (ANDION,
2003, p.1044). Em um ambiente globalizado, a capacidade de se construir redes de
reciprocidade e solidariedade cívicas entre os cidadãos de determinada região,
configura-se como um importante diferencial competitivo, pois induz à adoção de
estratégias coletivas de adaptação a novos cenários. Essa capacidade é
parcialmente vinculada à trajetória sócio-econômica e cultural da comunidade
pertencente à determinada região.
O modelo econômico cujas determinações são conduzidas de cima para baixo é
questionado, e em alguns casos, cede espaço para a ação coletiva, nas quais as
decisões são feitas a partir de uma articulação entre o local e o global, e consideram
as necessidades dos atores locais. Esses atores compreendem o Estado, o
mercado e a sociedade civil organizada.
É neste cenário que redes surgem como elementos essenciais na promoção do
desenvolvimento, capazes de abarcar a complexa teia de exigências que se tem na
atualidade, seja na busca de melhores resultados econômicos, sociais ou
ambientais, ou melhor, no conjunto de todos eles, visto redes preverem a
participação igualitária de um número irrestrito de participantes, que compartilham
um objetivo comum. Pequenas organizações são viabilizadas através de sua
inserção em redes, que, de outra forma, estariam ao largo da sociedade globalizada
atual. A eficácia do formato de organização em rede na viabilização da pequena
empresa é atestada por diversos autores que apresentam o caso italiano como o
exemplo mais ilustrativo, dentre os quais temos Amato Neto (2000); Casarotto Filho
& Pires (1998); Farah Jr (2001) e Lima (2005). A região da Emilia-Romagna, que na
década de 1950 vivenciou um quadro recessivo bastante grave, alcançou uma das
maiores rendas per capita da Itália, superior a US$25.000,00 (vinte e cinco mil
dólares), devido à característica associativista de suas empresas e à co-existência
da concorrência e cooperação entre elas, ocasionando sua inserção no mercado
global. É preciso porém, não universalizar o modelo italiano, pois ele acontece sob
condições especificas, não encontradas em outros locais.
O modelo italiano de redes está concentrado na “terceira Itália”, denominação
advinda das três configurações distintas de sua estrutura econômica: o triângulo
39
industrial tradicional do norte, a agricultura do centro-meridional-insular e as
pequenas e médias empresas do centro-norte-oriental. A terceira Itália, mas
especificamente as províncias de Bologna e Modena na região da Emilia-Romagna,
apresentam forte presença de movimentos cooperativos resultantes do pós-guerra e
uma influência histórica do partido comunista italiano na região, aspectos que
auxiliaram no processo de união de suas pequenas e médias empresas. A partir da
consciência da crise, da disposição de enfrentá-la e com o objetivo comum de
criação e produção de riqueza, pequenos e médios empresários da região iniciaram
o trabalho em rede, que lhes permitiu desenvolver um ambiente de cooperação, de
inovação e absorção dos avanços tecnológicos, resultando em sua inserção no
mercado global.
2.3.2 Sobre redes de pequenas e médias empresas
As análises sobre algumas experiências no campo de organizações em rede
permitem iniciar uma discussão teórica sobre o assunto. Redes podem assumir
aspectos diversos. Neste trabalho, aborda-se aqueles relacionados às redes
formadas por pequenas e médias empresas que possuam algum objetivo comum, e
que teriam maior dificuldade para atingi-lo, caso atuassem no mercado
isoladamente. Segundo Balestrin & Vargas (2004, p. 204)
“a configuração em rede promove ambiente favorável ao
compartilhamento de informações, de conhecimentos, de habilidades e de
recursos essenciais para os processos de inovação. A configuração em
rede consiste, então, em forma eficaz para as empresas alcançarem
competitividade nos mercados por meio de complexo ordenamento de
relacionamentos, em que as firmas estabelecem inter-relações.”
Diversas razões são citadas para justificar a criação de uma rede de pequenas e
médias empresas: Silva defende que “um sistema de cooperação interempresarial
auxilia a superar limitações, a crescer e a aumentar a competitividade e assim gerar
novas fontes de renda e emprego” (2003, p.4). Para Casarotto Filho & Pires, uma
rede é formada para “juntar esforços em funções em que se necessita de uma
escala maior e maior capacidade inovativa para sua viabilidade competitiva” (1998,
p.39). Amato Neto (2000) elenca uma série de necessidades das empresas que
podem ser atendidas através da cooperação interempresarial, como a utilização do
know-how de outras empresas, a realização de pesquisas tecnológicas conjuntas, a
40
partilha de riscos e custos na exploração de novas oportunidades, o fortalecimento
do poder de compra, entre outros. Ebers & Jarillo (1998) corroboram com os autores
acima e enfatizam também que determinadas circunstâncias podem levar os
interessados a atingir seus objetivos através de redes, inclusive aquelas decorrentes
das outras alternativas disponíveis, que podem não ser interessantes para os atores
envolvidos. Balestrin & Vargas (2004), além de citarem a criação de novos
mercados e o suporte de custos e riscos em pesquisas e desenvolvimento de novos
produtos para justificar a formação de uma rede, elencam ainda a “gestão da
informação e de tecnologias, a definição de marcas de qualidade, defesa de
interesse, ações de marketing, entre outros” (2004, p. 208); também apontam
algumas dificuldades que podem ser neutralizadas pela ação coletiva das PME’s,
como obtenção de melhores preços e vantagens na compra de matéria-prima e
componentes, custos de participação em feiras, custos de campanhas publicitárias,
custos de reciclagem e treinamento de mão-de-obra, atualização tecnológica,
acesso a linhas de crédito.
Quanto ao aspecto organizacional de redes de PME’s, não um modelo único a
ser seguido, porém um consenso sobre a importância dos vínculos informais que
se formam entre os participantes de uma rede, essenciais para que ela atinja seus
objetivos. Marcon e Moinet (apud BALESTRIN & VARGAS, 2004), apresentam um
mapa com as principais dimensões sobre as quais as redes são estruturadas (fig.2).
O eixo vertical é relacionado aos aspectos gerenciais, e o eixo horizontal ao grau de
formalização da rede.
Figura 2: Mapa de Orientação Conceitual
Fonte: Balestrin & Vargas (2004), adaptado do modelo de Marcon & Moinet
HIERARQUIA
(rede vertical)
CONTRATO CONIVÊNCIA
(rede formal (rede informal)
COOPERAÇÃO
(rede horizontal)
41
Uma rede é chamada vertical quando apresentar estrutura hierárquica, mais comum
em grandes organizações que adotam o tipo matriz/filial para estarem mais próximas
de seus clientes, e cujas filiais possuem pouca autonomia jurídica e administrativa.
Na outra ponta, podem assumir a dimensão da cooperação (rede horizontal). Neste
caso, cada empresa participante da rede mantém independência administrativa,
porém agem coletivamente na busca de seus objetivos comuns.
O eixo horizontal mostra que uma rede pode constituir-se formal ou informalmente.
O primeiro formato diz respeito aos casos de franquias e consórcios de exportação,
por exemplo, onde se faz necessário o estabelecimento de regras fixas de conduta
entre os atores. Por outro lado, quando uma rede é formada devido a interesses
mútuos de cooperação, ela assume a dimensão da conivência, não sendo
necessário o estabelecimento formal de regras, via constituição de contratos.
Hoffman; Molina-Morale; Fernandez-Martinez (2004) apresentam uma classificação
de redes baseada em quatro indicadores: direcionalidade, localização, formalização
e poder. Quanto à direcionalidade, redes podem ser verticais, quando cada
processo é realizado por empresas distintas; ou horizontais, quando constituída por
empresas que competem entre si, mas que objetivam os ganhos provenientes da
união entre as partes. Quanto à localização, redes são dispersas quando adotam
um processo de logística avançado que lhes permite superar os obstáculos
provenientes da distância, geralmente são constituídas por redes verticais; ou
podem ser aglomeradas, quando suas relações vão além das estritamente
comerciais, normalmente instituições de suporte empresarial fazem parte desse tipo
de rede. Quanto à formalização, redes podem apresentar forte base contratual,
como no caso de franquias, ou ter uma base não-contratual, estabelecida na
confiança existente ou gerada entre os membros da rede. O outro indicador para a
classificação de redes é o poder, que os autores classificam como orbital ou não-
orbital. O orbital é mais visualizado em grandes empresas, que apresentam um
centro de poder ao redor do qual as demais empresas circulam; o não-orbital
compreende capacidade igualitária para a tomada de decisão por parte de todos os
envolvidos – empresas trabalham de forma cooperada.
42
Mais do que denominar os diversos formatos que redes podem assumir, é
importante entender alguns fatores que contribuem para o sucesso de uma rede:
Cardoso (2002), Ebers & Jarillo (1998) e Endres (2003) discorrem sobre a
importância dos participantes de uma rede terem objetivos comuns, pois são estes
objetivos que alimentam e motivam a rede, são sua razão de existir.
Balestrin & Vargas (2004); Cardoso (2002); Endres (2003) e Silva (2003) falam
sobre a questão da confiança e da cooperação que devem existir entre os
participantes da rede e que devem reger as interações entre eles. A dimensão da
confiança possui um caráter bastante subjetivo e embora não possa ser
intencionalmente criada, pode-se criar um contexto para que ela floresça, através de
oportunidades para troca de idéias, informações e sugestões; é importante que haja
certa coerência entre seus participantes, no que se refere a tamanho das firmas,
processo e técnicas utilizadas; e que ocorra uma rotação de lideranças para
representar o conjunto de firmas. Essa relação de confiança e cooperação é
estabelecida a longo prazo e deve coexistir com a concorrência entre as firmas
participantes. Ela é essencial ainda para que ocorra o desenvolvimento de ações
estratégicas.
Farah Jr (2001) destaca a capacidade de inovar das empresas participantes de uma
rede, concretizada pela rápida absorção de novas tecnologias e adoção de novas
formas de gestão, que lhes garante maior flexibilidade e capacidade produtiva,
aumento de produtividade e redução de custos totais de produção. A tarefa de
inovar é bastante complexa para ser gerida por firmas isoladamente.
Para Balestrin & Vargas (2004) e Lima (2005) a fluidez, que possibilita a inovação
citada acima, é resultante das inter-relações possibilitadas pela rede, e acontecem
no espaço, no tempo, no âmbito social e organizacional. Essa fluidez é mais
facilmente percebida entre pequenas e médias empresas, que as estruturas
altamente verticais dificultam a fluidez das idéias e da inovação, pois quanto mais
níveis hierárquicos existem, mais filtros para que a fluidez das idéias (aconteça).”
(LIMA, 2005, p.6)
43
Outro fator essencial para o sucesso das redes é a capacidade de aprendizagem,
abordada por Balestrin & Vargas (2004), Ebers & Jarillo (1998), Molina-Morales &
Hoffmann (2002) e Teixeira (2002). A aprendizagem coletiva, percebida no contexto
das redes, faz com que cada participante evolua em função do outro. A
aprendizagem é viabilizada pela interação entre empresas e outras instituições
locais, como fomentadores do desenvolvimento e universidades. Caso as empresas
agissem isoladamente, dificilmente obteriam a mobilização desses atores em seu
benefício. Ebers & Jarillo (1998) destacam três tipos de relacionamentos em uma
rede: relações intra-organizacionais entre membros de uma mesma organização;
relações inter-organizacionais entre membros de diferentes organizações e relações
inter-organizacionais entre organizações e concluem que os dois primeiros tipos, por
serem personalizados, estão associados à geração de conhecimento e aprendizado
mútuo, visto a transferência de conhecimento parecer ser patrocinada mais por
justiça do que por contratos. Os relacionamentos pessoais entre membros de uma
rede podem acentuar a capacidade de aprendizado e melhorar a troca de
informações. O aprendizado é importante devido a diversos fatores, como a
diminuição do ciclo de vida dos produtos, consumidores melhores orientados e a
busca da qualidade.
Para sintetizar o marco teórico sobre redes de pequenas e médias empresas, é
interessante citar uma compilação apresentada por Balestrin & Vargas (2004, p.212)
acerca das características de uma rede horizontal de pequenas e médias empresas:
(1) é formada por um grupo de PME’s; (2) as PME’s situam-se
geograficamente próximas; (3) as PME’s operam em segmento específico
de mercado; (4) as relações entre as PME’s são horizontais e
cooperativas, prevalecendo mútua confiança; (5) a rede é formada por
indeterminado período de tempo; e (6) a coordenação da rede é exercida
a partir de mínimos instrumentos contratuais que garantam regras básicas
de governança.
Embora a obviedade de algumas características citadas; outras, como a relacionada
ao ciclo de vida das redes e instrumentos de governança, contribuem para a
reflexão do que se considera uma rede de sucesso: a eficácia da rede está
relacionada ao cumprimento de seus objetivos e o à sua longevidade, e redes são
uma forma alternativa às tradicionais formas de gestão, devendo-se portanto buscar
44
o ambiente propício à geração da confiança e da cooperação que induza a uma
forma de gestão que reduza custos de transações e permita a fluidez de informações
entre todos os participantes.
2.4 As regiões no contexto de redes
O formato de rede, preponderante principalmente no contexto financeiro mundial,
mas também em outras áreas, fez surgir novas abordagens sobre o conceito de
região. Esse, aliás, mutável ao longo do tempo, pois como afirma Bezzi (2004,
p.242), “o conceito de região deve ser analisado dentro do contexto histórico em
que foi emitido e da realidade em que então se situava” . A autora afirma ainda que
“por incorporar o tempo da natureza (substrato regional) e o das sociedades
(mediações humanas), o espaço vai conceder grande flexibilidade ao conceito de
região.” (Id, p. 243). O entendimento de região deve sempre abarcar a noção de
inter-relação entre os fenômenos físicos, humanos, políticos e econômicos.
Bezzi (2004), Correa (1995) e Gomes (1995), fazem uma retrospectiva do conceito
de região dentro das diversas Escolas Geográficas, revelando a evolução desta
reflexão, sempre vinculada ao respectivo período de sua formulação. Enquanto
Bezzi e Gomes preocupam-se mais especificamente com o tema “regiãodentro do
pensamento vigente em determinados períodos, Correa realiza um descrição mais
ampla sobre cada Escola Geográfica: Geografia Tradicional, Geografia Teorético-
Quantitativa (ou Nova Geografia), Geografia Crítica e Geografia Humanista e
Cultural.
Para a Geografia, região, juntamente com paisagem, espaço, lugar e território,
constituem-se em conceitos-chave no estudo da sociedade (CORREA, 1995). Em
uma retrospectiva histórica, Correa (1995), destaca a chamada
Geografia
Tradicional
, que perdurou aproximadamente 80 anos, entre as cadas de 1870 e
1950, e privilegiou os conceitos de paisagem e região, esta última analisada em
seus aspectos naturais, responsável pela diferenciação entre uma região e outra.
Bezzi (2004) destaca duas concepções principais nesta escola: região natural
(Escola Alemã), que enfatiza os aspectos físicos, através da relação homem-
natureza; e região humana ou geográfica (Escola Clássica Francesa), onde a
45
relação homem-natureza é direcionada pela ação transformadora humana sobre a
região, podendo utilizar a citação de L. Fébvre (apud Gomes, 1995, p. 56) como
expressão máxima: “o meio ambiente propõe, o homem dispõe.” . Os diferentes
pesos atribuídos à relação homem-natureza levaram à adoção de critérios diversos
para a delimitação das regiões, ocasionando uma multiplicidade conceitual, de
acordo com conveniências ideológicas. Esse fato é explicado em parte pelo período
relativo ao desenvolvimento da Geografia Tradicional, quando os estudos
ideográficos eram predominantes, prevalecendo as observações de fatos únicos às
generalizações, que poderiam conduzir à formulação de leis e teorias. Ainda assim,
a Geografia Tradicional traduziu-se em importante contribuição à ciência geográfica,
ao preservar a abordagem da relação homem-natureza, pois um recorte espacial
sempre deverá expressar as características do trabalho humano. Sobre os créditos
atribuídos à Geografia Tradicional, Bezzi (2004, p.246) afirma:
No conceito de região ou em sua manifestação, o pleno encontro do
homem, da cultura com o meio ambiente, a natureza; a região é a
materialidade dessa inter-relação, é também a forma localizada das
diferentes maneiras pelas quais essa inter-relação se realiza.
Seguiu-se à Geografia Tradicional, a
Geografia Teorético-Quantitativa
ou
Nova
Geografia (décadas de 1950 a início da década de 1970), que, calcada no
positivismo lógico, utilizou principalmente a Física para suas teorizações e a
Matemática para o desenvolvimento de modelos, aproximando-se
consideravelmente do método das ciências naturais. O conceito de região passou
a ser o “resultado de um processo de classificação de unidades espaciais segundo
procedimentos de agrupamento e divisão lógica com base em técnicas estatísticas.”
(CORREA, 1995, p. 20). O que se buscava, na verdade, eram generalizações
capazes de atribuir um caráter científico ao estudo de regiões, a fim de que estas se
constituíssem em categorias de análise. Surgiu assim dois tipos fundamentais de
região: a homogênea e a funcional ou polarizada.
As regiões homogêneas são relacionadas à uniformidade de características físicas,
econômicas, políticas, sociais, culturais, ou outras, de determinada área contígua no
espaço. Nas palavras de Gomes (1995, P.63), regiões homogêneas:
46
... partem da idéia de que ao selecionarmos variáveis verdadeiramente
estruturantes do espaço, os intervalos nas freqüências e na magnitude
destas variáveis, estatisticamente mensurados, definem espaços mais ou
menos homogêneos regiões isonômicas, isto é, divisões do espaço que
correspondem a verdadeiros níveis hierárquicos e significativos da
diferenciação espacial.
As regiões funcionais ou polarizadas são fruto das relações do capital sobre o
espaço, assim a uniformidade espacial não é mais determinante da estruturação do
espaço, mas sim as múltiplas relações que nele acontecem. O advento desta
concepção é atribuído principalmente à valorização das cidades como centros de
organização espacial, que agregam ainda outros centros urbanos menores sob suas
áreas de influência, surgindo então o esquema centro-periferia, válido tanto para o
âmbito municipal, regional, nacional ou mundial. Nessa concepção não é possível
deixar de salientar a valorização da vida econômica na determinação dos espaços,
através do sistema de trocas e fluxos que acontecem na área de influência de cada
centro polarizador, tendo os preceitos da Economia Neoclássica como base: a
eficiência econômica baseada na livre iniciativa, sem interferências prejudiciais do
Estado e o conceito de utilidade marginal decrescente, proposto por Alfred Marshall.
(ROSSETTTI, 1987, p.101; LAGE; MILONE, 2001, p. 27)
Para Correa (1995), se a Geografia Teorético-Quantitativa pode ser criticada pela
sua ênfase na questão da distância em detrimento da questão social, ela apresenta
méritos que permitem extrair um conhecimento sobre localizações e fluxos,
hierarquias e especializações funcionais, desde que não se considere os
pressupostos originalmente adotados por essa escola, como a racionalidade
econômica, a competição perfeita, a a-historicidade dos fenômenos sociais e a
planície isotrópica (superfície uniforme tanto em seus aspectos geomorfológicos,
climáticos, vegetais como sócio-econômicos).
A “crise” na Nova Geografia fez surgir a chamada
Geografia Crítica,
na década de
1970. Essa escola geográfica procurou romper laços tanto com a Geografia
Tradicional como com a Geografia Teorético-Quantitativa, e buscou na divisão sócio-
espacial do trabalho e no processo de acumulação capitalista a determinante da
identificação das diferentes regiões, utilizando-se sobremaneira de análises
marxistas. Para Bezzi (2004, p.180), “a Geografia crítica interessa-se pela análise
47
dos modos de produção e das formações sócio-econômicas como base para
explicação ou estruturação das distintas formações socioeconômicas espaciais que
devem ser analisadas e compreendidas para o melhor entendimento das regiões.”
Essa escola buscava uma solução para os problemas então vivenciados, como o
êxodo rural e a urbanização acelerada, por exemplo.
Gomes argumenta que, embora o discurso marxista tenha sido bastante utilizado
pelos seguidores desta Escola, ele, na verdade, apenas serviu como revestimento à
idéia evolucionista e mecanicista que continuou a prevalecer, visto os instrumentos
teóricos do materialismo histórico-dialético não terem resultado em um conceito de
região operacional.
Outras tendências surgidas na Geografia em meados dos anos setenta foram as
Geografias Humanista e Cultural
, ambas apoiadas na percepção e na
fenomenologia. A vertente humanista resgatou a noção de região como referência
fundamental na sociedade, contendo um digo social comum em determinada base
territorial, ou seja, a região é concebida como um espaço que deve ser vivenciado.
A vertente cultural é baseada em estudos da paisagem. Bezzi (2004, p. 206)
sintetiza assim essas novas tendências: ... a Geografia Humanístico-cultural
procura analisar de que modo os fatores culturais e a percepção interferem nas
ações de organização e de elaboração do espaço geográfico e também nos recortes
regionais.”
Dentro desta escola, Gilbert (apud BEZZI, 2004, p. 249) propõe um direcionamento
para o conceito de região, que dever ser vista como: a) uma resposta local aos
processos capitalistas; b) um foco de identificação cultural; c) um meio de
interação social. Essas três abordagens reforçam a idéia da diferenciação de áreas,
embora em tempos de globalização essas diferenciações sejam bastante sutis.
Ainda que o termo globalização remeta à idéia de uma economia unificada, uma
dinâmica cultural hegemônica e uma sociedade alicerçada em padrões globais; sob
um olhar mais profundo ele pode, na verdade, reforçar a diferenciação das partes.
Os estudos sobre região vêm sofrendo diversas adaptações nesse processo de
globalização, tanto pelo lado da escala em que passa a operar, como no sentido do
48
grau de autonomia regional face aos processos políticos mais abrangentes. Assim,
a “economia mundial” proporcionada pelo processo de globalização, não resultou na
homogeneidade pretendida, mas talvez em uma acentuação ainda maior das
diversidades regionais, quando analisados os locais excluídos desse processo,
como afirma Bezzi (2004, p.252):
O desenvolvimento do capitalismo é, sem dúvida, o principal agente
modelador do espaço. É ele que corta e recorta a superfície terrestre, ou
seja, absorve ou reabsorve os mais diversos espaços, modos de vida e
de trabalho, culturas... Simultaneamente, a globalização leva à
fragmentação, pois articula e desarticula espaços e regiões.
A autora ainda afirma que:
Não dúvida de que o mundo é uma “colcha de retalhos”, cujos tecidos
(regiões) a serem “costurados” apresentam rugosidades diferentes.
Assim, os “laços e laçadas” que são dados podem ser visíveis ou
invisíveis, reais ou imaginários, mas possuem características próprias,
que, embora enlaçadas a outras, guardam sua identidade, sua
particularidade, sua personalidade.” (BEZZI, 2004, p. 253)
Gomes (1995) e Bezzi (2004) concordam nas dificuldades encontradas para se
elaborar um conceito de região condizente com a contemporaneidade, porém
indicam alguns conceitos a serem considerados nesta tarefa:
Os recortes regionais atuais são múltiplos, dinâmicos, complexos e instáveis
espacialmente, e sujeitos ainda a um recobrimento entre eles;
Os recortes regionais possuem diversos aspectos distintos (ambientais, humanos
históricos, econômicos, sociais, políticos e culturais), que devem ser analisados
sob uma perspectiva sistêmica;
A dimensão política constitui-se em um dos fatores determinantes do conceito de
região, ainda que o papel do Estado tenha se modificado mediante a
globalização do capitalismo, que teve como conseqüência tanto a diminuição do
papel do Estado como agente planejador, como também a descentralização, que
atribui maior autonomia e poder de decisão às regiões junto ao poder central;
49
O processo de globalização, além de não destruir a diversidade regional, a
reforça, à medida que manifestações de identidade cultural são constatadas cada
vez com mais freqüência;
a delimitação de uma região jamais poderá ser rígida, visto a dinamicidade do
espaço não permitir cortes bruscos em sua delimitação;
regiões são lugares funcionais do todo, ou seja, influencia e é influenciada por
ele (poder central).
Ao analisar estas considerações atuais sobre a conceituação de regiões, percebe-se
a importância das redes neste contexto. Em meio às diversas alterações advindas
com o processo de globalização econômica, destaca-se o “encolhimento” do planeta
e a supervalorização do capital sobre as delimitações antes determinadas pelos
Estados-Nações. Como afirma Dias (1995) , a característica de conexidade de uma
rede, tanto tem o poder de conectar como de excluir e conclui este pensamento com
a hipótese de que,
“à escala planetária ou nacional, as redes são portadoras de ordem, ... na
escala local, estas mesmas redes são muitas vezes portadoras de
desordem numa velocidade sem precedentes engendram processos de
exclusão social, marginalizam centros urbanos que tiravam suas forças
dos laços de proximidade geográfica e alteram mercados de trabalho.”
(1995, p. 154).
No mesmo texto, citando Harvey, a autora defende a tese de que a contração das
distâncias o fez a localização geográfica perder seu valor estratégico, ao
contrário: “quanto menos importante as barreiras espaciais, tanto maior a
sensibilidade do capital às variações do lugar dentro do espaço e tanto maior o
incentivo para que os lugares se diferenciem de maneiras atrativas para o capital”
(HARVEY, apud DIAS, 1995, p. 157).
Pode-se assim concluir sobre o tema, que a organização em rede permite, tanto a
grandes corporações, mas principalmente a pequenos agentes econômicos, como
no caso dos empreendedores turísticos no espaço rural participantes do GETER,
delimitar uma área de interesse comum, que os capacita agir, decidir, competir e
influir dentro de um contexto que privilegia os grandes capitais, e que ao mesmo
50
tempo transforma o conceito de região, ao unificar interesses e objetivos e não
privilegiar apenas a dimensão físico-geográfica.
51
3 TURISMO NO ESPAÇO RURAL
A diversidade de denominações aplicadas às atividades turísticas desenvolvidas no
espaço rural conduz à utilização do termo genérico “turismo no espaço rural”. Roque
e Mendonça defendem a utilização deste termo para se referir a “toda maneira
turística de visitar e conhecer o ambiente rural, enquanto se resgata e valoriza a
cultura regional” (1999, p.145). Oxinalde trata como sinônimos os termos turismo
rural e turismo no espaço rural, ao afirmar: “turismo rural engloba modalidades de
turismo, que não se excluem e que se complementam, de forma tal que o turismo no
espaço rural é a soma do ecoturismo e turismo verde, turismo cultural, turismo
espontâneo, agroturismo e turismo de aventura.” (apud SILVA; VILARINHO; DALE,
2000, p.16). Crosby e Moreda (1996), utilizam as terminologias “turismo em áreas
rurais” e “turismo rural” como equivalentes, e as definem como qualquer atividade
turística implantada no meio rural, considerando como parte integrante deste último,
as áreas naturais e litorâneas. Para Zimmerman (2000, p.130),
as atividades turísticas no espaço rural têm recebido uma proliferação de
termos, que fazem referências ao turismo rural: turismo de interior,
turismo verde, turismo diferente, turismo alternativo, turismo rural e
ecológico e por afora. Evidentemente, cada atividade possui
características próprias, que, dependendo das características
geomorfológicas do espaço podem estar juntas, sob a denominação
genérica de turismo rural.
No caderno Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural,
entende-se Turismo no Espaço Rural como um recorte geográfico, ..., as
muitas práticas turísticas que ocorrem no espaço rural não são,
necessariamente, Turismo Rural, e sim atividades de lazer, esportivas, ou
ócio de citadinos que ocorrem alheias ao meio em que estão inseridas.”
(BRASIL, 2003, p. 7)
Além da proliferação de termos utilizados, o próprio termo “espaço rural” é analisado
sob a ótica da nova conformação mundial. Froehlich e Rodrigues (2000) defendem
a falência das interpretações dualistas rural/urbano, cidade/campo,
tradicional/moderno, visto ter ocorrido um aparente “transbordamento” do urbano
para o rural, fazendo parecer que as singularidades do rural desapareceram ou
tendem a desaparecer. Del Grossi & Silva (2002
a, p.5) analisam a crescente
52
urbanização do meio rural onde, em um processo denominado “Novo Rural”, “um
conjunto de atividades não-agrícolas, ligadas à moradia, ao lazer e a várias
atividades industriais e de prestação de serviços” são inseridas no espaço antes
destinado exclusivamente à produção agrícola. Rodrigues (2000), também
questiona a dualidade entre espaço urbano e espaço rural: para exemplificar, cita o
caso de loteamentos em áreas rurais, que são decretados urbanos quando o
tamanho do lote é menor que o de um módulo rural; outro exemplo refere-se a
bairros rurais, que ao serem decretados distritos, devido a um desmembramento
municipal, são considerados urbanos, ainda que apresentem características picas
rurais.
Para a autora, mesmo o termo “turismo” pode ser equivocado, visto algumas
propriedades oferecerem apenas atividades de lazer, sem a premissa da pernoite
que caracteriza a atividade turística; como por exemplo, chácaras que são alugadas
para festas, atividades de pesque-pague, restaurantes rurais, entre outros.
Embora não haja dados oficiais, um levantamento realizado no ano de 2000 por
membros da ABRATURR Associação Brasileira de Turismo Rural, indica o número
de propriedades rurais brasileiras com atividade turística. Nota-se a predominância
da região sul e sudeste, precursoras da atividade no Brasil.
Tabela 1: Dados preliminares das propriedades rurais brasileiras com atividade
turística – Ano 2000
REGIÃO NÚMERO DE
PROPRIEDADES
PARTICIPAÇÃO
NACIONAL (%)
Norte 176 3,62
Nordeste 436 9,05
Centro-oeste 588 12,12
Sudeste 2.706 55,78
Sul 942 19,41
Total 4.851 100,00
Fonte: ABRATURR, 2000
53
Segundo o mesmo levantamento, as principais atrações oferecidas nestas
propriedades o: gastronomia típica, água (rios, cachoeiras, lagos, piscinas, pesca
e navegação), trilhas (caos, matas e montanhas), arquitetura histórica, folclore e
música (talentos locais), lidas rurais (cavalgadas, manejo, ordenha, cultivo, colheita,
etc.), recreação, jogos e outros esportes, preservação e valorização da fauna e da
flora regionais, cantigas de rodas e folguedos típicos, e temas de caráter religioso ou
esotérico. Como pode se observar, são atividades que apresentam considerável
diferenciação entre si.
Apesar de se incorrer em um reducionismo, ao não explorar detalhadamente a
tipologia apresentada por estudiosos do assunto, nesta dissertação, além da
utilização do termo turismo no espaço rural para designar o conjunto de atividades
turísticas neste espaço, aceita-se a diversidade de atividades nele realizadas, sejam
elas rurais ou não, posto não ser o objetivo desta pesquisa investigar o estado da
arte deste fenômeno.
É válido, porém, detalhar os conceitos e discorrer acerca de turismo rural,
agroturismo e ecoturismo, atividades mais visíveis nas propriedades agrícolas
localizadas no norte do Paraná, região de maior abrangência do estudo de caso
analisado ( GETER Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural, um
projeto da RETUR – Rede de Turismo Regional).
3.1 Turismo Rural x Agroturismo
Segundo a EMBRATUR (1999), turismo rural “é o conjunto de atividades turísticas
desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária,
agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio
cultural e natural da comunidade.” O comprometimento com a produção agrícola
não requer a efetiva prática da atividade agropastoril, mas pode ser manisfestada
pela existência da ruralidade, ou seja, de um ambiente que remeta aos modos de
vida considerados típicos das populações rurais.
Beni (2003) defende que o turismo rural é desenvolvido em espaços rurais, onde as
pessoas buscam lazer, recreação e descanso. O alojamento tanto pode ser feito em
54
casas rústicas, geralmente antigas casas de colônia adaptadas ao turismo, como em
sedes de fazendas de valor histórico-arquitetônico que tipificam os diversos períodos
da história brasileira, como os ciclos do café e da cana-de-açúcar, ou em instalações
modernas, edificadas exclusivamente para este fim.
A principal diferenciação quanto ao conceito adotado pela EMBRATUR refere-se à
propriedade onde a atividade é desenvolvida: para Beni (2003), o turismo rural tanto
pode ser desenvolvido em propriedades produtivas, sendo porém o turismo sua
atividade principal; como em propriedades não produtivas, que geralmente oferecem
amplas instalações e serviços diferenciados. De acordo com a EMBRATUR (1999),
o turismo rural é sempre desenvolvido em propriedades produtivas e a questão de
constituir-se em fonte de renda principal ou secundária não fica explicitada.
O agroturismo, segundo Beni (2003) e Tulik (1997), utiliza-se apenas de
propriedades produtivas. Sua principal diferenciação em relação ao denominado
turismo rural é a participação ou mera observância das atividades agropastoris
rotineiras pelos hóspedes, constituindo-se por si próprias um atrativo. Nessa
modalidade, os hóspedes têm a possibilidade de participar da rotina diária dos
afazeres domésticos ou produtivos da propriedade, como por exemplo, participar do
cultivo, da colheita, dos cuidados com o rebanho, da preparação de pratos
tradicionais, entre outros. Deve-se observar a parâmetros de ocupação para que o
número de visitantes não interfira na qualidade do trabalho rotineiro. O
deslocamento dos turistas para esses locais é motivado pela possibilidade da
experiência da vida no campo.
Outra diferenciação, de acordo com Beni (2003), é que, ao contrário do turismo rural,
no agroturismo a atividade agropastoril é a principal geradora de renda da
propriedade, e a atividade turística apenas complementar. Este é um dado
importante, pois o abandono da atividade agropastoril constitui-se em uma
descaracterização do empreendimento.
Entretanto, Silva et al (2000, p. 20-21) apresentam um conceito detalhado de
agroturismo para o caso brasileiro, no qual não observa-se a prerrogativa do
hóspede participar ou observar o processo produtivo da propriedade rural:
55
Atividades internas à propriedade on farm -, que geram ocupações
complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte
do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade, devem ser
entendidas como parte de um processo de agregação de serviços aos
produtos agrícolas e bens não materiais existentes nas propriedade rurais
(paisagem, ar puro, etc.), a partir do “tempo livre”das famílias agrícolas,
com eventuais contratações de mão-de-obra externa.
Como exemplos de atividades associadas ao agroturismo, os autores citam: a
fazenda-hotel, o pesque-pague, a fazenda de caça, a pousada, o restaurante típico,
as vendas diretas do produtor, o artesanato, a industrialização caseira e outras
atividades de lazer associadas à recuperação de um estilo de vida dos moradores do
campo.
Ainda outras classificações são propostas. Rodrigues (2000), ao relacionar os
atrativos turísticos ao período histórico que determinada propriedade rural vivenciou,
destaca os seguintes ciclos no caso brasileiro: gado (resgate da rota dos tropeiros),
cana-de-açúcar (suntuoso patrimônio arquitetônico), ouro e diamante (com destaque
para o estado de Minas Gerais), café (propriedades senhoriais de significativo valor
arquitetônico) e imigração européia (sul). Além disso, sugere dois grandes grupos
de classificação: turismo rural tradicional, cujas instalações remetem à história do
país e turismo rural contemporâneo, que apresentam equipamentos implantados a
partir da década de 1970 e podem se apresentar sob a forma de hotéis-fazenda,
pousadas rurais, spas rurais, segunda residência e campings rurais.
3.2 Ecoturismo
O ecoturismo surgiu dentro do contexto do turismo alternativo. Por alternativo
entende-se aquelas atividade opostas às realizadas pelo turismo convencional, cuja
designação mais usual é o turismo de massa, e que historicamente tem gerado
impactos ambientais e socioculturais negativos (WEARING, 2001, p. 2). O turismo
alternativo é geralmente caracterizado por ser de pequena escala, e disperso em
áreas não-urbanas, sendo o turismo de aventura, o agroturismo e o ecoturismo
algumas de suas expressões.
56
Embora o termo ecoturismo seja amplamente utilizado para se referir a uma
diversidade de atividades realizadas em ambientes naturais
2
, sua utilização stricto
sensu prevê premissas a serem observadas em seu desenvolvimento, conforme
destaca a WWF-Brasil (2003):
A sustentabilidade ambiental, social, cultural e econômica: embora a
sustentabilidade remeta primordialmente à conservação do ambiente natural, não
se pode ignorar a sustentabilidade econômica, pois sem esta, pode ocorrer a
degradação social, cultural e ambiental, bases para a viabilização do ecoturismo
como negócio. Assim, a Economia, vista como ciência que estuda a melhor
utilização de recursos escassos, deve orientar a melhor utilização dos recursos
naturais, visando a manutenção do equilíbrio ambiental, juntamente com seu
potencial econômico para geração de emprego e renda.
A educação do visitante: o ecoturismo destaca-se na função informativa e
educativa que toda atividade turística deveria pressupor. Através do contato
direto com a natureza em seu estado mais original e com as comunidades nela
residentes, o ecoturismo torna-se potencialmente importante como recurso capaz
de promover a reflexão e transformação de bitos cotidianos nocivos ao meio-
ambiente, seja ele em seu estado mais preservado ou mais modificado, como
nos conglomerados urbanos; contribuindo então, para a melhora na qualidade de
vida no ambiente de origem do turista.
A participação da comunidade local: a partir do pressuposto de ser a natureza
em seu estado mais original a principal motivação do ecoturismo, e de que,
dessa maneira, parte considerável da população residente nestes locais têm
limitadas as suas opções de atividade econômica, visto a necessidade da
preservação do ambiente em que vivem, pressupõe-se, para otimização dos
resultados esperados da atividade ecoturística, que o seu desenvolvimento seja
liderado pelas comunidades locais, cabendo a estas as decisões sobre as
atividades a serem desenvolvidas. Porém, anterior a isso, são necessários
diversos investimentos, presumidamente por parte do Estado, para a capacitação
dessas comunidades no desenvolvimento da nova atividade e para a adequação
2
Pires (1998, p.87) defende que a utilização turística da natureza seja considerada “turismo na natureza”, e
quando agregada de atividades como educação ambiental, participação das comunidades locais, sustentabilidade,
entre outros, receba o rótulo de “ecoturismo”.
57
do local para recebimento de turistas, através da implantação de infra-estrutura
básica, como saneamento e saúde, por exemplo.
Para Ceballos-Lascurain (apud PIRES, 1998, p.79), o precursor do uso do termo
ecoturismo,
O ecoturismo ou turismo ecológico consiste em viagens ambientalmente
responsáveis com visitas a áreas naturais relativamente sem distúrbios,
para desfrutar e apreciar a natureza - juntamente com as manifestações
culturais do passado ou do presente que possam existir -, e que ao
mesmo tempo promove a conservação, proporciona baixo impacto pelos
visitantes e contribui positivamente ao envolvimento sócio-econômico
ativo das populações locais.
No Brasil, adota-se o conceito proposto pelo grupo de trabalho interministerial do
Ministério da Indústria, Comércio e Turismo e do Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal [1994], no qual observa-se os três
pressupostos citados acima:
“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e
busca a formação de uma consciência ambientalista através da
interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações
envolvidas.”
Os espaços utilizados para a prática do ecoturismo no Brasil, encontram-se dentro
de uma escala que contempla ambientes em seu estado mais natural, ambientes
parcialmente modificados e resquícios de ambientes preservados dentro de áreas
“urbanizadas”, ou seja, em meio a aglomerados urbanos e terras destinadas à
agricultura e pecuária, além de outras atividades extrativistas. O estado do Paraná,
com destaque para a região norte, situa-se neste terceiro caso, onde, propriedades
rurais que se abriram ao turismo, e que preservaram parte da cobertura vegetal
original da região, e conseqüentemente sua fauna, utilizam esse espaço como
importante atrativo turístico, procedendo à educação ambiental de seus visitantes e
hóspedes. Constituem-se em um caso que agrega duas ou mais modalidades de
turismo em um mesmo espaço: turismo rural ou agroturismo e ecoturismo,
corroborando com Silva; Vilarinho; Dale (2000), quando afirmam, que estas, entre
outras, são formas complementares de turismo.
58
3.3 A dinâmica do turismo no espaço rural
A necessidade de geração de uma renda complementar à gerada pela atividade
agrícola tem sido mencionada como uma das principais motivações para o
desenvolvimento do turismo no espaço rural (Silva et al, 2000; Del Grossi & Silva,
2002). É consenso, porém, a necessidade do caráter complementar, ou seja, é
importante que a atividade agrícola não seja abandonada, pois, além de constituir-
se em um atrativo para os turistas, também é essencial para a manutenção do
“saber agrícola”, para a preservação da identidade rural. Outro motivo é o caráter
sazonal do turismo, que não permite um fluxo regular de entradas ao longo do ano, e
conseqüentemente não garante a sobrevivência da família exclusivamente advinda
desta fonte de renda.
A inicialização, por parte do produtor rural, em uma atividade do setor terciário, ou
seja, do setor de serviços, bastante diferente da atividade agrícola ou pastoril
tradicional, revela as dificuldades enfrentadas por esses novos empreendedores; isto
devido principalmente à inexperiência em concorrer em um mercado competitivo,
visto os produtos agrícolas serem, em sua grande maioria, padronizados e seus
preços garantidos pelo governo (SILVA et al, 2000). Na atividade turística, é
necessário organizar todos os recursos disponíveis: o espaço agrário, o espaço
natural, o patrimônio histórico, arquitetônico e sócio-cultural, e transformá-los em um
produto turístico, agregando ainda, outros serviços inerentes à experiência turística,
como instalações físicas, opções de lazer, pessoal capacitado. Esta tarefa torna-se
ainda mais complexa dada a singularidade de cada localidade, que o permite uma
configuração única da atividade. (ALMEIDA; BLOS, 2000)
Destarte a complexidade da inserção nesta nova atividade, o turismo no espaço
rural, de acordo com Cals, Capellá e Vaq(apud SILVA et al, 2000) é considerado
uma alternativa viável para o desenvolvimento de amplas regiões, pois não exige
recursos turísticos extraordinários nem volume considerável de investimentos.
Ribeiro (2000), ao analisar o caso português, destaca, por parte do governo, a
escolha do turismo como um dos instrumentos potencialmente mais eficazes de
desenvolvimento regional e local. No Brasil, o Plano Nacional do Turismo, para o
período 2003-2007, prioriza o desenvolvimento regional da atividade, através do
59
Programa de Regionalização do Turismo, que incentiva a formatação de novos
produtos que contemplem a diversidade cultural e regional do país, no qual o espaço
rural pode contribuir grandemente, servindo o turismo como dinamizador das mais
diferentes regiões do país, elevando a oferta de empregos nestes locais.
Pelo lado da demanda, Rodrigues (2000) apresenta, de forma interessante e crítica,
o desenvolvimento do turismo no espaço rural: a sociedade moderna tem tornado-
se cada vez mais crítica e exigente, com tendência ao abandono de áreas turísticas
massificadas e procura por novos destinos. O espaço rural tem a capacidade de
oferecer a oportunidade para uma vida bucólica, o contato bastante próximo com a
natureza, a vivência do “autêntico”, e a fruição de paz, tranqüilidade, repouso, além
de promover o equilíbrio pessoal. Na verdade a autora questiona todas essas
características atribuídas ao turismo no espaço rural, visualizadas em campanhas de
marketing, por duas razões principais: primeiramente, como citado neste
capítulo, com a confluência de características urbanas e rurais em um mesmo
espaço, o bucolismo, a autenticidade do campo, a tranqüilidade e a paz atribuídas à
vida no campo, talvez sejam apenas idealizações imaginárias, estereótipos
vendidos de acordo com as necessidades percebidas de moradores de grandes
centros. Segundo, o equilíbrio pessoal, buscado por muitos no contato com a
natureza, não se encontra fora do sujeito, ou seja, é preciso buscar o equilíbrio
interior que seja constante, e que não perdure apenas durante um final de semana
no campo. Assim, o turismo no espaço rural, por si só, não pode devolver ao ser
humano seu equilíbrio pessoal, tarefa esta bastante complexa.
Porém, a demanda pelo turismo no espaço rural existe, seja ela baseada no
imaginário coletivo ou nos recursos “reais” deste espaço, quais sejam o contato mais
próximo com a natureza ou o ritmo de vida mais tranqüilo. Faz-se necessário,
portanto, planejar a atividade turística de acordo com as necessidades de quem
procura esse espaço para a fruição de seu tempo livre.
Para que o turismo no espaço rural atenda tanto as necessidades de seus ofertantes
como de seus usuários, Ruschmann (2000) ressalta a importância de se prover esse
espaço de infra-estrutura adequada para o desenvolvimento do turismo, devendo
haver o apoio tanto da esfera pública (nível local, regional e federal), como privada
60
(comunidade receptora e empresária locais, através da oferta de serviços
complementares).
Almeida & Riedl (2000, p.10-11) sinalizam para algumas generalizações acerca do
turismo no espaço rural, que merecem ser consideradas no planejamento da
atividade:
a) O turismo no espaço rural precisa resguardar sua especificidade, isto é,
ele não pode imitar o turismo oferecido nos centros urbanos;
b) A clientela do turismo rural, em sua maioria, provém dos grandes centros
urbanos e busca no campo uma interação mais intensa e direta com a
natureza, a qual precisa ser preservada;
c) A originalidade e a simplicidade da vida rural constituem um diferencial.
Quanto menor a artificialização da propriedade rural que se abre ao
turismo, melhor;
d) As iniciativas do turismo rural com maior probabilidade de sucesso são
aquelas que envolvem a comunidade regional em todas as fases do
empreendimento, desde seu planejamento até a sua implantação e
posterior exploração. Iniciativas isoladas ou individuais dependem
demasiadamente de características locais específicas;
e) Os responsáveis pela condução do empreendimento turístico precisam
ser conhecedores da história, da cultura, das tradições, da culinária e das
atrações naturais da região em que estão inseridos. O turista
normalmente é extremamente curioso e questionador;
f) A exploração do turismo rural deve ter o caráter de complementaridade,
isso é, a atividade não deve ser abandonada. O turista aprecia participar
ativa ou passivamente do trabalho na agricultura e adora saber que a
maioria dos produtos consumidos nas refeições provém do
estabelecimento visitado;
g) A vida rural ainda preserva algumas características típicas de uma
subcultura, cada vez mais interpenetrada pela cultura urbana dominante.
O turista muitas vezes procura o meio rural para resgatar traços dessa
subcultura, os quais, portanto, precisam ser resguardados e valorizados.
Também os possíveis impactos advindos com a exploração turística no espaço rural
devem ser previstos e amenizados ou potencializados no planejamento da atividade.
Brunetti (2002) faz uma compilação desses impactos, nos âmbitos social, cultural,
econômico e ambiental:
Impactos positivos: redução do êxodo rural e melhoria da qualidade de vida da
população local; renascimento das artes locais e atividades culturais tradicionais;
revivamento da vida social e cultural da população local; intercâmbio cultural campo-
cidade; resgate da auto-estima do campesino; promoção da imagem e
revigoramento do interior; valorização do trabalho feminino; geração de emprego;
61
dinamicidade da economia local; agregação de valor aos produtos agropecuários;
melhoria na infra-estrutura; transferência de renda cidade-campo; preservação de
importantes áreas naturais; melhoria na qualidade ambiental (limpeza dos rios, do ar,
correta destinação do lixo); reflorestamentos e recuperação de matas ciliares.
Impactos negativos: distorção cultural (falsas imagens); efeito imitação; aculturação;
deterioração da relação turista-autóctone; aumento da criminalidade, da prostituição,
do uso de drogas e depredação do patrimônio público; competição no atendimento
dos serviços públicos e no comércio entre comunidade local e turistas; falta de
oportunidade para mão-de-obra não-qualificada para os empreendimentos turísticos;
sazonalidade; alta dos preços de produtos e serviços para população local;
supervalorização da terra (estímulo à venda), abandono das atividades
agropecuárias; poluição da água e do ar; poluição sonora e visual; despejo impróprio
do lixo; extinção de algumas espécies animais ou vegetais e uso incorreto da terra
(erosão, deslizamentos de terra, inundações).
Corroborando com o exposto acima, Ribeiro (2000) chama atenção para a
fragilidade dos recursos naturais, paisagísticos e histórico-culturais encontrados nos
meios rurais e que, se não contemplados por um processo de planejamento
responsável, podem inviabilizar a própria atividade turística, através de sua
exaustão. Apesar da análise da autora enfocar o caso português, sua conclusão é
passível de ser generalizada para outros países. A referida autora ainda alerta:
O turismo não pode, por si só, ser tomado como a solução, a panacéia,
para as questões do desenvolvimento rural, as quais, por sua
complexidade e diversidade, muito dificilmente responderão de forma
eficaz às práticas de intervenção e gestão unissetoriais. O turismo exige,
antes, abordagens multicentradas que contemplem a integração, a
articulação e a coordenação de medidas e ações em domínios variados e
complementares, de forma a dinamizar, promover e valorizar os recursos
próprios de cada região em concreto. (RIBEIRO, 2000, p.230)
Em síntese, é possível observar um crescimento do turismo realizado no espaço
rural, e, à medida que somam-se as experiências, observa-se também as
particularidades da atividade, traduzidas tanto por benefícios como limitações. Por
configurar-se, entre outras coisas, em estratégia para áreas rurais “decadentes”, o
62
desenvolvimento sustentável da atividade deve ser priorizado em seu planejamento,
seja pela esfera pública ou privada.
63
4 ALGUNS CASOS DE ORGANIZAÇÃO EM REDE NO TURISMO
Algumas experiências demonstram o resultado da aplicação do formato da
organização em rede no desenvolvimento do turismo, seja ele realizado no espaço
rural ou urbano. O continente europeu, onde a atividade é desenvolvida um
período de tempo mais longo que no caso brasileiro, fornece importante background
para novas experiências. É importante, dentro do contexto desta dissertação,
conhecer alguns casos de redes no turismo, a fim de que a escolha do tema seja
melhor justificada e também para que se estabeleça um universo maior de casos de
redes no turismo, contribuindo assim para uma análise mais abrangente do tema,
ainda que o enfoque maior seja a experiência vivenciada pelo GETER Grupo de
Empreendedores do Turismo no Espaço Rural. Nota-se porém, após pesquisa para
redação deste capítulo, que o termo redes ainda é pouco empregado nas iniciativas
conjuntas que objetivam a organização e o desenvolvimento do turismo em
determinado local ou setor. Por esse motivo, os casos descritos abaixo utilizam o
termo “associação” para designar o trabalho a que se propõem.
4.1 A rede francesa “Accueil Paysan” e seu correspondente brasileiro
“Acolhida na Colônia”
O desenvolvimento do turismo no espaço rural francês, caracterizado principalmente
pelo agroturismo, é advindo da crise vivenciada pela agricultura, tanto em seu
aspecto econômico como social (diminuição da população rural com conseqüências
sobre os serviços prestados à esta população), e por outro lado, pelo aumento da
população urbana, que busca no meio rural, um refúgio, ou uma fuga, dos
problemas vivenciados nos grandes centros urbanos. O espaço rural surge como
uma alternativa ao turismo de massa, ofertando a oportunidade da descoberta e da
qualidade no próprio país, em contraposição à insegurança internacional
apresentada pelos destinos consagrados (de massa). (GUZATTI, 2003, p.58)
Guzatti (2003, p. 61) cita diversas associações francesas de agrupamento de
agricultores, como o “Gîte de France”, “Bienvenue à la Ferme” e “Accueil Paysan”,
que auxiliam esses empreendedores rurais a organizar e alavancar a atividade
turística em suas propriedades. Cada associação propõe, assegura e promove
64
atividades específicas, e assim atrai integrantes que compartilhem os mesmos
ideais.
A rede Accueil Paysan, fundada em 1987 e cuja sede localiza-se em Grenoble, no
sul da França, surgiu como uma alternativa ao modelo de desenvolvimento intensivo
da agricultura e também como conseqüência das reflexões sobre os problemas
relacionados ao meio-ambiente, principalmente no meio rural. Em sua essência,
trata-se de um agrupamento de agricultores, que sustentam suas atividades
agrícolas através da transformação de seu lugar em uma acolhida turística e social,
envolvendo todos os atores do desenvolvimento local. (ACCUEIL PAYSAN, 2006)
Essa acolhida (recepção de turistas) visa mostrar, de forma autêntica, os modos de
vida do mundo rural. Os participantes da rede Accueil Paysan caracterizam-se pela
opção à agricultura familiar, e têm como objetivo fazer com que seus hóspedes
sintam-se à vontade em suas casas, permitindo-lhes descobrir as riquezas não-
materiais encontradas nesses locais e também estabelecendo uma relação
pedagógica, de troca mútua, entre anfitrião e hóspede (acolhido).
Os participantes da rede seguem um contrato que garante a autenticidade da
proposta. Em síntese, esse contrato enfatiza as noções de troca mútua, de
convivência, simplicidade e do respeito mútuo. A rede conta ainda, com a
colaboração de diferentes instituições governamentais e não- governamentais, visto
o campo de ação dos participantes ser bastante amplo e necessitar de auxílio
técnico e financeiro, como linhas de crédito, por exemplo. Vale ressaltar, que essa
parceria é otimizada pela ação em rede, sendo dificultada quando se age
isoladamente.
No ano de 2006, a Accueil Paysan apresenta dados que mostram 545 participantes
na França e aproximadamente 60 participantes em outros 18 países nos continentes
europeu, africano e sul-americano, e está estruturada em 15 associações regionais e
38 associações departamentais. (ACCUEIL PAYSAN, 2006)
65
4.1.1 Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia - AAAC
No Brasil, a rede Accueil Payan está representada pela Associação de Agroturismo
Acolhida na Colônia AAAC, sediada no município de Santa Rosa de Lima-SC e
que abrange também os municípios de Anitápolis, Rancho Queimado, Rio Fortuna e
Gravatal, formando um circuito agroturístico. O contexto para a criação desta
associação e sua parceria com a rede francesa Accueil Paysan teve incício no final
do ano de 1998, após articulação inicial promovida pelo encontro de duas ONG’s: o
CEPAGRO – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo, e a AGRECO
– Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral.
A região onde está localizada a “Acolhida na Colônia” caracteriza-se por topografia
extremamente acidentada, tendo como conseqüência dificuldades para o
desenvolvimento da agricultura tradicional e de infra-estrutura satisfatória. Aliado a
outros fatores, principalmente a crise na cultura do fumo, principal atividade
econômica da região nas últimas décadas do século passado, fizeram com que os
agricultores procurassem uma alternativa para seu sustento, surgindo então a
AGRECO, fundada em 20/09/1990. Tal associação possibilitou a mudança de
atividade agrícola por parte de alguns moradores locais, que passaram à produção
orgânica e mais tarde à industrialização desses produtos. Tais ações começaram
também a atrair a atenção de pessoas (consumidores de produtos orgânicos,
técnicos e agricultores) que queriam conhecer o projeto in loco.
No esforço de organizar o interesse das pessoas em conhecer o local e implementar
o agroturismo como fonte complementar de renda, buscou-se a formação de uma
associação, moldada na já conhecida rede francesa Accueil Paysant. Após visita de
uma representante técnica da Accueil Paysant para conhecer o projeto, foi então
assinado, em 1999, um termo de cooperação. Em 18 de junho do mesmo ano, foi
fundada a Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia.
De acordo com o site oficial da Associação:
a Acolhida na Colônia promove o Agroturismo ecológico na Encostas da
Serra Geral Catarinense desde 1999 como alternativa econômica para os
agricultores familiares orgânicos e busca a valorização e preservação dos
recursos naturais e culturais do território. (ACOLHIDA, 02/09/2006)
66
De acordo com Heuser & Patrício (2004), o agroturismo na rede Acolhida na
Colônia:
se estabelece a partir das atividades agropecuárias desenvolvidas no
interior da pequenas propriedades rurais daquela região, e os visitantes
geralmente buscam conhecer o processo de produção de alimentos
vivenciando o cotidiano dos agricultores.
Heuser & Patrício (2004), afirmam que a AAAC se preocupa em determinar com
clareza a essência da acolhida que é oferecida por seus integrantes, apresentando
as seguintes características:
a) A recepção dos turistas pelos agricultores familiares é parte integrante
da atividade do estabelecimento rural;
b) Os agricultores familiares que recebem turistas desejam mostrar o seu
trabalho e o meio onde vivem (contato com os animais, conhecimento
sobre plantas, o ritmo das estações do ano, etc.);
c) A recepção e o convívio do agricultor e sua família com o turista
ocorrem num clima de troca de experiências e de respeito mútuo;
d) O agroturismo deve manter preços acessíveis ao perfil do público-alvo;
e) O agroturismo se constitui num fator de desenvolvimento local,
contribuindo para manter o meio rural “vivo”- demográfica, cultural e
ambientalmente – com perspectivas de futuro para os seus jovens;
f) O agricultor garante a qualidade dos produtos e dos sérvios que
oferece;
g) Os serviços de agroturismo são oferecidos em habitações adaptadas,
propiciando conforto, higiene e segurança;
h) Os serviços agroturísticos são planejados e organizados pelos
agricultores mediados pela AAAC.
O estabelecimento de regras claras na condução da atividade permite, além de atrair
o turista desejável para este tipo específico de turismo, também conduzir a um
reconhecimento, por parte do mercado, da qualidade dos serviços e produtos
ofertados pela Associação Acolhida na Colônia.
Como resultados possíveis de serem visualizados dessa experiência, destacam-
se a reestruturação física das propriedades, como conseqüência da adequação para
recepção de turistas; troca de experiências, estabelecendo um processo contínuo de
aprendizagem entre receptores e visitantes; a valorização da vida rural e o resgate
da auto-estima dos habitantes locais; a preservação do meio-ambiente local e
67
valorização das terras e a efetivação do agroturismo como importante
complementação de renda das famílias.
Assim, a Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia, confirma, de forma
positiva, os benefícios advindos do trabalho em rede, viabilizador do
desenvolvimento organizado da atividade agroturística na Encosta da Serra Geral
em Santa Catarina. Os impactos negativos advindos do turismo não são totalmente
eliminados, porém a reflexão proporcionada pela forma de gestão escolhida,
contribui para que sejam significantemente minimizados.
4.2 A Organização das Cidades Patrimônio Mundial e o caso espanhol:
Associação das Cidades Patrimônio da Humanidade da Espanha
A Organização das Cidades Patrimônio Mundial – OCPM, foi fundada em 8 de
setembro de 1993, na cidade de Fés, Marrocos, e sua sede está localizada em
Québec, no Canadá. Sua origem está associada à ameaça de desaparecimento dos
impressionantes monumentos de Núbia, no Egito e Sudão, na década de 1960. A
mobilização, iniciada pelo então Diretor Geral da UNESCO Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, René Maheu, resultou na
angariação de fundos para recuperar parte daquele patrimônio em perigo, e
principalmente para a tomada de consciência geral de que patrimônios como aquele,
eram de responsabilidade da humanidade, e não apenas dos países onde estavam
localizados.
A OCPM é uma organização não-governamental autônoma e sem fins lucrativos,
que visa auxiliar as cidades-membro a adaptarem e melhorarem os seus métodos de
gestão em relação a problemas específicos advindos do fato de estarem inscritas na
Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Fazer parte da Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO significa, entre outras
prerrogativas:
a) constituir-se em um lugar artístico único, ou ser uma obra-prima de um
gênio criador;
68
b) ter exercido considerável influência durante determinado período da
história, ou dentro de uma área cultural do mundo, sobre a evolução da
arquitetura, das artes monumentais ou do planejamento urbano e
paisagístico;
c) ser testemunha única, ou ao menos excepcional, de uma civilização
que já desapareceu;
d) representar um exemplo eminente de uma estrutura que ilustre um
período representativo da história;
e) ser um exemplo excepcional de um assentamento humano tradicional,
representativo de uma cultura atualmente vulnerável, decorrente de uma
mudança irreversível;
f) estar direta e sensivelmente associado com sucessos, idéias ou
crenças de importância universal excepcional;
g) como fator adicional, também será levado em conta o estado de
preservação do bem, que deve ser comparado com o estado de outros
bens de períodos equivalentes.
um consenso mundial sobre a dificuldade de se encontrar um equilíbrio entre o
desenvolvimento econômico e a conservação do patrimônio histórico e cultural da
Humanidade. O turismo, uma das principais fontes de recursos econômicos para a
preservação e manutenção desses locais, paradoxalmente, contribui para a
“erosão potencial desses patrimônios, ocasionada por grandes massas de
visitantes.
Assim a OCPM tem os seguintes objetivos (ORGANIZATION OF WORLD HERITAGE
CITIES, 2006)
:
a) contribuir para a aplicação da Convenção sobre a Proteção do
Patrimônio Mundial Cultural e Natural, e da Carta Internacional sobre a
Proteção de Cidades Históricas;
b) encorajar, a nível regional e internacional, a cooperação e a troca de
informação e conhecimentos entre as cidades históricas no mundo todo,
em estreita colaboração com outras organizações cujos objetivos sejam
análogos e também enfatizar ações que suportem os esforços de cidades
localizadas em países em desenvolvimento;
c) em cooperação com organizações especializadas, garantir melhor
comunicação entre as pesquisas feitas por especialistas e técnicos e as
necessidades dos agentes da gestão municipal;
d) sensibilizar as populações para o valor patrimonial e para sua
proteção.
De acordo com o site oficial da OCPM, o Brasil conta com nove lugares
considerados Patrimônios Culturais da Humanidade:
69
a histórica cidade de Ouro Preto – MG;
o centro histórico de Diamantina - MG;
o Santuário de Bom Jesus do Matozinhos em Congonhas do Campo - MG;
o centro histórico de São Luís – MA;
o centro histórico de Salvador – BA;
o centro histórico de Olinda – PE;
as Missões Jesuítas dos Guaranis, em São Miguel das Missões - RS;
o centro histórico da cidade de Goiás – GO;
o conjunto urbanístico, arquitetônico e paisagístico de Brasília – DF .
4.2.1 A Associação das Cidades Patrimônio da Humanidade da Espanha
A Espanha constitui-se no país onde o maior número de cidades foi declarado
Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Fazer parte deste grupo seleto de
cidades significa constituir-se em um legado para a humanidade, o que obriga o país
onde está situada a esforçar-se no intuito de conseguir sua defesa e proteção.
Por esse motivo, as cidades de Ávila, Cáceres, Salamanca, Santiago de
Compostela, Segovia e Toledo constituíram, em 17 de setembro de 1993, o Grupo
das Cidades Patrimônio da Humanidade da Espanha, a fim de conseguir maior
apoio econômico e sensibilidade, tanto das administrações autônomas, como do
governo central, para salvaguardar seus bens. Posteriormente o grupo foi acrescido
pela adesão das demais Cidades Patrimônio da Espanha : Alcalá de Henares,
Córdoba, Cuenca, Ibiza e La Laguna (Tenerife). A Associação também objetiva a
conservação e o desenvolvimento dessas cidades, mediante a realização de
projetos comuns a elas, o estudo de soluções, já que partilham de igual
problemática, e a promoção de medidas sociais e turísticas conjuntas.
Dentro dessas medidas turísticas conjuntas, a Associação das Cidades Patrimônio
da Humanidade da Espanha oferece alguns roteiros, que visam aproximar os
interesses dos turistas à oferta turística de seus membros, sendo que uma mesma
cidade apresenta apelos diversos:
Rota da História;
70
Rota dos Vestígios;
Rota das Culturas;
Rota das Eternidades;
Rota das Lendas;
Rota das Raças
Rota das Cidades;
Rota da Natureza;
Rota da Diversidade;
Rota dos Nomes;
Rota do Presente;
Rota das Tradições.
Supõe-se que uma das vantagens de se deter o título de Cidade Patrimônio é seu
reflexo na promoção turística. Embora o grupo das onze cidades espanholas
reconheça o aumento no fluxo de turistas, não consegue determinar o percentual de
visitas referente a resultados do trabalho promovido pela Associação, ou que
obedecem a outros fatores. (CIUDADES PATRIMONIO DE LA HUMANIDAD)
Ainda assim, é possível visualizar os benefícios advindos da iniciativa em juntar as
Cidades Patrimônio espanholas em torno de uma associação, viabilizando a busca
de soluções conjuntas para uma problemática comum a todas.
4.3 Uma síntese
A redação desse capítulo revelou a escassez de material disponível sobre o tema
“redes no turismo”. O caso apresentado sobre a Associação das Cidades
Patrimônio da Humanidade da Espanha, constitui-se em mera descrição de uma
experiência que se aproxima do conceito de organização em rede, porém, a
importância de sua redação concentra-se exatamente na constatação dessa
ausência de material, e expõe a necessidade de trabalhos futuros que, primeiro,
conduzam a uma pesquisa exaustiva acerca de trabalhos existentes sobre o tema,
segundo, seja promotor de novos estudos de caso, tendo em vista, a importância
das informações obtidas nos estudos de caso das redes Accueil Paysan e Acolhida
na Colônia.
71
5 O DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DO GETER
É importante conhecer o contexto no qual a RETUR Rede de Turismo Regional, e
o GETER Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural, foram
pensados e desenvolvidos, a fim de que esse conhecimento contribua para a
análise acerca da eficácia do formato da organização em rede neste caso
específico. Assim, apresenta-se a seguir uma retrospectiva histórica sobre a
colonização do norte do Paraná, sede da iniciativa estudada, e os princípios
norteadores da inserção do turismo neste espaço rural e da idealização e
desenvolvimento da rede analisada.
5.1 Contextualização histórico-geográfica do turismo no espaço rural norte
paranaense: da hegemonia da cafeicultura à diversificação econômica
Esta análise fundamenta-se na categoria de formação sócio-espacial de Santos
(1997); assim a história da região aqui apresentada, é vista de forma dialética,
considerando-se elementos naturais, sociais, econômicos e humanos, o somente
daquele espaço geográfico, mas do universo que de alguma maneira influi e
continua influindo em seu processo de desenvolvimento. Concebe-se o espaço
como um fator de evolução social, e é essa evolução que determina as mudanças de
significação do lugar.
Ainda que o estudo de caso apresentado nesta dissertação tenha passado por uma
dispersão geográfica ao longo do tempo, justificada teoricamente no item 2.4 (As
regiões no contexto de redes), esta análise enfoca a região norte do Paraná, por ter
sido este o espaço originário da RETUR e do GETER. Assim, a análise de seu
desenvolvimento, com ênfase em seu espaço rural, contribui para o entendimento da
dinâmica da atividade turística atualmente presente neste espaço e da singularidade
observada no processo da constituição de uma rede visando o aprimoramento
profissional de iniciantes na atividade turística no espaço rural, e o desenvolvimento
da atividade no contexto regional. A singularidade aqui referida, na verdade, é
comum a todo processo de desenvolvimento turístico, em diferentes regiões, pois
conforme afirma Ruschmann (2000, p.53), “o estabelecimento de um modelo
72
“universal” que direcione e oriente o desenvolvimento dos equipamentos e dos
fluxos turísticos nos espaços naturais é praticamente impossível”.
A ocupação do Paraná não ocorreu simultaneamente, o litoral e a capital Curitiba
foram os primeiros a se desenvolver. Curitiba foi elevada à vila em 1693, mas
somente no ano de 1853 uma lei do Império a elevou à categoria de província,
pois até então pertencia à província de São Paulo. A colonização do norte do
estado é mais recente, sendo subdivida em "Norte Velho" ou "Pioneiro" (segunda
metade do século XIX), "Norte Novo" e “Norte Novíssimo" (primeira metade do
século XX), denominações recebidas de acordo com o avanço da cultura cafeeira,
sem dúvida a grande responsável pelo rápido desenvolvimento da região.
O hiato temporal entre o desenvolvimento das duas regiões paranaenses (Curitiba e
o norte paranaense) não é obra do acaso. O norte do Paraná, até o início do século
XX, exibia densa mata, e não havia comunicação (estradas ou meio de transporte
adequado) a a capital da província - Curitiba. Esse fato, juntamente com a
proximidade geográfica da região de Ourinhos - sul do estado de São Paulo,
colaborou para que o norte paranaense se relacionasse mais assiduamente com
São Paulo e o porto de Santos. Esse isolamento em relação à Curitiba também se
fez sentir no campo político, que não contava com representantes norte-
paranaenses no governo estadual, e que de acordo com Cernev (1997), contribuiu
para que fosse desenvolvido um "espírito empreendedor" na região, ficando a cargo
da iniciativa privada várias realizações geralmente atribuídas ao estado, como a
criação de uma empresa elétrica, o serviço de água encanada e o sistema de
telefonia.
Pode-se considerar o ano de 1975 um divisor de águas na história norte
paranaense, pois a geada ocorrida naquele ano, juntamente com outros fatores
explicitados adiante, ocasionou o abandono da lavoura cafeeira, até então a base
econômica da região. Iniciou-se então uma época de profundas mudanças, tanto no
campo como nas cidades, que exigiram adaptações às vezes não facilmente
apreendidas pelos tradicionais agricultores. Esse novo cenário não era somente
conseqüência do fim da era do café, mas exigência de uma nova ordem mundial,
que continua exercendo sua influência na região, de forma mais acentuada a partir
73
da abertura de mercado empreendida no governo Collor (1990) e a conseqüente
globalização. Entre essas mudanças está a alteração no perfil das propriedades
rurais, fenômeno conhecido como Novo Rural, que introduz novas atividades nesse
meio, inclusive a prestação de serviços ligados ao lazer e ao turismo.
5.1.1 O Início da colonização
Apesar de conhecida a fertilidade do solo da região norte paranaense no início do
século XX, sua ocupação era dificultada pela densa mata e a falta de acesso a
mercados que pudessem absorver sua produção. Ainda assim, a convergência de
interesses do estado e de cafeicultores paulistas, que buscavam novas terras para o
cultivo do café, proporcionou algumas tentativas de ocupação. O governo
paranaense procedeu a várias concessões de terras, em contrapartida, os
concessionários se responsabilizavam em povoá-las e dotá-las de certa infra-
estrutura, principalmente a abertura de caminhos. Na maior parte dos casos, porém,
os objetivos não foram atingidos, algumas dessas terras voltaram ao domínio do
estado como terras devolutas, outras foram tomadas por posseiros.
A história de Londrina inicia-se em 1924 com a vinda de uma missão inglesa
(Montagu) ao país, cujo objetivo era realizar uma reformulação no sistema tributário
brasileiro. Entre os membros dessa missão estava Lord Lovat, assessor para
assuntos de agricultura e reflorestamento da Inglaterra, que também representava a
Sudan Cotton Plantation Syndicate, uma empresa inglesa, produtora de algodão no
Sudão, e que portava a incumbência extra de encontrar no país terras férteis onde
pudesse proceder ao plantio de algodão, com o intuito de abastecer a indústria têxtil
inglesa.
A região escolhida foi o norte do Paraná e a porção paulista com a qual faz fronteira.
O primeiro investimento do grupo em terras brasileiras aconteceu no mesmo ano,
através da compra de três fazendas e uma usina de beneficiamento de algodão no
estado de São Paulo. Porém, os baixos preços de mercado do produto e a falta de
sementes sadias no mercado contribuíram para o fracasso deste primeiro
empreendimento; ainda assim, a visualização de lucros futuros por parte da
companhia inglesa, através da venda de terras e construção de estradas de ferro,
determinou a continuidade de seus investimentos nesta região, agora com um
74
aporte bem superior de capital, devido à necessidade da compra de uma área maior
de terras e a implantação de infra-estrutura básica mínima para atrair compradores.
O total de terras colonizadas pela CTNP foi de 546.078 alqueires
3
, resultante de
uma transação comercial, e não de uma concessão, como havia acontecido nas
tentativas anteriores de ocupação. Coube ainda à CTNP a liquidação das posses
ilegítimas; assim diversas áreas foram pagas uma ou mais vezes a quem
apresentasse o título da propriedade, ainda que este fosse discutível, como garantia
de que não coubesse reclamações posteriores. Essa postura adotada pela CTNP é
explicada em última instância pela necessidade do mercado reconhecer sua
seriedade, a fim de garantir o sucesso (lucro) do empreendimento.
O objetivo da empresa era lotear terras para o plantio de café, ainda que a cotação
do produto no mercado internacional apresentasse quedas sucessivas e as safras
brasileiras fossem continuamente superiores à demanda. Esse aumento da lavoura
cafeeira em um cenário negativo, é explicado por Furtado (1987) como
conseqüência de estímulos artificiais recebidos do governo, que garantia a compra
da safra por preços mínimos, ainda que não a colocasse no mercado, adotando
inclusive a eliminação por queima na década de 1930, a fim de não permitir que seu
preço caísse ainda mais. Somando-se a esse fato, houve a crise de 1929, seguida
de grave depressão mundial. Porém, este cenário "se por um lado representou a
falência de muitos, por outro, a brusca contenção do expansionismo indicou a
outros, novo caminho. Bastava, para tanto, dispor de algumas economias."
(CANCIAN, 1977. p.144 )
Embora o governo brasileiro baixasse diversas leis proibindo o plantio de novas
lavouras de café, o Paraná não as seguia, pois primava pela ocupação do território,
e este foi um importante incentivo para atrair pessoas acostumadas com essa
lavoura, e que devido à crise, foram obrigadas a se desfazer de suas terras ou
perderam seus empregos em fazendas localizadas em outros estados. Aliado a
isso, a política de vendas da CTNP era benéfica àquele panorama, pois exigia
apenas uma pequena entrada e parcelava o saldo em quatro anos, além de vender
3
Um alqueire equivale a uma área de 24.200 metros quadrados
75
os lotes com a madeira, que poderia ser retirada e vendida no primeiro ano para
garantir o pagamento da segunda parcela.
O modelo adotado pela CTNP era de um avanço gradual e sistemático, como o
realizado nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, conhecido como moving frontier
novas fronteiras agrícolas, onde, somente após uma faixa do território estar
plenamente ocupado, é que se movia para a próxima região, contígua àquela
(NORMANO apud CERNEV, 1997). Assim foi que no ano de 1930, cinco anos após
o início das atividades da companhia na região, os primeiros lotes foram postos à
venda. Esses cinco anos foram utilizados para realizar o levantamento topográfico
da região, demarcar os lotes (urbanos e rurais) e abrir estradas, sendo que todos os
lotes contavam com água corrente e estradas de rodagem. Previu-se a formação de
núcleos urbanos principais a uma distância aproximada de 100 km, e de núcleos
menores a cada 15 km, que serviriam de entreposto para receber a produção local
e abastecer a comunidade com outros produtos necessários. Os lotes rurais eram
de tamanho pequeno (5 a 30 alqueires), visando a rápida ocupação e a garantia do
fluxo para o transporte ferroviário, de propriedade da CTNP.
No ano de 1944, por determinação do governo inglês por ocasião da Segunda
Guerra Mundial, a CTNP foi vendida a um grupo nacional, recebendo o nome de
CMNT - Companhia Melhoramentos Norte do Paraná e a Companhia Ferroviária foi
repassada à nação, condição imposta pelo então Presidente Getúlio Vargas para
autorizar a transação.
O primeiro importante núcleo estabelecido foi a cidade de Londrina (Pequena
Londres), elevada à condição de município em dezembro de 1934, seguido de
Maringá (1947), Cianorte (1953) e Umuarama (1955). No início da venda dos lotes,
foi feita uma intensa divulgação tanto no estado de São Paulo como na Europa,
resultando, segundo levantamento realizado em 1942, em 30% de compradores
nacionais e uma profusão de compradores estrangeiros de 33 nacionalidades
diferentes. Porém, as situações adversas encontradas no início, fizeram com que
alguns compradores revendessem seus lotes e voltassem ao seu local de origem,
prevalecendo os de nacionalidade brasileira, ainda que filhos de imigrantes.
76
5.1.2 O norte do Paraná e o café
Embora o rápido desenvolvimento da cidade de Londrina seja atribuído ao café, ele
somente aconteceu no final dos anos 40 e mais acentuadamente na década de
1950. Entre os fatores que contribuíram para a liderança da região na produção de
café, tanto no mercado nacional como internacional, destaca-se as geadas ocorridas
no início dos anos 40 nas lavouras paulistas, que ocasionou a diminuição da área
plantada e permitiu que o governo pusesse fim às restrições de plantio, causando
um aumento na procura pelas terras norte paranaenses. Um segundo fator foi a alta
de aproximadamente 100% nos preços do café, decorrente da Guerra da Coréia,
ocorrida entre os anos de 1950 e 1953, que também funcionou como um incentivo
ao aumento da área plantada.
O Paraná vivenciou neste período um estado de supremacia no que se refere à
produção de café, alcançando a liderança brasileira no ano de 1958. A divisão em
pequenos lotes de terras, herança do processo de colonização empreendido pela
CTNP, e o bom preço de mercado, impulsionaram a economia da região, visto o
grande volume de mão-de-obra exigido por esta lavoura.
No período entre 1962 a 1968, a produção africana de café provocou uma baixa na
cotação do produto de todos os demais países produtores. Aliado a isso, face à
uma evidente supercapacidade produtiva, o governo brasileiro, seguindo orientação
da Organização Mundial do Café, voltou a adotar políticas de erradicação de
cafeeiros. Mas somente com as geadas ocorridas na década de 1970,
especialmente no ano de 1975, é que os cafeicultores concretizaram a substituição
desta lavoura, principalmente pelas culturas de soja, algodão e trigo, iniciando uma
nova etapa no processo de desenvolvimento da região.
5.1.3 O turismo no contexto do “novo rural” no norte do Paraná
O termo "novo rural" aplica-se a uma nova conformação do meio rural brasileiro,
alteração intensificada a partir de meados dos anos 80. Segundo Del Grossi (2002a.
p.5) esse novo panorama é composto de três grandes grupos de atividades:
1. Uma agropecuária moderna, baseada em commodities e
intimamente ligada às agroindústrias;
77
2. Um conjunto de atividades não-agrícolas, ligadas à moradia,
ao lazer e a várias atividades industriais e de prestação de
serviços;
3. Um conjunto de "novas" atividades agropecuárias,
localizadas em nichos especiais de mercados.
Na busca de uma nova função para o capital imobilizado de antigos cafeicultores (a
terra e suas edificações), novas atividades foram implantadas no meio rural. Às
pequenas propriedades, predominantes na região norte paranaense, e excluídas da
nova conformação agrícola mundial, exigente de grandes áreas e altos
investimentos, restou a busca de mercados diferenciados, no qual estava embutido
uma brusca mudança na atividade de agricultores tradicionais. Entre essas novas
atividades, destacam-se a piscicultura, agroindústrias rurais (doces, bebidas, vinhos,
carnes e derivados, lácteos e derivados, etc.), criação de aves nobres, criação de
rãs, produção orgânica de ervas aromáticas e medicinais, floricultura, cultivo de
cogumelos, turismo rural. (DEL GROSSI, 2002a)
O turismo no espaço rural norte paranaense é marcado por diversos restaurantes
rurais, pesque-pagues, pousadas e hotéis-fazenda, e recentemente, pela oferta do
turismo de aventura, realizado nos rios e matas da região. Esses novos
empreendimentos foram possíveis, além dos motivos já expostos pelo lado da oferta,
pela demanda resultante da revolução cultural ocorrida nos anos 90, onde buscou-
se, entre outras coisas, o contato mais próximo com a natureza e a volta às origens.
Ruschmann (2003, p.9) afirma que:
"o turismo contemporâneo é um grande consumidor de natureza e sua
evolução, nas últimas décadas, ocorreu como conseqüência da "busca do
verde" e da "fuga" dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos
pelas pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicofísico em contato
com os ambientes naturais durante seu tempo de lazer."
A volta às origens justifica-se pelo considerável percentual da população que tem em
seu histórico o campo como local de moradia e de produção. Ainda que as novas
gerações habitem as cidades, persistem na memória relatos de seus ascendentes
sobre a rotina no campo, e o saudosismo de uma época às vezes nem
experimentada pessoalmente. Cumpre ressaltar que a área rural também se
78
beneficiou de avanços tecnológicos, mantendo, porém, a ausência do ritmo
apressado, da poluição sonora e visual encontrados nas cidades.
Assim, é possível compreender o processo pelo qual passou o norte do Paraná, e
confirmar a dinamicidade de seu espaço. A área rural, exclusivamente geradora de
riqueza por considerável período de tempo, sempre esteve relacionada à urbana em
sua função de centro abastecedor de produtos manufaturados e serviços, dentre os
quais, o lazer. De alguma maneira hoje esta relação se inverte, cabendo ao campo,
ainda que em proporção pequena, o fornecimento do lazer para parte da população
urbana.
Como visto, o turismo para o proprietário rural, constitui-se em uma atividade nova
e pode-se dizer, desconhecida. Apresenta características bastante diferenciadas
das atividades tradicionais do campo: da lida com a terra e com o rebanho, passa-
se para o atendimento ao público. Além disso, a própria atividade turística realizada
no espaço rural carece de delineamentos claros à sua execução.
5.2 RETUR – Rede de Turismo Regional
A idéia da RETUR começou a ser idealizada no ano de 1997, juntamente com o
início de seu primeiro projeto: o GETER Grupo de Empreendedores do Turismo
no Espaço Rural.
Os municípios de Campo Mourão e Maringá, situados no norte do Paraná, serviram
de base para esta iniciativa pioneira de desenvolvimento do turismo de caráter
regional, tendo como principais mentores e fomentadores representantes da
iniciativa privada. Ainda que o primeiro movimento para o estabelecimento dessa
rede tenha partido de um representante do governo municipal de Campo Mourão na
época, o então Secretário de Desenvolvimento do município, Sr. Jacó Gimenes, diz-
se de caráter privado, devido ao fato da rede ter se estabelecido visando atender as
necessidades de seus participantes, co-responsáveis por todas as atividades
desenvolvidas, e se estendeu para além dos limites do município de Campo Mourão,
não se vinculando diretamente aos planos daquele governo municipal, mas sim aos
interesses de seus participantes.
79
A missão da RETUR é “ser o elo de ligação, interação e integração no processo de
regionalização do turismo entre todos interessados no desenvolvimento do
segmento.” A rede se conceitua como uma:
iniciativa de pessoas envolvidas no processo , com intenção de promover
o potencial turístico da região, promovendo a aproximação de interesses,
fortalecendo empreendimentos já existentes e conduzindo novos
empreendedores e produtores rurais para uma profissionalização do
segmento transformando a região norte / noroeste do Paraná em região
turística. (TURISMO REGIONAL, 2005)
Para que o princípio básico de uma rede, de constituir-se no entrelaçamento de
todos os envolvidos na concretização de um objetivo, seja alcançado, considera-se
como setores interessados no processo de desenvolvimento do turismo no âmbito
regional: empreendedores no espaço rural, agroindústria familiar, artesãos,
profissionais que se relacionem com o turismo, sindicatos, associações, órgãos
municipais, estaduais, federais, instituições de apoio, instituições de ensino, mídia,
comunidade. Esse entrelaçamento acontece através de parcerias, de acordo com o
projeto desenvolvido e tem como meta abranger o maior número possível de
representantes das mais diversas instituições.
Quanto à área de atuação, a RETUR tem ênfase no norte e noroeste do Paraná,
porém, pode atender a qualquer localidade que demande seus serviços. Assim, o
Projeto Costa Rica, por exemplo, visa incluir, além de municípios paranaenses,
municípios dos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, limítrofes ao estado do
Paraná, no trecho que abrange os Rios Paraná e Paranapanema.
Desde o ano de 2003, a RETUR está caracterizada como OSCIP Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público, processo 08015.011416/2003-57;
conveniada à UEM Universidade Estadual de Maringá através da resolução
609/2003, de 04/12/2003, processo 2702/2003, com fundamento na lei
8.666/93, pelo termo de ampla cooperação técnica, científica e cultural para o
desenvolvimento de projetos conjuntos de ensino, pesquisa e extensão; para
viabilizar o acesso e uso da infra-estrutura disponível em ambas as entidades; para
promover o intercâmbio de pessoal docente e técnico, em treinamento
80
especializado, a fim de atender programas e projetos de interesse mútuo (cursos,
palestras, seminários, etc.) e para troca de informações, através de assinatura de
termos de convênios.
O município de Maringá é sede e foro da RETUR, onde localiza-se seu escritório
central, coordenado por Wanda Pille, que, além de funcionar como uma central de
reservas para os empreendimentos turísticos do espaço rural com os quais mantém
acordo, também presta serviços de assessoramento e consultoria para novos
empreendimentos, promove a participação e divulgação dos empreendimentos em
eventos e na mídia, além de coordenar outros projetos da RETUR.
Em 2006, o cinco os projetos pertencentes à RETUR, incluindo o GETER. Todos
eles têm registrado suas logomarcas, que encontram-se expostas a seguir, logo
após breve descrição de cada projeto. O projeto Costa Rica encontra-se em fase
mais avançada de desenvolvimento, enquanto os demais se constituem em idéias
iniciais, cujas implantações ainda encontram-se pendentes.
COSTA RICA: Visa o desenvolvimento sustentável pelo turismo nos municípios
ribeirinhos dos Rios Paranapanema e Paraná, no trecho compreendido entre a
foz do Rio Ivaí e a foz do Rio Pirapó, através da exploração responsável de suas
ilhas, praias, fauna e flora. Sua filosofia ancora-se no tripé educação, cultura e
negócios. Em um primeiro momento envolveu os municípios paranaenses no
trecho Jardim Olinda Querência do Norte, e posteriormente pretende incluir os
municípios de Porto Primavera, no Mato Grosso do Sul, Rosana, Euclides da
Cunha e Teodoro Sampaio, em São Paulo e Santo Inácio, Santa Inês e Itaguagé,
no Paraná. foram realizados diversos cursos, visando a sensibilização e
qualificação das pessoas da região para o desenvolvimento da atividade turística,
como os encontros “Desenvolvimento sustentável e as oportunidades do turismo
na região noroeste do Paraná”, o curso “Agentes mirins-guias do amanhã”, curso
de “Condutores de turistas”, para pescadores e comunidades ribeirinhas e
residentes nas ilhas do Rio Paraná e Paranapanema. Como resultados têm-se:
organização da Festa do Milho, em Marilena, Festa da Brasilidade, em Terra
Rica, reorganização da atividade de vôo livre em Terra Rica, com a implantação
81
da Escola de esportes radicais e vôo livre e a organização de Conselhos de
Turismo em alguns municípios.
Figura 3: Logomarca do Projeto Costa Rica
Fonte: www.turismoregional.com.br
ROTA DO CAFÉ: visa o desenvolvimento de roteiro temático turístico como
oportunidade de conhecimentos da história do café no norte e noroeste do
Paraná, impulsionador da colonização e desenvolvimento da região.
Figura 4: Logomarca Projeto Rota do Café
Fonte: www.turismoregional.com.br
CAMINHOS DA CACHAÇA: desenvolvimento de roteiro temático, oportunizando
o conhecimento sobre produtores artesanais da cachaça no Paraná.
Figura 5: Logomarca do Projeto “Caminhos da Cachaça
Fonte: www.turismoregional.com.br
SOU DAQUI: projeto de integração dos municípios da CONCAM (Campo
Mourão)
82
Figura 6: Logomarca do Projeto “Sou Daqui”
Fonte: www.turismoregional.com.br
5.3 GETER – Grupo de Empreendedores do Turismo no Espaço Rural
O GETER constitui-se no principal objeto de análise dessa dissertação. Como
mencionado, ele é o primeiro projeto da RETUR e surgiu juntamente com ela,
resultando em uma experiência que nos auxilia na compreensão da dinâmica de
uma rede no âmbito do turismo realizado no espaço rural.
Figura 7: logomarca do projeto GETER
Fonte: www.turismoregional.com.br
A primeira reunião, realizada em 1997, por iniciativa do então Secretário de
Desenvolvimento de Campo Mourão, Jacó Gimenes, e com a colaboração do
SEBRAE daquele município, visava a formação de um grupo de empreendedores
do turismo, e contou com a participação de alguns empreendedores e
colaboradores no processo de desenvolvimento do turismo, dentre os quais os
representantes da Pousada A Fazendinha, de Campo Mourão e da Fazenda Água
Azul, de Fênix. Logo em seguida outros empreendedores foram contactados para a
formação do grupo.
83
A idéia de associativismo foi fortalecida pela percepção das dificuldades que as
propriedades enfrentavam ao agir isoladamente na divulgação da propriedade e no
desenvolvimento satisfatório da atividade turística. Assim, no dia 27 de março de
2001, o GETER foi lançado oficialmente em um evento na Sociedade Rural de
Maringá, amplamente divulgado na mídia regional.
O GETER tem como missão fomentar, desenvolver e normatizar o segmento do
turismo no espaço rural, cujo sucesso está na arte de somar competências e
priorizar a ética e o associativismo.
Inicialmente eram realizadas reuniões mensais, propositalmente nas dependências
das propriedades participantes, para que, além dos parceiros poderem conhece-las
e acordar sobre o padrão de qualidade proposto pelo projeto e que deveria ser
seguido por todos os participantes, um ambiente de parceria se desenvolvesse,
ainda que os integrantes da rede fossem concorrentes entre si, a fim de que o
resultado final fosse positivo para o conjunto das propriedades.
A coordenação do GETER é de responsabilidade da RETUR, através de seu
idealizador, Jacó Gimenes e da coordenadora e responsável pelo escritório de
turismo regional, Wanda Pille, e tem como compromisso junto ao GETER:
Fomentar a união dos empreendedores, agências de fomento, órgãos
governamentais, meios de comunicação e setores universitários, visando a
construção de um modelo exemplar de turismo no espaço rural;
Promover a interação e integração entre os agentes turísticos na formação de
uma cultura pró-turismo;
Realizar ações que desenvolvam os empreendimentos como negócios de
prestação de serviços;
Buscar parcerias que possam valorizar e fomentar o desenvolvimento do setor;
Promover a divulgação compartilhada diluindo custos dos parceiros e obtendo
maior abrangência;
Promover e participar de feiras e mostras que sejam de interesse dos parceiros;
Transmitir informações referentes ao turismo e interesses afins para os parceiros;
84
Criar mecanismos de comercialização de produtos das empresas parceiras;
Buscar linhas especiais de crédito para fomento do setor;
Disciplinar o segmento dentro de normas de qualidade;
Fortalecer a representatividade do segmento;
Promover o potencial turístico da região;
Fortalecer empreendimentos existentes e conduzir novos empreendedores e
produtores rurais para uma profissionalização do segmento.
Como compromisso dos empreendedores participantes, têm-se:
Fazer uso da marca em materiais de divulgação tendo em vista exclusivamente
os interesses da atividade turística do empreendimento;
Em casos de outros usos da marca, comunicar a coordenação da RETUR;
Colaborar com a transmissão de informações referentes ao turismo e interesses
afins para os demais parceiros;
Divulgar os parceiros inclusos no Projeto GETER, sem a visão de concorrência e
sim de parceiros de segmento em busca da sustentabilidade do setor;
Comprometer-se com a qualidade dos serviços;
Participar sempre que possível das feiras, visando o fortalecimento da imagem
do grupo.
De acordo com documentos referentes à implantação e organização do GETER, os
benefícios oferecidos pela RETUR aos integrantes do GETER, são:
Maior abrangência de comunicação;
Integração e interação com os demais empreendedores;
Atendimento pelo Escritório de Turismo Regional;
Central de atendimento ao turista;
Acesso a informações e notícias do turismo;
Materiais de divulgação com custos compartilhados;
Participação em feiras com custos compartilhados;
Uso da marca GETER com renovação anual;
Participação no sítio: www.turismoregional.com.br
85
Um dos resultados da parceria RETUR-GETER é a edição de mapas-guia, onde
constam todos os associados e sua localização. A distribuição é feita em feiras,
congressos, agências de viagens, praças de pedágio e no Escritório de Turismo
Regional, além de prever a distribuição pelos próprios participantes aos seus
hóspedes, constituindo-se em um dos principais meios de divulgação das
propriedades.
5.3.1 Participantes do GETER
Os quadros 1, 2 e 3 mostram os empreendimentos participantes do GETER nas
edições dos mapas-guia publicados no período 2001-2004. Além da identificação,
são apresentadas a localização (todas no estado do Paraná), a oferta de unidades
habitacionais e a caracterização dos empreendimentos, subdividida em:
Turismo rural: empreendimentos localizados em áreas rurais, porém que não
mantêm vínculos diretos com este. Os serviços ofertados variam entre aqueles
que remetem ao ambiente rural e outros que disponibilizam equipamentos de
lazer não vinculados à ruralidade, como parques aquáticos, por exemplo;
Agroturismo: empreendimentos localizados em propriedades que mantêm
atividades agropastoris tradicionais, sob responsabilidades de seus proprietários,
cuja observação ou participação é possível, mediante demonstração de interesse
do turista, sendo este o diferencial em relação ao “turismo rural”;
Ecoturismo: propriedades com áreas naturais conservadas, que disponibilizam
sua visitação através de trilhas ou outras atividades e ofertam (ou tem potencial
para ofertar) educação ambiental.
A caracterização “ecoturismo”, nesta classificação, é sempre complementar à
atividade de “turismo rural” ou “agroturismo”.
Como pioneiros do GETER têm-se onze empreendimentos turísticos, que constam
na edição do primeiro “Mapa do Turismo Regional”, publicado no ano de 2001.
86
DENOMINAÇÃO LOCALIZAÇÃO UNIDADES
HABITACIONAIS
CARACTERIZAÇÃO
Fazenda Água Azul Fênix Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada
A Fazendinha
Campo Mourão Sim Turismo rural
Fazenda Duas Barras Planaltina do
Paraná
Sim
(camping)
Agroturismo
Ecoturismo
Pousada das
Alamandas
Rolândia Sim Turismo rural
Fazenda Hotel
Jacarezinho
Cruzmaltina Sim Turismo rural
Pousada Parque das
Gabirobas
Roncador Sim Turismo Rural
Ecoturismo
Fazenda Ouro Verde Itam Sim Agroturismo
Ecoturismo
Recanto Aldeia das
Águas
Maringá Sim
(alojamento para
grupos)
Turismo rural
Fazenda Três Lagoas Mamborê Não Agroturismo
Salto Bandeirantes Santa Fé Sim
(camping)
Turismo rural
Hotel de Lazer Lago
das Pedras
Apucarana Sim Turismo rural
Quadro 1: Participantes GETER – edição mapa-guia 2001
Fonte: www.turismoregional.com.br
O segundo “Mapa do Turismo Regional” foi lançado no ano de 2002, com a inclusão
de novos parceiros, totalizando vinte empreendimentos participantes. Observa-se a
entrada de um “spa”, com oferta diferenciada de serviços, em relação aos demais
participantes.
DENOMINAÇÃO LOCALIZAÇÃO UNIDADES
HABITACIONAIS
CARACTERIZAÇÃO
Estância Ecológica Sertanópolis Sim Turismo rural
87
Ferraz
Pousada das
Alamandas
Rolândia Sim Turismo rural
Est. Ecológica
Guaicurus
Santa Mariana Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada-fazenda
Virá
Fernandes Pinheiro
Sim Turismo rural
Fazenda Água Azul Fênix Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada Parque das
Gabirobas
Roncador Sim Turismo rural
Ecoturismo
Fazenda Hotel
Jacarezinho
Cruzmaltina Sim Turismo rural
Recanto Aldeia das
Águas
Maringá Sim
(alojamento para
gurpos)
Turismo rural
Fazenda Três Lagoas Mamborê Não Agroturismo
Ecoturismo
Salto Bandeirantes Santa Fé Sim
(camping)
Turismo rural
Hotel Fazenda Luar
de Agosto
Faxinal Sim Turismo rural
Ecoturismo
Recanto SPA Água
Boa
Paiçandu Sim Turismo rural
Pousada A
Fazendinha
Campo Mourão Sim Turismo rural
Ecoturismo
Fazenda Duas Barras Planaltina do
Paraná
Não Agroturismo
Ecoturismo
Pousada e Marina
Porto do Sol
Porto Rico Sim Turismo rural
Ecoturismo
Aloha Park Hotel Maringá Sim Turismo rural
Pesca e Lazer Belini Peabiru Não Turismo rural
Pesca e Lazer Vale
Verde
São Jorge do Ivaí /
Floraí
Sim
(camping)
Turismo rural
Ecoturismo
Pousada Haras
Peabiru
Peabiru Não Turismo rural
88
Recanto Pinhão Tamarana / Mauá
da Serra
Sim
(em construção)
Turismo rural
Ecoturismo
Quadro 2: Participantes GETER – edição mapa-guia 2002
Fonte: www.turismoregional.com.br
A terceira edição do “Mapa do Turismo Regional”, foi lançado no ano de 2004, com a
participação de 18 empreendimentos turísticos, no qual destaca-se a inclusão de
restaurantes localizados à beira de rodovias, onde o servidos pratos picos
regionais ou étnicos, caracterizados aqui como “turismo rural”.
DENOMINAÇÃO LOCALIZAÇÃO UNIDADES
HABITACIONAIS
CARACTERIZAÇÃO
Estância das Rosas Iguatemi Sim Turismo rural
Ecoturismo
Estância Ecológica
Guaicurus
Santa Mariana Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada e Marina
Porto do Sol
Porto Rico Sim Turismo rural
Ecoturismo
Fazenda Água Azul Fênix Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada Monte Carlo Floresta Sim Turismo rural
Ecoturismo
Ítaytyba Ecoturismo Tibagi Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada Parque das
Gabirobas
Roncador Sim Turismo rural
Ecoturismo
Pousada A Fazendinha Campo Mourão Sim Turismo rural
Ecoturismo
Recanto Nativo Campo Magro Sim Agroturismo
Ecoturismo
Pousada-Fazenda Virá Fernandes
Pinheiro
Sim Turismo rural
SPA Hotel Fazenda
Santa América
Bela Vista do
Paraíso
Sim Turismo rural
Hotel Itagy Tibagi – centro Sim Ecoturismo (apoio)
89
Hotel – Restaurante
Anila
Fernandes
Pinheiro BR 277
Sim Turismo rural
Restaurante Arejo Londrina – PR 445 Não Turismo rural
Garapeira e
Lanchonete Bat-Pneu
Guairaça – BR 376 Não Turismo rural
Restaurante Girassol Palmeira – BR 277 Não Turismo rural
Mapy Mauá da Serra –
Rodovia do Café
Sim Turismo rural
Strassberg – Tortas
Alemãs
Londrina – PR 445 Não Turismo rural
Quadro 3: Participantes GETER – edição mapa-guia 2004
Fonte: www.turismoregional.com.br
Para melhor visualização da participação de cada empreendimento na rede
constituída pelo GETER, é apresentado a seguir um quadro com a identificação do
período no qual os empreendimentos fizeram parte nas edições dos mapas-guias.
NOME 2001 2002 2004
01 Pousada Parque das Gabirobas   
02 Fazenda Água Azul  
03 Pousada A Fazendinha   
04 Pousada das Alamandas  
05 Fazenda-Hotel Jacarezinho  
06 Recanto Aldeia das Águas 
07 Fazenda Três Lagoas  
08 Salto Bandeirantes  
09 Estância Ecológica Guaicurus  
10 Pousada-Fazenda Virá  
11 Pousada e Marina Porto do Sol  
12 Fazenda Duas Barras 
13 Fazenda ouro Verde 
14 Hotel de Lazer lago das Pedras 
15 Estância Ecológica Ferraz 
16 Hotel-Fazenda Luar de Agosto 
90
17 Recanto-Spa Água Boa 
18 Aloha Park Hotel 
19 Pesca e Lazer Belini 
20 Pesca e Lazer Vale Verde 
21 Pousada-Haras Peabiru
22 Recanto Pinhão 
23 Estância das Rosas 
24 Itaytiba Ecoturismo 
25 Recanto Nativo 
26 Spa-Hotel Fazenda Santa América 
27 Hotel Itagy 
28 Hotel-Restaurante Anila 
29 Restaurante Arejo 
30 Garapeira e Lanchonete Bat-Pneu 
31 Restaurante Girassol
32 Mapy
33 Strassberg – Tortas Alemãs 
Quadro 4: Empreendimentos participantes nos mapas-guias da RETUR/GETER
Fonte: edições 2001, 2002, 2004 mapas-guia do GETER
91
6 O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO NO GETER
6.1 Discurso do Sujeito Coletivo: princípios, conceitos e procedimentos
O DSC Discurso do Sujeito Coletivo, foi proposto por Lefèvre & Lefèvre (2003), a
fim de extrair do discurso de uma coletividade, um pensamento único representativo
do todo. A preocupação dos autores em elaborar essa técnica de análise advém do
caráter estritamente qualitativo do pensamento humano, ou seja, não é possível
tratar de modo similar variáveis como pensamento (de caráter qualitativo) e altura
(de caráter quantitativo), por exemplo.
O DSC é, assim, uma estratégia metodológica que, utilizando uma
estratégia discursiva, visa tornar mais clara uma dada representação
social, bem como o conjunto das representações que conforma um dado
imaginário. (LEFÈVRE & LEFÈVRE, 2003, p. 19)
Mas “como obter descrições de pensamentos, crenças e valores em escala
coletiva?” (Lefévre & Lefévre, 2003, p.15). O questionamento feito pelos autores
conduz ao procedimento a ser utilizado na busca de um resultado satisfatório, ou
seja, um discurso que represente o pensamento da coletividade.
Primeiramente é necessário atenção à construção do roteiro da entrevista a ser
aplicada no universo a ser pesquisado. A utilização de perguntas abertas permite
que os indivíduos representativos da coletividade se expressem de maneira livre,
resultando na produção de discursos que serão posteriormente analisados. A
formulação dessas questões exige um trabalho anterior de busca de conhecimento
sobre o assunto pesquisado, a fim de que as questões apresentadas aos
entrevistados produzam os discursos condizentes aos objetivos da pesquisa.
Segundo Yin (2005, p.28), “determinar as questões mais significantes para um
determinado tópico e obter alguma precisão na formulação dessas questões exige
muita preparação.” Assim, nesta pesquisa, onde a análise do estudo de caso
relaciona-se diretamente à algumas características apresentadas sobre a
configuração em redes de pequenas e médias empresas e alguns pressupostos
para que os seus objetivos sejam atingidos, adotou-se os seguintes pontos de
análise, abordados no item 2.3.2 (“sobre redes de pequenas e médias empresas”), a
92
fim de que os discursos produzidos pelos entrevistados resultassem em um material
adequado na análise dos objetivos propostos:
Aspecto organizacional (formalização);
As dimensões da confiança, cooperação e competição;
O processo de comunicação entre os integrantes da rede;
O estabelecimento de objetivos.
A elaboração das entrevistas ocorreu somente após a conclusão da fundamentação
teórica sobre o assunto, para que as questões sintetizassem a essência das
características de uma rede. Foram elaborados dois roteiros de entrevistas,
conforme pode ser visualizado nos apêndices dessa pesquisa: o primeiro roteiro foi
direcionado aos coordenadores do GETER, onde foram privilegiadas questões
referentes ao conceito de rede inserido no projeto por eles idealizado, aspectos
organizacionais adotados, a dinâmica resultante do trabalho conduzido e o
pensamento acerca do direcionamento tomado pela rede. O segundo roteiro,
direcionado à parcela representativa dos empreendedores rurais, não privilegiou
questões conceituais, visto entender que, ao ser coordenado por uma outra esfera,
representada pelos coordenadores da RETUR/GETER, cabe a estes a
responsabilidade de prover a rede de seus aportes teóricos, ainda que passíveis de
serem discutidos pelo grupo; assim, questionou-se primordialmente aspectos
referentes à motivação em participar de uma rede, seus aspectos organizacionais e
a dinâmica de trabalho resultante desta forma de organização, bem como suas
impressões sobre a eficácia da configuração em rede no caso específico do GETER.
Além da preocupação na elaboração do roteiro das entrevistas, é importante
ressaltar também a postura a ser adotada pelo entrevistador diante do entrevistado,
que não deve interferir de maneira alguma sobre o direcionamento das respostas
dadas, correndo o risco de conduzir a um pensamento do pesquisador e o da
coletividade.
Faz-se importante informar que, embora os coordenadores tenham sido identificados
nas transcrições das entrevistas, optou-se por não informar a identidade dos
empreendedores ouvidos, informando apenas que, no seu conjunto
93
representantes que participaram de uma, duas ou três edições dos mapas-guia
editados pela rede.
O segundo ponto importante na condução da técnica do DSC é a realização de um
trabalho exaustivo para somar os discursos individuais para que eles expressem o
pensamento de dada coletividade. Segundo Lefèvre & Lefévre (2003), o objetivo da
utilização do DSC na análise dos discursos dos depoimentos é:
reconstruir, com pedaços de discursos individuais, como em um quebra-
cabeça, tantos discursos-síntese quantos se julgue necessários para
expressar uma dada “figura”, ou seja, um dado pensar ou representação
social sobre um fenômeno. (2003, p.19)
Os autores ainda afirmam:
Para a elaboração do DSC parte-se dos discursos em estado bruto, que
são submetidos a um trabalho analítico inicial de decomposição que
consiste, basicamente, na seleção das principais ancoragens e/ou idéias
centrais presentes em cada um dos discursos individuais e em todos eles
reunidos, e que termina sob uma forma sintética, onde se busca a
reconstituição discursiva da representação social. (LEFÈVRE &
LEFÈVRE, 2003, P. 20)
Lefèvre & Lefèvre (2003) apresentam, esquematicamente, os passos necessários
para a construção do DSC, porém complementam que a técnica proposta somente é
efetivada a partir do uso dos instrumentos em pesquisas concretas.
Após a coleta e transcrição das entrevistas, inicia-se o processo de análise das
questões, feita de modo isolado, ou seja, analisa-se a questão 1 de todos os sujeitos
entrevistados, a seguir a questão 2, e assim sucessivamente, em um quadro
denominado Instrumento de Análise do Discurso IAD 1. Observa-se neste
trabalho, em especial na análise dos discursos dos coordenadores que, por vezes,
as respostas, na transcrição das entrevistas, não referem-se diretamente às
perguntas feitas anteriormente, devido à fluidez constatada no momento da
entrevista e que pode ser visualizada nos apêndices. Assim, buscou-se as
respostas às perguntas propostas em trechos distintos das entrevistas, visto
entender ser esse o procedimento mais adequado para alcançar os objetivos
propostos. No IAD 1 copia-se, de modo integral ou trechos previamente assi-
94
nalados, o conteúdo de todas as respostas referentes à questão 1, destacando a
seguir, de maneira distinta, os trechos correspondentes às expressões-chave das
idéias centrais
e as expressões-chave das
ancoragens
.
A idéia central (IC) é um nome ou expressão lingüística que revela e
descreve, da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível, o
sentido de cada um dos discursos analisados e de cada conjunto
homogêneo de ECH, que vai dar nascimento, posteriormente, ao DSC.
(LEFÈVRE & LEFÈVRE, 2003, p.17)
Quanto à ancoragem, Lefèvre & Lefèvre esclarecem:
...é a manifestação lingüística explícita de uma dada teoria, ou ideologia,
ou crença que o autor do discurso professa e que, na qualidade de
afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para “enquadrar”
uma situação específica. (2003, p.17)
Ainda para deixar clara a função dessas duas figuras metodológicas, os autores
afirmam:
A diferença entre a idéia central e a ancoragem é que a mesma
expressão-chave remete tanto ao seu sentido mais direto, representado
pela idéia central, quanto à teoria, à ideologia ou à crença subjacente,
representada pela ancoragem. (LEFÈVRE & LEFÈVRE, 2003, p.52)
Para determinar as idéias centrais, nesta dissertação, foi utilizado o recurso da
escrita sublinhada, e para determinar as ancoragens, foi utilizado a escrita em
negrito, além do sublinhado, visto toda ancoragem também remeter à uma idéia
central.
O passo seguinte consiste em agrupar nas colunas correspondentes do quadro IAD
1, as respectivas idéias centrais e as ancoragens das expressões-chave,
procedendo a seguir à identificação e agrupamento das idéias centrais e ancoragens
equivalentes, assinalados, nesta pesquisa, por letras: A, B, C,... ou seja, “criar uma
idéia central ou ancoragem-síntese, que expresse, da melhor maneira possível,
todas as idéias centrais e ancoragens de mesmo sentido.” (LEFÈVRE & LEFÈVRE,
2003, p.54)
Concluído o quadro “Instrumento de Análise de Discurso 1”, é possível a construção
do DSC. A técnica utilizada nesta etapa consiste em elaborar um segundo quadro
“Instrumento de Análise de Discurso” IAD 2, constituído de duas colunas: na
95
primeira coluna (expressão-chave) agrupa-se todas as expressões-chave
pertencentes às mesmas idéias centrais ou ancoragens (assinalados pelas letras A,
B, C,...), e na segunda coluna constrói-se enfim, o Discurso do Sujeito Coletivo,
através de um trabalho de reconstrução das expressões-chave, obedecendo a uma
esquematização que pode partir das idéias mais gerais para as mais particulares,
expressas pelos entrevistados, ou que obedeça a uma seqüência lógica de começo,
meio e fim no ordenamento dos pensamentos.
A apresentação dos resultados da técnica utilizada nesta pesquisa, ou seja, o
próprio Discurso do Sujeito Coletivo, está disposto após a análise de cada questão,
a fim de facilitar a visualização e a compreensão de cada discurso, bem como o
caminho percorrido para se chegar ao discurso final. O DSC é apresentado através
do recurso da escrita em itálico, visto não ser conveniente apresentar o resultado
final entre aspas, devido ao fato de não se trata de uma citação, mas sim de uma
fala ou depoimento coletivo.
A escolha pela utilização da técnica de análise proposta por Lefèvre & Lefèvre
(2003) justifica-se pois, pela necessidade de conhecer o pensamento dos
participantes do GETER, dado o objetivo proposto por esta pesquisa. A importância
de ouvir e analisar os discursos dos membros desta rede é reforçada ainda pelo
ineditismo dessa experiência no campo turístico nacional.
6.2 O discurso dos coordenadores do GETER
6.2.1 Surgimento da idéia de redes visando o desenvolvimento e
fortalecimento do turismo realizado no espaço rural norte paranaense
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGENS
1 Olha, a rede a gente imagina
como um laço de interesses
né?
Nasceu pela... observando que,
isoladamente, as sociedades se
colocavam à disposição do
mercado, mas sem atingir o
mercado. Então a proposta que
criamos é justamente isso:
fortalecer em grupo
A rede funciona como um
laço de interesses.
A
A rede serve como meio
para se atingir um objetivo,
difícil de ser alcançado
isoladamente.
Redes são laços de
interesse, nós
interconectados.
A
Redes constituem-se em
um dos formatos
adotados por pequenas e
96
2 O conceito de redes
nasce, eh..., em 98, em Campo
Mourão ... nós queríamos, partindo
do Carneiro no Buraco, que era
uma referência, criar um destino
turístico, um roteiro. Então nós
imaginamos, é..., a união de
municípios que formariam uma
rede; fizemos um primeiro
protocolo, e conseguimos juntar
dez municípios. A partir daí, em 99,
fizemos um outro seminário
regional de desenvolvimento, e a
idéia foi aperfeiçoada, que não, que
os municípios não seriam
suficientes, nós teríamos que ter
empreendedores. começa a
semente que virou o GETER. E
tínhamos uma seguinte situação:
como fazer o conceito de rede
desse grupo de empreendedores a
tomar uma outra dimensão ... Em
2000 a gente conhece a Wanda, a
Wanda, é... com a idéia de montar
um escritório, que seria um
pequeno bureau... rural, e aí nós
pudemos é, ... ter a evolução
daquele raciocínio anterior, que era
juntar municípios e juntar
empresários. Foi quando, é...,
fizemos o primeiro mapa, o primeiro
mapa, e aproximamos os donos,
os donos das propriedades pra
que eles, é..., vissem no GETER
uma escola de negócios ... A
essência do GETER foi fortalecer
um espírito associativo,
cooperativo, já que o grande
desafio nosso não é buscar
turista em Londrina, Maringá,
Cascavel, que são os pólos
maiores, nós temos que trazer
turistas do estado de São Paulo.
Só que um turista do estado de São
Paulo, ele não vai vir só pra ir numa
pousada, num empreendimento
porque esses empreendimentos
não têm, e não vão ter,
características de resorts, então,
nós teríamos que fazer, é..., uma
rede, aonde as pessoas seriam
informadas, de possibilidades que
teriam à disposição.
B
Um meio para se alavancar
o turismo no espaço rural
seria a criação de um
roteiro, com participação de
diversos municípios e
principalmente de seus
empreendedores.
C
A idéia inicial do Geter foi
de promover o espírito as-
sociativo e cooperativo en-
tre os associados, além de
promover sua qualificação,
tornando-se uma escola de
negócios.
D
médias empresas, que
possuem objetivos co-
muns, difíceis de serem
alcançados isoladamente
no mercado.
B
“a configuração em rede
promove ambiente favo-
rável ao compartilha-
mento de informações,
de conhecimentos, de
habilidades e de recursos
essenciais para os pro-
cessos de inovação.”
(BALESTRIN &
VARGAS, 2004, P.205)
D
97
Quadro 5: IAD 1 - Questão 1 da entrevista com coordenadores do GETER
A partir da análise da questão sobre o surgimento da idéia de redes visando o
desenvolvimento do turismo realizado no espaço rural norte paranaense, as idéias
centrais ou ancoragens sínteses percebidas foram:
A) redes são nós interconectados por laços de interesses. (IC e A)
B) redes auxiliam pequenas e médias empresas alcançarem seus objetivos,
através do trabalho conjunto. (IC e A)
C) um roteiro turístico, com diversos atrativos (neste caso empreendimentos),
alavanca o turismo como um todo. (IC)
D) a rede promove a qualificação dos empreendimentos participantes, através do
compartilhamento de informações e habilidades. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) redes são nós interconectados por laços de interesses (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - a rede a gente imagina como um laço de
interesses né?
A gente imagina a rede como um laço de
interesses
Quadro 6: IAD 2 – redes são nós interconectados por laços de interesses
B) redes auxiliam pequenas e médias empresas alcançarem seus objetivos,
através do trabalho conjunto. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 isoladamente, as sociedades se
colocavam à disposição do mercado, mas
sem atingir o mercado. Então a proposta
que criamos é justamente isso: fortalecer
em grupo
As sociedades se colocavam à disposição
do mercado isoladamente, sem atingi-
lo.
Então a proposta que criamos foi
justamente essa: fortalecer em grupo.
Quadro 7: IAD 2 redes auxiliam pequenas e médias empresas alcançarem seus
objetivos, através do trabalho conjunto
C) um roteiro turístico, com diversos atrativos (neste caso empreendimentos),
alavanca o turismo como um todo. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 Em 98, ...nós queríamos...
criar um
destino turístico, um roteiro. Então nós
imaginamos, é..., a união de municípios que
Nós queríamos criar um destino turístico,
um roteiro e percebemos que a união não
seria apenas de municípios, mas
principalmente de empreendedores
98
formariam uma rede. Em 99, a idéia foi
aperfeiçoada, ... só os municípios não seriam
suficientes, nós teríamos que ter
empreendedores. começa a semente que
virou o GETER. Um turista do estado de São
Paulo, ele não vai vir só pra ir numa pousada, só
num empreendimento porque esses
empreendimentos não têm, e não vão ter,
características de resorts, então, nós teríamos
que fazer, é..., uma rede, aonde as pessoas
seriam informadas, de possibilidades que teriam
à disposição.
principalmente de empreendedores
Um turista do estado de São Paulo, por
exemplo, não vai vir para visitar uma
pousada. Nós teríamos que ter uma rede,
aonde as pessoas seriam informadas de
possibilidades que teriam à disposição.
Quadro 8: IAD 2 - um roteiro turístico, com diversos atrativos (neste caso
empreendimentos), alavanca o turismo como um todo. (IC)
D) a rede promove a qualificação dos empreendimentos participantes, através do
compartilhamento de informações e habilidades. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 – fizemos o primeiro mapa, o primeiro mapa, e
aproximamos os donos, os donos das
propriedades pra que eles, é..., vissem no
GETER uma escola de negócios ... A
essência do GETER foi fortalecer um espírito
associativo, cooperativo,
A essência do Geter foi fortalecer um
espírito associativo, cooperativo. A partir
da confecção do primeiro mapa,
aproximamos os donos das propriedades
para que eles vissem no GETER uma
escola de negócios.
Quadro 9: IAD 2 a rede promove a qualificação dos empreendimentos
participantes, através do compartilhamento de informações e habilidades.
O DSC dos coordenadores referente à questão 1: como surgiu a idéia de
REDES, visando o desenvolvimento e fortalecimento do turismo realizado no
espaço rural norte paranaense?
A gente imagina a rede como um laço de interesses. Percebemos que as
sociedades (empreendimentos) se colocavam à disposição do mercado
isoladamente, sem atingi-lo. Então a proposta que criamos foi justamente essa:
fortalecer em grupo.
Nós queríamos criar um destino turístico, um roteiro, pois um turista do estado de
São Paulo, por exemplo, o vai vir aqui para visitar uma pousada. Nós teríamos
que ter uma rede, aonde as pessoas seriam informadas de possibilidades que teriam
à disposição e percebemos que a união apenas de municípios não seria suficiente,
precisávamos, principalmente, da união de empreendedores.
99
A essência do GETER foi fortalecer um espírito associativo, cooperativo. Assim, a
partir da confecção do primeiro mapa, aproximamos os donos das propriedades para
que eles vissem no GETER uma escola de negócios.
6.2.2
O papel da RETUR em relação ao GETER e suas formas de
relacionamento
Instrumento de Análise do Discurso 1
100
Quadro 10: IAD 1 - Questão 2 da entrevista com coordenadores do GETER
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGENS
1 - A RETUR é a instituição, ...
então ela engloba várias idéias,
vários projetos, né? E GETER até
é um dos trabalhos da RETUR
então são empreendedores com a
mesma característica e com os
mesmos interesses. E o
relacionamento GETER-RETUR
é... bom... a rede coordena o
trabalho. Então esse grupo não
nasceu da iniciativa dos
proprietários, foi uma proposta da
RETUR. Ta, a ligação é justamente
essa, o GETER é uma proposta.
2 - o GETER , na verdade é uma
escola de negócios, para
empreendedores do espaço rural
,...
A rede ... desde 2003,... ela foi,
é..., estruturada numa OSCIP
Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público, e hoje, ...ela tra-
balha turismo, agroindústria fami-
liar, educação ambiental e arte-
sanato. O GETER é mais um tra-
balho com os empreendedores... A
partir de setembro de 2003
ganhamos um aliado de peso, o
SENAR Paraná o Serviço Na-
cional da Aprendizagem Rural. O
SENAR Paraná, é..., cria o Pro-
grama de Turismo Rural. Hoje, es-
se programa tem quatorze cursos:
seis na área de gestão, três na área
de gastronomia, e cinco na área de
artesanato. Então, na verdade, é...,
esse grupo (GETER), eles pas-
sam a ser referência, para essas
pessoas que estão cursando o
SENAR em todo o Paraná. E a
idéia, a idéia é fazer essa apro-
ximação de empresários já, é...,
digamos assim, consolidados,
com quem está iniciando. Então
... a gente o GETER com a
dinâmica de um movimento para
proporcionar a quem quer ser
empresário, uma segurança para
produzir seus projetos.
a RETUR é a instituição
que coordena vários
projetos, dentre os quais, o
GETER.
A
O GETER é a reunião de
empreendedores com as
mesmas características e
interesses, cujo trabalho é
coordenado pela RETUR.
B
O GETER passa a ser
referência e escola para
iniciantes no negócio.
C
Redes, em organizações
civis, necessitam de um
mecanismo que facilite e
agilize sua operacionali-
dade, cuidando-se po-
rém, para que não
assuma uma função
controladora.
B
Um sistema de coopera-
ção interpresarial auxilia
a superar limites, crescer
e possibilita a utilização
do know-how de outras
empresas.
C
101
Na percepção dos empreendedores quanto ao papel da RETUR em relação ao
GETER e suas formas de relacionamento, as idéias centrais ou ancoragens sínteses
foram:
A) O GETER é um dos projetos da RETUR. (IC)
B) O GETER é a reunião de empreendedores com as mesmas características e
interesses, coordenados pela RETUR. (IC e A)
C) O GETER passa a ser referência em seu mercado de atuação. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) O GETER é um dos projetos da RETUR. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - A RETUR é a instituição, ...ela engloba
várias idéias, vários projetos, né? E GETER até
já é um dos trabalhos da RETUR
A RETUR é uma instituição que coordena
vários projetos, dentre os quais, o GETER.
Quadro 11: IAD 2 – o GETER é um dos projetos da RETUR
B) O GETER é coordenado pela RETUR. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 – O Grupo de Empreendedores do Espaço
Rural ... são empreendedores com a mesma
característica e com os mesmos interesses. E o
relacionamento GETER-RETUR é... a rede
coordena o trabalho. Então esse grupo não
nasceu da iniciativa dos proprietários, foi uma
proposta da RETUR. Tá, a ligação é justamente
essa, o GETER é uma proposta
O GETER consiste em um grupo de
empreendedores com as mesmas caracte-
rísticas e com os mesmos interesses, cujo
trabalho é coordenado pela RETUR. O
GETER é uma proposta da RETUR, não
nasceu da iniciativa dos proprietários.
Quadro 12: IAD 2 – o GETER é coordenado pela RETUR
C) O GETER passa a ser referência em seu mercado de atuação. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 esse grupo (GETER), eles passam a ser
referência, para essas pessoas que estão
cursando o SENAR em todo o Paraná. E a
idéia, a idéia é fazer essa aproximação de
empresários já, é..., digamos assim,
consolidados, com quem está iniciando... a
gente vê o GETER com a dinâmica de um
movimento para proporcionar a quem quer
ser empresário, uma segurança para
produzir seus projetos.
O GETER passa a ser referência para as
pessoas que estão cursando o SENAR-
PR
Serviço de Aprendizagem Rural, através da
aproximação e troca de experiência entre
empresários consolidados e iniciantes
no negócio.
Quadro 13: IAD 2 – o GETER passa a ser referência em seu mercado de atuação.
102
O DSC dos coordenadores referente à questão 2: Qual é, na prática, o papel da
RETUR em relação ao GETER? Como eles se relacionam?
A RETUR é uma instituição que coordena vários projetos, dentre os quais, o
GETER.
O GETER consiste em um grupo de empreendedores com as mesmas
características e com os mesmos interesses, cujo trabalho é coordenado pela
RETUR, pois o GETER é uma proposta da RETUR, não nasceu da iniciativa dos
proprietários.
Atualmente, a RETUR procura promover a aproximação e a troca de experiência
entre empresários consolidados, participantes do GETER e iniciantes no negócio,
que participam do Programa de Turismo Rural, ofertado pelo SENAR-PR - Serviço
de Aprendizagem Rural, fazendo do GETER uma referência nessa área.
6.2.3 Os aspectos de formalização do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
103
Quadro 14: IAD 1 - Questão 3 da entrevista com coordenadores do GETER
Quanto aos aspectos de formalização do GETER, os coordenadores emitem as
seguintes idéias-centrais e ancoragens-síntese:
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGENS
1 Bom... não, não, não existe,...
mas empresários, eles costumam
pensar muito no seu território,
então é um pensamento
individualista, pensamento mais
imediatista. Então, é... para
formalizar teria que ter uma
associação. Dentro do grupo, é...
existiu uma divergência, alguns
imaginam que uma associação é...
não dirigida por uma entidade
membro que forma a rede, como a
RETUR, é..., iria estar
prevalecendo os dirigentes. E a
gente sabe que isso acontece
realmente, o presidente, as
pessoas que estão na diretoria,
com maior influência, ela acaba
privilegiando, mesmo que ela não
queira privilegiar, o seu
empreendimento. Então
, houve
um consenso em associação.
Então o GETER ele continua a
ser coordenado pela Rede de
Turismo.
2 - a RETUR é uma instituição...
ela trabalha com contratos. O
GETER, a gente não visa
aprisionar o GETER em uma
camisa de forças, num
departamento da rede, a gente
quer ver o GETER algo vivo
,
porque ainda nós não temos no
Paraná uma cultura do turismo, nós
temos quem está ganhando
dinheiro com o turismo,... nós
temos, é, quem está ganhando
dinheiro com turismo, nós temos
quem pode ganhar, mas, é, não
assim, um, um, uma forma de ver o
turismo como negócio. E o grande
desafio é fazer do GETER, uma
escola de negócios.
Empresários são individua-
listas e desejam resultados
imediatos. Dirigentes de
uma associação tendem a
agir em benefício de seu
próprio empreendimento,
por isso o consenso em
que o GETER seja
coordenado pela RETUR,
uma entidade neutra.
A
Não existem regras fixas de
conduta e ação . O GETER
precisa ser algo vivo,
dinâmico, e não estar
aprisionado dentro de um
departamento da rede.
B
Em redes de pequenas e
médias empresas, a
esfera de controle/poder
é diluída devido ao
caráter democrático da
configuração em rede. A
coordenação do GETER,
é feita por uma entidade
neutra – a RETUR
A
Quando uma rede é
formada devido a
interesses mútuos de
cooperação, ela assume
a dimensão da
conivência, não sendo
necessário o estabeleci-
mento formal de regras.
B
104
A) a coordenação do GETER é feita por uma entidade neutra a RETUR, para
que o interesse do grupo seja salvaguardado. (IC e A)
B) O GETER é dinâmico. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A coordenação do GETER é feita por uma entidade neutra a RETUR, para
que o interesse do grupo seja salvaguardado. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 empresários, eles costumam pensar muito
no seu território. Em uma associação, o
presidente, as pessoas que estão na diretoria,
com maior influência, ela acaba privilegiando,
mesmo que ela não queira privilegiar, o seu
empreendimento. Então
, houve um consenso
em associação. Então o GETER ele continua
a ser coordenado pela Rede de Turismo.
Empresários costumam pensar muito em
seu território (empreendimento). Assim,
em uma associação, as pessoas que estão
na diretoria tendem a privilegiar seus
empreendimentos. Por isso, houve um
consenso para que a RETUR, como
entidade neutra, continuasse a coordenar o
GETER.
Quadro 15: IAD 2 a coordenação do GETER é feita por uma entidade neutra a
RETUR, para que o interesse do grupo seja salvaguardado
B) O GETER é dinâmico. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1- não, não existe (regras fixas de conduta e
ação)
2- a gente não visa aprisionar o GETER em
uma camisa de forças, num departamento da
rede, a gente quer ver o GETER algo vivo.
ainda nós não temos no Paraná uma cultura do
turismo, não assim, um, um, uma forma de
ver o turismo como negócio. E o grande desafio
é fazer do GETER, uma escola de negócios.
No GETER não existem regras fixas de
conduta e ação. A gente quer vê-lo como
algo vivo, e não aprisiona-lo em uma
camisa de forças, num departamento da
rede. No Paraná, o turismo não é visto
como negócio, não ainda uma cultura a
do “negócio” turismo, e esse é o grande
desafio do GETER.
Quadro 16: IAD 2 – o GETER é dinâmico
O DSC dos coordenadores referente à questão 3: Quanto aos aspectos de
formalização do GETER, um contrato estabelecendo regras fixas de
conduta e ação, ou o desenvolvimento das atividades é livre, baseados nos
interesses comuns de acordo com as necessidades que vão surgindo:
No GETER não existem regras fixas de conduta e ação. A gente quer ver o GETER
como algo vivo, e não aprisioná-lo em uma camisa de forças, num departamento da
rede. No Paraná, o turismo não é visto como negócio, não ainda uma cultura do
105
“negócio” turismo, e esse é o grande desafio do GETER - fazer dele uma escola de
negócios.
Quanto à coordenação do grupo, houve um consenso para que a RETUR, como
entidade neutra, continuasse a coordenar o GETER. Empresários costumam pensar
muito em seu próprio território (empreendimento); assim, em uma associação, as
pessoas que estão na diretoria tendem a privilegiar seus empreendimentos. Então o
GETER continua a ser coordenado pela Rede de Turismo.
6.2.4 A dinâmica de ação do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 A idéia de se ter uma central
onde estávamos fazendo uma
intermediação, uma referência para
que as pessoas viessem nos
conhecer, né? A central do
GETER. E... os materiais, as
casas, a forma que vão ser
distribuídos, né? E que todas as
propriedades devem ter o mesmo
material, de preferência esse
material exposto pra que os
hóspedes pudessem, é... ter
acesso a esse material, e...
houvesse também um trabalho é...
através do SEBRAE, de liderança
de grupo, de trabalho em grupo, pra
que o grupo entendesse realmente
a finalidade de estarmos num grupo
empreendedor.
2- A Wanda passou a ser a, a, a
coordenadora operacional do
GETER e se fez uma venda de
qualificação. O SEBRAE apoiou,
“liderando” um curso do LIDERAR
para esses participantes. E se
discutia muito, mas principalmente,
é,... o, a essência do GETER foi
fortalecer um espírito associativo,
cooperativo...
o mapa tem todas as propriedades,
um dos requisitos é que quando eu
me instalava na sua propriedade,
você dava uma mapa pra mim. Ao
você me dar o mapa, você estaria
divulgando outras dez
O GETER deveria ter uma
central , que serviria como
órgão divulgador dos
empreendimentos e como
central de reservas.
A
O material de divulgação
(mapa-guia) era feito em
conjunto, cada propriedade
divulgando todos os demais
participantes.
B
A rede deveria viabilizar
cursos necessários à
concretização de objetivos
dos envolvidos, promoven-
do sua qualificação junto à
instituições como o
SEBRAE, por exemplo.
C
106
propriedades. (referindo-se à
primeira edição do mapa)
Quadro 17: Questão 4 da entrevista com coordenadores do GETER
Sobre a dinâmica de ação do GETER, segundo a ótica de seus coordenadores, as
seguintes idéias centrais são observadas:
A) as reservas e divulgação dos participantes do GETER, eram feitas através de
um escritório central. (IC)
B) cada participante deveria divulgar os demais membros do GETER, através
da distribuição dos mapas-guia para seus hóspedes. (IC)
C) a rede era responsável pela viabilização de cursos objetivando o
aprimoramento profissional dos participantes. (IC)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) As reservas e divulgação dos participantes do GETER, eram feitas através de
um escritório central. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - A idéia de se ter uma central onde
estávamos fazendo uma intermediação, uma
referência para que as pessoas viessem nos
conhecer, né? ? A central do GETER.
A central do GETER serviria de base para
as pessoas virem nos conhecer, essa
central faria a intermediação entre os
empreendedores do GETER e os
interessados em conhecer os
empreendimentos.
Quadro 18: IAD 2 as reservas e divulgação dos participantes do GETER, eram
feitas através de um escritório central
B) Cada participante deveria divulgar os demais membros do GETER, através da
distribuição dos mapas-guia para seus hóspedes. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - todas as propriedades devem ter o mesmo
material, de preferência esse material exposto
pra que os hóspedes pudessem, é... ter acesso
a esse material,
2 - o mapa tem todas as propriedades, um dos
requisitos é que quando eu me instalava na sua
propriedade, você dava uma mapa pra mim. Ao
você me dar o mapa, você estaria divulgando
outras dez propriedades.
O mapa tem todas as propriedades. Todas
as propriedades deveriam ter esse material
exposto para que os hóspedes pudessem
ter acesso a esse material. Assim,ao me
dar um mapa, o empreendedor estaria
divulgando as demais propriedades
participantes.
Quadro 19: IAD 2 cada participante deveria divulgar os demais membros do
GETER, através da distribuição dos mapas-guia para seus hóspedes
107
C) A rede era responsável pela viabilização de cursos objetivando o
aprimoramento profissional dos participantes. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - e... houvesse também um trabalho é...
através do SEBRAE, de liderança de grupo, de
trabalho em grupo, pra que o grupo entendesse
realmente a finalidade de estarmos num grupo
empreendedor.
2 - se fez uma venda de qualificação. O
SEBRAE apoiou, “liderando” um curso do
LIDERAR para esses participantes.
Se fez uma venda de qualificação para os
participantes do GETER. O SEBRAE
apoio, conduzindo o curso LIDERAR para o
grupo, para que eles entendessem
realmente a finalidade de estar num grupo
empreendedor.
Quadro 20: IAD 2 a rede era responsável pela viabilização de cursos objetivando
o aprimoramento profissional dos participantes.
O DSC dos coordenadores referente à questão 4: Do início do GETER até o
ano 2004, qual era a dinâmica do grupo? Como se reuniam?
A central do GETER serviria de base para as pessoas virem nos conhecer, essa
central faria a intermediação entre os empreendedores do GETER e os
interessados em conhecer os empreendimentos.
A partir de 2001, foi publicado o mapa-guia, um mapa com todos os participantes do
GETER. Todas as propriedades deveriam ter esse material exposto para que os
hóspedes pudessem ter acesso a esse material. Assim, ao me dar um mapa, o
empreendedor estaria divulgando as demais propriedades participantes.
Também se fez uma venda de qualificação para os participantes do GETER. O
SEBRAE apoiou, conduzindo o curso LIDERAR para o grupo, para que eles
entendessem realmente a finalidade de estar num grupo empreendedor.
6.2.5 A compreensão das dimensões da confiança e cooperação, juntamente
com a competição, dentro do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 -
Algum empreendedor tem a
imagem: “mas eu vou estar
divulgando os meus concorren-
tes?”
outro empreendedor
imagina: “Puxa, mas esse grupo
é... é...” deixa de ver como
Alguns participantes da
rede não compreendem o
trabalho em conjunto, que
beneficia, além de seu
próprio empreendimento,
os demais participantes da
Os membros da rede,
mais do que concor-
rentes, tornam-se parcei-
ros no esforço de
alavancar suas ativida-
des.
108
concorrentes, ta? Então não
somos concorrentes, somos
pessoas do mesmo segmento,
um segmento novo, então se têm
pessoas divulgando o meu
empreendimento, porque eu não
vou divulgar o dessas pessoas?”
Então é um fator multiplicador...
é, os participantes são compe-
tidores, então, é, a gente percebe
assim, é...as reuniões são feitas,
cada vez muda os empreen-
dimentos, para que ele fale
aberto ao seu concorrente, né?
Aberto ao seu parceiro, que nós
chamamos de parceiros né? É...
no sentido assim, de ver o que é
feito nas instalações, uma troca
de experiências, o que os
hóspedes pedem, o que convém e
o que não convém.
R: E todos conseguiram entender
isso?
1 Alguns, alguns, nem todos... E
os que não entendem, prejudicam o
grupo. Porque seguram o
processo, eles, é..., seguram
informações; eles, é..., as
informações tiram muito mais em
benefício próprio. Então, eu acho
assim:
trabalhar em grupo,
trabalhar em rede exige um
amadurecimento muito grande
das pessoas, onde o egoísmo é
um sentimento assim...
corrosivo, né?
2 - Não. Isso foi um
aprendizado. É, alguns fios de
cabelos ... brancos eu ganhei por
isso. Nós no Brasil, nós temos que
ser mais associativistas, e eu
tenho que ser associativista não
na hora que me interessa, eu
tenho que ser... em todas as
horas
. Então um dos problemas
que nós encontramos no GETER, é
que... uma pequena parte da
primeira formação do GETER,
queria, se apoderar, dessa força, e
não queria abrir pra novos
participantes. ... Como você viu, o
mapa tem todas as propriedades,
um dos requisitos é que quando
eu me instalava na sua
rede. Outros compreen-
dem o processo e deixam
de ver os demais partici-
pantes como concorrentes.
A
Nas reuniões, os empre-
endedores falam aberta-
mento aos seus concor-
rentes/parceiros, contribuin-
do para a troca de in-
formações entre o grupo,
porém nem todos compre-
endem essa dinâmica de
ação, prejudicando o
restante do grupo.
B
O trabalho em rede exige
amadurecimento por parte
dos participantes.
C
A
A troca de informações
flui livremente para que
todos se beneficiem das
experiências alheias.
B
A relação de confiança e
cooperação entre inte-
grantes de uma rede é
estabelecida a longo
prazo e deve coexistir
com a concorrência
C
109
propriedade, você dava um mapa
pra mim. Ao você me dar o mapa,
você estaria divulgando outras
dez propriedades. E aí, o que
aconteceu? Uma minoria sumiu
com os mapas, porque achou,
que ao entregar o mapa, estaria,
desviando os turistas para
outros membros da rede
...
Esses, esses, mostraram que ele
não tem uma cultura do turismo,
porque a idéia do turismo pra dar
certo é, eu divulgo o outro e o outro
me divulga. Eu recomendo o outro,
e o outro me recomenda. Mas,
felizmente, a maioria entendeu, e é
por isso que o GETER continua até
hoje.
Quadro 21: Questão 5 da entrevista com coordenadores do GETER
Sobre as dimensões da confiança, cooperação e competição, os coordenadores do
GETER, observam as seguintes idéias centrais ou ancoragens síntese:
A) os participantes que compreendem a dinâmica da rede passam a perceber os
demais integrantes como parceiros, ainda que sejam concorrentes entre si. (IC e A)
B) o trabalho em rede implica fluidez de informações entre os participantes. (IC e A)
C) a dimensão da cooperação e da confiança entre concorrentes integrantes de
uma rede é alcançada a longo prazo. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) Os participantes que compreendem a dinâmica da rede passam a perceber
os demais integrantes como parceiros, ainda que sejam concorrentes entre si.
(IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 -
Algum empreendedor tem a imagem:
“mas eu vou estar divulgando os meus
concorrentes?” outro empreendedor
imagina: “Puxa, mas esse grupo é... é...”
deixa de ver como concorrentes, ta? Então
não somos concorrentes, somos pessoas do
mesmo segmento, um segmento novo, então
se têm pessoas divulgando o meu
empreendimento, porque eu não vou
divulgar o dessas pessoas?”
A distribuição do mapa com todas as
propriedades deveria ser feita por todos os
integrantes do GETER, porém alguns
empreendedores pensaram: “mas eu vou
estar divulgando os meus concorrentes?”
E uma minoria sumiu com os mapas
porque achou que, ao entregar o mapa,
estaria desviando os turistas para outros
membros da rede. Mas felizmente a
maioria entendeu: não somos con-
correntes, somos pessoas do mesmo
110
2 - o mapa tem todas as propriedades, um
dos requisitos é que quando eu me instalava
na sua propriedade, você dava um mapa pra
mim. Ao você me dar o mapa, você estaria
divulgando outras dez propriedades. E aí, o
que aconteceu? Uma minoria sumiu com os
mapas, porque achou, que ao entregar o
mapa, estaria, desviando os turistas para
outros membros da rede ...
a idéia do turismo
pra dar certo é, eu divulgo o outro e o outro me
divulga. Eu recomendo o outro, e o outro me
recomenda. Mas, felizmente, a maioria
entendeu, e é por isso que o GETER continua
até hoje.
segmento, um segmento novo, então , se
tem pessoas divulgando o meu
empreendimento, porque eu não vou
divulgar o dessas pessoas? Para o turismo
dar certo, eu divulgo o outro e o outro me
divulga; eu recomendo o outro e o outro me
recomenda.
Quadro 22: IAD 2 os participantes que compreendem a dinâmica da rede passam
a perceber os demais integrantes como parceiros, ainda que sejam concorrentes
entre si.
B) O trabalho em rede implica fluidez de informações entre os participantes (IC e
A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 -
as reuniões são feitas, cada vez muda os
empreendimentos, para que ele fale aberto
ao seu concorrente, né? Aberto ao seu
parceiro,
que nós chamamos de parceir
os né?
É... no sentido assim, de ver o que é feito nas
instalações, uma troca de experiências, o que
os hóspedes pedem, o que convém e o que não
convém.
R: E todos conseguiram entender isso?
1 Alguns, alguns, nem todos... E os que não
entendem, prejudicam o grupo. Porque
seguram o processo, eles, é..., seguram
informações; eles, é..., as informações tiram
muito mais em benefício próprio.
A idéia nas reuniões era para que os
empreendedores se intercalassem para
falar sobre sua experiência aos demais,
expor o que era feito em suas instalações,
sobre os pedidos dos hóspedes, etc., para
que todos se beneficiassem do conhe-
cimento acumulado por cada integrante.
Mas alguns não entendiam isso e
acabavam prejudicando os demais,
segurando informações e usando o
aprendizado somente em benefício
próprio..
Quadro 23: IAD 2 o trabalho em rede implica fluidez de informações entre os
participantes.
C) A dimensão da cooperação e da confiança entre concorrentes integrantes de
uma rede é alcançada a longo prazo. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - Então, eu acho assim: trabalhar em grupo,
trabalhar em rede exige um amadurecimento
muito grande das pessoas, onde o egoísmo é
um sentimento assim... corrosivo, né?
2 - Nós no Brasil, nós temos que ser mais
associat
ivistas,
e eu tenho que ser
Nós, no Brasil, precisamos ser mais
associativistas; e não podemos ser
associativistas somente na hora que nos
interessa, mas em todas as hor
as.
Trabalhar em rede exige um
amadurecimento muito grande das
pessoas.
111
associativista não na hora que me
interessa, eu tenho que ser... em todas as
horas
.
Quadro 24: IAD 2 a dimensão da cooperação e da confiança entre concorrentes
integrantes de uma rede é alcançada a longo prazo.
O DSC dos coordenadores referente à questão 5: Uma rede como o GETER,
prevê ao mesmo tempo a dimensão da confiança e da cooperação, juntamente
com a competição. Isso era compreendido pelos membros do GETER? De
que maneira?
Não, não por todos. Por exemplo, a distribuição do mapa com todas as
propriedades, deveria ser feita por todos os integrantes do GETER, porém alguns
empreendedores pensaram: “mas eu vou estar divulgando os meus concorrentes?
E uma minoria sumiu com os mapas porque achou que, ao entregar o mapa,
estaria desviando os turistas para outros membros da rede. Mas felizmente a
maioria entendeu que não eram concorrentes, eram pessoas do mesmo segmento,
um segmento novo; então , se tem pessoas divulgando o meu empreendimento,
porque eu não vou divulgar o dessas pessoas? Para o turismo dar certo, eu divulgo
o outro e o outro me divulga; eu recomendo o outro e o outro me recomenda.
Outro exemplo é o caso das reuniões. A idéia era para que, nas reuniões, os
empreendedores se intercalassem para falar sobre sua experiência aos demais,
expor o que era feito em suas instalações, sobre os pedidos dos hóspedes, etc.,
para que todos se beneficiassem do conhecimento acumulado por cada integrante.
Mas alguns não entendiam isso e acabavam prejudicando os demais, segurando
informações e usando o aprendizado somente em benefício próprio..
Nós, no Brasil, precisamos ser mais associativistas; e não podemos ser
associativistas somente na hora que nos interessa, mas em todas as horas.
Trabalhar em rede exige um amadurecimento muito grande das pessoas.
6.2.6 A dispersão geográfica do GETER e suas conseqüências
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1
-
Então, é,
existe uma seleção
a rede é formada por
A rede é baseada em um
112
natural, as pessoas que se
identificam né?... E é bem
benéfico que o empreendedor
não se localize numa região,
né? A gente trabalha o turismo
no espaço rural e não delimita
os territórios.
2 - Na verdade, é o seguinte, as
coisas são dinâmicas. Esse
mapa era pra ser só pra região de
Campo Mourão. nós fizemos
uma análise: Campo Mourão não
é o centro maior, o centro maior é
Maringá. Trouxemos pra a
idéia, a partir do momento que
lançamos o primeiro mapa,... nós
fomos procurados por outras,
outras propriedades, de outras
regiões, que não tinham um
trabalho de organização do setor,
e nós não tivemos dúvida, nós
fomos para Fernandes Pinheiro,...
e no último mapa nós estamos
em Campo Magro, apenas a
quarenta quilômetros de
Curitiba... Seguramente, na
edição 2006, outras regiões farão
parte do mapa.
aqueles que guardam uma
identificação entre si, tradu-
zida pela busca dos mes-
mos objetivos
A
objetivo comum, e não na
proximidade geográfica. A
organização em rede
transforma o conceito de
região, ao unificar
interesses e objetivos e
não privilegiar a dimensão
físico-geográfica.
A
Quadro 25: Questão 6 da entrevista com coordenadores do GETER
Na percepção dos coordenadores, a seguinte idéia central e ancoragem síntese, é
emitida em relação à dispersão geográfica ocorrida no GETER ao longo do tempo:
A) a rede é baseada em um objetivo comum, e o na proximidade geográfica (IC
e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A rede é baseada em um objetivo comum, e não na proximidade geográfica.
(IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - existe uma seleção natural, as pessoas que
se identificam né?
A gente trabalha o turismo
no espaço rural e não delimita os territórios.
2 - a partir do momento que lançamos o
primeiro mapa,... nós fomos procurados por
outras, outras propriedades, de outras reg
iões,
A gente trabalha o turismo no espaço rural
e não delimita os territórios. Existe uma
seleção natural, pessoas que se
identificam, que partilham mesmos
objetivos. A partir do momento que
lançamos o primeiro mapa, fomos
procurados por outras propriedades, de
113
que não tinham um trabalho de organização do
setor, e nós não tivemos dúvida, nós fomos
para Fernandes Pinheiro,... e no último mapa
nós estamos em Campo Magro, apenas a
quarenta quilômetros de Curitiba...
outras regiões, que não contavam com um
trabalho de organização do setor, e nós
não tivemos dúvidas em ir atende-los. Por
isso estamos em Fernandes Pinheiro,
Campo Magro e seguramente, na edição
2006, outras regiões farão parte do mapa.
Quadro 26: IAD 2 a rede é baseada em um objetivo comum, e não na proximidade
geográfica
O DSC dos coordenadores referente à questão 6: como você interpreta a
dispersão geográfica do GETER ao longo do tempo? Essa mudança, de
alguma maneira, alterou os objetivos ou o modo de agir do grupo?
A gente trabalha o turismo no espaço rural e não delimita os territórios. Existe uma
seleção natural, pessoas que se identificam, que partilham os mesmos objetivos. A
partir do momento que lançamos o primeiro mapa, fomos procurados por outras
propriedades, de outras regiões, que não contavam com um trabalho de organização
do setor, e nós não tivemos dúvidas em ir atende-los. Por isso estamos em
Fernandes Pinheiro, Campo Magro e seguramente, na edição 2006, outras regiões
farão parte do mapa.
6.2.7 A questão da rotatividade dos empreendimentos participantes do
GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 Você está dizendo da
rotatividade do GETER?... Na
verdade o grupo ele acabou se
dividindo justamente por esses
fatores colocados (falta de
conscientização / entendimento
sobre o trabalho em rede). Então
houve um desmembramento,
alguns partiram para uma
opção de associação,...
Tem os
que estão voltando, né? Que
estão amadurecendo... quer
dizer, a princípio eles viram a
própria RETUR como um
concorrente. Eles não
entenderam... que a RETUR
seria, é... a bandeira, o alicerce
né, do trabalho, para manter a
A RETUR era considerada
concorrente para alguns
membros do GETER, o que
causou o afastamento de
alguns participantes, que
procuraram uma alternativa
ao GETER.
A
Algumas propriedades, por
motivos diversos, encerra-
ram suas atividades turís-
ticas, e conseqüentemente
deixaram o GETER, mas
outras propriedades entra-
ram no grupo.
B
Quando um participante
não sente-se comparti-
lhando os mesmos objeti-
vos da rede, ou não os
entende, opta por sair, e,
às vezes, procurar outro
caminho, que pode ser
similar, como a incursão
em uma outra rede com
outros objetivos.
A
Redes têm um caráter
dinâmico, constitui-se em
um sistema aberto, visto
não ser possível delimitar
as conexões estabelecidas
114
essência do trabalho. É... então
essa visão de concorrência...
retardou o processo todo, né?
2 - Na verdade, é o seguinte, as
coisas são dinâmicas...
A partir
do momento que lançamos o
primeiro mapa, nós tivemos por
exemplo, é..., a propriedade, o
Ouro Verde, Fazenda Ouro Verde
foi desativada, então ela deixa o
mapa, mas nós fomos procurados
por outras, outras propriedades,
de outras regiões, que não tinham
um trabalho de organização do
setor, não tinham nenhuma
estratégia de... promoção do
empreendimento...
por seus integrantes. É
fechado porém, quando se
considera sua área de
atuação.
B
Quadro 27: Questão 7 da entrevista com coordenadores do GETER
Segundo os coordenadores do GETER, a questão da rotatividade dos
empreendimentos participante obedece às seguintes idéias centrais ou ancoragens
síntese:
A) O compartilhamento de objetivos é essencial para a permanência na rede. (IC e
A)
B) Redes são dinâmicas, não é possível controlar sua evolução, mas apenas
acompanhar. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) O compartilhamento de objetivos é essencial para a permanência na rede (IC
e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - Você está dizendo da rotatividade do
GETER?... Na verdade o grupo ele acabou se
dividindo justamente por esses fatores
colocados (falta de conscientização /
entendimento sobre o trabalho em rede). Então
houve um desmembramento... alguns partiram
para uma opção de associação,... Tem os que
estão voltando, né? Que estão amadurecendo...
a princípio eles viram a própria RETUR como
um concorrente. Eles não entenderam... que a
RETUR seria, é... a bandeira, o alicerce né, do
trabalho, para manter a essência do trabalho.
Alguns participantes do GETER viram a
RETUR como um concorrente, não
entenderam que ela seria o alicerce para
manter a essência do trabalho em rede.
Por isso houve um desmembramento, e
alguns partiram para uma opção de
associação. Mas os que estão
voltando.
115
Quadro 28: IAD 2 – o compartilhamento de objetivos é essencial para a
permanência na rede.
B) Redes são dinâmicas, não é possível controlar sua evolução, mas apenas
acompanhar. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 - Na verdade, é o seguinte, as coisas são
dinâmicas...
A partir do momento que lançamos
o primeiro mapa, nós tivemos por exemplo, é...,
a propriedade, o Ouro Verde, Fazenda Ouro
Verde foi desativada, então ela deixa o mapa,
mas nós fomos procurados por outras, outras
propriedades, de outras regiões, que não tinham
um trabalho de organ
ização do setor, não
tinham nenhuma estratégia de... promoção do
empreendimento...
As coisas são dinâmicas. A partir do lança-
mento do primeiro mapa, algumas
propriedades deixaram o GETER por
motivos diversos, inclusive o encerramento
de suas atividades turísticas; mas outras
propriedades foram inseridas, porque
buscavam um trabalho de organização do
setor ou de promoção de seus em-
preendimentos.
Quadro 29: IAD 2 Redes são dinâmicas, não é possível controlar sua evolução,
mas apenas acompanhar.
O DSC dos coordenadores referente à questão 7: Percebe-se, analisando os
mapas-guia editados pela RETUR-GETER, que houve considerável rotatividade
de empreendimentos participantes. Em sua opinião, qual o motivo dessa
rotatividade.
Redes são dinâmicas, não é possível controlar sua evolução. A partir do lançamento
do primeiro mapa, algumas propriedades deixaram o GETER por motivos diversos,
inclusive o encerramento de suas atividades turísticas; mas outras propriedades
foram inseridas, porque buscavam um trabalho de organização do setor ou de
promoção de seus empreendimentos.
Outro motivo é que alguns participantes do GETER viram a RETUR como um
concorrente, não entenderam que ela seria o alicerce para manter a essência do
trabalho em rede. Por isso houve um desmembramento, e alguns partiram para uma
opção de associação, mas temos alguns empreendimentos retornando ao GETER.
6.2.8
Percepções sobre resultados alcançados e barreiras percebidas no
desenvolvimento do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
116
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 É, então, eu acho que o
maior entrave do GETER é a
não visão de rede, ... a gente
percebe que os que têm a
consciência da cooperação,
eles têm mais equilíbrio
emocional, eles, é..., caminham
devagar e sempre ... É, a idéia,...
a essência (do GETER) continua,
né? É um processo complicado
porque não existe um apoio
governamental, é, tem que ser
uma iniciativa da rede, as perdas,
os riscos da RETUR... Eu não
tenho o GETER como um... caso
encerrado. O GETER ele existe,
e apenas não tem aquela
comunicação, quer dizer, hoje
nós oferecemos um serviço ao
GETER e... poderíamos estar
fazendo muito mais...
...ele deu um tempo para
amadurecimento. Então o GETER
existe como um... é... uma
prestação de serviços da RETUR,
né? O processo de encontros,
debates, estão guardados... e...
as acomodações das coisas.
R: Agora, pensando no GETER
nos seus dois, três primeiros anos
né? ... Você conseguiu sentir mu-
danças nos empreendimentos?
1 Muita, muita... o turismo rural
ele, ele tem controvérsias, ele é
novo,... seria o ideal para o
turismo rural, então acompanhar
a vida no campo, aquilo ser
totalmente produzido no campo,
os funcionários serem todos do
campo, serem multifuncionais.
Mas na prática isso não certo.
Porque um tratorista, ele não tem
como servir um buffet
... não é?
É..., hum... ele pode até ter essa
capacidade, mas até esse
processo de ele chegar lá...
Então o mercado é uma coisa
bem tangível, pra tudo isso teve a
ajuda dos hotéis, muitas
excursões, é... e eles mesmos
buscam cursos pra estar me-
lhorando seu empreendimento.
2
-
Olha, veja bem,
as pessoas
O maior entrave do GETER
é a não visão de rede por
parte de alguns membros.
Os resultados só não foram
maiores pela falta da
conscientização da força do
associativismo.
A
atualmente a atuação do
GETER é restrita a uma
central de reservas, porém
a retomada do conceito de
rede, pode trazer inúmeros
benefícios aos participantes
B
o caráter multifuncional
exigido dos funcionários de
empreendimentos turísti-
cos localizados no espaço
rural, é obtido pelo esforço
conjunto, troca de expe-
riências e participação em
cursos.
C
Através do GETER, as
pessoas passaram a se
comunicar mais.
D
Houve melhoras na ques-
tão da comercialização, dos
valores, dos serviços e o
fortalecimento do setor.
Através do GETER foi via-
bilizada a divulgação dos
empreendimentos partici-
pantes pelas praças de
pedágio nas rodovias do
norte do Paraná, além de
possibilitar a geração de
empregos.
E
Através do GETER, o seg-
mento de turismo no es-
paço rural no norte parana-
ense, fez
-
se conhecer e
A existência da coopera-
ção entre participantes de
uma rede é essencial para
o seu sucesso.
A
Redes promovem ambien-
te favorável ao comparti-
lhamento de informações,
conhecimentos, habilida-
des e de recursos essen-
ciais para os processos de
inovação, além de com-
tribuir para a geração de
empregos e possibilitar
ações de marketing em
conjunto.
D/E
Redes constituem-se em
um meio para que peque-
nas e médias empresas
possam inserir-se no mer-
cado competitivamente.
F
117
passaram a se comunicar
mais,. A questão do, da
comercialização, dos valores, a
questão dos serviços, a questão
de você ter o fortalecimento do
setor, por exemplo, em 2002, a
Rede Paranaense (de televisão),
dedicou todo uma série do verão
de 2002 para o GETER
, certo?...
Então, é, o ganho, o ganho, ele é,
é, ele é visível, hoje, hoje é, você
pode dizer, que esse setor
existe, embora não tenha
recebido nem do governo
federal, nem do governo
estadual, nenhum apoio
concreto. Então... o que motiva
a continuar com o GETER, que
ele foi uma resposta da
cidadania dos empreendedores
pra fortalecer uma área que
agora contribui com os
governos, na, na geração de
emprego e impostos.
R - E o senhor consegue perce-
ber algum motivo que possa ter
inibido o GETER, para resultados
melhores? Alguma barreira...
2 - não, eu, eu, fora as limitações
de nós,... na coordenação que a
gente pode ter, é, em determi-
nado momento, não ter perce-
bido, o alcance, eu vejo, que
...
os resultados não foram
maiores porque nós não
tínhamos uma consciência da
força do associativismo e por
uma falta de cultura do turismo.
Agora, a partir do GETER nós
conseguimos, que a VIAPAR, que
é concessionária de várias pra-
ças e trechos estratégicos, como
rumo Londrina, rumo Paranavaí,
rumo a Cascavel, enfim, Maringá,
é, abriu, porque existia o GETER,
porque eles não iriam abrir pra
atender o João, a Maria, o André
.
Agora, cabe à, à rede agir como
uma promotora da qualidade do
serviço e cabe aos empresários
uma união pra custear o suporte
pra que possam competir no
mercado... E os resultados
ocorrem, que quando você es-
muito perto, você não conse
-
ense, fez-se conhecer e
conquistou seu espaço no
mercado, ainda que sem
apoio governamental.
F
118
gue dimensionar. Mas, você... e
outros... viram a, o alcance, de
você juntar pessoas de uma
mesma área, pra crescer e como
você trabalhar a relação de
municípios e empresas, e insti-
tuições na forma de rede.
Quadro 30: Questão 8 da entrevista com coordenadores do GETER
A partir da análise do período estudado em relação ao GETER, os coordenadores
observam as seguintes idéias centrais ou ancoragens síntese acerca dos resultados
alcançados e as limitações percebidas:
A) a cooperação entre participantes de uma rede é essencial para seu sucesso.
(IC e A)
B) a falta de amadurecimento/comprometimento retardou os resultados do trabalho
em rede. (IC)
C) funcionários de empreendimentos turísticos localizados no espaço rural precisam
ser treinados para serem multifuncionais. (IC)
D) a rede intensifica o processo de comunicação entre participantes. (IC e A)
E) o GETER contribuiu para geração de empregos, melhorias nos processos de
comercialização, prestação de serviços e divulgação dos empreendimentos
participantes. (IC e A)
F) o GETER auxiliou os empreendimentos participantes inserirem-se no mercado.
(IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A cooperação entre participantes de uma rede é essencial para seu sucesso
(IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - eu acho que o maior entrave do GETER é a
não visão de rede, ... a gente percebe que os
que têm a consciência da cooperação, eles
têm mais equilíbrio emocional, eles, é...,
caminham devagar e sempre ...
2 - eu vejo, que... os resultados não foram
maiores porque nós não tínhamos uma
consciência da força do associativismo e por
uma falta de cultura do turismo.
E os resultados ocorrem, só que quando você
Eu acho que o maior entrave do GETER é
a não visão de rede; os resultados não
foram maiores porque nós ainda não
tínhamos consciência da força que é o
associativismo. A gente percebe que os
empreendedores que têm a consciência da
cooperação caminham devagar e sempre.
Os resultados ocorrem, mas quando se
está muito perto não é possível
dimensiona-los.
119
está muito perto, você não consegue dimen-
sionar. Mas, você... e outros... viram a, o
alcance, de você juntar pessoas de uma
mesma área, pra crescer e como você trabalhar
a relação de municípios e empresas, e insti-
tuições na forma de rede.
Quadro 31: IAD 2 – a cooperação entre participantes de uma rede é essencial para
seu sucesso.
B) A falta de amadurecimento/comprometimento retardou os resultados do
trabalho em rede (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - Eu não tenho o GETER como um... caso
encerrado. O GETER ele existe, e apenas não
tem aquela comunicação, quer dizer, hoje nós
oferecemos um serviço ao GETER e...
poderíamos estar fazendo muito mais...
...ele deu um tempo para amadurecimento.
Então o GETER existe como um... é... uma
prestação de serviços da RETUR, né? O
processo de encontros, debates, estão
guardados... e... as acomodações das coisas.
Eu não tenho o GETER como um caso
encerrado, ele apenas deu um tempo para
amadurecimento. Hoje ele existe como
uma prestação de serviços da RETUR,
mas o processo de encontros e debates
estão guardados, esperando a
acomodação das coisas.
Quadro 32: IAD 2 – a falta de amadurecimento/comprometimento retardou os
resultados do trabalho em rede
C) Funcionários de empreendimentos turísticos localizados no espaço rural
precisam ser treinados para serem multifuncionais. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - seria o ideal para o turismo rural, então
acompanhar a vida no campo, aquilo ser
totalmente produzido no campo, os funcionários
serem todos do campo, serem multifuncionais.
Mas na prática isso não certo. Porque um
tratorista, ele não tem como servir um buffet...
não é? É..., hum... ele pode até ter essa
capacidade, mas até esse processo de ele
chegar lá... Então o mercado é uma coisa bem
tangível, pra tudo isso teve a ajuda dos hotéis,
muitas excursões, é... e eles mesmos buscam
cursos pra estar melhorando seu empreen-
dimento
O ideal para o turismo rural seria empregar
pessoas do campo, mas para isso, elas
precisam ser multifuncionais. Porém, o
processo para qualificar um tratorista, por
exemplo, para que ele possa servir um
buffet adequadamente, é demorado. Foi
preciso ajuda de hotéis, muitas excursões
e cursos.
Quadro 33: IAD 2 funcionários de empreendimentos turísticos localizados no
espaço rural precisam ser treinados para serem multifuncionais
120
D) A rede intensifica o processo de comunicação entre participantes (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2- Olha, veja bem, as pessoas passaram a se
comunicar mais,.
As pessoas passaram a se comunicar
mais.
Quadro 34: IAD 2 a rede intensifica o processo de comunicação entre
participantes
E) o GETER contribuiu para geração de empregos, melhorias nos processos de
comercialização, prestação de serviços e divulgação dos empreendimentos
participantes (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 A questão do, da comercialização, dos
valores, a questão dos serviços, a questão de
você ter o fortalecimento do setor, por exemplo,
em 2002, a Rede Paranaense (de televisão),
dedicou todo uma série do verão de 2002 para o
GETER,
Então... o que motiva a continuar com o
GETER, que ele foi uma resposta da
cidadania dos empreendedores pra fortalecer
uma área que agora contribui com os
governos, na, na geração de emprego e
impostos.
a partir do GETER nós conseguimos, que a
VIAPAR, que é concessionária de várias pra-
ças e trechos estratégicos, como rumo Londrina,
rumo Paranavaí, rumo a Cascavel, enfim,
Maringá, é, abriu, porque existia o GETER,
porque eles não iriam abrir pra atender o João, a
Maria, o André.
O GETER contribuiu para melhorias nos
aspectos de comercialização, valores,
prestação de serviços, divulgação. Para
citar alguns feitos possíveis graças ao
trabalho em rede, no ano de 2002, a Rede
Paranaense de Televisão dedicou toda
uma série do programa de verão” para o
GETER, divulgando durante uma semana,
dif
erentes empreendimentos participantes;
também a VIAPAR, concessionária de
várias praças de pedágios nas rodovias
norte paranaenses, abriu espaço para que
os mapas-guia fossem distribuídos para os
motoristas que lá passassem.
Então... o que motiva a continuar com o
GETER, é o fato dele ter sido uma resposta
da cidadania dos empreendedores pra
fortalecer uma área que agora contribui
com os governos na geração de empregos
e impostos.
Quadro 35: IAD 2 o GETER contribuiu para a geração de empregos, melhorias
nos processos de comercialização, prestação de serviços e divulgação dos
empreendimentos participantes.
F) o GETER auxiliou os empreendimentos participantes inserirem-se no mercado.
(IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - É um processo complicado porque não existe
um apoio governamental, é, tem que ser uma
iniciativa da rede, as perdas, os riscos da
RETUR
2- Então, é, o ganho, o ganho, ele é, é, ele é
visível, hoje, hoje é, você pode dizer, que esse
setor existe, embora não tenha recebido nem
do governo
federal, nem do governo
Hoje é possível atestar a existência do
setor de turismo no espaço rural norte
paranaense, em grande parte devido ao
trabalho realizado pelo GETER, visto este
setor não ter contado com o apoio do
governo estadual ou federal. A RETUR
tomou a iniciativa e as responsabilidades e
o GETER aceitou o desafio.
121
estadual, nenhum apoio concreto.
Quadro 36: IAD 2 – o GETER auxiliou os empreendimentos participantes inserirem-
se no mercado.
O DSC dos coordenadores referente à questão 8: Considerando a motivação
inicial do surgimento do GETER:
a) Quais os resultados alcançados pelo GETER, como conseqüência direta
de sua configuração em rede?
b) Quais as limitações/barreiras percebidas, se houve alguma, para que o
GETER apresentasse os resultados esperados?
Eu acho que o maior entrave do GETER é a não visão de rede por parte dos
empreendedores; os resultados não foram maiores porque s ainda não
tínhamos consciência da força que é o associativismo. A gente percebe que os
empreendedores que têm a consciência da cooperação caminham devagar e
sempre. Os resultados ocorrem, mas quando se está muito perto não é possível
dimensioná-los.
Hoje o GETER está num período de hibernação. Eu não tenho o GETER como um
caso encerrado, ele apenas deu um tempo para amadurecimento. Hoje ele existe
como uma prestação de serviços da RETUR, mas o processo de encontros e
debates está guardado, esperando a acomodação das coisas, o amadurecimento do
mercado.
O turismo no espaço rural é um segmento novo, ainda em fase de regulamentação
no Brasil, por isso suscetível a várias indagações e dúvidas por parte de seus
integrantes. O GETER contribuiu na solução de algumas dessas questões. Por
exemplo, o ideal para o turismo rural seria empregar preferencialmente pessoas do
campo, mas para isso, elas precisam ser multifuncionais. Porém, o processo para
qualificar um tratorista, por exemplo, para que ele possa servir um buffet
adequadamente, é demorado. O GETER contribuiu buscando ajuda de hotéis,
viabilizando excursões e cursos.
122
Através do GETER, as pessoas também passaram a se comunicar mais. O GETER
contribuiu para melhorias nos aspectos de comercialização, valores, prestação de
serviços, divulgação. Para citar alguns feitos possíveis graças ao trabalho em rede,
no ano de 2002, a Rede Paranaense de Televisão retransmissora da Rede Globo,
dedicou toda uma série do “programa de verão” para o GETER, divulgando durante
uma semana, diferentes empreendimentos participantes; também a VIAPAR,
concessionária de várias praças de pedágios nas rodovias norte paranaenses, abriu
espaço para que os mapas-guia fossem distribuídos para os motoristas que
passassem.
Então, o que motiva a continuar com o GETER, é o fato dele ter sido uma resposta
da cidadania dos empreendedores pra fortalecer uma área que agora contribui com
os governos na geração de empregos e impostos. Hoje é possível atestar a
existência do setor de turismo no espaço rural norte paranaense, em grande parte
devido ao trabalho realizado pelo GETER, visto este setor não ter contado com o
apoio do governo estadual ou federal. A RETUR tomou a iniciativa e as
responsabilidades e o GETER aceitou o desafio.
6.3 O discurso dos empreendedores do GETER
6.3.1 A motivação para a inserção no GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGENS
1 – Na época que começou-se a
montar o GETER, na verdade o
professor Jacó me procurou, né?
Eu estava começando nessa área,
achei interessante iniciar esse
trabalho, nem sabendo direito o que
ia dar, por isso começamos e
levamos até a um certo tempo, mas
não teve uma motivação
especifica...
A necessidade que partiu da
época era de um grupo sem fins
lucrativos entre as pessoas, era
mais ir tocando num sentido de
viabilizar... dividir custo de
divulgação... mais nesse sentido
de custos... a mensalidade que a
pessoa paga pro grupo, ela é
Nós estávamos começando
nesta área, e achei
interessante aceitar o
convite dos coordenadores
do GETER, mesmo não
sabendo ao certo o que ia
dar.
A
Nós nos alinhamos a uma
idéia do Prof. Jacó, da
Wanda e de outros em-
preendedores, com o intuito
de se fundar uma coisa
organizada, dar uma
identidade pra nossa
região, falando em turismo,
O GETER possibilitou a
organização do setor
turístico rural na região,
através da união dos
empreendedores, coor-
denados pelos seus
idealizadores.
B
O GETER possibilita que
seus participantes te-
nham maior visualização
no mercado, através do
trabalho de divulgação
feito pelo grupo.
C
123
revertida em ações de
divulgação.
2 Então nós se alinhamos a
uma idéia, né, com o prof. Jacó,
com a Wanda, com os outros
empreendedores... com o intuito
de se fundar assim um..., uma
coisa organizada, dar uma
identidade pra nossa região,
falando em turismo, que até então
não se falava, né?
3 o motivo principal foi a
perspectiva de ter uma
divulgação maior do meu
empreendimento através do
GETER, que estava fazendo
um trabalho assim com outros
participantes.
4 - Bom, a gente estava iniciando
na época, né. a gente não tinha
muito conhecimento de..., dessa
parte de turismo, né, daí eles
convidaram, até na época era o
prof. Jacó e a Wanda, eles
convidaram e a gente achou
interessante, mesmo pra ter
assim uma troca de informações,
experiências, pra conhecer
outros lugares também.
que até então não se
falava.
B
O motivo principal foi a
perspectiva de viabilizar a
maior divulgação do nosso
empreendimento através do
GETER, que já estava
fazendo um trabalho assim
com outros participantes.
C
Aceitamos o convite para
ter uma troca de infor-
mações, de experiências e
para conhecer outros
lugares também, pois
estavámos começando no
negócio de turismo.
D
O GETER abriu a
perspectiva da troca de
informações e experiên-
cias e possibilitou conhe-
cer outros empreendi-
mentos turísticos.
D
Quadro 37: IAD 1 - Questão 1 da entrevista com empreendedores do GETER
Os empreendedores participantes do GETER emitiram as seguintes idéias centrais
ou ancoragens síntese sobre a motivação para a inserção na rede:
A) A adesão ao GETER se deu pela aceitação de um convite por parte de seus
coordenadores (IC)
B) A adesão ao GETER teve como principal motivação o desejo de organizar o
setor turístico rural na região. (IC e A)
C) A perspectiva de maior divulgação do empreendimento motivou a inserção no
GETER. (IC e A)
D) Participar do GETER possibilitou a troca de informações e experiências (IC e A)
124
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A adesão ao GETER se deu pela aceitação de um convite por parte de seus
coordenadores (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - Na época que começou-se a montar o
GETER, na verdade o professor Jacó me
procurou, né? Eu estava começando nessa
área, achei interessante iniciar esse trabalho,
nem sabendo direito o que ia dar, por isso
começamos e levamos até a um certo tempo,
mas não teve uma motivação especifica... a
procura dele...
4 - Bom,
a gente estava iniciando na época, né.
a gente não tinha muito conhecimento de...,
dessa parte de turismo, né, daí eles convidaram,
até na época era o prof. Jacó e a Wanda, eles
convidaram e a gente achou interessante
Na época que começou a se montar o
GETER, o Prof. Jacó me procurou. Achei
interessante iniciar este trabalho, embora
nem soubesse ao certo no que ia resultar.
A gente estava iniciando na época, não
tinha muito conhecimento dessa parte de
turismo, achamos interessante participar.
Quadro 38: IAD 2 - a adesão ao GETER se deu pela aceitação de um convite por
parte de seus coordenadores
B) a adesão ao GETER teve como principal motivação o desejo de organizar o
setor turístico rural na região. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2
isoladamente, as sociedades se
colocavam à disposição do mercado, mas
sem atingir o mercado. Então a proposta
que criamos é justamente isso: fortalecer
em grupo
As sociedades se colocavam à disposição
do mercado isoladamente, sem atingi-
lo.
Então a proposta que criamos foi
justamente essa: fortalecer em grupo.
Quadro 39: IAD 2 a adesão ao GETER teve como principal motivação o desejo de
organizar o setor turístico na região.
C) a perspectiva de maior divulgação do empreendimento motivou a inserção no
GETER (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 A necessidade que partiu da época era
de um grupo sem fins lucrativos entre as
pessoas, era mais ir tocando num sentido de
viabilizar... dividir custo de divulgação...
mais nesse sentido de custos... a
mensalidade que a pessoa paga pro grupo,
ela é revertida em ações de divulgação.
3
-
o motivo principal foi a perspectiva de ter
Na época em que o grupo surgiu, a
necessidade que se tinha era de viabilizar
ações de divulgação, através da partilha de
custos. Assim, parte dos empreendimen-
tos que aderiram ao GETER pos-
teriormente, teve como motivação principa
l
a perspectiva de ter uma divulgação maior
do seu empreendimento, visto que um
trabalho assim estava sendo feito com
os demais participantes.
125
uma divulgação maior do meu
empreendimento através do GETER, que
estava fazendo um trabalho assim com
outros participantes.
os demais participantes.
Quadro 40: IAD 2 a perspectiva de maior divulgação do empreendimento motivou
a inserção no GETER
D) Participar do GETER possibilitou a troca de informações e experiências (IC e
A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
4 - na época era o prof. Jacó e a Wanda, eles
convidaram e a gente achou interessante,
mesmo pra ter assim uma troca de
informações, experiências, pra conhecer
outros lugares também.
Na época, estávamos começando o nosso
empreendimento e achamos interessante
aceitar o convite do Prof. Jacó e da Wanda
pra poder ter uma troca de informações e
experiências e para poder conhecer outros
empreendimentos também.
Quadro 41: IAD 2 participar do GETER possibilitou a troca de informações e
experiências
A percepção dos empreendedores referente à questão 1: qual a motivação
inicial que o/a levou a inserir o seu empreendimento no GETER?
Diversos motivos levaram à inserção no GETER. Um deles foi o simples convite, por
parte dos coordenadores, para iniciar o trabalho em rede. Embora não tínhamos
claro o resultado dessa iniciativa, acreditamos na proposta apresentada. A gente
estava iniciando na época, não tinha muito conhecimento dessa parte de turismo,
assim achamos interessante participar.
Outro motivo, aliado ao convite dos coordenadores, foi o desejo, e também a
necessidade, de organizar o setor do turismo no espaço rural de nossa região. As
sociedades se colocavam à disposição do mercado isoladamente, sem atingi-lo.
Então a proposta que criamos foi justamente essa: fortalecer em grupo.
Quando o grupo surgiu, havia a necessidade de se viabilizar ações de divulgação,
através da partilha de custos, o que foi efetivamente feito. Assim, parte dos
empreendimentos que aderiram ao GETER posteriormente, teve como motivação
principal, a perspectiva de ter uma divulgação maior do seu empreendimento, visto
que um trabalho assim já estava sendo feito com os demais participantes.
126
Além disso, na época, estávamos começando o nosso empreendimento e achamos
interessante aceitar o convite do Prof. Jacó e da Wanda para poder ter uma troca de
informações e experiências e para poder conhecer outros empreendimentos
também.
6.3.2 A tomada de decisões no GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
Quadro 42: IAD 1 - Questão 2 da entrevista com empreendedores do GETER
Sobre a tomada de decisões no contexto do GETER, os empreendedores
entrevistados emitem a mesma idéia central, que também constitui-se em uma
ancoragem síntese:
A) as decisões eram tomadas conjuntamente em reuniões mensais. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGENS
1 Eram feitas reuniões e
ficávamos discutindo sobre ,
para tentar achar um caminho.
R Daí as necessidades iam
surgindo?
1 Isso, ia surgindo, por
exemplo, a necessidade de
treinamento para capacitação,
melhoria de alguma coisa, o
grupo se reunia, votava e
viabilizava isso, com o SEBRAE
e a Universidade Estadual de
Maringá.
2 – as decisões eram reuniões,
nós fazíamos reuniões mensais,
né? O pessoal levava uma pauta
pra discussões nas reuniões,
né? E tinha aprimoração do
grupo.
4 - normalmente era assim, ...
fazia
as reuniões e era pela maioria,
era colocado os assuntos, né, e a
maioria decidia.
R os próprios empreendedores
levantavam as necessidades?
E4 – Sim. Isso, isso.
As decisões eram tomadas
em reuniões mensais,
quando se colocavam as
necessidades do grupo e
se discutia as ações a
serem tomadas.
A
O grupo se reunia
mensalmente para discu-
tir suas necessidades e
problemas, e tomava
decisões conjuntamente
sobre as ações que
deveriam ser tomadas,
buscando o apoio de
outras instituições,
quando necessário.
A
127
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) as decisões eram tomadas conjuntamente em reuniões mensais (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
Quadro 43: IAD 2 – as decisões eram tomadas conjuntamente em reuniões mensais
O DSC dos empreendedores referente à questão 2: Como eram tomadas as
decisões no GETER?
Eram feitas reuniões mensais, quando discutíamos nossos problemas e tentávamos
achar um caminho a seguir - a maioria decidia. Os empreendedores expunham os
problemas que seus empreendimentos estavam vivenciando, e a partir daí surgiam
as necessidades de treinamento para capacitação, melhorias, etc... e então se
buscava o apoio junto ao SEBRAE e à Universidade Estadual de Maringá, por
exemplo, para que os cursos, treinamentos e assessorias fossem viabilizados.
6.3.3 O
relacionamento entre os coordenadores e os participantes do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
1 Eram feitas reuniões e ficávamos
discutindo sobre , para tentar achar um
caminho.
R – Daí as necessidades iam surgindo?
1 Isso, ia surgindo, por exemplo, a
necessidade de treinamento para
capacitação, melhoria de alguma coisa, o
grupo se reunia, votava e viabilizava isso,
com o SEBRAE e a Universidade Estadual de
Maringá.
2 as decisões eram reuniões, nós fazíamos
reuniões mensais, né? O pessoal levava
uma pauta pra discussões nas reuniõ
es, né?
E tinha aprimoração do grupo.
4 - normalmente era assim, ...
fazia as reuniões
e era pela maioria, era colocado os assuntos,
né, e a maioria decidia.
R os próprios empreendedores levantavam
as necessidades?
E4 – Sim. Isso, isso.
Eram feitas reuniões mensais, quando
discutíamos nossos problemas e ten-
távamos achar um caminho a seguir: a
maioria decidia. Os empreendedores
expunham os problemas que seus
empreendimentos estavam vivenciando, e
a partir daí surgiam as necessidades de
treinamento para capacitação, melhorias,
etc... e então se buscava o apoio junto ao
SEBRAE e à Universidade Estadual de
Maringá, por exemplo, para que os cursos,
treinamentos e assessorias fossem via-
bilizados.
128
Quadro 44: IAD 1 - Questão 3 da entrevista com empreendedores do GETER
A idéia central e ancoragem síntese referente ao relacionamento entre
coordenadores e empreendedores do GETER, segundo a percepção dos
empreendedores:
A) O relacionamento entre coordenadores e empreendedores era bom,
amistoso e harmônico (IC)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) O relacionamento entre coordenadores e empreendedores era bom, amistoso
e harmônico (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 uma harmonia entre o pessoal..., sim, tinha,
se conduziu inicialmente muito bem...: as idéias
contatenadas, ..., tudo era uma coisa nova para
nós empreendedores e para a Wanda,... o prof.
Jacó.
3 – o nosso relacionamento era bom e amistoso.
4 acho que era bom, o relacionamento era
bom.
Principalmente no início, havia uma har-
monia entre os coordenadores e os
empreendedores, as idéias convergiam e
também era tudo novidade para nós. O
nosso relacionamento era bom e amistoso.
Quadro 45: IAD 2 o relacionamento entre coordenadores e empreendedores era
bom, amistoso e harmônico.
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGENS
2 uma harmonia entre o
pessoal..., sim, tinha, se conduziu
inicialmente muito bem...: as idéias
contatenadas, ..., tudo era uma
coisa nova para nós
empreendedores e para a
Wanda,... o prof. Jacó. Então as
coisas eram assim de maneira
harmônica, todo mês nós nos
reuníamos....
3 o nosso relacionamento era
bom e amistoso.
4 - acho que era bom, o relaciona-
mento era bom.
O relacionamento era bom
e amistoso. No início havia
uma harmonia entre as
idéias dos coordenadores e
de todos os
empreendedores.
A
129
O DSC dos empreendedores referente à questão 3: Qual o relacionamento
entre os coordenadores da RETUR e os participantes do GETER?
Principalmente no início, havia uma harmonia entre os coordenadores e os
empreendedores, as idéias convergiam e também era tudo novidade para nós. O
nosso relacionamento era bom e amistoso.
6.3.4 Os resultados advindos da participação no GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 Existia, mas não estava ainda
funcionando como pousada e tal.
Tava começando a me encontrar
no segmento.
R E vocês notaram alguma
mudança no empreendimento...
1 a própria reunião com o
pessoal, daí você vai trocando
experiências, um vai dizendo o
que fez, o que não fez...
2 foi tudo junto... mais ou menos
no mesmo momento do surgimento
do GETER também eram as
propriedades que estavam ainda
sem identidade,..., elas existiam,
mas existiam assim mais pelo
feeling do empreendedor, não
tinham um foco...
o GETER veio
pra mais ou menos organizar
esse segmento.
3 Sim, existia....a partir da
participação no GETER
percebemos uma melhora no
negócio, pois a repercussão de
um grupo é sempre maior
4 Eu acho que foi bom sim,
porque, a gente trocava bastante
idéias com o pessoal: Onde
buscar, como fazer divulgação, e
tudo isso no início ajudou
bastante.
No início do GETER, os
empreendimentos turísticos
estavam no mercado,
porém faltava uma
identidade, um foco.
A
Através das reuniões
viabilizadas pela rede,
uma troca de experiências.
B
O GETER auxiliou na
organização do setor
“turismo no espaço rural”
da nossa região.
C
O trabalho em grupo
possibilita maior repercus-
são no mercado e conse-
qüentemente, uma melhora
nos negócios.
D
O trabalho em rede
possibilita a troca de
experiências
B
O GETER auxiliou na
organização do setor em
que atua.
C
O trabalho em grupo
possibilita maior reper-
cussão no mercado e
conseqüentemente, uma
melhora nos negócios.
D
Quadro 46 : Questão 4 da entrevista com empreendedores do GETER
130
Os empreendedores participantes do GETER, emitem as seguintes idéias centrais
ou ancoragens síntese provenientes de suas participações na rede:
A) Antes do GETER, os empreendimentos turísticos atuavam no mercado sem um
foco ou identidade. (IC)
B) O trabalho em rede possibilita a troca de experiências. (IC e A)
C) O GETER auxiliou na organização do setor em que atuava. (IC e A)
D) o trabalho em grupo tem maior repercussão no mercado e contribui para a
melhora nos negócios. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) Antes do GETER, os empreendimentos turísticos atuavam no mercado sem
um foco ou identidade. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 Existia, mas não estava ainda funcionando
como pousada e tal. Tava começando a me
encontrar no segmento.
2 foi tudo junto... mais ou menos no mesmo
momento do surgimento do GETER também
eram as propriedades que estavam ainda sem
identidade,..., elas existiam, mas existiam assim
mais pelo feeling do empreendedor, não tinham
um foco...
Antes do GETER ser formalizado, os
empreendimentos turísticos no espaço
rural da região existiam, mas atuavam
sem uma identidade, sem um foco. Era
mais pelo feeling do empreendedor.
Quadro 47: IAD 2 antes do GETER, os empreendimentos turísticos atuavam no
mercado sem um foco ou identidade.
B) O trabalho em rede possibilita a troca de experiências. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 -
1 a própria reunião com o pessoal, daí
você vai trocando experiências, um vai
dizendo o que fez, o que não fez...
4 Eu acho que foi bom sim, porque, a gente
trocava bastante idéias com o pessoal:
Onde buscar, como fazer divulgação, e tudo
isso no início ajudou bastante.
Nas reuniões do GETER, as pessoas iam
trocando experiências, dizendo o que fez
em seu empreendimento, o que não fez...
s também discutíamos várias idéias:
onde buscar auxílio, como fazer
divulgação,... E tudo isso ajudou bastante
no início.
Quadro 48: IAD 2 – o trabalho em rede possibilita a troca de experiências.
C) O GETER auxiliou na organização do setor em que atuava. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2
-
o GETER veio pra mais ou menos
O GETER possibilitou a organização do
131
organizar esse segmento.
setor.
Quadro 49: IAD 2 – o GETER auxiliou na organização do setor em que atuava
D) o trabalho em grupo tem maior repercussão no mercado e contribui para a
melhora nos negócios. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
3 a partir da participação no GETER
percebemos uma melhora no negócio, pois a
repercussão de um grupo é sempre maior
A partir da participação no GETER
percebemos uma melhora no negócio, pois
a repercussão de um grupo é sempre
maior.
Quadro 50: IAD 2 o trabalho em grupo tem maior repercussão no mercado e
contribui para a melhora nos negócios.
O DSC dos empreendedores referente à questão 4: O empreendimento
turístico existia antes da inserção no GETER? Se positivo, em que aspetos
percebeu-se mudanças no negócio turístico? Se negativo, como você
identifica os resultados advindos da participação em uma rede?
Antes do GETER ser formalizado, os empreendimentos turísticos no espaço rural da
região existiam, mas atuavam sem uma identidade, sem um foco. Era mais pelo
feeling do empreendedor.
O GETER possibilitou a organização do setor. Nas reuniões que eram realizadas
mensalmente, as pessoas iam trocando experiências, dizendo o que fez em seu
empreendimento, o que não fez... Nós também discutíamos várias idéias: onde
buscar auxílio, como fazer divulgação,... E tudo isso ajudou bastante no início.
A partir da participação no GETER também foi possível perceber uma melhora no
negócio, pois a repercussão de um grupo é sempre maior do que quando se age
isoladamente.
6.3.5 Os aspectos inibidores de melhores resultados no contexto do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 – Inibido?
A entrada de novos
A diversidade de
132
R – É, que possa ter limitado? Tem
algum aspecto, tem...
1 -
Não, não... pelo contrário, né?
Só somava
2 - É lógico que com o, com o
grupo, né, ampliou-se, foi aberto
pra mais empreendedores, né?
Surgiram novos empreendedores
e também novas idéias, né? Com
certeza. E algumas idéias
fugiram um pouco do foco
original, né? E até por causa do,
dos empreendimentos não terem,
não tem como haver uma
padronização, né? Então é
lógico, cada um tem um
empreendimento voltado pra um
determinado foco, e as coisas
aconteceram e as idéias não
bateram
4 - Não sei, de repente alguns
dos, dos participantes, é...
R – não colaboravam?
E4 às vezes era contra as
idéias. Às vezes até porque, não
por ser contra, mas de repente
até porque pro empreendimento
dele, o que se colocava não...
podia ser bom pra uma grande
parte, pro dele não era
interessante, né?
R você acha que tinha uma
grande diferença assim entre os
empreendimentos, de tamanho, de
público alvo,...?
E4 - ah, tinha né. Porque,
diferença sim, porque eu acho que
de todos, nenhum era igual,
todos
eles, cada um tinha uma
característica diferente.
R – isso pode ser um motivo?
E4 eu acho que de repente sim,
porque alguns queriam mais,
outros não conseguiam
acompanhar, mesmo pela de-
manda do seu empreendimento,
às vezes segurava um pouco
,
né?
empreendimentos no
GETER, com diferentes
dimensões e objetivos,
provocou uma fuga do foco
original do grupo.
A
A diversidade de tamanho,
público alvo e outras
características dos empre-
endimentos, fazia com que
algumas decisões fossem
benéficas para alguns, mas
inócuas para outros, além
de representar custos altos
para alguns.
B
objetivos dos participan-
tes de uma rede provoca
um distanciamento de
seu foco original.
A
A diversidade de
tamanho, público alvo e
outras características dos
empreendimentos, fazia
com que algumas deci-
sões fossem benéficas
para alguns, mas inócuas
para outros, além de
representar custos altos
para alguns.
B
Quadro 51: Questão 5 da entrevista com empreendedores do GETER
133
Quanto aos aspectos que podem ter inibido o alcance de melhores resultados no
GETER, as idéias centrais ou ancoragens sínteses percebidas foram:
A) A diversidade de objetivos dos participantes de uma rede provoca um
distanciamento de seu foco original. (IC e A)
B) a diversidade de empreendimentos participantes dificultava a tomada de
decisões que fossem benéficas a todos. (IC e A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A diversidade de objetivos dos participantes de uma rede provoca um
distanciamento de seu foco original. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 - É lógico que com o, com o grupo, né,
ampliou-se, foi aberto pra mais
empreendedores, né?
Surgiram novos
empreendedores e também novas idéias,
né?
Com certeza. E algumas idéias fugiram um
pouco do foco original, né? E até por causa
do, dos empreendimentos não terem, não
tem como haver uma padronização, né.
Então é lógico, cada um tem um
empreendimento voltado pra um
determinado foco, e as coisas aconteceram e
as idéias não bateram
À medida que o GETER foi ampliando-se,
houve a adesão de novos
empreendimentos, com diferentes
dimensões e com objetivos diversos, que
trouxeram novas idéias para o grupo,
fazendo com que houvesse uma
divergência de opiniões, algumas que
fugiam do foco inicial do GETER.
Quadro 52: IAD 2 a diversidade de objetivos dos participantes de uma rede
provoca um distanciamento de seu foco original
B) a diversidade de empreendimentos participantes dificultava a tomada de
decisões que fossem benéficas a todos. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
4 - de repente alguns dos, dos participantes,
é... às vezes era contra as idéias. Às vezes
até porque, não por ser contra, mas de
repente até porque pro empreendimento
dele, o que se colocava não... podia ser bom
pra uma grande parte, pro dele não era
interessante
R - você acha que tinha uma grande diferença
assim entre os empreendimentos, de tamanho,
de público alvo,...?
E4 - ah, tinha. cada um tinha uma
característica diferente.
R – isso pode ser um motivo?
E4 – eu acho que de repente sim, porque
alguns queriam mais, outros não
A diversidade de empreendimentos
participantes do GETER dificultava a
tomada de decisões que fossem benéficas
para todos. Às vezes alguns participantes
eram contra algumas idéias porque o que
se colocava não era interessante para o
seu empreendimento. Os diferentes
tamanhos dos empreendimentos geravam
diferentes demandas.
134
conseguiam acompanhar, mesmo pela
demanda do seu empreendimento, às vezes
segurava um pouco
Quadro 53: IAD 2 a diversidade de empreendimentos participantes dificultava a
tomada de decisões que fossem benéficas a todos
O DSC dos coordenadores referente à questão 5: Em sua opinião, quais
aspectos podem ter sido inibidores, caso reconheça algum, de melhores
resultados no contexto do GETER?
À medida que o GETER foi ampliando-se, houve a adesão de novos
empreendimentos, com diferentes dimensões e com objetivos diversos, que
trouxeram novas idéias para o grupo, fazendo com que houvesse uma divergência
de opiniões, algumas que fugiam do foco inicial do GETER.
A diversidade dos empreendimentos participantes do GETER dificultava a tomada
de decisões que fossem benéficas para todos. Às vezes alguns participantes eram
contra algumas idéias porque o que se colocava não era interessante para o seu
empreendimento. Os diferentes tamanhos dos empreendimentos geravam
diferentes demandas, sendo difícil chegar a um consenso.
6.3.6 Motivações para a saída do GETER
Instrumento de Análise do Discurso 1
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 - o GETER, até certo ponto foi
viável, né? A partir de um certo
ponto, como havia a própria
necessidade, no caso da Wanda
e do Jacó, de haver uma
remuneração e etc. Daí gerou de
certa forma um descompasso
entre eles e o grupo. Então o
GETER passou... é... o escritório
do turismo rural, ele passou a ter
uma função mais de agência. Não
houve uma ruptura nem nada. Foi
que, de certa forma, aqueles
que continuam no GETER,... ele
vende diárias e ganha por isso.
que a necessidade que partiu
da época era mais de um grupo
sem fins lucrativos entre as
O GETER foi viável até
certo ponto. Mas a partir
de um dado momento, a
questão da remuneração
dos coordenadores causou
um descompasso entre
alguns empreendedores e
eles, conduzindo a uma
função mais de agência, de
central de reservas.
A
nós precisavamos de um
grupo sem fins lucrativos,
que viabilizasse o desen-
volvimento do setor, por
isso foi formada uma asso
-
135
pessoas, era mais ir tocando num
sentido de viabilizar...
Na verdade, todo mundo cresceu
junto. que chegou num
momento que tem que ter essa
divisão... Hoje tem uma
associação que é diferente do
GETER... o GETER é mais
abrangente... tinha vários tipos de
propriedades. Nós focamos num
segmento que é o nosso: as
pousadas.
3 saímos pela necessidade de
conter gastos no período de baixa
temporada.
4 - (o GETER) não, não existe...
R – Vocês saíram antes dele
terminar ou foi...
4 Olha, eu acho que foi
acabando, foi acabando; ficou
aquele pessoal ficou com o
escritório de turismo, no lugar do
GETER eles montaram um
escritório de turismo rural, que
funciona tipo uma agência. Faz
reserva, faz divulgação, às vezes
representa algumas das
propriedades em eventos. Eles
convidam, quem quer que eles
representem, eles vão repre-
sentar nos eventos...
R – Você disse que hoje vocês
fazem parte de uma outra
associação: você acha que a
idéia dessa outra associação
nasceu no GETER? O GETER
facilitou, que os empreen-
dedores se reuniam lá?
E4 –
Eu acho que de repente sim.
Mas assim, é..., foi diferente um
pouco da..., a filosofia acho que é
um pouco diferente do GETER.
O GETER tem os coordenadores
que precisam ser remunerados, e
nessa nova associação são os
próprios proprietários que
coordenam.
ciação com integrantes de
um mesmo segmento -
pousadas, que o GETER
tinha vários tipos de
propriedades.
B
Saímos pela necessidade
de conter gastos no período
de baixa temporada.
C
Quadro 54: Questão 6 da entrevista com empreendedores do GETER
136
Os empreendedores que haviam saído do GETER, emitiram as seguintes idéias
centrais para justificar a decisão:
A) A questão da remuneração dos coordenadores da rede causou um
descompasso entre estes e os empreendedores. (IC)
B) Parte dos empreendimentos, que apresentava maior coesão entre si,
juntou-se em torno de uma nova associação. (IC)
C) A saída do GETER foi motivada pela contenção de gastos.(IC)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A questão da remuneração dos coordenadores da rede causou um
descompasso entre estes e os empreendedores. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - o GETER, até certo ponto foi viável, né? A
partir de um certo ponto, como havia a própria
necessidade, no caso da Wanda e do Jacó, de
haver uma remuneração e etc. Daí gerou de
certa forma um descompasso entre eles e o
grupo. Então o GETER passou... é... o
escritório do turismo rural, ele passou a ter uma
função mais de agência. Não houve uma ruptura
nem nada
4 Olha, eu acho que foi acabando, foi
acabando; ficou aquele pessoal ficou com o
escritório de turismo, no lugar do GETER eles
montaram um escritório de turismo rural, que
funciona tipo uma agência. Faz reserva, faz
divulgação, às vezes representa algumas das
propriedades em eventos. Eles convidam, quem
quer que eles representem, eles vão repre-
sentar nos eventos...
O GETER até certo ponto foi viável, não
houve ruptura, ele foi acabando,
acabando... A partir de dado momento, a
necessidade de remunerar os
coordenadores gerou um descompasso
entre eles e o grupo. Assim, o GETER
passou a ter uma função mais
de agência.
Foi montado o Escritório de Turismo rural,
onde são feitas reservas, e eles são
comissionados, e também recebem pelo
trabalho de divulgação e de participação
em eventos, quando eles representam os
empreendimentos que aceitam o convite
feito.
Quadro 55: IAD 2 a questão da remuneração dos coordenadores da rede causou
um descompasso entre estes e os empreendedores
B) Parte dos empreendimentos, que apresentava maior coesão entre si, juntou-
se em torno de uma nova associação. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 - que a necessidade que partiu da época
era mais de um grupo sem fins lucrativos entre
as pessoas, era mais ir tocando num sentido de
viabilizar...
Na verdade, todo mundo cresceu junto. Só que
chegou num momento que tem que ter essa
divisão... Hoje tem uma associação que é
Em um dado momento, sentimos a
necessidade de ter um grupo sem fins
lucrativos, formado por empreendimentos
de um mesmo segmento, no nosso caso,
as pousadas. Acho que somos frutos do
GETER, mas com uma filosofia um pouco
diferente: o GETER tem os coordenadores
137
diferente do GETER... o GETER é mais
abrangente... tinha vários tipos de propriedades.
Nós focamos num segmento que é o nosso: as
pousadas.
R - você acha que a idéia dessa outra
associação nasceu no GETER? O GETER
facilitou, que os empreendedores se reuniam
lá?
E4 Eu acho que de repente sim. Mas assim,
é..., foi diferente um pouco da..., a filosofia acho
que é um pouco diferente do GETER. O
GETER tem os coordenadores que precisam ser
remunerados, e nessa nova associação são os
próprios proprietários que coordenam.
que precisam ser remunerados e nessa
nova associação são os próprios
proprietários que coordenam.
Quadro 56: IAD 2 parte dos empreendimentos, que apresentava maior coesão
entre si, juntou-se em torno de uma nova associação.
C) A saída do GETER foi motivada pela contenção de gastos. (IC)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
3 saímos pela necessidade de conter gastos
no período de baixa temporada.
Nós saímos pela necessidade de conter
gastos na baixa temporada.
Quadro 57: IAD 2 – a saída do GETER foi motivada pela contenção de gastos
O DSC dos empreendedores referente à questão 6: (para os que saíram do
GETER) qual o motivo que levou seu empreendimento à saída do GETER?
Alguns saíram pela necessidade de conter gastos na baixa temporada, visto a
participação no grupo gerar alguns custos, como pagamento de mensalidade e
participação em ações conjuntas (de divulgação, participação em eventos,
cursos,etc.)
O GETER até certo ponto foi viável, não houve ruptura, ele foi acabando,
acabando... A partir de dado momento, a necessidade de remunerar os
coordenadores gerou um descompasso entre eles e o grupo. Assim, o GETER
passou a ter uma função mais de agência. Foi montado o Escritório de Turismo
Rural, onde são feitas reservas, e eles são comissionados, e também recebem pelo
trabalho de divulgação e de participação em eventos, quando eles representam os
empreendimentos que aceitam o convite feito.
138
Em um dado momento, alguns de nós, sentimos a necessidade de ter um grupo sem
fins lucrativos, formado por empreendimentos de um mesmo segmento, no nosso
caso, as pousadas. Acho que somos frutos do GETER, mas com uma filosofia um
pouco diferente: o GETER tem os coordenadores que precisam ser remunerados e
nessa nova associação são os próprios proprietários que coordenam.
6.3.7 A questão da comunicação entre os empreendedores participantes do
GETER
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
1 não, é que no nosso caso a
gente segmentou... nós
focamos um segmento que é o
nosso: as pousadas
2 olha, assim como era antes,
talvez não. Mas assim,
um conhecimento, uma
amizade, é um ramo de, não é,
não é um ramo de
concorrência, é um, é um ramo
de uns se ajudam, é um elo,
cada empreendimento é um elo
na corrente, né? Então a gente
tem que torcer pra que todos
vão bem. Por isso que as
coisas funcionam, por isso que
é interessante que o GETER
volte a ativa.
3 possibilitou sim, porém,
com a dispersão do grupo essa
comunicação diminuiu.
4 - E4 É, depois que foi extinto
o GETER, daí foi fundado o
circuito das pousadas, que nós
fazemos parte ... Funciona mais
ou menos tipo uma associação,
né? Uma associação onde tem
um escritório que representa
todas as propriedades que fazem
parte do circuito né?
R vocês continuam trocando
informações..
E4 sim, sim...
tem reuniões
periódicas pra... verificar o que
um precisa, o que que o outro
precisa, o que pode ser feito.
Se tem um evento, quem quer
participar, quem não quer...
1 A comunicação
continua, porém entre os
empreendimentos de um
mesmo segmento que
reuniram-se em torno de
uma outra associação.
A
2 Com a dispersão do
grupo a comunicação
diminui, por isso é
interessante que o GETER
volte a ativa, pois o turismo
é um ramo onde cada
empreendimento é um elo
na corrente. É benéfico
para o grupo que todos
estejam bem.
B
A comunicação continua
entre empreendimentos
com características simi-
lares que reorganizaram-se
em torno de uma outra
associação.
A
2 A dispersão do grupo
fez com que a
comunicação diminuísse,
porém a volta a ativa do
GETER é importante para
que todo o setor seja
beneficiado com as
vantagens de se pertencer
a uma rede.
B
139
isso é feito ainda. Como fazer
uma divulgação... às vezes
alguém pensa num tipo de
divulgação, já passa pros
outros; aqueles que acham
interessante, participam, os
que não acham, ficam de fora,
não participam.
Quadro 58: Questão 7 da entrevista com empreendedores do GETER
Na percepção dos empreendedores entrevistados, a questão da comunicação entre
os participantes do GETER gerou as seguintes idéias centrais e ancoragens
sínteses:
A) A comunicação permanece no grupo que segmentou a rede em torno de
empreendimentos com características similares. (IC e A)
B) A comunicação diminuiu, sendo importante porém, que seja restabelecida. (IC e
A)
Instrumento de Análise do Discurso 2
A) A comunicação permanece no grupo que segmentou a rede em torno de
empreendimentos com características similares. (IC e A)
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
1 no nosso caso a gente segmentou... nós
focamos um segmento que é o nosso: as
pousadas
4 - depois que foi extinto o GETER, daí foi
fundado o circuito das pousadas, que nós
fazemos parte ... tem reuniões periódicas
pra... verificar o que um precisa, o que que o
outro precisa, o que pode ser feito. Se tem
um evento, quem quer participar, quem não
quer... isso é feito ainda. Como fazer uma
divulgação... às vezes alguém pensa num
tipo de divulgação, já passa pros outros;
aqueles que acham interessante, participam,
os que não acham, ficam de fora, não
participam.
Depois que o GETER foi “extinto”, nós
focamos um segmento que é nosso:
fundamos o “Circuito das Pousadas”.
Fazemos reuniões periódicas para verificar
as necessidades do grupo, o que pode ser
feito, discutimos a participação em
eventos, formas de divulgação... Isso tudo
ainda é feito, porém somente dentro dessa
nova associação.
Quadro 59: IAD 2 a comunicação permanece no grupo que segmentou a rede em
torno de empreendimentos com características similares.
B) A comunicação diminuiu, sendo importante, porém, que seja restabelecida.
(IC e A)
140
EXPRESSÕES-CHAVE DSC
2 olha, assim
como era antes, talvez não.
Mas assim, um conhecimento, uma
amizade, é um ramo de, não é, não é um
ramo de concorrência, é um, é um ramo de
uns se ajudam, é um elo, cada
empreendimento é um elo na corrente, né?
Então a gente tem que torcer pra que todos
vão bem. Por isso que as coisas funcionam,
por isso que é interessante que o GETER
volte a ativa.
3 possibilitou sim, porém, com a dispersão
do grupo essa comunicação diminuiu.
O GETER possibilitou a comunicação entre
os empreendedores sim, mas com a
dispersão do grupo, essa comunicação
diminuiu. Não é como no início, mas
permaneceu um conhecimento, uma
amizade, pois fazemos parte de um setor
onde cada um é um elo na corrente, e por
isso é importante que todos estejam bem.
Seria muito bom se o GETER voltasse à
ativa.
Quadro 60: IAD 2 A comunicação diminuiu, sendo importante, porém, que seja
restabelecida.
O DSC dos empreendedores referente à questão 7: O GETER possibilitou
maior e melhor comunicação entre os participantes? Mesmo que atualmente a
atuação do grupo não seja tão dinâmica como antes, a comunicação com
outros empreendedores turísticos no espaço rural continua?
O GETER possibilitou a comunicação entre os empreendedores sim, mas com a
dispersão do grupo, essa comunicação diminuiu. Não é como no início, mas
permaneceu um conhecimento, uma amizade, pois fazemos parte de um setor onde
cada um é um elo na corrente, e por isso é importante que todos estejam bem.
Seria muito bom se o GETER voltasse à ativa.
Teve também uma parte do grupo, que depois que o GETER foi “extinto”, decidiu
criar uma nova associação que focasse um segmento só, fundando então o
“Circuito das Pousadas”. Nessa associação são feitas reuniões periódicas para
verificar as necessidades do grupo, o que pode ser feito, é discutido a
participação em eventos, formas de divulgação... Isso tudo ainda é feito, porém
somente entre os participantes dessa nova associação.
6.4 O cruzamento dos discursos
Embora os coordenadores do GETER não tenham apresentado exatamente as
mesmas idéias em seus discursos durante as entrevistas realizadas, elas revelaram-
141
se ser complementares, não traduzindo-se, em momento algum, em idéias di-
vergentes. Esse fato pode ser atribuído ao número restrito de pessoas envolvidas –
duas, e ao conseqüente compartilhamento dos mesmos propósitos desde o início do
trabalho, que os fez unir em torno da proposta de organizar, através do formato de
rede, o setor do turismo no espaço rural na região em que atuavam.
as entrevistas realizadas junto aos empreendedores, ainda que em número
reduzido, devido aos fatores expostos, foram reveladoras de pensamentos
diversos, com exceção de algumas questões, como as referentes à tomada de de-
cisões dentro do GETER e o relacionamento entre coordenadores e em-
preendedores.
Fazendo o cruzamento dos discursos, podemos fazer as seguintes aferições:
A)
Quanto ao surgimento e à inserção no GETER:
os discursos dos
coordenadores e empreendedores são complementares, visto os primeiros
terem atribuído a iniciativa de formar o grupo pela percepção da existência de
empreendimentos turísticos no espaço rural, que necessitavam de assessoria
para alcançarem um desenvolvimento satisfatório, que, além de se
constituir em um novo ramo de negócios, não contavam com apoio
governamental para o desenvolvimento do setor. Os empreendedores
alegaram a necessidade de apoio técnico, pois a maioria estava iniciando no
negócio e não possuíam um parâmetro, experiência acumulada de outros
empreendedores ou programa governamental que pudesse orientá-los. Vale
destacar a filosofia norteadora da iniciativa, defendida principalmente pelos
coordenadores: a rede como um laço de interesses, onde o espírito
cooperativo é essencial.
B) Quanto à dinâmica de ação do GETER: o discurso dos empreendedores
revela que, ao menos no início, eram realizadas reuniões mensais onde os
problemas eram expostos por eles para que fossem discutidos por todos e se
chegasse a uma solução conjunta, posteriormente viabilizada pelo trabalho
dos coordenadores. Os coordenadores expõem que, um dos principais
resultados do GETER para o problema de divulgação dos empreendimentos
a publicação do mapa-guia, o foi corretamente utilizado por todos os
142
participantes do grupo, que não entenderam o significado do trabalho em
grupo, ao não distribuir esses mapas aos seus hóspedes, deixando de
divulgar seus parceiros.
C)
Quanto à coordenação do GETER:
este é um aspecto controverso entre
coordenadores e parte dos empreendedores. Os coordenadores justificam
sua presença na administração pela neutralidade que representam, pois
alegam que uma tendência para que empresários que ocupam cargos de
direção em uma associação privilegiem seus próprios empreendimentos. Por
outro lado, parte dos empreendedores acreditam que, se o interesse maior
em profissionalizar o setor é deles, eles deveriam coordenar os trabalhos
também, redirecionando os recursos financeiros utilizados para a manutenção
e remuneração dos coordenadores para outras ações em prol do grupo.
D)
Quanto à comunicação:
sobre esta questão, coordenadores e
empreendedores concordam que o trabalho em rede contribuiu sobremaneira
para que fossem trocadas experiências entre eles e que se estabelecesse
uma rede de comunicação. Atualmente, com a suposta “hibernação” do
GETER, alguns empreendedores defendem que o sentimento de amizade,
ou pelo menos conhecimento entre eles, continua, podendo, sempre que
necessário, ser resgatado o processo de comunicação; outros admitem que o
processo de comunicação continua, porém somente entre empreendedores
que reuniram-se em torno de uma nova associação.
E)
Quanto aos resultados alcançados:
os coordenadores destacam como
resultados positivos do GETER, a qualificação de pessoal, tanto na área
administrativa quanto operacional dos empreendimentos, o estabelecimento
da comunicação entre os empreendedores e o trabalho de divulgação feito,
que levou ao reconhecimento da existência do turismo realizado no espaço
rural do norte do Paraná. Os empreendedores, de forma complementar ao
exposto pelos coordenadores, creditam ao GETER a adoção de uma
identidade e foco por seus empreendimentos, a organização do setor e uma
melhora geral de seus empreendimentos.
F) Quanto aos fatores inibidores de melhores resultados:
os
coordenadores destacam essencialmente a “não visão” de rede por parcela
dos empreendedores, como motivo principal para a pouca atuação do GETER
atualmente, ou seja, seria preciso trabalhar melhor a questão do
143
associativismo e seus benefícios. Concordam porém, que o amadurecimento
do mercado conduz à sensibilização da importância do trabalho em rede,
assim o processo do GETER estaria apenas guardado, até que esse
amadurecimento aconteça. Os empreendedores que discordam dessa visão,
atribuem
o arrefecimento do GETER à adesão de empreendimentos com
focos diversos de atuação, o que tornou difícil o trabalho em grupo, que o
que se julgava benéfico para parte do grupo, não o era para outra parte, ou
mesmo a diversidade de tamanhos, que tornava oneroso para alguns
empreendedores participarem das ações propostas.
Considerando os pontos de análise adotados na elaboração dos roteiros das
entrevistas, e que remetem diretamente às características da organização em rede e
aos pressupostos para que seus objetivos sejam alcançados, verificamos que:
A) Quanto ao aspecto organizacional: o GETER utiliza o formato de rede
horizontal, ou seja, ancora-se na dimensão da cooperação, onde os
empreendimentos participantes exercem independência administrativa, mas
trabalham em conjunto para alcançar alguns objetivos em comum. A questão
da existência de um contrato entre as partes foi negada durante as
entrevistas, conduzindo à hipótese de que o trabalho desenvolvido é baseado
na dimensão da confiança.
B)
Quanto aos aspectos da confiança, cooperação e competição entre os
participantes
: esta questão revelou a conscientização dos coordenadores
sobre a importância da existência dos sentimentos de confiança e
cooperação entre os participantes do GETER, que faz alterar o significado da
competição entre eles; por outro lado, também foi verificado a dificuldade em
se adotar esses valores por grande parte dos empreendedores, sendo que os
que permanecem na rede, o fazem ancorados nesta percepção.
C)
Quanto ao processo de comunicação entre os integrantes da rede
: a
investigação desta questão corroborou com o exposto nos aportes teóricos
sobre redes o estabelecimento da comunicação entre integrantes de uma
rede constitui-se em um dos principais benefícios deste formato de
organização, pois viabiliza a troca de experiências e informações que
contribuem para o melhor desempenho dos empreendimentos participantes.
144
D)
Quanto ao estabelecimento de objetivos
: justifica-se a maior dinamicidade
no início do GETER (2001 2002) pela multiplicidade de objetivos comuns,
provenientes das necessidades que o conjunto dos empreendimentos
participantes dividiam. À medida que esses objetivos comuns foram
tornando-se escassos entre os integrantes da rede, também a necessidade
de se trabalhar em rede diminuiu.
145
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades de pesquisa desenvolvidas até aqui, permitem a elaboração de
algumas conclusões apresentadas a seguir.
7.1 Quanto aos objetivos do trabalho
Nesta fase do trabalho é importante verificar se os objetivos previamente
estabelecidos foram alcançados.
Ao retornar ao objetivo geral do trabalho: analisar o papel das redes, como forma
de organização, no desenvolvimento da atividade turística realizada no espaço
rural,
acredita-se que o objetivo tenha sido atingido. Somando-se a pesquisa
teórica e o trabalho de campo, foi possível conhecer os benefícios advindos da
utilização do formato da organização em rede por pequenas e médias empresas
(neste caso: qualificação de pessoal, estabelecimento da comunicação entre os
empreendedores, maior divulgação dos empreendimentos, adoção de um “foco”,
organização do setor, melhora nos negócios), e principalmente perceber alguns dos
fatores que possam inibir o alcance de melhores resultados, visto não podermos,
partindo de apenas um estudo de caso, abordar todo o universo dos aspectos
referentes a esse formato de organização.
Ainda sobre esse objetivo e remetendo à teoria pesquisada sobre o tema “redes”, é
possível questionar, seja no turismo ou em outras áreas, o respeito
(a obediência) ao pressuposto apresentado por Maturana & Varela, em sua Teoria
da Autopoiese, em que os limites de uma rede são definidos por uma membrana, ou
no caso de sua aplicação no universo social humano, pelo conjunto de valores de
dada comunidade, como afirma Capra. Assim, surge uma nova pergunta de
pesquisa: redes podem ser constituídas ou são apenas identificadas, de acordo
com a similaridade de valores entre seus integrantes, e a partir dessa identificação
é que se trabalha os benefícios de sua organização?
146
O objetivo específico de
correlacionar os conceitos de organização em redes ao
setor turístico
foi limitado pelos poucos casos conhecidos e publicados sobre o
tema. Ainda assim, o caso francês Accueil Paysan e seu correspondente brasileiro
Acolhida na Colônia, constituem-se em exemplos bem sucedidos de redes no
turismo, ao destacar o estabelecimento de objetivos claros a todos os ingressantes
e, conseqüentemente, conduzindo à limitação da entrada de empreendimentos que
guardam certa homogeneidade entre si. A dificuldade em encontrar material sobre o
assunto, mais do que ter sido um limitante no alcance dos objetivos do trabalho,
revelou a necessidade de uma pesquisa exploratória minuciosa para conhecer
estudos de casos, realizados em outros países, sobre redes no turismo realizados, a
fim de conhecer o real estado da arte sobre o assunto e assim contribuir, de maneira
mais eficaz, para novas experiências no Brasil.
A caracterização do GETER
foi apresentada a partir de material cedido pela
instituição coordenadora do projeto a RETUR, e pelas informações no próprio site
da instituição. Ainda que a redação do capítulo referente a esse objetivo não tenha
exigido um trabalho de reflexão, ele constitui-se em importante material para o
desenvolvimento da dissertação como um todo.
O terceiro objetivo específico:
verificar a percepção dos coordenadores e
empreendedores do GETER quanto às contribuições e limitações da aplicação
da organização em rede na alavancagem da atividade turística rural dos
empreendimentos participantes,
foi bastante revelador. Embora a limitação de
tempo e o custo oneroso em se entrevistar a totalidade dos integrantes do GETER
tenha reduzido o universo dos empreendedores entrevistados, acredita-se ter
conseguido uma boa amostra do pensamento deste grupo, ao ouvir representantes
que participaram de uma, duas ou três edições dos mapas-guia.
Através da análise dos DSC’s dos coordenadores e empreendedores, embasada no
referencial teórico apresentado, foi possível perceber principalmente a importância
de se respeitar alguns pressupostos na utilização do formato da organização em
rede, como o compartilhamento de objetivos comuns e a existência da confiança e
da cooperação entre competidores. Uma rede não necessita, necessariamente,
perdurar infinitamente, ou ainda congregar os mesmos atores ao longo de sua
147
existência, para que seja considerada eficaz. O o entendimento desse
pressuposto pode levar à extinção prematura da rede.
Um caminho a seguir na adoção do formato organizacional de rede, é o
estabelecimento, de maneira bastante clara, dos objetivos da rede, das exigências
de desembolsos e do formato da coordenação, por exemplo, que podem constar em
um contrato a ser assinado pelos ingressantes, que permanecem na rede pelo
período de tempo que se fizer necessário, ou seja, a rede é estabelecida em torno
de um objetivo, fixo ao longo do tempo, permitindo a entrada e saída de
participantes que buscam alcançar esse objetivo.
Outro formato de rede, que parece apresentar maior grau de dificuldade se levado
em conta o aspecto de longevidade de uma rede, é o de se unir pequenos ou
médios empreendedores, com características bastante similares, e cujos objetivos
modificam-se ao longo do tempo, porém obedecem às necessidades conjuntas de
seus parceiros. A dificuldade citada acima é atribuída à percepção verificada no
caso do GETER, da complexidade em se unificar os desejos dos participantes, dada
a característica empreendedora do cidadão norte-paranaense, como demonstrado
na contextualização histórico-geográfica da região, mas que também é inerente ao
ser humano de modo geral.
7.2 Quanto à utilização do “Discurso do Sujeito Coletivo”
A técnica de análise utilizada Discurso do Sujeito Coletivo, ancorada nos
procedimentos descritos por Lefévre & Lefévre (2003), provou ser viável na busca do
conhecimento do pensamento de uma coletividade. Sua utilização porém, deve
respeitar a essência dos depoimentos coletados, que devem ser analisados tendo
em vista a base teórica estudada previamente e que remete aos objetivos da
pesquisa.
Em síntese, o DSC revelou-se ser um trabalho minucioso e exaustivo na busca do
discurso-síntese, e que, ao cumprir todas as suas etapas de forma eficaz, resulta no
pensamento autêntico de uma coletividade, contribuindo primeiro, para que essa
própria coletividade se conheça melhor, ao ter relacionado o seu pensamento à uma
148
base teórica comprovada; segundo, auxilia na tomada de decisões futuras, ao expor,
no caso dessa dissertação, anseios e limitações percebidos pelos seus atores, e
ainda, enfatizar aspectos positivos da utilização em rede, que podem ser
incentivadores para novas experiências.
7.3 Sugestões para trabalhos futuros
Com base no estudo desenvolvido e nos resultados alcançados, faz-se as seguintes
recomendações para futuros trabalhos, com o objetivo de ampliar e enriquecer as
abordagens sobre o presente tema:
Aplicar os pressupostos aqui apresentados em um projeto de rede no setor
turístico, seja ele realizado no espaço rural ou não, e, através do
acompanhamento de seu desenvolvimento, obter indicadores dos benefícios
advindos exclusivamente da aplicação deste formato de organização;
Sobre o tema “turismo no espaço rural”, avaliar o estado da arte referente aos
seus aspectos de gestão, com ênfase na necessidade de assessoramento e as
formas de realizá-lo, tendo em vista o número limitado de estudos que abordem
esse aspecto específico dessa modalidade de turismo;
Considerando a dificuldade encontrada no cumprimento do objetivo referente à
exposição de outros casos de redes no turismo, realizar um levantamento
minucioso sobre estudos de casos de redes turísticas realizados no exterior, e
torná-lo disponível na literatura acadêmica brasileira, para que possa inclusive,
auxiliar no planejamento de políticas públicas direcionadas ao setor.
7.4 Conclusões
O desenvolvimento do tema “organização em rede” nesta dissertação, levou em
consideração o conhecimento prévio do caso apresentado o GETER, mas
principalmente o desejo de contribuir para o desenvolvimento do setor turístico
como um todo, ao fornecer uma forma alternativa de gestão para pequenos
empreendimentos.
149
De forma global, pode-se afirmar que o formato de organização em rede constitui-se
efetivamente em uma alternativa para a viabilização do desenvolvimento satisfatório
do turismo no espaço rural, devendo, entretanto, serem respeitadas as premissas
que se impõem. A apresentação do referencial teórico, casos de redes e a análise
detalhado do caso GETER, visou constituir-se em material de apoio para novas
experiências ou mesmo auxiliar na condução de redes já organizadas, além de
constituir-se no primeiro e importante passo para análise de outros estudos de casos
que possam contribuir para a ampliação das abordagens sobre o tema, visto ter sido
verificado o número restrito de material disponível quando relacionado ao setor
turístico.
150
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157
APÊNDICES
158
APÊNDICE 1: ROTEIRO DE ENTREVISTA COM COORDENADORES DO GETER
1. Como surgiu a idéia de REDES, visando o desenvolvimento e fortalecimento do
turismo realizado no espaço rural norte paranaense?
2. Qual é, na prática, o papel da RETUR em relação ao GETER? Como eles se
relacionam?
3. Quanto aos aspectos de formalização do GETER, um contrato estabelecendo
regras fixas de conduta e ação, ou o desenvolvimento das atividades é livre,
baseado nos interesses comuns de acordo com as necessidades que vão
sugindo?
4. Do início do GETER até o ano 2004, qual era a dinâmica de ação do grupo?
Como se reuniam?
5. Uma rede como o GETER, preao mesmo tempo a dimensão da confiança e
da cooperação, juntamente com a competição. Isso era compreendido pelos
membros do GETER? De que maneira?
6. Como você interpreta a dispersão geográfica do GETER ao longo do tempo?
Essa mudança, de alguma maneira, alterou os objetivos ou o modo de agir do
grupo?
7. Percebe-se, analisando os mapas-guia editados pela RETUR/GETER, que houve
considerável rotatividade de empreendimentos participantes. Em sua opinião,
qual o motivo dessa rotatividade?
8. Considerando a motivação inicial do surgimento do GETER:
a) quais os resultados alcançados pelo GETER, como conseqüência direta
de sua configuração em rede?
b) Quais as limitações/barreiras percebidas, se houve alguma, para que o
GETER apresentasse os resultados esperados?
159
APÊNDICE 2: ROTEIRO DE ENTREVISTA COM EMPREENDEDORES
TURÍSTICOS PARTICIPANTES DO GETER
1. Qual a motivação inicial que o/a levou a inserir seu empreendimento no GETER?
2. Como eram/são tomadas as decisões no GETER?
3. Qual o relacionamento entre os coordenadores da RETUR e os participantes do
GETER?
4. O empreendimento turístico já existia antes da inserção no GETER?
(se positivo) Em que aspectos percebeu-se mudanças no negócio turístico?
(se ngativo) Como você identifica os resultados advindos da participação em uma
rede?
5. Em sua opinião, quais aspectos podem ter sido inibidores, caso
reconheça algum, de melhores resultados no contexto do GETER?
6. (para os que saíram do GETER) Qual o motivo que levou seu empreendimento à
saída do GETER?
7. O GETER possibilitou maior e melhor comunicação entre os participantes?
Mesmo que atualmente, a atuação do grupo o seja tão dinâmica como antes,
a comunicação com outros empreendedores turísticos no espaço rural continua?
160
APÊNDICE 3: TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM WANDA PILLE -
COORDENADORA
Rosana:
Então, primeiro eu queria saber como que foi gerar essa idéia de rede para
trabalhar o turismo rural.
Wanda:
Olha, a rede a gente imagina como um laço de interesses né? Nasceu
pela... Observando que, isoladamente, as sociedades se colocavam à disposição do
mercado, mas sem atingi o mercado. Então a proposta que criamos é justamente
isso: fortalecer em grupo.
Rosana:
Aham. Então tem a RETUR e o GETER, como que é o relacionamento
entre eles?
Wanda:
A RETUR é a instituição, ela é a Rede de Turismo Regional, então ela
engloba várias idéias, vários projetos, né? E GETER até é um dos trabalhos da
RETUR Grupo de Empreendedores do Espaço Rural então são empreendedores
com a mesma característica e com os mesmo interesses. E o relacionamento
GETER-RETUR é... bom... a rede coordena o trabalho então esse grupo não nasceu
da iniciativa dos proprietários, foi uma proposta da RETUR.
Rosana:
Certo...
Wanda:
Tá, então a ligação é justamente essa, o GETER é uma proposta.
Rosana:
E quanto a formalização do GETER, tem um contrato para ser seguido...
Wanda:
Bom... não, não, não existe porque não existe nada [ruídos] mas
empresários, eles costumam pensar muito no seu território, então é um pensamento
individualista, pensamento mais imediatista. Então, é... Pra formalizar teria que ter
uma associação. Dentro do grupo, é... [pausa] existiu uma divergência, alguns
imaginam que uma associação, é... não dirigida por uma entidade membro que
forma a rede, como a RETUR, é..., iria estar prevalecendo os dirigentes. E a gente
sabe que isso acontece realmente, o presidente, as pessoas que estão na diretoria,
com maior influencia, ela acaba privilegiando, mesmo que ela não queira privilegiar,
o seu empreendimento. Então, houve um consenso em associação. Então o
GETER ele continua a ser coordenado pela Rede de Turismo.
Rosana: Aham... E as ações, como que era feito o planejamento? Era conforme a
necessidade, ou já tinha um planejamento prévio do que fazer, do que...
Wanda:
Eu acho que, é [pausa] o planejamento foi, é... a idéia. A idéia de se ter
uma central onde estávamos fazendo uma intermediação, uma referencia para que
as pessoas viessem nos conhecer, né?
Rosana:
A central do GETER?
Wanda:
A central do GETER. E... os materiais, as casas, a forma que vão se
distribuídos, ? E que todas as propriedade devem ter o mesmo material, de
161
preferência essa material exposto pra que os hospedes pudessem, é..., ter acesso a
esse material, e ... houvesse também um trabalho é... através do SEBRAE, de
liderança de grupo, de trabalho em grupo, pra que o grupo entendesse realmente a
finalidade de estarmos num grupo empreendedor. Porque, é..., algum empreendedor
tem a imagem: “mas eu vou estar divulgando os meus concorrentes?”. Outro
empreendedor já imagina: “Puxa, mas esse grupo é... é...” deixa de ver como
concorrentes ta? “então não somos concorrentes, somos pessoas do mesmo
segmento, um segmento novo, então se tem pessoas divulgando o meu
empreendimento, porque eu não vou divulgar o dessas pessoas?” Então é um fator
multiplicador.
Rosana: Então, a minha próxima pergunta seria basicamente isso... Se na rede
você tem a cooperação, mas também são competidores entre si...
Wanda:
É são competidores, então, é, a gente percebe assim, é..., as reuniões são
feitas, cada vez muda os empreendimentos, para que ele fale aberto ao seu
concorrente, né? Aberto ao seu parceiro, que nós chamamos de parceiros né? É...
No sentido assim, de ver o que é feito nas instalações, uma troca de experiências, o
que os hospedes pedem, o que convém e o que não convém.
Rosana: E eles conseguiram entender isso?
Wanda:
Alguns, alguns, nem todos...
Rosana:
Aham, você acha que é um pouco a falta de confiança e...
Wanda:
Ah! Eu acho que quando a gente fala em empreendedores a gente está
falando em pessoas, né? E o ser humano ele... cada tem uma maneira de pensar, os
que realmente entendem o processo eles são muito beneficiados. E os que não
entendem, prejudicam o grupo. Porque seguram o processo, eles, é..., seguram
informações; eles, é..., as informações tiram muito mais em beneficio próprio. Às
vezes até uma certa deslealdade, porque quando ele teve acesso à uma série de
informações, ele procura deixar um tarifário ou um serviço pra sair na frente. Então,
eu acho assim: trabalhar em grupo, trabalhar em rede exige um amadurecimento
muito grande das pessoas, onde o egoísmo é um sentimento assim..., corrosivo, né?
Rosan:
Aham... É... Sobre as ações, você falou que houve um trabalho com o
SEBRAE de [ruídos] conscientização, teve alguma coisa visando melhorar a mão-
de-obra, ahm, os serviços?
Wanda: Daí você tem isso dentro do planejamento, né? Então foi trabalhado... é... o
que é preciso para que o turismo no espaço rural realmente venha a ser um bom
produto. Então entra toda essa parte da qualificação, da... da..., profissionalização
do setor.
Rosana:
Aham... Na observação dos mapas, a gente percebe que o GETER ele se
espalhou geograficamente, ampliou sua área de atuação. Você acha que isso
alterou a dinâmica do grupo? Ficou mais difícil por causa da dispersão geográfica?
162
Wanda: Na verdade o grupo ele acabou se dividindo justamente por esses fatores
colocados. Então, é, existe uma seleção natural, as pessoas que se identificam né?
Então houve um desmembramento, alguns partiram para uma opção de associação,
que não foi adiante; em função disso, ele deu um tempo para amadurecimento.
Então o GETER existe como um... é... uma prestação de serviços da RETUR, né? E
comunicação. O processo de encontros, debates, estão guardados... e... as
acomodações das coisas. Mas manter aberto o espaço o prejudica a parte de
[ruídos] É... eu acho que isso desperta uma certa curiosidade e é bem benéfico que
o empreendedor não se localize numa região, ? A gente trabalha o turismo no
espaço rural e não delimita os territórios.
Rosana: Eu queria perguntar sobre a rotatividade dos empreendimentos, mas é o
mesmo motivo, está ligado à essa mudança de dispersão geográfica né? O
empreendimento que saí e que...
Wanda:
Você está dizendo da rotatividade do GETER?
Rosana:
Dos empreendimentos que participam, que entraram e saíram,os que
estão entrando...
Wanda: Tem os que estão voltando, né? Então, é...
Rosana:
Tem empreendimentos retornando?
Wanda:
Tem, tem.
Rosana:
Que estão amadurecendo mesmo...
Wanda:
Amadurecimento... Quer dizer, a principio eles viram a própria RETUR
como um concorrente. Eles não entenderam nada, que a RETUR seria, é..., a
bandeira, o alicerce né, do trabalho, para manter a essência do trabalho. Então eles
começaram a misturar a entidade com os dirigentes... E se existe uma trabalho na
mídia, eles estavam sendo procurados, é..., pra explicar, pra falar, da entrevista,
da monografia.. do programa de TV. Então a gente vai falar dos empreendimentos
que é a finalidade do GETER... que é focado num grupo, num seguimento. É... então
essa visão de concorrência fez com que... é... fez... como é que eu falo? [pausa]
Retardou o processo todo né? Vem como uma onda, se todos vão na onda, aquilo
fica crescente, então tem que fazer uma variação, uma retomada de posição e de
forma de consciência.
Rosana: E tem um estatuto que fala sobre regionalização no Brasil, que fala que a
maior dificuldade é a... é a concorrência, eles trabalham como cooperadores, com
confiança... que nos países desenvolvidos é mais fácil.
Wanda:
É, então, eu acho que o maior entrave do GETER é a não visão de rede,
quer dizer, eu vejo que as propriedades todas tem crescido e até é muito
interessante, os que mais amarraram o processo, alguns saíram do mercado,
outros se perderam na identidade, porque daí eles quiseram, é... um pouco de cada
coisa. Então perderam o foco inicial. Então a gente percebe os que tem a
163
consciência da cooperação, eles tem mais equilíbrio emocional, eles, é..., caminha
devagar e sempre.
Rosana:
Aham, é, além dessa delimitação que você citou, teve mais alguma que
você acha que, assim, contribuiu para que talvez não tivesse os resultados
esperados? Como uma mídia dos empreendimentos? É por falta de amadurecimento
que você falou, e mais alguma coisa?
Wanda:
Não. Eu acho que é a falta de amadurecimento, já diz tudo né? É, a idéia,...
é..., a essência continua, né? É um processo complicado porque não existe um
apoio governamental, é, tem que ser uma iniciativa da rede, as perdas, os riscos da
RETUR. E eles são apenas os beneficiários e... então de repente, é bom deixar a
água correr um pouco mais, é, o amadurecimento profissional haver dentro do
próprio empreendimento, dentro da própria concorrência, que eu acho a
concorrência muito saudável. A concorrência é uma maneira de amadurecimento.
Então eu acho que a única coisa que, é... nas fez, porque eu não tenho o GETER
como um [pausa] caso encerrado. O GETER ele existe, e apenas não tem aquela
comunicação, que dizer, hoje nós oferecemos um serviço ao GETER e...
poderíamos estar fazendo muito mais. Mas até que haja esse amadurecimento, eu
vou caminhando por outros segmentos que depois será prioridade [ruídos]
Rosana: Agora pensando no GETER nos seus 2, 3 primeiros anos né? Porque eu
acho que o inicio é que foi mais ativo. Você conseguiu sentir mudanças nos
empreendimentos?
Wanda:
Muita, muita. Os empreendimentos eles tinham a visão muito... Porque o
turismo rural ele, ele tem controvérsias ele é novo, então o próprio... é nós
percebemos que é... o próprio órgão que está fazendo os regulamentos do turismo
rural, ele fica muito naquele que é o exemplo da Europa, que eu acho que nós não
podemos comparar. Na Europa são empreendimentos pequenos, uma outra cultura,
os proprietários eles moram nos empreendimentos, diferente do Brasil, é que nós
temos várias propriedades do turismo que o empreendedor mora na cidade e...
Rosana:
É... que as vezes uma propriedade muito pequena ela não consegue
sobreviver aqui.
Wanda:
Exatamente! Então... pra você manter uma característica extremamente
rural seria o ideal. Resumindo: seria o ideal para o turismo rural, então acompanha a
vida no campo, aquilo ser totalmente produzido no campo, os funcionários serem
todos do campo, serem multifuncionais. Mas na prática isso não dá certo. Porque um
tratorista, ele não tem como servir um buffet... não é?... É... Hum... Ele pode até ter
essa capacidade, mas até esse processo de ele chegar lá.
Rosana:
São atividades muito diferentes.
Wanda:
Então, multifuncional é lógico que tem que ser, não tem como ser como
num hotel urbano, com uma pessoa por setor... é... então o que nós percebemos
aqui na nossa região, eu posso falar da região aqui por causa de nossos
empreendimentos, os próprios usuários não aceitam totalmente que seja uma
coisa... é... uma coisa bem característica. Ele quer estar no meio rural, que haja uma
164
interação com a natureza, mas ele quer no processo urbano, quer dizer, aos poucos
as propriedades vão se obrigando a ter o atendimento à gás, os chuveiros já não é o
rural... a ter ar-condicionado, porque se a UH é muito quente, o spede não quer
deixar o conforto da casa urbana e passar um calor danado. Os sofás e colchão
acabam partindo para o modelo americano. Então, uma série de coisas que vão
tirando um pouco dessa característica toda. Então, grande porção da exigência de
mercado, nós percebemos uma mudança nos empreendimentos. Agora, eles
procuram, é... não é todos que conseguem, a gente percebe que uma simpatia
maior do usuário na questão de alimentação seja bem caseira, bem rural, né? É...
sucos naturais, feijão tropeiro, geléias caseiras... Então o mercado é uma coisa bem
tangível, pra tudo isso teve a ajuda dos hotéis [ruídos] muitas excursões, é... e eles
mesmo buscam cursos pra estar melhorando seu empreendimento.
Rosana:
Através do GETER e da RETUR eles, é.., tinham acesso a algumas linhas
de crédito... conhecer o que estava disponível para eles?
Wanda:
Sim, e alguns até fazem o uso... É claro que as linhas de crédito não
deixam de ser créditos, então tem que ter uma visão muito clara, da atenção do uso
do crédito. Houve a questão dos seguros, também muito discutida, hoje existe
linhas de seguro, único no segmento. Então, amadurecimento e progresso em
mente. Para alguns o que falta é recurso... eu acho que é o que prende a
capacitação profissional.
165
APÊNDICE 4: TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM PROF. JACÓ GIMENES -
COORDENADOR
Rosana:
Bom, Prof. Jacó, eh, eu estou estudando o GETER no período de 2001 a
2004, que é o período que tem mais dados, mapa-guia e pra ver a função da rede
no turismo no espaço rural. Eu sei que foi o senhor que começou, e foi a Wanda, a
trabalhar esse conceito de redes... O que levou a trabalhar com redes pra fomentar e
pra desenvolver o turismo no espaço rural?
Prof. Jacó: o conceito de redes nasce, eh.., em 98, em Campo Mourão, em 1998.
Eu, na época, era secretário de Desenvolvimento Econômico, trabalhava produtos,
comércio e turismo, e nós queríamos, partindo do Carneiro no Buraco, que era
uma referência, criar um, um destino turístico, um roteiro. Então nós imaginamos,
é..., a união de municípios que formariam uma rede; fizemos um primeiro protocolo,
e conseguimos juntar 10 municípios. A partir daí, nós , em 99, fizemos um outro
seminário regional de desenvolvimento, e aí, a idéia foi aperfeiçoada, que não, que
os municípios o seriam suficientes, nós teríamos que ter empreendedores.
começa uma semente que virou o GETER. E tínhamos uma seguinte situação:
como fazer o conceito de rede desse grupo de empreendedores a tomar uma outra
dimensão. Foi que nós tomamos uma decisão, de... levar esse movimento, até
então liderado por Campo Mourão, nós trouxemos esse movimento pra Maringá,
porque Maringá? Porque Maringá é um pólo maior. A partir daí, é..., em, no ano
2000, a gente conhece a Wanda, a Wanda, é..., com idéia de montar um escritório,
que seria um pequeno bureau... rural, e aí nós pudemos, é...., ter a evolução
daquele raciocínio anterior, que era juntar municípios e juntar empresários. Foi
quando, é..., fizemos o primeiro mapa, o primeiro mapa, e aproximamos os donos,
os donos das propriedades pra que eles, é..., vissem no GETER uma escola de
negócios... pra você ter uma idéia, daquele grupo do primeiro mapa, não tinha
nenhum turismólogo, eram pessoas, ou eram agricultores, ou eram comerciantes,
que tinham entrado no negócio. A Wanda passou a ser a, a, a coordenadora
operacional do GETER e se fez uma venda de qualificação. O SEBRAE apoiou,
liderando um curso do LIDERAR para esses participantes. E se discutia muito, mas
principalmente, é,... o, a essência do GETER foi fortalecer um espírito associativo,
cooperativo, que o grande desafio nosso o é buscar o turista, em Londrina,
Maringá, Cascavel, que são os pólos maiores, nós temos que trazer turistas do
estado de São Paulo. que um turista do estado de São Paulo, ele não vai vir
pra ir numa pousada, num empreendimento porque esses empreendimentos não
têm, e não vão ter, características de resorts, então, nós teríamos que fazer, é...,
uma rede, aonde as pessoas seriam informadas, de possibilidades que teriam à
disposição. O primeiro mapa foi um fato histórico, foi lançado na Sociedade Rural
de Maringá,
Rosana:
eu estava lá...
Prof. Jacó:
Que bom! E você deve ter lembrado que após as palestras, nós fomos
pra um outro salão com banners e foi servido um gostoso café rural, e foi numa
terça-feira, e o parque, a nossa Sociedade Rural ficou repleta, e mais do que a
quantidade, o olhar do ruralista, das pessoas que tem no rural a sua alma, a
satisfação de comer um, um pão de queijo, um biscoito de polvilho, é.., enfim, é... ,
uma lingüiça caseira e coisas do gênero.
166
Rosana: E tem a RETUR, e o GETER. Qual que é o ..., o relacionamento entre os
dois?
Prof. Jacó:
Então veja bem: a partir do mapa, esse mapa teve mais duas edições,
e deverá ter em 2006 a quarta edição. Hoje, tem-se claro o seguinte: o GETER , na
verdade é uma escola de negócios, para empreendedores do espaço rural, uma
escola de negócios. A, a rede hoje, hoje não, desde 2003, ela foi institucionalizada,
ela foi, é..., estruturada numa OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público, e hoje, a, a RETUR, ela trabalha quatro áreas, ela trabalha turismo, ela
trabalha agroindústria familiar, ela trabalha, é, educação ambiental, e ela trabalha
artesanato. O GETER, ele, ele, ele é mais um trabalho com os empreendedores, e
surge, e você poderá dar uma ênfase na tua tese, a partir de setembro de 2003
ganhamos um aliado de peso, o SENAR Paraná o Serviço Nacional da
Aprendizagem Rural. O SENAR Paraná, é..., cria o Programa de Turismo Rural.
Hoje, esse programa tem quatorze cursos: seis na área de gestão, três na área de
gastronomia, e cinco na área de artesanato. Então, na verdade, é..., esse grupo,
que nós pesquisamos, onde se insere o Sr. Mariano, eles passam a ser referência,
para essas pessoas que estão cursando o SENAR em todo o Paraná. E a idéia, a
idéia é fazer essa aproximação de empresários já, é..., digamos assim,
consolidados, com quem está iniciando. Então a gente o GETER não como algo
assim,... burocrático, mas a gente o GETER com a dinâmica de um movimento
para proporcionar a quem quer ser empresário, uma segurança para produzir seus
projetos.
Rosana:
Isso tem um pouco a ver com a minha próxima pergunta: se o GETER
tem esse contrato fixo ou as ações vão acontecendo conforme as necessidades...
Prof. Jacó:
Pois é, a RETUR é uma instituição... ela trabalha com contratos. O
GETER, a gente não visa aprisionar o GETER em uma camisa de forças, num
departamento da rede, a gente quer ver o GETER algo vivo, porque ainda s não
temos no Paraná uma cultura do turismo, nós temos quem está ganhando dinheiro
com o turismo,... nós temos, é, quem está ganhando dinheiro com turismo, nós
temos quem pode ganhar, mas, é, não assim, um, um, uma forma de ver o
turismo como negócio. E o grande desafio é fazer do GETER, uma escola de
negócios.
Rosana:
transformar isso num produto mesmo...
Prof. Jacó: exatamente. Agora, o GETER, enquanto ele, ele, ele vai nessa, nessa,
nesse speed de caminhada, ele também passa a ser uma distinção. Quando
alguém vai numa propriedade, e estampada num folder, como você viu no cartão
da Pousada Gabiroba, a logo do GETER passa a ser , a ser um aval de qualidade.
Então, de repente, teremos, nos próximos anos, é..., o GETER também sendo visto
como um selo de qualidade.
Rosana:
Agora, estudando redes a gente que dentro de redes não têm é, não é
uma contradição, mas é...,são pessoas do mesmo ramo que tem que ter confiança,
cooperação, mas competem entre si também. Dentro do GETER as pessoas
compreendiam isso?
167
Prof. Jacó: Não. Isso foi um aprendizado. É, alguns fios de cabelos ... brancos
eu ganhei por isso. Nós no Brasil, nós temos que ser mais associativistas, e eu
tenho que ser associativista o na hora que me interessa, eu tenho que ser...
em todas as horas. Então um dos problemas que nós encontramos no GETER,e eu
tive que fazer uma intervenção, é que... uma pequena parte da primeira formação do
GETER, queria, se apoderar, dessa força, e não queria abrir pra novos participantes.
Então, eu fui muito duro, e afastei essas empresas que não convém agora
mencionar. Porque eu, como professor, eu não quero ver formação de cartel, eu, eu
quero ver instrumentos de crescimentos, e o que que nós
fazíamos para testar se
havia ou não um sentimento de associação. Como você viu, o mapa tem todas as
propriedades, um dos requisitos é que quando eu me instalava na sua propriedade,
você dava um mapa pra mim. Ao você me dar o mapa, você estaria divulgando
outras dez propriedades. E aí, o que aconteceu? Uma minoria sumiu com os
mapas, porque achou, que ao entregar o mapa, estaria, desviando os turistas para
outros membros da rede. Esses, esses, mostraram que eles não têm uma cultura do
turismo, porque a idéia do turismo pra dar certo é, eu divulgo o outro e o outro me
divulga. Eu recomendo o outro, e o outro me recomenda. Mas, felizmente, a
maioria entendeu, e é por isso que o GETER continua até hoje.
Rosana: Analisando esses mapas que foram publicados, a gente percebe que
houve uma dispersão geográfica, né?
Prof. Jacó:
Na verdade, é o seguinte, as coisas são dinâmicas. Esse mapa era pra
ser pra região de Campo Mourão. nós fizemos uma análise: Campo Mourão
não é o centro maior, o centro maior é Maringá. Trouxemos pra a idéia, a partir
do momento que lançamos o primeiro mapa, nós tivemos por exemplo, é..., a
propriedade, o Ouro Verde, Fazenda Ouro Verde foi desativada, então ela deixa o
mapa, mas nós fomos procurados por outras, outras propriedades, de outras
regiões, que não tinham um trabalho de organização do setor, e s não tivemos
dúvida, nós fomos para Fernandes Pinheiro, na FazendaVirá, e no último mapa nós
estamos em Campo Magro, apenas a quarenta quilômetros de Curitiba, porque?
Porque lá tem o Recanto Nativo, é uma, um sítio-pousada, cujo maior atrativo são os
orgânicos, mas que o tinha nenhuma estratégia de... promoção do
empreendimento. Seguramente, na edição 2006, outras regiões farão parte do
mapa.
Rosana:
ahan, é dinâmico, né?
Prof. Jacó: é dinâmico.
Rosana: é... considerando a motivação inicial do GETER, quais os benefícios que o
senhor consegue ver como conseqüência direta da configuração em rede?
Prof. Jacó:
Olha, veja bem, as pessoas passaram a se comunicar mais, é, na maior
parte dos empreendimentos, você tem a parte de hotelaria, é, isso é, isso um
aprendizado próprio. A questão do, da comercialização, dos valores, a questão dos
serviços, a questão de você ter o fortalecimento do setor, por exemplo, em 2002, a
Rede Paranaense (de televisão), dedicou todo uma série do verão de 2002 para o
GETER, certo? Então, em uma determinada semana, nós tivemos de segunda a
168
sexta-feira, cada dia uma propriedade, e você acabou de ver agora pouquinho.
Então, é, o ganho, o ganho, ele é, é, ele é visível, hoje, hoje é, vopode dizer, que
esse setor existe, embora não tenha recebido nem do governo federal, nem do
governo estadual, nenhum apoio concreto. Então, eu posso dizer pra você, o que
motiva a continuar com o GETER, que ele foi uma resposta da cidadania dos
empreendedores pra fortalecer uma área que agora contribui com os governos, na,
na geração de emprego e impostos.
Rosana:
E o senhor consegue perceber algum motivo que possa ter inibido o
GETER, para resultados melhores? Alguma barreira...
Prof. Jacó: não, eu, eu, fora as limitações de nós, tanto da minha pessoa, como da
Sra. Wanda Pille, na, na coordenação que a gente pode ter,é, em determinado
momento, não ter percebido, o alcance, eu vejo, que... os resultados não foram
maiores porque s o tínhamos uma consciência da força do associativismo e por
uma falta de cultura do turismo. Agora, a partir do GETER nós conseguimos, que a
VIAPAR, que é concessionária de várias praças e trechos estratégicos, como rumo
Londrina, rumo Paranavaí, rumo a Cascavel, enfim, Maringá, é, abriu, porque existia
o GETER, porque eles não iriam abrir pra atender o João, a Maria, o André. Agora,
cabe, a, a rede agir como uma promotora da qualidade do serviço e cabe aos
empresários uma união pra custear o suporte pra que possam competir no mercado.
Rosana:
há um processo de amadurecimento...
Prof. Jacó:
amadurecimento, é se você me perguntar se eu começaria novamente?
Eu faria tudo de novo e com mais paciência, porque eu descobri que a paciência é
uma virtude revolucionária. E os resultados ocorrem, que quando você está
muito perto, você não consegue dimensionar. Mas, você que está fazendo o seu
mestrado, outros que fizeram especialização, viram a, o alcance, de você juntar
pessoas de uma mesma área, pra crescer e como você trabalhar a relação de
municípios e empresas, e instituições na forma de rede.
Rosana:
ta bom. Muito obrigada professor
Prof. Jacó:
Valeu!
169
APÊNDICE 5: TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM EMPREENDEDOR 1 (E1)
R:
Primeiro eu queria saber qual o motivo da sua decisão, o que levou o senhor a
participar do GETER, quando entrou?
E1:
Na época que começou-se a montar o GETER, na verdade o professor Jacó me
procurou, né? Eu estava começando nessa área, achei interessante iniciar esse
trabalho, nem sabendo direito o que ia dar, por isso começamos e levamos até a um
certo tempo, mas não teve uma motivação especifica... a procura dele... [ruídos]
R:
Você tinha uma expectativa sobre o que seria esse grupo?
E1:
Não, entrei sem muito compromisso.
R:
E como eram as decisões do GETER?
E1: Eram feitas reuniões e ficávamos discutindo sobre, para tentar achar um
caminho.
R:
Daí as necessidades iam surgindo?
E1:
Isso! Ia surgindo, por exemplo, a necessidade de treinamento, para
capacitação, melhoria de alguma coisa, o grupo se reunia, votava e viabilizava isso,
com o SEBRAE e a Universidade [Universidade Estadual de Maringá].
R:
E como que era o relacionamento da RETUR.. dos coordenadores da RETUR
com o GETER?
E1: Bom, não tinha nada a ver uma coisa com a outra. O GETER era uma coisa e a
RETUR era outra.
R:
É... o empreendimento de vocês já existia antes do GETER?
E1:
Existia, mas não estava ainda funcionando como pousada e tal. Tava
começando a me encontrar no segmento.
R: E vocês notaram alguma mudança no empreendimento...
E1: Pra melhor você diz?
R:
É.
E1:
A própria reunião com o pessoal, daí você vai trocando experiências, um vai
dizendo o que fez, o que não fez... [ruídos]
R:
Na sua opinião, quais os aspectos que podem ter inibido os resultados do
GETER?
170
E1: Inibido?
R:
É, que possa ter limitado? Tem algum aspecto, tem...
E1:
Não, não... pelo contrário, né? Só somava.
R:
Qual o motivo que levou a saída do empreendimento do GETER?
E1:
Então, o GETER, até certo ponto foi viável, né? A partir de um certo ponto,
como havia a própria necessidade, no caso da Wanda e do Jacó, de haver uma
remuneração e etc. Daí gerou de certa forma um descompasso entre eles e o grupo.
Eles tem que ter um rendimento e tal. Então o GETER passou, por causa da Wanda
né? Que é o escritório do turismo rural, ela passou a ter uma função mais de
agência. o houve uma ruptura nem nada. Foi que, de certa forma, aqueles que
continuam no GETER, continuam com a Wanda; ela vende diárias e ganha por isso.
que a necessidade que partiu da época era mais de um grupo sem fins lucrativos
entre as pessoas, era mais ir tocando num sentido de viabilizar...
R:
A atividade...
E1: Dividir custo de divulgação... mais nesse sentido de custos. Mas no mais assim
ó, a receita, a mensalidade que o pessoa paga pro grupo, ela é revertida em ações
de divulgação.
R :
Era paga, então, uma mensalidade?
E1:
É, a gente pagava uma mensalidade no GETER.
R:
Tinha algum contrato?
E1: Não, era tudo informal né? Não tinha, mas foi uma experiência boa, válida,
todos tem seus créditos, a Wanda, o Jacó. Na verdade, todos eles, todo mundo
cresceu junto. Só que chegou num momento que tem que ter essa divisão, né?
Então hoje a gente, uma parte que é o GETER, hoje tem uma associação que é
diferente do GETER. Ela não visa nada de lucro.
R:
Qual é o objetivo dessa associação?
E1:
É de continuar, continuar... é... com a idéia de sempre estar melhorando
tecnicamente, a estrutura interna, a divulgação, é, a divisão dos custos, viabiliza
mais. É nesse sentido aí. Estar divulgando as pousadas mais, e sempre estar
reunindo no sentido de estar melhorando a... a parte funcional, o antendimento.
R:
É, vojá havia comentado que um dos princípios do GETER foi a comunicação
com os outros empreendedores.
E1:
A própria experiência do GETER, todo mundo começou do nada né? O Jacó, a
Wanda com a gente, começou todo mundo junto né? Então o negócio começou sem
estar formatado.
171
R: Essa comunicação, ela continua, mesmo não fazendo mais parte do GETER,
continua...?
E1:
Comunicação você diz...
R:
Com os outros empreendedores.
E1:
Não, é que no nosso caso a gente segmentou. O caso do GETER ele é mais
abrangente. Ela tinha propriedades que eram pousadas, vários tipos de
propriedades, então nos achamos vários casos específicos, então tinha que focar.
Nós focamos num segmento que é o nosso: as pousadas.
R:
E você diz que é preciso ter uma qualificação para entrar.
E1:
É, no caso atual, a associação que a gente montou, a gente não está
preocupados em números, a gente está preocupado em qualidade, então as
pousadas que eventualmente querem afazer parte, elas são avaliadas e é fornecido
um relatório para elas com o que elas precisam fazer para fazer parte. Existe um
pré-requisito mínimo, que é a partir do momento que ela entrar para a associação
[ruídos] ela tem uma certa avaliação.
R: Para chegar nesse ponto elas vão sozinhas ou vocês dão algum apoio?
E1:
A gente vai até elas, existe uma comissão que faz a vistoria, e aponta o que
está faltando. A gente se baseia, por exemplo, na classificação da EMBRATUR.
Existe uma classificação, é mais para hotéis, mas a gente pega aquilo e uma
amenizada ali nos pré-requisitos. Então ela tem que ter um mínimo ali de qualidade.
É lógico, ela tem que ser higiênica, qualquer coisa que tiver anti-higiênico na
pousada ela já está no zero. Ela tem que se adequar, a higiene, a limpeza e o básico
dos serviços. Se ela atender a esses requisitos, ela pode fazer parte da associação;
R: Então, a tendência é sempre melhorar...
E1:
É, a gente tem reuniões periódicas, normalmente uma vez por mês, que é
sempre comentado como é que ta, o que que faz para melhorar. E as vezes a gente
participa também de feiras, daí o custo é rateado, sem dúvida nenhuma, a gente
analisa o custo e rateia.
R:
E para fazer a parte da associação também tem um custo?
E1: Tem o custo da adesão, esse custo é cobrado um salário mínimo e meio. Que é
pra custear o levantamento que é feito.
R:
Tá ótimo então. Obrigada pela atenção.
172
APÊNDICE 6: TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM EMPREENDEDOR 2 (E2)
R:
Primeira coisa, eu gostaria de saber qual a motivação inicial, assim, que levou o
senhor a participar do GETER, quando ele iniciou... o senhor está desde o início,
né?
E2:
Sim, sim. Então nós se alinhamos a uma idéia, né, com o Prof. Jacó, com a
Wanda, com os outros empreendedores, (falando em Jacó, ele vai chegando ali...),
R:
ai que bom!
E2: e com os outros empreendedores com o intuito de se fundar assim um..., uma
coisa organizada, dar uma identidade pra nossa região, falando em turismo, que até
então, não se falava, né? O Prof. Jacó foi o grande motivador, né, da, da, do
turismo na região. Se não fosse essa dinamicidade, essa, idealismo dele na cultura
do turismo, não estava acontecendo o que acontece hoje.
R:
Oi Wanda. Tudo bom? Tudo bom. Conversando com ...
E como vocês tomavam as decisões no GETER,
E2: as decisões eram reuniões, nós fazíamos reuniões mensais, né? O pessoal
levava uma pauta pra discussões nas reuniões, né? E tinha aprimoração do grupo
R:
certo. É, o relacionamento entre os coordenadores da RETUR, no caso a
Wanda e o Prof. Jacó, e os participantes, os empreendedores. Como que era?
E2:
você fala no sentido...
R:
é, dentro do, do GETER
E2: uma harmonia entre o pessoal..., sim tinha, se conduziu inicialmente muito bem,
né; as idéias contatenadas, né, tudo era uma coisa nova pra nós empreendedores e
pra quem... né? no caso da Wanda, que foi ... (?) o Prof. Jacó, que foi o grande
artífice, né
Então as coisas eram assim de maneira harmônica, todo mês nós nos reunimos,
né...
R:
todos os meses então?
O empreendimento do senhor existia antes do
GETER, ou não?
E2: foi tudo junto, foi nessa, nessa, nessa,... Mais ou menos no mesmo momento
do surgimento do GETER também eram as propriedades que estavam ainda sem
identidade, né, elas existiam, mas existiam assim mais pelo feeling do
empreendedor, o tinham um foco, né; foi uma or..., o GETER veio pra mais ou
menor organizar esse segmento.
R:
Ele auxiliou bastante então ...
E2:
sim, e continua, continua auxiliando.
173
R: continua, ahan. É, a gente que hoje ele não tá, como a gente falou, tão
dinâmico como era no princípio.
E2:
correto.
R:
o que o senhor acha que aconteceu? O que faltou?
E2:
É lógico que com o, com o grupo, né, ampliou-se, foi aberto pra mais
empreendedores, né? Surgiram novos empreendedores e também novas idéias,
né? Com certeza. E algumas idéias fugiram um pouco do foco original, né? E até
por causa do, dos empreendimentos não terem, não tem como haver uma
padronização, né. Então é lógico, cada um tem um empreendimento voltado pra um
determinado foco, e as coisas aconteceram e as idéias não bateram.
R:
ahan. É, assim dentro do estudo das redes, a gente um , um dos principais
pontos a comunicação que se estabelece entre os participantes, né? É, mesmo, às
vezes não tendo mais essas reuniões mensais agora, continua essa comunicação
entre os empreendedores?
E2:
Olha, assim como era antes, talvez não. Mas há assim, um conhecimento,
há uma amizade, é um ramo de, não é, não é um ramo de concorrência, é um, é um
ramo de uns se ajudam, é um elo, cada empreendimento é um elo na corrente, né?
Então a gente tem que torcer pra que todos vão bem. Por isso que as coisas
funcionam, por isso que é interessante que o GETER volte a ativa.
R:
eu acho que é isso o que eu precisava.
E2:
é isso? Ta ótimo
R: Obrigada.
E2: valeu.
174
APÊNDICE 7: TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM EMPREENDEDOR 3 (E3)
R:
Bom dia. Primeiramente eu gostaria de saber qual a motivação inicial que levou
o senhor a inserir seu empreendimento no GETER?
E3:
o motivo principal foi a perspectiva de ter uma divulgação maior do meu
empreendimento através do GETER, que estava fazendo um trabalho assim com
outros participantes.
R:
E
como são ou eram tomadas as decisões no GETER?
E3: atualmente está desativado.
R:
Como era o relacionamento entre os coordenadores da RETUR e os
participantes do GETER?
E3:
O nosso relacionamento era bom e amistoso
R:
E o seu empreendimento turístico, já existia antes da inserção no GETER?
E3: Sim, já existia.
R:
E você percebeu alguma mudança no negócio turístico?
E3:
Sim, a partir da participação no GETER percebemos uma melhora no negócio,
pois a repercussão de um grupo é sempre maior.
R:
Em sua opinião, quais aspectos podem ter sido inibidores, caso
reconheça algum, de melhores resultados no contexto do GETER?
E3: a característica sazonal do turismo prejudica bastante a atividade turística.
R:
E qual o motivo que o levou a sair do GETER?
E3:
saímos pela necessidade de conter gastos no período de baixa temporada.
R:
Em sua opinião, O GETER possibilitou maior e melhor comunicação entre os
participantes? Mesmo que atualmente a atuação do grupo não seja tão dinâmica
como antes, a comunicação com outros empreendedores turísticos no espaço rural
continua?
E3: possibilitou sim, porém, com a dispersão do grupo essa comunicação diminuiu.
175
APÊNDICE 8: TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM EMPREENDEDOR 4 (E4)
R:
Bom, primeira coisa E4, eu queria saber qual motivação assim, a primeira, que
levou vocês a participar do ..., de entrar no GETER, ..participar do grupo
E4:
Bom, a gente estava iniciando na época, né. É,... estava lá embaixo na estação
de lazer, estava a pouco tempo, a gente não tinha muito conhecimento de..., dessa
parte de turismo, né, daí eles convidaram, até na época era o prof. Jacó e a Wanda,
eles convidaram e a gente achou interessante, mesmo pra ter assim uma troca de
informações, experiências, pra conhecer outros lugares também. Foi mais por esse
motivo.
R:
Você se lembra como eram tomadas as decisões, se eram em conjunto,...
E4:
É, normalmente era assim, ... fazia as reuniões e era pela maioria, era colocado
os assuntos, né, e a maioria decidia.
R:
Os próprios empreendedores levantavam as necessidades?
E4
: Sim. Isso, isso.
R: E qual era o relacionamento entre os coordenadores, o Prof. Jacó e a Wanda, e
os empreendedores?
E4:
Era acho que era bom, o relacionamento era bom.
R:
Você falou que vocês estavam começando, né? Você percebeu alguma
mudança, você acha que o GETER auxiliou no desenvolvimento do hotel-fazenda?
E4: A gente não tinha o hotel na época, né? Quando tinha o GETER não tínhamos
o hotel. A gente estava começando a amadurecer a idéia para a construção e tudo
do hotel, né? Depois que a gente construiu o hotel, né?
R:
No balneário você acha que teve alguma mudança?
E4:
Eu acho que foi bom sim, porque, a gente trocava bastante idéias com o
pessoal: Onde buscar, como fazer divulgação, e tudo isso no início ajudou bastante.
R:
E você acha que teve algum fator que, ... que foi inibidor, que poderia ter sido
melhor mas não foi por algum motivo; dentro das reuniões, ou no trabalho que foi
desenvolvido?
E4:
Não sei, de repente alguns dos, dos participantes, é...
R:
Não colaboravam?
E4:
Às vezes eram contra as idéias. Às vezes até porque, não por ser contra, mas
de repente até porque pro empreendimento dele, o que se colocava não... Podia ser
bom pra uma grande parte, pro dele não era interessante, né?
176
R: você acha que tinha uma grande diferença entre os empreendimentos? De
tamanho, de público alvo?
E4:
ah, tinha né? Porque, diferença sim, porque eu acho que de todos, nenhum
era igual, todos eles, cada um tinha uma característica diferente.
R
: isso pode ser um motivo?
E4:
eu acho que de repente sim, porque alguns queriam mais, outros o
conseguiam acompanhar, mesmo pela demanda do seu empreendimento, às vezes
segurava um pouco, né?
R:
Bom, o GETER não está mais... funcionando?
E4:
não, não existe...
R:
Vocês saíram antes dele terminar ou foi...
E4:
Olha, eu acho que foi acabando, foi acabando...; ficou aquele pessoal, ficou
com o escritório de turismo, no lugar do GETER eles montaram um escritório de
turismo rural, que funciona tipo uma agência. Faz reserva, faz divulgação, às vezes
representa algumas das propriedades em eventos. Eles convidam, quem quer que
eles representem, eles vão representar nos eventos...
R:
você falou que uma das vantagens era a troca de informações. Essa
comunicação continua?
E4:
É, depois que foi extinto o GETER, daí foi fundado o circuito das pousadas,
que nós fazemos parte ... Funciona mais ou menos tipo uma associação, né? Uma
associação onde tem um escritório que representa todas as propriedades que fazem
parte do circuito né?
R:
Vocês continuam trocando informações...
E4:
Sim, sim... tem reuniões periódicas pra... verificar o que um precisa, o que que o
outro precisa, o que pode ser feito. Se tem um evento, quem quer participar, quem
não quer... isso é feito ainda. Como fazer uma divulgação... às vezes alguém
pensa num tipo de divulgação, passa pros outros; aqueles que acham
interessante, participam, os que não acham, ficam de fora, não participam.
R: Você acha que essa idéia dessa outra associação nasceu no GETER? O GETER
facilitou, já que os empreendedores se reuniam lá?
E4:
Eu acho que de repente sim. Mas assim, é..., foi diferente um pouco da..., a
filosofia acho que é um pouco diferente do GETER. O GETER tem os
coordenadores que precisam ser remunerados, e nessa nova associação são os
próprios proprietários que coordenam. Acho que foi um aprimoramento da idéia
inicial do GETER.
R: Acho que é isso. Muito obrigada!
177
ANEXOS
178
ANEXO 1:
FRENTE MAPA DO TURISMO REGIONAL – EDIÇÃO 2001
179
ANEXO 2:
VERSO DO MAPA DO TURISMO REGIONAL – EDIÇÃO 2001
180
ANEXO 3:
FRENTE MAPA DO TURISMO REGIONAL – EDIÇÃO 2002
181
ANEXO 4
VERSO DO MAPA DO TURISMO REGIONAL – EDIÇÃO 2002
182
ANEXO 5
FRENTE MAPA DO TURISMO REGIONAL – EDIÇÃO 2004
183
ANEXO 6
VERSO DO MAPA DO TURISMO REGIONAL – EDIÇÃO 2004
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